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A PROBLEMÁTICA DO INFANTIL EM PSICANÁLISE
(Aqui, tomo 3 referências: 1) Joel Birman (1997). Além daquele Beijo: sobre o infantil
e o originário em psicanálise; 2) Regina Herzog (2007). Entre a infância e o infantil:
vicissitudes da adolescência; 3) Agnès Oppenheimer (1994). Enfant, enfance, infantile.
[publicado na Revista Francesa de Psicanálise na edição intitulada “L’enfant dans
l’adult”]).
- De saída, cabe dizer que, não obstante a similaridade existente entre os significantes, o
adjetivo infantil não que dizer a mesma coisa que o substantivo infância. Além disso, é
preciso considerar que se o significante infantil se introduziu pela ordem adjetiva, logo
em seguida transformou-se num substantivo. Portanto, o que se pretende apresentar aqui
é uma genealogia da categoria de infantil no discurso freudiano, destacando o
deslocamento do registro da infância para o registro do infantil.
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- Alguns anos mais tarde, Freud questiona a factualidade da teoria da sedução, conforme
indicado pela sua correspondência com Fliess. Em linhas gerais, não seria mais pela
efetividade da sedução ocorrida que se produziriam as perturbações mentais, mas no
fantasma forjado de um suposto acontecimento.
- Esse infantil por vocação recebeu diferentes versões ao longo do discurso freudiano:
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“o sonho poderia ser descrito como substituto de uma cena infantil, modificada por
transferir-se para uma experiência recente. A cena infantil é incapaz de promover sua
própria revivescência e tem de se contentar em retornar como sonho”. E acrescenta: “o
sonhar é, em seu conjunto, um exemplo de regressão à condição mais primitiva do
sonhador, uma revivescência de sua infância, das moções pulsionais que a dominaram
e dos métodos de expressão de que ele dispunha nessa época”.
- Assim, dos primórdios da investigação psicanalítica até os anos 1915 e 1920 o infantil
se identificava com o registro da sexualidade, isto é, com o campo do desejo e com o
que era regulado pelo princípio do prazer. Após os anos 1920, em contrapartida, o
infantil passa a ser circunscrito como o que não pode ser erotizado e como o que é
regulado por um além do princípio do prazer. Vale dizer, o infantil passa a ser
identificado com o real da angústia e com o trauma, com aquilo capaz de lançar o
sujeito no desamparo e de promover o seu esfacelamento. Depreende-se disso que o
infantil se deslocou do eixo da vida para o da morte, que passou a dar a tônica do
funcionamento primordial dos processos psíquicos.
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sempre”. Cabe ressaltar que a constatação de uma não superação do desamparo
colocava o infantil no centro da cena.