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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
APELAÇÃO CÍVEL N. 0027801-85.2012.4.01.3400/DF
RELATÓRIO
VOTO
tutela, é plausível que as parcelas referentes ao CDC indevidamente realizado tenham já sido
descontadas da conta da autora, cabendo à CEF, por ocasião do cumprimento do presente
acórdão, fazer prova em sentido contrário.
13. Relativamente à indenização por danos morais pleiteada pela parte autora, tem-se
que o dano moral nada mais é do que a violação aos direitos da personalidade e estes, por sua
vez, são todos aqueles diretamente relacionados à dignidade da pessoa humana. Para sua
configuração, pouco importa, portanto, que haja dor física ou sofrimento, bastando a
demonstração de mácula a direitos essenciais do ser humano, como a integridade física e
psicológica, a boa fama, a honra subjetiva, a segurança, inclusive sob seu viés econômico.
14. Nesse sentido, a realização de empréstimo em valor de R$ 15.000,00 (quinze mil
reais), equivalente a mais de 20 vezes o valor do salário mínimo vigente à época da fraude
perpetrada em face da autora (R$ 622,00), causa grave impacto na vida do cidadão médio, por
sua relevância.
15. Ademais, conforme se verifica às fls. 10/11, houve realização de saques indevidos
na conta poupança da autora que totalizaram R$ 12.674,30, valor igualmente elevado para o
cidadão comum.
16. Ainda, não se pode descurar do fato de que a autora já era idosa à época dos fatos
e de que só obterá seu direito em razão de provimento jurisdicional, apesar da tentativa de
solucionar a falha no serviço prestado administrativamente (fls. 15/16).
17. Quanto a esta última circunstância, impende salientar que o próprio C. STJ já
reconheceu que o recurso ao Poder Judiciário para a solução de falha nos serviços bancário é
hábil a ensejar a reparação por danos morais. Nesse sentido, confira-se:
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL (ART. 544 DO
CPC) - AÇÃO CONDENATÓRIA - DANOS PATRIMONIAIS E MORAIS
DECORRENTES DE SAQUE INDEVIDO DE NUMERÁRIO DEPOSITADO EM
CONTA POUPANÇA - INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS QUE JULGARAM
PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO, APENAS NO QUE CONCERNE À
INDENIZAÇÃO PELOS PREJUÍZOS DE ORDEM PATRIMONIAL - DECISÃO
MONOCRÁTICA NÃO ACOLHENDO O RECLAMO. INSURGÊNCIA DO AUTOR.
AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO.
Pretensão condenatória deduzida por titular de conta poupança, tendo em vista a
realização de saques indevidos de numerário lá depositado. Instâncias ordinárias
que julgaram parcialmente procedentes os pedidos, condenando a instituição
financeira ré ao ressarcimento somente dos danos patrimoniais.
1. Ofensa ao artigo 557 do Código de Processo Civil. O agravo, nos termos do
artigo 544 do diploma instrumental, é apreciado pelo Relator, que tomará uma das
providências elencadas nos incisos e parágrafos do citado artigo. Outrossim,
conforme sólida jurisprudência desta Corte, a reapreciação do reclamo pelo órgão
colegiado, em sede de agravo regimental, supre eventual nulidade.
2. Insurgência quanto ao afastamento da tese de negativa de prestação
jurisdicional e no que toca à aplicação da Súmula 7/STJ.
Impositivo o conhecimento do agravo (art. 544 do CPC), a fim de que se examine,
de plano, o próprio apelo extremo.
2.1 Ausência de violação ao artigo 535 do Código de Processo Civil, pois o
acórdão recorrido encontra-se devida e suficientemente fundamentado, tendo
enfrentado todas as questões necessárias à solução da controvérsia.
2.2 O dano extrapatrimonial, mais do que o simples efeito de lesão, é aquele que
incide sobre objetos próprios, sobre bens da vida autônomos, consistindo em
gênero, no qual haverá espécies.
Segundo desenvolvimento doutrinário, a par das lesões a direitos da
personalidade (imagem, honra, privacidade, integridade física), o que se
pode denominar de dano moral objetivo e, ainda, que ensejam um prejuízo a
partir da simples violação da proteção a eles conferida, surgem situações
outras, que, embora não atinjam diretamente tal complexo de direitos,
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