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“Os Lusíadas”, Vítor Manuel Aguiar e Silva nos apresenta sua análise de um dos mais
após chegarem ao destino de sua viagem, Calicut, concluírem sua missão e iniciarem o
retorno às terras lusitanas, são recompensados por Vênus com uma ilha, de atmosfera
exata da ilha descrita por Camões. Enquanto parte dos estudiosos busca por referências
e detalhes que possam assegurar uma possível indicação geográfica, a outra parte, que
inclui Silva, crê que a produção literária “foge da dependência imediata de referentes
reais” (p. 133), ou seja, o discurso literário, tratando-se de uma obra ficcional, dispensa
uma justificativa ou um referente verídico, ainda que deva ser verossímil, para as ações,
que a compreensão de uma obra deve, além da buscar e analisar essas fontes textuais,
abranger um estudo que parte do aspecto de literariedade do texto, chegando até suas
para caracterizar um local paradisíaco, na maior parte das vezes, rico em natureza.
Segundo o autor, na Ilha dos Amores, o amor age como uma força que une o mundo
sensível e o inteligível, corrigindo “os desvios, erros e vícios perturbadores da lei que
deve imperar no mundo” (p. 136), listados por Camões em alguns versos, como em “Vê
que aqueles que devem à pobreza / Amor divino, e ao povo caridade, / Amam somente
Vênus como reconhecimento pela virtuosidade dos heróis lusitanos, tem como
terreno, o que gera algo elevado, imortal, uma “geração de homens novos” (p. 138).
conclui, quando a ninfa Tétis oferece a Vasco da Gama uma esfera que lhe revela todos
os segredos do mundo. Segredos esses, que devem ser transmitidos ao resto da Nação
lusitana, contemplando “o que não pode a vã ciência / dos errados e míseros mortais”
que, ainda que demande certa bagagem e total atenção do leitor, traz uma infinidade de
lusitana.