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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Análise de Acidente Nuclear

Trabalho apresentado à disciplina


ENG03062 FUNDAMENTOS DA
ENGENHARIA NUCLEAR
Prof. Dr. Prof. Dr. Bardo Ernst Josef
Bodmann

Aluno: Fernando Borges Weimer (00231421)

Porto Alegre, 30 de junho de 2016


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................1
2. USINAS NUCLEARES COM REATOR DE ÁGUA PRESSURIZADA
(PWR)............................................................................................................2
3. CAUSAS DO ACIDENTE...................................................................................3
4. CONSEQUÊNCIAS.........................................................................................4
5. CONCLUSÃO................................................................................................5
REFERÊNCIAS..............................................................................................6
1 INTRODUÇÃO

Prevista pela teoria da relatividade elaborada por Einstein, a energia nuclear é


uma fonte de energia limpa e eficiente. Sua geração assemelha-se a de uma
termoelétrica, cuja conversão é dada da energia térmica para a elétrica, tendo como
intermediário a água, que será aquecida e girará as turbinas responsáveis pela geração
de energia elétrica. Contudo, uma vez que as termoelétricas utilizam combustíveis
minerais e orgânicos, como o carvão mineral ou o vegetal, a usina nuclear utiliza
combustíveis radioativos.
Polêmica, a energia nuclear é defendida por uma parcela da sociedade, que alega
sua alta eficiência e pouco impacto ambiental. Já a outra parte alega que a
radioatividade é deveras perigosa para ser utilizada, tendo em vista seu histórico de
acidentes.
Ao longo dos anos, muitos incidentes nucleares ocorreram, desde
contaminações por material radioativo, como ocorrido em Goiânia em 1987, como a
explosão de um reator em Chernobyl, em 1986. Em geral, os acidentes com reatores são
muito mais danosos, podendo ter um impacto de raio continental. Destes acidentes, um
é notável: o acidente ocorrido em Three Mile Island, nos Estados Unidos.
Decorrido de falha humana, o acidente foi o maior da história no país, atingindo
o nível 5 de 7 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares. O acidente, embora tenha
atingido uma grande área, não teve impacto significativo na saúde da população local,
mas reacendeu o debate sobre a utilização da energia nuclear e impulsionou técnicas
mais modernas de medição, assim como uma legislação mais rigorosa e um sistema de
segurança mais eficiente. Também pôs em pauta a inabilidade técnica dos funcionários,
promovendo uma série de mudanças no treinamento dos operários.

1
2 USINAS NUCLEARES COM REATOR DE ÁGUA PRESSURIZADA (PWR)

Para que seja possível compreender os acontecimentos ocorridos na usina


Metropolitan Edison, antes é necessário saber como era o funcionamento dela. Para fins
de simplificação, será adotado o pressuposto de que a arquitetura da usina era tal qual a
de uma usina com reator de água pressurizada genérica.
Reatores de água pressurizada são os reatores com o maior índice de segurança.
Diferentemente dos reatores de água em ebulição (BWR), nos PWR a água do circuito
refrigerante permanece no estado líquido devido à alta pressão. Uma vez que a água
permaneça em estado líquido, há maior segurança e confiabilidade no reator, sendo
menos exposto a falhas.
Para que a água permaneça líquida em decorrência da alta pressão, é necessário
que haja um pressurizador, que manterá a pressão desejada dentro da câmara onde é
confinado o reator. Esta câmara é denominada circuito primário, e este, por intermédio
de um trocador de calor, cederá energia térmica a um circuito secundário.
No circuito secundário, diferentemente do circuito primário, a água não será
pressurizada, devendo ser vaporizada devido à alta temperatura cedida. Esse vapor será
conduzido por tubulações até as turbinas da usina, responsáveis por transformar a
energia cinética do vapor em energia elétrica. O vapor d’água é então resfriado,
condensado e re-injetado no circuito secundário.
É válido salientar que todas essas etapas e todos esses circuitos dispõem de
mecanismos de segurança, geralmente automáticos, que buscarão impedir desastres
decorrentes de falhas humanas, mecânicas ou de acidentes naturais. Assim, para que a
usina funcione adequadamente, um grupo de operadores monitora os dados fornecidos
pelos equipamentos de monitoramento do reator.

Figura 2.1: esquema ilustrativo do reator TMI-2 da usina Metropolitan Edison .

2
3 CAUSAS DO ACIDENTE

Inaugurada poucos meses antes de seu colapso, a usina nuclear Metropolitan


Edison, localizada em Three Mile Island, na Pensilvânia, foi palco de um incidente que
modificou os rumos do gerenciamento dentro da engenharia nuclear. No dia 28 de abril
de 1979, às 4 horas da manhã, o sistema de bombeamento do gerador de vapor do reator
número 2, chamado TMI-2, parou de funcionar. Tão logo as bombas pararam, o reator
desligou-se devido à injeção das barras de controle, e o sistema de resfriamento de
emergência do gerador de vapor foi acionado. Em princípio, com o reator desligado, o
calor residual do núcleo seria dissipado aos poucos, não havendo grandes riscos.
Todavia, o reator não foi arrefecido como esperado – a pressão no núcleo aumentou e a
válvula de segurança do pressurizador foi acionada automaticamente, para dissipar a
pressão em excesso.
Sem saber o porquê disso, os operadores procuraram por uma solução, e
acabaram por descobrir que uma das válvulas do sistema de resfriamento de segurança
do gerador de vapor estava fechada. Estando fechada, o reator não poderia ser resfriado,
o que aumentaria a pressão no núcleo e acarretaria na abertura da válvula de segurança
do pressurizador. Agora, com a válvula do sistema de arrefecimento de segurança do
gerador de vapor corretamente acionada, a pressão no reator deveria ser normalizada e a
válvula de segurança do pressurizador seria fechada.
Todavia, por falha mecânica, a válvula não foi corretamente fechada, não sendo
informado tal fato aos operadores. Assim, gradativamente, a água presente no
arrefecimento do reator foi escapando sob forma de vapor por esta abertura. Com cada
vez menos água para refrigerá-lo, o reator começa a aquecer ainda mais, até que a
injeção de resfriamento de emergência é ativada automaticamente. Como o fato da
válvula de segurança do pressurizador estar parcialmente aberta era desconhecido dos
operadores, que acreditavam que a água no reator estava em nível normal, eles acabam
por desativar a injeção de resfriamento de emergência, com medo de que a água injetada
encha o pressurizador e o danifique. Como conseqüência, a água no reator permaneceu
escapando pela fresta oriunda da falha mecânica. Assim, com cada vez menos água e
com sua temperatura cada vez mais elevada, o reator acaba por sofrer uma fusão parcial.
A água que evaporou, em contato com o reator parcialmente fundido, tornou-se
extremamente radioativa. Parte dessa água é bombeada para outro prédio, a fim de ser
retida e evitar que se disperse ao ar livre. Contudo, parte do vapor radioativo é liberado
pelas válvulas de emergência do reator, sendo extravasado para fora da usina e
contaminando a área ao redor.

3
4 CONSEQUÊNCIAS

Imediatamente após o acidente os habitantes da região foram alertados sobre o


risco de contaminação pela radiação. Cerca de 32km ao redor da usina foram
evacuados, devido ao risco de contaminação pela radiação e pelo perigo do núcleo do
reator fundir-se.
Finalmente, a situação foi controlada, após o real risco de o reator explodir.
Foram necessários 14 anos para remover todo o material radioativo da usina, sendo que
esta foi reaberta em 1985 e funciona normalmente atualmente. Uma perícia foi realizada
para averiguar as causas e as conseqüências do desastre. O Relatório da Comissão
Kemeny, responsável pelas investigações, concluiu que “ou não haverá casos de câncer
ou o número será tão pequeno que nunca será possível detectá-los. A mesma conclusão
é aplicável para outros efeitos de saúde."
O acidente, se não trouxe conseqüências para a saúde humana, certamente teve
conseqüências quanto ao uso da energia nuclear. Logo após o acidente, cerca de 140mil
pessoas se refugiaram, buscando sair do entorno da usina. A população norte-americana
mobilizou-se, buscando a extinção do uso da energia nuclear. Protestos foram
exaustivamente realizados, com medo de mais desastres dessa espécie. Ainda no ano de
1979, em Nova York, a atriz Jane Fonda mobilizou 200mil pessoas para um protesto
que pedia o cancelamento de novos projetos nucleares.
É pertinente dizer que poucos dias antes do desastre, um filme, chamado
“Síndrome da China”, fora lançado. Nele, a mesma atriz que protagonizara os protestos,
foi protagonista do filme, que retrata um desastre nuclear semelhante ao ocorrido em
Three Mile Island. Isso gerou uma tensão ainda maior na população, uma vez que o
filme era bastante sensacionalista. A comunidade defensora do uso da energia nuclear
acusou então a mídia de manipulação e sensacionalismo.
Como conseqüências, em contraparte à corrida nuclear da década de 50, houve
uma redução significativa das centrais nucleares nos Estados Unidos. O debate foi
extenso e prolongado ao restante do mundo, que se viu ponderando sobre a necessidade
da energia nuclear, seus benefícios e malefícios. Assim, não somente houve uma freada
no investimento no âmbito nuclear, sobretudo na geração de energia, nos Estados
Unidos, como também em outros países. A partir de então, após uma massiva pressão
popular, novas legislações foram implementadas, bem como medidas mais modernas e
eficazes de segurança e emergência.

4
5 CONCLUSÃO

A energia nuclear é uma fonte de energia rentável e muito pouco poluente. Sua
elevada geração de energia, ao custo de pouco combustível, é uma de suas maiores
qualidades. Contudo, possui poréns que não devem ser ignorados, devendo ser
considerados com precaução, pois pequenas falhas acarretam em severas conseqüências;
conseqüências estas que podem levar milênios para serem superadas.
A História nos mostra isso, tendo em vista os inúmeros acidentes decorrentes do
uso de energia nuclear ao longo das décadas. Devemos aprender com o passado,
buscando maior prudência, agindo com cautela e aprimorando a segurança das usinas, a
fim de que novas tragédias não ocorram e que, em caso de falha, as conseqüências
sejam as mínimas possíveis.
Felizmente, no ocorrido em Three Mile Island, não houve registro de mortes,
apesar do profundo pavor que gerou na população norte-americana. Tal fatalidade,
embora tenha sido menos danosa do que tantos outros acidentes de grande porte,
reacendeu o debate sobre o uso da tecnologia nuclear à época.
Foi graças a esse incidente que, hoje, é possível um manejo mais seguro para o
uso da energia nuclear. O ocorrido em Three Mile Island pode ser resumido como um
grande susto que despertou o devido compromisso para com o uso dessa fonte de
energia. O acidente na Metropolitan Edison reformulou o modo como a tecnologia
nuclear é gerenciada e utilizada, e é este o seu legado: responsabilidade e segurança no
âmbito nuclear.

5
REFERÊNCIAS

 Figura 2.1: http://www.nrc.gov/reading-rm/doc-collections/fact-sheets/3mile-


isle.html#tmiview

 Vídeo explicativo sobre o acidente em Three Mile Island:


https://www.youtube.com/watch?v=m7ocVzJ2tXs

 Reportagem sobre o acidente: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-


historia/como-acidente-usina-three-mile-island-mudou-trajetoria-energia-
nuclear-691564.shtml

 Material de apoio oficial: http://www.nrc.gov/reading-rm/doc-collections/fact-


sheets/3mile-isle.html#tmiview

 Trabalho divulgado pela ONG Greenpeace (em espanhol):


http://www.greenpeace.org/espana/Global/espana/report/nuclear/110327%20que
%20paso%20en%20el%20accidente%20nuclear%20de%20Three%20Mile%20I
sland.pdf

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