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LESÃO POR PRESSÃO

Definições

As lesões por pressão, consistem em um grande problema para o sistema de saúde,


devido a sua elevada ocorrência, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes e fazendo
com que haja o aumento da morbimortalidade, gerando assim um grande impacto social e
econômico. De acordo com a National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), a lesão por
pressão é uma lesão localizada da pele e/ou tecido subjacente, normalmente sobre uma
proeminência óssea, em resultado da pressão ou combinação de pressão com cisalhamento
(NPUAP, 2014).

O acometimento da LPP traz vários problemas físicos e emocionais ao paciente, uma


vez que são fonte de dor, desconforto e sofrimento. Com o aparecimento de uma LPP, pode
ocorrer o desenvolvimento de outras complicações, que contribuem na morbidade e na
mortalidade do paciente acometido, constituindo, assim, um sério problema de saúde
(DOMANSKY E BORGES, 2014).

O National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) é uma organização norte-americana,


sem fins lucrativos, dedicada à prevenção e ao tratamento de lesões por pressão. Formado em
1986, o conselho diretor é multidisciplinar, composto de especialistas em lesões por pressão e
líderes de diferentes áreas da saúde que compartilham o compromisso da organização. O
grupo dispõe de autoridade para emitir recomendações para o desenvolvimento de políticas
públicas, educação e pesquisa visando à melhoria dos resultados na prevenção e tratamento
das lesões por pressão. O NPUAP com o suporte de múltiplas corporações, organizações e
agências governamentais tornou-se uma entidade reconhecida internacionalmente.

Segundo o NPUAP a definição internacional para lesão por pressão é: um dano


localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea
ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato. A lesão pode se apresentar
em pele íntegra ou como úlcera aberta e pode ser dolorosa. A lesão ocorre como resultado da
pressão intensa e/ou prolongada em combinação com o cisalhamento (SOBEST, 2016).

Classificação Cid 10

CID 10: L89


Descrição: Úlcera de decúbito
Fisiopatologia

Cada grupo histológico apresenta uma capacidade individual de suportar


determinados períodos de hipoperfusão. Se esse período for prolongado, há sofrimento
tecidual, resultando em acidose local, hemorragia intersticial, obstrução linfática e acúmulo de
metabólitos produzidos a partir da morte celular e necrose tissular. Em seguida, a atividade
fibrinolítica diminui, ocorrendo depósito de fibrina que leva à obstrução intravascular . Esse
quadro agrava ainda mais a hipoperfusão local, tornando-se irreversível até mesmo com a
redução da pressão externa. Músculos são mais suscetíveis, seguidos por tecido subcutâneo e
derme (MARINI, 2006).

Etiologia

As úlceras de pressão desenvolvem-se em virtude de alterações patológicas na perfusão


sanguínea da pele e tecidos subjacentes. Sua formação depende de uma série de fatores,
porém o principal é a pressão extrínseca sobre determinadas áreas da pele e tecidos moles por
tempo prolongado. Inicialmente, ocorre a privação circulatória nas camadas mais superficiais
da pele e à medida que a isquemia se aproxima de proeminências ósseas, focos maiores de
tecido são acometidos (MARINI, 2006).

As LPPs podem desenvolver-se em 24 horas ou levar até cinco dias para se manifestar.
Portanto, todos os profissionais de saúde responsáveis pela prevenção da lesão devem estar
familiarizados com os principais fatores de risco para a formação da LPP. A LPP não ocorre em
pessoa saudável, uma vez que uma pressão prolongada, ao provocarem dor ou desconforto,
faz com que o indivíduo se movimente em busca de alívio, mesmo quando em sono profundo.
Sendo assim, nos indivíduos que ficam impossibilitados de se movimentar, ocorrem pressões
excessivas, causando redução do fluxo sanguíneo, responsável por nutrir e oxigenar os tecidos
que fazem os capilares se colapsarem. Em consequência, o fluxo de sangue e de nutrientes é
interrompido, o que pode levar à isquemia local e, eventualmente, à necrose celular,
desencadeando a formação da LPP (DOMANSKY E BORGES, 2014).

Prevenção

A maioria dos casos de lesão por pressão (LPP) pode ser evitada por meio da
identificação dos pacientes em riscos e da implantação de estratégias de prevenção confiáveis
para todos os pacientes identificados como de risco (BRASIL, 2013). As seis etapas essenciais
de uma estratégia de prevenção de lesão por pressão são:

• Avaliação de LPP na admissão de todos os pacientes;


• Reavaliação diária de risco de desenvolvimento de LPP de todos os pacientes internados e
inspeção diária da pele;
• Cuidado na umidade;
• Manutenção do paciente seco e com pele hidratada;
• Otimização da nutrição e da hidratação e minimizar a pressão.
No momento da admissão do paciente, deve-se examinar a pele cuidadosamente para
identificar alterações da integridade cutânea e LPP existentes. Para uma apropriada inspeção
da pele, deve-se ter especial atenção às áreas corporais de maior risco para LPP, como as
regiões anatômicas sacral, calcâneo, ísquio, trocânter, occiptal, escapular, maleolar e regiões
submetidas à pressão por dispositivos, como presença de cateteres, tubos e drenos (BRASIL,
2013).

Tratamento

O uso de coberturas é parte integrante da terapia tópica de feridas. Embora o processo


de reparação tecidual seja sistêmico, as coberturas desempenham grande papel na promoção
de um microambiente que dê apoio para o bom desempenho desse processo fisiológico
natural. Os tipos de coberturas são: Hidrocolóides (carboximetilcelulose, pectina e gelatina),
alginatos, hidrogel, poliuretano, espumas, película transparente, silicones, inibidores das
metaloproteinases, colágeno, petrolato, biomembranas (látex, hemicelulose e colágeno e
celulose), enzimas, colagenase, fibrinolisina, helicina, estreptoquinase, papaína, bromelina,
prata, iodo, cadexomer iodo e PHMB (BLANES E FERREIRA, 2014).

O curativo ideal é o que mantém um ambiente fisiologicamente saudável no leito da


ferida e auxilia na redução do período de cicatrização. Este ambiente compreende: prevenção
e controle da infecção, desbridamento dos tecidos inviáveis, controle do exsudato, controle do
odor e proteção da ferida. Feridas cavitárias necessitam de atenção especial. É essencial que se
preencham os espaços entre a cobertura primária e o curativo secundário. O material utilizado
com maior frequência é a gaze (BLANES E FERREIRA, 2014).

Consensos / atualizações / recomendações

Em abril de 2016, O National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) anunciou, uma
mudança na terminologia de úlcera de pressão. Agora, o termo “lesão por pressão” deve ser
utilizado por todos os profissionais de saúde, pois descreve com mais precisão as lesões em
peles intactas e ulceradas (NPUAP, 2016).

Segundo o NPUAP, a expressão descreve de forma mais precisa esse tipo de lesão,
tanto na pele intacta como na pele ulcerada. No sistema prévio do NPUAP, o Estágio 1 e a
Lesão Tissular Profunda descreviam lesões em pele intacta enquanto as outras categorias
descreviam lesões abertas. Isso causava confusão porque a definição de cada um dos estágios
referia-se à úlcera por pressão. Além dessa mudança, na nova proposta, os algarismos arábicos
passam a ser empregados na nomenclatura dos estágios ao invés dos romanos.
Literatura

BLANES L, FERREIRA LM. Prevenção e tratamento de úlcera por pressão. 1. ed. São Paulo:
Atheneu, 2014.

BRASIL. MINISTERIO DA SAUDE. Anexo 02: Protocolo para prevenção de úlcera por pressão.
Ministério da Saúde/ Anvisa/ Fiocruz. 2013.

DOMANSKY RC, BORGES EL. Manual para prevenções de lesão de pele. 2. ed. Rio de Janeiro:
Rubio, 2014.

MARINI, M.F.V. Úlceras de pressão. In: Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll J, Gorgoni ML.
Tratado de geriatria e gerontologia. 2. ed. Rio de Janeiro. Guanabara-Koogan; 2006, p. 981-91

NPUAP. National Pressure Ulcer Advisory Panel, European Pressure Ulcer Advisory Panel and
Pan Pacific Pressure Injury Alliance. Prevention and Treatment of Pressure Ulcers: Quick
Reference Guide. Emily Haesler (Ed.). Cambridge Media: Osborne Park, Western Australia;
2014.

SOBEST. Classificação das Lesões por Pressão - Consenso NPUAP 2016 - Adaptada
Culturalmente para o Brasil. Disponível em: <http://www.sobest.org.br/textod/35>. Acesso
em 14 jun. 2018.

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