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A IMPORTÂNCIA DO SELO RUÍDO PARA EQUIPAMENTOS DE AR

CONDICIONADO

Eliane Jorge dos Santos (Analista Técnica, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial –
SENAI, Ponta Grossa, PR. E-mail: eliane.santos@pr.senai.br)
Maria Akutsu (Profa. Doutora, Física, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo – IPT, São Paulo SP. E-mail: akutsuma@ipt.br)
Marcelo de Mello Aquilino (Prof. Mestre, Físico, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo – IPT, São Paulo SP. E-mail: aquilino@ipt.br)
Joel Martins dos Santos (Técnico de Laboratório, Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial – SENAI, Ponta Grossa, PR. E-mail: joel.martins@pr.senai.br)

Resumo: Este trabalho teve como objetivo a avaliação do ruído gerado por equipamentos
tipo “mini-split”, que são os condicionadores de ar mais comuns nas residências brasileiras,
tendo em vista evidenciar a importância do selo ruído para esses equipamentos. Foram
elencados os parâmetros utilizados como critério de avaliação do ruído destes sistemas, a
partir da revisão bibliográfica de legislação e normas brasileiras. As análises efetuadas em
seis equipamentos do tipo “mini-split” instalados em residência, buscaram a verificação da
adequabilidade do ruído gerado pelos condicionadores aos critérios regulamentares. Das
avaliações realizadas através dos parâmetros estabelecidos na normas em vigor, o ruído
produzido pelas condensadoras ultrapassou o nível limite em quatro equipamentos,
deixando evidente a importância da criação de um Selo Ruído para estes aparelhos.

Palavras-chave: Ruído ambiente; Ar-condicionado; Selo ruído.

THE IMPORTANCE OF THE “SELO RUÍDO” FOR AIR


CONDITIONING EQUIPMENT

Abstract: This study aimed to evaluate the noise generated by mini-split equipment, which
are the most common air conditioners in Brazilian residences, in order to highlight the
importance of the selo ruído for these equipment. The parameters used as criterion of noise
evaluation of these systems were listed based on the bibliographical review of Brazilian

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legislation and standards. The analysis carried out on six mini-split equipment installed in
residences sought to verify the suitability of the noise generated by the conditioners to the
regulatory criteria. From the evaluations carried out through the parameters established in
the current norms, the noise produced by the condensers exceeded the limit level in four
equipment, making evident the importance of creating a “selo ruído” for these devices.

Keywords: Background noise; Air conditioning; “Selo ruído”.

1. INTRODUÇÃO
O uso de equipamentos condicionadores de ar em residências tem crescido nos
últimos anos, tornando o segmento residencial responsável pela maior participação do
faturamento do mercado de ar-condicionado do País. Segundo a Associação Brasileira de
Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), os modelos tipo Split
representam 74% do mercado.
Os equipamentos tipo Split são constituídos basicamente por duas partes, uma
unidade evaporadora, instalada no ambiente interno que se pretende climatizar, e uma
unidade condensadora, instalada na parte externa da edificação, interligadas através de
tubulações de cobre onde acontece a passagem do gás refrigerante e do dreno. O dreno é
necessário para que aconteça o escoamento da água da evaporadora, que ocorre devido à
condensação da umidade do ar do ambiente interno. Na Figura 01 apresenta-se o esquema
de um equipamento tipo Split.

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Figura 01 – Esquema de um equipamento tipo Split

Fonte: Fernandes, 2010

Apesar de serem considerados menos ruidosos que os modelos “Janela”, os


modelos Split, produzem ruídos durante seu ciclo de operação. O ruído produzido por uma
unidade de ar condicionado pode ser causado por fontes mecânicas e aerodinâmicas,
incluindo: vibração do compressor, vibração do motor elétrico, movimentação das pás do
ventilador, escoamento de ar através de grelhas, dutos e na passagem pelas pás de
ventiladores e escoamento de fluido refrigerante.
No que diz respeito ao ruído, o assunto é regulado pela Resolução 001/90 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que considera que são prejudiciais à
saúde e ao sossego público, os níveis estabelecidos pela norma NBR 10151 e que o nível
de som no interior de edificações não poderá ultrapassar o estabelecido pela norma NBR
10152, ambas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Em 1994, o CONAMA instituiu o Selo Ruído de uso obrigatório para aparelhos
eletrodomésticos como forma de indicação do nível de potência sonora, medido em decibel -
dB, de uso obrigatório a partir da Resolução n° 20, sendo aplicável a todos os equipamentos
que venham a ser produzidos, importados e que gerem ruído no seu funcionamento.

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Em 2013, o INMETRO publicou a Portaria nº 388 que incluiu a classificação do nível
de potência sonora no Selo Ruído para três eletrodomésticos e até o presente momento os
aparelhos de ar condicionado não foram incluídos.
A maioria dos manuais dos fabricantes de ar-condicionado fornecem a informação
sobre o nível de potência sonora de cada equipamento avaliada em laboratório, mas como
não há uma regulamentação sobre o nível máximo de ruído, não é possível avaliar o
enquadramento regulamentar utilizando o dado disponível pelos fabricantes.
A norma para instalação de ar-condicionado em vigor refere-se às normas NBR
10151 para níveis de ruído na vizinhança da edificação e NBR 10152 para níveis de ruído
nos ambientes internos da edificação, portanto, estes são os níveis-critérios norteadores
para as análises e conclusões aqui apresentadas.

1.1 Objetivo
Este trabalho teve como objetivo a avaliação do nível de ruído gerado por sistema de
ar condicionado unitário tipo “mini-split” em residências, para ambiente interno e externo,
tendo em vista evidenciar a importância do selo ruído para esses equipamentos.

2. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Os equipamentos avaliados estão instalados em edificações residenciais. As
residências selecionadas não contemplaram, na fase de projeto, o sistema de
condicionamento de ar. A decisão pela instalação dos equipamentos, ocorreu durante o uso
da edificação. A escolha destes equipamentos ocorreu, por se tratar do maior segmento de
comercialização de condicionadores de ar do país.
Com o objetivo de obter resultados mais consistentes e correlacionáveis entre si,
assumiu-se, que as medições deveriam ser efetuadas em edificações de construção com
estrutura em concreto armado e paredes em alvenaria de blocos cerâmicos. Todas as
residências estão localizadas em área predominantemente residencial.
Os ambientes encontravam-se mobiliados e com materiais absorventes tais como:
cortinas de tecido, sofás, poltronas, tapetes e colchas. Todos os equipamentos são mini-split
com evaporadoras do tipo Hi-Wall, instaladas próximos ao teto. No quadro 1 são
caracterizados os equipamentos estudados e os parâmetros medidos.

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Quadro 1 – Equipamentos estudados e descritores avaliados
Local de
Edificação Equipamento Leq interno Leq externo
instalação
Equipamento 1 Quarto Consul 12000 BTUs x x
Equipamento 2 Suíte Komeco Lothus 9000 BTUs – quente/frio x x
Equipamento 3 Quarto Komeco Lothus 9000 BTUs – quente/frio x x
Equipamento 4 Suíte 1 Consul 12000 BTUs – quente/frio x x
Equipamento 5 Quarto Consul 9000 BTUs – quente/frio x x
Equipamento 6 Suíte 2 Consul 9000 BTUs – quente/frio x x
Fonte: Elaborado pelos autores

A caracterização do ruído gerado pelos equipamentos estudados neste artigo teve


por base uma análise objetiva, utilizando o método recomendado pela legislação brasileira:
nível de pressão sonora equivalente (LAeq) e as curvas NC conforme descritos nas normas
da ABNT 10151 2 10152. No momento da elaboração deste artigo, a ABNT NBR 10152
encontrava-se em revisão. As medições foram feitas utilizando a versão em vigor.
Os níveis de ruído estabelecidos nessas normas são apresentados nos quadros 2 e
3.

Quadro 2 – Nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos ponderados em A


Tipos de áreas Diurno Noturno
Áreas de sítios e fazendas 40 35
Área estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas 50 45
Área mista, predominantemente residencial 55 50
Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55
Área mista, com vocação recreacional 65 60
Área predominantemente industrial 70 60
Fonte: ABNT NBR 10151: 2000

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Quadro 3 – Nível de pressão sonora ponderado em A e a curva de avaliação (NC)
Locais dB(A) NC
Hospitais
Apartamentos, enfermarias, berçários, centros cirúrgicos 35-45 30-40
Laboratórios, áreas para uso do público 40-50 35-45
Serviços 45-55 40-50
Escolas
Bibliotecas, salas de música, salas de desenho 35-45 30-40
Salas de aula, laboratórios 40-50 35-45
Circulação 45-55 40-50
Hotéis
Apartamentos 35-45 30-40
Restaurantes, salas de estar 40-50 35-45
Portaria, recepção, circulação 45-55 40-50
Residências
Dormitórios 35-45 30-40
Sala de estar 40-50 35-45
Auditórios
Salas de concertos, teatros 30-40 25-30
Salas de conferência, cinemas, salas de uso múltiplo 35-45 30-40
Restaurantes 40-50 35-45
Escritórios
Salas de reunião 30-40 25-35
Salas de gerência, salas de projeto e administração 35-45 30-40
Salas de computadores 45-65 40-60
Salas de mecanografia 50-60 45-55
Igrejas e templos (cultos meditativos) 40-50 35-45
Locais para transporte
Pavilhões para transporte para espetáculos e atividades
45-60 40-55
esportivas
Fonte: ABNT NBR 10152: 1987

2.1 Medições
As medições foram realizadas, interna e externamente aos ambientes onde o
sistema de condicionamento de ar encontra-se instalado, utilizando escala linear, em
bandas de 1/3 de oitava, num intervalo de 50 Hz a 10kHz, que é limitação do software
disponibilizado à pesquisadora.
Os pontos de medição foram distribuídos internamente aos ambientes de modo a
representar o campo sonoro em avaliação, em alturas diferentes com distância de no
mínimo 70 centímetros entre cada posição de leitura e de aproximadamente 1 metro das
paredes, teto, piso, móveis, janelas e portas.
As medições internas foram feitas em vários pontos (5 a 6) conforme é apresentado
nas figuras de 2 a 4, dependendo do tamanho do ambiente e nas medições externas foram
considerados 2 a 3 pontos próximos às condensadoras.

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As medições internas foram realizadas com as janelas e portas fechadas e
mobiliado, que é a condição de utilização normal do ambiente com condicionamento de ar,
porém sem a presença de seus usuários, apenas com a presença da pesquisadora
responsável pela medição. O tempo de medição e integração do nível de pressão sonora foi
de 30 segundos em cada ponto.
Foi medido o nível de ruído ambiente (Lra) na ausência do ruído gerado pela fonte
sonora em questão, com o objetivo de avaliar o aumento no nível de pressão sonora
advindo do funcionamento do sistema de condicionamento de ar.
Durante as medições, os equipamentos foram ligados na temperatura mínima ou
máxima, de acordo com a temperatura externa, garantindo que o equipamento sempre
estivesse no ciclo máximo de operação.
Com auxílio de planilhas eletrônicas foram calculados os descritores: nível sonoro
global representativo (LAeq), ponderados em “A”, e nível sonoro em bandas de 1/1 de oitava,
representativo dos ambientes (Leq) e geradas curvas com os níveis de pressão sonora, em
bandas de 1/1 de oitava, comparando-as com os níveis de pressão sonora das curvas NC.
Os níveis medidos em bandas de 1/3 de oitava foram sintetizados para obtenção do
nível de pressão sonora em bandas de 1/1 de oitava, através da soma energética utilizando
a equação:

  
 = 10 
10 + 10 + 10  (1)

Onde:
 = nível de pressão sonora da frequência central;
f = frequência central (63 Hz, 125 Hz, 250 Hz, 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz, 4000 Hz e 8000 Hz).

Os dados obtidos nas medições foram comparados com os valores representativos


do ambiente, LAeq e Leq, com os níveis-critério estabelecidos na legislação brasileira.

2.2 Equipamentos de medição


Os equipamentos utilizados foram: (a) analisador de ruído da marca Bruel & Kjaer,
modelo 2270 G4 (dois canais) classe 1; (b) microfones prepolarizados ½” de campo livre, 6
Hz a 20 KHz, marca Bruel & Kjaer, modelo 4189; pré-amplificadores, marca Bruel & Kjaer,
modelo ZC 0032 e calibrador acústico, marca Bruel & Kjaer.

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Foto 1 – (a) analisador (b) microfones e calibrador

(a) (b)
Fonte: Elaborado pelos autores

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Condição das instalações


Todos os equipamentos analisados não foram instalados na fase de construção das
edificações e a forma de instalação é a mesma, cantoneiras fixadas com parafusos e calço
de borracha sob a condensadora.
Uma condição recorrente é a instalação das condensadoras e evaporadoras
próximas à janela. As evaporadoras estão instaladas próximas ao teto e acima das janelas e
as condensadoras no mesmo nível, do lado de fora. Apenas no equipamento 2, a
condensadora está instalada no muro de divisa da propriedade ao lado da janela da suíte.
Os proprietários não consideraram o ruído dos equipamentos no momento da
escolha e para o local da instalação, só foi considerada a distância para instalação dos
dutos. Em nenhum dos casos existe um programa de manutenção preventiva.

3.2 Resultados das medições

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Nas figuras de 2 a 4 são ilustrados as edificações, os pontos de medição tanto
internamente aos ambientes quanto externamente e a localização dos equipamentos
analisados.

Figura 2 – Pontos de medição – equipamento 1

Fonte: Elaborado pelos autores

Figura 3 – Pontos de medição – equipamentos 2 e 3

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Fonte: Elaborado pelos autores

Figura 4 – Pontos de medição – equipamentos 4, 5 e 6

Fonte: Elaborado pelos autores


Os valores obtidos para o ruído ambiente (equipamentos desligados) externo e
interno dos locais onde cada equipamento está instalado, por faixa de frequência são
apresentados nas figuras 5 e 6.

Figura 5 – Nível de pressão sonora nas faixas de frequências (externo – ruído ambiente)

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Fonte: elaborado pelos autores

Figura 6 – Nível de pressão sonora nas faixas de frequências (interno – ruído ambiente)

Fonte: elaborado pelos autores

Os valores obtidos para o ruído externo e interno (equipamentos ligados) onde cada
equipamento está instalado, por faixa de frequência são apresentados nas figuras 7 a 8.
Figura 7 – Nível de pressão sonora nas faixas de frequências (externo – ar ligado)

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Fonte: elaborado pelos autores

Figura 8 – Nível de pressão sonora nas faixas de frequências (interno – ar ligado)

Fonte: elaborado pelos autores

3.3 Avaliação pelos níveis-critério regulamentares


Aqui são feitas as análises dos parâmetros medidos comparando-se o
comportamento acústico dos ambientes perante a legislação nacional em vigor.

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3.3.1 ABNT NBR 10151:2000
A avaliação do ruído foi feita comparando o nível de pressão sonora equivalente
ponderado em A, medido em três pontos próximos às condensadoras com o nível critério de
avaliação. Na tabela 1 são apresentados os valores medidos externamente às edificações
com os equipamentos desligados e com os equipamentos ligados.

Tabela 1 – Resultados das medições no ambiente externo


LAeq (dB) – LAeq (dB) – Equipamento
Equipamento ligado (Ruído ambiente +
Local Critério
desligado (Ruído ruído gerado pelo
ambiente - Lra) equipamento)
Equipamento 1 44 57 NA
Equipamento 2 46 55 A
Equipamento 3 46 53 A
Equipamento 4 51 57 NA
Equipamento 5 51 63 NA
Equipamento 6 45 58 NA
A – atende
NA – não atende
Fonte: elaborado pelos autores

Comparando os níveis medidos com os níveis critério para a região


predominantemente residencial, no período diurno, apenas nos equipamentos 2 e 3 o valor
recomendado é atendido. Nos equipamentos 1, 4, 5 e 6 os valores medidos estão acima do
recomendado, sendo adequados para área mista, com vocação comercial e administrativa.
Para todos os casos, os valores medidos nos mesmos pontos com o equipamento
desligado, atendem ao nível critério recomendado para a região predominantemente
residencial no horário diurno.

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O ruído produzido pelos equipamentos origina acréscimos entre 6 dB e 13 dB, em
relação ao ruído ambiente, o que se traduzirá, na percepção pelos ocupantes da presença
do ruído intrusivo no ambiente. O menor acréscimo é percebido no equipamento 4 que fica
próximo a um gerador.

3.3.2 ABNT NBR 10152:1987


Os níveis de pressão sonora ponderado medidos foram comparados com os níveis-
critério para a finalidade de cada ambiente. Na tabela 2 são apresentados os valores
medidos internamente às edificações com os equipamentos desligados e ligados.
O nível de ruído ambiente (equipamentos desligados) está abaixo dos valores
recomendados para conforto, enquanto que, com os equipamentos ligados, em todos os
casos, pode-se observar um aumento no nível de ruído que é considerado claramente
perceptível pelo usuário.
O ruído produzido pelos equipamentos origina acréscimos entre 8 dB e 21 dB, em
relação ao ruído ambiente.

Tabela 2 – Resultados das medições no ambiente interno


Equipamento desligado Equipamento ligado
(Ruído ambiente - Lra) (Ruído ambiente + ruído
Critérios
Local gerado pelo
equipamento)
LAeq (dB) NC LAeq (dB) NC LAeq (dB) NC
Edificação 1
30 23 41 35 AC A
(quarto)
Edificação 3 (suíte) 22 19 42 36 AC AC
Edificação 3
24 18 45 39 AC AC
(quarto)
Edificação 4 (suíte 1) 32 24 45 40 AC AC
Edificação 4 (quarto) 29 21 46 41 NA NA
Edificação 4 (suíte 2) 32 24 45 40 AC AC
* Pontos de maior tempo de permanência do usuário dentro do ambiente
A – atende
NA – não atende
AC – aceitável
Fonte: elaborado pelos autores

Nas figuras de 9 a 14 são apresentados os espectros sonoros medidos internamente


aos ambientes onde os equipamentos estão instalados, o nível de pressão sonora
equivalente ponderado em A e a curva de avaliação de ruído NC recomendada. Os

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parâmetros medidos foram comparados com os níveis máximos estabelecidos na norma
ABNT NBR 10152:1987.
Dos ambientes analisados, nenhum apresenta nível de pressão sonora equivalente
recomendado para situação de conforto. No equipamento 5 o nível medido ficou acima do
valor considerado aceitável, sendo considerado como desconforto sem necessariamente
provocar danos à saúde.
Nos demais ambientes analisados os níveis medidos ficaram dentro dos valores
considerados aceitáveis para a finalidade de uso de cada um.

Figura 9 – Avaliação através das curvas NC (equipamento 1)

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Fonte: elaborado pelos autores

Figura 10 – Avaliação através das curvas NC (equipamento 2)

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Fonte: elaborado pelos autores

Figura 11 – Avaliação através das curvas NC (equipamento 3)

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Fonte: elaborado pelos autores
Figura 12 – Avaliação através das curvas NC (equipamento 4)

Fonte: elaborado pelos autores

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Figura 13 – Avaliação através das curvas NC (equipamento 5)

Fonte: elaborado pelos autores

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Figura 14 – Avaliação através das curvas NC (equipamento 6)

Fonte: elaborado pelos autores

4. CONCLUSÕES
O presente estudo teve como objetivo a avaliação do nível do ruído produzido por
equipamentos de ar condicionado tipo “mini-split” em residências através global nível de
pressão sonora ponderado A (LAeq) e as curvas de incomodidade (NC) que são
recomendados pela legislação brasileira.
O ruído produzido pela condensadora, medido a distância de 1,5 a 2,0 metros,
ultrapassou o limite permitido em quatro dos seis equipamentos avaliados. Já o ruído
produzido pela evaporadora ultrapassou o limite considerado aceitável para a finalidade do
ambiente analisado, apenas para o equipamento instalado no quarto da edificação 4.
Os equipamentos avaliados, não são representativos estatisticamente para toma-los
como referência, mas evidenciam a importância da criação de um Selo Ruído para estes
aparelhos.

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5. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 10151:2000 Versão Corrigida:2003.


Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade –
Procedimento.

. 10152:1987 Versão Corrigida:1992. Níveis de ruído para conforto


acústico – Procedimento.

. NBR 16401-1: Instalações de ar-condicionado - Sistemas centrais e


unitários. Parte 1: Projetos das instalações, Rio de Janeiro, 2008.

BRASIL. Resolução CONAMA n° 001, de 8 de março de 1990. CONSELHO NACIONAL DE


MEIO AMBIENTE, dispõe sobre critérios de padrões de emissão de ruídos decorrentes de
quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de
propaganda política. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?cod
legi=98>. Acesso em 07 de janeiro de 2017.

. Resolução CONAMA n° 020, de 7 de dezembro de 1994. CONSELHO NACIONAL


DE MEIO AMBIENTE, dispõe sobre a instituição do Selo Ruído de uso obrigatório para
aparelhos eletrodomésticos que geram ruído no seu funcionamento. Disponível em
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=98>. Acesso em 07 de janeiro
de 2017.

. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Portaria nº 388, de 06 de


agosto de 2013. Disponível em <http://www.inor.org.br/downloads/portarian388de06deAgos-
tode2013.pdf>. Acesso em 07 de janeiro de 2017.

FERNANDES, F. M. G. Análise e caracterização do ruído de equipamentos AVAC em


edifícios públicos. Porto, 2010, 97 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil –
Especialização em Construções) - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

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