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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


Programa de Pós-Graduação em Direito
Curso de Especialização em Direito Tributário
Processo Judicial Tributário II
2019.1
Prof. Dra. Keity Saboya
MATUTINO

MATUT
ALUNOS (AS)
Esdras Arthur Lopes Pessoa 20182017744

Alexsandro Guimaraes de Oliveira 20182010672

Carlos Magno Carvalho da Rocha 20182010805

MANDADO DE SEGURANÇA E A
AVERBAÇÃO PRÉ-EXECUTÓRIA ADMINISTRATIVA

No novo modelo de cobrança de dívida ativa da União, previsto na Lei


10/522/02, modificada pela Lei 13.606/2018, regulamentado nas
Portarias 33 e 42, ambas de 2018, da Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional (PGFN), além da classificação dos créditos, como forma de aferir
o índice ou grau de recuperabilidade dos créditos, a redução em alta
escala da quantidade de execuções em curso, por meio de Regime
Diferenciado de Cobrança de Créditos (RDCC) e de ajuizamento seletivo,
entre outras medidas, foi introduzida a possibilidade de promoção de
averbação pela PGFN, inclusive por meio eletrônico, da certidão de dívida
ativa (CDA) nos órgãos de registro de bens e direitos sujeitos a arresto
ou penhora, tornando-os indisponíveis.

No estudo para a implementação do fortalecimento dos meios


administrativos para tornar mais eficiente a recuperação de ativos, com
destaque para a averbação pré-executória, válida a partir de 1º de
outubro de 2018 para devedores inscritos a partir dessa data, foram
considerados pela PGFN a natureza transitória da medida (art. 30 e 32
da Portaria 33/2018, da PGFN), além de experiências bem sucedidas em
países como Áustria, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia,
Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Holanda e outros países, que
dispõem de medidas assecuratórias administrativas para a obtenção de
garantias sobre o patrimônio do devedor, até mesmo de ativos.

Tendo em vista que a Lei nº 12.016/2009 permite a impetração de


Mandado de Segurança Preventivo, ao dispor, em seu art. 1º, que o writ
deve ser concedido sempre que qualquer pessoa física ou jurídica tiver
justo receio de sofrer violação a direito líquido e certo, por parte de
autoridade, pergunta-se:

Parte I

1) Em caso de notificação de inscrição de débito em dívida ativa da


União em 01 de março de 2019, caberia a impetração de mandado de
segurança preventivo buscando impugnar o justo receio de ameaça de
lesão a direito líquido e certo, consubstanciado na iminência de
concretização de averbação pré-executória?

R) Sim, entendemos caber a impetração do MS Preventivo, uma vez


que a sua impetração vem justamente evitar que, estando configurada
a situação de fato , ou seja a inscrição da CDA, o FISCO irá dar
prosseguimento em seu próximo passo, o justo receio do contribuinte é
literalmente esse passo seguinte que o FISCO pretende dar, ou seja
fazer a averbação na escritura do imóvel no cartório competente para
pedir o seu arresto, sendo assim tornando o indisponível para qualquer
negociação, transação ou movimentação pelo proprietário ou um
terceiro de boa-fé.
Fato esse que, invadindo o patrimônio do contribuinte indevidamente,
ferindo o seu direito constitucional da ampla defesa e o contraditório,
onde deixara o seu bem indisponível, que poderá acarretar grandes
prejuízos para o seu negócio, por que está em desacordo com a nossa
Carta Magna, ou seja é uma invasão inconstitucional, pois somente por
lei poderá instituir ou aumentar tributo.
No caso concreto, entendemos que essa constrição com a averbação na
matricula do bem, ou seja, averbação pré executória, torna se um ato
lesivo ao patrimônio do contribuinte, ferindo o direito constitucional da
propriedade.

2) A impugnação do devedor, in casu, não se confundiria em


impetração de mandamus contra norma em tese ou contra ato de
efeitos abstratos?

R) Não, não acreditamos haver essa confusão. A impetração contra lei


em tese, porém, não se confunde com a impetração preventiva, se a
lei já incidiu, ou se já foram praticados atos importantes á configuração
de sua hipótese de incidência, a impetração já se torna possível e tem
caráter preventivo, posto que a exigência do tributo ainda não ocorreu.
Não havendo necessidade de comprovar a ameaça de tal exigência
porque já ocorreu, inclusive, o protesto da CDA, não sendo razoável
presumir= se que a autoridade vai deixar de averbar o bem do
contribuinte no cartório competente tornando o indisponível, para logo
em seguida fazer o arresto.
Pelo contrário, acreditamos que vai cumprir o que determina a lei, pois
se trata de um ato plenamente vinculado, e seguir todos os
procedimentos mandamentais, ou seja o lançamento, o protesto da
CDA, e a averbação do bem na matricula do imóvel

3) E qual seria o ato coator presumidamente qualificado como


ilegal?

R) É a notificação o ato coator.


Estamos considerando que é o ato pelo qual o contribuinte toma ciência
de inscrição de débito em dívida ativa da União, fazendo com que haja
um justo receio de que sejam aplicados os mandamentos evidenciados
na nova lei. Isto porque a administração fazendária deve seguir, em
âmbito de processo administrativo, o rito predeterminado em lei, - ou
seja, o princípio da estrita legalidade - e que a possibilidade de
constrição patrimonial dentro deste rito será, inevitavelmente,
evidenciada, diante do seu objetivo primordial, qual seja, a garantia da
arrecadação.

4) Em matéria tributária, o ato coator poderia se consubstanciar em


“projeção futura de procedimento”?

R) Sim, pelos mesmos fundamentos da resposta anterior, levando em


consideração que havendo a possibilidade de constrição patrimonial,
em âmbito administrativo, a busca incessante pela arrecadação e a
estrita legalidade tributária, não estaremos diante de uma presunção
e sim de uma certeza, ou na pior das hipóteses, um considerável e
justo receio de constrição sem que a exigibilidade do título seja aferido.

5) Se a averbação pré-executória prevista no art. 20-B da Lei


10.522/02 for considerada norma de eficácia limitada, dada a
necessidade de edição de atos complementares que viabilizem seu
cumprimento (art. 20-E da Lei 10.522/02), caberia a impetração de
mandamus preventivo na hipótese de notificação de devedor de
inscrição de débito em dívida ativa da União em 01 de março de 2018?

R) Sim, caberia o MS preventivo, levando-se em consideração que a


criação dos atos complementares é impositiva, sem os quais a Fazenda
não tem legitimidade para, após a inscrição em CDA, averbar na
matrícula do imóvel do contribuinte, com consequente arresto do bem
e sua indisponibilidade no patrimônio do contribuinte. Agindo dessa
forma, a fazenda fere o princípio do devido processo legal e o direito
de patrimônio do contribuinte.

Parte II

1) Enquanto direito do contribuinte, numa análise sobre o controle


de legalidade da indisponibilidade de bens de que trata o art. 20-
B da Lei 10.522/02, esse meio de coerção com o objetivo de
forçar o pagamento de débito tributário houve restringe de
maneira (des)proporcional algum direito fundamental?
2) Teria havido violação ao princípio do devido processo legal?
3) Teria havido ofensa ao princípio da separação de poderes?
4) A garantia do crédito tributário seria matéria reservada à lei
complementar (art. 146 da Constituição Federal)?
5) Essa indisponibilidade administrativa de bens pela PGFN
implicitamente revogaria o artigo 185 do Código Tributário
Nacional?
R) Parte II
Questão de 1 a 5 em texto corrido
Entendemos que o mandamento não está revestido, de um todo, sob o manto
da legalidade, haja vista ferir o direito de propriedade previsto na CF88. Via de regra,
a constrição patrimonial é feita no judiciário e, não podemos esquecer que ninguém
poderá ser privado de seus bens sem o devido processo legal, limitando, assim, a
autotutela da Administração Pública. Assim, dizemos que a autotutela aqui tratada
não é ilimitada, dada a força constitucional do direito à propriedade e da garantia do
devido processo legal para que esse direito seja “ferido”, seja minimizado quando
sopesado em relação a outro direito. Nesse diapasão, então, a “lesão” ao direito ao
patrimônio/propriedade deve ser motivada.
Apesar de o CTN prever expressamente as garantias das quais pode se valer
o Estado para alcançar seu objetivo de realização do crédito tributário, pela
hierarquia das normas, esbarra nas normas constitucionais que tratam do direito de
propriedade e sua constrição, havendo restrição a esse direito de propriedade do
contribuinte apenas quando garantido o devido processo legal.
Tais garantias podem ser estabelecidas por lei ordinária, devendo apenas se
moldar aos ditames constitucionais e ao CTN.
Por fim, não acreditamos que tal caracteriza implicitamente a revogação do art. 185
do CTN, até porque o CTN está em posição superior na hierarquia das normas.

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