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LABHOI/UFF/CNPQ
Resumo
O leitor encontrará nas próximas páginas uma abordagem ilustrativa, que problematiza
as narrativas orais dos pescadores artesanais de Itaipu, cotejadas principalmente coma
composição dos elementos presentes em suas atividades tradicionais. Em especial com
percepção do tempo bipartido entre Inverno e Verão que deriva da pescaria de Arrasto
em Itaipu. Este artigo busca manter um vinculo continuo com as referências Commented [SR1]: Sobre o tempo, Pritchard
Palavras Chaves:
1
Estudante da graduação em história. Este artigo surge como um fruto das primeiras considerações que se
desenvolveram no meu projeto de iniciação cientifica junto ao laboratório de história oral e imagem
LABHOI-UFF.
Introdução:
A margem de Itaipu.
2
Cf. RESENDE
3
Cf. KANT DE LIMA. 1997. PESSANHA 2003.
4
Cf. BIELSCHOWSKI,R. 1988.
Pizarro. A Companhia Territorial de Itaipu, de sua propriedade, visou explorar a região
com projeto de loteamento denominado Cidade Balneária de Itaipu. Que revia o
beneficiamento da área de 6 milhões de km² com sistemas de água e esgoto, assim como
a existência de praças, comércio, escolas e hospitais.
Parte desse projeto foi incorporada com a compra de 89% das ações da
Companhia Territorial de Itaipu, na década de 70, pela Veplan uma antiga
incorporadora de imóveis que se fundiu ao renomado escritório de engenharia de H.C
Cordeiro Guerra 5 . Por meio desse negócio surgia ama nova empresa a Veplan
Residência Empreendimentos e Construções S/A, a qual os jornais da época celebravam
como a maior empresa do ramo imobiliário do Brasil. Uma das diferenças fundamentais
do projeto, era a idéia de fazer de Itaipu a primeira “comunidade planejada 6 ” em
território nacional. A existência de marinas dentro da lagoa de Itaipu era um ponto mais
que notável em meio aos seus projetos. E para ser executado a Marinha em 19797 emitiu
nota concedendo aval para a construção do canal que ainda nos dias de hoje delimita a
divisão da praia de Itaipu em duas. Abrindo com isso a barra da lagoa. Um dos braços
operacionais dessa empresa se dedicava diretamente à esse empreendimento o seu nome
Veplan Residência Companhia Territorial de Itaipu. E tinha entre seus diretores a
curiosa presença do ex-ministro do planejamento Reis Velloso. O resultado dessas obras Commented [SR2]: Desenvolva
é ainda nos dias de hoje a existência de um contraste, mais que marcante entre os
bairros de Itaipu e Camboinhas. Nesse processo famílias inteiras de pescadores foram
retiradas da beira da praia, afetando diretamente o cotidiano da pesca em Itaipu.
As Faces da Tradição
5
H. C CORDEIRO Guerra e Veplan concluem incorporação. Jornal do Comercio 31 de Julho de 1973
6
COMUNIDADE Planejada de Itaipu. Jornal do Brasil 26 de Julho de 1978
7
MARINHA informa que autorizou as obras da Veplan em Itaipu. O Fluminense. Niterói. 20 de Outubro
de 1979
majoritariamente a região. Os pescadores e suas famílias foram impactados diretamente
por esse processo. Reverberando na condição de manutenção das suas atividades
tradicionais e na forma de se relacionar com a localidade. Quem nos expõe essas
transformações de um modo mais claro é Robson Dutra, pescador artesanal de família
tradicional, que ainda hoje é mestre do Arrasto de Itaipu.
“Na década de setenta foi aberto um canal, aqui na praia de Itaipu - que tinha uma extensão de
três quilômetros e setecentos metros ao total. Hoje a praia de Itaipu ficou resumida a setecentos metros. E
por que a gente diz que Itaipu é uma praia só? O que dividiu, eu não sei, algumas pessoas falam a divisão
do rico do pobre; enfim ou era a especulação imobiliária, cada um fala uma coisa e a gente não sabe a
fundo. Eu sei que cada um tem a sua opinião. A minha opinião: a causa foi a especulação imobiliária,
fizeram esse canal ai na praia de Itaipu que hoje é uma praia dividida, tanto é que o loteamento para o
outro lado é denominado Camboinhas e o lado de cá ficou Itaipu. Por intermédio de que? Através de que?
Por uma empresa que chegou ai, tirou os pescadores que lá residiam e fez um loteamento. Então quando
a gente fala que Itaipu é uma praia só a gente conhece e reconhece Itaipu como uma coisa só. Os novatos,
as pessoas que estão chegando, hoje talvez não saibam disso, entendeu? “Você vai a onde? Ah, eu vou em
Camboinhas. Você vai a onde? Eu vou em Itaipu” Mas para o pescador, para a cria de Itaipu isso é uma
coisa só. E com certeza foi a especulação imobiliária que fez com que essa divisão acontecesse.”
(Robson Dutra 27/2/2018)
8
Cf. LATINI. 2006.
9
Cf. RUSEN.2014.
10
Cf. GELL.2014.
dimensão temporal que lhe inerente. Algo que se esclarece enquanto um sentido próprio
da experiência na associação dos eventos que envolviam a pesca e que capacitam um
indivíduo a “conhecer” e “reconhecer” Itaipu como uma praia só. Também é possível
notar que a preservação na memória do tempo dos eventos, ou da sua duração,
transporta o quando ao contexto, que no presente da fala se revela, em um quadro
descritivo das transformações. Essa “moldura temporal” representada no quando insere
na composição dos eventos uma dimensão de referenciais necessários, para que os
significados sejam agenciados na construção e na realização das relações no cotidiano.
11
MARTINS 2018. “Tempo. Experiência. Reflexão. Medida.” Artigo de conferência in: Escritas da
História. O tempo pragmática no pensamento histórico. ICHF 9/4/2018 14 hrs.
12
Cf.RICOUER 2010.
Culturalmente a identidade também se reflete como sentido, uma vez que ambas
as categorias se constituem na experiência e de uma orientação subjetiva que se dá
estruturando padrões de relação com o tempo 13. Portando é preciso por em evidência
que o identidade ou sentido da narrativa são um mesmo que representa um arranjo.
Articulando em seu intimo as dimensões do tempo cósmico e exterior, com o tempo
fenomenológico e imanente. A solução a este aparente impasse é do filosofo francês
Paul Ricouer, em Tempo e Narrativa. O problema colocado pela aporia Agostiniana
sobre o conteúdo apreensão do Tempo14 da distentio animi na intentio animi só pode ser
superado na composição da mimesis 15 , que é a sua via poética “invertida”. Onde a
experiência do tempo é figurada pela narrativa. Dito de outro modo, a narrativa é a
dimensão do tempo transformado em tempo humano e nessa acepção potencialmente
histórico. Acessível em múltiplas perspectivas e formas de expressão. Que nesse caso
será observada à luz dos elementos constituintes da tradição dos pescadores artesanais,
em especial o Arrasto de Praia.
13
Cf. RUSEN. 2014.
14
A intentio assim como a distentio animi é em Ricouer uma leitura de marcadores temporais subjetivos,
que extrai do livro XI das Confissões de Agostinho. Uma e outra representariam modos de percepção e da
passagem do tempo. “(o) lado do que passa, enquanto distinto do presente pontual” RICOUER 2010. p.33
15
A mimesis seria a “imitação ou a representação da ação no registro da linguagem métrica” que permite a
figuração da percepção da experiência da passagem do tempo, tornando-a acessível por meio da narrativa.
Idem. p.58-68
distintas do grupo. “Inverno” e o “Verão” são assim mais que
duas estações do ano. Constituem-se em verdadeiros polos de
atração de significados sociais. O inverno organiza, aglutina;
o verão desorganiza e dispersa. Em torno do inverno, a pesca
da tainha vai-se constituir em verdadeiro “símbolo nodal” de
Itaipu.” (KANT DE LIMA, 1997 p. 128)
Essa dimensão do tempo, bipartida entre o inverno e verão permanece ainda nos
dias de hoje, mesmo que tenham ocorrido algumas variações pontuais na forma como a
comunidade emprega as suas atividades no cotidiano 16 . Principalmente influenciada
pelo contexto das transformações desenroladas durante as décadas de oitenta e noventa.
Quando a Região Oceânica continuou a ser palco do acirramento progressivo do
crescimento urbano em Niterói. Em decorrência desse processo, e principalmente
devido às consequências das obras da Veplan, que tiveram início uma década antes,
algumas famílias de pescadores foram deslocadas para longe da praia de Itaipu. Indo
morar em bairros vizinhos como Engenho do Mato, Maravista, Terra Nova e até mesmo
em outras cidades como São Gonçalo. Alguns desses pescadores se viram obrigados a
ocupar outras funções no mercado de trabalho. E os que tinham sorte permaneciam na
praia executando atividades em consonância a prática de pesca, como a venda de frutos
do mar nos bares ou comercialização de peixes. Outros passaram a trabalhar no
comércio local, como na segurança de alguns condomínios, na jardinagem, nos
mercados e também como pedreiros. O movimento sazonal dos pescadores acompanhou
o decaimento da tradição da pesca de Arrasto, paralelamente um aumento progressivo
no número de pescarias de Emalhe17.
16
Cf. MIBIELLI 2004-2013
17
Idem.
sob um aspecto cada vez mais intimo à comunidade. Seria possível fazer uma
associação com uma mudança substâncial na dinâmica de relação com o cotidiano com
as transformações ocorridas na região? Assim como um processo de aceleração do
mesmo, que o colocaria também como uma manifestação regional do processo de
globalização vivido pela sociedade contemporânea? Commented [SR5]: Temporalidade da paisagem
O fato é que alguns pescadores, talvez motivados pela maior facilidade oferecida
pelos petrechos industriais que se inseriam, e pela possibilidade de ganhos individuais,
foram progressivamente migrando para a pescaria de Emalhe. Outro elemento que pode
ter sido determinante é que ela permite uma maior flexibilidade na relação dos
pescadores com o mar o espaço da praia e outras atividades que pratiquem durante o
dia. Para Mauro por exemplo esse fator o permitia dar continuidade à pescaria de
Arrasto, sendo que era parte era dividida com outro companheiro que pescava junto com
ele em sua campanha. Alguns tornavam a atividade seu principal meio de vida, mas
também trabalhavam em outras funções, chegando a pescar eventualmente nas duas
campanhas de Arrasto ainda em atividade permanente. Tudo indica que com o contraste
dessas dinâmicas também revela a distinção de regimes18 da forma de se experimentar o
tempo. Mesmo que continuem à representar o tempo sob a mesma estrutura bipartida. Commented [SR6]:
“A pesca da Tainha foi o que eu peguei pequeno. A pesca da Tainha era tradição aqui,
hoje não tem mais o pescado. Não tem mais a Tainha e também não tem mais o pescador para a
Tainha. Não tem o aparelho adequado, o que eu digo que seja o aparelho adequado, é uma canoa
maior do que essa esta aqui. Na pesca da Tainha a gente precisa de um determinado numero de
pescadores com prática, hoje não. [...] A gente tem que ter o cara que é o vigia é o olheiro ele
ficava lá em baixo em Camboinhas. Na verdade a gente fala em Camboinhas mas isso aqui era
uma praia só né? Camboinhas e Itaipu é uma praia só. Não existe Camboinhas e Itaipu, para o
pescador isso aqui é uma praia só.[...]. É, era o pescado do inverno era a tainha, hoje não, a
pescaria de arrasto, a pescaria de lanço que é o lanço a sorte, por isso tem o nome de lanço ela
hoje é o ano todo. Pelas dificuldades pela escassez da Tainha então a gente vai o ano todo com
essa pesca de lanço a sorte. Mas antigamente não. Antigamente que eu falo a quinze anos atrás,
dez anos atrás tinha a pesca da Tainha. Esperava chegar em maio, abril pra gente pescar até
agosto. Ai ficava focado só na Tainha.” (Robson Dutra 27/2/2018)
18
Cf.GELL. Alfred. 2014
como referência para justificar as transformações, como a ausência do pescador e da
tainha e as suas causas, compondo assim parte fundamental da sua identidade narrativa.
Causas que também se revelam em alterações significativas 19 dentro da dinâmica do
Arrasto, pela ausência do “vigia” na modalidade de Cerco. A distinção por contraste não
só funda as relações entre as referências de memória e a vivência do presente, mas
também as delimitam como as partes compostas. Revelando uma condição necessária
do processo de significação do sentido da experiência do tempo. Que podem se
manifestar de formas diferentes, dependendo do posicionamento e da perspectiva de
cada individuo dentro da organização cultural da comunidade. Portanto essa relação
pode manter referência a padrões de interpretação já estabelecidos ou modificá-los em
acordo com as circunstâncias em que se experimenta a transformação.
As Demandas Socioambientais
19
Cf. MIBIELLI. 2004-2013
correspondência com a dimensão do tempo vivido. E como uma se insere na outra, lhe
dando um novo sentido de acordo com o contexto compartilhado, a ação executada ou a
palavra falada. Modificando os assim os padrões de formação da memória que
progressivamente podem ser inseridos como parte fundamental da sua identidade social
“Meu nome é Jairo Augusto da Silva sou pescador artesanal, sou tradicional da praia de Itaipu. Família
tradicional. E hoje eu ocupo o cargo de conselheiro da reserva extrativista, foi implantada em 2013 pelo
Estado em função de proteger o recurso natural e a cultura. A cultura e a tradicionalidade do pescador. E
no momento a gente esta/ devidos os conflitos socioambientais ocorridos no nosso território pesqueiro
nós pleiteamos a reserva extrativista em função de proteger, como eu falei, e amenizar os conflitos aqui
existentes. Porque desde a década de sessenta a gente começou a conflitar com a empresa imobiliária o
empreendimento imobiliário e com a produção do petróleo brasileiro, e a pesca industrial. E são e todo o
crescimento de grande impacto, nós fomos muito oprimidos por essas questões que eu citei. E a gente
analisou que a reserva extrativista marinha seria uma forma que abrange mais a pesca artesanal com seus
direitos socioambientais que a gente tanto necessita. Que é a proteção do recurso natural e a manutenção
da cultura e do modo de vida e a questão fundiária, e a organização fundiária dessa comunidade
pesqueira”. Jairo de Souza Freitas 27/1/2018.
Jairo faz parte da mesma geração que Robson Dutra e assim como ele ao narrar
se situa em meio às suas tradições associando o seu posicionamento sua identidade
coletiva como pescador artesanal e tradicional. Existe ai então a possibilidade de
identificar a perspectiva que assumem sobre nas relações do cotidiano. Um cotidiano
que encontra novos contornos. A sua vivência enquanto sujeito, parte das referências
significativas para ações estabelecias pela comunidade. Mas esse circuito de
informações compartilhado pela tradição parece não oferecer meios suficientes para
explicar o sentido das transformações que passaram a ocorrer nas ultimas 3 décadas.
Legitimava o seu posicionamento de um modo específico enquanto membro da
comunidade de pescadores, no momento em que sua postura representava não só a si
enquanto parte daquela tradição, mas a uma trajetória que se confundia com a da
categoria de pescadores artesanais de um modo mais abrangente. Onde o aspecto de
liderança excedia os limites físicos da sua comunidade. Jairo também participa do
fórum das comunidades tradicionais.
Crítico das transformações ele articula a ela uma relação com os elementos da
sua tradição para se situar e justificar sua perspectiva. Associando uma causalidade com
o desenvolvimento urbano da região representado pela especulação imobiliária, e
disputas pelos recursos naturais. Onde a preservação dos mesmos se alinha a
preservação da sua cultura. Que é uma forma específica de ler a natureza e o tempo.
Representando uma relação entre os usos do passado e a margem contextual do presente
que orienta a serem refletidas e formuladas, para garantir a continuidade da “cultura e a
tradicionalidade do pescador”, como parte de demandas socioambientais. É possível,
se seguirmos refletindo de acordo com as considerações até aqui colocadas, cogitar a
existência de algum ponto de contato entre essas dinâmicas? Existe uma
correspondência da aceleração do seu cotidiano a uma institucionalização dessas
relações com a natureza? E o que isso revela sobre a contemporaneidade e a
globalização?
O “bem dizer”
“Na minha infância a praia era uma praia que não tinha desenvolvimento? Era uma praia, bem dizer, que
não tinha desenvolvimento imobiliário. Era bem dizer, restinga, era mato, não tinha poluição, não tinha
muitas luzes na praia para/ porque a luz forte atrapalha muito os peixes? Ai não tinha muitas luzes na
praia, não tinha poluição e não tinha muito barco industrial. Ai, bem dizer, a pesca era muito boa, nada
atrapalhava a gente nessa época. Ai dava muito peixe.” Mauro de Souza Freitas 27/1/2018
20
Para mais informações sobre a RESEX-Itaipu e a sua relação com as transformações ocorridas no
cotidiano dos pescadores de Itaipu Cf. MENEZES, Allan Sinclair Haynes de. A Reserva Extrativista
Marinha de Itaipu: Areificação de uma identidade ligada ao mar. Niterói, 2014. 102p. Dissertação de
Mestrado Programa de Pós-Graduação de Sociologia e Direito.
contrastadas à dinâmica da prática de pesca. E ambas agem como marcos delimitadores
do seu posicionamento reflexivo. De modo semelhante como ocorre com Robinho, o
“uso do passado” pressupõe o conhecimento e reconhecimento de algo. De uma
dinâmica própria que dê sentido às ações desenvolvidas no cotidiano, que se reflete na
disposição dos elementos significativos, e se realiza em torno deles na própria
experiência.
Conclusão
21
RUSEN apud MARTINS 2018. “Tempo. Experiência. Reflexão. Medida.” Artigo de conferência in:
Escritas da História. O tempo pragmática no pensamento histórico. ICHF 9/4/2018 14 hrs.
pescadores da beira da praia. 3) A divisão de Itaipu e a criação de Camboinhas com a
abertura do canal. Que passou a ser conhecido como Canal da Vergonha. Fazendo os
pescadores continuassem a perceber Itaipu como “uma praia só”. Robinho sintetiza essa
relação - “quando a gente fala que Itaipu é uma praia só a gente conhece e reconhece
Itaipu como uma coisa só”. Os impactos ambientais também impactaram diretamente as
suas atividades, e principalmente o Arrasto de Praia.
Bibliografia
HESSE. Hermann. O jogo das contas de vidro. Brasiliense. São Paulo 1973
MIBIELLI, Bruno Leipner. Mestre Cambuci e “sumiço da tainha”: uma nova imagem
de Itaipu. Niterói, UFF. 2004
RUSEN. Jorn. Cultura faz sentido: orientações entre o ontem e o amanhã. Petrópolis.
Vozes. 2014
Fontes Orais