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O segundo momento - a invasão dórica - ocorre par volta do século XII a.C.,
e se caracteriza por promover a destruição da estrutura palaciana. Diz Vernant:
É todo esse conjunto que a invasão dórica destrói. Rompe, por longos
séculos, os vínculos da Grécia com o Oriente. Abatida Micenas, o mar
deixa de ser um caminho de passagem para tornar-se uma barreira.
Isolado, voltado para si mesmo, o continente grego retorna a uma
forma de economia puramente agrícola. O mundo homérico não
conhece mais uma divisão do trabalho comparável à do mundo
micênico, nem o emprego numa escala tão vasta da mão-de-obra
servil. Ignora as múltiplas corporações de “homens da ferramenta”
agrupados nos arredores do palácio ou colocados nas aldeias para aí
executar as ordens reais.
Informa Albin Lesky que, num dos três primeiros anos da Olimpíada de
536/5-533/2, nas festas chamadas dionisíacas urbanas, comemoradas na
primavera, sob o reinado de Psístrato, foi representada, pela primeira vez, uma
tragédia. Seu autor era Téspis, e contou com o patrocínio do Estado. Segundo
Lesky, é a partir dessa época que
fixa-se a ligação entre o drama trágico e as dionisíacas urbanas (...) e em cada
certame teatral é representada uma tetralogia, ou seja, três tragédias e o drama
satírico que as acompanha. O rápido crescimento da produção dramática no século
V fez com que, entre 436 e 426, também se introduzisse um concurso de tragédias.
Era comum o uso da máscara, referência feita tanto por Lesky quanto por
Vernant, tendo cada um deles explicado este uso de maneira diferente. O primeiro
vê nela a essência da representação dramática: a metamorfose; enquanto o
segundo a focaliza como um instrumento de distanciamento, usado para pôr em
questão a personagem heróica.
Principais oposições temáticas do trágico: poder, saber e querer são três dos
temas em que se insere a tensão trágica, em que se tematizam relações de
violência.
Na figura de Édipo, por exemplo, aliada à hybris (ele tem orgulho de seu
saber, confia demasiado em si mesmo) surge a força dos deuses que, por oráculo e
maldição, lhe pré-determinam casar com a própria mãe e matar o pai, ou seja:
praticar o incesto e o parricídio.
É nesse embate da hybris típica do herói, que existe sem que ele saiba,
configurando o seu ethos, com o dáimon (a parte que lhe cabe por determinação
dos deuses, externa ao herói e ao seu controle) e a falha trágica (o erro em que ele
incorre, sem culpa consciente), que o espectador vai sendo provocado, à medida
que a tensão progride em direção ao clímax, a sentir o terror e a piedade que,
segundo Aristóteles, seriam desencadeadores da catarse. Evidentemente, aliam-se
também à catarse a questão complexa da mímese, que exigiria considerações mais
profundas, incompatíveis com a comunicação que agora lhes é apresentada.
Todavia, fica indicado o problema.
Todo o texto gira em tomo do castigo que Zeus inflige a Prometeu, pela
ousadia de dar o fogo de Zeus aos homens. Metáfora do poder, do conhecimento, o
fogo é privilégio dos deuses, ou algo que deve ser repartido entre deuses e
homens? A peça é tecida na discussão dessa questão, e termina com uma
imprecação do punido Prometeu, que não admite ser culpado.
O que está em causa é a pergunta pela posição que cabe ao homem, no seu
relacionamento com os deuses e o conhecimento, até então visto como de origem e
pertinência apenas divina. Marcando à anterioridade de Ésquilo em face de
S6fcoles, o homem não é aqui personagem, e o poder supremo de Zeus se faz
sentir sobre Prometeu, como punição exemplar que dê lições aos homens.
3. 2. Sófocles (497/6 - 406/5 AC). Autor de cerca de 130 dramas, a maior
parte deles tragédias, foi o mais célebre dos tragediógrafos gregos. Dessa intensa
produção conservaram-se 7 peças completas: As Traquínias, Antígona, Ájax, Édipo-
rei, Electra, Filoctetes, Édipo em Colona. Com ele o drama se torna mais complexo,
além de receber modificações, como o aumento do número de atores em cena, de
personagens secundárias e de coreutas.
(Fonte:)
BIBLIOGRAFIA:
4. JAUSS, Hans Robert. Littérature médiévale et théorie des genres. In; Poétique,1.
Paris, Seuil, 1970