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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E QUÍMICA


INDUSTRIAL

ENGENHARIA QUÍMICA

DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE


MASSA A PARTIR DA CONVECÇÃO FORÇADA DE AR SOBRE
UMA PLACA DE NAFTALENO

BIANCA OLIVEIRA MEDEIROS

FERNANDA CARVALHO SANTOS

JOÃO VÍCTOR MAIA LEITE GARRIDO

JULIANE ARAUJO DE CARVALHO

RAQUEL ESTEVEZ ROCHA

SÃO CRISTOVÃO

2019
BIANCA OLIVEIRA MEDEIROS

FERNANDA CARVALHO SANTOS

JOÃO VÍCTOR MAIA LEITE GARRIDO

JULIANE ARAUJO DE CARVALHO

RAQUEL ESTEVEZ ROCHA

DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA


DE MASSA A PARTIR DA CONVECÇÃO FORÇADA DE AR
SOBRE UMA PLACA DE NAFTALENO

Relatório para a disciplina de Laboratório


de Fenômenos de Transporte da turma 01
do curso de Engenharia Química no
período 2018.2.

PROFª. DR. MANOEL PRADO.

SÃO CRISTOVÃO

2019

2
Resumo:

A transferência de massa é um fenômeno caracterizado pelo transporte de uma espécie


química de uma região de alta concentração para uma de baixa. Essas diferenças de
concentração funcionam como força motriz para o processo. Existem dois mecanismos
de transferência: difusão e convecção. A difusão molecular ocorre no sentido da
diminuição do gradiente de concentração e é regido pela Lei de Fick da difusão. Já a
convecção é um mecanismo de transferência de massa que ocorre entre um fluido e uma
superfície ou entre dois fluidos imiscíveis, e é regido por uma equação baseada na Lei de
Resfriamento de Newton. O mecanismo convectivo pode ser dividido em dois tipos:
convecção natural, que ocorre devido a variações na massa específica dos fluidos, ou
convecção forçada, quando a movimentação do fluido é devido a um agente externo.
Desta maneira, este relatório teve como objetivo o a determinação do coeficiente
convectivo de transferência de massa através da sublimação de uma placa de naftaleno,
além de comparar o resultado obtido com aquele que se obtém a partir do uso de uma
correlação disponível na literatura. Para realizar este experimento, um aparato
experimental foi montado de forma que a placa de naftaleno foi colocada em um suporte
de madeira em cima de uma balança semi-analítica e em um tubo soprador de ar com um
cooler soprando ar a 27°C e 2,5 m/s. Foram realizadas 27 medidas da massa ao longo do
tempo num total de 380 minutos. O valor do coeficiente determinado foi de 7,0288 ∙
10−3 𝑚/𝑠. O resultado obtido pela correlação foi de 0,012859 𝑚/𝑠, correspondendo
erro relativode 45,24% entre esses dois valores. Além disso, foi possível calcular a taxa
de transferência de massa a partir de duas abordagens diferentes: Utilizando-se o
coeficiente de transferência de massa determinado experimentalmente, obteve-se 𝑊 =
1,955 ∙ 10−8 𝑘𝑔/𝑠. Na outra, calculou-se a razão entre a variação da massa de naftaleno
e o tempo total do experimento, e foi obtido 𝑊 = 2,2737 ∙ 10−8 𝑘𝑔/𝑠. O erro entre os
resultados foi de 14,12%. Extrapolando a equação advinda da modelagem do problema,
o tempo necessário para a sublimação total da placa de naftaleno foi estimado em 60,09
h. Algumas das hipóteses simplificadoras para a modelagem do processo puderam ser
validadas, destacando-se o comprovação de que a convecção natural para o experimento
realizado poderia ser negligenciada, pois o valor da relação 𝐺𝑟𝑎 / 𝑅𝑒 2 = 8,80 ∙ 10−5 foi
muito menor que 1.

Palavras-chave: coeficiente de transferência de massa, convecção forçada, naftaleno.

3
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Relações para concentração em uma mistura binária. Fonte: Welty et al.
(2007)..............................................................................................................................12

Tabela 2 – Massas de naftaleno com e sem o suporte o tempo decorrido do


experimento.....................................................................................................................18

Tabela 3 – Massa de naftaleno e tempo decorrido no SI.................................................20

Tabela 4 – Massa molar do naftaleno, concentração mássica na superfície do naftaleno e


área superficial.................................................................................................................21

Tabela 5 – Propriedades do ar a temperatura de 27°C (Fonte: Çengel & Ghajar,


2012)................................................................................................................................22

Tabela 6 – Comparação entre o coeficiente convectivo de massa experimental (Kmexp) e


o teórico (Kmteó)..............................................................................................................23

Tabela 7 – Dimensões do corpo de prova.......................................................................26

4
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema ilustrativo de uma placa de naftaleno submetida a uma corrente de


ar devido a uma convecção forçada................................................................................14
Figura 2 – Esquema ilustrativo do aparato experimental utilizado para promover a
convecção forçada de ar em uma placa de naftaleno......................................................17
Figura 3 – Gráfico tempo versus massa e ajuste linear dos dados..................................21

5
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................7
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .....................................................................................7
2.1 Transferência de Massa.....................................................................................................7
2.2 Adimensionais usuais em transferência de massa...........................................................9
2.2.1. Número de Reynolds (Re)..............................................................................................9
2.2.2. Número de Sherwood (Sh).............................................................................................9
2.2.3. Número de Stanton (𝐒𝐭 𝐌 )..............................................................................................9
2.2.4. Número de Schmidt (Sc)..............................................................................................10
2.2.5. Número de Grashoff (𝑮𝒓𝒂 )...........................................................................................10
2.2.6. Número de Peclet (𝐏𝐞𝐌 )..........................................................................................10
2.3. Formas para concentração e relações com a pressão de vapor em transferência de
massa........................................................................................................................................11
2.4. Convecção.........................................................................................................................13
2.4.1. Convecção Natural........................................................................................................13
2.4.2. Convecção Forçada.......................................................................................................13
2.4.2.1. Modelagem da sublimação do naftaleno com convecção forçada.........................14
2.5. Correlações para escoamento externo paralelo a uma placa plana............................15
2.6. Objetivos...........................................................................................................................16
3. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................16
3.1 Equipamentos e Materiais...............................................................................................16
3.2. Procedimento Experimental ..........................................................................................18
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................18
4.1. Determinação do coeficiente de transferência de massa convectivo experimental...18
4.2. Determinação do coeficiente de transferência de massa convectivo a partir de
correlações e comparação com o valor encontrado experimentalmente...........................22
4.3. Taxa de transferência de massa.....................................................................................24
4.4. Cálculo do tempo necessário para sublimação total....................................................25
4.5. Validação das hipóteses adotadas..................................................................................25
4.5.1. Transferência de Massa Unidimensional...................................................................25
4.5.2. Convecção Natural Desprezível..................................................................................26
4.5.3. 𝐃𝐀𝐁 Constante..............................................................................................................27
5. CONCLUSÃO....................................................................................................................27
6. REFERÊNCIAS................................................................................................................28

6
1. INTRODUÇÃO

Segundo Welty et al. (2007), o coeficiente convectivo de transferência de massa


tem sido utilizado no projeto de equipamentos que visam fenômenos de transferência de
massa há anos.

Na operação de secagem de cereais, ocorre em uma torre de leito fixo em que


um escoamento de ar seco é forçado por entre os grãos. Nesse processo, ocorre a formação
de um filme ao redor das partículas e nele ocorre a evaporação. Nos processos de
evaporação ou sublimação de um material, o fluido pode escoar também de forma natural
ao redor do corpo (Cresmaco, 2008).

Operações unitárias como a secagem e a evaporação industrial são baseadas nos


princípios de transferência de massa por convecção forçada, e assim, o conhecimento do
coeficiente convectivo é imprescindível para os cálculos de projeto (Cremasco, 2008).

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Transferência de Massa

A transferência de massa em um sistema se caracteriza pelo transporte de um


constituinte de uma região de alta concentração para uma de baixa. Existe uma tendência
natural que para um sistema de dois ou mais constituintes, ocorra esse movimento a fim
de minimizar diferenças de concentração (Welty et al., 2007).

Segundo Incropera et al. (2008), essas diferenças de concentração funcionam


como força motriz para o processo de transferência de massa. Considerando que esse
fenômeno de transferência não implica em um movimento global do fluido, existem dois
mecanismos de transferência: difusão e convecção (Welty et al., 2007).

A difusão molecular ocorre no sentido da diminuição do gradiente de


concentração, de forma a equalizar as concentrações e independe do movimento
macroscópico do fluido (Incropera et al., 2008; Welty et al., 2007). Esse mecanismo de
difusão tem como lei para taxa de transferência a Lei de Fick, para mistura binária:

𝑑𝑦𝐴
𝐽𝐴,𝑧 = −𝑐𝐷𝐴𝐵 (1)
𝑑𝑧

Onde 𝐽𝐴,𝑧 é o fluxo molar na direção z, proporcional ao gradiente de


𝑑𝑦𝐴
concentração , ao fator de proporcionalidade DAB, conhecido como o coeficiente de
𝑑𝑧

7
difusão do componente A no componente B, e c é a concentração total sob condições
isotérmicas e isobáricas (Welty et al., 2007).

Essa Lei (Equação 1) é aplicável quando o sistema constitui em qualquer mistura


binária sólida, líquida ou gasosa, desde seja definido um fluxo de massa relativo à
velocidade da mistura, v" (Bird et al., 2002).

O fluxo de transferência de massa por difusão é dado por, considerando que as


velocidades dos componentes A e B em relação ao eixo de coordenadas z:

𝑑𝑦𝐴
𝑁𝐴,𝑧 = −𝑐𝐷𝐴𝐵 + 𝑦𝐴 (𝑁𝐴,𝑧 + 𝑁𝐵,𝑧 ) (2)
𝑑𝑧

Onde o primeiro termo corresponde ao termo contribuição do gradiente de


concentração e o segundo termo é o termo de contribuição do movimento bulk.

Já no mecanismo convectivo representa a transferência de massa entre um fluido


em movimento e uma superfície ou entre dois líquidos imiscíveis separados por uma
interface (Welty et al., 2007). A Lei de Resfriamento de Newton, representa o mecanismo
convectivo:

𝑁𝐴 = 𝑘𝑚 ∆𝑐𝐴 (3)

Onde 𝑁𝐴 é o fluxo de transferência de massa por convecção, ∆𝑐𝐴 é o gradiente


de concentração entre a concentração na superfície e a concentração média do fluido e
𝑘𝑚 é o coeficiente de transferência de massa por convecção, que depende das
propriedades do fluido, da dinâmica de escoamento e da geometria do sistema.

Essa forma de mecanismo envolve uma camada de fluido estagnada sobre a


superfície. Neste filme, existe uma camada que tem resistência controladora da
transferência por convecção, em que o coeficiente 𝑘𝑚 é referido como coeficiente de
filme (Welty et al., 2007).

Entre as duas formas de transferência apresentadas, uma delas pode dominar o


mecanismo de transferência (Welty et al., 2007). A forma de transferência controladora
da transferência de massa pode ser avaliada de acordo com um número adimensional, o
número de Stanton.

8
2.2. Adimensionais usuais em transferência de massa

Todos os adimensionais possuem significado físico de grande relevância para


sua aplicação, parte destes serão abordados neste tópico.

2.2.1. Número de Reynolds (Re)

O adimensional de Reynolds expressa a relação de forças inerciais e forças


viscosas.

𝜌<𝑣> 𝐿𝑐
𝑅𝑒 = (4)
𝜇

Na equação acima 𝜌 representa a densidade específica do fluído, < 𝑣 > a velocidade


média do fluido, 𝐿𝑐 o comprimento característico e 𝜇 a viscosidade dinâmica do fluido.

2.2.2. Número de Sherwood (Sh)

Segundo Cremasco (2002) o adimensional em questão retrata principalmente a


existência dos fenômenos de difusão e convecção mássica por intermédio da relação entre
as resistências associadas aos dois fenômenos.

𝑘 𝐿
𝑆ℎ = 𝐷𝑚 (5)
𝐴𝐵

O 𝑘𝑚 representa o coeficiente de convecção, L a dimensão característica e 𝐷𝐴𝐵


o coeficiente de difusão de transferência de massa.

2.2.3. Número de Stanton (𝑺𝒕𝑴 )

O adimensional de Stanton expressa o número de Nusselt modificado. Ele


relaciona a coexistência dos fenômenos de transferência de massa e quantidade de
movimento de forma simultânea. Como pode-se visualizar na Equação (6) o adimensional
informa a relação entre a convecção mássica e a contribuição convectiva devido ao
movimento do meio. (Cremasco, 2002).

𝑘𝑚
𝑆𝑡𝑀 = (6)
𝑣𝑐

Sendo 𝑘𝑚 o coeficiente convectivo de massa e 𝑣𝑐 a velocidade do fluido


escoando.

9
2.2.4. Número de Schmidt (Sc)

De forma análoga ao adimensional conhecido como Prandtl (Para a transferência


de calor) o número de Schmidt fornece uma medida da efetividade relativa dos transportes
difusivos de momento e de massa nas camadas limites de massa e de concentração.
(Incropera & DeWitt, 2011).
𝑣
𝑆𝑐 = 𝐷 (7)
𝐴𝐵

Sendo ν a viscosidade cinemática e DAB o coeficiente de difusividade mássica.

2.2.5. Número de Grashoff (𝑮𝒓𝒂 )

O adimensional de Grashoff possui um significado físico similar ao número de


Reynolds, por sua vez é a relação entre forças de empuxo e forças viscosas, que
influenciam o movimento da solução devido a diferença de concentração. É usado em
análises de convecção natural.

𝜌2 𝑔𝛽(𝜌𝑤 −𝜌∞ )𝐿3


𝐺𝑟𝑎 = (8)
𝜇2

Onde, 𝜌 expressa a densidade do fluido, g a aceleração da gravidade, 𝛽 é o


coeficiente de expansão volumétrica que para gases é o inverso da temperatura, 𝜌 𝑤
representa a concentração da espécie na superfície do material e 𝜌∞ a concentração da
espécie no meio, L o comprimento da superfície e 𝜇 a viscosidade dinâmica do fluido.

2.2.6. Número de Peclet (𝑷𝒆𝑴 )

O adimensional Peclet de massa relaciona o produto da velocidade característica


e o comprimento característica com a difusividade mássica como apresenta a Equação
(9). É importante ressaltar que diferentemente do fluxo entre fases que caracteriza o
transporte em duas fases diferentes, a relação abaixo mesura o fluxo convectivo frente ao
difusivo na mesma fase.

𝑣 𝐿𝑐
𝑃𝑒𝑀 = 𝐷𝑐 (9)
𝐴𝐵

Onde 𝑣𝑐 é a velocidade característica do escoamento, Lc o comprimento


característico e o 𝐷𝐴𝐵 a difusividade mássica.

10
2.3. Formas para concentração e relações com a pressão de vapor em transferência
de massa

Consoante a Welty et al. (2007), as concentrações em sistemas


multicomponentes, binários ou pseudobinários, as concentrações das espécies presentes
nesse sistema podem ser expressas de variadas formas: molar, mássica, além de expressas
em acordo com o comportamento do sistema. Em um sistema binário, existem dois
componentes e nenhum deles é predominante, já o sistema pseudobinário, um
componente é dominante.

A concentração mássica ou densidade (ρ) pode ser definida para cada


componente do sistema e a sua soma deve ser igual a 1. A concentração molar (c) é
definida pelo número de mols de um componente na mistura. A relação entre elas se dá
por:
𝜌
𝑐𝐴 = 𝑀𝐴 (10)
𝐴

Onde MA é a massa molar do componente A em questão.

Para gases ideais, uma relação para concentração de uma espécie A é dada pela
Lei dos Gases Ideais:
𝑛𝐴 𝑝
𝑐𝐴 = = 𝑅𝑇𝐴 (11)
𝑉

Onde n é o número de mols da espécie, V é o volume do gás, T é a temperatura


absoluta em Kelvin, 𝑝𝐴 é a pressão parcial de A na mistura.

Assim, outras formas de representação para uma mistura binária estão


apresentadas na Tabela 1.

11
Tabela 1 – Relações para concentração em uma mistura binária. Fonte: Welty
et al. (2007).

Onde x é a fração molar para misturas líquidas ou sólidas e y é a fração molar na


fase gasosa.

Além da Lei dos Gases Ideais, Equação (11), outras relações permitem
estabelecer a inter-relação entre a pressão parcial.

A Lei de Roult é aplicada para mistura líquida ideal e é dada por:

𝑝𝐴 = 𝑥𝐴 𝑃𝐴 (12)

Onde 𝑃𝐴 é a pressão de vapor da espécie A e pode ser determinada por relações


analíticas como a de Antoine, por correlações empíricas ou dados tabelados.

A Lei de Dalton relaciona a pressão de vapor com a fração molar na fase gasosa:
𝑝𝐴
𝑦𝐴 = (13)
𝑃

12
2.4. Convecção

Conforme afirma Cremasco (2002) diferentemente do que ocorre na difusão com


o transporte de matéria a nível molecular, os pacotes de matéria também podem ser
transportados por perturbações no meio os quais estão envolvidos, a um nível
macroscópico. Ou seja, tais perturbações causam movimentação do meio e o soluto é
transferido devido a diferença de gradiente e da movimentação desse fluído ao qual está
envolvido.

De acordo com Welty et al (2000) quando a transferência de massa envolve uma


dissolução de um soluto em um fluido em movimento, o fluxo pode ser representado por:

𝑁𝐴 = 𝑘𝑚 ( 𝐶𝐴𝑠 − 𝐶𝐴) (14)

Na equação (14) 𝑁𝐴 representa o fluxo de mols de soluto A que deixam a


interface, Km o coeficiente convectivo de transferência de massa; A composição do fluído
Cas na interface representa a composição do fluído caso o mesmo estivesse em equilíbrio
com o soluto sólido na temperatura e pressão do sistema; A composição em algum
instante ou posição dentro da fase do fluido é representada por Ca.

2.4.1. Convecção Natural

A convecção natural deve-se a variação da densidade de um gás ou líquido. Por


sua vez a variação da densidade ocorre devido a gradientes de temperatura ou
concentração relativamente grandes. (Welty et al, 2000).

Para a convecção natural pode-se chegar através de análises dimensionais que o


número de Sherwood é uma função que depende de outros adimensionais citados no
item 2.2., sendo eles Grashof e Schimidt (Sh= f(Gr, Sc)). (Moreira, 2010 Apud Welty et
al., 1983).

2.4.2. Convecção Forçada

Quando a movimentação do meio se deve a agentes externos como um soprador,


por exemplo, denomina-se o mecanismo de convecção forçada. Por sua vez, têm-se que
na convecção forçada o Sherwood é uma função que depende do número de Reynolds e
Schimidt (Sh= f(Re, Sc)). O adimensional de Grashof é similar ao Reynolds na convecção
forçada, devido a semelhança dos seus significados físicos, como citado no tópico 2.2.5.
(Moreira, 2010 Apud Welty et al, 1983; Cremasco, 2002).

13
𝐺𝑟
A relação dos Números de Grashof e Reynolds (𝑅𝑒 2) fornece a importância da

convecção natural frente a convecção forçada. Valores muito menores que um exprimem
que a convecção natural pode ser desprezada, inversamente, valores muito maiores que
um sugerem que a convecção forçada deve ser desprezível. Por sua vez, valores em torno
de um significam que os dois tipos de convecção são relevantes para o sistema.

2.4.2.1. Modelagem da sublimação do naftaleno com convecção forçada

Considera-se uma placa constituída de naftaleno em que sua face A está


submetida a uma corrente de ar devido uma convecção forçada, como na Figura 1.

Figura 1 – Esquema ilustrativo de uma placa de naftaleno submetida a uma corrente de


ar devido a uma convecção forçada.
Hipóteses:

 Variação de As é desprezível;
 Regime Pseudoestacionário;
 Transferência de massa unidirecional (Apenas em z);
 Sistema sem reação;
 T e P constantes;
 𝐷𝐴𝐵 constante;
 Mistura naftaleno (Fase A) e ar (Fase B) é considerado uma mistura ideal.

Realizando um balanço na Fase A para exprimir a variação da massa do


naftaleno n o tempo:

𝑑𝑚𝐴
0 − 𝑁𝐴𝑍 𝐴𝑀𝐴 =
𝑑𝑡

14
Como a taxa de variação da massa deve-se ao mecanismo de convecção, têm-se
que:

𝑑𝑚𝐴
− = 𝑊𝐴 = 𝑘𝑚 𝐴𝑠 𝑀𝐴 (𝐶𝐴𝑤 − 𝐶𝐴∞ )
𝑑𝑡

𝑑𝑚𝐴
− = 𝑘𝑚 𝐴𝑠 (𝜌𝐴𝑤 − 𝜌𝐴∞ )
𝑑𝑡

Como o ar é isento de Naftaleno, 𝜌𝐴∞ = 0

𝑑𝑚𝐴
= 𝑘𝑚 𝐴𝑠 𝜌𝐴𝑤
𝑑𝑡

Integrando a massa no intervalo [m0, m] e o tempo em [0, t]:

𝑚 𝑡
∫ 𝑑𝑚 = −𝐴𝑠 𝑘𝑚 𝜌𝐴 ∫ 𝑡
𝑚0 0

𝑚 − 𝑚0 = −𝐴𝑠 𝑘𝑚 𝜌𝐴𝑡

𝑚 = 𝑚0 − 𝐴𝑠 𝑘𝑚 𝜌𝐴𝑡 (15)

A Equação (15) exprime a variação da massa inicial do naftaleno em um


determinado instante de tempo quando colocado em um sistema de convecção forçada.

2.5. Correlações para escoamento externo paralelo a uma placa plana

As correlações para o coeficiente convectivo de transferência de massa permitem


validar os resultados obtidos analiticamente com dados experimentais, visto que muitas
delas são baseadas em dados experimentais. Algumas correlações são apresentadas na
forma que são preditas por expressões analíticas (Welty et al., 2007).

Para transferência de massa por convecção externo a sólido de geometrias


conhecidas, existem muitos dados experimentais para embasar as correlações
(Geankoplis, 1993). Quando o escoamento de fluido sobre a placa é laminar, a correlação
para encontrar o km é dada por, de acordo com Welty et al. (2007):

𝑘𝑚 𝐿 1/2
𝑆ℎ𝐿 = = 0,664𝑅𝑒𝐿 𝑆𝑐1/3 (16)
𝐷𝐴𝐵

A correlação expressa na Equação (16) tem validade no intervalo de 𝑅𝑒𝐿 ≤


5. 105 e 0,6 ≤ 𝑆𝑐 ≤ 3000.

15
Já para escoamento turbulento temos:

𝑘𝑚 𝐿
𝑆ℎ𝐿 = = 0,0365𝑅𝑒𝐿0,8 𝑆𝑐1/3 (17)
𝐷𝐴𝐵

Essa correlação tem validade para 𝑅𝑒𝐿 ≥ 108 e 0,6 ≤ 𝑆𝑐 ≤ 3000.

2.6. Objetivos

Com o presente estudo objetiva-se a determinação do coeficiente convectivo de


transferência de massa através da sublimação de uma placa de naftaleno, assim como
comparações entre o coeficiente determinado de forma experimental e aqueles obtidos
por meios de correlações encontradas na literatura.

Os objetivos secundários incluem a verificação das hipóteses simplificadoras, a


estimativa de tempo para a completada sublimação da placa de naftaleno e o cálculo da
taxa via coeficiente determinado e dados obtidos ao longo do experimento.

3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Equipamentos e materiais
Foram utilizados neste experimento:

 Uma placa de Naftaleno;


 Termômetro de mercúrio graduado de precisão 0,5°C;
 Um aparamento experimental próprio para promover a convecção forçada de ar
na placa de Naftaleno enquanto media-se a massa ao longo do tempo;
 Anemômetro digital utilizado para medir a velocidade do ar em escoamento.
 Paquímetro

O esquema ilustrativo do aparato experimental utilizado encontra-se


representado na Figura 2.

16
Figura 2 – Esquema ilustrativo do aparato experimental utilizado para promover a
convecção forçada de ar em uma placa de naftaleno.

Conforme demonstra a Figura 2, os equipamentos e materiais enumerados são:

1) Túnel de vento;
2) Placa de Naftaleno;
3) Suporte de madeira;
4) Ventoinha ou cooler de 12 V de tensão;
5) Suporte de metal com garra;
6) Potenciômetro utilizado para controlar a passagem de corrente e ajustar a
velocidade do ar;
7) Balança semi-analítica da Marte Científica modelo UX420H de precisão
0,001 g.

17
3.2 Procedimento experimental
Inicialmente, determinou-se a massa inicial da placa de Natftaleno com seu
suporte utilizando-se a balança semi-analítica. Esta medida foi realizada antes do da
ventoinha ser acionada, a fim de evitar que a convecção interferisse nesta medida. A
temperatura do ar foi medida como 27 °C e considerada constante ao longo de todo o
experimento. A velocidade do ar foi medida com auxílio do anemômetro em 2,7 m/s.

Foram realizadas mais 26 medidas da massa ao longo do tempo. Inicialmente, as


medidas foram realizadas de 5 em 5 minutos a fim de se analisar o comportamento da
transferência de massa do sistema. Depois, as medidas foram tomadas de 10 em 10
minutos, 20 em 20 minutos e, por fim, de 30 em 30 minutos. O tempo total do experimento
foi de 380 minutos.

Ao fim do experimento, o suporte da placa de naftaleno foi pesada a fim dos


dados serem tratados com o desconto desta massa e as dimensões da placa de naftaleno
foram aferidas a partir do suporte metálico em que foram colocadas com o auxílio de um
paquímetro digital. A espessura da placa foi aferida em 4,84 mm e seus lados em 36,27 e
36,20 mm.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Determinação do coeficiente de transferência de massa convectivo experimental

Conforme o tópico 3.2, os dados da massa de naftaleno no suporte ao longo do


tempo foram colhidos e se encontram dispostos na Tabela 2. Nesta tabela também é
apresentado a massa do molde de naftaleno sem a bandeja de massa 2,634g e a massa de
naftaleno sem a convecção, apresentado na primeira linha da tabela.

Tabela 2 – Massas de naftaleno com e sem o suporte o tempo decorrido do experimento

𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒+𝑁𝑎𝑓𝑡𝑎𝑙𝑒𝑛𝑜 (g) 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎𝑁𝑎𝑓𝑡𝑎𝑙𝑒𝑛𝑜 (g) Tempo (min)

6,866 4,232 -
6,793 4,159 0
6,786 4,152 1
6,786 4,152 5
6,780 4,146 10

18
6,756 4,122 20
6,753 4,119 30
6,730 4,096 40
6,718 4,084 50
6,711 4,077 60
6,700 4,066 70
6,688 4,054 80
6,679 4,045 90
6,665 4,031 100
6,653 4,019 110
6,642 4,008 120
6,630 3,996 130
6,616 3,982 150
6,595 3,961 170
6,564 3,93 190
6,537 3,903 210
6,509 3,875 240
6,484 3,850 270
6,443 3,809 300
6,415 3,781 330
6,318 3,684 360
6,347 3,713 380

Para uma adequação dos dados ao SI, as unidades da Tabela 2 foram convertidas
adequadamente de modo que foram obtidos o tempo decorrido do experimento em
segundos e a massa em quilogramas, como mostra a Tabela 3. Em seguida, com os dados
da Tabela 3, foi possível plotar o gráfico mostrado na Figura 3, o qual mostra uma
regressão linear dos dados de acordo com a Equação (15), em que a massa inicial 𝑚0 é o
parâmetro ‘a’ referente a 0,004232 kg.

19
Tabela 3 – Massa de naftaleno e tempo decorrido no SI.

Tempo (s) Massa (kg)

0 0,004159
60 0,004152
300 0,004152
600 0,004146
1200 0,004122
1800 0,004119
2400 0,004096
3000 0,004084
3600 0,004077
4200 0,004066
4800 0,004054
5400 0,004045
6000 0,004031
6600 0,004019
7200 0,004008
7800 0,003996
9000 0,003982
10200 0,003961
11400 0,00393
12600 0,003903
14400 0,003875
16200 0,00385
18000 0,003809
19800 0,003781
21600 0,003684
22800 0,003713

20
Figura 3 – Gráfico tempo versus massa e ajuste linear dos dados.

Analisando a Figura 3, observa-se que a regressão linear é bem ajustada aos


dados, mostrando um coeficiente de correlação de 0,9931 e transmite poucos desvios
associados ao experimento. Porém, é necessário notar que a massa inicial do molde de
0,004232, atribuída ao parâmetro ‘a’ da regressão foi minimamente alterado para
0,004151. Isto já agrega um erro as medidas do experimento que não estão totalmente
casados com a Equação (15).

Com a assimilação da regressão da Equação (15), pode-se igualar o coeficiente


angular da reta com as constantes da equação citada para o cálculo do coeficiente
convectivo mássico. Para esta estimativa é necessária a área de troca, a massa molar do
naftaleno e a concentração mássica. Estes parâmetros estão mostrados na Tabela 4.

Tabela 4 – Massa molar do naftaleno, concentração mássica na superfície do naftaleno e


área superficial.

Massa Molar (kg/kmol) As (m²) Concentração Mássica 𝜌 (kg/m³)

128,1705 0,0013129 0,0021214

Assim, com os dados da Tabela 4 e a Equação (15), temos:


21
𝑏 = 𝐴𝑠 ∙ 𝐾𝑚 ∙ 𝜌𝐴

1,95767879 ∙ 10−8 𝑘𝑔/𝑠 = 0,0013129 𝑚2 ∙ 𝐾𝑚 ∙ 0,0021214 𝑘𝑔/𝑚3

𝐾𝑚 = 7,0288 ∙ 10−3 𝑚/𝑠

Assim, o coeficiente convectivo de transferência de massa é 7,0288 ∙ 10−3 𝑚/𝑠.

4.2 Determinação do coeficiente de transferência de massa convectivo a partir de


correlações e comparação com o valor encontrado experimentalmente

O coeficiente convectivo de massa também foi obtido por meio de correlações


disponíveis na literatura a fim de comparar com o valor obtido experimentalmente. Para
utilizar essas correlações, primeiramente foi necessário conhecer o regime de
escoamento. Para isso o número de Reynolds foi calculado através da Equação (4),
utilizando as propriedades do ar dispostas na Tabela 5 e sabendo que a velocidade do ar
medida foi de 2,7 m/s e o comprimento característico da placa é 0,03627 m.

Tabela 5 – Propriedades do ar a temperatura de 27°C (Fonte: Çengel & Ghajar, 2012).

ρ (kg/m3) µ (Pa/s) υ (m2/s)

1,176 1,86x10-5 1,58x10-5

1,176𝑥2,7𝑥0,03627
𝑅𝑒𝐿 = = 6191,64
1,86𝑥10−5

Tendo em vista que 𝑅𝑒𝐿 ≤ 500000 o escoamento é laminar. Portanto a correlação


utilizada é expressa pela Equação (16). Porém antes de utilizá-la é necessário verificar a
sua faixa de aplicação, tendo em vista que o número de Schmidt precisa estar entre 0,6 e
3000. Para isso buscou-se a difusividade do naftaleno na literatura e o valor encontrado
foi de 0,0569 cm2/s para a temperatura de 0°C (Perry, 1997). Como o experimento foi
realizado na temperatura de 27°C foi necessário fazer a transformação através da equação:

𝐷𝐴𝐵1 𝑇1 1,75
=( ) (18)
𝐷𝐴𝐵2 𝑇2

0,0569 273 1,75


=( )
𝐷𝐴𝐵2 300

22
𝑐𝑚2 𝑚2
𝐷𝐴𝐵2 = 0,0671 = 6,71𝑥10−6
𝑠 𝑠

Em posse do valor da difusividade mássica e da difusividade de momento


disposta na Tabela 5 é possível calcular o adimensional através da Equação (7).

1,58𝑥10−5
𝑆𝑐 = = 2,3547
6,71𝑥10−6

O valor encontrado para o número de Schmidt está dentro da faixa aplicada,


portanto a correlação pode ser utilizada.

𝑆ℎ = 0,664𝑥6191,641⁄2 𝑥2,35471⁄3 = 69,51

𝑘𝑚 𝐿𝑐 𝑘𝑚𝑥0,03627
𝑆ℎ = → 69,51 =
𝐷𝐴𝐵 6,71𝑥10−6

𝐾𝑚 = 0,012859 𝑚/𝑠

A tabela abaixo apresenta a comparação entre os valores de Km obtidos


experimentalmente e estimado por correlação.

Tabela 6 – Comparação entre o coeficiente convectivo de massa experimental


(Kmexp) e o teórico (Kmteó).

Kmexp (m/s) Kmteó (m/s) Erro (%)

0,0070288 0,012859 45,24

A partir da Tabela 6 vê-se que o erro encontrado é relativamente alto para essa
correlação. Essa diferença pode ser devido às condições experimentais já que as
correlações são equações empíricas. A influência de fatores externos pode ter afetado este
resultado, como uma pequena variação na velocidade do ar, temperatura, entre outros.
Outro fato que deve ser levado em consideração é a alteração do parâmetro ‘a’ na equação
de ajuste, pré-definido como a massa inicial do corpo de prova, citado no tópico anterior.

23
4.3 Taxa de transferência de massa

Considerando um regime pseudo- estacionário, a taxa de transferência de massa


pode ser calculada através da Equação (19) com o coeficiente convectivo encontrado, ou
através da Equação (20) pelas diferenças de massa inicial e final pelo tempo total do
experimento. Ambas por serem estimativas experimentais, devem convergir para o
mesmo valor. Assim, utilizando primeiro a Equação (20), temos:

𝑊 = 𝐾𝑚 𝐴𝑠 𝜌𝐴 (19)

𝑊 = 7,0288 ∙ 10−3 ∙ 0,001312 ∙ 0,0021214

𝑊 = 1,955 ∙ 10−8 𝑘𝑔/𝑠

E pela Equação (20):

(𝑚0 − 𝑚𝑓 )
𝑊= (20)
∆𝑡

(0,004232 − 0,003713)
𝑊=
22800

𝑊 = 2,2737 ∙ 10−8 𝑘𝑔/𝑠

Assim, é possível verificar a similaridade dos resultados com o cálculo do erro


percentual:

1,955 ∙ 10−8 − 2,2737 ∙ 10−8


𝐸𝑟𝑟𝑜(%) = | | × 100
1,955 ∙ 10−8

𝐸𝑟𝑟𝑜 (%) = 14,12%

Desta forma, verifica-se um erro consideravelmente pequeno para as taxas de


transferência de massa pela equação convectiva e pelos dados experimentais. Este erro
pode ser relacionado a pesagem das massas que pode ter sofrido interferência de algum
agente externo como vento e vibrações. Também é possível relacionar erros a estimativa
do coeficiente de transferência de massa convectivo, pois como comentado no tópico 3.1
a regressão linear alterou minimamente o parâmetro ‘a’ de massa inicial de modo que esta
não estava totalmente correlacionada aos dados obtidos. O sistema de controle de
temperatura feito pelo grupo também pode não ter sido eficaz de modo que pode ter
mudado as propriedades físicas do ar e da pressão de vapor estimada e,
consequentemente, o parâmetro Km.

24
4.4 Cálculo do tempo necessário para sublimação total

Para calcular o tempo necessário para a sublimação total do naftaleno a foi


utilizado a Equação (15) de forma rearranjada, na forma:

𝑚0
𝑡𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = (21)
𝐾𝑚 𝐴𝑠 𝜌𝐴

Observa-se que a variável correspondente à massa final assumiu valor nulo na


equação, já que o objetivo é obter o tempo necessário para que todo naftaleno seja
sublimado. Substituindo os valores numéricos temos:

0,004232
𝑡𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 =
7,0288𝑥10−3 𝑥0001312𝑥0,0021214

𝑡𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 60,09 ℎ

Portanto o tempo necessário é de 60,09 horas. É importante salientar que esse


tempo de sublimação total é inversamente proporcional ao coeficiente de transferência de
massa convectivo, ou seja, quanto maior o coeficiente, maior a taxa de transferência de
massa e menor o tempo necessário.

Na prática, maiores valores de coeficientes de transferência de massa são obtidos


com uma elevação na velocidade do fluido no escoamento forçado. Ou seja, para um
outro experimento qualquer realizado nas mesmas condições e com o mesmo corpo de
prova haveria uma diminuição no tempo de sublimação total calculado com o aumento
na velocidade do fluido.

4.5 Validação das hipóteses adotadas

4.5.1 Transferência de Massa Unidimensional

A placa plana de Naftaleno considerada para o experimento tem dimensões


mostradas na Tabela 7:

25
Tabela 7 – Dimensões do corpo de prova.

Comprimento (mm) Largura (mm) Espessura (𝛿)(mm)

36,27 36,20 4,84

A partir dessas dimensões é possível verificar que a hipótese adotada de que a


𝛿
espessura é muito menor que o comprimento, de forma que ≪ 1, é válida. Logo, a
𝐿

transferência de massa é unidimensional. É importante frisar que a transferência por uma


única face exposta também garante essa hipótese.

4.5.2 Convecção Natural Desprezível

Para a validação da convecção natural desprezível, é necessário calcular a


relação entre Reynolds e Grashof de massa. Assim, através da Equação (8), o
Adimensional de Grashof é dado como:

𝜌2 𝑔𝛽𝑀 (𝜌𝑤 − 𝜌∞ )𝐿3


𝐺𝑟𝑎 =
𝜇2

Considerando o fluido escoando puro, 𝜌∞ = 0. Assim, temos:

1
1,176² ∙ 9,81 ∙ 1,176 (0,0021214 − 0) ∙ 0,036273
𝐺𝑟𝑎 =
0,00001858²

𝐺𝑟𝑎 = 3382,5960

Assim, para a convecção natural frente a forçada:

𝐺𝑟𝑎
≪1
𝑅𝑒 2

3382,5960
= 8,80 ∙ 10−5 ≪ 1
6198,5²

Logo, fica comprovada a não-relevância da convecção natural frente a


convecção forçada neste experimento.

26
4.5.3 𝐃𝐀𝐁 Constante

Segundo Bird et al. (2012), em misturas gasosas a baixas pressões, a difusividade


mássica é inversamente proporcional a pressão e diretamente proporcional a temperatura.
Como, em tese a temperatura do ambiente foi mantida constante, assim como a pressão,
pode-se considerar que não houve mudanças significativas na difusividade mássica
durante o experimento.

5. CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, pode-se afirmar que o objetivo principal deste
relatório, o cálculo do coeficiente convectivo de transferência de massa da sublimação de
uma placa de naftaleno foi alcançado.

O valor de Km determinado foi de 7,0288 ∙ 10−3 𝑚/𝑠. Este resultado foi


comprado com outro obtido a partir do cálculo realizado com uma correlação para o
escoamento em regime laminar, de onde foi obtido um coeficiente de transferência de
massa por convecção de 0,012859 𝑚/𝑠 . O erro relativo entre esses dois valores foi de
45,24%, considerado alto. É possível explicá-lo pelo fato de que a correlação é obtida de
forma empírica, e as condições experimentais deste trabalho podem ser drasticamente
diferentes daquelas utilizadas na obtenção das correlações. A influência de fatores como
a velocidade do ar e a falta de controle de temperatura pode ter afetado a determinação
experimental do coeficiente.

Além disso, foi possível calcular a taxa de transferência de massa a partir de duas
abordagens diferentes. Na primeira, utilizou-se o coeficiente de transferência de massa
por convecção determinado experimentalmente para realizar este cálculo, obtendo-se
𝑊 = 1,955 ∙ 10−8 𝑘𝑔/𝑠. Na segunda abordagem, simplesmente calculou-se a razão entre
a variação da massa de naftaleno ao longo do experimento e o tempo total do experimento,
obtendo-se 𝑊 = 2,2737 ∙ 10−8 𝑘𝑔/𝑠. Comparando ambos os resultados, um erro de
14,12% foi obtido.

Também foi possível calcular o tempo que seria necessário para a sublimação
total da placa de naftaleno, valor estimado em 60,09 h. Este valor está coerente com a
modelagem realizada para o problema, que considera o regime de transferência de massa
como pseudo-estacionário.

27
Algumas das hipóteses simplificadoras para a modelagem do processo puderam
ser validadas.

A transferência de massa unidimensional foi validada ao comparar-se a razão


𝛿/𝐿 da placa de Naftaleno e constatar que esta foi menor que 1.

Para comprovar que a convecção é desprezível no sistema estudado, o número


de Grashof foi calculado e com base em seu valor foi possível calcular a razão 𝐺𝑟𝑎 / 𝑅𝑒 2
= 8,80 ∙ 10−5. Como o valor é muito menor que 1, foi comprovada a não-relevância da
convecção natural frente à forçada neste experimento.

Por fim, o DAB foi considerado constante porque, em tese, em misturas gasosas
a baixas pressões, ao se manter a temperatura e pressões constantes, a difusividade não
vai sofrer alterações.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ambrose, D. Lawrenson,I.J.; Sprake, C.H.S. The vapor pressure of


naphthalene. Journal Chemical Thermodynamics, vol.7 , 1975.

Bird, R. B.; Stewart, W. E.; Lightfoot, E. N. Fenômenos de Transporte. John


Wiley & Sons, 2002, 2ª ed.

Cremasco, Marco Aurélio. Operações unitárias em sistemas particulados e


fluidomecânicos. São Paulo: Editora Blucher, 2002, 2ed

Cremasco, M. A. Fundamentos de transferência de massa. Editora: Unicamp,


2008.

Çengel, Y. A.; Ghajar, A. J. Transferência de calor e massa – Uma abordagem


prática. AMGH editora Ltda, 2012, 4ª ed.

Geankoplis, C. J., Transport Processes and Unit Operations. Prentice-Hall, 1993.

Goldstein, R.J.; Cho, H. H., A review of mass transfer measurements using


naphthalene sublimation. Experimental Thermal and Fluid Science, v.10, 1995.

Incropera, F. P,; Dewit, D. P. Fundamentos de transferência de calor e Massa.


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Incropera, F.P. et al. Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa, 6ª


edição, LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S. A: Rio de Janeiro, 2008.
28
Moreira, B. A.; Obtenção de Correlações para a estimativa do coeficiente
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<https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/15164/1/d.pdf> Acesso em 16 de março
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Perry, R. H.; Green, D. W.. Perry’s Chemical Engineers’ Handbook, 7th. edt.,
New York, McGraw-Hill Book Co., 1997.

Welty, J. R.; Wicks, C. E.; Wilson, R. E.; Rorrer, G. L. Fundamentals of


Momentum, Heat, and Mass Transfer. John Wiley & Sons, 2007, 5ª ed.

29

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