Professional Documents
Culture Documents
Pró-Reitoria de Pesquisa
Coordenadoria de Iniciação Científica e Tecnológica
Identificação:
Edital 2015-2016
Agradecimentos
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 8
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 9
5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 42
7 PRODUÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA................................................................. 46
8 AUTO-AVALIAÇÃO ........................................................................................... 46
1
Qualquer configuração adotada exige que o comportamento do
elemento flexível seja conhecido e que possua um comportamento linear, ou seja,
que trabalhe no regime elástico, para permitir a repetibilidade de medidas. A forma
de medida de deformação mais comum em análise experimental é através de
sensores do tipo strain gage, que são colados à região de medida da peça,
conforme orientação mostrada na figura 1. O esquema básico deste sensor é
mostrado na figura 2, onde um modelo de strain gage unidirecional é apresentado.
Conforme a peça é deformada o comprimento de medida do strain gage é alterado,
causando uma variação de sua resistência elétrica. Tal variação causa uma
mudança na leitura de tensão elétrica em uma ponte de Wheatstone na qual o strain
gage é montado, que é proporcional à deformação sofrida para uma determinada
faixa de aplicação do sensor. A teoria de uso destes sensores e suas variações são
apresentadas de forma detalhada por Doebelin (1983), Balbinot e Brusamarello
(2011) e Takeya (2003), entre outros autores. O uso de um procedimento de medida
por strain gages, amplamente empregados em engenharia, assegura a
confiabilidade de equipamentos baseada em seu uso, dada a vasta experiência
disponível sobre suas técnicas de utilização.
2
Dentre os tipos de medidas possíveis, o foco deste trabalho esteve no
desenvolvimento de uma célula de carga, ou seja, um transdutor destinado à leitura
de força atuando em um sistema, seja ela de tração ou de compressão. Tal medida
pode ser feita utilizando-se várias configurações, cada uma com vantagens e
desvantagens de acordo com as características do sistema que se deseja medir.
Algumas configurações possíveis são ilustradas na figura 3, classificadas de acordo
com a forma ou função do elemento que sofre a deformação.
Figura 3. Exemplos de configurações de células de carga: (a) tipo anel; (b) tipo viga; (c) tipo
coluna.
3
los com as especificações de strain gages comerciais. Park et al (2002) utilizam um
modelo com três graus de liberdade (Fx, My e Mz) e apresentam uma investigação do
comportamento dinâmico do sensor, uma vez que muitos sistemas sofrem grandes
variações de aceleração e devem ser considerados seus efeitos na leitura do sinal
do sensor e estabilidade na aplicação do controle. O estudo de configurações de
sensores está, portanto, diretamente associado à técnica de controle empregada e a
eficiência geral do sistema. Um exemplo de estudo recente de interação entre
sensores e técnica de controle empregada é apresentado no trabalho de Nogueira et
al (2013).
5
em favor da segurança tal superdimensionamento seja benéfico no presente projeto.
O problema de falha de componentes em equipamentos mecânicos ocorre
geralmente devido às cargas que variam no tempo e não devido às cargas estáticas.
Este tipo de falha ocorre em níveis de esforços significativamente inferiores aos
valores de resistência ao escoamento dos materiais e é chamada de falha por
fadiga. A análise do problema de fadiga assume que o material tenha pequenas
trincas ou partículas (inclusões) comuns em materiais de engenharia, regiões de
concentração de tensão (entalhes) e tensões variando conforme um dos casos da
Figura 5.
Figura 5. Tensões variantes no tempo: (a) alternada; (b) repetida; (c) variada.
A falha por fadiga tem início com uma pequena trinca, que pode estar
presente no material desde sua manufatura, ou desenvolver-se ao longo do tempo
devido às deformações cíclicas ao redor das concentrações de tensões. A fadiga
desenvolve-se em três estágios: início da trinca, propagação da trinca e ruptura
repentina devido ao crescimento instável da trinca. Os modelos clássicos para o
tratamento de fadiga são apresentados em referências típicas de cursos de
elementos de máquinas como Budynas e Nisbett (2011), Norton (2011) e Juvinall e
Marshek (2006). Os três modelos abordados nestas referências são: (a) modelo
tensão-número de ciclos (SN), (b) modelo deformação-número de ciclos (-N) e (c)
modelo de mecânica da fratura linear elástica (MFLE). O modelo (a) é o mais
utilizado em fadiga de alto ciclo, fornecendo melhores resultados quando as
amplitudes de tensão são conhecidas e consistentes ao longo da vida do
componente. A relação obtida entre resistência à fadiga e número de ciclos é similar
ao comportamento apresentado na Figura 6. Este modelo foi utilizado no
dimensionamento do componente mecânico em relação à fadiga.
6
Para uma melhor precisão nos resultados, que tradicionalmente são
baseados no uso de diversos coeficientes de incerteza empíricos relacionados à
características geométricas, acabamento superficial, aplicação de carregamentos e
confiabilidade desejada, foram aplicadas técnicas de análise baseadas no método
dos elementos finitos como apresentado por Valente et al (2012) e Valente (2014),
ambos os casos trabalhando com uma licença acadêmica do software ANSYS®.
Estes dois trabalhos foram desenvolvidos junto ao DEMec/UFSCar. Resultados
típicos de análise de fadiga incluem estimativa de vida, fatores de segurança e
valores de carregamentos estáticos e dinâmicos.
7
2 OBJETIVOS
Este projeto teve como objetivos:
• O estudo de células de carga cujo funcionamento é baseado na
deformação de um elemento flexível, proporcional à grandeza que se deseja medir.
A medida de deformação pode ser feita através de strain gages, que são os
sensores de uso mais comum para experimentação estrutural mecânica;
• Projeto de uma célula de carga estudando-se a configuração mais
adequada e trabalhando-se no dimensionamento levando em conta a capacidade de
carga desejada para o transdutor final e as limitações de leitura do sensor básico, ou
seja, um strain gage comercial;
• Desenvolvimento da análise estrutural baseada em modernas
técnicas numéricas de cálculo de tensões e deformações mecânicas usando o
método dos elementos finitos, associado a um programa CAD de alto nível;
• Capacitar a aluna ao desenvolvimento de um projeto mecânico nas
fases de concepção, cálculos, previsão de resposta, avaliação e interpretação de
resultados, geração de desenhos e documentação;
• Desenvolvimento do projeto: fabricação, instrumentação e calibração
de instrumentos/equipamentos construídos e utilizados nos laboratórios do curso de
Engenharia Mecânica;
• Análise de possíveis melhorias que possam ser efetuadas.
8
3 METODOLOGIA
9
Em primeiro momento, o projeto foi embasado teoricamente, iniciando
pelo estudo da teoria de extensometria, sobretudo no princípio de funcionamento,
leitura, seleção e especificação de strain gages e tipos de arranjos utilizados, para
ter-se uma noção das limitações de valores de deformação que serão permitidos no
projeto e de espaço físico que será utilizado por tais sensores. Outra frente de
estudo foi a avaliação das diferentes configurações de células de carga, suas
vantagens e desvantagens, como por exemplo, se permite leituras de tração e
compressão, dificuldade de fabricação, formas de fixação no sistema a ser medido,
tamanho, entre outras. Uma terceira frente tratou da modelagem por elementos
finitos do transdutor em serviço. Foram escolhidas as hipóteses para uma correta
aplicação de carregamentos e condições de contorno, bem como o levantamento de
propriedades realistas de materiais empregados. Possíveis dificuldades de
modelagem foram avaliadas nesta fase.
Com esse embasamento em mente, foram feitas as escolhas referentes às
tarefas iniciais: escolha da configuração do transdutor, capacidade de carga e tipo
de strain gage desejado.
As etapas anteriores permitiram a definição de condições que limitaram o
problema a ser tratado. Pôde-se partir para a elaboração de um desenho CAD com
uma geometria inicial de teste, iniciando o processo de síntese do produto. Tal
geometria passou por análises, sofrendo alterações sucessivas, conforme se
obtinham os resultados das análises de elementos finitos. Este processo foi iterativo.
Após tal processo iterativo, fez-se a definição da solução desejada e ela foi
trabalhada mais a fundo, incluindo-se não apenas o comportamento do transdutor
em si, mas também os elementos acessórios, como dispositivos de fixação,
viabilidade de montagem, considerações quanto a segurança, cablagem, entre
outros.
Geraram-se então os desenhos de fabricação e documentação específica. A
documentação de uso contem instruções de montagem do transdutor em um ensaio
bem como apresenta uma previsão de suas limitações. Foi feita a construção de
protótipos para serem ensaiados e calibrados experimentalmente, em condições de
carregamento estático. Foram feitas análises e comparações dos resultados
experimentais de calibração com os resultados das simulações numérica utilizando
10
strain gages da marca Vishay, já disponíveis no DEMec. Para sua leitura foi utilizado
um sistema de aquisição de dados National CDAq e o software Labview®.
11
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
13
Figura 11. Barra bruta disponível para confecção da célula
15
A parametrização é interpretada pelo Ansys quando é feita uma
interface entre este e o SolidWorks, como na figura 14.
f
2,75
flex
e
1,75
eflex
a
4,5
alt2
17
4.4 Configuração do material no Ansys
18
Figura 18. Propriedades de fadiga inseridas do material.
Primeiro foi preciso dividir a geometria em três partes para que fosse
possível refinar a malha apenas na parte que sofre maior solicitação e poder
selecionar os locais onde serão aplicadas as restrições e a força (figura 19 e 20). A
versão acadêmica tem limitação na quantidade de nós e elementos que podem ser
utilizados, assim foi feita uma análise de convergência de malha para definir os
parâmetros de refinamento em cada uma das partes de modo a obter a melhor
solução com s restrições da licença educacional.
Após análise de convergência da malha concluiu-se que o valor de
1mm para a parte externa e 0,5mm para a interna tem, como mostrado na figura 21
e no gráfico 1, uma vantagem em relação aos outros por apresentar diferença
insignificante de tensão e menor tempo de simulação. Levando em conta que quanto
menor o elemento maior o tempo de cálculo do software.
Adotou-se como hipótese uma situação proporcional com o
carregamento voltando para a posição inicial indeformada. Assim, devido à simetria
da geometria e carregamento simples sem inversão de força e variação
proporcional, adotou-se a Tensão Equivalente de Von Mises, mesmo para análise
fadiga.
19
Figura 19. Carregamento e restrições aplicadas: Figura 20. Árvore estrutural básica
A indica a região de aplicação de força; B indica utilizada para auxílio na seleção de
a região de aplicação de restrições de pontos para aplicação de condições de
deslocamento. contorno e de carregamento.
20
A figura 22 mostra a deformada resultante do carregamento efetuado
com 3kg.
21
Figura 24. Vida útil em ciclos.
Figura 25. Parâmetro tensão máxima eq. Figura 26. Parâmetro massa
22
4.6 Otimização dentro do Ansys
23
Figura 28. População de casos escolhida pelo método DoE.
24
Figura 30. Seleção do Algoritmo MOGA dentro da aba Optmization
25
Figura 32. Intervalos delimitados para os parâmetros geométricos.
26
Figura 34. Máxima Tensão Equivalente [MPa].
27
Figura 36. Prancha e informações técnicas da célula de carga.
28
4.7 Colagem dos Strain Gages
30
Figura 39. Colagem de fita transparente para facilitar manipulação.
31
h) retornar cuidadosamente a fita adesiva na posição da colagem,
pressionando e aplicando uma pressão sobre o conjunto com o
dedo por um minuto;
i) esperar um tempo para secagem e então retirar a fita adesiva
transparente;
32
Figura 43. Ponte de Wheatstone.
33
Figura 45. CompactDAQ. Figura 46. Módulo NI 9237
Figura 51. Montagem final da meia ponte para uma célula de carga.
35
Figura 52. Sistema de aquisição de dados completo.
36
Apesar de inicialmente o sistema não estar calibrado, é possível
confirmar a hipótese linear adotada no ínicio do projeto. O coeficiente de
determinação, R², se aproxima muito de 1, o que mostra como o modelo adotado
explica bem os valores encontrados.
Quando se instala um strain gage e conecta no sistema de aquisição
pela primeira vez, é pouco provável que ele esteja em zero. Resistência nos fios,
pré-deformações no strain gage, entre outros casos geram um offset que não seja
zero. Existem dois tipos de calibração possíveis, calibração por zeragem e
calibração shunt.
A calibração por zeragem pode ser feita via hardware ou software.
Quando via software (utilizado nesse trabalho), usa-se a tensão inicial para calcular
o offset de deformação. Quando via hardware, rebalanceia-se a ponte utilizando
uma deformação inicial e por meio de um potenciômetro faz-se o ajuste.
A calibração de shunt basicamente identifica alguma falha na
montagem, compensa erros de ganho e reduz a sensibilidade. Simula-se uma
entrada de deformação através de uma alteração na resistência de um dos braços
da ponte por uma resistência conhecida.
A National Instruments, em seu site (http://www.ni.com/), mostra a
diferença entre as medidas sem calibração, com calibração por zeragem e com as
duas calibrações, o mais recomendado (figura 53).
37
Agora, com as duas calibrações ativadas, como mostra a figura 54, foi
possível obter os dados da tabela 3.
Deformação A0 Deformação A1
Atrás do Frente do Atrás do Frente do
Peso [N]
parafuso parafuso parafuso parafuso
0 0 0 0 0
7,1 0,000103 0,000101 0,000115 0,000114
10,51 0,000151 0,000149 0,0001665 0,000169
19,74 0,000282 0,0002825 0,000331 0,0002725
20,3 0,000294 0,000285 0,0003465 0,0003465
38
de medição, onde o peso foi preso por um fio de nylon. Coletaram-se também, para
análises futuras, os valores utilizando como ponto de medição a frente do parafuso,
para observar, como constatado, se divergia do valor observado no ponto de
medição principal.
39
Gráfico 4. Força vs Deformação célula A1.
40
Figura 56. Esquematização para utilizar as duas células concomitantes.
41
5 CONCLUSÕES
42
Embora tudo tenha sido feito para minimizar cada uma das fontes de
erro acima citadas, a soma de cada componente pode produzir um erro significativo
que é diferente de uma célula de carga em relação à outra.
O resultado final foi considerado satisfatório, pois mostrou os pontos
que poderiam gerar dúvidas nas simulações quando foram propostos os ensaios
experimentais de verificação do modelo proposto. A forma construtiva do
experimento pode ser alterada para se aproximar mais da simulação, e vice-versa.
Houve grande aprendizado também nas técnicas de aquisição de sinais do
transdutor e de organização e preparação de um experimento.
43
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KAMBLE, V.A.; GORE, P.N. Use of FEM and photo elasticity for shape optimization
of S-type load cell. Indian Journal of Science and Technology. v.5, n.3, p.2384-9,
Mar. 2012.
REDDY, J.N. An introduction to the finite element method. 3 ed. New York:
McGraw-Hill, 2005.
44
TAKEYA, T. Análise experimental de estruturas (apostila). São Carlos: EESC,
2003.
VALENTE, F.F. Análise de fadiga e reprojeto de uma biela de compressor
utilizando o método dos elementos finitos (Trabalho de Conclusão de Curso).
UFSCar, 2014.
45
7 PRODUÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA
8 AUTO-AVALIAÇÃO
______________________
Jhuliani Cristina Amorim dos Santos
9 AVALIAÇÃO DO ORIENTADOR
_______________________
Mariano Eduardo Moreno
46
10 DESTINO DA ALUNA
47