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A Associação dos Servidores Federais da Área Ambiental no Estado do Rio de Janeiro – ASIBAMA/RJ
vem a público denunciar a chamada “reestruturação” da Diretoria de Licenciamento Ambiental do
IBAMA – DILIC como uma clara tentativa de enfraquecer o controle ambiental exercido pelo órgão.
A proposta, até então omitida, prevê a transferência do licenciamento de pesquisas sísmicas (primeira
etapa da cadeia de petróleo e gás) para uma equipe na sede da Diretoria (Brasília), enquanto o
licenciamento das etapas subsequentes (perfuração de poços, produção e escoamento) permaneceria a
cargo do corpo técnico no Rio de Janeiro. Prevê ainda que a/o Coordenador(a) Geral responsável pelos
licenciamentos de petróleo e gás esteja lotado em Brasília, a fim de concentrar o poder decisório sobre os
empreendimentos do setor, ficando, entretanto, distante das discussões técnicas que envolvem os
processos de licenciamento.
Os documentos produzidos por servidores da Coordenação Geral de Petróleo e Gás – CGPEG, (atuais
responsáveis pelo licenciamento de todas as etapas da cadeia de petróleo e gás) e da Coordenação de
Portos, Aeroportos e Hidrovias – COPAH (a equipe que absorveria os licenciamentos de sísmica) alertam
para inúmeras inconsistências na proposta da Direção e posicionam as áreas técnicas frontalmente
contrárias a ela, apontando para um claro prejuízo para a sociedade e meio ambiente pela evidente
fragilização da capacidade de controle do órgão sobre empreendimentos que impactam ambientes
marinhos e costeiros.
Vale destacar que o Projeto de Lei nº 654/2015, de autoria do Senador Romero Jucá, e cujo relator é o
Senador Blairo Maggi – ambos da bancada ruralista, foi encaminhado no último dia 14 para o plenário e
pode entrar em votação a qualquer momento. Como já destacamos no documento “Crítica ao Desmonte
do Licenciamento Ambiental” este projeto, se aprovado, é uma gravíssima ameaça ao processo de
licenciamento de grandes obras de infraestrutura em todo o país e um patente retrocesso nos mecanismos
de defesa de direitos constitucionais.
Estas investidas se desdobraram, ainda, em retaliações a colegas analistas ambientais, como exonerações
de cargos de chefia e o caso mais recente no qual três técnicos da DILIC foram acusados de
“insubordinação” sem ter havido instauração de processo administrativo, colocados à disposição sem o
direito à defesa e afastados do órgão de forma aviltante.
Vemos assim que esta proposta de reestruturação está mais próxima de uma desestruturação do que de
uma alternativa minimamente sensata, além de ser conduzida de forma autoritária e atropelada. O que foi
defendido até o momento pelos Diretores se mostrou tecnicamente injustificável e ignora as principais
recomendações do Grupo de Trabalho constituído por servidores de todas as Coordenações da DILIC para
estudar as possíveis alternativas de uma real e factível reestruturação. Trata-se, na verdade, de mais uma
investida no sentido de esvaziar o debate construído pelo corpo técnico da CGPEG ao longo de 14 anos,
inclusive com consultas à sociedade, e uma evidente retaliação ao posicionamento dos trabalhadores do
IBAMA no Rio de Janeiro que atuam na defesa da gestão ambiental pública. A ASIBAMA RJ repudia
veementemente mais esta tentativa de enfraquecimento do licenciamento ambiental federal!