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História de um Pescador

Primeira parte
“Para Benedita e o filho a estada deste em Óbidos não fora senão uma violência, que as
circunstâncias tinham gerado, e que o padre Samuel completara, servindo-se habilmente do amor
paterno de Anselmo Marques. Aqueles quatro anos perdidos no colégio tinham sido o sinal de uma
vitória ganha pelos regatões (assim chamavam à gente da cidade) sobre os pobres matutos, e a fuga
era a represália, a desforra tirada por estes” p. 47
“O padre-reitor, longe de o fazer mudar de idéias, ensinando-o a amar a vida das cidades e a
convivência social, não conseguiu mais do que firmá-lo nos seus primeros sentimentos, aumentar-
lhe as antigas antipatias, e tomá-lo completamente revel aos constrangimentos que impõe a
sociedade. Da vida em comunhão ele só conhecia a plamatoria e o estudo frçado, e não eram coisas
que o fizessem amar a cidade.” p.51
“A ordem que lhe dera o capitão desagradara-lhe; não porque lhecustasse muit o serviço que exigia
dele, mas porque lhe parecia que obedecer era sujeitar-se tacitaente a tudo o que quisesse o
fazendeiro, e que perderia em breve a liberdade.” p.52
“Lembrou-se de que por fim de contas seu pai devera ao branco: não podia deixar de pagar essa
dívida, o contrário seria inratidão para com a memória daquele que o amara tant.” p.53
“...O capitao era branco, e ele era tapuio. Havia, segundo o que lhe diziam todos uma grande
diferença, diferença incalculável, entre estas duas espécies de homens, quase a diferença entre o
senor e o escravo”. p.55
“À noite acordou muitas vezes, sentindo em siuma necesidade de atividade, um deej imenso de
trabalho, que não o deixava fechar os olhos.
Até lhe parecia um furto feito ao capitão aquelas horas de repouso!” p.65

“...Não cessam os livros de falar da grande fertilidade das nossas terras. Os autores desses livros nã
chegam a ver senão a superfície das coisas. Demais eles não conhecem as nossas condições de
existEncia! Sabeis que é ser pobre no Amazonas? É ser escravo. É pior do que isso. Escravo tem
alimento, e portanto vida. O miserável tapuio nada tem de seguro no mundo. Numa terra em que
não impera lei, numa terra em que o governo despreza, quando deva cuidar grandementedela, quem
tem a força te razão e direito, quem tem certeza do pão quotidiano é um ente feliz. São semre
injustamente acusados os tapuios. Não se furtam de dizerque são indolentes e preguiçosos, que não
sabem aproveitar dos vastíssimos recursos que lhes oferece a natureza!...” p.67
“... Podes acreditar, amigo, que o mal não está no tapuio, ignorante e desprevinido como uma
criança. Mal do Amazonas está nesses homens vis e infames, que se locupletam com sangue alheio,
nesses homens sem pundonor, sem alma e coração, e que têm entretanto o apio do governo, que
alimenta, honra e robusece. O mal do Amazonas está na escravidão do trabalho, que o governo
central criou com fim de ter eleições vitoriosas. Homens como o capitão Fabrício exisem em toda
parte do Amazonas.” p.67
“ Como e por que ele as tinha contraído pouco importava ao filho. O dever deste era pagá-las, a sua
miséria presente, o risco que correra afgando-se, o seu lidar sem repuso, tudo eram sofriemntos que
Deus lhe impusera para experimentá-lo (e estava certo disso). Por isso o seu coração não tinha
vislumbre de um ressentimento contra o capitão abrício.” p.68
“...Às vezes parecia-lhe que a rapariga era uma volúvel, que só mereca desprezo; que como todas as
da sua iguaria, se deixava levar facilmente pelo branco, o ideal de homem para elas (...)”p.91
“Criado nos severos e múltiplos prncípios da religião católica que, auxiliados pela suas superstições
indígenas de toda a casta, se haviam apoderado da sua inteligência, o pescador do Igarapé tinha
crenças puras, firmes e ingênuas. Por isso o pensar que por sua culpa a alma do pai andaria pelo
espaço sem poder penetrar no seu aniquilava-o.” p.98
SEGUNDA PARTE
“...o capitão Fabrício é branco, eu sou tapuio, quem sabe se não valh mais do que ele?”p.124
“ - Depois digam que os tapuios são maus e preversos, que têm raiva dos bracos, e não sei mais o
que... eles mesmos são os primeiros que atacam. Tenho fé em Deus que isto há de acabar, e um
dia...” p.149
“O rico fazendero era conhecido (…) pelo desdé que mostrava à gente de cor, e cruelade com que a
tratava.” p.156
TERCERA PARTE
“ O terreiro estava muito bem limpo dos arbustos daninhos e em grandepare plantado de tabaco (…)
Tudo isto denotaa que o sìtio nâo era tratado por algum tapuio indolente e pouco amestrado. A casa,
pequena mas caiada e limpa, oferenca cômodo, de que não cuida a gente do Amazonas.” p.179
“A mameluca mistura do caboclo e do branco, participava naturalmente, e na maior parte, da índole
vaidosa e inchada do tapuio, aumentada pela nobreza de caráter da gente do norte; as idéias pouco
sãs que em matéria de moral recebe esta desgraça da classe de homens no berço, a grande distância
que julgam existir entre os tapuios e os brancos, a vida feliz que levam estes em relação àqueles,
todos os preconceitos enfim de que na sua qualidade de mamaeluca estava Joaninha eivada
concorriam, como é de fácil ntção, para trnar mais inaleável, mais inconstante, menos fel, o caráter
flexível de moça.” p.212
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Passado um tempo, José conhece Joaninha, uma mameluca que morava num síto próximo.
Ele se apaixona, fica noivo da jovem, marcam casamento. O capitão conhece a jovem, numa festa
encanta-se por ela. O jovem tapuio morre de ciúmes dela, o capitão percebe e o provoca. Depois
tenta fazê-lo desistir de casar com a moça.

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