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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL

PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM


NA CONSTRUÇÃO CIVIL

GRAMSCI RESENDE MOTA

Fortaleza - Ceará
2009
ii

GRAMSCI RESENDE MOTA

PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Monografia submetida à Coordenação do


Curso de Engenharia Civil da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Orientador(a): Prof. Luiz Fernando M. Heineck

FORTALEZA
2009
iii
iv

Aos meus pais José Vagno Mota e Francisca R. C. Mota pelo amor e dedicação
em todos os momentos.
Aos meus irmãos Keynes, Quesnay e Keoma pela verdadeira amizade e
companheirismo.
A tia Vó Lourdes pelos carinhos e cuidados desde meu primeiro dia de vida.
Ao tio Aldir Lenon e ao primo Adriano que embora não estejam conosco sempre
acreditaram e torceram por este momento.
Dedico este trabalho a todos vocês.
v

AGRADECIMENTOS

A Deus por se mostrar presente em todos os momentos da minha vida.


Ao professor Luiz F. M. Heineck pela orientação deste trabalho e, em especial,
pelas críticas, sugestões e incentivos.
Aos professores da UFC, em especial, Tereza Denise e Thaís Alves pelo auxílio e
atenção durante a minha formação acadêmica.
Aos meus amigos de turma Daniel Dantas, Carlos Henrique, Yuri Cláudio,
Francisco Maia, Alan Michel, Neto Benevides, Euclides Neto e Tiago de Oliveira pelos
momentos de descontração no dia-a-dia da universidade.
Ao mestre Francisco Batista pela paciência e atenção durante meus momentos
como estagiário na construtora Inco Engenharia.
A construtora Inco Engenharia pela oportunidade que me foi dada de por em
prática meus conhecimentos teóricos, em especial ao engenheiro Valdener.
vi

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.1 Contexto da Pesquisa ................................................................................................. 1
1.2 Objetivos ..................................................................................................................... 1
1.2.1 Objetivo principal ................................................................................................. 1
1.2.2 Objetivo secundário .............................................................................................. 1
1.3 Metodologia ................................................................................................................ 2
1.4 Estrutura do Trabalho .............................................................................................. 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 3
2.1 A Importância da Implantação de Melhorias nas Atividades de Movimentação e
Armazenagem. ...................................................................................................................... 3
2.2 Conclusões sobre o Capítulo ..................................................................................... 6
3. PRINCÍPIOS..................................................................................................................... 7
3.1 Movimentação ............................................................................................................ 7
3.1.1 Planejamento e gestão da movimentação ............................................................. 8
3.1.2 Cuidados com os Caminhos de Circulação ........................................................ 20
3.1.3 Cuidados com o Homem como Agente da Movimentação ................................ 25
3.1.4 Características dos Equipamentos de Movimentação ........................................ 31
3.1.5 Deslocamento e Trânsito de Pessoas .................................................................. 34
3.2 Armazenagem........................................................................................................... 37
3.2.1 Planejamento e Gestão da Armazenagem .......................................................... 38
3.2.2 Cuidados com o Ambiente de Armazenagem .................................................... 42
3.2.3 Cuidados com os insumos .................................................................................. 44
3.3 Considerações sobre o Capítulo.............................................................................. 49
4. CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................................................. 50
4.1 Conclusões ................................................................................................................ 50
4.2 Sugestões para Trabalhos Futuros ......................................................................... 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 51
ANEXO 1 - Listagem inicial de princípios de movimentação e armazenagem. ............... 53
ANEXO 2 – Check-list de princípios de movimentação e armazenagem .......................... 62
vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Proximidade entre o estoque de cimento e betoneira. ....................................................................... 10


Figura 3.2 – Estoque intermediário de tijolos. ....................................................................................................... 10
Figura 3.3 – Caixa de descarga obstruindo o livre acesso aos vasos sanitários. .................................................... 12
Figura 3.4 – Tubulação para transporte de entulho por gravidade......................................................................... 13
Figura 3.5 – Detalhe da tubulação para transporte de entulho por gravidade. ....................................................... 13
Figura 3.6 – Pilha de cimento envolvida com plástico. ......................................................................................... 14
Figura 3.7 – Gradil com várias entradas. ............................................................................................................... 16
Figura 3.8 – Ferramentas para conserto e manutenção dos equipamentos de transporte....................................... 17
Figura 3.9 – Detalhe da ferramentaria. .................................................................................................................. 18
Figura 3.10 – Identificação do destino do material. .............................................................................................. 19
Figura 3.11 – Cruzamento do fluxo de ida e retorno. ............................................................................................ 19
Figura 3.12 – Descarregamento prejudicando o fluxo de veículos. ....................................................................... 22
Figura 3.13 – Estoque intermediário de tijolos na calçada. ................................................................................... 22
Figura 3.14 – Obstáculo ao livre fluxo de movimentação. .................................................................................... 23
Figura 3.15 – Lona plástica protegendo porcelanato ao longo da área de circulação. ........................................... 24
Figura 3.16 – Transporte manual de sacos de 50 kg. ............................................................................................. 25
Figura 3.17 – Elementos práticos para facilitar a pega (Merino, 1996). ................................................................ 26
Figura 3.18 – Braços estendidos na movimentação de materiais (Merino, 1996). ................................................ 27
Figura 3.19 – Cargas simétricas em relação ao corpo. .......................................................................................... 28
Figura 3.20 – Carga sobre ombros......................................................................................................................... 28
Figura 3.21 – Aproveitamento de bancadas e alturas no levantamento de sacos (Merino, 1996). ........................ 29
Figura 3.22 – Transporte manual de tijolos. .......................................................................................................... 30
Figura 3.23 – Transporte com auxílio de carrinho de mão. ................................................................................... 30
Figura 3.24 – Calibração de pneu da girica com bomba manual. .......................................................................... 33
Figura 3.25 – Placa indicando almoxarifado. ........................................................................................................ 35
Figura 3.26 – Armazenamento em prateleiras. ...................................................................................................... 39
Figura 3.27 – Armazenamento sobre estrado de madeira. ..................................................................................... 40
Figura 3.28 – Placas de identificação de materiais. ............................................................................................... 41
Figura 3.29 – Não separação de materiais por tipo e dimensão. ............................................................................ 41
Figura 3.30 – Extintores de água pressurizada e pó químico seco na entrada do almoxarifado. ........................... 44
Figura 3.31 – Baias para estoque de brita e areia. ................................................................................................. 45
Figura 3.32 – Pilha de cimento desaprumada. ....................................................................................................... 47
Figura 3.33 – Caixas de cerâmica contrafiadas. .................................................................................................... 48
viii

LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1 – Organização dos princípios de movimentação e armazenagem. ........................................................ 7


Quadro 3.2 – Check-list de princípios sobre planejamento e gestão da movimentação. ....................................... 20
Quadro 3.3 – Check-list de princípios sobre cuidados com os caminhos de circulação. ....................................... 24
Quadro 3.4 – Check-list de princípios sobre cuidados com o homem como agente da movimentação. ............... 31
Quadro 3.5 – Check-list de princípios sobre características dos equipamentos de movimentação. ...................... 34
Quadro 3.6 – Check-list de princípios sobre deslocamento e trânsito de pessoas. ................................................ 37
Quadro 3.7 – Check-list de princípios sobre planejamento e gestão da armazenagem. ........................................ 42
Quadro 3.8 – Check-list de princípios sobre os cuidados com o ambiente de trabalho. ....................................... 44
Quadro 3.9 – Check-list de princípios sobre cuidados com os insumos. ............................................................... 48
ix

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um check-list conceitual de


princípios que possibilitem uma reflexão sobre as atividades de movimentação e
armazenagem em canteiros de obras. Para a realização deste trabalho, utilizou-se de uma
listagem pré-existente de princípios de movimentação e armazenagem, da qual foram
selecionados os que apresentassem uma fácil e prática aplicação em canteiros de obras. Por
princípio entende-se como algo que regula, dirige, rege ou governa o modo correto de agir.
Para fundamentá-los teoricamente foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Também foram
feitas visitas a canteiros de obras para registrar, quando possível, a real aplicação dos
princípios ou situações passíveis de implantação destes. Os princípios foram agrupados em
duas grandes áreas, ou seja, movimentação e armazenagem. A primeira contou com 62 e a
segunda com 24 princípios. Em termos de ilustração, foram detectadas, respectivamente, 25 e
08 fotografias para cada área.

Palavras-chave: Princípios de movimentação e armazenagem, logística e construção civil.


1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contexto da Pesquisa

Segundo Koskela (1992 apud ALVES, 2000) por muitos anos a implantação de
melhorias na indústria da construção civil enfatizou as atividades de conversão,
negligenciando, assim, atividades de inspeção, transporte e armazenagem.
Para Koskela (1992 apud CRUZ, 2002) a melhora nas atividades de fluxo
(inspeção, movimentação e espera) deve ser focalizada para que então se tenha atividades de
conversão mais eficientes.
De acordo com a empresa NEOLABOR, a indústria da construção civil estabelece
em 100% dos casos que o layout seja do tipo posicional, no qual há movimentação dos
insumos para a realização do produto final, o que implica que a maior parte do tempo
produtivo é gasto em atividades relacionadas com a movimentação.
Partindo deste raciocínio, percebe-se o quanto as atividades de movimentação e
armazenagem são campos passíveis da implantação de melhorias.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo principal

Fornecer um check-list conceitual de princípios que permitam reflexões sobre o


sistema de movimentação e armazenagem em canteiros de obras.

1.2.2 Objetivo secundário

a) Auxiliar no diagnóstico da situação do sistema de movimentação e


armazenagem de obras;
b) Gerar pensamento crítico em relação ao sistema de movimentação e
armazenagem;
2

c) Auxiliar na definição de novas estratégias para o sistema de movimentação e


armazenagem;
d) Organizar os princípios em categorias;
e) Ilustrá-los; e
f) Contribuir para a consolidação dos princípios apresentados neste trabalho.

1.3 Metodologia

Inicialmente partiu-se de uma listagem pré-existente com 199 princípios sobre


movimentação e armazenagem provenientes de notas de aula do professor da Universidade
Federal do Ceará, Luiz Fernando M. Heineck, a partir da qual foi feito uma seleção de
princípios que possibilitassem uma aplicação fácil e prática em canteiros de obras.
Posteriormente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com objetivo de buscar
embasamento teórico sobre os princípios e ter o conhecimento da real possibilidade de
aplicação destes em canteiros de obras.
Por fim, realizaram-se visitas em canteiros de obras para documentar, por meio de
registro fotográfico, situações reais de aplicação dos princípios ou que fossem passíveis da
implantação destes.

1.4 Estrutura do Trabalho

Este trabalho apresenta-se dividido conforme apresentado a seguir:


O presente capítulo aborda a contextualização, objetivos e metodologia deste
trabalho.
O segundo capítulo apresenta uma revisão bibliográfica, a qual apresenta a
importância da implantação de melhorias nas atividades de movimentação e armazenagem.
O terceiro capítulo é dedicado a apresentação, descrição, registro fotográfico e
ilustração dos princípios de movimentação e armazenagem.
Por fim, no quarto capítulo encontram-se as considerações finais e sugestões para
trabalhos futuros.
3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo sintetiza a importância da implantação de melhorias nas atividades


de movimentação e armazenagem, enfatizando a necessidade de princípios que facilitem este
processo.

2.1 A Importância da Implantação de Melhorias nas Atividades de Movimentação e


Armazenagem.

A indústria da Construção Civil, não diferentemente de outras manufaturas,


processa insumos e gera produtos. No entanto, o caráter posicional do seu sistema produtivo,
isto é, materiais, equipamentos e mão de obra se movimentam ao invés do produto, o torna
um setor com características bastante peculiares, principalmente, ligadas as atividades de
movimentação e armazenagem, as quais são áreas passíveis de implantação de melhorias e
aperfeiçoamento.
Para se dar início ao processo de implantação de melhorias é necessário detectar
as ineficiências atreladas à atividade de movimentação e armazenagem.
HEINECK et al (1995) apresentaram uma listagem dos principais problemas que
podem ser encontrados em canteiros de obras. Dentre as várias áreas de abrangência deste
trabalho, os autores relataram problemas referentes à movimentação de materiais.
SANTOS et al (1995), no Manual 4 do Norie, descrevem técnicas para
diagnóstico de canteiros de obras. Dentre estas técnicas, os autores utilizaram-se de uma lista
de verificação para o diagnóstico simplificado do sistema de movimentação e armazenagem
de materiais, a qual tem como objetivo analisar o apoio que a administração oferece para que
não haja gargalos nestas atividades.
A empresa NEOLABOR, no projeto sobre movimentação e armazenagem
desenvolvido na construtora Método, detecta problemas que afetam o sistema de
movimentação e armazenagem independente da obra ser vertical ou horizontal.
Outro ponto importante durante o processo de implantação de melhorias é ter
conhecimento de quais inovações estão sendo adotadas em relação ao gerenciamento de
obras, as quais implicam em ganhos de produtividade durante a atividade de movimentação e
armazenagem.
4

HEINECK (1993) apresentou as várias modificações encontradas em canteiros de


obras, as quais implicavam em ganho de produtividade.
FREITAS et al (1997) elaboraram um check-list com 240 itens divididos em 6
grupos: apoio e dignificação da mão de obra; organização de canteiro; movimentação de
materiais e deslocamentos internos; ferramentas, máquinas e técnicas especiais; segurança do
trabalho e comunicação interna, as quais foram utilizadas para o diagnóstico de melhorias e
inovações tecnológicas simples em 58 canteiros de obras.
OLIVEIRA et al (2000), partindo do check-list de FREITAS et al (1997),
realizaram uma análise da aplicação e evolução destes itens em 15 canteiros de obras.
Não somente detectar as ineficiências ou ter conhecimento das modificações já
implantadas com relação às atividades de movimentação e armazenagem é suficiente para o
ganho de melhorias, sendo assim necessárias medidas para a implantação destas.
O fato das atividades de movimentação e armazenagem não agregarem valor ao
produto final faz com que gestores de obras não priorizassem melhorias nesta área. No
entanto, apesar de não agregarem valor, geram custos que muitas vezes afetam a lucratividade
do produto e a competitividade da empresa.
Para SILVA e CARDOSO (1999), o ganho de competitividade num processo de
produção passa, não somente por melhorias nas atividades de conversão, como também, nas
atividades de espera, armazenagem, movimentação e inspeção.
SALES et al (2004) discutem, no trabalho sobre a gestão dos fluxos físicos nos
canteiros de obras, o quanto aspectos de logística de entrega, armazenamento e distribuição de
materiais, equipamentos e mão de obra influem na produtividade e competitividade das
empresas construtoras. COSTA et al (2005) defendem a importância da gestão dos fluxos
físicos para o ganho de produtividade e competitividade.
Assim, se faz necessário ter atenção para a movimentação e armazenagem em
canteiros de obras, já que é uma atividade geradora de custos e desperdícios.
HEINECK et al (1994) no trabalho sobre avaliação da importância da
movimentação de materiais em canteiros de obras concluíram que 20 % do trabalho em obra
refere-se a movimentação de materiais, o que dá ênfase a necessidade de implantação de
melhorias e inovações nessa área. Os mesmos autores afirmam que a solução para melhorias
não passa necessariamente pela aquisição de equipamentos de transportes sofisticados e sim
por uma análise mais simples do sistema de movimentação que vai desde a necessidade de
diminuir transporte e pontos de armazenagem, adoção de princípios de ergonomia e
5

movimentação, utilização de equipamentos adequados ao transporte até a necessidade de


eliminação do desperdício de materiais.
Entender que a melhoria na atividade de movimentação e armazenagem não
requer elevados investimentos e sim inovações simples é o ponto crucial para implantação de
melhorias nesta área.
Uma forma simples de se ter um ganho de produtividade e implantação de
melhorias durante o processo de movimentação e armazenagem é através do planejamento do
canteiro de obra.
No trabalho sobre planejamento e gestão de obras, GEHBAUER et al (2003)
mostram como o planejamento do canteiro de obra é fundamental para minimizar os percursos
dos transportes mais volumosos e frequentes dentro do canteiro. No tocante a caminhos para
veículos e pedestres dentro do canteiro, os autores apresentam pontos que devem ser
considerados para que não haja empecilho ao livre fluxo.
TUJI et al (1996) no trabalho ligado a planejamento de layout de canteiro
apresentam a relação existente entre o caráter posicional do layout de canteiro de obras e as
atividades de movimentação e armazenagem. Também, no mesmo trabalho, estes autores
apresentam fatores que devem ser considerados na elaboração do layout de canteiro, os quais
direta ou indiretamente são influenciados pela movimentação e armazenagem necessária para
o desenvolvimento da obra.
Dando continuidade a importância que o layout de canteiro tem sobre as
atividades de movimentação e armazenagem, SOUSA et al (1997) apresentam
recomendações e diretrizes para localização e tamanho das partes que compõem um canteiro
de obras, deixando, como legado, uma listagem de elementos importantes e necessários para
elaboração do layout de canteiro, tais como elementos ligados as atividades de produção, de
apoio a produção, de transporte e de apoio técnico/administrativo, entre outros.
MAIA (1994) chama atenção para o fato dos projetos apresentarem um caráter
ímpar e o quanto isto influencia o dimensionamento e determinação do layout do canteiro de
obras. Embora a autora apresente diretrizes gerais, tem a intenção de apresentar, sempre que
possível, o quanto as atividades de movimentação de pessoas e insumos e armazenagem de
materiais são determinantes para as diretrizes apresentadas.
FRITSCHE et al (1996) no trabalho sobre layout de canteiro de obra apresentam
princípios para a definição do layout, os quais são embasados, na grande maioria, por fatores
ligados a movimentação e armazenagem.
6

SILVA e CARDOSO (1998) relatam a importância da logística de suprimento e


de canteiro para a organização dos sistemas de produção da construção civil. Além disso, os
autores realizaram um estudo de caso em duas empresas construtoras para analisar, entre
outros, o fluxo físico das obras.
Outra forma de implantação de melhorias durante o processo de movimentação e
armazenagem é através do cuidado com os operários ao manusear cargas.
MERINO (1996) na dissertação sobre efeitos agudos e crônicos causados pelo
manuseio e movimentação de cargas no trabalho apresenta recomendações de como manusear
e movimentar cargas.
RUGELES (2001) apresenta um estudo de caso, no qual enfoca a gestão da
qualidade, segurança do ambiente de trabalho e saúde ocupacional dos operários em
atividades de movimentação, manuseio e armazenagem.
Além da disponibilidade de estudos providos de conhecimento que influenciam a
aplicação de mudanças nas atividades de movimentação e armazenagem, existem princípios,
embora pouco utilizados, balizadores destas mudanças.
O trabalho sobre movimentação e armazenagem desenvolvido pela NEOLABOR
apresenta princípios que fornecem subsídios ao planejamento e a operacionalização deste tipo
de atividades em canteiros de obras. HEINECK (2007), não diferentemente, também
disponibiliza, em notas de aulas, princípios facilitadores de implantação de melhorias nestas
atividades.

2.2 Conclusões sobre o Capítulo

Se as publicações que direta ou indiretamente tratam sobre movimentação e


armazenagens em canteiro de obras forem analisadas, percebe-se a necessidade de
implantação de melhorias nestas atividades, porém a maior dificuldade para a implantação
dessas mudanças é proveniente da deficiência de publicações com princípios facilitadores
para aplicação destas.
Mediante estas reflexões, conclui-se que é necessária a existência de princípios
que facilitem a implantação de melhorias nas atividades de movimentação e armazenagem em
canteiros de obras com intuito de aumentar a produtividade e reduzir custos. Tendo os
gestores de obras o conhecimento de princípios básicos, poderão coordenar e implantar várias
melhorias nas atividades de movimentação e armazenagem.
7

3. PRINCÍPIOS

Aqui vão ser apresentados e discutidos princípios que devem ser entendidos como
regras, ou seja, como algo que, num dado caso, regula, dirige, rege ou governa o modo certo
de agir. Estes foram agrupados nas categorias de movimentação e armazenagem, que por sua
vez foram organizados em subcategorias como apresentado no quadro 3.1.

Quadro 3.1 – Organização dos princípios de movimentação e armazenagem.


Sub-categoria Quantidade
Categoria
de Princípios
1. Planejamento e gestão da movimentação 28
2. Cuidados com os caminhos de circulação 07
Movimentação 3. Cuidados com o homem como agente da movimentação 11
4. Características dos equipamentos de movimentação 08
5. Deslocamento e trânsito de pessoas 08
1. Planejamento e gestão da armazenagem. 08
Armazenagem 2. Cuidados com o ambiente de armazenagem. 06
3. Cuidados com os insumos. 10

Cada subcategoria é composta por princípios e um check-list prático para auxiliar


no diagnóstico do sistema de movimentação e armazenagem em canteiro de obra.
Inicialmente, será apresentada a categoria sobre movimentação.

3.1 Movimentação

Movimentação deve ser entendida como o ato ou processo de mover, ou seja,


deslocar do local onde se encontrava.
Como mostrado no quadro 3.1, os princípios sobre movimentação foram
agrupados em cinco subcategorias, as quais serão apresentadas abaixo.
8

3.1.1 Planejamento e gestão da movimentação

Planejar e gerenciar a movimentação em canteiros de obras com o auxílio dos


princípios pode ser tão simples e óbvio quanto o princípio que diz que o melhor transporte é
aquele que não existe, ou seja, não transportar.

a) Não transportar

A administração da obra deve, antes de qualquer outro princípio, se empenhar na


busca da aplicação desta primeira regra.
Não transportar seria o princípio ideal se não fosse o caráter posicional do sistema
produtivo da indústria da construção civil. No entanto, esta característica, através da qual os
equipamentos, pessoas e materiais se movimentam ao invés do produto, faz com que a
necessidade por transporte seja uma atividade constante nos canteiros de obras e típica de
apoio, ou seja, não agrega valor ao produto final. Sendo assim, a necessidade de transporte de
materiais e equipamentos deve ser minimizada, já que não pode ser 100% evitada. Ações
como evitar estoques intermediários e recebimento centralizado de tijolos e cimento
minimizam a necessidade de transporte.

b) Andar em linha reta

A menor trajetória que liga dois pontos é representada por uma linha reta, portanto
o fator linearidade, quando possível, deve ser determinante na escolha do caminho.

c) Não subir e nem descer

Em relação à movimentação horizontal devem-se evitar percursos com subida e


descida, principalmente, quando for utilizado o esforço humano para se desenvolver o
deslocamento de pessoas e materiais. Trajetórias com essas características exigem um maior
esforço físico e como as atividades na construção civil se repetem ao longo da jornada de
trabalho, este tipo de percurso torna-se desgastante para o operário. Uma situação na qual se
deve obedecer a este princípio é durante a escolha do caminho para transporte de agregados
9

até a betoneira, já que a produção de concreto e argamassas são atividades que se repetem
diariamente e por quase todo período de execução da obra.
Já em relação à movimentação vertical subir e descer são um mal necessário. O
que deve ser observado neste tipo de movimentação é a escolha dos equipamentos de
transportes, os quais devem ser definidos principalmente pelo tipo, peso e volume do material
a ser transportado.

d) Utilizar rampas com inclinação adequada

Caso as subidas e descidas não sejam evitáveis, deve-se ter atenção com relação à
inclinação das rampas, sendo essas não superiores a 10%.

e) Diminuir a distância entre área de estoque e posto de trabalho

O fato do produto edificação ser tipicamente posicional requer uma proximidade


entre materiais, equipamentos e locais de utilização para que haja racionalização nas
atividades de transporte. Este princípio deve ser determinante na definição do layout,
principalmente, de canteiros horizontais, uma vez que há possibilidade de implantação de um
canteiro concentrado, ou seja, menores distâncias entre locais de armazenagem, preparação e
utilização. Em canteiros verticais este princípio deve ser observado, principalmente, na
proximidade das áreas de armazenagem com áreas de preparação (central de forma,
argamassas e armação) e destes com os equipamentos de transporte vertical, já que a distância
até o local de utilização não pode ser minimizada (movimento vertical).
10

Figura 3.1 – Proximidade entre o estoque de cimento e betoneira.

f) Entregar materiais diretamente no local de trabalho ou de armazenagem

O descarregamento de material diretamente no local de uso ou estoque é de


fundamental importância para se evitar o duplo manuseio e consequentes desperdícios de
material e mão de obra. Um exemplo típico da desobediência a esse princípio é observado
com a impossibilidade do descarregamento de tijolos no posto de trabalho ou diretamente na
área de armazenamento, acarretando, muitas vezes, a necessidade de estoques intermediários
e duplo manuseio.

Figura 3.2 – Estoque intermediário de tijolos.


11

g) Entregar materiais na quantidade exata

Esse princípio requer um conhecimento prévio dos quantitativos dos materiais a


serem utilizados no postos de trabalho. Atenção deve ser dada a esse princípio para não se
gerar carga de retorno ou necessidade complementar de materiais, o que acarreta em
transporte extra. Um exemplo recorrente em obras verticalizadas é a necessidade de
movimentação, muitas vezes manual, de materiais excedentes (tijolos, blocos, tubos, conexões
e cerâmicas) de um pavimento para outro.

h) Visitar e preparar a área de recepção

Visitar e preparar a área de recepção dos materiais antes do recebimento é fator


decisivo para se evitar improvisações, tais como estoques intermediários, duplo manuseio,
desorganização do canteiro, obstrução de caminhos e acessos aos materiais. Uma forma
simples de se preparar a área de recepção pode ser por intermédio de check-list, cuja função é
enumerar todos os pré-requisitos básicos que a administração da obra deve fornecer ao
operário para o exercício da função de recebimento do material. Um exemplo clássico é a
necessidade de estrados (plataformas) para o armazenamento de cimento.

i) Dispor materiais na sequencia de sua utilização

Uma forma de se facilitar o manuseio e movimentação dos materiais é organizá-


los de acordo com as prioridades produtivas da obra, ou seja, dispor na sequencia de sua
utilização.

j) Não empilhar materiais diferentes ou obstruir o acesso de uns pelos outros

Muitos materiais utilizados em canteiros de obras, tais como blocos, tijolos,


cerâmicas, tintas, louças e cimento permitem organizá-los de forma empilhada o que acarreta
diretamente a redução de áreas mortas. No entanto, é necessário se ter atenção para não
empilhar materiais diferentes e obstruir o acesso de uns pelos outro, já que a necessidade de
12

utilização de materiais localizados na parte inferior ou atrás da pilha implicará em um


trabalho extra de movimentação de materiais.

Figura 3.3 – Caixa de descarga obstruindo o livre acesso aos vasos sanitários.

k) Indicar um caminho único entre “a” e “b”

Definir um roteiro único facilita a movimentação e evita erros de percurso.

l) Planejar o caminho de ida e de volta

Os caminhos de ida e de volta devem ser planejados de modo a se definir como e


aonde se inicia, como se desenvolve o movimento, como se finaliza o transporte e o retorno.
Com o conhecimento de todo o processo de movimentação é possível se determinar o tempo
de utilização e a produtividade dos equipamentos de transporte.

m) Planejar o uso de carga de retorno

Sempre que possível os equipamentos de transportes devem retornar com uma


carga, ou seja, não voltar vazio. A implantação deste princípio induz uma maior
racionalização não somente da movimentação de materiais como também da utilização dos
equipamentos de transportes. Um exemplo de aplicação desse princípio é planejar a
movimentação do entulho, não como uma atividade principal para utilização dos
equipamentos de transporte e sim com uma carga de retorno.
13

n) Colocar cargas em plataformas e depois transportar

Ainda pouco utilizado em canteiros, esse princípio possibilita uma maior fluência
no transporte, facilita a carga e descarga e diminui a necessidade de mão de obra. Produtos
que apresentam formas idênticas, tais como: blocos, tijolos, pisos e cimentos podem ser
movimentados em conjunto com auxílio de plataformas, porém, normalmente, são
transportados um a um. A implantação desse princípio requer investimentos em equipamentos
de transporte, tais como aquisição ou aluguel de empilhadeiras, gruas e paleteiras.

o) Movimentar por gravidade

A opção do uso da gravidade para movimentar materiais é viável


economicamente. A prática deste princípio reduz tanto a mão de obra como a utilização dos
equipamentos de transportes. Como exemplo da redução da mão de obra tem-se o
descarregamento de agregados através de caminhão basculante. Já como redução da utilização
dos equipamentos de transporte tem-se o transporte de entulho por meio de tubulação.

Figura 3.4 – Tubulação para transporte de entulho por Figura 3.5 – Detalhe da tubulação para transporte de
gravidade. entulho por gravidade.
14

p) Travar, amarrar, cintar e contrafiar materiais que possam se movimentar durante o


transporte

Durante a atividade de transporte os materiais podem se movimentar devido a


mudanças de trajetórias, frenagem, aceleração, trepidação e oscilação. Portanto travá-los,
contrafiá-los ou amarrá-los torna o transporte mais seguro, evita perdas tanto de insumos
como de mão de obra e é possível aumentar a velocidade de movimentação. O transporte de
blocos de concreto e, em alguns casos, de cimento utilizam esse princípio, uma vez que as
pilhas são envolvidas com plástico.

Figura 3.6 – Pilha de cimento envolvida com plástico.

q) Transportar somente quando o kit estiver pronto

O atendimento a esse princípio evita a necessidade extra de trabalhos de


movimentação. Em relação à movimentação interna esse princípio aplica-se, principalmente,
na preparação de kit composto por materiais e ferramentas mais leves referentes a instalações
hidro-sanitária, elétrica e pinturas. A aplicação extremada desse princípio deve ser evitada
desde que a preparação total do kit seja impossibilitada por ausência de algum componente. Já
na movimentação externa, ou seja, logística de suprimento do canteiro, a entrega deve ser
realizada quando todos os materiais solicitados estejam disponíveis, exceto em casos de
urgência de utilização.
15

r) Desenhar o fluxo de materiais em obra através de um mapofluxograma

A criação de mapofluxogramas auxilia na identificação das diversas atividades e


na determinação do local onde as mesmas se desenvolvem durante o fluxo dos materiais. Com
essa forma de documentação e visualização do processo é possível a identificação dos
problemas e implantação de oportunidades de melhorias.

s) Considerar as atividades de transporte na etapa de plano de médio prazo (lookhead)

O planejamento de médio prazo tem como objetivo identificar quais atividades se


realizarão em um período entre quatro e seis semanas e as providências cabíveis para a
garantia de sua execução. Na maioria das vezes, durante esse planejamento se considera
somente como as atividades serão executadas e com quais materiais, ferramentas e mão de
obra, deixando as atividades de movimentação de pessoas e insumos para serem resolvidas de
acordo com a necessidade e disponibilidade dos equipamentos de transporte, ou seja, utiliza-
se a cultura da improvisação. A aplicação desse princípio requer que as necessidades que
envolvem as atividades de transporte sejam consideradas logo no plano de médio prazo.

t) Eliminar as restrições motivadas pela falta de capacidade do sistema de transporte

O mau dimensionamento da capacidade do sistema de transporte induz ao


surgimento de restrições ao processo de movimentação. As restrições são: impossibilidade
dos equipamentos de comportar dimensionalmente os materiais e incapacidade de suporte de
carga, o que pode acarretar em um aumento de atividades de transporte, não utilização ou
quebras dos equipamentos. Pode se eliminar essas restrições por meio do dimensionamento
prévio da capacidade dos equipamentos de transporte a partir do conhecimento de
características como formato, volume, peso e quantidade do material a ser transportado.

u) Conhecer aspectos do produto, como volume, quantidade, peso e sua fragilidade.

Conhecer características como volume, quantidade, peso e fragilidade dos


produtos permite-se antecipar e planejar as necessidades envolvidas na atividade de
16

movimentação, tais como mão de obra e equipamentos de transporte. A aplicação desse


princípio pode minimizar as improvisações, tornando assim a atividade de movimentação
menos improdutiva.

v) Ter acesso a obra por toda a sua frente

A possibilidade de acesso ao canteiro por toda sua frente permite


descarregamentos simultâneos e facilita, quando necessário, a movimentação dos operários e
dos equipamentos de transporte durante esse tipo de atividade. Uma inovação tecnológica
simples é a substituição do tradicional tapume por gradil, o qual poderá oferecer vários pontos
de entradas.

Figura 3.7 – Gradil com várias entradas.

w) Manter e transportar materiais nas embalagens originais

Sempre que possível deve-se transportar materiais nas embalagens originais, uma
vez que essas são, na grande maioria, dimensionadas com o objetivo de acomodar, prevenir e
resistir a ações danosas, mantendo as características geométricas e físico-químicas do material
durante as atividades de movimentação. Caso não seja possível obedecer a esse princípio
devido à necessidade de fracionamento do material, deve-se ter a atenção em transportar em
concordância, dependendo do tipo de material, com princípios, tais como proteger o material
a ser transportado ou travar, amarrar, cintar e contrafiar materiais que podem se movimentar
durante o transporte.
17

x) Proteger o material a ser transportado

Durante a movimentação de material, atenção deve ser dedicada a esse princípio


com intuito de se evitar danos, misturas e derramamentos, ou seja, desperdícios e perdas. Esse
princípio se aplica tanto a material acomodado em embalagens como também a produtos que
não são ou, caso sejam, fracionados. Uma forma de obediência a esse princípio é buscar por
em prática ações e cuidados simples como travar, amarrar, contrafiar, cintar, cobrir, acomodar
e embalar os materiais a serem transportados, principalmente, aqueles que dependem da
integridade de suas características físicas, tais como: louças, lâmpadas, esquadrias de
alumínio e vidro, luminárias e espelhos entre outros. Um exemplo de aplicação desse
princípio é observado no transporte de areia em caminhão caçamba, uma vez que o material é
coberto com lona com intuito de se evitar derramamento. Outro exemplo observa-se no
transporte de esquadrias de alumínio e vidro quando é necessário embalar, acomodar e
amarrar para que, durante a movimentação, evitem-se possíveis danos ao produto.

y) Manter em obra ferramentas simples para conserto e manutenção dos equipamentos de


transporte

A utilização dos equipamentos de transporte requer manutenção e consertos


durante sua vida útil, principalmente, os utilizados em canteiros de obras, os quais
transportam cargas pesadas. Assim é de suma importância procurar manter ferramentas
simples com destinação para este tipo de serviço que, muitas vezes, é simples e de fácil
realização. Portanto, o atendimento a este princípio prolonga a vida útil dos equipamentos.

Figura 3.8 – Ferramentas para conserto e manutenção dos equipamentos de transporte.


18

Figura 3.9 – Detalhe da ferramentaria.

z) Manter a obra limpa

São muitas as situações em que há aumento de percurso, acidentes de trabalho e


interrupção dos deslocamentos devido ao acúmulo desordenado de resíduos sólidos nos
canteiros de obras. Portanto, a obediência a este princípio, além do fator de higiene e estético,
facilita o deslocamento de pessoas e equipamentos, o que torna a movimentação uma
atividade mais produtiva e segura.

aa) Criar endereço para destino do material transportado

Uma forma de se evitar movimentações desnecessárias ou imprecisas de materiais


é através da criação de endereços para destino do material transportado. Situações em que a
movimentação de materiais é realizada em elevadores de cargas são passíveis de aplicação
deste princípio para se evitar enganos no momento do descarregamento, uma vez que
materiais com destinos diferentes podem ser transportados na mesma viagem.
19

Figura 3.10 – Identificação do destino do material.

bb) Garantir espaço para o não cruzamento de fluxos de ida e retorno

Os caminhos de circulação em canteiros de obra devem ser dimensionados de


forma a não permitirem, durante a movimentação de pessoas, equipamentos e veículos de
transporte, o cruzamento de ida e retorno, evitando assim congestionamentos ou esperas. O
posicionamento inadequado das áreas de estoque e preparação de produtos pode reduzir os
espaços para circulação, acarretando, possivelmente, a necessidade de cruzamento de fluxos
de ida e retorno. Portanto, de preferência, devem existir caminhos separados.

Figura 3.11 – Cruzamento do fluxo de ida e retorno.

O quadro 3.2 sintetiza os princípios sobre planejamento e gestão da


movimentação em forma de um check-list.
20

Quadro 3.2 – Check-list de princípios sobre planejamento e gestão da movimentação.


Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Não transportar.
Andar em linha reta.
Não subir e nem descer.
Utilizar rampas com inclinação adequada.
Diminuir a distância entre área de estoque e posto de trabalho.
Entregar materiais diretamente no local de trabalho ou de armazenagem.
Entregar materiais na quantidade exata.
Visitar e preparar a área de recepção.
Dispor materiais na sequencia de utilização.
Não empilhar materiais diferentes ou obstruir o acesso de uns pelos outros.
Indicar um caminho único entre “a” e “b”.
Planejar o caminho de ida e de volta.
Planejar o uso de carga de retorno.
Colocar cargas em plataformas e depois transportar.
Movimentar por gravidade.
Travar, amarrar, cintar e contrafiar materiais que possam se movimentar
durante o transporte.
Transportar somente quando o kit estiver pronto.
Desenhar o fluxo de materiais em obra através de um mapofluxograma.
Considerar as atividades de transporte na etapa do plano de médio prazo
(lookhead).
Eliminar as restrições motivadas pela falta de capacidade do sistema de
transporte.
Conhecer aspectos do produto a ser transportado, como volume,
quantidade, peso e sua fragilidade.
Ter acesso a obra por toda sua frente.
Manter e transportar materiais nas embalagens originais.
Proteger o material a ser transportado.
Manter em obra ferramentas simples para conserto e manutenção dos
equipamentos de transporte.
Manter a obra limpa.
Criar endereço para destino do material transportado.
Garantir espaço para o não cruzamento de fluxos de ida e retorno.

3.1.2 Cuidados com os Caminhos de Circulação

Atenção deve ser dada aos caminhos de circulação de modo que estes facilitem a
movimentação.
21

a) Criar corredores e ruas de transporte

Prever durante o planejamento do layout do canteiro e disponibilizar áreas de


circulação, tais como corredores e ruas facilitam a fluência não somente dos
equipamentos/veículos de transporte como também os deslocamentos de operários. Em obras
verticais muitas vezes com a indisponibilidade de espaços não é possível a criação dessas
vias. Já em grandes obras horizontais deve ser primordial a obediência a esse princípio. A
criação desses caminhos de circulação deve obedecer a princípios como: usar o caminho mais
direto possível; não subir e descer; utilizar rampas com inclinação adequada e pavimentar,
drenar e iluminar previamente os caminhos de transporte. No entanto não somente criar
caminhos resolve o problema como também é necessário, através da conscientização do
usuário, garantir a manutenção, integridade e desobstrução dessas vias.

b) Pavimentar, drenar e iluminar previamente os caminhos de transporte

Quanto melhor as condições dos caminhos/percursos em canteiros de obra mais


facilmente fluirão o deslocamento de pessoas e equipamentos de transporte durante a
movimentação, principalmente, pelo fato da atividade tornar-se mais segura, o que implicará,
possivelmente, em um ganho de produtividade. Pavimentar, drenar e iluminar, ou seja,
proporcionar melhores condições aos caminhos de circulação são ações que minimizam a
insegurança durante a atividade de movimentação. Situações grosseiras como subsolo mal
iluminado e o descuido com a regularização durante a concretagem dos pavimentos, são
exemplos recorrentes da desobediência a esse princípio. Outra situação de não atendimento a
esse princípio é observada em obras com grandes áreas não pavimentadas, nas quais é
possível o empoçamento dos caminhos de circulação devido à falta ou deficiência na
drenagem desses espaços.

c) Não prejudicar o trânsito de veículos e pedestres durante o descarregamento de


produtos

É comum, durante atividades de descarregamento em canteiros de obra, se


prejudicar o fluxo de veículos e pedestres, principalmente, pelo fato da não disponibilidade de
espaços dentro dos limites da obra. A impossibilidade de estacionar dentro do terreno da obra
22

implica na necessidade de se usufruir das calçadas e ruas para se aproximar do canteiro. A


partir do momento que se utiliza dessas áreas pode-se dificultar a movimentação de pedestres
e veículos. Um exemplo corriqueiro em obras é observado quando se obstrui as calçadas para
armazenamentos intermediários de tijolos. Outro exemplo é a interrupção de parte ou
totalidade de uma faixa da rua ou avenida durante o descarregamento de concreto bombeado.
Uma forma de minimizar ou até mesmo se evitar esses empecilhos é disponibilizar áreas de
descarregamento dentro do canteiro ou priorizar, quando possível, que o descarregamento
ocorra em ruas menos movimentadas ou em horários menos críticos com relação ao trânsito
de pedestres e veículos.

Figura 3.12 – Descarregamento prejudicando o fluxo de veículos.

Figura 3.13 – Estoque intermediário de tijolos na calçada.

d) Eliminar as restrições causadas por obstáculos ao livre fluxo de transporte


23

Obstáculos ao livre fluxo da mão de obra e dos equipamentos de transporte


tornam a movimentação uma atividade ineficiente e insegura. O principal obstáculo ao fluxo
de transporte é motivado pelo armazenamento inadequado dos materiais e falta de
organização dos canteiros, ou seja, consequência da cultura da improvisação.

Figura 3.14 – Obstáculo ao livre fluxo de movimentação.

e) Garantir amplo espaço de circulação em volta dos locais de armazenagem

O grande empecilho na aplicação desse princípio é a restrita disponibilidade de


espaços livres nos canteiros. No entanto existe a necessidade de se garantir espaço de
circulação em volta das áreas de estocagem para facilitar não só o acesso ao material como
também o manuseio dos equipamentos de transportes.

f) Proteger a obra ao longo do caminho de circulação

Esse princípio tem como objetivo a preservação, principalmente, das áreas já


acabadas da obra, tais como ambientes com revestimento de parede e piso prontos. Um
exemplo típico de proteção da obra é colocação de papelão ou lona plástica nos caminhos de
circulação com revestimento já assentado.
24

Figura 3.15 – Lona plástica protegendo porcelanato ao longo da área de circulação.

g) Isolar a área de movimentação de materiais

Os caminhos de circulação devem ser demarcados e se possíveis isolados. Esse


princípio tem como objetivo evitar a obstrução e preservar os caminhos de circulação,
evitando assim que estes sejam ocupados para outros usos. Também pode auxiliar na proteção
de áreas já acabadas e que não devem ser utilizadas para circulação.

A seguir será apresentado o check-list referente à subcategoria sobre cuidados


com os caminhos de circulação.
Quadro 3.3 – Check-list de princípios sobre cuidados com os caminhos de circulação.
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Criar corredores e ruas de transporte.
Pavimentar, drenar e iluminar previamente os caminhos de transporte.
Não prejudicar o trânsito de veículos e pedestres durante o
descarregamento de produtos.
Eliminar as restrições causadas por obstáculos ao livre fluxo de transporte.
Garantir amplo espaço de circulação em volta dos locais de armazenagem.
Proteger a obra ao longo do caminho de circulação.
Isolar a área de movimentação de materiais.
25

3.1.3 Cuidados com o Homem como Agente da Movimentação

Como grande parte da movimentação em canteiros de obras é operacionalizada


com o auxílio do esforço humano, então segue uma apresentação de princípios que tem
objetivo de cuidar do agente da movimentação.

a) Transportar pesos adequados a capacidade humana

A indústria da construção civil é caracterizada pela grande necessidade de


movimentação e manuseio de materiais, sendo, essas, atividades repetitivas e realizadas, na
grande maioria, de forma manual, ou seja, com esforço de operários. Partindo-se dessa
frequente rotina observada em canteiros, é necessário que atenção seja dada, principalmente,
pelos gestores de obras, para que os operários transportem pesos compatíveis com a
capacidade humana. A desobediência a esse princípio em conjunto com a frequente repetição
das atividades de transporte de cargas são indutoras de sérios riscos a saúde e bem-estar dos
operários. Segundo MERINO (1996), a legislação brasileira limita em 60 kg o peso máximo
que um trabalhador deve manusear e movimentar, enquanto que o método NIOSH
desenvolvido nos Estados Unidos em 1980, sob iniciativa da National Institute for
Ocupational Safety and Health, estabelece como limite máximo 23 kg.

Figura 3.16 – Transporte manual de sacos de 50 kg.


26

b) Prover pega adequada

A grande maioria das movimentações em canteiros de obra exige o esforço físico


dos operários, implicando, assim, na frequente necessidade do uso das mãos. Uma forma de
facilitar esse manuseio é através da utilização de pegas adequadas, ou seja, prover alças,
ressaltos e encaixes para as mãos. Porém, não só prover pega facilita o manuseio. É
necessário que ela tenha características que promovam certo conforto as mãos. Assim,
recomenda-se que o encaixe ou ressalto sejam compostos por material compressível e não
derrapante. Já para alça, além das características do encaixe e ressalto, é de fundamental
importância que apresente formato cilíndrico.

Figura 3.17 – Elementos práticos para facilitar a pega (Merino, 1996).

c) Utilizar a mão como um todo para empunhar materiais

A forma mais adequada e confortável de se manusear materiais com uso das mãos
é utilizando-as como um todo, evitando, sempre que possível, o uso somente dos dedos. A
área da pega deve ser a maior possível, utilizando sempre a palma das mãos e a base dos
dedos, promovendo, assim, uma melhor acomodação da carga ao corpo humano e,
consequentemente, redução de fadiga e ocorrência de possíveis acidentes. A aplicação deste
princípio, em conjunto com o de prover pega adequada, torna o manuseio menos desgastante
para as mãos do trabalhador.
27

d) Usar braços estendidos

Durante a movimentação de cargas os braços devem ser utilizados, quase que


exclusivamente, para segurá-la, evitando, sempre que possível, que sejam usados para
levantá-la. A posição mais recomendada para os braços é estendida, promovendo, assim, uma
menor fadiga dos músculos.

Figura 3.18 – Braços estendidos na movimentação de materiais (Merino, 1996).

e) Empurrar ao invés de puxar

Ao se movimentar uma carga, seja por meio de rolamento ou tombamento,


deve-se procurar empurrar ao invés de puxar, uma vez que, ao empurrá-la, o peso do corpo do
trabalhador atua como contrapeso, facilitando e ajudando no deslocamento. Além disso, o
trabalhador se põe sempre de frente ao movimento da carga o que implica aumentar o campo
visual e evitar possíveis acidentes.

f) Colocar as cargas em equilíbrio e simétricas em relação ao corpo

Ao se transportar cargas em equilíbrio e simétricas em relação ao corpo evita-se o


desequilíbrio postural e sobrecarga de algum grupo muscular. Um exemplo de aplicação deste
princípio pode ser observado em atividades de movimentação de galões (baldes) de tintas.
28

Figura 3.19 – Cargas simétricas em relação ao corpo.

g) Colocar cargas sobre os ombros ou cabeça

Figura 3.20 – Carga sobre ombros.

h) Transportar a máxima quantidade de cada vez

Sempre que possível, o trabalhador deve transportar a máxima carga de cada vez,
no entanto não se esquecendo de obedecer, também, ao princípio de transportar cargas
compatíveis com a capacidade humana. Ao se aplicar este princípio tem-se um ganho de
produtividade durante a atividade de movimentação, pois se minimiza o número viagens.
Porém sua aplicação extremada em atividades repetitivas e em discordância com o princípio
de transportar cargas compatíveis com a capacidade humana pode levar, ao longo da
atividade, a perda de produtividade e fadiga da muscular.
29

i) Facilitar a carga e descarga

Ao se por em prática este princípio pode-se ter um ganho de produtividade e


reduzir o desgaste e fadiga do trabalhador, uma vez que, ao se facilitar a carga e descarga, o
esforço físico utilizado na atividade de movimentação e manuseio será disponibilizado, quase
que exclusivamente, para o transporte propriamente dito. Um exemplo de aplicação deste
princípio é observado em atividade em que tanto o carregamento quanto o descarregamento
de cargas é auxiliado por outro trabalhador. Outra maneira de facilitar a carga e descarga é
aproveitar bancadas e alturas com o objetivo de auxiliar a elevação e deposição da carga.

Figura 3.21 – Aproveitamento de bancadas e alturas no levantamento de sacos (Merino, 1996).

j) Substituir o esforço humano por equipamentos ou máquinas simples

Carregar, elevar, puxar, empurrar, deslizar, arremessar, tombar e rolar são ações
rotineiras em atividades de movimentação e manuseio de cargas com utilização de força
muscular, porém, sempre que possível, devem ser substituídas ou auxiliadas por máquinas
simples, buscando, assim, substituir o esforço humano por equipamentos de transporte. Não
só substituir implica na obediência correta a este princípio. É necessário que a utilização dos
equipamentos de movimentação de cargas esteja adaptada ao trabalhador. Ao se praticar este
princípio, além de se evitar o desgaste e fadiga do trabalhador, se ganha em termo de
produtividade. Este princípio é observado em movimentações de cargas com auxílio de
carrinhos de mão, giricas e carrinhos porta pallet.
30

Figura 3.22 – Transporte manual de tijolos.

Figura 3.23 – Transporte com auxílio de carrinho de mão.

Abaixo é apresentado o check-list referente à subcategoria de cuidados com o


homem como agente da movimentação.
31

Quadro 3.4 – Check-list de princípios sobre cuidados com o homem como agente da movimentação.
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Avaliar a carga antes da movimentação.
Substituir o esforço humano por equipamentos ou máquinas simples.
Empurrar ao invés de puxar.
Transportar pesos adequados a capacidade humana.
Transportar a máxima quantidade de cada vez.
Utilizar a mão como um todo para empunhar materiais.
Prover pega adequada.
Usar braços estendidos.
Facilitar a carga e descarga.
Colocar as cargas em equilíbrio e simétricas em relação ao corpo.
Colocar a carga sobre os ombros ou cabeça.

3.1.4 Características dos Equipamentos de Movimentação

Entendem-se como equipamento de movimentação os instrumentos que auxiliam


a operacionalização do manuseio e transporte de cargas.

a) Usar equipamentos flexíveis que possam ser adaptados a vários tipos de materiais

Quanto mais flexível for a utilização dos equipamentos de transporte, ou seja,


adaptados a movimentação de vários tipos de materiais, menos sub-utilizados serão.
Equipamentos, tais como elevador de carga e grua são representantes da aplicação deste
princípio, pela sua flexibilidade.

b) Usar equipamentos que não requeiram esforço para seu equilíbrio

Quanto mais segura for a condição de trabalho mais produtiva será a atividade de
movimentação. Partindo disso deve-se, sempre que possível, buscar utilizar equipamentos
32

estáveis, ou seja, que não requeiram esforço para seu equilíbrio. Assim, o operário fornecerá
apenas a força de tração, aumentando, portanto, a velocidade do fluxo de movimentação.

c) Usar equipamentos estáveis e que evitem oscilações bruscas

Embora na construção civil os materiais, na grande maioria, sejam grosseiros e


não requerem cuidados especiais é necessário que os equipamentos apresentem estabilidade e
que evitem oscilações bruscas. Para os equipamentos de transporte de pessoas, este princípio
deve ser aplicado rigorosamente para que não provoquem desconforto durante a
movimentação e sejam seguros.

d) Prover dispositivos de trava

Em movimentações dentro do canteiro, são as irregularidades e desnivelamento de


pisos que tornam o transporte, em algumas situações, instáveis. Já em movimentações
externas são as curvas, frenagens, acelerações, oscilações e irregularidades das vias que
produzem instabilidade. Uma forma de se evitar as inconvenientes consequências dessa
instabilidade, ou seja, deslocamento da carga, e até mesmo danos ao material é buscar prover
dispositivos de trava nos meios de transporte, tais como corda, cinta e ligas de borracha.

e) Usar equipamentos leves com baixo peso próprio

É notável que todos os equipamentos de transporte apresentem carga limitada e


que parte desta capacidade é dispensada para transportar o peso próprio do equipamento, ou
seja, peso morto, o que implica numa atividade de movimentação menos produtiva,
aumentando, consequentemente, o número de viagens para transporte de cargas. Embora as
tecnologias disponíveis no momento ainda produzam equipamentos de transporte pesados,
deve-se sempre buscar equipamentos leves e com baixo peso próprio para que, assim, se
minimize os custos operacionais da atividade de transporte de cargas.
33

f) Calibrar pneus

Ao utilizar equipamentos com pneus deve-se sempre mantê-los com a calibração


adequada, uma vez que pneu descalibrado requer maior esforço, seja físico ou mecânico, para
movimentação da carga, além do maior desgaste. Manter na obra equipamento para calibração
de pneu, por mais simples que seja e até mesmo manual, é uma forma de atender a este
princípio. A desobediência a este princípio pode acarretar na subutilização de equipamentos
simples, tais como carrinho de mão e girica.

Figura 3.24 – Calibração de pneu da girica com bomba manual.

g) Utilizar o maior tamanho de roda possível

Quanto maior a roda do equipamento de transporte mais facilmente se


desenvolverá o deslocamento de cargas, já que rodas com maior raio sofrem menos influência
das irregularidades ou desnivelamento do piso. Portanto, sempre que se for adquirir
equipamentos que apresentem a opção de escolha do tamanho da roda, deve-se procurar optar
pelas de maior tamanho.

h) Usar rodas leves

Este princípio busca minimizar o peso próprio do equipamento de transporte, ou


seja, reduzir o peso morto.
34

O quadro 3.5 apresenta, em forma de check-list, os princípios sobre as


características dos equipamentos de movimentação.

Quadro 3.5 – Check-list de princípios sobre características dos equipamentos de movimentação.


Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Usar equipamentos flexíveis que possam ser adaptados a vários tipos de
materiais.
Usar equipamentos que não requeiram esforço para seu equilíbrio.
Usar equipamentos estáveis e que evitem oscilações bruscas.
Prover dispositivos de trava.
Usar equipamentos leves e com baixo peso próprio.
Calibrar pneus.
Utilizar o maior tamanho de roda possível.
Usar rodas leves.

3.1.5 Deslocamento e Trânsito de Pessoas

Este grupo de princípios tem como intuito tornar a movimentação de pessoa uma
atividade mais segura, precisa e produtiva dentro do canteiro de obra.

a) Criar banheiros, ferramentaria e local para descanso próximo a área de trabalho

A aplicação deste princípio evita deslocamentos desnecessários de funcionários, o


que acarreta a redução dos tempos improdutivos durante a jornada de trabalho.

b) Criar corredores de acesso para funcionários, visitantes, clientes e fornecedores

Criar corredores de acesso é uma forma de buscar manter seguras as pessoas que
acessam o canteiro de obra, evitando, assim, possíveis acidentes. A aplicação deste princípio é
observada, principalmente, em obras verticais, as quais são passíveis de queda de materiais
durante a execução da torre de pavimentos. Esses corredores podem ser feitos, de uma forma
35

simples, de madeira e tela contornando seus limites. Também podem ser cobertos com folha
de zinco ou madeirite.

c) Dar direções e identificar locais na obra

A movimentação em canteiro de obra se torna mais produtiva a partir do momento


em que há sinalização tanto de direcionamento quanto de identificação dos locais e áreas de
trabalho. A aplicação deste princípio tem como objetivo principal facilitar o deslocamento não
somente dos operários como também de visitantes e fornecedores, uma vez que a sinalização,
quando bem definida, evita ocorrência de dúvidas quanto a direção a seguir e em qual local a
pessoa se encontra na obra. Um exemplo de aplicação deste princípio é observado ao
sinalizar, com placas de identificação, banheiros para visitantes, sala técnica, almoxarifado,
pavimento e unidades tipo entre outras áreas. Outro exemplo é observado tanto ao se dar
direções dos caminhos a serem seguidos por visitante, operários e fornecedores como ao se
indicar locais que não devem ser acessados.

Figura 3.25 – Placa indicando almoxarifado.

d) Isolar áreas que não estejam sendo trabalhadas

A aplicação deste princípio busca minimizar a possibilidade de movimentações


improdutivas, estocagens não autorizadas de materiais e, dependendo da situação, evitar
acidentes ou preservar ambientes. Assim, sempre que possível, deve-se isolar, com telas, fitas
36

zebradas ou alguma outra forma de obstrução do acesso (madeira e tapumes) áreas que não
estejam sendo trabalhadas.

e) Trabalhar em equipes e aproximar frentes de trabalho

Sempre se deve otimizar os deslocamento tanto de operários quanto de


supervisores, ou seja, minimizá-los. Uma forma de atingir este objetivo é através da
aproximação das frentes de trabalho.

f) Indicar os locais onde está havendo trabalho

Não saber onde as equipes de produção estão trabalhando é uma situação bastante
vivenciada em canteiros de obras, o que pode gerar deslocamentos imprecisos e
desnecessários. A aplicação deste princípio busca minimizar o deslocamento principalmente
dos supervisores.
Algumas formas de aplicação deste princípio já são possíveis de serem
observadas, principalmente, em obras verticais. Uma delas é o Andon, ou seja, uma
ferramenta de gerenciamento visual, a qual é oriunda dos conceitos de Produção Enxuta. Esta
foi adaptada para a construção civil, tendo como objetivo principal facilitar a comunicação
dentro da obra entre supervisores e equipes de produção, indicando os locais onde estão sendo
executados serviços e como está seu andamento, ou seja, se há algum problema na rotina de
trabalho.

g) Diminuir o número de visitas em cada local de trabalho

A aplicação deste princípio acarreta em movimentações mais produtivas,


principalmente, por parte dos gestores e supervisores da obra. Uma forma de atender a este
princípio pode ser através do desenvolvimento prévio de check-list, indicando quais detalhes
devem ser analisadas e que material é necessário em cada visita ao local de trabalho. Outra
forma pode ser por meio de Andon, o qual indica a necessidade ou não da presença de
supervisores no posto de trabalho.
37

h) Examinar as condições de trabalho do próximo local de atividades

São muitos os casos em que a equipe de produção desloca-se para áreas de


trabalho que, muitas vezes, não estão liberadas para execução do novo serviço. Um exemplo
dessa situação pode ser observado em casos em que a equipe de pedreiros é deslocada para
um ambiente onde realizarão serviços de reboco, no entanto há necessidade de arremates, tais
como emestramento ou conclusão da alvenaria. Uma forma simples de se evitar esse tipo de
deslocamentos improdutivos pode ser por meio de visita prévia ao próximo local de trabalho.
Essas visitas sempre que possível devem ser amparadas com auxílio de check-list.

Abaixo se encontra o quadro 3.6, o qual apresenta um check-list de princípios


sobre deslocamento e trânsito de pessoas.

Quadro 3.6 – Check-list de princípios sobre deslocamento e trânsito de pessoas.


Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Criar banheiro, ferramentaria e local para descanso próximo a área de
trabalho.
Criar corredores de acesso para funcionários, visitantes, clientes e
fornecedores.
Dar direções e identificar locais na obra.
Isolar áreas que não estejam sendo trabalhadas.
Trabalhar em equipes e aproximar frentes de trabalho.
Indicar locais onde está havendo trabalho.
Diminuir o número de visitas em cada local de trabalho.
Examinar as condições de trabalho do próximo local de atividades.

A seguir serão apresentados os princípios sobre as atividades de armazenagem em


canteiros de obras.

3.2 Armazenagem

Para a construção civil, o termo armazenagem deve ser entendido como o ato ou
efeito de acumular insumos ou produtos necessários para posterior utilização.
38

Como observado no quadro 3.1, os princípios sobre armazenagem foram


agrupados em três subcategorias, as quais serão apresentadas a seguir.

3.2.1 Planejamento e Gestão da Armazenagem

Ter um bom planejamento e gestão do sistema de armazenagem é crucial para


tornar mais eficiente e otimizar as áreas destinada a este fim. Alguns quesitos que podem ser
observados são colocados a seguir.

a) Não usar a obra como depósito de si mesma

Obras de construção requerem áreas de armazenamento, no entanto, na grande


maioria dos canteiros, há insuficiência ou ausência de espaços que possam ser destinados a
este fim. Quando ocorre este tipo de situação, muitas vezes, a solução mais rápida, porém
nem sempre a mais viável e correta, é utilizar a própria obra como área para estoque ou,
irregularmente, os espaços públicos como calçadas, ruas e avenidas. Ao utilizar a própria obra
é possível que haja necessidade de duplo manuseio e ocorra obstrução das vias de circulação e
postos de trabalho. Uma forma de se evitar o armazenamento na própria obra é procurar
alugar, quando possível, depósitos em terrenos vizinhos ao canteiro. Um exemplo deste tipo
de situação é observado em obras de reforma, onde, muitas vezes, os serviços e o
funcionamento do estabelecimento ocorrem simultaneamente.

b) Utilizar o espaço tridimensional para armazenamento

Uma forma de se racionalizar o ambiente de estocagem é utilizando ao máximo o


espaço. Esse princípio pode ser aplicado por meio do empilhamento direto do material ou
utilização de prateleiras.
39

Figura 3.26 – Armazenamento em prateleiras.

c) Armazenar junto ao fabricante e fazer a entrega just in time

A prática desse princípio promove uma maior racionalização das áreas do canteiro
de obra, uma vez que se utiliza como área de armazenamento o depósito do fornecedor,
evitando assim a necessidade de maiores áreas para estoque na própria obra. O grande
empecilho para se por em prática esse princípio é proveniente da ineficiência, por parte da
administração da obra, em se determinar a quantidade mínima de estoque e, por parte dos
fornecedores, da entrega com confiabilidade.

d) Garantir acesso a qualquer momento pelos quatro lados da área de armazenagem

Disponibilizar acesso pelos quatro lados da área de armazenagem facilita tanto o


armazenamento e acomodação como a retirada do material seja esta manual ou com auxílio de
máquinas/equipamentos, tornando o manuseio uma atividade, possivelmente, mais produtiva.
Também permite que os materiais que primeiro cheguem ao estoque sejam os primeiros a
saírem. A aplicação deste princípio, muitas vezes, não é possível pela insuficiência de espaço
nos canteiros de obras.
40

e) Usar depósito central e fazer entrega na obra em pequenos caminhões

Dependendo do porte da empresa, pode-se optar por este princípio. Empresas com
dois ou mais canteiros de obras podem usar depósito central e, em função da demanda de cada
obra, fazer entrega em pequenos caminhões. A aplicação deste princípio implica na redução
da necessidade de grandes espaços para o armazenamento de materiais em cada obra. Uma
situação em que a aplicação deste princípio pode ser útil é quando da aquisição de grandes
lotes de materiais, tais como tubos, conexões, pisos e revestimentos.

f) Não utilizar o chão diretamente para armazenagem

O armazenamento direto em contato com o chão pode ser prejudicial às


características físico-químicas do material e da própria embalagem, como também dificulta,
dependendo do produto, seu içamento. Como exemplo de materiais que se deve evitar o
contato direto com o solo tem-se cimento, cal, aço e madeira. Uma forma de aplicação desse
princípio é observada ao se armazenar os materiais sobre estrados de madeira.

Figura 3.27 – Armazenamento sobre estrado de madeira.

g) Garantir localização visual dos materiais

A indicação visual dos materiais facilita tanto sua localização como a manutenção
dos estoques. Uma forma de aplicação desse princípio é a utilização de placas de identificação
dos materiais.
41

Figura 3.28 – Placas de identificação de materiais.

h) Separar quanto à cor, dimensão e tipo

Devido a improvisações durante a armazenagem, os materiais são dispostos sem


distinção quanto à cor, dimensão e tipo. Essa desorganização requer tempo para a localização
do material e dificulta a manutenção de estoques, principalmente, de produtos que apresentam
uma maior variedade como material hidro-sanitário, elétrico, tinta, aço, metal e miudezas em
geral. Esse princípio deve ser aplicado durante o dimensionamento do almoxarifado e áreas de
armazenagem.

Figura 3.29 – Não separação de materiais por tipo e dimensão.


42

A seguir será apresentado o check-list dos princípios sobre planejamento e gestão


da armazenagem.

Quadro 3.7 – Check-list de princípios sobre planejamento e gestão da armazenagem.


Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Não usar a obra como armazenagem de si mesma.
Utilizar o espaço tridimensional para armazenamento.
Armazenar junto ao fabricante e fazer a entrega Just in time.
Garantir acesso a qualquer momento pelos quatro lados da pilha.
Usar depósito central e fazer entrega na obra em pequenos caminhões.
Não utilizar o chão diretamente para armazenagem.
Garantir localização visual de materiais
Separar quanto à cor, dimensão e tipo.

3.2.2 Cuidados com o Ambiente de Armazenagem

As áreas destinadas à armazenagem devem dispor de características necessárias a


preservação e segurança dos insumos como ilustrados pelos princípios abaixo.

a) Iluminar os locais de armazenagem

Uma boa iluminação natural do ambiente de armazenagem, além de facilitar a


localização dos materiais, diminui o gasto com energia elétrica. Quando a iluminação é
proveniente de luz artificial, deve-se posicioná-la de modo que evite a projeção de sombras
sobre outros materiais. O ambiente de armazenagem deve, sempre que possível, ser iluminado
por fonte natural, servindo a energia artificial somente como fonte complementar.

b) Ventilar o local de armazenagem

Materiais como solventes e tintas são explosivos e tóxicos, portanto é necessário o


cuidado com o acúmulo e geração de substâncias provenientes desses produtos. Para se evitar
acidentes com esses materiais é de suma importância, além da preservação em condições
43

adequadas, se permitir a ventilação do local de armazenamento. Outro fator que implica na


necessidade de ventilar o ambiente de armazenagem, principalmente, o almoxarifado, é
devido ao fato do almoxarife passar boa parte da jornada de trabalho dentro desse ambiente,
ou seja, há necessidade de se evitar um local perigoso e insalubre.

c) Drenar o entorno do local de armazenagem

Materiais como bloco de concreto, areia, brita e tijolo cerâmico, que na maioria
dos canteiros estão expostos a chuva, devem merecer o cuidado para se evitar o acúmulo de
água no local de armazenagem. Para se evitar o acúmulo de água nestas áreas, deve-se drenar
o entorno do local de armazenagem. A drenagem deve ser realizada, principalmente, na área
de acesso ao material para que não haja dificuldade para a aproximação de operários e
equipamentos de transporte.

d) Garantir soleiras nos depósitos

Este princípio ajuda a prevenir a entrada de água no depósito por meio de soleira,
já que alguns materiais e algumas embalagens são sensíveis ao contato da água.

e) Colocar áreas de armazenagem em partes elevadas do canteiro

Durante a locação de áreas de armazenamento é de suma importância prevenir-se


contra inundações, tendo sempre o cuidado de colocá-las em partes mais elevadas. A
armazenagem em subsolo deve ser evitada, já que esta área é passível de ser atingida por
inundações.

f) Manter equipamentos de controle de incêndio

Atender a este princípio é uma necessidade para o combate a possíveis incêndios,


principalmente, nos almoxarifados, uma vez que neles são armazenados produtos explosívos
como tintas e solventes e incendiáveis como papel, papelão e plástico, entre outros. Uma
44

forma de atender este princípio é disponibilizar extintores de água pressurizada e pó químico


seco no canteiro de obra.

Figura 3.30 – Extintores de água pressurizada e pó químico seco na entrada do almoxarifado.

O quadro 3.8 sintetiza os princípios sobre cuidados com o ambiente de trabalho.

Quadro 3.8 – Check-list de princípios sobre os cuidados com o ambiente de trabalho.


Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Iluminar os locais de armazenagem.
Ventilar o local de armazenagem.
Drenar o entorno do local de armazenagem.
Garantir soleiras nos depósitos.
Colocar áreas de armazenagem em partes elevadas dos canteiros.
Manter equipamentos de controle de incêndio.

3.2.3 Cuidados com os insumos

Não é razoável somente o armazenamento, é necessário se ter cuidados com os


insumos para que se preservem suas propriedades tanto geométricas como físico-químicas e
evitem-se desperdícios e danos. Medidas administrativas podem se pautar pelos princípios
abaixo.
45

a) Evitar encostar material em paredes sujeitas a umidade

Paredes que estão em contato direto com o solo ou com possibilidade de chuva
são passíveis de ascensão de umidade. Em paredes nessa situação, deve-se evitar o contato
direto dos materiais sensíveis a umidade (cal, cimento, gesso em pó e madeira) com intuito da
preservação das características físico-químicas destes. Mesmo que o material não sofra danos
por ação da umidade, deve-se aplicar esse princípio para preservação das embalagens,
principalmente, se forem de papelão.

b) Colocar contenções laterais em depósitos de materiais granulares (baias)

Armazenar os materiais granulares em baias com contenção lateral previne o


desperdício por espalhamento ou mistura. Um exemplo da não aplicação desse princípio pode
ser observado em argamassas para alvenaria ou reboco que devido à mistura indevida de
agregados nos locais de armazenagem terminam contendo brita em sua constituição.

Figura 3.31 – Baias para estoque de brita e areia.

c) Empilhar sobre bases previamente preparadas

A área de armazenamento de materiais deve ter piso firme e consolidado com


capacidade suficiente para suportar o peso da pilha e evitar o afundamento. As bases devem
se elevar em relação ao solo de maneira que não dificultem ou impeçam a aproximação dos
equipamentos de transporte e funcionem como soleira natural. A aplicação desse princípio
46

deve ser observada quando for necessário o empilhamento sobre lajes ou em áreas em contato
direto com o solo.

d) Garantir a rotação dos materiais

Esse princípio deve ser aplicado principalmente a material que apresente data de
validade, tais como tintas e cimento. Uma forma de por em prática este princípio é se evitando
a continuidade do empilhamento de materiais com datas diferentes de chegada, ou seja, deve-
se obedecer a cultura do primeiro a chegar, primeiro a sair. Portanto, garantir a rotação dos
materiais previne o desperdício devido à extrapolação do prazo de validade.

e) Observar datas de validade dos insumos

Deve-se identificar claramente o prazo de validade dos insumos para se evitar a


perda de materiais por vencimento.

f) Evitar danificar o material na base por excesso de peso na pilha

Embora o empilhamento seja uma forma de otimizar as áreas de armazenagem,


uma vez que se utiliza do espaço, é necessário que se tenha atenção e cuidado em evitar o
excesso de peso na pilha, preservando, assim, as características geométricas e físico-químicas,
principalmente, do material disposto nas camadas inferiores. Esse princípio, muitas vezes,
pode ser atendido ao se ter o cuidado ao por em prática as recomendações do fabricante
disponíveis nas embalagens.

g) Manter ferramentas e materiais de maior valor protegidos contra furto

Acessórios, metais sanitários, furadeiras, serra mármore, entre outros, ou seja,


objetos de fácil manuseio e de elevado valor agregado são sempre cobiçados por ladrões.
Portanto, em nome da segurança patrimonial da empresa, deve-se procurar atender a este
princípio. Embora seja um princípio de precaução contra furto, sua aplicação acarreta
47

diariamente a necessidade de movimentação improdutiva para o deslocamento desses objetos


do posto de trabalho até ao almoxarifado e vice-versa.

h) Evitar o desaprumo das pilhas

Durante o processo de armazenamento deve-se ter o cuidado para manter a pilha


no prumo, principalmente, se houver necessidade de movimentação do material empilhado.
Atenção a esse princípio evita o risco de queda da pilha.

Figura 3.32 – Pilha de cimento desaprumada.

i) Evitar pilhas altas

Apesar de armazenamento em forma de pilha permitir uma maior racionalização


da área de estoque, deve-se evitar pilhas altas se o processo de estocagem for
operacionalizado com esforço humano. Isto também é valido se o material não suportar carga
ou se a pilha não apresentar estabilidade. Recomenda-se não estocar acima da linha dos
ombros, devido ao grande esforço muscular envolvido e não ultrapassar a carga de suporte do
material de base, observando por último a estabilidade da pilha. Em caso de utilização de
máquinas ou equipamentos que permitam o empilhamento em maiores alturas, deve-se ter
atenção tanto com a estabilidade da pilha quanto com a capacidade de suporte do material,
principalmente, o disposto na base.
48

j) Contrafiar as pilhas

Contrafiar os materiais permite uma melhor amarração o que proporciona maior


estabilidade da pilha, evitando assim a possibilidade de tombamento. Materiais como caixas
de cerâmicas e blocos de concreto são empilhados de acordo com esse princípio.

Figura 3.33 – Caixas de cerâmica contrafiadas.

O quadro 3.9 sintetiza os princípios da sub-categoria sobre cuidados com os


insumos.
Quadro 3.9 – Check-list de princípios sobre cuidados com os insumos.
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Evitar encostar material em paredes sujeitas a umidade.
Colocar contenções laterais em depósitos de materiais granulares (baias).
Empilhar sobre bases previamente preparadas.
Garantir a rotação dos materiais.
Observar datas de validade dos insumos.
Evitar danificar o material na base por excesso de peso.
Manter ferramentas e materiais de maior valor protegidos contra furto.
Evitar o desaprumo das pilhas.
Evitar pilhas altas.
Contrafiar as pilhas.
49

3.3 Considerações sobre o Capítulo

Como relatado no início do capítulo, foram apresentados e discutidos, no


desenvolvimento deste, os princípios de movimentação e armazenagem. Também foi
elaborado para cada subcategoria um check-list.
50

4. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

4.1 Conclusões

O objetivo principal deste trabalho foi propiciar aos gestores de obras um


momento de reflexão sobre o sistema de movimentação e armazenagem.
Para isto, o trabalho apresentou um check-list conceitual de princípios sobre estas
atividades no canteiro de obra, sendo este composto por 62 princípios sobre movimentação e
24 sobre armazenagem. No total, este trabalho utilizou-se de 86 princípios dos 199
apresentados na listagem inicial, ou seja, 43%.
A aplicação destes princípios permite diagnosticar a situação do sistema
produtivo, desenvolver um pensamento crítico e definir novas estratégias, além de auxiliar nas
respostas: O que observar? Por que ocorre assim? É possível melhorar? Por que melhorar? O
que melhorar? Como melhorar? Aonde chegar? Por onde começar? Quando começar?
A adoção dos princípios listados permite, além da reflexão, a implantação de
melhorias no processo e na organização do sistema de movimentação e armazenagem, por
meio de mudanças simples e muitas vezes de baixo custo, o que acarreta o ganho de
produtividade e redução do desperdício de materiais durante a realização destas atividades.

4.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

Neste item são apresentadas sugestões para trabalhos futuros a serem realizados
sobre movimentação e armazenagem em canteiros de obras.
a) Fundamentar teoricamente e ilustrar os demais princípios da listagem inicial;
b) Expandir a listagem inicial de princípios;
c) Avaliar a receptividade destes conceitos por parte de engenheiros, mestres e
operários.
51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MAIA, M. A. M. Diretrizes para dimensionamento e determinação de canteiro. Fortaleza,


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52

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(estudo de caso de movimentação de materiais em edificações residenciais). Dissertação (Pós-
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layout de canteiro. Belém, 1996.
53

ANEXO 1 - Listagem inicial de princípios de movimentação e armazenagem.

Planejamento e Gestão da Movimentação

1. Usar o caminho mais direto possível.


2. Andar em linha reta.
3. Não subir e nem descer.
4. Utilizar rampas com gradiente adequado.
5. Auxiliar no esforço extra em subidas e descidas.
6. Não transportar.
7. Diminuir a distância entre postos de trabalho.
8. Diluir o custo de transporte em sub montagens onde já houve agregação.
9. Entregar materiais diretamente no local de trabalho.
10. Entregar materiais na quantidade exata.
11. Entregar materiais contra demanda.
12. Dispor materiais em supermercado, para retirada pela própria equipe.
13. Visitar e preparar a área de recepção de material.
14. Dispor materiais na sequencia de sua utilização.
15. Não empilhar materiais diferentes ou obstruir o acesso de uns pelos outros.
16. Garantir controle visual da quantidade e qualidade dos materiais.
17. Garantir amplo espaço de circulação em volta dos locais de armazenagem.
18. Garantir espaço para o cruzamento de fluxos de ida e retorno.
19. Proteger a obra ao longo do caminho de circulação.
20. Não cruzar fluxos de transporte.
21. Isolar a área de movimentação de materiais.
22. Indicar um caminho único entre “a” e “b”.
23. Fazer um plano único para cada parte (um plano para cada material a ser transportado
e armazenado).
24. Planejar o caminho de ida e de volta.
25. Planejar o uso de carga de retorno (não voltar vazio).
26. Usar sempre que possível o MILK RUN.
27. Colocar primeiro as cargas em plataformas e depois transportar.
54

28. Não empilhar diretamente sobre o chão, deixando espaço para ventilação e colocação
das mãos.
29. Não utilizar o chão diretamente para armazenagem.
30. Armazenar na altura da operação.
31. Alimentar por gravidade.
32. Usar a sequência de operações de cima para baixo.
33. Sair da operação pela parte de baixo já recolhendo restos, equipamento, ferramentas e
efetuando a limpeza.
34. Transportar em conteiners e nunca a granel.
35. Proteger o material a ser transportado
36. Evitar derramamento, deslocamento e mistura durante o transporte.
37. Travar, amarrar, cintar e contrafiar materiais que podem se movimentar durante o
transporte.
38. Organizar kits de materiais em docas de emparceiramento.
39. Manter e transportar materiais nas embalagens originais.
40. Só transportar quando o kit estiver pronto.
41. Combinar cores, tamanhos, bitolas, formas previamente para constituição dos kits.
42. Fornecer peças reservas, sobras, ferramentas específicas de montagem, moldes e
gabaritos específicos para montagem, somente após análise por Curva XYZ.
43. Criar estoques visíveis quanto ao seu ponto de pedido segundo a Curva FRE
fornecimento.
44. Gerenciar o transporte segundo a Curva de Momentuns de transporte.
45. Minimizar distâncias de armazenagem segundo a importância dos materiais na Curva
ABC.
46. Facilitar o acesso, controle e automatismo no fornecimento dos materiais segundo a
Curva FRE utilização.
47. Segregar e trancafiar materiais segundo a Curva DVA.
48. Utilizar máquinas e apoios para transportar materiais segundo a Curva PeSO.
49. Avaliar o momentum de transporte nas várias fases da obra através da Curva S de
consumo de materiais.
50. Especificar a capacidade de transporte em obra através do ponto de Rmáx da Curva
de Agregação de Recursos.
51. Distribuir as atividades para construção dos vários Layouts da obra na forma de um
Gráfico de Gantt.
55

52. Desenhar o fluxo de materiais em obra através de um Mapofluxograma.


53. Identificar as atividades de transporte dentro do processo de um Fluxograma do
Trabalho.
54. Desenhar o processo produtivo incluindo estoques, ponto de comando da produção,
lead time, takt time, tempos em processo, fornecedores e clientes através de um Mapa
do Fluxo de Valor.
55. Considerar as atividades de transporte e montagem do layout na etapa de plano de
médio prazo (lookhead).
56. Eliminar as restrições motivadas pela falta de capacidade do sistema de transporte.
57. Eliminar as restrições causadas por obstáculos ao livre fluxo de transporte.
58. Identificar restrições e atividades facilitadoras através da Teoria das Antecipações.
59. Identificar e determinar o consumo de recursos nas atividades de movimentação
através de Orçamentos Operacionais.
60. Incluir o projeto do sistema de transporte no PSP
61. Discutir questões como capacidade de transporte, terceirização do transporte,
integração da cadeia produtiva, tecnologia de transporte, sistema de planejamento e
controle para transporte, política de estoques e informatização de transportes, pedidos
e estoques dentro da formulação de Estratégias de Produção.
62. Adequar o sistema de transporte ao takt de produção através do Diagrama Homem
Máquina.
63. Balancear produção e máquinas considerando capacidade nominal e capacidade
efetiva dos equipamentos de transporte.
64. Incluir atividades de manutenção (TPM) dos equipamentos de transporte na rotina
dos operários.
65. Considerar atividades de manutenção e reorganização do layout de equipamentos de
transporte no backlog de atividades.
66. Incluir planejamento de transporte e planejamento de segurança em um único
planejamento de obra.
67. Custear e controlar custos da atividade de transporte, movimentação e armazenagem
pela metodologia de custeio ABC.
68. Avaliar % tempos auxiliares em obra relativos a movimentação e armazenagem em
obra.
56

Cuidados com o Homem como Agente da Movimentação

1. Transportar pesos adequados a capacidade humana.


2. Prover pega adequada: alças, ressaltos, encaixes para as mãos.
3. Utilizar a mão como um todo para empunhar materiais.
4. Inclinar o corpo, buscando fazer com que a carga e peso próprio voltem ao baricentro.
5. Usar braços estendidos.
6. Colocar cargas sobre os ombros ou cabeça.
7. Manter as cargas o mais próximo possível do corpo.
8. Colocar as cargas em equilíbrio e simétricas em relação ao corpo.
9. Transportar a máxima quantidade de cada vez.
10. Transportar em pequenos lotes.
11. Fazer heijunka no transporte.
12. Minimizar o peso próprio no transporte.
13. Valorizar a carga útil em detrimento ao peso próprio.
14. Facilitar o set up para o transporte.
15. Facilitar a carga e descarga, valorizando o transporte propriamente dito.
16. Evitar flexão, torção e esforços cortantes durante o manuseio.
17. Eliminar o esforço humano por máquinas simples: guincho, roldana, talha, plano
inclinado, alavanca, tombamento, arrasto, precipitação, giro sobre arestas, rolamento;
18. Utilizar rodas (um, duas, três, quatro, várias).
19. Utilizar o maior tamanho da roda possível.
20. Usar rodas leves.

Características dos Equipamentos de Movimentação

1. Usar equipamentos que combinem transporte e processo.


2. Usar equipamentos simples e dedicados a cada tipo de material e situação de
transporte.
3. Usar equipamentos flexíveis que possam ser adaptados a vários tipos de materiais;
usar caçambas reguláveis e intercambiáveis.
4. Usar equipamentos autopropelidos.
5. Usar equipamentos que não requeiram esforço para seu equilíbrio.
6. Usar equipamentos estáveis e que evitem oscilações bruscas.
57

7. Cuidar com o chicoteamento de cabos e estais.


8. Usar empunhaduras de diâmetro adequado.
9. Prever dispositivos de trava.
10. Limitar a velocidade de operação.
11. Sinalizar quanto a segurança na operação do equipamento de transporte.
12. Usar cores de maneira profusa.
13. Usar equipamentos leves com baixo peso próprio.
14. Manter a obra limpa.
15. Pavimentar, drenar e iluminar previamente os caminhos de transporte.
16. Calibrar pneus.
17. Preferir a utilização de trilhos.
18. Empurrar ao invés de puxar.
19. Criar corredores, avenidas, ruas de transporte.
20. Criar endereço para destino do material transportado e retorno de veículos.
21. Incorporar informações no material transportado quanto as suas características,
destino, retorno e conteúdo.
22. Fazer manutenção de 1º escalão e manter os equipamentos limpos.

Armazenagem e Movimentação de Materiais e seus Resíduos

1. Iluminar os locais de armazenagem.


2. Ventilar o locar de armazenagem.
3. Manter equipamentos de controle de incêndio.
4. Garantir evacuação de locais de armazenagem em caso de quedas das pilhas.
5. Interromper possíveis sequências de tombamento por efeito dominó.
6. Evitar encostar material em paredes sujeita a umidade.
7. Proteger beirais de telhado com grande inclinação e grande balanço para afastar a
água da chuva das paredes.
8. Evitar que os respingos da chuva e de tráfego adjacente molhem as paredes do
depósito na sua parte inferior.
9. Evitar o desaprumo das pilhas.
10. Evitar pilhas altas.
11. Contrafiar as pilhas para evitar seu tombamento.
12. Colocar contenções laterais em depósitos de materiais granulares.
58

13. Não estocar acima da linha dos ombros.


14. Evitar a estocagem em profundidade que não exija grande alcance dos braços e
esforços de flexão na coluna.
15. Garantir localização visual dos materiais em qualquer ponto da pilha.
16. Garantir acesso a qualquer momento pelos quatro lados da pilha.
17. Garantir a ventilação por parte da pilha.
18. Empilhar sobre bases previamente preparadas.
19. Drenar o entorno do local de armazenagem.
20. Isolar a subida de umidade, dependendo da vulnerabilidade do material.
21. Evitar o afundamento do material na base por excesso de peso na pilha.
22. Garantir que os materiais na base da pilha tenham as mesmas condições dos materiais
restantes em termos de umidade, estado de limpeza e deformações.
23. Garantir a rotação dos materiais nas pilhas.
24. Evitar que os materiais na parte de baixo das pilhas fiquem velhos por movimentação
LIFO (UEPS) das mesmas.
25. Utilizar a parte de baixo da pilha como suporte para ganhar altura na armazenagem
dos materiais colocados acima.
26. Garantir soleiras para evitar entrada de água nos depósitos.
27. Colocar depósitos em partes elevadas do canteiro para prevenir inundações.
28. Não usar a obra como depósito de si mesma.
29. Alugar depósito em terrenos vizinhos.
30. Armazenar o junto ao fabricante e fazer a entrega Just in Time.
31. Usar depósito central e fazer entrega na obra em pequenos caminhões.
32. Ter acesso a obra por toda a sua frente.
33. Não prejudicar o trânsito e o estacionamento em volta da obra durante o
descarregamento de caminhões.
34. Separar os resíduos segundo sua natureza e destinação.
35. Avaliar o valor dos resíduos, sua coleta e destinação.
36. Tornar os resíduos visíveis por sua acumulação.
37. Criar carga de retorno com transporte de resíduo.
38. Não tornar aceitável a existência de resíduos pelo seu aproveitamento econômico ou
doação, caridade ou sustentação de caixinhas em obra
39. Tornar a coleta de resíduos uma atividade integrante do processo produtivo da própria
equipe.
59

40. Acondicionar as perdas de maneira a tornar possível a identificação de sua origem.


41. Detectar produtos inversíveis a montante para evitar que o mesmo percorra o processo
produtivo.
42. Estabelecer o custo de modificações, retrabalhos e indefinições pelo seu impacto no
processo (orçamento operacional) e não pelo seu custo unitário (custo por m²; m³; ml;
por peça).
43. Prever locais para limpeza de betoneiras, carrinhos, latas de tintas e solventes.
44. Recobrir dutos e locais de armazenagem de resíduos para impedir que sejam
espalhados pelo vento ou chuva.
45. Molhar e recobrir materiais pulverulentos.
46. Telar dutos de descarga para evitar poeira.
47. Proteger vizinhos.

Movimentação das Instalações de Apoio

1. Deslocar o material de apoio ao trabalho (andaime, jaú, tablados, guinchos de coluna,


escantilhões) de maneira independente do término do serviço anterior.
2. Possuir equipamentos de apoio em quantidade maior que o necessário.
3. Ir com antecedência verificar possibilidade de instalação e acessibilidade dos
equipamentos.
4. Prover instalações provisórias com antecedência.
5. Prever e estudar a desmontagem do equipamento e sua retirada.

Movimentação, Deslocamento e Trânsito de Pessoas

1. Criar banheiros, ferramentaria e local para descanso próximo a área de trabalho.


2. Criar corredores de acesso para funcionários, visitantes, clientes e fornecedores.
3. Dar direções e identificar locais na obra.
4. Criar subcentrais de fornecimento.
5. Criar linha de transporte dentro de canteiros horizontais, permitindo que operários
desembarquem no local de trabalho.
6. Isolar áreas que não estejam sendo trabalhadas.
7. Trabalhar em equipes e aproximar frentes de trabalho.
8. Indicar os locais onde está havendo trabalho.
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9. Não abrir frentes de trabalho desnecessariamente (concentrar geograficamente o


esforço produtivo).
10. Diminuir o número de visitas em cada local de trabalho
11. Definir as novas frentes de trabalho no lookahead.
12. Examinar as condições de trabalho do próximo local de atividades.
13. Ter no buffer de atividades, no backlog, ou no pipeline o próximo local de trabalho.

Movimentação de Informações

1. Utilizar totens móveis.


2. Dispor de superfícies verticais móveis para fixação de informações.
3. Dispor de rede elétrica para iluminação de informes e conexões de aparelhos de
comunicação.
4. Usar equipamentos que já se deslocam na obra como portadores da informação.
5. Utilizar fachada como painel para informação acessível por todos.
6. Colocar escritórios, guaritas e locais de acesso em posição de comando sobre o
terreno.
7. Mudar e limpar permanentemente a sinalização para chamar atenção.
8. Utilizar motorolas e celular.
9. Utilizar bandeirolas, tubofone e dutos para envio de mensagens.
10. Expor filmes e fotos em obra no local de atividade.
11. Criar biblioteca móvel de manuais de procedimentos.

Movimentação e Criação de Espaço

1. Não utilizar a obra como espaço de si mesma.


2. Acessar a obra pelo seu lado externo, através de bandejas e andaimes fachadeiros.
3. Aumentar a mobilidade do espaço com balancins elétricos.
4. Substituir delimitações físicas do espaço por barreiras móveis: fitas, cordas, gradis.
5. Aumentar a velocidade de set up para prover espaços horizontais acima do chão
(docas, tablados).
6. Centralizar montagem de sub componentes em oficinas apropriadas.
7. Minimizar a necessidade de estoques de matéria prima e produtos em processo.
8. Demarcar locais de estocagem e acessos.
61

9. Criar locais para manobra de carros e equipamentos.


10. Criar locais para armazenagem de itens aguardando remoção do canteiro.
11. Descartar tudo que possa estar ocupando espaço no canteiro.
12. Prover espaço para guardar e armazenagem de equipamentos de segurança e incêndio.
13. Um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar.
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ANEXO 2 – Check-list de princípios de movimentação e armazenagem.

MOVIMENTAÇÃO
Princípios sobre planejamento e gestão da movimentação
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Não transportar.
Andar em linha reta.
Não subir e nem descer.
Utilizar rampas com inclinação adequada.
Diminuir a distância entre área de estoque e posto de trabalho.
Entregar materiais diretamente no local de trabalho ou de armazenagem.
Entregar materiais na quantidade exata.
Visitar e preparar a área de recepção.
Dispor materiais na sequencia de utilização.
Não empilhar materiais diferentes ou obstruir o acesso de uns pelos outros.
Indicar um caminho único entre “a” e “b”.
Planejar o caminho de ida e de volta.
Planejar o uso de carga de retorno.
Colocar cargas em plataformas e depois transportar.
Movimentar por gravidade.
Travar, amarrar, cintar e contrafiar materiais que possam se movimentar
durante o transporte.
Transportar somente quando o kit estiver pronto.
Desenhar o fluxo de materiais em obra através de um mapofluxograma.
Considerar as atividades de transporte na etapa do plano de médio prazo
(lookhead).
Eliminar as restrições motivadas pela falta de capacidade do sistema de
transporte.
Conhecer aspectos do produto a ser transportado, como volume,
quantidade, peso e sua fragilidade.
Ter acesso a obra por toda sua frente.
Manter e transportar materiais nas embalagens originais.
Proteger o material a ser transportado.
Manter em obra ferramentas simples para conserto e manutenção dos
equipamentos de transporte.
Manter a obra limpa.
Criar endereço para destino do material transportado.
Garantir espaço para o não cruzamento de fluxos de ida e retorno.
Princípios sobre cuidados com os caminhos de circulação
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Criar corredores e ruas de transporte.
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Pavimentar, drenar e iluminar previamente os caminhos de transporte.


Não prejudicar o trânsito de veículos e pedestres durante o
descarregamento de produtos.
Eliminar as restrições causadas por obstáculos ao livre fluxo de transporte.
Garantir amplo espaço de circulação em volta dos locais de armazenagem.
Proteger a obra ao longo do caminho de circulação.
Isolar a área de movimentação de materiais.
Princípios sobre cuidados com o homem como agente da movimentação
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Avaliar a carga antes da movimentação.
Substituir o esforço humano por equipamentos ou máquinas simples.
Empurrar ao invés de puxar.
Transportar pesos adequados a capacidade humana.
Transportar a máxima quantidade de cada vez.
Utilizar a mão como um todo para empunhar materiais.
Prover pega adequada.
Usar braços estendidos.
Facilitar a carga e descarga.
Colocar as cargas em equilíbrio e simétricas em relação ao corpo.
Colocar a carga sobre os ombros ou cabeça.
Princípios sobre características dos equipamentos de movimentação
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Usar equipamentos flexíveis que possam ser adaptados a vários tipos de
materiais.
Usar equipamentos que não requeiram esforço para seu equilíbrio.
Usar equipamentos estáveis e que evitem oscilações bruscas.
Prover dispositivos de trava.
Usar equipamentos leves e com baixo peso próprio.
Calibrar pneus.
Utilizar o maior tamanho de roda possível.
Usar rodas leves.
Princípios sobre deslocamento e trânsito de pessoas
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Criar banheiro, ferramentaria e local para descanso próximo a área de
trabalho.
Criar corredores de acesso para funcionários, visitantes, clientes e
fornecedores.
Dar direções e identificar locais na obra.
Isolar áreas que não estejam sendo trabalhadas.
Trabalhar em equipes e aproximar frentes de trabalho.
Indicar locais onde está havendo trabalho.
Diminuir o número de visitas em cada local de trabalho.
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Examinar as condições de trabalho do próximo local de atividades.


ARMAZENAGEM
Princípios sobre planejamento e gestão da armazenagem
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Não usar a obra como armazenagem de si mesma.
Utilizar o espaço tridimensional para armazenamento.
Armazenar junto ao fabricante e fazer a entrega Just in time.
Garantir acesso a qualquer momento pelos quatro lados da pilha.
Usar depósito central e fazer entrega na obra em pequenos caminhões.
Não utilizar o chão diretamente para armazenagem.
Garantir localização visual de materiais
Separar quanto à cor, dimensão e tipo.
Princípios sobre cuidados com o ambiente de armazenagem
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Iluminar os locais de armazenagem.
Ventilar o local de armazenagem.
Drenar o entorno do local de armazenagem.
Garantir soleiras nos depósitos.
Colocar áreas de armazenagem em partes elevadas dos canteiros.
Manter equipamentos de controle de incêndio.
Princípios sobre cuidados com os insumos
Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não
Evitar encostar material em paredes sujeitas a umidade.
Colocar contenções laterais em depósitos de materiais granulares (baias).
Empilhar sobre bases previamente preparadas.
Garantir a rotação dos materiais.
Observar datas de validade dos insumos.
Evitar danificar o material na base por excesso de peso.
Manter ferramentas e materiais de maior valor protegidos contra furto.
Evitar o desaprumo das pilhas.
Evitar pilhas altas.
Contrafiar as pilhas.

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