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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício


ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
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EFEITOS DA COMBINAÇÃO DE DIFERENTES SUPLEMENTOS ALIMENTARES NA


HIPERTROFIA MUSCULAR EM PRATICANTES DE TREINAMENTO DE FORÇA

Romário Araujo de Oliveira1

RESUMO ABSTRACT

Introdução: Os suplementos alimentares Combination effects of different dietary


caracterizam-se pelo consumo de nutrientes supplements in hypertrophy in muscular
com grau de eficiência extremamente variável, strength training for practitioners
proporcionado adaptações fisiológicas e
melhora do desempenho físico, com isso os Introduction: The dietary supplements are
suplementos alimentares podem ser recursos characterized by the consumption of nutrients
ergogênicos. O consumo de suplementos with highly variable degree of efficiency,
alimentares cresce de maneira rápida com a providing physiological adaptations and
finalidade tanto de aumento do rendimento improve physical performance with that food
esportivo quanto para melhoria da condição de supplements may be ergogenic resources. The
saúde e estética (hipertrofia muscular). Os consumption of dietary supplements is growing
praticantes de musculação são os que mais quickly in order both to increase sports
utilizam suplementos alimentares, tendo como performance and for improving the condition of
objetivo principal a hipertrofia muscular. health and fitness (muscle hypertrophy). The
Objetivo: O objetivo desta revisão foi analisar bodybuilders are the ones who use dietary
os efeitos da combinação de diferentes supplements, with the main objective muscle
suplementos alimentares na hipertrofia hypertrophy. Objective: The aim of this review
muscular em praticantes de musculação. was to analyze the combination effects of
Revisão de literatura: Dos sete estudos different dietary supplements on muscle
analisados, seis mostraram que a combinação hypertrophy in bodybuilders. Literature review:
de diferentes suplementos alimentares Of the seven studies analyzed, six showed that
proporciona aumento na força e hipertrofia the combination of different food supplements
muscular (aumento da massa corporal total e provides increased strength and muscle
da massa corporal magra). Mas um estudo hypertrophy (increase in total body mass and
mostrou que o uso de suplementos lean body mass). But one study showed that
alimentares não trouxe nenhum resultado the use of dietary supplements brought no
significativo na hipertrofia muscular, que significant result in muscle hypertrophy, that
apenas o treinamento é suficiente. Conclusão: training alone is sufficient. Conclusion: So it is
Então, conclui-se que os praticantes de concluded that bodybuilders make use of
musculação fazem uso de diferentes various dietary supplements and their use,
suplementos alimentares e que o seu uso, de according to studies, provides muscle
acordo com os estudos, proporciona hipertrofia hypertrophy, but the use of these substances
muscular, mas o uso destas substâncias deve should be directed and prescribed by
ser orientado e prescrito por nutricionistas e nutritionists and there are studies showing
que haja estudos mostrando os efeitos deleterious effects of combined use of these
deletérios do uso combinado e exagerado products and exaggerated.
destes produtos.
Key words: Supplementation, Supplements,
Palavras-chave: Suplementação, Strength Training, Muscle hypertrophy.
Suplementos, Treinamento de força,
Hipertrofia muscular.

1-Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da


Universidade Gama Filho em Fisiologia do E-mail:
Exercício: Prescrição do Exercício. romario-brasil@hotmail.com

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.7, n.40, p.406-417. Jul/Ago. 2013. ISSN 1981-9900.
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INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS

Os suplementos alimentares Este estudo trata-se de uma pesquisa


caracterizam-se pelo consumo de nutrientes analítica do tipo revisão narrativa. Para a
com grau de eficiência extremamente variável, realização deste estudo, foram consultadas as
proporcionando adaptações fisiológicas e bases de dados SCIELO e PUBMED, sendo
melhora do desempenho físico (Barros Neto, feita também uma busca manual, os estudos
2001). Com isso, alguns suplementos analisados se encontravam entre os anos de
alimentares podem ser recursos ergogênicos 1986 a 2010.
que, em sua maioria, são utilizados para a Foram considerados apenas estudos
melhoria do desempenho nas atividades feitos com seres humanos, nos idiomas
físicas esportivas e fitness (Jesus e Silva, português e inglês. Foram excluídos estudos
2008). feitos com animais e de outros idiomas que
O consumo de suplementos não sejam os citados anteriormente.
alimentares vem crescendo de maneira rápida Para a realização das buscas foram
com a finalidade tanto de aumento do utilizados os seguintes termos em português:
rendimento esportivo quanto para melhoria da suplementação alimentar, suplementação
condição de saúde e estética (National esportiva, suplementação dietética,
Institute of Health, 2000 citado por Alves, suplementos alimentares, suplementos
2002) e vem se tornando cada vez mais esportivos, suplementos dietéticos,
comum entre atletas e os demais praticantes musculação, treino de força, treinamento de
de atividades físicas (Sartori, Minozzo e força, hipertrofia, hipertrofia muscular,
Bargieri, 2007). recursos ergogênicos. Em inglês foram
Desta forma, os frequentadores de utilizados os seguinte termos: sports
academias vêm utilizando vários suplementos supplementation, dietary supplementation,
alimentares ou recursos ergogênicos, para sports supplements, dietary supplements,
melhorar o rendimento durante a prática das strength training, muscle hypertrophy,
atividades físicas (Santos e Santos, 2002). hypertrophy, ergogenic resources.
Dentre estes, estão os praticantes de
treinamento de força, que fazem uso desses Treinamento de força e hipertrofia
recursos para obter resultados mais rápidos
(Domingues e Marins, 2007). A maior prevalência de consumidores
O objetivo principal desses produtos é de suplementos alimentares são os praticantes
aumentar o desempenho físico intensificando de musculação, devido a diferentes
a potência física, a força mental e/ou o limite possibilidades que a musculação proporciona,
mecânico e, dessa forma, ocasionar uma tanto objetivando o desenvolvimento da força
prevenção ou retardar a fadiga (Alves, 2002). muscular como para finalidades estéticas, isto
A suplementação alimentar é motivo é, hipertrofia muscular (Lollo e Tavares, 2007).
de grande controvérsia científica (Alves, 2002), A hipertrofia muscular é definida como um
pois o consumo excessivo de suplementos aumento/crescimento da massa muscular
pode trazer efeitos deletérios à saúde, como (McArdle, Katch e Katch, 2003; Fleck e
cãibras, cansaço muscular, acromegalia, Kraemer, 2006).
náuseas, diarreias, entre outros (McArdle, A musculação realizada dentro dos
Katch e Katch, 2003). princípios do treinamento de força (volume,
No entanto, pode-se questionar intensidade, intervalo de recuperação entre as
também se a combinação entre os diferentes séries, ordem dos exercícios, entre outros)
tipos de suplementos alimentares tem ou terá pode ocasionar ganhos substanciais na força e
algum efeito no desempenho durante os na hipertrofia muscular (Fleck e Kraemer,
treinos de musculação. 2006).
Desta forma, o objetivo desta revisão Os aumentos observados no volume
foi analisar os efeitos da combinação de muscular são derivados dos aumentos agudos
diferentes suplementos alimentares na e crônicos no turnover (catabolismo e
hipertrofia muscular em praticantes de anabolismo) proteico muscular, de forma que a
musculação. síntese exceda a degradação proteica, como

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explica Chesley e colaboradores (1992) desejam e potencializar os efeitos esperados


citados por Novaes e Vianna (2003). (Lollo e Tavares, 2007).
Bacurau (2005) questiona a
Suplementação necessidade do uso dos suplementos
alimentares e sugere também mais estudos
No decorrer da história da para se determinar a real validade de tal
humanidade, o homem tem buscado recursos procedimento.
que propiciem o aperfeiçoamento de seu Contudo, Jesus e Silva (2008) se
desempenho. Atualmente, a suplementação referem ao uso como uma maneira prática,
alimentar surge como recurso para atingir esse simples e eficiente de suprir o organismo com
objetivo, sem os indesejáveis efeitos colaterais todos os macronutrientes (carboidratos,
das drogas e até mesmo como contribuinte lipídeos e proteínas) e micronutrientes
para uma melhor saúde (Dantas, 2003; Alves, (vitaminas e minerais) necessários para um
2002). bom funcionamento fisiológico. O mesmo vem
De acordo com Bacurau (2005), sendo extensamente utilizado com o objetivo
existem diversos tipos de suplementos de corrigir possíveis falhas que existam na
esportivos (alimentares) disponíveis no alimentação.
mercado, o que vem proporcionando às
pessoas o consumo excessivo destes Efeitos de alguns suplementos alimentares
produtos. isoladamente
Suplemento alimentar é o produto
constituído de pelo menos um desses Antes de tudo se devem saber os
ingredientes: vitaminas (A, C, complexo B, efeitos que alguns suplementos exercem no
etc.); minerais (Fe, Ca, K, Zn, etc.); ervas e organismo isoladamente, a seguir serão
botânicos (ginseng, guaraná em pó); mencionados os principais e seus possíveis
aminoácidos (BCAA, arginina, ornitina, efeitos fisiológicos e no rendimento esportivo.
glutamina); metabólitos (creatina, L-carnitina); Os aminoácidos de cadeia ramificada,
extratos (levedura de cerveja) ou combinações conhecidos como BCAAs, sigla derivada de
dos ingredientes acima (Araújo e sua designação em inglês Branched Chain
colaboradores, 2002). Porém seu uso não Amino Acids, compreendem três aminoácidos
deve ser considerado como alimento essenciais (leucina, isoleucina e valina)
convencional da dieta (Lollo e Tavares, 2007). encontrados, principalmente, em fontes
As principais razões para a utilização protéicas de origem animal (Alves, 2002).
de diversos tipos de suplementos são a Alguns efeitos da suplementação com
necessidade de compensar uma dieta e/ou um BCAAs têm sido sugeridos, tais como:
estilo de vida inadequado; atender a um auxiliam na hipertrofia muscular, possuem
suposto aumento na necessidade energética ação anticatabólica, poupam glicogênio,
ou de nutrientes essenciais induzidas pelo retardam a fadiga central e melhoram o
treinamento; e obter um efeito direto sobre o sistema imunológico (Alves, 2002).
desempenho físico (Bacurau, 2005). Dentre os recursos ergogênicos, os
Os ergogênicos nutricionais, que são quais existem estudos sobre um possível
suplementos alimentares, servem aumento no rendimento físico está a creatina,
principalmente para aumentar o tecido que tem se tornado um dos mais populares
muscular, a oferta de energia para o músculo ultimamente. Os efeitos dessa substância se
e a taxa de produção de energia no músculo baseiam na teoria de que a suplementação
(Alves, 2002). aumentaria a força e a velocidade nas
Bacurau (2005) justifica que esse tipo atividades físicas, nas quais a fonte de energia
de prática se deve ao modo de vida predominante é proveniente do sistema
inadequada, e assim o praticante sente a energético ATP-CP (Alves, 2002).
necessidade de compensar a dieta e aumentar A creatina é uma substância
a quantidade de nutrientes e energéticos osmoticamente ativa. Com isso, o aumento da
supostamente impostos durante os treinos e concentração intracelular de creatina pode
assim obterá um efeito direto no desempenho. induzir o fluxo de água para o interior das
É uma maneira de acelerar os resultados que células, explicando em parte o aumento da
massa corporal magra observado após o

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período de carga da suplementação de exercício excêntrico, provavelmente devido à


creatina (Volek e colaboradores, 1997; vasodilatação tipicamente acompanhada da
Francaux e Poortmans, 1999; Mujika e suplementação de L-carnitina (Giamberardino
colaboradores, 2000). e colaboradores, 1996).
Muitos estudos indicam que a dose de Existem algumas propostas em
carga da suplementação de creatina leva ao relação aos efeitos da suplementação de
aumento da massa corporal total (Balsom e glutamina: possui ação anticatabólica;
colaboradores, 1993; Francaux e Poortmans, representa uma fonte de energia em situações
1999; Volek e colaboradores, 1997; Volek e de aumento da demanda energética; auxilia na
colaboradores, 1999) e da massa corporal remoção dos metabólitos da atividade física; e
magra (Becque e colaboradores, 2000; Kirksey fortalece o sistema imunológico (Alves, 2002;
e colaboradores, 1999; Mihic e colaboradores, Alves e Lima, 2009).
2000; Peeters e colaboradores, 1999; Volek e O beta-hidroximetilbutirato e sua ação
colaboradores, 1999). não estão completamente esclarecidos, porém
Entretanto, o estudo realizado por existem alguns indícios do aumento da força;
McNaughton e colaboradores (1998) não diminuição do percentual de gordura; aumento
verificou aumento da massa corporal total nos da massa muscular; diminuição do
indivíduos que receberam creatina. catabolismo proteico (Nissen e colaboradores,
Grande parte das pesquisas 1996); e ação imunomoduladora (Alves, 2002).
realizadas com a suplementação de creatina A cafeína é uma das substâncias mais
que procuraram observar seus efeitos antigas e utilizadas do mundo com o objetivo
ergogênicos sobre a força e a potência de aumentar a potência física e mental
mostrou resultados positivos (Becque e (Williams, 1991; Dodd e colaboradores, 1993;
colaboradores, 2000; Bosco e colaboradores, Williams, 1998). Ela pode ser classificada
1997; Earnest e colaboradores, 1997; Kirksey como um ergogênico farmacológico, mas
e colaboradores, 1999; Mujika e também pode ser considerado um ergogênico
colaboradores, 2000; Pearson e nutricional por ser normalmente encontrada
colaboradores, 1999; Peeters e colaboradores, em alguns alimentos (Alves, 2002). É
1999; Prevost e colaboradores, 1997; Rico- considerada como um nutriente não essencial,
Sanz e Marco, 1999; Stout e colaboradores, cujos efeitos no nosso organismo incluem a
1999). estimulação do sistema nervoso central,
No entanto, os estudos realizados por diurese, lipólise e secreção de ácido gástrico
Bermon e colaboradores (1998), Balsom e (Williams, 1998).
colaboradores (1995), Cooke e Barners A cafeína, teoricamente, pode
(1997), Cooke e colaboradores (1995) e melhorar o desempenho por meio de múltiplos
Ledford e Branch (1999) falharam em mecanismos, como: a redução da utilização do
demonstrar esse efeito. glicogênio muscular durante a atividade física,
Logo, há contradições nos estudos provavelmente por elevar as taxas de ácidos
sobre os efeitos da creatina nos exercícios graxos livres no sangue; estimular o sistema
físicos, principalmente os de força, nervoso central, aumentando o estado de
necessitando assim de mais estudos que alerta (Williams, 1998).
melhor elucidam seus efeitos nos treinos de Ela também facilita a liberação de
hipertrofia. cálcio do retículo sarcoplasmático no músculo
Alguns dos efeitos da suplementação esquelético, estimulando a contração
de L-carnitina sobre o desempenho de muscular. Esse efeito está relacionado ao
indivíduos saudáveis já foram propostos, aumento da força muscular, o que melhoraria
como: aumento da oxidação de ácidos graxos; o desempenho de atividades de alta
decréscimo nas taxas de depleção dos intensidade e curta duração (Dodd e
estoques de glicogênio; alteração na colaboradores, 1993; Williams, 1998).
predominância do substrato energético Contudo, diferentes estudos
utilizado pelo músculo, isto é, maior utilização demonstraram que a cafeína parece não
de ácidos graxos, em vez do glicogênio; a aumentar a força muscular (Bond e
reposição de carnitina utilizada durante o colaboradores, 1986; Williams, 1991).
exercício físico proporciona um efeito protetor A cafeína é relativamente segura,
contra a dor e os danos causados pelo porém as tolerâncias individuais variam e, com

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isso, podem existir efeitos colaterais (Alves, pasteurizada, sendo facilmente digerida e
2002). O consumo excessivo de cafeína pode absorvida, dentre os seus efeitos mais
provocar rubor facial, ansiedade, nervosismo, conhecidos estão a melhora da síntese
tremor das mãos, insônia e até mesmo proteica e redução do catabolismo muscular
disritmias cardíacas e perda de memória (Alves e Lima, 2009).
(Tarnopolsky, 1993; Williams, 1998).
Além disso, ela pode levar ao aumento Pesquisas envolvendo a combinação de
da produção de calor em repouso, diferentes suplementos alimentares no
aumentando a temperatura corporal, treinamento de força para hipertrofia
ocasionando uma redução no desempenho de muscular
exercícios realizados sob altas temperaturas.
Alguns atletas também relataram sentir Na pesquisa de Andersen e
náuseas e dores de estômago com o consumo colaboradores (2005), foram estudados a
excessivo de cafeína (Ryan, 1999 citado por influência da suplementação de proteínas no
Alves, 2002). treinamento de força em longo prazo e
Por aumentar a diurese, a cafeína comparada com a suplementação de
teoricamente pode promover desidratação carboidrato. O estudo foi realizado com 22
(Tarnopolsky, 1993). indivíduos homens, com média de idade de 23
Pessoas com problemas de saúde tais anos, durante 14 semanas. O grupo das
como os hipertensos, devem ter cautela antes proteínas recebeu uma solução contendo 25 g
de iniciar a utilização de cafeína (Alves, 2002). de proteínas (whey protein, caseína, albumina
Ultimamente, os alimentos ou produtos e glutamina) e o grupo do carboidrato recebeu
à base de carboidratos estão sendo muito 25 g de maltodextrina. Foi analisada a força no
utilizados por atletas ou praticantes de salto vertical a salto contra o solo com
atividade física, em especial os na forma dinamômetro isocinético, e também biópsia
líquida. Estes produtos são necessários para o muscular para verificar a secção transversa do
fornecimento de energia durante a prática de músculo.
exercício físico (Paschoal, 1998), pois servem Após as 14 semanas de treinamento
como combustível energético, ajudando na de força foram observadas maior hipertrofia no
preservação de proteínas, além de funcionar grupo das proteínas em relação ao grupo do
como “ativador” para o catabolismo lipídico carboidrato (26% ± 5, 18% ± 5, p<0,05,
(McArdle, Katch e Katch, 2003) podendo ser respectivamente), o grupo das proteínas ainda
ingeridos antes, durante e depois da prática de teve um maior ganho de altura no salto vertical
atividade física, para garantir energia, retardar (9% ± 2, p<0,01), já no grupo do carboidrato
a fadiga periférica e repor o estoque de não foram observados ganhos significativos.
glicogênio respectivamente (Paschoal, 1998). Não houve diferença de ganhos de força no
Nas últimas décadas, numerosas dinamômetro entre os grupos.
pesquisas vêm demonstrando as qualidades Na pesquisa de Cribb e Hayes (2006)
nutricionais das proteínas solúveis do soro do foi estudado o consumo de suplementos em
leite, também conhecidas como whey protein. horários próximos ao treino comparado ao
As proteínas do soro são extraídas da porção consumo de suplementos em outros horários
aquosa do leite, gerada durante o processo de do dia. Dezessete homens jovens praticantes
fabricação do queijo (Haraguchi, Abreu e De de musculação foram selecionados para este
Paula, 2006). estudo e o treinamento foi realizado por 10
Algumas de suas principais funções semanas.
são: o anabolismo muscular, através da Os indivíduos foram divididos em dois
redução do catabolismo proteico, favorecendo grupos, o grupo pré e pós-treino (PRE-POST)
assim o ganho de força muscular e reduzindo (n=8), que consumiram proteína, creatina e
a perda de massa muscular durante a perda glicose (40g de proteína isolada do soro do
de peso; redução da gordura corporal; e leite, 43 g de glicose e 7 g de creatina) antes e
melhora do desempenho muscular (Haraguchi, depois do treino e o grupo manhã e noite
Abreu e De Paula, 2006; Alves e lima, 2009). (MOR-EVE) (n=9), que consumiu a mesma
A albumina é um suplemento com dose pela manhã e a noite. As avaliações
elevada concentração de proteínas, obtida a incluíam teste de 1RM, composição corporal
partir da clara do ovo desidratada e por Absortometria Radiológica de Dupla

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Energia (DEXA), biópsias da musculatura do maltodextrina/kg/dia). As avaliações incluíam


vasto lateral da coxa para determinação do massa corporal magra por DEXA e teste de
tipo de fibra muscular e conteúdo de proteínas 1RM para força no leg press, agachamento,
contráteis, creatina e glicogênio muscular. O extensão e flexão do joelho. A massa magra
grupo PRE-POST demonstrou um maior aumentou no grupo WC quando comparado
aumento de massa magra (aumento médio de aos outros grupos, a força no leg press
4%) e força (aumento médio de 12%) aumentou mais no grupo WC, quando
(p<0,05), bem como maior aumento de comparado aos grupos W e P, a força na
conteúdo de creatina e glicogênio muscular extensão do joelho aumentou para os grupos
(p<0,05). As mudanças na composição W e WC, mas não para o grupo P, todas as
corporal foram apoiadas por um aumento outras medidas aumentaram
maior (P<0,05) de fibras do tipo II e conteúdo semelhantemente entre os grupos.
de proteínas contráteis. No estudo de Kerksick e
No estudo de Cribb e Hayes (2007), colaboradores (2006), foram estudados os
realizado com 31 pessoas, foram comparados efeitos da proteína do soro do leite na
três grupos durante 10 semanas, o primeiro composição corporal, força muscular,
grupo (n=10) utilizou um suplemento contendo resistência muscular e capacidade anaeróbia
somente proteína (PRO) (103 g de proteínas em 36 homens treinados em força (31,0 ± 8,0
mais 6g de carboidratos), o segundo grupo anos; 179,1 ± 8,0 cm; 84,0 ± 12,9 kg). O
(n=11) utilizou proteína e carboidrato (PRO- treinamento foi realizado 4 dias por semana,
CHO) (52 g de proteínas mais 59 g de durante 10 semanas. Os indivíduos foram
carboidratos) e o terceiro grupo (n=10) uma divididos em 3 grupos, o grupo WBG recebeu
solução contendo creatina monoidratada, proteína do soro do leite (whey protein) com
proteína e carboidrato (Cr-CHO-PRO) (48 g de BCAA e glutamina adicionados (n=15), o
proteínas mais 53 g de carboidratos mais 8,4 g grupo WC recebeu whey protein com caseína
de creatina). A proteína utilizada foi proteína (n=10) e o grupo P recebeu placebo
do soro do leite isolada (whey protein). Foi (carboidratos) (n=11). Foi avaliada a massa
avaliada a composição corporal por DEXA, corporal total por DEXA, teste de 1RM para
força muscular em 1RM em três exercícios força na máquina extensora de pernas e leg
(agachamento, leg press e pull down). Foi press e teste de resistência anaeróbica de 30
realizada biópsia para definição de tipo de segundos. Os maiores aumentos de massa
fibras e conteúdo de creatina na musculatura magra foram no grupo WC (P = 0,0 kg ± 0,9;
do vasto lateral da coxa. Os grupos Cr-CHO- WC = 1,9 kg ± 0,6; WBG = 0,1 kg ± 0,3 kg,
PRO e PRO-CHO tiveram maiores ganhos de p<0,05) e massa livre de gordura (P = 0,1 kg ±
massa corporal (89,6 ± 6,5 g para 96,7 ± 2,7 g 1,0, WC = 1,8 kg ± 0,6, WBG = - 0,1kg ± 0,2
para Cr-CHO-PRO e 82 ± 4,0 g para 88,8 ± kg, p<0,05). Os aumentos de força e
3,9 g PRO-CHO) comparados ao grupo PRO resistência anaeróbica observados foram
(88,0 ± 3,6 g para 92,2 ± 3,5 g; p<0.05). O semelhantemente em todos os grupos após 10
grupo Cr-CHO-PRO teve maior ganho de semanas.
massa magra (69,6 ± 3,8 g para 76,6 ± 4,2 g; Na pesquisa de Tarnopolsky e
p<0,05) comparado aos grupos PRO (69,1 ± colaboradores (2001) foi comparado a
2,5 g para 74,0 ± 2,5 g) e PRO-CHO (66,5 ± eficiência de um suplemento contendo creatina
2,8 g para 70,6 ± 2,9 g PRO-CHO; p<0,05). O e carboidrato com um contendo proteína e
grupo Cr-PRO-CHO teve ainda maior aumento carboidrato no período pós-treino de força,
da área de secção transversa do músculo durante um período de 8 semanas.
(fibras do tipo II) e de força muscular, Foram selecionados 19 homens
comparado aos grupos PRO e PRO-CHO. jovens destreinados. No grupo 1 (n=11),
No estudo realizado por Burke e receberam creatina monoidratada (10g) mais
colaboradores (2001), foram randomizados 36 glicose (75g), já no grupo 2 (n=8), receberam
homens em um treinamento de 6 semanas, o proteína (10g de caseína) mais glicose (75g).
grupo 1 (W) utilizou suplementação de Foram realizadas avaliações de DEXA para
proteína do soro do leite (whey protein) (1,2 massa corporal total e realizado o teste de
g/kg/dia), o grupo 2 (WC) utilizou whey protein 1RM para força na máquina de extensão de
e creatina monoidratada (0,1 g/kg/dia) e o perna. A massa corporal total aumentou mais
grupo 3 (P) usou placebo (1,2 g de no grupo 1 (mais 4,3 kg, 5,4%) comparado

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com o grupo 2 (mais 1,9 kg, 2,4%), e o treino de força mais solução placebo pós-
aumento de força não foi significativamente treino, ao segundo grupo (n=10) foi dado
diferente entre os grupos (grupo 1 = mais 4,0 solução placebo pré-treino mais treino de força
kg, 6,4%; grupo 2 = mais 2,6 kg, 4,1%) (P = mais proteína pós-treino, e ao terceiro grupo
0,11 para interação). (n=10) foi dado solução placebo antes e
Candow e colaboradores (2006) depois do treino. O treinamento foi realizado
realizaram seu estudo também com por 12 semanas e foram analisados
treinamento de força e suplementação de parâmetros de degradação da proteína
proteínas, mas com uma amostra de homens muscular, densidade muscular e densidade
de idades entre 59 a 76 anos, e comparou os óssea por densitometria computadorizada e
resultados com os bancos de dados de força por dinamometria computadorizada.
homens mais jovens (18-40 anos). Esta A suplementação com proteínas não
pesquisa verificou os efeitos da causou nenhuma alteração na massa
suplementação de proteínas em homens mais muscular e força em homens mais velhos,
velhos que treinavam, se era necessária a indicando que o treinamento de força é
suplementação e se esta reduzia a perda de suficiente para reduzir a perda de massa
massa muscular nessa faixa etária. O primeiro muscular nessa população.
grupo (n=9) foi utilizado suplementação com
proteínas (0,3g/kg corporal) pré-treino mais

Quadro 1 - Estudos com utilização de diferentes suplementos alimentares e seus resultados encontrados.
Autores Amostra Duração Suplementação Avaliações Resultados
Os grupos da proteína mais carboidrato
Grupo1: proteína. e proteína mais carboidrato mais
Cribb, Grupo2: proteína e DEXA, teste de creatina. Tiveram maiores ganhos de
10
Williams e 31 homens carboidrato. 1 RM e massa corporal; o grupo proteína
semanas
Hayes (2007) Grupo3: proteína, biópsias carboidrato mais creatina. Teve maior
carboidrato e creatina. ganho de secção transversa fibras Tipo
II e força e massa magra.
Proteínas (0,3g/kg),
Grupo 1: Proteína mais
treinamento de força mais
Candow e 29 homens 12 Densitometria
placebo, Grupo2: placebo Nenhum benefício encontrado com a
colaboradores mais velhos semanas (óssea e
mais treinamento de força suplementação
(2006) (59 a 76 anos) muscular)
mais proteína, Grupo3:
placebo mais treinamento
de força mais placebo.
Proteína mais glicose mais
creatina. O grupo que suplementou antes e
DEXA, teste de
Cribb e Hayes 17 homens 10 Dois grupos: um grupo depois do treino teve um aumento
1 RM e
(2006) jovens semanas usaram antes e depois do médio de 4% de massa magra e 12 %
biópsias
treino, e o outro pela de força.
manhã tarde e noite.
Grupo1: proteína do soro
DEXA, teste de Maiores aumentos de massa magra e
do leite mais BCAA mais
Kerksick e 1 RM e teste massa livre de gordura foram no grupo
36 homens 10 Glutamina.
colaboradores de resistência 2. Os aumentos de força e resistência
treinados semanas Grupo 2: proteína do soro
(2006) anaeróbica de anaeróbica foram semelhantes em
do leite mais caseína.
30 segundos todos os grupos.
Grupo 3: Placebo
Grupo 1: Proteína do soro
Andersen e 22 homens Salto vertical, As médias de hipertrofia foram maiores
14 do leite mais caseína mais
colaboradores jovens (média Dinamômetro e no grupo da proteína (26% contra 18%)
semanas albumina mais glutamina.
(2005) de 23 anos) Biópsias e no salto vertical (9% de diferença)
Grupo 2: maltodextrina.
Grupo 1: proteína
Burke e Durante 6 (1,2g/kg/dia) DEXA e Teste A massa magra e a força aumentaram
colaboradores 36 homens semanas Grupo 2: proteína de 1 RM mais no grupo que utilizou proteína e
(2001) (1g/kg/dia) mais creatina. creatina comparado aos outros grupos
Grupo 3: placebo
A massa total do corpo aumentou mais
Grupo 1: creatina mais
Tarnopolsky e 12 homens DEXA, teste de no grupo 1 (5,4% contra 2,4% do grupo
Durante 8 carboidrato.
colaboradores jovens 1RM, massa 2), o aumento de força não era
semanas Grupo 2: proteína mais
(2001) destreinados total do corpo. significativamente diferente entre os
carboidrato
grupos.

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Os resultados dos estudos mostraram mais significativos para a


evidenciaram que a utilização combinada de hipertrofia muscular do que os que não
suplementos alimentares provoca maiores utilizaram creatina, como foram os casos dos
ganhos de força, de massa corporal total e de estudos de Cribb e Hayes (2006) com os
massa corporal magra, ocasionando assim grupos PRE-POST e MOR-EVE, Cribb e
hipertrofia muscular, mas o estudo de Candow Hayes (2007) com o grupo Cr-CHO-PRO,
e colaboradores (2006), que foi realizado com Burke e colaboradores (2001) com o grupo
indivíduos mais velhos, mostra que a WC e Tarnopolsky e colaboradores (2001)
suplementação é desnecessária, pois apenas com o grupo 1, pois a creatina tem efeitos
o treinamento de força já seria o suficiente eficientes e significativos no aumento da força
para provocar ganhos tanto na força quanto na e da velocidade nas atividades físicas e por
massa muscular. ser um produto osmoticamente ativo ocasiona
A pesquisa de Andersen e a retenção hídrica, proporcionando um
colaboradores (2005) mostram que a aumento da massa corporal e da massa
suplementação com 25g proteínas (whey corporal magra (Alves, 2002; Volek e
protein, caseína, albumina e glutamina) colaboradores, 1997; Francaux e Poortmans,
provoca maiores ganhos de massa muscular 1999; Mujika e colaboradores, 2000; Hultman,
que a suplementação com maltodextrina com 1996).
a mesma dosagem, pois a suplementação Uma explicação melhor sobre o grupo
com carboidratos ajuda na preservação das 1 do estudo de Tarnopolsky e colaboradores,
proteínas corporais, evitando assim uma grupo este que combinou creatina
proteólise (McArcle, Katch e Katch, 2003), já monoidratada e glicose, pode ser
uma suplementação com proteínas ajuda, não compreendida nos estudos de Green e
apenas na conservação de proteínas, mas colaboradores (1996a, 1996b), o quais
também na reconstrução e no anabolismo mostraram que a combinação de creatina com
muscular, ocasionando assim maiores ganhos carboidrato faz com que os estoques
de massa muscular (McArcle, Katch e Katch, musculares de creatina atinjam, mais
2003; Haraguchi, Abreu e De Paula, 2006). facilmente, o seu limite máximo.
A pesquisa realizada por Cribb, Provavelmente esse efeito é mediado pela
Williams e Hayes (2007) mostra que é mais insulina (Steenge e colaboradores, 1998).
eficiente e significativa a hipertrofia muscular Esses dois estudos realizados por
se combinar proteínas com outros Green e colaboradores (1996a, 1996b)
suplementos, neste estudo o grupo que demonstraram que, combinando creatina com
combinou proteína, carboidrato e creatina (CR- carboidrato simples, como a glicose, ocorre
CHO-PRO) teve ganhado significativos na aumento do transporte de creatina dentro do
massa corporal total e na massa corporal músculo, com isso pode-se ocasionar
magra do que o grupo que utilizou apenas hipertrofia muscular.
proteínas (PRO) e o que utilizou proteínas com
carboidratos (PRO-CHO). Assim, como no CONCLUSÃO
estudo de Burke e colaboradores (2001), o
grupo da proteína mais creatina (WC) teve A maioria dos estudos mostra que a
maior ganho de massa magra, do que os combinação de suplementos alimentares
outros dois grupos, o da proteína isolada (W) e ocasiona um crescimento muscular
do placebo (P). (hipertrofia), em indivíduos que realizam
O estudo de Cribb e Hayes (2006), o treinos de força, de maneira mais rápida e
qual mostrou que suplementar antes e depois mais eficiente do que a utilização isolada ou a
do treino de força (grupo PRE-POST) não utilização de tais recursos.
proporcionou um maior ganho na massa Os praticantes de musculação devem
magra, no caso da suplementação que foi ser cautelosos ao utilizar diferentes tipos de
realizada em horários distintos (grupo MOR- suplementos, pois os mesmos apesar de
EVE), os resultados não foram tão trazer benefícios no decorrer dos treinos,
expressivos. podem ocasionar efeitos deletérios à saúde,
As pesquisas em que houve a sendo assim recomendado que o uso destas
combinação de determinados suplementos substâncias deva ser orientado e prescrito por
(proteínas e/ou carboidratos) com creatina, se

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Endereço para correspondência:


Rua São Sebastião, 400, apto. 302, Piedade,
Jaboatão dos Guararapes - Pernambuco.
CEP: 54410-500.

Recebido para publicação 17/02/2013


Aceito em 01/05/2013

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