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Gabriel Dos Santos Ribeiro Sant’ Ana

Visão clássica e humanista dos sujeitos do direto internacional sob uma


ótica critica, e amoldada aos tempos atuais.

Introdução:

Quando falamos em sujeitos do direito internacional iremos apresentar as duas


teorias que se apresentaram após a entrada em vigor da convenção de Viena
sobre direto dos tratados, pelo fato de após a sua ratificação se poderia ter uma
noção melhor de quem seriam tais sujeitos que tenham legitimidade para a
celebração de tratados e manifestações internacionais em geral.

Para que possamos explanar de forma sucinta e correta a respeito do tema que se
mostra de um tanto complexo nos dias atuais, iremos apresentar as duas teorias
que hoje se mostram conflitantes em varias partes de suas concepções,
colocando e utilizando de informações de seus melhores doutrinadores e não se
baseando somente em um, para que assentemos de forma satisfatória todos os
pensamentos a respeito do tema.

Em um segundo momento do presente texto iremos desenvolver uma conclusão


em que se pondera onde cada teoria conflita e coloca o que cabe nos dias atuais
levando em conta que a teoria que se mostra mais atual e mais nova seria a teoria
humanista, só que isso não significa que ela seria a mais correta.

Antes de adentramos ao tema temos que saber o que da a um sujeito


personalidade jurídica para que depois possamos definir o que seria um sujeito
legitimado a possuir personalidade jurídica internacional. Como parâmetro para
tal, usaremos o direito civil para saber a definição de quem pode ter e quando
pode ter a personalidade jurídica. Nós podemos colocar que basta no direto civil
para ser sujeito de direito basta nascer com vida (art.2º código civil 2002) para que
ele seja suscetível de personalidade jurídica, já para que possa o ser humano
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possuir personalidade jurídica deve ele adquirir a chamada capacidade jurídica,
onde a definição se conceitua com aquela aptidão para exercer direitos e contrair
obrigações (Venossa,direito civil, parte geral. Pag. 129).

Com as definições civis colocadas acima, agora podemos equiparar ao direito


internacional, bom, como no nosso direito interno aquele que tem capacidade será
o que nasceu ser humano e será suscetível para exercer direitos e contrair
obrigações, podemos fazer dessa forma uma equiparação, deve o suscetível de
personalidade internacional nascer Estado, e, por conseguinte para que seja
passível de direitos internacionais e obrigações internacionais deve ele preencher
todos os requisitos para ser considerado perante a comunidade internacional
como um Estado. Somente para que fique assentado coloquemos uma definição
de Estado, o Estado tanto é designado por coisa publica, quando tem por liame o
interesse que todos têm em viver no estado jurídico, como por potentia, quando se
pensa em relação com os outros povos, ou por gens, por causa da união que se
pretende hereditária. Entende o Estado como comunidade, soberania e nação, se
utilizadas categorias de hoje, dado que o Estado é ao mesmo tempo Estado-
comunidade, ou republica Estado-aparelho, ou principado, e comunidade de
gerações, ou nação. ( professor José Aldelino Maltez, Tópicos Politico-Juridicos)

1. Teoria clássica

Essa teoria é chamada de clássica não à toa, é a mais antiga dentre as duas a
ser apresentadas, a presente teoria diz exatamente que os sujeitos de direito
internacional, ou seja, aqueles que possuem a personalidade jurídica internacional
são somente os Estados e as organizações internacionais que são formadas por
Estados. Nesse primeiro momento podemos colocar o direto civil brasileiro para
melhor entendimento, onde os Estados seriam as pessoas naturais e as
organizações internacionais seriam as pessoas jurídicas. Historicamente temos
que os Estados pós-primeira guerra mundial eram os únicos que realmente
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detinham a tal personalidade jurídica internacional, começando a transmitir essa
personalidade e se ornar capaz de adquirir direitos e contrair obrigações
internacionais no inicio do século XX para as chamadas e já referidas
organizações internacionais.

A personalidade jurídica internacional só é adquirida por quem é reconhecido


internacionalmente, ou seja, os Estados, inexistindo qualquer prova que possa
mostrar uma certa capacidade de outros entes se não os estados a serem
considerados sujeitos do direito internacional propriamente dito, muito pelo
contrario, no direito brasileiro temos a nossa carta magna de 1988 em seu artigo
84 inciso VII, menciona que é uma das competências privativas do presidente
celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do
Congresso Nacional. Com o referido preceptivo constitucional em epigrafe
podemos entender que somente o presidente pode praticar atos internacionais,
onde o mesmo é escolhido para representar um Estado, e ainda no referido
dispositivo constitucional se vincula outro poder que só se mostra presente na
esfera de um Estado. O que a teoria admite é justamente a presença de "atores
internacionais" na sua imensa vastidão e em palavras do nosso saudoso professor
Marcelo D. Varella, há a atribuição de alguns direitos a indivíduos, como a
capacidade postulatória em tribunais internacionais para a proteção de direitos
humanos; a empresas, em órgãos internacionais de solução de controvérsia sobre
investimentos; ou a organizações não governamentais, em diferentes instancias.
(Marcelo D. Varella,direito internacional publico. Pg. 23). O que nós devemos
entender com essa afirmação é que são os Estados e organizações internacionais
que detém a referida personalidade, mas, quando um Estado deixa de assegurar
um direito ou uma garantia que o individuo deveria ter acima de tudo ele vai à
jurisdição internacional postular para que seja feito algo, mas prestemos atenção,
o individuo só teve a legitimidade para postular em jurisdição internacional pelo
fato de o Estado ser inerte a algo que não deveria ou visse e versa, importante
lembrar que essa "abertura" que se da a legitimar novos sujeitos, ou na
nomenclatura de Varella "Atores" de direito internacional, somente é aceita em

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matéria de direitos humanos ou direitos que viriam a ser garantidos por um Estado
que tenha ratificado um tratado que verse sobre matéria que o ator internacional
venha a reclamar em jurisdição internacional.

A presente teoria possui uma divergência somente quando falamos de natureza


jurídica dessa "representação” que os atores internacionais vem a fazer, uma
corrente doutrinaria diz exatamente o que foi apresentado acima, que os esse
direito que foi transferido para os indivíduos que venham a ter uma "capacidade
internacional temporária" é atribuído pelos Estados, ou seja, a emanação da
legitimidade, do poder, é a mesma, diferindo somente com um caráter de
representação, os titulares desse poder são outros mas a fonte é a mesma, a
outra corrente diz que o direito é do Estado que é exercido por terceiro. Em tese
as duas subteorias dentro da teoria dizem a mesma coisa, que é direito do Estado
diferindo apenas em relação a sua titularidade, mas a primeira seria a mais
cabível, usemos para exemplificar o cabimento da segunda corrente doutrinaria a
lei Maria da penha, provinda de uma condenação da corte interamericana de
direitos humanos da OEA, onde a mulher brasileira que foi por vários anos tentada
de morte pelo marido e agredida covardemente postulou justamente com o Centro
pela justiça pelo direito internacional e o Comitê Latino-Americano de Defesa da
Mulher (Cladem) uma denúncia perante a OEA na comissão interamericanas de
direitos humanos onde o Brasil ratificou tratados dessa natureza que, por
conseguinte são indenunciaveis, alegando que fora agredida pelo seu marido
durante 23 anos em um país que presa pelos ditames dos direitos humanos e
demandando algum tipo de punição ao nosso país por esse fato acontecido, a
OEA ao se deparar com a denuncia do ator internacional condenou o Brasil pela
negligência e inexistindo lei que regulasse situações especificas como essa de
violência domestica o condenou a adequar a legislação brasileira quanto a este
tipo de crime.

Depois do discorrido a referida lei em epigrafe explica-se o porquê da melhor


adequação atual da primeira subteoria apresentada. A primeira subteoria se
encaixa como uma luva nos casos em que ha esse fenômeno de os titulares dos
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direitos dos Estados por momentos pertencerem a alguns atores, pois nos
remetemos a corrente doutrinaria, diz na dicção do nosso eminente professor
Marcelo Varella que o direito é atribuído pelos Estados e que haveria novos
titulares de direitos, adequando a o caso Maria da Penha, podemos ver que, o
Estado brasileiro ao ratificar tratados com a natureza da matéria de direitos
humanos registrados na ONU contraiu obrigações de zelar e combater todo e
qualquer ato que venha a lesar tais direitos, fora que a própria constituição já
resguardava em seu art. 5º tal garantia, mas especificamente foi colocada e
ratificada em tratados, como o Brasil desrespeitou os tratados como um todo, um
de seus cidadãos veio a alegar que o Estado estava a descumprir com a sua
obrigação provinda de tratados sobre direitos humanos em seu vasto conteúdo,
com essa "alegação" de um cidadão podemos perceber que o direito foi atribuído
pelo Estado, se o Estado brasileiro não houvesse ratificado o tratado contraído
obrigações a as desrespeitasse não haveria possibilidade de um cidadão alegar
em jurisdição internacional, ou seja, houve um novo titular do direito do Estado
temporariamente exercido por Maria da penha. A segunda parte da doutrina
também esta correta ressalvado somente a frase " exercida por terceiros", a
palavra terceiros se mostra incorreta ao ser utilizada nessas circunstâncias, pois
se tratando o autor de um individuo deve ele ter a nacionalidade daquele
determinado Estado que ratificou determinado tratado com conteúdo qualquer e
que as obrigações que esse Estado contraiu estão sendo desrespeitadas sobre a
pessoa desse individuo que venha a lesa-lo, tem ele toda a legitimidade para
peticionar em jurisdição internacional, salvo quando falamos de direitos humanos
sendo desrespeitados, no caso dos direitos humanos pode todo e qualquer sujeito
que tomar conhecimento do Estado que se encontra parte em um tratado de
direitos humanos desrespeitando obrigações contraídas em detrimento desse
tratado peticionar em jurisdição internacional.

Com tais colocações feitas até aqui nos surge uma necessidade de conceituar ator
internacional. para Varella ator internacional é " atores internacionais são todos
aqueles que participam de alguma forma das relações jurídicas e políticas

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internacionais". Percebemos então que tal teoria atribui uma "capacidade jurídica
internacional temporária" a esses sujeitos que podem ser tanto uma pessoa física
com uma pessoa jurídica. Os autores mais clássicos assim já diziam, capaz de
contrair obrigações e direitos internacionais de caráter permanente e único onde
nesse caso só se encaixariam os Estados.

Por fim podemos citar a frase do nosso eminente professor Marcelo D. Varella
que intitula a posição solida dos que admitem a teoria clássica nos tempos atuai
que tirou justamente de uma arbitragem entre a Texaco-Calasiatic e a Líbia na
data de 19.01.1977. “... Assim não significa que apenas os Estados têm
competências e capacidades internacionais. No entanto, as capacidades e
competências internacionais dos demais atores apenas poderão ser exercidas
para garantia dos direitos concedidos pelos Estados e não de forma
indeterminada".

2. Teoria humanista ou humanitária

Essa teoria que veio com a evolução do próprio DIP ao longo da historia como
salienta Celso D. Albuquerque Mello "A cada comunidade histórica a vida
internacional correspondem diferentes sujeitos de direito." Nosso eminente
professor coloca justamente que os sujeitos de direito vão sendo "atualizados" de
acordo com a nossa evolução no tempo. Podemos afirmar que a teoria hora em
analise começou a se desenvolver de uma forma abstrata quando se atribuía tal
personalidade a somente o sujeito, o homem. Começou a se assentar o
entendimento com a interpretação de alguns tratados a luz de doutrinas clássicas,
podemos citar Wegler que diz que sujeito de direito é aquele "que pode ser
destinatário de uma sanção internacional”. Para explicarmos como essa afirmação
do nosso doutrinador da era clássica encaixa para a teoria humanista iremos
justamente à origem da corte penal internacional ou tribunal penal internacional.
Os tribunais internacionais com esse poder de sanção surgiram primeiramente em
Nuremberg e Tóquio, para julgar e punir os crimes cometidos por alemães e
japoneses na segunda guerra mundial. Em 1996 até o fim do ano subsequente e
de acordo com precedentes históricos a corte indiciou setenta e oito suspeitos e
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condenou dois deles. Outro tribunal com competências e atribuições de mesma
natureza foi o da Tanzânia que tinha a competência de julgar, indiciar e condenar o
massacre genocida de mais de um milhão de pessoas em Ruanda no ano de
1994. Até esse poento nós podemos discorrer sobre tribunais que possuíam a
mesma natureza do tribunal pena internacional de hoje, mas diferem somente no
quesito temporal, onde os tribunais anteriores foram feitos no sentido de coibir
crimes específicos e apurara casos específicos que quando satisfeitos tais
atribuições o tribunal encerra seus trabalhos, já o atual que foi estatuído em 1998
em uma conferencia em Roma, tem um caráter de tribunal pena internacional
permanente sediado na cidade de Haia.

Sua competência consiste em julgar os responsáveis por crimes de natureza de


guerra, genocídios e crimes contra a humanidade quando o direito interno de cada
Estado se recusar a julgar o seu respectivo cidadão ou quando não puderem
processa-los.

Com essa informação nós já podemos perceber um indicio de atribuição e


possibilidade de um individuo possuir personalidade jurídica internacional nos
moldes da afirmação de Wengler, pois nesse caso os respectivos punidos pelos
crimes elencados acima são pessoas, e não os Estados nem organizações
internacionais, quem receberá a sanção será a pessoa física independendo do
Estado em que viva. Ainda dentro da concepção do referido tribunal podemos
ainda relacionar outros autores clássicos com, por exemplo, Barberis, que diz o
seguinte, sendo o sujeito de direito "como aquele cuja conduta esta prevista direta
e efetivamente pelo direito das gentes como conteúdo de um direito ou de uma
obrigação". Dessa forma já podemos perceber que de acordo com o a corte
internacional penal, o indivíduo que por um acaso proferir conduta tipificada na
competência do referido tribunal será ele processado, investigado e punido pelo
mesmo tribunal, ou seja, é uma conduta prevista pelo DIP se caso venha o
individuo a pratica-la será a sua conduta prevista nesse referido ordenamento,
trazendo de volta a expressão usada por mim ainda nesse trabalho, uma "
capacidade jurídica internacional temporária", pois só será prevista a sua conduta
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se caso o individuo preencha os pressupostos colocados nas competências do
referido tribunal. Para fechara a referência a autores mais antigos, ainda temos
Eustathiades que mostra uma teoria para a explicação de do conceito de sujeitos
do DIP. O referido autor divide em duas partes para a sua conceituação, vamos
explicar uma a uma, primeiramente diz ele que os sujeitos de direito internacional
publico são aqueles que se encontram enquadrados nas duas partes que me referi
acima: "ser titular de um direito e poder fazê-lo mediante reclamação
internacional", diante dessa questão já temos o seguinte exemplo, tal estado
ratifica um tratado em prol dos direitos humanos, e após dois anos engajado em
tal tratado vem a viola-lo em detrimento de um grupo de dez pessoas, para essas
dez pessoas nasce um direito para reclamar em jurisdição internacional sobre o
não cumprimento do referido tratado pelo Estado onde estava a prejudicar essas
referidas dez pessoas, como é expresso no caso da lei Maria da Penha que
também é bastante conveniente para explicar essa teoria. Entendida a primeira
hipótese seguimos na dicção dou autor "ser titular de um dever público e ter
capacidade de praticar um delito internacional". Bom, o segundo caso é
perfeitamente encaixado no caso do tribunal penal internacional, ora, a
competência prevista dessa jurisdição é julgar os responsáveis por praticar
crimes de guerra, genocídio e crimes contra a humanidade, quando o Estatuto de
Roma se refere a responsáveis, em nenhum momento é mencionado que
deveram ser os respectivos Estados onde os responsáveis tem nacionalidade, o
individuo a ser julgado será aquele responsável pelo crime, seja ele uma pessoa
física ou jurídica ou até mesmo um Estado ou Organização nacional.

Na doutrina ainda temos uma posição dentro da referida teoria de um tanto


aceitável, explicaremos a luz do nobre professor de DIP Celso D. de Albuquerque
Mello.

O autor menciona que ha certas "normas gerais" a serem preenchidas e que,


portanto, preenchidas essas, os sujeitos passam a ser sujeitos de direito
internacional, como estatui "A melhor posição parece-nos ser a que admite a
existência de normas, gerais que atribuem a personalidade a determinados entes,
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isto é, todos os entes que preencheram as condições fixadas na norma geral
passam a ser sujeitos de direito". Na verdade a discussão se da dentro da
referida teoria se ha ou não as tais normas gerais, a assentado pelo nossa
eminente professor que sim, mas temos que entender que os sujeitos de direito
internacional vem sendo alvo dessa dicotomia pelo fato de haver uma grande
evolução do direito internacional ao longo da historia, em tempos como o do
doutrinador internacionalista Hugo Grotius em que os Estados e o próprio homem
eram considerados os sujeitos de direito internacional e nada mais.

O referido autor Celso D. de Albuquerque de Mello faz uma distinção ainda no


mesmo capitulo ora comentado por nós que se mostra a posição mais correta a
ser colocada nos dias atuais e que posteriormente será usada para a nossa
conclusão, seria exatamente que os Estados são a força maior dentro da
sociedade e dentro do próprio DIP, onde ele se coloca como o seu fundador, e os
outros denominados na melhor nomenclatura como "atores internacionais"
adquirem a tal personalidade em eventualidades, em acontecimentos que tais
atores preenchem os pressupostos naquele determinado momento e passam a ter
a personalidade, como é o caso de um individuo cometer um crime que seja
tutelado pelo tribunal internacional penal, seria justamente quando o Estado funda
o DIP estatui as referidas "normas gerais" para eventualidades como essa, e no
caso da não previsão já entramos na evolução do próprio direito como acontece
nas emendas a constituição, as normas não podem ser feitas de forma que se
adequarão a uma sociedade daqui a cem anos, como diz a afirmação feita por um
dos constituintes americanos " os mortos não podem governar os vivos", e ainda
nesse caso são colocadas normas gerais para que possam ser interpretadas tanto
de forma extensiva com restritiva de acordo com o caso concreto será amoldado.
O autor continua a fazer a analise correlata e sucinta colocando a hipótese da
existência de um principio constitucional no ordenamento internacional para
desmembrar e encontrar tais condições estatuídas pelas chamadas "normas
gerais": primeiramente o Autor coloca a condição de, "fins compatíveis com a
sociedade internacional". Colocamos como exemplo uma ONG que tem por

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escopo a proteção do meio ambiente que existem convenções mais genéricas a
respeito e protocolos regulando essas questões, ou então uma empresa em que
visa melhorar as condições de trabalho de seus funcionários. Em segundo lugar o
autor menciona “ter uma organização que lhe permita entrar em relações com os
demais sujeitos internacionais, bem como ser responsável pelo seus atos". Com
tais considerações podemos perceber que o ator que preencher esses requisitos
hora somente um e hora ambos será considerado um ator internacional e não um
Estado como o autor menciona. Posteriormente Celso Mello fala justamente que a
posição colocada de que o Estado funda o DIP estabelecendo normas gerais para
que os outros entes se encaixem pra obter um personalidade jurídica internacional
se mostra um pouco ultrapassada nos dias de hoje, e que a posição mais cabível
ao nosso estagio atual seria que o Estado se capacita a posteriori, e em suas
palavras, “... o Estado surge como um fato encarnando o grande poder na
sociedade internacional", e diz que não existe a chamada norma geral
preexistente mas sim uma legalização que o Estado se da, e que os atores são
criados pelo próprio Estado, mas não deixamos de notar que na falta dessa norma
geral que estatuem condições para eventualidades atribuições de personalidade
jurídica internacional a outros que não sejam os Estados, a comunidade
internacional terá de fazê-la de uma forma ou de outra, pelo fato de ao passar do
tempo mais essa teoria indaga aos apoiadores da teoria clássica como seria
possível que um homem comum nos dias atuais peticione, reclame, outorgue e
seja sancionado perante jurisdição internacional e mesmo assim não possuir
personalidade jurídica internacional.

3. Conclusão

Para este ultimo momento do nosso trabalho temos que logo de primeira
assentar a posição correta que devemos atribuir ao cenário atual do DIP. Dessa
forma nos encontramos em uma questão um pouco difícil, pois as duas teorias
possuem partes corretas e erradas da mesma forma, mas, temos uma das duas
que se mostra mais correta, que seria justamente a teoria clássica.

Esse ultimo momento podemos assentar de acordo com a visão do professor


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Varella e Celso Mello, mas outros autores serão usados ao longo da explanação.

Somente os Estados possuem a referida personalidade jurídica internacional.


Para explicarmos isso vamos à parte da doutrina que Varella cita em seu livro, "...
se trata de um direito atribuído pelos Estados e que, portanto, haveria novos
titulares de direitos". Com tal afirmação pegaremos primeiramente a questão do
tribunal penal internacional, onde pode sancionar o individuo quando este se
mostrar o responsável por um dos delitos que cabe na competência do referido
tribunal, a sanção irá para o individuo e não para o Estado e, portanto o individuo
teria tal personalidade diria um apoiador da teoria humanista, mas, ai é que esta o
ponto, o individuo só poderá receber tal sanção se por acaso o Estado tenha
ratificado o Estatuto de Roma, ou seja, é um direito atribuído pelo Estado para
com esse individuo que seria o novo titular do direito, encaixando perfeitamente no
que Varella diz em seu livro, e mais, o Estado ao ratificar se submete e a essa
jurisdição para que nos casos elencados na competência do referido tribunal
possa o cidadão daquele estado ser julgado por ele. Mais um exemplo que
podemos colocar com a afirmação de um outro doutrinador mas com a mesma
hipótese do referido tribunal seria afirmação de Barberis que diz ser sujeito de
direito "como aquele cuja conduta está prevista direta e efetivamente pelo direito
das gentes com conteúdo de um direito ou de uma obrigação". Com as nobres
palavras que já foram referidas nesse trabalho pelo nossa doutrinador temos
justamente que poderá até estar previsto um dever ou uma obrigação de um ator
internacional que não seja os Estados em uma norma positivada da comunidade
internacional com, por exemplo, a sanção da corte internacional penal se dirigir
única e somente aos responsáveis pelo s crimes de sua competência, que podem
ser tanto indivíduos com empresas privadas deixando assim obrigações para
esses de não praticar tais delitos, mas novamente nós podemos perceber que só
subsiste essas normas dirigidas a entes que não sejam Estados e possuem a
capacidade de praticar um delito internacional e receber uma sanção internacional
pelo fato de o Estado ratificar esse texto, ou seja, voltamos a afirmação do nosso
brilhante professor Marcelo D. Varella, que o "Direito é atribuído pelos Estados e,

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portanto, haveria novos titulares de direito", mas o sujeito do DIP continua sendo o
Estado, o homem ou as empresas privadas não possuem capacidade para
celebrar tratados só se essa permissão e poder for concedido pelo Estado.

Explanado acima podemos chegar a outras passagens do nobre professor


Celso D. de Albuquerque Mello, onde explica uma certa hipótese para amoldarmos
a nossa conclusão, colocando a seguinte frase já referida aqui, "...os Estados são
as forças sociais mais atuantes e fundadoras do DIP e acabam por elaborar um
direito para si mesmos." Explicando essa afirmação podemos atestar que seriam
somente os Estados detentores de tal personalidade, pois essa dita personalidade
internacional que outros entes que não os Estados adquirem temporariamente só
é feita pelo fato dos Estados cederem direitos inerentes a ele, ou seja, os Estados
exercem o "poder constituinte originário internacional".

Por fim, fazendo um paradoxo breve com o direito penal, poderíamos explicar a
posição de o Estado atribuir essa "personalidade temporária" a outros entes a luz
da teoria do conditio sine qua non, que menciona um procedimento hipotético de
eliminação, ou seja, eliminando a conduta do agente no iter crminis e o crime não
vem a acontecer essa conduta se torna uma causa, pois é uma condição do
resultado, em outras palavras, se não houvesse aquela conduta o crime não teria
acontecido, passando essa teoria para o nosso caso explico, quando o Estado
firma um tratado com outro sobre a feição de um tribunal de jurisdição
internacional que irá julgar crimes contra a pessoa humana, ele negocia (formula o
texto que posteriormente irá ser positivado) e depois ratifica o positivando e
engajando trazendo direitos e obrigações para aqueles Estados, nesse caso a
sanção iria obedecer a mesma questão colocada no tribunal penal internacional,
iria recair sobre o responsável, dessa forma poderia ser uma empresa ou uma
pessoa ou ate um Estado, certo, agora olharemos esse itinerário da feição desse
tratado e do referido tribunal, que seria o seu conteúdo, se nós eliminarmos a
negociação e a feição do texto que atribuía a "personalidade temporária" aos
outros entes não Estados eles não teriam a referida personalidade caindo
novamente na afirmação de Varella de que o direito foi atribuído pelos Estados
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( no nosso caso na negociação e a feição do texto positivado que da essa
personalidade aos não Estados), e que há novos titulares desse direito, mas o
único titular integral dessa personalidade continua sendo o Estado.

Finalizando o nosso trabalho sobre um tema de absoluta relevância nos tempos


atuais colocaremos o trecho que já foi mencionado nesse trabalho e que ilustra um
dos porquês dessa teoria ser a melhor a ser adotada atualmente, “... Assim não
significa que apenas os Estados têm competências e capacidades internacionais.
No entanto, as capacidades e competências internacionais dos demais atores
apenas poderão ser exercidas para garantia dos direitos concedidos pelos
Estados e não de forma indeterminada". (Arbitragem entre Texaco-Calasiatic e a
Líbia. Decisão de 19.01.1977. Marcelo D. Varella. Direito Internacional Publico)

Bibliografia

(Varella, Marcelo. Curso de direito internacional publico, 4ª edição, 2013)

(De Albuquerque Mello, Celso. Curso de direto internacional publico 12ª edição I
volume, 1999)

(Wengler , Wilhelm. 1907)

(XXII Congreso del Instituto Hispano-Luso-Americano

y Filipino de Derecho Internacional

San Salvador, El Salvador

09 de septiembre de 2002, “A CONSOLIDAÇÃO DA PERSONALIDADE E DA


CAPACIDADE JURÍDICAS

DO INDIVÍDUO COMO SUJEITO DO DIREITO INTERNACIONAL”. Antônio


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Augusto CANÇADO TRINDADE. Tirei Vários autores desse congresso.)

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