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0Aprenda a comprimir seus sinais

Au tor:

Xabier Blanco, traduzido por Germano Lins

Introdução: A dinâmica de um sinal


O que é o básico? Antes de começarmos a falar de compressão, devemos deixar
claros alguns conceitos sobre a dinâmica de um sinal de áudio; por "dinâmica"
entendemos as variações de nível de um sinal no tempo (uma cantora de ópera
que faz contínuos crescendos e decrescendos tem uma dinâmica bem acentuada;
um sussurro, uma sibilância no mesmo volume não terá dinâmica alguma).

· Nível de ruído de fundo: este é o nível onde encontramos o ruído de fita e de


linha, os ruídos elétricos, etc.

· Nível nominal: seria o nível mais apropriado para gravar o sinal de forma que a
distorção seja mínima (o momento em que o sinal "pica" no vermelho; ou seja,
ultrapassa o umbral máximo admitido) e que o nível de ruído de fundo seja
superado.

· Relação sinal-ruído: a distância entre o nível de ruído e o nível nominal.

· Nível máximo: alcançado quando o sinal entrante começa a distorcer.

· Headroom: a diferença entre o nível nominal e o nível máximo; é a sua "zona de


segurança", o último espaço que você tem antes que aconteça a distorção.

· Faixa dinâmica: todo o nível que pode ocupar o sinal, desde o nível de ruído até
o nível máximo.

A compressão
Agora que explicamos estes conceitos elementares, podemos começar a falar de
compressão. Vamos supor que você esteja no seu estúdio gravando umas tomadas
de sintetizadores, vozes ou instrumentos. O nível adequado de gravação foi
ajustado, ou seja, está próximo o nível nominal (superando o ruído de fundo e
próximo da distorção, porém sem tocá-la). Este é o cenário ideal, mas, o mais
normal é que, caso preste atenção no seu indicador de sinal, você verá que ele de
vez em quando alcança o vermelho (distorce).

Isto irá depender da natureza da fonte que está sendo gravada: por exemplo,
imagine que esteja gravando uma voz muito sentida, com alguns momentos de
murmúrios e repentinas subidas de nível. É muito fácil que o medidor encoste no
vermelho nestas circunstâncias. Você pode pensar, "bom, se estou atento as
alterações de nível, posso me antecipar e subir ou baixar o volume de entrada
quando for necessário"... Sim. Você está certo, mas temos de convir que não é
nada prático: vamos então pedir ajuda a um compressor.

Um compressor monitora o sinal de entrada e atua baixando o nível quando a


distorção é alcançada, ou subindo se o sinal fica muito baixo. Esta é a definição de
andar por casa; para completá-la, podemos dizer que o compressor lê o sinal de
entrada, e logo depois, de acordo com a taxa de compressão que foi configurada,
reduz o sinal que de outra forma iria distorcer. Isto permite manter o sinal em um
nível condizente e gravável sem picos imprevistos.

Alto lá! O que é esse tal de "ratio"? É um dos parâmetros essenciais de um


compressor. Vamos explicar quais são os controles básicos dos compressores, e
dessa forma você irá descobrindo como um compressor funciona (na imagem,
temos o Nanocompressor da Alesis).

· Threshold: este é o nível (em decibéis, dB) a partir do qual o compressor


começa a atuar. Para você entenda como atua, devemos falar um momento dos
níveis de um sinal. Fixe a idéia de que um fader colocado na marca de 0 dB está
deixando passar todo o sinal "tal e qual", sem tirar nem dar ganho. Digamos que 0
dB se identifica com a imagem "real" do som que entra. Os valores positivos (+1
dB, +2 dB...) indicam que estamos acrescentando ganho ao sinal original, e os
negativos (-1 dB...) que estamos retirando. Caso ajustemos o threshold do
compressor em -5 dB, por exemplo, lhe estamos dizendo que, quando o sinal
entrante alcançar esse nível, ele deverá ser comprimido. Por isso, quanto mais
abaixamos o threshold, mais iremos comprimir o sinal.

· Ratio: se dá em valores de proporção, como 2:1, 3:1, 4:1, etc. Vamos supor que
você coloque o ratio em 3:1. O que acontecerá é que por cada vez que o sinal
entrante supere em 3 dB o nível de threshold, o compressor somente irá permitir
que passe 1 dB de sinal. Você pensará "de acordo, mas se está deixando passar
um decibel a cada vez, então ultrapassará de qualquer modo o nível de threshold".
Evidentemente; o threshold é apenas uma marca de referência, e não uma
"guilhotina" que corta tudo o que passa por ela. De fato o threshold e o ratio
devem estar relacionados; você deve configurar um nível de threshold o bastante
baixo, considerando o ratio, para que os dB que passem não cheguem a distorcer.
Aqui entra em cena o conceito de headroom; o "espaço de segurança" que nos
referimos anteriormente. Caso possa um headroom amplo, você poderá jogar com
ajustes mais extremos. Caso esteja em via permanente de distorcer o sinal, você
terá que manejar estes controles com maior precisão.

A técnica mais recomendável é ajustar o ratio primeiro, e depois ir movendo o


threshold até que você perceba que o sinal começa a ser comprimido (isto é visto
facilmente nos medidores da mesa, note que as distorções começam a
desaparecer, caindo o nível para uma faixa mais uniforme). Que fique claro uma
coisa: Caso o seu sinal seja muito fraco, e o threshold esteja muito elevado, o
compressor nunca irá funcionar. Caso o seu sinal, digamos, somente alcance cotas
de -5 dB e o threshold esteja em -2 dB, é evidente que o compressor não irá
atuar.

· Ataque (attack): Este parâmetro decide com que rapidez actuará o compressor
quando aparecem os picos (quando o sinal supere o umbral de threshold). Nos
servirá para adaptar o funcionamento do compressor a natureza de fonte de som.
Por ejemplo: algunos instrumentos tiene un ataque muy rápido (es decir, suenan
de inmediato, tan pronto como son tocados). Así pues, para este tipo de sonidos
(como los de bajo o bombo), necesitarás que el compresor actúe rápidamente,
para que no se le escape ningun pico (tendrías que ajustar el ataque a un valor
bajo o nulo).

· Liberação (release): O parâmetro de liberação marca a velocidade com que o


compressor deixa de atuar sobre o sinal uma que este, depois de picar, tenha
baixado aquém do nível de threshold (quando não precisa mais ser comprimido).
Caso a liberação seja ajustada com um valor alto, será obtido um sinal mais
sustentado. Caso seja curto, o sinal cairá de nível mais rapidamente.

· Ganho de saída (output gain): Quando o threshold já está ajustado e o


compresso está atuando, seu nível nominal será reduzido dependendo da
quantidade de compressão que for aplicada, e assim o sinal, ainda que
comprimido, será ouvido com menor volume. Este parâmetro é utilizado para
corrigir esse efeito e restabelecer o nível novamente. Use este ajuste com cuidado:
aumentando novamente o nível, estará sendo aumentado também o nível de ruído
de fundo que chega aumentado depois da compressão. Para evitar isso, tente fazer
com que chegue a maior quantidade de sinal possível ao compressor, com o
mínimo de ruído.

· Knee: Este nem todos compressores possuem, mas não é raro encontrá-lo.
Existem dois tipo de "knee" (roda): hard-knee e soft-knee. O ajuste hard-knee
supõe que o sinal será comprimido de imediato na proporção marcada pelo ratio
tão logo alcance o nível de threshold. O ajuste soft-knee faz isso de uma forma
mais suave, aplicando a compressão aos poucos, conseguindo assim um som
menos abrupto. Tipicamente, os sons que requerem pegada, como o baixo e o
bumbo da bateria, são comprimidos com "hard-knee". Alguns compressores
permitem também escolher valores intermediários entre estes dois extremos, para
controlar melhor o som.

Comprimindo na prática
O uso da compressão depende muito do gosto pessoal. Na música dance e em
certos estilos são utilizadas configurações extremas para conseguir boa pegada nos
sons, mas pode ser que isso não seja necessário. Uma compressão extrema pode
tornar a mixagem muito agressiva, mas também, uma compressão escassa pode
tornar muito brando o som. Como sempre, a solução está em testar diferentes
configurações até alcançar um resultado que satisfaça.

A título de guia, recomendamos alguns


ajustes, em geral, para diferentes
tipos de sinais:

· Baixo: Tente começar com um ratio


4:1 e um ataque e liberação rápidos.
Normalmente se prefere a compressão
hard-knee porque o som do baixo
requer pegada e potência, mas também depende do estilo. Talvez seja conveniente
um soft-knee em um abaixo de jazz atuando num tema suave e tranquilo.

· Guitarra: Comece com um ratio de 2:1 para guitarras clean, ou um 3:1 ou 4:1
para guitarras distorcidas. Para conseguir um som mais sustentado, tente um ratio
de 4:1, com ataque rápido e liberação lenta. Quando estiver com estes ajustes
prontos, toque a nota que desejar sustentar, e aumente o ratio até que o som se
sustente pelo desejado.

· Percussão: Os sinais de percussão se comprime muito, em geral devido aos


seus ataques rápidos. Experimente comprimir a caixa, que é o som que mais
distorce porque cada golpe de caixa sobressai acima de todos os demais com
muita facilidade. Tente um ratio de 3:1, e use um ataque e liberação rápidos. Caso
o sina continue distorcido, experimente ratios maiores (a imagem mostra um
compressor do Logic ajustado para uma caixa). Este método é válido também para
os timbales. Para o hi hat experimente um ratio de 2:1 com ataque rápido e
liberação lenta, para manter assim o decaimento natural do som dos pratos.

· Vozes: Como na percussão, é habitual comprimir os sinais de voz. O ratio varia


de acordo com o cantor, dependendo do tipo de voz (gritada e potente, suave e
tranquila, etc.). Os cantores que não variam muito os altos e baixos com sua voz
terão uma dinâmica menor e consequentemente irão requerer menos compressão.
Tente iniciar com um ratio de 2:1, com ataque rápido, e liberação média-longa.
Aumente logo depois o ratio até que tenha dominado os picos de distorção.

Conclusão
Em geral, você deve usar a compressão para situar os sinais corretamente na
mixagem, para lhes dar a presença necessária e para dominar as subidas e
baixadas de nível. Já outros a utilizam também com intenções criativas, ou para
conseguir um efeito deliberado, como por exemplo uma potente e encorpada linha
de baixo que marque o ritmo.

Podemos dizer que a compressão é uma arte que somente é dominada com muita
prática. O ouvido é o melhor guia: experimente diferentes ajustes e configurações
até alcançar o som que está desejando.

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