You are on page 1of 5

Faculdade de Letras

Universidade de Lisboa

Ano Lectivo: 2018/2019 – 1º Semestre

Curso: História

Cadeira: Métodos em História TP2

Docente: Filipa Roldão

Motins e Deserção na Viagem de Circum-


navegação de Fernão de Magalhães

Aluno: Vasco Martins Henriques

Nº: 149283
Introdução

Apesar de não ter terminado a sua viagem, Fernão de Magalhães conseguiu provar,
ainda antes de morrer, que a circum-navegação do globo era possível, já que o seu
escravo, Henrique (nome católico), um filipino que adquiriu quando combatia nas
Indias Orientais regressou às suas ilhas, tornando-se, ele sim, a primeira pessoa a
circum-navegar a Terra.

Magalhães, Pigafetta - um escritor/geógrafo italiano que pagou do seu próprio bolso


para integrar esta viagem - e Henrique partiram de Sevilha, juntamente com mais 231
homens e cinco naus (San António, Victória, Trindade, Santiago e Conceição) rumo ao
desconhecido.

Portanto, o explorador português nunca consegui dar por terminada a sua exploração
devido aos diversos motins e deserdações que aconteceram ao longo da viagem, e são
estes os factores em que baseei a minha pesquisa.
A viagem de Fernão de Magalhães

Fernão de Magalhães foi, sem dúvida, um dos grandes navegadores quinhentistas ao idealizar,
conceber e preparar, com persistência e vontade inabalável, uma das maiores façanhas do seu
tempo: a primeira circum-navegação do Globo.

Sendo um nobre, era por certo um homem de ambições, como próprio de um homem da
época dos Descobrimentos. Logo em 1505, parte para a Índia1. Nos mares do Índico
permanecerá oito anos. Vai para Malaca em 15092, participa na conquista de Goa ao lado de
Afonso de Albuquerque no ano de 1510, no ano seguinte faz parte do contingente que toma a
estratégica cidade de Malaca.

Entretanto, ainda no Oriente, estabelece uma relação muito próxima com Francisco Serrão,
que veio a ser o feitor das ilhas Molucas. Através desta amizade e, posteriormente, duma troca
epistolar regular ganha acesso a informações preciosas, de âmbito cartográfico e geográfico,
acerca da localização daquelas ilhas, onde abundavam as especiarias. De volta a Lisboa, em
1513, incorpora nesse mesmo ano as forças que sob o comando de D. Jaime, Duque de
Bragança, que toma a praça marroquina de Azamor. Responsável pelos despojos da conquista,
é acusado de corrupção e abuso de poder, o que poderá ter contribuído, certamente, para a
sua má reputação na Corte, pois só assim se compreende que D. Manuel o tenha ostracizado,
negando-lhe títulos e recompensas.

Sentindo-se injustiçado, Magalhães dedica-se por inteiro, juntamente com o cosmógrafo Rui
Faleiro, a gizar um plano de uma navegação por ocidente, para tentar provar que as ilhas
Molucas se encontravam fora do hemisfério português definido pelo Tratado de Tordesilhas
(1494).

Dirige-se então para Sevilha, em 1517, onde com o apoio decisivo por parte de João de
Aranda, feitor da Casa de la Contratacion,casa de navegação espanhola, é obtida a permissão
por parte do rei espanhol (futuro imperador Carlos V) para a expedição, que disponibiliza uma

1
numa armada comandada por D. Francisco de Almeida
2
Acompanhando Diogo Lopes Sequeira, naufragando no regresso
esquadra de cinco naus. Providos de uma tripulação de 265 homens de várias nacionalidades,
os navios, com Fernando de Magalhães como capitão-mor, partem das águas espanholas em
1519.

No mesmo ano ainda chegam ao Rio de Janeiro e no mês seguinte penetram no Rio da Prata,
hoje território argentino, em finais de Março de 1520 faz a sua entrada no estreito que virá a
ter o nome do navegador português, não sem antes terem de ter sido ultrapassados inúmeros
problemas que se fizeram surgir ao longo da viagem, sucedendo-se peripécias, conspirações,
insubordinações por parte de uma tripulação exausta e desconfiada com o insucesso do
empreendimento. Os oficiais espanhóis desacreditavam o projecto, mas Magalhães um
navegador de ideais e determinação nunca desistiu e testou todas as reentrâncias do mar no
continente em busca da tal passagem a oeste.

O inverno da Patagóa apanhou-os e as naus tiveram que se refugiar primeiro em Puerto


Deseado e depois na Baía de San Julian, onde viriam a passar cinco meses de inverno. Aí
controlou o primeiro motim e perdeu a nau Santiago numa tentativa para encontrar a tão
desejada passagem.

Tem que fazer várias tentativas para alcançar a passagem certa. Numa dessas tentativas
frustradas regressa e dá conta que a San António já lá não está. Os oficiais espanhóis
controlaram o capitão, primo de Magalhães, e levaram a nau de regresso a Espanha. Menos
duas naus e sem parte dos viveres não deu por terminada a sua viagem. Atravessam o estreito
que divide a norte a Patagónia (terra com habitantes gigantescos e de pés muito grandes a que
Pigafetta chamou Patagões) e a sul a Terra do Fogo, já que se viam grandes fogueiras que a
população indígena fazia para se aquecer. Dois patagões foram capturados para serem levados
para estudos.

Apenas em Novembro atravessaria o Estreito, penetrando nas águas do Mar do Sul, e


baptizando o oceano em que entravam como «Pacífico» por contraste às dificuldades
encontradas no Estreito. Depois de cerca de quatro meses, a fome, a sede e as doenças
(principalmente o escorbuto) começaram a dizimar a tripulação. Foi também no Pacífico que
encontrou as nebulosas que hoje ostentam o seu nome - as nebulosas de Magalhães.

Em março de 1521, alcançaram oo atual arquipélago de Guam, chegando à ilha de Cebu nas
atuais ilhas Filipinas em 7 de abril. Imediatamente começaram com os nativos as trocas
comerciais, boa parte das grandes dificuldades da viagem tinham sido vencidas. Dias depois,
porém, Fernão de Magalhães morreu em combate com os nativos na ilha de Mactan, atraído a
uma emboscada.

A expedição prosseguiu sob o comando de João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início de
março de 1522. Dois meses depois, seria comandada por Juan Sebastián Elcano, a nau Victoria
segue de imediato para San Lucar de Barremeda, onde chega a 6 de Setembro de 1522 com
uma tripulação de apenas 18 homens. Estava assim concluída a primeira viagem à volta do
Mundo. Muitos paradigmas geográficos caíam assim por terra. Tal viagem terá de ser
obrigatoriamente entendida à luz das estratégias e ambições que se desenhavam na época: a
internacionalização dos problemas políticos, a fuga de técnicos de um para o outro lado da
fronteira peninsular, a rivalidade crescente entre os reinos ibéricos, e as tentativas para o seu
apaziguamento e por último o desafio de outras potências europeias à doutrina do "Mare
Clausum".
Bibliografia

Fonte:

PIGAFETTA, António - The first voyage round the world, by Magellan / translated
from the accounts of Pigafetta and other contemporary writers ; accompanied by
original documents with notes and an introduction, by Lord Stanley of Alderley. - New
York, 1963

Obras pesquisadas

ZWEIG, Stefan - Fernão de Magalhães : o homem e o seu feito; tradução de Gabriela


Fragoso, Assírio & Alvim, Lisboa, 2007

GARCIA, José Manuel - A viagem de Fernão de Magalhães e os Portugueses; ca. Vera


Espinha. - Barcarena : Editorial Presença, Lisboa, 2007

ACTAS do VII Simpósio de História Marítima -"Fernão de Magalhães a sua Viagem no


Pacífico – antecedentes e consequentes", Academia de Marinha, Lisboa, 2002.

Vídeo

http://ensina.rtp.pt/artigo/a-nau-vitoria-completa-a-primeira-volta-ao-mundo/

You might also like