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MANCAIS HIDRODINÂMICOS
Rio de Janeiro
Setembro de 2016
ii
METODOLOGIA PARA O CÁLCULO DOS COEFICIENTES DINÂMICOS DE
MANCAIS HIDRODINÂMICOS
Examinado por:
___________________________________________________
Luiz Antonio Vaz Pinto, D.Sc., DENO/COPPE/UFRJ
(Orientador)
___________________________________________________
Ulisses A. Monteiro, D.Sc., LEDAV/COPPE/UFRJ
(Co-Orientador)
___________________________________________________
Severino Fonseca da Silva Neto, D.Sc., DENO/COPPE/UFRJ
___________________________________________________
Ricardo Homero Gutierrez, D.Sc., LEDAV/COPPE/UFRJ
iii
Gomes Canzian, Lucas
iv
DEDICATÓRIA
v
AGRADECIMENTOS
vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.
Setembro/2016
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as part of the fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
September/2016
viii
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
2- MANCAIS HIDRODINÂMICOS ........................................................................ 2
2.1 - Mancais Hidrodinâmicos de Geometria Fixa ................................................. 8
2.2 - Mancais Hidrodinâmicos “Tilting Pad” ....................................................... 12
2.2.1 - Carga Entre Pivôs x Carga no Pivô ..................................................... 13
2.2.2 - Influência do "Preload" nos Coeficientes Dinâmicos de Mancais Tilting
Pad 15
2.2.3 - Influência do Offset do Pivô ................................................................. 16
3- FUNDAMENTOS TEÓRICOS .......................................................................... 17
3.1 - Equação de Reynolds ................................................................................... 18
3.2 - Considerações e Conceitos Básicos de Modelos de Mancais Hidrodinâmicos
20
3.3 - Mancais Hidrodinâmicos Radiais Longos e Curtos ..................................... 24
4- METODOLOGIA DE CÁLCULO DOS COEFICIENTES DE RIGIDEZ E
AMORTECIMENTO ..................................................................................................... 26
4.1 - Fluxograma de Método para Mancais Hidrodinâmicos de Geometria Fixa 26
4.1.1 - Comparação com Resultados Publicados - Mancais de Geometria Fixa
30
4.2 - Método para Mancais Hidrodinâmicos Tilting Pad ..................................... 32
4.2.1 - Comparação com Resultados Publicados - Mancais Tilting Pad ......... 32
5- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................... 35
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 36
ix
1 - INTRODUÇÃO
1
de projetos desafiadores, desde o ponto de vista econômico até o ponto de vista da
segurança da operação, a qual coloca as questões ambientais e humanas em voga; a
segurança, a continuidade da operação e a viabilidade econômica dependem do perfeito
funcionamento de todos os equipamentos envolvidos na operação de produção de
petróleo.
O objetivo deste projeto é desenvolver uma metodologia para a determinação
das propriedades dinâmicas de diferentes tipos de mancais hidrodinâmicos através da
utilização de formulações empíricas. Seguindo referências adequadas, as metodologias
foram estudadas, aplicadas e comparadas com valores característicos de mancais reais a
fim de se assegurar a sua utilização de modo eficaz.
O conteúdo foi organizado da seguinte maneira: no capítulo 2 são apresentados
os mancais hidrodinâmicos de modo geral, suas aplicações, parâmetros associados à
operação, obtenção do estado de equilíbrio e as particularidades dos dois tipos de
mancais hidrodinâmicos, os de geometria fixa e os tilting pad. No capítulo 3, são
apresentados os fundamentos teóricos que norteiam o estudo de mancais
hidrodinâmicos, com inserção das hipóteses e conceitos a respeito deste tipo de mancal,
bem como as equações que regem a definição dos coeficientes dinâmicos de interesse.
No capítulo 4, apresentam-se as metodologias finais desenvolvidas para estudo de cada
tipo de mancal hidrodinâmico e sua validação é feita através de comparação de seus
resultados com valores retirados de referências compatíveis. No capitulo 5 são
apresentadas as conclusões e recomendações e, no capítulo 6, as referências
bibliográficas.
2 - MANCAIS HIDRODINÂMICOS
2
fina camada de fluido existente entre as superfícies é quem suporta o carregamento
solicitado. Esse filme de óleo é criado pelo movimento relativo entre o rotor e o mancal,
sendo decorrente das propriedades do óleo, como a viscosidade, assim como das
propriedades geométricas do mancal. Essa característica confere aos mancais de
deslizamento longa continuidade operacional por não trabalhar com o contato entre duas
diferentes peças, o que os levam a uma aplicação em operações que demandam longa
vida útil, como por exemplo, as turbomáquinas ou seu uso para sustentação do
virabrequim de motores de combustão. Assim sendo, a presença das buchas com
ranhuras que acomodam o lubrificante são fundamentais para o perfeito funcionamento
deste dispositivo.
Já que o fluido é um elemento fundamental para o pleno funcionamento desse
mancal e sua viscosidade é diretamente afetada pela temperatura, é preciso garantir que
a viscosidade permaneça dentro de faixas toleráveis para que a carga admissível não
diminua muito e o funcionamento desse dispositivo não seja prejudicado. Para manter
esse controle, pode-se, por exemplo, fazer uso da refrigeração no mancal.
Vale lembrar que a escolha do lubrificante depende da carga, da viscosidade e
do acabamento das paredes do mancal. Apesar disso, a lubrificação não está limitada
pura e simplesmente ao lubrificante. Deve-se considerar ainda a velocidade de
operação, as folgas e o comprimento e o diâmetro do mancal.
Tendo visto o funcionamento dos mancais de deslizamento, percebe-se que é
preciso garantir que a espessura operacional do lubrificante entre as superfícies seja
maior que a rugosidade das superfícies para que o lubrificante tenha atuação efetiva. De
acordo com o nível de separação observado entre as superfícies que se deslocam em
movimento relativo, observamos três tipos diferentes de lubrificação [1]:
Lubrificação Hidrodinâmica: superfícies completamente separadas;
Lubrificação Filme Misto: contato local intermitente;
Lubrificação Limite: contato local vasto e contínuo.
3
Figura 1. Tipos de lubrificação em mancais hidrodinâmicos [1]
4
ângulo formado a partir da direção vertical do centro do mancal até a linha de centros,
linha que une o centro do mancal e o centro do eixo em sua posição de equilíbrio
estático final.
5
flutuação do eixo. Apesar disso, maiores reduções no carregamento do
mancal não produzem correspondentes reduções na força de resistência à
fricção do mancal. Logo, o coeficiente de fricção do mancal, o qual é a
razão entre a força de resistência à fricção do mancal e o carregamento
radial (W), aumenta.
O gráfico a seguir ilustra a influência desses parâmetros básicos combinados no
tipo de lubrificação e o resultante coeficiente de fricção de cada um deles:
Vale ressaltar que a folga existente entre o eixo girante e o mancal tem grande
influência nesse desenvolvimento hidrodinâmico. Tal fato se sustenta já que sabe-se que
o mecanismo de formação do campo de pressão hidrodinâmico no fluido para suportar o
eixo necessita que o eixo gire excentricamente em relação ao mancal, ação viabilizada
graças à folga existente. Forma-se, assim, uma cunha de óleo convergente, devido ao
movimento relativo entre as superfícies, na qual se desenvolve o campo de pressão que
sustenta o carregamento na direção radial. Consequentemente, para que seja atingido o
regime hidrodinâmico de lubrificação, são necessárias três coisas:
1. Movimento relativo entre as superfícies a serem separadas.
2. Ação de convergência, proporcionado pela excentricidade do eixo.
3. Presença de um fluido adequado.
6
Finalmente, pode-se listar os importantes fatores os quais devem ser levados em
consideração no projeto de um mancal que irá operar com lubrificação hidrodinâmica:
1. A espessura mínima do filme de óleo deve ser suficiente para se
garantir o regime de lubrificação hidrodinâmico, levando à menor fricção
possível.
2. Garantia de suprimento adequado de óleo limpo e suficientemente
refrigerado estando sempre disponível no ponto de entrada de óleo no
mancal. Isso pode requerer alimentação de óleo forçada, dispositivos de
refrigeração, ou ambos.
3. Garantia da operação dentro da faixa de temperatura aceitável (geralmente
abaixo de 93º até 121ºC).
4. Garantia de que o óleo admitido nos mancais seja distribuído ao longo de
todo o seu comprimento. Para tal, podem ser necessárias utilização de
ranhuras e buchas.
5. Seleção de materiais adequados para o mancal tal que sejam garantidas a
sua resistência em temperaturas de operação, conformidade e
embedabilidade suficientes e adequada resistência à corrosão.
6. Garantia de que o projeto do mancal é satisfatório para todas as
combinações antecipadas de folga e viscosidade do óleo. A folga de
operação será influenciada pela expansão térmica e eventuais desgastes.
Temperatura do óleo e, portanto, a viscosidade são influenciadas por fatores
térmicos (temperatura do ar ambiente, circulação de ar, etc.) e por outras
possíveis mudanças nas propriedades do óleo com o passar do tempo.
7
2.1 - Mancais Hidrodinâmicos de Geometria Fixa
8
deslocamento que é ortogonal à direção da carga e é deslocado na direção de rotação
(cruzado). Assim sendo, o deslocamento do eixo não se dá ao longo de uma linha que é
coincidente com o vetor de carga , e, assim, o carregamento em uma direção causa
não somente deslocamentos naquela direção, mas também deslocamentos ortogonais à
ela. Similarmente, um deslocamento do eixo no interior do mancal irá causar uma força
de reação oposta aquele deslocamento e, também, uma reação ortogonal a ele. Portanto,
existem grandes influências de acoplamento as quais são introduzidas devido ao
mecanismo segundo qual esse tipo de mancal tem sua operação caracterizada e, esse
conceito de acoplamento, é bastante significativo no que diz respeito às características
dinâmicas.
Essa característica de cruzamento-acoplado está presente em todas as máquinas
rotativas onde um fluido ou um gás está em movimento rotativo com o eixo dentro de
um pequeno anel.
É importante perceber que os coeficientes de rigidez e amortecimento acoplados
representam uma linearização das características do mancal. Quando eles são usados, a
posição de equilíbrio deve ser cuidadosamente determinada uma vez que os coeficientes
só são válidos em torno de uma região de deslocamento muito pequena que abrange a
posição de equilíbrio do eixo em movimento. Isto é verificado uma vez que os
coeficientes de rigidez e amortecimento permanecem constantes somente em uma
pequena região ao redor da posição de equilíbrio.
Vale resaltar que o acoplamento observado em mancais hidrodinâmicos tende a
mover ou empurrar o eixo para o lado oposto da cunha convergente. Portanto, esse
efeito de acoplamento é sempre influenciado pela direção de rotação, assim como
observado na figura 5:
9
Figura 5. Viés de rotação causado pelos coeficientes de rigidez acoplados [2]
10
Figura 6. Representação da rigidez acoplada da força desestabilizadora em um disco de
rotor defletido [2]
11
Figura 7. Mancal hidrodinâmico de geometria fixa com duas ranhuras axiais [2]
12
demanda maior tempo de produção. Além disso, os pads não carregados são
inerentemente suscetíveis à instabilidade do pad geralmente tratada como "pad flutter".
Em algumas aplicações, a instabilidade do pad pode levar ao significativo desgaste nos
pivôs dos pads descarregados, aumentando, por sua vez, a folga e influenciado
significativamente o desempenho do mancal através da alteração de suas propriedades.
13
Figura 9. Representação esquemática de LOP x LBP em um mancal de 4 pads [2]
A rigidez nas direções vertical e horizontal mostram uma grande assimetria para
a orientação LOP, enquanto que, para a orientação LBP, as características de rigidez em
ambas as direção são simétricas tal que as curvas que representam essas rigidezes são
virtualmente idênticas, assim como mostrado na figura 10. Além disso, a configuração
LBP tende a permitir ambos os pads da parte inferior do mancal a dividirem o
carregamento, o que leva a essa orientação oferecer maior capacidade de carga quando
comparada à orientação LOP.
Figura 10. Coeficientes de rigidez direta para um mancal de 4 pads nas orientações LOP
e LBP [2]
14
2.2.2 - Influência do "Preload" nos Coeficientes Dinâmicos de Mancais
Tilting Pad
Figura 11. Representação do preload positivo, nulo e negativo em mancais tilting pad
[2]
15
Figura 12. Efeito do preload na rigidez de mancais tilting pad [2]
16
Figura 13. Representação de um pivô centrado (0,5 offset) e um 0,6 offset pivô do
mancal [2]
3 - FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Assim como já foi dito, sabe-se que os mancais hidrodinâmicos podem assumir
um significante papel na dinâmica de rotores. O filme de óleo é equivalente a um
complexo arranjo de molas e amortecedores diretos e acoplados, logo, este tem poder de
influência sobre as velocidades críticas e respostas desbalanceadas do sistema
17
rotodinâmico. Além disso, as forças do filme de óleo do mancal podem causar
instabilidade no rotor, a qual resulta em altos níveis de vibração auto-excitada, como
por exemplo, os efeitos verificados no fenômeno de oil whirl, que representa uma
mudança na órbita do eixo que tende a operar numa órbita que remete a uma forma de
redemoinho, dada certa fração da sua velocidade de operação.
Para suporte ao desenvolvimento deste tópico foi utilizado o livro Analysis and
Identification in Rotor-Bearing Systems [4].
Sabe-se, da mecânica dos fluidos, que a condição necessária para a pressão se
desenvolver em um filme fino de fluido é tal que o gradiente e a inclinação do perfil de
velocidade devem variar através da espessura do filme. A análise de mancais
hidrodinâmicos pode ser feita teoricamente a partir da modelagem apropriada do filme
de fluido do mancal. As hipóteses para o cálculo do desempenho de mancais
hidrodinâmicos incluem:
1. A espessura do filme é pequena quando comparada às dimensões do eixo.
2. O eixo é cilíndrico e a superfície do mancal não possui deformações locais.
3. O eixo do elemento suportado é paralelo ao eixo do mancal.
4. A inércia do filme de óleo é desprezível.
5. O filme de óleo é incapaz de manter a pressão sub-atmosférica.
6. A pressão do óleo é atmosférica no ponto de suprimento, no dreno e nas
regiões onde o filme de óleo está quebrado ou ocorre cavitação.
7. O fluxo no filme de óleo é laminar.
8. Há perda do cisalhamento viscoso na região de folga fora do campo de
pressão e esse espaço é parcialmente completado com óleo.
9. Não há perdas por atrito do óleo nas ranhuras ou espaços de dreno
adjacentes ao eixo girante.
10. O óleo é um líquido newtoniano com viscosidade e densidade constantes ao
longo do mancal.
18
A equação de governo que representa o comportamento dinâmico dos mancais
hidrodinâmicos foi primeiramente derivada por Reynolds (1886) e é dada por:
(
(3.1)
Figura 14. Mancal hidrodinâmico com eixo girando em equilíbrio estático [4]
19
viscosidade pode variar, porém uma viscosidade efetiva constante baseada no balanço
térmico do lubrificante pode ser utilizada para os cálculos. Com valores constantes de
viscosidade e densidade, o fator pode ser desprezado e pode ser posto para o lado de
fora da equação (3.1). Com as hipóteses básicas mencionadas e considerando regime
permanente de operação (isto é, ), desenvolve-se a partir da equação (3.1):
(
(3.2)
Para suporte ao desenvolvimento deste tópico foi utilizado o livro Analysis and
Identification in Rotor-Bearing Systems [4].
Para um dado mancal e uma velocidade de rotação, a teoria da lubrificação
apresentada anteriormente pode ser utilizada para calcular as forças de reação no eixo a
partir do filme de lubrificante. Essas forças são funções dos deslocamentos do eixo a
partir do centro do mancal e das velocidades e acelerações instantâneas observadas no
centro do eixo.
É possível determinar os quatro coeficientes de rigidez e os quatro coeficientes
de amortecimento do filme de óleo do mancal pela aplicação de deslocamentos e
velocidades no eixo a partir da sua posição de equilíbrio. Sabe-se que a posição exata de
operação do centro do eixo dentro do mancal depende do número de Sommerfeld. Uma
vez que os coeficientes do filme de óleo do mancal são específicos para uma localização
particular do centro do eixo, um incremento de deslocamento pode ser aplicado ao eixo
em uma das direções, o qual irá causar forças resultantes em ambas as direções do eixo,
vertical e horizontal, em relação à sua posição de equilíbrio estático inicial. Ao
relacionar essas forças resultante calculadas com o deslocamento aplicado, inicialmente
em uma direção e, depois, na outra, é possível determinar os quatro coeficientes de
rigidez do filme de óleo do mancal, tal que essas relações são dadas por:
20
(
(3.3)
(
(3.4)
21
Analogicamente, podem-se definir os coeficientes dinâmicos restantes do
mancal. Na matriz formada da equação (3.3) todos os termos diagonais são chamados
coeficientes diretos enquanto que os termos não diagonais são chamados de coeficientes
acoplados. Estes últimos termos surgem devido à rotação do fluido dentro do mancal.
é a força de reação do filme de fluido no eixo, é a força de excitação externa no eixo,
é a massa do eixo, e são as posições de equilíbrio estático do eixo em relação
22
Sommerfeld em 1904 propôs uma solução para a Equação de Reynolds que a
simplificava e a resolvia para um dos seus limites. Ele utilizou o limite para um mancal
infinitamente longo e assumiu que o gradiente de pressão axial fosse nulo. Nesse
processo, ele definiu um parâmetro adimensional, conhecido como número de
Sommerfeld, o qual é dado por:
(
(3.5)
23
Claramente, a aplicabilidade destas técnicas é dependente de baixas amplitudes de
vibração do eixo, estas quando comparadas à folga do mancal.
Para suporte ao desenvolvimento deste tópico foi utilizado o livro Analysis and
Identification in Rotor-Bearing Systems [4].
A equação (3.2) descreve a variação da pressão do lubrificante tanto nas direções
axial (direção y) quanto na direção radial (direção x). Uma solução aproximada para tal
equação pode ser obtida através da utilização da aproximação de um "mancal curto"
definido por Ocvirk em 1952 [1] - como sendo um mancal no qual a variação de pressão
na direção radial é assumida como desprezível quando comparada a essa variação na
direção axial. Tal fato nos leva a , e, por conseguinte à equação (3.6). Esta
aproximação também permite obtenção da solução da forma fechada da equação (3.2)
uma vez que são fornecidas as condições de contorno apropriadas (figura 16) e
selecionadas para viabilizar a definição das constantes de integração.
(
(3.6)
Figura 16. Condições de contorno usadas para análise dos mancais em operação: (a)
Completa condição de Sommerfeld ( =0 para =0e =2 ) e Meia condição de
Sommerfeld (considera =0 em caso de <0); (b) Condição de Reynolds (d /d =0
quando =0) [4]
24
A condição de contorno convencional para o filme de óleo dos mancais
hidrodinâmicos é =0, com medido em relação à pressão atmosférica. A posição de
fronteira, onde essa condição se sustenta, é conhecida quando o filme começa em uma
ranhura de suprimento de óleo e termina na margem do mancal ou na ranhura de dreno.
Uma consideração adicional é necessária para determinar a posição na qual o filme do
mancal hidrodinâmico começa ou termina quando esse não é fixo por um suporte ou
uma ranhura de drenagem. Uma consideração amplamente utilizada considera o filme
de óleo do mancal hidrodinâmico começando em , posição relativa à máxima
folga (vide figura 14). Essa consideração é conveniente para os cálculos, mas não é
plena na prática a menos que exista quantidade de óleo disponível suficiente para
formar um filme contínuo nessa posição. Os cálculos mostram, entretanto, que se o
filme for assumido começando em um pequeno ângulo posterior à posição de máxima
folga, as características globais dos mancais são muito pouco afetadas quando se
consideram situações de operação regulares. A condição adicional considerada no
cálculo convencional como definição para a posição na qual o filme de óleo dos
mancais hidrodinâmicos termina dentro dos limites da folga é Essa
condição é justificada pelo argumento seguinte o qual se aplica quando é mantida
no ponto limite - se for positivo haveria um longo filme de óleo com pressão
positiva e se for negativo haveria pressão negativa no filme de lubrificante.
Os oito coeficientes linearizados de rigidez e amortecimento dependem das
condições de operação do estado permanente do eixo, e, em particular, da velocidade
angular de rotação. Para os mancais curtos, os coeficientes de amortecimento e rigidez
são dados em função da razão de excentricidade , considerada fixa:
(
(3.7)
25
Segundo [1], a solução dos mancais curtos de geometria fixa de Ocvirk, baseada
na equação (3.6) possui ótimos resultados para mancais de razão até 0,25 e, a
experiência tem mostrado que tal solução também apresenta aproximações bastante
razoáveis em casa de análise de mancais usuais, característicos da faixa
Para suporte ao desenvolvimento deste tópico foi utilizado o livro Analysis and
Identification in Rotor-Bearing Systems [4].
Para determinação dos coeficientes de rigidez e amortecimento de um mancal
hidrodinâmico, o primeiro passo a ser dado é calcular o número de Sommerfeld
(Equação 3.4). Uma vez conhecendo o valor de , é possível calcular o valor da razão
de excentricidade sob condições de operação em regime permanente:
26
(
(3.7)
27
Figura 18. Coeficientes Adimensionais de Amortecimento x Número de Sommerfeld
para mancais curtos [4]
(
(3.8)
Tendo feito todas estas considerações, pode-se chegar ao fluxograma que ilustra
o caminho para se obter os parâmetros dinâmicos dos mancais hidrodinâmicos de
geometria fixa tendo como base o número de Sommerfeld.
28
CALCULAR S:
SUBSTITUIR O VALOR DE S NA
EQUAÇÃO:
RESOLVER A EQUAÇÃO
ACIMA PARA OBTER AS
RAÍZES DE
ESCOLHER O VALOR
DA RAÍZ DE
MENORES QUE 1
SUBSTITUIR O VALOR
DE SELECIONADO NA
EQUAÇÃO 3.6
PARÂMETROS DINÂMICOS DO
MANCAL:
29
4.1.1 - Comparação com Resultados Publicados - Mancais de Geometria
Fixa
30
COEFICIENTES DE AMORTECIMENTO [10⁴ N.s/m]
Calculado Referência [6] Diferença (%)
Cxx 7,0 7,16 1,9
Cxy = Cyx -5,2 -5,92 12,8
Kyy 10,5 18,4 42,8
Tabela 1. Comparação da metodologia - caso 1 [6]
31
A partir dos resultados obtidos nas duas comparações, é possível perceber que
todos os resultados obtidos se encontram na mesma ordem de grandeza. A diferença
observada em termos percentuais assume valores máximos de 50% em alguns casos
isolados, sendo que, na maioria dos casos, essa discrepância assume valores
consideravelmente menores, o que mostra uma eficácia satisfatória da metodologia
apresentada para o cálculo dos coeficientes dinâmicos de mancais hidrodinâmicos de
geometria fixa.
Para suporte ao desenvolvimento deste tópico foi utilizado o paper "Spring and
Damping Factor for the Tilting-Pad Journal Bearing" [5].
Assim como apresentado ao longo do texto, as considerações e características
dinâmicas dos mancais tilting pad diferem daqueles de geometria fixa, verificados pela
consideração de diferentes parâmetros e pela ausência do acoplamento característico
desses últimos. Dessa forma, verificou-se que a metodologia apresentada anteriormente
para o cálculo dos coeficientes dinâmicos dos mancais de geometria fixa não se aplica
aos mancais tilting pad.
Segundo Lund [5], para um pad fixo, os coeficientes de rigidez e amortecimento
podem ser calculados a partir do gradiente de força do filme de óleo e que a análise do
mancal tilting pad assume que tais coeficientes são conhecidos. Dessa forma, para um
movimento arbitrário do rotor é possível estabelecer a equação de movimento para cada
pad, incluindo a inércia do pad. Ao acoplar essa equação com as equações da força do
filme de óleo, é possível determinar os coeficientes de rigidez e amortecimento para o
tilting pad. Um somatório dessa consideração para todos os pads resulta em coeficientes
combinados de rigidez e amortecimento para o mancal tilting pad completo. Essas
análises podem ser encontradas em detalhes em [5].
32
parâmetro preload. Para se verificar a aplicabilidade de tal metodologia, os valores
obtidos de [5] serão comparados com valores da referência [2], considerando mancais
de 5 pads, localização central do pivô (0,5 offset pivot) e Load on Pad. Considerando
esses dados e os parâmetros de entrada expostos na tabela 3, é possível identificar os
dados obtidos de [3] (interseção entre a linha vermelha e as curvas da figura 19) a partir
do número de Sommerfeld calculado abaixo.
33
Figura 19. Resultados adimensionais dos coeficientes para mancal 5 tilting pads; pad
angle = 60º; pivô centralizado; L/D = 0,5; preload = 1; inércia do pad desprezível [5]
Preload 1,0
COEFICIENTES DE RIGIDEZ [lb/in]
Método [5] Referência [3] Diferença (%)
Kxx 1605600 65748,7 95,91
Kyy 120420 478170 297,1
34
5 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
35
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[2] Vance, V., Zeidan, F., Murphy, B.,; 2010,”Machinery Vibration and
Rotordynamics”, 171-271.
[3] Shapiro, W., Colsher, R.,; 1959, ”Dynamic Characteristics of Fluid-Film Bearings”,
1-15.
[5] Lund, J. W.;1964, ”Spring and Damping Factor for the Tilting-Pad Journal
Bearing”, 342-352.
[6] Guo, Z., Hirano, T., Kirk, R. G.,; 2005, ”Application of CFD Analysis for Rotating
Machinery – Part I: Hydrodynamic, Hydrostatic Bearings and Squeeze Film
Damper”, 1-7.
36