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ISSN 1517-5146

Recomendações Técnicas para a Produção


do Tomate Ecologicamente Cultivado -
TOMATEC

33 Introdução
Este publicação pretende orientar os produtores de tomate de mesa a adotarem o Sistema de
Produção proposto denominado de TOMATEC e pretende consolidar as técnicas que foram
iniciadas por meio do Projeto “Adaptação e Desenvolvimento de Tecnologias para a Gestão
Agroambiental Sustentável em Regiões de Relevo Acidentado da Serra do Mar”, na microbacia
do Córrego da Cachoeira em Paty do Alferes, Estado do Rio de Janeiro, sendo financiado pelo
Projeto DESUSMO - União Européia, FINEP-PADCT / CIAMB e MNA-FNMA no ano de 1994
e finalizadas em 2006 pelo Projeto “Gestão participativa da subbacia do rio São Domingos,
RJ.” (GEPARMBH), financiado pelo Edital da FINEP/CTHidro/GBH:02/2002, ambos coorde-
nados pela Embrapa Solos.

O Desenvolvimento do Sistema TOMATEC contou com a participação de diversas instituições


como a UFRJ-COPPE/EP-DRHIMA, da UERJ, da SEAAPI-RJ, da Embrapa Agroindústria de
Alimentos, da Embrapa Hortaliças, da FIOCRUZ, Secretaria Municipal de Agricultura e Meio
Ambiente – PMSJU e da EMATER-RIO, e teve os municípios de Paty do Alferes e de São José
de Ubá-RJ como pólos de desenvolvimento do sistema.

O sistema de Produção TOMATEC parte de uma abordagem sistêmica, participativa, integrada


Rio de Janeiro, RJ
e atual dos problemas sociais e ambientais das regiões produtoras de tomate, atendendo e
Dezembro, 2005
promovendo a extensão, disponibilização e apropriação de conhecimentos e de tecnologias
voltadas a inclusão social, do empoderamento dos conhecimentos e tecnologias já adaptadas
à realidade local, pela geração de produtos diferenciados e certificados, promovendo, assim, a
Autores inclusão social dos produtores familiares no agro-negócio, a melhoria da qualidade de vida e da
José Ronaldo de Macedo.
Pesquisador Embrapa saúde ambiental.
Solos. Rua Jardim
Botânico, 1024. CEP: Em termos de importância da cultura olerícola, o tomateiro (Lycopersicon esculentum L.) tem
22460-000. Rio de
papel de destaque na produção agrícola do Brasil, pois 3 milhões de toneladas são produzidas,
Janeiro, RJ.
jrmacedo@cnps.embrapa.br anualmente, em aproximadamente 60 mil hectares (Giordano et al., 2000). O Estado do Rio de
Janeiro contribui para essa produção com cerca de 200 mil toneladas de frutos de tomate para
Cláudio Lucas Capache. consumo in natura, envolvendo um contingente de mão-de-obra familiar e contratada em torno
Pesquisador Embrapa de 6.000 trabalhadores, relacionadas direta ou indiretamente na produção. O valor
Solos.
capeche@cnps.embrapa.br comercializado no CEASA-RIO e em outros mercados atacadistas e varejistas assume patama-
res de R$4.416.000,00 por ano.
Adoildo da Silva Melo.
Assistente Embrapa Solos. A área plantada no Estado do Rio de Janeiro gira em torno de 3.000 ha/ano, sendo os plantios
adoildo@cnps.embrapa.br
distribuídos durante o ano todo, porém variando em função da região do Estado. Os principais
municípios produtores estão distribuídos nas regiões Serrana, Noroeste e Médio Paraíba,
Silvio Barge Bhering.
Pesquisador Embrapa destacando-se: Paty do Alferes, Cambuci, São José de Ubá, Vassouras, São Sebastião do
Solos. Alto, Sumidouro, São Fidélis, Nova Friburgo, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto,
silvio@cnps.embrapa.br
Santo Antônio de Pádua e Duas Barras.

Como o tomate é uma cultura extremamente exigente em adubação e calagem e em tratos


culturais, devido a elevada incidência de pragas e doenças, há um uso indiscriminado de
agroquímicos (adubos altamente solúveis e agrotóxicos), o que gera problemas de saúde
pública (intoxicação de produtores e seus familiares), contaminação do meio ambiente (solo e
água) e altas taxas residuais de agrotóxicos nos frutos. Além disso, causa elevação dos custos
de produção, tornando a lavoura de tomate uma cultura de alto risco por causa da oscilação
dos preços na época da safra.
2 Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC

A realidade agro-socioeconômica e cultural da agricultura do Portanto, a área escolhida para o plantio de tomate deve,
Estado do Rio de Janeiro faz com que sistemas de uso e de sempre que possível, apresentar uma topografia variando de
manejo de baixo nível tecnológico estejam sendo adotados, plana (0 a 3% de declividade), suave ondulada (3 a 8% de
implicando em perdas superficiais significativas de solo, declividade), ondulada (8% a 20% de declividade) e forte
matéria orgânica, nutrientes e, em especial, de água. Nesse ondulada (20 a 45%), para facilitar os tratos culturais e
contexto, situam-se os Municípios de Paty de Alferes e de evitar a erosão.
São José do Ubá, ambos tendo passado pela ação
extrativista de madeira, pela agropecuária, pela cultura do Antes de realizar o plantio, é recomendado fazer a análise do
café e que vem se dedicando a olericultura, tendo a cultura solo para se ter noção de seu estado nutricional (disponibili-
do tomate, como principal cultura de valor econômico. Es- dade de nutrientes para as plantas), bem como do pH, o que
ses municípios encontram-se entre os três maiores produtor de orientará as aplicações de calcário, quando necessário, e as
tomate do Estado do Rio de janeiro, contribuindo em 60 % de adubações mineral, orgânica e/ou verde, sempre de acordo
toda a produção do Estado. com as orientações de profissionais da área agrícola (institui-
ções de pesquisa, universidades, rede de assistência técnica
A tipologia dos produtores desses municípios consiste de e de extensão rural, etc).
pequenos agricultores familiares, sendo a grande maioria de
arrendatários que se utilizam de financiamentos particulares, Preparo do solo
normalmente diretos dos fornecedores de insumos agrícolas.
O preparo do solo deve ser feito em duas etapas. A primeira
Em função de todos os problemas relacionados anteriormente, etapa envolve o preparo convencional visando preparar o
foi desenvolvido o Sistema de Produção do Tomate Ecologica- terreno para a adoção do sistema de plantio direto na palha. A
mente Cultivado, denominado de TOMATEC. Este sistema é segunda etapa consiste no plantio direto propriamente dito.
uma estratégia que está sendo consolidada no somatório de
utilização de técnicas agroecológicas adequadas para produzir Em áreas tradicionais de cultivo de tomate, o preparo do solo
fruto de tomate de alta qualidade, que este sistema esta preo- tradicional consiste de arações e gradagens, na maioria das
cupado com a segurança alimentar e voltado para a obtenção vezes no sentido da declividade (morro abaixo) e sem nenhu-
do certificado de origem e do selo ambiental. O sistema ma adoção de técnicas de conservação de solo. Nessas situa-
TOMATEC tem como premissa aliar o desenvolvimento sus- ções a transferência para o sistema TOMATEC passa obrigato-
tentável com a preservação do meio ambiente. riamente pela mudança no sentido do preparo do solo. Como
nessas áreas, normalmente, o solo está erodido, compactado e
Visando facilitar a adoção e ampliação desse sistema, esta com sua fertilidade reduzida, recomendasse que sejam aplica-
circular técnica pretende abordar de maneira simples e clara dos os corretivos de solo necessários (item 5).
as principais tecnologias aplicadas em termos de preparo do
solo, práticas conservacionistas, de condução da lavoura e O preparo do solo deve ser feito acompanhando as curvas
dos tratos fitossanitários. níveis do terreno, com implementos tracionados por junta de
boi ou por tração mecânica (trator), dependendo da
Procedimentos para o plantio declividade do terreno. O preparo do solo, na fase pré-
plantio direto, envolve uma aração e duas gradagens.
Seleção das áreas
O sistema de plantio direto na palha, como o próprio nome
As áreas destinadas para qualquer atividade
diz, deve ter como condição essencial uma boa produção de
agrossilvipastoril devem ser utilizadas de acordo com sua
palhada. Esta palhada pode ser obtida com um plantio
aptidão agrícola, adotando-se as práticas conservacionistas
antecessor ao tomate (milho consorciado com mucuna e/ou
que previnem a erosão. Dependendo das características do
feijão de porco) ou utilizando a produção de massa verde do
solo e do relevo, por exemplo, uma determinada área da
próprio cultivo do tomate.
propriedade cultivada com culturas anuais (milho, feijão,
hortaliças), pode ter maior potencial de produção, sem cau-
No primeiro caso é realizado um cultivo com uma cultura
sar erosão, se o seu relevo for plano ou suave ondulado.
econômica de interesse do produtor, porém que produza
Outras áreas mais suscetíveis à erosão (terrenos com relevo
muita massa verde para ser ceifada na superfície do solo.
ondulado e forte ondulado), são recomendadas para o plan-
Neste caso, o plantio do tomate será feito em cima da
tio de culturas perenes e para reflorestamento (árvores frutí-
palhada da cultura anterior.
feras, eucalipto, etc), por exigirem menor movimentação do
solo no seu preparo (plantio em covas).
No caso de se realizar o cultivo do tomate em seguida ao
preparo do solo, os restos culturais do tomate devem ser
utilizados como cobertura morta para o cultivo seguinte, em
um processo de rotação de culturas.
Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC 3

É fundamental que o produtor, na fase pré-plantio direto, estatísticamente dos sistemas tradicionais de preparo do
plante uma cultura para produzir a palhada para a introdução solo com e sem queima da palhada. Além disso, a quantida-
do sistema de plantio direto na palha. de de poros totais nesta mesma camada, também é superior
estatísticamente no sistema de Plantio Direto, quando com-
O Uso e o Manejo do Solo e sua parado com os sistemas tradicionais. Em ambos os casos,
importância no Sistema TOMATEC verifica-se um efeito diferenciado entre as camadas superior
e inferior, mostrando o efeito positivo do não revolvimento
O sistema TOMATEC preconiza o uso do Sistema de Plantio do solo, que pode ser decorrentes de vários fatores, como
Direto na Palha (SPD), que consiste em realizar o plantio maior acúmulo de matéria orgânica, maior conteúdo de agua
sem o revolvimento do solo, ou seja, sem a necessidade de no solo entre outros.
aração e gradagem. Entretanto, para a introdução do SPD é
Prof (cm) Tratamentos
necessário recondicionar o solo, descompactando-o por
Ds (Mg m -3)
meio de aração e gradagem, realizada em nível, seja com SC PC PN PD
tração animal ou com tração mecânica. Nesse momento, 0 – 10 1,31 Aa 1,32 Aa 1,22 Aba 1,18 Ba
aproveita-se para corrigir a acidez do solo (pH) e eliminar o 10 – 20 1,37 Aa 1,32 Aa 1,39 Ab 1,42 Ab
alumínio tóxico (Al+3) com a aplicação de calcário em função VTP (m 3 m -3)
dos resultados da análise do solo. 0 – 10 48,0 Ba 46,7 Ba 53,0 Aa 53,1 Aa
10 – 20 46,2 Aa 48,8 Aa 45,8 Ab 44,6 Ab
Fig. 3. Efeito do tipo de preparo do solo na densidade e porosidade total do solo.
Os resultados de Souza (2002) mostraram que as perdas de
solo e água em Sistema de Plantio Direto (PD) foram signifi- Na figura 3 verifica-se que a densidade do solo no Plantio
cativamente menores quando comparados aos sistemas com Direto na camada superior (0 - 10 cm) é menor, diferindo
Preparo Convencional (PC) com Queima e Preparo em Nível estatísticamente dos sistemas tradicionais de preparo do
sem Queima nos anos de 2001 e 2002 (Figura 1 e 2). solo com e sem queima da palhada. Além disso, a quantida-
de de poros totais nesta mesma camada, também é superior
20 estatísticamente no sistema de Plantio Direto, quando com-
2000
15 parado com os sistemas tradicionais. Em ambos os casos,
2001
verifica-se um efeito diferenciado entre as camadas superior
-1
t ha

10 e inferior, mostrando o efeito positivo do não revolvimento


5 do solo, que pode ser decorrentes de vários fatores, como
maior acúmulo de matéria orgânica, maior conteúdo de agua
0 no solo entre outros.
PC PN PD
Tratamento 900 0 - 10 cm
Ks (mm h-1)

Fig 1. Perdas de solo em função do tipo de preparo de solo. 750 10 - 20 cm


600
100 450
Lâmina d'água (mm)

80 2000 300
60 2001 150
40 0
20 SC PC PN PD
Tratamentos
0
Fig. 4. Efeito do tipo de preparo do solo na condutividade hidráulica do solo
SC PC PN PD saturado {(kq)}.

Tratamentos
Os efeitos da plantio direto são identificados na
Fig. 2. Perdas de água em função do tipo de preparo de solo.
condutividade hidráulica do solo saturado (figura 4), onde
as de condutividade são maiores nos sistemas nos sistemas
Os resultados de perda de solo e água obtidos por Souza
conservacionistas, ou seja, no plantio direto (PD) e no plan-
(2002) tem explicações relacionadas as melhorias dos atri-
tio em nível com junta de boi (PN), principalmente na cama-
butos físicos e físicos-hídricos do solo, como podem ser
da de 10 a 20 cm.
confirmados pelas figuras 3, 4 e 5.

Como o menor revolvimento do solo, as taxas de infiltração


Na figura 3 verifica-se que a densidade do solo no Plantio
nos sistemas de PD e PN são significativamente maiores do
Direto na camada superior (0 - 10 cm) é menor, diferindo
que nos sistemas tradicionais de preparo do solo com aração
4 Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC

e gradagem morro abaixo sem queima cobertura morta (SC) Em função do discutido no parágrafo anterior relacionado a
e com queima da cobertura morta (PC). figura 6, pode-se afirmar que com a adoção do SPD, as
taxas de infiltração são maiores no SPD do que no Sistemas
tradicionais de preparo do solo (aração e gradagem), com
100 isso, o escoamento superficial é menor, reduzindo a necessi-
80 dade de grandes seções transversais dos terraços e, conse-
qüentemente, das BCA, otimizando a eficiência desta prática
mm h-1

60
conservacionista e, assim, viabilizando-as em áreas de rele-
40
vo forte a forte ondulado.
20
0 O sistema TOMATEC e seus efeitos
na dinâmica de água no solo
SC PC PN PD
Tratamentos Segundo Bertolino (2004) a retenção de água é significati-
Fig. 5. Efeito do tipo de preparo do solo na Velocidade de Infiltração Básica da vamente maior no tratamento com Plantio Direto do que no
água no solo (VIB). Sistema Tradicional de preparo do solo (aração, gradagem e
queima dos restos culturais) nas profundidades de 15 e 30
Práticas Conservacionistas de Solo e cm, pois valores menores absolutos (kPa) de tensão de água
água – Terraceamento e Bacias de nos sensores de umidade do solo (Ground Moisture System
Captação de Água (BCA) - GMS) indicam maior disponibilidade de água as plantas.

Como o relevo predominante no cultivo do tomate, tanto em Ainda segundo Bertolino (2004), provavelmente a maior
Paty do Alferes como em São José de Ubá, variam de retenção de água a 15 cm foi devido ao maior e melhor
ondulados (8 a 20%) a fortemente ondulados (20 a 45%) distribuição dos poros, conforme pode ser verificado pela
de declividade recomenda-se a construção de terraços em (figura 7) nas camadas de 0 – 11; 12 – 22 e de 25 a 36
desnível de 2%o, associado as Bacias de Captação de Água cm. Na profundidade de 12 a 22 verifica-se o dano feito
(BCA). Esses terraços associados as BCA tem a finalidade pelo preparo do solo no local.
de ordenar o fluxo de água decorrente do escoamento super-
ficial das precipitações, que são intensas. A figura 6 mostra 40
a importância da implantação de práticas mecânicas de con- 30
PC
Kg ha-1

servação do solo, como o terraceamento. PD


20

Efeito do manejo do solo com Tomate em duas 10


declividades e em diferentes sistemas de manejo
0
180
160 Caetés 0 a 11 12a 22 25 a 36
)
-1

140 Avelar
Perda de Solo (ton ha

120
Prof. (cm)
100 Fig. 7. Efeito do preparo do solo na formação do pé-de-grade no cultivo
80 do tomate.
60
40
20
Bhering et al. (2006) afirmam que no primeiro ano de implan-
0
A B C D tação do SPD em tomate, num Argissolo Vermelho-Escuro,
Tratamento
os valores de infiltração e condutividade hidráulica do solo
Fig. 6. Efeito da Declividade nas perdas de Solo. Microbacias de Caetés
saturado não diferiram dos sistemas de preparo do solo com
(30%) e Avelar (60%)
junta de boi com uma e duas arações e uma gradagem. Os
A figura 6 compara o efeito da declividade nas perdas de autores justificam que os efeitos não estão se expressando
solo quando são mantidos os mesmos métodos de preparo devido a ser o primeiro ano de implantação do sistema de
do solo e manejo da cobertura morta. Verifica-se que as Plantio Direto e, também, devido ao preparo do solo ter sido
perdas de solo são muito maiores em Avelar, que apresenta feito com arado tracionado com junta de boi, que obrigatori-
uma declividade de 60% em relação a microbacia de Caetés amente, o preparo o solo é feito em nível. Esses dois últimos
com declividade de 30% (Kunzmann et al, 1998). Associa- fatos promoveram efeitos menos deletérios do que se o pre-
do a declividade há o efeito de manejo do solo (com cobertu- paro do solo tivesse sido feito com tração mecânica e no
ra morta) e do preparo do solo. Observa-se que quanto sentido da inclinação do terreno (morro abaixo)
maiores forem os revolvimentos do solo e a incorporação /
queima da matéria orgânica, maiores são as perdas de solo,
favorecidas pelo efeito declividade.
Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC 5

Fertilidade e Nutrição de Plantas Os resultados de Souza (2002) mostram que os valores de


pH (figura 8) situaram-se na faixa de pH = 5,6 nos dez
As recomendações para adubação e correção da acidez do centímetros superficiais do solo, o que é ideal para o cultivo
solo e do alumínio tóxico devem ser feitas seguindo os resul- do tomate. Nesses valores de pH, os conteúdos de Alumínio
tados das análises de solo e com base nos livros específicos tóxico (Al+3) situaram-se abaixo de 0,3 cmolc.dm-3 (figura
sobre tomate. Entretanto, como princípio básico é recomen- 12), que é considerado como limite crítico para o bom de-
dável que sejam coletadas amostras de solo denominadas de senvolvimento vegetativo da maioria das culturas comerci-
amostras compostas. Para isso, devem-se delimitar as áreas ais, inclusive do tomate.
de plantio em glebas homogêneas e proceder a coleta de
6
amostras simples (no máximo 10 amostras por hectares) e
misturar em um balde limpo. As amostras devem ser 5,6
coletadas até a profundidade de 20 cm. Em seguida deve-se 5,2

pH
extrair uma amostra com aproximadamente 0,5 kg, identificá- 4,8 0 - 5 cm
la e enviá-la a um laboratório credenciado e de confiabilidade. 4,4 5 - 10 cm
4
A aplicação do corretivo do solo (calcário ou equivalente)
deve ser feita na superfície do solo e em duas etapas. Meta- SC PC PN PD
Tratamento
de da dose do corretivo antes da aração e a outra metade Fig. 8. Valores de pH em função do tipo de manejo do solo
antes da gradagem.

1,2
No sistema TOMATEC é recomendado uma adubação orgâ- 0 - 5 cm
1
nica na cova de plantio e, também, de adubos contendo
cmol c 100g

0,8 5 - 10 cm
fontes de fósforo solúveis. Não há necessidade de se adici-
onar adubos nitrogenados e potássicos neste momento. 0,6

Uma alternativa que tem dados bons resultados é o 0,4


parcelamento da adubação fosfatada, sendo aplicado 2/3 na 0,2
cova antes do plantio e 1/3 na chegada de terra junto ao pé 0
da planta de tomate. SC PC PN PD
Tratamento
As adubações N - K de cobertura devem ser feitas, Fig. 9. Concentração de Alumínio (Al+3) tóxico em diferentes sistemas de
manejo do solo.
prioritariamente, parceladas, diluindo os adubos solúveis na
água da irrigação e mantendo as proporções de N-K em
função do estádio de crescimento da planta (fase vegetativa, Carmo et al. (1996) avaliando o estado nutricional das plan-
fase de florescimento e fase de frutificação e, finalmente, de tas de tomate, por meio da diagnose foliar em quatro dife-
maturação do fruto). rentes sistemas de manejo do solo verificaram que nos trata-
mentos onde ocorreram as maiores perdas de solo, os teores
Os resultados apresentados a seguir mostram as alterações de nutrientes na planta eram menores nas parcelas onde as
químicas no solo e na nutrição da planta com a adoção do técnicas conservacionistas não foram aplicadas. Em
Plantio Direto no Sistema TOMATEC. contrapartida, houve maior absorção de Nitrogênio (N), Fós-
foro (P), Potássio (K), Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg), sendo
O sistema TOMATEC e seus efeitos que os nutrientes N e o K, absorvidos em maior quantidade
na fertilidade do solo e nutrição da pelo tomateiro foram nas parcelas com a implantação dos
planta sistemas conservacionistas de solo e água, no caso o Plan-
tio Direto.
Os trabalhos em nutrição e fertilidade com o sistema
TOMATEC demonstram que há um aumento progressivo da Densidade de Plantio
fertilidade do solo e na nutrição das plantas.
Os espaçamentos entre sulcos de plantio podem variar de
Segundo Souza (2002) a fertilidade do solo (figuras 8 e 9) 60cm a 1,00 metro e entre as plantas de 30 a 60cm, o que
e a extração de nutrientes (Carmo et al., 1996) com a determinará o número de plantas por área plantada. O
adoção do SPD em olerícolas e, principalmente no tomate, espaçamento irá depender, basicamente, da cultivar ou vari-
possibilitaram um melhor desenvolvimento vegetativo, re- edade escolhida, do tamanho da área a ser plantada, da
sultando em manutenção e/ou aumento das produtividades declividade do terreno, da mão-de-obra disponível e do sis-
das lavouras em relação aos sistemas tradicionais de preparo tema de irrigação utilizado.
do solo.
6 Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC

Nas extremidades dos sulcos de plantio são fincados mourões, O sistema proposto de fertirrigação por gotejamento associa
conforme o espaçamento escolhido. Sobre os mourões é pas- estas duas práticas em apenas uma. Neste caso o adubo é
sado um arame (no 12), como no sistema tradicional. A distân- aplicado junto com a água de irrigação, aumentando, assim,
cia do arame ao solo dependerá da variedade/cultivar a ser a eficiência na aplicação e no parcelamento do mesmo.
plantada e do número de pencas/planta (10 a 12 pencas), não
devendo, contudo, passar de 2,00m de altura, visando facilitar Os principais componentes do sistema de irrigação por
a condução da planta e os tratos culturais. gotejamento são; Cabeçal de controle, Sistema injetor de
fertilizantes, Sistema de filtragem, Controle de pressão e
Dependendo do comprimento dos sulcos, pode-se variar o vazão e Canalizações – Linha principal, Linha de Derivação,
espaçamento entre mourões dentro da linha de plantio. Este Linha lateral e Gotejadores.
espaçamento deve ser adequado para que o arame não ceda
com o peso das plantas. Para se reduzir o custo com Principais vantagens do sistema
mourões, pode-se aumentar o espaçamento entre os mesmos • Permite a fixação do produtor na sua área, reduzindo
e colocar estacas de bambu gigante “em pé”, nos intervalos o sistema itinerante de produção.
entre os mourões, para apoiar e sustentar o arame.
• Facilita a adoção do Sistema de Plantio Direto na
Palha (SPDP).
Enquanto no sistema tradicional (estacas alternadas em “V“
invertido), o espaçamento entre linhas e plantas permite • Contribui para reduzir o processo de erosão.
plantar entre 12.000 e 15.000 plantas/ha, no sistema de
condução por fitas podem ser plantadas, dependendo do • Permite a rotação com qualquer cultura anual devido
espaçamento, de 18.000 a 31.250 plantas/ha. Aumenta- a formação da faixa úmida na linha de plantio.
se, ainda, consideravelmente o número de caixas por 1.000
• Otimiza o uso da mão-de-obra na aplicação dos ferti-
pés. Por exemplo, para um mesmo período de plantio (sa-
lizantes junto a água de irrigação.
fra), a cultura conduzida por fitas na UPEPADE, produziu 30
% a mais que a média das outras lavouras que utilizaram o • Permite maior parcelamento e uniformidade da aduba-
sistema tradicional. ção dos adubos hidrossolúveis.

Na tabela 1 são mostrados alguns dos espaçamentos utiliza- • Torna mais econômico e eficiente a aplicação e uso
dos suas correspondentes populações de plantas. de fertilizantes.

• Permite maior controle da aplicação da lâmina de


Tabela 1. Quantidade de plantas por hectare no sistema de
água em profundidade reduzindo a percolação e deriva
tutoramento por fitas plásticas, em função dos
em função das fases de crescimento da cultura.
espaçamentos entre linhas de plantio e entre plantas.
• Complementa o manejo integrado de pragas e doen-
Espaçamento entre Espaçamento Área ocupada População ou densidade
linhas de plantio entre plantas por plantas de plantio ças, pois reduz o microclima úmido.
2 2
(metro) (metro)* (m ) (pl/10.000m )
0,80
0,80
0,40
0,50
0,32
0,40
31.250
25.000 Principais desvantagens do sistema
1,00 0,40 0,40 25.000 As principais desvantagens do sistema de gotejamento com
1,00 0,50 0,50 20.000
1,10 0,40 0,44 22.700 sistema de fertirrigação consiste no alto custo inicial, nos
1,10 0,50 0,55 18.100 problemas de entupimentos dos emissores e/ou tubos
Obs.: * Nos espaçamentos de 0,40m entre plantas, recomendada-se a condu-
gotejadores. Dois outros problemas podem ser relacionados
ção de uma haste principal por planta, enquanto que nos demais, pode-se
optar por fazer a condução de duas hastes principais por planta. como o risco de salinização do solo e o requerimento de um
produtor mais especializado para o seu manejo.

Irrigação por gotejamento Recomendações para o preparo da solu-


ção nutritiva
A cultura do tomate é muito exigente em tratos culturais Para a utilização adequada do sistema de fertirrigação por
gotejamento do tomate serão repassadas algumas recomen-
como a irrigação e adubação. O sistema atual de produção
dações técnicas para o preparo da solução nutritiva e de sua
de tomate de mesa utiliza sistemas de irrigação ultrapassa-
dos denominado de mangueirão. Nesse sistema de irriga- aplicação, que são descritas a seguir.
ção, a adubação é feita toda semana com o uso de uma
• A mistura dos fertilizantes deve ser feita lentamente
colher para aplicar o adubo na base da planta.
durante no mínimo 20 minutos.
Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC 7

• Deve-se observar a formação de torrões ou aglomera- 1 ª etapa: aplicar somente a água de irrigação após um míni-
dos no fundo do tanque. mo 20 minutos. Esse tempo será função tempo de aplicação
total da lâmina de água, não podendo ser menor do que 20
• A mistura deve ficar em repouso durante 20 minutos minutos para possibilitar um umedecimento do solo adequa-
e em seguida remover os flocos sobrenadantes. do para receber a solução nutritiva.
• Deve observar a compatibilidade dos fertilizantes an-
tes do preparo da calda. 2 ª etapa: aplicar a solução com a adubação durante 20 a 30
minutos;
• Deve-se misturar 50 e 70% do adubo à água do
tanque de solução e depois completar o volume com 3 ª etapa: aplicar somente a água de irrigação por no máximo
água (100%). 30 minutos, possibilitando, assim, lavar as peças do siste-
ma, aumentar a eficiência na distribuição da calda nutritiva e
• Deve-se misturar primeiro os fertilizantes líquidos e
evitar a perdas dos adubos solúveis por lixiviação.
depois os sólidos

Obs: deve-se acompanhar o tempo de aplicação da solução


Teste da Jarra de fertirrigação com um condutivímetro.
É sempre recomendável que o produtor proceda ao Teste da
Jarra, que tem a finalidade de assegurar uma verificação da
Tutoramento Vertical das Plantas
solubilização dos adubos utilizados na preparação da solu-
ção nutritiva.
O tutoramento das plantas de tomate consiste na forma de
condução da planta. No sistema tradicional o tomate é con-
É recomendável o irrigante fazer o “teste da jarra” misturan-
duzido por ripas de bambu, o que é denominado de
do, num recipiente menor (jarra), os fertilizantes na mesma
tutoramento envarado ou tomate estaqueado. Neste sistema
proporção que será usada no reservatório e esperar no míni-
existem três principais formas de condução das plantas de
mo duas horas. Não havendo formação de torrões, a mistura
tomate, que são: tutoramento em V invertido alternado,
pode ser usada sem problemas.
tutoramento em V invertido não alternado e tutoramento
vertical com ripa de bambu.
Exemplo: O sistema de fertirrigação tem um reservatório de
200 L onde pretende-se aplicar 20 kg de KCl branco. Neste
No sistema TOMATEC, o tutoramento e a condução das
caso, deve-se fazer a redução na proporção de 1:10, ou
plantas de tomate são feitas por meio de uma fita especial,
seja, colocar em um recipiente de 20 L, 2 Kg de KCl. Se não
denominada de fitilho. O tutoramento com fitilho apresenta
formar de torrões após o tempo de duas horas, a mistura
diversas vantagens em relação aos sistemas convencionais,
pode ser usada. No caso de se utilizar adubos altamente
como: maior aeração; menor incidência de pragas e doenças
solúveis esse procedimento fica facilitado.
devido a não utilização de material contaminado da lavoura
anterior; maior incidência de luminosidade na cultura, me-
Preparo da solução e forma de aplicação lhorando a eficiência fotossintética das plantas; facilita a
da calda de fertilizantes aplicação de agrotóxicos, aumentando a eficiência na pulve-
Os fertilizantes devem ser preparados antecipadamente, o que
rização e proporcionando maior cobertura das folhas e fru-
é denominado de preparo da solução estoque. Para realizar
tos; permite fazer duas operações em um, ou seja, conduzir
esta atividade é necessário fazer os seguintes procedimentos: a planta e a desbrota; permite aumentar a densidade de
plantio e, finalmente, reduz os custos de produção e com a
Deve-se usar de dois a três tanques para fazer a mistura.
mão-de-obra.

• No tanque A misturar nitrato de cálcio, nitrato de


Implantação do sistema com fitilho
potássio, nitrato de magnésio e micronutrientes.

• No tanque B misturar sulfato de amônio, ácido Nas extremidades das linhas de plantio são fincados
fosfórico e ácido nítrico. mourões, que podem ser de eucalipto ou de bambu gigante.
Sobre as estacas é passado um arame liso número 12 (o
• No tanque C pode-se colocar uma solução ácida mesmo utilizado no maracujá). A distancia do arame ao solo
para controlar o pH da calda e para lavar o sistema de pode variar entre 1,80 m a 2,00m, dependendo do número
irrigação. de pencas que será conduzida a lavoura e da altura do produ-
tor e visa facilitar a condução das planta e dos tratos culturais.
A aplicação da solução nutritiva deve ser feita em três etapas:
Para diminuir os custos iniciais da lavoura pode-se colocar
mourões de eucalipto nas extremidades das linhas de plantio
8 Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC

e estacas de bambus gigantes no interior das linhas de A amostragem das plantas deverá ser efetuada em 25 plan-
plantio. O espaçamento recomendado é de 10 metros entre tas para cada talhão de 4.000 plantas, ou seja, aproximada-
as estacas com a utilização de ripas finas de bambu interca- mente uma para cada 160 plantas. As plantas amostradas
ladas a cada cinco metros. Estas estacas servirão apenas devem ser divididas em 5 pontos de coleta, com 5 plantas
para evitar que o arame não ceda com o peso das plantas. cada, distribuídos conforme o caminhamento aleatório das
amostras em zigue-zague para o cultivo de tomate de mesa
Quando as plantas estiverem com 25 a 30 cm de altura, (Zander et al., s.d).
inicia-se o tutoramento. O tutoramento é efetivado fazendo
um laço bem folgado com a fita plástica na base da planta, A amostragem das pragas é feita com um recipiente plástico
enrolando a planta ao redor do fitilho. A outra extremidade branco opaco de 20 cm de diâmetro e com 8 a 10cm de
do fitilho é fixado no arame com outro laço, deixando uma altura. O local da planta a ser monitorada é função do seu
folga de aproximadamente 20 cm. Com o crescimento da alvo de identificação, ou seja, do inseto-praga que se quer
planta, o fitilho é enrolado em torno do seu caule permitindo identificar. Na parte superior da planta (ponteiros) faz-se a
sua sustentação, ao mesmo tempo em que se fazem as batedura com a bacia para amostragem de Tripes, Pulgões,
podas necessárias (podas dos brotos, poda dos frutos da Mosca Branca e Traça. Nas folhas (terço médio da planta),
penca e poda do ápice – ponteiro). faz-se a amostragem de Traça, Larva-Minadora e de Ácaros e
nos frutos (até 2,0 cm de diâmetro) faz-se a amostragem de
Manejo Integrado de Pragas - MIP Broca Pequena, Traça e Broca Grande (Zander et al., s.d).

Segundo Rodrigues et al. (1991) a cultura do tomateiro A tabela 2 contém uma síntese das principais pragas, como
apresenta um grande número de insetos-praga e doenças amostrar, níveis de danos e medidas de controle a serem
que provocam grandes perdas na produção. Essas pragas realizadas durante o MIP e as mais modernas opções dispo-
vêm sendo controladas por meio de um grande número de níveis para o seu controle.
pulverizações de pesticidas, o que acarreta desequilíbrios
biológicos, provocando o aparecimento de pragas secundá- Ensacamento das Pencas
rias e seleção de insetos resistentes. Para reduzir esses pro-
blemas, desenvolveu-se o Manejo Integrado de Pragas (MIP) O ensacamento das pencas de tomate é uma prática que
visando diminuir o uso de produtos químicos nos complementa as ações do MIP e que no sistema TOMATEC
agroecossistemas, viabilizando o processo produtivo do to- foi ampliada para a produção de um fruto onde os níveis de
mateiro com um desenvolvimento agrícola sustentável. resíduos de agrotóxicos estivessem sempre abaixo do que a
legislação permite e abaixo do nível de detecção (ND) dos
O MIP é uma das ferramentas fundamentais para a produção equipamentos existentes no Brasil.
do TOMATEC. O MIP consiste no monitoramento do nível
de infestação de insetos-pragas na lavoura. Quando o nível Para obter esses resultados foi desenvolvido um saco com a
de infestação atinge o nível de dano econômico, o produtor Empresa SACOTEM com dimensões que pudessem manter
deve utilizar produtos naturais ou químicos para efetuar o os frutos de tomate ensacados durante todo o período da
controle dos insetos-pragas na lavoura. colheita. O saco é de papel Glassyne, o mesmo utilizado
para ensacamento de outras frutas, como a goiaba e apre-
O Manejo Integrado de Pragas consiste da reunião de técni- senta dimensões aproximadas de 22 cm de largura por 30
cas de monitoramento de insetos, doenças e plantas dani- cm de comprimento.
nhas visando o uso adequado dos defensivos agrícolas,
associado ao controle cultura e biológico, resultado em uma O ensacamento deve ser feito quando da abertura da terceira
produção mais lucrativa para o produtor e de melhor qualida- flor em cada inflorescência. Como ocorre a autofecundação
de para o consumidor (Zander, et at. s.data). na flor do tomate, a fecundação do órgão reprodutor femini-
no. Nesse estádio de crescimento da flor, não há a formação
No sistema TOMATEC foi utilizado o Manual do Monitor de do fruto e, consequentemente, não há a possibilidade de
Pragas do Tomate, elaborado pela Criterium (Zander et al., s.d). ataque das brocas pequenas e grandes.

Segundo Zander et al., (s.data) e Rodrigues et al. (2001), o Recomenda-se a poda de flores antes do ensacamento, dei-
Manejo Integrado de Pragas caracteriza-se por ser um siste- xando de cinco a seis flores em cada inflorescência. Essa
ma dinâmico que utiliza simultaneamente diversos métodos prática é recomendada para possibilitar frutos maiores.
e tecnologias de controle, resultando em benefícios econô-
micos, ecológicos e sociais.
Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC 9

Tabela 2. Parâmetros para utilização do MIP em tomate. Adaptado do Manual do Monitor de Pragas do Tomate (Zander et al., s.d e Rodrigues et al., 2001).

Pragas* Como amostrar** Nível de controle Medidas de controle***


Tripes Batedura de ponteiro Média de 1 vetor por Evitar o plantio em épocas
ponteiro favoráveis; erradicação de plantas
doentes; aplicação de defensivos
agrícolas específicos
Pulgões Batedura de ponteiro Média de 1 vetor por Usar telados em viveiros;
ponteiro erradicação de plantas doentes;
aplicação de defensivos a grícolas
específicos
Mosca Branca Batedura de ponteiro Média de 1 vetor por Usar telados em viveiros;
ponteiro erradicação de plantas doentes;
aplicação de defensivos agrícolas
específicos
Traça do tomateiro Ponteiros - Batedura de ponteiro*** 25% dos ponteiros e folhas Aplicação de inseticidas biológicos e
Folhas – P rocurar larvas vivas nas com presença de larvas vivas fisiológicos; liberações de
folhas do terço médio da planta 5% da plantas com larvas Trichogramma; aplicação de
Frutos- - Procurar larvas vivas/ovos vivas/ovos nos frutos defensivos agrícolas específicos
em frutos de ± 2 cm de diâmetro
Broca Pequena e Grande Procurar ovos em frutos de ± 2 cm 5% da plantas com ovos nos Ensacamento de pencas com papel
de diâmetro frutos glassyne; aplicação de inseticidas
biológicos e fisiológicos; liberações
de Trichogramma; aplicação de
defensivos agrícolas específicos
Larva minadora Procurar minas com a presença de 25% de plantas com Aplicação de defensivos agrícolas
larvas vivas nas folhas do terço presença de larvas vivas específicos
médio das plantas
Ácaros Presença de ácaros nas folhas do 10% de plantas com Aplicação de defensivos agrícolas
terço médio das plantas presença de ácaros específicos

Nota: *nome vulgar; ** utilizar a bacia plástica; *** orientado por um agrônomo.

Os resultados obtidos com o ensacamento proporcionaram Referências Bibliográficas


o aproveitamento de praticamente 99% dos frutos produzi-
dos, devido a eliminação das perdas causadas pelas pragas BERTOLINO, A.V.F.A. Influência do manejo na hidrologia de
solos agrícolas em relevo forte ondulado de ambiente serrano;
dos frutos, principalmente, em função da eliminação dos
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danos causadas pela ação das brocas pequena e grande. Rio de Janeiro, Instituto de Geociências. 2004. 169p. Rio de
Janeiro, RJ.
Resultados de análises de resíduos de agrotóxicos nos fru-
tos, com a adoção do MIP e do ensacamento das pencas, BHERING, S. B.; Influência do manejo do solo e da dinâmica da
estão apresentando resultados abaixo dos limites de água no sistema de produção do tomate de mesa: subsídios a
sustentabilidade agrícola do noroeste fluminense. UFRJ. Progra-
detecção dos equipamentos utilizados. Os níveis de
ma de Pós-Graduação em Geografia. Tese de doutorado. 180p.
detecção são de até 0,067 mg/kg, ou seja, na faixa de 2006.
partes por bilhão (ppb), indicando, assim, a excelente quali-
dade dos frutos obtidos com o sistema TOMATEC. CARMO, C.A.F.S., PALMIERI, F., EIRA, P.A., KUNZMANN, M.,
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10 Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC

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Elaboração: Criterium. Sem data.

Circular Exemplares desta edição podem ser obtidos na Expediente Supervisor editorial: Jacqueline S. Rezende Mattos
Técnica, 33 Embrapa Solos Revisão de Português: André Luiz da Silva Lopes
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1 a edição

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