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Abuso sexual: Há cura para o corpo, alma e

mente
36% das meninas e 29% dos
meninos com menos de 14 anos já
foram molestados sexualmente pelo
menos uma vez. Não saia dessa
página ainda! Você precisa ler sobre
isto. Neste exato momento milhares de
crianças e adolescentes ao redor do
mundo têm a sua sexualidade
agredida, muitos sem consciência
disso.
Outros tantos não vivenciam mais esse
pesadelo, porém as consequências do
passado ainda os perseguem.
Eles podem estar ao seu lado. Ser
um amigo próximo. Ou até mesmo ser
alguns de vocês que lêem essas linhas.
A maioria sofre silenciosamente e
nunca fala sobre o que aconteceu devido
aos sentimentos de medo, vergonha e
até culpa (sem fundamento).
Infelizmente, o assunto não respeita
idade, posição social, religião nem
parentesco. Pelo contrário. Ele não é
abordado com frequência, entretanto, as ocorrências são constantes em todas
as camadas da sociedade e, segundo estatísticas, esses casos estão muito mais
perto do que você imagina. Estamos falando sobre um tema “evitado”, cujo
silêncio só favorece aos que o praticam: Abuso sexual.
Estudos mostrados pela jornalista Carla Leirner em seu livro sobre o
assunto indicam que 36% das meninas e 29% dos meninos com menos de 14
anos já foram molestados sexualmente pelo menos uma vez. Esses dados,
que foram coletados em diferentes partes do mundo, também evidenciam que
o tempo médio que uma vítima sofre o abuso é cerca de três anos. Segundo
a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à
Adolescência (Abrapia), no Brasil, aproximadamente 168 crianças ou
adolescentes sofrem abuso sexual por dia. Isso significa, em outras palavras,
que a cada hora, sete são abusados.
“É importante deixar claro que o número de vítimas é superior às
estatísticas, porque muitos casos são encaminhados diretamente às
autoridades e outros tantos não são denunciados”, diz a sexóloga Selma
Regina Marques, que também é orientadora educacional e psicanalista.
Os disfarces da agressão
É considerado abuso sexual qualquer situação em que a criança ou
adolescente é usado por outro para se satisfazer sexualmente. O que muitos
não sabem é que isso pode acontecer até mesmo sem houver contato físico,
como foi o caso da Mariana (nome fictício), 12 anos. Ela acordou no meio
da noite e viu seu próprio pai se masturbando ao observá-la dormindo.
De acordo com o Guia escolar: métodos para identificação de sinais
de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes (Secretaria Especial
dos Direitos Humanos/MEC), nessas situações, que totalizam cerca de 70%
dos casos, inicialmente o agressor se satisfaz ao ver a criança tomar banho,
ao observá-la se despir, ao mostrá-la seu órgão genital, imagens
pornográficas em revistas e vídeos ou simplesmente sentá-la no seu colo.
Isso tudo é abuso sexual e deve ser denunciado!
Quem são eles?
Oitenta por cento dos casos de abuso sexual são praticados por
familiares ou por amigos da família, alguém que tem liberdade de ficar com
a criança ou adolescente sem levantar suspeitas. Aparentemente uma pessoa
normal, o abusador tende a dissimular suas intenções sexuais, demonstrando
muito afeto, “bondade”, sendo solícito, comprando presentes e distribuindo
agrados. Para conseguir o que quer sem ser descoberto, usa de astúcia,
chantagem, manipulação, ameaças, terror psicológico, etc. Trata-se da
violência emocional e não física. Por isso, ele pode levar anos ou até mesmo
nunca ser desmascarado, explica a sexóloga Selma Regina.
Diante da Lei
Caso a vítima seja menor de 14 anos, mesmo sem evidências físicas,
o acusado pode ser enquadrado no crime de atentado violento ao pudor e
receber pena de seis a dez anos de cadeia. Dos 14 aos 18 anos, é necessário
haver provas físicas de que o abuso ocorreu e o acusado será julgado por
estupro, já que não existe uma legislação específica que proteja os jovens do
abuso sexual sem evidências concretas.
Feridas abertas
Muitos que vivenciaram o problema e não trataram o trauma podem
enfrentar dificuldades como insônia ou sono agitado, constante lembrança
do trauma, apatia, depressão, culpa, baixa autoestima, insegurança, mágoa
(não só do abusador, como também daqueles ao seu redor que acredita não
terem lhe protegido, inclusive, mágoa de Deus), dificuldade de acreditar que
Cristo o ama, resistência a relacionamentos mais próximos, desconfiança nas
pessoas, postura rigorosa consigo e com o próximo, dificuldades sexuais, etc.
A caminho da cura
É muito raro que a criança consiga escapar do abusador ou denunciá-
lo a um adulto que leve o caso adiante e possa protegê-la de novos ataques.
Por isso, o trauma se torna mais difícil de ser comentado no decorrer da
adolescência e fase adulta. Porém, falar com alguém sobre o assunto é o
primeiro passo para a cura.
Ana Paula, por exemplo, aos 7 anos de idade, foi abusada pelo filho
do pastor da igreja em que sua família congregava, enquanto ele a levava
para um culto. Como toda criança “escolhida” por abusadores, ela era tímida
e introspectiva. As consequências, no entanto, foram externadas de outras
maneiras. “Tive incontinência urinária por anos e sempre culpei meus pais
por não terem percebido que algo errado tinha acontecido comigo, por não
terem me levado a um médico, que fosse”, afirma Ana, hoje com 36 anos.
Ela nunca percebeu que o silencio mantido por mais de 20 anos lhe fazia
mal, até que um dia contou seu caso para uma conhecida que era psicanalista.
“Antes de falar com alguém sobre esse assunto vivia atormentada pelas
imagens do passado. Absolutamente todos os dias eu pensava nisso, me
culpava por não ter reagido e me fechava para qualquer relacionamento de
intimidade. Não confiava em ninguém”, explica. “Após enfrentar o meu
trauma, consegui perdoar meu agressor, fiz as pazes com Deus e hoje busco
uma nova chance para viver todas as bênçãos que Jesus tem para mim”, diz
emocionada.
Assim como Ana, muitas vítimas dessa agressão só foram capazes de
seguir adiante, em paz com Deus e consigo, após a confissão, enfrentamento
e o perdão. “Toda jornada de restauração começa com esse primeiro grande
passo: falar com alguém de confiança, buscar ajuda especializada”, diz a
doutora Selma.
Superar é possível
Pela graça de Deus e para a Glória dEle, ao escrever essa matéria com
tantos dados alarmantes e extremamente lamentáveis, também conheci
pessoas (e não poucas) que deram a volta por cima. Mulheres e homens que
não aceitaram serem vítimas de suas histórias e se fizeram protagonistas na
mudança de muitas outras vidas. Como é o caso da Marisa Mello. Em seu
livro Uma parábola real, ela conta como superou o abuso do pai e a omissão
da mãe ao ser estuprada aos 11 anos e constantemente maltratada por ambos.
Casou aos 14 anos para sair de casa e viu se repetir através do marido as
mesmas agressões do passado. Aos 17, com dois filhos pequenos, sentia-se
desesperada e tentou suicídio. “Fui socorrida por uma mulher chamada Elma,
que não sei de onde veio, mas ela me disse que Deus a tinha enviado para
cuidar de mim. Dali em diante nasceu uma nova Marisa”, conta.
A partir de então, Marisa conheceu a Cristo e obteve forças para tirar
de sua dor o bálsamo de cura para muitos outros. “Criei coragem e denunciei
meus pais para o juizado de menores. Aos 18 anos, consegui a guarda do
meu irmão caçula e me separei. Comecei uma vida nova e um trabalho
social”, afirma. Marisa montou um grupo de teatro chamado Parábola que
leva sua mensagem contra a violência doméstica e o abuso infantil a um
número maior de pessoas.
“Casei de novo e nessa relação descobri o amor e respeito. Dessa união
nasceu a Priscila, que tem 15 anos. Do primeiro casamento, tenho a Márcia,
de 20 anos, e o Marco, de 19 anos. Ao todo temos 30 filhos”.
Em 1994, o projeto Parábola foi registrado como ONG e tornou-se
referência mundial na área de violência doméstica. “Já recebemos e
investigamos cerca de 6 mil denúncias de abuso. Oitocentas crianças e jovens
receberam tratamento integral ou parcial. Esse trabalho foi a melhor forma
de transformar a minha dor”.
Marisa se levantou, e não somente isso, levantou também a muitos.
Não existe caso difícil que Deus não possa transformar. A especialista Selma
Regina enfatiza: “Como profissional da área, posso dizer aos jovens que para
tudo tem uma solução, ainda mais quando estamos em Cristo Jesus. Por isso,
não desistam de serem felizes”.
O Co-Pastor da AD em Petrópolis (RJ), Luiz Rogério de Oliveira,
trabalha com aconselhamento pastoral há 17 anos e com tantas experiências
vendo o Senhor transformar casos impossíveis em milagres, afirma: “Deus é
o mais interessado em restaurar sua vida. Independente do que tenha
acontecido no seu passado, que não pode ser mudado, lembre-se de que o
Senhor é maior que o passado e tem preparado para o seu presente e futuro
amor, alegria e vida abundante. Desfrute da cura e do restabelecimento
obtidos NEle. Cristo te ama e tem um plano especial para sua vida. Medite
no texto bíblico: ‘Uma coisa faço e é que, esquecendo-me das coisas que
atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o
alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus’”, Filipenses
3.13,14.
Por Paula Renata Santos/Redação CPADNews-post
inforgospel.com.br

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