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- Estados
- Indivíduos
- Organizações Internacionais
- Igreja Católica
- Ordem Soberana de Malta
- Beligerantes
Estas entidades são sujeitos de direito internacional (discutidas à frente).
Para que uma entidade seja considerada sujeito de Direito Internacional, tem de ter
uma personalidade jurídica internacional e respectiva capacidade para assegurar os
direitos e cumprir obrigações decorrentes dessa capacidade. Acontece que o recon-
hecimento dos sujeitos de Direito Internacional soberanos (Estados) é essencial ou
para a atribuição da personalidade, ou para a efectivação da capacidade de agir dos
novos entes de sujeito internacional.
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Requisitos para que uma entidade possa ser considerada sujeito de Direito
Internacional
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Esta teoria opõe-se à Teoria Constitutiva do Reconhecimento (defendido em espe-
cial pela escola Voluntarista), que advoga que a personalidade e capacidade jurídica
dos Estados só aparecem com o acto de reconhecimento. Nesta teoria, o reconhec-
imento surge ao lado da população, do território e do poder político como um quar-
to elemento constitutivo de um Estado. Contudo, esta teoria, conduzindo a uma
certa arbitrariedade por fazer depender a existência de um Estado da vontade dos
que já existem, entra em conflito com os princípios fundamentais do Direito Inter-
nacional, nomeadamente o da autodeterminação dos povos e da igualdade dos Es-
tados.
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Exceptuando Estados semi-soberanos, como acontece com os vencidos de uma
guerra, ou territórios que se encontram sob administração e que são jurídico-inter-
nacionalmente representados por outros Estados.
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reconhecimento dos Estados não-membros da sua capacidade para poder agir
internacionalmente (neste último caso, este reconhecimento não é constitutivo
mas sim declarativo).
Modalidades de Reconhecimento
- Individual: quando cada sujeito reconhece o novo sujeito através de um acto ju-
rídico individual que só a ele, ente recognoscente, vincula.
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- Reconhecimento de facto: é um reconhecimento provisório, revogável e com
efeitos limitados. Esta forma de reconhecimento é normalmente utilizada quando
um Estado prefere não reconhecer de forma definitiva a entidade que se intitula
Estado ou Governo - por a situação não ser clara ou por motivos políticos - mas,
ao mesmo tempo, considera desejável manter determinados contactos oficiais.
Caducidade
- Estados
- Indivíduos
- Organizações Internacionais
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- Igreja Católica
- Ordem Soberana de Malta
- Beligerantes
Estados
Concepção estrutural do Estado: estruturas estatais típicas
Sob o ponto de vista estrutural, o Estado pode ser visto como uma superestrutura
jurídico-política onde o poder se organiza em aparelhos repressivos e ideológicos
através dos quais é exercido com o objectivo de assegurar a coesão da unidade de
uma dada formação social.
A nível internacional, estes aparelhos são unitários por forma a garantir a coesão
da sociedade, isto é, a unidade de uma dada formação social, neste caso, o Estado.
Os aparelhos repressivos são essenciais para a efectivação da acção estatal no
campo internacional embora a ideologia desempenhe um papel importante na moti-
vação dos comportamentos dos Estados.
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- Povo ou População: no âmbito do Direito Internacional, a ideia de povo está liga-
da à de cidadania e de nacionalidade que são os mais importantes elementos ju-
rídicos de conexão entre o povo e o Estado. Nesta medida, o povo é definido
como um conjunto de indivíduos de um Estado sobre qual este exerce os seus
poderes, sendo estes indivíduos destinatários da ordem jurídica estatal. No en-
tanto, para aqueles que entendem que é a nacionalidade que explica a relação
entre o povo e o Estado, torna-se necessário distinguir o povo da população, pos-
to que esta recobre uma realidade mais ampla do que aquela, por se referir a to-
das as pessoas, nacionais ou estrangeiras, que vivem habitualmente no território
de um Estado. Assim entendida, a população não constituí um elemento definidor
do Estado. Todavia, a noção de povo não é suficiente para recobrir todas as reali-
dades que devem ser tomadas em conta pelo direito e pela política internacional,
tornando-se assim necessário privilegiar o conceito de nação. De facto, é fre-
quente a identificação ou associação da ideia de povo com a de nação e desta
identificação tem resultado todo ou esforço de elaboração doutrinal do conceito
de nação. Para uma concepção objectivista, defendida na Alemanha, a nação
deve ser definida com base num conjunto de factores materiais e objectivos tais
como a raça, a língua, a cultura, a história comum, etc.. Já para uma concepção
subjectivista, defendida em França e em alguns países latinos, é a vontade dos
indivíduos de viver em comum que constituí o principal critério de definição de
uma nação.
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Relativamente a este território, o Estado tem uma jurisdição absoluta nas
primeiras 12 milhas, com a excepção de que não pode proibir os barcos de circular
(principio decorrente da liberdade dos mares); uma jurisdição limitada a questões
alfandegárias, nomeadamente quando se trata de contrabando, e de saúde, nas 12
milhas seguintes; e direito a exploração económica dos recursos naturais até às
200 milhas.
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tabelecido, fixando materialmente, no terreno, os limites que foram previamente
estabelecidos).
Esta corrente jurídica foi elaborada a partir de Jellinek que, por entender que a na-
tureza e a função desta superestrutura não poderia ser entendida exclusivamente
através da instância jurídica, defendia que a questão do Estado não devia ser trata-
da exclusivamente sob o ponto de vista jurídico, mas devia ser abordada também
sob ponto de vista sociológico, embora os dois métodos não devam ser confundi-
dos. No entanto, uma corrente formalista e normativista, defendida por Kelsen,
nega qualquer possibilidade de uma teoria sociológica do Estado. Kelsen apresenta
o Estado como uma ordem normativa, juridicamente centralizada, que apenas pode
ser ordem de coerção. O autor entende também que os elementos do Estado só
podem ser defendidos juridicamente, isto é, apenas podem ser apreendidos como
vigência e domínio da vigência de uma ordem jurídica, pelo que o povo é o conjun-
to de indivíduos submetidos a uma determinada ordem coerciva relativamente cen-
tralizada, o território é o domínio espacial de vigência de uma ordem jurídica es-
tatal e o poder domínio é o domínio de vigência de uma ordem jurídica estatal efec-
tiva.
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Poderes do Estado sobre o território
Os Estados podem exercer poder fora do território a com base na soberania territo-
rial:
- Missões diplomáticas.
Poderes do Estado sobre a população
A nacionalidade é o vínculo jurídico que liga uma pessoa a um dado Estado, vínculo
através do qual a pessoa passa a pertencer à população desse Estado. O Direito
Internacional deixa para o direito interno os critérios específicos para regulamen-
tação da atribuição, conservação e perda da nacionalidade. Contudo, é possível
identificar critérios de conexão reconhecidos como geralmente válidos pela ordem
jurídica internacional, entre os quais é possível salientar o ius saguins (laços de
sangue) e o ius solis (local de nascimento).
No entanto, este vínculo jurídico não permite uma acção limitada do Estado em re-
lação aos seus nacionais. De facto, a liberdade de supremacia plena relativamente
aos nacionais foi sendo limitada pelo Direito Internacional através de um conjunto
mais ou menos vasto de normas protectoras do indivíduo ou dos direitos individu-
ais.
- Até à Primeira Guerra Mundial, foram celebrados vários tratados que protegiam a
liberdade religiosa.
- No período entre Guerras, o tratado de paz que pôs termo à Primeira Guerra veio
instituir a protecção das minorias.
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- No pós-Segunda Guerra Mundial surgem novas instituições com vista à protecção
dos direitos humanos. Estas podem ter um âmbito universal, como a Declaração
Universal dos Direitos e Liberdades Fundamentais do Homem (1948), aprovada
pela Assembleia Geral da ONU, onde estão consagrados direitos civis, políticos,
económicos, sociais e culturais; ou regional, caso da Convenção Europeia dos Di-
reitos do Homem (1950), aprovada pelo Conselho da Europa; da Convenção de
São José da Costa Rica (1969), produzida pela Organização dos Estados Ameri-
canos; da Carta Africana dos Direitos do Homem e do Povo (1981), aprovada
pela Organização da Unidade Africana, etc..
No que diz respeito à competência dos Estados sobre os seus nacionais fora do ter-
ritório estatal, entende-se que os Estados podem regulamentar a actividade daque-
les em territórios estrangeiros ou impor-lhes obrigações, desde que o Estado de
acolhimento aceite a aplicação das normas internas do Estado de origem no seu
território. Reconhece-se, ainda, aos Estados o direito de chamar (ius evocandi) os
seus nacionais que se encontrem no estrangeiro, quer para cumprir certas obri-
gações, quer para efeitos jurídico-criminais. Para efectivar esses direitos, os Esta-
dos têm celebrado tratados de emigração, de extradição, cooperação judiciária,
comércio, etc., com vista a permitir um efectivo exercício desses direitos. Final-
mente, faz-se notar que os Estados podem proteger os seus nacionais residentes
no estrangeiro através do mecanismo da protecção diplomática e, na falta de con-
venção sobre tratamento dos seus nacionais, através da exigência de um tratamen-
to que corresponda a um standard mínimo internacionalmente reconhecido.
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dades Fundamentais do Homem, ou na ausência dessas convenções, a Declaração
Universal dos Direitos do Homem.
Organizações Internacionais
Uma Organização Internacional é uma entidade autónoma e permanente, com per-
sonalidade e capacidade jurídica internacional, constituída por associação voluntária
de sujeitos do Direito Internacional por acto jurídico internacional, dotada de regu-
lamento interno próprio e de órgãos permanentes encarregados de prosseguir os
objectivos definidos no acto constitutivo.
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Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948), sendo de seguida consoli-
dado em diversas convenções internacionais. Os direitos do homem têm uma
origem estatal marcada por uma forte carga ideológica e a sua integração no Di-
reito Internacional é fruto de um processo lento e laborioso que se inicia de for-
ma decisiva com a Carta das Nações Unidas.
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A mediação integra formas institucionais de protecção estabelecidas por diversas
convenções internacionais: relatórios (informações de carácter geral dadas pelos
Estados a órgãos internacionais sobre a aplicação das disposições convencionais
sobre os Direitos dos Homem), reclamações apresentadas pelos Estados (um Esta-
do pode apresentar a um órgão internacional uma reclamação contra outro Estado,
nela alegando que este último viola os direitos individuais ou não cumpre as obri-
gações que assumiu nesta matéria), e inquérito (no quadro da Assembleia Geral da
ONU a técnica do inquérito a situações de graves violações dos Direitos do homem
tem sido utilizada em casos considerados extremamente graves).
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- Impossibilidade de participação no processo de criação de normas inter-
nacionais. Dado que o indivíduo é destinatário directo de normas internacionais
e que, pode, em determinadas circunstâncias defender os seus direitos em in-
stâncias internacionais, pode concluir-se que desta impossibilidade da partici-
pação na formulação normativa internacional resulta somente que o indivíduo
não goza de uma plena capacidade de exercício em sede do Direito Internacional.
Igreja Católica
A Igreja Católica é hoje considerada uma Organização Internacional transnacional
de natureza confessional com personalidade jurídica internacional.
- Lei das Garantias (1871): Lei Italiana que reconhece ao Papa todas as prerrogati-
vas e privilégios que, por Direito Internacional, competem aos Chefes de Estado.
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A Cidade do Vaticano é reconhecida por certos autores como um Estado, embora
com características particulares (não tem súbditos permanentes, e a sua principal
função é proporcionar uma base independente de governo e só secundariamente
velar pelo bem-estar comum dos seus membros). Por estas razões, alguns autores
recusam-se a reconhecer a cidade do Vaticano como um Estado.
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Ordem de Malta
A Ordem de Malta, originariamente, era uma organização de carácter religioso e
militar, estando hoje centrada em actividades religiosas e de beneficência. A sub-
jectividade jurídica da Soberana Ordem de Malta é bastante discutida na doutrina.
Por um lado:
- É-lhe reconhecida uma soberania funcional, sendo reconhecida pela Igreja certas
prerrogativas próprias dos sujeitos de Direito Internacional: a ordem pode man-
ter relações diplomáticas com os Estados, enviando e recebendo embaixadores, e
celebrar Tratados que lhe permitem desenvolver a sua actividade assistencial e
religiosa no território dos Estados;
Beligerantes e Insurrectos
Os insurrectos não são sujeitos de DI pois tratam-se de uma situação efémera.
Contudo, se a sublevação de grupos sociais organizados contra o governo de um
Estado levar a que os insurrectos acabem por controlar, de forma organizada, uma
parte do território e da população do Estado, prolongando a sua luta até à realiza-
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ção integral dos seus objectivos (conquista do poder), ou que se limitem a controlar
pequenas áreas territoriais, barcos de guerra ou civis, então assiste-se a insur-
reição passa a ser considerada uma situação de beligerância.
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