You are on page 1of 2

NOME: Rodrigo da Cunha Brites (263909) 31/03/19

CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. Dependência e


Desenvolvimento na América Latina. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1984. p. 25-
52; 148-177
Para melhor entender esse capítulo proposto, é necessário perceber que a análise
feita por Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Faletto “reconsidera os problemas do
desenvolvimento a partir de uma perspectiva que insiste na natureza política dos
processos de transformação econômica” (CARDOSO et al, 1984, p. 179). Então, apesar
de utilizar-se de diversas categorias do materialismo histórico, os autores invertem o
determinismo da infraestrutura sobre a superestrutura e focam mais em como as disputas
políticas afetam a economia. Isto é, concorda-se com os condicionantes impostos pela
base material das sociedades latino-americanas, porém os autores consideram uma
abordagem insuficiente visto que “é por intermédio da ação dos grupos, classes,
organizações e movimentos sociais dos países dependentes que estes vínculos se
perpetuam, se transformam ou se rompem” (CARDOSO et al, 1984, p. 181).
Por isso mesmo, os autores, no capítulo “A internacionalização do mercado: O
novo caráter da dependência”, discorrem sobre um novo formato de dependência
“marcado pela crise do populismo e da organização política representativa dos grupos
dominantes” (CARDOSO et al, 1984, p. 149). Mesmo assim, não deixam de lado as
transformações do próprio capitalismo, agora mais monopolista e financeiro.
Primeiramente, demonstra-se o esgotamento da substituição das importações
calcado numa “aliança desenvolvimentista” entre antigas elites e setores médios da
burguesia industrial. Esse processo chega ao fim com o estrangulamento do setor
exportador através da queda dos preços e, consequentemente, a impossibilidade de
financiar a industrialização (p .151). Ao mesmo tempo, a industrialização levou a uma
grande diferenciação social (p. 154) criando uma disputa pelo poder econômico e político
e o aumento da participação das massas. Dessa forma, ou haveria uma política de
austeridade e diminuição dos salários – pressão dos agroexportadores e empresários - ou
a incorporação do capital estrangeiro na equação desenvolvimentista – que combinava
melhor com as pressões populares.
Dada a “coincidência transitória” (p. 153) entre interesses protecionistas, a pressão
das massas e os investimentos estrangeiros optou-se pela abertura dos mercados nacionais
aos capitais estrangeiros. Esse novo reagrumento perdura até o ‘auge da substituição fácil
de importações’ quando os grupos empresarias nacionais e os trabalhadores iniciam seu
protesto contra as multinacionais. “A dinâmica social e política”, dizem os autores, “deve
ser buscada no enfrentamento e no ajuste entre os grupos, setores e classes que se
redefinem em função dessa nova situação de desenvolvimento” (p. 161).
Assim, os autores descrevem a nova dinâmica como a “internacionalização do
mercado interno”. Visto que o mercado consumidor interno – aqui principalmente
indústrias nacionais - foi desenvolvido em etapas anteriores e há o estabelecimento de
empresas estrangeiras que reinvestem diretamente nessas economias dependendo da
demanda efetiva interna. Por outro lado, ainda existem limitações principalmente
tecnológicas e de endividamento externo que compõem essa nova dinâmica. Ainda há o
aumento da exclusão social, devido a incorporação de capital poupador de mão-de-obra
e a mudança do Estado-populista para empresarial. E às pressões contrárias a esse novo
modelo, dá-se a resposta em forma da militarização através dos golpes.

You might also like