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CONCEPÇÕES DE SOCIEDADE NA CONTEMPORANEIDADE: “DA

INFORMAÇÃO”, “DO CONHECIMENTO” E “DA APRENDIZAGEM”1 Commented [a1]: Los parâmetros indican Reseña de tres líneas,
especificar el nombre da investigacao, si está concluida, objetivo,
data de inicio e de fin, acho que nao esta contemplado
Teresinha Fróes Burnham2, Ana Cláudia Rozo Sandoval3, Ana Maria Casnati4.

RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar um referencial teórico-epistemológico construído a

partir da análise cognitiva de três concepções de sociedade que vêm sendo empregadas no meio

acadêmico-científico, principalmente em investigações que buscam aprofundar o entendimento

das grandes transformações por que vem passando o mundo contemporâneo. O texto parte da

premissa de que significativas revoluções de ordem político-econômica, científico-tecnológica e

sócio-cultural vêm ocorrendo e que nesse movimento vêm-se explicitando três grandes bases de

estruturação social: informacional, epistemológica e cognitivo-social. Na conclusão é feito um

contraste das três concepções da sociedade: de informação, do conhecimento e da aprendizagem,

indicadas sugestões de futuros estudos sobre a temática.

Palavras chave: Sociedade da informação, conhecimento, aprendizagem, análise cognitiva.

1
O artigo é fruto de estudos desenvolvidos nas últimas décadas, na Rede Cooperativa de Pesquisa
e Intervenção em (In) formação, Currículo e Trabalho (REDPECT), cujo principal compromisso
é contribuir para a efetivação de processos concretos de socialização do conhecimento, a fim de
que este se torne um bem de caráter público.
2
Bióloga. PHD e Doutorado em Filosofia da Universidade de Southampton. Professora, pesquisadora
do Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento DMMDC,
Universidade Federal da Bahia – UFBA, Brasil. teresinhafroes@uol.com.br
3
Comunicadora Social. Máster en Ciencia, Tecnología y Sociedad de la Universidad de Salamanca.
Doutoranda do Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento.
Universidade Federal da Bahia. Bolsista Capes. Colombia anclarozo@gmail.com

Odontóloga. Maestría em Tecnología Educativa del Instituto CLAEH – Uruguay. Doutoranda do


Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento. Universidade Federal
da Bahia. Bolsista Capes. Docente U. de la República Uruguay. anacasnati@gmail.com
1. O contexto contemporâneo

“El conocimiento y la información, que antes figuraban entre los recursos más
públicos y más disponibles en la sociedad, se tornaron ahora privatizados, fueron
transformados en mercadoría, expropiados para venta y lucro” (Morris-Suzuki
1986).1 Commented [a2]: Não seria melhor traduzir os textos ao
portugues?

A cita de Morris-Suzuki permite evidenciar um dos aspetos mais relevantes do contexto, no qual

se debatem hoje as diversas ideias sobre as sociedades contemporâneas. Isso leva-nos a rastrear

os referenciais teórico – epistemológicos sobre os quais estas estruturas sociais estão se

configurando, baseadas nos seguintes eixos: político/econômico, científico/tecnológico, e

sócio/cultural.

Os referentes de contexto, associados principalmente aos modos de transformação dos sistemas

de produção, da sociedade industrial à pos-industrial – com idéias como sociedade da

informação, teorias do pós-fordismo e da pós-modernidade -, caracterizam se, entre outros, por

ter como fundamentos os bens e serviços, uma racionalização do trabalho com as tecnologias

como base do desenvolvimento, onde o conhecimento produto do trabalho intelectual tende a

gerar mais conhecimento e inovação para o mercado da nova economia (Bell, Touraine, Drucker,

Toffler, Kumar,) com conseqüências importantes nas esferas: social, política e cultural.

Nessa linha contextual o lugar do saber também é interpelado. François Lyotard (1979) trace para

o centro do debate as perguntas pelo saber e suas formas de produção, legitimação e reprodução;

assim como o valor em quanto bem de mercado constituindo um eixo importante na luta pelo

poder dos países –ou comunidades- com capacidade tecno/cientifica/econômica com

conseqüências diretas nas relações política - economia; revela a crises dos grandes relatos sobre

os quais se mantêm a validez da produção das ciências; a inoperância da instituição universitária

que não consegui dar conta dos saberes contemporâneos e as formas como eles são produzidos e

legitimados evidenciando a crise da Universidade.


Além disso, o processo da globalização a partir de seus referentes tecno – econômico –políticos

através dos quais se estabelecem conexões e vínculos de espaços transnacionais nos que intervém

e são afeitadas as sociedades e as culturas (Beck, 1997), desde dimensões múltiplas, como

tecnologias de comunicação, processos comunicativos, relações ecológicas, culturais, políticas,

econômicas, com efeitos na relação do trabalho.

Como baseamento da nova economia, reconhecida por Bifo como “a ciência e a técnica da gestão

de recursos escassos”, onde a partir da atividade cognitiva como expressão do novo capital

geram-se outras relações de trabalho,

“El contenido del trabajo se mentaliza, pero al mismo tiempo los límites del trabajo
productivo se vuelven imprecisos. La propia noción de productividad se hace
imprecisa: la relación entre tiempo y cantidad de valor producido se hace difícil de
establecer, porque no todas las horas de un trabajador cognitivo son iguales, desde el
punto de vista del valor producido.” (Bifo, 2003:61) Commented [a3]: Aqui também penso si seria melhor traduzir
ao português e botar Trad. das autoras

A participação desigual dos países no jogo político – econômico configura outras formas de

exclusão distintas às ainda não resolvidas de pobreza, raça, gênero, adicionando conectividade,

capacidade de adoção cientifico – tecnológica, e formas de relação/produção de conhecimento.

Neste contexto contar com mapas teórico-epistemológicos que contribuam a reconhecer as

construções sobre as sociedades contemporâneas, e o papel de nossos países nesta estrutura

sócio-tecno-económica, que sugere ordenamentos político/econômicos resulta mais que

necessário para efetivação de processos concretos de socialização do conhecimento, a fim de que

este se torne um bem de caráter público.

2. De maneira geral

A sociedade contemporânea tem passado por grandes revoluções, tanto de ordem político-

econômica, quanto científico-tecnológica, quanto sócio-cultural. Essas revoluções vêm revelando


a relevância de três grandes bases de organização social: informacional, epistemológica e

cognitiva - social. Tais bases, que sustentam concepções diferenciadas de sociedade: “da

informação”, “do conhecimento” e “da aprendizagem”, são então discutidas, mostrando que:

i) A primeira, traduz uma visão centrada no valor econômico da informação e das tecnologias de

base microeletrônica estribada na premissa de que a informação é elemento estrutural da

sociedade, valor ativo que circula em super-infovias que permitem o tráfego de dados (“matéria

prima” para a produção de informação) em tempo real, revela uma visão centrada no valor

econômico da informação (economia informacional) e no poder de controle das tecnologias,

especialmente as de informação (política tecnocrática).

ii) A segunda pauta-se na compreensão de que ao valor da informação agregam-se significados

que transcendam os limites do que está objetivado, valorado, e no compromisso com a construção

do conhecimento como processo que integra a informação a um contexto de significações que

privilegia o âmbito científico-tecnológico-produtivo, não é só (mas também é) o critério

econômico que importa, mas além disso o valor epistemológico; aquele ligado à geração e

“aplicação” de objetos científicos e tecnológicos que agreguem na construção de produção do

novo, de aperfeiçoamento e “evolução”, para o desenvolvimento da própria ciência e da

tecnologia. O compromisso maior é, pois, com o crescimento de comunidades científicas e

tecnológicas, que se alarga com a questão do valor político-econômico da ciência e da tecnologia

e, obviamente, da concentração de poder em grupos específicos que atuam nesses dois campos.

iii) A “sociedade da aprendizagem”, volta-se para o contexto humano-social de atribuição, pelo

sujeito cognoscente, de sentidos mais amplos à informação, (re)construindo-a como

conhecimento, nos âmbitos individual (intrasubjetivamente), grupal (intersubjetivamente) e

sócio-cultural (transubjetivamente) e advoga que o conhecimento pode deixar de ser propriedade

de comunidades específicas para ser um bem de caráter público.


A “sociedade da aprendizagem”, por sua vez, é uma concepção que vem sendo construída como

uma alternativa às duas anteriores, voltando-se para o contexto humano-social de atribuição de

sentidos mais amplos, pelo sujeito cognoscente, à informação, (re) construindo-a como

conhecimento, quer no âmbito individual ou coletivo.

Tem-se descoberto, ao longo dos anos, que a segregação econômica, social, digital e cognitiva

está cada vez mais provocando profundos fossos entre diferentes faixas da população, não apenas

em territórios geopolíticos diferenciados, mas também num mesmo país. Desta forma, tem havido

uma significativa guinada na tentativa de produzir mudanças na concepção de Sociedade da

Informação, na direção da Sociedade do Conhecimento, inclusive buscando transformar

organizações produtivas em organizações do conhecimento. Mais ainda, observa-se muito

recentemente, um crescente foco na literatura das áreas de Administração, Ciência da Informação

e até mesmo Educação, no que vem sendo denominado de organizações de aprendizagem ou

organizações aprendentes2.

3. Sociedade da Informação (Ana Ma.)

O termo “Sociedade da Informação”, difundido em diversos campos do conhecimento, carrega a

noção de uma nova sociedade, baseada numa economia informacional e global, que muda as

relações sócio-econômicas dos estados no mundo e também acaba influindo no cotidiano das

pessoas (Forester,T.1980: p.500-549). Commented [a4]: adicionado

O conceito de “sociedade da informação” precisa ser analisado em relação a múltiplas questões

como a comutação dos tempos, espaços e localizações das organizações e instituições sociais

concretas. Este análise é necessária para pensar os possíveis modelos alternativos a uma realidade

social gerada por um modelo econômico neoliberal onde se alcançam a identificar alterações que

transversaliza os modos de vida. Por exemplo, o fato das modificações dos marcos regulatório, Commented [a5]: foi mudado
nas inter-relações econômicas dos estados por sua vez determina novas formas de

comportamento, mecanismos de financiamento e novas formas de trabalho a partir da em

inovação tecnológica

Nas últimas décadas do século XX, os jogos de poder internacionais re- configuram os domínios

da Revolução Industrial direcionadas pela evolução das Tecnologias da Informação. Transforma-

se assim o conceito de produtividade econômica que nasce das possibilidades dos sujeitos de

pensar a produção de bens e serviços em lugar de sofrer o desgaste físico laboral como exigência

da produtividade econômica do seu trabalho.

Nesse sentido as publicações nas áreas sociais e econômicas referenciam uma passagem da
sociedade pós-industrial para a sociedade da informação. Bell(1954)5 na publicação do seu livro”
Sociedade pós-industrial” considera que a relação do computador com as telecomunicações
podem ampliar qualitativamente o conhecimento ao gerar um vetor propulsor de novas formas de
gestão da informação. Para Bell o conhecimento e a informação, já nos começos dos anos
cinqüenta estavam se tornando recursos estratégicos e produzindo transformações na sociedade
pós-industrial. Commented [a6]: Este parágrafo foi mudado em consideração
da consulta de livro: Socializando Informacoes. Reduzindo
Distancias.
Mais tarde em 1981, Alvin Tofler publica “A terceira Onda” e ambos os autores promovem a

idéia de que os avanços tecnológicos são os agentes de um conjunto de fatores que tem escapado

do controle dos Estados. Para Kumar (1997:18-47) Bell e Toffler são dois importantes

divulgadores da sociedade da informação que se configura a partir da evolução do computador

que logra conglomerar todos os canais de informação e comunicação funcionando como um

“centro processador da informação”. A presença Commented [a7]: Foi mudado

“[...] cada vez mais decisiva [do computador] como infraestrutura de processos
sociais (finanças, comercio, meios de comunicação, lazer, educação,etc) tem
implicações profundas na configuração da própria sociedade, que, por sua vez,
notadamente a partir de 1960, passa a lidar com o universo informacional
mediático de modo menos passivo” (SILVA, M.,2010:36).

5
-Apud Scwarzelmuller,A.-Disseminação de informação no espaço trabalho colaborativo em “Socializando
Informações,Reduzindo distancias”Orgs.Jambeiro,O.,Pereira Silva,H.,Ed.UFBA,2003.
O ponto de partida da analise é considerar as mudanças produzidas na sociedade da informação Commented [a8]: Foi mudado

em relação a três eixos de análise para poder examinar a continuação as questões teóricas em

cada uma das situações e finalmente apresentar possíveis linhas de fuga que colaborem a

construir uma sociedade latino-americana mais justa, sustentável e emancipada.

EIXO ECONÓMICO-POLÍTICO-

Num artigo exploratório Christopher Marsden (2001:357) sustenta a idéia que a regulação das

comunicações nos século XXI cumpre o rol de suportar o edifício da globalização nas suas

esferas interdependentes- a política, econômica, financeira e comunicacional. A expansão dos

mercados e as permanentes mutações que sofrem as comunicações têm colaborado para que os

países ricos acumulem maiores riquezas aprofundando as diferenças como os países pobres ou

em vias de desenvolvimento.

A potencialidade das tecnologias da Informação e Comunicação radica na rapidez das vias

comunicacionais e o baixo custo dos serviços em relação à produtividade nos intercâmbios

econômicos. O surgimento de um mercado mundial soberano resulta da sua capacidade ilimitada

de auto-regulação onde “a tecnologia, inclusive a informacional e a de gerenciamento, é o

principal fator que induz a produtividade” (CASTELLS,M. ,2010:136). As empresas de negócios

e serviços inauguram o e-commerce a traves da Internet e o mundo financeiro e o comercio

também se transformam em concordância com o surgimento dos avanços das aplicações

multimídia. Observa-se então uma nova forma de produção, de criação de riqueza e mudanças

determinantes dos fatores de produção. Os governos não podem controlar o desenvolvimento

societal, o acesso a mercadorias e consumo a partir do momento em que ele está nas mãos das

grandes empresas multinacionais privadas e as leis dos mercados determinam o sucesso orientado

também pela veracidade das noticias, dados e conhecimento. O termo “Cyber Law”
(Marsden,2001,pp235) refere-se à regulação das redes de comunicações e constitui uma forma de Commented [a9]: Foi mudado

controle das pessoas por encima do domínio exercido pelos Estados. No caso da Internet, está

majoritariamente auto-regrada pelo consorcio W3C, uma organização de controle legal público-

privada constituída por instituições européias e norte-americanas.

O resultado é que novas normas econômicas e escalas de valores surgem em um cenário político

que não é mais dos estados nações mais que se internacionaliza e acompanha a dinâmica das

instituições como resultado da transformação tecnológica e a informalidade das regulações. Esta

informalidade dos mercados faz referência a os intercâmbios que se produzem nas negociações

entre atores e a diferença de transações econômicas reguladas pelas leis dos Estados nações.

O ator individual que interage nos negócios via Internet, elimina de certa forma a intervenção Commented [a10]: Foi mudado

mediadora do Estado e contribui para a convergência digital e a internacionalização,

globalização, desenvolvimento econômico de grupos.

A relação da tecnologia com o mercado acaba reprimindo a qualidade política do sujeito como

cidadão na sua relação com o seu direito de participação e a construção de outros vínculos dês-

globalizados resulta mais difícil de lograr.

O globo financeiro tem o tamanho do planeta e se caracteriza por “um fluxo constante e crescente

de capital volátil que cruza as fronteiras durante as 24 horas, sem descanso [...] que tende a um

regime altamente concentrado de acumulação” (Tortosa,J.M.,1999:77). Commented [a11]: Foi corrigido

EIXO CIÊNCIA E TECNOLOGIA-

O uso das tecnologias da informação e comunicação exige a digitalização e a codificação de

mensagens que possibilita a transmissão em fluxos de códigos binários permitindo a coordenação

no uso em forma de textos, som, imagens e fala. A primeira condição para desenvolver atividade

digital é a presencia de infra- estrutura física adequada para a transmissão dos fluxos em rede. As
redes computacionais, de televisão digital, telefones celulares, redes de fibra óptica e hardware

são exemplos do desenvolvimento tecnológico da sociedade da informação.

As aplicações de serviços genéricos habilitam a aplicação da tecnologia como os softwares, os

navegadores e programas multimídia. Os produtos baseados em bits y bytes são também

condição necessária para que a tecnologia funcione. A infraestrutura e os serviços genéricos

fundamentam o processo de digitalização e consideram-se estratos do mesmo nível de saber

tecnológico. A convergência de conhecimentos tecnológicos, comunidades de engenheiros e

cientistas, redes de empresas com capital de risco e lideranças institucionais público-privadas

promovem a inovação e o desenvolvimento da revolução nas tecnologias da informação.

Novas profissionalidades de artistas gráficos, projetistas, designers e produtores de softwares

integram o mundo da privatização do conhecimento que gera poder, formação de estratos inter e

intra-grupais como ilhas solitárias onde se constrói, se modifica, se reproduz, se negocia e se

consome conhecimento específico.

Essas comunidades estão constituídas por redes de profissionais que se referem a uma autoridade

politicamente relevante em novos domínios, que constroem normas, modelos, pontos de partida,

percursos e resultados próprios e partilhados somente dentro dessas comunidades que ostentam

capacidades para criar sinergias.

A base da colaboração na informação é o conhecimento numa relação direta e intima com os as

exigências comerciais, financeiras e produções industriais. Uma nova forma de interação e

formação de meios inovadores produz descobertas e aplicações que são testadas nos processo de

experimentação em organizações com estrutura de redes inseridas nas regras da economia

globalizada (Castells,M., 2010:103) Commented [a12]: corrigido

EIXO DE SOCIEDADE E CULTURA


Nesta sociedade cada vez mais pessoas dependem e trabalham com as tecnologias informacionais

e isso as condiciona a trabalhar na gestão dos fluxos de informação, desenvolvendo estruturas

empresariais onde as organizações economizam custos e acedem a mercados distantes graças às Commented [a13]: foi mudado

possibilidades das redes de informação. Globalização, economia e tecnologia informacional estão

implícitas no fenômeno da Internet que foi criado a partir de uma rede de instituições

educacionais e governamentais, formando uma organização a partir de um sistema tecnológico

informático que se relaciona essencialmente com o processo global de transformação.

Berners-Lee, o fundador britânico da world wide web (WWW) explica suas potencialidades Commented [a14]: adicionar referencia

como organização descentralizada que possibilita o crescimento orgânico de idéias

tecnologicamente mediadas e produzidas colaborativamente. Internet pode ser considerada a

referencia mais conhecida do Cyber-espacio representando um no lugar, virtual entre terminais de

computadores por onde a comunicação e as mensagens fluem. A informação e o conhecimento

substituem as variáveis básicas do capital e o trabalho da sociedade industrial. Por sua vez o

mercado estimula a inovação tecnológica mais a inovação descentralizada gerada nas

comunidades do conhecimento, estimuladas por uma cultura de criatividade tecnológica mantém

a roda viva dos sucessos pessoais e crescimentos socioeconômicos de organizações distintas.

No processo descrito se identifica a desnacionalização das empresas púbicas dos estados e a

conseqüente privatização do acesso a informação, a perda de regularização dos regimes

tributários e legais e o isolamento de grandes grupos da população que ficam desconexos das

possibilidades de acesso ao uso e apropriação das tecnologias informacionais.

Como expressam Golding e Murdick ( 1999:61), “a cidadania se converte numa atividade menos

coletiva e mais uma atividade individual e econômica” onde as relações sociais emergentes como

espaços na mídia digital são mais visíveis, a lógica e não material, trata-se de uma dispersão

informacional e em rede e as ferramentas quotidianas são as tecnologias de mediação. Nesse


modelo social emergente que avança assustadoramente rápido, as mudanças se produzem

independentemente de modelos éticos e propostas de conduta que de alguma forma ajudem aos

cidadãos a pensar e raciocinar sobre os coletivos que na nova socialidade são unidades de

produção, inteligência, conhecimento e competência.

ANÁLISE TEÓRICO-EPISTEMOLOGICO DA SOCIEDADE DA INFORMACAO

“Estamos [...] ante um processo histórico objetivo mais construído sobre uma
objetividade profundamente viciada. Nesse sentido a Globalização é uma ideologia
com nome próprio, do Neoliberalismo com teóricos conhecidos” (Rebellato,J., 2000:
44) Commented [a15]: corrigido

A filosofia neoliberal vigente tem conduzido a sociedade definitivamente a um mundo onde a

competência e o mercado são produtores de significados e construtores de novas formas de

subjetividade. As sociedades se comportam como sintonizadas em duas marchas, distantes uma

das outras, desenvolvendo processos de polarização e divisão crescentes. O sistema se insere no

mundo da vida para poder integrar-se e neutralizar as possíveis linhas de fuga que

ocasionalmente podem emergir.

No contexto latino-americano aparece uma interrogante: “Quais são os modos de objetivação que

os habitantes de América Latina têm organizado na sua vida social e sua cultura material e

simbólica que no contexto globalizado responda aos espíritos dos seus territórios no sentido de

produzir um projeto social alternativo?.

Surge então uma questão que Guatari (1993:24) chama de “escolha ética crucial”. Existe um

saber crítico que vem se desenvolvendo desde o século XVII onde o principio motivador são a

emergência dos setores marginais de índios, grupos étnicos, mulheres e se encontram formas

decodificadoras do discurso vigente. (Rebellato,J., 2000:45).


Em consonância com a escolha ética social de Guatari, o saber crítico deve ser considerado numa

perspectiva etno-metodológica onde os sujeitos são apreciados em sua dimensão de criatividade

processual. Neste momento histórico posmoderno resulta interessante escutar o questionamento

de Villasante: “¿Trata-se de fazer cidades para formar cidadãos o formar cidadãos para que façam

cidades?” Da pergunta podem-se inferir outros questionamentos:¿ si os territórios são redes, quais

são as relações éticas e como se devem construir essas redes nas vinculações com a educação, o

trabalho desigualmente repartido, o conhecimento como mercancia e nas relações do poder

global? ¿ Pode o aspecto processual da construção do conhecimento, a práxis promover uma

tensão entre a teoria e a prática suficientemente significativa para induzir uma coerência outra, de

comportamento na cotidianidade a ser construída desde a complexidade das sociedades em rede?

Pensando em um Habitat como em um Habitar das pessoas no mundo globalizado em rede onde

as pessoas devem conviver com as perdas de controle dos empregos, das economias e os dês-

conhecimentos, a ética pode contribuir a raciocinar sobre a forma de sustentar no sentido de

amparar-se e apoiar-se nos espaços concretos da vida quotidiana.

Para tentar superar as desigualdades e a crescente e incessante marginalização, a proposta é

conhecer, mas profundamente e de forma colaborativa as relações internas e externas de cada

ecossistema que cada pessoa habita considerando as complexidades, os recursos, as informações

nas redes de acesos múltiples, articulando-se na diversidade como possibilidade de resistência

radical e construção outra para alem do processo gerado pelo atual modelo sócio-técnico. Para

Yamandú Acosta (2003:237) a exclusão, especialmente nos circuitos da vida real, na

possibilidade de viver em términos de uma vida humana digna, é uma realidade cada vez mais

ameaçante para maiorias importantes no planeta.

A tensão ética exclusão- inclusão que afeta o sistema globalizado se apresenta na vida cotidiana

como o lugar indicado tanto para arbitrar procedimentos legitimadores e reverter os processos
discriminatórios, mais também essa mesma tensão pode contribuir a assegurar e reproduzir ainda

em forma mais perversa o sistema.

A exclusão está sustentada pela “moral da convicção” própria do poder autoritário que legitima

por meio da comunicação essa exclusão derivada da forca da razão no principio subversivo da

ordem. Ou seja, que para que “todos” possam viver no ordenamento é necessário que os que

podem subverter a ordem fiquem excluídos do espaço de ação política. A socialização do

cotidiano na interação com a socialização do mercado gera um “consumo diferencial” que

implica uma “integração segmentada” (Brunner,J.,1981:17).

A segmentação impõe uma forma de jerarquia que produz uma exclusão crescente da população.

A razão do Mercado como império dominante mostra um aprofundamento da iniqüidade que as

políticas assistenciais e focalizadas até agora não podem solucionar.

Para contribuir a trabalhar desde a Filosofia Latino-americana3 assumindo a tarefa como proposta

de trabalho, o saber filosófico- acadêmico e sua possibilidade de transformação e mudança esta

dada desde a práxis na vida cotidiana. O reconhecimento do discurso que caracteriza o

conhecimento comum se apresenta na fala do “sujeito considerado como práxis, como teoria e

como historia”(Rebellato,J.,2000:46).

A Filosofia Latino-americana (Acosta, Galeffi, Oliveira, Rebellato) responde a globalização e a

sociedade da informação desde a Ética que pode estabelecer espaços de legitimação na

reafirmação das suas ancestralidades, numa virtualidade configurada por redes de cultura, mais

de uma cultura da imanência referida a um território, a um lugar que é do sujeito com outros.

A intertextualidade do real pode contribuir a situar a construção de conhecimento no contexto,

mais cada elemento do próprio sistema que deve ser re-apropriado, está fragmentado em sua

configuração em múltiples partes.


Para atingir os objetivos éticos da posição epistemológica crítica, dever-se-ão considerar

múltiples formas de pesquisa, linhas de fuga do mundo globalizado, instrumentos ou ferramentas

de analise e avaliação diversas. A reflexão continua e a relação entre o micro e o macro, na

aderência a um modelo hologramático na práxis e construção do conhecimento aparece como

proposta que pode articular uma pluralidade de visões que tentam compreender o Real a partir de

uma pluralidade de linguagens que arriscam a interpretar essa realidade e a explicitam

considerando sua heterogeneidade. Esta proposta se fusiona com a premissa de Villasante que

traslada uma lógica da alteridade as condutas sociais e considera que se pode lograr uma

revalorização das redes de virtualidade, nas inter-relações do quotidiano com o outro humano ou

não humano, reflexionando em e com o outro que está dentro de cada um em quanto humano no

mundo.

O sujeito que transita nas relações presenciais ou virtuais é na realidade uma federação de Commented [a16]: foi mudado

sujeitos que resume uma multiplicidade de redes virtuais intrasubjetivas, intersubjetivas e

transubjetivas e cada âmbito relacional exige uma atitude ética de fazer e integrar as questões que

constroem o sujeito no que tem dos outros.

Na epistemologia da ética crítica, na construção do cidadão globalizado como sujeito político as

redes podem ser aproveitadas como instrumentos de cambio para entender e trabalhar desde a

alteridade reflexiva. A ética crítica considera as dinâmicas dos sujeitos, vinculando o que Deleuze Commented [a17]: foi mudado

chama a “singularidade universal” como ligação entre a individualidade, a particularidade e a

generalidade, tentando expandir os conceitos, recreados numa aprendizagem e construção do

seres humanos, como exercício próprio e apropriado da expansão continua dos conceitos em

todas as associações e referenciais possíveis.

“Na Sociedade da Informação o sujeito aparece condicionado a


produtividade e competitividade que se origina da inovação e
flexibilidade laboral, mais o poder não desaparece [...] ele fica
fundamentalmente inscrito nos códigos culturais mediante os quais as
pessoas e as instituições representam a vida e tomam decisões”
(Castells,M.,2009:124) Commented [a18]: foi mudado

As mudanças nas subjetividades manifestam-se no medo à perda de emprego, ao estigma e ferrete

social, a violência, o tráfego e consumo de drogas mais também a crescente conformidade, a

perda de uma alteridade dialogante e a visão do Outro como ameaça. Valoram-se os sujeitos que

“triunfam” ou “agem com eficácia” e tanto negociar como calcular supõe dividir, sacrificar, Commented [a19]: foi mudado

antepor os interesses individuais aos das comunidades.

O modelo neoliberal global esta dirigido para legitimar um sentido comum que aceite a realidade

como imodificável, onde o sujeito unicamente pode se adaptar a ele. Nessa matriz hegemônica

identificam-se vários imaginários funcionais a sociedade da informação:

- a tecnologia transformada em racionalidade única e validada neutraliza a possibilidade de uma

prática da emancipação.

- da ética se fala pouco e nas se discute porque o importante na realidade é o mercado e os êxitos

efêmeros.

- as utopias se diluem, a subjetividade fica ressentida e a pluralidade dos micros- relatos se perde

na fragmentação

- as atividades políticas se transfiguram em decisões de espertos e as alternativas são impossíveis

de construir na cotidianidade. Estes imaginários se conjugam e articulam e o sujeito

contemporâneo fica preço em uma colonização ético-cultural anódina, configurando uma

identidade de submissão.

A partir das reflexões que foram apresentadas, a posição ética pode contribuir, na Sociedade da

Informação, a configurar e dimensionar as redes de constelações cotidianas que necessitam por

vias de referenciais múltiplos, de identificações sucessivas e encontros comuns para a construção


de uma socialidade no ser-sendo (Galeffi,D.,2001:503) com matriz na ancestralidade latino-

americana (Oliveira,E.,2007:3) onde a ética da liberação supõe escutar e agir desde e com as

perspectivas dos grupos o comunidades. Faz-se necessário configurar e viabilizar a esperança,

alimentada pela responsabilidade em/com os outros, no reconhecimento da diversidade tentando

achar confluências teórico-epistemológicas para consolidar a emancipação

4. Sociedade do Conhecimento (Ana Claudia)

Enunciar a sociedade contemporânea como a sociedade de conhecimento responde não só a um

modismo, ou a uma denominação ingênua. Se bem só a designação (da informação, do

conhecimento, da aprendizagem) em se não faz nenhuma diferencia, as construções de conceitos,

de conteúdos, seus sentidos e significações e as formas como eles são inseridos socialmente têm

implícitas, e projetam construções de mundo, e horizontes de sentido que vão orientando os

caminhos da sociedade.

Pensar a sociedade em termos de informação ou de conhecimento ou da aprendizagem responde

mais a uma disputa pela estratégia da globalização em função dos alcances das transformações

político-econômicas, científico-tecnológicas, e socioculturais que via a conectividade estão-se

instaurando no mundo, e pelos sentidos que estão se impondo socialmente.

O conceito da sociedade do conhecimento (knowledge society) posiciona - se ao final dos 90 no

mundo acadêmico, e foi amplamente mobilizado pela UNESCO com a intenção de apresentar

alternativa a sociedade centrada na informação.

A ideia da Sociedade de Conhecimento enuncia-se em 1969 por Peter Druker, e posteriormente

na década dos 90 é aprofundada por diversos estudos, entre eles os de Robin Mansell (1996) e

Nico Stehr (1994), ou primeiro fortalece a apreciação da importância da estrutura de Tecnologias

de Informação e Comunicação como suporte a desenvolvimento desta sociedade, estes aportes


mostram a incidência dos trabalhos das Nações Unidas, quem assevera a prioridade para os

governos dos países em desenvolvimento de ministrar a infra-estrutura tecnológica como

caminho indispensável para a sociedade de conhecimento. As contribuição do Alemão Nico Stehr

(1994) permitem identificar como as mudanças nas formas de produção associadas ao

desenvolvimento da ciência e tecnologia – característica da sociedade contemporânea - estão

fortemente relacionadas com transformações sociais, culturais que requerem ações políticas

concretas, asse como o avances no campo da sociologia do conhecimento.

De maneira geral os diferentes aportes (Toffler, Beck, Guiddens e Lash, Knorr Cetina, Weingart,

Olivé, Strassman) referem uma sociedade baseada nos desenvolvimentos da ciência e tecnologia,

como motores da economia do conhecimento na sociedade global4, caracterizada pelas

transformações nas formas de produção onde a informação e o conhecimento têm valor como

bens de mercado, e os modos de trabalho e emprego apresentam alterações importantes,

impactando diretamente as sociedades e as culturas.

É claro que os conceitos referidos a esta sociedade não estão restringidos ao re ordenamento

econômico, as implicações sócio – culturais são também o reflexo das relações que surgem dos

usos, adoções, apropriações, ou criações e inovações com os sistemas “científicos -

tecnológicos”, denominados desta maneira por ter características próprias e diferentes aos

sistemas científicos e sistemas tecnológicos conhecidos após da revolução científica e industrial

dos séculos XVII e XVIII (Olivé, 2007).

Na economia do conhecimento, epistemologicamente falando, gera-se uma valorização do capital

humano baseada no conhecimento, os novos agentes produtores são aqueles que têm a

possibilidade de ofertar serviços altamente qualificados a escala global, isto é aqueles

profissionais com níveis de excelência na formação e na pratica. Adicional a isto, os processos


produtivos também explodam os recursos naturais e a mão-de-obra barata geralmente dos países

da periferia, gerando condições novas de exclusão e marginação.

Esta realidade obriga-nos a reconhecer a importância da dimensão ética na Sociedade do

Conhecimento, baseada nos princípios de democratização do conhecimento, que não só considere

o aceso, sino as condições que facilitem a criação e produção de conhecimento nos países menos

favorecidos – incluindo alternativas de formação multirreferenciais, e interdisciplinares,

procurando transcender a fragmentação do conhecimento própria das propostas curriculares das

instituições educativas-; do fortalecimento da cidadania planetária através da legitimação das

interações complexas traçadas no cenário global/local onde a sociedade do risco (Beck, 1986)

alerta sobre aprofundamento das desigualdades e exige um desenho e desenvolvimento de

políticas educativas que fomentem o exercício cidadão e que ultrapasse a dicotomia inclusão –

exclusão, fomentando a possibilidade de pensamento crítico e transformador da realidade; e das

condições mais dignas de vinculação ao mundo de trabalho.

Nesta configuração do conceito de sociedade é necessário identificar as fortes imbricações entre

as Tecnologias Informação e Comunicação, a Economia Global – suportada nas redes, mais não

só presente em ela -, as conexões e movimentos entre economia e política, o lugar da ciência e

tecnologia, e os impactos sociais e culturais como eixos que compõem a estrutura social

contemporânea e que apresenta condições desiguais nos diferentes países do mundo

“globalizado”.

Eixo economia / política

O desenvolvimento das políticas que servem de suporte à Sociedade do Conhecimento apresenta

diferentes tendências e tensões que traduzem as formas como o político debate-se entre os

interesses transnacionais, os horizontes de sentidos nacionais, as aspirações dos cidadãos em

quanto comunidades e indivíduos; configurando outras formas de ação e definição política que
interroga – entre outras questões - a democracia, a autonomia, a nacionalidade, a cidadania, os

estados, o poder, a propriedade, a participação, os direitos, e os sujeitos.

Seguindo a Deleuze (1996) o político constitui-se na jurisprudência que ocorre sobre a aplicação

das leis e os acontecimentos que se criam ao redor deles, não só o conjunto de leis instauradas

socialmente.

Neste sentido, poderíamos delinear alguns movimentos recorrentes nos análises de política, que

evidenciam algumas tensões estruturantes na composição do ordenamento social. A imbricação

entre política e “nova” economia: isto é a política como apoio ao desenvolvimento da economia

global, baseada na conectividade e o fornecimento de serviços globais, com sistemas de

regulação compatíveis e favoráveis às economias dominantes no nível de conectividade e da

prestação de serviços (comunicação, entretenimento, financeiros, outros) acentuando a tensão

global/local refletido no que Beck (2004) chama deslocamento das noções do político de Estado

– Nação - no contexto da Nação e Direitos Humanos - para o poder ampliado das transacionais e

multinacionais, na lógica de livre mercado viabilizando a composição de oligopólios globais.

Asse, geram-se condições que fortalecem a economia do conhecimento no cenário global,

somando novos níveis de exclusão traçados pelas formas de produção no capitalismo

informacional e cognitivo (Polanyi, Rullani, outros), as mudanças no eixo gravitacional do

emprego (Druker), e os sistemas de exploração tanto de mão-de-obra barata como dos recursos

naturais e “saberes tradicionais” que ingressam nos novos padrões da economia, gerando o novo

proletariado ou cognitariado (Biffo, 2004) como o trabalhador do conhecimento classificado e

valorizado também por níveis, que dispõe de um emprego flexível, adaptável e instável.

Este ordenamento tem também formas de resistência que emergem como alternativas à

exploração dominante, visíveis através de movimentos que se baseiam na produção colaborativa

em rede, sistemas para compartilhar e difundir as produções, e formas de comercialização


distantes aos monopólios, como software livre, creative commons, obras de expressão artística

(música, arte), pirataria de vídeo jogos (em oposição a mecanismos de trabalho com a ética de

jogo) e software (como alternativa aos monopólios), em geral deslocamentos que permitem

observar giros do político como expressão dos sujeitos que coletivamente propõem outra ideia de

desenvolvimento da sociedade chamada do conhecimento. Neste contexto as tensões evidentes se

localizam no plano do público/privado, da cidadania/mercado, asse como nos aspectos de

inclusão e exclusão que não se reduzem às políticas para prover infra-estrutura.

As práticas sociais demandam outras conformações do político: as culturas inseridas nos

processos de produção e valoração das relações com as tecnologias, através da expressão dos

diferentes atores sociais, encontram na rede e em seus modos de socialização, e comunicação

formas de organização e ação política que reivindicam outras compreensões do desenvolvimento,

de democracia e do exercício da cidadania. Exemplo do enunciado são os grupos indígenas, de

mulheres, de meio ambiente, da produção colaborativa de conhecimento sem interesses de lucro

desmedido, por mencionar alguns. Seguindo a Finquelievich (2004; 19) “para desenvolver e

redistribuir riqueza na economia do conhecimento é necessário ter controle sobre ela”, e os

movimentos “ciber ativistas” são conscientes disso.

No eixo da relação política/economia é preciso abandonar as posturas dicotômicas e tentar o

fortalecimento de sociedades mais justas, equitativas com concepções de desenvolvimento

próprias as realidades diversas dos países; com perspectivas de fortalecimento educativo que

ultrapasse as considerações da conectividade como objetivo ultimo, e que procurem a

democratização social do conhecimento, baseada em investimento de estruturas que facilitem a

des-construção, apropriação e criação de saberes novos e resgate dos tradicionais. Para Castells

(2006) a educação joga um papel prioritário e consegue fazer a diferencia entre os trabalhadores

do conhecimento e a força não qualificada.


Eixo ciência e tecnologia

O movimento mais evidente neste eixo observa-se na presencia contundente das atividades

cientificas no mercado, e dos desenvolvimentos tecnológicos como suporte a estrutura da

sociedade contemporânea onde a inovação tecnológica facilita a criação de novos conhecimentos.

Segundo a Olivé (2007, p.22) Commented [a20]: de acordo com o exemplo dos parámetros a
cita bibliográfica é(Freire,1970:123-130

“os sistemas científicos hoje estão imbricados com outros onde os valores e as
normas, os padrões de avaliação, asse como os interesses distam muito dos ideais da
ciência que surgiu nos séculos XVII e XVIII, e que se bem contínua em certa medida
ate a data, desloca-se em importância, econômica, social, política e cultural por um
tipo de ciência combinada com a tecnologia e que permitiu a emergência de sistemas
científicos – tecnológicos (ou tecnocientificos) que são os que agora realmente
repercutem na sociedade e marcam a rota para o desenvolvimento econômico e
social”.
Desde os trabalhos da filosofia da ciência e da filosofia da tecnologia (Olivé, Quintanilla, Cerezo,

outros) advertem-se as modificações substantivas nos critérios de valor, de produção, de

avaliação, validação e difusão da cultura tecnocientifica contemporânea, marcados

fundamentalmente por princípios de rentabilidade econômica que em poucas oportunidades

consideram as implicações destes desenvolvimentos na sociedade (v. i. experiências de

Biotecnologia e Bioenghenaria em relação com o meio ambiente, a saúde) e que apresentam

diversas concepções, valores e ética da produção do conhecimento científico.

Nesta composição contemporânea, os modos econômicos e de produção cientifico tecnológica

recaem nas relações sociais, econômicas, políticas e culturais dadas pelas incidências nas formas

de produção, apropriação e difusão diferenciadas, suscitando processos e maneiras de exclusão

desconhecidos e incrementando as brechas cognitivas entre países. A indústria dos videojogos 5 é

um exemplo, que segundo Dyer-Whiteford (2004) adiante processos de fabricação num

complexo tecido transnacional de trabalho remunerado e não remunerado de obreiros de

conhecimento, prosumidores e novo proletariado como forças do trabalho imaterial.


O anterior, mostra diferencias significativas nos lugares que ocupam as distintas forças da

produção baseada no conhecimento com benefícios importantes para uns poucos, corroborando a

estreita relação entre os circuitos da produção tecno científica, a sociedade e a cultura onde ela é

desenvolvida, apropriada e difundida, o que remite de novo à prioritária necessidade de

subscrever um novo contrato ético entre os distintos atores produtores da ciência e da tecnologia

(indústria, comunidades tecnocientificas, difusores, gestores, educadores) e a sociedade. Asse

como ao compromisso global/local de investimento em programas educativos (em todos os níveis

do sistema) para garantir aceso de qualidade aos processos formativos acordes com a estrutura

social. Na perspectiva de UNESCO (2005) intersecção dos setores científico, econômico,

educativo e político para criação de sistemas de pesquisa e inovação que facilitem a geração de

modelos de desenvolvimento que respondam as condições dos países.

Eixo sócio cultural

As práticas e movimentos dos eixos econômico/político, científico/tecnológico, ocorrem no

cenário sócio cultural, é preciso advertir esta como uma relação dinâmica que se afeta pelos dois

eixos, mas que também incide em eles.

É neste lugar, além das desigualdades e exclusões descritas, onde os complexos processos

culturais que se experimentam na convergência tecno – cultural - política possibilitam a

emergência de tipos de organizações e práticas de saber-poder que procuram avançar para formas

de democracia intercultural, baseadas no reconhecimento do outro, do diverso, como maneiras

explicitas de resistência das comunidades e coletivos que se constituem nas redes, e que instituem

outras expressões da política. É necessário explicitar que estas práticas respondem a

compreensões das tecnologias em quanto tecno-cultura e dos processos democráticos na

produção de conhecimento colaborativo e mobilizações coletivas (Rueda, 2008).


As dimensões políticas e epistemológicas do novo capitalismo manifesto na economia do

conhecimento, como conceito político mostra a transformação de um modelo técnico que põe a

trabalhar uma nova constelação expansiva de saberes e conhecimentos. Na dimensão

epistemológica trata-se de um capitalismo racional e afetivo que supera e integra o modo de

produção disciplinario. (Rodríguez e Sanchez 2004:14)

As transformações tecno cognitivas próprias da convivência e relação nos cenários mediados

tecnologicamente instauram novas tecnicidades através da ligação de cérebro e informação

mediante as tecnologias do tempo e da memória (Martím Barbero), como expressão das

imbricações entre cultura e comunicação que alteram-se dentro dos sistemas tecnológicos.

Os deslocamentos e tensões descritas apresentam novos retos para os desenhos e implementações

das políticas, que poderiam aportar na construção de projetos de sociedade mais justos e

equitativos.

Finalmente, segundo Olivé “la sociedad del conocimiento deseable debe tener por lo menos tres

apellidos: justa, democrática y plural. Que sea justa significa que contenga los mecanismos

necesarios para que todos sus miembros satisfagan al menos sus necesidades básicas y

desarrollen sus capacidades de maneras aceptables de acuerdo con su cultura específica

(pluralidad) y mediante una participación efectiva de representantes legítimos de todos los grupos

sociales involucrados y afectados en la formulación de los problemas y en la toma de decisiones

para implementar decisiones (democracia participativa)”. (2008: 6).

5.- Sociedade da Aprendizagem (Teresinha)

6. Reflexões finais

Todas
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1
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2
Essa literatura, contudo, parece desconhecer a concepção de Sociedade da Aprendizagem.
3
-Considera-se que o marco inicial da proposta de uma filosofia latino-americana se apresenta na compilação dos
professores da Faculdade de humanidades e Ciências da Educação em Uruguai, Alvaro Rico e Yamandu Acosta, mais
na mesma proposta se explicita que “ é um espaço de expressão e formulação de alguns dos desafios que o
pensamento filosófico em América Latina, formula tanto ao processo com as conseqüências da Globalização,” em
Filosofía Latinoamericana, Globalizacao e doemocracia,Ed. Nordam,2000 ”(trad. da autora)
4
Suportada na estrutura de redes de telecomunicações subministrada por indústrias transnacionais.
5
Estas indústrias não só respondem ao mercado do entretenimento, através dela fortalecem-se os bens simbólicos
próprios das culturas que projetam ideias de sociedades altamente competitivas e excludentes.

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