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( Karlen Pagel )
Nome: xxxxxxx
Data de Início: xxxxxx
Responsáveis pela execução: pais, professora e mediadora
Introdução:
Escrever é uma tarefa complexa. Mobiliza 14 ossos digitais, cinco palmares, oito do punho,
tendões e diversos músculos do braço. Tudo isso amparado por ombros e a coluna vertebral.
Toda a atenção é dirigida a um objeto de plástico ou madeira que, graças ao sutil movimento de
pinça do polegar opositor em conjunto com o indicador e o dedo médio pressiona o papel,
fazendo nele uma marca chamada letra.
É fundamental, para a construção da escrita que a criança saiba que desenhar é diferente
de escrever e a partir desta diferenciação que a criança começa a se dar conta de que precisa
algo mais do que um desenho para poder escrever, e então começam a aparecer em suas
primeiras tentativas na escrita, a qual pode estar representada por “risquinhos”, “bolinhas”,
“cobrinhas”...
Importante que a gente ensine o DESENHO também. Até ANTES das letras. Lembrem-se
que o ser humano desenhou por milhões de anos ANTES do aparecimento do sistema alfabético.
E a gente, na maior parte das vezes, pula esse momento. Já queremos que a criança escreva
"LUCAS” sem que Lucas saiba representar desenhos. Letras são desenhos. Letras são retas e
curvas.
Só vai escrever legal quem souber desenhar. Não estou dizendo de um desenho perfeito,
esteticamente organizado, mas representações gráficas. Escrever aleatoriamente, sem "recheio",
não é nada. Fazer cópias, aleatoriamente, não é nada. Uma criança que copia, está nos dizendo
que tem uma boa percepção visual, que faz traçados motores e que coloca no papel aquilo que
está vendo. Eu só sei se a escrita tem função, se ela vier associada a uma representação
imaginária, por exemplo, a uma imagem física e uma imagem mental. Se a criança olhar para um
copo e escrever "copo" e vice versa, eu sei que existe relação significante-significado. E essa
relação só vai acontecer mediante a formação de conceitos.
Os três fundamentos da escrita são:
1- esquema corporal
2 - estruturação espacial
3 - orientação temporal
Com efeito, a escrita supõe: Uma direção gráfica: escrevemos horizontalmente da
esquerda para a direita; as noções de em cima e embaixo, de esquerda e direita, de oblíquas e
curvas.
Marcos no Desenvolvimento da Escrita e Desenho:
2-3 anos
-imita risco vertical, horizontal e circular no papel
-imita com dois ou mais riscos para fazer cruz
-É a idade das famosas garatujas: simples riscos ainda desprovidos de controle motor, a criança
ignora os limites do papel e mexe todo o corpo para desenhar, avançando os traçados pelas
paredes e chão.
-As primeiras garatujas são linhas longitudinais que, com o tempo, vão se tornando circulares e,
por fim, se fecham em formas independentes.
-figuras humanas com cabeça e olhos.
3-4 anos
-copia linha vertical, horizontal e circulo
-traça losango, mas com ângulos arredondados
-imita cruz
-conquistou a forma e seus desenhos têm a intenção de reproduzir algo.
-respeita melhor os limites do papel.
-desenho um ser humano com pernas, braços, pescoço e tronco
4-5 anos
-Copia cruz, linha obliqua direita, quadrado, linha obliqua esquerda e cruz obliqua
-copia algumas letras e números
-alguns conseguem escrever o seu próprio nome
-É uma fase de temas clássicos do desenho infantil, como paisagens, casinhas, flores, super-
heróis, veículos e animais
-varia no uso das cores, buscando um certo realismo.
-figuras humanas já dispõem de novos detalhes, como cabelos, pés e mãos,
-distribuição dos desenhos no papel obedecem a uma certa lógica, do tipo céu no alto da folha.
5-6 anos
-copia triângulo e losango
-escreve o próprio nome (com letra de forma)
-copia a maioria das letras maiúsculas e minúsculas
-começa a formar letras com algum controle sobre tamanho,forma e orientação das letras,ou
linhas do papel.
-Os desenhos sempre se baseiam em roteiros com começo, meio e fim.
-figuras humanas aparecem vestidas
-grande atenção a detalhes como as cores.
-Os temas variam e o fato de não terem nada a ver com a vida dela são um indício de
desprendimento e capacidade de contar histórias sobre o mundo.
6-7 anos
-escrita letra cursiva
-produz letras maiúsculas e minúsculas legíveis
-O realismo é a marca desta fase, em que surge também a noção de perspectiva. Ou seja, os
desenhos da criança já dão uma impressão de profundidade e distância.
-Extremamente exigentes muitas deixam de desenhar, se acham que seus trabalhos não ficam
bonitos
8-10 anos
-produz escrita clara e legível tanto estilo forma quanto cursivo
Leitura e Escrita
As rotas de leitura e escrita não acontecem seguindo o mesmo caminho. A rota de leitura é
basicamente visual. Transforma o código visual (letra) em som (leitura). A rota de escrita, não.
Tem relação com a mensagem que a criança manda para o cérebro em transformar o código
visual em motor (escrito) e essas duas rotas não precisam necessariamente se juntar. No nosso
caso que lemos e escrevemos, isso acontece por volta dos 6 anos de idade. No caso das
crianças com autismo, nem sempre isso acontece.
Ler, é decodificar códigos, envolve memória e percepção visual. Ora, isso para muitos
autistas, é fácil. Ler significa desde quando a criança forma suas primeiras concepções a
respeito da leitura e da escrita, percebe a relação entra a fala e a escrita, por exemplo qdo
reconhece o seu nome, as palavras de propagandas.
Já escrever, envolve COMUNICAÇÃO.
Onde está um dos grandes problemas no autismo? Comunicação não é só fala. É gesto, é
expressão facial, é mímica, é escrita, é desenho. Logo, pessoas com problemas comunicativos
em todas as suas formas também podem ter problemas para expressar graficamente.
Então, por trás de um problema gráfico existem dois: o problema psicomotor em si e o
problema comunicativo. Pois bem. Diante disso é importante então verificar que, para escrever
uma criança precisa ter:
1. coordenação motora fina, preensão manual, força digital
2. integração olho x mão
3. controle inibitório das mãos
4. representação imagética (transformar objetos em imagens mentais)
5. representação gráfica (transformar imagens mentais em representações gráficas)
6. orientação espacial para respeitar campos gráficos
Não entenda a dificuldade com a escrita como negação, oposicionismo, "preguiça" de
escrever. Eles têm mesmo mais dificuldade com a parte gráfica. Tanto é que a maioria aprende
ler primeiro e escrever, depois. A letra cursiva então é muito complicada para muitos deles. Eles
referem que escrever com letra cursiva é "fazer crochê". Não pode tirar o lápis do papel, as letras
são emendadas e isso acaba sendo mais trabalhoso do que traçar com movimentos simples da
letra bastão. Por isso, nenhuma escola poderia obrigar ninguém a usar letra cursiva. Americanos
não usam letra cursiva. A comum é usar letra de forma.
E copiar é uma habilidade só motora. Ele pode até copiar uma palavra em hebraico, em
inglês, pois copiar é uma habilidade imitativa que envolve olhar, guardar na memória por alguns
segundos e trazer para o papel aquilo que eu vi. Em outros momentos, usar a memória para
colocar pra fora o que eu já vi é fácil. E isso é o que ele faz. Memorizou e grafou.
Para uma criança se alfabetizar existem alguns processos neuropsicológicos envolvidos,
sem os quais, não haverá leitura nem escrita. Então tudo começa na sensação, passa pelos
processos perceptivos, atenção, memória, linguagem, funções executivas, cognição.
No processo de letramento torna-se fundamental usar a linguagem para uma finalidade,
para fazer coisas. O nosso processo de escolarização muitas vezes subtrai o contexto e não
estimula formas de uso da linguagem que sejam reais, justificadas e estimulantes, apenas cópias
e mais cópias sem um fim específico. Por isso, muitas crianças dizem que não gostam de ler e
escrever, elas simplesmente não conseguem ver a verdadeira validade disso.
O processo de desenvolvimento da escrita depende da parte cognitiva e motora. É preciso
que a criança compreenda a formação da palavra, identifique os diferentes sons relacionados aos
diversos códigos, e estabeleça em seu pensamento essas construções.
Às vezes, também falhamos em oferecer a elas uma gama variada de oportunidades para
ver / perceber essa linguagem em uso: grades de programas de TV, outdoors, anúncios,
embalagens de alimentos e materiais diversos, álbum de figurinhas, músicas...
Assim, o melhor é estimular o uso contextualizado da linguagem e usar a linguagem para se
divertir também: jogo da forca, cruzadinhas (dá para fazer com letras móveis no chão), fazer a
rotina do dia ou o cardápio do almoço ou da merenda para a semana... Tudo que tenha sentido
vale a pena!
Pré-Escrita
O lápis Gigante têm um diâmetro mais grosso que o normal, por isso ele é recomendado
para crianças na fase pré-escolares, quando seus dedos pequenos ainda não tem a segurança e
coordenação motora para segurar o lápis que são de grossura menor. Já o triangular normal é
adequado para pós pré-escolar, pois com a prática já adquirida podem facilmente segurar
corretamente o lápis triangular de diâmetro normal.
2. Definição da lateralidade
6. Estimulação do desenho.
7. Atividades Multisensoriais
Obs: o sistema tátil é que controla os movimentos finos da mão.
****Apoio de pé: fecha a cadeia muscular postural para uma correta postura para a escrita.O
complexo visuo motor se apoia no sistema postural.
****Trabalhar com música: primeiro a ele reconhece a palavra, depois escreve a palavra ou desenha
enquanto cantamos. Pode trabalhar montando o corpo humano utilizando as retas e as curvas
madeiradas, depois desenha e depois eu desenho no quadro e ele copia.
****Trabalhar sentado no banquinho com as retas ou curvas na mão: adulto dá o comando: para
frente, mão para trás, mão para a direita....
“Cada criança aprende por si só, através da própria atividade” Esta afirmação
nos remete a uma outra reflexão, evidenciando que o “professor não ensina,
apenas motiva.” (Renato Amaro Zângaro)
Referências Bibliográficas
1. clinicaavance.blogspot.com.br
2. Escrita Divertida; Adriana Leister.
3. johannaterapeutaocupacional.blogspot.com.br
4. Maria Elisa Fonseca - Mestre em Educação Especial pela UFSCAR; Psicóloga e
Arteterapeuta; Formação no Programa TEACCH pelos Centros de Charlotte e Asheville -
University of North Carolina/USA; Professora da Universidade corporativa Rede UNIAPAE
da Federação Nacional das APAES; Coordenadora Geral do CEDAP/APAE de
Pirassununga.
5. Vera Juhlin- O desenvolvimento da leitura e da escrita de crianças com necessidades
especiais;Suécia-Abril,2002.
6. www.artevidade.com.br