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Curso de Manejo de águas pluviais

Capítulo 01- Sistema de manejo de águas pluviais em áreas urbanas


Engenheiro Plínio Tomaz 11 de junho de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Curso de Manejo de Águas Pluviais

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 01- Sistema de manejo de águas pluviais em áreas urbanas
Engenheiro Plínio Tomaz 11 de junho de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Engenheiro Plínio Tomaz

“O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar


dele e cultivá-lo”.
Referência ecológica encontrada em Gênesis 2:15

COMUNICAÇÃO COM O AUTOR


Engenheiro civil Plínio Tomaz
e-mail: pliniotomaz@uol.com.br

Titulo: Curso de Manejo de Águas Pluviais


Livro eletrônico em A4, Word 10 e 12, 1.420 páginas
30 abril 2009
Editor: Plínio Tomaz
Autor: Plínio Tomaz
Revisão: Composição e diagramação: Plínio Tomaz
ISBN: 85-905933-3-9

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 01- Sistema de manejo de águas pluviais em áreas urbanas
Engenheiro Plínio Tomaz 11 de junho de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Apresentação

Este livro nasceu do Curso de Manejo de Águas Pluviais ministrado no SAAE de


Guarulhos em 2008 com 64 horas de duração.
Quando comecei a estudar engenharia civil aprendíamos que o problema das águas
pluviais era retirar de um lugar e levar para outro. Hoje os conceitos mudaram muito devido a
aplicação das teorias do impacto zero e da melhoria da qualidade das águas pluviais e da
preservação do ecossistema aquático.
O mundo moderno exige soluções sustentáveis. Para isto, a melhor solução de um
problema de águas pluviais que seja sustentável.
Os estudos exigem que no manejo de águas pluviais sejam estudados quatro pontos
fundamentais:
• técnico,
• social urbano,
• meio ambiente e
• econômico.

Não existem normas técnicas sobre manejo de águas pluviais no Brasil até o presente
momento.
O livro destina-se a engenheiros, arquitetos e tecnólogos que trabalham nos
municípios pois fornecem elementos e base para que se façam manuais ou guias para o
problema do manejo de águas pluviais
Agradeço a Deus, o Grande Arquiteto do Universo, a oportunidade de poder contribuir na
procura do conhecimento com a publicação deste livro.

Guarulhos, 30 abril 2009


Engenheiro civil Plínio Tomaz

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 01- Sistema de manejo de águas pluviais em áreas urbanas
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Curso Manejo de Águas Pluviais

64h Engenheiros, arquitetos e tecnólogos, 60 capítulos

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 01- Sistema de manejo de águas pluviais em áreas urbanas
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Capitulo Assunto
01 Sistema de manejo de águas pluviais urbana
02 Método Racional
03 Tempo de concentração
04 Calhas e condutores
05 Microdrenagem
06 Vazão excedente
07 Bueiros
08 Falhas em pequenas barragens
09 Perdas de cargas localizadas
10 Dimensionamento de reservatório de detenção
11 Bombeamento de águas pluviais
12 Chuva excedente número da curva CN
13 Melhoria da qualidade das águas pluviais
14 Trincheira de infiltração
15 Pavimento modular
16 Bacia de infiltração
17 Infiltração e condutividade hidráulica
18 Escada hidráulica
19 Rip-rap
20 Lei das piscininhas
21 Canais gramados
22 Chuvas Intensas
23 RUSLE- equação universal de perda de solo
24 Método Santa Bárbara
25 Pré-tratamento
26 Método TR-55
27 Regulador de fluxo
28 Economia ecológica
29 Método de Muskingum-Cunge
30 Poluentes pelo Método Simples de Schueler
31 Infiltração de água de chuva do telhado em trincheiras
32 Rains gardens
33 Armazenamento do solo em estacionamentos
34 Nivelamento do solo perto dos edifícios
35 Cerca de sedimentos (silte)
36 Captação de óleos e graxas
37 Drenagem e recarga
38 Método SCS
39 Routing de reservatório
40 Balanço Hídrico
41 Critério Unificado
42 Hietograma de blocos alternados
43 Hietograma pelo método de Chicago
44 Equação de volume do reservatório
45 Tempo de esvaziamento
46 Reabilitação de córregos e rios
47 Reservatório de detenção estendido
48 Recarga de aqüíferos
49 Dissipador de energia
50 Fórmula de Manning
51 Cobertura verde
52 Técnicas de avaliação das BMPs

53 Método de avaliação de BMPs


54 Cargas de poluentes e análise de custo de BMPs
55 Análise de incerteza
56 Faixa de filtro gramada
57 Filtro de areia
58 Orifícios e vertedores
59 Wetlands
60 Pavimento poroso
61 Aproveitamento de água de chuva de cobertura em áreas urbanas e fins não potáveis
62 Reservatório de detenção
63 Revestimento de canais com gabião colchão
64 Tempo de concentração
65 Método de Ven Te Chow
66 Método de I PAI WU
67 Trash rack
68 Bibliografia e livros consultados 1-5
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Capítulo 1- Sistema de Manejo de Águas Pluviais em áreas urbanas

1.1 Objetivo
Os objetivos do manejo das águas pluviais em áreas urbanas conforme Figura (1.1) são
basicamente três:
¾ quantidade de água,
¾ qualidade
¾ preservação do meio ambiente.

Figura 1.1- Triângulo do manejo das águas pluviais: quantidade, qualidade e ecologia.

O curso de Manejo de Águas Pluviais foi elaborado para bacias municipais com até
2
250km de área de contribuição onde estudaremos os fundamentos hidrológicos e hidráulicos
para contenção de enchentes, porém com a visão moderna da quantidade, qualidade e
ecologia.
Para áreas até 3 km2 iremos usar as idéias de Schueler, 1987 que denominaremos BMP
(Best Management Practices) que são as obras para melhoria da qualidade das águas pluviais.
No Reino Unido as BMPs são chamadas de SUDS (Sustainable Urban Drainage
Systems) conforme Daywater, 2003, portanto, BMP=SUD.
Para as enchentes temos o controle da quantidade e para melhoria do ecossistema
aquático temos que melhorar a qualidade das águas pluviais.
Podemos na prática controlar enchentes e também a qualidade das águas pluviais,
sendo que isto se pode chamar de critério unificado. Um reservatório de detenção estendido é
um exemplo moderno de aplicação do critério unificado, pois além do controle de enchentes
melhoramos a qualidade das águas pluviais usando basicamente a sedimentação.
O reservatório de detenção do Pacaembu construído em 1992 foi destinado somente a
deter as enchentes na av. Pacaembu na capital de São Paulo.
A vazão máxima de enchente para período de retorno de 25anos para a área de 222ha é
de 43m3/s, mas a vazão da galeria da av. Pacaembu só suporta 13m3/s. O reservatório de
detenção de 74.000m3 foi construído para deter o pico de vazão, deixando passar somente
13m3/s num período de aproximadamente 6h.

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Caso a detenção fosse mais de 24h teríamos o reservatório de detenção estendido, que
facilitaria o depósito dos poluentes dentro do reservatório, os quais seriam depois retirados e
depositados em aterros sanitários. Desta maneira melhoraria a qualidade das águas pluviais
que seriam lançadas no rio Tietê pela galeria da av. Pacaembu.

1.2 Manejo de águas pluviais


Para os estudos de gestão de águas pluviais ou manejo, são necessários a serem
levados em consideração não só aspectos técnicos, mas aspectos econômicos, legais e sociais
que de certa forma complicam mais as decisões a serem tomadas.
Antigamente as decisões eram somente de cunho técnico, necessitando somente de
uma obra que tirasse as águas pluviais de um lado e as levasse o mais rapidamente para
jusante, sem prejudicar os moradores de montante. Mas isto acarretava, mais tarde problemas
para os moradores de jusantes. Daí a complexidade das obras de drenagem na atualidade.
Para a sustentabilidade da drenagem do sistema urbano de drenagem é necessário que
se obedeçam às legislações e feito um planejamento estrutural baseado em quatro pontos
principais conforme Figura (1.2):

• Técnico: autoridades locais, engenheiros, autoridades políticas e legislação

• Econômico: fomentadores do desenvolvimento, grupos especiais, etc

• Meio Ambiente: ecologistas, arquitetos, ONGs, administradores, etc

• Responsabilidade Social: ONGs, associações de moradores, políticos, público em


geral

Figura 1.2 – Triângulo das BMPs e relação com o tomador de decisões (prefeito, governador, etc e os
benefícios e critérios de sustentabilidade.
Fonte: Use of Stormwater BMPs in Europe, 18 de agosto de 2003, 98 p, Contract EVK1-CT-2002-00111.

O sistema de manejo das águas pluviais urbanas pode ser dividido em vários
subsistemas:

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1. Subsistema de escoamento superficial de águas pluviais: riscos para


pessoas, automóveis e propriedades. Equação universal de perdas de solo
(USLE)
2. Subsistema de galerias de águas pluviais: tubos de concreto e outros
materiais, poços de visita, bueiros, bocas de lobo, bombeamento de águas
pluviais, extravasamento de poços de visita
3. Subsistema de canais de águas pluviais: canais revestidos ou não, pontes,
grandes obras.
4. Subsistema de detenção, armazenamento de águas pluviais e redução de
pico de enchente (atenuação): reservatório de detenção seco, reservatório de
detenção estendido, lagoa de retenção, piscininha, separador de óleos e graxas,
detenção em telhado, tubos superdimensionados, critério unificado:
enchentes+qualidade+erosão, falhas em barragens, armazenamento em
estacionamentos de veículos, telhados verdes, reservatórios geocululares e
aproveitamento da água de chuva.
5. Subsistema de infiltração de águas pluviais: trincheira de infiltração, bacia
de infiltração, rain garden, canal gramado, pavimento permeável, tubos de
drenagem perfurados, bacia de infiltração com detenção, recarga artificial,
infiltração de água de chuva do telhado em trincheiras. Infiltração em
estacionamentos de veículos. É a primeira coisa que devemos fazer.
6. Subsistema de filtração de águas pluviais: filtro de areia, faixa de filtro
gramado, canal gramado.
7. Subsistema de armazenamento e melhoria do habitat do ecossistema
aquático: wetland artificiais
8. Subsistema de planejamento do uso do solo
9. Subsistema de limpeza de ruas.

Esclarecemos que até o presente momento não existem normas da ABNT sobre o
sistema de águas pluviais.
O Manejo de Águas Pluviais contempla três objetivos: quantidade de água,
qualidade da água e preservação do meio ambiente. Deverá ser minimizado os impactos no
desenvolvimento na quantidade e qualidade das águas pluviais bem como ser maximizado a
preservação do meio ambiente.
A filosofia do Manejo de Águas Pluviais é imitar o mais possível a natureza o sistema
de drenagem no estágio de pré-desenvolvimento através de unidades pequenas discretas.
O desenvolvimento sustentável tem como objetivo uma melhor qualidade de vida para
todos, agora e para as futuras gerações conforme CIRIA, 2007.
Os objetivos do desenvolvimento sustentável são basicamente três:
• Equidade social
• Proteção efetiva do meio ambiente
• Uso prudente dos recursos naturais.

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1.3 Quantidade de água


A quantidade das águas pluviais pode ser controlada segundo CIRIA, 2007 pelas
seguintes obras estruturais:

a) Infiltração
Quando a água pluvial penetra no solo voltando ao ciclo hidrológico natural.
Infelizmente não é todo o tipo de solo que pode ser feita a infiltração e há também problemas
de solos contaminados ou potencialmente perigosos para a infiltração.

b) Detenção
Um determinado volume fica detido um certo tempo atenuando os efeitos de enchentes
a jusante. Podemos ter um reservatório de detenção seco ou um reservatório de detenção
estendido.

c) Transporte de águas pluviais


O transporte de águas pluviais se dá por intermédio de: escoamento superficial,
galerias, canais, microdrenagem em que as águas pluviais são transferidas de um local para
outro através de obras.

d) Captação da água de chuva


A captação de água de chuva em cisternas diminuirá o impacto de enchentes e poderá
ser usada em descargas de bacias sanitárias, por exemplo.

1.4 Melhoria da qualidade das águas pluviais


Segundo CIRIA, 2007 os processos que são usados para a melhoria da qualidade das
águas pluviais são:
a) Sedimentação
É o processo primário das BMPs. O poluente fica aderidos as partículas
sedimentáveis. Temos que diminuir a velocidade para a sedimentação e
deveremos ter o cuidado para a ressuspensão dos mesmos.

b) Filtração e biofiltração
Os poluentes que estão no runoff podem ser filtrados com a vegetação,
com as plantas ou pelo geotêxtil.

c) Adsorção
A adsorção acontece quando o poluente fica preso a superfície do solo ou
das partículas de agregados.
Adsorção: os poluentes ficam presos na superfície do solo ou dos
agregados.
Troca catiônica: é a atração entre os cátions e a argila mineral
Sorção química: o soluto é incorporado a estrutura do solo ou do
agregado.
Absorção: é a difusão do soluto no solo, agregado ou matéria orgânica.

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d) Biodegradação
Além dos processos físicos e químicos podem ocorrer os processos
biológicos.

e) Volatização
A volatização é a transferência do composto que está em solução na água
para a atmosfera. É o conceito usado basicamente com os compostos
orgânicos de produtos de petróleo e pesticidas.

f) Precipitação química
É o processo mais comum de remover metais solúveis. Pode remover
arsênio, cádmio, cromo, cobre, ferro, chumbo, mercúrio, níquel e zinco e
anion de fosfatos, sulfatos e fluoretos.

g) Absorção pelas plantas


Nutrientes como fósforo e nitrogênio são absorvidos pelas plantas.

h) Nitrificação
A amônia e íons de amônia podem ser oxidados por bactérias para formar
nitratos que é solúvel na água em forma de nitrogênio. O nitrato é
imediatamente usado pelas plantas como nutriente.

i) Fotólise
É a quebra da poluição orgânica pela exposição de raio ultra violeta.

Segundo CIRIA, 2007 os mecanismos de remoção dos poluentes estão na Tabela (1.1).

Tabela 1.1- Mecanismos de remoção de cada categoria de poluente


Poluente Mecanismo de remoção no
BMPs
Nutrientes Sedimentação, biodegradação, precipitação e
(fósforo, nitrogênio) denitrificação
Sedimentos Sedimentação e filtração
(sólidos totais em suspensão)
Hidrocarbonetos Biodegradação, fotólise, filtração e adsorção
(TPH, PAH. VOC. MTBE)
Metais Sedimentação, adsorção, filtração, precipitação e
(chumbo, cobre, cádmio, mercúrio, zinco, cromo e absorção pelas plantas
alumínio)
Pesticidas Biodegradação, adsorção e volatização
Cloretos Prevenção
Cianetos Volatização e fotólise
Detritos Captação, remoção e rotina de manutenção
DBO Filtração, sedimentação e biodegradação
(demanda bioquímica de oxigênio)
Fonte: CIRIA, 2007

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Figura 1.3- Trem do sistema da BMP


Fonte: Berry, 2002 in CIRIA, 2007

Conforme CIRIA, 2007 as BMPs devem ser aplicadas as seguintes técnicas:


1. Prevenção: que é a limpeza das ruas e estacionamentos para remover a poeira
das superfícies bem como os detritos. O aproveitamento de água de chuva para
fins não potáveis é também uma prevenção conforme CIRIA, 2007.
2. Controle da Fonte: o controle deve ser feito de preferência na origem, na
fonte e poder ser usado trincheira de infiltração de água do telhado (soakaway),
infiltração, telhados verdes, pavimento permeável e outros.
3. Controle próximo a fonte: como exemplo várias casas podem ser destinadas a
um soakway de grandes dimensões, infiltração e bacia de detenção.
4. Controle regional: quando através de vários locais próximos a fonte são
encaminhado um reservatório de detenção regional ou uma wetland.

CIRIA, 2007 recomenda que quando possível o manejo das águas pluviais deve ser
pequeno, com baixo custo e melhorar a paisagem e para isto deve ser feito em pequenas
bacias ao invés de transportar a água para uma bacia maior.
Na Figura (1.4) temos o trenzinho do tratamento para melhoria das águas pluviais,
iniciando com as medidas de controle na fonte, isto é, dentro do próprio lote para evitar o
lançamento de resíduos perigosos a serem levados pelas águas pluviais. No outro vagão temos
as práticas de infiltração, seguido pelo vagão da filtração e o último vagão são as lagoas.

Figura 1.4 - Trenzinho das opções das BMPs


Fonte: Cidade de Auckland, 2000

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Observar as semelhanças conceituais entre o chamado trem da CIRIA, 2007 da


Figura (1.3) com o trem de Auckland da Figura (1.4).

1.5 Tipos de controle conforme Ontário, 2003


Conforme Ontário, 2003 há dois tipos básicos de controle de uma BMP.
• Controle à montante (ou controle no lote)
• Controle à jusante.

O controle à montante adotado em Ontário, 2003 baseado nas funções de armazenamento


e de infiltração, geralmente para áreas menores que <2ha.
• Controle por armazenamento
• Controle por infiltração

Controle por armazenamento


O controle por armazenamento está destinado a deter as águas pluviais e, assim reduzir o
pico de vazões de enchente. A detenção é, em geral, de curta duração e não ajuda a diminuir o
volume do runoff. Também não melhora a qualidade das águas pluviais e nem detém a erosão.
Os controles de armazenamento mais importantes são:
• Armazenamento no telhado;
• Armazenamento nos estacionamentos de veículos;
• Armazenamento em reservatórios enterrados (piscininhas);
• Armazenamento no jardim.

Controle por infiltração


O controle por infiltração é destinado a mitigar os impactos da urbanização, contribuindo
para a melhoria do balanço hídrico na região; funcionam para pequenas áreas e possuem o
problema de entupimento, a não ser que se faça um pré-tratamento.
Os controles por infiltração para áreas menores que 2ha são:
• Aplainar o terreno para aumentar o armazenamento e a infiltração no solo;
• Bombeamento de água de drenagem de prédios para caixas de pedras com infiltração;
• Elaboração de pequenas lagoas com 100mm de profundidade para melhorar a
infiltração das águas dos telhados perto dos edifícios;
• Trincheira de infiltração;
• Vala gramada;
• Microdrenagem com tubos perfurados;
• Faixa de filtro gramada;
• Vegetação ripariana e ao longo dos cursos de água;
• Rain gardens;
• Captação de água de chuva.

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1.6 Controle à jusante


Temos dois controles: controle à montante, isto é, no lote e controle à jusante, isto é,
no fim da tubulação. No controle à jusante temos o objetivo de controlar os impactos da
urbanização de maneira a melhorar a qualidade das águas pluviais, antes de serem lançadas
nos cursos de água existente. O controle à jusante geralmente é para áreas maiores que 2ha.
Para o controle à jusante temos os controles de armazenamento e de infiltração que são:
• Reservatório de retenção;
• Wetlands;
• Reservatório de detenção estendido;
• Reservatório de infiltração

1.7 Conceito de análise e síntese


No conceito de análise, são fornecidos os Imput e os Output e achamos a função de
transferência, que será o nosso modelo, conforme McCuen, 1998, segundo a Figura (1.5):

Imput Output
Modelo ou
Função de
transferência

Figura 1.5- Esquema do conceito de análise e síntese

Quando estiver pronta a análise, o modelo poderá ser usado para previsões e neste caso
são conhecidos os “Imput” e é desconhecido o “Output”. É necessário saber na fase de
síntese, como foi feita a análise e os limites do modelo.
Como exemplo seja o modelo Q=CIA da conhecida fórmula racional, onde “Q” é a
vazão de pico de enchente, “C” o coeficiente de escoamento superficial, “I” é a intensidade da
chuva e “A” área da bacia.
Quando da análise, são conhecidos os valores de Q, I, A e desconhecido o valor de C.
Quando da síntese, isto é, da aplicação da fórmula racional, são conhecidos CIA
desconhecendo-se o valor de Q. É necessário conhecer muito bem os parâmetros para se
conseguir um valor mais correto possível da vazão máxima Q.
É importante os conceitos de análise e síntese, principalmente na escolha adequada da
fórmula do tempo de concentração, na qual o conhecimento de como a mesma foi elaborada
(análise) e da maneira que a mesma vai ser aplicada (síntese).
“O melhor método de cálculo é aquele que você conhece”, como diz o Professor Kokei
Uehara da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
A palavra “conhecer” pressupõe o perfeito entendimento da análise.

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 01- Sistema de manejo de águas pluviais em áreas urbanas
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1.8 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8,
606páginas.
-DAYWATER. Report 5.1. Review of the use of stormwater BMPs in Europe. 18 de
agosto de 2003. Preparado pela Middlesex University.
-TOMAZ, PLINIO. Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais. Navegar, São
Paulo, 2002.
-URBONAS, BEN e STAHRE, PETER. Best Management Practices and detention for
water quality drainage and CSO management. Prentice-Hall, 1993, 449 páginas, ISB
0-13-847492-3,

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Curso de Manejo de águas pluviais 1
Capítulo 2 -Método Racional
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Capítulo 2
Método Racional

“As hipóteses são redes: só quem as lança colhe alguma coisa”..


Novalis

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Curso de Manejo de águas pluviais 2
Capítulo 2 -Método Racional
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SUMÁRIO
Ordem Assunto

2.1 Introdução
2.2 Considerações sobre o limite da área da bacia
2.3 Período de retorno
2.4 Intensidade da chuva
2.5 Tempo de concentração
2.6 Coeficiente C da fórmula Racional
2.7 Coeficiente de escoamento e vazão máxima em bacias urbanas (Tucci)
2.8 Equação do coeficiente
2.9 Estimativa do coeficiente de escoamento superficial da superfície permeável
2.10 Coeficiente de escoamento superficial de área impermeável
2.11 Coeficiente de escoamento superficial em função da área impermeável
2.12 Área impermeável em função da densidade
2.13 Coeficiente de escoamento superficial em função da densidade habitacional
2.14 Estimativa da área impermeável em macro-bacias urbanas
2.15 Coeficiente de escoamento superficial em função da área impermeabilizada (Urbonas e
Roesner, 1990)
2.16 Análise de incerteza do método racional
2.17 Recomendações para o método racional
2.18 Relacionamento de C com CN
2.19 Coeficientes C do Método Racional
2.20 Hidrograma do Método Racional conforme Dekalb
2.21 Hidrograma universal do Método Racional
2.22 Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção pelo método de Aron e
Kibler, 1990
2.23 Dimensionamento de reservatório de detenção pelo Método Racional

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Curso de Manejo de águas pluviais 3
Capítulo 2 -Método Racional
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Capítulo 2 -Método Racional (≤ 3km2)

2.1 Introdução
O método racional é um método indireto e foi apresentado pela primeira vez em 1851 por
Mulvaney e usado por Emil Kuichling em 1889 e estabelece uma relação entre a chuva e o
escoamento superficial (deflúvio). É usado para calcular a vazão de pico de uma determinada bacia,
considerando uma seção de estudo. A chamada fórmula racional é a seguinte:

Q= C . I . A /360 (Equação 2.1)


Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C= coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1.
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha). 1ha= 10.000m2

Figura 2.1-Modelo de sistema hidrológico simples


Fonte: Villela e Mattos, Hidrologia Aplicada

2-3
Curso de Manejo de águas pluviais 4
Capítulo 2 -Método Racional
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Na Inglaterra o método racional é usado com o nome de método de Lloyd-Davies.


Na Figura (2.2) apresenta como funciona o método racional. O tempo de duração da chuva é
igual ao tempo de concentração. Na saída (output) a vazão efluente irá variar segundo um hidrograma
triangular justificado por (Willian, 1950), (Pagan, 1972) e (Mitchi,1974).
Conforme hidrograma triangular da Figura (2.2), tc é o tempo para o escoamento máximo e 2
.tc o tempo total de escoamento superficial.

Hietograma
Escoamento
Superficial
(m3/s)

Q
Hidrograma

Tempo

tc tc
Figura 2.2- O método racional tem escoamento triangular sendo tc o tempo para atingir o pico da vazão e 2tc o
tempo total de escoamento (Porto in Drenagem Urbana,1995).

O método racional deve ser aplicado somente em pequenas bacias ou seja com área de
drenagem inferior a 3km2 (300 ha) conforme (Porto, 1993) ou quando o tempo de concentração seja
inferior a uma hora.
Na Austrália é usado o Método Racional Probabilístico para pequenas bacias (25 km2) e
médias bacias (500 km2), onde são aferidos os coeficientes de escoamento superficial “C” ,
comparando-se o calculado e medido. Não possuímos tais estudos no Brasil.
Akan,1993 admite para o método racional área da bacia até 13 km2.
Adotamos 3km2 (três quilômetros quadrados) como limite máximo do Método Racional
conforme recomendação das “Diretrizes básicas para projetos de drenagem urbana no município de
São Paulo” elaborado em 1998 pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH).
O conceito de pequena, média e grande bacia é um conceito variável entre os hidrólogos. A
mesma bacia ser considerada pequena por um e considerada média por outro. Não existe portanto,
uma definição correta do que seja pequena, média e grande bacia.
Quando se aplicar o método racional, isto é, fazendo-se a síntese, não devemos nos esquecer
da análise de como o mesmo é baseado. As hipóteses do método racional são as seguintes:
a) toda a bacia contribui com o escoamento superficial e é porisso que o tempo de duração da
tormenta deve ser igual ou exceder ao tempo de concentração da bacia;

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b) a chuva é distribuída uniformemente sobre toda a área da bacia;


c) todas as perdas estão incorporadas ao coeficiente de escoamento superficial.
A intensidade da chuva associada com o tempo de concentração e a freqüência da ocorrência
podem ser obtidas das curvas de intensidade-duração-frequência (IDF) que é obtida por varias
publicações. Os cálculos são simples e fáceis de serem obtidos.

Exemplo 2.1
Dada área da bacia A= 5ha, coeficiente de escoamento superficial C= 0,70 e intensidade da chuva
I= 50mm/h. Calcular a vazão de pico Q.
Q= C . I . A /360 = 0,70 x 50mm/h x 5ha/360= 0,49m3/s

2.2 Considerações sobre o limite da área da bacia


O método racional é muito usado, mas apresenta algumas discussões, entre elas a mais
importante é o tamanho da bacia a ser considerado conforme Tabela (2.1). Adotamos como limite
superior 3km2 para a área da bacia.

Tabela 2.1- Valores limites da fórmula racional


Área
Autores
(ha) (km2)
David H. Pilgrim e Ian Cordery (Austrália) Método probabilístico, 1993 de 2000 a 50.000 20 a 500
Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica de São Paulo (FCTH) 1998 (*) 300 3
Wanielista et al.,1997 20 a 40 0,2 a 0,4
Ven Te Chow 40 a 81 0,4 a 0,81
DAEE, 2005 para pequeñas barragens 200 2
DAEE-Cetesb até 100 1
Porto,1995 até 300 3
Linsley et al. 40 a 486 0,4 a 4,86
Paulo Sampaio Wilken até 500 5
Linsley e Franzini até 500 5
Osman Akan, 1993 até 1300 13
Califórnia Hihgways até 4.050 40,5
Otto Pfasfstetter até 20.000 200
ASCE,1992 até 80 0,8
Debo e Reese,1995 até 40 0,4
Regulamento do sul da Califórnia proíbe acima de oito hectares. até 8 0,08
McCuen,1998 Pequenas Bacias
(*) Adotado pelo Engº Plínio Tomaz

2.3 Período de retorno


Período de retorno (Tr) é o período de tempo médio que um determinado evento hidrológico
é igualado ou superado pelo menos uma vez. Na prática em microdrenagem o período de retorno é
maior ou igual a 25 anos. Na Inglaterra está sendo usado para microdrenagem período de retorno de
30anos.

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2.4 Intensidade da chuva


Intensidade (I ou i) é a precipitação por unidade de tempo, obtida como a relação I= P / t, se
expressa normalmente em mm/hora ou mm/minuto.

Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)


1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
0,89
( t + 15)
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
tc= duração da chuva (min).

Equação de Martinez e Magni,1999 para a RMSP.


I = 39,3015 (t + 20) –0,9228 +10,1767 (t +20) –0,8764 . [ -0,4653 – 0,8407 ln ln ( T / ( T - 1))]
(Equação 2.2)
Para chuva entre 10min e 1440min

Sendo:
I= intensidade da chuva (mm/min);
t= tempo (min);
ln= logaritmo neperiano
T= período de retorno (anos), sendo T≤ 200 anos
Nota: observar que a Equação (2.2) não se aplica a T=1ano.

Dica: para transformar mm/min em L/s x ha multiplicar por 166,7

Conforme DAEE, 2005 as equações de Martinez e Magni estão definidas até período de
retorno de 200 anos mas, às vezes, pela ausência de outra equação, a extrapolação é feita para período
de retorno até 1.000 anos conforme Tabelas (2.2) e (2.3).
Dica: a Equação de Martinez e Magni de 1999 é a mais nova a ser usada na Região
Metropolitana de São Paulo.
Tabela 2.2 – São Paulo: Previsão de alturas máximas de chuvas em mm
Duração da chuva Período de retorno
(anos)
2 5 10 15 20 25 50 100 200
10 min 16,2 21,1 24,4 26,2 27,5 28,5 31,6 34,6 37,6
15 min 21,1 27,5 31,8 34,2 35,9 37,2 41,2 45,2 49,1
20 min 24,9 32,5 37,6 40,4 42,4 44,0 48,7 53,4 58,1
25 min 27,9 36,5 42,2 45,4 47,7 49,4 54,8 60,1 65,4
30 min 30,3 39,8 46,0 49,5 52,0 53,9 59,8 65,6 71,4
1h 39,3 51,8 60,1 64,7 68,0 70,5 78,3 86,0 93,6
2h 46,8 62,1 72,3 78,0 82,0 85,1 94,6 104,0 113,4
6h 55,7 74,9 87,6 94,7 99,7 103,6 115,5 127,2 139,0
8h 57,6 77,7 91,0 98,5 103,7 107,8 120,2 132,6 144,9
10 h 59,1 79,8 93,6 101,3 106,8 111,0 123,9 136,7 149,4
12 h 60,2 81,5 95,6 103,6 109,2 113,5 126,8 139,9 153,0
18h 62,5 85,2 100,1 108,6 114,5 119,1 133,1 147,0 160,9

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24h 64,1 87,7 103,3 112,1 118,2 123,0 137,6 152,1 166,5
Fonte: aplicação da fórmula de Martinez e Magni de 1999

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Tabela 2.3 – São Paulo: Previsão de máxima intensidade de chuvas em mm/hora


Duração da chuva Período de retorno
(anos)
2 5 10 15 20 25 50 100 200
10 min 97,3 126,9 146,4 157,4 165,2 171,1 189,4 207,6 225,8
15 min 84,4 110,2 127,3 136,9 143,7 148,9 164,9 180,8 196,6
20 min 74,6 97,5 112,7 121,3 127,3 131,9 146,2 160,3 174,4
25 min 66,9 87,6 101,3 109,0 114,4 118,6 131,4 144,2 156,9
30 min 60,7 79,5 92,0 99,1 104,0 107,8 119,5 131,2 142,8
1h 39,3 51,8 60,1 64,7 68,0 70,5 78,3 86,0 93,6
2h 23,4 31,1 36,1 39,0 41,0 42,5 47,3 52,0 56,7
6h 9,3 12,5 14,6 15,8 16,6 17,3 19,2 21,2 23,2
8h 7,2 9,7 11,4 12,3 13,0 13,5 15,0 16,6 18,1
10 h 5,9 8,0 9,4 10,1 10,7 11,1 12,4 13,7 14,9
12 h 5,0 6,8 8,0 8,6 9,1 9,5 10,6 11,7 12,8
18h 3,5 4,7 5,6 6,0 6,4 6,6 7,4 8,2 8,9
24h 2,7 3,7 4,3 4,7 4,9 5,1 5,7 6,3 6,9
Fonte: aplicação da fórmula de Martinez e Magni de 1999

2.5 Tempo de concentração


O tempo de concentração é o tempo que leva uma gota de água mais distante até o trecho
considerado na bacia.
Existem três maneiras em que a água é transportada em uma bacia: a primeira é o escoamento
superficial, a segunda é o escoamento em tubos e a terceira é o escoamento em canais, incluso
sarjetas.
Existem várias fórmulas empíricas para determinar o valor do tempo de concentração, mas
sem dúvida o melhor é usar o método cinemático.
A obtenção do tempo de concentração é uma informação importante, porém difícil de ser
obtida. Enfim como diz (McCuen,1993), o projetista deve saber que não é possível obter o valor do
tempo de concentração por um simples método.
As explicações detalhadas de tempo de concentração estão no Capítulo 3.

2.6 Coeficiente C da fórmula Racional


O coeficiente “C” de escoamento superficial é também conhecido como coeficiente de runoff
ou coeficiente de deflúvio.
Por definição coeficiente de runoff é a razão entre o volume total de escoamento superficial
no evento e o volume total precipitado (Tucci, RBRH,2000).
A escolha do coeficiente “C” necessita de experiência e julgamento por parte do calculista.
Deverão ser verificadas as fotos aéreas e inspeções locais.
O coeficiente de runoff depende também do solo, pois a infiltração decresce enquanto que a
chuva contínua, dependendo das condições do solo. Influencia também o grau de compactação do
solo, porosidade do subsolo, vegetação, declividade e depressões onde a água pode armazenar.
O coeficiente ideal é aquele que se levou em consideração a maior quantidade de fenômenos
que influenciam no valor de “C”. Vamos citar alguns valores de “C” citados por (Wilken,1978)
conforme Tabelas (2.5) e (2.6).
Resumidamente influenciam no coeficiente C as seguintes variáveis:
¾ Porcentagem da área impermeável
¾ Características do solo
¾ Duração da chuva

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¾ Intensidade da chuva
¾ Forma da área de drenagem
¾ Capacidade de campo da camada de solo
¾ Declividade da bacia
¾ Freqüência escolhida
¾ Uso do solo e características
¾ Armazenamento de água na superfície do solo
¾ Interceptação

Tabela 2.4-Coeficientes de Escoamento Superficial “C”


Superfície Coeficiente C Tempo de entrada
(min)
Telhados 0,70 a 0,95 5
Pavimentos 0,40 a 0,90 5
Via macadamizadas 0,25 a 0,60 5
Vias e passeios apedregulhados 0,15 a 0,30 5
Quintais e lotes vazios 0,10 a 0,30 5 a 10
Parques, jardins, gramados dependendo da declividade 0,00 a 0,25 5 a 10
Fonte: Wilken, 1978 acrescido do tempo de entrada

A Prefeitura Municipal de São Paulo (Wilken,1978) adota os seguintes valores de C:

Tabela 2.5-Valores do coeficiente de escoamento superficial C da Prefeitura Municipal


de São Paulo
Tempo de
Zonas Valor de entrada
C (min)
Edificação muito densa:
Partes centrais, densamente construídas de uma cidade com ruas e calçadas 0,70 a 5
pavimentadas. 0,95
Edificação não muito densa:
Partes residenciais com baixa densidade de habitações, mas com ruas e 0,60 a 5
calçadas pavimentadas 0,70
Edificações com poucas superfícies livres:
Partes residenciais com construções cerradas, ruas pavimentadas. 0,50 a 5
0,60
Edificações com muitas superfícies livres:
Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 0,25 a 5
0,50
Subúrbios com alguma habitação:
Partes de arrabaldes e suburbanos com pequena densidade de construção 0,10 a 5 a 10
0,25
Matas, parques e campos de esportes:
Partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques ajardinados,
campos de esportes sem pavimentação. 0,05 a 5 a 10
0,20
Fonte: Wilken, 1978 acrescido do tempo de entrada

Na Inglaterra conforme Ciria, 2007 é usado em microdrenagem tempo de entrada de 3min a


5min.

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Wanielista, 1997 na Tabela (2.6), apresenta os seguintes coeficientes de escoamento


superficial para período de retorno de 10 anos. Na prática usa-se o mesmo para 2 anos e 5 anos.
Tabela 2.6-Coeficientes de escoamento C para tempo de retorno ≤ 10 anos
Descrição da área Coeficiente de Escoamento
C
Área comercial
Centro da cidade 0,70 a 0,95
Vizinhanças 0,50 a 0,70
Área residencial
Habitações uni-familiares 0,30 a 0,50
Habitações multi-familiares isoladas 0,40 a 0,60
Habitações multi-familiares geminadas 0,60 a 0,75
Residencial suburbana 0,25 a 0,70
Apartamentos 0,50 a 0,70
Industrial
Indústrias leves 0,50 a 0,80
Indústrias pesadas 0,60 a 0,90
Parques e Cemitérios 0,10 a 0,25
Pátios pavimentados 0,20 a 0,35
Solo não cultivado 0,10 a 0,30
Pavimentação
Asfalto ou concreto 0,70 a 0,95
Tijolos 0,70 a 0,85
Telhados 0,70 a 0,95
Gramado, solo arenoso
Terreno plano, 2% 0,05 a 0,10
Declividade média, 2 a 7% 0,10 a 0,15
Bastante declividade, 7% ou mais 0,15 a 0,20
Gramados, solo pesado
Plano, 2% 0,13 a 0,17
Declividade média, 2 a 7% 0,18 a 0,22
Bastante declividade, 7% ou mais 0,25 a 0,35
Fonte: Manual of Practice- Design and Construction of Sanitary and Storm Sewers,1970 da ASCE in Wanielista,
1997 p. 206.

Na Tabela (2.7), quando se tem período de retorno de 25 anos multiplicar o valor do


coeficiente de escoamento por 1,1 e quando o período de retorno for 100 anos multiplicar por 1,25.
Não esquecendo que C ≤ 1.
Akan, 1993 aconselha que o coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de runoff
seja aumentado de 10%, 20% e 25% para 20, 50 e 100 anos de período de retorno.
Porto, 1995 in Drenagem Urbana, cita que os coeficientes de escoamento “C” são válidos para
período de retorno de 10 anos. Para outros períodos de retorno deve ser usada a fórmula:
CT = 0,8 x T 0,1 x C10 (Equação 2.3)
Sendo:
CT = coeficiente de escoamento para o período de retorno T ;
T= período de retorno em anos;
C10 = coeficiente de escoamento superficial para período de retorno de 10 anos.

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A Equação (2.3) pode ser apresentada na Tabela (2.7).

Tabela 2.7- Relação CT / C10 conforme fórmula CT = 0,8 x T 0,1 x C10


Período de RetornoRelação de CT / C10
2 0,86
5 0,94
10 1,00
20 1,08
25 1,10
50 1,18
100 1,27

Na Austrália, David H. Pilgrim e Iam Cordery confirmaram que o valor do coeficiente de


runoff “C” varia com o período de retorno “T” em função do valor normalmente adotado de 10 anos.
Quando a bacia apresenta ocupação muito variada deve ser usada a média ponderada:

C1 . A1+C2 . A2 + C3 . A3 +...+ Ci . Ai
C= -------------------------------------------------------- (Equação 2.4)
A1+A2+ A3 +...+ Ai
Sendo:
C1 ,C2 ,C3 ,...Ci = coeficientes de escoamento superficial para as áreas A1+A2+ A3 +...+ Ai,
respectivamente;
A1,A2, A3,...Ai = áreas que possuem coeficientes C1 ,C2 ,C3 ,....Ci.
C=coeficiente de escoamento superficial obtido pela média ponderada efetuada.
Quando se tratar de área impermeável e área permeável é necessário muito cuidado na
aplicação da média ponderada, podendo a mesma nos levar a erros, pois muitas vezes somente a área
impermeável fornece um valor bem superior a área permeável e a média irá enganar os resultados.
Isto é mostrado nas p. 108 e 109 de Akan, 1993.
O Exemplo (2.2) esclarecerá melhor.

Exemplo 2.2- O objetivo deste exercício é esclarecer como funciona o método racional.
Calcular a vazão máxima para período de retorno Tr=10anos, usando o método racional para
uma bacia com 12ha. A bacia superior é permeável e tem área de 5ha e C=0,2.
A bacia inferior é mais desenvolvida e tem área de 7ha e C=0,6. O tempo de concentração até
o ponto de controle considerando as duas bacias é de 30min. Considerando a existência de somente a
bacia inferior com 7ha, C=0,6 e tempo de concentração de 10min.

Vamos calcular o coeficiente de escoamento superficial composto que será:


C1 . A1+C2 . A2
C= ---------------------------
A1+A2
Sendo: C1=0,20 C2=0,6 A1=5ha A2=7ha
0,20 . 5 + 0,6. 7
C= -------------------------- = 0,43
5+7
Pela Equação (2.2) temos:
Q= 0,278 . C . I . A
A=12ha = 0,12km2

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Usando a Tabela (2.3) para tc=30min, Tr=10anos obtemos I= 92,0mm/h


Q= 0,278 . 0,43. 92,0 . 0,12 = 1,31 m3/s
Obtemos então a vazão de pico da bacia de 12ha de 1,31 m3/s
(Akan,1995) recomenda que quando a bacia inferior é desenvolvida, isto é, quando a mesma é
mais impermeável que a superior, tem que ser feita verificação.
Assim usando somente a bacia inferior com 6ha, C=0,6, tc=10min, Tr=10anos obtemos:
I=146,4mm/h e A=6ha=0,06km2

Q= 0,278 . C . I . A =0,278 . 0,6 . 146,4 . 0,06 = 1,45 m3/s


Portanto, usando somente a bacia inferior mais desenvolvida achamos uma vazão de pico de
3
1,45m /s que é maior que a vazão achada da bacia toda usando o coeficiente C ponderado que
resultou em vazão de 1,31m3/s.
A interpretação segundo Akan, é que o pico de vazão se dá a 10min com vazão de 1,45m3/s e
o tempo em que toda a bacia estará contribuindo na seção de controle é de 30min.

2.7 Coeficiente de escoamento e vazão máxima em bacias urbanas (Tucci, RBRH 2000)
O prof. dr. Carlos E. M. Tucci apresentou um trabalho bastante interessante na Revista
Brasileira de Recursos Hídricos de janeiro/março de 2000, o qual iremos resumir.

2.8 Equação do coeficiente


O coeficiente de escoamento de uma bacia de superfícies variáveis pode ser estimado pela
ponderação do coeficiente de diferentes superfícies. Considerando uma bacia urbana onde podem
existir dois tipos de superfícies: permeável e impermeável é possível estabelecer que:
Cp . Ap + Ci . Ai
C= ----------------------------- (Equação 2.5)
At
Sendo:
Cp = coeficientes de escoamento superficial para a área permeável da bacia
Ci = coeficiente de escoamento superficial para a área impermeável da bacia
Ap = área da superfície permeável da bacia.
Ai = área da superfície impermeável da bacia.
At = área total da bacia.
C =coeficiente de escoamento superficial obtido pela média ponderada efetuada.

2.9 Estimativa do coeficiente de escoamento superficial de superfície permeável


Tucci, 2000 juntou o conceito do coeficiente C de escoamento superficial com a
equação do SCS, 1975, que fornece o escoamento superficial da bacia em milímetros.

(P- 0,2 . S) 2
Q = -------------------------- (Equação 2.6)
(P+0,8 . S)

válida quando P> 0,2 S = Ia (abstração inicial)


25400
sendo S = ------------- - 254 (Equação 2.7)
CN

Sendo:

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Q= escoamento superficial (mm);


CN= número da curva de runoff que depende do tipo de solo e da característica da superfície;
S= potencial máximo de retenção após começar o runoff (mm).
P= altura pluviométrica total do evento (mm).

Na Equação (2.6) dividindo-se o escoamento superficial Q pela precipitação total do evento P,


teremos o coeficiente de escoamento superficial da área permeável Cp.
(P- 0,2. S) 2
Cp = --------------------- (Equação 2.8)
(P+0,8. S) . P

Para se obter a precipitação total P, basta multiplicar o tempo de concentração em minutos


pela intensidade de chuva em (mm/min).
P = I . tc (Equação 2.9)
Para se obter a intensidade de chuva I em (mm/min) usaremos Martinez e Magni em 1999
com dados de 1933 a 1997 (65anos) relativos ao Posto IAG-E3-035 obteve para a cidade de São
Paulo a seguinte fórmula:

I = 39,3015 ( t + 20) –0,9228 +10,1767 (t+20) –0,8764 . [ -0,4653 –0,8407 ln ln ( T / ( T - 1))]

para chuva entre 10min e 1440min


I= intensidade da chuva (mm/min);
t= tempo (min);
ln = logaritmo neperiano e
T= período de retorno (anos).

2.10 Coeficiente de escoamento superficial de área impermeável


Para áreas impermeáveis, (Tucci, 2000) usa a Tabela (2.8).

Tabela 2.8- Coeficiente de escoamento superficial de área impermeável


Coeficiente de escoamento superficial para área impermeável
Tipo de superfície Ci
Valor Médio Faixa de valores
Cimento e asfalto 0,95 0,90 a 0,95
Paralelepípedo 0,60 0,58 a 0,81
Blockets 0,78 0,70 a 0,89
Concreto e asfalto poroso 0,03 0,05
Solo compactado 0,66 0,59 a 0,79
Fonte: Tucci,RBRH janeiro/março do ano 2000

Exemplo 2.3
Seja uma bacia com área de 0,36km2 (36ha) com tempo de concentração tc=16min obtido pelo
método cinemático. A área permeável é 30% do total. O número da curva CN para terrenos baldios é
CN=74. Calcular a vazão máxima de escoamento superficial considerando período de retorno de 50
anos.
Cálculo do armazenamento S
25400 25400
S= ------------- - 254 = ------------ - 254 = 89, 24mm
CN 74

I = 39,3015 ( t + 20) –0,9228 +10,1767 (t+20) –0,8764 . [ -0,4653 –0,8407 ln ln ( T / ( T - 1))]

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I = 39,3015 ( 16 + 20) –0,9228 +10,1767 (16+20) –0,8764 . [ -0,4653 –0,8407 ln ln ( 50 / ( 50 - 1))]


I = 2,679mm/min.
O valor da precipitação total do evento P será:
P = I . tc = 2,679 mm/min . 16 min = 42,86mm
Verificamos que P > 0,2 .S =0,2 .89,24 = 17,85mm
Podemos então aplicar a Equação (2.8)

(42,86- 0,2. 89,24) 2


Cp = --------------------------------------- = 0,13
(42,86+0,8. 89,24) . 42,86

Da Tabela (2.9) sendo a superfície impermeável de asfalto consideramos então que Ci= 0,95.
O valor de C é obtido pela média ponderada do valor de Cp para a superfície permeável e Ci
para a superfície impermeável, sendo Ai=0,70 e Ap=0,3 e At=1,0.
Cp . Ap + Ci . Ai
C= -----------------------------
At

0,13. 0,3 + 0,95 . 0,7


C= ----------------------------- = 0,70
1,00

Considerando que a vazão máxima é dada pela Equação (2.2)


Q= 0,275 x C x I x A
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C=coeficiente de escoamento superficial ou de runoff;
I= intensidade média da chuva em (mm/h);
A= área da bacia (km2).
Como o valor da intensidade da chuva é
I = 2,679mm/min
Transformando em mm/hora basta multiplicar por 60 e então teremos:
I = 160,74mm/h
A = 0,36 km2
C =0,70

Então:

Q=0,274 . 0,70 . 160,74 . 0,36 = 11,1m3/s


Portanto, a vazão máxima no ponto considerado, é de 11,1m3/s

2.11 Coeficiente de escoamento superficial em função da área impermeável


Novamente, os estudos baseiam-se em Tucci, 2000. Analisando 12 bacias sendo uma em São
Paulo, sete em Porto Alegre, duas em Joinville, uma em Curitiba, Tucci conseguiu R2=0,81 obtendo a
seguinte equação:
C= 0,047 + 0,9 . AI (Equação 2.10)
Sendo:
C=coeficiente de escoamento superficial e
AI = fração da área impermeável entre 0 e 1.
Schuler, 1987 achou a seguinte equação:

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Rv=0,05+0,009 x AI
C=Rv
Rv= coeficiente volumetrico (adimensional)
AI= area impermeavel (%)
C= coeficiente de runoff
Na prática temos muitas vezes usadas a equação de Schueler, 1987 para achar o coeficiente de
runoff C.

Na Tabela (2.9) está o coeficiente C em função da fração da área impermeável.

Tabela 2.9-Coeficiente C de escoamento superficial em função da fração impermeável


Fração da área impermeável Coeficiente C de escoamento superficial

0,1 0,14
0,2 0,23
0,3 0,32
0,4 0,41
0,5 0,50
0,6 0,59
0,7 0,68
0,8 0,77

Exemplo 2.4
Calcular o coeficiente de escoamento superficial para área impermeável de 70%. Usando a
equação de Schueler, 1987:
C=0,05 + 0,009 x70 = 0,68

2.12 Área impermeável em função da densidade


Tucci examinando dados de Curitiba, São Paulo e Porto Alegre obtiveram em 1994 a seguinte
fórmula ajustada com R2=0,997 que deve ser usada para áreas maiores que 2km2.
AI =0,00489. DH para DH< 120hab/ha (Equação 2.11)
Sendo
AI= área impermeabilizada entre 0 e 1;
DH=densidade (hab/ha).
Na Tabela (2.10) estão os valores da fração impemeavel em função da densidade
populacional.
Tabela 2.10-Fração da área impermeável em função da densidade habitacional
Densidade habitacional Fração da área impermeável
(hab/ha)
30 0,15
40 0,20
50 0,24
60 0,29
70 0,34
80 0,39
90 0,44
100 0,49
110 0,54
120 0,59

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Exemplo 2.5
Calcular a área impermeável para densidade 85 hab/ha, usando a Equação (2.11).
AI =0,00489. DH = 0,00489 x 85 = 0,42
Portanto, a área impermeável para 85hab/ha é de 42%.

2.13 Coeficiente de escoamento superficial em função da densidade habitacional


A Tabela (2.11) foi baseado em Tucci, 2000.:
C= 0,0783 + 0,0035 . DH (Equação 2.12)
Sendo:
C=coeficiente de escoamento superficial
DH=densidade hab/ha.

Tabela 2. 11-Coeficiente C de escoamento superficial em função da densidade habitacional


Densidade Habitacional Coeficiente C de escoamento superficial
(hab/ha)
30 0,18
40 0,22
50 0,25
60 0,29
70 0,32
80 0,36
90 0,39
100 0,43
110 0,46
120 0,50

Exemplo 2.6
Calcular o coeficiente de escoamento superficial C para bacia com densidade de 100 hab/ha.
Usando a Equação (2.12) temos:
C= 0,0783 + 0,0035 . DH = 0,0783 + 0,0035 . 100 = 0,43

2.14 Estimativa da área impermeável em macro-bacias urbanas


Em dezembro de 1994 Néstor A Campana e Carlos E. M. Tucci apresentaram na Revista
Brasileira de Engenharia (RBE) volume 2, número 2, estudo sobre “Estimativa de área impermeável
de macro-bacias urbanas”.
Foram usadas para o algoritmo áreas impermeáveis de São Paulo, Porto Alegre e Curitiba.
Foram usadas imagens do satélite Landsat-TM bandas 3, 4 e 5 e usado a abordagem fuzzy para
calcular a área impermeável.
Os estudos concluíram que para bacias abaixo de 2km2 os erros estão na faixa de 25% e para
bacias maiores o erro tende a ficar na faixa de 15% e convergindo para erro de 10% em bacias acima
de 4km2.
A tendência da impermeabilização mostrou que ela converge no intervalo de 60% a 70% com
média aproximada de 65%. A variação dos erros em função da impermeabilização é uniforme até
cerca de 70%. Acima de 70% os resultados podem ser tendenciosos.
Deverá se ter cuidado em aplicação das fórmulas para áreas pequenas com excessiva
concentração de indústrias ou comércios, que possa distorcer a densidade média.
A aplicação da fórmula é para regiões com edifícios de apartamentos, industrias ou
residências térreas.

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Campana e Tucci apresentaram um gráfico da impermeabilização em porcentagem com a


densidade populacional em habitante/hectare.
O horizonte do projeto deverá ser de 25 anos.
O gráfico pode ser colocado sob a forma de duas equações de retas para dois intervalos da
seguinte maneira:
AIimp = -3,86 + 0,55 DH (Equação 2.13) (7,02 ≤ DH ≤115 hab/ha)

Na Tabela (2.12) está a Equação (2.13).

Tabela 2.12-Área impermeável em (%) em função da densidade habitacional


Densidade Habitacional Área impermeável
(hab/ha) (%)
10 1,6
20 7,1
30 12,6
40 18,1
50 23,6
60 29,1
70 34,6
80 40,1
90 45,6
100 51,1
110 56,6
115 59,4

Aimp = 53,2 +0,054 DH (Equação 2.14) ( para DH >115 hab/ha)


Sendo:
Aimp = % da área impermeável e
DH= densidade populacional (hab/ha)
Na Tabela (2.13) está Equação (2.14).

Tabela 2.13-Área impermeável em (%) em função da densidade habitacional


Densidade habitacional Área impermeável
(hab/ha) (%)
120 59,7
125 60,0
130 60,2
140 60,8
150 61,3
160 61,8
170 62,4
180 62,9
190 63,5
200 64,0
210 64,5
220 65,1
230 65,6
240 66,2
250 66,7

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Exemplo 2.7
Calcular a área impermeável para 153 hab/ha.
Usando a Equação (2.14) temos:
Aimp = 53,2 +0,054 DH = 53,2 + 0,054 x 153 = 61,46 %

2.15 Coeficientes de escoamento superficial em função da área impermeabilizada (Urbonas e


Roesner,1990)
Os hidrologistas Ben R. Urbonas e Larry Roesner apresentaram em 1993 no livro Handbook
of Hydrology de David R. Maidment, gráfico e fórmula matemática obtida por análise de regressão
feita pelo próprio Urbonas em 1990.

Sendo área impermeabilizada=55%


C(2)= 0,000000858 x (AI)3 –0,000078x (AI) 2 + 0,00774x (AI)+0,04 (Equação 2.15)
Sendo:
AI= área impermeabilizada em (%)
C(2) = coeficiente de escoamento superficial para período de retorno de 2anos
Na Tabela (2.14) apresentamos o coeficiente de escoamento superficial C para período de
retorno de 2 anos em função da área impermeável conforme Equação (2.15).

Tabela 2.14 –Coeficiente de escoamento superficial C para período de retorno de 2 anos


em função da área impermeabilizada conforme Urbonas e Roesner.
Área Coeficiente de escoamento superficial C para Coeficiente de escoamento superficial C para
impermeabilizada período de retorno período de retorno
(%) T=2anos
T=10anos
10 0,11 0,13
15 0,14 0,16
20 0,17 0,20
25 0,20 0,23
30 0,23 0,26
35 0,25 0,29
40 0,28 0,33
45 0,31 0,36
50 0,34 0,39
55 0,37 0,43
60 0,41 0,48
65 0,45 0,52
70 0,49 0,57
75 0,54 0,63
80 0,60 0,70
85 0,66 0,77
90 0,73 0,85
95 0,81 0,94
100 0,89 1,00

Exemplo 2.8
Achar o coeficiente de escoamento superficial para período de retorno de T=100anos usando a
Equação de Urbonas e Roesner, sendo a área impermeável de 55%.
Para período de retorno T=2anos o valor de C será:
C(2) = 0,000000858 x (55)3 –0,000078x (55) 2 + 0,00774x (55)+0,04 = 0,37

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Para período de retorno de 100 anos:


C(2 ) =C(10) x 0,86 Portanto C(10)=C(2) /0,86
C (100) = C(10) x 1,27 Portanto C(100) =(C(2) /0,86) x 1,27
Portanto, C (100) = (0,37/0,86)x 1,27= 0,55

2.16 Análise de Incerteza do método racional


Os parâmetros do método racional C I A apresentam imprecisões. Na prática temos incerteza
de 30% (0,30) no coeficiente de escoamento superficial “C”, 17% (0,17) da intensidade da chuva “I”
e 5% (0,05) no cálculo da área da bacia de drenagem “A“, conforme Tomaz,1999 o coeficiente de
variação da vazão é:
Ω2Q= Ω2c + Ω2I + Ω2A
Substituindo os valores:
Ω2Q = (0,30)2 + (0,17)2 + ( 0,05)2 =0,01478
ΩQ = 0,1478 =0,38, ou seja, 38 %

O coeficiente de variação da vazão do método racional :

ΩQ = σQ / μQ
Então, o desvio padrão será:

σQ = ΩQ . μQ
Supondo que a média . μQ seja de 13m3/s teremos:
σQ = 0,38 . 13 =5m3/s
Portanto, a vazão estará entre 8m3/s a 18m3/s

2.17 Recomendações para o uso do método racional


Para se aplicar o método racional, isto é, para se fazer a síntese, é muito importante saber a
análise, isto é, os limites em que o método racional tem validade.
O método racional deverá ser aplicado com as seguintes considerações:

1) A área da bacia deve ser sempre inferior a 3km2;


2) O tempo de concentração deverá ser calculado de preferência pelo método cinemático;
3) O período de retorno deve ser maior quanto mais importante for a obra.
4) Deverá ser feita análise de sensibilidade dos parâmetros adotados
5) De modo geral o método racional conduz a resultados de picos de vazão maiores que outros
métodos
6) Quando se precisar da hidrógrafa, isto é, da vazão de escoamento superficial variando com o
tempo, usar outro método, como o Método Santa Bárbara, Método do SCN ou Método de Denver

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2.18 Relacionamento de C com CN


O condado de Clark em Las Vegas, numa tentativa, estabeleceu um relacionamento do
coeficiente de runoff C com o número da curva CN do SCS que deve ser usado com reservas:
C= 0,0132 x CN – 0,39
.Sendo:
C= coeficiente de runoff do Método Racional para período de retorno de 10anos
CN= número da curva do SCS
Baseado nos estudos da cidade de Columbus, Ohio, achamos a equação do coeficiente de
runoff C em função de CN: aplicando os dados da Tabela (2.15) tomados aleatoriamente de duas
tabelas da cidade de Columbus sendo uma do número da curva CN e outra do coeficiente de runoff
C.
C= 0,02083x CN – 1,147
2
Com R =0.99 e variando CN de 68 a 98 e variando C entre 0,29 e 0,94
Os desvios variam de de 0 a 7% conforme Tabela (2.15)

Tabela 2.15- Valores dos coeficientes C e os correspondentes CN conforme a cidade de Columbus, Ohio,
USA.
Coeficiente Número da curva CN Desvios
de runoff C %
y x
0,29 68 7
0,29 68 7
0,35 72 -1
0,44 77 -4
0,48 79 -4
0,48 79 -4
0,52 81 -4
0,56 83 -4
0,63 86 -2
0,63 86 -2
0,67 88 -2
0,70 89 -1
0,70 89 -1
0,70 89 -1
0,75 91 0
0,77 92 0
0,83 94 2
0,85 95 2
0,94 98 5
Fonte: adaptado de Stormwater Drainage Manual da cidade de Columbus, março 2006.

Seria importante para o Brasil que se fizessem pesquisas a respeito da relação entre o
coeficiente de runoff C e o número da curva CN, pois o que fizemos foi somente mostrar que já estão
sendo pesquisadas tais relações.

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Tabela 2.16- Relacionamento de CN com C

Tipo de cobertura e Area Coeficiente de


condições hidrológicas impermeavel runoff conforme
(%) o tipo hidrologico
de solo do SCS
A B C D
Area
totalmente
desenvolvida
Area impermeavel de 0,94 0,94 0,94 0,94
estacionamentos,
telhados,
passeios,etc
Espaços abertos de
gramados, parques,
compos de golfe,
cemiterios, etc
0,29 0,48 0,63 0,70
0,07 0,30
0,19

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2. 19 Coeficientes C do Método Racional


Apresentamos as Tabelas (2.17) a (2.22) devido a Ronald L. Rosmiller, 1980 The Racional
Formula Revisited in 2000-2005 Waterware Consultants, Centerville. Deixamos no original em
inglês.
Tabela 2.17- Coeficientes C para o Método Racional

Tabela 2.18- Coeficientes C para o Método Racional

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Tabela 2.19- Coeficientes C para o Método Racional

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Tabela 2.20- Coeficientes C para o Método Racional

Tabela 2.21- Coeficientes C para o Método Racional

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Tabela 2.22- Coeficientes C para o Método Racional

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2.20 Hidrograma do Método Racional conforme Dekalb


No County de Dekalb na Geórgia, USA foi apresentado um hidrograma inspirado na teoria do
hidrograma unitário. O método é aplicado na região para áreas menores ou iguais a 4ha e constam no
DeKalb County Manual. Na prática várias cidades dos Estados Unidos usam para áreas acima de 4ha.
O método pode ser aplicado para duas situações:
¾ Quanto do tempo de concentração for < 20min
¾ Quando o tempo de concentração for ≥20min
Calcula-se a vazão de pico Qp pelo método racional.

Tabela 2.23- Valores sem dimensões originais da cidade de Dekalb

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Figura 2.3- Hidrograma da cidade de Dekalb para o método racional

Tabela 2.24- Aplicação do hidrograma de Dekalb


t Q
t/tc Q/Qp Q/Qp tc=21,4 min Qp=25,1m3/s
tc<20min tc>=20min
21,4 25,1
0 0,00 0,00 0,0 0,0
1 0,16 0,04 21,4 1,0
2 0,19 0,08 42,8 2,0
3 0,27 0,16 64,2 4,0
4 0,34 0,32 85,6 8,0
5 1,00 1,00 107,0 25,1
6 0,45 0,30 128,4 7,5
7 0,27 0,11 149,8 2,8
8 0,19 0,05 171,2 1,3
9 0,12 0,03 192,6 0,8
10 0,00 0,00 214,0 0,0

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V a z a o (m 3 / s ) Dekalb Racional Hydrograph

30,0
20,0
10,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0
tempo (min)

Figura 2.4- Gráfico do hidrograma de Decalb aplicando o método Racional

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2.21 Hidrograma universal do Método Racional


Não sabemos a origem deste método.

Tabela 2.25- Hidrograma admensional para o método Racional

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Figura 2.5- Hidrograma do metodo Racional

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2.22 Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção pelo método de Aron e Kibler,


1990
Osman Akan, cita no livro Urban Stormwater Hydrology,1993, o dimensionamento preliminar
pelo método de Aron e Kibler,1990. Neste método não é especificado o tipo de saída da água do
reservatório de detenção tais como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos mesmos.

Teoria do método de Aron e Kibler, 1990


No método de Aron e Kibler é suposto que o hidrograma da vazão afluente tem formato
trapezoidal e que o pico da vazão efluente está no trecho de recessão do trapézio adotado e que a
vazão de saída tem forma triangular conforme Figura (2.6).

Vazão

Ip
Qp

Tempo

td Tc

Figura 26- Hidrograma trapezoidal de entrada no reservatório de detenção e triangular de saída

Teremos então

Vs= Ip . td – Qp ( td + Tc) / 2 (Equação 2.1)

Sendo:
td =duração da chuva (min);
Tc= tempo de concentração (min) da bacia no ponto em questão;
Vs= volume de detenção (m3). Queremos o máximo de Vs;
Qp= pico da vazão de saída (m3/s).
Ip= pico da vazão de entrada (m3/s).

O cálculo é feito por tentativas, pois, a cada tempo, teremos um valor da intensidade de chuva
“I “ , sendo constante o valor de C e da área da bacia em hectares.
Para o cálculo de Ip= CIA adotamos a fórmula de (Paulo S. Wilken,1972), com resultado em
L/s x ha, dividindo por 1000 para se obter o m3.
O resultado será aquele que resulte no maior volume de detenção Vs.

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Exemplo 2.9
Seja o piscinão do Pacaembu com os seguintes dados:
Fórmula de intensidade de chuva adotada: Paulo S. Wilken (1972)
Local do reservatório: praça Charles Muller, São Paulo, capital
Área de drenagem: 2,22km2 = 222ha
Período de retorno adotado T=25anos
Fração impermeável total : 0,55 (55% da área total)
Vazão efluente máxima (vazão saída do reservatório) : 13m3/s é a vazão máxima, de 3km de
galerias na av. Pacaembu. É uma imposição do problema.
Tempo de concentração: 15min (fornecido)
Solução:
Escolha do coeficiente de runoff ou coeficiente de escoamento “C”
O valor admitido de C=0,7.
Aplicação do método de Aron e Kibler, 1990.
A vazão de saída Qp=13m3/s devido ao máximo que as galerias da av. Pacaembu suportam.
Usando a fórmula de (Paulo Sampaio Wilken,1972).

4855,3 . Tr0,181
I =------------------------ (L/s.ha)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (L /s. ha);
Tr = período de retorno (anos);
t= duração da chuva (min).
Para período de retorno Tr = 25 anos teremos:

4855,3 . 250,181 8.694,47


I = ------------------------ = ------------------
( t + 15)0,89 ( t + 15)0,89
Variando-se o tempo “t” começando pelo tempo de concentração de 15min.
Para t=15min
8.694,47 8.694,47
I = ------------------ = ------------------------= 421,31L/s . ha
( t + 15)0,89 ( 15 + 15)0,89

Para t=30min
8.694,47 8.694,47
I = ------------------ = ------------------------= 293,19 L/s.ha
( t + 15)0,89 ( 30+ 15)0,89
e assim por diante conforme mostra a Tabela (2.22).
Aplicando a fórmula racional Q=C. I . A
Teremos:
Para t=15min, A=222 ha e C=0,7
Q= CIA = 0,7 x 421,31 x 222 = 65.472L/s = 65,47m3/s
Para t=30min
Q=CIA = 0,7 x 293,69 x 222 = 45.639L/s = 45,64m3/s
Vamos calcular a duração da chuva que produz o maior volume de reservatório de detenção
usando a Equação (12.12):

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Capítulo 2 -Método Racional
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Vs= Ip x td – Qp x ( td + Tc)/2
Para t=td = 15min, sendo tempo de concentração Tc fixo igual a 15min
Vs= (vazão afluente em m3/s) x 60s x (tempo de duração da chuva) – (vazão efluente em m3/s) x 60s
x (tempo de duração da chuva + tempo de concentração)/2
Vs=65,47m3/s x 60s x 15min – 13m3/s x 60 s x (15min + 15min)/2 =
Vs= 47.225m3
Para t=30min
Vs= 45,64m3/s x 60s x 30min – 13 m3/s x 60 s x (30min + 15min)/2 =
Vs= 64.600m3
E assim por diante, conforme se pode ver na Tabela (2.26).
Portanto, o volume do piscinão do Pacaembu calculado pelo método aproximado de (Aron e
Kibler,1990) para período de retorno de 25anos é de 75.723m3.

Tabela 2.26- Dimensionamento preliminar do piscinão do Pacaembu usando o método de Aron


e Kibler,1990 para T=25 anos e C=0,7
Tempo Período de Intensidade
retorno Duração da de chuva Vs
concentraçao Qsaida (anos) Chuva Área Qentrada Qentrada
Tr (min) Q=CIA Q=CIA

(min) (m3/s) (anos) (min) (l/s.ha) ha (l/s) (m3/s) (m3)

15 13 25 15 421,31 222 65472 65,47 47225


15 13 25 30 293,69 222 45639 45,64 64600
15 13 25 45 227,35 222 35330 35,33 71990
15 13 25 60 186,40 222 28966 28,97 75028
15 13 25 75 158,48 222 24627 24,63 75723
15 13 25 90 138,16 222 21470 21,47 74989
15 13 25 105 122,68 222 19064 19,06 73306
15 13 25 120 110,47 222 17167 17,17 70953
15 13 25 135 100,58 222 15631 15,63 68107
15 13 25 150 92,40 222 14359 14,36 64884
15 13 25 165 85,52 222 13289 13,29 61364
15 13 25 180 79,64 222 12376 12,38 57606

Nota: o metodo fornece o volume do reservatório que deve ser adotado para detenção, mas
que não quer dizer que é correto. Somente o routing do reservatório com os dispositivos de orifícios
e vertedor é que determinarão se o mesmo é correto ou não.

2-34
Curso de Manejo de águas pluviais 35
Capítulo 2 -Método Racional
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2.23 Dimensionamento de reservatório de detenção pelo Método Racional


Uma maneira simples e direta de obtermos o volume de um reservatorio de detenção para
enchentes é usar o Método Racional.
V= 0,5 x (Qpós-Qpré) x tb x 60
Sendo:
V= volume do reservatorio de detenção de enchente conforme o periodo de retorno adotado
(m3)
Qpré= vazão de pré-desenvolvimento (m3/s)
Qpós= vazão de pós-desenvolvimento (m3/s)
tc= tempo de concentração (min)
tb= 3 x tc

Exemplo 2.10
Calcular o volume de detenção para periodo de retorno de 25 anos dados Qpré=13m3/s e
Qpós=65,47m3/s. O tempo de concentração de pós-desenvolvimento é 15min.

Vs = 0,5 x(Qpós - Qpré) x tb


tc=15min
tb= 3 x 15 = 45min
Vs = 0,5 x (65,47 - 13) x 45min x 60s = 70.834m3

2-35
Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais
Capítulo 3 Período de retorno
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Capítulo 3

Período de retorno

Engenharia = matemática + bom senso


Prof. Marmo, curso Anglo-Latino, 1961

3-65
Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais
Capítulo 3 Período de retorno
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SUMÁRIO

Ordem Assunto

3.1 Introdução
3.2 Risco e freqüência
3.3 Freqüência
3.4 Risco e incerteza segundo USACE
3.5 Seleção do melhor projeto

3-66
Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais
Capítulo 3 Período de retorno
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Capítulo 3– Período de retorno


3.1 Introdução

Período de retorno (T) é o período de tempo médio que um determinado evento


hidrológico é igualado ou superado pelo menos uma vez. “É um parâmetro fundamental para
a avaliação e projeto de sistemas hídricos, como reservatórios, canais, vertedores, bueiros,
galerias de águas pluviais, etc” (Righeto, 1998).
Na Tabela (3.1) estão algumas sugestões de períodos de retorno adotados no Brasil em
obras de micro-drenagem e macro-drenagem.

Tabela 3.1- Períodos de retorno para diferentes ocupações da área


Tipo de Obras Ocupação do solo Período de retorno
(anos)
Micro-drenagem residencial 2
Micro-drenagem comercial 5
Micro-drenagem edifícios públicos 5
Micro-drenagem aeroportos 2-5
Micro-drenagem comercial, artéria de trafego. 5 a 10
Macro-drenagem áreas comerciais e residenciais 50-100
Macro-drenagem área de importância especifica 500
Fonte: Porto, Rubem Escoamento Superficial Direto in Drenagem Urbana, 1995- ABRH.

Chin, 2000 apresenta as freqüências comuns de inundações adotados:

Tabela 3.2- Período de retorno usuais


Tipo de obras Potencial danos de Freqüência de inundação
inundação ( período de retorno em
anos)
Coletor de águas pluviais em Impede o tráfego 2 a 5 anos
estradas Custos de atrasos nos veículos
devido a inundação
Impede acesso de emergência
Coletor urbano nas ruas Custos de contorno devido a 10 a 25 anos
inundação
Custos de atrasos nos veículos
devido a inundação
Controle rural de inundação Danos a estradas de rodagem 25 a 50 anos
Danos às plantações
Controle urbano de inundação Danos às propriedades 100 anos
Danos a infraestrutura
Fonte: Chin, 2000,

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Capítulo 3 Período de retorno
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Mays, 2001 p. 628 mostra os períodos de retornos adotados pela The American
Association of State Highways and Transportation Officials (AASHTO), isto é, a Associação
Americana dos Transportes Oficiais das Estradas de Rodagens.

Tabela 3.3 Períodos de retornos adotados pela The American Association of State
Highways and Transportation Officials (AASHTO)
Classificação da estrada de rodagem Período de retorno
(anos)
Estrada arterial rural principal 50
Estrada arterial rural secundaria 25 a 50
Sistema coletor rural de macrodrenagem 25
Sistema coletor rural de microdrenagem 10
Estradas locais rurais 5 a 10
Artéria urbana principal 25 a 50
Artéria urbana secundaria 25
Sistema coletor de águas pluviais nas ruas 10
Sistema coletor local de águas pluviais nas ruas 5 a 10
Fonte: Mays, 2001 página 628
Nota: A lei federal americana interestadual recomenda que para proteção contra enchentes 2% de probabilidade
ou seja (50anos) para lugares em depressões e rebaixados.

Mays, 2001 p.316 recomenda também o uso da Tabela (3.4) para escolha de período
de retorno.

Tabela 3.4- Períodos de retornos recomendados de acordo com o tipo de estrutura


Tipo de estrutura Período de retorno
(anos)
Bueiros em estradas com tráfego baixo 5 a 10
Bueiros em estradas com tráfego médio 10 a 25
Bueiros em estradas com tráfego intenso 50 a 100
Ponte de estradas secundaria 10 a 50
Pontes em estradas principais 50 a 100
Bueiros para drenagem de fazendas 5 a 50
Bueiros para diques de fazendas 5 a 50
Drenagem urbana para cidades pequenas 2 a 25
Drenagem urbana para cidades grandes 25 a 50
Aeroportos com tráfego baixo 5 a 10
Aeroportos com tráfego médio 10 a 25
Aeroportos com tráfego alto 50 a 100
Diques em fazendas 2 a 50
Diques em voltas de cidades 50 a 200
Fonte: adaptado de Mays , 2001

Para estabelecer o período de retorno é recomendado:


a) Bom senso
b) Custos das obras

3-68
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Capítulo 3 Período de retorno
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c) Prejuízos finais

Em reservatórios de detenção é normal ser escolhido vários períodos de retorno, tais


como: 25 anos (Pacaembu - São Paulo), 50 anos (Dallas - Estados Unidos) e 100 anos (Lewis
County-Estados Unidos).
Linsley, Franzini et al. (1992) aconselha o uso de período de retorno de 100 anos,
conforme lei dos Estados Unidos (Flood Disaster and Protection Act of 1973) e exigências de
seguro para as inundações.
O professor dr. Kokei Uehara, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
recomenda o uso de período de retorno de 100 anos em piscinões e obras públicas
importantes.
O importante no período de retorno de 100 anos, são os benefícios intangíveis, isto é,
os que não podem ser transformados em dinheiro.
Zahed e Marcellin,1995, analisando gráficos da variação da vazão de projeto com o
período de retorno e gráficos do período de retorno com o gradiente da vazão, observaram
também com muita propriedade, que nem sempre a escolha de um período de retorno maior,
ocasiona uma elevação no custo da obra, como se poderia supor.
Zahed e Marcellini em Drenagem Urbana (1995), afirmam que a escolha da tormenta
para os projetos de obras de drenagem urbana deve ser considerada de acordo com a natureza
das obras a projetar. Deve-se levar em conta os riscos envolvidos quanto à segurança da
população e as perdas materiais.
Para o piscinão do Pacaembu foi adotado período de retorno de 25 anos, porém foi
estudado também o período de retorno de 50 anos.
Antigamente se escolhia um período de retorno e se calculava uma obra de macro-
drenagem. Atualmente costuma-se verificar outros períodos de retorno.
Porto, 1995, salienta os critérios políticos, sociais e econômicos para a definição do
período de retorno. Os fatores sócio-econômico característicos das inundações são: número de
perdas humanas (fatalidades e número de evacuações) e danos materiais. Nos países ricos
praticamente não há perdas de vida com as enchentes enquanto que nos países em
desenvolvimento, as fatalidades e evacuações são enormes. Em abril de 1991 em Bangladesh
morreram nas enchentes 140.000 pessoas (Kundzewicz e Kaczmarek,2000).
A China perdeu em 1996 cerca de 30 bilhões de dólares e em 1998 26,5 bilhões de
dólares com as enchentes. No rio Reno na Europa houve duas enchentes no intervalo de 13
meses com chuva de período de retorno de 100 anos.
A famosa enchente dos rios Mississipi e Missouri em 1993 nos Estados Unidos deu-se
em período de retorno de 100 anos a 500 anos, atingindo prejuízos de 16 bilhões de dólares.
Os prejuízos anuais médios das enchentes no mundo são da ordem de 16 bilhões de
dólares e nos Estados Unidos de 2 bilhões de dólares. O Brasil não possui dados.
Para obras de macrodrenagem a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica e a
Prefeitura Municipal de São Paulo no estudo denominado Diretrizes básicas para projetos de
drenagem urbana no município de São Paulo, elaborado em 1998, adotou na página 188 o
período de retorno de 100anos, como o mais recomendado conforme “literatura mais
recente disponível sobre o assunto”.

DICA: adotar período de retorno de 100anos para o projeto de piscinões em áreas


urbanas

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Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais
Capítulo 3 Período de retorno
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Conforme Chin, 2000 na prática da engenharia se diz “inundação de 100anos” e então


há um entendimento errado de que a inundação vai ocorrer uma vez em 100 anos. A ASCE
(American Society Civil Engineer) recomenda que para divulgação pública deve ser evitado o
uso do período de retorno e sim deve ser mencionada a probabilidade anual. Assim de dizer
que a obra foi projetada para “inundação de 100 anos”, deve-se dizer que a inundação tem
probabilidade de 1% de acontecer em cada ano.
O DAEE para os estudos da bacia do rio Aricanduva usou em 1999 períodos de
retorno de : 2 anos, 10 anos, 25 anos, 50 anos e 100 anos. Para o córrego Pirajussara foi usado
período de retorno de 10anos, 25 anos, 50 anos e 100 anos. Para o ribeirão dos Meninos,
afluente do rio Tamanduatei foi usado período de retorno de 2 anos, 10 anos, 25 anos, 50 anos
e 100 anos. Para o rio Tietê no trecho entre a barragem Edgard de Souza e a barragem da
Penha foi usado período de retorno de 100 anos.
O horizonte do projeto em todos os rios e córregos do Alto Tietê foi de 20 anos.
Tudo isto está no direcionamento do Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto
Tietê (PDMAT) do DAEE.

Dica: o horizonte de projeto deve ser de 20anos a 25anos.

3.2 Risco e freqüência

A probabilidade de ocorrência de um evento hidrológico de uma observação é o


inverso do período de retorno (Mays, 2001 p. 317).

P = 1/T

Como exemplo, para período de retorno de 100 anos a probabilidade é P= 1/100 = 0,01
A probabilidade de ocorrer em um ano, uma chuva de período de retorno de 100anos
é de 1% (0,01). A probabilidade de não ocorrer é 1- 0,01, ou seja, 0,99 (99%).
Matematicamente teremos:

P= 1 - 1/T

Como cada evento hidrológico é considerado independente, a probabilidade de não


ocorrer para “n” anos é:

P = ( 1 - 1/ T ) n

A probabilidade complementar de exceder uma vez em “n” anos será:

P = 1 - ( 1 - 1/ T ) n

Então o valor de P é considerado um risco hidrológico de falha, usando a letra R ao


invés da letra P.

R = 1 - ( 1 - 1/ T ) n

3-70
Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais
Capítulo 3 Período de retorno
Eng Plínio Tomaz 5/5/2002 pliniotomaz@uol.com.br

Conforme Righetto, 1998, a probabilidade de ocorrência de um evento que ponha em


risco a obra e todo o sistema fluvial a jusante de uma barragem ao longo de um período de “n”
anos de utilização das instalações ou vida útil, é definida como risco “R” é expressa por:

R= 1 – ( 1 - 1/T) n (Equação 3.1)

Sendo:
T= período de retorno (anos);
n= número de anos de utilização das instalações ou vida útil;
R= risco (entre zero e 1).

Tabela 3.5- Risco em função da vida útil e do período de retorno


T Vida útil da obra (anos)
(anos) 2 5 25 50 100
2 75% 97% 99,9% 99,9% 99,9%
5 36% 67% 99,9% 99,9% 99,9%
10 19% 41% 93% 99% 99,9%
25 25% 18% 64% 87% 98%
50 40% 10% 40% 64% 87%
100 2% 5% 22% 39% 63%
500 0,4% 1% 5% 9% 18%
Fonte: Porto, Rubem, Escoamento Superficial Direto in Drenagem Urbana, 1995 ABRH.

Exemplo 3.1 de aplicação da Tabela (3.5) do risco em função da vida útil e do período de
retorno

Uma obra com duração de 50 anos e período de retorno de 100 anos. Qual o risco de a
mesma vir a falhar pelo uma vez, durante sua vida útil? Verificando-se a Tabela (3.2)
entrando com o período de retorno de 100 anos e vida útil da obra de 50 anos, há 63% de risco
da obra vir a falhar durante os 50 anos de vida útil.

Exemplo 3.2 da aplicação de R = 1 - ( 1 - 1/ T ) n

Qual é o risco de ocorrer chuva superior à crítica, nos próximos 5 anos sendo que foi
considerado o período de retorno de 2 anos?

Portanto n=5 anos e fazendo-se as contas temos:

R= 1 – ( 1- 1/T) n = 1 – ( 1- 1/ 2) 5 = 0,97

ou seja, há um risco de 0,97, ou seja, 97% de ocorrer uma chuva superior à crítica nos
próximos 5 anos.

Exemplo 3.3 do piscinão do Pacaembu


Qual o risco de ocorrer uma chuva superior à critica em um ano, com período de
retorno adotado de 25 anos.
Portanto n=1 anos e fazendo-se as contas temos:

3-71
Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais
Capítulo 3 Período de retorno
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R= 1 – ( 1- 1/T) n = 1 – ( 1- 1/ 25) 1 = 0,04

ou seja, há um risco de 0,04, ou seja, 4% de ocorrer uma chuva superior á crítica em um ano.

Exemplo 3.4 de aplicação do risco:


Qual o período de retorno para um risco de 50% em 5 anos?
Da fórmula do risco tirando o valor de T temos:

T= 1/ (1- ( 1- R) 1/n ) ( Equação 3.2)

Sendo R=0,50 temos:


Usando a Equação (3.2) temos:

T= 1/ [1- ( 1- 0,5) 1/n ] = 1/ [1- (1- 0,51/5 ] = 8 anos

Exemplo 3.5 de aplicação do risco:


Qual o risco que a canalização do rio Tamanduatei na capital de São Paulo, falhe uma
ou mais vezes considerando que o projeto foi efetuado para período de retorno de 500 anos e a
vida útil da obra é de 50 anos? (EPUSP)
Sendo T=500 e n=50 substituindo na fórmula abaixo teremos:
R= 1 – ( 1- 1/T) n = 1 – ( 1- 1/ 500) 50 = 0,095 ou seja 9,5%

3.3 Freqüência (F)


Define-se freqüência (F) como sendo o inverso do período de retorno, ou seja,

F = 1/T (Equação 3.3)

3.4 Risco e Incerteza segundo USACE

Melhor estimativa
O United States Army Corps of Engineer (USACE) há tempos usa para os projetos e
planificação dos recursos hídricos, da best estimate, ou seja, a melhor estimativa para a
avaliação da chuva de enchente.

Análise de sensibilidade
Depois começaram a usar a sensivity analysis, ou seja, a análise de sensibilidade que
investigava as incertezas dos parâmetros. Mas esta tentativa falhou devido ao número muito
grande de incerteza e como elas se interagem. Depois de 1994 a USACE passou a quantificar
dos riscos e das incertezas como a melhor alternativa. Foi então estabelecida nova
metodologia pela USACE baseada no risco e incerteza.

3-72
Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais
Capítulo 3 Período de retorno
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Riscos e Incertezas

Vamos exemplificar de que maneira a USACE interpreta os riscos e a incerteza.

1. Risco hidrológico: a descarga Q é associada com a probabilidade esperada p. Nos


Estados Unidos é muito usada log-Person Tipo III, que foi padronizada pelo U.S. Water
Resources Council em 1981 (Mays, 2001 p. 321). Isto não foi devidamente justificado,
pois, pode-se usar para a distribuição de freqüências a distribuição log-normal, Gumbel
(Valores extremos Tipo I), por exemplo.

2. Incerteza hidrológica: a variabilidade na estimativa dos momentos da distribuição de Q e


a precisão das curvas de freqüência. Na maioria dos estudos hidrológicos, a estimativa dos
parâmetros é determinada por uma quantidade limitada de série de dados. Trata-se de
amostra usada na estatística.

3. Incerteza da vazão de saída: a descarga Q não é perfeitamente determinada devido a


problemas do conhecimento perfeito da geometria, rugosidade, regime de escoamento,
sujeiras e imprecisões técnicas analíticas. A curva cota-descarga nem sempre é perfeita,
ainda mais quando associada a outras estruturas. As estimativas de vazões devido aos
vertedores, por exemplo, apresentam resultados as vezes bem diferentes do esperado.
Poderão ser feitas análise de incerteza de primeira ordem, como (Mays e Tung,1992)
fizeram para a fórmula de Manning.

4. Performance dos diques: há uma grande incerteza em estabelecer os níveis em que um


dique falha devido a inúmeras variáveis inclusive sobre a fundação do dique

5. Incerteza dos prejuízos da inundação: os danos de uma inundação e a definição da área


a ser inundada nunca são precisos. As estimativas de danos às áreas residenciais e
comerciais são bastantes vagas, pois, dependem do tipo de edificio, do andar em que estão
os prejuízos. Na prática tem havido grandes erros de estimativa dos prejuízos da
inundação.

Segundo a USACE,1992 in Flood Risk Management and the American River Basin,1995
as definições de risco e incerteza são:

Risco: o potencial para realização do não esperado, com conseqüências adversas. A


estimativa do risco é usualmente baseada na expectativa dos resultados de uma condição de
probabilidade da ocorrência do evento multiplicado pela conseqüência do evento, dado que
isto ocorreu.

3-73
Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais
Capítulo 3 Período de retorno
Eng Plínio Tomaz 5/5/2002 pliniotomaz@uol.com.br

Incerteza: situações incertas são aquelas em que os resultados não podem ser previstos
por probabilidade de distribuição conhecida e os resultados são indeterminados.

Como se pode ver os riscos dão uma idéia de:

1. perigo
2. de perdas esperadas ou risco relativo ao projeto
3. que a probabilidade de que um dique será ultrapassado pelas águas

O risco dá uma idéia de situação adversa de eventos não esperados.

A incerteza tem tido muitos significados. Na literatura a incerteza é usada muitas vezes
quando não possuímos a probabilidade. Por outro lado, incerteza é usada para definir
situações de que não temos certeza. A informação de incerteza que significa simplesmente a
falta de certeza, não é adequada. Quando não temos informações ou elas são imprecisas, isto é
incerteza.

3.5 Seleção do melhor projeto:

As perguntas fundamentais para avaliação de um projeto para combater a inundação são:

Qual a probabilidade da área ser inundada?


Os parâmetros econômicos justificam o projeto?
São confiáveis as análises das alternativas econômica dos projetos?

Para cada alternativa escolhida deve ser sempre seguida a seguinte ordem:

1. Escolher a melhor estimativa da probabilidade dos eventos hidrológicos. É o mais


importante, pois a região beneficiada está primeiramente interessada na sua
segurança do que no custo da obra.

2. Elaborar estudos de benefícios/custos baseado nos danos anuais. Não esquecer os


problemas ambientais, sociais e os impactos causados pelos mesmos.

3. Medir as incertezas e falta de precisão dos itens 1 e 2

4. Estudar medidas de confiança do sistema a ser implantado para entendimento do


público.

3.6 Escolha do período de retorno


A escolha do período de retorno é um dos grandes problemas da hidrologia, motivo
pelo qual há muita discussão sobre o assunto. Não devemos esquecer que em primeiro lugar
devemos adotar um modelo hidrológico adequado que produza menos erros.

3-74
Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais
Capítulo 3 Período de retorno
Eng Plínio Tomaz 5/5/2002 pliniotomaz@uol.com.br

Palos e Thadeu em trabalho publicado no XII Simpósio Brasileiro de Recursos


Hídricos usando período de retorno de 50anos calculou o córrego Rincão usando três
métodos.
Para o método de Ven Te Chow achou-se a vazão de 80m3/s e para o método de I-PAI
Wu achou-se 140m3/s, enquanto para o método SCS achou-se 235m3/s, que é a vazão
correta.
Daí se pode perceber que a escolha do período de retorno adequado deve ser aliada
ao modelo adequado.
Os métodos de Ven Te Chow e I-PAI WU não são mais usados.
Um grande problema que ocorre em áreas urbanizadas e inteiramente consolidadas
como algumas áreas da região metropolitana de São Paulo é a escolha de período de retorno
de 100 anos, cujas obras são praticamente impossíveis de serem realizadas devido a espaço
físico e custos. Não podemos fugir desta realidade, motivo pelo qual adota-se período de
retorno de 25anos como prática geral. Também não devemos esquecer a prática corrente na
RMSP de que a execução de obras para Tr=10anos em muito diminuirá as enchentes e já seria
bom se tivéssemos todas as obras executadas para Tr=10anos.
Para obras especificas poderá ser determinado período de retorno maiores que 25 anos,
dependendo dos prejuízos que a enchente causará.

Dica: escolha o modelo hidrológico e a período de retorno o melhor possível.

3-75
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 4- Calhas e condutores
Engenheiro Plínio Tomaz 03 de janeiro 2009 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 4

Calhas e condutores

“Em 1891 Manning desenvolveu a sua equação para o cálculo da velocidade em canais abertos”
David Maidment, 1993

4-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 4- Calhas e condutores
Engenheiro Plínio Tomaz 03 de janeiro 2009 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 4- Calhas e condutores


Seção Titulo

4.1 Introdução
4.2 Vazão na calha
4.3 Fórmula de Manning
4.4 Declividade das calhas
4.5 Materiais das calhas
4.6 Condutores verticais de águas pluviais
4.7 Critério prático do Botelho
4.8 Critério prático dos norte-americanos
4.9 Critério do prof. Lucas Nogueira Garcez
4.10 Critério que adota o diâmetro para a declividade de 0,5%
4.11 Critério de Frutuoso Dantas - Condutores verticais
4.12 Critério prático dos norte-americanos
4.13 Critério do prof. Lucas Nogueira Garcez
4.14 Critério que adota o diâmetro para a declividade de 0,5%
4.15 Critério de Frutuoso Dantas- Condutores verticais
13 páginas

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Capitulo 4- Calhas e condutores
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Capitulo 4- Calhas e condutores

4.1 Introdução
As calhas e condutores verticais deverão obedecer às normas brasileiras de instalações de
esgoto pluvial (NBR 10844 de dezembro de 1989 da Associação Brasileira de Normas Técnicas -
ABNT).
Para áreas de cobertura até 100m2 de área de projeção horizontal, pode-se adotar intensidade
de chuva 150mm/h (2,52 litros/minuto . m2).
A duração da precipitação deve ser fixada em t=5min (NBR 10844/89).
Os períodos de retorno devem ser T=1 ano para áreas pavimentadas onde empoçamento possa
ser tolerado; T=5 anos para coberturas e ou terraços e T=25anos para coberturas e áreas onde
empoçamento ou extravasamento não possa ser tolerado.
Adotaremos sempre período de retorno T=25anos e intensidade de chuva de 200mm/h para a
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

4.2 Tempo de concentração


Em telhados o tempo de concentração adotado na maioria dos países é de 5min.

4.3 Período de retorno


O período de retorno em águas pluviais é adotado conforme a segurança da obra.
Normalmente é adotado Tr=10anos ou Tr=25anos.

4.4 Intensidade de chuva


Intensidade (I ou i) é a precipitação por unidade de tempo, obtida como a relação I= P / t,
expressa-se normalmente em mm/hora ou mm/minuto.
Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
tc= duração da chuva (min).

Para período de retorno Tr=10anos e tc=5min temos:

1747,9 . 100,181
I =------------------------ (mm/h)
( 5 + 15)0,89

I= 184mm/h

Para período de retorno Tr=25anos e tc=5min temos:

1747,9 . 250,181
I =------------------------ = (mm/h)
( 5 + 15)0,89

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I= 218 mm/h
4.5 Método Racional
O método racional é um método indireto e foi apresentado pela primeira vez em 1851 por
Mulvaney e usado por Emil Kuichling em 1889 e estabelece uma relação entre a chuva e o
escoamento superficial (deflúvio). É usado para calcular a vazão de pico de uma determinada bacia,
considerando uma seção de estudo. A chamada fórmula racional é a seguinte:

Q= C . I . A /360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C= coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1.
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha). 1ha= 10.000m2

Usando o método Racional e considerando C=1,00 a favor da segurança temos:


Tr=10anos Q= CIA/360= 1,0 x 184mm/h x A/ 360
Tr=25anos Q= CIA/360=1,0 x 218mm/h x A/360

4.6 Vazão na calha


Para o cálculo da vazão a NBR 10844/89
I.A
Q= ------------ (Equação 4.1)
60
onde:
Q=vazão do projeto (L/min)
I=intensidade pluviométrica (mm/h)
A=área de contribuição (m2)
Considerando que a chuva máxima seja de I=200mm/h e A=1ha=10.000m2 acharemos
Q=555L/s.ha = 0,055 L/s x m2 = 3,33 L/min x m2.

Dica: usar 550 L/s.ha = 3,33 L/min. m2 para achar a vazão máxima nas calhas.

Uma observação interessante sobre a Equação (4.1) é que usando o conceito da fórmula
racional, ela não leva em conta o coeficiente de escoamento superficial C para o dimensionamento
das calhas e condutores.

Figura 4.1 – Calha

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Figura 4.2- Calha Tigre

Exercício 4.1-
Calcular a vazão na calha para uma chuva crítica de 200mm/h e área de 800m2.
Usando a Equação (4.1) temos:

I.A
Q= ------------
60

200 . 800
Q= ------------ = 2.666 L/min
60

A vazão na calha será de 2.666 L/min ou 44,4 L/s

Uma outra maneira é se usar a taxa de 3,33 L/min x m2 que multiplicando pela área de 800m2
fornecerá 2.664 L/min

4.7 Fórmula de Manning


Para dimensionamento de calhas a NBR 10844/89 adota a fórmula de Manning:

Q = 60.000 . (A/n) . RH 2/3 . S ½ ( Equação 4.2)

Sendo:
Q=vazão do projeto (L/min)
A = área da seção molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)
RH= A/P = raio hidráulico (m)
n= coeficiente de rugosidade de Manning conforme Tabela (4.1)
S=declividade (m/m)
Os condutores horizontais são calculados para lâmina de água máxima de 2/3 do diâmetro, ou
seja, 0,66D.
Tabela 4.1- Coeficientes de rugosidade n de Manning
Material Coeficiente de rugosidade n de
Manning
Plástico, aço, metais não ferrosos 0,011
Ferro fundido, concreto alisado, 0,012
alvenaria revestida
Cerâmica, concreto não alisado 0,013
Alvenaria de tijolos não revestida 0,015
Fonte: ABNT NBR 10.844/89

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Exemplo 4.2
Dado uma calha retangular em que a declividade seja de 0,5%, altura 10cm, largura de 40cm e
consideramos o valor de n=0,013.
S=0,5% =0,005m/m
A área molhada será A= 10cm x 40cm = 0,10 . 0,40 = 0,04m2
O perímetro molhado P= 40cm+ 10cm+10cm =60cm = 0,60m
O raio hidráulico Rh= A/P = 0,04 m2/ 0,60m =0,066m
Usando a Equação (4.2) temos:

Q = 60.000 . (A/n) . RH 2/3 . S ½

Q = 60.000 . (0,04/0,013) . 0,066 2/3 . 0,005 ½

Q= 2.171 litros/minuto= 36,2 litros/segundo


Portanto a vazão que a calha suporta é de 2.132litros/minuto ou 35,5 litros/segundo.
A Tabela (4.2) da ABNT NBR 10.844/89 fornece as vazões em litros por minuto de acordo
com os diâmetros dos condutores horizontais de seção circular e da declividade.

Tabela 4.2-Capacidade de condutores horizontais de seção circular com vazões em litros/


minuto
Diâmetro n=0,011 n=0,012 n=0,013
Interno
D 0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2% 4%
(mm)
50 32 45 64 90 29 41 59 83 27 38 54 76
75 95 133 188 267 87 122 172 245 80 113 159 226
100 204 287 405 575 187 264 372 527 173 242 343 486
125 370 521 735 1.040 339 478 674 956 313 441 622 882
150 602 847 1.190 1.690 552 777 1.100 1.550 509 717 1.010 1.430
200 1.300 1.820 2.570 3.650 1.190 1.670 2.360 3.350 1.100 1.540 2.180 3.040
250 2.350 3.310 4.660 6.620 2.150 3.030 4.280 6.070 1.990 2.800 3.950 5.600
300 3.820 5.380 7.590 10.800 3.500 4.930 6.960 9.870 3.230 4.550 6.420 9.110
Fonte: ABNT NBR 10.844/89

A Equação (4.2) não é prática de ser aplicada em dimensionamento de águas pluviais de


instalações hidráulicas, daí Botelho e Ribeiro, 1998 apresentam na p.132 método prático para se achar
a altura da lâmina de água, usando a Tabela (4.3).

Tabela 4.3- Porcentagem da vazão plena em função da relação H/D


Porcentagem do diâmetro Porcentagem da vazão plena
(H/D)
5% 0,5
10% 2
20% 9
30% 20
40% 34
50% 50
60% 67
66% 77

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70% 83
80% 97
90% 106
100% 100
Fonte: Botelho e Ribeiro, 1998.

Exemplo 4.3
Calcular a capacidade de um tubo de PVC de 100mm e declividade de 4% escoando a seção
plena.
Para o PVC n=0,011 e consultando a Tabela (4.2) achamos para a declividade de 4% a vazão
de 575 litros/minuto.
Como esta é a vazão para 2/3 da altura da seção, isto é, H=0,66.D e como para a seção plena o
valor da altura de 66% corresponde na Tabela (4.3) a 77% então:
Qplena= 100 . 575 / 77 = 746 litros/minuto

Exemplo 4.4
Calcular para o mesmo Exemplo (4.3) a altura da lâmina de água do tubo de 100mm quando a
vazão for 430 litros/minuto.
430/ 746 = 57%
Consultando a Tabela (4.3) achamos por aproximação 57% para o valor de H/D. Fazendo-se
as contas o valor da lâmina de água na calha será de 57mm

4.8 Declividade das calhas


As calhas, condutores e superfícies horizontais deverão ter declividades mínimas de 0,5%.
Existe tabela especial da qual constam os nomes das cidades e a intensidade pluviométrica em
milímetros por hora, para períodos de retornos de 1 ano, 5 anos e 25 anos.
Algumas normas de outros países admitem para residências que a calha tenha diâmetro
mínimo de 125mm e declividade de 0,0042m/m (0,42%) e ainda que os coletores verticais devem
estar distantes no máximo 12m ou ter uma queda continua de 9m para o caso de a água ser
descarregada em um reservatório.
Quando uma calha é muito comprida há o perigo do entupimento, do tamanho da calha e da
declividade mínima que tem que ser deixada que é 0,5%. Muitas vezes é necessário dividir a calha em
diferentes condutores verticais.

4.9 Materiais das calhas


O material de fabricação das calhas deve ter as seguintes característica:
- ser resistente à corrosão;
- ter longa durabilidade;
- não deve ser afetada por mudanças de temperatura;
- lisa;
- leve e
- rígida.

Os materiais das calhas podem ser: chapas galvanizadas, liga de alumínio e plásticos.
As telhas podem ser de (Ruskin, 2001):
- aço galvanizado corrugado;
- chapas de liga de alumínio;
- chapas de fibrocimento corrugado;
- telhas de barro;
- telhas de madeira;

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- fibras de vidro e
- neoprene/hypolon.

Ao selecionar o material para telhado deve ser levado em conta os seguintes fatores (Ruskin,
2001):
- durabilidade;
- impermeabilidade;
- disponibilidade;
- resistência ao incêndio;
- facilidade de conserto;
- fatores de custo;
- leveza;
- baixo índice de expansão e
- boa aparência.

Conforme NBR 10.844/89 as calhas de beiral ou platibanda, quando a saída estiver a menos
de 4m de uma mudança de direção, a vazão de projeto de ser multiplicada pelos coeficientes da
Tabela (4.4).

Tabela 4.4- Coeficientes multiplicativos da vazão de projeto


Tipo de curva Curva a menos de 2m Curva entre 2 e 4m
da saída da saída
Canto reto 1,2 1,1
Canto 1,1 1,05
arredondado
Fonte: NBR 10.844/89

Figura 4.3- Esquema de calha retangular para captação de águas de chuvas em telhados
Fonte: Tomaz, 1999

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Tabela 4.5- Dimensões da calha em função do comprimento do telhado:


Comprimento do telhado Largura da calha
(m) (m)
Até 5 0,15
5 a 10 0,20
10 a 15 0,30
15 a 20 0,40
20 a 25 0,50
25 a 30 0,60
Nota: entende-se como comprimento do telhado a medida na direção do escoamento da água.
Fonte: Azevedo Netto e Vanderley de Oliveira Melo, Instalações prediais 1988

Tabela 4.6- Diâmetros da rede coletora águas pluviais em função da área e declividade
Diâmet Declivida Declividad Declivida Declividade
ro de e de /Área
/Área /Área /Área
(mm) 0,5% 1,0% 2,0% 4,0%
50 32 46
75 69 97 139
100 144 199 288
125 167 255 334 502
150 278 390 557 780
200 548 808 1.105 1.616
250 910 1.412 1807 2.824
Fonte: Macintyre in Azevedo Netto e Vanderley de Oliveira Melo, Instalações prediais 1988.

Baseado na precipitação critica de 150mm/h (2,52 litros/minuto/m2).


Tabela 4.7- Capacidade de calhas semicirculares com coeficientes de rugosidade n=0,011 (vazão
em L/min)
Diâmetro Declividade
interno (mm) 0,5% 1% 2%
100 130 183 256
125 236 333 466
150 384 541 757
200 829 1.167 1.634
Fonte: ABNT NBR 10.844/89

4.10 Condutores verticais de águas pluviais


O diâmetro interno mínimo de condutores verticais de seção circular é de 70mm.
A NBR 10844/89 aconselha ainda que a drenagem deve ser feita por mais de uma saída,
exceto em casos em que não houver riscos de obstrução.
A NBR 10.844/89 apresenta dois gráficos para se determinar a vazão de um condutor vertical
em litros/minuto de águas pluviais levando em consideração a altura da lâmina d’água da calha H em
milímetros e do comprimento do condutor vertical em metros.
São fornecidos dois gráficos conforme a aresta viva ou na existência de um funil na saída.

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4.11 Critério prático do Botelho


Botelho e Ribeiro 1998 no seu livro “Instalações Prediais feitas para durar” cita um método
prático que fornece o diâmetro do tubo para as chuvas criticas de 120mm/h e 150mm/h.
Tabela 4.8 – Condutores verticais de pluviais
Área do telhado (m2)
Diâmetro Vazão
(mm) (L/s) Chuva de Chuva de
150mm/h 120mm/h
50 0,57 14 17
75 1,76 42 53
100 3,78 90 114
125 7,00 167 212
150 11,53 275 348
200 25,18 600 760
Fonte: Botelho e Ribeiro, 1998, p.133

4.12 Critério prático dos norte-americanos


Macintyre cita que os norte americanos consideram chuva de 200mm/h usam a taxa de
0,50cm2 de condutor por metro quadrado de área de telhado. A Tabela (4.9) mostra o exemplo para os
diâmetros nominais dos coletores verticais encontrados no Brasil.
Tabela 4.9- Diâmetro do coletor vertical em função da área de telhado usando a taxa de
0,50cm2/m2 de telhado
Área da seção transversal Área do telhado
Diâmetro do condutor vertical (m2)
2
Nominal (cm )

50 19,6 39
75 44,2 88
100 78,5 157
150 176,7 353
200 314,2 628
250 490,9 982
300 706,9 1414
4.13 Critério do prof. Lucas Nogueira Garcez
José Martiniano de Azevedo Netto e Vanderley de Oliveira Mello, 1988 no seu livro
“Instalações prediais hidráulico-sanitarias” usam a Tabela (4.10) para o dimensionamento dos
condutos verticais.
Supõe-se que a chuva crítica seja de 150mm/hora.
Tabela 4.10- Área máxima de cobertura para condutores verticais de seção circular
Diâmetro Área máxima de telhado
(mm) (m2)
50 13,6
75 42,0
100 91,0
150 275,0
Fonte: Lucas Nogueira Garcez in Azevedo Netto e Vanderley de Oliveira Melo, Instalações prediais
1988.

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4.14 Critério que adota o diâmetro para a declividade de 0,5%


Este critério pode ser usado para um pré-dimensionamento. Para isto usa-se a Tabela (4.2) da
ABNT NBR 10.844/89.
No livro “Manual de Hidráulico Azevedo Netto”, 1998 de Ito et al, apresenta a Tabela (4.11)
de condutores verticais de seção circular conforme o National Plumbing Code nos Estados Unidos.

Tabela 4.11- Condutores verticais- área máxima de contribuição em m2.


Veloc. Vazão Intensidade em mm/h e L/min x m2
Diâmetro Max máxima
(m/s) (L/min) 100mm/h 125 150 175 200mm/h 225 250 275
1,67 2,08 2,50 2,92 3,33 3,75 4,17 4,58
75 1,28 339,6 203,4 163,3 135,8 116,3 102,0 90,6 81,4 74,1
100 1,50 706,9 423,3 340,0 228,8 242,1 212,3 188,5 169,5 154,3
125 1,81 1.332,7 798,0 640,7 533,1 456,4 400,2 355,4 319,6 291,0
150 1,97 2.088,8 1.250,8 1.004,2 835,5 715,3 627,3 557,0 500,9 456,1
200 2,38 4.486,2 2.686,3 2.156,8 1.794,5 1.536,4 1.347,2 1.196,3 1.075,8 979,5
250 2,75 8.099,4 4.849,9 3.893,9 3.239,8 2.773,8 2.432,3 2.159,8 1.942,3 1.768,4
Fonte: National Plumbing Code in Manual de Hidráulico Azevedo Netto, 1998 p. 596
Nota: vazão máxima a seção plena e velocidade máximas do National Plumbing Code.

No livro Manual de Hidráulica Azevedo Netto, 1998 p.602, o professor da Fatec engenheiro
Edmundo Pulz usou as pesquisas do Prof. Carlito F. Pimenta e usando como lâmina da calha máxima
de 0,5D, sendo D o diâmetro do coletor vertical.
Foi considerado nas pesquisa do prof Pimenta o 1º estagio onde não existe grelha e h* ≤ 0,5
(p.599 do Manual de Hidráulico Azevedo Netto, 1998) e ainda o bocal reto tipo A (ângulo reto).
Pulz justifica que os bocais apresentam capacidades de descargas que não passam de 15% e,
portanto, os mais usados na prática são os bocais em ângulo reto (tipo A), pois são de fácil confecção.
A fórmula a ser usada para os bocais em ângulo reto tipo A é:
Q*= 0,00513 . h* 5/3 (Equação 4.3)
Sendo h*= h/D = 0,50 então
Q*= 0,00513 . h* 5/3 = 0,00513 . (0,50)5/3 =0,0016 m3/s =97 L/min
A razão de semelhança λ= D/50
Na Tabela (4.12) estão os cálculos efetuados por Pulz e acrescentado da chuva crítica de
200mm/h.

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Tabela 4.12- Capacidade dos condutores verticais de seção circular


Diâmetro λ Q= 97. λ Intensidade de chuva crítica adota
5/2
nominal 150mm/h 200mm/h
(L/min)
50 1 97,0 39m2 29 m2
75 1,5 267,3 107 m 2
80 m2
100 2 548,7 219 m2 165 m2
150 3 1512,1 605 m 2
454 m2
200 4 3104,0 1242 m2 932 m2
250 5 5422,5 2169 m 2
1628 m2
300 6 8553,6 3421 m2 2569 m2
Fonte: Manual de Hidráulica Azevedo Netto, p. 603

4.15 Critério de Frutuoso Dantas- Condutores verticais


No Simpósio Nacional de Instalações Prediais realizados em São Paulo na Escola Politécnica
em 1989 na p. 201 do livro “Instalações Hidráulicas III” foi apresentado trabalho do prof. João
Frutuoso Dantas Filho.
No trabalho apresentado é apresentado duas fórmulas básicas para condutores verticais, sendo
uma para H/d < 1/3 e outra para H/d >1/3 , sendo “d”o diâmetro do condutor e H a altura da lâmina d
‘água na calha.
Q=0,0116 . d . H 1,5 para H/d < 1/3 (Equação 4.4)
Q=0,0039 . d . H 2,5 para H/d > 1/3 (Equação 4.5)
Sendo:
Q=capacidade de descarga do condutor vertical junto à calha (L/min);
d= diâmetro do coletor junto à calha (mm);
H= altura da lâmina d’água na entrada do condutor (mm).
Quando H/d < 1/3 a entrada do condutor funcionará como uma represa e no segundo caso
quando H/d >1/3 a entrada do condutor funcionará como um orifício.
Considerando que a altura H/d =0,50 então deverá ser usada a Equação (4.5):
Q=0,0039 . d . H 2,5 para H/d > 1/3
Aplicando-se a fórmula obtemos a Tabela (4.13)

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Tabela 4.13- Diâmetro do coletor vertical sendo h/D=0,50 usando a fórmula de Frutuoso
Dantas e área de contribuição para chuva de 200mm/h
Área de
Diâmetro do coletor contribuição para
vertical Vazão máxima quando H/d=0,50 chuva critica de
200mm/h

mm L/min L/s m2

50 49 0,81 15
75 134 2,24 40
100 276 4,60 83
125 482 8,03 145
150 760 12,67 228
200 1560 26,00 468
250 2725 45,42 818
300 4299 71,65 1291
Fonte: Equação de Frutuoso Dantas, 1989

4-13
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 5-Microdrenagem
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Capítulo 5
Microdrenagem
“A natureza nunca quebra as suas leis”
Leonardo da Vinci

Boca de lobo com defletores a 45º


Fonte: CIRIA, 2007
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 5-Microdrenagem
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Introdução

Uma das grandes dificuldades de se escrever sobre microdrenagem no Brasil é que até o
momento não temos normas da ABNT. As cidades, Estados, órgãos públicos, empreendedores
adotam critérios muito diferentes um dos outros, sendo difícil e até impossível de se fazer uma
padronização.
Uma das dificuldades é o período de retorno a ser adotado, que pode ser de 10anos ou 30anos.
Outro problema é que não há padronização das bocas de lobo e das alturas das guias sendo que cada
problema tem que ser resolvido separadamente.
Faz-se muitas obras com abertura das bocas de lobo tão grande que causam fatalidades e
processos judiciais.
Uma outra indefinição é se devemos considerar o tubo de galerias de águas pluviais: y/D=1,0
(seção plena, PMSP, autor), y/D=0,85 (EPUSP); y/D=0,80 (várias prefeituras); y/D=0,75 (esgotos
sanitários ABNT) ou y/D=0,67 (2/3 águas pluviais prediais ABNT).
Um outro dilema é que originalmente as bocas de lobo tinham um rebaixo para deposição de
sólidos, mas como no Brasil se costuma jogar esgotos sanitários nas galerias de águas pluviais, há
criação de odor e daí para evitar que os esgotos sanitários fiquem parados, a tubulação de ligação sai
do fundo da boca de lobo e vai para o fundo do PV sem a deposição de sólidos.

Guarulhos, 12 de maio de 2010

Plinio Tomaz
Engenheiro civil

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Capítulo 5-Microdrenagem
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SUMÁRIO
Capítulo 5-Microdrenagem
Ordem Assunto
5.1 Introdução
5.2 Gradiente de energia e hidráulico
5.3 Período de retorno e altura da água na sarjeta
5.4 Galerias de águas pluviais no Brasil
5.5 Formula de Manning para secção circular plena
5.6 Dimensionamento de galeria circular parcialmente cheia
5.7 Boca de lobo sem depressão e altura da lâmina da água é menor que a abertura da guia
5.8 Boca de lobo com depressão
5.9 Quando a altura da água sobre o local for maior que 1,4h para boca de lobo com depressão e sem depressão
5.10 Quando a boca de lobo é uma grelha (grade)
5.11 Capacidade de escoamento superficial de uma grelha (grade)
5.12 Boca de lobo combinada com grelha
5.13 Redução de escoamento em bocas de lobo
5.14 Sarjetões
5.15 Secção parabólica
5.16 Bocas de lobo
5.17 Poços de visita
5.18 Caixas de ligação e tubos de ligação
5.19 Condutos com entrada submersa e saída submersa
5.20 Velocidade nas galerias
5.21 Tubulações
5.22 Tempo de concentração e vazões de projeto
5.23 Sarjetas
5.24 FHWA, 1996
5.25 DNIT, 2006
5.26 Declividade lateral das ruas
5.27 CIRIA, 2007
5.28 Tipos de bocas de lobo
5.29 Limitações técnicas em projetos de microdrenagem
5.30 Tempo de entrada
5.31 Vazão específica em uma sarjeta
5.32 Perdas de cargas localizadas
5.33 Riscos de enchentes
5.34 Classificação das ruas da PMSP
5.35 Tempo de concentração de Yen e Chow, 1983
5.36 Entrada de ar
5.37 Superelevação nas curvas
5.38 Ancoragens e velocidades
5.39 Rebaixamento de guias
5.40 Aquaplanagem
5.41 Dimensionamento de tubulação usando Metcalf&Eddy
5.42 Tensão trativa
5.43 Energia específica
5.44 Inclinação crítica
5.45 Número de Froude
5.46 Fórmula de Manning
5.47 Relações geométricas da seção circular
5.48 Velocidade crítica
5.49 Velocidade máxima
5.50 Bibliografia e livros consultados
113 páginas

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Capítulo 5-Microdrenagem
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Capítulo 5- Microdrenagem

5.1 Introdução
Conforme Nicklow, 2001 quando a chuva cai sobre uma superfície pavimentada forma uma
camada de água que vai aumentando cada vez mais causando problemas no tráfego de veículos,
causando problemas de aquaplanagem e visibilidade.
Primeiramente devemos esclarecer que não existe norma da ABNT sobre galerias de águas
pluviais urbanas.
Em 1976 foi lançado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), o livro Drenagem Urbana- manual de projeto,
elaborado pela equipe técnica do DAEE. Este livro tornou-se o padrão brasileiro de drenagem sendo
usado até hoje.
No Brasil as galerias de águas pluviais são calculadas como condutos livres com os tubos
trabalhando a: seção plena, 2/3D, 0,80D ou 0,83D.
Existem regiões como o County Clark nos Estados Unidos, que usam a água pluvial como
rede pressurizada até o máximo de 1,5m acima da geratriz superior da tubulação. Para a pressurização
é necessário que as juntas sejam estanques ao vazamento ou que pelos menos suporte até 1,5m de
pressão. Assim são usadas juntas elásticas ou juntas especiais. Nestas redes é comum se calcular os
dois gradientes, o hidráulico e de energia de modo que o gradiente de energia não saia fora do perfil
da vala de escavação.
Nas redes pressurizadas temos ampliações de rede curvas sem o uso de PVC, mas usando-se a
regra de que os poços de visita estejam no máximo a 120m de distância um do outro. Mesmo quando
se calculam redes pressurizadas existem trechos próximos do lançamento das águas pluviais como
lagos e rios em que o conduto é livre.
Na Figura (5.1) notar uma rede de águas pluviais moderna pressurizada de Clark County com
curvas e ampliações sem poços de visita trabalhando até 1,50m de pressão acima da geratriz superior
do tubo.
O manual de projetos de hidráulica do Texas admite a utilização de galerias de águas pluviais
pressurizadas e em condutos livres, porém recomenda o uso de condutos livres salientando que o
diâmetro mínimo aconselhável de uma galeria deve ser de 600mm.

Figura 5.1- Rede de águas pluviais moderna


Fonte: Clark County

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Na Figura (5.2) de Clark County notar no perfil as linhas de energia (EGL) e a linha
piezométrica (HGL) que deverá estar abaixo do greide da rua.

Figura 5.2- Perfil de águas pluviais notando-se as linhas de energia (EGL) e a linha
piezométrica (HGL).
Fonte: Clark County

Na Figura (5.3) podemos verificar as linhas de energia e a linha piezométrica num conduto
pressurizado que correspondem em inglês a Energy grade line (EGL) e Hydraulic grade line (HGL).

Figura 5.3- Linha de energia (EGL) e Linha Piezométrica (HGL) para condutos forçados
Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Dren05.html

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5.2 Gradiente de energia e hidráulico


Temos dois gradientes muito importantes em canais e condutos livres e que são o gradiente de
energia e o gradiente hidráulico.

Linha de energia ou gradiente de energia


Para o conduto livre conforme Figura (5.4) a linha de energia é a altura do em relação a um
referencial de nível, mais a altura do nível de água e mais V2/2g.
H= z1+ y1 + v12/2g
Linha de gradiente hidráulico
É a conexão de todos os pontos da superfície líquida do conduto livre é a linha do gradiente
hidráulico conforme Metcalf&Eddy, 1991.
H1= z1 + y1

Figura 5.4- Comparação de escoamento em condutos forçados e condutos livres


Fonte: Metcalf&Eddy, 1981

A linha de energia não poderá ser superior ao poço de visita de uma galeria e nem passar do
nível do terreno.

Conduto forçado
Mays, 2001 salienta e mostra na Figura (5.5) que as redes pressurizadas possuem a linha de
carga (EGL) de maneira que estão acima do greide conforme parte superior da figura e que trabalham
como condutos forçados. As galerias de águas pluviais devem trabalhar como conduto livre conforme
a parte de baixo da figura.

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Figura 5.5- Linha piezométrica e linha de carga em uma tubulação de águas pluviais
Fonte: Mays, 2001

Devemos salientar que em bombeamento de águas pluviais a tubulação de recalque é


pressurizada como se fosse um conduto forçado. Fica ainda a observação de quando há um
entupimento de uma galeria a mesma ficará pressurizada de acordo com a profundidade do poço de
visita. Assim admite-se pressurização dos tubos de 1,5m acima da geratriz superior da tubulação. É
necessário que as juntas não vazem com esta pequena pressão.
Os tubos de águas pluviais trabalharão a seção plena, mas quando em forma de canais, deverá
ser deixada uma borda livre de no mínimo 0,15m.

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Região litorânea
Em região litorânea onde a variação da maré é muito grande as tubulações de águas pluviais
deverão ser calculadas como conduto livre e conduto forçado.
Como conduto forçado é usado a fórmula de Hazen-Willians limitando a velocidade ao
máximo de 1,50m/s.
A perda de carga no lugar mais desfavorável normalmente é adotado como 0,30m, isto é,
deverá haver uma folga no último poço de visita de no mínimo 0,30m para que quando chova e a
maré estiver alta haja escoamento.

5.3 Período de retorno e altura da água na sarjeta


Segundo a FHWA, 1996 e Nicklow, 2001 o grande problema em microdrenagem é definir:
• Período de retorno que se deve adotar e
• Altura de água que devemos admitir na sarjeta.
Existem locais que devido a travessia de pedestres ou a existência de edifício público que se
deva manter a altura da água baixa. Pode acontecer também que com a subida da água as linhas das
pistas fiquem escondidas aumentando o perigo de desastres.
A velocidade da água e a altura da água levam riscos para veículos, pessoas adultas e crianças.
As pessoas podem escorregar e serem levadas pelas enxurradas causando danos físicos inclusive a
própria perda da vida do pedestre.
A escolha do período de retorno e da altura do nível de água bem como do risco que pode
ser assumido devem ser levados em contas pelo projetista quando dimensionar os bueiros e as
tubulações que irão levar adiante e com segurança as águas pluviais.

Período de retorno
Em microdrenagem é comum adotar-se períodos de retorno 25anos e em macrodrenagem de
50anos e 100anos.
Devemos salientar que mesmo em microdrenagem quando adotamos período de retorno de
25anos, poderá haver trechos ou ruas em uma cidade em que teremos que adotar Tr=50anos.
Na Inglaterra devido às mudanças climáticas os projetos de microdrenagem conforme CIRIA,
2007 são feitos para período de retorno de 30anos.

Dica: para o Brasil devemos adotar o período de retorno de 25anos para microdrenagem.

Altura de água na sarjeta


No Brasil adotam-se altura de 0,13m; 0,10m comumente e é difícil na prática de estabelecer
um padrão.
Nos loteamentos do Alphaville adota-se dois tipos de guias, uma com altura de 0,075m
localizada na frente dos lotes e outra com 0,15m nas praças públicas onde não haja entrada de
veículos. A largura da sarjeta é 0,45m.

5.4 Galerias de águas pluviais no Brasil


As galerias pluviais são projetadas como conduto livre para funcionamento a seção plena para
a vazão do projeto. A velocidade depende do material a ser usado.
A velocidade mínima para tubos de concreto deverá ser de 0,65m/s e a máxima de 5,0m/s. O
recobrimento mínimo é de 1,00 m.
Os diâmetros das tubulações comerciais padronizados são é:
• 0,30m (concreto simples, não é armado Classe PS-1 da ABNT NBR 8890/2003);
• 0,40m (pode ser armado);
• 0,50m (tubo com armadura Classe PA-2 da NBR 8890/2003);

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• 0,60m (tubo com armadura)


• 0,80m (tubo com armadura)
• 1,00m (tubo com armadura)
• 1,20m (tubo com armadura)
• 1,50m. (tubo com armadura)
• Acima de 1,50m usarmos aduelas de concreto
Existem tubos com junta rígida ou junta elástica. Os tubos comumente usados conforme a
profundidade e a especificação da obra são das Classes: PA-1, PA-2, PA-3, PA-4 e PS-1
Os comprimentos dos tubos normalmente são de 1,00m, mas podem ser de 1,50m.
Os preços médios dos tubos de concreto incluso a mão de obra estão na Tabela (5.1).

Tabela 5.1-Preços médios de material e mão de obra de tubos de concreto para águas
pluviais
Diâmetro Preço de Material e Mão de obra
(m) US$/metro
0,30 18
0,40 33
0,50 35
0,60 44
0,80 71
1,00 111
1,20 166
1,50 226
Nota: 1US$= 1,75 (17/2/2008)
Acima do diâmetro de 1,50m usam-se aduelas de concreto padronizadas pela norma da ABNT
NBR 15396. A largura e altura das aduelas variam de 1,00m até 4,0m sendo a junta de encaixe tipo
macho-fêmea.

5.5 Fórmula de Manning para seção circular plena


Vamos apresentar a fórmula de Manning para seção qualquer:

Q = ( n-1) . A . R2/3 . S1/2

Q= vazão (m3/s);
A= área molhada da seção (m2)
R= raio hidráulico (m);
S= declividade (m/m).
Para seção circular plena R=D/4 temos:
V= (1/n) x 0,397x (D 2/3) (S ½) (Equação 5.1)
Q= (1/n) x 0,312 x (D 8/3) (S ½) (Equação 5.2)
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8 (Equação 5.3)

Sendo:
V= velocidade (m/s);
R= raio hidráulico (m);
S= declividade (m/m);
n= coeficiente de rugosidade de Manning;
D= diâmetro do tubo (m);

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Q= vazão (m3/s).

Exemplo 5.1-
Dado a declividade S=0,007 m/m n=0,025 D=1,5m. Achar a velocidade média.
Usando a Equação (5.1) temos:
V= (1/n) x 0,397x (D 2/3) (S ½) = (1/0,025) x 0,397x (1,5 2/3) (0,007 ½) =1,74 m/s

A Tabela (5.2) fornece a vazão da tubulação de concreto em função da declividade. Não


devemos esquecer que deverá ser calculada a velocidade sendo que esta deverá ser menor ou igual a
5m/s e em alguns casos chegar a 6m/s.

Tabela 5.2 - Vazões a seção plena de tubos de concreto para águas pluviais conforme a
declividade da tubulação.
Tubos de concreto
com n=0,013 Vazões
(m3/s)
Diâmetro Declividades da tubulação
0,50% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10%
(cm) (m) 0,005 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1
30 0,3 0,07 0,10 0,14 0,17 0,19 0,22 0,24 0,26 0,27 0,29 0,31
40 0,4 0,15 0,21 0,29 0,36 0,42 0,47 0,51 0,55 0,59 0,63 0,66
50 0,5 0,27 0,38 0,53 0,65 0,76 0,85 0,93 1,00 1,07 1,13 1,20
60 0,6 0,43 0,61 0,87 1,06 1,23 1,37 1,51 1,63 1,74 1,84 1,94
80 0,8 0,94 1,32 1,87 2,29 2,65 2,96 3,24 3,50 3,74 3,97 4,19
100 1,0 1,70 2,40 3,39 4,16 4,80 5,37 5,88 6,35 6,79 7,20 7,59
120 1,2 2,76 3,90 5,52 6,76 7,81 8,73 9,56 10,33 11,04 11,71 12,34
150 1,5 5,00 7,08 10,01 12,26 14,15 15,82 17,33 18,72 20,01 21,23 22,38

Exemplo 5.2-galeria de 1,5m de diâmetro


Calcular a vazão pela fórmula de Manning sendo dados o diâmetro D=1,50m declividade
S=0,007m/m (0,7%) e rugosidade de Manning n=0,014.
Entrando na Equação (5.2) temos:
Q= (0,312) . ( n-1 ) . D8/3 . S1/2 = (0,312) . ( 0,014-1 ) . 1,508/3 . 0,0071/2
Q= 5,5 m3/s
Portanto uma galeria com 1,5m de diâmetro com declividade de 0,007m/m pode conduzir a
vazão de 5,5 m3/s. Vejamos agora a velocidade:
Usando a equação da continuidade:
4.Q
V =-------------- (Equação 5.4)
2
π.D

4.Q 4 . (5.5)
V=--------------- = -------------------- = 3,11 m/s < 5 m/s
π . D2 3,14 . (1.52)

Portanto, a velocidade é 3,11 m/s que é menor que o máximo admitido de 5 m/s e é maior que
o mínimo de 0,60 m/s.

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Exemplo 5.3- calcular o diâmetro.


Calcular o diâmetro para uma tubulação de concreto com n=0,014 vazão de 2 m3/s e
declividade de 0,007m/m. Conforme Equação (5.3) temos:
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8 = [(2 .0,014 )/ ( 0,312 . 0,0071/2)]3/8
D= 1,03 m
Como o diâmetro de 1,03m não é comercial, temos que usar D=1,2m
Calculemos então a velocidade pela equação da continuidade.
4.Q 4.2
V=--------------- = -------------------- = 3,67m/s < 5 m/s
π . D2 3,14 . 1.22

Se o comprimento da tubulação for de 200m o tempo de trânsito na galeria de 1,20m é de:

Tc= L/ 60xV = 200m/ 60 x 3,67m/s = 0,91min


A velocidade de 3,67m/s é maior que o mínimo de 0,60 m/s e menor que o máximo de 5 m/s.
Aqui é importante salientar que há um pequeno erro, pois o tubo não está trabalhando realmente a
seção plena com o diâmetro de 1,2m.
A Tabela (5.3) apresenta os diâmetros de tubulações de concreto em função da declividade e
da vazão. Foi considerando a rugosidade de Manning n=0,013.
Lembramos que os tubos comerciais são padronizados.

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Tabela 5.3- Diâmetros da tubulação de concreto em função da declividade e da vazão


considerando a rugosidade de Manning n=0,013
Diâmetro
Vazões (m)
0,5% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10%

(m3/s) 0,005 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1

1,5 0,95 0,84 0,74 0,68 0,65 0,62 0,60 0,58 0,57 0,56 0,54

2,0 1,06 0,93 0,82 0,76 0,72 0,69 0,67 0,65 0,63 0,62 0,61

2,5 1,16 1,02 0,89 0,83 0,78 0,75 0,73 0,71 0,69 0,67 0,66

3,0 1,24 1,09 0,95 0,88 0,84 0,80 0,78 0,75 0,74 0,72 0,71

3,5 1,31 1,15 1,01 0,94 0,89 0,85 0,82 0,80 0,78 0,76 0,75

4,0 1,38 1,21 1,06 0,99 0,93 0,90 0,87 0,84 0,82 0,80 0,79

4,5 1,44 1,27 1,11 1,03 0,98 0,94 0,90 0,88 0,86 0,84 0,82

5,0 1,50 1,32 1,16 1,07 1,02 0,97 0,94 0,91 0,89 0,87 0,86

5,5 1,55 1,36 1,20 1,11 1,05 1,01 0,98 0,95 0,92 0,90 0,89

6,0 1,61 1,41 1,24 1,15 1,09 1,04 1,01 0,98 0,95 0,93 0,92

6,5 1,65 1,45 1,28 1,18 1,12 1,07 1,04 1,01 0,98 0,96 0,94

7,0 1,70 1,49 1,31 1,22 1,15 1,10 1,07 1,04 1,01 0,99 0,97

7,5 1,75 1,53 1,35 1,25 1,18 1,13 1,10 1,06 1,04 1,02 1,00

8,0 1,79 1,57 1,38 1,28 1,21 1,16 1,12 1,09 1,06 1,04 1,02

8,5 1,83 1,61 1,41 1,31 1,24 1,19 1,15 1,12 1,09 1,06 1,04

9,0 1,87 1,64 1,44 1,34 1,27 1,21 1,17 1,14 1,11 1,09 1,07

9,5 1,91 1,68 1,47 1,36 1,29 1,24 1,20 1,16 1,13 1,11 1,09

10,0 1,94 1,71 1,50 1,39 1,32 1,26 1,22 1,19 1,16 1,13 1,11

10,5 1,98 1,74 1,53 1,42 1,34 1,29 1,24 1,21 1,18 1,15 1,13

11,0 2,02 1,77 1,55 1,44 1,36 1,31 1,26 1,23 1,20 1,17 1,15

11,5 2,05 1,80 1,58 1,46 1,39 1,33 1,29 1,25 1,22 1,19 1,17

12,0 2,08 1,83 1,61 1,49 1,41 1,35 1,31 1,27 1,24 1,21 1,19

12,5 2,11 1,86 1,63 1,51 1,43 1,37 1,33 1,29 1,26 1,23 1,21

13,0 2,15 1,88 1,65 1,53 1,45 1,39 1,35 1,31 1,28 1,25 1,22

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13,5 2,18 1,91 1,68 1,56 1,47 1,41 1,37 1,33 1,29 1,27 1,24

14,0 2,21 1,94 1,70 1,58 1,49 1,43 1,38 1,35 1,31 1,28 1,26

14,5 2,24 1,96 1,72 1,60 1,51 1,45 1,40 1,36 1,33 1,30 1,27

15,0 2,26 1,99 1,75 1,62 1,53 1,47 1,42 1,38 1,35 1,32 1,29

15,5 2,29 2,01 1,77 1,64 1,55 1,49 1,44 1,40 1,36 1,33 1,31

16,0 2,32 2,04 1,79 1,66 1,57 1,51 1,46 1,41 1,38 1,35 1,32

16,5 2,35 2,06 1,81 1,68 1,59 1,52 1,47 1,43 1,40 1,36 1,34

17,0 2,37 2,08 1,83 1,70 1,61 1,54 1,49 1,45 1,41 1,38 1,35

17,5 2,40 2,11 1,85 1,71 1,62 1,56 1,51 1,46 1,43 1,40 1,37

18,0 2,42 2,13 1,87 1,73 1,64 1,57 1,52 1,48 1,44 1,41 1,38

Nota: 1) deverá ser verificado a velocidade que deverá menor ou igual a 5m/s.
2) Deverá ser escolhido o diâmetro comercial existente.

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5.7 Boca de lobo sem depressão e altura da lâmina da água é menor que a abertura da guia.
Quando a água se acumula sobre a boca de lobo, gera uma lâmina de água com altura menor
do que a abertura da guia conforme Figura (5.6).

Figura 5.6- Boca de lobo com altura da lâmina menor que a abertura da guia
Fonte: DNIT, 2006

Esse tipo de boca de lobo pode ser considerado um vertedor e a capacidade de engolimento
conforme FHWA, 1996 será:

Q = 1,60 . L . y1,5 (Equação 5.7)

Sendo:
Q= vazão de engolimento (m3/s);
L=comprimento da soleira (m);
y=altura de água próxima a abertura da guia (m) sendo y≤ h.
O valor de y dever ser:
y≤h

Exemplo 5.5
Dimensionar uma boca de lobo para uma vazão de 94 L/s na sarjeta e uma lâmina de água de
0,13 m.
Da Equação (5.7) temos:
Q = 1,60 . L . y1,5
tiramos o valor de L e teremos:
L=( Q/1,60 ) / y1,5
L=(0,094/1,60)/(0,13)1,5
L=1,25 m
Portanto, haverá necessidade de um comprimento de 1,25 m de soleira. Pode-se adotar duas
bocas de lobo com abertura L=0,80m cada e guia com h=0,15m.

Dica: para ruas com declividade até 5% recomenda-se a utilização de bocas de lobo simples,
isto é, sem depressão, dependendo da vazão a ser captada (DAEE, 1980)

Exemplo 5.6
Qual a vazão de engolimento de uma boca de lobo com comprimento de 0,80m e altura do nível de
água y=0,13m
Q = 1,60 . L . y1,5

Q = 1,60 x 0,80 x 0,131,5=0,060m3/s= 60 L/s

Aplicando o fator de correção 0,8 temos:


Q= 0,8 x 60 = 48 L/s

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Na Tabela (5.12) estão a quantidade de bocas de lobos de acordo com a vazão. Assim para 2
bocas de lobo pode ser engolido 120 L/s.

Tabela 5.12- Vazão em função do comprimento da boca de lobo com altura da lâmina de água
y=0,13m
Quantidade de boca de lobo Vazão na boca de lobo
(L/s)
1 50
2 100
3 150
4 200

Exemplo 5.7
Dimensionar a vazão de uma boca de lobo modelo Alphaville com L=1,50m de comprimento e altura
de 0,045m e nível de água y=0,045m
Q = 1,60 . L . y1,5
Q = 1,60 x 1,50x 0,0451,5 = 0,023= 23 L/s

5.8 Boca de lobo com depressão


A boca de lobo com depressão trabalha como vertedor e conforme FHWAm 1996 temos:

Qi= 1,25 (L + 1,8 W) y 1,5


Sendo:
Qi= vazão de engolimento da boca de lobo (m3/s)
L= comprimento da abertura da boca de lobo (m)
W=comprimento da sarjeta onde está a depressão (m)
y= profundidade na boca de lobo medida da declividade normal (m) sendo calculado por:
y= T . Sx
A condição imposta para y é:
y≤h+a
Sendo:
y= profundidade da boca de lobo medida da declividade normal (m)
h= altura da abertura da boca de lobo (m)
a= profundidade da depressão (m). Normalmente: 0,025m, 0,05m, 0,075m ou 0,125m

Dica: a abertura máxima de uma boca de lobo deve ser de 0,15m conforme Haestad Method,
2002.

Exemplo 5.8
Dimensionar a vazão de uma boca de lobo com depressão de 0,05m com L=0,80m de comprimento e
altura de nível de água de 0,13m, sarjeta com W=0,60m e altura livre de h=0,15m.
Qi= 1,25 (L + 1,8 W) y 1,5
O valor de y deve ser menor que:
y≤h+a
y ≤ 0,15 + 0,05=0,20
Como y>0,15 não é aconselhável fazer o rebaixo.

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Exemplo 5.9
Dimensionar a vazão de uma boca de lobo tipo Alphavile com depressão de 0,05m com vão livre
L=1,50m e altura de nível de água de 0,045m, sarjeta com W=0,45m e altura h=0,045m. A altura da
sarjeta é 0,075m.
Qi= 1,25 (L + 1,8 W) y 1,5
O valor de y deve ser menor que:
y≤h+a
y ≤ 0,045 + 0,05=0,095m
Adoto y=0,0795m

Qi= 1,25 (1,50 + 1,8 x 0,45) 0,0951,5=0,085 m3/s= 85 L/s

Exemplo 5.10
Dimensionar a vazão de uma boca de lobo tipo Alphavile com depressão de 0,105m com vão livre
L=1,50m e altura de nível de água de 0,045m, sarjeta com W=0,45m e altura h=0,045m. A altura da
sarjeta é 0,075m.
Qi= 1,25 (L + 1,8 W) y 1,5
O valor de y deve ser menor que:
y≤h+a
y ≤ 0,045 + 0,105=0,15m
Adoto y=0,15m
Qi= 1,25 (1,50 + 1,8 x 0,45) 0,151,5=0,167 m3/s= 167 L/s

5.9 Quando a altura da água sobre o local for maior do que 1,4.h para boca de lobo com
depressão ou sem depressão.
A boca de lobo irá funcionar como um orifício quando a altura da água for maior que 1,4 a
altura livre h da boca de lobo conforme Nicklow, 2001 conforme Figura (5.1a) .
Qi= 0,67 x Ag [ 2g (di – h/2)] 0,5
Sendo:
Qi= vazão de engolimento da sarjeta com ou sem depressão (m3/s)
Ag= área efetiva da abertura da boca de lobo (m2)
g= aceleração da gravidade =9,81m/s2
h= altura da abertura na boca de lobo (m) incluso depressão.
di= altura do nível de água incluso a depressão (m) conforme Figura (5.7)

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Figura 5.7- Entradas na boca de lobo com depressão


Fonte: Nicklow, 2001

Quando a depressão for como a Figura (5.1bc) teremos conforme FHWA, 1996 a equação do
orifício
Qi= 0,67 . h.L + (2.g. do)0,5 (Equação 5.8)
Sendo:
Qi= vazão de engolimento da boca de lobo (m3/s);
L=comprimento da abertura da boca de lobo (m);
h= abertura da garganta conforme Figura (5.1b.c)
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s2
do= carga efetiva no centro do orifício (m)

Exemplo 5.11
Vamos supor uma altura de 0,25m e abertura livre da guia de 0,15m como é usual no Brasil. Calcular
a vazão máxima para L=0,80m.
Qi= 0,67 x Ag [ 2g (di – h/2)] 0,5
Figura (5.1a)
di= 0,25m
y> 0,15 x 1,4=0,21m
Ag= 0,15 x 0,80=0,12m2
Qi= 0,67 x 0,12 [ 2x9,81 (0,25 – 0,15/2)] 0,5 = 0,15m3/s
Com fator de redução f=0,80.
Qi =0,8 x 0,15= 0,12m3/s

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5.10 Quando a boca de lobo é uma grelha


Conforme Chin, 2000 as grelhas funcionam como um vertedor de soleira livre, para
profundidade de lâmina até 12cm. As grelhas apresentam o grande inconveniente de entupirem e as
pesquisas demonstraram que as melhores grelhas são aquelas que possuem as lâminas de ferro
paralelas, o que é pior para quem anda de bicicleta.
A vazão é calculada pela Equação (5.9) conforme FHWA, 1996:
Qi = 1,66 . P . y1,5 (Equação 5.9)
Sendo:
Qi= vazão de engolimento da grelha (m3/s);
P= perímetro da boca de lobo (m);
y= altura de água na sarjeta sobre a grelha (m)

Figura 5.8- Esquema da grelha


Eng Plínio Tomaz 25/07/2008 pliniotomaz@uol.com.br
Fonte: DNER,1990
Quando a grelha é adjacente a uma boca de lobo simples, para a contagem do perímetro é
descontado o lado que está junto a boca de lobo.
A Saint Gobain fabrica grelha articulada de ferro fundido dúctil com 0,90m x 0,40m com
0,08m de espessura. Fabrica também grelhas quadradas com travamento em ferro fundido dúctil para
classe C 250 (ruptura > 250 kN) nas seguintes dimensões:350mm x 350mm; 410mm x 410mm;
510mm x 510mm; 620mm x 620mm; 720mm x 720mm e 820mm x 820mm.

Quando a lâmina de água for maior que 0,42m então teremos:


Q = 2,91 . A. y1/2 (Equação 5.10)

Sendo:
Q= vazão em m3/s;
A= área da grade excluídas as áreas ocupadas pelas barras em m2;
y= altura de água na sarjeta sobre a grelha.
O DNIT, 2006 aconselha que na faixa entre 12cm e 42cm a escolha de y deve ser adotada pelo
projetista dependendo da sua experiência.
O comprimento mínimo L (m) da grelha paralela a direção do fluxo da água para permitir que
a água caia pela abertura é determinado pela equação da ASCE, 1992 conforme Chin, 2000.
L =0,91 V ( t + y) 0,5
Sendo:
L= comprimento mínimo da grelha paralelo ao fluxo (m)
V= velocidade média da água na sarjeta (m/s)
t= espessura da grelha de ferro (m)
y= altura da água sobre a grelha (m)

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O FHWA, 1996 mostra que uma grade de 60cm x 60cm intercepta 0,085m3/s com declividade
da rua de 2% e declividade transversal de 3%.

Exemplo 5.12
Calcular a vazão numa grelha articulada de ferro dúctil Classe C 250 com ruptura maior que 150 kN
com base de apoio em três lados (Saint Gobain) com 0,90m x 0,40m com espessura de 0,08m, área
livre 1340cm2 e espaçamento de 0,04m entre as barras para altura de água 0,13m.
Q = 1,66 . P . y1,5
Q = 1,66 . P . 0,131,5 =0,0778 P

Como a grade tem comprimento de 0,90m e largura 0,40m o perimetro dela P não deverá
considerar o trecho adjacente a boca de lobo. Entao teremos:
P= 0,90 + 2 x 0,40= 1,70m
Q =0,0778 P
Q = 0,0778 x 1,70= 0,132m3/s= 132 L/s
Usando fator de correção f=0,50 teremos:
Q= 132 x 0,50= 65 L/s
Portanto, a grelha com altura de água de 0,13m poderá captar 65 L/s.

Dica: uma grelha de ferro pode captar normalmente 132 L/s de águas pluviais.

Exemplo 5.13 conforme Chin, 2000


Calcular as dimensões de uma grade numa estrada com declividade transversal de 2%, profundidade
da água na guia de 0,08m que corresponde a vazão de 0,080m3/s. A grade tem 1,5cm de espessura.
Q = 1,66 . P . y1,5
P = Q / 1,66 . y1,5
P = 0,08 / 1,66 . 0,081,5 = 2,13m
Como temos uma boca de lobo adjacente o lado dela não será incluso.
O comprimento mínimo da grade é dado por:
L =0,91 V ( t + y) 0,5
L =0,91 V ( 0,015 + 0,08) 0,5
Falta o valor da velocidade V
V= Q/ A
Mas A= (1/2) x d x (d/Sx)= (½)x0,08 x 0,08/0,02=0,16m2
V=Q/A= 0,08/ 0,16 = 0,5m/s
L =0,91 V ( 0,015 + 0,08) 0,5
L =0,91x0,5 ( 0,015 + 0,08) 0,5= 0,14m
Supomos que a grade deve ter comprimento mínimo de 14cm e o perímetro mínimo de
213cm.
Supondo comprimento de 100cm teremos:
213cm= 100 + 2x B (não contei o lado da boca de lobo)
B=57cm
A grade terá 100cm de comprimento x 57cm de largura.

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5.11 Capacidade de escoamento superficial de uma grade


Em função da declividade e largura da rua, é feita a determinação máxima da vazão que pode
escoar superficialmente conforme Figura (5.9). Observa-se que vem pela sarjeta a vazão Q e e entra
dentro da boca de lobo a vazão Qi mas conforme as condições locais pode passar uma vazão Qb que
segue pela rua para outra boca de lobo.
Qb= vazão que passa pela boca de lobo (m3/s)
Q= vazão total na sarjeta (m3/s)
Qi= vazão interceptada pela grade ou pela boca de lobo (m3/s)
A vazão Qb que passa pela boca de lobo ou grade é dada pela equação:
Qb= Q- Qi
A eficiência E é definida como:
E= Qi/ Q

A partir do ponto em que a vazão supera a máxima capacidade de escoamento ou a velocidade


do mesmo seja superior a 3,00 m/s ou inferior a 0,80 m/s, inicia-se a galeria.

Figura 5.9- Vazão em uma grelha


Fonte: Ciria, 2006

Figura 5.10- Área efetiva de contribuição para a boca de lobo


Fonte: Ciria, 2006

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Vamos seguir o modelo de Stein et al, 1999 que é o mesmo modelo o FHWA, 1996.
Eo= Qw/Q= 1 – ( 1- W/T) 2,67
Sendo:
Eo= razão da vazão frontal da sarjeta
W= largura da grade ou largura da sarjeta (m)
Qw= vazão na largura (m3/s)
T=largura de água na sarjeta da seção triangular (m)
Q= vazão total na sarjeta (m3/s)

Rf= 1 – 0,295 ( V-Vc)


Sendo:
V= velocidade na sarjeta (m/s)
Vc= velocidade crítica obtida na Figura (5.11) (m/s)
Rf= valor que deve ser menor ou igual a 1
Nicklow, 2001 considera um rank de 8 grades onde de acordo com a declividade longitudinal
da rua está estimado a eficiência. A eficiência varia de 9% a 61% e não vamos detalhar tais grades
pois, não existem no Brasil. As grades também apresentam perigos para as bicicletas e existe uma
classificação das mesmas segundo Nicklow, 2001.

Sendo escolhido o tipo de grade que queremos, obtém-se a velocidade crítica entrando com
0,90m e velocidade 2,4m/s s obtermos Rf=0,81.

Figura 5.11- Eficiência da interceptação da grade


Fonte: Nicklow, 2001

Rs= 1/ (1+ 0,0828 V 1,8/ Sx . L 2/3)


A eficiência geral E de uma grade é expressa segundo Stein et al, 1999 por:
E= Rf . Eo + Rs ( 1-Eo)

Qi = E .Q= Q [Rf . Eo + Rs ( 1-Eo)]

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Exemplo 5.14- conforme Stein, et al, 1999.


Dada uma grade com 0,30m de largura e 0,50m de comprimento para vazão de 0,064 m3/s e sarjeta
com n=0,016, declividade transversal Sx=0,02 e declividade longitudinal da rua de 1% e largura
transversal T=3,00m.
Eo= Qw/Q= 1 – ( 1- W/T) 2,67
Eo= Qw/Q= 1 – ( 1- 0,30/3) 2,67= 0,245
A velocidade na sarjeta Vsarj é dada pela equação:
Vsarj= (0,752/ n) x S 0,5 Sx 0,67 x T 0,67
Sendo:
Vsarj= V=velocidade na sarjeta (m/s)
n= coeficiente de Manning
S=declividade longitudinal da rua (m/m)
Sx= declividade transversal da rua (m/m)
T= largura da água na sarjeta (m)
Vsarj= (0,752/ n) x S 0,5 Sx 0,67 x T 0,67
Vsarj= (0,752/ 0,716) x 0,01 0,5 x 0,03 0,67 x 3 0,67 = 0,71m/s
Entrando na Figura (5.8) com 0,5m obtemos Vc=0,4m/s e como Vc=1,48m/s que é bem maior
que a velocidade na sarjeta de Vsarj=0,71m/s. Então adotamos Rf=1,00.
Rs= 1/ (1+ 0,0828 V 1,8/ Sx . L 2/3)
L=0,5m
Rs= 1/ (1+ 0,0828 x0,71 1,8/ 0,02 x 0,5 2/3)=0,22
E= Rf . Eo + Rs ( 1-Eo)
E= 1,0 x0,245 + 0,22 ( 1- 0,245)= 0,411
Portanto, a eficiência é de 41,1%

As Figuras (5.12) e (5.10) são grades combinadas com bueiros conforme FHWA, 1996.

Figura 5.12- Boca de lobo e grade a 45º combinadas


Fonte: FHWA, 1996

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Figura 5.13- Boca de lobo e grade combinadas
Fonte: FHWA, 1996
5.12 Boca de lobo combinada com grelha
Pode ser combinada uma boca de lobo com uma grelha conforme FHWA, 1996. Seguindo a
direção do fluxo da água a grade vem depois da boca de lobo.
O trabalho conjunto da grade e da boca de lobo é o funcionamento de um orifício;
Qi= 0,67 Ag (2g y) 0,5 + 0,67 h L (2g do)0,5
Sendo:
Qi= vazão de engolimento da boca de lobo e da grade (m3/s)
Ag= área livre da grade (m2)
g= 9,81m/s2
y= altura do nível de água na sarjeta (m)
h= altura da abertura da boca de lobo (m)
L= comprimento da boca de lobo (m)
do= profundidade efetiva do centro da abertura do orifício da boca de lobo (m)
Pode haver entupimento da grade que normalmente chega a 50% e podendo entupir
completamente.

Exemplo 5.15 adaptado FHWA, 1996


Seja uma grade com 0,60m x 1,20m e o comprimento da boca de lobo L=1,2m.
H=0,10m
Q=0,15m3/s
Sx=0,03m/m

P= 2W + L= 2 x 0,60 + 1,20= 2,4m


y= (Qi/ 1,66 x P) 0,67
y= (0,15/ 1,66 x 2,4) 0,67=0,11m
T= y/Sx= 0,11/0,03=3,67m
Qi= 0,67 Ag (2g y) 0,5 + 0,67 h L (2g do)0,5
do= 0,11- 0,10/2= 0,06m (altura efetiva do orifício)
Grade tem 0,60 x 1,20=0,72m2
Consideremos Ag=0,35 x 0,72=0,252
Qi= 0,67 x0,252 (2x9,81x0,11) 0,5 + 0,67 x0,10x 1,20 (2x9,81x0,06)0,5
Qi =0,34m3/s

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5.13 Redução de escoamento em bocas de lobo


Conforme PMSP/ FCTH, 1999 devido a vários fatores entre os quais a obstrução causada por
detritos, irregularidades no pavimento das ruas junto às sarjetas e ao alinhamento real usa-se a Tabela
(5.14) para estimar estas reduções.
A grande maioria das publicações em livros americanos não comentam redução da vazão em
bocas de lobo devido a detritos e outras causas. Somente em caso de grades é que são previstos os
fatores de segurança. Entretanto, McCuen, 1998 admite o fator de segurança que ele denominou de f
e que varia de 0,5; 0,67 e 0,8, sendo o engolimento teórico da boca de lobo com f=1. Para bocas de
lobo é geralmente estabelecido o fator de segurança f=0,80 conforme Tabela (5.14)

Tabela 5.13- Coeficientes de redução das capacidades das bocas de lobo


Localização nas sarjetas Tipo de boca de lobo Porcentagem permitida sobre
o valor teórico
Ponto baixo Simples 80%
Ponto baixo Com grelhas 50
Ponto baixo Combinada 65

Ponto intermediário Simples 80


Grelha longitudinal 60
Ponto intermediário Grelha transversal, ou 50
longitudinal com barras
transversais

Ponto intermediário Combinada 110% dos valores indicados


para a grelha correspondente
Fonte: PMSP/FCTH, 1999

Exemplo 5.16
Uma boca de lobo para y=0,13m e largura de 0,80m pode captar teoricamente 64 L/s.
Aplicar a redução da capacidade relativo a Tabela (5.14) para boca de lobo simples.
Na Tabela (5.14) achamos fator de redução de f=0,80.
Q= 64 L/x x 0,80= 50 L/s

Bocas de lobo em série ou grades em série


Conforme Denver, 2002 uma grade tem clogging de 50% e uma boca de lobo de 10%, mas
quando elas estão em série devido ao fenômeno do first flush somente a primeira tem a obstrução e as
outras não. Devido a isto foi pesquisado e obtida para serie de bocas de lobo ou serie de grades a
seguinte equação:
C= Co/ [ N x (1-e)]

Sendo:
C= fator de clogging final
Co= fator de clogging de uma única boca de lobo ou única grelha.
e= coeficiente de decréscimo, sendo 0,5 para grade e 0,25 para boca de lobo

Exemplo 5.17
Calcular o fator de redução final para três bocas de lobo N=3, sendo que o fator de redução de
uma boca de lobo Co=0,10 conforme Denver, 2002.

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C= Co/ [ N x (1-e)]
C= 0,10/ [ 3x (1-0,25)]=0,04
Portanto, o fator de clogging final é 0,04, ou seja, 4%. Devemos multiplicar a vazão total de
engolimento das três bocas de lobo por 0,96.

5.14 Sarjetões
Nos cruzamentos, serão instalados sarjetões necessários, para orientar o sentido de
escoamento superficial das águas. Tal procedimento permite o desvio do excesso de vazão em
determinada rua para outra com capacidade de escoamento superficial ociosa, de forma a minimizar a
quantidade de galerias.
O sarjetão pode ser calculado da mesma maneira que duas sarjetas conforme Figura (5.15).

Figura 5.14- Esquema de um sarjetão


Fonte: Pompeo, 2001

Exemplo 5.18 citado por Nicklow, 2001


Seja um sarjetão em forma de V que deverá carregar 90 L/s com declividade transversal de 0,33m/m
e 0,022m/m. A declividade longitudinal é 0,014m/m e o coeficiente de Manning n=0,015.
Sx= (Sx1 . Sx2)/ (Sx1 + Sx2)= 0,33x 0,022/ (0,33+0,022)= 0,021 m/m
T= [ Q.n)/ (0,376 x Sx 1,67 . SL 0,5)] 0,375
T= [ 0,09 x 0,015)/ (0,376 x 0,021 1,67 . 0,014 0,5)] 0,375
T= 3,00m
.
5.16 Seção parabólica
Normalmente adotamos a seção transversal como um triângulo e muitas vezes ela é
parabólica, podendo ser calculada conforme Nicklow, 2001 conforme Figura (5.16b).
Y= ax – bx2
Sendo:
A= 2H/B
b= H/B2
H= altura da água na sarjeta (m)
B= largura perpendicular a rua que vai da sarjeta até o topo da curva parabólica (m)
Y= altura na distância x (m)
x= distância da sarjeta em direção ao topo da curva parabólica (m)
Para o cálculo da vazão a área deverá ser dividido em segmentos Δx como por exemplo igual
a 0,50m.

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Figura 5.15- Seções de uma rua.


Fonte: Nicklow, 2001

5.15 Bocas de lobo


Deverão ser localizadas de maneira a não permitir que o escoamento superficial fique
indefinido, com a criação de zonas mortas conforme Figura (5.17). A boca de lobo de concreto típica
tem 1,00 de comprimento com 0,30m de altura e 0,15m de espessura. A abertura começa com 0,10m
e atinge cerca de 0,20m em forma de arco.
Serão consideradas até quatro bocas de lobo em série com capacidade máxima de 50 l/s cada
uma. A locação das bocas de lobo oferece as seguintes recomendações:
a) serão locadas em ambos os lados da rua, quando a saturação da sarjeta o requerer ou
quando forem ultrapassadas as suas capacidades de engolimento;
b) serão locadas nos pontos baixos da quadra;
c) recomenda-se adotar um espaçamento máximo de 60m entre as bocas de lobo, caso não seja
analisada a capacidade de escoamento da sarjeta;
d) a melhor solução para a instalação de bocas de lobo é em pontos afastados a montante de
cada faixa de cruzamento usada pelos pedestres, juntos às esquinas;
e) não é conveniente a sua localização junto ao vértice de ângulo de interseção das sarjetas de
duas ruas convergentes pelos seguintes motivos: os pedestres para cruzarem uma rua, teriam que
saltar a torrente num trecho de máxima vazão superficial; as torrentes convergentes pelas diferentes
sarjetas teriam como resultante um escoamento de velocidade em sentido contrário ao da afluência
para o interior da boca de lobo.

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Figura 5.16- Boca de lobo


Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Dren05.html
A Figura (5.12) mostra uma boca de lobo dupla.

Figura 5.18- Boca de lobo dupla


Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Dren05.html

Uma boca de lobo tem geralmente a largura da guia que é de 1,00m. A outra dimensão
perpendicular a rua é de 0,60m e a profundidade é sempre maior que 0,60m sendo na maioria dos
casos 0,80m ou 1,00m.
As bocas de lobo são construídas em alvenaria de tijolos ou de bloco de concreto estrutural.
No Brasil não temos normas e nem definições municipais claras a respeito do lançamento de
águas pluviais provinda de um edifício. Alguns regulamentos de cidades americanas limitam que o
lançamento das águas pluviais de um terreno ou edifício em uma via pública não deve ser superior
ao limite da boca de lobo existente. Assim se uma boca de lobo tem o limite de 50litros/segundo,
nenhum terreno ou edifício poderá lançar diretamente nas vias pública a vazão maior que a fixada.

5.16 Poços de visita


O poço de visita tem a função primordial de permitir o acesso às canalizações para efeito de
limpeza e inspeção, de modo que se possam mantê-las em bom estado de funcionamento conforme
Figura (5.19).
Deverão atender as mudanças de direção, de diâmetro e de declividade, a coleta das águas das
bocas de lobo, ao entroncamento das diversas galerias (máximo de 4 , sendo 3 entradas e uma saída).

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Quando a diferença de nível entre o tubo afluente e efluente for superior a 0,70m, o poço de visita
será denominado de quebra.

Figura 5.17- Poço de visita


Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Dren05.html

O poço de visita para manutenção e inspeção usado em galerias de águas pluviais geralmente
são de alvenaria de tijolos ou alvenaria de bloco estrutural. Sendo de modo geral de seção quadrada
de 1,5m x 1,5m e assentado sobre base de concreto com armação de ferro. Faz-se também colunas
nos quatro cantos e cintas de amarração. O tampão é de ferro fundido dúctil com diâmetro de 0,60m
ou 0,80m conforme a exigência municipal.
Em ruas com muita declividade é usual na prática fazer o espaçamento das bocas de lobo e
dos poços de visita de 20m. Nas ruas com menos declividade o espaçamento é maior passando para
40m.

Dica: o espaçamento entre poços de visita deverá ser de 50m conforme recomendação de Paulo
Sampaio Wilken página 464 do livro Engenharia de Drenagem Superficial.

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5.17 Caixas de ligação e tubos de ligação


Os tubos de ligação das bocas de lobo à galeria, deverão ser conectados em um poço de visita.
A declividade mínima destas tubulações deverá ser de 1% e seu diâmetro mínimo depende do número
de bocas de lobo em série conforme Tabela (5.16). É comum não serem dimensionados os tubos de
ligação e sim adotados pelo órgão municipal. Alguns sugerem uma diferença de nível do fundo da
caixa da boca de lobo com o fundo da caixa de poço de visita de no mínimo 0,10m.
Muitas vezes os tubos de ligação levam a um poço de visita intermediário através de uma
tubulação também não dimensionada e geralmente de diâmetro mínimo 0,60m. Deste poço de visita
intermediário, as águas pluviais vão ao poço de visita principal que está no eixo da rua.

Tabela 5.16-Número de bocas de lobo em série conforme diâmetros dos tubos


Número de bocas de lobo em série Diâmetro dos tubos Vazão máxima (L/s)
(m) conforme Wilken, 1978
1 0,40 100
2 0,50 200
3 0,60 300
4 0,60 300
A tubulação de ligação da boca de lobo com a galeria de água pluvial é calculada como se
fosse um bueiro.
Supomos então que o bueiro está afogado na entrada e na saída que é a pior situação e usemos
McCuen,1997.

Caixas de ligação
São caixas que recebem os tubos de ligação onde estão as bocas de lobo. São caixas mortas
onde o poço de visita não é visitável conforme Figura (5.20). Possuem uma tampa de concreto que
pode ser retirada após o rompimento da pavimentação e escavação.

Figura 5.18- Caixa de ligação


Fonte: Poli http://www.fcth.br/public/cursos/microdrenagem/microdrenagem.pdf

5.18 Conduto com entrada submersa e saída submersa

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Seja um conduto com diâmetro D, comprimento L e declividade S. A cota da geratriz inferior


do tubo na entrada é h1 e a cota da geratriz do tubo na saída é h2, sendo a base de contagem na saída
(McCuen,1997).
As perdas de carga são na entrada, na saída e da declividade do tubo multiplicado pelo
comprimento:
hL = perda na entrada + perda distribuída na tubulação + perda na saída
hL = Ke . V2/2 g + S . L + Ks . V2/2 g (Equação 5.5)
Para tubos de seção plena a fórmula de Manning é a seguinte:
Q= (0,312) . ( n-1 ) . D8/3 . S 1/2
Separando o valor da declividade S teremos:
S ½ = Q / (0,312) . ( n-1 ) . D8/3
S = [Q / (0,312) . ( n-1 ) . D8/3 ] 2
S = Q2 . n2 / (0,312 2) . D16/3
S = Q2 . n2 / 0,093 . D16/3
Substituindo S na equação de hL teremos:
hL = Ke . V2/2 g + S . L + Ks . V2/2 g
hL = Ke . V2/2 g + [Q2 . n2 / 0,093 . D16/3 ] . L + Ks . V2/2 g
hL = V2/2 g (Ke + Ks) + [Q2 . n2 / 0,093 . D16/3 ] . L
Pela equação da continuidade Q= (π . D2 / 4 ) . V
onde
V= (4. Q) / π . D2
V2= (16 . Q2 ) / (π 2 . D4)
Substituindo V2 em hL teremos:
hL = [(16 . Q2 ) / (π 2 . D4 . 2 . g) ] . (Ke + Ks )+ [Q2 . n2 / 0,093 . D16/3 ] . L
sendo g=9,81 m/s2
hL = [(0,0826 Q2 ) / D4 ] . (Ke + Ks )+ [Q2 . n2 / 0,093 . D16/ 3 ] . L
mas
Ke = 0,5 (valor usualmente empregado)
Ks = 1,0 (valor usualmente empregado)
n=0,013
hL = (0,12 . Q2 ) / D4 + Q2 . L . 0,00182 /D16/3
Aplicando o teorema de Bernouilli na entrada e saída do conduto temos:
hL = h1 – h2 + S . L
Exercício 5.19 – entrada e saída do conduto estão submersas
São dados (McCuen,1998):
h1 = 0,80m (profundidade da boca de lobo) h2= 1,00m (diâmetro da galeria)
Rugosidade de Manning n=0,013
Q= 0,120 m3/s (duas bocas de lobo) S= 0,02 m/m L=6,00m
Solução:
hL = h1 – h2 + S . L = 1,00 –1,00 + 0,02 . 6 = 0,12m
mas hL é:
hL = (0,12 . Q2 ) / D4 + Q2 . L . 0,00182 /D16/3
hL = (0,12 . 0,122 ) / D4 + 0,122 . 6 . 0,00182 /D16/3
0,12 = (0,001728 ) / D4 + 0,0001572 /D16/3
Multiplicando por 1000
120 = 1,728 / D4 + 0,1572 /D16/3
Multiplicando por D5,33 temos:
120 D5,33 =1,728 D 1,33 + 0,1572
Resolvendo-se o problema por tentativas, achamos D=0,38m e adotamos D=0,40m.

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Muros de testa
Serão construídos no final das galerias, quando estas atingirem os canais a serem projetados.
Aliás, as cotas das galerias que atingirão o muro de testa, deverão ser verificadas quando os canais
forem projetados.

Seção plena
A águas pluviais serão calculadas para a seção plena embora a vazão máxima seja a 93% do
diâmetro da secção.
Em canais conforme recomendação da FHWA, 1996 deve se deixar no mínimo 0,15m de
borda livre.
A EPUSP usa 85% da seção plena para dimensionamento de galerias de águas pluviais,
conforme Microdrenagem, Drenagem Urbana de 10/outubro/ 2000.
Algumas cidades do Estado de São Paulo adotam y/D=0,80, igual a instalações prediais de
águas pluviais.
Adotamos para dimensionamento 100% da seção plena. Portanto, em havendo vários
critérios é necessário que se faça uma norma da ABNT para padronizar os dimensionamentos.

Localização das galerias


A galeria deverá ocupar o meio da rua. O recobrimento mínimo é de 1,00 m. Deve-se
possibilitar a ligação das canalizações de escoamento (recobrimento mínimo de 0,60m) das bocas de
lobo.

Dimensionamento das galerias


As galerias serão projetadas sempre que possível em tubos circulares de concreto, com
diâmetro mínimo de 0,60m e máximo de 1,50m dimensionados pela fórmula de Manning com
n=0,0135 ou outro a escolher.

Declividade mínima das galerias


A declividade mínima aconselhável é de 0,5% (0,005m/m) para tubos maiores que 200mm e
1% para tubos menores que 200mm. O Clark County adota 0,25% como a declividade mínima de
uma galeria de águas pluviais. É recomendável que se use a declividade mínima de 1% (0,001m/m).

5.19 Velocidade nas galerias


Para as condições de vazão de dimensionamento, as velocidades mínimas deverão ser de
0,60m/s e a máxima de 5,00m/s. Eventualmente poderá ser usado o limite de 6 m/s, havendo sempre
uma das seguintes justificativas:
-ruas bastantes íngremes, sendo que a inserção de outros poços de visita, elevará
sensivelmente o custo global do sistema a ser implantado;
-necessidade de drenar a água pluvial de ruas sem saída, até outras, em cotas mais baixas;
-não obstante, as vazões sejam inferiores as especificadas, as velocidades ultrapassarão um
pouco o valor limite, devido as características intrínsecas dos tubos de seções circulares;
-os valores de velocidades obtidos, correspondem a uma vazão de dimensionamento que será
verificada a cada dez (10) anos (T=10 anos), sendo, portanto bastante improvável dano permanente
na estrutura do tubo, devido a essa velocidade superior.

Lâminas d’água e degraus


Quando houver aumento de diâmetro de um trecho de galeria para outro, a geratriz inferior
interno do tubo de saída do poço de visita, deverá ser rebaixada a uma altura igual a diferença entre

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os diâmetros do tubo maior (saída do PV) e do menor (entrada do PV), sendo que este desnível não
deverá ser maior que 1,50 m, entretanto a Associação Brasileira dos Fabricantes de tubo de concreto
recomenda que o degrau seja no máximo de 1,20m.

Velocidade na sarjeta: de modo geral a velocidade máxima nas sarjetas é de 3,5m/s podendo chegar
até 4,0m/s. Observar que a velocidade na galeria de concreto é maior que a velocidade na sarjeta.

Recobrimento mínimo
Deverá ser previsto um recobrimento mínimo de 1,00m para as tubulações. Recobrimentos
inferiores eventualmente poderão ocorrer quando houver interferências com trechos da rede de
esgotos, porque na hipótese de se passar abaixo dessas linhas, as galerias à jusante do ponto seriam
excessivamente aprofundadas.

Profundidade máxima
Procura-se evitar ao máximo profundidade superior a 4,50m para as galerias. Eventualmente,
em cruzamentos com trechos da rede de esgotos ou em trechos curtos nos terrenos de elevadas
declividades, serão projetadas galerias com profundidade superiores a esta.

5.20 Tubulações
Os tubos das galerias serão circulares de concreto deverão obedecer a NBR 8890/ 2003 da
ABNT para Tubos de concreto de seção circular para águas pluviais e esgotos sanitários- requisitos e
métodos de ensaio. O comprimento pode ser de 1,00m ou 1,50m.
Os tubos Classe PS-1 são de concreto simples e os tubos Classe PA-2 são de concreto
armado.
As larguras das valas depende da profundidade da mesma conforme Tabela (5.14).

Tabela 5.14-Largura da vala conforme diâmetro do tubo e profundidade


Diâmetro Largura da vala em metros para Largura da vala em metros para
(mm) profundidade até 2,00m profundidade mais de 2,00m
600 1,40 1,60
800 1,60 1,80
1000 1,90 2,10
1200 2,20 2,40
1500 2,50 2,70

5.23 Tempo de concentração e vazões de projeto


O tempo de concentração em bacias urbanas é determinado pela soma dos tempos de
concentração dos diferentes trechos. O tempo de concentração de uma determinada seção é composto
por duas parcelas:
tci = tc ( i-1) + tpi (Equação 5.6)
onde
tc(i-1)=tempo de concentração do trecho anterior;
tpi= tempo de concentração do trecho i.
O tempo de concentração inicial “ts” nos trechos de cabeceira da rede, que corresponde ao
tempo de escoamento superficial pelos quarteirões, vias e sarjetas, é muitas vezes adotado 10
minutos. O FHWA adota nos projetos de galerias em estradas de rodagem o mínimo de 5 minutos.
O valor de 10minutos pode estar superestimado, se a bacia for muito impermeável e com
grande declividade. Em caso de dúvida deve-se calcular o tempo detalhado.

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Quando vários trechos de rede, ou seja, várias bacias, com tempo de concentração diferentes
afluem a um determinado trecho de ordem i existem diversos valores de “tc(i-1)”. Neste caso, utiliza-
se o maior “tc” das bacias afluentes de montante.
Os trechos em condutos são calculados pela equação de movimento uniforme, ou seja:
t (min)=L/ 60V, onde L= distância ao longo do conduto (m); V=velocidade no conduto (m/s).
Como a vazão ainda não foi calculada esse valor é estimado.
As áreas contribuintes a cada trecho da rede são determinadas pela análise das plantas de
projeto. Estas áreas são medidas em planta. Nos demais trechos as áreas são adicionadas
progressivamente pelas áreas locais de contribuição. As áreas locais correspondem às parcelas
contribuintes dos quarteirões adjacentes.

5.21 Sarjetas
A sarjeta padrão de concreto tem 1,00m de comprimento, vão livre de 0,80m, altura de 0,30m,
largura de 0,15m e altura livre de 0,15m conforme Figura (5.19).
Em ruas com menor declividade usa-se somente a entrada de água com a sarjeta, mas em ruas
com maiores declividades é comum se usar também as grelhas ou grades.
Por segurança em ruas com mais declividades são feitas no mínimo bocas de lobo duplas para
garantir o engolimento das águas pluviais.

h1=0,15m

h2=0,13m

Figura 5.19-Seção transversal de uma sarjeta

Dica: nas sarjetas a velocidade máxima deve ser menor que 3 m/s e a velocidade mínima devem
ser maior que 0,5 m/s (EPUSP, Drenagem Urbana).

A largura da sarjeta normalmente adotada são:


• 0,30 m
• 0,40m
• 0,45m
• 0,50m
• 0,60m
• 0,90m
• 1,00ms
.
A capacidade de condução da rua ou da sarjeta pode ser calculada a partir de duas hipóteses:
a) a água escoando por toda a calha da rua;
b) a água escoando só pelas sarjetas.

Depressão:
Vamos seguir as recomendações do Texas, 2004 em que a boca de lobo pode ter depressão,
isto é, um rebaixo que varia de 25mm a 125mm.
De modo geral deve ser evitada a depressão, pois uma depressão muito grande pode não ser
segura ao trafico de veículos perda da boca de lobo.

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Depressão de 0 1 25mm: onde a boca de lobo está na área do tráfego.


Depressão de 25mm a 75mm: onde a boca de lobo está fora do trafego
Depressão de 25mm a 125mm: pode ser usada em ruas de trafego leve e que não são acessos a
rodovias.

Dica: a declividade transversal de uma rua normalmente adotada é de 2% ou 3%.

5.22 FHWA, 1996


O FHWA, 1996 apresenta uma modificação na fórmula de Manning para seção triangular,
pois, o raio hidráulico na equação não descreve adequadamente o que se passa na seção,
particularmente quando o topo da superfície das águas pluviais é maior que 40 vezes a altura de água
na sarjeta. A equação de Manning foi integrada através de incrementos na seção e resulta na equação:
Q=( 0,376/n) . Sx1,67 . SL 0,5. T2,67
Sendo:
Q= vazão (m3/s);
Sx= declividade transversal (m/m)
SL= declividade da rua em (m/m).
T=largura da superfície livre da água na rua (m)
n=rugosidade de Manning=0,016 para pavimento em asfalto com textura áspera Tabela (5.15)

Tabela 5.15- Coeficiente de rugosidade conforme o tipo de sarjeta e pavimento


Tipo de sarjeta ou pavimento Coeficiente n de
Manning
Sarjeta em concreto bem acabada 0,012
Pavimento em asfalto com textura lisa 0,013
Pavimento em asfalto com textura ásperas 0,016
Sarjeta em concreto e pavimento em asfalto com textura lisa 0,013
Sarjeta em concreto e pavimento em asfalto com textura áspera 0,015
Pavimento em concreto bem acabado 0,014
Pavimento em concreto mal acabado 0,016
Sarjeta com pequenas declividades onde os sedimentos se acumulam 0,02
Fonte: FHWA, 1996

Largura da água na secção triangular da sarjeta


T=[( Q.n) / (0,376. Sx 1,67 . SL0,5)] 0,375
Sendo:
T= largura da água na secção triangular (m)
Q= vazão (m3/s)
N=coeficiente de rugosidade de Manning
Sx= declividade transversal (m/m)
SL= declividade longitudinal da rua (m/m)

Exemplo 5.20
Dado a vazão Q=0,05m3/s, n=0,016 Sx=0,020m/m SL=0,010m/m. Achar T.
T=[( Q.n) / (0,376. Sx 1,67 . SL0,5)] 0,375
T=[( 0,05.0,016) / (0,376. 0,02 1,67 . 0,010,5)] 0,375 = 2,73m

Cálculo da altura da água na sarjeta dado T

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Conforme FHWA, 1996 temos:


y= T . Sx
Sendo:
y= altura da água na sarjeta (m)
T= largura da água na superfície da sarjeta triangular (m)
Sx= declividade transversal da rua (m/m)

Conforme FHWA, 1996 para canal triangular temos:


V= (0,752/ n) . SL 0,5 . Sx 0,67 . T 0,67
Sendo:
Vj= velocidade na sarjeta (m/s)
n= coeficiente de Manning
SL=declividade longitudinal da rua (m/m)
Sx= declividade transversal da rua (m/m)
T= largura da água na sarjeta no topo (m)
Q= vazão na sarjeta (m3/s)

Comprimento da boca de lobo sem depressão conforme FHWA


O FHWA, 1996 comenta que numa boca de lobo a altura varia de 100mm a 150mm e que o
comprimento necessário para interceptar 100% das águas pluviais é dado pela equação:

LT= 0,817 x Q 0,42 x SL 0,3 x (1/ n Sx) 0,6


Sendo:
LT= comprimento máximo da abertura da guia para interceptar 100% das águas pluviais (m)
Q= vazão na sarjeta (m3/s)
SL= declividade longitudinal (m/m)
Sx= declividade transversal (m/m)

A eficiência de um comprimento L menor que LT é dada pela equação:


E= 1 – (1- L / LT) 1,8
Sendo:
E= eficiência da abertura da boca de lobo
L= comprimento real da boca de lobo (m)
LT= comprimento da abertura da boca de lobo para interceptar 100% das águas pluviais (m)

Qi= E x Q
Sendo:
Qi= vazão que entra na boca de lobo (m3/s)
Q= vazão da sarjeta (m3/s)
E= eficiência da entrada de vazão na boca de lobo. Varia de 0 a 1.

Exemplo 5.21
Se a vazão na sarjeta for de 50 L/s e a eficiência E=0,61 a vazão que entrará na boca de lobo Qi será:
Qi= E x Q
Qi= 0,61x 50= 31 L/s
A vazão que não foi interceptada Qb será:
Qb= Q – Qi= 50 – 31= 19 L/s

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Tabela 5.16- Valores de LT sem depressão sendo n=0,016 e Sx=0,02m/m


Valores de LT em função da declividade da rua (m/m( e vazao (m3/s)
Vazao 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1
(m3/s)
0,02 4,0 5,0 5,6 6,1 6,5 6,9 7,2 7,5 7,8 8,0 8,5 8,9 9,3 9,6 9,9
0,03 4,8 5,9 6,6 7,2 7,7 8,2 8,6 8,9 9,2 9,5 10,1 10,5 11,0 11,4 11,7
0,04 5,4 6,6 7,5 8,2 8,7 9,2 9,7 10,1 10,4 10,8 11,4 11,9 12,4 12,8 13,2
0,05 5,9 7,3 8,2 9,0 9,6 10,1 10,6 11,0 11,4 11,8 12,5 13,1 13,6 14,1 14,5
0,06 6,4 7,9 8,9 9,7 10,4 10,9 11,5 11,9 12,4 12,8 13,5 14,1 14,7 15,2 15,7
0,07 6,8 8,4 9,5 10,3 11,1 11,7 12,2 12,7 13,2 13,6 14,4 15,1 15,7 16,2 16,8
0,08 7,2 8,9 10,0 10,9 11,7 12,3 12,9 13,5 13,9 14,4 15,2 15,9 16,6 17,2 17,7
0,09 7,6 9,3 10,5 11,5 12,3 13,0 13,6 14,1 14,7 15,1 16,0 16,7 17,4 18,0 18,6
0,10 7,9 9,8 11,0 12,0 12,8 13,6 14,2 14,8 15,3 15,8 16,7 17,5 18,2 18,9 19,5
0,11 8,2 10,2 11,5 12,5 13,4 14,1 14,8 15,4 15,9 16,5 17,4 18,2 18,9 19,6 20,3
0,12 8,6 10,5 11,9 13,0 13,9 14,6 15,3 16,0 16,5 17,1 18,0 18,9 19,6 20,4 21,0
0,13 8,8 10,9 12,3 13,4 14,3 15,1 15,9 16,5 17,1 17,6 18,6 19,5 20,3 21,1 21,7
0,14 9,1 11,2 12,7 13,8 14,8 15,6 16,4 17,0 17,6 18,2 19,2 20,1 21,0 21,7 22,4
0,15 9,4 11,6 13,1 14,2 15,2 16,1 16,8 17,5 18,2 18,7 19,8 20,7 21,6 22,4 23,1
0,16 9,7 11,9 13,4 14,6 15,6 16,5 17,3 18,0 18,7 19,3 20,3 21,3 22,2 23,0 23,7
0,17 9,9 12,2 13,8 15,0 16,0 16,9 17,7 18,5 19,1 19,8 20,9 21,8 22,7 23,6 24,3
0,18 10,1 12,5 14,1 15,4 16,4 17,4 18,2 18,9 19,6 20,2 21,4 22,4 23,3 24,1 24,9
0,19 10,4 12,8 14,4 15,7 16,8 17,8 18,6 19,4 20,1 20,7 21,9 22,9 23,8 24,7 25,5
0,20 10,6 13,0 14,7 16,1 17,2 18,1 19,0 19,8 20,5 21,1 22,3 23,4 24,3 25,2 26,0

Exemplo 5.22- conforme FHWA, 1996


Dada a vazão Q=0,050m3/s, declividade longitudinal de 0,01m/m, declividade transversal de 4,7% e
coeficiente n=0,016 calcular a eficiência E.
LT= 0,817 x Q 0,42 x SL 0,3 x (1/ n Sx) 0,6
LT= 0,817 x 0,05 0,42 x 0,01 0,3 x (1/ 0,016x0,047) 0,6= 4,37m
Mas usamos somente L=3,00 e teremos:
E= 1 – (1- L / LT) 1,8
E= 1 – (1- 3,0 / 4,37) 1,8 =0,69
Qi= Q. E= 0,05 x 0,69= 0,035m3/s
Comprimento da boca de lobo com depressão conforme FHWA
O FHWA, 1996 comenta que numa boca de lobo a altura varia de 100mm a 150mm e que o
comprimento necessário para interceptar 100% das águas pluviais é dado pela equação abaixo onde
usamos a declividade equivalente Se ao invés de Sx.
LT= 0,817 x Q 0,42 x SL 0,3 x (1/ n Se) 0,6
Sendo:
LT= comprimento máximo da abertura da guia para interceptar 100% das águas pluviais (m)
Q= vazão na sarjeta (m3/s)
SL= declividade longitudinal (m/m)
Se= declividade transversal equivalente (m/m)

Se= Sx + S´w Eo
a=depressão na boca de lobo (mm). Pode ser 25mm; 50mm ou 75mm.
S´w= a /(1000W)
W= largura da sarjeta (m)

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Eo= Qw/Q = 1 – ( 1 –W/T) 2,67


Eo= razão da vazão frontal na boca de lobo sobre a vazão total
Qw= vazão total na boca de lobo (m3/s)
Q= vazão total as sarjeta (m3/s)
W= largura da sarjeta ou da grade na parte com depressão (m)
T= largura da superfície da água (m)
Qs= razão da vazão lateral com a vazão total na boca de lobo (m3/s)

Figura 5.20- Depressão de uma boca de lobo


Fonte: Nicklow, 2001

A eficiência de um comprimento L menor que LT é dada pela equação:


E= 1 – (1- L / LT) 1,8
Sendo:
E= eficiência da abertura da boca de lobo
L= comprimento real da boca de lobo (m)
LT= comprimento da abertura da boca de lobo para interceptar 100% das águas pluviais (m)

Figura 5.21- Chart 2 do FHWA, 1996

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Exemplo 5.23- conforme FHWA, 1996 com depressão na boca de lobo de 25mm
Dada a vazão Q=0,050m3/s, declividade longitudinal de 0,01m/m, declividade transversal de 2% e
coeficiente n=0,016 calcular a eficiência E, depressão a=25mm.

Por tentativa vamos assumir que Qs=0,018m3/s


Qw= Q – Qs= 0,050 -0,018=0,032m3/s
Eo=Qw/Q= 0,032/0,05=0,64
Sw=Sx + a/W= 0,02 + (25/1000)/0,6=0,062
Sw/Sx=0,062/0,02=3,1
Eo= 1 / {1+[( Sw/Sx)/(1+(Sw/Sx)/(T/W -1)) 2,67 -1 ]}
Eo= 1 / {1+[( 3,1)/(1+(3,1)/(T/W -1)) 2,67 -1 ]} =0,64
Achamos T/W ou W/T
W/T=0,24
T= W/(W/T)= 0,6/0,24=2,5m
Ts=T-W= 2,5 -0,6= 1,9m
Q=( 0,376/n) . Sx1,67 . SL 0,5. T2,67
Qs= (0,376)/0,016) (0,02) 1,67 (0,01) 0,5 (1,9) 2,67=0,019m3/s (igual Qs assumido)
Se=Sx + S´w Eo= Sx + (a/W) Eo= 0,02 + [(25/1000)/(0,6)](0,64)=0,047
LT= 0,817 x Q 0,42 x SL 0,3 x (1/ n Se) 0,6
LT= 0,817 x 0,05 0,42 x 0,01 0,3 x (1/ 0,016x0,047) 0,6= 4,37m
Mas usamos somente L=3,00 e teremos:
L/LT= 3/ 4,37= 0,69
E= 1 – (1- L / LT) 1,8
E= 1 – (1- 3,0 / 4,37) 1,8 = 1-(1-0,69)1,8=0,88
Qi= Q. E= 0,050 x 0,88= 0,044m3/s
Comentário: sem a depressão a vazão Qi=0,031m3/s e com a depressão de 25mm o valor
Qi=0,044m3/s havendo um aumento de 42% na vazão.

Dica: a depressão de uma boca de lobo aumenta a vazão de engolimento em aproximadamente


1,42.

A Tabela (5.20) mostra o comprimento LT para depressão de 25mm com sarjeta de 600mm,
coeficiente de Manning n=0,016 e estimativa da eficiência Eo=0,50. Notar que não fizemos o cálculo
de Eo e sim somente uma aproximação. O cálculo exato pode ser obtido baseado no Exemplo (5.15).

Tabela 5.17- Valores dos comprimentos LT para depressão de 25mm, sarjeta de 600mm,
rugosidade n=0,016 e eficiência Eo=0,50
Valores de LT em função da declividade da rua e da vazão sendo n=0,016,
depressão de 25mm, sarjeta de 600mm, estimativa da eficiência Eo=0,50.
Vazao (m3/s) 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1
0,02 2,6 3,2 3,7 4,0 4,3 4,5 4,7 4,9 5,1 5,2 5,5 5,8 6,0 6,2 6,5
0,03 3,1 3,8 4,3 4,7 5,0 5,3 5,6 5,8 6,0 6,2 6,6 6,9 7,2 7,4 7,6
0,04 3,5 4,3 4,9 5,3 5,7 6,0 6,3 6,6 6,8 7,0 7,4 7,8 8,1 8,4 8,6
0,05 3,9 4,8 5,4 5,8 6,3 6,6 6,9 7,2 7,5 7,7 8,1 8,5 8,9 9,2 9,5
0,06 4,2 5,1 5,8 6,3 6,8 7,1 7,5 7,8 8,1 8,3 8,8 9,2 9,6 9,9 10,2
0,07 4,4 5,5 6,2 6,7 7,2 7,6 8,0 8,3 8,6 8,9 9,4 9,8 10,2 10,6 10,9
0,08 4,7 5,8 6,5 7,1 7,6 8,0 8,4 8,8 9,1 9,4 9,9 10,4 10,8 11,2 11,5
0,09 4,9 6,1 6,9 7,5 8,0 8,5 8,9 9,2 9,5 9,9 10,4 10,9 11,3 11,8 12,1
0,10 5,2 6,4 7,2 7,8 8,4 8,8 9,3 9,6 10,0 10,3 10,9 11,4 11,9 12,3 12,7
0,11 5,4 6,6 7,5 8,1 8,7 9,2 9,6 10,0 10,4 10,7 11,3 11,9 12,3 12,8 13,2

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0,12 5,6 6,9 7,7 8,4 9,0 9,5 10,0 10,4 10,8 11,1 11,7 12,3 12,8 13,3 13,7
0,13 5,8 7,1 8,0 8,7 9,3 9,9 10,3 10,8 11,1 11,5 12,1 12,7 13,2 13,7 14,2
0,14 5,9 7,3 8,3 9,0 9,6 10,2 10,7 11,1 11,5 11,9 12,5 13,1 13,7 14,2 14,6
0,15 6,1 7,5 8,5 9,3 9,9 10,5 11,0 11,4 11,8 12,2 12,9 13,5 14,1 14,6 15,0
0,16 6,3 7,7 8,7 9,5 10,2 10,8 11,3 11,7 12,2 12,5 13,3 13,9 14,4 15,0 15,4
0,17 6,5 7,9 9,0 9,8 10,5 11,0 11,6 12,0 12,5 12,9 13,6 14,2 14,8 15,4 15,8
0,18 6,6 8,1 9,2 10,0 10,7 11,3 11,8 12,3 12,8 13,2 13,9 14,6 15,2 15,7 16,2
0,19 6,8 8,3 9,4 10,2 11,0 11,6 12,1 12,6 13,1 13,5 14,2 14,9 15,5 16,1 16,6
0,20 6,9 8,5 9,6 10,5 11,2 11,8 12,4 12,9 13,4 13,8 14,6 15,2 15,9 16,4 17,0

A Tabela (5.21) mostra o comprimento LT para depressão de 50mm com sarjeta de 600mm,
coeficiente de Manning n=0,016 e estimativa da eficiência Eo=0,50. Notar que não fizemos o cálculo
de Eo e sim somente uma aproximação. O cálculo exato pode ser obtido baseado no Exemplo (5.15).

Tabela 5.18- Valores dos comprimentos LT para depressão de 50mm, sarjeta de 600mm,
rugosidade n=0,016 e eficiência Eo=0,50
Valores de LT em função da declividade da rua e da vazão sendo n=0,016, depressão de 50mm, sarjeta de 600mm, estimativa da
eficiência Eo=0,50.
Vazão 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1
(m3/s)
0,02 2,1 2,5 2,9 3,1 3,3 3,5 3,7 3,8 4,0 4,1 4,3 4,5 4,7 4,9 5,0
0,03 2,4 3,0 3,4 3,7 3,9 4,2 4,4 4,5 4,7 4,9 5,1 5,4 5,6 5,8 6,0
0,04 2,7 3,4 3,8 4,2 4,4 4,7 4,9 5,1 5,3 5,5 5,8 6,1 6,3 6,5 6,7
0,05 3,0 3,7 4,2 4,6 4,9 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,3 6,6 6,9 7,2 7,4
0,06 3,3 4,0 4,5 4,9 5,3 5,6 5,8 6,1 6,3 6,5 6,9 7,2 7,5 7,7 8,0
0,07 3,5 4,3 4,8 5,3 5,6 5,9 6,2 6,5 6,7 6,9 7,3 7,7 8,0 8,3 8,5
0,08 3,7 4,5 5,1 5,6 5,9 6,3 6,6 6,8 7,1 7,3 7,7 8,1 8,4 8,7 9,0
0,09 3,9 4,7 5,4 5,8 6,3 6,6 6,9 7,2 7,5 7,7 8,1 8,5 8,9 9,2 9,5
0,10 4,0 5,0 5,6 6,1 6,5 6,9 7,2 7,5 7,8 8,0 8,5 8,9 9,3 9,6 9,9
0,11 4,2 5,2 5,8 6,4 6,8 7,2 7,5 7,8 8,1 8,4 8,8 9,3 9,6 10,0 10,3
0,12 4,4 5,4 6,1 6,6 7,1 7,4 7,8 8,1 8,4 8,7 9,2 9,6 10,0 10,4 10,7
0,13 4,5 5,5 6,3 6,8 7,3 7,7 8,1 8,4 8,7 9,0 9,5 9,9 10,3 10,7 11,1
0,14 4,6 5,7 6,5 7,0 7,5 7,9 8,3 8,7 9,0 9,3 9,8 10,2 10,7 11,1 11,4
0,15 4,8 5,9 6,6 7,2 7,7 8,2 8,6 8,9 9,2 9,5 10,1 10,5 11,0 11,4 11,7
0,16 4,9 6,0 6,8 7,4 8,0 8,4 8,8 9,2 9,5 9,8 10,3 10,8 11,3 11,7 12,1
0,17 5,0 6,2 7,0 7,6 8,2 8,6 9,0 9,4 9,7 10,1 10,6 11,1 11,6 12,0 12,4
0,18 5,2 6,4 7,2 7,8 8,4 8,8 9,3 9,6 10,0 10,3 10,9 11,4 11,9 12,3 12,7
0,19 5,3 6,5 7,3 8,0 8,6 9,0 9,5 9,8 10,2 10,5 11,1 11,6 12,1 12,6 13,0
0,20 5,4 6,6 7,5 8,2 8,7 9,2 9,7 10,1 10,4 10,8 11,4 11,9 12,4 12,8 13,2

A Figura (5.1) mostra uma boca de lobo com depressão de 50mm e largura da sarjeta de 0,6m.
Entrando com a largura do nível de água T e com a declividade transversal Sx achamos o valor Q/
S0,5.

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Figura 5.22- Boca de lobo com depressão de 50mm e sarjeta de concreto com 0,60m de largura
feita para n=0,016
Fonte: FHWA, 1996
FHWA- cálculo da vazão com depressão da sarjeta
A largura da sarjeta varia de 0,30m a 1,00m sendo o mais comum largura de 0,60m. A
depressão varia de 2,5cm a 7,5cm sendo a mais comum a de 5cm.
Vamos explicar juntamente com um exemplo do FHWA, 1996.

Exemplo 5.24- Boca de lobo com depressão de 50mm


Vamos calcular a vazão que entra numa boca de lobo com depressão a=50mm, sendo a largura da
sarjeta de concreto W=0,60m, declividade da rua SL=0,01m/m; declividade transversal Sx=0,02m/m;
coeficiente de Manning n=0,016; T=2,5m.

Cálculo da declividade da depressão Sw


Sw= a/ W + Sx
Sw= 50/ 600 + 0,02=0,0833 =0,02=0,103m/m

Cálculo de Qs que é a vazão acima da depressão


Ts= T – W = 2,50 -0,60= 1,9m
Qs=( 0,376/n) . Sx1,67 . SL 0,5. Ts2,67
Qs=( 0,376/0,016) . 0,021,67 . 0,01 0,5. 1,92,67 = 0,019m3/s
Calculo da vazão Q na boca de lobo
T / W= 2,50 / 0,6= 4,17
Sw/ Sx= 0,103/0,02 = 5,15

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Eo= 1 / {1+[( Sw/Sx)/(1+(Sw/Sx)/(T/W -1)) 2,67 -1 ]}


Eo= 1 / {1+[( 5,15)/(1+(5,15)/(4,17 -1)) 2,67 -1 ]} =0,70

Q=Qw/Eo= Qs/ (1-Eo)= 0,019/ (1-0,70)= 0,06m3/s

Qw= vazão na seção de rebaixo (m3/s). É o que queremos


Q= vazão na guia e sarjeta (m3/s)
Qs= capacidade da vazão na boca de lobo rebaixada (m3/s).
Eo= eficiência do engolimento= Qw/Q

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5.23 DNIT, 2006


Conforme DNIT, 2006 temos a fórmula de Manning modificado por Izzard conforme Figura
(5.15) e Tabela (5.22).
Q= 0,376 x (Z / n) x y 8/3 x S0,5
Sendo:
Q= vazão na sarjeta (m3/s)
Y= altura da água na sarjeta (m)
S= declividade longitudinal da sarjeta (m/m)
n= coeficiente de rugosidade de Manning
Z= recíproca da declividade transversal Z= tg (θ )
tg (θ )= T / y
T= y x Z
y/T= 1 / tg (θ)
Caso Z=12
y/T=Sx= 1/12=0,083m/m

Figura 5.23- Corte transversal de uma sarjeta mostrando o ângulo θ

Tabela 5.19- Vazão na sarjeta sendo a altura da água y=0,10m, declividade transversal 2% e
coeficiente de Manning n=0,013, Z=50.
S Q
(m/m) (m3/s)
0,005 0,22
0,010 0,31
0,015 0,38
0,020 0,44
0,025 0,49
0,030 0,54
0,035 0,58
0,040 0,62
0,045 0,66
0,050 0,69
0,055 0,73
0,060 0,76
0,065 0,79
0,070 0,82
0,075 0,85
0,080 0,88
0,085 0,91
0,090 0,93
0,095 0,96
0,100 0,98
0,105 1,01
0,110 1,03

5-42
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Capítulo 5-Microdrenagem
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0,115 1,05
0,120 1,08
0,125 1,10
0,130 1,12
0,135 1,14
0,140 1,16
0,145 1,18
0,150 1,20

Altura y na sarjeta
Usando ainda Izzard temos a altura da lâmina de água na sarjeta y e Tabela (5.23).
y= 1,445 x [1/ Z (3/8)] x [Q/ (S 0,5 /n] 3/8
Tabela 5.20- Altura y em função da declividade transversal de 2%, vazão e declividade
longitudinal em m/m.
3
Q (m /s) altura yo em função da declividade da rua em m/m e da vazão

0,005 0,010 0,020 0,030 0,040 0,050 0,060 0,070 0,080 0,090 0,005
0,05 0,06 0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,03 0,03 0,03
0,1 0,07 0,07 0,06 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,04 0,04 0,04
0,2 0,10 0,08 0,07 0,07 0,07 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,10
0,3 0,11 0,10 0,09 0,08 0,08 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,11
0,4 0,13 0,11 0,10 0,09 0,08 0,08 0,08 0,08 0,07 0,07 0,13
0,5 0,14 0,12 0,10 0,10 0,09 0,09 0,09 0,08 0,08 0,08 0,14
0,6 0,15 0,13 0,11 0,10 0,10 0,09 0,09 0,09 0,09 0,08 0,15
0,7 0,15 0,14 0,12 0,11 0,10 0,10 0,10 0,09 0,09 0,09 0,15
0,8 0,16 0,14 0,13 0,12 0,11 0,11 0,10 0,10 0,10 0,09 0,16
0,9 0,17 0,15 0,13 0,12 0,11 0,11 0,11 0,10 0,10 0,10 0,17
1,0 0,18 0,16 0,14 0,13 0,12 0,11 0,11 0,11 0,10 0,10 0,18
1,1 0,18 0,16 0,14 0,13 0,12 0,12 0,11 0,11 0,11 0,11 0,18
1,2 0,19 0,17 0,15 0,14 0,13 0,12 0,12 0,12 0,11 0,11 0,19
1,3 0,19 0,17 0,15 0,14 0,13 0,13 0,12 0,12 0,12 0,11 0,19
1,4 0,20 0,18 0,15 0,14 0,14 0,13 0,13 0,12 0,12 0,12 0,20
1,5 0,21 0,18 0,16 0,15 0,14 0,13 0,13 0,13 0,12 0,12 0,21
1,6 0,21 0,18 0,16 0,15 0,14 0,14 0,13 0,13 0,13 0,12 0,21
1,7 0,22 0,19 0,17 0,15 0,15 0,14 0,14 0,13 0,13 0,13 0,22
1,8 0,22 0,19 0,17 0,16 0,15 0,14 0,14 0,13 0,13 0,13 0,22
1,9 0,22 0,20 0,17 0,16 0,15 0,15 0,14 0,14 0,13 0,13 0,22
2,0 0,23 0,20 0,18 0,16 0,16 0,15 0,14 0,14 0,14 0,13 0,23
2,1 0,23 0,20 0,18 0,17 0,16 0,15 0,15 0,14 0,14 0,14 0,23
2,2 0,24 0,21 0,18 0,17 0,16 0,15 0,15 0,14 0,14 0,14 0,24
2,3 0,24 0,21 0,19 0,17 0,16 0,16 0,15 0,15 0,14 0,14 0,24
2,4 0,25 0,22 0,19 0,18 0,17 0,16 0,15 0,15 0,15 0,14 0,25
2,5 0,25 0,22 0,19 0,18 0,17 0,16 0,16 0,15 0,15 0,14 0,25
2,6 0,25 0,22 0,19 0,18 0,17 0,16 0,16 0,15 0,15 0,15 0,25
2,7 0,26 0,23 0,20 0,18 0,17 0,17 0,16 0,16 0,15 0,15 0,26
2,8 0,26 0,23 0,20 0,19 0,18 0,17 0,16 0,16 0,15 0,15 0,26
2,9 0,26 0,23 0,20 0,19 0,18 0,17 0,17 0,16 0,16 0,15 0,26
3,0 0,27 0,23 0,21 0,19 0,18 0,17 0,17 0,16 0,16 0,16 0,27
3,1 0,27 0,24 0,21 0,19 0,18 0,18 0,17 0,16 0,16 0,16 0,27

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Velocidade da água na sarjeta Izard


V= 0,958 x )(1/Z ¼) x ( S 1/2/n) ¾ x Q ¼

Tabela 5.21- Velocidade na sarjeta em função da vazão e da declividade da rua, considerando


declividade transversal da rua de 2% (Z=50) e coeficiente de Manning n=0,013.
3
Q (m /s) Velocidade (m/s) da água na sarjeta com declividade transversal de 2%, n=0,013 em função da
3
Declividade da rua e da vazão (m /s)
0,005 0,010 0,020 0,030 0,040 0,050 0,060 0,070 0,080 0,090 0,100
0,05 0,61 0,79 1,02 1,19 1,32 1,44 1,54 1,63 1,72 1,79 1,87
0,1 0,72 0,94 1,21 1,41 1,57 1,71 1,83 1,94 2,04 2,13 2,22
0,2 0,86 1,11 1,44 1,68 1,87 2,03 2,18 2,31 2,43 2,54 2,64
0,3 0,95 1,23 1,60 1,86 2,07 2,25 2,41 2,55 2,69 2,81 2,92
0,4 1,02 1,32 1,72 2,00 2,23 2,42 2,59 2,75 2,89 3,02 3,14
0,5 1,08 1,40 1,81 2,11 2,35 2,56 2,74 2,90 3,05 3,19 3,32
0,6 1,13 1,46 1,90 2,21 2,46 2,68 2,87 3,04 3,19 3,34 3,47
0,7 1,17 1,52 1,97 2,30 2,56 2,78 2,98 3,16 3,32 3,47 3,61
0,8 1,21 1,57 2,04 2,38 2,65 2,88 3,08 3,26 3,43 3,59 3,73
0,9 1,25 1,62 2,10 2,45 2,73 2,96 3,17 3,36 3,53 3,69 3,84
1,0 1,28 1,66 2,16 2,51 2,80 3,04 3,26 3,45 3,63 3,79 3,95
1,1 1,31 1,70 2,21 2,57 2,87 3,12 3,34 3,54 3,72 3,88 4,04
1,2 1,34 1,74 2,26 2,63 2,93 3,18 3,41 3,61 3,80 3,97 4,13
1,3 1,37 1,78 2,30 2,68 2,99 3,25 3,48 3,69 3,88 4,05 4,21
1,4 1,40 1,81 2,35 2,73 3,04 3,31 3,54 3,75 3,95 4,13 4,29
1,5 1,42 1,84 2,39 2,78 3,10 3,37 3,61 3,82 4,02 4,20 4,37
1,6 1,44 1,87 2,43 2,83 3,15 3,42 3,66 3,88 4,08 4,27 4,44
1,7 1,47 1,90 2,46 2,87 3,20 3,47 3,72 3,94 4,14 4,33 4,51
1,8 1,49 1,93 2,50 2,91 3,24 3,52 3,77 4,00 4,20 4,39 4,57
1,9 1,51 1,95 2,53 2,95 3,29 3,57 3,83 4,05 4,26 4,45 4,63
2 1,53 1,98 2,57 2,99 3,33 3,62 3,87 4,11 4,32 4,51 4,69
2,1 1,54 2,00 2,60 3,02 3,37 3,66 3,92 4,16 4,37 4,57 4,75
2,2 1,56 2,03 2,63 3,06 3,41 3,71 3,97 4,20 4,42 4,62 4,81
2,3 1,58 2,05 2,66 3,09 3,45 3,75 4,01 4,25 4,47 4,67 4,86
2,4 1,60 2,07 2,69 3,13 3,48 3,79 4,06 4,30 4,52 4,72 4,91
2,5 1,61 2,09 2,71 3,16 3,52 3,83 4,10 4,34 4,56 4,77 4,96
2,6 1,63 2,11 2,74 3,19 3,55 3,86 4,14 4,38 4,61 4,82 5,01
2,7 1,64 2,13 2,77 3,22 3,59 3,90 4,18 4,43 4,65 4,86 5,06
2,8 1,66 2,15 2,79 3,25 3,62 3,94 4,21 4,47 4,69 4,91 5,10
2,9 1,67 2,17 2,82 3,28 3,65 3,97 4,25 4,50 4,74 4,95 5,15
3 1,69 2,19 2,84 3,31 3,68 4,00 4,29 4,54 4,78 4,99 5,19
3,1 1,70 2,21 2,86 3,33 3,71 4,04 4,32 4,58 4,82 5,03 5,24

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Largura da água da sarjeta T


T= [Q n / (0,376 Sx5/3 S ½)] (3/8)

Tabela 5.22- Largura T da água na sarjeta em função da vazão e da declividade longitudinal


da rua para n=0,013 e Sx=0,02m/m (Z=50)
3
Q (m /s) Largura da água na sarjeta T em função da vazão e declividade da rua longitudinal

0,005 0,010 0,020 0,030 0,040 0,050 0,060 0,070 0,080 0,090 0,100
0,05 2,87 2,52 2,21 2,05 1,94 1,86 1,80 1,75 1,70 1,67 1,63
0,1 3,72 3,27 2,87 2,66 2,52 2,41 2,33 2,27 2,21 2,16 2,12
0,2 4,82 4,23 3,72 3,45 3,27 3,13 3,03 2,94 2,87 2,80 2,75
0,3 5,61 4,93 4,33 4,01 3,80 3,65 3,52 3,42 3,34 3,27 3,20
0,4 6,25 5,49 4,82 4,47 4,23 4,06 3,92 3,81 3,72 3,64 3,57
0,5 6,80 5,97 5,24 4,86 4,60 4,42 4,27 4,15 4,04 3,95 3,88
0,6 7,28 6,39 5,61 5,20 4,93 4,73 4,57 4,44 4,33 4,23 4,15
0,7 7,71 6,77 5,95 5,51 5,22 5,01 4,84 4,70 4,59 4,49 4,40
0,8 8,11 7,12 6,25 5,80 5,49 5,27 5,09 4,94 4,82 4,72 4,62
0,9 8,48 7,44 6,54 6,06 5,74 5,50 5,32 5,17 5,04 4,93 4,83
1,0 8,82 7,74 6,80 6,30 5,97 5,73 5,53 5,38 5,24 5,13 5,03
1,1 9,14 8,02 7,05 6,53 6,19 5,93 5,73 5,57 5,43 5,31 5,21
1,2 9,44 8,29 7,28 6,75 6,39 6,13 5,92 5,76 5,61 5,49 5,38
1,3 9,73 8,54 7,50 6,95 6,59 6,32 6,11 5,93 5,78 5,66 5,55
1,4 10,00 8,78 7,71 7,15 6,77 6,50 6,28 6,10 5,95 5,82 5,70
1,5 10,27 9,01 7,92 7,34 6,95 6,67 6,44 6,26 6,10 5,97 5,85
1,6 10,52 9,23 8,11 7,52 7,12 6,83 6,60 6,41 6,25 6,12 6,00
1,7 10,76 9,45 8,30 7,69 7,28 6,99 6,75 6,56 6,40 6,26 6,13
1,8 10,99 9,65 8,48 7,86 7,44 7,14 6,90 6,70 6,54 6,39 6,27
1,9 11,22 9,85 8,65 8,02 7,60 7,28 7,04 6,84 6,67 6,52 6,40
2 11,43 10,04 8,82 8,17 7,74 7,43 7,18 6,97 6,80 6,65 6,52
2,1 11,65 10,23 8,98 8,32 7,89 7,56 7,31 7,10 6,92 6,77 6,64
2,2 11,85 10,41 9,14 8,47 8,02 7,70 7,44 7,23 7,05 6,89 6,76
2,3 12,05 10,58 9,29 8,61 8,16 7,82 7,56 7,35 7,16 7,01 6,87
2,4 12,24 10,75 9,44 8,75 8,29 7,95 7,68 7,46 7,28 7,12 6,98
2,5 12,43 10,92 9,59 8,88 8,42 8,07 7,80 7,58 7,39 7,23 7,09
2,6 12,62 11,08 9,73 9,02 8,54 8,19 7,92 7,69 7,50 7,34 7,19
2,7 12,80 11,24 9,87 9,15 8,66 8,31 8,03 7,80 7,61 7,44 7,30
2,8 12,97 11,39 10,00 9,27 8,78 8,42 8,14 7,91 7,71 7,54 7,40
2,9 13,14 11,54 10,14 9,39 8,90 8,54 8,25 8,01 7,82 7,64 7,50
3 13,31 11,69 10,27 9,51 9,01 8,64 8,35 8,12 7,92 7,74 7,59
3,1 13,48 11,83 10,39 9,63 9,13 8,75 8,46 8,22 8,01 7,84 7,69

Altura de água na sarjeta em função de T


Conforme Figura (5.26) temos:
y= T x Sx
Sendo:
Sx= declividade transversal da rua (m/m)
T= largura da água na sarjeta no topo (m)
y= altura do nível de água na sarjeta (m)

5-45
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Figura 5.24
Fonte: Mays, 2001

Ainda conforme DNIT, 2006 podemos obter o espaçamento máximo entre as bocas de lobo
para que não haja transbordamento da sarjeta, igualando a capacidade da vazão da sarjeta Q com a
descarga produzida pela fórmula racional Q=CIA/360.
Sendo A= L x Dc
L = largura da rua (m) e Dc comprimento crítico da sarjeta em metro;
C= coeficiente de runoff
I= intensidade da chuva mm/h
Q=CIA/360= C.I. L.Dc/360
Com o valor de Q obtido e igualando as equações obtemos o valor de D:
Q= 0,376 x (Z / n) x y 8/3 x S0,5

O tempo de percurso na sarjeta será :


t= L/ 60 x V
Sendo:
T= tempo de percurso na sarjeta (min)
V= velocidade da água pluvial na sarjeta (m/s)
L= comprimento entre as bocas de lobo (m)

Exemplo 5.25
Dados n=0,018 S=0,025m/m
Z=12=tg (θ)
Y=0,10m
Q= 0,376 x (Z / n) x y 8/3 x S0,5
Q= 0,376 x (12 / 0,018) x 0,10 8/3 x 0,0250,5
Q=0,085 m3/s
T= Z x y = 12 x 0,10= 1,2m
Declividade transversal =0,10/ 1,20=0,0833m/m

Exemplo 5.26- Baseado em Nicklow, 2001


Calcular a largura da água na sarjeta T com vazão de 0,090m3/s com declividade transversal de
0,022m/m, coeficiente de Manning n=0,015 e declividade longitudinal 0,014m/m
T= [Q n / (0,376 Sx5/3 S ½)] (3/8)
T= [0,090 x 0,015 / (0,376 x0,0225/3 x 0,014 ½)] (3/8) = 2,90m
d= T x Sx
d= 2,90 x 0,022= 0,064m
Portanto, a largura da água é de 2,90m e altura de 0,064m.

5-46
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5.24 Declividade lateral das ruas


Os estudos de Stein et al, 1999 sobre a declividade lateral das ruas mostra que varia de 1,5% a
4%.
Costuma-se adotar declividade de 2% e já foi provado que produz pouco efeito para a
estabilidade dos veículos. Em locais onde é alto o índice de pluviométrico pode-se adotar declividade
lateral de 2,5% e em casos extremos até 4% que é considerado o limite máximo.

Tabela 5.23- Declividade transversal Sx em porcentagem, m/m e com o valor de Z de Izzard


Declividade transversal Declividade porcentagem Z
(m/m)
1% 1 100
2% 2 50
2,5% 2,5 40
3% 3 33,3
4% 4 25

Exemplo 5.27
Calcular a vazão de uma sarjeta de concreto de 0,30m adotada pelo CDHU conforme Figura (5.25)
com guia 0,15m de altura. Admite-se que a altura máxima da água chegue a 0,13m e a declividade do
corte transversal da rua é de 2% (dois por cento).

w0=y0tgθ

h1=0,15m
2%
w0=y0tgθ h2=0,13
m

Figura 5.25-Seção transversal de uma sarjeta (CDHU)

Aplicando a fórmula de Manning teremos:


n=0,017 comumente adota em vias públicas
Q=( n-1) . A . R2/3 . S1/2
Considerando uma rua com largura L. Na metade da rua considerando que a altura é h1 teremos um
trapézio com área:
A= (0,13+h1)/2 x L/2 (m2)
Mas 0,02=(0,13-h1)/(L/2) e então:
h1= (0,13 – 0,02 x L/2)
Tendo, portanto, o valor da largura da rua temos a profundidade no meio h1 e a área A. Para a
largura da rua de 13m estaremos com h1=0.

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A largura da rua é o denominado leito carroçável, isto é, a distancia perpendicular entre as


faces internas das guias opostas. Esclarecemos que neste caso não usamos as flechas estabelecidas
pela IP3 da PMSP (Prefeitura Municipal de São Paulo).

Tabela 5.24- Vazão e velocidade da água nas sarjetas em toda a largura da rua para
altura do nível de água na sarjeta de 0,13m, declividade transversal de 2% e n=0,017
Largura Nível Declividade h1 Área seção Hipotenusa Rh A B
da rua água transversal transversal
(m) (m) (m/m) (m) (m2) Rugosidade (m) (m) Veloc Vazão
4,0 0,13 0,02 0,09 0,2200 0,017 2,00 0,099 12,60 2,77
5,0 0,13 0,02 0,08 0,2625 0,017 2,50 0,097 12,41 3,26
6,0 0,13 0,02 0,07 0,3000 0,017 3,00 0,094 12,14 3,64
7,0 0,13 0,02 0,06 0,3325 0,017 3,50 0,090 11,82 3,93
8,0 0,13 0,02 0,05 0,3600 0,017 4,00 0,086 11,47 4,13
9,0 0,13 0,02 0,04 0,3825 0,017 4,50 0,082 11,09 4,24
10,0 0,13 0,02 0,03 0,4000 0,017 5,00 0,078 10,69 4,28
11,0 0,13 0,02 0,02 0,4125 0,017 5,50 0,073 10,27 4,24
12,0 0,13 0,02 0,01 0,4200 0,017 6,00 0,068 9,84 4,13
13,0 0,13 0,02 0,00 0,4225 0,017 6,50 0,064 9,38 3,96

V= A x S0,5
Q= B x S 0,5
Tendo-se a largura da rua obtemos na Tabela (5.22) os valores A e B. Com estes valores
multiplicando pela declividade da rua obtemos respectivamente a velocidade média (m/s) e a vazão
(m3/s).

Exemplo 5.28
Dada uma rua com 12m e declividade de 3%. Calcular a velocidade e a vazão.
Conforme Tabela (5.27) entrando com a largura da rua 12m achamos os valores de A=9,84 e B=4,13.
V= A x S0,5= 9,84 x 0,030,5= 1,70m/s
Q= B x S 0,5 = 4,13 x 0,03 0,5 = 0,72m3/s

O tempo de trânsito (t) na sarjeta para ruas de 6m de largura obtem-se na Tabela (5.22) a
velocidade V= 9,84 x S0,5 pode ser estimado por:
t= L/ 60(12,14 x S0,5)
Sendo:
t= tempo de trânsito (min) pela sarjeta no comprimento L.
L= comprimento da sarjeta (m)
S= declividade da rua (m/m)

Dica: para estimar o tempo de trânsito em uma sarjeta tendo a largura da rua obtemos o
coeficiente de velocidade e por exemplo, para rua de 6m t= L/ 60(12,14 x S0,5).

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5.25 CIRIA, 2007


Cálculo da sarjeta conforme CIRIA, 2007
O objetivo é achar a altura H da Figura (5.28) referente ao nível de água na sarjeta.

Figura 5.26- Corte da área de uma seção de sarjeta com altura H, largura W, área da seção AF e declividade transversal Sc.
Fonte: Ciria, 2007

Pode ser demonstrado que:


AF= H2/ (2x Sc)
R= H/ [2(Sc+1)]
Q= (H SL )/ ( 2 (5/3) x n x Sc x(Sc +1) (2/3)
8/3 ½

H= K1 x Q0,375
K1= 1,54 (n x Sc)0,375 x(Sc+1)0,25 x SL-0,188
Sendo:
AF= área da secção transversal da rua (m2)
H=altura do nível da água na sarjeta (m)
Sc= declividade transversal da rua (m/m)
R= raio hidráulico (m)= Área molhada/perímetro molhado
Q= vazão da secção considerada (m3/s)
n= coeficiente de rugosidade de Manning=0,015
SL= declividade longitudinal da rua (m/m)
K1= coeficiente que pode ser visto na Tabela (5.28)

Exemplo 5.29
Dada a declividade transversal da rua Sc=0,02m/m (2%), n=0,015, vazão de 0,10m3/s, declividade
longitudinal 0,015m/m usando a Tabela (5.28) achamos K1=0,163.
H= K1 x Q 0,375= 0,163 x 0,1 0,375= 0,07m
Podemos achar AF
AF= AF= H2/ (2x Sc) =0,072 / (2 x 0,02)= 0,123m2

Q= AF x V e portanto V=Q/AF= 0,10/0,123= 0,81m/s

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Tabela 5.25- Coeficientes K1 dependendo da rugosidade de Manning n, da declividade


transversal Sc e da declividade longitudinal sL conforme Ciria, 2007.

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Sarjeta de seção circular (calha circular a meia seção)


A sarjeta pode ser uma calha circular e conforme FHWA, 1996 temos a seguinte equação:

y/D= 1,179 . [ Q.n / (D2,67 . SL 0,5)] 0,488


Sendo:
y= altura da lamina da água (m)
D= diâmetro do tubo (m)
Q= vazão (m3/s)
SL= declividade longitudinal (m/m)
n=coeficiente de rugosidade de Manning

O valor Tw da largura da superfície da água é dado pela equação:

Tw= 2 [ r2 – (r-y)2] 0,5


Sendo:
Tw= largura da superfície da água no tubo (m)
r= raio do tubo (m)
y= altura da lâmina de água do tubo (m)

Exemplo 5.30 FHWA, 1996


Calcular a relação y/D dado a vazão Q=0,05m3/s SL=0,01m/m n=0,016 e D=1,5m.
y/D= 1,179 . [ Q.n / (D2,67 . SL 0,5)] 0,488
y/D= 1,179 . [ 0,05 x 0,016 / (1,52,67 x 0,01 0,5)] 0,488
y/D=0,20
y=0,20 x 1,50= 0,30m
A largura da lâmina de água na superfície Tw:
r= 1,5/2=0,75
Tw= 2 [ r2 – (r-y)2] 0,5
Tw= 2 [ 0,752 – (0,75-0,30)2] 0,5 =1,20m

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5.26 Tipos de Bocas de Lobo


As bocas de lobo podem ser classificadas quanto a estrutura de entrada em três grupos
principais conforme Figura (5.29)
• bocas lobo simples
• boca de lobo com grelhas
• boca de lobo combinada
Depressão: é o rebaixamento feito na sarjeta junto a entrada da boca coletora, com a
finalidade de aumentar a capacidade desta.

Figura 5.27- Sarjeta


Fonte: PMSP/FCTH, 1999

A instalação de duas ou mais bocas de lobo chama-se de bocas de lobo múltiplas.


Conforme http://www.saneamento10.hpg.ig.com.br/Dren05.html temos:
Quanto a localização das sarjetas as mesmas podem ser:
-Intermediárias
- de cruzamentos
-de pontos baixos
Quanto ao funcionamento as sarjetas podem ser:
-livre
-afogada

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Figura 5.28- Bocas de lobos clássicas
Fonte: PMSP/FCTH, 1999

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Figura 5.29- Boca de lobo


Fonte: Associação dos fabricantes de tubos de concreto

As bocas de lobo com grades não podem ser aplicadas onde a declividade das ruas seja menor
que 0,5% sendo o mínimo absoluto de 0,3% conforme Stein, et al, 1999. As bocas de lobo com
grades possuem a desvantagem do entupimento e nos problemas que pode causar para quem anda de
bicicletas na rua.
A boca de loco simples é mais efetiva com declividades menores que 3% conforme Stein, et
al, 1999.

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Figura 5.30- Grelha


Fonte: Associação dos fabricantes de tubos de concreto

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Figura 5.31- Grelha


Fonte: Associação dos fabricantes de tubos de concreto

Figura 5.32- Ligação de águas pluviais


Fonte: Associação dos fabricantes de tubos de concreto

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Figura 5.33- Saída de galeria de águas pluviais


Fonte: Associação dos fabricantes de tubos de concreto

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Exemplo 5.31
Utilização do método racional para cálculo das galerias de águas pluviais AB, BC, CD conforme
Figura (5.36) .
O exemplo está baseado nos ensinamentos de Ven Te Chow,1988 adaptado para o Brasil. Para os
interessados Akan, 1993 apresenta um modelo semelhante ao Ve Te Chow.
Calcular as tubulações de concreto para captação de águas de chuvas do trecho do coletor EB que
drena a sub-bacia III com um período de retorno de 10 anos. A sub-bacia tem uma área de 1,6 ha, o
coeficiente de escoamento C=0,60 e o tempo de escoamento superficial inicial é ts=10 minutos.

I
II
A

IV V
III

VI VII

1
Figura 5.34- Esquema de galerias de águas pluviais

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Consideremos a fórmula da intensidade de chuva devido a Paulo Sampaio Wilken, com Tr=
10 anos e t=tc=10min. Vamos supor também que n=0,015 e que a declividade da tubulação EB é
0,0064 m/m.

4855,3 . Tr0,181
I =------------------------
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva em L /s. ha;
Tr = período de retorno em anos;
t=duração da chuva em minutos.

Substituindo o valor de Tr=10 anos e t=tc= 10min teremos:

4855,3 . 100,181
I =------------------------
( t + 15)0,89

7365,7
I =------------------------
( t + 15)0,89

7365,7
I =------------------------= 420 L/sxha
( 10 + 15)0,89

Usando a fórmula racional:


Q=CIA=0,60 . 420 . 1,6 =403,2 litros/segundo
Usando a fórmula de Manning com o diâmetro isolado temos:
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8
Sendo:
Q=0,4032 m3/s;
n=0,015;
S=0,0064.
D = [(0,4032. 0,015 )/ ( 0,312 . 0,00641/2)]3/8
D=0,59 m
Adotamos então o diâmetro comercial D=0,60m.
A velocidade das águas pluviais na rede EB é feita usando a equação da continuidade com o
diâmetro D=0,60m.
Q= Área . Velocidade
V=Q/Área= 0,4032/( π . 0,602/4)= 1,43 m/s
O valor de velocidade é tolerável pois é maior que 0,60 m/s e menor que 5 m/s.
Como o comprimento da galeria EB é de 135 metros, o tempo de percurso dentro da galeria
será : L/60V = 135 / 60x1,43 =1,57min.
É importante notar que há um erro quando foi determinada a velocidade, pois, suposto a seção
plena, o que não é. Pode-se fazer cálculo mais apurado para se determinar o valor da velocidade.

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Cálculo das galerias de águas pluviais AB, BC, CD.


Façamos de conta que são conhecidos a área em ha, os coeficientes de escoamento superficial
C e o tempo de escoamento superficial de cada sub-bacia,conforme quadro abaixo:
Tabela 5.26– Coeficientes e tempo de escoamento superficial
Sub-bacia Área em ha Coef. escoam. Tempo superficial
A C ts minutos
I 0,80 0,7 5
II 1,20 0,7 7
III 1,6 0,6 10
IV 1,6 0,6 10
V 2,0 0,5 15
VI 1,8 0,5 15
VII 1,8 0,5 15

São conhecidas também as declividades em metro/metro, o comprimento de cada galeria


Tabela 5.27-Comprimento e declividades das tubulações
Galeria de águas pluviais Comprimento Declividade
(m) (m/m)
EB 135 0,0064
AB 165 0,0081
BC 120 0,0064
CD 135 0,0064
O valor da rugosidade de Manning n=0,015.
Solução:
Tramo EB:
Já foi calculado anteriormente, sendo os resultados a primeira linha da tabela final de
apresentação dos cálculos.

Tramo AB:
Este tramo drena duas sub-bacias a I e a II. Temos a área, o coeficiente de escoamento
superficial C das duas sub-bacias e tempo de escoamento superficial ts.
Da equação Q=CIA, como I= constante temos que Q=I . Σ(CA)

Assim para o tramo AB temos:


∑CA=CI . AI + CII . AII = 0,7 . 0,8 + 0,7 . 1,2=1,40

Temos dois tempos de escoamento superficiais tI= 10minutos e tII=10 minutos.


Fazemos então que tempo de escoamento superficial é no caso o tempo de concentração para
início do tramo AB.
Portanto, tc=10 minutos para o escoamento das bacias I e II.
A área total drenada é de 0,80 ha + 1,20 ha = 2,00 ha.
Consideremos a fórmula da intensidade de chuva devido a Paulo Sampaio Wilken, com Tr=
10 anos e t=tc=10 minutos. Vamos supor também que n=0,015 e que a declividade da tubulação EB é
0,0064 m/m.
4855,3 . Tr0,181
I =------------------------
( t + 15)0,89
Sendo:

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I= intensidade média da chuva em l /s. ha;


Tr = período de retorno em anos;
t=duração da chuva em minutos.
Substituindo o valor de Tr=10 anos e t=tc= 10 minutos teremos:
7365,7
I =------------------------

( t + 15)0,89

I= 420 L/s.ha
Observar que a intensidade de chuva no trecho AB foi maior que a do trecho EB, pois foi
menor o tempo de concentração, e o mesmo entra na fórmula do Paulo Sampaio Wilken como
denominador, aumentando o valor de I conseqüentemente.
Usando a fórmula racional:
Q=CIA= 420. ∑CA= 414,89 . 1,4 = 588 litros/segundo
Usando a fórmula de Manning para seção plena com o diâmetro isolado temos:
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8
Sendo:
Q=0,588 m3/s;
n=0,015;
S=0,0081.
D = [(0,58886. 0,015 )/ ( 0,312 . 0,00811/2)]3/8
D=0,65 m
Adotamos então o diâmetro comercial D=0,80m.
A velocidade das águas pluviais na rede AB é feita usando a equação da continuidade com o
diâmetro D=0,80m.
Q= Área . Velocidade
V=Q/Área= 0,5806/( π. 0,802/4)= 1,2 m/s
O valor de velocidade é tolerável, pois é maior que 0,60 m/s e menor que 5 m/s.
Como o comprimento da galeria AB é de 165 metros, o tempo de percurso dentro da galeria
será : L/60V = 165 / 60x1,2 = 1,7 min.

Tramo BC
Esta tubulação drena as sub-bacias de I a V, com as sub-bacias I e II através da tubulação AB
e a sub-bacia III através do tramo EB. Há, portanto três possibilidades de a água chegar ao ponto B, o
tempo de concentração será o maior destes tempos de concentração.
Primeira opção: a vazão vinda do tubo AB tem tempo de concentração de 10min acrescido de
2,4min por dentro da galeria AB, ou seja, o tempo total será de 10+1,7 = 11,7 minutos.
Segunda opção: a vazão que vem do tubo EB tem tempo de 10 minutos mais o tempo pela
galeria de 1,57 minutos, ou seja, 11,57 minutos.
Terceira opção: o tempo das sub-bacias IV e V é de 10.
Portanto, o tempo de concentração é o maior destes, ou seja, 11,7minutos, que deve ser
colocado na planilha de cálculos.
Calculemos agora ∑CA, considerando que ∑CA=1,4 para as sub-bacias I e II. Portanto, para
as demais sub-bacias III, IV e V temos:
∑CA=1,4 + 0,6 . 1,6 + 0,6 . 1,6 + 0,5 . 2,0 =4,32 que colocamos na planilha

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Consideremos a fórmula da intensidade de chuva devido a Paulo Sampaio Wilken, com Tr=
10 anos e t=tc=11,7 minutos. Vamos supor também que n=0,015 e que a declividade da tubulação BC
é 0,0064 m/m.

7365,7
I =------------------------
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva em L /s. ha;
Tr = período de retorno em anos;
t=duração da chuva em minutos.
Substituindo o valor de Tr=10 anos e t=tc= 11,7minutos teremos:

I= 396 L/s.ha
Usando a fórmula racional:
Q=CIA= 3969. ∑CA= 396 . 4,32 = 1711 litros/segundo
Usando a fórmula de Manning com o diâmetro isolado temos:
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8
sendo:
Q=1,711 m3/s;
n=0,015;
S=0,0064m/m
D = [(1,711. 0,015 )/ ( 0,312 . 0,00641/2)]3/8
D=1,03 m
Adotamos então o diâmetro comercial D=1,20m.
A velocidade das águas pluviais na rede BC é feita usando a equação da continuidade com o
diâmetro D=1,20m.
Q= Área . Velocidade
V=Q/Área= 1,711/( π . 1,202/4)= 1,61 m/s
O valor de velocidade é tolerável, pois é maior que 0,60 m/s e menor que 5 m/s.
Como o comprimento da galeria AB é de 120 metros, o tempo de percurso dentro da galeria
será : L/60V = 120 / 60x1,61 =1,24minutos.

Tramo CD:
O tramo CD captará toda as sub-bacias. Vamos examinar o maior tempo que teremos até o
ponto C.
Tempo de entrada = 10min
tAB=1,7min
tBC=1,24min

tc1= 10+1,7+1,24=12,94min
Tempo de entrada =10min
tEB= 1,57min
tBC=1,24min
tc2= 10+1,57+1,34=12,91min

Entres os valores tc1=12,94min e tc2=12,91min tomamos o maior valor tc=12,94min

5-62
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Calculemos agora ∑CA, considerando que ∑CA=4,32 para as sub-bacias I a V. Portanto, para
as demais sub-bacias VI e VII temos:
∑CA=4,32 + 0,5 . 1,8 + 0,5 . 1,8 =6,12 que colocamos na planilha

Consideremos a fórmula da intensidade de chuva devido a Paulo Sampaio Wilken, com Tr=
10 anos e t=tc=12,94 minutos. Vamos supor também que n=0,015 e que a declividade da tubulação
CD é 0,0064 m/m.

7365,7
I =------------------------
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva em L /s. ha;
Tr = período de retorno em anos;
t=duração da chuva em minutos.
Substituindo o valor de Tr=10 anos e t=tc= 12,94 minutos teremos:
I= 3801 L/s.ha
Usando a fórmula racional:
Q=CIA= 381. ∑CA= 381 . 6,12 = 2332 litros/segundo
Usando a fórmula de Manning com o diâmetro isolado temos:
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8
sendo:
Q=2.332 m3/s;
n=0,015;
S=0,0064 m/m
D = [(2,332. 0,015 )/ ( 0,312 . 0,00641/2)]3/8
D=1,13 m
Adotamos então o diâmetro comercial D=1,20m.
A velocidade das águas pluviais na rede CD é feita usando a equação da continuidade com o
diâmetro D=1,20m.
Q= Área . Velocidade
V=Q/Área= 1,86635/( π . 1,202/4)= 1,65 m/s
O valor de velocidade é tolerável, pois é maior que 0,60 m/s e menor que 5 m/s.
Como o comprimento da galeria CD é de 135m, o tempo de percurso dentro da galeria será:
L/V = 135 / 60x1,65 =1,36min.

Tabela 5.28-Método Racional: planilha final


Compr. Decl. Área ∑CA tc Intens. Vazão Diâm. Diâm. Veloc Tempo
Tramo Drenada calc. com. (m/s) (L/V)
(m) (m/m) (ha) min. (L/s.ha) m3/s (m) (m) min.
EB 135 0,0064 1,6 0,96 10 420 0,403 0,59 0,60 1,43 1,57
AB 165 0,0081 2,0 1,4 10 420 0,588 0,65 0,80 1,20 1,7
BC 120 0,0064 7,2 4,32 11,7 396 1,711 1,03 1,20 1,61 1,24
CD 135 0,0064 10,8 6,12 12,91 381 2,322 1,13 1,20 1,65 1,36

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5.27 Limitações técnicas em projeto de microdrenagem


Para microdrenagem Mays, 2001 p.563 aconselha o seguinte:

Tabela 5.29- Limitações técnicas em projeto de micro-drenagem


Considerações técnicas Limitações técnicas a serem consideradas

Velocidade mínima 0,6 m/s a 0,9 m/s


Velocidade máxima de tubos rígidos 4,6m/s a 6,4m/s
Velocidade máxima de tubos flexíveis 3,0m/s a 4,6m/s
Máximo espaçamento entre poços de visita, 122m a 183m
dependendo do diâmetro da tubulação
Mínimo diâmetro da rede 0,3m a 0,6m
Mínima cobertura de terra 0,3m a 0,6m
Alinhamento vertical nos poços de visita para tubos de Atingir o topo do tubo ou 80% a 85% da profundidade
tamanhos diferentes da linha
Alinhamento vertical nos poços de visita para tubos de Adotar o mínimo de 0,03m a 0,06m na geratriz
mesmo diâmetro inferior do tubo.
Checar as perdas de água nos poços de visita e
Análise hidráulica final sobrecarga de água nos poços de visita, isto é, quando
há transbordamento.
Locação das bocas de lobo Na rua onde a capacidade da sarjeta é ultrapassada
Fonte: Mays, 2000 p.263

5.28 Tempo de entrada


É comum para o tempo de entrada adotar-se 10min em áreas rurais e urbanas. A Prefeitura
Municipal de Belo Horizonte adota: te=10min.
Akan, 1993 recomenda para áreas de grande densidade populacional adotar tempo de entrada
de 5min, sendo que noutras regiões de 10min a 15min. Para áreas planas com ruas largas espaçadas
uma das outras, recomenda adotar tempo de entrada de 20min até 30min conforme ASCE, 1970.

5.29 Vazão específica em uma sarjeta


A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte adota o te mínimo de 10minutos e com a equação
da intensidade de chuva e admitindo-se uma certa profundidade dos terrenos teremos uma vazão
especifica em uma sarjeta em L/s x m. Assim para largura de rua de 10m teremos 0,95 L/s x m.

5.30 Perdas de cargas localizadas


A equação usada normalmente em drenagem é de Manning:

V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5


Sendo:
V= velocidade média (m/s)
R= raio hidráulico (m)= A/P
A= área molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)
S= declividade (m/m)
A equação da continuidade:
Q= A x V
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s)

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Vamos isolar o valor de S


S= [(Q x n/ (A x R2/3)]2
A perda de carga distribuída Hf numa tubulação de comprimento L será:
hf= S x L = L x [(Q x n)/ (A x R2/3)]2
Sendo:
n=rugosidade de Manning
A perda de carga localizada:
hm= K (V2/2g)
Sendo:
hm= perda localizada (m)
K= coeficiente fornecido pela Tabela (5.1)
V= velocidade média (m/s)
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s2
A perda de carga total será a soma de hf com hm:
ht= hf + hm
Na Tabela (5.30) estão os coeficientes de perdas de cargas localizadas em galerias de águas
pluviais e as perdas de cargas localizadas conforme a velocidade da água na tubulação variando de
0,6m/s a 6m/s.
Observe que num poço de visita a 45º com velocidade de 3m/s teremos perda de carga de
0,34m, isto significa que teremos que deixar um degrau no PV de 0,34m. De modo geral conservamos
a declividade da rua e fazemos o degrau no PV
Tabela 5.30- Perda de carga em metros em galerias de águas pluviais com coeficientes K do FHWA, 1996
  Coeficiente  Velocidade média (m/s) 
Estrutura 
K  0,60 1,00 1,50 2,00 3,00 4,00  5,00  6,00
Passagem direta pelo PV 0,05  0,00 0,00 0,01 0,01 0,02 0,04  0,06  0,09
Entrada em PV sem  0,15  0,00 0,01 0,02 0,03 0,07 0,12  0,19  0,28
ângulo 
Entrada no PV a 22,5  0,45  0,01 0,02 0,05 0,09 0,21 0,37  0,57  0,83
Entrada no PV a 45  0,75  0,01 0,04 0,09 0,15 0,34 0,61  0,96  1,38
Entrada no PV a 60  0,85  0,02 0,04 0,10 0,17 0,39 0,69  1,08  1,56
Entrada no PV a 90  1,00  0,02 0,05 0,11 0,20 0,46 0,82  1,27  1,83
Entrada num lago  1,00  0,02 0,05 0,11 0,20 0,46 0,82  1,27  1,83

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5.31 Riscos de enchentes


Levando-se em consideração a velocidade da água causada pela inundação, as zonas de perigos
podem ser: baixa, média e alta tanto para veículos, como para casas e adultos. Isto está nas Figuras
(5.37) a (5.39).
Na Figura (5.37) a velocidade das águas de enchentes com velocidade de 2m/s e altura de 0,50m
colocará o veículo numa zona de risco médio.

Riscos para Carros devido a inundações

1
0,9 Zona de alto
Altura do nivel de água (m)

0,8 risco
0,7 Zona de risco
médio
0,6
0,5
0,4
0,3 Zona de baixo
risco
0,2
0,1
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
velocidade da água (m/s)

Figura 5.35 - Diversas zonas de perigo: baixo, médio e alto para inundações tendo como objetivo os carros.

Na Figura (5.38) a velocidade das águas em 4m/s e altura de 1,20m colocará a casa em zona de
alto risco.

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Riscos para Casas devido as inundações

2
1,8
Altura do nivel de água (m)

1,6 Zona de alto


1,4 risco
Zona de risco
1,2
médio
1
0,8
0,6
Zona de baixo
0,4 risco
0,2
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Velocidade da água (m/s)

Figura 5.36 - Diversas zonas de perigo: baixo, médio e alto para inundações tendo como objetivo as casas.

Na Figura (5.39), uma velocidade das águas de 2m/s, que é comum, e altura de 0,50m colocará
uma pessoa adulta em zona de alto risco, podendo a mesma ser facilmente levada pela correnteza.

Riscos para Pessoas Adultas devido a inundação

1,6

1,4

1,2
Altura da água (m)

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Velodidade da água (m/s)

Figura 5.37 - Diversas zonas de perigo: baixo, médio e alto para inundações tendo como objetivo pessoas adultas.

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CIRIA- CONSTRUCTION INDUSTRY RESEARCH AND INFORMATION ASSOCIATION


Segundo Nania e Gómez, 2002 in Balmforth et al, 2006 da CIRIA, a profundidade de inundação
de uma rua para não interromper o tráfego é de 0,30m ou 0,20m quando o rio ou o canal passar ao
lado.

O risco de um pedestre ser levado pela água é dado pelo produto da velocidade V em (m/s)
pela profundidade y em (m) e está limitado a 0,5 m2/s.

y . V ≤ 0,5m2/s

O risco de um pedestre escorregar com a água é dado pelo produto da profundidade (m) y
pela velocidade V2 e não deverá ser maior que 1,23 m3/s2

y .V2 ≤ 1,23 m3/s2

5.35 Classificação das ruas da PMSP (Prefeitura Municipal de São Paulo)

Figura 5.38- Classificação das ruas da PMSP

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Declividade transversal das faixas


Conforme Instrução de projeto geométrico IP-03 da PMSP o abaulamento de uma via urbana
será considerado uma flecha com no mínimo 5cm calculado da seguinte maneira:

f= (L . 100 . 4 . Sx)/ 600


Sendo:
f= flecha (cm)
Considera-se flecha a altura entre a linha horizontal que liga os fundos das sarjetas e o ponto de
inflexão dessa parábola.
Sx= declividade transversal (%). Varia de 1% a 3% sendo recomendado 2%.
L= largura da via incluindo as sarjetas (m)

Exemplo 5.32
Calcular a flecha de uma rua com 10m de largura.
Conforme PMSP a rua ter largura de caixa B=5 ou 6m e passeio de 1,5m e 2,00.
Consideramos passeio de 2,0m teremos: 10m – 2 x 2,00m= 6,00m
Como a guia tem 0,15m a largura L para determinar a flecha será:
L= 0,15 + 0,15 + 6,00= 6,30m
Adotando Sx= 2%
f= (L x 100 x 4 x Sx)/ 600
f= (6,30 x 1000 x 4 x 2)/ 600=8,4cm

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5.31 Tempo de concentração de Yen e Chow, 1983


Conforme Yen, 2001 a equação de Yen e Chow para a onda cinemática em escoamento
superficial é dado pelas equações:

Quando a intensidade de chuva for menor que <20mm/h


tc= 3,0 (n L/ S0,5) 0,6
Sendo:
tc= tempo de concentração do escoamento superficial (min)
L= comprimento (m)
n= coeficiente de Manning
S= declividade (m/m)

Quando a intensidade de chuva estiver entre 20mm/h a 30mm/h


tc= 2,2 (n L/ S0,5) 0,6

Quando a intensidade de chuva for maior que >30mm/h


tc= 1,4 (n L/ S0,5) 0,6

Exemplo 5.33
Calcular o tempo de trânsito para escoamento superficial com rugosidade n=0,016, intensidade de
chuva maior que >30mm/h e declividade 0,03m/m.
tc= 1,4 (n L/ S0,5) 0,6
tc= 1,4 (0,016x 200/ 0,030,5) 0,6 = 8,06min
Exemplo 5.34
Usando O IP-03 da PMSP temos a flecha e o IP-02 classifica a largura da caixa (B) (leito carroçável)
que varia de 4m a 13m.
Com os dados da PMSP e limitando a altura na sarjeta de 0,13m fizemos as Tabelas (5.34) onde
obtemos as vazões e velocidades para declividades de ruas variando de 0,5% a 15% que é o máximo
admitido nas ruas. Segundo a PMSP acima de 15% é aconselhado se construir escadas.

5.32 Entrada de ar
Segundo Santa Clara County, 2007 quando a velocidade da água for maior que 4,2m/s
teremos a entrada de ar aumentando a profundidade do escoamento. O aumento da altura de
escoamento é diretamente proporcional ao aumento do volume de água causada pela entrada de ar.
Ao= 10 x [ 0,2 V2/ (g.R) -1] 0,5
Sendo:
Ao= aumento da área de escoamento devido a entrada do ar (%)
V= velocidade média (m/s)
g= aceleração da gravidade=9,81m/s2
R=raio hidráulico sem a entrada de ar (m)

5.34 Ancoragens e velocidades


Santa Clara County, 2007 admite como velocidade máxima em uma galeria 9m/s para
diversos materiais como PVC e outros e declividade máxima de 30%. Informa ainda que os tubos
deverão ser ancorados quando a declividade for maior que 20% e cada ancoragem deve ficar
espaçada de 100 diâmetros.
Para tubos de concreto é admitida a velocidade máxima de 9 m /s e a declividade máxima de
20% e que os tubos devem ser ancorados a cada 50 diâmetros.
A velocidade mínima usada é 0,6m/s a 0,78m/s

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5.35 Rebaixamento de guia


O rebaixamento de guia reposiciona a guia 5cm acima da sarjeta.
No uso de grelhas a abertura máxima é de 1,5cm transversalmente ao sentido do fluxo de
pedestres.

5.36 Aquaplanagem
Quando cai a chuva em uma rua ou estrada, fica acumulada uma certa profundidade de água
sobre a superfície devido ao runoff das águas pluviais. Um veiculo encontrando a água na estrada
pode sofrer o fenômeno da aquaplanagem, pois os pneus podem deslizar sobre a água causando
acidentes.
A aquaplanagem conforme Texas, 2004 é função da intensidade da chuva, da profundidade da
água, da pressão nos pneus, da rugosidade da pista e da velocidade do veiculo.
A declividade mínima transversal de uma estrada recomendada para que não haja o potencial
de criar aquaplanagem é de 2%. Como guia, a quantidade de 5mm de água tem o potencial de causar
aquaplanagem.
Existem várias equações empírica baseadas em estudos do FWHA que fornecem a velocidade
do veiculo para que ocorra a aquaplanagem.
V=0,9143 x SD 0,04 x P 0,3 x (TD + 0,794) 0,06 x A
Sendo:
V= velocidade do veiculo em km/h que causa a aquaplanagem. Limite máximo de 90 km/h)
SD= 100 x (Wd – Ww) / Wd Quando SD=10% é um indicador de aquaplanagem
Wd= velocidade de rotação da roda do veículo numa superfície seca
Ww= velocidade de rotação da roda do veículo numa superfície de pavimento inundada.
.
P= pressão nos pneus (psi). Geralmente 24 psi
TD= profundidade das tiras nos pneus (mm). Use 5mm para projetos.
A= tomar o maior dos dois valores abaixo:
A= 12,639/WD 0,060 + 3,50
A= (( 22,351 /WD 0,06) -4,97) x TXD 0,14
WD= profundidade da água (mm)

WD= 0,01485 x [ (TXD 0,11 x L 0,43 x I 0,59 )/ S 0,42 ] – TXD


Sendo:
TXD= profundidade da textura do pavimento (mm). Em projetos use 0,5mm
L= largura do pavimento (m)
I= intensidade de chuva (mm/h)
S= declividade transversal do pavimento (m/m)

Conclusões:
• A declividade transversal mínima da estrada deve ser de 2%
• A textura do pavimento deve ser aumentada, entretanto não existe ainda nenhuma
recomendação técnica mais especifica a respeito.
• Reduza as áreas de empoçamentos de água, interceptando a água nas bocas de lobo
• A velocidade do veiculo deve ser reduzida em condições úmidas
• Coloque avisos na estrada para diminuição da velocidade do veículo em caso de
chuvas.

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5.37 Dimensionamento de tubulação usando Metcalf&Eddy


Fórmula de Manning para o dimensionamento de condutos livres.
V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5
Sendo:
V= velocidade média na seção (m/s)
n= coeficiente de Manning. Foi suposto tubos de PVC com n=0,011
R= raio hidráulico (m)
R= A/P
A= área molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)
Para o dimensionamento foi usado tabela de Metcal&Eddy que fornecem o valor do
adimensional K´.
Q= (K´/n) D 8/3 . S 0,5
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s)
n= coeficiente de Manning=0,011
D= diâmetro do tubo (m)
d=altura da lâmina dágua (m)
S= declividade (m/m)

Para o dimensionamento adotou-se como d/D máximo de 0,80 e velocidade entre 1m/s a 5m/s. A
declividade mínima adotado foi de 0,002m/m.

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Estimativa da velocidade a seção parcialmente cheia


Akan, 1993 apresenta uma estimativa do cálculo da velocidade em uma tubulação parcialmente
cheia que tem uma superfície livre próxima da altura do tubo.

V= [ D (2/3) . S (1/2) ] / (2,52 . n)


Sendo:
V= velocidade média na seção (m/s) considerada parcialmente cheia
D= diâmetro da seção da tubulação (m)
n= coeficiente de Manning
S= declividade da tubulação (m/m)

Tabela 5.31- Valores de K´ de Metcalf & Eddy

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Figura 5.39- Elementos da seção circular

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Exemplo 5.35
Dada a vazão de 0,300m3/s, n=0,015 (concreto), S=0,005m/m. Calcular o diâmetro da tubulação para
d/D=0,80.
Conforme da Tabela (5.34) de Metcalf & Eddy para d/D=0,80 achamos K´=0,305;
Q= (K´ /n) D 8/3 . S ½
D= [(Q.n) / (K´. S ½ ) ] 3/8
D= [( 0,30 x 0,015) / (0,305x 0,005 ½ ) ] 0,375
D=0,56m. Adoto D=0,60m OK

Para calcular a velocidade devemos entrar na Figura (5.41) com d/D=0,80 na ordenada e
achamos a área molhada na abcissa 0,86.

Area molhada/ Area total = 0,86


Mas Area total= 3,1416 x D2/4= 3,1416 x 0,602/4=0,2827m2
Area molhada= 0,86 x 0,2827m2=0,2432m2

Equação da continuidade Q= A x V
V= Q/A=0,30/0,2432=1,23 m/s > 0,60m/s OK e menor que 5m/s OK

Estimativa da velocidade conforme Akan, 1993


V= [ D (2/3) . S (1/2) ] / (2,52 . n)
V= [ 0,60 (2/3) . 0,005 (1/2) ] / (2,52 . 0,015)= 1,33m/s

5.38 Tensão trativa


Conforme Tsutiya, 1999 a tensão trativa foi introduzida originalmente por Du Boys em 1879,
sendo mais tarde desenvolvido os conceitos técnicos por Brahms em 1754 e por Chow em 1981. O
primeiro uso da tensão trativa foi em canais.
A tensão trativa mínima ou tensão de arraste mínima é a força por unidade de área que haja
sobre uma partícula e que permite o deslocamento da mesma. Assim desta maneira as partículas de
esgotos não ficarão depositadas na tubulação, pois temos que calcular uma tensão trativa mínima de
1Pa para que ela seja arrastada.

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Figura 5.40- Esquema de canal mostrando a tensão trativa


Fonte: Fernandes, 1997

A tensão trativa σt é dada pela equação:


σt= R . γ . I
Sendo:
σt= tensão trativa em Pascal ou N/m2
R= raio hidráulico (m)
γ=peso específico do esgoto (N/m3)= 104 N/m3
I= declividade da tubulação (m/m)
Em coletores usa-se a tensão trativa mínima de 1 Pa enquanto que para interceptor em tubos
acima de 500mm usa-se 1,5 Pa para se evitar a formação de sulfetos.
A Sabesp começou a usar o critério da tensão trativa em 1983 como pleno êxito sendo depois
o conceito passado a norma brasileira sendo adotado em todo o Brasil e atualmente é adotado
praticamente em todos os países da America Latina.

5.39 Energia específica


A energia específica é definida como a quantidade de energia de peso de líquido, medida a
partir do fundo do canal e representado por.
E= y + αV2/ 2g
Usando a equação da continuidade Q=A.V
V= Q/A
V2= Q2/ A2
E= y + αQ2/ 2gA2
Sendo:
E= energia específica
y= altura da lâmina de água
g= aceleração da gravidade
V= velocidade média (m/s)
A= área molhada da secção (m2)
Q= vazão (m3/s)
α=coeficiente de Coriolis (1792-1843) que é definido conforme Lencastre, 1983 como a relação entre
a energia cinética real do escoamento e a energia cinética de um escoamento fictício que todas as
partículas se movessem com a velocidade média V. Normalmente adotamos α=1.

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Variando-se a velocidade e altura y podemos construir a Figura (26.3) onde nota-se um ponto
de energia específica mínima Ec e duas curvas, uma a direita e outra a esquerda. A curva da direita
mostra o movimento rápido e a da esquerda mostra o movimento lento.

Figura 5.41-Diagrama de energia específica


Fonte: Rolim Mendonça et al, 1987

O valor da energia específica no ponto mínimo é a energia específica crítica e se dá numa


altura denominada de yc que é um ponto de instabilidade pois pode passar rapidamente de um regime
para outro.
Quando o valor de y está no regime lento podemos chamar de regime lento ou regime fluvial e
quando y está no regime rápido podemos chamar de regime rápido ou torrencial.
Observemos ainda que y1 e y2 conforme a Figura (26.3) são chamados de conjugados de igual
energia E.
Vamos aplicar os conhecimentos de Lencastre, 1983 para obter o ponto mínimo da curva,
basta derivar e igual a zero.
dE/dy = 1 – Q2/gA3 x dA/dy=0
Sendo “b” a largura superficial da lâmina líquida teremos: dA= b x dy
Fazendo-se as substituição temos:
dE/dy = 1 – Q2/gA3 x bdy/dy=0
dE/dy = 1 – (Q2/gA3 )x b=0
1 = Q2/gA3 x b
Isolando a vazão Q e a aceleração da gravidade g temos:
A3/b = Q2/g
Extraindo a raiz quadrada dos dois lados da equação temos:
A0,5A/b0,5 = Q /g 0,5

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A(A/b)0,5 = Q /g 0,5

Figura 5.42- Para canais circulares


Fonte: Lencastre, 1983

Lencastre, 1983 apresenta a Figura (26.4) para canais circulares onde podemos facilmente
calcular a altura critica yc.

Exemplo 5.36
Calcular a altura crítica para uma tubulação circular com diâmetro de D=0,15m e vazão de
Q=0,007m3/s.
(1/D5/2) x Q / g 0,5=(1/0,152,5) x 0,007 / 9,81 0,5= 0,26
Entrando na Figura (26.4) com 0,26 na abscissa achamos y/D=0,51
yc=0,51 x 0,15=0,077m
Portanto, a altura crítica será de yc=0,077m.

Exemplo 5.37
Calcular a altura crítica para uma tubulação circular com diâmetro de D=0,15m e vazão de
Q=0,010m3/s.
(1/D5/2) x Q / g 0,5=(1/0,152,5) x 0,010 / 9,81 0,5= 0,37
Entrando na Figura (26.4) com 0,37 na abscissa achamos y/D=0,62
yc=0,62 x 0,15=0,093m
Portanto, a altura crítica será de yc=0,093m.

5.40 Inclinação crítica

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Seguindo os ensinamentos de Lencastre 1983, a inclinação crítica é aquela para a qual o


escoamento se dá em regime uniforme crítico, ou em outras palavras, aquela em que o escoamento se
escoa com o mínimo de energia.
Usando a equação de Manning temos:
V= (1/n) R2/3 x Ic 0,5
Sendo:
V= velocidade média (m/s)
R= raio hidráulico (m)
Ic= declividade crítica (m/m)
Isolando o valor da declividade teremos:
V= (1/n) Rc2/3 x Ic 0,5
I c0,5 = V n/ Rc2/3
Elevando ambos os lados ao quadrado temos:
Ic = V2 n2/ Rc4/3

Usando a equação da continuidade Q=A.V


V= Q/A
V2= Q2/ A2
Substituindo V2 temos:
Ic = Q2 n2/ A2Rc4/3
Mas o valor de Q2 pode ser substituído por:
A3/b = Q2 /g
gA3/b = Q2

I c = Q2 n2/ A2Rc4/3
Ic = gA3 n2/ bA2Rc4/3
Ic = gA n2/ bRc4/3
Ou podemos escrever:
Ic = g(A/b) n2/ Rc4/3
O valor A/b é igual a altura media do regime critico, ou seja, A/b=yc
Ic = g .yc . n2/ Rc4/3

Exemplo 5.38
Calcular a declividade critica de um tubo de seção circular com n=0,0103 (rugosidade de Manning e
vazão Q=0,010m3/s
Facilmente achamos yc=0,093m já calculado no exemplo anterior.
θ = 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
θ = 2 cos-1 ( 1 – 2 x0,093/0,15)
θ = 2 cos-1 ( 0,24)
θ = 2 x 1,81 rad= 3,62rad
R= (D/4) (1-(seno θ)/ θ)
R= (0,15/4) (1-(seno 3,62)/ 3,62)=0,042m
Ic = g .yc . n2/ Rc4/3
Ic = 9,81 x0,093 x 0,0102/ 0,0424/3 =0,00618m/m
Portanto, a declividade crítica é Ic=0,00618m/m
Velocidade critica
A= D2 ( θ – seno θ)/8
A= 0,152 ( 3,62 – sen3,62)8=0,01147m2
V=Q/A= 0,010/0,01147=0,87m/s

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5.41 Número de Froude


O número de Froude é a relação entre a força da inércia e a força da gravidade no escoamento.
É um número adimensional e muito importante e é através dele que vimos quando o regime é crítico,
rápido ou lento. Se o número de Froude for igual a igual a 1 temos o escoamento crítico e caso seja
maior que 1 temos o escoamento rápido e se for menor que 1 temos o escoamento lento.
F= v / (g x y )0,5
Sendo:
F= número de Froude (adimensional)
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s2
y= altura da lâmina de água (m)
Deve ser evitado número de Froude entre 0,80 e 1,2 pois teremos muita instabilidade de nível.
Isto é importante em canais, mas não muito importante em galerias de águas pluviais.

5.42 Fórmula de Manning


A fórmula mais usada em canais é a de Manning que será adotada.
V= (1/n) x R 2/3 x S0,5
Sendo:
V= velocidade média na seção (m/s)
R= raio hidráulico (m)
Raio hidráulico (m) = Área molhada/ perímetro molhado
S= declividade (m/m)

A fórmula de Manning pode ser usada tanto em conduto livre como em conduto forçado. Na
prática quando temos condutos forçados não usamos Manning e sim a formula de Hazen-Willians.

5.43 Fórmula empírica de Hazen-Willians


É ainda muito usada nos Estados Unidos e no Brasil em redes de distribuição a fórmula de
Hazen-Willians usada para tubos com diâmetros igual ou maiores que 50mm. Para tubos menores que
50mm pode-se usar várias outras fórmulas como a de Flamant.
A grande vantagem da fórmula de Hazen-Willians é que facilita a admissão do coeficiente de
rugosidade C que é mais fácil de sugerir que os valores de K da fórmula de Darcy-Weisbach.
10,643 . Q 1,85
J = ----------------------- (4)
1,85 4,87
C .D
Sendo:
J= perda de carga em metro por metro (m/m);
Q= vazão em m3/s;
C= coeficiente de rugosidade da tubulação de Hazen-Willians;
D= diâmetro em metros.
Na Tabela (1.14) estão alguns valores do coeficiente de rugosidade de Hazen Willians
:

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Tabela 1.14- Coeficientes de rugosidade de Hazen-Willians


Material Coeficiente de rugosidade C
130
Ferro fundido novo
130
Ferro fundido revestido com cimento
Aço novo 120
Aço em uso 90
PVC 150
Ferro Fundido em uso 90

A fórmula da perda de carga no trecho do tubo de comprimento L, será:


hf= J . L
Sndo :
hf= perda de carga no trecho em metros de coluna de água;
J= perda unitária obtida da fórmula (4);
L= comprimento da tubulação (m).
A velocidade na fórmula de Hazen-Willians é a seguinte:
V=0,355 . C . D0,63 . J.0,54 (5)
Sendo:
V= velocidade (m/s);
C= coeficiente de rugosidade de Hazen-Willians (adimensional)
D= diâmetro (m);
J= perda de carga unitária ( m/m).
A fórmula da vazão de Hazen-Willians é a seguinte:
Q= 0,275 . C . D2,63 . J0,54 (6)
Sendo:
Q= vazão (m3/s);
C= coeficiente de rugosidade de Hazen-Willians;
J= perda de carga (m/m).
A fórmula de Hazen-Willians é questionável para altas velocidades e para valores de C muito
abaixo de 100. Assim deverá ser limitada a sua aplicação para no máximo 3 (três) m/s.

5.44 Fórmula Universal ou de Darcy Weisbach


A fórmula é a seguinte:

L V2
hf= f . ----- . ----- (4)
D 2.g

Sendo:
hf= perda de carga localizada (m)
L= comprimento em metros;
D= diâmetros em metros;
V= velocidade em metro/segundo;
g= aceleração da gravidade 9,8 m/s2;
f= coeficiente de atrito(adimensional)

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Escoamento laminar
O escoamento é laminar quando o número de Reynolds for menor que 2100 conforme Jeppson, 1973.
Re < 2100
Então achamos o valor de f através da equação:
f = 64/ Re
Entre número de Reynolds de 2100 a 4000 temos um regime de transição. Na prática usamos
a fórmula de Colebrook-White para numero de Reynolds maior que 4000 como também para número
de Reynolds acima de 2100.
A fórmula de Colebrook-White pode ser apresentar de duas maneiras:
1/f0,5= 2 log10 K/(D. 3,7) + 2,52 / Re x f0,5]= 1,14 – 2 log 10(K/D + 9,35/Re f0,5)

Quando o tubo é hidraulicamente rugoso e o movimento é turbulento fazemos Re muito


grande e simplificando temos que é independente do número de Reynolds.
1/f0,5= 1,14 – 2 log 10(K/D)
A fórmula que fornece o valor de f é de Colebrook-White, que só pode ser resolvida por
iteração. Vários autores tentaram fazer uma fórmula explícita do coeficiente de atrito f.
No caso a que achamos melhor é a fórmula de P.K. Swammee and A.K. Jain, publicada em
1976 no Journal Hydraulics Division da ASCE, pp 657-664 maio, no trabalho intitulado Explicit
Equations for pipe-flows problems.
A fórmula de Swammee e Jain é a seguinte:
1,325
f= ------------------------------- (3)
[ln( k/3,7 . D + 5,74/ Re0,9)]2

Sendo:
f= coeficiente de atrito (número adimensional);
K= rugosidade uniforme equivalente em metros;
D= diâmetro em metros;
Re= número de Reynolds (adimensional) e
ln= logaritmo neperiano.
O importante da fórmula de Swammee e Jain é que é direta sem necessidade de iteração. O
erro de precisão da fórmula é de 1% (um por cento)
A fórmula vale nos seguintes limites:
0,000001 ≤ K/D ≤ 0,02
5.000 ≤ R ≤ 100.000.000
A rugosidade uniforme equivalente tem a letra K .
A rugosidade relativa é K / D.
Em redes de distribuição temos elevado número de perdas singulares de difícil avaliação,
sendo em geral não consideradas. Estas perdas estão nas conexões, válvulas, registros, falta de
alinhamento preciso, presença de defeitos nas juntas, etc. Por isso na França a Dupont recomenda
para tubos de ferro fundido em redes de distribuição de água a usar K=0,001 m e quando houver
formação de possíveis depósitos a adotar K=0,002 m.
Victor Streeter cita na Tabela (1.10) valores de K comuns:

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Tabela 1.10- Valores de K citados por Victor Streeter


Material Valor de K
(mm)
Ferro fundido revestido com cimento 0,125
Ídem sem revestimento 0,25
Tubos de PVC 0,10
Tubos de Concreto 0,30
Tubos de aço c/ revestimento 0,125
Tubos de cobre, latão etc. 0,02

Tabela 1.11- Valores da rugosidade e ou K (mm) para diversos materiais

Fonte: Heller, et al, 2006

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Tabela 1.12- Valores da rugosidade e ou K (mm) para diversos materiais


Material do tubo Rug. equiv. (m)
---------------- ---------------

Aço comercial 0,00006


Aço galvanizado 0,00016
Aço com ferrugem leve 0,00025
Aço com grandes incrustações 0,007
Aço com cimento centrifugado 0,0001
Aço revestido com asfalto 0,0006
Aço rev. c/esmalte, vinil, epoxi 0,00006

Alumínio 0,000004

Concreto muito rugoso 0,002


Concreto rugoso 0,0005
Concreto liso 0,0001
Concreto muito liso 0,00006
Concreto alisado, centrifugado 0,0003
Concreto liso formas metálicas 0,00012

Ferro fundido asfaltado 0,000122


Ferro galvanizado 0,00015
Ferro fund. não revestido novo 0,0005
Ferro fund. com ferrugem leve 0,0015
Ferro fund. c/cim. centrifugado 0,0001

Fibrocimento 0,0001
Manilha cerâmica 0,0003
Latão, cobre 0,000007
Plásticos 0,00006
Rocha (galeria) não revestida 0,35

Nota: valores extraídos de Assy, Jardim, Lencastre, Quintela, Simon, Tullis.

Fonte: site http://paginas.terra.com.br/servicos/hidrotec/tabrug.htm

Diagrama de Moody
Todos se lembram do diagrama de Moody na Figura (1.6) que é usado para achar o valor do
coeficiente de atrito f da fórmula de Darcy-Weisbach entrando com a relação K/D e o número de
Reynolds.
Uma das aplicações do diagrama de Moody é estimar o valor de f quando não se tem o
número de Reynolds. Então entra-se no gráfico com o valor a direita com o valor K/D, por exemplo,
K/D= 0,002 e achamos no lado esquerdo o valor de f=0,024.

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Figura 1.6 Diagrama de Moody

A Tabela (1.13) mostra os valores de K usado na fórmula de Darcy-Weisbach e relembramos


que deverá ser consultada sempre a tabela do fabricante e ver os valores para tubos novos e para
tubos daqui a 20anos.
Tabela 1.13- Valores do coeficiente K da fórmula de Darcy-Weisbach

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5.45 Relações geométricas da seção circular


Até o diâmetro de 2,0m geralmente é usado tubos de concreto de seção circular.

Figura 5.43- Seção circular


Fonte: Rolim Mendonça et al, 1987

O ângulo central θ (em radianos) do setor circular, pode ser obtido pela seguinte expressão
conforme Chaudhry,1993 p.95:
θ = 2 arc cos ( 1 – 2y /D)
ou
θ = 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
Sendo:
θ = ângulo central em radianos (rad)
y= altura da lâmina de água (m)
D= diâmetro da tubulação (m)

Conforme Chaudhry,1993 p.10 temos:


A área molhada “A”:
A= D2 ( θ – seno θ)/8
O perímetro molhado ”P”:
P=(θ D)/2
O raio hidráulico “R”:
R= (D/4) (1-(seno θ)/ θ)
A corda “b” correspondente a altura molhada é dado por:
b= D sen (θ/2)

Conforme Mendonça,1984 Revista DAE SP temos:


• Usando a fórmula de Manning e tirando-se o valor de θ usando as relações acima
obtemos para o regime uniforme a fórmula para obter o ângulo central θ.
• Observar que o ângulo central θ aparece nos dois lados da equação, não havendo
possibilidade de se tornar a equação numa forma explícita.
• Daí a necessidade de resolvê-la por processo iterativo, como o Método de Newton-
Raphson. O ângulo central θ está entre 1,50 rad. ≤ θ ≤ 4,43 rad. que corresponde
0,15≤y/D≤ 0,80.

θ= seno θ + 2 2,6 (n Q/I 1/2) 0,6 D-1,6 θ 0,4


Sendo:

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θ = ângulo central em radianos (rad)


y= altura da lâmina de água (m)
D= diâmetro da tubulação (m)
n= rugosidade de Manning (adimensional)
Q= vazão (m3/s)
I= declividade (m/m)

Como se pode ver na equação acima está na formula implícita, sendo impossível de se separar
o ângulo central θ. Usam-se para isto alguns métodos de cálculo:
• Método de tentativa e erros,
• Método da bissecção,
• Método de Newton-Raphson e
• Método das Aproximações Sucessivas.

Exemplo 5.39
Seja um tubo de PVC com n=0,010, declividade I=0,007m/m e vazão de 0,0013m3/s.
Calcular a altura y, corda, raio hidráulico e número de Froude
θ= seno θ + 2 2,6 (n Q/I 1/2) 0,6 D-1,6 θ 0,4
θ= seno θ + 2 2,6 (0,010x0,013/0,007 1/2) 0,6 0,15-1,6 θ 0,4
θ= seno θ +2,6 . θ 0,4
Arbitramos um valor qualquer do ângulo central em radianos: 3,8rad
X= seno θ +2,6θ 0,4
X= seno (3,8) +2,6x 3,8 0,4
X= - 0,61 +4,43= 3,82
Adotamos θ= 3,82
Adoto 3,82rad
R= (D/4) (1-(seno θ)/ θ)
R= (0,15/4) (1-(seno 3,82rad)/ 3,82)=0,044m
b= D sen (θ/2)
b= 0,15 sen (3,82rad/2)=0,14m

θ = 2 arc cos ( 1 – 2y /D)


θ = 2 arc cos ( 1 – 2y /0,15)=3,82rad=219graus/2=109,5graus
θ /2= arc cos ( 1 – 2y /15)=3,82rad/2=219graus/2=109,5graus

Cos (3,82rad/2)= 1 – 2y/0,15


-0,33= 1 – 2y/0,15
-1,33= -2y/0,15
1,33=2y/0,15
y=0,10m
Portanto, a altura a lâmina de água é 0,10m

y/D= 0,10/ 0,15=0,67= 67% < 75% OK.

Área molhada
A= D2 ( θ – seno θ)/8
A= 0,152 ( 3,82 – seno 3,82)/8 =0,011m2
Equação da continuidade: Q= A x V
V= Q/A= 0,013m3/s / 0,011m2= 1,18m/s

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Número de Froude
F= v / (g x y )0,5
F= 1,18 / (9,81 x 0,10 )0,5
F=1,19 > 1 Portanto, regime de escoamento rápido ou supercrítico

5.46 Velocidade crítica


Para achar o ângulo central crítico θc temos que resolver a seguinte equação conforme Rolim
Mendonça et al, 1987.
θc= sen θc + 8 ( Q2/g) 1/3 [sen(θc/2)] 1/3 x D -5/3

Segundo Rolim Mendonça et al, 1987 a velocidade crítica Vc e a declividade crítica Ic são:
yc/D= (1/2) x (1 – cos θc/2)

Vc= {[g xD/ (8 sen(θc /2))] x (θc - sen (θc))} 0,5

Ic= =[n2 x g/ (sen(θc/2))] x [θc4/ (2,0 D (θc – senθc))] (1/3)

Para calcular o valor de θc com várias iterações:

θoc - {θoc -sen θc - 8 ( Q2/g) 1/3 [sen(θc/2)] 1/3 x D -5/3}


θc = ________________________________________________

1 – cos θoc - (4/3) (Qc2/g) 1/3 x D -5/3 x (sen (θoc/2) -2/3 cos (θoc/2)

A NBR 9649/86 de rede coletora de esgoto sanitário diz que quando a velocidade final vf for
superior a velocidade critica vc, a maior lâmina admissível deve ser menor ou igual a 50% do
diâmetro do coletor, assegurando-se a ventilação do trecho sendo a velocidade critica definida por:
Vc= 6 x (g x R) ½
Sendo:
Vc= velocidade crítica (m/s)
g= 9,81m/s2 (aceleração da gravidade)
R= raio hidráulico (m)
Azevedo Neto, 1998 justifica a equação da velocidade crítica da norma usando as pesquisas de
Volkart, 1980 em que o número de Boussinesq é igual a 6 quando se inicia a mistura de ar e água.
B= vc (g R) -0,5
Sendo:
B= número de Boussinesq
g= aceleração da gravidade m/s2
R= raio hidráulico (m)
Quando se inicia a mistura do ar com a água o numero de Boussinesq é igual a 6 e portanto
B=6
B= vc (g R) -0,5
6= vc (g R) -0,5
Tirando-se o valor da velocidade critica Vc temos:
Vc= 6 x (g x Rc) ½
Azevedo Neto, 1998 recomenda a verificação da velocidade crítica vc em relação a
velocidade final do plano vf e m todos os trechos da canalização.

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Nota: cuidado, o raio hidráulico é do ângulo central crítico Rc= (D/4) (1-(seno θc)/ θc)
Conforme Crespo, 1997 o raio hidráulico R para o cálculo da velocidade crítica pode ser
consultada a Figura (26.5).

R= Khidr x h/D
Com os valores h/D achamos na Figura (26.5) o coeficiente Khidr.

Exemplo 5.40
Calcular a velocidade critica conforme a NBR 9649/86 sendo h/D= 0,50
Entrando na Figura (5.46) com h/D=0,50 achamos Khidr=0,50
R= Khidr x h/D
R= 0,50 x 0,50=0,25
Vc= 6 x (g x R) ½
Vc= 6 x (9,81 x 0,25) ½ = 9,49m/s

Para h/D= 0,30 achamos Khidr=0,342


R= Khidr x h/D
R= 0,342 x 0,30=0,1026
Vc= 6 x (g x R) ½
Vc= 6 x (9,81 x 0,1026) ½ = 6,02m/s

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Figura 5.44- Coeficientes para o calculo do raio hidráulico para a velocidade critica da NBR 9649/86.
Fonte: Crespo, 1997
Exemplo 5.41
Calcular o ângulo central crítico e a velocidade crítica para vazão de 0,010m3/s, diâmetro D=0,15m
tubo de PVC n=0,010.
θc= sen θc + 8 ( Q2/g) 1/3 [sen(θc/2)] 1/3 x D -5/3
θc= sen θc + 8 ( 0,0102/9,81) 0,33 [sen(θc/2)] 0,33 x 0,15 -1,67
θc= sen θc +4,29 [sen(θc/2)] 0,33

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Tabela 5.32- Cálculo para o ângulo central por tentativas


θc θc= sen θc +4,29 [sen(θc/2)] 0,33

4 3,40
3,40 4,02
4,02 3,38
3,38 4,04
4,04 3,36
3,36 4,07
4,07 3,34
3,34 4,09
4,09 3,32
3,32 4,11
4,11 3,30
3,30 4,13
4,13 3,28

Tomamos o valor médio θc= (4,13+3,28)/2= 3,67 rad


yc/D= (1/2) x (1 – cos θc/2)
yc/0,15=(1/2)x (1 – cos 3,67/2)=0,63 < 0,75D
yc=0,095m
Verificação
Conforme Metcalf&Eddy, 1981 o valor de yc pode ser estimado por:
yc= 0,483 x (Q/D) 2/3 + 0,083D
yc= 0,483 x (0,01/0,15) 2/3 + 0,083x0,15=0,0933m

y/D= 0,63

R= (D/4) ( 1 – sen θ/ θ )
R= (0,15/4) [ 1 – (sen 3,67)/ 3,67 ] =0,043m

Vc= {[g xD/ (8 sen(θc /2))] x (θc - sen (θc)} 0,5


Vc= {[9,81 x0,15/ (8 sen(3,67 /2))] x (3,67 - sen (3,67))} 0,5
Vc= {[0,19 x (3,67 +0,50} 0,5
Vc=0,89m/s

Declividade crítica
Ic= =[n2 x g/ (sen(θc/2))] x [θc4/ (2,0 D (θc – sen θc))] (1/3)
Ic= =[0,0102 x 9,81/ (sen(3,67/2] x [3,674/ (2,0x0,15(3,67-sen 3,67] (1/3)
Ic= =[0,00101 x 5,17] 1/3
Ic=0,0052m/m

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5.47 Velocidade máxima


A velocidade máxima conforme norma NBR 9649/ 1986 é de 5m/s.

Tabela 5.33- Velocidades máximas conforme o tipo de material


Velocidade máxima
Material usualmente admitida
(m/s)
Ferro fundido 5
PVC e manilhas cerâmicas 5
Concreto 5

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Figura 5.45- Perfil de uma sarjeta com depressão

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Figura 5.46- Ábaco para dimensionamento de sarjeta simples


Fonte: FHWA, 1996

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Figura 5.47- Ábaco para dimensionamento de sarjeta com depressão


Fonte: FHWA, 1996

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Figura 5.48- Canaleta circular


Fonte: FHWA, 1996

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Figura 5.49-Boca de lobo com depressão


site: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Dren05.html

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]
Figura 5.50- Escoamento em canais rasos
Fonte: McCuen, 1998

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Tabela 5.35- Diâmetros da seção y/D=0,80 em função da vazão (m3/s) e da declividade (m/m)
conforme Metcalf&Eddy sendo n=0,015 para tubos de concreto
Declividade (m/m)
Q (m3/s)
0,003 0,005 0,01 0,015 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,1
0,10 0,41 0,37 0,32 0,30 0,28 0,26 0,25 0,24 0,23 0,22 0,21

0,20 0,53 0,48 0,42 0,39 0,37 0,34 0,32 0,31 0,30 0,29 0,27
0,30 0,61 0,56 0,49 0,45 0,43 0,40 0,38 0,36 0,35 0,34 0,32
0,40 0,68 0,62 0,54 0,50 0,48 0,44 0,42 0,40 0,39 0,38 0,35
0,50 0,74 0,67 0,59 0,55 0,52 0,48 0,46 0,44 0,42 0,41 0,38
0,60 0,79 0,72 0,63 0,59 0,56 0,51 0,49 0,47 0,45 0,44 0,41
0,70 0,84 0,76 0,67 0,62 0,59 0,55 0,52 0,50 0,48 0,47 0,44
0,80 0,88 0,80 0,70 0,65 0,62 0,57 0,54 0,52 0,50 0,49 0,46
0,90 0,92 0,84 0,74 0,68 0,65 0,60 0,57 0,54 0,53 0,51 0,48
1,00 0,96 0,87 0,77 0,71 0,67 0,62 0,59 0,57 0,55 0,53 0,50
1,10 1,00 0,90 0,79 0,74 0,70 0,65 0,61 0,59 0,57 0,55 0,52
1,20 1,03 0,93 0,82 0,76 0,72 0,67 0,63 0,61 0,59 0,57 0,53
1,30 1,06 0,96 0,85 0,78 0,74 0,69 0,65 0,63 0,60 0,59 0,55
1,40 1,09 0,99 0,87 0,81 0,76 0,71 0,67 0,64 0,62 0,60 0,56
1,50 1,12 1,02 0,89 0,83 0,78 0,73 0,69 0,66 0,64 0,62 0,58
1,60 1,15 1,04 0,91 0,85 0,80 0,74 0,70 0,68 0,65 0,63 0,59
1,70 1,17 1,06 0,94 0,87 0,82 0,76 0,72 0,69 0,67 0,65 0,61
1,80 1,20 1,09 0,96 0,89 0,84 0,78 0,74 0,71 0,68 0,66 0,62
1,90 1,22 1,11 0,97 0,90 0,86 0,79 0,75 0,72 0,70 0,68 0,63
2,00 1,25 1,13 0,99 0,92 0,87 0,81 0,77 0,73 0,71 0,69 0,65
2,10 1,27 1,15 1,01 0,94 0,89 0,82 0,78 0,75 0,72 0,70 0,66

Exemplo 5.42
Para declividade de 0,005m/m (0,5%) e vazão de 1m3/s achar o diâmetro da seção a y/D=0,80.
Consultando a Tabela (5.35) achamos D=0,87m e adotamos o diâmetro mais próximo D=0,90m
ou D=1,00m.

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Tabela 5.36- Velocidade aproximada da seção y/D=0,80 em função do diâmetro (m) e da


declividade (m/m) conforme Metcalf&Eddy. V= (D 2/3x S 0,5)/ (2,52 x n) sendo n=0,015 para
tubos de concreto.

Declividade (m/m)

D 0,003 0,005 0,01 0,015 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,1
0,30 0,65 0,84 1,19 1,45 1,68 2,05 2,37 2,65 2,90 3,14 3,75
0,40 0,79 1,02 1,44 1,76 2,03 2,49 2,87 3,21 3,52 3,80 4,54
0,50 0,91 1,18 1,67 2,04 2,36 2,89 3,33 3,73 4,08 4,41 5,27
0,60 1,03 1,33 1,88 2,30 2,66 3,26 3,76 4,21 4,61 4,98 5,95
0,70 1,14 1,47 2,09 2,55 2,95 3,61 4,17 4,66 5,11 5,52 6,60
0,80 1,25 1,61 2,28 2,79 3,22 3,95 4,56 5,10 5,58 6,03 7,21
0,90 1,35 1,74 2,47 3,02 3,49 4,27 4,93 5,51 6,04 6,52 7,80
1,00 1,45 1,87 2,65 3,24 3,74 4,58 5,29 5,92 6,48 7,00 8,37
1,10 1,54 1,99 2,82 3,45 3,99 4,88 5,64 6,30 6,91 7,46 8,91
1,20 1,64 2,11 2,99 3,66 4,22 5,17 5,97 6,68 7,32 7,90 9,45
1,30 1,73 2,23 3,15 3,86 4,46 5,46 6,30 7,05 7,72 8,34 9,96
1,40 1,81 2,34 3,31 4,05 4,68 5,73 6,62 7,40 8,11 8,76 10,47
1,50 1,90 2,45 3,47 4,25 4,90 6,00 6,93 7,75 8,49 9,17 10,96
1,60 1,98 2,56 3,62 4,43 5,12 6,27 7,24 8,09 8,86 9,57 11,44
1,70 2,06 2,66 3,77 4,62 5,33 6,53 7,54 8,43 9,23 9,97 11,92
1,80 2,14 2,77 3,91 4,79 5,54 6,78 7,83 8,75 9,59 10,36 12,38
1,90 2,22 2,87 4,06 4,97 5,74 7,03 8,12 9,07 9,94 10,74 12,83
2,00 2,30 2,97 4,20 5,14 5,94 7,27 8,40 9,39 10,29 11,11 13,28

Exemplo 5.43
Achar a velocidade para declividade de 0,005m/m (0,5%) e diâmetro D=1,00 para seção a y/D=0,80.
Consultando a Tabela (5.36) achamos D=1,00m e achamos V=1,87m/s

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Tabela 5.37- Vazão Q (m3/s) para y/D=0,80 em função do diâmetro (m) e da declividade (m/m)
conforme Metcalf&Eddy. Q= (K´/n) D8/3 . S 0,5 , sendo n=0,015 para tubos de concreto e
K´=0,305.
Declividade (m/m)
D 0,003 0,005 0,01 0,015 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,10
0,30 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22 0,26
0,40 0,10 0,12 0,18 0,22 0,25 0,31 0,35 0,39 0,43 0,47 0,56
0,50 0,18 0,23 0,32 0,39 0,45 0,55 0,64 0,72 0,78 0,85 1,01
0,60 0,29 0,37 0,52 0,64 0,74 0,90 1,04 1,16 1,28 1,38 1,65
0,70 0,43 0,56 0,79 0,96 1,11 1,36 1,57 1,76 1,92 2,08 2,48
0,80 0,61 0,79 1,12 1,37 1,59 1,94 2,24 2,51 2,75 2,97 3,55
0,90 0,84 1,09 1,54 1,88 2,17 2,66 3,07 3,43 3,76 4,06 4,85
1,00 1,11 1,44 2,03 2,49 2,88 3,52 4,07 4,55 4,98 5,38 6,43
1,10 1,44 1,85 2,62 3,21 3,71 4,54 5,24 5,86 6,42 6,94 8,29
1,20 1,81 2,34 3,31 4,05 4,68 5,73 6,61 7,39 8,10 8,75 10,46
1,30 2,24 2,89 4,09 5,01 5,79 7,09 8,19 9,15 10,03 10,83 12,94
1,40 2,73 3,53 4,99 6,11 7,05 8,64 9,98 11,15 12,22 13,20 15,77
1,50 3,28 4,24 5,99 7,34 8,48 10,38 11,99 13,41 14,68 15,86 18,96
1,60 3,90 5,04 7,12 8,72 10,07 12,33 14,24 15,92 17,44 18,84 22,52
1,70 4,58 5,92 8,37 10,25 11,84 14,50 16,74 18,72 20,50 22,15 26,47
1,80 5,34 6,89 9,75 11,94 13,79 16,88 19,50 21,80 23,88 25,79 30,83
1,90 6,17 7,96 11,26 13,79 15,92 19,50 22,52 25,18 27,58 29,79 35,61
2,00 7,07 9,13 12,91 15,81 18,26 22,36 25,82 28,87 31,63 34,16 40,83

Exemplo 5.44
Achar a vazão Q (m3/s) para declividade de 0,005m/m (0,5%) e diâmetro D=1,00 para seção a
y/D=0,80.
Consultando a Tabela (5.37) achamos Q=1,44m3/s

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Roteiro para um projeto de microdrenagem

1. Equação das chuvas intensas


Usar a equação existente e válida para o município Não havendo equação de chuva
intensa usar o programa Pluvio 2.1 da Universidade de Viçosa.

2. Tempo de concentração
Existem várias equações para o tempo de concentração. Não esquecer do tempo de
entrada de 10min ou 5min para região mais concentração.

3. Período de retorno
O período de retorno que deve ser admitido é Tr=25anos, mas dependendo da cidade ou
do local pode-se adotar outros períodos de retorno.

4. Método Racional
O método Racional é usado para áreas até 3km2 e usado em todo o mundo para o
dimensionamento de galerias de águas pluviais devido a facilidade de cálculos.

5. Colocação de PV
Com a planta do loteamento colocam-se PV nas esquinas, nas mudanças de níveis de
maneira que a distância máxima entre eles seja de 40m.
Da mesma maneira se colocam bocas de lobo de no máximo em 60m de espaçamento
uma da outra.

6. Áreas de influência de cada boco de lobo


Com a colocação das bocas de lobo calculam-se as áreas de influencia de cada boca de
lobo que será da ordem de 1500m2 a 2000m2. O estudo é feito por tentativas.

7. Capacidade máxima das sarjetas


Admite-se uma máxima altura de água na rua devido a segurança de veículos
(aquaplanagem) e pedestres.

8. Dimensionamento do tubo
As tubulações deverão ser calculadas com máximo y/D=0,80 com velocidades mínima de
0,60m/s e máxima de 5 m/s. O número de Froude não é importante neste caso.

9. Perdas de cargas conduto livre


Verificar se existe trecho em que a tubulação trabalhará como conduto forçado e
calcular por Hazen-Willians com o valor de C adequado com velocidade menores ou
iguais a 1,50m/s. Tomar o cuidado para que não haja extravasamento de poço de visita.
Manter no mínimo 0,30m de nível máximo da água no PV.

10. Ramal da boca de lobo


O ramal da boca de lobo não é dimensionado. O diâmetro mínimo é 0,40 e a declividade
mínima é 1%.

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11. Tampões de ferro fundido


Os tampões de ferro fundido adotados normalmente são de 600mm ou 800mm conforme
a autoridade local.

12. Lançamento em córregos e rios


No lançamento tomar cuidado com excesso de velocidade e da necessidade de dissipador
de energia para evitar erosão.

13. Número de Froude


O número de Froude entre 0,8 e 1,2 deve ser evitado devido a instabilidade do nível de
água. Assim o regime é todo fluvial ou todo crítico.

14. O projeto deverá ser refeito se o custo for muito alto ou se a solução técnica não for
satisfatória.

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5.48 Bibliografia e livros consultados


-AKAN, A. OSMAN. Urban Stormwater Hydrology. Technomic, 1993, 268 páginas
-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE TUBOS DE CONCRETO (ABTC).
Aduelas.
-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE TUBOS DE CONCRETO (ABTC).
Projeto estrutural de tubos circulares de concreto armado.
-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE TUBOS DE CONCRETO (ABTC).
Coeficiente de Manning.
-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE TUBOS DE CONCRETO (ABTC).
Cadernos de encargos sobre projetos de drenagem pluvial urbana.
-CHIN, DAVID A. Water resources Engineering. Prentice Hall, 2001. 749páginas.
-CIRIA Designing for exceedance in urban drainge- good practiced. Ciria, c635, publicado em 2006
com ISBN 0-86017-635-5, Londres.
-CHOW, VEN TE. Open channel Hydraulics. 21a ed. 1985 McGraw.Hill, 680 páginas.
-CHOW, VEN TE, MAIDMENT, DAVID R. E MAYS, LARRY W. Applied hydrology. 1988
McGraw.Hill, 572 páginas.
-CLARK COUNTY. Hydrologic criteria and drainage design manul. 12 de agosto de 1999.
-DAEE/CETESB, Drenagem Urbana- Manual de Projeto, 2ª ed, 1980, São Paulo, DAEE, 468
páginas.
-DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT).
MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MIT). Manual de drenagem de rodovias. Rio de Janeiro,
2006. Publicação IPR-724.
-FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION. Urban Drainage Design Manual. November 1996.
HEC 22, Metric Version.
-HAESTAD METHODs. Storm sewer design. Chapter 10, ano 2002.
-INTERNET-http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Dren05.html, acessado em 5 de fevereiro de
2008.
-LIMA, ANTONIO FIGUEIREDO et al. Projeto e construção de redes de esgotos. João Pessoa, 12
setembro de 1987, ABES-Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. 451 páginas.
-LOGANATHAM G.V. et al. Urban Stormwater management; in Water Resources Handbook, Mays,
Larry W. 1996, McGraw Hill.
-MAYS, LARRY W. Water Resources Engineering, 1ª ed, John Wiley&Sons, 2001, 761 páginas;
-MCCUEN, RICHARD H. Hydrologic analysis and design. 2a ed. New Jersey, Prentice Hall, 814p.
-NICKLOW, JOHN W. Design of stormwater inlets. In Mays, Larry, Stormwater collection systems
design handbook, 2001.
-POMPÊO, CESAR AUGUSTO. Sistemas urbanos de microdrenagem. Florianópolis, abril de 2001.
Notas de aula.
-PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE. Sistema de microdrenagem. Outubro de
2004
-PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO (PMSP). Diretrizes básicas para projetos de
drenagem urbana no município de São Paulo, Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica 1998. 279
páginas.
-PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO (PMSP). Instrução de projeto geométrico IP-03 no
município de São Paulo.
-PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO (PMSP). Classificação de vias IP-02 no município
de São Paulo.
-SANTA CLARA COUNTY. Drainage Manual. California, julho de 2007

5-104
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 5-Microdrenagem
Engenheiro Plínio Tomaz 12 de maio de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

-STEIN, STUART M. E YOUNG, G. KENETH. Hydraulic design of drainage for Higways. In


Mays, 1999 Hydraulic Design Handbook.
-TEXAS, DEPARTAMENT OF TRANSPORTATION. Hydraulic design Manual, 487 páginas,
março de 2004.
-TOMAZ, PLINIO. Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais. Ano 2002, São
Paulo, Editora Navegar, Esgotado 475páginas.
-TUCCI, CARLOS E. M. et al. Hidrologia- ciência e aplicação. ABRH, 1993, 943 páginas
-WILKEN, PAULO SAMPAIO. Engenharia de drenagem superficial. São Paulo, CETESB, 1978,
477 páginas.
-YEN, BEN CHIE. Hydraulics of sewer systems. In Mays, Larry, Stormwater collection systems
design handbook, 2001.

5-105
Vazão (m3/s) na sarjeta em função da declividade da rua
B (m) y T Sx=y/T 0,005 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11 0,12 0,13 0,14 0,15
4 5,7 2,0 0,029 0,028 0,040 0,056 0,069 0,079 0,089 0,097 0,105 0,112 0,119 0,125 0,132 0,137 0,143 0,148 0,154
5 7,1 2,5 0,028 0,050 0,070 0,099 0,122 0,141 0,157 0,172 0,186 0,199 0,211 0,222 0,233 0,244 0,254 0,263 0,272
6 8,4 3,0 0,028 0,080 0,113 0,159 0,195 0,225 0,252 0,276 0,298 0,319 0,338 0,356 0,374 0,390 0,406 0,422 0,436
7 9,7 3,5 0,028 0,119 0,168 0,238 0,291 0,336 0,376 0,412 0,445 0,475 0,504 0,532 0,557 0,582 0,606 0,629 0,651
8 11,1 4,0 0,028 0,168 0,238 0,337 0,412 0,476 0,532 0,583 0,630 0,673 0,714 0,753 0,789 0,825 0,858 0,891 0,922
9 12,4 4,5 0,028 0,229 0,324 0,458 0,561 0,648 0,724 0,793 0,857 0,916 0,971 1,024 1,074 1,122 1,168 1,212 1,254
10 13,0 4,7 0,027 0,261 0,369 0,521 0,638 0,737 0,824 0,903 0,975 1,042 1,106 1,165 1,222 1,277 1,329 1,379 1,427
11 13,0 4,7 0,027 0,261 0,370 0,523 0,640 0,739 0,826 0,905 0,978 1,045 1,109 1,169 1,226 1,280 1,332 1,383 1,431
12 13,0 4,8 0,027 0,262 0,370 0,524 0,641 0,741 0,828 0,907 0,980 1,047 1,111 1,171 1,228 1,283 1,335 1,386 1,434
13 13,0 4,8 0,027 0,262 0,371 0,525 0,643 0,742 0,830 0,909 0,982 1,049 1,113 1,173 1,231 1,285 1,338 1,388 1,437

Tabela (5.54) Vazão de um lado da sarjeta e velocidade na sarjeta em função da declividade da rua variando de 0,5% a 15%
padrão PMSP com leito carroçável variando de 4m a 13m, declividade transversal de 2%, com y até 13cm e corda livre de
água de 2,0m a 4,8m.

Velocidade (m/s) na sarjeta em função da declividade da rua


B (m) y T Sx=y/T 0,005 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11 0,12 0,13 0,14 0,15
4 5,7 2,0 0,029 0,49 0,69 0,98 1,20 1,38 1,55 1,70 1,83 1,96 2,08 2,19 2,30 2,40 2,50 2,59 2,68
5 7,1 2,5 0,028 0,56 0,80 1,13 1,38 1,59 1,78 1,95 2,11 2,25 2,39 2,52 2,64 2,76 2,87 2,98 3,08
6 8,4 3,0 0,028 0,63 0,89 1,26 1,55 1,79 2,00 2,19 2,37 2,53 2,68 2,83 2,97 3,10 3,22 3,35 3,46
7 9,7 3,5 0,028 0,70 0,99 1,40 1,71 1,97 2,21 2,42 2,61 2,79 2,96 3,12 3,27 3,42 3,56 3,69 3,82
8 11,1 4,0 0,028 0,76 1,08 1,52 1,86 2,15 2,40 2,63 2,85 3,04 3,23 3,40 3,57 3,73 3,88 4,02 4,17
9 12,4 4,5 0,028 0,82 1,16 1,64 2,01 2,32 2,60 2,84 3,07 3,28 3,48 3,67 3,85 4,02 4,18 4,34 4,50
10 13,0 4,7 0,027 0,85 1,20 1,69 2,07 2,40 2,68 2,93 3,17 3,39 3,59 3,79 3,97 4,15 4,32 4,48 4,64
11 13,0 4,7 0,027 0,85 1,20 1,69 2,07 2,40 2,68 2,93 3,17 3,39 3,59 3,79 3,97 4,15 4,32 4,48 4,64
12 13,0 4,8 0,027 0,85 1,20 1,69 2,07 2,40 2,68 2,93 3,17 3,39 3,59 3,79 3,97 4,15 4,32 4,48 4,64
13 13,0 4,8 0,027 0,85 1,20 1,69 2,07 2,40 2,68 2,93 3,17 3,39 3,59 3,79 3,97 4,15 4,32 4,48 4,64

Em amarelo: velocidade na sarjeta acima do permitido: 3,5m/s


Curso de Manejo de Águas Pluviais
Capitulo 6- Vazão excedente
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Capítulo 6- Vazão excedente

6.1 Introdução
As enchentes causam um grande problema em áreas urbanas conforme se pode
ver na Figura (6.1). As obras de boca de lobo e galerias são chamadas de obras de
microdrenagem.

Figura 6.1- Enchente em área urbana

Figura 6.2- Medindo a altura de enchente

Haverá ocasião nas cidades em que as águas pluviais escoam superficialmente


pelas ruas causando riscos a pessoas, propriedades e ao trânsito conforme Figura (6.2).
A Figura (6.3) mostra a seção transversal e a seção equivalente de uma rua
típica.

Figura 6.3- Corte transversal de uma rua com a seção original e a seção
equivalente

6-1
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Capitulo 6- Vazão excedente
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6.2 Vazão excedente


Até hoje é costume se adotar em obras urbanas basicamente dois períodos de
retorno: um para obras de microdrenagem e outro para macrodrenagem.
De modo geral para microdrenagem era adotado Tr=2anos a Tr=10anos. Para
macrodrenagem era adotado em canais Tr=25anos, Tr=50anos e eventualmente em
casos especiais Tr= 100anos.
A justificativa antiga era que não haveria problemas de haver uma pequena
inundação quando se adotava 5anos para a microdrenagem e 25anos para a
macrodrenagem. As ruas seriam inundadas por pouco tempo e não haveria problemas.
Ninguém fazia o cálculo do nível de inundação que daria nas ruas e avenidas e os
prejuízos por ela causados.
A Figura (6.4) nos dá uma idéia do gráfico de vazões em função tempo,
mostrando a separação de vazão das águas pluviais que vão pela galeria e das águas
pluviais que vão por cima da rua.
Chamaremos de vazão excedente aquela que escoa superficialmente conforme
se pode ver na Figura (6.4).

Figura 6.4- Na figura se vê o escoamento em galerias e o escoamento


superficial excedente.

Mais tarde houve uma evolução, pois os prejuízos causados por um período de
retorno muito pequeno adotado em microdrenagem podem causar falhas graves como
prejuízo materiais e humanos.
Fora isto, entrou outra variável nova, que são as mudanças climáticas. Na
Inglaterra os estudos das mudanças climáticas já concluíram que o período de retorno
deve ser no mínimo Tr=30anos e as cidades em foram feitos estudos para Tr menores
que 30anos, devem rever seus estudos procurando fazer reservatórios de detenção e
outras alternativas para mitigar os prejuízos das enchentes que já estão começando a
acontecer.

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Figura 6.5 – Uma parte das águas vai para a galeria e outra corre por cima da
rua, isto é, a vazão excedente.
Fonte: CIRIA, 2006

Figura 6.6- Histograma mostrando na parte de baixo o colume encaminhado pela


microdrenagem, o volume de escoamento superficial e o volume armazenado em
reservatorios

6.3 Velocidade e profundidade de escoamento superficial em vias públicas


Uma das grandes preocupações em centro urbanos é como resolver o problema
das águas pluviais que vão por cima das ruas e implantar medidas para mitigar os
efeitos deletérios das mesmas, sabendo que alguns destes problemas é quase impossivel
de ser resolvido.
Vamos nos preocupar agora com o escoamento superficial para exarminar os
perigos que os mesmos causam em pessoas e bens materias baseados em trabalhos da
CIRIA e do County Clark.
Segundo Nania e Gomes, 2002 in CIRIA, 2006 os projetos de microdrenagem
devem ser atendidos o seguinte:
¾ Deverá ser evitada inundação e minimizar a interrupção de tráfico.

6-3
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¾ A profundidade (y) do escoamento superficial numa via pública deve ser no


máximo de 0,30m ou 0,20m numa rodovia.
¾ O risco dos pedestres serem levados pela enxurrada deve obedecer ao
seguinte critério: O produto da profundidade do escoamento superficial (y)
multiplicado pela velocidade (v) deve ser menor ou igual a 0,5m2/s.
¾ O risco de um pedestre escorrer na enxurrada deve ser obedecido o
seguinte critério; o produto da profundidade (y) x velocidade (v) ao
quadrado deve ser menor que 1,23m3/s2.

Exemplo 6.1
Em uma rua foi admitida 0,30m de nível de água de enchente com velocidade de
2,75m/s. Qual o risco de um pedestre ser levado pela enxurrada.
V= 2,75m/s
Y= 0,30m
Y x V= 0,30 x 2,75=0,83m2/s Como o produto Y x V é maior que 0,50
2
m /s então haverá risco de o pedestre ser levado pela enxurrada.

Exemplo 6.2-
Em uma rua foi admitida 0,30m de nível de água de enchente com velocidade de
2,75m/s. Qual o risco de um pedestre escorregar na enxurrada.
V= 2,75m/s
Y= 0,30m
Y x V2= 0,30 x 2,752=2,27m3/s2
Como o produto Y x V2 é maior que 1,23 m3/s2 então haverá risco de o pedestre
escorregar com a enxurrada.

As alturas máximas de inundação County Clark encontram-se na Tabela (6.1).

Tabela 6.1- Máxima altura da água conforme o uso e periodo de retorno


Uso típico Máxima altura da água Periodo de retorno
Reservatório de detenção ou
retenção ou bacia de Altura variável 30anos
infiltração
Estacionamento de carros 0,20m 30anos
Areas recreacionais 0,5m em áreas sem seguro 30anos
1,0m em áreas com seguro
Estradas secundárias 0,10m 30anos
Campos de futebol 0,5m em áreas sem seguro 20anos
1,0m em áreas com seguro
Parque ecológico 0,5m em áreas sem seguro 30anos
1,0m em áreas com seguro
Playground de Escolas 0,30m 30anos
Areas indústrias 0,50m 50anos
Estradas principais e rodovias 0,10m 100anos

6-4
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6.5 Probabilidades
As probabilidades segundo CIRIA, 2006 pode ser obtida pela Tabela (6.2):

Tabela 6.2- Probabilidades em função do período de retorno

6.6 Consequências
As consequências de uma inundação conforme Ciria, 2006 pode ser:
¾ Danos a propriedade
¾ Danos devido a profundidade (y)
¾ Danos devidos a profundidade (y) e a velocidade (v)
¾ Danos em hospitais, quarteis militares, etc

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6.7 Danos a propriedade

Tabela 6.3- Danos a propriedade

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6.8 Danos devido a profundide (y)

Tabela 6.4- Danos de acordo com o tipo de propriedade e a altura do nivel de água

6.8 Danos devidos a profundidade (y) e a velocidade (v)

Tabela 6.5- Consequência com relaçao a velocidade x profundidade

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Tabela 6.6- Condições locais com relação a profundidade ou profundidade x


velocidade.

Tabela 6.7- Danos a carro, adultos e crianças dentro do carro.

6.10 Danos em hospitais, quarteis militares, etc

6. 11 Cálculo do risco

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Figura 6.5- Riscos em função das consequências e das probabilidade

6.12 Método Racional


O método racional é um método indireto e foi apresentado pela primeira vez em
1851 por Mulvaney e usado por Emil Kuichling em 1889 e estabelece uma relação entre
a chuva e o escoamento superficial (deflúvio). É usado para calcular a vazão de pico de
uma determinada bacia, considerando uma seção de estudo. A chamada fórmula
racional é a seguinte:
Q= C . I . A / 360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C=coeficiente de escoamento superficial ou de runoff;
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia em (km2 ). 1km2=100ha.

6.13 Manning
A fórmula de Manning para qualquer seção de canal ou tubulação é a seguinte:
V= (1/n) . R 2/3 . S ½
Sendo:
V= velocidade média na seção (m/s);
n= coeficiente de Manning tem as dimensões TL –1/3;
R= raio hidráulico (m). O raio hidráulico é o quociente entre a área molhada e o
perímetro molhado;
S= declividade (m/m). A inicial “S” vem da palavra inglesa Slope.

6.14 Raio Hidráulico


O raio hidráulico é a relação entre a área molhada e o perímetro molhado.
Área molhada (m2)
R = --------------------------------
Perímetro molhado (m

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Que pode ser calculado de Manning, tirando-se o valor de R:


R = [V. n / (S1/2) ]3/2

Figura 6.7- Mostra o nivel da água em enchentes

Figura 6.8- Mostra o nivel da água em enchentes supondo seçao retangular

Figura 6.9- Mostra o nivel da água em enchentes supondo seçao trapezoidal com
revestimento laterais

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Figura 6.10- Mostra o nivel da água em enchentes supondo seçao trapezoidal com
revestimento total

Figura 6.11- Mostra o nivel da água em enchentes supondo seçao trapezoidal com
revestimento parcial lateral.

6.15 Velocidade crítica e altura crítica

6-11
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6.17 Bibliografia e livros consultados


- CIRIA- Designing for exceedance in urban drainage- good practice. CIRIA, C635,
London 2006. ISBN 0-86017-635-5 ou 978-0-86017-635-0
-CLARK COUNTY- Hydrologic criteria and drainage design manual. 12 agosto, 1999

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Curso de Manejo de águas pluvias
Capítulo 7- Bueiros
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Capítulo 7

Bueiros

“Engenharia= matemática + bom senso”


Prof. Marmo, cursinho Anglo-Latino, 1961

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Capítulo 7- Bueiros
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SUMÁRIO
Ordem Assunto

7.1 Introdução
7.2 Método semi-empírico do Federal Highway Administration (FHWA)
7.3 Seção de controle na entrada
7.4 Seção de controle na saída
7.5 Velocidade nos bueirios:depende se a secção de controle está na entrada ou na
saída
7.6 Pré-dimensionamento de um bueiro
7.7 Secção circular
7.8 Profundidade normal da seção trapezoidal ou seção retangular
7.9 Aduelas de concreto
7.10 Tubos de aço galvanizado
7.11 Tubos de PVC tipo Rib Loc
7.12 Routing do reservatório de detenção
7.13 Curva de performance
7.14 Dimensionamento de bueiro circular parcialmente cheiio
7.15 Altura crítica
7.16 Equações semi-empiricas para estimativa da altura crítica
7.17 Número de Froude
7.18 Erosão
7.19 Elementos estruturais
7.20 Protetores de velocidade
7.21 Bueiros múltiplos
7.22 Controle de detritos
45páginas

7-2
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Capítulo 7- Bueiros
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Capítulo 7-Bueiros

7.1 Introdução
Bueiros são condutos curtos usados em travessias de estradas e rodovias. Alguns
especialistas consideram que o bueiro tem largura menor que 6m e quando for maior trata-se
de uma ponte. Na verdade não existe definição muito precisa, pois existem bueiros duplos e
triplos com grandes larguras.
A análise teórica exata do escoamento de um bueiro é extremamente complexa,
conforme p.23 do livro Hydraulic Design of Highway Culverts de setembro de 2001
publicado pelo Federal Highway Administration (FHWA).
Os bueiros e pontes podem ser descritos em termos econômicos, hidráulicos, aspectos
estruturais e manutenção.
Os custos de um bueiro são menores que uma ponte. Quanto aos cálculos hidráulicos
são praticamente os mesmos. Na parte dos aspectos estruturais as pontes fazem parte da
estrutura da estrada e devem ser consideradas as cargas de veículos. Quanto a manutenção, os
bueiros necessitam de mais cuidados do que as pontes (Larry W. Mays e I. Kaan Tuncok
Capítulo 15 do livro Hydraulic Design Handbook, 1999).
Mays, 1999 enfatiza três parâmetros importantes em bueiros: carga do bueiro na
entrada H, velocidade da água no mesmo e altura do nível da água na saída do bueiro
(tailwater).
A análise de um bueiro embora pareça simples, é complicada. As equações que regem
os cálculos podem variar conforme o bueiro esteja submerso ou não ou conforme a saída do
bueiro esteja submerso ou não.
Existem numerosas pesquisas feitas nos Estados Unidos com inúmeros gráficos e
nomogramas para o dimensionamento de bueiros, levando-se em conta o comprimento,
rugosidade, perdas de cargas distribuídas, perdas de cargas singulares e carga do bueiro.
A seção de um bueiro pode ser circular, retangular ou elíptica.
Os bueiros podem ser feitos de diversos materiais, sendo mais comum o concreto armado,
chapas de aço galvanizado, tubos de ferro fundido e tubos de plásticos de grandes diâmetros.
Na Figura (7.1) temos os varios tipos de entrada e saída de bueiros. Podemos ver bueiros
com entrada e saída projetantes; bueros com muros de ala e testa; bueiros que acompanham a
saia do aterro e bueiros pré-moldados.

7-3
Curso de Manejo de águas pluvias
Capítulo 7- Bueiros
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Figura 7.1 Quatro tipo de entrada de bueiros, p. 651, Water Resources Engineering,
Mays

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Capítulo 7- Bueiros
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7.2 Método semi-empírico do Federal Highway Administration (FHWA)


O Federal Highway Administration (FHWA) dos Estados Unidos através de Norman
et al. elaborou em 1985 um método semi-empírico, que se baseia no conceito de seção de
controle na entrada e seção de controle na saída. Todas as pesquisas foram feitas pelo
National Bureau of Standards (NBS).
Existem 124 nomogramas para diversas seções nas unidades do Sistema Internacional
(SI) e nas unidades Inglesas e diversos materiais publicados pelo FHWA.
A carga de projeto será a maior das profundidades achada na seção de controle da
entrada e na seção de controle na saída.
Iremos seguir as recomendações de I. Kaan Tuncok e Larry W. Mays citados no
capítulo 15 do livro Hydraulic Design of Culverts and Highway Strutures do ano de 1999.

O projeto de um bueiro deve seguir os seguintes passos básicos:


• Determinação da vazão de pico conforme estudos hidrológicos da região e período de
retorno adotado
• Geometria do canal a jusante (largura, profundidade, declividade, rugosidade etc.)
• Por tentativas assumir uma configuração do bueiro, tal como opção por tubos, aduelas
etc
• Calcular a carga na entrada considerando seção de controle na entrada (HWi)
• Calcular a carga na entrada considerando seção de controle na saída (HWout)
• Avaliar as duas cargas e escolher a carga que será usada no projeto (usar a maior)
• Calcular a possibilidade das águas pluviais passarem sobre a estrada ou rodovia.
• Comparar os limites máximos admissíveis do nível da água e as velocidades limites do
bueiro e a jusante do mesmo
• Ajustar a configuração inicial (se necessário)
• Recalcular tudo novamente (se necessário)

7.3 Seção de controle na entrada


Usando a metodologia da seção de controle de um bueiro temos as equações abaixo
para seção de controle na entrada de um bueiro, que dependerão se o bueiro irá trabalhar
como orifício (submerso) ou como vertedor (não submerso).
Vamos expor que consta no FHWA- Hydraulic Design of Highway Culverts, setembro
de 2001, Publication FHWQA-NHI-01-020 p. 192 e 193. Pesquisas conduzidas pelo National
Bureau of Standards (NBS). Autores: Jerome M. Norman, Robert J. Houghtalen e William J.
Johnston.

Bueiro submerso
A equação do orifício (submerso) adaptado para as unidades do Sistema Internacional
(SI) é a seguinte:
(HWi /D) = c . ( 1,811 . Q/ A . D 0,5 ) 2 + Y + Z para (Q/ A D 0,5) ≥ 2,21 (Equação 7.1)
Sendo:
HWi = carga na entrada acima da geratriz inferior na entrada do bueiro(m)
D= altura do bueiro (m)
c= coeficiente fornecido pela Tabela (7.1)
Y= valor fornecido pela Tabela (7.1)
S= declividade do bueiro (m/m)

7-5
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Capítulo 7- Bueiros
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Z= termo para a declividade do bueiro sendo Z= 0,7 . S, para entrada acompanhando a saia do
aterro e Z= -0,5. S em outros casos
Q= vazão de pico da bacia hidrológica (m3/s)
A= área da seção transversal do bueiro (m2)
.
Bueiro não submerso
Quando o bueiro não está submerso, funciona como um vertedor e neste podem ser
aplicadas uma das duas equações:
Equação denominada no original de (Form1):
(HWi /D) = (Hc/ D) + K . ( 1,811 . Q/ A . D 0,5 ) M + Z para (Q/ A D 0,5) ≤ 1,93 (Eq. 7.2)
Sendo Hc a carga crítica fornecido por Hc= dc + Vc2 / 2g, onde dc é a profundidade crítica em
metros e Vc é a velocidade crítica (m/s) e K e M são constantes da Tabela (7.1).
A Tabela (7.1) é a tradução da última publicação do FHWA publicada em setembro de
2001 conforme já foi mencionado. Existem 124 nomogramas que facilitam o entendimento
das equações apresentadas.
Uma equação simplificada e fácil de ser aplicada e que pode ser usada em alguns casos
é aquação denominado no original do FHWA de (Form 2):
(HWi /D) = K . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) M para (Q/ A D 0,5) ≤ 1,93 (Equação 7.3)
É importante observar que os nomogramas do FHWA de setembro de 2001 usam
somente a Form 2, não havendo nomograma para a Form 1.
A equação denominado de Form 2 é simplificada e mais fácil de calcular, sendo por
isto, muitas vezes usada.

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Curso de Manejo de águas pluvias
Capítulo 7- Bueiros
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Tabela 7.1- Constantes para seção de controle na entrada em bueiros


Forma do bueiro ou Não submerso Submerso
Ordem material Descrição do tipo de entrada do bueiro
K M c Y
1
2 Tubo de concreto Entrada em ângulo reto com muros de ala de testa 0,0098 2,000 0,0398 0,670
3 Entrada em ranhura com muros de ala e de testa 0,0018 2,000 0,0292 0,740
4 Entrada projetante com ranhuras ou encaixe 0,0045 2,000 0,0317 0,690
5
6 Tubos de Chapas Metálicas Entrada com muro de testa 0,0078 2,000 0,0379 0,690
7 Entrada alinhada com a declividade da estrada 0,0210 1,330 0,0463 0,750
8 Entrada projetante 0,0340 1,500 0,0553 0,540
9
10 Tubos em aneis circulares Aneis com alargamento na entrada em ângulo de 45 º 0,0018 2,500 0,0300 0,740
11 Aneis com alargamento na entrada em ângulo de 33,7º 0,0018 2,500 0,0243 0,830
12
13 Seçao retangular Com muros de ala alargado de 30º a 75º 0,0260 1,000 0,0347 0,810
14 Com muros de ala alargado de 90º e 15º 0,0610 0,750 0,0400 0,800
15 Com muros de alas de 0º 0,0610 0,750 0,0423 0,820
16
17 Seçao retangular Com muros de ala alargado de 45º 0,5100 0,667 0,0309 0,800
18 Com muros de ala alargado de 18º a 33,7º 0,4860 0,667 0,0249 0,830
19
20 Seçao retangular Com muros de testa e muros de ala e com chanfro 3/4 0,5150 0,667 0,0375 0,790
21 Com muros de testa e muros de ala de 45º 0,4950 0,667 0,0314 0,820
22 Com muros de testa e muros de ala 33,7º 0,4860 0,667 0,0252 0,865
23
24 Seção retangular Com muros de testa, chanfro 3/4, inclinado de 45º 0,5450 0,667 0,04505 0,730
25 Com muros de testa, chanfro 3/4, inclinado de 30º 0,5330 0,667 0,0425 0,705
26 Com muros de testa, inclinado dde 15º ângulo 45º 0,5220 0,667 0,0402 0,680
27 Com muros de testa, inclinado de 10º ,ângulo 45º 0,4980 0,667 0,0327 0,750
28
Seçao retangular com com
29 chanfro 20mm Entrada a 45º sem recuo e com muros de alas 0,4970 0,667 0,0339 0,803
30 Entrada a 18,4º sem recuo e com muros de alas 0,4930 0,667 0,0361 0,806
31 Entrada a 18,4ºs/recuo, muros de alas e rebaixo de 30º 0,4950 0,667 0,0386 0,710
32
Seçao retangular com chanfro
33 no topo Com muros de ala de 45º, com alargamento,rebaixo 0,4970 0,667 0,0302 0,835
34 Com muros de ala de 33,7º com alargamento,rebaixo 0,4950 0,667 0,0252 0,881
35 Com muros de ala de 18,4º com alargamento,rebaixo 0,4930 0,667 0,0227 0,887
36
37 Seçao de metal corrugado Com muro de testa de 90º 0,0083 2,000 0,0379 0,690
38 Tubo projetante com parede grossa 0,0145 1,750 0,0419 0,640
39 Tubo projetante com parede fina 0,0340 1,500 0,0496 0,570
40
41
42 Horizontal Entrada em ângulo reto com muros de ala de testa 0,0100 2,000 0,0398 0,670

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43 Elipse Entrada em ranhura com muros de ala e de testa 0,0018 2,500 0,0292 0,740
44 Concreto Entrada projetante com ranhuras ou encaixe 0,0045 2,000 0,0317 0,690
45
46 Vertical Entrada em ângulo reto com muros de ala de testa 0,0100 2,000 0,0398 0,670
47 Elipse Entrada em ranhura com muros de ala e de testa 0,0018 2,500 0,0292 0,740
48 Concreto Entrada projetante com ranhuras ou encaixe 0,0095 2,000 0,0317 0,690
49
50 Tubo em arco Entrada com muro de testa de 90º 0,0083 2,000 0,0379 0,690
51 Raio do teto com 457,2mm Entrada alinhada com a declividade da entrada 0,0300 1,000 0,0463 0,750
52 Capa galvanizada Entrada projetante 0,0340 1,500 0,0496 0,570
53
54 Tubo em arco Entrada projetante 0,0300 1,500 0,0496 0,570
55 Raio do teto com 457,2mm Sem alargamento 0,0088 2,000 0,0368 0,680
56 Chapa galvanizada Com chanfro de 33,º 0,0030 2,000 0,0269 0,770
57
58 Tubo em arco Entrada projetante 0,0300 1,500 0,0496 0,570
59 Raio do teto com 787,40mm Sem alargamento 0,0088 2,000 0,0368 0,680
60 Chapa galvanizada Com chanfro de 33,7º 0,0030 2,000 0,0269 0,770
61
62 Metal corrugado Entrada com muro de testa de 90º 0,0083 2,000 0,0379 0,690
63 Entrada alinhada com a declividade da entrada 0,0300 1,000 0,0463 0,750
64 Entrada projetante com parede fina 0,0340 1,500 0,0496 0,570
65
66
67 Circular Diminuiçao lisa na entrada 0,5340 0,555 0,0196 0,900
68 Dimuiçao rustica na entrada 0,5190 0,640 0,0210 0,900
69
70 Eliptico Diminuiçao na entrada com bordas chanfradas 0,5360 0,622 0,0368 0,830
71 Face de entada Dimuiçao na entrada com bordas em ângulo 0,5035 0,719 0,0478 0,800
72 Diminuiçao na entrada com borda projetante 0,5470 0,800 0,0598 0,750
73
74 Retangular Diminuiçao na entrada 0,4750 0,667 0,0179 0,970
75
76 Retangular Diminuiçao na entrada com borda menos favorave 0,5600 0,667 0,0446 0,850
77 Concreto Diminuiçao na entrada com borda mais favoravel 0,5600 0,667 0,0378 0,870
78
79 Retangular Diminuiçao da declividade na entrada menos favoravel 0,5000 0,667 0,0446 0,650
80 Concreto Diminuiçao da declividade na entrada mais favoravel 0,5000 0,667 0,0378 0,710
Fonte: FHWA- Hydraulic Design of Highway Culverts, setembro de 2001, Publication FHWQA-NHI-01-020 p. 192 e 193. Pesquisas
conduzidas pelo National Bureau of Standards (NBS). Autores: Jerome M. Norman, Robert J. Houghtalen e William J. Johnston.

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Grizzard et al.,1996 in Water Resorces Handbook, Mays, 1993 cita a Tabela (7.2) que
é uma parte somente da Tabela (7.1), com as formas e entrada de bueiros mais freqüentes.

Tabela 7.2- Constantes para seção de controle na entrada em bueiros


Não submerso Submerso
Forma do bueiro ou material e descriçãodo tipo de entrada do bueiro
K M c Y
Tubo de concreto
Entrada em ângulo reto com muros de ala de testa 0,0098 2,000 0,0398 0,670
Entrada em ranhura com muros de ala e de testa 0,0018 2,000 0,0292 0,740
Entrada projetante com ranhuras ou encaixe 0,0045 2,000 0,0317 0,690
Tubos de Chapas Metálicas
Entrada com muro de testa 0,0078 2,000 0,0379 0,690
Entrada alinhada com a declividade da estrada 0,0210 1,330 0,0463 0,750
Entrada projetante 0,0340 1,500 0,0553 0,540
Tubos em aneis circulares
Aneis com alargamento na entrada em ângulo de 45 ° 0,0018 2,500 0,0300 0,740
Aneis com alargamento na entrada em ângulo de 33,7° 0,0018 2,500 0,0243 0,830
Seçao retangular
Com muros de ala alargado de 30° a 75° 0,0260 1,000 0,0347 0,810
Com muros de ala alargado de 90° e 15° 0,0610 0,750 0,0400 0,800
Com muros de alas de 0° 0,0610 0,750 0,0423 0,820

Fonte: Grizzard et al. in Urban Stormawater Management, cap. 26.13, Federal Highway Administration (FHWA, 1985)

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Exemplo 7.10
A vazão a escoar por um bueiro é de 4,59m3/s, a declividade do bueiro é de 0,005m/m
e trata-se de um bueiro de concreto de seção retangular com muro de testa, muros de alas a
45°, sendo a seção de 1,22m x 1,22m. O comprimento do bueiro é de 36,6m. Calcular a carga
na entrada HWi.
Primeiramente calculamos a relação (Q/ A D 0,5) nas unidades SI.
A área da seção transversal do bueiro =A= 1,22 . 1,22 = 1,488m2
Altura do bueiro= D= 1,22m
Vazão máxima da bacia=Q=4,59m3/s
Fazendo-se as substituições:
(Q/ A D 0,5)= (4,59/ 1,488 .1,22 0,5) = 2,79 ≥ 2,21
Trata-se de orifício (submerso) e podemos usar a Equação (7.1)
(HWi /D) = c . (1,811. Q/ A . D 0,5 ) 2 + Y + Z
Verificando a Tabela (7.1) para seção retangular com muros de testa e muros de ala de
45º achamos os coeficientes c, Y e para o valor de Z adotamos Z = -0,5 . S
c=0,0314
Y=0,82
Z= - 0,5 . S = -0,5 . 0,005 = -0,0025
(HWi /D) = c . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) 2 + Y + Z
Fazendo-se as substituições achamos:
(HWi /1,22) = 0,0314 . (1,811. 2,79 ) 2 + 0,82 - 0,0025
(HWi /1,22) = 0,80 + 0,82 - 0,0025 = 1,62
HWi = 1,62 . 1,22 = 1,98m
Portanto, a carga na seção de controle HWi a partir da geratriz inferior do bueiro é de 1,98m.
Nota: observar que praticamente não houve influência da declividade do bueiro na
determinação da carga na seção de controle e nem do comprimento do bueiro, quando a seção
de controle está na entrada.
A grande influência no dimensionamento quando a seção de controle é na entrada, são
dos coeficientes experimentais de perdas de cargas na entrada determinados em 1985 por
Normann et al. Daí a importância da Tabela (7.1) para a escolha adequada dos coeficientes.

7.4 Seção de controle na saída


Quando a seção de controle é na saída o bueiro irá ter um escoamento subcrítico sendo
a seção plena ou não.
A perda de carga total H no bueiro é a somatória de varias perdas, tais como perdas na
entrada, perdas na saída e perdas distribuída ao longo do mesmo.
Para a condição de escoamento a seção plena temos:
H= He + Hf +H0 (Equação 7.3)
Sendo:
H = perda total (m)
He = perda de carga localizada na entrada (m)
Hf = perda distribuída (m)
H0 = perda de carga localizada na saída (m)
He = Ke . V2/2 g
H0 = Ks . V2/2 g
Hf = S . L
Usando a equação de Manning para o cálculo Hf de nas unidades SI é:

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Hf = (20 n2 L ) / R 1,33 ] V2/2 g


Sendo n o coeficiente de rugosidade de Manning, L o comprimento do bueiro em metros e R
o raio hidráulico em metros, V a velocidadade em m/s e g a aceleração da gravidade igual a
9,8 m/s2 e Ks=1.
O cálculo da perda de carga total H será:
H = [ 1 + Ke + (20 n2 L ) / R 1,33 ] . V2/2 g (Equação 7.4)

Exemplo 7.11
Calcular o valor da perda de carga total de um bueiro, sendo Ke=0,5; n=0,012;
L=36,6m; g=9,81m/s2 e vazão do canal é de 4,59m3/s para período de retorno de 50anos e
altura é 1,22m e largura de 1,22m.
Considera-se que o canal esteja a seção plena e, portanto o perímetro molhado P será:
P = 1,22 + 1,22 + 1,22 + 1,22 = 4,88m
A área molhada A=1,22 . 1,22 = 1,488m2
O raio hidráulico R= A/P = 1,488/4,88 =0,3049m
Como Q= A . V então V= Q/A = 4,59/1,488 = 3,08m/s
Substituindo na Equação (7.20)
H = [ 1 + Ke + (20 n2 L ) / R 1,33 ] . V2/2g
H = [ 1 +0,5 + (20 x 0,0122 x 36,6 ) / 0,3049 1,33 ] x [3,082/(2x 9,81)] = 0,81m
Portanto, a perda de carga total no bueiro é de 0,81m.

Tabela 7.3-Coeficientes “n” de Manning para bueiros


Tipo de conduto Descrição das paredes Coeficiente n de
Manning
Tubo de concreto Paredes lisas 0,010 a 0,013
Caixas retangulares de concreto Paredes lisas 0,012 a 0,015
Tubo de metal corrugado ou aduelas, nas formas Ondulações de 2 2/3” x ½” 0,022 a 0,027
anular, helicoidal (Manning n varia com o Ondulações de 6” x 1” 0,022 a 0,025
tamanho do bueiro) Ondulações de 5” x 1” 0,025 a 0,026
Ondulações de 3”x 1” 0,027 a 0,028
Öndulações de 6”x2” 0,033 a 0,035
Ondulações de 9”x 2 ½” 0,033 a 0,037
Tubo de metal corrugado, helicoidal, escoamento
em tubo circular a seção plena Com ondulações de 2 2/3”x ½” 0,012 a 0,024
Tubo metálico espiralado Paredes lisas 0,012 a 0,013
Tubo corrugado de polietileno Paredes lisas 0,009 a 0,015
Tubo corrugado de polietileno 0,018 a 0,025
Tubo de PVC Paredes lisas 0,009 a 0,011
Fonte: FHWA-= Hydraulics Design of Highway Culverts, p. 208 setembro de 2001

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Tabela 7.4-Coeficientes de perdas de cargas na entrada de bueiros para controle de


saída para escoamento à seção plena ou não. He= Ke (v2/ 2g)
Tipo de estrutura e projeto da entrada Coeficiente Ke
Tubo de concreto
Seguindo a saia de aterro do bueiro 0,7
Entrada projetante no aterro com borda em angulo 0,5
Muro de testa e muros de alas com borda em ângulo reto 0,5
Muro de testa e muros de alas com canto arredondado (raio= 1/12 D) 0,2
Entrada projetante do aterro com ranhuras 0,2
Chanfros de 33,7° ou 45° 0,2
Entrada lateral e inferior inclinada 0,2

Tubo ou arco de metal corrugado


Projetante no aterrro sem muro de testa 0,9
Seguindo a saia do aterro 0,7
Com muro de testa e muros de alas em ângulo reto 0,5
Com chanfros de 33,7° ou 45 ° 0,2
Entrada lateral e inferior inclinada 0,2

Concreto pré-moldado retangular


Muros de alas paralelos com topo em ângulo reto 0,7
Muros de alas de 10° a 25° ou de 30° a 75° com topo em ângulo reto 0,5
Com muro de testa paralelo ao aterro e sem muros de alas e com ângulos retos 0,5
Com muro de testa paralelo ao aterro e ângulos arredondados em três lados 0,2
Com muros de alas de 30° a 75° com topo e bordas arredondadas 0,2
Entrada lateral e inferior inclinada 0,2
Fonte: Normann et al. (1985) in Mays, Water Resources Engineering, p. 659

Conforme Figura (7.2) a linha de energia para escoamento em bueiro que tem o
escoamento a seção plena é dado pela seguinte equação:
HWo = TW + Vd 2 / 2g + H0 + He + Hf
Onde HWo é a carga acima da geratriz inferior da saida do bueiro e TW é o tailwater,
isto é, a profundidade medida a partir da geratriz inferior do bueiro na saída do mesmo.
Desprezando-se a velocidade Vd teremos:
HWo = TW + H0 + He + Hf (Equação 7.5)
que é válida para quando o bueiro está com escoamento a seção plena, isto é, TW≥ D.
Quando a seção do escoamento no bueiro não for plena, usa-se relação empírica que
é:
H = HWo - ho (Equação 7.6)
Onde ho é:
ho = maior [ TW, ( D +dc )/2 ]
Segundo Mays e Tuncok, capítulo 15.12 do livro Hydraulic Design Handbook, o
FHWA para evitar os cálculos tediosos quando a seção não é plena acharam que o ponto da
linha de energia na saída do bueiro está no ponto entre a altura critica e o diâmetro do bueiro e
pode ser calculado pela média (D +dc )/2. Foi observado que o valor de TW deve ser usado
somente se for maior do que (D +dc )/2.
Então a equação para carga necessária HW na entrada devida ao controle do bueiro na
saida, será:
HW = H + ho - L. S (Equação 7.7)
HW= carga na entrada do bueiro devido a seção de controle na saída (m)

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H=somatória das perdas de cargas localizadas e distribuídas ao longo do bueiro (m)


L= comprimento do bueiro (m)
S=declividade do bueiro (m/m).
TW= tailwater. É a altura da água na seção de saída. A profundidade do tailwater pode ser
calculada pela geometria da seção do canal após a saída do bueiro. O tailwater é medido a
partir da geratriz inferior da seção de saída do bueiro. A altura do TW é importante, pois pode
afetar a velocidade de saída dentro do bueiro.
D= altura do bueiro (m)
dc= altura crítica do nível de água (m)
ho = maior [ TW, ( D +dc )/2 ] (Equação 7.8)

Exemplo 7.12
Achar o valor de ho, sendo dado TW=0,90m D= 1,22m e dc= 1,11m.
A média de D e dc será: ( 1,22+1,11)/2 = 1,17m
Portanto, ho deverá ser o maior entre TW=0,90m e a média achada de 1,17m.
Então ho= 1,17m

Altura crítica de um bueiro de seção retangular


A altura crítica em um bueiro seção retangular pode ser calculada pela seguinte
equação:
dc = [ (Q/ B)2 / g ] (1/3) (Equação 7.9)

Exemplo 7.13
Achar a altura crítica de um bueiro de seção retangular sendo a vazão da bacia
hidrográfica de 4,59m3/s, a largura B do bueiro igual a 1,22m.
dc = [ (Q/ B)2 / g ] (1/3)
dc = [ ( 4,59/ 1,22)2 / 9,81 ] (1/3) = 1,13m
Portanto, a altura crítica do bueiro é de 1,13m.
Para bueiros de seção circular a melhor maneira para se obter a altura crítica é usar
nomogramas já existentes e de amplo conhecimento, como o citado no livro de Drenagem
Urbana, editada pela CETESB e DAEE de São Paulo em 1980.

Exemplo 7.14
Calcular a carga na entrada de um bueiro, considerando a seção de controle na saída
sendo fornecidos a perda de carga total H= 0,81m, o comprimento L=36,6m a declividade
S=0,005m/m e a altura ho já calculada de ho= 1,17m.
A Figura (7.2) mostra a linha de energia considerando V2/2g (EGL) e não
considerando (HGL).
HW = H + ho - L. S
HW = 0,81+ 1,17 - (36,6x 0,005) =0,81 + 1,17 - 0,18 = 1,80m

Portanto, a carga na entrada devido a seção de controle da saída é HW=1,80m

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Figura 7.2- Linha de energia para escoamento a seção plena p. 660 Mays, Water
Resources Engineering from Normann et al. (1985).

Figura 7.3- Velocidade no bueiro na entrada (a) e na saida (b) conforme Normann et al.
(1985) p. 663 do Mays, Water Resources Engineering

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7.5 Velocidade no bueiro: depende se a seção de controle está na entrada ou na saída


A velocidade mínima deve ser de 0,90m/s e a máxima de 4,5m/s.
A carga máxima recomendada por algumas cidades americanas é de 1,5 o
diâmetro do bueiro.
A velocidade da água no bueiro pode ser verificada através da Figura (7.3) onde estão
os critérios para a velocidade do bueiro.
Há duas maneiras básicas de se calcular a velocidade no bueiro, uma quando a seção
de controle é na entrada e outra quando a seção de controle é na saída.
Quando a seção de controle é na entrada, deve-se seguir a Figura (7.3) no item a) e
deverá ser considerado a profundidade normal yn=dn=d.
Quando a seção de controle é na saída do bueiro, deve-se usar o procedimento b) da
Figura (7.3) que é mais complicado e que deve ter os seguintes procedimentos.
Considerando uma seção retangular cuja altura do bueiro é D, o tailwater TW, dc é a
profundidade crítica e d é a profundidade do bueiro que nós consideraremos quando vamos
calcular a velocidade no mesmo.
Devemos comparar TW, D e dc com o seguinte critério, que consta no livro Hydraulic
Design Handbook do Larry W. Mays, capítulo 7.14.
• Se TW < dc então se adota d=dc
• Se TW > dc e TW < D se adota d=TW
• Se TW > D se adota d=D

Exemplo 7.15 quando o controle está na saida


Qual o valor da altura de água no bueiro que será adotado, quando o tailwater
Tw=1,40m dc= 1,34m e altura de D=1,50m.
Como TW >dc e como TW < D adota-se d=1,40m que é o valor de TW.
Portanto, o valor a ser considerado para o cálculo da velocidade é d=1,40m

Exemplo 7.16 quando o controle está na saida


Qual o valor da altura de água no bueiro que será adotado, quando o tailwater
Tw=0,87m; dc= 1,34m e altura de D=1,50m.
Como TW <dc adota-se d=1,34m que é o valor de dc. Portanto, o valor a ser
considerado para o cálculo da velocidade é d=1,34m

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Exemplo 7.17- Aplicação do método semi-empírico do Federal Highway Administration


(FHWA)
Um bueiro de concreto armado com 60m de comprimento deve conduzir a vazão de
Q=11,33m3/s para tempo de retorno de 50anos e a declividade do bueiro é S=0,015m/m e
n=0,012.
A conta de fundo do bueiro é 140m, a cota da estrada 155m e a cota máxima que a
enchente pode atingir é 150m.
Foi arbitrada para o bueiro a largura de B=2,0m e altura D=1,50m.
O canal à jusante do bueiro tem 3,00m x 3,00m.

Primeiro passo: Determinação da vazão de pico usando os conceitos de Hidrologia


Foi usado o período de retorno de 50anos e achada a vazão de pico na bacia na seção
em questão sendo Q= 11,33m3/s.

Segundo passo: dimensões a jusante do bueiro


As dimensões a jusante do bueiro é de seção retangular com 3,00m de largura por
3,00m de altura.

Terceiro passo: selecionamos uma seção.


Escolhemos uma seção retangular com largura de 2,0m e altura de 1,50m.

Quarto passo: cálculo da carga de controle supondo a seção na entrada HW=HWi


Primeiramente calculamos a relação:
(Q/ A D 0,5) ≥ 2,21
(11,33/ (1,5 . 2,0) 1,5 0,5) = 3,08 > 2,21
Portanto, usamos a Equação (7.21).
(HWi /D) = c . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) 2 + Y + Z
Usando a Tabela (7.1) achamos os coeficientes c, Y e adotamos Z=-0,5.S
c= 0,0314
Y=0,82
Z= -0,5. S = - 0,0075
Substituindo os valores:
(HWi /D) = c . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) 2 + Y + Z
(HWi /1,50) = 0,0314 . ( 1,811. 11,33/ 3,00 . 1,5 0,5 ) 2 + 0,82 – 0,0075 = 1,79
HWi= 1,5 . 1,79 =2,69m
Portanto HWi= 2,69m

Quinto Passo: achar a carga na entrada quando o controle é na saída


O tailwater TW=0,90 é fornecido no problema. O TW pode ser calculado no trecho a
jusante do bueiro por backwater computation ou é a profundidade normal.
Calculamos a profundidade crítica dc
dc = [ (Q/ B)2 / g ] (1/3)
dc = [ ( 11,33/ 2,00)2 / 9,81 ] (1/3) = 1,49m
Achamos a média entre dc e D.
(dc+D)/2 = (1,49 + 1,50)/2 = 1,49m
O valor de ho será o maior entre TW e a média obtida
ho = maior [ TW, ( D +dc )/2 ]

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Capítulo 7- Bueiros
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 25/07/08

ho = maior [ 0,90, 1,49]


ho=1,49m
O valor de Ke é tirado da Tabela (7.4) sendo Ke=0,2.
Vamos a carga H supondo que o bueiro funcione a seção plena.
Sendo a área da seção A= 3,00m2 a velocidade será V= 11,33/ 3,00 =3,78m/s
O perímetro molhado P= 2,00 . 2 + 1,5 . 2 =7,00m
O raio hidráulico R= A/P = 3,00/ 7,00 = 0,43m
O coeficiente de Manning adotado segundo a Tabela (7.3) para concreto é n=0,012
O termo V2/ 2g = 3,782/ 2. 9,81 =0,73
A parcela da perda de carga distribuída hf será:
H = [ 1 + Ke + (20 n2 L ) / R 1,33 ] . V2/2g
H = [ 1 + 0,02 + (20x 0,0122 x60 ) / 0,43 1,33 ] x 0,73= 1,43m

Sétimo Passo: calculo da carga na entrada supondo o controle na saida


Vamos achar a carga na entrada supondo o controle na saida, conforme hipótese inicial.
HW = H + ho - L. S
HWout= 1,43 + 1,49 - (60,0 . 0,015) = 2,02m
Portanto a carga HWout devido a suposição do controle na saída é 2,02m.

Oitavo passo: verificação onde está o controle do bueiro


A carga HW calculada supondo a carga na entrada HWi= 2,69m e a carga na entrada
supondo o controle na saída é de HWout = 2,02m. Conforme recomendação da FHWA, deve-
se tomar o maior dos dois e, portanto a conclusão é que o controle está na entrada e a carga
HW a ser considerada deverá ser de 2,69m.

Nono passo: verificação de que a cota não ultrapasse o limite imposto


A cota na geratriz inferior do bueiro é 140,00m e somando 2,69m teremos a cota de
142,69m que é menor que a cota de 145m admitida como máximo a ser atingida.

Décimo passo: calculo da velocidade na saída do bueiro


Como se trata de controle na entrada a velocidade deverá ser levado em conta a Figura
(7.8) e, portanto deverá ser usada a profundidade normal do bueiro de seção retangular.
O calculo é feito por tentativas para se achar o valor de yn do bueiro, tendo-se a vazão,
a declividade e coeficiente de rugosidade de Manning.
O valor da profundidade normal yn= 0,91m e a velocidade na seção de saída é
V=6,23m que é muito grande, pois deveria ser no máximo de 5m.
A melhor solução é aumentar a largura da seção para diminuir a velocidade.

Décimo primeiro passo: verificação da necessidade de rip-rap


É necessário comparar a velocidade no bueiro de 6,23m/s com a velocidade a jusante
do bueiro que é obtida pela seção que foi fornecida de 3,00x 3,00 e cujo valor é v=
11,33/(3x0,90) = 4,19m/s.
Fazemos a relação entre as mesmas: 6,23m/s / 4,19m/s =1,45< 1,50, portanto como é
menor que 1,50 não precisamos de riprap na saída do bueiro.

Décimo segundo passo: recalcular tudo novamente


Como a velocidade no bueiro foi de 6,22m/s> 5m/s, devemos aumentar a seção e
recomeçar todos os cálculos novamente.

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Curso de Manejo de águas pluvias
Capítulo 7- Bueiros
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 25/07/08

Exemplo 7.18- Aplicação do método semi-empírico do Federal Highway Administration


(FHWA)
Um bueiro de concreto armado com 60m de comprimento deve conduzir a vazão de
Q=11,33m3/s para tempo de retorno de 50anos e a declividade do bueiro é S=0,015m/m e
n=0,012.
A conta de fundo do bueiro é 140m, a cota da estrada 155m e a cota máxima que a
enchente pode atingir é 150m.
Foi arbitrada para o bueiro a largura de B=3,50m e altura D=2,50m.
O canal à jusante do bueiro tem 3,00m x 3,00m.

Primeiro passo: Determinação da vazão de pico usando os conceitos de Hidrologia


Foi usado o período de retorno de 50anos e achada a vazão de pico na bacia na seção
em questão sendo Q= 11,33m3/s.

Segundo passo: dimensões a jusante do bueiro


As dimensões a jusante do bueiro é de seção retangular com 3,00m de largura por
3,00m de altura.

Terceiro passo: selecionamos uma seção.


Escolhemos uma seção retangular com largura de 3,5m e altura de 2,50m.

Quarto passo: cálculo da carga de controle supondo a seção na entrada HW=HWi


Primeiramente calculamos a relação:
(Q/ A D 0,5) ≤ 1,93
(11,33/ (3,5 . 2,5) 1,5 0,5) = 0,82 <1,93
Portanto, usamos a Equação (7.22).
(HWi /D) = ( Hc/ D) + K . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) M + Z para (Q/ A D 0,5) ≤ 1,93
Usando a Tabela (7.5) achamos os coeficientes K, M e adotamos Z=-0,5.S
K=0,7950
M=0,667
Z= -0,5. S = - 0,0075
dc = [ (Q/ B)2 / g ] (1/3)
dc = [ ( 11,33/ 3,50)2 / 9,81 ] (1/3) = 1,02m

Vc= Q/A = Q/ (dc . largura)= 11,33/(1,02 . 3,50) =3,17m/s


Mas Hc=dc + Vc2 / 2.g =1,02 + 3,17 2 / (2. 9,81) = 1,53m
Substituindo os valores:
(HWi /D) = ( Hc/ D) + K . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) M + Z
(HWi /D) = ( 1,53/ 2,50) + 0,7950 . ( 1,811. 11,33/ 8,75 . 2,5 0,5 ) 0,667 - 0,0075
(HWi /D) = 1,25
(HWi /2,50) = 1,25
HWi= 1,25 . 2,50 =2,19m
Portanto HWi= 2,19m
Quinto Passo: achar a carga na entrada quando o controle é na saída
O tailwater TW=0,90 é fornecido no problema. O TW pode ser calculado no trecho a
jusante do bueiro por backwater computation ou é a profundidade normal.
Calculamos a profundidade crítica dc
dc = [ (Q/ B)2 / g ] (1/3)

7-18
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Capítulo 7- Bueiros
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dc = [ ( 11,33/ 3,50)2 / 9,81 ] (1/3) = 1,02m


Achamos a média entre dc e D.
(dc+D)/2 = (1,02 + 2,50)/2 = 1,76m
O valor de ho será o maior entre TW e a média obtida
ho = maior [ TW, ( D +dc )/2 ]
ho = maior [ 0,90, 1,76]
ho=1,76m

O valor de Ke é tirado da Tabela (7.4) sendo ke=0,2.


Vamos a carga H supondo que o bueiro funcione a seção plena.
Sendo a área da seção A= 8,75m2 a velocidade será V= 11,33/ 8,75 =1,29m/s
O perímetro molhado P= 3,50 . 2 + 2,5 . 2 =12,00m
O raio hidráulico R= A/P = 8,75/ 12,00 = 0,73m
O coeficiente de Manning adotado segundo a Tabela (7.3) para concreto é n=0,012
O termo V2/ 2g = 1,292/ 2. 9,81 =0,09
A parcela da perda de carga distribuída hf será:
H = [ 1 + Ke + (20 n2 L ) / R 1,33 ] . V2/2g
H = [ 1 + 0,02 + (20 0,0122 .60 ) / 0,73 1,33 ] . 0,09= 0,14m

Sétimo Passo: cálculo da carga na entrada supondo o controle na saida


Vamos achar a carga na entrada supondo o controle na saida, conforme hipótese inicial.
HW = H + ho - L. S
HWout= 0,14 + 1,76 - (60,0 . 0,015) = 1,00m
Portanto a carga HWout devido a suposição do controle na saída é 1,00m.

Oitavo passo: verificação onde está o controle do bueiro


A carga HW calculada supondo a carga na entrada HWi= 2,19m e a carga na entrada
supondo o controle na saída é de HWout = 1,00m. Conforme recomendação da FHWA, deve-
se tomar o maior dos dois e, portanto a conclusão é que o controle está na entrada e a carga
HW a ser considerada deverá ser de 2,19m.

Nono passo: verificação de que a cota não ultrapasse o limite imposto


A cota na geratriz inferior do bueiro é 140,00m e somando 2,19m teremos a cota de
142,19m que é menor que a cota de 145m admitida como máximo a ser atingida.

Décimo passo: calculo da velocidade na saída do bueiro


Como se trata de controle na entrada a velocidade deverá ser levado em conta a Figura
(7.2) e, portanto deverá ser usada a profundidade normal do bueiro de seção retangular.
O calculo é feito por tentativas para se achar o valor de yn do bueiro, tendo-se a vazão,
a declividade e coeficiente de rugosidade de Manning.
O valor da profundidade normal yn= 0,56m e a velocidade na seção de saída é
V=5,78m que é grande, pois deveria ser no máximo de 5m.
A melhor solução é aumentar a largura da seção para diminuir a velocidade.

Décimo primeiro passo: verificação da necessidade de rip-rap


É necessário comparar a velocidade no bueiro de 5,78m/s com a velocidade a jusante
do bueiro que é obtida pela seção que foi fornecida de 3,00x 3,00 e cujo valor é v=
11,33/(3x0,90) = 4,19m/s.

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Curso de Manejo de águas pluvias
Capítulo 7- Bueiros
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Fazemos a relação entre as mesmas: 5,78m/s / 4,19m/s =1,45< 1,50, portanto como é
menor que 1,50 não precisamos de riprap na saída do bueiro.

Décimo segundo passo: recalcular tudo novamente


Apesar da velocidade no bueiro 5,78m/s> 5m/s, podemos aceitar a seção considerada
no inicio, ou seja 3,50m de largura por 2,50m de altura.

Exemplo 7.19- Aplicação do método semi-empírico do Federal Highway Administration


(FHWA)
Um bueiro de concreto armado com 200m de comprimento deve conduzir a vazão de
Q=11,33m3/s para tempo de retorno de 50anos e a declividade do bueiro é S=0,005m/m e
n=0,012.
Importante observar que a mudamos a declividade e o comprimento para dar um
exemplo de aplicação com controle na saída.
A conta de fundo do bueiro é 140m, a cota da estrada 155m e a cota máxima que a
enchente pode atingir é 150m.
Foi arbitrada para o bueiro a largura de B=1,70m e altura D=1,70m.
O canal à jusante do bueiro tem 3,00m x 3,00m.

Primeiro passo: Determinação da vazão de pico usando os conceitos de Hidrologia


Foi usado o período de retorno de 50anos e achada a vazão de pico na bacia na seção
em questão sendo Q= 11,33m3/s.

Segundo passo: dimensões a jusante do bueiro


As dimensões a jusante do bueiro é de seção retangular com 3,00m de largura por
3,00m de altura.

Terceiro passo: selecionamos uma seção.


Escolhemos uma seção retangular com largura de 1,70m e altura de 1,70m.

Quarto passo: cálculo da carga de controle supondo a seção na entrada HW=HWi


Primeiramente calculamos a relação:
(Q/ A D 0,5) ≥ 2,21
(11,33/ (1,7 . 1,7) 1,7 0,5) = 3,01 > 2,21
Portanto, usamos a Equação (7.21).
(HWi /D) = c . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) 2 + Y + Z
Usando a Tabela (7.1) achamos os coeficientes c, Y e adotamos Z=-0,5.S
c= 0,0314
Y=0,82
Z= -0,5. S = - 0,0025
Substituindo os valores:
(HWi /D) = c . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) 2 + Y + Z
(HWi /1,70) = 0,0314 . ( 1,811. 11,33/ 2,89 . 1,7 0,5 ) 2 + 0,82 – 0,0025 = 2,08
HWi= 1,70 . 2,08 =3,45m
Portanto HWi= 3,45m

Quinto Passo: achar a carga na entrada quando o controle é na saída

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O tailwater TW=0,90 é fornecido no problema. O TW pode ser calculado no trecho a


jusante do bueiro por backwater computation ou é a profundidade normal.
Calculamos a profundidade crítica dc
dc = [ (Q/ B)2 / g ] (1/3)
dc = [ ( 11,33/ 1,70)2 / 9,81 ] (1/3) = 1,65m

Achamos a média entre dc e D.


(dc+D)/2 = (1,65 + 1,70)/2 = 1,68m
O valor de ho será o maior entre TW e a média obtida
ho = maior [ TW, ( D +dc )/2 ]
ho = maior [ 0,90, 1,68]
ho=1,68m
O valor de Ke é tirado da Tabela (7.4) sendo Ke=0,2.
Vamos a carga H supondo que o bueiro funcione a seção plena.
Sendo a área da seção A= 2,89m2 a velocidade será V= 11,33/ 2,89 =3,92m/s
O perímetro molhado P= 1,70 . 2 + 1,7 . 2 =6,80m
O raio hidráulico R= A/P = 2,89/ 6,80 = 0,43m
O coeficiente de Manning adotado segundo a Tabela (7.3) para concreto é n=0,012.
O termo V2/ 2g = 3,922/ 2. 9,81 =0,012
A parcela da perda de carga distribuída hf será:
H = [ 1 + Ke + (20 n2 L ) / R 1,33 ] . V2/2g
H = [ 1 + 0,02 + (20 . 0,0122 .200,00 ) / 0,43 1,33 ] . 0,012= 2,98m

Sétimo Passo: calculo da carga na entrada supondo o controle na saida


Vamos achar a carga na entrada supondo o controle na saida, conforme hipótese inicial.
HW = H + ho - L. S
HWout= 2,98 + 1,68 - (200,00 . 0,005) = 3,66m
Portanto a carga HWout devido a suposição do controle na saída é 3,66m.

Oitavo passo: verificação onde está o controle do bueiro


A carga HW calculada supondo a carga na entrada HWi= 3,54m e a carga na entrada
supondo o controle na saída é de HWout = 3,66m. Conforme recomendação da FHWA, deve-
se tomar o maior dos dois e, portanto a conclusão é que o controle está na saida e a carga
HW a ser considerada deverá ser de 3,66m.

Nono passo: verificação de que a cota não ultrapasse o limite imposto


A cota na geratriz inferior do bueiro é 140,00m e somando 3,66m teremos a cota de
143,66m que é menor que a cota de 145m admitida como máximo a ser atingida.

Décimo passo: calculo da velocidade na saída do bueiro


Como se trata de controle na saida a velocidade deverá ser levado em conta a Figura
(7.2) e, portanto deverão ser usadas as comparações entre o TW, o D e yc.
O valor de TW=0,90m, D=1,70m yc=1,65m
Como yc>TW então usamos a profundidade d=yc=1,65m
V=11,33/ (1,65 . 1,70) = 4,04 m/s < 5,00 m/s

7-21
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Capítulo 7- Bueiros
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Décimo primeiro passo: verificação da necessidade de rip-rap


É necessário comparar a velocidade no bueiro de 4,04m/s com a velocidade a jusante
do bueiro que é obtida pela seção que foi fornecida de 3,00x 3,00 e cujo valor é:
V= 11,33/(3 .0,90) = 4,19m/s.
Não há necessidade de riprap.

Décimo segundo passo: recalcular tudo novamente


Como a velocidade no bueiro foi de 4,04m/s<5m/s damos como resolvido o problema.

Observação
Com o aumento do comprimento e diminuição da declividade o bueiro vai trabalhar
praticamente como uma canalização qualquer. A carga na entrada é de 3,66m acima do fundo
do bueiro que tem altura de 1,70m. O bueiro está afogado e está funcionando com altura de
escoamento igual a altura crítica que é 1,65m. O bueiro está quase trabalhando a seção plena.

Exemplo 7.20- Aplicação do método semi-empírico do Federal Highway Administration


(FHWA)
Um bueiro de concreto armado com 12m de comprimento deve conduzir a vazão de
Q=40,00m3/s para tempo de retorno de 100anos e a declividade do bueiro é S=0,0105m/m e
n=0,015 (Bueiro dos Pereira, Terra Preta, Mairiporã, Plinio Tomaz).
A conta de fundo do bueiro é 910m, a cota da estrada 915m e a cota máxima que a
enchente pode atingir é 914m.
Foram arbitrado 2 (dois) bueiros com largura de B=2,50m e altura D=2,50m.
O canal à jusante do bueiro seção trapezoidal com 3,00m de base, altura de 2,00m e
9,00m de largura na parte superior. A área é de 16m2.

Primeiro passo: Determinação da vazão de pico usando os conceitos de Hidrologia


Foi usado o período de retorno de 100anos e achada a vazão de pico na bacia na seção
em questão sendo a metadade de 40m3/s ou seja Q= 20,00m3/s.

Segundo passo: dimensões a jusante do bueiro


O canal à jusante do bueiro seção trapezoidal com 3,00m de base, altura de 2,00m e
9,00m de largura na parte superior. A área é de 16m2.

Terceiro passo: selecionamos uma seção.


Escolhemos uma seção retangular com largura de 2,50m e altura de 2,50m.

Quarto passo: cálculo da carga de controle supondo a seção na entrada HW=HWi


Primeiramente calculamos a relação:
(Q/ A D 0,5) ≤ 1,93
(20,00/ (6,25 x 1,5) 1,5 0,5) = 2,02
Observar que o valor da relação obtido foi de 2,02 que não é menor que 1,93 e não é maior
que 2,2. Vamos então supor que o valor obtido seja menor que 1,93 em que funcionará como
vertedor,
Portanto, usamos a Equação (7.2).
(HWi /D) = ( Hc/ D) + K x ( 1,811. Q/ A x D 0,5 ) M + Z

7-22
Curso de Manejo de águas pluvias
Capítulo 7- Bueiros
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Usando a Tabela (7.1) para seçao retangular com muros de ala alargado de 30º a 75º
achamos os coeficientes K, M e adotamos Z=-0,5.S
K=0,0260
M=1,00
Z= -0,5. S = - 0,00525
dc = [ (Q/ B)2 / g ] (1/3)
dc = [ ( 20,00/ 2,50)2 / 9,81 ] (1/3) = 1,87m
Vc= Q/A = Q/ (dc . largura)= 20,00/(1,87 . 2,50) =4,28m/s
Mas Hc=dc + Vc2 / 2.g =1,87 + 4,28 2 / (2. 9,81) = 2,80m
Substituindo os valores:
(HWi /D) = ( Hc/ D) + K . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) M + Z
(HWi /D) = ( 2,80/ 2,50) + 0,0260 . (1,811 . 20,00/ 6,25 . 2,5 0,5 ) 1,00 - 0,00525
(HWi /D) = 1,21
(HWi /2,50) = 1,21
HWi= 1,21 . 2,50 =3,03m
Portanto HWi= 3,03m

Quinto Passo: achar a carga na entrada quando o controle é na saída


O tailwater TW=1,00 é fornecido no problema. O TW pode ser calculado no trecho a
jusante do bueiro por backwater computation ou é a profundidade normal.
Calculamos a profundidade crítica dc
dc = [ (Q/ B)2 / g ] (1/3)
dc = [ ( 20,00/ 2,50)2 / 9,81 ] (1/3) = 1,87m
Achamos a média entre dc e D.
(dc+D)/2 = (1,87 + 2,50)/2 = 2,18m
O valor de ho será o maior entre TW e a média obtida
ho = maior [ TW, ( D +dc )/2 ]
ho = maior [ 1,00, 2,18]
ho=2,18m

O valor de Ke é tirado da Tabela (7.4) sendo Ke=0,2.


Vamos a carga H supondo que o bueiro funcione a seção plena.
Sendo a área da seção A= 6,25m2 a velocidade será V= 20,00/ 6,25 =3,20m/s
O perímetro molhado P= 2,50 . 2 + 2,5 . 2 =10,00m
O raio hidráulico R= A/P = 6,25/ 10,00 = 0,68m
O coeficiente de Manning adotado segundo a Tabela (7.3) para concreto é n=0,015
O termo V2/ 2g = 3,202/ 2. 9,81 =0,52
A parcela da perda de carga distribuída hf será:
H = [ 1 + Ke + (20 n2 L ) / R 1,33 ] . V2/2g
H = [ 1 + 0,02 + (20x 0,0152 x12 ) / 0,68 1,33 ]x 0,52= 0,70m

Sétimo Passo: calculo da carga na entrada supondo o controle na saida


Vamos achar a carga na entrada supondo o controle na saida, conforme hipótese inicial.
HW = H + ho - L. S
HWout= 0,70 + 2,18 - (12,00 . 0,0105) = 2,76m
Portanto a carga HWout devido a suposição do controle na saída é 2,76m.

Oitavo passo: verificação onde está o controle do bueiro

7-23
Curso de Manejo de águas pluvias
Capítulo 7- Bueiros
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A carga HW calculada supondo a carga na entrada HWi= 3,03m e a carga na entrada


supondo o controle na saída é de HWout = 2,76m. Conforme recomendação da FHWA, deve-
se tomar o maior dos dois e, portanto a conclusão é que o controle está na entrada e a carga
HW a ser considerada deverá ser de 3,03m.

Nono passo: verificação de que a cota não ultrapasse o limite imposto


A cota na geratriz inferior do bueiro é 910,00m e somando 3,03m teremos a cota de
913,03m que é menor que a cota de 914m admitida como máximo a ser atingida.

Décimo passo: calculo da velocidade na saída do bueiro


Como se trata de controle na entrada a velocidade deverá ser levado em conta a Figura
(7.2) e, portanto deverá ser usada a profundidade normal do bueiro de seção retangular.
O calculo é feito por tentativas para se achar o valor de yn do bueiro, tendo-se a vazão,
a declividade e coeficiente de rugosidade de Manning.
O valor da profundidade normal yn= 1,51m e a velocidade na seção de saída é
V=5,30m que é grande, pois deveria ser no máximo de 5m/s.

Décimo primeiro passo: verificação da necessidade de rip-rap


É necessário comparar a velocidade no bueiro de 5,30m/s com a velocidade a jusante
do bueiro que é obtida pela seção que foi fornecida de 3,00x 3,00 e cujo valor é v= 40,00/(16)
= 2,50m/s.
Fazemos a relação entre as mesmas: 5,30m/s / 2,50m/s =2,12 > 1,50, portanto como é
maior que 1,50 precisa de riprap na saída do bueiro.

Décimo segundo passo: recalcular tudo novamente


Aceitamos a seção considerada de 2,50m x 2,50m x 2.

Exemplo 7.21- Aplicação do método semi-empírico do Federal Highway Administration


(FHWA)
Um bueiro de PVC Tigre denominado Ribloc com diâmetro de 2,00m e 100m de
comprimento deve conduzir a vazão de Q=8,13m3/s para tempo de retorno de 100anos e a
declividade do bueiro é S=0,0109m/m e n=0,010 (PVC). Local: Terra Preta, Mairiporã,
Córrego Terra Preta, 2001.
A conta de fundo do bueiro é 932,00m, a cota da estrada 936,00m e a cota máxima que
a enchente pode atingir é 935,00m.
Foi arbitrado para o bueiro o diâmetro 2,00.
O canal à jusante do bueiro tem 3,00m x 3,00m.

Primeiro passo: Determinação da vazão de pico usando os conceitos de Hidrologia


Foi usado o período de retorno de 100anos e achada a vazão de pico na bacia na seção
em questão sendo Q= 8,13m3/s.

Segundo passo: dimensões a jusante do bueiro


As dimensões a jusante do bueiro é de seção retangular com 3,00m de largura por
3,00m de altura.

Terceiro passo: selecionamos uma seção.


Escolhemos uma seção com diâmetro de 2,00m.

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Quarto passo: cálculo da carga de controle supondo a seção na entrada HW=HWi


Primeiramente calculamos a relação:
(Q/ A D 0,5) ≤ 1,93
(8,13/ (3,1416 x 2,0 0,5) = 1,83 <1,93
Portanto, usamos a Equação (7.22).
(HWi /D) = ( Hc/ D) + K . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) M + Z
Usando a Tabela (7.1) achamos os coeficientes K, M e adotamos Z=-0,5.S
K=0,0340 ( entrada projetante, bueiro com chapas)
M=1,50
Z= -0,5. S = - 0,00545
Para calcular yc da seção circular usamos estimativa:
ψ = Q2 / g = 8,132 / 9,81
yc = (1,01 / D 0,26) . ψ 0,25
yc = (1,01 / 2,00 0,26) . (8,13 2 / 9,81) 0,25
yc=1,36m

Achar a altura crítica e a velocidade crítica de uma tubulação com vazão de


8,13m3/s e diâmetro de D=2,00m.
Primeiramente calculamos:
Qc/ D 5/2 = 8,13/ 2 2,5 = 1,437
Entrando na Figura (7.9) com o valor 1,437 achamos Y/d=0,69 e A/D2=0,5780
Achamos então o valor da area molhada A= 0,5780 x D2= 0,5780 x 4=2,3m2
Q=Ax V e portanto Vc=Q/A= 8,13/2,3=3,52ms/
Vc= 3,52m/s
Y/D=0,69 e portanto, yc=D x 0,69= 2,00 x 0,69= 1,38m
y= 1,38m

Achamos Vc= 3,52m/s


Mas Hc=dc + Vc2 / 2.g =1,36 + 3,52 2 / (2x 9,81) = 1,99m
Substituindo os valores:
(HWi /D) = ( Hc/ D) + K . ( 1,811. Q/ A . D 0,5 ) M + Z
(HWi /D) = ( 2,22/ 2,00) + 0,0340 . ( 1,811 . 8,13/ 3,1416 . 2,0 0,5 ) 1,50 - 0,00545
(HWi /D) = 1,20
(HWi /2,00) = 1,20
HWi= 1,20x. 2,00 =2,40m

Portanto HWi= 2,40m

Quinto Passo: achar a carga na entrada quando o controle é na saída


O tailwater TW=1,00 é fornecido no problema. O TW pode ser calculado no trecho a
jusante do bueiro por backwater computation ou é a profundidade normal.
Achamos a média entre dc e D.
(dc+D)/2 = (1,36 + 2,00)/2 = 1,68m
O valor de ho será o maior entre TW e a média obtida
ho = maior [ TW, ( D +dc )/2 ]
ho = maior [ 1,00, 1,68]
ho=1,68m

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O valor de Ke é tirado da Tabela (7.4) sendo Ke=0,2.


Vamos a carga H supondo que o bueiro funcione a seção plena.
Sendo a área da seção A= 3,1416m2 a velocidade será V= 8,13/ 3,1416 =2,59m/s
O perímetro molhado P= 6,28m
O raio hidráulico R= A/P = 3,1416/ 6,28 = 0,50m
O coeficiente de Manning adotado segundo a Tabela (7.3) para PVC é n=0,010
O termo V2/ 2g = 2,592/ 2x 9,81 =0,34
A parcela da perda de carga distribuída hf será:
H = [ 1 + Ke + (20 n2 L ) / R 1,33 ] . V2/2g
H = [ 1 + 0,2 + (20 x0,0122 x100 ) / 0,73 1,33 ] x 0,34= 0,66m
Sétimo Passo: calculo da carga na entrada supondo o controle na saida
Vamos achar a carga na entrada supondo o controle na saida, conforme hipótese inicial.
HW = H + ho - L. S
HWout= 0,66 + 1,68 - (100 x 0,0109) = 1,25m

Oitavo passo: verificação onde está o controle do bueiro


A carga HW calculada supondo a carga na entrada HWi= 2,40m e a carga na entrada
supondo o controle na saída é de HWout = 1,25m. Conforme recomendação da FHWA, deve-
se tomar o maior dos dois e, portanto a conclusão é que o controle está na entrada e a carga
HW a ser considerada deverá ser de 2,40m.

Nono passo: verificação de que a cota não ultrapasse o limite imposto


A cota na geratriz inferior do bueiro é 932,00m e somando 2,40m teremos a cota de
934,40m que é menor que a cota de 935,00 admitida como máximo a ser atingida.

Décimo passo: cálculo da velocidade na saída do bueiro


Como se trata de controle na entrada a velocidade deverá ser levado em conta a Figura
(7.8) e, portanto deverá ser usada a profundidade normal do bueiro de seção retangular.
O calculo é feito por tentativas para se achar o valor de yn do bueiro, tendo-se a vazão,
a declividade e coeficiente de rugosidade de Manning.
Achamos a profundidade normal yn=0,88m e a velocidade correspondente V=6,21m/s.

7.6 Pré-dimensionamento de um bueiro


Os bueiros básicos têm de modo geral seção retangular ou circular.
Seção retangular
Para prédimensionamento de uma seção podemos supor a condição que leva a uma
seção de maior área, quando o bueiro não está submerso, ou seja, que a carga H é menor que
1,2 D, sendo D a altura do bueiro.
Na prática supomos que a carga seja 0,3m a 0,5m menos que o topo do bueiro.
Chaudhry, 1993 usa para pré-dimensionamento duas opções, sendo que uma o bueiro
funciona como vertedor quando H <1,2D e outra quando o bueiro funciona como orifício
quando H>1,2D.

Quando o bueiro funciona como vertedor, isto é, quando H < 1,2D


A fórmula do vertedor que usaremos é devida a Chaudhry, 1993 p. 160 que é:
Q= (2/3) . C . B. H . (2/3 . g . H) 0,5
Sendo Q a vazão de pico do vertedor (m3/s); B é a largura do vertedor (m), isto é, do
bueiro, H é altura do bueiro (m), g é acelaraçao da gravidade g=9,81m/s2 e C é um coeficiente

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que C=1 quando os cantos na entrada estão arrendodados e C=0,9 quando os cantos estão em
ângulos.
Adotaremos, para prédimensionamento, sempre que C=0,9.
Q= (2/3) . C . B. H . (2/3 . g . H) 0,5
Substituindo o valor de C=0,9 temos:
Q= 1,53. B. H 1,5

Exemplo 7.22
Pré-dimensionar um bueiro em aduela de concreto para vazao máxima de 11,33m3/s.
Escolhendo então uma das seções comercial usada na Prefeitura Municipal de São
Paulo com 3,50m de largura e altura de 2,50m, o valor da carga H que adotaremos será a
altura do bueiro menos 0,30m ou menos 0,50m.
Adotamos a altura do bueiro menos 0,5m ou seja 2,50m – 0,50m = 2,00m=H.
Sendo B=3,50m e H=2,00m o valor de Q= 1,53 . 3,50 . 2 1,5 = 15,15m3/s
Como o valor achado 15,15m3/s > 11,33m3/s aceitamos para inicio dos cálculos a
seção 3,50 x 2,50. O bueiro assim dimensionado estará provavelmente superdimensionado.
Os cálculos usados nas seções de controle na entrada e seção de controle na saída
deverão ser feitos para as devidas averiguações até atingir a dimensão mais econômica que
satisfaça as condições de construção do bueiro, sendo uma dela o nível máximo que poderá
ser atingido.
Notar que o vertedor pode trabalhar até valor menor que 1,2D.

Quando o bueiro funciona como orificio, isto é, quando H > 1,2D


A fórmula do orificio que usaremos é devida a Chaudhry, 1993 p. 160 que é:
Q= C . B. D . [2. g . (H – CD)] 0,5
Sendo:
C= 0,6 quando temos entrada em ângulo
C= 0,80 quando a entrada é arredondada.

Q= 0,6 . B. D . [2. g . (H – 0,6D)] 0,5

Exemplo 7.22
Pré-dimensionar um bueiro em aduela de concreto para vazao máxima de 11,33m3/s.
Escolhendo então uma das seções comercial usada na Prefeitura Municipal de São
Paulo com 3,50m de largura e altura de 2,50m.
Vamos supor que a carga sobre o bueiro esteja a 4,00m de altura, ou seja H=4m.
H> 1,2 x D= 1,2 x 2,5= 3,0m
Podemos então supor que o bueiro irá funcionar como um orifício.
Q= 0,6 . B. D . [2. g . (H – 0,6D)] 0,5
Q= 0,6 . 3,5. 2,5 . [2. g . (4,0– 0,6x2,5)] 0,5
Q= 36,77m3/s >> 11,33m3/s Portanto estará superdimensionado

7.7 Seção circular


Para um pré-dimensionamento de um bueiro circular temos duas hipóteses básicas.
Uma o bueiro funcionando como orifício com carga de 1,2D, ou seja, 20% acima da geratriz
superior conforme Tabela (7.5). Se o tubo pode funcionar como vertedor com altura de 0,75D.
Para isto usaremos as fórmulas de orifício e vertedor.
Q= K0 A0 (2 g h) 0,5

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Sendo:
Q= vazão de descarga (m3/s);
A0 = área da seção transversal do orifício (m2);
g= aceleração da gravidade g=9,81 m/s2 ;
h= altura da água sobre a geratriz superior da galeria ou da tubulação (m);
K0= Cd= coeficiente de descarga do orifício (adimensional).
O vertedor circular de parede vertical tem como fórmula aproximada.
Q= 1,518 . D 0,693 H 1,807
Sendo Q em m3/s, D e H em metros.

7.8 Profundidade normal de seção trapezoidal ou seção retangular


Uma maneira prática de se calcular a profundidade normal é através da equação da
continuidade, da equação de Manning e da equação que fornece o raio hidráulico em função
da altura y e com a declividade 1 (um) na vertical e z na horizontal teremos:
yn= ( Q. n / S 0,5) (3/5) . [ (B + 2. y . ( 1 + z 2) 0,5] 0,4 / ( B + z .y )

Exemplo 7. 23
Calcular a altura normal yn de um canal de seção retangular sendo dados: n=0,012
S=0,015m/m D=1,50m (altura) B=2,10m (largura da base) vazão de pico Q=11,33m3/s.
Como a seção é retangular z=0. Fazendo-se as substituições teremos:
yn= ( Q. n / S 0,5) (3/5) . [ (B + 2. y . ( 1 + z 2) 0,5] 0,4 / ( B +z .y )
yn= ( 11,33 . 0,012 / 0,015 0,5) (3/5) . [ (2,10 + 2. y . ( 1 + 0 2) 0,5] 0,4 / ( 2,10 + 0 .y )
O cálculo é feito por tentativa até que o valor de yn=y.
Fazendo algumas iterações:
Com y=0,5m obtemos yn=0,8m
Com y=0,7m obtemos yn =0,82m
Com y=0,8m obtemos yn=0,86m
Com y=0,87m obtemos yn= 0,87m
Por tanto, o valor achado da profundidade normal yn=0,87m
A área molhada será:
A= (B + z. y) = (2,10 + 0. 0,87) .0,87 = 1,827m2
V= Q/A = 11,33/ 1,827 = 6,22 m/s

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7.9 Aduelas de concreto


As seções de concreto armado de galeria pré-moldada usalmente pela Prefeitura
Municipal de São Paulo (PMSP) e adotadas em Guarulhos estão na Tabela (7.5).
As aduelas de modo geral são assentadas sobre camada de 50cm, sendo 30cm de
rachão, 10cm de pedra britada nº 3 e 10cm de lastro de concreto magro.

Tabela 7.5- Aduelas da PMSP e da Prefeitura Municipal de Guarulhos


Aduelas de concreto da PMSP
Seção de 1,70 x 1,70m
Seção de 2,00 x 1,50m
Seção de 2,00 x 1,50m
Seção de 2,00 x 1,50m
Seção de 2,00 x 2,20m
Seção de 2,00 x 2,20m
Seção de 2,10 x 2,10m
Seção de 2,50 x 2,50m
Seção de 3,00 x 3,00m
Seçao de 3,40 x 3,10m
Seção de 3,50 x 2,50m
Seção de 3,50 x 2,50m

O comprimento de cada aduela de comprimento usualmente é de 1,00m. A espessura


varia com a altura do aterro, devendo ser consultado o fabricante.
As aduelas podem ser duplas ou triplas, bastando dividir-se a vazão por dois ou três
respectivamente.
Para seções maiores que 6m deverá ser pensado em execução de pontes e não de
bueiro.
Existem firmas que fazem galerias pré-moldadas de concreto armado de acordo com
os seguintes padrões:

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Tabela 7.6- Aduelas padrão usadas na região metropolitana de São Paulo


fornecida por fabricante NBR 15396/setembro de 2006
Seção Espessura Comprimento Volume Peso
(largura x altura) (m) (m) (m3) (kg/peça)
1,50 x 1,50 0,15 1,50 1,04 3.750
2,00 x 1,50 0,15 1,50 1,19 4.300
2,00 x 2,00 0,15 1,50 1,34 4.800
2,00 x 2,00 0,20 1,50 1,80 6.500
2,00 x 2,00 0,25 1,50 2,30 8.300
2,50 x 1,50 0,15 1,50 1,34 4.800
2,50 x 2,00 0,15 1,50 1,49 3.600
2,50 x 2,00 0,20 1,00 2,00 4.800
2,50 x 2,50 0,15 1,00 1,68 4.000
2,50 x 2,50 0,20 1,00 2,24 5.380
2,50 x 2,50 0,25 1,00 2,83 6.750
3,00 x 1,50 0,15 1,00 1,49 3.600
3,00 x 1,50 0,20 1,00 2,00 4.800
3,00 x 2,00 0,15 1,00 1,64 4.000
3,00 x 2,00 0,20 1,00 2,24 5.400
3,00 x 2,50 0,15 1,00 1,82 4.370
3,00 x 2,50 0,20 1,00 2,44 5.860
3,00 x 3,00 0,20 1,00 2,64 6.340
3,00 x 3,00 0,25 1,00 3,33 8.000
3,00 x 3,00 0,35 1,00 4,77 11.500
3,50 x 1,50 0,20 1,00 2,24 5.400
3,50 x 2,50 0,20 1,00 2,64 6.340
3,50 x 3,00 0,25 1,00 3,58 8.600
3,50 x 3,00 0,35 1,00 5,12 12.300
3,50 x 3,50 0,25 1,00 3,83 9.200
4,00 x 2,50 0,25 1,00 3,58 8.600

Os modelos de aduelas fabricados pela ACA estão na Tabela (7.7):

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Tabela 7.7-Aduelas de concreto pré-moldado fornecido pela firma ACA, com


comprimento de 1,00m. A espessura da aduela depende da carga sobre a mesma.
Aduelas de concreto armado com 1,00m de largura
(largura x altura) em metros
1,00 x 1,00
1,50 x 1,00
1,50 x 1,50
2,00 x 1,00
2,00 x 1,50
2,00 x 2,00
2,50 x 1,50
2,50 x 2,00
2,50 x 2,50
3,00 x 1,00
3,00 x 1,50
3,00 x 2,00
3,00 x 3,00
3,50 x 2,00
3,50 x 2,50
4,00 x 1,50

A espessura das aduelas são em média de 0,15m, 0,18m, 0,20m 0,25m 0,30
dependendo da altura do aterro sobre as mesmas e da carga rolante. O usual é espessura de
0,20m.
O peso do concreto armado é de 2.400kg/ m3.
O custo do metro cúbico do concreto armado é aproximadamente R$ 451,00/m3 ou
seja US$ 188/m3 (1US$ = R$ 2,4 março/ 2002).

Exemplo 7.24
Portanto, para se estimar o custo de uma aduela de 1,50 x 1,50 x 1,00 com espessura
de 0,15m achamos o volume de concreto.
Volume de concreto = (1,50 + 0,15+0,15) x 1,00 x 0,15 x 2 + 1,50 x 1,00 x 0,15x2 = 0,99m3

Custo da peça = 0,99m3 x US$ 188/m3 = US$ 186/ peça


Exemplo 7.25
Estimar custo de uma aduela de 2,50 x 2,50 x 1,00 com espessura de 0,18m
Volume de concreto = (2,50 + 0,18+0,18) x 1,00 x 0,18 x 2 + 2,50 x 1,00 x 0,18 x 2 = 1,92m3

Custo da peça = 1,92m3 x US$188/m3 = US$ 361/ peça

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7.10 Tubos de aço galvanizado


Para a implantação de bueiros metálicos no corpo dos aterros, sem interrupção do
tráfego, por processo não destrutivo são usados chapas de aço galvanizado.
Bueiros metálicos executados sem interrupção do Tráfego - obras de arte correntes
destinadas ao escoamento de cursos d’água permanentes ou temporários, através de aterros
executados por processo não destrutivo.
Para sua construção são utilizadas chapas de aço corrugado, fixadas por parafusos e
porcas ou grampos especiais, cujo avanço de instalação é alcançado com o processo
construtivo designado "Tunnel-Liner".
Os bueiros podem ser de chapas metálicas corrugadas galvanizadas com ou sem
revestimento de epoxy.

Tunnel Liner

Diâmetros comerciais:
1,2m;1,60m; 1,8m; 2,0m; 2,2m; 2,4m; 2,6m; 2,8m; 3,0m; 3,2m; 3,4m; 3,6m; 3,8m;
4,0m; 4,2m; 4,4m; 4,6m; 4,8m; 5,0m;

Espessura das chapas de aço galvanizado: e=2,7mm 3,4mm 4,7mm e 6,3mm


Recobrimento: para tubos de 1,60m de diâmetro o recobrimento mínimo é de 1,20m e para
tubos de 2,00m o recobrimento mínimo é de 1,5m.

Coeficiente de Manning
n= 0,025 para tubos de aço galvanizado corrugado da Armco
n= 0,018 quando o tubo for revestido com concreto projetado

Revestimento de concreto projetado


Usa-se malha de aço da Telcon com concreto de 15 Mpa com 3cm de espessura na
parte menor da chapa. Como a chapa é corrugada e a profundidade é de 5cm teremos 8cm na
parte mais funda e 3cm na parte mais rasa. O revestimento aumenta a rugosidade, protege a
chapa contra esgotos sanitarios e outros produtos quimicos.
Em 10m de comprimento vai aproximadamente 2m3 de concreto a um custo de R$
700,00 (US$ 292).

Exemplo 7.26- Mairiporã, travessia de rua com tubo de DN=2,00 m chapa de espessura de
2,7mm para 2,00m de aterro. Comprimento de 10m. Vazão de 8,59m3/s.
Declividade de ser menor que 5% . O ideal da declividade é o máximo de 3%.
Adotamos declividade de 1%. Na Tabela (7.8) temos a planilha.
Tabela 7.8- Aplicação de tunnel liner com diâmetro de 2,00m e comprimento de 100m
com declividade de 1%.
Especificaçao Preço Quantidade Total
unitário
(US$) (R$)
Tunnel Liner de chapa ferro galvanizada com 2,00m 376/m 100 3.760
de diâmetro e chapa com espessura de 2,7mm
Revestimento com concreto projetado Verba 2800 2.800
Mão de obra de assentamento do tunnel liner 354/m 100 35.400
US$ 41.960
Preço médio US$ 420/m
Nota: 1US$ = R$ 2,43 (20/3/2002)

7-32
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Capítulo 7- Bueiros
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7.11 Tubos de PVC tipo Rib Loc


A firma Tigre fabrica dois tipos de tubos de PVC para drenagem de águas pluviais. O
tubo Rib Loc e o tubo Rib Loc Steel.

Figura 7.4 – Mostra a construção de tubo Tigre Rib Loc comum


Fonte: Tigre

Os tubos Tigre Rib Loc comum são fabricados nos diâmetros de 300mm a 3000mm e
são executados no canteiro de obras conforme Figura (7.4) e conforme Tabela (7.9)

Tubos Tigre Rib Loc Steel


São fabricados no canteiro de obras e possuem reforço de aço e são fabricados nos
diâmetros de 1500mm a 3000mm.
Destina-se a obras enterradas. Devidamente projetados para resistir às cargas
permanentes e acidentais, são indicados para a condução de fluidos em regime de conduto
livre ou conduto forçado a baixa pressão, com destaque para drenagem pluvial, galerias e
canalização de córregos (Fonte: Tigre).

Figura 7.5- Mostra a construção de tubo Tigre Rib Loc Steel


Fonte: Tigre

Figura 7.6 – Mostra a construção de tubo Tigre Rib Loc Steel com o reforço de aço
Fonte: Tigre

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Processo de Fabricação
Os perfis de PVC são produzidos por um processo de extrusão e possuem em suas
bordas encaixes macho-fêmea que propiciam o seu intertravamento durante o processo de
enrolamento helicoidal. Além do intertravamento mecânico, os perfis são também soldados
quimicamente, através da aplicação de um adesivo naquele encaixe, o que garante a
estanqueidade da junta helicoidal assim formada (Fonte:Tigre).
O enrolamento dos perfis de PVC é efetuado por intermédio de um equipamento de
pequeno porte, capaz de fabricar tubos de diferentes diâmetros e comprimentos. Essa
simplicidade e versatilidade do equipamento permitem que a fabricação dos tubos seja
efetuada na própria obra, sendo também possível o fornecimento dos tubos já confeccionados
(Fonte:Tigre).
O coeficiente de Manning para os tubos de PVC Rib Loc pode ser usado n=0,009.
Na Tabela (7.9) estão os preços por metro linear de tubos circulares de PVC Tigre Rib
Loc feitos no Brasil. Existem quatro tipos de perfis, que são o 112BR, 140BR1, 140BR2 e
168BR.

Tabela 7.9- Preço unitário e peso por metro de Tubos de PVC Ribloc conforme o
diâmetro e o tipo de perfil escolhido.
Diâmetro Perfil Peso por metro Preço unitario
(mm) (kg/m) (US$/m)

300 112BR 3,5 9,46


400 112BR 4,6 11,51
500 140BR1 7,2 19,92
600 140BR1 8,6 23,79
700 140BR1 14,8 30,42
700 140BR2 14,8 36,69
800 140BR2 16,8 41,93
900 140BR2 29,1 47,16
900 168BR 29,1 68,15
1000 168BR 32,2 73,37
1100 168BR 35,4 81,27
1200 168BR 38,6 89,11
1500 168BR 80,9 197,36
1800 168BR 97,1 238,99
2000 168BR 107,8 282,57
2500 168BR 134,8 353,84
3000 168BR 224,0 494,08
Nota: 1US$ = R$ 2,43 (19/03/2002)

Comparação de custos
Para efeito de comparação de custos de uma aduela de concreto de 2,00m x 2,00m
com 0,15m de espessura e 1,00m de comprimento por peça com um tubo de PVC Tigre
Ribloc com 2,00m de diâmetro.
O comprimento da tubulação foi admitido ser de 100m.
Para as aduelas de concreto foi previsto que a deve ter 0,50m de rachão, 0,15m de
pedra britada número 3 e 0,10m de lastro de concreto. Para o tubo de PVC foi previsto que o

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tubo foi asssente sobre manta geotextil e sobre a mesma tem camada de pedra britada némero
2 ou 3. Os tubos são assentes sobre a camada de pedra britada.
Na Tabela (7.9) estão o preço do tubo de PVC Rib loc que para 100m custará US$
66.242,78 enquanto que na Tabela (7.10) estão as aduelas de concreto com 2,00m x 2,00m
que custaria US$ 72.646,53. Havendo, portanto uma vantagem para os tubos de PVC Ribloc.

Tabela 7.10- Planilha de orçamento de bueiro com comprimento de 100m


executado em tubos Tigre PVC Rib Loc de 2,00m de diâmetro.
PREÇO PREÇO
Ordem Descriminação dos serviços UNIDADE UNITÁRIO TOTAL
QUANTIDADE
(US$) (US$)
1 Escavação mecânica de vala m3 600,00 2,53 1.518,52
2 Reenchimento de vala com apiloamento m3 520,00 8,28 4.305,51
3 Aterro e Compactação de vala m3 520,00 1,57 815,31
4 Corta Rio verba 1,00 205,76 205,76
5 Serviços Topográficos verba 1,00 205,76 205,76
6 Geotextil MT 200 m2 200,00 0,71 141,56
Lastro de brita com pedra 2 ou pedra 3 e com espessura
7 15cm m3 30,00 19,53 585,93
Assentamento de tubo de PVC Tigre Ribloc com 2,00m
8 diâmetro m 100,00 102,88 10.288,07
Fornecimento de tubo de PVC Tigre Ribloc com 2,00m
9 diâmetro perfil 168BR m 100,00 282,57 28.257,20
10 Subtotal 46.323,62
11 Eventuais (10%) 4.632,36
12 Subtotal 50.955,98
13 BDI (30%) 15.286,80
US$=66.242,78
14 Total Geral Preço médio= US$ 662,43/m

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Tabela 7.11- Planilha de orçamento de bueiro com comprimento de 100m


executado em aduelas de concreto 2,00m x 2,00m com 0,15m de espessura
PREÇO PREÇO
Ordem Descriminação dos serviços UNIDADE QUANTIDADE UNITÁRIO TOTAL
US$ US$
1 Escavação mecânica de vala m3 600,00 2,53 1.518,52
2 Reenchimento de vala com apiloamento m3 520,00 8,28 4.305,51
3 Aterro e Compactação de vala m3 520,00 1,57 815,31
4 Corta Rio verba 1,00 205,76 205,76
5 Serviços Topográficos verba 1,00 205,76 205,76
6 Geotextil MT 200 m2 300,00 0,71 212,35
Fornecimento de aduelas de concreto 2,00mx2,00mx
7 0,15mx1,00m M 100,00 248,56 24.855,97
8 Assentamento de aduela de concreto de 2,00m x 2,00m m 100,00 123,46 12.345,68
9 Lastro de rachão espessura de 50cm m3 150,00 19,19 2.877,78
10 Concreto magro espessura 10cm m3 30,00 86,01 2.580,25
11 Lastro de brita 3 espessura 15cm m3 45,00 19,53 878,89
12 Subtotal 50.801,77
13 Eventuais (10%) 5.080,18
14 Subtotal 55.881,95
15 BDI (30%) 16.764,58
US$=72.646,53
16 Total Geral Preço médio= US$ 726,47/m
Nota: 1 US$= R$ 2,43 (18/3/2002)

7.12 Routing do reservatório de detenção


O routing do reservatório em cálculo de bueiros não é muito comum. É destinado
quando a água a montante do bueiro fica represada em um reservatório com volume razoável
onde compensa estudar o efeito de reservação. Usam-se os mesmos conceitos de routing que
fazem parte do Capítulo 39 deste livro.

7.13- Curva de perfomance


Dada uma seção de um bueiro e variando a vazão e a carga colocando-se num gráfico
teremos a curva de perfomance. Ela é utilizada quando realmente necessário, e queremos
examinar o que aconteceria com vazões diferentes da vazão de projeto. Examina-se inclusive
a passagem de água sobre a estrada ou rodovia.

7.14 Dimensionamento de bueiro circular parcialmente cheio


Temos duas maneiras de achar a altura da lâmina d’água (altura normal yn) e a
velocidade de um bueiro circular parcialmente cheio: usando tabelas ou calcular diretamente.

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Figura 7.7 Tubo circular de diâmetro D e altura da lâmina h (Chin,2001, p. 228)

A altura h, ou seja, o valor y é fornecido pela seguinte equação:


h = y = (D/2). [ 1 – cos (θ/2)] (Equação 7.10)
A área molhada A será em função do diâmetro D e do ângulo central θ :
A= [(θ - seno (θ))/ 8] . D2 (Equação 7.11)
O perímetro molhado P será:
P=( D.θ) /2 (Equação 7.12)
O comprimento da superfície T , Chin 2001 p. 235 é dado por:
T= D. seno (θ /2) (Equação 7.11)
O ângulo central θ em radianos pode ser colocado em função da rugosidade n, vazão
Q, diâmetro D e da declividade S, segundo Chin, 2001 p. 228.
θ (-2/3). [(θ - seno (θ)] (5/3) - 20,16 . n. Q. D (-8/3) . S (-1/2) = 0 (Equação 7.12)

Exemplo 7.27
Calcular o ângulo central em radianos de um tubo circular com vazão de 4m3/s,
declividade de 1%, diâmetro de 1,50m e n=0,015.
Solução: usando a Equação (7.12) temos:
θ (-2/3) x [(θ - seno (θ)] (5/3) - 20,16 x 0,015 x 4. 1,5 (-8/3) x 0,01 (-1/2) = 0
A resolução é feita por tentativas
Achamos θ = 3,50 rad que é o ângulo central.

Exemplo 7.28
Achar o ângulo central θ em radianos, bem como a altura da lâmina d’água (altura
normal yn) e a velocidade da água de um tubo de D=1,5m, n=0,015, declividade de 1%
(S=0,01m/m) e vazão de 3,1m3/s.
Foi elaborada a Tabela (7.12) sendo o cálculo feito por tentativas, pois a raiz da
Equação (7.12) deve ser zero.
θ (-2/3) . [(θ - seno (θ)] (5/3) - 20,16 . n . Q. D (-8/3) . S (-1/2) = 0
O valor achado foi θ =3,20rad, y= yn= 0,80m e V=3,38m/s.

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Tabela 7.12- Dimensionamento da altura y e velocidade de bueiro circular a seção


parcialmente cheia
Vazão Q Valor θ Equação Perímetro molhado P Topo T Área molhada A Altura y Velocidade V
(m3/s) (rad) (tem que dar zero) (m) (m2) (m) (m/s)
(m)

3,1 0,50 -3,18 0,4 0,4 0,0 0,0 535,72


3,1 0,60 -3,17 0,5 0,4 0,0 0,0 311,74
3,1 0,70 -3,17 0,5 0,5 0,0 0,0 197,59
3,1 0,80 -3,16 0,6 0,6 0,0 0,1 133,37
3,1 0,90 -3,15 0,7 0,7 0,0 0,1 94,47
3,1 1,00 -3,13 0,8 0,7 0,0 0,1 69,53
3,1 1,10 -3,11 0,8 0,8 0,1 0,1 52,79
3,1 1,20 -3,08 0,9 0,8 0,1 0,1 41,13
3,1 1,30 -3,04 1,0 0,9 0,1 0,2 32,76
3,1 1,40 -3,00 1,1 1,0 0,1 0,2 26,59
3,1 1,50 -2,94 1,1 1,0 0,1 0,2 21,93
3,1 1,60 -2,87 1,2 1,1 0,2 0,2 18,36
3,1 1,70 -2,78 1,3 1,1 0,2 0,3 15,56
3,1 1,80 -2,69 1,4 1,2 0,2 0,3 13,34
3,1 1,90 -2,58 1,4 1,2 0,3 0,3 11,56
3,1 2,00 -2,45 1,5 1,3 0,3 0,3 10,11
3,1 2,10 -2,31 1,6 1,3 0,3 0,4 8,91
3,1 2,20 -2,15 1,7 1,3 0,4 0,4 7,92
3,1 2,30 -1,98 1,7 1,4 0,4 0,4 7,09
3,1 2,40 -1,80 1,8 1,4 0,5 0,5 6,39
3,1 2,50 -1,60 1,9 1,4 0,5 0,5 5,80
3,1 2,60 -1,38 2,0 1,4 0,6 0,5 5,29
3,1 2,70 -1,15 2,0 1,5 0,6 0,6 4,85
3,1 2,80 -0,92 2,1 1,5 0,7 0,6 4,47
3,1 2,90 -0,67 2,2 1,5 0,7 0,7 4,14
3,1 3,00 -0,41 2,3 1,5 0,8 0,7 3,86
3,1 3,10 -0,15 2,3 1,5 0,9 0,7 3,60
3,1 3,20 0,12 2,4 1,5 0,9 0,8 3,38
3,1 3,30 0,39 2,5 1,5 1,0 0,8 3,19
3,1 3,40 0,66 2,6 1,5 1,0 0,8 3,02

7.15 Altura crítica


Em um canal aberto a energia específica é calculada por:
E= y + V2/ 2g ou
E= y + Q2/ (2gA2)

Os valores de “E” podem ser postos na Figura (7.8) onde se observa a altura crítica yc,
o regime lento quando a altura é maior que yc e o regime rápido quando a altura do nível de
água é menor que yc.
O yc crítica é uma região instável.
Em uma tubulação o valor do ângulo crítico θc é dada pela equação:

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Capítulo 7- Bueiros
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θc= sen θc + 8 x (Q2/g) (1/3) x [sen(θc/2)] 1/3 x D -5/3


Sendo:
θc= angulo central crítico em radianos
Q= vazao (m3/s)
g= 9, 81m/s2
D= diâmetro da tubulação (m)

Uma maneira mais fácil conforme Mendonça et al, 1983 é usar a Figura (7.9) onde
aparece uma coluna com o valor Qc que se refere a situação critica.

Figura 7.8- Diagrama de energia específica


Fonte: Mendonça, et al, 1987

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Figura 7.9- Diagrama de energia específica


Fonte: Mendonça et al, 1987

Exemplo 7.29
Achar a altura crítica e a velocidade crítica de uma tubulação com vazão de 8,13m3/s e
diâmetro de D=2,00m.
Primeiramente calculamos:
Qc/ D 5/2 = 8,13/ 2 2,5 = 1,437
Entrando na Figura (7.5) com o valor 1,437 achamos Y/d=0,69 e A/D2=0,5780
Achamos então o valor da área molhada A= 0,5780 x D2= 0,5780 x 4=2,3m2
Q=Ax V e portanto Vc=Q/A= 8,13/2,3=3,52m/s
Vc= 3,52m/s
yc/D=0,69 e portanto, yc=D x 0,69= 2,00 x 0,69= 1,38m
yc= 1,38m

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7.16 Equações semi-empiricas para estimativa da altura crítica


French in Mays, 1999 em seu livro Hydraulic Design Handbook capítulo 3.7-
Hydraulic of Open Channel Flow, mostra quatro equações semi-empíricas para a estimativa
da altura crítica yc extraídas de trabalho de Straub, 1982.
Primeiramente é definido um termo denominado
ψ = Q2 / g ( Equação 7.13)
3 2
sendo Q a vazão (m /s) e g=9,81 m/s .

Seção retangular
yc = (ψ / b2) 0,33 (Equação 7.14)
Sendo b=largura do canal (m).

Exemplo 7.30
Calcular a altura crítica de um canal retangular com largura de 3,00m, vazão de 15m3/s.
Primeiramente calculamos ψ
ψ = Q / g = 15 2 / 9,81 = 22,94
2

yc = (ψ / b2) 0,33 = (22,94 / 32) 0,33 = 1,36m


Portanto, a altura crítica do canal é de 1,36m.

Seção circular
yc = (1,01 / D 0,26) . ψ 0,25 (Equação 7.15)
sendo D o diâmetro da tubulação.
Fórmula de Braine
yc= 0,483 x (Q/D) (2/3) + 0,083D 0,3< yc/D <0,9

Exemplo 7.31
Calcular a altura crítica de um tubo de concreto de diâmetro de 1,5m para conduzir uma vazão
de 3m3/s.
Primeiramente calculamos ψ
ψ = Q2 / g = 32 / 9,81 = 0,92
yc = (1,01 / D 0,26) . ψ 0,25 = (1,01 / 1,50,26) . 0,92 0,25 = 0,97m
Portanto, a altura critica no tubo é de 0,97m

Seção trapezoidal
Para a seção trapezoidal de um canal com base b e inclinação das paredes 1 na vertical
e z na horizontal, a altura critica é:
yc = 0,81 . (ψ / z 0,75 . b 1,25 ) 0,27 - b/ 30z ( Equação 7.16)

Exemplo 7.7
Achar a altura crítica de um canal trapezoidal com base de 3,00m, vazão de 15m3/s e
declividade da parede de 1 na vertical e 3 na horizontal ( z=3).
ψ = Q2 / g = 152 / 9,81 = 22,94
yc = 0,81 . (ψ / z 0,75 . b 1,25 ) 0,27 - b/ 30z = 0,81x ( 22,94 / 3 0,75 x 3 1,25 ) 0,27 - 3/ 30 x 3 =
yc = 1,04- 0,03 = 1,01m
Portanto, a altura crítica é de 1,01m

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Capítulo 7- Bueiros
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7.17 Número de Froude


O livro Drenagem Urbana, 1986 recomenda que se deve evitar que o número de
Froude esteja entre 0,9 e 1,1.

7.18 Erosão
Chin, 2001 recomenda velocidade máxima de 3m/s para tubos de metais corrugados e
mínima de 0,6m/s a 0,9m/s informando que velocidades de 4m/s a 5m/s são raramente usadas
devidos aos problemas de erosão e que não há uma velocidade máxima para bueiros em
concreto.
As velocidades na saída de um bueiro podem ocasionar problemas não desejados.
As técnicas para evitar os danos são basicamente três: elementos estruturais, protetores
de velocidade e dispositivos para controle de velocidade.

7.19 Elementos estruturais


No caso de velocidades de saída dos bueiros menores do que três vezes a velocidade
média do curso d’água existente são feitos muros de ala e muros de testa cujo comprimento é
em média de 1,80m. A largura deve ser tal que seja maior que 1/3 da largura do bueiro.

7-42
Curso de Manejo de águas pluvias
Capítulo 7- Bueiros
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Figura 7.10 Entrada com muro de testa e muro de ala


Fonte: Drenagem Urbana, 1980 p. 419.

7.20 Protetores de velocidade


Para velocidades maiores que 1,3 do curso d’água natural, mas menor que 2,5 vezes,
devem ser colocados rachões, rip-rap (pedras graduadas) e gabiões.
O rip-rap são pedras de diâmetros proporcionais a velocidade do fundo do canal e que
são assentadas com argamassa de cimento, devendo haver uma superfície irregular, para
dificultar o escoamento das águas.
Os gabiões apresentam rugosidade aproximada n=0,035. Em casos de usar gabiões
para degraus os mesmos devem ser encaixados nas margens e na parte jusante dos degraus
(Drenagem Urbana, 1980 p. 368).

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Capítulo 7- Bueiros
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Dispositivos para controle de velocidade


Quando a velocidade na saída de um bueiro for maior que 2,5 vezes a velocidade do
curso d’água natural é necessária a instalação de dissipadores de energia.

Abrasão
A abrasão é definida como a erosão do material do bueiro devido ao transporte de
sólido por arrastamento no curso d’água.

Corrosão
Todos os materiais dos bueiros são sujeitos a corrosão. Os bueiros de ferro
galvanizado são sujeitos a deterioração quando o pH do solo sai fora da faixa de pH=6 a
pH=10.
Para o concreto a corrosão se dá para água salgada quando há alternativa no bueiro de
seca ou não.

Sedimentação
No capítulo 7.37 do livro de Mays, 1999 o básico na sedimentação é devido a duas
características importantes de um bueiro, que são a rugosidade e a declividade.
O ideal é que o bueiro siga a mesma declividade e a mesma direção do curso d’água
natural. Velocidades muito baixas ocasionarão o depósito de material, ao passo que
velocidades muito altas ocasionarão erosão excessiva.
O bueiro deve ser cuidadosamente estudado para evitar os problemas de sedimentação
ou de erosão.

7.21 Bueiros múltiplos


O dimensionamento de um bueiro duplo ou triplo é feito dividindo-se a vazão máxima
por dois ou por três respectivamente.
Entretanto foi verificado que quando há bueiro duplo ou triplo vai acontecer que um
dos bueiros passa a funcionar corretamente enquanto que o outro ou outros vai haver
deposição de sedimentos e de lixo, a não ser que se deixe um bueiro em cota inferior e os
outros dois em cota superior.
A boa prática é evitar de se fazer bueiros múltiplos. No caso de ser necessário fazer
bueiro múltiplo deve-se limitar ao máximo de dois bueiros paralelos (FHWA, Hydraulic
Design of Highways Culverts, 2001).

7.22 Controle de detritos


O controle de detritos que entra e passa por um bueiro é bastante importante segundo
Chin 2001 p. 20.
Existem localidades nos Estados Unidos que devido aos detritos a seção do bueiro é
aumentada de 25% (vinte e cinco por cento). As Diretrizes básicas para projetos de drenagem
urbana no Município de São Paulo recomendam um acréscimo na seção útil de 20% a 30%
quando houver quando houver muitos detritos flutuantes. Isto, porém, não exclui os serviços
de manutenção e limpeza.

7-44
Curso de Manejo de águas pluvias
Capítulo 7- Bueiros
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 25/07/08

Figura 7.11- Entrada de bueiros com grades. Bueiro com muro de testa e muros de alas
p. 646 do livro do Linsley, Franzini et al- Water Resources Engineering

Figura 7.12-Peças de concreto para evitar a entrada de detritos no bueiro p. 647 do livro do Franzini

7-45
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 8- Falhas em pequenas barragens
Engenheiro Plínio Tomaz 6 de junho de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 8
Falhas em pequenas barragens
“O acesso à água e ao saneamento reduz, em média, 55% da mortalidade infantil”
TUCCI, (2001)

8-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 8- Falhas em pequenas barragens
Engenheiro Plínio Tomaz 6 de junho de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

SUMÁRIO
Assunto
Ordem

Capítulo 8 - Falhas em pequenas barragens


8.1 Introdução
8.2 Tempo de formação da brecha
8.3 Tempo de formação da brecha para maciço de barragem resistente e erodível
8.4 Largura média da brecha
8.5 Vazão de pico devido a brecha na barragem (Qp)
8.7 Tamanho e classificação dos perigos de uma barragem
8.8 Probable Maximum Flood (PMF)
14 páginas

8-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 8- Falhas em pequenas barragens
Engenheiro Plínio Tomaz 6 de junho de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 8 - Falhas em pequenas barragens

8.1 Introdução
A barragem é uma barreira artificial com o objetivo de armazenamento, desvio de água, controle de
cheias, geração de energia, navegação, lazer, etc. A barragem de Sadl el-Kafara, localizada no Egito com
18,6m de altura e construída de terra e pedra é a mais antiga do mundo datando de 2850 aC. Depois dela
temos em 700aC as barragens construídas pelo rei assírio Senaqueribe.
Conforme Portaria 717/1996 do DAEE, Barramento é todo maciço cujo eixo principal esteja num plano
que intercepta um curso d´água e respectivos terrenos marginais, alterando suas condições de escoamento
natural, formando reservatório de água a montante, o qual tem finalidade única ou múltipla.
Os barramentos mais comuns são em terra, concreto e gabião.

Figura 8.1- Tipos de barramentos: concreto, gabião e terra


Fonte: DAEE, 2005.
Risco
Risco é a possibilidade de ocorrências indesejáveis e causadoras de danos para a saúde, para os
sistemas econômicos e para o meio ambiente. Os riscos em obras tecnológicas são chamadas de falhas.

Perigo
Perigo é ameaça em si não mensurável e não totalmente evidente.

Falha
A falha em uma barragem é o escoamento espontâneo da água resultando de uma operação imprópria
ou da ruptura ou colapso de uma estrutura. A falha em uma barragem causa a jusante inundações rápidas,
danos as vidas e propriedades, forçando as pessoas a evacuarem dos locais onde moram.
As zonas de inundações são estimadas de duas maneiras básicas: a primeira é quando há uma brecha
na barragem num dia de sol ou uma operação irregular causando uma inundação a jusante e a segunda é
num dia de chuva muito forte onde há o colapso da estrutura da barragem.
Os efeitos secundários das inundações provocadas por falhas nas barragens são os danos no
abastecimento de água, na entrega de suprimentos, nos danos nos edifícios, enfim são mecanismos que
atrapalham toda a vida na cidade.
As causas principais das falhas estão na Tabela (8.1). Nas Figuras (8.2) e (8.3) está a brecha numa
barragem de terra onde se nota aproximadamente a forma trapezoidal.
Na Tabela (8.1) estão as porcentagens de falhas nas barragens, mostrando que a maioria é
overtopping, isto é, quando a água ultrapassa o topo da barragem.

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Capitulo 8- Falhas em pequenas barragens
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As falhas de overtopping atingem de 0,15m sobre a barragem até 0,61m, conforme BUREAU DE
RECLAMATION, 1998. No que se refere a perda de vidas (fatalidades) é 19 vezes maior quando não há aviso
à população a jusante da barragem e sujeita a risco.
Os vazamentos no maciço das barragens devido a vários motivos são 33% das falhas, isto é, a
segunda causa de falha nas barragens.

Tabela 8.1 - Porcentagem das falhas nas barragens


Localização das falhas nas barragens Porcentagem da falhas nas barragens
Overtopping 38%
Vazamento no maciço e nas tubulações 33%
Defeitos nas fundações 23%
Outros 6%
Total 100%
Fonte: ESTADO DE MARYLAND, (2001)

Conforme ww.ib.usp.br, 2009 o Comitê Brasileiro das Grandes Barragens (CBGB) vinculado ao The
International Comissiono on Large Dam considera uma grande barragem quando:
1. Tem mais de 15m de altura entre o ponto mais baixo da fundação até a crista.
2. Com altura entre 10m e 15m, mas que possua uma ou mais das seguintes características:

a) mínimo de 500m de comprimento de crista


b) mínimo de 100.000 m3 de água acumulada
c) acima de 2000m3/s de vazão
d) barragem com projeto não convencional

Conforme Straskaraba e Tundisi, 1999 a categoria do tamanho dos reservatórios é dado pela Tabela
(8.1).

Tabela 8.1- Categoria do tamanho de reservatórios segundo Straskraba e Tundisi


Categoria Volume Área
(m3) (km2)
Reservatório pequeno 106 a 108 1 a 100
Reservatório médio 108 a 1010 100 a 10.000
Reservatório grande 1010 a 1011 10.000 a 1.000.000

Para o presente trabalho consideramos pequenas barragens aquelas com alturas h ≤ 6,00m e
volume Vr ≤ 1.000.000m3 (na prática para áreas em torno de 100ha os volume não serão maiores que
200.000m3).
O DAEE- Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo adotada o período
de retorno de 100anos para barramentos com alturas iguais ou menores que 5m e comprimento da
crista iguais ou menores que 200m. Adota também borda livre f ≥ 0,50m para pequenas barragens,
conforme DAEE, 2005

h≤5m e L ≤ 200m

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Figura 8.2 - Falha na barragem de Loveton em 1989. Observar o tamanho do homem.


Fonte: ESTADO DE MARYLAND, (2001)

Figura 8.3 - Falha na barragem de Loveton em 1989. Observar a forma trapezoidal


Fonte: ESTADO DE MARYLAND, (2001)

Para detenção de volumes de água para enchentes em áreas urbanas, geralmente os volumes
armazenados são pequenos, bem como as alturas das barragens, levando-se em conta as barragens para
produção de energia elétrica, abastecimento de água, irrigação e outras.
Não devemos esquecer que as previsões de brechas nas barragens, vazões, etc., apresentam grandes
incertezas e são consideradas uma aproximação.
O período de retorno para estas pequenas barragens deve ser Tr= 100anos para o dimensionamento
do vertedor.
A Figura (8.4) mostra o esquema trapezoidal de uma falha em uma barragem observando-se que varia
a altura, largura e a inclinação.

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Figura 8.4 - Perfil típico de uma brecha em maciço de terra

As variáveis usadas em pequenas barragens são:

h= altura máxima da barragem (m)


W= comprimento da barragem (m)
b= largura da base do trapézio da brecha (m)
B= largura média da brecha (m)
V= volume de água armazenado na barragem (m3)
Wb= largura do topo da brecha (m)
D= profundidade máxima da brecha (m)
Z= talude da brecha Z (H) : 1 (V)
A= área da superfície do reservatório formado pela barragem (m2)
L= comprimento do reservatório desde a barragem até a montante (m)
Qp= vazão de pico da brecha (m3/s)
tf= tempo de formação da brecha (min)

A Figura (8.5) mostra a forma trapezoidal de uma brecha em uma barragem de terra.

Figura 8.5 - Brecha na barragem de terra comprovando a forma trapezoidal da mesma.

8.2 Tempo de formação da brecha de barragem de terra


O tempo para abertura de uma brecha em uma barragem varia aproximadamente de 15min a 60min.

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O tempo de formação da brecha é definido como o tempo que começa com a primeira brecha na
barragem na face de montante até atingir a face de jusante. Para falhas devida ao overtopping o início se dá
quando a brecha é formada a jusante após a erosão do topo da barragem e alcança a barragem a montante.
Froehlich, 1995 in BUREAU DE RECLAMATION, (1998) é citada a Equação do tempo de formação da
brecha:
tf = 0,1524 x V 0,53 / h 0,90
Sendo:
V= volume armazenado de água na barragem (m3);
h= altura da barragem (m) e
tf = tempo de formação da brecha (min).

Exemplo 8.1
Calcular o tempo de formação da brecha de uma barragem com 33.000m3 de volume e altura máxima
de 4,00m.
tf = 0,1524 x V 0,53 / h 0,90
tf = 0,1524 x 33000 0,53 / 4 0,90 = 11min

8.3 Tempo de formação da brecha para maciço de barragem resistente e erodível


Von Thun e Gillette in BUREAU OF RECLAMATION, (1998) apresentaram o tempo de formação de
uma brecha para dois tipos básicos de maciços de uma barragem, ou seja, maciço facilmente erodível e
maciço resistente à erosão.

tf = 1,20 x h + 15 (maciço resistente à erosão)

tf = 0,9 x h (maciço facilmente erodível)

Exemplo 8.2
Calcular o tempo de formação da brecha de uma barragem com maciço resistente a erosão com 5,00m
de altura..
tf = 1,20 x h + 15
tf = 1,20 x 5,00m + 15= 21min

Exemplo 8.3
Calcular o tempo de formação da brecha de uma barragem com maciço facilmente erodível com 5,00m
de altura.
tf = 0,9 x h
tf = 0,9 x 5,00= 4,5min

8.4 Largura média da brecha em barragem de terra


Pesquisas feitas por FROEHLICH, (1995) in Bureau of Reclamation, 1998 fornecem a largura média da
brecha (B), que tem forma trapezoidal.
B= 0,1803 x Ko x V 0,32 x h 0,19
Sendo:
B= largura média da brecha na barragem (m);
V= volume total armazenado de água na barragem (m3);
h= altura máxima da barragem (m);
Ko=coeficiente adimensional.
Ko= 1,4 para overtooping e
Ko= 1,0 para outros casos.

Exemplo 8.4
Calcular a largura média da brecha em uma barragem com volume de 33.000m3 e altura máxima de
4,00m.
No caso Ko= 1,0
B= 0,1803 x Ko x V 0,32 x h 0,19
B= 0,1803 x 1,00 x 33000 0,32 x 4,0 0,19= 6,6m
A Figura (8.6) mostra o overtopping e a evolução da brecha trapezoidal em uma barragem.

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Figura 8.6 - Perfil e seção de uma brecha notando a sua formação trapezoidal desde o início para uma
barragem de terra.

8.5 Vazão de pico devido a brecha na barragem (Qp)


Pesquisa feita por FROEHLICH, (1995) in Bureau of Reclamation, 1998 fornece a vazão de pico devido
a brecha na barragem.

Qp= 0,607 x V 0,295 x h 1,24


Sendo:
Qp= vazão de pico devido a brecha na barragem (m3/s);
V= volume total de água armazenado na barragem (m3);
h= altura máxima da barragem (m).

Exemplo 8.5
Calcular a vazão de pico ocasionada pela brecha na barragem que tem altura de 4,0m e volume de
33.000m3.
Qp= 0,607 x V 0,295 x h 1,24
Qp= 0,607 x 33.000 0,295 x 4,0 1,24 = 73 m3/s

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8.6 Tamanho e classificação dos perigos de uma barragem


Desde 1982 o US Corpy of Engineers utiliza o critério abaixo que foi adaptado e usado na maioria
dos estados americanos:

Tabela 8.9 - Tamanhos e classificação dos perigos de uma barragem


Categoria Volume Altura da barragem
(m3) (m)
Tamanho da barragem
Barragem pequena 61.675 m3 a 1.233.490m3 7,5m a 12,0m
Barragem média 1.233.490 m3 a 61. 675.000m3 12,0m a 30,0m
Barragem grande >61.675.000m3 > 30,0m

Classificação de perigos de Perda de vida Perdas econômicas


uma barragem
Baixa Não existem habitações Praticamente não existem
permanentes no local. estruturas agrícolas.
Média Existe pequeno número de Existem indústrias e estruturas
habitantes agrícolas
Alta Existem muitos habitantes. Existe comunidade extensiva.
Fonte: MAYS, (2001)

A segurança de uma barragem conforme US Army Corps of Engineers deve obedecer aos quatro
princípios da Tabela (8.10).

Tabela 8.10- Princípios para projetos de barragens do US Army Corps of Engineers de 1991
Ordem Princípios
1 O projeto da barragem e dos vertedores deve ser de um tamanho tal que assegure que a
barragem não vai ser ultrapassada por inundações.
2 O projeto da barragem e de suas estruturas se forem ultrapassadas por enchentes não devem
causar danos e nem falhas no funcionamento da mesma.
3 O projeto da barragem e suas estruturas devem ser projetadas de maneira que se houver um
enchente que ultrapasse a mesma, as falhas que resultarem deverão produzir vazões lentas de
maneira a não causar impactos a jusante e que seja fácil o reparo da barragem.
4 Mantenha a barragem baixa o suficiente e com pouco volume de água para evitar de danos a
jusante no caso de uma brecha na barragem e que a correção da brecha não seja de vulto e
seja simples.

Conforme Wes, Martin et al, em Portugal se adota a Tabela (8.11) e o período de retorno depende se
a mesma será construida em concreto ou terra, depende da altura da barragem e do risco.

Tabela 8.11- Padrão de periodo de retorno usado em Portugal

Altura da barragem (m) Periodo de retorno (anos)

Concreto Terra Risco elevado Risco significativo


≥100 ≥50 5.000 a 10.000 1.000 a 5.000
50 ≤ h< 100 15 ≤ h< 50 1.000 a 5.000 1.000
15 ≤ h< 50 < 15 1.000 1.000
<15 1.000 500

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A CIDADE DE GREENSBORO, (1995) adota para classificação dos riscos de rompimento de uma
barragem a Tabela (8.11).

Tabela 8.11 - Classificação de perigos de uma barragem

Classificação dos Critério Guias quantitativos


riscos

Interrupção de estrada de serviço com baixo <25 veículos/dia


Baixo volume de cargas
Danos econômicos < US$ 30.000
Danos a estrada de rodagem com interrupção 25 a 250 veículos/dia
Intermediário de tráfego
Danos econômicos US$ 30.000 a US$ 200.000
Perda de vida humana ≥1
> US$ 200.000
Danos 250 veículos/dia a 300 m de visibilidade
Alto 100 veículos/dia a 150m de visibilidade
25 veículos/dia a 60mde visibilidade

Figura 8.7 - Inundações causada por rompimento de uma barragem

Levando-se em consideração a velocidade da água causada pela inundação, as zonas de perigos


podem ser: baixa, média e alta tanto para veículos, como para casas e adultos. Isto está nas Figuras (8.8) a
(8.10).
Na Figura (88) a velocidade das águas de enchentes com velocidade de 2m/s e altura de 0,50m
colocará o veículo numa zona de risco médio.

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Riscos para Carros devido a inundações

1
0,9 Zona de alto
Altura do nivel de água (m) 0,8 risco
0,7 Zona de risco
médio
0,6
0,5
0,4
0,3 Zona de baixo
risco
0,2
0,1
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
velocidade da água (m/s)

Figura 8.8 - Diversas zonas de perigo: baixo, médio e alto para inundações tendo como objetivo os carros.

Na Figura (8. 8) a velocidade das águas em 4m/s e altura de 1,20m colocará a casa em zona de alto
risco.

Riscos para Casas devido as inundações

2
1,8
Altura do nivel de água (m)

1,6 Zona de alto


1,4 risco
Zona de risco
1,2 médio
1
0,8
0,6
Zona de baixo
0,4 risco
0,2
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Velocidade da água (m/s)

Figura 8.9 - Diversas zonas de perigo: baixo, médio e alto para inundações tendo como objetivo as casas.
Na Figura (8.10), uma velocidade das águas de 2m/s, que é comum, e altura de 0,50m colocará uma
pessoa adulta em zona de alto risco, podendo a mesma ser facilmente levada pela correnteza.

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Riscos para Pessoas Adultas devido a inundação

1,6

1,4

1,2
Altura da água (m)

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Velodidade da água (m/s)

Figura 8.10 - Diversas zonas de perigo: baixo, médio e alto para inundações tendo como objetivo pessoas adultas.

Um critério prático para pequenas barragens com menos de 6m de altura e volume menor que 1milhão
de m3 as enchentes que podem ser admitidas são 0,15m de altura para casas e prédios e 0,45m para
estradas.
O U.S. Army Corps of Engineers em 31 de outubro de 1997 no trabalho “Hydrologic Engineering
Requirements for reservoir” faz recomendações para alguns critérios de condições não perigosas e
inundações que são:
• A profundidade da inundação tanto na área urbana como rural não deve ser maior que 0,60m.
• A profundidade da inundação não deve causar prejuízos às propriedades urbanas.
• A duração da inundação não deve exceder de 3h nas áreas urbanas e 24h nas áreas rurais.
• A velocidade da água da inundação não deve exceder 1,20m/s.
• O potencial de resíduos e erosão deve ser o mínimo possível.
• A inundação deve ser não freqüente sendo aconselhável a freqüência ser menor que 1%, ou seja,
chuva de período de retorno de 100anos).

CIRIA- CONSTRUCTION INDUSTRY RESEARCH AND INFORMATION ASSOCIATION


Segundo Nania e Gómez, 2002 in Balmforth et al, 2006 da CIRIA, a profundidade de inundação de
uma rua para não interromper o tráfego é de 0,30m ou 0,20m quando o rio ou o canal passar ao lado.
O risco de um pedestre ser levado pela água é dado pelo produto da velocidade em (m/s) pela
profundidade em (m) e está limitado a 0,5 m2/s.
O risco de um pedestre escorregar com a água é dado pelo produto da profundidade (m) pela
velocidade (m/s)2 e não deverá ser maior que 1,23 m3/s2

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8.7 Probable Maximum Flood (PMF)


A provável máxima enchente, denominado em inglês de PMF, é aquela enchente que pode ser
considerada a mais severa nas combinações metereológicas e hidrológicas que pode ser possível em uma
determinada área.
A PMF é a maior enchente que fisicamente pode ocorrer na área de interesse. É um evento
extremamente raro e que está de alguma maneira associado à máxima precipitação provável (PMP- Probable
Maximum Precipitation).
Devido a ser rara na natureza, é difícil de entender o significado econômico de se usar a PMF.
Os hidrologistas usam vários métodos para determinar a máxima precipitação provável (PMP) e a máxima
enchente anual PMF através de modelos matemáticos. Portanto, há uma grande dificuldade de se avaliar
corretamente os eventos denominados de provável enchente máxima PMF.
Há três maneiras de avaliação que é a estimativa da provável precipitação máxima PMP, estimativa da
provável máxima enchente PMF e análise da freqüência das enchentes.
Vamos mostrar na Tabela (8.13) onde estão os perigos, tamanho das barragens e os critérios para
determinar a máxima vazões nos vertedores e canais das barragens.

Tabela 8.13 - Sugestões para o dimensionamento do vertedor de barragens


Perigos Tamanho
da da Enchentes para projetos dos vertedores das barragens
barragem barragem
Baixo Pequena 100anos de freqüência
Média 100anos a ½ da provável máxima enchente (PMF)
Grande ½ provável máxima enchente (PMF) a PMF

Significante Pequena 100anos a ½ da provável máxima enchente (PMF)


Média ½ provável máxima enchente (PMF) a PMF
Grande Provável máxima enchente (PMF)

Alto Pequena ½ da provável máxima enchente (PMF) a PMF


Média Provável máxima enchente (PMF)
Grande Provável máxima enchente (PMF)

Como estamos tratando com barragens pequenas com alturas menores que 6m e volume menores de
1.000.000m3, a dependência será do perigo de falha na barragem nas áreas urbanas, onde provavelmente
terá que ser usada a provável máxima enchente (PMF).

Dica: para nossos estudos que são para áreas menores ou iguais a 100ha (1km2) adotamos o período
de retorno de 100anos para obtenção da máxima enchente que dimensionará o vertedor de uma
pequena barragem. A altura das pequenas barragens é menor ou igual a 6,00m e o volume máximo
está em torno de 200.000m3.

Adotaremos para dimensionamento do vertedor da barragem pequena em área urbana para áreas
menores que 100ha o período de retorno de 100anos.
O Corps of Engineers conforme Mays, 2001, adota a Tabela (8.14).

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Capitulo 8- Falhas em pequenas barragens
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Tabela 8.14 - Sugestões para o dimensionamento do vertedor de barragens


Perigos Tamanho
da da Enchentes para projetos dos vertedores das barragens
barragem barragem
Baixo Pequena 50anos a 100anos
Média 100anos a ½ da provável máxima enchente (PMF)
Grande ½ provável máxima enchente (PMF) a PMF

Significante Pequena 100anos a ½ da provável máxima enchente (PMF)


Média ½ provável máxima enchente (PMF) a PMF
Grande Provável máxima enchente (PMF)

Alto Pequena ½ PMF a PMF


Média PMF
Grande PMF
Fonte: Corps of Engineers, Mays, 2001.

O DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo) adota para as outorgas
a Tabela (8.15).

Tabela 8.15- Recomendações para valores mínimos de períodos de retorno do DAEE- São Paulo
Dimensões: Período de
Obra Altura da barragem h (m) retorno Tr
L= comprimento da crista da (anos)
barragem (m)
h≤5 e L ≤ 200 100

Barramento 5 < h ≤ 15 e L ≤ 500 1.000

h>15 e / ou L> 500 10.000 ou PMP

Borda livre (f)= desnível entre a crista e o nível máximo maximorum: f ≥ 0,50m
PMP= Precipitação Máxima Provável
Fonte: DAEE, 2005

Nível máximo maximorum: é o nível mais elevado que dera e poderá atingir o reservatório na ocorrência de
cheia de projeto (DAEE, 2005). Geralmente é a cota do nível de água da coluna de água sobre o vertedor.

Borda livre: é a distância vertical entre o nível de água máximo maximorum e a crista da barragem. É uma
faixa de segurança destinada a absorver o impacto de ondas geradas pela ação dos ventos na superfície do
reservatório, evitando danos e erosão no talude de jusante (DAEE,2005). Geralmente é representado pela
letra “f” e no caso de pequenas barragens deve ser no mínimo de 0,50m.

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Capitulo 8- Falhas em pequenas barragens
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8.8 Análise das brechas ou falhas nas barragens


Para a análise das ondas de enchentes causadas por brechas em uma barragem são usadas as
Equações de Saint-Venant.
Muitos softwares americanos estão disponíveis no mercado, como o FLDWAV, SMPDBK, DAMBRK e
HECRAS.
O US National Weather Service elaborou o modelo FLDWAV sendo a versão mais nova a de junho de
2000 baseado nas equações de Saint Venant para movimento variado com uma dimensão cuja solução
numérica é a diferença implícita dos quatro pontos. O FLDWAV analisa as enchentes causadas por brechas
nas barragens e pode ser usado também para fluídos newtoniano e não-newtoniano (lama).

Figura 8.15 - Zona de perigo demarcada e as rotas para evacuação.

Baseado neste modelo, os americanos fazem mapas de inundação, conforme Figura (8.10) devida a
falhas, que são distribuídas as populações a jusante e que funcionam desde 1980, exigidas pelo US Bureau
of Reclamation e evitam muitos problemas servindo de base para:
- ações de emergência e planos de evacuação que devem ser tomados;
- determinar o risco das populações;
- classifica os perigos da barragem e
- auxilia na seleção das alternativas para redução dos riscos.

8-15
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 8- Falhas em pequenas barragens
Engenheiro Plínio Tomaz 6 de junho de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

8.9 Bibliografia e livros consultados


-WEST, MARTIN S et al. Avaliação de segurança de barragens. Uma comparação entre as abordagens
britânicas e portuguesa. Portugal.

8-16
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 9-Perdas de cargas localizadas
Engenheiro Plínio Tomaz 08 de novembro de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 9
Perdas de cargas localizadas

Os disruptores endócrinos (ou burladores, fraudadores) não são venenos clássicos, eles interferem
no sistema hormonal, sabotando as comunicações e alterando os mensageiros químicos que se
movem permanentemente, dentro do nosso corpo.
José Santamarta - diretor da revista World Watch

9-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 9-Perdas de cargas localizadas
Engenheiro Plínio Tomaz 08 de novembro de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 9 – Perdas de carga localizadas


9.1 Introdução
9.2 Gradiente hidráulico
9.3 Número de Froude
9.4 Perdas distribuídas
9.5 Perdas localizadas conforme Qasim, 1994
9.6 Perdas de carga na passagem pelo PV
9.7 Perda de carga com diversas entradas
9.8 Perdas de carga nas curvas
9.9 Perda de cargas em transições pra tubos sem pressão (conduto livre)
9.10 Perdas de cargas em transições para tubos com pressão (conduto
pressurizado)
9.11 Perda de carga em junção
9.12 Perda de carga no poço de visita
9.13 Método usado pelo FHWA
9.14 Ko perda de carga devido ao diâmetro do poço e no ângulo entre o fluxo
de entrada e o de saída.
9.15 CD= fator de correção devido ao diâmetro do tubo.
9.16 Cd= fator de correção devido a altura da água no poço de visita.
9.17 CQ= fator de correção devido ao escoamento relativo
9.18 Cp= fator de correção devido tapamento da água devido a submersão.
9.19 CB= fator de correção devido as curvas.
9.20 Teorema de Bernouilli
9.21 Problema tipo
9.22 Bibliografia e livros consultados
22 páginas

9-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 9-Perdas de cargas localizadas
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Capítulo 9 – Perdas de cargas localizadas

9.1 Introdução
No dimensionamento de galerias de águas pluviais temos os fundamentos hidrológicos e
hidráulicos conforme FHWA, 1996. Os princípios hidráulicos incluem: conservação da massa,
conservação do momento e conservação de energia.
Supomos também que o fluxo hidráulico é permanente e uniforme, significando que a vazão
e a profundidade em cada segmento são assumidos de estarem constante com o passar do tempo.
Como o segmento é prismático, também a velocidade será constante.
O gradiente hidráulico é a linha do nível de água que está em contato com a atmosfera.
Há uma outra situação em que a tubulação terá pressão acima da atmosférica e teremos o
conduto pressurizado devendo-se somar V2/ 2g ao gradiente hidráulico e teremos o gradiente de
energia.
No dimensionamento de galerias de águas pluviais devemos manter uma margem de
segurança para que a tubulação trabalhe como conduto livre. Uma das razões para isto é que os
métodos para o cálculo do runoff não são exatos e caso se cometa erros é um problema de custos
enorme a substituição da tubulação.
Conforme FHWA, 1996 as vezes é desejável termos condutos pressurizados e isto acontece
quando uma tubulação será lançada num canal existente e sai mais barato deixar a tubulação
pressurizada do que livre.
O FHWA, 1996 lembra ainda que quando trabalhamos a seção plena estamos trabalhando a
favor da segurança, pois, o pico de vazão numa tubulação se dá a 93% do diâmetro.
Santa Clara County, 2007 recomenda que no escoamento livre se deixe uma depressão
(pequeno rebaixo) para compensar as perdas localizadas ou então que se aumente o diâmetro da
tubulação a jusante.

9.2 Gradiente hidráulico


O gradiente hidráulico é a linha do nível da água dentro de uma tubulação trabalhando sem
pressão ou com pressão. No caso o tubo pode estar trabalhando em uma certa posição do diâmetro ou
estar pressurizado sendo o gradiente hidráulico a linha do coroamento da tubulação.
O FHWA, 1996 recomenda que o gradiente hidráulico seja traçado a partir do lançamento das
águas pluviais quando se usa para o inicio aquele que for maior:
• yc+ D/2
• Tw (tailwater)
Sendo:
yc= altura crítica (m)
tw= tailwater que é altura do nível de água encontrado no rio ou no lago (m)

Dica: para obter o gradiente hidráulico começar de baixo para cima, isto é, do lançamento para
montante.

Altura crítica para tubos


Conforme Metcalf&Eddy, 1981 em um tubo circular o yc é dada pela equação de Braine nas
unidades SI.
yc= 0,483 x (Q/D) 2/3 + 0,083D
Sendo: 0,3 < yc/D < 0,90
yc= altura crítica (m)
Q= vazão (m3/s)
D= diâmetro (m)

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Altura crítica para canais retangulares


Para um canal retangular o valor da profundidade crítica yc será:
yc = (q2/g) 1/3
Sendo:
q= vazão específica (m3/s /m)

Santa Clara County, 2007 mostra que quando o regime de escoamento é subcrítico temos:
HGL1= Nível do lançamento + hf + hL
Sendo:
HGL1= gradiente hidráulico na junção 1
hf= perda distribuída do lançamento até a junção 1
hL= perda de carga localizada do lançamento até a junção 1
Santa Clara County, 2007 mostra que quando o regime de escoamento é supercrítico
temos:
HGL1= Nível do PV na junção 1 - hf - hL
Sendo:
HGL1= gradiente hidráulico na junção 1
hf= perda distribuída da junção 1 até o lançamento
hL= perda de carga localizada da junção 1 até o lançamento

Antes de se começar a desenhar o gradiente hidráulico é necessário calcular as perdas devido


ao atrito, a curvas, na entrada, na saída, nas ampliações, nas reduções, etc.
Salientamos que as perdas de cargas localizadas causam um aumento da altura do nível de
água na tubulação podendo acontecer que se há folga irá aumentar o nível de águas pluviais na
tubulação a montante, mas se não há espaço para o aumento haverá pressurização da tubulação que
pode não causar nenhum problema ou que pode até ocasionar o extravasamento de águas pluviais
pelo tampão do poço de visita.
Uma maneira de garantir é compensar a perda de carga com um pequeno degrau no PV, por
exemplo, garantindo assim que não haja pressurização da galeria de águas pluviais.
As perdas poderão ser: distribuídas e localizadas.

Dica: é importante fazer um degrau correspondente a perda de carga. Caso não faça, verificar
o gradiente hidráulico para evitar extravasamento do PV.

9.3 Número de Froude


Para saber se o regime de escoamento é subcrítico ou supercrítico temos que calcular o
número de Froude F.
F= V/ (g.y) 0,5
Sendo:
F= número de Froude (adimensional)
V= velocidade da água (m/s)
y= altura da lâmina de água (m)
Teoricamente quando F>1 temos o escoamento supercrítico e quando F<1 o escoamento
subcrítico e quando F=1 é o escoamento crítico.
Santa Clara County, 2007 diz que o escoamento é instável quando o número de Froude estiver
entre 0,8 e 1,2. Portanto, F deverá ser maior que 1,2 ou menor que 0,8 para o escoamento ser estável.

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9.4 Perdas distribuídas


As perdas distribuídas hf são:
hf= S x L
S= [(Q x n/ (A x R2/3)]2
A perda de carga distribuída hf numa tubulação de comprimento L será:
hf= S x L = L x [(Q x n)/ (A x R2/3)]2
Sendo:
n=rugosidade de Manning
L=comprimento (m)
Q= vazão (m3/s)
A= área molhada (m2)
R= raio hidráulico (m)
S= perda distribuída (m/m)

9.5 Perdas localizadas conforme Qasim, 1994


Qasim, 1994 apresenta as perdas de cargas localizadas em canais de uma maneira bem
sucinta, que passamos a descrever:

Perda de carga com contração súbita com entrada chanfrada


Ho= 0,5 (V12/2g - V22/2g)
V1= velocidade a jusante (m/s)
V2= velocidade a montante (m/s)

Perda de carga com contração súbita com entrada arrendondada


Ho= 0,25 (V12/2g - V22/2g)
V1= velocidade a jusante (m/s)
V2= velocidade a montante (m/s)

Perda de carga com contração súbita com entrada bem arrendondada


Ho= 0,05 (V12/2g - V22/2g)
V1= velocidade a jusante (m/s)
V2= velocidade a montante (m/s)

Perda de carga com alargamento súbito com entrada chanfrada


Ho= 0,2 a 1,0 (V12/2g - V22/2g)
V1= velocidade a jusante (m/s)
V2= velocidade a montante (m/s)

Perda de carga com alargamento súbito com entrada arredondada


Ho= 0,1 (V12/2g - V22/2g)
V2= velocidade a montante (m/s)
V1= velocidade a jusante (m/s)

Sifão
Ho= 2,78 V2/2g )

Passagem direta por um poço de visita


Ho= 0,05 V2/2g )

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Passagem direta por um poço de visita terminal


Ho= 1,00 V2/2g )

Mudança de direção no PV de 45º


Ho= 0,40 V2/2g )

Mudança de direção no PV de 45º com dispositivo de desvio


Ho= 0,30 V2/2g )

Mudança de direção no PV de 90º


Ho= 1,30 V2/2g )

Mudança de direção no PV de 90º com dispositivo de desvio


Ho= 1,00 V2/2g )

Quando uma galeria de águas pluviais é lançada num lago, num rio ou noutra galeria de maior
dimensão temos a equação:
Ho= 1,0 x (Vo2/2g - Vd2/2g)
Sendo:
Vo= velocidade das águas pluviais na saída (m/s)
Vd= velocidade do local de lançamento (m/s)
No caso de o lançamento ser feito em um lago ou reservatório Vd=0 e então teremos:
Ho= 1,0 x (Vo2/2g)

9.6 Perda de carga na passagem pelo PV


Num PV que tenha o mesmo diâmetro a perda de carga numa linha reta é:
Ho= 0,05 x V2/2g

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9.7 Perdas de cargas com diversas entradas

Figura 9.1- Entradas


Fonte: Santa Clara County, 2007

A perda de carga no PV com as entradas de vazões Q1 e Q3 e saída Q2 será:


Hmf= [ Q22 V22 – Q3V32 – Q1 V12 +KBQ3 V32)/ (2gQ2)

Tabela 9.1- Valores de KB na mudança de escoamento


Mudança do escoamento em graus KB
0 0,00
15 0,19
30 0,35
45 0,47
60 0,56
75 0,64
90 e >90 0,70
Fonte: Santa Clara County, 2007

9,8 Perda de carga em curvas


Numa curva a perda de carga é dada por:
Hb= 0,0033 x Δ x (V2/2g)
Sendo:
Hb= perda de carga localizada (m)
Δ= ângulo de curvatura em graus
V= velocidade da água (m/s)
g= aceleração da gravidade =9,81m/s2

9.9 Perda de carga em transições para tubos sem pressão (conduto livre)
As transições são as expansões (He) ou contrações (Hc) ou ambos.

Hc= Kc (V22/2g – V12/2g)

He= Ke (V22/2g – V12/2g)


Sendo:
Kc= coeficiente de contração
Ke= coeficiente de expansão
V1= velocidade a montante (m/s)
V2= velocidade a jusante (m/s)

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g= aceleração da gravidade =9,81m/s2


Os valores do coeficiente de expansão Ke são dados pela Tabela (9.2).

Tabela 9.2 Valores típicos de Ke para alargamento gradual em tubos sem pressão (conduto
livre)
Ângulo do cone
D2/D1 10º 20º 45º 90º 120º 180º
1,5 0,17 0,40 1,06 1,14 1,07 1,00
3,0 0,17 0,40 0,86 1,06 1,04 1,00
D2= diâmetro do tubo maior D1= diâmetro do tubo menor
Fonte: FHWA, 1996
Para contração repentina os valores típicos de Kc estão na Tabela (9.3)

Tabela 9.3- Valores típicos do coeficiente de contração Kc em função de D2/D1 para tubos sem
pressão
D2/D1 Kc
0 0,5
0,4 0,4
0,6 0,3
0,8 0,1
1,0 0

Figura 9.2- Valores de perda de carga localizadas em alargamento ou redução


Fonte: Santa Clara County, 2007

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Figura 9.3- Valores de perda de carga localizadas em alargamento súbito


Fonte: Santa Clara County, 2007

Figura 9.4- Valores de perda de carga localizadas em redução súbita


Fonte: Santa Clara County, 2007

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Figura 9.5- Valores de perda de carga localizadas em entrada como os usados em bueiros
Fonte: Santa Clara County, 2007

9.10 Perda de carga em transições para tubos com pressão (conduto pressurizado)
As transições são as expansões (He) ou contrações (Hc) ou ambos.
Hc= Kc ( V12/2g)
He= Ke ( V12/2g)
Sendo:
Kc= coeficiente de contração
Ke= coeficiente de expansão
V1= velocidade a montante (m/s)
V2= velocidade a jusante (m/s)
g= aceleração da gravidade =9,81m/s2

Para tubos pressurizados o coeficiente Ke é dada na Tabela (9.4)

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Tabela 9.4- Coeficiente Ke para alargamento rápido em tubos pressurizados


D2/D1 Velocidade V1 (m/s)
0,6 0,9 1,2 1,5 1,8 2,1 2,4 3,0 3,7 4,6 6,1 9,1 12,2
1.2 0,11 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,09 0,09 0,09 0,09 0,09 0,08
1,4 0,26 0,26 0,25 0,24 0,24 0,24 0,24 0,23 0,23 0,22 0,22 0,21 0,20
1,6 0,40 0,39 0,38 0,37 0,37 0,36 0,36 0,35 0,35 0,34 0,33 0,32 0,32
1,8 0,51 0,49 0,48 0,47 0,47 0,46 0,46 0,45 0,44 0,43 0,42 0,41 0,40
2,0 0,60 0,58 0,56 0,56 0,55 0,54 0,53 0,52 0,52 0,51 0,50 0,48 0,47
2,5 0,74 0,72 0,70 0,69 0,68 0,67 0,66 0,65 0,64 0,63 0,62 0,60 0,58
3,0 0,83 0,80 0,78 0,77 0,76 0,75 0,74 0,73 0,72 0,70 0,69 0,67 0,65
4,0 0,92 0,89 0,87 0,85 0,84 0,83 0,82 0,80 0,79 0,78 0,76 0,74 0,72
5,0 0,96 0,93 0,91 0,89 0,88 0,87 0,86 0,84 0,83 0,82 0,80 0,77 0,75
10,0 1,00 0,99 0,96 0,95 0,93 0,92 0,91 0,89 0,88 0,86 0,84 0,82 0,80
infinito 1,00 1,00 0,98 0,96 0,95 0,94 0,93 0,91 0,90 0,88 0,86 0,83 0,81

9.11 Perda localizada em junção


Quando um tubo lateral entra num tubo maior onde não haja poço de visita para acesso
teremos uma perda de carga na junção Hj.

Hj= [(Qo Vo) – (Qi Vi) – (QL VL cos(θ)] / [ 0,5 g (Ao +Ai)] + hi - ho
Sendo:
Hj= perda de carga na junção (m)
Q0, Qi, QL= vazão (m3/s) na saída, entrada e na tubulação lateral
Vo, Vi, VL= velocidade na saída, entrada e na tubulação lateral (m/s)
ho, hi= carga na saída e entrada devido a velocidade (m)
Ao, Ai= área da seção transversal da saída e entrada (m2)
θ= ângulo entre a entrada e a saída

9.12 Perda de carga no poço de visita


O FHWA, 1996 apresenta um método estimativo para o cálculo de perdas nos poços de visita
e salientando que deve ser usado somente em estudos preliminares. Mais adiante veremos o método
mais sofisticado e apropriado para o caso.
O método estimado para as perdas de cargas em um poço de visita é:
Hah= Kah (Vo 2 / 2g)

Sendo:
Hah= perda de carga localizada no PV (m)
Kah = coeficiente de perda localizada no PV
Vo= velocidade (m/s)
Na Tabela (9.5) estão os coeficientes Kah.

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Tabela 9.5- Coeficientes de perda de carga localizadas Kah


Configuração da estrutura Kah
Entrada sem ângulo nenhum e sem PV 0,50
Entrada em ângulo de 90º sem PV 1,50
Entrada em ângulo de 60º sem PV 1,25
Entrada em ângulo de 45º sem PV 1.10
Entrada em ângulo de 22,5º sem PV 0,70

Entrada no PV sem ângulo nenhum com PV 0,15


Entrada no PV com ângulo 90º 1,00
Entrada no PV com ângulo 60º 0,85
Entrada no PV com ângulo 45º 0,75
Entrada no PV com ângulo 22,5º 0,45

Tabela 9.6- Perdas de cargas nos PV conforme a estrutura e a velocidade


Velocidades (m/s)
Estrutura K 1 2,0 3 4 5
Entrada no PV sem ângulo 0,15 0,01 0,03 0,07 0,12 0,19
Entrada no PV a 22,5º 0,45 0,02 0,09 0,21 0,37 0,57
Entrada no PV a 45º 0,75 0,04 0,15 0,34 0,61 0,96
Entrada no PV a 60º 0,85 0,04 0,17 0,39 0,69 1,08
Entrada no PV a 90º 1,00 0,05 0,20 0,46 0,82 1,27
Saída submersa em um lago 1,00 0,05 0,20 0,46 0,82 1,27
Quando há entupimento numa galeria de águas pluviais há um extravasamento dos poços de
visitas a montante. Mas existem casos em que há o extravasamento de águas pluviais não se deve a
entupimentos e sim em problemas de mau dimensionamento dos diâmetros da galeria e este é
portanto, o assunto que vamos tratar neste capítulo.
Para evitar isto deve ser feita a Análise do Gradiente Hidráulico da região onde está
localizado aquele poço de visita. Existem programas de computadores de redes de águas pluviais
como o Hydrain que faz automaticamente as verificações do gradiente hidráulico.
Este extravasamento pode ocorrer em poços de visitas, junções, curvas, contrações,
alargamentos e transições. Estas estruturas podem causar grandes perdas de energia e devem ser
levadas em conta no projeto para não se ter surpresas.
O método mais simples de todos é baseado nas perdas localizadas conforme equação hL= K
2
V / 2g.
Um outro método é baseado na soma de quatro perdas individuais definidas em função da
velocidade: entrada e saída, velocidade de correção, curvas e junções.
O método mais sofisticado, talvez o mais correto, é baseado nos conceitos de pressão e
momento, especificando que numa junção a soma de todas as pressões deve ser igual a soma de todos
os momentos.
Iremos adotar o método usado pelo Federal Highways Administration (FHWA) baseado no
modelo do software Hydrain que é simples de ser aplicado.
A grande facilidade do método usado pelo FHWA é que pode ser facilmente usada uma
planilha eletrônica, do tipo Excel, sem precisar de consultas a gráficos.
Para outras consultas pode-se consultar o livro Water Resources Engineering de Larry W.
Mays da página 571 a 585.

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9.13 Método usado pelo FHWA


O método usado pelo FHWA é baseado no software Hydrain citado. A perda de carga
localizada total pode ser definida pelo coeficiente K definido da seguinte maneira.
Hah= K (Vo 2 / 2g)
K= Ko x CD x Cd x CQ x Cp x CB
Sendo:
K= coeficiente ajustado das perdas de cargas
Ko= perda de carga devido ao diâmetro do poço de visita e do ângulo entre a tubulação de entrada e a
tubulação de saída.
CD= fator de correção devido ao diâmetro do tubo.
Cd= fator de correção devido a altura da água no poço de visita.
CQ= fator de correção devido ao escoamento relativo
Cp= fator de correção devido tapamento da água devido a submersão.
CB= fator de correção devido as curvas.
Nota: todos os coeficientes são adimensionais.

9.14 Ko= perda de carga devido ao diâmetro do poço e no ângulo entre o fluxo de entrada e o de
saída.
Ko= 0,1 x [b/ Do] x [1 – sen (θ)] + 1,4 x [b/ Do] 0,15 x sen (θ)

Sendo:
Ko= coeficiente de perdas de cargas baseado no diâmetro relativo dos diâmetros dos poços de visita.
Θ= ângulo (rad) entre a tubulação de entrada e a tubulação de saída, conforme Figura (9.1)
b= largura do poço de visita (m).
Do= diâmetro da tubulação de saída (m).

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Figura 9.6 - Ângulo θ entre as tubulações de entrada e saída.

Já foi demonstrado que existe pouca diferença no coeficiente de perda de carga quando o poço
de visita é circular ou quadrado e, portanto, o efeito pode ser ignorado para os cálculos que estamos
fazendo.

Exemplo 9.1
Calcular o coeficiente de perdas de cargas Ko para tubulação de saída de D= 0,60m e largura do poço
de visita b= 1,5m, sendo o ângulo θ= 180º.
O ângulo deverá ser transformado em radianos: 2 π . θ / 360º= 3,1416
Ko= 0,1 x [ b/ Do] x [1 – sin (θ)] + 1,4 x [b/ Do] 0,15 x sin (θ)
Ko= 0,1 x [1,5/ 0,6] x [1 – sin (3,1416)] + 1,4 x [1,5/ 0,6] 0,15 x sin (3,1416)= 0,25

9.15 CD= fator de correção devido ao diâmetro do tubo.


O fator de correção CD é determinado por:
CD= (Do/ Di) 3

Sendo:
CD= fator de correção devido a variação do diâmetro do tubo.
Di= diâmetro do tubo de entrada (m).
Do= diâmetro do tubo de saída (m).
Na prática foi achado que o coeficiente CD só é importante quando d/Do > 3,2. Isto acontece
somente em tubos sobre pressão muito grande. Para os casos gerais se faz CD= 1

Exemplo 9.2
Calcular o coeficiente de perdas de cargas CD para tubulação de saída de Do= 0,60m Di= 0,60m.
CD= (Do/ Di)3
CD= (0,60/ 0,60)3= 1

9.16 Cd= fator de correção devido a altura da água no poço de visita.


Cd= 0,5 x (d/ Do) 3/5
Sendo:
Cd= fator de correção devido à altura do escoamento.
d= altura da água no poço de visita em relação a cota de fundo do tubo (m).
Do= diâmetro do tubo de saída (m).
Na prática foi achado que o coeficiente Cd só é importante em casos de baixa pressão ou
superfície líquida livre quando d/Do < 3,2. Isto acontece somente em alguns casos.

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Exemplo 9.2
Calcular o fator de correção devido a altura da lâmina de água Cd quando o tubo de saída Do= 0,60m
e a altura da lâmina de água no poço de visita calculado em função da gradiente hidráulico a
montante da saída do tubo é de d=1,72m.
Cd= 0,5 x (d/ Do) 3/5
Cd= 0,5 x (1,72/ 0,60) 3/5= 0,94

9.17 CQ = fator de correção devido ao escoamento relativo


CQ= [1 – 2 x sin (θ)] x (1- Qi/ Qo) ¾ + 1

Sendo:
CQ= fator de correção devido ao escoamento relativo.
(θ)= ângulo entre a entrada original e o tubo de saída (radianos)
Qi= vazão no tubo original de entrada (m3/s)
Qo= vazão no tubo de saída (m3/s).
O valor CQ é função do ângulo da tubulação de entrada, bem como da percentagem de
escoamento que está chegando no tubo de interesse versus outras entradas de tubulações.

Exemplo 9.3
Para ilustrar este efeito consideremos a Figura (9.2) onde temos o tubo de entrada 1 e 2 e o
tubo de saída 3. Vamos supor que Q1= 3m3/s Q2= 1 m3/s e Q3= 4m3/s.

Figura 9.2 - Esquema mostrando os tubos de entrada e o tubo de saída

Vamos calcular tubo com relação ao tubo de saída 3.


Consideremos o tubo de entrada 2 onde temos Q2= 1m3/s e vamos aplicar a equação:
CQ= [1 – 2 x sen (θ)] x (1- Qi/ Qo) ¾ + 1

CQ2>3= [1 – 2 x sen (90º)] x (1- 1/ 4) ¾ + 1= 0,19

Consideremos o tubo de entrada 1 onde temos Q1= 3m3/s e vamos aplicar a equação:

CQ= [1 – 2 x sen (θ)] x (1- Qi/ Qo) ¾ + 1

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CQ1>3= [1 – 2 x sen (180º)] x (1- 3/ 4) ¾ + 1= 1,35


Obtivemos dois valores CQ2>3=0,19 e CQ1>3= 1,35 e usamos nos cálculos o mais desfavorável,
que é 1,35.

9.18 Cp= fator de correção devido tapamento da água devido a submersão.


O fator de correção Cp corresponde ao efeito de um outro tubo de entrada que tapa o acesso
no poço de visita ao novo escoamento dando, com efeito, uma perda de carga.
O valor de Cp é somente aplicando quando o valor de h é maior que d.
Cp= 1 + 0,2 x [h/Do] x [(h – d)/Do]
Sendo;
Cp= fator de correção devido ao tapamento da água
h= distância vertical desde a geratriz inferior da tubulação do tubo até o centro do tubo de saída (m)
Do= diâmetro do tubo de saída (m).
d= altura da água no poço de visita (m).

9.19 CB= fator de correção devido as curvas.


A correção final para se obter Ko é CB relativo as curvas, transições que resultem em perda de carga.
Vamos usar os fatores de correção do software Hydrain.

Saída nos poços de visita


As saídas nos poços de visita podem ser feitas de várias maneiras, conforme a Figura (9.7). No
primeiro caso a água sai sem nenhuma canaleta. A chamada canaleta pode existir ou não, daí resulta
em coeficientes de correção CB que devem ser levados em conta.

Figura 9.7 - Tipo de canaletas

Tabela 9.7 - Fatores de correções CB devido a canaleta da Figura (9.4)

9-16
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 9-Perdas de cargas localizadas
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Perdas nas transições


As perdas CB por transições são assim calculadas:
ht= Kt x valor absoluto [Vu2 – Vd 2 / 2g]
Kt= 0,1 quando a velocidade aumenta
Kt= 0,2 quando a velocidade diminui.
Vu= velocidade a montante (m/s)
Vd= velocidade a jusante (m/s)
g= aceleração da gravidade= 9,81 m/s2

Perdas na expansão
het= K x [Vu2 – Vd 2 / 2g]
K= 1 para uma expansão abrupta
K= 0,2 para uma expansão suave.

Exemplo 9.11
Calcular a perda de carga localizada na expansão para vazão de 0,3m3/s onde a tubulação se expande
de 0,4m para 0,45m.
Vu= Q/Au= 0,3/ π x 0,42/4= 2,30m/s
Vd= Q/Ad= 0,3/ π x 0,452 /4= 1,89m/s
K= 1
het= K x [Vu2 – Vd 2 / 2g]
het= 1,0 x [2,32 – 1,89 2 / 2x 9,81]= 0,0127m

Perdas nas curvas


hb= Kb x [V 2 / 2g]
Sendo:
V= velocidade no tubo (m/s)
Kb= 0,25 x (Φ/90) 0,5
Φ= ângulo central da curva em graus

Exemplo 9.10
Calcular a perda de carga localizada em uma curva de 30º para uma tubulação de 0,40m com vazão
de 0,3m3/s.
A= πD2/4
V= Q/A= 0,3 /((πx 0,42) / 4)= 2,39m/s
Kb= 0,25 x (Φ/90) 0,5
Kb= 0,25 x (30/90) 0,5= 0,144
hb= Kb x [V 2 / 2g]
hb= 0,144 x [2,39 2 / 2x9,81]= 0,0419m

9.20 Teorema de Bernouilli


Baseado na primeira lei da Termodinâmica, Bernouilli elaborou a equação da energia
mostrando que ela dever ser conservada todas as vezes.
A primeira lei da TERMODINÂMICA estabelece que a mudança de energia interna de um
sistema é igual à soma da energia adicionada ao fluído com o trabalho realizado pelo fluído,
conforme Batista et al, 2001.
α1V12 / 2g + P1/ γ + Z1= α2V22/ 2g + P2/ γ + Z2 + hL

9-17
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α= coeficiente de correção de energia cinética e geralmente igual a 1.


V= velocidade média na seção transversal (m/s)
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s2
p= pressão (N/m2) ou Pa
γ= peso especifico da água= 9.800N/m3 a 15ºC
Z= elevação em relação ao plano horizontal datum considerado (m).
HL= perda de carga localizada e distribuída (m)

αV2 / 2g= energia de velocidade


Z= energia de posição de um sistema de referência (datum).
P/ γ= energia de pressão
hL= perda de energia ou perda de carga

P/ γ + Z= energia potencial e chamado de Linha Piezométrica (LP) ou gradiente hidráulico (HGL)


αV2 / 2g= energia cinética
αV2 / 2g + P/ γ + Z= chamada de linha de carga ou gradiente de energia (EGL)

9-18
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Figura 9.8- Gradiente hidráulico

Gradiente Hidráulico
P/ γ + Z= gradiente hidráulico (HGL)

Gradiente de Energia
V2 / 2g + P/ γ + Z= gradiente de energia (EGL)

9-19
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9.21 Problema tipo


Uma galeria de águas pluviais com diâmetro de 0,60m que conduz 0,3m3/s com declividade
de 0,001m/m e coeficiente de rugosidade de Manning n= 0,013. A galeria tem 301,5m de
comprimento com um poço de visita no meio dela com diâmetro de 1,5m. A galeria, quando
descarrega na lagoa, tem nível de água de 1,5m em relação a geratriz inferior da tubulação. Qual é a
mínima cobertura para que não haja extravasamento do poço de visita?

Figura 9.9 - Esquema de uma galeria de águas pluviais

Primeiramente temos que achar a velocidade de escoamento.


A equação de Manning para tubulação funcionando a seção plena.

Qcheio= (0,312 / n) x D (8/3) S 0,5

Qcheio= (0,312 / 0,013) x 0,60 (8/3) x 0,001 0,5= 0,2m3/s

Como a vazão Q= 0,3m3/s, isto é, maior que 0,2m3/s mostra que a tubulação está pressurizada.
A velocidade na tubulação será:
Q= V x A e, portanto V= Q/A
A= π D2/4= 3,14 X 0,6 2 /4= 0,28m2
V= Q/A= 0,30/0,28= 1,1 m/s
Vamos considerar agora as três seções: 1, 2 e 3 e considerar como plano de origem a geratriz
inferior da tubulação quando chega a lagoa e portanto:
Z1= 0.
O valor de Z2= 150 x 0,001= 0,15m
Z2= 0,15m
Vamos aplicar o Teorema de Bernouilli entre a lagoa e a saída da tubulação que é a secção 1.
V12 / 2g + P1/ γ + Z1 = Vp2/ 2g + Pp/ γ + Zp + hL
A perda de carga no trecho é a perda de carga localizada na saída hL
hL= K x V2/ 2g
Para a saída o valor de K= 1 e a perda será:

hL= K x V2/ 2g
hL= 1,0 x 1,12/ 2x 9,81= 0,062m

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V12 / 2g + P1/ γ + Z1= Vp2/ 2g + Pp/ γ γ + Zp + hL

1,12 / 2x 9,81 + P1/ γ + 0= 0 + 0 + 1,5 + 0,062


P1/γ= 1,5

Vamos aplicar o Teorema de Bernouilli entre a seção 1 e a jusante da seção 2 onde está
localizado o poço de visita representado pela letra d.
V2d2 / 2g + P2d/ γ + Z2d = V12/ 2g + P1/ γ γ + Z1 + hf

Sendo hf a perda de carga distribuída entre a seção 1 e a jusante de da seção 2d.

hf= L x Sf = L x [Q.n/ 0,312 x D (8/3)]2


hf= 150 x [0,3x 0,013/ 0,312 x 0,6 (8/3)]2= 0,37m
V2d2 / 2g + P2d/ γ + Z2d= V12/ 2g + P1/ γ + Z1 + hf
1.12 / 2x 9,81 + P2d/ γ + 0,15= 1,12/ 2x 9,81 + 1,5 + 0 + 0,37
P2d/γ= 1,72

Perda de carga devido ao poço de visita


K= Ko x CD x Cd x CQ x Cp x CB
K= 0,25x 1,0 x 0,94 x 1,0 x 1,0 x 1,0= 0,24
hL= K x V2/ 2g
hL= 0,24 x 1,12/ 2x 9,81= 0,015m

Vamos aplicar o teorema de Bernoulli no poço de visita na seção a montante e a jusante.


V2u2 / 2g + P2u/ γ + Z2u= V2d2/ 2g + P2d/ γ + Z2d + hL
1,12 / 2x 9,81 + P2u/ γ + [0,15 + 0,015]= 1,12/ 2x 9,81 + 1,72 + 0,15+0,015
P2u/ γ= 1,72m

Vamos aplicar o teorema de Bernoulli entre a seção 3 e a seção 2d a montante


V32 / 2g + P3/ γ + Z3 = V2u2/ 2g + P2u/ γ + Z2 + hf
Z3= 0,15m+0,15m+0,015= 0,315m
Z2= 0,15m + 0,015m= 0,165m
hf= 0,37m
V32 / 2g= V2u2/ 2g
V32 / 2g + P3/ γ + Z3= V2u2/ 2g + 1,72 + Z2u + hf

P3/ γ + 0,315= 1,72 + 0,165 + 0,37= 2,255


P3/ γ=1,940m

Tabela 9.8- Cálculos


Secção P/ γ Z HGL= P/ γ + Z V2/2g EGL=HGL+ V2/2g

(m) (m) (m) (m) (m)


1 1,50 0,00 1,50 0,06 1,56
2d 1,72 0,15 1,87 0,06 1,930
2u 1,72 0,165 1,885 0,06 1,945
3 1,94 0,315 2,255 0,06 2,315

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Capítulo 9-Perdas de cargas localizadas
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A cobertura mínima necessária para manter HGL abaixo do nível da estrada no poço de visita
é dado pela seguinte:

1,87 – 0,6m (diâmetro do tubo) – 0,15 (declividade)= 1,12m ou aproximadamente 1,20m

Portanto, a cobertura mínima deve ser de 1,20m.

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9.22 Bibliografia e livros consultados


- QASIM, SYED R. Wastewater treatment plants. Technomic, 1994, 726p.
-FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION. Water drainge design manual, november 1996. HEC
22, Metric Version.
-METCALF&EDDY. Wasterwater engennering: collection and pumping of wastewater. McGraw-
Hilll, 1981, 432páginas
-SANTA CLARA COUNTY. Drainage Manual. Julho/2007. Califórnia, 163 p..

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Capítulo 10
Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

“Os alunos não devem se apaixonar por programas de computadores, pois, em alguns anos
estes serão ultrapassados, mas os conceitos continuarão”
Prof. dr. Kokei Uehara

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

SUMÁRIO
Ordem Assunto

10.1 Introdução
10.2 Localização do reservatório de detenção
10.3 Método de cálculo para vazão de pico
10.4 Número da curva CN
10.5 Coeficiente de runoff C do método Racional
10.6 Frederick Law Olmsted, paisagista americano
10.7 Custos médio do reservatorio de detenção na RMSP
10.8 Dimensionamento do reservatório de detenção usando a função Gama
10.9 Reservatório com paredes verticais
10.10 Reservatório com paredes parabólicas
10.11 Dimensionamento pelo método de Aron e Kibler, 1990
10.12 Dimensionamento pelo método de Baker, 1979
10.13 Dimensionamento pelo método do Federal Aviation Agency, 1966
10.14 Dimensionamento pelo método de Abt e Grigg, 1978 usando o método Racional
10.15 Dimensionamento pelo método de Kessler e Diskin, 1991
10.16 Dimensionamento pelo método de McEnroe, 1992
10.17 Dimensionamento pelo método de Wycoff e Singh (1976)
10.18 Dimensionamento pelo método Racional
10.19 Comparação dos métodos
10.20 Orifícios
10.21 Vertedor circular
10.22 Vertedor retangular
10.23 Diâmetro de saída
10.24 Depósito anual de sedimentos
10.25 Bibliografia e livros consultados
28páginas

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Introdução

Não existe até o presente momento uma estimativa de reservatório de detenção que seja
considerada ótima, pois todas estão sujeitas a erros.
Recomendamos que usar o método Racional com tempo básico de três vezes o tempo de
concentração para o dimensionamento preliminar do reservatório para bacias com area até 3km2.
Para areas maiores que 3km2 usar os adimensionais do prof. dr. Rodrigo de Melo Porto da
Universidade de São Carlos da USP.
A escolha do volume de detenção dependerá além do conhecimento das várias alternativas, o
bom senso para a melhor escolha, não esquecendo que somente o routing do reservatorio poderá
decidir se o volume estimado é bom ou não.
O autor recomenda o período de retorno de 100anos para o dimensionamento de reservatórios
de detenção.
Existe correlacionado com o dimensionamento de reservatórios de detenção os seguintes
assuntos:
1. Routing do reservatório
2. Vertedor e orifício
3. Reservatório de detenção estendido
4. Reservatório de retenção
5. Falhas em barragens
6. Piscinhas- legislação existente
7. DAEE – pequenas barragens. Método Racional
8. Custos de obras, manutenção e operação
9. Dissipador de energia
10. Escada hidráulica
11. Esvaziamento de reservatório

Guarulhos, 12 de maio de 2010

Engenheiro civil Plinio Tomaz

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Capítulo 10 –Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.1 Introdução
Com objetivo de deter enchentes é comum se fazer obras hidráulicas denominadas de
reservatórios de detenção para acumular as águas pluviais durante um determinado tempo.
Geralmente o tempo de escoamento é de algumas horas.
Podemos fazer reservatório de detenção aumentando o tempo de esvaziamento para num
mínimo de 24h e teremos um reservatório de detenção estendido com objetivo de deter enchentes e
melhorar a qualidade das águas pluviais.
As previsões de volume que veremos se referem somente a detenção de enchentes.
Antes de um projeto definitivo, fazemos um dimensionamento. Estimamos o volume do
reservatório de detenção, a área ocupada pelo mesmo, profundidade média e custo.
As Figuras (10.1) e (10.2) mostram reservatórios de detenção construídos para deter os picos
de cheia.
O conceito básico é a Teoria do Impacto Zero aplicada a enchentes, onde devido a
construção de um reservatório de detenção a vazão de pós-desenvolvimento tem que ser igual a vazão
de pré-desenvolvimento. Desta maneira não haverá impactos com o desenvolvimento da área em
questão.

Figura 10.1 – Reservatório de detenção em São Bernardo do Campo na região do Alto Tamanduatei.
Fonte: DAEE,2000

Dica: o dimensionamento de um reservatório de detenção é sempre feito por tentativas.

Vamos mostrar 14 (catorze) métodos para o dimensionamento.


Alguns métodos prevêem o uso de orifício ou vertedor e outros não. É difícil saber qual é o
melhor método, mas o importante é que são poucas as variações entre os mesmos.

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Chin, 2000 p. 418 no livro Water Resources Engeneering bem como Mays, 1999 sugerem
uma seqüência já explicada por Urbonas e Roesner,1993, para determinação do volume de um
reservatório de detenção a qual adaptamos:

Primeiro passo: faça um dimensionamento preliminar do reservatório de detenção.


O dimensionamento preliminar representa o volume necessário, considerando o pico no pré-
desenvolvimento da bacia e o pico da vazão no pós-desenvolvimento. Muitas vezes a vazão de pico
no pós-desenvolvimento é fixada por legislação da região, ou imposta pelas condições locais da obra.
Uma das grandes dificuldades é estabelecer o periodo retorno em que deve ser calculado o
reservatório sendo o recomendado Tr= 100anos.
Existem vários métodos aproximados que nos fornecem o volume de detenção o qual serão
explicados neste capítulo.

Segundo passo: faça uma seleção da estrutura de saída.


Com os dados do volume achado no primeiro passo, faça uma estimativa do orifício ou do
vertedor. Podemos escolher da maneira que queremos, sendo usual o uso conjunto de orifício e
vertedor. Não esquecer que o dimensionamento é feito por tentativas

Terceiro passo: faça o routing da hidrógrafa do escoamento superficial e do escoamento de


saída.
Para se fazer o routing é necessário conhecer o tamanho do reservatório e as curvas cota-
vazão dos dispositivos de saída, bem como curva cota-volume do reservatório. Não esquecendo que o
routing não determina o volume do reservatório, somente confere o funcionamento do mesmo,
obtendo-se uma hidrógrafa de saída desejada.
Em obras pequenas é comum não se fazer o routing, mas conforme a importância da obra e
das estruturas de saída temos que fazer o routing. Lembramos que para o routing do reservatório
precisamos do hidrograma de entrada e só obtemos com o Método Santa Barbara ou SCS, pois o
método Racional não fornece o hidrograma de entrada. Existe um hidrograma aproximada de entrada
pelo método Racional, mas não é aceito por todos os especialistas.

Quarto passo: verifique os picos de descarga no pós-desenvolvimento para ver se é menor ou


igual ao pré-desenvolvimento.
Verifique o volume máximo de acordo com os níveis do reservatório de detenção. Faça então
ajustes necessários, no tamanho do reservatório ou nas estruturas de controle e repita o segundo e o
terceiro passo quantas vezes forem necessárias

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Figura 10.2-Reservatório de detenção com 95.000m3 implantado junto ao córrego


Saracantan na bacia superior do córrego dos Meninos em São Paulo (concluído).
Fonte: DAEE.

10.2 Localização do reservatório de detenção


O reservatório de detenção pode ser feito “in line” ou “off line”, isto é, no próprio fundo de vale
ou lateralmente ao curso d’água .
A seção de estudo onde será instalado o reservatório de detenção é chamada seção de controle.

10.3 Método de cálculo para vazão de pico


O autor salienta que quando for utilizar um método de cálculo para a estimativa da vazão de pico,
deve ser usado um método aceito pela comunidade científica, precavendo-se de processos
judiciais. Certos métodos cairam em desuso e são pouco usado ou esquecido nos novos livros
publicados.
O método Racional é o mais usado no mundo e o limite que recomendamos é para áreas até
3km2. O método apresenta o inconveniente de não apresentar a curva de vazão com o tempo que
é o hidrograma afluente ao reservatório de detenção. Existem métodos para criação do
hidrograma do Método Racional que não é aceito por todos os especialistas.
O metodo do SCS é o mais usado no mundo e recomendado para areas acima de 3km2 e menor
que 250 km2. Foi criado em janeiro de 1975 pelo US Soil Conservation Service. Apresenta um
hidrograma perfeito e aceito por toda a comunidade científica no mundo inteiro.
O Método Santa Barbara pode ser usado em areas até 50km2, produz vazão de pico e
hidrograma. É muito usado nos Estados Unidos e está começando a ser usado no Brasil. No livro
que publicamos em 2002 sobre Cálculos Hidrológicos e Hidráulicos para obras municipais
incluimos o método Santa Barbara para socializar o conhecimento.

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Curso de Manejo de Águas Pluviais (livro 14) 7
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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

O método SCS TR-55 foi criado em janeiro de 1999. É facil de ser aplicado para áreas pequenas
chegando até 250km2. Possui o inconveniente de usar quatro tipos de chuvas existentes nos
Estados Unidos. Para o Estado de São Paulo, o prof. dr. Ruben Lalaina Porto estudou o assunto
recomendando o Tipo II.
Infelizmente desconhecemos estudos em outros estados brasileiros, motivo pelo qual não
recomendamos o uso do TR-55 fora do Estado de São Paulo. O SCS TR-55 calcula a vazão de
pico e existem tabelas que facilitam a elaboração do hidrograma.
Nos Estados Unidos é bastante usado o SCS TR-55.

10.4 Número da curva CN


Para se achar a chuva excedente o método mais usado e consagrado e aceito nos tribunais nos
Estados Unidos é o número da curva CN embora não seja o melhor.
O SCS classifica os solos em quatro grupos: Grupo de Solo A, Grupo de Solo B, Grupo de solo C
e Grupo de Solo D.

Q= (P – 0,2S)2/ (P+0,8S)
Sendo:
Q= chuva excedente ou runoff (mm)
P= precipitação (mm)
S=potencial máximo de retenção após começar o runoff (m)

S= 25400/CN -254

Exemplo 10.1
Calcular a chuva excedente Q em mm dado CN=83 e P=104mm para chuva de 2h de duração na
RMSP. Calcular também o volume de chuva excedente, ou seja, do runoff (escoamento superficial)
para área da bacia de 222ha.
S= 25400/CN -254
S= 25400/83 -254 =52,02mm
Q= (P – 0,2S)2/ (P+0,8S)
Q= (104– 0,2x52,02)2/ (104+0,8x 52,02) = 60mm

Cálculo do volume do escoamento superficial


V= (222ha x 10.000m2 )x (60mm / 1000)=133.200m3

10.5 Coeficiente de runoff C do método Racional


Podemos estimar o coeficiente C do método Racional verificando-se tabelas ou calculá-lo em
função da área impermeável usando coeficiente volumétrico de Schueler, 1987
Rv= 0,05 + 0,009 x AI
Sendo:
Rv= coeficiente volumétrico adimensional
AI= área impermeável (%)
O truque é fazer C=Rv.

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Curso de Manejo de Águas Pluviais (livro 14) 8
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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Exemplo 10.2
Calcular o coeficiente de runoff C do Método Racional para area de 222ha com área
impermeável AI= 55%. Calcular também o volume do escoamento superficial sendo o tempo de
concentração no pós-desenvolvimento de 15min e a vazão de pico do pós-desenvolvimento é
65,51m3/s.

Rv= 0,05 + 0,009 x AI


Rv= 0,05 + 0,009 x 55= 0,545
C=0,545

V= Qpós x tc x 60
V= 65,51 x 15 x 60= 58.959m3

10.6 Frederick Law Olmsted, paisagista americano


Frederick Law Olmsted foi quem projetou o Central Park em Nova Iorque (Estados Unidos).
Conforme a arquiteta americana Anne Whiston Spirn, 1995, os arquitetos paisagistas e
historiadores americanos consideram o sistema de parques de Boston, conhecido como Emeraldo
Necklace, como um marco no planejamento dos parques americanos, mas poucos sabem que um terço
do sistema foi projetado para o controle de enchentes e melhoria da qualidade das águas e não
fundamentalmente para a recreação conforme Figura (10.3). O projetista Frederick Law Olmsted
criou o Fens e o Riverway para combater os problemas

Figura 10.3-O plano para o Fens, Boston foi feito em 1877. Nele aparecem as bacias de retenção.

de enchentes e de poluição das várzeas da Back Bay de Boston.


Segundo ainda Anne Whiston Spirn, os projetos modernos e “inovadores” feitos em Chicago e
Denver, baseiam-se em alguns dos mesmos princípios usados por Olmsted em Boston.
Portanto, como se pode notar a idéia de reservatório para conter as águas de chuvas ou seja a
detenção ou retenção é velha e a bem documentada é aquela feita em Boston em 1877 por Olmsted.

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.7 Custos médio de reservatórios de detenção na RMSP


Usando dados de reservatórios de detenção existentes na RMSP (Região Metropolitana de São
Paulo) em 30 (trinta) reservatórios abertos estabelecemos as medias e desvio padrão conforme Tabela
(10.1).
A manutenção e operação anual de um reservatório de detenção varia de 5% a 10% do custo
total da obra, verificando-se um alto custo que causa na prática uma má gestão do reservatorio de
detenção.

Tabela 10.1- Medias e desvio padrão de 30 reservatórios de detenção na RMSP


Média Desvio padrão
3
Custo do reservatório de detenção aberto US$ 34/m US$ 13/m3
Área de drenagem 5,1 km2 3,9 km2
Volume do reservatório 180.614m3 123.181m3
2
Área disponível 48.191m 38.814m2
Área disponível em porcentagem da área da bacia 1,8% 2,0%
3
Taxa de volume do reservatório/área da bacia em hectares 514m /ha 226m3/ha
Altura média do reservatório de detenção 3,30m 1,00m
3
Custo de reservatório de detenção fechado com somente uma amostra US$ 108/m

Exemplo 10.3
Dada uma área de 100ha estimar:
Volume do reservatório= 514m3/ha x 222ha= 114.108m3
Custo do reservatório= US$ 34/m3 x 114.108m3= US$ 3.879. 672
Área necessária para implantar o reservatório= 1,8% x 222ha/100=4ha=40.000m2
Profundidade média= 3,30m
Área da seção longitudinal= 114.108m3/3,3m= 34.578m2
10.8 Dimensionamento do reservatório de detenção usando a função Gama
Rodrigo de Melo Porto,1997 no livro de Drenagem Urbana-gerenciamento, simulação e
controle, na p.181 apresenta a função de distribuição Gama.
Desta maneira podemos analiticamente simular a hidrógrafa de uma bacia bastando somente
variar o fator de aspecto “n”. Porto, 1989 verificou que para efeitos práticos os valores de n estão
entre 4 e 10.
Para o dimensionamento (Porto, 1989) demonstrou que o volume aproximado do reservatório
de detenção pode ser feito da seguinte maneira:
volume = (2 . π / n) 0,5 . ip . tp (Equação 10.6)
Sendo:
volume = volume estimado do reservatório de detenção (m3);
n= fator de aspecto. Varia de 4 a 10. Na prática aconselha-se valor n=8;
ip = vazão máxima da hidrógrafa de entrada (m3/s) e
tp = tempo de pico do hidrograma afluente (segundo).

10-9
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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Exemplo 10.4
Dimensionar o volume de um reservatório usando a função Gama, vazão máxima da
hidrógrafa de entrada ip = 56,6m3/s e tempo de pico do hidrograma afluente tp = 32,5min obtido pelo
Método Santa Bárbara para Tr=100anos.
Aplicando-se a Equação (10.6) e variando o fator de aspecto vemos que o volume estimado do
reservatório de detenção varia em função do fator de aspecto n, sendo aconselhado por Porto o valor
n=8. Conforme Equação (10.6) temos:
volume = (2 . π / n) 0,5 . ip . tp
volume = (2 . π / 8) 0,5 x 56,6 x 32,5x60 = 110.370m3

10.9 Reservatório com paredes verticais


Rodrigo de Melo Porto,1997 obteve as seguintes relações.
Vertedor retangular
V* = -0,7832 Q* + 0,9447 (Equação 10.7)

Exemplo 10.5- aplicação da fórmula de Rodrigo de Melo Porto para vertedor


Qpos= 56,6m3/s para Tr=100anos.
Qpre= 14,3m3/s
As paredes do reservatório são verticais e o vertedor mais eficiente é o orifício.
q max = 14,3m3/s
ip = 56,6m3/s
Q* = q max / ip = 14,3/56,6 = 0,25

Usando a Equação (10.7) para reservatório com parede vertical e descarga em vertedor:
V* = -0,7832Q* + 0,9447 = -0,7832 x 0,25 + 0,9447 = 0,75

Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vol = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vmáximo = vol x 0,75 =Volume do reservatório = 133200m3 x. 0,75 = 99.900m3

Orifício
V* = -0,8761Q* + 0,8862

Exemplo 10.6- aplicação da fórmula de Rodrigo de Melo Porto para orifício


Qpos= 56,6m3/s para Tr=100anos.
Qpre= 14,3m3/s
As paredes do reservatório são verticais e o vertedor mais eficiente é o orifício.
q max = 14,3m3/s
ip = 56,6m3/s
Q* = q max / ip = 14,3/56,6 = 0,25

Usando a Equação (10.8) para reservatório com parede vertical e descarga em orifício:
V* = -0,8761Q* + 0,8862 = -0,8761 x 0,25 + 0,8862 = 0,67
Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vol = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vmáximo = vol x 0,67 =Volume do reservatório = 133200m3 x. 0,67 = 89.244m3

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.10 Reservatório com paredes parabólicas


Rodrigo de Melo Porto,1997 obteve as seguintes relações.
Vertedor retangular
V* = -0,8834 Q* + 0,9073 (Equação 10.9)

Exemplo 10.7- aplicação da fórmula de Rodrigo de Melo Porto para paredes parabólicas e
vertedor retangular
Qpos= 56,6m3/s para Tr=100anos.
Qpre= 14,3m3/s
As paredes do reservatório são verticais e o vertedor mais eficiente e descarga em vertedor
retangular.
q max = 14,3m3/s
ip = 56,6m3/s
Q* = q max / ip = 14,3/56,6 = 0,25

Usando a Equação (10.9) para reservatório com parede vertical e descarga em orifício:
V* = -0,8834Q* + 0,9073 = -0,8834 x 0,25 + 0,9073 = 0,69
Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vol = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vmáximo = vol x 0,69 =Volume do reservatório = 133.200m3 x 0,69 = 91.908m3

Orifício
V* = -0,9508 Q* + 0,8988 (Equação 10.10)

Sendo:
V* = Vmáximo / vol
Q* = q max / ip

vol = é o volume total fornecida pela chuva excedente na área de captação considerada. É a chuva
excedente multiplicada pela área da bacia (m3).
Vmáximo = o volume do reservatório de detenção (m3).
q max = vazão máxima da hidrógrafa de saída (m3/s).
ip = vazão máxima da hidrógrafa de entrada (m3/s).
Rodrigo de Melo Porto concluiu que para reservatórios de paredes verticais, o descarregador
tipo orifício é mais eficiente do que o reservatório com vertedor retangular.

Exemplo 10.8- aplicação da fórmula de Rodrigo de Melo Porto para paredes parabólicas e
orificio
Qpos= 56,6m3/s para Tr=100anos.
Qpre= 14,3m3/s
As paredes do reservatório são verticais e o vertedor mais eficiente é o orifício.
q max = 14,3m3/s
ip = 56,6m3/s
Q* = q max / ip = 14,3/56,6 = 0,25

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Usando a Equação (10.10) para reservatório com parede vertical e descarga em orifício:
V* = -0,9508 Q* + 0,8988 = -0,9508 x 0,25 + 0,8988 = 0,66
Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vol = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vmáximo = vol x 0,66 =Volume do reservatório = 133.200m3 x 0,66 = 79.920m3

10.11 Dimensionamento pelo método de Aron e Kibler, 1990 usando o Método Racional
Osman Akan, cita no livro Urban Stormwater Hydrology,1993, o dimensionamento pelo
método de Aron e Kibler,1990. Neste método não é especificado o tipo de saída da água do
reservatório de detenção tais como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos mesmos.

Teoria do método de Aron e Kibler, 1990


No método de Aron e Kibler é suposto que o hidrograma da vazão afluente tem formato
trapezoidal e que o pico da vazão efluente está no trecho de recessão do trapézio adotado e que o
vazão de saída tem forma triangular conforme Figura (10.4).

Vazão

Ip
Qp

Tempo

td Tc

Figura 10.4- Hidrograma trapezoidal de entrada no reservatório de detenção e triangular de saída


Teremos então

Vs= Ip . td – Qp ( td + tc) / 2 (Equação 10.12)

Sendo:
td =duração da chuva (min);
tc= tempo de concentração (min) da bacia no ponto em questão;
Vs= volume de detenção (m3). Queremos o máximo de Vs;
Qp= pico da vazão de saída (m3/s).
Ip= pico da vazão de entrada (m3/s).

O cálculo é feito por tentativas, pois, a cada tempo, teremos um valor da intensidade de chuva
“I “ , sendo constante o valor de C e da área da bacia em hectares.
Para o cálculo de Ip= CIA/360 adotamos a fórmula de (Paulo S. Wilken,1972.
O resultado será aquele que resulte no maior volume de detenção Vs.

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Exemplo 10.7
Seja o piscinão do com os seguintes dados:
Fórmula de intensidade de chuva adotada: Paulo S. Wilken (1972)
Local do reservatório: praça Charles Muller, São Paulo, capital
Área de drenagem: 222ha
Período de retorno adotado T=100anos
Fração impermeável total : 0,55 (55% da área total)
Vazão efluente máxima (vazão saída do reservatório) : 13m3/s
Tempo de concentração: 15min
Solução:
Escolha do coeficiente de runoff ou coeficiente de escoamento “C”
O valor admitido de C=0,545
Aplicação do método de Aron e Kibler, 1990.
A vazão de saída Qp=13m3/s.
Usando a fórmula de (Paulo Sampaio Wilken,1972).

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
t= duração da chuva (min).
Para período de retorno Tr = 100 anos teremos:

1747,9x1000,181 4022,69
I = ------------------------ = ------------------
( t + 15)0,89 ( t + 15)0,89
Variando-se o tempo “t” começando pelo tempo de concentração de 15min.

Para t=15min
4022,69
I = ------------------
( t + 15)0,89

4022,69
I = ------------------ = 194,89mm/h
( 15 + 15)0,89

Para t=30min
4022,69
I = ------------------
( t + 15)0,89

4022,69
I = ------------------ = 135,90mm/h
( 30 + 15)0,89

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

e assim por diante conforme mostra a Tabela (10.2).


Aplicando a fórmula racional Q=C. I . A/360
Teremos:
Para t=15min, A=222 ha e C=0,545
Q= CIA/360 = 0,545 x 194,89 x 222/360 = 65,50m3/s
Para t=30min
Q=CIA/360 = 0,545 x 135,90 x 222/ 360 = 45,67m3/s
Vamos calcular a duração da chuva que produz o maior volume de reservatório de detenção
usando a Equação (10.12):
Vs= Ip x td – Qp x ( td + Tc)/2
Para t=td = 15min, sendo tempo de concentração Tc fixo igual a 15min
Vs= (vazão afluente em m3/s) x 60s x (tempo de duração da chuva) – (vazão efluente em m3/s) x 60s
x (tempo de duração da chuva + tempo de concentração)/2
Vs=65,50m3/s x 60s x 15min – 13m3/s x 60 s x (15min + 15min)/2 =
Vs= 47.225m3
Para t=30min
Vs= 45,67m3/s x 60s x 30min – 13 m3/s x 60 s x (30min + 15min)/2 =
Vs= 64.600m3
E assim por diante, conforme se pode ver na Tabela (10.2).
Portanto, o volume do piscinão calculado pelo método aproximado de (Aron e Kibler,1990)
para período de retorno de 100anos é de 75.723m3.

Tabela 10.2- Dimensionamento do piscinão do usando o método de Aron e Kibler,1990 para


T=100 anos e C=0,545

Tempo Período de Intensidade


retorno Duração da de chuva Vs
concentraçao Qsaida (anos) Chuva Área Qentrada Qentrada
Tr (min) Q=CIA Q=CIA

(min) (m3/s) (anos) (min) (l/s.ha) ha (l/s) (m3/s) (m3)

15 13 25 15 421,31 222 65472 65,47 47225


15 13 25 30 293,69 222 45639 45,64 64600
15 13 25 45 227,35 222 35330 35,33 71990
15 13 25 60 186,40 222 28966 28,97 75028
15 13 25 75 158,48 222 24627 24,63 75723
15 13 25 90 138,16 222 21470 21,47 74989
15 13 25 105 122,68 222 19064 19,06 73306
15 13 25 120 110,47 222 17167 17,17 70953
15 13 25 135 100,58 222 15631 15,63 68107
15 13 25 150 92,40 222 14359 14,36 64884
15 13 25 165 85,52 222 13289 13,29 61364
15 13 25 180 79,64 222 12376 12,38 57606

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.12 Dimensionamento pelo método de Baker, 1979 usando o Método Racional


McCuen,1998 cita o método de Baker que em 1979 usou o método racional com hidrograma
triangular para a entrada e para a saída, sendo que o pico da saída, fica na perna descendente do
triângulo de entrada.
Neste método não é especificado o tipo de saída da água do reservatório de detenção tais
como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos mesmos.
No exemplo vamos usar um conceito muito usado nos Estados Unidos para o
dimensionamento de piscinão, que é o conceito de pré-desenvolvimento e pós-desenvolvimento.
Considera-se que no pré-desenvolvimento, é quando a bacia não tinha nada construído e
existiam somente matas, por exemplo.
No pós-desenvolvimento é quando a bacia está totalmente desenvolvida.
Vs
---------- = 1 - α (Equação 10.13)
Vpós
Sendo:
Vs =volume do piscinão (m3);
Vpós = volume do runoff do escoamento (m3 );
α = Qpré/Qpós
Vpós = Qpós x tc pós
Sendo:
Qpós = vazão de pico no pós-desenvolvimento (m3/s);
tcpos= tempo de concentração no pós-desenvolvimento (min);
Qpré= vazão de pico no pré-desenvolvimento (m3/s).

Exemplo 10.8 - Usando o Método Racioinal


Vamos estabelecer um reservatório de detenção padrão para podermos comparar supondo que:
K= 1747,9
a= 0,181
b= 15
c=0,89
Tr=100 anos
Válida para a cidade de São Paulo
I (mm/h)= K . Tr a/ (tc + b) c

I (mm/h)= 1747,9 . 100 0,181/ (tc + 15) 0,89


tc= tempo de concentraçao (min)
I= intensidade da chuva (mm/h)

Vamos examinar duas situações: pré-desenvolvimento e pós-desenvolvimento

Pré-desenvolvimento
tc= 31min
I (mm/h)= 1747,9 . 100 0,181/ (tc + 15) 0,89
I (mm/h)= 1747,9 . 100 0,181/ (31 + 15) 0,89
I=133,25m/h
Área impermeável (%)= 12
Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05+0,009 x 12= 0,158
C=0,158
Area (ha)= 222

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Qpré= C. I . A / 360 = 0,158 x 133.25 x 222/360= 13m3/s

Pós-desenvolvimento
tc= 15min
I (mm/h)= 1747,9 . 100 0,181/ (tc + 15) 0,89
I (mm/h)= 1747,9 . 100 0,181/ (15 + 15) 0,89
I=194,93mm/h
Área impermeável (%)= 55
Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05+0,009 x 55= 0,545
C=0,545
Area (ha)= 222
Qpre = C. I . A / 360 = 0,545 x 194,93 x 222/360= 65,51m3/s

Exemplo 10.9 -Usando o Metodo Santa Barbara


Pré-desenvolvimento
Tr=100anos
Local: São Paulo, capital
CN=63
tc= 31min
Área impermeável = 12%
Área da bacia= 222ha
Duração da chuva= 2h
Precipitação total em 2h para Tr=100anos= 104mm
Qpre= 14,3m3/s

Pés-desenvolvimento
Tr=100anos
Local: São Paulo, capital
CN=83
tc= 15min
Area impermeável = 55%
Area da bacia= 222ha
Duração da chuva= 2h
Precipitação total em 2h para Tr=100anos= 104mm
Qpré= 56,6m3/s

Exemplo 10.10
Dimensionamento de reservatório de detenção pelo método de Baker, 1979 usando o Método
Racional.
Vazao de pré-desenvolvimento= 13m3/s
Vazao de pos desenvolvimento= 65,51m3/s
Tempo de concentração é de 15min.
Período de retorno considerado foi de 100anos.
q pré = 13m3/s
q pos = 65,51m3/s
α= qpré / qpós = 13 / 65,51 = 0,2

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Usando a Equação (10.13) temos:


Vs
---- = 1 - α = 1 - 0,2 = 0,8
Vpós
Vpós = 65,51m3/s x 15min x 60s = 58.961m3
Vs = Vpós x 0,8 = 58.961m3 x 0,8= 47.277m3

10.13 – Dimensionamento pelo método do Federal Aviation Agency,1966 usando o Método


Racional
O método do Federal Aviation Agency (FAA) foi adotado nos Estados Unidos em 1966.
Originalmente o método foi criado em 1957 por Kropf.
Neste método não é especificado o tipo de saída da água do reservatório de detenção tais
como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos mesmos.
O método deve ser usado para pequenas bacias urbanas. Adotamos o limite máximo
aproximado de 3 km2 de área de bacia.
O método do FAA adota basicamente o Método Racional. O volume de entrada, ou seja, o
imput é dado pela equação abaixo, conforme Mays, 2001 p. 607 e Maidment, 1993 capítulo 28.27 do
livro Handbook of Hydrology.
V in = [(C . I . A)/360] . tD x 60 (Equação 10.14)
Sendo:
V in = volume acumulado do runoff (m3);
C= coeficiente de runoff;
I= intensidade de chuva (mm/h) obtido por uma curva IDF;
A= área da bacia (ha) e
tD = tempo de duração da chuva (min).
O volume acumulado de saída é Vout sendo dado pela fórmula abaixo:
Vout = k . Qout . tD . 60 (Equação 10.15)
Vout = volume acumulado de saída (output) em (m3);
k= coeficiente de ajuste entre o pico da vazão de entrada e o pico da vazão de saída;
Qout = vazão máxima de saída (output) (m3/s) adotada e suposta constante sempre.
tD = tempo de duração da chuva (min)

O Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Colorado localizada em Denver,


EUA, em 1991 publicou gráfico do coeficiente de ajustamento “k” o qual apresentaremos na Tabela
(10.3).

Tabela 10.3- Coeficientes de ajuste “k” em função da relação das vazões de saída com a da
entrada
Coeficiente de ajuste
Qout /Qin k

0,10 0,98
0,20 0,94
0,30 0,90
0,40 0,87
0,50 0,85
0,60 0,83
0,70 0,81
0,75 0,00
Fonte: adaptado do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Colorado, Denver, 1991

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Exemplo 10.11
Dimensionamento do reservatório de detenção pelo método do Federal Aviation Agency.
Dados:
Área de drenagem: 222ha
Qpós= 65,51m3/s
Qpré= 13m3/s
Período de retorno T=100anos
Vazão de pré-desenvolvimento: 13m3/s
Solução:
13 m3/s
------------- =0,2
65,51 m3/s
Entrando na Tabela (10.3) com a relação 0,2 obtemos k=0,94 na primeira linha. Para cada
vazão de entrada temos um valor de k conforme se pode ver na Tabela (10.4).
Temos que achar o máximo da diferença entre o volume de entrada e o volume de saída, da
seguinte maneira:
V= máximo (V in – Vout)
Portanto, o volume do piscinão será V.
Usamos o método racional para calcular a vazão afluente, sendo que a vazão efluente de
13m3/s é imposta. Calculamos o volume da vazão afluente para a duração da chuva e o volume
gerado pela vazão efluente.
A máxima diferença de volume será a nossa resposta, isto é, o volume estimado do
reservatório de detenção.
Na Tabela (10.4) são mostrados os resultados obtidos, obtendo-se volume de 64.912m3.

Tabela 10.4- Dimensionamento de reservatório de detenção usando o método do Federal


Aviation Agency, 1966 sendo C=0,545 e A=222ha

Vazão Período chuva


efluente de
retorno
Tempo adotado Tr Intensidade Area Qentrada α V in = C x I Vout = k x V in - Vout
da chuva xAx Qout x tD
De (min) k
Conc. tD
tc tD

(min) (m3/s) (anos) (min) (mm/h) (ha) (l/s) (m3) (m3) (m3)

15 13 100 15 194,93 222 65,51 0,20 0,94 58961 10998 47963

15 13 100 30 135,88 222 45,67 0,28 0,92 82201 21528 60673

15 13 100 45 105,19 222 35,35 0,37 0,87 95449 30537 64912

15 13 100 60 86,24 222 28,98 0,45 0,86 104343 40248 64095

15 13 100 75 73,32 222 24,64 0,53 0,84 110892 49140 61752

15 13 100 90 63,92 222 21,48 0,61 0,83 116011 58266 57745

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Curso de Manejo de Águas Pluviais (livro 14) 19
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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.14- Dimensionamento pelo método de Abt e Grigg, 1978 usando o Metodo Racional
McCuen,1998 cita o método de Abt e Grigg que usa o método racional com hidrograma
triangular para a entrada e saída.
Neste método não é especificado o tipo de saída da água do reservatório de detenção tais
como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos mesmos.
Vs
---------- = (1 - α)2 (Equação 10.16)
Vpós
Sendo:

Vs =volume do piscinão (m3);


Vpós = volume do runoff do escoamento (m3 );
α = Qpré/Qpós
Sendo:
Qpós = vazão de pico no pós-desenvolvimento (m3/s);
tc= tempo de concentraçãpo no pós-desenvolvimento (min);
Qantespré= vazão de pico no pré-desenvolvimento (m3/s).

Exemplo 10.12
Dimensionamento do piscinão do pelo método de Abt e Grigg, 1978
Consideramos aqui no exemplo que a vazão da galeria da av. de 13m3/s seria a vazão de pico
no pré-desenvolvimento e a vazão de pico depois do desenvolvimento é de 65,51m3/s. Tempo de
concentração tc=15min. Período de retorno considerado foi de 100anos. Usa o método Racional.
Qpré = 13 m3/s;
Qpós = 65,51m3/s
α = 13 / 65,51 = 0,20
Vs
---- = (1 - α)2 = (1- 0,20)2 =0,64
Vpós

Vpós = 65,51 x 15 x 60 = 58.961m3


Vs = 58.961m3 x 0,64= 37.736m3
Portanto, usando o método de Abb e Grigg achamos que o volume estimado do piscinão é de
37.736m3.

10.15 Dimensionamento pelo método de Kessler e Diskin, 1991


Mays,1999 cita o método de Kessler e Diskin,1991 no capítulo 14.85 do livro Hydraulic
Design Handbook, que supõe que a área da superfície do reservatório seja constante. A grande
vantagem é que o método tem aplicação para orifícios e para vertedores.
Para um único vertedor:
Vs
---- = 0,932 – 0,792 . α Válido para 0,2 < α < 0,9 (Equação 10.17)
Vpós

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Exemplo 10.13
Dimensionamento de um reservatório de detenção pelo método de Kessler e Diskin,1991
Vamos usar as vazões de pico calculadas usando o método Santa Bárbara.
tc=15min
Qpré =14,3m3/s;
Qpós = 56,6m3/s
α = 14,3/56,6 = 0,25
Como o valor obtido de α está entre 0,20 e 0,90, podemos usar o método de Kessler e Diskin, 1991.
Supomos que o reservatório manterá constante a superfície superior.
Vs
---- = 0,932 – 0,792 . α
Vpós

Vs
---- = 0,932 – 0,792 x 0,25 = 0,734
Vpós

Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vpós = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vs = Vpós x 0,734 = 133.200m3 x 0,734= 97.769m3

Para um único orifício:


Vs
---- = 0,872 – 0,861 . α Válido para 0,2 < α < 0,9 (Equação 10.18)
Vdepois

Exemplo 10.14
Dimensionamento de um reservatório de detenção pelo método de Kessler e Diskin, 1991
Consideramos que aplicando o método racional obtemos:
tc=15min
Tr= 100anos
Qpré =14,3m3/s;
Qpós = 56,6m3/s
α = 14,3/56,6 = 0,25
Como o valor obtido de α está entre 0,20 e 0,90, podemos usar o método de Kessler e Diskin,
1991. Supomos que o reservatório manterá constante a superfície superior e que o dispositivo de
saída de água seja um único orifício.

Vs
---- = 0,872 – 0,861 . α
Vpós

Vs
---- = 0,872 – 0,861 x 0,25 = 0,66
Vpós
Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Vpós = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3


Vs = Vpós x 0,66 = 133.200m3 x 0,66= 87.912m3

10.16 Dimensionamento pelo método de McEnroe, 1992


Mays,1999 cita o método de McEnroe,1992 no capítulo 14.85 do livro Hydraulic Design
Handbook, que supõe que a hidrógrafa da entrada no reservatório é devida a uma função Gama. A
grande vantagem é que o método tem aplicação para orifícios e vertedores.
Para um único vertedor:
Vs
---- = 0,98 – 1,17 . α +0,77. α2 –0,46 . α3 (Equação 10.19)
Vpós

Exemplo 10.15
Dimensionamento de um reservatório de detenção pelo método de McEnroe, 1992
Tr=100anos
tc=15min
Método Santa Bárbara
Qpré =14,3m3/s;
Qpós = 56,6m3/s
α = 14,3/56,6 = 0,25
Vs
---- = 0,98 – 1,17 . α +0,77. α2 –0,46 . α3
Vpos
Vs
---- = 0,98 – 1,17 x 0,25 +0,77x 0,252 –0,46 x 0,253 = 0,73
Vpos

Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vpós = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vs = Vpós x 0,73 = 133.200m3 x 0,73= 97.236m3

Para um único orifício:


Vs
---- = 0,97 – 1,42 . α +0,82. α2 –0,46 . α3 (Equação 10.20)
Vpós

Exemplo 10.16
Dimensionamento de um reservatório de detenção pelo método de McEnroe, 1992
Tr=100anos
tc=15min
Qpré =14,3m3/s;
Qpós = 56,6m3/s
α = 14,3/56,6 = 0,25

Vs
---- = 0,97 – 1,42 . α +0,82. α2 –0,46 . α3
Vpós

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Vs
---- = 0,97 – 1,42 x 0,25 + 0,82. 0,252 –0,46 x 0,253 = 0,66
Vpós

Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vpós = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vs = Vpós x 0,66 = 133.200m3 x 0,66= 87.912m3

10.17- Dimensionamento pelo método de Wycoff e Singh (1976)


Conforme McCuen,1998 o método de Wycoff e Singh pode ser verificado pela Equação (10.21).
Vs
---- = 0,97 x ( 1 - α)0,753 (Equação 10.21)
Vpós

Exemplo 10.17
tc=15min
Qpré =14,3m3/s;
Qpós = 56,6m3/s
α = 14,3/56,6 = 0,25
Vs
---- = 0,97 x ( 1 - α)0,753 = 0,97 x ( 1- 0,25) 0,753 = 0,78
Vpós
Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vpós = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vs = Vpós x 0,78 = 133.200m3 x 0,78= 103.896m3

10.18 Dimensionamento pelo método Racional


McCuen,1998 cita que dada a popularidade do método racional e usando o conceito de pré-
desenvolvimento e pós-desenvolvimento.
Considera-se que no pré-desenvolvimento quando a bacia não tinha nada construído e
existiam somente matas, por exemplo.
No pós-desenvolvimento é o caso quando a bacia está totalmente desenvolvida.
Vs = 0,5 x (Qpós - Qpré) x tb (Equação 10.22)
Sendo:
Vs =volume do piscinão (m3);
Qpós = vazão de pico (m3/s) no pós-desenvolvimento;
tc= tempo de concentraçao (min)
tb= 3 x tc
Qpré= vazão de pico (m3/s) no pré-desenvolvimento.

Dica: o dimensionamento pelo método Racional é o mais facil de se utilizar.

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Exemplo 108
Dimensionamento do piscinão do pelo método racional
tc= 15min
Tr=100anos
Método Racional.
Qpré = 13 m3/s;
Qpós = 65,51m3/s
Vs = 0,5 x (Qpós - Qpré) x tb
tb= 3 x tc
Vs = (65,51 - 13) x 3 x 15min x 60s = 70.889m3

10.19 Comparação dos métodos


Vamos colocar na Tabela (10.5) os varios tipos de cálculos para o mesmo problema para
orientar o projetista na escolha do mais adequado.

Tabela 10.5- Volume de detenção para Tr=100anos para caso na RMSP


Ordem Nome do método Volume de detenção
(m3)
1 Método heurístico 514m3/ha 114.108
2 Porto-Função Gama 110.370
3 Porto-reservatório com paredes verticais e saida em 99.900
vertedor retangular
4 Porto-reservatório com paredes verticais e saida em 89.244
orificio
5 Porto-reservatório com paredes parabólicas e saida em 91.908
vertedor retangular
6 Porto-reservatório com paredes parabólicas e saida em 79.920
orificio
7 Método Racional- Aron e Kibbler 75.723
8 Método Racional - Baker 47.277
9 Método Racional- Federal Aviation Agency 64.912
10 Método Racional- Abt e Grigg 37.736
11 Kessler e Diskin 87.912
12 McEnroe 87.912
13 Wycoff e Singh 103.896
14 Metodo Racional com tb=3tc 70.889

O grande problema que tem o projetista de reservatóio de detenção é usar um método que seja
aceito pela maioria dos especialistas no assunto. Nos Estados Unidos é muito usado o metodo de
Aron e Kibbler.
No Brasil não há uma recomendação, porém tomamos a liberdade de sugerir o uso do Método
Racional com tb=3tc para bacias com area até 3km2. Para áreas maiores sugerimos usar os
adimensionais do prof. dr. Rodrigo Porto da Universidade de São Carlos da USP.

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.20 Orifício
O orifício pode ser circular ou retangular e é calculado com a Equação:
Q= Cd x A x (2 g h ) 0,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
Cd= 0,62
A= área= π D2/4 (para orifício)
D= diâmetro (m)
g= aceleração da gravidade = 9,81 m/s2
h= altura média da lâmina de água em relação ao eixo da tubulação de saída (m)
O orifício geralmente é usado na parte inferior dos reservatórios de detenção para o
escoamento da vazão de pré-dimensionamento.

Figura 10.5- Orifício livre e submerso


Fonte: Ciria, 2007

Placa de orifícios
Quando temos uma placa de orifícios cada orifício pode ser calculado separadamente.

Figura 10.6- Placa de orifícios


Fonte: CIRIA, 2007

A equação para o calculo da vazão conforme CIRIA, 2007 é a seguinte:


Q= Cp x (2xAp/ 3x Hs) x (2g) 0,5 x H 1,5
Sendo:
Q= vazão de descarga no orifício (m3/s)
Cp= coeficiente de descarga para perfuração= 0,61
Ap= área da seção transversal de todos os orifícios (m2)
Hs= distancia de S/2 acima da linha de orifício mais alta até S/2 da linha de orifício mais baixa (m)
S=distância entre os orifícios (m)
H= altura da carga de água (m)

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Figura 10.7- Placa de orifícios


Fonte: CIRIA, 2007

Figura 10.8- Placa de orifícios protegida para pequenos lagos


Fonte: CIRIA, 2007

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.21 Vertedor circular


Conforme Tomaz, 2002 o vertedor circular em parede vertical tem a Equação:
Q= 1,518 x D 0,693 x H 1,807
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
D= diâmetro (m)
H= altura da lâmina de água (m).
O vertedor circular geralmente é usado para a descarga da vazão centenária Q100.

10.22 Vertedor retangular


O vertedor retangular pode ser de perfil tipo Creager ou de parede espessa tem a Equação:
Q=µ x L x H (2gH) 0,5
Como (2g) 0,5= 4,43 e parede espessa µ = 0,35.
Q= 4,43 x 0,35x L x H 1,5
Q= 1,55x L x H 1,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
L= largura do vertedor retangular (m)
H= altura da vertedor a contar da soleira (m).

10.23 Diâmetro de saída


Supondo:
n= 0,015 concreto.
S= declividade da tubulação (m/m)
D= diâmetro (m)
Q= vazão total específica (m3/s)
Conforme Tomaz, 2002, para seção plena temos:
D= [( Q. n ) / ( 0,310. S 0,5 )] (3/8)
ou
Q= [0,312 x S 0,5 x D (8/3)]/ n
Na Tabela (10.5) estão as vazões das tubulações de concreto em função da declividade.

Tabela 10.5 - Vazões em m3/s de tubulações de concreto de acordo com diâmetro interno e declividade da tubulação.
D 0,50% 1% 1,50% 2% 2,50% 3% 3,50% 4% 5%
(m) 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,05

0,15 0,009 0,013 0,016 0,019 0,021 0,023 0,025 0,026 0,030
0,20 0,020 0,028 0,035 0,040 0,045 0,049 0,053 0,057 0,064
0,25 0,036 0,052 0,063 0,073 0,082 0,089 0,097 0,103 0,115
0,30 0,059 0,084 0,103 0,119 0,133 0,145 0,157 0,168 0,188
0,40 0,128 0,181 0,221 0,256 0,286 0,313 0,338 0,361 0,404
0,50 0,232 0,328 0,401 0,463 0,518 0,567 0,613 0,655 0,732
0,60 0,377 0,533 0,652 0,753 0,842 0,923 0,997 1,065 1,191
0,70 0,568 0,804 0,984 1,136 1,270 1,392 1,503 1,607 1,797
0,80 0,811 1,147 1,405 1,622 1,814 1,987 2,146 2,294 2,565
0,90 1,111 1,571 1,923 2,221 2,483 2,720 2,938 3,141 3,512
1,00 1,471 2,080 2,547 2,942 3,289 3,603 3,891 4,160 4,651

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10.24 Depósito anual de sedimentos


Os sedimentos recolhidos são considerados não-perigosos e podem ser dispostos em aterros
sanitários ou em local autorizado.
Dica: adotar para o Brasil a taxa de 10m3/ ano x ha para remoção de sedimentos para
estimativa.

Exemplo 10.19
Depósito anual de sedimentos no reservatorio de detenção= 222ha x 10m3/ha/ano =2.220m3/ano
Portanto, anualmente teremos que remover aproximadamente 2.220m3 de sedimentos.

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.25 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8

10-28
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 11- Bombeamento de águas pluviais
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 11
Bombeamento de águas pluviais

Em 1962, Rachel Carson lançou o livro “Primavera Silenciosa” onde denunciou o uso abusivo do
DDT. Mais tarde, em 1997, Theo Colborn, Dianne Dumanoski e Peter Myers lançaram o livro
“Nosso futuro roubado” denunciando os problemas dos disruptores endócrinos, que são agentes
químicos que dificultam a reprodução dos adultos e ameaçam com graves perigos para seus
descendentes em fase de desenvolvimento.
Jose Santamarta- diretor da World Watch.

11-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 11- Bombeamento de águas pluviais
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 11 - Bombeamento de águas pluviais


11.1 Introdução
11.2 Critérios Hidrológicos
11.3 Hidrograma
11.4 Armazenamento das águas pluviais
11.5 Dimensionar o volume de armazenamento.
11.6 Equação do tronco cilíndrico
11.7 Procedimento para achar o total de armazenamento
11.8 Quantidade de bombas
11.9 Seqüência de bombeamento
11.10 Estimativa do volume de armazenamento e do número de bombas
11.11 Diferença entre volume de armazenamento e volume necessário para os ciclos
11.12 Tempo de ciclo para acionamento da bomba
11.13 Ciclo para as bombas subseqüentes
11.14 Outras considerações
11.15 Routing da curva de massa
11.16 Dimensões do buraco de sucção, ou seja, do poço de sucção
11.17 Vórtex
11.18 Grades
11.19 Sistema de Drenagem Urbana e bombeamento de Mairiporã - Dique
11.20 Bombeamento de águas pluviais em instalações prediais
45páginas

11-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 11- Bombeamento de águas pluviais
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 11- Bombeamento de águas pluviais

11.1 Introdução
O bombeamento de águas pluviais deve ser sempre evitado, mas existem situações em que é
necessário o uso de bombas para elevar as águas pluviais para um nível superior e assim possibilitar o
seu escoamento por gravidade.
Além do custo das obras de elevatória de águas pluviais temos os problemas de manutenção e
operação das bombas.
Apesar de haver muita literatura brasileira para o dimensionamento de estações elevatórias,
nunca é explicado, satisfatoriamente, o critério em que é escolhida a vazão de dimensionamento para
águas pluviais sendo este na verdade o grande problema.
Adotaremos como texto base Highway Stormwater Pump Station Design) do Federal Highway
Administration (FHWA- NHI-091-007 de fevereiro de 2001.
Na Figura (11.1) vemos uma estação elevatória típica de águas pluviais de grande porte.

Figura 11.1 - Estação Elevatória típica de águas pluviais. Estação Elevatória de Mairiporã

Na Figura (11.2) vemos o corte de uma estação de bombeamento de águas pluviais com motor e
bomba de eixo horizontal de poço de sucção seco. Na Figura (11.3) temos um perfil com poço de
sucção molhado.
A melhor solução recomendada pelo estado de Michigan no MDOT Drainage Manual é o poço
molhado devido ao menor custo.

11-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 11- Bombeamento de águas pluviais
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Figura 11.2 - Perfil de uma Estação Elevatória de Águas Pluviais com poço de sucção seco

11-4
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 11- Bombeamento de águas pluviais
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Figura 11.3 - Perfil de uma Estação Elevatória de Águas Pluviais com poço de sucção molhado
com bomba de eixo vertical.

Figura 11.4 - Bomba Horizontal observando-se o motor, a bomba centrifuga, a entrada e a


linha de descarga.

11-5
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Capitulo 11- Bombeamento de águas pluviais
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Figura 11.5 - Poço de seção retangular para três bombas submersíveis. Observar a parede
separando as bombas

Figura 11.6 - Bombas submersíveis Flygth

11-6
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Capitulo 11- Bombeamento de águas pluviais
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Figura 11.7 - Estação Elevatória de Mairiporã, setembro de 2004. Quatro bombas centrífugas
de eixo verticais com motores de 60 H P.

11.2 Critérios hidrológicos


O grande problema no dimensionamento de uma estação elevatória de águas pluviais são os
critérios hidrológicos a serem adotados e, após isto, definido a escolha da bomba, potência,
construção são outros fatores já bastante conhecidos e fáceis de serem achados.
A primeira grande decisão é que período de retorno deve ser adotado? Tudo isto vai depender
do tipo de obra e dos riscos associados à mesma. Para referência adotamos para efeito de projetos de
bombeamento de águas pluviais período de retorno de 50anos.
Deve a elevatória ser verificada para a vazão obtida para período de retorno de 2anos
É necessária a checagem no fim do projeto para a vazão de período de retorno de 100anos e
ver os riscos que se pode assumir.

11.3 Hidrograma
Para se dimensionar uma estação elevatória de águas pluviais é necessário o hidrograma de
vazões com o tempo, que pode ser obtida por diversos métodos:
• SCS (Soil Conservation Service): método mais usado.
• TR-55 (simplificação do SCS): existem dados tabulados que possibilitam fazer o hidrograma,
• Método Santa Bárbara: muito fácil de ser usado
• Outros
Na Figura (11.8) vemos o hidrograma típico da chegada das águas pluviais a uma estação
elevatória, observando um crescimento, um pico de vazão e uma queda em determinado tempo.
Duração da chuva escolhida deverá estar próxima do tempo de concentração tratando-se,
portanto, de chuva de pouca duração como é comum.

11-7
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Tabela 11.1 - Mostra as vazões de entrada de 5 em 5 minutos e volume acumulado


correspondente.
1 2 3 4 5 6
Tempo IncrementoVazão de entradaVazão médiaVolume de incrementoVolume de incremento acumulado
(min) (min) (m3/s) (m3/s) (m3) (m3)

0 5 0,000 0 0 0
5 5 0,003 0,0015 0,45 0,45
10 5 0,006 0,0045 1,35 1,80
15 5 0,009 0,0075 2,25 4,05
20 5 0,011 0,0100 3,00 7,05
25 5 0,014 0,0125 3,75 10,80
30 5 0,017 0,0155 4,65 15,45
35 5 0,020 0,0185 5,55 21,00
40 5 0,023 0,0215 6,45 27,45
45 5 0,025 0,0240 7,20 34,65
50 5 0,028 0,0265 7,95 42,60
55 5 0,031 0,0295 8,85 51,45
60 5 0,034 0,0325 9,75 61,20
65 5 0,071 0,0525 15,75 76,95
70 5 0,127 0,0990 29,70 106,65
75 5 0,326 0,2265 67,95 174,60
80 5 0,538 0,4320 129,60 304,20
85 5 0,609 0,5735 172,05 476,25
90 5 0,481 0,5450 163,50 639,75
95 5 0,340 0,4105 123,15 762,90
100 5 0,184 0,2620 78,60 841,50
105 5 0,142 0,1630 48,90 890,40
110 5 0,113 0,1275 38,25 928,65
115 5 0,099 0,1060 31,80 960,45
120 5 0,093 0,0960 28,80 989,25
125 5 0,076 0,0845 25,35 1014,60
130 5 0,071 0,0735 22,05 1036,65
135 5 0,065 0,0680 20,40 1057,05
140 5 0,059 0,0620 18,60 1075,65
145 5 0,057 0,0580 17,40 1093,05
150 5 0,054 0,0555 16,65 1109,70

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Hidrograma de entrada

0,7
0,6
Vazões (m3/s)

0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Tempo (min)

Figura 11.8 - Hidrograma típico de águas pluviais que será bombeada

A curva de massa da entrada que está na Figura (11.10) é o tempo com o volume acumulado
que consta da coluna 6 da Tabela (11.1).

Curva da massa de entrada

1200,00
Volume de entrada

1000,00
acumulado (m3)

800,00
600,00
400,00
200,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Tempo (min)

Figura 11.9 - Curva de massa de entrada muito usada nos cálculos de bombeamento de águas
pluviais.

A Figura (11.10) mostra o hidrograma de entrada e o hidrograma de saída obtido com o


bombeamento e daí os patamares existentes.

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Figura 11.10 - Hidrograma de entrada e de saída

11.4 Armazenamento das águas pluviais


A maior diferença de um bombeamento de água potável de uso público é que o bombeamento
de águas pluviais exige a construção de reservatório, canal ou obra que possibilite o armazenamento
da água a ser bombeada.
O conceito do reservatório para armazenamento é semelhante a aquele usado para os chamados
reservatórios de detenção, ou seja, o volume armazenado é aproximadamente a diferença entre o que
entra e o que é bombeado em um determinado tempo. Na prática, o volume de armazenamento
aumenta quando a vazão bombeada é pequena e vice-versa.
Na Figura (11.11) vemos um esquema típico de uma estação elevatória onde se observa o
armazenamento de água, o local onde ficam as bombas e a descarga na linha.

Figura 11.11 - Esquema típico de uma estação elevatória observando a área de armazenamento,
a área das bombas e da descarga.

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A Figura (11.12) mostra um canal trapezoidal revestido em concreto para armazenamento da


água de chuva destinada a Estação Elevatória de Mairiporã.

Figura 11.12- Parte do reservatório da Estação Elevatória de Mairiporã, setembro de 2004. O


canal tem também a função de armazenamento de águas pluviais para o bombeamento.

A Figura (11.13) mostra um outro trecho do reservatório da Estação Elevatória de Mairiporã em


forma de canal retangular gramado.

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Figura 11.13 - Parte do reservatório da Estação Elevatória de Mairiporã, setembro de 2004. O


canal tem também a função de armazenamento de águas pluviais para o bombeamento.
Observar o dique à direita.

A Figura (11.14) mostra a entrada das águas pluviais para o poço de sucção notando-se a
existência de grade na vertical e passadiço para desobstrução da mesma. Na Figura (11.15) temos o
poço de sucção das quatro bombas, sendo que uma é considerada de reserva.

Figura 11.14 - Sucção das bombas da Estação de bombeamento de Mairiporã, setembro de


2004. Observar a entrada e as grades verticais e o acesso para limpeza da mesma.

11-12
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Figura 11.15 - Poço de sucção das bombas de Estação Elevatória de Mairiporã de águas
pluviais.

11.5 Dimensionar o volume de armazenamento.


O dimensionamento do armazenamento e das bombas é feito por tentativas.
Escolhe-se o tamanho do poço molhado onde serão instaladas as bombas e escolhem-se as
bombas, verifica-se e por iteração vamos calculando até escolher a melhor solução baseado nos
custos das bombas, nos ciclos de acionamento, etc.
O objetivo primeiro do armazenamento é diminuir o pico de vazão de bombeamento.
O volume armazenado é aquele determinado pelo nível mais baixo da operação das bombas e
aquele mais alto. Este é o volume de armazenamento disponível que está na Figura (11.16) entre o
nível= 0 e nível= H. O corte do cilindro por um plano forma o que se chama de úngula.

Figura 11.16 - Esquema de dimensionamento de um reservatório

Uma outra maneira é se observar a Figura (11.17) onde temos o pico de entrada das águas
pluviais obtido no hidrograma por um método hidrológico qualquer como o SCS e a vazão de pico
escolhida pelo projetista. A área hachura da é o volume de armazenamento que deverá ser disponível.
Isto é fácil de se fazer.

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Figura 11.17 - Estimativa do volume de armazenamento requerido para a vazão de


bombeamento de pico escolhida.

11.6 Equação do tronco cilíndrico cortado por um plano horizontal: úngula


Primeiramente vamos definir o que é úngula: secção ou parte de um cilindro cortado por um
plano obliquo a base.
É comum o uso na sucção de tubulação de diâmetro D e assim temos que saber o volume V
armazenado em função da altura d.
Na Figura (11.18) o nível varia de EL1 até ELo onde temos a altura da lâmina de água da seção
AA.
Para a altura “d” na declividade existente, o volume do tronco cilíndrico atinge a distância de L.

Figura 11.18 - Esquema das dimensões do tronco cilíndrico

A equação do segmento de círculo de altura “d” fornece a área A.

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A= (D2/ 8) x {2 cos –1 (1 – 2d/D) – sen [2cos –1 (1- 2d/D)]}

c= d – D/2

a= ( D2/4 - c2) 0,5


–1
Nota: cos (x) = acos (x)

L= altura d/ declividade da tubulação

V= L x (2a3/3 + c.A) / (D/2 + c)

Exemplo 11.1
Seja uma tubulação com diâmetro de 1,2m com 160m de comprimento e que tenha declividade
de 0,004m/m que conduz as águas pluviais a um poço molhado onde serão instaladas as bombas.
Calcular o volume acumulado V na tubulação para a profundidade d=0,50m.
A= (D2/ 8) x {2 cos –1 (1 – 2d/D) – sen [2cos –1 (1- 2d/D)]}
A= (1,22/ 8) x {2 cos –1 (1 – 2x 0,5/1,2) – sen [2cos –1 (1- 2x 0,5/1,2)]}
A= 0,446m2
c= d – D/2
c= 0,5 – 1,2/2= -0,1m
a= ( D2/4 - c2) 0,5
a= ( 1,22/4 - (-0,12) 0,5
a= 0,592m
–1
Nota: cos (x) = acos (x)
L= 0,5m/0,004= 125m <160m
V= L x ( 2a3/3 + cA) / (D/2 + c)
V= 125 x ( 2 x0,5923/3 + (-0,1)x0,446) / (1,2/2 + (-0,1))= 23,36m3

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11.7 Procedimento para achar o total de armazenamento


Temos que obter o volume de armazenamento requerido Vreq e verificar o volume de
armazenamento existente, que tem que ser maior ou igual.
O volume existente é a soma de todo o volume, ou seja, o volume armazenado no poço e mais o
volume no canal ou na tubulação que chega até onde estão as bombas, devendo ver o nível mais baixo
e o nível mais alto.
Queremos achar o comprimento de armazenamento Ls numa determinada tubulação de seção
As.

Ls = (Vreq – Vcs – Vw) / As


Sendo:
Ls= comprimento de armazenamento requerido (m)
Vreq= máximo volume requerido achado no hidrograma (m3)
Vw= volume existente no poço de sucção entre o nível mais alto e o mais baixo (m3)
Vcs= volume existente abaixo do nível de água (m3)
As= área da seção transversal do tubo de entrada (m2)

Exemplo 11.2
Calcular o volume Vw em um poço molhado com 6,4m de diâmetro, supondo que o nível
máximo de água permitido está na cota 22m e, o nível mais baixo para a elevação das bombas está na
cota 20m.
O volume Vw será:
Vw= π x D2/ 4 x altura
Vw = [(π x 6,4 2 )/ 4} x (22- 20)= 64,34m3

Exemplo 11.3
Calcular a área da seção transversal As para tubulação de D= 1,20m
As= π x 0,25 x 1,22= 1,13m2

Exemplo 11.4
Calcular o comprimento requerido Ls, sendo Vcs= 0 e considerando o volume estimado de
Vreq= 260m3, Vw= 64,34m3 e As=1,13m2
Ls = (Vreq – Vcs – Vw )/ As
Ls = (260 – 0 – 64,34) / 1,13= 173m

Como o comprimento é 160m, então precisamos de 173m teremos:


173m/160m=1,08.
O cálculo é feito por tentativas.

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Tabela 11.2 - Armazenamento em função do nível de água escolhido de 0,1m.

Nível da agua Armazenamento ArmazenamentoArmazenamento


Buraco das bombas Reservatório Total
(m) (m3) (m3) (m3)

0,0 0 0,000 0,000


0,1 3,217 0,454 3,671
0,2 6,434 2,517 8,951
0,3 9,651 6,800 16,451
0,4 12,868 13,669 26,537
0,5 16,085 23,359 39,444
0,6 19,302 36,000 55,302
0,7 22,519 51,506 74,025
0,8 25,736 68,766 94,502
0,9 28,953 86,829 115,782
1,0 32,17 105,021 137,191
1,1 35,387 122,691 158,078
1,2 38,604 139,061 177,665
1,3 41,821 152,898 194,719
1,4 45,038 163,758 208,796
1,5 48,255 171,734 219,989
1,6 51,472 177,016 228,488
1,7 54,689 180,909 235,598
1,8 57,906 180,909 238,815
1,9 61,123 180,956 242,079
2,0 64,34 180,956 245,296
2,1 67,557 180,956 248,513
2,2 70,774 180,956 251,730
2,3 73,991 180,956 254,947
2,4 77,208 180,956 258,164
2,5 80,425 180,956 261,381

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Com os dados da Tabela (11.2) podemos fazer a Figura (11.19).

Exemplo das curvas de armazenamento

300

250
Volume armazenado (m3)

200

150

100

50

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Nivel de agua (m) com um referencial

Armazenamento no buraco do poço


Armazenamento no piscinão
Armazenamento total
Figura 11.19 - Curvas de armazenamento em função da altura do nível de água

11.8 Quantidade de bombas


A quantidade de bombas recomendada pelo FHWA, 2001 está na Tabela (11.3).

Tabela 11.3- Sugestão para o número de bombas


Critério Número de bombas
Mínimo necessário 2
O mínimo preferido 3
Máximo Não especificado
Fonte: FHWA, 2001

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11.9 Seqüência de bombeamento


Não há nenhum critério especifico para a seqüência do bombeamento.
Uma seqüência que se pode admitir para 2, 3 e 4 bombas está na Tabela (11.4).
Tabela 11.4- Tabela das seqüências para 2, 3 e 4 bombas
Nº de Primeira Segunda Terceira Quarta Quinta
Bombas seqüência
2 1-2 2-1 1-2 2-1 1-2
3 1-2-3 3-1-2 2-3-1 1-2-3 3-1-2
4 1-2-3-4 4-1-2-3 3-4-1-2 2-3-4-1 1-2-3-4
Fonte: FHWA, 2001

11.10 Estimativa do volume de armazenamento e do número de bombas


O FHWA, 2001 apresenta três sugestões para o estabelecimento do armazenamento e do número
de bombas para águas pluviais conforme Tabela (11.5). É recomendável que as bombas sejam iguais.

Tabela 11.5-Maneiras de se calcular o armazenamento e o numero de bombas


Se o projeto baseia-se em: Então a alternativa a ser Usando o seguinte:
usada:
Imponho a vazão máxima de Uso das curvas de
pico de bombeamento Qp A armazenamento e curva de
massa
Tenho o volume de Uso das curvas de
armazenamento B armazenamento e curva de
massa
Ótimo ponto de Uso das curvas de
armazenamento e de B armazenamento e curva de
bombeamento massa, mas varias vezes.
Fonte: FHWA, 2001

Alternativa A
Usamos tentativas e erros.
Primeiro passo: é fornecida a vazão de bombeamento em m3/h.
Segundo passo: selecione o número de bombas que queira.
Terceiro passo: ache a capacidade de cada bomba dividindo o total a ser bombeado pelo
número de bombas.

Exemplo 11.5
Suponhamos que tenhamos 4 bombas de 2m3/s.
Então teremos 4 x 2m3/s= 8m3/s
Depois com o valor de 8m3/s entramos no gráfico da Figura (11.20) e achamos o volume que será
necessário.

Alternativa B
Primeiro passo: tomar o hidrograma de entrada de águas pluviais (vazão no tempo) como a
Figura (11.8) ou Figura (11.17).
Segundo passo: como é fixado o volume de armazenamento entramos por tentativas na
Figura (11.20) onde achamos a vazão de pico do bombeamento. Notar que para isso usamos a

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tangente da subida do hidrograma. Achado a vazão de pico podemos estabelecer o número de bombas
como por exemplo, duas.

Exemplo 11.6
Dada um hidrograma para Tr=50anos conforme Figura (11.20) e temos um volume existente de
13.000m3.
Por tentativa achamos a vazão de pico das bombas que é 7m3/s
Caso escolhamos 4 (quatro) bombas então teremos:
7m3/s / 4= 1,75m3/s cada bomba

Hidrograma para Tr=50anos

16
14
12
Vazões (m3/s)

10
Volume
7m3/s
8 3
13.00m
6
4
2
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Tempo (min)

Figura 11.20 - Hidrograma típico de águas pluviais que chegam a uma estação elevatória.

Figura 11.21-Estimativa do total de bombeamento

11-20
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11.11 Diferença entre volume de armazenamento e volume necessário para os ciclos


Existe uma diferença entre o volume necessário para armazenamento e o volume necessário
para o tempo de ciclo de acionamento da bomba.
O volume para o tempo de ciclo para acionamento da bomba é menor que o volume
necessário para armazenamento das águas pluviais referente ao pico do período de retorno de
Tr=50anos.
O volume da caixa onde estão as bombas deverá ser o volume calculado para o tempo de ciclo
para acionamento da bomba.
Dica: cuidado de não esquecer!

11.12 Tempo de ciclo para acionamento da bomba


O tempo de ciclo de uma bomba se refere ao intervalo de tempo entre duas partidas.
Quanto mais curto for o tempo de ciclo, mais freqüentes serão as partidas e as paradas das
bombas. Quando uma bomba é ligada é requerido mais energia elétrica e isto causa problemas como,
por exemplo, vibração e aquecimento.
O importante é manter o ciclo de partida e parada o mais longo possível.
O tempo de ciclo depende da vazão de descarga da bomba e do volume de água armazenado.
Para um dado volume o tempo de ciclo aumenta com o aumento da capacidade da bomba. Para um
determinado bombeamento o aumento do tempo de ciclo aumenta o volume armazenado necessário.
Na prática, os tempos de ciclos variam conforme o evento da precipitação, conforme FWHA, 2001.
O tempo de ciclo mínimo depende das características das bombas. Os fabricantes especificam o
número de partidas por hora de cada bomba individual. Por exemplo, 10 partidas/hora corresponde a
tempo de ciclo de 6min que é usado em bombas submersas. Quando aumenta o tempo de ciclo,
aumenta a capacidade da bomba. O tempo de ciclo também depende do tipo da bomba, pois uma
bomba de eixo vertical necessita de tempo de ciclo maior que o tempo de ciclo das bombas
submersas.

Dica: Uma bomba submersa tem tempo de ciclo em torno de 6min e uma bomba de eixo
vertical de 10min.

Vamos assumir as seguintes hipóteses:


• A bomba tem vazão constante Qp
• A vazão de pico de entrada maior é Qi
• Não há bombeamento enquanto o reservatório de acumulação está enchendo.

Vamos definir os seguintes tempos:


ts= tempo gasto pelo nível de água para subir desde o NAmin até o NAmáximo.
td= tempo gasto pelo nível de água descer desde o NAmax até o NA min.

O tempo t de intermitência ou tempo de ciclo é a soma do tempo de subida (ts) mais o tempo de
descida (td) para esvaziar o volume V armazenado é:
t = ts + td

td= V / ( Qp – Qi)
O tempo para encher o local de volume V com a vazão de entrada Qi destinado ao
armazenamento enquanto não há bombeamento, isto é, o tempo para subir ts é:
ts= V/ Qi

11-21
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Podemos expressar Qi como um múltiplo de Qp, ou seja, Qi= αQp e então o ciclo final será a
somatória t1+ t2
t= td + ts = V/ (Qp – α Qp) + V/ α Qp
Queremos achar o mínimo de t e, portanto derivamos em relação a α e igualamos a zero.
dt/ dα= VQp/ ( Qp – α Qp) 2 - V/ α 2 Qp= 0
Qp 2 α 2 + (Qp –Qp α ) 2= 0
Onde α =0,5
Então: Qi= 0,5 Qp
Ou Qp= 2 . Qi
Vamos achar o tempo mínimo do ciclo, isto é, o intervalo mínimo entre duas partidas
consecutivas usando:
t= t1+ t2= V/ (Qp – α Qp) + V/ α Qp
t= V/ (Qp – 0,5Qp) + V/0,5Qp
t= V/ 0,5Qp + V/0,5Qp= 2V/0,5Qp= 4V/Q
Portanto temos:
t=4V/Qp
V= (t x Qp) / 4
Considerando t= 10min teremos:
V= (10 x Qp) /4= 2,5 Qp

V= 2,5 Qp (para t=10min sendo Qp em m3/min e V em m3)

Considerando t= 5min teremos:

V= (5 x Qp) /4= 1,25 Qp (para t=5min)


Sendo:
Qp= capacidade nominal da bomba (m3/min)
V= volume mínimo do poço de sucção entre o NAmax e o NAmin em (m3)
t= tempo do intervalo entre duas partidas consecutivas (min)

Colocando-se t em minutos e Qp em m3/s e V em m3 teremos:


t= V/ 15Qp
Na prática o fabricante fornece o tempo mínimo do ciclo e, portanto, temos Qp e tmin e
obtemos o volume mínimo requerido:

Vmin= 15Qp.t (sendo Qp em m3/s e t em minutos)


Sendo:
t= tempo mínimo do ciclo (min)
Qp= capacidade individual de vazão de uma bomba (m3/s)
Vmin= mínimo volume requerido para o ciclo adotado (m3).

Exemplo 11.7
Calcular o volume mínimo da caixa que uma bomba de eixo vertical com tempo de ciclo de
10min com vazão de 0,4m3/s.
Vmin= 15Qp.t
t= 10min
Qp= 0,4m3/s
Vmin= volume mínimo do poço de sucção necessário para um ciclo (m3)

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Vmin= 15x 0,4 x 10= 60m3


Portanto, é necessário 60m3 de água para um ciclo de uma bomba.

11.13 Ciclo para as bombas subseqüentes


Conforme aumenta o número de bombas aumenta a complexidade dos ciclos. O primeiro ciclo
da bomba é obtido pelo critério Vmin= 15.Qp.t e as bombas subseqüentes terão, pelo menos, um ciclo
igual ou maior que o inicial.
A equação Vmin= 15 Qp.t é válida para qualquer número de bombas onde cada volume Vn é
colocado igual a Vmin e aplicado entre o nível de início e o nível de parada, conforme indicado na
Figura (11.22).
Para a enésima bomba.
nQp > Qi > (n-1) Qp

Sendo:
n= número de bombas na estação elevatória.
Qp= capacidade individual de vazão de uma bomba (m3/s)
Qi = pior situação da vazão de entrada para uma bomba de um ciclo em particular (m3/s)
Vn= volume de ciclo da enésima bomba (volume entre o início e o fim da enésima bomba)

Figura 11.22 - Volume em cada ciclo


O ciclo da enésima bomba é:
t= V/ (nQp – α Qp) + V / [α Qp – (n –1) Qp]
Ou:
t= V / Qp (n- α) + V / (Qp (α –n +1)
Notar que o tempo t é o tempo para encher e esvaziar somente o volume entre a partida da
enésima bomba e a parada e então a enésima bomba para enquanto as n-1 bombas estão ainda
operando.
Para o valor minimo de t:
dt/ d α = Vn/ Qp (n- α) 2 - Vn/ Qp (α – n +1) 2 = 0
Rearrajando e multiplicando por Qp/v temos:
(α – n +1) 2 – (n – α) 2= 0
Que fica reduzida a:
2 α – 2n +1= 0
ou

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α= n –0,5
A relação Qi/ Qp= 0,5 é uma condição crítica da intermitência das partidas, ocorrendo quando a
vazão que ingressa ao poço de sucção é igual à metade da capacidade da bomba, conforme Crespo,
2001. Qualquer outro valor resultante dessa relação assinala uma condição operacional mais
vantajosa entre duas partidas consecutivas.
Efetivamente:
Quando Qi/ Qp < 0,5 entende-se que a intermitência é favorável, visto que vazões afluentes
pequenas demoram para encher o poço (ts é um valor elevado). Esse lapso de tempo é decisivo para
garantir a intermitência segura.
Quando Qi/ Qp > 0,5 entende-se que a intermitência é favorável visto que vazões afluentes
maiores (próximas à capacidade da bomba) demoram para esvaziar o poço (td é um valor elevado).
Este lapso de tempo é decisivo para garantir a intermitência segura conforme Crespo, 2001.

Tabela 11.6 - Vazão crítica de entrada em função do número de bombas


Numero de Vazão crítica de
bombas entrada
1 Qi= 0,5Qp
2 Qi= 1,5Qp
3 Qi= 2,5Qp
4 Qi= 3,5Qp
Fonte: FHWA, 2001
Substituindo o valor x= n- 0,5 na equação:
t= V/ (nQp – α Qp) + V / [α Qp – (n –1) Qp]
Teremos:
t= V/ (nQp – (n-0,5)Qp) + V / [(n-0,5)Qp – (n –1) Qp]
Obteremos:
t= 4Vn/ Qp sendo t em segundos
Para t em minutos:
t= Vn/ 15Qp
Podemos por em função de Vn
Vn= 15Qp t
Portanto, para qualquer numero de bombas, o volume disponível entre o início e a parada da
bomba em questão deve ser maior ou igual o valor estabelecido na equação Vmin= 15Qp t.

Exemplo 11.8
Calcular o volume mínimo do poço de sucção entre o NAmax e o NAmin quando a vazão de
pico de entrada é Qi= 0,18m3/s e são previstas duas bombas de igual capacidade e uma bomba de
reserva. São previstas duas bombas em operação e então:
Qi= 1,5 Qp
Qp= Qi/1,5=0,13/1,5=0,09m3/s
O volume mínimo do poço de sucção V entre o NAmax e o NAmin é:
V= 15 x Qp x t = 15 x 0,09 x 10min= 14m3

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11.14 Outras considerações


A velocidade máxima de descarga deve ser de 3m/s. Aconselha-se a usar a Tabela (11.4) onde
se nota a preferência por linha individual..

Tabela 11.7 - Materiais sugeridos para os recalques de águas pluviais


Comprimento do Configuração das bombas Material recomendado
recalque
< 17m Linha individual da bomba Aço ou ferro fundido dúctil
De 17m a 65m Linha individual para cada bomba Aço, ferro fundido dúctil, plástico,
concreto.
>65m Linha individual para um conduto Aço, ferro fundido dúctil, plástico,
comum ou uso de manifold concreto.

Recomenda-se ainda que a máxima potência do motor de uma bomba seja de 300HP, com
motor de indução trifásico com voltagem de 440V.
Quando usar equipamento portátil para suprir falta de energia elétrica que não seja maior que
75HP:
Os tempos de ciclos recomendados em função da potência do motor, conforme Tabela (11.8).

Tabela 11.8 - Estimativa do tempo de ciclo em função da potência do motor


Motor Motor Tempo do ciclo
HP Kw (t)
(minutos)
0 a 15 0 a 11 5
20 a 30 15 a 22 6,5
35 a 60 26 a 45 8
65 a 100 49 a 75 10
150 a 200 112 a 149 13
Fonte: FHWA, 2001

11.15 Routing da curva de massa


As Figuras (11.23) a (11.25) mostram como funciona o routing da curva de massa.

11-25
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Figura 11.23 - Nível de água em relação ao volume

Figura 11.24 - Exemplo da curva nível de água em relação ao bombeamento

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A curva de massa da Figura (11.25) é muito importante.

Figura 11.25 - Exemplo do routing da curva de massa

11.16 Dimensões do buraco de sucção, ou seja, o poço de sucção


Nas Figuras (11.26) e (11.27) estão as dimensões recomendadas para um poço de sucção
retangular.

Submergência

11-27
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Figura 11.26 - Dimensões recomendadas do poço de sucção retangular

11-28
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Figura 11.27 - Dimensões recomendadas de um poço de sucção retangular para uma bomba

Na Tabela (11.9) estão as dimensões recomendadas de poço de sucção retangular.

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Tabela 11.9 - Dimensões de um poço de sucção retangular

Na Figura (11.28) temos as dimensões recomendadas de um poço de sucção retangular


recomendado pelo FHWA.

Figura 11.28 - Dimensões recomendadas de um poço de sucção retangular para uma bomba

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Na Figura (11.29) temos poço de sucção retangular para três bombas.

Figura 11.29 - Dimensões recomendadas de um poço de sucção retangular para uma bomba

Na Figura (11.30) temos um perfil de uma estação elevatória mostrando o poço de sucção
molhado.

Figura 11.30 - Esquema de poço de sucção com canal de entrada

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11.17 Vórtex
É um fenômeno semelhante a cavitação, pois reduz a eficiência hidráulica. O vórtex acontece no
rotor da bomba e pode se estender até a superfície liquida, conforme Figura (11.31).
Há três estágios do vórtex:
Estágio tipo 1 - no começo as bolhas de ar vão da superfície líquida para a bomba. Não é muito
perigoso.
Estágio tipo 2 - o vórtex forma uma espécie de canalização por uns 30 segundos puxando o ar e
o lixo existente na superfície do líquido. Começa a diminuir a eficiência da bomba.
Estágio tipo 3 - é continuação do vortex puxando grandes volumes de ar e possíveis lixos
existentes na superfície do líquido. Causa sérios danos na bomba.

Figura 11.31 - Vortex

Evita-se o vortex usando uma adequada submergência.

11.18 Grades
As grades ou telas são necessárias para evitar entupimento nas bombas. Recomenda-se que as
grades sejam inclinadas e que o espaçamento seja de 4cm entre as barras.

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11.19 Sistema de Drenagem Urbana e Bombeamento de Mairiporã – Dique


Preliminares
A Represa Paulo de Paiva Castro tem 25anos de existência. A cota máxima de inundação é
750,00m. A Estação Elevatória de Águas de Mairiporã (EMA) foi construída aproximadamente em
1971 e tem capacidade máxima de bombeamento de 1,67m3/s.
Existem 4 (quatro) bombas centrífugas com capacidade de 1500m3/h (0,42m3/s) totalizando
1,68 m3/s com altura manométrica de 3,55m. Todas as bombas podem funcionar simultaneamente. O
motor da bomba é de 60CV (44,2KW) com tensão de 440V, 60HZ, 80amperes, FS= 1.
A capacidade de armazenamento de água de chuva do canal de Mairiporã foi calculada pela
Sabesp em 13.000m3.
O comprimento aproximado do canal de águas pluviais que conduz as águas para a estação
elevatória é de 1000m, sendo que a metade, ou seja, 500m é separado por um bueiro de uma rua onde
existe um tubo de concreto armado com 1,00m de diâmetro e comprimento de 12m.
Praticamente o canal divide o reservatório de 13.000m3 em duas partes aproximadamente. O
canal tem seção trapezoidal com largura estimada de 10m na superfície, 3,00m no fundo e altura da
seção de 2,00m.
O correto seria executar em paralelo um tunnel liner com aproximadamente 2,00m de diâmetro.

Tempo de concentração
Considerando que a bacia da cidade de Mairiporã contribui com água de chuva para a Estação
Elevatória da Sabesp, tem cota máxima a montante estimada em 780,00m e a cota mínima à jusante
estimada foi de 743,00m. Sendo o comprimento de 800m a declividade média no trecho é de
0,04625m/m.
Considerando McCuen com k= 6,1, e S= 0,04625m/m obtemos a velocidade de escoamento
superficial 1,31m/s e o tempo de concentração de 10,2min.
O escoamento superficial foi levado em conta devido a mais da metade do trecho de
contribuição não possuir galerias de águas pluviais e no trecho que existe, devido ao assoreamento
das galerias ou devido talvez ao subdimensionamento das mesmas, o escoamento é em grande parte
superficial.
Deverá ser recalculado todo o sistema de drenagem do centro de Mairiporã no trecho em que a
mesma é conduzida ao canal e a Estação Elevatória de Águas Pluviais de Mairiporã.
Usando a fórmula Califórnia Culverts Practice, com L-=0,8km H=37m sendo:
tc= 57 . L 1,155 / H 0,385
obtemos tc=10,97min= 11min. Adotamos então11min.
Manutenção:
É necessário anualmente retirar gramas, galhos de árvores e lixo.
O lixo que vai para o canal de águas pluviais é de 0,70 ton/ha. Como temos 47ha, teremos 47ha
. 0,7 ton/ha/ano= 35 ton/ano.

Hidrógrafa
Consideramos que a fração impermeável seja de 0,7, isto é, que a área central de Mairiporã tem
70% de impermeabilização. A fração impermeável 0,70 é a maior possível para o município de
Mairiporã.
O coeficiente CN adotado, conforme Tucci p. 403 é CN= 85. Para o cálculo da chuva excedente
será usado o método do Soil Conservation Service.
A área da bacia de contribuição no bombeamento da Sabesp é de 0,4675km2, ou seja, 46,75ha.
O método de cálculo da hidrógrafa foi o método Santa Bárbara.

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Tabela 11.10-Método Santa Bárbara, Mairiporã


tempo Tr=2anos Tr=10anos Tr=50anos Tr=100anos
(min) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s)
2,5 0,31 0,48 0,63 0,69
5,0 0,87 1,35 1,77 1,94
7,5 1,38 2,14 2,83 3,13
10,0 1,85 2,90 3,90 4,33
12,5 2,52 4,05 5,48 6,10
15,0 3,38 5,51 7,50 8,35
17,5 4,33 7,09 9,64 10,73
20,0 5,33 8,74 11,86 13,19
22,5 5,87 9,62 13,03 14,48
25,0 6,03 9,86 13,33 14,80
27,5 6,18 10,07 13,59 15,07
30,0 6,31 10,26 13,81 15,31
32,5 6,17 10,01 13,45 14,90
35,0 5,79 9,39 12,60 13,95
37,5 5,41 8,74 11,72 12,97
40,0 5,00 8,08 10,81 11,96
42,5 4,63 7,46 9,98 11,04
45,0 4,28 6,89 9,20 10,17
47,5 3,89 6,25 8,35 9,23
50,0 3,48 5,60 7,47 8,25
52,5 3,16 5,07 6,76 7,47
55,0 2,91 4,66 6,21 6,86
57,5 2,69 4,30 5,73 6,33
60,0 2,49 3,98 5,30 5,85
62,5 2,32 3,70 4,92 5,43
65,0 2,18 3,48 4,62 5,10
67,5 2,06 3,28 4,36 4,81
70,0 1,95 3,10 4,12 4,54
72,5 1,82 2,89 3,84 4,23
75,0 1,67 2,66 3,52 3,89
77,5 1,53 2,43 3,22 3,55
80,0 1,38 2,20 2,92 3,22
82,5 1,27 2,02 2,67 2,95
85,0 1,18 1,87 2,48 2,74
87,5 1,11 1,76 2,33 2,57
90,0 1,05 1,67 2,21 2,44
92,5 1,01 1,59 2,11 2,33
95,0 0,97 1,54 2,04 2,24
97,5 0,94 1,49 1,97 2,18
100,0 0,92 1,45 1,93 2,12
102,5 0,87 1,38 1,83 2,02
105,0 0,81 1,28 1,69 1,86
107,5 0,76 1,20 1,58 1,74
110,0 0,71 1,13 1,50 1,65
112,5 0,65 1,03 1,37 1,51
115,0 0,58 0,91 1,21 1,33
117,5 0,52 0,82 1,08 1,19
120,0 0,47 0,74 0,98 1,08

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Hidrograma para Tr=50anos

16
14
12
Vazões (m3/s)

10
Volume
7m3/s
8 3
13.00m
6
4
2
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Tempo (min)

Figura 11.32 - Hidrograma típico de águas pluviais que chegam a uma estação elevatória.

Hidrograma para Tr=2anos

7
6
Vazão (m3/s)

5
4
3
2
1
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Tempo (min)

Figura 11.33 - Hidrograma típico de águas pluviais que chegam a uma estação elevatória.

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Hidrograma para Tr=100anos

20
Vazão (m3/s)
15

10

0
0 20 40 60 80 100 120 140
Tempo (min)

Figura 11.34 - Hidrograma típico de águas pluviais que chegam a uma estação elevatória.

Dimensionamento
Considerando o hidrograma da Figura (11.34) para período de retorno de 50 anos e,
considerando que existe uma reservação de 13.000m3, por tentativa achamos que a vazão de
bombeamento deverá ser de 7 m3/s.
Vamos considerar o funcionamento de 4 bombas o que dará 7m3/s dividido por 4 que será 1,75
m /s (105m3/min ou 6.300m3/h) cada bomba.
3

Número de bombas: 5, pois uma é de reserva.


Tempo de ciclo= 10min
Reserva: 1
Vmin= 15Qp.t

Vim= 15 x 1,75m3/s x 10min = 263m3 que é o volume mínimo do poço de sucção OK..
Volume necessário: 13.000m3 que é o existente
Vazão total das 4 bombas em funcionamento: 7m3/s
Vazão de pico para Tr=50anos: 14m3/s
Vazão de uma bomba= 1,75m3/s
Altura manométrica total (m)= 3,6m
Rendimento da bomba= 0,8
Rendimento do motor= 0,95
1 HP= 746w= 0,746kW
WP= γ x Q (TDH) / 1000
3
WP= 9789 x 1,75m /s x 3,6m / (1000 x 0,95 x 0,8)= 81 kW (60 HP)
A capacidade máxima de escoamento das bombas deveria ser de 7m3/s e não 1,67m3/s conforme
existente.

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Exemplo 11.9
Dimensionar uma estação elevatória de águas pluviais para captação de água de duas estradas
de rodagem, sendo que o tubo que chega ao poço de sucção tem 65m de comprimento e diâmetro de
1,20m . O poço de sucção é cilíndrico com cota mínima igual a 27,889m e cota máxima 30,480m. A
cota de saída para onde vai a tubulação de recalque é 133,0620m.

Figura 11.35 - Planta das duas estradas onde queremos bombear águas pluviais

Figura 11.47 - Perfil do poço de sucção e do tubo de acesso para o bombeamento de águas
pluviais.
O período de retorno adotado será de 50anos.
Vamos supor que a intensidade de chuva é fornecida pela Equação:
I= 1231,9/ (t + 10,1) 0,581
Sendo:
t= tempo de concentração (min)
I= intensidade da chuva (mm/h)
Sendo o tempo de concentração tc= t= 10min teremos:
I= 1231,9/ (t + 10,1) 0,581

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I= 1231,9/ (10 + 10,1) 0,581= 215,5mm/h


A área da bacia tem 2,87ha e o coeficiente de escoamento superficial C= 0,80 da fórmula
racional.
Q= CIA/360= 0,80 x 215,5 x 2,87/ 360= 1,718 m3/s que é a vazão de pico de entrada das águas
pluviais. O hidrograma da entrada das águas pluviais está na Figura (11.48).

Hidrograma de entrada

2,00
Vazao (m3/s)

1,50
1,20m3/s
361,27m3
1,00

0,50

0,00
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (min)

Figura 11.36 - Hidrograma de entrada com pico de 1,718m3/s. Por tentativas achamos o valor
da vazão de pico 1,20m3/s que corresponde ao volume de 361,27m3.

Poço de sucção
Diâmetro do poço= 4,60m
Altura do nível útil de água= 30,480m – 27,889m= 2,6m
Área= π x D2/ 4= 3,14 x 4,6 2 / 4= 16,6m2
Volume do poço de sucção= área x altura= 16,6m2 X 2,6m= 43,06m3

Nota: o problema omite o tempo de ciclo. Se fosse t=10min então: V=15 x 0,4m3/s x 10=60m3 e se
fosse de 3min então o volume do poço seria: V= 15 x 0,4m3/s x 3=18m3

Armazenamento no tubo de 65m e diâmetro de 1,20m


Volume= 65m x (π x 1,2 2/ 4)= 73,51m3

Volume de águas pluviais abaixo da cota máxima de 30,480m= 244,70m3


É o volume contido nos taludes triangulares da rodovia conforme Figura (11.48).

Volume total abaixo da cota máxima= 244,70m3+ 73,51m3 + 43,06m3= 361,27m3

Na Figura (11.36) por tentativas se acha a vazão de pico que deve ter as bombas para se
achar o volume de 361,27m3.
A quantidade de bomba escolhida é três e portando cada bomba deverá bombear 0,40m3/s
totalizando 1,20m3/s para a vazão de pico. Não confundir com a vazão de pico de 1,718m3/s.
No Texas se usa a Tabela (11.13) usando a vazão média da bomba (APC) da seguinte maneira:
APC= Excesso de volume / duração
O excesso é o volume produzido num determinado tempo menos o volume total armazenamento
de 361,27m3 conforme Tabela (11.11). Verificamos que o valor máximo é 1,124m3/s praticamente
coincidente com o valor que achamos de 1,20m3/s e que se dará aos 12 minutos..

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Tabela 11.11 - Vazão média das bombas


1 2 3 4 5 6 7
Duração Duração Intensidade Descarga Enchente Excesso Vazão média da bomba
(min) (s) (mm/h) (m3/s) Volume Volume m3/s
Q=CIA/360 col 4 x col2 col 5 - total armazenado APC=
Excesso volume / duração
(361,27m3)
5 300 254,4 2,028 608,5 247,3 0,824
6 360 245,1 1,954 703,5 342,3 0,951
7 420 236,7 1,887 792,6 431,3 1,027
8 480 229,0 1,826 876,4 515,1 1,073
9 540 222,0 1,770 955,6 594,3 1,101
10 600 215,5 1,718 1030,7 669,5 1,116
11 660 209,5 1,670 1102,3 741,0 1,123
12 720 203,9 1,626 1170,6 809,3 1,124
13 780 198,8 1,585 1235,9 874,7 1,121
14 840 193,9 1,546 1298,6 937,4 1,116
15 900 189,4 1,510 1358,9 997,6 1,108
16 960 185,1 1,476 1417,0 1055,7 1,100
17 1020 181,1 1,444 1473,0 1111,7 1,090
18 1080 177,4 1,414 1527,1 1165,9 1,080
19 1140 173,8 1,386 1579,6 1218,3 1,069
20 1200 170,4 1,359 1630,4 1269,1 1,058
21 1260 167,2 1,333 1679,7 1318,4 1,046
22 1320 164,2 1,309 1727,6 1366,4 1,035
23 1380 161,3 1,286 1774,2 1413,0 1,024
24 1440 158,5 1,264 1819,6 1458,4 1,013
25 1500 155,9 1,243 1863,9 1502,6 1,002

Hidrograma adotado

2
Vazao (m3/s)

1,5

0,5

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425262728
Tempo (min)

Figura 11.37 - Hidrograma adotado, observando um patamar de 2minutos com a vazão


de pico de 1,718m3/s.

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Tabela 11.12 - Análise de funcionamento das três bombas


1 2 3 4 5
Volume Volume
Tempo Vazão de entrada Incremento de volume acumulado Bomba 1
de entrada
(min) (m3/s) (m3) (m3) (m3)

0 0,00 0 0,000
1 0,163 4,890 4,890
2 0,325 14,640 19,530
3 0,488 24,390 43,920
4 0,650 34,140 78,060 24
5 0,813 43,890 121,950 48
6 0,975 53,640 175,590 72
7 1,138 63,390 238,980 96
8 1,301 73,170 312,150 120
9 1,463 82,920 395,070 144
10 1,626 92,670 487,740 168
11 1,626 97,560 585,300 192
12 1,626 97,560 682,860 216
13 1,463 92,670 775,530 240
14 1,301 82,920 858,450 264
15 1,138 73,170 931,620 288
16 0,975 63,390 995,010 312
17 0,813 53,640 1048,650 336
18 0,651 43,920 1092,570 360
19 0,488 34,170 1126,740 384
20 0,326 24,420 1151,160 408
21 0,163 14,670 1165,830 432
22 0,001 4,920 1170,750 456
23 0,00 0,030 1170,780 480
24 0,00 0,000 1170,780 504

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Tabela 11.13 - Análise de funcionamento das três bombas (continuação)


6 7 8 9 10
Volume Volume Volume restante no poço Volume restante no poço Volume restante no poço
Tempo bomba 2 Bomba 3 1 2 3

(min) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3)

0 0,000 0,000 0,000


1 4,890 4,890 4,890
2 19,530 19,530 19,530
3 43,920 43,920 43,920
4 54,060 54,060 54,060
5 73,950 73,950 73,950
6 103,590 103,590 103,590
7 24 142,980 118,980 24,000
8 48 192,150 144,150 48,000
9 72 251,070 179,070 72,000
10 96 24 319,740 223,740 199,740
11 120 48 393,300 273,300 225,300
12 144 72 466,860 322,860 250,860
13 168 96 535,530 367,530 271,530
14 192 120 594,450 402,450 282,450
15 216 144 643,620 427,620 283,620
16 240 168 683,010 443,010 275,010
17 264 192 712,650 448,650 256,650
18 288 216 732,570 444,570 228,570
19 312 240 742,740 430,740 190,740
20 336 264 743,160 407,160 143,160
21 360 288 733,830 373,830 85,830
22 384 312 714,750 330,750 18,750
23 408 336 690,780 282,780 0,000
24 432 360 666,780 234,780 0,000

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Figura 11.38 - Desenhos da chuva e do runoff que vai para a estação elevatória de águas
pluviais.

Figura 11.39 - Armazenamento e perfomance das três bombas

11-42
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11.20 Bombeamento de águas pluviais prediais em instalações prediais


Existe a norma da ABNT NBR 10844/81 para instalações prediais pluviais, mas a mesma não
faz prescrições para o caso de bombeamento de águas pluviais conforme Botelho et al, 1998 no
livro Instalações hidráulicas prediais feitas para durar.

Figura 11.40- Bombeamento de águas pluviais no subsolo


Fonte: Botelho et al, 1998

Nos diversos livros de instalações prediais existentes no Brasil não existem recomendações
para o bombeamento de águas pluviais, tudo passando como se fosse semelhante ao de esgotos
sanitários.
Tempo de concentração
Em terrenos adotaremos tempo de concentração igual a 10min.
Período de retorno
O período de retorno em águas pluviais adotado em telhados é Tr=25anos e adotaremos de
maneira igual para o dimensionamento da vazão de pico pelo método Racional.

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Intensidade de chuva
Intensidade (I ou i) é a precipitação por unidade de tempo, obtida como a relação I= P / t,
expressa-se normalmente em mm/hora ou mm/minuto.
Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
tc= duração da chuva (min).

Para período de retorno Tr=25anos e tc=10n temos:

1747,9 . 250,181
I =------------------------ (mm/h)
( 10+ 15)0,89

I= 178m/h
Método Racional
Q= C . I . A /360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C= coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1.
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha). 1ha= 10.000m2

Exemplo 11.10
Área do terreno 2000m2 (0,ha) com 1000m2 de área impermeável. Dimensionar bombeamento de
águas pluviais com altura de recalque de 5m.
Q=CIA/360
A=2000/10000=0,2ha
I=178 mm/s
Rv=0,05+0,009x AI= 0,05+0,009x 50=0,5
C=Rv=0,5
Q= CIA/360= 0,50 x 178x 0,2/360= 0,0494m3/s
Portanto, a vazão de pico é 0,0494m3/s.

Verificação do volume de armazenamento.


Existe lei estadual determinando que seja feito reservatório de detenção em áreas
impermeáveis em lotes maiores que 500m2 e assim teremos:
V=0,15 x Ai x IP x t
Sendo:
V= volume de detenção (m3)
Ai= área impermeável (m2)
IP= 0,06m/h
t= 1hora
V=0,15 x 10000 x 0,06 x 1h=9m3
O esvaziamento deverá ser em uma hora e portanto a vazão de saída:
V/ 1h=V/3600s= 9m3 / 3600s= 0,0025m3/s

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Adoto caixa de bombeamento com 9m3

Figura 11.41- Hidrograma de entrada com a vazão de pico e o volume total de armazenamento
e poço de sucção.

Considerando o hidrograma da Figura (11.41) por tentativas achamos a vazão de 32 L/s


(0,032m3/s) de bombeamento para reservatório de 9m3. Considerando 2 bombas teremos:
0,032m3/s / 2= 0,016m3/s = 57,6m3/h

Potência da bomba
Bomba ηB= 0,7
Motor ηM= 0,9
η= ηmotor x η bomba = 0,9 x 0,7=0,63
AMT=5,00m
P= 1000 x Q x Hman / (75 η )
P= 1000 x 0,016 x 5 / (75 x 0,63 ) = 1,7HP
Dando um acréscimo de 20% temos
P= 1,7 + 0,24= 1,94HP
Escolhemos um motor padrão que é de P=2 HP
A potência consumida em KW será: P= 2 HP x 0,736= 1,47 KW

Volume do poço de sucção


Vmin= 15 x Qb x t
Qb =0,016m3/s
Adotamos tempo de ciclo de 10min
Vmin= 15 x 0,016x10min= 2,4m3
Portanto, a caixa do poço de sucção deverá ter no mínimo para funcionamento dos ciclos
das bombas de 2,4m3 <9m3 OK

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Capítulo 12 Chuva excedente método do número CN do SCS
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Capítulo 12
Chuva excedente- método do número CN do SCS

“O homem que não crê em nada, acaba por não acreditar em si


mesmo. Isso vale dizer não acreditará nos próprios juramentos e
compromissos”
Varoli

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Capítulo 12 Chuva excedente método do número CN do SCS
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SUMÁRIO
Ordem Assunto

12.1 Introdução
12.1.1 Característica do solo
12.1.2 Pesquisas feitas no pais, nos estados ou em regiões ou cidades
12.1.3 Capacidade mínima de infiltração no solo
12.2. Tabelas do número CN da curva de runoff
12.3 Condições antecedentes do solo
12.4 Estimativa do número CN para área urbana
12.5 Área impermeável conectada e área impermeável não conectada
12.6 Estimativa de runoff ou escoamento superficial ou chuva excedente pelo método SCS
12.7 Limitações da equação conforme SCS
12.8 Hietograma da chuva excedente
12.9 Estimativa de área impermeável de macro-bacias urbanas
12.10 Aplicações e validade do método no número CN da curva de runoff (SCS)
12.11 Comparação dos métodos de infiltração

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Capítulo 12 Chuva excedente método do número CN do SCS
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Capítulo 12- Chuva excedente - método do número CN do SCS


12.1 Introdução
Em junho de 1986 o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos lançou o
Technical Release 55 (TR-55) denominado “Urban Hydrology for Small Watersheds”que
apresentou os procedimentos para estimativa do runoff e dos picos de descargas em bacias
pequenas(250 km2). A edição que estamos tratando foi atualizada no apêndice A do TR-55 em
janeiro de 1999.
O TR-55 incorporou no estudo apresentado os resultados do U. S. Soil Conservation
Service (SCS) de janeiro de 1975.
Há três maneira para se achar o número da curva de runoff CN do SCS, também
chamado de coeficiente de escoamento superficial ou número de deflúvio CN.
1. Características do solo;
2. Pesquisas feitas no pais, nos estados ou em regiões ou cidades;
3. Capacidade mínima de infiltração no solo.

12.1.1 Características do solo


Segundo (McCuen,1998) o SCS classificou nos Estados Unidos mais de 4.000 solos
para verificar o potencial de runoff e classificou estes grupos em quatro, identificando com as
letras A, B, C e D.
Conforme José Setzer e Rubem La Laina Porto no Boletim Técnico do Departamento
de Água e Energia Elétrica - DAEE de maio/agosto de 1979 de São Paulo, foi apresentado
pela primeira vez no Brasil “Tentativa de avaliação de escoamento superficial de acordo com
o solo e o seu recobrimento vegetal nas condições do Estado de São Paulo”.
As quatro classificações de (Porto,1995) são bastante elucidativas e referem-se a
capacidade mínima de infiltração de cada tipo de solo conforme SCS e estão na Tabela (12.1)
juntamente com os tipos de solos classificados por (Tucci,1993).

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Capítulo 12 Chuva excedente método do número CN do SCS
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Tabela 12.1- Grupo de solos e características do solo


Grupo Características do solo
de solo
solos arenosos com baixo teor de argila total, inferior a 8%, não havendo rocha nem camadas
argilosas e nem mesmo densificadas até a profundidade de 1,5m. O teor de húmus é muito baixo,
não atingindo 1% (Porto, 1979 e 1995).
A
Solos que produzem baixo escoamento superficial e alta infiltração. Solos arenosos profundos com
pouco silte e argila (Tucci et al, 1993).
solos arenosos menos profundos que os do Grupo A e com menor teor de argila total, porém ainda
inferior a 15%. No caso de terras roxas, esse limite pode subir a 20% graças à maior porosidade.
Os dois teores de húmus podem subir, respectivamente, a 1,2 e 1,5%. Não pode haver pedras e
B nem camadas argilosas até 1,5m, mas é, quase sempre, presente camada mais densificada que a
camada superficial (Porto, 1979 e 1995)

Solos menos permeáveis do que o anterior, solos arenosos menos profundo do que o tipo A e com
permeabilidade superior à média (Tucci et al, 1993).
solos barrentos com teor total de argila de 20% a 30%, mas sem camadas argilosas impermeáveis
ou contendo pedras até profundidade de 1,2m. No caso de terras roxas, esses dois limites máximos
podem ser de 40% e 1,5m. Nota-se a cerca de 60cm de profundidade, camada mais densificada
C que no Grupo B, mas ainda longe das condições de impermeabilidade (Porto, 1979 e 1995).

Solos que geram escoamento superficial acima da média e com capacidade de infiltração abaixo
da média, contendo percentagem considerável de argila e pouco profundo (Tucci et al, 1993).
solos argilosos (30% a 40% de argila total) e ainda com camada densificada a uns 50cm de
profundidade. Ou solos arenosos como do grupo B, mas com camada argilosa quase impermeável
ou horizonte de seixos rolados (Porto, 1979 e 1995).
D
Solos contendo argilas expansivas e pouco profundos com muito baixa capacidade de infiltração,
gerando a maior proporção de escoamento superficial (Tucci et al, 1993).

Fonte: (Porto, Setzer 1979) e (Porto, 1995) e (Tucci et al, 1993).

12.1.2 Pesquisas feitas no pais, nos estados ou em regiões ou cidades


Nos Estados Unidos todos os solos estão classificados conforme os grupos
hidrológicos A,B,C ou D e fazem parte do TR-55 citado. O Brasil até a presente data não
existe nenhuma pesquisa que fornecem os números CN da curva de runoff. No Estado de São
Paulo, existem considerações globais feitas em 1979 por Setzer e Porto. Na região do Alto
Tietê, existe estudo geológico dos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo, onde
os solos estão classificados, a fim de facilitar os dimensionamentos dos córregos, rios, canais
e reservatórios de detenção e retenção.

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12.1.3 Capacidade mínima de infiltração no solo.


(McCuen,1998) apresenta uma classificação dos quatro grupos A,B,C e D conforme
Tabela (12.2) mostrando a capacidade mínima de infiltração no solo conforme o grupo do
solo.
Tabela 12.2- Capacidade mínima de infiltração conforme o grupo do solo
Grupo de solo Capacidade mínima de infiltração Média
(mm/h)
A 7,62 a 11,43 9,53
B 3,81 a 7,62 5,72
C 1,27 a 3,81 2,54
D 0 a 1,27 0,64
Fonte: (McCuen,1998)

Uma maneira prática de se achar a capacidade mínima de infiltração é usando o


infiltrômetro, que deve ser representativo para a bacia em estudo.
Como exemplo, na bacia do Pacaembu a capacidade de infiltração mínima do solo
achada por Canholi foi de 4,5mm/hora e verificando a Tabela (12.2) de McCuen, vê-se que o
solo da região do Pacaembu poderia ser classificado como do grupo B por estar entre
3,81mm/h e 7,62 mm/h.

12.2 Tabelas do número CN da curva de runoff


O número da curva de runoff ou seja do escoamento superficial é CN também é um
índice que representa a combinação empírica de três fatores: grupo do solo, cobertura do solo
e condições de umidade antecedente do solo (McCuen, 1998).
Existem tabelas do número CN da curva de runoff para bacias rurais e para bacias
urbanas. Os valores CN obtidos poderão ou não serem corrigidos posteriormente caso a
situação do solo seja seca ou ter havido muita chuva.

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Vamos usar as Tabelas (12.3) e Tabela (12.4) traduzidas do inglês por (Tucci, 1993).
Tabela 12.3- Valores dos números CN da curva de runoff para bacias rurais
Uso do solo Superfície do solo Grupo do Solo
A B C D
Solo lavrado Com sulcos retilíneos 77 86 91 94
Em fileiras retas 70 80 87 90

Plantações Em curvas de nível 67 77 83 87


regulares Terraceado em nível 64 76 84 88
Em fileiras retas 64 76 84 88

Plantações de Em curvas de nível 62 74 82 85


cereais Terraceado em nível 60 71 79 82
Em fileiras retas 62 75 83 87

Em curvas de nível 60 72 81 84
Plantações de Terraceado em nível 57 70 78 89
legumes ou Pobres 68 79 86 89
cultivados Normais 49 69 79 94
Boas 39 61 74 80

Pobres, em curvas de nível 47 67 81 88


Pastagens Normais, em curvas de nível 25 59 75 83
Boas, em curva de nível 6 35 70 79

Normais 30 58 71 78
Campos Esparsas, de baixa transpiração 45 66 77 83
permanentes Normais 36 60 73 79
Densas, de alta transpiração 25 55 70 77

Chácaras Normais 56 75 86 91
Estradas de terra Más 72 82 87 89
De superfície dura 74 84 90 92

Muito esparsas, baixa transpiração 56 75 86 91


Florestas Esparsas 46 68 78 84
Densas, alta transpiração 26 52 62 69
Normais 36 60 70 76
Fonte: (Tucci et al, 1993)

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Tabela 12.4- Valores de CN para bacias urbanas e suburbanas


Utilização ou cobertura do solo Grupo de solos
A B C D
Zonas cultivadas: sem conservação do solo 72 81 88 91
com conservação do solo 62 71 78 81
Pastagens ou terrenos em más condições 68 79 86 89

Baldios em boas condições 39 61 74 80


Prado em boas condições 30 58 71 78

Bosques ou zonas com cobertura ruim 45 66 77 83


Florestas: cobertura boa 25 55 70 77

Espaços abertos, relvados, parques, campos de golfe, cemitérios, boas condições


Com relva em mais de 75% da área 39 61 74 80
Com relva de 50% a 75% da área 49 69 79 84

Zonas comerciais e de escritórios 89 92 94 95

Zonas industriais 81 88 91 93

Zonas residenciais
Lotes de (m2) % média impermeável
<500 65 77 85 90 92
1000 38 61 75 83 87
1300 30 57 72 81 86
2000 25 54 70 80 85
4000 20 51 68 79 84

Parques de estacionamentos, telhados, viadutos, etc. 98 98 98 98

Arruamentos e estradas
Asfaltadas e com drenagem de águas pluviais 98 98 98 98
Paralelepípedos 76 85 89 91
Terra 72 82 87 89

Fonte: (Tucci et al, 1993)

Exemplo 12.1:
Achar o número CN para área urbana com cerca de 65% de impermeabilização sendo
o restante da área permeável recoberta com grama, sendo o solo tipo C
Conforme Tabela (12.4) achamos CN=90

12.3 Condições antecedentes do solo


O SCS reconheceu a importância da condição antecedente do solo, pois, o mesmo
poderá estar em condições normais ou muito seco ou muito úmido.
Em condições normais seria a condição II e condição úmida seria a III e a seca seria a
I conforme Tabela (12.5).

12-7
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Capítulo 12 Chuva excedente método do número CN do SCS
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Tabela 12.5- Condições do solo em relação a situação do mesmo


Condição do solo Situação do solo
I Solo seco.

II Condições médias do solo. É a condição normal das tabelas do


número CN.
III Solo úmido. Ocorreram precipitações nos últimos cinco dias. O solo
está saturado
Fonte: (McCuen, 1998)
A Tabela (12.6) apresenta os limites de 5 dias de chuva antecedente em relação ao
período latente e ao período de crescimento da vegetação, para facilitar a classificação das
condições do solo.
Tabela 12.6- Limites de 5 dias de chuva antecedente em relação a período latente e
período de crescimento
Chuva antecedente de 5 dias em milímetros
Condição do solo Período latente Período de crescimento

I < 12,7mm <35,56mm

II 12,7mm a 27,94mm 35,56mm a 53,34mm

III > 27,94mm > 53,34mm

Fonte: (McCuen, 1998)


Como as tabelas para achar o número CN se referem as condições normais chamada
Condição II, conforme o solo antecedente estiver seco ou úmido terá que ser feito as
correções do número CN, conforme Tabela (12.7).
Tabela 12.7- Ajustamento do número CN da condição normal II para a condição
para solo seco (I) e para solo úmido (II).
Condição normal II do número Número CN correspondente para a devida Condição
CN Condição I Condição III
100 100 100
95 87 99
90 78 98
85 70 97
80 63 94
75 57 91
70 51 87
65 45 83
60 40 79
55 35 75
50 31 70
45 27 65
40 23 60
35 19 55
30 15 50
25 12 45
20 9 39
15 7 33
10 4 26
5 2 17
0 0 0
Fonte: (McCuen, 1998)

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12.4 Estimativa do número CN para área urbana


Para área urbana existe sempre uma parcela do solo que é impermeável. Na área
impermeável o número CN do solo é CN=98. O coeficiente final CNw composto é a soma
composta do coeficiente da área permeável e da área impermeável com o peso correspondente
da fração da área impermeável da seguinte forma, conforme (McCuen, 1998).
A equação abaixo é válida quando a porcentagem total da área impermeabilizada é
maior que 30% (trinta por cento) da área total.
CNw = CNp . ( 1-f ) + f . (98) (Equação 12.1)
Sendo:
CNw = número CN composto da área urbana em estudo;
CNp = número CN da área permeável da bacia em estudo e
f= fração da área impermeável da bacia em estudo.

Exemplo 12.2
Para o dimensionamento do piscinão do Pacaembu, Canholi considerou a fração
impermeabilizada de 0,55.
Como já foi mostrado anteriormente o tipo de solo da região é o tipo B conforme
classificação do SCS. Considerando a Tabela (12.4) em espaços abertos com relva com
impermeabilização de 50% a 75% o valor de CN=69.
Vamos achar o número CNw composto.
Sendo:
CNp =69
f= 0,55
CNw = CNp . ( 1 - f ) + f . (98)
CNw = 69. ( 1-0,55 ) + 0,55 . ( 98 )= 84,95=85
Portanto, o número CN que se poderia usar para o cálculo da chuva excedente na bacia
do Pacaembu é CNw =CN=85.

12.5 Área impermeável conectada e área impermeável não conectada


O TR-55 do SCS, 1986 salienta a importância das áreas impermeáveis conectadas ou
não. Uma área impermeável é conectada quando o escoamento superficial, isto é, o runoff
escoa da área impermeável diretamente para o sistema de drenagem.
No Exemplo (12.2) da bacia de detenção do Pacaembu, a fração impermeável total é
de 0,55 e a fração impermeável diretamente conectada é 0,45. Isto significa que 45% da área
impermeável escoa diretamente para o sistema de galerias de drenagem enquanto que os
outros 55% da área impermeável se escoa sobre uma área permeável.
O escoamento superficial da área impermeável, isto é, o runoff que se escoa sobre a
área permeável, é que se chama área impermeável não conectada que no caso do piscinão do
Pacaembu é de 55% da área impermeável.
(McCuen, 1998) apresenta a correção do número CN quando a percentagem da área
impermeabilizada total é menor que 30%. Somente neste caso é corrigido o valor de CN
conforme a seguinte fórmula:
CNc = CNp + If ( 98- CNp) ( 1-0,5 R) (Equação 12.2)
Sendo:
CNc = número CN ajustado, corrigido;
CNp = número CN da área permeável;
If = fração da área impermeável total
R= fração da área impermeável que está não conectada, isto é, escoa sobre a área permeável.

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Exemplo 12.3 de área não conectada:


Seja uma bacia em que são fornecidos os seguintes dados:
Fração impermeável da bacia = If = 0,25. Portanto, 25% da bacia é impermeável (<30%).
R= fração da área impermeável que não está conectada R=0,50, isto é, supomos que 50% da
área impermeável escoa sobre área permeável.
CNp =61 (suposto)
Achar CNc =?
Aplicando a fórmula de McCuen temos:
CNc= CNp + If (98- CNp) ( 1-0,5 R)
CNc = 61 + 0,25 (98-61) ( 1- 0,50. 0,5)= 61+0,25.37.0,75=61+6,94=67,94=68
Verificamos pois, um aumento no número CN que era CN=61 e como 50% da área
impermeabilizada escoa sobre a área permeável, o número CN passou para CN=68.

12.6 Estimativa do runoff ou escoamento superficial ou chuva excedente pelo método


SCS
Conforme TR-55 do SCS de 1986 o método do número CN da curva de runoff é
fornecido pela equação:

( P – Ia ) 2
Q = ------------------ (Equação 12.3)
( P- Ia ) + S
Sendo:
Q= runoff ou chuva excedente (mm);
P= precipitação (mm);
Ia = abstração inicial (mm) e
S= potencial máximo de retenção após começar o runoff (mm).
A abstração inicial Ia representa todas as perdas antes que comece o runoff. Inclui a
água retida nas depressões da superfície e interceptada pela vegetação, bem como, a água
evaporada e infiltrada.
Empiricamente foi determinado nos Estados Unidos pela SCS que Ia é
aproximadamente igual a :
Ia =0,2 S (Equação 12.4)

Substituindo o valor de Ia obtemos:


( P- 0,2S ) 2
Q= -------------------------- válida quando P> 0,2 S (Equação 12.5)
( P+0,8S )
25400
sendo S= ------------- - 254 (Equação 12.6)
CN
A Equação (12.3) do valor de Q é válida quando a precipitação P > 0,2S.
Quando P < 0,2 S, o valor de Q=0.

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12.7 Limitações da equação conforme SCS


- O número da curva CN descreve uma situação média e útil em determinados projetos;
- Usar o número da curva CN sempre com precaução, pois a equação não contém o
parâmetro do tempo e não leva em consideração a duração da chuva ou a intensidade da
mesma;
- Deve ser entendido que a aproximação da abstração inicial Ia consiste na interceptação
inicial, infiltração, armazenamento na superfície, evapo-transpiração e outros fatores e que
foi obtido em dados em bacias de áreas agrícolas. Esta aproximação pode ser
especialmente importante em aplicações urbanas devido a combinação de área
impermeáveis com áreas permeáveis que podem implicar numa significante aumento ou
diminuição de perda de água que pode não ser considerada;
- O número CN não é preciso quando o runoff é menor que 12,7mm;
- Quando o número CN composto achado for menor que 40 use outro procedimento para
determinar o runoff.

12.8 Hietograma da chuva excedente


O hietograma da chuva excedente ou do escoamento superficial ou do runoff é a
precipitação excedente na unidade do tempo. O prof. dr. Rubem La Laina Porto observa que
para a aplicar a fórmula do SCS deve-se usar a precipitação acumulada.

Exemplo 12.4- achar a chuva excedente do piscinão do Pacaembu usando período de


retorno de 25anos e Equação da chuva de Martinez e Magni, 1999, chuva de 2h com
CN=87.

Coluna 1:
Na coluna 1 da Tabela (12.8) temos o tempo em horas em 48 intervalos de 2,5minutos. A
duração da chuva é de 2h.

Coluna 2:
Temos o tempo em minutos.

Coluna 3:
Temos o tempo em horas.

Coluna 4:
Na coluna 4 temos os valores em números adimensionais de Huff para o 1º quartil com 50%
de probabilidade. A soma de toda a coluna 4 deverá ser sempre igual a 1 (um). Supomos que
este hietograma é aquele de fevereiro de 1983.

Coluna 5:
Consideramos que para período de retorno de 25anos, foi adotado a precipitação total de
85,1mm para chuva de 2h segundo a Equação de Martinez e Magni,1999.
Os valores da coluna 5 são obtidos multiplicando a coluna 4 pelo valor da precipitação
total de 85,1mm. O valor total da coluna 5 deverá ser de 85,1mm totalizando as 48 faixas de
2,5min.

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Coluna 6:
Na coluna 6 temos as precipitações da coluna 5 acumuladas até atingir o valor global de
85,1mm. A chuva acumulada é necessária para o uso da equação do SCN conforme veremos.

Coluna 7:
Para a coluna 7 recordemos que a chuva excedente Q é:
.
(P- 0,2S) 2
Q= -------------------------- válida quando P> 0,2 S
(P+0,8S)

25400
sendo S= ------------- - 254
CN
A Equação (12.8) do valor de Q é válida quando a precipitação P>0,2S.
Quando P < 0,2 S o valor de Q=0.
Como CN=87 o valor de
S= 25400/87 - 254 = 37,95
0,2 . S = 0,2 . 37,95 = 7,59mm
(P- 0,2S) 2 (P- 0,2 . 37,95 ) 2 (P- 7,59) 2
Q= -------------------------- = ----------------------- = -----------------
(P+0,8S) (P+0,8. 37,95) (P + 30,36)
Obteremos também o Q acumulado.
Mas a equação achada só vale quando P>0,2 S ou seja P> 7,59mm
Portanto, para a primeira linha o valor de P acumulado é 2,6mm e portanto Q=0.
Para a segunda linha o P acumulado é 5,1mm que é menor que 7,59mm e portanto
Q=0.
Na terceira linha P acumulado é 7,7376mm que é menor que 8,964mm e portanto
Q=0.
Na quarta linha o valor de P=11,2 é maior que 7,59mm e portanto aplica-se a fórmula
do SCS.
(P- 8,964) 2 (11,2- 7,59) 2
Q= -------------------------- = ----------------------- = 0,3mm
(P + 35,856) (11,2+30,36)
e assim por diante achamos todos os valores da coluna 7.
Uma maneira pratica de se obter a coluna 7 é usando a planilha Excel usando a função
SE da seguinte maneira:
= SE (Coluna 6 > 7,59; [( coluna 6 – 7,59) 2 / (coluna 6 + 30,36)] ; 0)
O total da chuva excedente é de 51,9mm. Esta parte da chuva é que irá produzir o
escoamento superficial, isto é, o runoff.

Coluna 8:
Os valores são da chuva excedente acumulada em milímetros e para achar por faixa é só fazer
a diferença entre a linha com a linha anterior da coluna 7 obtendo assim a coluna 8.

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Coluna 9:
Caso se queira saber como está a infiltração da mesma basta achar a diferença entre a
chuva da coluna 5 com a chuva excedente por faixa da coluna 8. A infiltração total é de
33,2mm e não contribuirá para o escoamento superficial.
A somatória da infiltração de 33,2mm com o runoff de 51,09mm fornecerá a
precipitação total de 85,1mm. Frizamos que desprezamos a evaporação.

Tabela 12.8- Exemplo do piscinão do Pacaembu de como achar a chuva excedente


ou runoff usando o método do número CN do SCS, CN=87, fórmula de Martinez e
Magni, 1999 para Tr=25anos com precipitação total de 85,1mm
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6 Coluna 7 Coluna 8 Coluna 9
HUFF 1. Q Precip. Total Prec. Acum. Chuva exc. acum. Chuva exc. por Infiltração
faixa
Ordem Tempo Tempo 50% P P P acum. Q acum. Q f
min h (%) mm mm mm mm mm
1 2,5 0,04 0,030 2,6 2,6 0,0 0,0 2,6
2 5,0 0,08 0,030 2,6 5,1 0,0 0,0 2,6
3 7,5 0,13 0,036 3,1 8,2 0,0 0,0 3,1
4 10,0 0,17 0,036 3,1 11,2 0,3 0,3 2,8
5 12,5 0,21 0,061 5,2 16,4 1,7 1,3 3,8
6 15,0 0,25 0,061 5,2 21,6 3,8 2,1 3,1
7 17,5 0,29 0,076 6,5 28,1 7,2 3,4 3,1
8 20,0 0,33 0,076 6,5 34,6 11,2 4,0 2,5
9 22,5 0,38 0,052 4,4 39,0 14,2 3,0 1,4
10 25,0 0,42 0,052 4,4 43,4 17,4 3,2 1,2
11 27,5 0,46 0,052 4,4 47,8 20,7 3,3 1,1
12 30,0 0,50 0,052 4,4 52,3 24,1 3,4 1,0
13 32,5 0,54 0,033 2,8 55,1 26,4 2,2 0,6
14 35,0 0,58 0,032 2,7 57,8 28,6 2,2 0,5
15 37,5 0,63 0,026 2,2 60,0 30,4 1,8 0,4
16 40,0 0,67 0,025 2,1 62,1 32,2 1,8 0,4
17 42,5 0,71 0,022 1,9 64,0 33,7 1,6 0,3
18 45,0 0,75 0,021 1,8 65,8 35,2 1,5 0,3
19 47,5 0,79 0,014 1,2 67,0 36,2 1,0 0,2
20 50,0 0,83 0,014 1,2 68,2 37,2 1,0 0,2
21 52,5 0,88 0,014 1,2 69,4 38,3 1,0 0,2
22 55,0 0,92 0,014 1,2 70,5 39,3 1,0 0,2
23 57,5 0,96 0,013 1,1 71,7 40,2 1,0 0,2
24 60,0 1,00 0,012 1,0 72,7 41,1 0,9 0,1
25 62,5 1,04 0,012 1,0 73,7 42,0 0,9 0,1
26 65,0 1,08 0,012 1,0 74,7 42,9 0,9 0,1
27 67,5 1,13 0,011 0,9 75,7 43,7 0,8 0,1
28 70,0 1,17 0,011 0,9 76,6 44,5 0,8 0,1
29 72,5 1,21 0,008 0,7 77,3 45,1 0,6 0,1
30 75,0 1,25 0,008 0,7 78,0 45,7 0,6 0,1
31 77,5 1,29 0,006 0,5 78,5 46,2 0,4 0,1
32 80,0 1,33 0,006 0,5 79,0 46,6 0,4 0,1
33 82,5 1,38 0,006 0,5 79,5 47,1 0,4 0,1
34 85,0 1,42 0,006 0,5 80,0 47,5 0,4 0,1
35 87,5 1,46 0,006 0,5 80,5 48,0 0,5 0,1
36 90,0 1,50 0,006 0,5 81,0 48,4 0,5 0,1

12-13
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37 92,5 1,54 0,006 0,5 81,5 48,9 0,5 0,1


38 95,0 1,58 0,006 0,5 82,0 49,3 0,5 0,1
39 97,5 1,63 0,006 0,5 82,5 49,8 0,5 0,1
40 100,0 1,67 0,006 0,5 83,1 50,2 0,5 0,1
41 102,5 1,71 0,004 0,3 83,4 50,5 0,3 0,0
42 105,0 1,75 0,004 0,3 83,7 50,8 0,3 0,0
43 107,5 1,79 0,004 0,3 84,1 51,1 0,3 0,0
44 110,0 1,83 0,004 0,3 84,4 51,4 0,3 0,0
45 112,5 1,88 0,002 0,2 84,6 51,6 0,2 0,0
46 115,0 1,92 0,002 0,2 84,8 51,7 0,2 0,0
47 117,5 1,96 0,002 0,2 84,9 51,9 0,2 0,0
48 120,0 2,00 0,002 0,2 85,1 52,0 0,0 0,2
1,000 85,1 51,9 33,2
Chuva exc. Infiltração

12.9 Estimativa de área impermeável de macro-bacias urbanas


Em dezembro de 1994 Néstor A Campana e Carlos E. M. Tucci apresentaram na
Revista Brasileira de Engenharia (RBE) vol.2, nº2, estudo sobre “Estimativa de área
impermeável de macro-bacias urbanas”.
Foram usadas para o algoritmo áreas impermeáveis de São Paulo, Porto Alegre e
Curitiba. Foram usadas imagens do satélite Landsat-TM bandas 3, 4 e 5 e usado a abordagem
fuzzy para calcular a área impermeável.
Os estudos concluíram que para bacias abaixo de 2 km2 o erros estão na faixa de 25%
e para bacias maiores o erro tende a ficar na faixa de 15% e convergindo para erro de 10% em
bacias acima de 4km2.
A tendência da impermeabilização mostrou que ela converge no intervalo de 60% a
70% com média aproximada de 65%. A variação dos erros em função da impermeabilização é
uniforme até cerca de 70%. Acima de 70% os resultados podem ser tendenciosos.
Deverá se ter cuidado em aplicação das fórmulas para áreas pequenas com excessiva
concentração de indústrias ou comércios, que possa distorcer a densidade média.
A aplicação da fórmula é para regiões com edifícios de apartamentos, industriais ou
residências térreas.
Campana e Tucci apresentaram um gráfico da impermeabilização em porcentagem
com a densidade populacional em hab/ha.
O gráfico pode ser colocado sob a forma de duas equações de retas para dois intervalos
da seguinte maneira:
Aimp = -3,86 + 0,55 d (Equação 12.7) (7,02 ≤ d ≤115 hab/ha)
Aimp = 53,2 +0,054 d (Equação 12.8) ( para d >115 hab/ha)
Sendo:
Aimp = % da área impermeável e
d= densidade populacional (hab/ha)

Exemplo 12.5- Caso real: bacia do rio Aricanduva na RMSP


Na região metropolitana de São Paulo (RMSP) o Departamento de Águas e Energia
Elétrica (DAEE) realizou em 1999 estudos sobre a bacia do Alto Tietê. Em particular estamos
se referindo a bacia do rio Aricanduva com área de 100 km2.
Foram examinadas a densidade demográfica em hab/ha usando dados da Sempla da
Prefeitura Municipal de São Paulo datado de 1996.

12-14
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Conforme publicação do DAEE, de acordo com os últimos censos realizados pelo


IBGE (1991 e 1996) para os distritos da bacia do rio Aricanduva, com uma área de 100km2,
tem-se dados de densidade populacionais projetados para o ano 2000 que variam de
71,2hab/ha a 94,2hab/ha na região das cabeceira da bacia onde estão concentradas as maiores
reservas de áreas verdes, como nos distritos parque do Carmo e São Mateus, até valores entre
137hab/ha e 163hab/ha em áreas mais densamente urbanizadas, como os distritos de vila
Formosa e vila Prudente.
Para toda a bacia, a média desses valores é de 114,4hab/ha. Entre 1991 e 1996, a
população total cresceu cerca de 0,8%, resultando uma média de crescimento anual de 0,16%.
No mesmo período entre 1991 e 1996 em média para toda a RMSP, o crescimento
anual da população foi de 1,46%.
Admitindo-se que a população de toda a bacia do Aricanduva até o horizonte de
projeto do ano de 2020, aumentasse em média de 1,46% ao ano, ter-se-ia um valor médio de
densidade populacional projetado em torno de 153hab/ha.
114,4 hab/ha x (1 + 0,0146) 20 = 152,87 = 153 hab/ha
A exemplo do verificado em estudos mais recentes, para outros municípios como os integrantes da bacia do
Aricanduva, os municípios que atualmente já atingiram valores desta ordem de grandeza.
Provavelmente já se encontram em estado de estagnação ocupacional, como é o caso
especifico do distrito da vila Prudente. Entende-se que o valor de 153 hab/ha seria um limite
máximo de ocupação a ser alcançado também nos demais distritos integrantes da mesma
bacia, onde se considera que ainda haveria espaço para essa expansão populacional.
Para se achar a área impermeabilizada podemos usar as Equações (12.7) e (12.8) de
(Campana e Tucci, 1994) já citadas para densidade populacional maior que 115hab/ha.
Aimp = 53,2 +0,054 d ( para d >115hab/ha)
Sendo:
Aimp = % da área impermeável e
d= densidade populacional (hab/ha)
d= 153hab/ha
Aimp = 53,2 +0,054 d = 53,2 + 0,054 x 153 = 53,2 + 8,26 =61,5 %
Portanto a área impermeável para o ano 2020 foi estimada em 61,5%.
Quanto ao número da curva CN a ser aplicado a área permeável da bacia do
Aricanduva, foi considerado o plano diretor de macrodrenagem da bacia do Alto Tietê-
análise geológica e caracterização dos solos da bacia do Alto Tietê para avaliação do
coeficiente de escoamento superficial de dezembro de 1998. Consultando o referido estudo foi
achado CN= 66.
O valor de CN para o ano 2020 será calculado usando a Equação (12.1) de
(McCuen,1998).
CNw = CNp . ( 1-f ) + f . (98)
CNp = 66 (coeficiente de escoamento superficial da parte permeável)
f= fração da área impermeável =0,615 (61,5%)
CNw = CNp . ( 1 - f ) + f . (98)= 66 . (1-0,615) + 0,615 . 98 = 85,68 = 86
Portanto, para o ano 2020 para a bacia do rio Aricanduva o coeficiente de escoamento
superficial CN será igual a 86.

Exemplo 12.6- Caso real: bacia do córrego dos Meninos na RMSP


A bacia do córrego dos Meninos tem 98,65 km2 de área. A chuva adotada foi de 2
horas muito usada para bacias em torno de 100 km2 na RMSP, pois são estas chuvas as que
causam mais danos (Relatório do DAEE, 1999).

12-15
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 12 Chuva excedente método do número CN do SCS
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 10/11/2008

O procedimento para a previsão da densidade populacional corresponde ao mesmo


raciocínio do rio Aricanduva. Toma-se a média da densidade populacional da região no
período de 1991 a 1996 que foi de 103,4 hab/ha.
Fazendo-se uma projeção de 1,47% ao ano que foi o crescimento entre 1991 e 1996
em 24 anos teremos:
103,4 hab/ha x (1 + 0,0147) 24 = 146,77 = 147 hab/ha
Como limite para a região foi fixado o valor de 150 hab/ha sendo este adotado como a
densidade populacional Equação de Campana e Tucci,1994 temos:
Aimp = 53,2 +0,054 d ( para d >115 hab/ha)
Aimp = 53,2 +0,054 . 150=53,2 + 8,1 ==61,3%
Portanto a densidade populacional para o ano 2020 será de 61,3%.
O valor de CN=66 conforme estudos do Plano Diretor de Macrodrenagem do Alto
Tietê,1998.
O valor de CN para o ano 2020 será calculado usando a Equação (12.1) de
(McCuen,1998).
CNw = CNp . ( 1-f ) + f . (98)
CNp = 66 (coeficiente de escoamento superficial da parte permeável)
f= fração da área impermeável =0,613 (61,3%)
CNw = CNp . ( 1-f ) + f . (98)= 66 . (1-0,613) + 0,613 . 98 = 85,62 = 86

Exemplo 12.7- Caso real: bacia do Alto Tietê na RMSP


A área da bacia é de 3.230 km2.
A chuva usada foi aquela do evento de 02/2//1983, que é semelhante a distribuição de
Huff proposta em 1978, 1º quartil com 50% de probabilidade com intervalo de 0,5h. Foi
usado o software CABC- análise de bacias complexas desenvolvido pela Fundação Centro
Tecnológico de Hidráulico de São Paulo- FCTH.
Baseado nos estudos da firma Promon 86, Hidroplan 95, IAG k=1,00 e IAG k=0,789
foi adotado os seguintes períodos de retornos e as respetivas precipitações totais em mm
conforme Tabela (12.9).
O valor de k=0,789 se refere a distribuição espacial da chuva conforme equação de
Paulhus e k=1 quando se considera que a distribuição pontual é a mesma. A fórmula adotada
foi a de Felix Mero para duração de 1h a 24h.

Tabela 12.9- Chuva de 24horas adotada para diversos períodos de retornos


Período de retorno Chuva de 24 horas adotada
(anos) (mm)
100 122
50 111
25 99
10 84
5 76
2 60
Fonte: (DAEE,1999)
Os coeficientes permeáveis do valor de CN são:
CN= 56 desde as cabeceiras do rio Tietê até a barragem da Penha
CN=63 entre a barragem da Penha e a foz do rio Pinheiros
CN=68 entre a foz do rio Pinheiros até a barragem Edgard de Souza
A bacia do Alto Tietê foi dividida em 99 sub-bacias, sempre usando os coeficientes
CN citados datados de 1983.

12-16
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 12 Chuva excedente método do número CN do SCS
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Foi considerada a densidade de cada sub-bacia referente ao ano de 1998 e feitas as


previsões para o ano 2020 usando o mesmo critério já citado (Campana e Tucci,1994).

12.10 Aplicações e validade do método no número CN da curva de runoff (SCS)


David H. Pilgrim e Ian Cordery no capítulo 9 do livro Handbook of Hydrology de
David R. Maidment de 1993 faz algumas observações sobre o método SCS muito usado nos
Estados Unidos.
Foram feitas 1600 pesquisas nos estados de Nevada, Texas e Novo México e com 67%
de probabilidade acharam variações do pico de vazão de mais ou menos 50%.
Tudo devido a dois fatores principais, a escolha do tempo de concentração e a escolha
do coeficiente de escoamento superficial CN. As grandes falhas achadas foi em relação as
condições antecedentes do solo e os resultados foram melhores para solos secos e com
vegetação esparsa do que para solos com vegetação densa. O interessante é que vários outros
autores acharam os mesmos problemas devido a vegetação densa ou esparsa.
Na Austrália foi desenvolvido um método probabilístico para determinar o coeficiente
CN baseado em 139 bacias no leste daquele pais.
O dr. Rubem La Laina Porto em 1995 no livro Drenagem Urbana, demonstra na
análise de sensibilidade os resultados que se podem obter quando se varia o coeficiente CN
por exemplo de 90 para 85 e se varia o tempo de concentração de 0,8h para 1h. Os resultados
foram de 71m3/s para 44m3/s ou seja de 79% de diferença para variação do tempo de
concentração e do CN consideradas normais.
Uma das conclusões que podemos tomar é não considerar o método SCS como um
método determinístico, isto é, que conduz a um único resultado. Temos que usar modelo
probabilístico para analisar os riscos e as incertezas como faz desde 1995 o USACE (United
States Army Corpy of Engineer).

12.11 Comparação dos métodos de infiltração


Conforme Chin 2000 p. 3455, o Manual de Prática de Projetos de Construções de
Sistemas Urbanos de Águas Pluviais elaborado em 1992 da American Society of Civil
Engineers (ASCE) recomenda três métodos: Horton, Número da Curva e Green-Ampt.
Foram feitas várias comparações e chegou-se a conclusão que o método mais preciso é
o Green-Ampt, porém o mais usado é o Número da Curva CN, pois o mesmo é recomendado
pelo Departamento da Agricultura dos Estados Unidos e tem servido de base legal para o
julgamento dos juizes em processos judiciais.

12-17
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 13- Melhoria da qualidade das águas pluviais
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 25/07/08

Capítulo 13- Melhoria da qualidade das águas pluviais

13.1 Introdução
Conforme TUCCI, (2002) na Figura (13.1) pode-se observar amostras de águas pluviais
dispostas segundo um relógio (figura de garrafas). No início existe pequena concentração;
logo após a concentração é alta, para após alguns intervalos de tempo se reduzir
substancialmente.

Figura 13.1 - Amostradores de qualidade da água pluviais.


Início da precipitação com a garrafa marrom (posição do relógio a 45min).
Fonte: TUCCI, (2001)

Volume para melhoria da Qualidade das Águas Pluviais (WQv)


O critério de dimensionamento de um reservatório para melhoria de qualidade WQv
para controle da poluição difusa especifica o volume de tratamento necessário para remover
uma parte significante da carga de poluição total existente no escoamento superficial das
águas pluviais.
Para aplicação do método de Schueler a obtenção de first flush é obtida da seguinte
maneira: o valor de P é obtido com 90% das precipitações que produzem runoff.
O valor do first flush P assim obtido fará uma redução de 80% dos Sólidos Totais em
Suspensão (TSS) de bem como outros parâmetros dos poluentes.
O volume obtido será dependente do first flush P e da área impermeável.
SCHUELER, (1987) usou as Equações (13.1 e (13.2) para achar o volume WQv.

Rv= 0,05 + 0,009 . AI (Equação 13.1)

WQv= (P/1000) . Rv . A (Equação 13.2)


Sendo:
Rv=coeficiente volumétrico que depende da área impermeável (AI).
AI= área impermeável da bacia em percentagem sendo AI ≥ 25%;
A= área da bacia em m2 sendo A ≤ 100ha (1km2)
P= precipitação adotada (mm) sendo P≥ 13mm. Adotamos P=25mm para a RMSP.
WQv = volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3).

13-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 13- Melhoria da qualidade das águas pluviais
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Valor de P
Para a cidade de Mairiporã, São Paulo achamos para 90% das precipitações acima de
2mm (que produzem runoff), o valor P=25mm conforme Figura (13.2) e Tabela (13.1).

Frequência das precipitações diárias


(1958-1995) Mairiporã- RMSP
Precipitaçao diaria
que produz runoff

80
60
(mm)

40
90
25
20
0
0 20 40 60 80 100
Porcentagem do runoff produzido pelas
precipitações (% )
Figura 13.2 - Freqüência das precipitações diárias que produzem runoff da cidade de Mairiporã,
Estado de São Paulo.

13-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 13- Melhoria da qualidade das águas pluviais
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Tabela 13.1 - Freqüência acumulada e precipitações diárias de Mairiporã de 1958 a 1995, a remoção de
sólidos totais em suspensão (TSS).
Freqüência Precipitação diária Remoção de
Acumulada de 1958 a 1995 de Mairiporã sólidos totais em suspensão
(%) (mm) (TSS)
43 1(não produz runoff)
50 2( não produz runoff)
56 3
59 4
63 5
75 10
76 11
78 12
80 13
81 14
82 15
83 16
84 17
85 18
86 19
87 20
90* 25 80%**
93,22 30
95,30 35
96,68 40
97,49 45
98,13 50
98,72 55
99,13 60
99,36 65
99,56 70
99,69 75
99,78 80
99,81 85
(*) Adoptado por Schueler
(**) Estimativa

Exemplo 13.1
Dimensionar o reservatório para qualidade de água WQv sendo a área da bacia de 20ha
e área impermeável de 60%.
Rv= 0,05 + 0,009 . AI = 0,05 + 0,009 . 60 =0,59
P=25mm A=20ha
WQv= (P/1000) . Rv . A = (25mm/1000) . 0,59 . (20ha .10000m2) = 2.950m3.
Portanto, o reservatório para controle de qualidade de água deverá ter 2.950m3 de
capacidade.

13-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 13- Melhoria da qualidade das águas pluviais
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 25/07/08

Inglaterra
Conforme CIRIA, 2007 no SUDS Manual, a Escócia adota valor de 10mm a 15mm
de chuva da área impermeável para a melhoria da qualidade das águas pluviais como
valor fixo, enquanto que a Inglaterra e o Pais de Gales adotam valores maiores. Existe
ainda uma equação para valores locais na Escócia cujos valores variam de 10mm a 20mm.
De modo geral é adotado na Inglaterra que o volume de tratamento deve ser no
mínimo aquele que produz 90% do runoff em todos as precipitações e que é portanto,
semelhante a Teoria de Schueler usada nos Estados Unidos.

13-4
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 14- Trincheira de infiltração
Engenheiro civil Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 15/04/09

Capitulo 14-Trincheira de infiltração

14.1 Introdução
A trincheira de infiltração é uma vala rasa escavada e enchida com pedra britada com objetivo
de drenar o escoamento superficial. A bacia de infiltração é uma técnica semelhante à trincheira de
infiltração. Tucci, no seu livro Inundações Urbanas na América do Sul, chama valos de infiltração
para as trincheiras de infiltração e bacia de percolação para a bacia de infiltração.
O método principal para o dimensionamento de trincheiras que usaremos é aquele baseado no
volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv, mas, usaremos também o método
que, além da melhora da qualidade das águas pluviais, proporciona uma detenção do pico de
enchente, que logicamente apresentará volume maior de trincheira.

Figura 14.1 - Trincheira de infiltração


Na Figura (18) podemos observar o pré-tratamento é uma faixa de filtro gramada.
Em trincheira de infiltração é muito usado como pré-tratamento a faixa de filtro gramada,
conforme Figura (18). Observar ainda uma pequena berma para facilitar a infiltração.

Figura 14.2 - Trincheira de infiltração


Fonte: http://tti.tamu.edu/documents/1837-1.pdf

14-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 14- Trincheira de infiltração
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14.2 Eficiência da trincheira de infiltração


A Tabela (14.1) mostra a estimativa de remoção de poluentes de uma trincheira de
infiltração.
Tabela 14.1- Estimativa da remoção de poluentes em trincheira de infiltração conforme first flush
adotado.
TSS DBO
Sólidos totais TP TN Metais Demanda Bactéria
em suspensão Fósforo total Nitrogênio bioquímica de First flush
Total oxigênio
75% 50 a 55% 45 a 55% 75 a 80% 70% 75% P=12,7mm
90% 60 a 70% 55 a 60% 85% a 90% 80% 90% P=50,8mm
Fonte: FHWA, 2004

14.3 Projeto
• Recomenda-se que a percolação mínima do solo adjacente seja maior ou igual a 15mm/h
e menor ou igual a 60mm/h (Estado de Massachusetts, 1997).
• A profundidade máxima da trincheira sobre rocha ou o lençol freático é de 1,20m.
• O geosintético (geotêxtil como o bidim) a ser assentado na trincheira deverá ser repassado
no mínimo uns 30cm.
• A profundidade da trincheira de infiltração deve ser ajustada para que o tempo máximo de
drenagem do volume de runoff seja de 48h, com o mínimo de tempo de 24h.
• As pedras britadas a serem usadas variam de 38mm a 75mm. Geralmente é usada pedra
britada nº3, cujo diâmetro varia de 25mm a 35mm.
• A trincheira de infiltração somente deve ser construída quando a área contribuinte estiver
estabilizada.
• A trincheira de infiltração deve ficar no mínimo 6,00m de uma construção.
• No caso de tubos perfurados, a declividade mínima dos mesmos deve ser de 0,5%.
• Os tubos perfurados deverão ter diâmetros maiores que 100mm.
• À montante da trincheira de infiltração, podemos fazer uma faixa de filtro gramada para
remover as partículas de diâmetros grandes.
• Deve-se construir uma berma à jusante da trincheira de infiltração com objetivo de se
formar uma pequena lagoa sobre a trincheira para assim, aumentar a infiltração.

14.4 Dimensionamento da trincheira de infiltração


Vamos utilizar os conceitos e o método do Estado de Maryland, 2000.

Profundidade máxima admissível


A profundidade máxima admissível depende da textura do solo em que está a trincheira e da
porosidade do reservatório de pedras britadas.

dmax= f . Ts / n (Equação 14.1)

Sendo:
dmax= profundidade máxima permissível (m).
Geralmente 0,90≤ dmax ≤ 2,40m.
f= taxa final de infiltração (mm/h). Intervalo: 7,6mm/h ≤ f ≤ 60mm/h.
Ts= máximo tempo permitido (h). Varia de 24h ≤ Ts≤ 48h.
n= porosidade das pedras britadas do reservatório que compõe a trincheira de infiltração.
Geralmente adota-se n=0,4. n=Vv/Vt sendo: Vv=volume de vazios e Vt= volume total.
dt= profundidade escolhida para projeto desde que, o fundo da trincheira, esteja superior a
1,20m do lençol freático.

14-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 14- Trincheira de infiltração
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Exemplo 14.1
Escolher a profundidade de uma trincheira de infiltração que tem:
n= 0,40 f= 13mm/h Ts= 48h
dmax= f . Ts / n
dmax= 13mm/h . 48h / 0,40 =’560mm=1,56m

Portanto, a profundidade máxima deverá ser 1,56m. Devemos observar que o fundo da
trincheira de infiltração deverá estar acima de 1,20m do lençol freático. Adotamos dt=1,50m
>dmax=1,56m.

Volume da trincheira
O volume de uma trincheira de infiltração é calculado pela Equação.
V= Vw + P . At - f. T. At
Sendo:
V= volume de armazenamento na trincheira (m3)
Vw= volume que entra na trincheira (m3)
P= precipitação sobre a trincheira (m)
At= área da superfície da trincheira (m2)
f= taxa final de infiltração (mm/h)
T= tempo para enchimento da trincheira que geralmente é ≤ 2h.
O valor da água precipitada sobre a trincheira (P. At) geralmente é muito pequeno e é
desprezado nos cálculos.
(P. At)=0
V= Vw + P . At - f. T. At
Ficando assim:
V= Vw - f. T. At
Mas o volume da chuva Vt é a razão do volume V armazenado com a porosidade n.
Vt = V/ n
Vt = volume da trincheira (m3)
Mas o valor de Vt é igual ao produto da profundidade escolhida da trincheira dt pela superfície
At e vezes a porosidade n.
V= dt . At . n
dt = profundidade admitida (m).
Como queremos determinar as dimensões da trincheira, tiramos o valor de At.
V = Vw - f. T. At
dt. At. n = Vw – f. T. At
At (n. dt + f. T) = Vw
At = Vw / (n . dt + f .T) (Equação 14.2)

Procedimentos de cálculo
O procedimento de cálculo é o seguinte:
• Determinar o volume Vw de armazenamento usando os métodos WQv.
• Calcular a profundidade máxima permissível da trincheira de infiltração: dmax usando a
Equação (14.1).
dmax= f . Ts / n
• Escolher o valor a profundidade da trincheira dt de maneira que esteja acima do lençol
freático e que seja menor que dmax.
• Calcular a área da superfície da trincheira At, usando a Equação (14.2).

At = Vw / (n . dt + f .T)

14-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 14- Trincheira de infiltração
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Exemplo 14.2
Dimensionar uma trincheira de infiltração em um estacionamento com 120m de largura por
150m de comprimento, sendo a taxa de infiltração do solo de 13mm/h e o índice de vazios dos
agregados de 0,4.
Neste caso não há pré-tratamento.
Sendo o first flush P=25mm
Rv= 0,05 + 0,009 x AI
Sendo AI= 100%
Rv= 0,05+0,009x 100 = 0,95
WQv = (25/1000) x 0,95 x (120 x 150) = 428m3 =Vw
dmax= f . Ts / n
dmax= 13mm/h . 48h / 0,40 =1560mm=1,56m
At = Vw / (n . dt + f .T)
T= 2h
f= 13mm/h
n=0,40
At = 428 / (0,40 . 1,56 + 13 .2h/1000) =658 m2
Adotando comprimento de 150m, a largura será 4,4m e profundidade será 1,56m.

Exemplo 14.3
Dimensionar a área superficial da trincheira de infiltração, considerando os seguintes dados:
n= 0,40
WQv= 20m3
Vp= 5m3 (volume da câmara de sedimentação do pré-tratamento)
dt= 1,50m
f= 13mm/h
T= 2h =tempo para encher a trincheira

O volume Vw que irá atingir a trincheira de infiltração é o volume WQv menos o volume da
câmara de sedimentação Vp:
Vw= WQv – Vp= 20m3 – 5m3 = 15m3
Aplicando a Equação temos:

At = Vw / (n . dt + f .T)
At = 15m3 / (0,40 . 1,50m + 13mm/h . 2h/1000) = 24m2

Portanto, a trincheira de infiltração terá 16m de comprimento, 1,50m de largura e 1,50m de


profundidade.

Exemplo 14.4
Calcular a trincheira de infiltração para área residencial de 4ha com AI=70%, sendo
K=13mm/h, agregado com n=0,40.
Sendo o first flush P=25mm
Rv= 0,05 + 0,009 x AI
Sendo AI= 70%
Rv= 0,05+0,009x 70 = 0,68
WQv = (25/1000) x 0,68 x (4 x 10000) = 680m3
Reservarmos 10%, ou seja, 68m3 para o pré-tratamento.
Vw = WQv – 0,10 WQv= 680m3 – 68m3= 612m3

dmax= f . Ts / n
dmax= 13mm/h . 48h / 0,40 =1,56m. Adoto 1,60m
At = Vw / (n . dt + f .T)
T= 2h

14-4
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 14- Trincheira de infiltração
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f= 13mm/h
n=0,40
At = 612 / (0,40 . 1,6 + 13 .2h/1000) = 612/ 0,66= 972 m2

Adotando comprimento de 200m a largura será 4,9m e profundidade será 1,60m.

Exemplo 14.5
Vamos calcular, teoricamente com dados reais de pesquisas em trincheiras de infiltração,
feitas por Vladimir Caramori B. Souza e Joel Avruch Goldenfum que constam no volume 2 de
Avaliação e controle de drenagem Urbana da ABRH, 2001, adaptado para a RMSP. Os autores
calcularam para um período de retorno de 5 anos e com os dados de chuva de Porto Alegre.

Dimensionar uma trincheira de infiltração sendo fornecido os seguintes dados:


Capacidade de infiltração final =f=9mm/h
n=0,50 (porosidade das pedras)
Área total= 300m2
Rua em paralelepípedo= 200m2 (considerada área impermeável, embora C=0,80).
Gramado=100m2
Porcentagem da área impermeável= (200/300) x 100 = 67%
Rv=0,05 + 0,009 x AI = 0,05+ 0,009 x 67 = 0,65
P= 25mm (adotado first flush para a RMSP)
WQv= (P/1000) x Rv x A
WQv= (25mm/1000) x 0,65 x 300m2 = 4,88m3

dmax= f . Ts / n
dmax= 9mm/h . 48h / 0,50 =0,86m
Adoto dt= 0,80m
Considerando que não há pré-tratamento então Vw=WQv= 4,88m3
At = Vw / (n . dt + f .T)
At = 4,88m3 / (0,50 . 0,80m + 9mm/h . 2h/1000) = 11,6m2

Considerando largura de 0,80m então o comprimento será:


11,6m2/ 0,80m = 15m

Em resumo as dimensões da trincheira serão:


Comprimento= 15m
Largura= 0,80m
Profundidade= 0,80m
Porosidade do enchimento= 50%
Volume total = 9,6m3
Volume útil= 4,9m3
Custo estimado: US$ 141/m3 x 9,6m3= US$ 1.354

14-5
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14.5 Determinação da profundidade máxima hmax para trincheira de infiltração conforme


CIRIA, 2007.
Conforme CIRIA, 2007 a profundidade máxima da água numa estrutura vertical
como a trincheira de infiltração é:
hmax = a [ exp(-bD) -1]
Sendo:
hmax= profundidade máxima da água (m)
a= Ab/P – ( i . AD/ P. q)
i= intensidade da chuva (mm/h) conforme período de retorno adotado
q=condutividade hidráulica do solo (m/h)
AD= área drenada (m2)
Ab=base da área do sistema de infiltração (m2)
P= perímetro do sistema de infiltração (m)
b= (P. q)/ (n . Ab)
n= porosidade das pedras
D=duração da chuva (h)
CIRIA, 2007 recomenda que:
• Profundidade da trincheira varia de 1,00m a 2,00m
• A trincheira deve ser escorada quando a profundidade for maior que 1,20m

14-6
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 14- Trincheira de infiltração
Engenheiro civil Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 15/04/09

14.6 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8

14-7
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 15- Pavimento modular
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Capítulo 15- Pavimento modular

15-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 15- Pavimento modular
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Capítulo 15- Pavimento modular

15.1 Introdução
15.2 Eficiência do pavimento modular
15.3 Critérios de seleção do pavimento modular
15.4 Limitações do pavimento modular
15.5 Dados para projeto para pavimento modular
15.6 Porosidade e condutividade hidráulica
15.7 Juntas
15.8 Blocos de concreto
15.9 Vantagens do pavimento modular
15.10 Período de retorno
15.11 Conversão de unidades
15.12 Chuvas intensas
15.13 Cálculos do pavimento modular segundo CIRIA, 2007
15.14 Tipos de pavimento conforme CIRIA, 2007
15.15 Geotêxtil
15.16 Carga dos veículos
15.17 Aproveitamento de água de chuva em pavimento modular
15.18 Bibliografia e livros consultados

15-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 15- Pavimento modular
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Capítulo 15- Pavimento modular

15.1 Introdução
O pavimento modular é constituído de estruturas rígidas com cerca de 30% de
espaços vazios que são preenchidas com materiais permeáveis como pedrisco, conforme
Figura (15.1) a (15.4), executados por uma camada de pedra britada para armazenamento
de águas pluviais, podendo ser tijolos, blocos de concreto, cerâmica, etc.
O coeficiente de runoff normalmente usado é 0,10 a 0, pois absorve 90% a 100%
da água. Para aproveitamento de água de chuva com o pavimento modular deve ser usar
C=0,40 conforme Interpave, 2008.
No pavimento modular o concreto não é poroso, pois a água entra pelas juntas entre
os blocos.
A infiltração tem efeito a partir dos primeiros 5mm de chuva conforme Interpave,
2008. Normalmente o pavimento modular é usado em áreas de estacionamentos e
passeios públicos.

Figura 15.1- Pavimento Modular


Fonte: Interpave, 2008

Figura 15.2- Pavimento modular


Fonte: Interpave, 2008

15-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 15- Pavimento modular
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O lençol freático deve estar a mais de 1,00m do fundo do pavimento modular e


haverá geotêxtil (bidim) para evitar o entupimento.
A declividade do pavimento modular não pode ser maior que 5%.
O pavimento permeável remove a poluição dos primeiros 10mm a 15mm de runoff,
que é o chamado first flush, conforme Interpave, 2008.
Podem ser feito em blocos de concreto pré-moldado ou moldado in loco, ou
tijolos, granito ou outro material. O pavimento modular é também chamado de
pavimento permeável conforme Urbonas, 1993.
Na fórmula racional:
Q= C. I. A/360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s)
I= intensidade de chuva (mm/h)
A= área da bacia (ha)
C= coeficiente de runoff
As pesquisas feitas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostraram os
seguintes coeficientes de escoamento superficial C conforme Tabela (15.1):

Tabela 15.1- Resultados obtidos por Tucci, 2000 em simulador de chuva


Tipo de superfície Coeficiente de escoamento superficial
C
Solo compactado (rua de chão batido) 0,66
Concreto (pavimento impermeável) 0,95
Blocos de concreto (blockets) 0,78
Paralelepípedos de granito 0,60
Blocos vazados (pavimento modular) 0,03
Fonte: Tucci, 2000.

Observa-se na Tabela (15.1) que a infiltração de uma estrada de terra com solo
compactado não tem infiltração 100% como muitos imaginam, pois somente se infiltra 34%
da precipitação.
O mesmo acontece com pavimentação em paralelepípedos ou blocos de concreto onde
se julga que toda a precipitação se infiltra, não esquecendo que quando os mesmos são
assentados com declividades em torno de 10% as juntas são asfaltadas e a infiltração neste
caso será zero.
Para pavimento modular o valor de C=0,03 o que significa que o mesmo deixa passar a
97% da água. Nos cálculos suporemos que 100% da água que cai sobre o pavimento
modular se infiltra.
Uma outra consideração é quando se calcula microdrenagem, CIRIA, 2007 recomenda
que se leve em conta o coeficiente de runoff C=0,35 a favor da segurança.

15-4
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 15- Pavimento modular
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Figura 15.3 - Vista de um pavimento modular de concreto


Fonte Geórgia, 2000

Figura 15.4 - Vista de um pavimento modular de concreto


Fonte Geórgia, 2000

Figura 15.5- Esquema de pavimento modular.


Fonte: Geórgia, 2000

15-5
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O pavimento modular da Figura (15.5) possui uma camada de areia grossa de 0,10m
onde são assentados os módulos de concreto.
Abaixo da camada de areia existe o geotêxtil (bidim) para evitar a migração da areia
fina para a camada granular logo abaixo, que terá no mínimo 0,25m de espessura e feita
geralmente de pedra britada nº3, cujo diâmetro varia de 2,5cm a 5cm.
No fundo do reservatório de pedra britada terá também o geotêxtil e abaixo estará o
solo nativo.
Na Figura (15.6) existe tubo para drenagem que é usado quando a condutividade
hidráulica do solo for menor que 0,36mm/h conforme Interpave, 2008.

Figura 15.6 - Perfil de um pavimento modular com drenagem de tubos perfurados


que são espaçados de 3m a 8m. Notar que está acima do lençol freático.

15.2 Eficiência do pavimento modular


A eficiência do pavimento modular, segundo vários autores, estão nas Tabelas (15.2) e
(15.3).
Tabela 15.2- Eficiência do pavimento modular (remoção)
Estudo TSS TP TN Metais
pesados
Pavimento 80% 65% 80% 90%
modular
Fonte: Georgia, 2000

15-6
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Tabela 15.3- Eficiência do pavimento modular (remoção)


Estudo TSS Hidrocarbonetos Metais
pesados
Pavimento 60% a 70% a 90%
modular 90%
Fonte: CIRIA, 2007 e Interpave, 2008

Portanto, como se vê o pavimento modular é muito bom para a remoção de


poluentes mas vamos examinar o problema de pingos de gasolina, diesel, querosene, óleos
de veículos e graxas que denominaremos genericamente de hidrocarbonetos.
Pesquisas feitas pela CIRIA em diversos trabalhos mostraram que quando o
pavimento modular é submetido a gotas de óleo de baixo nível normalmente encontrado
nos estacionamentos, os mesmos são degradados biologicamente dentro da camada de
pedra britada conforme se pode ver na Figura (15.7).
Não é necessário a construção de caixa separadora de óleos e graxas com o
pavimento modular calculado segundo as recomendações da CIRIA, 2007.

Figura 15.7- Movimento dos poluentes no pavimento modular


Fonte: Interpave, 2008

15.3 Critérios de seleção do pavimento modular


• É econômico para área < 2ha (Austrália, 1998).
• A declividade S ≤ 5%.
• Conserva as condições do pré-desenvolvimento, reduzindo as vazões à jusante.
• Quando construído propriamente, o pavimento modular tem boa duração,
dependendo da manutenção.

15-7
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15.4 Limitações do pavimento modular


• Não podem ser construídos em locais onde há erosão e se espera grande quantidade
de sedimentos.
• É aplicável onde o pavimento está no mínimo 1,00m acima da rocha ou do lençol
freático.
• Não podem ser construídos em locais de provável contaminação, que são os
hotspots, como os postos de gasolina, oficinas mecânicas e locais de onde são
manuseados substâncias potencialmente poluidora.
• É necessário um operário especializado para a manutenção do pavimento modular.

15.5 Dados para projetos para pavimento modular
• É importante que o solo seja permeável para o sucesso do pavimento modular.
• Não fazer pavimento modular em solos com muita carga de silte que podem ser
levados por veículos ou pelo vento.
• A condutividade hidráulica deve ser no mínimo de 3,6mm/h. Quando a
condutividade hidráulica for menor que 0,36mm/h (8,64 L/m2 x dia) consideramos
que o solo é impermeável e então temos que instalar tubos para drenagem.
• As águas pluviais devem ser armazenadas antes de serem percoladas.
• O tempo de esvaziamento de variar de 24h a 48h, mas na prática admitimos
12h como razoável.
• Deve ser testada para a porosidade, a permeabilidade e se possível a capacidade
de troca catiônica.
• Há grande quantidade de erros na avaliação da permeabilidade do solo, usa-se
fator de segurança igual a 2 (dois).
• O reservatório de pedra britada deve ser separado um do outro no intervalo de
3,00m a 8,00m conforme Figura (15.6). A separação é feita através de parede,
isolando cada reservatório evitando a migração horizontal. A distância separadora
W deve ser W ≤ 0,165 / S. Assim para S=0,001m/m W= 0,165 / 0,001= 3,3m
(Urbonas, 1993).
• Podem ser colocados tubos perfurados entre 3,00m a 8,00m. Estes tubos
perfurados serão unidos posteriormente em um tubo que não é perfurado para
lançamento na rede de drenagem.

15-8
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Figura 15.8 - Corte de um pavimento modular com instalação de parede de


concreto para separar os reservatórios.
Fonte: Urbonas, 1993.

15.6 Porosidade e condutividade hidráulica


A porosidade efetiva de pedras britadas, areia e pedregulho podem ser encontradas
na Tabela (15.4) e (15.5)

Tabela 15.4 - Porosidade típica de alguns materiais mais usados


Material Porosidade Condutividade
(%) Hidráulica
(mm/h)
Pedras britadas (Blasted rock) 30
Pedras britadas uniformemente 40
graduadas
Pedras graduadas maiores que 30
¾”(19mm)
Areia 25 36 a 36.000
Pedregulho 15 a 25 3.600 a 360.000
Argila <0,0036mm/h
Silte 0,0036 a 36
Fonte: Urbonas, 1993

15-9
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Usamos costumeiramente a porosidade de 30% como estimativa.

Tabela 15.5- Valores da porosidade n


Material Porosidade
n
Sistema de geocélulas 0,90 a 0,95
Pedras limpas 0,4 a 0,5
Distribuição uniforme de pedras 0,3 a 0,4
Areia graduada ou pedregulho 0,2 a 0,3
Fonte: CIRIA, 2007

As Tabelas (15.6) e (15.7) mostram alguns valores tipos da condutividade hidráulica K


para vários tipos de solo e diversos materiais.
Tabela 15.6 - Condutividade hidráulica K em função do tipo de solo
Tipo de solo K K
mm/h m/dia

Areia 210,06 4,96


Areia franca 61,21 1,45
Franco arenoso 25,91 0,61
Franco 13,21 0,31
Franco siltoso 6,86 0,16
Franco argilo arenoso 4,32 0,10
Franco argiloso 2,29 0,05
Franco argilo siltoso 1,52 0,04
Argila arenosa 1,27 0,03
Argila siltosa 1,02 0,02
Argila 0,51 0,01
Fonte: Febusson e Debo, 1990 in Georgia Stormwater Manual,
Tabela 15.7 – Coeficientes de condutividade hidráulica K
Material Granulométrica Condutividade Hidráulica
K
(cm) (cm/s) (mm/h) (m/s)
Brita 5 7,5cm a 10cm 100 3600000 1
Brita 4 5 a 7,5 60 2160000 0,6
Brita 3 2,5 a 5 45 1620000 0,45
Brita 2 2 a 2,5 25 900000 0,25
Brita 1 1a2 15 540000 0,15
Brita 0 0,5 a 1 5 180000 0,05
Areia grossa 0,2 a 0,5 1 x 10-1 3600 0,001
Areia fina 0,005 a 0,04 1 x 10-3 36 0,00001
Silte 0,0005 a 0,005 1 x 10-5 0,36 1E-07
Argila Menor que 0,0005 1 x 10-8 0,00036 1E-10
Fonte: Manual de Drenagem do DNER, 1990

15-10
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15.7 Juntas
O objetivo das juntas é facilitar o movimento vertical da água na sub-base do
pavimento modular.
É recomendado pela Interpave, 2008 o uso de pedrisco com diâmetro entre 2mm
a 6,3mm sendo que se existir diâmetros maiores que 6,3mm ou menores que 2mm deverão
ser em pequena porcentagem.
Não é recomendado o uso de areia nas juntas.

15.8 Blocos de concreto


Os blocos pré-moldados de concreto possuem vários tamanhos a partir de 100mmx
200mm e formas, podendo ser chanfrados.
Conforme o uso o mesmo possui espessura diferente conforme Tabela (15.8).

Tabela 15.8- Espessura do bloco de concreto pré-moldado do pavimento modular


conforme o uso
Uso do bloco de concreto Espessura do bloco em milímetros
Área para pedestres 35mm; 50mm ou 100mm
Tráfego leve 60mm a 120mm
Tráfego pesado 80mm a 120mm
Fonte: Interpave, 2008

15.9 Vantagens do pavimento modular


Os pavimentos modulares possuem as seguintes vantagens conforme Interpave,
2008.
• Visual atrativo onde podemos diferenciar locais diferentes
• Possibilidade de usar diferenças visuais ou tácteis.
• Durável e manutenção confiável
• Bem drenado evitando poças de água
• Possibilita a infiltração para melhoria da recarga,

15.10 Período de retorno


Geralmente deve ser adotado período de retorno Tr=5anos e chuva de duração de
60min (1h) conforme Tabela (15.9) mas nada impede que os mesmos sejam dimensionados
para Tr=25anos e verificados para Tr=100anos.

Tabela 15.9- Duração das chuvas para diversos períodos de retorno


Período de retorno Duração da chuva
5anos 60min
25anos 60min
100anos 60min

15-11
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15.11 Conversão de unidades


Interpave, 2008 informa que é necessário ter cuidados com a conversão de unidades,
causa de muitos erros de projetos.
Tabela 15.10- Conversão de unidades

Fonte: Interpave, 2008

15.12 Chuvas intensas da RMSP


Na Tabela (15.11) estão as intensidades das chuvas da RMSP variando de 10min a
24h e com período de retorno de 2anos a 200anos conforme Martinez e Magni, 1999 in
Tomaz, 2002.

Tabela 15.11 – São Paulo: Previsão de máximas intensidade de chuvas em mm/hora

Duração da Período de retorno


chuva
(anos)
2 5,00 10 15 20 25 50 100 200
10 min. 97,3 126,9 146,4 157,4 165,2 171,1 189,4 207,6 225,8
15 min. 84,4 110,2 127,3 136,9 143,7 148,9 164,9 180,8 196,6
20 min. 74,6 97,5 112,7 121,3 127,3 131,9 146,2 160,3 174,4
25 min 66,9 87,6 101,3 109,0 114,4 118,6 131,4 144,2 156,9
30 min. 60,7 79,5 92,0 99,1 104,0 107,8 119,5 131,2 142,8
1h 39,3 51,8 60,1 64,7 68,0 70,5 78,3 86,0 93,6
2h 23,4 31,1 36,1 39,0 41,0 42,5 47,3 52,0 56,7
6h 9,3 12,5 14,6 15,8 16,6 17,3 19,2 21,2 23,2
8h 7,2 9,7 11,4 12,3 13,0 13,5 15,0 16,6 18,1
10 h 5,9 8,0 9,4 10,1 10,7 11,1 12,4 13,7 14,9
12 h 5,0 6,8 8,0 8,6 9,1 9,5 10,6 11,7 12,8
18h 3,5 4,7 5,6 6,0 6,4 6,6 7,4 8,2 8,9
24h 2,7 3,7 4,3 4,7 4,9 5,1 5,7 6,3 6,9
Fonte: aplicação da fórmula de Martinez e Magni de 1999

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15.13 Cálculos do pavimento modular segundo CIRIA, 2007


Conforme CIRIA, 2007 a profundidade máxima da água numa região plana de
infiltração é:
h = (D/n) x (R . i – q)
Sendo:
h= profundidade máxima da camada de pedras britadas (m)
D= duração da chuva (h)
i= intensidade da chuva (mm/h) conforme período de retorno adotado
q=condutividade hidráulica do solo (m/h)
R= razão entre a área drenada com a área de infiltração= R=AD/Ab
AD= área drenada (m2)
Ab=base da área do sistema de infiltração (m2)
n= porosidade do material (volume dos vazios/volume total)

Para infiltração em pavimento com sub-base de pedras britadas e AD=Ab fazemos o


valor de R=1 e teremos:
h = (D/n) x ( i – q)

Para infiltração em pavimentos sem sub-base fazemos R=1 e n=1,


h = D x ( i – q)

Na prática podemos impor um certo valor da altura hmax e obtermos a área da base
da infiltração Ab.
Ab=( AD . i . D)/ (n . hmax + q.D)

Exemplo 15.1
Dimensionar um pavimento modular de concreto com 8cm de altura e com porosidade
efetiva de 30%, sendo a permeabilidade medida do solo K=7mm/h para uma área de
100m2.

Cálculo do volume Vr
h = (D/n) x ( i – q)
D=60min=1,00h (tempo de duração da chuva para Tr= 5anos na RMSP)
i=51,8mm/h=0,0518m/h (intensidade da chuva) Tabela (15.7)
q= 7mm/h=0,007m/h= K
n=0,30
h = (D/n) x ( i – q)
h = (1,00/0,30) x ( 0,0518– 0,007)=0,15m
Adoto o mínimo de h=0,30m

As camadas são:
• Blocos de concreto vazados com altura de 0,10m.
• Camada de areia grossa de 0,05m a 0,10m.
• Camada de pedra britada nº3 com espessura de 0,30m.
• Instalação de geotêxtil (bidim).

15-13
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• Solo nativo.

Nota: as juntas do bloco de concreto vazado podem ser preenchidas com pedrisco.

15.14 Tipos de pavimento conforme CIRIA, 2007


O SUDS MANUAL da CIRIA, 2007 recomenda:
Os pavimentos permeáveis podem ser de três tipos:
• Tipo A: quando toda a água é infiltrada
• Tipo B: quando parte da água é infiltrada
• Tipo C: quando nenhuma água é infiltrada.

Pavimento permeável Tipo A


Conforme Figura (15.8) neste tipo de pavimento toda a água é infiltrada no solo. A
água fica armazenada num reservatório de pedras britadas (agregados) de esvazia-se em
aproximadamente 24h.

Figura 15.9- Esquema do pavimento permeável Tipo A, onde toda a água é


infiltrada
Fonte: WWW.paving.org.uk, dezembro 2008 Permeable pavements

Exemplo 15.2
Seja um pavimento permeável com 1756m2 com 19m x 92m e que recebe água de uma
área impermeável com 27m x 92 com 2.461m2. No total temos área de 4.271m2.
Área impermeável de 58%.
Vamos considerar que o solo tenha condutividade hidráulica mínima de 3,6mm/h.

Vamos considerar a equação conforme CIRIA, 2007:


h= (D/n) ( R. i –q)
Para Tr=5anos e chuva de duração de 1h, isto é, D=60min consultando dados da
RMSP temos intensidade de chuva de 52mm/h.
O valor padrão da porosidade usado nos cálculos geralmente n=0,30.
AD= área drenada (m2)= área impermeável= 2.461m2

15-14
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Ab=base da área do sistema de infiltração (m2)=área permeável=1756m3


R= razão entre a área drenada com a área de infiltração= R=AD/Ab=2.461/1756=1,40
Ciria, 2007 e Interpave, 2008 adotam como valor máximo de R=2,0 portanto está OK.
h= (D/n) ( R. i –q)
D= 1h
n=0,30
R=1,40
i= 52mm/h
q= 3,6mm/h=K=0,0036m/h
h= (D/n) ( R. i –q)
h= (1,0/0,30) ( 1,40 x 52 –3,6)=0,23m
Tempo de esvaziamento
Tesvaziamento= n x h/ q= 0,30 x 0,23/ (3,6/1000)= 19,2h > 12h OK
Na Tabela (15.8) estão as profundidades calculadas para período de retorno de 5anos,
30anos e 100 anos para chuva de duração de 1h. Consideramos a infiltração do solo
q=k=3,6mm/h=0,0036m/h. Foi usado dados de Martinez e Magni, 1999 conforme Tomaz,
2002.
Tabela 15.12- Cálculos da profundidade máxima para períodos de retorno de
5anos, 30anos e 100anos para chuva de duração de 60min para RMSP
Duração da chuva m/h Intensidade Profundidade
Tr (min) q (mm/h) (m/h) R=Ad/Ab Hmax Esvaziamento
(anos) K (m) (h)
5 60 0,0036 52 0,052 1,40 0,23 19,2
30 60 0,0036 78 0,078 1,40 0,35 29,4
100 60 0,0036 86 0,086 1,40 0,39 32,5

Observando a Tabela (15.12) temos várias alturas máximas h que são 0,23m; 0,35m
e 0,39m com tempos de esvaziamento diferentes. Adotamos h=0,40m para chuva de
período de retorno de 100anos e duração de 1h. O valor mínimo que deve ser adotado é
0,30m.
O tempo de esvaziamento ideal é de 24h, mas muitas vezes fica dispendioso para
atingi-lo e podemos admitir como aceitável quando maior que 12h.
.

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Pavimento permeável Tipo B


No pavimento permeável Tipo B conforme Figura (15.8) somente uma parte da
água é infiltrada no solo e o restante sai através de tubos perfurados espaçados que
estão instalados dentro da sub-base, isto é, dentro do reservatório de agregados.

Figura 15.10- Esquema do pavimento permeável Tipo b, quando parte da água é


infiltrada.
Fonte: WWW.paving.org.uk, dezembro 2008 Permeable pavements

O Tipo B é extremamente complexo existindo alguns softwares para resolver o


problema o que não apresentaremos.

Pavimento permeável Tipo C


No pavimento permeável Tipo C nenhuma água é infiltrada no solo, pois toda ela é
escoada através de tubos perfurados espaçados colocados no reservatório de pedras britadas
(agregados). Como a água de chuva é filtrada na areia e na pedra britada a mesma pode ser
usada para fins não potáveis como na irrigação, descargas em bacias sanitárias, etc.
Quando a infiltração do solo é menor ou igual a 0,36mm/h (10-7 m/s) o solo é
considerado impermeável conforme Interpave, 2008.
No pavimento poroso a água se infiltra através da superfície onde está grama, areia,
pedra britada. A água pode ser infiltrar também através de asfalto poroso ou concreto
poroso. O tratamento que se dá inclusive com o uso de geotextil são:
• Filtração
• Adsorção
• Biodegradação
• Sedimentação

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Figura 15.11- Esquema do pavimento permeável Tipo C, quando nenhuma água é


infiltrada. Fonte: WWW.paving.org.uk, dezembro 2008 Permeable pavements.

Bloco de geocélulas: são materiais plásticos que são usados no reservatório ao invés de
agregados que possuem vazio maior que 90% e que não são usados no Brasil, mas na
Europa e Estados Unidos.

Equação de Darcy para quando há declividade


Q= A . K . i
Sendo:
Q= vazão na sub-base (m3/s)

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A= área da seção transversal (m2)


K= coeficiente de permeabilidade da sub-base (m/s)
i=gradiente hidráulico. Geralmente é assumido como a declividade da sub-base.

Vazão de saída da estrutura do pavimento quando não há declividade (plano)


No reservatório de pedras britadas, isto é, na sub-base do pavimento permeável
serão instalados tubos perfurados com objetivo de remover parcialmente ou toda a água
infiltrada.
A vazão estimada conforme Iterpave, 2008 baseada 4em Cedergreen, 1974:
q= K (h/b)2
Sendo:
q= taxa de runoff no pavimento (m/s)
K= coeficiente de permeabilidade da sub-base (m/s)
h=espessura da sub-base acima da área impermeável (m)
b= metade da distância entre os drenos (m)

Exemplo 15.3
Seja um pavimento permeável com 1756m2 com 19m x 92m e que recebe água de uma
área impermeável com 27m x 92 com 2.461m2. No total temos área de 4.271m2.
Vamos considerar que o solo seja impermeável e então teremos o Tipo C com os
drenos.
Adotamos h=0,40m já calculado no Exemplo (15.1).
Para o cálculo do dreno podemos supor superfície plana.

Superfície plana
Para superfície plana usamos a equação:
q= K (h/b)2
Sendo:
q= taxa de runoff no pavimento (m/s)
K= coeficiente de permeabilidade da sub-base (m/s)
h=espessura da sub-base acima da área impermeável (m)
b= metade da distância entre os drenos (m)

Taxa de runoff no pavimento q


Supomos que para período de retorno de 5anos temos a intensidade de chuva de 60min
para a RMSP de 52mm/h. Isto significa:
q=52mm/h=0,00001444m/s
K=0,001m/s
h= 0,40m
Queremos o valor de b.

b= h/ (q/K) 0,5
Mas como queremos o espaçamento E= 2xb
E= 2 x h/ (q/K) 0,5
E= 2 x 0,40/ (0,0000144/0,001) 0,5 = 6,7m
Portanto, o espaçamento máximo é de 6,7m entre cada tubulação.

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Vamos escolher uma tubulação de 150mm de PVC com perfuração, declividade de


1% e que pode conduzir a seção plena de 13L/s conforme Tabela (15.9).

Vamos supor que toda a chuva se infiltra no solo.


A vazão total de drenagem será:
q=52mm/h=0,00001444m/s
4.271 m2 x 0,0000144m/s =0,061m3/s=62 L/s
Dividimos 62 L/s por 13L/s que é a vazão de cada tubo e teremos:
62 / 13= 4,8 tubos
Adotamos 5 tubos
Como a distância da base da área permeável é 19m e dividindo por 5 teremos:
19/5=3,8m
Nos cantos a distância até o término é de 3,8/2=1,90m.

Tabela 15.13- Vazões a seção plena de tubos de concreto de 5cm a 45cm e para declividades
de 0,005m/m a 0,05m/m conforme Equação de Manning.

Diâmetro da tubulação Vazão a seção plena (m3/s)


m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m
cm m 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045 0,05
5 0,05 0,000 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,002
10 0,10 0,003 0,004 0,005 0,006 0,007 0,008 0,008 0,009 0,010 0,010
15 0,15 0,009 0,013 0,016 0,019 0,021 0,023 0,025 0,026 0,028 0,030
20 0,20 0,020 0,028 0,035 0,040 0,045 0,049 0,053 0,057 0,060 0,064
25 0,25 0,036 0,052 0,063 0,073 0,082 0,089 0,097 0,103 0,109 0,115
30 0,30 0,059 0,084 0,103 0,119 0,133 0,145 0,157 0,168 0,178 0,188
35 0,35 0,089 0,127 0,155 0,179 0,200 0,219 0,237 0,253 0,268 0,283
40 0,40 0,128 0,181 0,221 0,256 0,286 0,313 0,338 0,361 0,383 0,404
45 0,45 0,175 0,247 0,303 0,350 0,391 0,428 0,463 0,495 0,525 0,553

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15.15 Geotêxtil
O geotextil foi desenvolvido na Austrália na década de 1960 e recebem o nome
popular de bidim.
É importante salientar a importância do geotextil que é uma espécie de filtro para
impedir a entrada de materiais finos nas pedras britadas muito usado em drenagem. Pode
ser feito de vários materiais como polietileno, polipropileno e outros. Nos cantos o geotextil
deve ser sobreposto no mínimo uns 0,30m.
Na especificação do geotextil é importante consultar o fabricante pois as principais
características conforme a firma Macaferri são:
• Resistência à degradação
• Alta permeabilidade
• Elevada resistência ao puncionamento
• Alto teor de absorção de asfalto
• Disponível em poliéster e polipropileno.
O geotextil tem que resistir a esforços e permitir a passagem da água.

Figura 15.12- Localização do geotextil


Fonte: Interpave, 2008

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Figura 15.13- Localização do geotêxtil


Fonte: Interpave, 2008

Figura 15.14- Geotêxtil

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15.16 Carga dos veículos


O pavimento modular ou poroso é construído para determinada carga de veículo.
O pavimento permeável pode ser usado em passeios onde somente pessoas andam
sobre ele, ou pode ser feito para estacionamento de veículos em cemitérios, shoppings,
motéis, aeroportos, etc sendo usado até 8.000kg/eixo. Não pode ser usado para tráfego
pesado. A vida útil de um pavimento modular é de 25anos.
Interpave, 2008 classifica em seis categorias de cargas para o pavimento permeável
e conforme a categoria temos a espessura dos pavimentos conforme Tabela (15.14) e
Figuras (15.13) e (15.14).
Tabela 15.14- Categorias das cargas
1 2 3 4 5 6
Estacionamento Automóvel Pedestre Shopping Comercial Tráfego
Doméstico pesado
Estacionamento Trafego Estradas
Passeios de automóveis Cemitério Escolas leve principais
industrial
Passeios onde Rodoviária
não passam Motel Escritórios
veículos
Aeroporto
Aeroporto com
sem ônibus terminal de
ônibus
Centro de
esporte
Fonte: adaptado de Interpave, 2008

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Figura 15.15- Esquemas dos pavimentos permeáveis para os Tipo A e B onde


há filtração da água total ou parcial.
Fonte: Interpave, 2008

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Figura 15.16- Esquemas dos pavimentos permeáveis para os Tipo A e B onde


há infiltração da água total ou parcial.
Fonte: Interpave, 2008

Devemos observar que quanto maior for a categoria teremos maiores espessuras do
pavimento permeável. Observar a existência de membranas impermeáveis e os geotexteis.

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15.17 Aproveitamento da água de chuva em pavimento modular


A água de chuva que é infiltrada pode ser aproveitada para fins não potáveis,
principalmente para regar jardins, limpeza de pátios e descargas em bacias sanitárias.

Figura 15.17-Esquema de aproveitamento de água de chuva na Escola Milton Keynes na


Inglaterra. Fonte: Interpave, 2008

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15.18 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8,
606páginas.
-INTERPAVE. Permeable pavements. WWW.paving.org.uk, dezembro de 2008 Edição 5,
80 páginas.
-TOMAZ, PLINIO. Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais. Navegar,
São Paulo, 2002.

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Capítulo 16- Reservatório de infiltração
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Capítulo 16
Reservatório de infiltração

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Capítulo 16- Reservatório de infiltração
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Sumário
Ordem Assunto
Capítulo 16- Reservatório de infiltração (BMP)
16.1 Introdução
16.2 História da recarga artificial
16.3 Métodos de recarga artificial
16.4 Infiltração
16.5 Vazão base
16.6 Balanço hídrico da bacia da área de pequena barragem
16.7 Volume do prisma trapezoidal
16.8 Limitações da Lei de Darcy
16.9 Capacidade do movimento horizontal
16.10 Critério de seleção
16.11 Limitações
16.12 Manutenção
16.13 Custos
16.14 Guia para projetos
16.15 Parâmetros importantes em um reservatório de infiltração
16.16 Vegetação no reservatório de infiltração
16.17 Área da bacia
16.18 Pré-tratamento
16.19 Riscos da infiltração
16.20 Profundidade do lençol freático
16.21 Taxa de infiltração
16.22 Taludes
16.23 Forma do reservatório de infiltração
16.24 Riprap
16.25 Vertedor de emergência
16.26 Volume para enchente usando modelo de Tucci
16.27 Tempo de esvaziamento
16.28 Método Racional
16.29 Período de retorno
16.30 Intensidade da chuva
16.31 Tempo de concentração pela fórmula de Kirpich
16.32 Tempo de concentração pela formula Califórnia Culverts Practice
16.33 Fórmula de Dooge para tempo de concentração
16.34 Dimensionamento do vertedor para chuva de 100anos
16.35 Regulador de fluxo
16.36 Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção pelo método de Aron e Kibler
16.37 Descarga de fundo
16.38 Freeboard (borda livre)
16.39 Hotspot
16.40 Regiões cársticas
16.41 Solo apropriado
16.42 Monitorametno
16.43 Construção
16.44 Investigação geológica
16.45 Dimensionamento da reservatório de infiltração
16.46 Clogging
16.47 Efeito da espessura do aqüífero na taxa de infiltração.
16.48 Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (WQv)
16.49 Características da precipitação local
16.50 Infiltração do volume de enchente para Tr=2anos
16.51 Tomada de água
16.52 Alteamento do lençol freático pela Equação de Hantush

16-2
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16.53 Método do volume para recarga


16.54 Método da área para recarga
16.55 Trincheira de infiltração
16.56 Reservatório de infiltração
16.57 Bibliografia e livros recomendados

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Capítulo 16- Reservatório de infiltração
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Capítulo 16- Reservatório de infiltração

16.1 Introdução
O reservatório de infiltração é uma área escavada com objetivo da recarga da água subterrânea,
conforme podemos ver nas Figuras (16.1) e (16.4) com área da bacia variando de 2ha a 6ha no
máximo.
O reservatório de infiltração pode ser feito in-line ou off-line, mas freqüentemente é feito off line
e não possui um volume de água permanente. Após a entrada do volume WQv o mesmo será infiltrado
em cerca de 48h e após, o reservatório de infiltração estará seco.
Algumas vezes o reservatório de infiltração pode deter enchentes para período de retorno com
Tr=2anos, apesar da função do mesmo ser de recarga do lençol freático e remover os poluentes.
A vida útil do reservatório de infiltração está entre 8anos a 20anos.
O objetivo é a melhoria da qualidade das águas pluviais usando reservatório de infiltração onde
usamos o volume WQv. O reservatório de infiltração deverá ter o pré-tratamento que é essencial para
sua duração. Em caso off line, deverá ser feito uma caixa separadora onde a água relativa ao volume
WQv será desviada e ir para a reservatório de infiltração que corresponde ao first flush e o restante vai
para o córrego mais próximo.
Na Figura (16.1) podemos ver no reservatório de infiltração o pré-tratamento, o vertedor de
emergência e tubo de drenagem em caso de entupimento. No perfil podemos notar três níveis que são: o
nível de chuva extrema que poderá ser de 100 anos para reservatório de infiltração in line ou Tr=2anos
para off line.
Podemos ainda ver um nível intermediário que poderá ser para período de retorno de 10anos ou
de 25anos. Notamos ainda um nível referente a proteção de erosão a jusante do canal que deterá a água
durante o mínimo de 24h para Tr=1,87anos.
O volume que será infiltrado é WQv que será 90% do escoamento superficial da bacia sendo que
o restante não será infiltrado.

16-4
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Figura 16.1 - Reservatório de infiltração


Fonte: Massachussetts Non point source pollution management

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Figura 16.2 - Reservatório de infiltração


Fonte: Lincoln, 2006

Figura 16.3-Reservatório de infiltração- Barragem de borracha inflável para recarga no Alameda County Water
District, Califórnia.
Fonte: American Water Works Association, Journal, february, 2003

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Figura 16.4-Reservatório de infiltração- Área de recarga de Orange County Water Distrit, Califórnia que recebe água
do canal do rio Santa Ana. A bacia foi escarificado mecanicamente para facilitar a recarga e evitar entupimentos e
para que a taxa de percolação atinja 3m/dia (125mm/h).
Fonte: American Water Works Association, Journal, february, 2003

Conforme FHWA, 2000 estima-se a eficiência da remoção de TSS em um reservatório de


infiltração é de 80%, valor comumente adotado conforme Tabela (16.1). Na Tabela (16.2) temos a
matriz com cinco poluentes e a média geral em fração conforme Texas, 2001.

Tabela 16.1- Remoção de TSS em porcentagem de diversas BMPs conforme vários autores
BMP Schueler, 1986 FHWA, 1995 EPA, 1999 Valores
Young Strassler usados
Bacia de 90 90 50 a 80 80
infiltração
Fonte: Texas, 2001

Tabela 16.2- Taxa de remoção em porcentagem de cinco poluentes em porcentagem e média em fração
BMP TN TP Pb Zn TSS Média
Bacia de 80 65 90 90 85 0,82
infiltração
Fonte: Texas, 2001

Não temos conhecimento, até a presente data de nenhum reservatório de infiltração no Brasil
para recarga artificial de aqüíferos subterrâneos.
A única, existente na América do Sul, foi construída em 1981 na cidade de Filadélfia, região do
Chaco, no Paraguai (Godoy,et al, 1994).
O reservatório de infiltração chamada “Serenidade” tem 6.900m2 de área e recebe as águas
pluviais encaminhadas por canais laterais das ruas da cidade. A permeabilidade média vai de 6m/dia
(250mm/h) a 8m/dia (333mm/h), com porosidade de 0,1 e velocidade do fluxo subterrâneo de 7m/ano.
O lençol freático fica 10m abaixo da superfície.
Não existe recarga natural devida as precipitações, somente nos locais onde existem depressões e
com uma coluna de água suficiente para infiltração. Chove na região do Chaco 1.200mm/ano e a evapo-
transpiração é de 1.300mm/ano. O clima é semi-árido com temperaturas que variam de 15ºC a 35ºC.
Canadá, 1999 cita estudos de Lindesey et al, 1992 e Washington Council of Governments, 1992,
que os sucessos nos reservatórios de infiltração são poucos, pois freqüentemente os mesmos se
compactam e entopem, isto é, passam a não funcionar. Menciona ainda. que a infiltração nos lotes é
dispersa, se aproximando mais da natureza e apresentam menos problemas de compactação e
entupimento. Por estas razões são desencorajadas os reservatórios de infiltração em bacias grandes.
Conforme Schueler, 1992 in WINKLER, 2001 os reservatórios de infiltração falharam de 60% a
100% nos cinco primeiros anos de uso. Schueler, 1987 acrescenta que, entre as BMPs a reservatório
de infiltração, é a que contém as maiores falhas.

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Geralmente os reservatórios de infiltração são off line conforme mostra Figura (16.5).

Figura 16.5 - Esquema do reservatório de infiltração off line, mostrando o canal para sair a água além do necessário
para encher a mesma.

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16.2 História da recarga artificial


Nos Estados Unidos, o início prático da recarga artificial começou em Los Angeles, Estado da
Califórnia, quando na década de 1950 começou a intrusão salina, devido ao excesso de bombeamento
dos poços tubulares profundos.
As ações para a recarga artificial ainda são bastante discutidas e não possuem uma aceitação
geral conforme WINKLER, 2001.

16.3 Métodos de recarga artificial


A água subterrânea pode ter recarga natural ou recarga artificial. De modo geral, o suprimento de
água para recarga são: precipitações, água importada de outro local ou água de esgotos tratada.
Praticamente não existem dois projetos iguais de recarga artificial, porém, WRINKLER, 2001 as
classifica em quatro grupos:
1. Técnicas de superfície: inundação, reservatório de infiltração, super-irrigação, modificações em
rios, etc.
2. Técnicas de sub-superfície: poços de infiltração, aberturas naturais, buracos, etc.
3. Combinação de técnicas de superfície e sub- superfície: coletores com poços tubulares
4. Técnicas indiretas: modificações no aqüífero e recarga induzida de água de superfície.
O método mais conhecido é a reservatório de infiltração.

16.4 Infiltração
Em 1856 estudando a permeabilidade na zona saturada, Henry Darcy concluiu que para um
filtro de área (A) comprimento (L), conforme a Figura (16.6) vale o seguinte:
Q= K x A x (h1- h2)/L (Equação 16.1)
Q= K x A x G (Equação 16.2)
Sendo:
Q= vazão constante que passa pelo cilindro (m3/s; m3/dia);
h1= carga hidráulica no piezômetro 1 (m) e
h2= carga hidráulica no piezômetro 1 (m) e
z1= cota do ponto P1 (m)
z2= cota do ponto P2 (m)
L= distância entre os piezômetros 1 e 2
A= área da seção transversal do cilindro (m2)
ΔH= variação da carga hidráulica entre os piezômetros 1 e 2
K= condutividade hidráulica (m/s; m/h; mm/h; m/dia) conforme Tabela (16.3).
G= gradiente hidráulico= (h1-h2)/L

Figura 16.6 - Esboço esquemático do dispositivo usado por Darcy


Fonte: Hidrogeologia - conceitos e aplicações, 1996, p.3.

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Figura 16.7- Esquema de aplicação da Lei de Darcy


Fonte: New Jersey, 2004

A Figura (16.7) mostra que o pacote de solo a ser atravessado pela água tem a distância “d” e que
podemos considerar os piezômetros na cota maior que é D2 e o piezômetro na cota menor que é D1,
sendo a cota média Dav.
O gradiente hidráulico G= (h1-h2)/ L = (D2-D1)/d.
Podemos usar a cota media G= Dav/d ou podemos escolher o valor G=D1/d=1.

Tabela 16.3 - Condutividade hidráulica (K) em função do tipo de solo


Distância do lençol freático Tipo de solo K K Grupo Hidrológico
mínima na pior situação mm/h m/dia do Solo

1,80m a 2,40m Areia 210,06 4,96 A


>0,90m Areia franca 61,21 1,45 A
>0,90m Franco arenoso 25,91 0,61 B
>0,90m Franco 13,21 0,31 B
>0,90m Franco siltoso 6,86 0,16 C
>0,90m Franco argilo arenoso 4,32 0,10 C
>0,90m Franco argiloso 2,29 0,05 D
>0,90m Franco argilo siltoso 1,52 0,04 D
>0,90m Argila arenosa 1,27 0,03 D
>0,90m Argila siltosa 1,02 0,02 D
>0,90m Argila 0,51 0,01 D
Fonte: Febusson e Debo,1990 in Georgia Stormwater Manual, 2001

16.5 Vazão base


A vazão base correntemente é muito difícil de ser obtida e se faz a hipótese de Qb=0.
A vazão base é importante para manter a represa sempre com água daí, o usual de usar bacia
alagada em áreas sempre maiores ou igual a 10ha e em alguns casos até acima de 20ha.
Não é aconselhado fazer reservatório de infiltração onde existe uma vazão base significativa.
Devido a área da bacia ser pequena, não consideraremos a vazão base.

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16.6 Balanço Hídrico da bacia da área da pequena barragem


Fazemos agora o balanço hídrico, isto é, consideremos o volume total que entra no sistema
isolado, ou seja na represa, menos o volume que sai.
Como o reservatório de infiltração terá água no máximo em 72h, consideraremos que a
evaporação da superfície líquida seja zero.
Como a área geralmente é menor que 10ha, consideramos vazão base igual a zero.
A vazão que se infiltra será calculada pela Lei de Darcy.

16.7 Volume do prisma trapezoidal


Conforme Geórgia, 2001 ou Akan e Paine, 2001 o volume prismático trapezoidal é dado pela
Equação (16.3) e Figura (16.8).
V= L.W. D + (L+W) Z.D2 + 4/3 .Z2 . D3 (Equação 16.3)
Sendo:
V= volume do prisma trapezoidal (m3)
L= comprimento da base (m)
W= largura da base (m)
D= profundidade do reservatório (m)
Z= razão horizontal/vertical. Normalmente 3H:1V

Figura 16.8 - Reservatório com seções transversais e longitudinais trapezoidal


Fonte: Washington, 2001

16.8 Limitações da Lei de Darcy


A lei de Darcy deve ser aplicada quando o escoamento é laminar, o que é usual e cujo número de
Reynolds (Re) é maior que 5 e menor que 60.
5 < Re < 60
Em regiões de solos cársticos (calcáreo) ou em rochas com fraturas de grandes dimensões não
pode ser aplicada a Lei de Darcy.
Quando uma camada de solo tem a condutividade igual em todas as direções o meio é chamado
de isotrópico e, quando há para cada direção um valor de K, então o meio é chamado de anisotrópico.
O meio isotrópico é chamado de homogêneo enquanto que o anisotrópico é chamado de
heterogêneo.
A lei de Darcy pressupõe uma distribuição isotrópica onde a condutividade hidráulica é
independente da direção.
Para aplicação em meio anisotrópico a lei de Darcy pode ser aplicada com um refinamento da
mesma, aplicando as equações tensoriais.

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16.9 Capacidade de movimento horizontal


É o movimento da água que depende da condutividade horizontal da água como também do
gradiente hidráulico da espessura da região saturada onde ocorre o escoamento.
Horton, 1933 foi o primeiro que calculou o decréscimo da infiltração desde um máximo
permissível até um limite de capacidade de infiltração do solo.
Na infiltração, o solo que está próximo da superfície, começa a ficar saturado havendo, por assim
dizer, uma fronteira de água na zona não saturada. Esta fronteira de água, além do movimento para
baixo, também se espalha lateralmente, dependendo do gradiente hidráulico e da superfície impermeável
geológica.

Figura 16.9 - Esquema da reservatório de infiltração


Fonte: WINKLER, 2001

As definições básicas de um esquema do reservatório de infiltração são, conforme a Figura (16.9):


• Profundidade do reservatório de infiltração (ABD)
• Distância do fundo do reservatório de infiltração até a rocha ou início da camada com baixa
permeabilidade (DTB)
• Distância do fundo do reservatório de infiltração até o lençol freático (DTW)
Vamos descrever sucintamente o que acontece com o reservatório de infiltração.
Primeiramente se enche a reservatório de infiltração com a água de chuva e se inicia a infiltração na
zona não saturada, conforme Figura (16.10), não atingindo ainda o lençol freático e já começando o
deslocamento lateral da infiltração.

Figura 16.10 - Distribuição da água no inicio da chuva


Fonte: WINKLER, 2001
Desta maneira, a área que era não saturada vai se tornando aos poucos saturada.
Na Figura (16.11) a infiltração desce verticalmente e se desloca horizontalmente, atingindo o
lençol freático.

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Figura 16.11 - Distribuição da água após algumas horas depois da chuva


Fonte: WINKLER, 2001
Passado mais tempo, como mostra a Figura (16.12), o transporte de água vai sendo feito na zona
saturada, tanto na vertical como na horizontal.

Figura 16.12 - Distribuição da água após muitas horas


Fonte: WINKLER, 2001

16.10 Critério de seleção


O reservatório de infiltração é recomendável para as seguintes situações:
• A permeabilidade do solo deverá estar entre 13mm/h até 60mm/h WINKLER, 2001. Deve ser
feito análise detalhada em admitir condutividade hidráulica maior que 60mm/h devido a
possibilidade de comprometer a qualidade da água subterrânea existente no local;
• O tipo de solo mais aconselhável para aplicação do reservatório de infiltração não é o solo tipo A
do SCS, mas sim o solo tipo B;
• Quanto ao solo tipo C do SCS, a infiltração é muito baixa para recarga de aqüíferos subterrâneos;
• Redução do runoff e erosão à jusante em rios e córregos;
• As declividades da superfície do solo devem ser no máximo 20%;
• Estudos hidrogeológicos deverão ser feitos para o projeto de uma reservatório de infiltração, para
trazer informações a respeito da altura da água subterrânea, do movimento do fluxo de água
subterrânea, da descrição do solo, das taxas de infiltração, da profundidade das rochas, etc;
• Deverá ser feito investigação no solo com até 15m de profundidade com testes em laboratório
para determinar o valor da condutividade hidráulica do aqüífero subterrâneo;
• Deverá ser investigado a elevação do lençol freático com a infiltração, devendo sempre, na pior
condição possível, manter a distância mínima de 1,20m do fundo da reservatório de infiltração
com o topo do alteamento do lençol freático. O ideal é que face as variações sazonais o lençol
freático fique no mínimo a 3m do fundo da reservatório de infiltração;
• Em determinados casos deverá ser feito poço de monitoramento;

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• É sempre recomendável que o solo tenha a capacidade mínima de troca catiônica de 5 meq/100g
(miliequivalentes /100gramas de solo).
• Conforme Califórnia Stormwater BMP Handbook, 2003 o lençol freático deve estar no mínimo
3,00m do fundo do reservatório de infiltração.

16.11 Limitações
• Muitas falhas de funcionamento do reservatório de infiltração já foram descritas;
• Grande potencial de contaminação do aqüífero subterrâneo;
• Grande possibilidade de aparecimento de mosquitos;
• Pode acontecer de o volume existente ser maior que a capacidade de infiltração;
• Estudos feitos em 1986 pelo MDE (Maryland Department Environmental) conforme Estado de
Maryland, 2000 constatou-se que 40% das bacias de infiltração estavam parcialmente entupidas
nos seus primeiros anos de operação. A maioria das falhas se deve a compactação de máquinas e
veículos no fundo do reservatório de infiltração.
• O Estado da Geórgia, 2001 não autoriza o uso do reservatório de infiltração devido a baixa
capacidade de infiltração do solo na região.
• Nos locais onde o lençol freático é alto é muito perigoso fazermos um reservatório de infiltração.
• No reservatório de infiltração se depositam muitos metais, principalmente se a manutenção não é
feita. Caso não seja feita a manutenção por um longo período o material retirado pode ser
classificado como resíduo perigoso conforme Knoxville BMP Manual, 2003.

16.12 Manutenção
• Os custos anuais de manutenção dos reservatórios de infiltração variam de 3% a 5% do custo
total WINKLER, 2001. Segundo outros autores o custo pode variar de 5% a 10% do custo de
construção.
• Os reservatórios de infiltração devem ser inspecionados, no mínimo, duas vezes/ano WINKLER,
2001;
• Manutenção inadequada tem causado problemas nos equipamentos de saída da bacia.
As atividades típicas de manutenção em reservatórios de infiltração estão na Tabela (16.4).

Tabela 16.4- Manutenção típica das atividades do reservatório de infiltração


Atividade Calendário
Inspeção para verificação de sinais de falhas e danos na estrutura
Verificar as áreas erodidas
Se observar que a grama estiver morrendo ou morta, verifique que a água Inspeção a cada 6 meses
percola em 2 ou 3 dias
Verifique se tem sinais de contaminação hidrocarbonetos de petróleo
Corte a grama e remova o lixo e detritos A manutenção deve ser feita quando
Estabilize as áreas erodidas necessário
Repare as áreas erodidas nas estruturas de entrada e saida
Deverá ser feita aeração do fundo do reservatório de infiltração com disco ou Manutenção anual
outro sistema
Escarifique o fundo do reservatório de infiltração e remova os sedimentos,
restaurando a seção original e a taxa original de infiltração
Plante as gramas e sementes novamente para restaurar a vegetação do fundo do Manutenção a cada 5 anos
reservatório de infiltração
Fonte: Prince George County, Maryland (Galli, 1992).

16.13 Custos
• Baixo custo de construção;
Conforme Schueler, 1987 o custo estimado de um reservatório de infiltração é:
C= 162,6 x V 0,69

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Sendo:
C= custo em US$ base ano de 1995. Não inclui o pré-tratamento e as obras de entrada e saída
conforme Tabela (16.5).
V= volume (m3)

Tabela 16.5 - Custo em função do volume


Volume Custo Custo/m3
3
(m ) (US$) (US$/m3)
123 4499 37
200 6293 31
400 10152 25
600 13429 22
800 16378 20
1000 19104 19
1200 21665 18
1400 24096 17
1600 26422 17

Segundo ASCE, 1998 o custo típico de um reservatório de infiltração é de US$46/m3 que é maior
que os custos apurados por Schueler.
Exemplo 16.1
Estimar custo do reservatório de infiltração com volume de 1000m3
C= 162,6 x V 0,69
C= 162,6x 1000 0,69 = US$ 19.104 (US$ 19/m3)

16.14 Guia para projetos


Existem modelos para o cálculo da infiltração baseando-se no hidrograma de entrada.
• Os reservatórios de infiltração são usados em áreas onde a área de impermeabilização é maior ou
igual a 15% WINKLER, 2001.
• O reservatório de infiltração deve ser afastado de declividades maiores que 15%, distante a um
mínimo de 15m. A distância de um tanque séptico deve ser, no mínimo, de 30m. A distância de
um poço raso deve ser de 30m. A distância de poços para abastecimento público deve ter no
mínimo, 300m. A distância das fundações de edifícios deve ser de 3m no mínimo, quando está
no lado de baixo e de 30m quando está no lado de cima segundo WINKLER, 2001.
• O solo deverá ter menos que 30% de argila e menos que 40% de argila e silte.
• A condutividade hidráulica mínima do solo deverá se de 13mm/h.
• As profundidades dos reservatórios de infiltração variam de 0,30m a 1,80m WINKLER,
2001.
• O pré-tratamento é importantíssimo para o reservatório de infiltração.
• Aconselha-se a usar fator de segurança igual a dois para o uso da taxa de infiltração, pois quanto
mais conservativos são os nossos dados, maior será a duração da reservatório de infiltração.
• O tempo de infiltração mínimo deve ser de 48h não devendo ultrapassar 72h.
• As declividades do reservatório não podem ser maiores que 4:1 e a bacia deve ser plana.
• Na entrada do reservatório pode haver avental de rip-rap com cerca de 6m de comprimento para
reduzir as velocidades.
• A distância mínima de separação do lençol freático com a rocha ou com solo altamente
impermeável deverá ser de 0,60m.
• A taxa de infiltração mínima deverá ser de 13mm/h e a máxima de 60mm/h WINKLER,
2001.

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• O reservatório de infiltração não deve ser executado em solo que foram aterrados.
• A área para cada reservatório de infiltração deve ser igual ou menor que 6 ha WINKLER,
2001.
• A declividade da área de drenagem não deve exceder de 5%, segundo WINKLER, 2001.
• Os taludes laterais das bacias de infiltração não podem ser maiores que 3(H): 1(V) segundo
WINKLER, 2001.
• Recomenda-se bacia de tamanho maior possível e menor profundidade
• Quanto melhor for feito o pré-tratamento melhor será a durabilidade do reservatório de
infiltração.
• O reservatório de infiltração deverá ser cercado para proteção quanto a banhistas e acidentes.
• Deverá haver estrada de acesso para o reservatório de infiltração.
Dica: a área do reservatório de infiltração deve ter de 2ha a 6ha.

16.15 Parâmetros importantes em um reservatório de infiltração


Conforme pesquisas elaboradas pela Universidade de Massachusetts, sob coordenação do prof.dr.
Eric Winkler em abril de 2001, onde foram examinados os parâmetros hidráulicos importantes em uma
reservatório de infiltração:
1.Declividade do lençol freático;
2.Geometria da reservatório de infiltração: as dimensões da reservatório de infiltração possuem pouca
influência na sua performance. Não esquecendo que deve ser levado em consideração as vazões de picos
obtidas pelo Método Racional para Tr= 2 anos e Tr= 10 anos;
3.Anisotropia e heterogeneidade da zona não saturada e zona saturada devido a condutividade vertical e
horizontal. A condutividade horizontal é de maneira geral 10 vezes maior que a condutividade vertical.
Na prática considera-se a condutividade vertical = condutividade horizontal;
4.Porosidade específica do solo;
5.Espessura da zona não saturada;
6.Espessura da zona saturada. Após espessura de 1,80m a 2,40m, os resultados são praticamente os
mesmos;
7.Armazenamento: o armazenamento é muito pequeno e em geral não é levado em consideração;
8.Características da precipitação local.
A Tabela (16.6) mostra o grau de importância de determinados parâmetros de um reservatório de
infiltração.
Tabela 16.6 - Importância dos parâmetros em uma reservatório de infiltração
Importância para a performance de um reservatório de infiltração

Parâmetros Nenhuma Baixa a Média Importância


importância importância média a alta
Intensidade da chuva X
Geometria da bacia X
Espessura da zona não saturada X
Espessura da zona saturada X
Porosidade efetiva n ηe =Vd/v sendo:
V= volume
Vd=volume de água efetivamente liberado. Varia em torno de 30%. X
Coeficiente de armazenamento X
No início da zona não saturada
Condutividade horizontal X
Condutividade vertical X
Na zona saturada
Condutividade horizontal X
Condutividade Vertical X
Fonte: WINKLER, 2001

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O modelo mais usado, que é de domínio público e feito em Fortran e fornecido pelo United
States Geological Survey, é o MODFLOW que emprega o método das diferenças finitas para a
aproximação das soluções em três dimensões WINKLER, 2001.

16.16 Vegetação no reservatório de infiltração


Para o reservatório de infiltração é importante que o revestimento do mesmo seja feito de
vegetação principalmente aquelas que tenham raízes profundas para aumentar a capacidade de
infiltração. As raízes criam pequenos condutos por onde a água se infiltra. Portanto, a vegetação fará
com que seja mantida a infiltração original.
A vegetação escolhida deverá ser nativa ou aquela que resistir no mínimo a 72h sob a água, A
vegetação mantém a infiltração, previne a erosão e remove nutrientes solúveis.

16.17 Área da bacia


A área da bacia do reservatório de infiltração geralmente é pequena em torno de 2ha a 6ha e não
pode ser feito em local onde a concentração de sedimentos ou sólidos totais suspensos é muito grande e
é altamente recomendado que se faça o pré-tratamento. A área da bacia deve ser de preferência pequena
para imitar a natureza com a infiltração.
Alguns estados americanos usam como área máxima 4ha e outros usam 0,8ha e como podemos
ver a área máxima varia de 0,8ha a 6ha.

16.18 Pré-tratamento
O reservatório de infiltração deve ter a montante um pré-tratamento que pode ser feito de varias
maneiras, como faixa de filtro gramada ou reservatório de pré-tratamento.
No pré-tratamento teremos a remoção de 25% a 30% da carga de sedimentos.

16.19 Riscos da infiltração


Os materiais em suspensão são facilmente removidos, mas os materiais dissolvidos que estão nas
águas pluviais não são removidos e podem ir para as águas subterrâneas havendo impacto difícil de ser
previsto conforme Minnesota Urban Small Sites BMP Manual. Portanto, poderemos ter risco de
contaminação do aqüífero subterrâneo dependendo do tipo de solo e da qualidade do runoff das águas
pluviais.
A taxa de infiltração mínima aconselhada é de 13mm/h para se ter sucesso no funcionamento do
reservatório de infiltração.

16.20 Profundidade do lençol freático


A distância mínima do lençol freático do fundo do reservatório de infiltração é de 0,90m e caso
haja rochas fraturadas o mínimo é de 3,0m.

16.21 Taxa de infiltração


Minnesota possui recomendação da máxima profundidade do reservatório de infiltração e a
condutividade hidráulica média dependendo do tipo de solo conforme o número da curva CN conforme
Tabela (16.7) e observamos que tais informações são muito a favor da segurança devendo o solo ser
investigado para se adotar valores maiores.

Tabela 16.7- Condutividade hidráulica média e profundidade máxima conforme o tipo de solo da curva CN
Solo do grupo do número da Condutividade hidráulica Máxima profundidade
Curva CN (mm/h) (m)
A 9,70 0,60
B 5,80 0,42
C 2,50 0,18
D 0,75 5,08

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16.22 Taludes
Os taludes devem ter declividade no máximo de 3H:1V.

16.23 Forma do reservatório de infiltração


A forma ideal entre o comprimento e a largura é 3:1.

16.24 Riprap
Quando a água pluvial entrar no reservatório de infiltração deve haver um riprap para evitar
erosão.

16.25 Vertedor de emergência


O reservatório de infiltração deve ter um vertedor de emergência que podemos calcular para
Tr=2anos quando off line e Tr=100anos e Tr=25anos quando in line.
No reservatório de detenção estendido teremos os extravasores normais para período de retorno
de 10anos ou 25anos e extravasor de emergência para o período de retorno de 100anos dependendo da
altura da barragem no caso em que aliamos a melhoria da qualidade das águas pluviais com controle de
enchentes.
Recomenda-se que a altura do vertedor para a chuva dos 100anos esteja 0,30m acima do nível de
água para os 100anos.

16.26 Volume para enchente usando modelo de Tucci


O prof. Tucci fez um modelo de estimativa de reservatório de detenção para áreas de 1km2 no
Rio Grande do Sul e o adaptamos para a área metropolitana de São Paulo
Usando o Método Racional para áreas até 1km2 (100ha) podemos usar a Tabela (16.8) onde
aparecem os períodos de retorno de 2anos a 25anos e a vazão específica para pré-desenvolvimento de 18
a 28 L/sxha.
A= área da bacia (ha). A≤100ha
V= volume do reservatório de detenção (m3)
Qsaida= vazão de pré-desenvolvimento (m3/s)
Qsaida= qn x A/1000

Tabela 16.8- Volume para detenção de enchentes e vazão específica de pré-desenvolvimento


conforme o período de retorno
Volume para Vazão específica para
Período de retorno Tr detenção de enchentes pré-desenvolvimento
(anos) (L/sxha)
(m3)
2 V= 3,47 AI . A 18
5 V= 4,11 AI . A 21
10 V= 4,65 AI . A 24
25 V= 5,48 AI x A 28

Sendo:
V= volume necessario de detenção (m3)
AI= área impermeável (%)
A= área da bacia (ha)

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16.27 Tempo de esvaziamento


É importante sabemos o tempo de esvaziamento de um reservatório de detenção estendido que é
o tempo de residência devendo ser maior que 24h e menor que 72h.
O tempo de esvaziamento depende da altura inicial y1 e altura final y2 e área da superfície As.
t= [2 . As . (y1 0,5 - y2 0,5 )] / [Cd . Ao .(2.g ) 0,5]
Cd=0,62
y1=altura inicial (m)
Ao= π x D2/4 (m2 )
As=área da superficie (m2)
t= tempo de esvaziamento (s)

16.28 Método Racional


É usado para calcular a vazão de pico de bacia com área até 3 km2, considerando uma seção de
estudo. A chamada fórmula racional é a seguinte:
Q= C . I . A /360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C= coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1.
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha). 1ha= 10.000m2 .

16.29 Período de retorno


Período de retorno (Tr) é o período de tempo médio que um determinado evento hidrológico é
igualado ou superado pelo menos uma vez.
Quando o reservatório de detenção estendido for construído in line deverá ser verificado vazões
para período de retorno de 25anos e 100anos.
Quando o reservatório de detenção estendido for off line, mesmo assim deverá ser calculado para
Tr=2anos. Apesar das inúmeras pesquisas que efetuamos não achamos nenhuma recomendação a
respeito, mas supondo haver entupimento parcial na caixa reguladora de fluxo, a favor da segurança
deverá ser usado período de retorno de 2anos para o cálculo do vertedor quando somente optamos pela
melhoria da qualidade das águas pluviais.

16.30 Intensidade da chuva


Intensidade (I ou i) é a precipitação por unidade de tempo, obtida como a relação I= P / t, se
expressa normalmente em mm/h ou mm/min.

Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)


1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
0,89
( t + 15)
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
tc= t=duração da chuva (min).

Equação de Martinez e Magni,1999 para a RMSP.


I = 39,3015 (t + 20) –0,9228 +10,1767 (t +20) –0,8764 . [ -0,4653 – 0,8407 ln ln ( T / ( T - 1))]
Para chuva entre 10min e 1440min
Sendo:

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I= intensidade da chuva (mm/min);


t= tempo (min);
ln= logaritmo neperiano
T= período de retorno (anos), sendo T≤ 200 anos
Dica: para transformar mm/min em L/s x ha multiplicar por 166,7

16.31 Tempo de concentração pela fórmula de Kirpich


Outra fórmula muito usada é de Kirpich elaborada em 1940. Kirpich possui duas fórmulas, uma
que vale para o Estado da Pennsylvania e outra para o Tennessee, ambas dos Estados Unidos. Valem
para pequenas bacias até 50ha ou seja 0,5km2 e para terrenos com declividade de 3 a 10%.
Segundo Akan,1993, a fórmula de Kirpich é muito usada na aplicação do Método Racional,
principalmente na chamada fórmula de Kirpich do Tennessee.
No Tennessee, Kirpich fez estudos em seis pequenas bacias em áreas agrícolas perto da cidade de
Jackson. A região era coberta com árvores de zero a 56% e as áreas variavam de 0,5ha a 45ha. As bacias
tinham bastante declividade e os solos eram bem drenados (Wanielista et al.,1997).
A equação de Kirpich conforme Chin, 2000 é a seguinte:

Tennessee tc= 0,019 . L0.77/ S0,385 (Equação 16.4)


Sendo:
tc= tempo de concentração (min);
L= comprimento do talvegue (m);
S= declividade do talvegue (m/m).
Segundo (Porto, 1993), quando o valor de L for superior a 10.000m a fórmula de Kirpich
subestima o valor de tc.
Segundo Chin,2000 p. 354 a equação de Kirpich é usualmente aplicada em pequenas bacias na
área rural em áreas de drenagem inferior a 80ha (oitenta hectares).

Exemplo 16.2
Usemos a Equação (47.4) de Kirpich para o Tennessee para achar o tempo de concentração tc sendo
dados L=200m e S=0,008m/m em uma bacia sobre asfalto.
tc= 0,019 . L0.77/ S 0,385 = 0,019 . 200 0,77 / 0,008 0,385 = 7,38min
Como o escoamento da bacia é sobre asfalto devemos corrigir o valor de tc multiplicando por
0,4. Portanto:
tc= 0,4 x 7,38min = 2,95min, que é o tempo de concentração a ser usado.

DICA sobre Kirpich: a fórmula de Kirpich foi feita em áreas agrícolas em áreas até 44,8 ha ou seja 0,448
km2 com declividades de 3% a 10%.
O tempo de concentração da fórmula de Kirpich deve ser multiplicado por 0,4 quando o
escoamento na bacia está sobre asfalto ou concreto e deve ser multiplicado por 0,2 quando o canal é de
concreto revestido (Akan,1993 p. 81).
Chin, 2000 sugere que a equação de Kirpich deve ser multiplicada por 2 quando o escoamento
superficial for sobre grama natural e multiplicar por 0,2 quando a superfície do canal for de concreto e
multiplicar por 0,4 quando a superfície do escoamento superficial for de concreto ou asfalto.

Kirpich
A fórmula de Kirpich pode-se ainda apresentar em outras unidades práticas como as sugeridas
pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica de São Paulo.

Kirpich I: tc= 57 . (L3/H) 0,385


Kirpich II tc= 57. (L2/S)0,385

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Sendo:
L= comprimento do curso (km)
H= diferença de cotas (m)
S= declividade equivalente (m/km)
tc= tempo de concentração (min)
A declividade equivalente é obtida da seguinte maneira:
j1= ΔH1/L1
j2= ΔH1/L2
j3= ΔH1/L3
P1= L1/ j10,5
P2= L2/ j20,5
P3= L3/j3 0,5
Δh= diferença de nível em metros
L= comprimento em km
L= L1 + L2 + L3 +...
S= [ L / (P1+P2+P3...)] 2

16.32 Tempo de concentração pela fórmula Califórnia Culverts Practice


A grande vantagem desta fórmula é a fácil obtenção dos dados, isto é, o comprimento do
talvegue e a diferença de nível H (Porto,1993). Geralmente é aplicada em bacias rurais para áreas
maiores que 1km2.

Dica: A fórmula Califórnia Culverts Practice é recomendada pelo DAEE para pequenas barragens.

tc= 57 . L1,155 . H-0,385 (Equação 16.5)


Sendo:
tc= tempo de concentração (min);
L= comprimento do talvegue (km);
H= diferença de cotas entre a saída da bacia e o ponto mais alto do talvegue (m).

Exemplo 16.3
Calcular tc com L=0,2 km e H=1,6 m
tc= 57 x L1,155 x H-0,385 =57 x 0,21,155 / 1,60,385 = 3,46min
Portanto tc=3,46min
A velocidade será V= L/ tempo = 200m/ (3,46min x 60s) =0,96m/s

16.33 Fórmula de Dooge para tempo de concentração


Segundo CTH a fórmula de Dooge em função da área da bacia e da declividade é a seguinte:
tc= 1,18 x A 0,41/ S0,17
Sendo:
tc= tempo de concentração (h)
A= área da bacia (km2)
S= declividade equivalente (m/km)

Exemplo 16.4
Calcular o tempo de concentração para área de A=3ha=0,03km2, e declividade equivalente de 30 m/km
usando a fórmula de Dooge.
tc= 1,18 x A 0,41/ S0,17
tc= 1,18 x 0,03 0,41/ 300,17= 0,16 h = 10min

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16.34 Dimensionamento do vertedor para chuva de 100anos


Para isto vamos utilizar o Método Racional que pode ser usado para bacias de área até 3km2.
Vamos usar o método do amortecimento da onda de cheia do DAEE, 2005.
Primeiramente definimos:
tc= tempo de concentração da bacia (s) no pós-desenvolvimento
tb= tempo de duração da cheia ou tempo base (s)
tb= 3 x tc
VE= QEmax . tb/ 2
Sendo:
VR= volume do reservatório em m3 obtido pela curva cota-volume.
VR= V2 – V1
Sendo:
V1 = volume acumulado no reservatório para o nível de água normal
V2=volume acumulado para o nível máximo maximorum
VE= VR+ Vs´
Vs´ = VE – VR
Qsmax= ( 2 . Vs´) / tb
Portanto, a vazão que vai passar para o vertedor para período de Tr=100anos será Qsmax.
Qsmax= 1,55x L x H 1,5
Geralmente adotamos o valor da altura H sobre a crista do vertedor e achamos o comprimento do
vertedor L.

Exemplo 16.5
Dado tc=33min, QEmax= 21m3/s calculado para Tr=100anos e VR=50.500m3 achar a vazão que passará
pelo vertedor Qsmax e calcular a largura do vertedor.
tc=33min= 33 x 60= 1.980s
tb= 3 x tc= 3 x 1.980= 5.940s
VE= QEmax . tb/ 2
VE= 21x5940/ 2=62.370m3
Vs´ = VE – VR
Vs´ = 62.370-50.500=11.870m3
Qsmax= ( 2 . Vs´) / tb
Qsmax= ( 2 x 11.870) / 5.940=4,0m3/s
Qsmax= 1,55x L x H 1,5
Fazendo H=0,80m
4,0= 1,55x L x 0,80 1,5
L=3,6m

16.35 Regulador de fluxo


No dimensionamento de uma BMP achamos o volume para melhoria da qualidade das águas
pluviais denominado WQv.
O volume de pico de vazão de uma bacia pode ser dividido em duas partes: uma destinada ao
volume WQv e outra desviada e encaminhada ao rio ou lago mais próximo. A estrutura para separar os
dois fluxos chama-se regulador de fluxo.
Quando o volume WQv está fora do fluxo dizemos que o mesmo está off line e, caso contrário, in
line, conforme se pode ver na Figura (16.12).
O dispositivo chamado regulador de fluxo pode ser usado basicamente: vertedor e orifício.
O encaminhamento do volume destinado ao WQv pode ser uma tubulação ou um canal gramado
ou canal de concreto. Da mesma maneira a água excedente, isto é, aquela que não vai para o BMP, vai
para o córrego mais próximo, através de tubulações, canais gramados ou revestidos.

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Dica: o regulador de fluxo deve ser calculado pelo menos para período de retorno de 25anos.

Figura 16.13- Reservatório on-line e off-line


Fonte: Georgia, 2001

Nas Figuras (16.14) e (16.15) podemos ver o regulador de fluxo mais usado. O diâmetro da
tubulação que vai para a bacia de detenção destinada à qualidade da água, tem diâmetro suficiente para
passar a vazão do WQv.
Notar na figura o vertedor de altura H em relação ao fundo da tubulação de entrada, sendo que esta
deverá ser a altura na tubulação que vai para a BMP.

Figura 16.14 - Separação automática de fluxo (regulador de fluxo)


Fonte: Estado da Virginia, 1996

Figura 16.15 - Regulador de fluxo com separação automática

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Exemplo 16.6
Seja uma bacia com A=50ha, AI=70% P=25mm
WQv= 8500m3
0,1WQV= 850m3
Pré-tratamento precisamos de 850m3
Vazão que vai para o pré-tratamento
Qo= 0,1WQv/ (5min x 60s)= 850m3/ (5 x 60)= 2,83m3/s
Vazão da bacia conforme TR-55 para Tr=25anos = 15,56m3/s
Canal de concreto que chega até a caixa reguladora
Largura 4,5m
Altura = 1,0m
Declividade =0,005m/m
Qmax= 16,6m3/s > 15,56m3/s OK
Velocidade= 3,7m/s <5,00m/s OK
Altura do nível de água= 1,20/2 + 1,00/2= 1,10m
Orifício
D=1,20m
Qo= 3,26m3/s > 2,83m3/s OK
Então teremos uma caixa com 4,5 x 4,5m e 2,20m de profundidade.

16.36 Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção pelo método de Aron e Kibler,


1990
Osman Akan, cita no livro Urban Stormwater Hydrology,1993, o dimensionamento preliminar
de reservatório de detenção pelo método de Aron e Kibler,1990. Neste método não é especificado o tipo
de saída da água do reservatório de detenção tais como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos
mesmos.

Teoria do método de Aron e Kibler, 1990


No método de Aron e Kibler é suposto que o hidrograma da vazão afluente tem formato
trapezoidal e que o pico da vazão efluente Qp está no trecho de recessão do trapézio adotado e que o
vazão de saída tem forma triangular conforme Figura (16.16).

Vazão

Ip
Qp

Tempo

td Tc

Figura 16.16- Hidrograma trapezoidal de entrada no reservatório de detenção e triangular de saída

Teremos então
Vs= Ip . td – Qp ( td + Tc) / 2 (Equação 16.7)

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Sendo:
td =duração da chuva (min);
Tc= tempo de concentração (min) da bacia no ponto em questão;
Vs= volume de detenção (m3). Queremos o máximo de Vs;
Qp= pico da vazão de saída (m3/s).
Ip= pico da vazão de entrada (m3/s).
Possuímos o tempo de concentração Tc em minutos e a vazão de pico de saída Qp em m3/s. Por
tentativas, vamos arbitrando, por exemplo, valores de td de 10 em 10min e achamos Ip e entrando na
Equação (16.7) achamos o valor de Vs. O maior valor de Vs será a resposta do nosso problema.

16.37 Descarga de fundo


Deverá haver uma descarga de fundo com válvula para abertura e fechamento para casos de
emergência em que o clogging é muito grande. O diâmetro mínimo recomendável é de 200mm
Além da descarga de fundo, pode ser feito um tubo perfurado para drenagem do talvegue do
reservatório de infiltração, de maneira que quando estiver vazio não tenha nenhuma poça d´água
conforme Figura (16.1).

16.38 Freeboard (borda livre)


O freeboard mínimo é de 0,30m acima do nível para Tr=2anos para reservatório de infiltração off
line. Para reservatório de infiltração in line o freeboard mínimo de 0,30m será para Tr=100anos.
É uma faixa de segurança destinada a absorver o impacto de ondas geradas pela ação dos ventos na
superfície do reservatório, evitando danos e erosão no talude de jusante (DAEE,2005). Geralmente é
representado pela letra “f” e no caso de pequenas barragens deve ser no mínimo de 0,50m.
O DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo) adota pra as
outorgas a Tabela (47.3).

Tabela 16.1- Recomendações para valores mínimos de períodos de retorno do DAEE- São Paulo
Dimensões: Período de
Obra Altura da barragem h (m) retorno Tr
L= comprimento da crista da (anos)
barragem (m)
h≤5 e L ≤ 200 100

Barramento 5 < h ≤ 15 e L ≤ 500 1.000

h>15 e / ou L> 500 10.000 ou PMP

Borda livre (f)= desnível entre a crista e o nível máximo maximorum: f ≥ 0,50m
PMP= Precipitação Máxima Provável
Fonte: DAEE, 2005

Nível máximo maximorum: é o nível mais elevado que poderá atingir o reservatório na ocorrência
de cheia de projeto (DAEE, 2005). Geralmente é a cota do nível de água da coluna de água sobre o
vertedor.

16.39 Hotspot
Hotspot são áreas potencialmente perigosas para a contaminação do lençol freático e são os
postos de gasolina, indústrias metalúrgicas e químicas. Nestes casos não poderá ser feito reservatório de
infiltração das águas de escoamento superficial ocasionado pelas chuvas a não ser que seja feito antes
um tratamento.

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16.40 Regiões cársticas


Regiões cársticas são aquelas que possuem calcário e como podem aparecer buracos nas
mesmas, não pode ser aplicado o reservatório de infiltração em regiões cársticas conforme Figura
(16.17).

Figura 16.17- Região cárstica (buracos)


Fonte: Knoxville BMP Manual, 2003

16.41 Solo apropriado


A chave do reservatório de infiltração é escolher um solo arenoso onde haja boa infiltração.Caso
não haja é recomendado que não se faça o reservatório de infiltração.
Uma outra recomendação é que o solo não tenha mais que 20% de argila e que tenha menos de
40% de argila e silte combinados.
Não deverá ser usado solos onde foi feito aterro, pois a compactação com argilas diminui a
permeabilidade do solo.
Uma outra recomendação é não fazer reservatório de infiltração em locais com declividade maior
que 15%.

16.42 Monitoramento
Em muitos casos é importante se fazer o monitoramento do reservatório de infiltração conforme
esquema da Figura (16.18)

Figura 16.18-Poço de monitoramento


Fonte: Knoxville BMP Manual, 2003
16.43 Construção
A área a montante do reservatório de infiltração deve ser estabilizada antes do funcionamento,
pois poderá levar grande quantidade de sedimentos para o mesmo.
Durante a construção do reservatório de infiltração devemos ter o cuidado de não compactar o
solo do fundo, o que impedirá a infiltração.

16.44 Investigação geológica


Deverá ser feito no mínimo três ensaios de condutividade hidráulica dentro do reservatório de
infiltração. O testes serão feitos com profundidade de 3,00m do fundo do reservatório de infiltração
futuro.
Nenhum dos ensaios poderá ter menos que 13mm/h de condutividade hidráulica.
Deverá ser estudado de que maneira a água percola o solo (horizontal ou vertical) e se há alguma
condição geológica que pode inibir o movimento da água.

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16.45 Dimensionamento do reservatório de infiltração


Baseado na Lei da Darcy podemos dimensionar facilmente um reservatório de infiltração.
Área da superfície (As) da reservatório de infiltração localizada no fundo da mesma, pode ser
calculada pela seguinte equação:
As= SF x WQv / (T x K) (Equação 16.8)
Sendo:
As= área da fundo da reservatório de infiltração (m2)
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3) sendo WQv>123m3.
SF= fator de segurança= 2
T= tempo para infiltração da água no solo = 48h 24h ≤ T ≤ 72h
K= condutividade hidráulica (m/h). 13mm/h ≤ K ≤ 60mm/h
d= profundidade da bacia (m) 0,30≤ d ≤ 1,80m
d= WQv / As

Exemplo 16.7
Calcular um reservatório de infiltração off line onde a área da bacia tem 6ha e a área impermeável é de
60%.
Rv= 0,05+ 0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 60= 0,59
O valor de WQv será:
WQv= (P/1000) x Rv x A (ha) x 10000m2
P=25mm Rv=0,59 A=6ha
WQv= (25/1000) x 0,59 x 6ha x 10000m2 = 885m3
SF= 2 (fator de segurança)
K= 13mm/h= 0,013m/h
T= 48h
WQv= 885m3
As= SF x WQv / ( K x T)
As= 2 x 885/ (0,013 x48) = 2837m2
Profundidade = Volume WQv / área do fundo da bacia = 885m3/ 2837m2= 0,31m OK

Pré-tratamento
Volume = 0,1 x WQv= 0,1 x 885m3 = 89m3
Os detalhes do pré-tratamento podem ser visto no Capítulo 25 deste livro.

Lei de Darcy
Q= K x A x G
Consideramos que a altura de pacote do solo é d=10,00m. Consideraremos que G=1,0
Q= (0,013m/h / 2)x 2837m2 x 1,0 = 18,5m3/h
WQv= 885m3
Tempo de infiltração= WQv/ Q= 885m3/ 18,5m3/h=48h < 62h OK
Portanto, em 48h o reservatório será esvaziado.
Vamos supor que o fundo do reservatório de infiltração não é uniforme e supondo que existe
90% de área praticamente plana e 10% de área não plana.
Para a área plana consideramos G=1,0 e para a área não plana G=0,50.
O valor Q será a soma:
Q= K x A x G
Q= K x 0,1Ax0,5 + K x 0,90A x 1,0
K=0,013/2=0,0065m/h
Q= 0,0065 x (0,1x 2837m )x0,5 + 0,0065m/h x(0,90x2,837m2) x 1,0=0,92+16,60=17,52m3/h
2

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Caixa separadora de fluxo


O cálculo da vazão separadora e do regulador de fluxo (caixa) está no Capítulo 18 deste livro.

Exemplo 16.8
Calcular um reservatório de infiltração off line onde a área da bacia tem 2ha e a área impermeável é de
50%.
Rv= 0,05+ 0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 50= 0,5
O valor de WQv será:
WQv= (P/1000) x Rv x A (ha) x 10000m2
P=25mm Rv=0,5 A=6ha
WQv= (25/1000) x 0,5 x 2ha x 10000m2 = 250m3

SF= 2 (fator de segurança)


K= 60mm/h= 0,06m/h
T= 48h
WQv= 250m3
As= SF x WQv / ( K x T)
As= 2 x 250/ (0,06 x48) = 174m2
Profundidade = Volume WQv / área do fundo da bacia = 250m3/ 174m2= 1,44m OK
Pré-tratamento
Volume = 0,1 x WQv= 0,1 x 250m3 = 25m3
Os detalhes do pré-tratamento podem ser visto no Capítulo 4 deste livro.
Caixa separadora de fluxo

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16.46 Clogging
Bouwer in Mays, 1999 ressalta a importância do fenômeno do clogging, ou seja, do entupimento
da superfície do solo. O clogging é o maior inimigo dos sistemas de infiltração, tanto nas bacias de
infiltração como nas trincheiras de infiltração. A causa do clogging são matérias orgânicas como algas,
sólidos em suspensão e materiais inorgânicas como argila e silte.
Microorganismos que crescem no solo podem criar biofilme nas partículas do solo formando
materiais insolúveis e causando o entupimento do solo. Bactérias podem produzir gases, como o
nitrogênio, metano, dióxido de carbono que pode bloquear os poros. Gases formados no aqüífero de
poços de recarga contem ar e podem contribuir também para o entupimento do solo.
A camada de entupimento, ou seja, de clogging pode ser de 1mm ou menos até vários
centímetros.
A melhor maneira de se evitar o clogging é pela prevenção, removendo os parâmetros que podem
ocasionar o entupimento, tal como fazer o pré-tratamento para o deposito de sólidos em suspensão.
Muitas vezes pode ser usado até coagulantes como o sulfato de alumínio e polímeros orgânicos para
acelerar a decantação.
O crescimento de algas pode ser impedido removendo da água os nutrientes como nitrogênio e
fósforo. Carbono orgânico também pode ser reduzido usando carvão ativado na filtração ou até o uso de
osmose reversa.
A desinfecção com cloro ou outro desinfetante com efeito residual, reduz a atividade biológica
reduzindo o clogging.
O clogging aumenta com o aumento da taxa de infiltração devido as cargas de sólidos em
suspensão, nutrientes e carbono orgânico da superfície.
Se o clogging continuar pode-se esvaziar a reservatório de infiltração, deixar secar e escarificar
uns 30cm de solo.
A profundidade da água no reservatório de infiltração também influi na infiltração, sendo que a
altura ideal é de 20cm e se houver problema com vegetação, aumenta-se a altura da água.
Quando a altura da zona saturada é grande, a altura da água no reservatório de infiltração pode
ser pequena, mas quando a espessura da zona saturada é pequena, deve-se aumentar a altura da bacia
para propiciar a infiltração lateral.
A Figura (16.19) mostra a percolação em lençol freático razo e profundo.

Figura 16.19- Recarga quando o lençol freático está alto e quando está raso. Quando baixo que está acima, observar o
escoamento lateral enquanto que quando o lençol está profundo o escoamento é próximo da vertical.
Fonte: Bouwer in Mays, 1999

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16.47 Efeito da espessura do aqüífero na taxa de infiltração.


Usando novamente Bouwer in Mays, 1999, salientamos o efeito da franja capilar. O lençol
freático fica a uma determinada profundidade, mas numa faixa de 30cm a 1,00m a água por capilaridade
sobe e é o que chamamos de franja capilar, que causa a diminuição da infiltração quanto mais ela sobe e
é por isso que se deve deixar no mínimo uma distância de 1,20m do lençol freático até o fundo do
reservatório de infiltração.

16.48 Volume para melhoria da Qualidade das Águas Pluviais (WQv)


O critério de dimensionamento de um reservatório para melhoria de qualidade WQv para controle
da poluição difusa especifica o volume de tratamento necessário para remover uma parte significante da
carga de poluição total existente no escoamento superficial das águas pluviais.
Para aplicação do método de Schueler a obtenção de first flush é obtida da seguinte maneira: o
valor de P é obtido com 90% das precipitações que produzem runoff.
O valor do first flush P assim obtido fará uma redução de 80% dos Sólidos Totais em Suspensão
(TSS) de bem como outros parâmetros dos poluentes.
O volume obtido será dependente do first flush P e da área impermeável.
SCHUELER, 1987 usou as Equações (16.9) e (16.10) para achar o volume WQv.
Rv= 0,05 + 0,009 . AI (Equação 16.9)

WQv= (P/1000) . Rv . A (Equação 16.10)


Sendo:
Rv=coeficiente volumétrico que depende da área impermeável (AI).
AI= área impermeável da bacia em percentagem;
A= área da bacia em m2 sendo A ≤ 100ha (1km2)
P= precipitação adotada (mm) sendo P≥ 13mm. Adotamos P=25mm para a RMSP.
WQv = volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3).

Valor de P
Para a cidade de Mairiporã, São Paulo achamos para 90% das precipitações acima de 2mm (que
produzem runoff), o valor P=25mm conforme Figura (16.20).

Nota: como vai para o reservatório de infiltração o first flush de 25mm, que corresponde a 90% do
runoff anual, então será infiltrado 90% do runoff e 10% irá para os cursos d´água.

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Frequência das precipitações


Precipitaçao diaria que diárias (1958-1995) Mairiporã- RMSP

80
produz runoff (mm)

60

40

20 25
90
0
0 20 40 60 80 100
Porcentagem do runoff produzido pelas
precipitações (% )
Figura 16.20 - Freqüência das precipitações diárias que produzem runoff da cidade de Mairiporã, Estado de São Paulo.

16.49 Características da precipitação local.


Na Figura (16.18) temos um modelo conceitual da bacia de infiltração.

Figura 16.21- Modelo conceitual de bacia de infiltração.


Fonte: Universidade da Califórnia, 2001

Observar que no solo temos a zona não saturada e a zona saturada.

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16.50 Infiltração do volume de enchente para Tr=2anos


Usaremos o método Racional para período de retorno Tr=2anos que é o mais utilizado nestes
casos. A infiltração será calculada pela Equação de Darcy considerando o gradiente G=1,0.
O volume de entrada calculado pelo Método Racional será igual ao volume armazenado mais o
volume infiltrado.
Vin = Varmazenado + Vout
A máxima diferença entre o volume de entrada Vin e o volume infiltrado Vout será o volume
armazenado necessario.
Varmazenado = max (Vin – Vout)
Sendo:
Método Racional
Qin = CIA/360
3
Qin= vazão de pico (m /s)
Vin= Qin x t
A= área da bacia (ha)
C= coeficiente de escoamento superficial (adimensional)
I= intensidade de chuva (mm/h)
I= 1747,9 . Tr 0,181/ ( t+15) 0,89 (mm/h) Equação de Paulo Sampaio Wilken da RMSP
Tr= período de retorno sendo normalmente adotado Tr=2anos.
t= tempo (h)

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Equação de Darcy
O valor de G=dt/d, observando que o menor valor é G=1, comumente adotado por Urbonas a
favor da segurança.
Qout= K.G. A.= K x 1 x As= K xAs
Vout= Qout x t
Sendo:
Qout= vazão infiltrada no fundo do reservatório de infiltração (m3/s).
H= profundidade (m)
L= comprimento (m)
K=condutividade hidráulica (mm/h)
t= tempo (h)
As= área do fundo do reservatório de infiltração (m2).
Vout= volume infiltrado no tempo t (m3).
Volume armazenado= As x H.
As= área do fundo do reservatório de infiltração (m2).
H= altura do nível de água (m)
t= tempo (h)
Num determinado tempo “t” temos:
C. I. A. t = As. H + K. As . t
As .H = max (C.I.A. t - K . As . t)
Volume = max (Vin – Vout)

As= SF x WQv / (T x K)
Sendo:
As= área da fundo da reservatório de infiltração (m2)
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)
SF= fator de segurança= 2
T= tempo para infiltração da água no solo = 48h 24h ≤ T ≤ 72h
K= condutividade hidráulica (m/h). 13mm/h ≤ K ≤ 60mm/h
d= profundidade da bacia (m) 0,30≤ d ≤ 1,80m
d= WQv / As

Exemplo 16.9
Dimensionar um reservatório de infiltração in line com área de 3ha e AI=50% que além da melhoria do
controle de qualidade das águas pluviais, sirva também para regularização da vazão de pico para período
de retorno Tr=2anos. O tempo de concentração é de 10min.
Todo o volume de enchentes de Tr=2anos será infiltrado no reservatório de infiltração.
Dados:
K= 56mm/h / 2= 28mm/h=28/1000/3600=0,0000077m/s (já com coeficiente de segurança = 2)
Observando-se que se fosse querer somente a melhoria da qualidade das águas pluviais conforme
volume WQv com first flush de 25mm obteríamos para a mesma área o volume de 375m3.
Rv= 0,05 + 0,009 . AI
Rv= 0,05 + 0,009 x 50= 0,50
WQv= (P/1000) . Rv . A = (25/1000) x 0,50 x 3ha x 10.000m2 = 375m3
As= SF x WQv / (T x K)
SF=2
WQv= 375m3
K= 56mm/h (sem o coeficiente de segurança)
T=36h adotado

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 16- Reservatório de infiltração
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As= 2,0 x 375 / (36 x 56/1000)= 372m2


A área As= 372m necessária para a infiltração em 36h de 375m3, mas como teremos a vazão de
2

enchente para Tr=2anos, necessitaremos de área maior que 372m2.


Vamos adotar o dobro de 372m2, isto é, 372 x 2=744m2.
As=744m2
2
Por tentativas usando As=744m achamos que o reservatório de infiltração se esvaziará em 58h
que é menor que 72h e por tanto está OK conforme Tabela (16.9).
Em 6h teremos o volume máximo do Reservatório de infiltração que é 788m3 sendo que a altura
é 1,06m e a área As=744m2.

Metodo Racional
C=Rv=0,50
A=3ha
I= 1747,9 . Tr 0,181/ ( t+15) 0,89 (mm/h)

Para Tr=2anos
Tc= 10min
I= 1747,9 . Tr 0,181/ ( t+15) 0,89 (mm/h)
I= 1747,9 . 2 0,181/ ( 10+15) 0,89 =113mm/h
Q2=CIA/360= 0,50 x 113 x 3/360=0,47m3/s

Para Tr=25anos
Tc= 10min
I= 1747,9 . Tr 0,181/ ( t+15) 0,89 (mm/h)
0,181 0,89
I= 1747,9 . 25 / ( 10+15) =178mm/h
Q25=CIA/360= 0,50 x 178 x 3/360=0,74m3/s

Para Tr=100anos
Tc= 10min
I= 1747,9 . Tr 0,181/ ( t+15) 0,89 (mm/h)
0,181 0,89
I= 1747,9 . 100 / ( 10+15) =229mm/h
Q100=CIA/360= 0,50 x 229 x 3/360=0,95m3/s

Volume de enchente para Tr=2anos


Volume para Vazão específica para
Período de retorno Tr detenção de enchentes pré-desenvolvimento
(anos) (L/sxha)
(m3)
2 V= 3,47 AI . A 18

V=3,47 x AI x A= 3,47 x 50 x 3=521m3


O volume WQv é 375 m3 e que somado aos 521 m3dará 896 m3 mas sembremos que há
infiltração no solo e achamos o volume do reservatório de infiltração de 788 m3.

Dimensionamento do vertedor de emergencia para Tr=100anos


Área de superficie= As= 744m2
Altura H=0,50m VR=744m2 x 0,5m= 372m3
Dado tc=10min, QEmax= 0,95m3/s calculado para Tr=100anos e VR=372m3 achar a vazão que passará
pelo vertedor Qsmax e calcular a largura do vertedor.
tc=10min= 10 x 60= 600s

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tb= 3 x tc= 3 x 600= 1.800s


VE= QEmax . tb/ 2
VE= 0,95 x1800/ 2=855m3
Vs´ = VE – VR
3
Vs´ = 855-372=483m
Qsmax= ( 2 . Vs´) / tb
Qsmax= ( 2 x 483) / 1800=0,54m3/s
Qsmax= 1,55x L x H 1,5
Fazendo H=1,00m
0,54= 1,55x L x 0,5 1,5
L=1,00m
Portanto, o vertedor de emergencia terá altura H=0,50m e largura L=1,00m.

Tabela 16.9-Cálculo do Reservatório de infiltração para Tr=2anos (infiltrando tudo)


Método Vout Altura do
Tempo Intensidade Racional Vin= Lei da max (Vin-Vout) reservatório de
t de chuva Q=CIA/360 Qxt Darcy infiltração
I K x As x t H=(Vin-Voput)/As
(h) (mm/h) (m3/s) (m3) (m3) (m3) (m)
2,0 25 0,10 755 42 714 0,96
4,0 14 0,06 858 83 774 1,04
6,0 10 0,04 913 125 788 1,06
8,0 8 0,03 951 167 784 1,05
10,0 7 0,03 979 208 771 1,04
12,0 6 0,02 1003 250 753 1,01
14,0 5 0,02 1023 292 731 0,98
16,0 4 0,02 1040 333 707 0,95
18,0 4 0,02 1055 375 680 0,91
20,0 4 0,01 1069 417 652 0,88
22,0 3 0,01 1081 458 623 0,84
24,0 3 0,01 1092 500 592 0,80
26,0 3 0,01 1103 542 561 0,75
28,0 3 0,01 1112 583 529 0,71
30,0 2 0,01 1122 625 497 0,67
32,0 2 0,01 1130 667 463 0,62
34,0 2 0,01 1138 708 430 0,58
36,0 2 0,01 1146 750 396 0,53
38,0 2 0,01 1153 792 361 0,49
40,0 2 0,01 1160 833 326 0,44
42,0 2 0,01 1166 875 291 0,39
44,0 2 0,01 1173 917 256 0,34
46,0 2 0,01 1179 958 220 0,30
48,0 2 0,01 1184 1000 184 0,25
50,0 2 0,01 1190 1042 148 0,20
52,0 2 0,01 1195 1083 112 0,15
54,0 1 0,01 1200 1125 75 0,10
56,0 1 0,01 1205 1167 39 0,05
58,0 1 0,01 1210 1208 2 0,00

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16.51 Tomada de água


Quando aliamos a melhoria da qualidade das águas pluviais a detenção de enchentes podemos ter
um esquema semelhante a Figura (47.12) onde se observa uma estrutura retangular vertical onde estão os
orifícios e vertedores normais. O vertedor de emergência fica fora desta torre. Observar que a vazao
máxima é Q100.

Figura 16.22 Esquema do reservatório de detenção estendido

Figura 16.23 - Tomada d’água. Observar drenagem, saída da descarga, orifícios e vertedor para Qp25anos ou Qp10anos.
Fonte: Estado da Geórgia, 2001

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16.52 Alteamento do lençol freático pela Equação de Hantush


Existe um lençol freático que tem altura “b”, porosidade efetiva Sy e condutividade hidráulica K.
Observar que a condutividade hidráulica K do aqüífero saturado pode ser diferente daquela da zona de
aeração. Queremos saber que com a infiltração da água no lençol freático como o mesmo sobe e saber
se isto não vai ocasionar problema do escoamento devido a necessidade de se manter sempre no mínimo
1,50m do lençol freático até o fundo do reservatório de infiltração.

Figura 16.24 Alteamento do lençol freático devido a recarga


Fonte: Todd, 1990 in Malaysia, 2005

O parâmetro “ν” será:


ν = Kx b/ Sy
b1= 0,5 x ( hi + h(t))
Sendo:
ν = parâmetro (m2/dia)
b1= espessura do lençol freático no tempo t (m)
Sy= porosidade efetiva (adimensional)
hi= altura inicial da espessura do lençol freático (m)
h(t)= altura no tempo t (m)
Hantush, 1967 in Chin, 2000 obteve a seguinte equação:

hm2 (t)= hi 2 + ( 2Nx ν x t/K) x S* ( W/ (8 ν t) 0,5 , L /(8 ν t) 0,5)


Sendo:
hm =é a máxima altura do lençol freático no tempo t em relação a base (m)
hi= espessura do lençol freático
N= taxa de recarga (m/dia)
t= tempo (horas)
K= condutividade hidráulica do aqüífero (m/dia)
W= largura da trincheira (m)
L= comprimento da trincheira (m)
ν = parâmetro (m2/dia)

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Tabela 16.10- Valores de de α e β conforme função de erro

Fonte: Bouwer in Mays, 1999

Tabela 16.11- continuação- Valores de de α e β conforme função de erro

Fonte: Bouwer in Mays, 1999

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Exemplo 16.10
Calcular um reservatório de infiltração para área de 6ha, área impermeável de 50%, condutividade
hidráulica K=13mm/h=0,30m/dia.
Rv=0,05+0,009x AI= 0,05+0,009 x 50=0,50
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,50 x 6ha x 10.000m2=750m3
As= SF x WQv/ (T x K)
SF= 2
T=48h (2 dias)
K= 13mm/h=0,013/h
As= SF x WQv/ (T x K)
As= 2,0 x 750m3/ (48h x 0,013)= 2.404m2
d= WQv/ As= 750m3/ 2.404m2=0,31m

Dimensões 1:2 do reservatório de infiltração.


Wx 2W = 2404m2
W=35m
L=70,0m
Portanto, o reservatório de infiltração terá 35m por 70m de comprimento.
Vamos considerar que a espessura do aqüífero seja b=10,00m e K=0,30m/dia=13mm/h e
porosidade efetiva Sy=0,20.
Queremos infiltrar em dois dias a altura de 0,31m, que nos dará 0,31/2=0,16m/dia, ou
750/2=375m3/dia.
Portanto:
Q= 375m3/dia
Kt=0,30m/dia
W=35,00m
A taxa de infiltração será:
N= Q/ (L x W)
N= 375/ (70,0 x 35,0)=0,15 m/dia
O parâmetro ν será:
ν = K x b / Sy= 0,30 x 10,0 / 0,2 = 15 m2/dia
Hantush, 1967 in Chin, 2000 obteve a seguinte equação:
hm2 (t)= hi 2 + ( 2Nx ν x t/K) x S* ( W/ (8 ν t) 0,5 , L/ (8 ν t) 0,5)
hm (t)= 10,0 + ( 2x0,15x 15 x t/0,30) x S* ( 35 / (8 x15 t) 0,5 , 70/ (8 x 15 t) 0,5)
2 2

hm2 (t)= 100 + 15x t x S* ( 3,2/ t 0,5 , 6,4 /t 0,5)


Para t= 2 dia teremos:
hm2 (t)= 100 + 15 x 2dia x S* ( 3,2/ t 0,5 , 6,4 /t 0,5)
hm2 (t)= 100 + 15 x 2dia x S* ( 3,2/ 2 0,5 , 6,4/ 2 0,5)
hm2 (t)= 100 + 15 x 2dia x S* ( 2,27 , 4,54)
α= 2,27
β = 4,54
Entrando na Tabela (16.11) com os valores de α e β e fazendo as interpolações achamos o valor
0,9998.
hm2 (t)= 100 + 15 x 2dia x 0,9998=129,994m
hm=11,40m
Portanto, o aqüífero que tinha 10,0m passou para 11,40m, isto é, subiu 1,40m, que não apresenta
perigo pois, existe do reservatório até o nível do lençol freático a distância de 1,50m. Do exemplo
podemos compreender a necessidade de que a distancia do fundo do reservatório de infiltração até o
lençol freático seja no mínimo 1,50m.

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16.53 Método do volume para recarga


O método do volume para recarga é destinado a BMP estrutural como reservatório de infiltração,
trincheira de infiltração e poços secos (drywells).
Podemos então calcular o volume de recarga Re baseado na fração do volume WQv e que será:
Rev= F x WQv
Rev= volume de água necessário para recarga em volume (m3)
F= fator específico de recarga para o tipo do grupo do solo (adimensional)
Como Rev é uma fração de WQv chama-se as vezes de método do percentual de volume para
recarga.
Relembremos que o volume WQv é obtido com o first flush P, que corresponde a 90% das
precipitações que produzem runoff.

Tabela 16.12- Fator F de recarga conforme o grupo de solo do SCS


(semelhante ao critério de Horsley)

Grupo de solo Fator F


conforme F= Re/P
SCS
A 0,30
B 0,20
C 0,10
D 0,03

Volume WQv
Calcula-se primeiro o coeficiente volumétrico Rv em função da área impermeável em
porcentagem. Depois se calcular o volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv e
finalmente o volume de recarga que é obtido multiplicando WQv pelo fator de recarga.
Rv= 0,05+0,009 x AI
WQv= (P/1000) x Rv x A
P= first flush (mm)= 25mm para RMSP.
AI= área impermeabilizada (%)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
A= área da bacia (m2)
Recordemos que a determinação do tipo de solo do SCS pode ser feito através de testes de
infiltração e usando a Tabela (16.13) conforme Tomaz, 2002.

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Tabela 16.13- Grupo de solos do SCS


Grupo de Características do solo
solo
solos arenosos com baixo teor de argila total, inferior a 8%, não havendo rocha nem camadas argilosas e nem
mesmo densificadas até a profundidade de 1,5m. O teor de húmus é muito baixo, não atingindo 1% (Porto,
1979 e 1995).
A
Solos que produzem baixo escoamento superficial e alta infiltração. Solos arenosos profundos com pouco
silte e argila (Tucci et al, 1993).
solos arenosos menos profundos que os do Grupo A e com menor teor de argila total, porém ainda inferior a
15%. No caso de terras roxas, esse limite pode subir a 20% graças à maior porosidade. Os dois teores de
húmus podem subir, respectivamente, a 1,2 e 1,5%. Não pode haver pedras e nem camadas argilosas até
B 1,5m, mas é, quase sempre, presente camada mais densificada que a camada superficial (Porto, 1979 e 1995)

Solos menos permeáveis do que o anterior, solos arenosos menos profundo do que o tipo A e com
permeabilidade superior à média (Tucci et al, 1993).
solos barrentos com teor total de argila de 20% a 30%, mas sem camadas argilosas impermeáveis ou
contendo pedras até profundidade de 1,2m. No caso de terras roxas, esses dois limites máximos podem ser de
40% e 1,5m. Nota-se a cerca de 60cm de profundidade, camada mais densificada que no Grupo B, mas ainda
C longe das condições de impermeabilidade (Porto, 1979 e 1995).

Solos que geram escoamento superficial acima da média e com capacidade de infiltração abaixo da média,
contendo percentagem considerável de argila e pouco profundo (Tucci et al, 1993).
solos argilosos (30% a 40% de argila total) e ainda com camada densificada a uns 50cm de profundidade. Ou
solos arenosos como do grupo B, mas com camada argilosa quase impermeável ou horizonte de seixos
rolados (Porto, 1979 e 1995).
D
Solos contendo argilas expansivas e pouco profundos com muito baixa capacidade de infiltração, gerando a
maior proporção de escoamento superficial (Tucci et al, 1993).

Fonte: Porto, Setzer 1979 ; Porto, 1995 e Tucci, 1993.

16.54 Método da área para recarga


O método da área para recarga é destinado as BMP não estruturais, como faixa de filtro
gramada e canal gramado, infiltração da água da chuva de telhado em trincheira e infiltração da água em
estacionamentos em reservatório. A área Rea é dada em metros quadrados e temos que ver as BMPs não
estruturais e suas áreas.
Rea= F x A x Rv
Rea= F x Ai

Sendo:
Rea= área necessária para a recarga (m2)
F= fator de recarga (adimensional)
A= área da bacia (m2)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
Ai= Rv x A= área impermeável
Como temos uma fração da área A, muitas vezes o método é chamado método percentual da área
para recarga.

Nota: podemos fazer uma combinação dos métodos, determinando uma parte para o volume
percentual e outra para a área percentual. Observemos ainda caso tenhamos dois tipos de grupo
de solos, podemos fazer uma composição dos mesmos.

As práticas estruturais mais usadas para recargas são:


¾ Infiltração
¾ Trincheira de infiltração (áreas menores que 4ha)
As práticas não estruturais mais usadas em recargas são:

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¾ Faixa de filtro gramado (filter strip menores que 2ha)


¾ Canal gramado
¾ Infiltração da água de chuva no telhado em trincheira de infiltração
¾ Infiltração de água em estacionamento de veículos com reservatório.
É importante salientar que para a recarga, as lagoas e wetlands não fazem nenhum efeito, pois,
rapidamente deixam de infiltrar.
Fica esclarecido que segundo Maryland, 2000 se o terreno é um hotspot, isto é, um ponto
potencial de contaminação como um posto de gasolina, por exemplo, não poderá ser feita a recarga do
aqüífero.

Exemplo 16.11
Dimensionar a recarga necessária em uma bacia de 6ha com área impermeável Ai=60%, first flush
P=25mm e grupo de solo tipo B.

Coeficiente volumétrico Rv
Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05+0,009 X 60=0,59

Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais


WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,59 x 6ha x 10.000m2=885m3

Método do volume percentual para recarga


Para grupo de solo tipo B conforme Tabela (48.6) temos F=0,20
Rev= F x WQv
Rev= 0,20 x 885=177m3
Portanto, deveremos infiltrar 177 m3 através de BMP estrutural como reservatório de
infiltração ou trincheira de infiltração.

16.55 Trincheira de infiltração


At= Vw/ (n x dt + f x T)
dmax= f. Ts/n
Sendo:
At= área da superfície da trincheira (m2)
Vw= volume que entra na trincheira (m3)
n= porosidade das pedras britadas sendo geralmente n=0,40,
dt= profundidade máxima admitida (m)
dmax=profundidade máxima (m)
Ts=tempo de esvaziamento (h)= 48h
f= taxa final de infiltração (mm/h)= 13mm/h
T= tempo para enchimento da trincheira que geralmente é menor ou igual a 2h.
dmax= f. Ts/n
dmax= 13x 48/0,40=1560mm Adoto dt=1,50m
At= Vw/ (n x dt + f x T)
At= 177/ [0,50 x 1,5 + (13/1000) x 2h]=228m2
Adotando largura de 2,00m temos:
Comprimento= 228m2/ 2,00= 114m
Portanto, a trincheira de infiltração terá 114m de comprimento, sendo 1,50m de profundidade e
2,00m de largura.

16-42
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 16- Reservatório de infiltração
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16.56 Reservatório de infiltração


Optando por reservatório de infiltração teremos:
As= SF x WQv/ (T x K)
d= WQv/ As
Sendo:
As= área da superfície (m2)
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)
T= tempo para infiltração= 48h
d=profundidade da reservatório (m)
SF= fator de segurança=2
Precisaríamos infiltrar somente 177m3, mas vamos infiltrar todo o volume WQv=885m3.
As= SF x WQv/ (T x K)
As= 2 x 885/ (48 x 36/1000)=1.024m2
d= WQv/ As
d= 885/ 1024=0,86m
Considerando comprimento/largura na proporção de 3: 1 temos:
3WxW=1024
W=18,5m
L=3W=3x18,5=55,5m
Portando, o reservatório de infiltração terá 18,5m de largura por 55,5m de comprimento e
atenderá toda a necessidade de recarga

Método da área para recarga


Rea= F x A x Rv
Rea= 0,20 x 6ha x 10.000m2 x 0,59=7.080m2
Caso optemos somente por medidas não estruturais, precisaríamos de 7.080m2 de área de faixa de
filtro gramado ou e vala gramada. Podemos fazer combinações estruturais e não estruturais.

16-43
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 16- Reservatório de infiltração
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 30/maio/10

16.57 Bibliografia e livros consultados


-KNOXVILLE, 2003. Knoxville BMP Manual Stormwater Treatment. Maio, 2003.

16-44
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 17- Infiltração e condutividade K
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 15/04/09

Capitulo 17- Infiltração e condutividade hidráulica K


17.1 Introdução
A infiltração é o processo pelo qual a água das chuvas, da neve derretida ou da
irrigação penetra nas camadas superficiais do solo e se move para baixo em direção ao
lençol d’água (Rawls, et al in Maidment, 1993). A infiltração é um fenômeno complexo,
difícil de ser determinado com exatidão e que varia no tempo e no espaço.
A porosidade efetiva da mesma forma que a porosidade total é uma grandeza
adimensional e pode ser expressa em porcentagem.
Tabela 17.1 - Porosidade típica de alguns materiais mais usados
Material Porosidade
(%)
Pedras britadas (Blasted rock) 30
Pedras britadas uniformemente graduadas 40 (mais usado)
Pedras graduadas maiores que ¾”(19mm) 30
Areia 25
Pedregulho 15 a 25
Fonte: Urbonas, 1993

17.2 Lei de Darcy


Em 1856 estudando a permeabilidade na zona saturada, Henry Darcy concluiu que
para um filtro de área (A) comprimento (L), conforme a Figura (17.1) vale o seguinte:

Q= K x A x (h1- h2)/L (Equação 17.1)

Q= K x A x G (Equação 17.2)

Sendo:
Q= vazão constante que passa pelo cilindro (m3/s; m3/dia);
h1= carga hidráulica no piezômetro 1 (m) e
h2= carga hidráulica no piezômetro 1 (m) e
z1= cota do ponto P1 (m)
z2= cota do ponto P2 (m)
L= distância entre os piezômetros 1 e 2
A= área da seção transversal do cilindro (m2)
ΔH= variação da carga hidráulica entre os piezômetros 1 e 2
K= condutividade hidráulica (m/s; m/h; mm/h; m/dia)
G= gradiente hidráulico= (h1-h2)/L

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 17- Infiltração e condutividade K
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Figura 17.1 - Esboço esquemático do dispositivo usado por Darcy


Fonte: Hidrogeologia - conceitos e aplicações, 1996, p.3.

A equação de Darcy só vale para regime laminar.

Tabela 17.1 - Condutividade hidráulica K em função do tipo de solo


Tipo de solo K K
mm/h m/dia

Areia 210,06 4,96


Areia franca 61,21 1,45
Franco arenoso 25,91 0,61
Franco 13,21 0,31
Franco siltoso 6,86 0,16
Franco argilo arenoso 4,32 0,10
Franco argiloso 2,29 0,05
Franco argilo siltoso 1,52 0,04
Argila arenosa 1,27 0,03
Argila siltosa 1,02 0,02
Argila 0,51 0,01
Fonte: Febusson e Debo,1990 in Georgia Stormwater Manual, 2001

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Tabela 17.1B- Valores típicos da condutividade K baseado na estrutura do solo


Tipo de solo Condutividade K
(m/h)
Material de boa infiltração
Pedregulho 10 a 1000
Solo arenoso 0,1 a 100
Solo franco 0,01 a 1
Solo franco arenoso 0,05 a 0,5
Solo franco 0,001 a 0,1
Solo franco siltoso 0,0005 a 0,05
Material de calcário sedimentar (chalk 0,001 a 100
Solo franco argiloso arenoso 0,001 a 0,1
Material de baixa infiltração
Solo franco argiloso siltoso 0,00005 a 0,005
Solo argiloso <0,0001
Argila, areia depositada por geleira (Till) 0,00001 a 0,01
Rocha 0,000001 a 0,1
Fonte: CIRIA, 2007

17.3 Métodos para medir a infiltração


Os mais conhecidos são:
• Infiltrômetro de duplo anel
• Infiltrômetro
• Método da ABNT

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Infiltrômetro de duplo anel

Figura 17.2- Infiltrômetro de duplo anel.


Fonte: Villela e Mattos, 1975.

Para se obter em campo os parâmetros da fórmula de Horton deve ser usado o


infiltrômetro de duplo anel conforme Figura (17.2) e (17.3).
Aconselha-se que seja feito um teste para cada 0,7km2, ou seja, 1 teste para cada 70ha,
conforme Drenagem Urbana, 1986.

Figura 17.3 - Infiltrômetro de duplo anel conectado com aparato que mantém constante o nível de água em cada
anel.
Fonte: Dingman, 2002.

Wanielista, 1997 diz que o teste com infiltrômetro deve ser feito em área menor que
2.000m2 e cuidados especiais devem ser feitos para que os mesmos sejam representativos.
Conforme Martins e Paiva, 2001 o infiltrômetro de duplo anel consiste de dois anéis
concêntricos, o de menor com 25cm de diâmetro e o maior com diâmetro de 50cm. Ambos
com 30cm de altura. Devem ser instalados no solo com auxílio de marreta. Para isso, é
necessário que as bordas inferiores dos anéis devem ser finas, cortadas em forma de bisel,
para facilitar a penetração do solo causando a menor desestruturação possível.
Coloca-se água, ao mesmo tempo, nos dois anéis e, com uma régua graduada
acompanha-se a infiltração vertical do cilindro interno, em intervalos de 5, 10, 15, 20, 30,

17-4
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45, 60, 90, 120min, etc, que devem ser diminuídos se a velocidade de infiltração da água no
solo for muito alta.
A lâmina d água no cilindro interno é maior que no cilindro externo. Isto se deve ao fato
que a função do cilindro externo, é apenas a orientação das linhas de corrente.

Infiltrômetro
Uma maneira de quantificar a infiltração é através do Infiltrômetro da Figura (17.4)
que consiste em um tubo de PV de diâmetro interno de 102mm e 4mm de espessura, com
comprimento de 300mm, dentro do qual fica inserida amostra de solo indeformada do PET
conforme Hirata et al, 2006.
As amostras são obtidas pela cravação direta desses equipamentos no solo,
coletando-se assim o material sem deformá-lo consideravelmente.
Na sua extremidade inferior situa-se uma tampa afunilada (cap) receptora da água
que atravessa o perfil do solo e o frasco amostrador, conectado ao PVC por uma mangueira
de borracha, em direção ao qual se destina a água infiltrada. A amostra é sustentada por três
hastes metálicas conforme Hirata et al, 2006.

Figura 17.4 - Infiltrômetro

Hirata et al, 2006 concluíram que no aqüífero livre e raso do Parque Ecológico
localizado no município de São Paulo, os valores da recarga representam em media 27%
das precipitações ocorridas, sendo rápido o processo de recarga.
Concluíram que a recarga é rápida embora haja diferença na estação seca e chuvosa

Estimativas de taxas de infiltração


O Manual de Drenagem Urbana de Denver recomenda em estudos preliminares que
sejam usadas as taxas de infiltração da Tabela (17.2).
Tabela 17.2 - Estimativa de taxas de infiltração para estudos preliminares, recomendado pelo
manual de drenagem urbana de Denver.
Período de retorno da tormenta Primeira meia hora Segunda meia hora até o término
da tormenta
2 a 5 anos 25,4mm/h 12,7mm/h
10 a 100 anos 12,7mm/h 12,7mm/h
Fonte: Drenagem Urbana, 1986

17-5
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Rubem Porto, no livro de Drenagem Urbana, 1995 recomenda as seguintes


estimativas dos parâmetros de Horton e que constam do software denominado ABC4
conforme Tabela (17.3).

Tabela 17.3 - Estimativa de parâmetros da fórmula de Horton


Parâmetros da Classificação hidrológica do solo segundo o Soil Conservation Service (SCS)
fórmula de Horton Tipo A Tipo B Tipo C Tipo D
(mm/h) (mm/h) (mm/h) (mm/h)
f0 250 200 130 80
ff 25 13 7 3
k 2 2 2 2
Fonte: Porto, in Drenagem Urbana, 1995

Segundo McCuen, 1997 o valor de f0 é de 3 a 5 vezes o valor de ff e cita ainda que os


valores de k variam de 1/h até 20/h, enquanto que Akan,1993 cita que os valores de k
variam de 0,67/h até 49/h sendo que na ausência de dados deve ser usado 4,14/h, conforme
sugestão de Hubber e Dickinson, 1988.
Akan, 1993 recomenda que quando não se têm dados, pode-se estimá-los usando a
Tabela (17.4).
Tabela 17.4- Estimativa da taxa de infiltração final de Horton
Tipo de solo ff
(mm/h)
Solo argiloso com areia, silte e húmus 0 a 1,27mm/h
Solo arenoso argiloso 1,27mm/h a 3,81mm/h
Solo siltoso com areia, silte e húmus 3,81mm/h a 7,62mm/h
Solo arenoso 7,62mm/h a 11,43mm/h
Fonte: Akan,1993

Para efeitos práticos Tucci e Gens, 1995 admitem como valor mínimo de infiltração para plano de
infiltração, ou seja, filter strip ou faixa de filtro gramada, o valor f=8mm/h, conforme Tabela (17.5).

Tabela 17.5 - Tabela de infiltração


Tipo de solo Classificação do tipo de solo Infiltração mínima
conforme SCS (mm/h)
Areia A 50 a 200
Marga B 12,7 a 25
Sedimento margoso C 3,8 a 6,3
Argiloso D < 1,3
Fonte: Tucci em Gens in Drenagem Urbana, 1995

Conforme pesquisas feitas por Tucci e Gens, 1995 usando simulador de chuva, foi
determinado o escoamento superficial de diferentes superfícies urbanas que estão na Tabela
(17.6). Observar que um chão batido não é permeável como costumeiramente se pensa e
note-se que o escoamento superficial é maior no chão batido do que em blockets e
paralelepípedo novo ou antigo.

17-6
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Tabela 17.6 - Experimentos em superfícies urbanas de Genz, 1994.


Superfície Declividade Coeficiente de Taxa de Precipitação
(%) escoamento infiltração final simulada
C (mm/h) (mm/h)
Gramado 1a9 0,54 a 0,68 19 a 23 110 a 142
Chão batido 1,3 0,92 a 0,95 110 a 120
Paralelepípedo antigo 2 a 11 0,88 a 0,95 103 a 128
Paralelepípedo novo 4 0,58 a 0,63 18 a 23 114 a 124
Blockets 2 0,83 a 0,85 10 a 14 116 a 127
Fonte: Tucci e Gens in Drenagem, 1995.

O DNER no seu Manual de Drenagem mostra a Tabela (17.7).

Tabela 17.7 – Coeficientes de condutividade hidráulica K


Material Granulométrica Condutividade Hidráulica
K
(cm) (cm/s) (mm/h) (m/s)
Brita 5 7,5cm a 10cm 100 3600000 1
Brita 4 5 a 7,5 60 2160000 0,6
Brita 3 2,5 a 5 45 1620000 0,45
Brita 2 2 a 2,5 25 900000 0,25
Brita 1 1a2 15 540000 0,15
Brita 0 0,5 a 1 5 180000 0,05
Areia grossa 0,2 a 0,5 1 x 10-1 3600 0,001
Areia fina 0,005 a 0,04 1 x 10-3 36 0,00001
Silte 0,0005 a 0,005 1 x 10-5 0,36 1E-07
Argila Menor que 0,0005 1 x 10-8 0,00036 1E-10
Fonte: Manual de Drenagem do DNER, 1990
O software HydroCAD apresenta a Tabela (17.8) para estimativa da condutividade hidráulica.

Tabela 17.8 - Condutividade hidráulica usada no programa HydroCAD 7.1


Tipo de solo Condutividade hidráulica
(mm/h)
Solo arenoso 21
Solo margoso arenoso 6
Solo arenoso margoso 3
Solo margoso 1,3
Solo argilo margoso 0,3
Fonte: http://www.hydrocad.net/exfilt.htm.

As normas alemãs e a CIRIA- Construction Industry Research and Information Association da


Inglaterra apresentam a Tabela (17.9).

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Tabela 17.9 - Sugestões para valores da condutividade hidráulica K (mm/h)


Descrição do solo Normas alemãs Dados da CIRIA
Mínimo (mm/h) Máximo (mm/h) Mínimo (mm/h) Máximo (mm/h)
Pedregulhos grosso 33.000 100.000
Média e fino 3.600 18.000 10 1.000
pedregulhos
Pedregulho arenoso 1.000 10.000
Areia grossa 1.000 3.000
Areia média 200 1.000 0,1 100
Areia fina 36 360
Solo franco arenoso 0,01 1
Solo silto arenoso 1 100
Solo franco arenoso 0,005 0,05
Silte 0,03 20 0,0005 0,05
Solo siltoso 0,001 3,6
Solo argiloso 0,0001 0,01 0,00005 0,005
Fonte: Alan A. Smith and Tai D. Bui
(*) CIRIA= Construction Industry Research and Information Association- Londres

17.4 Coeficiente de infiltração segundo a NBR 7229/93.


A NBR 7229/93 de “Construção e Instalação de Fossas sépticas e disposição dos
efluentes finais” apresenta uma maneira prática de se estimar o coeficiente de infiltração
em litros/m2/dia conforme Botelho, 1998.
O método a ser aplicado é o seguinte:
• Na profundidade onde vai estar a vala de infiltração fazer três escavações com
formato de uma caixa paralelepípedo de 30cm x 30cm x 30cm.
• No dia anterior ao teste, encher as três caixas com água.
• No dia do teste encher as três caixas com água e deixar secar.
• Após secar, encher cada caixa com 15cm de água e medir o tempo que leva para
abaixar o nível de água de 1cm.
• Adotar o menor dos três tempos, que será o tempo padrão de infiltração do solo na
profundidade considerada.
• Com o tempo obtido entrar na Tabela (36) e achar o coeficiente de infiltração do
solo.
A Figura (12) mostra esquematicamente o paralelepípedo cujo lado é 30cm e o gráfico
para se obter o coeficiente de infiltração conforme Tanaka, 1986.
Podemos aproximadamente supor que ff= K= coeficiente de infiltração.

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Figura 17.5 - Gráfico para determinação do coeficiente de infiltração


Fonte: Tanaka, 1986

Tabela 17.10 - Coeficiente de infiltração em função do tempo em minutos


Tempo de infiltração para rebaixamento de 1cm Coeficiente de infiltração
(min) (litros/m2/dia ou mm/dia)
22 22
20 23
18 24
16 25
14 27
12 33
10 40
8 47
6 57
4 73
2 100
1 110
0,5 130
Fonte: Botelho, 1998

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Tabela 17.11 - Estimativa do coeficiente de infiltração de acordo com o tipo de solo local
Constituição provável do solo Coeficiente de infiltração
(litros/m2/dia ou mm/dia)
Rochas, argilas compactadas <20
Argilas de cor amarela ou marrom, medianamente compactas 20 a 40
Argila arenosa 40 a 60
Areia ou silte argiloso 60 a 90
Areia bem selecionada >90
Fonte: Botelho, 1998

Tanaka, 1986 mostra no seu livro de “Instalações Prediais hidráulicas e sanitárias” a Tabela (17.12).
As recomendações da NBR 7229/93 é que o comprimento das valas máximo seja de 30m e que o
fundo das mesmas esteja, no mínimo, a 1,5m do lençol freático.

Faixa de variação de areia e britas.

Tabela 17.12 - Faixa de variação de diâmetro dos grânulos das areias e britas
Material Tipo Variação do diâmetro
(mm)
Fina 0,075 a 0,42
Areia Média 0,42 a 1,20
Grossa 1,20 a 4,80
nº 1 4,80 a 12,5
nº 2 12,5 a 25
Pedra britada nº 3 25 a 50
nº 4 50 a 76
nº 5 76 a 100
Fonte: Tanaka, 1986

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17.5 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8
-HIRATA, RICARDO et al. Mecanismos de controle de recarga em aqüíferos
sedimentares livres. Estudo na bacia hidrográfica do Alto Tietê, São Paulo, Brasil. Revista
Brasileira de Recursos Hídricos, volume 11, número 3. ISSN 1414-381X, julho a setembro
de 2006.

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Capítulo 18- Escada hidráulica em obra de pequeno porte
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Escada hidráulica em obra de pequeno porte

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Capítulo 18- Escada hidráulica em obra de pequeno porte
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Introdução

As escadas hidráulicas são complexas. Existem métodos aproximados baseados na


fórmula de Manning e outros baseados no skimming flow em pesquisas em diversos países.
A tendência moderna é usar estes métodos mais sofisticados principalmente em
obras de grandes responsabilidades como vertedouro de barragem. Em obras de porte muito
pequeno podemos inclusive admitir métodos baseados na fórmula de Manning.
A idéia básica do autor é a utilização de método mais sofisticado para aplicação em
escadas hidráulicas de pequeno porte, isto é, aquelas que possuem vazão específica menor
que 8 m3/s/m.
Portanto, recomendamos o uso do Exemplo 18.3 que deverá ser usado como
modelo e que foi adaptado da dissertação de mestrado de Simões, 2008 de Escola
Engenharia de São Carlos da USP embora possa ser usado o Exemplo 18.10 baseado na
equação de Manning e escolha de degraus para escoamento em skimming flow.

Guarulhos, 10 de março de 2010

Plinio Tomaz
Engenheiro civil

18-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 18- Escada hidráulica em obra de pequeno porte
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Capítulo 18-Escada hidráulica em obra de pequeno porte

Item Assunto
18.1 Introdução
18.2 Ressalto hidráulico
18.3 Degrau vertical
18.4 Escada hidráulica com modelo de Chanson
18.5 Tipos básicos de escoamento em escada hidráulica
18.6 Energia de dissipação no pé da escada hidráulica
Exemplo Exemplo Modelo I- passos para cálculo da escada hidráulica em bacia de
18.3 dissipação de fundo plano Tipo I do USBR adaptado de Simões, 2008
18.7 Canal de aproximação
18.8 Pré-dimensionamento de escada hidráulica conforme Toscano, 1999
EPUSP
18.9 Bacias de dissipação
18.10 Rip-rap
18.11 Dimensionamento da escada hidráulica baseado na fórmula de Manning
18.12 Custos
18.13 Exemplo Modelo II usando Manning e escoamento em skimming flow
18.14 Bibliografia e livros consultados

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Capítulo 18- Escada hidráulica em obra de pequeno porte

18.1 Introdução
O objetivo deste trabalho é o dimensionamento de escada hidráulica em obra de
pequeno porte conforme Figura (18.1). Conforme Toscano, 1999, obra de pequeno porte
é aquela cuja vazão específica encontra-se compreendida entre 1,0 a 8,0 m3/s/m.
As escadas hidráulicas podem ser encontradas conforme Toscano, 1999 em projetos
de pequenos barramentos para abastecimento de água, obras para contenção de enchentes,
controle de erosões, canalizações de córregos e obras de drenagem em geral.
A norma DNIT 021/2004 define descida d’água como dispositivos que
possibilitam o escoamento das águas que se concentram em talvegues interceptados pela
terraplenagem, e que vertem sobre os taludes de cortes ou aterros. Nestas condições, para
evitar os danos da erosão, torna-se necessária a sua canalização e condução, através de
dispositivos, adequadamente construídos, de forma a promover a dissipação das
velocidades e com isto, desenvolver o escoamento em condições favoráveis até os pontos
de deságüe, previamente escolhidos.
Simões, 2008 salienta que para dimensionamento de grandes barragens com
vertedor em degraus é necessário serem feitos estudos em modelo reduzido, mas que
podemos fazer um pré-dimensionamento usando os cálculos que ele efetuou em sua
dissertação de mestrado

Figura 18.1- Escada hidráulica em obra de pequeno porte


Fonte: Chanson, 2002

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Capítulo 18- Escada hidráulica em obra de pequeno porte
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Salientamos a importância do regime de escoamento skimming flow em escada


hidráulica pois tende a apresentar menor custo tendo em vista que a mesma é estreita
podendo ser usada para re-oxigenação da água o que vem a aumentar a quantidade de
oxigênio dissolvido (OD).
Conforme Simões, 2008 estudo de Toombes, 2002 mostrou que canais em degraus
podem ser uma opção para remoção de componentes orgânicos em estações de tratamento
de esgotos sanitários.
As escadas hidráulicas são geralmente feitas em concreto armado moldado “in
loco” conforme norma do DNIT.
Esclarecemos que não iremos mostrar o dimensionamento de escada hidráulica
elaborado por Francisco Javier Dominguez feito em 1959 em Santiago no Chile. Para quem
tem interesse, poderá consultar o livro original ou verificar as notas de aula do prof. dr. K.
Tamada intitulado: PHD-511-Construções Hidráulicas de 1999 na Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo ou ainda a dissertação de mestrado do engenheiro Mauro
Toscano, EPUSP, 1999 ou os trabalhos do Engenheiro Acácio Eiji Ito- Projetos de degraus
e dissipadores de energia em canais.

18.2 Ressalto hidráulico


A escada hidráulica é um dissipador de energia e que tem sido usada há 2.300anos
conforme Chanson, 1996 que é considerado uns dos grandes pesquisadores no assunto.
Toscano, 1999 define dissipação de energia como o fenômeno hidráulico caracterizado pela
transformação da energia cinética contida no escoamento das águas, em energia de
turbulência, em seguida, em energia térmica devido ao efeito da agitação interna do fluido.
Esta transformação, conforme Toscano, 1999, se dá geralmente no pé das
estruturas e é obtida com maior intensidade quando se desenvolve no escoamento o
ressalto hidráulico.
Segundo Toscano, 1999 o ressalto hidráulico é um fenômeno caracterizado pela
passagem brusca do escoamento em regime rápido, a montante, para um regime lento a
jusante. A escada hidráulica com bacia de fundo plano onde provocamos o ressalto
hidráulico a dissipação de energia varia de 77% a 95%.
Na Figura (18.2) apresentamos as quatro formas de ressalto hidráulico que existem
de acordo com o número de Froude.
Iremos apresentar como funciona o degrau vertical

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Figura 18.2- Formas de ressalto hidráulico em fundo plano quando Fr ≤ 9. Quando 9<Fr≤17 temos que
por dissipador de energia com dentes como DNIT, 2006 ou outro escolhido pelo profissional.
Fonte: Peterka, 2005
O ressalto hidráulico com número de Froude até 9 conforme Figura (18.2) é
classificado pelo USBR como bacia de dissipação Tipo I, onde teremos o ressalto
hidráulico na bacia de dissipação de fundo plano.

18.3 Degrau vertical


Os degraus são dissipadores de energia e podem ser construídos em concreto,
gabiões ou pedra assentada com cimento e areia conforme Figura (18.3) e possuem uma
altura de aproximadamente 1,50m de altura. O degrau vertical não é uma escada hidráulica.
Não confundir o dimensionamento de uma escada hidráulica como veremos adiante
com o dimensionamento de um degrau vertical que possui somente um degrau.

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Figura 18.3- Esquema do degrau


Fonte: Ven Te Chow, Open Channels, 1985

Os degraus podem ser calculados usando o número de queda (drop number) Dn e


são válidos pára regime sub-crítico, isto é, aquele em que o número de Froude for menor
que 1. Conforme o livro de Drenagem Urbana, 1980 temos:
Dn= q2/ g x ho3
Ld= hox4,30 x Dn 0,27
y1= ho x 0,54 x Dn 0,425
y2= hox 1,66 x Dn 0,27
yp= hox1,00 x Dn 0,22
Sendo:
Dn= drop number (adimensional)
ho= altura do espelho do degrau (m)
g= aceleração da gravidade =9,81m/s2
q= descarga unitária por unidade de comprimento da crista da soleira (m3/s x m)
y1= profundidade ao pé da lâmina vertente ou no início do ressalto hidráulico (m)
y2= profundidade da água a jusante do ressalto (m)
yp= profundidade a jusante e junto ao pé do degrau (m)
Ld= comprimento de queda (distância desde o espelho do degrau até a posição da
profundidade y1)
De modo geral a altura do degrau é no máximo de 1,50m.
As profundidades y1 e y2 são denominadas de profundidades conjugadas.
Foi verificado experimentalmente que os pontos A, B e C estão alinhados numa
linha reta conforme Chow, 1985.
O número de Froude onde temos a altura y1 é:
F1=V1/ (g x y1)0,5
Conforme Peterka, 2005 o valor y2 será:
y2/y1 = -0,5 + (0,25 + 2x F12) 0,5
O comprimento do ressalto hidráulico L pode ser obtido pela Figura (18.4)
conforme Peterka, 2005 entrando com o número de Froude onde está a altura y1 e olhando-
se na curva escrita “recommended”.

18-8
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Capítulo 18- Escada hidráulica em obra de pequeno porte
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Figura 18.4- Comprimento do ressalto hidráulico L em função de y2


Fonte: Peterka, 2005

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Figura 18.5- Obter y2/y1 tendo o número de Froude em y1.


Fonte: Peterka, 2005

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A descarga por metro q é obtida da seguinte maneira:


q= Q/ B
B= largura do canal (m)
q= descarga por metro (m3/s x m)
Q= vazão no canal (m3/s)

Exemplo 18.1
Supomos um canal com largura de B=3,00m, vazão de 9m3/s, velocidade V=5m/s e altura
do degrau igual a 1,50m.
q= Q/ B
q= 9m /s/ 3m= 3m3/s x m
3

Adotando degrau com altura ho=1m


Dn= q2/ g x ho3 = 32/ 9,81 x 1,03=0,92
Ld/ ho= 4,30 x Dn 0,27=4,30 x 0,92 0,27=4,20,
y1/ho= 0,54 x Dn 0,425 =0,54 x 0,92 0,425 =0,52m
y1= ho x 0,52=0,52m
y2/ho= 1,66 x Dn 0,27 =1,66 x 0,92 0,27 =1,62m
y2=ho x 1,62=1,62m
yp/ho= 1,00 x Dn 0,22 =1,00 x 0,920,22 =0,98m
yp= ho x 0,98=0,98m

Cálculo do número de Froude em y1


y1=0,52m
q=3m3/sxm
B=3,00m
V=3/(3,00 x 0,52)=1,92m/s
F1=V1/ (g x y1)0,5
F1=1,92/ (9,81x 0,52)0,5= 0,85
Entrando na Figura (18.4) com F1=0,85 obtemos L/y2=4,0
L=4 x 1,62= 6,48m

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18.4 Escada hidráulica com modelo de Chanson


Vamos usar o modelo de Carlos A. Gonçales e Hebert Chanson da Austrália e que
foi publicada pela Dam Engineering Volume XVVII, Issue 4 página 223 a 244.
Primeiramente esclarecemos que o uso da escada hidráulica é muito antigo sendo
que foi construida na França entre 1830 a 1834 conforme Figura (18.6) e conhecida como a
barragem de Tillot onde foi construido numa área de captação de 5,5km2, altura da
barragem de 9,2m, capacidade de reservação 520.000m3.
Na Figura (18.7) temos a escada mais antiga conhecida e foi executada na Grécia há
2.300anos.

Figura 18.6-Barragem de Tillot

Figura 18.7- Barragem de Alkanania na Grecia 1300aC com altura de 10,5m, largura
do vertedor de 25m, ângulo de 45º, degraus com 0,60m a 0,90m

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Figura 18.8- Pesquisas em laboratório de escadas hidráulicas, com


ângulo de 30º, degrau de 0,05m, largura W=0,40m, dc/h=0,99. Ver o skimming
flow. Fonte: pesquisas na Universidade Nihon.

Figura 18.9-Barragem de Melton na Austrália

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Figura 18.10- Esquema de escada hidráulica. Observar Hmax, a altura d e conjugado dconj.

Figura 18.11- Esquema de escada hidráulica com regime de escoamento nappe flow
Fonte: Chanson, 1996

Figura 18.12- Esquema de escada hidráulica q= 0,11m3/sxm

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Figura 18.13- Esquema de escada hidráulica com regime de escoamento skimming flow
Fonte: Chanson, 1996

Figura 18.14- Esquema de escada hidráulica com o fundo falso

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Figura 18.15- Esquema de escada hidráulica

Figura 18.16- Regime de escoamento nappe flow. Observar região vazia


no degrau.

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Figura 18.17- Regime de escoamento skimming flow. Observar os vórtices junto


ao degrau e o pseudo fundo.

Chanson afirma que no regime skimming flow desenvolvem-se vórtices abaixo do


pseudo fundo (alinhamento formado pelas extremidades externas dos degraus) que são
mantidos pela transmissão da tensão tangencial do fluido escoando pelas extremidades dos
degraus.
A dissipação da energia causada pelos degraus pode reduzir significativamente o
tamanho e o custo da bacia de dissipação necessária na base do vertedouro, comparada com
uma calha convencional de concreto (calha lisa).
Portanto, na escada hidráulica temos um regime especial de escoamento
denominado skimming flow que é complexo e dependente de inúmeras pesquisas ainda em
desenvolvimento.

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Inclinação da escada hidráulica


As escadas hidráulicas com regime de escoamento skimming flow tem ângulo de
inclinação variando de 10º a 55º.

Altura do degrau para regime de escoamento skimming flow


A altura do degrau é também chamada de espelho do degrau e varia de 0,2m a
0,90m. Uma opção é usar degraus com 0,20m; 0,40m; 0,60m; 0,80m e 1,00m, por exemplo.
A relação da altura crítica dc com a altura do espelho “h” está no intervalo:
1,0 <dc/h < 3,2
É dificil definir a altura do degrau em relação a dissipação de energia. Parece haver
poucas diferenças na escolha da altura do degrau.
Entretanto conforme USBR, 2006 Stephenson, 1991 informa que:
• Melhor altura: 1V: 1,43H
• Pior altura: 1/3 x dc.

Altura crítica
A altura crítica da água no canal que chega a água para a escada hidráulica é dada
pela equação:
dc= [Q 2/ (g B2)](1/3)
dc= [q 2/ (g)](1/3)
Sendo:
dc= altura crítica do canal no início da escada hidráulica (m)
Q= vazão total (m3/s)
B= largura da escada hidráulica (m)
g= aceleração da gravidade = 9,81m/s2

Largura da escada hidráulica B


Não existe recomendação para a largura da escada hidráulica em se tratando de
tubos é estimada no mínimo:
B≥ 2,0 x D
Sendo:
B= largura da escada hidráulica e largura do canal no início da escada (m)
D= diâmetro do tubo (m)

Altura do nível de água na escada d


A altura do nível de água “d” conforme Boes e Hager, 2003 in USBR, 2006
podemos ter:
d= dc [ fe/ (8x senθ)] (1/3)
Sendo:
d= altura da água na base ou o valor y1 (m)
dc= altura crítica da água no canal que entra na escada hidráulica (m)
fe=0,2 coeficiente de atrito da fórmula de Darcy-Weisbach. Valor experimental.

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Velocidade máxima
A velocidade máxima Vmax na escada hidráulica pode ser aproximadamente dada
pela equação:
Vmax= [ 2 x g x (Hmax- d x cos (θ)] 0,5
Sendo:
Vmax= velocidade máxima na escada hidráulica (m/s)
g= aceleração da gravidade = 9,81m/s2
Hmax= altura máxima da escada hidráulica incluso a altura crítica (m)= Hdam+1,5x dc
Hdam= altura da barragem ou desnível do topo da escada até o pé (m) conforme Figura
(18.18)
dc= altura crítica do canal no topo da escada hidráulica (m)
d= altura do nível da água na escada hidráulica (m)
A velocidade no pé da escada hidráulica Vw ou V1é menor que a velocidade
máxima Vmax.

Figura 18.18
Fonte: Chanson, 2006

Velocidade média V1
Chanson calcula a velocidade no pé da escada hidráulica:
V1= q/d
Sendo:
V1= velocidade no pé da escada hidráulica (m/s)
q= Q/B (m3/s / m)
Q= vazão de pico (m3/s)
B= largura da escada hidráulica (m)
d= altura do nível da água na escada hidráulica (m)
Nota: a velocidade média calculada deste modo fornece valores altos demais.

Aeração
Conforme Povh, 2000 a aeração média do ar pode ser obtida através de:
C= 0,368 log (sen θ/ q (1/5)) + 0,665
Sendo:
C= concentração média do ar que é o volume de ar/ (volume de ar + volume de água)
q= vazão específica (m3/s/m)

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Exemplo 18.2
Calcular a concentração média de ar C
Q= 5m3/s
B= 2,25m largura da escada
q= Q/B= 5/2,25=2,22 m3/s /m
θ =14,23º
C= 0,368 log (sen θ/ q (1/5)) + 0,665
C= 0,368 log (sen 14,23º/ 2,221/5)) + 0,665=0,42

Equação de Balanger do ressalto hidráulico na bacia de dissipação de fundo plano


Conforme Povh e Tozzi:
h1= h2/2 [( 1 + 8 Fr2 2 )0,.5 - 1]
Fr2 2= q2/ (g x h2 3)

Uma outra apresentação de Fr


Conforme USBR, 2006:
Fr= q/ (g x senθ x k3)0,5
k= h x cosθ

Largura do patamar do degrau b


Não existe nenhuma recomendação para a largura do degrau.
Vamos chamar largura do degrau de b.
b= h / tg (θ)
θ= arctan(h/b)
Sendo:
b= largura do degrau (m)
h= altura do degrau (m)
θ= ângulo do degrau

Coeficiente de atrito f da fórmula de Darcy-Weisbach


As pesquisas feitas por Chanson sugeriram a espressão:
f= (2/ 3,1416 0,5) x (1/K)
Devido a mistura de ar-água foi observado que quando K=6 a velocidade varia de
2m/s a 8m/s e o valor de f varia de 0,17 a 0,30 atingindo um valor médio f=0,2 que pode
ser aplicado quando K=12.

18.5 Tipos básicos de escoamento em escada hidráulica


Em escada hidráulica temos três tipos de escoamentos:
• Escoamento em quedas sucessivas (nappe flow)
• Escoamento deslizante sobre turbilhões (skimming flow)
• Escoamento intermediário ou misto (zona de transição)
No regime denominado nappe flow as vazões são baixas e o gradiente também é
baixo e a água cai de um degrau para o outro de uma maneira pulsante. Forma-se o ar nos
degraus.

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Figura 18.19- Escoamento nappe flow (com quedas sucessivas)

Figura 18.20- Degraus com queda sucessiva (nappe flow) em gabiões

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Figura 18.21- Regimes de escoamento. Observar que no nappe flow existe um vazio no
degrau enquanto que no regime skimming flow há um vórtice no lugar. Verificar a
existência de um regime intermediário que não é aconselhável na prática devido a
instabilidade.

Figura 18.22- Regimes de escoamento para uso em escada hidráulica para


barragens, que não é o nosso estudo. Observar no perfil a esquerda a inclinação da
barragem.

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Figura 18.23- Skimming flow. Notar que no degrau se formam vórtices e que há
uma espécie de fundo falso que passa pela borda superior dos degraus por onde corre
as águas.

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Figura 18.24- Classificação do escoamento em escada hidráulica baseado em hc/L e S,


sendo S=altura do espelho da escada e L o comprimento do patamar.
Fonte: Chanson, 1996

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Figura 18.25- Vários tipos de escoamento. Observar qeu na figura superior temos um
degrau com o ressalto e nas figuras abaixo temos escoamento em regime skimming
flow. Fonte: Chanson, 1996

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Velocidade média ao pé da escada


O número de Froude onde temos a altura y1 é:
F1=V1/ (g x y1)0,5
Para isto é usada a Figura (18.26).
Pela equação da continuidade:
q= V1 x y1 = V2 x y2
V1 e V2= velocidades na seção 1 e 2 respectivamente (m/s)
y1 e y2= altura do nível de água na seção 1 e 2 respectivamente (m)

Figura 18.26- Conjugados hidráulicos

Conforme Peterka, 2005 temos:


y2= 0,5y1 x [( 1 + 8xFr2) 0,5 -1]
Na secção 1 a água estará misturada com o ar, enquanto que na seção y2 a água não
será mais misturada com o ar e será o que é chamado “clear water” ou seja, água clara, água
limpa. As seções 1 e 2 formarão os conjugados y1 e y2.
A seção y1=d

Figura 18.27-Esquema de escada hidráulica + bacia de dissipação de fundo plano (Tipo I do USBR)

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18.6 Energia de dissipação no pé da escada hidráulica


Vamos usar a equação de Boes e Hager, 2003 conforme citado por Simões, 2008. A
equação tem base experimental e teórica.
ΔH/ Hmax = 1- exp [(-0,045 (k/DH) 0,1 x (sen(θ)]-0,8)x Hdam/dc]
Para Hdam/dc < 15 a 20
Sendo:
ΔH= variação de altura (m)
θ= ângulo da escada hidráulica (graus ou radianos)
dc= altura crítica (m)
Hdam= altura do desnível da escada hidráulica (m)
ΔH/ Hmax =dissipação da energia na escada hidráulica (fração)
k= h x cos (θ)
h= altura do degrau (m)
DH= raio hidráulico (m)
Os autores sugerem que quando o escoamento é uniforme podemos calcular DH
usando do e dA.
do= dc x 0,215 x (sen(θ))-1/3
Quando não atingir o movimento uniforme temos que fazer uma interpolação linear entre a
profundidade uniforme do e a profundiade no ponto de incipiência da aeração dA. Na
prática uso a média dos dois valores.
dA
do
d1= (dA+do)/2
DH= 4 x d1
Toscano, 1999 em sua conclusão da dissertação de mestrado na EPUSP informa que
se faz necessário que a escada hidráulica tenha à jusante um dispositivo para a formação do
ressalto hidráulico. Este dispositivo pode ser plano como a bacia tipo I do USBR ou a
execução de um rebaixo como procede o DAEE.
O comprimento deste ressalto seja no mínimo de 8m para vazões de 1,0m3/s/m a
6m3/s/m com dissipação de energia de 77% a 95%.

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Exemplo Modelo I- Passos para cálculo da escada hidráulica com bacia de dissipação
de fundo plano (bacia de dissipação Tipo I do USBR) conforme Figura (18.27) e
adaptado de Simões, 2008 que utilizou Boes e Hager, 2003.

Primeiro passo: calcular a vazão de pico Q e o D usando o Método Racional para período
de retorno de 10anos.
Q= Cx I x A/ 360
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8
Sendo:
C= coeficiente de runoff (adimensional)
A=área da bacia (ha)
Q=vazão de pico m3/s;
n=0,013;
S=0,005 m/m
D= diâmetro da tubulação a seção plena (m)
Intensidade da chuva “I”
Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I=intensidade da chuva (mm/h)
Tr= período de retorno (anos). Para microdrenagem adotar Tr≥10anos
t= tempo de concentração (min)

Segundo passo: estimar a largura da escada hidráulica B multiplicando o diâmetro D por


2,0. É uma estimativa boa para termos um regime de escoamento skimming flow.
B≥2,0 x D

Terceiro passo: calcular a altura do degrau “h” que é função da altura crítica dc para o
regime de escoametno skimming flow que desejamos.
1,0 < dc/h < 3,2
O valor de dc/h deverá estar entre 1,0 e 3,2. Para acharmos o valor da altura do
degrau h temos que ver a diferença de nível, o comprimento da projeção do local L.
Um valor médio é h=dc/2,2.

Podemos adotar o valor “z” da declividade dos degraus: 1 V : z H.


O valor de “z” acompanha a declividade do talude existente.

Valores da declividade: 1V:1H; 1V:2H, 1V:3H e 1V: 4H ou outro valor qualquer.


b= z x h

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Quarto passo: vazão específica


q= Q/B
Sendo:
q= vazão específica (m3/s /m)
Q= vazão de pico (m3/s)
B= largura da escada (m)

Quinto passo: calcular a algura crítica da água dc que entra na escada hidráulica.
dc= [Q 2/ (g B2)] (1/3)
dc= [q 2/ g] (1/3)

Sexto passo: cálculo do ângulo θ que é o ângulo de inclinação da escada hidráulica.


arctan (altura do degrau/ comprimento do degrau)= arctan( h/ b)=θ
Podemos obter o ângulo em graus ou radianos.

Sétimo passo: Verificar se o regime de escoamento é skimming flow.


Conforme Chanson, 2002 podemos classificar o regime de escoamento de uma
escada hidráulica da seguinte maneira:
Se dc/h> 0,91-0,14 x h/b então o regime de escoamento é skimming flow
Válida para 25º<θ<55º

Chanson, 2006 propos nova condição para termos skimming flow:


Se dc/h> 1,1-0,40 x h/b então o regime de escoamento é skimming flow
Válida para h/b na faixa de 0,15 a 1,4

Caso contrário será regime de transição ou nappe flow.


É interessante sabermos qual a vazão específica em que teremos o regime nappe flow.
Como temos d/h=0,91 -0,14x h/b
Usando dc= [q 2/ g ] (1/3)
Acharemos o valor de “q” que se for menor que qo teremos regime nappe flow.
qo=[( 0,91-0,14 x h/b) x h x g 1/3] (3/2)

Oitavo passo: calcular o número de Froude.


Fr= q/ (g x senθ x h3) 0,5

Nono passo: calcular a posição LA do início da aeração


LA= [5,90xdc (6/5)]/ [(senθ) 7/5 x h1/5]
Sendo:
LA= posição do início da aeração desde o topo da escada hidráulica (m)
dc= altura crítica (m)
h= altura do degrau (m)
θ= ângulo de degrau (rad ou graus)

Décimo passo: cálculo da altura água e ar do escoamento bifásico


yA= 0,4 xh x F 0,6
Sendo:

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yA= altura do nível de água e ar (m)


F= número de Froude

Décimo primeiro passo: cálculo da velocidade do escoamento bifásico (água + ar) na


posição LA.
V(yA)= q/yA
Sendo:
V(yA)= velocidade na posição de yA (m/s)
q= vazão por m3/s/m
yA= altura da água + ar (m)

Décimo segundo passo: cálculo da concentração média de ar no ponto de incipiência


da aeração.
Ci= 0,0012 x (240º - θ)
Sendo:
Ci= concentração média de de ar na água no ponto de incipiência
θ=ângulo da escada hidráulica em graus

Décimo terceiro passo: cálculo da profundidade somente da água no ponto de incipiência


de aeração.
dA= yA x (1- Ci)
Sendo:
dA=profundidade somente da água no ponto de incipiência de aeração (m)
yA= altura da água + ar (m)
Ci= concentração média de de ar na água no ponto de incipiência
A altura dA será menor que yA, pois é somente da água.

Décimo quarto passo: cálculo da velocidade da água no ponto de incipiência


V(dA)= q/dA
Sendo:
V(dA)= velocidade da água no ponto de incipiência (m/s)
q= vazão em m3/s/m
dA=profundidade somente da água no ponto de incipiência de aeração (m)

Décimo quinto passo: comparar a velocidade da água no ponto de incipiência com a


velocidade crítica de cavitação.
Vcr= 16,29 + 9,91/ { 1+ exp[(x/LA -0,60) x (1/0,23]}
Sendo:
Vcr= velocidade crítica acima da qual há o fenômeno da cavitação (m/s).
LA= posição do início da aeração desde o topo da escada hidráulica (m)
x= posição ao longo da calha (m)
0,35 x LA ≤ x ≤ 1,20x LA
Teremos a velocidade maior quando x=0,35 x LA
Se a velocidade V(dA) for menor que Vcr então não haverá cavitação.

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Figura 18.1- Efeito da cavitação no bloco de concreto

Décimo sexto passo: cálculo da distância vertical para ocorrência do movimento uniforme
(ou quase-uniforme).
H dam_u= 24 x dc x (senθ) 2/3
Sendo:
H dam_u= distância vertical para ocorrência do movimento uniforme ou quase-uniforme.
dc= altura crítica (m)
θ= ângulo de degrau (rad ou graus)
Se a distância Hdam_u for maior que Hdam, significará que a altura requerida é
superior a altura do desnível que temos e então não se formará o movimento uniforme ou
quase-uniforme.

Décimo sétimo passo: cálculo da profundidade do movimento uniforme, caso a altura


fosse suficientemente longa.
Vamos achar uma profundidade equivalente do.
do= dc x 0,215 x (sen θ) -1/3
Sendo:
do= profundidade do escoamento uniforme apenas da água (m)
dc= altura crítica ((m)
θ= ângulo de degrau (rad ou graus)

Décimo oitavo passo: cálculo da altura da mistura água-ar.


d90,0= h x 0,5 x F (0,1x tanθ +0,5)
Sendo:
d90,0= altura água e ar (m)
h= altura do degrau (m)

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Capítulo 18- Escada hidráulica em obra de pequeno porte
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θ= ângulo de degrau (rad ou graus)


F= número de Froude

Décimo nono passo: cálculo da concentração média de ar no escoamento uniforme


Cu= 1 – do/ d90,0
Sendo:
Cu= concentração média de ar no escoamento uniforme
do= profundidade do escoamento uniforme apenas da água (m)
d90,0= altura água e ar (m)

Vigésimo passo: escolha do valor d1 médio


d1= (do + dA)/2
O valor de d1 é obtido pela média entre do e dA.

Vigesimo primeiro passo: cáalculo da velocidade V1


V1= q/ d1
Sendo:
V1= velocidade (m/s)
q= vazão específica (m3/s/m)
d1= profundidade média (m)

Vigesimo segundo passo: cálculo do número de Froude F1


F1=V1/ (g x d1)0,5
Sendo:
F1= número de Froude em 1
V1= velocidade em 1 (m/s)
g=9,81m/s2
d1= altura média (m)

Vigésimo terceiro passo: cálculo do conjugado y2 na bacia de dissipação de fundo plano


Tipo I do USBR
y2= 0,5y1 x [( 1 + 8xF12) 0,5 -1]
Sendo:
y2= valor do conjugado de y1 no bacia de dissipação de fundo plano (m)
y1= d1
F1.= número de Froude em (1).

Vigésimo quarto passo: cálculo do comprimento Lj da bacia de dissipação de fundo plano


Tipo I do USBR.
Lj= 7,02 x q 0,633 x Hdam 0,05
Sendo:
Lj= comprimento da bacia de dissipação de fundo plano (m)
q= vazão específica (m3/s /m)
Hdam= desnível entre o topo e o fim da escada (m)

Vigesimo quinto passo: cálculo da dissipação da energia na escada hidraulica somente.

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Vamos usar a equação de Boes e Hager, 2003 conforme citado por Simões, 2008. A
equação tem base experimental e teórica.
ΔH/ Hmax = 1- exp [(-0,045 (k/DH) 0,1 x (sen(θ)]-0,8)x Hdam/dc]
Para Hdam/dc < 15 a 20
Sendo:
ΔH= variação de altura (m)
θ= ângulo da escada hidráulica (graus ou radianos)
dc= altura crítica (m)
Hdam= altura do desnível da escada hidráulica (m)
ΔH/ Hmax =dissipação da energia na escada hidráulica (fração)
k= h x cos (θ)
h= altura do degrau (m)
DH= raio hidráulico (m)
Os autores sugerem que quando o escoamento é uniforme podemos calcular DH
usando do e dA.
do= dc x 0,215 x (sen(θ))-1/3
Quando não atingir o movimento uniforme temos que fazer uma interpolação linear entre a
profundidade uniforme do e a profundiade no ponto de incipiência da aeração dA. Na
prática uso a média dos dois valores.
dA
do
d1= (dA+do)/2
DH= 4 x d1

Vigésimo sexto passo: estimativa do cálculo energia dissipada somente no ressalto da


bacia de dissipação de fundo plano.
Consultando a Figura (18.28) de Peterka, 2005 entrando com F1 achamos no gráfico
perda de energia na curva à esquerda EL/E1.
Como as perdas de energia (energia dissipada) estão em série a perda total será:
Energia total dissipada = 1- [(1-perda na calha) x(1-perda no ressalto)]

Vigésimo sétimo passo: estimativa da dissipação de energia da escada hidraulica+ bacia de


dissipação de fundo plano Tipo I do USBR.
Usamos a equação da Figura 65 para escada 1:3 que nos fornece a estimativa da
dissipação da energia de todo o sistema baseado na vazão específica (m3/s/m) valendo até
8m3/s/m.
ΔE= 0,2111xq2 – 3,7286 x q + 7,101
Sendo:
ΔE=estimativa da dissipação de energia da escada + bacia de dissipação de fundo plano (%)
q= vazão específica (m3/s/m) ≤ 8m3/s/m

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Figura 18.28- Perda de energia no ressalto hidráulico na bacia de dissipação de fundo


plano Tipo I do USBR. Consultar a curva à esquerda EL/E1.
Fonte: Peterka, 2005

Vigésimo oitavo passo: estimativa do comprimento de transição vai do final do tubo até o
início da escada. Geralmente é um alargamento com base de trapezio igual ao diâmetro do
tubo D e base maior que é a largura da escada B.
F= V/ (2 x g x h)0,5
Sendo:
F= número de Froude
g=9,81m/s2
h=altura do nível de água na tubulação (m)
O comprimento de transição que vai do final do tubo até o início da escada Lt é dado
pela equação:
Lt= (3xF)x(B-D)/2
Sendo:
Lt= comprimento de transição que vai do final do tubo até o início da escada (m)
F= número de Froude
B= largura da escada hidráulica (m)
D= diâmetro do tubo (m)

Vigésimo nono passo: rip-rap em avental na saida da bacia de dissipação Tipo I do USBR.

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D50= 0,0413 x V2
Sendo:
D50= diâmetro da pedra (m) para densidade 2,65 g/cm3
V=velocidade na saída (m/s)

Comprimento do avental La
La= D [ 8 + 17 x log (F)]
Sendo:
La=altura do trapézio (m)
D= diâmetro do tubo (m)
F= número de Froude (adimensional)

Espessura do rip-rap
A espessura será: 3,5 x D50

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Exemplo 18.3- Passos para cálculo da escada hidráulica com bacia de dissipação de
fundo plano Tipo I da USBR conforme Figura (18.27) e adaptado de Simões, 2008.
Sendo D=1,5m; Q=5m3/s; n=0,013 e S=0,005m/m

Primeiro passo: calcular a vazão de pico Q e o D usando o Método Racional para período
de retorno de 10anos.
Q= Cx I x A/ 360

Para seção plena temos: D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8


Sendo:
C= coeficiente de runoff (adimensional)
A=área da bacia (ha)
Q=vazão de pico m3/s;
n=0,013;
S=0,005 m/m
D= diâmetro da tubulação a seção plena (m)
Intensidade da chuva “I”
Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I=intensidade da chuva (mm/h)
Tr= período de retorno (anos). Para microdrenagem adotar Tr=10anos
t= tempo de concentração (min)

Segundo passo: estimar a largura da escada hidráulica B multiplicando o diâmetro D por


2,0. É uma estimativa boa para termos um regime de escoamento skimming flow.
B≥2,0 x D
B= 2 x 1,5=3,00m

Terceiro passo: calcular a altura do degrau “h” que é função da altura crítica dc para o
regime de escoametno skimming flow que desejamos.
1,0 < dc/h < 3,2
O valor de dc/h deverá estar entre 1,0 e 3,2. Para acharmos o valor da altura do
degrau h temos que ver a diferença de nível, o comprimento da projeção do local L.
O cálculo de dc está no Quarto Passo.
Um valor médio é h=dc/2,2=0,66/2,2= 0,30m
Podemos adotar o valor “z” da declividade dos degraus: 1 V : z H
Valores da declividade: 1V:1H; 1V:2H, 1V:3H e 1V: 4H ou outro valor qualquer.
b= z x h
Escolhemos z= 2
b= z x h
b= 2 x 0,30=0,60m

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Quarto passo: vazão por metro linear


q= Q/B= 5/3=1,67m3/s/m
Sendo:
q= vazão por metro linear (m3/s /m)
Q= vazão de pico (m3/s)
B= largura da escada (m)

Quinto passo: calcular a algura crítica da água dc que entra na escada hidráulica.
dc= [Q 2/ (g B2)] (1/3)
dc= [5 2/ (9,81x 3,02)] (1/3)
dc=0,66m

Sexto passo: cálculo do ângulo θ que é o ângulo de inclinação da escada hidráulica.


arctan (altura do degrau/ comprimento do degrau)=arctan( 0,30/0,60)=θ= 26,56º=0,46rad

Sétimo passo: Verificar se o regime de escoamento é skimming flow.


Se dc/h> 0,91-0,14 x h/b=0,91-0,14 x 0,30/0,60=0,84
Mas dc/h= 0,66/ 0,30=2,2 > 0,84 portanto temos regime de escoamento skimming
flow.

qo=[( 0,91-0,14 x h/b) x h x g 1/3] (3/2)


qo=[( 0,84) x 0,30 x 9,81 0,33] (3/2) = 0,38 m3/s/m
Como q>qo então teremos escoamento em skimming flow.

Oitavo passo: calcular o número de Froude.


Fr= q/ (g x senθ x h3) 0,5
Fr= 1,67/ (9,81 x sen26,56º x 0,33) 0,5
Fr=4,88

Nono passo: calcular a posição LA do início da aeração


LA= [5,90xdc (6/5)]/ [(senθ) 7/5 x h1/5]
LA= [5,90x0,66 (6/5)]/ [(sen26,56º) 7/5 x 0,301/5]=13,00m
Sendo:
LA= posição do início da aeração desde o topo da escada hidráulica (m)
dc= altura crítica (m)
h= altura do degrau (m)
θ= ângulo de degrau (rad ou graus)

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Décimo passo: cálculo da altura água e ar do escoamento bifásico


yA= 0,4 x h x F 0,6
yA= 0,4 x 0,30 x 4,88 0,6=0,31m
Sendo:
yA= altura do nível de água e ar (m)
F= número de Froude

Décimo primeiro passo: cálculo da velocidade do escoamento bifásico (água+ar) na


posição LA.
V(yA)= q/yA=1,67 / 0,31=5,39m/s
Sendo:
V(yA)= velocidade na posição de yA (m/s)
q= vazão por m3/s/m
yA= altura da água + ar (m)

Décimo segundo passo: cálculo da concentração média de ar no ponto de incipiência da


aeração.
Ci= 0,0012 x (240º - θ)
Ci= 0,0012 x (240º - 26.56º)=0,23
Sendo:
Ci= concentração média de de ar na água no ponto de incipiência
θ=ângulo da escada hidráulica em graus

Décimo terceiro passo: cálculo da profundidade somente da água no ponto de incipiência


de aeração.
dA= yA x (1- Ci)
dA= 0,31 x (1- 0,23)=0,23m
Sendo:
dA=profundidade somente da água no ponto de incipiência de aeração (m)
yA= altura da água + ar (m)
Ci= concentração média de de ar na água no ponto de incipiência
A altura dA será menor que yA, pois é somente da água.

Décimo quarto passo: cálculo da velocidade da água no ponto de incipiência


V(dA)= q/dA = 1,67/0,23=7,25m/s
Sendo:
V(dA)= velocidade da água no ponto de incipiência (m/s)
q= vazão em m3/s/m
dA=profundidade somente da água no ponto de incipiência de aeração (m)

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Décimo quinto passo: comparar a velocidade da água no ponto de incipiência com a


velocidade crítica de cavitação.
Vcr= 16,29 + 9,91/ { 1+ exp[(x/LA -0,60) x (1/0,23]}
Sendo:
Vcr= velocidade crítica acima da qual há o fenômeno da cavitação (m/s).
LA= posição do início da aeração desde o topo da escada hidráulica (m)
x= posição ao longo da calha (m)
0,35 x LA ≤ x ≤ 1,20x LA
Teremos a velocidade maior quando x=0,35 x LA=0,35 x 13,99=4,9m
Se a velocidade V(dA) for menor que Vcr então não haverá cavitação.
Vcr= 16,29 + 9,91/ { 1+ exp[(4,9/13,99 -0,60) x (1/0,23]}=23,70m/s
Como VdA < Vcr então não há cavitação

Décimo sexto passo: cálculo da distância vertical para ocorrência do movimento uniforme
(ou quase-uniforme).
H dam_u= 24 x dc x (senθ) 2/3
H dam_u= 24 x 0,66 x (sen26,56º) 2/3 =9,21m
Sendo:
Hdam_u= distância vertical para ocorrência do movimento uniforme ou quase-uniforme.
dc= altura crítica (m)
θ= ângulo de degrau (rad ou graus)
Se a distância Hdam_u for maior que Hdam, significará que a altura requerida é
superior a altura do desnível que temos e então não se formará o movimento uniforme ou
quase-uniforme.
Como 9,21m>5m então não se formará movimento uniforme ou quase-uniforme.

Décimo sétimo passo: cálculo da profundidade do movimento uniforme, caso a altura


fosse suficientemente longa.
Vamos achar uma profundidade equivalente do.
do= dc x 0,215 x (sen θ) -1/3
do= 0,66 x 0,215 x (sen 26.56º) -1/3=0,18m
Sendo:
do= profundidade do escoamento uniforme apenas da água (m)
dc= altura crítica (m)
θ= ângulo de degrau (rad ou graus)

Décimo oitavo passo: cálculo da altura da mistura água-ar.


d90,0= h x 0,5 x F (0,1x tanθ +0,5)
d90,0=0,30 x 0,5 x 4,88 (0,1x tan26,56º +0,5) =0,36m
Sendo:
d90,0= altura água e ar (m)
h= altura do degrau (m)
θ= ângulo de degrau (rad ou graus)
F= número de Froude

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Décimo nono passo: cálculo da concentração média de ar no escoamento uniforme


Cu= 1 – do/ d90,0 = 1-0,18/0,36=0,48
Sendo:
Cu= concentração média de ar no escoamento uniforme
do= profundidade do escoamento uniforme apenas da água (m)
d90,0= altura água e ar (m)

Vigésimo passo: escolha do valor d1 médio


d1= (do + dA)/2= (0,18+0,36)/2=0,21m
O valor de d1 é obtido pela média entre do e dA.

Vigesimo primeiro passo: cálculo da velocidade V1


V1= q/ d1 = 1,67/0,21=8,04m/s
Sendo:
V1= velocidade (m/s)
q= vazão por metro (m3/s/m)
d1= profundidade média (m)

Vigesimo segundo passo: cálculo do número de Froude F1


F1=V1/ (g x d1)0,5
F1=8,04/ (9,81 x 0,21)0,5 =5,12
Sendo:
F1= número de Froude em (1)
V1= velocidade em (1) (m/s)
g=9,81m/s2
d1= altura média (m)

Vigésimo terceiro passo: cálculo do conjugado y2 na bacia de dissipação de fundo plano


Tipo I do USBR
y2= 0,5y1 x [( 1 + 8xF12) 0,5 -1]
y2= 0,5x0,21 x [( 1 + 8x5,122) 0,5 -1]=1,40m conjugado
Sendo:
y2= valor do conjugado de y1 no bacia de dissipação de fundo plano (m)
y1= d1=0,21m
F1= número de Froude em (1).

Vigésimo quarto passo: cálculo do comprimento Lj da bacia de dissipação de fundo plano


Tipo I do USBR.
Lj= 7,02 x q 0,633 x Hdam 0,05
Lj= 7,02 x 1,67 0,633 x 5 0,05=10,51m
Sendo:
Lj= comprimento da bacia de dissipação de fundo plano (m)
q= vazão por metro (m3/s /m)
Hdam= desnível entre o topo e o fim da escada (m)

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Vigésimo quinto passo: cálculo da energia dissipada na escada hidráulica


Vamos usar a equação de Boes e Hager, 2003 conforme citado por Simões, 2008. A
equação tem base experimental e teórica.
ΔH/ Hmax = 1- exp [(-0,045 (k/DH) 0,1 x (sen(θ)]-0,8)x Hdam/dc]
Para Hdam/dc < 15 a 20
Sendo:
ΔH= variação de altura (m)
θ= ângulo da escada hidráulica (graus ou radianos)
dc= altura crítica (m)
Hdam= altura do desnível da escada hidráulica (m)
ΔH/ H max =dissipação da energia na escada hidráulica (fração)
h= altura do degrau (m)
DH= raio hidráulico (m)

θ= 26,56º ângulo da escada hidráulica


dc= 0,66m=altura crítica (m)
H dam= 5,0m=altura do desnível da escada hidráulica (m)
Para Hdam/dc < 15 a 20
Hdam/dc= 5,00/0,66= 7,.6 <15 OK
k= h x cos (θ)
k= 0,30 x cos (26,56º)=0,27
dA=0,23m
do=0,18m
d1= (0,23+0,18)/2=0,21m
DH= 4 x d1= 4 x 0,21=0,84m
ΔH/ Hmax = 1- exp [(-0,045 (k/DH) 0,1 x (sen(θ)]-0,8)x Hdam/dc]
ΔH/ Hmax = 1- exp [(-0,045 (0,27/0,85) 0,1 x (sen(26,56º)]-0,8)x 5,0/0,66]=0,44
Portanto, a energia dissipada no pé da escada hidráulica é 44% (0,44).

Vigésimo sexto passo: estimativa do cálculo da perda de energia somente no ressalto da


bacia de dissipação de fundo plano.
Consultando a Figura (18.31) de Peterka entrando com F1=5,12 achamos no gráfico
perda de energia de 48%
Perda total de energia = 1- [(1-perda na escada hidráulica) x (1-perda no ressalto)]
Perda total de energia = 1- [(1-0,44) x(1-0,48)]= 0,71
Portanto, a perda total de energia na escada hidráulica e no ressalto é de 71% e
comparando com 91% estimado no Vigésimo sétimo passo.

Vigésimo sétimo passo: estimativa da dissipação de energia da escada hidraulica+ bacia de


dissipação de fundo plano Tipo I do USBR.
ΔE= 0,2111xq2 – 3,7286 x q + 97,101
Sendo:
ΔE=estimativa da dissipação de energia da escada + bacia de dissipação de fundo plano (%)
q= vazão específica (m3/s/m) ≤ 8m3/s/m
ΔE= 0,2111x1,672 – 3,7286 x 1,67 + 97,101=91%

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Portanto, a combinação da escada com bacia de dissipação de fundo plano conforme


Tipo I da USBR conduz a dissipação de 91% da energia o que é ótimo.

Vigésimo oitavo passo: estimativa do comprimento de transição vai do final do tubo até o
início da escada. Geralmente é um alargamento com base de trapezio igual ao diâmetro do
tubo D=1,5m e base maior que é a largura da escada B=3,00m.
A= PI x D2/4= 3,1416 x 1,52/4=1,77m2
V=Q/A= 5/1,77= 2,83m/s
F= V/ (2 x g x h)0,5
h= 1,50=D
F= 2,83/ (2 x 9,81 x 1,50)0,5 =0,74
Lt= (3xF)x(B-D)/2
Lt= (3x0,74)x(3,0-1,5)/2= 1,66m
Portanto, precisamos deixar 1,66m da transição do tubo até o início da escada hidráulica.

Vigésimo nono passo: rip-rap em avental na saida da bacia de dissipação Tipo I do USBR.
D50= 0,0413 x V2
Sendo:
D50= diâmetro da pedra (m) para densidade 2,65 g/cm3
V=velocidade na saída (m/s)
D50= 0,0413 x V2
V2= q/y2= 1,67/ 1,40=1,2m/s
D50= 0,0413 x 1,22=0,06m

Comprimento do avental La
La= D [ 8 + 17 x log (F)]
Sendo:
La=altura do trapézio (m)
D= diâmetro do tubo (m)
F= número de Froude (adimensional)
La= D [ 8 + 17 x log (F)]
F=5,12
La= 0,06 [ 8 + 17 x log (5,12)]=1,2m

Espessura do rip-rap
A espessura será: 3,5 x D50 = 3,5 x 0,06=0,21m

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18.7 Canal de aproximação ou canal de transição


O dissipador de energia que estamos tratando possui escada hidráulica e bacia de
dissipação de fundo plano que é o tipo I do USBR.
Existe ainda um canal de aproximação ou canal de transição que vai do fim da
tubulação até o início da escada hidráulica. De modo geral há um alargamento do canal,
mas pode ocorrer também um estreitamento conforme Figura (18.29).
Para a tubulação que conduz as águas pluviais com diâmetro D ou o canal de seção
retanhgular, podemos calcular o número de Froude Fo que estará entre 1 e 2,5 para
transições abruptas.
Fo= Vo/ ( g .yo)0,5
Sendo:
Fo= número de Froude
Vo= velocidade no canal de seção retangular ou na tubulação (m/s)
g=9,81m/s2
yo=altura do nível de água na tubulação ou no canal retangular (m)

Segundo Cetesb, 1986 as experiências mostraram que transições em canais com


ângulo de abertura ou contração deve ser inferior a:
tang α= 1/ (3 . Fo)
Sendo:
α= ângulo em radianos ou graus conforme Figura (18.29)
Fo= número de Froude
O comprimento de transição que vai do final do tubo até o início da escada L é dado
pela equação:
L= (3xFo)x(B-D)/2
B=D+2.L x tang α
Sendo:
L= comprimento de transição que vai do final do tubo até o início da escada (m)
Fo= número de Froude
B= largura maior do trapézio ou largura da escada hidráulica (m)
D= diâmetro do tubo (m)
Observar que o comprimento de transição é no L≤ 3xD.

Estudos de Watts, 1969 in FHWA, 2006 em canais de transição de seção retangular


e seção circular apresentaram as seguintes equações:

Para canais de seção retangular


VA/Vo= 1,65 -0,3 x F

Para seção circular


VA/Vo= 1,65 -0,45 x Q/ (g x D5)0,5
Sendo:
VA= velocidade média na distância L a partir da saida do canal retangular ou da tubulação
(m/s)
Vo= velocidade na saida do canal retangular ou da tubulação (m/s)

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As Figuras (18.29) e (18.30) fornecem a relação yA/yo entrando com o número de


Froude e o comprimento da saída do canal retangular ou da tubulação até o fim da
transição.

L= comprimento desde a saída do canal retangular ou da tubulação até o fim do canal de


transição (m)
yA= altura da água no final do comprimento L na região de transição (m)
yo= altura da água na saída do canal retangular ou da tubulação (m)
Fo=Vo/(g.yo)0,5

Figura 18.29- Profundidade média em expansao abrupta quando a saida é um canal


retangular. Fonte: FHWA, 2006

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Figura 18.30- Profundidade média em expansão abrupta quando a saída é um tubo


circular. Fonte: FHWA, 2006

Metcalf& Eddy
Para achar a altura yo na tubulação podemos usar Metcalf&Eddy, 1981

Tabela 18.1-Valores de K´ para secção circulas em termos do diâmetro do tubo


Q= (K´/n) D 8/3 . S1/2

Fonte: Metcalf&Eddy, 1981

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Figura 18.31- Elementos hidráulicos de tubo circular


Fonte: Hammer 1979

Q= (K´/n) D 8/3 . S1/2


Vamos tirar o valor de K´ ( leia-se K linha)
K´= (Q.n) / (D 8/3 . S1/2 )

Exemplo 18.4
Calcular o comprimento de transição de um tubo de 1,5m com seção plena com vazão
5m3/s sendo a largura da escada hidráulica B=3,00m.
A= PI x D2/4= 3,1416 x 1,52/4=1,77m2
Vo=Q/A= 5/1,77= 2,83m/s
F= Vo/ (g x yo)0,5
yo= 1,50=D
F= 2,83/ (9,81 x 1,50)0,5 =0,74
tang α= 1/ (3 x F)= 1 / (3 x 0,74)=0,45
α=24,25º
L= (3xF)x(B-D)/2
L= (3x0,74)x(3,0-1,5)/2= 1,67m <3.D=3x1,5=4,5m OK

Portanto, precisamos deixar 1,67m da transição do tubo até o início da escada


hidráulica.
B=D+2xL x tang α
B= 1,50 + 2 x 1,67 x0,45=3,0m OK.
Para seção circular
VA/Vo= 1,65 -0,45 x Q/ (g x D5)0,5
VA/Vo= 1,65 -0,45 x 5,0/ (9,81 x 1,55)0,5 =1,39

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VA/Vo=1,39
VA=Vo x 1,39= 2,83 x 1,39= 3,93m/s
Verificando a Figura (18.30) para tubulação. Como L=0,74m, ou seja,
L=0,74/1.5D=0,5D achamos com F=0,74 yA/yo =0,42
yA= yo x 0,42=1,5 x 0,42=0,63m
É importante observar que com o canal de transição haverá diminuição da altura de
1,50 para 0,63m, mas haverá um aumento de velocidade de 2,83m/s para 3,93m/s. Desta
maneira as águas pluviais aumentam a velocidade no canal de transição.

Exemplo 18.5
Calcular o comprimento de transição, o ângulo das paredes laterais e a abertura maior do
trapezio que será a largura da escada para um tubo de galeria de agbuas pluvais de D=1,0m
com seção não plena com vazão 1,5m3/s com declividade S=0,005m/m e n=0,013.
Vamos calcular a altura yo no tubo de 1,0m de diâmetro usando Metcalf&Eddy, l981.
K´= ( Q . n )/ (D 8/3 . S0,5)
3
Q= 1,5m /s
D= 1,00m
S=0,005m/m
n=0,013
K´= ( Q . n )/ (D 8/3 . S0,5)
K´= ( 1,5 x 0,013 )/ (1,0 8/3 x 0,0050,5)=0,28
Consultando a Tabela (18.1) e entrando com K´=0,28 achamos: yo/D= 0,74
yo= 0,74 x D= 0,74 x 1,00= 0,74m
Area total= A=PI x D2/4= 3,1416 x 1,00 2/4= 0,79m2
Entrando com yo/D=0,74 na Figura (18.31) achamos área molhada/area total=
a/A=0,80.
a/A= 0,80
a=0,80 x A
Area molhada=a= 0,80 x area total= 0,80 x 0,79=0,63m2
Q= A x Vo
Vo= Q/A= 1,5/ 0,63= 2,39m/s
Fo= Vo/ (g x yo) 0,5
Fo= 2,39/ (9,81 x 0,74) 0,5= 0,89
tang α= 1/ (3 x Fo)= 1 / (3 x 0,89)=0,38
α=20,62º
Podmos adotar L≤ 3D e adotamos L=1x D = 1,0 x 1,0=1,0m
A base maior do trapézio será B e que será também a largura da escada hidráulica.
B=D+2xL x tang α
B= 1,00 + 2 x 1,00 x0,38=1,75m
Observar que o ângulo α é 29,62º e que é menor que 45º. O mesmo depende do
número de Froude.
A largura da escada será B=1,75m. De nada adiantará aumentar a largura B pois o
fluxo da água se concentrará em B=1,75m.
Poderemos calcular a velocidade da água na distância L=1m.
Para seção circular
VA/Vo= 1,65 -0,45 x Q/ (g x D5)0,5

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VA/Vo= 1,65 -0,45 x 1,5/ (9,81 x 1,05)0,5 =1,43


VA/Vo=1,43
VA =Vo x 1,43= 2,39 x 1,43= 3,42m/s
Observemos que dentro do tubo tinhamos a velocidade Vo=2,39m/s e no canal de
transição a velocidade aumentou na distancia L para VA=3,42m/s o que realmente
acontece.
VA > Vo
Cálculo de y2.
Q= A x V= y2 x B x V
y2= Q/ (B x VA)
y2= 1,5/ (1,75 x 3,42)=0,25m
O valor y2 na distância L=1,00m é a uma média, pois a altura é maior no meio do
que nas laterais. Adotamos que a altura crítica seja igual a y2.
yc=y2

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18.8 Pré-dimensionamento de escada hidráulica conforme Toscano, 1999 da EPUSP


Toscano, 1999 em suas pesquisas fez diversos gráficos que podem ser usados para
pré-dimensionamento para vazões específicas de 1 a 8m3/s /m e nas declividades 1:2; 1:3 e
1:4 sendo 1V: zH.
Nos gráficos estão escadas hidráulicas com bacia de dissipação de fundo plano, que
são as bacias tipo I do USBR, bem como de bacias com depressão (fossa).
Segundo Toscano, 1999 a escada hidráulica com bacia de dissipação de fundo plano
ou com bacias de dissipação com depressão podem reduzir a energia de 77% a 95%, o que
é bastante importante.
A Figura 65 de Toscano, 1999 para escada 1V:3H fornece um valor médio da
dissipação de energia da escada hidráulica e da bacia de dissipação de fundo plano.

Pré-dimensionamento com bacia de dissipação com a formação de ressalto no pé da


escada conforme Toscano, 1999.

Nota importante: as figuras 58 a 69 de Toscano mostram uma média de dissipação de


energia na escada hidráulica e na bacia de dissipação para degraus variando de 1:2;
1:3 e 1:4.

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8.9 Bacias de dissipação


As bacias de dissipação são instaladas a partir do pé da escada hidráulica. Para
número de Froude até 9, usam-se bacia de dissipação de fundo plano classificada como
Tipo I do USBR. Conforme Peterka, 2005 podemos usar o Tipo III quando o número de
Froude for maior que 4,5.
Para bacias com número de Froude maior que 9 e menor ou igual a 17, o DNIT,
2006 usa uma bacia de dissipação Tipo III conforme Figura (18.30) e (18.31) que possue
cunhas e dentes que são defletores que produzem o efeito estabilizador no ressalto.
DNIT, 2006 define as seguintes equações para o cálculo de y2´conforme o número
de Froude.
y2´= (1,10 – F12/ 120) x y2 para F1 =1,7 a 5,5
y2´= 0,85 x y2 para F1 =5,5 a 11
2
y2´= (100 – F1 /800) x y2 para F1=11 a 17
Z= y2´ /3
H= Z + y2´= (4/3) x y2´
C=0,07 x y2
L= (4,5 x y2 )/ (F1 x 0,38)

Sendo:
C= altura da soleira na Figura (18.31) (m)
H= altura da parede da bacia de dissipação (m)
L= comprimento da bacia de dissipação Tipo III conforme Figura (18.31)

Exemplo 18.6
Dado F1= 5,53 y1=0,22m y2=1,58m V2= 1,05m/s e B=3,00m (largura da escada). Achar
as medidas para bacia de dissipação dentada Tipo III conforme Figura (18.31).
Como o número de Froude é 5,53 e portanto F1 está entre 5,5 a 11 usamos a
equação:
y2´= 0,85 x y2
y2´= 0,85 x 1,58= 1,34m
H= (4/3) x y2´
H= (4/3) x 1,34= 1,79m (altura da parede do canal de dissipação dentada)
C=0,07 x y2
C=0,07 x 1,58=0,11m Altura do degrau na bacia de dissipação dentada
L= (4,5 x y2 )/ (F1 x 0,38)
L= (4,5 x 1,34 )/ (5.53 x 0,38)=3,39m
Portanto, a bacia de dissipação dentada terá 3,39m de comprimento com altura de
soleira C=0,11m.

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Figura 18.30- Bacia de dissipação Tipo III conforme CETESB, 1986 para Fr> 4,5 e V1 < 18m/s

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Figura 18.31- Bacia de dissipação tipo III conforme DNIT, 2006 para número de Froude maior que 9 e
menor que 17.

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18.10 Rip-rap
Após a bacia de dissipação de fundo plano ou com dentes é colocado um avental de
rip-rap. Peterka, 1978 e Berry, 1948 apresentaram a seguinte equação:
D50= 0,0413 x V2
Sendo:
D50= diâmetro da pedra (m) para densidade 2,65 g/cm3
V=velocidade na saída (m/s) sendo V≤ 5,4m/s
Na Tabela (18.1) estão os diâmetros das pedras para serem usados no rip-rap em
função da velocidade da água no rip-rap valendo a equação de Peterka até a velocidade
máxima de 5,4m/s.

Tabela 18.1- Diâmetro D50 da pedra em função da velocidade em m/s.


Velocidade Diâmetro
(m/s) da pedra D50
(m)
0,5 0,01
1,0 0,04
2,0 0,17
2,5 0,26
3,0 0,37
3,5 0,51
4,0 0,66
4,5 0,84
5,0 1,03
5,5 1,25

Conforme o diâmetro da pedra encontrado entrando-se na Tabela (18.1) achamos o


comprimento e a profundidade do avental em rip-rap.

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Figura 18.32- Esquema do rip-rap em avental

Comprimento do avental La
La= D [ 8 + 17 x log (F)]
Sendo:
La=altura do trapézio (m) comprimento conforme Figura (18.32)
D= diâmetro do tubo (m)
F= número de Froude (adimensional)

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Espessura do rip-rap
A espessura será: 3,5 x D50
Para diâmetros maiores podemos usar a Tabela (18.3).

Tabela 18.3 – Comprimento e profundidade do rip-rap avental adaptado do FHWA


Diâmetro
esférico
Classe equivalente Comprimento do Profundidade do
D50 avental avental
(mm) (m) (m)
1 125 4D 3,5D50
2 150 4D 3,3D50
3 250 5D 2,4D50
4 350 6D 2,2D50
5 500 7D 2,0D50
6 550 8D 2,0D50 (mínimo)

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Figura 18.33- Curva para determinar o diâmetro máximo da pedra no rip-rap


Fonte: Peterka, 2005

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Exemplo 18.7
Dado F1= 5,53 V2= 1,2m/s. Calcular as dimensões do rip-rap em avental.
D50= 0,0413 x V2
V=1,2m/s < 5,4m/s OK
D50= 0,0413 x 1,22=0,06m

La= D [ 8 + 17 x log (F)]


La= 0,06 [ 8 + 17 x log (5,53)]=1,2m
Sendo:
La=altura do trapézio (m). É o comprimento do avental que tem a forma de trapézio.
D= diâmetro do tubo (m)
F= número de Froude (adimensional)
.
A espessura será 3,5 x D50= 3,5 x 0,06=0,21m

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18.11 Dimensionamento da escada hidráulica baseado na fórmula de Manning


O DNIT, 2006 usa uma fórmula empírica para calcular escada em degraus e que
segundo o mesmo produz resultados satisfatórios em obras pequenas.
A expressão é a seguinte:
Q= 2,07 x L 0,9 x H 1,6
Sendo:
Q= vazão de pico da água pluvial que entra na escada hidráulica (m3/s)
L= largura da escada hidráulica (m)
H= altura média das paredes laterais da descida (m)
Como geralmente temos a vazão Q e podemos impor uma determinada largura L, o
problema é encontrarmos o valor de H.

H = [ Q/(2,07 x L 0,9 )] (1/1,6)

Exemplo 18.8
Dado a vazão de Q=5m3/s e L=3,00m achar a altura H.
H = [ Q/(2,07 x L 0,9 )] (1/1,6)

H = [ 5,0/(2,07 x 3,0 0,9 )] (1/1,6) =0,94m


Portanto, a altura da parede lateral é H=0,94m.

Fórmula de Manning
Uma outra opção do DNIT, 2006 é usar a equação de Manning para dimensionar a
escada hidráulica:
V= (1/n) x R (2/3) x S0,5
Sendo:
n= coeficiente de rugosidade de Manning. O valor de n varia de 0,016 a 0,020 em escada
hidráulica e normalmente adotamos n=0,020. Podemos calcular o valor de n.
R= raio hidráulico= Area molhada/ perímetro molhado (m)
S= declividade (m/m)
V= velocidade média (m/s)

Cálculo da rugosidade de Manning “n”


Segundo Simões, 2008 temos:
d/k ≤ 1,80
k= h x cos (θ)
n= k1/6/ 20
Sendo:
d= altura da lâmina de água (m) na escada hidráulica
k=altura da rugosidade do degrau (m)
h= altura do degrau (m)
θ= ângulo da inclinação do degraus.
tang θ= h/b
b= largura do degrau (m)
n=coeficiente de rugosidade de Manning

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Figura 18.39- Definição da altura de rugosidade dos degraus (k=h.cos θ).


Fonte: Simões, 2008

A profundidade normal y pode ser obtida da seguinte maneira:


A=área molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)
B= largura da escada hidráulica (m)
A= B. y
P= 2. y + B
y= altura do nível da água (m)
Q= vazão de pico da água que entra na escada hidráulica (m3/s)
S= declividade da escada hidrálica (m/m)
Equação da continuidade Q= A x V
Q= (A/n) x R (2/3) x S0,5
Q= (B.y/n) x [(B . y)/ (2.y+B)](2/3) x S0,5
Da equação acima tiramos o valor da profundidade normal y.

Nota: o uso da equação de Manning é uma simplificação do escoamento, pois, temos


em escadas hidráulicas regimes de escoamento tipo skimming flow ou nappe flow que
incorporam o ar junto com a água e muito pesquisados no Brasil, Portugal, Austrália
e outros países. Por este motivo o uso da equação de Manning deve ser usada somente
como uma estimativa.
Vários pesquisadores já demonstraram que as fórmulas de Manning e as de Darcy-
Weisbach não se aplicam adequadamente a escadas hidráulicas, embora estes mesmos
autores usem até o momento a equação de Darcy-Weisbach.

Exemplo 18.9
Escada hidráulica de concreto armando com: Q=5m3/s; n=0,020; largura B=3,00m,
Declividade S=0,25m/m e altura Hdam=5,00m. Calcular a profundidade normal y usando a
fórmula de Manning e comprimento das bacias de dissipação tipo I ou tipo III.
Q= (A/n) x [(B . y)/ (2y+B)](2/3) x S0,5
5= [(3,0 . y)/0,020)] x [(3,0 . y)/ (2y+3,0)](2/3) x 0,250,5
Por tentativas achamos y=0,21m=y1
q=Q/B= 5/3=1,67m3/s/m

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V1= q/y1 = 1,67/ 0,21= 8,01m/s


F1= V1/ (gxy) 0,5
F1= 8,01/ (9,81 x 0,21) 0,5= 5,6
y2= 0,5y1 . [( 1 + 8.F12) 0,5 -1]
y2= 0,5x0,21 x [( 1 + 8x5,62) 0,5 -1]=1,55m conjugado
O projetista poderá optar em usar dois tipos de bacias de dissipação: fundo plano
Tipo I ou dentada Tipo III. Isto dependerá do número de Froude. Conforme Peterka, 2005
para F1>4,5 podemos usar Tipo III e como F1=5,6 usaremos bacia de dissipação Tipo I com
fundo horizontal e plano.

Para bacia Tipo I do USBR (horizontal de fundo plano)


Lj= 7,02 x q 0,633 x Hdam 0,05
Lj= 7,02 x 1,67 0,633 x 5 0,05=10,51m
Como o comprimento deu muito grande podemos fazer bacia de dissipação Tipo III
que dará comprimento de 4,4m.
Para bacia Tipo III do USBR( dentada)
L=(4,5x y2)/ (F1 x 0,38)
L=(4,5x 1,55)/ (5,6x 0,38)=3,27m
y2´= (1,10 – F12/ 120) x y2 para F1 =1,7 a 5,5
y2´= 0,85 x y2 para F1 =5,5 a 11
y2´= (100 – F12/800) x y2 para F1=11 a 17
Z= y2´ /3
H= Z + y2´= (4/3) x y2´
C=0,07 x y2
L= (4,5 x y2 )/ (F1 x 0,38)
Como F1=5,6 então usamos a equação:
y2´= 0,85 x y2 para F1 =5,5 a 11
y2´= 0,85 x1,55=1,32m
H= (4/3) x y2´
H= (4/3) x 1,32= 1,76m
Altura da parede lateral da bacia de amortecimento é 1,94m.

Altura do degrau (h) e comprimento do degrau (b)


Conforme Chanson, 2002 podemos classificar o regime de escoamento de uma
escada hidráulica da seguinte maneira:
Se dc/h> 0,91-0,14 x h/b então o regime de escoamento é skimming flow
Válida para 25º<θ<55º
h=0,40m b=0,60m (largura do degrau)
dc/h= 0,66/0,40= 1,65
0,91-0,14 x h/b=0,91-0,14 x 0,40/0,60=0,82
Como 1,65 > 0,82 então teremos escoamento skimming flow OK.

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18.12 Custos
Ao ser feito um projeto de escada hidráulica não devemos esquecer que devemos
minimizar os custos de construção e de manutenção, preservando a segurança da obra
contra danos materiais e humanos.
A melhor solução será a avaliação de diversas soluções devendo ser escolhida a de
menor preço desde que atenda uma dissipação de energia pretendida e garantindo a
segurança da obra.

Figura 18.34- Corte de escada hidráulica do DNIT, 2006

Figura 18.35- Dimensões médias de descidas de água em degraus conforme DNIT,


2006.

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Figura 18.36- Esquema de escadas hidráulicas do DNIT, 2006

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Figura 18.37- Específicação de preços de escadas hidraulicas do DNIT, 2006

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Figura 18.38- Preços do DER, RO, 2007

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18.13 Exemplo Modelo II usando Manning e escoamento em skimming flow.


Passos para cálculo da escada hidráulica com entrada em tubulação de concreto até
1,50m de diâmetro. Podremos ter bacia de dissipação de fundo plano (bacia de dissipação
Tipo I do USBR) ou bacia de dissipação Tipo III a ser decidido pelo projetista.

Primeiro passo: calcular a vazão de pico Q e o D usando o Método Racional para período
de retorno de 10anos.
Q= Cx I x A/ 360
Para seção plena temos: D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8
Sendo:
C= coeficiente de runoff (adimensional)
A=área da bacia (ha) A≤300ha
Q=vazão de pico (m3/s);
n=0,013 para tubos de concreto.
S=declividade (m/m). Quando não se tem dados adotar S=0,005 m/m
D= diâmetro da tubulação a seção plena (m) D≤ 1,5m
Intensidade da chuva “I”
Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I=intensidade da chuva (mm/h)
Tr= período de retorno (anos). Para microdrenagem adotar Tr≥10anos
t= tempo de concentração (min)

Segundo passo: canal de aproximação ou canal de transição.


Após a saída da tubulação até o início da escada hidráulica temos uma abertura
abrupta. Para seção não plena segundo Metcalf&Eddy, l981 temos:
K´= ( Q . n )/ (D 8/3 . S0,5)
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s)
D= diâmetro da tubulação (m) D≤ 1,5m
S=declividade da tubulação (m/m).Em caso de dúvida use S=0,005m/m
n=0,013 para tubo de concreto
Consultando a Tabela (18.1) e entrando com K´ achamos: yo/D e como temos o
valor de D achamos:
yo= (yo/D) x D
Sendo:
yo= altura do nível de água na tubulação de diâmetro D (m)

Area total= A=PI x D2/4


Entrando com yo/D na Figura (18.31) achamos Area molhada/area total= a/A
Sendo:
A= área total da seção transversal do tubo (m2)

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a= área molhada (m2)

a= (a/A) x A
Equação da continuidade :
Q= a . Vo
Vo= Q/a
Sendo:
Vo= velocidade da água na tubulação na altura yo (m/s)

Número de Froude
Fo= Vo/ (g . yo) 0,5
Sendo:
Fo= número de Froude na tubulação (adimensional)
tang α= 1/ (3 . Fo)
Sendo:
α= ângulo do fluxo da água com a parede do canal de transilção (graus ou radianos)

Comprimento do canal de transição L


Podemos adotar L≤ 3D e adotamos L=1x D
Sendo:
L= comprimento do canal de transição desde o fim da tubulação até o início da escada
hidráulica (m)
D= diâmetro da tubulação (m)

Base maior do trapézio que é a largura da escada hidráulica


A base maior do trapeziio será B e que será também a largura da escada hidráulica.
B=D+2xL x tang α
De nada adiantará aumentar a largura B pois o fluxo da água se concentrará em B.
Poderemos calcular a velocidade da água na distância L=1x D.

Velocidade média na distância L


Para seção circular
VA/Vo= 1,65 -0,45 x Q/ (g x D5)0,5
Sendo:
Vo= velocidade da água na tubulação (m/s)
VA= velocidade da água no canal de transição na distância L (m/s)
Como temos Vo achamos VA.
Observemos que dentro do tubo tinhamos a velocidade Vo e no canal de transição a
velocidade aumentou na distância L para VA o que realmente acontece.
VA > Vo

Altura da lâmina de água y2 na distância L


Caso queiramos também podemos calcular y2.
Q= (y2 x B) x VA
y2= Q/ (B x VA)

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Uma observação interessante é que podemos usar yA como dc.


y2=dc
A altura da parede lateral será H1= y2 +0,50m

Terceiro passo: altura crítica na escada hidráulica


Caso a entrada fosse um canal de largura B ou um vertedor de pequena barragem e
achariamos a altura crítica dc usando:
dc= [Q 2/ (g B2)] (1/3)
dc= [q 2/ g] (1/3)
Sendo:
q= vazão específica (m3/s/m)
B= largura da escada hidráulica (m)
dc= altura critica no topo da escada hidráulica (m)

Como temos na saida um tubo e logo após um canal de transição onde há um


alargamento até a largura B consideremos que a largura da escada seja B e que a altura
crítica no canal de aproximação seja o valor yA já calculado.
Assim a altura crítica será:
dc=yA.

Quarto passo: calcular a altura do degrau “h” que é função da altura crítica dc para o
regime de escoametno skimming flow que desejamos.
1,0 < dc/h < 3,2
O valor de dc/h deverá estar entre 1,0 e 3,2. Para acharmos o valor da altura do
degrau h temos que ver a diferença de nível, o comprimento da projeção do local L.
Um valor médio é h=dc/2,2.
Pode-se adotar o valor “z” da declividade dos degraus: 1 V : z H.
O valor de “z” acompanha a declividade do talude existente.

Valores da declividade: 1V:1H; 1V:2H, 1V:3H e 1V: 4H ou outro valor qualquer.


b= z x h

Cálculo do ângulo θ que é o ângulo de inclinação da escada hidráulica.


arctan (altura do degrau/ comprimento do degrau)= arctan( h/ b)=θ
Podemos obter o ângulo em graus ou radianos.

Quinto passo: Deveremos sempre que possivel manter o regime de escoamento


denominado de skimming flow.
Vamos usar os criterios do USBR, 2006 que são:

Critério 1: Rajaratnam & Chamani, 1994


Teremos escoamento napple flow quando dc/h < 0,8

Critério 2: Rajaratnam & Chamani, 1994


Teremos regime de transição entre escoamento nappe flow
e skimming flow se:

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h/b =0,405 (h/b) -0,62

Critério 3: Chanson, 1994


Se dc/h> 1,057-0,465 x h/b então o regime de escoamento é skimming flow
Válida para 11,3º<θ<38,7º

Critério 4- Boes e Hager, 2003


Se dc/h> 0,91-0,14 x h/b então o regime de escoamento é skimming flow
Válida para 25º<θ<55º

Usando dc= [q 2/ g ] (1/3)

Sexto passo: uso da fórmula de Manning para achar a profundidade normal da


escada hidraulica y.
A escada hidraulica tem seção retangular constante ao longo da mesma.
V= (1/n) x R (2/3) x S0,5
Sendo:
n= coeficiente de rugosidade de Manning. O valor de n varia de 0,016 a 0,020 em escada
hidráulica e normalmente adotamos n=0,020. Podemos também ao invés de adotar o
coeficiente de Manning calculá-lo conforme veremos abaixo.
R= raio hidráulico= Area molhada/ perímetro molhado (m)
S= declividade (m/m)
V= velocidade média (m/s)

A profundidade normal y pode ser obtida da seguinte maneira:


A=área molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)
B= largura da escada hidráulica (m)
A= B. y1
P= 2. y1+ B
y1= altura do nível da água (m)
Q= vazão de pico da água que entra na escada hidráulica (m3/s)
S= declividade da escada hidrálica (m/m)
Equação da continuidade Q= A x V
Q= (A/n) x R (2/3) x S0,5
Q= (B.y1/n) x [(B . y1)/ (2.y+B)](2/3) x S0,5
Da equação acima tiramos o valor da profundidade normal y1.
Como temos Q, B, n e S por tentativas achamos o valor y1 que é a profundidade
normal.

Cálculo da rugosidade de Manning “n”


Segundo Simões, 2008 temos:
d/k ≤ 1,80
k= h x cos (θ)
n= k1/6/ 20
Sendo:

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d= altura da lâmina de água (m) na escada hidráulica


k=altura da rugosidade do degrau (m)
h= altura do degrau (m)
θ= ângulo da inclinação do degraus.
tang θ= h/b
b= largura do degrau (m)
n=coeficiente de rugosidade de Manning

Figura 18.39- Definição da altura de rugosidade dos degraus (k=h.cos θ).


Fonte: Simões, 2008

Sétimo passo: calculo da velocidade V1 na escada hidráulica


V1= q/ y1
Sendo:
V1= velocidade na profundidade normal y1 (m/s) que é a velocidade no pé da escada.
q= vazão específica (m3/s/m)
V1< 12m/s para canais em concreto (Chaudhry, 1993)

Oitavo passo: calcular o número de Froude F1


F1= V1/ (g x y1) 0,5

Nono passo: cálculo do conjugado y2 na bacia de dissipação de fundo plano Tipo I do


USBR
y2= 0,5y1 x [( 1 + 8xF12) 0,5 -1]
Sendo:
y2= valor do conjugado de y1 no bacia de dissipação de fundo plano (m)
y1= altura da água normal na escada hidraulica (m)
F1.= número de Froude

Décimo passo: calculo da velocidade V2


V2= q/y2

Décimo primeiro passo: cálculo do comprimento Lj da bacia de dissipação de fundo plano


Tipo I do USBR.

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Lj= 7,02 x q 0,633 x Hdam 0,05


Sendo:
Lj= comprimento da bacia de dissipação de fundo plano (m)
q= vazão específica (m3/s /m)
Hdam= desnível entre o topo e o fim da escada (m)

Décimo segundo passo: cálculo do comprimento LIII da bacia de dissipação dentada Tipo
III.
Para bacia Tipo III do USBR( dentada)
L=(4,5x y2)/ (F1 x 0,38)
De acordo com o número de Froude F1 achamos a fórmula adequada de y2´.
y2´= (1,10 – F12/ 120) x y2 para F1 =1,7 a 5,5
y2´= 0,85 x y2 para F1 =5,5 a 11
y2´= (100 – F12/800) x y2 para F1=11 a 17
Z= y2´ /3
H= Z + y2´= (4/3) x y2´
C=0,07 x y2
Sendo:
C= altura da saliência na bacia de dissipação Tipo III (m)
H= altura da parede na bacia de dissipação Tipo III (m)

Cálculamos y2 (linha ) = y2´ dependendo do número de Froude e calculamos a


altura H dos muros laterais da bacia de dissipação dentada.

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Décimo terceiro passo: rip-rap em avental na saida da bacia de dissipação Tipo I do


USBR. O número de Froude é calculado da seguinte maneira:
F= V / ( g x dp) 0,5

Sendo:
F= número de Froude (adimensional) sendo F≤2,5
V= velocidade média na tubulação (m/s)
g= aceleração da gravidade= 9,81 m/s2
dp=altura da lâmina de água no tubo (m)
A altura do trapézio (avental) é denominada La sendo calculado da seguinte
maneira:
La= D [ 8 + 17 x log (F)]
Sendo:
La=altura do trapézio (m)
D= diâmetro do tubo (m) sendo D≤ 1500mm
F= número de Froude (adimensional). F≤ 2,5

D50= 0,0413 x V2
D50= 0,0413 x 0,972=0,04m
Sendo:
D50= diâmetro da pedra (m) para densidade 2,65 g/cm3
V=velocidade na saída (m/s)

Comprimento do avental La
La= D [ 8 + 17 x log (F)]= 1,5 [ 8 +17 x log (5,5)]
Sendo:
La=altura do trapézio (m)
D= diâmetro do tubo (m)
F= número de Froude (adimensional)

Espessura do rip-rap
A espessura será: 3,5 x D50

Décimo quarto passo: altura das paredes laterais na escada hidráulica.


Fb= (K x y1)0,5
H1= y1+Fb
Sendo:
Fb= freeboard (m)
K= 0,8 para vazão de 0,5m3/s a 1,4 para 85m3/s
y1= altura da água na escada hidráulica (m)
H1= altura da parede lateral da escada hidráulica (m)
Sugestões de freeboard conforme Chaudhry, 1993
Descarga <1,5m3/s 1,5 a 85m3/s >85m3/s
Freeboard (m) 0,50 0,75 0,90

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Exemplo 18.10 mostrando o uso fórmula de Manning no dimensionamento da escada


hidráulica. Dimensionar uma escada hidráulica para área de 20ha, coeficiente de
runoff C=0,60 e tempo de concentração de 30min. O desnível da escada hidráulica é
5,00m e o comprimento em projeção é 20,00m.

Primeiro passo: calcular a vazão de pico Q e o D usando o Método Racional para período
de retorno de 10anos.
Q= Cx I x A/ 360
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8

Sendo:
C=0,60=coeficiente de runoff (adimensional)
A=20 ha. Area da bacia (ha) A≤300ha
Q=vazão de pico (m3/s);
n=0,013 para tubos de concreto.
S=declividade (m/m). Quando não se têm dados adotar S=0,005 m/m
D= diâmetro da tubulação a seção plena (m) D≤ 1,5m
Intensidade da chuva “I”
Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I=intensidade da chuva (mm/h)
Tr= 10anos=período de retorno (anos). Para microdrenagem adotar Tr≥10anos
t= 30min =tempo de concentração (min)

1747,9 x 100,181
I =------------------------ = 89,58 mm/h
( 30 + 15)0,89

Q= Cx I x A/ 360
Q= 0,60x 89,58 x 20/ 360= 3,00m3/s
Cálculo do diâmetro D supondo seção plena e n=0,013 para concreto armado e
S=0,005m/m temos:
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8
D = [(3,0x0,013 )/ ( 0,312x0,0051/2)]3/8 = 1,24m
Adoto diâmetro comercial D= 1,50m
Portanto, o tubo com diâmetro D=1,50m, vazão 3m3/s escoará parcialmente cheio.

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Segundo passo: canal de aproximação ou canal de transição.


Após a saída da tubulação até o início da escada hidráulica temos uma abertura
abrupta.
Para seção parcialmente cheia segundo Metcalf&Eddy, l981 temos:
K´= ( Q . n )/ (D 8/3 . S0,5)
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s)
D=1,50m= diâmetro da tubulação (m) D≤ 1,5m
S=0,005m/m= declividade da tubulação (m/m).
n=0,013 para tubo de concreto
K´= ( 3,0x0,013 )/ (1,58/3 x.0,0050,5)=0,19
Consultando a Tabela (18.2) e entrando com K´ achamos: yo/D=0,56 e como temos
o valor de D achamos:
yo= (yo/D) x D
yo= 0,56 x 1,50=0,84m
Sendo:
yo= altura do nível de água na tubulação de diâmetro D (m)
Area total= A=PI x D2/4= 3,1416 x 1,52/4= 1,767m2
Entrando com yo/D na Figura (18.31) achamos Area molhada/area total= a/A=0,57.
Sendo:
A= área total da seção transversal do tubo (m2)
a= área molhada (m2)
a= (a/A) x A
a= 0,57 x 1,767=1,01m2
Equação da continuidade :
Q= a . Vo
Vo= Q/a= 3,0/ 1,01=2,97m/s
Sendo:
Vo= velocidade da água na tubulação na altura yo (m/s)

Número de Froude
Fo= Vo/ (g . yo) 0,5
Fo= 2,97/ (9,81x 0,84) 0,5= 1,03
Sendo:
Fo= número de Froude na tubulação (adimensional)
tang α= 1/ (3 . Fo)
tang α= 1/ (3 x 1,03)=0,324
α= 17,93º
Sendo:
α= ângulo do fluxo da água com a parede do canal de transição (graus ou radianos)
Não adianta fazer uma abertura maior que 17,93º pois o escoamento estará centrado
somente na faixa de 17,93º.

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Comprimento do canal de transição L


Podemos adotar L≤ 3D e adotamos L=1x D =1 x 1,50=1,50m
Sendo:
L= comprimento do canal de transição desde o fim da tubulação até o início da escada
hidráulica (m)
D= diâmetro da tubulação (m)

Base maior do trapézio que é a largura da escada hidrpáulica


A base maior do trapézio será B e que será também a largura da escada hidráulica.
B=D+2xL x tang α
B=1,50+2x1,50 x 0,324=2,47m
De nada adiantará aumentar a largura B pois o fluxo da água se concentrará em B.
Poderemos calcular a velocidade da água na distância L=1x D.

Velocidade média na distância L


Para seção circular
VA/Vo= 1,65 -0,45 x Q/ (g x D5)0,5
VA/Vo= 1,65 -0,45 x 3,0/ (9,81x 1,55)0,5 =1,49
VA= Vo x 1,49= 2,97 x 1,49= 4,43m/s
Sendo:
Vo= velocidade da água na tubulação (m/s)
VA= velocidade da água no canal de transição na distancia L (m/s)
Como temos Vo achamos VA.
Observemos que dentro do tubo tinhamos a velocidade Vo e no canal de transição a
velocidade aumentou na distância L para VA o que realmente acontece.
VA > Vo
4,43 > 2,97 OK

Altura da lâmina de água y2 na distância L


Caso queiramos também podemos calcular y2.
Q= (y2 x B) x VA
y2= Q/ (B x VA)=3,0/ (2,47 x 4,43)=0,27m
Uma observação interessante é que podemos usar y2como dc.
dc=y2=0,27m
A altura da parede lateral será H1= y2 +0,50m
A altura da parede lateral será H1= y2 +0,50m = 0,27+0,50=0,77m.

Terceiro passo: altura crítica na escada hidráulica


Como temos o canal de transição com alargamento e não um canal de seção
contante, o valor que adotaremos para dc=y2.

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Quarto passo: calcular a altura do degrau “h” que é função da altura crítica dc para o
regime de escoametno skimming flow que desejamos.
1,0 < dc/h < 3,2
1,0 < 0,27/h < 3,2
h= 0,27/1=0,27m
Adotamos h=0,25m (altura do degrau)
Sendo:
h= altura do degrau (m)
L= comprimento da base do desnível da escada hidráulica (m)
Pode-se adotar o valor “z” da declividade dos degraus: 1 V : z H.
O valor de “z” acompanha a declividade do talude existente.
Valores da declividade: 1V:1H; 1V:2H, 1V:3H e 1V: 4H ou outro valor qualquer.
z= 5: 20 ou 1: 4
z=4
b= z x h
b= 4 x0,25=1,00m

Cálculo do ângulo θ que é o ângulo de inclinação da escada hidráulica.


arctan (altura do degrau/ comprimento do degrau)= arctan( h/ b)=θ
arctan (altura do degrau/ comprimento do degrau)= arctan(0,25/1,00)=θ
θ= 17,81º

Quinto passo: Deveremos sempre que possivel manter o regime de escoamento


denominado de skimming flow.
Como o angulo θ= 17,81º usaremos o Criterio 3 de Chanson, 1994.
Se dc/h> 1,057-0,465 x h/b então o regime de escoamento é skimming flow
Válida para 11,3º<θ<38,7º
Caso contrário será regime de transição ou nappe flow.
É interesante sabermos qual a vazão específica em que teremos o regime nappe
flow. Como temos:
1,057-0,465 x h/b = 1,057 – 0,465 x 0,25/1,00= 0,94
Mas dc/h= 0,27/0,25=1,08 > 0,94 Portanto, teremos skimming flow desejado.

Sexto passo: uso da fórmula de Manning para achar a profundidade normal da


escada hidráulica y.
A escada hidráulica tem seção retangular constante.
V= (1/n) x R (2/3) x S0,5
Sendo:
n= coeficiente de rugosidade de Manning.
R= raio hidráulico= Area molhada/ perímetro molhado (m)
S= declividade (m/m)
V= velocidade média (m/s)

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Cálculo da rugosidade de Manning n


Segundo Simões, 2008 temos:
tang θ= h/b= 0,25/1,00=0,25 Portanto θ=14º
K= h x cos (θ)= 0,25 x cos (14º)=0,24m
n= K1/6/ 20= 0,241/6/ 20=0,039
A profundidade normal y pode ser obtida da seguinte maneira:
A=área molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)
B= largura da escada hidráulica (m)
A= B. y1
P= 2. y1+ B
y1= altura do nível da água (m)
Q= vazão de pico da água que entra na escada hidráulica (m3/s)
S= declividade da escada hidrálica (m/m)
Equação da continuidade Q= A x V
Q= (A/n) x R (2/3) x S0,5
Q= [(B.y1)/n] x [(B . y1)/ (2.y+B)](2/3) x S0,5
Q= [(2,47. y1)/0,039] x [(2,47 . y1)/ (2. y1+2,45)](2/3) x 0,250,5
Como temos Q, B, n e S por tentativas achamos o valor y1=0,265m que é a
profundidade normal.
Verificação do valor da rugosidade “n”:
d/K=0,265/0,24=1,10 ≤ 1,80 OK

Sétimo passo: cálculo da velocidade V1 na escada hidráulica.


q= Q/B= 3,0/ 2,47= 1,21m3/s/m
V1= q/ y1 = 1,21/ 0,265= 4,59m/s <12 m/s admitido para concreto OK
Sendo:
V1= velocidade na profundidade normal y1 (m/s) que é a velocidade no pé da escada.
q= vazão específica (m3/s/m)

Oitavo passo: calcular o número de Froude F1


F1= V1/ (g x y1) 0,5
F1= 4,63/ (9,81 x 0,265) 0,5= 2,8

Nono passo: cálculo do conjugado y2 na bacia de dissipação de fundo plano Tipo I do


USBR
y2= 0,5y1 x [( 1 + 8xF12) 0,5 -1]
y2= 0,5x0,265 x [( 1 + 8x2,82) 0,5 -1]=0,95m
Sendo:
y2= valor do conjugado de y1 no bacia de dissipação de fundo plano (m)
y1= altura da água normal na escada hidraulica (m)
F1= número de Froude

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Décimo passo: calculo da velocidade V2


V2= q/y2 = 1,21/ 0,94= 1,29m/s

Décimo primeiro passo: cálculo do comprimento Lj da bacia de dissipação de fundo plano


Tipo I do USBR.
Lj= 7,02 x q 0,633 x Hdam 0,05
Lj= 7,02 x 1,210,633 x 5,00,05 = 8,62m
Sendo:
Lj= comprimento da bacia de dissipação de fundo plano (m)
q= vazão específica (m3/s /m)
Hdam= desnível entre o topo e o fim da escada (m)
Portanto, caso se adote bacia de dissipação de fundo plano Tipo I do USBR, o
comprimento da mesma será de 8,62m.

Décimo segundo passo: cálculo do comprimento LIII da bacia de dissipação dentada Tipo
III.
Para bacia Tipo III do USBR( dentada)
LIII=(4,5x y2)/ (F1 x 0,38)=(4,5 x 0,95)/(2,8x0,38)= 3,92m
y2´= (1,10 – F12/ 120) x y2 para F1 =1,7 a 5,5
y2´= 0,85 x y2 para F1 =5,5 a 11
y2´= (100 – F12/800) x y2 para F1=11 a 17
Z= y2´ /3
H= Z + y2´= (4/3) x y2´
C=0,07 x y2

Cálculamos y2 (linha ) = y2´ dependendo do número de Froude e calculamos a


altura H dos muros laterais da bacia de dissipação dentada.
y2´= (1,10 – F12/ 120) x y2 para F1 =1,7 a 5,5
2
y2´= (1,10 – 2,8 / 120) x 0,95=0,80m

H= Z + y2´= (4/3) x y2´


H= (4/3) x y2´ =(4/3) x 0,80= 1,07m (altura das paredes laterais na bacia de
dissipação Tipo III)
C=0,07 x y2=0,07 x 0,95=0,07m (altura da saliência na bacia de dissipação Tipo
III)
Portanto, caso se adote a bacia de dissipação Tipo III do USBR o comprimento da
mesma será de 3,90m, isto é, menor que a do Tipo I que é 8,62m

18-80
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 18- Escada hidráulica em obra de pequeno porte
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Décimo terceiro passo: rip-rap em avental na saida da bacia de dissipação Tipo I do


USBR.
O número de Froude F2 da água que entra no riprap é calculado da seguinte
maneira:
V=V2=1,28m/s
dp=y2=0,95m
F2= V / ( g x dp) 0,5
F2= 1,28 / (9,81x 0,95) 0,5 =0,42 < 2,5 OK
Sendo:
F= número de Froude (adimensional) sendo F≤2,5
V= velocidade média na tubulação (m/s)
g= aceleração da gravidade= 9,81 m/s2
dp=altura da lâmina de água no tubo (m)
A altura do trapézio (avental) é denominada La sendo calculado da seguinte
maneira:
La= D [ 8 + 17 x log (F)]
La=1,5 [ 8 + 17 x log (0,42)]=2,4m

Sendo:
La=altura do trapézio (m)
D= diâmetro do tubo (m) sendo D≤ 1500mm
F= número de Froude (adimensional). F≤ 2,5
D50= 0,0413 x V2
D50= 0,0413 x 1,282 =0,07m
Sendo:
D50= diâmetro da pedra (m) para densidade 2,65 g/cm3
V=velocidade na saída (m/s)

Espessura do rip-rap
A espessura será: 3,5 x D50 = 3,5 x 0,07=0,25m

Décimo quarto passo: altura das paredes laterais na escada hidráulica.


Fb= (K x y1)0,5 =( 1,0 x 0,265)0,5=0,51m
H1= y1+Fb=0,265+0,51=0,78m
Sendo:
Fb= freeboard (m)
K= 0,8 para vazão de 0,5m3/s a 1,4 para 85m3/s
y1= altura da água na escada hidráulica (m)
H1= altura da parede lateral da escada hidráulica (m)
Sugestões de freeboard conforme Chaudhry, 1993
Descarga <1,5m3/s 1,5 a 85m3/s >85m3/s
Freeboard (m) 0,50 0,75 0,90

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Capítulo 18- Escada hidráulica em obra de pequeno porte
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18.14 Bibliografia e livros consultados


-CETESB. Drenagem urbana- manual do projeto.3° ed. São Paulo, Cetesb, 1986.
-CHANSON, H. Energy dissipation and air entrainment in stepped storm waterwqy:
experimental study. Journal of irrigation and drainage engineering setember/october 2002.
-CHANSON, H. Enhanced energy dissipaton in stepped chutes. Australia Universtiy of
Queesland.
-CHANSON, H. Hydraulics of stepped spillwaus: currents status. Australia Universtiy of
Queesland.
-CHANSON, H. Prediction of the transition nappe/skimming flow on a steppeted channel.
Journal of Hydraulic Research volume 34, 31 de dezembro de 1996.
-CHANSON, HUBERT E GONZALES, CARLOS A. Hydraulic design of stepped
spillways and downstream energy dissipation for embankment dams. Dam Engineeering,
Volum XVVII, Issue 4.
-CHAUDHRY, M. HANIF. Open-channel flow. 1993. 483 páginas.
-CHOW, VEN TE. Open channel hydraulics.McGraw-hill, Singapure, 1985
-DIKZM J. E SANCHEZ-JUNY, M. Experimental study of transition ad skimming flow on
stepped spillways in RCC dams: qualitative analysis and pressure measurements. Journal
of Hydraulic Research vol 43 nº 5 , 2005, pg 540-548
-DNIT-DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA ESTRUTURA DE
TRANSPORTES- Norma DNIT 021-2004-ES- Drenagem- entradas e descidas d´água-
específicação de serviço.
-DNIT-DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA ESTRUTURA DE
TRANSPORTES- Manual de drenagem de rodovias. Publicação IPR-724, ano 2006,
337páginas.
-DNIT-DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA ESTRUTURA DE
TRANSPORTES- Album de projetos tipos de dispositivos de drengaem. Publicação IPR-
725, ano 2006, 103páginas.
-FHWA- Federal Highway Administration. Hydraulic design of energy dissipators for
culverts and channels. Publication FHWA-NHI-06-086, julho de 2006, 3° ed.
-PETERKA, A. J. Hydraulic design of stilling bassns and energy dissipators. US
Department of the Interior. Bureau of Reclamation; Hawaii, 2005, ISBN-1-4102-2341-8
-POVH, PAULO HENRIQUE E TOZZI, MARCOS. Avaliação da energia residual a
jusante de vertedouros em degraus- estudo de caso. XV Simpósio Brasileiro de Recursos
Hídricos.
-POVH, PAULO HENRIQUE E TOZZI, MARCOS. Concentração média de ar no
escoamento na base de vertedouros em degraus.
-SIMÕES, ANDRÉ LUIZ ANDRADE. Considerações sobre a hidráulica de vertedouros
em degraus. Metodologias adimensionais para pré-dimensionamento. USP- São Carlos,
2008, 258páginas. Dissertação de mestrado.
-STEPHANIE, ANDRE. High velocity aerated flow on stepped chuttes with
macroroughness elements. Lausanne, 2000, 298 páginas. ISSN 1661-1179. Ecole
Polytechinique Fédérale de Lausanne.
-TAMADA, K. Construções Hidráulicas PHD-511. EPUSP, 1999

18-82
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 18- Escada hidráulica em obra de pequeno porte
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-TOSCANO, MAURO. Estudo dos dissipadores de energia para obras hidráulicas de


pequeno porte. Dissertação de mestrado, Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo,
1999, 119 páginas.
-USBR (UNITED STATES BUREAU OF RECLAMATION). Research state-of-the-art
and needs for hydraulic design of stepped spillways. Denver, june, 2006

18-83
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 19- Rip-rap
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Capítulo 19- Rip-rap

19.1 Introdução
Primeiramente devemos salientar que o rip-rap tanto em avental como em bacia é
um dissipador de energia.
Para proteger a erosão na saída de águas pluviais por tubulações, escadas
hidráulicas, dissipadores de energia e transição com o canal natural é comum o uso de rip-
rap conforme Figura (19.1).
O rip-rap só pode ser aplicado se:
• Diâmetro da tubulação de 0,30m a 2,5m e
• Número de Froude F≤ 2,5.

Figura 19.1- Rip-rap

O rip-rap pode se apresentar sob a forma de:


• Avental conforme Figura (19.2) ou
• Bacia conforme Figura (19.5).

Dica: o número de Froude em rip-rap em avental ou bacia deve ser F≤ 2,5.


Dica: o diâmetro da tubulação de chegada deve estar entre 0,30m a 2,5m.

São construídos em nível do terreno onde se calcula o diâmetro da pedra, a


espessura do rip-rap e o comprimento conforme Figura (19.1).

19-1
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Capítulo 19- Rip-rap
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Figura 19.1- Rip-rap em planta e em corte

19.2 Dimensionamento do rip-rap tipo avental usado em Auckland


O rip-rap tem forma de um avental, ou seja, um trapézio, sendo a base maior igual a
3 vezes o diâmetro do tubo e deve ser instalado no plano horizontal, isto é, em nível. A
espessura do rip-rap é 2 vezes o diâmetro da pedra “ds”.
As fórmulas básicas são conforme Auckland:
ds= 0,25 . D . F
Sendo:
ds= diâmetro da pedra do rip-rap (m)
D= diâmetro do tubo (m)
F= número de Froude
O número de Froude é calculado da seguinte maneira:
F= V / ( g . dp) 0,5
Sendo:
F= número de Froude (adimensional) sendo F≤2,5
V= velocidade média na tubulação (m/s)
g= aceleração da gravidade= 9,81 m/s2
dp=altura da lâmina de água no tubo (m)
A altura do trapézio (avental) é denominada La sendo calculado da seguinte
maneira:
La= D [ 8 + 17 x log (F)]
Sendo:
La=altura do trapézio (m)
D= diâmetro do tubo (m) sendo D≤ 2,5m
F= número de Froude (adimensional). F≤ 2,5

19-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 19- Rip-rap
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Altura da água em tubulações de águas pluviais


Não existe normas da ABNT que disciplinem a relação y/D em microdrenagem nas
cidades e areas rurais. Usa-se comumente y=D (seção plena) y/D=0,80.
Em instalações prediais de águas pluviais usa-se y/D= 2/3. O autor recomenda o uso
y/D=0,80.

Exemplo 19.1
Dimensionar um rip-rap para tubo D=1,0m a seção plena com velocidade de 3m/s.
Número de Froude.
dp= 1,00
F= V / ( g x dp) 0,5
F= 3,0 / ( 9,81 x 1,0) 0,5 =0,96 < 2,5 OK
Diâmetro do rip-rap
ds= 0,25 x D x F
ds= 0,25 x 1,00 x 0,96=0,24m
Altura do trapézio
La= D [ 8 + 17 x log (F)]
La= 1,00 [ 8 + 17 x log (0,96)]=7,70m

Nas Tabelas (19.1) estão as dimensões do rip-rap em avental


conforme Auckland para tubos variando de 0,30m a 2,50m de diâmetro funcionando com
seção y=0,25D; y=0,5D; y=0,75D e y=D (seção plena) com declividade de 0,5% e
coeficiente de rugosidade de Manning n=0,013.

Tabela 19.1- Dimensões do avental: La, d50 e espessura conforme usado em Auckland
para y=0,25D; y=0,5D ; y=0,75D e y=D
y=0,25D
Diâmetro n=0,013 Decliv S y Q V F La d50 Espessura
(m) (m/m) (m) (m3/s) (m/s) (m) (m) (m)
0,30 0,013 0,005 0,075 0,009 0,27 0,31 0 0 0
0,40 0,013 0,005 0,100 0,020 0,33 0,33 0 0 0
0,50 0,013 0,005 0,125 0,037 0,38 0,34 0 0 0
0,60 0,013 0,005 0,150 0,059 0,43 0,35 0,2 0,05 0,11
0,80 0,013 0,005 0,200 0,128 0,52 0,37 0,5 0,07 0,15
1,00 0,013 0,005 0,250 0,232 0,60 0,38 0,9 0,10 0,19
1,20 0,013 0,005 0,300 0,378 0,68 0,40 1,4 0,12 0,24
1,50 0,013 0,005 0,375 0,685 0,79 0,41 2,1 0,15 0,31
2,00 0,013 0,005 0,500 1,474 0,95 0,43 3,5 0,22 0,43
2,50 0,013 0,005 0,625 2,673 1,11 0,45 5,1 0,28 0,56

y=0,5xD
Diâmetro n=0,013 Decliv S y Q V F La d50 Espessura
(m) (m/m) (m) (m3/s) (m/s) (m) (m) (m)
0,30 0,013 0,005 0,150 0,03 0,61 0,50 0,9 0,04 0,08
0,40 0,013 0,005 0,200 0,07 0,74 0,53 1,3 0,05 0,11
0,50 0,013 0,005 0,250 0,13 0,86 0,55 1,8 0,07 0,14

19-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 19- Rip-rap
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0,60 0,013 0,005 0,300 0,22 0,97 0,56 2,3 0,08 0,17
0,80 0,013 0,005 0,400 0,47 1,17 0,59 3,3 0,12 0,24
1,00 0,013 0,005 0,500 0,85 1,36 0,61 4,4 0,15 0,31
1,20 0,013 0,005 0,600 1,38 1,54 0,63 5,5 0,19 0,38
1,50 0,013 0,005 0,750 2,50 1,78 0,66 7,3 0,25 0,49
2,00 0,013 0,005 1,000 5,38 2,16 0,69 10,5 0,34 0,69
2,50 0,013 0,005 1,250 0,00 2,50 0,72 13,8 0,45 0,89

y=0,75D
Diâmetro n=0,013 Decliv S y Q V F La d50 Espessura
(m) (m/m) (m) (m3/s) (m/s) (m) (m) (m)
0,30 0,013 0,005 0,225 0,06 0,91 0,61 1,3 0,05 0,09
0,40 0,013 0,005 0,300 0,13 1,10 0,64 1,9 0,06 0,13
0,50 0,013 0,005 0,375 0,24 1,27 0,66 2,5 0,08 0,17
0,60 0,013 0,005 0,450 0,40 1,44 0,68 3,1 0,10 0,21
0,80 0,013 0,005 0,600 0,85 1,74 0,72 4,4 0,14 0,29
1,00 0,013 0,005 0,750 1,55 2,02 0,74 5,8 0,19 0,37
1,20 0,013 0,005 0,900 2,51 2,28 0,77 7,3 0,23 0,46
1,50 0,013 0,005 1,125 4,56 2,65 0,80 9,5 0,30 0,60
2,00 0,013 0,005 1,500 9,81 3,21 0,84 13,4 0,42 0,84
2,50 0,013 0,005 1,875 17,79 3,72 0,87 17,4 0,54 1,08

Tabela 19.1-Continuação- Dimensões do avental: La, d50 e espessura conforme usado


em Auckland para y=D (seção plena)
Vazão
Diâmetro a seção Área Velocidade Comprimento Diâmetro Espessura
da plena da média Froude F do avental médio 2 x d50
tubulação S=0,005m/m seção La d50
n=0,013
(m) (m3/s) (m2) (m/s) (adimensional (m) (m) (m)
0,30 0,07 0,0707 0,97 0,56 1,1 0,04 0,08
0,40 0,15 0,1257 1,17 0,59 1,6 0,06 0,12
0,50 0,27 0,1964 1,36 0,61 2,2 0,08 0,15
0,60 0,43 0,2827 1,54 0,63 2,8 0,09 0,19
0,80 0,94 0,5027 1,86 0,66 4,0 0,13 0,27
1,00 1,70 0,7854 2,16 0,69 5,3 0,17 0,34
1,20 2,76 1,1310 2,44 0,71 6,6 0,21 0,43
1,50 5,00 1,7672 2,83 0,74 8,6 0,28 0,55
2,00 10,76 3,1416 3,43 0,77 12,2 0,39 0,77
2,50 19,52 4,9088 3,98 0,80 15,9 0,50 1,00

19-4
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 19- Rip-rap
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19.3 Dimensionamento de rip-rap tipo avental usado pelo FHWA


O FHWA, 2006 apresenta duas equações básicas, sendo uma para tubo circular e
outra para bueiro de seção retangular.
D50= 0,2 x Dx [ Q/ (3,13 x D 2,5)] 4/3 x (D/TW) para seção circular
D50= 0,014 x D [ Q/ (1,811 x B x D 1,5] x (D/TW) para seção retangular
Sendo:
D50= diâmetro da pedra do rip-rap (m)
D= diâmetro da galeria circular ou bueiro de seção retangular (m)
B=largura do bueiro de seção retangular (m)
Q= vazão da descarga (m3/s)
Tw=altura do tailwater (m) 0,4D ≤ Tw ≤ 1,0D Sem dados adotar Tw=0,4D.
Quando o escoamento tiver o regime supercrítico deverá ser feito o ajuste:
D´= (D+ yn)/ 2
Sendo:
D´= diâmetro ajustado (m)
D= diâmetro do tubo (m)
yn= profundidade normal ou profundidade crítica yc, no caso do escoamento
supercrítico (m)
A velocidade crítica de uma tubulação circular pode ser calculada
aproximadamente pela fórmula de Braine conforme Metcalf e Eddy, 1981.
yc= 0,483 x (Q/D) 2/3 + 0,083 x D
Sendo:
yc= altura crítica de tubulação (m)
Q= vazão na tubulação (m3/s)
D= diâmetro da tubulação (m)
Para seção retangular o yc crítico é fornecido pela equação:
yc= 0,467 x [(Q/B)2]1/3

DICA- o dimensionamento do rip-rap usando o FHWA é a maneira mais simples de


calcular.

Tabela 19.2 – Comprimento e profundidade do rip-rap avental adaptado do FHWA


Diâmetro esférico
equivalente
Classe D50 Comprimento do Profundidade do
(mm) avental avental
(m) (m)
1 125 4D 3,5D50
2 150 4D 3,3D50
3 250 5D 2,4D50
4 350 6D 2,2D50
5 500 7D 2,0D50
6 550 8D 2,0D50 (mínimo)

19-5
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 19- Rip-rap
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Exemplo 19.2-adaptado do FHWA, 2006


Calcular o rip-rap em avental de uma instalação com tubulação com vazão Q=2,33m3/s,
diâmetro D=1,5m e tailwater TW=0,50.
O valor de TW/D= 0,50/1,50=0,33
Portanto, TW=0,33xD que é menor que o mínimo de 0,4D e adotamos então
TW=0,4xD
Então Tw=0,4D=0,60m
Número de Froude
Como temos o diâmetro D=1,50m e vazão 2,33m3/s vamos achar a velocidade.
A=PI x D2/4= 3,1416 x1,5x1,5/4=1,77m2
V=Q/A= 2,33/ 1,77=1,32m/s
F= V/ (g . y) 0,5 = 1,32/ (9,81 x 1,50) 0,5 = 0,34 < 2,5 OK Regime subcrítico
Como o regime de escoamento é subcrítico e como temos uma tubulação usamos a
equação:
D50= 0,2 x D x [Q/ (3,13 x D 2,5)] 4/3 x (D/TW)
D50= 0,2 x 1,5x[2,33/ (3,13 x 1,52,5) ]4/3 x (1,5/0,60)=0,13m
Adoto D50=0,15m Trata-se, portanto, da classe 2 conforme Tabela (19.2)
L= 4 x D= 4 x 1,50= 6m
Profundidade= 3,3 x D50= 3,3 x 0,15=0,50m
Largura no final (maior)= 3D+ (2/3)L = 3 x 1,5 + (2/3) x 6 =8,5m

Verificação do tamanho das pedras


Equação de Peterka
D50= 0,0413 x V2
D50= 0,0413 x 1,322=0,07m < 0,15m (adotado) OK

19-6
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 19- Rip-rap
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19.4 Falhas no rip-rap


Segundo Peterka, 2005 a causa primária das falhas de um rip-rap é o
subdimensionamento do tamanho das pedras com o problema de serem instaladas
pedras com diâmetro menor que o necessário,
Uma outra observação é que o rip-rap deve ser assentado sobre pedra graduada
ficando os tamanhos maiores na parte superior.
Peterka, 1978 e Berry, 1948 apresentaram a seguinte equação:
D50= 0,0413 x V2
Sendo:
D50= diâmetro da pedra (m) para densidade 2,65 g/cm3
V=velocidade na saída (m/s)
Na Tabela (19.3) estão os diâmetros das pedras para serem usados no rip-rap em
função da velocidade da água no rip-rap valendo a equação de Peterka até a velocidade
máxima de 5,4m/s.

Tabela 19.3- Diâmetro D50 da pedra em função da velocidade em m/s.


Velocidade Diâmetro
(m/s) da pedra D50
(m)
0,5 0,01
1,0 0,04
2,0 0,17
2,5 0,26
3,0 0,37
3,5 0,51
4,0 0,66
4,5 0,84
5,0 1,03
5,5 1,25

Conforme FHWA, 2006 Brown e Clyde, 1989 prepuseram para o dimensionamento


das pedras no Rip-rap da seguinte equação:
D50= [0,692/ (S-1)]x [V2/ (2g)]
Sendo:
D50= diâmetro das pedras (m)
S= gravidade especifica das pedras no rip-rap
V= velocidade (m/s)
g= 9,81m/s2
Uma outro proposta foi desenvolvida por Bohan, 1970 conforme FHWA, 2006 em
que considera o tailwater Tw.
Quando o tailwater Tw/D< 0,5 temos:
D50= 0,25 x D x F
Quando o tailwater Tw/D>0,5 temos:
D50= D (0,25 x F - 0,15)

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Capítulo 19- Rip-rap
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Sendo:
F= número de Froude sendo F≤ 2,5
D= diâmetro da tubulação (m) sendo D≤ 2,5mm

Figura 19.2- Curva para determinar o diâmetro máximo da pedra no rip-rap nas
unidades inglesas.
Fonte: Peterka, 2005

19-8
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Capítulo 19- Rip-rap
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19.5 Dimensionamento em avental conforme Haan et al, 1994


Haan et al, 1994 apresenta o dimensionamento de rip-rap Tipo Avental que é
calculado de acordo com o tailwater. Se o tailwater for menor que 0,5.D temos um avental
pontilhado conforme Figura (19.3) e se o tailwater for maior que 0,5.D então o avental será
o de linha cheia da Figura (19.3).
A largura Wa na base do trapézio é calculada da seguinte maneira:
Wa= D + La (para TW < 0,5.D)
Wa= D + 0,4 La (para TW ≥0,5.D)

Figura 19.3-Esquema do dissipador de energia em rip-rap Tipo Avental conforme


Environmental Protection Agency, 1976 in Haan et al, 1994

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O valor de La é obtido é obtido através da Figura (19.4) onde entrando com a


descarga e o diâmetro da tubulação obtemos o comprimento mínimo do rip-rap Tipo
Avental.
A Figura (19.4) é usada de acordo com o tailwater, sendo para Tw<0,5.D e
Tw≥0,5D.

Figura 19.4- Esquema de dissipador de energia em rip-rap tipo avental conforme


Environmental Protection Agency, 1976 in Haan et al, 1994, para se obter o valor de La
em função da descarga e do diâmetro da tubulação nas unidades inglesas sendo que o
tubo funciona a seção plena com diâmetro variando de 0,3m a 2,5m.

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Figura 19.4-B Esquema de dissipador de energia em rip-rap tipo avental conforme


Environmental Protection Agency, 1976 in Haan et al, 1994, para se obter o valor de La
em função da descarga e do diâmetro da tubulação nas unidades inglesas sendo que o
tubo funciona a seção plena com diâmetro variando de 0,3m a 2,5m.

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Figura 19.4-C Esquema de dissipador de energia em rip-rap tipo avental conforme


Environmental Protection Agency, 1976 in Haan et al, 1994, para se obter o valor de La
em função da descarga e do diâmetro da tubulação nas unidades inglesas sendo que o
tubo funciona a seção plena com diâmetro variando de 0,3m a 2,5m.

Exemplo 19.3-adaptado de Haan et al, 1994


Para uma tubulação de 36in (0,90m) de concreto escoando a seção plena com vazão de 60
cfs (1,7m3/s). Supondo que o tailwater foi calculado por Manning é de 0,33m. Achar o
diâmetro da pedra d50 e o comprimento e largura do rip-rap bem como espessura.
Tw= 0,33m < 0,5 x D= 0,5 x 0,90=0,45m
Portanto, usaremos Tw< 0,5.D na Figura (19.4) e acharemos La=21ft=6,3m e d50=
0,6 ft= 0,18m.
Wa= D + La (para TW < 0,5.D)
Wa= D + La =0,90+6,3=7,2m

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A espessura do rip-rip em avental é:


dmax= 1,5 x d50= 1,5 x 0,18m=0,27m

19.6 Rip-rap em bacias


Nas saídas de bueiros pode-se usar rip-rap em forma de bacia conforme Figura
(19.5). De modo geral uma bacia de rip-rap tem comprimento total de 15x hs sendo “hs” a
profundidade da bacia.
A bacia tem a finalidade de formar um ressalto hidráulico e portanto a bacia de
rip-rap é um dissipador de energia.
A bacia é revestida com pedras de diâmetro 2d50.
A bacia tem altura “hs” abaixo da geratriz inferior da tubulação.
A bacia tem dois comprimentos básicos, sendo um maior que 10x hs e 3Wo que é
a bacia propriamente dita e os outros 5xhs que é o(rip-rap em avental).
O comprimento total é 15hs ou 4Wo, sendo Wo a largura da bacia.
A razão hs/d50 deve ser mantido entre 2 e 4.
2≤[(hs/d50)≤4
0,25<d50/ye <0,45

A altura equivalente ye=(A/2)0,5


Para o cálculo da altura equivelente ye temos a area molhada A.

Com a dissipação de energia com a bacia de rip-rap a velocidade de saída deverá ser
menor ou igual a 3m/s. Existem cálculos que são feitos usando gráficos e outros usando
equações (FHWA, 2006).
Não temos nenhuma recomendação quando usar rip rap em avental e rip rap em
bacia. Geralmente o rip rap em avental é para vazões relativamente pequenas enquanto que
o rip rap em bacias é para vazões grandes embora não tenhamos valores recomendados.

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Figura 19.5- Gráfico do número de Froude que varia de 0,7 a 2,5 em função da
relação hs/yo de dissipador de energia em rip-rap tipo bacia conforme Federal
Highway Administration, 1975 in Haan et al, 1994, observando que o F é adimensional
e que hs/yo também não tem dimensões.

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Figura 19.6- Esquema de dissipador de energia em rip-rap tipo bacia conforme


Federal Highway Administration, 1973 in Haan et al, 1994.

Exemplo 19.4- adaptado da Geórgia, 2005


Calcular uma bacia de rip-rap para um bueiro com 2,40m de largura e altura=1,80m e com
altura normal yo=1,20m. Q=22,64m3/s. Taiwater Tw=0,84m
Vo=Q/A= 22,64/(2,40x1,20)=7,86m/s
Número de Froude
F=V/(g.y)0,5=7,86/(9,81x1,20)0,5=2,3< 2,5 OK
Tw/ye=0,84/1,20=0,7 < Tw/ye<0,75 OK.
Tentativa
d50/ye= 0,45
d50=0,45 x 1,20=0,54m
Da Figura (19.3) entrando com o número de Froude F=2,3 e
escolhendo d50/ye entre 0,41 e 0,5 achamos hs/ye=1,6
hs= ye . (hs/ye)=1,20x1,60=1,92m
hs/d50=1,92/0,54=3,56< 4 OK.
Comprimento somente da bacia
Ls=10.hs=10x1,92=19,2m
Lsmin=3 .Wo= 3 x 2,40=7,20m
O comprimento total da bacia + rip-rap em avental será:
Lyotal= 15 . hs= 15 x 1,92=28,80m
Ltotal mínimo= 4 . Wo= 4 x 2,40=9,60m
Espessura do rip-rap na entrada=3 .d50=3x0,54=1,62m
Espessura do rip-rap no restante= 2 .d50=2x0,54=1,08m

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Exemplo 19.5- adaptado da Geórgia, 2005


Calcular uma bacia de rip-rap para um bueiro com W=2,40m de largura e altura 1,80m e
com altura normal yo=1,20m. Q=22,64m3/s. Taiwater Tw=1,26m (notar que temos um
tailwater maior que o exemplo anterior)
Vo=Q/A= 22,64/(2,40x1,20)=7,86m/s
Número de Froude
F=V/(g.y)0,5=7,86/(9,81x1,20)0,5=2,3< 2,5 OK
ye=y0=1,20m

Tw/ye=0,84/1,20=0,7 < Tw/ye=1,26/ 1,20= 1,05 >0,75

Tentativa
d50/ye= 0,45
d50=0,45 x 1,20=0,54m
Da Figura (19.5) entrando com o número de Froude F=2,3< 2,5
OK e escolhendo d50/ye entre 0,41 e 0,5 achamos hs/ye=1,6
hs= ye . (hs/ye)=1,20x1,60=1,92m
hs/d50=1,92/0,54=3,56< 4 OK.
Comprimento somente da bacia
Ls=10.hs=10x1,92=19,2m
Lsmin=3 x Wo= 3 x 2,40=7,20m
O comprimento total da bacia + rip-rap em avental será:
Lotal= 15 . hs= 15 x 1,92=28,80m
Ltotal mínimo= 4 . Wo= 4 x 2,40=9,60m
Espessura do rip-rap na entrada=3 .d50=3x0,54=1,62m
Espessura do rip-rap no restante= 2 .d50=2x0,54=1,08m
Temos que usar a Figura (19.7) para estimar a média da velocidade ao longo do canal.
A= PI . De2/4= yo . Wo= 1,20 x 2,40=2,88m2
De= [(2,88 x 1,20)/3,1416] 0,5= 1,92m
Vo=7,86m/s
Calculamos então por tentativas e colocamos na Tabela (19.4):

Coluna 1
Valores de L/De=L/Wo variando de 10,15,20,21 onde há uma aproximação melhor
Coluna 2
Valor de hs em metros
Coluna 3
Valor do comprimento L=(L/De) x hs= coluna 1 x coluna 2
Coluna 4
Valores VL/Vo obtido no gráfico da Figura (19.7) de distribuição da velocidade
onde variando os valores L/De obtemos valores diferentes de VL/Vo.
Coluna 5
Velocidade Vo=7, 86m/s
Coluna 6
Valor de VL

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VL= (VL/Vo) x Vo

Coluna 7
Valores de VL em ft/s
Coluna 8
Valores de d50 obtido conforme Figura (19.8)
Coluna 9
Valores de d50 em metros

Tabela 19.4- Comprimento do rip-rap, velocidade e diâmetro da pedra d50


L/De hs L VL/Vo Vo VL VL d50 d50
(m) (m) (m/s) (m/s) (ft/s) (ft) (m)
1 2 3 4 5 6 7 8 9

10 1,92 19,2 0,59 7,86 4,6 15,5 1,4 0,42


15 1,92 28,8 0,37 7,86 2,9 9,7 0,6 0,18
20 1,92 38,4 0,30 7,86 2,4 7,9 0,4 0,12
21 1,92 40,32 0,28 7,86 2,2 7,3 0,4 0,12

Figura 19.7- Distribuição da velocidade em função de L/Wo=L/De e achamos


V/Vmédio. Fonte: Geórgia, 2005

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Capítulo 19- Rip-rap
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Figura 19.8- D50 em função da velocidade nas unidades inglesas


Fonte: Geórgia, 2005

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Capítulo 19- Rip-rap
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19.7 Bibliografia e livros consultados


-CIDADE OF AUCKLAND. Stormwater Management devices: design guidelines manual.
2a ed. May, 2003, 250 p.
-ESTADO DA GEORGIA, 2001. Georgia Stormwater Management Manual. August 2001.
Volume 1, Volume 2.
-FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION (FHWA). Hydraulics Design of Highway
Culverts, september 2001, Publication FHWA NHI 01-020, U. S. Department of
Transportation, 480 p.
-FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION (FHWA). Hydraulics Design of Highway
Culverts, september 2001, Publication FHWA NHI 01-020, U. S. Department of
Transportation, 480 p.
-FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION (FHWA). Introduction to Highway
Hydraulics, august 2001, Publication FHWA NHI 01-019, U. S. Department of
Transportation, 280 p.
-FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION (FHWA). Introduction to Highway
Hydraulics, august 2001, Publication FHWA NHI 01-019, U. S. Department of
Transportation, 280 p.
-HAAN, C. T. Design Hydrology and sedimentology for small catchments. Academic
Press, 1994, 588páginas.
-PETERKA, A. J. Hydraulic design of stilling basins and energy. Havaii, 2005. US
Department of the Interior-Bureau of Reclamation. ISBN 1-4102-2341-8. Nota: é uma
reimpressão do original.

19-19
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Capítulo 20- Lei das piscinhas
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Capítulo 20- Leis sobre reservatório de detenção

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 04 de janeiro de 2002, 448º da fundação de São
Paulo.
DIARIO OFICIAL DO MUNICIPIO.
Ano 47 - Número 3 - São Paulo, sábado, 5 de janeiro de 2002

LEI Nº 13.276, 04 DE JANEIRO DE 2002


(Projeto de Lei nº 706/01, do Vereador Adriano Diogo - PT)

Torna obrigatória a execução de reservatório para as águas coletadas por coberturas


e pavimentos nos lotes, edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500m”.
HÉLIO BICUDO, Vice-Prefeito, em exercício no cargo de Prefeito do Município de São Paulo, no uso das
atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 27 de dezembro de
2001, decretou e eu promulgo a seguinte lei:

Art. 1º - Nos lotes edificados ou não que tenham área impermeabilizada superior a 500m2 deverão ser
executados reservatórios para acumulação das águas pluviais como condição para obtenção do
Certificado de Conclusão ou Auto de Regularização previstos na Lei 11.228, de 26 de junho de
1992.
Art. 2º - A capacidade do reservatório deverá ser calculada com base na seguinte equação:

V = 0,15 x Ai x IP x t

V = volume do reservatório (m3)


Ai = área impermeabilizada (m2)
IP = índice pluviométrico igual a 0,06 m/h
t = tempo de duração da chuva igual a um hora.
§ 1º - Deverá ser instalado um sistema que conduza toda água captada por telhados, coberturas,
terraços e pavimentos descobertos ao reservatório.
§ 2º - A água contida pelo reservatório deverá preferencialmente infiltrar-se no solo, podendo ser
despejada na rede pública de drenagem após uma hora de chuva ou ser conduzida para outro
reservatório para ser utilizada para finalidades não potáveis.
Art. 3º - Os estacionamentos em terrenos autorizados, existentes e futuros, deverão ter 30% (trinta por
cento) de sua área com piso drenante ou com área naturalmente permeável.

§ 1º - A adequação ao disposto neste artigo deverá ocorrer no prazo de 90 (noventa) dias.


§ 2º - Em caso de descumprimento ao disposto no "caput" deste artigo, o estabelecimento infrator não
obterá a renovação do seu alvará de funcionamento.
Art. 4º - O Poder Executivo deverá regulamentar a presente lei no prazo de 60 (sessenta) dias.

Art. 5º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 04 de janeiro de 2002, 448º da fundação de São
Paulo.
Hélio Bicudo,
Prefeito em Exercício
ILZA REGINA DEFILIPPI DIAS,
Respondendo pelo Cargo de Secretária dos Negócios Jurídicos
FERNANDO HADDAD,
Respondendo pelo Cargo de Secretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico
ARLINDO CHINAGLIA JÚNIOR,

20-1
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Capítulo 20- Lei das piscinhas
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Secretário de Implementação das Subprefeituras


LUIZ PAULO TEIXEIRA FERREIRA,
Secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano
JORGE WILHEIM,
Secretário Municipal de Planejamento Urbano
Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 04 de janeiro de 2002.
RUI GOETHE DA COSTA FALCÃO,
Secretário do Governo Municipal

20-2
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LEI ESTADUAL N.º 12.526, DE 2 DE JANEIRO DE 2007


(Projeto de lei n.º 464, de 2005 do Deputado Adriano Diogo - PT)
Estabelece normas para a contenção de enchentes e destinação de águas pluviais.
O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo, nos termos do artigo 28, § 8º, da
Constituição do Estado, a seguinte lei:
Artigo 1º - É obrigatória a implantação de sistema para a captação e retenção de águas pluviais, coletadas por
telhados, coberturas, terraços e pavimentos descobertos, em lotes, edificados ou não, que tenham área
impermeabilizada superior a 500m2 (quinhentos metros quadrados), com os seguintes objetivos:
I - reduzir a velocidade de escoamento de águas pluviais para as bacias hidrográficas em áreas urbanas com
alto coeficiente de impermeabilização do solo e dificuldade de drenagem;
II - controlar a ocorrência de inundações, amortecer e minimizar os problemas das vazões de cheias e,
conseqüentemente, a extensão dos prejuízos;
III - contribuir para a redução do consumo e o uso adequado da água potável tratada.
Parágrafo único - O disposto no “caput” é condição para a obtenção das aprovações e licenças, de
competência do Estado e das Regiões Metropolitanas, para os parcelamentos e desmembramentos do solo
urbano, os projetos de habitação, as instalações e outros empreendimentos.
Artigo 2º - O sistema de que trata esta lei será composto de:
I - reservatório de acumulação com capacidade calculada com base na seguinte equação:
a) V = 0,15 x Aix IP x t;
b) V = volume do reservatório em metros cúbicos;
c) Ai = área impermeabilizada em metros quadrados;
d) IP = índice pluviométrico igual a 0,06 m/h;
e) t = tempo de duração da chuva igual a 1 (uma) hora.
II - condutores de toda a água captada por telhados, coberturas, terraços e pavimentos descobertos ao
reservatório mencionado no inciso I;
III - condutores de liberação da água acumulada no reservatório para os usos mencionados no artigo 3º desta
lei.
Parágrafo único - No caso de estacionamentos e similares, 30% (trinta por cento) da área total ocupada deve
ser revestida com piso drenante ou reservado como área naturalmente permeável.
Artigo 3º - A água contida no reservatório, de que trata o inciso I do artigo 2º, deverá:
I - infiltrar-se no solo, preferencialmente;
II - ser despejada na rede pública de drenagem, após uma hora de chuva;
III - ser utilizada em finalidades não potáveis, caso as edificações tenham reservatório específico para essa
finalidade.
Artigo 4º - O disposto nesta lei será implementado no âmbito dos seguintes sistemas de atuação e articulação
de ações dos poderes públicos:
I - Política Estadual de Recursos Hídricos e Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SIGRH,
instituídos pela Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991;
II - Política Estadual de Saneamento e Sistema Estadual de Saneamento - SESAN, instituídos pela Lei nº
7.750, de 31 de março de 1992;
III - Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do
Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais - SEAQUA, instituído pela Lei nº 9.509, de 20 de
março de 1997.
Artigo 5º - As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta das dotações orçamentárias
próprias.
Artigo 6º - O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da sua
publicação.
Artigo 7º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
DISPOSIÇÃO TRANSITÓRIA
Artigo único - A adequação dos estacionamentos e similares ao disposto no parágrafo único do artigo 2º desta
lei deverá ser feita em até 90 (noventa) dias, a contar da data da publicação desta lei.
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de janeiro de 2007.

20-11
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 20- Lei das piscinhas
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a) RODRIGO GARCIA - Presidente


Publicada na Secretaria da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de janeiro de 2007.
a) Marco Antonio Hatem Beneton - Secretário Geral Parlamentar

20-12
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 20- Lei das piscinhas
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b) Secretário Geral Parlamentar

20-13
Manejo de águas pluviais
Capitulo 21-Canais gramados
Engenheiro Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 17/04/09

Capítulo 21
Canais gramados

O valor da rugosidade n de Manning varia conforme a altura da lâmina de água para pequenas vazões, grandes
vazões e vazões intermediarias

21-1
Manejo de águas pluviais
Capitulo 21-Canais gramados
Engenheiro Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 17/04/09

Sumário

Ordem Assunto
Capítulo 21 - Canais gramados
21.1 Introdução
21.2 Eficiência dos canais gramados
21.3 Método Racional
21.4 Intensidade da chuva
21.5 Tipos de grama
21.6 Equação de Manning
21.7 Classes de retardo
21.8 Coeficiente de Manning
21.9 Coeficiente de rugosidade de Manning conforme Mays, 2001
21.10 Velocidade limite
21.11 Dados geométricos das diversas seções transversais
21.12 Modelos de cálculo
21.13 Dimensionamento pelo critério da estabilidade
21.14 Dimensionamento pelo critério da capacidade
21.15 Comprimento de proteção da curva em canais
21.16 CIRIA, 2007
21.17 Bibliografia e livros consultados

21-2
Manejo de águas pluviais
Capitulo 21-Canais gramados
Engenheiro Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 17/04/09

Capítulo 21- Canais gramados

21.1 Introdução
Os canais gramados são destinados a condução das águas pluviais na ocasião das chuvas (fluxo
intermitente) e melhoria da qualidade das águas pluviais através da filtração no revestimento gramado.
Geralmente os canais gramados são acompanhados de faixa de filtro gramado que tem objetivo de
funcionar como um pré-tratamento.

Figura 21.1- Canal gramado usual a beira de uma estrada em local de baixa densidade
habitacional

Conforme Knox County Tennessee os canais gramados possuem as seguintes características:


• Velocidades baixas
• São executados para escoamento de águas pluviais intermitentes, isto é, quando cai uma
tormenta.
• Precisam de manutenção permanente
• Não deve haver muitas sombras

21.2 Eficiência do canal gramado


De modo geral, os canais gramados reduzem somente 50% de sólidos totais em suspensão (TSS).
Remove também alguns metais pesados como Cu, Pb, Zn e Cd em aproximadamente 30%, menos os
metais solúveis, conforme Tabela (21.1).

Tabela 21.1 - Remoção de poluentes em canais gramados


Poluente Redução
Sólidos totais em suspensão (TSS) 50%
Fósforo total (PT) 25%
Nitrogênio total (NT) 20%
Coliformes fecais Dados insuficientes
Metais pesados 30%
Fonte: ESTADO da GEORGIA, 2001.

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21.3 Método Racional


Para achar a vazão de águas pluviais que chega até os canais gramado é muito usado o Método
Racional:
Q= C . I . A /360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C= coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de runoff (varia de 0 a 1)
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha). 1ha= 10.000m2

21.4 Intensidade da chuva


A intensidade da chuva depende do período de retorno adotado e do tempo de concentração. Para
a RMSP (Região Metropolitana de São Paulo) vale a equação Paulo S. Wilken.

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
tc= duração da chuva (min).

21.5 Tipos de gramas


Existem aproximadamente 9.000 espécies da família das gramíneas.

Gramas tolerantes a seca e não tolerantes


Conforme informações da técnica em paisagismo Marinez Costa as melhores gramas tolerantes a
seca são:
• Batatais
• Bermuda
• Esmeralda
As gramas pouco tolerantes a seca são:
• Santo Agostinho
• Grama Coreana
• São Carlos

As características principais das gramas mencionadas acima são:

Batatais (melhor de todas)


Nome cientifico: Paspalum Notatum, Flugge (esta grama é usada muito nas estações
climatológicas no Brasil, pois permanece praticamente verde durante todo o ano, desde que seja
irrigada).
Altura de 15cm a 30cm
Resiste ao pisoteio
Resiste à seca
Não resiste a sombra
Tolerância à meia sombra
Uso em parques públicos e grandes áreas
Resistente a pragas e doenças.

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Bermuda
Nome cientifico: Cynodum dactylum
Uso em campos esportivos, playgrounds e campos de golfe.
Tolerantes a pisoteio
Resistente a seca
Suporta temperatura até 40ºC
Sobrevive até 12mm /semana de água de irrigação
Até 20cm de altura

Esmeralda
Nome cientifico: Zoysia japonica
Altura de 10cm a 15cm
Originaria do Japão
Muito ramificada
Gosta de sol
Não resiste muito ao pisoteio
Não resiste a sombra
Resiste à seca

Santo Agostinho
Nome cientifico: Stenotaphrum secundatum
Altura de 15cm a 25cm
Não resiste a sombras
Não resiste ao pisoteio
Tolerante a salinidade
Bom para região litorânea
Provém da América Subtropical

Grama coreana
Nome cientifico: Zoysia Tanuifolia
Altura de 10cm a 15cm
Gosta de muito sol
Crescimento lento
Não é resistente ao pisoteio
Precisa de irrigação periódica.

São Carlos
Nome científico: Axonopus Compressus
Altura de 15cm a 20cm
Origem do sul do Brasil
Tolerância ao frio
Pleno sol e meia sombra
Não é resistente a seca
Usar em áreas de sobra

A Figura (21.2) mostra foto de vários tipo de gramas existentes no Brasil.

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Figura 21.2- Vários tipos de grama usada no Brasil


Fonte: http://www.itograss.com.br/Noticias/escolhagrama.htm

A seleção da grama adequada além das condições do solo e do clima devem ser consideradas os pontos
de vistas das condições hidráulicos como vazão e altura da lâmina de água conforme Chow, 1973

21.6 Equação de Manning


A equação básica para canais que usaremos é a equação de Manning nas unidades SI.
Q= (1/n) x A x R (2/3) S 0,5
V= (1/n) x R (2/3) S 0,5
Sendo:
n= coeficiente de rugosidade de Manning.
Q= vazão de projeto (m3/s);
A= área da seção transversal (m2);
R= raio hidráulico (m) = Área molhada/ perímetro molhado.
S=declividade do canal (m/m).
V= velocidade média (m/s)
Uma peculariedade do canal gramado é que o valor da rugosidade de Manning “n” depende de
inúmeros fatores, como tipo de grama, altura da lâmina de água, densidade dos pedúnculos da grama por
metro quadrado.

21.7 Classes de Retardo


Pesquisas feitas pelo Soil Conservation Service (SCS) em 1969 estabeleceram que as gramas usadas
em canais gramados forma 5 Classes de retardo:A, B, C, D, E conforme Tabela (21.2). Conforme Haan
et al, 1994 se uma vegetação em particular não consta da Tabela (21.2) uma vegetação similar pode ser
usada para achar a classe de retardo.

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Tabela 21.2- Coeficiente de retardo de gramas em canais gramados


Classe de Cobertura Condições
Retardo/ grau de
retardo
A Reed canary grass Média de 90cm de altura
(muito alto) Yellow bluestem Média de 90cm de altura
Smooth bromegrass Média de 30cm a 40cm de
altura
Bermuda grass Média de 30cm de altura
Native Grass mixture (little bluestems, Média de 30cm de altura
blue grama and other
B Long and shcr Midwest grasses)
(Alto) Tall fescue Média de 45cm
Lespedeza sericea Média de 50cm
Grass-legume mixture timoth smooth Média de 50cm
Tall fescue, with bird´s foot trefoil or Média 45cm
iodino
Blue grama Média 35cm
Bahia 15cm a 18cm de altura
Bermuda grass Média de 15cm
Bermuda (Brasil) Até 20cm
C Redstop 40cm a 60cm
(Moderado) Grass-legume mixture-summer 15cm a 20cm
São Carlos 15cm a 20cm
Centipede grass 15cm
Batatais (Brasil) 15cm a 30cm
Santo Agostinho (Brasil) 15cm a 25cm
Kentuchy bluegrass Altura de 15cm a 30cm
Bermuda grass Altura Média de 6cm
Red Fescue Média de 30cm a 45cm
D Esmeralda (Brasil) Altura de 10cm a 15cm
(baixo) Grama coreana Altura de 10cm a 15cm
Buffalo grass Altura de 8cm a 15cm
Grass legume mixture fall, spring Altura de 10cm a 13cm
Lespedeza sericea Após corte altura de 5cm
E Bermuda grass Altura de 4cm
(muito baixo)
Fonte: Coyle, 1975 in Chin. 2000.
Nota: o autor introduzir baseado na altura algumas gramas usadas no Brasil.

Haan et al, 1994 diz que quando o tipo de vegetação não é conhecida podemos fazer uma
estimativa das classes de retardo conforme a altura da mesma conforme Tabela (21.3).

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Tabela 21.3- Coeficiente de retardo de gramas em canais gramados


Condições da vegetação Altura da vegetação (grama) Classe de
(cm) Retardo
Boa >76cm A
28cm a 61cm B
15cm a 25cm C
5cm a 15cm D
< 5cm E

Moderada >76cm B
28cm a 61cm C
15cm a 25cm D
5cm a 15cm D
< 5cm E
Fonte: Soil Conservation Service, 1979 in Haan et al, 1994.

Tabela 21.4- Coeficiente de retardo de gramas em canais gramados com classificação


aproximada de algumas gramas usadas no Brasil.
Condições da vegetação Altura da vegetação (grama) Classe de Grau de
(cm) Retardo retardo
Boa >76cm A Muito alto
28cm a 61cm B Alto
Santo Agostinho, São Carlos 15cm a 25cm C Moderado
Coreana, Batatais, Esmeralda 5cm a 15cm D Baixo
< 5cm E Muito baixo

Moderada >76cm B Alto


28cm a 61cm C Moderado
15cm a 25cm D Baixo
5cm a 15cm D Baixo
< 5cm E Muito baixo
Fonte: Soil Conservation Service, 1979 in Haan et al, 1994.
Nota: as gramas usadas no Brasil em itálico foram introduzidas pelo autor.

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21.8 Coeficiente n de Manning

Figura 21.3- Gráfico Velocidade x Raio Hidráulico em ft2/s e com o coeficiente “n” de Manning
Fonte: Haan et al, 1994. Este gráfico é básico para o dimensionamento de canais gramados.

A Figura (21.3) mostra no gráfico as 5 Classes de retardo: A,B,C,D,E e o coeficiente de Manning


“n” em função do produto da velocidade em ft/s pelo raio hidráulico em ft.
Haan et al, 1994 apresentou a equação de Temple et al, 1987 e acrescentamos as restrições de
Temple et al, 2003.

n= exp {CI (0,01329 ln (VxR)2 - 0,09543 x ln (V x R) + 0,2971) -4,16} Equação 21.1


Restrições:.
0,0025 x CI 2,5 < V. R <36
CI= 2,5 x h 1/3 x M 1/6
Sendo:
n= coeficiente de Manning (adimensional)
CI= índice da curva de retardo
V= velocidade da água (ft/s)
R= raio hidráulico (ft)
Ln= logaritmo neperiano
h= altura da grama (m)
M= densidade da grama em números de pedúnculos/m2 conforme Tabela (21.6)
Caso tenhamos V em m/s e R em m para transformar VxR para VxR em ft2/s basta dividir por
0,093.
Haan et al, 1994 apresentou a Tabela (21.5) onde aparecem as Classes de retardo e o índice da
curva de retardo CI que pode ser usada na Equação (21.1).

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Tabela 21.5 – Índice da curva de retardo em função da classe


Classe de retardo Índice da curva de retardo CI
A 10,00
B 7,643
C 5,601
D 4,436
E 2,876
Fonte: Haan et al, 1994

Exemplo 21.1
Calcular o índice de retardo sendo dado altura da grama bermuda de 0,25m e M=5556 pedúnculos/m2
conforme Tabela (21.6).
CI= 2,5 x h 1/3 x M 1/6
CI= 2,5 x 0,25 1/3 x 55561/6 =6,68

Exemplo 21.2
Dado a velocidade V=1,80m/s e raio hidráulico R=0,214m e dado CI=6,68
Achar o coeficiente de Manning n
Vx R= 1,80 x 0,214=0,3852m2/s
Para passar ft2/s temos que dividir por 0,093
VxR=0,3852/0,093= 4,14
Restrições:
0,0025 x CI 2,5 < V. R <36
0,0025 x 6,682,5 < V. R <36
0,29 < 4,14 <36 OK
n= exp {CI (0,01329 ln (VxR)2 - 0,09543 ln (V x R) + 0,2971) -4,16}
n= exp {CI (0,01329 ln (VxR)2 - 0,09543 ln (V x R) + 0,2971) -4,16}
n=0,0549
Exemplo 21.3
Dado a velocidade V=1,80m/s e raio hidráulico R=0,214m e classe C
Achar o coeficiente de Manning n
Vx R= 1,80 x 0,214=0,3852m2/s
Para passar ft2/s temos que dividir por 0,093
VxR=0,3852/0,093= 4,14
Como escolhemos grama com Classe C então entrando no gráfico VxR em função de n achamos
o valor de n=0,041.

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Tabela 21.6- Valores do coeficiente de rugosidade de Manning calibrado para diversos tipos de
grama, bem como densidade dos pedúnculos, altura de corte e tensão antes do corte e pós corte
Classe de Espaçamento
Grama usado Retardo Densidade dos Altura máxima entre
pedúnculos/m2 antes do corte h Pedúnculos
M (cm) Sc (mm))
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5
Yellow vlyuestem A 2778 ND 19
Tall fescue 4000 38 16
Blue grama B 3889 25 16
Ryegrass (perenial) 4000 18 17
Weeping lovegrass 3889 30 16
Bermudagrass 5556 25 14
Bahiagrass ND 20 ND
Centipede grass 5556 15 14
Kentucky bluegrass C 3889 20 16
Grass mixture 2222 18 22
Buffalograss 4444 13 15
Alfafa 1111 36 30
‘Sericea lespedeza D 667 41 39
Common lespedeza 333 13 56
Sudangrass 111 ND 97
Nota: a coluna 2 foi introduzida pelo autor.

21.9 Coeficiente de rugosidade n de Manning conforme Mays, 2001


Para canais gramados podemos obter o coeficiente de rugosidade de Manning usando a seguinte
equação:
n= k1/ (ac + k2) Equação 21.2
Sendo:
n=coeficiente de rugosidade de Manning (adimensional)
k1= R (1/6)
R= raio hidráulico (ft)
So= declividade em m/m
k2=19,97 x log (R 1,4 x So 0,4)
ac=15,8; 23,0; 30,2; 34,6 e 37,7 para Classe de Retardo: A,B,C,D,E respectivamente.

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Mays, 2001 apresenta ainda a Tabela (21.7) onde estão a tensão trativa permissível conforme a
classe de retardo.
Tabela 21.7- Tabela da tensão trativa limite em função da classe de retardo e coeficiente ac da
Equação (21.2) fórmula de Mays, 2001.
Classe de retardo Tensão trativa limite
τp ac

(kg/m2) (N/m2)
A 18,06 186,19 15,8
B 10,25 105,67 23,0
C 4,88 50,31 30,2
D 2,93 30,21 34,6
E 1,71 17,63 37,7

Tabela 21.8- Coeficientes de rugosidade de Manning “n” conforme a Classe de Retardo,


declividade do canal So=0,015m/m e raio hidráulico em pés.
Raio hidráulico R
Classe de Declividade ac m
retardo do canal ft
So
(m/m) 0,3m 0,45m 0,6m 0,75m 0,9m 1,05m 1,2m
1ft 1,5ft 2ft 2,5ft 3ft 3,5ft 4ft
A 0,015 15,8 0,813 0,174 0,116 0,094 0,082 0,075 0,070
B 0,015 23,0 0,119 0,080 0,067 0,060 0,055 0,052 0,050
C 0,015 30,2 0,064 0,052 0,047 0,044 0,041 0,040 0,039
D 0,015 34,6 0,050 0,043 0,039 0,037 0,036 0,035 0,034
E 0,015 37,7 0,043 0,038 0,036 0,034 0,033 0,032 0,032

Tensão trativa calculada


τcalculado= γ x d x So
Sendo:
τcalculado= tensão trativa calculada (N/m2)
γ=9810 N/m3
d= altura da lâmina de água (m)
So= declividade do canal gramado (m/m)

Exemplo 21.4
Dado um canal gramado com R=1 ft, declividade So=0,015m/m, classe de retardo C calcular o
coeficiente de Manning n.
Para Classe de retardo C o valor de ac=30,2 conforme Tabela (21.7)
n= k1/ (ac + k2)
k1= R (1/6)
k2=19,97 x log (R 1,4 x So 0,4)
n= 1,0 (1/6)/ ( 30,2+ 19,97 x log (1,0 1,4 x 0,0150,4) = 0,064
τcalculado= γ x d x So
Sendo:
τcalculado= tensão trativa calculada (N/m2)
γ=9810 N/m3
d= altura da lâmina de água (m)
So= declividade do canal gramado (m/m)

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A tensão trativa calculada τcalculado é a seguinte:


τcalculado= γ x d x So
d= 1ft=0,30m
Para se obter kg/m2 multiplica-se N/m2 x 0,097
τcalculado= 9810 x 0,30 x 0,015=44,15 N/m2=4,28 kg/m2
Como a tensão trativa máxima permitida é igual a τp=4,88 kg/m2 conforme Tabela (21.7) e como a
tensão trativa calculada é 4,28 kg/m2 que é menor que 4,88kg/m2 então não haverá problemas.
Nota: na prática para canais gramados não se usa a comparação da tensão trativa máxima
permitida com a tensão trativa calculada.

21.10 Velocidade limite


Os limites de velocidade dos canais gramados estão na Tabela (21.9). Notar que a velocidade
máxima depende do tipo de grama bem como da declividade do canal.

Tabela 21.9- Velocidade limite Vm em canal gramado de acordo com o tipo de grama e
declividade
Classe Velocidade Velocidade
de Declividades máxima máxima
Tipo de grama Retardo S tolerável Vm tolerável com
solo
(%) que pode
(m/s) facilmente
sofrer erosão
Vm (m/s)
Coluna 1 Col 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5
0a5 2,4 1,8
Bermuda grass C 5 a 10 2,1 1,5
>10* 1,8 1,2
Bahia, buffalo grass 2,1 1,5
Kentucky bluegrass 0a5
Smooth brome, blue grama C
mixtures, tall fescue 1,8 1,2
Santo Agostinho, Sao Carlos e 5 a 10*
Bermuda (Brasil) >10* 1,5 0,9
Grass mixtures, reed, C 0a5 1,5 1,2
canary grass 5 a 10* 1,2 0,9
Lespedeza sericea
Weeping lovegrass, yellow,
bluestem, redtop, alfafa, red fescue. D
Common Lespedeza. Sudan Grass 0a5 1,1 0,8
Coreana, Batatais e Esmeralda
(Brasil)
Fonte: Coyle, 1975 in Chin, 2000
(*): não adimite declividade maior que 10% a não ser com canais com base de concreto com taludes
gramados.
Nota: a coluna 2 foi introduzida pelo autor.
Nota 2: as gramas usadas no Brasil que estão hachuradas foram introduzidas pelo autor.
]

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21.11 Dados geométricos das diversas seções transversais


Na Figura (21.4) estão os dados geométricos de diversas seções transversais.

Figura 21.4- Dados geométricos das seções dos canais gramados.


Os canais gramados podem ter secção trapezoidal, parabólica e triangular, sendo a mais usada a
seção trapezoidal.
Apresentamos ainda dados aproximados para o calculo do comprimento T relativo ao topo da
secção. Como o valor T>>y e Z2 >>1 (Z: declividade lateral do canal) certos termos podem ser
desprezados e obtemos as seguintes equações conforme Austrália, 1998).

Canal gramado parabólico


A= (2/3) x T x y R=0,67y

Canal gramado trapezoidal


A= b x y + Z x Y 2 R=y

Canal gramado triangular


A= Z x Y 2 R=0,5y

Canal gramado retangular


A= T x y R=y

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Substituindo as expressões de A e de R e achando o valor de T temos:

Canal gramado parabólico


T= 1,962 Q . n/ y 1,67 S 0,5

Canal gramado trapezoidal


b= Q . n/ [y 1,67 S 0,5 ] –Z y
Sendo:
b=comprimento da base do trapézio.
T= b + 2 . y . Z

Canal gramado triangular


T= 3,182 Q . n/ [y 1,67 S 0,5]

Canal gramado retangular


T= Q . n/ y 1,67 S 0,5

A Figura (21.5) pode ser usada em canais de seção trapezoidal.

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Figura 21.5- Seção trapezoidal


Fonte: Condado de Knox, Tennessee

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Figura 21.6- Altura crítica através de equações semi empíricas


Fonte: Condado de Knox, Tennessee

A Figura (21.6) apresenta as alturas críticas obtidas através de equações semi-empíricas para
várias seções transversais.

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21.12 Modelos de cálculo


Preliminarmente vamos apresentar as seguintes equações:
R= (V x R/) Vm
Sendo:
R= raio hidráulico
V= velocidade média
Vm= velocidade limite
O valor (VxR) é apresentado junto.
Vx R= (1/n) R (5/3) x S (1/2)
Conforme Chin, 2000 uma maneira de se calcular a favor da segurança é admitir que a Classe de
retardo seja na pior situação, isto é, com vegetação baixa o que significa Classe D e que resultará em
maiores velocidades e que são mais perigosas para a erosão.

Superelevação
Se houver numa curva podemos calcular a superelevação Δd:
Δd= (V2xT)/ (gx Rc)
Sendo:
Δd=superelevação devido a curva (m)
V= velocidade média (m/s)
T= largura do topo da seção (m)
Rc= raio de curvatura (m)
Conforme Condado de Knox existem dois modelos para dimensionamento de canais gramados, o
dimensionamento usando o critério da estabilidade e o dimensionamento usando o critério da
capacidade máxima. Portanto, conforme Chaw, 1973 um canal gramado deve ser calculado em
dois estágios, sendo o primeiro o critério da estabilidade e o segundo o critério da capacidade
máxima. O critério da estabilidade usa um grau baixo de retardo enquanto que o critério da
capacidade máxima usa um grau alto de retardo.
O critério da estabilidade usa Classe D e o critério da capacidade usa Classe C.
Alertamos para declividade maior que 10% podem ser usada combinação com canais revestidos
com os canais gramados. Lembremos ainda que os canais gramados dependem do tipo da classe de
grama e a favor da segurança podemos admitir em caso de dúvida, classe de grama com menor altura,
pois produzirão maior velocidade.
Existem gramas que não admitem declividade maior que 10%.

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21.13 Dimensionamento pelo critério da estabilidade


Vamos estabelecer os diversos passos, segundo Condado de Knox, Tennessee.

Primeiro passo: determinar as diversas variáveis, incluindo a vazão Q, a declividade do canal gramado
S, o tipo de vegetação escolhida para revestimento e a seção escolhida (trapezoidal, parabólica ou
triangular).

Segundo passo: usando a Tabela (21.9) escolher a velocidade máxima Vm baseado no tipo de vegetação
e declividade do canal gramado.

Terceiro passo: arbitre um valor de “n” e determine o correspondente valor do produto VxR na curva
da classe escolhida da Figura (21.3). Quando a vegetação for permanente usar a Classe D e quando de
construção temporária usar Classe E.
Nota: o produto VxR obtido está nas unidades ft2/s e para converter em m2/s temos que multiplicar por
0,093.

Quarto passo: calcular o raio hidráulico usando a equação:


R= VxR/ Vm
Sendo:
R= raio hidráulico calculado (m)
VxR= produto da velocidade x raio hidráulico achado na Figura (21.3)
Vm= velocidade máxima achada na Tabela (21.5).

Quinto passo: usar a equação de Manning para calcular o produto VxR.

Vx R= (1/n) R (5/3) x S (1/2)


Sendo:
VxR= produto velocidade x raio hidráulico
N= coeficiente de rugosidade de Manning
R= raio hidráulico calculado (m)
S= declividade do canal (m/m)
Nota: para converter VxR nas unidades SI nas unidades ft2/s temos que dividir o produto VxR por 0,093.

Sexto passo: compare os produtos VxR obtido no Terceiro passo com o produto VxR obtido no quinto
passo. Se os valores são aproximadamente iguais o problema está resolvido e caso não sejam, arbitre
novamente um novo valor de “n”. Se o produto VxR calculado for maior que o VxR obtido no gráfico,
aumente o valor de n a ser arbitrado e caso contrario diminua.

Sétimo passo: para um canal de secção trapezoidal ou qualquer outra usar relações geométricas da
Figura (21.3) e achar a altura do canal por tentativas.

Oitavo passo: se houver curvas no canal gramado poderemos calcular a sobrelevação pela equação:
Δd= (V2xT)/ (gx Rc)
Sendo:
Δd=superelevação devido a curva (m)
V= velocidade média (m/s)
T= largura do topo da seção (m)
Rc= raio de curvatura (m)

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 21-Canais gramados
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Oitavo passo: calcular número de Froude pela equação;


D=A/T
Fr= V/ (gx D)0,5
Sendo:
Fr= número de Froude (adimensional)
D= profundidade hidráulica (m)
A= área da secção molhada (m2)
T= comprimento da largura da superfície da água (m)
V= velocidade média da água no canal (m/s)
g= aceleração da gravidade =9,81m/s2
Quando o número de Froude for igual a 1 teremos regime crítico de escoamento e quando for
maior que 1 o regime será supercrítico e se Fr<1 o regime de escoamento será subcrítico.

Nono passo: achar a borda livre que deve ser no mínimo de 0,30m.
Conforme Chin, 2000 temos:
F= 0,152+V2/ 2g
Sendo:
F= altura da borda livre (m)
V= velocidade média da água no canal (m/s)
g= aceleração da gravidade =9,81m/s2

Exemplo 21.5
Seja um canal gramado trapezoidal com grama Grass mixtures Classe D sendo que o solo é facilmente
erodível. A declividade do canal é de 0,015m/m (1,5%) que irá conduzir vazão de 1,415m3/s.
Entrando na Tabela (21.9) achamos que a velocidade limite de Vm=1,2m/s sendo que a
declividade máxima para este caso é de 5%.
Assumimos que n=0,035 e entrando na Figura (21.3) achamos VxR= 5,4
Transformando nas unidades SI, multiplicamos por 0,093.
VxR= 5,4 x 0,093=0,5022
R= (V x R/) Vm
Vm= 1,1m/s
R= 0,5022/ 1,2=0,4185m
Vx R= (1/n) R (5/3) x S (1/2)
Vx R= (1/0,035) 0,4185 (5/3) x 0,015 (1/2)
VxR=0,82m2/s
VxR=8,81 ft2/s
Truque: como o valor VxR=8,81ft2/s é maior que 5,4ft2/s inicial então temos que adotar “n” superior a
0,035. Adotamos então n=0,038 e recalculamos novamente e achamos VxR=4,92 ft2/s que é maior que
4,0 ft2/s e adotamos 0,040 e achamos VxR=2,89 ft2/s que é praticamente igual a 3,00. Portanto,
aceitamos n=0,040.
Tabela 21.10- Cálculos
Valor de n Figura Figura R VxR calc VxR
ft2/s m2/s (m) m2/s ft2/s
0,035 5,40 0,50 0,42 0,82 8,81
0,038 4,00 0,37 0,31 0,46 4,92
0,040 3,00 0,28 0,23 0,27 2,89

Supondo seção transversal trapezoidal com base de 3,0m, S=0,015m/m com declividade 3H:1V
dos taludes.
z=3
Área A= b x d + z d2=3,0x d + 3xd2

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T= b + 2zd= 3,0+ 2x3x d= 3,0+6xd


Perímetro molhado P= b+2xd(z2+1)0,5
Q= A x V
Q=1,415m3/s
V= 1,1m/s adotado
A=Q/V= 1,415/1,1=1,286m2
A= 3,0x d + 3xd2
1,286= 3x d + 3xd2
3xd2 +3x d -1,286=0
2
Δ=b -4ac= 9+4x3x1,286=24,43
d=(-3 + 4,94)/ 6= 0,32m
Portanto, d=0,32m
T=3 + 6 x d= 3+ 6 x 0,32=4,92m
P=3,0 + 2xdx3,16= 3,0 +6,32xd=5,02m
R= A/P=1,286/5,02=0,26m
V= (1/n) x R (2/3) S 0,5
V= (1/0,040) x 0,26 (2/3) 0,015 0,5
V=1,23m/s
Número de Froude
D=A/T= 1,286m2/ 4,92m=0,26m
Fr= V/ (gx D) )0,5 = 1,23/ ( 9,81 x 0,26)0,5=0,77 OK escoamento subcrítico

Borda livre
Conforme Chin, 2000 temos:
F= 0,152+V2/ 2g = 0,152 + 1,23 2/ (2x9,81)=0,23m Adota-se o mínimo de 0,30 OK

21.14 Dimensionamento pelo critério da capacidade


Vamos mostrar o dimensionamento pelo critério da capacidade através de diversos passos
conforme Condado de Knox, Tennessee. O critério da capacidade usa a Classe C e salientando que no
critério da estabilidade usamos a Classe D.

Primeiro passo: arbitre uma altura da seção maior do que aquela achada no dimensionamento pelo
critério de estabilidade. Escolha a seção, por exemplo, trapezoidal adotando a base b e calculando a área
molhada e o raio hidráulico.

Segundo passo: divida a vazão pela área e obtenha a velocidade usando a equação da continuidade
Q= V x A V= Q/A
.Terceiro passo: multiplica a velocidade achada pelo raio hidráulico obtendo o produto V x R
Nota: não esquecer que para o uso do gráfico da Figura (21.3) temos que dividir VxR por 0,093.

Quarto passo: consultando a Figura (21.3) obtenha o valor de “n” na classe adotada C.

Quinto passo: use a equação de Manning para achar a velocidade usando o valor da rugosidade de
Manning n obtida na Figura (21.3) e raio hidráulico calculado inicialmente no primeiro passo. A
declividade S é dado do problema.

V= (1/n) x R (2/3) S 0,5

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Sexto passo: compare as velocidades obtidas no quinto passo com a obtida no segundo passo. Se os
valores forem aproximadamente iguais o problema fica resolvido, caso contrario comece tudo
novamente pelo Primeiro passo.

Sétimo passo: achar a borda livre que deve ser no mínimo de 0,30m.
F= 0,152+V2/ 2g
Sendo:
F= altura da borda livre (m)
V= velocidade média da água no canal (m/s)
g= aceleração da gravidade =9,81m/s2

Oitavo passo: se houver curvas no canal gramado poderemos calcular a sobrelevação pela equação:
Δd= (V2xT)/ (g Rc)
Sendo:
Δd=superelevação devido a curva no canal gramado (m)
V= velocidade média (m/s)
T= largura do topo da seção (m)
Rc= raio da curvatura (m)

Exemplo 21.6
Dados: V=1,02m/s T=5,1m g=9,81m/s2 Rc=15m (raio da curva)
Δd= (V2xT)/ (g Rc)
Δd= (1,022x5,1)/ (9,81x15)=0,04m
Portanto, a sobrelevação devida a curva de raio de 15m será de 0,04m.

Nono passo: calcular número de Froude pela equação;


D=A/T
Fr= V/ (gx D)0,5
Sendo:
Fr= número de Froude (adimensional)
D= profundidade hidráulica (m)
A= área da secção molhada (m2)
T= comprimento da largura da superfície da água (m)
V= velocidade média da água no canal (m/s)
g= aceleração da gravidade =9,81m/s2
Quando o número de Froude for igual a 1 teremos regime crítico de escoamento e quando for
maior que 1 o regime será supercrítico e se Fr<1 o regime de escoamento será subcrítico.

Exemplo 21.7- Mesmo exercício anterior mudando para Classe de Retardo C e usando o critério
da capacidade
Seja um canal gramado trapezoidal com grama Grass mixtures Classe C sendo que o solo é facilmente
erodível. A declividade do canal é de 0,015m/m (1,5%) que irá conduzir vazão de 1,415m3/s sendo o
limite de velocidade Vm≤ 1,2m/s.

Arbitramos que a base da seção trapezoidal b=3,00m.


Adotamos declividade do talude do canal z=3
Área A= b x d + z d2=3,0x d + 3xd2
T= b + 2zd= 3,0+ 2x3x d= 3,0+6d
Perímetro molhado P= b+2d(z2+1)0,5 = 3,00+2xd(9+1)0,5= 3,00 + 6,32d

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Arbitrando que a altura d=0,40m que é maior que d=0,32m achado no dimensionamento pelo
critério da estabilidade.
A= 3,0x d + 3xd2 = 3,0 x 0,40+ 3 x 0,4 2= 1,68m2
T= 3,0+6d= 3,0+6 x 0,4=5,4m
P= 3,00 + 6,32d= 3,00+ 6,32 x 0,40=5,53m
R= A/P= 1,68/5,53=0,30m
V= Q/A= 1,415/1,68=0,84m/s
Como temos o raio hidráulico R e a velocidade achemos o produto VxR
VxR= 0,84m/s x 0,30m= 0,26m2/s
Mas para o uso da Figura (21.3) temos que mudar as unidades para ft2/s
Então dividimos 0,26m2/s por 0,093
0,26/0,093= 2,75 ft2/s
Entrando na Figura (21.3) com 2,75 e classe C achamos n=0,055
Com o valor de n obtido e com o valor de R já calculado vamos calcular a velocidade pela
equação de Manning.
V= (1/n) x R (2/3) S 0,5
V= (1/0,055) x 0,30 (2/3) 0,015 0,5
V=1,01m/s
Como a velocidade é 1,01m/s é maior que 0,84m/s é então adotar um valor menor da altura d.
Adotamos então d=0,35m e recalculamos tudo novamente.
A= 3,0x d + 3xd2 = 3,0 x 0,35+ 3 x 0,35 2= 1,42m2
T= 3,0+6d= 3,0+6 x 0,35=5,1m
P= 3,00 + 6,32d= 3,00+ 6,32 x 0,35=5,21m
R= A/P= 1,42/5,21=0,27m
V= Q/A= 1,415/1,42=1,0m/s
Como temos o raio hidráulico R e a velocidade achemos o produto VxR
VxR= 1,0m/s x 0,27m= 0,27m2/s
Mas para o uso da Figura (21.3) temos que mudar as unidades para ft2/s
Então dividimos 0,27m2/s por 0,093
0,27/0,093= 2,92 ft2/s
Entrando na Figura (21.3) com 2,92 e classe C achamos n=0,048
Com o valor de n obtido e com o valor de R já calculado vamos calcular a velocidade pela
equação de Manning.
V= (1/n) x R (2/3) S 0,5
V= (1/0,048) x 0,27 (2/3) 0,015 0,5
V=1,07m/s
Como a velocidade é 1,07m/s é aproximadamente igual a 1,0m/s adotamos um valor menor da altura
d.=0,35m com n=0,048 e o problema está resolvido.

Número de Froude Fr
D= diâmetro hidráulico (m)
D=A/T= 1,27m2/ 4,02m=0,32m
Fr= V/ (gx D) )0,5 = 1,1/ ( 9,81 x 0,32)0,5=0,11 OK escoamento subcrítico

Borda livre F
F= 0,152+V2/ 2g = 0,152 + 1,1 2/ (2x9,81)=0,21m Adota-se o mínimo de 0,30 OK

Comentários
No critério da estabilidade achamos n=0,040 e altura d=0,32m e no critério da capacidade achamos
n=0,045 e d=0,32m.

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As Tabelas (21.11) e (21.14) estão os cálculos.

Tabela 21.11- Cálculos do Exemplo 21.5


1 2 3 4 5 6 7 8 9
Q Decliv Altura d Base seção Talude Área T Perim R=A/P
trapezoidal b P
(m3/s) (m/m) (m) (m) z (m2) (m) (m) (m)
1,415 0,015 0,40 3 3 1,68 5,4 5,53 0,30
1,415 0,015 0,35 3 3 1,42 5,1 5,21 0,27

Tabela 21.12- Cálculos do Exemplo 21.5 (continuação)


10 11 12 13 14 15 16 17 18
V=Q/A VxR VxR n V Adotar Diâmetro Número de Borda
(Manning) hidráulico D Froude livre (m)
(m/s) (m2/s (ft2/s) Figura 21.2 (m/s) d (m)
0,84 0,26 2,75 0,055 1,01 menor 0,31 0,58 0,30
1,00 0,27 2,92 0,048 1,07 menor 0,28 0,65 0,30

O problema pode ser resolvido usando a Classe de Retardo CI= 5,601 para Classe C conforme
Tabela (21.15).
As Tabelas (21.13) e (21.14) usam o cálculo analítico sem consulta a gráfico usando a Equação
(21.1).

Tabela 21.13- Cálculo usando a Equação (21.1) para Classe de Retardo C com CI=5,601
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Q Decliv Altura d Base seção trapezoidal b Talude Área T Perim P R=A/P V=Q/A
(m3/s) (m/m) (m) (m) z (m2) (m) (m) (m) (m/s)
1,415 0,015 0,40 3 3 1,68 5,4 5,53 0,30 0,84
1,415 0,015 0,35 3 3 1,42 5,1 5,21 0,27 1,00

Tabela 21.14- Cálculo usando a Equação (21.1) para Classe de Retardo C com CI=5,601
(continuação)
11 12 13 14 15 16 17 18 19
VxR VxR Classe C V (Manning) Adotar Diâmetro Número Borda livre
n hidráulico D de
Froude
(m2/s (ft2/s) Calculado (m)
(m/s) d
0,26 2,75 5,601 0,052 1,07 menor 0,31 0,61 0,30
0,27 2,92 5,601 0,051 1,02 menor 0,28 0,61 0,30

Nota: se o valor 1,07m/s calculado na coluna 15 for maior que V=0,84m/s da coluna 10 então adotamos
um valor menor da altura. Caso contrario adotaríamos um valor maior.
Fazemos os cálculos até encontrar um valor de V calculado na coluna 15 com o valor obtido de n seja
aproximadamente igual ao valor de V da coluna 10.
A palavra “menor” colocada na coluna 16 é obtida das comparações da coluna 15 com a coluna
10 citado acima.

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Tabela 21.15- Índice da curva de retardo CI


Classe Índice da
de curva de
retardo retardo CI
A 10,000
B 7,643
C 5,601
D 4,436
E 2,876

Exemplo 21.8- Modelo


Seja um canal gramado trapezoidal com grama Esmeralda. A declividade do canal é de 0,005m/m
(0,5%) que irá conduzir vazão de pico de 2,0m3/s.
A grama esmeralda é muito usada no Brasil e conforme Tabela (21.2) é classificada como Classe
de Retardo D.
Conforme Tabela (21.7) a grama esmeralda Classe de Retardo D tem o valor a=34,6 e a tensão
trativa limite é τp= 30,21 N/m2.
Consultando a Tabela (21.9) para a grama esmeralda Classe de Retardo D e declividade do canal
So<5% achamos a velocidade limite Vm=1,1m/s,

Arbitramos que a base da seção trapezoidal b=2,00m.


Adotamos declividade do talude do canal z=3
Área A= b x d + z d2=2,0x d + 3xd2
T= b + 2zd= 2,0+ 2x3x d= 2,0+6d
Perímetro molhado P= b+2d(z2+1)0,5 = 2,0+2xd(9+1)0,5= 2,0 + 6,32d
Arbitrando que a altura d=0,60m
Área A= b x d + z d2=2,0x d + 3xd2 =2,28m2

T= 2,0+6d= 2,0+6 x 0,6=5,6m


P=2,0 + 6,32d=2,0+6,43 x 0,60=5,79m
R= A/P= 2,28/5,79=0,39
V= Q/A= 2,0/2m28=0,88m/s
Como temos o raio hidráulico R e a velocidade achemos o produto VxR
VxR= 0,88m/s x 0,39m= 0,35m2/s
Mas para o uso da Figura (21.3) temos que mudar as unidades para ft2/s
Então dividimos 0,35m2/s por 0,093
0,35/0,093= 3,71 ft2/s
n= exp {CI (0,01329 ln (VxR)2 - 0,09543 x ln (V x R) + 0,2971) -4,16}
Para Classe D temos CI=4,436 conforme Tabela (21.15).
n= exp {CI (0,01329 ln (VxR)2 - 0,09543 x ln (V x R) + 0,2971) -4,16}
n= exp {4,436 (0,01329 ln (3,71)2 - 0,09543 x ln (3,71) + 0,2971) -4,16}
n=0,037
Com o valor de n obtido e com o valor de R já calculado vamos calcular a velocidade pela
equação de Manning.
V= (1/n) x R (2/3) S 0,5
V= (1/0,037) x 0,39 (2/3) x 0,005 0,5
V=0,88m/s < Vm=1,1m/s OK
Como a velocidade é 0,88m/s que é praticamente a inicial calculada o problema está resolvido.

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Número de Froude Fr
D= diâmetro hidráulico (m)
D=A/T= 2,28m2/ 5,6m=0,41m
Fr= V/ (gx D) )0,5 = 0,88/ ( 9,81 x 0,41)0,5=0,51 OK escoamento subcrítico

Borda livre F
F= 0,152+V2/ 2g = 0,152 + 0,88 2/ (2x9,81)=0,19m Adota-se o mínimo de 0,30 OK

Verificação da tensão trativa


A tensão trativa calculada τcalculado é a seguinte:
τcalculado= γ x d x So
Para se obter kg/m2 multiplica-se N/m2 x 0,097
τcalculado= 9810 x 0,60 x 0,005=29,43 N/m2=2,85 kg/m2
Como a tensão trativa máxima permitida conforme Tabela (21.7) é igual a τp=34,6kg/m2 e como a
tensão trativa calculada é 2,85 kg/m2 que é menor que 34,6kg/m2 então não haverá problemas.

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21.15 Comprimento de proteção da curva em canais


Uma curva em um canal gramado tem uma sobrelevação já foi mostrada anteriormente, porém
existe ainda um comprimento de proteção Lp a jusante do canal que deve ser deixado após a curva.
O comprimento de proteção Lp pode ser calculado por:
Lp/ R = 0,604 x [R (1/6)/ nb]
Sendo:
Lp= comprimento de proteção da curva (ft)
R= raio hidráulico (ft)
nb= coeficiente de Manning na curva

A Figura (21.7) mostra o gráfico em que entrando com raio hidráulico em ft e coeficiente de
Manning na curva nb, achamos a relação Lp/R.

Figura 21.7- Comprimento de proteção (Lp) a jusante do canal em curva


Estado da Geórgia, 2000

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Exemplo 21.9
Calcular o comprimento de proteção Lp a jusante de um canal em curva sendo dado nb=0,048 e raio
hidráulico R=0,27m
R=0,27m=0,27/0,30=0,9 ft
Lp/ R = 0,604 x [R (1/6)/ nb]
Lp/ R = 0,604 x [0,9 (1/6)/ 0,048]= 12,4 ft
Lp=12,4 x R=12,4 x 0,9=11,2 ft=3,3m

21.16 CIRIA
As recomendações da CIRIA, 2007 que constam no Suds Manual são:
• Dependendo do tipo de solo as velocidades limites durante eventos extremos varia de
1,0m/s a 2,0m/s.
• Deverá ser mantido altura da água em eventos normais. Abaixo do topo de vegetação que
normalmente tem 100mm.
• A largura mínima da base é normalmente 0,50m
• Os projetos são para chuva de 30min com período de retorno Tr=1ano
• A altura da vegetação varia entre 100mm a 150mm
• A velocidade máxima no canal gramado para a melhoria da qualidade das águas pluviais
é de 0,30m/s.
• Para escoamento na altura da grama ou abaixo o coeficiente de Manning a ser usado é
n=0,25.
• Quando a altura da água for superior a altura da grama deve ser usado n=0,10.
• A profundidade normal de uma vala gramada está entre 400mm e 600mm.
• Deve ser deixado freeboard de 150mm
• A declividade máxima das laterais deve ser 1:3
• A declividade mínima longitudinal é 0,0033m/m
• Poderá ser usado check dam com profundidade máxima de 300mm.
• O comprimento mínimo da vala gramada é de 30m.
• Um bom dimensionamento de uma vala gramada tem base variando entre 0,50m a 2,0m.
• As check dams deverão ser instaladas a cada 10m a 20m.
• O material da check dam será terá agregado com diâmetro de 100mm a 600mm.
• Dissipador de energia será usado para evitar erosão e deverá ter comprimento de 1,0m a
2,0m na direção de jusante.

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21.17 Bibliografia e livros recomendados


-CHIN, DAVID A. Water resources engineering. Prentice Hall, 2000, 750páginas
-CHOW, VEN TE. Open channel hydraulics. McGraw-Hill, 680páginas, 1973.
-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8
-CONDADO DE KNOX. Stormwater Management Manual. Open Design Design. Tennessee. Acessado
em setembro 2008.
-ESTADO DA GEORGIA, 2001. Georgia Stormwater Management Manual. August 2001. Volume 1, Volume 2.
-GHARABAHI, B. et al; Sediment removal efficiency of vegetative filter strip. Guelph Turfgrass
Institute, 2000, ASAE Sacramento Convention Center Sacramento, California, USA.
-GRISMER, MARK E. et al. Vegetative filter strip for nonpoint source pollution control in agriculture.
University of California, Division of Agriculture and Natural Resources, 2006.
-HAAN, C. T. et al. Design hydrology and sedimentology for small catchments. Academic Press, 1994,
588 páginas.
-MAYS, LARRY W. Water resources engineering. Editora John Wiley,761 páginas, 2001.
-TEMPLE, DARREL M. et al. Design of grass-lined channels: procedures and software update. Julho
de 2003.

21-29
Curso de Manejo1de águas pluviais
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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Capítulo 22
Chuvas intensas
Quando ficar confuso em problema matemático, não continue. Comece tudo novamente.
Prof. Cid Gueli, cursinho Anglo-Latino, São Paulo, 1961

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

SUMÁRIO
Ordem Assunto

22.1 Introdução
22.1.1 Pluviógrafos
22.2 Valores médios das precipitações intensas de Guarulhos baseados nas relações entre as
chuvas
22.3 Postos pluviométricos de Guarulhos
22.4 Método das relações de durações usando a distribuição de Gumbel
22.5 Relações das durações
22.6 Equação das chuvas intensas de Guarulhos usando o posto pluviométrico de Bonsucesso
22.7 Intensidade média de chuva na cidade de São Paulo no ponto
22.71 Conclusão a respeito das equações da chuva da cidade de São Paulo
22.8 Aplicação da equação das chuvas intensas na região
22.9 Hietograma
22.10 Hietograma baseado na chuva de duração de 2horas de fevereiro de 1983
22.11 Distribuição das chuvas nos Estados Unidos: Tipo I, Tipo IA, Tipo II e Tipo III
22.12 Chuvas intensas (estimativa usando o programa PLUVIO 2.1)
22.13 Huff
22.14 Bibliografia e livros consultados
46 páginas

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Capítulo 22- Chuvas intensas

22.1 Introdução

Para o dimensionamento de galerias de águas pluviais, travessias de estradas de


rodagens (bueiros), canais abertos ou fechados, são necessários modelos matemáticos usados
em hidrologia. Não havendo um modelo matemático na cidade, adota-se o mais próximo.
Sendo possível, faz-se uma equação das chuvas intensas para ser usada nos dimensionamentos
hidrológicos. Para Guarulhos usamos o método da relação para elaborar tabela de chuvas
médias baseado na distribuição de Gumbel. Elaboramos ainda para Guarulhos uma equação
baseada em estudos da região metropolitana de São Paulo.
Na seção 22.6 deste capítulo estão todas as fórmulas usadas na cidade de São Paulo,
incluindo a última de 1999 de Martinez e Magni.
O pluviômetro mede a altura de água líquida precipitada sobre uma superfície
horizontal durante um período de 24 horas. Consiste de duas peças cilíndricas que se
encaixam. A peça superior define a área de captação de água na parte superior e possui um
funil na parte inferior. A peça inferior contém uma proveta graduada para receber e medir o
volume de água coletada, sendo esta graduada em mm de precipitação (Righeto,1998). A
medição é feita diariamente, por exemplo, as 7 horas da manhã e o dado que teremos é a
denominada chuva de 1 dia. O pluviômetro fica localizado a 1,5 m do chão. Não confundir
chuva de 1 dia com chuva de 24horas.

Figura 22.1- Pluviômetro tipo paulista


Fonte: Departamento de Hidráulica da EPUSP

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Figura 22.2- Pluviógrafo de Flutuador


Fonte: Departamento de Hidráulica da EPUSP
O Departamento de Hidráulica da Escola Politécnica apresenta as seguintes
considerações sobre pluviômetro e pluviógrafo.
O pluviômetro (Figura 22.1) consiste em um cilindro receptor de água com medidas
padronizadas, e um receptor adaptado ao topo. A base do receptor é formada por um funil com
uma tela obturando sua abertura menor. A finalidade do receptor é evitar a evaporação, através
da diminuição da superfície de exposição da água coletada. O objetivo da colocação da tela é
evitar a queda de folhas ou outros objetos dentro do medidor provocando erros na leitura da
altura de precipitação.

22.1.1 Pluviógrafos
Apesar de haver um grande número de tipos de pluviógrafos, somente três têm sido
mais largamente empregados:
Pluviógrafo de caçambas basculantes: Esse aparelho consiste em uma caçamba
dividida em dois compartimentos, arranjados de tal maneira que, quando um deles se enche, a
caçamba bascula, esvazia-o e coloca o outro em posição. Quando este último é esvaziado, por
sua vez, a caçamba bascula em sentido contrário, voltando à posição primitiva, e assim por
diante. A caçamba é conectada eletricamente a um registrador, de modo que, quando cai 0,25
mm de chuva na boca do receptor, um dos compartimentos da caçamba se enche, e cada
oscilação corresponde ao registro de 0,25 mm de chuva.
Pluviógrafo de peso: neste instrumento o receptor repousa sobre uma escala de
pesagem que aciona a pena e esta traça um gráfico de precipitação sob a forma de um diagrama
de massas (altura de precipitação acumulada x tempo). Acredita-se que este método de medir
tanto a intensidade quanto a precipitação total de resultados são mais exatos do que os obtidos
com os pluviógrafos de caçambas basculantes.

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Pluviógrafo de flutuador: este aparelho é muito semelhante ao pluviógrafo de peso.


Nele a pena é acionada por um flutuador situado na superfície da água contida no receptor. O
registro deste pluviógrafo também se apresenta sob a forma de um diagrama de massas. (Wisler,
1964)

Os pluviógrafos (Figura 22.2), cujos registros permitem o estudo da relação


intensidade-duração-freqüência são importantes para os projetos de galerias pluviais e de
enchentes em pequenas bacias hidrográficas. Esses pluviógrafos possuem uma superfície
receptora de 200 cm2.O modelo mais usado no Brasil é o de sifão. Existe um sifão conectado ao
recipiente que verte toda a água armazenada quando o volume retido equivale à 10cm de chuva.
O pluviógrafo determina a variação temporal da água precipitada, a intensidade de
chuva, registrada ao longo do dia, semana ou mês. A precipitação é coletada por um cilindro
padrão e um sensor que transforma a altura precipitada em sinal mecânico ou eletrônico. Os
pluviógrafos mecânicos convencionais têm precisão de 0,1mm, enquanto que os digitais
podem ter precisão da ordem de milésimos de mm (Righetto, 1997).
A altura pluviométrica ( P ou H ) é a espessura média da lâmina de água precipitada
que recobre a região atingida pela precipitação, admitindo-se que essa água não se infiltre,
não se evapore, nem se escoe para fora dos limites da região. A unidade de medição habitual é
o milímetro de chuva, definido como a quantidade de precipitação correspondente ao volume
de 1 litro/m2 de superfície (Tucci et al, 1993).
Duração ( t ou D ) da chuva é o período de tempo durante o qual a chuva cai. As
unidades normalmente utilizadas são o minuto ou a hora (Tucci et al, 1993).
Intensidade ( I ou i ) é a precipitação por unidade de tempo, obtida como a relação I =
P / t, expressa-se normalmente em mm/minuto ou mm/hora. A intensidade de uma
precipitação apresenta variabilidade temporal, mas para análise dos processos hidrológicos,
geralmente são definidos intervalos de tempo nos quais é considerada constante (Tucci et al,
1993).
Na análise de alturas pluviométricas ou intensidades máximas, o período de retorno
“T” é interpretado como o número médio de anos durante o qual se espera que a precipitação
analisada seja igualada ou superada.

22.2 Valores médios das precipitações intensas de Guarulhos baseados nas relações entre
as chuvas

Aplicando os conceitos de hidrologia, vamos elaborar tabelas dos valores médios das
precipitações intensas de Guarulhos considerando o Posto pluviométrico do Bonsucesso
localizado na bacia do rio Baquirivu Guaçu, com informações pluviométricas desde o ano de
1940 até 1997 (58 anos).

22.3 Postos pluviométricos em Guarulhos

Constam no banco de dados pluviográficos do Estado de São Paulo, feito pelo


Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) em CD-ROM, quatro postos
pluviométricos localizados dentro do município de Guarulhos.
Os quatro postos são os seguintes:

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E3-002 posto Bonsucesso


bacia do rio Baquirivu Guaçu
altitude 700 metros
latitude 23 º 25’
longitude 46 º 24’
dados de 1940 até 1997.
Em funcionamento

E3-001 posto Guarulhos-Prefeitura


bacia do Tietê (Superior)
altitude 730 metros
latitude 23º 26’
longitude 46º 32’
dados de 1936 a 1969
Desativado

E3-152 posto Cumbica (FAB)


bacia Baquirivu Guaçu
altitude 780 metros
latitude 23º 26’
longitude 46º 28’
dados de 1951 a 1971
Desativado

E3-083 posto Cabuçu


bacia Tietê (Superior)
altitude 760 metros
latitude 23º 23’
longitude 46º 32’
dados de 1940 a 1975
Desativado

Em Guarulhos existe ainda a Estação Agroclimatológica da Universidade de


Guarulhos (UNG) n.º 83.075 funcionando desde 1988 sob a chefia da professora dra. Maria
Judite Garcia, chefe do Departamento de Geociências.

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Tabela 22.1- Precipitações máximas diárias anuais do Posto Bonsucesso em Guarulhos


Posto pluviométrico de Bonsucesso Guarulhos
Precipitação máxima diária Precipitação máxima diária
Ano anual (mm) Ano anual (mm)
1940 47 1981 59,2
1941 70,3 1982 112,5
1942 85,2 1983 85,6
1943 64 1984 56,5
1944 87,4 1985 44,4
1945 88,3 1986 93,2
1946 76,2 1987 107
1947 96 1988 88,2
1948 60,41 1989 76,5
1949 135,6 1990 85,1
1950 80,6 1991 76,3
1951 118,4 1992 146,2
1952 54,6 1993 39,9
1953 70,8 1994 51,5
1954 57,1 1995 67,2
1955 45,5 1996 71,9
1956 74,6 1997 57,9
1957 67,9 média 75,08 mm
1958 57,2 desvio padrão 23,29 mm
1959 59,5
1960 83,9
1961 59,2
1962 97,6
1963 59,8
1964 52,5
1965 66,5
1966 60,6
1967 68,5
1968 90
1969 43
1970 57,6
1971 68,9
1972 43,4
1973 68,4
1974 53,7
1975 87,1
1976 69,5
1977 118
1978 117,9
1979 80,2
1980 92,8
Com os dados obtidos os mesmos foram colocados em ordem decrescente da
precipitação máxima diária anual, calculando-se a probabilidade individual e acumulada
conforme a Tabela (22.2).

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Tabela 22.2-Cálculo do período de retorno do posto Bonsucesso Guarulhos

Posto pluviométrico de Bonsucesso em Guarulhos

Precipitação máxima Probabilidade Período de


Ordem diária anual em ordem acumulada retorno
“m” decrescente p= m/(n+1) T=1/p
(mm) n=58 (anos)
1 146,2 0,017 59,000
2 135,6 0,034 29,500
3 118,4 0,051 19,667
4 118 0,068 14,750
5 117,9 0,085 11,800
6 112,5 0,102 9,833
7 107 0,119 8,429
8 97,6 0,136 7,375
9 96 0,153 6,556
10 93,2 0,169 5,900
11 92,8 0,186 5,364
12 90 0,203 4,917
13 88,3 0,220 4,538
14 88,2 0,237 4,214
15 87,4 0,254 3,933
16 87,1 0,271 3,688
17 85,6 0,288 3,471
18 85,2 0,305 3,278
19 85,1 0,322 3,105
20 83,9 0,339 2,950
21 80,6 0,356 2,810
22 80,2 0,373 2,682
23 76,5 0,390 2,565
24 76,3 0,407 2,458
25 76,2 0,424 2,360
26 74,6 0,441 2,269
27 71,9 0,458 2,185
28 70,8 0,475 2,107
29 70,3 0,492 2,034
30 69,5 0,508 1,967
31 68,9 0,525 1,903
32 68,5 0,542 1,844

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Tabela 22.2 (continuação)-Cálculo do período de retorno do posto Bonsucesso


Guarulhos

Posto Pluviométrico de Bonsucesso em Guarulhos

Precipitação máxima Probabilidade Período de


Ordem diária anual em ordem acumulada retorno
“m” decrescente p= m/(n+1) T=1/p
(mm) anos
n=58
33 68,4 0,559 1,788
34 67,9 0,576 1,735
35 67,2 0,593 1,686
36 66,5 0,610 1,639
37 64 0,627 1,595
38 60,6 0,644 1,553
39 60,41 0,661 1,513
40 59,8 0,678 1,475
41 59,5 0,695 1,439
42 59,2 0,712 1,405
43 59,2 0,729 1,372
44 57,9 0,746 1,341
45 57,6 0,763 1,311
46 57,2 0,780 1,283
47 57,1 0,797 1,255
48 56,5 0,814 1,229
49 54,6 0,831 1,204
50 53,7 0,847 1,180
51 52,5 0,864 1,157
52 51,5 0,881 1,135
53 47 0,898 1,113
54 45,5 0,915 1,093
55 44,4 0,932 1,073
56 43,4 0,949 1,054
57 43 0,966 1,035
58 39,9 0,983 1,017

22.4 Método das relações de durações usando a distribuição de Gumbel

Para analisar as maiores precipitações para fins de projeto hidráulicos, é usado a


distribuição de Gumbel, conforme Righeto, 1998 página 190.

 = 6 0,5 . S / 

 = ( – 0,577 . )

sendo S = desvio padrão = 23,29mm e  = média = 75,08mm achamos os parâmetros  e .

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= 18

=64,69

Na distribuição de Gumbel, conforme Righeto, 1998 página 219 temos:

P( 1 dia; T) - 
--------------------- = - ln ( ln ( 1 / F (P(dia; T))))

sendo:
F ( P(dia ;T)) = 1 – (1 / T )

T= período de retorno e
ln= logaritmo neperiano.
Como exemplo, para período de retorno T= 25 anos

F (P( 1dia ; 25)) = 1 – (1 / 25) = 1-0,04 =0,96

P( 1 dia; 25) - 
--------------------- = - ln ( ln ( 1 / 0,96)) =3,1985

P( 1 dia; 25) – 64,69


------------------------------ = 3,1985
18

P( 1 dia; 25) – 64,69 = 3,1985 . 18 = 57,57

P( 1 dia; 25) – 64,69 = 57,57 + 64,69 =122,26mm

Para isto façamos a Tabela 22.3 onde acharemos os valores de P (dia; T) para um período
de retorno de 2, 5 , 10, 15, 20, 25, 50 e 100 anos.

Tabela 22.3-Cálculo das precipitações máximas de 1 dia em milímetros, para vários


períodos de retorno usando a distribuição de Gumbel
Variáveis Valores obtidos usando a distribuição de Gumbel
Beta 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00
Alfa 64,7 64,7 64,7 64,7 64,7 64,7 64,7 64,7
Período de retorno T 2 5 10 15 20 25 50 100
F(1dia;T) 0,50 0,80 0,90 0,93 0,95 0,96 0,98 0,99
P( 1dia;T) (mm) 71,30 91,70 105,21 112,83 118,16 122,26 134,93 147,50

Os postos pluviométricos de Guarulhos fornecem somente a leitura diária, isto é, a medida


no intervalo de 24 horas.

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Daí o termo chuva diária ou seja a chuva de 1(um) dia, não importando a duração real
da chuva. Por isto que se chama chuva de 1 (um) dia, pois o termo 24 horas significa uma
chuva cuja duração é de 24 horas.
Para se obter a chuva de 24 horas é necessário multiplicar a chuva de 1 (um) dia por
1,14 ou por 1,10 segundo Taborda (1974) ou 1,13 segundo USWB ou 0,961 segundo Magni
(1984).
Existem relações de qualquer chuva com a chuva de 1 (um) dia, e este será o enfoque
deste trabalho.

22.5 Relações das Durações

Tabela 22.4-Comparação entre as relações de alturas pluviométricas da cidade de São


Paulo e dados médios existentes.
Média Cidade São
Paulo
t2 t1 Estados Nelson Luiz
(min) (min) Nelson Luiz Goi Magni (DNOS) Unidos Denver Goi Magni
(1984) US W. (1984)
Bureau
30 5 0,34 0,37 0,42
10 0,51 0,54 0,57 0,63 0,532
30 15 0,67 0,70 0,72 0,75 0,693
20 0,80 0,81 0,84 0,817
25 0,91 0,91 0,92 0,918
10 0,38 0,40 0,45 0,408
60 15 0,50 0,52 0,57 0,532
30 0,74 0,74 0,79 0,768
120 1,22 1,27 1.25 1,119
60 0,51 0,42 0,573
360 (6h) 0,78 0,72 0,780
1440 480(8 h) 0,82 0,78 0,821
(24 h) 600 (10h) 0,85 0,82 0,855
720 (12h) 0,88 0,85 0,883
1,14 São Paulo
1,10 Taborga(1974)
24h 1 dia 0,961 São Paulo Magni
(1984)
1,13 USWB
Fonte: adaptado de Magni,1984 Dissertação de Mestrado da EPUSP

Em relação a chuva de 1 (um) dia com a chuva de 24 horas, Magni,1984 p.117 encontrou
o valor 0,961 para a cidade de São Paulo.
Entretanto pesquisas realizadas pelo U. S. Weather Bureau obteve a relação 1,13 que é
aplicada mundialmente.
Pesquisas realizadas em São Paulo usando o método de Chow-Gumbel foi obtido a
média de 1,14 usando dados do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São
Paulo com base em séries anuais abrangendo o período de 1928 a 1965 (Drenagem Urbana,
1980, p.20).
Para obtermos, por exemplo, no período de retorno de 25anos, o valor da precipitação
de 1 hora. Fazemos o seguinte:
Na Tabela (22.4) usamos o coeficiente 1,14 para passarmos da chuva de 1 dia para a
chuva de 24h. Ainda na mesma Tabela (22.4), para passarmos da chuva de 24h para a chuva

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

de 1h ou seja de 60min, multiplicamos por 0,573. Como para T=25 já foi calculado o valor de
122,26mm, isto é, a precipitação máxima de 1 dia para aquele período de retorno, teremos
então:
h= 1,14 . 0,573 . 122,26 = 0,65 . 122,26 = 79,87mm
Portanto, a precipitação máxima em Guarulhos de chuva de 1h com período de retorno
de 25anos é de 79,87mm.

Como conseguimos as precipitações de 1(um) dia para os vários períodos de retorno


usando a distribuição de Gumbel, podemos usar as relações entre as alturas pluviométricas da
Tabela 22.4 obtendo a Tabela 22.5 e Tabela 22.6.

Tabela 22.5-Altura pluviométrica média do Posto Bonsucesso de Guarulhos


Guarulhos - São Paulo posto E3-002 Bonsucesso
altitude 700 metros latitude 23 º 25’ longitude 46 º 24’
Altura pluviométrica média de Guarulhos (mm)
Duração Relação Período de retorno
da chuva entre (anos)
chuvas 2 5 10 15 20 25 50 100

5 minutos 0,34 11,72 15,07 17,29 18,54 19,42 20,10 22,18 24,242
10 minutos 0,532 18,33 23,58 27,05 29,01 30,39 31,44 34,70 37,932
15 minutos 0,693 23,88 30,72 35,24 37,80 39,58 40,96 45,20 3222,848
20 minutos 0,817 28,16 36,21 41,55 44,56 46,67 48,29 53,29 58,252
25 minutos 0,918 31,64 40,69 46,68 50,07 52,43 54,26 59,88 65,454
30 minutos 0,74 34,46 44,33 50,86 54,54 57,12 59,10 65,23 71,300
1 hora 0,573 46,57 59,90 68,72 73,70 77,19 79,87 88,14 96,352
2 horas 1,119 52,11 67,03 76,90 82,47 86,37 89,38 98,63 107,818
6 horas 0,78 63,40 81,54 93,55 100,33 105,07 108,73 119,98 131,159
8 horas 0,821 66,73 85,82 98,47 105,60 110,59 114,44 126,29 138,054
10 horas 0,855 69,49 89,38 102,54 109,97 115,17 119,18 131,52 143,771
12 horas 0,883 71,77 92,31 105,90 113,57 118,95 123,08 135,83 148,479
24 horas 1,14 81,28 104,54 119,94 128,62 134,71 139,39 153,83 168,153
1 dia* 1 71,30 91,70 105,21 112,83 118,16 122,27 134,93 147,50
* Chuva de 1 dia obtida da Distribuição de Gumbel

Considerando ainda a distribuição de Gumbel, para a média obtida de 75,08mm temos


o desvio padrão de 23,29mm. Para o nível de significância =0,05, temos:

Fz (z /2) = 1 – /2 = 0,975

e pela distribuição t- Student z /2 = 2,228. Com estes valores, tem-se o intervalo que se situa
 para o nível de confiança de 95%, ou seja, a média populacional é igual a:

 = 75,08  23,29mm

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Na distribuição de Gumbel o valor  é

= 6 0,5 x (desvio padrão das precipitações) 0,5/ 

Sendo o desvio padrão 23,09mm então o valor de =18.

= (média das precipitações – 0,577 x )

Pode-se observar que o valor de  depende da média das precipitações que pode assumir os
seguintes valores: máximo, mínimo e médio.

 = 75,08  23,29 mm

 = 75,08 + 23,29 mm = 98,37mm (valor máximo)


 = 75,08 - 23,29 mm=51,79mm(valor mínimo)
 = 75,08 + 0 =mm(valor médio)
Sendo o desvio padrão 23,09mm então o valor de =18.

= (média das precipitações – 0,577 x )


= (média das precipitações – 0,577 x 18)
= (média das precipitações – 10,386)

Como o valor da média varia de um máximo, um mínimo e um médio, o valor  também


varia:

Considerando o valor máximo da precipitação teremos:

= (média das precipitações – 10,386)


= (98,37 – 10,386)=87,98
Considerando o valor mínimo da precipitação teremos:

= (média das precipitações – 10,386)


= (51,79 – 10,386)=41,40

Considerando o valor médio da precipitação teremos:

= (média das precipitações – 10,386)


= (75,08 – 10,386)=64,69

Na distribuição de Gumbel temos:

P( 1 dia; T) - 
--------------------- = - ln ln ( ln ( 1 / F (P(dia; T)))

sendo:

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

F( P(dia ;T) = 1 – (1/ T);


ln: logaritmo neperiano;
T= período de retorno.

Para isto façamos as Tabela 22.6 onde acharemos os valores de P (dia; T) para um
período de retorno de 2, 5 , 10, 15, 20, 25, 50 e 100 anos.

Tabela 22.6-Com os valores máximos, médios e mínimos de  temos as alturas


pluviométricas de 1 dia do posto Bonsucesso de Guarulhos
Alturas pluviométricas em mm de Guarulhos da chuva de
Valores de 1 dia
 Período de Retorno em anos
2 5 10 15 20 25 50 100
87,98 (máximo) 94,6 115,0 128,5 136,1 141,5 145,6 158,2 170,8
64,69(médio) 81,7 102,1 115,6 123,2 128,6 132,7 145,3 157,9
41,40(mínimo) 48,0 68,4 81,9 89,5 94,9 99,0 111,6 124,2

Variação entre valor máximo


e valor médio 0,16 0,13 0,11 0,10 0,10 0,10 0,09 0,08
Variação entre valor mínimo
e valor médio 0,41 0,33 0,29 0,27 0,26 0,25 0,23 0,21

22.6 Equação das chuvas intensas de Guarulhos usando o posto pluviométrico de


Bonsucesso
Vários autores do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo e Centro
Tecnológico de Hidráulica de São Paulo, apresentaram no XIII Simpósio Brasileiro de
Recursos Hídricos de 1999, excelente trabalho sobre “Precipitação de projeto para o
município de São Paulo e região”.
Entre estes está o prof. dr. Nelson Luiz Goi Magni, autor da mais atualizada equação
das chuvas intensas da cidade de São Paulo.
Os autores baseados nos 103 postos pluviométricos existentes na região metropolitana
de São Paulo acharam uma sistemática que pode ser aplicada a toda a região.
Foi considerado a média da chuva de 1 dia de Guarulhos no posto Bonsucesso de
75,08mm e coeficiente de variação de Guarulhos cv=0,31, obtido pela relação entre a média e
o desvio padrão de 23,29mm.
É importante ressaltar que os autores, confirmaram a tendência do coeficiente de
variação ser constante para cada posto existente na Região Metropolitana de São Paulo
(RMSP). Valor semelhante pode também ser obtido usando as isolinhas dos coeficientes de
variação da RMSP para chuva de 1 dia.
O valor médio das chuvas máximas de 1 dia pode ser obtido pela isoieta fornecido
também pelos autores. No caso usamos o valor médio das chuvas de 1 dia calculado do posto
Bonsucesso em Guarulhos que é de 75,08mm.
Baseado nas informações e pesquisas feitas no trabalho citado, e considerando os
estudos que fizemos sobre o posto pluviométrico de Guarulhos localizado em Bonsucesso,
achamos a seguinte equação das chuvas intensas de Guarulhos.

h=39,79. ( t - 0,10 ) 0,242 . { 1- 0,31. [ln (ln (T/(T-1)))+0,50764]} (Equação 22.1)

sendo

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

h = altura pluviométrica (mm);


t= tempo de duração da chuva (h);
ln= logaritmo neperiano
T= período de retorno (anos)

Exemplo 22.1
Achar a altura pluviométrica em milímetros para chuva de duração de 2horas
com período de retorno de 25anos. Usando a equação temos:

h=39,79. ( t - 0,10 ) 0,242 . { 1- 0,31. [ln (ln (T/(T-1)))+0,50764]}

h=39,79. ( 2 - 0,10 ) 0,242 . { 1- 0,31. ln [ln (25/(25-1))]+0,50764}


h= 85,25mm
A equação está calculada na Tabela 22.7 para chuvas de 10minutos a 24horas.
Observar na Tabela 22.8 que fizemos uma comparação com a fórmula de Martinez e Magni
elaborada em 1999, com dados do posto pluviométrico e pluviográfico do IAG no período de
1931 a 1994.
Observar que as maiores diferenças são para chuvas de pouca duração e de grande
duração que apresentam erros de até 24,5% enquanto para durações intermediarias os erros
são pequenos, isto é, da ordem de 5% aproximadamente.
Estas diferenças encontradas mostra a necessidade de mais estudos na região
metropolitana de São Paulo para melhor definição das equações regionais, como é o caso de
Guarulhos.

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Tabela 22.7- Altura pluviométrica média em mm do Posto Bonsucesso de Guarulhos


usando a equação de Guarulhos

Guarulhos - São Paulo posto E3-002 Bonsucesso


altitude 700m - latitude 23 º 25’ longitude 46 º 24’
Duração Altura pluviométrica média de Guarulhos
da chuva (mm)
Período de retorno
(anos)
2 5 10 15 20 25 50 100

10 min 19,76 27,02 31,82 34,54 36,43 37,90 42,40 46,87


15 min 24,04 32,88 38,72 42,02 44,33 46,11 51,60 57,04
20 min 26,75 36,59 43,09 46,77 49,34 51,32 57,42 63,47
25 min 28,81 39,39 46,40 50,35 53,12 55,25 61,82 68,34
30 min 30,48 41,68 49,10 53,28 56,21 58,47 65,42 72,32
1h 37,09 50,72 59,74 64,83 68,40 71,14 79,60 88,00
2h 44,44 60,77 71,59 77,69 81,96 85,25 95,38 105,44
6h 49,23 67,32 79,30 86,06 90,79 94,43 105,66 116,80
8h 62,74 85,80 101,06 109,67 115,70 120,35 134,66 148,86
10 h 66,27 90,61 106,74 115,83 122,20 127,10 142,21 157,21
12 h 69,28 94,74 111,60 121,10 127,76 132,89 148,69 164,37
18 h 76,48 104,58 123,18 133,68 141,03 146,69 164,13 181,44
24 h 82,02 112,16 132,11 143,37 151,25 157,32 176,02 194,59

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Tabela 22.8- Erros médios em porcentagem comparando a fórmula de Guarulhos com a de Magni de
1999 da cidade de São Paulo
Erros médios da fórmula de Guarulhos
Duração da chuva Duração da chuva em comparando com a da cidade de São Paulo feita
por Magni,1999
(h)
10 min 0,17 24,5
15 min 0,25 16,2
20 min 0,33 9,5
25 min 0,42 4,9
30 min. 0,5 1,8
1h 1 -5,1
2h 2 -5,5
6h 6 2,5
8h 8 5,8
10 h 10 8,7
12 h 12 11,2
18 h 18 17,2
24 h 24 21,8

22.7 Intensidade média de chuva na Cidade de São Paulo no ponto


O posto do parque do Estado (E3- 035) IAG está localizado na cota 780m e nas
coordenadas 23º 39’S e 46º 38’ W, sendo que todos os trabalhos abaixo citados foram feitos
com dados do mesmo.

Pela ordem cronológica temos as seguintes chuvas para a cidade de São Paulo.

Occhipinti e Santos –1965 no período de 1926 a 1964 (37 anos) e usando o postos do IAG no
parque do Estado (E3-035) obteve as seguintes fórmulas:

Para t= 60 min:

27,96 . Tr0,112
I = ------------------------ (mm/min) (Equação 22.2)
( t + 15) 0,86 T –0,0144

Para 60 < t = 1440 min

20,21 . Tr0,15
I =------------------------ (mm/min) (Equação 22.3)
t 0,82

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Paulo Sampaio Wilken em 1972 obteve para a região Metropolitana de São Paulo por
análise de regressão com dados de 1934 a 1959 (26 anos)do pluviógrafo instalado no Parque
do Estado na Água Funda E3-035, obtendo a seguinte equação das chuvas:

4855,3 . Tr0,181
I =------------------------ ( l/s.ha) (Equação 22.4)
( t + 15)0,89

sendo:
I= intensidade média da chuva ( l /s. ha );
Tr = período de retorno (anos);
t=duração da chuva (min).
ou pode se apresentar em outras unidades:

29,13 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/min) (Equação 22.5)
( t + 15)0,89

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h) (Equação 22.6)
( t + 15)0,89

Exemplo 22.2
Dado o período de retorno T= 20 anos e o tempo de concentração de 18 minutos, achar
a intensidade da chuva.

4855,3 . Tr0,181 4855,3 . 200,181


I =-------------------- =- ------------------- = 371,72 l/s . ha
( t + 15)0,89 ( 18+15)0,89

teremos a intensidade de chuva de 371,72 l/s.ha.

-Mero e Magni em 1979 com dados de 1931 a 1979 (49 anos) usando o mesmo Posto
Pluviométrico, obteve para a cidade de São Paulo a seguinte fórmula:

I = 37,05 ( t + 20) –0,914 + ( t+20) –0,914 . [ -5,966 –10,88 ln ln ( T / ( T - 1))] (Equação 22.7)
para 10min  t  60min

I = 19,24 t –0,821 + t –0,821 . [-3,098 –5,65 ln ln ( T / ( T - 1))] (Equação


22.8)

para 60min  t  1440min (24h)

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

sendo:

I= intensidade da chuva (mm/min);


t= tempo (min);
ln = logaritmo neperiano
T= período de retorno (anos).

Nelson Luiz Goi Magni e Felix Mero em 1986 no Boletim nº 4 denominado “Precipitações
intensas do Estado de São Paulo”, página 69 e em 1984 na dissertação de Mestrado na Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo do dr. Nelson Luiz Goi Magni usando dados de
1931 a 1979 do Posto IAG/USP na cidade de São Paulo, obtiveram as seguintes equações das
chuvas intensas no ponto:

I = ( t + 20) –0,914 . [ 31,08 –10,88 ln ln ( T / ( T - 1))] (Equação 22.9)

para 10  t  60
–0,821
I= t . [ 16,14 –5,65 ln ln ( T / ( T - 1))] (Equação
22.10)

para 60  t  1440 (24h)

Sendo:
I= intensidade da chuva (mm/min);
t= tempo (min);
ln = logaritmo neperiano
T= período de retorno (anos).

Martinez e Magni em 1999 com dados de 1933 a 1997 (65anos) relativos ao Posto IAG-E3-
035) obteve para a cidade de São Paulo a seguinte equação:

I = 39,3015 ( t + 20) –0,9228 +10,1767 (t+20) –0,8764 . [ -0,4653 –0,8407 ln ln ( T / ( T - 1))] (Equação 22.11)

para chuva entre 10min e 1440min


I= intensidade da chuva (mm/min);
t= tempo (min);
ln = logaritmo neperiano
T= período de retorno (anos).
As Tabelas (22.9) e (22.10) referem-se a fórmula de Martinez e Magni de 1999. A
primeira tabela se refere a previsão de alturas máximas em milímetros e a segunda, da
máxima intensidade de chuva em (mm/h).
Por exemplo, para sabermos a precipitação total de uma chuva de 2h para período de
retorno de 25anos, vemos na Tabela (22.9) que o valor é 85,1mm. Para saber a intensidade da
chuva para a mesma chuva na Tabela (22.10) achamos 42,5mm/h.

Dica: a Equação (22.11) de Martinez e Magni de 1999 é a mais nova a ser usada na Região
Metropolitana de São Paulo.

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Tabela 22.9– São Paulo: Previsão de alturas máximas de chuvas em mm

Duração da Período de retorno


chuva (anos)
2 5 10 15 20 25 50 100 200
10 min 16,2 21,1 24,4 26,2 27,5 28,5 31,6 34,6 37,6
15 min 21,1 27,5 31,8 34,2 35,9 37,2 41,2 45,2 49,1
20 min 24,9 32,5 37,6 40,4 42,4 44,0 48,7 53,4 58,1
25 min 27,9 36,5 42,2 45,4 47,7 49,4 54,8 60,1 65,4
30 min 30,3 39,8 46,0 49,5 52,0 53,9 59,8 65,6 71,4
1h 39,3 51,8 60,1 64,7 68,0 70,5 78,3 86,0 93,6
2h 46,8 62,1 72,3 78,0 82,0 85,1 94,6 104,0 113,4
6h 55,7 74,9 87,6 94,7 99,7 103,6 115,5 127,2 139,0
8h 57,6 77,7 91,0 98,5 103,7 107,8 120,2 132,6 144,9
10 h 59,1 79,8 93,6 101,3 106,8 111,0 123,9 136,7 149,4
12 h 60,2 81,5 95,6 103,6 109,2 113,5 126,8 139,9 153,0
18h 62,5 85,2 100,1 108,6 114,5 119,1 133,1 147,0 160,9
24h 64,1 87,7 103,3 112,1 118,2 123,0 137,6 152,1 166,5
Fonte: aplicação da fórmula de Martinez e Magni de 1999

Tabela 22.10 – São Paulo: Previsão de máximas intensidade de chuvas em mm/hora

Duração da Período de retorno


chuva (anos)
2 5,00 10 15 20 25 50 100 200
10 min 97,3 126,9 146,4 157,4 165,2 171,1 189,4 207,6 225,8
15 min 84,4 110,2 127,3 136,9 143,7 148,9 164,9 180,8 196,6
20 min 74,6 97,5 112,7 121,3 127,3 131,9 146,2 160,3 174,4
25 min 66,9 87,6 101,3 109,0 114,4 118,6 131,4 144,2 156,9
30 min. 60,7 79,5 92,0 99,1 104,0 107,8 119,5 131,2 142,8
1h 39,3 51,8 60,1 64,7 68,0 70,5 78,3 86,0 93,6
2h 23,4 31,1 36,1 39,0 41,0 42,5 47,3 52,0 56,7
6h 9,3 12,5 14,6 15,8 16,6 17,3 19,2 21,2 23,2
8h 7,2 9,7 11,4 12,3 13,0 13,5 15,0 16,6 18,1
10 h 5,9 8,0 9,4 10,1 10,7 11,1 12,4 13,7 14,9
12 h 5,0 6,8 8,0 8,6 9,1 9,5 10,6 11,7 12,8
18h 3,5 4,7 5,6 6,0 6,4 6,6 7,4 8,2 8,9
24h 2,7 3,7 4,3 4,7 4,9 5,1 5,7 6,3 6,9
Fonte: aplicação da fórmula de Martinez e Magni de 1999

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

22.7.1 Conclusão a respeito das equações da chuva da cidade de São Paulo


Conforme estudos efetuados pelo Centro Tecnológico de Hidráulica (CTH) em São
Paulo, 28 de junho de 1999, são poucas as diferenças entre as fórmulas da cidade de São
Paulo.
Citando ainda o CTH: no caso do posto do IAG, localizado no parque do Estado, na
cidade de São Paulo, constatou-se que a equação das chuvas intensas formuladas neste
trabalho fornece valores de intensidades de precipitações próximos dos obtidos com as
equações anteriormente elaboradas, particularmente em relação à equação determinada por
Mero e Magni, em 1979, que utiliza a mesma formulação matemática.
Este fato, corroborado pela extensão da série histórica de dados de chuvas disponíveis,
com 65 anos, evidencia que, neste caso, não houve alteração no regime das precipitações
intensas ao longo do período de observação.

22.8 Aplicação da equação das chuvas intensas na região


A equação de Martinez e Magni de 1999 que é a última fórmula desenvolvida na
cidade de São Paulo, vale para um ponto, ou seja, uma área menor que 25 km2. É sempre
assumida a hipótese que a chuva é uniformemente distribuída para uma área menor que
25km2 (10mi2) conforme Chin, 2000 que apresenta a fórmula de Leclerc e Schaake, 1972.

K= 1 – exp ( -1,1 . t ¼ ) exp ( - 1,1 . t ¼ - 0,01.A) Equação (22.12)

Sendo t= duração da chuva (h) e A área da bacia em milhas quadradas.

Exemplo 22.3 (Chin, 2000)


Uma chuva local de 24h com 180mm e período de retorno de 10anos. Deseja-se a média de
chuva em uma área de 100km2.

Solução
Sendo t=24h, A=100km2 = 40 mi2. Substituindo na Equação (22.11):

K= 1 – exp ( -1,1 . 24 ¼ ) exp ( - 1,1 . 24 ¼ - 0,01.40) = 0,97

Portanto, a precipitação média sobre a área de 100km2 será 0,97 . 180mm = 175mm.

O Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) adota para área
maior que 25 km2, a equação de Paulhus (Linsley et al.,1975):

Párea = Pponto . k (Equação 22.13)

onde:
Párea = precipitação na área
Pponto = precipitação no ponto

K = 1,0 – [ 0,1 . log (A / Ao ) ] (Equação 22.14)

Exemplo 22.4 de aplicação do ribeirão dos Meninos/SP:

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Área da bacia =A = 98,65 km²


2
Ao = 25 km
K = 0,94

Exemplo 22.5 de aplicação para o Alto Tietê /SP

Área da bacia = A=3.230 km2


2
Ao = 25 km
K=0,789

Exemplo 22.6 para o córrego Pirajussara/SP

Área da bacia = A=72 km2


2
Ao =25 km
K=0,95

22.9 Hietograma
O livro Precipitações Intensas no Estado de São Paulo dos doutores Nelson Luiz Goi
Magni e Felix Mero de 1986, trás hietogramas das chuvas máximas, médias e mínimas de
várias cidades do Estado de São Paulo, inclusive a cidade de São Paulo.
A Tabela (22.12) trás o hietograma da chuva máxima de São Paulo. Tomaremos
somente as relações das alturas pluviométricas e do tempo em porcentagem relativos as
chuvas máximas. Observar que os hietogramas das chuvas máximas varia para a duração da
chuva, sendo as mesmas classificadas em três intervalos principais como abaixo de 1 hora,
entre 1 hora e 6 horas e acima de 6 horas. As Figuras (22.3), (22.4) e (22.5) trazem os
hietogramas da chuva de São Paulo para os três intervalos de duração de chuva mencionados.

Tabela 22.11-Hietograma da chuva máxima da cidade de São Paulo

Tempo/tempo total Hietograma da chuva máxima da cidade de São Paulo


(%)
Chuva máxima Chuva máxima Chuva máxima
10 min < t < 1h 1h < t < 6h 6 h < t < 24h
0 0 0 0
10 53 65 42
20 86 82 59
30 86 92 69
40 92 94 78
50 95 95 84
60 96 96 91
70 97 97 95
80 98 98 97
90 99 99 98
100 100 100 100
Fonte: Magni,1986 Precipitações Intensas no Estado de São Paulo/CTH com dados de 1931 a 1979 do posto do IAG/USP

22-22
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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Figura 22.3 Hietograma da chuva de São Paulo no intervalo de 10 minutos até 1 hora.

H ie to g r a m a d a C h u v a d e S ã o
P a u lo 1 0 m in < t < 1 h

120

100

80
ht/h (%)

60

40

20

0
0 50 100 150
te m p o / te m p o to ta l (% )

H ie t o g r a m a d a C h u v a d e S ã o
P a u lo 6 h < t < 2 4 h

1 2 0
1 0 0
8 0
ht/h (%)

6 0
4 0
2 0
0
0 5 0 1 0 0 1 5 0
te m p o / te m p o to ta l (% )

Figura 22.5-Hietograma da cidade de São Paulo para chuvas entre 6 horas e 24 horas

Figura 22.4 Hietograma da cidade de São Paulo para chuvas entre 1 hora e 6 horas

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

H ie to g r a m a d e S ã o P a u lo 1 h < t <
6h

120
100
ht / h (%)

80
60
40
20
0
0 50 100 150
te m p o / te m p o to ta l (% )

Usando a Tabela (22.11) com dados fornecido por Magni, 1986 e usando interpolação
linear construímos as Tabelas (22.12) a (22.15) para chuvas de duração de 3h, 6h, 8h e 24h.

Tabela 22.12- Fração da chuva de 8h segundo Magni,1986 com intervalos de 0,5h em 16


intervalos
Tempo Fração da chuva de 8h conforme hietograma de Magni, 1986
(h)
0,5 0,260
1,0 0,200
1,5 0,106
2,0 0,071
2,5 0,061
3,0 0,056
3,5 0,045
4,0 0,038
4,5 0,044
5,0 0,036
5,5 0,025
6,0 0,015
6,5 0,011
7,0 0,006
7,5 0,010
8,0 0,015
Soma= 1,000

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Tabela 22.13- Fração da chuva de 24h segundo Magni,1986 com intervalos de 1,0h em
24 intervalos

Tempo Fração da chuva de 24h conforme hietograma de Magni, 1986


(h)
1 0,180
1 0,180
1 0,180
2 0,175
3 0,113
4 0,071
5 0,065
6 0,042
7 0,042
8 0,038
9 0,038
10 0,033
11 0,025
12 0,025
13 0,029
14 0,029
15 0,022
16 0,017
17 0,015
18 0,008
19 0,008
20 0,005
21 0,004
22 0,006
23 0,008
24 0,01
Soma= 1,000

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Tabela 22.14- Fração da chuva de 6h segundo Magni, 1986 com intervalos de 0,17h em
36 partes

Tempo Fração da chuva de 6horas conforme hietograma de Magni, 1986


(h)
0,17 0,181
0,33 0,181
0,50 0,181
0,67 0,127
0,83 0,047
1,00 0,047
1,17 0,047
1,33 0,032
1,50 0,028
1,67 0,028
1,83 0,023
2,00 0,006
2,17 0,006
2,33 0,006
2,50 0,004
2,67 0,003
2,83 0,003
3,00 0,003
3,17 0,003
3,33 0,003
3,50 0,003
3,67 0,003
3,83 0,039
4,00 0,000
4,17 0,000
4,33 0,000
4,50 0,000
4,67 0,000
4,83 0,000
5,00 0,000
5,17 0,000
5,33 0,000
5,50 0,000
5,67 0,000
5,83 0,000
6,00 0,000
Soma= 1,000

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Tabela 22.15- Fração da chuva de 3h segundo Magni, 1986 com intervalos de 0,17h em
18 partes
Tempo Fração da chuva de 3h conforme hietograma de Magni, 1986
(h)
0 0,00
0,17 0,36
0,33 0,31
0,50 0,09
0,67 0,08
0,83 0,06
1,00 0,03
1,17 0,01
1,33 0,01
1,50 0,01
1,67 0,01
1,83 0,01
2,00 0,01
2,17 0,01
2,33 0,01
2,50 0,01
2,67 0,01
2,83 0,01
3,00 0,01
Soma= 1,00

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22.10 Hietograma baseado na chuva de duração de 2 horas de fevereiro de 1983


Baseado no evento chuvoso de 2/2/1983, a chuva de 2h assemelha-se à distribuição
com 50% de probabilidade no 1º quartil de duração proposto por Huff em 1978, conforme
mostrado no estudo DAEE da calha do rio Tietê em 1999 e no estudo do ribeirão dos
Meninos.
A chuva tem 2 horas de duração com intervalo de 2,5min, ou seja, 0,041667h com 48
intervalos conforme Tabela (22.16), contida nos projetos do DAEE do córrego Pirajussara,
córrego Aricanduva e córrego ribeirão dos Meninos, todos no Alto Tietê em São Paulo.
Na região metropolitana de São Paulo (RMSP) o Departamento de Águas e Energia
Elétrica (DAEE) verificou que para bacia de até 100 km2 de área de drenagem, as chuvas que
provocam danos mais freqüentes são as chuvas de duração igual a 2 (duas) horas. Estas foram
usadas para o dimensionamento do rio Aricanduva (100 km2), córrego Pirajussara (72 km2),
ribeirão dos Meninos (98,65 km2).
Para o caso de dimensionamento de reservatórios de detenção é importante a duração
da chuva que produza o volume máximo do reservatório de detenção.

Tabela 22.16– Chuva de 2 horas ribeirão dos Meninos/ SP. Precipitações de projeto (equação de Mero)
Chuva Precipitação de 2 horas (mm)
Distribuída TR=2 TR=10 TR=25 TR=50 TR=100
ponto (k=1,00) 43,00 68,04 80,64 90,00 99,24
área (k=0,94) 40,42 63,96 75,80 84,60 93,29
2 horas t HUFF 1. Q TR=2 TR=10 TR=25 TR=50 TR=100
Intervalo (horas) (%) anos anos anos anos anos
1 0,0417 0,030 1,21 1,92 2,28 2,54 2,80
2 0,0833 0,030 1,21 1,92 2,28 2,54 2,80
3 0,1250 0,036 1,46 2,31 2,73 3,05 3,36
4 0,1667 0,036 1,46 2,31 2,73 3,05 3,36
5 0,2083 0,061 2,46 3,90 4,62 5,16 5,69
6 0,2500 0,061 2,46 3,90 4,62 5,16 5,69
7 0,2917 0,076 3,07 4,86 5,76 6,43 7,09
8 0,3333 0,076 3,07 4,86 5,76 6,43 7,09
9 0,3750 0,052 2,10 3,33 3,94 4,40 4,85
10 0,4167 0,052 2,10 3,33 3,94 4,40 4,85
11 0,4583 0,052 2,10 3,33 3,94 4,40 4,85
12 0,5000 0,052 2,10 3,33 3,94 4,40 4,85
13 0,5417 0,033 1,34 2,11 2,50 2,79 3,08
14 0,5833 0,032 1,29 2,05 2,42 2,71 2,98
15 0,6250 0,026 1,05 1,66 1,97 2,20 2,42
16 0,6667 0,025 1,01 1,60 1,90 2,12 2,34
17 0,7083 0,022 0,89 1,41 1,67 1,87 2,06
18 0,7500 0,021 0,85 1,35 1,59 1,78 1,96
19 0,7917 0,014 0,56 0,89 1,06 1,18 1,30
20 0,8333 0,014 0,56 0,89 1,06 1,18 1,30
21 0,8750 0,014 0,56 0,89 1,06 1,18 1,30
22 0,9167 0,014 0,56 0,89 1,06 1,18 1,30
23 0,9583 0,013 0,53 0,84 0,99 1,10 1,22
24 1,0000 0,012 0,49 0,77 0,91 1,02 1,12
25 1,0417 0,012 0,49 0,77 0,91 1,02 1,12

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26 1,0833 0,012 0,49 0,77 0,91 1,02 1,12


27 1,1250 0,011 0,44 0,70 0,83 0,93 1,02
28 1,1667 0,011 0,44 0,70 0,83 0,93 1,02
29 1,2083 0,008 0,32 0,51 0,60 0,67 0,74
30 1,2500 0,008 0,32 0,51 0,60 0,67 0,74
31 1,2917 0,006 0,24 0,38 0,46 0,51 0,56
32 1,3333 0,006 0,24 0,38 0,46 0,51 0,56
33 1,3750 0,006 0,24 0,38 0,46 0,51 0,56
34 1,4167 0,006 0,24 0,38 0,46 0,51 0,56
35 1,4583 0,006 0,24 0,38 0,46 0,51 0,56
36 1,5000 0,006 0,24 0,38 0,46 0,51 0,56
37 1,5417 0,006 0,24 0,38 0,46 0,51 0,56
38 1,5833 0,006 0,24 0,38 0,46 0,51 0,56
39 1,6250 0,006 0,24 0,38 0,46 0,51 0,56
40 1,6667 0,006 0,24 0,38 0,46 0,51 0,56
41 1,7083 0,004 0,16 0,26 0,31 0,34 0,38
42 1,7500 0,004 0,16 0,26 0,31 0,34 0,38
43 1,7917 0,004 0,16 0,26 0,31 0,34 0,38
44 1,8333 0,004 0,16 0,26 0,31 0,34 0,38
45 1,8750 0,002 0,08 0,13 0,15 0,17 0,18
46 1,9167 0,002 0,08 0,13 0,15 0,17 0,18
47 1,9583 0,002 0,08 0,13 0,15 0,17 0,18
48 2,0000 0,002 0,08 0,13 0,15 0,17 0,18
soma 2,0000 1,000 40,42 64,00 75,80 84,60 93,30
Fonte DAEE: ribeirão dos Meninos/SP

A bacia do Alto Tietê entre barragem Edgard de Souza e Barragem da Penha (3.230km2),
foi considerado pelo DAEE a distribuição percentual média da chuva de 24 horas, observada
entre 01/02/1983 (7h) e 02/02/1983 (7h), sendo a maior tormenta verificada na bacia dentro
do intervalo de dados existentes e que se assemelha bastante à distribuição com 50% de
probabilidade, no 1º quartil de duração, proposta por Huff em 1978, conforme Tabela (22.17)
e Figura (22.6).
Para consulta de Huff ver página 51 do livro Drenagem Urbana,1995 da ABRH e página
21 do livro Urban Stormwater Hydrology de Akan, 1993.

Dica: na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) em áreas de até 100km2 deve-se
usar chuva de 2h com distribuição de Huff (1º Quartil, 50% de probabilidade).

22-29
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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Figura 22.1- Distribuições temporais de chuva de Huff no primeiro quartil


Fonte: Marcelini et al, 1995

Figura 22.1- Distribuições temporais de chuva de Huff no segundo quartil


Fonte: Marcelini et al, 1995

22-30
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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Figura 22.1- Distribuições temporais de chuva de Huff no terceiro quartil


Fonte: Marcelini et al, 1995

Figura 22.1- Distribuições temporais de chuva de Huff no quarto quartil


Fonte: Marcelini et al, 1995

Tabela 22.17- Distribuição temporal da chuva de 24 horas


Intervalo Observada HUFF
(1 hora) em 1983 (%P) 1º quartil (%P)
1 3,6 6,0
2 9,8 7,2
3 11,5 12,2
4 10,7 15,2
5 9,8 10,4
6 8,9 10,4
7 7,1 6,2
8 3,6 4,8

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9 3,6 4,3
10 3,6 2,8
11 4,5 2,8
12 1,8 2,5
13 3,6 2,4
14 4,5 2,2
15 1,8 1,6
16 4,5 1,2
17 0,9 1,2
18 0,9 1,2
19 1,8 1,2
20 0,9 1,2
21 0,9 0,8
22 0,9 0,8
23 0,4 0,7
24 0,4 0,7
Fonte: DAAE. Alto Tietê, 1999/SP

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Figura 22.6- Chuva de curva acumulada do evento de 1983 no Alto Tietê/SP, comparada com a curva de
Huff (1º Quartil, 50% de probabilidade).
Fonte: DAAE, 1999/SP

Tabela 22.18- Hietograma de chuvas de 2h para diversos períodos de retorno usando


adimensional da chuva de Huff , 1º quartil com 50% de probabilidade para intervalo de
2,5min (0,0417h)
Equação das chuvas de Martinez e Magni,1999 para a
cidade de São Paulo
Tempo
46,8mm 72,2mm 85,1mm 94,6mm 104mm
Ordem
HUFF 1. Q TR=2 TR=10 TR=25 TR=50 TR=100
(%) anos anos anos anos anos
Adimension
(min) (horas) al (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
1 2,5 0,0417 0,03 1,4040 2,1660 2,5530 2,8380 3,1200
2 5,0 0,0833 0,03 1,4040 2,1660 2,5530 2,8380 3,1200
3 7,5 0,1250 0,036 1,6848 2,5992 3,0636 3,4056 3,7440
4 10,0 0,1667 0,036 1,6848 2,5992 3,0636 3,4056 3,7440
5 12,5 0,2083 0,061 2,8548 4,4042 5,1911 5,7706 6,3440
6 15,0 0,2500 0,061 2,8548 4,4042 5,1911 5,7706 6,3440
7 17,5 0,2917 0,076 3,5568 5,4872 6,4676 7,1896 7,9040
8 20,0 0,3333 0,076 3,5568 5,4872 6,4676 7,1896 7,9040
9 22,5 0,3750 0,052 2,4336 3,7544 4,4252 4,9192 5,4080
10 25,0 0,4167 0,052 2,4336 3,7544 4,4252 4,9192 5,4080
11 27,5 0,4583 0,052 2,4336 3,7544 4,4252 4,9192 5,4080
12 30,0 0,5000 0,052 2,4336 3,7544 4,4252 4,9192 5,4080
13 32,5 0,5417 0,033 1,5444 2,3826 2,8083 3,1218 3,4320
14 35,0 0,5833 0,032 1,4976 2,3104 2,7232 3,0272 3,3280
15 37,5 0,6250 0,026 1,2168 1,8772 2,2126 2,4596 2,7040
16 40,0 0,6667 0,025 1,1700 1,8050 2,1275 2,3650 2,6000
17 42,5 0,7083 0,022 1,0296 1,5884 1,8722 2,0812 2,2880

22-33
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Capítulo 22- Chuvas Intensas

18 45,0 0,7500 0,021 0,9828 1,5162 1,7871 1,9866 2,1840


19 47,5 0,7917 0,014 0,6552 1,0108 1,1914 1,3244 1,4560
20 50,0 0,8333 0,014 0,6552 1,0108 1,1914 1,3244 1,4560
21 52,5 0,8750 0,014 0,6552 1,0108 1,1914 1,3244 1,4560
22 55,0 0,9167 0,014 0,6552 1,0108 1,1914 1,3244 1,4560
23 57,5 0,9583 0,013 0,6084 0,9386 1,1063 1,2298 1,3520
24 60,0 1,0000 0,012 0,5616 0,8664 1,0212 1,1352 1,2480
25 62,5 1,0417 0,012 0,5616 0,8664 1,0212 1,1352 1,2480
26 65,0 1,0833 0,012 0,5616 0,8664 1,0212 1,1352 1,2480
27 67,5 1,1250 0,011 0,5148 0,7942 0,9361 1,0406 1,1440
28 70,0 1,1667 0,011 0,5148 0,7942 0,9361 1,0406 1,1440
29 72,5 1,2083 0,008 0,3744 0,5776 0,6808 0,7568 0,8320
30 75,0 1,2500 0,008 0,3744 0,5776 0,6808 0,7568 0,8320
31 77,5 1,2917 0,006 0,2808 0,4332 0,5106 0,5676 0,6240
32 80,0 1,3333 0,006 0,2808 0,4332 0,5106 0,5676 0,6240
33 82,5 1,3750 0,006 0,2808 0,4332 0,5106 0,5676 0,6240
34 85,0 1,4167 0,006 0,2808 0,4332 0,5106 0,5676 0,6240
35 87,5 1,4583 0,006 0,2808 0,4332 0,5106 0,5676 0,6240
36 90,0 1,5000 0,006 0,2808 0,4332 0,5106 0,5676 0,6240
37 92,5 1,5417 0,006 0,2808 0,4332 0,5106 0,5676 0,6240
38 95,0 1,5833 0,006 0,2808 0,4332 0,5106 0,5676 0,6240
39 97,5 1,6250 0,006 0,2808 0,4332 0,5106 0,5676 0,6240
40 100,0 1,6667 0,006 0,2808 0,4332 0,5106 0,5676 0,6240
41 102,5 1,7083 0,004 0,1872 0,2888 0,3404 0,3784 0,4160
42 105,0 1,7500 0,004 0,1872 0,2888 0,3404 0,3784 0,4160
43 107,5 1,7917 0,004 0,1872 0,2888 0,3404 0,3784 0,4160
44 110,0 1,8333 0,004 0,1872 0,2888 0,3404 0,3784 0,4160
45 112,5 1,8750 0,002 0,0936 0,1444 0,1702 0,1892 0,2080
46 115,0 1,9167 0,002 0,0936 0,1444 0,1702 0,1892 0,2080
47 117,5 1,9583 0,002 0,0936 0,1444 0,1702 0,1892 0,2080
48 120,0 2,0000 0,002 0,0936 0,1444 0,1702 0,1892 0,2080
Soma= 2,0000 1,000 46,8000 72,2000 85,1000 94,6000 104,0000

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Tabela 22.19- Hietograma de chuvas de 2h para diversos períodos de retorno usando


adimensional da chuva de Huff , 1º quartil com 50% de probabilidade para intervalo de
5min
Equação das chuvas de Martinez e Magni, 1999 para a cidade
de São Paulo
De Para HUFF
46,8 72,2 85,1 94,6 104
Ordem tempo tempo 1. Q
Tempo TR=2 TR=10 TR=25 TR=50 TR=100
anos anos anos anos anos
(min) (min) (%) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
1 0,00 5,00 0,060 2,808 4,332 5,106 5,676 6,24
2 5,0 10,0 0,072 3,370 5,1984 6,1272 6,8112 7,488
3 10,0 15,0 0,122 5,710 8,8084 10,3822 11,5412 12,688
4 15,0 20,0 0,152 7,114 10,9744 12,9352 14,3792 15,808
5 20,0 25,0 0,104 4,867 7,5088 8,8504 9,8384 10,816
6 25,0 30,0 0,104 4,867 7,5088 8,8504 9,8384 10,816
7 30,0 35,0 0,065 3,042 4,693 5,5315 6,149 6,76
8 35,0 40,0 0,051 2,387 3,6822 4,3401 4,8246 5,304
9 40,0 45,0 0,043 2,012 3,1046 3,6593 4,0678 4,472
10 45,0 50,0 0,028 1,310 2,0216 2,3828 2,6488 2,912
11 50,0 55,0 0,028 1,310 2,0216 2,3828 2,6488 2,912
12 55,0 60,0 0,025 1,170 1,805 2,1275 2,365 2,6
13 60,0 65,0 0,024 1,123 1,7328 2,0424 2,2704 2,496
14 65,0 70,0 0,022 1,030 1,5884 1,8722 2,0812 2,288
15 70,0 75,0 0,016 0,749 1,1552 1,3616 1,5136 1,664
16 75,0 80,0 0,012 0,562 0,8664 1,0212 1,1352 1,248
17 80,0 85,0 0,012 0,562 0,8664 1,0212 1,1352 1,248
18 85,0 90,0 0,012 0,562 0,8664 1,0212 1,1352 1,248
19 90,0 95,0 0,012 0,562 0,8664 1,0212 1,1352 1,248
20 95,0 100,0 0,012 0,562 0,8664 1,0212 1,1352 1,248
21 100,0 105,0 0,008 0,374 0,5776 0,6808 0,7568 0,832
22 105,0 110,0 0,008 0,374 0,5776 0,6808 0,7568 0,832
23 110,0 115,0 0,004 0,187 0,2888 0,3404 0,3784 0,416
24 115,0 120,0 0,004 0,187 0,2888 0,3404 0,3784 0,416
Soma= 1,000 46,800 72,200 85,100 94,600 104,000

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Tabela 22.20- Hietograma de chuvas de 2h para diversos períodos de retorno usando


adimensional da chuva de Huff , 1º quartil com 50% de probabilidade para intervalo de
10min
Equação das chuvas de Martinez e Magni,1999
Ordem De Para HUFF
46,8mm 72,2mm 85,1mm 94,6mm 104mm
Tempo tempo Tempo 1. Q
TR=2 TR=10 TR=25 TR=50 TR=100
anos anos anos anos anos
(min) (min) (%) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
1 0,00 10,00 0,132 6,178 9,5304 11,2332 12,4872 13,728
2 10,0 20,0 0,274 12,823 19,7828 23,3174 25,9204 28,496
3 20,0 30,0 0,208 9,734 15,0176 17,7008 19,6768 21,632
4 30,0 40,0 0,116 5,429 8,3752 9,8716 10,9736 12,064
5 40,0 50,0 0,071 3,323 5,1262 6,0421 6,7166 7,384
6 50,0 60,0 0,053 2,480 3,8266 4,5103 5,0138 5,512
7 60,0 70,0 0,046 2,153 3,3212 3,9146 4,3516 4,784
8 70,0 80,0 0,028 1,310 2,0216 2,3828 2,6488 2,912
9 80,0 90,0 0,024 1,123 1,7328 2,0424 2,2704 2,496
10 90,0 100,0 0,024 1,123 1,7328 2,0424 2,2704 2,496
11 100,0 110,0 0,016 0,749 1,1552 1,3616 1,5136 1,664
12 110,0 120,0 0,008 0,374 0,5776 0,6808 0,7568 0,832
soma= 1,000 46,800 72,200 85,100 94,600 104,000

22.11 Distribuição das chuvas nos Estados Unidos: Tipo I, Tipo IA, Tipo II e Tipo III
Estudos elaborados pelo U. S. Soil Conservation Service (SCS) nos Estados Unidos
concluíram numa distribuição aproximada de quatro chuvas básicas que são: Tipo I, Tipo IA,
Tipo II e Tipo III, cujas frações acumuladas estão na Tabela (22.21).
Pr é a chuva total e P a chuva acumulada. Nas colunas estão as relações entre P e Pr.
Porto, 1995 afirmou que a chuva Tipo II é que mais se assemelha para o Estado de São
Paulo.

Tabela 22.21- Fração acumulada de chuva de 24h segundo SCS, 1986.


Tempo Tipo I Tipo IA Tipo II Tipo III
(h) P/ Pr P/ Pr P/ Pr P/ Pr

0,0 0,000 0,000 0,000 0,000


0,5 0,008 0,010 0,005 0,005
1,0 0,017 0,022 0,011 0,010
1,5 0,026 0,036 0,017 0,015
2,0 0,035 0,051 0,023 0,020
2,5 0,045 0,067 0,029 0,026
3,0 0,055 0,083 0,035 0,032
3,5 0,065 0,099 0,041 0,037
4,0 0,076 0,116 0,048 0,043
4,5 0,087 0,135 0,056 0,050
5,0 0,099 0,156 0,064 0,057

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

5,5 0,112 0,179 0,072 0,065


6,0 0,126 0,204 0,080 0,072
6,5 0,140 0,233 0,090 0,081
7,0 0,156 0,268 0,100 0,089
7,5 0,174 0,310 0,110 0,102
8,0 0,194 0,425 0,120 0,115
8,5 0,219 0,480 0,133 0,130
9,0 0,254 0,520 0,147 0,148
9,5 0,303 0,550 0,163 0,167
10,0 0,515 0,577 0,181 0,189
10,5 0,583 0,601 0,203 0,216
11,0 0,624 0,623 0,236 0,250
11,5 0,655 0,644 0,283 0,298
12,0 0,682 0,664 0,663 0,500
12,5 0,706 0,683 0,735 0,702
13,0 0,728 0,701 0,776 0,751
13,5 0,748 0,719 0,804 0,785
14,0 0,766 0,736 0,825 0,811
14,5 0,783 0,753 0,842 0,830
15,0 0,799 0,769 0,856 0,848
15,5 0,815 0,785 0,869 0,867
16,0 0,830 0,800 0,881 0,886
16,5 0,844 0,815 0,893 0,895
17,0 0,857 0,830 0,903 0,904
17,5 0,870 0,844 0,913 0,913
18,0 0,882 0,858 0,922 0,922
18,5 0,893 0,871 0,930 0,930
19,0 0,905 0,884 0,938 0,939
19,5 0,916 0,896 0,946 0,948
20,0 0,926 0,908 0,953 0,957
20,5 0,936 0,920 0,959 0,962
21,0 0,946 0,932 0,965 0,968
21,5 0,956 0,944 0,971 0,973
22,0 0,965 0,956 0,977 0,979
22,5 0,974 0,967 0,983 0,984
23,0 0,983 0,978 0,989 0,989
23,5 0,992 0,989 0,995 0,995
24,0 1,000 1,000 1,000 1,000
Fonte: Akan,1993 p.19

Colocando-se a Tabela (14. 5) obtemos a Figura (14.1).

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Distribuiçao das chuvas segundo SCS- Estados


Unidos

1,000
0,900 III
Fração da chuva de 24horas

0,800
0,700
0,600
0,500
IA
0,400
I II
0,300
0,200
0,100
0,000
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Tempo em horas

Figura 22.7- Representação da fração acumulada das chuvas do SCS

José Carlos F. Palos e Mario Thadeu de Barros apresentaram no XII Congresso Brasileiro
da Associação Brasileira de recursos Hídricos de 1997 um trabalho denominado “Análise de
métodos hidrológicos empregados em projetos de drenagem urbana no Brasil”.
Recomendaram o método SCS TR-55 com Chuva Tipo II com chuva de 24horas ou
uso do método dos blocos alternados.
O tempo de concentração deverá ser calculado pelo método cinemático ou pela
equação proposta por Denver (1969) para o tempo de retardo.
O trabalho ainda mostra que os estudos de Porto e Marcelini elaborado em 1993
concluiu que a curva Tipo II é praticamente igual à obtida pelo método dos blocos alternados,
proposto para a cidade de São Paulo.

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

22.12 Chuvas Intensas


Quando não dispomos de equações de chuvas podemos fazer uma estimativa usando o
programa Pluvio2.1, bastando entrar em com o Estado e a Cidade usando o site:
www.ufv.br/dea/gprh/softwares.htm
A principal forma de caracterização de chuvas intensas é por meio da equação de
intensidade, duração e freqüência da precipitação, representada por:
K . Ta
I =------------------------ (mm/h)
( t + b)c
Sendo:
I = intensidade máxima média de precipitação, mm/h;
T = período de retorno (anos)
t = duração da precipitação (min)
K, a, b, c = parâmetros relativos à localidade (Estado, município)

Exemplo 22.7
Estimar a intensidade de chuva máxima na cidade de Guarulhos localizada no Estado de São
Paulo usando o programa Pluvio2.1 para período de retorno de 25anos e tempo de
concentração de 5min.
Usando o programa Pluvio2.1 achamos:
K= 1988,845
a=0,111
b=20,449
c=0,839

K . Ta
I =------------------------ (mm/h)
( t + b)c

1988,845 . T0,111
I =------------------------ (mm/h)
( t + 20,449)0,839

T= 25 anos
t= tempo de concentração= 5min

1988,845 . 250,111
I =------------------------ = 188 mm/h
( 5 + 20,449)0,839

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

22.13 Huff
Huff, 1990 salienta a importância e a dificuldade em se estabelecer a distribuição das
precipitações com o tempo, isto é, os hietogramas, afirmando categoricamente que as
diferenças podem ser significantes. Huff, 1990 cita um exemplo feito nos Estados Unidos na
área de Kentucky onde acharam diferenças de 30% no pico da vazão devido a escolha
adquada do hietograma.
Huff, 1990 salienta ainda que as chuvas medianas da Figura (22.8) eram usadas no
passado e ainda o são, quando não se tem pesquisas.

Figura 22.8- Curva médiana de 261 precipitações em Illinois,

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Historicamente, Huff em 1967 pesquisou em Illinois durante 12 anos no periodo de


1955 a 1966 cerca de 261 tempestades numa area que variava de 130km2 a 1036km2. Foram
pesquisadas também todas as precipitaçãos acima de 13mm.
Foram estabelecidas 36 curvas de Huff que estão nas Figuras (22.9) a (22.12) onde
aparecem os niveis de probabidade variando de 10% a 90%, sendo a mediana de 50% a mais
usada e devido a isto está com linha marcada com traço mais forte.
A interpretação de Huff é que uma curva de 10% no primeiro quartil quer dizer que ela
é representativa de 10% de todas as precipitaçoes.

Figura 22.9- Curva de Huf das distribuição das precipitações no primeiro quartil para
chuvas de duração menores ou igual a 6h. Fonte: Huff, 1990

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Figura 22.10- Curva de Huf das distribuição das precipitações no segundo quartil para
chuvas de duração de 6,1h a 12h. Fonte: Huff, 1990

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Figura 22.11- Curva de Huf das distribuição das precipitações no terceiro quartil para
chuvas de duração de 12,1h a 24h. Fonte: Huff, 1990

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Figura 22.12- Curva de Huf das distribuição das precipitações no terceiro quartil para
chuvas de duração maiores que 24h. Fonte: Huff, 1990

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Tabela 22.22- Distribuição acumulada da mediana (50%) de precipitações intensas na


área entre 130km2 a 1036km2. Fonte: Huff, 1990.

Enquanto isto a curva mais usada é aquela de mediana 50% de probabilidade para o
primeiro quartil e as outras são esquecidas.
Huff, 1990 em documentos afirmou que o primeiro e segundo quartis fosse usado para
áreas menores que 1.037km2 na região de Illinois nos Estados Unidos.
Huff, 1990 definiu pequenas bacias aquelas menores que 1036km2. Para pequenas
bacias 37% das precipitações estão no primeiro, 27% no segundo quartil e 21% no terceiro
21% e 15% no quarto quartil.
Na Figura (22.8) temos quatro distribuição de Huff, 1990 sendo recomendado o
seguinte:
 primeiro quartil para chuvas menores ou igual a 6h;
 segundo quartil para chuvas de 6,1h a 12h;
 terceiro quartil para chuvas entre 12,1h e 24h e o
 quarto quartil para chuvas maiores que 24h.

Dica: conforme Huff, 1990 pela duração da chuva achamos o quartil que queremos.

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Capítulo 22- Chuvas Intensas

Figura 22.13- Hietograma de Huff no primeiro quartil, segundo quartil, terceiro


quartil e quarto quartil. Fonte: Akan

Akan nos mostra que tendo a precipitação por exemplo de 2h de 85mm podemos
escolher o tipo de curva e calcular ponto a ponto.
Por exemplo, para o primeiro quartil entrando tom t/td= 0,2, isto é, t=0,2 x 2h=0,4h
Achamos na ordenada 0,55= P /85mm
e P= 85mm x 0,55=47mm

Conforme Bonta, 2004 as curvas de Huff são usadas nos Estados Unidos em nove
estados e segundo o proprio Huff e Angel, 1992 aconselharam tal aplicação. Daí
podemos concluir a importancia das curvas de Huff. Ainda segundo Bonta, 2004 vários
softwares americanos usam as curvas de Huff, entre eles, CREAMS , Haestad Methods,
SWMM e ILLUDAS. Akan e Houghtalen, 2003 citados por Huff, mostram que as curvas
de Huff também são usadas na Europa.
Segundo Bonta, 2004 não há nenhuma correspondencia entre as curvas de Huff e
as curvas do SCS (Tipo I, IA, II e III).

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22.14 Bibliografia e livros consultados


-HUFF, FLOYD. Time distributions of heavy rainstorms in Illinois, 1990, ISWS/CIR-
173/90, State of Illinois, Department of energy and natural resources.
-BONTA, J.V. Development and utility of Huff curves for disaggretating precipitation
amounts. American Society of Agricultural Engineers, ano 2004.

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Capítulo 23
RUSLE – Equação revisada universal da perda de solo

Os rios e córregos ganham e perdem água da mesma maneira que os lagos.


Darrel I. Leap in The Handbook of groundwater engineering.

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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 23 -RUSLE Equação universal de perda de solos


23.1 Introdução
23.2 Fator de erosividade R
23.3 Fator de erodibilidade do solo K
23.4 Solo
23.5 Fator topográfico LS
23.6 C= fator de práticas de cultura
23.7 P= fator de prática contra a erosão
23.8 Considerações sobre o RUSLE
23.9 Volume aparente
23.10 Estimativa dos sedimentos depositados na drenagem urbana
23.11 Aplicação do “método simples” de Schueler
17 páginas

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Capítulo 23 – Equação revisada Universal de Perda de Solo (RUSLE)

23.1 Introdução
A erosão do solo tem duas causas principais: a água e o vento. Em regiões úmidas a água é o
fator mais importante na erosão. Nos Estados Unidos a média de erosão é de 14 t/ha/ano sendo
8ton/ha/ano devida a água e 6 t/ha/ano devido ao vento. A Figura (23.1) mostra como a energia da
gota de água desloca a partícula de solo, havendo o transporte e a deposição.

Figura 23.1 - Modelo conceitual de Erosão


Fonte: Dane County, USA, 2003- Chapter 2- Erosion Control

Em geral, nos Estados Unidos admite-se, como tolerável, o limite de 12,5t/ha/ano. No Brasil a
erosão atinge a média de 25t/ha/ano.

Figura 23.2 - Soluções para o combate a erosão.


Fonte: Dane County, USA, 2003- Chapter 2- Erosion Control

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Figura 23.3 - Boçoroca em Bauru


Fonte: IPT - São Paulo

Figura 23.4 - Boçoroca em Bauru


Fonte: IPT - São Paulo

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Figura 23.5 - Assoreamento de rios


Fonte: IPT- São Paulo

A Figura (23.2) mostra as soluções para o combate a erosão as quais não trataremos aqui sobre
o assunto.
As Figuras (23.3) e (23.4) mostram as boçorocas em Bauru, salientando que o termo indígena
pesquisado pelos geólogos do IPT é realmente boçoroca e não voçoroca. Na Figura (23.5) podemos
ver o assoreamento de rio causado pelos sedimentos transportados das boçorocas.
No processo de erosão é importante a equação universal de perda de solo chamada de RUSLE
(Universal Soil Loss Equation), conforme Foster, 1982 e outros in Righeto, 1998 p.749. Atualmente
temos a equação revisada universal de perda de solo RUSLE e a RUSLE2. Iremos nos ater ao
RUSLE que é um desenvolvimento na aplicação da RUSLE com critérios para o cálculo dos
coeficiente da equação.
O modelo mais conhecido para estimar a perda do solo pela erosão hídrica é o RUSLE, que foi
desenvolvido por Wischmeier e Smith em 1965. Conforme Paiva, 2001 o maior propósito da Equação
RUSLE é servir como guia sistemático no planejamento da conservação do solo.
A Equação da RUSLE é:

A= R. K. L S. C . P
Sendo:
A= perda anual de solo do solo (ton/ha/ano) devido ao escoamento superficial;
R= fator de erosividade. No Estado de São Paulo R varia de 575 a 800 MJ/ha/(mm/h)
K= fator de erodibilidade que varia de 0,03 a 0,79 ton/MJ/ha/(mm/h).
LS= fator de declividade e comprimento de encosta (adimensional)
C= fator de prática de cultura variando de 0,001 a 1,0 (adimensional)
P= fator de pratica de cultura contra erosão que varia de 0,3 a 1,0 (adimensional)

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23.2 Fator de erosividade R


R= fator de erosividade da chuva (MJ/ha)/(mm/h). Existe um mapa de isoerosividade do
Estado de São Paulo onde aparecem os valores de R, conforme a Figura (23.3).
Para Guarulhos R= 675(MJ/ha)/(mm/h).

Figura 23.3 - Curva de isoerosividade R do Estado de São Paulo em


MJ/ha/(mm/h)
Fonte: Bertoni & Lombardi Neto, 1985 in Righeto, 1998

O fator de erosividade da chuva R é um índice número que representa o potencial de chuva e


enxurrada para provocar erosão em uma área sem proteção. A perda de solo provocada por chuvas
numa área cultivada é diretamente proporcional ao produto da energia cinética da chuva pela sua
intensidade máxima em 30minutos. Esse produto é denominado de índice de erosão (EI30). A média
dos valores anuais de EI30 de um longo período de tempo (mais de vinte anos) é o valor do fator de
erosividade da chuva R.
O valor R pode ser calculado de dados de pluviômetros, segundo modelo proposto por
Lombardi Neto & Moldehauer, 1992 citados por Rufino, 1986 (Paiva et al, XIII Simpósio Brasileiro
de Recursos Hídricos).
A Equação foi desenvolvida em Campinas (SP) com objetivo de estimar a energia cinética.
(Carvalho,1994) in Oliveira et al, no XIII Congresso Brasileiro de Recursos Hídricos).

(EI)= 6,886 x (Pm2/ P) 0,85

Sendo:
P= precipitação média anual (mm)
Pm= precipitação média mensal (mm)
(EI)= média mensal do índice de erosão em MJ.mm/h.ha
R= Σ(EI)

Para a cidade de São Paulo, tomando-se a média mensal da precipitação mensal e a


precipitação média anual de 1465mm obtemos R=720 (MJ/ha)/(mm/h) conforme Tabela (23.1).

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Tabela 23.1 - Média mensal de energia de erosão EI da cidade de São Paulo


Média mensal
de energia de
Meses Precipitação média mensal erosão
(mm) EI
MJ.mm/h.ha
Jan 235 151
Fev 250 167
Mar 160 78
Abr 75 22
Mai 75 22
Jun 50 11
Jul 40 7
Ago 30 5
Set 75 22
Out 125 51
Nov 150 70
Dez 200 114
Total P= 1465 R= 720

23.3 Fator de erodibilidade do solo K


Conforme Righetto, 1998 o fator de erodibilidade do solo K é a taxa de perda do solo por
unidade de erosividade da chuva para um local de referência, correspondente a um determinado solo
e a uma área de encosta de comprimento igual a 22,1m e declive uniforme de 9%.
K= fator de erodibilidade do solo (ton/MJ)/(mm/h). É necessário a percentagem de areia e
percentagem de silte e de matéria orgânica para se achar o valor de erodibilidade K.
Há vários métodos para se achar o valor de K. Um deles é consultar a Tabela (23.2),
observando que com o aumento da matéria orgânica diminui o fator de erodibilidade do solo. Não se
recomenda a extrapolação para valores da quantidade de matéria orgânica maior que 4%.

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Tabela 23.2 - Fator de erodibilidade K do solo (ton/MJ/ha)/(mm/h)


Orde Quantidade de
m Classe de textura matéria orgânica
< 0,5% 2% 4%
1 Solo arenoso 0,07 0,04 0,03
2 Solo arenoso fino 0,21 0,18 0,13
3 Solo arenoso muito fino 0,55 0,48 0,37
4 Franco arenoso 0,16 0,13 0,11
5 Franco fino arenoso 0,32 0,26 0,21
6 Franco muito fino arenoso 0,58 0,50 0,40
7 Franco arenoso 0,36 0,32 0,25
8 Franco arenoso fino 0,46 0,40 0,32
9 Franco arenoso muito fino 0,62 0,54 0,44
10 Franco 0,50 0,45 0,38
11 Franco siltoso 0,63 0,55 0,44
12 Silte 0,79 0,69 0,55
13 Franco argilosa arenosa 0,36 0,33 0,28
14 Franco argiloso 0,37 0,33 0,28
15 Franco argiloso siltoso 0,49 0,42 0,34
16 Areia argilosa 0,20 0,17 0,34
17 Silte argiloso 0,33 0,30 0,25
18 Argila 0,17 a 0,38
Fonte: Wanielista, 1978 in Mays, 2001
Nota: foi multiplicado o valor de K nas unidades inglesas por 1,32 conforme p. 15.74
do livro Stormwater Collection Systems Design Handbook de Larry Mays, 2001.

Conforme Jones, et al o valor de K representa a susceptibilidade do solo a erosão e a


quantidade de runoff. A textura do solo, a matéria orgânica, a estrutura e a permeabilidade
determinam a erodibilidade de um solo em particular. Os valores K podem ser apresentados na
Tabela (23.3).

Tabela 23.3- Valores de K de acordo com o tipo de solo


Tipo de solo Erodibilidade Valor de K
Solo com textura fina ou solo Baixa 0,05 a 0,15
com muita argila
Solo com textura média ou solo Baixa 0,905 a 0,20
arenoso
Solo com textura média ou solo Moderada 0,25 a0,45
franco
Solo com alto teor de silte Alta 0,45 a 0,65

Outro método é usar um nomograma de Wischmeier que está na Figura (23.4). No método
precisamos da distribuição granulométrica do solo onde consta a quantidade de areia, silte e argila e
da matéria orgânica.
Conforme Paiva, 2001 a erodibilidade do solo K pode também ser expressa pela seguinte
Equação (23.1):

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K= [2,1 . 10-4 . M 1,14 . (12 –ka) + 3,25 . (kb –2) + 2,5 . (kc –3)]. 0,001313 (Equação 23.1)

Sendo:
K= fator de erodibilidade do solo (ton/MJ)/(mm/h).
ka= %de matéria orgânica;
kb= coeficiente relativo à estrutura do solo;
kc= classe de permeabilidade e
M= (% silte + % areia muito fina). (100 - % argila).

Exemplo 23.1
Calcular o fator de erodibilidade K usando a Equação (23.1), sendo ka= 2,5%; kb= 3,5 ; kc=
2,5 , % de argila=13% e % silte + % areia muito fina= 36%.
M= (% silte + % areia muito fina). (100 - % argila).
M= 36 x (100 – 13)= 3132
Substituindo na Equação:

K= [2,1 . 10-4 . M 1,14 . (12 –ka) + 3,25 . (kb –2) + 2,5 . (kc –3)]. 0,001313
K= [2,1 x 10-4 x 31321,14 x (12 –2,5) + 3,25 x (3,5 –2) + 2,5 x (2,5 –3)] x 0,001313

K= 0,03 (ton/MJ)/(mm/h)

Exemplo 23.2
Um solo com 70% de silte e areia fina, 5% de areia e 3% de matéria orgânica.
Entrando na Figura (23.4) com 70% composto de silte e areia fina e 5% de areia e 3% de
matéria orgânica obtemos o valor de K= 0,04 (ton/MJ)/(mm/h).

Exemplo 23.3
Um solo encontrado na bacia hidrográfica do açude Santo Anastácio, Ceará com 20% de finos
e 77% de areia e 3% de matéria orgânica.
A permeabilidade é lenta e a estrutura é 1.
Entrando na Figura (23.4) encontramos K= 0,14 (ton/MJ)/(mm/h).

Exemplo 23.4
Um solo do açude Cedro, Ceará com 35% de finos, 43% de areia e 3% de matéria orgânica.
Estrutura é tipo 1 e permeabilidade tipo 5 (lenta).
Entrando na Figura (23.4) achamos K= 0,16 (ton/MJ)/(mm/h).

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Figura 23.4 - Nomograma de Wischmeier para a determinação K


Fonte: Righeto, p. 751, 1998

Figura 23.5 - Triângulo de textura proposto por USDA p.15 Engenharia de Irrigação de Heber
Pimentel Gomes

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23.4 Solo
O solo é formado por partículas sólidas (minerais e orgânicas), água e ar e constitui o
substrato de água e nutrientes para as raízes das plantas.
A textura ou composição granulométrica de um solo é um termo usado para caracterizar a
distribuição das partículas no solo quanto as suas dimensões conforme Gomes, 1997.
De acordo com a proporção de argila, silte e areia na composição do solo, a textura se divide
em várias classes, que podem ser determinadas através do triângulo de texturas proposto pelo
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e apresentado na Figura (23.5) (Gomes,
1997).
O triângulo se compõe de doze espaços que representam 12 classes distintas de textura. As
linhas grossas do gráfico indicam as fronteiras de cada uma das classes de textura. Como exemplo, o
ponto da Figura (23.5) representa a composição de um solo franco-siltoso que contém 25% de areia,
15% de argila e 60% de silte.
A estrutura de um solo caracteriza a forma de arranjo de suas partículas. Solos de texturas
iguais podem possuir estruturas diferentes que apresentam maiores ou menores dificuldades à
penetração ou circulação da água, do ar e das raízes das plantas. A estrutura do solo ao contrário do
que ocorre com a textura, é difícil de quantificar e também de catalogar (Gomes, 1997).
Os solos de texturas médias (francos) que possuem proporções equilibradas de areia, silte e
argila, em geral, são os mais adequados para o desenvolvimento de raízes das plantas, já que
apresentam condições bastante satisfatórias de drenagem, aeração e retenção de água.
A permeabilidade geralmente em mm/h representa a coluna de água em (mm) que atravessa
um solo saturado, numa determinada unidade de tempo (h) sob um gradiente hidráulico unitário.

Exemplo 23.5
Classificar um solo com 21% de areia grossa, 43% de areia fina, 26% de silte, 10% de argila.
Entrando na Figura (23.5) vimos que se trata de solo franco arenoso.

23.5 Fator topográfico LS.


O fator topográfico (LS) combina dois fatores: L função do comprimento da rampa e S função
da declividade média. O produto (LS), conforme Righetto, 1998 é fornecido pela Equação de
Bertoni:

(LS)= 0,00984 . S 1,18 . Lx 0,63


Sendo:
(LS)= fator topográfico
S= declividade média da encosta (%) sendo: S ≤ 35%
Lx= comprimento da rampa (m) sendo: 10m ≤ L≤ 180m
Não há precisão nos cálculos quando a rampa tiver mais que 180m ou quando a declividade da
rampa for maior que 35%.

23.6 C= fator de práticas de cultura.


Quando foi feito o RUSLE foi somente para culturas de plantações. Depois foi expandido para
outras áreas como de mineração.
Acha-se “C” usando a Tabela (23.4):

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Tabela 23.4 - Fator de práticas do uso da terra


Uso geral da terra C
Plantações 0,080
Florestas virgens (C tende a 0,001) 0,0001
Pastagens 0,010
Vegetação natural 0,100
Florestas 0,005
Agricultura de Café 0,200
Terras urbanas 0,010
Área desnuda (C tende 1,00) e Outros 1,000
Áreas Urbanas (Fernandes e Araújo XIII Simpósio
Brasileiro de Recursos Hídricos - Açude Acarape, Ceará) 0,030
Gramados (4,5 ton/ha x ano) 0,001

Observar que quando temos solo gramado o valor da C da prática de cultura é 0,001, que é um
valor baixo o que mostra que os gramados funcionam muito bem contra a erosão dos solos.

23.7 P= fator de prática contra a erosão.


Conforme Righeto, 1998 as praticas de conservação do solo podem reduzir enormemente a
perdas do solo: técnicas de terraceamento, faixas de contorno niveladas e cordões de vegetação
permanente devem ser utilizados no manejo dos solo sujeitos a fortes erosões. As Tabelas (23.5) e
(23.6) mostras valores de P..

Tabela 23.5 - Fator de práticas contra erosão


Uso geral da terra P
Plantações 0,5
Pastagens 1,0
Florestas 1,0
Terras urbanas 1,0
Outros 1,3
Fonte: Wanielista, 1978 in Mays, 2001.

Tabela 23.6- Valores de P para alguns tipos de manejo do solo


Inclinação do terreno (%)
Tipo de manejo 2a7 8 a 12 13 a 18 19 a 24
Plantio morro abaixo 1,0 1,0 1,0 1,0
Faixas niveladas 0,50 0,60 0,80 0,90
Cordões de vegetação 0,25 0,30 0,40 0,45
permanente
Terraceamento 0,10 0,12 0,16 0,18
Fonte: Righeto, 1998

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23.8 Considerações sobre o RUSLE


É importante saber que o RUSLE foi feito para o controle da erosão em áreas de plantações,
mas nos últimos anos tem sido usado para outros tipos de erosão como áreas de florestas, mineração
de superfície em estudos de bacias hidrográficas, conforme Brooks et al, 1997 in Larry May, 2001.
Prevê uma média de perda de solo.
Não calcula a deposição de sedimentos, mas avalia o potencial de perda de solo de uma da
área ou bacia, mas a deposição de solo não é levada em conta. Mesmo assim usamos o RUSLE para
estimar a deposição de solo.
Uma consideração importante sobre a aplicação do RUSLE é que a erosão é devida a energia
da chuva e não se aplica ao movimento linear de erosão que são as boçorocas. O RUSLE considera a
erosão superficial somente e não as boçorocas. Relembrando os fenômenos da erosão linear temos os
sulcos, ravinas e boçorocas. O grande exemplo de boçorocas ocorre na cidade de Bauru, no Estado de
São Paulo, que atingem 13m de profundidade e largura de 30m. Os sulcos desencadeados pelo
pisoteio de gado, causam também grande erosão bem como as ravinas.
O RUSLE foi testado em inúmeros países para declividades de 1% até 20% e para montanhas
jovens especialmente aquelas com declividade maior que 40% onde é maior a energia da chuva e é
significante o movimento de massa, não se aplica o RUSLE.
Uma outra observação do RUSLE é que se precisa de um mínimo de 20anos de dados de
chuvas e não uma única tormenta.

Exemplo 23.6
Calcular a perda anual de solo de uma área com 50ha, sendo dividida em duas sub-bacias,
uma área baixa com 32ha e outra área alta com 18ha.
A área alta tem comprimento da encosta de 200m e declividade média de 7%, enquanto que a
área baixa tem 400m de comprimento e declividade média de 3%.
O fator de erosividade das chuvas da região que fica na Região Metropolitana de São Paulo,
conforme mapa de isoerosividade é de: R=675 (MJ.mm)/(ha.h)
O fator de erodibilidade K do solo foi tirado da Tabela (23.5) para areia fina com 4% de
matéria orgânica: K= 0,37 (ton.ha.h)/(ha.MJ.mm).
O fator de prática de cultura, conforme Tabela (23.6) para áreas urbanas é C= 0,01.
O fator de manejo contra a erosão, conforme Tabela (23.7) para áreas urbanas é P=1,00.

Área baixa:
O produto LS da área baixa para o Estado de São Paulo é:

L.S= 0,00984 . S 1,18 . Lx 0,63

L.S= 0,00984 x 3 1,18 x 4000,63


LS= 1,57
Substituindo os valores na Equação da RUSLE temos:
Psolo= R. K. (L . S). C . P
Psolo= 675 x 0,37 x (1,57) x 0,01 x 1,0= 3,92 ton/ha/ano
Psolo= 3,92 tonelada por ano/ha x 0,843= 3,30m3/ha/ano
Perda de solo anual da área baixa será:
Perda anual= 3,30m3/ha/ano x 32ha= 106m3/ano

Área alta
O produto (LS) da área baixa para o Estado de São Paulo é:

23-13
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(L.S)= 0,00984 . S 1,18 . Lx 0,63


(L.S)= 0,00984 x 7 1,18 x 2000,63
LS= 2,75

Taxa de erosão especifica (ton/ha/ano)


Substituindo os valores na Equação da RUSLE temos:
Psolo= R. K. (L . S). C . P
Psolo= 675x 0,37 x (2,75) x 0,01 x 1,0= 6,87ton/ha/ano
Psolo= 6,87 ton/ha/ano x 0,843 = 5,8m3/ha/ano
Perda de solo anual da área alta será:
Psolo anual= 5,8m3/ha/ano x 18ha= 104m3/ano

Perda de solo anual total


É a soma das duas áreas, ou seja, a área baixa e área alta:
Psolo anual= 106m3/ano + 104m3/ano= 210 m3/ano
Considerando para efeito de exemplo que a partícula considerada de 0,04mm, será retido
somente 80%, isto é, que a eficiência da deposição será de 80% temos:
Volume total a ser depositado= 0,80 x 210m3/ano= 168m3/ano
Os sedimentos retirados deverão ser depositados em aterros sanitários e estimado o custo por
m3.

23.9 Volume aparente


Existem duas equações que podem ser usadas para estimar o volume aparente de erosão.

Khosla, 1953 in Siviero e Coiado, 1999


VS= 3230 x A 0,7
Sendo:
VS= volume aparente (m3)
A= área da bacia (km2)
A fórmula apresenta pouca precisão.

Exemplo 23.7
Achar o volume aparente de uma bacia com 50ha= 0,5 km2.
VS= 3230 x A 0,7
VS= 3230 x 0,50 0,7= 988m3

Kirkby, 1979 in Siviero e Coiado, 1999

VS= 233 . Sa . Lb . A
VS= volume aparente (m3)
A= área da bacia (km2)
S= declividade média da bacia (%)
L= comprimento do talvegue (km)
a= constante que varia de 0,4 até 1,9
b= constante que varia de 0,6 a 1,00

VS= 233 x 31,15 x 0,70,8 x 0,5


A Equação de Kirkby é bem melhor que a anterior, porém possui grande variabilidade dos
coeficientes a e b.

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Exemplo 23.8
Calcular o volume aparente em m3 sendo L= 0,7km; A= 0,5km2; a= 1,15 (estimado como a
média); b= 0,8 (estimado como a média) e declividade média de 3%.
VS= 233 . Sa . Lb . A
VS= 233 x 31,15 x 0,70,8 x 0,5=310m3
23.10 Estimativa dos sedimentos depositados na drenagem urbana
Tucci, no seu trabalho apresentado na Revista Brasileira de Recurso Hídricos, apresenta uma
estimativa dos sedimentos depositados em algumas cidades brasileiras, conforme Tabela (23.7).

Tabela 23.7 - Estimativa dos sedimentos depositados na drenagem urbana de algumas


cidades brasileiras.
Rio e cidade Características da Volume Referência
3
fonte de sedimentos m /ha/ano
Rio Tietê em São Sedimentos 3,93 Nakae e Brighetti, 1993
Paulo dragados
Tributários do rio Sedimentos de 14 Lloret Ramos et al,
Tietê em São Paulo fundo 1993
Lago da Pampulha Sedimentos de 1957 24 Oliveira e Batista, 1997
em Belo Horizonte a 1994
Porto Alegre, Arroio Sedimentos 7,5 DEP, 1993
Dilúvio dragados
Fonte: Tucci, 1998 in Gerenciamento de Drenagem Urbana, Revista Brasileira de
Recursos Hídricos,

23.11 Aplicação do “método simples” de Schueler


Pelo método simples podemos estimar a carga de poluentes:

L= 0,01 x P x Pj x Rv x C x A
Sendo:
L= carga de poluição em kg
P= chuva em milímetros anual ou no intervalo desejado.
Pj= fração da chuva que produz runoff. Normalmente adotado Pj=0,90
Rv= runoff volumétrico obtido por análise de regressão linear.
Rv= 0,05 + 0,009 x AI
AI= área impermeável em porcentagem.
A= área em hectares
C= carga de poluição da concentração média em mg/L

Exemplo 23.9
Calcular os sedimentos de área urbana com 50ha, chuva anual média de 1540mm e Pj= 0,90,
sendo Área impermeável de 70%.
Usando o Método Simples:
L= 0,01 x P x Pj x Rv x C x A
P= 1540mm
Pj= 0,9 adotado
C= 200mg/L sedimentos / Urbana/ Malásia
A= 50ha
Rv= 0,05 + 0,009 x 70= 0,68
L= 0,01 x 1540mm x 0,9 x 0,68 x 200mg/L x 50ha

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L= 94,248kg= 94ton TSS/ano


L= 94ton x 0,843= 79m3/ano
Observar que, para a mesma área de 50ha, obtivemos valores muito diferentes usando o
Método Simples de Schueler com dados da Malásia.

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23.11-Bibliografia e livros recomendados


-JONES, DAVID S. et al. Calculating revised universal soil loss equations (RUSLE) estimates on
Departament of Defense Lands: a review of Rusle: factors and US Army Land Conditions- trend
analysis (LCTA) data gaps.- Departament of Forest Science, Colorado State University, Fort Collins,
CO 80523.

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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Capítulo 24
Método Santa Bárbara
“A verdadeira amizade somente existe entre aqueles que desejam
aprender, ou para seu prazer ou para ganhar melhor entendimento do mundo”
Marsílio Ficino, Academia Platônica de Florença

24-1
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Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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SUMÁRIO
Ordem Assunto

24.1 Introdução
24.2 Conceitos de translação e armazenamento
24.2.1 Translação
24.2.2 Armazenamento
24.3 Obtenção da hidrograma conforme método Santa Bárbara
24.4 Definição da chuva de projeto
19 páginas

24-2
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Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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Capítulo 24 –Método Santa Bárbara (A≤ 50km2)

24.1 Introdução
O objetivo do método Santa Bárbara é obter o hidrograma de uma precipitação para
uma determinada bacia considerando um local escolhido. No hidrograma teremos a vazão de
pico e as vazões em intervalo de tempo o que facilitará o routing do reservatório, caso
tenhamos um piscinão.

Figura 24.1- Modelo de sistema hidrológico simples


Fonte: Swami Marcondes Villela e Arthur Mattos, 1975 p. 7

Vamos supor uma bacia conforme a Figura (24.1) na qual temos uma precipitação. Se
tomarmos o ponto A como seção de controle, poderemos observar o seguinte. No começo da
precipitação a vazão é nula.
Com o passar do tempo a vazão no ponto A vai aumentando cada vez mais até chegar
a um pico e daí começa a diminuir até atingir a vazão zero novamente. A chuva parou mas a
vazão ainda continua até a mesma ficar zero.
Esta curva é a hidrograma ou hidrograma que queremos, conforme Figura (24.2).
Teremos a vazão de contribuição da água de chuva na bacia em função do tempo.
A parte da chuva que evapora, que fica presa em forma de poça d’água ou se infiltra
no solo, não nos interessa. Interessa somente a chuva que produz as enxurradas, que é
chamada de chuva excedente ou runoff.
Na hidrograma da Figura (24.2) vemos que a vazão atinge o pico de 43 m3/s e a 150
min ou seja 2,5h a mesma chega a zero novamente.
A chuva que causou aquele hidrograma varia também com o tempo e chama-se
hietograma. Observar empiricamente que quanto mais impermeável for a bacia maior será o
pico de vazão na hidrograma da Figura (24.2) e quanto maior for o tamanho da bacia maior
também será o pico. No Capítulo 2 temos vários exemplos de hietogramas para a cidade de
São Paulo.

24-3
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Hidrógrama

50
Vazão em m3/s

40
30
20
10
0
0 50 100 150 200
Tempo (min)

Figura 24.2- Hidrograma da bacia no ponto A

24.2 Conceitos de translação e armazenamento


É muito importante o conceito de translação e armazenamento para o estudo de
escoamento em canais, reservatórios e bacias hidrográficas.

24.2.1 Translação
É o movimento da água ao longo dos canais em direção paralela ao fundo. Tempo de
translação é, portanto, o tempo que uma partícula de água leva para percorrer uma
determinada distância.
Tempo de concentração é o tempo de translação do ponto mais distante da bacia até a
seção de controle (Porto,1995 p. 139).

24.2.2 Armazenamento
Pode ser interpretado como o movimento da água na direção perpendicular ao fundo
do canal e representa, portanto, a parcela da chuva excedente que fica, temporariamente,
retida na bacia e que chegará à seção de controle com certo atraso (Porto,1995 p. 139).
A grande importância do método Santa Bárbara é que considera o efeito do
armazenamento.
Outro fator importante do método Santa Bárbara é que leva em conta as áreas de
impermeabilização. Isto foi muito bem salientado por Porto,1995, pois a medida que o solo se
impermeabiliza, as perdas tornam-se menos sensíveis à infiltração e dependerão mais da parte
impermeável da bacia. As tabelas de uso do solo costumam ser muito gerais e imprecisas,
enquanto que a estimativa da área impermeabilizada poderá ser feita com maior precisão por
meio de fotografias aéreas, por exemplo (Porto,1995 p.163).

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Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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24.3 Obtenção do hidrograma conforme método Santa Bárbara


Segundo Akan, 1993 o Santa Barbara Urban Hydrograph Method (SBUH) foi
primeiramente desenvolvido por James M. Stubchaer funcionário do órgão responsável pelo
controle das inundações e conservação da água do Distrito de Santa Bárbara na Califórnia no
ano de 1975.
O método foi desenvolvido para ser usado com microcomputador usando planilha
Excel da Microsoft, por exemplo, mas pode ser feito manualmente. Foi apresentado pela
primeira vez no Simpósio Nacional de Hidrologia Urbana e Controle de Sedimentos feito na
Universidade de Kentucky em 1975 (Wanielista, 1997) e em comparação com outros métodos
é de fácil aplicação e aparentemente preciso.
O método Santa Bárbara admite que a área impermeável da bacia é diretamente
conectada ao sistema de drenagem e que são desprezíveis as perdas de água da chuva que
caem na área impermeável ou a chuva excedente que vai pela superfície.
O método Santa Barbara combina o runoff sobre área impermeável e sobre a área
permeável para formar o hidrograma. O hidrograma é obtido supondo um reservatório
imaginário cujo tempo de espera é o tempo de concentração da bacia.
O runoff também é chamado de chuva excedente (ou chuva efetiva) que é o volume de
água de chuva que se escoará superficialmente pela bacia.
Existem quatro métodos principais para a determinação do runoff ou seja da chuva
excedente. Nestes métodos determinamos a parcela da precipitação de chuva que se infiltra no
solo quando o mesmo é permeável.
O primeiro é o método do número da curva (CN) adotado pelo Soil Conservation
Service do Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (SCS).
O segundo é método de Horton com razão de infiltração variável e específica do local
e está explicado no Capítulo 8 deste livro.
O terceiro é o método da infiltração constante e o quarto o método do balanço das
massas.
Os mais usados são o método do número da curva CN do SCS e o método de Horton.

Dica: deve ser usado o método do número da curva CN do SCS para a área permeável
para achar a chuva excedente.

As ordenadas “I “ da hidrograma devem ser calculadas com unidades consistentes,


para se evitar erros. No caso iremos adotar as unidades do Sistema Internacional (SI).

I= [ i . d + i e . (1.0 – d)] . A (Equação 24.1)


Sendo:
I= entrada para o reservatório imaginário. São as ordenada da hidrograma em m3/s.
i= precipitação total da chuva no intervalo Δt em m/s. Na área impermeabilizada é o runoff;
i e = escoamento da chuva excedente (runoff) na área permeável no intervalo Δt em m/s;
d= fração da área impermeável em relação a área total;
A= área total de drenagem em m2.

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Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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O runoff da hidrograma Q ( j ) da saída do reservatório pode ser obtido usando o


método denominado “routing” para a hidrograma instantânea I ( j-1 ) e I ( j ) através do
reservatório linear imaginário com a constante de armazenamento usando o tempo de
concentração t c na bacia.

Nesse reservatório o volume V é proporcional a vazão Q elevado ao expoente m.

V=k.Qm

O valor de m varia de 0,9 a 1,2. No caso do método Santa Bárbara supomos que m=1,
isto é, que a função é linear.

V= k .Q
Em um intervalo de tempo Δt temos:

V2 – V1= k . (Q2-Q1)

Como V2 – V1= [( I1+I2)/2] Δt - [ (Q2-Q1)/2] Δt

Eliminando-se V2 – V1 e isolando-se Q2 temos:

Q2 = Q1 + C . ( I1 + I2 – 2 . Q1)

Sendo C = Δt / ( 2 . k + Δt)

Como a nossa hipótese é que k=tc teremos

C = Δt / ( 2 . tc + Δt)

Sendo C chamado de coeficiente de retardo e representado normalmente por Kr.

24-6
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Kr = Δt / ( 2 . tc + Δt) (Equação 24.2)

Pode ser escrito o seguinte:

Q(j) = Q(j-1) + Kr . ( I (j-1) + I (j) - 2 . Q (j-1) ) (Equação 24.3)


sendo:

tc =tempo de concentração em segundos;

Δt = intervalo de tempo em segundos;

Kr = coeficiente de retardo (número adimensional).

24.4 Definição da chuva de projeto


Um dos parâmetros importante é a definição da chuva de projeto. Existem vários
métodos e devem ser utilizados de maneira sensata e reconhecer o limite da informação
(Urbonas e Staher,1992 in Canholi, 1995).
Existem diversos procedimentos a determinação da chuva de projeto: bloco de
tormenta, métodos de Sifalda e Arnell, método de Chicago (Keifer & Chu) e método dos
blocos alternados (citado por Zahed & Marcelini), hietograma triangular (Yen & Chow) e
método de Pilgrim & Cordery).

Dica: adotei o método do bloco de tormenta para determinação da chuva de projeto.

Vamos adotar o método do bloco da tormenta padronizada, escolhendo para a Região


Metropolitana de São Paulo (RMSP), a tormenta de 2 de fevereiro de 1983.
O hietograma, isto é, a precipitação no tempo é da chuva de 1983 que é coincidente
com o hidrograma de Huff com 50% de probabilidade e para o 1º quartil. Este mesmo
hietograma com duas horas precipitação foi usado pelo DAEE de São Paulo no estudo
Hidrológico do córrego Pirajussara (72km2), córrego dos Meninos (afluente do Rio
Tamanduatéi) e no rio Aricanduva.
Para o rio Tietê entre a barragem Edgard de Souza e barragem da Penha foi usada
chuva de 24horas de 02/02/1983 e com a curva de Huff com 50% de probabilidade e 1º
quartil.

Exemplo 24.1- Calcular a vazão de pico e a hidrograma usando o método Santa Bárbara de
uma área urbana em Guarulhos com área de 1,12km2 (112ha) para período de retorno de 50
anos, hietograma de Huff 1º quartil com 50% de probabilidade e equação da chuva de
Martinez e Magni, 1999. Os intervalos são de 10min.
Usando uma planta aerofotogramétrica do local foram levantados os seguintes
elementos:

Tabela 24.1- Dados obtidos em planta aerofotogramétrica da área local


Trecho Cota Montante Cota jusante Comprimento Declividade
(m) (m) (m) (m/m)
1 805 762,9 300 0,14033
2 762,9 758,8 100 0,04100

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3 758,8 744,8 295 0,04746


4 744,8 734,5 395 0,02608
5 734,5 734,2 100 0,00300
6 734,2 731,2 80 0,03750
7 731,2 726,6 380 0,01211
1650m
Declividade média =0,047515m/m

O ponto mais alto está na cota 805m e o mais baixo na cota 726,6m. O comprimento
total do talvegue é de 1650m.
Os trechos, as cotas a montante e a jusante bem como os comprimentos e declividades
estão na Tabela (24.2). A declividade média do talvegue é 0,047515m/m.
Para o cálculo do tempo de concentração tc, foram verificados vários métodos, tais
como, Califórnia Culverts Practice, Método de Kirpich, Método cinemático, Método da
Fórmula SCS Lag- 1975 usando CN=90 e foram obtidos os resultados da Tabela (24.2).

Tabela 24.2- Tempo de concentração obtido através de vários métodos


Método para obter o tempo de concentração Tempo de concentração
(minutos)
Tc pelo método Califórnia Culverts Practice= 46,7
Tempo de concentração em minutos por Kirpich= 37,2
Tc pelo método Cinemático= 29,5
Tempo de concentração por Formula SCS Lag 1975= 44,6
Tempo de concentração médio = 39,5min
Tempo de concentração médio = 2370 segundos

Adotamos para o tempo de concentração o valor médio tc=39,5min = 2370segundos


Conforme levantamento de campo, a área impermeável calculada estimada é de 61,5%
para o horizonte de projeto de 20 anos.
Como trata-se de área de lotes residenciais menores que 500m2 e sendo o solo tipo C
conforme outros levantamentos já efetuados na região, verificando-se no Capítulo 7 deste
livro a Tabela (7.4) encontramos o valor CN=90, o qual será adotado.
Procederemos o cálculo do método Santa Bárbara conforme Akan,1993- The Santa
Barbara Urban Hydrograph Method, p. 103 que usaremos como modelo.
Valor de Δt
Sendo a chuva de 2h e com 12 intervalos o valor de Δt será igual a 600s.
Δt =2 h/12 =0,16666h=600s= 10min
Segundo Larry Mays temos: tc/5≤Δt ≤ tc/3

Valor do coeficiente de retardo Kr


Conforme Equação (24.2)
Kr = Δt / ( 2 . tc + Δt)
O valor de Kr usando unidades coerentes, por exemplo, tudo segundos ou tudo hora.
No caso usaremos segundos.
Kr = 600/ (2 x 2370 + 600) = 0,11235955
Vamos explicar em detalhes como se constrói a Tabela (24.3) com 15 colunas.

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Coluna 1:
Trata-se da ordem de 1 até 12.

Coluna 2:
Contagem de tempo até 10min na primeira linha, de 10min a 20min na segunda linha e assim
por diante, até 120min ou seja as 2h de chuva que admitimos.

Coluna 3:
Nesta coluna o tempo está em horas.

Coluna 4:
Conforme foi verificado pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de
São Paulo, a chuva de 2 de fevereiro de 1983 praticamente coincide com o hietograma de
chuva de Huff para o primeiro quartil e com 50% de probabilidade. Daí usarmos na Região
Metropolitana de São Paulo a chamada chuva de Huff 1Q 50% P. No caso temos a fração da
chuva devendo o total ser igual a 1 (um).

Coluna 5:
Considerando a Equação da Chuva de São Paulo elaborada por Martinez e Magni,1999 e
usando período de retorno de 50anos, achamos no Capítulo 2 a precipitação total de 94,6mm.
Todos os valores da coluna 5 são obtidos da multiplicação de 94,6mm pela fração da chuva
de Huff da coluna 4.
Assim multiplicando 0,132 x 94,6mm = 12,4mm e assim por diante.

Coluna 6:
Na coluna 6 estão a precipitação acumulada. Repete-se a primeira linha 12,5mm e
soma-se esta a linha 2 da coluna 5 da seguinte maneira:
12,5mm + 25,9mm = 38,4mm
Assim obteremos toda a coluna 6, sendo que na linha de ordem 12 teremos que ter o total de
94,6mm para conferir.

Coluna 7:

Na coluna 7 vamos calcular a chuva excedente pelo método do número da curva CN


do SCS.
O valor de CN =90 é dado fornecido pelo problema e deve-se somente a área
permeável. Temos que obter o valor do potencial máximo de retenção após começar o runoff,
ou seja, o valor S em milímetros conforme Equação (7.6).

O valor de S= 25400/ ( CN – 254) = 28,22mm


A abstração inicial Ia em milímetros será conforme Equação (7.4)

Ia = 0,2 . S = 0,2 x 28,22 = 5,64mm

Temos que usamos a equação para calcular o valor da chuva excedente Q.

( P- 0,2S ) 2
Q= ------------------------

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Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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( P+0,8S )

A equação da chuva excedente Q só é válida quando P > 0,2 S ou seja


P> 5,64mm.
Vamos montar a equação de Q, calculando o valor de 0,8S = 0,8 x 28,22=22,58mm
Teremos então:

( P- 5,64 ) 2
Q= -------------------------- (Equação 24.4)
( P + 22,58 )
A Equação (24.4) é que será usada para se obter a coluna 7 juntamente com a restrição
de que P deverá ser maior que 5,64mm ou seja P> 5,64mm. Caso o P seja menor que 5,64mm
então o valor de Q será 0, ou seja: Se P< 5,64mm então Q=0.
Isto é feito em planilha Excel usando a função SE.
= SE (Coluna 5 > 5,64; [( coluna 5 – 5,64) 2 / (coluna 5 + 22,58)] ; 0)
Para a primeira linha o valor de P da coluna 5 é 12,5mm, isto é, P=12,5mm.
O valor de P=12,5mm é maior que 5,64mm, isto é, P>5,64mm. Então se aplica a
Equação (24.4) e fazendo-se a substituição teremos:
(12,5 - 5,64 ) 2
Q= -------------------------- = 1,34
( 12,5 + 22,58 )
Desta maneira iremos obter toda a coluna 7 relativa a chuva excedente, sempre
substituindo o valor de P corresponde a linha e na coluna 5.
A chuva excedente total é de 67,5mm. Esta chuva é que provocará o escoamento
superficial, ou seja, o runoff.

Coluna 8
Como a coluna 7 obtida está a chuva excedente acumulada, para se obter a chuva excedente
por faixa basta subtrair uma linha da frente pela anterior, repetindo-se a primeira linha. Para
conferir a somatória deve ser de 67,5mm.

Coluna 9
A coluna 9 é a infiltração no solo. É calculada somente para sabermos quanto foi infiltrado no
solo. É calculada pela diferença entre o precipitado por faixa na coluna 5 com a chuva
excedente por faixa da coluna 8. Assim a infiltração na primeira linha da coluna 9 será :
12,5mm – 1,3mm = 11,2mm.
A soma da infiltração da coluna 9 é de 27,1mm e somando-se a infiltração com a
chuva excedente de 67,5mm tem que dar o total da chuva de 94,6mm. Notar que não foi
considerada a evaporação, o que é usual para os problemas de drenagem.

Coluna 10
Um dos truques do método Santa Bárbara é a separação do escoamento superficial, sendo um
sobre superfície impermeabilizada e outra sobre superfície permeável.
Assim na coluna 10 vamos calcular a velocidade de escoamento em milímetros por hora na
região impermeabilizada. Assim cada linha da coluna 10 é obtida dividindo-se a precipitação
por faixa pelo intervalo de tempo. No caso o intervalo de tempo deverá ser em horas, para se
obter mm/h.
Na primeira linha da coluna 10 teremos: 12,5mm/ 0,1666 = 74,9mm/h.

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Coluna 11
A coluna 11 é obtida usando o mesmo raciocínio da coluna 10, só que desta vez devemos
tomar a chuva excedente, isto é, aquela que escorre, pois a outra parte da chuva foi infiltrada.
Assim na primeira linha da coluna 8 achamos 1,34mm que deverá ser dividido pelo intervalo
de tempo em horas que é 0,1666h. Teremos:
1,34mm/0,1666h = 8,0mm/h e assim por diante.

Coluna 12
Tendo-se os valores do runoff na área impermeabilizada i e da área permeável ie e
usando a Equação (24.1), como possuímos os valores da área da bacia de drenagem A e da
fração impermeável d, obtemos facilmente todos os valores das coordenadas da hidrograma
para o reservatório imaginário.

I= [ i . d + i e . (1.0 – d)] . A
Substituindo-se a fração da área impermeabilizada de 0,615 e área da bacia de
drenagem 112ha e convertendo em metros quadrados, teremos:

I= [ i . 0,615 + i e . (1.0 – 0,615)] . 112ha x 10.000m2

O valor de I obtido é em m3/s é dependente dos valores da velocidade de escoamento


superficial na área impermeável “i “ e na área permeável “ie”.
Para a primeira linha temos i= 74,9mm/h e ie= 8,0mm/h sendo que não esquecendo de
transformar as unidades de milímetros em metros e hora em segundos.

I= [ 74,9/(1000x 3600) . 0,615 + 8,0/ (1000 x 3600) . (1.0 – 0,615)] . 1120000 = 15,29m3/s
Desta maneira obtemos o valor de 15,29m3/s que o valor de I para a primeira linha da
coluna 12.

Coluna 13
A coluna 13 é a soma acumulada de duas linhas da coluna 12. Assim para a primeira linha da
coluna 13 repete-se o valor de 15,29m3/s da coluna 24. Para as demais linhas soma-se a linha
anterior mais a atual ou seja 15,29m3/s + 41,45m3/s obtendo-se 56,74m3/s e assim por diante.

Coluna 14
A coluna 14 é a aplicação da Equação (24.2)

Qj= Q(j-1) + Kr . [ I (j-1) + I (j) - 2 . Q (j-1) ]


Temos o valor de Kr=
Conforme Equação (24.2)
Kr = Δt / ( 2 . tc + Δt)
O valor de Kr usando unidades coerentes, por exemplo, tudo segundos ou tudo hora.
No caso usaremos segundos.
Kr = 600/ (2 x 2370 + 600) = 0,11235955
Na Equação (24.2) temos o valor de Kr e os valores de I (j-1) + I (j) . Temos uma equação
e duas incógnitas, mas uma incógnita será sempre a vazão anterior.

24-11
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 24 Método Santa Bárbara
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 12/05/2010

Supondo primeiramente que a vazão da primeira linha da coluna 14 seja zero, istoé,
Q(j-1)=0.
Substituindo teremos:
Qj= 0 + 0,11235955 . [ 15,29 - 2 . 0 ] =1,72m3/s
Para a segunda linha da coluna 14 temos:
Qj= 1,72 + 0,11235955 . [ 56,74 - 2 . 1,72 ] =7,71 m3/s
E assim por diante.

Coluna 15
É o hidrograma que queremos. Na primeira linha da coluna 15 é a segunda linha da coluna 14
e assim por diante.
Poderemos continuar os cálculos até atingirmos na coluna 15 o valor de Q(j) igual
zero.
Obtemos a vazão de pico usando o método Santa Bárbara de 17,32m3/s que ocorre a
40min do inicio da chuva, conforme se pode ver na linha de ordem 4.
Em se tratando de problema real, a vazão base é 0,83m3/s e que somada a vazão de
pico de 17,32m3/s nos dará a vazão de projeto de 18,15m3/s.

Tabela 24.3- Hidrograma de bacia urbana em Guarulhos usando o método Santa


Bárbara para intervalo de 10min e período de retorno de 50anos
Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

HUFF Precip. Prec. Chuva exc. Chuva exc. Infilt. Area Area I(1)
Ordem Tempo Tempo 1. Q Total Acum. acum. por faixa imperm. perm. I + Q(1) Q(2)
50% P P P acum. Q acum. Q f i ie I(2)

min h (%) mm mm mm mm mm mm/h mm/h m3/s m3/s m3/s m3/s


1 10 0,17 0,132 12,5 12,5 1,34 1,34 11,2 74,9 8,0 15,29 15,29 0,00 1,72
2 20 0,33 0,274 25,9 38,4 17,6 16,3 9,7 155,5 97,6 41,45 56,74 1,72 7,71
3 30 0,50 0,208 19,7 58,1 34,1 16,5 3,2 118,1 98,9 34,44 75,89 7,71 14,50
4 40 0,67 0,116 11,0 69,1 43,9 9,8 1,2 65,8 58,7 19,63 54,07 14,50 17,32
5 50 0,83 0,071 6,7 75,8 50,0 6,1 0,6 40,3 36,7 12,11 31,75 17,32 16,99
6 60 1,00 0,053 5,0 80,8 54,6 4,6 0,4 30,1 27,7 9,08 21,19 16,99 15,56
7 70 1,17 0,046 4,4 85,1 58,7 4,0 0,3 26,1 24,2 7,90 16,98 15,56 13,97
8 80 1,33 0,028 2,6 87,8 61,1 2,5 0,2 15,9 14,8 4,82 12,72 13,97 12,26
9 90 1,50 0,024 2,3 90,1 63,3 2,1 0,1 13,6 12,7 4,13 8,95 12,26 10,51
10 100 1,67 0,024 2,3 92,3 65,4 2,1 0,1 13,6 12,8 4,14 8,27 10,51 9,08
11 110 1,83 0,016 1,5 93,8 66,8 1,4 0,1 9,1 8,5 2,76 6,90 9,08 7,81
12 120 2,00 0,008 0,8 94,6 67,5 0,7 0,0 4,5 4,3 1,38 4,14 7,81 6,52
1,000 94,6 67,5 27,1
Soma Precip. Chuva Infiltra
Total exc. ção
Fonte: Akan,1993- The Santa Barbara Urban Hydrograph Method, p. 103.

24-12
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Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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Exemplo 24.2- Aplicação do método Santa Bárbara para construção do hidrograma de


área urbana em São Paulo –capital.
Local: piscinão do Pacaembu
Área da bacia =A= 2,22 km2 = 222ha= 2,22 x 1000 x 1000 = 2.220.000m2
Tempo de concentração = tc = 0,25h= 15min = 15min x 60s = 900s
Fração impermeável = d = 0,55
Intervalos do hidrograma adotado: 48
Duração da chuva adotada = 2 horas
Intervalo em tempo do hidrograma = 48/2h = 0,04166h = 150s
Precipitação de 2 horas escolhida para Tr=25 anos = 85,1mm (Martinez e Magni, 1999)
Número da curva CN =87

Na Tabela (24.4) temos 15 colunas. Vamos supor que as colunas 1 a 9 já foram


calculadas e são dados do problema.
Queremos achar o hidrograma ou a hidrograma ou seja as vazões em m3/s (coluna 15)
em função do tempo.
Primeiramente vamos calcular o valor de Kr ou seja o número adimensional do
coeficiente de retardo usando a Equação (24.3):
Kr = Δt / ( 2 . tc + Δt)
tc =tempo de concentração em segundos = 900s;
Δt = intervalo de tempo em segundos = 150s;
Kr = 150/( 2 x 900 + 150) = 0,076979878
Para calcular a Equação (24.1) temos que achar os valores do runoff na parte da área
impermeabilizada que será a precipitação desprezando-se as perdas (i) e a parte do runoff da
área permeável. Na área permeável uma parte da chuva se infiltra e não nos interessa no caso
e outra parte faz parte do escoamento superficial, isto é, do runoff (ie).
Para se obter o valor de i referente a precipitação, divide-se o valor da coluna 6 e
divide-se pelo intervalo de tempo de 0,04166h. Assim teremos para a linha de ordem 1 o
seguinte:
2,6 / 0,041666h = 61,3mm/h
Na área permeável divide-se a coluna 8 dividir pelo intervalo de tempo de 0,041666h
obtendo o seguinte:
0 / 0,041666h = 0mm/h
Tendo-se os valores do runoff na área impermeabilizada i e da área permeável ie e
usando a Equação (24.1), como possuímos os valores da área da bacia de drenagem A e da
fração impermeável d, obtemos facilmente todos os valores das coordenadas da hidrograma
para o reservatório imaginário.
I= [ i . d + i e . (1.0 – d)] . A
I= [ i . 0,55 + i e . (1.0 – 0,55)] . 2220000
O valor de I obtido é em m3/s.

Vamos agora aplicar a Equação (24.2)

Qj= Q(j-1) + Kr . [ I (j-1) + I (j) - 2 . Q (j-1) ]

que irá calcular os valores de saída Qj do reservatório imaginário da coluna 10.

24-13
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Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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Primeiramente calculemos a coluna 13. Observando a linha de ordem 4 vemos que o


valor 43,53 é a soma de I (j-1) + I (j) = 25,0 + 27,0,85=52,0.
Calculemos a coluna 14 e a coluna 15.
Na coluna 14 o valor de Q(j-1) na linha de ordem 1 é zero.
Na Equação (24.2) temos o valor de Q(j-1) =0 e I (j-1) + I (j) e o valor de
Kr=0,076979878 já calculado.
Qj = Q(j-1) + K r . [I (j-1) + I (j) - 2 . Q(j-1)]
Fazendo-se as substituições temos:
Qj = 0 + 0,0776979 x [ 20,78 – 1 x 0] = 1,60m3/s
Na coluna 14 considerando a linha de ordem 2 o valor de Q(j-1) será 1,60m3/s.
Calculemos o valor de Qj. Substituindo na Equação (24.2) achamos o valor Qj = 4,55m3/s e
assim por diante, conforme mostra a Tabela (24.4).
A coluna 15 é o hidrograma que queremos. O pico do hidrograma é de 47,33m3/s e
consta da linha de ordem 13 e acontece 0,54 horas = 32,5 minutos

Tabela 24.4- Hidrograma da bacia do Pacaembu –SP usando o método Santa Bárbara
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6 Coluna Coluna Coluna 9 Coluna 10 Coluna 11 Coluna Coluna Coluna Coluna 15
7 8 12 13 14
HUFF 1. Precip. Prec. Chuva exc. Chuva exc. por Infiltraçã Area Area Hidrogra
Q Total Acum. acum. faixa o imperm. permeável ma
Ordem Tempo Tempo 50% P P P acum. Q acum. Q f i ie I I(1)+I(2) Q(1) Q(2)

min h (%) mm mm mm mm mm mm/h mm/h m3/s m3/s m3/s m3/s

1 2,5 0,04 0,030 2,6 2,6 0,0 0,0 2,6 61,3 0,0 20,78 20,78 0,00 1,60
2 5,0 0,08 0,030 2,6 5,1 0,0 0,0 2,6 61,3 0,0 20,78 41,56 1,60 4,55
3 7,5 0,13 0,036 3,1 8,2 0,0 0,0 3,1 73,5 0,2 25,00 45,78 4,55 7,37
4 10,0 0,17 0,036 3,1 11,2 0,3 0,3 2,8 73,5 7,4 27,00 52,00 7,37 10,24
5 12,5 0,21 0,061 5,2 16,4 1,7 1,3 3,8 124,6 32,4 51,24 78,24 10,24 14,68
6 15,0 0,25 0,061 5,2 21,6 3,8 2,1 3,1 124,6 50,8 56,35 107,59 14,68 20,70
7 17,5 0,29 0,076 6,5 28,1 7,2 3,4 3,1 155,2 81,6 75,30 131,65 20,70 27,64
8 20,0 0,33 0,076 6,5 34,6 11,2 4,0 2,5 155,2 96,3 79,37 154,66 27,64 35,29
9 22,5 0,38 0,052 4,4 39,0 14,2 3,0 1,4 106,2 72,2 56,06 135,43 35,29 40,27
10 25,0 0,42 0,052 4,4 43,4 17,4 3,2 1,2 106,2 76,3 57,19 113,25 40,27 42,79
11 27,5 0,46 0,052 4,4 47,8 20,7 3,3 1,1 106,2 79,7 58,13 115,32 42,79 45,08
12 30,0 0,50 0,052 4,4 52,3 24,1 3,4 1,0 106,2 82,5 58,92 117,05 45,08 47,15
13 32,5 0,54 0,033 2,8 55,1 26,4 2,2 0,6 67,4 53,6 37,75 96,67 47,15 47,33
14 35,0 0,58 0,032 2,7 57,8 28,6 2,2 0,5 65,4 52,9 36,83 74,58 47,33 45,78
15 37,5 0,63 0,026 2,2 60,0 30,4 1,8 0,4 53,1 43,5 30,08 66,92 45,78 43,89
16 40,0 0,67 0,025 2,1 62,1 32,2 1,8 0,4 51,1 42,3 29,04 59,13 43,89 41,68
17 42,5 0,71 0,022 1,9 64,0 33,7 1,6 0,3 44,9 37,5 25,65 54,69 41,68 39,48
18 45,0 0,75 0,021 1,8 65,8 35,2 1,5 0,3 42,9 36,1 24,56 50,21 39,48 37,27
19 47,5 0,79 0,014 1,2 67,0 36,2 1,0 0,2 28,6 24,2 16,41 40,97 37,27 34,69
20 50,0 0,83 0,014 1,2 68,2 37,2 1,0 0,2 28,6 24,3 16,44 32,85 34,69 31,88
21 52,5 0,88 0,014 1,2 69,4 38,3 1,0 0,2 28,6 24,4 16,47 32,91 31,88 29,50
22 55,0 0,92 0,014 1,2 70,5 39,3 1,0 0,2 28,6 24,5 16,50 32,97 29,50 27,50
23 57,5 0,96 0,013 1,1 71,7 40,2 1,0 0,2 26,6 22,8 15,34 31,84 27,50 25,72
24 60,0 1,00 0,012 1,0 72,7 41,1 0,9 0,1 24,5 21,2 14,18 29,52 25,72 24,03
25 62,5 1,04 0,012 1,0 73,7 42,0 0,9 0,1 24,5 21,2 14,20 28,38 24,03 22,52
26 65,0 1,08 0,012 1,0 74,7 42,9 0,9 0,1 24,5 21,3 14,22 28,42 22,52 21,24
27 67,5 1,13 0,011 0,9 75,7 43,7 0,8 0,1 22,5 19,6 13,05 27,27 21,24 20,07
28 70,0 1,17 0,011 0,9 76,6 44,5 0,8 0,1 22,5 19,6 13,06 26,11 20,07 18,99
29 72,5 1,21 0,008 0,7 77,3 45,1 0,6 0,1 16,3 14,3 9,51 22,57 18,99 17,81

24-14
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30 75,0 1,25 0,008 0,7 78,0 45,7 0,6 0,1 16,3 14,3 9,52 19,02 17,81 16,53
31 77,5 1,29 0,006 0,5 78,5 46,2 0,4 0,1 12,3 10,8 7,14 16,66 16,53 15,27
32 80,0 1,33 0,006 0,5 79,0 46,6 0,4 0,1 12,3 10,8 7,15 14,29 15,27 14,02
33 82,5 1,38 0,006 0,5 79,5 47,1 0,4 0,1 12,3 10,8 7,15 14,29 14,02 12,96
34 85,0 1,42 0,006 0,5 80,0 47,5 0,4 0,1 12,3 10,8 7,15 14,30 12,96 12,07
35 87,5 1,46 0,006 0,5 80,5 48,0 0,5 0,1 12,3 10,8 7,16 14,31 12,07 11,31
36 90,0 1,50 0,006 0,5 81,0 48,4 0,5 0,1 12,3 10,8 7,16 14,32 11,31 10,67
37 92,5 1,54 0,006 0,5 81,5 48,9 0,5 0,1 12,3 10,8 7,16 14,32 10,67 10,13
38 95,0 1,58 0,006 0,5 82,0 49,3 0,5 0,1 12,3 10,9 7,17 14,33 10,13 9,68
39 97,5 1,63 0,006 0,5 82,5 49,8 0,5 0,1 12,3 10,9 7,17 14,34 9,68 9,29
40 100,0 1,67 0,006 0,5 83,1 50,2 0,5 0,1 12,3 10,9 7,17 14,35 9,29 8,96
41 102,5 1,71 0,004 0,3 83,4 50,5 0,3 0,0 8,2 7,3 4,78 11,96 8,96 8,51
42 105,0 1,75 0,004 0,3 83,7 50,8 0,3 0,0 8,2 7,3 4,79 9,57 8,51 7,93
43 107,5 1,79 0,004 0,3 84,1 51,1 0,3 0,0 8,2 7,3 4,79 9,57 7,93 7,45
44 110,0 1,83 0,004 0,3 84,4 51,4 0,3 0,0 8,2 7,3 4,79 9,58 7,45 7,04
45 112,5 1,88 0,002 0,2 84,6 51,6 0,2 0,0 4,1 3,6 2,40 7,18 7,04 6,51
46 115,0 1,92 0,002 0,2 84,8 51,7 0,2 0,0 4,1 3,6 2,40 4,79 6,51 5,88
47 117,5 1,96 0,002 0,2 84,9 51,9 0,2 0,0 4,1 3,6 2,40 4,79 5,88 5,34
48 120,0 2,00 0,002 0,2 85,1 52,0 0,0 0,2 4,1 0,0 1,39 3,78 5,34 4,81
1,000 85,1 51,9 33,2
Chuva exc. Infiltra
ção

Fonte: Akan,1993- The Santa Barbara Urban Hydrograph Method, p. 103.

24-15
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Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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Hidrógrafa do piscinão do Pacaembu

50,00
45,00
40,00
Vazão (m3/s)

35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0
Tempo (min)

Figura 24.2- Hidrograma da bacia do Pacaembu para chuvas de 2horas escolhido por Canholi,1995

24-16
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Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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Exemplo 24.3- Caso real. Calcular a vazão de pico e a hidrograma usando o método Santa
Bárbara de uma área urbana em Guarulhos com área de 1,12km2 (112ha) para período de
retorno de 50 anos, hietograma de Huff 1º quartil com 50% de probabilidade e equação da
chuva de Martinez e Magni, 1999. Os intervalos são de 2,5min.
A diferença entre o Exemplo (24.3) e o Exemplo (24.1) é o intervalo de tempo. No
primeiro exercício foi usado intervalo de 10min e agora vamos usar intervalo menor de
2,5min.
O resultando da vazão de pico será de 17,65m3/s o que é um pouco maior que os
17,32m3/s obtidos com o intervalo de 10min. Usando-se microcomputador o mais prático é
usar o intervalo menor. Na Tabela (24.5) está a planilha de aplicação do método Santa
Bárbara para o intervalo de tempo de 2,5min.

24-17
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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Tabela 24.5- Hidrograma da bacia urbana de Guarulhos de área perto da balança da


rodovia Ayrton Sena usando o método Santa Bárbara para intervalo de 2,5min e
período de retorno de 50anos
Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna 7 Coluna 8 Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna
1 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14 15
HUFF 1. Precip. Prec. Chuva exc. Chuva exc. Infiltraçã Area Area I I(1)+I(2) Q(1) Hidrogra
Ordem Tempo Q Total Acum. acum. por faixa o imperm. permeável ma
50% P P P acum. Q acum. Q f i ie Q(2)

min h (%) mm mm mm mm mm mm/h mm/h m3/s m3/s m3/s m3/s


1 2,5 0,04 0,030 2,8 2,8 0,0 0,0 2,8 68,1 0,0 13,03 13,03 0,00 0,40
2 5,0 0,08 0,030 2,8 5,7 0,0 0,0 2,8 68,1 0,0 13,03 26,06 0,40 1,17
3 7,5 0,13 0,036 3,4 9,1 0,4 0,4 3,0 81,7 9,0 16,71 29,74 1,17 2,02
4 10,0 0,17 0,036 3,4 12,5 1,3 1,0 2,4 81,7 23,1 18,40 35,12 2,02 2,97
5 12,5 0,21 0,061 5,8 18,3 3,9 2,6 3,2 138,5 61,5 33,86 52,26 2,97 4,39
6 15,0 0,25 0,061 5,8 24,0 7,3 3,4 2,4 138,5 80,5 36,14 70,00 4,39 6,27
7 17,5 0,29 0,076 7,2 31,2 12,2 4,9 2,3 172,6 117,7 47,12 83,26 6,27 8,44
8 20,0 0,33 0,076 7,2 38,4 17,6 5,4 1,7 172,6 130,7 48,66 95,78 8,44 10,86
9 22,5 0,38 0,052 4,9 43,3 21,5 3,9 1,0 118,1 94,7 33,93 82,59 10,86 12,73
10 25,0 0,42 0,052 4,9 48,2 25,6 4,1 0,8 118,1 97,9 34,32 68,24 12,73 14,04
11 27,5 0,46 0,052 4,9 53,2 29,8 4,2 0,7 118,1 100,5 34,63 68,95 14,04 15,29
12 30,0 0,50 0,052 4,9 58,1 34,1 4,3 0,6 118,1 102,7 34,89 69,52 15,29 16,49
13 32,5 0,54 0,033 3,1 61,2 36,8 2,8 0,4 74,9 66,1 22,25 57,14 16,49 17,23
14 35,0 0,58 0,032 3,0 64,2 39,5 2,7 0,3 72,7 64,7 21,65 43,90 17,23 17,52
15 37,5 0,63 0,026 2,5 66,7 41,7 2,2 0,3 59,0 53,0 17,64 39,29 17,52 17,65
16 40,0 0,67 0,025 2,4 69,1 43,9 2,1 0,2 56,8 51,2 17,00 34,64 17,65 17,63
17 42,5 0,71 0,022 2,1 71,1 45,8 1,9 0,2 49,9 45,3 14,98 31,98 17,63 17,53
18 45,0 0,75 0,021 2,0 73,1 47,6 1,8 0,2 47,7 43,4 14,33 29,31 17,53 17,35
19 47,5 0,79 0,014 1,3 74,5 48,8 1,2 0,1 31,8 29,1 9,56 23,89 17,35 17,02
20 50,0 0,83 0,014 1,3 75,8 50,0 1,2 0,1 31,8 29,1 9,57 19,13 17,02 16,56
21 52,5 0,88 0,014 1,3 77,1 51,2 1,2 0,1 31,8 29,2 9,58 19,15 16,56 16,13
22 55,0 0,92 0,014 1,3 78,4 52,4 1,2 0,1 31,8 29,3 9,59 19,17 16,13 15,73
23 57,5 0,96 0,013 1,2 79,7 53,6 1,1 0,1 29,5 27,2 8,91 18,50 15,73 15,33
24 60,0 1,00 0,012 1,1 80,8 54,6 1,0 0,1 27,2 25,2 8,23 17,14 15,33 14,92
25 62,5 1,04 0,012 1,1 81,9 55,7 1,1 0,1 27,2 25,2 8,24 16,47 14,92 14,51
26 65,0 1,08 0,012 1,1 83,1 56,7 1,1 0,1 27,2 25,3 8,24 16,48 14,51 14,12
27 67,5 1,13 0,011 1,0 84,1 57,7 1,0 0,1 25,0 23,2 7,56 15,80 14,12 13,74
28 70,0 1,17 0,011 1,0 85,1 58,7 1,0 0,1 25,0 23,2 7,56 15,12 13,74 13,36
29 72,5 1,21 0,008 0,8 85,9 59,4 0,7 0,1 18,2 16,9 5,50 13,06 13,36 12,94
30 75,0 1,25 0,008 0,8 86,7 60,1 0,7 0,1 18,2 16,9 5,50 11,01 12,94 12,49
31 77,5 1,29 0,006 0,6 87,2 60,6 0,5 0,0 13,6 12,7 4,13 9,63 12,49 12,02
32 80,0 1,33 0,006 0,6 87,8 61,1 0,5 0,0 13,6 12,7 4,13 8,26 12,02 11,53
33 82,5 1,38 0,006 0,6 88,4 61,7 0,5 0,0 13,6 12,7 4,13 8,26 11,53 11,08
34 85,0 1,42 0,006 0,6 88,9 62,2 0,5 0,0 13,6 12,7 4,13 8,26 11,08 10,65
35 87,5 1,46 0,006 0,6 89,5 62,7 0,5 0,0 13,6 12,8 4,13 8,27 10,65 10,25
36 90,0 1,50 0,006 0,6 90,1 63,3 0,5 0,0 13,6 12,8 4,14 8,27 10,25 9,88
37 92,5 1,54 0,006 0,6 90,6 63,8 0,5 0,0 13,6 12,8 4,14 8,27 9,88 9,53
38 95,0 1,58 0,006 0,6 91,2 64,3 0,5 0,0 13,6 12,8 4,14 8,27 9,53 9,19
39 97,5 1,63 0,006 0,6 91,8 64,9 0,5 0,0 13,6 12,8 4,14 8,28 9,19 8,88
40 100,0 1,67 0,006 0,6 92,3 65,4 0,5 0,0 13,6 12,8 4,14 8,28 8,88 8,59
41 102,5 1,71 0,004 0,4 92,7 65,8 0,4 0,0 9,1 8,5 2,76 6,90 8,59 8,28
42 105,0 1,75 0,004 0,4 93,1 66,1 0,4 0,0 9,1 8,5 2,76 5,52 8,28 7,94

24-18
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 24 Método Santa Bárbara
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43 107,5 1,79 0,004 0,4 93,5 66,5 0,4 0,0 9,1 8,5 2,76 5,52 7,94 7,62
44 110,0 1,83 0,004 0,4 93,8 66,8 0,4 0,0 9,1 8,5 2,76 5,52 7,62 7,32
45 112,5 1,88 0,002 0,2 94,0 67,0 0,2 0,0 4,5 4,3 1,38 4,14 7,32 7,00
46 115,0 1,92 0,002 0,2 94,2 67,2 0,2 0,0 4,5 4,3 1,38 2,76 7,00 6,66
47 117,5 1,96 0,002 0,2 94,4 67,4 0,2 0,0 4,5 4,3 1,38 2,76 6,66 6,33
48 120,0 2,00 0,002 0,2 94,6 67,5 0,0 0,2 4,5 0,0 0,87 2,25 6,33 6,01
1,000 94,6 67,4 27,2
Chuva Infiltra
exc. ção

Conforme a Tabela (24.8) obtemos o hidrograma para chuva de 2h. A chuva total de
50anos é de 94,6mm e o escoamento superficial (runoff) é de 67,531mm.
A vazão máxima é de 17,65m3/s que se dá a 37,53min, ou seja, 0,625h (ordem 15) na
coluna 1.
Após 6,713h o runoff acaba totalmente e isto se dá na linha de ordem 161 conforme se
pode ver na coluna 1.
Todo o programa é facilmente executado em planilha Excel da Microsoft.
Sendo a vazão base de 0,83m3/s e sendo a vazão de pico de 17,65m3/s a vazão total de
pico será a soma das duas, ou seja:
0,83m3/s + 17,65m3/s = 18,48 m3/s
Portanto, a vazão de pico para projeto é de 18,48m3/s.
A Figura (24.3) mostra a hidrograma obtida.

Hidrógrama de área urbana em Guarulhos

20
Vazao em m3/s

15

10

0
0 2 4 6 8
Tempo (min)

Figura 24.3- Hidrograma da bacia urbana em Guarulhos para chuva de 2h

24-19
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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Capítulo 25
Pré-tratamento

“No Brasil 65% das internações hospitalares são provenientes de doenças de veiculação hídrica”.
Tucci, 2002, Inundações urbanas na América do Sul.

25-1
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 07/05/2009

SUMÁRIO

Assunto
Ordem

Capítulo 25 - Pré-tratamento
25.1 Introdução
25.2 Pré-tratamento in-line ou off-line
25.3 Remoção de partículas de grandes dimensões
25.4 Pré-tratamento em filtros de areia
25.5 Elementos para projeto de pré-tratamento
25.6 Depósito anual de sedimentos
25.7 Vazão que chega até o pré-tratamento
25.8 Vazão que chega até o pré-tratamento usando o TR-55 do SCS
25.9 Método usando o tempo de 5min para calcular Qo
25.10 Cálculo de Qo usando o método Santa Bárbara
25.11 Vazão relativa ao volume WQv que chega até o pré-tratamento usando o método racional para
áreas até 2ha
25.12 Fração de sedimento removido
25.13 Poços de pré-tratamento
25.14 Pré-tratamento com sistema hidrodinâmico
25.15 Boca de lobo com caixa de deposição de sedimentos
25.16 Caixa separadora de óleos e graxas
25.17 Bibliografia e livros consultados
21 páginas

25-2
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 07/05/2009

Capítulo 25 - Pré-tratamento

25.1 Introdução
O pré-tratamento destina-se a remover os materiais grosseiros e sedimentáveis e que vem antes da
BMP (Best Management Practice) que pode ser uma lagoa, um reservatório de detenção estendido etc.
Nas Figuras (25.1) a (25.4) temos exemplo de pré-tratamento.
O pré-tratamento compreende:
1. Remoção dos sólidos flutuantes
2. Remoção dos sólidos grosseiros através de grades, peneiras, etc
3. Remoção de sólidos sedimentáveis para partículas com diâmetro ≥125μm

Dica: adotaremos que o pré-tratamento irá depositar partículas ≥ 0,125mm (125μm).

A importância do pré-tratamento em bacias de detenção alagadas, alagadiços (wetlands), filtros de


areia, trincheiras de infiltração e outras BMPs para a melhoria da qualidade das águas pluviais é
fundamental.
Temos cinco tipos básicos de pré-tratamento:
1. Construção de pequenos reservatórios escavados no solo, que é o mais comum.
2. Utilização de poços de visita como pré-tratamento destinado para pequenas áreas
3. Utilização de equipamentos hidrodinâmicos pré-fabricados e também destinado a pequenas
áreas.
4. Uso de faixa de filtro gramado que é usado em pequenas áreas.
5. Uso de boca de lobo com rebaixo que é muito pouco usado.
Para trincheiras de infiltração é comum para o pré-tratamento usarmos faixa de filtro gramada com
largura mínima de 6,5m.

Figura 25.1-Pré-tratamento. Uma parte dos 0,1WQv da água pluvial fica armazenada e outra
passa por cima do vertedor em gabião.
Fonte: Condado de Chester, USA

25-3
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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Figura 25.2- Pré-tratamento. Observar as quatro maneiras básicas que temos de saída, desde
parede porosa de pedras até em D até as saídas em A,B,C.
Fonte: Haan et al, 1994

25-4
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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Figura 25.3- Pré-tratamento (forebay)


Fonte: http://tti.tamu.edu/documents/1837-1.pdf

Figura 25.4- Pré-tratamento (forebay)


Fonte: http://tti.tamu.edu/documents/1837-1.pdf

25-5
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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25.2 Pré-tratamento in-line ou off-line


O pré-tratamento pode ser feito in line ou off line. Existem situações em que toda a bacia é
dirigida ao pré-tratamento e isto acontece geralmente em bacias pequenas, mas em outras situações o
pré-tratamento é off-line.

25.3 Remoção de partículas de grandes dimensões


Antes de entrar numa BMP é necessário que as partículas de grandes dimensões sejam retidas. Então
fazemos uma caixa de sedimentação separada que pode ter fundo em concreto para facilitar a remoção
dos sedimentos. Vamos seguir as idéias de Urbonas, 1993 que nos parece a mais adequada.
Conforme Urbonas, 1993 a teoria de Hazen para as cargas de superfície tem a hipótese de que uma
partícula pode ser permanentemente removida da coluna de água, atingindo o fundo da caixa de
sedimentação antes que a água deixe o reservatório.
A teoria de Hazen pressupõe que o escoamento do fluído na bacia é uniforme e laminar; condições
difíceis de serem encontradas na prática.
Conforme Urbonas, 1993 temos:
As= W x L
Sendo:
As= área transversal da caixa de sedimentação (m2)
W= largura (m)
L= comprimento da caixa de sedimentação (m)
O volume da caixa de sedimentação V será:
V= As x D
Sendo:
V= volume da caixa de sedimentação (m3)
As= área da seção transversal (m2)
D= profundidade da caixa de sedimentação (m)
O tempo de escoamento T será:
T= Volume da caixa / Q = As x D / Q
Sendo:
T= tempo de decantação (s)
As= área da seção transversal (m2)
D= altura da caixa de sedimentação (m)
Qo= vazão de entrada (m3/s)
A velocidade de sedimentação vs é:
vs = D/ T = (DxQ)/ (As x D) = Q/ As
Para a sedimentação é necessário usar uma área mínima As para que seja feita a deposição.
As= Qo / vs (Equação 25.1)
Sendo:
As= área da superfície do pré-tratamento (m2)
Qo= vazão de entrada no pré-tratamento.(m3/s)
vs= velocidade de sedimentação para partícula média de 125μm (m/s)= 0,0139m/s.
As= Qo / 0,0139
O volume deverá atender no mínimo tempo de permanência de 5min.
V= Qo x (5min x60s) (m3)

Sendo:
V= volume da caixa de pré-tratamento (m3)

DICA: adotamos para o pré-tratamento velocidade de deposição de 0,0139m/s para partículas


maiores que 125μm (0,125mm).

25-6
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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Na Tabela (25.1) apresentamos variação de velocidade de sedimentação de partícula desde o


diâmetro de 10μm até o máximo admitido pela Lei de Stockes que é de 200μm. Adotamos em nosso
trabalho a deposição de partículas maiores que 125 μm, mas poderá ser admitido diâmetro de partícula
diferente.

Tabela 25.1- Velocidade de sedimentação em função do diâmetro da partícula usando a Lei de


Stokes
Peso
especifico Viscosidade Velocidade de
Diâmetro da partícula da dinâmica sedimentação
partícula da água
de sólido
(μm) (mm) (N/m3) (N x /m2) (m/s) (mm/s)
200 0,200 25949,7 0,00101 0,0355 36
150 0,150 25949,7 0,00101 0,0200 20
140 0,140 25949,7 0,00101 0,0174 17
130 0,130 25949,7 0,00101 0,0150 15
125 0,125 25949,7 0,00101 0,0139 13,9
100 0,100 25949,7 0,00101 0,0089 9
90 0,090 25949,7 0,00101 0,0072 7
80 0,080 25949,7 0,00101 0,0057 6
70 0,070 25949,7 0,00101 0,0044 4
60 0,060 25949,7 0,00101 0,0032 3
50 0,050 25949,7 0,00101 0,0022 2
40 0,040 25949,7 0,00101 0,0014 1
30 0,030 25949,7 0,00101 0,0008 0,80
20 0,020 25949,7 0,00101 0,00036 0,36
10 0,010 25949,7 0,00101 0,000089 0,089

Na Austrália é usado no pré-tratamento diâmetro de partícula:125μm=0,125mm.

25.4 Pré-tratamento em filtros de areia


Os filtros de areia costumam receber algumas particularidades no cálculo da bacia de sedimentos,
ou seja, no pré-tratamento.
Autores como Claytor e Schueler recomendam que a superfície da área seja usada a Equação de
Camp-Hazen na seguinte forma:
As= - (Qo / vs) x ln (1-E/100) (Equação 25.2)
Sendo:
Qo= vazão na saída da bacia e calculada e igual a:
Qo= WQv/ td
Sendo:
td= tempo de detenção em segundos.
O valor recomendado por Claytor é que o tempo de detenção td=24h=86400s.
vs= velocidade de sedimentação da partícula (m/s).
Usualmente usa-se dois tipos de diâmetros dependendo da área impermeabilizada AI.
Assim para:
AI ≤75% 20μm vs= 0,000355 m/s
AI >75% 40 μm vs= 0,001422m/s

25-9
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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E= eficiência da deposição desejada (%)


Normalmente adotamos E= 90% ou 80%.
Ln= logaritmo neperiano
- ln( 1-E/100) = - ln (1- 90/100)= -ln(0,1)= 2,3
A Equação (25.2) para E= 90% ficará:
As =2,3 Qo / vs
Mas Qo= WQv/86400
As= 2,3 WQv/(86400 x vs)

Para AI≤ 75% usamos partícula de 20μm que tem velocidade vs= 0,000355m/s.
Substituindo teremos:
As= 2,3 WQv/ (86400 x vs)= 2,3 WQv/ (86400 x 0,000355) = 0,075 WQv
As= 0,075 WQv
Para AI > 75% usamos partícula de 40μm que tem velocidade vs= 0,001422m/s.
Substituindo teremos:
As= 2,3 WQv/ (86400 x vs)= 2,3 WQv/ (86400 x 0,001422) = 0,019 WQv
As= 0,019 x WQv
Observemos que usando este método obteremos valores da área de superfície dos pré-tratamento
As muito inferiores ao usado no método de Urbonas.

25.5 Elementos para o projeto de pré-tratamento


• O volume do pré-tratamento pode ou não estar incluso no WQv.
• Dica: o volume mínimo do pré-tratamento é 0,1 WQv.
• Dica: a profundidade do pré-tratamento deve estar entre 1,0m a 3,5m e no mínimo de 1,0m
e máximo aconselhável de 1,60m.
• Dica: a velocidade máxima no pré-tratamento deve ser ≤ 0,25m/s a fim de não causar
erosão.
Dica: o tempo de permanência deve estar em torno de 5min.

A drenagem para esvaziamento do pré-tratamento deve ser separada do reservatório WQv.


Os sedimentos deverão ser retirados quando atingirem 50% do volume do pré-tratamento.
Uma berma de concreto, terra ou gabião deverá ser construída entre o pré-tratamento e o reservatório
de qualidade WQv e deverá estar de 0,15m a 0,30m abaixo do nível máximo do reservatório permanente
WQv.
O fundo do pré-tratamento deve ser de concreto para facilitar a remoção com uso de máquinas.
O pré-tratamento deve ter acesso independente do reservatório WQv para entrada de caminhões.
Caso seja off-line recomenda-se deixar no mínimo 0,30m para reserva de sedimentos (Eugene,
2002).

25-10
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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25.6 Depósito anual de sedimentos


É importante para a manutenção de um reservatório de detenção estimar a quantidade de
sedimentos anual em m3/ ano x ha.
Dica: a manutenção do reservatório de detenção: 10% do custo da obra.
Dica: adotar para o Brasil a taxa de 10m3/ ano x ha para remoção de sedimentos para
estimativa.

Exemplo 25.1
Depósito anual de sedimentos no pré-tratamento= 50ha x 10m3/ha/ano =500m3/ano
Portanto, anualmente teremos que remover aproximadamente 500m3 de sedimentos.

25.7 Vazão que chega até o pré-tratamento


Vamos apresentar quatro métodos para estimar a vazão que chega até o pré-tratamento quando o
mesmo está off-line.
Os métodos são:
• Método SCS TR-55 conforme equação de Pitt
• Método aproximado do volume dos 5min
• Método Santa Bárbara para P=25mm
• Método Racional até 2ha.

25.8 Vazão que chega até o pré-tratamento usando o Método TR-55 do SCS
O objetivo é o cálculo do número da curva CN dada a precipitação P e a chuva excedente Q.
De modo geral a obtenção de CN se deve a obras off-line. Obtemos o valor de CN e continuamos a
fazer outros cálculos.
Os valores de P, Q, S estão milímetros.

( P- 0,2S ) 2
Q= --------------------- válida quando P> 0,2 S (Equação 25.3)
( P+0,8S )

25400
sendo S= ------------ - 254 (Equação 25.4)
CN

Dada as a Equação (25.3) e Equação (25.4). São dados os valores de Q e de P. Temos então duas
equações onde precisamos eliminar o valor S, obtendo somente o que nos interessa, isto é, o valor do
número da curva CN.
Pitt, 1994 in Estado da Geórgia, 2001 achou a seguinte equação utilizando NRCS TR-55,1986
adaptado para P e Q em milímetros.

CN= 1000/ [10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5] Equação (25.5)

Exemplo 25.2
Seja um reservatório de qualidade da água com tc=11min, área impermeável de 70% e first flush
P=25mm e Área =2ha. Calcular a vazão separadora para melhoria de qualidade das águas pluviais WQv.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,68 = 17mm

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação de Pitt


CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197x25 + 0,394x17 – 10 (0,0016x17 2 + 0,0019 x17x25) 0,5]
CN= 96,6
Vamos calcular a vazão usando o método SCS – TR-55
S= 25400/ CN – 254 = 25400/96,6 – 254 =9mm
Usa-se a simplificação de Q=P x Rv, que produz o volume do reservatório para qualidade da
água em mm.
Q= P x Rv= 25mm x 0,68= 17mm= 1,7cm (notar que colocamos em cm)
Ia = 0,2 S = 0,2 x 9mm=1,8mm
Ia/P= 1,8mm/25mm =0,072 e portanto adotamos Ia/P=0,10
Escolhendo Chuva Tipo II para o Estado de São Paulo.
Co= 2,55323
C1= -0,6151
C2= -0,164
tc= 11min = 0,18h (tempo de concentração)
log (Qu) = Co + C1 log tc + C2 (log tc)2 – 2,366
log Qu = 2,55323 – 0,6151 log (0,18) –0,164 [ log (0,18) ] 2 - 2,366
log Qu = 0,55
Qu = 3,58m3/s /cm / km2 (pico de descarga unitário)
Qp= Qu x A x Q
A=2ha = 0,02km2
Q=1,7cm
Qp= Qu x A x Q x Fp =3,58m3/s/cm/km2 x 0,02km2 x 1,7cm =0,12m3/s
Portanto, o pico da descarga para o reservatório de qualidade de água, construído off-line é de
3
0,12m /s.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68
WQv= (P/1000/ x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 2ha x 10.000m2= 340m3
As= Qo / 0,0139= 0,12/0,0139=8,6 m2
V1= 0,12 x 5min x 60s= 39m3
Mas V2= 0,1 x WQV= 0,1 x 340m3= 34m3
Adoto o maior volume entre 34m3 e 39m3, isto é, V= 39m3
D=Profundidade= Volume / área As= 39m3/ 8,6m2= 4,53m Muito alto
Adotamos então D=1,60m
D=V/As = 1,60= 39/As
As=39/1,6=24,4m2. Adotamos 25m2
Adoto profundidade mínima D=1,6m conforme recomenda Urbonas, 1993.
W= largura (m)
L=Comprimento(m)
L/W= 3 W= L/3
W x L = 25m2
L/3 x L = L2=25 x 3 =75
L=8,70m
Mas W= L/3 = 8,7/3=2,90m
Dimensões:
W=Largura= 3,00m
L=Comprimento= 9.00m
D=Profundidade = 1,60m

25-12
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 07/05/2009

Verificações:
Velocidade ao longo da caixa de pré-tratamento=V= espaço / tempo
Portanto tempo= espaço / velocidade
Q= S x V
V= Q/S= 0,12 / (1,60 x 3,00)=0,025m/s <0,25m/s OK
Tempo = 9,00m / 0,025 = 360s = 6,0min >5min OK.
Exemplo 25.3
Num estudo para achar o volume do reservatório para qualidade da água WQv é necessário calcular a
vazão Qw referente a aquele WQv. Seja uma área de 20ha, sendo 10ha de área impermeável. Considere
que o first flush seja P=25mm.
Porcentagem impermeabilizada = (10ha / 20ha) x 100=50%
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 50 = 0,50 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,50 = 13mm
Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação (25.5) de Pitt.
CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197 x25 + 0,394 x13 – 10 (0,0016x13 2 + 0,0019 x13x 25) 0,5]
CN= 93,8
Portanto, o valor é CN=93,8.
Valores de CN em função da precipitação P usando a Equação de Pitt
Na Tabela (25.7) estão os valores do número da curva CN em função da precipitação P e da área
impermeável.

Exemplo 25.4
Achar o número da curva CN para P=25mm e área impermeável de 70%.
Entrando na Tabela (25.7) com P e AI achamos CN=96,6.
Tabela 25.7 – Valores de CN em função da precipitação P usando a Equação de Pitt
P Área impermeável em porcentagem
mm 10 20 30 40 50 60 70 80
13 90,6 92,9 94,4 95,7 96,7 97,5 98,2 98,8
14 90,0 92,3 94,0 95,4 96,4 97,3 98,1 98,7
15 89,3 91,8 93,6 95,0 96,2 97,1 97,9 98,6
16 88,7 91,3 93,2 94,7 95,9 96,9 97,8 98,5
17 88,1 90,9 92,9 94,4 95,7 96,7 97,6 98,4
18 87,5 90,4 92,5 94,1 95,4 96,6 97,5 98,4
19 86,8 89,9 92,1 93,8 95,2 96,4 97,4 98,3
20 86,2 89,4 91,7 93,5 95,0 96,2 97,2 98,2
21 85,7 88,9 91,3 93,2 94,7 96,0 97,1 98,1
22 85,1 88,5 90,9 92,9 94,5 95,8 97,0 98,0
23 84,5 88,0 90,6 92,6 94,2 95,6 96,8 97,9
24 83,9 87,6 90,2 92,3 94,0 95,5 96,7 97,8
25 83,4 87,1 89,8 92,0 93,8 95,3 96,6 97,7
26 82,8 86,7 89,5 91,7 93,5 95,1 96,4 97,6
27 82,3 86,2 89,1 91,4 93,3 94,9 96,3 97,6
28 81,8 85,8 88,8 91,1 93,1 94,7 96,2 97,5
29 81,2 85,3 88,4 90,8 92,8 94,6 96,1 97,4
30 80,7 84,9 88,0 90,5 92,6 94,4 95,9 97,3

25-13
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 07/05/2009

Vamos explicar junto com um exemplo abaixo.


Exemplo 25.5
Seja bacia com tc=11min, área impermeável de 70% e first flush P=25mm e área =50ha.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,68 = 17mm
Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação de Pitt.
CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,3925.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197x25 + 0,394x17 – 10 (0,0016x17 2 + 0,0019 x17x25) 0,5]
CN= 96,6
Vamos calcular a vazão usando SCS – TR-55
S= 25400/ CN – 254 = 25400/96,6 – 254 =9mm
Usa-se a simplificação de Q=P x Rv, que produz o volume do reservatório para qualidade da água
em mm.
Q= P x Rv= 25mm x 0,68= 17mm= 1,7cm (notar que colocamos em cm)
Ia = 0,2 S = 0,2 x 9mm=1,8mm
Ia/P= 1,8mm/25mm =0,072 e portanto adotamos Ia/P=0,10
Escolhendo Chuva Tipo II para a Região Metropolitana de São Paulo.
Co= 2,55323
C1= -0,6151
C2= -0,164
tc= 11min = 0,18h (tempo de concentração)
log (Qu)= Co + C1 log tc + C2 (log tc)2 – 2,366
log Qu= 2,55323 – 0,61512 log (0,18) –0,16403 [log (0,18)] 2 - 2,366
log (Qu)= 0,5281
Qu= 3,27m3/s /cm / km2 (pico de descarga unitário)
Qp= Qu x A x Q
A= 50ha= 0,5km2
Fp=1,00
Qp= Qu x A x Q x Fp= 3,37m3/s/cm/km2 x 0,5km2 x 1,7cm x 1,00= 2,87m3/s

Portanto, o pico da descarga para o reservatório de qualidade de água, construído off-line é de


2,87m3/s.

25.9 Método usando o tempo de permanência 5min para calcular Qo


Vamos mostrar com um exemplo.
Exemplo 25.6
Seja um reservatório de qualidade da água e first flush P=25mm, AI=70 e A=50ha.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 50ha x 10000m2= 8500m3
Qo= 0,1 WQV/ (5min x 60s)= (0,1 x 8500m3)/ (5 x 60)= 850m3/ 300s =2,83m3/s

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 07/05/2009

25.10 Cálculo de Qo usando o método Santa Bárbara


Vamos mostrar com um exemplo.
Exemplo 25.7
Seja uma bacia com first flush P=25mm, AI=70 e área =50ha tc=11
Coeficiente volumétrico Rv
CNp= 55
CNi=98
CNw= CNp (1-f) + 98 x f
f=0,70
CNw= 55 (1-0,70) + 98 x 0,70=85,1
Usando o método Santa Bárbara para P=25mm, obtemos:
Qo=3,09m3/s

25.11 Vazão relativa ao volume WQv que chega até o pré-tratamento usando o Método Racional
para áreas ≤2ha.
Esta é uma estimativa que usa o método Racional e vale somente para áreas menores ou iguais a 2ha
e para first flush P=25mm.
Em uma determinada bacia o pré-tratamento pode ser construído in line ou off line, sendo que
geralmente é construído off line.
Qo=CIA/360
Sendo:
Qo= vazão de pico que chega até o pré-tratamento (m3/s)
C= coeficiente de runoff.
Rv=C=0,05+0,009 x AI
AI= área impermeável (%)
I= intensidade da chuva (mm/h)
A= área da bacia (ha)

I= 45,13 x C + 0,98 P=25mm (First flush) A≤2ha

Exemplo25.8
Calcular o tamanho do reservatório destinado ao pré-tratamento de área com 2ha e AI=70%, sendo
adotado o first flush P=25mm.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68
WQv= (P/1000/ x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 2ha x 10.000m2= 340m3

Vazão de entrada
Uma BMP pode ser construída in-line ou off-line. Quando for construída off-line precisamos calcular
a vazão que vai para a BMP.
Usando o método racional.
Qo=CIA/360
Sendo:
Qo= vazão de pico que chega até o pré-tratamento (m3/s)
C= coeficiente de runoff.
C=Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 70= 0,68
AI= área impermeável (%)
I= intensidade da chuva (mm/h) = 45,13 x C + 0,98= 45,13 x 0,68 + 0,98= 32mm/h (Para P=25mm)

25-15
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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A= área da bacia =2ha


Q=CIA/360
Q=0,68 x 32mm/h x 2ha /360= 0,12m3/s
Portanto, a vazão de entrada é 0,12m3/s.
As= Qo/ 0,0139 para partícula com diâmetro de 125μm.
As= 0,12/0,0139=8,6 m2
V1= 5min x 60s x 0,12m3/s= 36m3
Mas V2= 0,1 x WQV= 0,1 x 340m3= 34m3
Adoto o maior volume, isto é, V= 36m3
D=Profundidade= Volume / área As= 36m3/8,6 m2= 4,2m>3,50m
Adoto profundidade mínima D=1,0m conforme recomenda Urbonas, 1993.
As x 1,00= 36
As= 36m2
W= largura (m)
L=Comprimento(m)
L/W= 3 W= L/3

W x L = 36m2
L/3 x L = L2=36 x 3 =108
L=10,4m
Mas W= L/3 = 10,4/3=3,5m

Dimensões:
W=Largura= 3,5m
L=Comprimento= 10,4m
D=Profundidade = 1,00m
Verificações:
Velocidade ao longo da caixa de pré-tratamento=V= espaço / tempo
Portanto tempo= espaço / velocidade
Q= S x V
V= Q/S= 0,12 / (3,5 x 1,00)=0,034m/s <0,25m/s OK
Tempo = 10,4m / 0,034 = 306s = 5,1min >5min OK.

25.12 Remoção de partículas das águas pluviais


Considerando uma área urbana as precipitações que caem nas casas, ruas, avenidas e estradas,
parques, etc transportam sólidos, variando desde argila até agregados maiores. A variação do diâmetro
das partículas dependem do local, do vento, das precipitações e de outras variáveis.
Infelizmente não temos pesquisas feitas no Brasil e mostraremos somente as pesquisas
americanas que são as seis curvas mostradas na Figura (25.5).
Conforme Rinker, 2004 a primeira curva da distribuição das partículas de monitoramento do
Stormceptor refere-se a uma firma americana que faz produtos para a decantação de sólidos usadas
muito em estradas de rodagens.
A segunda da EPA, 1986 devido ao trabalho coordenado por E. Driscoll.
A terceira curva de partículas é a do NURP, 1986 que fez inúmeras pesquisas.
A quarta curva de partículas é do MRSC, 2000- Municipal Research& Services de Washington
que fez pesquisa somente em um local.
A quinta curva é a de projeto do Stormceptor que é uma firma americana de equipamentos que é
baseada no MOE (Ministry of Environment Stormwater Practices Manual de 1994) de Ontário e que
por sua vez é baseada na Usepa, 1983.

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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A sexta curva é J. Sansolone que foi feita uma pesquisa somente em determinado local, não
tendo portanto, muita importância.

Figura 25.5- Comparação da distribuição do tamanho de partículas de águas pluviais nos Estados
Unidos conforme Rinker, 2004.

A conclusão a que chegou Rinker, 2004 é que para a melhoria da qualidade das águas pluviais,
temos que capturar partículas <100μm, onde se depositará de 50% a 100% das partículas. Rinker, 2004
salienta ainda que Walker, 1997 associou a deposição de metais e outros poluentes em águas pluviais
quando houver deposição de partículas menores que 100μm.
Portanto, Rinker, 2004 concluiu que se deve adotar o critério para deposição de partículas menores
que 100μm para a melhoria da qualidade das águas pluviais.
Salientamos que adotamos para pré-tratamento a deposição de partículas maiores que 125μm

25.13 Poço de pré-tratamento


Mostramos anteriormente o pré-tratamento que pode ser em pequenos reservatórios para
detenção de sedimentos e usando faixa de filtro gramada. Vamos mostrar agora outros tipos de pré-
tratamento como os poços de visita conforme Figura (25.7).

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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Figura 25.7- Poço de visita que é usado como pré-tratamento off line
Fonte: CIRIA, 2007

25.14 Pré-tratamento com sistemas hidrodinâmicos


Embora ainda não existam fabricantes no Brasil, mas começa a ser importado sistemas
hidrodinâmicos para o pré-tratamento usando força centrifuga de maneira a remover os sólidos
suspensos. Quanto maior a dimensão do sólido suspenso, maior será a eficiência do tratamento.
No Brasil temos representante da firma Aquashield que é a firma Acqua Systems do engenheiro
Alfredo Luiz Kerzner (www.acquasystems.com.br ).
Estes equipamentos recebem o nome de separadores vortex conforme Figura (25.8).

Figura 25.8- Esquema típico de separador hidrodinâmico


Fonte: CIRIA, 2007

Os sistemas de separadores hidrodinâmicos possuem dispositivos que aumentam a sua


eficiência que são os filtros especiais pré-fabricados conforme Figura (25.9).

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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Figura 25.9- Esquema do sistema hidrodinâmico com a câmara de filtro pré-fabricada.


Fonte: CIRIA, 2007.

Figura 25.10-Montagem de um sistema Aquafilter fornecido pela firma Aquashield


http://www.aquashieldinc.com/stormwater/aqua-filter.html
A eficiência de remoção de TSS do Aquaschield é mais de 90% para partículas de areia
entre 50μm a 125μm.

Figura 25.11-Sistema de pré-tratamento Aqua-Swirl que é um separador


hidrodinâmico fornecido pela firma Aquashield

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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Figura 25.12-Sistema de filtração pré-fabricado da Aqua-Filter fornecido pela firma


Aquashield

Figura 25.13-Sistema de pré-tratamento e filtração da Aqua-filter


Polietileno de alta densidade fornecido pela firma Aquashield

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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23.15 Boca de lobo com caixa para deposição de sedimentos


Uma outra maneira de se fazer o pré-tratamento é rebaixar a caixa da boca de lobo para
receber sedimentos conforme Figura (25.14) e pelo que me parece era a idéia antiga de quando
foi criada a boca de lobo. O rebaixo com o tempo deixou de ser feito pelo acúmulo de esgotos
que produziam mau cheiro.

Figura 25.14- Esquema típico de boco de lobo com caixa de sedimento


Fonte: CIRIA, 2007.

25.16 Caixa separadora de óleos e graxas


A caixa separadora de óleos e graxas separa deposita primeiramente os materiais sólidos
que podemos considerar um pré-tratamento. Na Figura (25.15) temos uma caixa separadora de
óleos e graxas pré-fabricada.
As caixas separadoras de óleos e graxas podem ser feitas no local com concreto, ou
adquiridos executadas em aço, plástico reforçado ou mesmo em concreto.
O capítulo nº 36 deste livro mostra o projeto de uma caixa separadora de óleos e graxas.

25-21
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
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Figura 25.15- Caixa separadora de óleos e graxas pré-fabricada


Fonte: CIRIA, 2007

25-22
Manejo de águas pluviais
Capitulo 25- Pré-tratamento
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 07/05/2009

25.17 Bibliografia e livros consultados


-AUSTRALIA, 2007. Stormwater management manual for western Austrália: structural controls, julho
de 2007.
-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8, 606páginas.
-RINKER, 2004. Particle size distribution (PSD) in stormwater runoff.
http://www.rinkermaterials.com/ProdsServices/downloads/InfoBriefs_Series/IS%20601%20Particle%20
Size%20Distribution%20_PSD_%20in%20Stormwater%20Run.pdf

25-23
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 26

Método TR-55 para várias bacias

Para a construção do Parthenon localizado na Acrópole de Atenas foi usada a “seção áurea” ou
a “divina proporção” onde o comprimento L e a largura W para um retângulo satisfaz a
expressão:
(L + W) / L = L /W
Fonte: Geometry de Peter B. Geltner e Darrel J. Peterson.

26-1
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Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
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SUMÁRIO

Orde Assunto
m

26.1 Introdução
26.2 SCS TR-55
26.3 Método SCS do TR-55 para dimensionamento preliminar de reservatório de
detenção
26.4 Tr-55 para várias bacias
21 páginas

26-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
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Capítulo 26- Método TR-55 para várias bacias

26.1 Introdução
O Departamento de Agricultura nos Estados Unidos apresentou em junho de 1986 através do
Natural Resources Conservation Service (NRCS), o Technical Release 55, ou seja, o TR-55 destina a
bacias urbanas maiores que 4ha até 65km2, mais conhecido como SCS TR-55, incorporando o que já
tinha sido publicado em janeiro de 1976 pelo Soil Conservation Service (SCS).
O TR-55 apresenta metodologia própria para determinar o pico de descarga e volume de
detenção para áreas urbanas e rurais. Não apresenta o hidrograma completo e pode ser usado
facilmente para varias bacias.
Para o uso do TR-55 é obrigatório chuva de duração de 24h.

Dica- O Método SCS TR-55 é bom para determinar vazão de pico e volume de detenção. Para
hidrograma completo deve-se usar o SCS original.

26.2 SCS TR-55


O método SCS TR-55 é o seguinte.
Qp = Qu . A . Q. Fp (Equação 26.1)
Sendo:
Qp = vazão de pico (m3/s)
Qu = pico de descarga unitário (m3/s/cm / km2)
A = área da bacia (km2)
Q = runoff ou seja o escoamento superficial ou chuva excedente de uma chuva de 24h (cm)
Fp = fator adimensional de ajustamento devido a poças d’água fornecido pela Tabela (26.1).

Tabela 26.1- Fator de ajustamento em função da porcentagem de água de chuva retida em


poças d’água ou em brejos
Porcentagem da água de chuva que fica em poças d’água ou em brejos
(%) Fp
0 1,00
0,2 0,97
1,0 0,87
3,0 0,75
5,0* 0,72
Fonte: TR-55 junho de 1986
(*) Se a porcentagem de água de chuva retida em poças e brejos for maior que 5%,
considerações especiais devem ser tomadas para se achar a chuva excedente (Chin, 2000).

O pico de descarga unitário Qu é fornecido pela Equação (26.2) em função do tempo de


concentração tc em horas.
log (Qu ) = C0 + C1 . log tc + C2 . (log tc )2 - 2,366 (Equação 26.2)
Sendo:
C0 ,C1 e C2 obtidos da Tabela (26.2)
tc = tempo de concentração (h), sendo que 0,1h ≤ tc ≤ 10h

26-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
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Dica: O SCS TR-55 usa sempre chuva de duração de 24horas.

Tabela 26.2- Valores de C0 ,C1 e C2 obtidos em função do tipo de chuva e da relação Ia/P
Tipo de chuva
conforme SCS Ia/ P C0 C1 C2
(Estados
Unidos)
0,10 2,30550 -0,51429 -0,11750
0,20 2,23537 -0,50387 -0,08929
0,25 2,18219 -0,48488 -0,06589
0,30 2,10624 -0,45695 -0,02835
I 0,35 2,00303 -0,40769 0,01983
0,40 1,87733 -0,32274 0,05754
0,45 1,76312 -0,15644 0,00453
0,50 1,67889 -0,06930 0,0

0,10 2,03250 -0,31583 -0,13748


0,20 1,91978 -0,28215 -0,07020
IA 0,25 1,83842 -0,25543 -0,02597
0,30 1,72657 -0,19826 0,02633
0,50 1,63417 -0,09100 0,0

0,10 2,55323 -0,61512 -0,16403


0,30 2,46532 -0,62257 -0,11657
II 0,35 2,41896 -0,61594 -0,08820
0,40 2,36409 -0,59857 -0,05621
0,45 2,29238 -0,57005 -0,02281
0,50 2,20282 -0,51599 -0,01259

0,10 2,47317 -0,51848 -0,17083


0,30 2,39628 -0,51202 -0,13245
III 0,35 2,35477 -0,49735 -0,11985
0,40 2,30726 -0,46541 -0,11094
0,45 2,24876 -0,41314 -0,11508
0,50 2,17772 -0,36803 -0,09525
Fonte: Chin, 2000 p. 364

Os Estados Unidos foram divididos em 4 regiões, onde existem os tipos de chuva I, IA, II e
III. Infelizmente não temos nada semelhante no Brasil.
Segundo Porto,1995 o tipo de chuva de São Paulo que mais se aproxima dos Estados Unidos é
o tipo II. No Capitulo 7 deste livro encontramos as frações de chuvas acumuladas Tipo I, Tipo IA,
Tipo II e Tipo III.
Lembrando o método de cálculo da chuva excedente pelo número da curva CN, Ia é abstração
inicial em milímetros, que representa todas as perdas antes que comece o runoff.

Dica: Para o Estado de São Paulo usar a chuva Tipo II para o SCS-TR-55

26-4
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Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
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O valor de Ia = 0,2 S sendo que S é o potencial máximo de retenção em milímetros após


começar o runoff . O valor de S está em função do número da curva CN.
25400
S= ------------- - 254
CN
O valor da chuva excedente ou runoff ou escoamento superficial Q é :
( P- 0,2S ) 2
Q= -------------------------- válida quando P> 0,2 S
( P+0,8S )

O valor de P para o caso do método SCS TR-55 é para uma chuva de 24horas.
Na Tabela (26.2) para valores de Ia/P < 0,10 deverá ser usado o valor Ia/P=0,10 e para valores
de Ia/P >0,50 deverá ser usado Ia/P =0,50. O TR-55,1986 diz que para valores de Ia/P menores que
0,10 e maiores que 0,50 temos falta de precisão na vazão de pico que será obtida.
O TR-55,1986 aconselha ainda que para a aplicação do método o valor de CN deverá ser
maior que 40 e que a bacia deve ser homogênea, isto é, que o uso do solo e a cobertura seja
uniformemente distribuída na bacia. Chin, 2000 sugere que as variações do coeficiente CN na bacia
devem ser de ± 5 % (cinco por cento).
O TR-55 recomenda ainda que quando for aplicado o método gráfico estimativo de pico, as
vazões devem ser calculadas antes e depois do desenvolvimento, usando os mesmos procedimentos
para estimativa do tempo de concentração tc.
O TR-55 aconselha outro método caso se queira a hidrógrafa.

Exemplo 26.1
Seja uma bacia com 2,22km2 com 0,2% de poças d’água e que o número da curva estimado
CN=87. O tempo de concentração é de 15min = 0,25h e que a chuva de 24horas é o Tipo II e que a
precipitação para período de retorno de 25anos conforme Martinez e Magni,1999, na cidade de São
Paulo, seja de 123mm.

Solução
Para CN=87 > 40 o armazenamento S será:
25400
S= ------------- - 254
CN
S= (25.400/87) – 254 = 37,95mm
Como o valor P=123mm temos:

( P- 0,2S ) 2
Q= --------------------------
( P+0,8S )

( 123- 0,2. 37,95 ) 2


Q= ---------------------------------- =86,85mm =8,69cm
( 123+0,9. 37,95 )

Portanto, a chuva excedente é 8,69cm.


Como Ia= 0,2. S = 0,2 x 37,95 =7,59mm

Ia/P = 7,59mm/123mm = 0,06 < 0,1 (teremos imprecisões maiores na estimativa)

26-5
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
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Como Ia/P < 0,1 adotamos para Ia/P =0,1 e então para a chuva Tipo II escolhida temos:
C0 = 2,55323
C1 = -0,61512
C2 = -0,16403
tc=0,25h > 0,1h (hipótese de aplicação do método)

Substituindo os valores na Equação (26.2) temos:


log (Qu ) = C0 + C1 . log tc + C2 . (log tc )2 - 2,366
log (Qu ) = 2,55323 - 0,61512 . log 0,25 -0,16403.(log 0,25 )2 - 2,366
log (Qu ) = 0,4981
e portanto Qu = 3,1477 (m3/s / cm / km2 )
Como admitimos 0,2% de poças d’água, da Tabela (26.1) obtemos Fp=0,97
Da Equação (26.1) do TR-55 temos:
Qp = Qu . A . Q. Fp
Qp =3,1477 . 2,22 . 8,69 . 0,97 =58,9m3/s
Portanto, a estimativa de vazão de pico segundo o método gráfico do TR-55 é de 58,9m3/s
para Tr=25anos.

26-6
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Exemplo 26.2
Seja uma bacia com 9,95km2 com 0,2% de poças d’água e que o número da curva estimado CN=75.
O tempo de concentração é de 2,53h e que a chuva de 24h é do Tipo II e que a precipitação para o
período de retorno de 100 anos seja de 162,05mm

A declividade média foi obtida proporcionalmente aos comprimentos dos trechos desde a
primeira cota de montante até a última cota de jusante.
Para o cálculo do tempo de concentração será usado a fórmula SCS Lag-1975, pois a área da
bacia 9,95km2.

tc= 0,0136 . L 0,8 . (1000 / CN - 9 ) 0,7 . S -0,5

Sendo L=5050m; declividade média S= 0,05248 m/m ; tc= 152,04min = 2,53h

Para CN=75 > 40 o armazenamento S será:


25400
S= ---------- - 254 = 84,67mm
CN
Como o valor P=162,05mm
(P – 0,2 S ) 2
Q = -------------------------- = 91,64mm =9,164cm
(P+0,9.S)

Portanto, a chuva excedente é 9,164cm


Como Ia=0,2 . S = 0,2 . 84,67mm = 16,93mm
Ia / P = 16,93mm / 162,05mm = 0,10
Para a chuva Tipo II com Ia/P =0,1, conforme Tabela (26.2)
Co = 2,55323
C1 =-0,61512
C2 = -0,16403
log (Qu ) = C0 + C1 . log tc + C2 . (log tc )2 - 2,366
log (Qu ) = 2,55323 - 0,61512 . log (2,53) -0,16403 . (log 2,53 )2 - 2,366
log (Qu ) = -0,0874

Qu = 0,81777 m3/s/cm/km2

Qp= Qu. A . Q. Fp

Qp = 0,81777 m3/s/cm/km2. 9,95km2 . 9,16cm . 0,97 = 72,32m3/s

Considerando a vazão de base de 3m3/s teremos como vazão de pico de projeto é igual a
72,32m3/s + 3m3/s = 75,32m3/s.

26-7
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
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26.3 Método SCS do TR-55 para o reservatório de detenção


McCuen,1998 p. 448 apresenta a Equação (26.3) que substitui o gráfico apresentado pelo TR-
55.

Volume do reservatório
---------------------------------- = C0 + C1 . α + C2 . α2 + C3. α3 (Equação 26.3)
volume de runoff

Sendo:
Volume do reservatório =volume do piscinão (m3);
volume de runoff = volume da chuva excedente (m3 ). É a altura da chuva multiplicada pela área da
bacia nas unidades compatíveis;

α = Qpré-desenvolvimento/Qpós-dessenvolvimento

Sendo:
Qpós-dessenvolvimento = vazão de pico (m3/s) depois do desenvolvimento calculado pelo TR-55;
Qpré-desenvolvimento = vazão de pico (m3/s) antes do desenvolvimento calculado pelo TR-55.
C0, C1, C2 e C3 = coeficientes de análise de regressão da Tabela (26.4)

Tabela 26.4- Valores dos coeficientes C0, C1, C2 e C3 em função do tipo de chuva dos Estados
Unidos padronizadas pelo SCS.
Tipo de chuva
nos Estados C0 C1 C2 C3
Unidos
I, IA 0,660 -1,76 1,96 -0,730
II , III 0,682 -1,43 1,64 -0,804
Fonte: McCuen, 1998 p. 449

O TR-55 recomenda que as estimativas de pico devem ser as calculadas pelo TR-55 e que o
procedimento de cálculo do tempo de concentração adotado para o pré-desenvolvimento e pós-
desenvolvimento deve ser o mesmo.
O TR-55 adverte que os erros de estimativas são da ordem de 25% (vinte e cinco por cento).
De modo geral, o método SCS super-dimensiona o reservatório de detenção (capítulo 6-3, junho de
1986, Urban Hydrology for Small Watersheds – TR-55).

Exemplo 26.3- Aplicação do TR-55 para o reservatório de detenção.


É o mesmo do piscinão citado no Exemplo (26.1) com Tr=25anos.
Qpré = 13 m3/s (dado imposto no problema)
Qpós = 58,9m3/s (calculado pelo TR-55)
α = 13/58,9 = 0,22
Usando a Equação (26.3) e sendo a chuva escolhida Tipo II conforme Tabela (26.3) teremos
os valores de C0, C1, C2 e C3 .

26-8
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Volume do reservatório
---------------------------------- = C0 + C1 . α + C2 . α2 C3. α3
volume de runoff

Volume do reservatório
------------------------------- = 0,682 - 1,43 . 0,22 + 1,64 0,222 -0,804. 0,223 =0,44
volume de runoff

Como no exercício anterior calculamos a chuva excedente do piscinão do Pacaembu


obtivemos Q = 8,69cm.
Portanto o volume de runoff deverá ser obtido pela altura de chuva de 8,69cm multiplicado
pela área da bacia de 2,22km2.
Volume de runoff = (8,69cm/100) x 222ha x 10.000m2 = 192.918m3
Volume do reservatório = 0,44 x 192.918 = 84.884m3
Portanto, usando o método de TR-55 achamos que o volume estimado do piscinão é de
84.884m3.

26-9
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
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26.4 Tr-55 para várias bacias


O método TR-55 de 1986 possui um método simples de calcular varias bacias. Para isto se
utiliza hidrógrafa tabelada. No caso transcrevemos somente aquela que nos interessa, ou seja, aquela
resultante da chuva Tipo II que pode ser usada no Brasil.
Só vale para chuvas de duração de 24h.
Nas Tabelas do TR-55 para chuva Tipo II estão no fim do capítulo.

Deve-se observar que:


a) tempo de concentração tc ≤ 2h;
b) tempo de trânsito ou travel time Tt ≤ 3h;
c) as áreas de drenagem individuais diferem em áreas menor que um fator 5.

Quando ultrapassarmos as hipóteses acima, teremos que usar o programa de software do SCS
denominado TR-20 que é gratuito.

Uma outra observação a ser feito é:


a) arredondamento do tc sempre para baixo. Assim tc=1,6h deve ser usado a tabela da parte
de tc =1,50h;
b) O valor do tempo de trânsito Tt deve ser arredondando sempre para cima.
c) O valor de Ia/P deve ser arredondado para baixo. Assim Ia/P =0,15 deve ser usado
Ia/P=0,10.

Exemplo 26.6
Adaptamos o exemplo do TR-55. Este exemplo também está no livro do Akan, 1993.
Trata-se de calcular a vazão de pico para antes do desenvolvimento para uma bacia com sete
sub-bacias, para o período de retorno de 25anos, chuva de 24h Tipo II.
Vamos usar dados de chuva da Região Metropolitana de São Paulo que para chuva de 24h e
Tr=25anos o valor de P=123mm.
O esquema das subbacias está na Figura (26.3).

26-10
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Figura 26.3- Esquema das sete subbacias conforme TR-55, 1986

26-11
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Tabela 26.6- Dados


1 2 3 4 5 6

Travel Áreas a Travel


Área Tc Time jusante Time
Sub até
bacia horas saída
(km2) (h) subárea (h)
1 0,78 1,50 3,5,7 2,50
2 0,52 1,25 3,5,7 2,50
3 0,26 0,50 0,50 5,70 2,00
4 0,65 0,75 5,70 2,00
5 0,52 1,50 1,25 7,00 0,75
6 1,04 1,50 6,00 0,75
7 0,52 1,25 0,75 0,00
4,27

Na Tabela (26.6) estão os dados fornecidos discriminados a seguir:

Coluna 1- estão as subbacias numeradas de 1 a 7.

Coluna 2- Área de cada subbacia em km2;

Coluna 3- tempo de concentração em hora de cada subbacia até o ponto de saída

Coluna 4- travel time, ou trânsito pela área subseqüente. Assim a subbacia 3 tem travel time
de 0,50m enquanto que a subbacia 5 tem travel time de 1,25h e a subbacia 7 que é a última tem 0,75h.

Coluna 5- estão as áreas a jusante. Assim a subbacia tem a jusante as subbacias 3; 5 e 7


conforme Figura (26.1).

Coluna 6- Nesta coluna estão os travel time da subbacia até a saída final de toda a bacia.
Assim a subbacia 1 tem travel time de 2,50h para chegar até a saída da bacia. A subbacia 7 que é a
ultima o travel time é 0,0h.

Tabela 26.7- Cálculo do runoff e de Ia/P


Colu Colu Colu Colu Colu Colu Colu Colu Colu
na 1 na 2 na 3 na 4 na 5 na 6 na 7 na 8 na 9
24hor Nume Runo Abstr Runo
Área as ro S ff ação ff
Sub Curv
bacia P a Q Ia Ia/P Q
2
(km ) (mm) CN (mm) (mm) (mm) (cm)
1 0,78 123 65 137 39,4 27 0,22 3,94
2 0,52 123 70 109 48,8 22 0,18 4,88
3 0,26 123 75 85 59,0 17 0,14 5,90
4 0,65 123 70 109 48,8 22 0,18 4,88

26-12
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 26- Método TR-55 para varias bacias
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho 2008 pliniotomaz@uol.com.br

5 0,52 123 75 85 59,0 17 0,14 5,90


6 1,04 123 70 109 48,8 22 0,18 4,88
7 0,52 123 75 85 59,0 17 0,14 5,90

Na Tabela (26.7) está o cálculo do runoff Q e da relação Ia/P importante para utilização do
TR-55.

Coluna 1- número das subbacias;

Coluna 2- área em km2 de cada subbacia;


Coluna 3- Precipitação de 24h para a Região Metropolitana de São Paulo conforme de Martinez e
Magno, 1999 e para período de retorno de 25anos adotado.

Coluna 4- número da curva CN fornecido pelo exemplo;

Coluna 5- cálculo do valor de S em mm;


25400
Sendo: S= ------------- - 254
CN

Coluna 6- cálculo do runoff Q conforme número da curva CN do SCS

( P- 0,2S ) 2
Q= -------------------------- válida quando P> 0,2 S
( P+0,8S )

Coluna 7- Abstração inicial Ia =0,2 S

Coluna 9- Relação Ia/P

Coluna 9- Runoff em cm, pois será usado cm e não milímetros.

Tabela 26.9- Cálculo d e Q x área


Coluna 1 Colun Colun Colun Colun Colun Coluna 7
a2 a3 a4 a5 a6
Trave Runof
Tc l Time Área f
Sub até
bacia saída Ia/P Q Q x Area
(h) (h) (km ) (cm) (cm x km2)
2

1 1,50 2,50 0,22 0,78 3,94 3,06


2 1,25 2,50 0,18 0,52 4,88 2,53
3 0,50 2,00 0,14 0,26 5,90 1,53
4 0,75 2,00 0,18 0,65 4,88 3,16
5 1,50 0,75 0,14 0,52 5,90 3,06
6 1,50 0,75 0,18 1,04 4,88 5,05
7 1,25 0,00 0,14 0,52 5,90 3,06

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Na Tabela (26.8) está o cálculo auxiliar de Q x área e que será usado na Tabela (26.9).

Tabela 26.9- Obtenção dos valores de cfs/mi^2/in


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Travel qt
Tc Time
Sub- até Ia/ Q x cfs/milha2/in
bacia saída P Área
(cm x
(h) (h) km2) 12,8 h 13,2h 13,6h 14,0h 14,3h 14,6h 15h
0,1
1 1,5 2,5 0 3,06 6 8 11 18 34 69 141
0,1
2 1,25 2,5 0 2,53 7 10 14 28 58 114 197
0,1
3 0,5 2 0 1,53 15 23 65 202 297 280 181
0,1
4 0,75 2 0 3,16 13 20 48 151 245 274 213
0,1
5 1,5 0,75 0 3,06 42 125 222 233 193 148 102
0,1
6 1,5 0,75 0 5,05 42 125 222 233 193 148 102
0,1
7 1,25 0 0 3,06 284 266 163 104 78 61 47

Na Tabela (26.9) estão:

Coluna 1- subbacias a partir da 1 a 7

Coluna 2- Tempo de concentração em horas de cada subbacia;

Coluna 3- Travel time de cada subbacia até a saída da bacia;

Coluna 4- estão os valores de Ia/P que serão usados para entrar nas Tabelas do TR-55 para
chuva Tipo II estão no fim do capitulo.
Notar que todos os valores de Ia/P são iguais a 0,10, pois toma-se sempre o valor inferior.
Como os valores são inferiores a 0,22 e como o valor superior de Ia/P=0,30 toma-se Ia/p=0,10.

Coluna 5- valores dos produtos das áreas pelo runoff em cm.

Coluna 6- são os valores obtidos na Tabelas do TR-55 para chuva Tipo II estão no fim do capítulo.
Entrando com o tempo de concentração tc, o travel time e o valor Ia/P para chuva tipo II e
24h de chuva. Notar que tomamos arbitrariamente para inicio o valor de 12,8h.
Escolhemos para efeito didático somente parte do período tabelado que vai de 11h até 24h.

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Tabela 26.10- Mudança de unidades


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Travel qt
Tc Time
Sub hor até Ia/ Q x m3/s/km2/cm
bacia as saída P Área
cm x
horas km2 12,8 h 13,2h 13,6h 14,0h 14,3h 14,6h 15h
0,1
1 1,5 2,5 0 3,06 0,0258 0,0344 0,0473 0,0774 0,1462 0,2967 0,6063
0,1
2 1,25 2,5 0 2,53 0,0301 0,043 0,0602 0,1204 0,2494 0,4902 0,8471
0,1
3 0,5 2 0 1,53 0,0645 0,0989 0,2795 0,8686 1,2771 1,204 0,7783
0,1
4 0,75 2 0 3,16 0,0559 0,086 0,2064 0,6493 1,0535 1,1782 0,9159
0,1
5 1,5 0,75 0 3,06 0,1806 0,5375 0,9546 1,0019 0,8299 0,6364 0,4386
0,1
6 1,5 0,75 0 5,05 0,1806 0,5375 0,9546 1,0019 0,8299 0,6364 0,4386
0,1
7 1,25 0 0 3,06 1,2212 1,1438 0,7009 0,4472 0,3354 0,2623 0,2021

Os valores da Tabela (26.10) são semelhantes aos da Tabela (26.9) com a diferença que
fizemos a mudança das unidades para m3/s/km2/cm. Usamos para isto o fator de conversão 0,0043.
Assim o valor da coluna 7 da Tabela (26.9) foi multiplicado por 0,0043 obtendo-se 0,08 na
coluna 6 da Tabela (26.10).

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Tabela 26.11- Cálculos de cada subbacia e total


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Travel qt
Tc Time
Sub hor até Ia/ Q x m3/s/km2/cm
bacia as saída P Área
cm x
horas km2 12,8 h 13,2h 13,6h 14,0h 14,3h 14,6h 15h
1,5
1 0 2,50 0,1 3,06 0,08 0,11 0,14 0,24 0,45 0,91 1,85
1,2
2 5 2,50 0,1 2,53 0,08 0,11 0,15 0,30 0,63 1,24 2,14
0,5
3 0 2,00 0,1 1,53 0,10 0,15 0,43 1,33 1,95 1,84 1,19
0,7
4 5 2,00 0,1 3,16 0,18 0,27 0,65 2,05 3,33 3,72 2,89
1,5
5 0 0,75 0,1 3,06 0,55 1,64 2,92 3,06 2,54 1,94 1,34
1,5
6 0 0,75 0,1 5,05 0,91 2,72 4,82 5,06 4,19 3,22 2,22
1,2
7 5 0,00 0,1 3,06 3,73 3,49 2,14 1,37 1,02 0,80 0,62
5,63 8,49 11,26 13,41 14,11 13,67 12,25

Na Tabela (26.11) estão os cálculos da multiplicação da coluna 5 por cada valor da coluna 6 a
112 da Tabela (26.10).
Coluna 6- 3,06 cm x km2 x 0,0258 = 0,08m3/s e assim por diante.
As coluna 6 a 12 tem a sua soma na última linha da Tabela (26.10). Assim a coluna 6 tem
soma de 5,63m3/s.
Fazendo-se soma das colunas 7 a 12 obtemos os valores 8,49m3/s, 11,26m3/s, etc.
O valor máximo será 14,11m3/s que será a máxima vazão das 7 subbacias e que se dará as
14,3h.
Obtemos assim a máxima vazão bem como uma parte do hidrograma conforme Figura (26.4).

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Hidrograma parcial TR-55

16
14
12

Vazão (m3/s)
10
8
6
4
2
0
12,8 h 13,2h 13,6h 14,0h 14,3h 14,6h 15h
Tempo (h)

Figura 26.4- Hidrograma parcial usando Tr-55.

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Figura 26.5- Gráfico das relações de pico e de volume para os diferentes tipos de chuvas usados
nos Estados Unidos e usado no TR-55.

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Tabelas do TR-55 para chuva Tipo II estão no fim do capitulo.

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Cálculos nas unidades inglesas


Talvez a melhor solução é fazer os cálculos nas unidades inglesas e depois converter cfs para
m3/s. Devido a isto é que apresentamos o Exemplo (26.7) todo feito nas unidades inglesas para não
haver problemas de conversão de unidades.

Exemplo 26.7-
Vamos dar um exemplo que está no capítulo 6, 2005 Waterware Consultants, Centterville, OH, USA.
Calcular a hidrógrafa de cada subbacia, sendo a subbacia A com 120 acre e a subbacia B com 90
acres conforme Figura (26.6).
Os valores de CN respectivamente são de 75 e 68.

Tabela 26.12- Fornecimento de dados


Parâmetro Subbacia A Subbacia B
CN 75 68
Tc (tempo de concentração) em 0,95 0,60
horas
Tt= travel time (horas) 0,50 0
Área das bacias 120 acres 90acres
(019mi 2) (0,14mi2)

Figura 26.6- Subbacias A e B

Para a subbacia A
Sa= 1000/CNa -10= 1000/75 -10= 3,33 inches
Ia=0,2Sa=0,2x3,33= 0,67 inches
Ra= (P24 -0,2x Sa) 2 / ( P24+0,80 x Sa) = (5,3 – 0,67)2/ (5,3 +0,8x3,33) = 2,69inches
Q(t)= QTR55 x 0,19mi2 x Ra= Q x 0,19 x 2,69=0,5111 x Q

Para a subbacia B
Sb= 1000/CNb -10= 1000/68 -10= 4,71 inches
Ib=0,2Sa=0,2x4,71= 0,94 inches

26-26
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Rb= (P24 -0,2x Sb) 2 / ( P24+0,80 x Sb) = (5,3 – 0,94)2/ (5,3 +0,8x4,71) = 2,10inches
Q(t)= QTR55 x 0,134in2 x Ra= Q x 0,14 x 2,10=0,294 x Q
Q(t)= QTR55 x A x R
Consultando a Tabela II para tc=0,50h e Travel time =0,50h

Achamos para 12h o valor 20 é achado na Tabela para o Tipo II


Q(t)= QTR55 x 0,19mi2 x Ra= Q x 0,19 x 2,69=0,5111 x Q
Q(t)= QTR55 x 0,19mi2 x Ra= Q x 0,19 x 2,69=0,5111 x 20=10,22 cfs

Tabela 26.13- Tabela de cálculos do TR-55 em unidades inglesas


Tempo Tabular A Tabular B Runoff A Runoff B Soma
(cms/in)
(h) Cubic ft /sec Square Mile per inch (cfs) (cfs)

1 2 3 4 5 6
5+5
11,0 8 17 4,09 5,00 9,09
11,3 10 23 5,11 6,76 11,87
11,6 13 32 6,64 9,41 16,05
11,9 18 57 9,20 16,76 25,96
12,0 20 94 10,22 27,64 37,86
12,1 22 170 11,24 49,98 61,22
12,2 25 308 12,78 90,55 103,33
12,3 30 467 15,33 137,30 152,63
12,4 38 529 19,42 155,53 174,95
12,5 53 507 27,09 149,06 176,15
12,6 78 402 39,87 118,19 158,05
12,7 114 297 58,27 87,32 145,58
12,8 159 226 81,26 66,44 147,71
13,0 253 140 129,31 41,16 170,47
13,2 311 96 158,95 28,22 187,18
13,4 300 74 153,33 21,76 175,09
13,6 251 61 128,29 17,93 146,22
13,8 195 53 99,66 15,58 115,25
14,0 149 47 76,15 13,82 89,97
14,3 102 41 52,13 12,05 64,19
14,6 74 36 37,82 10,58 48,41
15,0 53 32 27,09 9,41 36,50
15,5 40 29 20,44 8,53 28,97
16,0 33 26 16,87 7,64 24,51
16,5 29 23 14,82 6,76 21,58
17,0 25 21 12,78 6,17 18,95
17,5 23 20 11,76 5,88 17,64
18,0 21 19 10,73 5,59 16,32
19,0 18 16 9,20 4,70 13,90
20,0 16 14 8,18 4,12 12,29
22,0 12 12 6,13 3,53 9,66
26,0 1 0 0,51 0,00 0,51

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26-28
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Capítulo 27
Regulador de fluxo

O francês Pierre Perault mediu pela primeira vez a precipitação pluviométrica da bacia do rio
Sena numa área de 122km2 e achou a média das precipitações de 520mm relativa ao intervalo do ano
1668 a 1670. Verificou que o volume precipitado era de 63milhões de m3/ano que era menor que o
volume medido pelo rio que era de 10 milhões de m3/ano.
Águas subterrâneas e poços tubulares profundos - Johnson, 1969

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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 27 - Regulador de fluxo


27.1 Introdução
27.2 Vertedor retangular
27.3 Vertedor retangular adotado pelo DAEE de São Paulo
27.4 Orificio de pequenas dimensões
27.5 Orificio retangular de grandes dimensões
27.6 Orificio circular de grandes dimensões
27.7 Considerando a velocidade de chegada em um canal de um orificio de
grandes dimensões
27.8 Considerando a velocidade de chegada em um canal de um orificio de
pequenas dimensões
27.9 Vertedor circular
27.10 Vazão Qo que chega até o pré-tratamento
27.11 Vazão que chega até o pré-tratamento usando o Método TR-55 do SCS
27.12 Método usando o tempo de permanência de 5min para calcular Qo
27.13 Cálculo de Qo usando o método Santa Bárbara
27.14 Vazão Qo relativa ao volume WQv que chega até o pré-tratamento usando o
Método Racional para áreas menores ou igual a 2ha.
27.15 Manutenção
27.16 Dimensionamento da tubulação usando a equação de Manning para seção
circular plena
27.17 Trash rack
27.18 Dissipador de energia
27.19 Válvula de parada stop log
27.20 Etapas de dimensionamento de um regulador de fluxo
27.21 Bibliografia e livros consultados
29 páginas

27-2
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Capítulo 27 - Regulador de fluxo

27.1 Introdução
Segundo CWP, 2007 o calcanhar de Aquiles de um projeto de uma BMP é o regulador de fluxo.
No dimensionamento de uma BMP achamos o volume para melhoria da qualidade das águas
pluviais denominado WQv e a vazão que vai para a BMP denominamos de Qo.
A estrutura para separar os dois fluxos chama-se regulador de fluxo.
Os dispositivos para a separação do fluxo são baseados na restrição de vazão da tubulação que vai
para a BMP e existem duas opções básicas para reguladores de fluxo auto-regulável:

1. Regulador de fluxo com secção transversal retangular ou circular com existencia de orificio
e vertedor. Usado geralmente para pequenas vazões. Ver Figuras (27.2) a (27.4).
2. Canal com rebaixo somente para a vazão Qo que vai para a BMP. Esta pequena calha pode
ser semi-circular ou retangular. Usado para grandes vazões. Ver Figura (27.5).

A BMP pode estar in line ou off line. Quando a BMP está na mesma linha do fluxo dizemos que
está in line e caso contrário está off line conforme Figura (27.1). Não existe regra geral se uma BMP
deve ser construida in line ou off line e tudo dependerá do tipo de BMP escolhida e das condições locais.
É muito discutido o período de retorno que deve ser usado para o cálculo da vazão que chega ao
regulador de fluxo. Alguns usam 25anos, outros 50anos e sugerem sempre verificar para 100 anos. A
sugestão do autor é que as instalações do regulador de fluxo sejam dimensionadas para período de
retorno de 100anos, sendo que isto também foi recomendado pelo Kitsap County.
Dica: o regulador de fluxo deve ser calculado para período de retorno de 100anos.

BMP
off line

BMP
pré-
in line
tratamento

Figura 27.1- BMP in line e BMP off line

27-3
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Figura 27.2 - Separação automática de fluxo (regulador de fluxo) com orificio e vertedor
Fonte: Estado da Virginia, 1996

Figura 27.3 - Regulador de fluxo com separação automática com orificioi e vertedor

27-4
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Figura 27.4- Regulador de fluxo de seção circular com orificio e vertedor.


Fonte: CWP, 2007

Figura 27.5- Regulador de fluxo com a calha rebaixada que conduz Qo.
Fonte: CWP, 2007

27-5
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Secção para Tr=100anos

VazãoQo

Figura 27.5 B- Canal para Tr=100anos com calha rebaixada que conduz Qo.

A tubulação que vai ao rio é chamada de tubo paralelo, conforme se pode ver na Figura (27.6).
Os tubos paralelos têm sido usados em Montgomery County, Maryland desde 1987 em pequenas
bacias.

Figura 27. 6 - Tubos paralelos que encaminha as águas pluviais desviadas no regulador de fluxo

Na Figura (27.7) temos um regulador de fluxo onde se usa somente de orifícios.

27-6
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Figura 27.7 – Poço de visita com saída para o “first flush”. É um regulador de vazão.

27.2 Vertedor retangular


Os vertedores podem ser de soleira delgada e soleira espessa. O vertedor será de soleira delgada
quando a parte da soleira que está em contanto com a água, isto é, a espessura da crista tem dimensões
muito reduzidas da ordem de 1mm a 2mm. Na prática temos vertedores de soleira espessa.

Q= Cd x L x h 1,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
L= comprimento da crista do vertedor retangular (m)
h= altura do nível de água do vertedor retangular a partir da crista do vertedor (m)
Cw= coeficiente de descarga do vertedor retangular sem contração para unidades SI.
H= altura da crista do vertedor em relação ao fundo (m).

Tabela 27.1 - Coeficiente Cw de vertedor retangular sem contração.


Altura h do vertedor em relação a crista
(m)
H/h 0,06 0,12 0,18 0,24 0,30 0,60 1,50

0,5 2,31 2,28 2,27 2,27 2,27 2,26 2,26


1,0 2,07 2,05 2,04 2,03 2,03 2,03 2,03
2,0 1,95 1,93 1,92 1,92 1,91 1,91 1,90
10,0 1,85 1,83 1,82 1,82 1,82 1,82 1,81
∞ 1,83 1,81 1,80 1,80 1,79 1,79 1,79
Fonte: adaptado de Linsley e Franzini, 1992 para as unidades SI.

27-7
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Exemplo 27.1
Calcular a vazão de um vertedor retangular com altura H= 0,90m desde o fundo até a crista e altura do
nível de água, a contar da crista do vertedor h= 0,18m.
Primeiramente calculamos: H/h = 0,90/0,18= 5
Entrando na Tabela (27.1) com H/h= 5 e h= 0,18m, estimamos o valor Cw= 1,82
Q= Cw x L x h 1,5
Q= 1,82 x 2,0 x 0,18 1,5= 0,28m3/s

27.3 Vertedor retangular de soleira espessa adotada pelo DAEE São Paulo
Q= 1,55 x L x H 1,5
Sendo:
L= largura do vertedor retangular (m)
H= altura do vertedor a partir da soleira do vertedor (m)
Q= vazão máxima (m3/s)

27.4 Orifício de pequenas dimensões


Orificioi segundo Lencastre, 1983 é uma abertura de forma regular praticada na parede ou no
fundo de um recipiente, através da qual sai o líquido contido nesse recipiente, mantendo-se o contorno
completamento submerso, isto é, abaixo da superfície livre. Esclarecemos que o orificio não é uma
tubulação longa e sim uma abertura na parede.
Existem orificios de parede delgada e parede espessa e orificios de pequena dimensões e de
grandes dimensões.
A equação do orifício é seguinte:
Q= Cd x Ax (2gh) 0,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
H= altura no orifício (m)
A=área da secção transversal do tubo (m2)
Cd= coeficiente de descarga do orifício= 0,62
g= 9,81m/s2

27.5 Orificio retangular de grande dimensões


Segundo Novaes Barbosa, 2003 quando as dimensões do orifício não podem ser desprezadas em
presença da carga h o orifício diz-se de grandes dimensões.
Na Figura (58.5) mostramos um orificio retangular de grandes dimensões de largura L.

Q= (2/3) x Cd x L x (2g)0,5 x (H1 3/2 – H2 3/2)


Sendo:
Q= vazão (m3/s)
Cd= 0,62
g= 9,81m/s2
L= largura do orifício retangular (m)
H1=altura da água acima da base inferior do orifício (m)
H2= altura da água acima da base superior do orifício (m)

27-8
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Figura 27.8- Orificio retangular de grandes dimensões


Fonte: Novais-Barbosa, 2003

27.6 Orificio circular de grande dimensão


O orificio circular de grande dimensão é calculado conforme Figura (27.9) sendo a altura H a
carga até o meio do orificio.

Q= Cd x M x S (2gH)0,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
Cd= 1,00 pois como o orificio é grande não há praticamente contração.
M= fornecido pela Tabela (27.2)
S= área do orificio (m2)
H= altura da superficie da água até o centro da tubulação (m)

Tabela 27.2- Valores de M em função de H/2R sendo R o raio


H/ 2R M
0,5 0,960
0,8 0,987
1,4 0,996
3,0 0,999

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Figura 27.9- Orificio circular de grandes dimensões


Fonte: Novais-Barbosa, 2003

27.7 Considerando a velocidade de chegada em um canal de um orificio de grandes dimensões


Quando um orificio é de grande dimensão, como informa Novais Barbosa, 2003 nem sempre a
velocidade a montante se pode considerar nula como foi adimitido nos itens anteriores.
Um caso frequente é um canal em que na extremidade tem um orificio de grande dimensão e
neste caso deve ser considerada a velocidade da água no canal.
A equação geral é:

Q= (2/3) x Cd x L x (2.g)0,5 [ ( H1 + Vo2/2g) 3/2 - (H2 + Vo2/2g) 3/2 ]

Sendo:
Q= vazão (m3/s)
Cd= coeficiente de descarga
L= largura do orificio (m)
g= aceleração da gravidade =9,81m/s2
H1=altura da água acima da base inferior do orifício (m)
H2= altura da água acima da base superior do orifício (m)
Vo= velocidade da água no canal (m/s)

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27.8 Considerando a velocidade de chegada em um canal de um orificio de pequenas dimensões


Neste caso o orificio de pequenas dimensões está no fim de um canal com velocidade Vo.

Q= Cd x S [(2g ( h + Vo2/2g)] 0,5


Sendo:
Q= vazão (m3/s)
S= area da seção do orificio (m2)
g=aceleração da gravidade= 9,81m/s2
h= altura da superficie até o centro do orificio (m)
Vo= velocidade da água no canal.

27.9 Vertedor circular


Conforme Tomaz, 2002 o vertedor circular em parede vertical tem a Equação:
Q= 1,518 x D 0,693 x H 1,807
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
D= diâmetro (m)
H= altura da lâmina de água (m).
.

27.10 Vazão que chega até o pré-tratamento


Vamos apresentar quatro métodos para estimar a vazão que chega até o pré-tratamento quando o
mesmo está off-line.
Os métodos são:
 Método SCS TR-55 conforme equação de Pitt
 Método aproximado do volume dos 5min
 Método Santa Bárbara para P=25mm
 Método Racional até 2ha.

27.11 Vazão que chega até o pré-tratamento usando o Método TR-55 do SCS
O objetivo é o cálculo do número da curva CN dada a precipitação P e a chuva excedente Q.
De modo geral a obtenção de CN se deve a obras off-line. Obtemos o valor de CN e continuamos a
fazer outros cálculos.
Os valores de P, Q, S estão milímetros.

( P- 0,2S ) 2
Q= --------------------- válida quando P> 0,2 S (Equação 27.1)
( P+0,8S )

25400
sendo S= ------------ - 254 (Equação 27.2)
CN

Dada as a Equação (12.3) e Equação (12.4). São dados os valores de Q e de P. Temos então duas
equações onde precisamos eliminar o valor S, obtendo somente o que nos interessa, isto é, o valor do
número da curva CN.
Pitt, 1994 in Estado da Geórgia, 2001 achou a seguinte equação utilizando NRCS TR-55,1986
adaptado para P e Q em milímetros.

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CN= 1000/ [10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5] Equação (27.3)

Exemplo 27.2
Seja um reservatório de qualidade da água com tc=11min, área impermeável de 70% e first flush
P=25mm e Área =2ha. Calcular a vazão separadora para melhoria de qualidade das águas pluviais WQv.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,68 = 17mm

Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação de Pitt


CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197x25 + 0,394x17 – 10 (0,0016x17 2 + 0,0019 x17x25) 0,5]
CN= 96,6
Vamos calcular a vazão usando o método SCS – TR-55
S= 25400/ CN – 254 = 25400/96,6 – 254 =9mm
Usa-se a simplificação de Q=P x Rv, que produz o volume do reservatório para qualidade da
água em mm.
Q= P x Rv= 25mm x 0,68= 17mm= 1,7cm (notar que colocamos em cm)
Ia = 0,2 S = 0,2 x 9mm=1,8mm
Ia/P= 1,8mm/25mm =0,072 e portanto adotamos Ia/P=0,10
Escolhendo Chuva Tipo II para o Estado de São Paulo.
Co= 2,55323
C1= -0,6151
C2= -0,164
tc= 11min = 0,18h (tempo de concentração)
log (Qu) = Co + C1 log tc + C2 (log tc)2 – 2,366
log Qu = 2,55323 – 0,6151 log (0,18) –0,164 [ log (0,18) ] 2 - 2,366
log Qu = 0,55
Qu = 3,58m3/s /cm / km2 (pico de descarga unitário)
Qp= Qu x A x Q
A=2ha = 0,02km2
Q=1,7cm
Qp= Qu x A x Q x Fp =3,58m3/s/cm/km2 x 0,02km2 x 1,7cm =0,12m3/s
Portanto, o pico da descarga para o reservatório de qualidade de água, construído off-line é de
0,12m3/s.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68
WQv= (P/1000/ x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 2ha x 10.000m2= 340m3
As= Qo / 0,0139= 0,12/0,0139=8,6 m2
V1= 0,12 x 5min x 60s= 39m3
Mas V2= 0,1 x WQV= 0,1 x 340m3= 34m3
Adoto o maior volume entre 34m3 e 39m3, isto é, V= 39m3
D=Profundidade= Volume / área As= 39m3/ 8,6m2= 4,53m Muito alto
Adotamos então D=1,60m
D=V/As = 1,60= 39/As
As=39/1,6=24,4m2. Adotamos 25m2
Adoto profundidade mínima D=1,6m conforme recomenda Urbonas, 1993.
W= largura (m)
L=Comprimento(m)
L/W= 3 W= L/3
W x L = 25m2

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L/3 x L = L2=25 x 3 =75


L=8,70m
Mas W= L/3 = 8,7/3=2,90m
Dimensões:
W=Largura= 3,00m
L=Comprimento= 9.00m
D=Profundidade = 1,60m

Verificações:
Velocidade ao longo da caixa de pré-tratamento=V= espaço / tempo
Portanto tempo= espaço / velocidade
Q= S x V
V= Q/S= 0,12 / (1,60 x 3,00)=0,025m/s <0,25m/s OK
Tempo = 9,00m / 0,025 = 360s = 6,0min >5min OK.

Exemplo 27.3
Num estudo para achar o volume do reservatório para qualidade da água WQv é necessário calcular a
vazão Qw referente a aquele WQv. Seja uma área de 20ha, sendo 10ha de área impermeável. Considere
que o first flush seja P=25mm.
Porcentagem impermeabilizada = (10ha / 20ha) x 100=50%
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 50 = 0,50 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,50 = 13mm
Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação (12.5) de Pitt.
CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197 x25 + 0,394 x13 – 10 (0,0016x13 2 + 0,0019 x13x 25) 0,5]
CN= 93,8
Portanto, o valor é CN=93,8.
Valores de CN em função da precipitação P usando a Equação de Pitt
Na Tabela (27.3) estão os valores do número da curva CN em função da precipitação P e da área
impermeável.

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Exemplo 27.4
Achar o número da curva CN para P=25mm e área impermeável de 70%.
Entrando na Tabela (27.3) com P e AI achamos CN=96,6.
Tabela 27.3 – Valores de CN em função da precipitação P usando a Equação de Pitt
P Área impermeável em porcentagem
mm 10 20 30 40 50 60 70 80
13 90,6 92,9 94,4 95,7 96,7 97,5 98,2 98,8
14 90,0 92,3 94,0 95,4 96,4 97,3 98,1 98,7
15 89,3 91,8 93,6 95,0 96,2 97,1 97,9 98,6
16 88,7 91,3 93,2 94,7 95,9 96,9 97,8 98,5
17 88,1 90,9 92,9 94,4 95,7 96,7 97,6 98,4
18 87,5 90,4 92,5 94,1 95,4 96,6 97,5 98,4
19 86,8 89,9 92,1 93,8 95,2 96,4 97,4 98,3
20 86,2 89,4 91,7 93,5 95,0 96,2 97,2 98,2
21 85,7 88,9 91,3 93,2 94,7 96,0 97,1 98,1
22 85,1 88,5 90,9 92,9 94,5 95,8 97,0 98,0
23 84,5 88,0 90,6 92,6 94,2 95,6 96,8 97,9
24 83,9 87,6 90,2 92,3 94,0 95,5 96,7 97,8
25 83,4 87,1 89,8 92,0 93,8 95,3 96,6 97,7
26 82,8 86,7 89,5 91,7 93,5 95,1 96,4 97,6
27 82,3 86,2 89,1 91,4 93,3 94,9 96,3 97,6
28 81,8 85,8 88,8 91,1 93,1 94,7 96,2 97,5
29 81,2 85,3 88,4 90,8 92,8 94,6 96,1 97,4
30 80,7 84,9 88,0 90,5 92,6 94,4 95,9 97,3

Vamos explicar junto com um exemplo abaixo.

Exemplo 27.5
Seja bacia com tc=11min, área impermeável de 70% e first flush P=25mm e área =50ha.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,68 = 17mm
Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação de Pitt.
CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,3925.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197x25 + 0,394x17 – 10 (0,0016x17 2 + 0,0019 x17x25) 0,5]
CN= 96,6
Vamos calcular a vazão usando SCS – TR-55
S= 25400/ CN – 254 = 25400/96,6 – 254 =9mm
Usa-se a simplificação de Q=P x Rv, que produz o volume do reservatório para qualidade da água
em mm.
Q= P x Rv= 25mm x 0,68= 17mm= 1,7cm (notar que colocamos em cm)
Ia = 0,2 S = 0,2 x 9mm=1,8mm
Ia/P= 1,8mm/25mm =0,072 e portanto adotamos Ia/P=0,10
Escolhendo Chuva Tipo II para a Região Metropolitana de São Paulo.
Co= 2,55323
C1= -0,6151
C2= -0,164
tc= 11min = 0,18h (tempo de concentração)
log (Qu)= Co + C1 log tc + C2 (log tc)2 – 2,366

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log Qu= 2,55323 – 0,61512 log (0,18) –0,16403 [log (0,18)] 2 - 2,366
log (Qu)= 0,5281
Qu= 3,27m3/s /cm / km2 (pico de descarga unitário)
Qp= Qu x A x Q
A= 50ha= 0,5km2
Fp=1,00
Qp= Qu x A x Q x Fp= 3,37m3/s/cm/km2 x 0,5km2 x 1,7cm x 1,00= 2,87m3/s

Portanto, o pico da descarga para o reservatório de qualidade de água, construído off-line é de


2,87m3/s.

27.12 Método usando o tempo de permanência 5min para calcular Qo


Vamos mostrar com um exemplo.

Exemplo 27.6
Seja um reservatório de qualidade da água e first flush P=25mm, AI=70 e A=50ha.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 50ha x 10000m2= 8500m3
Qo= 0,1 WQV/ (5min x 60s)= (0,1 x 8500m3)/ (5 x 60)= 850m3/ 300s =2,83m3/s

27.13 Cálculo de Qo usando o método Santa Bárbara


Vamos mostrar com um exemplo.

Exemplo 27.7
Seja uma bacia com first flush P=25mm, AI=70 e área =50ha tc=11
Coeficiente volumétrico Rv
CNp= 55
CNi=98
CNw= CNp (1-f) + 98 x f
f=0,70
CNw= 55 (1-0,70) + 98 x 0,70=85,1
Usando o método Santa Bárbara para P=25mm, obtemos:
Qo=3,09m3/s

27.14 Vazão relativa ao volume WQv que chega até o pré-tratamento usando o Método Racional
para áreas ≤2ha.
Esta é uma estimativa que usa o método Racional e vale somente para áreas menores ou iguais a 2ha
e para first flush P=25mm.
Em uma determinada bacia o pré-tratamento pode ser construído in line ou off line, sendo que
geralmente é construído off line.
Qo=CIA/360
Sendo:
Qo= vazão de pico que chega até o pré-tratamento (m3/s)
C= coeficiente de runoff.
Rv=C=0,05+0,009 x AI
AI= área impermeável (%)
I= intensidade da chuva (mm/h)
A= área da bacia (ha)

I= 45,13 x C + 0,98 P=25mm (First flush) A≤2ha

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Exemplo 27.8
Calcular o tamanho do reservatório destinado ao pré-tratamento de área com 2ha e AI=70%, sendo
adotado o first flush P=25mm.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68
WQv= (P/1000/ x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 2ha x 10.000m2= 340m3

Vazão de entrada
Uma BMP pode ser construída in-line ou off-line. Quando for construída off-line precisamos calcular
a vazão que vai para a BMP.
Usando o método racional.
Qo=CIA/360
Sendo:
Qo= vazão de pico que chega até o pré-tratamento (m3/s)
C= coeficiente de runoff.
C=Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 70= 0,68
AI= área impermeável (%)
I= intensidade da chuva (mm/h) = 45,13 x C + 0,98= 45,13 x 0,68 + 0,98= 32mm/h (Para P=25mm)
A= área da bacia =2ha
Q=CIA/360
Q=0,68 x 32mm/h x 2ha /360= 0,12m3/s
Portanto, a vazão de entrada é 0,12m3/s.
As= Qo/ 0,0139 para partícula com diâmetro de 125μm.
As= 0,12/0,0139=8,6 m2
V1= 5min x 60s x 0,12m3/s= 36m3
Mas V2= 0,1 x WQV= 0,1 x 340m3= 34m3
Adoto o maior volume, isto é, V= 36m3
D=Profundidade= Volume / área As= 36m3/8,6 m2= 4,2m>3,50m
Adoto profundidade mínima D=1,0m conforme recomenda Urbonas, 1993.
As x 1,00= 36
As= 36m2
W= largura (m)
L=Comprimento(m)
L/W= 3 W= L/3

W x L = 36m2
L/3 x L = L2=36 x 3 =108
L=10,4m
Mas W= L/3 = 10,4/3=3,5m
Dimensões:
W=Largura= 3,5m
L=Comprimento= 10,4m
D=Profundidade = 1,00m
Verificações:
Velocidade ao longo da caixa de pré-tratamento=V= espaço / tempo
Portanto tempo= espaço / velocidade
Q= S x V
V= Q/S= 0,12 / (3,5 x 1,00)=0,034m/s <0,25m/s OK
Tempo = 10,4m / 0,034 = 306s = 5,1min >5min OK.

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Exemplo 27.9
A vazão para o WQv é 2,87m3/s e a vazão de entrada para período de retorno de 100anos é
20,51m3/s.
Para o cálculo do tubo de descarga, que vai do poço regulador de fluxo para o reservatório WQv, é
dado pela Equação.
Supondo: Km= 1 n= 0,015 concreto armado
Cota do nível de água= 620,00m
Cota do lançamento da tubulação= 617,00
Diâmetro do tubo= 1,00m
h= (620,00- (617,00 + 1,00/2)= (620,00- 617,50)= 2,50m
h= 2,50m (diferença entre o nível da entrada e diâmetro médio da tubulação no lançamento).
Comprimento da tubulação= 100m
Primeiramente vamos ver se o controle está na saída ou na entrada.

Controle na entrada
Sendo usualmente os tubos em concreto e entrada em ângulo reto usamos os coeficientes da Tabela
(27.2).
Aplicando a equação: Q= 0,43 x D 2,5 x [(Hw/D – Y )/c] 0,5

Hw= cota do nível de água – cota do fundo da torre= 620,00m –617,00= 3,00m
Hw/D = 3,00 / 1,00 =3,00
c= 0,0398 da Tabela (27.3)
Y= 0,67
Tabela 27.3 – Tubo de concreto- entrada em ângulo reto
Não submerso Submerso

k m c y
0,0098 2 0,0398 0,67

Q= 0,43 x 1,0 2,5 x [(3,0 – 0,67) /0,0398] 0,5= 3,29m3/s


Portanto, a vazão no controle da entrada é 3,29m3/s, conforme Tabela (27.4).

Tabela 27.4 - Cálculos para controle na entrada


1 2 3 4 5 6
Diâmetro
do c Y Hw Hw/D
Tubo (D)
Ângulo reto, Ângulo reto,
(m) concreto concreto 620,00m-617,00, m3/s
0,90 0,0398 0,67 3 3,33 2,70
1,00 0,0398 0,67 3 3,00 3,29
1,20 0,0398 0,67 3 2,50 4,60
1,50 0,0398 0,67 3 2,00 6,85

Controle na saída
Q= A [(2.g .h) / (1+ Km +Kp. L)]0,5
Sendo:
Q= capacidade da tubulação (m3/s);
A= área da seção transversal da tubulação (m2);
D= diâmetro da tubulação (m);

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g= aceleração da gravidade (9,81m/s2);


h= diferença de nível da lâmina de água e do centro da tubulação de descarga ou da altura de água
a jusante, ou seja o tailwater (m). Usa-se D/2.
L= comprimento da tubulação (m);
Km= coeficiente de perda de carga localizada, usualmente Km= 1.
n= coeficiente de rugosidade de Manning. Usualmente n= 0,015
Kp= perda localizada da tubulação= 125 x n2 / D (4/3)
D= 1,00m L=100m
A=  D /4= 0,78m2
2

Kp= 125 x n2 / D (4/3) = 125 x 0,0152 / 1,0 (4/3) = 0,028


h= 620- (617 – D/2)= 620- (617 + 1,00/2)= 2,50m

Q= A [(2.g .h) / (1+ Km +Kp. L)]0,5 = 0,78 [(2 x 9,81 x 2,50) / (1+ 1 + 0,028 x 100 ]0,5 =Q= 2,94m3/s

Tabela 27.5 - Cálculos para controle na saída

1 2 3 4
Área da seção Diferença do nível
Diâmetro do tubo transversal Comprimento tubulação da lâmina
e o centro do tubo
(m) (m2) (m) 620,00m- (61,00m + D/2)
0,90 0,6362 100 2,55
1,00 0,7854 100 2,50
1,20 1,1310 100 2,40
1,50 1,7672 100 2,25

Tabela 27.6 - Continuação dos cálculos para controle na saída


5 6 7 8
Coeficiente Coeficiente de Perda de carga Vazão
de perda rugos. Manning tubulação
localizada
Km (m3/s)
1 0,015 0,032 2,41
1 0,015 0,028 2,94
1 0,015 0,022 4,15
1 0,015 0,016 6,28
Conclusão:
Como o controle na entrada é 3,29m3/s é maior que a vazão de controle na saída de 2,94m3/s da
seção, será o de menor vazão, isto é, o controle será na saída.
Portanto, precisamos de um tubo com D= 1,00m.
Nota: o valor de 2,94m3/s é aproximadamente o valor de 2,87m3/s.

27.15 Manutenção
O conceito fundamental do tubo paralelo é evitar que o mesmo seja obstruído por lixos ou detritos.
Estes cuidados especiais são tomados no regulador de fluxo.
O regulador de fluxo deve ser inspecionado pelo menos duas vezes por ano e depois de uma chuva
de grande intensidade para ver se não há nada obstruído.
CWP, 2007 recomenda que se faça uma constante inspeção e manutenção no regulador de
fluxo para evitar entupimento.

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27.16 Dimensionamento da tubulação usando a equação de Manning para seção circular


plena
O diâmetro a seção plena pode ser dada pela equação abaixo ou pela Tabela (27.8).
D= [(Q. n) / (0,312. S 0,5)] (3/8)
Supondo:
n= 0,015 concreto.
S=declividade da tubulação (m/m)
D= diâmetro (m)
Q= vazão (m3/s)

Tabela 27.7- Vazões em m3/s de tubulações de concreto de acordo com diâmetro interno e
declividade da tubulação.
D 0,50% 1,00% 1,50% 2,00% 2,50% 3,00% 3,50% 4,00% 5,00%
(m) 0,005m/m 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,05

0,15 0,009 0,013 0,016 0,019 0,021 0,023 0,025 0,026 0,030
0,20 0,020 0,028 0,035 0,040 0,045 0,049 0,053 0,057 0,064
0,25 0,036 0,052 0,063 0,073 0,082 0,089 0,097 0,103 0,115
0,30 0,059 0,084 0,103 0,119 0,133 0,145 0,157 0,168 0,188
0,40 0,128 0,181 0,221 0,256 0,286 0,313 0,338 0,361 0,404
0,50 0,232 0,328 0,401 0,463 0,518 0,567 0,613 0,655 0,732
0,60 0,377 0,533 0,652 0,753 0,842 0,923 0,997 1,065 1,191
0,70 0,568 0,804 0,984 1,136 1,270 1,392 1,503 1,607 1,797
0,80 0,811 1,147 1,405 1,622 1,814 1,987 2,146 2,294 2,565
0,90 1,111 1,571 1,923 2,221 2,483 2,720 2,938 3,141 3,512
1,00 1,471 2,080 2,547 2,942 3,289 3,603 3,891 4,160 4,651

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Exemplo 27.10- Solução econômica para grandes vazões (modela)


Seja ua bacia com A=50ha, AI=70% P=25mm
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 50ha x 10000m2= 8500m3
WQv= 8500m3
0,1WQV= 850m3
Qo= 0,1 WQV/ (5min x 60s)= (0,1 x 8500m3)/ (5 x 60)= 850m3/ 300s =2,83m3/s

Método Racional
Vamos calcular a vazão de pico pelo método Racional.

Q= C. I . A / 360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s)
C= coeficiente de runoff (adimensional)
I= intensidade da chuva (mm/h)
A= área da bacia (ha)

Adotamos C= Rv e então C=0,68


A= 50ha
Intensidade de chuva para RMSP

I = 1747,9 x Tr 0,181 / (t +15) 0,89

O tempo de concentração tc= 11min

Na Tabela (27.8) estão as vazões de pico para periodo de retorno Tr= 1ano, 2anos, 25anos, 50anos e
100anos.

Tabela 27.8- Cálculos da vazão de pico pelo método Racional usando diversos período de retorno
Tr (anos) tc (min)= I (mm/h) C A Q
(m3/s)
1 11 96 0,68 50 9,09
2 11 109 0,68 50 10,30
25 11 172 0,68 50 16,27
50 11 195 0,68 50 18,45
100 11 221 0,68 50 20,91

Escolhemos para dimensionamento do canal o período de retorno Tr=100anos e para o


dimensionamento do orificio que vai para a BMP o periodo de retorno Tr=1ano, pois, significa que
temos 90% das precipitações conforme CWP, 2007.

Dimensionamento do canal que chega até a caixa reguladora de fluxo


Vamos usar a formula de Manning para calcular a velocidade da água no canal e a vazão de pico
para periodo de retorno de 2anos a 100 anos conforme Tabela (27.9).
A fórmula de Manning é:
V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5
Sendo:
V= velocidade média na seção (m/s)
R= raio hidraulico (m)
A= area molhada (m2)

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P= perimetro molhado (m)


R= A/P
S= declividade adotada = 0,005 m/m

Dimensionamento do canal retangular rebaixado para conduzir Qo até o regulador de fluxo.


No caso da solução economica em que adotamos um rebaixo no canal conforme Figura (27.5A)
O rebaixo será retangular com 1,00m de altura e 1,20m de largura e ficará localizado no eixo do
canal até a entrada da tubulação que vai para a BMP.
O canal será calculado para a vazão Qo= 2,83m3/s e na declividade de 0,005m/m e concreto
poderá ter velocidade de 2,45m/s e vazão maáima de 2,94m3/s conforme Tabela (27.10).
Depois que dimensionarmos o canal para conduzir Qo que tem seção de 1,20m de largura por
1,00m de altura vamos calcular todo o canal para a vazão maxima de Tr=100anos que é 21,04 m3/s,
considerando agora o rebaixo que fizemos.
Assim teremos uma mudança do perimetor molhado e da area molhada o que permitirá ao canal
conduzir 21,02m3/s conforme Tabela (27.9) e haverá uma diminuição da altura e esta passará para 1,78m
e não mais de 2,10m.

Tabela 27.9- Cálculo da velocidade e vazão do canal de concreto com declividade S=0,005m/m
para diversos periodos de retornos

Vazao H=altura Largura P A R n V Q


(m3) (m) (m) (m2) (m) (m/s) (m3/s)
Tr=100anos 21,04 2,10 2,50 6,70 5,250 0,78 0,015 4,01 21,04
Tr=50anos 18,44 1,90 2,50 6,30 4,750 0,75 0,015 3,91 18,55
Tr=25anos 16,27 1,72 2,50 5,94 4,300 0,72 0,015 3,80 16,34
TR=2anos 10,30 1,25 2,50 5,00 3,125 0,63 0,015 3,45 10,77
Tr=1ano 9,09 1,11 2,50 4,72 2,775 0,59 0,015 3,31 9,18
Qo que vai p/ BMP 2,83 1,00 1,20 3,20 1,200 0,38 0,015 2,45 2,94
Tr=100anos+Qo 20,91 1,78 2,50 8,06 5,650 0,70 0,015 3,72 21,02
Tr=1 ano+Qo 9,09-2,93=6,26m3/s 0,45 2,50 5,40 2,325 0,43 0,015 2,69 6,25
Tr=1 ano significa 99% das precipitações

Não esquecer que devemos deixar uma borda livre de aproximadamente 0,50m.

Dimensionamento do orificio de grandes dimensões de seção retangular no regulador de


fluxo
Primeiramente observemos que a entrada no canal é lateral e como está no canal haverá
incluencia da velocidade do fluido na canaleta onde está a vazão Qo.
A velocidade da água na canaleta para Tr=1ano (99% das precipitações) é Vo=3,01m/s.
Q= Cd x A x [ 2g( H + Vo2/2g)]0,5
Observar que na equação do orificio entra a velocidade de entrada Vo= 3,01m/s.
Cd=0,62
Area da seção= A
Seção adotada: retangular
Altura do orificio (m)= 0,90m (canaleta tem 1,00m de altura)
Largura do orificio (m)=1,00m (canaleta tem 1,20m de largura)
A= 0,90 x 1,00= 0,9m2
Altura do canal para Tr=1anos (99% das precipitações) = 0,45m
Altura até o centro = H=0,45m + ( 1,00 – 0,90) + 0,90/2= 1,00m
Vo 2/2g= 3,01 2/ (2 x 9,81)=0,46m
Q= Cd x A x [ 2g( H + Vo2/2g)]0,5

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Q= 0,62 x 0,9Q= x [ 2x 9,81( 1,00 + 0,46)]0,5


Q= 2,99m3/s > 2,83m3/s OK

Dica: adotamos para o dimensionamento do orificio a altura do canal para a vazão para
periodo de retorno de 1anos que representa 99% das precipitações conforme CWP, 2007

BMP
Comporta

Pré-
=tratamento

2,50m

1,78m
Canaleta com 1,00m de
altura e 1,20m de largura

Figura 27.10- Perfil do canal economico para vazão de Tr=100anos

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Dimensionamento da calha que vai da saida do pré-tratamento até o tratamento, isto é,


para a BMP.
O critério a ser usado é usar a vazão 2xQo, isto é, 2 x 2,83m3/s= 5,66m3/s.
O critério de 2Qo é de Moreno Valley, 2008.
Comentario: usamos Tr=2anos com Q=10,3m3/s que sairia do vertedor e caso não haja um
by pass para esta vazão a calha que vai para o tratamento deverá ser dimensionada para a vazão
maxima de 10,3m3/s. Caso haja um bypass, deverá ser usado o dobro da vazão Qo, isto é, a vazão
5,66m3/s.

Dimensionamento do Pré-tratamento
A vazão que chega até o pre-tratamento é 2,83m3/s e usando o critério de Hazen para deposição
de 80% dos sólidos com particulas maiores que 125µm temos:
As= 2,3 x Qo/ 0,0139
Sendo:
As= area superficial do pré-tratamento (m2)
Qo= vazão de entrada no pré-tratamento (m3/s)

Dimensões do pré-tratamento
W= largura (m)
L= comprimento (m). Adotamos comprimento terá 3 vezes a largura.
Adotando L= 3.W

As= 2,3 Qo/0,0139= 2,3 x 2,83 /0,0139 = 468m2


W. 3W=As
W= (As/3)0,5
W= (468/3)0,5
W=12,5m
L= 3W= 3 x 12,5= 37,5m
Profundidade do pré-tratamento h
h x As = 0,1. WQv
h= 0,1 WQv/As= 850m3/ 468m2= 1.82m

Tabela 27.10- Cálculos do pré-tratamento


Qo (m3/s)= 2,83
Dimensões do pre-tratamento
W= largura
L=comprimento
H= profundidade
V (m3)= 850
H= 3
As=2,3xQo/0,0139 468,82
W= largura 12,50
L=3W= comprimento 37,50
Profundidade h D(m)= 1,82

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No pré-tratamento a água irá escoar de duas maneiras. Haverá um orificio que descarregará o
volume 0,1WQv=850m3 em 45min. Uma outra maneira é prever que caso a vazão seja maior a água
passe por cima, isto é, por um vertedor retangular. Para isto é comum adotar-se Tr=2anos.
A vazão de pico para Tr=2anos é 10,3m3/s que será usado no vertedor de emergência do pré-
tratamento e também no tratamento.
No pré-tratamento a largura é 12,5m e vamos calcular a altura para Tr=2anos e vazão de
10,3m3/s.

Q= 1,55 x L x H 1,5
10,3= 1,55 x 12,5 x H 1,5
H=0,66m
Portanto, a altura máxima que terá o vertedor é de 0,66m.

Dimensionamento do orificio que sai do pré-tratamento


O orificio que sai do pré-tratamento é dimensionado para esvaziamento de 0,1WQv em
45min.

0,1WQv / (45min x 60x) = 0,1WQv / 2700s = 850m3/ 2700s= 0,31m3/s


Como a altura do pré-tratamento é 1,82 a altura h para o dimensionamento do orificio é
considerada como a metade da altura. Então h= 1,82/2= 0,91m

Q= Cd. Ao (2gh)0,5
0,31= 0,62. Ao (2x9,81x0,91)0,5
0,31= 2,62. Ao
Ao=0,118m2
D= ( 4.Ao/PI)0,5
D= ( 4x0,118/3,1416)0,5
D=0,39m Adoto D=0,40m

Portanto, o orificio para esvaziamento de 0,1WQv em 45min terá diâmetro de 0,40m.


O critério de esvaziamento em 45min é de Moreno Valley, 2008.

Notas:
a) a vazão que vai para o tratamento (BMP) é 2Qo
b) O orificio no pré-tratgamento é dimensionado para esvaziamento
em 45min
c) Deverá haver vertedor para vazão calculada com Tr=2anos

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27.17 Trash rack


Deverá ser instalado uma grade removível na entrada do orificio para evitar que o mesmo entupa.

Figura 27.13- Trash rack

Figura 27.14- Trash rack

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27.18 Dissipador de energia


Se a velocidade da água no canal for muito grande é necessario dissipador de energia como o tipo
VI de Peterka.

Figura 27.15- Bacia de dissipação Tipo VI conforme CETESB, 1986 para bacia de dissipação por
impacto

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27.19 Válvula de parada stop log


Deverá ser instalada uma válvula de parada para interrupção do escoamento no orificio na
derivação do regulador de fluxo, caso haja um derramento acidental de algum produto químico que
possa prejudicar a BMP. Esta válvula poderá ser feita com material metálico (ferro galvanizado ou
inox) ou stop log.

Figura 27.16- Stop Log em aço carbono

Figura 27.17- Stop log

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 27- Regulador de fluxo engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 29/06/10

27.20 Etapas de dimensionamento de um regulador de fluxo


O CWP, 2007 faz algumas recomendações sobre o regulador de fluxo dividindo em
etapas e com algumas adaptações fica:

Primeira etapa: determinar o volume WQv. Fazer a grosso modo uma análise de routing cujo
intervalo por ser de 15min em 15min ou de hora em hora conforme o caso.

Segunda etapa: verificar se o fluxo na derivação que vai para a BMP está com escoamento a
seção plena ou não. Verificar o alteamento da água a montante quando a seção está plena.

Terceira etapa: selecione um regulador de fluxo adequado às condições locais.

Quarta etapa: faça um estudo de análise da curva de remanso.

Quinta etapa: faça um routing para a BMP

27-28
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 27- Regulador de fluxo engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 29/06/10

27.21 Bibliografia e livros consultados


-CWP (CENTER FOR WATERSHED PROTECTION). Urban stormwater retrofit practices
version 1.o Manual 3, agosto 2007.
-KITSAP COUNTY. CHAPTER 4 CONVEYANCE SYSTEM ANALYSIS &DESING.
-MORENO VALLEY. Storm Water Quality Best Management Practice. February, 2008

27-29
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 28- Economia Ecológica
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 28
Economia Ecológica

“Se não está planejada a manutenção, não construa”.


Urbonas, 1993

Pantanal matogrossense

28-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 28- Economia Ecológica
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 28- Economia Ecológica

28.1 Introdução
Existem dois tipos de economia:
• Clássica ou neoclássica ou economia convencional e
• Economia ambiental.
A economia clássica está baseada em valores de mercado. Tudo tem que ser transformado em
dinheiro. Mas como quantificar e avaliar a perda de peixes e demais organismos vivo do habitat
aquático de um rio? Como atribuir preço a vida humana?
Por enquanto não temos nenhuma maneira apropriada de se fazer tais cálculos necessários para a
economia ambiental.
É muito importante o estudo da relação Benefício/Custo, porém na aplicação das BMPs temos
grandes dificuldades para se avaliar os benefícios das mesmas. A melhora da qualidade da água dos
rios devido a poluição conseguida com uma BMP com as alterações físicas e químicas do meio
ambiente ligada às respostas biológicas e ecológicas são difíceis de serem avaliadas corretamente.
Temos que verificar itens básicos como:
• Eficiência na redução dos poluentes
• Impacto na qualidade da água;
Os custos e os benefícios.
A avaliação dos benefícios de obras de drenagem é fácil de avaliar, devido à existência de dados
para se calcular as despesas às propriedades.

28.2 Custos do fluxo global anual dos ecossistemas naturais na Terra


Em 15 de maio de 1997 um grupo de professores do Instituto de Economia Ecológica da
Universidade de Maryland nos Estados Unidos comandados pelo prof. Robert Costanza calcularam o
valor do ecossistema do planeta Terra.
No estudo foi estimado o custo por hectare por cada ecossistema de maneira que o
multiplicando pela área tivéssemos a estimativa anual daquele ecossistema e se se somando todos os
ecossistemas teríamos o valor anual do ecossistema da Terra.
Foram estabelecidos 17 valores dos serviços, tais como: regulação do ar atmosférico,
regulação climática, regulação do ecossistema aquático, controle da erosão, tratamento de esgotos,
polinização, alimentação, recursos genéticos, recreação, cultura, etc.
Costanza baseou-se em Adam Smith que em 1786 publicou o livro “A riqueza das nações” e
nele apresentou o famoso “paradoxo do valor”.

28.3 Valor da troca e valor do uso


A palavra valor tem dois significados: valor do uso e valor da troca. Existem coisas que
possuem um grande valor de uso, mas não tem valor na troca. Nada tem mais valor que a água mas
tem pouco valor de troca. O diamante, ao contrario, é um bem escasso valor de uso, porém tem valor
de troca.
Temos que considerar a utilidade total e a utilidade marginal. O diamante possui uma utilidade
marginal mais elevada do que a água, considerando a última unidade consumida.
O cigarro ilustra também a diferença entre valor de troca e valor de uso. O preço dos cigarros
reflete os custos de produção, competição entre os fornecedores e os níveis de demanda. O preço não
tem relação com o julgamento da sociedade humana. Como sociedade, temos o julgamento que o
cigarro tem um efeito negativo no bem estar e efeito deletério para a saúde do homem. Cada vez mais
consumidores estão dispostos a pagar para fumar, e os cigarros possuem um valor de troca grande
mas um valor do uso negativo. O preço correto dos cigarros deveria ser baixo, mas os preços são
mantidos altos para desencorajar o seu uso.

28-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 28- Economia Ecológica
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Os escritos de Costanza sempre seguem as idéias de Adam Smith sobre a água e o diamante,
salientando sempre o valor em uso e o valor em troca.
O produto nacional bruto (PNB), é a soma de todas as compras de bens e serviços, formação
de capital do setor privado e governamental. Equivale ao produto total da nação sem dupla contagem.
Para Costanza o PNB é medido em termos do valor em troca e o valor em uso puro está na
felicidade do homem, bem estar, nutrição, educação e longevidade. Costanza não pretende somente
corrigir o valor da troca ou dos bens e serviços, mas refletir melhor a verdadeira contribuição do bem
estar. Por exemplo, não foi dado um valor alto de troca da água e baixo ao diamante para fazer os
preço dos bernes mais mensurável para a sobrevivência do homem.
Costanza fez um esforço para corrigir os preços dos serviços ecológicos e do capital natural
usando valor do uso e valor da troca e estimaram o valor do incremento ou marginal do valor dos
serviços dos ecossistemas. Um dos problemas é a noção da “vontade de pagar” o custo marginal de
uma unidade incremental de um serviço de um ecossistema é a reflexão do valor social daquele
serviço. Costanza explica da seguinte maneira: se os serviços ecológicos produzem o incremento de
US$ 50 para o madeireiro para produzir em uma floresta então os beneficiários deste serviço poderão
ter vontade de pagar até US$ 50 por ela. Em adição a produção madeireira, se a floresta estética,
existência, conservação o valor chega a US$ 70. O valor total dos serviços ecológicos poderia ser
US$ 120, mas a contribuição para a economia monetária dos serviços ecológicos seria de US$ 50
conforme os valores de mercado atuais. Nos estudos de Costanza foi estimado o valor total dos
serviços ecológicos.
Costanza e sua equipe reconhecem a grande dificuldade que é a avaliação dos ecossistemas,
porém, a nosso ver a alternativa é valida, pois no futuro um orçamento municipal, por exemplo,
deveria estar acompanhado de um orçamento do ecossistema onde com o passar dos anos poderemos
ver o aumento ou decréscimo dos ecossistemas. No futuro será feito um relacionamento do orçamento
clássico anual com o orçamento do ecossistema.
O produto nacional bruto do mundo atual é de aproximadamente de 24 trilhões de dólares,
sendo que o orçamento anual do ecossistema do mundo é de 33trilhoes de dólares.
O custo anual de 33 trilhões de dólares inclui algum dos serviços considerados gratuitos que
temos como a água, o ar, plantações, polinização, os peixes nos rios e oceanos, o controle da poluição
e outros.
Uma primeira idéia que surge é somar os orçamento convencional ao orçamento do
ecossistema o que dará a 57 trilhões de dólares e verificar o seu crescimento ou decréscimo.
O assunto é bastante controvertido com varias autoridades a favor das idéias de Costanza e
varias contra. O economista David Pearce está de acordo com o feito por Costanza, mas o filosofo
Mark Sagoff está totalmente contra.
Embora sejam discutíveis os preços e sua validade deve ser entendida como uma procura para
estimar um valor praticamente intangível.
Costanza, et al 1997 acharam que os ecossistemas existentes no mundo prestam serviços
anuais no valor de US$ 33 trilhões conforme Tabela (28.1).
Isto pode ser conseguido multiplicando o custo médio anual dos serviços prestados pelo
ecossistema em US$ /hectare pela área existente no mundo e depois feito a somatória.

Tabela 28.1- Valor do fluxo global anual dos serviços ecológicos dos ecossistemas na Terra.
Custo médio anual
dos serviços Valor do fluxo global anual
Serviços do prestados pelo dos serviços ecológicos dos
ecossistema e da ecossistema Áreas ecossistemas na Terra
biomassa US$/ hectare/ ano ha x 106
US$ de 1994 (ha) US$ x 109

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1 oceano aberto 262 33200 8698


2 estuários 22832 180 4110
Pradarias de pastos
3 marinhos/ algas 19004 200 3801
4 arrecifes de corais 6075 62 377
5 Recifes 1610 2660 4283
6 Florestas tropicais 2007 1900 3813
Florestas
7 temperadas 302 2955 892
Gramíneas e terras
8 de fronteiras 232 3898 904
Wetland-Terreno
encharcados a beira
9 mar 9990 165 1648
Wetland- Pântanos e
10 planícies inundáveis 19580 165 3231
11 Lagos e rios 8498 200 1700
12 Desertos 1925 0
13 Tundra 743 0
14 Gelo/rocha 1640 0
15 Terras de plantações 92 1400 129
16 Urbano 332 0
17 Total 51625 33586
O valor monetário estimado dos nossos ecossistemas naturais somam 33 trilhões de
dólares /ano
O valor monetário estimado do nosso ecossistema natural existente na Terra é de US$ 33
trilhões de dólares/ anuais.

Tabela 28.2 Valor do fluxo global anual dos serviços ecológicos dos ecossistemas em Guarulhos
no ano 2005.
Serviços dos Custo médio anual Áreas Valor do fluxo global anual
ecossistemas e dos serviços dos serviços ecológicos dos
da biomassa prestados pelo ecossistemas na Terra
ecossistema
US$/ hectare/ ano km2 ha US$ x 106
US$ de 1994
1 Florestas 2.007 100 10.000 20
tropicais
2 Wetland- 19.580 20 2.000 39
várzeas e
planícies
inundáveis
3 Lagos e rios 8.498 6 600 5

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4 Área de 92 5 500 0
plantações
5 Total 131 13.100 64
O valor monetário estimado dos nossos ecossistemas naturais de Guarulhos somam 64 milhões
de dólares /ano
O município de Guarulhos tem para novembro de 2004 um orçamento do ecossistema de 64
milhões de dólares anuais, enquanto o orçamento municipal é de US$ 300 milhões.

Tabela 28.3- Valores resumos da somatória dos serviços dos ecossistemas por ecossistema
conforme Costanza, 1997.
Biomassa Trilhões de dólares americanos com ano base
1994
Marinha
Oceano aberto 8,4
Áreas costeiras 12,6
Total da biomassa marinha 21,0

Terrestre
Florestas 4,7
Gramíneas and rangelands 0,9
Wetlands 4,9
Lagos e rios 0,1
Plantações 0,1
Total da biomassa terrestre 12,3
Total geral da biomassa marinha e 33,3
terrestre

Costanza, 1997 achou 17 serviços prestados pelos ecossistemas, tais como: suprimento de
água, combate a erosão, produção de comida, recreação, controle do clima etc que estão resumidos na
Tabela (28.4).
Tabela 28.4- Valores dos serviços prestados pelos ecossistemas conforme Costanza, 1997
Serviços dos ecossistemas Trilhões de dólares americanos com ano base
1994
Regulação do ar atmosférico 1,3
Mitigação de enchentes e tempestades 1,8
Regulação da água 1,1
Suprimento de água 1,7
Ciclo dos nutrientes 17,1
Tratamento de esgotos 2,3
Produção de comida 1,4
Serviços culturais 3,0
Outros 3,6
Total geral da biomassa marinha e terrestre 33,3

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28.4 Living Planet Report 2004-Pegada ecológica


O dr. Claude Martin Diretor Geral da WWF internacional publicou o “Living Planet Report
2004”.
Ecological footprint (pegada ecológica) é uma medida que mostra a produtividade biológica
da terra e da água de uma cidade, de um pais, de uma região e da humanidade que requer para
produzir os recursos que vai consumir e absorver os resíduos gerados por ela usando os recursos
tecnológicos e gestão. As terras e a água podem ser de qualquer lugar da Terra.
A pegada ecológica global é a área da biosfera produtiva necessária para manter a economia
humana nas práticas atuais. A pegada ecológica global do Brasil é 2,2ha/pessoa e dos Estados
Unidos é 9,5ha/pessoa, isto porque os Estados Unidos usam mais energia que o Brasil, pois o índice
total é uma soma de energia, comida, fibras, matas, pescas, etc.

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Capítulo 29

Método de Muskingum-Cunge

O tempo de residência da água subterrânea no solo varia de duas semanas a 10.000anos.


Darrel I. Leap in The Handbook of groundwater engineering.

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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 29 - Método de Muskingum-Cunge


29.1 Introdução
29.2 Routing de rios e canais usando o método de Muskingum
29.3 Routing de rios e canais usando o método de Muskingum segundo FHWA
29.3.1 Routing de rios e canais usando o método de Muskingum-Cunge segundo FHWA
29.4 Routing de rios e canais usando o Método de Muskingum-Cunge segundo Chin
quando há canal lateral
29.5 Método de Muskingum-Cunge segundo Chin
29.6 Método de Muskingum quando há canais laterais
29.7 Método de Muskingum-Cunge segundo Tucci
29.8 Bibliografia e livros consultados
23 páginas

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Capítulo 29 - Método de Muskingum-Cunge

29.1 Introdução
O Método de Muskingum-Cunge tem como objetivo a propagação de cheias em rios. O
cálculo exato seria o uso das equações gerais de Saint-Venant conforme Porto, 2003, mas devido as
dificuldades de levantamentos de dados usa-se o método de Muskingum-Cunge.
Vamos expor as idéias de routing elaborados por McCuen no FHWA (Federal Highway
Administration) que faz parte do Highway Hydrology.
As aplicações de routing são basicamente duas: routing de reservatórios e routing de rios e
canais. Para o routing de reservatórios normalmente é usado o método modificado de Pulz e, para
routing de rios e canais são usados uns dos quatros métodos:
• Método de Muskingum,
• Método de Muskingum-Cunge;

O Método de Muskingum para o chamado “flood routing” foi desenvolvido em Ohio pela
primeira vez em 1938 no rio Muskingum por McCarthy do US Army Corps of Engineers e, é também,
chamado de Muskingum routing.

29.2 Routing de rios e canais usando o Método de Muskingum


Conforme Chaudhry, 1993 para um trecho de um canal com movimento não uniforme, o
armazenamento depende da vazão de entrada e de saída, conforme Figuras (29.1) e (29.2). O
armazenamento no canal forma um prisma onde S (storage) é proporcional a O (output) e o
armazenamento em cunha, onde S é proporcional a diferença entre a entrada e a saída.
Dica: a secção é constante durante todo o trecho
No Método de Muskingum, conforme a Figura (29.1), podemos ver a combinação de um
prisma de armazenamento K.O e uma cunha K.X (I –O), sendo K o tempo de trânsito até o local
desejado e “O” a vazão naquele local.
O valor de X varia entre 0 ≤ X ≤ 0,5. Para armazenamento em reservatórios X=0 e quando o
armazenamento marginal está cheio X= 0,5.
Em rios naturais o valor de X é usualmente entre 0 e 0,3, sendo o valor típico 0,2, conforme
Chow et al. 1988.
Em um canal podemos escrever conforme Akan, 1993:

dS/dt = I – Q (Equação
29.1)
Sendo:
S= volume de água no canal (armazenamento)
I= vazão a montante
Q= vazão a jusante (nota: as vezes usa-se a notação “O” de output)
t= tempo.

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Figura 29.1 - Esquema do canal para aplicação do Método de Muskingum. Observar o prisma e
a cunha.
Fonte: Chin, 2000

Figura 29.2 - Esquema do canal para aplicação do Método de Muskingum. Observar o prisma
e a cunha.
Fonte: Chaudhry, 1993

Isto pode ser escrito da maneira usual de aplicação do Método de Muskingum, sendo S o
armazenamento, I a vazão na entrada e Q a vazão no ponto considerado.

S= K.Q +K.X (I – Q)] (Equação 29.2)

S= K [X. I + (1 – X) Q] (Equação 29.3)


Sendo:
S= volume;
I= vazão na entrada (m3/s);
Q= vazão na saída (m3/s);
K= constante do travel time (tempo de trânsito ou tempo de translação)
X= fator entre 0 e 1,0. O mais usado é X= 0,2 (McCuen, p.603). Usualmente o valor de X está
entre 0,1 e 0,3 (Handbook of Hydrology, capítulo 10).
Podemos reescrever a Equação (29.1) para o intervalo de tempo Δt:

(S2 – S1)/ Δt = (I1 + I2)/2 - (Q1+ Q2)/2

Usando a Equação (29.3) após as simplificações obtemos genericamente a Equação (29.4):

Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1 (Equação 29.4)


Sendo:

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A= 2 (1-X) + Δt /K (Equação 29.5)


C0= [(Δt / K) – 2X]/ A (Equação 29.6)
C1= [(Δt / K) + 2X]/ A (Equação 29.7)
C2= [2 (1- X) -(Δt / K)]/ A (Equação 29.8)

Sendo que: C0 + C1+ C2= 1,00 (Equação 29.9)

Uma das dificuldades de se aplicar o método de Muskingum é adotar Δt, K e X.


Usualmente X= 0,2 para canais naturais.
O intervalo de tempo Δt quando há ramificações laterais deve ser igual ao menor tempo.
O básico do método de Muskingum é que para se achar os valores de K e de X temos que usar
os dados de entrada e de saída e através de tentativas e erros achar qual o valor melhor de K e de X.
Para cada valor de X adotado, podemos achar um valor de K. O melhor valor de K será aquela
curva que é praticamente uma linha reta, conforme Figura (29.3).

Figura 29.3 - Determinação do coeficiente K. Na Figura com X= 0,2 temos aproximadamente


uma linha reta e dela está o melhor valor de K e de X.
Fonte: Linsley et al. 1982, p. 274

O grande inconveniente de se usar o Método de Muskingum é que se precisa dos valores de


entrada e de saída, o que na maioria das vezes só possuímos os valores de entrada.
Ainda usando o Método de Muskingum quando não se tem os pares de valores de entrada e de
saída, podemos estimar o valor de K como o tempo de trânsito da seção A até a seção B, por
exemplo, usando a equação de Manning.
De modo geral o valor de x deve estar entre 0 e 0,5, pois valores de X>0,5 amplifica a
hidrógrafa a jusante trazendo informações fora da realidade. Na ausência de dados, usa-se X entre 0,2
e 0,3.

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Dica: o método de Muskingum-Cunge considera o amortecimento e devido a isto que é usado


em dimensionamento de coletores troncos de esgotos sanitários.

Dica: o método de Muskingum-Cunge funciona bem quando o tempo de pico do hidrograma de


entrada é maior que 2h.

Quando há mudanças de declividade ou de seção o calculo é feito por trechos prismáticos com
declividade constante e mesma secção.

Exemplo 29.1 - Aplicação do Método de Muskingum


Vamos usar um exemplo da Figura (29.4) que consta no FHWA.
Calcular o hidrograma de um ponto B de um rio localizado a L= 4800m de um ponto A, cujo
pico da descarga é Qmax= 84m3/s e Tr=25anos.
Considera-se que a vazão média é Qo= 34m3/s e a altura da lâmina de água é y= 2,00m.
A velocidade média é V= 1,4m/s e o tempo de trânsito de A até B usando Manning é de 0,95h
quando não há retificação do canal. Quando há retificação o tempo de trânsito será de 0,79h.
Calcular a hidrógrafa em B, fornecida a hidrógrafa em A. Supomos que não há contribuição
lateral no trecho.
Vamos supor que não dispomos do par de dados de entrada e saída para avaliarmos
corretamente os valores de K e X. Supomos que o valor de K= 0,95h é o tempo de trânsito da seção
A até a seção B usando a equação de Manning. Quanto ao valor de X vamos adotar X= 0,2 e Δt
=0,5h

A= 2 (1-X) + Δt /K= 2,13


C0= [(Δt / K) – 2X]/ A= 0,059
C1= [(Δt / K) + 2X]/ A= 0,436
C2= [2 (1- X) -(Δt / K)]/ A= 0,505

Sendo que: C0 + C1+ C2= 1,00


Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1
Para o trecho com 4,8km teremos:
Q2= 0,059 I2 + 0,436 I1 + 0,505 Q1
Para tempo de 0,5h teremos:
Q2= 0,059 I2 + 0,436 I1 + 0,505 Q1
Q2= 0,059 x7 + 0,436x0 + 0,505 x0=0,4m3/s
Para 1h temos:
Q2= 0,059 x13 + 0,436x7 + 0,505 x0,4=4,0m3/s
E assim por diante.
Tabela 29.1 - Obtenção do hidrograma na seção B
Seção Seção Seção Seção
A B A B
Com 4,8km Com 4km
tempo I O tempo I O
3 3
(h) (m /s) (m /s) (h) (m /s) (m3/s)
3

0 0 0 0 0 0
0,5 7 0,4 0,5 7 0,7
1 13 4,0 1 13 4,9
1,5 23 9,1 1,5 23 10,5
2 32 16,5 2 32 18,5

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2,5 49 25,2 2,5 49 27,9


3 68 38,1 3 68 41,9
3,5 76 53,4 3,5 76 57,5
4 84 65,0 4 84 68,8
4,5 78 74,1 4,5 78 76,8
5 71 75,6 5 71 76,8
5,5 60 72,7 5,5 60 72,3
6 52 65,9 6 52 64,5
6,5 46 58,7 6,5 46 56,8
7 40 52,0 7 40 50,0
7,5 36 45,8 7,5 36 43,9
8 32 40,7 8 32 39,0
8,5 28 36,2 8,5 28 34,6
9 24 31,9 9 24 30,5
9,5 20 27,8 9,5 20 26,4
10 16 23,7 10 16 22,3
10,5 13 19,7 10,5 13 18,4
11 11 16,3 11 11 15,1
11,5 7 13,4 11,5 7 12,4
12 6 10,2 12 6 9,2
12,5 3 7,9 12,5 3 7,1
13 0 5,3 13 0 4,5
13,5 0 2,7 13,5 0 1,9
14 0 1,4 14 0 0,8
14,5 0 0,7 14,5 0 0,4
15 0 0,3 15 0 0,2
15,5 0 0,2 15,5 0 0,1
16 0 0,1 16 0 0,0
16,5 0 0,0 16,5 0 0,0
17 0 0,0 17 0 0,0
Como resultado obtemos o hidrograma da Seção B onde obtemos a vazão de 75,6m3/s a 5h,
sendo que o pico na entrada era de 84m3/s a 4h.

Para 4km achamos:


Co= 0,104308
C1=0,462585
C2=0,433107
Quando houve a mudança de 4,8km para 4,0m aumentará a vazão para 76,8m3/s.

29.3 Routing de rios e canais usando o Método de Muskingum-Cunge, segundo FHWA


A grande vantagem e a popularidade do Método de Muskingum-Cunge é que, apesar de similar
ao Método de Muskingum, não precisa de dados hidrológicos para calibração e os dados são fáceis de
serem obtidos.
Segundo McCuen, o Método de Muskingum-Cunge é um método híbrido de routing, pois
parece com os métodos hidrológicos, mas contém informações físicas típicas de um método de
routing hidráulico. O método de Muskingum-Cunge é uma das soluções da equação da difusão e
baseia-se nas equações de difusão da onda que provém das equações da continuidade e do momento.

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Segue aproximadamente a mesma equação de Muskingum:

Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1 (Equação 29.10)


Sendo:
C0= (-1 + C + D) / (1 + C + D)
C1= (1 + C - D) / (1 + C + D) Nota: pode ser negativo
C2= (1 - C + D) / (1 + C + D) Nota: pode ser negativo

Os valores de Co + C1 + C2= 1 como o Método de Muskingum.


Onde:

C= c . Δt / L (Equação 29.11)
D= Qo/ ( B . So . c . L) (Equação 29.12)

Sendo:
C= coeficiente de Courant ou razão da celeridade. Deve estar perto de 1, mas ligeiramente
menor que 1 para evitar dispersão, conforme McCuen, 1996 in Highway Hydrology.
L= distância entre a seção A e a seção B (m);
B= A/ y= área molhada (m2)/ lâmina de água (m);
So= declividade média entre a seção A e a seção B (m/m);
c= celeridade da onda (m/s) = β. V = (5/3) . V = (5/3) . (Q/A)= (5/3) (q/y)
A= área molhada da seção transversal (m2);
q= descarga unitária, ou seja, a vazão por metro de largura (q3/s/m)
Qo= vazão média (m3/s).
D= razão da difusão. É uma espécie de número de Reynolds do trecho. A soma de C+D deve
ser maior ou igual a 1.
V= velocidade média (m/s) do trecho entre a seção A e a seção B.
Y= lâmina da água (m)
Os valores de C e D foram introduzidos através de:

K= L/ c

X= ½ . [1- Q/(So. B. c L)]

Uma outra condição muito importante para aplicação do Método de Muskingum-Cunge é que o
valor de Δt deve ser menor que 1/5 do tempo de pico da seção A.
Δt ≤ tp/5 (Equação 29.13)

O método de Muskingum-Cunge é apropriado para uso na maioria dos rios e canais. Leva em
conta a difusão da onda de enchente. O método não deve ser usado se há controle a jusante ou se há
efeito de backwater para montante.

Exemplo 29.2 - Aplicação do Método de Muskingum-Cunge


Vamos usar um exemplo que consta no FHWA. Um canal tinha 4,8km do ponto A até o ponto
B e declividade S= 0,00095m/m. Pretende-se retificar o rio passando o comprimento para 4km e
declividade de S= 0,00114m/m, conforme Figura (29.4).
Usando período de retorno Tr= 25anos foi calculado o hidrograma no ponto A
Calcular o hidrograma de um ponto B de um rio localizado a L= 4800m de um ponto A, cujo
pico da descarga é Q máximo= 84m3/s.

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Figura 29.4 - Esquema da retificação do rio entre os pontos A e B, conforme FHWA.

Considera-se que a vazão média é Qo= 34m3/s e a altura da lâmina de água é y= 2,00m.
A velocidade média é V= 1,40m/s e o tempo de trânsito de A até B, usando Manning, é de
0,95h. Calcular a hidrógrafa em B, fornecida a hidrógrafa em A.

Hidrograma do ponto A (entrada)

100
80
Vazão (m3/s)

60

40
20
0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Tempo (h)

Figura 29.5 - Hidrograma no ponto A

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Tabela 29.2 - Cálculo da vazão média do hidrograma da Figura (29.4)

tempo Seção A Volume


(h) (m3/) (m3)
0,0 0 0
0,5 7 6300
1,0 13 18000
1,5 23 32400
2,0 32 49500
2,5 49 72900
3,0 68 105300
3,5 76 129600
4,0 84 144000
4,5 78 145800
5,0 71 134100
5,5 60 117900
6,0 52 100800
6,5 46 88200
7,0 40 77400
7,5 36 68400
8,0 32 61200
8,5 28 54000
9,0 24 46800
9,5 20 39600
10,0 16 32400
10,5 13 26100
11,0 11 21600
11,5 7 16200
12,0 6 11700
12,5 3 8100
13,0 0 2700
Volume total V= 1611000
Quantidade de horas= 13
Vazão= V/ (13h x 3600s)= 34m3/s

Primeiramente calculemos C e D.
Δt= 0,5h
L= 4800m
c= celeridade= (5/3) . 1,40= 2,33m/s
C= c . Δt / L= 2,33 x (0,5x 3600s)/ 4800m= 0,875 <1 OK
Lâmina de água= 2,00m
Área molhada = 22 m2
bo= 9,00m
B= A/y= 22m2/2,00m= 11,00m
D= Qo / (B . So . c . L)= 34 m3/s/ (11,00m x 0,00095 x 2,33m/s x 4800m)= 0,718

O valor C + D= 0,875+ 0,718= 1,593 > 1 Ok

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C0= 0,2286
C1= 0,4464
C2= 0,3250
C0+ C1 + C2= 1,000

Tabela 29.3 - Obtenção do hidrograma na seção B usando Método de Muskingum-Cunge

Seção Seção
A B
tempo I O
(h) m3/s m3/s
0,0 0 0
0,5 7 2
1,0 13 7
1,5 23 13
2,0 32 22
2,5 49 33
3,0 68 48
3,5 76 63
4,0 84 74
4,5 78 79
5,0 71 77
5,5 60 70
6,0 52 62
6,5 46 54
7,0 40 47
7,5 36 41
8,0 32 37
8,5 28 33
9,0 24 29
9,5 20 25
10,0 16 21
10,5 13 17
11,0 11 14
11,5 7 11
12,0 6 8
12,5 3 6
13,0 0 3
13,5 0 1
14,0 0 0
14,5 0 0
15,0 0 0
15,5 0 0
16,0 0 0
16,5 0 0
17,0 0 0

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Observe-se que a vazão de pico na seção A é de 84m3/se e na seção B é 79m3/s.

29.3.1 Contribuição lateral


Conforme publicado pelo Dr. Victor Miguel Ponce, professor na Universidade de San Diego, na
Califórnia no trabalho Diffusion wave modeling of catachment dynamic, quando há precipitação
excedente QL em um canal ela pode ser levada em conta acrescendo um coeficiente C3 ficando as
equações da seguinte maneira:
Q2= C0 I2 + C1 I1 + C2 Q1 + C3 QL
C0= (-1 + C + D) / (1 + C + D)
C1= (1 + C - D) / (1 + C + D)
C2= (1 - C + D) / (1 + C + D)
C3= (2. C) / (1 + C + D)
29.4 Routing de rios e canais usando o Método de Muskingum-Cunge, segundo Chin quando há
canal lateral
Conforme McCuen, 1998 p.606 podemos usar Equação (29.14) empírica de Dooge et al,1982.

K= 0,6 L / V (Equação
29.14)

Sendo:
L = comprimento (m)
V= velocidade média do canal (m/s)
K= constante de travel time (s)

Conforme Chin, 2000 os valores de K, quando há canais laterais, pode ser obtido pela Equação
(29.15):

K= {0,5 Δt [(I2 + I1) - (O1 + O2)]} / {X (I2- I1) + (1- X) (O2-O1)} (Equação
29.15)

Tendo o valor de Δt, são feitas curvas para cada valor de X usando os valores das vazões de
entrada I e de saída. Colocados em gráfico, o valor escolhido de K será aquele que o loop se
aproximar mais de uma linha. Na falta de dados normalmente é feito X= 0,2.
Ainda citando Chin, 2000 o método de Cunge feito em 1967 propôs estimativa para X e para K
da seguinte maneira:

K= L / c (Equação 29.16)

Sendo:
L= distância até o ponto considerado (m)
c= celeridade da onda (m/s).
A celeridade da onde “c” é definido como:
c= k’ . v
Sendo k’a razão cinemática

Para canais retangulares largos o valor de k’= 5/3, conforme Fred, 1993.
c= (5/3) . v (Equação 29.17)

Sendo:

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v= velocidade média de descarga.


O coeficiente (5/3) segundo Chin, 2000 é derivado da Equação de Manning.
Para o valor de X Chin, 2000 citando Cunge, 1967 :

X= ½ [1- qo/ (So c L)] (Equação 29.18)


Sendo:
qo= vazão por unidade da largura (m3/s / m),
So= declividade do canal (m/m)
L= distância até o ponto considerado (m)

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29.5 Método de Muskingum-Cunge segundo Chin


Chin, 2000 diz que, quando se usam as Equações (29.9) a (29.11) sugeridas por Cunge, temos
então o Método de Muskingum-Cunge.
McCuen ainda informa que X= 0,2 é o valor usual de X para pequenos e grandes canais. Para
canais naturais X= 0,4. Valores de X>0,5 produzem valores fora da realidade, conforme Chin, 2000.
McCuen cita que, segundo Hjelmfelt, 1985, os valores ideais de X, Δt e K deverão obedecer a
seguinte relação:

X ≤ [(0,5 Δt)/ K] ≤ (1 – X) e X ≤ 0,5 (Equação


29.19)

Como regra prática McCuen diz que Δt /K dever ser, aproximadamente, igual a 1 e que X
deverá estar entre 0 e 0,5.
Chin, 2000 recomenda que:
Δt ≥ 2KX (Equação 29.20)
K/3 < Δt < K (Equação 29.21)
FREAD, (1998) comenta que pode-se aplicar o método de Muskingum-Cunge para análise de
inundações a jusante de rios e vales em lugares em que a declividade do canal So > 0,003m/m.
Fread, 1993 aconselha ainda para melhorar a precisão da aplicação do Método de Muskingum-
Cunge os valores de Δt e de L selecionados devem obedecer as Equações (29.19) e (29.20).

Δt ≤ tp/5 (Equação
29.22)
e que:

L= 0,5. c. Δt .{ 1 + [ 1 + 1,5 . q/(c2 .So .Δt)] 0,5 } (Equação


29.23)

Sendo:
q= média da vazão por unidade da largura, isto, Q/B
B= largura do canal.
So= declividade do fundo do canal (m/m)
L= distância até o ponto considerado (m)

Equação de Manning:

V= (1/n) R (2/3) . S (1/2) (Equação 29.24)


Sendo:
V= velocidade média (m/s);
R= raio hidráulico (m);
S= declividade média (m/m) e
n= rugosidade de Manning (adimensional)

Exemplo 29.3
Estimar o hidrograma de um canal a 1.200m abaixo da seção usando o Método de Muskingum,
sendo dados X= 0,2; K= 40min e o hidrograma de entrada, conforme Chin, 2009 p. 393.

Tabela 29.4 - Hidrograma na seção A

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Seção
A
tempo I
min m3/s
0 10,0
30 10,0
60 25,0
90 45,0
120 31,3
150 27,5
180 25,0
210 23,8
240 21,3
270 19,4
300 17,5
330 16,3
360 13,5
390 12,1
420 10,0
450 10,0
480 10,0
510 10,0
540 10,0
570 10,0
600 10,0

Δt ≥ 2KX (Equação 29.25)


Δt ≥ 2 x 40min x 0,2= 16min

K/3 < Δt < K (Equação 29.26)


40/3= 13,3min < Δt < 40min

Adotamos Δt= 30min.

A= 2 (1-X) + Δt /K
C0= [(Δt / K) – 2X]/ A
C1= [(Δt / K) + 2X]/ A
C2= [2 (1- X) -(Δt / k)]/ A

A= 2 (1-X) + Δt /K
A= 2 (1-0,2) + 30/40= 2,35

Co= [(30/ 40) – 2x 0,2]/ 2,35= 0,149


C1= [(30/ 40) + 2x 0,2]/ 2,35= 0,489
C2= [2 (1- 0,2) -(30/ 40)]/ 2,35= 0,362
Verificamos ainda que:

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Co + C1+ C2= 0,149 +0489+0,362= 1,00

Vamos aplicar a Equação (29.4)


Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1
Q2= 0,149 I2 + 0,489 I1 + 0,362 Q1 (Equação 29.27)

Aplicando a Equação (29.27) acima partir do tempo zero e obtemos a Tabela (29.5)

Tabela 29.5 - Obtenção do hidrograma na seção B


Seção A Seção B
tempo I O
3
min m /s m3/s
0 10 10
30 10 10
60 25 12,2
90 45 23,4
120 31,3 35,1
150 27,5 32,1
180 25 28,8
210 23,8 26,2
240 21,3 24,3
270 19,4 22,1
300 17,5 20,1
330 16,3 18,3
360 13,5 16,6
390 12,1 14,4
420 10 12,6
450 10 10,9
480 10 10,3
510 10 10,1
540 10 10
570 10 10
600 10 10

Método de Muskingum

50
Vazao (m3/s)

40
Seção A
30
20 Seçao B a
1200m a jusante
10
0
0 200 400 600 800
Tempo (min)

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Figura 29.6 - Hidrograma de entrada e saída. Foi aplicado o método de Muskingum para obter
a seção B a 1.200m de distância da seção A

29.6 Método de Muskingum quando há canais laterais


Quando há, por exemplo, dois canais laterais ao canal onde estamos aplicando o método de
Muskingum, primeiramente temos que computar a influência dos mesmos.
A Equação (29.4) fica modificada com mais coeficiente C3 que será obtido da Equação,
conforme Akan, 1993.
C3= (Δt / K) / [2 (1 – X) +(Δt / K)]

Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1 + C3 (QL1 + QL1)


Sendo:
QL1= L x q1
QL1= L x q2
q1= vazão lateral por unidade de comprimento no tempo t1
q2= vazão lateral por unidade de comprimento no tempo t2
L= comprimento do canal lateral.

Os valores de K e X são determinados pelas Equações (29.12) a (29.14).

QL1 QL2

Figura 29.7- Contribuições laterais QL1 e QL2

Exemplo 29.4
Usando o método de Muskingum com C0= 0,083 C1= 0,742 C2= 0,175.
São fornecidos:
K= 0,555h X= 0,359 Δt= 0,5h
As hidrógrafas de QL1 e QL2
As hidrógrafas I1 e I2 conforme a Tabela (29.4).

Primeiramente faremos o cálculo de C3

C3= (Δt / K) / [2 (1 – X) + (Δt / K)]

C3= (0,5 / 0,555) / [2 (1 – 0,359) +(0,5 / 0,555)]= 0,413

Procedemos como o método usual de Muskingum obtendo o valor Q2 que é o pico de 35,5m3/s após
2h.

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Tabela 29.6 - Uso do Método de Muskingum com entradas laterais, baseado em Akan, 1993.
QL1+
Ordem t1 t2 I1 I2 QL1 QL2 QL2 Q1 Q2
(h) (h) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s)
1 0,0 0,5 10 15 0 2 2 10,0 11,2
2 0,5 1,0 15 20 2 4 6 11,2 17,2
3 1,0 1,5 20 25 4 6 10 17,2 24,1
4 1,5 2,0 25 30 6 8 14 24,1 31,0
5 2,0 2,5 30 25 8 6 14 31,0 35,5
6 2,5 3,0 25 20 6 4 10 35,5 30,6
7 3,0 3,5 20 15 4 2 6 30,6 23,9
8 3,5 4,0 15 10 2 0 2 23,9 17,0
9 4,0 4,5 10 10 0 0 0 17,0 11,2
10 4,5 5,0 10 10 0 0 0 11,2 10,2

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29.7 Método de Muskingum-Cunge conforme Tucci


Tucci, 1998, em seu livro Modelos Hidrológicos, apresenta o Método de Muskingum-Cunge
com uma aplicação bem objetiva e definiu as seguintes variáveis:

X= 0,5 . [1- Qo/ (bo. So . co . L)]

Sendo:

X= fator entre 0 e 0,5.


Qo= vazão média a montante (m3/s);
So= declividade do trecho L em (mm);
co= celeridade (m/s);
L= comprimento do trecho (m);
bo= largura média do trecho (m).

O tempo médio de deslocamento da onda é o parâmetro K.

K= L / co

O valor de Δt / K depende do valor de X. Assim, para 0,2 ≤ X ≤ 0,4 o valor de Δt /K é o


seguinte:

Δt / K= 3,125 . X 1,25 0,2 ≤ X ≤ 0,4

Para 0,4 ≤X ≤ 0,5 o valor de Δt / K será aproximadamente igual a 1.

Δt / K ~ 1 0,4 ≤X ≤ 0,5

Como geralmente não dispomos de muitos dados, o valor de Δt deve ser menor ou igual a tp/5.
Δt ≤ tp/5

Sendo:
tp: tempo de pico do hidrograma de entrada.

Tucci, 1998 p.158 salienta que se pode fixar o valor de Δt, e então obtemos o valor de L.

L= Qo/ (b. So . co) + 0,8. (c. Δt) 0,8 . L 0,2

Como a equação acima não é linear, Tucci, 1998 aconselha que a primeira tentativa a ser usada
para o valor de L é:
L= (2,5 Qo)/ (b. So .co)

Tucci, 1998 sugere a estimativa da vazão média Qo como sendo 2/3 da vazão máxima de
montante, mas pode-se obter o valor de Qo usando o histograma de entrada.
Ainda conforme Tucci, 1998 o valor da celeridade co pode ser obtida usando a equação de
Manning.

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co= (5/3) . (So 0,3 . Qo 0,4) / ( n 0,6 . b 0,4)

Exemplo 29.5
Calcular a celeridade em um canal com declividade 0,0007m/m; vazão máxima de 130m3/s;
rugosidade de Manning n= 0,045 e largura da rio no trecho é de b=30m.
Usando a equação da celeridade:

co= (5/3) . (So 0,3 . Qo 0,4) / ( n 0,6 . b 0,4)

Qo= ( 2/3) de Q máxima= (2/3) x 130 = 87 m3/s

co= (5/3) . (0,0007 0,3 . 87 0,4) / (0,045 0,6 . 30 0,4)= 1,86m/s


29.8 Aplicação do método de Muskingum-Cunge em falhas de barragem
Conforme USACE, 1997 o hidrograma a falha da barragem pode ser obtida da seguinte maneira:
• Adota-se a forma aproximada de um triângulo isósceles.
• A base do triangulo é o tempo para esvaziamento do reservatório com a vazão de pico da
falha.
• Supõe-se que a metade do volume do reservatório destina-se a erosão provocada na barragem.
• Recomenda ainda o uso do Método de Muskingum-Cunge.
• A altura do triângulo é a vazão de pico da falha.

V= (Qp x t ) / 2

t= ( 2 x V ) / (Qp x 60)
Sendo;
V= volume total da barragem (m3)
t= tempo de esvaziamento da barragem (min)
Qp= vazão de pico ocasionado pela brecha (m3/s)

Qp
t1 t2

t= t1 + t2

Figura 29.8 - Hidrograma em forma triangular do escoamento da água da barragem com a


falha.

Na Figura (29.8) o tempo total de esvaziamento t é a soma do tempo de formação da brecha t1


até atingir o pico Qp, mais o tempo t2 descendente.
t= t1 + t2

Exemplo 8.7

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Achar o hidrograma da falha da barragem com V= 90.000m3, Qp= 69m3/s

t= (2 x V) / (Qp x 60)= (2 x 90000) / (69 x 60)= 44min

Portanto, o tempo de esvaziamento é de 44min.


Sendo t1= 24min o valor de t2= 44min – 24min= 20min.

Dica: observar que o tempo de formação da brecha é de 24min, que é praticamente a metade do
tempo de esvaziamento, conforme preconizado na USACE, 1997.

FREAD, (1998) comenta que pode-se aplicar o método de Muskingum-Cunge para análise de
inundações a jusante de rios e vales em lugares em que a declividade do canal So > 0,003m/m.

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Exemplo 28.8
Barragem do Tanque Grande, localizada em Guarulhos, Estado de São Paulo,

Vazão de pico devido a brecha na barragem.


Conforme FROEHLICH, (1995) temos:
V= 90.000m3
h= 3,00m
Qp = 0,607 x V 0,295 x h 1,24
Qp = 0,607 x 90.000 0,295 x 3,0 1,24 =69 m3/s
Tempo de formação da brecha.
Conforme FROEHLICH, (1995) temos:
V= 90.000m3
h= 3,00m
tf = 0,1524 x V 0,53 / h 0,90
tf = 0,1524 x 90.000 0,53 / 3 0,90 = 24min

Portanto, o tempo até o pico é de 24min.

Comprimento máximo do trecho


O valor de L ou Δx deve ser menor que a Equação:

Δx= L ≤ 0,5 x co x Δt x (1 + (1+ 1,5 Qo/ (bo. So . co 2 Δt)) 0,5)

Δx= L ≤ 0,5 x 2,25 x 2min x 60s x (1 + (1+ 1,5x 69/ (15 x 0,0221 x 2,25 2 x 2 x 60)) 0,5)

Δx≤ 301m

Portanto, o comprimento do trecho deve ser menor que 301m e adotamos L= Δx = 300m.

Tabela 29.7 - Mostra simplificada dos cálculos executados.


Muskingum-Cunge Tucci, Modelos Hidrológicos
Vazão de pico (m3/s)= Qo 69
Área da bacia (km2)= 8
Área da bacia (ha)= 800
Comprimento L (m)= Δx= 300
O valor L adotado deve ser menor que o valor L calculado 301
Área da superfície da barragem do Tanque Grande (m2)= 5ha
Largura da base do córrego Tanque Grande (m)= bo= 15
Tempo até o pico (min)= tp= 24
Δt calculado ≤ tp/5 (min) 4,80
Coeficiente de Manning adotado e suposto enchente= n= 0,250
Declividade média do canal (m/m)= So= 0,0221
Valor de K= L/ co = (min) 2,23
Celeridade (m/s) = co=(5/3) Qo 0,4 . So 0,3/ (n 0,6 . bo 0,4)= 2,25
Δt (min) adotado= 2
Valor de X= 0,5 ( 1 - Qo/ (bo. So . co .L)= 0,35

29-22
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Quando 0,2 ≤ X ≤ 0,4 então Δ t/ K = 3,125 . X 1,25= 0,83


Δ t= K x 3,125 . X 1,25= 1,84
Quando 0,4 ≤ X ≤ 0,5 então Δ t/K=1 então Δ t=K= 2,23
Valor C= número de Courant=co . Δt / L= (adimensional) 0,899
Valor D= Qo/ ( So . bo. co . L)= número de Reynolds da célula, isto é, do
trecho. 0,309
A soma de C+D deve ser maior que 1, isto é, C+D>1 1,207
Denominador= 2,207
C0= 0,094
C1= 0,720
C2= 0,186
C0+ C + C2= 1,0000

Verificações do Método de Muskingum-Cunge, conforme FHWA


A soma de C com D deve ser maior que 1
O valor de C deve estar próximo de 1 e < 1
O valor de C não pode ser maior que 1 para evitar dispersão numérica

Devemos obedecer na aplicação do método de Muskingum-Cunge as condições de Courant


para haver estabilidade nos cálculos.

Tabela 29.8 - Hidrograma de vazão na saída da barragem e a 6km a jusante e a 44,51min sendo
a largura de 15m e n= 0,25.
Método de Muskingum-Cunge
Seção A na brecha da Seção a 6km a
barragem jusante
tempo Vazão Vazão
3
(min) m /s m3/s
0 0 0
2 6 0
4 12 0
6 17 0
8 23 0
10 29 0
12 35 0
14 40 0
16 46 0
18 52 0
20 58 0
22 63 0
24 69 0
26 62 0
28 55 0
30 48 0
32 41 0
34 35 0
36 28 0

29-23
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 29- Método de Muskingum-Cunge
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

38 21 1
40 14 2
42 7 3
44 0 5
46 0 9
48 0 13
50 0 17
52 0 22
54 0 28
56 0 33
58 0 39
60 0 44
62 0 48
64 0 52
66 0 54
68 0 54
70 0 53
72 0 50
74 0 46
76 0 41
78 0 36
80 0 30
82 0 25
84 0 19
86 0 15
88 0 10
90 0 7
92 0 4
94 0 3
96 0 1
98 0 1
100 0 0
102 0 0
104 0 0
106 0 0

29-24
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Hidrograma de entrada e a 6km

80
70
60
Vazão (m3/s)

50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Tempo (min)

Figura29.9 - Hidrograma de saída na barragem devido a brecha e a 6km e 44,51min.

Observar que o pico devido a brecha era de 69m3/s passa para 54m3/s a 6km de distância com
20 intervalos de 300m e a 44,51min para a onda chegar até o rio Baquirivu Guaçu há uma diminuição
da altura da água de 4,10m para 3,40m e a velocidade cai de 1,14m/s para 1,0 m/s.

Figura 29.10- Corte transversal de uma barragem de terra, observando-se os taludes a


montante e a jusante, bem como o cutoff e o tapete de areia média.
Fonte: DAEE, 2005

29-25
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 29- Método de Muskingum-Cunge
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29.9 Bibliografia e livros consultados


-PORTO, RODRIGO DE MELO. Hidráulica básica. EESC USP, 2ª ed. 2003, 519 p.

29-26
Manejo de águas pluviais
Capítulo 30- Método Simples de Schueler
Engenheiro Plínio Tomaz 03 de maio de 2009 pliniotomaz@uol.com

Capítulo 30- Estimativa da carga de poluente pelo Método Simples de Schueler

30.1 Introdução
Schueler,1987 apresentou um método empírico denominado “Método Simples” para estimar o
transporte de poluição difusa urbana em uma determinada área.
O método foi obtido através de exaustivos estudos na área do Distrito de Washington nos
Estados Unidos chamado National Urban Runoff Program (NURP) bem como com dados da EPA,
conforme AKAN, (1993).
O Método Simples de Schueler, 1987 é amplamente aceito e requer poucos dados de entrada e
é utilizado no Estado do Texas e no Lower Colorado River Authority, 1998
AKAN, (1993) salienta que os estudos valem para áreas menores que 256ha e que são
usadas cargas anuais.A equação de Schueler é similar ao método racional e nas unidades SI adaptada
neste livro. Para achar a carga anual de poluente usamos a seguinte equação:

L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
Sendo:
L= carga do poluente anual (kg/ano)
P= precipitação média anual (mm)
Pj= fração da chuva que produz runoff. Pj =0,9 (normalmente adotado)
Rv= runoff volumétrico obtido por análise de regressão linear.
Rv= 0,05 + 0,009 x AI (R2=0,71 N=47)
AI= área impermeável (%).
A= área (ha) sendo A≤ 256ha
C= concentração média da carga do poluente nas águas pluviais da (mg/L)

Valor de Pj
O valor de Pj usualmente é 0,90 para precipitação média anual, mas pode atingir valor Pj =0,5
e para eventos de uma simples precipitação Pj =1,0.

Valores de C
Conforme as pesquisas feitas por Schueler, (1987) e citadas por AKAN, (1993) e McCUEN,
(1998) os valores médios da carga de poluição C em mg/L é fornecida pelas Tabelas (30.1) a (30.11)

Tabela 30.1- Média dos Estados Unidos para concentrações médias nas águas pluviais
Constituintes Unidades Runoff urbano
TSS mg/L 54,5 (1)
TP mg/L 0,26 (1)
TN mg/L 2,00 (1)
Cu μg/L 11,1 (1)
Pb μg/L 50,7 (1)
Zn μg/L 129 (1)
S. Coli 1000 colonias/mL 1,5 (2)
(1) Dados do NURP/USGS,
1998
(2) Schueler, 1999
Fonte: New York Stormwater Management Design Manual

30-1
Manejo de águas pluviais
Capítulo 30- Método Simples de Schueler
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Tabela 30.2- Concentrações de poluentes em diversas áreas


Constituintes TSS (1) TP (2) TN (3) S. Coli Cu (1) Pb (1) Zn (1)
(1)
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (1000 (μg/L) (μg/L) (μg/L)
col/ml)
Telhado 19 0,11 1,5 0,26 20 21 312
residencial
Telhado 9 0,14 2,1 1,1 7 17 256
commercial
Telhado 17 - - 5,8 62 43 1.390
industrial
Estacionamento 27 0,15 1,9 1,8 51 28 139
residencial ou
comercial
Estacionamento 228 - - 2,7 34 85 224
industrial
Ruas 172 0,55 1,4 37 25 51 173
residenciais
Ruas 468 - - 12 73 170 450
comerciais
Estradas rurais 51 - 22 - 22 80 80
Ruas urbanas 142 0,32 3,0 - 54 400 329
Gramados 602 2,1 9,1 24 17 17 50
Paisagismo 37 - - 94 94 29 263
Passeio onde 173 0,56 2,1 17 17 - 107
passa carros e
pessoas
(entrada de
carros nas
garagens)
Posto de 31 - - - 88 80 290
gasolina
Oficina de 335 - - - 103 182 520
reparos de
carros
Indústria 124 - - - 148 290 1.600
pesada
(1) Clayton e Schueler, 1996 (2) Média de Steuer et al, 1997, Bannerman, 1993 e Waschbushch,2000
(3) Steuer et al, 1997
Fonte: New York Stormwater Management Design Manual

30-2
Manejo de águas pluviais
Capítulo 30- Método Simples de Schueler
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Tabela 30.3 - Valores de “C”usados pelo Método Simples de Schueler, 1987 em mg/L.
Poluente NURP Baltimore Washington NURP Virginia FHWA
DC National
Study
Área Áreas Área média Florestas Rodovias
suburbana velhas comercial americanas
0,26 1,08 0,46 0,15
Fósforo
total
Nitrogênio 2,00 13,6 2,17 3,31 0,78
Total
COD 35,6 163,0 90,8 >40,0 124,0
BOD 5dias 5,1 36,0 11,9
Zinco 0,037 0,397 0,250 0,176 0,380
Fonte: AKAN, (1993) e McCUEN, (1998).

Na Tabela (30.4) estão os valores de concentração média adotado na Malásia.

Tabela 30.4- Valores médios de concentração adotados na MALÁSIA em mg/L


Vegetação Área Área Área Área em
Poluente nativa/ rural industria urbana construção
floresta l
85 500 50 - 200 50- 200 4000
Sedimentos
Sólidos totais em 6 30 60 85
suspensão (TSS)
Nitrogênio total 0,2 0,8 1,0 1,2
(NT)
Fósforo total 0,03 0,09 0,12 0,13
(PT)
Amônia 0,01- 0,03 0,01-0,26 0,01-9,8
Coliformes fecais 260-4000 700 - 4000-20000
3000
Cobre 0,03 – 0,09
Chumbo 0,2 – 0,5
Fonte: MALÁSIA, (2000)

Na Tabela (30.5) temos valores médios de poluentes fornecidos por Tucci, (2001).

30-3
Manejo de águas pluviais
Capítulo 30- Método Simples de Schueler
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Tabela 30.5- Valores médios de parâmetros de qualidade de águas pluviais em mg/L para
algumas cidades.
Durham Cincinatti Tulsa
Poluente Weibel et Porto APWA
Colson, al., 1964 AVCO, Alegre APWA, 1969
1974 1970
mínimo máximo
DBO 19 111,8 31,8 1 700
Sólidos 1440 545 1523 450 14600
totais
pH
Coliformes 23.000 8.000 1,5 x 10 7 55 11,2 x 10 7
NPM/100ml
Ferro 12 30,3
Chumbo 0,46 0,19
Amônia 0,4 1,0
Fonte: TUCCI, (2001).

Conforme USEPA, 2004 os valores de concentrações médias estão na Tabela (30.6).

Tabela 30.6- Concentrações médias de nitrogênio, fósforo e bactérias (coliformes fecais)


conforme o uso do solo
Uso do solo Concentração média de Concentração média Coliformes fecais
nitrogênio de fósforo Número de bactérias
(mg/L) (mg/L) por 100 mL
Schueler, 2000
Floresta 1,69 0,10 100
Área residencial de 1,88 0,40 20.000
baixa densidade
Área residencial de 1,88 0,40 20.000
densidade média
Área residencial de 1,90 0,29 20.000
alta densidade
Áreas comerciais e 1,90 0,23 20.000
industriais
Fonte: Schueler, 1987 e Thomson et al, 1997 in EPA/600/R-05/121A, 2004

Tabela 30.7- Concentração média de TSS


Uso do solo Concentração média de TSS
(mg/L)
Floresta 26
Área residencial de média e baixa densidade 117
Área residencial de alta densidade, áreas industriais e comerciais 116
Fonte: NURP (EPA, 1983) in EPA/600/R-05/121A, 2004

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Tabela 30.8- Dados de efluentes de: TSS, TP de vários locais

Fonte: Water quality perfomance of dry detention ponds with under-drains. Final report 2006.

Conforme Anta et al, 2006 em pesquisas realizadas na Espanha em Santiago de Compostela


em área urbana com área impermeável de 70%, 55ha, tc=25min, precipitação média anual de
1886mm, 141dias com chuva por ano em pesquisa de 14 chuvas achou-se os dados da Tabela (30.9) a
30.11).

Tabela 30.9- Características de poluentes em runoff de águas pluviais comparando dados de


varias origens com os dados obtidos na Espanha em julho de 2006

Fonte: Anta et al, 2006

Na Tabela (30.9) podemos ver que os valores de TSS na Espanha variaram de 50mg/L a 590
mg/L sendo a média de 219mg/L.

30-5
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Tabela 30.10- Classificação dos sedimentos em águas pluviais somente de TSS conforme varias
origens

Fonte: Anta et al, 2006

Na Tabela (30.10) observamos que conforme Butler et al, 2003 in Anta et al, 2006 para águas
pluviais os valores de TSS variam de 50mg/L a 1000mg/L, sendo que o diâmetro das partículas d50
varia de 20μm a 100μm.

Tabela 30.11- Carga por hectare dos 14 eventos analisados em na cidade de Santiago de
Compostela na Espanha

Fonte: Anta et al, 2006

Conforme Tabela (30.11) a média de TSS achada na Espanha é de 3,13 kg/ha x ano com
desvio padrão de 2,453kg/ha x ano. Recordemos que na Austrália é usado para estimativa o valor de
1,6 kg/ha x ano.

30-6
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Universidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul


Na dissertação de mestrado de Cintia Brum Siqueira Dotto, 2006 da Universidade Federal de
Santa Maria sobre Acumulação e balanço de sedimentos em superfícies asfálticas em área urbana de
Santa Maria, RS, foram apresentados vários dados que estão resumidos na Tabela (30.12).

Tabela 30.12-Dados fornecidos por Dotto, 2006


Fonte Área urbana TSS (mg/L)
Matos et al, 1998 220mg/L
Gomes e Chaudhry, 1981 Universidade de São 171mg/L a 3499mg/L área urbanizada
Carlos
165 mg/L a 1891 mg/L área menos urbanizada
Branco et al, 1998 Universidade Santa Maria 20mg/L a 1200mg/L (mesma região)
Paiva et al, 2001 Universidade Santa Maria Até 11000mg/L (mesma região)
Scapin, 2005 150mg/L a 1600mg/L
Paz et al, 2004 Universidade Santa Maria 700mg/L (área urbana) e 250mg/L (área rural)
Dotto, 2006 Universidade Santa Maria 8,0mg/L a 6000mg/L (grande variabilidade)
Média de 537,05mg/L

Conclusão: pelas tabelas citadas acima podemos ver como é difícil de se estimar o valor de sólidos
totais em suspensão TSS, pois o mesmo varia de 114mg/L até aproximadamente 4000mg/L
dependendo se existe solo nu ou muitas obras em construção.

Exemplo 30.1
Exemplo de AKAN, (1993).
Trata-se de área com 12ha, chuva média anual de 965mm sendo Pj = 0,90. Área antes do
desenvolvimento com 2% de área impermeável passou a 45% com a construção de uma vila de casas.
Calcular o aumento anual de fósforo total.
Para a situação de pré-desenvolvimento:
Rv= 0,05 + 0,009 x 2 = 0,07
Adotando C=0,15mg/L para fósforo total em florestas, na Tabela (30.3) na coluna de Virginia.
A carga anual será calculada usando:

L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
P=965mm
Pj =0,9 adotado
Rv=0,07
C=0,15mg/L Fósforo total/ Floresta
A=12ha
Rv=0,07
L=0,01 x 965mm x 0,9 x 0,07 x 0,15mg/L x 12ha
L=1,09 kg/ano
Para a situação de pós-desenvolvimento.
Rv= 0,05 + 0,009 x 45 = 0,46
P=965mm
Pj =0,9 adotado
Rv=0,07
C=0,26mg/L Fósforo total/ área suburbana
A=12ha

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Manejo de águas pluviais
Capítulo 30- Método Simples de Schueler
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L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A

L=0,01 x 965mm x 0,9 x 0,46 x 0,26mg/L x 12ha

L=12,46 kg/ano
Portanto, com o desenvolvimento a quantidade total de fósforo aumentará de 1,09kg/ano para
12,46 kg/ano com a construção de um bairro residencial proposto.

Exemplo 30.2
Calcular o aumento de sedimentos de área urbana com 46,75ha, chuva anual média de
1540mm e Pj =0,50. Supomos que no pré-desenvolvimento havia 2% de área impermeável e com o
desenvolvimento passou para 70%.
Pré-desenvolvimento

L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
P=1540mm
Pj =0,5 adotado
C=85mg/L sedimentos/ Floresta/ Malásia
A=46,75ha
Rv=0,05 + 0,009 x 2 = 0,07
L=0,01 x 1540mm x 0,5 x 0,07 x 85mg/L x 46,75ha
L=2.142 kg de sedimentos/ano
Pós-desenvolvimento

L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
P=1540mm
Pj =0,5 adotado
C=200mg/L sedimentos / Urbana/ Malásia, Tabela (30.4)
A=46,75ha
Rv=0,05 + 0,009 x 70 = 0,68
L=0,01 x 1540mm x 0,5 x 0,68 x 200mg/L x 46,75ha
L=48.957kg de TSS/ano
Com o pós-desenvolvimento o sedimento aumentará de 2.142kg/ano para 48.957kg/ano.

30.2 Eficiência relativa


Conforme Tomaz, 2006 existe uma confusão sobre termos que tentaremos esclarecer da melhor
maneira possível. Assim as definições de performance e eficiência são:
Performance: são as medidas que mostram como as metas das BMPs para águas pluviais são
tratadas.
Eficiência: são as medidas que mostram como as BMPs ou os sistemas de BMPs removem ou
controlam os poluentes.
Até o presente, a eficiência é tipicamente mostrada como uma “percentagem de remoção”, o que
não é uma medida válida.
Schueler, 2000 in EPA e ASCE, 2002 concluíram que existem “concentrações irredutíveis”, pois
não existe nenhuma maneira de se reduzir mais quando se trata de usar as práticas de melhoria da
qualidade para as águas pluviais. Assim os pesquisadores acharam limites de concentrações para as
águas pluviais para TSS, fósforo total, nitrogênio total, nitrato, nitrito e TKN (Total Kjeldahn
Nitrogênio), conforme mostra a Tabela (30.13).

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Tabela 30.13 - Concentrações irredutíveis conforme Schueler, 2000


Contaminante Concentração irredutível
(mg/L)
Sólido total em suspensão (TSS) 20 a 40
Fósforo total (PT) 0,15 a 0,2
Nitrogênio total (NT) 1,9
Nitrato - Nitrogênio 0,7
TKN (Nitrogênio Kjeldahn Total) 1,2
Fonte: EPA e ASCE, 2002.
O termo “remoção” pode conduzir a erros, como pode ser visto no exemplo que está na Tabela
(30.14).

Tabela 30.14 - Porcentagem de remoção da TSS aplicação de dois BMPs: A e B.


BMP BMP
A B

Concentração do afluente 200mg/L 60mg/L


Concentração do efluente 100mg/L 30mg/L
Eficiência 50% 50%
Fonte: EPA e ASCE, 2002.

Pela Tabela (30.14) pode-se ver que a chamada redução não mede plenamente a eficiência de um
sistema de BMP aplicado, pois o TSS tem uma concentração com a qual não há redução, conforme
vimos na Tabela (30.13).
Podemos então, considerar a redução limite de 20mg/L para o TSS e usaremos a eficiência
relativa que mostra melhor conforme Tabela (30.14).
Eficiência relativa = (C afluente – C efluente) / (C afluente – C limite)
Sendo C limite= 20mg/L (exemplo).

Tabela 30.15 - Porcentagem de eficiência relativa da TSS aplicação de dois BMPs, um chamado
A e outro B.
BMP BMP
A B

Concentração do afluente 200mg/L 60mg/L


Concentração limite 20mg/L 20mg/L
Concentração do efluente 100mg/L 30mg/L
Eficiência relativa 56% 75%
Fonte: EPA e ASCE, 2002.

As medidas e práticas para melhorarem a qualidade das águas pluviais nos Estados Unidos
receberam o nome de Best Management Practices (BMP) que praticamente foi imitado em todo o
mundo.

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30.3 Concentrações irredutíveis


As concentrações irredutíveis de efluentes das BMPs, são aquelas quantidades abaixo do qual é
impossível de se reduzir mais, conforme Tabela (30.12).
Verificar a semelhança com a Tabela (30.16) dos poluentes irredutíveis por sedimentação de
Schueler.

Tabela 30.16 - Limites de reduções de efluentes de algumas BMPs


BMPs TSS TP TN Cu Zn
mg/L mg/L mg/L µg/L µg/L
Bacia alagada 17 0,11 1,3 5,0 30
Wetland artificial 22 0,20 1,7 7,0 31
Práticas de Filtração 11 0,10 1,12 10 21
Práticas de 17 0,05 3,8 4,8 39
infiltração
Vala gramada 14 0,19 1,12 10 53
Fonte: New York State Storm water Management Design Manual, 2002.

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30.4 Dados de Urbonas, outubro de 2005


http://www.udfcd.org/conferences/pdf/conf2006/6-
1%20Urbonas%20History%20of%20USDCM%20Volume%203%20Changes.pdf
Os dados hachurados estão num intervalo de confiança de 95%.
Temos os TSS em mg/L da vazão influente e da efluente para várias BMPs conforme Tabela
SQ-6 do Urbonas.

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30.5 Qualidade das águas pluviais segundo CIRIA, 1997


Conforme CIRIA, 1997 o Reino Unido usa os seguintes conceitos para a melhoria da
qualidade das águas pluviais e estimar a carga poluente.
Primeiramente salienta que se trata de pequenas bacias isto é aquelas menos de 2.500ha
(24km2).
Calcula-se o runoff anualmente denominado Qano usando a seguinte equação:
Qano= a . Ap ( P – b) 10-3
Sendo:
Qano= volume anual de runoff (m3)
a= constante que representa a proporção da superfície impermeável da area da rede drenante da
bacia. A Tabela (30.17) apresenta alguns valores típicos de “a” segundo CIRIA, 1997.
Ap= área total impermeável (m2)
P= precipitação total anual (mm)
b= perda devido a depressão (mm). Os valores típicos de b estão entre 0,5mm a 1,0mm, mas pode
atingir até 3,0mm.

Tabela 30.17- Valores médios encontrados de “a” conforme o uso do solo


Uso do solo Valor a
Área com casas isoladas ou geminadas 0,5 a 0,6
Residência multi-familiar em condomínios 0,6 a 0,7
Área central comercial 0,8 a 1,0
Fonte: CIRIA, 1997

Vazão base
Quando a bacia é muito pequena podemos desprezar a vazão base.

Tabela 30.18- Concentração média urbana de carga de poluentes para diversos uso do solo em
mg/L exceto para os metais que estão em (μg/L)
TSS BOD COD NT PT Pb Zn Cu Oleo
Casas 100 8 50 2,0 0,3 100 150 35 0,2
isoladas ou
geminadas
Idem em 187 11 85 3,5 0,8 180 250 50 0,4
areas
velhas
Area 250 18 100 2,5 0,1 300 350 100 1,00
central
Industrial 280 15 110 3,0 0,1 140 500 130 2,0
e comercial
leves
Estradas 250 18 200 2,0 0,1 230 250 50 2,0
Nota: mg/L é igual a g/m3

CIRIA, 1997 salienta que os dados fornecidos e estimados devem ser usados somente como
estimativos, pois somente medidas feitas em campo de quantidade e qualidade fornecerão os dados
corretos.

Exemplo 30.3
Calcular a carga de TSS para uma área central de 50ha sendo P=1500mm/ano e b=0,5mm
(depressão) com 90% de área impermeável
A carga que consideraremos de TSS conforme Tabela (30.18) é de 250mg/L (g/m3) e
adotamos a=0,90
Qano= a . Ap ( P – b) 10-3

30-13
Manejo de águas pluviais
Capítulo 30- Método Simples de Schueler
Engenheiro Plínio Tomaz 03 de maio de 2009 pliniotomaz@uol.com

Ap= 0,9 x 50 x 10000=450.000m2


P=1500,,
b=0,5
Qano= 0,9x 450000 ( 1500 – 0,5) 10-3 =607.298m3
Carga= 607.298m3 x 250=151824500 g=151.825kg

30-14
Manejo de águas pluviais
Capítulo 30- Método Simples de Schueler
Engenheiro Plínio Tomaz 03 de maio de 2009 pliniotomaz@uol.com

30.6 Bibliografia e livros consultados


-AKAN, A OSMAN. Urban Stormwater Hydrology. Lancaster, Pennsylvania: Technomic, 1993,
ISBN 0-87762-967-6, 268 p.
-ANTA, JOSE et al. A BMP selection process based on the granulometry of runoff solids in a
separete urban catchement. Julho de 2006 www.wrc.org.za.
-CIRIA (CONSTRUCTION INDUSTRY RESEARCH AND INFORMATION ASSOCIATION). Design of flood
storage reservoirs. Inglaterra,140paginas, 1996.
-DEPARTAMENTO DE TRANSPORTE DE MINNESOTA. Water quality perfomance of dry
detention ponds with under-drains. Final report 2006.
-DOTTO, CINTIA BRUN SIQUEIRA. Acumulação de balanço de sedimentos em superfícies
asfálticas em área urbana de Santa Maria-RS, Dissertação de Mestrado, 2006.
-NEVES, MARLLUS GUSTAVO FERREIRA E MERTEN, GUSTAVO HENRIQUE. Deposição de
sedimentos na bacia de retenção do Parque Marinha do Brasil em Porto Alegre- RS, 2005.
-URBONAS, outubro de 2005
http://www.udfcd.org/conferences/pdf/conf2006/6-
1%20Urbonas%20History%20of%20USDCM%20Volume%203%20Changes.pdf
-USEPA. Methodology for analysis of detention basins of control of urban runoff quality. EPA 440/5-
87-001, september 1986.
-USEPA. Sewer Sediment and Control- a management practices reference guide. EPA/600/R/R-
04/059. Autor: Chi- Yuan Fan, janeiro de 2004.
-USEPA. Stormwater best management practices- Design guide. Volume 2. Vegetativa Biofilters.
EPA/600/R04/121A. Autor: Michael L; Clar, september 2004.

30-15
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 31- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira
Engenheiro Plínio Tomaz 15 de abril de 2009 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 31
Infiltração de água de chuva do telhado em
trincheira

Na África do Sul, o plantio de Eucalyptus grandis numa microbacia experimental com vegetação original de
savana, resultou, aos 5 anos de idade, num aumento de aproximadamente 300mm/ano a mais no consumo
de água.
Fonte: ESALQ, Manejo de Bacias Hidrográficas, 2005, prof. Walter de Paula Lima.

31-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 31- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira
Engenheiro Plínio Tomaz 15 de abril de 2009 pliniotomaz@uol.com.br

Sumário
Ordem Assunto
Capítulo 31- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira
31.1 Introdução
31.2 Critério de projeto
31.3 Profundidade máxima admissível
31.4 Área longitudinal da caixa de pedra
31.5 Infiltração da água de drenagem do subsolo em trincheira de infiltração
31.6 Duração da obra- longevidade
8 páginas

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 31- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira
Engenheiro Plínio Tomaz 15 de abril de 2009 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 10- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira

31.1 Introdução
Como as águas de chuva que caem em um telhado são relativamente limpas e não precisam de um
pré-tratamento, as mesmas podem ser conduzidas a uma caixa de pedras onde serão armazenadas e
infiltradas conforme Figura (31.1).
Haverá overflow do volume excedente. Na prática pode ser instalado um dispositivo na coluna de
descida de 100mm, por exemplo, que separa as folhas e demais sujeiras fazendo uma limpeza automática
das águas pluviais antes de irem para a caixa de pedra.
Devem receber somente a água de chuva provinda do telhado para não haver entupimentos e assim
será baixo o risco de contaminação do lençol freático.
Conforme informações de Lindsey et al (1992) in Ontário, 2003 foram monitorados 25 locais onde se
fazia a infiltração das águas de chuva dos telhados em caixas de pedra nº 3 e 60% das mesmas estavam
funcionando adequadamente.
Inglaterra
• Na Inglaterra é muito usado a infiltração da água de chuva do telhado em trincheira que é
chamado de soakways que deve ficar no mínimo a 5m de distância do prédio mais próximo e
o fundo deve estar no mínimo a 1,00 acima do lençol freático.
• A pedra britada deverá o mínimo de vazio de 30% e para o cálculo da vazão de pico podemos
usar período de retorno adotado em microdrenagem: 10anos ou 30anos.
• É importante salientar a necessidade do pré-tratamento para evitar entupimento.
• O esvaziamento deverá ser 24h e deverá ser previsto vazão de pico inclusive para
Tr=100anos.
• Na prática usa-se somente para uma casa, mas pode-se fazer o soakway para varias casas.
Quando
• Deverão ser tomados cuidados especiais quando a profundidade for maior que 4,00m.

Figura 31.1- Esquema de infiltração das águas pluviais do telhado


Fonte: CIRIA, 2007

31.2 Critérios de projeto


Adota-se o mesmo critério que é usado em trincheira de infiltração. O critério é infiltrar uma parte da
água, como por exemplo, aquela correspondente ao volume para melhoria da qualidade das águas pluviais,
denominado WQv que é dado pela Equação:

WQv= (P/1000) x Rv x A

Considerando para a Região Metropolitana de São Paulo o first flush P=25mm e sendo a área do
telhado AI=100% achamos, o coeficiente volumétrico Rv.

31-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 31- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira
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Rv= 0,05 + 0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 100=0,95

WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,95 x A= 0,0238 x A

Para área unitária: A=1m2

WQv= 0,0238m3/m2=24litros/m2 Adotamos: 25litros/m2

A largura e o comprimento da caixa dependerá das condições locais, enquanto que a profundidade
máxima deve ser de 1,5m, tolerando-se 2,0m em solos muito arenosos.
O tubo perfurado para monitoramento a ser instalado na parte superior da caixa de pedra deverá estar
de 75mm a 150mm acima do topo da caixa conforme Figura (31.2).
As pedras deve ter diâmetro de aproximadamente 50mm (pedra nº 3) e deve haver bidim em torno
da caixa para evitar que a mesma fique entupida com o material que está ao lado.

Figura 31.2-Exemplo de poço de infiltração com águas pluviais vinda do telhado.


Fonte: Estado de Vermont.

O nível de água do lençol freático varia durante o ano e deve ser escolhido local onde a altura é maior
que 1,00m para a pior situação.
Caso haja rocha no subsolo a mesma deve estar no mínimo a 1,00m abaixo do fundo da caixa de
pedra.
A taxa de percolação do solo deve ser ≥ 7mm/h.

31-4
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Capítulo 31- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira
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Figura 31.3- Infiltração com dispositivo para deter folhas, pequenas pedras, etc.
Fonte: Alberta, 1997
F

Figura 31.4- Esquema de infiltração da agua do telhado

Exemplo 31.1
Calcular o volume necessário para construção de uma caixa de pedra britada nº 3 para infiltrar parte das
águas pluviais provinda de um telhado com 500m2.

Volume máximo= 25 L/m2 x 500m2= 12.500litros=12,5m3

31-5
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Capítulo 31- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira
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31.3 Profundidade máxima admissível


O cálculo é semelhante a uma trincheira de infiltração.
A profundidade máxima admissível depende da textura do solo em que está a trincheira e da
porosidade do reservatório de pedras britadas é determinada pela Equação (31.1)

d= f . Ts / n (Equação 31.1)
Sendo:
d = profundidade máxima permissível (m). Geralmente d ≤1,50m. Para solo muito arenoso d=2,00m
f= taxa final de infiltração (mm/h). Intervalo: 7,0mm/h ≤ f ≤ 60mm/h
Ts=máximo tempo permitido (h). Varia de 24h ≤ Ts ≤ 48h. Normalmente adotado Ts=24h
n=porosidade das pedras britadas.

Exemplo 31.2
Escolher a profundidade de uma caixa para infiltração das águas pluviais do telhado que tem:
n=0,40 f= 15mm/h Ts= 24h (normalmente adotado)
d= f . Ts / n
d= 15mm/h . 24h / 0,40 =900mm=0,90m

31.4 Área longitudinal da caixa de pedra


Usando os mesmos procedimentos da trincheira de infiltração achamos a área At temos:

At = V / (n . d + f .T)
Sendo:
V= volume que entra na caixa de pedra nº 3 (m3)
At = área da superfície da caixa de pedra (m2)
f= taxa final de infiltração (mm/h)
T= tempo para enchimento sendo em geral menor que 2h.
d= profundidade da caixa (m)
n=porosidade das pedras britadas.

Exemplo 31.3
Para um telhado com 500m2 e volume V=12,5m3 calcular a caixa de pedra sendo f=15mm/h, d=0,90m
T=2horas e n=0,40.
At = V / (n . d + f .T)
At = 12,5 / (0,40 . 0,90 + 15mm/h .2h/1000)= 32m2
Portanto, uma superfície com 4m x 8m= 32m2 OK.

Figura 31.5 Esquema da caixa de pedras para armazenamento e infiltração da águas pluviais no solo.
Fonte: Ontário, 2003

31-6
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 31- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira
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31.5 Infiltração da água de drenagem do subsolo em trincheira de infiltração.


As águas de drenagem de um edifício como geralmente são limpas podem ser encaminhadas a uma
caixa de pedra para infiltração no solo, podendo ser usada bomba centrifuga para o bombeamento da mesma
conforme Figura (31.5).

Figura 31.6 Esquema da caixa de pedras para armazenamento e infiltração das águas de drenagem do subsolo.
Fonte: Ontário, 2003

Exemplo 31.4
Calcular a infiltração das águas do telhado em caixas de pedra britada nº 3 para uma casa com área de
telhado de 100m2 sendo f=20mm/h do solo nativo, porosidade efetiva n=0,40 e tempo de retenção Ts=24h

A profundidade máxima da caixa de pedra “d”:


d= f . Ts / n
d= 20 . 24 / 0,40= 1200mm= 1,20m

A área longitudinal da caixa de pedra será calculada da seguinte maneira.


Considera-se somente a área do telhado:
V= 25litros/m2 x 100m2= 2.500litros= 2,5m3
T=2h
At = V / (n . d + f .T)
At = 2,5 / (0,40 x 1,20 + 20 .2/1000)= 2,5/0,52=4,8m2
Portanto, a caixa de pedra deverá ter 1,30m de largura por 4,00m de comprimento, isto é, 5,2m2 por
1,20m de profundidade.

31-7
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 31- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira
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31.6 Duração da obra- longevidade


As práticas de infiltração são as que possuem menor longevidade devido a entupimento. Ontário,
2003 apresenta a Equação (31.3) para o cálculo da longevidade de uma obra em anos.
Para aplicação do método supõe-se que foi deixado distância suficiente entre a rocha e o fundo da
BMP ou distância entre o fundo da BMP e o lençol freático de no mínimo 1,00m.
Considera-se que haja dispositivo de filtro das águas de chuva que caem no telhado.

L= ( f x T ) 0,4 (Equação 31.3)


L= longevidade em anos
T= fator de longevidade conforme Tabela (31.1)
f= permeabilidade (mm/h).

Tabela 31.1- Estimativa da longevidade para BMP com infiltração


BMP com infiltração Fator de longevidade
(T)
Infiltração das águas pluviais do telhado 60
Bacia de infiltração 15
Trincheira de infiltração 25
Fonte: Ontário, 2003

Exemplo 31.5
Calcular a longevidade em anos da infiltração das águas pluviais do telhado em um caixa de pedra sendo f=
20mm/h.
Usando a Tabela (31.1) achamos T=60
L= ( f x T ) 0,4
L= ( 20mm/h x 60 ) 0,4
L= 7anos OK.

31.7 Determinação da profundidade máxima hmax para soakaway conforme CIRIA, 2007.
Conforme CIRIA, 2007 a profundidade máxima da água numa estrutura vertical como o
soakaway é:
hmax = a [ exp(-bD) -1]
Sendo:
hmax= profundidade máxima da água (m)
a= Ab/P – ( i . AD/ P. q)
i= intensidade da chuva (mm/h) conforme período de retorno adotado
q=condutividade hidráulica do solo (m/h)
AD= área drenada (m2)
Ab=base da área do sistema de infiltração (m2)
P= perímetro do sistema de infiltração (m)
b= (P. q)/ (n . Ab)
n= porosidade das pedras
D=duração da chuva (h)

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Capítulo 31- Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira
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31.7 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 32- Rain garden
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Capítulo 32
Rain Garden

O primeiro sistema de filtração construído nos Estados Unidos foi na cidade de Richmond no Estado
da Virginia em 1832.

32-1
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Capítulo 32- Rain garden
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Sumário
Ordem Assunto
Capitulo 32- Rain garden
32.1 Introdução
32.2 Manutenção
32.3 Resultados de eficiência dos rains gardens
32.4 Rains gardens de Maryland
32.5 Pesquisas feitas sobre rains gardens
32.6 Volume
32.7 Vazão de pré-desenvolvimento
32.8 Vertedor retangular
32.9 Dimensões típicas
32.10 Profundidade
32.11 Custos
32.12 Permeabilidade
32.13 Drenagem
9 páginas

32-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 32- Rain garden
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 32- Rain Garden

32.1 Introdução

O rain garden além de deter enchente, melhoria da qualidade das águas pluviais ajuda também a
a recarga de aqüíferos subterrâneos conforme Figuras (32.1) a (32.7).
A infiltração média de um rain garden é de 30%.
O rain garden fica de 4 a 5 dias com água das chuvas e depois a mesma desaparece e com isto não
tem causado problemas de mosquitos.
Geralmente usam-se plantas nativas que tem raízes que atingem grande profundidade em torno de
2,0m a 4,5m.
Geralmente é construído em locais com declividade menores que 10%.
O rain garden não deve ser compactado, pois, isto dificultaria a infiltração das águas pluviais no solo.
Se houve compactação do solo o mesmo deverá ser escarificado cerca de 0,30m de profundidade e ser
colocado solo orgânico de espessura de 0,15m a 0,25m aproximadamente.

Figura 32.1- Localização de rain garden no fundo das casas

Figura 32.2 Rain Garden

32-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 32- Rain garden
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Figura 32.3 Corte de um rain garden. Após o enchimento a água passará por cima da pequena
barragem sem provocar danos.

Figura 32.4 Corte de um rain garden

32.2 Manutenção
A manutenção do rain garden deve ser constante podendo o mesmo ter vida útil de mais de 20anos
conforme Minnesota, 2000.

Figura 32.5- Rain garden inundado com a água da chuva que em 4 ou 5 dias se infiltrará no
solo não causando problemas com mosquitos.

32-4
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 32- Rain garden
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Figura 32.6- Construção de um pequeno rain garden que infiltrará a água vinda do telhado.
Observar a berma de terra. Após enchimento a água passará por cima da berma.

Figura 32.7- Perfil esquemático de localização de um rain garden.


http://www.ci.schaumburg.il.us/vos.nsf/e2481b32d10b3b6786256be600778276/44eb4dbf629b83b386256eca0063e653/$FILE/A
ppA-Residential%20Guide-2.pdf. Acesso em 4 de novembro de 2005.

Figura 32.8- Construção de um rain garden. Observar a berma de terra e o pequeno desnível.

32.3 Resultados da eficiência dos rains gardens.


Ainda não se tem resultados práticos das melhorias que o rain garden causa na qualidade das águas
pluviais, na redução de pico de enchentes e não redução de volume de enchentes. A única informação que
dispomos é que o mesmo é bem aceito pela comunidade.
Apesar de que a água de chuva em 4 ou 5 dias será infiltrada ou drenada, sempre deverão ser
tomados cuidados com empoçamentos para evita a proliferação de mosquitos, principalmente o da dengue.
O rain garden deverá ser afastado das residenciais no mínimo de 3,00m.
É necessário que haja área de terreno s para se executar um rain garden, devendo os lotes ter área
em torno de 1000m2 para a sua viabilidade, o que na prática é difícil de ser usado no Brasil em áreas urbanas,
mas que podem podem possam podem ser facilmente implantados em condomínios muitos usuais atualmente
na Região Metropolitana de São Paulo.

32-5
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 32- Rain garden
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

32.4 Rains gardens de Maryland


Em 1995 no condado Prince George do Estado de Maryland em uma região de 32ha onde havia 199
casas com terrenos de 1000m2 cada preço de US$ 160.000.
Foram executados em cada lote rains gardens com área de 30m2 a 40m2 a um custo de US$ 500
cada, sendo US$ 150 devido à escavação e US$ 350 devido às plantas escolhidas.
A alternativa era a construção de guias, sarjetas, tubulações e lagoa a um custo de US$ 400.000.
Comparando com o custo obtido de US$ 100.000 foram construídos os 199 rains gardens com pleno sucesso.
A manutenção é feita pelos proprietários e as plantas devem ser resistentes tanto a época das chuvas
como a das secas.

32.5 Pesquisas feitas sobre rains gardens


Alejandro R. Dussaillant da Universidade do Chile trabalhando nos Estados Unidos no Estado de
Wisconsin demonstrou que o rain garden auxilia a recarga do aqüífero subterrâneo de 15% a 37%.
Concluiu ainda que a área do rain garden varia de 10% a 20% da área impermeabilizada.
A infiltração no solo nas pesquisas que efetuou variava de 50mm/h a 70mm/h, que é muito alta.

Figura 32.9- Esquema do rain garden estudado por Dussailant em Wisconsin.


Fonte: http://www.iemss.org/iemss2004/pdf/hydroresponses/dussinfi.pdf . Acessado em 4 de
novembro de 2005.

32-6
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 32- Rain garden
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32.6 Volume para enchente e melhoria da qualidade das águas pluviais


O volume do reservatório enterrado pode ser calculado da mesma maneira de um reservatório de
detenção usual.
Utilizaremos o Capítulo 3 do livro “Critério Unificado para Manejo de Águas Pluviais” de Tomaz, 2005
onde usando o método Racional e de maneira semelhante ao feito pelo professor Tucci, achamos para a
Região Metropolitana de São Paulo para período de retorno de 10anos:

V= 4,65 x AI x A
Sendo:
V= volume de detenção (m3)
AI= área impermeável (%)
A= área da bacia (ha)

Exemplo 32.1
Dimensionar o volume para área A=1000m2, área impermeável AI= 30%.
V= 4,65 x AI x A
V= 4,65 x 30 x (1000/10000)= 4,65 x 30 x 0,1=14m3
Portanto, deverá haver volume de 14m3 para detenção da água de chuva

Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv


Coeficiente volumétrico Rv
Rv= 0,05 + 0,009 x AI

Volume WQv
WQv= (P/1000) x Rv x A

Sendo:
AI= porcentagem de impermeabilizada (%)
P= first flush= 25mm (RMSP)
A= área da bacia (m2)

Exemplo 32.2
Achar o volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv para área A=1000m2 e área
impermeável AI= 30%.

Rv= 0,05 + 0,009 x AI = 0,05+0,009 x 30= 0,32

Volume WQv

WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,32 x 1000m2 = 8 m3

32.7 Vazão de pré-desenvolvimento


A vazão de pré-desenvolvimento para Tr= 10anos é qn=24 litros/segundo x ha.

Qpre-desenvolvimento = qn x A =24 x A
Sendo:

Qpre-desenvolvimento = vazão do orifício de saída para não causar enchentes (litros/segundo)


A= área da bacia (ha)
Taxa da vazão específica para Tr=10anos=qn= 24 litros /segundo x ha

Exemplo 32.3
Achar a vazão de pré-dimensionamento para área de bacia com 1000m2.

Qpre-desenvolvimento = 24 x A= 24 x (1000/10000) =2,4 litros/segundo

32-7
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 32- Rain garden
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32.8 Vertedor retangular


Conforme Tomaz, 2002 um vertedor retangular de parede espessa tem a Equação:

Q=1,71x L x H (3/2)
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
L= largura do vertedor retangular (m)
H= altura da vertedor a contar da soleira (m).
O vertedor retangular geralmente é usado para a descarga da vazão centenária Q100.
3
Tabela 32.1 - Vazões em vertedor retangular em m /s de acordo com a altura H(m) e o comprimento L (m).
(3/2)
Q=1,71 x L x H
Altura H Largura do vertedor retangular em metros
(m) 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 1,10 1,20 1,30 1,40 1,50 1,60 1,70 1,80 1,90 2,00
0,1 0,027 0,032 0,038 0,043 0,049 0,054 0,059 0,065 0,070 0,076 0,081 0,087 0,092 0,097 0,103 0,108
0,2 0,076 0,092 0,107 0,122 0,138 0,153 0,168 0,184 0,199 0,214 0,229 0,245 0,260 0,275 0,291 0,306
0,3 0,140 0,169 0,197 0,225 0,253 0,281 0,309 0,337 0,365 0,393 0,421 0,450 0,478 0,506 0,534 0,562
0,4 0,216 0,260 0,303 0,346 0,389 0,433 0,476 0,519 0,562 0,606 0,649 0,692 0,735 0,779 0,822 0,865
0,5 0,302 0,363 0,423 0,484 0,544 0,605 0,665 0,725 0,786 0,846 0,907 0,967 1,028 1,088 1,149 1,209
0,6 0,397 0,477 0,556 0,636 0,715 0,795 0,874 0,954 1,033 1,113 1,192 1,272 1,351 1,431 1,510 1,589
0,7 0,501 0,601 0,701 0,801 0,901 1,001 1,102 1,202 1,302 1,402 1,502 1,602 1,703 1,803 1,903 2,003
0,8 0,612 0,734 0,857 0,979 1,101 1,224 1,346 1,468 1,591 1,713 1,835 1,958 2,080 2,202 2,325 2,447
0,9 0,730 0,876 1,022 1,168 1,314 1,460 1,606 1,752 1,898 2,044 2,190 2,336 2,482 2,628 2,774 2,920
1,0 0,855 1,026 1,197 1,368 1,539 1,710 1,881 2,052 2,223 2,394 2,565 2,736 2,907 3,078 3,249 3,420
1,1 0,986 1,184 1,381 1,578 1,776 1,973 2,170 2,367 2,565 2,762 2,959 3,156 3,354 3,551 3,748 3,946
1,2 1,124 1,349 1,573 1,798 2,023 2,248 2,473 2,697 2,922 3,147 3,372 3,597 3,821 4,046 4,271 4,496
1,3 1,267 1,521 1,774 2,028 2,281 2,535 2,788 3,042 3,295 3,548 3,802 4,055 4,309 4,562 4,816 5,069
1,4 1,416 1,700 1,983 2,266 2,549 2,833 3,116 3,399 3,682 3,966 4,249 4,532 4,815 5,099 5,382 5,665
1,5 1,571 1,885 2,199 2,513 2,827 3,141 3,456 3,770 4,084 4,398 4,712 5,026 5,341 5,655 5,969 6,283

Na prática o rain garden não dispõe de um vertedor, sendo que o vertedor ocupará toda crista da
pequena barragem de cerca de 0,60m de altura.
As águas de chuvas serão armazenadas e depois infiltradas. As águas que não forem armazenadas
passaram por cima da pequena barragem sem dano, devendo a mesma ser distribuída uniformemente.
Deverá haver condições para a infiltração da água, caso contrario a mesma ficara empoçada e poderá
desenvolver mosquitos como o da dengue.

32.9 Dimensões típicas


As dimensões típicas de um rain garden são de 4m x 12m com área aproximada de 48m2.
A área é aproximadamente ¼ da área impermeabilizada.

32.10 Profundidade
A profundidade típica de um rain garden varia de 100mm a 150mm.

32.11 Custos
O custo varia de US$ 500/rain garden a US$ 1200/rain garden.
O custo unitário em áreas residenciais varia de US$ 30/m2 a US$ 40/m2, incluso materiais, mão de
obra e leis sociais.

32.12 Permeabilidade
Deverá ser feito teste da permeabilidade do solo para termos uma idéia da infiltração.

32-8
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 32- Rain garden
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32.13 Drenagem
Quando não há possibilidade da água do rain garden ser toda infiltrada é feita a drenagem do rain
garden é previsto um tubo de PVC perfurado com diâmetro de 150mm e com declividade mínima de 0,5%.
O tubo de drenagem deverá estar envolto em bidim para evitar entupimentos.

Figura 32.10- Corte esquemático típico de um rain garden


Fonte: http://www.cofairhope.com/images/raingarden.pdf Acesso: 4 de novembro de 2005

32-9
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de automóveis
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Capítulo 33
Armazenamento de águas pluviais em
estacionamento de automóveis
Os egípcios usavam o sulfato de alumínio para clarificar a água 1600 aC e em 1300aC sifonavam a
água transferindo-a para um outro recipiente para assim remover os sólidos.

33-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de automóveis
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Sumário
Ordem Assunto
Capitulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de
automóveis
33.1 Introdução
33.2 Armazenamento superficial em um estacionamento
33.3 Armazenamento sub-superficial em um estacionamento de veículos
33.4 Cálculos
33.5 Caixa separadores de óleos e graxas
8 páginas

33-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de automóveis
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Capítulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de automóveis

33.1 Introdução
O estacionamento de veículos, principalmente de automóveis, pode ser usado como armazenamento
de águas pluviais para reduzir a vazão de pico das enchentes nas galerias de águas pluviais e propiciar a
infiltração parcial ou total no solo.
Existem duas maneiras de se fazer o armazenamento: superficial e sub-superficial.

33.2 Armazenamento superficial em um estacionamento


Geralmente pode ser usado em estacionamento de veículos de áreas comerciais e industriais e pode
ser usado em áreas já construídas para que não haja necessidade de se aumentar os diâmetros das galerias
existentes.
Na prática existem poucas cidades que usam o estacionamento de veículos para o armazenamento
de águas pluviais superficialmente.
O estacionamento deve ter declividade maior que 0,5% e menor que 5% para se fazer o
armazenamento.
Para o armazenamento a profundidade máxima admitida é de 200mm que poderá ficar no máximo
no tempo de 30min conforme Tucci e Genz, 1995. A vazão de pico geralmente é para período de retorno de
2anos nas condições de pós-desenvolvimento.
Deve ser instalado dispositivo para o escoamento da água no período máximo de uma hora e para
enchentes de até Tr=100anos.

Desvantagem
O armazenamento superficial em estacionamento apresenta o inconveniente de o estacionamento
ficar inundado durante uma hora e isto é muito criticado pelos usuários dos veículos.

33.3 Armazenamento sub-superficial em um estacionamento de veículos


Existe outra maneira que se pode proceder em novos estacionamentos, que é sub-superficial fazer
um reservatório de pedras britadas ou dispositivo manufaturados de plásticos para o armazenamento de
águas pluviais devendo a água serem infiltrada caso haja permeabilidade no local ou conduzida à galeria de
águas pluviais mais próxima.
A câmara de infiltração é uma tecnologia emergente e é um exemplo de um estacionamento em
asfalto havendo câmaras de plásticos sub-superficial conforme Figura (33.1).
A grande vantagem é que pode haver um asfalto por cima e por baixo as águas pluviais ficam
armazenadas um determinado tempo, diminuindo os picos de vazão de enchentes.
O problema é que os custos serão bem maiores e é praticamente inaplicável em áreas de
estacionamentos já existentes.
Os conceitos de dimensionamento são semelhantes ao pavimento modular

33-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de automóveis
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1
Figura 33.1- Aplicação do Infiltrator em um estacionamento de veículos. As águas pluviais vão
para a caixa que as distribui para as câmaras de infiltração.
.

Dica: apesar de contribuir para a diminuição do pico de vazão (atenuação) para as galerias de águas
pluviais, o armazenamento superficial ou sub-superficial em estacionamento de veículos não diminui
o volume de águas pluviais, não havendo vantagens significativas.

Figura 33.2- Aplicação prática da firma Contec

33-4
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de automóveis
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Figura 33.3- Seção típica do Infiltrator

Figura 33.4- Corte esquemático de uma peça da câmara de infiltração da marca Contec

Figura 33.5- Assentamento de um infiltrator


Fonte: Estado da Pennsylvania 2005

Câmaras de infiltração
As câmaras de infiltração são feitas de um tipo de plástico chamado poly-tuff e são usadas para
permitir a infiltração em estacionamentos de carros e são fabricadas pela firma Infiltrator Systems Inc e
Contec.
As áreas usadas possuem área de aproximadamente 0,26ha de área impermeável. A precipitação no
estacionamento é encaminhada para o reservatório formado pelas câmaras de infiltração e lá fica
armazenado. Uma parte pode se infiltrar e outra parte é conduzida para o sistema de galeria de águas pluviais
existente.

33-5
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de automóveis
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Funciona como um reservatório de detenção seco. Possui altura útil de aproximadamente 0,60m e
comprimento variado. O engenheiro Molina da JS Engenharia e Construções jsmolina@terra.com.br que já
executou mais de 300 estações de tratamento de esgotos sanitários, já assentou as câmaras de infiltração em
Botucatu, Sorocaba, Brotas, Reginópolis e em Ubatuba, todas cidades no Estado de São Paulo.
A cobertura mínima é de 0,46m e resiste a carga de até 16ton. A largura é de 0,90m e o comprimento
da peça é de 1,90m cada. Em cada peça pode ser armazenado 0,46m3 o que corresponde a 0,24m3/metro.
O dr. Molina tem usada as câmaras de infiltração em tratamentos de esgotos sanitários com bastante
sucesso em áreas de solos argilosos com baixa capacidade de infiltração de 25litros/dia/m2 (25mm/dia) a
50litros/dia/m2 (50mm/dia).

33.4 Cálculos
O dimensionamento é semelhante ao pavimento modular, onde a camada de pedra achada que será
o reservatório da água de chuva é substituído pelo vazio das câmaras de infiltração.
Observar na Figura (33.1) a direita a existência de uma caixa para retenção de óleos e graxas e
sedimentação de materiais grosseiros, antes da água de chuva ser encaminhada às câmaras de infiltração.

O cálculo é feito usando o volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv.
Rv= 0,05+ 0,009 x AI
WQv= (P/1000) x Rv x A
P= 25mm (first flush para a RMSP)

d= WQv/ ( A x n)
Sendo:
d= espessura da camada de pedra (m) d ≥ 0,15m (Tucci, 2000)
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)
n= 0,32 porosidade específica das pedras britadas (adimensional)

Cálculo do tempo de esvaziamento.


A espessura da camada de pedras britadas é de 0,25m e, portanto o tempo de esvaziamento será:
O tempo de esvaziamento = (espessura da camada de pedra) / K = 250mm/7mm/h= 36h <48h OK.

Exemplo 33.1
Dimensionar um estacionamento com 300m2 com 25m de frente por 30m de fundo. A condutividade hidráulica
do solo é de 13mm/h.

Área = 300m2= 300/10000= 0,03ha


Faixa de 25m x 30m
Comprimento máximo = 30m
P= 25mm first flush adotado para RMSP
Área impermeável = 100%
Rv= 0,05+ 0,009 x AI= 0,05+ 0,009 x 100= 0,95
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,95 x 300m2= 7 m3
I = 45,13 x C + 0,98 = 45,13 x 0,95 + 0,98= 44mm/h
Vazão para o pré-tratamento usando o Método Racional para áreas <2ha.
Qo= C . I . A /360 = 0,95 x 44 x 0,03 / 360 = 0,0035 m3/s= 3,5 litros/segundo

O armazenamento terá como objetivo infiltrar a vazão de 3,5 litros/segundo, sendo que o restante irá
para a drenagem publica existente no local.
As águas pluviais caindo no estacionamento será conduzida para o Stormceptor onde os sedimentos
serão decantados e será retirada as graxas e óleos. Este sistema geralmente funciona bem para áreas
pequenas, isto é, até 4.000m2.
O volume WQv= 7m3 e que deverá ser dirigido para as câmaras de infiltração que possuem
capacidade de 0,24m3/metro.
Portanto, 7m3 / 0,24m3/metro = 30m de câmaras.
Vamos supor que as câmaras tenham comprimento de 5 x 2,00m= 10m
Portanto haverá necessidade de três linhas de câmaras de infiltração conforme Figura (33.2).
Como a altura útil da câmara de infiltração é de 600mm e considerando que a infiltração 13mm/hora
teremos:
600mm/ 13mm/h = 46h < 48h tempo de esvaziamento, que está entre 24h e 48h portanto OK.

33-6
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Capítulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de automóveis
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33.5 Caixa separadores de óleos e graxas


Para evitar entupimento e entrada de óleos e graxas que iriam contaminar o lençol freático é
necessário fazer a retirada dos mesmos.
Para isto pode ser usada a caixa da Figura (33.6) cuja patente pertence a firma americana
Stormceptor.

Figura 33.6- Perfil e planta do Stormceptor


Observar que é uma patente americana e que não existe no Brasil
Fonte:WINKLER, (1997)

Uma outra maneira é construir caixas modelo API.


Existem dois tipos de caixas API, a usual por gravidade e aquela que usa as placas coalescentes para
dar menor dimensões.
Existem também no mercado caixas separadoras de óleos e graxas que podem ser adquiridas no
Brasil. Vamos mostrar um dimensionamento sucinto conforme EPA e Figura (33.7).

Primeiramente temos que salientar que a área máxima para uma caixa API é de 4000m2. O custo
médio delas é de US$ 8.500/cada o que torna proibitivo para grandes áreas.
Recordemos então que conforme Figura (33.7) a caixa API consiste de três câmaras. As duas
primeiras são dimensionadas e a última que é de equalização é estimada aproximadamente.
Para as duas primeiras caixas é recomendado pela EPA que sendo o comprimento das duas o valor
A, a primeira caixa deverá ter dimensões 2/3 de A e a outra 1/3 de A.
A profundidade mínima da água recomendada é de 1,20m e o sifão que está na caixa do meio deverá
ter no mínimo 1,00m de altura.
O tempo de detenção deverá ser maior ou igual a 20min para um bom funcionamento.

33-7
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Capítulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de automóveis
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Figura 33.7- Modelo de caixa para deposição de sólidos e retençao de óleos e graxas conforme EPA.
Fonte: http://www.epa.gov/owmitnet/mtb/wtrqlty.pdf . Acessado 5/11/2006

Exemplo 33.2
Dimensionar um estacionamento com 300m2 com 25m de frente por 30m de fundo. A condutividade hidráulica
do solo é de 13mm/h.

Área = 300m2= 300/10000= 0,03ha


Faixa de 25m x 30m
Comprimento máximo = 30m
P= 25mm first flush adotado para RMSP
Área impermeável = 100%
Rv= 0,05+ 0,009 x AI= 0,05+ 0,009 x 100= 0,95
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,95 x 300m2= 7 m3
I = 45,13 x C + 0,98 = 45,13 x 0,95 + 0,98= 44mm/h
Vazão para o pré-tratamento usando o Método Racional para áreas <2ha.
Qo= C . I . A /360 = 0,95 x 44 x 0,03 / 360 = 0,0035 m3/s
Tempo de detenção:
Adotando tempo de detenção de 20min teremos:
Q= 0,0035m3/s
T= 20min
Volume das duas primeiras câmaras= Q x T = 0,0035m3/s x 20min x 60s=4,2m3
Portanto, o volume deverá ser de 4,2m3.
Considerando que o comprimento das duas caixas seja A e que B=largura da caixa e altura seja de 1,20m
teremos:
Volume = A x 1,20m x B = 4,2m3
Consideremos B= 1,5m
Volume = A x 1,20 x 1,50 = 6,3
Achamos A= 2,33m
2/3 de A= 1,55m
1/3 de A= 0,78m

L =4,26m

Lf=1,82 Ls=1,22m La=1,22

Profundidade=d=1,2m
Figura 33.8- Esquema de uma caixa de retenção de óleo e sedimentos mínima para área de 300m2
(FHWA) com as dimensões internas.

Adotamos as medidas mínimas do FHWA conforme Figura (33.8) do capitulo 2 deste livro.

33-8
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 33- Armazenamento de águas pluviais em estacionamento de automóveis
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Lf= 1,82m ao invés de 1,55m


Ls= 1,22m ao invés de 0,78m
La= 1,22m

Exemplo 33.3
Dimensionar um estacionamento com 4000m2 sendo a condutividade hidráulica do solo é de 13mm/h.

P= 25mm first flush adotado para RMSP


Área impermeável = 100%
Rv= 0,05+ 0,009 x AI= 0,05+ 0,009 x 100= 0,95
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,95 x 4000m2= 95 m3
I = 45,13 x C + 0,98 = 45,13 x 0,95 + 0,98= 44mm/h
Vazão para o pré-tratamento usando o Método Racional para áreas <2ha.
Qo= C . I . A /360 = 0,95 x 44 x 0,4 / 360 = 0,045 m3/s
Tempo de detenção:
Adotando tempo de detenção de 20min teremos:
Q= 0,045m3/s
T= 20min
Volume das duas primeiras câmaras= Q x T = 0,045m3/s x 20min x 60s=54m3
Portanto, o volume deverá ser de 54m3.
Considerando que o comprimento das duas caixas seja A e que B=largura da caixa e altura seja de
1,20m teremos:
Volume = A x 1,20m x B = 54m3
Consideremos B= 3,00m
54 = A x 1,20 x 3,00
Achamos A= 15,0m
Primeira caixa =2/3 de A= 10,0m
Segunda caixa =1/3 de A= 5m

L =16,5m

Lf=10,0 Ls=5,0m La=1,5

Profundidade=d=1,2m
Figura 33.8- Esquema de uma caixa de retenção de óleo e sedimentos mínima para área de 300m2
(FHWA) com as dimensões internas.

O comprimento da última câmara que é de equalização é estimada La=1,5m.


As duas primeiras câmaras deverão terão 54m3.
Conferindo: (10+5) x 3,00 x 1,20= 54m3 OK.

33-9
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 34- Nivelamento do solo perto dos edifícios
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Capítulo 34
Nivelamento do solo perto dos edifícios
Os engenheiros romanos fizeram aquedutos entre 343 aC a 225 dC e transportaram 6m3/s de água.

34-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 34- Nivelamento do solo perto dos edifícios
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julhode 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Sumário
Ordem Assunto
Capitulo 34- Nivelamento do solo perto dos edifícios
34.1 Introdução
34.2 Influência das poças de água
34.3 SCS TR-55
34.4 Volume de água quando foi feito o nivelamento de parte do terreno
4 páginas

34-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 34- Nivelamento do solo perto dos edifícios
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julhode 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 34- Nivelamento do solo perto dos edifícios

34.1 Introdução
Após construir um edifício aconselha-se a redução das declividades nas áreas próximas para facilitar
o armazenamento das águas pluviais e infiltração no solo.
Para afastar as águas pluviais do edifício recomenda-se que numa faixa de 4,00m a declividade
mínima seja de 2% e fora da faixa seja em torno de 0,5% conforme Figura (34.1).
Para haver infiltração é necessário que a taxa de percolação seja ≥7mm/h e pode ser usada técnicas
de escarificação e aragem do solo até uns 0,30m de profundidade para facilitar a infiltração, pois durante a
construção há uma ligeira compactação do solo.

Figura 34.1- Nivelamento do solo perto dos edifícios


Fonte: Ontário, 2003

Existe pouca experiência nos resultados das técnicas de nivelamento perto dos edifícios em que a água
empoçada será drenada no período de 24h a 48h, mas de modo geral o público recebe bem os benefícios da
mesma conforme Ontário, 2003.

34.2 Influência das poças de água


O manual de gerenciamento de águas pluviais de Ontário, 2003 conseguiu dimensionar o quanto
contribui para as poças de água o nivelamento do solo através da Equação (34.1).
DSP= 4,67 + (2 – G) x f (Equação 34.1)
Sendo:
DSP= armazenamento por depressão (poças) em mm
G= declividade que será adotada (%)
f= fator de longevidade= 0,75 (adotado)

Exemplo 34.1
Calcular o reajuste devido a depressão (poças) em um terreno que com 2% de declividade e que irá ser
reduzido além dos 4m de distância do edifício para 0,5%.
DSP= 4,67 + (2 – G) x f
G= 0,5%
f= 0,75
DSP= 4,67 + (2 – 0,5) x 0,75 =5,8mm

34-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 34- Nivelamento do solo perto dos edifícios
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julhode 2008 pliniotomaz@uol.com.br

34.3 Volume de água quando foi feito o nivelamento de parte do terreno


Para nivelamento do solo perto dos edifícios podemos calcular os efeitos no volume para melhoria da
qualidade de água das águas pluviais conforme Ontário, 2003.

V= (A- LL ) x S + LL x [ S – (( 2 – G) x 10 x f) ] (Equação 34.2)

Sendo:
V= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)
A= área total da bacia (ha)
LL= área em que foi feito o nivelamento do lote (ha)
S= volume original para melhoria da qualidade (m3/ha)
G= nivelamento do terreno (%)
f= fator de longevidade conforme Tabela (34.1) que depende da taxa de percolação.
Nota: se o segundo termo do lado direito da Equação (34.2) for negativo então o mesmo é considerado igual a
zero.

Tabela 34.1- Fator de longevidade conforme a taxa de percolação P


Taxa de percolação do solo- P (mm/h) Fator de longevidade
(f)
P< 25 0,50
25<P < 100 0,75
P>100 1,00
Fonte: Ontário, 2003

Exemplo 34.2
Seja uma área de bacia A=1,2ha, G=0,5% , f=0,75, área impermeável de 10% ao telhado de uma construção
e a área que foi nivelada tem LL=0,5ha. Calcular o volume necessário para armazenamento.

Rv= 0,05 + 0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 10= 0,14


WQv= (P/1000) x Rv x A
P=25mm
WQv= (25/1000) x 0,14 x 1,2ha x 10000m2= 42m3

Ou seja, S= 42m3/ 1,2ha = 35m3/ha


V= ( A- LL ) x S + LL x [ S – (( 2 – G) x 10 x f) ]

V= ( 1,2- 0,5 ) x 35 + 0,5 x [ 35 – (( 2 – 0,5) x 10 x0,75) ]= 36m3 < 42m3 OK

O volume antes necessário para melhoria da qualidade das águas pluviais era de 42m3, mas como foi
feito o nivelamento de parte do solo, caiu para 36m3.

34-4
Manejo de águas pluviais
Capitulo 35- Cerca de sedimentos
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Capítulo 35
Cerca de sedimentos

35-1
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Sumário

Ordem Assunto
Capítulo 35- Cerca de sedimentos
35.1 Introdução
35.2 Descrição
35.3 Dimensionamento
35.4 Espaçamento entre as cercas de sedimentos quando o escoamento é laminar
35.5 Espaçamento entre as cercas de sedimentos quando há escoamento concentrado
35.6 Manutenção
35.7 Custos
35.8 Materiais
35.9 First flush
35.10 Modelo matemático para cálculo da cerca de sedimentos
35.11 Cerca de feixe de capim seco
35.12 Proteção de bocas de lobo
35.13 Geotexteis
35.14 Bibliografia e livros consultados
25 páginas

35-2
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Capítulo 35- Cerca de sedimentos

35.1 Introdução
A cerca de sedimentos (silt fence ou filter fence) é uma medida estrutural temporária feita de
geotextil fixada em postes e ancorada no solo, fazendo parte das BMPs e tem sido muito usada
conforme Figura (35.1) a (35.4).
A cerca de sedimentos é sempre instalada ao longo da curva de nível e tem como objetivo
formar uma barreira física para acumular sedimentos.
Em caso de desnível evitar trechos mais de 15m com declividade maior que 5% A área de
drenagem máxima aconselhável é de 0,8ha (8000m2) e o comprimento a montante máximo é de 30m
e a vazão máxima é 30L/s conforme CRWR, 1995.
Os estudos indicaram que quando vai ser feita um empreendimento é feito o desmatamento e o
solo nu produz até 10.000 vezes mais sedimentos do que quando havia plantações ou grama sobre o
mesmo. O objetivo é que estes sedimentos não cheguem aos rios, córregos e lagos pois as pesquisas
feitas mostram a redução da diversidade de diversas espécies com o excesso de sedimento, conforme
EPA, 2004.
Na cerca de sedimentos há redução de TSS, mas a redução da turbidez é muito pequena. A
concentração de sólidos que sairá através da cerca é em média de 500mg/L conforme CRWR, 1995.

Figura 35.1- Cerca de sedimentos


A cerca de sedimentos deve ser projetada para vazão concentrada máxima de 28 L/s e não
funciona para vazões maiores, não sendo usada em rios e córregos que possuem vazões maiores.
O funcionamento é a deposição de sedimento devido a pequena lagoa formada com eficiência
de aproximadamente 80%.

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Figura 35.2- Cerca de sedimentos em Iowa (USA)

Figura 35.3- Cerca de sedimentos em Iowa (USA)

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Figura 35.4- Cerca de sedimentos para proteger um lago.

35.2 Descrição
A cerca de sedimento é uma barreira temporária feita com geossintéticos que é usada para
interceptar o runoff de área até 0,8 ha, onde foi retirada a vegetação do solo e com objetivo de
permitir que sejam depositados os sedimentos.
De modo geral o tempo de duração da cerca de sedimentos é de 3meses a 6meses, podendo
durar até 1ano ou mais.

35.3 Dimensionamento
A área de drenagem máxima de uma cerca de sedimentos não deve exceder 33m2/metro de
cerca. A cerca de sedimentos deverá ter nível de água máximo 0,45m de altura no ponto mais
desfavorável e o comprimento máximo da mesma é de 180m.
Conforme Sudas, 2006 deverá ser verificada a vazão para período de retorno de 2anos se a
vazão não deve exceder de 28 L/s.

35.4 Espaçamentos entre as cercas de sedimentos quando o escoamento é laminar.


Quando o escoamento sobre a superfície do solo que foi alterado é laminar ao longo da
declividade então o espaçamento entre as cercas é dado pela Tabela (35.1) conforme Sudas, 2006,

Tabela 35.1- Distância máxima acima da cerca de sedimentos de acordo com a declividade do solo
quando o escoamento é laminar
Declividade Máxima distância permitida
acima da cerca de sedimentos (silte)
≤10% 30m
20% 18m
25% 15m
33% 12m
Fonte: Iowa Construction site erosion control manual

Não se aconselha a usar quando a declividade for maior que 25% ou 50%.
Os postes metálicos ou de madeira deverão estar enterrados no mínimo a 0,15m de
profundidade.

35-5
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35.5 Espaçamentos entre as cercas de sedimentos quando há escoamento concentrado


Quando há possibilidade de se formar concentração das águas pluviais conforme Figura
(35.5), o espaçamento entre as cercas de sedimentos depende da declividade conforme Tabela (35.2)
conforme Sudas, 2006..

Figura 35.5- Espaçamento entre as cercas de sedimentos

Tabela 35.2- Espaçamento entre as cercas de sedimentos em função da declividade do terreno


quando há concentração do escoamento
Declividade do terreno (%) Espaçamento entre as cercas de sedimentos
(m)
1a2 45
2a4 23
4a6 12
>6 8
Quando a área de contribuição for maior que 0,8ha é melhor fazer barreiras de gabiões, por
exemplo, do que usar a cerca de sedimentos conforme Figura (35.6).

Figura 35.6- Quando a área for maior 0,8ha e há concentração de fluxo de água é melhor
construir barreiras com gabiões do que usar material flexível.

35-6
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35.6 Manutenção
Deverá ser feita inspeção uma vez por semana ou depois de cada chuva. Os materiais
sedimentados devem ser retirados quando atingirem a altura de 1/2 da altura da água prevista em
projeto conforme Sudas, 2006..

35.7 Custos
O custo da cerca de sedimentos varia de US$ 12,00/m a US$ 30,00/m ou US$2125,00/ha.

35.8 Materiais
Os pequenos postes de aço ou madeira que seguram a cerca devem ser espaçados no máximo
a cada 3m, que deverão resistir a tensões adequadas aos esforços.
Os materiais deverão ter durabilidade maior que 6 meses em média.
Os postes quando de madeira possuem diâmetro de 0,10m e altura de 1,5m sendo a altura da
cerca de aproximadamente 0,90m estimando que a parte enterrada tenha 0,60m.
Nas Figuras (35.7) e (35.8) aparecem detalhes da instalação da cerca de sedimento. Observar
que há uma escavação de no mínimo 0,15m e largura de 0,15m para onde será encaminhado e
ancorado com o peso da terra o geotextil usado. A cerca de sedimentos é fixada com tubos de aço
espaçados de acordo com a resistência do geotextil usado.

Figura 35.7- Instalação de cerca de sedimentos (silte)

35-7
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Figura 35.8- Detalhes da cerca de sedimentos (silte)

35.9 First flush


As pesquisas da EPA, 2004 indicam a concentração do pico de depósito de sedimentos nos
primeiros 15min de runoff .

13.10 Modelo matemático para cálculo da cerca de sedimentos


Conforme EPA, 2004 encontramos os procedimentos de cálculo hidrológicos, hidráulicos,
transporte de sedimentos e retenção de sedimentos e para o qual faremos algumas adaptações.
Para a carga de sedimentos podemos usar o RUSLE que está no Capítulo 05 deste livro e assim
resumido:
A= R. K. L S. C . P
Sendo:
A= perda anual de solo do solo (ton/ha/ano) devido ao escoamento superficial;
R= fator de erosividade. No Estado de São Paulo R=675 MJ/ha/mm/h
K= fator de erodibilidade que varia de 0,03 a 0,79 ton/MJ/ha/(mm/h). Adotado K=0,65 ton/MJ/mm/h
erodibilidade alta com solo nu.
LS= fator de declividade e comprimento de encosta (adimensional)
LS=0,00984 x S 1,18 x Lx 0,63
Sendo:
S=declividade do terreno (%)
Lx= comprimento que varia de 10m a 180m
C= fator de prática de cultura variando de 0,001 a 1,0 (adimensional). Adotado C=1 (área desnuda)
P= fator de prática de cultura contra erosão que varia de 0,3 a 1,0 (adimensional). Normalmente
adotado P=1 para áreas urbanas.

Exemplo 35.1
Calculo do fator de declividade e comprimento da encosta LS sendo S=8% e Lx=10m
LS=0,00984 x S 1,18 x Lx 0,63
LS=0,00984 x 8 1,18 x 10 0,63 =0,49

Exemplo 35.2
Calcular a perda de solo anual dados:
C=1
P=1
LS=0,49
K=0,65
R=675
A= R. K. L S. C . P
A= 675x 0,65x0,49x1,00x1,00=215 ton/ha x ano

Equação das chuvas intensas


Paulo Sampaio Wilken em 1972 obteve para a região Metropolitana de São Paulo por análise
de regressão com dados de 1934 a 1959 (26 anos) do pluviógrafo instalado no Parque do Estado na
Água Funda E3-035, obtendo a seguinte equação das chuvas:
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
t=duração da chuva (min).

35-8
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1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
0,89
( t + 15)
Usamos o período de retorno Tr=2anos

Exemplo 35.3
Calcular intensidade da chuva para tempo de concentração t=10min e período de retorno Tr=2anos.
1747,9 x. Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89

1747,9 x 20,181
I =------------------------ =113mm/h
( 10+ 15)0,89

Método Racional
Q= C . I . A /360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C= coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1.
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha).

Exemplo 35.4
Calcular a vazão de pico dados:
A=800m2= 0,08ha
I=113mm/h
C=0,95
Q= C . I . A /360
Q= 0,95x113x0,08 /360 =0,024m3/s= 24 L/s < 28 L/s OK

Cálculo da canaleta triangular conforme CIRIA, 2007


Junto à cerca as águas pluviais terão altura H e largura W dependendo da declividade local.
O objetivo é achar a altura H da Figura (35.9) referente ao nível de água. Observar que temos
uma declividade ao longo da canaleta triangular e outra declividade do terreno que leva as águas
pluviais para a cerca de sedimentos. Tudo se passa como se fosse uma sarjeta.

Figura 35.9- Corte da área de uma seção transversal junto ao pé da cerca de sedimentos com altura H, largura W, área da seção
AF e declividade transversal Sc.
Fonte: Ciria, 2007

35-9
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Pode ser demonstrado que:


AF= H2/ (2x Sc)
R= H/ [2(Sc+1)]
Q= (H SL )/ ( 2 (5/3) x n x Sc x(Sc +1) (2/3)
8/3 ½

H= K1 x Q0,375
K1= 1,54 (n x Sc)0,375 x (Sc+1)0,25 x SL-0,188
Sendo:
AF= área da secção transversal da seção triangular (m2)
H=altura do nível da água na cerca de sedimentos (m) H≤0,45m.
A USEPA, 2004 recomenda usar H≤0,15m
Sc= declividade do terreno (m/m)
R= raio hidráulico (m)= Área molhada/perímetro molhado
Q= vazão da secção considerada (m3/s) Q≤ 28 L/s
n= coeficiente de rugosidade de Manning n=0,025 (USEPA, 2004)
SL= declividade longitudinal da cerca de sedimentos (m/m)
A altura H deve ser menor ou igual a 0,45m.

Figura 35.10- Esquema da cerca de sedimentos. A EPA recomenda um freeboard de 0,15m


acima da altura projetada
Fonte: EPA, 2004
Eficiência da remoção
Para a eficiência vamos mostrar a conhecida equação de Fair e Geyer, 1954:
η= 1 – [( 1+ Vs/ (n x Q/A)] –n
Sendo:
η= eficiência dinâmica da deposição para remoção de sólidos em suspensão (fração que varia de 0 a 1)
Vs=velocidade de sedimentação (m/s)
n= fator de turbulência de Fair e Geyer, 1954 sendo usualmente admitido n=3 para “boa
performance”
Q=vazão no reservatório (m3/s). Geralmente é a vazão de saída de pré-desenvolvimento.
A= área da superfície do reservatório (m2)
Podemos usar os mesmos métodos já estudados, como por exemplo, no capitulo 1 onde temos
as variações das frações e velocidades diferentes de sedimentação.
O cálculo é feito como se fosse um reservatório de detenção seco e se dimensiona o volume de
sedimentos a ser retido e o volume que passará pela cerca.

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Capitulo 35- Cerca de sedimentos
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Routing do reservatório
Conforme Tomaz, 2002 vamos tratar do routing do reservatório
No routing hidrológico, no caso de reservatórios de detenção, é indicado o método de
armazenamento ou seja o método modificado de Pulz elaborado em 1928.
A equação de continuidade ou a equação de routing de armazenamento da seguinte forma
conforme (Akan,1993).

I – Q = dS/dt (Equação 35.1)


Sendo:
I= vazão de entrada
Q= vazão de saída
S= volume armazenado
t= tempo
Aproximadamente temos:
dS ΔS
------ ≈ ------------
dt Δt

A Equação (35.1) pode ser rescrita da seguinte maneira:


I . Δt - Q . Δt = ΔS
Se os subscritos 1 e 2 são usados para o tempo t e t + Δt, respectivamente, então teremos:

(I1 + I2) (Q1+ Q2)


--------- Δt - ------------- Δt = S2 – S1
2 2

(I1 + I2) Q1 1
--------- Δt + S1 - ------------- Δt = S2 + -------- Q2 Δt
2 2 2
Multiplicando os dois membros da equação por x 2 temos:
(I1 + I2) Δt + 2 S1 – Q1 Δt = 2 S2+ Q2 Δt
Dividindo por Δt temos:
( I1 + I2 ) + ( 2 S1 / Δt - Q1 ) = ( 2 S2 / Δt + Q2 ) (Equação 35.2)
Sendo:
I1 = vazão no início do período de tempo
I2= vazão no fim do período de tempo
Q1= vazão de saída no início do período de tempo
Q2= vazão de saída no fim do período de tempo
Δt = duração do período de tempo
S1 = volume no início do período de tempo
S2= volume no fim do período de tempo

Exemplo 35.5
Fazer o routing da cerca de sedimentos em nível declividade de 0,08m/m usando o fabricante
americano chamado Nilex, o produto Almoco 2130 com permitividade igual Ψ=0,05/s. O
comprimento da faixa é de 30m e largura de 1,00m.
Primeiramente observamos que estamos simplificando os cálculos para melhor expor o
problema. No cálculo real aproximadamente o esquema da Figura (35.18)

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Consideramos a largura unitária, ou seja, 1,00m e considerando a altura h podemos calcular a


área na cerca referente ao nível de água, supondo que a cerca de sedimentos não tem declividade
nenhuma. Tudo é feito para facilitar os cálculos.
Façamos a variação da altura do nível de água de 0,00m a 0,45m.
Tabela 35.3- Cálculo da vazão que sai do geotextil em função da altura
Altura da água Área do geotextil no nível de água na Vazão
no pé da cerca Largura cerca de sedimentos Q=0,05 x h x Área
(h) Área
(m) (m) (m2) (m3/s)
0,00 1,00 0 0,0000000
0,01 1,00 0,010 0,0000050
0,02 1,00 0,020 0,0000200
0,03 1,00 0,030 0,0000450
0,04 1,00 0,040 0,0000800
0,05 1,00 0,050 0,0001250
0,06 1,00 0,060 0,0001800
0,07 1,00 0,070 0,0002450
0,08 1,00 0,080 0,0003200
0,09 1,00 0,090 0,0004050
0,10 1,00 0,100 0,0005000
0,11 1,00 0,110 0,0006050
0,12 1,00 0,120 0,0007200
0,13 1,00 0,130 0,0008450
0,14 1,00 0,140 0,0009800
0,15 1,00 0,150 0,0011250
0,16 1,00 0,160 0,0012800
0,17 1,00 0,170 0,0014450
0,18 1,00 0,180 0,0016200
0,19 1,00 0,190 0,0018050
0,20 1,00 0,200 0,0020000
0,21 1,00 0,210 0,0022050
0,22 1,00 0,220 0,0024200
0,23 1,00 0,230 0,0026450
0,24 1,00 0,240 0,0028800
0,25 1,00 0,250 0,0031250
0,26 1,00 0,260 0,0033800
0,27 1,00 0,270 0,0036450
0,28 1,00 0,280 0,0039200
0,29 1,00 0,290 0,0042050
0,30 1,00 0,300 0,0045000
0,31 1,00 0,310 0,0048050
0,32 1,00 0,320 0,0051200
0,33 1,00 0,330 0,0054450
0,34 1,00 0,340 0,0057800
0,35 1,00 0,350 0,0061250
0,36 1,00 0,360 0,0064800
0,37 1,00 0,370 0,0068450
0,38 1,00 0,380 0,0072200
0,39 1,00 0,390 0,0076050
0,40 1,00 0,400 0,0080000

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Cálculo do volume de água em função da altura do nível de água.


Sendo a declividade do terreno perpendicular à cerca de sedimentos de SL e teremos:
SL= h/ W
Sendo:
W= largura (m)
W= h/SL

A área transversal A= W x h/ 2
Volume = área transversal x 1,00m

Tabela 35.4- Cálculo do volume do pequeno reservatório que se forma junto ao pé da cerca de
sedimentos em função da altura do nível de água.
Altura de água Declividade Largura superf W Área Compr. L Volume
(h) SL
(m) (m/m) (m) (m2) (m) (m3)
0,00 0,08 0,000 0,0000 1,00 0,00000
0,01 0,08 0,125 0,0006 1,00 0,00063
0,02 0,08 0,250 0,0025 1,00 0,00250
0,03 0,08 0,375 0,0056 1,00 0,00563
0,04 0,08 0,500 0,0100 1,00 0,01000
0,05 0,08 0,625 0,0156 1,00 0,01563
0,06 0,08 0,750 0,0225 1,00 0,02250
0,07 0,08 0,875 0,0306 1,00 0,03063
0,08 0,08 1,000 0,0400 1,00 0,04000
0,09 0,08 1,125 0,0506 1,00 0,05063
0,10 0,08 1,250 0,0625 1,00 0,06250
0,11 0,08 1,375 0,0756 1,00 0,07563
0,12 0,08 1,500 0,0900 1,00 0,09000
0,13 0,08 1,625 0,1056 1,00 0,10563
0,14 0,08 1,750 0,1225 1,00 0,12250
0,15 0,08 1,875 0,1406 1,00 0,14063
0,16 0,08 2,000 0,1600 1,00 0,16000
0,17 0,08 2,125 0,1806 1,00 0,18063
0,18 0,08 2,250 0,2025 1,00 0,20250
0,19 0,08 2,375 0,2256 1,00 0,22563
0,20 0,08 2,500 0,2500 1,00 0,25000
0,21 0,08 2,625 0,2756 1,00 0,27563
0,22 0,08 2,750 0,3025 1,00 0,30250
0,23 0,08 2,875 0,3306 1,00 0,33063
0,24 0,08 3,000 0,3600 1,00 0,36000
0,25 0,08 3,125 0,3906 1,00 0,39063
0,26 0,08 3,250 0,4225 1,00 0,42250
0,27 0,08 3,375 0,4556 1,00 0,45563
0,28 0,08 3,500 0,4900 1,00 0,49000
0,29 0,08 3,625 0,5256 1,00 0,52563
0,30 0,08 3,750 0,5625 1,00 0,56250
0,31 0,08 3,875 0,6006 1,00 0,60063
0,32 0,08 4,000 0,6400 1,00 0,64000
0,33 0,08 4,125 0,6806 1,00 0,68063
0,34 0,08 4,250 0,7225 1,00 0,72250
0,35 0,08 4,375 0,7656 1,00 0,76563

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 35- Cerca de sedimentos
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0,36 0,08 4,500 0,8100 1,00 0,81000


0,37 0,08 4,625 0,8556 1,00 0,85563
0,38 0,08 4,750 0,9025 1,00 0,90250
0,39 0,08 4,875 0,9506 1,00 0,95063
0,40 0,08 5,000 1,0000 1,00 1,00000

Cálculo da vazão de pico pela faixa de 1,00m


Período de retorno= 2anos
tc= 10min (tempo de concentração)
Intensidade da chuva= 113mm/h
Comprimento da faixa= 30m
Largura=1,00m
Área da faixa= 1,00m x 30m=30m2
Área da faixa em hectares= 0,003ha
Qmax = 0,000894 m3/s / m
Tabela 35.5- Relação altura-volume armazenado-vazão.
Altura da água Vazão Q 2S/Δt + Q
h
(m) (m3/s) Δt =60s
0,00 0,0000000 0,000000
0,01 0,0000050 0,000026
0,02 0,0000200 0,000103
0,03 0,0000450 0,000233
0,04 0,0000800 0,000413
0,05 0,0001250 0,000646
0,06 0,0001800 0,000930
0,07 0,0002450 0,001266
0,08 0,0003200 0,001653
0,09 0,0004050 0,002093
0,10 0,0005000 0,002583
0,11 0,0006050 0,003126
0,12 0,0007200 0,003720
0,13 0,0008450 0,004366
0,14 0,0009800 0,005063
0,15 0,0011250 0,005813
0,16 0,0012800 0,006613
0,17 0,0014450 0,007466
0,18 0,0016200 0,008370
0,19 0,0018050 0,009326
0,20 0,0020000 0,010333
0,21 0,0022050 0,011393
0,22 0,0024200 0,012503
0,23 0,0026450 0,013666
0,24 0,0028800 0,014880
0,25 0,0031250 0,016146
0,26 0,0033800 0,017463
0,27 0,0036450 0,018833
0,28 0,0039200 0,020253
0,29 0,0042050 0,021726
0,30 0,0045000 0,023250
0,31 0,0048050 0,024826

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0,32 0,0051200 0,026453


0,33 0,0054450 0,028133
0,34 0,0057800 0,029863
0,35 0,0061250 0,031646
0,36 0,0064800 0,033480
0,37 0,0068450 0,035366
0,38 0,0072200 0,037303
0,39 0,0076050 0,039293
0,40 0,0080000 0,041333

Grafico armazenamento x vazão de


saida

0,0100
Vazão efluente (m3/s)

0,0080

0,0060

0,0040

0,0020

0,0000
0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400 0,0500
(S/Deltat + Q)

Figura 35.11- Relação entre a vazão de saída e a relação (2S/Δt + Q)

Observar que a Figura (35.11) é uma reta, pois isto se deve ao fato de supormos a vazão
calculada pela permitividade Ψ=0,05 multiplicado pela altura e pela área.
Q=Ψ x h x área
Q=0,05 x h x área

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Tabela 35.6- Routing do reservatório na cerca de sedimentos


I1 I2 Coluna 6 Coluna 7 Coluna 8 Coluna 9 Coluna 10
Tempo t1 (m3/s) I1+I2 2S/Δt-Q2 2S/Δt+Q2 Q2 2S/Δt-Q2
(m3/s)
0 0 0 0,0000894 0,0000894 0 0,0000894 0,000017 0,000055
1 60 8,940E-05 0,0001788 0,0002682 0,000055 0,000323 0,000063 0,000198
2 120 1,788E-04 0,0002682 0,000447 0,000198 0,000645 0,000125 0,000395
3 180 2,682E-04 0,0003576 0,0006258 0,000395 0,0010211 0,000198 0,000626
4 240 3,576E-04 0,000447 0,0008046 0,000626 0,0014304 0,000277 0,000877
5 300 4,470E-04 0,0005364 0,0009834 0,000877 0,0018601 0,000360 0,001140
6 360 5,364E-04 0,0006258 0,0011622 0,001140 0,0023023 0,000446 0,001411
7 420 6,258E-04 0,0007152 0,001341 0,001411 0,0027521 0,000533 0,001687
8 480 7,152E-04 0,0008046 0,0015198 0,001687 0,0032066 0,000621 0,001965
9 540 8,046E-04 0,000894 0,0016986 0,001965 0,0036639 0,000709 0,002246
10 600 8,940E-04 0,0008046 0,0016986 0,002246 0,0039442 0,000763 0,002417
11 660 8,046E-04 0,0007152 0,0015198 0,002417 0,0039372 0,000762 0,002413
12 720 7,152E-04 0,0006258 0,001341 0,002413 0,0037541 0,000727 0,002301
13 780 6,258E-04 0,0005364 0,0011622 0,002301 0,0034631 0,000670 0,002123
14 840 5,364E-04 0,000447 0,0009834 0,002123 0,003106 0,000601 0,001904
15 900 4,470E-04 0,0003576 0,0008046 0,001904 0,0027083 0,000524 0,001660
16 960 3,576E-04 0,0002682 0,0006258 0,001660 0,0022857 0,000442 0,001401
17 1020 2,682E-04 0,0001788 0,000447 0,001401 0,0018479 0,000358 0,001133
18 1080 1,788E-04 0,0000894 0,0002682 0,001133 0,0014008 0,000271 0,000859

Feito o routing do reservatório conforme Tabela (35.6) achamos a vazão de pico de saída de
0,000763 m3/s, notando que a entrada é 0,000894m3/s
Com o valor 0,000763m3/s entramos na Tabela (35.5) achamos h=0,125m e com volume
estimado de 0,010m3.

Comprimento máximo da cerca


O comprimento máximo da cerca é aquele que comporta a vazão máxima de 28
L/s=0,028m3/s.
0,028m3/s/ 0,000894m3/s/m= 31m

Remoção de sedimentos
Usando o Capítulo 3 deste livro com os conceitos de Akan obtemos a Tabela (35.7). Obtemos
remoção de 65,4% de sedimentos com tempo de esvaziamento de 0,4h obtido no routing e
profundidade máxima 0,125m.
Tabela 35.7- Cálculo da fração removida na cerca de sedimentos das partículas usando o
capítulo 3 conforme Akan.
Velocidade de Profundidade Tempo de Tempo de Fração
Fração sedimentação média detenção Esvaziamento removida
Vs (h) (h)
(m/h) (m)
1 0,009 0,063 6,94 0,4 0,05
2 0,09 0,063 0,69 0,4 0,52
3 0,45 0,063 0,14 0,4 0,90
4 2,1 0,063 0,03 0,4 0,90
5 19,5 0,063 0,00 0,4 0,90
Média= 0,65
Eficiência na remoção= 65,40

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Capitulo 35- Cerca de sedimentos
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Método RUSLE
A carga anual de sedimentos será calculado pelo Método RUSLE explicado neste livro.
A= R. K. L S. C . P
A= 675x 0,65x0,49x1,00x1,00=215 ton/ha x ano
Para a área de 0,003ha temos a carga:
Carga= 215 ton/ha x ano x 0,003ha=0,645 ton/ano= 645kg
Portanto, serão retidos 65,4% ou seja 645kg x 0,654=422kg e passarão 223kg de sedimentos
que irão ao lago mais próximo.
Considerando que 1m3 tem peso aproximado de 1650kg, os 422kg de sedimentos anuais
corresponderão a 422kg/1650kg=0,26m3.
Entrando na Tabela (35.4) com o volume 0,26m3 achamos a altura h=0,205m. Portanto, em um
ano haverá deposição de 0,205m. Caso não se retire o material, a altura da lâmina de água de 0,125m
mais a altura dos sedimentos totalizará 0,33m, mas isto não acontecerá pois, os sedimentos deverão
ser retirados no máximo em 6 meses.

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13.11 Cerca de feixe de capim seco


Uma solução muito econômica para pequenas áreas e que não tem nem como calcular é fazer
barreira com capim seco prensado fixado com estacas de madeira ou de ferro.
É usada para áreas menores ou iguais a 0,2ha por 100m de barreira de capim. Não usar a
barreira de capim quando a declividade for maior que 20%.
A barreira de capim é assentada escavando 0,10m de solo sendo colocadas duas estacas em cada
feixe de capim.
O feixe de capim terá altura de 0,30m a 0,40m do solo.

Figura 35.12- Barreira de capim


Fonte: Sediment Control Practices, 2007,Waikato

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Figura 35.13- Cerca de sedimentos para pequenas áreas feita com feixes de capim seco
prensado. Fonte: Sediment Control Practices, 2007, Waikato

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13.12 Proteção de bocas de lobo

Figura 35.14- Proteção de boca de lobo e grelha com geotextil.


Fonte: Sediment Control Practices, 2007,Waikato

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Figura 35.15- Proteção de boca de lobo onde sobre geotextil põe-se pedras britadas
Fonte: Sediment Control Practices, 2007,Waikato

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35.13 Geotexteis
Os geotexteis são feitos de polipropileno, poliéster, polietileno, poliamida (nylon), fiberglass,
sendo o polipropileno (65%) e poliéster (32%) os mais usados conforme UFC, 2004. Nos Estados
Unidos existem cerca de 11 fabricantes de geotexteis para cerca de sedimentos.
Segundo USDA, 2002 os geotexteis possuem aberturas de 0,03mm a 0,8mm onde passa a
água, mas não os sedimentos. Na cerca haverá filtração e sedimentação.
A eficiência hidráulica das cercas de sedimentos através de inúmeras pesquisas variam de
68% até 98% conforme USDA, 2002.

Figura 35.16- Depósito de sedimentos junto ao pé da cerca de sedimentos


Fonte: USDA, 2002

Figura 35.17- Geotexteis


Fonte: UFC. 1004

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Tabela 35.8- Altura da água (m) na cerca de sedimentos e o volume de água (m3)
conforme a declividade do terreno.

Fonte: USDA, 2002

Na Tabela (35.9) as peneiras variam 20 a 80 sendo 20 a peneira de maior abertura e 80 a de


menor.
Tabela 35.9- Peneira e abertura aparente do geotextil

Fonte: USDA, 2002

Permitividade (permittivity)
A permitividade dos geotexteis é a medida da quantidade de água que passa por área unitária
com altura de água unitária da vazão através do geotextil sem nenhuma força externa conforme
USDA, 2002 e em regime laminar.É um indicador da quantidade de água que pode passar através de
um geotextil em condição isolada.
Ψ =V/ (h x A x t)
Sendo:
Ψ=Permitividade= quantidade de água que passa (/ segundo).
V= quantidade de água que passa pela cerca de sedimentos (mm3)
h= altura de água na cerca de sedimento (mm)
t= tempo de escoamento (s)

Ψ =V/ (h x A x t)

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Capitulo 35- Cerca de sedimentos
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Podemos fazer V/ t = Q = vazão (m3/s)


Portanto, teremos
Q= permitividade x h x Área
Q= Ψ x h x área
Permitividade = Ψ =0,05/s (para Nilex 2130)
Q=0,05 x h x área
Portanto, a vazão dependerá da altura da água junto ao pé da cerca de sedimentos multiplicado
pela área da chegada de água, que é a altura h x largura.

Taxa de vazão pelo geotextil


A taxa de vazão pelo geotextil é a medida do volume de água que passa pelo material por
unidade de área. As unidades usuais são: Litros/minuto/ m2.
A taxa de vazão pelo geotextil depende da espessura do geotextil, da abertura aparente e de
outros fatores conforme USDA, 2002.
Dica: os dois fatores importantes em um geotextil é a permitividade Ψ e o diâmetro aparente da
partícula.

Exemplo 35.6
Para o fabricante americano chamado Nilex , o produto Almoco 2130 tem:
Permitividade igual a 0,05/s,
Peneira #30 US com 0,60mm de abertura e
Taxa de vazão de 405 L/min/m2.

Figura 35.18- Esquema genérico do armazenamento de água na cerca. Notar que entre
os postes existe uma pequena aba, o que não é comum nas cercas de sedimentos.
Fonte: FAESF, 2004

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Capitulo 35- Cerca de sedimentos
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35.14 Bibliografia e livros consultados


-CALIFORNIA STORMWATER QUALITY ASSOCIATION. Filter fence
http://www.cabmphandbooks.com/Documents/Construction/SE-1.pdf
-CIRIA Designing for exceedance in urban drainge- good practiced. Ciria, c635, publicado em 2006
com ISBN 0-86017-635-5, Londres.
-CRWR (CENTER FOR RESEARCH IN WATER RESOURCES. An evaluation of the use and
effectiveness of temporary sediment controls. Autores: Michael E. Barret e outros. Agosto, 1995.
-FAESF (THE FAILURE AVOIDANCE AND EFFECTIVE SILT FENCE TECHNOLOGY).
Modeling and laboratory evaluation. Silte Fence. Oklahoma State University. Autor: Ellen Stevens.
2004
-FARIAS, R.J.C et al. Perfomance of geotextile silt fences in large flume tests. Abril de 2006. Nota:
pesquisas efetuadas no Brasil com objetivo de uso em bossorocas.
http://www.iowasudas.org/documents/7E-28-06.pdf
-IOWA. IOWA Construction site erosion control manual.
-SUDAS. Chapter 7- Erosion and sediment control- Silt Fence, 2006
-TOMAZ, PLINIO. Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais. Navegar, 2002.
-TOMAZ, PLINIO. Manejo de águas pluviais. Livro digital
-UFC (UNIFIED FACILITIES CRITERIA). Engeneering use of geotextiles. Departament of
Defense- USA, janeiro, 2004.
-USDA- UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Silte fence: an economical
technique for measuring hillslope soil erosion. Autores: Peter R. Robichaud e Robert E. Brown,
agosto, 2002.
-USEPA (UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY);600/R-04/185. Filter
fence design aid for sediment control at constructions sites. Setembro, 2004
-WAIKATO. 2007 Environment Waikato- Sediment Control practices.

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 36- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
Engenheiro Plínio Tomaz 13 de outubro de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 36
Caixa de retenção de óleo e sedimentos

As pessoas ficam surpresas quando aprendem que muito pouco da precipitação destina-se para
a recarga de aqüíferos subterrâneos.
Darrel I. Leap in The Handbook of groundwater engineering.

36-1
Manejo de águas pluviais
Capitulo 36- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
Engenheiro Plínio Tomaz 13 de outubro de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Sumário
Ordem Assunto
Capitulo 36- Caixa de retenção de óleos e sedimentos
36.1 Introdução
36.2 Densidade gravimétrica
36.3 Tipos básicos de separadores por gravidade óleo/água
36.4 Vazão de pico
36.5 Método Racional
36.6 Equação de Paulo S. Wilken para RMSP
36.7 Vazão relativa ao volume WQv que chega até o pré-tratamento usando o Método Racional
para P= 25mm e P=13mm.
36.8 Critério de seleção
36.9 Limitações
36.10 Custos e manutenção
36.11 Lei de Stokes
36.12 Dados para projetos
36.13 Desvantagens da caixa de óleos e graxas
36.14 Caixa de retenção de óleo API por gravidade
36.15 Dimensões mínimas segundo FHWA
36.16 Volume de detenção
36.17 Caixa de retenção coalescente com placas paralelas
36.18 Fabricantes no Brasil de caixas com placas coalescentes
36.19 Flotação
36.20 Sistemas industriais americanos para separação de óleos e graxas
36.21 Skimmer
36.22 Postos de gasolina
36.24 Vazão que chega até o pré-tratamento
36.25 Pesquisas do US Army, 2000
36.26 Princípios de Allen Hazen sobre sedimentação
36.27 Lei de Stokes
51páginas

36-2
Manejo de águas pluviais
Capitulo 36- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
Engenheiro Plínio Tomaz 13 de outubro de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 36- Caixa de retenção de óleo e sedimento (oil/grit separators)

36.1 Introdução
O grande objetivo do uso dos separadores óleo/água são os lugares que possuem um alto
potencial de contaminação urbana, ou seja, os “Hotspots” como postos de gasolina, oficina de
conserto de veículos, etc. Outros lugares com estacionamento diário ou de curto período, como
restaurantes, lanchonetes, estacionamentos de automóveis e caminhões, supermercados, shoppings,
aeroportos, estradas de rodagens são potenciais para a contaminação de hidrocarbonetos conforme
Figuras (36.1) a (36.3).
Estacionamentos residenciais e ruas possuem baixa concentração de metais e hidrocarbonetos.
Pesquisas feitas em postos de gasolina revelaram a existência de 37 compostos tóxicos nos
sedimentos das caixas separadoras e 19 na coluna de água da caixa separadora. Muitos destes
compostos são PAHs (Policyclic aromatic hydrocarbons) que são perigosos para os humanos e
organismos aquáticos (Auckland,1996).
Na cidade de Campos do Jordão em São Paulo fizeram um posto de gasolina na entrada da
cidade, onde o piso era de elementos de concreto e no meio tinha grama com areia. Em pouco tempo
tudo foi destruído. Aquele posto de gasolina é um hotspot e nunca deveria ser feito a infiltração no
local.
A caixas separadores de óleos e graxas são designadas especialmente para remover óleo que
está flutuante, gasolina, compostos de petróleo leves e graxas. Além disto a maioria dos separadores
removem sedimentos e materiais flutuantes.
O óleo pode-se apresentar da seguinte maneira:
• Óleo livre: que está presente nas águas pluviais em glóbulos maiores que 20μm.
Eles são separados devido a sua baixa gravidade específica e eles flutuam.
• Óleos emulsionados mecanicamente: estão dispersos na água de uma maneira estável.
O óleo é misturado a água através de uma emulsão mecânica, como um bombeamento,
a existência de uma válvula globo ou uma outra restrição do escoamento. Em geral os
glóbulos são da ordem de 5μm a 20μm.
• Óleo emulsionado quimicamente: as emulsões deste tipo são geralmente feitas
intencionalmente e formam detergentes, fluidos alcalinos e outros reagentes.
Usualmente possuem glóbulos menores que 5μm
• Óleo dissolvido: é o óleo solubilizado em um líquido que é um solvente e pode ser
detectado usando análises químicas, por exemplo. O separador óleo/água não remove
óleo dissolvido.
• Óleo aderente a sólidos: é aquele óleo que adere às superfícies de materiais
particulados.

O objetivo é remover somente o chamado óleo livre, pois o óleo contido nas emulsões e
quando estão dissolvidos necessitam tratamento adicional.

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 36- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
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Figura 36.1- Posto de gasolina

Figura 36.2- Pistas de Aeroportos

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Manejo de águas pluviais
Capitulo 36- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
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Figura 36.3- Estacionamento de veículos


http://www.vortechnics.com/assets/HardingTownship.pdf. Acesso em 12 de novembro de 2005.
Firma Vortechnic.

Figura 36.4- Estradas de rodagem asfaltadas

As águas pluviais em geral contém glóbulos de óleo que variam de 25μm a 60μm e com
concentrações de óleo e graxas em torno de 4 mg/l a 50mg/l (Arizona, 1996), mas entretanto as águas
pluviais proveniente de postos de gasolina, etc possuem grande quantidade de óleo e graxas.
A emulsão requer tratamento especial e existem varias técnicas, sendo uma delas a
acidificação, a adição de sulfato de alumínio e introdução de polímeros conforme Eckenfelder, 1989,
ainda com a desvantagem do sulfato de alumínio produzir grande quantidade de lodo.

Dica: a caixa separadora de óleos, graxas e sedimentos que seguem a norma API são
para glóbulos maiores ou iguais a 150µm, reduzem o efluente para cerca de 50mg/l
(Eckenfelder, 1989).

Dica: a caixa separadora de óleos, graxas e sedimentos com placas coalescentes são para
globos maiores ou iguais a 60 µm e reduzem o efluente para 10mg/l (Eckenfelder, 1989).

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Manejo de águas pluviais
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36.2 Densidade gravimétrica


Há líquidos imiscíveis, como por exemplo, o óleo e a água. Os líquidos imiscíveis ou não
solúveis um com o outro formam uma emulsão ou suspensão coloidal com glóbulos menores que
1µm.
Emulsão é uma mistura de dois líquidos imiscíveis: detergente, etc.
Solução: é a mistura de dois ou mais substâncias formando um só líquido estável.
Uma maneira de separá-los por gravidade é a utilização da Lei de Stokes, pois sendo menor a
densidade do óleo o glóbulo tende a subir até a superfície. As Tabela (36.1) e (36.3) mostram as
densidades gravimétricas de alguns líquidos.
Na caixa de retenção de óleos e sedimentos que denominaremos resumidamente de
Separador, ficam retidos os materiais sólidos e óleo. O separador de óleo remove hidrocarbonetos
de densidade gravimétricas entre 0,68 a 0,95.

Tabela 36.1- Densidades de vários líquidos


Líquido Densidade a 20º C
Álcool etílico 0,79
Benzeno 0,88
Tetracloreto de carbono 1,59
Querosene 0,81
Mercúrio 13,37
Óleo cru 0,85 a 0,93
Óleo lubrificante 0,85 a 0,88
Água 1,00
Fonte: Streeter e Wylie, 1980

A eficiência das caixas separadoras de óleo e graxas é estimada pela Tabela (36.2) para caixas
com três câmaras e poços de visita.

Tabela 36.2 –Eficiência das caixas de óleos e graxas


Redução
(%)
Tipo de caixas Volume TSS
(m3) Sólidos totais em suspensão Metais Pesados Óleos e graxas
Três câmaras 52 48% 21% a 36% 42%
Poço de visita 35 61% 42% a 52% 50%
Fonte: Canadá, Ontário-http://www.cmhc-schl.gc.ca/en/imquaf/himu/wacon/wacon_024.cfm.
Acessado em 8 de novembro de 2005. As três câmaras são das normas API - American
Petroleum Institute.

Tabela 36.3- Diversas densidades de líquidos


Líquido Densidade a 20º C
g/cm3 ou g/mL
Benzeno 0,876
Óleo combustível médio 0,852
Óleo combustível pesado 0,906
Querosene 0,823
Óleo diesel 0,85
Óleo de motor 0,90

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Água 0,998
Óleo Diesel 0,90 recomendado (Auckland, 2005)
Querosene 0,79 recomendado(Auckland, 2005)
Gasolina 0,75 recomendado (Auckland, 2005)
Etanol 0,80

A velocidade de ascensão dos glóbulos de óleo depende da viscosidade dinâmica que varia
com o tipo de líquido e com a temperatura.

Dica: adotaremos neste trabalho hidrocarboneto com densidade gravimétrica de 0,90.

A Tabela (36.4) mostra os tempos de ascensão com relação ao diâmetro do glóbulo de óleo
onde se pode observar que uma partícula com diâmetro de 150μm tem um tempo aproximadamente
menor que 10min. Quanto menor o diâmetro do glóbulo, maior é o tempo de separação água/óleo.

Tabela 36.4- Tempo de ascensão, estabilidade da emulsão e diâmetro do glóbulo


Tempo de ascensão Estabilidade da emulsão Diâmetro do glóbulo
(μm)
< 1 min Muito fraco >500
< 10 min Fraco 100 a 500
Horas Moderado 40 a 100
Dias Forte 1 a 40
Semanas Muito Forte < 1 (Coloidal)

A distribuição do diâmetro e do volume dos glóbulos está na Figura (36.5).

Figura 36.5- Diâmetro e distribuição dos glóbulos de óleos


Fonte: http://www.ci.knoxville.tn.us/engineering/bmp_manual/knoxvilleBMP.pdf. Acessado em
12 de novembro de 2005.

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Figura 36.6- Separador de óleo em posto de gasolina


http://www.ci.knoxville.tn.us/engineering/bmp_manual/knoxvilleBMP.pdf. Acessado em 12 de
novembro de 2005.

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36.3 Tipos básicos de separadores por gravidade óleo/água


Existe basicamente, três tipos de separador água/óleo por gravidade:
• Separador tipo API (Americam Petroleum Institute) para glóbulos maiores que 150μm
• Separador Coalescente de placas paralelas para glóbulos maiores que 60μm.
• Separador tipo poço de visita elaborado por fabricantes

O separador tipo API possui três câmaras, sendo a primeira para sedimentação, a segunda para o
depósito somente do óleo e a terceira para descarga. São geralmente enterradas e podem ser
construídas em fibra de vidro, aço, concreto ou polipropileno.
A remoção da lama e do óleo podem ser feitas periodicamente através de equipamentos especiais.
O óleo é retirado através de equipamentos manuais ou mecânicos denominados skimmer quando a
camada de óleo atinge 5cm mais ou menos.
O separador Coalescente é também por gravidade e ocupa menos espaço, sendo bastante usado,
porém apresentam alto custo e possibilidade de entupimento. Possuem placas paralelas corrugadas,
inclinadas de 45º a 60º e separadas entre si de 2cm a 4cm. Segundo o dicionário Houaiss coalescer
quer dizer unir intensamente, aglutinar e coalescente quer dizer: que se une intensamente; aderente;
aglutinante.
O separador elaborado por fabricante possuem tecnologias variadas. São os equipamentos
chamados: Stormceptor; Vortech, CDS, HIL. No Brasil temos fabricantes como Alfamec com
separadores coalescentes de PEAD, fibra de vidro, aço carbono, aço inox cujas vazões variam de
0,8m3/h até 40m3/h.
As demais tecnologias para remoção de óleo/água: flotação, floculação química, filtração (filtros
de areia), uso de membranas, carvão ativado ou processo biológico não serão discutidas neste
trabalho. Com outros tratamentos poderemos remover óleos insolúveis bem como TPH (Total
Petroleum Hydrocarbon).
Os separadores de óleo/água podem remover óleo e TPH (Total Petroleum Hydrocarbon) abaixo
de 15mg/l. A sua performance depende da manutenção sistemática e regular da caixa.
As pesquisas mostram que 30% dos glóbulos de óleo são maiores que 150μm e que 80% é maior
que 90μm.
Tradicionalmente usa-se o separador para glóbulos acima de 150μm que resulta num efluente
entre 50mg/l a 60mg/l (Auckland, 1996).

A Resolução Conama 357/05 no artigo 34 que se refere a lançamentos exige que:


Artigo 34-Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou
indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam as condições e padrões previstos neste
artigo, resguardadas outras exigências cabíveis:
V- Óleos e graxas
1- óleos minerais até 20mg/L (Nota: este é o nosso caso)
2- óleos vegetais e gorduras animais até 50mg/L

Para postos de gasolina por exemplo, para remover até 20mg/L de óleos minerais é necessário que
se removam os glóbulos maiores ou igual a 60μm.
A remoção de 10mg/L a 20mg/L corresponde a remoção de glóbulos maiores que 60μm.
Tomaremos como padrão a densidade do hidrocarboneto < 0,90 g/cm3, partículas de 60μm e
performance remoção de até 20mg/L de óleos minerais.

Stenstron et al,1982 fez pesquisa na Baia de São Francisco sobre óleo e graxa e concluiu que há
uma forte conexão entre a massa de óleo e graxa no início da chuva. Constatou que as maiores

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quantidades de óleo e graxas estavam nas áreas de estacionamento e industriais que possuíam
15,25mg/l de óleos e graxas, enquanto que nas áreas residenciais havia somente 4,13mg/l.

36.4 Vazão de pico


O projetista deve decidir se escolherá se a caixa separadora estará on line ou off line. Se
estiver on line a caixa deverá atender a vazão de pico da área, mas geralmente a escolha é feita off
line, com um critério que é definido pelo poder público.
Existe o critério do first flush que dimensionará o volume para qualidade das águas pluviais
denominado WQv. Este volume poderá ser transformado em vazão através do método de Pitt, onde
achamos o número CN e aplicando o SCS TR-55 achamos a vazão de pico ou aplicar o método
racional que será usado neste Capítulo.
A área máxima de projeto é de 0,40ha, caso seja maior a mesma deverá ser subdividida

36.5 Método Racional


A chamada fórmula racional é a seguinte:

Q= C . I . A /360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C=coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1.
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha). 1ha=10.000m2

Exemplo 36.1
Dada área da bacia A=0,4ha, coeficiente de escoamento superficial C=0,70 e intensidade da chuva
I=40mm/h. Calcular o vazão de pico Q.

Q = C . I . A /360 = 0,70 x 40mm/h x 0,4ha/360 = 0,03m3/s

36.6 Equação de Paulo S. Wilken para RMSP

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos). Adotar Tr=10anos.
tc=duração da chuva (min).

36.7 Vazão relativa ao volume WQv que chega até o pré-tratamento usando o Método Racional
para P= 25mm e P=13mm.
Usando para o tempo de concentração da Federal Aviation Agency (FAA, 1970) para
escoamento superficial devendo o comprimento ser menor ou igual a 150m.

tc= 3,26 x (1,1 – C) x L 0,5 / S 0,333


Rv= 0,05+ 0,009 x AI = C
Sendo:
tc= tempo de concentração (min)
C= coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de Runoff ( está entre 0 e 1)

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S= declividade (m/m)
AI= área impermeável em porcentagem (%)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)

Aplicando análise de regressão linear aos valores de C e de I para áreas A≤ 2ha para a
RMSP obtemos:
I = 45,13 x C + 0,98 Para P=25mm
R2 = 0,86

I= 9,09 x C + 0,20 Para P=13mm


R2 = 0,86
Sendo:
I= intensidade de chuva (mm/h)
C= coeficiente de escoamento superficial
P= first flush. P=25mm na Região Metropolitana de São Paulo
R2= coeficiente obtido em análise de regressão linear. Varia de 0 a 1. Quanto
mais próximo de 1, mais preciso.

A vazão Q=CIA/360 obtido usando I =45,13x C + 0,98 nos obterá a vazão referente ao
volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv.

Figura 36.7- Poço de visita separador de fluxo. As águas pluviais entram no poço de
visita e uma parte referente ao volume WQv para melhoria da qualidade das águas pluviais vai
para a caixa separadora de óleos e graxas e a outra vai para o córrego ou galeria mais
próxima.
http://www.ci.knoxville.tn.us/engineering/bmp_manual/knoxvilleBMP.pdf. Acessado em
12 de novembro de 2005

WQv (volume para melhoria da qualidade das águas pluviais)


O volume para melhoria da qualidade das águas pluviais é dado pela equação:

WQv= (P/1000) x Rv x A
Sendo:
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)

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P= first flush (mm). Para a RMSP P=25mm


Rv=0,05+0,009x AI
AI= área impermeável (%)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
A= área da bacia em (m2)

Exemplo 36.2
Achar o volume WQv para melhoria da qualidade das águas pluviais para área de 0,4ha com
AI=100% sendo o first flush P=25mm.
Rv= 0,05+ 0,009 x AI = 0,05+0,009 x 100= 0,95
WQv= (P/1000) x Rv x A
WQv= (25mm/1000) x 0,95 x 4000m2 =95m3

Exemplo 36.3
Achar a vazão para a melhoria da qualidade das águas pluviais para área de 0,4ha, com 100% de
impermeabilização para first flush adotado de P=25mm.

Rv= 0,05+ 0,009 x AI = 0,05+0,009 x 100= 0,95=C


Para P=25mm de first flush para a Região Metropolitana de São Paulo temos:
I = 45,13 x C + 0,98
I = 45,13 x 0,95 + 0,98=44mm/h

Q=CIA/360
C= 0,95
I= 44mm/h
A= 0,4ha
Q= CIA/360= 0,95 x 44 x 0,4/ 360 = 0,050m3/s

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36.8 Critério de seleção


• É usada a montante do tratamento juntamente com outras BMPs
• A caixa separadora de óleo e sólido não funciona para solventes, detergentes ou poluentes
dissolvidos.
• Temperatura usual= 20 º C
• Viscosidade dinâmica=μ = 0,01 poise
• Gravidade específica da água= 0,9975=0,998
• Gravidade específica do óleo= 0,90
• Diâmetro do glóbulo de óleo: 150μm ou em casos especiais 60μm.
• Deve ser feito sempre off-line.
• Deve ser usado sempre com o first flush.
• A primeira chuva faz uma lavagem do piso em aproximadamente 20min. É o first flush.
Somente este volume de água denominado WQv é encaminhado à câmara de detenção de
sólidos e óleos, devendo o restante ser lançado na galeria de águas pluviais ou córrego
mais próximo.
• Para as duas primeiras câmaras: taxa de 28m3/ha de área impermeável (regra prática).
• Para a primeira câmara: Taxa de 20m2/ha de área impermeável (regra prática).
• Pode ser usada em ocasiões especiais perto de estradas com tráfico intenso.
• A primeira câmara é destinada a reter os resíduos sólidos; a segunda destinada a separação
do óleo da água e a terceira câmara serve como equalizador para a descarga do efluente.
• É instalada subterraneamente não havendo problemas do seu funcionamento.
• Pode remover de 60% a 70% do total de sedimentos sólidos (TSS).
• O regime de escoamento dentro da caixa de retenção de óleo deve ter número de Reynolds
menor que 500 para que o regime seja laminar.
• Remove 50% do óleo livre que vem nas águas pluviais durante o runoff.
• Não haverá ressuspenção dos poluentes que foram armazenados na caixa de óleo
• É aplicável a áreas < 0,4ha como, por exemplo: área de estacionamento, posto de gasolina,
estrada de rodagem, instalação militar, instalação petrolífera, oficina de manutenção de
veículos, aeroporto, etc.
• De modo geral o tempo de residência é menor que 30min e adotaremos 20min.

36.9 Limitações
• Potencial perigo de ressuspenção de sedimentos, o que dependerá do projeto feito.
• Não remove óleo dissolvido e nem emulsão com glóbulos de óleo muito pequenos.
• A área máxima deve ser de 0,4ha (4.000m2). Caso a área seja maior deve ser subdividida.
• O FHWA admite que o limite de 0,4ha pode ir até 0,61ha .
• As águas pluviais retêm pouca gasolina e possui concentração baixa de hidrocarbonetos,
em geral o óleo e graxas nas águas pluviais está em torno de 15mg/l.
• As normas API (American Petroleum Institute) 1990, publicação nº 421, referente a
Projeto e operação de separadores de óleo/água: recomenda diâmetro dos glóbulos de óleo
a serem removidos em separadores por gravidade, devem ser maiores que 150μm.
• O tamanho usual dos globos de óleo varia de 75μm a 300μm.
• A gravidade específica do óleo varia de 0,68 a 0,95.
• Resolução Conama 357/2005 artigo 34: os efluentes de qualquer fonte poluidora podem
ter até 20mg/l de óleos minerais.

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36.10 Custos e manutenção.


• Baixo custo de construção.
• O custo de construção varia de US$ 5.000 a US$ 15.000 sendo a média de US$ 7.000 a
US$ 8.000 conforme FHWA
• http://www.fhwa.dot.gov/environment/ultraurb/3fs12.htm Acessado em 8 de novembro
de 2005.
• O óleo e os sólidos devem ser removidos freqüentemente.
• Inspeção semanal.
• Nas duas primeiras câmaras irão se depositar ao longo do tempo cerca de 5cm de
sedimentos, devendo ser feita limpeza no mínimo 4 vezes por ano.
• O material da caixa de óleo deve ser bem vedado para evitar contaminação das águas
subterrâneas.
• Potencial perigo de descarga de nutrientes e metais pesados dos sedimentos se a limpeza
não for feita constantemente.
• Inspeção após chuva ≥ 13mm em 24h.
• Deverá ser feito monitoramento por inspeções visuais freqüentemente.
• Fácil acesso para manutenção.
• Uso de caminhões com vácuo para limpeza.
• Os materiais retirados da caixa de separação de óleo e resíduos deve ter o seu destino
adequado.

32.11 Lei de Stokes


Para óleos e graxas, conforme Eckenfelder, 1989 é válida a aplicação da Lei de Stokes.

Vt= (g / 18 μ) x (ρw-ρo) x D2
Sendo:
Vt= velocidade ascensional (cm/s)
μ= viscosidade dinâmica das águas pluviais em poise. 1P= 1 g/cm x s
ρw=densidade da água (g/cm3)
ρo =densidade do óleo na temperatura (g/cm3) =1kg/litro
Sw = gravidade especifica das águas pluviais (sem dimensão)
So = gravidade específica do óleo presente nas águas pluviais (sem dimensão).
D= diâmetro do glóbulo do óleo presente (cm)
g= 981cm/s2

Para D=150μm=0,15mm=0,015cm
g=981cm/s2
Vt= (981 / 18 μ) x (ρw-ρo) x (0,015)2
Vt= 0,0123 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,0123 x [(1-So)/ ν ]
Sendo:
ν = μ / ρ = 1,007 x 10-6 m2/s
ν= viscosidade cinemática das águas pluviais em Stokes.
1 Stoke= 1cm2/s
10.000Stokes = 1m2/s

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Para D=60μm=0,06mm=0,006cm
g=981cm/s2
Vt= (981 / 18 μ) x (ρw-ρo) x D2
Vt= (981 / 18 μ) x (ρw-ρo) x (0,006)2
Vt= 0,002 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,002 x [(1-So)/ ν ]
Sendo:
ν = μ / ρ = 1,007 x 10-6 m2/s
ν= viscosidade cinemática das águas pluviais em Stokes.
1 Stoke= 1cm2/s
10.000Stokes = 1m2/s

Para D=40μm=0,04mm=0,004cm
g=981cm/s2
Vt= (981 / 18 μ) x (ρw-ρo) x D2
Vt= (981 / 18 μ) x (ρw-ρo) x (0,004)2
Vt= 0,0009 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,0009 x [(1-So)/ ν ]
Sendo:
ν = μ / ρ = 1,007 x 10-6 m2/s
ν= viscosidade cinemática das águas pluviais em Stokes.
1 Stoke= 1cm2/s
10.000Stokes = 1m2/s

Exemplo 36.4
Calcular a velocidade ascensional sendo a gravidade específica das águas pluviais Sw= 0,998 e do
óleo So= 0,90 e viscosidade dinâmica de 0,01poise (20ºC) para glóbulo de óleo com diâmetro de
150μm.
Vt= 0,0123 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,0123 x [(0,998-0,90)/ 0,01 ] =0,12 cm/s=0,0012m/s (4,3m/h)
Exemplo 36.5
Calcular a velocidade ascensional sendo a gravidade específica das águas pluviais Sw= 0,998 e do
óleo So= 0,90 e viscosidade dinâmica de 0,01poise (20ºC) para glóbulo de óleo com diâmetro de
60μm.
Vt= 0,002 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,002 x [(0,998-0,90)/ 0,01 ] =0,02 cm/s=0,0002m/s (0,71m/h)
Exemplo 36.6
Calcular a velocidade ascensional sendo a gravidade específica das águas pluviais Sw= 0,998 e do
óleo So= 0,90 e viscosidade dinâmica de 0,01poise (20ºC) para glóbulo de óleo com diâmetro de
40μm.
Vt= 0,0009 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,0009 x [(0,998-0,90)/ 0,01 ] =0,009 cm/s=0,00009m/s (0,32m/h)

36.12 Dados para projetos


• O uso individual de uma caixa é para aproximadamente 0,4ha de área impermeabilizada
(Austrália, 1998) ou no máximo até 0,61ha conforme FHWA..

36.13 Desvantagens da caixa separadora de óleo


• Remoção limitada de poluentes.

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• Alto custo de instalação e manutenção.


• Não há controle de volume.
• Manutenção deve ser freqüente.
• Os sedimentos, óleos e graxas deverão ser retirados e colocados em lugares apropriados
conforme as leis locais.

36.14 Caixa de retenção de óleo API por gravidade


As teorias sobre dimensionamento das caixas de retenção de óleo por gravidade, seguiu-se a
roteiro usado na Nova Zelândia conforme http://www.mfe.govt.nz/publications/hazardous/water-
discharges-guidelines-dec98/app-5-separator-design-dec98.pdf com acesso em 8 de novembro de
2005.
Admite-se que os glóbulos de óleo são maiores que 150μm e pela Lei de Stokes aplicado ao
diâmetro citado temos: So = gravidade especifica do óleo presente nas águas pluviais (sem dimensão).
As caixas API só funcionam para óleo livre.

Vt= 0,0123 x [(1-So)/ ν ] D=150μm


Sendo:
ν=μ/ρ
ν= viscosidade cinemática das águas pluviais em Stokes.
1 Stoke= 1cm2/s
10.000Stokes = 1m2/s
Vt= velocidade ascensional (cm/s)

A área mínima horizontal, nos separadores API é dada pela Equação:


Ah= F . Q. /Vt
Sendo:
Ah= área horizontal (m2)
Q= vazão (m3/s)
Vt= velocidade ascensional final da partícula de óleo (m/s)

F= fator de turbulência= F1 x F2
F1= 1,2
F2= fornecido pela Tabela (36.5) conforme relação Vh/ Vt

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Figura 36.8- Esquema da caixa separadora API


Fonte: Unified Facilities Criteria UF, US Army Corps of Engineers, Naval
Facilities Engiojneerinf Command, Air Force Civl Engineer Support Agency. 10 july 2001
UFC-3-240-03
http://chppm-www.apgea.army.mil/USACHPPM%20Technical%20Guide%20276.htm. Acessado
em 12 de novembro de 2005.

Adotamos Vh= 0,015 m/s e Vt=0,002 m/s e a relação Vh/Vt= 0,015/0,002 = 7,5
Entrando com Vh/Vt=7,5 na Tabela (36.5) achamos F= 1,40. Podemos obter o valor de F usando a
Figura (36.9)

Tabela 36.5 – Escolha do valor de turbulência F2


Vh/Vt F2 F=1,2F2
20 1,45 1,74
15 1,37 1,64
10 1,27 1,52
6 1,14 1,37
3 1,07 1,28
Fonte:http://www.mfe.govt.nz/publications/hazardous/water-discharges-guidelines-dec98/app-
5-separator-design-dec98.pdf. Acessado em 12 de novembro de 2005.

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Figura 36.9- Valores de F em função de Vh/Vt


Fonte:http://www.mfe.govt.nz/publications/hazardous/water-discharges-
guidelines-dec98/app-5-separator-design-dec98.pdf. Acessado em 12 de novembro de
2005.

Figura 36.10 - Caixa de retenção de óleos e sedimentos conforme API


Fonte: City of Eugene, 2001

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As dimensões mínimas adotadas na Cidade de Eugene, 2001 que estão na Figura (36.9)
são as seguintes:
• Altura de água mínima de 0,90m e máxima de 2,40m.
• Altura mínima da caixa é de 2,10m para facilidade de manutenção..
• A caixa de regularização tem comprimento minimo de 2,40m
• A caixa de sedimentação tem comprimento minimo de L/3 a L/2.
• O comprimento mínimo de toda as três câmaras é de 5 vezes a largura W.
• A largura mínima W é de 1,80m
• Observar na Figura ( 36.9) a caixa separadora, pois, geralmente a caixa separadora de
óleo é feita off line.
• Geralmente a caixa de captação de óleos e graxas é enterrada.
• Deverá haver dispositivo para a retirada do óleo.

A área mínima transversal Ac é fornecida pela relação:

Ac= Q/ Vh
Sendo:
Ac= área mínima da seção transversal da caixa (m2).
Vh=velocidade horizontal (m/s) = 0,015m/s
Q= vazão de pico (m3/s)
O valor da velocidade horizontal Vh muito usado para glóbulos de óleo de diâmetro de
150µm é Vh= 0,015m/s o que resultará em:
Ac= Q./ Vh
Ac= Q/ 0,015 =67Q

Exemplo 36.7
Calcular a área mínima transversal Ac para vazão de entrada de 0,020m3/s para caixa de detenção de
óleo e graxas a partir do diâmetro de 150µm.
Ac= 67Q
Ac= 67x 0,020
Ac=1,34m2
Número de canais (N)
Geralmente o número de canais é igual a um.
N=1 (número de canais). Se Ac>16m2 então N>1 (Arizona, 1996)

Profundidade da camada de água dentro do separador de óleo e graxas (d).

d= ( r x Ac) 0,5

d= máxima altura de água dentro do separador de óleo (m) sendo o mínimo de d ≥ 0,90m.
r= razão entre a profundidade/ largura que varia de 0,3 a 0,5, sendo comumente adotado r=0,3

Exemplo 36.8
Calcular o valor de d para r=0,3 e Ac= 1,34m2
d= ( r x Ac) 0,5
d= ( 0,3 x 1,34) 0,5

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d=0,63m.
Portanto, a altura do nível de água dentro da caixa é 0,63m, mas para efeito de manutenção a
altura mínima deverá ser de 1,80m.

Largura da caixa (W)


r= d/W=0,3
W= d/0,3= 0,63 / 0,3 = 2,10m
Então a largura da caixa separadora de óleo será de 2,10m.

Comprimento (Ls) da caixa separadora API


Ls = F . d . (Vh/ Vt)
Sendo:
Ls=comprimento do separador (m)
d=altura do canal (m)
Vh= velocidade horizontal (m/s)
Vt= velocidade ascensional (m/s)
F=fator de turbulência. Adotamos Vh/vt= 7,5 o valor F=1,40

Os dados aproximados de La e Lf foram adaptados de:


http://www.ci.tacoma.wa.us/WaterServices/permits/Volume5/SWMM%20V5-C11.pdf de
Thurston, janeiro de 2003. Acesso em 8 de novembro de 2005.
Um valor muito usado para o Fator de Turbulência é F= 1,40 correspondente a Vh/vt
=7,5. Fazendo as substituições teremos:
Ls = F . d . (Vh/ Vt)
Ls = 1,40 x d x 7,5= 10,5 x d
Ls = 10,5 x d
Exemplo 36.9
Calcular o comprimento somente da caixa separadora de óleos e graxas, sendo a altura do nível de
água de 1,22m.
Ls = 10,5 x d

Comprimento da caixa de regularização(La)


O comprimento mínimo é de 2,40m.

Comprimento da caixa de sedimentação (Lf)


A área para sedimentação é dado em função da área impermeável, sendo usado como dado
empírico 20m2/ ha de área impermeável. Portanto, a área da caixa de comprimento Lf não poderá ter
área inferior ao valor calculado.
Área= 20m2/ha x A (ha)
W= largura
Lf= Área da caixa de sedimentação /W

Exemplo 36.10
Seja área com 4000m2 e largura da caixa de retenção de óleo de W=2,40m. Calcular o comprimento
Lf.
Área da caixa de sedimentação = 20m2/ha x (4000/10000)= 8m2
Lf = Área da caixa de sedimentação / W= 8m2 / 2,40m = 3,33m

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Comprimento total (L) da caixa de captação de óleo


O comprimento L será a soma de três parcelas, sendo geralmente maior ou igual a 12,81m :
• Lf corresponde a caixa de sedimentação que ficará no inicio
• Ls corresponde a caixa separadora de óleo propriamente dita que ficará no meio.
• La corresponde a caixa de saída para regularização da vazão.

L = Lf + Ls + La

O comprimento total do separador é a soma de três componentes das câmaras de:


sedimentação; separação do óleo da água e regularização conforme Figura (36.11):
= comprimento das três caixas, sendo a primeira para sedimentação, a segunda para separação
do óleo propriamente dito e a terceira para regularização.

Lf Ls La

Figura 36.11- Esquema de uma caixa de retenção de óleo e sedimentos.


Exemplo 36.11
Calcular o comprimento total L para área da bacia de 4.000m2 (0,4ha) sendo Ls=12,81, Lf= 3,33m.
Adotando-se o mínimo para La=2,40 teremos:

L= Ls+ Lf+ Ls = 12,81+ 3,33+ 2,40= 18,54m

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Figura 36.12- Variáveis da caixa separadora de óleos e graxas. Observar que a altura d é a
lâmina de água existindo uma folga para até a altura máxima da caixa. O comprimento L ou
seja Ls vai da caixa de sedimentação até a caixa de regularização.
Fonte:
http://www.mfe.govt.nz/publications/hazardous/water-discharges-guidelines-dec98/app-5-
separator-design-dec98.pdf

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Ventilação
Deverá haver ventilação por razão de segurança e se possível nos quatro cantos da caixa. O
diâmetro mínimo da ventilação é de 300mm e deve ter tela de aço com ¼” .
Existem caixas com tampas removíveis e outras que podem ser usados insufladores de ar.
A altura da caixa mínima deverá ser de 2,10m para facilitar a manutenção.

36.15 Dimensões mínimas segundo FHWA


As dimensões internas mínimas para uma área de 0,4ha (4.000m2) é a seguinte:

Profundidade= 1,82m
Largura =1,22m
Comprimento = 4,26m
Comprimento da primeira câmara= 1,82m
Comprimento para cada uma das outras duas câmaras= 1,22m
Volume das duas primeiras câmaras =(1,82m+ 1,22m) x 1,82m x 1,82m=10m3.
Taxa= 10m3/ 0,4ha= 25m3/ha (28m3/ha)
Taxa= 2,2m2/ 0,4ha = 6 m2/ha (20m2/ha)
Volume da caixa separadora= 9,5m3
Área superficial da caixa separadora= 5,2m2
L =4,26m

Lf=1,82 Ls=1,22m La=1,22

Profundidade=d=1,82m
Figura 36.13- Esquema de uma caixa de retenção de óleo e sedimentos mínima para área até
0,4ha (FHWA) com as dimensões internas.
O comprimento Lf que depende do que vai ser sedimentado pode ser adaptado as condições
locais.

36.16 Volume de detenção


O volume de detenção para período de retorno Tr=10anos.
V= 4,65 AI . A para Tr= 10anos
A= área da bacia (ha). A≤100ha
V= volume do reservatório de detenção (m3)
AI= área impermeável (%) variando de 20% a 90%
A= área em hectares (ha) ≤ 100ha
A vazão específica para pré-desenvolvimento para período de retorno de 10anos é de 24
litros/segundo x hectare.

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Figura 36.14- Separador de óleo e graxas em forma de um poço de visita. Temos dois tipos
básicos de separadores de óleos e graxas. A primeira é a caixa de três câmaras e a segunda é o
poço de visita.
http://www.ci.tacoma.wa.us/WaterServices/permits/Volume5/SWMM%20V5-C11.pdf. Com
acesso em 8 de novembro de 2005.

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Exemplo 36.12
Dimensionar uma caixa de retenção óleo/água API para reter glóbulos ≥150µm. A área de um
estacionamento de veículos tem 4.000m2 e a mesma será calculada off-line. Supomos first flush
P=25mm. Supomos que o estacionamento tem 100m de testada com 40m de largura e a declividade é
de 0,5% (0,005m/m)

Cálculo da vazão para melhoria da qualidade das águas pluviais.

Coeficiente volumétrico Rv
Rv=0,05+0,009x AI
Supomos C= Rv
C= 0,05 + 0,009 x 10 = 0,95

Intensidade da chuva correspondente ao volume WQv em mm/h para a RMSP.


I = 45,13 x C + 0,98

Tempo de concentração
Usando para o tempo de concentração da Federal Aviation Agency (FAA, 1970)
L= 40m
S=0,005m/m
C=0,95

tc= 3,26 x (1,1 – C) x L 0,5 / S 0,333


tc= 3,26 x (1,1 – 0,95) x 40 0,5 / 0,005 0,333 = 15min

Para São Paulo, equação de Paulo Sampaio Wilken:

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89

Tr= 10anos

1747,9 x 100,181
I =------------------------ =128mm/h
( 15 + 15)0,89

Fórmula Racional
Sendo:
A= 0,4 ha
I = 96mm/h
Vazão de pico
Q=CIA/360= 0,95 x 128 x 0,4 / 360= 0,135m3/s = 135litros/segundo (Pico da vazão para
Tr=10anos)

Portanto, o pico da vazão da área de 4000m2 para Tr=10anos é de 130 litros/segundo.

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Vazão para melhoria da qualidade das águas pluviais referente ao first flush
A vazão que irá para a caixa será somente aquela referente ao volume WQv.
A= 0,4ha

Intensidade da chuva áreas A≤ 2ha para a RMSP.


I = 45,13 x C + 0,98= 45,13 x 0,95 + 0,98 = 44mm/h

Fórmula Racional
Q= C . I . A /360 = 0,95 x 44 x 0,4 / 360 = 0,050m3/s = 50litros/segundo

Portanto, a vazão que irá para a caixa de captação de óleo será de 50litros/segundo o restante 135-
50= 85 litros/segundo irá para o sistema de galeria existente ou para o córrego mais próximo.

Velocidade ascensional e horizontal


Adotamos velocidade ascensional vt=0,002m/s e velocidade horizontal Vh=0,015m/s

Área da secção transversal Ac


Q= 0,050m3/s
Ac= Q/ 0,015 =0,05/0,015= 3,4m2

Altura d da lâmina de água na caixa


d= ( r x Ac) 0,5
r=0,5 (adotado)
d= ( 0,5 x 3,4) 0,5 = 1,30m.

Comprimento Ls da câmara de separação de óleo propriamente dita

Ls= 10,5 x d= 10,5 x 1,30m = 13,65m

Largura W da caixa
W= d / 0,5 = 1,30 / 0,5 = 2,60m> 1,20m mínimo adotado

Câmara de sedimentação
Taxa normalmente adotada para sedimentação=20m2/ha x 0,4ha = 8m2
La= Área da câmara sedimentação / largura = 8,0/ 2,60= 3,10m> 2,40m OK.

Câmara de regularização
Adotado comprimento Lf= 1,20m conforme FHWA

Comprimento total das três câmaras


L =La + Ls + Lf = 3,10+ 13,65 + 1,20 = 17,95m
Altura d=1,80 para manutenção. Largura W= 3,00m. Comprimento total= 17,95m

Conferência:
Vh= Q / d x W = 0,050 / (1,3 x 2,6) = 0,0148m/s <0,015m/s OK

Tempo de residência
A área da seção transversal tem 3,00m de largura por 1,30m de altura.
S= 2,60 x 1,30= 3,38m2

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Q= S x V
V= Q / S= 0,050m3/s / 3,38m2 = 0,01m/s
Mas tempo= comprimento / velocidade = 17,95m / 0,0148m/s= 1213s= 20,2min > 20min OK.

36. 17 Modelo de Auckland


Vamos apresentar o modelo de Auckland que é muito prático e eficiente para dimensionar
caixa API.
Área da projeção da caixa
A área da caixa onde será flotado o óleo é:
Ad= (F x Qd)/ Vt
Sendo:
Ad= área da caixa onde será flotado (m2). Nota: não inclui a primeira câmara de sedimentação e nem
a última câmara de equalização.
F= fator de turbulência (adimensional)
Qd= vazão de pico (m3/h)
Vt= velocidade ascensional (m/h) que depende do diâmetro do glóbulo e da densidade específica.

O fator de turbulência F é dado pela Tabela (36.6).

Tabela 36.6- Fator de turbulência conforme Vh/VT conforme Auckland, 2002


Vh/Vt Fator de turbulência
F
15 1,64
10 1,52
6 1,37
3 1,28

Segundo Auckland, 2002 devemos adotar certos critérios que são:


• Vh ≤ 15 . VT
• Vh < 25m/h
• d= profundidade (m)
• 0,3W < d ≤ 0,5 W (normalmente d=0,5W)
• 0,75 < d < 2,5m
• W= largura da caixa (m)
• 1,5m < W < 5m
As restrições como a profundidade mínima de 0,75m é importante, assim como manter
sempre Vh<15Vt.

Exemplo 36.13- Adaptado de Auckland


Dimensionar para um posto de gasolina com área de 300m2 uma caixa API para captar os óleos
e graxas provenientes das precipitações no pátio.
Auckland adota para o first flush com Intensidade de chuva I=15mm/h
Q=CIA/360
A= 300/10000=0,03ha
I=15mm/h
C=1
Q=CIA/360= 1,0x15mm/hx0,03ha/360=0,00125m3/s=4,5m3/h
A velocidade ascensional para globulo de 60μm é Vt= 0,62m/h.

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A velocidade horizontal Vh deve ser:


Vh= 15 x Vh= 15 x 0,62m/h=9,3m/h
A área da secção transversal será:
Qd/Vh= 4,5m3/h / 9,3m/h=0,48m2
Portanto, a área da secção transversal deverá ter uma áea de 0,48m2, o que daria uma seção
muito pequena e entao vamos escolher as dimensões mínimas que são: largura W=1,50m e
profundidade d=0,75m resultando a seção transversal: 0,75x1,50=1,125m2
Vh x A= Qd
Vh= Qd/ A= 4,5m3/h/ 1,125m2=4 m/h
Vamos achar o fator de turbulência F, mas precisamos da relação Vh/Vt
Vh/Vt= 4m/h/ 0,62m/h= 6,45
Entrando na Tabela (36.6) estimamos F=1,40
A area superficial da câmara do meio destinada a flotação do óleo:
Ad= F x Qd/ Vt
Ad= 1,40 x 4,5m3/h/ 0,62m/h
Ad=10,2m2

Portanto, a área para a flotação do oleo terá 10,2m2. Considerando uma largura de 1,50m
teremos:
10,2m2/ 1,50m= 6,80m
Comprimento de 6,80m
Para a primeira câmara de sedimentação é usual tomarmos comprimento igual a L/3 e para o
tanque de equalização L/4
Assim teremos:
Primeira câmara (sedimentação) = L/3=6,80m/3= 2,27m
Segunda câmara (flotação do óleo) =L=6,80m
Terceira câmara= L/4=6,80m/4=1,70m
Comprimento total= 10,77m
Profundidade adotada=d= 0,75m
Largura=W=1,50m
L =10,77m

Lf=2,27 Ls=6,80m La=1,70

Profundidade=d=0,75 e largura = 1,50m


Placas coalescentes
Caso queiramos usar placas coalescentes verticais teremos:
Ah= Qd / Vt
Sendo:
Ah= área mínima horizontal das placas (m2)
VT= velocidade ascensional (m/h)
Áh= 4,5m3/h / 0,62m/h = 7,26m2
Considerando placa com 0,75m x 1,50m temos:
7,26/0,75x1,50=7 placas
Espessura estimada da placa= 1cm
Espaçamento entre as placas= 2cm
Folga: 15cm antes e depois

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Distância= 15+7 x 2 + 7+15= 51cm


Área = 0,51m x 1,50=0,77m2 que é bem menor que os 10,2m2 obtidos no filtro API gravimétrico.
Aa= Ah/ cos (θ)
Sendo:
A área da placa (m2)
Ah= área mínima horizontal (m2)
θ=ângulo de inclinação da placa com a horizontal
θ=60º
Aa= 7,62m2/ cos (60)= 7,62/0,50=15,24m2

Exemplo 36.14- Dados do Brasil


Dimensionar para um posto de gasolina com área de 300m2 uma caixa API para captar os óleos
e graxas provenientes das precipitações no pátio com glóbulo de 60μm usando first flush
P=25mm.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv=0,05+0,009x AI
Supomos C= Rv
C= 0,05 + 0,009 x 10 = 0,95
Adotando first flush P=25mm
WQv= (P/1000) Rv x A= (25/1000) x 0,95 x 300m2=7,13m3
Relativamente ao first flush queremos que as primeiras aguas, ous seja P=25mm chegue a caixa de
captação de oleos graxas. O restante da água pode passar por cima da mesma e ir para a rua. Detemos
somente o denominado first flush.
Intensidade da chuva correspondente ao volume WQv em mm/h.
Qd= 0,1 x WQv/ (5min x 60s)= 0,1 x 7,13m3/ 300s= 0,00238m3/s=8,6m3/h
A= 300/10000=0,03ha
I=8,8mm/h
C=0,95
Portanto, a vazao de pico que vai para o first flush é 8,6m3/h.

A velocidade ascensional para globulo de 60μm é Vt= 0,71m/h.


A velocidade horizontal Vh deve ser:
Vh= 15 x Vh= 15 x 0,71m/h=10,7m/h
A area da secção transversal será:
Qd/Vh= 8,6m3/h / 10,7m/h=0,80m2
Portanto, a área da secção transversal deverá ter uma área de 0,80m2, o que daria uma seção
muito pequena e adotaremos as dimensoes minimais:
largura W=1,50m
profundidade d=0,75m resultando a
seção transversal: Wx d= 1,50m x 0,75m=1,125m2= A
Vh x A= Qd
Vh= Qd/ A= 8,6m3/h/ 1,125m2=7,6m/h
Vamos achar o fator de turbulencia F, mas precisamos da relação Vh/Vt
Vh/Vt= 7,6m/h/ 0,71m/h= 10,7
Entrando na Tabela (36.6) estimamos F=1,52
A area superficial da câmara do meio destinada a flotação do óleo:
Ad= F x Qd/ Vt
Ad= 1,52 x 8,6m3/h/ 0,71m/h= 18,41m2

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Portanto, a área para a flotação do oleo terá 18,41m2. Considerando uma largura de 1,50m
teremos:
18,41m2/ 1,50m= 12,27m.
Portanto, o comprimento de 12,27m
Para a primeira câmara de sedimentação é usual tomarmos comprimento igual a L/3 e para o
tanque de equalização L/4
Assim teremos:
Primeira câmara (sedimentação) = L/3=12,27m/3= 4,09m
Segunda câmara (flotação do óleo) =L=12,27m
Terceira câmara= L/4=12,27/4=3,07m
Comprimento total= 19,43m
Profundidade adotada= 0,75m

L =19,43m

Lf=4,09 Ls=12,27m La=3,07

Profundidade=d=0,75 e largura = 1,50m

Conferência:
O volume WQv= 7,13m3 deverá ser menor que o volume da 1ª câmara e da segunda câmara:
Volume 1ª e 2ª câmara= (4,09+12,27) x 1,50 x 0,75=18,4m3> 7,13m3 OK.

Conclusão:
Como podemos ver o uso de captação de óleo com o método gravimétrico da API resulta em
caixas muito grandes e daí se usar caixas com placas coalescentes. Salientamos ainda que as caixas
API são geralmente usadas para glóbulos de 150μm e não de 60μm.

Exemplo 36.15
Dimensionar para um posto de gasolina com área de 300m2 uma caixa API para captar os óleos
e graxas provenientes das precipitações no pátio usando glóbulos de 150μm e first flush
P=25mm.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv=0,05+0,009x AI
Supomos C= Rv
C= 0,05 + 0,009 x 10 = 0,95
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,95 x 300m2=7,13m3
A vazão que chega à caixa de detenção pode ser dimensionado como a vazão que chega ao
pré-tratamento usando o tempo de permanência minimo de 5min e então teremos:
Qo= 0,1 x WQv/ (5min x 60)
Qo= 0,1 x 7,13m3/ (5min x 60)=0,00238m3/s=8,6m3/h
A velocidade ascensional para glóbulo de 150μm é Vt= 3,6m/h.
A velocidade horizontal Vh deve ser:
Vh= 15 x Vh= 15 x 3,6m/h=54m/h
A área superficial da câmara do meio destinada a flotação do óleo:

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Ad= F x Qd/ Vt
Vh/ Vt= 54m/h/ 3,6m/h= 15
Entrando na Tabela (36.6) achamos F=1,37
Ad= F x Qd/ Vt
Ad= 1,37 x 8,6m3/h/ 3,6m/h= 3,27m2

Portanto, a área para a flotação do óleo terá 3,27m2. Considerando uma largura de 1,50m
teremos:
3,27m2/ 1,50m= 2,18m.
Portanto, o comprimento de 2,18m
Para a primeira câmara de sedimentação é usual tomarmos comprimento igual a L/3 e para o
tanque de equalização L/4
Assim teremos:
Primeira câmara (sedimentação) = L/3=2,18m/3= 0,73m
Segunda câmara (flotação do óleo) =L=2,18m
Terceira câmara= L/4=2,18m/4=0,55m
Comprimento total= 3,46m
Profundidade adotada= 0,75m

L =3,46m

Lf=0,73 Ls=2,18m La=0,55

Profundidade=d=0,75 e largura = 1,50m

36.18 Caixa de retenção coalescente com placas paralelas


As equações para a caixa de retenção coalescente com placas paralelas são várias e todas
provem da aplicação da Lei de Stokes conforme já visto na caixa de retenção óleo/água da API. Para
efeito de aplicação dos princípios de Hazen são usadas somente as projeções das placas.
Geralmente este tipo de caixa é para glóbulos acima de 40 ou 60μm.
Para lançamento em cursos de água o ideal é que as placas consigam que o efluente
tenha no máximo 20mg/L de óleo e para isto necessitamos de glóbulos maiores ou iguais a
60μm. Usando glóbulos até 20 μm poderemos ter efluente com máximo de 10mg/L.
Os glóbulos de óleo se movem entre as placas de plásticos ou polipropileno e vão aumentando
em tamanho e vão indo para a superfície. Podem ser mais barato que as caixas de retenção tipo API.
Os glóbulos vão se formando e vão subindo numa posição cruzada com o escoamento
seguindo as placas.

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Figura 36.1- Placa coalescentes

Quando prevemos uma grande quantidade de sólidos as placas são instaladas a 60º com a
horizontal para evitar o entupimento. Havendo manutenção adequada das placas coalescentes
paralelas não haverá entupimento das mesmas.
As placas são ajuntadas em pacotes e podem entupir motivo pelo qual tem que ser
estabelecido um intervalo de aproximadamente 6 meses para a limpeza com jatos de água através de
mangueiras.
Para o trabalho perfeito das placas coalescente é necessário o regime laminar para
escoamento.
Os separadores coalescentes usam meio hidrofóbico (repele a água) ou oleofílico (adora óleo),
isto é, meio que repelem a água e atraem o óleo. O óleo pode ser retirado por processo manual ou
automático e pode ser recuperado e usado para outros fins.
Os efluentes das caixas separadoras com placas paralelas indicam retiradas de até 60% do óleo
em comparação com o sistema convencional API.
Dependendo da temperatura do líquido que vai ser detido o óleo usa-se o material adequado.
Assim podem ser usados PVC (60ºC), PVC para alta temperatura (66ºC), Polipropileno (85ºC) e aço
inoxidável (85ºC).
As caixas coalescentes com placas paralelas da mesma maneira que as caixas API possuem
três câmaras:
• Câmara de sedimentação;
• Câmara onde estão as placas paralelas e
• Câmara de descarga,

A câmara de sedimentação deve ter:


• Área superficial de no mínimo 20m2/ha de área impermeável;
• Comprimento deve ser maior ou igual a L/3
• O comprimento recomendado é L/2 (recomendado).

A câmara de descarga deve ter:


• Comprimento mínimo de 2,40m.

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• Comprimento deve ser maior que L/4 (recomendado).

A câmara onde estão as placas paralelas deve ter as seguintes características:


• Confirmar com o fabricante as dimensões para não se ter dúvidas;
• A distância entre uma placa e outra varia de 2cm a 4cm.
• Deverá haver folga de 0,15m antes e depois do pacote de placas paralelas.
As placas paralelas estão inclinadas de 45º a 60º e espaçadas uma das outras de ½” pois possuem
corrugações. As placas são instaladas em blocos. São feitas de aço, fibra de vidro ou polipropileno.
Deve haver um espaço mínimo externo de 8m x 5m para a retirada das placas manualmente ou
através de equipamentos.
Para D=0,006cm (60μm)

Vt= 0,0020 x [(Sw-So)/ μ ] (cm/s)

A área mínima horizontal, nos separadores coalescente é dada pela Equação:

Ah= Q. / Vt
Sendo:
Ah= área horizontal (m2)
Q= vazão (m3/s)
Vt= velocidade ascensional final da partícula de óleo (cm/s)

A velocidade ascensional sendo a gravidade específica das águas pluviais Sw= 0,998 e do óleo
So= 0,85 e viscosidade dinâmica de 0,01poise (20º C) para glóbulo de óleo com diâmetro de 60μm.

Vt= 0,002x [(Sw-So)/ μ ]

Vt= 0,002 x [(0,998-0,85)/ 0,01 ] =0,0296 cm/s=0,000296m/s=1,07mh

Ah= Q / Vt

Ah= Q / 0,0003=3378Q
Área de uma placa
Aa=Ah/ cos (θ)
Sendo:
Aa= área de uma placa (m2)
θ = ângulo da placa com a horizontal. Varia de 45º a 60º.

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Figura 36.15- Exemplo de placas paralelas por gravidade.


Fonte : Tennessee Manual BMP Stormwater Treatment, 2002

Notar na Figura (36.12) que existem as três câmaras, sendo a primeira de sedimentação, a
segunda onde estão as placas coalescentes e a terceira câmara de regularização ou regularização da
vazão. As placas coalescentes ocuparão menos espaços e, portanto a caixa será menor que aquela das
normas API.

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Figura 36.16- Esquema da caixa separadora coalescente com placas separadoras


Fonte: Unified Facilities Criteria UF, US Army Corps of Engineers, Naval Facilities
Engiojneerinf Command, Air Force Civl Engineer Support Agency. 10 july 2001 UFC-3-240-03
http://chppm-www.apgea.army.mil/USACHPPM%20Technical%20Guide%20276.htm.
Acessado em 12 de novembro de 2005.

Notar na Figura (36.16) que as placas coalescentes fazem com que os glóbulos de óleo se
acumulem e subam para serem recolhidos.
Quando se espera muitos sedimentos para evitar entupimentos devem-se usar placas com
ângulo de 60 º.

Exemplo 36.16
Calcular separador com placas coalescentes para vazão de 0,0035m3/s

Ah= 3378 x Q = 3378 x 0,0035= 11,82m2


Aa= Ah / cos (θ)
θ = 45 º
Aa= Ah / cos (θ) = 11,82m2/ 0,707= 16,72m2

Portanto, serão necessário 38,2m2 de placas coalescentes, devendo ser consultado o fabricante a
decisão final.

36.19 Fabricantes no Brasil de caixas com placas coalescentes


No Brasil existe firmas que fazem caixas separadora de óleo para vazão até 40m3/h com
tempo minimo de residência de 20minutos, para densidade de hidrocarboneto ≤0,90g/cm3 e
performance de 10mg/L para partículas ≥40µm ou mais fabricado pela Clean Environment Brasil
(www.clean.com.br).

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SEPARADOR COM SKIMMER

Figura 36.17 – Caixa separadora de óleo fabricado http://www.capeonline.com.br/com_sep.htm


. Acesso em 17 de julho de 2008 de 10m3/h a 40m3/h com teor máximo de saída de óleo de
20mg/L.

Figura 36.18- Caixa separadora de óleo com placas coalescentes


http://www.controleambiental.com.br/sasc_cob_pista2.htm. Acesso em 12 de novembro de
2005.

36.20Flotação
Iremos reproduzir aula que tive em 1994 com o engenheiro químico Danilo de Azevedo em
curso sobre “Efluentes Líquidos Industriais”.
Flotação é um processo para separar sólidos de baixa densidade ou partículas liquidas de uma
fase liquida.
A separação é realizada pela introdução de gás (ar) na forma de bolhas na fase líquida.

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A fase líquida é pressurizada em uma pressão de 2atm a 4atm, na presença de suficiente ar


para promover a saturação da água. Nesse momento o liquido saturado com o ar é despressurizado até
a pressão atmosférica por passagem através de uma válvula de redução.
Pequenas bolhas são liberadas na solução devido a despressurizarão.
Sólidos em suspensão ou partículas líquidas, por exemplo, óleo, tornam-se flutuantes devido à
pequenas bolhas, elevando-se até a superfície do tanque.
Os sólidos em suspensão são retirados.
O líquido clarificado é removido próximo ao fundo e parte é reciclado.
Empregam-se em:
• Separação de graxas, óleos, fibras e outros sólidos de baixa densidade,
• Adensamento de lodo no processo de lodos ativados;
• Adensamento de lodos químicos resultantes de tratamento por coagulação.

Componentes básicos:
• Bomba de pressurização
• Injetores de ar
• Tanque de retenção
• Válvula de redução de pressão
• Tanque de Flotação

Uma discussão mais detalhado sobre flotação poderá ser feita no livro “Wastewater
Engineering- Treatment disposal reuse” de Metcalf & Eddy, 1991 da Editora McGraw-Hill e o livro
“Industrial Water Pollution Control” de W. Wesley Eckenfelder, 1989.

36.21 Sistemas industriais americanos para separação de óleos e graxas


Nos Estados Unidos existem vários sistemas para melhoria da qualidade das águas pluviais
inclusive com caixas separadoras de óleos e graxas e que são fabricadas pelas firmas abaixo
relacionadas com o seu o site onde poderão ser procuradas mais informações a respeito.
• Stormceptor Corporation www.stormceptor.com
• Vortechnics Inc. www.vortechnics.com
• Highland Tank (CPI unit) www.highlandtank.com
• BaySaver, Inc. www.baysaver.com
• H. I. L. Downstream Defender Tecnology, Inc. http://www.hydro-international.biz/

Cada fabricante tem o seu projeto específico sendo que é usado de modo geral o período de
retorno Tr= 1ano ou Tr= 0,5ano (80% de Tr=1ano) ou Tr= 0,25ano = 3meses (62% de Tr=1ano). As
áreas são de modo geral pequenas e variam conforme o fabricante, devendo ser consultado a respeito.
Quanto a eficiência dos sistemas industriais americanos a melhor comprovação é aquelas
feitas por universidades. Por exemplo, em dezembro de 2001 o departamento de engenharia civil da
Universidade de Virginia fez testes de campos sobre a unidade industrial denominada Stormvault.
A grande vantagem destes sistemas industriais é que são compactos em relação aos sistemas
convencionais.

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Figura 36.19 – Caixa separadora de óleo e graxa tipo poço de visita patente da firma
Downstream Defender.
http://www.ci.knoxville.tn.us/engineering/bmp_manual/knoxvilleBMP.pdf. Acesso em 12 de
novembro de 2005

Figura 36.20 – Caixa separadora de óleo e graxa tipo poço de visita patente da firma
Stormceptor.
http://www.ci.knoxville.tn.us/engineering/bmp_manual/knoxvilleBMP.pdf. Acesso em 12 de
novembro de 2005

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Figura 36.21- Instalação de Baysaver.


http://www.baysaver.com/newweb_cfmtest/sys_details_installation.cfm. Acesso em 12 de
novembro de 2005.

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36.22 Skimmer
O skimmer é feito para retirar o óleo.

Figura 36.22- Sobre o liquido existe o recolhimento do óleo automático


http://www.ambarenvironmental.com/html/waste_water_plants.html#b2sump

Figura 36.23- Dispositivo que faz rodar a esteira para recolhimento do óleo
http://www.ambarenvironmental.com/html/waste_water_plants.html#b2sump

Figura 36.24- Dispositivo que faz rodar a esteira para recolhimento do óleo e o recolhimento.
http://www.ambarenvironmental.com/html/waste_water_plants.html#b2sump

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36.23 Postos de Gasolina


O Semasa órgão encarregado do sistema de água potável, esgoto sanitário e águas pluviais de
Santo André possui o Decreto 14555 de 22 de setembro de 2000 que trata dos postos de serviços que
geram óleos e graxas.Cita que o lançamento de óleo e graxa mineral sendo que o limite deve ser
inferior a 20mg/L
Nota: isto pode ser atingido com glóbulos de 60μm, mas a maioria dos fabricantes de caixas
separadoras de óleos e graxas para postos de gasolina com placas coalescentes no Brasil retêm
glóbulos igual ou maior que 40μm e a perfomance de óleo e graxa mineral é 10mg/L para densidade
de hidrocarboneto de 0,90g/cm3, o que é excelente com vazões que atingem até 40m3/h.
É interessante examinarmos também a Conama Resolução nº 273 de 29 de novembro de 2000
que trata das instalações de postos de gasolina.

36.24 Vazão que chega até o pré-tratamento


Uma das dificuldades que temos é calcular a vazão que chega à caixa de captação de óleos e
sedimentos. Temos dois tipos de dimensionamento, sendo um quando trata-se de lavagem de veículos
somente e neste caso precisamos da vazão de pico em m3/h. No outro caso trata-se das precipitações
que será usada 90% da precipitação anual média, que é o first flush. Para a RMSP usaremos first flush
P=25mm.
Vamos apresentar quatro métodos para estimar a vazão que chega até o pré-tratamento quando
o mesmo está off-line.
Os métodos são:
• Método SCS TR-55 conforme equação de Pitt
• Método aproximado do volume dos 5min
• Método Santa Bárbara para P=25mm
• Método Racional até 2ha.

36.24.1 Vazão que chega até o pré-tratamento usando o Método TR-55 do SCS
O objetivo é o cálculo do número da curva CN dada a precipitação P e a chuva excedente Q.
De modo geral a obtenção de CN se deve a obras off-line. Obtemos o valor de CN e continuamos
a fazer outros cálculos.
Os valores de P, Q, S estão milímetros.

( P- 0,2S ) 2
Q= --------------------- válida quando P> 0,2 S (Equação 36.1)
( P+0,8S )

25400
sendo S= ------------ - 254 (Equação 36.2)
CN

Dada as a Equação (25.3) e Equação (25.4). São dados os valores de Q e de P. Temos então duas
equações onde precisamos eliminar o valor S, obtendo somente o que nos interessa, isto é, o valor do
número da curva CN.
Pitt, 1994 in Estado da Geórgia, 2001 achou a seguinte equação utilizando NRCS TR-55,1986
adaptado para P e Q em milímetros.

CN= 1000/ [10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5] Equação (36.3)

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Exemplo 36.17
Seja um reservatório de qualidade da água com tc=11min, área impermeável de 70% e first flush
P=25mm e Área =2ha. Calcular a vazão separadora para melhoria de qualidade das águas pluviais
WQv.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,68 = 17mm

Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação de Pitt


CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197x25 + 0,394x17 – 10 (0,0016x17 2 + 0,0019 x17x25) 0,5]
CN= 96,6
Vamos calcular a vazão usando o método SCS – TR-55
S= 25400/ CN – 254 = 25400/96,6 – 254 =9mm
Usa-se a simplificação de Q=P x Rv, que produz o volume do reservatório para qualidade da
água em mm.
Q= P x Rv= 25mm x 0,68= 17mm= 1,7cm (notar que colocamos em cm)
Ia = 0,2 S = 0,2 x 9mm=1,8mm
Ia/P= 1,8mm/25mm =0,072 e portanto adotamos Ia/P=0,10
Escolhendo Chuva Tipo II para o Estado de São Paulo.
Co= 2,55323
C1= -0,6151
C2= -0,164
tc= 11min = 0,18h (tempo de concentração)
log (Qu) = Co + C1 log tc + C2 (log tc)2 – 2,366
log Qu = 2,55323 – 0,6151 log (0,18) –0,164 [ log (0,18) ] 2 - 2,366
log Qu = 0,55
Qu = 3,58m3/s /cm / km2 (pico de descarga unitário)
Qp= Qu x A x Q
A=2ha = 0,02km2
Q=1,7cm
Qp= Qu x A x Q x Fp =3,58m3/s/cm/km2 x 0,02km2 x 1,7cm =0,12m3/s
Portanto, o pico da descarga para o reservatório de qualidade de água, construído off-line é de
0,12m3/s.

Exemplo 36.18
Num estudo para achar o volume do reservatório para qualidade da água WQv é necessário
calcular a vazão Qw referente a aquele WQv. Seja uma área de 20ha, sendo 10ha de área
impermeável. Considere que o first flush seja P=25mm.
Porcentagem impermeabilizada = (10ha / 20ha) x 100=50%
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 50 = 0,50 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,50 = 13mm
Vamos calcular o número da curva CN usando a equação de Pitt.
CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197 x25 + 0,394 x13 – 10 (0,0016x13 2 + 0,0019 x13x 25) 0,5]
CN= 93,8
Portanto, o valor é CN=93,8.
Valores de CN em função da precipitação P usando a Equação de Pitt

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Exemplo 36.19
Achar o número da curva CN para P=25mm e área impermeável de 70%.
Entrando na Tabela (36.7) com P e AI achamos CN=96,6.
Tabela 36.7 – Valores de CN em função da precipitação P usando a Equação de Pitt
P Área impermeável em porcentagem
mm 10 20 30 40 50 60 70 80
13 90,6 92,9 94,4 95,7 96,7 97,5 98,2 98,8
14 90,0 92,3 94,0 95,4 96,4 97,3 98,1 98,7
15 89,3 91,8 93,6 95,0 96,2 97,1 97,9 98,6
16 88,7 91,3 93,2 94,7 95,9 96,9 97,8 98,5
17 88,1 90,9 92,9 94,4 95,7 96,7 97,6 98,4
18 87,5 90,4 92,5 94,1 95,4 96,6 97,5 98,4
19 86,8 89,9 92,1 93,8 95,2 96,4 97,4 98,3
20 86,2 89,4 91,7 93,5 95,0 96,2 97,2 98,2
21 85,7 88,9 91,3 93,2 94,7 96,0 97,1 98,1
22 85,1 88,5 90,9 92,9 94,5 95,8 97,0 98,0
23 84,5 88,0 90,6 92,6 94,2 95,6 96,8 97,9
24 83,9 87,6 90,2 92,3 94,0 95,5 96,7 97,8
25 83,4 87,1 89,8 92,0 93,8 95,3 96,6 97,7
26 82,8 86,7 89,5 91,7 93,5 95,1 96,4 97,6
27 82,3 86,2 89,1 91,4 93,3 94,9 96,3 97,6
28 81,8 85,8 88,8 91,1 93,1 94,7 96,2 97,5
29 81,2 85,3 88,4 90,8 92,8 94,6 96,1 97,4
30 80,7 84,9 88,0 90,5 92,6 94,4 95,9 97,3

Vamos explicar junto com um exemplo abaixo.


Exemplo 36.20
Seja bacia com tc=11min, área impermeável de 70% e first flush P=25mm e área =50ha.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,68 = 17mm
Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação de Pitt.
CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,3925.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197x25 + 0,394x17 – 10 (0,0016x17 2 + 0,0019 x17x25) 0,5]
CN= 96,6
Vamos calcular a vazão usando SCS – TR-55
S= 25400/ CN – 254 = 25400/96,6 – 254 =9mm
Usa-se a simplificação de Q=P x Rv, que produz o volume do reservatório para qualidade da água
em mm.
Q= P x Rv= 25mm x 0,68= 17mm= 1,7cm (notar que colocamos em cm)
Ia = 0,2 S = 0,2 x 9mm=1,8mm
Ia/P= 1,8mm/25mm =0,072 e portanto adotamos Ia/P=0,10
Escolhendo Chuva Tipo II para a Região Metropolitana de São Paulo.
Co= 2,55323
C1= -0,6151
C2= -0,164

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tc= 11min = 0,18h (tempo de concentração)


log (Qu)= Co + C1 log tc + C2 (log tc)2 – 2,366
log Qu= 2,55323 – 0,61512 log (0,18) –0,16403 [log (0,18)] 2 - 2,366
log (Qu)= 0,5281
Qu= 3,27m3/s /cm / km2 (pico de descarga unitário)
Qp= Qu x A x Q
A= 50ha= 0,5km2
Fp=1,00
Qp= Qu x A x Q x Fp= 3,37m3/s/cm/km2 x 0,5km2 x 1,7cm x 1,00= 2,87m3/s
Portanto, o pico da descarga para o reservatório de qualidade de água, construído off-line é de
2,87m3/s.

36.24.2 Método usando o tempo de permanência 5min para calcular Qo


Vamos mostrar com um exemplo.

Exemplo 36.21
Seja um reservatório de qualidade da água e first flush P=25mm, AI=70 e A=50ha.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 50ha x 10000m2= 8500m3
Qo= 0,1 WQV/ (5min x 60s)= (0,1 x 8500m3)/ (5 x 60)= 850m3/ 300s =2,83m3/s

36.24.3 Cálculo de Qo usando o método Santa Bárbara


Vamos mostrar com um exemplo.

Exemplo 36.22
Seja uma bacia com first flush P=25mm, AI=70 e área =50ha tc=11min
Coeficiente volumétrico Rv
CNp= 55 (área permeável)
CNi=98 (área impermeável)
CNw= CNp (1-f) + 98 x f
f=0,70 (fração impermeável)
CNw= 55 (1-0,70) + 98 x 0,70=85,1
Usando o método Santa Bárbara para P=25mm, obtemos:
Qo=3,09m3/s

36.24.4 Vazão relativa ao volume WQv que chega até o pré-tratamento usando o Método
Racional para áreas ≤2ha.
Esta é uma estimativa que usa o método Racional e vale somente para áreas menores ou iguais a
2ha e para first flush P=25mm para a RMSP.
Em uma determinada bacia o pré-tratamento pode ser construído in line ou off line, sendo que
geralmente é construído off line.
Qo=CIA/360
Sendo:
Qo= vazão de pico que chega até o pré-tratamento (m3/s)
C= coeficiente de runoff.
Rv=C=0,05+0,009 x AI
AI= área impermeável (%)
I= intensidade da chuva (mm/h)
A= área da bacia (ha)

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A≤2ha
I = 45,13 x C + 0,98 Para P=25mm
R2 = 0,86

I= 9,09 x C + 0,20 Para P=13mm


R2 = 0,86

Exemplo 36.23
Calcular o tamanho do reservatório destinado ao pré-tratamento de área com 2ha e AI=70%,
sendo adotado o first flush P=25mm.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68
WQv= (P/1000/ x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 2ha x 10.000m2= 340m3

Vazão de entrada
Uma BMP pode ser construída in-line ou off-line. Quando for construída off-line precisamos
calcular a vazão que vai para a BMP.
Usando o método racional.
Qo=CIA/360
Sendo:
Qo= vazão de pico que chega até o pré-tratamento (m3/s)
C= coeficiente de runoff.
C=Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 70= 0,68
AI= área impermeável (%)
I= intensidade da chuva (mm/h) = 45,13 x C + 0,98= 45,13 x 0,68 + 0,98= 32mm/h (Para P=25mm)
A= área da bacia =2ha
Q=CIA/360
Q=0,68 x 32mm/h x 2ha /360= 0,12m3/s
Portanto, a vazão de entrada é 0,12m3/s.

36.25 Pesquisas do US Army, 2000


O exército dos Estados Unidos fez pesquisas sobre separadores de óleo que passaremos a
descrever.
As pesquisas foram feitas nas instalações do exército; nas lavagens de aviões, lavagens de
equipamentos, nas áreas de manutenção e lavagem de veículos.
Os resultados estão sintetizados na Tabela (36.8) onde aparece a média em mg/L dos efluentes
diversos de acordo com quatro parâmetros.

Tabela 36.8- Média dos influentes no exercito dos Estados Unidos no ano 2000
Parâmetro Instalações Lavagem de Áreas de Áreas de Lavagem de
aviões manutenção equipamentos veículos
Óleos e 316 594 478 183 58
graxas
TSS 1061 625 1272 1856 611
VSS 277 408 416 239 77
COD 2232 8478 1841 692 99
Sendo:
Óleos e graxas: quantidade de média de óleos e graxas do influente (mg/L)

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TSS= sólidos totais em suspensão (mg/L)


VSS= sólidos suspensos voláteis (mg/L)
COD= demanda de química de oxigênio (mg/L)

O influente médio de óleo e graxas varia de 58mg/L a 594 mg/L enquanto que o pico varia de
209mg/L a 1584mg/L. O sólido total em suspensão TSS tem valores médios de 210mg/L a 1272mg/L
variando os picos de 1386mg/L a 6502mg/L.
O objetivo dos separadores de óleo e graxas do exército americano é que o efluente tenha no
máximo 100mg/L de óleos e graxas o que é alcançado usando-se as caixas separadoras de óleo.
A solução atual mais usada no exército americano são as placas coalescentes de polietileno,
instalada a 60º do piso, espaçadas de 19,05mm e com área de superfície de 0,32 gpm/ft2 (0,26 L/s x
m2). Geralmente o glóbulo de óleo adotado é de 60μm.
Para o exército americano o efluente tem como objetivo de ser de 100mg/L antes de ser
lançado nos cursos de água.

32.26 Princípios de Allen Hazen sobre sedimentação


Em 1904 Allen Hazen estabeleceu os princípios da sedimentação em um tanque que varia
diretamente com a vazão de escoamento dividido pela área da placa plana do mesmo.
Este princípio não se aplica somente à sedimentação, mas também a processos de separação
por gravidade de todos os líquidos, incluindo a separação água-óleo.
Vamos detalhar as Guidelines for Design, Instalation and Operation of Oil-Water Separators
for surface runoff treatment de Oldcastle Precast, 1996.

Movimento uniformemente distribuído: laminar


Quando o movimento do fluido é laminar e uniformemente distribuindo na secção
longitudinal da câmara, a velocidade ascensional Vt é o quociente da vazão pela área horizontal.
Vt= Q/AH
Sendo:
Vt=velocidade ascensional (m/h) obtida pela aplicação da Lei de Stokes.
Q= vazão de pico (m3/h)
AH= área plana (m2)

Figura 36.25- Movimento laminar, e movimento turbulento

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Figura 36.26- Área plana usada por Allen Hazen

Outros regimes de escoamento


O escoamento raramente é uniformemente distribuído e laminar. Em muitos casos as altas
vazões, causam turbulências nas beiradas, isto é, perto da entrada, perto da saída e nas imediações do
fundo da câmara.
Portanto, haverá uma perda de eficiência no processo de separação por gravidade e devido a
isto, foi introduzido o fator F de turbulência pela American Petroleum Institute –API conforme
Publication 421- Design and Operation of Oil Separators, 1990, que recomenda valores de F entre
1,2 a 1,75.
AH= F x Q/ Vt
O valor de F não pode ser menor que 1 porque a performance não pode ser maior que os
princípios de Hazen.
Muitos separadores por placas coalescentes possuem uma ótima performance perto do ideal e
em algumas vezes é admitido F=1 ou omitido intencionalmente o valor de F, baseado no regime de
escoamento que é essencialmente uniforme e radial.
O principio de Hazen foi validado experimentalmente
A velocidade ascensional Vt para separador água-óleo pode ser achada pela Lei de Stokes.
Lembramos também que além da componente de velocidade vertical Vt, existe a velocidade
horizontal VH.
Portanto, os glóbulos de óleo podem se elevar em varias situações até atingir a superfície. O
glóbulo pode estar em situação que demorará mais tempo para subir e o tempo em que todos os
glóbulos de óleo irão subir é denominado de “ts”, isto é, tempo de separação.
Definimos por outro lado, o valor “tr” como o tempo em que água leva para percorrer a
câmara que é chamado de tempo de residência.
O tempo de separação ts deve ser menor ou igual ao tempo de residência tr.
ts ≤tr
O tempo de separação ts pode ser obtido por:
ts= d/ Vt
Sendo:
ts= tempo de separação (h)
d= altura da câmara (m)
Vt= velocidade ascensional (m/h)
O tempo de residência tr pode ser obtido por:
tr= L/ VH
Sendo:
tr= tempo de residência (h)
L= comprimento da câmara (m)
VH= velocidade horizontal (m/h)

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Como ts ≤tr podemos fazer:


d/Vt ≤ L/VH
Fazendo um rearranjo podemos obter:
VH x d/ L ≤ Vt
Aplicando a equação da continuidade temos:
Q= VH x Av
Av= B x d
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/h)
VH= vazão horizontal (m3/h)
Av= área da seção transversal (m2)
d= altura da câmara (m)
B= largura da câmara (m)
Teremos:
VH= Q/ Av = Q/ (B x d)
Mas:
VH x d/ L ≤ Vt
Substituindo VH temos:
Q x d / ( L x B x d) ≤ Vt

Notar que o valor de “d” aparece no numerado e no denominador podendo portanto ser
cancelado, o que mostra que a altura da câmara não influencia na performance do separador água-
óleo.
Portanto fica:
Q/ AH ≤ Vt
Portanto, fica válido o principio de Hazen:
AH= Q/ Vt
É importante salientar que a área AH pode ser área plana de uma câmara API ou área plana em
projeção de uma placa coalescente instalada a 45º a 60º.

Figura 36.27- Projeção da placa coalescente. Só vale a área plana para o dimensionamento.

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Figura 36.28- Notar a área planta AH e a área da seção transversal Av bem como as partículas
Vt ascensional e VH da velocidade horizontal numa caixa de profundidade d, largura B e
comprimento L.

36.27 Lei de Stokes


Quando uma partícula sólida cai dentro de um líquido segue o que se chama da Lei de Stokes, que
assume o seguinte:
(1) as partículas não são influenciadas por outras partículas ou pela parede dos canais e
reservatórios;
(2) as partículas são esféricas.
(3) a viscosidade da água e a gravidade específica do solo são exatamente conhecidas.
Mesmo não obedecendo as duas primeiras precisamente, é usado a Lei de Stokes, que também
deve ser aplicada a esferas que tenham diâmetro entre 0,0002mm e 0,2mm (McCuen,1998).
A velocidade (uniforme) da queda de esferas, ou seja, a velocidade de deposição (velocidade de
queda) da Lei de Stokes é a seguinte:

Vs= [ D 2 ( γs – γ ) ] / 18 . μ (Equação 36.3)

Sendo:
Vs= velocidade de deposição (m/s);
D= diâmetro equivalente da esfera (partícula) em metros
γ = peso específico da água a 20º C = 9792,34 N/m3 (Lencastre, 1983 p. 434)
γs / γ = 2,65 (densidade relativa do quartzo em relação a água)
γs= peso específico da partícula do sólido (quartzo)= 25949,701N/m3
μ= viscosidade dinâmica da água a 20º C = 0,00101 N. s /m2 (Lencastre,1983)
ρ = massa específica a 20º C = 998,2 kg/m3 (Lencastre, 1983)
ν = viscosidade cinemática da água a 20º C= 0,00000101 m2/s (Lencastre, 1983)

Granulometria dos sedimentos


Na prática adotam-se os seguintes valores para os cursos de água naturais (Lloret, 1984):
γ s= 2.650kg/m3 (peso específico seco)
γ‘s = 1650 kg/m3 (peso específico submerso)
Para o reconhecimento do tamanho dos grãos de um solo, realiza-se a análise granulométrica, que
consiste, em geral, de duas fases: peneiramento e sedimentação (Souza Pinto, 2000).
O peso do material que passa em cada peneira, referido ao peso seco da amostra, é considerado
como a “porcentagem que passa” representado graficamente em função da abertura da peneira em
escala logarítmica (Souza Pinto, 2000). A abertura nominal da peneira é considerada como o

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“diâmetro” das partículas. Trata-se, evidentemente de um “diâmetro equivalente”, pois as partículas


não são esféricas.
A análise por peneiramento tem como limitação a abertura da malha das peneiras, que não pode
ser tão pequena quanto o diâmetro de interesse. A menor peneira costumeiramente empregada é a de
n.º200, cuja abertura é de 0,075mm.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) adota, para classificação das partículas, a
Tabela (36.9).

Tabela 36.9- Limite das frações de solo pelo tamanho dos grãos
Fração Limites definidos pela norma da
ABNT
Matacão de 25cm a 1m
Pedra de 7,6cm a 25cm
Pedregulho de 4,8mm a 7,6cm
Areia grossa de 2mm a 4,8mm
Areia média de 0,42mm a 2mm
Areia fina de 0,05mm a 0,42mm
Silte de 0,005mm a 0,05mm
Argila inferior a 0,005mm
Fonte: Souza Pinto,2000 p. 4

Souza Pinto, 2000 diz que na prática, diferentemente da norma da ABNT, a separação entre areia
e silte é tomada como 0,075mm, devido a peneira nº200, que é a mais fina usada em laboratórios.

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Tabela 4.4 - Velocidade de sedimentação de partículas esféricas conforme Lei de Stokes.


Velocidade
de
Tipo de solo Diâmetro partícula sedimentação
vs
μm (mm) (m/s)
Argila 1 0,0010 0,0000009
1,5 0,0015 0,0000020
2 0,0020 0,0000036
3 0,0030 0,0000080
4 0,0040 0,0000142
5 0,0050 0,0000222
6 0,0060 0,0000320
7 0,0070 0,0000435
8 0,0080 0,0000569
Silte 9 0,0090 0,0000720
10 0,0100 0,0000889
12 0,0120 0,0001280
15 0,0150 0,0002000
20 0,0200 0,0003555
25 0,0250 0,0005555
30 0,0300 0,0007999
40 0,0400 0,0014220
50 0,0500 0,0022219
Areia 60 0,0600 0,0031995
67 0,0670 0,004000
80 0,0800 0,0056880
100 0,1000 0,0088874
Fonte: Condado de Dane, USA, 2003. Temperatura a 20º C e partículas com 2,65

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 37- Drenagem e recarga
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Capítulo 37
Drenagem e recarga
Certo dia perguntei ao professor Camargo da Escola Politécnica, em 1962, porque ensinar aqueles
teoremas de matemática que nunca iríamos usá-los na prática.
Respondeu que o objetivo não eram os teoremas, e sim ensinar a lógica matemática.

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 37- Drenagem e recarga
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Sumário

Ordem Assunto
Capítulo 37 - Drenagem e recarga
37.1 Introdução
37.2 Tubos perfurados
37.3 Cálculo do número mínimo de furos do dreno longitudinal
37.4 Material usado na drenagem
37.5 Recarga com tubos perfurados
37.6 Drenagem de pavimentos
37.7 Determinação da espessura e da camada drenante conhecida a sua permeabilidade
hidráulica
37.8 Determinação da permeabilidade hidráulica necessária de camada drenante de
espessura pré-fixada.
37.9 Tempo máximo de permanência das águas infiltradas na camada drenante
37.10 Espaçamento das linhas dos drenos
37.11 Comprimento crítico da tubulação
37.12 Escoamento em aqüífero não confinado usando a hipótese de Dupuit
37.12.1 Escoamento em aqüífero não confinado sobre área impermeável
37.12.2 Escoamento em aqüífero não confinado sobre área impermeável com infiltração para
recarga.
37.14 Trincheira de exfiltração
37.17 Routing - Método Modificado de Pulz
37.18 Detalhes do projeto
37.19 Descarga da exfiltração
37.20 Volume de armazenamento
37.21 Vazão infiltrada pela camada de pedra do tubo perfurado
37.22 Custos
33 páginas

37-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 37- Drenagem e recarga
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Capítulo 37- Drenagem e recarga

37.1 Introdução
O dreno cego ou dreno francês é aquele que não tem tubos, isto é, o escoamento se dá somente
através do material drenante conforme Figura (37.1) a (37.4).
O objetivo é rebaixar o lençol freático ou remover as águas pluviais infiltradas. É construído de pedras
britadas envoltas em bidim, de maneira que o transporte se faz através dos agregados.
Existe ainda o dreno com tubo perfurado que garante a drenagem em caso de entupimento do fluxo
nas pedras britadas e é aconselhável que a declividade seja maior ou igual a 1%.
A permeabilidade do bidim deve ser no mínimo 10 vezes maior que a do solo vizinho para permitir a
drenagem.
Para o cálculo é usada a Lei de Darcy:

(Q/L)= K x G x A
Sendo:
Q/L= vazão de percolação no solo por metro de trincheira (m3/dia/m)
G= gradiente hidráulico ∆H/L= S=declividade do dreno (m/m). Nota: aproximadamente
A= área da seção transversal (seção normal ao fluxo) (m2/m)
K= condutividade hidráulica (m/dia)

Figura 37.1- Dreno Francês ou camada drenante. Corte transversal de estrada de rodagem mostrando
a camada drenante entre o revestimento e a base. A água infiltrada é coletada por um tubo dreno
transversa, mas na camada drenante, ou seja, no dreno francês não tem tubo.
Fonte: DNER, 1990

Figura 37.2- Camada drenante (dreno Francês). Observar que não tem tubos.
Fonte: DNER, 1990

37-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 37- Drenagem e recarga
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Figura 37.3 - Dreno Francês. O tubo é colocado como fator de segurança.


Fonte: Wanielista , 1997

Figura 37.4 - A água do solo entra pelos furos do tubo que a conduz para outro local

Exemplo 37.1
Calcular o dreno francês com 1,20m de largura por 0,90 de altura da seção transversal, sendo a descarga
necessária de 600m3/dia de 30m de dreno. A declividade S= 0,01m/m. Qual deve ser a permeabilidade dos
agregados para uma drenagem apropriada?
L= 30m comprimento do dreno.
Q/L= 600m3/ 30m= 20m3/dia/m
G= S= 0,01m/m (declividade)
A= 1,20m x 0,90m= 1,08m2 (seção transversal)

Q/L= K x G x A
20m3/dia/m= K x 0,01m/m x 1,08m2
K= 1852m/dia= 2,14 cm/s

Escolhe-se um agregado, conforme Figura (37.11) que tenha mais de 2,14cm/s.

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Capítulo 37- Drenagem e recarga
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37.2 Tubos perfurados


Os perfurados podem ser dos seguintes materiais: concreto, cerâmicos, plásticos ou metal.
Os tubos perfurados de concreto ou cerâmica deverão satisfazer as exigências da ABNT e os tubos
de plásticos deverão atender as normas da ABNT NBR-7367/88 NB-281 e NBR-7362/99 e no caso de tubos
metálicos ABNT NBR-8161/83 PB-77.
Os diâmetros dos tubos variam de 10cm a 25cm, sendo que no caso de materiais plásticos flexíveis
corrugados os mesmos são da ordem de 5cm a 20cm conforme DNER, 1990.
Os furos dos tubos de concreto podem variar de 6mm a 10mm, enquanto que os furos dos materiais
plásticos flexíveis corrugados, possuem ranhuras que vão de 0,6mm a 10mm.
No caso em que haja posição dos furos, os mesmos deverão ser colocados para cima, e isto exige
que na base da vala do dreno, seja instalado material impermeável até a altura dos furos iniciais. Nas outras
condições deve-se colocar um colchão filtrante no fundo da vala.
No caso de tubos plásticos corrugados flexíveis, por serem totalmente ranhurados, não há
necessidade de direcionar as aberturas de entrada de água, conforme DNER, 1990.

Figura 37.5 - Tubo perfurado para drenagem da marca Tigre com comprimento de 6m e diâmetros de 100mm e
150mm

Figura 37.6 - Vista lateral do tubo perfurado para drenagem da marca Tigre com comprimento de 6m e diâmetros
de 100mm e 150mm. Notar as ranhuras.

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 37- Drenagem e recarga
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Figura 37.7 - Vista lateral do tubo Tigre tubos para drenagem drenoflex 65mm e 110mm

Figura 37.8 - Tubo de metal corrugado com furos em todas as direções

A perfuração dos tubos perfurados de polietileno (PE) obedece a algumas diretivas gerais.

Tabela 37.1 - Perfuração dos tubos de polietileno PE


Diâmetro do tubo Área dos furos Diâmetro da Largura da Comprimento
por cm2/m perfuração ranhura máximo da
circular retangular ranhura
100mm a 250mm 31 cm2/m 4,76mm 3,18mm 64mm
300mm a 450mm 42 cm2/m 9,53mm 3,18mm 77mm
> 450mm 42 cm2/m 9,53mm 3,18mm 77mm
Fonte: CPPA- Corrugated polyethylene pipe association, 1998

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37.3 Cálculo do número mínimo de furos do dreno longitudinal


A descarga a ser drenada por metro linear de dreno longitudinal será a correspondente a descarga de
1,0m da base drenante, conforme DNER, 2000.

Q= Cd x A x N x (2 x g x h) 0,5
Sendo:
Q= descarga (m3/s)
Cd= coeficiente de vazão = 0,61
A= área de cada orifício (m2)
N= número de furos
g= aceleração da gravidade = 9,81m/s2
h= a carga sobre cada orifício suposta em média de 0,10m
Q= Cd x A x N x (2 x g x h) 0,5
Q= 0,61 x A x N x (2 x 9,81 x 0,10) 0,5

N=Q/ (0,85 x A)
O DNER, 1990 recomenda que os diâmetros dos furos sejam de 0,60mm a 10mm, dependendo do
diâmetro da brita que envolver o tubo.

Exemplo 37.2
Calcular o número de furos por metro linear de um dreno com diâmetro de furo de 10mm e vazão por metro
linear de 50m3/dia.
Q= 50m3/dia= 50/ 86400s= 0,000579m3/s
A= π x D2 / 4 = 3,1416 x (0,01 2) / 4= 0,0000785m2
N= Q/ (0,85 x A)
N= 0,000579/ (0,85 x 0,0000785)= 9 furos de 10mm de diâmetro cada.

37.4 Material usado na drenagem


Os materiais usados nas bases drenantes são os agregados de rocha sadia, britados ou não.
Sendo DNER, 1990, as faixas usadas exigem um afastamento relativamente pequeno entre os
tamanhos máximos e mínimos, por exemplo: 1 ¼” à ¾”, 3/8” à 1/8”, etc de modo a manter a permeabilidade
elevada.
Ainda segundo o DNER, 1990 a experiência tem recomendado algumas curvas para agregados de
graduação que estão na Figura (37.11).
Neste desenho, verifica-se que as cincos granulometrias recomendadas se situam entre os diâmetros
de 1 ½” e 1”, 1 ½” e peneira nº 4, ¾” e 3/8”, 3/8” e peneira nº 4 e peneira nº 4 e peneira nº 8.
O Federal Highway Administration recomenda que o tamanho mínimo do material a ser usado nas
bases drenantes seja o da peneira n٥ 4.

Tabela 37.2 Peneira e porcentagem que passa pela mesma


Tamanho das peneiras conforme os padrões Porcentagem do que passa
americanos
½” 100%
3/8” 95%
#4 35%
#8 15%
#16 10%
#30 3%
Fonte: Estado de New Jersey, 2004

37-7
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Capítulo 37- Drenagem e recarga
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37.5 Recarga com tubos perfurados (exfiltração)


Quando queremos fazer a recarga com tubos perfurados temos, que observar que o lençol freático
esteja no mínimo a 1,20m abaixo da geratriz inferior, para que seja feita a infiltração propriamente dita.
Notar que o diâmetro dos furos será um fator limitante, pois, quanto menor for os diâmetros dos furos
e sua quantidade, menor será a vazão. Um outro fator limitante é o coeficiente de condutividade hidráulica K
(mm/h).

Figura 37.9- Tubo perfurado usado para recarga do lençol freático. Observar o nível do lençol freático e o nível do grade
existente.

Para um furo do tubo que conduz as águas pluviais, a vazão Qp é calculada pela equação do orifício:

Qd= Cd x A (2 x g x H) 0,5
Sendo:
Qd= vazão para um furo (m3/s)
Cd= coeficiente de descarga = 0,60
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s2
H= altura da água acima da perfuração (m)
Na prática a vazão em cada furo varia segundo a altura do nível de água pluvial dentro do tubo. Para
isto existe um exemplo conforme Figura (37.10).

37-8
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Figura 37.10 Vazão em função da altura da água no tubo de 300mm. Observar que há uma equação polinomial.
Fonte: Technical notes 2.195 de janeiro de 2004- ADS http://www.ads-pipe.com

Exemplo 37.3
Um tubo perfurado funcionando à seção plena conduzindo águas pluviais tem diâmetro de 300mm com 120
buracos/m de 9,525mm (0,009525m) com área total de 0,008546m2/m.
H=0,30m (altura do tubo)
D= diâmetro do furo= 0,009525m
A= π x D2/4=(3,14x0,009525 2 /4= 0,0000712m2
Qd= Cd x A (2 x g x H) 0,5 =0,60 x 0,0000712 (2 x 9,81 x 0,30) 0,5 = 0,0001036m3/s
Sendo Qd a vazão que sai por um furo e para 120 tubos teremos:
Qd= 120tubos x 0,0001036m3/s=0,01244m3/s

Lei de Darcy
A vazão Qs pela lei de Darcy é a seguinte:
Qs= K x G x A
Sendo:
Qs= vazão de percolação no solo (m3/s/m)
G= gradiente hidráulico ∆H/L (m/m)
A= soma das áreas das perfurações (m2/m)
K= condutividade hidráulica (m/s). A Tabela (37.3) e (37.5) apresentam sugestões de valores de K.

Exemplo 37.4
Calcular a vazão de percolação no solo quando a condutividade hidráulica K=1000m/dia=0,01157m/s=
42mm/h.
G= ∆H/L= 1,20m/0,90=1,33
A= 120 tubos x 0,0000712m2 =0,008544m2
Qs= K x G x A
Qs= 0,011575m/s x 1,33 x 0,008544m2=0,000132m3/s/m
Observar que a vazão que passa pelos furos é bem maior que a vazão de percolação, isto é, Qp>>Qs
daí se concluir que a vazão que irá pelo solo é muito menor da vazão que sai pelos furos do tubo de águas
pluviais. Isto mostra que para este caso o fator determinante é a capacidade de infiltração no solo

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Tabela 37.3- Sugestão de valores da condutividade hidráulica K (mm/h)


Descrição do solo Normas alemãs Dados da CIRIA
Mínimo (mm/h) Máximo (mm/h) Mínimo (mm/h) Máximo (mm/h)
Pedregulhos 36.000 100.000
grosso
Media e fino 3.600 18.000 10 1.000
pedregulhos
Pedregulho 1.000 10.000
arenoso
Areia grossa 1.000 6.000
Areia media 200 1.000 0,1 100
Areia fina 36 360
Solo franco 0,01 1
arenoso
Solo silto arenoso 1 100
Solo franco 0,005 0,05
arenoso
Silte 0,03 20 0,0005 0,05
Solo siltoso 0,001 3,6
Solo argiloso 0,0001 0,01 0,00005 0,005
Fonte: Alan A. Smith and Tai D. Bui

Tabela 37.4- Condutividade hidráulica usada no programa HydroCAD 7.1


Tipo de solo Condutividade hidráulica
(mm/h)
Solo arenoso 21
Solo franco arenoso 6
Solo franco 1,3
Solo franco argiloso 0,3
Fonte: adaptado de http://www.hydrocad.net/exfilt.htm.

Cedergren e seus colegas in Chin 2000, sugerem que os agregados em volta de um tubo tenham no
mínimo K=4000m/dia=4,6cm/s que é adequado para qualquer trincheira de infiltração.

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Figura 37.11- Permeabilidade segundo US Standard


Fonte: Manual de Drenagem do DNER, 1990

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O DNER, 1990 utiliza a Tabela (37.5) para se achar os agregados, sendo o mais usado a
condutividade hidráulica de K=2,1cm/s (agregados menores) a K=42cm/s (agregados maiores).

Tabela 37.5 – Coeficientes de condutividade hidráulica K


Material Granulométrica Condutividade Hidráulica
K
(cm) (cm/s) (mm/h) (m/s)
Brita 5 7,5cm a 10cm 100 3600000 1
Brita 4 5 a 7,5 60 2160000 0,6
Brita 3 2,5 a 5 45 1620000 0,45
Brita 2 2 a 2,5 25 900000 0,25
Brita 1 1a2 15 540000 0,15
Brita 0 0,5 a 1 5 180000 0,05
Areia grossa 0,2 a 0,5 1 x 10-1 3600 0,001
Areia fina 0,005 a 0,04 1 x 10-3 36 0,00001
Silte 0,0005 a 0,005 1 x 10-5 0,36 1E-07
Argila Menor que 0,0005 1 x 10-8 0,00036 1E-10
Fonte: Manual de Drenagem do DNER, 1990

Conforme Souza Pinto, 2000 os limites definidos pela ABNT estão na Tabela (37.5B)

Tabela 37.5B- Limite das frações de solo pelo tamanho dos graos
Fração Limites definidos pela norma da ABNT
Matacão de 25cm a 1m
Pedra de 7,6cm a 25cm
Pedregulho de 4,8cm a 7,6cm
Areia grossa de 2cm a 4,8cm
Areia media de 0,042mm a 2,0cm
Areia fina de 0,05mm a 0,042mm
Silte de 0,005mm a 0,05mm
Argila Inferior a 0,005mm
Fonte: Souza Pinto, 2000

37.6 Drenagem de pavimentos


O DNER, 1990 apresenta modelo de cálculo de drenagem de pavimento em áreas onde a
precipitação média anual é maior que 1500mm ou em estradas que passem por dia mais de 500 veículos
comerciais.
Os valores empregados em infiltração em pavimentos asfálticos são os seguintes:

Tabela 37.6- Taxas de infiltração para a camada de revestimento


Tipo da camada de revestimento Valores da taxa de infiltração
(adimensional)
Revestimento de concreto betuminoso 0,33 a 0,50
Revestimento de concreto de cimento 0,50 a 0,67

Chuva de projetos: Tr= 2 anos e chuva de duração de 1hora.


Tempo máximo de permanência das águas nas camadas do pavimento= 1hora
Quantidade de chuva a escoar
Considera-se uma faixa de 1m de largura de asfalto e C= taxa de infiltração.
I= intensidade da chuva (mm/h)
D= comprimento da faixa com largura de 1,00m (m)
C= taxa de infiltração (adimensional)
Q= vazão que escoa vindo da superfície por ocasião de chuva (m3/dia)

Q=C x I x D x 24 /1000

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Exemplo 37.5
Calcular a vazão em m3/dia de um dreno cego de um pavimento com taxa de infiltração C=0,33 com
comprimento D=10m
Adoto Tr=2anos e chuva de duração de 1h para RMSP temos I=39,3mm/h

Q=CxIx Dx 24 /1000
Q= 0,33 x 39,3mm x 10m x 24h / 1000= 3,1m3/dia

37.7 Determinação da espessura “e” da camada drenante conhecida a sua permeabilidade hidráulica.
Dando como conhecida a permeabilidade hidráulica K a espessura “e” é fornecida pela Equação.

e= (C x I x D x 24 ) / (1000 x K x S)
Sendo:
e= espessura da camada drenante (m)
C= coeficiente de infiltração (adimensional)
I= intensidade da chuva (mm/h)
D= comprimento da faixa de 1m de largura (m)
K= condutividade hidráulica da camada de pedra britada adotada (mm/h)
S= declividade (m/m) do dreno cego ou dreno francês, sendo no mínimo de 1%.

Exemplo 37.6
Calcular a espessura “e” da camada drenante de um dreno cego de um pavimento com taxa de infiltração
C=0,33 com comprimento D=10m, espessura e= 0,20m e declividade S=0,01m/m com K= 2500mm/h.
Adoto Tr=2anos e chuva de duração de 1h para RMSP temos I=39,3mm/h
e= (C x I x D x 24 ) / (1000 x K x S)
e= (0,33 x 39,3 x 10 x 24 ) / (1000 x 2500 x0,01)= 0,12m

37.8 Determinação da permeabilidade hidráulica necessária de camada drenante de espessura pré-


fixada.
K= (C x I x D x 24 ) / (1000 x e x S)
Exemplo 37.7
Calcular a condutividade hidráulica K de um dreno cego de um pavimento com taxa de infiltração C=0,33 com
comprimento D=10m, espessura e= 0,20m e declividade S=0,01m/m.
Adoto Tr=2anos e chuva de duração de 1h para RMSP temos I=39,3mm/h
K= (C x I x D x 24 ) / (1000 x e x S)

K= (0,33 x 39,3 x 10 x 24 ) / (1000 x 0,20 x 0,01)= 1556mm/h

37.9 Tempo máximo de permanência das águas infiltradas na camada drenante

V= ( K x S) / (ne x 1000)

Tempo de permanência = Comprimento do dreno/ V


Sendo:
V= velocidade de percolação (m/h)
K= condutividade hidráulica (mm/h)
S= declividade do dreno (m/m)
ne= porosidade efetiva do material usado (adimensional)
Tempo de permanência (h).

Exemplo 37.8
Calcular a velocidade de percolação de um dreno cego com K=75600mm/h =2,1cm/s, declividade S=
0,01m/m e ne=0,40 com dreno de 15m de comprimento.
V= ( K x S) / (ne x 1000 )
V= ( 75600x0,01) / (0,40 x 1000 ) = 1,89m/h
Tempo de permanência = Comprimento do dreno/ V
Tempo de permanência = 15/ 1,89=8h

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37.10 Espaçamento das linhas dos drenos


Existem ocasiões em que é necessário rebaixar o lençol freático de 1,5m a 2,0m e para isto os drenos
devem ser construídos em paralelo e a uma certa distância. Conforme estudos do DNER, 1990 o
espaçamento entre as linhas de tubulações de dreno é dado pela Equação:

E= 2 x h ( K /q ) 0,5

Sendo:
E= espaçamento entre as linhas de dreno (m).
H= altura do lençol freático acima da linha dos drenos (m)
K= condutividade hidráulica do solo (m/s)
q= contribuição da infiltração por m2 de área sujeita à precipitação (m3/s/m2)

Figura 37.12- Espaçamento entre os drenos


Fonte: DNER, 1990

Exemplo 37.9
Calcular o espaçamento entre as tubulações de linha de dreno para rebaixar um lençol freático com altura
h=2,00m, condutividade hidráulica do solo K= 50mm/h=0,0000139m/s
Adoto Tr=2anos e chuva de duração de 1h para RMSP temos I=39,3mm/h.
q= C x I x A = 0,50 x (39,3/1000) /3600 x 1m2 = 0,0000055m3/s/m2
E= 2 x h ( K /q ) 0,5
E= 2 x 2,0 ( 0,0000139 /0,0000055 ) 0,5 = 6,35m
Portanto, as linhas de dreno deverão ficar espaçadas de 6,35m.

37.11 Comprimento crítico da tubulação


Os drenos são construídos espaçados um do outro do espaçamento “E” e a água infiltrada no solo vai
para o tubo dreno que tem declividade mínima de 1%.
Calcula-se a contribuição que o dreno recebe por metro linear Qm que será:

Qm= q x E x k
Sendo:
k= coeficiente de segurança = 2
O comprimento crítico Lc será:
Lc= Q / Qm

Sendo:
Q= vazão máxima (m3/s) admitida
Usa-se a Equação de Manning para qualquer seção o valor da vazão Q.
V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5
Q= V x A
Sendo:
V= velocidade média (m/s)
R= raio hidráulico (m)
S= declividade do dreno (m/m)
Q= vazão (m3/s)
A= área molhada (m2)

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Área molhada (m2)


R = --------------------------------
Perímetro molhado (m)

Para tubo de seção circular a vazão plena Q será:


Q= 0,312 x D 8/3 x S 0,5 / n
Sendo:
n= coeficiente de rugosidade de Manning. n=0,015 para concreto
S= declividade da tubulação (m/m)
D= diâmetro do tubo (m)
Q= vazão na tubulação (m3/s)

Tabela 37.7- Vazões a seção plena de tubos de concreto de 5cm a 45cm e para declividades de
0,005m/m a 0,05m/m conforme Equação de Manning.
Diâmetro da tubulação Vazão a seção plena (m3/s)
m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m
cm m 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045 0,05
5 0,05 0,000 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,002
10 0,10 0,003 0,004 0,005 0,006 0,007 0,008 0,008 0,009 0,010 0,010
15 0,15 0,009 0,013 0,016 0,019 0,021 0,023 0,025 0,026 0,028 0,030
20 0,20 0,020 0,028 0,035 0,040 0,045 0,049 0,053 0,057 0,060 0,064
25 0,25 0,036 0,052 0,063 0,073 0,082 0,089 0,097 0,103 0,109 0,115
30 0,30 0,059 0,084 0,103 0,119 0,133 0,145 0,157 0,168 0,178 0,188
35 0,35 0,089 0,127 0,155 0,179 0,200 0,219 0,237 0,253 0,268 0,283
40 0,40 0,128 0,181 0,221 0,256 0,286 0,313 0,338 0,361 0,383 0,404
45 0,45 0,175 0,247 0,303 0,350 0,391 0,428 0,463 0,495 0,525 0,553

Exemplo 37.10
Calcular o comprimento crítico Lc sendo q= 0,00001m3/s/m2 a vazão de entrada das águas de chuva, sendo
o espaçamento entre as tubulações de drenagem E=7,00m e k=2.
A vazão média Qm será:
Qm= q x E x k
Qm= 0,00001 x 7 x 2=0,00014m3/s/m
O comprimento crítico Lc será:
Lc= Q / Qm

Escolhendo conforme Tabela (37.7) a declividade mínima de 1% e diâmetro de 0,10m a vazão a


seção plena é 0,004m3/s.
Lc= 0,004 / 0,00014= 28,6m
Portanto, o comprimento crítico é 28,6m. Caso o comprimento seja maior que o crítico, pode-se
aumentar o diâmetro da tubulação ou diminuir o espaçamento entre os drenos.

37.12 Escoamento em aqüífero não confinado usando a hipótese de Dupuit


O engenheiro francês A. J. E. J. Dupuit formulou em 1863 as equações básicas do escoamento
baseado em algumas hipóteses.
Mais tarde em 1930 Forchheimer as utilizou e as hipóteses são conhecidas como de Dupuit-
Forchheimer, que dão resultados satisfatórios em aqüíferos não confinados e rasos em que a declividade da
superfície livre é pequena.
As hipóteses de Dupuit são muito úteis em diversos problemas e são as seguintes:
1.O gradiente hidráulico é igual a declividade do lençol freático

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2. Para pequenos gradientes dos lençóis freáticos as linhas são horizontais e as linhas equipotenciais são
verticais.

37.12.1 Escoamento em aqüífero não confinado sobre área impermeável


Em Delleur, 1999 aplicando a hipótese de Dupuit e a equação de Darcy conforme Figura (37.13)
chegou-se a conclusão que:

K .( h12 – h22) = Re. L2


Sendo:
Re=q= taxa de recarga por unidade de largura (m2/dia)
h1= altura da origem (m)
h2= altura (m)
h= altura da vala (m)
L= comprimento (m)
E= espaçamento entre dois drenos (m)
L= E/2
Fazendo as substituições temos:
E= 2h (K/q) 0,5

Que é a Equação usada pelo DNER, 1990.

Figura 37.13- Escoamento em aqüífero não confinado sobre uma área impermeável
Fonte: Delleur, 2002

37.12.2 Escoamento em aqüífero não confinado sobre área impermeável com infiltração para recarga.
Quando há infiltração “w” que corresponde na prática a taxa de recarga. Dupuit usando a Figura
(37.13) chegou às seguintes Equações.

h= [ h12 - (h12 - h22) x/ L + (w/K) ( L – x ) x] 0,5


Sendo:
h= é altura na distância x (m)
x= é a distância desde a origem (m)
h1= é a altura do nível de água na origem (m)
h2= é a altura do nível de água (m)
L= é a distância da origem até o ponto h2 (m)
K=condutividade hidráulica (m/dia)
w= taxa de recarga (m/dia)

Conforme Fetter, 1994 a Equação acima acha qualquer altura h entre os dois pontos iniciais h1 e h2.

Caso não haja a taxa de recarga, isto é, w=0 teremos:

h= [ h12 - (h12 - h22) x/ L ] 0,5

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A descarga q´em qualquer seção na distancia x será q´x.

q´x= K (h12 - h22)/ (2L) - w ( L/2 – x )


Sendo:
q´x = escoamento por unidade de largura na distancia x (m2/dia)
x= distância da origem (m)
K= condutividade hidráulica (m/dia)
h1= altura do nível da água na origem (m)
h2= altura do nível de água (m)
L= distância da origem até o ponto h2 (m)
w= taxa de recarga (m/dia)

Figura 37.14- Escoamento em aqüífero não confinado sujeito a infiltração ou evaporação


Fonte: Fetter, 1994

Distância até a divisão das águas d


Dupuit achou o seguinte valor:

d= L/2 – (K/w) (h12 - h22)/2L

Sendo:
h1= é a altura do nível de água na origem (m)
h2= é a altura do nível de água (m)
L= é a distância da origem até o ponto h2 (m)
K=condutividade hidráulica (m/dia)
w= taxa de recarga (m/dia)

Altura máxima do lençol freático hmax


A altura máxima se dará no ponto de divisão das águas que fica na distância d.

hmax= [ h12 - (h12 - h22) d/ L + (w/K) ( L – d ) d] 0,5

Exemplo 37.11
Um canal foi construído a 450m de distância de um rio. Ambos estão num aqüífero de areia com
condutividade hidráulica K= 1,2m/dia. A área tem precipitação média anual de 0,54m por ano e evapo-
transpiração de 0,39m/ano. A elevação da água no rio é de h1=9,3m e a do canal h2= 8,1m. Achar o ponto de
divisão do lençol freático, a altura máxima de elevação e a descarga por 100m de rio e a descarga por 100m
de canal.
h1= 9,3m
h2= 8,1m
L= 450m
K= 0,36m/dia
Precipitação anual= 0,54m
Evapo-transpiração anual= 0,39m
Taxa de recarga= 0,15m/ano

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Capítulo 37- Drenagem e recarga
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W= 0,000411m/dia
Largura do canal = 1000m
Distância até a divisão das águas
d= L/2 – (K/w) (h12 - h22)/2L
d= 450/2 – (0,36/0,00411) (9,32 - 8,12)/2. 450 = 205m
Altura máxima do lençol freático hmax
hmax= [ h12 - (h12 - h22) d/ L + (w/K) ( L – d ) d] 0,5
hmax= [ h1 - (9,3 – 8,1 ) 205/450 + (0,000411 / 0,36) ( 450 –205 ) 205] 0,5 =12m
2 2 2

A descarga q´em qualquer seção na distância x será q´x.


q´x= K (h12 - h22)/ (2L) - w ( L/2 – x )
Descarga quando x=0
q´x= [K (h12 - h22)/ (2L) - w ( L/2 – x )] 1000m
q´x= [0,36 (9,32 - 8,12)/ (2x 450) ] 1000m= - 84m3/dia por 1000m
O sinal negativo indica que o fluxo é contra o sentido de x.
Descarga quando x=L
q´x= [K (h12 - h22)/ (2L) - w ( L/2 – x )] 1000m
q´x= [0,36 (9,32 - 8,12)/ (2x 4350) – 0,000411 ( 450/2 – 450 )] 1000m= 101m3/dia / 100m

Exemplo 37.12
Na Figura (37.12) temos um exemplo de como usar as hipóteses de Dupuit numa barragem de terra, tendo a
condutividade hidráulica K do maciço. Poderemos assim obter a curva do lençol freático.
h1= 6m
h2= 2m
K=0,066m/dia
L=24m

Figura 37.15- Barragem de terra


Fonte: Fetter, 1994

A descarga será:
w=0
q´x= K (h12 - h22)/ (2L) - w ( L/2 – x )
q´x= K (h12 - h22)/ (2L) = 0,066 ( 62 – 22) ( 2. 24)=0,044m3/dia/m
A vazão que irá escoar dentro do maciço da barragem é de 0,044m3/dia/m de barragem.
A variação do nível de água será:
h= [ h12 - (h12 - h22) x/ L + (w/K) ( L – x ) x] 0,5
mas w=0
h= [ h12 - (h12 - h22) x/ L ] 0,5
Valor de Variação de h
x
(m) (m)
0 6,00
2 5,77
4 5,54
6 5,29
8 5,03

37-18
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10 4,76
12 4,47
14 4,16
16 3,83
18 3,46
20 3,06
22 2,58
24 2,00

Variação do nivel de água na barragem de


terra
Nivel de água (m)

6
4
2
0
0 5 10 15 20
Comprimento (m)

Figura 37.16- Variação de h com o comprimento x

37.13 Recarga de bacia retangular pelo método de Dupuit-Forchheimer


Aplicando ainda as hipóteses de Dupuit-Forchheimer, para uma recarga num aqüífero não confinado,
onde a largura W tem que ser maior que a profundidade do aqüífero H, ou seja,W ≥ H conforme Figura
(37.17)
A taxa de infiltração Re é destinada a recarga e obtemos:

Figura 37.17- Infiltração


Fonte: Delleur, 2002

(hc – he) = Re W2 /(8T)


hc – he = Re W2 /(8.K.H)
hc= he + Re W2 /(8.K.H)

37-19
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Sendo:
hc= altura da água subterrânea no centro (m)
he= altura a uma determinada distância do centro (m)
W= largura da área a ser infiltrada (m)
T= transmissibilidade = K (H + hc/2) = K.H
Re= taxa de recarga (m/dia)
K= condutividade hidráulica do solo (m/dia)

Exemplo 37.15
Uma bacia retangular de recarga tem largura W= 70m e a taxa de recarga é Re= 0,6m/dia. Foi observado em
campo que he= 0,10m K= 2,40m/dia H= 150m. Achar hc.
Nota: o valor de H tem que ser bem maior que o valor de W para as hipóteses de Dupuit-Forchheimer serem
válidas.

hc= he + Re W2 /(8.K.H)
hc= 0,1 + 0,6 x 70 x 70 / ( 8 x 2,40 x 150)= 1,10m

37.14 Trincheira de exfiltração


Vamos explicar a trincheira de exfiltração conforme Chin, 2000, que é utilizada quando queremos
infiltrar águas pluviais em uma trincheira de infiltração subterrânea utilizando-se de um tubo perfurado que
conduz a água até a mesma conforme Figura (37.18). Usamos o nome trincheira de exfiltração para
diferenciar da trincheira de infiltração. Ela é similar a trincheira de infiltração, mas com a diferença que é
subterrânea e pode ser construída debaixo de estacionamento de veículos, superfícies pavimentadas e ruas.
Uma trincheira de exfiltração para ter longa durabilidade, isto é, não entupir (clogging), deve ser feito
antes um pré-tratamento das águas pluviais removendo os sedimentos e poluentes. O pré-tratamento pode
ser considerada como a faixa de filtro gramada, a limpeza de ruas e a remoção de sedimentos, pois o
acúmulo de sedimentos na trincheira de exfiltraçao é de difícil remoção e ficará dispendioso a remoção da
tubulação e do material de pedra britada circundante a mesma.
A trincheira de exfiltração é também chamada de dreno francês ou trincheira de percolação,
conforme Chin, 2000.
Geralmente a trincheira de exfiltração é usada off line em áreas residenciais de até 4ha e áreas
comerciais até 2ha, conforme Chin, 2000
É muito usado como pré-tratamento a faixa de filtro gramado com 6m de largura para remover as
partículas de sedimentos que possam entupir a trincheira
Deve ser usada em solos que a condutividade hidráulica seja maior que 2m/dia (83mm/h) e a
distância mínima do fundo da mesma até o lençol freático não pode ser menor que 1,20m.
Um poço raso ou amazonas para abastecimento de água doméstico deve ficar no mínimo a 30m da
trincheira de exfiltração.
A distância das fundações de um prédio tem que ser no minimo de 6m e a declividade do solo não
deve ser maior que 20%.
A vazão que vai para a trincheira de exfiltração pode ser constante ou não. A vazão será constante
quando fornecida por uma bomba ou quando as águas pluviais provem do escoamento superficial devido a
uma chuva.
A vazão da trincheira de exfiltração Q é igual a soma de duas vazões, uma no fundo e outra nos
lados da trincheira.
Q = Qb + 2x Qs
Sendo:
Q= vazão total da trincheira de exfiltração
Qb= vazão do fundo da trincheira
Qs= vazão de cada lado da trincheira

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Figura 37.18- Trincheira de exfiltração. Observar a altura H, a largura W e que o fundo está no minimo a 1,20m do lençol freático.
O tubo perfurado recebe a água que será infiltrada no fundo e nas paredes (metade de H).

Vazão que exfiltra no fundo da trincheira Qb


Qb = Kt . W. L
Sendo:
Kt= condutividade hidráulica da trincheira
W= largura da trincheira
L= comprimento da trincheira

Vazão que exfiltra no lado da trincheira Qs


Qs= Kt x Aperc
Sendo:
Gradiente hidráulico = G= 1 (admitido)
Aperc= lado da área da trincheira por onde a água se infiltra
É adotado na prática comum que a exfiltraçao se dá na metade da altura da trincheira e assim
teremos:
H=altura da trincheira conforme Figura (37.18) (m).
Aperc= (1/2) . L . H
Como
Q = Qb + 2x Qs
Fazendo as substituições teremos:
Q = Qb + 2. Qs = Kt. W. L + 2 . Kt . (1/2) L. H= Kt. L ( W + H)
L= Q/ ( Kt (W + H)
Sendo:
L= comprimento da trincheira (m)
W= largura da trincheira (m)
H= altura útil da trincheira (m). Existe uma camada de cerca de 0,50m sobre a trincheira preenchida com solo
local, daí a observação de altura útil.
Q= vazão que é bombeado ou injetado na trincheira (m3/dia)
Kt= condutividade hidráulica do solo ao lado da trincheira (m/dia)

O objetivo do dimensionamento de uma trincheira de exfiltração é achar a largura W, o comprimento


L, a altura H, tendo conhecido a condutividade hidráulica Kt e a vazão de entrada Q.

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A seção mais eficiente tem 1m de largura por 2m de profundidade, devendo o lençol freático estar no
minimo a 1,20m do fundo da trincheira.
Ainda conforme Chin, 2000 o tubo perfurado instalado ser for de aço deve ter no mínimo 320
perfurações / m2, sendo as perfurações de diâmetro de 0,95mm.
A taxa de infiltração será:
N= Q/ (L x W)
Sendo:
N= taxa de infiltração (m/dia)
L= comprimento da trincheira (m)
Q= vazão que é bombeada ou injetada na trincheira (m3/dia)

37.15 Alteamento do lençol freático pela Equação de Hantush


Existe um lençol freático que tem altura “b”, porosidade efetiva Sy e condutividade hidráulica K.
Observar que a condutividade hidráulica K do aqüífero saturado pode ser diferente daquela da zona de
aeração.
Queremos saber que com a infiltração da água no lençol freático como o mesmo sobe e saber se isto
não vai ocasionar problema do escoamento devido a necessidade de se manter sempre no mínimo 1,20m do
lençol freático até o fundo da trincheira de exfiltração, sendo isto importante
O parâmetro “ν” será:
ν = Kx b/ Sy
b1= 0,5 x ( hi + h(t))
Sendo:
ν = parâmetro (m2/dia)
b1= espessura do lençol freático no tempo t (m)
Sy= porosidade efetiva (adimensional)
hi= altura inicial da espessura do lençol freático (m)
h(t)= altura no tempo t (m)

Hantush, 1967 in Chin, 2000 obteve a seguinte equação:

hm2 (t)= hi 2 + ( 2Nx ν x t/K) x S* ( W/ (8 ν t) 0,5 , L /(8 ν t) 0,5)

Sendo:
hm =é a máxima altura do lençol freático no tempo t em relação a base (m)
hi= espessura do lençol freático
N= taxa de recarga (m/dia)
t= tempo (horas)
K= condutividade hidráulica do aqüífero (m/dia)
W= largura da trincheira (m)
L= comprimento da trincheira (m)
ν = parâmetro (m2/dia)

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Tabela 37.8- Valores de de α e β conforme função de erro

Fonte: Bouwer in Mays, 1999

Tabela 37.9- continuação- Valores de de α e β conforme função de erro

Fonte: Bouwer in Mays, 1999

Exemplo 37.16
Seja um aqüífero com espessura b=10,7m com condutividade hidráulica K= 107m/dia e porosidade efetiva
Sy= 0,2.
Vamos aplicar sobre o mesmo um trincheira de exfiltração e queremos saber embaixo da mesma,
como sobe o lençol freático, sabendo-se que o mesmo está a 5,00m da superfície do solo.
O solo não saturado tem condutividade hidráulica Kt= 12m/dia.
Supomos que a trincheira está enterrada 0,50. Isto é, sobre a mesma existe altura de solo local de
0,50m.

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Queremos infiltrar no aqüífero 207m3/dia de água bombeada diretamente para um tubo perfurado que
está no meio da trincheira.
Supomos que os agregados na trincheira tenham mais de 2,5cm a 7,5cm e que haja furo suficiente
para a exfiltração das águas pluviais.
Supomos que a largura da trincheira W= 1,00m e que a profundidade da mesma H= 2,00m
L= Q/ [ Kt (W + H)]
L= 207/ [ 12 (1 + 2)]= 5,75m Adoto L=6m
A taxa de infiltração será:
N= Q/ (L x W)
L= 6m
N= 207/ (6 x 1)=34,5 m/dia
O parâmetro ν será:
ν = Kx b / Sy= 107 x 10,7 / 0,2 = 5.724,5 m2/dia
b1= 0,5 x [ hi + h(t)]
Hantush, 1967 in Chin, 2000 obteve a seguinte equação:
hm2 (t)= hi 2 + ( 2Nx ν x t/K) x S* ( W/ (8 ν t) 0,5 , L/ (8 ν t) 0,5)
hm (t)= 10,7 + ( 2x34,5x 5725 x t/107) x S* ( 1 / (8 x5725 t) 0,5 , 6/ (8 x 5725 t) 0,5)
2 2

hm2 (t)= 114 + 3692 x t x S* ( 0,00467 t 0,5 , 0,028/ t 0,5


Para t= 1 dia teremos:
hm2 (t)= 114 + 3692 x 1dia x S* ( 0,00467 x 1 0,5 , 0,028/ 1 0,5)
hm2 (t)= 114 + 3692 x 1dia x S* ( 0,00467 , 0,028)
α= 0,00467
β = 0,028
Entrando na Tabela (37.8) e (37.9) com os valores de α e β e fazendo as interpolações achamos o valor
0,00044
hm2 (t)= 114 + 3692 x 1dia x 0,00044= 114 + 1,6 =115,6
hm = 115,6 0,5 =10,8m
Portanto, o aqüífero que tinha 10,7m passou para 10,8m, isto é, subiu 0,10m, que não apresenta
perigo pois, existe do fundo da trincheira até o nível do lençol freático a distância de 1,85m.

Internet
Uma outra maneira é entrar na internet no site e calcular
http://www.aqtesolv.com/forum/rmound.asp
Achamos 10,8m
Poderemos também variar o tempo de 1 dia para 10 dias, 100dias, 1.000dias, 10.000dias, mas a
altura de 10,80m permanecerá estável.

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0,50m

2,00m
Lençol 1,00m
freático
1,85m

10,7m

Figura 37.19- Esquema para verificar o alteamento do lençol freático

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37.15 Recarga de bacias quadradas pelo método de Bianchi e Mackel


A recarga artificial de aqüíferos é a maneira pelo qual procuramos infiltrar a água superficial no solo.
Quando uma trincheira ou bacia de infiltração começa a funcionar com as águas pluviais que lá
chegaram, começa a percolação e temos que prever quanto sobe o lençol freático, pois sempre consideramos
uma distância segura do mesmo até o fundo da trincheira ou bacia de infiltração.
Esta distância segura deve ser no minimo de 1,2m conforme Figura (37.20). A equação de Hantush
mostra como fazer isto.
Malásia, 2005 mostra um exemplo citando um método gráfico de Bianchi e Mackel, 1970 que mostra
a simplicidade para se achar o alteamento do lençol freático conforme Figura (37.21).

Figura 37.20 Recarga de uma área quadrada


Fonte: Todd, 1990 in Malaysia, 2005

Vamos usar o gráfico de Bianchi e Muckel, 1970 da Figura (37.21) e para isto precisamos achar o
coeficiente:
L / ( 4.T. t /S) 0,5= valor A
Sendo:
L= comprimento (m).
S= porosidade efetiva
t= tempo (dias)
T= transmissibilidade (m2/dia)
Entrando no gráfico com x/L=0,5 e o valor A, isto é, queremos a altura do lençol no meio da bacia de
infiltração e achamos:
h.S/ w. t = valor B
Tirando o valor de h temos:
h= (valor B) . w. t / S
Portanto, no meio da bacia de infiltração o lençol freático sobe em t dias a altura h.

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Figura 37.21 Gráfico adimensional para cálculo de altura de água infiltrada em área de recarga
quadrada
Fonte: Todd, 1980.

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Exemplo 37.17
Uma bacia de infiltração de forma quadrada tem 100m de lado, taxa uniforme de recarga de 0,5m/dia,
transmissibilidade de 800m2/dia, porosidade efetiva do solo de 0,15 conforme Todd, 1980.

Achar a altura que aumenta o lençol freático na borda da bacia após 15dias.
L= 100m S= 0,15 t= 15dias S=0,15 w= 0,5m/dia T= 800m2/dia

Vamos usar o gráfico de Bianchi e Muckel, 1970 da Figura (37.21) e para isto precisamos achar o
coeficiente:
L / ( 4.T. t /S) 0,5=100 / ( 4 x 800 x 15 /0,15) 0,5 = 0,18

Entrando no gráfico com x/L=0,5, isto é, queremos a altura do lençol no meio da bacia de infiltração e
achamos:
h.S/ w. t = 0,07
Tirando o valor de h temos:
h= 0,07 . w. t / S
h= 0,07 x 0,5 x 15 / 0,15 = 3,50m
Portanto, no meio da bacia de infiltração o lençol freático sobe em 15dias a altura de 3,5m.

Tabela 37.10- Planilha de cálculos


Forma: quadrada
Comprimento (m) L= 100 m
Recarga w (m/dia)= 0,5 m/dia
Porosidade efetiva S= 0,15 adimensional
Transmissibilidade (m2/dia)= 800 m2/dia
T=K x D sendo D=espessura do aqüífero
Tempo t em dias t= 15 dias
L/(4.T. t/S) 0,5= adimensional 0,18
Valor achado no gráfico h. S / W. T= valor A 0,07 adimensional
x= distância do centro até um ponto sob o quadrado da bacia a contar do centro
x= L/ 2 (distância do centro da bacia de infiltração até a borda) 50
Valor x/L 0,5
h= altura acima do lençol freático (m)= valor A . W. t / S = (m) 3,5

Exemplo 37.18
Uma bacia de infiltração de forma quadrada com 5m de lado, taxa uniforme de recarga de 34,5m/dia,
transmissibilidade de 800m2/dia, porosidade efetiva do solo de 0,2.

Achar a altura que aumenta o lençol freático na borda da bacia após 1dias.
L= 5m S= 0,2 t= 15dias S=0,2 w= 34,5m/dia
K= 107m/dia
D= espessura do aqüífero= 10,7m

T= K . D= 107 x 10,7= 1144,9m2/dia


t= 1 dia
L / ( 4.T. t /S) 0,5=5 / ( 4 x 1144,9 x 1 /0,2) 0,5 = 0,03

Entrando no gráfico da Figura (37.21) com x/L=0,5, isto é, queremos a altura do lençol no meio da
bacia de infiltração e achamos:
h.S/ w. t = 0,001
Tirando o valor de h temos:
h= 0,07. w. t / S
h= 0,001 x 34,5 x 1 / 0,2 = 0,17m
Portanto, no meio da bacia de infiltração o lençol freático sobe em 1dias a altura de 0,17m.

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Tabela 37.11- Planilha de cálculos


Forma: quadrada
Comprimento (m) L= 5 m
Recarga w (m/dia)= 34,5 m/dia
Porosidade efetiva S= 0,2 adimensional
2
Transmissibilidade (m /dia)= 1144,9 m2/dia
T=K x D sendo D=espessura do aqüífero 1144,9
Tempo t em dias t= 1 dias
0,5
L/(4.T. t/S) = adimensional 0,03
Valor achado no gráfico h. S / W. T= valor A 0,001 adimensional
x= distância do centro até um ponto sob o quadrado da bacia a contar do centro
x= L/ 2 ( distância do centro da bacia de infiltração até a borda) 2,5
Valor x/L 0,5
h= altura acima do lençol freático (m)= valor A . W. t / S = (m) 0,17

37.17 Routing -Método Modificado de Pulz

Figura 37.24- Tubo perfurado com exfiltração

Entrada= saída + exfiltração+ mudança no armazenamento

(I1 + I2 )/2= (Q1 + Q2)/2 + (X1+X2)/2 + (V2 – V1)/ Δt

( I1 + I2 ) =(2V2// Δt + Q2 + X2) – ( 2V1 / Δt + Q1 +X1 ) + 2Q1 + 2X1

( I1 + I2 ) = f(V2, Q2, X2) – f(V1, Q1, X1 ) + 2Q1 + 2X1


Sendo:
I1 = vazão no início do período de tempo
I2= vazão no fim do período de tempo
Q1= vazão de saída no início do período de tempo
Q2= vazão de saída no fim do período de tempo
Δt = duração do período de tempo
V1 = volume no início do período de tempo
V2= volume no fim do período de tempo
X1= vazão de exfiltração no período de tempo
X2= vazão de exfiltração no fim do período de tempo

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37.18 Detalhes do projeto


A camada de pedra britada nº 3 com diâmetro médio de 50mm deverá estar envolvida em bidim para
evitar entupimento de partículas de solo muito fina. O tubo perfurado deve ter a geratriz superior 75mm a
150mm abaixo do topo da camada de pedra britada.
O tubo perfurado deve estar praticamente plano com declividade da ordem de 0,5% para promover a
exfiltração. Ao longo do tubo perfurado deve haver um colar para evitar o caminhamento da água junto ao
tubo. O diâmetro mínimo do tubo perfurado é de 200mm devido a manutenção.
Há necessidade de pré-tratamento.
Para isto é necessário que a taxa de percolação seja K ≥ 15mm/h e que o nível do lençol freático na
pior condição esteja no mínimo a 1,00m do fundo da camada de pedra.
É importante salientar que o valor K=15mm/h é um valor difícil de se achar em áreas de solo argiloso
onde o valor de K varia de 0,2mm/h a 6mm/h.

A Figura (37.25) mostra a instalação de tubos perfurados para infiltração no solo e a Figura (37.26) é
um corte transversal da caixa de pedra para micro-drenagem com tubos perfurados.

Figura 37.26- Corte transversal da caixa de pedra para micro-drenagem com tubos perfurados

37.19 Descarga da exfiltração


A exfiltração num tubo perfurado para conduzir águas pluviais pode ser modelada através da Equação
(37.1) de um orifício variando o coeficiente de descarga Cd de 0 a 0,62, mas tudo depende da profundidade h
e da vazão
Q= Cd x A x (2 x g x h) 0,5 (Equação 37.1)

Sendo:
Cd= coeficiente de descarga = 0,62
A= área do orifício (m2)
g= aceleração da gravidade (m/s2)
h= altura (m)

Devido a complexidade para adotar a equação do orifício, Ontário, 2003 Paul Wisner e associados
em 1994 apresentaram a Equação (37.2) aproximada que depende da área perfurada por metro de tubo, da
declividade do tubo e da vazão de entrada que fornece bons resultados.

Q exf= ( 15 x A – 0,06x S + 0,33) Qentrada (Equação 37.2)


Sendo:
Q exf = vazão exfiltrada pelas perfurações do tubo (m3/s)
A= área de perfurações /m de comprimento de tubo (m2/m)
S= declividade do tubo perfurado (%)
Qentrada = vazão de entrada longitudinal no tubo perfurado (m3/s)

37-30
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 37- Drenagem e recarga
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Nota: a Equação (37.2) foi baseada em tubos de 300mm e com perfurações de 12,7mm e 7,9mm.
Deve ser ter cuidado em usar a equação para diâmetros muito grandes ou tubos com perfurações
muito grande. Usando a Equação (37.2) pode ser feito tabelas para se obter a exfiltração.

Exemplo 37.20
Seja uma galeria de águas pluviais com 130m com tubos perfurados de diâmetro de 200mm com cinqüenta
perfurações de 12,7mm de diâmetro por metro de tubo e assentados com declividade de S=0,5%. As pedras
britadas que serão usadas são as de nº 3.
O bidim estará envolvendo a camada de pedra para evitar entupimento. A profundidade máxima da
caixa de pedras é de 1,50m

A área de um furo= 3,14 x 0,0127 2 / 4= 0,000126613 m2


Como temos 50furos por metro a área A= 50 x 0,000126 6613= 0,006m2/m
S=0,5%
Q exf= (15 x A – 0,06 x S + 0,33) Qentrada
Q exf= (15 x 0,006 – 0,06x 0,5 + 0,33) Qentrada
Q exf= 0,39 x Qentrada

Tabela 37.14 Vazão de exfiltração em função da altura de água no tubo


Altura da água no
tubo variando de Qentrada (vazão Q exfiltração Q saída= Qentrada -Q
zero a altura do que entra na (volume que exfiltração
tubo 0,20m tubulação) passa pelos
furos)
(m) (m3/s) (m3/s) (m3/s)
0,000 0,0000 0,0000 0,0000
0,025 0,0010 0,0004 0,0006
0,050 0,0030 0,0012 0,0018
0,075 0,0065 0,0012 0,0053
0,100 0,0120 0,0025 0,0095
0,125 0,0165 0,0047 0,0118
0,150 0,0210 0,0064 0,0146
0,175 0,0220 0,0082 0,0138
0,200 0,0230 0,0086 0,0144
Fonte: Ontário, 2003

37.20 Volume de armazenamento


Conforme Ontario, 2003 o volume de armazenamento no reservatório é feito com pedra nº 3 é
fornecido pela Equação (37.3) e Figura (37.26).

V= L x W x D x n x f (Equação 37.3)
Sendo:
V= volume de armazenamento (m3)
L= comprimento da tubulação perfurada (m)
W= largura da caixa de pedra nº 3 (m)
D= profundidade da caixa de pedra (m)
f= 0,75 = fator de longevidade para o solo nativo
n= 0,40=espaço vazio nas pedras.

O critério usando em Ontário, 2003 é que o volume de armazenamento deverá ter no mínimo 5mm
da área da bacia e no máximo 25mm.

Pode-se usar na prática o volume para melhoria da qualidade das águas pluviais:
WQv=(P/1000) x Rv x A.
Portanto, V=WQv.

Exemplo 37.21
Sendo a área de 1ha, com área impermeável de 70% AI=70% achamos o volume WQv.

37-31
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Rv= 0,05+0,009x AI= 0,68


WQv= (25/1000) x 0,68 x 1ha x 10.000m2 =170m3

Supor comprimento L=130m, altura de D=1,50 e largura de W=3,00m e índice de vazios n=0,40 e f=0,75.
V= L x W x D x n x 0,75 x f
V= 130 x 3,0x 1,50 x 0,40 x 0,75 = 176m3 >170m3 OK.

37.21 Vazão infiltrada pela camada de pedra do tubo perfurado


Sendo conhecido o volume V temos as dimensões da caixa de pedra: L, W e D. Assim podemos
calcular a vazão que será infiltrada conforme Ontário, 2003:

Q= f x (P/3600000) x (2xLx D + 2 x W x D + L x W) x n (Equação 37.4)

Sendo:
Q= vazão (m3/s) dependente do volume V
P= taxa de percolação (mm/h)
L= comprimento (m)
D= profundidade (m)
W=largura (m)
n= índice de vazios= 0,4
f= fator de longevidade conforme Tabela (37.15)

Podemos desprezar o termo WxD, pois ai não há infiltração e teremos:

Q= f x (P/3600000) x (2Lx D + L x W) x n (Equação 37.5)

O fator de longevidade f pode ser adotado pela Tabela (37.15).

Tabela 37.15- Fator de longevidade conforme a taxa de percolação P


Taxa de percolação do solo- P Fator de longevidade
(mm/h) (f)
P< 25 0,50
25<P < 100 0,75
P>100 1,00
Fonte: Ontário, 2003

Exemplo 37.22
Calcular a vazão infiltrada na caixa de pedra britada com 130m de comprimento, profundidade da caixa de
pedra de D=1,50m, largura da caixa de pedra W= 3,00m e taxa de percolação P= 50mm/h.

Q= f x ( P/3600000) x (2L x D +L x W) x n
Q= 0,75 x (50/3600000) x (2x 130x 1,50 + 130 x 3,00) x 0,4= 0,00325m3/s = 3,25 L/s

Será infiltrado no solo 0,00325m3/s e se a entrada de águas pluviais for maior que este valor haverá
overflow sendo a vazão de água encaminhada para uma galeria de águas pluviais convencional ou para um
córrego mais próximo.
A Figura (37.27) mostra uma galeria de micro-drenagem onde há tubos perfurados para infiltração no
solo. A idéia central é que grande parte das águas pluviais sejam infiltradas no solo.

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Capítulo 37- Drenagem e recarga
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Figura 37.27- Perfil de galeria de águas pluviais com tubos perfurados aplicado na cidade de
Etobicoke. Fonte: Ontário, 2003

O professor dr. Engenheiro civil José Bernardes Felex conhece Etobicoke e juntamente com o
falecido dr. Chaves construíram na década de 1980 na cidade de Ribeirão Preto cerca de 4km de rede de
águas pluviais com infiltração no solo. O solo é argiloso com baixa taxa de infiltração, mas apesar de não
haver diminuição de custo, houve melhoria com o retardo do pico de enchente.
O dr. Felex nos 1970 projetou na rua Xavier de Toledo e outras no centro de São Paulo sistema de
água pluviais onde instalou canaleta com 0,30m x 0,30m abaixo da sarjeta e usou grelhas de maneira que a
água não é vista na rua, pois ela entra por toda a canaleta seguindo depois para as galerias de águas
pluviais. Disse-me que usou Tr=10anos e que foi aluno do prof. dr. Kokei Uehara. Informou ainda que teve
grandes problemas na Ladeira Porto Geral.
O dr. Felex foi também conselheiro do FHWA dos Estados Unidos.

37.22 Custos
Apesar de uma parte das águas pluviais se infiltrarem a redução dos custos de uma micro-drenagem
com tubos perfurados economiza somente 10% do custo dos tubos.

37-33
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Capítulo 38- Método do SCS
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Capítulo 38
Método do SCS

38-1
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Capítulo 38- Método do SCS
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SUMÁRIO
Ordem Assunto

38.1 Introdução
38.2 Hidrograma unitário
38.3 Hidrograma unitário sintético curvilíneo e triangular
38.4 Convolução
38.5 Uso do SCS
38.6 Tempo de pico pelo Método Colorado
38.7 Aplicação na bacia do rio Baquirivu-Guaçu em Guarulhos
38.8 Fórmula Califórnia Culverts Practice
23 páginas

38-2
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Capítulo 38- Método do SCS
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Capítulo 38- Método do SCS (NRCS)


38.1- Introdução
O método do SCS (Soil Conservation Service) é mais conhecido nos Estados Unidos e
o mais aplicado e cujo nome novo é NRCS (National Resources Conservation Service). É
aplicado para áreas que variam de 3km2 a 250km2.
Está baseado no conceito de hidrograma unitário que foi proposto pela primeira vez
em 1932 por Sherman usando 1cm para a chuva excedente para as unidades do Sistema
Internacional (SI). O termo unitário foi usado por Sherman para denominar a unidade do
tempo mas com o tempo foi interpretado como a unidade da chuva excedente de1cm (Ven Te
Chow, Maidment e Mays, 1888, p. 214). Snyder desenvolveu o hidrograma unitário sintético
em 1938.
Conforme Linsley, Kohler e Paulhus, 1982, o hidrograma unitário segundo Sherman é
típico para cada bacia. Um hidrograma unitário de uma bacia não serve para outra. O
hidrograma unitário pode ser definido como o hidrograma resultante de um escoamento
superficial de 1cm de uma chuva com uma determinada duração.
Na prática para se obter o hidrograma unitário é necessário a análise das precipitações
e vazões daquela bacia em estudo. Como usualmente não temos estes dados, o que fazemos é
usar fórmulas empíricas, quando então teremos o que chamamos de hidrograma sintético.
No hidrograma sintético, segundo Porto, 1995, é determinada a vazão de pico e a
forma do hidrograma baseado em um triângulo tendo as características físicas da bacia.

38.2 Hidrograma unitário


As hipóteses básicas do hidrograma unitário segundo Drenagem Urbana, 1986, p.142
e de MCcuen, 1998 são as seguintes:
- a intensidade da chuva efetiva é constante durante a tormenta que produz o
hidrograma unitário;
- a chuva efetiva é uniformemente distribuída em toda a área de drenagem da
bacia;
- o tempo base ou tempo de duração do hidrograma do deflúvio superficial
direto devido a uma chuva efetiva de duração unitária é constante e
- os efeitos de todas as características de uma dada bacia de drenagem,
incluindo forma, declividade, detenção, infiltração, rede de drenagem,
capacidade de escoamento do canal, etc. são refletidos na forma do
hidrograma unitário da bacia.
As características do hidrograma unitário estão na Figura (38.1) onde se pode
visualizar as variáveis ta, tb, tp, tc e Vesd.
Vamos definir cada variável do hidrograma unitário sintético do SCS, baseado nas
Diretrizes Básicas para projetos de drenagem urbana no município de São Paulo, 1998.

Tempo de retardamento (tp) e tempo de ascensão (ta)


É o tempo que vai do centro de massa do hietograma da chuva excedente até o pico do
hidrograma.
Portanto conforme Figura (38.1):
ta= tp + D/2 (Equação 38.1)
Sendo:
ta= tempo de ascensão ou seja o tempo base do hidrograma unitário
D= duração da chuva unitária.

38-3
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Capítulo 38- Método do SCS
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Tempo de concentração tc
É o tempo decorrido deste o término da chuva até o ponto de inflexão no trecho
descendente do hidrograma.
Conforme Ven Te Chow, 1988 p. 229 o Soil Conservation Service (SCS) após estudos
em um quantidade muito grande de pequenas e grandes bacias mostraram que
aproximadamente vale a seguinte relação:

tp = 0,6 . tc (Equação 38.2)

ou seja

ta= 0,6.tc + D/2 (Equação 38.3)

ta= (10/9) . tp (Equação 38.4)

A vazão de pico Qp é definido pelo SCS como sendo:

Qp= 2,08. A/ ta (Equação 38.5)

Sendo:
Qp= vazão de pico (m3/s);
A= área da bacia (km2) e
ta= tempo de ascensão em horas que vai do inicio da chuva até a vazão de pico do hidrograma
conforme Figura (38.1).
Nota: o valor 2,08 é usado pelo SCS como uma média geral e que corresponde nas unidades inglesas ao fator de pico (PF) igual a 484, mas
para regiões planas com poças de água e declividades menores ou iguais a 2% poder-se-ia usar o valor 300 que corresponde nas unidades SI
que estamos usando de 1,29 substituindo o valor de 2,08. Nos Estados Unidos em regiões costeiras planas é usado o valor 1,29 ao invés de
2,08, fornecendo valores menores de pico.
O Estado da Geórgia nos Estados Unidos fornece uma equação aproximada da curva:
Q/Qp = [ t/tp x exp( 1- t/tp)] X
O valor de X depende do coeficiente adotado. Para o coeficiente 2,08 o valor de X=3,79 e para o coeficiente 1,29 o valor de
X=1,50. Portanto, existem duas curvas um pouco diferente. Para nossos cálculos não usaremos a equação aproximada do Estado da Geórgia.
O prof. dr. Kokei Uehara para bacias rurais no Estado de São Paulo achou o coeficiente 1,84 ao invés de 2,08.

Duração da chuva D
O valor da duração da chuva unitária D.

D=0,133 tc (Equação 38.6)

38-4
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Capítulo 38- Método do SCS
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Figura 38.1- Características do hidrograma


Fonte: Diretrizes Básicas para projetos de drenagem urbana no município de São Paulo.

38.3- Hidrograma unitário sintético curvilíneo e triangular


O hidrograma unitário sintético do SCS pode ser triangular e curvilíneo. O curvilíneo
apresenta maior precisão e melhores resultados que o triangular. Segundo McCuen, 1998 p.
540, somente deve ser usado o hidrograma unitário sintético curvilíneo, pois o triangular é
usado somente para fins didáticos.

38-5
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Capítulo 38- Método do SCS
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Tabela 38.1- Hidrograma unitário curvilíneo adimensional do SCS conforme McCuen, p.537
t/tp Q/Qp
0,00 0,000
0,10 0,030
0,20 0,100
0,30 0,190
0,40 0,310
0,50 0,470
0,60 0,660
0,70 0,820
0,80 0,930
0,90 0,990
1,00 1,000
1,10 0,990
1,20 0,930
1,30 0,860
1,40 0,780
1,50 0,680
1,60 0,560
1,70 0,460
1,80 0,390
1,90 0,330
2,00 0,280
2,20 0,207
2,40 0,147
2,60 0,107
2,80 0,077
3,00 0,055
3,20 0,040
3,40 0,029
3,60 0,021
3,80 0,015
4,00 0,011
4,50 0,005
5,00 0,000

38-6
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Tabela 38.2- Hidrograma unitário triangular adimensional conforme Wanielista p.218


t/tp Q/Qp
0,00 0,00
0,10 0,10
0,20 0,20
0,30 0,30
0,40 0,40
0,50 0,50
0,60 0,60
0,70 0,70
0,80 0,80
0,90 0,90
1,00 1,00
1,10 0,94
1,20 0,88
1,30 0,82
1,40 0,76
1,50 0,70
1,60 0,64
1,80 0,52
2,00 0,40
2,20 0,28
2,40 0,16
2.60 0,04
2.80 0,00
Nota: t/tp = 2,67

Figura 38.2- Hidrograma do SCS supondo tb=2,67tp

38-7
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Tempo de retardamento para até 8km2


O tempo de retardamento tp em horas para bacias até 8km2 é dada pela Equação (38.8)
conforme Diretrizes Básicas para Projetos de Drenagem Urbana do município de São Paulo,
1998.
tp= [ L 0,8 . (2540 – 22,86 . CN ) 0,7 ] / [(14104 . CN 0,7 . S 0,5 ] (Equação 38.8)
Sendo:
L= comprimento do talvegue (m);
CN= número da curva da bacia e
S= declividade média (m/m).
Devido a efeitos da urbanização o SCS propôs que tp fosse multiplicado por um fator
de ajuste (FA):
tp = tp . FA (Equação 38.9)
2 3 –6
FA= 1- PRCT .(-6789+335.CN – 0,4298. CN – 0,02185 .CN ) .10 (Equação 38.10)
Sendo:
PRCT = porcentagem do comprimento do talvegue modificado ou então a porcentagem da
bacia tornada impermeável.
Caso ocorra impermeabilização na bacia e mudança no comprimento do talvegue
deverão ser obtidos dois valores para FA, sendo um multiplicado por outro.

Área da bacia > 8km2


Quando a área da bacia for maior que 8km2 o SCS recomenda usar o método
cinemático para se obter o tempo de concentração tc e depois obter-se tp= 0,6 x tc.

38.4 Convolução
Segundo McCuen, 1998 o processo segundo o qual a chuva de projeto é combinada
com a função de transferência para produzir o hidrograma do escoamento superficial é
chamado de convolução. Conceitualmente convolução é o processo de multiplicação,
translação do tempo e adição.
No processo dito de convolução o hidrograma unitário em cada incremento de tempo é
multiplicado pela chuva excedente no tempo especificado. Teremos então a multiplicação,
translação e adição.
A melhor maneira de se explicar a convolução é mostrar o Exemplo (38.1).

Exemplo 38.1- Calcular a vazão de pico A área da bacia tem 3,69km2, o talvegue mede
1730m com CN da área permeável igual a 67. A fração de impermeabilização f=0,5 e a
declividade média S=0,03059m/m.

Número da curva CN
CNp= 67
CNw= 67 (1-f)+ 98 x f= 67 x (1-0,5) + 98 x 0,5= 82,5
Portanto, o CNw composto é igual a 82,5.
Tempo de retardo
Como a área da bacia é menor que 8km2 podemos usar a Equação (38.8) para achar o
tempo de retardo tp em horas.
tp= [ L 0,8 . (2540 – 22,86 . CN ) 0,7 ] / [(14104 . CN 0,7 . S 0,5 }

38-8
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tp= [ 1730 0,8 . (2540 – 22,86 . 82,5 ) 0,7 ] / [(14104 . 82,50,7 . 0,03059 0,5 ]

tp= 0,67h = 40,24 min


Fator de ajuste FA
FA= 1- PRCT .(-6789+335.CN – 0,4298. CN 2 – 0,02185 .CN 3) .10 –6
FA= 1- 0,5 x ( -6789+335x82,5 – 0,4298x 82,5 2 – 0,02185x82,5 3) .10 –6
FA= 0,9977
tp = tp . FA= 0,9977 x 0,67= 0,67=40,24min
Tempo de concentração tc
tc = tp/0,6 = 40,24/0,6=67,07min
Duração da chuva unitária
D= 0,133 . tc = 0,133 x 67,07 = 8,92min
Adoto D=10min
Cálculo de ta: tempo do inicio da chuva até vazão de pico Qp
ta= tp + D/2
ta= 40,24min + 10/2 min = 45,24min = 0,754h

Vazão de pico do Hidrograma unitário Qp


Qp = 2,08 . A/ ta
Qp= 2,08 x 3,69 km2 / 0,754h = 10,18m3/s

Hidrograma unitário sintético curvilíneo


Usando a Tabela (38.1) onde temos os valores t/tp e Q/Qp assim obteremos a Tabela
(38.2).
Na coluna 1 está o tempo t e na coluna 2 está a vazão Q em m3/s do hidrograma
unitário sintético curvilíneo chamado comumente de hidrograma unitário.
Para isto usamos o valor tp= 40,24min e Qp= 10,18m3/s.
Assim o valor t/tp= 0,1 dará t= 0,1 x tp= 0,1 x 40,24min= 4,02min e o valor.
Q/Qp= 0,030 fornecerá Q= 0,030 x Qp= 0,030 x 10,18m3/s= 0,31m3/s.
Desta maneira obtemos a Tabela (38.2) e que colocada em um gráfico produzirá a
Figura (38.3).

Tabela 38.2- Hidrograma unitário curvilíneo


t Q
(min) (m3/s)
Coluna 1 Coluna 2
0,00 0,00
4,02 0,31
8,05 1,02
12,07 1,94
16,10 3,16
20,12 4,80
24,14 6,73
28,17 8,37
32,19 9,49
36,22 10,10
40,24 10,20
44,26 10,10
48,29 9,49

38-9
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52,31 8,78
56,34 7,96
60,36 6,94
64,38 5,71
68,41 4,69
72,43 3,98
76,46 3,37
80,48 2,86
88,53 2,11
96,58 1,50
104,63 1,09
112,67 0,79
120,72 0,56
128,77 0,41
136,82 0,30
144,87 0,21
152,91 0,15
160,96 0,11
181,08 0,05
201,20 0,00

Hidrograma unitário sintético do SCS


V az ão em m 3/s

15,00
10,00
5,00
0,00
0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00
Tempo em minutos

Figura 38.3- Hidrograma unitário sintético do SCS para a bacia com área de 3,69km2 com duração de
chuva de 10min e chuva excedente de 1cm.

38-10
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Fazendo a interpolação linear de 10min em 10min achamos a Tabela (38.2),


observando que fazemos isto para ter o intervalo constante de 10min.

Tabela 38.2- Interpolação linear


Tempo Vazão
(min) (m3/s)
0 0,00
10,0 1,47
20,0 4,75
30,0 8,88
40,0 10,20
50,0 9,19
60,0 7,03
70,0 4,41
80,0 2,92
90,0 2,00
100,0 1,33
110,0 0,89
120,0 0,58
130,0 0,39
140,0 0,26
150,0 0,18
160,0 0,12
170,0 0,08
180,0 0,05
190,0 0,03
200,0 0,00

Chuva excedente ou chuva efetiva


Para se obter o escoamento superficial, ou seja, o runoff ou a chuva excedente é muito
usado o número da curva CN. A maneira de se obter a chuva excedente que está na coluna 6
da Tabela (38.3) mais usada é o método do número da curva CN adotado pelo SCS.
Para se achar a chuva excedente é necessário a precipitação acumulada conforme se
pode ver na coluna 4 pode ser obtido facilmente usando a função “SE” da planilha eletrônica
Excel da Microsoft.

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Capítulo 38- Método do SCS
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Tabela 38.3- Chuva excedente obtida pelo número da curva CN=82,5. Foi usado
hietograma conforme Huff 1º quartil com 50% de probabilidade. A equação da chuva é
de Martinez e Magni, 1999 para Tr=25anos com precipitação para chuva de 2h de
85,1mm
Tempo HUFF 1º Q Precipitação Total Chuva excedente
50% P Por faixa Acumulado acumulada por faixa
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6
(min) (%) mm mm mm mm
10 0,132 11,2 11,2 0,0 0,0
20 0,274 23,3 34,5 7,3 7,3
30 0,208 17,7 52,2 18,0 10,8
40 0,116 9,9 62,1 25,0 7,0
50 0,071 6,0 68,1 29,6 4,5
60 0,053 4,5 72,6 33,1 3,5
70 0,046 3,9 76,6 36,2 3,1
80 0,028 2,4 78,9 38,1 1,9
90 0,024 2,0 81,0 39,7 1,7
100 0,024 2,0 83,0 41,4 1,7
110 0,016 1,4 84,4 42,5 1,1
120 0,008 0,7 85,1 43,1 0,6
1 85,1 43,1

Determinação do hidrograma de cheia


Uma das imposições do método do hidrograma unitário é que o intervalo de tempo,
isto é, a duração da chuva considerada de 10min seja constante. Mas como se pode ver na
Tabela (38.4) os valores do tempo não estão em 10 em 10min.
Para obtemos o intervalo de 10 em 10min podemos fazê-lo manualmente olhando o
gráfico da Figura (38.1) ou usando um modelo matemático de interpolação. No caso usamos
interpolação linear.
Portanto, usando interpolação linear obtemos os dados da coluna 1 e da coluna 2,
observando que o tempo de 10 em 10min chega até 360min e que a vazão do hidrograma
unitário tem o seu pico de 10,20m3/s com o tempo de 40min da coluna 1 conforme Tabela
(38.2).
Não entraremos em detalhe como foi feita a interpolação linear.
Um dos truques do hidrograma unitário é que o mesmo tempo de 10min usado no
hidrograma unitário tem que ser utilizado para se achar a chuva excedente.
No caso supomos período de retorno de 25anos, chuva de 2h de 85,1mm obtida pela
fórmula de Martinez e Magni, 1999. A chuva excedente foi obtida usando número da curva
CN=82,5 fornecendo total de 4,3cm. A chuva excedente deverá ser colocada em cm, pois
suposto hidrograma unitário de 1cm (importante) conforme Tabela (38.3).
A chuva excedente em centímetros de 10 em 10min começa com 0,0cm na coluna 3
0,727cm na coluna 4 e 1,075cm na coluna 5.
O método de cálculo que veremos é chamado de convolução, pois, trata-se de
multiplicação, translação e soma.
Para se obter a coluna 4 a começar do tempo de 20min, por exemplo, temos>
4,75 m3/s x 0,727cm = 1,07 m3/s coluna 4
4,75 m3/s x 1,075cm= 1,58 m3/s coluna 5
4,75 m3/s x 0,701cm= 1,02 m3/s coluna 6

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Capítulo 38- Método do SCS
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Procedendo desta maneira e sempre pulando de 10 em 10min teremos completado


todas as multiplicações.
Após isto se faz a soma das linhas das colunas 3 a coluna 14 obtemos os valores do
hidrograma que queremos, com o máximo de 28,28 m3/s que é a vazão máxima devido ao
escoamento superficial.
Mas como existe um escoamento de base de 0,50m3/s a hidrograma final será a soma e
a vazão máxima obtida é de 28,78m3/s.

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Tabela 38.4- Hidrograma da cheia da bacia de 3,69km2 usando chuva excedente calculada pelo número
da curva CN=82,5 com chuva de 2h, hietograma de Huff 1º quartil com 50% de probabilidade e período
de retorno de 25anos, com 85,1mm da fórmula de Martinez e Magni, 1999.
Col Col Col Col Col Col Col Col Col Col Col Col Col Col Col Col Col
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Tempo 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 soma Vazão de Hidrogra
(min) Hidrograma base ma
Chuva excedente em cm devido a chuva de 2h obtida pelo número da curva CN=82,5
unitário-

(m3/s) (m3/s)
3
(m /s) 0,000 0,727 1,075 0,701 0,454 0,349 0,309 0,191 0,165 0,166 0,112 0,056 4,3
0 0,00 0,00 0,00 0,5 0,50
10 1,47 0,00 0,00 0,5 0,50
20 4,75 0,00 1,07 1,07 0,5 1,57
30 8,88 0,00 3,45 1,58 5,03 0,5 5,53
40 10,20 0,00 6,45 5,10 1,03 12,59 0,5 13,09
50 9,19 0,00 7,41 9,55 3,33 0,67 20,95 0,5 21,45
60 7,03 0,00 6,68 10,97 6,22 2,16 0,51 26,54 0,5 27,04
70 4,41 0,00 5,11 9,88 7,15 4,03 1,66 0,45 28,28 0,5 28,78
80 2,92 0,00 3,21 7,56 6,44 4,63 3,10 1,47 0,28 26,68 0,5 27,18
90 2,00 0,00 2,12 4,74 4,93 4,17 3,56 2,75 0,91 0,24 23,42 0,5 23,92
100 1,33 0,00 1,45 3,14 3,09 3,19 3,21 3,15 1,69 0,78 0,24 19,96 0,5 20,46
110 0,89 0,00 0,96 2,15 2,05 2,00 2,45 2,84 1,95 1,46 0,79 0,16 16,82 0,5 17,32
120 0,58 0,00 0,64 1,43 1,40 1,33 1,54 2,17 1,75 1,68 1,48 0,53 0,08 14,04 0,5 14,54
130 0,39 0,00 0,42 0,95 0,93 0,91 1,02 1,36 1,34 1,52 1,70 0,99 0,27 11,41 0,5 11,91
140 0,26 0,00 0,28 0,63 0,62 0,60 0,70 0,90 0,84 1,16 1,53 1,14 0,50 8,90 0,5 9,40
150 0,18 0,00 0,19 0,42 0,41 0,40 0,46 0,62 0,56 0,73 1,17 1,02 0,57 6,55 0,5 7,05
160 0,12 0,00 0,13 0,28 0,27 0,26 0,31 0,41 0,38 0,48 0,73 0,78 0,51 4,56 0,5 5,06
170 0,08 0,00 0,09 0,19 0,18 0,18 0,20 0,27 0,25 0,33 0,49 0,49 0,39 3,07 0,5 3,57
180 0,05 0,00 0,06 0,13 0,12 0,12 0,14 0,18 0,17 0,22 0,33 0,33 0,25 2,04 0,5 2,54
190 0,03 0,00 0,04 0,09 0,08 0,08 0,09 0,12 0,11 0,15 0,22 0,22 0,16 1,37 0,5 1,87
200 0,00 0,00 0,02 0,06 0,06 0,05 0,06 0,08 0,07 0,10 0,15 0,15 0,11 0,91 0,5 1,41
210 0,00 0,00 0,00 0,03 0,04 0,04 0,04 0,05 0,05 0,06 0,10 0,10 0,07 0,59 0,5 1,09
220 0,00 0,00 0,00 0,00 0,02 0,02 0,03 0,04 0,03 0,04 0,07 0,06 0,05 0,37 0,5 0,87
230 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,02 0,03 0,02 0,03 0,04 0,04 0,03 0,23 0,5 0,73
240 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03 0,03 0,02 0,14 0,5 0,64
250 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02 0,01 0,09 0,5 0,59
260 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,05 0,5 0,55
270 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01 0,01 0,03 0,5 0,53
280 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,02 0,5 0,52
290 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,5 0,51
300 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,5 0,50
310 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,5 0,50
320 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,5 0,50
330 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,5 0,50
340 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,5 0,50
350 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,5 0,50
360 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,5 0,50

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Hidrograma de cheia
Vazão em m3/s
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0 100 200 300 400
Tempo em minutos

Figura 38.4- Hidrograma de cheia

O volume total na bacia de 3,69km2 pode ser calculado pelo runoff de 43mm.
Volume= (43mm/1000) x 3,69km2 x 100ha x 100000m2= 156.670m3

A vantagem do hidrograma unitário sintético é que podemos usar qualquer tipo


de chuva e fazer a convolução, não esquecendo que a validade do hidrograma unitário é
somente para aquela bacia escolhida.

38.5 Uso do SCS


Para áreas menores que 3km2 usar o Método Racional e para áreas acima de 3km2 a
250km2 usar o Método do SCS para achar a vazão de pico e o hidrograma de uma
bacia.
Temos algumas observações importantes:

1. Escolher o coeficiente CN composto que entra o coeficiente CN da área permeável e a


fração impermeável.
2. Escolher o hietograma adequado. Para a RMSP usamos Huff primeiro quartil com
50% de probabilidade e para o resto do Estado de São Paulo podemos usar a chuva
Tipo II do SCS.
3. Escolha da equação adequada das chuvas intensas. Para a RMSP escolhemos Martinez
e Magni, 1999 que é a mais recente.
4. Para chuva excedente a melhor maneira é o método do número da curva CN do SCS.
Escolher o tempo de concentração da melhor maneira possível usando umas quatro
alternativas. A fórmula Califórnia Culverts Practice é recomendada pelo DAAE para
pequenas barragens e é a mais usada para áreas acima de 1km2.
5. A duração da chuva deverá ser maior que o tempo de concentração. Assim podemos
ter chuva de 2h, 3h, 6h, 8h e 24h. Nos Estados Unidos é padronizada a chuva de 24h
mas no Brasil não temos padrão.
6. Não esquecer da vazão base que será acrescida
7. Como resultado obteremos um hidrograma da cheia de acordo com um intervalo de
tempo estabelecido.

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38.6 Tempo de pico pelo Método Colorado


Para o tempo de pico tp, o método Colorado aconselha a Equação (38.11) conforme
Diretrizes Básica para Projetos de Drenagem Urbana no município de São Paulo, 1998 p.71
usa-se a seguinte Equação (38.11) que é a melhor equação que se adapta a São Paulo.
tp= 0,637 . Ct [ L. Lcg / S 0,5] 0,48 (Equação 38.11)
Sendo:
tp= tempo de retardamento do hidrograma unitário medido do centro da chuva unitária até o
pico do hidrograma (horas);
L= comprimento do talvegue da bacia desde as nascentes até a seção de controle (km);
Lcg= comprimento que vai desde o centro de gravidade da bacia até a seção de controle,
acompanhando o talvegue (km);
S= média ponderada das declividades do talvegue (m/m) conforme Equação (38.12).
Ct= coeficiente que está relacionado com a porcentagem de impermeabilização da bacia
conforme Figura (38.5).

Figura 38.5- Determinação de Ct em função da área impermeável em porcentagem

Declividade: S conforme Drenagem Urbana, 1995


S= [ (L1 . S1 0,24 + L2 . S2 0,24 +...) / ( L1 +L2 + ....) ] 4,17 (Equação 38.12)
Sendo:
L1= comprimento (m)
S1= declividade (m/m)
S= declividade equivalente (m/m)

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Declividade equivalente segundo DAEE


S= [( L1 +L2 + ....) / (L1 / S1 0,50 + L2 / S2 0,50 +...) 2,0 (Equação 38.13)

Sendo:
L1= comprimento (km)
S1= declividade (m/km)
S= declividade (m/km)

Exemplo 38.2
Achar a declividade média ponderada com L1= 0,50km L2= 1km e L3= 1,5km e S1=
0,007m/m S2= 0,005m/m e S3= 0,0019 m/m.
Usando a Equação (38.12) temos:
S= [ (L1 . S1 0,24 + L2 . S2 0,24 +...) / ( L1 +L2 + ....) ] 4,17
S= [ (0,5 . 0,007 0,24 + 1,00 . 0,005 0,24 +.1,50. 0,0019 0,24..) / ( 0,50 +1,00 +1,50) ] 4,17
S=0,0533m/m
Exemplo 38.3
Achar a declividade média ponderada com L1= 0,55km L2= 0,32km e L3= 0,27km L4=
0,36km L5= 0,23km e S1= 0,0109m/m S2= 0,0375m/m S3= 0,0185m/m. S4= 0,0306m/m
S5= 0,213m/m.
Tabela 38.6- Cálculo da declividade média ponderada

Cota Cota Comprimento Declividade


Trecho montante jusante
L . S0,24
m) (m) (m) (m/m)
1 932 926 550 0,0109 185,965
2 944 932 320 0,0218 127,781
3 949 944 270 0,0091 87,384
4 960 949 360 0,0200 140,783
5 1009 960 230 0,0891 128,732
Σ=1730 Σ= 670,645
S= 0,0192 m/m

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Exemplo 38.4
Achar a declividade média ponderada conforme DAEE com L1= 0,55km L2= 0,32km e L3=
0,27km L4= 0,36km L5= 0,23km e S1= 10,9m/km S2= 37,5m/km S3= 18,5m/km. S4=
30,6m/km
S5= 0,213m/m.

Tabela 38.7- Cálculo da declividade média ponderada


Cota Cota
montante jusante Comprimento Declividade L/ J 0,5
Trecho L J
(m) (m) (km) (m/km)

1 932 926 0,550 10,9 0,166521


2 944 932 0,320 21,8 0,068508
3 949 944 0,270 9,1 0,089549
4 960 949 0,360 20,0 0,080498
5 1009 960 0,230 89,1 0,024368
1,730km Σ= 0,429444
Ie=16,229m/km=0,016229m/m

Exemplo 38.5
Achar o tempo de retardamento tp do hidrograma unitário em horas, sendo L=1,730km Lcg=
0,84km, S=0,0192 m/m e Área impermeável Ia = 50%.
Conforme Figura (38.5) entrando na abscissa com a área impermeável de 50% em
porcentagem obtemos o coeficiente Ct =0,089
Usando a Equação (38.11) temos:
tp= 0,637 . Ct [ L. Lcg / S 0,5] 0,48
tp= 0,637 . 0,089 [ 1,73. 0,89 / 0,0192 0,5] 0,48
tp= 0,18h = 10,7min
Exemplo 38.6
Achar o tempo de retardamento tp do hidrograma unitário em horas, sendo L=2,06km Lcg=
0,84km, S=0,102 m/m e Área impermeável Ia = 44%.
Conforme Figura (38.5) entrando na abscissa com a área impermeável de 44% em
porcentagem obtemos o coeficiente Ct =0,091
Usando a Equação (38.11) temos:
tp= 0,637 . Ct [ L. Lcg / S 0,5] 0,48
tp= 0,637 . 0,091 [ 2,06. 0,84 / 0,102 0,5] 0,48
tp= 0,13h = 7,8min

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38.7 Aplicação na bacia do rio Baquirivu-Guaçu em Guarulhos


Chuva de projeto
O DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) registrou uma chuva muito
importante para os estudos da bacia do Alto Tietê, que é a chuva de 2 de fevereiro de 1983
que estão na Tabela (38.9) para período de retorno de 10anos a 100anos para período de 24h.
O hietograma desta chuva, isto é, a precipitação em função do tempo assemelha-se as
pesquisas efetuadas por Huff, sendo que as mesmas coincidem com a chamada curva de Huff
no primeiro quadrante com 50% de probabilidade que será adotada.
Usaremos a equação mais recente das chuvas intensas que é a de Martinez e Magni em
1999, cujas precipitações totais estão na Tabela (38.8).

I = 39,3015 ( t + 20) –0,9228 +10,1767 (t+20) –0,8764 . [ -0,4653 –0,8407 ln ln ( T / ( T - 1))]

para chuva entre 10min e 1440min


I= intensidade da chuva (mm/min);
t= tempo (min);
ln = logarítmo neperiano
T= período de retorno (anos).
Tabela 38.8–Alturas máximas de chuvas em mm em função do período de retorno e duração.
Duração da Período de retorno
chuva (anos)
2 5 10 15 20 25 50 100 200
10 min 16,2 21,1 24,4 26,2 27,5 28,5 31,6 34,6 37,6
15 min 21,1 27,5 31,8 34,2 35,9 37,2 41,2 45,2 49,1
20 min 24,9 32,5 37,6 40,4 42,4 44,0 48,7 53,4 58,1
25 min 27,9 36,5 42,2 45,4 47,7 49,4 54,8 60,1 65,4
30 min 30,3 39,8 46,0 49,5 52,0 53,9 59,8 65,6 71,4
1h 39,3 51,8 60,1 64,7 68,0 70,5 78,3 86,0 93,6
2h 46,8 62,1 72,3 78,0 82,0 85,1 94,6 104,0 113,4
6h 55,7 74,9 87,6 94,7 99,7 103,6 115,5 127,2 139,0
8h 57,6 77,7 91,0 98,5 103,7 107,8 120,2 132,6 144,9
10 h 59,1 79,8 93,6 101,3 106,8 111,0 123,9 136,7 149,4
12 h 60,2 81,5 95,6 103,6 109,2 113,5 126,8 139,9 153,0
18h 62,5 85,2 100,1 108,6 114,5 119,1 133,1 147,0 160,9
24h 64,1 87,7 103,3 112,1 118,2 123,0 137,6 152,1 166,5
Fonte: aplicação da fórmula de Martinez e Magni de 1999

Para chuvas de 24h baseado em 2/fevereiro/1983 o DAEE obteve as precipitações para


períodos de retorno de 10anos, 25anos, 50anos e 100anos conforme Tabela (38.8).

38-19
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Capítulo 38- Método do SCS
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Tabela 38.9- Chuva de 24h da precipitação de 2 de fevereiro de 1983


Origem Período de retorno
(anos)
10 25 50 100
2/fevereiro/1983 83,7mm 97,2mm 107,3mm 117,3mm

Para chuvas menores que 24h o próprio DAEE usou a Equação de Nelson Luiz Goi
Magni e Felix Mero em 1986. Usaremos entretanto a equação de Martinez e Magni que é a
mais recente, datando de 1999.
Quanto à distribuição espacial das chuvas, adotamos a equação de Paulhus, ou seja,
mesmo critério do DAEE, cuja precipitação é atenuada para áreas acima de 25km2.

Párea= Pponto x K

K= 1,0 – [0,1 x log (A/Ao)] (Paulhus)


Sendo:
Párea = precipitação na área (mm)
Pponto = precipitação no ponto hidrológico (mm).
A= área da bacia (km2)
Ao=25km2
K=fator de redução

Vazões de pico
Foram calculadas as vazões de pico para períodos de retorno: 2anos; 5anos; 10anos;
50anos e 100 anos para:
• Córrego Baquirivu-Mirim
• Córrego Cocho Velho
• Córrego Água Suja
• Córrego Tanque Grande
• Córrego Guaraçau

O método de cálculo utilizado foi o SCS, usando chuva excedente pelo número da
curva CN.

38-20
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Capítulo 38- Método do SCS
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38.8 Fórmula Califórnia Culverts Practice


O cálculo do tempo de concentração pelo método Califórnia Culverts Practice é sem
dúvida nenhum o mais usado em áreas de bacias maiores que 1km2 e é adotado pelo
Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) para pequenas
barragens.
A grande vantagem desta fórmula é a fácil obtenção dos dados, isto é, o comprimento
do talvegue e a diferença de nível H (Porto,1993).

Dica: A fórmula Califórnia Culverts Practice é recomendada pelo DAAE para pequenas
barragens e é a mais usada para áreas acima de 1km2.
tc= 57 . L1,155 . H-0,385 (Equação 38.14)
Sendo:
tc= tempo de concentração (min);
L= comprimento do talvegue (km);
H= diferença de cotas entre a saída da bacia e o ponto mais alto do talvegue (m).

Exemplo 38.7
Calcular tc com L=0,2 km e H=1,6 m
tc= 57 x L1,155 x H-0,385 =57 x 0,21,155 / 1,60,385 = 3,46min
Portanto tc=3,46min
A velocidade será V= L/ tempo = 200m/ (3,46min x 60s) =0,96m/s

Tempo de retardamento
Para o cálculo do tempo de retardamento tp foi usada a relação do SCS elaborada por
Ven Te Chow.
tp= 0,6 x tc
O comprimento do talvegue e as declividades foram obtidas usando plantas
aerofotogramétricas da bacia do rio Baquirivu Guaçu em Guarulhos.
Foram usadas durações de chuva próximas do tempo de concentração.

Tabela 38.10- Vazões de picos para diversos períodos de retornos


Córrego Baquivivu-Mirim
Tempo de
Piscinão concentração Duração da
Area projeto Tc chuva Declivida
Tr Vazão de pico (km2) Enger-CKC tp (h) (h) de Comprimento do
(anos) (m3/s) (m3) (h) (m/m) Talvegue (km)
2 9,45 4,00 87884 0,62 0,37 2horas 0,023 2,741
5 17,99 4,00 87884 0,62 0,37 2horas 0,023 2,741
10 24,36 4,00 87884 0,62 0,37 2horas 0,023 2,741
25 32,98 4,00 87884 0,62 0,37 2horas 0,023 2,741
50 39,70 4,00 87884 0,62 0,37 2horas 0,023 2,741
100 46,57 4,00 87884 0,62 0,37 2horas 0,023 2,741

38-21
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Capítulo 38- Método do SCS
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Córrego Cocho Velho


Tempo de
Piscinão concentração Duração da
Area projeto Tc chuva Declivida
Tr Vazão de pico (km2) Enger-CKC tp (h) (h) de Comprimento do
(anos) (m3/s) (m3) (h) (m/m) Talvegue (km)
2 20,98 10,77 89259 0,72h 1,21h 2horas 0,0134 5
5 38,61 10,77 89259 0,72h 1,21h 2horas 0,0134 5
10 51,64 10,77 89259 0,72h 1,21h 2horas 0,0134 5
25 69,48 10,77 89259 0,72h 1,21h 2horas 0,0134 5
50 83,98 10,77 89259 0,72h 1,21h 2horas 0,0134 5
100 98,89 10,77 89259 0,72h 1,21h 2horas 0,0134 5
Córrego Água Suja
Tempo de
Piscinão concentração Duração da
Area projeto Tc chuva Comprimento
Tr Vazão de pico (km2) Enger-CKC tp (h) (h) Declividade do Talvegue
(anos) (m3/s) (m3) (h) (m/m) (km)
2 9,05 3,69 103063 0,31h 0,51h 2horas 0,064499 3,61
5 16,73 3,69 103063 0,31h 0,51h 2horas 0,064499 3,61
10 22,87 3,69 103063 0,31h 0,51h 2horas 0,064499 3,61
25 31,65 3,69 103063 0,31h 0,51h 2horas 0,064499 3,61
50 38,57 3,69 103063 0,31h 0,51h 2horas 0,064499 3,61
100 45,72 3,69 103063 0,31h 0,51h 2horas 0,064499 3,61

Tabela 38.11- Vazões de picos para diversos períodos de retornos


Córrego Tanque Grande
Tempo de
concentração Duração da
Vazão Area Piscinão Tc chuva
Tr de pico (km2) projeto Enger-CKC tp (h) (h) Declividade Comprimento do
(anos) (m3/s) (m3) (h) (m/m) Talvegue (km)
2 29,64 15,78 306625 0,8 1,33 2horas 0,02665 8
5 54,14 15,78 306625 0,8 1,33 2horas 0,02665 8
10 73,04 15,78 306625 0,8 1,33 2horas 0,02665 8
25 98,69 15,78 306625 0,8 1,33 2horas 0,02665 8
50 118,72 15,78 306625 0,8 1,33 2horas 0,02665 8
100 139,27 15,78 306625 0,8 1,33 2horas 0,02665 8

38-22
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Capítulo 38- Método do SCS
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Tabela 38.12- Vazões de picos para diversos períodos de retornos


Córrego Guaraçau
Tempo de
concentração Duração da
Vazão Área Piscinão projeto Tc chuva
Tr de pico (km2) Enger-CKC tp (h) (h) Declividade Comprimento do
(anos) (m3/s) (m3) (h) (m/m) Talvegue (km)
2 29,01 20,43 163556 1,42h 2,36h 3horas 0,00986 10,22
5 52,26 20,43 163556 1,42h 2,36h 3horas 0,00986 10,22
10 69,7 20,43 163556 1,42h 2,36h 3horas 0,00986 10,22
25 93,14 20,43 163556 1,42h 2,36h 3horas 0,00986 10,22
50 111,3 20,43 163556 1,42h 2,36h 3horas 0,00986 10,22
100 129,84 20,43 163556 1,42h 2,36h 3horas 0,00986 10,22

38.9 Áreas de contribuição


Wanielista et al, 1997 sugere que se obtém mais precisão quando se subdivide a bacia
em áreas menores, pois assim é que foram feitas as pesquisas do SCS. Entretanto se por um
lado melhora a precisão, por outro lado apresenta problema devido a falta de informações
corretas em cada subbacia.
Na Figura (38.6) temos basicamente três subbacias: A, B e C e podemos proceder da
seguinte maneira:
a) Combinar os hidrogramas das subbacias A e B pela adição vertical para cada tempo.
b) Fazer o flood routing (Musking-Cunge) tendo a distância do ponto entre A e B até o
ponto C.
c) Adicionar verticalmente o hidrograma do ponto C ao obtido no routing de A e B até
C.

Figura 38.6- Subbacias A, B e C

38-23
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Capítulo 39-Routing do reservatório
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Capítulo 39
Routing do reservatório
“Aquele que aprendeu dimensionar um reservatório de detenção age como uma
criança de 12 ou 13 anos; arranja uma namoradinha e acha que descobriu o amor,
esquecendo que seus pais, avós, bisavós etc, já o descobriram há muito tempo. Os
chineses já conheciam os piscinões há milhares de anos”
Prof. dr. Kokei Uehara, 1998

39-1
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Capítulo 39-Routing do reservatório
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SUMÁRIO
Ordem Assunto

39.1 Introdução
39.2 Método modificado de Pulz
39.3 Interpolação linear
39.4 Routing do reservatório de detenção do Pacaembu

39-2
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Capítulo 39-Routing do reservatório
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Capítulo 39- Routing do reservatório

39.1 Introdução

Não existe uma palavra na língua portuguesa que substitua o termo routing da língua
inglesa.
Routing é o processo que determina espacialmente e no tempo as variações de vazões
ao longo de um curso d’água (Chin,2000 p. 387). A palavra routing às vezes é usada o termo
flow routing ou o termo flood routing.
Os modelos denominados routing são classificados em dois tipos lumped ou
distributed.
Nos modelos lumped a hidrógrafa de saída é obtida através da hidrógrafa de entrada.
Nos modelos distributed obtém-se por pontos a vazão entre a montante e a jusante, obtendo-se
a vazão de montante.
Os modelos denominados flow routing lumped são chamados routing hidrológicos e os
modêlos de flow routing distributed são chamados de routing hidráulico.
No routing hidrológico, no caso de reservatórios de detenção, é indicado o método de
armazenamento ou seja o método modificado de Pulz elaborado em 1928. Para os casos de
canais é usado o método de Muskingum(Chin,2000).
Para o dimensionamento de um reservatório de detenção, temos como conhecido a
hidrógrafa da vazão de entrada calculada, por exemplo, pelo método Santa Bárbara e as
curvas dos órgãos de controle (vertedores retangulares ou/e orifícios).
Queremos obter a hidrógrafa de saída do reservatório.
O volume do reservatório é achado por tentativas. McCuen, 1998 salienta na p. 643
que os procedimentos para o dimensionamento de um reservatório de detenção é feito por
tentativas. O método do routing é usado somente para verificação, podendo acontecer dois
casos. No primeiro caso existe o reservatório e queremos verificar as estruturas de saída para
diferentes períodos de retorno, diferentes usos do solo etc. No outro caso não sabemos o
volume do reservatório de detenção. Faz-se um dimensionamento preliminar e por tentativas
se estudam os dispositivos de saída, tais como orifícios e vertedores. É um processo
interativo.

39.2 Método Modificado de Pulz


No routing hidrológico, no caso de reservatórios de detenção, é indicado o método de
armazenamento ou seja o método modificado de Pulz elaborado em 1928.
A equação de continuidade ou a equação de routing de armazenamento da seguinte
forma conforme (Akan,1993).

I – Q = dS/dt (Equação 39.1)

onde:

I= vazão de entrada
Q= vazão de saída
S= volume armazenado
t= tempo

39-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 39-Routing do reservatório
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Aproximadamente temos:

dS ΔS
------ ≈ ------------
dt Δt

A Equação (39.1) pode ser rescrita da seguinte maneira:

I . Δt - Q . Δt = ΔS

Se os subscritos 1 e 2 são usados para o tempo t e t + Δt, respectivamente, então


teremos:

(I1 + I2) (Q1+ Q2)


--------- Δt - ------------- Δt = S2 – S1
2 2

(I1 + I2) Q1 1
--------- Δt + S1 - ------------- Δt = S2 + -------- Q2 Δt
2 2 2

Multiplicando os dois membros da equação por x 2 temos:

(I1 + I2) Δt + 2 S1 – Q1 Δt = 2 S2+ Q2 Δt

Dividindo por Δt temos:

( I1 + I2 ) + ( 2 S1 / Δt - Q1 ) = ( 2 S2 / Δt + Q2 ) (Equação 39.2)

sendo:

I1 = vazão no início do período de tempo


I2= vazão no fim do período de tempo
Q1= vazão de saída no início do período de tempo
Q2= vazão de saída no fim do período de tempo
Δt = duração do período de tempo
S1 = volume no início do período de tempo
S2= volume no fim do período de tempo

Na Equação (39.2) os valores de I1, I2, Q1, S1 são conhecidos em qualquer tempo t e os
valores Q2 e S2 são desconhecidos.

39-4
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Temos portanto a Equação (39.2) e duas incógnitas Q2 e S2. Necessitamos de mais


uma equação para resolver o problema. A outra equação que fornece o armazenamento S2 em
função da descarga.
Não devemos esquecer que estamos aplicando para o modelo a Síntese pois
conhecemos a hidrógrafa de entrada no reservatório, conhecemos o modelo das fórmulas das
descargas dos vertedores retangulares e orifícios das seções de controle e desconhecemos a
hidrógrafa de jusante, isto é, na saída do reservatório, é o que queremos (McCuen, 1997).
O procedimento de routing proposto é chamado de Método Modificado de Puls
(McCuen,1997, p. 641).

(Akan, 1993) sugere os seguintes procedimentos:

(1) De uma da relação cota-volume e cota-descarga podemos obter a curva de


armazenamento S em função da vazão de saída Q.

(2) Selecione um tempo de incremento, Δt. Prepare um gráfico onde conste a


quantidade [ 2S/ Δt + Q ] na abscissa e em ordenada a vazão de saída Q.

(3) Para qualquer intervalo de tempo calcule (I1 + I2) da hidrógrafa de entrada e [2S1/
Δt – Q1] da condição inicial ou do tempo prévio.

(4) Calcule [ 2 S2/ Δt + Q2] da Equação (39.2)

(5) Obtenha Q2 do gráfico obtido em (2). Este será a vazão de saída no tempo t2.

(6) Para o próximo passo, calcule [ 2 S2/ Δt - Q2] subtraindo 2 Q2 de [ 2 S2/ Δt + Q2] e
volte para a etapa (3). Obviamente o valor de [2 S2/ Δt – Q2] calculado em
qualquer tempo será [ 2 S1/ Δt – Q1] para o próximo passo.

(7) Repita o mesmo procedimento até que o método de routing esteja completo

39.3 Interpolação linear

Antes de executarmos um exemplo prático de routing verifiquemos como se faz a


interpolação linear usando a planilha da Microsoft denominada Excel.
A interpolação linear está explicada na p.319 do livro de Willians J. Orgis denominado
Excel for Scientists and Engineers.

( x- x2 ) ( x - x1 )
y=- ---------------------------- y1 + --------------------------------- y2 (Equação 39.3)
( x1 - x 2 ) ( x 2 - x1 )

Onde x1, x2, y1 e y2 são os pontos dados e queremos o valor de y para o ponto x,
devendo o mesmo ser interpolado entre x1 e x2.

39-5
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Exemplo 39.1
Seja a Tabela (39.1) onde são fornecidos os valores de (2S / Δt + Q ) e as vazões.
Seja A247 o número 20,000 da planilha Excel e B247 o valor igual a 0. Suponha que
os dados estejam numa planilha em ordem crescente.

Tabela 39.1- Valores de (2S / Δt + Q ) e das vazões respectivas, usando interpolação com
planilhas Excel da Microsoft
(2S / Δt + Q ) vazões

A247= 20,000 B247=0


A248=62,188 B248=0,75
123,926 1,05
185,604 1,29
247,242 1,49
308,860 1,67
370,457 1,83
432,035 1,97
493,613 2,11
555,181 2,24
616,739 2,36
678,287 2,47
739,835 2,58
801,383 2,69
862,921 2,79
924,459 2,89
985,987 2,98
1047,524 3,08
1109,042 3,16
1171,110 3,79
1233,628 4,87
1296,436 6,24
1359,474 7,84
1422,712 9,64
A271= 1486,130 B271=11,62

Na Tabela (39.2) temos os valor (2S / Δt + Q ) na coluna 1 através do qual queremos a


interpolação linear que aparece na coluna 3 denominado de vazões.
Na coluna 2 temos a posição estabelecida pelo Excel corresponde aos dados que vão
de A247 a A271. Com o valor de (2S / Δt + Q )=1,51 obtemos o valor 0,0183.

39-6
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Capítulo 39-Routing do reservatório
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Tabela 39.2 Interpolação linear


(2S / Vazões

Δt +
Q)
(1) (2) (3)
Entrada Posição Cálculo interpolação linear
C247= CORRESP(C247;$A$247:$A$271)1 (c247-ÍNDICE($A$247:$A$271;
1,51 E286+1))*ÍNDICE($B$247:$B$271;E286)/(ÍNDICE($A$247:$A$271;E286)-
ÍNDICE($A$247:$A$271;E286+1))+(D286-
ÍNDICE($A$247:$A$271;E286))*ÍNDICE($B$247:$B$271;E286+1)/(ÍNDICE($A$247:$A$271;E286+1)-
ÍNDICE($A$247:$A$271;E286)) =0,0183
7,30 1 0,0880
18,41 1 0,2220
34,52 1 0,4163
56,68 1 0,6835
87,42 2 0,8726
129,21 3 1,0706
183,63 3 1,2823
249,01 5 1,4952
320,83 6 1,7011
396,72 7 1,8897
476,35 8 2,0707
557,82 10 2,2451
637,85 11 2,3977
714,58 12 2,5349
787,40 13 2,6650
856,05 14 2,7788
920,52 15 2,8836
980,49 16 2,9720
1035,40 17 3,0603
1085,45 18 3,1293
1131,40 19 3,3870
1173,42 20 3,8298
1211,40 20 4,4861
1245,18 21 5,1219
1275,15 21 5,7756
1301,59 22 6,3708
1324,80 22 6,9599
1344,77 22 7,4668
1361,48 23 7,8971
1375,01 23 8,2821

Exemplo 39.2
Achar a hidrógrafa de saída do piscinão do Pacaembu em São Paulo, usando a
hidrógrafa de entrada calculada pelo método Santa Barbara.
Vamos seguir o método explicado por (Akan,1993 p.129), (Wanielista et al., 1997
p.319) e por (McCuen,1998 p.628).
Primeiramente vamos calcular a Tabela (39.3) onde estão as relações altura-vazão. As
vazões no orifício e vertedor dependem somente da altura do reservatório.

39-7
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Capítulo 39-Routing do reservatório
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Temos o orifício de 0,50m de altura por 1,00m de comprimento. Até a altura de 0,50m
funcionará como um vertedor de largura 1,00 e Q=1,83 x L x H^1,5.
Após ultrapassar a altura de 0,50m funcionará como orifício sendo que as vazões
serão:
Q orifício = 0,62 x (0,50 x 1,00) x [2 x 9,81 x (h-0,50)] 0,5
Observando-se que na altura h temos que descontar os 0,50m para ter a carga sobre o orifício.
Cuidado não errar!.
Para o vertedor o mesmo começa na cota 3,60m onde a vazão é zero.
Qvertedor= 1,83 x L x H 1,5
Qvertedor= 1,83 x 2,0 x (H-3,60) 1,5
Observando-se que a altura no vertedor é sobre a crista do mesmo, devendo ser descontando
da altura h o valor de 3,60m. Cuidado não errar!.
O volume do reservatório é fixado por tentativas. Faz-se um dimensionamento
preliminar e depois o routing do reservatório.
Devido as galerias na avenida Pacaembu a vazão dos órgãos de controle, isto é, do
orifício e do vertedor deverá ser de aproximadamente 13m3/s. Fixemos também a altura em
que isto dará 5,60m.
Para resolver o problema temos que arbitrar um valor para o reservatório e depois
achar a hidrógrafa e ver se o pico da mesma não ultrapassa de 13 m3/s.
Vamos supor que após dimensionamento preliminar achamos o volume do
reservatório de 94.000m3. Sendo a altura máxima de 5,60m teremos a área da seção
transversal que será igual ao volume dividido pela altura ou seja 94.000m3/5,60m = 16.786 m2
.
Todos os cálculos estão na Tabela (39.4). Na primeira coluna temos as alturas com
intervalos de 0,20m variando de 0 a 60.
Na coluna 2 temos as vazões de descarga combinada do orifício com o vertedor.
Na coluna 3 temos o volume armazenado em cada cota. Para a cota 0,60m o volume
armazenado será 0,60 x 16.786 =10.071m3.
A coluna 4 está a relação (2S/ Δt + Q), sendo S o armazenamento e Δt = 150s que já
foi determinado quando foi feita a hidrógrafa de entrada usando o método Santa Bárbara.
Como exemplo, para a altura 0,20m a vazão do orifício e vertedor será de 0,16m3/s e o
volume S=3.357m3.
Para o cálculo da relação teremos:

2S/ Δt + Q = 2 x 3.357/ 150 + 0,16 = 44,93m3/s

Na Figura (39.1) está na abscissa (2S/ Δt + Q ) e em ordenada a vazão efluente. Estes


dados serão usados no routing do reservatório.

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 39-Routing do reservatório
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Tabela 39.3- Descarga final resultante do orifício e do vertedor em função da elevação


Orifício Cd=0,62 Vertedor de parede delgada
Carga (largura=1,00m e (largura=2,00m e altura=2,00 Soma
Altura total do altura=0,50m) Q= Cw x L x H 1,5 das
reservatório=5,6m Q= Cd x A x (2gH) 0,5 L=2,00m Cw=1,83 vazões
H H =carga sobre o fundo do
H=carga sobre o orifício (m) vertedor (m)
Vertedor 0,50 x Orifício Coeficiente de descarga Vazão
(m) 1,00 Vazão Cw (m3/s)
Vazão
(m3/s) (m3/s)
3
(m /s)
0,0 0,00 1,830 0
0,2 0,16 1,830 0,16
0,4 0,46 1,830 0,47
0,6 0,43 0,43
0,8 0,75 0,75
1,0 0,97 0,97
1,2 1,15 1,15
1,4 1,30 1,30
1,6 1,44 1,44
1,8 1,57 1,57
2,0 1,68 1,68
2,2 1,79 1,79
2,4 1,89 1,89
2,6 1,99 1,99
2,8 2,08 2,08
3,0 2,17 2,17
3,2 2,26 2,26
3,4 2,34 2,34
3,6 2,42 1,830 0,00 2,42
3,8 2,49 1,830 0,33 2,82
4,0 2,57 1,830 0,93 3,50
4,2 2,64 1,830 1,71 4,35
4,4 2,71 1,830 2,63 5,34
4,6 2,78 1,830 3,68 6,46
4,8 2,85 1,830 4,84 7,68
5,0 2,91 1,830 6,10 9,01
5,2 2,98 1,830 7,45 10,42
5,4 3,04 1,830 8,89 11,93
5,6 3,10 1,830 10,41 13,51
5,8 3,16 1,830 12,01 15,17
6,0 3,22 1,830 13,68 16,90

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Tabela 39.4- Relações altura-volume armazenado-vazão. As vazões nos orifícios e


vertedores dependem somente da altura. O volume do reservatório é de 94.000m3 e
altura máxima do nível de água de 5,60m.

Altura Orifício +Vertedor Volume (2S/ Δt +Q)


Q Armazenado (S)
(m) (m3/s) (m3) Δt =150s

1 2 3 4
0,00 0,00 0,00 0,00
0,20 0,16 3357 44,93
0,40 0,47 6714 89,99
0,60 0,43 10071 134,72
0,80 0,75 13429 179,80
1,00 0,97 16786 224,78
1,20 1,15 20143 269,72
1,40 1,30 23500 314,64
1,60 1,44 26857 359,54
1,80 1,57 30214 404,42
2,00 1,68 33571 449,30
2,20 1,79 36929 494,17
2,40 1,89 40286 539,04
2,60 1,99 43643 583,89
2,80 2,08 47000 628,75
3,00 2,17 50357 673,60
3,20 2,26 53714 718,45
3,40 2,34 57071 763,29
3,60 2,42 60429 808,13
3,80 2,82 63786 853,30
4,00 3,50 67143 898,74
4,20 4,35 70500 944,35
4,40 5,34 73857 990,11
4,60 6,46 77214 1035,98
4,80 7,68 80571 1081,97
5,00 9,01 83929 1128,06
5,20 10,42 87286 1174,23
5,40 11,93 90643 1220,50
5,60 13,51 94000 1266,84
5,80 15,17 97357 1313,26
6,00 16,90 100714 1359,76
Fonte: baseado em Akan,1993

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Gráfico armazenamento x vazão de


saida

18
Vazão efluente (m3/s)

16
14
12
10
8
6
4
2
0
0 500 1000 1500
(2 S /Delta t + Q )

Figura 39.1- Relação entre a vazão de saída e a relação (2S/ Δt + Q)


Fonte: baseado em Akan,1993

39.4 Routing do reservatório de detenção do Pacaembu


Vamos agora fazer o routing do reservatório de detenção do Pacaembu conforme está
detalhado na Tabela (39.5) conforme os procedimentos recomendados por (Akan,1993) já
citados.
Na coluna 1 está a ordem do tempo de 1 a 70.
Na coluna 2 está o inicio do tempo t1 em horas, começando por t1=0 e com intervalos
de 0,0417h. O tempo vai se acumulando até 2,63h.
Na coluna 3 está o final do tempo t2 em horas, começando por 0,04h com intervalos de
0,0417h.
Na coluna 4 está a vazão da hidrógrafa obtido pelo método Santa Bárbara e no inicio
I1=0.
Na coluna 5 está a vazão da hidrógrafa no final do tempo I2=1,51 m3/s.
Na coluna 6 está a soma das vazões de entrada I1+I2 em m3/s.
A coluna 7 (2S1/ Δt – Q1) na primeira linha é zero, pois no inicio Q1=0 e S1=0.
Na segunda linha da coluna 7, é a repetição da primeira linha da coluna 10. Observar 0,15
m3/s na coluna 7 é igual a 0,15 m3/s da coluna 10.
A coluna 8 (2S2/ Δt +Q2) é a soma da coluna 6 (I1+I2) com a coluna 7 (2S1/Δt – Q1),
devido a Equação (39.2).
A coluna 9 (Q2) é achada usando a interpolação linear, para a relação (2S2/ Δt + Q2)
como abscissa e Q2 como vazão, conforme Figura (39.1).

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A coluna 10 (2S2/ Δt – Q2) é igual a coluna 8 (2S2/Δt +Q2) menos 2 vezes a coluna 9
(Q2).
Desta maneira obtemos a hidrógrafa de saída que está na coluna 9 (Q2), donde
observamos que a vazão máxima é de 13,25 m3/s e se dá ao final de 1,33h. Observar que na
coluna 5 (I2) temos a hidrógrafa de entrada que tem o seu pico de 42,93m3/s que se dá 0,58h.
Podemos fazer um gráfico conforme Figura (39.2) colocando-se em abscissa as horas e
em ordenada as vazões de entrada e de saída obtidos pelo routing do reservatório de
94.000m3.
Observar que na Figura (39.2) o local onde as hidrógrafas de montante e de jusante se
encontram indica duas coisas: tempo que o reservatório chega ao volume máximo (t=1,33h) e
que a diferença entre as áreas fornece o volume do reservatório de detenção procurado.
A maneira mais prática de se achar o volume do reservatório é verificando a Tabela
(39.4) coluna 2 da curva cota-vazão com a vazão de saída 13,24m3/s e achamos o volume de
94.000m3 na cota 5,55m.

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Capítulo 39-Routing do reservatório
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Tabela 39.5- Routing do reservatório de detenção do Pacaembu para período de retorno T=25anos.
Fornecido a hidrógrafa de entrada I2 achamos a hidrógrafa de saída Q2, para um determinado volume de
reservatório fixado.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
t1 t2 I1 I2 I1+I2 [2S /Δ t - Q ] [2S /Δt+Q ] Q 2 2S /Δt - Q2
3 3 3 1 1 2 2 2
Tempo (h) (h) (m /s) (m /s) (m /s) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s)
1 0 0,04 0 1,51 1,51 0 1,51 0,01 1,50
2 0,04 0,08 1,51 4,31 5,82 1,50 7,33 0,03 7,27
3 0,08 0,13 4,31 6,98 11,29 7,27 18,56 0,07 18,42
4 0,13 0,17 6,98 9,57 16,55 18,42 34,97 0,13 34,71
5 0,17 0,21 9,57 13,42 22,99 34,71 57,70 0,25 57,20
6 0,21 0,25 13,42 18,69 32,11 57,20 89,32 0,46 88,40
7 0,25 0,29 18,69 24,85 43,54 88,40 131,93 0,44 131,06
8 0,29 0,33 24,85 31,71 56,55 131,06 187,61 0,79 186,03
9 0,33 0,38 31,71 36,24 67,95 186,03 253,98 1,09 251,81
10 0,38 0,42 36,24 38,57 74,81 251,81 326,62 1,34 323,94
11 0,42 0,46 38,57 40,72 79,29 323,94 403,23 1,56 400,11
12 0,46 0,50 40,72 42,69 83,41 400,11 483,51 1,76 479,98
13 0,50 0,54 42,69 42,93 85,62 479,98 565,60 1,95 561,70
14 0,54 0,58 42,93 41,59 84,52 561,70 646,22 2,12 641,99
15 0,58 0,63 41,59 39,93 81,52 641,99 723,51 2,27 718,98
16 0,63 0,67 39,93 37,97 77,90 718,98 796,87 2,40 792,08
17 0,67 0,71 37,97 36,01 73,98 792,08 866,05 3,01 860,03
18 0,71 0,75 36,01 34,03 70,03 860,03 930,06 4,08 921,89
19 0,75 0,79 34,03 31,70 65,73 921,89 987,62 5,29 977,04
20 0,79 0,83 31,70 29,16 60,86 977,04 1037,90 6,51 1024,87
21 0,83 0,88 29,16 27,01 56,17 1024,87 1081,04 7,66 1065,72
22 0,88 0,92 27,01 25,20 52,21 1065,72 1117,93 8,72 1100,50
23 0,92 0,96 25,20 23,59 48,79 1100,50 1149,28 9,66 1129,97
24 0,96 1,00 23,59 22,06 45,65 1129,97 1175,61 10,47 1154,67
25 1,00 1,04 22,06 20,69 42,75 1154,67 1197,42 11,18 1175,07
26 1,04 1,08 20,69 19,53 40,21 1175,07 1215,28 11,76 1191,77
27 1,08 1,13 19,53 18,47 37,99 1191,77 1229,76 12,24 1205,27
28 1,13 1,17 18,47 17,49 35,95 1205,27 1241,23 12,63 1215,96
29 1,17 1,21 17,49 16,40 33,89 1215,96 1249,85 12,93 1223,99
30 1,21 1,25 16,40 15,24 31,64 1223,99 1255,63 13,13 1229,38
31 1,25 1,29 15,24 14,08 29,32 1229,38 1258,70 13,23 1232,23
32 1,29 1,33 14,08 12,93 27,02 1232,23 1259,25 13,25 1232,75
33 1,33 1,38 12,93 11,96 24,90 1232,75 1257,65 13,20 1231,26
34 1,38 1,42 11,96 11,14 23,11 1231,26 1254,36 13,08 1228,20
35 1,42 1,46 11,14 10,45 21,59 1228,20 1249,79 12,93 1223,94
36 1,46 1,50 10,45 9,86 20,32 1223,94 1244,25 12,74 1218,78
37 1,50 1,54 9,86 9,37 19,23 1218,78 1238,01 12,52 1212,96
38 1,54 1,58 9,37 8,95 18,32 1212,96 1231,28 12,29 1206,69
39 1,58 1,63 8,95 8,60 17,55 1206,69 1224,24 12,05 1200,13
40 1,63 1,67 8,60 8,30 16,90 1200,13 1217,03 11,81 1193,40
41 1,67 1,71 8,30 7,88 16,18 1193,40 1209,58 11,57 1186,44
42 1,71 1,75 7,88 7,35 15,23 1186,44 1201,66 11,32 1179,03
43 1,75 1,79 7,35 6,90 14,25 1179,03 1193,29 11,04 1171,20
44 1,79 1,83 6,90 6,53 13,43 1171,20 1184,63 10,76 1163,10

39-13
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 39-Routing do reservatório
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45 1,83 1,88 6,53 6,03 12,56 1163,10 1175,66 10,47 1154,72


46 1,88 1,92 6,03 5,45 11,48 1154,72 1166,20 10,18 1145,85
47 1,92 1,96 5,45 4,95 10,40 1145,85 1156,25 9,87 1136,50
48 1,96 2,00 4,95 4,53 9,49 1136,50 1145,99 9,56 1126,87
49 2,00 2,04 4,53 3,84 8,37 1126,87 1135,24 9,23 1116,78
50 2,04 2,08 3,84 3,25 7,08 1116,78 1123,86 8,89 1106,09
51 2,08 2,13 3,25 2,75 5,99 1106,09 1112,08 8,55 1094,98
52 2,13 2,17 2,75 2,32 5,07 1094,98 1100,05 8,20 1083,64
53 2,17 2,21 2,32 1,97 4,29 1083,64 1087,93 7,86 1072,22
54 2,21 2,25 1,97 0 1,97 1072,22 1074,19 7,48 1059,23
55 2,25 2,29 0 0 0,00 1059,23 1059,23 7,08 1045,07
56 2,29 2,33 0 0 0,00 1045,07 1045,07 6,70 1031,67
57 2,33 2,38 0 0 0,00 1031,67 1031,67 6,36 1018,96
58 2,38 2,42 0 0 0,00 1018,96 1018,96 6,05 1006,86
59 2,42 2,46 0 0 0,00 1006,86 1006,86 5,75 995,36
60 2,46 2,50 0 0 0,00 995,36 995,36 5,47 984,41
61 2,50 2,54 0 0 0,00 984,41 984,41 5,22 973,97
62 2,54 2,58 0 0 0,00 973,97 973,97 4,99 963,98
63 2,58 2,63 0 0 0,00 963,98 963,98 4,78 954,43
64 2,63 2,67 0 0 0,00 954,43 954,43 4,57 945,29
65 2,67 2,71 0 0 0,00 945,29 945,29 4,37 936,54
66 2,71 2,75 0 0 0,00 936,54 936,54 4,21 928,13
67 2,75 2,79 0 0 0,00 928,13 928,13 4,05 920,03
68 2,79 2,83 0 0 0,00 920,03 920,03 3,90 912,24
69 2,83 2,88 0 0 0,00 912,24 912,24 3,75 904,73
70 2,88 2,92 0 0 0,00 904,73 904,73 3,61 897,51
Fonte: baseado em Akan,1993

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 39-Routing do reservatório
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Hidrógrafa afluente e efluente

50
Vazão (m3/s)

40
30
20
10
0
0 1 1 2 2 3 3
Tempo (h)

Figura 39.2- Hidrógrafa afluente com vazão de pico de 42,93m3/s e efluente com vazão
de pico de 13,24m3/s.
Fonte: baseado em Akan,1993

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Capitulo 40- Balanço Hídrico em pequenas barragens
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Capítulo 40
Balanço Hídrico em pequenas barragens

40-1
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Capitulo 40- Balanço Hídrico em pequenas barragens
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SUMÁRIO

Ordem Assunto Página

Capítulo 40 - Balanço Hídrico em pequenas barragens


40.1 Introdução
40.2 Conceito de sistema e limite
40.3 Lei da conservação da massa
40.4 Precipitação P
40.5 Runoff Ro
40.6 Vazão Base Qb
40.7 Infiltração “I”
40.8 Evaporação de superfície liquida da represa
40.9 Overflow “Ov”
40.10 Outros “Ou”
40.11 Balanço Hídrico da bacia da área da pequena barragem
40.12 Volume do prisma trapezoidal
40.13 Bibliografia
13 páginas

40-2
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Capítulo 40 - Balanço Hídrico em pequenas barragens

40.1 Introdução
É muito importante o balanço hídrico de uma barragem, pois pode haver muita evaporação e
infiltração na região havendo necessidade de se reexaminar o volume do reservatório.
Não adianta somente calcular o volume necessário para um empreendimento, pois o balanço
hídrico é vital em caso de retirada de água para irrigação ou para tratamento de água.
O objetivo é mostrar metodologia simplificada de aplicação do balanço hídrico de uma lagoa
de detenção alagada ou uma wetland localizada em bacias hidrográficas pequenas que variam de 10ha
a 250ha, para ver o comportamento da mesma durante um determinado tempo.
Em casos especiais, deverá ser feito estudo aprofundado e detalhado do balanço hídrico, com
análises mais rigorosas, conforme recomendado pelo Estado da Geórgia, 2001.
Salientamos que nosso estudo não se destina a outorgas onde se examinam as disponibilidades
hídricas, a demanda, a vazão de retorno e a vazão ecológica ambiental.

40.2 Conceito de sistema e limite


Primeiramente vamos definir o conceito de sistema e limite.
Sistema: é um conjunto de elementos ligados por um conjunto de relações.
Limite: é a definição da fronteira do sistema.
Elementos: são os componentes do sistema que podem ser separados por categorias ou grupos.
Um sistema pode ser aberto ou fechado. O sistema é considerado aberto quando permite a
entrada e saída de energia e massa e é considerado fechado quando somente entra ou sai energia,
mas não massa.
A equação básica do balanço hídrico está baseada na equação da continuidade da massa. Em
um determinado sistema a água que entra ( I ) menos a água que sai ( O ) é igual a variação do
volume num determinado tempo (dS/dt). Um sistema pode ser composto de vários sub-sistemas que
na verdade são novos sistemas em separado, como, infiltração, precipitação, volume de entrada, etc.
O sistema escolhido denomina-se de volume de controle no qual o fluido é tratado como
massa concentrada num ponto do espaço.

40.3 Lei da conservação da massa


Será aplicada a lei da conservação da massa ao volume de controle da Figura (40.1), conforme
Estado da Geórgia, 2001.

Diferença de armazenamento =Entradas – Saídas

ΔV = Σ I – Σ O (Equação 40.1)
Sendo:
ΔV = variação de volume no tempo, que consideraremos de um mês (m3 ) .
Σ I = somatório dos volumes de água que entram no sistema isolado (m3)
Σ O = somatória dos volumes de água que saem do sistema isolado (m3)

ΔV = ΣI– ΣO

ΔV = P + Ro + Qb -I – E- ETo - Ov -Ou (Equação 40.2)


Sendo:
ΔV = variação do volume no tempo de um mês (m3/mês)
P = volume precipitado na superfície da água (m3/mês)
Ro = volume referente ao escoamento superficial ou runoff da área que cai na represa (m3/mês)
Qb= volume referente a vazão base que chega à represa (m3/mês)

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I = infiltração da água no solo na represa (m3/mês)


E = evaporação na superfície líquida da represa (m3/mês)
ETo =evapotranspiração de referência na superfície liquida para plantas emergentes da represa
(m3/mês)
Ov= overflow, isto é, volume que sairá da represa (m3/mês)
Ou= volume retirada para outros fins, tal como irrigação (m3/mês)
Vamos explicar com mais detalhes cada parâmetro da Equação (40.2), sempre observando que
usaremos o intervalo de um mês.

Figura 40.1- Esquema do balanço hídrico em um barramento

40.4 Precipitação P
Trata-se da precipitação média mensal em milímetros obtida por pluviômetros na região.

Tabela 40.1- Precipitação média mensal do município de Guarulhos


Meses (mm)
Janeiro 254,1
Fevereiro 251,7
Março 200,9
Abril 58,3
Maio 70,3
Junho 39,0
Julho 30,8
Agosto 24,9
Setembro 75,1
Outubro 137,4
Novembro 130,5
Dezembro 214,7
1487,8

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40.5 Runoff Ro
A precipitação caindo no solo, uma parte se infiltra, outra escoa, formando o escoamento
superficial, ou seja, o runoff. Num curto intervalo de tempo podemos deixar de considerar a
evapotranspiração.
Uma parte da precipitação fica aderida as folhas e a superfície impermeável e consideramos então
que 10% da precipitação fica retida por aderência e devido a isto que consideramos somente 90% do
runoff. Não consideramos o armazenamento em depressões e conforme o caso poderá ser levada em
conta.

Ro= (P/1000) x A x Rv x 0,90


Sendo:
Ro= escoamento superficial ou runoff mensal (m3/mês)
P= precipitação do mês (mm)
A= área total da bacia (m2)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
Rv= 0,05 + 0,009 . AI
AI= área impermeável em porcentagem
0,90= coeficiente que leva em conta a aderência de cerca de 1mm de água de chuva, não sendo
considerado as poças de água.

40.6 Vazão Base Qb


A vazão base pode ser levada em conta ou não. Caso queiramos considerar a vazão base,
poderíamos estimá-la usando a vazão Q7,10 conforme método de Regionalização Hidrográfica de
Pallos et al.
Para o caso da cidade de Guarulhos com P= 1500mm/ano localizada na Região Metropolitana
de São Paulo podemos considerar a vazão Q7,10 de 0,032 L/s x ha.
Verificações empíricas parece nos mostrar que a área de contribuição para formar uma vazão
base deve ser no mínimo de 10ha, sendo que isto já foi recomendado pelo Estado de Ontário, 2003.

Fórmula empírica para a recarga média anual


Na Índia Kumar e Seethpathi, 2002 fizeram uma fórmula empírica com 8% de precisão (para
a região) que fornece a recarga das águas das chuvas que adaptadas às unidades SI fica:
Rr= 1,37 ( P- 388) 0,76
Sendo:
Rr= recarga do aqüífero subterrâneo devido somente a águas das chuvas (mm/ano)
P=precipitação média anual da estação (mm)

Exemplo 40.1
Estimar a recarga devida as chuvas para local com 1500mm.
Rr= 1,37 (P- 388) 0,76
Rr= 1,37 (1500- 388) 0,76= 283mm
Em L/s x ha teremos:

283mm x 10.000m2/ (365 dias x 86.400s) =0,0897 L/s x ha

A favor da segurança podemos tomar 50% desta vazão e teremos:


Qb= 0,50 x 0,0897 L/sxha= 0,045 L/sxha

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40.7 Infiltração “I”


Para infiltração da água no solo usamos Equação (40.3) de Darcy temos:

Q= A x K x G (Equação 40.3)
Sendo:
Q= infiltração (m3/dia)
A= área da seção transversal em que a água infiltra (m2)
G= gradiente hidráulico (m/m)
K= condutividade hidráulica (m/dia) e estimado conforme Tabela (40.2).
Na prática podemos adotar para áreas planas o gradiente hidráulico G= 1 e para áreas com
declividade maiores que 4H: 1V gradiente hidráulico G= 0,5.

Tabela 40.2 - Condutividade hidráulica K em função do tipo de solo


Tipo de solo K K
mm/h m/dia

Areia 210,06 4,96


Areia franca 61,21 1,45
Franco arenoso 25,91 0,61
Franco 13,21 0,31
Franco siltoso 6,86 0,16
Franco argilo arenoso 4,32 0,10
Franco argiloso 2,29 0,05
Franco argilo siltoso 1,52 0,04
Argila arenosa 1,27 0,03
Argila siltosa 1,02 0,02
Argila 0,51 0,01
Fonte: Febusson e Debo,1990 in Georgia Stormwater Manual, 2001

40.8 Evaporação da superfície líquida da represa


Existe duas evaporações importante, a evapotranspiração do solo com as plantas e a evaporação
somente da superfície liquida.
A evaporação da superfície líquida é geralmente maior que a evapotranspiração onde são
consideradas as plantas.
Para o cálculo da evaporação da superfície líquida usamos o Método de Penman-Monteith
original, onde se utilizou albedo de 0,08.

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Tabela 40.3- Evaporação de superfície líquida pelo método de Penman-Monteith original


para o município de Guarulhos
Meses (mm/mês)
Jan 140
fev 126
mar 130
abr 107
maio 85
junho 73
julho 81
agosto 104
set 108
out 130
nov 139
dez 144
Total= 1367

40.9 Overflow “Ov”


Consideramos a represa como um sistema isolado aberto. Entra água e sai água. O volume de
água liquida sai pelos extravasores e segue adiante. É o overflow.

40.10 Outros “Ou”


Poderá na representa eventualmente ou sistematicamente ser retirado água para irrigação ou
outros fins previstos e que deverá ser levado em conta.

Figura 40.2 - Lagoa de detenção alagada pode ser considerado um sistema aberto para o
balanço hídrico.

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40.10 Balanço Hídrico da bacia da área da pequena barragem


Fazemos agora o balanço hídrico, isto é, consideremos o volume total que entra no sistema
isolado, ou seja na represa, menos o volume que sai.

Volume que entra:


1. Runoff= Ro
2. Precipitação=P
3. Vazão base= Qb
Total= Ro + P+ Qb

Volume que sai:


1. Volume de água que evapora= E
2. Volume de água que se infiltra no fundo da represa= I
3. Volume retirado da represa para outros fins= Ou
4. Volume de overflow= Ov
Total= E+I+Ou+Ov

Dica: temos dois volumes, um permanente e outro temporário.


É importante que seja mantido o volume permanente e o ideal seria que o mesmo nunca ficasse a
zero, isto é, a represa nunca secasse.

40.11 Volume do prisma trapezoidal


Conforme Geórgia, 2001 ou Akan e Paine, 2001 o volume prismático trapezoidal é dado pela
Equação (40.4) e Figura (40.3).
V= L.W. D + (L+W) Z.D2 + 4/3 .Z2 . D3 (Equação 40.4)
Sendo:
V= volume do prisma trapezoidal (m3)
L= comprimento da base (m)
W= largura da base (m)
D= profundidade do reservatório (m)
Z= razão horizontal/vertical. Normalmente 3H:1V

Figura 40.3 - Reservatório com seções transversais e longitudinais trapezoidal


Fonte: Washington, 2001

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Exemplo 40.3
Vamos considerar uma bacia em área residencial que tem A=10ha onde existe um reservatório
de detenção alagada com área de superfície AS=1007m2 de superfície. Supõe-se que a vazão de base
seja igual a Qb=0,032 litros/segundo x hectare.
A área impermeável é de AI=75% e existe um solo de silte argiloso margoso com
condutividade hidráulica de 4mm/h (0,10m/dia).
Conhecemos a precipitação anual de 1.488mm e a evaporação anual de superfície líquida de
1367mm.
Queremos saber como se comporta o reservatório durante o ano, especialmente nos mês de
pouca chuva e muita evaporação.
Rv= 0,05 + 0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 75= 0,73
WQV= (P/1000) x A x Rv= (25/1000) x 10ha x 10000m2 x 0,73= 1813m3
Como o reservatório de detenção alagada tem um reservatório permanente e outro provisório
cada um com 50% de WQv, temos:

Volume do reservatório permanente= WQv/ 2= 1813/2=906m3


Volume do reservatório temporário= WQv/2=1813/2= 906m3

A profundidade adotado para o volume WQv= 1813m3 total é de 1,80m, sendo 0,90m para o
reservatório permanente e 0,90m para o reservatório temporário.
A área da superfície líquida AS= volume total / 1,80m= 1813/ 1,80= 1007m2 > 1000m2 que é
a área mínima adotada de superfície.

Runoff (Ro)
Considerando a bacia de área de 1007m2 como um sistema isolado, o volume de escoamento
mensal, ou seja, o runoff será:

Ro= (P/1000) x A x Rv x 0,90


Sendo:
Ro= escoamento superficial ou runoff mensal (m3/mês)
P= precipitação do mês (mm)
A= área total da bacia (m2)= 10ha x 10000m2
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
AI=75%
Rv= 0,05 + 0,009 . AI = 0,05+ 0,009 x 75= 0,73
0,90= coeficiente que leva em conta a aderência de cerca de 1mm de água de chuva, não sendo
considerado as poças de água.
Para o mês de janeiro teremos o runoff de:
Ro= (P/1000) x A x Rv x 0,90
Ro= (254mm/1000) x 10ha x 10000m2 x0,73 x 0,90= 16.582m3
E assim se faz para os meses restantes até atingir dezembro.

Infiltração:
Para infiltração, admitimos que a condutividade hidráulica para solo franco argilo arenoso o
valor K=0,10m/dia = 4,0mm/h= 100litros/dia x m2.
Como se trata do fundo do reservatório supõe-se que 10% da área tem declividade maior que
1:4.
Dados do problema: G=1,0 (plano) e G=0,50 para a declividade maior que (4H:1V).

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Usando a Equação (40.8) de Darcy temos:

Q= A x K x G (Equação 40.8)
Sendo:
Q= infiltração (m3/dia)
A= área da seção transversal em que a água infiltra (m2)
G= gradiente hidráulico
K= 0,10m/dia (condutividade hidráulica)
Área do fundo do reservatório é suposta igual a área de superfície= 1007m2
90% 0,90 x 1007m2= 906m2
10% 0,10 x 1007m2= 101m2

G=1 e G=0,5 (dados do problema)


Q= A x K x G= 906m2 x 0,10m/dia x 1,00 + 101m2 x 0,10m/dia x 0,50= 95,65m3/dia
Para o mês de janeiro, que tem 31 dias, teremos:
31 dias x 95,65m3/dia= 2.965 m3/mês

Nota:
Não esquecer da definição de gradiente hidráulica que é a diferença de pressão no ponto 1
menos o ponto 2 dividido pela distancia entre os pontos. No caso de superfície plana o ponto 1 está na
parte superior e o 2 na perpendicular e a distancia é a mesma, daí ser G=1.
Em regiões de declividade teremos diferenças e adotamos nos cálculos G=0,5. É como se
fosse o seno do ângulo onde a hipotenusa fica sobre o terreno.

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Tabela 40.5 - Balanço hídrico de bacia de detenção alagada em Guarulhos


Meses do ano jan fev mar abr mai jun
Número de dias no mês= 31 28 31 30 31 30
Mês 1 2 3 4 5 6
Precipitação média mensal (mm) Guarulhos= 254 252 201 58 70 39
Evaporação média mensal ( mm)= 140 126 130 107 85 73
Volume runoff= 16582 16420 13107 3805 4586 2546
Precipitação na represa= 256 253 202 59 71 39
3
Evaporação volume (m ) 141 127 131 108 86 73
3
Infiltração no solo (m )= 2965 2678 2965 2870 2965 2870
Retirada de água constante (m3/mês) 0 0 0 0 0 0
3
Vazão base (m /mês)= 857 774 857 829 857 829
3
Balanço (m ) volume que entra - volume que sai= 14589 14642 11070 1716 2462 472
Balanço mensal 906 906 906 906 906 906

Tabela 40.6 –Continuação- Balanço hídrico de bacia de detenção alagada em Guarulhos


Meses do ano julho ago set out nov dez
Número de dias no mês= 31 31 31 30 31 30
Mês 7 8 9 10 11 12
Precipitação média mensal (mm) Guarulhos= 31 25 75 137 130 215 1488
Evaporação média mensal ( mm)= 81 104 108 130 139 144 1367
Volume runoff= 2013 1626 4902 8965 8515 14012
Precipitação na represa= 31 25 76 138 131 216
3
Evaporação volume (m ) 81 105 109 131 139 145
3
Infiltração no solo (m )= 2965 2965 2965 2870 2965 2870
Retirada de água constante (m3/mês) 0 0 0 0 0 0
3
Vazão base (m /mês)= 857 857 857 829 857 829
Balanço (m3) volume que entra - volume que -146 -562 2760 6932 6398 12042
sai=
Balanço mensal 760 198 906 906 906 906

Evaporação:
A evaporação é somente para a superfície da lagoa, visto que a consideramos um sistema
isolado. Trata-se da evaporação de superfície líquida, que geralmente é um pouco maior que a
evapotranspiração ETo.
Em caso de wetlands ou de muita vegetação poderíamos ter considerado uma parte de
evapotranspiração e outra de superfície líquida.
Para o mês de janeiro temos evaporação de 141mm:
Volume evaporado= (141mm/10000)=141m3/mês

Retirada de água do reservatório


Não existe nenhuma retirada de água do reservatório, sendo pois a mesma considerada igual a
zero.Poderia haver água retirada de água para irrigação ou outro destino.

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Vazão base
Conforme Método da Regionalização Hidrográfica de Pallos et al, a vazão base é calculada
da seguinte maneira para o Estado de São Paulo:

Vazão média plurianual para Guarulhos= 0,1547 litros/ segundo x ha


Para a vazão Q7,10 temos:

Q7,10= 0,75 x 0,632 x (0,4089 + 0,0332) x 0,1547 litros/segundo x ha= 0,032 litros/segundo x ha.

Para a área de 10ha a vazão base que chega até a bacia alagada será:
Qb= 0,032 L/s x ha x 10ha = 0,32 L/s
Durante 24h, ou seja, 86400 segundos teremos:

Qb= 0,32 L/s x 86400/1000=27,6m3/dia


Para o mês de janeiro que tem 31 dias teremos:

Qb= 27,6m3/dia x 31dias= 857m3

Nota:
A vazão base correntemente é muito difícil de ser obtida e se faz a hipótese de Qb=0.
A vazão base é importante para manter a represa sempre com água daí, o usual de usar bacia
alagada em áreas sempre maiores ou igual a 10ha e em alguns casos até acima de 20ha.

Balanço
Fazemos agora o balanço hídrico, isto é, consideremos o volume total que entra no sistema
isolado, ou seja na represa, menos o volume que sai.
Para o mês de janeiro temos:

Volume que entra:


Runoff= 16582m3
Precipitação= 256m3
Vazão base= 857m3
Total= 17.695m3

Volume que sai:


Volume de água que evapora= 141m3
Volume de água que se infiltra no fundo da represa= 2965m3
Volume retirado da represa para outros fins= 0
Total= 3106m3

Volume que entra – volume que sai= 17.695m3 – 3.106m3= 14.589m3

Como o volume permanente da represa tem 1906m3, então o resto vai ser jogada fora, isto é, será
overflow.

Overflow= 14.589m3- 906m3= 13.683m3

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A represa então armazenará o volume de 906m3 para o próximo mês, que é o volume
permanente que ficara sempre constante, não ser nos meses de julho e agosto onde o volume chegará
respectivamente a 760m3 e 198m3, mas mesmo assim o reservatório não ficará seco.
Caso se queira melhorar o volume permanente uma solução seria impermeabilizar o fundo da
represa com argila impermeável. Fazê-la mais fundo é uma solução, mas as profundidades passarão
daquelas aconselhadas que variam de 0,90m a 1,80m para lagoa de detenção alagada.

40.12 Custos
O custo de uma bacia de detenção alagada está entre US$18/m3 a US$35/m3 e manutenção
entre 3% a 5% do custo total.

Exemplo 40.2
Calcular a estimativa de custo de implantação de uma lagoa de detenção alagada com 2000m3 de
volume.
C= 2000m3 x US$ 30/m3 = U$ 60.000

Manutenção: 5%
M= 0,05 x US$ 60.000= US$ 3000/ano

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 40- Balanço Hídrico em pequenas barragens
Engenheiro Plínio Tomaz 04 de maio de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

40.13 Bibliografia e livros consultados


-ESTADO DA GEORGIA, 2001. Georgia Stormwater Management Manual. August 2001. Volume
1, Volume 2.
-PALLOS, JOSÉ CARLOS F. e THADEU, MARIO LEME DE BARROS. Análise de métodos
hidrológicos empregados em projetos de drenagem urbana no Brasil. ABRH: 1997, 9p. Vitória,
Espírito Santo, 16 a 20 de novembro de 1997.

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Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capitulo 41- Critério Unificado
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Capítulo 41
Critério Unificado
“Em 1973 foi aprovado nos Estados Unidos uma lei contra proteção de desastres de enchentes, dando ênfase
a medidas não estruturais, encorajando e exigindo o seguro para enchentes de 100 anos de período de
retorno”.
TUCCI, 2002

Ohio Department of natural resources

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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 41 - Critério unificado


41.1 Introdução
41.2 Volume para melhoria da Qualidade das águas pluviais (WQv)
41.3 Controle de erosão (CPv)
41.4 Vazão média e carga
41.5 Enchentes para Tr= 25anos (Qp25) ou Tr= 10anos (Qp10)
41.6 Regra dos 10%
41.7 Enchente máxima Tr= 100anos (Qp100)
41.8 Critérios hidrológicos do sistema unificado
41.9 Comparação de volumes
41.10 Observações de Ben Urbonas e Peter Stahre
20páginas

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Capítulo 41 – Critério Unificado

41.1 Introdução
Com objetivo de controlar enchentes, melhorar a qualidade das águas pluviais, proteger
os cursos de água contra erosão, usa-se o critério unificado, conforme a Tabela (41.1),
Figura (41.1) e Figura (41.2), podendo a sua aplicação ser isolada ou combinada.

Tabela 41.1 - Critério unificado


Ordem Critério unificado Descrição Volume
Usaremos o método volumétrico WQv.
Deter 80% dos sólidos totais em suspensão
Melhoria da (TSS) correspondente à regra dos 90% das
qualidade das precipitações, que produzem runoff na RMSP
1 águas pluviais (Região Metropolitana de São Paulo) e que WQv
corresponde a precipitação de 25mm.
Adota-se o mínimo de área impermeável AI
≥10%; área da bacia máxima A ≤ 200ha
(2km2) e mínimo P ≥ 13mm.

Usa-se período de retorno entre 1,5 anos e 2


2 Controle da anos e chuva de 24h para o TR-55. O período CPv
erosão nos de detenção no reservatório deve ser de 24h.
córregos e rios

Enchente para O pico de descarga para período de retorno V100


3 período de de 100 anos deverá ser controlado no pós-
retorno de Tr= desenvolvimento.
100anos

Enchentes Considera-se chuva extrema aquela de


4 extremas de período de retorno de 100anos e duração de V100
período de 24h.Se a barragem tem mais de 5m de altura
retorno de Tr= adotar Tr=1000anos para cálculo do vertedor.
100 anos

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2
1

Figura 41.1 - Representação esquemática do critério unificado

3
4

Figura 41.2 - Esquema do critério unificado

41.2 Volume para melhoria da Qualidade das Águas Pluviais (WQv)


O critério de dimensionamento de um reservatório para melhoria de qualidade WQv e
controle da poluição difusa, específica o volume de tratamento necessário para remover
uma parte significante da carga de poluição total existente no escoamento superficial das
águas pluviais.
Este volume é proporcional a área impermeável. No caso, supomos que 90% das
precipitações que produzem runoff e estimamos que assim a precipitação achada faça uma
redução de sólidos totais em suspensão (TSS) de 80%, bem como outros parâmetros dos
poluentes.
SCHUELER, (1987) usou as Equações (41.1) e (41.2) para achar o volume WQv.

Rv= 0,05 + 0,009 . AI (Equação 41.1)

WQv= (P/1000) . Rv . A (Equação 41.2)

Sendo:
Rv= coeficiente volumétrico que depende da área impermeável Rv ≥ 0,14 (AI=10%)
AI= área impermeável da bacia em percentagem sendo AI ≥ 10%;

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A= área da bacia em m2 sendo A ≤ 100ha (1km2). Pode chegar até 2km2 conforme
Schueler, 2007.
P= precipitação adotada (mm) sendo mínimo P≥ 13mm. Adotamos P= 25mm para a
RMSP.
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3).

Valor de P
Para a cidade de Mairiporã, São Paulo achamos para 90% das precipitações acima de
2mm e que produzem runoff, o valor P= 25mm, conforme Figura (41.3) e Tabela (41.2).

Frequência das precipitações diárias


(1958-1995) Mairiporã- RMSP
Precipitaçao diaria
que produz runoff

80
60
(mm)

40 25
20
90
0
0 20 40 60 80 100
Porcentagem do runoff produzido pelas
precipitações (%)
Figura 41.3 - Freqüência das precipitações diárias que produzem runoff da cidade de
Mairiporã, Estado de São Paulo. Usando a regra dos 90% de SCHUELER, 1987.

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Tabela 41.2 - Freqüência acumulada e precipitações diárias de Mairiporã de 1958 a


1995, a remoção de sólidos totais em suspensão (TSS).
Remoção de
Precipitação diária de 1958 a 1995 de sólidos
Freqüência Mairiporã totais em
Acumulada suspensão
(%) (mm) (TSS)
43 1(não produz runoff)
50 2( não produz runoff)
56 3
59 4
63 5
75 10
76 11
78 12
80 13
81 14
82 15
83 16
84 17
85 18
86 19
87 20
90* 25 80%**
93,22 30
95,30 35
96,68 40
97,49 45
98,13 50
98,72 55
99,13 60
99,36 65
99,56 70
99,69 75
99,78 80
99,81 85
(*) Adotado por Schueler
(**) Estimativa

Exemplo 41.1
Dimensionar o reservatório para qualidade de águas pluviais WQv sendo a área da
bacia de 20ha e área impermeável de 60%.
Rv= 0,05 + 0,009 . AI = 0,05 + 0,009 . 60 = 0,59
P= 25mm A= 20ha
WQv= (P/1000) . Rv . A = (25mm/1000) . 0,59 . (20ha .10000m2) = 2.950m3.
Portanto, o reservatório para controle de qualidade de água das águas pluviais deverá
ter 2.950m3 de capacidade.

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Exemplo 41.2
Calcular o volume necessário para melhoria da qualidade das águas pluviais de uma
cidade com área impermeável de 70%. A área da bacia é de 50ha e a precipitação que
atende a regra dos 90% de Schueler, 1987 é de P= 25mm .
Rv= 0,05 + 0,009. AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68
WQv= (P/1000) . Rv . A
WQv= (25mm/1000) . 0,68 . (50ha x 10.000m2) = 8.500 m3
Portanto, o reservatório para melhoria da qualidade das águas pluviais deverá ter
8.500m3 de capacidade.
Observar na Tabela (41.3) que a regra dos 90% de Schueler, 1987 corresponde a período de
retorno de 3 meses. Para período de retorno de seis meses a altura de chuva é 33mm e para 98%
temos o período de retorno de 1ano.

Tabela 41.3- Estimativa de freqüências e respectivas alturas de chuva conforme período de


retorno
Porcentagem de Altura de chuva (mm) Altura de chuva
todas as precipitações Período Washington DC (mm)
de retorno Mairiporã,
Estado de São Paulo
30 7 dias 6 -
50 14 dias 10 2
70 1 mês 19 7
85 2 meses 27 18
90 3 meses 32 25
95 6 meses 42 33
98 1 ano 61 50
Fonte: adaptado de BMP, Schueler, 1987.

Schueler, 1987 toma o valor corresponde a 90%, ou seja, período de retorno de 3


meses que para Mairiporã é 25mm conforme Tabela (41.3).
A aplicação do volume WQv podemos fazer seguramente para bacias com áreas
impermeáveis maior ou iguais a 25%, pois acredita-se que, para bacias com reservatório
de água destinada a fornecimento de água potável, a área impermeável deve ser menor ou
igual a 25%.

Reservatório in line e off line


O reservatório para melhoria da qualidade das águas pluviais, quando for construída
para receber toda a vazão das águas pluviais, diz-se que ele está in line e, quando o
mesmo está separado de toda a vazão diz-se que ele é off line. A escolha ótima dependerá
sempre das condições locais.

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41.3 Controle da erosão (CPv)


O controle da erosão nos córregos e rios a jusante é feito através de um reservatório
com volume CPv projetado para período de retorno entre 1,5anos e 2anos (com valor
estimado de 1,87ano), chuva de 24h e com detenção da água de 24h. A chuva de 24h foi
adotada nos Estados Unidos nos estados de New York, Maryland, Vermont e Geórgia,
sendo o período de retorno de 1(um) ano.
A aplicação deste critério é importante em canais naturais sujeitos à erosão devido ao
desenvolvimento da região. Com a urbanização, as superfícies permeáveis das florestas e
pastagens diminuem convertendo-se em áreas impermeáveis. Pesquisas indicam que o
crescimento da vazão de pico chega a crescer de duas a seis vezes.
No ESTADO DE VERMONT, (2001) foi mostrado que quando a área impermeável fica
entre 6% a 22%, os córregos e rios se alargam 1,24 a 2 vezes do seu tamanho original. As
Figuras (41.5) e (41.6) mostram o processo de erosão em um córrego.

Figura 41.5 - Exemplo de erosão de um curso de água

Dica: quando a área impermeável de uma bacia é maior que 10% começam os
problemas de erosão nos cursos de água.

Booth e Reinolt, 1993 em estudo feito in CANADÁ, (1999) chegaram à conclusão que,
quando a bacia tem mais de 10% de sua área impermeabilizada, começam os problemas
de alargamento dos rios e córregos e conseqüentemente a erosão dos mesmos.
A adoção do critério do período de retorno de 1,5 ano, chuva de 24h e detenção de 24h
foi bastante discutida.
Nos Estados Unidos os Estados de Maryland, Georgia, New York e Vermont adotam
Tr=1ano sendo que Maryland o usa desde 1995.
Historicamente era usado Tr= 2anos para o controle da erosão dos córregos e rios. A
estratégia estava baseada no fato de que as descargas da maioria dos córregos e rios
tivessem um período de recorrência entre 1 ano e 2 anos, com aproximadamente 1,5 anos
o mais prevalente LEOPOLD, (1964) e (1994).
Estudos recentes, citados no ESTADO DE VERMONT, (2001) indicaram que o método
de utilização de Tr= 2anos não protegia a erosão a jusante e que contribuía justamente
para aumentar a erosão, pois as margens dos córregos e rios estavam expostas a eventos
bastante erosivos, conforme demonstrado por MacRae, 1993, McCuen em 1996 e Moglen
em 1988.
As obras executadas com Tr= 2anos, de maneira geral, fornecem escoamento acima
dos valores críticos para o transporte da carga de fundo (bedload) e de sedimentos.

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MacRae também documentou que as obras realizadas com Tr= 2anos produzem o
alargamento do córrego ou rio de até três vezes a condição do pré-desenvolvimento,
conforme ESTADO DE VERMONT, (2001).
A razão fundamental é que, enquanto o pico de descarga não muda sob as condições
de desenvolvimento, é que a duração e freqüência das vazões erosivas aumentam muito.
Como resultado o “trabalho efetivo” do canal do córrego é mudado para escoamentos
superficiais de eventos mais freqüentes que estão na faixa de 0,5 ano até 1,5 ano,
conforme MacRae, 1993 in ESTADO DE VERMONT, (2001).
TUCCI, (2001) diz que o risco do leito menor dos rios está entre 1,5 anos e 2 anos, mas
juntamente com Genz em 1994 fazendo estudos nos rios do Alto Paraguai, chegaram a
período de retorno Tr= 1,87 anos.

Dica: para o controle da erosão adota-se período de retorno entre 1ano e 2ano.
McCuen,1979 escolheu um segundo método onde se deveria tomar para controle da
erosão 50% ou menos da vazão de pico do pré-desenvolvimento para Tr= 2anos. Isto vem
mostrar que a escolha de Tr=2anos não é adequada. Verificando-se o critério de McCuen
pudemos constatar que os 50% da vazão de pico do pré-desenvolvimento fornece
praticamente a vazão de pico com Tr= 1,5anos.
Um outro critério é o uso de Tr= 1ano para o controle da erosão, usando uma chuva de
24horas como é usual. MacRae, 1993, entretanto demonstrou que usando Tr= 1ano não
protege o canal totalmente da erosão. Foi demonstrado que, dependendo do material das
margens dos rios e do fundo do leito o canal, pode se degradar com Tr= 1ano, conforme
ESTADO DE VERMONT, (2001).

Dica: o ESTADO DE NEW YORK (2001) exige estudos geomorfológicos especiais


para a proteção do canal quando a área da bacia é maior que 20ha e a área
impermeável é maior que 25%.

Dica: o ESTADO DE NEW YORK, (2001) recomenda que não é necessário se prever
erosão de canal quando o lançamento é feito em rios grandes, rios de quarta ordem e
em estuários.

Na Figura (41.6) temos um gráfico onde aparece na abscissa a área impermeável de


uma bacia e na ordenada o razão de alargamento, dependendo se o canal é em rocha,
aluvião etc.

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Figura 41.6 - Alargamento do canal em função da área impermeável da bacia, sendo


MacRAe et al,. 1999 in CANADÁ, (2003).

Observa-se que a partir de 10% de área impermeabilizada a razão de alargamento vai


aumentando cerca de 60% de área impermeável chegando praticamente a um alargamento
10 vezes mais da largura original. É claro que tudo isto depende do material do canal, pois
para rocha o alargamento será de aproximadamente 4 (quatro). A grande quantidade de
dados são para canais em aluviões.
Conforme dr. Giorgio Brighetti, PHD 5023-Escola Politécnica- Obras fluviais as
soluções que podem ser adotadas para reduzir a ação indesejável do escoamento com
repercussões na estabilidade são:
a) seção mista com um canal inferior menor para vazões comuns com período de
retorno de 1 a 2anos (cheia anual) e
b) outro superior maior para vazões extraordinárias com período de retorno de 25, 50 ou
100anos.
Portanto, podemos ver que o leito menor estável tem período de retorno entre
1ano a 2anos.

Conforme Loret et al, 2000 a vazão modeladora, ou seja, aquela vazão representativa
do transporte sólido anual é aquela com período de retorno da ordem de 1,5anos a
2,0anos conforme Garde e Range Raju, 1985. Para o rio Baquirivú-Guaçu em Guarulhos
na RMSPa vazão modeladora é q= 0,54 m3/s x km2.
A vazão sólida total Qs=0,269 x Q 1,82 em (kg/s) e Q em m3/s.
Conforme Schueler, 2007 o método para estimar o volume para proteção do canal
contra erosão a jusante foi estimado pela primeira vez por Harrington em 1987.

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41.4 Vazão média e carga


Existem varias maneiras de calcular a vazão média e como considerar a carga h.
Vamos exemplificar baseado nos estudos feitos na GEÓRGIA, (2001).
Seja um reservatório de qualidade da água WQv= 5000m3 e com altura de 1,20m desde
o nível inferior até o nível de água para o controle de erosão. Vamos supor também que
tempo de detenção seja de 24h.

Método 1
Primeiramente achar a vazão média:
24h= 86.400s
Qmédio= WQv/ 86.400s = 5.000m3/86400s= 0,058m3/s= 58 L/s

Para achar o diâmetro do orifício devemos usar a equação do orifício.


Q= Cd . A (2.g.h) 0,5
Cd= 0,62
h= 1,20/2 = 0,60m (média)
A= Q/ [Cd . (2.g.h) 0,5] = 0,058/ [ 0,62 . (2. 9,81. 0,60) 0,5 ] = 0,0169m2
A= π x D2/ 4
D= (4.A/ π) 0,5= (4x0,0169/ π) 0,5 =0,15m= 150mm
Portanto, o orifício tem diâmetro de 0,15m. Recomenda-se diâmetro mínimo de 75mm
para evitar um entupimento.
Outra maneira é usar a vazão máxima:

Método 2
Q máximo= 2 . Qmédio = 2x 0,058= 0,116m3/s
Aplicar a equação do orifício, mas usando o valor h= 1,20m e não a sua metade.
A= Q/ [Cd . (2.g.h) 0,5] = 0,116/ [ 0,62 . (2. 9,81. 1,20) 0,5 ] = 0,0387m2

D= (4.A/ π) 0,5= (4x0,0387/ π) 0,5 = 0,22m= 220mm. Adotado D= 0,25m

41.5 Enchente para Tr=100anos (Qp100)


Para evitar enchentes, isto é, que o rio ultrapasse as suas margens e avance sobre as
residências, ruas e comércio deve ser feito um reservatório que deverá atender a vazão de
pico Qp100 para chuva de 24h, sempre usando os conceitos de pré-desenvolvimento e pós-
desenvolvimento.
O controle da vazão de pico Qp100 não é feito para ser usado sozinho, mas sim com o
controle da erosão Cpv e da vazão de pico da chuva extrema Qp100.
Deverá sempre ser feito um estudo a jusante do aumento da vazão e das velocidades
atendendo-se a regra dos 10% e verificando-se que não há coincidências de picos.
A análise a jusante é muito importante quando a área de projeto é maior que 20ha ou
quando a área impermeável é maior que 25%. Como critério usa-se diferença de 5% do
aumento das vazões e das velocidades. Caso ultrapasse os 5%, deve-se refazer todo o
projeto novamente.
Não esquecer a proteção com pedras através de rip-rap ou concreto armado na saída
da tubulação do vertedor com objetivo de evitar erosão.

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Dica: ESTADO DE NEW YORK, 2001 recomenda que não é necessário a previsão das
enchentes quando o lançamento é feito em rios grandes, rios de quarta ordem e em
estuários.

41.6 Regra dos 10%


A aplicação da regra dos 10% é para áreas de bacia acima de 20ha. Portanto, para
áreas de bacias abaixo de 20ha não é necessário o uso da regra dos 10%.
Esta análise é a chamada regra dos 10%, conforme ESTADO DE NEW YORK, 2001. A
análise verificará as velocidades e vazões em seções do canal espaçadas de 60m até o
ponto onde termina a aplicação da regra dos 10%. Verificam-se, também, as confluências
dos rios de primeira ordem e de ordens maiores.
Deverão ser observados os efeitos hidrológicos e hidráulicos nos bueiros, edifícios e
outros estudos.
As velocidades deverão ser menores que 5% das condições de pré-dimensionamento e
quando as estruturas a jusante ou edifícios não foram impactados.
Como exemplo, supomos que estamos estudando uma bacia com 30ha, onde se aplica
a regra dos 10%, pois a bacia tem mais que 20ha.
Na regra dos 10% significa que vamos examinar uma área a jusante de 300ha de
maneira que 10% desta área seja a área que estamos estudando.
Pode então ser aplicado o método de Muskingum-Cunge, por exemplo.

Conforme EPA, 2004 Debo e Reese 1992 fizeram pesquisas na cidade e condado de
Greenville, SC e Raleigh, NC para estudar os efeitos a jusante do desenvolvimento em
diferentes bacias de diversas formas e tamanhos. Através destes estudos. Através dos
estudos chegaram a Figura (41.7) que os efeitos do desenvolvimento se estabiliza em
aproximadamente 5% a 10% do total da área de drenagem, dependendo do tamanho e da
impermeabilização da mesma. Daí nasceu a conhecida regra dos 10% que deveremos
sempre verificar.

Figura 41.7- Limites de análise a jusante conforme Debo e Reese, 1992


Fonte: EPA,2004 Volume 1 página 4.19

41.7 Enchente máxima Tr= 100anos (Qp100)


É considerada chuva extrema aquela para período de retorno de 100anos e chuva de
24h. A vazão de pico é Qp100. Deverão ser analisadas as pontes, áreas residenciais e
comerciais que poderão ser inundadas com o pico Qp100. O extravasor de emergência
deverá atender a vazão de pico de 100 anos.
Deverá sempre ser feito um estudo a jusante do aumento da vazão e das velocidades,
atendendo-se a regra dos 10% e verificando-se que não há coincidências de picos.

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Dica: ESTADO DE NEW YORK, (2001) recomenda que não é necessário a previsão
das enchentes máximas quando o lançamento é feito em rios grandes, rios de quarta
ordem e em estuários.

Recomenda-se que seja deixada borda livre (freeboard) de 0,50m acima do topo do
nível dos 100 anos, e que seja deixado livre 0,15m entre o nível da superfície de água dos
10 anos e a cota da base do vertedor de emergência.

Dica: a borda livre ( f ), ou seja, o freeboard de uma barragem pequena deve ser f ≥
0,50m conforme DAEE, 2005.

Vertedor para chuva máxima


O vertedor para a chuva máxima ou o vertedor de emergência deverá ser dimensionado
com as seguintes características:
• Período de retorno de 100anos e chuva de 24h.
• A largura do vertedor mínima recomendada em algumas cidades americanas é de L
≥ 2,40m.
• A altura mínima do vertedor é de h ≥ 0,30m.
• O vertedor de emergência poderá ser dimensionado de maneira para atender o
período de retorno de 100anos e chuva de 24h ou com reservação de água para
Tr=100anos e a vazão para o vertedor obtida será a do routing. Quando a altura da
barragem for maior que 5m adotar Tr=1000anos.
• Em caso de barragem de terra a largura mínima do topo será de 1,80m. Quanto mais
alto for a barragem maior será a largura. Para altura de barragem de terra de 6,00m
a largura mínima do topo será de 3,00m.

Dica: algumas cidades americanas aconselham largura mínima de um vertedor de


2,40m e altura da lâmina de água mínima de 0,30m.

O vertedor será calculado através da equação:

Q= µ L (2g)0,5 x h 3/2

Como (2g)0,5 = 4,43


Q= 4,43 x µ x L x h 3/2

Q= 1,55 x L x h 3/2

Sendo:
Q= vazão (m3/s)
L= comprimento da crista do vertedor (m)
g= aceleração da gravidade = 9,81 m/s2
h= carga sobre a crista do vertedor (m)
µ = coeficiente de vazão (0,35 ≤ kw ≤ 0,50)
µ = 0,45 para vertedor com perfil tipo Creager
µ = 0,35 para vertedor de soleira espessa (adotado pelo DAEE,2005)

O NA máximo normal de um vertedor de soleira livre corresponde à cota da crista do


vertedor.

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O NA máximo maximorum corresponde ao maior nível que o reservatório atinge na


ocasião de maior cheia. É a cota que corresponde a volume de controle de cheias conforme
Tamada, 1999

Figura 41.8- Observar o vertedor de emergência e o canal construído fora da


barragem em local seguro.

Ação dos ventos - ondas


Conforme Tamada, 1999 um vento atuando frontalmente à barragem, forma ondas que
vem incidir sobre o parâmetro de montante da barragem, atingindo uma altura h, acima do
nível de água.
A altura de água ho é determinada através da formula empírica de Stevenson.
ho= 0,028 . ( V . F ) 0,5 + 0,76 – 0,26 (F) 0,25
Sendo:
ho= altura da onda (m)
V= velocidade do vento (km/h)
F= fetch = máxima distância medida em linha reta e na superfície da água (km)
Usualmente em projetos em São Paulo adota-se 100km/h a 120km/h.
No corpo da barragem o valor em que a água sobe é h= 1,4 ho aproximadamente.

41-14
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Capitulo 41- Critério Unificado
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Exemplo 41.8
Seja um pequeno reservatório com 100.000m3 e com fetch F= 0,4 km.
Adotamos velocidade do vento V= 120km/h e o comprimento da superfície livre é F= 0,4km.

ho= 0,028 . ( V . F ) 0,5 + 0,76 – 0,26 (F) 0,25

ho= 0,028 . ( 120 . 0,4 ) 0,5 + 0,76 – 0,26 (0,4) 0,25

ho = 0,74m

h= 1,40 x 0,74m = 1,04m

Portanto, as ondas provocadas pelo vento poderão atingir a altura de 1,04m,

41.8 Critérios hidrológicos do sistema unificado

Qualidade da água
Mede-se toda a área impermeável, que são as pavimentações, estradas de terra,
telhados, passeios, estacionamentos, piscinas, pátios, etc.
O reservatório WQv deve ser esvaziando em 24h.

Proteção contra erosão


Usa-se o método TR-55, Método Santa Bárbara para determinar as vazões de picos
com Tr= 1,0 ano ou Tr=2anos e chuva de 24h e detenção deverá de 24h.
Quando o diâmetro da tubulação resultando do Cpv for menor que 75mm, poderá ser
dispensado o reservatório Cpv. Necessita-se de, no mínimo, 0,4ha de área impermeável
para se aplicar o Cpv.
O volume Cpv pode ser dispensado com a vazão de pico da descarga pós-
desenvolvimento é de 56 L/s, conforme normas do ESTADO DA GEÓRGIA, (2001).
O volume para proteção de erosão a jusante deverá ser esvaziando em 24h.
Deverá ser verificado qual volume é o maior, o WQv ou CPv e adotado o maior e
sempre com esvaziamento em 24h.

Enchentes de Tr= 100anos

Usa-se o método do SCS ou Método Santa Bárbara, e deverá ser feito o routing do
reservatório usando o método modificado de Pulz. O DAEE, 2005 usa o Método Racional
para bacias até 200ha.

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41.9 Comparação dos volumes


Devem ser feitas comparações dos volumes e períodos de retornos.

Exemplo 41.9
Comparar os volumes para área da bacia de 15,2ha; área impermeável de 36,3% e
coeficiente de runoff volumétrico Rv= 0,05 + 0,09 x 36,3 = 0,38. Solos tipo C (60%), B
(40%).

Tabela 41.6 - Valores de CN e tc de pré e pós desenvolvimento


Pré-desenvolvimento Pós-desenvolvimento
Número da curva CN do NRCS 65 78
Tempo de concentração 0,45h 0,23h

Tabela 41.7 - Períodos de retornos e precipitações de 24horas


Período de retorno Precipitação
(anos) (mm)
1,5 55
2 56
5 79
10 89
25 104
100 122

Tabela 41.8 - Exemplos de volumes de acordo com períodos de retornos


Volume necessário Volume
(m3)
Qualidade da água, considerando P= 22,86mm 1.270
Erosão Tr= 1,5ano 24h detenção 1.258
Tr= 2anos, vazão de pico 1.258
Tr= 5anos, vazão de pico 1.874
Tr= 10anos,vazão de pico 2.232
Tr= 25anos, vazão de pico 2.651
Tr= 100anos, vazão de pico 3.119

Deve-se observar que os volume não se somam. Assim para a quantidade de água de
1.270m3, supondo detenção de 24 horas para erosão, é necessário reservatório de
1.258m3. Como foi adotada chuva de inundação de Tr= 25anos consideramos uma
inundação de 2.651m3. O volume da erosão de 1258m3 fica embutido dentro deste volume.
O volume de qualidade da água de 1.270m3 é constante, pois o mesmo não é esvaziado
após a passagem das chuvas.

41-16
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capitulo 41- Critério Unificado
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41.10 Observações de Ben Urbonas e Peter Stahre


Em artigo publicado por Peter Stahre e Ben Urbonas sobre Stormwater Detention- Open
Ponds em New Jersey, USA, 1990 foram salientadas algumas observações sobre
reservatórios de detenção.
A mais importante é a respeito das estruturas de saídas. Durante algum tempo os
reservatórios de detenção foram projetados para uma simples freqüência, como por
exemplo, Tr= 10anos; Tr= 25anos ou Tr= 100anos.
Estudos feitos por Kamelduski e McCuen em 1979 e Urbonas e Glidden em 1983
concluíram que o controle de um reservatório com único período de retorno de runoff não
irá controlar o runoff para períodos de retornos diferentes.
Foi recomendado pelos autores citados que as estruturas de saída de um reservatório
de detenção sejam feitas no mínimo para dois períodos de retornos.
Brulo et al. (1984), Kamelduski e McCuen (1979) e Urbonas e Glidden (1983)
descreveram as vantagens de dois estágios de saídas para controlar os múltiplos períodos
de retornos. O controle de dois diferentes períodos de retorno é importante.
Do ponto de vista prático, o controle de estruturas de saídas para períodos de retorno
de 2 anos e 10 anos pode ser suficiente. Para grandes inundações pode ser usado período
de retorno de 100 anos em adição a 2,0 anos e 10 anos.
A prática mais usada é que as vazões de saída das estruturas sejam aquelas de pré-
desenvolvimento.
Devem ser seguidas as seguintes considerações de Peter Stahre e Ben Urbonas, 1990:
• A saída do reservatório de detenção deve ser um orifício, impedindo que pessoas
desautorizadas tornem impraticável o alargamento do mesmo;
• Os projetos das saídas do reservatório de detenção devem oferecer segurança para a
população;
• Sempre que possível o projeto deve considerar dois ou três períodos de retornos.
Como exemplos: Tr= 2anos e Tr= 10anos; Tr= 2anos e Tr= 100anos; Tr= 10anos e
Tr= 100anos; Tr= 2anos, Tr= 10anos e Tr= 100anos; etc.
• Providenciar acessos para manutenção das saídas do reservatório;
• Se possível não usar peças móveis ou bombas. Usar equipamentos de maneira a
impedir o vandalismo;
• Não esquecer de proteção da erosão na entrada e saída do reservatório;
• Considerar a manutenção e estética.

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41.11 Acumulação de sedimentos em bacias de detenção


Conforme ASCE e WEF, 1998 in EPA, 2004 a acumulação de sedimentos em uma
bacia é dada pela equação:
Vp= 1,45 x 10-6 ( Q x C x TE / R)
Q= Rv x P
Sendo:
Vp= profundidade média do sedimento no fundo da lagoa (mm)
Q= runoff médio anual na bacia (mm)
Rv= coeficiente volumétrico
Rv= 0,05+ 0,009x AI
AI= área de impermeabilização (%)
C= concentração média de sólidos em suspensão no runoff (mg/L)
TE= eficiencia de retenção de sólidos totais em suspensão. Geralmente adotado TE=0,80
R= razão entre a área da superfície da lagoa e a área total

Exemplo 41.8
Dada uma bacia com 223ha e bacia de infiltração com 0,53ha. A área impermeável é de
26% e a precipitação média anual é de 352mm.

Rv= 0,05+ 0,009 x AI= 0,05+0,009 x 26=0,28


Q= Rv x P= 0,28 x 352mm= 99mm
C= 400mg/L
TE= 0,80
R= 0,53/ 223= 0,0024
Vp= 1,45 x 10-6 ( Q x C x TE / R)
Vp= 1,45 x 10-6 ( 99mmx400mg/Lx 0,80 / 0,0024)= 19mm/ano
Portanto, anualmente teremos sedimentos de 19mm/ano.
Caso a bacia de infiltração tenha previsto 305mm para a sedimentação e como a
sedimentação é de 19mm teremos:
305mm/ 19mm/ano= 16anos
Então em 16anos deverão ser retirado os materiais inertes no fundo da bacia e
colocados em um aterro sanitário.

41.12 First flush para reservatório de detenção estendido segundo Akan


Akan e Paine, in Mays, 2001(capítulo 7.3.1) mostrou uma estimativa do first flush P
em função da fração da área impermeável e de um coeficiente “ar” que dependente do
tempo de detenção de 12h até 48h.
A equação foi criada em 1998 pela American Society of Civil Engineers para áreas
até 100ha e para reservatórios de detenção estendido.
P= ar x P6 x ( 0,858xI3 – 0,78 x I2 + 0,774 x I + 0,04)
Sendo:
P=first flush (mm)
I= área impermeável em fração (0 a 1)
ar= 1,104 para detenção de volume por 12horas
ar= 1,299 para detenção de volume por 24horas. Pode ser interpolado entre 24h e 48h
somente.
ar= 1,545 para detenção de volume por 48horas
P6= precipitação média de um dia para período de retorno de 6meses

41-18
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capitulo 41- Critério Unificado
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Para a cidade de Mairiporã na RMSP P6=33mm conforme Tabela (41.3)

Exemplo 41.9
Calcular o first flush para a RMSP com precipitação média diária de período de retorno para
6 meses de 33mm, área impermeável de 70% para detenção com volume em 24h de
reservatório de detenção estendido.
P= ar x P6 x ( 0,858xI3 – 0,78 x I2 + 0,774 x I + 0,04)
ar=1,299
P= 1,299x 33 x ( 0,858x0,73 – 0,78 x 0,72 + 0,774 x0,7 + 0,04)=21mm
Akan ainda recomenda que se deixe 20% do volume para depósito de sedimentos.

41-19
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capitulo 41- Critério Unificado
Engenheiro Plínio Tomaz 7 de junho 2010 pliniotomaz@uol.com.br

41.13 Bibliografia e livros consultados


-AKAN, OSMAN e PAINE E JOHN. Handbook Stormwater collection Systems desgin
handbook, Larry W. Mays 2001.
-EPA/600/r-04/121b.Stormwater Best Management Practice Design Guide. Volume 1, 2 e 3.
Setembro de 2004.
-RAMOS, LORET et al. Campanhas Hidrosedimetnométricas na Região Metropolitana de
São Paulo. Centro Tecnológico de Hidráulica da EPUSP.
-SCHUELER, TOM et al. Urban Stormwater Retrofit practices. Agosto de 2007. CENTER
FOR WATERSHED PROTECTION. Prepared for USEPA, version 1,0.Manual 3.
-TOMAZ, PLINIO. Poluição Difusa. Navegar, 2006.

41-20
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capitulo 42- Hietograma pelo Método dos Blocos Alternados
Engenheiro Plínio Tomaz 12 de maio de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 42
Hietograma pelo método dos blocos alternados
Os filtros lentos de areia formam uma geléia de bactérias que recebe o nome de “shchumtzdecke”, que é uma
palavra alemã composta de “schumzt” que significa “sujeira” e de “decke” que significa película.
Azevedo Neto e Ivanildo Hespanhol-Técnica de abastecimento de água.

42- 1
Manejo de águas pluviais
Capitulo 42- Hietograma pelo Método dos Blocos Alternados
Engenheiro Plínio Tomaz 10 de maio de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Sumário

Ordem Assunto
Capítulo 42 - Método dos Blocos Alternados
42.1 Introdução
42.2 Passos para aplicação do Método dos Blocos Alternados
4 páginas

42-2
Manejo de águas pluviais
Capitulo 42- Hietograma pelo Método dos Blocos Alternados
Engenheiro Plínio Tomaz 10 de maio de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 42 - Hietograma pelo Método dos Blocos Alternados

42.1 Introdução
O objetivo é obter o hietograma (precipitação em função do tempo) usando a equação da chuva pelo
Método dos Blocos Alternados, que é um dos mais usados. Tucci, 2002, usou este método no Plano Diretor
de Drenagem de Porto Alegre.

42.2 Passos para aplicação do Método dos Blocos Alternados


O método dos Blocos Alternados é de simples de aplicação, se comparado a outros métodos de
determinação da chuva de projeto.
O primeiro passo do método é calcular, através das intensidades dadas pela IDF, o hietograma
completamente adiantado, isto é, aquele onde o pico está no primeiro intervalo de tempo.
Cada duração cumulativa, a partir desse pico, tem também sua altura de chuva calculada através das
intensidades da IDF, até o limite da duração crítica do evento (que é normalmente o tempo de concentração
da área contribuinte).
Assim, é um método derivado das relações IDF e que atribui a cada intensidade do hietograma um
mesmo período de retorno.
O segundo passo, que dá o nome ao método, reordena o hietograma completamente adiantado de
forma a posicionar o pico de forma centralizada. Cada ‘bloco’ de chuva do hietograma adiantado é sucessiva
e alternadamente colocado no entorno do ‘bloco’ do pico, à direita e à esquerda.
Variantes do método permitem posicionar os picos do hietograma em outras posições que não sejam
a centralizada, por exemplo, a 25% ou a 75% da duração total do hietograma, obtendo-se hietogramas com
picos antecipados ou retardados. Conforme Akan, 1993 como regra prática, o maior valor da precipitação
deve estar entre 1/3 a ½ da duração da chuva. Akan, 1993 aconselha que o Δt adotado seja menor que o
tempo de concentração da bacia que está sendo estudada.
Após a fixação do pico o procedimento é o mesmo do caso anterior, onde os blocos são alternados no
entorno do bloco do pico.

Exemplo 42.1
Definição de uma chuva de projeto de 40min, com Tr= 5anos em intervalos de Δt= 5min. Para a
Equação de Paulo Sampaio Wilken feita para o município de São Paulo temos:

i= 1749 . Tr 0,181 / (td + 15)0,89

Sendo:
i= intensidade da chuva (mm/h)
Tr= período de retorno (anos)
td = duração da chuva (min)

Trata-se da aplicação da Equação de Paulo Sampaio Wilken, onde com o valor do tempo de duração
da chuva td obtemos a intensidade da chuva em mm/h.

42-3
Manejo de águas pluviais
Capitulo 42- Hietograma pelo Método dos Blocos Alternados
Engenheiro Plínio Tomaz 10 de maio de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Tabela 42.1 - Cálculo do hietograma usando o método dos blocos alternados.


Intensidade Diferenças Ordem
Tempo da chuva Col1 x col 2/60 da coluna decrescente Precipitação
3 da coluna 4 no intervalo
1 2 3 4 5 6
(min) (mm/h) (mm) (mm) (mm) (mm)
5 162,60 13,55 13,55 13,55 2,46
10 133,31 22,22 8,67 8,67 3,62
15 113,34 28,34 6,12 6,12 6,12
20 98,81 32,94 4,60 4,60 13,55
25 87,74 36,56 3,62 3,62 8,67
30 79,01 39,50 2,95 2,95 4,60
35 71,94 41,96 2,46 2,46 2,95
40 66,09 44,06 2,09 2,09 2,09

Explicações da Tabela (42.1):

Coluna 1 - Tempo seqüencial começando em 5 e com intervalos de 5min até completar a duração total da
chuva de 40min.

Coluna 2 – Intensidade da chuva calculada com o tempo em minutos da coluna 1

Coluna 3 – É a coluna 1 x coluna 2 / 60

Coluna 4 – Diferenças na coluna 3

Coluna 5 – Ordem decrescente.

Coluna 6 – Hietograma, observando que a maior precipitação 13,55 foi colocada aos 20min, que é a ½ da
duração da chuva.
Colocando-se em um gráfico, o tempo da coluna 1 e as precipitações da coluna 8 obtemos a Figura
(42.1).

Hietograma pelo Método dos Blocos


10 Alternados
Precipitaçao (mm)

0
0 10 20 30 40 50
Tempo (min)

Figura 42.1 - Hietograma da precipitação de duração de 40min com Tr= 5anos, usando a Equação de
Paulo Sampaio Wilken.

42-4
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capítulo 43- Hietograma pelo Método de Chicago
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 43
Hietograma pelo método de Chicago
Quando a água possui turbidez inferior a 50ppm e a quantidade de matéria orgânica é pequena podemos usar
filtro lento de areia.
W. A. Hardenbergh- Abastecimento e purificação da água.

Daphnia-Zooplâncton

Em biologia marinha e limnologia chama-se zooplâncton ao conjunto dos organismos aquáticos que não têm capacidade fotossintética
(heterotróficos) e que vivem dispersos na coluna de água, apresentando pouca capacidade de locomoção (são, em grande parte,
arrastados pelas correntes oceânicas ou pelas águas dum rio). Fonte: Wikipedia- a enciclopedia livre

43-1
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capítulo 43- Hietograma pelo Método de Chicago
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Sumário

Ordem Assunto
Capítulo 43 – Hietograma pelo Método de Chicago
43.1 Introdução
43.2 Aplicação prática
5 páginas

43-2
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capítulo 43- Hietograma pelo Método de Chicago
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 43 – Hietograma pelo método de Chicago

43.1 Introdução
O objetivo é obter a precipitação em função do tempo, ou seja, o hietograma usando o método de
Chicago, também chamado método de Keifer e Chu.
Baseia-se na equação:

I= a / (td + c) b
Sendo:
I= intensidade da chuva (mm/h)
td= duração da chuva (min)
a, b, c= coeficientes obtidos por análise de regressão.

43.2 Aplicação prática


Vamos explicar o Método de Chicago, fazendo uma aplicação prática usando a equação de Paulo
Sampaio Wilken, feita para o município de São Paulo temos:

I= 1749 . Tr 0,181 / (td + 15) 0,89

Sendo :
I= intensidade da chuva (mm/h);
Tr= período de retorno (anos) e
td= duração da chuva (min).

Comparando-se as equações temos:

a= 1749 . Tr 0,181
b= 0,89
c= 15

Adotando-se o coeficiente de avanço r= 0,39. O valor obtido para a cidade de Chicago estava entre
r= 0,36 e r= 0,45 sendo o valor médio de r= 0,375 para chuvas com duração de 15min a 2h.
As equações obtidas por Zahed e Marcellini, 1995.

ib = a [( 1-b) (tb/r) +c] / [(tb/r) + c] (1+b) ( Equação tb)

ia = a [( 1-b) (ta/(1-r)) +c] / [(ta/(1-r)) + c] (1+b) ( Equação ta)

Exemplo 43.1
Fazer o hietograma para precipitação de 90min com intervalos de 5min, usando a Equação de Paulo
Sampaio Wilken para a cidade de São Paulo e Tr=10anos.

43-3
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capítulo 43- Hietograma pelo Método de Chicago
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Tabela 43.1 - Cálculo do hietograma para duração de chuva de 90 min, Tr= 10anos e Equação de Paulo
Sampaio Wilken para a cidade de São Paulo
Método de Chicago
Média de duas
Tempo Tempo para Precipitação Coluna 4 x linhas da
seqüencial cálculo (mm/ h) 5min/ 60 coluna 5
(min) (min) ib ou ia (mm)
1 2 3 4 5 6

0 tb 35 9,8 0,82 0,00


5 tb 30 11,9 0,99 0,90
10 tb 25 14,8 1,23 1,11
15 tb 20 19,4 1,61 1,42
20 tb 15 27,1 2,26 1,93
25 tb 10 42,1 3,51 2,88
30 tb 5 79,4 6,62 5,06
35 tb 0 233,2 19,44 13,03
40 ta 5 108,5 9,04 14,24
45 ta 10 64,7 5,39 7,22
50 ta 15 44,0 3,66 4,53
55 ta 20 32,4 2,70 3,18
60 ta 25 25,2 2,10 2,40
65 ta 30 20,3 1,70 1,90
70 ta 35 16,9 1,41 1,55
75 ta 40 14,4 1,20 1,31
80 ta 45 12,5 1,04 1,12
85 ta 50 11,0 0,91 0,98
90 ta 55 9,8 0,81 0,86

Explicações da Tabela (43.1):

Coluna 1 - Tempo seqüencial começando em 0 e com intervalos de 5min até completar a duração total da
chuva de 90min.

Coluna 2 - Cada linha mostra o tipo da Equação usada, ou seja, Equação (tb) ou Equação (ta). Notar que
como adotamos o coeficiente de avanço r= 0,39 teremos:
0,39 x 90min= 35min e, portanto, aos 35 min teremos o pico da chuva.

Coluna 3 - A parte corresponde a tb sobe com intervalos de 5min até chegar a 35min, enquanto que a parte
correspondente a equação de ta desce com intervalos de 5min até chegar ao valor 55min. A soma de
35+55= 90min.

Coluna 4 - São os valores calculados pelas equações de ta e tb.

Coluna 5 - É cada linha da coluna 4 multiplicada pelo intervalo de 5min e dividido por 60.

Coluna 6 - É a média das duas primeiras linhas da coluna 5. A primeira linha da coluna 6 é o ponto de origem
do gráfico, isto é, corresponde a zero.

43-4
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capítulo 43- Hietograma pelo Método de Chicago
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

O hietograma obtido está na Figura (43.1).

Hietograma pelo Método de Chicago

15

Precipitaçao (mm)
10

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (min)

Figura 43.1 - Hietograma da chuva de 90min pelo método de Chicago

43-5
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capitulo 44- Equação do volume do reservatório
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 44
Equação do volume do reservatório

“Uma chuva de 40 dias e 40 noites centrada no rio Eufrates em 2.957 aC inundou toda a região matando
todas as criaturas vivas, com exceção da família de Noé e dos animais que estavam dentro da arca”.
Tucci, 2002. Inundações urbanas na América Latina.

Vertedor triangular

44-1
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capitulo 44- Equação do volume do reservatório
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 44 - Equação do volume do reservatório


44.1 Introdução
44.2 Volume de um reservatório com áreas transversais variáveis
44.3 Volume do tronco de pirâmide
44.4 Volume do prisma trapezoidal
44.5 Tronco de pirâmide circular cônica
5 páginas

44-2
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capitulo 44- Equação do volume do reservatório
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 44- Cálculo do volume de reservatório

44.1 Introdução
O reservatório de detenção poderá ser prismático ou não. Uma maneira prática de se calcular é
assemelhar o reservatório a uma forma geométrica da qual dispomos de um cálculo matemático existente e
fácil de ser manipulado.

44.2 Volume de um reservatório com áreas transversais variáveis.


O volume entre duas áreas A1 e A2 eqüidistante de “d” é calculado:

V 1,2= [( A1 + A2)/2] x d (Equação 44.1)

As áreas A1 e A2 podem ser obtidos em mapas aerofotogramétricos.

Figura 44.1 - Volume entre as áreas


Fonte: Geórgia, 2001

Exemplo 44.1
Calcular o volume de um reservatório com 1,00m de altura sendo fornecida as áreas (m2) no intervalo
de 0,10m.
Usando a Equação (44.1), obtemos a Tabela (44.1).

Tabela 44.1 - Volume por faixa e acumulado de um reservatório de seção transversal variável.

Volume
Altura Área transversal Por faixa Volume acumulado
2 3 3
(m) (m ) (m ) (m )
0,1 2931 293 293
0,2 5861 440 733
0,3 8790 733 1465
0,4 11722 1026 2491
0,5 14655 1319 3810
0,6 17579 1612 5421
0,7 20512 1905 7326
0,8 23442 2198 9524
0,9 26424 2493 12017
1,0 29309 2787 14804

44-3
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capitulo 44- Equação do volume do reservatório
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

44.3 Volume do tronco de pirâmide


O volume em tronco de pirâmide é dado pela expressão (Geórgia, 2001).

V= (d/3) [A1 + (A1 x A2) 0,5 + A2 ]/3 (Equação 44.2)


Sendo:
V= volume do tronco de pirâmide (m3);
A1= área 1 (m2);
A2= area 2 (m2);
D= altura entre as áreas A1 e A2 (m).

Exemplo 44.2
Seja A1= 1000m2 e A2= 1500m2 e altura d= 2,00m. Qual o volume?
Conforme Equação (44.2), temos:
V= (d/3) [A1 + (A1 x A2) 0,5 + A2 ]/3
V= (2,00/3) [1000 + (1000 x 1500) 0,5 + 1500]/3
V= 828m3

44.4 Volume do prisma trapezoidal


Conforme Geórgia, 2001 ou Akan e Paine, 2001 o volume prismático trapezoidal é dado pela Equação
(44.3).

V= L.W. D + (L+W) Z.D2 + 4/3 .Z2 . D3 (Equação 44.3)


Sendo:
V= volume do prisma trapezoidal (m3);
L= comprimento da base (m);
W= largura da base (m);
D= profundidade do reservatório (m) e
Z= razão horizontal/vertical. Normalmente 3H:1V

Exemplo 44.3
Dados: Largura= W= 20m, Comprimento= L=60m, Profundidade= D=3m e Z=3. Achar o volume.
Conforme a Equação (44.3):
V= L.W. D + (L+W) Z.D2 + 4/3 . Z2 . D3
V= 20 x 60 x 3 + (20+60) x 3 x 32 + 4/3 x 32 x 33
V= 6.084m3

Figura 44.2 - Reservatório com seções transversais e longitudinais trapezoidal


Fonte: Washington, 2001

44.5 Tronco de pirâmide circular cônica


Conforme Geórgia, 2001 ou DeKalb County, 2000 temos:

V= 1,047 x D (3 R12 + 3 x Z x D x R1 + Z x D2) (Equação 44.4)


Sendo:
V= volume (m3)
D= altura da pirâmide circular cônica (m)
R1= raio da parte inferior (m2)
Z= razão horizontal/vertical.

44-4
Curso de Manejo das Águas Pluviais
Capitulo 44- Equação do volume do reservatório
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Exemplo 44.4
Calcular volume de reservatório em tronco de pirâmide circular cônica usando a Equação (44.4) sendo:
D= 4,0m,
R1= 10,0m e
Z= 3.

V=1,047 x D (3 R12 + 3 x Z x D x R1 + Z x D2)

V= 1,047 x 4 (3 . 102 + 3 x 3 x 4 x 10 + 3 x 42)

V= 2.877m3

44-5
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 45-Tempo de esvaziamento
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Capítulo 45
Tempo de esvaziamento

“Cerca de 70% do corpo humano consiste de água”.


Tucci, 2002, Inundações urbanas na América do Sul.

45-1
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Capitulo 45-Tempo de esvaziamento
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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 45 - Tempo de esvaziamento


45.1 Introdução
45.2 Tempo de esvaziamento
45.3 Tempo de esvaziamento para uma seção transversal qualquer
4 páginas

45-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 45-Tempo de esvaziamento
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Capítulo 45 - Tempo de esvaziamento de um reservatório

45.1 Introdução
Algumas vezes é necessário saber o tempo de esvaziamento de um reservatório.
A forma do reservatório pode ser prismática ou totalmente irregular. Muitas vezes a forma, embora
irregular, pode ser aproximada a uma seção trapezoidal, tronco de pirâmide, etc.
No fundo do reservatório sempre há um orifício para o escoamento da água de onde queremos calcular
o tempo.
A escolha do tempo dependerá do projetista, podendo ser optado por um tempo longo ou por um tempo
curto como de 8horas, por exemplo, ou 24h usado pela CIRIA, 1997.
Podemos ter caso em que o esvaziamento deverá ser feito através de bombeamento.

45.2 Tempo de esvaziamento


Genericamente para qualquer seção transversal As, o tempo de esvaziamento em segundos de
qualquer reservatório pode ser calculado pela Equação (45.1), conforme Malásia, 2000.

t=[1 / Cd . Ao .(2.g ) 0,5] . ∫ y1 y2 As dy/ y 0,5 (Equação 45.1)

Quando a superfície da água é constante, isto é, as paredes são verticais, então a equação acima fica:

t= [2 . As . (y1 0,5 - y2 0,5 )] / [Cd . Ao .(2.g ) 0,5] (Equação 45.2)

Sendo:
Ao= área da seção transversal do orifício (m2);
Cd= 0,62 coeficiente de descarga;
As= área transversal do reservatório na profundidade y (m2);
t= tempo de esvaziamento (segundos);
y1= altura da água no inicio (m);
y2= altura do nível de água no fim (m) e
g= aceleração da gravidade (g=9,81m/s2)
O orifício mínimo deve ter diâmetro ≥ 50mm.

Exemplo 45.1
Calcular o tempo de esvaziamento de um reservatório em forma de paralelepípedo com altura de 6m,
largura de 10m e 20m de comprimento. O diâmetro do tubo de saída é de 200mm.
Área do orifício: Ao
D= 200mm= 0,20m
Ao= π D2 / 4= π 0,20 2 / 4= 0,0314m2
Seção transversal: As
As= 10m x 20m= 200m2
y1= 6m
y2= D/2= 0,10m
Cd= 0,62
t= [2 . As . (y1 0,5 - y2 0,5)] / [Cd . Ao .(2.g) 0,5]
t= [2 . 200 . (6 0,5 - 0,10 0,5)] / [0,62 . 0,0314 .(2.9,81) 0,5]
t= 10.669 s= 2,96h
Portanto, o reservatório se esgota em 2,96h.

Exemplo 45.2
Calcular o tempo de esvaziamento de um reservatório em forma de paralelepípedo com altura de 6,4m,
área transversal de 16.786m2. O diâmetro do tubo de saída é de 1,00m.
Área do orifício: Ao
D= 1,0m
Ao= π D2 / 4= π 1,002 / 4= 0,7854m2
Seção transversal: As
As= 116786m2
y1= 6,4m
y2= D/2= 0,50m
Cd= 0,62
t= [2 . As . (y1 0,5 - y2 0,5)] / [Cd . Ao .(2.g) 0,5]

45-3
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Capitulo 45-Tempo de esvaziamento
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t= [2 . 16786 . (6,4 0,5 - 0,50 0,5)] / [0,62 . 0,7854 .(2.9,81) 0,5]


t= 28370 s= 8,0h
A vazão máxima Q=5,46m3/s calculada como orifício com a altura máxima de 6,4m.
Portanto, o reservatório se esgota em 8,0h e no inicio quando se abre a válvula borboleta a vazão
máxima será de 5,46m3/s.

45.3 Tempo de esvaziamento para uma seção transversal qualquer


Para uma área transversal “As” qualquer, podemos aplicar a Equação (45.2) para um determinado
volume “V”, conforme Figura (45.1).

Volume V

y1 y2

Figura 45.1 - Esquema para calcular o tempo parcial t1, t2, t3,... para qualquer volume e qualquer área
As a y1 e y2 do orifício.

Calcula-se então o tempo t1 para o volume V1, t2 para o volume V2 e assim por diante, que estão na
altura y1 e y2 em relação a metade do diâmetro do orifício.
O tempo total t será : t= t1+t2+ t3 + ...

Exemplo 45.3
Calcular o tempo de esvaziamento de um barragem com 225.792m3 com altura máxima de 6,00m e
com orifício de diâmetro de 1,00m. Considera-se os volume acima da metade do orifício.

Tabela 45.1- Cálculo do tempo de esvaziamento de um reservatório com seção variável.


Volume por As
Altura Volume faixa média y1 y2 tempo
(m) (m3) (m3) (m2) (m) (m) (s) (h)
0,5 15302 15302 30604 0,5 0,0 20076 6
1,0 31212 15910 31820 1,0 0,5 8646 2
1,5 47741 31831 63661 1,5 1,0 13273 4
2,0 64896 33066 66131 2,0 1,5 11624 3
2,5 82688 49622 99244 2,5 2,0 15369 4
3,0 101124 51502 103004 3,0 2,5 14421 4
3,5 120215 68713 137425 3,5 3,0 17693 5
4,0 139968 71256 142511 4,0 3,5 17078 5
4,5 160394 89138 178276 4,5 4,0 20065 6
5,0 181500 92362 184724 5,0 4,5 19665 5
5,5 203297 110935 221869 5,5 5,0 22465 6
6,0 225792 114858 229715 6,0 5,5 22224 6
Total= 56

O tempo de escoamento é a soma dos tempos parciais e o total é de 56h.

45-4
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Capitulo 45-Tempo de esvaziamento
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45.5 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA (CONSTRUCTION INDUSTRY RESEARCH AND INFORMATION ASSOCIATION). Design of flood
storage reservoirs. Inglaterra,140paginas, 1996.

45-5
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Capítulo 46-Reabilitação de córregos e rios
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Capítulo 46
Reabilitaçao de córregos e rios

46-1
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Capítulo 46-Reabilitação de córregos e rios
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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 46 – Reabilitação de córregos e rios

46.1 Introdução
46.2 Conceitos
46.3 Os cinco elementos chave em um rio ou córrego
46.4 Potência dos córregos e rios
46.5 Transporte de sedimentos
46.6 Dimensionamento de canais
46.7 Bibliografia

46-2
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Capítulo 46-Reabilitação de córregos e rios
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Capítulo 46 – Reabilitação de córregos e rios

46.1 Introdução
Há uns 20 anos com a degradação física e biológica cada vez maior de córregos e rios começou-se
a se ter idéia da recuperação dos mesmos para retorno físico e biológico.
Iremos considerar os córregos e rios urbanos, que são aqueles que possuem uma área impermeável
maior que 10%, pois quando a área é menor que 10% não há impactos no ecossistema aquático.

46.2 Conceitos
Os conceitos fundamentais são:
Restauração: consiste em volta as condições exatamente como eram antigamente quando não
havia população e não havia interferência do homem. É praticamente impossível de ser feita.

Reabilitação: consiste em restaurar alguns aspectos do córrego e do rio, mas não todos.

Remediação: é quando o rio mudou totalmente de configuração relativa as condições originais


e podemos fazer alguma coisa para melhorá-lo

Renaturalização ou naturalização: significa uma maneira natural para o rio de maneira que o
mesmo volte ao ecossistema que existia antes.

Figura 46.1- O que pode ser conseguido realisticamente?

A Figura (46.2) mostra os conceitos mencionados.

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Capítulo 46-Reabilitação de córregos e rios
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Figura 46.2- Esquema de reabilitação


Fonte: Austrália, 2000

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46.3 Os cinco elementos chaves em um rio ou córrego


Na Figura (46.3) estão os cinco elementos básicos da saúde de um rio conforme Austrália, 2000
para reabilitação do rio em área urbana.
1. Zona Ripariana
2. Estrutura física do rio
3. Organismos do ecossistema aquático
4. Qualidade da água
5. Quantidade de água

Figura 46.3- Os 5 elementos da saúde de um córrego ou rio


Fonte: Austrália, 2000

Organismos do ecossistema aquático e Zona ripariana


Os componentes biológicos do ecossistema aquático deverá ser estudado em assuntos como a
redução dos habitats naturais no corpo do rio, bem como as mudanças da biodiversidade do rio no
que se refere a fauna e a flora.

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Figura 46.4- Diversos tipos de habitat

Estrutura física do rio


O componente morfológico do rio são os alinhamentos e os gradientes, com as construções de
casas, industrias e infraestrutura urbana adjacentes ao rio. É estudada a estabilização do rio do
ponto de vista de transporte sólidos.

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Figura 46.5 –Diversidade morfológica dos rios

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Capítulo 46-Reabilitação de córregos e rios
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Figura 46.6- Diversidades morfológicas dos rios.

Qualidade da água
No assunto qualidade da água do rio estudamos os nutrientes, os metais pesados, os sais e os
compostos orgânicos que são lançados ao rio diretamente ou através da poluição difusa levado pela
drenagem superficial. Estudamos também o aumento de temperatura devido a lançamentos industriais
ou água de drenagem bem como a vegetação ripariana e a mata ciliar.

Quantidade de água
Deverão ser estudados os componentes hidrológicos do rio, tais como o aumento da área
impermeável, o aumento do runoff, o aumento das velocidades, o decréscimo da vazão base e estudo
de novas seções nos rios.

Uma recomendação que está em Austrália, 2000 está o seguinte: em caso de dúvida, copie.
Quando se quer reabilitar um córrego deve-se procurar um córrego próximo que tenha as condições
físicas e biológicas que queremos e então copiamos o modelo.
Na Europa em 2004 foram estudados 23 casos de reabilitação de rios com comprimento
variando de 1300m a 9500m ao custo médio de 1500 euros/metro.
Os objetivos são variados estando encaixados dentro dos 5 elementos da saúde do rio citado em
Austrália, 2000.

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46.4 Dimensionamento de canais


Os canais que podem transportar sedimentos ou depositar sedimentos devem ser calculados com as
equações de resistência normalmente usadas como a fórmula de Manning para dimensionar a altura,
largura, declividade do canal, mais as equações de transporte de sedimentos com o devido cuidado e
experiência. De qualquer maneira a melhor maneira é calcular por tentativas até a melhor solução.
É melhor usar critérios de tensão trativa do que métodos de velocidade, mesmo assim os mesmos
não devem ser desprezados.
A vazão dos rios normalmente é calculada usando o conhecido Q7,10.

46.5 Pesquisas na Europa


Pesquisas apresentas na Europa em junho de 2004 sobre Urban River Basin Enhancenment
Methods sobre Existing Urban River Rehabilitations Schemes em 23 rios e córregos apresentaram os
seguintes resultados que estão nas Figuras (46.7) a (46.11).

Figura 46.7- Objetivos da reabilitação de rios na Europa

Figura 46.8- Pressão urbana para restauração

46-9
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Capítulo 46-Reabilitação de córregos e rios
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Figura 46.9- Largura dos rios

Figura 46.10- Comprimento dos rios reabilitados na Europa

Figura 46.11- Custo por metro de reabilitação

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Capítulo 46-Reabilitação de córregos e rios
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46.5 Bibliografia e livros consultados


-AUSTRALIA. A rehabilitation manual for Australiam Streams. Volume 1. 2000, ISBN 0642 76028 4
(volume 1 e 2).
-EPUSP. Obras Fluviais. PHD 5023. prof dr. Giorgio Brightetti. Sem data. Apostila com 39páginas;
Departamento de Hidráulica.
http://www.unc.edu/~mwdoyle/pdfs/JHERestorationDesign.pdf
-SHIELDS JR, DOUGLAS, COPELAND, RONALD R. et al. Design for Stream restoration. Journal
of Hydraulic engeneering, ASCE/ agosto, 2003.

46-11
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Capítulo 46-Reabilitação de córregos e rios
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46-12
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Capítulo 46-Reabilitação de córregos e rios
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Capitulo 47- Reservatório de detenção estendido
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Capítulo 47
Reservatório de detenção estendido (ED)

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 47- Reservatório de detenção estendido
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SUMÁRIO
Ordem Assunto

Capítulo 47– Reservatório de detenção estendido (ED)


47.1 Introdução
47.2 Critério Unificado
47.3 First flush
47.4 Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv
47.5 Profundidade do reservatório de detenção estendido
47.6 Área da bacia contribuinte
47.7 Recarga e vazão base
47.7.1 Fórmulas empíricas para a recarga média anual
47.8 Tempo de detenção
47.9 Eficiência da remoção de poluentes de uma bacia de detenção estendida
47.10 Rampa de acesso e estrada de manutenção
47.11 Relação comprimento/largura
47.12 Manutenção
47.13 Depreciação dos imóveis vizinhos ao reservatório de detenção estendido
47.14 Segurança
47.15 Válvula para esgotamento do reservatório
47.16 Aumento da temperatura da água
47.17 Infiltração
47.18 Extravasor normal e de emergência
47.19 Pré-tratamento
47.20 Declividades dos taludes e do fundo do reservatório de detenção estendido
47.21 Freeboard (borda livre)
47.22 Vida útil da obra
47.23 Área de superfície do reservatório de detenção estendido
47.24 Paisagismo e estética
47.25 Custo de construção
47.26 Orifício
47.27 Vertedor retangular
47.28 Pré-desenvolvimento e pós-desenvolvimento
47.29 Dimensionamento de reservatórios de detenção de enchentes
47.29.1 Dimensionamento preliminar pelo método Racional
47.29.2 Hidrograma Triangular
47.29.3 Dimens. preliminar usando o método Racional pelo Método de Wycoff e Singh, 1976.
47.29.4 Volume para enchente usando o modelo de Tucci
47.29.5 Dimensionamento preliminar pelo método de Aron e Kibler, 1990
47.30 Tempo de esvaziamento
47.31 Método Simples de Schueler para concentração de poluentes
47.32 Método Racional
47.33 Período de retorno
47.34 Intensidade de chuva
47.34.1 Equação de Martinez e Magni,1999 para a RMSP
47.34.2 Equação de Martinez e Magni,1999 para a RMSP
47.34.3 Aplicação do programa Pluvio2.1
47.35 Tempo de concentração pela fórmula de Kirpich
47.35.1 Tempo de concentração pela fórmula Califórnia Culverts Practice
47.36 Vazão média e carga
47.37 Esquema de reservatório de detenção estendido
47.38 Volume do prisma trapezoidal
47.39 Vazão Q7,10
47.40 Dimensionamento do vertedor para chuva de 100anos
47.41 Curva cota-volume
47.42 Routing do reservatório
47.43 Eficiência da remoção no pré-tratamento e no tratamento
47.44 Dissipador de energia

47-2
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Capitulo 47- Reservatório de detenção estendido
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47.45 Regulador de fluxo


47.46 Falhas na barragem
47.47 Depósito de sedimentos
47.48 Reservatório de detenção estendido off line somente para atender WQv
47.49 Fração do runoff que vai para a BMP
47.50 Reservatório de detenção estendido in line para atender enchentes+ WQv
47.51 Regra dos 10%
47.52 Uso do método Racional e hidrograma de Dekalb
47.53 Leis sobre reservatórios de detenção
47.54 Bibliografia e livros consultados
79 páginas

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 47- Reservatório de detenção estendido
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Capítulo 47– Reservatório de detenção estendido (ED)

47.1 Introdução
No manejo de águas pluviais, o Brasil vai passar dos reservatórios de detenção para os
reservatórios de detenção estendido (ED-extended detention), que possibilitará além do controle de
enchentes, a melhoria da qualidade das águas pluviais diminuindo o impacto da poluição difusa nos
corpos d´água. O reservatório de detenção estendido apesar de ser razoavelmente bom para remoção de
poluentes possui a facilidade de construção, manutenção e operação, sendo relativamente fácil
transformar um reservatório de detenção para reservatório de detenção estendido que além do controle
de enchentes irá melhorar a qualidade das águas pluviais.
Em áreas urbanas o reservatório de detenção estendido é a melhor solução.
O objetivo deste capítulo é elaborar um state of art sobre reservatórios de detenção estendido.
No reservatório de detenção estendido armazena-se o volume WQv durante período de 24h até
72h, ficando completamente seco no final. As Figuras (47.1) a (47.5) mostram os reservatórios de
detenção estendido.
Algumas vezes queremos deter a erosão a jusante e usamos período de retorno Tr=1,87anos e
dimensionamento o volume do reservatório para esvaziamento em 24h.
Caso se queira deter a erosão a jusante e a melhoria da qualidade das águas pluviais, adotamos o
maior volume, que geralmente é aquele proveniente de deter a erosão quando em ambos período de
detenção for de 24h.

Figura 47.1- Reservatório de detenção estendido


Fonte: Califórnia Handbook BMP, 2003

Figura 47.2 - Foto tirada pelo Engenheiro Plínio Tomaz. Reservatório de detenção estendido
localizado no Estado da Pennsylvania, Estados Unidos, janeiro de 1991.

47-4
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 47- Reservatório de detenção estendido
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Figura 47.3- Foto tirada pelo Engenheiro Plínio Tomaz. Reservatório de detenção estendido
localizado no Estado da Pennsylvania, Estados Unidos, janeiro de 1991.

Figura 47.4- Foto tirada pelo Engenheiro Plínio Tomaz. Reservatório de detenção localizado no
Estado da Pennsylvania, Estados Unidos, janeiro de 1991.

Figura 47.5-Bacia de detenção seca com Reservatório de detenção estendido


ED (extended detention).

Assim os poluentes serão depositados no fundo do reservatório e haverá proteção do córrego a


jusante.

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47.2 Critério Unificado


Com objetivo de controlar enchentes, melhorar a qualidade das águas pluviais, proteger os cursos
de água contra erosão, usa-se o critério unificado, conforme a Tabela (47.1), a Figura (47.6) e (47.7),
podendo a sua aplicação ser isolada ou combinada.

Tabela 47.1 - Critério unificado


Ordem Critério unificado Descrição
Volume
Usaremos o método volumétrico WQv.
Deter 80% dos sólidos totais em suspensão (TSS) correspondente à
Melhora da qualidade das regra dos 90% das precipitações, que na RMSP (Região Metropolitana
águas pluviais de São Paulo) corresponde a precipitação de 25mm.
1 Adota-se o mínimo de área impermeável AI ≥10%; área da bacia WQv
máxima A ≤ 100ha (1km2) e P ≥ 13mm.
A área pode chegar até 200ha=2km2 conforme Schueler, 2007.

2 Controle da erosão nos Usa-se período de retorno entre 1,5 anos e 2 anos e chuva de 24h. O CPv
córregos e rios período de detenção no reservatório deve ser de 24h.

O pico de descarga para período de retorno de 25 anos deverá ser


controlado no pós-desenvolvimento.
Enchente para período de Para micro-drenagem em lotes ou loteamentos adota-se geralmente
3 retorno de Tr= 10anos ou Tr= 25anos.
Tr= 25 anos Para córregos e rios usa-se Tr= 100anos. V25 ou V100
Nota: a adoção do período de retorno deve ser determinada pelo
projetista.

Enchentes extremas de Considera-se chuva extrema aquela de período de retorno de 100anos


4 período de retorno de Tr= Se a barragem tem mais de 5m de altura adotar Tr=1000anos V100
100 anos
Nota: o projetista deverá adotar para enchentes extremas no mínimo o
período de retorno de 100anos.

2
1

Figura 47.6 - Representação esquemática do critério unificado

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3
4

Figura 47.7 - Esquema do critério unificado

47.3 First flush


Conforme Schueler, 1987 o valor do first flush é obtido com 90% das precipitações que
produzem runoff e que acarretam deposição de 80% dos sólidos em suspensão.
Achamos para a cidade de Mairiporã o first flush P=25mm. Portanto, os primeiros 25mm de
precipitação são desviados para o tratamento e o restante enviado ao curso de água próximo.
O FHWA dos Estados Unidos adota para o first flush o mínimo de 13mm sendo que as cidades e
estados possuem o seu critério de cálculo.
Para o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)- Green Building é admitido
para os Estados Unidos os seguintes valores:
P=25mm para regiões úmidas
P= 19mm para regiões do semi-árido
P=13mm para regiões áridas.
Observar na Tabela (47.2) que a regra dos 90% de Schueler, 1987 corresponde a período de
retorno de 3 meses. Para período de retorno de seis meses a altura de chuva é 33mm e para 98% temos o
período de retorno de 1 ano.

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Tabela 47.2- Estimativa de freqüências e respectivas alturas de chuva conforme período de retorno
Porcentagem de Altura de chuva
todas as precipitações Período (mm)
de retorno Mairiporã,
Estado de São Paulo
30 7 dias -
50 14 dias 2
70 Mensal 7
85 2 meses 18
90 3 meses 25
95 6 meses 33
98 1 ano 50
99 2 anos 57

First flush para reservatório de detenção estendido segundo Akan


Akan e Paine, in Mays, 2001 mostraram estimativa do first flush P em função da fração da área
impermeável e de um coeficiente “ar” que dependente do tempo de detenção de 12h até 48h.
A equação foi criada em 1998 pela American Society of Civil Engineers para áreas até 100ha e
para reservatórios de detenção estendido.
P= ar x P6 x ( 0,858xI3 – 0,78 x I2 + 0,774 x I + 0,04)
Sendo:
P=first flush (mm)
I= área impermeável em fração (0 a 1)
ar= 1,104 para detenção de volume por 12h
ar= 1,299 para detenção de volume por 24h. Pode ser interpolado entre 24h e 48h somente.
ar= 1,545 para detenção de volume por 48h
P6= precipitação média de um dia para período de retorno de 6meses
Para a cidade de Mairiporã na RMSP P6=33mm.

Exemplo 47.1
Calcular o first flush para a RMSP com precipitação média diária de período de retorno para 6 meses de
33mm, área impermeável de 70% para detenção com volume em 24h de reservatório de detenção
estendido.
P= ar x P6 x ( 0,858xI3 – 0,78 x I2 + 0,774 x I + 0,04)
ar=1,299
P= 1,299x 33 x ( 0,858x0,73 – 0,78 x 0,72 + 0,774 x0,7 + 0,04)=21mm

47.4 Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv


Segundo Schueler, 1987 o volume para a melhoria da qualidade das águas pluviais é cálculo
pelas equações:
WQv= (P/1000) x Rv x A
Rv=0,05+0,009 x AI
Sendo:
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)
P=first flush (mm)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
AI= área impermeável (%)
A= área da bacia (m2)

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O tempo de esvaziamento do volume WQv varia de 12h até 72h. O usual é se usar 24h.

Dica: recomendamos que o esvaziamento do volume WQv seja de 24h.

47.5 Profundidade do reservatório de detenção estendido


A profundidade do ED varia de 1,0m a 1,6m.
Uma profundidade máxima que se poderia usar com segurança devido a tendência de crianças e
pessoas poderem se afogar é usar profundidade de 1,6m. Poder-se-á usar profundidade de até 3,00m,
mas para isto medidas de proteção a banhista ou pessoas que possam cair dentro do reservatório deverão
ser tomadas. Urbonas em seus estudos aconselha que devido a efeitos de turbulência a profundidade
mínima deve ser maior que 1,00m.

47.6 Área da bacia contribuinte


A área da bacia onde será feito o reservatório de detenção estendido deve ser no mínimo de 2ha a
4ha e no máximo 100ha a 200ha.
O grande problema de uma área pequena para se fazer um reservatório de detenção estendido é
que o orifício para o esvaziamento terá diâmetro muito pequeno e provavelmente haverá entupimentos.

Dica: a área mínima da bacia para se fazer um reservatório de detenção estendido é de 2ha a 4ha
e a máxima de 100ha a 200ha conforme Schueler, 2007.

47.7 Recarga e Vazão base


O reservatório de detenção estendido não foi feito para melhorar a recarga e dependendo da
qualidade das águas pluviais deverá ser construído camada de argila impermeabilizante com mínimo de
0,30m de espessura. O ideal é que o nível do lençol freático esteja no mínimo 1,50m abaixo do fundo do
reservatório de detenção estendido.

47.7.1 Fórmulas empíricas para a recarga média anual


Possuímos a recarga de vários locais, sendo a mais comum a das chuvas, que é a recarga natural,
mas existe a recarga de canal (infiltração), de irrigação e de reservatórios de infiltração.
Na Índia Kumar e Seethpathi, 2002 fizeram uma fórmula empírica com 8% de precisão (para a
região) que fornece a recarga das águas das chuvas.
Rr= 1,37 ( P- 388) 0,76
Sendo:
Rr= recarga do aqüífero subterrâneo devido somente a águas das chuvas (mm/ano)
P=precipitação média anual da estação (mm)

Exemplo 47.2
Estimar a recarga devida as chuvas para local com 1500mm.
Rr= 1,37 (P- 388) 0,76
Rr= 1,37 (1500- 388) 0,76= 283mm
Em L/s x ha teremos:

283mm x 10.000m2/ (365 dias x 86.400s) =0,0897 L/s x ha

A favor da segurança podemos tomar 50% desta vazão e teremos:


Qb= 0,50 x 0,0897 L/sxha= 0,045 L/sxha

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47.8 Tempo de detenção


A eficiência de um reservatório de detenção estendido está no tempo de detenção e quando
maior for o tempo de detenção, maior será a deposição de sedimentos, principalmente dos sólidos totais
em suspensão TSS. O tempo de detenção não poderá ultrapassar de nenhum modo de 3 (três) dias, ou
seja 72h, pois conforme estudos realizados no sudeste da Florida em 1994 poderá ocorrer o
desenvolvimento de vetores (mosquitos) incomodando a vizinhança.
No Estado de New York, 2001 em rios que possuem trutas, a detenção estendida não poderá
passar de 12h, pois poderá matar as trutas com o aquecimento da água em torno de 2º C.
O diâmetro do orifício para esvaziamento do reservatório deverá ser no mínimo de 75mm para
evitar entupimentos e deverá haver dispositivos de proteção na entrada do orifício. Alguns estados
americanos adotam o mínimo de 100mm.
O tempo de detenção varia de 24h a 72h, sendo que na Califórnia se usa 48h. A decisão sobre a
escolha do tempo se deve dar em relação ao conhecimento dos materiais que serão depositados, pois
quanto maior o diâmetro das partículas, menor o tempo de detenção.

Dica: o tempo de detenção mínimo de um reservatório de detenção estendido deve ser de 24h.

47.9 Eficiência da remoção de poluentes de um reservatório de detenção estendido


Conforme Tabela (47.3) podemos ver como podem ser as remoções de poluentes no reservatório
de detenção estendido.

Tabela 47.3- Eficiência de remoção de poluentes de reservatório de detenção estendido


Poluente Taxa de remoção (%)
TSS 61±32
TP 20±13
TN 31±16
NOx -2±23
Metais 29-54
Bactéria 78
Fonte: http://www.stormwatercenter.net/

A detenção de TSS é de aproximadamente 61%, fósforo total 20% e nitrogênio total 31%.
Esclarecemos que podemos usar a Tabela (47.3) e que existem vários autores que possuem
eficiências diferentes sendo praticamente impossível fazer uma comparação entre elas.
A eficiência da detenção do TSS, poderá ser estimada quando supomos a entrada do TSS em
mg/L e quando temos ou supomos a distribuição dos diâmetros das partículas por massa.

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Figura 47.8- Reservatório de detenção estendido vazio e cheio.

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Figura 47.9- Previsão da concentração do efluente para reservatórios de detenção estendido não
revestidos e revestidos
Fonte: Califórnia Departament of Transportation, 2004
Exemplo 47.3
Considerando o TSS afluente de 137mg/L das águas pluviais, calcular segundo a Figura (47.9) o valor
estimado do efluente para um reservatório de detenção estendido não revestido.
TSS afluente= 137mg/L
TSS efluente= 0,11.x + 23,6= 0,11x137+23,6=39mg/L (28%)
Redução= 100% - 28%= 72%
O cálculo da incerteza será:
TSSincerteza= 30,9 (1/55 + (x-139)2/ 498318)0,5
TSSincerteza= 30,9 (1/55 + (137-139)2/ 498318)0,5=±28

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TSS efluente= 39mg/L ±28mg/L

Figura 47.10- Afluente e efluente nos reservatórios de detenção estendido sem revestimento
impermeabilizante.
Fonte: Califórnia Departament of Transportation, 2004

O reservatório de detenção estendido remove moderadamente os poluentes em suspensão, mais


remove muito pouco os poluentes solúveis.

47.10 Rampa de acesso e estrada de manutenção


Deve ser previsto rampa com largura de 3,6m até o fundo do reservatório de detenção estendido
para se poder retirar os materiais depositados. A rampa deve ter declividade máxima de 5% quando
feita em terra e 12% quando feita de concreto ou outro pavimento.
Junto ao reservatório de detenção estendido deverá ser previsto acesso a caminhões e máquinas
com largura de 3,60m.

47.11 Relação comprimento/largura


A relação comprimento/largura deve ser no mínimo 2:1, isto significando que o comprimento
deverá ser bem maior que a largura. Deve-se ter o cuidado na forma do reservatório para se evitar curto
circuito no escoamento da água.

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A relação ideal é 3:1 podendo ser maior.

47.12 Manutenção
Deverá ser previsto volume adicional de 10% do volume WQv para o depósito de sedimentos
e quando este estiver cheio, deverá ser retirado os materiais e levados a um aterro sanitário.
Anualmente deverão ser retirados os sedimentos, os resíduos juntos as estruturas de entrada e
saída, bem como proceder o corte de gramas e remover a vegetação indesejável.
O custo de manutenção anual de um reservatório de detenção estendido varia de 3% a a 5%
conforme EPA, mas recomendamos o uso de 6% do custo de implantação da obra.
Devemos sempre tomar os cuidados para que as águas pluviais não fiquem empoçadas mais
que três dias, pois poderemos ter o desenvolvimento de vetores e devido a isto é que o reservatório
de detenção estendido não pode em hipótese alguma cortar o lençol freático.

47.13 Depreciação dos imóveis vizinhos ao reservatório de detenção estendido


Ao contrário dos reservatórios de retenção onde fica um volume de água permanente
valorizando as propriedades em 28% aproximadamente, estudos feitos por Dinovo, 1995 in Califórnia,
2003 mostraram que os imóveis próximos a um reservatório de detenção estendido depreciam de 3% a
10%.

47.14 Segurança
Deverão ser feitas cercas ou grades para impedir que crianças nadem no reservatório de detenção
estendido na ocasião das chuvas. O mesmo se aplica em tubulações de saída ou entrada com mais de
1,20m de diâmetro que deverão ser protegidas por cercas ou grades (trash rack)..

47.15 Válvula para esgotamento do reservatório


Deverá ser construída tubulação com válvula para esvaziar o reservatório de detenção estendido
em caso de emergência, conforme Califórnia, 2003. O diâmetro mínimo deve ser de 200mm e a
tubulação deverá ter colar para evitar continuidade de fluxo de água.

47.16 Aumento da temperatura da água


A água armazenada mesmo em pouco tempo tem sua temperatura aumentada em cerca de 2ºC.

47.17 Infiltração
Estudos feitos na Califórnia, 2003 mostraram que em um reservatório de detenção estendido
infiltrou cerca de 8% a 60% do runoff, com uma média de infiltração de 40%. Tudo isto depende das
condições climáticas locais, como a umidade, a posição do lençol freático e o tipo de solo.
Os estudos demonstraram ainda que houve melhor redução de poluentes quando o reservatório de
detenção estendido era revestido com grama do que em concreto.
Em locais onde a qualidade das águas pluviais é suspeita não deverá ser admitida infiltração e
podemos usar camada de argila impermeável de cerca de 0,30m em todo o reservatório de detenção
estendido.
Em hotspots como postos de gasolina, oficina mecânicas, indústrias metalúrgicas, indústrias
químicas e outras onde o potencial de contaminação do solo é muito grande deve ser evitada a infiltração
para não contaminar o lençol freático.

47.18 Extravasor normal e de emergência


No reservatório de detenção estendido teremos os extravasores normais para período de retorno
de 10anos ou 25anos e extravasor de emergência para o período de retorno de 100anos dependendo da
altura da barragem no caso em que aliamos a melhoria da qualidade das águas pluviais com controle de
enchentes.

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Recomenda-se que a altura do vertedor para a chuva dos 100anos esteja 0,30m acima do nível de
água para os 100anos.

47.19 Pré-tratamento
O pré-tratamento é muito importante em um reservatório de detenção estendido e geralmente é
aceito como 0,1. WQv.
A profundidade do pré-tratamento deve estar entre 1,0m a 3,5m e no mínimo de 1,0m e máximo
aconselhável de 1,60m.
A velocidade máxima no pré-tratamento deve ser  0,25m/s a fim de não causar erosão.
O tempo de permanência deve estar em torno de 5min.
A drenagem para esvaziamento do pré-tratamento deve ser separada do reservatório WQv.
Uma berma de concreto, terra ou gabião deverá ser construída entre o pré-tratamento e o
reservatório de qualidade WQv.
O fundo do pré-tratamento deve ser de concreto para facilitar a remoção com uso de máquinas.
O pré-tratamento deve ter acesso independente do reservatório WQv para entrada de caminhões.
Caso seja off-line recomenda-se deixar no mínimo 0,30m para reserva de sedimentos (Eugene,
2002).

47.19.1 Teoria de Hazen


A teoria de Hazen pressupõe que o escoamento do fluído na bacia é uniforme e laminar; condições
difíceis de serem encontradas na prática.
Conforme Urbonas, 1993 temos:
As= W x L
Sendo:
As= área transversal da caixa de sedimentação (m2)
W= largura (m)
L= comprimento da caixa de sedimentação (m)
O volume da caixa de sedimentação V será:
V= As x D
Sendo:
V= volume da caixa de sedimentação (m3)
As= área da seção transversal (m2)
D= profundidade da caixa de sedimentação (m)
O tempo de escoamento T será:
T= V / Q = As x D / Q
Sendo:
T= tempo de decantação (s)
As= área da seção transversal (m2)
D= altura da caixa de sedimentação (m)
Qo= vazão de entrada (m3/s)
A velocidade de sedimentação vs é:
vs = D/ T = (DxQ)/ (As x D) = Q/ As
Para a sedimentação é necessário usar uma área mínima As para que seja feita a deposição.

As= Qo / vs (Equação 47.1)


Sendo:
As= área da superfície do pré-tratamento (m2)
Qo= vazão de entrada no pré-tratamento.(m3/s)
vs=0,0139m/s= velocidade de sedimentação para partícula ≥125μm (m/s)
As= Qo / 0,0139
O volume deverá atender no mínimo tempo de permanência de 5min.

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V= Qo x (5min x60s) (m3)

Sendo:
V= volume da caixa de pré-tratamento (m3)

DICA: adotamos para o pré-tratamento velocidade de deposição Vs=0,0139m/s para partículas


com diâmetro ≥125μm (0,125mm).

47.20 Declividades dos taludes e do fundo do reservatório de detenção estendido


A declividade do fundo e dos taludes do reservatório deve ser menor que 3:1 e de preferência
menor que 4(H): 1(V). Devemos saber que quando a declividade do talude for maior 3:1 teremos
problema na estabilidade do gramado.
O reservatório de detenção estendido deve ter declividade no fundo maior que 1% para evitar o
empoçamento de água.

47.21 Freeboard (borda livre)


Borda livre: é a distância vertical entre o nível de água máximo maximorum e a crista da
barragem. É uma faixa de segurança destinada a absorver o impacto de ondas geradas pela ação dos
ventos na superfície do reservatório, evitando danos e erosão no talude de jusante (DAEE,2005).
Geralmente é representado pela letra “f” e no caso de pequenas barragens deve ser no mínimo de 0,50m.
O DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo) adota para as
outorgas a Tabela (47.4).

Tabela 47.4- Recomendações para valores mínimos de períodos de retorno do DAEE- São Paulo
Dimensões: Período de
Obra Altura da barragem h (m) retorno Tr
L= comprimento da crista da (anos)
barragem (m)
h≤5 e L ≤ 200 100

Barramento 5 < h ≤ 15 e L ≤ 500 1.000

h>15 e / ou L> 500 10.000 ou PMP

Borda livre (f)= desnível entre a crista e o nível máximo maximorum: f ≥ 0,50m
PMP= Precipitação Máxima Provável
Fonte: DAEE, 2005

Nível máximo maximorum: é o nível mais elevado que poderá atingir o reservatório na ocorrência de
cheia de projeto (DAEE, 2005). Geralmente é a cota do nível de água da coluna de água sobre o
vertedor.

Dica: a borda livre deve ser no minimo 0,50m

47.22 Vida útil da obra


A vida útil de um reservatório de detenção estendido varia de 20anos a 30anos, sendo usualmente
usado 20 anos nos estudos de custo.

47.23 Área de superfície


A porcentagem da área do reservatório de detenção estendido varia de 0,5% a 2,0 da área total
da bacia conforme Claytor e Schueler, 1996.

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47.24 Paisagismo e estética


Peter Stahre e Ben Urbonas, 1990 aconselham o uso recreacional para a comunidade do reservatório
e os aspectos estéticos do mesmo.

47.25 Custo de construção


O custo de construção varia de US$ 18/m3 a US$ 35/m3. Brown e Schueler, 1987 fizeram a
seguinte equação para reservatório de detenção estendido.
C= 186 V0,76
Sendo:
C= custo em US$
V= volume do reservatório de detenção estendido (m3)
O custo de construção total conforme Tabela (47.5) inclui o custo de implantação da obra, o
custo de manutenção anual de 6% do custo da obra inicial e mais 30% do custos inicial para despesas
de projetos e contingências.
Tabela 47.5- Custos das BMPs com manutenção, etc
Custo da obra
BMPs US$/m3 Manutenção anual Custo de projetos e Custo total
Porcentagem do custo contingência. US$/m3
da obra Porcentagem do
(%) custo da obra

(%)
Reservatório detenção 30 6 30 41
seco ou estendido

47.26 Orifício
O orifício é calculado pela equação
Q= Cd x Ao x (2gh)0,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
Cd=0,62
Ao= área da seção transversal do orifício (m2)
g= 9,81m/s2 = aceleração da gravidade
h= altura da água sobre a geratriz superior do orifício (m)

Figura 47.11- Orifício com grade de proteção (trash rack)contra entupimento


Podemos ter a saída com um único tubo ou tubo com vários orifícios.

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Figura 47.12- Orifício com grade de proteção contra entupimento

Figura 47.13- Orifício com grade de proteção contra entupimento

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47.27 Vertedor retangular


Conforme DAEE, 2005 o vertedor retangular pode ser de perfil tipo Creager ou de parede espessa
tem a equação:
Q=µ x L x H (2gH) 0,5
0,5
Como (2g) = 4,43 e parede espessa µ = 0,35.
Q= 4,43 x 0,35x L x H 1,5
Q= 1,55x L x H 1,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
L= largura do vertedor retangular (m)
H= altura da vertedor a contar da soleira (m).

47.28 Pré-desenvolvimento e pós-desenvolvimento


O conceito básico é a Teoria do Impacto Zero aplicada a enchentes, onde devido a construção
de um reservatório de detenção a vazão de pós-desenvolvimento tem que ser igual a vazão de pré-
desenvolvimento. Desta maneira não haverá impactos com o desenvolvimento da área em questão.
O cálculo da vazão de pré-desenvolvimento é aquele calculado para a situação inicial quando não
havia nenhuma construção e a floresta ou pasto predominava sobre o solo.

47.29 Dimensionamento de reservatórios de detenção de enchentes


O dimensionamento de um reservatório de detenção de enchentes é feito por tentativas.
Primeiramente fazemos um dimensionamento preliminar por qualquer método e depois
fazemos o routing com estruturas de saida que são orificiois e vertedores. Podemos mudar as estruturas
de saida até que o resultado seja satisfatorio e caso não consiga devemos aumentar o volume do
resevatorio e fazer tudo novamente.
Vamos apresentar dimensionamentos preliminares baseados no método Racional para coerência
dos cálculos a serem efetuados.

Dica: o dimensionamento é por tentativas. Primeiro fazemos um dimensionamento preliminar do


volume do reservatorio e fazemos o routing. Caso não dê certo, aumenta-se o volume do
reservatorio.

47.29.1 Dimensionamento preliminar pelo método Racional


McCuen,1998 cita que dada a popularidade do método racional e usando o conceito de pré-
desenvolvimento e pós-desenvolvimento.
Considera-se que no pré-desenvolvimento quando a bacia não tinha nada construído e existiam
somente matas, por exemplo.
No pós-desenvolvimento é o caso quando a bacia está totalmente desenvolvida.
Vs = (Qpós - Qpré) x td (Equação 47.2)
Sendo:
Vs =volume necessario para deter enchentes (m3);
Qpós = vazão de pico (m3/s) no pós-desenvolvimento para determinado período de retorno;
td= tempo (min) no pós-desenvolvimento= tempo de concentração;
Qpré= vazão de pico (m3/s) no pré-desenvolvimento para determinado período de retorno.
Nota: o dimensionamento preliminar apresentado apresenta de modo geral subdimensionamento
do volume achado, sendo por isto, não muito usado na prática, pois haverá problemas quando se fizer o
dimensionamento definitivo com o routing do reservatório.

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Exemplo 47.4
Consideramos aqui no exemplo que a vazão da galeria da av. Pacaembu de 13m3/s seria a vazão
de pico no pré-desenvolvimento e a vazão de pico no pós-desenvolvimento é de 65,47m3/s, calculado
pelo método Racional. O tempo de concentração é de 15min.
Período de retorno considerado foi de 25anos.
Vs = (Qpóss - Qpré) x td
Vs = (65,47 - 13) x 15min x 60s = 47.223m3

47.29.2 Hidrograma triangular


Conforme Figura (47.14) temos:
Vs = 0,5x (Qpós - Qpré) x tb
Sendo:
Vs =volume necessário para deter enchentes (m3);
Qpós = vazão de pico (m3/s) no pós-desenvolvimento para determinado período de retorno;
tb (min) no pós-desenvolvimento tc= tempo de concentração;
Qpré= vazão de pico (m3/s) no pré-desenvolvimento para determinado período de retorno.
O valor de tb a ser adotado pode ser:
tb= 1,5 x tc
tb= 2,0 x tc
tb= 3,0 x tc
tb=2,67 x tc

Figura 47.14- Hidrograma triangular

Exemplo 47.5
Consideramos aqui no exemplo que a vazão da galeria da av. Pacaembu de 13m3/s seria a vazão
de pico no pré-desenvolvimento e a vazão de pico no pós-desenvolvimento é de 65,47m3/s, calculado
pelo método Racional. O tempo de concentração é de 15min. Período de retorno considerado foi de
25anos.
Adotando hidrograma triangular temos:
Vs = 0,5x (Qpós - Qpré) x tb
Adotando tb= 3,0 x tc= 3,0 x 15min=45min
Vs = 0,5 x(65,47 - 13) x 45min x 60s = 70.835m3

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47.29.3 Dimens. preliminar usando o método Racional pelo Método de Wycoff e Singh, 1976.
O Estado da Geórgia, 2001 cita como um método para dimensionamento preliminar de um
reservatório de detenção o Método de Wycoff e Singh, 1976 que resultou de análise de regressão.
Vs/ Vr= [ 1,291 ( 1- Qpre/Qpos) 0,753 ] / (tp/tb) 0,4111
Sendo:
Vs= volume do reservatório de detenção (m3)
Vr= volume do runoff (m3)
Qpre= vazão de pico no pré-desenvolvimento (m3/s)
Qpós= vazão de pico no pós-desenvolvimento (m3/s)
tb=tempo base do hidrograma de entrada em minutos. O tempo base termina quando começa o ponto de
recessão no hidrograma de entrada que corresponde a 5% da vazão de pico.
tp= é o tempo até o pico no hidrograma de entrada (min)
O valor de Vr é obtido assim:
Vr= 0,5 x tb x Qpos
Sendo:
Vr= volume do runoff (m3)
tb=tempo de base do hidrograma da condição de pós-desenvolvimento (min)

Exemplo 47.6 – Uso do Método de Wycoff e Singh, 1976


Fazer o dimensionamento preliminar dado Qpré=3,5m3/s e Qpós=24,69m3/s.
tcpós=21,4min e tcpré=66,3min.
Vr=0,5 x tb x Qpós Qpré= 3,5m3/s
Vs/ Vr= [ 1,291 ( 1- Qpré/Qpós) 0,753 ] / (tp/tb) 0,4111
Tb=2 x tc= 2 x 21.4= 42,8min
Tp=tc=21,4min
Vs/ Vr= [ 1,291 ( 1- Qpré/Qpós) 0,753 ] / (tp/tb) 0,4111
Vs/ Vr= [ 1,291 ( 1- 3,5/24,69) 0,753 ] / (21,4/42,8) 0,4111
Vs/Vr=0,85
Mas Vr= 0,5 x tb x Qpré
tb= 2 tcpós= 2 x 21,4min=42,8min
Vr=0,5 x 42,8 x 60x 24,69= 31702m3
Vs= 0,85 x 31.702=26.947m3

47.29.4 Volume para enchente usando modelo de Tucci


O prof. Tucci fez um modelo de estimativa de reservatório de detenção para áreas de 1km2 no
Rio Grande do Sul e o adaptamos para a área metropolitana de São Paulo
Usando o Método Racional para áreas até 1km2 (100ha) podemos usar a Tabela (47.6) onde
aparecem os períodos de retorno de 2anos a 25anos e a vazão específica para pré-desenvolvimento de 18
L/sxha a 28 L/sxha.
A= área da bacia (ha). A100ha
V= volume do reservatório de detenção (m3)
Qsaida= vazão de pré-desenvolvimento (m3/s)
Qsaida= qn x A/1000

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Tabela 47.6- Volume para detenção de enchentes e vazão específica de pré-desenvolvimento


conforme o período de retorno
Volume para Vazão específica para
Período de retorno detenção de enchentes pré-desenvolvimento
Tr A= área (ha) (litros/ segundo x
(anos) AI= área hectare)
impermeável (%)
(m3)
2 V= 3,47 AI . A 18
5 V= 4,11 AI . A 21
10 V= 4,65 AI . A 24
25 V= 5,48 AI x A 28
Nota: válido somente para a RMSP
Sendo:
V= volume necessario de detenção (m3)
AI= área impermeável (%)
A= área da bacia (ha)

Exemplo 47.7
Dado área impermeável AI=70% e área da bacia de 3ha, calcular o volume de detenção para Tr=2anos.
Da Tabela (47.6) temos:
V= 3,47 x AI x A= 3,47 x 70 x 3=729m3

47.29.5 Dimensionamento preliminar pelo método de Aron e Kibler, 1990


Osman Akan, cita no livro Urban Stormwater Hydrology,1993, o dimensionamento preliminar
pelo método de Aron e Kibler,1990. Neste método não é especificado o tipo de saída da água do
reservatório de detenção tais como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos mesmos. O método de
Aron e Kibler, 1990 usa o método Racional e o apresentamos devido a boa estimativa que o mesmo
fornece.

Teoria do método de Aron e Kibler, 1990


No método de Aron e Kibler é suposto que o hidrograma da vazão afluente tem formato
trapezoidal e que o pico da vazão efluente Qp está no trecho de recessão do trapézio adotado e que o
vazão de saída tem forma triangular conforme Figura (47.27).

Vazão

Ip
Qp

Tempo

td Tc

Figura 47.15- Hidrograma trapezoidal de entrada no reservatório de detenção e triangular de saída

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Teremos então
Vs= Ip . td – Qp ( td + Tc) / 2 (Equação 47.7)
Sendo:
td =duração da chuva (min);
Tc= tempo de concentração (min) da bacia no ponto em questão;
Vs= volume de detenção (m3). Queremos o máximo de Vs;
Qp= pico da vazão de saída (m3/s).
Ip= pico da vazão de entrada (m3/s).
Possuímos o tempo de concentração Tc em minutos e a vazão de pico de saída Qp em m3/s. Por
tentativas, vamos arbitrando, por exemplo, valores de td de 10 em 10min e achamos Ip e entrando na
Equação (47.7) achamos o valor de Vs. O maior valor de Vs será a resposta do nosso problema.

47.30 Tempo de esvaziamento


É importante sabemos o tempo de esvaziamento de um reservatório de detenção estendido que é
o tempo de residência devendo ser maior que 24h e menor que 72h.
O tempo de esvaziamento depende da altura inicial y1 e altura final y2 e área da superfície As.
t= [2 . As . (y1 0,5 - y2 0,5 )] / [Cd . Ao .(2.g ) 0,5]
Cd=0,62
y1=altura inicial (m)
Ao= π x D2/4 (m2 )
As=área da superficie (m2)
t= tempo de esvaziamento (s)
y2=altura final (m)
g= 9,81m/s2= aceleração da gravidade

47.31 Método Simples de Schueler para a concentração de poluentes


L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
Sendo:
L= carga do poluente anual (kg/ano)
P= precipitação média anual (mm)
Pj= fração da chuva que produz runoff. Pj =0,9 (normalmente adotado)
Rv= runoff volumétrico obtido por análise de regressão linear.
Rv= 0,05 + 0,009 x AI (R2=0,71 N=47)
AI= área impermeável (%).
A= área (ha) sendo A≤ 256ha=2,56km2
C= concentração média da carga do poluente nas águas pluviais da (mg/L)
Cargas dos poluentes
Uma estimativa de cargas de TSS (Sólidos Totais em Suspensão), TP (fósforo total) e NT
(nitrogênio total) estão na Tabela (47.7) e esclarecemos que todos os dados são muito discutidos, pois
pelo que constatamos ainda não existe uma tabela totalmente aceita por todos. Dependendo do estado,
pais ou cidade os dados são diferentes e somente serão confiáveis quando tivermos pesquisas feitas no
Brasil.
Tabela 47.7- Cargas de TSS, TP, NT para diversos usos do solo
Uso do solo % TSS TP TN
Impermeável (mg/l) (mg/l) (mg/l)
Área aberta 9 48,50 0,31 0,74
Área em construção 100 4000,00 0,00 0,00
Área residencial com alta densidade 60 100,00 0,40 2,20
Área residencial com baixa densidade 20 100,00 0,40 2,20
Área residencial com densidade média 40 100,00 0,40 2,20

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Área rural 2 30,00 0,09 0,80


Área urbana 60 85,00 0,13 1,20
Comercial 85 75,00 0,20 2,00
Estacionamento e pátios 90 150,00 0,50 3,00
Estacionamento industrial 90 228,00 0,00 0,00
Estacionamento residencial ou comercial 90 27,00 0,15 1,90
Estradas rurais 9 51,00 0,00 22,00
Gramados 9 602,00 2,10 0,10
Industria pesada 70 124,00 0,00 0,00
Industrial 70 120,00 0,40 2,50
Multifamiliar 60 100,00 0,40 2,20
Oficina de reparos de veículos 100 335,00 0,00 0,00
Paisagismo (landscape) 9 37,00 0,00 0,00
Passeio (carros e pessoas) 90 173,00 0,56 2,10
Posto de gasolina 100 31,00 0,00 0,00
Ruas comerciais 90 468,00 0,00 9,00
Ruas residenciais 90 172,00 0,55 1,40
Ruas urbanas 90 142,00 0,32 3,00
Vegetação nativa/floresta 2 6,00 0,03 0,20

Exemplo 47.8
Calcular a carga anual de TSS retida em um reservatório de detenção off line para area de bacia
de 10ha, area impermeavel Ai= 60% e a carga de TSS inicial 137mg/L com redução de 72%. A
precipitação media anual é 1500mm. O reservatório é destinado somente para melhorar a
qualidade das águas pluviais.

L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
Pj= 0,90
Rv= 0,05+0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 60= 0,59
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,59 x 10 x 10000m2=1.475m3
C= 137mg/L
A= 10ha
L=0,01 x 1500 x 0,90 x 0,59 x137 x 10= 10.912kg/ano de TSS que chega até a BMP
Como a redução é de 72% teremos:
LBMP= 10.912 x 0,72= 7.857 kg/ano de TSS que são retidos anualmente

Supondo que o custo do reservatório de detenção estendido seja de US$ 41/m3 teremos:

US$ 41/m3 x 1.475 m3= US$ 60.475

Prevendo vida útil de 20anos teremos custo anual de:

US$ 60.475/20anos= US$ 3024/ano

Como são detidos anualmente 7.857 kg de TSS, o custo em dólares de TSS retido será:

US$ 3.034/ 7.857kg/ano = US$ 0,39/kg de TSS retido

Nota: até o presente, não temos padrões de custos para podermos fazer comparações se o mesmo é
alto, baixo ou razoável.

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47.32 Método Racional


É usado para calcular a vazão de pico de bacia com área até 3 km2, considerando uma seção de
estudo. A chamada fórmula racional é a seguinte:
Q= C . I . A /360 (Equação 47.3)
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C= coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1.
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha). 1ha= 10.000m2 .

Tabela 47.8- Coeficientes de runoff recomendados pelo Leed


Tipo de superficie Coeficiente Tipo de superficie Coeficiente
C C
Pavimento asfaltico 0,95 Gramado em região plana (0 a 1%) 0,25
Pavimento de concreto 0,95 Gramado com declividade média (1 a 3%) 0,35
Pavimento de tijolos 0,85 Gramado em região montanhosa ( 3 a 10%) 0,40
Pavimento de pedregulho 0,75 Gramado em região com alta declividade 0,45
(>10%)
Telhados convencionais 0,95 Vegetação em região plana (0 a 1%) 0,10
Telhado verde (<100mm) 0,50 Vegetação em região com declividade média 0,20
(1 a 3%)
Telhado verde (100 a 0,30 Vegetação em região montanhosa ( 3 a 10%) 0,25
200mm)
Telhado verde (225 a 0,20 Vegetação em região com alta declividade 0,30
500mm) (>10%)
Telhado verde (> 500mm) 0,10
A Prefeitura Municipal de São Paulo (Wilken,1978) adota os seguintes valores de C:

Tabela 47.9-Valores do coeficiente de escoamento superficial C da Prefeitura Municipal de


São Paulo
Tempo de
Zonas Valor de entrada
C (min)
Edificação muito densa:
Partes centrais, densamente construídas de uma cidade com ruas e calçadas 0,70 a 5
pavimentadas. 0,95
Edificação não muito densa:
Partes residenciais com baixa densidade de habitações, mas com ruas e 0,60 a 5
calçadas pavimentadas 0,70
Edificações com poucas superfícies livres:
Partes residenciais com construções cerradas, ruas pavimentadas. 0,50 a 5
0,60
Edificações com muitas superfícies livres:
Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 0,25 a 5
0,50
Subúrbios com alguma habitação:
Partes de arrabaldes e suburbanos com pequena densidade de construção 0,10 a 5 a 10
0,25
Matas, parques e campos de esportes:
Partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques ajardinados,

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campos de esportes sem pavimentação. 0,05 a 5 a 10


0,20
Fonte: Wilken, 1978 acrescido do tempo de entrada

47.33 Período de retorno


Período de retorno (Tr) é o período de tempo médio que um determinado evento hidrológico é
igualado ou superado pelo menos uma vez.
É comum em obras de microdrenagem em cidades ou loteamentos usar-se período de retorno de
10anos. Entretanto, em São Paulo é comum se adotar Tr=25anos. Na Inglaterra adota-se 30anos para
microdrenagem devido a mudanças climáticas.
Em travessia de estradas através de bueiros usa-se período de retorno de 50anos.
Para canais e pequenos rios municipais usa-se período de retorno de 25anos ou 50anos e às vezes
até 100 anos.
Para ao controle da erosão a jusante é recomendado período de retorno entre 1anos a 2anos,
sendo provado pelos especialistas que o período de retorno está entre 1,5anos e 2anos. Quando se faz o
controle da erosão a jusante o tempo de detenção da água deverá ser de 24horas.
Quando o reservatório de detenção estendido for construído in line deverá ser verificado vazões
para período de retorno de: 10anos ou 25anos ou 100anos.
Quando o reservatório de detenção estendido for off line, mesmo assim deverá ser calculado para
Tr=2anos. Apesar das inúmeras pesquisas que efetuamos não achamos nenhuma recomendação a
respeito, mas supondo haver entupimento parcial na caixa reguladora de fluxo, a favor da segurança
deverá ser usado período de retorno de 2anos para o cálculo do vertedor quando somente optamos pela
melhoria da qualidade das águas pluviais.
Em barragens temos que prever um vertedor de emergência geralmente dimensionado para
período de retorno de 100anos, que é a chamada vazão centenária e isto vale para barragens com altura
menor ou igual 5,00m. Para barragens com altura de 5m a 15m adota-se período de retorno de 1000anos
e quando tiver altura maior que 15,00m adota-se Tr=10.000anos, conforme recomendações do DAEE
que está na Tabela (47.3).

47.34 Intensidade da chuva


Intensidade (I ou i) é a precipitação por unidade de tempo, obtida como a relação I= P / t, se
expressa normalmente em mm/h ou mm/min.

47.34.1 Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
tc= t=duração da chuva (min).

47.34.2 Equação de Martinez e Magni,1999 para a RMSP.


I = 39,3015 (t + 20) –0,9228 +10,1767 (t +20) –0,8764 . [ -0,4653 – 0,8407 ln ln ( T / ( T - 1))]
Para chuva entre 10min e 1440min
Sendo:
I= intensidade da chuva (mm/min);
t= tempo (min);
ln= logaritmo neperiano
T= período de retorno (anos), sendo 1<T≤ 200 anos

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Dica: para transformar mm/min em L/s x ha multiplicar por 166,7


Dica: para transformar mm/h em L/s x ha multiplicar por 2,78
Observar que as equações de intensidades de chuva apresentadas não são definidas para período
de retorno Tr=1ano. Caso se necessite de período de retorno Tr=1anos devemos proceder de outra
maneira, como da Tabela (47.1) que corresponde a 98% das precipitações. Como geralmente não
dispomos de todas as informações necessárias, não se adotada período de retorno igual a 1ano.
Outra observação é que podemos extrapolar a Equação de Martinez e Magni, 1999 para período
de retorno de 1000anos.

47.34.3 Aplicação do programa Pluvio2.1


O programa Plúvio 2.1 foi desenvolvido pelo GPRH (Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos)
do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (DEA - UFV) e funciona
desde 2005.
O programa PLUVIO2.1 é encontrado no site: www.ufv.br/dea/gprh/softwares.htm

K . Tra
I =------------------------ (mm/h)
( t + b)c
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
K,a,b,c= parâmetros que depende da localidade
Tr = período de retorno (anos);
t= duração da chuva (min).
Usando o programa Pluvio2.1 para o município de Guarulhos no Estado de São Paulo
encontramos:
Latitude: 23º 27´ 46”
Longitude: 46º 32´00”

K=1988,645
a=0,111
b=20,449
c=0,839
1988,645. Tra
I =------------------------ (mm/h)
( t + 20,449)0,839

Para cada localidade acharemos coeficientes K, a, b e c.

47.35 Tempo de concentração pela fórmula de Kirpich


Outra fórmula muito usada é de Kirpich elaborada em 1940. Kirpich possui duas fórmulas, uma
que vale para o Estado da Pennsylvania e outra para o Tennessee, ambas dos Estados Unidos. Valem
para pequenas bacias até 50ha ou seja 0,5km2 e para terrenos com declividade de 3 a 10%.
Segundo Akan,1993, a fórmula de Kirpich é muito usada na aplicação do Método Racional,
principalmente na chamada fórmula de Kirpich do Tennessee.
No Tennessee, Kirpich fez estudos em seis pequenas bacias em áreas agrícolas perto da cidade de
Jackson. A região era coberta com árvores de zero a 56% e as áreas variavam de 0,5ha a 45ha. As bacias
tinham bastante declividade e os solos eram bem drenados (Wanielista et al.,1997).
A equação de Kirpich conforme Chin, 2000 é a seguinte:

Tennessee tc= 0,019 . L0.77/ S0,385 (Equação 47.4)


Sendo:

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tc= tempo de concentração (min);


L= comprimento do talvegue (m);
S= declividade do talvegue (m/m).
Segundo (Porto, 1993), quando o valor de L for superior a 10.000m a fórmula de Kirpich
subestima o valor de tc.
Segundo Chin,2000 p. 354 a equação de Kirpich é usualmente aplicada em pequenas bacias na
área rural em áreas de drenagem inferior a 80ha (oitenta hectares).

Exemplo 47.9
Usemos a Equação (47.4) de Kirpich para o Tennessee para achar o tempo de concentração tc sendo
dados L=200m e S=0,008m/m em uma bacia sobre asfalto.
tc= 0,019 . L0.77/ S 0,385 = 0,019 . 200 0,77 / 0,008 0,385 = 7,38min
Como o escoamento da bacia é sobre asfalto devemos corrigir o valor de tc multiplicando por
0,4. Portanto:
tc= 0,4 x 7,38min = 2,95min, que é o tempo de concentração a ser usado.

DICA sobre Kirpich: a fórmula de Kirpich foi feita em áreas agrícolas em áreas até 44,8 ha ou seja 0,448
km2 com declividades de 3% a 10%.
O tempo de concentração da fórmula de Kirpich deve ser multiplicado por 0,4 quando o
escoamento na bacia está sobre asfalto ou concreto e deve ser multiplicado por 0,2 quando o canal é de
concreto revestido (Akan,1993 p. 81).
Chin, 2000 sugere que a equação de Kirpich deve ser multiplicada por 2 quando o escoamento
superficial for sobre grama natural e multiplicar por 0,2 quando a superfície do canal for de concreto e
multiplicar por 0,4 quando a superfície do escoamento superficial for de concreto ou asfalto.

Kirpich
A fórmula de Kirpich pode-se ainda apresentar em outras unidades práticas como as sugeridas
pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica de São Paulo.

Kirpich I: tc= 57 . (L3/H) 0,385


Kirpich II tc= 57. (L2/S)0,385
Sendo:
L= comprimento do curso (km)
H= diferença de cotas (m)
S= declividade equivalente (m/km)
tc= tempo de concentração (min)
A declividade equivalente é obtida da seguinte maneira:
j1= ΔH1/L1
j2= ΔH1/L2
j3= ΔH1/L3
P1= L1/ j10,5
P2= L2/ j20,5
P3= L3/j3 0,5
Δh= diferença de nível em metros
L= comprimento em km
L= L1 + L2 + L3 +...
S= [ L / (P1+P2+P3...)] 2

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47.35.1 Tempo de concentração pela fórmula Califórnia Culverts Practice


A grande vantagem desta fórmula é a fácil obtenção dos dados, isto é, o comprimento do
talvegue e a diferença de nível H (Porto,1993). Geralmente é aplicada em bacias rurais para áreas
maiores que 1km2.

Dica: A fórmula Califórnia Culverts Practice é recomendada pelo DAEE para pequenas barragens.

tc= 57 . L1,155 . H-0,385 (Equação 47.5)


Sendo:
tc= tempo de concentração (min);
L= comprimento do talvegue (km);
H= diferença de cotas entre a saída da bacia e o ponto mais alto do talvegue (m).

Exemplo 47.10
Calcular tc com L=0,2 km e H=1,6 m
tc= 57 x L1,155 x H-0,385 =57 x 0,21,155 / 1,60,385 = 3,46min
Portanto tc=3,46min
A velocidade será V= L/ tempo = 200m/ (3,46min x 60s) =0,96m/s

47.36 Vazão média e carga


Existem várias maneiras de calcular a vazão média e como considerar a carga h. Vamos exemplificar
baseado nos estudos feitos na GEÓRGIA, 2001.
Seja um reservatório de qualidade da água WQv= 5.000m3 e com altura de 1,20m desde o nível
inferior até o nível de água para o controle de erosão. Vamos supor também que tempo de detenção seja
de 24h.
Método 1
Primeiramente achar a vazão média:
24h= 86.400s
Qmédio= WQv/ 86.400s = 5.000m3/86400s= 0,058m3/s

Para achar o diâmetro do orifício devemos usar a equação do orifício.


Q= Cd . A (2.g.h) 0,5
Cd= 0,62
h= 1,20/2 = 0,60m (média)
A= Q/ [Cd . (2.g.h) 0,5] = 0,058/ [ 0,62 . (2. 9,81. 0,60) 0,5 ] = 0,027m2
A=  x D2/ 4
D= (4.A/ ) 0,5= (4x0,027/ ) 0,5 =0,20m
Portanto, o orifício tem diâmetro de 0,20m. Recomenda-se diâmetro mínimo de 75mm para evitar
um entupimento.
Outra maneira é usar a vazão máxima:

Método 2
Q máximo= 2 . Qmédio = 2x 0,058= 0,116m3/s
Aplicar a equação do orifício, mas usando o valor h= 1,20m e não a sua metade.
A= Q/ [Cd . (2.g.h) 0,5] = 0,116/ [ 0,62 . (2. 9,81. 1,20) 0,5 ] = 0,0387m2
D= (4.A/ ) 0,5= (4x0,0387/ ) 0,5 = 0,22m. Adotado D= 0,25m

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47.37 Esquema de reservatório de detenção estendido


Quando aliamos a melhoria da qualidade das águas pluviais a detenção de enchentes podemos ter
um esquema semelhante a Figura (47.16) onde se observa uma estrutura retangular vertical onde estão os
orifícios e vertedores normais. O vertedor de emergência fica fora desta torre. Observar que a vazao
máxima é Q100.

Figura 47.16 Esquema do reservatório de detenção estendido

Figura 47.17 - Tomada d’água. Observar drenagem, saída da descarga, orifícios e vertedor para Qp25anos ou Qp10anos.
Fonte: Estado da Geórgia, 2001

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47.38 Volume do prisma trapezoidal


O volume prismático trapezoidal conforme Figura (47.18) é dado pela Equação:

V=L.W. D + (L+W) Z.D2 + 4/3 .Z2 . D3

Figura 47.18-Reservatório com seções transversais e longitudinais trapezoidal


Fonte: Washington, 2001
Sendo:
V= volume do prisma trapezoidal (m3);
L=comprimento da base (m);
W= largura da base (m);
D= profundidade do reservatório(m) e
Z= razão horizontal/vertical. Normalmente 3H:1V

47.39 Vazão Q7,10


Q7,10 significa vazão de 7 dias consecutivas em 10 anos. A representação também pode ser 7Q10
muito usada nos Estados Unidos.
O método Q7,10 apareceu nos Estados Unidos em meados dos ano 70, pois foi exigido em
projetos para evitar o problema de poluição dos rios. No estado da Pennsylvania foi exigido para áreas
maiores que 1,3km2 e a vazão mínima usada foi de 1 L/s x Km2 que era a vazão necessária na bacia para
o fluxo natural da água. Se a vazão fosse menor que Q7,10 haveria degradação do curso de água.
O método Q7,10 não possui nenhuma base ecológica.
Portanto, na origem da criação do Q7,10 tinha como função o recebimento de descargas de esgotos
sanitários. Mais tarde houve mudança de significado do método Q7,10 passando a refletir a situação do
habitat aquático e do habitat na região ribeirinha ou seja a zona riparia.
No Estado de São Paulo na maioria das cidades o DAEE exige que seja preservada a vazão
Q7,10.

47.40 Dimensionamento do vertedor para chuva de 100anos


Para isto vamos utilizar o Método Racional que pode ser usado para bacias de área até 3km2.
Vamos usar o método do amortecimento da onda de cheia do DAEE, 2005.
Primeiramente definimos:
tc= tempo de concentração da bacia (s) no pós-desenvolvimento
tb= tempo de duração da cheia ou tempo base (s)
tb= 3 x tc
VE= QEmax . tb/ 2
Sendo:
VR= volume do reservatório em m3 obtido pela curva cota-volume.
VR= V2 – V1
Sendo:
V1 = volume acumulado no reservatório para o nível de água normal
V2=volume acumulado para o nível máximo maximorum
VE= VR+ Vs´
Vs´ = VE – VR

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Qsmax= ( 2 . Vs´) / tb
Portanto, a vazão que vai passar para o vertedor para período de Tr=100anos será Qsmax.
Qsmax= 1,55x L x H 1,5
Geralmente adotamos o valor da altura H sobre a crista do vertedor e achamos o comprimento do
vertedor L.

Exemplo 47.11
Dado tc=33min, QEmax= 21m3/s calculado para Tr=100anos e VR=50.500m3 achar a vazão que passará
pelo vertedor Qsmax e calcular a largura do vertedor.
tc=33min= 33 x 60= 1.980s
tb= 3 x tc= 3 x 1.980= 5.940s
VE= QEmax . tb/ 2
VE= 21x5940/ 2=62.370m3
Vs´ = VE – VR
Vs´ = 62.370-50.500=11.870m3
Qsmax= ( 2 . Vs´) / tb
Qsmax= ( 2 x 11.870) / 5.940=4,0m3/s
Qsmax= 1,55x L x H 1,5
Fazendo H=0,80m
4,0= 1,55x L x 0,80 1,5
L=3,6m

47.41 Curva cota-volume


É comum em estudo de reservatórios se fazer a curva cota-volume conforme Figura (47.18).

Curva cota volume

8000
7000
6000
Volume (m3)

5000
4000
3000
2000
1000
0
700 701 702 703 704 705
Cota (m)

Figura 47.19- Curva cota-volume

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47.42 Routing do reservatório


A equação básica do routing de armazenamento é a equação da continuidade na forma:
I - Q = dS/ dt
Sendo:
I= vazão de entrada
Q= vazão de saída
t= tempo
Que pode ser transformado na equação:
( I1 + I2 ) + ( 2 S1 / t - Q1 ) = ( 2 S2 / t + Q2 ) (Equação 47.6)
Sendo:
I1 = vazão no início do período de tempo
I2= vazão no fim do período de tempo
Q1= vazão de saída no início do período de tempo
Q2= vazão de saída no fim do período de tempo
t = duração do período de tempo
S1 = volume no início do período de tempo
S2= volume no fim do período de tempo

Na Equação (47.6) os valores de I1, I2, Q1, S1 são conhecidos em qualquer tempo t e os valores
Q2 e S2 são desconhecidos.
Temos portanto a Equação (47.6) e duas incógnitas Q2 e S3. Necessitamos de mais uma equação
para resolver o problema. A outra equação que fornece o armazenamento S2 em função da descarga.
Não devemos esquecer que estamos aplicando para o modelo a Síntese, pois conhecemos a
hidrógrafa de entrada no reservatório, conhecemos o modelo das fórmulas da descargas dos vertedores
retangulares e orifícios das seções de controle e desconhecemos a hidrógrafa de jusante, isto é, na saída
do reservatório, é o que queremos (McCuen, 1997).
O procedimento de routing proposto é chamado de Método Modificado de Puls (McCuen,1997)
Maiores informações deve ser consultado o livro do auto elaborado no ano 2002 denominando:
“Cálculos Hidrológicos e Hidráulicos para obras Municipais” no capítulo denominado “Routing de
reservatório”.

47.43 Eficiência da remoção no pré-tratamento e no tratamento


Para a eficiência vamos mostrar a conhecida equação de Fair e Geyer, 1954:
η= 1 – [( 1+ Vs/ (n x Q/As)] –n
Sendo:
η= eficiência dinâmica da deposição para remoção de sólidos em suspensão (fração que varia de 0 a 1)
Vs=velocidade de sedimentação (m/h) ou (m/s)
n=3= fator de turbulência de Fair e Geyer, 1954 para “boa performance”
Q=vazão no reservatório (m3/h) ou (m3/s). Geralmente é a vazão de saída de pré-desenvolvimento.
As= área da superfície do reservatório (m2)
hA =profundidade do reservatório (m)
ts= tempo médio de detenção (h)
td= tempo de esvaziamento do reservatório quando está cheio e não há vazão de entrada até estar
completamente vazio (h)
É importante observar que na equação abaixo já está multiplicada pela fração Fi.
Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ (Vsi x td)/ (2xn x hA)] }–n
Sendo:
Fi= as frações da porcentagem das partículas (0,20; 0,10; 0,10;0,20;0,20;0,20)

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47.44 Dissipador de energia


Instalar dissipador de energia, como por exemplo, riprap na entrada do reservatório de detenção
estendido para evitar erosão.

Bacia de dissipação Tipo VI do USBR com método de Peterka, 2005


Vamos usar o método de Peterka, 2005 e observemos novamente que a Tabela (49.1)
corresponde às indicações da Figura (47.19). Não confundir!

Figura 47.20- Dissipador de energia Tipo VI


Fonte: Peterka, 2005

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Usamos a Tabela (47.10) que foi feita por Peterka, 2005 para velocidade de 3,6m/s da água na
entrada.
Tabela 47.10- Dimensões básicas do dissipador de impacto Tipo VI USBR para velocidade
de 3,6m/s
Diâmetro Vazão W H L a b c d e f tw tf tp K d50
3
(m) (m /s) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)

0,40 0,59 1,7 1,24 2,20 0,83 0,83 0,83 0,28 0,14 0,28 0,15 0,17 0,15 0,08 0,10
0,60 1,08 2,0 1,46 2,60 0,98 0,98 0,98 0,33 0,16 0,33 0,15 0,17 0,15 0,08 0,18
0,80 1,67 2,6 1,91 3,40 1,28 1,28 1,28 0,43 0,21 0,43 0,15 0,17 0,18 0,08 0,22
0,90 2,41 2,9 2,14 3,80 1,43 1,43 1,43 0,48 0,24 0,48 0,18 0,19 0,20 0,08 0,23
1,00 3,25 3,2 2,36 4,20 1,58 1,58 1,58 0,53 0,26 0,53 0,20 0,22 0,23 0,10 0,24
1,20 4,27 3,5 2,59 4,60 1,73 1,73 1,73 0,58 0,29 0,58 0,23 0,24 0,25 0,10 0,27
1,30 5,41 4,1 3,04 5,40 2,03 2,03 2,03 0,68 0,34 0,68 0,25 0,27 0,25 0,10 0,30
1,50 6,68 4,4 3,26 5,80 2,18 2,18 2,18 0,73 0,36 0,73 0,28 0,29 0,28 0,15 0,33
1,80 9,59 5,0 3,71 6,60 2,48 2,48 2,48 0,83 0,41 0,83 0,30 0,32 0,30 0,15 0,36

Como a velocidade normalmente é diferente então temos que fazer que achar o diâmetro
equivalente a velocidade de 3,6m/s.
Para o cálculo do diâmetro com a seção plena é necessário
A=3,1416xD2/4 usar a velocidade de 3,6m/s conforme Geórgia, 2005.
Q= A x V
V= 3,6m/s
Q=A x 3,6
A=Q/3,6
Q/3,6=PI x D2/4
Como temos o valor de Q achamos o valor de D.

Exemplo 47.12- para o caso de Peterka, 2005


Calcular uma bacia de dissipação Tipo VI com vazão de um bueiro com 4,0m3/s que vem de um bueiro
de travessia de uma estrada com desnível de h=4,0m. Não interessa se o bueiro é circular, quadrado ou
retangular ou outra secção qualquer.
Verifiquemos primeiro a velocidade se não é maior que 9m/s.
Cálculo da velocidade teórica
V= (2 x g x h) 0,5
h=4,5m
V= (2 x 9,81 x 4,0) 0,5=8,9m/s <9m/s OK
Q=4,0m3/s< 9,3m3/s OK
Diâmetro equivalente para velocidade de 3,6m/s
Q= A x V
V= 3,6m/s
Q=A x 3,6
A=Q/3,6=4,0m3/s/3,6=1,11m2
A=PI x D2/4
1,11m2=3,1416 x D2/4
D=1,20m
Entrando na Tabela (47.1) com o diâmetro D=1,20m achamos as dimensões que são:
W=3,5m
H=2,59m
L=4,60m
a=1,73

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b=1,73
c=1,73m
d=9,58
e=0,29
f=0,58
tw=0,23
tf=0,24
tp=0,25
K=0,10
d50=0,27m
As rochas para o rip-rap deverão ter 0,27m de diâmetro.

Figura 47.21 Esquema do dissipador de energia denominado Tipo VI


Fonte: Peterka, 2005

Peterka, 2005 apresenta tabela com tubos variando de 0,40m a 1,80m e das dimensões básicas a
serem usadas, sendo importante notar que os cálculos foram feitos para velocidade 3,6m/s usado a
equação da continuidade Q=A x V.

Rip-rap
Após o dissipador de energia Tipo VI de Peterka com redução de energia por impacto ainda
temos velocidade na saída do dissipador de energia e portanto é necessário na transição com o canal
natural que se faça um rip-rap.
Segundo Geórgia, 2005 a largura do rip-rap é W=4,04m o comprimento mínimo do rip-rap é W
sendo o mínimo de 1,5m.
A profundidade do rip-rap é f=W/6= 4,04/6=0,67m
O diâmetro médio da rocha é W/20=4,04/20=0,202m
A declividade dos taludes é 1,5: 1.

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47.45 Regulador de fluxo


Segundo CWP, 2007 o calcanhar de Aquiles de um projeto de uma BMP é o regulador de fluxo.
No dimensionamento de uma BMP achamos o volume para melhoria da qualidade das águas
pluviais denominado WQv e a vazão que vai para a BMP denominamos de Qo.
A estrutura para separar os dois fluxos chama-se regulador de fluxo.
Os dispositivos para a separação do fluxo são baseados na restrição de vazão da tubulação que vai
para a BMP e existem duas opções básicas para reguladores de fluxo auto-regulável:

1. Regulador de fluxo com secção transversal retangular ou circular com existencia de orificio
e vertedor. Usado geralmente para pequenas vazões. Ver Figuras (27.2) a (27.4).
2. Canal com rebaixo somente para a vazão Qo que vai para a BMP. Esta pequena calha pode
ser semi-circular ou retangular. Usado para grandes vazões. Ver Figura (27.5).

A BMP pode estar in line ou off line. Quando a BMP está na mesma linha do fluxo dizemos que
está in line e caso contrário está off line conforme Figura (27.1). Não existe regra geral se uma BMP
deve ser construida in line ou off line e tudo dependerá do tipo de BMP escolhida e das condições locais.
É muito discutido o período de retorno que deve ser usado para o cálculo da vazão que chega ao
regulador de fluxo. Alguns usam 25anos, outros 50anos e sugerem sempre verificar para 100 anos. A
sugestão do autor é que as instalações do regulador de fluxo sejam dimensionadas para período de
retorno de 100anos, sendo que isto também foi recomendado pelo Kitsap County.
Dica: o regulador de fluxo deve ser calculado para período de retorno de 100anos.

BMP
off line

BMP
pré-
in line
tratamento

Figura 47.22- BMP in line e BMP off line

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Figura 47.23 - Separação automática de fluxo (regulador de fluxo) com orificio e vertedor
Fonte: Estado da Virginia, 1996

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Figura 47.24- Regulador de fluxo de seção circular com orificio e vertedor.


Fonte: CWP, 2007

Figura 47.25- Regulador de fluxo com a calha rebaixada que conduz Qo.
Fonte: CWP, 2007

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Secção para Tr=100anos

VazãoQo

Figura 47.26- Canal para Tr=100anos com calha rebaixada que conduz Qo.

Exemplo 47.13
Seja uma bacia com A=50ha, AI=70% P=25mm
WQv= 8500m3
0,1WQV= 850m3
Pré-tratamento precisamos de 850m3
Vazão que vai para o pré-tratamento
Qo= 0,1WQv/ (5min x 60s)= 850m3/ (5 x 60)= 2,83m3/s
Vazão da bacia conforme TR-55 para Tr=25anos = 15,56m3/s
Canal de concreto que chega até a caixa reguladora
Largura 4,5m
Altura = 1,0m
Declividade =0,005m/m
Qmax= 16,6m3/s > 15,56m3/s OK
Velocidade= 3,7m/s <5,00m/s OK
Altura do nível de água= 1,20/2 + 1,00/2= 1,10m
Orifício
D=1,20m
Qo= 3,26m3/s > 2,83m3/s OK
Então teremos uma caixa com 4,5 x 4,5m e 2,20m de profundidade.

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Figura 47.27- Caixa reguladora de fluxo

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47.46 Falhas na barragem


Conforme Portaria 717/1996 do DAEE, Barramento é todo maciço cujo eixo principal esteja num
plano que intercepta um curso d´água e respectivos terrenos marginais, alterando suas condições de
escoamento natural, formando reservatório de água a montante, o qual tem finalidade única ou múltipla.
Os barramentos mais comuns são em terra, concreto e gabião conforme Figura (47.28).

Figura 47.28- Tipos de barramentos: concreto, gabião e terra


Fonte: DAEE, 2005.
Risco
Risco é a possibilidade de ocorrências indesejáveis e causadoras de danos para a saúde, para os
sistemas econômicos e para o meio ambiente. Os riscos em obras tecnológicas são chamadas de falhas.

Perigo
Perigo é ameaça em si não mensurável e não totalmente evidente.

Falha
A falha em uma barragem é o escoamento espontâneo da água resultando de uma operação
imprópria ou da ruptura ou colapso de uma estrutura. A falha em uma barragem causa a jusante
inundações rápidas, danos as vidas e propriedades, forçando as pessoas a evacuarem dos locais onde
moram.

Análise das brechas ou falhas nas barragens


A análise das brechas ou falhas em barragens pode ser feito através do método de Muskingum-
Cunge.

Vazão de pico devido a brecha na barragem (Qp)


Pesquisa feita por FROEHLICH,1995 in Bureau of Reclamation, 1998 fornece a vazão de pico
devido a brecha na barragem.

Qp= 0,607 x V 0,295 x h 1,24


Sendo:

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Qp= vazão de pico devido a brecha na barragem (m3/s);


V= volume total de água armazenado na barragem (m3);
h= altura máxima da barragem (m).

47.47 Depósito anual de sedimentos


É importante para a manutenção de um reservatório de detenção estimar a quantidade de
sedimentos anual em m3/ ano x ha.
Os sedimentos recolhidos são considerados não-perigosos e podem ser dispostos em aterros
sanitários ou em local autorizado.
Dica: adotar para o Brasil a taxa de 10m3/ ano x ha para remoção de sedimentos para
estimativa.

47.48 Reservatório de detenção estendido somente para atender WQv


O dimensionamento de uma bacia de detenção estendido para atender somente o volume para
melhoria da qualidade de águas pluviais WQv conforme Figura (47.21) é facilmente projetada da
seguinte maneira:
 Fica off line
 Possui pré-tratamento igual a 10% de WQv
 Tempo de esvaziamento de WQv é de 24h a 72h
 Área mínima da bacia de 2ha a 4ha

Figura 47.29 Esquema de bacia de detenção estendida somente para WQv.

Na Figura (47.29) observar o pré-tratamento e o canal que leva até uma pequena depressão junto
ao barramento.

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Exemplo 47.14
Dimensionar um reservatório de detenção estendido ED somente para melhoria de qualidade das águas
pluviais, sendo que a mesma tem área de 100ha, tempo de concentração de 16min e área impermeável
AI= 60%.
Primeiramente salientamos que o reservatório ED será construído off line.
Rv= coeficiente volumétrico
AI=60%
Rv= 0,05 + 0,009 x AI = 0,05+ 0,009 x 60= 0,59
First flush P= 25mm (adotado para efeito de exemplo)
Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais= WQv (m3)
WQv= (P/1000) x Rv x A
Rv= 0,59
A= 100ha
WQv= (25mm/1000) x 0,59 x (100ha x 10.000m2) = 14.800m3
Adotando altura do reservatório de detenção estendido h=1,40m a área de superfície As será:
As= WQv/ h= 14.800/1,40=10.571,43m2
Adotando que o comprimento é o dobro da largura temos:
As = W x 2W= 10571,43m2
Adotando largura W=73m
Largura= 73m
Comprimento= 2 x 73= 146m
As= 73m x 146m= 10.658m2
Para a melhoria da qualidade das águas pluviais o reservatório de detenção estendido ED, deverá
ser esvaziado no mínimo em 24h.
O volume de detenção WQv= 14.800m3
A vazão média será:
Q médio = WQv/ (número de segundos durante um dia)
Q médio = WQv/ 86.400s = 14.800m3/86.400s= 0,171m3/s
Cd=0,62 g=9,81 m/s2
Usando o método da média.
A altura h=1,40m
Q= 2 x Qmédio= 2 x 0,171=0,342m3/s
A área da seção do orifício será:
A= Q / Cd x (2 g h) 0,5 = 0,342/ [ 0,62 x (2 x 9,81 x 1,40) 0,5 ]=0,1052m2

Diâmetro orifício
D= (4 A/  ) 0,5 = (4x 0,1052/  ) 0,5 =0,37m
Adoto D=0,35
Tempo de esvaziamento
t= [2 . As . (y1 0,5 - y2 0,5 )] / [Cd . Ao .(2.g ) 0,5]
Cd=0,62
y1=1,40m=altura inicial (m)
Ao= π x D2/4 =3,1416 x 0,352/4=0,0962m2
As=área da superficie (m2)
t= tempo de esvaziamento (s)
As= 10.658m2
t= [2 x10658 x1,40 0,5 ] / [0,62x0,0962x(2x9,81 ) 0,5] =95.536s=26,54h>24h OK

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Eficiência no tratamento
A equação abaixo é usada no tratamento sendo usando o tempo de esvaziamento td e a altura
média do reservatório hA.
Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ (Vsi . td)/ (2.n . hA)] }–n

Tabela 47.11- Cálculos preliminares para o tratamento


WQv= 14800
P=25mm
Área do reservatório (m2)=As 9867
Diâmetro de saída = 0,35
Altura da lâmina de água no reservatório=y1(m)= 1,5
Área superficial do reservatório=As(m2)= 9867
Área da seção transversal do tubo de saída=Ao(m2)= 0,0962115
Cd= 0,62
t(s)= 91470
Tempo de esvaziamento total do reservatório td=t(h)= 25,4

Tabela 47.12- Cálculos da eficiência para o tratamento


Massa Vs velocidade Tempo de Eficiência
Fração de partículas de sedimentação esvaziamento n hA TSS
td por fração
(mm) (%) (m/h) (h) (m)
≤ 20mm 20 0,000914 25,4 3 1,5 0,0015
20<x≤40 10 0,0468 25,4 3 1,5 0,0311
40<x≤ 60 10 0,0914 25,4 3 1,5 0,0498
60<x≤ 0,13 20 0,457 25,4 3 1,5 0,1833
0,13<x≤ 0,40 20 2,13 25,4 3 1,5 0,1994
0,40<x≤ 4,0 20 19,8 25,4 3 1,5 0,2000
Total= 100 Ed= 0,6652
Eficiência= 66,52

Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ (Vsi . td)/ (2.n . hA)] }–n

Pré-tratamento
Admitimos 10% de WQv mas sendo WQv= 14.800m3 então o volume do pré-tratamento será:
0,1 x 14.800m3= 1.480m3
O pré-tratamento será somente para os primeiros 25mm de chuva, sendo o restante encaminhado
para o reservatório calculado pelo critério unificado.
Para o pré-tratamento queremos decantar partículas sólidas maiores que 0,125mm, ou seja,
partículas que possuem a velocidade de sedimentação Vs=0,0139m/s.
A vazão Qo que chega ao pré-tratamento pode ser calculada usando a regra dos 5 (cinco) minutos
para encher o volume do pré-tratamento.
Assim Qo= 0,1 x WQv/ (5min x 60s)= 1.480m3/300s= 3,3m3/s
A área da superfície do pré-tratamento é calculada:
As= Qo / Vs = Qo/ 0,0139= 3,3/0,0139= 237,4m2
Então a área mínima do pré-tratamento é 237,4m2.
Considerando o volume 0,1WQv podemos estimar a altura da água no pré-tratamento:
D= 0,1WQv/ As= 1.480/ 237,4= 46,23m>> 3,5m que é o máximo admitido
Adotamos então D=1,60m
As= 0,1WQv/D= 1.480/ 1,60=925m2

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Adotando comprimento sendo o dobro da largura teremos:


W= (925m2/ 2 ) 0,5 =21,5m=largura
Comprimento= 2 x 21,5= 43,0m

Eficiência da remoção no pré-tratamento


Ed= Fi { 1 – [( 1+ Vsi / (n . Qo/As] }–n

Tabela 47.13- Cálculos da eficiência para o pré-tratamento para n=3


Fração Massa Vsi velocidade Área da Vazão Qo Eficiência TSS
de de sedimentação superfície (m3/s) por fração
partículas As
(mm) (%) (m/h) (m/s) (m2) (m3/s) (fração)
≤ 20mm 20 0,000914 0,0000002539 925,00 4,9 0,000009521
20<x≤40 10 0,0468 0,0000130000 925,00 4,9 0,000243354
40<x≤ 60 10 0,0914 0,0000253889 925,00 4,9 0,000474535
60<x≤ 0,13 20 0,457 0,0001269444 925,00 4,9 0,004685865
0,13<x≤ 0,40 20 2,13 0,0005916667 925,00 4,9 0,020642351
0,40<x≤ 4,0 20 19,8 0,0055000000 925,00 4,9 0,117572038
Total= 100 Ed= 0,1436
Eficiencia= 14,36

Eficiência global.
A eficiência em série das duas BMPs será:
TR= A + ( 1- A) x B
Sendo:
TR= eficiência global
A= eficiência do reservatório de pré-tratamento para todas as partículas= 0,1436
B= eficiência do reservatório de detenção estendido= 0,6652%
TR= 0,1436+( 1- 0,1436) 0,6652=0,7133
Portanto, a eficiência global será de 71,33%

Vertedor de emergência
Mesmo quando o reservatório de detenção estendido é feito off line, é necessário se prever um
vertedor de emergência, como por exemplo, para período de retorno de 2anos.
Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
tc= duração da chuva (min).

Tr=2anos
Tc=16min
1747,9 . 20,181
I =------------------------ =93mm/h
( 16 + 15)0,89

C=Rv=0,59
Q=CIA/360=0,59 x 93 x 100/360= 15,2m3/s =Qemax

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Dimensionamento do vertedor para Tr=2anos


Como somente irá para a BMP a vazão Qo para efeito de segurança calculamos o vertedor de
emergência para período de retorno de 2 anos como veremos abaixo.
tc= tempo de concentração da bacia no pós-desenvolvimento
tb= tempo de duração da cheia ou tempo base (s)
tc= 16min= 16 x 60= 960s
tb= 3 x tc=3 x 960=2880s
VE= QEmax . tb/ 2
Qemax=15,2m3/s= Q2pos
VE= QEmax . tb/ 2
VE= 15,2x 2880/ 2= 21.888m3
Sendo:
VR= volume do reservatório em m3 obtido pela curva cota-volume.
VR= V2 – V1
Sendo:
V1 =o volume acumulado no reservatório para o nível de água normal
V2=volume acumulado para o nível máximo maximorum
Como As=10.648m2 considerando então a altura de 1,50m
VR=10.648m3 x 1,0=10.648m3
Vs´ = VE – VR
Vs´ = 21.888 – 10.648=11.240m3
Qsmax= ( 2 . Vs´) / Tb
Qsmax= ( 2 x 11.240´) / 2880=7,8m3/s
A vazão que vai passar para o vertedor para período de Tr=2anos será Qsmax.
Qsmax= 1,55x L x H 1,5
Geralmente adotamos o valor da altura H sobre a crista do vertedor e achamos o comprimento do
vertedor L.
7,8= 1,55x L x 1,01,5
L=5,03m
Portanto, o vertedor terá altura de 1,00m a largura de 5,03m.
Tabela 47.14- Resumo dos cálculos efetuados
Volume Altura Diâmetro do orifício/ vertedor retangular
Critérios (m3) (m) (m)
WQv 14.800 1,40 0,35m
Q25 10.648 1,00 Vertedor 5,03m x 1,00m
Total 25.448 2,40

Como a altura do nível de água da barragem h=2,40m <5m A borda livre deverá ser de 0,50m.
Observemos que dimensionamos para a vazao máxima de período de retorno de 2anos como
fator de segurança, pois há um desvio da água que vai para a BMP e a água que vai para o corpo d´água
próximo.

Vertedor retangular do pré-tratamento


Largura =21,5m
Comprimento= 43,0m
Profundidade= 1,60m
Q100pos= 31,02m3/s
Largura =L=20,00m adotada do vertedor
Q= 1,55x L x H 1,5
31,02= 1,55x 20 x H 1,5
H=1,00m

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47.49 Fração do runoff que vai para a BMP


Para a RMSP supomos que o first flush é P=25mm, que corresponde a 90% das precipitações
anuaís que produzem runoff.
Nos estudos que fizemos das precipitações da cidade de Mairiporã para o período de 1958 a 1995
achamos que se admitirmos o first flush de 25mm serão encaminhados para a BMP 90% do total do
runoff, mas que 10% não passarão pelo tratamento e se encaminharão diretamente aos rios e córregos.
Não consideramos a água aderente a superfícies e que não produz runoff e que é de aproximadamente
1mm.
Portanto, a fração runoff tratado é K=0,90.
Dica: vai para o tratamento (BMP) 90% e não passa pelo tratamento 10%. Quando não se
têm dados admitimos que 90% vão para a BMP e 10% vai direto para os cursos de água.
R = P x Pj x Rv
VR= (R/1000) x A
VRBMP= K x VR
Sendo:
R= runoff (mm/ano)
VR= volume de runoff (m3/ano)
VRBMP= volume de runoff que vai para a BMP (m3/ano)
A= área da bacia (m2)
K= fração do runoff que vai para a BMP

47.50 Reservatório de detenção estendido para atender enchentes+ WQv


Uma outra maneira de se calcular o reservatório de detenção estendido é usá-lo também para
deter enchentes. Somente esclarecendo que os cálculos serão mais elaborados, pois teremos que ter a
curva cota-volume do reservatório e fazer o chamado routing que pode ser visto em detalhes no livro de
Tomaz, 2002.

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Figura 47.30 Esquema de bacia de detenção estendida para WQv+enchentes.


Fonte: Califórnia, 2003

Na Figura (47.23) observar que o reservatório não somente atende ao volume para melhoria da
qualidade das águas pluviais WQv, mas também a períodos de retornos selecionados como 2anos e
10anos (ou 25anos) e obrigatoriamente para período de retorno de 100anos para segurança do
barramento.
O pré-tratamento e o dimensionamento de WQv será o mesmo do exemplo anterior onde se usou
somente o WQv.

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Exemplo 47.15 Exemplo de aplicação prática do reservatório de detenção estendido usando WQv
+ enchentes
Dimensionar um reservatório in line usando de detenção estendido (ED), com objetivo de deter
enchentes e melhoria da qualidade das águas pluviais em uma área residencial conforme dados da
Tabela (47.12).

Tabela 47.15 - Dados hidrológicos

Dados Pré- Pós-


desenvolvimento desenvolvimento

Coeficiente de Runoff C 0,14 0,59

Tempo de concentração
tc (min) 45min 16min

Área impermeável 10% 60%


(%)
Área total
(ha) 100ha (1km2) 100ha (1km2)
O reservatório será feito in line.
Vazão base
Para a RMSP com precipitaçlão média anual de 1500mm a vazão base estimada é de 0,045 L/s x
há. Assim para área de 100ha teremos vazão base de 0,045 x 100= 4,5 L/s. Na prática para o reservatorio
de detenção estendido não nos interessa a vazão base e será considerada igual a zero.

Pré-tratamento já calculado anteriormente


Largura =21,5m
Comprimento= 43,0m
Profundidade= 1,60m

Tratamento WQv
WQv= 14.800m3
H=1,40m
As= 10658m2
Largura=73m
Comprimento = 146m
Diâmetro do orificio=0,35m

Método Racional
Q= C . I . A /360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C= coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1.
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha). 1ha= 10.000m2

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Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)


1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
0,89
( t + 15)
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
tc= duração da chuva (min).

Periodo de retorno
Adotamos periodo de retorno Tr=25anos.

Pré-desenvolvimento
C=0,14
tc=45min
A=100ha
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89

1747,9 x250,181
I =------------------------
( t + 15)0,89

3130
I =------------------------
( t + 15)0,89

Para t=45min
3130
I =------------------------ = 82mm/h
( 45 + 15)0,89

Q= C . I . A /360
Q25pre= 0,14x 82x100/360= 3,2m3/s

4022,7
I =------------------------ =105,2mm/h
( 45 + 15)0,89

Q= C . I . A /360
Q100pre= 0,14x 105,2x100/360= 4,09m3/s

Pós-desenvolvimento
C=0,59
tc=16min
A=100ha
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)

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( t + 15)0,89

1747,9 x250,181
I =------------------------
( t + 15)0,89

3130
I =------------------------
( t + 15)0,89

Para t=16min
3130
I =------------------------ = 147,3mm/h
( 16 + 15)0,89

Q= C . I . A /360
Q25pos= 0,59x 147,3x100/360= 24,14m3/s

Para Tr=100anos
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
1747,9 . 1000,181
I =------------------------ (mm/h)
0,89
( t + 15)

4022,7
I =------------------------ =189,3mm/h
( 16 + 15)0,89

Q= C . I . A /360
Q100pos= 0,59x 189,3x100/360= 31,02m3/s

Volume necessario para deter enchentes para Tr=25anos


Usamos o conceito do impacto zero, isto é, a vazão que deverá passar no máximo deve ser a de
pré-desenvolvimento para Tr=25anos que é Qpré 25anos=3,2m3/s
V25 = (Qpós - Qpré) x td
V25 = (24,14 - 3,2) x 16min x 60s = 20.102m3
Considerando para facilidade do cálculo que o reservatório seja prismático com paredes verticais
e como temos a área As= 10.658m2 a altura h desde a superficie do volumen WQv será:
h25=V25/As=20.102m3/ 10.658m2= 1,89m
Diámetro do orificio
Q= Cd x Ao x (2gh)0,5
Q=Qpre25anos=3,2m3/s
H=1,89/2=0,945m
3,2= 0,62 x Ao x (2x9,81x 0,945)0,5
Ao=1,2m2
Ao= PI x D2/4= 1,2= 3,1416 x D2/ 4

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D=1,20m

Dimensionamento do vertedor para Tr=100anos conforme DAEE, 2005


tc= tempo de concentração da bacia (s) no pós-desenvolvimento
tb= tempo de duração da cheia ou tempo base (s)
tc= 16min= 16 x 60= 960s
tb= 3 x tc=3 x 960=2880s
VE= QEmax . tb/ 2
Qemax=31,02m3/s= Q100pos
VE= QEmax . tb/ 2
VE= 31,02x 2880/ 2= 44.669m3
Sendo:
VR= volume do reservatório em m3 obtido pela curva cota-volume.
VR= V2 – V1
Sendo:
V1 o volume acumulado no reservatório para o nível de água normal
V2=volume acumulado para o nível máximo maximorum
Como As=10.648m2 considerando então a altura de 1,50m
VR=10.648m3 x 1,5=15.972m3

Vs´ = VE – VR
Vs´ = 44669 – 15972=28.697m3
Qsmax= ( 2 . Vs´) / Tb
Qsmax= ( 2 x 28.697´) / 2880=19,93m3/s
A vazão que vai passar para o vertedor para período de Tr=100anos será Qsmax.
Qsmax= 1,55x L x H 1,5
Geralmente adotamos o valor da altura H sobre a crista do vertedor e achamos o comprimento do
vertedor L.
19,93= 1,55x L x 1,51,5
L=7,0m
Portanto, o vertedor terá altura de 1,50m a largura de 7,0m.

Tabela 47.16- Resumo dos cálculos efetuados


Volume Altura Diâmetro do orifício/ vertedor retangular
Critérios (m3) (m) (m)
WQv 14.800 1,40 0,35
Q25 20.102 1,89 1,20
Q100 15.972 1,50 1,5 x 7,0
Total 50.874 4,79

Como a altura do nível de água da barragem h=4,79m <5m podemos então adotar o período de
retorno de 100anos o que foi feito. A borda livre deverá ser de 0,50m.

Vertedor retangular do pré-tratamento


Largura =21,5m
Comprimento= 43,0m
Profundidade= 1,60m
Q100pos= 31,02m3/s
Largura =L=20,00 adotada do vertedor

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Q= 1,55x L x H 1,5
31,02= 1,55x 20 x H 1,5
H=1,00m

47.51 Regra dos 10%


A aplicação da regra dos 10% é para áreas de bacia acima de 20ha.
Esta análise é a chamada regra dos 10%, conforme ESTADO DE NEW YORK, 2001.
O objetivo da aplicação da regra dos 10% é verificar se a detenção de uma enchente a montante não
causará problemas a jusante, pois pode acontecer que ao invés de melhorarmos a situação, a mesma
ficará pior.
Portanto, deverá ser feita análise a jusante usando a regra dos 10%. A análise deverá ser feita até o
ponto em que 10% da área da bacia é igual a área da bacia que estamos considerando.
Assim uma área de 10ha de uma bacia de detenção de enchentes que estamos fazendo, precisamos
verificar a jusante até o ponto em que toda a área seja de 100ha e portanto, a nossa área será 10% da área
total.

47.52 Uso do método Racional e hidrograma de Dekalb


Iremos dimensionar o reservatório de detenção estendido para: melhoria da qualidade das águas
pluviais, deter a erosão a jusante e enchentes de 25anos e enchente máxima de 100anos.
Usaremos o método Racional com hidrograma usado na cidade de Dekalb nos Estados Unidos e
esclarecemos que ainda não existem pesquisas aceitas pelos especialistas sobre o referido hidrograma.
Iremos achar o volume para detenção em período de retorno de 10anos e volume requerido para
evitar erosão com Tr=1,87anos. O volume maior será normalmente o volume de controle da erosão. O
reservatório será in line com detenção de enchente, melhora da qualidade das águas pluviais e controle
de erosão. Será considerado o período de retorno de 100anos para o dimensionamento do vertedor de
emergência.
Serão usados alguns conceitos e recomendações do DAEE para pequenas barragens com cálculo
usando o Método Racional.
Em alguns casos é muito importante o controle da erosão como no exemplo adotado.
Dados: A=116,78ha P=25mm (first flush) AI=70%
Área da seção transversal do reservatório de detenção estendido= 24.000m2.
Cálculo do tempo de concentração pelo método cinemático
Para o cálculo do tempo de concentração usamos o método cinemático que nos parece o mais
adequado ao caso conforme Tabela (47.14) para pré e pós-desenvolvimento.

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Tabela 47.17- Cálculo do tempo de concentração para pré e pós-desenvolvimento usando o método
cinemático.
tc pré-desenvolvimento K=4,57
Cota cota min Comprim Declivid V=KxS0,5 tc
max Velocidade
(m) (m) (m) (m/m) (m/s) (min)
1.126,9 1.107 1.870 0,0106417 0,47 66,1
tc pós-desenvolvimento K=14,09
Cota cota min Compr. Decliv. V=KxS0,5 tc
max Velocidade
(m) (m) (m) (m/m) (m/s) (min)
1.126,9 1.107 1.870 0,0106417 1,45 21,4

Cálculo de vazões pré e pós


Equação das chuvas intensas de Ouro Verde, Goiás, Brasil
I = (3717 x Tr 0,16)/ ( tc+11) 0,815
Sendo:
I= intensidade da chuva (L/s x ha)
Tr= período de retorno (anos)
Tc= tempo de concentração (min)

Para Tr=10anos e tc= 66,1min teremos:


I = (3717 x Tr 0,16)/ ( tc+11) 0,815
I = (3717 x 10 0,16)/ ( 66,1+11) 0,815= 151 L/s x ha

Método Racional
A=116,78ha
C=0,20 adotado para pré-desenvolvimento
Q= CIA = 0,20 x 151 x 116,78ha=3527 L/s= 3,5 m3/s

Tabela 45.18- Vazões para pré-desenvolvimento usando o Método Racional para períodos de
retorno variando de 1,87anos até 100anos.
Tr tc (min) I (L/s x ha) C pre A (ha) Q (m3/s)
1,87 66,1 116 0,20 116,78 2,7
5 66,1 136 0,20 116,78 3,2
10 66,1 151 0,20 116,78 3,5
25 66,1 175 0,20 116,78 4,1
50 66,1 196 0,20 116,78 4,6
100 66,1 219 0,20 116,78 5,1

Tabela 45.19- Vazões para pós-desenvolvimento usando o Método Racional para períodos de
retorno variando de 1,87anos até 100anos.
Tr tc I C pos A (ha) Q (m3/s)
(min) (L/s x ha)
1,87 21,4 235 0,70 116,78 19,2
5 21,4 275 0,70 116,78 22,4
10 21,4 307 0,70 116,78 25,1
25 21,4 355 0,70 116,78 29,0
50 21,4 397 0,70 116,78 32,4
100 21,4 443 0,70 116,78 36,2

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WQv
AI= 70%
Rv= 0,05+0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70= 0,68
P= 25mm (first flush adotado)
A=116,78ha
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000)x 0,68 x (116,78ha x 10.000m2)= 19.853m3

Volume de água necessário para detenção de enchentes para Tr=10anos usando o Método de Aron
e Kibler, 1990.
Foi achado o volume de 43.014m3 para período de retorno de 10anos com o método de Aron e
Kibler, 1990. Para combate a erosão usamos Tr=1,87anos e achamos usando o método de Aron e Kibler,
1990 o volume necessário de 32.893m3.

Tabela 45.20-Volume do reservatório para Tr=10anos pelo método de Aron e Kibler, 1990
Tr Duração da I Área Q IP Qp V
(anos) chuva (min) (L/s x ha) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3)
10 10 437 116,78 35,7 25,1 3,5 18109
10 20 318 116,78 26,0 25,1 3,5 26829
10 30 253 116,78 20,7 25,1 3,5 31837
10 40 212 116,78 17,3 25,1 3,5 35104
10 50 183 116,78 15,0 25,1 3,5 37384
10 60 162 116,78 13,2 25,1 3,5 39036
10 70 146 116,78 11,9 25,1 3,5 40258
10 80 132 116,78 10,8 25,1 3,5 41165
10 90 122 116,78 9,9 25,1 3,5 41836
10 100 113 116,78 9,2 25,1 3,5 42322
10 110 105 116,78 8,6 25,1 3,5 42658
10 120 98 116,78 8,0 25,1 3,5 42873
10 130 93 116,78 7,6 25,1 3,5 42987
10 140 88 116,78 7,2 25,1 3,5 43014
10 150 83 116,78 6,8 25,1 3,5 42967
10 160 79 116,78 6,5 25,1 3,5 42857
10 170 76 116,78 6,2 25,1 3,5 42690
10 180 72 116,78 5,9 25,1 3,5 42474
10 190 69 116,78 5,7 25,1 3,5 42215
10 200 67 116,78 5,5 25,1 3,5 41916
10 210 64 116,78 5,2 25,1 3,5 41581
10 220 62 116,78 5,1 25,1 3,5 41215
10 230 60 116,78 4,9 25,1 3,5 40820
10 240 58 116,78 4,7 25,1 3,5 40397
10 250 56 116,78 4,6 25,1 3,5 39951
10 260 54 116,78 4,4 25,1 3,5 39482
10 270 53 116,78 4,3 25,1 3,5 38992
10 280 51 116,78 4,2 25,1 3,5 38483
10 290 50 116,78 4,1 25,1 3,5 37956
10 300 49 116,78 4,0 25,1 3,5 37413
10 310 47 116,78 3,9 25,1 3,5 36853
10 320 46 116,78 3,8 25,1 3,5 36280
10 330 45 116,78 3,7 25,1 3,5 35692
10 340 44 116,78 3,6 25,1 3,5 35092
10 350 43 116,78 3,5 25,1 3,5 34479
10 360 42 116,78 3,4 25,1 3,5 33855

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Tabela 45.21-Volume do reservatório para Tr=1,87anos pelo método de Aron e Kibler, 1990 para
ver volume necessário para combate a erosão.
Tr (anos) Duração I (L/s x ha) Área Q (m3/s) IP (m3/s) Qp (m3/s) V (m3)
da chuva (min)
1,87 10 334 116,78 27,3 19,2 2,7 13848
1,87 20 243 116,78 19,9 19,2 2,7 20516
1,87 30 194 116,78 15,8 19,2 2,7 24346
1,87 40 162 116,78 13,3 19,2 2,7 26844
1,87 50 140 116,78 11,5 19,2 2,7 28588
1,87 60 124 116,78 10,1 19,2 2,7 29851
1,87 70 111 116,78 9,1 19,2 2,7 30785
1,87 80 101 116,78 8,3 19,2 2,7 31479
1,87 90 93 116,78 7,6 19,2 2,7 31992
1,87 100 86 116,78 7,0 19,2 2,7 32364
1,87 110 80 116,78 6,6 19,2 2,7 32621
1,87 120 75 116,78 6,1 19,2 2,7 32785
1,87 130 71 116,78 5,8 19,2 2,7 32872
1,87 140 67 116,78 5,5 19,2 2,7 32893
1,87 150 64 116,78 5,2 19,2 2,7 32857
1,87 160 61 116,78 4,9 19,2 2,7 32773
1,87 170 58 116,78 4,7 19,2 2,7 32646
1,87 180 55 116,78 4,5 19,2 2,7 32481
1,87 190 53 116,78 4,3 19,2 2,7 32282
1,87 200 51 116,78 4,2 19,2 2,7 32053
1,87 210 49 116,78 4,0 19,2 2,7 31798
1,87 220 47 116,78 3,9 19,2 2,7 31517
1,87 230 46 116,78 3,7 19,2 2,7 31215
1,87 240 44 116,78 3,6 19,2 2,7 30892
1,87 250 43 116,78 3,5 19,2 2,7 30551
1,87 260 42 116,78 3,4 19,2 2,7 30192
1,87 270 40 116,78 3,3 19,2 2,7 29818
1,87 280 39 116,78 3,2 19,2 2,7 29428
1,87 290 38 116,78 3,1 19,2 2,7 29025
1,87 300 37 116,78 3,0 19,2 2,7 28610
1,87 310 36 116,78 3,0 19,2 2,7 28182
1,87 320 35 116,78 2,9 19,2 2,7 27743
1,87 330 34 116,78 2,8 19,2 2,7 27294
1,87 340 34 116,78 2,8 19,2 2,7 26835
1,87 350 33 116,78 2,7 19,2 2,7 26367
1,87 360 32 116,78 2,6 19,2 2,7 25889
1,87 370 32 116,78 2,6 19,2 2,7 25404
1,87 380 31 116,78 2,5 19,2 2,7 24911
1,87 390 30 116,78 2,5 19,2 2,7 24410
1,87 400 30 116,78 2,4 19,2 2,7 23902
1,87 410 29 116,78 2,4 19,2 2,7 23388
1,87 420 28 116,78 2,3 19,2 2,7 22867

Volumes obtidos
O volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv bem como o volume para
controle de erosão deverão ficar retido durante 24h e o escoamento médio de WQv em 86.400s será

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0,23m3/s e o do volume de erosão 32.893m3 em 24h terá escoamento médio de 0,37m3/s conforme
Tabela (45.22).

Tabela 47.22- Comparação de volumes e vazões para escoamento em 24h


Volume Vazão
para 24h
(m3) (m3/s)
Volume WQV= 19.853 0,23
Tr=1,87anos 32.893 0,37
Tr=10anos 43.014 Vazão pré=3,5

Hidrograma do pico da cheia pelo método Racional


Para obter o hidrograma pelo método Racional vamos usar o método usado em Dekalb para
tempo de concentração maior de 20min, pois temos tc=21,4min.
Tabela 47.23- Hidrograma do método Racional conforme cidade de Dekalb
t/tc Q/Qp tc<20min Q/Qp tc≥20min tc=21,4 min Qp=25,1m3/s
21,4 25,1
0 0,00 0,00 0,0 0,0
1 0,16 0,04 21,4 1,0
2 0,19 0,08 42,8 2,0
3 0,27 0,16 64,2 4,0
4 0,34 0,32 85,6 8,0
5 1,00 1,00 107,0 25,1
6 0,45 0,30 128,4 7,5
7 0,27 0,11 149,8 2,8
8 0,19 0,05 171,2 1,3
9 0,12 0,03 192,6 0,8
10 0,00 0,00 214,0 0,0

Por interpolação linear fazemos o tempo variar de 2,5min em 2,5min conforme Tabela (45.24).

Tabela 47.24- Interpolação linear dos tempos e vazões da aplicação do hidrograma do método
Racional da cidade de Dekalb
Interpolação
linear
tempo output
index Q calcu
0,0 1 0,00
2,5 1 0,12
5,0 1 0,23
7,5 1 0,35
10,0 1 0,47
12,5 1 0,59
15,0 1 0,70
17,5 1 0,82
20,0 1 0,94
22,5 2 1,06
25,0 2 1,17
27,5 2 1,29
30,0 2 1,41

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32,5 2 1,52
35,0 2 1,64
37,5 2 1,76
40,0 2 1,88
42,5 2 1,99
45,0 3 2,21
47,5 3 2,45
50,0 3 2,68
52,5 3 2,92
55,0 3 3,15
57,5 3 3,39
60,0 3 3,62
62,5 3 3,86
65,0 4 4,17
67,5 4 4,64
70,0 4 5,10
72,5 4 5,57
75,0 4 6,04
77,5 4 6,51
80,0 4 6,98
82,5 4 7,45
85,0 4 7,92
87,5 5 9,55
90,0 5 11,54
92,5 5 13,54
95,0 5 15,53
97,5 5 17,52
100,0 5 19,52
102,5 5 21,51
105,0 5 23,50
107,5 6 24,69
110,0 6 22,64
112,5 6 20,58
115,0 6 18,53
117,5 6 16,48
120,0 6 14,43
122,5 6 12,37
125,0 6 10,32
127,5 6 8,27
130,0 7 7,17
132,5 7 6,62
135,0 7 6,06
137,5 7 5,50
140,0 7 4,94
142,5 7 4,39
145,0 7 3,83
147,5 7 3,27
150,0 8 2,75

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152,5 8 2,57
155,0 8 2,40
157,5 8 2,22
160,0 8 2,04
162,5 8 1,87
165,0 8 1,69
167,5 8 1,52
170,0 8 1,34
172,5 9 1,22
175,0 9 1,17
177,5 9 1,11
180,0 9 1,05
182,5 9 0,99
185,0 9 0,93
187,5 9 0,87
190,0 9 0,81
192,5 9 0,76
195,0 10 0,67
197,5 10 0,58
200,0 10 0,49
202,5 10 0,40
205,0 10 0,32
207,5 10 0,23
210,0 10 0,14
212,5 10 0,05

Dekalb Racional Hydrograph


V a z a o (m 3 /s )

30,0
20,0
10,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0
tempo (min)

Figura 47.31- Gráfico do hidrograma do método Racional conforme Dekalb

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Tabela 47.25- Dimensionamento do orifício para escoamento em 24h do volume de erosão

Cálculo orifício reservação de erosão

Altura da água (m)=


1,30
2
Área seção(m )=
0,16
Diâmetro (m)
0,46
Adoto (m) D=
0,50
Cálculo do vertedor
A equação do vertedor que usaremos será aquela usada pelo DAEE para projetos de pequenas
barragens:
Q=1,55 L H 1,5

Cálculo do vertedor retangular para Tr=10anos


Para o vertedor retangular com Tr=10anos suporemos que a vazão para pré-desenvolvimento seja
de 3,54m3/s e supondo uma altura H=1,00m para o vertedor teremos:
Q=1,55 L H 1,5
3,54=1,55x L x1,0 1,5
L= 2,28m
No routing obteremos L=1,80m para Tr=10anos para vazão 3,50m3/s.

Largura do vertedor para Tr=100anos


Para período de retorno de 100anos a vazão de pós-desenvolvimento calculado é 36,25m3/s.
Tempo de concentração tc= 21,4min= 1287 s
tb= 3 x tc = 3860s
Por meio da curva cota-volume para 1,80m de altura e Tr=10anos achamos o volume de
43.200m3 que será o nosso volume VR.
Cuidado não errar, pois, o volume VR é a diferença. Assim o volume V2=91200m3 está na cota
3,80m e o volume V1=55.200m3 está na cota do topo do vertedor do Tr=10anos que é 2,30m acima do
piso do reservatório
VR = V2-V1= 91200m3 – 55.200m3=36000m3 (Cuidado não errar !!!)
VE= Qemax x tb/ 2= 36,25m3/s x 3860s/ 2= 69.963m3
Vs´= VE – VR= 69.963m3- 36000m3= 33.963m3
Qsmax= 2 x Vs´/ tb = 2 x 33.963/3.860=17,6m3/s
Q=1,55 L H 1,5
H=1,50 adotado
17,6=1,55x L x1,50 1,5
L= 6,2m com altura
Adoto L=6,00m (Não esquecer a largura do vertedor para Tr=10anos igual a 1,80m).
A largura total será: 6,00 + 1,80= 7,80m
Portanto, o vertedor para Tr=100anos terá largura de 7,80m e altura de 1,50m

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Curva cota volume


Para a curva cota volume foi verificada a área útil de 24.000m2 onde será construído o
reservatório de detenção de forma prismática. A variação do nível será de 0,20m em 0,20m e o tempo
que será calculado será 150min (2,5min).

Tabela 47.26- Curva cota-volume e curva de orifícios e vertedores para aplicação do routing.
Área (m2) Orifício Vertedor Vertedor Q total (2S/Δt +Q)
Tr=10 Tr=100anos
24000 m2 Cota (m) Volume (m3) Q (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3) 2,5min=150s
Piso do 0,00 0 0,00 0,00 0,0
reservatório
0,10 2400 0,17 0,17 32,2
0,20 4800 0,24 0,24 64,2
0,30 7200 0,30 0,30 96,3
0,40 9600 0,34 0,34 128,3
0,50 12000 0,38 0,38 160,4
0,60 14400 0,42 0,42 192,4
0,70 16800 0,45 0,45 224,5
0,80 19200 0,48 0,48 256,5
0,90 21600 0,51 0,51 288,5
1,00 24000 0,54 0,54 320,5
1,10 26400 0,57 0,57 352,6
1,20 28800 0,59 0,59 384,6
Tr=1,87anos Erosão 1,30 31200 0,61 0,00 0,61 416,6
1,40 33600 0,64 0,09 0,73 448,7
1,50 36000 0,66 0,25 0,91 480,9
1,60 38400 0,68 0,46 1,14 513,1
1,70 40800 0,70 0,71 1,41 545,4
1,80 43200 0,72 0,99 1,71 577,7
1,90 45600 0,74 1,30 2,04 610,0
2,00 48000 0,76 1,63 2,40 642,4
2,10 50400 0,78 2,00 2,78 674,8
2,20 52800 0,80 2,38 3,18 707,2
Tr=10anos enchentes 2,30 55200 0,82 2,79 3,29 6,90 742,9
2,40 57600 0,84 3,22 4,32 8,38 776,4
2,50 60000 0,85 3,67 5,45 9,97 810,0
2,60 62400 0,87 4,14 6,65 11,66 843,7
2,70 64800 0,89 4,62 7,94 13,45 877,4
2,80 67200 0,90 5,13 9,30 15,33 911,3
2,90 69600 0,92 5,65 10,73 17,29 945,3
Nivel max maximorum 3,00 72000 0,93 6,18 12,23 19,34 979,3

Routing do reservatório
O routing do reservatório será usado o hidrograma de vazões de Dekalb com o método Racional
com variação de 2,5min em 2,5min para período de retorno de 10 anos.
Haverá interpolação para os valores entrando com (2S/Δt +Q) e achamos Q2.
No routing achamos a vazão máxima de saída para Tr=10anos de 8,34m3/s.

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Tabela 47.27- Routing do reservatório para Tr=10anos


Método Racional Hidrograma unitário usando Dekalb County, Georgia, USA tc>20min
Tempo I1 (m3/s) I2 (m3/s) I1+I2 2S1/Δt - Q1 2S2/Δ+ Q2 Q2 2S2/Δt - Q2
0,0 0,00 0,12 0,1 0 0,1 0,00 0,12
2,5 0,12 0,23 0,4 0,12 0,5 0,00 0,46
5,0 0,23 0,35 0,6 0,46 1,0 0,01 1,04
7,5 0,35 0,47 0,8 1,04 1,9 0,01 1,84
10,0 0,47 0,59 1,1 1,84 2,9 0,02 2,86
12,5 0,59 0,70 1,3 2,86 4,2 0,02 4,11
15,0 0,70 0,82 1,5 4,11 5,6 0,03 5,58
17,5 0,82 0,94 1,8 5,58 7,3 0,04 7,26
20,0 0,94 1,06 2,0 7,26 9,3 0,05 9,15
22,5 1,06 1,17 2,2 9,15 11,4 0,06 11,26
25,0 1,17 1,29 2,5 11,26 13,7 0,07 13,58
27,5 1,29 1,41 2,7 13,58 16,3 0,09 16,10
30,0 1,41 1,52 2,9 16,10 19,0 0,10 18,83
32,5 1,52 1,64 3,2 18,83 22,0 0,12 21,77
35,0 1,64 1,76 3,4 21,77 25,2 0,13 24,90
37,5 1,76 1,88 3,6 24,90 28,5 0,15 28,24
40,0 1,88 1,99 3,9 28,24 32,1 0,17 31,77
42,5 1,99 2,21 4,2 31,77 36,0 0,18 35,62
45,0 2,21 2,45 4,7 35,62 40,3 0,19 39,90
47,5 2,45 2,68 5,1 39,90 45,0 0,20 44,64
50,0 2,68 2,92 5,6 44,64 50,2 0,21 49,82
52,5 2,92 3,15 6,1 49,82 55,9 0,22 55,44
55,0 3,15 3,39 6,5 55,44 62,0 0,24 61,51
57,5 3,39 3,62 7,0 61,51 68,5 0,25 68,02
60,0 3,62 3,86 7,5 68,02 75,5 0,26 74,98
62,5 3,86 4,17 8,0 74,98 83,0 0,27 82,46
65,0 4,17 4,64 8,8 82,46 91,3 0,29 90,69
67,5 4,64 5,10 9,7 90,69 100,4 0,30 99,82
70,0 5,10 5,57 10,7 99,82 110,5 0,32 109,87
72,5 5,57 6,04 11,6 109,87 121,5 0,33 120,83
75,0 6,04 6,51 12,6 120,83 133,4 0,35 132,69
77,5 6,51 6,98 13,5 132,69 146,2 0,36 145,45
80,0 6,98 7,45 14,4 145,45 159,9 0,38 159,12
82,5 7,45 7,92 15,4 159,12 174,5 0,40 173,70
85,0 7,92 9,55 17,5 173,70 191,2 0,42 190,33
87,5 9,55 11,54 21,1 190,33 211,4 0,44 210,54
90,0 11,54 13,54 25,1 210,54 235,6 0,46 234,70
92,5 13,54 15,53 29,1 234,70 263,8 0,49 262,78
95,0 15,53 17,52 33,1 262,78 295,8 0,52 294,80
97,5 17,52 19,52 37,0 294,80 331,8 0,55 330,74
100,0 19,52 21,51 41,0 330,74 371,8 0,58 370,61
102,5 21,51 23,50 45,0 370,61 415,6 0,61 414,40
105,0 23,50 24,69 48,2 414,40 462,6 0,81 460,98
107,5 24,69 22,64 47,3 460,98 508,3 1,11 506,10
110,0 22,64 20,58 43,2 506,10 549,3 1,45 546,43
112,5 20,58 18,53 39,1 546,43 585,5 1,79 581,96
115,0 18,53 16,48 35,0 581,96 617,0 2,12 612,74
117,5 16,48 14,43 30,9 612,74 643,6 2,41 638,82
120,0 14,43 12,37 26,8 638,82 665,6 2,67 660,28

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122,5 12,37 10,32 22,7 660,28 683,0 2,88 677,22


125,0 10,32 8,27 18,6 677,22 695,8 3,04 689,73
127,5 8,27 7,17 15,4 689,73 705,2 3,16 698,86
130,0 7,17 6,62 13,8 698,86 712,6 3,75 705,15
132,5 6,62 6,06 12,7 705,15 717,8 4,29 709,25
135,0 6,06 5,50 11,6 709,25 720,8 4,60 711,61
137,5 5,50 4,94 10,4 711,61 722,1 4,73 712,60
140,0 4,94 4,39 9,3 712,60 721,9 4,72 712,50
142,5 4,39 3,83 8,2 712,50 720,7 4,59 711,54
145,0 3,83 3,27 7,1 711,54 718,6 4,37 709,90
147,5 3,27 2,75 6,0 709,90 715,9 4,09 707,74
150,0 2,75 2,57 5,3 707,74 713,1 3,79 705,47
152,5 2,57 2,40 5,0 705,47 710,4 3,52 703,39
155,0 2,40 2,22 4,6 703,39 708,0 3,27 701,47
157,5 2,22 2,04 4,3 701,47 705,7 3,16 699,41
160,0 2,04 1,87 3,9 699,41 703,3 3,13 697,05
162,5 1,87 1,69 3,6 697,05 700,6 3,10 694,41
165,0 1,69 1,52 3,2 694,41 697,6 3,06 691,49
167,5 1,52 1,34 2,9 691,49 694,3 3,02 688,30
170,0 1,34 1,22 2,6 688,30 690,9 2,98 684,91
172,5 1,22 1,17 2,4 684,91 687,3 2,93 681,43
175,0 1,17 1,11 2,3 681,43 683,7 2,89 677,93
177,5 1,11 1,05 2,2 677,93 680,1 2,84 674,39
180,0 1,05 0,99 2,0 674,39 676,4 2,80 670,84
182,5 0,99 0,93 1,9 670,84 672,8 2,75 667,25
185,0 0,93 0,87 1,8 667,25 669,1 2,71 663,63
187,5 0,87 0,81 1,7 663,63 665,3 2,67 659,99
190,0 0,81 0,76 1,6 659,99 661,6 2,62 656,31
192,5 0,76 0,67 1,4 656,31 657,7 2,58 652,58
195,0 0,67 0,58 1,2 652,58 653,8 2,53 648,77
197,5 0,58 0,49 1,1 648,77 649,8 2,48 644,87
200,0 0,49 0,40 0,9 644,87 645,8 2,44 640,90
202,5 0,40 0,32 0,7 640,90 641,6 2,39 636,84
205,0 0,32 0,23 0,5 636,84 637,4 2,34 632,70
207,5 0,23 0,14 0,4 632,70 633,1 2,29 628,49
210,0 0,14 0,05 0,2 628,49 628,7 2,25 624,19
212,5 0,05 0,00 0,1 624,19 624,2 2,20 619,85
215,0 0,0 0,0 619,85 619,8 2,15 615,55

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40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0

Figura 45.32- Gráfico do afluente e efluente para Tr=10anos

Tabela 47.28- Routing do reservatório para Tr=100anos


Routing do reservatório Tr=100anos
Método Racional Hidrograma unitário usando Dekalb County, Georgia, USA tc>20min
Tem I1 (m3/s) I2 (m3/s) I1+I2 2S1/Δt - Q1 2S2/Δ+ Q2 Q2 2S2/Δt - Q2
po
0,0 0,00 0,17 0,2 0 0,2 0,00 0,17
2,5 0,17 0,34 0,5 0,17 0,7 0,00 0,67
5,0 0,34 0,51 0,8 0,67 1,5 0,01 1,50
7,5 0,51 0,68 1,2 1,50 2,7 0,01 2,65
10,0 0,68 0,85 1,5 2,65 4,2 0,02 4,13
12,5 0,85 1,01 1,9 4,13 6,0 0,03 5,93
15,0 1,01 1,18 2,2 5,93 8,1 0,04 8,04
17,5 1,18 1,35 2,5 8,04 10,6 0,06 10,47
20,0 1,35 1,52 2,9 10,47 13,3 0,07 13,20
22,5 1,52 1,69 3,2 13,20 16,4 0,09 16,24
25,0 1,69 1,86 3,6 16,24 19,8 0,10 19,58
27,5 1,86 2,03 3,9 19,58 23,5 0,12 23,23
30,0 2,03 2,20 4,2 23,23 27,5 0,15 27,16
32,5 2,20 2,37 4,6 27,16 31,7 0,17 31,39
35,0 2,37 2,54 4,9 31,39 36,3 0,18 35,94
37,5 2,54 2,71 5,2 35,94 41,2 0,19 40,80
40,0 2,71 2,88 5,6 40,80 46,4 0,20 45,98
42,5 2,88 3,19 6,1 45,98 52,1 0,21 51,62
45,0 3,19 3,53 6,7 51,62 58,3 0,23 57,89
47,5 3,53 3,87 7,4 57,89 65,3 0,24 64,81
50,0 3,87 4,21 8,1 64,81 72,9 0,26 72,38
52,5 4,21 4,55 8,8 72,38 81,1 0,27 80,59
55,0 4,55 4,89 9,4 80,59 90,0 0,28 89,46
57,5 4,89 5,22 10,1 89,46 99,6 0,30 98,96
60,0 5,22 5,56 10,8 98,96 109,8 0,31 109,12
62,5 5,56 6,01 11,6 109,12 120,7 0,33 120,03
65,0 6,01 6,69 12,7 120,03 132,7 0,35 132,03
67,5 6,69 7,36 14,0 132,03 146,1 0,36 145,35
70,0 7,36 8,04 15,4 145,35 160,8 0,38 159,99
72,5 8,04 8,72 16,8 159,99 176,7 0,40 175,94

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Capitulo 47- Reservatório de detenção estendido
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 04/07/10

75,0 8,72 9,39 18,1 175,94 194,0 0,42 193,21


77,5 9,39 10,07 19,5 193,21 212,7 0,44 211,79
80,0 10,07 10,74 20,8 211,79 232,6 0,46 231,69
82,5 10,74 11,42 22,2 231,69 253,9 0,48 252,90
85,0 11,42 13,77 25,2 252,90 278,1 0,50 277,08
87,5 13,77 16,65 30,4 277,08 307,5 0,53 306,44
90,0 16,65 19,52 36,2 306,44 342,6 0,56 341,49
92,5 19,52 22,40 41,9 341,49 383,4 0,59 382,23
95,0 22,40 25,27 47,7 382,23 429,9 0,66 428,58
97,5 25,27 28,15 53,4 428,58 482,0 0,92 480,16
100,0 28,15 31,02 59,2 480,16 539,3 1,36 536,62
102,5 31,02 33,90 64,9 536,62 601,5 1,95 597,63
105,0 33,90 35,61 69,5 597,63 667,1 2,69 661,77
107,5 35,61 32,65 68,3 661,77 730,0 5,56 718,91
110,0 32,65 29,69 62,3 718,91 781,2 8,61 764,03
112,5 29,69 26,73 56,4 764,03 820,4 10,49 799,46
115,0 26,73 23,77 50,5 799,46 850,0 11,99 825,97
117,5 23,77 20,81 44,6 825,97 870,5 13,08 844,37
120,0 20,81 17,85 38,7 844,37 883,0 13,76 855,51
122,5 17,85 14,89 32,7 855,51 888,2 14,05 860,15
125,0 14,89 11,93 26,8 860,15 887,0 13,98 859,01
127,5 11,93 10,35 22,3 859,01 881,3 13,66 853,96
130,0 10,35 9,54 19,9 853,96 873,8 13,26 847,33
132,5 9,54 8,74 18,3 847,33 865,6 12,82 839,97
135,0 8,74 7,94 16,7 839,97 856,6 12,35 831,95
137,5 7,94 7,13 15,1 831,95 847,0 11,84 823,34
140,0 7,13 6,33 13,5 823,34 836,8 11,31 814,17
142,5 6,33 5,52 11,9 814,17 826,0 10,77 804,48
145,0 5,52 4,72 10,2 804,48 814,7 10,21 794,31
147,5 4,72 3,96 8,7 794,31 803,0 9,64 783,72
150,0 3,96 3,71 7,7 783,72 791,4 9,09 773,22
152,5 3,71 3,45 7,2 773,22 780,4 8,57 763,25
155,0 3,45 3,20 6,7 763,25 769,9 8,09 753,72
157,5 3,20 2,95 6,1 753,72 759,9 7,65 744,58
160,0 2,95 2,69 5,6 744,58 750,2 7,22 735,78
162,5 2,69 2,44 5,1 735,78 740,9 6,69 727,53
165,0 2,44 2,19 4,6 727,53 732,2 5,78 720,60
167,5 2,19 1,93 4,1 720,60 724,7 5,01 714,70
170,0 1,93 1,77 3,7 714,70 718,4 4,35 709,70
172,5 1,77 1,68 3,4 709,70 713,2 3,80 705,55
175,0 1,68 1,60 3,3 705,55 708,8 3,35 702,12
177,5 1,60 1,51 3,1 702,12 705,2 3,16 698,91
180,0 1,51 1,43 2,9 698,91 701,9 3,12 695,62
182,5 1,43 1,34 2,8 695,62 698,4 3,07 692,25
185,0 1,34 1,26 2,6 692,25 694,9 3,03 688,79
187,5 1,26 1,17 2,4 688,79 691,2 2,98 685,26
190,0 1,17 1,09 2,3 685,26 687,5 2,94 681,65
192,5 1,09 0,96 2,1 681,65 683,7 2,89 677,93
195,0 0,96 0,84 1,8 677,93 679,7 2,84 674,05
197,5 0,84 0,71 1,5 674,05 675,6 2,79 670,02
200,0 0,71 0,58 1,3 670,02 671,3 2,74 665,84
202,5 0,58 0,46 1,0 665,84 666,9 2,68 661,51

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205,0 0,46 0,33 0,8 661,51 662,3 2,63 657,04


207,5 0,33 0,20 0,5 657,04 657,6 2,58 652,42
210,0 0,20 0,08 0,3 652,42 652,7 2,52 647,66
212,5 0,08 0,00 0,1 647,66 647,7 2,46 642,82
215,0 0,00 0,0 0,0 642,82 642,8 2,40 638,02

Figura 47.33- Esquema da estrutura de saída: orifício e vertedores.

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47.53 Leis sobre reservatório de detenção

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 04 de janeiro de 2002, 448º da fundação de


São Paulo.
DIARIO OFICIAL DO MUNICIPIO.
Ano 47 - Número 3 - São Paulo, sábado, 5 de janeiro de 2002
LEI Nº 13.276, 04 DE JANEIRO DE 2002
(Projeto de Lei nº 706/01, do Vereador Adriano Diogo - PT)

Torna obrigatória a execução de reservatório para as águas coletadas por coberturas


e pavimentos nos lotes, edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500m”.
HÉLIO BICUDO, Vice-Prefeito, em exercício no cargo de Prefeito do Município de São Paulo, no uso
das atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 27 de
dezembro de 2001, decretou e eu promulgo a seguinte lei:

Art. 1º - Nos lotes edificados ou não que tenham área impermeabilizada superior a 500m2 deverão ser
executados reservatórios para acumulação das águas pluviais como condição para obtenção
do Certificado de Conclusão ou Auto de Regularização previstos na Lei 11.228, de 26 de
junho de 1992.
Art. 2º - A capacidade do reservatório deverá ser calculada com base na seguinte equação:

V = 0,15 x Ai x IP x t

V = volume do reservatório (m3)


Ai = área impermeabilizada (m2)
IP = índice pluviométrico igual a 0,06 m/h
t = tempo de duração da chuva igual a um hora.
§ 1º - Deverá ser instalado um sistema que conduza toda água captada por telhados, coberturas,
terraços e pavimentos descobertos ao reservatório.
§ 2º - A água contida pelo reservatório deverá preferencialmente infiltrar-se no solo, podendo ser
despejada na rede pública de drenagem após uma hora de chuva ou ser conduzida para outro
reservatório para ser utilizada para finalidades não potáveis.
Art. 3º - Os estacionamentos em terrenos autorizados, existentes e futuros, deverão ter 30% (trinta por
cento) de sua área com piso drenante ou com área naturalmente permeável.

§ 1º - A adequação ao disposto neste artigo deverá ocorrer no prazo de 90 (noventa) dias.


§ 2º - Em caso de descumprimento ao disposto no "caput" deste artigo, o estabelecimento infrator
não obterá a renovação do seu alvará de funcionamento.
Art. 4º - O Poder Executivo deverá regulamentar a presente lei no prazo de 60 (sessenta) dias.

Art. 5º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 04 de janeiro de 2002, 448º da fundação de
São Paulo.
Hélio Bicudo,
Prefeito em Exercício
ILZA REGINA DEFILIPPI DIAS,
Respondendo pelo Cargo de Secretária dos Negócios Jurídicos
FERNANDO HADDAD,
Respondendo pelo Cargo de Secretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico
ARLINDO CHINAGLIA JÚNIOR,

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Secretário de Implementação das Subprefeituras


LUIZ PAULO TEIXEIRA FERREIRA,
Secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano
JORGE WILHEIM,
Secretário Municipal de Planejamento Urbano
Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 04 de janeiro de 2002.
RUI GOETHE DA COSTA FALCÃO,
Secretário do Governo Municipal

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LEI ESTADUAL N.º 12.526, DE 2 DE JANEIRO DE 2007

(Projeto de lei n.º 464, de 2005 do Deputado Adriano Diogo - PT)


Estabelece normas para a contenção de enchentes e destinação de águas pluviais.
O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo, nos termos do artigo 28, § 8º, da
Constituição do Estado, a seguinte lei:
Artigo 1º - É obrigatória a implantação de sistema para a captação e retenção de águas pluviais,
coletadas por telhados, coberturas, terraços e pavimentos descobertos, em lotes, edificados ou não, que
tenham área impermeabilizada superior a 500m2 (quinhentos metros quadrados), com os seguintes
objetivos:
I - reduzir a velocidade de escoamento de águas pluviais para as bacias hidrográficas em áreas urbanas
com alto coeficiente de impermeabilização do solo e dificuldade de drenagem;
II - controlar a ocorrência de inundações, amortecer e minimizar os problemas das vazões de cheias e,
conseqüentemente, a extensão dos prejuízos;
III - contribuir para a redução do consumo e o uso adequado da água potável tratada.
Parágrafo único - O disposto no “caput” é condição para a obtenção das aprovações e licenças, de
competência do Estado e das Regiões Metropolitanas, para os parcelamentos e desmembramentos do
solo urbano, os projetos de habitação, as instalações e outros empreendimentos.
Artigo 2º - O sistema de que trata esta lei será composto de:
I - reservatório de acumulação com capacidade calculada com base na seguinte equação:
a) V = 0,15 x Aix IP x t;
b) V = volume do reservatório em metros cúbicos;
c) Ai = área impermeabilizada em metros quadrados;
d) IP = índice pluviométrico igual a 0,06 m/h;
e) t = tempo de duração da chuva igual a 1 (uma) hora.
II - condutores de toda a água captada por telhados, coberturas, terraços e pavimentos descobertos ao
reservatório mencionado no inciso I;
III - condutores de liberação da água acumulada no reservatório para os usos mencionados no artigo 3º
desta lei.
Parágrafo único - No caso de estacionamentos e similares, 30% (trinta por cento) da área total ocupada
deve ser revestida com piso drenante ou reservado como área naturalmente permeável.
Artigo 3º - A água contida no reservatório, de que trata o inciso I do artigo 2º, deverá:
I - infiltrar-se no solo, preferencialmente;
II - ser despejada na rede pública de drenagem, após uma hora de chuva;
III - ser utilizada em finalidades não potáveis, caso as edificações tenham reservatório específico para
essa finalidade.
Artigo 4º - O disposto nesta lei será implementado no âmbito dos seguintes sistemas de atuação e
articulação de ações dos poderes públicos:
I - Política Estadual de Recursos Hídricos e Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SIGRH,
instituídos pela Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991;
II - Política Estadual de Saneamento e Sistema Estadual de Saneamento - SESAN, instituídos pela Lei nº
7.750, de 31 de março de 1992;
III - Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento
do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais - SEAQUA, instituído pela Lei nº 9.509, de
20 de março de 1997.
Artigo 5º - As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta das dotações orçamentárias
próprias.
Artigo 6º - O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da sua
publicação.

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Artigo 7º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.


DISPOSIÇÃO TRANSITÓRIA
Artigo único - A adequação dos estacionamentos e similares ao disposto no parágrafo único do artigo 2º
desta lei deverá ser feita em até 90 (noventa) dias, a contar da data da publicação desta lei.
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de janeiro de 2007.
a) RODRIGO GARCIA - Presidente
Publicada na Secretaria da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de janeiro de 2007.
a) Marco Antonio Hatem Beneton - Secretário Geral Parlamentar

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47.54- Bibliografia e livros consultados


-CALIFORNIA DEPARTMENT OF TRANSPORTATION. BMP retrofit pilot programa. Report ID
CTSW RT-01-50, janeiro de 2004. Caltrans Division of Environmental Analysis.
-CALIFORNIA. Extended detention basin. California Stormwater BMP Handbook, janeiro de 2003,
TC-22.

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Capitulo 48- Recarga artificial das águas subterrâneas
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Capítulo 48

Recarga artificial das águas subterrâneas

O rei Ezequias mandou executar em Jerusalém por volta de 700 aC um túnel em rocha maciça com 535m
de comprimento, que levava a água da Fonte de Gion para o Tanque de Siloé, com 1,80m de altura, em forma de S
e que funciona até hoje. A obra foi executada em duas frentes e no dia encontro, as duas equipes de trabalhadores
marcaram o evento escrevendo em aramaico no teto do túnel.
Bíblia de Estudo -Nova Versão Internacional, 2003.

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Capitulo 48- Recarga artificial das águas subterrâneas
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Sumário

Ordem Assunto
Capítulo 48- Recarga artificial das águas subterrâneas (BMP)
48.1 Introdução
48.2 Tecnologias básicas para recarga das águas subterrâneas
48.3 Reservatório de infiltração
48.4 Reservatório de infiltração para recarga baseado na equação de Green e Ampt,
1911
48.5 Califórnia- Aquifer storage and recovery (ASR)
48.6 Trincheira de infiltração
48.7 Poços secos (dry Wells) executados na zona vadosa
48.8 Dimensionamento do sistema de dry well situado em zona vadosa, não saturada
e acima do lençol freático
48.9 Recarga por meio de poços tubulares profundos de injeção em zona saturada
Volume de recarga artificial
48.10 Método de Theis, 1935
48.11 Aeroporto Internacional de Guarulhos
48.12 Recarga artificial de aquiferos com águas pluviais na área metropolitana do
Recife
48.13 Legislação paulista
48.14 Volume de recarga artificial
48.15 Método do volume para recarga
48.16 Método da área para recarga
48.17 Trincheira de infiltração
48.19 Outorga para recarga artificial de aqüíferos
48.20 Método de análise de recessão- Meyboom, 1961
48.21 Método da Recessão Sazonal ou Método de Meyboom, 1961
48.22 Fórmulas empíricas para a recarga média anual
48.23 Bibliografia e livros consultados
42 páginas

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Apresentação

A recarga de aqüíferos é um assunto complexo e de pequena bibliografia disponível. Devido a


isto fizemos este capítulo especial com algumas considerações sobre recarga.
Tratamos da recarga do aquifero com as aguas pluviais, mas também pode ser usada água de
reúso de esgotos após o tratamento primário, secundário e terciário
Apresentamos o método de Meyboom que é usado para recarga de aqüíferos.

Guarulhos, 29 de março de 2010


Plinio Tomaz
Engenheiro civil

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Capítulo 48- Recarga artificial das águas subterrâneas (BMP)

48.1 Introdução
O objetivo é que a recarga no pós-desenvolvimento seja a mesma do pré-desenvolvimento.
Para os efeitos de recarga de aqüíferos subterrâneos em BMP (Best Management Practices)
que iremos enfocar salientamos que as áreas aplicadas são pequenas e menores que 200ha (2km2).
A infiltração é o processo de movimento da água para dentro da interface solo-ar.
Recarga é o processo pelo qual a água se move da zona não saturada para a zona saturada. A
área de recarga é aquela em que a água infiltra no solo e percola até atingir o aqüífero subterrâneo. Na
Figura (48.1) podemos ver que o lençol freático é o topo da zona de saturação.
Por definição água subterrânea é aquela que preenche os vazios do solo e das rochas.
A recarga das águas subterrâneas é um dos componentes do ciclo hidrológico menos
documentado e entendido do que os outros conforme Gburck e Folmar, 199 in Fennessey.
Infelizmente existe muita incerteza de como é feita a percolação da água entre a zona das raízes e o
lençol freático.

Figura 48.1- Distribuição da água abaixo da superfície do solo


Fonte: Patrick Valverde Medeiros

Existe a recarga natural e a recarga artificial dos aqüíferos subterrâneos e interessaremos


somente pela recarga artificial.

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Figura 48.2- Esquema de recarga natural

A recarga natural conforme Figura (48.3) é praticamente de 30% a 50% da precipitação em


climas temperados úmidos, 10% a 20% na região do Mediterrâneo e de 0 a 2% em climas áridos
conforme Bouwer, 2000. A recarga natural varia de poucas horas ou dias, até 10.000anos ou mais em
climas secos.
É importante salientar que 98% da água doce do mundo é água subterrânea. Para o século XXI
a previsão é do uso das águas subterrâneas, armazenando-as não mais em barragens superficiais e sim
em aqüíferos subterrâneos e depois retirá-las com bombeamento- Aquifer storage and recovery-
ASR.
Na Austrália temos desde 1997 o Water Resources Act 1997 que inclui o ASR. Vários estados
americanos possuem legislação sobre ASR.

48.2 Tecnologias básicas para recarga das aguas subterrâneas


As tecnologias básicas existentes para recarga das águas subterrâneas são quatro conforme
Figura (48.3):
• Reservatório de infiltração que se situam na zona vadosa (zona aerada)
• Trincheiras de infiltração que se situam na zona vadosa
• Poços secos de recarga situados na zona vadosa não atingindo o lençol freático.
• Poços tubulares profundos de recarga que penetram no lençol freático

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Figura 48.3- Esquema dos quatro tipos básicos de infiltração da esquerda para a direita:
reservatório de infiltração, trincheira de infiltração, poço seco de recarga na zona vadosa e
poço tubular profundo de recarga na zona saturada.

A Figura (48.4) mostra a zona saturada e aerada (não saturada).

Figura 48.4 - Distribuição da água abaixo da superfície do solo


Fonte: Todd, 1980

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Para a recarga em aqüíferos não confinados podemos usar reservatório e trincheira de


infiltração bem como poços secos de recarga, mas para aqüíferos confinados a única alternativa é a
injeção de água em poços tubulares profundos.
De modo geral são usadas as águas dos rios e do runoff e para a recarga artificial, mas pode
ser usada com certas cautelas a água de esgotos sanitários tratada, que não será objeto de nossos
estudos.
Acredita-se que a recarga artificial será de grande uso no século XXI conforme Bouwer, 2002.
Vamos descrever sucintamente as quatro tecnologias básicas.
Na Figura (48.5) mostra os vários tipos de aqüíferos: confinado, não confinado e suspenso.

Figura 48.5- Três tipos de aqüíferos: confinado, não confinado e suspenso.

Figura 48.6- Poço artesiano, poço freático e poço artesiano jorrante


Fonte: Patrick Valverde Medeiros

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48.3 Reservatório de infiltração


Para que isto aconteça é importante as condições geológicas existentes devendo existir solos
permeáveis e aqüífero não confinado bem como área disponível para a construção da reservatório de
infiltração.
Na Figura (48.7) temos um esquema de reservatório de infiltração.

Figura 48.7- Esquema de infiltração


Fonte: Bouwer, 2002.

Dimensionamento do reservatório de infiltração


Área da superfície (As) do reservatório de infiltração localizada no fundo da mesma, pode ser
calculada pela seguinte equação:
As= SF x WQv / (T x K)
Sendo:
As= área da fundo da reservatório de infiltração (m2)
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)
SF= fator de segurança= 2
T= tempo para infiltração da água no solo = 48h 24h ≤ T ≤ 72h
K= condutividade hidráulica (m/h). 13mm/h ≤ K ≤ 60mm/h
d= profundidade da reservatório (m) 0,30≤ d ≤ 1,80m
d= WQv / As

Exemplo 48.1
Calcular um reservatório de infiltração off line onde a área da bacia tem 6ha e a área impermeável é
de 60%.
Rv= 0,05+ 0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 60= 0,59
O valor de WQv será:
WQv= (P/1000) x Rv x A (ha) x 10000m2
P=25mm Rv=0,59 A=6ha
WQv= (25/1000) x 0,59 x 6ha x 10000m2 = 885m3
SF= 2 (fator de segurança)
K= 13mm/h= 0,013m/h
T= 48h
WQv= 885m3
As= SF x WQv / ( K x T)
As= 2 x 885/ (0,013 x48) = 2837m2
Profundidade = Volume WQv / área do fundo da reservatório = 885m3/ 2837m2= 0,31m OK

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Capitulo 48- Recarga artificial das águas subterrâneas
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Pré-tratamento
Volume = 0,1 x WQv= 0,1 x 885m3 = 89m3
Os detalhes do pré-tratamento podem ser visto no Capítulo 4 deste livro.

Exemplo 48.2
Calcular um reservatório de infiltração off line onde a área da bacia tem 2ha e a área impermeável é
de 50%.
Rv= 0,05+ 0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 50= 0,5
O valor de WQv será:
WQv= (P/1000) x Rv x A (ha) x 10000m2
P=25mm Rv=0,5 A=2ha
WQv= (25/1000) x 0,5 x 2ha x 10000m2 = 250m3
SF= 2 (fator de segurança)
K= 60mm/h= 0,06m/h
T= 48h
WQv= 250m3
As= SF x WQv / ( K x T)
As= 2 x 250/ (0,06 x48) = 174m2
Profundidade = Volume WQv / área do fundo da reservatório = 250m3/ 174m2= 1,44m OK
Pré-tratamento
Volume = 0,1 x WQv= 0,1 x 250m3 = 25m3
Os detalhes do pré-tratamento podem ser visto no Capítulo 4 deste livro.
Os reservatórios de infiltração são lagoas rasas com altura máxima de 1,00m e cujo objetivo é
que as águas se infiltrem no solo e as grandes vantagens de fazer uma reservatório rasa são:
• Teremos um pequeno tempo de residência da água dentro da lagoa.
• Crescerá menos algas.
• A pouca profundidade reduzirá a compactação e conseqüentemente diminuirá o entupimento
(clogging) que é uma camada no fundo da lagoa.
• A manutenção é fácil de se fazer e remover a camada fina de sedimentos impedindo o
clogging.
• O custo de construção é menor devido a menor altura de escavação.
• A evapo-transpiração existirá, mas não será muito grande.

48-9
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Figura 48.8- Reservatório de infiltração


Fonte: University of Califórnia, 2001

O reservatório de infiltração ainda possui a vantagem de melhorar a qualidade das águas


pluviais como consta na Tabela (48.1) do FHWA, 2000. Haverá remoção de fósforo total, nitrogênio
total, metais e bactérias.

Tabela 48.1 - Estimativa de remoção dos poluentes de um reservatório de infiltração em %


TSS TP TN DBO
Sólidos totais em Fósforo total Nitrogênio total Metais Demanda bioquímica Bactéria
suspensão de oxigênio
99% 65% a 75% 60% a 70% 95% a 99% 80% 90%
Fonte: FHWA, 2000
Uma desvantagem do reservatório de infiltração é que necessita relativamente de áreas
grandes, comparadas, por exemplo, com os poços de recarga secos ou profundos, conforme Jemez,
2002.
A Figura (48.9) mostra a formação do clogging, que é uma espessura de aproximadamente
1mm e que pode chegar até 10mm e que impede a infiltração da água no solo.

Figura 48.9- Esquema mostrando o entupimento (clogging) que tem de 1mm de espessura até 10mm
Fonte: Bouwer, 2002.

48-10
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A Figura (48.9) mostra o alteamento do lençol freático quando se faz uma infiltração.

Figura 48.10- Esquema do alteamento do lençol freático devido a recarga do aqüífero.


Fonte: Bouwer, 2002.

48.4 Reservatório de infiltração para recarga baseado na equação de Green e Ampt, 1911
Vamos fazer uma apresentação baseada em Metcalf e Eddy, 2007 que é baseada na equação
de Green e Ampt, 1911 e modificada por Bouewer, 1966 e Neuman, 1976.
A velocidade de infiltração é dada pela equação:
V= K x (Hw + Lf – Hcr)/ Lf
Sendo:
V= taxa de infiltração (m/dia)
K= condutividade hidráulica na zona molhada (m/dia)
Hw= profundidade da água acima do solo (m)
Lf= profundidade da frente molhada (m)
Hcr= pressão crítica do solo (m). Varia de -0,1m (solos grosseiros) a -1m (solos finos).

Integrando dLf/ dt obtemos:


t = (f/K) x { Lf – (Hw – Hcr) x { ln [(Hw + Lf – Hcr)/(Hw-Hcr)]}}
Sendo:
t= tempo desde o início de infiltração em dias
f= porosidade efetiva do solo (dimensional). Para areia varia de 0,20 a 0,30.

Exemplo 48.3- baseado em Metcalf e Eddy, 2007


Dados:
Hw=0,7m (altura da água)
K= 1m/dia= condutividade hidráulica que corresponde a 42mm/h
Hcr= -0,5 (valor médio)
f=0,35 (valor alto)
Área de recarga = 100m2
Lf= 10m= profundidade até a zona saturada
Vamos variar o valor total de Lf=10m de 0,50m em 0,50m da seguinte maneira:
t = (f/K) x { Lf – (Hw – Hcr) x { ln [(Hw + Lf – Hcr)/(Hw-Hcr)]}}
t = (0,35/1) x { 0,5 – (0,7 –(-0,5)) x { ln [(0,7 + 0,5 – (-0,5))/(0,7-(-0,5)]}}= 0,029d
A velocidade é calculada assim:
V= K x (Hw + Lf – Hcr)/ Lf
V= 1,0 x (0,7 + 0,5 – (-0,5))/ 0,5= 3,4m/s

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Na Tabela (48.2) estão os cálculos de aplicação do Método de Green e Ampt.


Nota: fizemos aplicação pelo método que usamos no livro Poluição Difusa e os resultados são
os mesmos.

Tabela 48.2- Cálculos de recarga de reservatório de infiltração segundo Green e Ampt


Lf f Hcr Hw K t Velocidade de
(m) (m) (m/dia) (dias) infiltração (m/d)
0,50 0,35 -0,5 0,7 1,00 0,029 3,40
1,00 0,35 -0,5 0,7 1,00 0,095 2,20
1,50 0,35 -0,5 0,7 1,00 0,184 1,80
2,00 0,35 -0,5 0,7 1,00 0,288 1,60
2,50 0,35 -0,5 0,7 1,00 0,402 1,48
3,00 0,35 -0,5 0,7 1,00 0,524 1,40
3,50 0,35 -0,5 0,7 1,00 0,652 1,34
4,00 0,35 -0,5 0,7 1,00 0,784 1,30
4,50 0,35 -0,5 0,7 1,00 0,921 1,27
5,00 0,35 -0,5 0,7 1,00 1,060 1,24
5,50 0,35 -0,5 0,7 1,00 1,203 1,22
6,00 0,35 -0,5 0,7 1,00 1,347 1,20
6,50 0,35 -0,5 0,7 1,00 1,494 1,18
7,00 0,35 -0,5 0,7 1,00 1,643 1,17
7,50 0,35 -0,5 0,7 1,00 1,793 1,16
8,00 0,35 -0,5 0,7 1,00 1,945 1,15
8,50 0,35 -0,5 0,7 1,00 2,097 1,14
9,00 0,35 -0,5 0,7 1,00 2,251 1,13
9,50 0,35 -0,5 0,7 1,00 2,406 1,13
10,00 0,35 -0,5 0,7 1,00 2,562 1,12

Observar na Figura (48.10) no gráfico que no final de 2,251dias a velocidade fica constante de
1,13m/dia.

Velocidade de infiltração m/dia

4,00
infiltração
Taxa de

3,00
(m/dia)

2,00
1,00
0,00
0,000 1,000 2,000 3,000
Tempo em dias

Figura 48.11- Gráfico da velocidade de infiltração

Metcalf e Eddy, 2007 observam que quando se usa o coeficiente K deve-se usar um
coeficiente de segurança igual a 2,0 e quando usamos a reservatório para água de reúso temos que
aplicar novamente novo coeficiente de segurança igual a 2,0. Assim teremos um valor de segurança
que evitará o clogging.

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48.5 Califórnia- Aquifer storage and recovery (ASR)


Na Califórnia foram gastos de 1996 a 2000 mais de 500 milhões de dólares na recarga de
aqüíferos subterrâneos, com diversos nomes, sendo o mais popular o groundwater storage projects
(Jones, 2003) conforme Figura (48.11) e conhecido mundialmente como Aquifer Storage and
Recovery (ASR).
Grandes volumes de água são transferidos através de canais e levados para reservatórios
subterrâneos, que são os aqüíferos. A água é depois bombeada através de poços tubulares profundos
para uso municipal e irrigação, constituindo cerca de 30% de toda a água usada na Califórnia
conforme Figura (48.12) a Figura (48.15).

Figura 48.12- No mapa da Califórnia estão os 15 grandes projetos.


Fonte: American Water Works Association, Journal, february, 2003

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Figura 48.13- Barragem no rio Santa Clara, Califórnia


Fonte: American Water Works Association, Journal, february, 2003

Figura 48.14- Barragem de borracha inflável para recarga no Alameda County Water District, Califórnia.
Fonte: American Water Works Association, Journal, february, 2003

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Figura 48.15- Área de recarga de Orange County Water Distrit, Califórnia que recebe água do
canal do rio Santa Ana. A reservatório foi escarificado mecanicamente para facilitar a recarga
e evitar entupimentos e para que a taxa de percolação atinja 3m/dia (125mm/h).
Fonte: American Water Works Association, Journal, february, 2003

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48.6 Trincheira de infiltração


As trincheiras de infiltração são escavações feitas no solo que chegam até profundidades de
2,40 abaixo da superfície, mas 1,20m acima de lençol freático. Nela são introduzidas pedras britas ou
areia grossa ou pedregulhos. Os tubos perfurados instalados no meio da trincheira permitem a
introdução de água ao longo da mesma.
Requer também a existência de solo com boa taxa de permeabilidade e podem ser escavadas
mais profundas que as reservatórios de infiltração.
As trincheiras de infiltração necessitam de menos terra e possuem a vantagem que podem ser
aterradas de maneira que as pessoas não suspeitam da obra que está no subsolo, não alterando a
paisagem local.
O custo da trincheira de infiltração é intermediário entre uma reservatório de infiltração e um
poço de recarga.
Diferentemente das reservatórios de infiltração as trincheiras de infiltração são difíceis de
serem feitas a manutenção, devendo sempre fazer um pré-tratamento adequado. Em último caso a
mesma é abandonada e construída outra em local próximo.
Algumas vezes a trincheira de infiltração é entupida não por materiais inorgânicos e sim por
materiais orgânicos (clogging biológico) e para isto deve-se deixá-la inoperante por um ano mais ou
menos e ela entrará em funcionamento normal novamente.
Uma das maneiras de procurar se evitar um pouco o fenômeno do entupimento é envolver o
material drenante com bidim.

48.7 Poços secos (dry wells) executados na zona vadosa para infiltração de esgoto tratado
(terciário).
Os primeiros poços secos executados na zona vadosa foram feito em 1990 no estado do
Arizona na cidade de Scottsdale e funcionam muito bem até hoje. Ainda o uso dos dry wells é muito
limitado.
A vida útil de um dry well é de 20anos conforme Metcalf e Eddy, 2007.
É importantíssimo para o bom funcionamento de um dry well é que os esgotos sejam tratados
pelo sistema MBR (membrane bioreactors) que é o uso de membranas junto com o lodo ativado e
isto evitará o clogging (entupimento).
Os poços secos executados na zona vadosa possuem diâmetros de 1,00m a 2,00m e com
profundidades de 10m a 50m, sempre situados acima do lençol freático para permitir a infiltração das
águas.
A construção é feita por métodos manuais ou mecânicos de escavação e o poço é preenchido
com agregados de diâmetros grandes e pequenos.
A causa do clogging conforme Metcalf e Eddy, 2007 são basicamente três:
¾ Clogging devido a ação biológica: o uso de cloração de 2mg/L a 5mg/L evitará o problema.
¾ Clogging devido a entrada de ar: é necessário deixar um aerador de cerca de 75mm e que os
efluentes sejam lançados no fundo do poço através de um tubo de plástico com cerca de
450mm de diâmetro.
¾ Clogging devido ao sólido total em suspensão: o uso de tratamento como o MBR resolverá o
problema.

Os dry well geralmente são feitos em locais onde no solo temos menos que 20% de argila ou
que tenha menos de 40% de argila e silte juntos.
A declividade do terreno não pode passar de 15%.
Se existe um hotspot, isto é, um posto de gasolina, oficina mecânica ou local de potencial
contaminação do aqüífero subterrâneo, não deverá ser feita a recarga.

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Deve ficar no mínimo a 3,00m de algum prédio.


É recomendado que o tempo de infiltração da água no solo seja de no máximo 48h.
Deve ser feito estudo para achar a condutividade hidráulica K na profundidade do dry well
sendo uma amostra para cada 500m2 e no mínimo duas amostras.

48.8- Dimensionamento do sistema dry well situado em zona vadosa, não saturada e acima do
lençol freático.
O nosso objetivo é infiltrar águas pluviais na região vadosa do solo, isto é, na região não
saturada ou até atingirmos a região saturada.
A fórmula só é válida quando o comprimento Lw for maior que 10 x raio do poço. A distância
entre um poço e outro é no mínimo de cinco diâmetros.

Concepção
A ideia é termos um reservatório de pedras britadas de aproximadamente 0,20m de altura e
sobre estas pedras vai o geotêxtil. Sobre o geotêxtil vai terra e a grama propriamente dita. A chuva
caindo sobre o gramado se infiltra rapidamente para o reservatório de pedra que encaminhará a água
para o dry well e o mesmo levará a água para ser infiltrada.
Haverá uma malha de furos de brocas perfurados manualmente, dimensionados para que não
haja estagnação da água de chuva.
A concepção do projeto é fazer brocas manuais com profundidade de até 6,00m e diâmetro
que varia de 0,15m a 0,30m em solo acima do lençol freático.
No furo perfurado pelas brocas colocaremos tubos de PVC perfurado com furos ou ranhuras
até atingir o fundo conforme modela de Zangar, 1953..
Dentro do tubo jogaremos um geotêxtil (bidim) e lançaremos mistura de pedra 1 e 2.

Chuva
Vamos usar duração de chuva de 1h para períodos de retorno de 5anos, 25anos e 100anos.
A sugestão é que a água de chuva se infiltre rapidamente e se acumule no reservatório de
pedra britada.

Equação de Zangar
A taxa de recarga na zona vadosa pode ser calculada usando a Equação de Zangar conforme
Bouwer, 2002. Na concepçaco de Zangar, 1953 salienta que o escoamento da água no dry Wall é no
fundo, mas também nas paredes.

Q= ( 2 π K Lw 2 ) / [ ln( 2Lw/rw) -1 ]
Sendo:
Q= taxa de recarga (m3/dia)
K= condutividade hidráulica (m/dia) obtido em testes.
Lw= profundidade da água no poço (m)
rw= raio do poço (m)
ln= logaritmo neperiano.
Lw > 10 x rw

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Figura 48.16- Esquema do dry well

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Dimensionamento do sistema dry well situado em zona vadosa, não saturada e acima do
lençol freático.
Vamos chamar a precipitação P (m) sobre a area A (m2) num determinado tempo D (h).
O equilibrio de volume será o volume da precipitação num determinado tempo que será igual
ao volume armazenado no reservatório de britada e mais o volume infiltrado no dry well
calculado como equação de Zangar.

Vc= VR+ Vdry

Vc= volume da precipitação num determinado tempo (m3)


VR= volume de água armazenada nas pedras britadas (m3)
Vdry= volume diário a ser infiltrado no dry well (m3/dia)

Vc= P . A . D
Sendo:
Vc= volume precipitado na area A em determinado tempo D em m3.
D= duração da chuva em horas
A= area que levara água para o reservatorio de pedra britada e que abastecerá o dry well em
m2
P= precipitação num determinado tempo D (m)

VR= h . n . A
Sendo:
VR= volume armazenado no reservatorio de pedra britada (m3)
h= altura do reservatorio de pedra britada (m)
n= porosidade efetiva das britas no reservatorio (adimensional)

O volume no dry well Vdry será igual a vazão diária infiltrada pelo mesmo com a equaçao de
Zangar.
Vdry= Q
2
Q= ( 2 π K Lw ) / [ ln( 2Lw/rw) -1 ]
Sendo:
Vdry= volume que se infiltra no dry well (m3) em um dia
Q= taxa de recarga (m3/dia)
K= condutividade hidráulica (m/dia) obtido em testes.
Lw= profundidade da água no poço (m)
rw= raio do poço (m)
ln= logaritmo neperiano.
Condição proposta por Zangar,1953 pois teremos menos erros. Lw ≥ 10 x rw

A equação original de Zangar ,1953 aparece o seno hiperbolico que dá o mesmo resultado da
equaçao acima com logaritmo neperiano. Observar que temos que achar a função inversa do
seno hiperbolico que é asenh em planilha Excel.

Q= ( 2 π K Lw 2 ) / [ senh-1( Lw/rw) -1 ]

Q= volume (m3/dia)

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n= porosidade efetiva=0,35
h= altura do reservatório de pedra britada (m). Varia de 0,15m 0,30m.
A= área de seção circular de lado= PI x b2/4
b= diametro da area circular (m)
D= duração da chuva (h). Geralmente D=1h.
P= precipitação da região para 1h de duração e Tr=5anos

Raio b
O raio b proposto por Zangar, 1953 é dado pela equação:
K . PI x b2 = Q

b= [Q / (K x 3,1416)] 0,5
Sendo:
b= raio do círculo de abrangência do dry well (m)
Q= vazão de infiltração (m3/dia)
K= coeficiente de permeabilidade (m3/dia)

Zangar, 1953 sugere a equação:


b= Lw x ( 2/ [senh-1 (Lw/rw) -1]

Exemplo 48.4
Calcular a taxa de recarga de um poço seco com 50m de profundidade, raio de 1,00m e
condutividade hidráulica de 0,48m/dia
Q= ( 2 π K Lw 2 ) / [ ln(2Lw/rw) -1 ]
Q= ( 2 π x 0,48 x 502 ) / [ ln( 2x 50/1,00) -1 ] = 2091m3/dia

Exemplo 48.5
Calcular a taxa de recarga de um poço seco com 2,5m de profundidade, raio de 0,30m e
condutividade hidráulica de 0,0288m/dia (20mm/h= 1,2mm/h=28,8 L/diax m2).
Q= ( 2 π K Lw 2 ) / [ ln(2Lw/rw) -1 ]
Q= ( 2 π x 0,0288 x 2,52 ) / [ ln( 2x 2,5/0,30) -1 ] = 0,45m3/dia

Exemplo 48.6
Dado Q= 0,45m3/dia
K= 0,0288m/dia =1,2mm/h= 28,8 L/m2 x dia
b= [Q / (K x 3,1416)] 0,5
b= [0,45 / (0,0288x 3,1416)] 0,5
b= 2,23 m
Diâmetro do circulo 2 x b= 2 x 2,23m= 4,47m
Area do circulo (m2)= A=PI x 4,472/4= 15,67m2
Volume de chuva (m3)= P x D= (51,8mm/1000) x 1,00h= 0,81m3
Volume no reservatório de brita britada (m3)= h x n x A=0,10 x 0,35 x 15,67=0,55m3
Volume diário infiltrado no dry well (m3)= 0,45m3
Tempo de esvaziamento (dias) = (Volume de chuva – Volume reservatório de pedra)/ Volume
infiltrado no dry well= (0,81m3-0,55m3)/ 0,45m3= 0,58 dias= 13h < 48h OK

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b= Lw x ( 2/ [senh-1 (Lw/rw) -1]


b= 2,5x ( 2/ [senh-1 (2,5/0,15) -1]= 1,99m
Portanto, o resultado é muito semelhante ao obtido de b=2,23m

Metcalf e Eddy, 2007 apresenta outras duas equações devidas a Zangar e citados por Bouwer
e Jackson, 1974. As equações são as seguintes:

Q= (K x 2 x PI x Lw2) / { ln [ Lw/rw + ( Lw2/rw2 -1) 0,5 -1 } para Si>> L


Sendo:
K= condutividade hidráulica (m/s)
Q= vazão (m3/s)
Lw= profundidade da água dentro do dry well (m)
Ln= logaritmo neperiano
rw=raio do poço (m)
Si= distância do fundo do dry well até a área impermeável (m). Observar que não leva em conta o
nível do lençol freático conforme se pode ver na Figura (48.16)

Quando o valor de isto é, para um poço raso então podemos fazer uma simplificação:

K= [3 x Qx ln (Lw/rw)] / [ PI x Lw x (3 x Lw + 2 x Si)] Si<(2 x Lw),

Q=K x[ PI x Lw x (3 x Lw + 2 x Si)] / (3 ln (Lw/rw)) Si<(2 x Lw),

Figura 48.17- Esquema de um poço seco executado na zona vadosa

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48.9 Recarga por meio de poços tubulares profundos de injeção na zona saturada
Os poços tubulares profundos de recarga penetram no aqüífero subterrâneo onde é feita a
injeção de água. São muito caros e não necessitam de grandes desapropriações.
Para manutenção é necessário que duas ou três vezes ao dia durante 15min por dia seja feito o
bombeamento para prevenir entupimentos e fazer o desenvolvimento do poço.
O Brasil ainda não possuem padrões de qualidade da água de injeção no aqüífero.
É muito importante estabelecer critérios para recarga de aqüíferos subterrâneos usando o
volume WQv com objetivo manter o fornecimento de água subterrânea de maneira a conservar a
vazão base dos cursos de água.
A recarga de um poço tubular profundo depende se o aqüífero é confinado ou não conforme
Figura (48.18).

Figura 48.18- Recarga radial em poços tubulares profundos localizados em aqüíferos confinados e não confinados.
Fonte: Todd, 1980.

Quando a água entra pelo poço, forma-se um cone semelhante, mas inverso ao cone de
depressão que se forma em torno do poço.

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Conforme Todd, 1980 foram estabelecidas duas equações para aqüíferos confinados e não
confinados para a taxa de recarga Qr.

Qr= (2π K b (hw – h0) / ln (ro/rw) para aqüíferos confinados

Qr= (π K (hw2– h0 2 ) / ln (ro/rw) para aqüíferos não confinados (livres)


Sendo:
Qr= taxa de recarga (m3/dia)
K= condutividade hidráulica (m/dia)
b=espessura do aqüífero confinado (m)
hw= equivalente ao nível dinâmico do poço (m) conforme Figura (48.16b)
ho=altura do lençol freático (m)
ln= logaritmo neperiano
ro= raio do cone de depressão (m)
rw= raio do poço (m)
Segundo Todd, 1980 a recarga será aproximadamente a vazão equivalente produzido por uma
bomba centrifuga para retirar água do poço tubular profundo.

Exemplo 48.7
Dimensionar um poço seco executado na zona vadosa para recarga de 260m3 com coeficiente de
permeabilidade K=36mm/h (0,864m/dia) e poço com r=1,00m de raio e profundidade de L=10m.
Q= ( 2 π K L 2 ) / [ ln( 2L/r) -1 ]
Q= ( 2 π x 0,864 x 102 ) / [ ln( 2x 10/1,00) -1 ] = 272m3/dia > 260m3

Exemplo 48.8
Calcular a recarga de um poço tubular profundo com diâmetro de 200mm em aqüífero não confinado
com coeficiente de armazenamento 0,012, transmissibilidade 5,46m2/h, (Poço P-04´ou 15E) do
Aeroporto Internacional de Guarulhos com espessura da camada filtrante de 76m.
O poço está no graben Cumbica em região sedimentar com camadas de arenito intercaladas
com camadas de solo argiloso.
Profundidade do poço = 134m
Nível estático em 1989 = 64,93m (a partir da superfície)
Nível dinâmico em 1989 = 75,4m ( a partir da superfície)
Vazão = 47,2m3/h (1989) vazão extraída pelo poço artesiano

T=transmissibilidade= 5,46m2/dia
Mas T= K x h
h= camadas de areia intercaladas com camadas de argilas= 76m (retirado do perfil geológico do poço
15E).
K= T/h = 5,46m2/dia / 76m = 0,072m/h= 1,73m/dia = 72mm/h
hw= 134m- 64,93m = 69,07m
ho= 134m- 74,5m= 59,5m
rw= 200mm/2 = 100mm= 0,10m
ro=350m (raio de influência do poço tubular profundo)
Qr= (π K (hw2– h0 2 ) / ln (ro/rw)
Qr= (π x 1,73x (69,072– 59,5 2 ) / ln (350/0,10) = 822m3/dia= 34m3/h
Portanto, a vazão de recarga será de 822m3/dia de águas pluviais de boa qualidade, ou seja, 34
m3/h, que é próximo da vazão extraída como afirma Todd, 1980.

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48.10 Método de Theis, 1935


Metcalf e Eddy, 2007 apresenta a aplicação do método de Theis para estudar o problema de
operação de um poço tubular profundo de injeção:

ho- h(r,t) = [Q/ (4 x PI x T)] x W (u)


u= (r2 x S)/ (4 x T x t)
Sendo:
ho= pressão usada na injeção da água (m)
h(r,t)= pressão da distância radial r do centro do poço num tempo t (m)
r= distância radial do centro do poço (m)
t= tempo após a injeção (s)
Q= vazão injetada de água (m3/s)
T= transmissividade do aqüífero (condutividade hidráulica x profundidade do aqüífero) (m2/s)
W (u)= função do poço (adimensional). Existe tabela para isto.
u= parâmetro do tempo (adimensional)
S= coeficiente de armazenamento (adimensional)

Nota: a equação de Theis é muito usada para calcular a queda h(r,t) é menor que ho entretanto a
equação pode ser aplicada para injeção multiplicando por um sinal negativo como segue:
ho- h(r,t) = [Q/ (4 x PI x T)] x W (u)
h(r,t) -ho = [Q/ (4 x PI x T)] x W (u)

Exemplo 48.9- Baseado em Metcalf e Eddy, 2007.


Queremos usar um poço de injeção para recarga de água de reuso usando a equação de Theis:
Dados:
T= 0,02m2/s S=0,0001 Q=0,03m3/s raio do poço r=0,30m.
Determinar a pressão acima da cota piezométrica necessária para manter a infiltração depois de
10dias após a injeção.
u= (r2 x S)/ (4 x T x t)
u= (0,3 x 0,0001)/ (4 x 0,02 x 10 x 86.400)= 1,2 x 10-10
2

Entrando na Tabela (48.4) de aplicação do método de Theis achamos W (u)=22,2


ho- h(r,t) = [Q/ (4 x PI x T)] x W (u)
ho- h(r,t) = [0,03/ (4 x 3,1416 x 0,02)] x 22,2=2,65m
Portanto, devemos aplicar uma pressão de 2,65m durante 10dias para infiltrar 0,03m3/s.

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Tabela 48.3- Valores de W(u) para aplicação do método de Theis conforme Metcalf e Eddy, 2007

48.11 Aeroporto Internacional de Guarulhos


Nota: os dados foram extraídos da tese de doutoramento do geólogo dr. Hélio Nóbile Diniz
elaborada em 1996 cujo titulo é: “Estudo potencial hidrogeológico da bacia hidrográfica do rio
Baquirivu- Guaçu, municípios de Guarulhos e Arujá”.
Diniz, 1996 aconselhou que se fizesse a recarga no Aeroporto Internacional de Guarulhos
através de poços de injeção (poços tubulares profundos) captando águas pluviais. Sugeriu que
captasse as águas pluviais que caem nas pistas que possuem 1km de largura por 4km de comprimento
e como o excedente hídrico anual é de 550mm teríamos:
550mm x 1km x 4km= 2.200.000m3/ano
Precipitação média anual= 1400mm
Evapotranspiração= 850mm/ano
Excedente hídrico = 1400mm- 850mm= 550mm
Consumo médio anual do Aeroporto= 2700m3/dia x 365 dias= 985.500m3/ano < 2.200.000m3/ano
Até o presente momento não há nenhum sistema de injeção em poços tubulares profundos ou
reservatórios de infiltração no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
A influência sobre a recarga depende da precipitação local, da evapotranspiração, do tipo de
solo e da cobertura vegetal existente. Quando cresce a impermeabilização há diminuição natural da
infiltração das águas pluviais no solo e é necessária a recarga artificial.
Há uma grande dificuldade em se determinar a forma que deve ser feita a recarga no Brasil,
pois desconhecemos pesquisas sobre o assunto.
A recarga artificial de aqüíferos está documentada nos Estados Unidos desde o século 19
quando começou o stress do suprimento das águas subterrâneas. Duas forças básicas induziram a
recarga artificial, o crescimento da população e novas técnicas de inundação para se fazer a
infiltração.
Nos ano de 1950 começou a prática na Califórnia de recarga devido a intrusão salina na área
costeira.

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A recarga dos aqüíferos numa bacia hidrográfica deve-se a:


• Infiltração direta das chuvas;
• Contribuição do rio e seus afluentes.

48.12 Recarga artificial de aqüíferos com águas pluviais na área metropolitana do Recife
No simpósio brasileiro de captação e manejo de águas de chuva realizado no período de 11 a
14 de julho de 2005 na cidade de Teresina foi apresentado por Suzana Gico Montenegro, Abelardo
Montenegro, Giancarlo Cavalcanti e Albert Einstein Spindola de Moura em trabalho sobre “Recarga
artificial de aqüíferos com águas pluviais em meio urbano como alternativa para recuperação dos
níveis potenciométricos: estudo de caso na planície do Recife (PE)”.
A precipitação média anual é de 2.200mm. Foi captada águas de chuvas de telhado e área livre
de uma área total de 2.270m2. Antes das águas serem encaminhadas ao reservatório de 100m3 foram
recolhidas os sólidos suspensos por um sistema de filtragem para deter o material granular carregado
pela chuva.
Os ensaios duraram de novembro de 2003 a novembro de 2004. A injeção da água de chuva
teve duração de 3h e foi feita durante o período de chuvas. As vazões máximas de recarga foram de
2m3/h até 5,7m3/h.

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48.13 Legislação Paulista


Primeiramente conforme Decreto 32.955/91 do Estado de São Paulo no seu artigo 6º X
define o que é recarga artificial como sendo operação com finalidade de introduzir água num
aqüífero.
O artigo 43 estabelece que “A recarga artificial dependerá de autorização do DAEE,
condicionado à realização de estudos que comprovem a sua conveniência técnica, econômica e
sanitária e a preservação da qualidade das águas subterrâneas”.
A Figura (48.18) mostra o ciclo hidrológico natural. A recarga natural provem normalmente
das precipitações. As precipitações quando no solo, uma parte fica interceptada nas folhas e paredes,
outra parte se escoa superficialmente e outra parte se infiltra no solo e começa a percolação. As
plantas utilizam uma parte desta água e restante vai passando pela zona aerada do aqüífero livre e
chega até a zona não aerada onde está o lençol freático. Este é o caminho que a água faz até fazer a
recarga que estamos tratando.
A recarga é o processo de infiltração que conduz a água até o lençol freático, isto é, a zona
saturada. De maneira grosseira a recarga é a introdução de água no reservatório de água subterrânea.

Figura 48.19-Ciclo hidrológico


Fonte: Patrick Valverde Medeiros

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48.14 Volume de recarga artificial


Em 10 de julho de 1996 1996 nos estados de Maryland e Massachusetts foi feito por Horsley
“Method for calculating pre and post development recharge rates”, a primeira sugestão de como
proceder ao dimensionamento do volume de água necessário para recarga dos aqüíferos.
Depois passou para o estado de Vermont e outros e sendo cada vez mais aperfeiçoado
chegando em 2004 ao melhor aperfeiçoamento de New Jersey.
A grande vantagem que achamos em adotar um método semelhante ao de Horsley é a
simplicidade de aplicação, pois sabemos que se o método for muito complicado, provavelmente não
vai ser aplicado.
As Tabelas (48.4) e (48.5) mostram a aplicação do Método de Horsley. Nos Estados Unidos o
USDA calculou a média de recarga anual conforme o tipo de solo e os estados fizeram a sua
adaptação obtendo coeficientes um pouco diferente dos outros, mas baseado na média nacional.
Infelizmente não temos tais médias de recarga por tipo de solo do SCS no Brasil até o momento.

Tabela 48.4- Recarga anual para tipos de solo do SCS para Massachusets e Maryland.
Tipo de solo conforme SCS Recarga anual
(mm)
A 457
B 305
C 152
D 75
Fonte: Estado de Vermont, 2000

Baseado nas pesquisas de Horsley foi determinado em Massachusets as seguintes recargas


conforme Tabela 48.5).
Este critério é usado na aplicação das BMPs.

Tabela 48.5- Volume de recarga para diversos tipos de solo do SCS


Tipo de solo conforme SCS Volume de recarga
(m3)
A (10mm/1000) x área impermeável (m2)
B (6mm/1000) x área impermeável (m2)
C (3mm/1000) x área impermeável (m2)
D Não usado
Fonte: Estado de Vermont, 2000

Exemplo 48.10
Uma região tem 20ha sendo 10ha é de área impermeável. Metade da área impermeável é solo tipo B e
outra metade solo tipo C. Calcular a recarga necessária anualmente.

Rev B= (6mm/1000) x area impermeável = (6mm/1000) x 5ha x 10.000m2 = 300m3


Rev C= (3mm/1000) x 5ha x 10.000m2 = 150m3
Recarga total = 300m3 + 150m3 = 450m3

O volume de recarga faz parte do volume WQv e pode ser conseguido através de medidas
estruturais como infiltração, bio-retenção, canais gramados secos ou filtração onde existe exfiltração
para o solo e de medidas não estruturais como filtração do escoamento superficial laminar sobre uma
superfície gramada provindo de uma área impermeável.

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Não deve ser feita a recarga em determinados lugares dependendo de inúmeros fatores como
regiões cársticas, áreas muito argilosas, solos contaminados, etc.

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Recarga artificial de aqüíferos em Maryland


Em Maryland o volume de recarga é feito de duas maneiras, uma para as medidas estruturais
e outra para medidas não estruturais.

Tabela 48.6- Volume de recarga média anual para diversos tipos de solo do SCS
Tipo de solo conforme SCS Fator específico do solo (S)

A (10mm/1000)
B (6mm/1000)
C (3mm/1000)
D (2mm/1000).
Fonte: Adaptado do Estado de Maryland, 2000.

Recarga
A recarga destina-se a: trincheira de infiltração, bacia de infiltração, valas de infiltração, filtros de
faixa gramado e canal gramado com infiltração.
Rev = Rv x A x S
Rev = Ai x S
Sendo:
Rv = 0,05 +0,009 x AI
AI = área impermeável em percentagem.
A= área da bacia (m2)
S= fator específico (m) conforme Tabela (9.3)
Rev = recarga (m3)
Ai= área da bacia impermeável (m2)

Exemplo 48.11
Calcular o volume de recarga média anual para terreno com 10ha e AI= 60% em solo tipo B.
Rv = 0,05 +0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 60 = 0,59
Para solo tipo B temos S= 6mm/1000
Rev = Rv x A x S = 0,59 x [10ha x 10.000m2 ]x (6mm/1000)=35.400m3

Exemplo 48.12
Calcular o volume de recarga para terreno com 5ha e AI= 70% em solo tipo C.
Para solo tipo B temos S= 3mm/1000
Área impermeável =Ai = 0,7 x 5ha x 10.000m2 = 35.000m2
Rev = Ai x S
Rev = Ai x (3mm/1000)=35.000m2 x (3mm/1000)=105m3

É importante que os cálculos da recarga de aqüíferos subterrâneos sejam de certa forma,


consistente com a metodologia do cálculo do volume para melhoria da qualidade das águas pluviais
WQv.
O método de Horsley utiliza dos grupos de solo do SCS para os estudos de recarga dos
aqüíferos subterrâneos. Entretanto os estudos originais do SCS para os grupos de solos não foram
feitos para a infiltração no solo e sim para a estimativa do escoamento superficial (runoff).
Esta observação é muito interessante, pois os livros sobre solos não utilizam os 4 grupos de
solo do SCS. Assim o livro Solo, planta e atmosfera que trata dos conceitos, processos e aplicações

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de Klaus Reichardt e Luiz Carlos Timm não trazem nada sobre os quatro tipos de solo para
infiltração. Entretanto outros livros como Delleur, 1999 mostra que a infiltração pode ser calculada
usando o método da curva CN do SCS.
Mesmo assim utilizaremos os 4 grupos de solos do SCS que facilitará o aprendizado sobre o
assunto. A fim de melhor suporte ao uso dos quatro grupos de solo do SCS vamos nos basear em
McCuen, 1998 que informa que o método do número da curva CN é empírico e está baseado em
três fatores.
1. Classificação do solo conforme Tabela (48.6)
2. Mapas fornecidos pelos municípios e condados nos Estados Unidos
3. Mínima taxa de infiltração conforme conforme Tabela (48.4) coluna 1 e 2.
Observemos que McCuen, 1998 utiliza o número da curva CN para escoamento superficial
(runoff) e a mínima taxa de infiltração é para classificar os tipos de solo em A,B,C e D.

Exemplo 48.13
Calcular o fator de recarga F para a cidade de Campos do Jordão no Estado de São Paulo, onde foi
aplicado durante 10 anos o Método de Meyboom, 1961 aos dados fluviométricos do rio Sapucaí-
Guaçu e obtido R=471mm/ano. A precipitação média Pm=1771mm.
F= R/ Pm
F= 471/ (1771x0,90) =0,30 para solo tipo A
Nota: o solo tipo A foi classificado conforme a infiltração mínima na região foi de 36mm/h
conforme Tabela (48.4). Multiplicamos a precipitação por 0,90 para compatibilização com a teoria de
Schueler de WQv.

Hipótese
Como não temos a média das recargas nos solos tipos A,B,C e D para a precipitação media
anual de 1500mm, vamos fazer a hipótese que para o solo do Grupo A do SCS o valor de F seja igual
a 0,30.
Os outros valores de F para outros tipos de solo, serão obtidos proporcionalmente a
capacidade mínima de infiltração dos grupos de solos conforme McCuen, 1998 que está na Tabela
(48.4).
Tomando-se então como base o grupo de solo tipo A como 0,30, impomos o valor F=0,30,
para o solo do grupo tipo B o valor F=0,20 e para o solo do grupo C o valor F=0,10. e para o grupo D
F=0,03.
Assim multiplicando a precipitação média anual de 1500mm pelos fatores F de cada grupo de
solo teremos aproximadamente os valores 450mm de recarga para o grupo de solo tipo A, 300mm
para o tipo B, 150mm para o tipo C e 45mm para o tipo D conforme podemos ver nas Tabelas (48.4)
e (48.5).

Considerando o first flush P=25mm, a recarga será Re será:


Re= (25mm x R)/(0,9 x Pm)
Sendo:
25mm= first flush =P
R= recarga anual conforme o tipo de solo (mm)
0,9= precipitação que produz runoff
Pm= precipitação média anual (mm)= 1500mm
Re= recarga para P=25mm (first flush)

Solo tipo A
Recarga anual R=450mm e teremos:

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Re= (25mm x R)/(0,9 x Pm)


Re= (25mm x 450mm)/(0,9 x 1500mm)=8,33mm

Solo tipo B
Recarga anual R=300m e teremos:

Re= (25mm x R)/(0,9 x Pm)


Re= (25mm x 300mm)/(0,9 x 1500mm)=5,56mm
Solo tipo C
Recarga anual R=150mm e teremos:

Re= (25mm x R)/(0,9 x Pm)


Re= (25mm x 150mm)/(0,9 x 1500mm)=2,80mm
Solo tipo D
Recarga anual R=45mm e teremos:

Re= (25mm x R)/(0,9 x Pm)


Re= (25mm x 45mm)/(0,9 x 1500mm)=0,83mm

Tabela 48.4- Capacidade mínima de infiltração conforme o grupo do solo


Grupo Capacidade mínima Base Fator Recarga p/ Recarga p/
de solo de infiltração Max. grupo B F 1500mm/ano 1500mm/ano
SCS (mm/h) (mm/h) Com base R R
Grupo B (mm) (mm)
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6 Coluna 7
A 7,62 a 11,43 11,43 1,00 0,30 450 8,33
B 3,81 a 7,62 7,62 0,67 0,20 300 5,56
C 1,27 a 3,81 3,81 0,33 0,10 150 2,80
D 0 a 1,27 1,27 0,11 0,03 45 0,83
Fonte: (McCuen,1998 conforme coluna 1 a 3)

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Tabela 48.5- Capacidade mínima de infiltração conforme o grupo do solo para


precipitação média anual de 1500mm
Recarga p/ Recarga
Grupo de solo 1500mm/ano para Fator F
R P=25mm
conforme (mm) Re
F= Re/P
SCS
A 450 8,33 0,30
B 300 5,56 0,20
C 150 2,80 0,10
D 45 0,83 0,03

48.15 Método do volume para recarga


O método do volume para recarga é destinado a BMP estrutural como reservatório de
infiltração, trincheira de infiltração e poços secos (drywells).
Podemos então calcular o volume de recarga Re baseado na fração do volume WQv e que
será:
Rev= F x WQv
Rev= volume de água necessário para recarga em volume (m3)
F= fator específico de recarga para o tipo do grupo do solo (adimensional)
Como Rev é uma fração de WQv chama-se as vezes de método do percentual de volume para
recarga.
Relembremos que o volume WQv é obtido com o first flush P, que corresponde a 90% das
precipitações que produzem runoff.

Volume WQv
Calcula-se primeiro o coeficiente volumétrico Rv em função da área impermeável em
porcentagem. Depois se calcular o volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv e
finalmente o volume de recarga que é obtido multiplicando WQv pelo fator de recarga.
Rv= 0,05+0,009 x AI
WQv= (P/1000) x Rv x A
P= first flush (mm)= 25mm para RMSP.
AI= área impermeabilizada (%)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
A= área da bacia (m2)
Recordemos que a determinação do tipo de solo do SCS pode ser feito através de testes de
infiltração e usando a Tabela (48.6) conforme Tomaz, 2002.

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Tabela 48.6- Grupo de solos do SCS


Grupo de Características do solo
solo
solos arenosos com baixo teor de argila total, inferior a 8%, não havendo rocha nem camadas argilosas e nem
mesmo densificadas até a profundidade de 1,5m. O teor de húmus é muito baixo, não atingindo 1% (Porto,
1979 e 1995).
A
Solos que produzem baixo escoamento superficial e alta infiltração. Solos arenosos profundos com pouco
silte e argila (Tucci et al, 1993).
solos arenosos menos profundos que os do Grupo A e com menor teor de argila total, porém ainda inferior a
15%. No caso de terras roxas, esse limite pode subir a 20% graças à maior porosidade. Os dois teores de
húmus podem subir, respectivamente, a 1,2 e 1,5%. Não pode haver pedras e nem camadas argilosas até
B 1,5m, mas é, quase sempre, presente camada mais densificada que a camada superficial (Porto, 1979 e 1995)

Solos menos permeáveis do que o anterior, solos arenosos menos profundo do que o tipo A e com
permeabilidade superior à média (Tucci et al, 1993).
solos barrentos com teor total de argila de 20% a 30%, mas sem camadas argilosas impermeáveis ou
contendo pedras até profundidade de 1,2m. No caso de terras roxas, esses dois limites máximos podem ser de
40% e 1,5m. Nota-se a cerca de 60cm de profundidade, camada mais densificada que no Grupo B, mas ainda
C longe das condições de impermeabilidade (Porto, 1979 e 1995).

Solos que geram escoamento superficial acima da média e com capacidade de infiltração abaixo da média,
contendo percentagem considerável de argila e pouco profundo (Tucci et al, 1993).
solos argilosos (30% a 40% de argila total) e ainda com camada densificada a uns 50cm de profundidade. Ou
solos arenosos como do grupo B, mas com camada argilosa quase impermeável ou horizonte de seixos
rolados (Porto, 1979 e 1995).
D
Solos contendo argilas expansivas e pouco profundos com muito baixa capacidade de infiltração, gerando a
maior proporção de escoamento superficial (Tucci et al, 1993).

Fonte: Porto, Setzer 1979 ; Porto, 1995 e Tucci, 1993.

Tabela 48.7- Tabela para classificação do grupo de solo do SCS conforme a infiltração
Grupo de Solo do SCS A B C D
Infiltração (mm/h) >7,62mm/h 3,81 a 7,62mm/h 1,27 a 3,81mm/h 0 a 1,27mm/h

48.16 Método da área para recarga


O método da área para recarga é destinado as BMP não estruturais, como faixa de filtro
gramada e canal gramado, infiltração da água da chuva de telhado em trincheira e infiltração da água
em estacionamentos em reservatório. A área Rea é dada em metros quadrados e temos que ver as
BMPs não estruturais e suas áreas.
Rea= F x A x Rv
Rea= F x Ai

Sendo:
Rea= área necessária para a recarga (m2)
F= fator de recarga (adimensional)
A= área da bacia (m2)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
Ai= Rv x A= área impermeável
Como temos uma fração da área A, muitas vezes o método é chamado método percentual da
área para recarga.

Nota: podemos fazer uma combinação dos métodos, determinando uma parte para o volume
percentual e outra para a área percentual. Observemos ainda caso tenhamos dois tipos de
grupo de solos, podemos fazer uma composição dos mesmos.

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As práticas estruturais mais usadas para recargas são:


¾ Infiltração
¾ Trincheira de infiltração (áreas menores que 4ha)
As práticas não estruturais mais usadas em recargas são:
¾ Faixa de filtro gramado (filter strip menores que 2ha)
¾ Canal gramado
¾ Infiltração da água de chuva no telhado em trincheira de infiltração
¾ Infiltração de água em estacionamento de veículos com reservatório.
É importante salientar que para a recarga, as lagoas e wetlands não fazem nenhum efeito, pois,
rapidamente deixam de infiltrar.
Fica esclarecido que segundo Maryland, 2000 se o terreno é um hotspot, isto é, um ponto
potencial de contaminação como um posto de gasolina, por exemplo, não poderá ser feita a recarga
do aqüífero.

Exemplo 48.14
Dimensionar a recarga necessária em uma bacia de 6ha com área impermeável Ai=60%, first flush
P=25mm e grupo de solo tipo B.

Coeficiente volumétrico Rv
Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05+0,009 X 60=0,59

Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais


WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,59 x 6ha x 10.000m2=885m3

Método do volume percentual para recarga


Para grupo de solo tipo B conforme Tabela (48.6) temos F=0,20
Rev= F x WQv
Rev= 0,20 x 885=177m3
Portanto, deveremos infiltrar 177 m3 através de BMP estrutural como reservatório de
infiltração ou trincheira de infiltração.

48.17 Trincheira de infiltração


At= Vw/ (n x dt + f x T)
dmax= f. Ts/n
Sendo:
At= área da superfície da trincheira (m2)
Vw= volume que entra na trincheira (m3)
n= porosidade das pedras britadas sendo geralmente n=0,40,
dt= profundidade máxima admitida (m)
dmax=profundidade máxima (m)
Ts=tempo de esvaziamento (h)= 48h
f= taxa final de infiltração (mm/h)= 13mm/h
T= tempo para enchimento da trincheira que geralmente é menor ou igual a 2h.
dmax= f. Ts/n
dmax= 13x 48/0,40=1560mm Adoto dt=1,50m
At= Vw/ (n x dt + f x T)
At= 177/ [0,50 x 1,5 + (13/1000) x 2h]=228m2
Adotando largura de 2,00m temos:
Comprimento= 228m2/ 2,00= 114m

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Portanto, a trincheira de infiltração terá 114m de comprimento, sendo 1,50m de profundidade


e 2,00m de largura.

48.18 Reservatório de infiltração


Optando por reservatório de infiltração teremos:
As= SF x WQv/ (T x K)
d= WQv/ As
Sendo:
As= área da superfície (m2)
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)
T= tempo para infiltração= 48h
d=profundidade da reservatório (m)
SF= fator de segurança=2
Precisaríamos infiltrar somente 177m3, mas vamos infiltrar todo o volume WQv=885m3.
As= SF x WQv/ (T x K)
As= 2 x 885/ (48 x 36/1000)=1.024m2
d= WQv/ As
d= 885/ 1024=0,86m
Considerando comprimento/largura na proporção de 3: 1 temos:
3WxW=1024
W=18,5m
L=3W=3x18,5=55,5m
Portando, o reservatório de infiltração terá 18,5m de largura por 55,5m de comprimento
e atenderá toda a necessidade de recarga

Método da área para recarga


Rea= F x A x Rv
Rea= 0,20 x 6ha x 10.000m2 x 0,59=7.080m2
Caso optemos somente por medidas não estruturais, precisaríamos de 7.080m2 de área de faixa
de filtro gramado ou e vala gramada. Podemos fazer combinações estruturais e não estruturais.

48.19 Outorga para recarga artificial de aqüíferos


Conforme informações do Tecnólogo em Obras Hidráulicas Elcio Linhares Silveira,
funcionário do DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) do Estado de São Paulo, as águas
subterrâneas no Estado de São Paulo deverão atender a Lei 6134 de 2 de junho de 1988 e o Decreto
32.955 de 7 de fevereiro de 1991.
No Decreto 32.955 artigo 43- A recarga artificial dependerá de autorização do DAEE,
condicionada à realização de estudos que comprovem a sua conveniência técnica, econômica e
sanitária e a preservação da qualidade das águas subterrâneas.
Comenta ainda Elcio, que se a recarga artificial dos aqüíferos subterrâneos necessita de
autorização do DAEE, o instrumento legal da autorização é a outorga.
Mas para atender a Lei 6134 e o Decreto 32.955 no tocante a qualidade da água está
condicionada e as disposições preliminares, ou seja: fica proibida qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas das águas subterrâneas.
Isto tudo significa que no Estado de São Paulo nas condições legais existentes tornam
impossível a recarga de aqüíferos subterrâneos, pois a qualidade da água a ser usada na recarga
deverá ser a mesma daquela existente no aqüífero subterrâneo.
A legislação deverá obviamente ser mudada.

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48.20 Método da análise da Recessão


Na Figura (48.18) podemos ver a recessão que tem início no pico no ponto D e vai descendo
até o ponto C que geralmente é difícil de localizar com precisão.
O método da análise da recessão é antigo e muito usado. Boussinesq o usou em 1877, Horton
em 1933 e Boussinesq novamente em 1904.
Os métodos mais conhecidos são: Método de Meyboom, 1961 e de Robaugh.
Explicaremos com mais detalhes o método da analise da recessão de Meyboom, 1961 que é
muito usado para se achar a recarga dos aqüíferos subterrâneos.

48.21 Método da Recessão Sazonal ou Método de Meyboom, 1961


Um método simples e eficaz é o método de Meyboom, 1961 explicado por Fetter, 1994. Ele
fornece a recarga das águas subterrâneas na bacia e por este motivo é muito usado.
Utiliza basicamente dois anos consecutivos. Usa-se geralmente um gráfico mono-logaritmo
com logaritmo no eixo y conforme Figura (48.19) e (48.20). Na prática utiliza-se no mínimo 10anos
de período de análise de dados fluviométricos.

Figura 48.20- Gráfico semi-logaritmo mostrando a hidrógrafa


Fonte: Fetter, 1994

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Figura 48.21- Gráfico semi-logaritmo mostrando a hidrógrafa


Fonte: Domenico e Schwartz, 1998

A recessão da vazão base está mostrada na Figura (48.18) e (48.19) em linhas pontilhadas.
Parte-se da vazão de pico até a vazão de 0,1 x Qo e une-se a linha pontilhada.
A distância entre o pico Qo e o limite 0,1Qo é o tempo t1.
O volume potencial de água subterrânea é Vtp que é fornecida pela equação.
Vtp= Qo x t1 / 2,3

Sendo:
Vtp= volume potencial da água subterrânea (m3)
t1= tempo que leva a vazão base de Qo até 0,1Qo (meses)
Qo= Vazão que inicia a vazão base (m3/s)
Para o mês seguinte teremos que
Depois que achamos Vtp vamos procurar o valor de Vt usando a seguinte equação:

Vt= Vtp/ 10 (t/t1)


Sendo:
Vt= volume potencial da água subterrânea (m3) na próxima recessão. Isto é obtido usando o valor t
que é o tempo entre o fim da primeira recessão e o inicio da segunda.
t= tempo entre o inicio da recessão e o fim mesmo e não o valor 0,1xQo.
O valor da recarga será a diferença:
Recarga= Vtp - Vt
Supomos no caso que não há bombeamento para retirada de água ao longo do rio de água que
não retornem para os rios.
Tendo-se o volume de recarga anual médio e tendo a área da bacia podemos achar o valor da
recarga em mm.

Exemplo 48.15
O exemplo foi retirado do livro do Fetter, 1994 e conforme Figura (48.18)
Calcular a recarga entre duas recessões consecutivas usando o Método de Meybom, 1961.
Na primeira recessão temos o valor Qo=760m3/s que leva 6,3 meses para chegar até 0,1 x Qo.
Vtp= Qo x t1 / 2,3
Vtp= 760 x 6,3meses x 30diasx 1440min x 60s / 2,3= 5,4 x 108 m3
O valor Vt na próxima recessão dura 7,5 meses, isto é, t=7,5meses
Vt= Vtp/ 10 (t/t1)
Vt= 5,4 x 109 m3/ 10 (7,5/6,3) =3,5 x 108 m3
Para o próximo ano a vazão será Qo=1000m3/s e teremos:
Vtp= 1000m3/s x 6,3meses x 30diasx1440min/diax 60s/ 2,3= 7,1 x 109 m3
A recarga será a diferença:

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Recarga= 7,1 x 109 m3 - 3,5 x 108 m3= 6,8 x 109 m3

Evapotranspiração
Uma outra aproximação que pode ser feita é obter a evapotranspiração usando os dados
fluviométricos de uma bacia com a seguinte equação:

Evapotranspiração= Precipitação – Volume da descarga do rio/ Área da bacia

Exemplo 48.16
Seja uma área da bacia com 120km2 e temos as vazões medias mensais em 21 anos.
Calculamos o Volume da descarga do rio/ área da bacia= 960mm (não é somente a recarga)
Supondo precipitação de 1771mm/ano teremos:

Evapotranspiração= 1771mm- 960mm= 811mm/ano


Lembrando que o volume da descarga do rio deverá ser dividido pelo número de anos de dados que
temos.
Não levamos em conta a retirada de água do rio e nem os lançamentos.

Exemplo 48.17
Seja uma bacia com 120km2 que apresenta o hidrograma de vazões médias mensais num determinado
ponto conforme Figura (48.20)

Hidrograma de vazões médias mensais


10
Vazões (m3/s)

1
1 3 5 7 9Meses do ano
11 13 15 17 19 21 23

Figura 48.22- Hidrograma de vazões médias mensais de dois anos consecutivos de um rio com
bacia de 120km2 em uma gráfico semi-logaritmo

Tabela 48.7- Vazões médias mensais


Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1981 8,06 5,02 5,11 3,76 3,08 3,01 2,68 2,03 1,73 2,41 4,14 4,6
1982 6,76 5,69 7,21 5,23 4,24 3,86 3,1 2,67 2,14 2,62 2,39 4,43

Olhando-se no gráfico achamos Qo=8,06m3/s

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t1=11meses
t=7,6meses
Vtp= Qo x t1 / 2,3
Vtp= 8,06 x 11meses x 30dias x 1440min/dia x60s/ 2,3=99.915.965m3
Vt= Vtp/ 10 (t/t1)
Vt= 99.915.965/ 10 (7,6/11)= 20.357.563m3

Para o próximo ano Q0= 6,5m3/s e teremos


Vtp= 6,5 x 11 x 30 x 1440 x60/ 2,3= 80.577.391m3

Portanto, a recarga em dois anos consecutivos será:


Recarga (m3)= 80.577.391 –20.357.563= 60.219.828m3
Como a área da bacia tem 120km2 teremos:
Recarga (mm)= 60.219.828m3 x 1000 / (120km2 x 100ha x 10000m2)= 502mm
Assim se a recarga=502mm e se a precipitação média anual for de 1771mm teremos:
Precipitação= evapotranspiração + recarga + escoamento superficial
1771mm= 684mm (calculado) + 502mm +585mm (por diferença)
O escoamento superficial é obtido por diferenças, pois temos a precipitação média anual e a
evapotranspiração.
Supondo que o aqüífero profundo seja rocha cristalina com fissuras então a recarga nos
aqüíferos fissurais profundos será aproximadamente 3% da precipitação, ou seja, 53mm/ano.(Notar a
não influência da recarga no aqüífero profundo)
Salientamos que deverá ser utilizado no mínimo série de dados fluviométricos com 10anos de
duração para se conseguir uma média.

Exemplo 48.12
Calcular a recarga na região do rio Descoberto em Goiás.
Tabela 48.8- Vazões médias mensais do rio Descoberto com área de 115km2 ano 1978 a 2006
ESTAÇÃO: DESCOBERTO CH. CÓDIGO: 60435000 ALTITUDE: 1034,89 m LATITUDE: 15º 42' 30"
89 LONGITUDE: 48º 14' 05"
JANE FEVE MAR ABRI MAIO JUNH JULH AGOS SETE OUTU NOVE DEZE MÉDI
ANO IRO REIR ÇO L O O TO MBR BRO MBR MBR A
O O O O ANUA
L
1978 2,190 1,800 1,510 1,330 1,580 1,390 2,690
1979 7,220 6,470 4,440 3,540 2,660 2,390 2,300 1,830 1,620 1,370 2,170 2,130 3,180
1980 5,520 8,360 4,090 4,130 3,030 2,520 2,190 1,830 1,790 1,520 2,480 3,750 3,430
1981 4,230 2,970 4,330 4,190 3,010 2,620 2,300 1,770 1,530 2,930 4,860 3,730 3,210
1982 6,190 4,500 4,990 4,040 3,090 2,440 1,890 1,980 1,100 1,460 1,550 2,110 2,940
1983 5,910 8,250 5,760 4,400 2,940 2,450 2,160 1,760 1,540 2,080 3,600 3,970 3,740
1984 3,000 2,970 2,990 3,310 2,170 1,700 1,280 0,967 0,968 1,110 0,860 1,210 1,880
1985 4,410 3,300 3,060 3,110 2,100 1,590 1,330 1,040 0,852 1,310 1,460 2,800 2,200
1986 4,140 3,230 2,610 2,080 1,730 1,260 0,989 0,868 0,655 0,816 0,830 3,250 1,870
1987 2,490 1,710 3,040 2,090 1,580 1,090 0,835 0,670 0,675 0,811 2,320 2,670 1,670
1988 1,960 2,350 4,000 2,800 1,880 1,580 1,300 1,090 0,881 1,320 1,790 2,890 1,990
1989 2,620 2,460 2,530 2,070 1,750 1,440 1,160 1,060 1,040 1,530 2,190 7,200 2,250
1990 4,400 3,770 3,050 2,550 2,220 1,680 1,670 1,250 1,390 1,300 1,490 1,510 2,190
1991 2,540 2,950 4,120 3,520 2,310 1,930 1,570 1,280 1,160 1,140 1,550 2,440 2,210
1992 3,190 5,380 3,230 3,880 2,490 2,200 1,810 1,480 1,410 1,710 2,190 5,660 2,890
1993 2,870 3,460 2,820 3,310 2,520 1,890 1,430 1,340 1,050 1,070 1,100 3,100 2,160
1994 5,300 4,440 7,740 4,800 3,400 2,760 2,220 1,750 1,320 1,380 1,960 2,900 3,330
1995 3,140 2,920 3,570 3,590 2,860 2,040 1,240 0,832 0,650 0,666 1,230 2,550 2,110
1996 1,820 1,410 1,860 1,670 1,230 0,894 0,671 0,566 0,505 0,720 1,780 1,330 1,200

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1997 3,670 1,980 3,350 3,340 2,260 1,720 1,180 0,806 0,812 0,679 0,891 1,220 1,830
1998 1,820 1,580 2,010 1,290 0,937 0,730 0,523 0,337 0,187 0,298 1,590 1,830 1,090
1999 1,780 1,440 3,040 1,810 1,480 1,170 0,897 0,535 0,347 0,722 2,070 3,350 1,550
2000 4,170 3,620 3,880 2,730 1,810 1,340 1,070 0,752 1,070 0,767 3,250 3,550 2,330
2001 3,120 2,620 3,470 2,260 1,550 1,120 0,826 0,632 0,589 0,799 2,600 3,520 1,930
2002 4,220 4,320 2,880 2,280 1,630 1,280 1,040 0,774 0,802 0,577 0,914 1,180 1,820
2003 2,760 2,790 2,920 2,930 1,780 1,260 0,839 0,563 0,460 0,391 1,010 0,970 1,250
2004 4,300 7,190 5,260 5,250 2,760 2,090 1,670 1,260 0,807 0,919 1,160 2,630 2,941
2005 3,780 4,290 5,480 3,370 2,500 1,910 1,520 1,160 0,837 0,622 1,780 2,620 2,489
2006 2,200 2,560 3,030 3,640
M. 3,670 3,689 3,698 3,142 2,210 1,760 1,418 1,132 0,978 1,128 1,859 2,813 2,284
Históri
ca
Fonte: Caesb

Método de Meyboom, 1961


Meses do ano

10,0

1,0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
Vazões (m3/s)

Figura 48.23- Método de Meyboom, 1961 com escala logarítima na ordenada

Método de Meyboom,.1961
mensais (m3/s)

10,000
Vazões medias

1,000
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
0,100
Meses do ano

Figura 48.24- Método de Meyboom, 1961 com escala logarítima na ordenada

Tabela 48.8- Cálculo da recarga média anual (mm) pelo Método de Meyboom, 1961
237
386
470
176
455
456
Média=
363

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Tabela 48.9- Precipitações médias mensais no rio Descoberto


ESTAÇÃO: BRAZLÂNDIA CÓDIGO: 01548007 ALTITUDE: 1098,00 m LATITUDE: 15º 41' 3" LONGITUDE: 48º 12' 27"

ANO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO TOTAL

1971 a 2006 247,0 206,5 243,2 117,2 28,4 5,6 7,2 23,5 46,4 140,9 227,4 260,8 1560,9

Conclusão: a recarga média anual da bacia do rio Descoberto com 115km2 é em média
de 363mm/ano. A precipitação média anual no rio Descoberto é de 1.560,9mm

48.22 Fórmulas empíricas para a recarga média anual


Possuímos a recarga de vários locais, sendo a mais comum a das chuvas, que é a recarga
natural, mas existe a recarga de canal (infiltração), de irrigação e de reservatórios de infiltração.
Na Índia Kumar e Seethpathi, 2002 fizeram uma fórmula empírica com 8% de precisão (para
a região) que fornece a recarga das águas das chuvas.
Rr= 1,37 ( P- 388) 0,76
Sendo:
Rr= recarga do aqüífero subterrâneo devido somente a águas das chuvas (mm/ano)
P=precipitação média anual da estação (mm)

Exemplo 48.18
Estimar a recarga devida as chuvas para local com 1500mm.
Rr= 1,37 (P- 388) 0,76
Rr= 1,37 (1500- 388) 0,76= 283mm

Também na Índia em 1970 Krishna Rao elaborou as seguintes equações empíricas para P e Rr
em milímetros:
Rr= 0,20 x (P-400) para áreas com precipitações entre 400mm e 600mm
Rr= 0,25 x (P-400) para áreas com precipitações entre 600mm e 1000mm
Rr= 0,35 x (P-600) para áreas com precipitações maiores que 1000mm
Sendo:
Rr= recarga devido as chuvas (mm)
P= precipitação (mm)

Exemplo 48.19
Estimar a recarga devida as chuvas para local com 1.771mm- Cidade de Campos do Jordão, Estado
de São Paulo.
Rr= 0,35 x (P-600) =0,35 x (1771-600)= 410mm (Por Meyboom achamos 502mm)

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48.23 Bibliografia e livros consultados


-CRITICAL AQUIFER RECHARGE AREAS (CARAS). Chapter 6: Critical aquifer recharge
áreas. Executive report- Best avaliabre science, volume I, february, 2004.
-DELLEUR, JACQUES W. The handbookd of groundwater engineering. 1999. ISBN 0-8493-2698-
2.
-FENNESSEY, LARRY. Hydrologic budgets for development scale áreas in Pennsylvania.
-FENNESSEY, LAWRENCE A. J. et al. The NRCS curve number, a new look at an old tool.
Villanova University, outubro de 2001.
-McCUEN, RICHARD H. Hydrologic analysis and design. 2a ed. Prentice Hall, 1998
-REICHARDT, KLAUS E TIMM, LUIZ CARLOS. Solo, planta e atmosfera- conceitos, processos e
aplicações, 2004. Editora Manole.
-ZANGAR, CARL N. Theory and problems of water percolation. United States Depatment of the
Interior – Bureay of Reclamation. Denver, Colorado, abril de 1953, 87 páginas.

48-43
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 49- Dissipador de energia para obras hidráulicas de pequeno porte
Engenheiro Plínio Tomaz 12/05/10 pliniotomaz@uol..com.br

Dissipador de energia para obras hidráulicas de


pequeno porte

49-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 49- Dissipador de energia para obras hidráulicas de pequeno porte
Engenheiro Plínio Tomaz 12/05/10 pliniotomaz@uol..com.br

Introdução

O objetivo é o uso de dissipadores em obras hidráulicas de pequeno porte, que são


aquelas cuja vazão específica seja menor ou igual a 8m3/s/m.
Detalharemos somente as mais usadas no Brasil que são: Tipo I, Tipo III, Tipo VI e
Tipo IX do USBR. Apresentaremos também o modelo de Ven Te Chow adaptado por
Kokei Uehara e usado pelo DAEE de São Paulo em obras de pequeno porte. Mostraremos
os desenhos esquemáticos de bacias como SAF, CSU e Contra Costa.
Salientamos a importância das pesquisas feitas sobre os dissipadores que juntamente
com as equações teóricas que propiciam um dimensionamento seguro dos mesmos.
As escadas hidráulicas são também dissipadores de energia e devido as suas
características próprias serão apresentadas em outro capítulo.
O rip-rap usado como dissipador de energia também será apresentado
separadamente.
O autor recomenda especial atenção ao número de Froude que é muito importante
em dissipadores de energia.
A Prefeitura Municipal de São Paulo recomenda dois dissipadores de energia: Tipo
VI (bloco de impacto) e Tipo IX conhecida como rampa dentada.
É importante salientar que o projetista tenha um conhecimento básico da hidráulica
para que a escolha do dissipador adequado seja apropriado às condições locais.

Guarulhos, 12 de maio de 2010

Plinio Tomaz
Engenheiro civil

49-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 49- Dissipador de energia para obras hidráulicas de pequeno porte
Engenheiro Plínio Tomaz 12/05/10 pliniotomaz@uol..com.br

Capítulo 49-Dissipador de energia para obras hidráulicas de pequeno porte

Item Assunto
49.1 Introdução
49.2 Bacia de dissipação Tipo I do USBR
49.3 Bacia de dissipação Tipo II do USBR
49.4 Bacia de dissipação Tipo III do USBR
49.5 Bacia de dissipação Tipo IV do USBR
49.6 Bacia de dissipação Tipo V do USBR
49.7 Bacia de dissipação Tipo VI do USBR
49.8 Bacia de dissipação Tipo VII do USBR
49.9 Bacia de dissipação Tipo VIII do USBR
49.10 Bacia de dissipação Tipo IX do USBR
49.11 Bacia de dissipação Tipo X do USBR
49.12 Bacia de dissipação de Ven Te Chow adaptado por Kokei Uehara
49.13 Bacia de dissipação Tipo SAF (Saint Anthony Falls)
49.14 Bacia de dissipação CSU (Colorado State University)
49.15 Bacia de dissipação Contra Costa
49.16 Tipos de bacias de dissipação conforme número de Froude
49.17 Fórmula de Manning para seção circular plena
49.18 Dimensionamento de galeria circular parcialmente cheia
49.19 Relações geométricas e trigonométricas de uma seção circular
49.20 Equações semi-empíricas para estimativa da altura crítica
49.21 Elementos hidráulicos numa seção circular
49.22 Bibliografia e livros consultados

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Capítulo 49- Dissipador de energia para obras hidráulicas de pequeno porte
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Capítulo 49- Dissipador de energia

49.1 Introdução
Lencastre, 1983 define dissipação de energia como uma transformação de parte da
energia mecânica da água em energia de turbulência e, no final, em calor por efeito do
atrito interno do escoamento e atrito deste com as fronteiras.
Existem dois tipos básicos de dissipadores de energia: ressalto hidráulico e
impacto. A Figura (49.1) mostra o degrau negativo (drop), o dente, a saliência (end sill) e o
degrau positivo.

Figura 49.1- Degraus positivo e negativo, dente e End sill

Lencastre, 1983 classifica os dissipadores em 4 tipos básicos, mas salienta a


existência de estruturas do tipo salto de esqui, queda livre e jatos cruzados.
1. Bacia de dissipação por ressalto hidráulico
2. Bacia de dissipação por “roller”
3. Bacia de dissipação por impacto
4. Macrorugosidades

O livro básico para os dissipadores de energia é sem dúvida alguma aquele escrito
por A. J. Perterka em 1964 e reimpresso em 2005 com patrocínio do US Departamento for
the Interior- Bureau of Reclamation conhecido como USBR.
As bacias de dissipação de energia são 10 tipos básicos junto com um algarismo
romano: Tipo I, Tipo II, Tipo III, Tipo IV, Tipo V, Tipo VI, Tipo VII, Tipo VIII, Tipo IX
e Tipo X que estão Figuras (49.2) a (49.5) conforme Peterka, 2005.

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É sempre um grande problema quando temos que definir o tipo da bacia de


dissipação que iremos usar. Tudo fica dependendo da importância da obra, dos custos e da
segurança de homens e bens materiais.
Não existe uma padronização de dissipadores de energia no Brasil sendo que a
decisão ocorrerá pela experiência do profissional que está elaborando o projeto.
A escolha dos dissipadores de energia conforme USBR deverão obedecer
criteriosamente as recomendações de Peterka, 2005, pois as mesmas são baseadas em
experiências e pesquisas feitas nos Estados Unidos.

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Figuras 49.2- Bacias de dissipação de energia Tipo I, Tipo II e Tipo III


conforme Peterka, 2005

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Figuras 49.3- Bacias de dissipação de energia Tipo IV, Tipo V e Tipo VI


conforme Peterka, 2005

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Figuras 49.4- Bacias de dissipação de energia Tipo VII e Tipo VIII conforme
Peterka, 2005

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Figura 49.5- Bacias de dissipação Tipo IX e Tipo X e curva para as pedras no


rip-rap conforme Peterka, 2005.

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49.2 Bacia de dissipação Tipo I do USBR


Na Figura (49.6) apresentamos as quatro formas de ressalto hidráulico que existem
de acordo com o número de Froude.

Figura 49.6- Formas de ressalto hidráulico para bacia de dissipação de fundo plano
Tipo I com número de Froude menor ou igual a 9
Fonte: Peterka, 2005

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Figura 49.7- Ressalto hidráulico

Figura 49.8- Ressalto hidráulico

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Figura 49.9- Ressalto hidráulico e perda de energia no ressalto

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As profundidades y1 e y2 são denominadas de profundidades conjugadas.


Foi verificado experimentalmente que os pontos A, B e C estão alinhados numa
linha reta conforme Chow, 1985.
O número de Froude onde temos a altura y1 é:
F1=V1/ (g x y1)0,5
Conforme Peterka, 2005 o valor y2 será:
y2/y1 = -0,5 + (0,25 + 2x F12) 0,5
ou
y2/y1 = 0,5x [(1 + 8x F12) 0,5 -1]

O comprimento do ressalto hidráulico L pode ser obtido pela Figura (49.10)


conforme Peterka, 2005 entrando com o número de Froude onde está a altura y1 e olhando-
se na curva escrita “recommended”.

Figura 49.10- Comprimento do ressalto hidráulico L em função de y2 para


bacia de dissipação de fundo plano Tipo I.
Fonte: Peterka, 2005

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Figura 49.11- Obter y2/y1 tendo o número de Froude em y1 para bacia de


dissipação de fundo plano Tipo I do USBR.
Fonte: Peterka, 2005

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Figura 49.12- Perda de energia no ressalto hidráulico na bacia de dissipação de fundo


plano Tipo I do USBR. Consultar a curva à esquerda EL/E1.
Fonte: Peterka, 2005

A descarga por metro q é obtida da seguinte maneira:


q= Q/ B
B= largura do canal (m)
q= vazão específica (m3/s x m)
Q= vazão no canal (m3/s)

Exemplo 49.1- adaptado de Peterka, 2005


Vamos supor uma descarga saindo de uma seção retangular e se dirigindo para uma bacia
de dissipação de fundo plano Tipo I do USBR. Supomos que a vazão seja 25,5 m/s e que a
altura y1= 1,68m. Achar o conjugado, comprimento da bacia e eficiência da dissipação da
energia.
F1=V1/ (g x y1)0,5
F1=25,5/ (9,81 x 1,68)0,5 =6,28 ≤ 9 OK

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Entrando na Figura (49.11) com F1= 6,28 achamos Tw/y1= 8,5


Mas, Tw= y2
y2/y1= 8,5
y2= 8,5 x y1= 8,5 x 1,68=14,28m
Entrando na Figura (49.10) com F1=6,28 no local onde está escrito “recommended”
achamos:
L/y2=6,13
L= 6,13 x y2= 6,13 x 14,28= 86,54m
Portanto, o comprimento da bacia de dissipação de fundo plano Tipo I é de 86,54m.
Para achar a energia dissipada no ressalto hidráulico da bacia de dissipação de fundo
plano Tipo I do USBR, entramos com F1=6,28 na curva a esquerda da Figura (49.12) e
achamos que 58%.
Peterka, 2005 salienta que em outros tipos de dissipadores hidráulicos poderemos
obter comprimentos menores da bacia de dissipação.

As bacias do Tipo I segundo Lencastre, 1983 são utilizadas para quedas superiores a
60m e vazões específicas q> 45m3/s/m.

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49.3 Bacias de dissipação Tipo II do USBR conforme Cetesb, 1986


Conforme Peterka, 2005 a bacia de dissipação Tipo II do USBR é usada um
barragens altas e barragens de terra e em canais de grandes estruturas.
A Figura (49.13) mostra como obter o comprimento da bacia de dissipação de fundo
plano dos Tipo I, Tipo II e Tipo III.
Segundo Lencastre, 1983 as bacias de dissipação usadas para barragens menores
que 65m e vazão especifica menor que 45m3/s/m devendo sempre o numero de Froude ser
maior que 4,5.

Figura 49.13- Comprimento do plano horizontal do ressalto hidráulico para bacias de


dissipação Tipo I, II e III do USBR conforme Peterka, 2005.

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Figura 49.14- Bacia de dissipação Tipo II conforme CETESB, 1986 para Fr> 4,5

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Figura 49.15- Curva para determinação da velocidade que entra na bacia de


dissipação para declividade 0,8:1 a 0,6 :1 conforme Peterka, 2006.

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Figura 49.16- Mínima profundidade do tailwater para bacias do Tipo I, II e III


conforme Peterka, 2005.

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Exemplo 49.2 adaptado de Peterka, 2005


Seja uma barragem com rampa do vertedouro de 0,7 V: 1 H com altura de Z=60m (200ft)
horizontal da bacia de dissipação Tipo II e altura da água na crista do vertedor da
barragem é de H=9,0m (30ft) com vazão específica da descarga pelo vertedouro é
q=45,28m3/s/m
Conforme Figura (49.11) entrando com Z= 200 ft e largura da crista de 30ft
achamos VA/VT= 0,92.
A velocidade teoria VT no pé da barragem conforme Figura (49.11) será:
Z= 60+ 9/2=64,5m
VT= [2 x g x (Z –H/2)]0,5
VT= [2 x 9,81 x (64,5 –9,0/2)]0,5=34,3 m/s
Mas VA/VT= 0,92.
VA= 0,92 x VT= 0,92 x 34,3=31,6m/s= V1
D1= q/V1= 45,28/ 31,6= 1,43m
Número de Froude F
F= V1/ (gx D1) 0,5
F= 31,6/ (9,81 x 1,43) 0,5 =8,44
Entrando na Figura (49.12) para achar o tailwater mínimo para a bacia de
dissipação Tipo II entramos com o numero de Froude F=8,44 e na linha cheia achamos
Tw/D1=12,3
Como Tw e D2 são sinônimos neste caso, então o conjugado D2 será:
Tw/D1= 12,3
Tw=D2
D2/D1= 12,3
D2= 12,3 x D1= 12,3 x 1,43=17,6m
Para achar o comprimento LII da bacia de dissipação entramos com F=8,44 na
Figura (49.9) e achamos
LII/ D2= 4,28
LII= D2 x 4,28= 16,6 x 4,28= 71,05m

A altura do dente conforme Figura (49.9) será:


H2= 0,2 x D2= 0,2 x 17,6=3,52m.
A largura dos dentes será:
W2= 0,15 x D2= 0,15 x 17,6=2,64m

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Figura 49.17- Bacia de dissipação Tipo II

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49.4 Bacias de dissipação Tipo III do USBR


A bacia de dissipação Tipo III do USBR é aplicado segundo Peterka, 2005 a vazões
específicas menores que 19m3/s/m e velocidades até 15m/s a 18m/s e é aplicada para
canais, pequenos vertedouros e pequenas obras hidráulicas. A bacia de dissipação Tipo III é
curta e compacta
Peterka, 2005 recomenda que a bacia de dissipação Tipo III do USBR deve ser
aplicada a número de Froude superiores a 4,5. Recomenda ainda que deve haver um
tailwater.
Lencastre, 1983 adverte que se a velocidade for maior que 18m/s poderá haver
cavitação nos blocos de amortecimento. Conseguimos reduzir o comprimento da bacia em
cerca de 45% usando a bacia de dissipação Tipo III.

Figura 49.18-Alturas da saliência h4 e altura dos dentes h3 conforme Peterka, 2005

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Figura 49.19- Bacia de dissipação Tipo III recomendada por Peterka, 2005

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Figura 49.20- Bacia de dissipação Tipo III conforme CETESB, 1986 para Fr> 4,5 e V1
< 18m/s

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Figura 149.21- Bacia de dissipação Tipo III

Exemplo 49.3
Seja uma barragem com rampa do vertedouro de 0,7 V: 1 H com altura de Z=12m (40ft)
horizontal da bacia de dissipação Tipo III e altura da água na crista do vertedor da
barragem é de H=0,75m (2,5ft) com vazão específica da descarga pelo vertedouro é q=
8m3/s/m
Conforme Figura (49.13) entrando com Z=40 ft e largura da crista de 2,5ft achamos
VA/VT= 0,83.
A velocidade teoria VT no pé da barragem conforme Figura (49.11) será:
Z= 12 + 0,75/2=12,375m
VT= [2 x g x (Z –H/2)]0,5
VT= [2 x 9,81 x (12,375 –0,75/2)]0,5=15,3 m/s < 18m/s OK
Mas VA/VT= 0,83.
VA= 0,83 x VT= 0,83 x 15,3=12,7m/s= V1
D1= q/V1= 8,00/ 12,7= 0,63m
Número de Froude F
F= V1/ (gx D1) 0,5
F= 12,7/ (9,81 x 0,63) 0,5 =5,1 > 4,5 OK
Entrando na Figura (49.13) para achar o tailwater mínimo para a bacia de
dissipação Tipo III entramos com o número de Froude F=5,1 e na linha cheia achamos
Tw/D1=5,5
Como Tw e D2 são sinônimos neste caso, então o conjugado D2 será:
Tw/D1= 5,5
Tw=D2
D2/D1= 5,5
D2= 5,5 x D1= 5,5 x 0,63=3,5m

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Para achar o comprimento LIII da bacia de dissipação entramos com F=5,1 na Figura
(49.9) e achamos
LIII/ D2= 2,27
LII= D2 x 2,27= 3,5 x 2,27= 7,95m

A altura da saliência (end sill) conforme Figura (49.13) teremos:


h4/D1= 1,3
h4= D1 x 1,3= 0,63 x 1,3=0,82m
A altura do dente (baffle piers) conforme Figura (49.13) será:
h3/D1=1,45
h3= D1 x 1,45= 0,63 x 1,45= 0,91m

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Exemplo 49.4
Seja uma barragem com rampa do vertedouro de 0,7 V: 1 H com altura de Z=5m
horizontal da bacia de dissipação Tipo III e altura da água na crista do vertedor da
barragem é de H=0,50 com vazão específica da descarga pelo vertedouro é q= 1,67m3/s/m
Z= 5,0+ 0,5/2=5,25m
VT= [2 x g x (Z –H/2)]0,5
VT= [2 x 9,81 x 5,00)]0,5=9,9 m/s < 18m/s OK
D1= q/V1= 1,67/ 9,9= 0,17m
Número de Froude F
F= V1/ (gx D1) 0,5
F= 9,9/ (9,81 x 0,17) 0,5 =7,7> 4,5 OK
Entrando na Figura (49.12) para achar o tailwater mínimo para a bacia de
dissipação Tipo III entramos com o número de Froude F=7,7 e na linha cheia achamos
Tw/D1=8,1
Como Tw e D2 são sinônimos neste caso, então o conjugado D2 será:
Tw/D1= 8,1
Tw=D2
D2/D1= 8,1
D2= 8,1 x D1= 8,1 x 0,17=1,38m
Para achar o comprimento LIII da bacia de dissipação entramos com F=7,7 na Figura
(49.13) e achamos
LIII/ D2= 2,6
LII= D2 x 2,6= 1,38 x 2,6= 3,59m

A altura da saliência (end sill) conforme Figura (49.13) e entrando F=7,7 teremos:
h4/D1= 1,45
h4= D1 x 1,45= 0,17 x 1,45=0,25m
A altura do dente (baffle piers) conforme Figura (49.13) e entrando com F=7,7 será:
h3/D1=1,95
h3= D1 x 1,95= 0,17 x 1,95= 0,33 m

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49.5 Bacia de dissipação Tipo IV


Conforme Peterka, 2005 a bacia de dissipação Tipo IV do USBR deve manter o
número de Froude entre 2,5 e 4,5 para um projeto adequado. Lencastre, 1983 salienta que o
uso da bacia de dissipação tipo IV é quando o ressalto é oscilante. A aplicação é para
estruturas em canais ou ocasionalmente para barragens baixas ou descargas de baixas
vazões.
Não vamos detalhá-las devido ao seu pouco uso.

Figura 49.22- Dissipador Tipo IV do USBR conforme Tamada, 1994,

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Figura 49.23- Bacia de dissipação Tipo IV conforme FHWA, 2006.

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Figura 49.24- Bacia de dissipação Tipo IV.

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49.6 Bacia de dissipação Tipo V


Devido ao seu baixo uso em obras hidráulicas de pequeno porte não vamos detalhá-
las. Para fazer economia de grandes estruturas pode ser usada a bacia de dissipação com
avental Tipo V do USBR que é usada para grandes barragens com vazão específica maior
que 46,5m3/s/m.
A bacia de dissipação Tipo V necessita de um grande tailwater para que funcione
direito. O dimensionamento de uma bacia de dissipação Tipo V encontra-se em Peterka,
2005 e no Mays,1999.

Figura 49.1- Bacia de dissipação Tipo V do USBR conforme Peterka, 2005

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49.7 Bacia de dissipação Tipo VI do USBR


Como os cálculos dos dissipadores requerem uma grande quantidade de gráficos e
que englobam barragens de grande porte até uso de tubos de galerias de águas pluviais,
vamos apresentar uma solução ótima e simples de ser aplicada para saída de tubulações e
de pequenos canais denominada por Peterka como Tipo VI.
O Tipo VI do USBR é recomendado pela Prefeitura Municipal de São Paulo e pelo
Departamento de Águas e Esgotos de Araraquara, bem como pelo autor. A PMSP a chama
de dissipador de impacto ou bloco de impacto e informa que são economicas e versáteis.
O dissipador de energia de impacto Tipo VI tem duas condições básicas conforme
Peterka, 2005:
V≤ 9,0m/s
0,3m3/s <Q<9,3m3/s
Sendo:
V = velocidade média em m/s
Q= vazão de pico em m3/s.
Aonde existe muito lixo nas águas pluviais não se aplica a bacia Tipo VI.
Não é necessário haver tailwater Tw no curso natural.
Vamos mostrar dois métodos de cálculo, sendo um analítico usado no Estado da
Geórgia, 2005 e outro por Peterka, 2005.
Conforme Peterka para número de Froude igual a 10, a perda de energia é 83%.
Para F=4 temos perda de energia de 60%. Para F=2,3 a perda de energia é 50%. Para F=1,2
a perda de energia é 25%.

49.7.1 Método analítico usado no Estado da Geórgia, 2005


Peterka, 2005 salienta que o número de Froude é importantíssimo em bacias de
dissipação de energia, pois é um número que é facilmente usado em modelos.
Segundo Geórgia, 2005 o número de Fronde está entre 1 e 9.
O número de Froude F tem a seguinte apresentação conforme Peterka, 2005.
F= V/ (g x D)0,5
Sendo:
F= número de Froude
V= velocidade (m/s)
D= altura de uma seção retangular com seção quadrada com altura igual à altura do tubo ou
Altura equivalente D do canal ou tubulação conforme Peterka, 2005.
D x D= A
D= A0,5
Dica: a entrada D é como se fosse uma seção quadrada.

Segundo FHWA, 2006 ao invés de usar a seção quadrada opta por retangular com
altura D e largura 2D e sendo a área da seção de escoamento A teremos:
D x (2D)= A
D= (A/2) 0,5
Portanto, mesmo que a seção de entrada seja circular é necessário achar a altura D e
adotaremos para achar a altura D o critério de Peterka, 2005 que usa seção quadrada.

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Cálculo de W
W/D= 2,88 x F0,566
Relações conforme Estado da Geórgia, 2005 conforme Figura (49.6). Salientamos
que a Figura (49.1) do Estado da Geórgia, 2005 as representações são diferentes da Figura
(49.7) de Perterka, 2005.
L= (4/3) W
f= (1/6) W
e=(1/12) W
H= (3/4) W
a= (1/2) W
b= (3/8) W
c= (1/3) W
d= (1/6) W

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Figura 49.25- Esquema do dissipador de energia tipo basin VI do USBR


Fonte: Geórgia, 2005
Exemplo 49.5-adaptado de Geórgia, 2005.
Calcular uma bacia de dissipação Tipo VI com vazão de um bueiro com 4,0m3/s que vem
de um bueiro de travessia de uma estrada com desnível de h=4,0m. Não interessa se o
bueiro é circular, quadrado ou retangular ou outra secção qualquer. Vamos supor que o
tailwater do curso natural seja TW=0,90
Cálculo da velocidade teórica
V= (2 x g x h) 0,5
h=4,5m
V= (2 x 9,81 x 4,0) 0,5=8,9m/s <9m/s OK
Q=4,0m3/s< 9,3m3/s OK
Altura equivalente D1 conforme Peterka, 2005.
Q=A x V portanto A=Q/V= 4,0/8,9=0,45m2
Ye=D1=A0,5= (0,45)0,5=0,67m
F= Vo/ (g x D1)0,5 = 9,33/ (9,81 x 0,67) 0,5 =3,5
Cálculo de W
W/D= 2,88 x F0,566
W=Dx 2,88 x F = 0,67 x 2,88 x 3,50,566= 3,92m. Adoto W=4,0m
0,566

O valor da relação W/D varia de 3 a 10 e no caso temos W/D=4,0m/0,67m=5,97.


L= (4/3) W=5,33m
f= (1/6) W=0,67m
e=(1/12) W=0,33m
H= (3/4) W=3,00m
a= (1/2) W=2,00m
b= (3/8) W=1,50m
c= (1/3) W=1,33m
d= (1/6) W=0,67m
Rip-rap
Após o Basin tipo VI com redução de energia por impacto ainda temos velocidade
na saída do dissipador de energia e portanto é necessário na transição com o canal natural
que se faça um rip-rap.
Segundo Geórgia, 2005 a largura do rip-rap é Wo comprimento mínimo do rip-rap é
W sendo o mínimo de 1,5m.
A profundidade do rip-rap é f=W/6
O diâmetro médio da rocha é W/20
A declividade dos taludes é 1,5: 1.

Tailwater existente: Tw
O dissipador de energia por impacto tipo basin VI não necessita de tailwater para o
seu funcionamento. Mas um tailwater com altura b/2+f reduzirá o impacto da velocidade.
Como o tailwater Tw do curso natural é necessário que a geratriz inferior da
tubulação de entrada esteja a distancia b/2 + f abaixo do tailwater Tw. Então (b/2+f)-Tw.
Portando, o fundo tubo de entrada deverá estar a (b/2+f)-Tw abaixo do nível de água
do tailwater.

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Para vazões maiores podem ser feitas descargas múltiplas uma ao lado da outra
conforme aconselhado por Peterka, 2005.

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49.7.2 Bacia de dissipação Tipo VI do USBR com método de Peterka, 2005


Vamos usar o método de Peterka, 2005 e observemos novamente que a Tabela
(49.1) corresponde às indicações da Figura (49.26). Não confundir!

Figura 49.26- Dissipador de energia Tipo VI


Fonte: Peterka, 2005

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Usamos a Tabela (49.1) que foi feita por Peterka, 2005 para velocidade de 3,6m/s da
água na entrada.
Tabela 49.1- Dimensões básicas do dissipador de impacto Tipo VI USBR para
velocidade de 3,6m/s
Diâmetro Vazão W H L a b c d e f tw tf tp K d50
3
(m) (m /s) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)

0,40 0,59 1,7 1,24 2,20 0,83 0,83 0,83 0,28 0,14 0,28 0,15 0,17 0,15 0,08 0,10
0,60 1,08 2,0 1,46 2,60 0,98 0,98 0,98 0,33 0,16 0,33 0,15 0,17 0,15 0,08 0,18
0,80 1,67 2,6 1,91 3,40 1,28 1,28 1,28 0,43 0,21 0,43 0,15 0,17 0,18 0,08 0,22
0,90 2,41 2,9 2,14 3,80 1,43 1,43 1,43 0,48 0,24 0,48 0,18 0,19 0,20 0,08 0,23
1,00 3,25 3,2 2,36 4,20 1,58 1,58 1,58 0,53 0,26 0,53 0,20 0,22 0,23 0,10 0,24
1,20 4,27 3,5 2,59 4,60 1,73 1,73 1,73 0,58 0,29 0,58 0,23 0,24 0,25 0,10 0,27
1,30 5,41 4,1 3,04 5,40 2,03 2,03 2,03 0,68 0,34 0,68 0,25 0,27 0,25 0,10 0,30
1,50 6,68 4,4 3,26 5,80 2,18 2,18 2,18 0,73 0,36 0,73 0,28 0,29 0,28 0,15 0,33
1,80 9,59 5,0 3,71 6,60 2,48 2,48 2,48 0,83 0,41 0,83 0,30 0,32 0,30 0,15 0,36

Como a velocidade normalmente é diferente então temos que fazer que achar o
diâmetro equivalente a velocidade de 3,6m/s.
Para o cálculo do diâmetro com a seção plena é necessário
A=3,1416xD2/4 usar a velocidade de 3,6m/s conforme Geórgia, 2005.
Q= A x V
V= 3,6m/s
Q=A x 3,6
A=Q/3,6
Q/3,6=PI x D2/4
Como temos o valor de Q achamos o valor de D.

Exemplo 49.6- para o caso de Peterka, 2005


Calcular uma bacia de dissipação Tipo VI com vazão de um bueiro com 4,0m3/s que vem
de um bueiro de travessia de uma estrada com desnível de h=4,0m. Não interessa se o
bueiro é circular, quadrado ou retangular ou outra secção qualquer.
Verifiquemos primeiro a velocidade se não é maior que 9m/s.
Cálculo da velocidade teórica
V= (2 x g x h) 0,5
h=4,5m
V= (2 x 9,81 x 4,0) 0,5=8,9m/s <9m/s OK
Q=4,0m3/s< 9,3m3/s OK
Diâmetro equivalente para velocidade de 3,6m/s
Q= A x V
V= 3,6m/s
Q=A x 3,6
A=Q/3,6=4,0m3/s/3,6=1,11m2
A=PI x D2/4
1,11m2=3,1416 x D2/4
D=1,20m

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Entrando na Tabela (49.1) com o diâmetro D=1,20m achamos as dimensões que


são:
W=3,5m
H=2,59m
L=4,60m
a=1,73
b=1,73
c=1,73m
d=9,58
e=0,29
f=0,58
tw=0,23
tf=0,24
tp=0,25
K=0,10
d50=0,27m
As rochas para o rip-rap deverão ter 0,27m de diâmetro.

Figura 49.27 Esquema do dissipador de energia denominado Tipo VI


Fonte: Peterka, 2005

Peterka, 2005 apresenta tabela com tubos variando de 0,40m a 1,80m e das
dimensões básicas a serem usadas, sendo importante notar que os cálculos foram feitos para
velocidade 3,6m/s usado a equação da continuidade Q=A x V.

Rip-rap
Após o Basin tipo VI com redução de energia por impacto ainda temos velocidade
na saída do dissipador de energia e portanto é necessário na transição com o canal natural
que se faça um rip-rap.
Segundo Geórgia, 2005 a largura do rip-rap é W=4,04m o comprimento mínimo do
rip-rap é W sendo o mínimo de 1,5m.
A profundidade do rip-rap é f=W/6= 4,04/6=0,67m
O diâmetro médio da rocha é W/20=4,04/20=0,202m
A declividade dos taludes é 1,5: 1.

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49.7.3 Bacias de dissipação Tipo VI do USBR conforme Cetesb, 1986

Figura 49.28- Bacia de dissipação Tipo IV conforme CETESB, 1986 para Fr entre 2,5
a 4,5

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49.7.4 Bacias de dissipação Tipo VI do USBR conforme Cetesb, 1986

Figura 49.29- Bacia de dissipação Tipo VI conforme CETESB, 1986 para bacia de
dissipação por impacto

49-41
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Figura 49.30- Dimensionamento da bacia de dissipação por impacto Tipo VI


conforme CETESB, 1986.

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49.8 Bacia de dissipação Tipo VII


A bacia de dissipação Tipo VII do USBR está na Figura (49.31) e não é usada em
obras hidráulicas de pequeno porte.
Conforme Peterka, 2005 a vazão específica deve ser maior que 47 a 57 m3/s/m e a
velocidade que entra no bucket são maiores que 23m/s. Nos Estados Unidos foram
construídos dissipadores de energia Tipo VII desenvolvidos em 1933 pelo USBR para
barragem do Grand Coulee no rio Columbia que é uma barragem de concreto arco
gravidade com 117m de altura e largura de 495m e o vertedor foi projetado para
28.300m3/s. A barragem de Angostura está no rio Cheyenne e foi feita em concreto com
35m de altura, largura 82m e a vazão de pico para o vertedor é de 6990m3/s.
Conforme Toscano, 1999 o dissipador Tipo VII funciona quando a profundidade da
lâmina d´água a jusante é consideravelmente superior a altura conjugada y2 (no mínimo
20%) necessária para a formação do ressalto.
Neste caso a dissipação da energia se faz através de vórtices ou rolos na região da
concha e logo a jusante no leito natural do rio.
A grande vantagem da bacia de dissipação Tipo VII é resultar em estrutura mais
compacta, porém de menor eficiência.
O termo de dissipação denominado “bucket” simples e com defletores possuem a
mesma performance, porém a principal diferença entre os dois está relacionada com o
lançamento do jato.
A melhor maneira de se calcular uma bacia de dissipação Tipo VII é consultado
Peterka, 2005.

Figura 49.31- Buckets submersos conforme Peterka, 2005

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Figura 49.32- Performance dos buckets conforme Peterka, 2005

Figura 49.33- Bacia de dissipação Tipo VII conhecida como Dissipador tipo
Santo de Esqui conforme Peterka, 2005

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A bacia de dissipação de energia Tipo VII Salto de Esqui é usada quando o número
de Froude for maior que 8 para ter energia suficientemente elevada para garantir o bom
lançamento do jato conforme Toscano, 1999.
Sua finalidade é lançar o jato dágua com uma trajetória controlada a uma região
confinada e distante da barragem. Esta região específica de impacto deve oferecer
condições geológicas adequadas.

49.9 Bacia de dissipação Tipo VIII


Não é usado em obras hidráulicas de pequeno porte e é 50% menor que uma bacia
convencional. Economiza custos e espaços conforme Peterka, 2005 e pode ser construída
perto de estruturas para geração de energia elétrica.
Conforme Peterka, 2005 os projetos da bacia de dissipação Tipo VIII Figura (49.34)
foram desenvolvidos na década de 1940 pelo USBR sendo primeiramente testada na
Barragem de Hoover com altura de 59m a 105m. Para o dimensionamento correto de uma
bacia de dissipação Tipo VIII deverá ser consultado o livro do Peterka “Hydraulic design
of stilling basins and energy dissipators “ de 2005.

Figura 49.34- Bacia de dissipação Tipo VIII do USBR conforme Peterka, 2005

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Figura 49.35- Bacia de dissipação Tipo VIII do USBR conforme Peterka, 2005

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49.10 Bacia de dissipação Tipo IX do USBR


Um dissipador de energia muito fácil de ser construído é o Tipo IX conforme Figura
(49.36). Geralmente possuem a declividade 2:1 sendo 2 na horizontal e 1 na vertical.
Podem ser ainda possuir declividade menor.
O dissipador de energia tipo USBR Tipo IX não é suscetível a lixo e resíduos que
possam estar nas águas pluviais.
A bacia de dissipação Tipo IX do USBR é também adotada pela Prefeitura
Municipal de São Paulo e chamada de Rampa Dentada e os melhores desempenhos
ocorrem para vazões específicas de 3,35m3/s.m a 5,6m3/s.m. A PMSP recomenda ainda que
haja no minimo quatro linhas de dentes para que a dissipalção de energia sema mais
eficiente.

49.10.1 Critérios técnicos de Peterka, 2005


O dimensionamento de um dissipador de energia Tipo IX tem as seguintes
recomendações:
Vazão máxima ≤ 5,6 m3/s/m.
Velocidade no canal a montante V<Vc (velocidade crítica)
Existe uma velocidade ideal para água de montante que é V1. Geralmente pode ser
usada V1 ou outra velocidade entre V1 e Vc, mas sempre inferior a Vc.
O número de fileiras de dentes de concreto=4.
Altura do dente H =0,90 x dc
Altura critica dc
Altura da parede lateral = 3 x H
Distancia entre os dentes na rampa= 2xH
Espaçamento horizontal entre os dentes de concreto= 1,5x H
Declividade do dissipador: 2(horizontal): 1 (vertical)
A declividade do canal a montante ideal é de 0,0018m/m conforme Peterka, 2005
que ainda informa que declividade de 0,015m/m é muito grande.

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Figura 49.36-Dissipador de energia Tipo IX


Fonte: Peterka, 2005

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Figura 49.37 Dissipador de energia Tipo IX


Fonte: Peterka, 2005

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Figura 49.38-Melhor disposição do dissipador de energia Tipo IX


Fonte: Peterka, 2005

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Figura 49.39- Melhor disposição do dissipador de energia Tipo IX


Fonte: Peterka, 2005

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Exemplo 49.7
Dimensionar um dissipador de energia USBR Tipo IX para um desnível de 8,00m. São
dados:
Vazão Q= 2,8m3/s= 2,8/0,0283= 98,9 cfs (cubic feet second)
Dados do canal a montante
n=0,013 (concreto)
So=0,0018m/m
Desnível do dissipador= 8m
Declividade 2:1

Primeiro passo:
Por tentativa supomos uma seção retangular com altura D (m) e largura B (m).
Supomos B=3m=3/0,3= 10ft
q=Q/B= 98,8/10= 9,89 cfs/ft
Segundo passo:
Com a Figura (49.10) e com o valor q=9,89cfs/ft achamos:
V1= 3 ft/s =0,90m/s
Vc= 6 ft/s= 1,8m/s
Adoto para V um valor intermediário:
V= 1,5m/s
Terceiro passo
Usando a formula de Manning
V= 1/n x R(2/3) x S0,5
1,5= 1/0,013 x R(2/3) x 0,00180,5
R=0,31m
Quarto passo
R= A/ P
A= área da seção molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)
P= B + 2 x D
Q=A x V
A= Q/V= 2,8m3/s/ 1,5m/s=1,87m2
R= A/ P
R= 1,87/ (B+2xD) = 0,31
Supondo B=3,00m
Achamos D=1,5m
Portanto, o canal a montante tem velocidade de 1,5m/s com seção retangular de 3,00
de base com 1,5m de altura.
Na Figura (49.10) podemos achar a altura critica dc=1,4ft=0,42m.
Como a seção de montante é aceitável damos como certa a largura do canal
B=3,00m que será a largura do dissipador de energia.
A altura H é obtida na curva 0,9xDc e encontramos H=1,35ft=0,41m
Portanto a altura do dente é H=0,41m

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Altura da parede lateral = 3 x H= 3 x 0,41= 1,23m


Distancia entre os dentes na rampa= 2xH=2 x 0,41=0,82m
Espaçamento horizontal entre os dentes de concreto= 1,5x H=1,5 x 0,41=0,62m
Declividade do dissipador: 2(horizontal): 1 (vertical)= 16 (horizontal): 8m(vertical)

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49.11 Bacia de dissipação Tipo X do USBR


É um dissipador em forma de túnel e não é usado em pequenas obras hidráulicas.
Segundo Peterka, 2005 há dois tipos básicos de túneis, sendo um canal no vertedor
que é livre ou controlado e outro em que o túnel está na horizontal.
Os túneis nos vertedores são projetados para ¾ a 7/8 da vazão plena.O túnel do Glen
Cannyon produz a máxima descarga de 7811m3/s que produz 530.000HP/metro.

Figura 49.40- Bacia de dissipação Tipo X do USBR com túnel no vertedor


conforme Peterka, 2005.

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49.12 Bacia de dissipação de Ven Te Chow adaptado por Kokei Uehara


O prof. dr. Kokei Uehara apresenta no Guia Prático para Projetos de Pequenas obras
hidráulicas do DAEE- Departamento de águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
publicado em 2005 um exemplo de bacia de dissipação de energia.
O DAEE adotou para dissipador de energia em pequenas obras hidráulicas o modelo
de Ven Te Chow, que está no item 15-9 do livro Open-Channel Hydraulics de 1973-
controle do ressalto por meio de soleira.

Método de Ven Te Chow


O método de Vem Te Chow foi adaptado pelo prof dr. Kokei Uehara. A Figura
(49.41) extraída do trabalho do DAEE, 2005 mostra o esquema da bacia de dissipação
usada em pequenas obras hidráulicas no Estado de São Paulo.

Figura 49.41- Esquema da bacia de dissipação de Ven Te Chow adaptada pelo


prof dr. Kokei Uehara.

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Figura 40.42- Dado o número de Froude F1 e a relação y3/y1 achamos por


interpolação o valor h/y1
Fonte: DAEE. 2005

O método do prof. dr. Kokei Uehara consiste em achar V1, y1, F1 e y3 e com estes
valores entramos no gráfico da Figura (49.42) e achamos o valor h e está resolvido o
problema.
O comprimento X da bacia de dissipação é:
X= 5 (h + y3)
A declividade da rampa da bacia de dissipação é geralmente ≥2 (horizontal) : 1
(vertical).
Existem na bacia de dissipação do prof Kokei Uehara quatro medidas de
comprimentos básicas que são:
1. Comprimento do canal do vertedor que fica a montante e na saída do
vertedor da barragem, possuindo baixa declividade sendo geralmente um
canal de concreto de secção retangular.
2. Comprimento da projeção da rampa que depende da altura e da
declividade escolhida.
3. Comprimento da bacia de dissipação propriamente dita X.
4. Comprimento do canal de restituição, que será o curso de água normal
geralmente de terra de seção trapezoidal, onde a água escoará após passar
na bacia de dissipação. Este comprimento geralmente não entra nos
cálculos.
O problema é feito para calcular o valor de “h”, que é a altura do degrau. Com a
determinação de “h” e de y3 achamos o comprimento da bacia X e está resolvido o
problema.
X= 5 ( h+ y3)
Salientamos que os canais à jusante da bacia de dissipação tem a sua altura y3
determinadas usando a equação de Manning.

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Exemplo 49.8- Adaptado do DAEE, 2005


Dimensionar a bacia de dissipação usando modelo de Ven Te Chow adaptado pelo prof dr.
Kokei Uehara sendo dada a vazão pico de 4m3/s e altura D conforme Figura (49.13)
D=5,00m. A largura do canal a montante é B=2,5m e D é a distância do fundo da bacia de
dissipação até a metade da altura H sobre o vertedor.

Esclarecemos que foi calculada uma barragem e obtida a altura sobre o vertedor
H=0,80m. A vazão específica por unidade de largura do canal retangular q será:
q= Q/ B
Sendo:
q= vazão específica por unidade de largura (m3/s/m)
Q= vazão de pico no vertedor para o período de retorno adotado (m3/s)
B=largura do canal a montante antes da rampa (m)
q= Q/ B
q= 4m3/s / 2,5m= 1,6 m3/s/m
V1= (2 x g x D)0,5
Sendo:
V1= velocidade no fim da rampa (m/s)
g=9,81m/s2
D= altura entre o fundo da bacia de dissipação e altura média H sobre o vertedor da
barragem.
V1= (2 x g x D)0,5
V1= (2 x 9,81 x 5,0)0,5 =9,9m/s
y1= q1/V1= 1,6/ 9,9= 0,16m
Número de Froude F1
F1= V1/ (g x y1) 0,5
Sendo:
F1= número de Froude na seção 1 (adimensional)
V1= velocidade na seção 1 (m/s)
g=9,81m/s2
y1= altura do nível de água na seção 1 (m)
F1= V1/ (g x y1) 0,5
F1= 9,9/ (9,81 x 0,16) 0,5 =7,9 > 1 Regime turbulento

Cálculo de y3
Considerado a vazão de 4m3/s, declividade S=0,0025m/m, canal de terra com n=0,035 e
seção trapezoidal com base B=1,5m usando a equação de Manning obtemos y3=1,15m.
V= 1/n x R (2/3) x S0,5
Q= Vx A
Sendo:
V= velocidade (m/s)
n= coeficiente de rugosidade de Manning (adimensional)
R= raio hidráulico (m)
R= A/P
A= área molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)

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P= (2.y3+b)
S= declividade (m/m)

Entrando na Figura (14.13) com F1 e y3/y1= 1,15/0,16=7,2 e fazendo a interpolação


achamos h/y1=2,7
Como y1=0,161m então h=y1 x 2,7= 0,161x2,7= 0,44m
h=0,44m
O comprimento X da bacia de dissipação será:
X= 5 (h + y3)= 5 (0,44+1,15)=7,95m e adoto X=8,00m
Portanto, a bacia terá comprimento X=8,00m, degrau h=0,45m e largura b=2,5m.

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49.13 Bacia de dissipação Tipo SAF (Saint Anthony Falls)


A bacia de dissipação Tipo SAF conforme Figura (49.43) baseia-se nos modelos da
USBR e de pesquisas feitas em St Anthony Falls Hydraulic Laboratory da Universidade de
Minnesota. O número de Froude varia de 1,7 a 17 na entrada da bacia de dissipação
conforme Mays, 2001. O comprimento da bacia de dissipação Tip SAF é 80% da bacia de
dissipação Tipo I do USBR.

Figura 49.43- Bacia de dissipação SAF (Saint Anthony Falls) conforme FHWA, 2006

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49.14- Bacia de dissipação CSU (Colorado State University)


A Figura (49.44) mostra a bacia de dissipação CSU.

Figura 49.44-Bacia de dissipação Tipo CSU (Colorado State University) conforme


FHWA, 2006

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49.15 Bacia de dissipação Contra Costa


É uma bacia de dissipação desenvolvida pela Universidade da Califórnia, Berkeley
juntamente com o County de Contra Costa conforme Figura (49.45).

Figura 49.45- Bacia de dissipação Tipo Contra Costa conforme FHWA, 2006

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49.16 Tipos de bacias de dissipação conforme número de Froude


Apresentamos Tabela (49.3) e (49.4) que recomendam Tipo de bacia de dissipação
conforme o número de Froude.

Tabela 49.3-Número de Froude conforme Tipo da bacia de dissipação conforme


FHWA, 2006.
Tipo de bacia de Número de Froude Observações
dissipação
Contra Costa <3
CSU <3
Drop (degrau) <1
Ressalto hidráulico >1
Rip-rap avental (≤1,50m) Não aplicável
Rip-rap bacia <3
SAF 1,7 a 17
Tipo III 4,5 a 17
Tipo IV 2,5 a 4,5
Tipo IX <1
Tipo VI Não aplicável Q<11m3/s e V<15m/s
Transição Não aplicável

Tabela 49.4-Número de Froude conforme Tipo da bacia de dissipação conforme


DAEE, 2005.
Tipo de bacia de Número de Froude Observações
dissipação de dissipadores
do USBR
Tipo I 1,7 a 1,5
Tipo II >4,5 V> 15m/s (maior)
Tipo III 4,5 a 17
Tipo III >4,5 V< 15m/s (menor)
Tipo IV 2,5 a 4,5

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49.17 Fórmula de Manning para seção circular plena


Vamos apresentar a fórmula de Manning para seção qualquer:

Q = ( n-1) . A . R2/3 . S1/2

Q= vazão (m3/s);
A= área molhada da seção (m2)
R= raio hidráulico (m);
S= declividade (m/m).
Para seção circular plena R=D/4 temos:
V= (1/n) x 0,397x (D 2/3) (S ½) (Equação 49.1)
Q= (1/n) x 0,312 x (D 8/3) (S ½) (Equação 49.2)
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8 (Equação 49.3)

Sendo:
V= velocidade (m/s);
R= raio hidráulico (m);
S= declividade (m/m);
n= coeficiente de rugosidade de Manning;
D= diâmetro do tubo (m);
Q= vazão (m3/s).

Exemplo 49.9
Dado a declividade S=0,007 m/m n=0,025 D=1,5m. Achar a velocidade média.
Usando a Equação (49.1) temos:
V= (1/n) x 0,397x (D 2/3) (S ½) = (1/0,025) x 0,397x (1,5 2/3) (0,007 ½) =1,74 m/s

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A Tabela (49.5) fornece a vazão da tubulação de concreto em função da declividade.


Não devemos esquecer que deverá ser calculada a velocidade sendo que esta deverá ser
menor ou igual a 5m/s e em alguns casos chegar a 6m/s.

Tabela 49.5 - Vazões a seção plena de tubos de concreto para águas pluviais conforme
a declividade da tubulação.
Tubos de
concreto com
n=0,013 Vazões
(m3/s)
Diâmetro Declividades da tubulação
0,50% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10%
(cm) (m) 0,005 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1
30 0,3 0,07 0,10 0,14 0,17 0,19 0,22 0,24 0,26 0,27 0,29 0,31
40 0,4 0,15 0,21 0,29 0,36 0,42 0,47 0,51 0,55 0,59 0,63 0,66
50 0,5 0,27 0,38 0,53 0,65 0,76 0,85 0,93 1,00 1,07 1,13 1,20
60 0,6 0,43 0,61 0,87 1,06 1,23 1,37 1,51 1,63 1,74 1,84 1,94
80 0,8 0,94 1,32 1,87 2,29 2,65 2,96 3,24 3,50 3,74 3,97 4,19
100 1,0 1,70 2,40 3,39 4,16 4,80 5,37 5,88 6,35 6,79 7,20 7,59
120 1,2 2,76 3,90 5,52 6,76 7,81 8,73 9,56 10,33 11,04 11,71 12,34
150 1,5 5,00 7,08 10,01 12,26 14,15 15,82 17,33 18,72 20,01 21,23 22,38

Exemplo 49.10-galeria de 1,5m de diâmetro


Calcular a vazão pela fórmula de Manning sendo dados o diâmetro D=1,50m
declividade S=0,007m/m (0,7%) e rugosidade de Manning n=0,014.
Entrando na Equação (49.2) temos:
Q= (0,312) . ( n-1 ) . D8/3 . S1/2 = (0,312) . ( 0,014-1 ) . 1,508/3 . 0,0071/2
Q= 5,5 m3/s
Portanto uma galeria com 1,5m de diâmetro com declividade de 0,007m/m pode
conduzir a vazão de 5,5 m3/s. Vejamos agora a velocidade:
Usando a equação da continuidade:
4.Q
V =-------------- (Equação 49.4)
2
π.D

4.Q 4 . (5.5)
V=--------------- = -------------------- = 3,11 m/s < 5 m/s
π . D2 3,14 . (1.52)

Portanto, a velocidade é 3,11 m/s que é menor que o máximo admitido de 5 m/s e é
maior que o mínimo de 0,60 m/s.

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Exemplo 49.11- calcular o diâmetro.


Calcular o diâmetro para uma tubulação de concreto com n=0,014 vazão de 2 m3/s e
declividade de 0,007m/m. Conforme Equação (49.3) temos:
D = [(Q . n )/ ( 0,312 . S1/2)]3/8 = [(2 .0,014 )/ ( 0,312 . 0,0071/2)]3/8
D= 1,03 m
Como o diâmetro de 1,03m não é comercial, temos que usar D=1,2m
Calculemos então a velocidade pela equação da continuidade.
4.Q 4.2
V=--------------- = -------------------- = 3,67m/s < 5 m/s
π . D2 3,14 . 1.22

Se o comprimento da tubulação for de 200m o tempo de trânsito na galeria de


1,20m é de:

Tc= L/ 60xV = 200m/ 60 x 3,67m/s = 0,91min


A velocidade de 3,67m/s é maior que o mínimo de 0,60 m/s e menor que o máximo
de 5 m/s. Aqui é importante salientar que há um pequeno erro, pois o tubo não está
trabalhando realmente a seção plena com o diâmetro de 1,2m.
A Tabela (49.6) apresenta os diâmetros de tubulações de concreto em função da
declividade e da vazão. Foi considerando a rugosidade de Manning n=0,013.
Lembramos que os tubos comerciais são padronizados.

Tabela 49.6- Diâmetros da tubulação de concreto em função da declividade e da vazão


considerando a rugosidade de Manning n=0,013
Diâmetro
Vazões (m)
0,5% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10%
(m3/s) 0,005 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1
1,5 0,95 0,84 0,74 0,68 0,65 0,62 0,60 0,58 0,57 0,56 0,54
2,0 1,06 0,93 0,82 0,76 0,72 0,69 0,67 0,65 0,63 0,62 0,61
2,5 1,16 1,02 0,89 0,83 0,78 0,75 0,73 0,71 0,69 0,67 0,66
3,0 1,24 1,09 0,95 0,88 0,84 0,80 0,78 0,75 0,74 0,72 0,71
3,5 1,31 1,15 1,01 0,94 0,89 0,85 0,82 0,80 0,78 0,76 0,75
4,0 1,38 1,21 1,06 0,99 0,93 0,90 0,87 0,84 0,82 0,80 0,79
4,5 1,44 1,27 1,11 1,03 0,98 0,94 0,90 0,88 0,86 0,84 0,82
5,0 1,50 1,32 1,16 1,07 1,02 0,97 0,94 0,91 0,89 0,87 0,86
5,5 1,55 1,36 1,20 1,11 1,05 1,01 0,98 0,95 0,92 0,90 0,89

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6,0 1,61 1,41 1,24 1,15 1,09 1,04 1,01 0,98 0,95 0,93 0,92
6,5 1,65 1,45 1,28 1,18 1,12 1,07 1,04 1,01 0,98 0,96 0,94
7,0 1,70 1,49 1,31 1,22 1,15 1,10 1,07 1,04 1,01 0,99 0,97
7,5 1,75 1,53 1,35 1,25 1,18 1,13 1,10 1,06 1,04 1,02 1,00
8,0 1,79 1,57 1,38 1,28 1,21 1,16 1,12 1,09 1,06 1,04 1,02
8,5 1,83 1,61 1,41 1,31 1,24 1,19 1,15 1,12 1,09 1,06 1,04
9,0 1,87 1,64 1,44 1,34 1,27 1,21 1,17 1,14 1,11 1,09 1,07
9,5 1,91 1,68 1,47 1,36 1,29 1,24 1,20 1,16 1,13 1,11 1,09
10,0 1,94 1,71 1,50 1,39 1,32 1,26 1,22 1,19 1,16 1,13 1,11
10,5 1,98 1,74 1,53 1,42 1,34 1,29 1,24 1,21 1,18 1,15 1,13
11,0 2,02 1,77 1,55 1,44 1,36 1,31 1,26 1,23 1,20 1,17 1,15
11,5 2,05 1,80 1,58 1,46 1,39 1,33 1,29 1,25 1,22 1,19 1,17
12,0 2,08 1,83 1,61 1,49 1,41 1,35 1,31 1,27 1,24 1,21 1,19
12,5 2,11 1,86 1,63 1,51 1,43 1,37 1,33 1,29 1,26 1,23 1,21
13,0 2,15 1,88 1,65 1,53 1,45 1,39 1,35 1,31 1,28 1,25 1,22
13,5 2,18 1,91 1,68 1,56 1,47 1,41 1,37 1,33 1,29 1,27 1,24
14,0 2,21 1,94 1,70 1,58 1,49 1,43 1,38 1,35 1,31 1,28 1,26
14,5 2,24 1,96 1,72 1,60 1,51 1,45 1,40 1,36 1,33 1,30 1,27
15,0 2,26 1,99 1,75 1,62 1,53 1,47 1,42 1,38 1,35 1,32 1,29
15,5 2,29 2,01 1,77 1,64 1,55 1,49 1,44 1,40 1,36 1,33 1,31
16,0 2,32 2,04 1,79 1,66 1,57 1,51 1,46 1,41 1,38 1,35 1,32
16,5 2,35 2,06 1,81 1,68 1,59 1,52 1,47 1,43 1,40 1,36 1,34
17,0 2,37 2,08 1,83 1,70 1,61 1,54 1,49 1,45 1,41 1,38 1,35
17,5 2,40 2,11 1,85 1,71 1,62 1,56 1,51 1,46 1,43 1,40 1,37
18,0 2,42 2,13 1,87 1,73 1,64 1,57 1,52 1,48 1,44 1,41 1,38
Nota: 1) deverá ser verificado a velocidade que deverá menor ou igual a 5m/s.
2) Deverá ser escolhido o diâmetro comercial existente.

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49.19 Relações geométricas e trigonométricas de varias secções


As relações geométricas e trigonométricas de uma circular considerando uma
tubulação de diâmetro D, lâmina de água y e ângulo interno θ conforme Figura (49.46).

Figura 49.46- Seção circular


Lima et al, 1987

Conforme Lima et al, 1987 as relações são:


Ângulo central em radianos;
θ= 2 arcos (1- 2 y/ D)
Área molhada
A = D2/ 8 x ( θ – sen θ)
Largura da corda b ou T
b= D x sen (θ/2)
Raio hidráulico
R= (D/4) x [ 1- (sen θ)/θ]

Exemplo 49.14
Dado tubo circular com D=1,5m e altura da lâmina de água y=0,70m. Achar a área
molhada A.
θ= 2 arcos (1- 2 y/ D)
θ= 2 arcos (1- 2x 0,70/ 1,50)= 2 arcos(-0,0666)
O valor =0,0666 está em radianos e não esquecer que está multiplicando por 2
Achamos o ângulo em radianos θ= 3,00816 rad
A = D2/ 8 x ( θ – sen θ)
A = 1,52/ 8 x ( 3,00816– sen 3,00816)=0,81m2

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Figura 49.47- Elementos geométricos de diversas secções conforme DAEE,


2005

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49.20 Equações semi-empíricas para estimativa da altura crítica


French in Mays, 1999 em seu livro Hydraulic Design Handbook capítulo 3.7-
Hydraulic of Open Channel Flow, mostra quatro equações semi-empíricas para a estimativa
da altura crítica yc extraídas de trabalho de Straub, 1982.
Primeiramente é definido um termo denominado
ψ = Q2 / g ( Equação 49.1)
sendo Q a vazão (m3/s) e g=9,81 m/s2.
Seção retangular
yc = (ψ / b2) 0,33 (Equação 49.2)
sendo b=largura do canal (m).

Exercício 49..14
Calcular a altura crítica de um canal retangular com largura de 3,00m, vazão de
15m3/s.
Primeiramente calculamos ψ
ψ = Q2 / g = 15 2 / 9,81 = 22,94
yc = (ψ / b2) 0,33 = (22,94 / 32) 0,33 = 1,36m
Portanto, a altura critica do canal é de 1,36m.

Seção circular
ψ = Q2 / g
yc = (1,01 / D 0,26) . ψ 0,25 (Equação 49.1)
sendo D o diâmetro da tubulação.

Exercício 49.15
Calcular a altura crítica de um tubo de concreto de diâmetro de 1,5m para conduzir
uma vazão de 3m3/s.
Primeiramente calculamos ψ
ψ = Q2 / g = 32 / 9,81 = 0,92
yc = (1,01 / D 0,26) . ψ 0,25 = (1,01 / 1,50,26) . 0,92 0,25 = 0,97m
Portanto, a altura critica no tubo é de 0,97m
Seção trapezoidal
Para a seção trapezoidal de um canal com base b e inclinação das paredes 1 na
vertical e z na horizontal, a altura critica é:
yc = 0,81 . (ψ / z 0,75 . b 1,25 ) 0,27 - b/ 30z ( Equação 49..1)

Exercício 49.16
Achar a altura critica de um canal trapezoidal com base de 3,00m, vazão de 15m3/s e
declividade da parede de 1 na vertical e 3 na horizontal ( z=3).
ψ = Q2 / g = 152 / 9,81 = 22,94
yc = 0,81 . (ψ / z 0,75 . b 1,25 ) 0,27 - b/ 30z = 0,81 . ( 22,94 / 3 0,75 . 3 1,25 ) 0,27 - 3/ 30.3 =
yc = 1,04- 0,03 = 1,01m
Portanto, a altura critica é de 1,01m

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Capítulo 49- Dissipador de energia para obras hidráulicas de pequeno porte
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Exemplo 49.17- Rolim Mendonça et al, 1987


Dimensionar um coletor para vazão de 92,8 L/s no fim do plano com declividade de
0,011m/m com diametro de 300mm e n=0,013 (Manning).
θ= sen θ + 2 2,6 (n Q/I 1/2) 0,6 D-1,6 θ 0,4
θ= sen θ + 2 2,6 (0,013x0,0928/0,0111/2) 0,6 0,30-1,6 θ 0,4
θ= sen θ +2,847. θ 0,4

Tabela 49.15- Cálculos para achar o ângulo central do escoamento normal


θ θ= seno θ +2,847. θ 0,4

3,00 4,56
4,56 4,23
4,23 4,18
4,18 4,18
4,18 4,18

Portanto, o ângulo central θ =4,18 rad= 239,5 graus


θ = 2 arc cos ( 1 – 2y /D)
ou
θ = 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
4,18 = 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
4,18/2 = 2,09= cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
-0,4962 = ( 1 – 2 (y/D))
-1,4962=-2 y/D=-2y/0,30
y=1,4962x0,30/2= 0,224m
y/D= 0,224/ 0,30=0,75

A área molhada “A”:


A= D2 ( θ – seno θ)/8
A= 0,302 ( 4,18 – seno 4,18)/8=0,0567m2
Equação da continuidade
Q= A x V
V= Q/A= 0,0928/0,-567= 1,64m/s

O perímetro molhado ”P”:


P=(θ D)/2
P=(4,18 x 0,30)/2=0,627m

O raio hidráulico “R”:


R= (D/4) (1-(seno θ)/ θ)
R= (0,30/4) (1-(seno 4,18)/ 4,18)=0,033m
É importantíssimo calcularmos a tensão trativa.
σt = γ . R . I
σt = γ . R . I = 10.000x 0,033x 0,011 = 3,63 Pa >> 1 Pa. OK.

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Ângulo central crítico


θc= sen θc + 8 ( Q2/g) 1/3 [sen(θc/2)] 1/3 x D -5/3
θc= sen θc + 8 ( 0,09282/9,81) 0,33 [sen(θc/2)] 1/3 x 0,3 -1,67
θc= sen θc +0,784 [sen(θc/2)] 1/3 x 7,46
θc= sen θc +5,85 [sen(θc/2)] 1/3

Tabela 49.16- Cálculos do ângulo central


θc sen θc +5,85 [sen(θc/2)] 1/3

4 4,91
4,91 2,71
2,71 4,68
4,68 2,85
2,85 4,56
4,56 2,93
2,93 4,50
4,50 2,97
2,97 4,45
4,45 3,01
3,01 4,42
4,42 3,03
3,03 4,40

O problema apresenta dois valores 3,03rad e 4,40rad e tomamos a média.


3,03+4,40/2 = 3,715 rad
Portanto, o angulo central critico θc=3,715rad
θ = 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
3,715rad= 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/0,30))
3,715/2= cos-1 ( 1 – 2 (y/0,30))
-0,28= 1- 2y/0,3
-1,28= - 2y/0,3
yc= 1,28x0,3/2=0,192m
y/D= 0,192/0,30=0,64

Vc= {[g xD/ (8 seno(θc /2))] x (θc - seno (θc))} 0,5


Vc= {[g xD/ (8 seno(θc /2))] x (3,715 - seno (3,715))} 0,5
Vc= {[0,383] x (4,255)} 0,5
Vc=1,27m/s
Ic= =[n2 x g/ (sen(θc/2))] x [θc4/ (2,0 D (θc – senθc))] (1/3)
Ic= =[0,0132 x 9,81/ (sen(3,715/2))] x [3,7154/ (2,0 x0,30 (3,715 – sen 3,715))] (1/3)
Ic=0,129m/m

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Regime de escoamento
Velocidade em regime normal de escoamento= 1,64m/s
Velocidade crítica= 1,29m/s
Como 1,64>1,29 o regime de escoamento é supercrítico ou torrencial.

Análise da velocidade
Velocidade normal= 1,64m/s
Se a velocidade 1,64> Vc=1,29m/s então temos segundo a NB no item 5.1.1 de
fazer com que y/D≤ 0,50
Então adotamos D=0,35m.

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49.21 Elementos hidráulicos numa seção circular


Metcalf & Eddy, 1981 apresentam as Tabelas (49.17) e (49.18) bem como as
Figuras (49.48) e (49.49).

Tabela 49.17- Valores de K para secção circular m termos da altura da lâmina de


água d.
Q= (K/n) d 8/3 . S1/2

Fonte: Metcalf&Eddy, 1981

Tabela 49.18-Valores de K´ para secção circulas em termos do diâmetro do tubo


Q= (K´/n) D 8/3 . S1/2

Fonte: Metcalf&Eddy, 1981

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Figura 49.48- Elementos hidráulicos de tubo circular


Fonte: Metcalf&Eddy, 1981

Figura 49.49- Elementos hidráulicos de tubo circular


Fonte: Hammer 1979

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Exemplo 49.18- Extraído de Metcalf & Eddy, 1981


Determinar a altura da lâmina líquida e a velocidade de um escoando com secção
parcialmente cheia.
Dados:
D=0,30m
S= 0,005m/m
n=0,015 (coeficiente de rugosidade de Manning)
Q=0,01m3/s

Solução
Q= (K´/n) D 8/3 . S1/2
Vamos tirar o valor de K´
K´= (Q.n) / (D 8/3 . S1/2 )
K´= (0,01 x 0,015) / (0,3 8/3 x 0,0051/2 )=0,0526
Entrando na Tabela (49.18) com K´= 0,0526 achamos d/D=0,28
Portanto, d= 0,28 x 0,30= 0,084m
Vamos achar a velocidade.
Usemos a equação da continuidade Q= A x V portanto V=Q/A
Temos que achar a área molhada.
Entrando na Figura (49.36) com d/D=0,28 achamos A=Atotal = 0,22
Como: Atotal = PI x 0,30 x 0,30/ 4=0,070686m2
A/Atotal = 0,22
A= 0,22 x 0,070686m2=0,0156m2
V= Q/ A = 0,01m3/s/ 0,0156m2=0,641m/s

Exemplo 49.19- Extraído de Metcalf & Eddy, 1981´


Determinar o diâmetro;
Dados:
Q=0,15m3/s
65% cheio= d/D=0,65
S=0,001 m/m
n=0,013
Q= (K´/n) D 8/3 . S1/2

Como d/D= 0,65 entrando na Tabela (49.18) achamos K´= 0,236


Vamos então tirar o valor de D.
Q= (K´/n) D 8/3 . S1/2
D= (Q.n)/ (K´ . S1/2)
D= (0,15x0,013)/ (0,236x 0,0011/2) =0,605m
Portanto, adotamos D=0,60m

49-75
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49.22 Bibliografia e livros consultados


-CETESB- Drenagem Urbana- Manual de projeto. 3ª Ed. 1986, 452páginas.
-DAEE (DEPARTAMENTO DE AGUAS E ENERGIA ELETRICA DO ESTADO DE
SAO PAULO). Guia prático para projetos de pequenas obras hidráulicas, 2005,124
páginas.
-ESTADO DA GEORGIA. Georgia Stormwater Management Manual, 2005.
-FHWA- Hydraulic Design of energy dissipators for culverts and channels, July, 2006.
-LENCASTRE, ARMANDO. Hidráulica geral. Edição Luso-Brasileira, 1983, 653
páginas.
-MAYS, LARRY W. Stormwater collection systems design handbook- Handbook.
McGraw-Hill, 2001.
-MAYS, LARRY W. Water Resources Engineering. John Wiley& Sons, 2001, 761páginas.
-MAYS, LARRY W. Hydraulic design handbook. John Wiley& Sons, 2001, 761páginas.
-PETERKA, A. J. Hydraulic design of stilling basins and energy. Havaii, 2005. US
Department of the Interior-Bureau of Reclamation. ISBN 1-4102-2341-8. Nota: é uma
reimpressão do original.
-PMSP (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO). Diretrizes básicas para
projetos de drenagem urbana no municipio de São Paulo, 1998, 279 páginas, elaborado
pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH) coordenado por Carlos Lhoret
Ramos, Mário T. L. de Barros e José Carlos F. Palos.
-TAMADA, KIKUO. Dissipador de energia na engenharia hidráulica. EPUSP, 70
páginas, 1994, Notas de aula, PHD-727.
-TOSCANO, MAURO. Estudo dos dissipadores de energia para obras hidráulicas de
pequeno porte. Dissertação de mestrado, Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo,
1999, 119 páginas.
-VEN TE CHOW, Open-Channel Hydraulics, 1983, 680 páginas.

49-76
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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Capítulo 50
Fórmula de Manning e canais
“Aproveite para ler agora. Pode ser que mais tarde você não tenha tempo”
Professor Moses, Poli, 1964

50-1
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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Introdução

Para o dimensionamento de canais iremos fazer algumas recomendações:

1. O período de retorno recomendado é Tr=100anos


2. O número de Froude tem que ser menor que 0,86 ou maior que 1,13.
3. O melhor método de cálculo é o da tensão trativa e mesmo assim verificar a
velocidade máxima.
4. O canal deve ser sempre aberto.
5. A vazão mínima é o Q 7,10 ou outro critério
6. Não esquecer a borda livre
7. Em caso de comporta com fechamento rápido cuidado com elevação do nível de água
causado pelos transientes hidráulicos.
8. Prever o remanso causado por ressalto hidráulico.

50-2
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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

SUMÁRIO

Ordem Assunto

50.1 Introdução
50.2 Raio hidráulico
50.3 Manning e Colebrook-White
50.4 Equação semi-empírica para altura crítica
50.5 Tensão trativa
50.6 Canais naturais de leito móvel
50.7 Borda livre de um canal
50.8 Coeficientes de rugosidade de Manning “n”
50.9 Coef. equivalente de rugosidade de Manning: ne ou coef. de rugosidade composto
50.10 Análise de sensibilidade do coeficiente “n”
50.11 Análise de incerteza da equação de Manning
50.12 Exemplo da escolha do coeficiente de rugosidade “n” de Manning
50.13 Exemplo de escolha da velocidade
50.14 Declividade
50.15 Canais
50.16 Número de Froude
50.17 Seções de máxima eficiência hidráulica
50.18 Velocidades
50.19 Declividades limites
50.20 Bibliografia e livros consultados
45 páginas

50-3
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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Capítulo 50 -Fórmula de Manning, galerias e canais

50.1 Introdução
Há três tipos básicos de canais:
 Canais revestidos
 Canais não revestidos e
 Canais gramado
O caso de canais revestidos com colchão de gabião e canais gramados serão
tratados à parte.
O escoamento em galerias, canais e sarjetas devem ser calculados pela fórmula de
Manning, onde se calcula a velocidade e uma vez que já temos o comprimento obteremos o
tempo de escoamento da água de chuva também chamado tempo de trânsito (Travel Time).
A fórmula mais conhecida para dimensionamento de condutos livres usada no Brasil e
nos Estados Unidos e demais países de língua inglesa, é a fórmula experimental do
engenheiro irlandês R. Manning (1816-1897) elaborada em 1891.
É impressionante que grandes obras de canais e rios são feitas baseadas na fórmula de
Manning e um dos motivos é que é mais fácil estimar a rugosidade de Manning do que a
fórmula de Darcy-Weisbach. Existem muitas medições e aferições do uso do coeficiente de
Manning de maneira que uma pessoa experiente pode com relativa facilidade escolher o valor
adequado para cada caso.
Na Europa geralmente é usada a fórmula de Strickler, que segundo Chaudhry,1993 é
similar a fórmula de Manning.

DICA: a fórmula para canais mais usada no mundo é a de Manning.


A fórmula de Manning para qualquer seção de canal ou tubulação é a seguinte:
V= (1/n) . R 2/3 . S ½ (Equação 50.1)
Sendo:
V= velocidade média na seção (m/s);
n= coeficiente de Manning tem as dimensões TL –1/3;
R= raio hidráulico (m). O raio hidráulico é o quociente entre a área molhada e o perímetro
molhado;
S= declividade (m/m). A inicial “S” vem da palavra inglesa Slope que quer dizer declividade.

DICA: o coeficiente de rugosidade “n”de Manning tem dimensões.

Fórmula de Manning-Strickler
Conforme Lencastre, 1983, na Europa é usada a fórmula de Manning-Strickler que é a
seguinte:
V= Ks . R 2/3 . S ½
Sendo:
Ks= 1/n
Portanto, Ks é o inverso de “n”. O nú mero Ks também tem dimensões L(1/3)/T.
Existem tabelas que fornecem o valor do coeficiente de Strickler Ks.
Chin, 2000 alerta sobre os cuidados que devemos proceder ao aplicar a equação de
Manning. Ela deve ser aplicada somente para regime turbulento e somente é válida quando:

n 6 ( R . S ) 0,5  1,9 .10 –13 (Equação 50.2)

50-4
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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Dica: na prática é comum esquecer-se da Equação (50.2).

Exemplo 50.1
Um canal tem declividade S=0,0005 m/m, n=0,015, Área molhada A=12,2m2, perímetro
molhado de 11,2m, Raio hidráulico = R =1,09m achar a vazão.
Primeiramente verifiquemos se pode ser aplicada a fórmula de Manning, usando a
Equação (50.2).
n6(R.S) 0,5= 0,0156.(1,09.0,0005)0,5 =2,66.10 –13  1,9 .10 –13
Portanto, pode ser aplicada a equação de Manning. Conforme Equação (50.1) em
unidades S. I. temos:
V= (1/n). R 2/3. S ½ = 1,58m/s
Q= A . V = 19,3 m3/s
50.2 Raio Hidráulico
O raio hidráulico é a relação entre a área molhada e o perímetro molhado.
Área molhada (m2)
R h= -------------------------------- (Equação 50.3)
Perímetro molhado (m)
Que pode ser calculado da Equação (50.1) de Manning, tirando-se o valor de R:
Rh = [V. n / (S1/2) ]3/2 ( Equação 50.4)

Rh= A/P
Sendo:
Rh= raio hidráulico (m)
A= área molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)

50.3 Manning e Colebrook-White


A equação mais usada em microdrenagem e macrodrenagem sem dúvida alguma é a
equação de Manning:
V= (1/n) x R (2/3) x S0,5
Sendo:
V= velocidade média (m/s)
R= raio hidráulico(m)= A/P
A= área molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)
Q= A x V = equação da continuidade
Q= vazão de pico (m3/s)
n= coeficiente de rugosidade de Manning
S= declividade (m/m)
Entretanto pode ser usada a equação de Colebrook-White conforme Sewerage
Manual de Hong Kong, 1998 da seguinte maneira:

a) para escoamento em tubos circulares


V= - (8x g x D x S)0,5 x log {Ks/(3,7 x D) + 2,51 x υ/ [D x (2 x g x D x S)0,5]}

b) para escoamento em condutos livres (canais)


V= - (32x g x R x S)0,5 x log {Ks/(14,8 x R) + 1,255 x υ/ [R x (32 x g x D x S)0,5]}

50-5
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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Sendo:
V= velocidade média (m/s)
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s2
R= raio hidráulico (m)= Área molhada/ perímetro molhado
Ks= rugosidade equivalente da areia (m)
υ = viscosidade cinemática do fluido (m2/s)
S= declividade (m/m)
D= diâmetro do tubo (m)
A rugosidade de Manning “n” e a rugosidade equivalente usada na fórmula de
Colebrook-White deverão estar inclusos as influências das juntas, das descontinuidades, da
sedimentação ou incrustação e outros problemas que poderão ocorrer.
Ks=0,3mm a 3mm para concreto
Ks=0,25mm para ferro fundido
Ks=0,9mm a 9mm para aço rebitado
Ks=0,03mm para PVC

Exemplo 50.2- um canal retangular tem coeficiente de rugosidade “n” de Manning igual a
0,070. A largura do canal é de 2,3m e altura da lâmina d’água de 1,20m. Calcular o raio
hidráulico, velocidade da água no canal e o tempo de escoamento sendo a declividade de
0,005m/m e o comprimento do canal de 1.200m.

Y=1,20m

L=2,30m

Figura 50.1- Seção transversal retangular de um canal de concreto

Portanto: S=0,005 m/m Y=1,20m L=2,30m


A área molhada é L x Y = 2,30m x 1,20m = 2,76 m2
O perímetro molhado, isto é, a parte do canal que tem contato com a água é L+ 2 x Y
= 2,30m + 2x 1,20m = 4,7m
Como o raio hidráulico é o quociente entre área molhada e o perímetro molhado então
teremos:
R= área molhada/perímetro molhado = 2,76m2 / 4,7m = 0,59m
Portanto, o raio hidráulico é 0,59m.
S=0,005m/m;
R=0,59m e
n=0,070
Usando a Equação (50.1) temos:
V= (1/n) . R 2/3 . S ½) = (1/0,070)x (0,59 2/3)x (0,005 ½)= 0,71m/s
Portanto, a velocidade da água no canal é de 0,71m/s.
O tempo de trânsito (Travel Time) é

50-6
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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

T= comprimento do canal/ velocidade = 1200m/ (0,71m/s x 60 s) = 28,17min.


Portanto, o tempo de escoamento do canal é de 28,17min.

50.4 Equações semi-empiricas para estimativa da altura crítica


French in Mays, 1999 em seu livro Hydraulic Design Handbook capítulo 3.7-
Hydraulic of Open Channel Flow, mostra quatro equações semi-empíricas para a estimativa
da altura crítica yc extraídas de trabalho de Straub, 1982.
Primeiramente é definido um termo denominado
 = Q2 / g ( Equação 50.1)
3 2
sendo Q a vazão (m /s) e g=9,81 m/s .

Seção retangular
yc = ( / b2) 0,33 (Equação 50.2)
sendo b=largura do canal (m).

Exemplo 50.3
Calcular a altura crítica de um canal retangular com largura de 3,00m, vazão de 15m3/s.
Primeiramente calculamos 
 = Q / g = 15 2 / 9,81 = 22,94
2

yc = ( / b2) 0,33 = (22,94 / 32) 0,33 = 1,36m


Portanto, a altura critica do canal é de 1,36m.

Seção circular
yc = (1,01 / D 0,26) .  0,25 (Equação 50.3)
sendo D o diâmetro da tubulação.

Exemplo 50.4
Calcular a altura crítica de um tubo de concreto de diâmetro de 1,5m para conduzir uma vazão
de 3m3/s.
Primeiramente calculamos 
 = Q2 / g = 32 / 9,81 = 0,92
yc = (1,01 / D 0,26) .  0,25 = (1,01 / 1,50,26) . 0,92 0,25 = 0,97m
Portanto, a altura crítica no tubo é de 0,97m

Seção trapezoidal
Para a seção trapezoidal de um canal com base b e inclinação das paredes 1 na vertical
e z na horizontal, a altura crítica é:
yc = 0,81 . ( / z 0,75 . b 1,25 ) 0,27 - b/ 30z ( Equação 50.4)

Exemplo 50.5
Achar a altura critica de um canal trapezoidal com base de 3,00m, vazão de 15m3/s e
declividade da parede de 1 na vertical e 3 na horizontal ( z=3).
 = Q2 / g = 152 / 9,81 = 22,94
yc = 0,81 . ( / z 0,75 . b 1,25 ) 0,27 - b/ 30z = 0,81 . ( 22,94 / 3 0,75 . 3 1,25 ) 0,27 - 3/ 30.3 =
yc = 1,04- 0,03 = 1,01m
Portanto, a altura crítica é de 1,01m

50-7
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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Relacionamento entre a equação de Darcy-Weisbach e a equação de Manning


Conforme Fox e Donald, 1985 temos:
hf= f . L/ Dh . V2/ 2g
Sendo:
hf= perda de carga (m)
f= coeficiente de atrito de Darcy-Weisbach (adimensional)
L= comprimento do tubo ou do canal (m)
V= velocidade média na seção (m/s)
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s2
Dh= diâmetro hidráulico (m)
O diâmetro hidráulico Dh é definido como 4 vezes o raio hidráulico.
Dh= 4 x Rh
Para um tubo pressurizado o Rh= A/P= (PI x D2/4)/ (PI x D)= D/4
Dh= 4 x Rh= 4 x (D/4)= D
Para um canal a equação de Darcy-Weisbach fica:
hf= f . L/ (4.Rh) . V2/ 2g
Podemos chegar a seguinte equação:
[ 8g/f]0,5= Rh1/6/ n
Exemplo 50.6
Achar o coeficiente de rugosidade de Manning para um canal com f=0,20.
[ 8g/f]0,5= Rh1/6/ n
[8x9,81/0,20]0,5= Rh1/6/ n
[ 8x9,81/0,20]0,5= Rh1/6/ n
20= Rh1/6/ n
n= Rh1/6/ 20
Em escadas hidráulicas de seção retangular constante podemos usar com aproximação
a equação de Manning sendo o raio hidráulico Rh= h x cos (θ) e h a altura do degrau e θ o
ângulo da inclinação da escada. Assim uma escada hidráulica com h=0,25m e ângulo θ de 16º
temos Rh= 0,24m.
n= Rh1/6/ 20
n= 0,241/6/ 20 =0,039
50.5 Altura crítica
O número de Froude para uma seção qualquer é:
Fr= V / ( g . A/T) 0,5
Sendo:
Fr= número de Froude;
V= velocidade (m/s);
g= aceleração da gravidade=9,81 m/s2;
A= área da seção molhada (m2)
T= comprimento da superfície da água em metros.

Como queremos a altura crítica temos que fazer Fr=1 e então teremos:
1= V / ( g . A/T) 0,5
Q= A . V
V=Q/A
1= (Q/A) / ( g . A/T) 0,5
Q2 x T= g A3
Q2/g= A3/ T

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

A relação Q2/ g= A3 /T pode ser usada para qualquer seção e devemos observar que a
altura critica yc depende da vazão e não da declividade como muitos poderiam pensar.
Para o caso particular de uma seção retangular teremos:
A= B x yc sendo B= largura da seção retangular
T= B
Q2/ g= A3 /T
Q / g= (B x yc)3 / B
2

yc= [Q2/ (B2 x g)] (1/3)

50.6 Velocidade crítica


Tendo yc e se quizermos a velocidade critica fazemos:
1= V / ( g . A/T) 0,5
Usando yc para o calculo de A e de T achamos Vc= V

Vc= (g .A/T) 0,5

50.7 Declividade crítica


A declividade critica Sc pode ser calculada usando a equação de Manning com V=Vc.

V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5


Fazendo Sc=S Vc=V
Vc= (1/n) x R (2/3) x Sc 0,5
Sc= Vc/ (1/n) x R (2/3)

50.8 Tensão Trativa


Um parâmetro muito importante é a tensão trativa média.
t =  . R . S (Equação 50.5)
sendo:
t = tensão trativa média no perímetro molhado (N/m2 ) Newton/m2 ou (Pa) Pascal;
 = peso específico da água = 104 N/m3 ( o valor mais exato seria 9800);
R = raio hidráulico (m);
S= declividade (m/m).

Exemplo 50.7- calcular a tensão trativa com dados do Exemplo (50.1).


Como o raio hidráulico é 0,59m
Usando a Equação (50.5) temos:
t =  . R . S = 10000 x 0,59 x 0,005 = 29,5 Pa = 29,5 N/m2

Tensão Trativa para um canal muito largo


Conforme apostila de Escoamento de Canais do Departamento de Hidráulica da
Escola Politécnica, para um canal largo, a tensão trativa máxima no fundo do mesmo é :
máxima =  . R . S   . y . S para b/y >4 (Equação 50.6)
sendo y a altura da lâmina d’água e b a largura do canal.

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No talude a tensão trativa é


máxima = 0,76.  . y . S para b/y >2 (Equação 50.7)
sendo y a altura da lâmina d’água.

Figura 50.2- Fonte: India Institute of Technology Madras

Tensão trativa crítica


O dimensionamento de canais naturais ou canais não revestidos é usando tensão trativa
critica. É melhor usar o método da tensão trativa crítica do que os métodos de velocidade
máxima. A Tabela (50.1) apresenta tensões trativas críticas para solos não coloidais e solos
coloidais em kgf/m2. Para transformar em Pascal, multiplicar o valor da tensão trativa por 9,8.

Exemplo 50.8
Determinar a tensão trativa máxima que podemos ter num solo coloidal de uma argila densa.
Usando a Tabela (50.1) achamos 2,24 kgf/m2.

Em Pascal teremos: 2,24 kgf/m2 x 9,8= 22 Pa

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Tabela 50.1- Tensões trativas críticas


(multiplicar kgf/m2 x 9,8 para transformar em Pa)
Tensão trativa crítica (Kgf/m2)
Material do canal Agua sem Agua com
sedimentos sedimentos coloidais
Areia fina 0,13 0,37
Argilo-arenoso 0,18 0,37
Argilo-siltoso 0,23 0,53
Silte aluvionar 0,23 0,73
Solos não coloidais Argiloso 0,37 0,73
Argila estabilizada 1,85 3,22
Cascalho fino 0,37 1,56
Cascalho grosso 1,46 3,27
Seixos e pedregulhos 4,44 5,37

Argila densa 1,27 2,24


Solos coloidais Silte aluvionar 1,27 2,24
Silte estabilizado 2,10 3,90
Fonte: Batista et al, 2001 adaptado de Santos, 1984

Tabela 50.1-Tensão trativa máxima para solos coesivos em N/m2 ou Pa.


Material da água Diâmetro médio d50 em mm
0,1 0,2 0,5 1,0 2,0 5,0
Aguas claras 1,2 1,3 1,5 2,0 2,9 6,0
Agua com sedimentos finos em 2,4 2,5 2,7 2,9 3,9 8,1
pequena quantidade
Agua com sedimentos finos em 3,8 3,8 4,1 4,4 5,4 9,0
grande quantidade
Fonte: Lencastre, 1983

Tabela 50.2-Tensão trativa máxima para solos não coesivos em N/m2 ou Pa.
Leito muito pouco Leito pouco Leito compactado Leito muito
Material do leito compacto com compactado com com uma relação de compactado com
relação de vazios de uma relação de vazios de 0,6 a 0,3 uma relação de
2,0 a 1,2 vazios de 1,2 a 0,6 vazios de 0,3 a 0,2
Argilas arenososas
(porcentagem de areia 2,0 7,7 16,0 30,8
inferior a 50%)
Solos com grandes 1,5 6,9 14,9 27,5
quantidades de argilas
Argilas 1,2 6,1 13,7 25,9
Argilas muito finas 1,0 4,7 10,4 17,3
Fonte: Lencastre, 1983

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Conforme Chaudhry, 1993 temos as Figuras (50.1) a (50.3) que mostram o ângulo de
repouso conforme diâmetro da partícula e tensões trativas críticas para solos coesivos e não
coesivos.

Figura 50.3- Ângulo de repouso de material não coesivo sendo que o diâmetro d50 está
em mm

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Figura 50.4- Tensão trativa crítica para solos não coesivos.


Fonte: Bureau of Reclamation

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Figura 50.5- Tensão trativa crítica para solos coesivos.


Fonte: Ven Te Chow, 1959

Tabela 50.2- Fator de correção da tensão trativa crítica conforme o grau de sinuosidade
do canal
Grau de sinuosidade de um canal Fator de correção
Cs
Canal em linha reta 1,00
Canal ligeiramente sinuoso 0,90
Canal moderadamente sinuoso 0,75
Canal muito sinuoso 0,60

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Exemplo 50.9 baseado em Chin- Modelo de calculo baseado na tensão trativa


Queremos dimensionar um canal sem revestimento com seção trapezoidal com declividade
S=0,0015m/m para conduzir 20m3/s de um canal ligeiramente sinuoso com partícula
moderadamente arredondadas d50=20mm.

Primeiro passo:
Adotar ou calcular o coeficiente de rugosidade de Manning. No caso pela experiência do
projetista foi adotado n=0,025.

Segundo passo:
Achar o ângulo de repouso do solo do canal que será estimado usando a Figura (50.3).
O diâmetro d50=20mmm= 0,8in.
Entrando com 0,8in achamos ângulo de repouso do solo de ψ=32º.

Terceiro passo:
Como o canal é ligeiramente sinuoso entrando na Tabela (50.2) achamos Cs=0,90.

Quarto passo:
Especificar a declividade do talude. Escolhemos talude com 1(V): 2 (H). O ângulo da
declividade do talude é θ que pode ser calculado assim:
θ= tan-1 (1/2)= 26,6º

Quinto passo: calcular o fator K da força trativa

K = [(1- (sen  /sen  ) 2 ]0,5


K = [(1- (sen 26,6º /sen 32º ) 2 ]0,5
K=0,53
Sexto passo:
Achar a tensão trativa crítica do fundo do canal que pode ser estimada usando a Figura (50.4)
e entrando com partícula média de 20mm achamos 0,33 lb/ft2 que multiplicando por 47,87
obtemos o resultado em N/m2 ou Pa.
0,33 x 47,87= 15,8 N/m2= 15,8 Pa
Como o canal é ligeiramente sinuoso temos que multiplicar 15,8 por Cs=0,90.
15,8 Pa x 0,90= 14,3 Pa
Portanto, a tensão trativa critica no fundo do canal é 14,3 Pa.
A tensão trativa nos taludes deve ser multiplicada pelo coeficiente K=0,53 e teremos:
14,3 Pa x K= 14,3 x 0,53= 7,6 Pa

Sétimo passo:
Par a achar a profundidade normal y vamos supor a pior situação que é o talude.

máxima = 0,76.  . y . S
Mas máxima = 7,6Pa
Entao teremos:
7,6 = 0,76.  . y . S
7,6 = 0,76x1000y0,0015

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y= 0,68m
Oitavo passo:
Uma maneira prática de se calcular é usar a equação de Manning em planilha Excel
calculando por tentativas até achamos largura da base b=24,2m.

Nono passo:
Calculo da força trativa no fundo do canal
máxima =  . y . S
máxima = 10000x 0,68 x 0,0015=10,2 N/m2 < 14,3 Pa OK
Décimo passo:
Cálculo do número de Froude Fr.
Número de Froude para seção trapezoidal
O número de Froude para uma seção trapezoidal é:
Fr= V / ( g . A/B) 0,5
Sendo:
Fr= número de Froude;
V= velocidade (m/s);
g= aceleração da gravidade=9,81 m/s2;
A= área da seção molhada (m2)
B= comprimento da superfície da água em metros.
Vamos supor que calculos V= 1,1 m/s, B= 26,92m

Fr= V / ( g . A/B) 0,5


Fr= 1,1 / (9,81 . 17,4/26,92) 0,5

Fr= 0,44 < 0,86 OK


Décimo primeiro passo:
Cálculo da borda livre (freeboard).
f= 0,55 x (C. Y) 0,5= 0,55 . (1,7 x 0,68) 0,5= 0,59m

O valor de C=1,5 para vazão até 0,57m3/s. C=2,5 para vazão acima de 85m3/s. Fazendo uma
simples interpolação achamos C=1,7

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Exemplo 50.10 baseado em Chaudhry


Projetar um canal trapezoidal retilíneo para vazão de 10m3/s. A declividade é 0,00025m/m. A
partícula tem diâmetro de 8mm e o solo é pedregulho fino moderadamente arredondado.
Achar a altura y=?

Para solo pedregulhoso fino adotamos n=0,024 e talude 1V: 3H. sendo o angulo θ=
18,4º. De acordo com o tamanho da partícula que é 8mm verificamos a Figura (50.1) e
achamos o ângulo de repouso =24º.
Chaudhry, 1993 usa para K o seguinte:
K = [(1- (sen  /sen  ) 2 ]0,5
K = [(1- (sen 18,4º /sen 24º ) 2 ]0,5
K=0,63
Como o solo não é coesivo verificamos a Figura (50.2) e achamos tensão crítica de
0,15 lb/ft2 que multiplicando por 47,88 obtemos 7,18 N/m2= 7,18 Pa
Portanto, a tensão crítica que temos no canal é 7,18 Pa e nos taludes ela deve ser
multiplicada pelo fator K=0,63
Talude= K x 7,18= 0,63 x 7,18= 4,52 Pa
Então a tensão crítica no fundo do canal é 7,18 Pa e no talude 4,52 Pa.
A tensão trativa máxima calculada no fundo do canal é:

fundo =  . y . S

No talude a tensão trativa máxima deverá ser:


talude = 0,76. . y . S
4,52 = 0,76x10000x y 0,00025
y= 2,43m

50.9 Canais naturais de leito móvel (solos não coesivos)


Em canais constituídos por elementos granulares sem coesão temos o que se chama de
escoamento em canal de leito móvel (Quintela, 1981).
Existem dois critérios usados em canais íde arrastamento abaixo de cujos valores o
movimento dos sedimentos é insignificante.
Um deles e bastante importante é o critério de Shields.
Procura-se achar a tensão crítica de arrastamento para evitar o arrastamento em canais
de leito de material granular sem coesão. Shields fez estudos em 1936 sobre as tensões
criticas usando um gráfico com duas variáveis.
A primeira variável de Shields é chamada Reynolds do atrito (Re*)
Re*= Vc* D50/
E a segunda variável é:
critico / ( s –  ) x D50
Sendo:
critico = tensão critica de arrastamento para o início de transporte do material sólido.
D50= diâmetro característico dos elementos sólidos, sendo D50 representa que os elementos
com diâmetros inferiores perfazem 50% do peso da amostra. Da mesma maneira D90
representa o diâmetro dos sedimentos para o qual os elementos com diâmetros inferiores
perfazem 90% do peso da amostra;
s = peso volumétrico do material sólido

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3
 = peso volumétrico da água (10000N/m )
Vc*= velocidade de atrito que é igual a (c / ) 0,5=(g .R . S)0,5
 = viscosidade cinemática = 1,006 x 10-6 m2/s
O critério de Shields é bastante simples. Se o ponto achado está abaixo da linha da
Figura (50.6) então os sedimentos estão em repouso. Se o ponto está acima da linha, então os
sedimentos estão em movimentos. A curva de Shields foi obtida experimentalmente em
laboratório e amplamente utilizada.
Para valores elevados de Re* >500 , o valor da ordenada é constante e vale 0,06.
Portanto temos:
critico = 0,06 . (s-).d50 (Equação 50.8)

Re*

Figura 50.6-Diagrama de Shields


Fonte: Quintela, 1981 ou Swami Marcondes Villela e Arthur Matttos 1975

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Figura 50.7- Curvas granulométricas de solos brasileiros segundo o prof. Milton Vargas in Revista
Politécnica nº 149 in Garcez e Alvarez, 1988.
Segundo o padrão do Massachussetts Institute of Technology (MIT) mais difundido no
Brasil, os tipos de solos variam entre amplos limites (Garcez e Alvarez,1988).
Argilas- diâmetro das partículas D< 0,002 mm
Siltes- diâmetro das partículas 0,002mm <D<0,06mm
Areias- diâmetro das partículas 0,06mm <D<2,00mm
Pedregulhos- diâmetro das partículas D>2,00mm

Dica- o diagrama de Shields é de grande utilidade de projeto de canais estáveis de leito


móvel na verificação da capacidade de transporte de sedimentos pelo escoamento
(Righeto,1998).

Segundo Shane e Julian,1993 capítulo (12.19) Erosion and Sediment Transport in


Handbook of Hidrology, o critério de Shields é usado freqüentemente para determinar o
diâmetro da partícula de um canal estável.
Quando critico =0,03 N/m2 não há movimento.
Desde que o inicio do movimento das partículas é subjetivo, deve-se escolher
coeficiente de segurança entre 2 e 4.
O diagrama de Shields é aceito por todos como uma boa indicação do inicio do
movimento para partículas não coesivas de diâmetro uniforme especialmente em leitos
planos.

Talude
Caso se trate de proteção do talude, o crítico deve ser multiplicado pelo fator K (Chin
2000 p.213):
K = cos . [(1- (tan  /tan  ) 2 ]0,5
Chaudhry, 1993 usa para K o seguinte:
K = [(1- (sen  /sen  ) 2 ]0,5

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Sendo:
K= número que deve ser dimensionado a tensão trativa critica da margem;
 =ângulo do talude;
 = ângulo de atrito do solo e
tan  = tangente do ângulo de atrito.

Exemplo 50.11 de aplicação do cálculo do Fator K para as margens


Seja um canal com declividade 3 na horizontal e 1 na vertical, e ângulo de atrito de 24º
O ângulo de declividade do talude é de 18,4º
K= cos  . [(1- (tan  /tan )2 ]0,5 = cos 18,4º . [ 1-(tan 18,4/tan 24)2]0,5 = 0,66
Caso a tensão trativa achada fosse de 7,18 N/m2 então para as paredes do canal
teríamos como máxima tensão trativa tolerada o valor de 7,18 x 0,66 =4,73 N/m2.
Sendo a declividade do canal S=0,00025 m/m e  = 10.000 N/m3
A tensão trativa nas margens é:
 máxima = 0,76.  . y . S = 0,76 . 10000 .y. 0,00025= 1,9 . y
Como o máximo permissível é 4,73 N/m2 então teremos:
1,9 . y = 4,73 e portanto y= 2,49m

Exemplo 50.12 de aplicação do critério de Shields


Vamos fornecer um exemplo citado por Quintela, 1981.
Um canal de leito aluvionar, com seção transversal muito larga, retangular com declividade de
S=0,002 m/m. Determinar a velocidade média no canal para o qual o leito não é erodido em
condições de regime uniforme. São dados o D50= 12mm e D90=30mm e s = 2,65
Primeiramente verifiquemos a aplicação da equação da Figura (50.2).
(D50/  )x ( 0,1 x ((s/ – 1) x g x D50) 0,5
substituindo os dados
(0,012/ 10-6 )x ( 0,1 x ((2,65/1 – 1) x 9,8 x 0,012) 0,5 = 1672
Entrando na Figura (50.2) com 1672 verificamos que o número de Reynolds é maìor
que 500 e vale
crítico = 0,06 . (s-).d50 (Equação 50.8)
2
critico = 0,06 . ( 1,65). 9800. 0,012= 11,64 N/m
Portanto, a vazão máxima do canal deverá ser quando tivermos a tensão critica
 = crítico
Como o canal é muito largo:
 =  . y . S =11,64 N/m2=9800. y . 0,002
Portanto y=0,60m
Para usar a fórmula de Manning não temos o valor do coeficiente de rugosidade de
Manning “n “. Sabemos que n= 1/K sendo K o coeficiente de Gaucker-Manning.
Conforme proposto por Meyer, Peter e Muller em 1948 citado por Quintela,1981 o
valor de K pode ser obtido em função de D90 da seguinte maneira:
K= 26/ D90 1/ 6
Sendo D90 em metros.
Como D90= 30mm = 0,030m
Então
K= 26/ D90 1/6 = 26/ 0,030 1/6 =47

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Como n=1/k = 1/ 47 = 0,021276


Usando a fórmula de Manning para unidades SI temos:
V= (1/n)x (R 2/3)x (S ½)
Como o canal é muito largo R=y
V= (1/n)x (y 2/3)x (S ½) = (1/0,021276)x (0,60 2/3)x (0,002 ½) =1,49 m/s
Nota: na prática como o diâmetro do sedimento está na potência 1/6 podemos usar o diâmetro
médio D50 sugerido por Strickler em 1948 da seguinte maneira (Lloret, 1984 p.57):
n = D50 1/ 6 / 21,0
sendo D50 em metros. Para D50=0,003m então n=0,018.

Canais naturais que carregam materiais em suspensão


Os canais naturais que carregam materiais em suspensão e cujo fundo do canal são do
mesmo material foram estudados por Kennedy e Lacey. Estes canais podem ser
dimensionados usando o método da força trativa ou pelo método da teoria do regime. O
método da teoria do regime, conforme Chaudhry,1993 e Righeto,1998 é empírico e foi
pesquisado na Índia e no Paquistão em canais que conduzem sedimentos cujo peso é menor
que 500 mg/L (500 ppm).
Segundo Lloret Ramos, 1995 in Drenagem Urbana p.261 a hipótese do método de
Lacey é que o canal seja retangular e bastante largo, para que o raio hidráulico confunde-se
com a profundidade e a largura é praticamente, igual ao perímetro molhado. A largura
admitida é de 20 vezes a profundidade. Mesmas as fórmulas mais precisas que a de Lacey
não alteram muito os resultados.
A fórmulas de Lacey são as seguintes:
P= 4,75 x Q 1/2
fs= 1,59 x d ½
R= 0,47 x (Q/fs) 1/3
S= fs 5/3 / 3168 x Q 1/6
Sendo:
P=perímetro molhado (m);
Q=vazão (m3/s);
fs=fator de sedimentação (Righeto) ou fator silte (Chaudhry), que leva em consideração o
tamanho do sedimento;
d=diâmetro do sedimento (mm);
R=raio hidráulico (m);
S= declividade (m/m).
A combinação das equações acima fornece a relação semelhante a fórmula de
Manning.
V=10,8 x R 2/3 x S 1/3
Sendo:
V=velocidade média (m/s);
R= raio hidráulico (m) e
S=declividade (m/m).

Dica: a fórmula de Lacey só pode aplicar a canais largos onde a largura é 20 vezes a
altura do nivel de água. Cuidado não errar!.

O diâmetro da partícula do sedimento e do fator silte (fs) é dado pela Tabela (50.3).

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Tabela 50.3-Diâmetros das partículas e fator silte (fs) dependendo do material


Material Diâmetro da partícula do Fator de sedimentação ou
sedimento fator silte
(mm) (fs)
Pedra arredondada 64 a 256 6,12 a 9,75
Pedregulho áspero 8 a 64 4,68
Pedregulho fino 4a8 2,0
Areia áspera 0,5 a 2,0 1,44 a 1,56
Areia média 0,25 a 0,5 1,31
Areia fina 0,06 a 0,25 1,1 a 1,3
Silte (coloidal) 1,0
Silte fino (coloidal) 0,4 a 0,9
Fonte: Gupta, 1989 in Chaudhry,1993

Exemplo 50.13- Aplicação da fórmula de Lacey


Vamos usar um exemplo citado por Chaudhry, 1993 p.247 conforme fórmulas de
Righeto, 1998 p.775. Usando a teoria do regime de Lacey, determinar a seção transversal de
um canal que transporta sedimentos com vazão de 8 m3/s, sendo o diâmetro da partícula de
0,4mm (areia).

Usando as fórmulas de Lacey temos:


P= 4,75 x Q 1/2 = 4,75 x 8 1/3 = 13,44m
fs= 1,59 x d ½ =1,59 x 0,4 ½ = 1,005604
R= 0,47 x (Q/fs) 1/3 =0,47x (8/1,005604) 1/3 = 0,9383m
S= fs 5/3 / 3168 x Q 1/6 = 1,005604 1,67 / 3168 x 8 0,167 = 0,000451m/m
Considerando que a declividade do talude seja 0,5 na horizontal e 1 na vertical temos:
A= área molhada
A=(b+0,5y)y = P x R = 13,44 x0,9383= 12,61m
Por tanto: b= 12,61/y –0,5y
P= b + 2y (1+0,5 2 ) ½ =13,44 = b + 2,24 y
Substituindo o valor de b temos:
b+2,24y=13,44
12,61/y –0,5 y + 2,24 y = 13,44
Resolvendo a equação, obtemos y=1,05m
Portanto, o valor de b será:
b+2,24y=13,44
b=13,44- 2,24 . y = 11,1m

50.10 Borda Livre de um canal


Devido a ações de ondas provocadas por ventos, embarcações, ou flutuações das
vazões, é necessário que se deixe uma borda livre. Geralmente o mínimo é de 0,30m, e no
Estado de São Paulo é usual adotar 25% da profundidade. Assim um canal com 2,00m de
profundidade pode ser adotado borda livre de 25% ou seja 0,50m.
O Departamento de Aguas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) adota
para barramentos de pequenas obras hidráulicas no mínimo f≥0,50m como sendo o desnível
mínimo entre a crista da barragem e o nivel máximo maximorum.
Conforme Chaudhry, 1993, o U. S. Bureau de Reclamation adota para borda livre a
seguinte fórmula:

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Borda livre (m) = (k . y) 0,5


Sendo:
y= altura da lâmina d’água (m) e
k= coeficiente que varia de 0,8 até 1,4 dependendo da vazão do canal.
Para vazão de 0,5m3/s k=0,8 e para vazão maior que 85m3/s temos k=1,4.
A Tabela (50.4) fornece sugestões para bordas livres conforme as vazões nos canais
conforme Central Board of Irrigation and Power na Índia. Fornece valores bem menores que
a fórmula do Bureau de Reclamation.

Tabela 50.4 – Sugestões de borda livre recomendado pela Central Board of Irrigation
and Power, na Índia (Raju,1983)
Vazão (m3/s) Vazão < 1,5 m3/s Vazão entre 1,5 a 85 m3/s Vazão > 85m3/s

Borda Livre 0,50m 0,75m 0,90m

Fonte: Chaudhry, 1993

O Bureau de Reclamation adota a fórmula abaixo, para regime torrencial ou seja


quando o número de Froude for maior que 1.
Borda livre (em metros)= 0,61 + 0,0372 . V . y 1/3
Sendo:
V= velocidade média da seção (m/s) e
y= altura da lâmina d’água (m).

Exemplo 50.14 de aplicação da Borda Livre de um Canal


Seja com altura da lâmina d’água de 2,50m e vazão de 67m3/s. Calcular a borda livre.
Adotando k=1,2
Borda livre (m) = (k . y) 0,5 = (1,2 . 2,5) 0,5 = 1,73m
Adotando critério de 25% da altura teremos borda livre de 0,625m
Porém examinando a Tabela (50.4) do Central Board of Irrigation and Power da Índia
apresenta valor para borda livre de 0,75m que parece ser o mais adequado.

50.11 Coeficientes de rugosidade de Manning “n”


Os coeficientes de rugosidade de Manning geralmente são tabeladas, entretanto em
canais gramados o coeficiente de Manning pode ser achado de uma maneira diferente, o que
será visto no Capítulo referente a Canais Gramados. Em escada hidráulica quando se usa com
aproximação a equação de Manning o coeficiente “n” pode ser achado conforme já mostrado,
mas que será explicado no Capítulo de Escadas Hidráulicas.
De maneira geral a escolha do coeficiente de rugosidade de Manning é difícil de ser
feita, dependendo muito da experiência e vivência do projetista.
Conforme Tabela (50.5) conforme a cobertura da bacia os coeficientes “n” de
Manning podem ser:

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Tabela 50.5- Coeficiente “n” de Manning


Cobertura da bacia Coeficiente “n”
asfalto suave 0,012
asfalto ou concreto 0,014
argila compactada 0,030
pouca vegetação 0,020
Vegetação densa 0,350
Vegetação densa e floresta 0,400
Fonte: Tucci,1993
Para escoamento da chuva sobre o solo temos a Tabela (50.8).

Tabela 50.6- Coeficiente “n”de Manning para vazões sobre o solo


Material do Solo Valores de Faixa de valores de “n”
“n”recomendado
Concreto 0,011 0,01 a 0,013
Asfalto 0,012 0,01 a 0,015
Areia exposta 0,010 0,010 a 0,016
Solo pedregulhoso 0,012 0,012 a 0,030
Solo argiloso descoberto 0,012 0,012 a 0,033
Terreno sem cultura 0,05 0,006 a 0,16
Terra arada 0,06 0,02 a 0,10
Pastagens natural 0,13 0,01 a 0,32
Pastagens cortadas 0,08 0,02 a 0,24
Grama 0,45 0,39 a 0,63
Grama curta 0,15 0,10 a 0,20
Grama densa 0,24 0,17 a 0,30
Grama Bermuda 0,41 0,30 a 0,48
Florestas 0,45
Fonte: Florida Departament of Transportation Drainage Manual,1986.
Os valores dos coeficientes de rugosidade “n” de Manning fornecido pelo U.S.
Department of Transportation em 1985 estão na Tabela (50.9).

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Tabela 50.7- Valores do coeficiente de rugosidade “n” de Manning


Descrição “n” mínimo “n” normal “n” máximo
Condutos fechados seção não plena
Bronze 0,009 0,010 0,013
Aço
soldado 0,010 0,012 0,014
rebitado 0,013 0,016 0017
Ferro fundido dúctil
com proteção 0,010 0,013 0,014
sem proteção 0,011 0,014 0,016
Aço
preto 0,012 0,014 0,015
galvanizado 0,013 0,016 0,017
Metal corrugado
Corrugado em 6x1” 0,020 0,022 0,025
Corrugado em 6x 2” 0,030 0,032 0,035
Parede lisa espiral aluminizada 0,010 0,012 0,014
Concreto
Extravasor com ângulos retos 0,010 0,012 0,013
Extravasor com curva 0,011 0,013 0,014
Esgotos sanitários 0,012 0,013 0,016

Condições dos canais


n=(n0+n1+n2+n3) . m
terra n0=0,020
a) material da envoltória rocha n0=0,025
pedras finas n0=0,024
pedras grossas n0=0,028
b) grau de irregularidade bem liso n1=0,000
liso n1=0,005
moderado n1=0,010
bem irregular n1=0,020
c) Efeito de obstrução desprezível n2=0,000
pequena n2=0,010 a 0,015
apreciável n2=0,020 a 0,030
muita obstrução n2=0,040 a 0,060
d) Vegetação baixa n3=0,005 a 0,010
media n3=0,010 a 0,025
alta n3=0,025 a 0,050
muito alta n3=0,050 a 0,100
e) Graus de meandros pequeno m=1,000
apreciável m=1,150
muitos meandros m=1,300

A Tabela (50.8) apresentam valores do coeficiente de Manning conforme a superfície.

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Tabela 50.8-Coeficientes de rugosidade de Manning somente sobre superfícies


Superfície Coeficiente de rugosidade de Manning para
escoamento superficial
Plástico, vidro 0,009
Terra sem cultura 0,010
Areia 0,010
Superfície cascalhada ou coberta com pedregulho 0,012
Concreto liso 0,011
Asfalto 0,012
Terreno argiloso 0,012
Revestimento comum do concreto 0,013
Madeira boa 0,014
Tijolos assentados com cimento 0,014
Madeira não aplainada 0,014
Argila vitrificada 0,015
Ferro fundido 0,015
Terra lisa 0,018
Tubos de metal corrugado 0,023
Superfície emborrachada 0,024
Terra cultivada sem resíduo 0,09
Terra cultivado com resíduo 0,19
Grama curta 0,15
Grama densa 0,40
Grama tipo Bermuda 0,41
Solo sem vegetação rasteira 0,20
Solo com pouco de vegetação rasteira 0,40
Solo com muita vegetação rasteira 0,80
Pastagem 0,13
Fonte: McCuen, 1993 página 114

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Figura 50.8-Valores do coeficiente de rugosidade de Manning.


Fonte: Chaudhry,1993

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Figura 50.9- Valores coeficiente de rugosidade de Manning


Fonte:Chaudhry,1993

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Na Figura (50.8) e (50.9) temos vários valores do coeficiente de rugosidade de


Manning citado por Chaudhry, 1993, mas cuja origem é de Barnes, 1967 e que se encontram
na Tabela (50.9).

Tabela 50.9- Coeficientes de rugosidade de Manning conforme Figuras (50.3) e (50.4)


Fotografia Valor do coeficiente ‘n”de Manning
a) n=0,024
b) n=0,030
c) n=0,032
d) n=0,036
e) n =0,041
f) n =0,049
g) n =0,050
h) n =0,060
i) n =0,070
j) n =0,075

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50.12 Coeficiente equivalente de rugosidade de Manning: ne ou coeficiente de


rugosidade composto
Conforme Chaudhry,1993 pesquisas feitas em 36 canais naturais feitas pelo U.S.
Geological Survey, constatou que a melhor fórmula para o coeficiente de rugosidade de
Manning equivalente (ne) é a fórmula de Einstein, 1934. Esta fórmula também foi adotada na
Escola Politécnica da USP pelo Departamento de Hidráulica e que consta na Apostila de
Escoamento em Canais.

(Pi ni 3/2 )2/3


ne = --------------------------
(Pi) 2/3

sendo:
ne= rugosidade equivalente de Manning pela fórmula de Einstein,1934 ou coeficiente de
rugosidade composta;
Pi= perímetro molhado cujo coeficiente de Manning é ni;
ni= coeficiente de Manning cujo perímetro é Pi;

Exemplo 50.10-Aplicação do coeficiente equivalente de rugosidade de Manning

Seja um canal de seção retangular com 4,00 m de largura e 2,00m de altura da lâmina
de água. Vamos supor que verticalmente temos as paredes laterais feitas em concreto armado
como se fosse um muro de arrimo com n=0,015 e o fundo do canal é de enrocamento com
n=0,030.
Como temos dois coeficientes de Manning usemos a fórmula de Einstein,1934 para
calcular o coeficiente equivalente de rugosidade de Manning.

(Pi ni 3/2 )2/3


ne= --------------------------
(Pi) 2/3

2,00m
n=0,015

4,00m
n=0,030

Figura 50.10- Coeficientes de Manning do fundo e da parede da seção retangular do


canal

(Pi ni 3/2 )2/3 (2,00 x 0,015 3/2 + 4,00 x 0,030 3/2+ 2,00x0,015 3/2)2/3
ne= -------------------------- = -------------------------------------------------------- = 0,024
(Pi) 2/3 (2,00+4,00+2,00)2/3

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Portanto, o coeficiente de rugosidade equivalente ou coeficiente de rugosidade


composto é n=0,024, o qual deverá ser utilizado nos cálculos do canal.

DICA: deve-se ter muito cuidado na escolha o mais correto possível do coeficiente de
rugosidade “n” da fórmula de Manning.

50.13 Análise de sensibilidade do coeficiente “n”


Ao se adotar o coeficiente de rugosidade “n” de Manning, deve-se ir ao local para acertar
mais na determinação do mesmo. Todos reconhecem a difícil escolha do coeficiente “n”
variando de projetista para projetista, havendo, portanto, diferença nos cálculos. As diferenças
causarão erros nas fórmulas que usam o coeficiente “n”. Uma maneira de se lidar com isto, é
fazer uma análise de sensibilidade, verificando-se outros valores de “n” que poderiam ser
adotados e quais seriam as conseqüências.

50.14 Análise de incerteza da equação de Manning


Conforme livro Conservação da Água de Tomaz,1999 vamos exemplificar a
aplicação da Análise de Incerteza usando a fórmula de Manning para seção plena nas
unidades do sistema internacional (S.I.) usando a Equação (50.10).
Q= 0,312 . n-1 . D8/3 . S1/2
sendo:
Q = vazão (m3/s);
n = coeficiente de rugosidade de Manning;
D = diâmetro da tubulação (m);
S = declividade da tubulação (m/m).
Queremos a incerteza da vazão Q na Equação (50.10). As variáveis dependentes n, D e
S possuem incertezas.
A rugosidade de Manning n = 0,015 com incerteza de 50%, ou seja, n = 0,5.
A declividade S= 0,001 m/m com incerteza de 7%, ou seja, S= 0,07.
Consideremos que o diâmetro seja de 1,50m com incerteza de 1%, ou seja, com coeficiente de
variação D= 0,01.
Vamos calcular a vazão Q usando os dados fornecidos:
Q= 0,312 . n-1 . D8/3 . S1/2 = 0,312 . 0,015-1 . 1,58/3. 0,0011/2
Q= 1,938 m3/s = 1.938 l/s
2Q =n2 +(8/3)2. D2 + (1/2)2. S2
2Q =n2 + (64/9). D2 + (1/4). S2
Como temos os coeficientes de variação de n, D e S, fazendo as substituições na Equação
(50.5) temos:
2Q = (0,5)2 + (64/9) . ( 0,01)2 + (1/4) . (0,07)2
2Q = 0,25 + 0,00071 + 0,001225 = 0,251935

Q = 0,251935 = 0,5019, ou seja, Q = 0,5019

Assim, a incerteza nas variáveis independentes n , D e S acarretam, na variável


dependente Q, a incerteza de 50,19%, ou seja, coeficiente de variação de 2Q = 0,5019.
O desvio padrão é dado pela fórmula abaixo.
Q = Q . Q
substituindo os valores:

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Q = 0,5019 . 1938 = 973L/s = 0,973 m3/s


Portanto, a vazão de 1938 L/s poderá variar de 965L/s a 2911 L/s.

50.15 Exemplo da escolha do coeficiente de rugosidade “n” de Manning


Na bacia do córrego Aricanduva em São Paulo em 1999 foi adotado pelo DAEE o
coeficiente médio de Manning n=0,023 a n=0,025 para o canal com paredes em concreto e
fundo não revestido.
Para as seções com gabião foi adotado n=0,030.
Quando o canal tivesse paredes e fundo de concreto foi adotado n=0,020.
No estudo da calha do rio Tietê entre a barragem Edgard de Souza e a barragem da
Penha foi calibrado o coeficiente de Manning n=0,028, englobando as perdas de cargas
distribuídas e localizadas nas regiões das pontes.
O projeto Promon realizado em 1986 tinha adotado no mesmo local n=0,027 e mais o
coeficiente de perda localizada igual a 0,20 para cada ponte.
Na dissertação de mestrado na EPUSP em 1984 do prof. dr. Carlos Lloret Ramos para
o uso do coeficiente de Manning n=0,030 para todas as seções do rio Paraíba do Sul,
encontraram-se desvios de até 25%.

50.16 Exemplo de escolha da velocidade


Conforme projeto do rio Aricanduva feito pelo DAEE em 1999, a velocidade máxima
nos trechos novos a serem executados devem ser de 2,0m/s a 2,5m/s.
O projeto da calha do rio Tietê no trecho entre a barragem Edgard de Souza e a
barragem da Penha foi recomendado em 1999 que “as canalizações futuras deverão ter
velocidade média de escoamento de 1,5m/s e 1,8 m/s para o cenário do ano 2020”.
O mesmo estudo recomenda que as canalizações futuras que direta ou indiretamente
venham a lançar suas águas pluviais na calha principal do rio Tietê deverão ter “velocidade
máxima de 2m/s”.
Dica: usar velocidade máxima de 2m/s nos rios da calha do rio Tietê na região
metropolitana de São Paulo.

50.17 Declividade
A declividade do fundo do rio coincide geralmente com a declividade do talvegue e
com a declividade da linha de energia. No caso do rio Aricanduva a declividade no trecho
médio é de 0,025m/m e no trecho baixo de 0,005m/m.
No rio Paraíba do Sul a declividade média em Pindamonhangaba é de 0,000208m/m e
a declividade do rio Colorado nos Estados Unidos é 0,000217 m/m (Lloret,1984).

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50.18 Canais

Tabela 50.10- Elementos geométricos das varias seções de canais

Fonte: French, Richard H. in Mays, 2001

50.19 Número de Froude F


O número de Froude denominado “F” representa a influência da força gravitacional no
escoamento. A fórmula geral para determinar o número de Froude
F= V/ (g x Dh)0,5
Sendo:
F= número de Froude;
V=velocidade média da seção (m/s);
g=aceleração da gravidade=9,8 m/s2;
Dh =profundidade média ou profundidade hidráulica. Dh = A/T= A/B;
T=B= largura superficial da água (m) e
A=área molhada da seção (m2).

DICA: não confundir profundidade hidráulica com raio hidráulico.

Número de Froude para canal de seção retangular


Para um canal retangular (Chaudry, 1993) é representado por:
F= V/ (g . y)0,5

Sendo:
F= número de Froude;
V=velocidade média da seção em m/s;

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

g=aceleração da gravidade=9,8 m/s2;


y=lâmina d água em metros.
Quando F=1 temos o regime crítico, que deve ser evitado.
Quando F<1 temos o regime fluvial ou lento, que é o melhor a ser admitido em um
projeto.
Quando F>1 temos o regime torrencial ou rápido.
Chin, 2000 diz que experimentos em canais retangulares mostraram instabilidade
quando o número de Froude está entre 0,86 e 1,13 e portanto, devemos evitar que em um
canal o número de Froude esteja entre aqueles valores.

Dica: procurar manter o número de Froude 1,13≤ F ≤ 0,86

Exemplo 50.15- Aplicação do número de Froude para uma seção retangular


Consideremos um canal retangular com velocidade de 4,47m/s e altura de lâmina d’água de
3,0m. O número de Froude “F” para uma seção retangular é:
F= V/ (g . y)0,5 = 4,47/ (9,8 x 3,0) 0,5 = 0,82 <0,86 OK
Portanto, o regime é fluvial ou lento, pois F<1. Em casos práticos procura-se adotar
F<1 e abaixo de 0,86 para assegurar um regime fluvial ou lento.

Número de Froude para seção trapezoidal


O número de Froude para uma seção trapezoidal é:
F= V / ( g . A/B) 0,5
Sendo:
F= número de Froude;
V= velocidade (m/s);
g= aceleração da gravidade=9,8 m/s2;
A= área da seção molhada (m2 )
B= comprimento da superfície da água em metros.

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Exemplo 50.16-Aplicação do número de Froude para uma seção trapezoidal


Seja um canal trapezoidal com velocidade média V=1,81m , área molhada A=44 m2 e
largura superficial B=26m
B

2,00m
Área 1
Molhada A
18,00m
z=2

Figura 50.11- Seção trapezoidal do canal.


F= V / (g . A/B) 0,5 = 1,81 / (9,8 x 44 / 26) 0,5 = 0,44 ( regime fluvial) <0,86 OK

50.20 Seções de máxima eficiência hidráulica


As seções transversais dos canais “A” que fornecem a máxima vazão “Q” é chamada
seção de melhor eficiência hidráulica.

DICA: seção de melhor eficiência hidráulica nem sempre é a mais econômica. A seção
mais econômica deverá levar em conta entre outros, os custos de escavação e de
revestimento.

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Canal de seção retangular


Para um canal retangular, a máxima eficiência hidráulica é quando a largura é o dobro
da altura (b=2y).

y= Altura da lâmina
d’água

Base b
Figura 50.12- Seção retangular de um canal com máxima eficiência hidráulica.
A seção retangular de máxima eficiência hidráulica é quando b=2 y.

Canal de seção trapezoidal


A seção de máxima eficiência hidráulica de um canal com seção trapezoidal, é quando
o canal é a metade de um hexágono. O hexágono tem raio y e o círculo tangência o fundo do
canal e os canais laterais e o ângulo de inclinação dos taludes é de 60º, o que corresponde a
uma declividade de 1 na vertical e 0,57 na horizontal.

Figura 50.13- Seção de máxima eficiência hidráulica de canal trapezoidal

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50.21 Velocidades
Os limites de velocidade são bastante complexos e requer experiência do projetista na
escolha adequado dos valores. Entretanto para evitar que se depositem materiais temos que
levar em conta a velocidade mínima e máxima para evitar a erosão das paredes.
O critério melhor para verificar a estabilidade de canais é o da tensão trativa.

Velocidades mínimas
Fernandez, Araújo e Ito, 1999 adotam para velocidades mínimas a seguinte tabela.

Tabela 50.11- Velocidade mínima em função da água conduzida no canal


Tipo de água a ser conduzida Velocidade média mínima
(m/s)
Água com suspensões finas 0,30
Águas carregando areias finas 0,45
Águas de esgoto 0,60
Águas pluviais 0,75
Fonte: Fernandez, Araújo e Ito,1999

Velocidade máxima da água


A fim de evitar a erosão das paredes as velocidades máximas são:
Tabela 50.13- Velocidade máxima em função do material da parede do canal
Material da parede do canal Velocidade máxima
(m/s)
Canais arenosos 0,30
Saibro 0,40
Seixos 0,80
Materiais aglomerados consistentes 2,00
Alvenaria 2,50
Canais em rocha compacta 4,00
Canais de concreto 4,50
Fonte: Fernandez, Araujo e Ito,1999

Chaudhry,1993 diz que a velocidade mínima geralmente está entre 0,60m/s a 0,90m/s.
Velocidades acima de 12 m/s em canais de concreto foram aceitas em canais que possuem
baixa concentração de sedimentos. O fundo do canal pode ser erodido para velocidades
baixas, quando o canal materiais arenosos.

Velocidades práticas mais comuns


Tabela 50.12- Velocidades práticas
Tipo de canais Velocidade
(m/s)
Canais de navegação, sem revestimento Até 0,5
Canais industriais, sem revestimento 0,4 a 0,8
Canais industriais, com revestimento 0,6 a 1,3
Aquedutos de água potável 0,6 a 1,3
Coletores e emissários de esgoto 0,5 a 1,5
Fonte: Fernandez, Araujo e Ito,1999

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Limitações de velocidades máximas em canais


Para canais as máximas velocidades permissíveis conforme Ven Te Chow são:

Tabela 50.13–Velocidades máximas permissíveis em canais sem revestimento (canais


erodíveis com declividades pequenas)
Material Coeficiente “n” de Água Limpa Água com siltes
Manning (m/s) coloidais
(m/s)
Areia fina coloidal 0,020 0,46 0,76
Argilo-arenoso, não coloidal 0,020 0,53 0,76
Argilo-siltoso, não coloidal 0,020 0,61 0,91
Siltes aluvionais, não coloidais 0,020 0,61 1,07
Argiloso comum firme 0,020 0,76 1,07
Argila densa, muito coloidal 0,025 1,14 1,52
Siltes aluvionares; coloidais 0,025 1,14 1,52
Xistos e rochas estratificadas 0,025 1,83 1,83
Cascalho fino 0,020 0,76 1,52
Argila estabilizada com 0,030 1,14 1,52
cascalho quando não coloidal
Silte estabilizado com cascalho 0,030 1,14 1,52
quando coloidal
Cascalho grosso, não coloidal 0,025 1,22 1,83
Seixos e pedras soltas 0,035 1,52 1,68
Fonte: Ven Te Chow, Open Channel Hydraulics in Drenagem e Controle de Erosão Urbana, Fendrich et
al, 1997

Velocidades limites para galerias e canais (Urbonas e Roesner, 1993)


Conforme Urbonas e Roesner (1993) as limitações em tubulação de águas pluviais é a
seguinte:
A velocidade mínima varia de 0,6 m/s a 0,9 m/s e velocidade máxima para tubos
rígidos é de 6,4 m/s e para tubos flexíveis é de 4,6 m/s.
Para canais, as velocidades limites dependem do tipo de revestimento. Assim temos:

Tabela 50.14-Velocidades limites conforme revestimento


Tipo de seção do canal Velocidade máxima
(m/s)
Natural 0,5
Revestido com enrocamento 2,5
Revestido com concreto 3a4

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Tabela 50.15 -Velocidades permissíveis máximas segundo US Army Corps of Engineers


(1970) para lâmina d’água de um metro de altura mais ou menos (Chaudhry)
Material Velocidade máxima permissível
V (m/s)
Areia fina 0,6
Areia grossa 1,2
Terra
Silte arenoso 0,6
Silte argiloso 1,1
Argila 1,8
Gramado ( declividade menor que 5% ou seja, 0,05 m/m
Grama Bermuda
Areia siltosa 1,8
Silte arenoso 2,4
Grama azul de Kentucky
Areia siltosa 1,5
Silte arenoso 2,1
Rocha pobre (usualmente Rocha Sedimentar)
Arenito fino 2,4
Xisto fino 1,1
Rocha de boa qualidade usualmente ígnea ou metamórfica 6,1
Fonte: Chaudhry, M. Hanig. Open-Channel Flow, 1993 página 239

Como a Tabela (50.15) de velocidade máximas permissíveis do US Army Corps of


Engineers (1970) é para altura de lâmina d’água de um metro mais ou menos, Chaudhry
(1993) sugere que: para canais sinuosos a velocidade deve ser reduzida de 5% (cinco por
cento). Para canais moderadamente sinuosos, deve ser reduzida a velocidade em 13% (treze
por cento) e para canais muito sinuosos, a velocidade máxima permissível deve ser reduzida
em 22% (vinte e dois por cento).
Recomenda ainda que quando a altura da lâmina d’água for maior que um metro e for
muito largo, a velocidade deve ser multiplicada por um coeficiente

k= y1/6 (Equação 50.11)

Exemplo 50.17- velocidade máxima permissível


Achar velocidade máxima permissível de um canal de terra com argila, com
velocidade de 1,8m/s para um canal bastante sinuoso.
Para um canal bastante sinuoso, devemos reduzir a velocidade em 22% e portanto a
velocidade v= 1,8 . ( 1- 0,22) = 1,4 m/s.
Portanto, para um canal bastante sinuoso a velocidade máxima permissível é menor, o
que é intuitivo.

Exemplo 50.18
Achar velocidade máxima permissível para canal largo com lâmina d’água de 1,50 m
de altura, sendo o material areia fina com v=0,6 m/s.
V = 0,6 x y1/6=0,6 x 1,51/6 =0,64 m/s
Para um canal profundo admite-se uma velocidade permissível maior. Para canais
menos profundos, a velocidade a ser adotada é menor.

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

50.22 Declividades limites


As declividades limites recomendadas são:

Tabela 50.16- Declividades limites dos canais


Tipo de canal Declividade mínima
(metro/metro)
Canais de navegação Até 0,00025
Canais industriais 0,0004 a 0,0005
Canais de irrigação pequenos 0,0006 a 0,0008
Canais de irrigação grandes 0,0002 a 0,0005
Aquedutos de água potável 0,00015 a 0,001
Fonte: Fernandez, Araujo e Ito,1999

Chaudhry, 1993 apresenta a Tabela (50.19) com sugestões de varias declividades de taludes.

Tabela 50.17-Declividades do talude conforme tipo de material


Material Declividade do Talude
( zH: 1 V)
Rocha Praticamente vertical
Argila rija ½ : 1 até 1:1
Solo firme 1:1
Solo arenoso solto 2:1
Solo arenoso margoso 3:1
Fonte: Open-Channel Flow, Chraudry,1993 p. 238

Para canais em solos arenosos a declividade do talude deverá ser 3 na horizontal e 1 na


vertical. Conforme Chin, 2001 p.207 e Chaudhry, 1993 o U. S. Bureau of Reclamation para
canais revestidos sugere 1,5: 1 (H:V).

Exemplo 50.19-canal retangular do Rio dos Cubas em Guarulhos com duas células
Calcular a velocidade da água num canal de seção retangular com base de 4,00 m e
lâmina d’água de 2,2m com coeficiente de rugosidade de Manning de 0,015(concreto) e
declividade de 0,003m/m. No local temos duas células de 4,00m x 2,20m para uma vazão
total de 67 m3/s ou seja cada galeria conduz 33,5 m3/s.

Exemplo 50.20: canal retangular do rio dos Cubas em Guarulhos com uma célula
Calcular a velocidade da água num canal de seção retangular com base de 5,00 m e
lâmina d’água de 3,0m com coeficiente de rugosidade de Manning de 0,015(concreto) e
declividade de 0,003m/m. A vazão de pico para período de retorno de 50 anos é de 67 m3/s.

0,30m

y=3,00m

b=5,00
Figura 50.14- Seção retangular de um canal fechado

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

R= (by)/ (b+2y)= (5,00 x 3,0) / ( 5,00 + 2x 3,0) = 1,36m


V= (1/n) (R 2/3) (S ½) = (1/0,015) x (1,36 2/3 ) (0,003) ½ = 4,47m/s < 5,00 m/s
A velocidade média da água no canal é de 4,47m/s que é menor que 5,00 m/s que é a
velocidade máxima admitida num canal de concreto armado.

Verifiquemos o número de Froude.


O número de Froude denominado “F” representa a influência da força gravitacional no
escoamento. Para um canal retangular (Chaudhry,1993) é representado por:
F= V/ (g . y)0,5
Sendo:
F= número de Froude;
V=velocidade média da seção (m/s);
g=aceleração da gravidade=9,8 m/s2;
y=lâmina d água (m).
Quando F=1 temos o regime crítico, que deve ser evitado.
Quando F>1 temos o regime torrencial ou rápido.
Calculando o número de Froude temos:
F= V/ (g . y)0,5 = 4,47/ (9,8 . 3,0) 0,5 = 0,82 <0,86 OK
Portanto, o regime é fluvial ou lento, pois o número de Froude é menor que 1. O ideal
é que o número de Froude fosse menor ou igual a 0,86.

Exemplo 50.20: canal retangular do Rio dos Cubas em Guarulhos com duas células
Calcular a velocidade da água num canal de seção retangular com base de 4,00 m e
lâmina d’água de 2,2m com coeficiente de rugosidade de Manning de 0,015(concreto) e
declividade de 0,003m/m. No local temos duas células de 4,00m x 2,20m para uma vazão
total de 67 m3/s ou seja cada galeria conduz 33,5 m3/s.

0,30m

2,20m

4,00m
4,00m

Figura 50.15- Seção retangular dupla

Conforme Tabela (50.9) temos: base b=4,00m e lâmina d’água y=2,2m


Então para o raio hidráulico R e para a velocidade V o seguinte:

R= (by)/ (b+2y)= (4,00 x 2,2) / ( 4,00 + 2x 2,2) = 1,05m


V= (1/n) (R 2/3) (S ½) = (1/0,015) x (1,05 2/3 ) (0,003) ½ = 3,77m/s < 5,00 m/s
A velocidade média da água no canal é de 3,77m/s que é menor que 5,00 m/s que é a
velocidade máxima admitida num canal de concreto armado.

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Verifiquemos o número de Froude.


O número de Froude denominado “F” representa a influência da força gravitacional no
escoamento. Para um canal retangular (Chaudry,1993) é representado por:
F= V/ (g x y)0,5
Sendo:
F= número de Froude;
V=velocidade média da seção (m/s);
g=aceleração da gravidade=9,8 m/s2;
y=lâmina d água (m).
Quando F>1 temos o regime torrencial ou rápido.
Calculando o número de Froude temos:
F= V/ (g . y)0,5 = 3,77/ (9,8 . 2,2) 0,5 = 0,81 <0,86

Exemplo 50.21: canal trapezoidal


Calcular a velocidade de um canal trapezoidal com base de 18,00m, altura da lâmina
de água de 2,00m e inclinação de 2:1 (sendo 2 horizontal e 1 na vertical), com declividade de
0,00154m/m e n=0,03. Trata-se do canal do rio dos Cubas em Guarulhos, com vazão total de
67m3/s.
B

2,00m
1

18,00m
z=2

Figura 50.16- Seção trapezoidal

Portanto:
S=0,00154m/m n=0,030 b=18m y= 2,00 z=2
O raio hidráulico conforme Tabela 50.9 é:
R= y(b+zy)/(b+2y (1+z2)0,5 (Equação 50.6)
R= y(b+zy)/[(b+2y) (1+z2)0,5]= 2 x(18,00+ 2 x 2,00)/(18,00+2x2,00x (1+22)0,5 = 1,63 m/s
V= (1/n) (R 2/3) (S ½) = (1/0,030) x (1,63 2/3 ) (0,00154) ½ = 1,81m/s > 1,5 m/s
A velocidade de 1,81 m/s é maior que 1,5m/s que é o limite da velocidade em um
canal de terra com revestimento em grama.
O número de Froude para uma seção trapezoidal é:
F= V / (g . A/B) 0,5
Sendo:
F= número de Froude;
V=velocidade (m/s);
A= área da seção molhada (m2)
B= comprimento da superfície da água (m).
g=aceleração da gravidade=9,8 m/s2;
V= 1,81 m/s
Área molhada A= (b+zy)y= (18+2x2,00) x 2 = 44 m2

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Perímetro molhado= P= b+2y (1+z2) 0,5 = 18+2x2,00(1+2x2) 0,5 = 26,94m


B= largura superficial = b+2zy= 18+2x2 x 2,00 =26m
F= V / (g x A/B) 0,5 = 1,81 / (9,8 x 44 / 26) 0,5 = 0,44 ( regime fluvial) <0,86 OK

Exemplo 50.22- canal trapezoidal de terra com revestimento com pedra argamassada e
fundo com rachão (D>=0,20m)
Calcular a velocidade de um canal trapezoidal com base de 18,00m, altura da lâmina
de água de 2,50m e inclinação de 2:1 (sendo 2 horizontal e 1 na vertical), com declividade de
0,00333m/m e n=0,03. Trata-se do canal do Rio dos Cubas em Guarulhos, com vazão total de
67 m3/s. ?
B

y=2,50m
1

b=4,00m Min z=2


0,40m

Figura 50.17- Seção trapezoidal

Portanto:
S=0,00333m/m n=0,025 b=4,00m y= 2,50 z=2
O raio hidráulico conforme Tabela 50.9 é:
R= (b+zy)/(b+2y (1+z2)0,5 (50.6)

R= y(b+zy)/(b+2y) (1+z2)0,5 = 2,5 x(4,00+ 2 x 2,50)/(4,00+2x2,50x (1+22)0,5 = 1,48 m


V= (1/n) (R 2/3) (S ½) = (1/0,025) x (1,48 2/3 ) (0,00333) ½ = 3,00m/s ≤ 3,00m/s
A velocidade de 3,00 m/s é o limite de um canal de terra com pedra argamassada e fundo com
rachão.
O número de Froude para uma seção trapezoidal é:
F= V / (g . A/B) 0,5
Sendo:
F= número de Froude;
V=velocidade (m/s);
g=aceleração da gravidade=9,8 m/s2;
A= área da seção molhada (m2)
B= comprimento da superfície da água (m).
V= 3,00m/s
Área molhada A= (b+zy)y= (4+2x2,50) x 2,5 = 22,5 m2
Perímetro molhado= P= b+2y (1+z2) 0,5 = 4,00+2x2,50(1+2x2) 0,5 = 15,18m
B= largura superficial = b+2zy= 4,00+2x2 x 2,50 =14m

F= V / (g x A/B) 0,5 = 3,00 / (9,8 x 22,5/ 14) 0,5 = 0,76 ( regime fluvial)

Exemplo 50.23-Canal trapezoidal de terra com revestimento de concreto (placas) nos


taludes e rachão no fundo (D=0,20m).

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

Vazão de 67 m3/s com as mesmas dimensões do Exemplo (50.9), porem com n=0,015
(concreto) e n=0,025 (rachão). A declividade S=0,0018m/m, base do canal de 4,0m altura da
lamina d’água de 2,50m, declividade do talude 2 na horizontal e 1 na vertical, isto é, z=2.

y=2,50m
n=0,015 1
concreto
b=4,00m
n=0,025 z=2
rachão

Figura 50.18- Seção trapezoidal

Calculemos primeiramente o coeficiente de rugosidade equivalente ou rugosidade


composta, pois, no fundo do canal temos rachão com n=0,025 e nas paredes do canal temos
concreto com n=0,015.
Usando a fórmula de (Einstein, 1934 e de Horton, 1933) que é considerada a melhor
de todas as fórmulas para calcular a rugosidade composta, após estudos feitos por
Krishnamurthy (1980) em 36 canais naturais e citado por Chin, 2000.
(Pi ni 3/2 )2/3
ne= --------------------------
(Pi) 2/3
Sendo:
ne = rugosidade equivalente ou rugosidade composta de Manning pela fórmula de
Einstein,1934 e Horton,1933
Pi = perímetro molhado cujo coeficiente de Manning é ni;
ni = coeficiente de Manning cujo perímetro é Pi;
Precisamos o comprimento molhado conforme o coeficiente de rugosidade.
Como o canal tem declividade de 2 na horizontal e 1 na vertical, temos:
tg  = cateto oposto/cateto adjacente= ½=0,50
Procuremos o ângulo que corresponde a 0,50 para a função tangente.

Achamos  =0,4636 radianos


L
2,50m

 =0,4636

Figura 50.19- Ângulo do talude

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Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

sen ()= cateto oposto/hipotenusa = 2,50 / L


L= 2,50/sen() = 2,50/ sen() =2,50/0,4472= 5,59m
Portanto, o comprimento de cada talude de concreto é de 5,59m
(Pi ni 3/2 )2/3
ne= --------------------------
(Pi) 2/3

(5,59x0,015 3/2 + 4,00 x 0,025 3/2+ 5,59x 0,015 3/2) 2/3


ne=--------------------------------------------------------------= 0,0186
(5,59+4,00+5,59) 2/3
Portanto, o coeficiente de rugosidade equivalente ou composto para a seção
trapezoidal estudada é n=0,0186.
O raio hidráulico conforme Tabela (50.9) é:
R= (b+zy)/(b+2y (1+z2)0,5 (Equação 50.6)
2 0,5 2 0,5
R= y(b+zy)/(b+2y) (1+z ) = 2,5 x(4,00+ 2 x 2,50)/(4,00+2x2,50x (1+2 ) = 1,48 m
V= (1/n) (R 2/3) (S ½) = (1/0,0186) x (1,48 2/3 ) (0,0018) ½ = 2,95m/s 3,00m/s
Calculemos o número de Froude F
F= V / (g . A/B) 0,5
Sendo:
F= número de Froude;
V=velocidade (m/s);
A= área da seção molhada (m2)
B= comprimento da superfície da água (m).
V= 2,95m/s
Área molhada A= (b+zy)y= (4+2x2,50) x 2,5 = 22,5 m2
Perímetro molhado= P= b+2y (1+z2) 0,5 = 4,00+2x2,50(1+2x2) 0,5 = 15,18m
B= largura superficial = b+2zy= 4,00+2x2 x 2,50 =14m
F= V / (g x A/B) 0,5 = 2,95/ (9,8 x 22,5/ 14) 0,5 = 0,74 (regime fluvial) < 0,86

50-45
Curso de Manejo de águas pluviais
Eng Plínio Tomaz 24/06/10 pliniotomaz@uol.com.br
Capítulo 50- Fórmula de Manning e canais

50.23 Bibliografia e livros consultados


-BAPTISTA, MÁRCIO BENEDITO et al. Hidráulica Aplicada. ABRH, 2001, 619 páginas.
-CHAUDHRY, M. HANIF. Open-Channel Flow. Prentice Hall, 1993, 483páginas.
-CHIN, DAVID A. Water Resources Engineering. Prentice Hall, 2000, 750páginas
-FOX, ROBERT W. E MCDONALD, ALAN T. Introduction to fluid mechanics. 3a ed. 1985,
John Wiley & Sons, 741páginas.
-FRENCH, RICHARD H. Hydraulic of open channel flow. Chapter 3 in MAYS, LARRY W.
Stormwater collection systems desigh handbook, 2001.

50-46
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 51- Cobertura verde
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 51
Cobertura verde

Edifício na Alemanha

51-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 51- Cobertura verde
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Sumário
Ordem Assunto
Capitulo 51-Cobertura verde
51.1 Introdução
51.2 Aplicabilidade
51.3 Esquema da cobertura verde
51.4 Custos
51.5 Performance
51.6 Membranas para evitar vazamentos
51.7 Materiais
51.8 Manutenção
51.9 Vegetação extensiva e intensiva
51.10 Pesquisa na Carolina do Norte, USA
51.11 Telhado verde para produção de alimentos
51.12 Bibliografia e livros consultados
13 páginas

51-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 51- Cobertura verde
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capitulo 51- Cobertura verde

51.1 Introdução
Com a urbanização crescente as áreas verdes vão ficando cada vez menores e uma solução para
aumentar as áreas verdes é usar as coberturas para plantar gramas, flores, etc a fim de melhorar o ambiente
com as seguintes vantagens:
• Melhorar a qualidade do ar;
• Providenciar habitat para pássaros e insetos;
• Melhorar o nível de umidade;
• Reduzir as expansões e contrações dos tetos em concreto armado;
• Diminuir os custos de refrigeração na época de calor;
• Deter as enchentes
• Melhorar a paisagem.
• Produz efeitos psicológicos nas pessoas devido ao contato visual com áreas verdes conforme Ulrich
e Johson in Hong Kong, 2007. O mesmo efeito também é causado pela existência de um balcão ou
sacada.
• Diminui a ilha de calor. (Pesquisas feitas pela Universidade de São Paulo mostraram que na capital o
centro tem 6º C a mais de temperatura do que a borda da cidade junto a Serra da Cantareira).

Os espaços abertos e a presença do verde causam benefícios psicológicos e é realmente um redutor do


estresse humano conforme Rubinstein, 2007.
È importante salientar que deter enchentes não é o objetivo principal das coberturas verdes.
A cobertura verde insere uma gama de especialização, como a estrutural, a do engenheiro civil, a do arquiteto
e engenheiro agrônomo.

Figura 51.1- Observe as coberturas verdes que estão nas varandas dos apartamentos.

51-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 51- Cobertura verde
Engenheiro Plínio Tomaz 25 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Figura 51.2- Greenroof


Fonte: Foto da dra. Cristina Bráulio, 2006, presidente da ABRASIP-Minas Gerais
Cobertura do Carrefour em Viena, Áustria

Os exemplos mais antigos de coberturas verdes são os famosos jardins suspensos da Babilônia.
No Brasil em 1936 no prédio do MEC foi construída cobertura verde pelo paisagista paulista Roberto
Burle Marx. Em 1988 executou a cobertura verde no Banco Safra em São Paulo. Burle Marx foi considerado
o maior paisagista do mundo.
Em 1992 a arquiteta Rosa Grená Kliass e Jamil Kfouri projetaram os jardins do Vale do Anhangabaú em
São Paulo.
Tive a oportunidade de conversar em 2003 com a arquiteta Rosa Grená Kliass juntamente com o dr.
Walter Kolb da Universidade de Munich e de Hannover, especialista em coberturas verdes na Alemanha, o
qual considera que as coberturas verdes podem reduzir o pico de runoff dos edifícios entre 50% a 90%. A dra.
Rosa acrescentou que os problemas estruturais para as coberturas verdes já estão resolvidos.
O dr. Walter Kolb mostrou pesquisas onde o cobertura verde diminui os custos de refrigeração na época
de calor e comentou ainda que alguns usuários estavam começando na Alemanha a plantar no cobertura
verde para que servisse como alimento, como verdura, etc.
A cobertura verde (green roof) às vezes é chamada também de cobertura vivo (living roof).

51.2 Aplicabilidade
A cobertura verde é aplicada para todo tipo de construções, desde prédios residenciais e comerciais
até supermercados e indústrias.
Geralmente são aplicados em coberturas praticamente planos com inclinação aproximadamente de 5º
para permitir o escoamento não muito rápido da água. Para coberturas acima de 20º deverão ser tomadas
outras providências para deter o fluxo de água como barreiras ou outras estruturas.

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Figura 51.3- Cobertura verde na indústria Ford com vegetação extensiva.


Fonte: http://crd.dnr.state.ga.us/assets/documents/GGG3C.pdf

Figura 51.4- Cobertura verde em um restaurante com vegetação intensiva


Fonte: http://crd.dnr.state.ga.us/assets/documents/GGG3C.pdf

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Figura 51.4A- Telhado verde da Prefeitura Municipal de São Paulo (Banespinha) que é fechada a
visitação
Fonte: Denyse Godoi, revista Morar, Folha de São Paulo agosto, 2007

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51.3 Esquema da cobertura verde


A cobertura verde se compõe de varias camadas conforme Figura (51.5) desde as plantas até a
estrutura do prédio.

Figura 51.5- Corte esquemático de uma cobertura verde.


Fonte: Auckland, New Zealand, 1998

Os elementos comuns de uma cobertura verde são:


• Camada impermeável;
• Sistema de drenagem eficiente
• Elementos para permitir a vegetação devem ter baixa densidade, boa retenção da água.
• Escolha adequada da vegetação para atender os tempos quentes e frios;
• As espécies de plantas devem ser: vigorosas, tolerantes ao solo seco; gostam do sol e toleram um
solo pobre.
• Muitas plantas foram testadas, como Carex Festuca, Stipa e Achillea.
• A camada de solo varia de 150mm a 300mm.

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Figura 51.6- Corte esquemático de uma cobertura verde


Fonte: New Jersey, 2000.

51.4 Custos
Os custos das coberturas verdes variam US$ 400/m2 a US$ 5000/m2 conforme Hong Kong, 2007.
Existem cidades que incentivam o uso de cobertura verdes com descontos de impostos e ajuda
financeira.

51.5 Performance
A cobertura verde remove 75% dos Sólidos Totais em Suspensão (TSS). O número da curva segundo
o SCS adotado normalmente em coberturas verdes é CN=61.
As coberturas verdes reduzem a temperatura da cobertura no verão em mais de 40% reduzindo o
consumo de energia em uma casa.
Cidades como Stuttgard, Cologne, Dusseldorf e Hamburg usam a cobertura verde há mais de 25anos.
Em alguns lugares a cobertura verde é chamado de eco-cobertura (eco-roof). O pais onde é mais
desenvolvido os coberturas verdes é sem dúvida a Alemanha e o dr. Walter Kolb pesquisa o assunto há mais
de 25 anos em Hannover.
Os coberturas verdes reduzem também os efeitos danosos dos raios ultravioletas, os extremos de
temperatura e os efeitos do vento na cobertura.
Nos coberturas verdes a temperatura não passa de 25ºC enquanto a cobertura convencional pode
chegar a 60º C (Green Building Services).
A queda de temperatura sob a cobertura verde varia de 1,7ºC até 3,9ºC resulta numa redução de
10% nos custos do sistema de ar condicionado.
As coberturas verdes podem mitigar as áreas onde existem ilhas de calor com grande quantidade de
prédios que impermeabilizaram toda as áreas permeáveis. Isto é feito pela evapo-transpiração das plantas
que estão nas coberturas.
As coberturas verdes podem reter de 15% a 70% das águas pluviais, reduzindo com isto os picos de
enchentes.
Ainda os telhados verdes podem ser acessíveis ou inacessíveis. Geralmente os telhados verdes com
cobertura intensiva são acessíveis e os com cobertura extensiva são inacessíveis, isto é, as pessoas não
possuem acesso a eles.

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51.6 Membranas para evitar vazamentos


A cobertura deve ser resistente a infiltração das raízes e de vazamentos de água. A declividade
mínima deve ser de 1,5%.
Deve ser tomado cuidado com o sistema de drenagem.

51.7 Materiais
As plantas devem ser resistentes as secas, ao calor e deve ter características típicas e devem ser
muitas bem escolhidas.

51.8 Manutenção
Deve ser sempre feita a manutenção. Conforme Hong Kong, 2007 a manutenção de vegetação
extensiva é de US$ 0,8/m2xano a US$ 2,25/m2 x ano enquanto que para telhado de vegetação intensiva varia
de US% 6,5 /m2 x ano a US$ 44/m2 x ano.

51.9 Vegetação intensiva e extensiva


A vegetação escolhida poderá ser uma grama simples ou a colocação de plantas de maiores
dimensões daí o termo extensivo e intensivo.
Deve ser feito irrigação nos períodos de seca através de mangueira ou de sprinklers automáticos.
As folhas e lixo devem rotineiramente ser removidas.
O custo de manutenção pode ser muito grande dependendo das plantas colocadas.
De preferência devem ser usadas plantas nativas.

Vegetação extensiva
As maiores aplicações das coberturas verdes é a vegetação extensiva cujo solo varia de 50mm a
150mm de espessura conforme Hong Kong 2007. A carga necessária para a estrutura varia de 80kg/m2 a
150kg/m2. As plantas são mais baixas. Escolhem-se geralmente gramas nativas. Os custos variam de US$
400/m2 a US$ 1000/m2.

Vegetação intensiva
Servem geralmente como parque para visita de pessoas que podem passear e ver o ambiente Neste
caso o solo tem de 200mm a 2000mm e pode ter varias espécies de plantas e árvores. O prédio deve prever
cargas que varia de 300kg/m2 a 1000kg/m2conforme Hong KONG, 2007. Os custos variam de US$ 1000/m2 a
US$ 5000/m2.

51.10 Pesquisas feitas na Carolina do Norte,USA


Em 27 a 30 de julho de 2003 foram apresentadas as pesquisas elaboradas no estado da Carolina do
Norte a respeito de coberturas verdes com vegetação extensiva e intensiva.
No resultado foram avaliadas as plantas mais resistentes foram cinco: Reflexum, Sedum Álbum,
Sedum Álbum Murale e Sedum Sexangulare.

Na vegetação extensiva o solo variou de 5cm a 15cm e a vegetação tinha altura de 5cm a 13cm e
com solo de altura de 5cm a 15cm e na intensiva a altura de solo era maior e a altura da vegetação variava
de 1m a 5m.

Os objetivos da pesquisa foram estabelecer:


• A profundidade ótima dos solos para o crescimento das plantas;
• Identificar os tipos de vegetações mais resistentes;
• Descobrir se as coberturas verdes podem ser usadas como redutor de nutrientes como fósforo e
nitrogênio provindo das águas de chuva.
• Estimar o percentual de água retida pela cobertura verde e a mitigação dos picos de enchentes.

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Figura 51.7 -Carolina do Norte, experiência feita em abril de 2003 mostrando a redução do runoff

Figura 51.8- Exemplo de vegetação intensiva

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Figura 51.9- Cobertura verde com vegetação intensiva

Figura 51.10- Cobertura verde típica com as varias camadas


Fonte: Lincoln, 2066

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51.11 Telhado verde para produção de alimentos


Conforme estudos de telhados verdes feitos em Hong Kong, 2007 a produção de alimentos em
telhados verdes já é feita nos seguintes paises: Rússia, Tailândia, Colômbia, Haiti e Canadá.
No Canadá na cidade de Vancouver existe o hotel Fairmont que produz alimentos vegetais no telhado
com economia anual de 35000 a 30000 dólares canadenses.
A grande vantagem da produção de alimentos no telhado verde é para fins econômicos, fins
terapêuticos e evita-se de percorrer longas distancias para obter o alimento.
Nestes casos o telhado verde para produção de alimentos pode ser classificado como telhado de
cobertura intensiva devido principalmente a problemas de manutenção.
A desvantagem da produção de alimentos em telhados é que as plantas possuem facilidade de
absorver os poluentes que estão na atmosfera e não se recomenda a produção de alimentos em áreas cuja
poluição do ar seja muito grande.

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51.12 Bibliografia e livros consultados


-HONG KONG. Study on green roof application in Hong Kong. 16 de fevereiro de 2007. Urbis Limited. Final
Report.
-RUBINSTEI, NORA J. The psychological value of open space. Chapter 4 acessado em 19 de outubro de
2007. http://www.greatswamp.org/Education/rubinstein.htm.

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Capítulo 52
Custo e eficiência das BMPs

“Se não está planejada a manutenção, não construa”.


Urbonas, 1993

Pantanal matogrossense

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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capitulo 52- Custo de drenagem e das BMPs


52.1 Introdução
52.2 BMPs
52.3 Distribuição de sedimentos
52.4 Definição das BMPs
52.5 Manutenção e operação
52.5 Escolha da BMP adequada e vida útil
52.6 Preços unitários
52.7 Recuperação de capital
52.8 Valor presente do custo de manutenção e operação
52.9 Manutenção e operação
52.10 Custos de construção das BMPs
52.11 Método Simples de Schueler
52.12 Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv
52.13 Remoção média de poluentes das BMPs
52.14 Custo total do valor presente (TPC)
52.15 Fração do runoff tratado
52.16 Área ocupada pela BMP
52.17 Custo médio do valor presente de BMPs conforme Minnesota, 2005
52.18 Bibliografia e livros consultados

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Capítulo 52- Custo de drenagem e das BMPs

52.1 Introdução
É fundamental a estimativa de custo de construção, manutenção e operação das BMPs bem como
a eficiência das mesmas.
O objetivo primário de uma BMP é a detenção de 80% dos sólidos totais em suspensão (TSS) e
reduzir o fósforo total. O objetivo secundário é reduzir o nitrogênio total. Tudo isto para evitar impactos
ambientais, pois o excesso de nutrientes causará proliferação de algas trazendo aspectos negativos ao
meio ambiente.
Tivemos como base de nossos estudos as pesquisas feitas em Minnesota, 2005 que são as mais
atualizadas que conhecemos.
Para a transformação de unidades de ft3 para m3 multiplicar por 0,0283.
Para transformar m3 em ft3 dividir por 0,0283.
Para transformar pound (lb) em kg multiplicar por 0,45359.
Para transformar kg em pound (lb) dividir por 0,45359.

Conceito de intervalo de confiança


X ± k .s
Sendo:
X= média
s= desvio padrão
k= 1 ou 2 ou 3
X±s k=1 para intervalo de confiança de 70%
X ± 2 .s k=2 para intervalo de confiança de 95%
X ± 3 .s k=3 para intervalo de confiança de 100%
No trabalho feito em Minnesota, 2006 usou-se o intervalo de confiança com 67% de
probabilidade que é aproximadamente o valor de um desvio padrão.
X±s

52.2 BMPs
A deposição de 80% de TSS resultará na melhoria da qualidade das águas pluviais, pois as
partículas ao se sedimentar arrastam para o fundo os poluidores.
O fósforo é um nutriente importante e se apresenta nas águas pluviais de duas maneiras básicas:
fósforo particulado e fósforo dissolvido. Define-se fósforo dissolvido aquele que passa por um filtro
de 0,45μm e o material retido é o fósforo particulado. Em média temos 0,3mg/L de fósforo total, sendo
0,10mg/L de fósforo dissolvido e 0,20mg/L de fósforo particulado.
É importante salientar que a quantidade de fósforo varia de lugar para lugar e de tempo em
tempo. Assim conforme o período de verão e inverno teremos para o mesmo lugar quantidades
diferentes de fósforo.
O fósforo através da sedimentação e da filtração retém o fósforo particulado, enquanto que parte
do fósforo dissolvido é convertido por meios químicos ou adsorção para fósforo particulado e então se
deposita.
Minnesota, 2005 salienta que as BMPs funcionam automaticamente e não possuem partes
mecânicas como a que existem em tratamento de água ou esgoto.
A adição de calcário em uma BMP pode facilitar a remoção do fósforo por precipitação e
adsorção.

52.3 Distribuição de sedimentos


Conforme Minnesota, 2005 a distribuição de sedimentos nas águas pluviais em cinco cidades da
Malásia é igual praticamente a da bacia do Lago Tahoe nos Estados Unidos, sendo d50=0,67mm.

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52.4 Definição das BMPs


As BMPs (Best Management Practices) são destinadas a melhoria da qualidade das águas
pluviais e as básicas são:
a) Reservatório de detenção seco: detém somente a enchente
b) Reservatório de detenção estendido: detém a enchente, mas a água fica 24h armazenada com
escoamento lento.
c) Reservatório de retenção: existe um volume permanente de água pluvial. Detém enchente e
a água escoa num prazo superior a 24h.
d) Wetlands: detém enchente e há vegetação para a filtração da água. Há um volume permanente
e o escoamento se dá em prazo maior que 24h
e) Bacia de infiltração: as águas pluviais são encaminhadas a uma superfície grande e infiltradas
no solo.
f) Trincheira de infiltração: são valas de areia onde as águas pluviais são filtradas e infiltradas
no solo.
g) Filtro de Bioretenção: é uma depressão preenchida com areia ou solo com vegetação nativa
na paisagem onde as águas pluviais são depositadas, armazenadas e infiltrada. Geralmente estão
próximas das áreas impermeáveis e são instaladas em estacionamentos, áreas isoladas e áreas de jardins.
A Figura (521) mostra um filtro de bioretenção. Importante salientar que o rain garden é um filtro
pequeno de bioretenção.
h) Filtro de areia: há a filtração das águas pluviais e a água pluvial filtrada é lançada no córrego
mais próximo
i) Canal gramado: serve para o escoamento de águas pluviais quando há precipitação por um
canal gramado
j) Faixa de filtro gramado: são faixas ao longo de rios, córregos, lagos e estradas com objetivo
de filtrar as águas pluviais.

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Figura 52.1- Filtro de bioretenção


Fonte:Claytor e Shueler, 1996

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52.5 Escolha da BMP adequada e vida útil


É muito difícil a escolha da BMP adequada, pois conforme se pode ver na Tabela (52.1) as BMPs
têm a sua limitação de áreas, do solo, local de execução (in line ou off line) e vida útil estimada.
Para efeito de cálculos usaremos a vida útil das BMPs em 20anos.
Tabela 52.1 - Considerações sobre o tipo de BMP estrutural escolhida
Área
mínima Área Vida útil
BMP da bacia máxima Solo Configuração estimada
da BMP bacia
(ha) (ha) (anos)
Trincheira de 4 Dependente Off-line/on- 10 a 15
infiltração line
Bacia de infiltração 2 20 dependente Off line 5 a 10
Bacia de detenção 4 10 independente On-line 20 a 50
estendida
Wetlands artificiais 10 100 dependente Off-line / on- 20 a 50
line
Reservatório 0,4 0,8 dependente Off-line 50 a 100
Enterrado
Filtro de areia 0,4 Independente Off-line 5 a 20
enterrado
Filtro de areia 0,4 4 Independente Off-line 5 a 20
superficial
Canal gramado 4 dependente On-line 5 a 20
Faixa de filtro 2 dependente On-line 20 a 50
gramado
Separador de óleos e 0,4 Independente On-line 50 a 100
graxas
Bacia de detenção 4 100 dependente Off-line / on-
alagada line
Pavimento poroso 0,1 4 dependente
Pavimento modular 2 dependente
Mini-wetland artificial 4 dependente Off-line / on-
line
Fonte: adaptado de FHWA, 2004

O SUDs conforme CIRIA, 2007 adota vida útil de 25anos a 30anos com a taxa de desconto de 3,5% na
maioria dos projetos.

52.6 Preços unitários


Conforme Tucci, 2001 a falta de manutenção e retirada de material sólido das detenções pode
implicar em: perda de eficiência, propagar doenças e deterioração ambiental.
Como regra prática o custo do projeto é 10% do custo total de construção (Canadá, 2001) e os
custos de contingência são 15% (quinze por cento) do total.
Segundo ASCE, 1998 os custos do projeto e contingência variam de 25% a 32%.
O valor presente deve ser calculado em prazo de aproximadamente 20 anos. Poderá entrar ou não
os custos de desapropriações das terras.
Nas Tabela (52.2) a (52.6) estão os custos em dólares americanos de serviços e obras que devem
servir apenas como estimativa.

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Tabela 52.2-Estimativa dos preços unitários médios

Fonte: Canholi, tese de doutoramento EPUSP, 1995

Tabela 52.3-Composição do custo das galerias pré-moldadas. (dez ano 2001 1US$ = R$ 2,40)

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Tabela 15.4-Composição do custo US$/m das tubulações ( dez ano 2001 1US$ = R$ 2,40)

Figura 52.1- Croquis dos elementos considerados no custo das galerias retangulares.
Fonte: Plano Diretor de Drenagem Urbana, Porto Alegre, Tucci, 2001.

Tabela 15.5 Custos unitários de tubos de concreto (dez. ano 2001 1US$ = R$ 2,40)

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Tabela 52.6-continuação- Custos unitários de tubos de concreto (dez ano 2001 - 1US$ = R$ 2,40)
Diâmetro da tubulação
0,6m 0,8m 1,0m 1,2m 1,5m 1,8m 2,0m
US$/m US$/m US$/m US$/m US$/m US$/m US$/m
5 6 7 8 9 10 11
7,6 10,1 12,7 15,2 19,0 22,8 25,3
40,0 60,0 83,3 110,0 156,3 210,0 250,0
4,0 6,0 8,3 11,0 15,6 21,0 25,0
0,4 0,5 0,5 0,6 0,7 0,8 0,8
2,2 2,5 2,7 3,0 3,4 3,8 4,1
6,1 6,9 7,7 8,4 9,6 10,7 11,5
0,4 0,6 0,7 0,9 1,1 1,3 1,4
0,4 0,6 0,7 0,9 1,1 1,3 1,4
1,3 1,7 2,1 2,6 3,2 3,8 4,3
6,0 9,7 14,3 19,8 29,8 41,7 50,7
4,2 4,2 4,2 4,2 4,2 4,2 4,2
1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7
2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5
5,8 12,6 18,9 23,1 46,4 68,8 87,6
10,9 30,3 42,2 57,3 88,0 121,7 147,0
93,4 149,7 202,5 261,0 382,3 516,0 617,4
30,5 48,9 66,2 85,3 124,9 168,6 201,8
123,9 198,6 268,7 346,3 507,2 684,6 819,2

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Tabela 52.7 Custos US$/m de galerias (dez ano 2001 1US$ = R$ 2,40)
Custo unitário Galeria
Item 0,80m X 0,80m
US$ US$/m
1 2 3
3
Remoção e reposição de pav. Asfáltico (m ) 90,3 7,6
Meio fio 2,5 5,1
Escavação (m3) 20,8 57,5
Remoção até 2km (m3) 2,1 5,8
Escoramento Tipo A (5%) 2,7 0,6
Escoramento Tipo B (25%) 5,0 5,7
Escoramento Tipo C (70%) 6,2 20,1
Concreto magro fck>10MPA (m3) 62,7 5,1
Enrocamento com brita (m3) 16,4 3,0
3
Enrocamento com rachão (m ) 13,9 4,5
Concreto armado (m3) 159,6 38,8
Reaterro simples (20%) 1,8 0,6
Reaterro com areia (20%) 11,9 4,3
Reaterro com saibro (60%) 9,7 10,5
PV (preço unitário e preço/metro) 208,3 4,2
Tampão (preço unitário e preço/metro) 83,3 1,7
Bocas de lobo (preço unitário e preço/metro) 62,5 2,5
Sub-total 177,5
Lucro e despesas indiretas (32,68%) 58,0
Custo final 235,6

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Tabela 52.8 Custos US$/m de galerias (dezembro do ano 2001 -1US$ = R$ 2,40)
Galeria de concreto
1,00mx 1,00m 1,20m x 1,20m 1,50mx1,50m 2,00m x2,00m 3,00mx3,00m
US$/m US$/m US$/m US$/m US$/m
4 5 6 7 8
9,5 11,4 14,2 19,0 28,5
5,1 5,1 5,1 5,1 5,1
78,1 101,3 140,6 218,8 421,9
7,8 10,1 14,1 21,9 42,2
0,7 0,7 0,8 1,0 1,2
6,2 6,7 7,5 8,7 11,2
21,8 23,6 26,2 30,6 39,3
6,4 7,7 9,6 12,9 19,3
3,7 4,4 5,5 7,4 11,1
5,6 6,8 8,4 11,3 16,9
60,6 87,3 136,4 242,5 458,8
0,8 1,0 1,2 1,6 2,4
5,4 6,5 8,1 10,7 16,1
13,2 15,8 19,7 26,3 39,5
4,2 4,2 4,2 4,2 4,2
1,7 1,7 1,7 1,7 1,7
2,5 2,5 2,5 2,5 2,5
233,3 296,6 405,8 625,9 1121,6
76,2 96,9 132,6 204,5 366,5
309,5 393,5 538,5 830,5 1488,2

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Tabela 52.9- Componentes dos custos das tubulações circulares de 0,4m a 0,5m de diâmetro
( dez do ano 2001 1US$ = R$ 2,40)

Tabela 52.10-continuação- Componentes dos custos das tubulações circulares de 0,6m a 2,0m de
diâmetro (dez ano 2001 1US$ = R$ 2,40)
Diâmetro da galeria em metros
0,6m 0,8m 1,0m 1,2m 1,5m 1,8m 2m
US$/m US$/m US$/m US$/m US$/m US$/m US$/m
5 6 7 8 9 10 11
7,6 10,1 12,7 15,2 19,0 22,8 25,3
40,0 60,0 83,3 110,0 156,3 210,0 250,0
4,0 6,0 8,3 11,0 15,6 21,0 25,0
0,4 0,5 0,5 0,6 0,7 0,8 0,8
2,2 2,5 2,7 3,0 3,4 3,8 4,1
6,1 6,9 7,7 8,4 9,6 10,7 11,5
0,4 0,6 0,7 0,9 1,1 1,3 1,4
0,4 0,6 0,7 0,9 1,1 1,3 1,4
1,3 1,7 2,1 2,6 3,2 3,8 4,3
6,0 9,7 14,3 19,8 29,8 41,7 50,7
4,2 4,2 4,2 4,2 4,2 4,2 4,2
1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7
2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5
5,8 12,6 18,9 23,1 46,4 68,8 87,6
10,9 30,3 42,2 57,3 88,0 121,7 147,0
93,4 149,7 202,5 261,0 382,3 516,0 617,4
30,5 48,9 66,2 85,3 124,9 168,6 201,8
123,9 198,6 268,7 346,3 507,2 684,6 819,2

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52.7 Recuperação do capital


Considerando o período de 20 anos para recuperar o capital do investimento feito a taxa de juros
mensais “i” conforme Mays e Tung, 1992.

Capital x i x (1 + i ) n
Amortização = ----------------------------------
(1+i )n - 1
Sendo:
n=20anos=240meses
juros mensal = i = 0,0072 (ao mês ou seja 8,64% ao ano, por exemplo)
Capital em US$

Exemplo 52.1- Como calcular a amortização mensal.


Sendo o custo do reservatório de US$ 75.000 e considerando juros mensais de 0,72% (0,0072) e
período de 20 anos (20anos x 12meses = 240 meses), o fator anual de recuperação do capital será (Mays
e Tung, 1992 p.25).
Capital x i x (1 + i ) n
Amortização = ----------------------------------
(1+i )n - 1
sendo:
n=20anos=240meses
juros mensal = i = 0,0072 (ao mês ou seja 8,64% ao ano)
Capital = US$ 75.000

75.000 x 0,0072 x (1 + 0,0072 ) 240


Amortização = -------------------------------------------------------- = US$ 658 /mês
(1+0,0072 )240 - 1

52.8 Valor presente do custo de manutenção e operação


Conforme CIRIA, 2007 o valor presente é:
Ct
PV= ------------------
(1+r/100 )t

Sendo:
PV= valor presente
Ct= custo no ano t
t=ano
r=taxa de desconto em porcentagem. (Exemplo r=3,5%)

Minnesota, 2005 considerando o período de 20 anos para calcular o valor presente das despesas
de manutenção e operação com taxa de inflação anual “r” e taxa de juros anuais “i”.

Consideramos a equação de Collier e Ledbetter, 1988 in Minnestota, 2005 temos:


COM x {[(1 + r )/ (1+ i)] n - 1}
P=valor presente em 20 anos de op +man = ----------------------------------
(r - i)
Sendo:
P=custo equivalente a manutenção e operação de 20anos

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n=20anos
i =juro anual
COM= custo anual de manutenção e operação (US$)
r= taxa de inflação anual
A equação acima pode ser reescrita assim:
{[(1 + r )/ (1+ i)] n - 1}
E= ----------------------------------
(r - i)

P= COM x E

Dica: podemos usar o prazo de vida útil das BMPs de 20anos.

Exemplo 52.2
Seja uma bacia de detenção estendida com volume WQv= 10.000m3 e considerando o custo unitário
US$ 35/m3 teremos o custo de construção de:
C= 10.000m3 x US$ 35/m3= US$ 350.000
Consideramos que a manutenção anual seja 5% (0,05) do capital e que em 20 anos a inflação é de
6% (0,06) ao ano e a taxa de juros é de 8% (0,08) ao ano.
Então a manutenção e operação anual será:
0,05 x US$ 350.000= US$ 17.500/ano
Ao longo de 20 anos teremos:
{[(1 + r )/ (1+ i)] n - 1}
E= ----------------------------------
(r - i)
r=0,06
i= 0,08
n=20anos
{[(1 +0,06 )/ (1+ 0,08)] 20 - 1}
E= ----------------------------------
(0,06 -0,08)

E=15,6
P= COM x E
P= US$ 17.500/ano x 15,6= US$ 272.925

Somando o capital da construção+ valor presente da manutenção e operação teremos:


Custo da construção= US$ 350.000
Valor presente da manutenção e operação em 20anos=US$ 272.925
US$ 350.000 + US$ 272.925= US$ 622.925
US$ 622.925/10.000m3= US$ 62,3/m3

52.9 Manutenção e Operação


Segundo Peter Stahre e Ben Urbonas, 1990 devem ser discutidos nos projetos os seguintes
tópicos:
- Inspeção geral e manutenção;
- Algas e plantas aquáticas;
- Sedimentos;
- Lixos flutuantes e poluentes;
- Limpeza geral e
- Erosão.

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As algas e outras plantas aquáticas ocorrem em lagoas de detenção alagadas onde existe um
reservatório permanente. É praticamente impossível prevenir o crescimento de algas em meio urbano e a
eliminação das mesmas.
As algas em excesso podem causar odor e problemas estéticos.
Para o Brasil não devemos esquecer os problemas com a dengue e com mosquitos.
Segundo Schueler, 1992 in EPA o custo anual de manutenção de uma lagoa seca ou alagada varia
de 3% a 5% do custo da obra. A remoção de sedimentos como areia, resíduos, terra etc, deverão ser
feitos por equipamentos. Os transportes dos materiais deverão ser conduzidos a aterros sanitários.
Tucci, 2001 cita que o custo anual de manutenção é aproximadamente de 2% do custo da obra.
Em Santo André, cidade localizada na Região Metropolitana de São Paulo o Serviço de
Saneamento Ambiental de Santo André (SEMASA) opera alguns reservatórios de detenção desde
1999.
O reservatório de detenção do ribeirão dos Meninos, denominado AM3 tem área de 510ha,
volume de 120.000m3 e até setembro de 2002, o volume de sedimentos retirados foi de 6,7 m3/ ha/ano.
O custo para limpeza a cada três meses das grades e da retirada de sedimentos, principalmente
nos meses de abril e outubro é de 1US$/m3, não estando incluso: pessoal de vigilância do reservatório e
custo no aterro sanitário. Estima-se o custo global de US$ 4/m3 que é aproximadamente 10% do custo
por m3 do reservatório de detenção.
O custo de uma lagoa de detenção segundo o Center for Watershed Protection,1990 que se refere
a Costs and Benefits of Stormwater BMPs, varia de US$ 17,50/m3 a US$ 35,00/m3, que é o valor
aproximado dos custos obtidos na Região Metropolitana de São Paulo de US$ 34,00/m3 conforme
Tomaz, 2002.
Quanto ao lixo das ruas que vai para os córregos, rios e reservatórios de detenção, são da ordem
de 5% do total coletado, conforme Tucci, 2001.
É muito discutido nos Estados Unidos se uma lagoa de detenção alagada valoriza ou não o
imóvel. Tudo indica que se há uma boa manutenção, segurança da lagoa, haverá uma valorização do
imóvel que poderá chegar até 28%, concluído em 1992 pela National Association of Home Builders
(EPA 841-S-95-002 de setembro de 1995). Entretanto, uma péssima manutenção e operação, que coloca
em risco a vida, saúde e segurança das pessoas das vizinhas, irão desvalorizar as propriedades.

Figura 52.3 -Exemplo de lagoa de detenção.


Fonte: Raleigh, USA. Neste caso, a lagoa valorizou os imóveis.

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Tabela 52.11- Custo de manutenção anual das BMPs


Custo manutenção anual
Tipo de BMP (%)

ASCE, 1998 Minnesota, 2005


Bacia de retenção e Wetland 3 a 6% ---
Bacia de detenção <1% 1,8% a 14,1%

Trincheira de infiltração 5 a 20 5,1% a 126%


Bacia de infiltração (Livingston, 1997) 1 a 3%
Bacia de infiltração (Schueler, 1987) 5 a 10% 2,8% a 4,9%
Filtro de areia 11 a 13% 0,9% a 9,5%
Bio-retenção 5 a 7% 0,7% a 10,9%
Vala gramada 5 a 7%
Faixa de filtro gramada (filter strip) US$ 800/ha ---
Bacia de retenção ------ 1,9% a 10,2%

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Tabela 52.12- Preços de operação e manutenção de BMP

A Figura 12 de Minnesota, 2005 mostra que os custos de manutenção e operação de um


reservatório de detenção seco ou estendido varia de acordo com o custo total da construção. Quanto
maior for o custo menor a porcentagem. Para um custo de US$ 60.000 teremos 2,6% do custo da obra
para manutenção. Para o custo da obra de US$ 200.000 o custo de manutenção e operação anual será de
1,8% do custo da obra.

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52.10 Custos de construção das BMPs


Os custos de construção das BMPs estão na Tabela (52.13) e (52.14) e não incluem o custo do
pré-tratamento e custo das terras.

Tabela 52.13- Custo típico de construção das BMPs


Tipo de BMP Custo Típico
US$ /m3
Reservatório de detenção seca,
estendido ou retenção 18 a 35
Bacia de infiltração 46
Bioretenção 187
Faixa de filtro gramada (filter strip) 0 a 46
Filtro de areia 106 a 212
Trincheira de infiltração 141
Vala gramada 18
Wetland (alagadiço) 21 a 44
Fonte: ASCE, 1998 com data base de 1997

Tabela 52.13B- Faixa de preços de BMPs do SUDS de 2004 em dólares americanos CIRIA, 2007
Variação de custo
BMP US$ US$ Unidade
]
Filtro dreno 150 210 US$/m3 de volume armazenado
Trincheira de infiltração 83 98 US$/m3 de volume armazenado
Soakaway >150 US$/m3 de volume armazenado
(infiltração de água de chuva
de telhado em trincheira de
Infiltração)
Pavimento permeável 45 60 US$/m2 superfície permeável
Bacia de infiltração 15 23 US$/m3 de volume detido
Bacia de detenção 23 30 US$/m3 de volume detido
Wetland 38 45 US$/m3 de volume tratado
Bacia de retenção 23 38 US$/m3 de volume tratado
Vala gramado 15 23 US$/m2 de área da vala gramada
Faixa de filtro gramado 3 6 US$/m2 de área da faixa de filtro gramado
Fonte: CIRIA, 2007 1Libra=1,5 US$

Tabela 52.13C- Faixa de custo de manutenção e operação de BMPs do SUDS de 2004 em dólares
americanos

Variação de custo
BMP US$ US$ Unidade
Filtro dreno/ trincheira de infiltração 0,3 1,5 US$/m2 de superfície do filtro ou trincheira
Vala gramada 0 0,15 US$/m2 de superfície da vala gramada
Faixa de filtro gramado 0 0,15 US$/m2 de área de filtro gramada
Soakaway 0 0,15 US$/m2 de área tratada
(Infiltração de água de chuva
do telhado em trincheira de infiltração)
Pavimento permeável 0,75 1,5 US$/m3 de volume armazenado
Bacia de detenção/ bacia de infiltração 0,15 0,45 US$/m2 de área da bacia de detenção
Wetland 0 0,15 US$/m2 da superfície da área da wetland
Bacia de retenção 0,75 2,25 US$/m2 de área da superfície da bacia de retenção
Fonte: CIRIA, 2007

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Figura 52.1- Esquema conceitual do custo do SUDS conforme CIRIA, 2007.


Notar que temos manutenção regular e manutenção irregular e manutenção para
remediação.

Tabela 52.14- Custos típicos de obras estruturais das BMPs

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A Figura 20 do Minnesota, 2005 mostra que o custo em US$/ft3 varia conforme o volume WQv.
Quanto maior for o volume WQv menor será o custo unitário. Como exemplo o custo de
WQv=100.000 ft3= 2.830m3 o custo médio será US$ 1,1/ft3=US$ 39/m3 variando no intervalo de
confiança de 67% entre 2,6/ft3= US$ 92/m3 a 0,5/ft3=US$ 18/m3.

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52.11 Método Simples de Schueler


Schueler em 1987 apresentou um método empírico denominado “Método Simples” para estimar
o transporte de poluição difusa urbana em uma determinada área.
O método foi obtido através de exaustivos estudos na área do Distrito de Washington nos Estados
Unidos chamado National Urban Runoff Program (NURP) bem como com dados da EPA, conforme
AKAN, (1993).
AKAN, (1993) salienta que os estudos valem para áreas menores que 256ha e que é usado
cargas anuais.
Para achar a carga anual de poluente usamos a seguinte equação:

L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
Sendo:
L= carga do poluente anual (kg/ano)
P= precipitação média anual (mm)
Pj= fração da chuva que produz runoff. Pj =0,9 (normalmente adotado)
Rv= runoff volumétrico obtido por análise de regressão linear.
Rv= 0,05 + 0,009 x AI (R2=0,71 N=47)
AI= área impermeável (%).
A= área (ha) sendo A≤ 256ha
C= concentração média da carga do poluente nas águas pluviais da (mg/L)
Podemos aplicar o Método de Schueler para período de 20anos e então multiplicaremos o valor de L
obtido para um ano por 20anos.
L20= 20 x 0,01 x P x Pj x Rv x C x A
Portanto, o valor da precipitação adotada P é para uma estimativa de 20anos, assim como as
outras variáveis.
Como estimamos que 90% das precipitações serão tratadas pelas BMPs então teremos que
multiplicar o L20 por 0,90.
L20= L20 x 0,9
Uma média muitas vezes usadas de TSS de entrada numa BMP é 131mg/L ± 77 mg/L para
intervalo de confiança de 67% conforme Minnesota, 2005.
Para o fósforo é adotado 0,55mg/L ± 0,41mg/L também para intervalo de confiança de 67%.

Exemplo 52.3
Em uma bacia de detenção estendida calcular a quantidade de TSS e fósforo tratada durante 20anos
num local que a precipitação média anual é 1500mm e a área tem Rv=0,60, Pj=0,90 e A=20ha
TSS=131mg/L. e 0,55mg/L de fósforo.
Para o TSS
L20=20 x0,01 x P x Pj x Rv x C x A
L20=20 x 0,01 x 1500mm x 0,9 x 0,60 x 131mg/L x 20ha= 424.440 kg
Considerando que 84,7% das águas pluviais são tratadas e 15,3% não são tratadas, isto é, vão direta para
os rios e córregos teremos:
L20= 424.440kg x 0,847= 359.501 kg
Como a bacia de detenção estendida somente é removido 53% do TSS com intervalo de
confiança ±28% com 67% de probabilidade teremos:
Volume retido em 20anos de TSS= 359.501 kg x 0,53=190.536kg ± 53.350kg
Portanto, o reservatório de detenção estendido reterá 190.536kg ± 53.350kg de TSS durante
20anos.

Para o fósforo
L20=20 x0,01 x P x Pj x Rv x C x A

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L20=20 x 0,01 x 1500mm x 0,9 x 0,60 x 0,55mg/L x 20ha= 1.782 kg


Considerando que 84,7% das águas pluviais são tratadas e 15,3% não são tratadas, isto é, vão direta para
os rios e córregos teremos:
L20= 1.782kg x 0,847= 1.509 kg
Como a bacia de detenção estendida somente é removido 25% do fósforo com intervalo de
confiança ±15% com 67% de probabilidade teremos:
Volume retido em 20anos de TSS= 1.509 kg x 0,25=377kg ± 57kg
Portanto, o reservatório de detenção estendido reterá 377kg ± 57kg de fósforo durante
20anos.

52.12 Volume para melhoria da Qualidade das Águas Pluviais (WQv)


O critério de dimensionamento de um reservatório para melhoria de qualidade WQv para controle da
poluição difusa especifica o volume de tratamento necessário para remover uma parte significante da
carga de poluição total existente no escoamento superficial das águas pluviais.
Para aplicação do método de Schueler a obtenção de first flush é obtida da seguinte maneira: o valor
de P é obtido com 90% das precipitações que produzem runoff.
O valor do first flush P assim obtido fará uma redução de 80% dos Sólidos Totais em Suspensão
(TSS) de bem como outros parâmetros dos poluentes.
O volume obtido será dependente do first flush P e da área impermeável.
SCHUELER, 1987 usou as Equações (52.1) e (52.2) para achar o volume WQv.

Rv= 0,05 + 0,009 . AI (Equação 52.1)

WQv= (P/1000) . Rv . A (Equação 52.2)


Sendo:
Rv=coeficiente volumétrico que depende da área impermeável (AI).
AI= área impermeável da bacia em percentagem sendo AI ≥ 25%;
A= área da bacia em m2 sendo A ≤ 100ha (1km2)
P= precipitação adotada (mm) sendo P≥ 13mm. Adotamos P=25mm para a RMSP.
WQv = volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3).

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52.13 Remoção média de poluentes nas BMPs


A remoção é calculada pela queda da concentração do afluente e a concentração do efluente das
águas pluviais.
Conforme Minnesota, 2005 a média da remoção de TSS e de fósforo P com o intervalo de
confiança de 67% está na Tabela (52.15).

Tabela 52.15- Média de remoção de TSS e P com intervalo de confiança de 67%.


TSS P
BMP % TSS (intervalo %P (intervalo
(remoção) de (remoção) de
Confiança Confiança
67%) 67%)
Bacia de detenção estendida 53 ±28 25 ±15
Bacia de retenção 65 ±32 52 ±23
Wetland 68 ±25 42 ±26
Biofiltro 90* ±10* 72 11
Filtro de areia 82 ±14 46 ±21
Trincheira de infiltração 75* ±10 55* ±35
Faixa de filtro gramada 75 ±20 41 ±33
(*) Estimativa

Na Tabela (52.15) podemos ver, por exemplo, que uma bacia de detenção estendida tem média
de remoção de sólidos totais em suspensão (TSS) de 53% com variação para mais e para menos de 28%,
podendo chegar a 25% 81% com 67% de probabilidade.
O mesmo acontece com o fósforo que tem média de remoção de 25% com variação de 10% a
40% com 67% de probabilidade.

As Tabela (52.16) e (52.17) mostram a taxa de redução em diversas BMPs.

Tabela 52.16 - Taxa de redução de diversas BMPs segundo New Jersey, 2004.
Best Management Practices (BMP) Redução de TSS
(sólidos totais em suspensão)
Bacia de Bio-retenção 90%
Wetland artificial 90%
Bacia de detenção estendida 40% a 60%
Bacia de Infiltração 80%
Sistemas de tratamento Consultar o fabricante
manufaturados
Pavimento poroso Até 80%
Filtro de areia 80%
Canal gramado 60% a 80%
Bacia alagada 50% a 90%
Fonte: NJ, 2004

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Tabela 52.17-Taxa de redução de fósforo e nitrogênio de diversas BMPs, segundo New Jersey, 2004.
Best Management Practice Remoção de fósforo total (PT) Remoção de nitrogênio total
(BMP) (%) (%)
Bacia de Bio-retenção 60 30
Wetland artificial 50 30
Bacia de detenção estendida 20 20
Bacia de Infiltração 60 50
Sistemas de tratamento manufaturados Consultar fabricante Consultar fabricante
Pavimento poroso 60 50
Filtro de areia 50 35
Canal gramado 30 30
Bacia alagada 50 30
Fonte: NJ, 2004

Na Figura 27 do Minnesota, 2005 para reservatório de detenção seco ou estendido temos a


estimativa de TSS em 20anos no intervalo de confiança de 67%.
Assim para um reservatório WQv com 100.000ft3= 2.830m3 teremos uma média de 180.000lb
=81.000kg em 20 anos e cujo valor maior é 250.000lb =112.500kg e o valor menor é 50.000
lb=22.500kg.
Na Figura 33 do Minnesota, 2005 para reservatório de detenção seco ou estendido temos a
estimativa de fósforo P em 20anos no intervalo de confiança de 67%.
Assim para um reservatório WQv com 100.000ft3= 2.830m3 teremos uma média de 300lb
=135kg em 20 anos e cujo valor maior é 700lb =315kg e o valor menor é 40lb=18kg.

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52.14 Custo total do valor presente (TPC)


O custo total do valor presente refere-se ao custo da manutenção em 20 anos considerando a taxa
de inflação e a taxa de juros como Exemplo (52.2).
Na Figura 19 do Minnesota, 2005 para reservatório de detenção seco ou estendido temos a
estimativa do custo total presente (TPC) da manutenção e operação em 20anos no intervalo de confiança
de 67%.
Assim para um reservatório WQv com 100.000ft3= 2.830m3 teremos uma média de US$ 200.000
em 20 anos e cujo valor maior é US$ 410.000 e o valor menor é US$110.000.

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52.15 Fração de runoff tratado


Para a RMSP supomos que o first flush é P=25mm, que corresponde a 90% das precipitações
anuais que produzem runoff.
Nos estudos que fizemos das precipitações da cidade de Mairiporã no período de 1958 a 1995
achamos que se admitirmos o first flush de 25mm serão encaminhados para a BMP 84,7% do total do
runoff, mas que 15,3% não passarão pelo tratamento e se encaminharão diretamente aos rios e córregos.
Portanto, a fração runoff tratado é 0,847.

Dica: vai para o tratamento (BMP) 84,7% e não passa pelo tratamento 15,3%.

52.16 Área ocupada pela BMP


A Tabela (52.18) nos fornece uma estimativa da área necessária para a BMP em função da área
impermeável da bacia ou da área total da bacia. Geralmente os custos das áreas não fazem parte do custo
das obras e manutenção+operação, motivo pelo qual sempre deve ser avaliada a parte.

Tabela 52.18- Área de terra ocupada pela BMP em função da área impermeável e da área total da
bacia
Porcentagem da área Universidade do Porcentagem da área da
BMP impermeável conforme Texas, junho, 2004 bacia conforme Claytor
USEPA, 1999 e Schueler, 1996.
Bacia de detenção -------- 0,5 a 2 0,5 a 2,0
estendida
Bacia de retenção 2a3 1a3 -----------
Bioretenção 5 5 a 10 -------------
Faixa de filtro gramada 100 5 a 10 -------
Filtro ------------- 2a7
Filtro de areia 0a3 1a4 -----------
Infiltração ------------- 0,5 a 2 2a3
Lagoa ------------- 2a3
Trincheira de infiltração 2a3 0,5 a 2 ------
Vala gramada 10 a 20 5 ---------
Wetland 3a5 2a6 3a5
Fonte: Minnesota, 2005 e Universidade do Texas, junho, 2004- Michael Barrett.

52.17 Custo médio do valor presente de BMPs conforme Minnesota, 2005


Na Tabela (52.19) está os custos médios da construção + custo total do valor presente (TPC) da
manutenção e operação durante 20anos.
Não estão inclusos os custos dos pré-tratamentos e nem das terras que serão desapropriadas.

Tabela 52.19- Custo médio em dólares americanos base ano 2005 do custo da construção+ custo
do valor presente (TPC) da operação e manutenção das BMPs baseado no volume WQv conforme
Minnesota, 2005.
Volume WQv (m3)
3 3
BMPs 85 m 283 m 849 m3 2,830 m3 7.075m3
Reservatório de detenção seco US$ 22.000 46.000 US$ 91.000 US$ 98.000 US$ 59.000
Reservatório de detenção / retenção 47.000 83.000 141.000 256.000 407.000
Wetland 21.000 38000 68.000 131.000 219.000
Trincheira de infiltração 84.000 226.000 554.000 0 0
Filtro de bioinfiltração 49.000 122.000 286.000 0 0
Filtro de areia 86.000 176000 338.000 691.000 0

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52.18 Bibliografia e livros consultados


-EPA. Costs of Best management practices and associated land for urban stormwater control.
EA/600/JA-03/261/2003. 25páginas.
-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8
-KALMANN, ORIT ET AL. Benefit-cost analysis of stormwater quality improvements. Environmental
Management vol 26 nº 6 pp 615-628 ano 2000.
-MAYS, LARRY W; e TUNG, YEOU-KOUNG. Hydrosystems engineering&management. McGraw-
Hill, 1992, 530 páginas.
-MINNESOTA. The Cost and effectiveness of stormwater management practices. Research. Junho de
2005.
-MOELLER, GLENN et al. Praticability of detention basins for treatment of Caltrans highway runoff
based on a maximum extent practicable evaluation. California State University. Sacrametno (CSUS) ano
2001.
-TOMAZ, PLINIO. Infiltração e Balanço Hídrico. Ano 2008 livro digital

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Capitulo 53- Métodos de avaliação das BMPs
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Capítulo 53- Métodos de avaliação das BMPs

“Se um homem começa com certeza, no fim ele terá dúvidas; mas se ele começa
com dúvidas ele terminará com certeza”.
Sir Francis Bacon

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Capítulo 53- Métodos de avaliação das BMPs

53.1 Introdução
As BMPs (Best Management Practices) são destinadas a melhoria da qualidade
das águas pluviais e podem ser: estruturais e não estruturais.
As BMPs estruturais são: bacia de infiltração, trincheira de infiltração, filtro de
areia, reservatório de detenção estendido, wetlands, canal gramado, faixa de filtro
gramada, biofiltro (rain garden), etc.
As BMPs não estruturais têm como objetivo a prática de prevenção da
poluição de maneira a minimizar a entrada de poluentes nas águas pluviais e ou reduzir
o volume do escoamento do runoff. As BMPs não estruturais não são instalações
permanentes e dependem do comportamento das pessoas e do governo das leis
ambientais. Elas incluem o planejamento, os planos diretores de manejo de águas
pluviais, as práticas de manutenção de tais sistemas, as campanhas educativas para
evitar sedimentação e erosão, os programas educacionais e programa para evitar
lançamento de esgotos nas galerias de águas pluviais. Esclarecemos que os benefícios
das BMPs não estruturais são de difícil avaliação, embora algumas delas não tenham
nenhum custo.
As BMPs possuem como objetivo principal a diminuição do TSS (sólidos totais
em suspensão) e objetivos secundários a remoção parcial de fósforo, nitrogênio e
metais pesados, por exemplo para minimizar os impactos ambientais nos corpos d’água.
Eficácia (effectiveness) é a medida em que uma BMP atinge os seus objetivos
para melhoria da qualidade das águas pluviais.
Eficiência é a medida de como a BMP remove os poluentes e pode ser expressa
em porcentagem.
No Brasil não existe padronização do tempo vida de uma BMP e desta maneira
adotaremos como padrão 20anos.
Em relação a avaliação de uma BMP estrutural são necessários três objetivos
básicos:
- Custo completo da BMP em toda a sua vida
- Eficiência da BMP
- Benefícios esperados
Os métodos que veremos abaixo são a escolha de um ou a combinação de dois
ou três objetivos.

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53.2 Análise de Incertezas


Os parâmetros que usamos possuem incertezas e há basicamente dois métodos
básicos para a resolução destes problemas:
a) Métodos determinísticos
b) Métodos Probabilísticos

Os métodos determinísticos são aqueles que usam um simples dado ou vários


dados e verifica o resultado. Desta maneira fica fácil de comparar os resultados.
Os métodos probabilísticos pelo contrario não existe um dado simples de
entrada em sim uma faixa complexa de alternativas e cujos resultados serão também
mais difíceis de serem analisados. Muitas vezes os resultados podem sair de uma forma
de distribuição probabilística o que torna o método probabilístico bem mais difícil de
ser usado do que um método determinístico.
Basicamente os métodos determinísticos e probabilísticos estão na Tabela (53.1).

Tabela 53.1- Métodos Determinísticos e Métodos Probabilísticos


Ordem Métodos Determinísticos Métodos Probabilísticos
1 Estimativa conservativa de benefícios e custos Entrada de dados usando distribuição de
probabilidades
2 Análise do ponto de equilíbrio Critério da variância da média e
(Breakeven analysis) coeficiente de variação
3 Análise de sensibilidade Análise de decisão
4 Riscos ajustados a taxas de descontos Simulação
5 Técnica de certeza equivalente Técnica analítica matemática

O método mais usado é determinístico e dentre eles os mais usados são dois:
• Análise de sensibilidade
• Análise do ponto de equilíbrio

Análise de sensibilidade
É preciso verificar se uma pequena variação de um parâmetro não ocasiona uma
significante mudança.
A primeira atitude que temos a fazer é identificar os dados críticos de entrada,
que geralmente são dados de custos, manutenção, preço de energia elétrica, preço de
produto químicos, etc.
Com os novos dados entrados temos que verificar os resultados e comparar e
observar, por exemplo, quando a variação for maior que 10%.
Não devemos esquecer é que devemos estudar todos os possíveis cenários em
uma análise econômica e para cada cenário teremos provavelmente incertezas
diferentes.
A vantagem do método determinístico de análise de sensibilidade é que é fácil
de ser usado e a desvantagem é que sempre a decisão será do projetista.

Análise do ponto de equilíbrio (breakeven analysis)


Para o caso de vendas o ponto de equilíbrio é aquele que o volume exato de
vendas de uma empresa em que a empresa não ganha e nem perde. Acima do ponto a
empresa ganhará e abaixo perderá.
Nos problemas de BMPs ou aproveitamento de água de chuva, por exemplo,
poderemos estabelecer limite mínimo e máximo para o volume do reservatório bem
como da água de chuva captada.

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A vantagem do método da análise do ponto de equilíbrio é que pode ser feito de


maneira fácil e rápida e conseguiremos benchmarks para comparação da performance
das incertezas das variáveis. Conhecendo o ponto em que o projeto não é mais
econômico fica mais fácil para o projetista definir o risco do projeto.

53.3 Payback Simples


Um método muito simples de análise econômica do capital investido em uma
obra é o payback e deve ser considerado somente em um pré-estudo para aceitar ou
rejeitar determinado projeto, mas não é recomendado como critério de seleção de
varias alternativas mutualmente exclusivas ou projetos independentes.
O objetivo do payback é medir o tempo em que o investimento inicial será
reposto conforme Fuller e Petersen, 1995. A vantagem do payback é a facilidade de
cálculo.

Exemplo 53.1 Dado um reservatório de concreto com 1000m3 calcular o payback


Volume de água que aproveitaremos em um ano: 18.552m3/ano
Custo de construção: US$ 150/m3
Reservatório: 1000m3 x 150/m3 x R$ 2,3/m3=R$ 345.000,00
Tarifas pública:
Água R$ 8,75/m3
Esgoto R$ 8,75/ m3
Total= R$ 17,5/ m3
Volume aproveitado anualmente de água de chuva: 18.552 m3/ano
18.552 m3/ano x R$ 17,5/ m3=R$ 324.660/ano
Payback
Custo do reservatório / custo da água economizada por ano
R$ 345.000,00 / R$ 324.660/ano= 1,063anos=13meses OK

53.4 Recuperação do capital


Considerando o período de 20 anos para recuperar o capital do investimento
feito a taxa de juros mensais “i” conforme Mays e Tung, 1992.

Capital x i x (1 + i ) n
Amortização = ----------------------------------
(1+i )n - 1
Sendo:
n=20anos=240meses
juros mensal = i = 0,0072 (ao mês ou seja 8,64% ao ano, por exemplo)
Capital em US$

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Exemplo 53.2- Como calcular a amortização mensal.


Sendo o custo do reservatório de US$ 75.000 e considerando juros mensais de
0,72% (0,0072) e período de 20 anos (20anos x 12meses = 240 meses), o fator anual de
recuperação do capital será (Mays e Tung, 1992 p.25).
Capital x i x (1 + i ) n
Amortização = ----------------------------------
(1+i )n - 1
sendo:
n=20anos=240meses
juros mensal = i = 0,0072 (ao mês ou seja 8,64% ao ano)
Capital = US$ 75.000

75.000 x 0,0072 x (1 + 0,0072 ) 240


Amortização = -------------------------------------------------------- = US$ 658 /mês
(1+0,0072 )240 - 1

53.5 Valor presente do custo de manutenção e operação


Minnesota, 2005 considerando o período de 20 anos para calcular o valor
presente das despesas de manutenção e operação com taxa de inflação anual “r” e taxa
de juros anuais “i”.
Consideramos a equação de Collier e Ledbetter, 1988 in Minnestota, 2005
temos:
COM x {[(1 + r )/ (1+ i)] n - 1}
P=valor presente em 20 anos de op +man = ----------------------------------
(r - i)
Sendo:
P=custo equivalente a manutenção e operação de 20anos
n=20anos
i =juro anual
COM= custo anual de manutenção e operação (US$)
r= taxa de inflação anual
A equação acima pode ser reescrita assim:
{[(1 + r )/ (1+ i)] n - 1}
E= ----------------------------------
(r - i)

P= COM x E

Dica: podemos usar o prazo de vida útil das BMPs de 20anos.

Exemplo 53.3
Seja uma bacia de detenção estendida com volume WQv= 10.000m3 e considerando o
custo unitário US$ 35/m3 teremos o custo de construção de:
C= 10.000m3 x US$ 35/m3= US$ 350.000
Consideramos que a manutenção anual seja 5% (0,05) do capital e que em 20
anos a inflação é de 6% (0,06) ao ano e a taxa de juros é de 8% (0,08) ao ano.
Então a manutenção e operação anual será:
0,05 x US$ 350.000= US$ 17.500/ano

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Ao longo de 20 anos teremos:


{[(1 + r )/ (1+ i)] n - 1}
E= ----------------------------------
(r - i)
r=0,06
i= 0,08
n=20anos
{[(1 +0,06 )/ (1+ 0,08)] 20 - 1}
E= ----------------------------------
(0,06 -0,08)

E=15,6
P= COM x E
P= US$ 17.500/ano x 15,6= US$ 272.925
Somando o capital da construção+ valor presente da manutenção e operação
teremos:
Custo da construção= US$ 350.000
Valor presente da manutenção e operação em 20anos=US$ 272.925
US$ 350.000 + US$ 272.925= US$ 622.925
US$ 622.925/10.000m3= US$ 62,3/m3

53.6 Manutenção e Operação


Apresentamos a Tabela (53.2) que fornece o custo da manutenção e operação
anual em porcentagem do valor da obra.
Tabela 53.2- Custo de manutenção anual das BMPs
Custo manutenção anual
Tipo de BMP (%)

ASCE, 1998 Minnesota, 2005


Bacia de retenção e Wetland 3 a 6% ---
Bacia de detenção <1% 1,8% a 14,1%

Trincheira de infiltração 5 a 20 5,1% a 126%


Bacia de infiltração (Livingston, 1997) 1 a 3%
Bacia de infiltração (Schueler, 1987) 5 a 10% 2,8% a 4,9%
Filtro de areia 11 a 13% 0,9% a 9,5%
Bio-retenção 5 a 7% 0,7% a 10,9%
Vala gramada 5 a 7%
Faixa de filtro gramada (filter strip) US$ 800/ha ---
Bacia de retenção ------ 1,9% a 10,2%

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53.7 Custos de construção das BMPs


Os custos de construção das BMPs estão na Tabela (53.3) e (53.4) e não
incluem o custo do pré-tratamento e custo das terras.

Tabela 53.3- Custo típico de construção das BMPs


Tipo de BMP Custo Típico
US$ /m3
Reservatório de detenção seca,
estendido ou retenção 18 a 35
Bacia de infiltração 46
Bioretenção 187
Faixa de filtro gramada (filter strip) 0 a 46
Filtro de areia 106 a 212
Trincheira de infiltração 141
Vala gramada 18
Wetland (alagadiço) 21 a 44
Fonte: ASCE, 1998 com data base de 1997

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Tabela 53.4- Custos típicos de obras estruturais das BMPs

Tabela 53.4B- Custos básicos C de BMPs em dólares americanos (sem incluir o


custo da terra) com base em dezembro de 2002 em função do volume V em m3 ou
da área A em ha.
Tipo de BMP Custo básico em US$ Referência
Reservatório de detenção C= 186 V0,76 Brown e Schueler, 1997
seca, estendido
Reservatório de retenção C=308 x V0,71 Brown e Schueler, 1997
0,71
Wetland construída C=385 xV Brown e Schueler, 1997
Trincheira de infiltração, C=1635 x V0,63 Young et al, 1996
filtros drenos, Soakaways
(infiltração em trincheira C=177 x V Brown e Schueler, 1997
com água do telhado)
Bacia de infiltração C=109 x V0,69 Young et al, 1996
Filtro de areia e filtro C=31 A a C=62 A Young et al, 1996
orgânico A=área em ha
Vala gramada 2,8/m2 a 5,6/ m2 WERF, 2003
2 2
Faixa de filtro gramada 3,3/ m a 7,8/ m WERF, 2003
Pavimento poroso 21/ m2 a 33/ m2 US EPA, 2003
2 2
33/ m a 44/ m Coffman, 1999
Bioretenção C=249 x V0,99 US EPA, 2003 e Brown e
( rain garden, por exemplo) Schueler, 1997
Nota: adaptado de “BMP Costs” de Selvakumar, Ari.

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53.8 Remoção média de poluentes nas BMPs


A remoção é calculada pela queda da concentração do afluente e a concentração
do efluente das águas pluviais.
Conforme Minnesota, 2005 a média da remoção de TSS e de fósforo P com o
intervalo de confiança de 67% está na Tabela (53.5).

Tabela 53.5- Média de remoção de TSS e P com intervalo de


confiança de 67%.
TSS P
BMP % TSS (intervalo de %P (intervalo de
(remoção) Confiança (remoção) Confiança
67%) 67%)
Bacia de detenção 53 ±28 25 ±15
estendida
Bacia de retenção 65 ±32 52 ±23
Wetland 68 ±25 42 ±26
Biofiltro 90* ±10* 72 11
Filtro de areia 82 ±14 46 ±21
Trincheira de 75* ±10 55* ±35
infiltração
Faixa de filtro gramada 75 ±20 41 ±33
(*) Estimativa

Na Tabela (53.5) podemos ver, por exemplo, que uma bacia de detenção
estendida tem média de remoção de sólidos totais em suspensão (TSS) de 53% com
variação para mais e para menos de 28%, podendo chegar a 25% 81% com 67% de
probabilidade.
O mesmo acontece com o fósforo que tem média de remoção de 25% com
variação de 10% a 40% com 67% de probabilidade.
A Tabela (53.6) mostra a taxa de redução em diversas BMPs.

Tabela 53.6 - Taxa de redução de diversas BMPs segundo New Jersey, 2004.
Best Management Practices Redução de TSS
(BMP) (sólidos totais em suspensão)

Bacia de Bio-retenção 90%


Wetland artificial 90%
Bacia de detenção estendida 40% a 60%
Bacia de Infiltração 80%
Sistemas de tratamento Consultar o fabricante
manufaturados
Pavimento poroso Até 80%
Filtro de areia 80%
Canal gramado 60% a 80%
Bacia alagada 50% a 90%
Fonte: NJ, 2004

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53.9 Projeto do ciclo da vida de uma BMP


O ciclo de vida de uma BMP, conforme Powell, 2005 possui as seguintes fases:
a) Fase da planificação
b) Fase da elaboração do projeto
c) Fase da construção da BMP
d) Fase da operação e manutenção
e) Fase da recapitalização
f) Fase da desativação.
Para a fase da recapitalização é assumida no fim da vida da BMP e neste ponto
podemos fazer reformas e portanto novos investimentos ou desativamos e o terreno
onde a mesma está terá outro destino.

53.10 Métodos de avaliação das BMPs


Conforme Powell, 2005 os métodos de avaliação das BMPs são basicamente quatro:
1. Método da estimativa inicial do custo da BMP
2. Método da análise do custo da vida útil da BMP que é chamado de Life-
cycle cost analysis (LCCA).
3. Método da análise de custo e eficácia que é chamado de Cost-Effectiveness
analysis.
4. Método da análise da relação beneficio/custo.

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53.11 Método estimativa inicial do custo da BMP


A estimativa inicial do custo de uma BMP geralmente é feita usando dados de
custos de BMP semelhante para uma vida útil de 20anos, usando o custo do valor
presente, mas esquecendo os custos de manutenção, operação e outros. Devido a isto
geralmente os erros de estimativas de custos de uma estimativa inicial de uma BMP é da
ordem de 50%. De modo geral nãos e leva em conta o custo do terreno onde a mesma
será construída.

Exemplo 53.4
Estimar o custo de uma bacia de detenção estendida com 10.000m3 de volume.
O preço por metro cúbico estimado é de US$ 30,00/m3 e sendo 10.000m3
teremos o custo total estimado de US$ 300.000,00.
A remoção de TSS estimada é de 53% e a de fósforo total é 25%.
Notar que não mencionamos o valor da terra, o tempo de vida da obra, o custo do
dinheiro, a inflação, a manutenção e operação e devido o método apresenta erros que
podem atingir 50%.

53.12 Método da análise do custo da vida útil da BMP que é chamado de Life-cycle
cost analysis (LCCA).
Conforme Taylor, 2005 o LCCA é o método de avaliação de todos os custos
relevantes durante 20 anos para uma determinada BMP e conforme Taylor, 2002 o
método também pode ser aplicado para BMP não estrutural.
Nos custos estão inclusos os custos atuais, custos financeiros, manutenção,
operação, etc.
Os custos devem ser avaliados considerando várias alternativas viáveis, devendo
a avaliação considerar sempre o período único de 20anos, por exemplo.
As 10 recomendações básicas do LCCA conforme Fuller e Petersen, 1996
são:

1. O primeiro passo no LCCA é identificar o que vai ser analisado. É importante


entender como a análise será usada e qual será o tipo de decisão que será feita no
uso do método.
2. Identificar duas ou mais alternativas viáveis que sejam mutualmente
exclusivas. Em estatística dois eventos são mutualmente exclusivos quando
ocorre um dos eventos, o outro não pode ocorrer. Identifique algum problema
que pode advir de uma alternativa escolhida e este problema pode ser físico,
funcional, segurança ou legislação municipal, estadual ou federal.
3. Todas as alternativas devem ter o mínimo da performance admitida. As
alternativas a serem escolhidas devem ser tecnicamente viável.
4. Todas as alternativas devem ser avaliadas usadas o mesmo tempo, a mesma data
base, as mesmas taxas de financiamento, etc. O prazo máximo a ser admitido é
de 25anos e para BMPs usaremos prazo máximo de 20anos.
5. Fazer a análise de cada alternativa em dólares e quando um custo for
insignificante podemos esquecê-lo ou quando julgarmos conveniente levá-lo em
conta de alguma maneira. Não se devem usar custos anteriores para a decisão.
6. Compare cada uma das alternativas
7. Use a inflação para apurar o valor presente
8. Use análise de incerteza para verificar os dados de entrada

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Capitulo 53- Métodos de avaliação das BMPs
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9. Faça algumas medidas suplementares caso necessário


10. Encontre a decisão

Outra observação da análise do custo de vida de uma BMP é que elas não são
somente aplicadas para obras, mas também para produtos ou serviços e isto mostra a
utilidade do LCCA.Também é usado nos Estados Unidos em projetos de reduzir o
consumo de energia e água.

Dica: sem dúvida o Método LCCA é o mais usado e aconselhado para BMP
estrutural e não estrutural.

Juro é a remuneração que o tomador de um empréstimo deve pagar ao proprietário do


capital empregado. Quando o juro é aplicado sobre o montante do capital é juro simples.

Inflação: aumento persistente dos preços em geral, de que resulta uma continua perda
do valor aquisitivo da moeda.

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Figura 53.1- Sumário dos fatores de desconto conforme Fuller et al, 1996

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Figura 53.2- Sumário dos fatores de desconto conforme Mays e Tung, 1992

Valor presente simples (SPV).


Vamos supor que no fim de 5 anos aplicamos US$ 100 a taxa de juros de 5%. O
valor presente não será US$ 100,00 e sim US$ 78,35 a ser calculado da seguinte
maneira.
SPV= Ft/ ( 1 + d)t
Sendo:
SPV = valor presente em US$
Ft= valor pago no tempo “t” em US$
d= taxa de juros anuais em fração.
t= tempo em anos

Exemplo 53.5
Calcular o valor presente da aplicação de Ft=US$ 100,00 daqui a t=5 anos sendo a taxa
de juros de 5% (d=0,05).
PV= Ft/ ( 1 + d)t
PV= 100x[ 1/ ( 1 + 0,05)5]
Fator=0,7835
PV= 100x 0,7835= US$ 78,35

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Isto significa que o investidor do dinheiro poderá receber US$ 78,35 a vista ou
US$ 100,00 daqui a 5 anos.

Valor presente Uniforme (UPV)


O valor presente uniforme é usado como se fosse uma série de valores iguais que
são pagos durante um certo número de anos e o valor presente uniforme será:
UPV= Ao . [ (1+d)n -1 ] / [ d .(1+d)n]
Sendo:
UPV= valor presente uniforme em dólares
Ao= aplicação anual constante em dólares
d= taxa de juros anual em fração
n= número de anos

Exemplo 53.6
Calcular o valor presente uniforme da aplicação de US$ 100,00 por ano durante 20 anos
a taxa de juros 3% ao ano.
UPV= Ao . [ (1+d)n -1 ] / [ d .(1+d)n]
UPV= 100 . [ (1+0,03)20 -1 ] / [ 0,03 .(1+0,03)20]
UPV= 100x. 14,88= US$ 1488,00

Valor presente Uniforme Modificado (UPV*)


Quando a aplicação anual A1, A2, A3, etc vai aumentando por um fator
constante, por exemplo, e=2%
UPV*= Ao . [ (1+e)/ (d-e) ] x { 1- [(1+e)/(1+d)] n}
Sendo:
UPV*= valor presente uniforme modificado em dólares
Ao= aplicação anual constante em dólares
d= taxa de juros anual em fração
n= número de anos
e= fator constante de aumento do valor A1, A2, A3,...

Exemplo 53.7
Calcular o valor presente uniforme da aplicação de US$ 100,00 por ano durante 15 anos
a taxa de juros 3% ao ano e fator constante de aumento e=2%.
Valor presente Uniforme Modificado (UPV*)
UPV*= Ao . [ (1+e)/ (d-e) ] x { 1- [(1+e)/(1+d)] n}
UPV*= Ao . [ (1+0,02)/ (0,03-0,02) ] x { 1- [(1+0,02)/(1+0,03)] 15}
UPV*= Ao x 13,89
UPV*= 100 x 13,89=US$ 1389,00

Exemplo 53.8
Calcular o valor presente Uniforme Modificado (UPV*) da manutenção anual de US$
100,00 que sofre um acréscimo de 2% ao ano durante 5 anos a juros de 3% ao ano.
UPV*= Ao . [ (1+e)/ (d-e) ] x { 1- [(1+e)/(1+d)] n}
UPV*= Ao . [ (1+0,02)/ (0,03-0,02) ] x { 1- [(1+0,02)/(1+0,03)] 5}
UPV*= 100x 4,8562=US$485,62

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Inflação
A taxa de juros d pode ser considerada usando a taxa de inflação I e a taxa
nominal de desconto D conforme a equação de D. Rather in Fuller, et al, 1996..
d= [(1+D)/ (1 + I)] -1
Sendo:
d= taxa real de desconto em fração
D= taxa nominal de desconto em fração
I= taxa de inflação em fração

Exemplo 53.9
Calcular a taxa real de desconto fornecida a inflação I=4,0% e a taxa nominal de
desconto D=7,0%.
d= [(1+D)/ (1 + I)] -1
d= [(1+0,07)/ (1 + 0,04)] -1 =0,02885

Preço futuro
O preço futuro Ct com referência ao preço base Co é fornecido pela equação:
Ct= Co ( 1 + E) t
Sendo:
Ct= custo futuro em dólares
Co= custo atual em dólares
E= taxa nominal de juros em fração
t= período de tempo que geralmente é em anos

Exemplo 53.10
Calcular o custo futuro daqui a 10anos para o custo de US$ 1000,00 sendo a taxa
nominal de juros de 3%.
Ct= Co ( 1 + E) t
Ct= 1000x ( 1 + 0,03) 10 =US$ 1.344,00

Método LCCA
Existe uma fórmula geral do método LCCA que é:
LCCA= Σ Ct / ( 1 +d)t
Sendo:
LCCA= valor presente total do LCC em dólares no período para cada alternativa
Ct= soma de todos os custos relevantes incluindo custo inicial e custos futuros durante o
período de tempo considerado
d= taxa nominal de desconto em fração
Entretanto Fuller et al, 1996 apresenta uma outra fórmula que é mais usada:
LCCA= Custo Inicial + Reposição – Resíduo + Energia + custos + O&M
Sendo:
LCCA= valor presente total LCCA em dólares para uma alternativa escolhida
Custo inicial= valor presente dos investimentos iniciais em dólares
Reposição= valor presente do custo de reposição em dólares
Resíduo= valor presente residual em dólares
Energia=valor presente do custo da energia
Custos= demais custos
O&M: valor presente dos custos de manutenção e operação em dólares

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Exemplo 53.11
Usando o Método da análise do custo de vida de uma BMP escolher a mais adequada
para um determinado local.
Primeiramente devemos escolher BMPs que são mutualmente independente, isto
é, o que ocorre em uma não ocorre em outra.
Assim se escolhermos uma bacia de detenção estendida e uma bacia de retenção,
podemos observar os eventos não são mutualmente exclusivos, pois ambas irão deter a
enchente e deixar um volume para melhorar a qualidade das águas pluviais. Em uma o
volume será esvaziado em 24h e na outra ficará retido.
Temos que analisar BMPs que sejam diferentes como: bacia de detenção
estendida e trincheira de infiltração.
Teremos que considerar o custo de implantação, a manutenção e operação em 20
anos, o custo do terreno, a inflação, o custo do dinheiro. No final de 20anos ou ainda
antes teremos que fazer ou não uma reforma completa na BMP? Depois de 20 anos de
funcionamento a mesma continuará operando ou será desativada e vendido o terreno?.
O método LCCA aconselha usar no mínimo duas alternativas. Escolhe-se a
alternativa de menor custo, observando a perfomance mínimas admitidas.
Para uma bacia de detenção estendida admitimos que a performance a ser
alcançada é 53% para TSS e para fósforo é 25%. Para trincheira de infiltração
admitimos que o TSS máximo seja 75% e fósforo total de 55%.
Vamos supor que admitimos que a performance mínima da BMP seja de 50% de
remoção de TSS e 20% de fósforo total. Assim as duas BMP atendem as perfomance
mínimas admitidas.
É importante não esquecer todos os custos a serem usados mesmo que seja
insignificante e conforme o caso pode-se aumentar um determinado custo para incluir
um outro custo.

53.13 Método da análise de custo-eficácia –CEA (cost-effectiveness) de uma BMP


Embora o método da análise de custo-eficácia (CEA) seja muito simples,
escolhendo todas as alternativas que atendam ao objetivo, fica fácil achar o menor
custo, mas difícil de avaliar os benefícios. Existem benefícios que valorizam os imóveis
e outros difíceis de quantificar como a melhoria do ambiente, uso recreacional, etc.
A análise de custo-eficácia segundo a enciclopédia Wikipédia, é uma forma de
análise econômica que compara os custos com os efeitos. Geralmente é usado onde a
análise de beneficio/custo não fica apropriada.
A análise de custo-eficiência é muito usada na seleção das BMPs para achar o
mínimo custo aliado a eficiência.

53.14 Método da análise da relação beneficio/custo


Existe relativa facilidade para estimar todos os custos, mas para estimar os
benefícios a tarefa é árdua, pois faltam ainda muitas pesquisas as serem feitas e
discutidas e aceitas pelos especialistas no assunto.
Existem alguns benefícios tangíveis que são facilmente obtidos como evitar
prejuízos de uma enchente, mas de modo geral é difícil quantificar em dólares os
benefícios sendo o mesmo avaliados qualitativamente.
A análise de beneficio/custo deve ser sempre efetuada com bastante bom senso. A
apuração dos custos e dos benefícios deverão ser bastante discutidas para não haver
equívocos.

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A aplicação do método da análise de beneficio/custo foi feito por Kalman et al,


2000 para Ballona Creek em Los Angeles, Estados Unidos é de difícil aplicação,
principalmente devido aos cálculos dos benefícios.
Para obras de macrodrenagem o uso da análise de beneficio/custo tem-se mostrado
simples e eficiente sendo usada no Estado de São Paulo pelo Departamento de Águas e
Energia Elétrica (DAEE).

Obras de drenagem
Conforme Wanielista,1993 citado por Canholi em sua tese de doutoramento na
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1995, o custo de um sistema de
drenagem urbana pode ser classificado em três categorias básicas:
investimento;
operação/manutenção e
riscos.
Os custos de investimento incluem os desembolsos necessários para os estudos,
projetos, levantamentos, construção, desapropriações e indenizações. Referem-se
portanto aos custos de implantação da solução.
Os custos de operação e manutenção, referem-se às despesas de mão de obra,
equipamentos, combustíveis e outras, relativas à execução dos reparos, limpezas,
inspeções e revisões necessárias durante toda a vida útil da estrutura.
Os custos dos riscos, referem-se aos valores correspondentes aos danos não
evitados, ou seja, aos custos devidos aos danos residuais relativos a cada alternativa de
proteção. Pode tanto ser medido pela estimativa dos danos como pelos custos de
recuperação da área afetada.
Os custos ainda podem ser classificados em:
Custos diretos
Custos indiretos

Custos diretos
Os custos diretos envolvem as obras civis, os equipamentos elétricos e
mecânicos, a relocação das interferências, as desapropriações e os custos de manutenção
e operação.
São os custos diretamente alocáveis às obras. São de quantificação simples, a partir
da elaboração de um projeto detalhado e do cadastro pormenorizado das obras de infra-
estrutura existente (gás, eletricidade, telefone, água, esgoto) que serão afetadas pelas
obras.
Os custos de manutenção podem ser estimados, através de previsões da
periodicidades e equipes/equipamentos necessários para as realizações de tais
serviços.
Custos indiretos
Os custos indiretos são relativos á interrupções de tráfego, dos prejuízos ao
comércio, às adequações necessárias ou custos não evitados no sistema de drenagem a
jusante, bem como os danos não evitados no período construtivo.
Desta maneira pode-se ressaltar os benefícios inerentes às soluções que envolvem
menores prazos de construção e/ou que causam menores interferências com os sistemas
existentes.

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A quantificação dos custos das obras de adequação hidráulica da canalização a


jusante pode se tornar complexa à medida em que as bacias sejam de grandes
dimensões.
Entretanto, a verificação de tal necessidade e a quantificação dos custos envolvidos,
mesmo a nível preliminar, pode contribuir enormemente na escolha da solução mais
indicada (Canholi,1995).

Custos médios
Canholi, 1995 apresenta na Tabela (53.7) preços médios em dólar americano.
Tabela 53.7-Estimativa dos preços unitários médios

Serviços unid Preço unitário


US$
Escavação mecânica para valas m3 4,50 a 5,10
Escavação mecânica de córrego m3 2,50 a 2,80
Carga e remoção de terra a distância média de 20km m3 14,00 a 15,00
Fornecimento de terra incluindo carga, escavação e m3 16,00 a 17,00
transporte até a distância média de 20km
Compactação de terra média no aterro m3 3,50 a 3,80
Demolição de pavimento asfáltico m2 5,00 a 5,50
Pavimentação m2 38,00 a 40,00
Fornecimento e assentamento de paralelepípedo m2 29,00 a 31,00
Fornecimento e assentamento de tubos de concreto armado m 146,00 a 150,00
CA-2, diâmetro 1,00m
Boca de lobo simples un 400,00 a 420,00
Poço de visita un 640,00 a 660,00
Escoramento com perfis metálicos m2 87,00 a 100,00
Concreto armado moldado “in loco” (inclui formas e m3 420,00 a 480,00
armaduras)
Fornecimento e colocação de gabião tipo caixa m3 142,00 a 158,00
Fornecimento e escavação de estaca de concreto para 30 ton. m 40,00 a 45,00
Fonte: Canholi, tese de doutoramento EPUSP, 1995

Exemplo 53.12
Em São Paulo é comum para determinação dos custos das obras o uso da Tabela de
custos unitários da Secretaria de Vias Públicas do município de São Paulo, publicada
no Diário oficial do município (DOM).
Os custos que vamos apresentar são de outubro de 1999 e apresentados no
Diagnóstico da bacia superior do ribeirão dos Meninos que faz parte do plano diretor de
macrodrenagem da bacia hidrográfica do Alto Tietê.
Vamos reproduzir como exemplo os custos previstos do reservatório de detenção
denominado TM8- do ribeirão dos Meninos em São Paulo elaborado em 1999 pelo
DAEE estão na Tabela (53.8).

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Tabela 53.8 – Bacia superior do ribeirão dos meninos, córregos Saracantan/água


mineral reservatório de amortecimento de cheias TM-8

Preços
Unidade Quantidade
1US$= R$ 1,936

Unitário Total
Serviços
(US$) (US$)
Movimento de terra
Limpeza do terreno, inclusive da camada vegetal m2 18.000 0,16 2.882,23
Demolição de concreto armado m3 384 41,52 15.943,14
Escavação mecânica m3 96.190 1,95 187.808,99
Fornecimento de terra, incluindo escavação e transporte m3 1.154 4,64 5.360,01
Compactação mecânica de solo m3 1.154 1,65 1.907,90
Remoção de solo até distância média de 10km m3 96.190 3,11 299.103,20
Bola fora e espalhamento do material m3 96.190 0,87 83.470,66

Estruturas
Concreto estrutural m3 939 69,50 65.250,48
Fornecimento e aplicação aço CA-50 kg 82.861 0,81 66.768,00
Forma comum, exclusive cimbramento m2 2.536 8,17 20.726,16
Cimbramento de altura maior que 3m m3 202 6,08 1.225,64
Estaca de concreto para 30 ton. m 194 17,71 3.443,17
Fornecimento e colocação de geotêxtil OP-30 ou m2 998 1,19 1.185,11
MT300 com 300g/m2 ou similar
Fornecimento e colocação de gabião tipo colchão Reno m2 560 15,06 8.434,71
Fornecimento e colocação de gabião caixa m3 586 58,94 34.539,49
Fornecimento e assentamento de paralelepípedo m2 4.320 14,40 62.211,57

Equipamentos e dispositivos acessórios


Fornecimento e colocação de grade de retenção Vb 1 16528,93 16.528,93

Paisagismo e urbanização
Plantio de grama em placas m2 21.600 1,66 35.925,62
Gradil de ferro, incluindo pintura m 691 159,19 110.000,29
Implantação de passeio de concreto m2 829 18,14 15.045,00
1.892.061,56
sub-total
Serviços eventuais (15%) 283.809,23
2.175.870,79
Total dos serviços

Custos indiretos
Projetos (6%) 130.552,25
Canteiro de obras (2%) 43.517,42
BDI (40%) 870.348,32
1.044.417,98
Total dos custos indiretos
Total geral 3.220.288,77
Fonte: DAEE,1999

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Inclusão das bacias de detenção no plano de macrodrenagem


No estado de Alagoas na cidade de Maceió foi apresentado por Pedrosa e
Tucci,1998 um estudo de macrodrenagem da bacia do Tabuleiro com área de 40 km2.
A bacia foi dividida em 9 subbacias e usado o modelo SCS (Soil Conservation
Service).
Foram usados períodos de retorno de 5anos, 10anos, 25anos e 50anos. Foram
feitas comparações do modelo usando o sistema tradicional com canais e galerias e de
um novo modelo, usando reservatórios de detenção. Foram feitas 4 alternativas onde a
inclusão das bacias de detenção, reduzindo a dimensão dos condutos de jusante, de
modo a diminuir os custos do sistema de drenagem.

Exemplo 53.7 Caso do piscinão do Pacaembu na praça Charles Muller em São


Paulo
O custo estimado do reservatório de detenção coberto com volume de 74.000m3
foi de US$ 8 milhões.
Caso fosse feito a alternativa convencional em galerias além dos problemas de
tráfego seriam gastos US$ 20 milhões. O prazo da obra seria de 2 anos e a interrupção
do tráfego por atraso médio de 15 minutos ocasionaria prejuízo mensal de US$ 700 mil/
mês (Canholi, 1994 Revista de Engenharia do Instituto de Engenharia de São Paulo).
Caso fosse feito um túnel ao invés da galeria, o custo da mesma seria de US$
35milhões.
É importante observar que foram verificadas varias alternativas para a escolha
definitiva do reservatório de detenção.

Benefícios
Para a análise dos benefícios vamos usar os estudos do DAEE contido no
diagnóstico do ribeirão dos Meninos em São Paulo de 1999.
Provavelmente, a quantificação dos benefícios decorrentes da implantação de
uma obra de drenagem urbana constitui-se numa das atividades mais complexas dentro
do planejamento destas ações. Isto porque a tangibilidade de tais benefícios é restrita.
Um dos enfoques mais adotados refere-se à quantificação dos danos evitados
quanto aos bens, propriedades, atrasos nos deslocamentos e demais prejuízos.
As questões relativas aos benefícios decorrentes da redução nos índices de
doenças e mortalidade, melhoria das condições de vida e impactos na paisagem são de
quantificação bem mais difícil, porém mesmo assim deve ser buscada a sua avaliação.
Outra alternativa para a definição dos benefícios monetários do controle das
inundações consiste numa simulação do mercado. A simulação consiste na verificação
de quanto os indivíduos atingidos estariam dispostos a pagar, para prevenir os danos que
as inundações provocam. Essa quantia seria igual, no máximo, ao dano esperado na
área.
Os danos são estabelecidos através de uma avaliação feita na área inundada,
incluindo os seguintes itens: danos causados às edificações, equipamentos, produção,
processo produtivo, pessoas e bens em geral. Outros danos a serem levados em conta
são os que, apesar de não serem da área diretamente afetada, atingem tanto o processo
produtivo como as pessoas da comunidade, através de sobrecargas no sistema viário, e
equipamentos públicos fora da área afetada, por aumento de tempo e de custo dos
deslocamentos.

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Benefícios anuais de evitar os danos diretos


Os danos da área diretamente afetada podem ser estimados a partir de danos
históricos levantados na área inundada em estudo ou, mais expeditamente, através de
fórmulas empíricas definidas para situações de inundação similares.
Os danos indiretos são quase sempre estimados como uma fração do dano direto,
através de percentuais definidos em levantamentos realizados em vários episódios de
inundação pesquisados.
Em levantamentos realizados no Brasil, por Vieira (1970) e pela COPLASA,
para o DAEE (1969), os danos indiretos estimativos são da ordem de 20% dos danos
diretos totais.
No trabalho de KATES: "Industrial Flood Losses: damage estimation in Leligh
Valley", citado nos trabalhos de JAMES e LEE (1971), os danos indiretos estimados
como uma porcentagem dos danos diretos, de acordo com o tipo de ocupação. Na
Tabela (53.9) são apresentadas estas percentagens.
Tabela 53.9- Percentual dos danos indiretos sobre danos diretos
Ocupação Percentual de danos indiretos sobre danos diretos
Área residencial 15
Área comercial 37
Industrial 45
Serviços 10
Propriedades públicas 34
Agricultura 10
Auto Estradas 25
Ferrovias 23
Médias 25
Fonte: DAEE,1990

Em áreas de grande circulação de veículos é importante considerar os custos de


interrupção ou atraso no tráfego.
Com relação à definição dos danos diretos, uma das formas mais práticas é a
equação do dano agregado, desenvolvida por James e Lee, 1971, citada por Tucci,1994
e Canholi,1995.
Nesta equação, apresentada a seguir, é suposto que os danos diretos em
edificações nas áreas urbanas, incluindo o conteúdo, e áreas adjacentes tais como jardins
e quintais, variem linearmente com a altura da inundação e com o coeficiente Kd.
Supõe-se crescimento linear para áreas de inundações pouco profunda.

Cd = Kd . Me . h . A (Equação 53.2)
Sendo:
Cd = dano direto. O custo indireto usado comumente no Brasil é de 20% daí Cd x 1,2
será o custo direto mais o custo indireto;
Kd = 0,15/m = fator determinado pela análise dos danos de inundações ocorridas ou seja
dos dados históricos JAMES (1964). O valor de Kd é obtido pela relação entre os danos
marginais em relação à profundidade h (Canholi,1995);
Me = valor de mercado das edificações por unidade de área. No caso do ribeirão dos
Meninos Me =US$ 310,00/m2 no trecho da av. Faria Lima e Me =US$ 154,996/m2 no
trecho a montante da galeria;
h = profundidade média da inundação;
U = proporção entre a área de ocupação da área de ocupação desenvolvida e a área total
inundada;

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A = área inundada.
Serão adotados os seguintes critérios para a definição dos benefícios monetários
decorrentes do controle das inundações:
• Para o cálculo do valor do benefício anual, considerou-se dois tipos de
inundação, com suas respectivas alturas médias de lâmina d’água e
periodicidade de ocorrência.
. Área de inundação 1:
inundada duas vezes por ano (anualmente a freqüência será 2)
A1 = 578.000m2 (exemplo do ribeirão dos Meninos)
. Área de inundação 2 :
inundada uma vez a cada dez anos (anualmente a freqüência será 0,1)
A2 = 1.400.000m2 (exemplo do ribeirão dos Meninos)
Também foi considerado um evento anual, no qual a inundação provoca danos
somente no tráfego (exemplo do ribeirão dos Meninos).
Parâmetros adotados:
Valor de mercado dos imóveis, por unidade de área (Me), igual a US$310,00/ m2 no
trecho ao longo da av. Faria Lima (exemplo) e US$154,96/ m2 no trecho a montante da
galeria. Neste custo estão considerados o valor do terreno e da construção.
Custo indireto de 20% do custo direto, que reflete a experiência brasileira e fica
próximo do valor médio encontrado por Kates;
A taxa média de ocupação adotada (U) foi de 15% para o trecho a montante da
galeria e de 40% para o trecho ao longo da av. Faria Lima (exemplo), que parece
bastante representativa para a área sujeita a inundação.

Benefícios anuais de evitar os danos ocasionados ao tráfego


Em áreas de grande circulação de veículos é importante considerar os custos de
interrupção ou atraso no tráfego.
Devido à redução na velocidade média, aceita-se em geral que triplicam-se os
custos normais de operação dos veículos, resultando os valores abaixo:
Veículos particulares US$ 0,13/km -> US$ 0,40/km US$ 0,27/km (DAEE,1999)
Veículos comerciais (caminhões) US$ 0,77/km -> US$ 2,32/km US$ 1,55/km
O tempo perdido pelos passageiros dos veículos e motoristas durante as
interrupções de tráfego pode ser economicamente quantificado da seguinte forma:
Veículos particulares US$ 3,10/h/passageiro (DAEE,1999)
Ônibus e caminhões US$ 1,03/h/passageiro (DAEE 1999)
Considerar-se-á a média de 1,5 passageiro por veículo particular e 50
passageiros por ônibus, assim como um período médio de tempo perdido de 2,5h para o
evento de ocorrência bianual e de 3,5 para o evento de TR=10anos (DAEE,1999).
Deve-se dispor das quantidades e tipos de veículos afetados em cada inundação,
bem como o tempo de congestionamento para a determinação dos valores totais dos
prejuízos.
Para imóveis residenciais: as perdas relativas aos imóveis dizem respeito aos
possíveis danos materiais que devem ser avaliados como custo de reposição ou
assimilados a uma perda de receita de locação devido ao risco de inundação. Em alguns
estudos foi adotada uma perda de aluguel entre US$ 10,00/ mês e US$ 80,00/ mês, por
residência com risco de inundação, de acordo com o tipo de construção.

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Capitulo 53- Métodos de avaliação das BMPs
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Exemplo 53.13
Como exemplo vamos citar o ribeirão dos Meninos. Em relação ao número total de
veículos para a área afetada, serão adotados os seguintes valores, segundo dados da
prefeitura municipal de São Bernardo do Campo (valores médios) :
. Veículos particulares 8.260
. Ônibus 4.900
. caminhões 840
Solução
Para se obter a primeira linha da Tabela (53.10).
Trata-se de trecho a montante da galeria com área de 427.280m2, mas a taxa
média de ocupação adotada U é de 15% ou seja 0,15 então teremos:
427.280m2 * 0,15 = 64.092m2 que é a área que realmente será inundada
Para esta área que será inundada e sendo a montante da galeria o preço da
construção é de US$ 154,96/m2 .
Considerando o coeficiente Kd=0,15 e considerando que a altura média de
inundação é de 0,40m.
Considerando ainda que se multiplicarmos o valor por 1,20 já teremos embutido
o custo indireto temos:
64.092m2 x US$ 154,96/m2 x 0,40 x 0,15 x 1,20 = US$ 715.076

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Tabela 53.10 - Estimativa dos benefícios anuais (danos evitados)


Soma dos
Área Custo
Altura média Tráfego custos das
Ocupação direto+custo Benefício Anual
de Inundação inundações Freqüência.
Trecho A indireto
h mais Inund.
U Cd x 1,20
(m2) (US$) tráfego
(m2 ) (US$) (US$)
(US$)
Montante da galeria 427.280 0,4 0,15 715.076 1.020901 1.735.976 0,1 173.598
Av. Faria Lima 980.926 0,4 0,40 8.755.373 1.026.317 9.781.690 0,1 978.169
Montante da galeria 153.185 0,2 0,15 128.182 733.084 861.266 2 1.722.531
Av. Faria Lima 424.341 0,2 0,40 1.893.753 733.084 2.626.837 2 5.253.674
Montante da galeria - 733.084 733.084 1 733.084
Total 8.861.056
Fonte: DAEE, 1999 (1US$=R$ 1,936 outubro de 1999)
Vamos calcular os prejuízos causados no tráfego pelas inundações.
Consideramos que para cada inundação sejam prejudicados 8.260 veículos
particulares e sendo a média de 1,5 passageiros/veículos e considerando e de 3,5h de
tempo perdido para período de retorno de 10anos e sendo o custo por passageiro de US$
3,10 teremos:
8.260 veículos/inundação x 1,5passag./veículo x 3,5h/passag.x US$3,1/h= US$
34.432,00
Para os ônibus teremos:
4.900 ônibus x 50 passag./ônibus x 3,5h/passag. x US$1,03h/passag= US$ 883.225
Para os caminhões teremos:
840 caminhões x US$ 1,03/h/passag x 2,5h/passag x 1,5passag/caminhão=US$3245
Em resumo os custos dos veículos, ônibus e caminhões será a soma de
US$ 134.432,00 + US$ 883.225 +US$ US$ 3.245 = US$ 1.020.901
Portanto na Tabela (53.10) o valor na primeira linha relativa ao tráfego é de
US$1020.901
Os custos dos prejuízos devidos a inundações devem ser somados aos custos de
perda de tempo das pessoas chamados de perdas no tráfego.
A soma deverá ser multiplicada pela freqüência de inundação. Assim na primeira
linha da Tabela (53.10) há inundação a cada dez anos e nas terceiras e quarta linhas há
inundação duas vezes por ano.
Fazendo-se as obras teremos anualmente os benefícios de US$ 8.861.056.
Análise beneficio custo
Conforme Canholi,1995 é recomendado em projetos urbanos de macro-
drenagem a análise de benefício - custo devido a necessidade de se definir em bases
racionais os riscos do projetos; comparar as soluções alternativas; quantificar
economicamente os custos e benefícios esperados e fornecer subsídios aos órgãos de
decisão e definição das prioridades.
Os benefícios podem ser primários e secundários.
Os benefícios primários são definidos como os valores dos produtos e serviços
que afetam diretamente o projeto, enquanto que os benefícios secundários são definidos
como os benefícios macroeconômicos regionais de empregos e despesas que podem ser
atribuídos ao projeto.
Os efeitos podem ser tangíveis e intangíveis.
Os efeitos intangíveis são aqueles que não são suscetíveis de uma avaliação
monetária, tais como a inundação de uma igreja ou um monumento histórico. Vários

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projetos nos Estados Unidos foram inviabilizados por não terem prestado atenção aos
efeitos intangíveis.
A análise de benefício-custo faz parte do denominado “Sub-comittee on
evaluation standards, inter agency committee on water resources, proposed practices
for economic analysis of rivers basin projects, Washington, DC, may 1958 - Green
Book” elaborado pela Harvard e muito usado nos Estados Unidos e sendo bastante
divulgado no Brasil pelo professor dr. José Meiches da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo em 1966.
Os grandes problemas que houveram com análise de beneficio-custo (Holmes,
1972 in Moreau, 1996 in Mays,1996) foram:
- Estimativa exagerada dos benefícios e estimativa muito baixa de custos dos
planejadores;
- O uso exagerado dos benefícios secundários para justificar os projetos,
- Tratamento inadequado dos benefícios e custos intangíveis;
- Falhas na avaliações das alternativas, especialmente das alternativas não estruturais
para controle de inundação.
O conceito de análise de beneficio-custo é usado nos Estados Unidos desde
1920, sendo elaborados 308 projetos de 1920 a 1930.
A definição exata de beneficio e custo só foi feita em 1936, conforme o Flood
Control Act.
Em 1950 foi criado por um comitê o famoso Green Book com Proposed
Practices for Economic Analysis of River Basin Projects. Em 1958 o Green Book foi
revisado.
Em 1977 o presidente Carter nos Estados Unidos irritou o
Congresso dos Estados Unidos, exigindo estudos de análise de beneficio-custo em 60
projetos autorizados pelo Congresso.
Os estudos de análise de beneficio/custo foram feitos pelo USACE (US Army
Corps of Engineers) e USGS (US Geological Survey) que recusaram 19 projetos e 14
projetos questionáveis foram colocados de lado (Professor David H. Moreau capítulo 4
in Water Resources Handbook, Larry W. Mays, 1996).
Quando Ronald Reagan assumiu a presidência nos Estados Unidos abandonou a
recusa dos projetos baseados somente nos princípios de benefício-custo. Estabeleceu
que ”os objetivos nacionais do desenvolvimento econômico consiste em proteger o meio
ambiente da nação”.
Até hoje a análise de beneficio-custo é usada com bastante critério, para que não
se cometam as falhas de uma superestimaçao dos benefícios e subestimação dos custos.
Existem três maneiras práticas de se tratar com análise de beneficio-custo. A
primeira é maximizar as diferenças de custos, a segunda é maximizar a relação
beneficio/custo e a terceira é minimizar a relação custos/benefícios, usada pelo DAEE
de São Paulo.
Máximo relação (benefícios / custos)
Máxima diferença (benefícios - custos)
Mínima relação (custos / benefícios)

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Exemplo 53.14- ribeirão dos Meninos


Sendo o custo da obra de US$ 24.982.585 e considerando juros de 12% ao ano e
período de 20 anos, o fator anual de recuperação do capital será (Mays e Tung, 1992
p.25).
i . (1 + i ) n
fator = ---------------------
(1+i )n - 1
Sendo:
n=20anos
juros anual = i = 0,12 (12% ao ano)
(1+i )n = (1+0,12) 20 = 9,65. Fazendo-se as contas obtemos
fator = 0,13
e sendo o custo das obras de US$ 24.982.585 para TR=25anos, o valor da amortização
anual será : US$ 24.982.585x 0,13 = US$ 3.247.736/ano
Considerando que os benefícios são US$ 8.861.597 e a relação beneficio / custo
será igual a : B / C = US$ 8.861.597 / US$ 3.247.736 = 2,73
Sendo:
B = benefício anual da alternativa (US$)
C = custo anual do Investimento (US$)
Portanto, com base na Tabela (53.10), tem-se a relação benefício/custo de 2,73 para
TR=25anos.
Portanto, a aplicabilidade da análise de beneficio/custo na avaliação das BMPs é
muito complexa e ineficaz apesar de o método ser muito usado em obras de
macrodrenagem com sucesso como por exemplo, o plano diretor de macrodrenagem e
enchentes da RMSP.

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53.15- Custos dos reservatórios


Os reservatórios podem ser basicamente de concreto armado, plásticos, aço,
fibrocimento ou alvenaria de bloco armada.
Como veremos adiante os custos médios por metro cúbico de água de chuva
armazenada de um reservatório de concreto armado varia de US$ 107/m3 a US$
178/m3, enquanto que o custo de um reservatório apoiado de PVC ou de fibra de vidro
varia de US$105/ m3 a US$137/m3. Nestes custos estão inclusos a base de concreto, os
tubos de entrada e descarga, bomba centrífuga flutuante, instalação elétrica, tampão, etc.
Na Tabela (53.11) apresentamos os custos dos reservatórios de cimento amianto
e reservatórios de concreto feito em anéis baseado no preço de janeiro do ano 2000.

Figura 53.3- Reservatório de concreto armado

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Tabela 53.11- Preços de reservatórios de cimento amianto e reservatórios de


concreto armado executado em anéis

Reservatórios Unidade US$


reservatório de cimento-amianto - capacidade de 500 litros un 116
reservatório de cimento-amianto - capacidade de 750 litros un 154
reservatório de cimento-amianto - capacidade de 1000 litros un 154
cx d'água em anéis c.a.c/esc/al. e guarda corpo,h=8,00m c=30 m3 un 8628
cx d'água em anéis c.a.c/esc/al.e guarda corpo h=16m ci=15 m3 cs=19 m3 un 15004
cx d'água em anéis c.a.c/esc/al. guarda corpo h=17m ci=16 m3 cs 16 m3 un 16024
cx d'água em anéis c.a.c/esc/al. guarda corpo h=18m ci=24 m3 cs=24 m3 un 18877
cx d'água em anéis c.a.c/esc.al.guarda corpo h=16m ci=20 m3 cs=20 m3 un 18368
cx d'água em anéis c.a.c/esc.al.e g.corpo h=19,50m ci=32 m3 cs=22 m3 un 20407
cx d'água em anéis c.a.c/esc al.e guarda corpo h=16m ci=14 m3 cs=14 m3 un 18236
cx. d'água em anéis c.a.c/esc.alum.e g.c h=16 m ci=16m3 cs=22 m3 un 18368
Preço da PMSP de janeiro de 2000 1US$= R$ 2,40 23/01/2002

O reservatório de fibro-cimento custa em média US$ 154/m3 enquanto que o


reservatório feito em anéis de concreto custa em médio cerca de US$ 835/m3.

Na Tabela (53.12) estão os custos de reservatório de fibra de vidro enterrado


com 50m3 de capacidade. Usamos então dois reservatórios de 20m3 e um de 10m3
totalizando 50m3.
O custo total do reservatório é de US$ 6862 e o custo por metro cúbico é de
US$137/m3.

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Tabela 53.12- Custo médio de um reservatório de fibra de vidro com 50m3 e com
bomba e instalação elétrica
Itens Descriminação Unidade Quantidade Preço
Preço total
unitário US$
US$
1 Reservatório de 10 m3 Unidade 1 781 781
2 Reservatório de 20 m3 Unidade 2 1702 3404
3 Lastro de brita de 0,10m m3 2,7 15 40
4 Lastro de concreto magro m3 2,7 83 224
0,10m
5 Tubo concreto 0,40 m 50 9 454
descarga
6 Tubos entrada e descarga m 30 26 783
100mm
7 Bomba flutuante até 5HP unidade 1 229 229
8 Válvula unidade 1 114 114
9 Instalação elétrica verba 1 208 208
Sub-total 6238
Outros 624
(10%)
Total 6862
Preço do reservatório por m3 água reservada US$
137/m3
1 US$ = R$ 2,4 23/01/2002

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Tabela 53.13- Custo de um reservatório enterrado de concreto armado com 50m3


Itens Descriminação Unidade Quantidade Preço Preço
unitário total
US$ US$
1 Limpeza manual m2 31,18 0,3 9,9
2 Locação da obra m 50 0,8 37,9
3 Sondagens m 20 9,9 197,1
4 Escavação mecânica m3 58 2,3 131,2
5 Aterro compactado m3 9 3,4 30,8
6 Carga e transporte de terra m3 49 2,1 100,9
7 Lastro de brita de 0,10m m3 3,11 14,8 45,9
8 Lastro de concreto magro m3 3,11 83,0 258,1
0,10m
9 Concreto usinado fck=15MPA m3 16,3 82,6 1345,6
10 Ferro CA-50 kg 1141 0,9 1060,2
11 Forma de tabua m2 115 7,2 824,2
12 Emboço m2 23 1,7 39,7
13 Drenagem 30cm tubo furado m 180 7,4 1333,5
14 Geotêxtil 400g/ m2 m2 198 1,5 302,8
15 Tubo concreto 0,40 descarga m 50 9,1 454,2
16 Tampão de ferro fundido unidade 1 43,1 43,1
600mm
17 Tubos entrada e descarga m 30 26,1 783,3
100mm
18 Impermeabilização com m2 31 8,8 271,3
membrana asfalto
19 Grama em placas m2 31 1,7 53,5
20 Bomba flutuante até 5HP unidade 1 229,4 229,4
21 Válvula unidade 1 114,2 114,2
22 Instalação elétrica verba 1 208,3 208,3
23 Escada metálica verba 1 208,3 208,3
Sub-total 8083
Outros 808
(10%)
Total 8891
Preço do reservatório por m3 água reservada US$
178/ m3
1 US$ = R$ 2,4 23/01/2002

O custo de um reservatório enterrado de concreto armado com 50m3 é de US$ 8.891


e por metro cúbico é US$ 178/m3, conforme Tabela (53.13).

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Tabela 53.14- Custo de um reservatório enterrado de concreto armado com 300m3


Ite Descriminação Unid Quantida Preço Preço
ns ade de unitário total
US$ US$
1 Limpeza manual m2 240 0,3 76
2 Locação da obra m 50 0,8 38
3 Sondagens m 30 9,9 296
4 Escavação mecânica m3 783 2,3 1772
5 Aterro compactado m3 54 3,4 185
6 Carga e transporte de terra m3 729 2,1 1501
7 Lastro de brita de 0,10m m3 19,8 14,8 292
8 Lastro de concreto magro 0,10m m3 19,8 83,0 1643
9 Concreto usinado fck=15MPA m3 99,7 82,6 8231
10 Ferro CA-50 kg 7000 0,9 6504
11 Forma de tabua m2 235 7,2 1684
12 Emboço m2 118 1,7 204
13 Drenagem 30cm tubo furado m 180 7,4 1334
14 Geotêxtil 400g/ m2 m2 198 1,5 303
15 Tubo concreto 0,40 descarga m 50 9,1 454
16 Tampão de ferro fundido 600mm unida 1 43,1 43
de
17 Tubos entrada e descarga 100mm m 30 26,1 783
18 Impermeabilização com membrana m2 316 8,8 2765
asfalto
19 Grama em placas m2 240 1,7 414
20 Bomba flutuante até 5HP unida 1 229,4 229
de
21 Válvula unida 1 114,2 114
de
22 Instalação elétrica verba 1 208,3 208
23 Escada metálica verba 1 208,3 208
Sub-total 29280
Outros 2928
(10%)
Total 32208
Preço do reservatório por m3 água reservada US$ 107/ m3
1 US$ = R$ 2,4 23/01/2002

O custo de um reservatório enterrado de concreto armado é de US$ 32.208


sendo o custo por metro cúbico de água de chuva armazenado é de US$ 107/m3.

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Tabela 53.15- Custo dos reservatórios de fibra de vidro apoiado com total de
300m3
Itens Descriminação Unidade Quantidade Preço Preço total
unitário
US$ US$
1 Reservatório de 20 m3 Unidade 15 1702 25531
2 Lastro de brita de 0,10m m3 13,5 15 199
3 Lastro de concreto magro m3 13,5 83 1120
0,10m
4 Tubo concreto 0,40 m 50 9 454
descarga
5 Tubos entrada e descarga m 30 26 783
100mm
6 Bomba flutuante até 5HP unidade 1 229 229
7 Válvula unidade 1 114 114
8 Instalação elétrica verba 1 208 208
Sub-total 28.640
Outros 2.864
(10%)
Total 31.504
geral
Preço do reservatório por m3 água reservada US$ 105m3
1 US$ = R$ 2,4 23/01/2002

O custo de 15 reservatórios de fibra de vidro de 20m3 cada apoiados é de US$


31.504 sendo o custo por metro cúbico de US$ 105m3.

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Tabela 53.16- Custos de aquisição de reservatórios de fibra de vidro

Reservatório de fibra de vidro Custo

com tampa
US$

(m3)

7 538

10 726

15 1450

20 1702

1 US$ = R$ 2,4 23/01/2002

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Figura 53.4 - Dois reservatórios de aço inox com 2.000 litros cada. Observar o
filtro (seta).
http://www.acesita.com.br/download/ind_caso3.pdf

Caixas de aço inox da Acesita

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Tabela 53.17- Medidas do reservatório de aço da Acesita

Tabela 53.18-Preços das caixas de aço inox da Sander


Volume Custo da caixa
litros R$
500 570
1.000 719
1.500 1080
2.000 1189
2.500 1729
3.000
5.000
8.500
10.000
Fonte: Jornal Folha de São Paulo 28 de novembro de 2005
www.cec.com.br Cass & Construçao.

Tabela 53.19- Preço das caixas de polietileno e fibra de vidro dezembro/2005


Material e volume em Custo em reais
litros
Polietileno 1000 litros 190
Polietileno 500litros 205
Caixa Tigre 500litros 185
Fibra de vidro 500litros 136
Fibra de vidro 1000litros 250

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Figura 53.5- Reservatório de aço inox da fabricado pela firma Sander


mostrando o dispositivo de autolimpesa denominado “filtro” que está no tubo
branco vertical e a tubulação de água a esquerda que entra no reservatório.

Fig

Figura

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Figura 53.6- Motor usado para bombeamento da água de chuva

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Figura 53.7- Reservatórios de 200litros a 200.000 litros

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Figura 53.8- Reservatório de chapa de aço

Figura 53.9- Caixas de água

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 53- Métodos de avaliação das BMPs
Engenheiro Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 07/02/09

53.16 Payback, LCCA e Beneficio/Custo


Vamos fazer uma aplicação prática do payback, LCCA e Beneficio/Custo para
um caso real no município de Guarulhos. Esclarecemos primeiramente que o
aproveitamento de água de chuva não é uma BMP, isto é, não contribui para a melhoria
da qualidade das águas pluviais.

Município: Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo


Escola Municipal na periferia ligada a rede pública do SAAE com água e esgoto
sanitário.
Data base: novembro de 2008
Volume da cisterna: 130m3
Material da cisterna: concreto armado
Posição da cisterna: enterrada
Área do telhado com 1600m2 em projeção
Inflação anual do Brasil= 5,5%
Taxa de juros anual= 13,5%
Tarifa de água do SAAE= R$ 8,75/m3= US$ 3,80/m3
1 US$ = R$ 2,30 (novembro 2008)
Tarifa de esgoto do SAAE= US$ 3,80/m3
Tarifa de água e esgoto do SAAE= US$ 7,60/m3
Volume anual que podemos aproveitar com o reservatório escolhido usando o Método
da Simulação com chuvas mensais médias: 1.643m3/ano

Exemplo 53.15- Payback


O payback mede o tempo em que o investimento será reposto. Supomos que água de
chuva será usada somente em lavagem de pisos e rega de jardim, não indo nenhuma
gota para a rede pública de esgoto sanitário.
Investimento inicial
Custo por m3 do reservatório de concreto= US$ 156/m3
Volume da cisterna= 130m3
Investimento inicial= US$ 156/m3 x 130m3= US$ 20.280,00
Beneficio
Tarifa de água e esgoto= US$ 7,60/m3
Beneficio = 1643m3/ano xUS$ 7,60= US$ 12.487,00
Payback=Investimento/Beneficio=US$20.280,00/US$12.487,00=1,624anos
(19,5meses).
Portanto, em 19,5meses o investimento será reposto.
Observação quanto ao método do payback: deve ser usado como uma diretriz inicial de
que o aproveitamento de água de chuva é viável. Notar que o payback não inclui a
manutenção e operação, energia elétrica e outras despesas.

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Exemplo 53.16- LCCA


Neste caso usaremos o Método de análise da vida com objetivo de compararmos todos
os custos no valor presente. Supomos que a água de chuva será usada somente em
bacias sanitárias sendo que o efluente dos esgotos vai para a rede pública de esgotos.
Vamos seguir os 10 passos recomendados por Fuller e Petersen, 1996 que são:

Primeiro passo:
Iremos comparar duas alternativas para abastecimento de bacias sanitárias com
água não potável em uma escola com 1.643m3/ano de água de chuva. Será analisada a
alternativa do aproveitamento de água de chuva do telhado comparando com a água
vinda por cavalete do SAAE de Guarulhos. A decisão escolhida será aquela que tiver o
menor custo presente em 20 anos.

Segundo passo:
As duas alternativas são mutualmente exclusivas, isto é, uma não depende da
outra. Assim quando ocorre o aproveitamento da água de chuva (alternativa A) não
ocorre o abastecimento de água potável pelo SAAE (Alternativa B).

Terceiro passo:
O aproveitamento da água de chuva em bacias sanitárias é para água não
potável, pois não precisamos de água tratada para dar descarga em bacias sanitárias.
Alem do mais a economia de água usando água de chuva, propiciará ao SAAE melhorar
o abastecimento onde tem rodízio de água.

Quarto passo:
O prazo de avaliação é de 20 anos tanto para a alternativa A como para a
alternativa B e a data base é novembro de 2008.

Quinto passo:
Vamos fazer o calculo de cada alternativa.
Alternativa A: cisterna com 130m3
Primeiramente comecemos com a alternativa A referente a captação de água de
chuva.
O volume da cisterna de concreto enterrada será de 130m3 e pretende-se tirar
1.643m3/mês na cidade de Guarulhos.

Custo do reservatório de concreto


O custo em dólares de construção C de um reservatório de concreto enterrado
com volume V em m3 pode ser calculado pela equação.
C=192 - 0,28 x V
Para o volume de 130m3 o custo será:
C= 192 -0,28 x 130= US$156/m3

Custo de reposição de bombas, sensores, bóias de nível, bomba dosadora de


cloro, instalação elétrica a cada 5 anos a um custo de US$ 863/por reforma. Teremos
custos a 5 anos, 10ano e 15 anos.
Custo estimado de energia elétrica a US$ 156/ano
Custo do hipoclorito de sódio para cloração US$ 520/ano

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Limpeza e desinfecção do reservatório a cada ano US$ 429/ano


Custo contingencial de 25% do custo da obra do reservatório, incluindo preços
não previstos e custo de projeto que será no total US$ 5.057.
Custo do esgoto cobrado pelo SAAE de US$ 3,8/m3 supondo que toda a água de
chuva vai ser usada nas bacias sanitárias e vai para a rede coletora. Por ano teremos
US$ 6.243.
Valor residual no fim de 20 anos supomos que o reservatório tenha valor de 15%
do custo de implantação,ou seja, - US$3.034,00 com valor negativo.
Valor presente nos 20anos de vida do reservatório apurado é de US$ 96.442,00

Tabela 53.20- Resumo dos custos para o valor presente de um reservatório com
130m3 para aproveitamento de água de chuva com 1.643m3/ano
Ordem Especificações Valor
US$/m3 Volume Custo unitário Unidade Quantidade Fator presente
(m3) US$ US$
1 Custo de construção de reservatórios de 156 US$/m3 130 Já é valor 20228
concreto armado enterrados presente
2 Bombas centrifugas, sensores de nível, bomba 863 US$/m3 5 0,69 599
dosadora de cloro, instalações elétrica e reforma a 5 anos
3 Bombas centrifugas, sensores de nível, bomba 863 US$ 10 0,48 416
dosadora de cloro, instalações elétrica e reforma a 10 anos
4 Bombas centrifugas, sensores de nível, bomba 863 US$ 15 0,33 288
dosadora de cloro, instalações elétrica e reforma a 15 anos
5 Energia elétrica em 20anos usada no bombeamento 156 US$/ano 20 10,13 1580
6 Fornecimento de hipoclorito de sódio para cloração 520 US$/ano 20 10,13 5268
em 20 anos e manutenção do dosador automático
7 Limpeza e desinfecção do reservatório uma vez por ano 429 US$/ano 20 10,13 4346
8 Custo contingencial que inclui custo do projeto 5057 US$ 20 0,23 1172
e custos inesperados (25%) do custo do reservatório
9 Custo de esgoto de toda água de chuva aproveitada 3,8 1643 6243 US$ 20 10,13 63249
supondo que a mesma vá para a rede pública US$ 3,80/m3
10 Valor residual no fim da vida útil (15% do -3034 US$ 20 0,23 -703
Valor inicial do reservatório)
11 Valor presente nos 20anos de vida útil US$ 96.442

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Alternativa B: água do SAAE pelo cavalete


Para efeito de comparar com a alternativa A precisamos usar o mesmo volume
anual de 1643m3 e considerando o custo da tarifa de água e esgoto de US$ 7,6/m3
teremos em 20 anos o valor presente US$ 126.498

Tabela 53.21- Alternativa B- água do SAAE pelo cavalete


Valor
Fator F Presente
US$
1 Custo em dólares por m3 3,8 m3/ano anos
da tarifa de água
2 Custo em dólares por m3 3,8
da tarifa de esgoto
3 Custo total da tarifa pública 7,6 1.643 12.487 20 10,13 126.498
4 Conclusão:

Sexto passo:
Comparação das alternativas
O valor presente da alternativa A é US$ 96.442,00 enquanto que o valor presente
da alternativa B é US$ 126.498.
Portanto, a alternativa que apresenta preço mais baixo é a alternativa A do
aproveitamento da água de chuva.

Sétimo passo:
A inflação anual de 5,5% foi calculada para o valor da taxa de desconto nominal
“d”.

Oitavo passo:
Podemos fazer estudo de análise de incerteza no custo do reservatório bem como
da opção de o SAAE não cobrar a tarifa de esgoto da água usada nas bacias sanitárias.

Nono passo
Não há nenhuma medida suplementar a ser feita

Décimo passo
A decisão é a alternativa A

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Exemplo 53.17- LCCA


Neste caso usaremos o Método de análise da vida com objetivo de compararmos todos
os custos no valor presente.Supomos que a água de chuva será usada somente em
lavagem de pisos e rega de jardim não indo uma gota para a rede de esgoto do SAAE
de Guarulhos.

Primeiro passo:
Iremos comparar duas alternativas para abastecimento de bacias sanitárias com
água não potável em uma escola com 1.643m3/ano de água de chuva. Será analisada a
alternativa do aproveitamento de água de chuva do telhado comparando com a água
vinda por cavalete do SAAE de Guarulhos. A decisão escolhida será aquela que tiver o
menor custo presente em 20 anos.

Segundo passo:
As duas alternativas são mutualmente exclusivas, isto é, uma não depende da
outra. Assim quando ocorre o aproveitamento da água de chuva (alternativa A) não
ocorre o abastecimento de água potável pelo SAAE (Alternativa B).

Terceiro passo:
O aproveitamento da água de chuva em bacias sanitárias é para água não
potável, pois não precisamos de água tratada para dar descarga em bacias sanitárias.
Alem do mais a economia de água usando água de chuva, propiciará ao SAAE melhorar
o abastecimento onde tem rodízio de água.

Quarto passo:
O prazo de avaliação é de 20 anos tanto para a alternativa A como para a
alternativa B e a data base é novembro de 2008.

Quinto passo:
Vamos fazer o calculo de cada alternativa.
Alternativa A: cisterna com 130m3
Primeiramente comecemos com a alternativa A referente a captação de água de
chuva.
O volume da cisterna de concreto enterrada será de 130m3 e pretende-se tirar
1.643m3/ano na cidade de Guarulhos.

Custo do reservatório de concreto


O custo em dólares de construção C de um reservatório de concreto enterrado
com volume V em m3 pode ser calculado pela equação.
C=192 - 0,28 x V
Para o volume de 130m3 o custo será:
C= 192 -0,28 x 130= US$156/m3

Custo de reposição de bombas, sensores, bóias de nível, bomba dosadora de


cloro, instalação elétrica a cada 5 anos a um custo de US$ 863/por reforma. Teremos
custos a 5 anos, 10ano e 15 anos.
Custo estimado de energia elétrica a US$ 156/ano
Custo do hipoclorito de sódio para cloração US$ 520/ano

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Limpeza e desinfecção do reservatório a cada ano US$ 429/ano


Custo contingencial de 25% do custo da obra do reservatório, incluindo preços
não previstos e custo de projeto que será no total US$ 5.057.
Valor residual no fim de 20 anos supomos que o reservatório tenha valor de 15%
do custo de implantação,ou seja, - US$3.034,00 com valor negativo.
Valor presente nos 20anos de vida do reservatório apurado é de US$ 31.942,00

Tabela 53.22- Resumo dos custos para o valor presente de um reservatório com
130m3 para aproveitamento de água de chuva com 1.643m3/ano
Ordem Especificações Valor
Custo unitário Unidade Quantidade Fator presente
US$ US$
1 Custo de construção de reservatórios de 156 US$/m3 130 Já é valor 20.228
concreto armado enterrados presente
2 Bombas centrifugas, sensores de nível, bomba 863 US$/m3 5 0,69 599
dosadora de cloro, instalações elétrica e reforma a 5 anos
3 Bombas centrifugas, sensores de nível, bomba 863 US$ 10 0,48 416
dosadora de cloro, instalações elétrica e reforma a 10 anos
4 Bombas centrifugas, sensores de nível, bomba 863 US$ 15 0,33 288
dosadora de cloro, instalações elétrica e reforma a 15 anos
5 Energia elétrica em 20anos usada no bombeamento 156 US$/ano 20 10,13 1.580
6 Fornecimento de hipoclorito de sódio para cloração 520 US$/ano 20 10,13 5.268
em 20 anos e manutenção do dosador automático
7 Limpeza e desinfecção do reservatório uma vez por ano 429 US$/ano 20 10,13 4.346
8 Valor residual no fim da vida útil (15% do -3.034 US$ 20 0,23 -703
Valor inicial do reservatório)
9 Valor presente nos 20anos de vida útil US$ 31..942

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Alternativa B: água do SAAE pelo cavalete


Para efeito de comparar com a alternativa A precisamos usar o mesmo volume
anual de 1.643m3 e considerando o custo da tarifa de água e esgoto de US$ 7,6/m3
teremos em 20 anos o valor presente US$ 126.498,00

Tabela 53.23- Alternativa B- água do SAAE pelo cavalete


Valor
US$/m3 Fator F Presente
US$
1 Custo em dólares por m3 3,8 m3/ano anos
da tarifa de água
2 Custo em dólares por m3 3,8
da tarifa de esgoto
3 Custo total da tarifa pública 7,6 1.643 12.487 20 10,13 126.498

Sexto passo:
Comparação das alternativas
O valor presente da alternativa A é US$ 31.942,00 enquanto que o valor presente
da alternativa B é US$ 126.498.
Portanto, a alternativa que apresenta preço mais baixo é a alternativa A do
aproveitamento da água de chuva.

Sétimo passo:
A inflação anual de 5,5% foi calculada para o valor da taxa de desconto nominal
“d”.

Oitavo passo:
Podemos fazer estudo de análise de incerteza no custo do reservatório bem como
da opção de o SAAE não cobrar a tarifa de esgoto da água usada nas bacias sanitárias.

Nono passo
Não há nenhuma medida suplementar a ser feita

Décimo passo
A decisão é a alternativa A

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Exemplo 53.19- Análise da relação Beneficio/Custo


Neste caso usaremos a análise de Beneficio/Custo. Supomos que a água de chuva será
usada somente em lavagem de pisos e rega de jardim não indo uma gota para a rede
de esgoto do SAAE de Guarulhos.

Tabela 53.24- Análise de beneficio/custo de reservatório de concreto com 130m3


para captação de 1.643m3/ano de água de chuva para uso somente em bacias
sanitárias.
US$
Ordem Especificações Amortização
de capital anual
1 Custo de construção de reservatórios de concreto US$ 20.228 1.997
armado enterrados em 20anos US$ 156/m3
2 Energia elétrica anual usada no bombeamento 156
3 Fornecimento de hipoclorito de sódio para cloração 520
e manutenção do dosador automático
4 Limpeza e desinfecção do reservatório uma vez por ano 429
5 Custo total Custo anual US$ 3.102/ano
Beneficio US$ 12.487/ano
B/C= 4,03

Observar que a relação Beneficio/Custo é igual a 4,03 >>1, o que mostra a


viabilidade de se construir o reservatório de 130m3 de concreto para armazenar água de
chuva.

Tabela 53.25- Cálculo do Beneficio anual


Ordem Aquisição de produto (água) da US$/m3 Volume Beneficio anual
concessionária pública (m3) (US$)
1 Custo em dólares por m3 da tarifa de água 3,8
2 Custo em dólares por m3 da tarifa de esgoto 3,8
3 Custo total da tarifa pública 7,6 1.643 US$ 12.487/ano

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Exemplo 53.18- Análise Beneficio/Custo


Neste caso usaremos a análise da relação Beneficio/Custo. Supomos que a água de
chuva será usada somente para descarga em bacias sanitárias sendo que o efluente vai
para a rede pública de esgoto sanitário do SAAE de Guarulhos.

Tabela 53.26- Análise de beneficio/custo de reservatório de concreto com 130m3


para captação de 1.643m3/ano de água de chuva para uso somente em bacias
sanitárias.
US$
Ordem Especificações Amortização
de capital anual
1 Custo de construção de reservatórios de concreto US$ 20.228 US$ 1.997
armado enterrados com preço US$ 156/m3
2 Energia elétrica em 20anos usada no bombeamento US$ 156
3 Fornecimento de hipoclorito de sódio para cloração US$ 520
e manutenção do dosador automático
4 Limpeza e desinfecção do reservatório uma vez por ano US$ 429
3
5 Custo de esgoto de toda água de chuva aproveitada 1.643m US$ 6.243
supondo que a mesma vá para a rede pública US$ 3,80/m3
6 Custo total Custo anual US$ 9.345/ano
Beneficio US$ 12.487/ano
B/C= 1,34

Observar que a relação Beneficio/Custo é igual a 1,34>1, o que mostra a


viabilidade de se construir o reservatório de 130m3 de concreto para armazenar água de
chuva, mesmo cobrando-se a tarifa de esgoto.

Tabela 53.27- Cálculo do Beneficio anual


Ordem Aquisição de produto (água) da US$/m3 Volume Beneficio anual
concessionária pública (m3) (US$)
1 Custo em dólares por m3 da tarifa de água 3,8
2 Custo em dólares por m3 da tarifa de esgoto 3,8
3 Custo total da tarifa pública 7,6 1.643 US$ 12.487/ano

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Capitulo 53- Métodos de avaliação das BMPs
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53.17 Bibliografia e livros consultados


-CHOW , VEN TE et al, 1988, Applied Hydrology, Mc Graw-Hill.
-ELSAYED A. ELSAYED, 1996, Reliability Engineering, Addison Wesley Longman;
-EPA. Costs of Best management practices and associated land for urban stormwater
control. EA/600/JA-03/261/2003. 25páginas.
-FULLER, SEEGLINDE K. Guidance on life-cycle and analysis. Abril, 2005,
Department of Energy, Washington.
-FULLER, SIEGLIND K. e PETERSEN, STEPHEN R. Life-cycle costing manual for
the Federal Energy Management Program. US Department of Commerce. NIST
Handbook 135, ano 1996.
-HOFFMANN, RODOLFO E VIEIRA, SÔNIA, 1983, Análise de Regressão- Uma
Introdução à Econometria, Editora Hicitec-SP.
-KALMANN, ORIT ET AL. Benefit-cost analysis of stormwater quality improvements.
Environmental Management vol 26 nº 6 pp 615-628 ano 2000.
-KAPUR, K.C. E LAMBERSON, L.R.1977, Reliabity in Engineering Design, John
Wiley & Sons;
-MAYS, LARRY W. E TUNG, YEOU-KOUNG Hydrosystems Engineering &
Management,1992, McGraw-Hill, 530 páginas.
-MINNESOTA. The Cost and effectiveness of stormwater management practices.
Research. Junho de 2005.
-MOELLER, GLENN et al. Praticability of detention basins for treatment of Caltrans
highway runoff based on a maximum extent practicable evaluation. California State
University. Sacrametno (CSUS) ano 2001.
-NAVAL FACILITIES. Economic analysis handbook. Outubro de 1993, Naval
Facilities Engineering Command. NAVFAC P-442 307páginas
-POWELL, LISA M. Low-impact development strategies and tools for local
governments. Report LID50t1, setembro, 2005.
-SELVAKUMAR, ARI. BMP costs, 17páginas
-TAYLOR, ANDRE et al. Non structural stormwater quality best managements
practices- an overview of their use, value cost and evaluation. Technical report 02/11 de
dezembro de 2002. EPA, Vitoria, Catchement Hydrology.
-TOMAZ, PLINIO. Cálculos Hidrológicos e Hidráulicos. 2000. Editora Navegar. São
Paulo. Livro esgotado.
-TOMAZ, PLINIO. Conservação da água, ano 1999.
-TOMAZ, PLINIO. Infiltração e Balanço Hídrico. Ano 2008 livro digital

53-50
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de BMP
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Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de


BMP

54-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de BMP
Engenheiro Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 19/12/08

Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de BMP


Ordem Assunto
54.1 Introdução
54.2 First flush
54.3 Volume WQv
54.4 Escolha da BMP
54.5 Objetivo da BMP
54.6 Eficiência da BMP
54.7 Distribuição do uso do solo
54.8 Runoff
54.9 Cargas dos poluentes
54.10 Método Simples de Schueler
54.11 Fração do runoff que vai para a BMP
54.12 Remoção da carga de poluentes
54.13 Custo da obra
54.14 Software
54.15 Exemplo modelo
54.16 Custos em kg de remoção de TSS
54.17 BMP em série
54.18 Remoção de sedimentos em bacias de detenção estendida conforme Akan
54.19 Remoção de sedimentos em bacias de detenção estendida conforme Papa, 1999.
54.20 Bibliografia e livros consultados

54-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de BMP
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Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de BMP

54.1 Introdução
Quando temos um loteamento ou uma determinada área em uma cidade, é
importante verificar as cargas de poluentes que dependem do uso do solo e implantar
obras estruturais para a melhoria da qualidade das águas pluviais, que são as BMPs e
avaliar o menor custo por quilograma de remoção de TSS (sólidos totais em suspensão).
Apesar de inúmeros fenômenos que ocorrem nas BMPs, a sedimentação é o
mais importante, pois está provado que quando se depositam sedimentos menores que
100μm que são o TSS (sólidos totais em suspensão), os mesmos arrastam consigo uma
grande parte dos metais pesados, nitrogênio, fósforo e outros poluentes.
TSS são os sólidos que estão suspensos nas águas pluviais e excluem o lixo,
detrito e outros sólidos que possuem diâmetros maiores que 500μm.
Em estudo de melhoria da qualidade das águas pluviais o TSS é muito
importante e bastante usado.
O esquema geral está na Figura (54.1) que mostra a entrada de dados das
diversas ocupações do solo, o first flush adotado, o volume de runoff calculado, o
volume de runoff que realmente é capturado pela BMP, o custo anual e no final a
redução conseguida em US$/ kg de TSS.

54-3
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de BMP
Engenheiro Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 19/12/08

Figura 54.1- Esquema da carga de poluentes e custo da BMP

54.2 First flush


Adotamos a teoria de Schueler, 1987 em que achamos o first flush tomando-se
90% das precipitações diárias que produzem runoff. O resultado obtido que na Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP) foi de 25mm que deverá reter 80% dos sólidos
totais em suspensão (TSS).

54.3 Volume WQv


O volume gerado pelo first flush P=25mm é o volume para melhoria da
qualidade das águas pluviais WQv calculado da seguinte maneira.
Rv=0,05+0,009 x AI
WQv= (P/1000) x Rv x A

54-4
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de BMP
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Sendo:
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
AI= área impermeável da bacia (%)
P= first flush. Para RMSP P=25mm
A= área da bacia (m2)

Reservatório de detenção estendido:


O reservatório de detenção estendido deverá ter um volume temporário WQv
que deverá ser esvaziado no período de 24h a 72h. Chamamos a atenção que o
reservatório de detenção estendido pode ser aliado à detenção de enchente, mas tais
acréscimo de custo não colocaremos no projeto.
Os reservatórios de detenção estendido são fáceis de serem construídos e
possuem menos chance de falhas de rompimento de barragens, porém a remoção de
poluentes não é muito grande.

Reservatório de retenção
O reservatório de retenção tem um volume permanente WQv e um volume
temporário WQv e portanto, o custo estimado é sobre 2 x WQv. Algumas cidades
usam como volume permanente 1,5 WQv e volume temporário 0,5WQv ou 1,0 WQv.
É altamente eficiente e possui ótima estética. Necessita porém uma área mínima
de 4ha a 10ha da bacia para manter a vazão base.
Como teremos uma superfície líquida, as vezes o problema de vetores podem
apresentar uma manutenção muito grande.
Devemos ter também ter os cuidados de segurança para evitar afogamentos.

54.4 Escolha da BMP


Em área urbana de modo geral a escolha da BMP depende da topografia, do
custo do terreno e cai principalmente em duas alternativas:
Reservatório de detenção estendido e Reservatório de retenção
É importante salientar que a escolha da BMP adequada depende muito das
condições locais e deverá ser levado em conta a aceitação pública da mesma e os
aspectos estéticos. Caso se consiga aproveitar e deter as enchentes a escolha poderá
ser melhor conforme Barret, 2004.
Não é fácil a escolha de uma BMP. Assim em locais onde a possibilidade de
infiltração das águas pluviais podem ser perigosas ao aqüífero subterrâneo é comum
usar-se reservatório de detenção estendido. Existem locais onde é importante a recarga e
então a bacia de infiltração torna-se importante.
Quando o preço do terreno caso haja desapropriação é muito alto e pode
impossibilitar a construção da BMP assim como as condições topográficas.
Texas, 2001 classificou as BMPs em dois grupos dependendo do tamanho das
bacias. As bacias pequenas variam de 0,4ha a 2,0ha e são vala gamada, pavimento
poroso e trincheira de infiltração. As bacias grandes são maiores que 4ha e são:
reservatório de retenção, reservatório de detenção estendido, filtro de areia e bacia de
infiltração.

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Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de BMP
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Tabela 54.1- Grupos de BMPs em função do tamanho da bacia


Bacias com área de 0,4ha a 2,0ha
Vala gramada
Pavimento poroso
Trincheira de infiltração

Bacias com áreas ≥ 4,0ha


Reservatório de infiltração
Reservatório de detenção
Filtro de areia
Reservatório de retenção

54.5 Objetivo da BMP


Sólidos totais em suspensão (TSS) são os sólidos que estão suspensos nas águas
pluviais e excluem o lixo, detrito e outros sólidos que possuem diâmetros maiores que
500μm.
O objetivo de uma BMP é reduzir na situação de pós-desenvolvimento 80%
dos sólidos totais em suspensão (TSS).
Sólidos é tudo o que pode ser pesado e sedimentos são materiais fragmentados
de rocha ou solo por efeito químico ou físico. O sedimento pode ser pensado como uma
parte dos sólidos.
De modo geral a concentração de TSS do afluente varia entre 100mg/L a
200mg/L podendo ser facilmente removido em 80%. Quando o afluente tem
concentração menor que 100mg/L fica mais difícil fazer a remoção pois é praticamente
impossível reduzir o efluente menor que 20mg/L (concentração irredutível).

54.6 Eficiência da BMP


A comparação da eficiência das BMPs é um assunto complicado, pois é difícil
de se comparar os dados obtidos em varias cidades, estados ou países conforme Tabela
(54.2). Vamos apresentar uma tabela onde temos vários dados de eficiência de TSS de
diversos autores americanos.

Tabela 54.2- Remoção de TSS em porcentagem de diversas BMPs conforme


vários autores
BMP Schueler, 1986 FHWA, 1995 Malina, 1997 EPA, 1999 ASCE/EPA,2000 Valores
Young TxDOT Strassler Winer usados
Filtro de areia 98 50 a 80 87 80
Bacia de 90 90 50 a 80 80
infiltração
Bacia de 65 82 89 30 a 65 61 65
detenção
Bacia de 54 32 a 91 80 75
retenção
Vala gramada 60 51 a 75 30 a 65 68 60
Pavimento 82 a 95 82 a 95 65 a 100 95 80
poroso
Trincheira de 99 99 50 a 80 100 90
infiltração
Fonte: Texas, 2001

Na Tabela (54.3) temos a matriz com cinco poluentes de várias BMPs e a média
gera conforme Texas, 2001.

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Tabela 54.3- Taxa de remoção em porcentagem de cinco poluentes em


porcentagem e média em fração
BMP TN TP Pb Zn TSS Média
BMP com bacias grandes
Detenção 45 30 90 50 90 0,61
estendida
Bacia 35 55 65 65 80 0,50
retenção
Bacia de 80 65 90 90 85 0,82
infiltração
Filtro de 32 45 71 69 80 0,59
areia
BMP em bacias pequenas
Vala 10 15 50 45 60 0,36
gramada
Pavimento 65 30 65 60 65 0,57
poroso
Trincheira 75 55 20 50 50 0,50
de
infiltração
Fonte: Texas, 2001

Texas, 2001 observa que os valores de TSS são geralmente válidos para
partículas grandes e que para solos argilosos sua validade é discutível.

54.7 Distribuição do uso do solo


O uso do solo da bacia pode ser dividido em áreas: residências, comerciais,
industriais, jardins, parques, estacionamentos, etc.
Na Tabela (54.4) temos a vários exemplos de distribuição do uso do solo e áreas
impermeáveis estimadas. Desta maneira estimamos a área residencial com alta
densidade com área impermeável de 60% e área de densidade média de 40%.
Observemos que estes valores poderão ser alterados dependendo da experiência do
projetista e do conhecimento da situação local.

54.8 Runoff
O escoamento superficial (runoff) é calculado pela equação:
R = P x Pj x Rv
Sendo:
R= runoff (escoamento superficial) em m3
P= precipitação média anual em mm
Pj= fração que produz runoff. Normalmente Pj=0,90
Rv= coeficiente volumétrico

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54.9 Cargas dos poluentes


Uma estimativa retirada de varias fontes sobre cargas de TSS, TP e NT está na
Tabela (54.4) e esclarecemos que todos os dados são muito discutidos, pois pelo que
constatamos ainda não existe uma tabela totalmente aceita por todos. Dependendo do
estado, pais ou cidade os dados são diferentes e somente serão confiáveis quando
tivermos pesquisas feitas no Brasil.

Tabela 54.4- Cargas de TSS, TP, NT para diversos usos do solo


Uso do solo % TSS TP TN
Impermeável (mg/l) (mg/l) (mg/l)
Área aberta 9 48,50 0,31 0,74
Área em construção 100 4000,00 0,00 0,00
Área residencial com alta densidade 60 100,00 0,40 2,20
Área residencial com baixa densidade 20 100,00 0,40 2,20
Área residencial com densidade média 40 100,00 0,40 2,20
Área rural 2 30,00 0,09 0,80
Área urbana 60 85,00 0,13 1,20
Comercial 85 75,00 0,20 2,00
Estacionamento e pátios 90 150,00 0,50 3,00
Estacionamento industrial 90 228,00 0,00 0,00
Estacionamento residencial ou comercial 90 27,00 0,15 1,90
Estradas rurais 9 51,00 0,00 22,00
Gramados 9 602,00 2,10 0,10
Industria pesada 70 124,00 0,00 0,00
Industrial 70 120,00 0,40 2,50
Multifamiliar 60 100,00 0,40 2,20
Oficina de reparos de veículos 100 335,00 0,00 0,00
Paisagismo (landscape) 9 37,00 0,00 0,00
Passeio (carros e pessoas) 90 173,00 0,56 2,10
Posto de gasolina 100 31,00 0,00 0,00
Ruas comerciais 90 468,00 0,00 9,00
Ruas residenciais 90 172,00 0,55 1,40
Ruas urbanas 90 142,00 0,32 3,00
Vegetação nativa/floresta 2 6,00 0,03 0,20

54.10 Método Simples de Schueler


A equação de Schueler é similar ao método racional e nas unidades SI adaptada
neste livro. Para achar a carga anual de poluente usamos a seguinte equação:

L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
Sendo:
L= carga do poluente anual (kg/ano)
P= precipitação média anual (mm)
Pj= fração da chuva que produz runoff. Pj =0,9 (normalmente adotado)
Rv= runoff volumétrico obtido por análise de regressão linear.
Rv= 0,05 + 0,009 x AI (R2=0,71 N=47)
AI= área impermeável (%).
A= área (ha) sendo A≤ 256ha
C= concentração média da carga do poluente nas águas pluviais da (mg/L)

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54.11 Fração do runoff que vai para a BMP


Para a RMSP supomos que o first flush é P=25mm, que corresponde a 90% das
precipitações anuais que produzem runoff.
Nos estudos que fizemos das precipitações da cidade de Mairiporã para o
período de 1958 a 1995 achamos que se admitirmos o first flush de 25mm serão
encaminhados para a BMP 85% do total do runoff, mas que 15% não passarão pelo
tratamento e se encaminharão diretamente aos rios e córregos. Não consideramos a água
aderente a superfícies e que não produz runoff e que é de aproximadamente 1mm.
Portanto, a fração runoff tratado é K=0,85.
Dica: vai para o tratamento (BMP) 85% e não passa pelo tratamento 15%.
Quando não se têm dados admitimos que 90% vão para a BMP e 10% vai direto
para os cursos de água.
R = P x Pj x Rv
VR= (R/1000) x A
VRBMP= K x VR
Sendo:
R= runoff (mm/ano)
VR= volume de runoff (m3/ano)
VRBMP= volume de runoff que vai para a BMP (m3/ano)
A= área da bacia (m2)
K= fração do runoff que vai para a BMP

Exemplo 54.1
Calcular o runoff R de uma área residencial com alta densidade com 10ha, área
impermeável AI=60%.
Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 60=0,59
Pj=0,90 = precipitações que produzem runoff
P=1500mm= precipitação média
R = P x Pj x Rv
R = 1500 x 0,90 x 0,59=797mm/ano
Portanto, o runoff será R= 797mm/ano ou o volume em m3 em VR=(797/1000) xA
VR= (R/1000) x A (m2)= (797/1000) x 10ha x 10.000m2=79.700m3/ano
VRBMP= K x VR
K= 0,85
VRBMP= 0,85 x 79.700m3/ano=67.745m3/ano

54.12 Remoção da carga de poluentes


As BMPs removem a carga de poluentes e a Tabela (54.5) apresenta a remoção
de TSS, TP e TN. Assim um reservatório de detenção estendido remove 53% do TSS,
25% de fósforo total e 30% de nitrogênio total.
Esclarecemos ainda que os valores que colocamos na Tabela (54.5) é muito
discutido, pois variam de país para país, de cidade para cidade e devemos colocá-los
como estimativas, já que não temos pesquisas do assunto no Brasil.

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Tabela 54.5- Remoção da carga de poluentes

TSS TP TN
Tipo de BMP Remoção Remoção Remoção
(%) (%) (%)

Bacia de infiltração 80% 60% 50%


Canal gramado 70% 30% 30%
Filtro de areia 82% 46% 35%
Rain garden (biofiltro) 90% 72% 58%
Reservatorio de retenção 65% 52% 30%
Reservatorio detenção seco ou estendido 53% 25% 30%
Trincheira de infiltração 75% 55% 58%
Vala gramada 48% 30% 30%

Exemplo 54.2
Calcular a carga de TSS, TP e TN retida pelo reservatório de detenção de uma área
residencial com alta densidade com 10ha, área impermeável AI=60%.
Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 60=0,59
Pj=0,90 = precipitações que produzem runoff
P=1500mm= precipitação média
R = P x Pj x Rv
R = 1500 x 0,90 x 0,59=796,5mm/ano
Portanto, o runoff será R= 796,5mm/ano ou o volume em m3 em VR=(796,5/1000) x A
VR= (R/1000) x A (m2)= (796,5/1000) x 10ha x 10.000m2=79.650m3/ano
VRBMP= K x VR
K= 0,85
VRBMP= 0,85 x 79.650m3/ano=67.770m3/ano
Conforme Tabela (54.2) o reservatório de detenção apresenta as seguintes cargas
médias e mg/L.

Tipo de BMP TSS (mg/L) TP (mg/L) TN


(mg/L)
100,00 0,40 2,20
Reservatório de retenção Redução de TSS Redução de TP Redução de TN
65% 52% 30%

Pelo método Simples de Schueler, 1987 temos:


L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
L=0,01 x VRBMP x C

Para TSS temos C=100 mg/L


VRBMP= 67.770m3/ano
L=0,01 x 67.770 x 100=67.770kg/ano de TSS que chega a BMP
Como a redução de TSS é de 65% o valor da carga retida pela BMP será:
LBMP= 67770 x 0,65= 44.051 kg/ano de TSS

Para fósforo total PT temos C=0,40 mg/L

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VRBMP= 67.770m3/ano
L=0,01 x 67.770 x 0,40=271kg/ano de PT que chega a BMP
Como a redução de PT é de 52% o valor da carga retida pela BMP será:
LBMP= 271x 0,52=141 kg/ano de PT

Para nitrogênio total NT temos C=2,20 mg/L


VRBMP= 67.770m3/ano
L=0,01 x 67.770 x 2,20=1.491kg/ano de NT que chega a BMP
Como a redução de NT é de 30% o valor da carga retida pela BMP será:
LBMP= 1.491 x 0,30=447 kg/ano de NT

54.13 Custo da obra


Na Tabela (54.6) estão os custos estimados das BMPs em dólares americanos
por m3.
Temos o custo da implantação da obra, o custo de manutenção anual que
geralmente é expresso em porcentagem do custo da obra e o custo de projetos e
contingências, estimado em 30% do custo de implantação da obra.
Assim um reservatório de detenção estendido possui custo de US$ 30/m3,
manutenção anual de 6% do custo de implantação ao ano e custo de projeto e
contingências de 30%. O custo total será US$ 41/m3.
A vida da obra pode ser considerada entre 20anos e 30 anos, sendo adotado
usualmente 20anos.
De modo geral a remoção de TSS é o objetivo principal das BMPs sendo o
fósforo total e nitrogênio total objetivos secundários.

Tabela 54.6- Custos das BMPs com manutenção, etc


Custo da
BMPs obra Manutenção anual Custo de projetos Custo total
US$/m3 Porcentagem do e contingência. US$/m3
custo da obra Porcentagem do
(%) custo da obra

(%)
Bacia de infiltração 46 3 30 61
Canal gramado 18 6 30 24
Filtro de areia 212 12 30 301
Rain garden 187 6 30 254
(biofiltro)
Reservatório de 37 6 30 50
retenção
Reservatório 30 6 30 41
detenção seco ou
estendido
Trincheira de 141 15 30 204
infiltração
Vala gramada 18 7 30 25
Wetland construída 44 6 30 60
Estruturas de
entrada
Faixa de filtro
gramada
O custo de projetos e contingências é normalmente adotado como de 30% do
custo da obra sem incluir a manutenção anual.

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Alguns estados americanos usam para reservatório de detenção estendido e


reservatório de retenção o custo de US$ 10.380/ha de área da superfície da BMP, não
confundindo com a área da bacia. De modo geral, a área da superfície é admitida com
reservatório com profundidade média de 1,5m.
Assim para um volume WQv de 9907m3 e considerando a profundidade média
de 1,5m teremos área de 6.605m2 (0,6605ha) o que daria um custo anual de US$
10.389/ha x 0,6605ha=US$ 6.862,00/ano.

Exemplo 54.3
Dado reservatório de retenção com bacia com área de 74ha, first flush P=25mm e área
impermeável da bacia AI=53,95%.
Rv= 0,05+0,009 x AI= 0,05+0,009 x 53,95=0,5356
WQv= (P/1000) x Rv x A
WQv= (25/1000) x 0,5356 x74ha x 10.000m2=9.909m3

O custo por m3 de água do reservatório de retenção é US$ 50,00/m3, incluso


custo de construção, manutenção e operação, projetos e contingências, mas não está
incluso o custo de terras.
Como o reservatório de retenção tem um volume permanente e um volume
transitório, ambos iguais a WQv, para efeito de cálculo o volume do reservatório deve
ser multiplicado pelo coeficiente K=2.
Volume= WQv x K= WQv x 2= 9.909m3 x 2= 19.818m3
Portanto, o custo total do reservatório de retenção será:
Ctotal= US$ 50,00/m3 x 19.818m3=US$ 990.900
Como consideramos a vida da obra de 20anos teremos
Custo anual= US$ 990.900/ 20anos= US$ 49.545

Exemplo 54.4
Dado um reservatório de detenção com vida de 20anos e custo anual de US$ 49.545/ano
calcular o custo em redução de TSS, sendo que anualmente o reservatório de retenção
detém 281.624kg/ano.
US$ 49.545/ 281.624kg= US$ 0,18/kg de TSS

54.14 Software
Fizemos uma planilha em Excel onde podemos facilmente calcular o custo de
remoção do TSS por m3 e comparar os custos.

54.15 Exemplo modelo


Vamos apresentar um exemplo para o cálculo de custo de remoção de TSS por
metro cúbico de duas alternativas: reservatório de retenção de reservatório de detenção
estendido.
A área da bacia tem 74ha, sendo 20ha de área comercial, 10ha de área
residencial de alta densidade área industrial de 10ha, área de estacionamento e pátios de
3ha, aberta de parques e jardins de 28ha e área de ruas urbanas de 3,00ha.

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Tabela 54.7- Áreas para cada tipo de uso do solo


Uso do solo Área
(ha)
Área aberta 28,00
Área residencial com alta densidade 10,00
Comercial 20,00
Industrial 10,00
Estacionamento e pátios 3,00
Ruas urbanas 3,00
Total= 74,00 ha

First flush adotado P=25mm

Tabela 54.8- Carga anual de TSS, TP e TN


Uso do solo Área Área Runoff Runoff TSS TP TN
(ha) impermeável (mm) anual anual Anual Anual
% (m3) (kg) (kg) (kg)
Área aberta 28,00 9 176,9 42.090 20.414 130 311
Área residencial com alta densidade 10,00 60 796,5 67.703 67.703 271 1.489
Comercial 20,00 85 1100,3 187.043 140.282 374 3.741
Industrial 10,00 90 1161,0 98.685 118.422 395 2.467
Estacionamento e pátios 3,00 90 1161,0 29.606 44.408 148 888
Ruas urbanas 3,00 90 1161,0 29.606 42.040 95 888
Total= 74,00ha 454.731 433.268 1.413 9.785
Área impermeável AI= 52,86% WQv = 9.907m3

Tabela 54-9-Cálculo de custo para reservatório de retenção


BMP Custo
Área TSS TP TN Remoção Remoção Remoção Custo Custo US$/ Custo por
da Remoção Remoção Remoção anual de anual de anual de US$/kg/ US$/kg/ kg/ Custo ano
bacia (%) (%) (%) TSS TP TN ano de ano de ano de US$/m3 US$/ano
(ha) (kg) (kg) (kg) TSS TP TN Obra+O&M
28,00 65% 52% 30% 13.269 68 93 50 49852
10,00 65% 52% 30% 44.007 141 447
20,00 65% 52% 30% 91.183 195 1.122
10,00 65% 52% 30% 76.974 205 740
3,00 65% 52% 30% 28.865 77 266
3,00 65% 52% 30% 27.326 49 266
281.624 735 2.936 0,18 67,85 16,98

Fazendo o mesmo procedimento para o reservatório de detenção estendido


obtemos o resumo:

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Tabela 54.10- Resumo de avaliação das duas alternativas em US$ por


quilograma por ano
Alternativas viáveis TSS TP TN
Reservatório de retenção US$ 0,18/kgxano US$ 67,85/kgxano US$ 16,98/kgxano
Reservatório de detenção estendido US$ 0,09/kgxano US$ 57,22/kgxano US$ 6,88/kgxano

Verificando-se a Tabela (54.10) facilmente podemos concluir que o reservatório


de detenção estendido possui o menor custo de redução de TSS que é US$ 0,09/kg x
ano bem menor que os US$ 0,18/kg x ano do reservatório de detenção.
Esclarecemos que podemos facilmente comparar os custos, mas não temos
custos em US$/m3 de redução de TSS que sejam ideais para serem seguidos.
A escolha da BMP dependerá do julgamento do profissional que fez o projeto,
levando-se em conta o custo de redução, a matriz das reduções, a segurança, estética,
aceitação pública e outras considerações específicas que poderá existir.

54.16 Custos por kg de remoção de TSS


Estudos feitos no Texas conforme Figura (54.2) mostram a variação do custo de
TSS removido por Pound (lb=0,45kg) em função da área da bacia em acres
(1acre=0,4ha) para bacia de infiltração, reservatório de detenção estendido, filtro de área
e reservatório de retenção para construção de barragem em terra e em concreto armado.
Nos custos estão inclusos a amortização mensal em 20anos e a manutenção
anual.

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Figura 54.2 Custo por lb de remoção de TSS em função da área da bacia em acres
conforme Texas Transportation Institute.

Exemplo 54.5
Para construção de barragem de terra estimar para um reservatório de detenção
estendido com 40acres, o custo em US$/Pound e US$/kg de remoção de TSS.
Conforme Figura (54.2) entrando com área da bacia de 40acres e reservatório de
detenção estendido achamos US$0,4/pound= US$ 0,89/kg. Caso queiramos para
barragem de concreto obtemos US$ 1,1/Pound= US$ 2,44/kg de remoção de TSS.

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54.17 BMP em série


A equação a ser usada em BMP em série conforme Naschville, 2006 é:
TR= A + ( 1- A) x B
Sendo:
TR= eficiência total de remoção em fração após passar pela primeira e segunda BMP.
A= eficiência da primeira BMP a receber as águas pluviais em fração
B= eficiência da segunda BMP

Exemplo 54.5
Calcular a BMP total sendo que a primeira BMP tem redução de 50% (pré-tratamento) e
a segunda tem redução de 60%.
TR= A + ( 1- A) x B
TR= 0,5 + ( 1- 0,5) x0,6=0,8
Portanto, a eficiência total das duas BMPs é 80%.

54.18-Remoção de sedimentos em bacias de detenção estendida conforme Akan


A bacia de detenção estendida é aquela projetada para deter vazões de pico de
enchentes e para melhorar a qualidade das águas pluviais. O reservatório se enche e
depois esvazia num tempo determinado pelo projetista ficando depois vazio.
Através das velocidades de sedimentação das partículas nas águas pluviais e
considerando a forma geométrica da bacia de detenção estendida obter as frações
removidas e a somatória de todas as frações resultará na remoção da BMP considerada.
A remoção dos sedimentos depende do diâmetro das partículas. Conforme
Tomaz, 2008 no livro Remoção de Sedimentos em BMP temos:

Exemplo 54.6
Determinar a eficiência da remoção de sólidos em suspensão TSS de um reservatório de
detenção estendida com profundidade de 1,50m e o tempo de esvaziamento é de 24,0h.
Em resumo teremos uma eficiência 75% conforme Tabela (54.9).

Tabela 54.9- Cálculo do reservatório de detenção estendido


Fração Vs Profundidade Tempo de detenção Tempo de esvaziamento Fração removida
(m/h) (m) (h) (h)
1 0,009 1,50 166,7 24 0,14
2 0,09 1,50 15,56 24 0,90
3 0,45 1,50 3,3 24 0,90
4 2,1 1,50 0,7 24 0,90
5 19,5 1,50 0,08 24 0,90
Média= 0,75
Eficiência na remoção= 75%

Tempo de detenção (h)= 1,50m/ 0,009m/h= 166,7h


Tempo de detenção (h)= 1,50m/ 0,09m/h= 16,7h
Tempo de detenção (h)= 1,50m/ 0,45m/h= 3,3h
Tempo de detenção (h)= 1,50m/ 2,1m/h= 0,7h
Tempo de detenção (h)= 1,50m/ 19,5m/h= 0,08h
Fração removida= 24/ 166,7h= 0,14
Fração removida= 24/ 16,7h= 1,44> 1 fração =0,90
Fração removida= 24/ 3,3h= 7,3>1 fração =0,90
Fração removida= 24/ 0,7h= 34,3>1 fração =0,90
Fração removida= 24/ 0,08h= 300>1 fração =0,90

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Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de BMP
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54.19 Remoção de sedimentos em bacias de detenção estendida conforme Papa,


1999.
A bacia de detenção estendida é aquela projetada para deter vazões de pico de
enchentes e só deixar passar a vazão de pré-desenvolvimento e melhorar a qualidade das
águas pluviais. O reservatório se enche e depois esvazia num tempo determinado pelo
projetista ficando depois vazio. O tempo de detenção de modo geral está entre 24h a
48h. e o período de retorno usado varia de 10anos a 25anos.

Eficiência da remoção
Para a eficiência vamos mostrar a conhecida equação de Fair e Geyer, 1954:
η= 1 – [( 1+ Vs/ (n x Q/A)] –n
Sendo:
η= eficiência dinâmica da deposição para remoção de sólidos em suspensão (fração que
varia de 0 a 1)
Vs=velocidade de sedimentação (m/h)
n= fator de turbulência de Fair e Geyer, 1954 sendo usualmente admitido n=3 para “boa
performance”
Q=vazão no reservatório (m3/h). Geralmente é a vazão de saída de pré-
desenvolvimento.
A= área da superfície do reservatório (m2)
Podemos ainda fazer:
Q/A = hA/ ts
Sendo:
hA =profundidade do reservatório (m)
ts= tempo médio de detenção (h)
td= tempo de esvaziamento do reservatório quando está cheio e não há vazão de entrada
até estar completamente vazio (h)
O ts médio de detenção das águas pluviais no reservatório é aproximadamente a
média de dois extremos (ts=0 e tsmax):
ts= (1/2) x td
Fazendo as substituições temos:
η= 1 – [( 1+Vs/ (n x Q/A)] –n
η= 1 – [( 1+Vs/ (n x hA/ ts)] –n
η= 1 – [( 1+(Vs x td)/ (2xn x hA)] –n
A última equação vale para uma determinada velocidade de sedimentação Vs,
mas para todas temos que fazer a somatória para se obter a eficiência global Ed.
É importante observar que na equação abaixo já está multiplicada pela fração Fi.
Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ (Vsi x td)/ (2xn x hA)] }–n
Sendo:
Fi= as frações da porcentagem das partículas (0,20; 0,10; 0,10;0,20;0,20;0,20)

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Exemplo 54.7
Calcular a remoção de TSS de uma área de 100ha com dados de pesquisas do Canadá,
1994 com área impermeável de 60% onde se calculou um reservatório de detenção
estendido com 14.800m3, diâmetro da tubulação de saída adotado de D=0,30m.
Profundidade de 1,40m e área as superfície de 10.571m2.
Tempo de esvaziamento
t= [2 . As . (y1 0,5 - y2 0,5 )] / [Cd . Ao .(2.g ) 0,5]
Cd=0,62
y1=1,40m
Ao= π x D2/4= 3,1416/ 0,302/4=0,070686m2
As=10571m2
t= [2 x10571 (1,4 0,5 - 0 0,5 )] / [0,62x0,070686x(2x9,81) 0,5] =128.870s= 35,8h
Nota: achamos o tempo de esvaziamento t=35,8h que é maior que 24h. Caso queiramos
valor mais próximo de 24h adotaríamos D=0,35m.
Edi= Fi { 1 – [( 1+ (Vsi x td)/ (2 x n x hA)]} –n
Para a primeira linha Fi=0,20 (20%)
Edi= 0,20 { 1 – [( 1+ (0,000914 x 35,8)/ (2 x 3 x 1,40)] }–3
Edi= 0,0023

Tabela 54.10- Resumo dos cálculos baseado em dados de Ontário


Fração (%) de massa Vs velocidade tempo de n Profundidade Eficiência
de partículas de sedimentação esvaziamento td reservatório por fração
hA
(mm) (%) (m/h) (h) (m) TSS
≤ 20mm 20 0,000914 35,8 3 1,4 0,0023
20<x≤40 10 0,0468 35,8 3 1,4 0,0420
40<x≤ 60 10 0,0914 35,8 3 1,4 0,0627
60<x≤ 0,13 20 0,457 35,8 3 1,4 0,1922
0,13<x≤ 0,40 20 2,13 35,8 3 1,4 0,1998
0,40<x≤ 4,0 20 19,8 35,8 3 1,4 0,2000
Total= 100 Soma=Ed= 0,6991
Eficiência= 69,91

Conclusão: a eficiência na remoção do reservatório de detenção estendido é a soma da


eficiência das frações: 69,91%

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Exemplo 54.8
Calcular a remoção de TSS de uma área de 100ha com dados de pesquisas nos Estados
Unidos, 1986, com área impermeável de 60% onde se calculou um reservatório de
detenção estendido com 14.800m3, diâmetro da tubulação de saída adotado de
D=0,30m. Profundidade de 1,40m e área superfície As=10.571m2.
Nota: a diferença entre este exemplo e o anterior são as velocidades de sedimentação.

Tabela 54.11- Resumo dos cálculos baseado em dados de USA, 1986


Fração (%) de massa Vs velocidade tempo de n hA Eficiência
de partículas de sedimentação esvaziamento td por fração
(%) (m/h) (h) (m)
1 20 0,0009 35,8 3 1,4 0,0023
2 20 0,09 35,8 3 1,4 0,1245
3 20 0,45 35,8 3 1,4 0,1919
4 20 2,1 35,8 3 1,4 0,1998
5 20 19,5 35,8 3 1,4 0,2000
Total= 100 Soma=Ed= 0,7185
Eficiência= 71,85

Conclusão: a eficiência na remoção do reservatório de detenção estendido é de 71,85%

Comentários:
A eficiência de um reservatório de detenção estendido depende da altura do
mesmo, das frações e diâmetros das partículas do solo, do tempo de esvaziamento.
No tempo de esvaziamento devemos ter cuidado em dimensionar o orifício, pois
a eficiência dependerá do tempo em que toda a água se escoará pelo mesmo.
Podemos, portanto, estimar a eficiência da BMP e não esquecer que geralmente
temos um pré-tratamento que também tem sua eficiência e que de modo geral é menor
que 50%.

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Exemplo 54.9 (modelo)


Seja uma bacia com área A=74ha com AI=53% sendo o first flush P=25mm. Vamos
calcular a eficiência no pré-tratamento e no tratamento e a eficiência global de um
reservatório de detenção estendida.

Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais


Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05+0,009 x 53=0,53
WQv= (P/1000) x Rv x A
WQv= (25/1000) x 0,53 x 74ha x 10.000m2=9805m3

Eficiência para o pré-tratamento e tratamento


Para o pré-tratamento é usada a equação abaixo com sendo vazão de entrada Qo
e área da superfície As do pré-tratamento.
Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ Vsi / (n . Qo/As] }–n

A equação abaixo é usada no tratamento sendo usando o tempo de esvaziamento


td e a altura média do reservatório.
Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ (Vsi . td)/ (2.n . hA)] }–n
Sendo:
Fi= as frações da porcentagem das partículas (0,20; 0,10; 0,10;0,20;0,20;0,20). É
importante observar que na equação abaixo já está multiplicada pela fração Fi.
Vsi=velocidade de sedimentação para a fração i (m/h) ou (m3/s) para o pré-tratamento.
n= 3 fator de turbulência de Fair e Geyer, 1954 para “boa performance”
Qo=vazão de entrada ou de saída (m3/s).
td= tempo de esvaziamento (h)
hA = profundidade (m)
As= área da superfície (m2)
Ed= redução total em fração.

Eficiência no pré-tratamento
Para o pré-tratamento é usada a equação com Qo sendo vazão de entrada e As
área da superfície do pré-tratamento.
Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ Vsi / (n . Qo/As] }–n

Tabela 54.12- Cálculos preliminares para o pré-tratamento


Dados do reservatório:
PRE-TRATAMENTO
WQv= 9.805
0,1WQv= 980,5
Velocidade de sedimentação para partículas > 0,125mm Vs= (m) 0,0139
Velocidade de entrada no pré-tratamentoQo= 0,1WQv/ (5 x 60)= (m3/s) 3,3
As= Qo/Vs (m2)= 235,13
Área do reservatório (m2)=As 280,14
Altura da lâmina de água no reservatório=y1(m)= 3,5
Área superficial do reservatório=As(m2)= 280,14

Na Tabela (54.12) está o volume para melhoria da qualidade das águas pluviais
WQv= 9805m3 calculado para a área de 74ha, Rv=0,53 e P=25mm (first flush).
O volume do pré-tratamento é 0,1 WQv, ou seja, 981m3.

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Para o pré-tratamento queremos decantar partículas sólidas maiores que


0,125mm, ou seja, partículas que possuem a velocidade de sedimentação
Vs=0,0139m/s.
A vazão Qo que chega ao pré-tratamento pode ser calculada usando a regra dos 5
(cinco) minutos para encher o volume do pré-tratamento.
Assim Qo= 0,1 x WQv/ (5min x 60s)= 980,5m3/300s= 3,3m3/s
A área da superfície do pré-tratamento é calculada:
As= Qo / Vs = Qo/ 0,0139= 3,3/0,0139= 235,13m2
Então a área mínima do pré-tratamento é 235,13m2.
Considerando o volume 0,1WQv podemos estimar a altura da água no pré-
tratamento:
D= 0,1WQv/ As= 980,5/ 235,13= 4,17m>> 3,5m que é o máximo admitido
Adotamos então D=3,5m
As= 0,1WQv/D= 980,5/ 3,5=280,14m2
Para a primeira linha da Tabela (54.13) consideramos n=3 que é comumente
usado.
Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ Vsi / (n . Qo/As] }–n
O valor de Vsi para a fração de 0,20 (20%) tem valor Vsi=0,0000002539m/s.
Área de superfície achada foi As=280,14m2.
O valor Qo=3,3m3/s é a vazão de entrada e também de saída, pois não devemos
esquecer que o volume 0,1WQv é enchido em 5min e daí a vazão que entra é igual a
vazão que sai e portanto a vazão de entrada é Qo e a de saída também é Qo. Geralmente
faz-se uma barragem com gabiões que são elementos porosos, mas sobre os mesmos
teremos um vertedor na parte superior por onde passará a vazão Qo.
Ed= Fi { 1 – [( 1+ Vsi / (n . Qo/As] }–n
Ed= 0,20 { 1 – [( 1+ 0,0000002539 / (3x 3,3/280,14] }–3
Ed=0,000004352
Para a segunda linha temos Vsi=0,000013m/s e fração 0,10.
Ed= Fi { 1 – [( 1+ Vsi / (n . Qo/As] }–n
Ed= 0,10 { 1 – [( 1+ 0,000013 / (3x 3,3/280,14] }–3
Ed=0,00011346
E assim por diante.
A somatória dos ΣEdi será 0,0832 que é 8,32%.

Tabela 54.13- Cálculos da eficiência para o pré-tratamento para n=3


Fração Massa Vsi velocidade Área da Vazão Qo Eficiência TSS
de de sedimentação superfície (m3/s) por fração
partículas As
(mm) (%) (m/h) (m/s) (m2) (m3/s) (fração)
≤ 20mm 20 0,000914 0,0000002539 280,14 3,3 0,000004352
20<x≤40 10 0,0468 0,0000130000 280,14 3,3 0,000111346
40<x≤ 60 10 0,0914 0,0000253889 280,14 3,3 0,000217304
60<x≤ 0,13 20 0,457 0,0001269444 280,14 3,3 0,002160499
0,13<x≤ 0,40 20 2,13 0,0005916667 280,14 3,3 0,009809354
0,40<x≤ 4,0 20 19,8 0,0055000000 280,14 3,3 0,070916997
Total= 100 Ed= ΣEdi=0,0832
Eficiência= 8,32%

Observar que a eficiência no pré-tratamento é baixa, isto é, 8,32%. Alguns


estados americanos adotam para produtos manufaturados a eficiência do pré-tratamento

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mínima de 50% que é difícil de ser atendida. De modo geral a eficiência no pré-
tratamento não passa de 20%.

Eficiência no tratamento
A equação abaixo é usada no tratamento sendo usando o tempo de esvaziamento
td e a altura média do reservatório hA.
Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ (Vsi . td)/ (2.n . hA)] }–n

Tabela 54.14- Cálculos preliminares para o tratamento


TRATAMENTO
P=25mm WQv= 9.805
Área do reservatório (m2)_=As 6.537m2
Diâmetro de saída = 0,29m
Altura da lâmina de água no reservatório=y1(m)= 1,5m
Área superficial do reservatório=As(m2)= 6.537m2
Área da seção transversal do tubo de saída=Ao(m2)= 0,06605214 m2
Cd= 0,62
t(s)= 88.268s
Tempo de esvaziamento total do reservatório td=t(h)= 24,5h

As= WQv/ h
H=altura=1,5m adotado
WQv= 9805m3
As=9.805/1,5=6.537m2
Tempo de esvaziamento
t= [2 . As . (y1 0,5 - y2 0,5 )] / [Cd . Ao .(2.g ) 0,5]
Cd=0,62
y1=1,50m
y2=0
g=9,81m/s2
D=0,29m (adotamos este diâmetro que não é comercial somente para termos td em
torno de 24h.
Ao= PI x D2/4=3,1416 x 0,292/4= 0,06605214 m2 Área da seção transversal do tubo
As=6.537m2
D=0,29m
t= [2 . As . (y1 0,5 - y2 0,5 )] / [Cd . Ao .(2.g ) 0,5]
t= [2 x 6537 x 1,50,5 ] / [0,62x 0,06605214 z(2x9,81) 0,5] =88268s= 24,5 h > 24h OK.

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Tabela 54.15- Cálculos da eficiência para o tratamento


Massa Vs velocidade Tempo de Eficiência
Fração de partículas de sedimentação esvaziamento n hA TSS
td por fração
(mm) (%) (m/h) (h) (m)
≤ 20mm 20 0,000914 24,5 3 1,5 0,0015
20<x≤40 10 0,0468 24,5 3 1,5 0,0302
40<x≤ 60 10 0,0914 24,5 3 1,5 0,0487
60<x≤ 0,13 20 0,457 24,5 3 1,5 0,1823
0,13<x≤ 0,40 20 2,13 24,5 3 1,5 0,1994
0,40<x≤ 4,0 20 19,8 24,5 3 1,5 0,2000
Total= 100 Ed= 0,6621
Eficiência= 66,21%

Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ (Vsi . td)/ (2.n . hA)] }–n


Para a primeira linha da Tabela (54.14) temos:
Vsi=0,000914 m;h
td=24,5h
n=3
hA=1,50m
Fi=0,20
Ed= Fi { 1 – [( 1+ (Vsi . td)/ (2.n . hA)] }–n
Ed= 0,20 { 1 – [( 1+ (0,000914x24,5)/ (2x2x1,50] }–3
Ed=0,0015
A somatória dos Ed=0,6621 que é 66,21%

Eficiência global.
A eficiência em série das duas BMPs será:
TR= A + ( 1- A) x B
Sendo:
TR= eficiência global
A= eficiência do reservatório de pré-tratamento para todas as partículas= 0,2103
B= eficiência do reservatório de detenção estendido= 0,6621%
TR= 0,0832 + ( 1- 0,0832) x 0,6621=0,6902
Portanto, a eficiência global será de 69%

Observemos ainda que adotamos geralmente para reservatório de detenção


estendida a eficiência de 55% conforme Tabela (54.5) que é menor que os 69% por nós
achado.
Uma outra observação é variando a profundidade, área de superfície e tempo de
esvaziamento do reservatório podemos aumentar a eficiência.

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Exemplo 54.10
Seja uma bacia com área A=74ha com AI=53% e As= 6.537m2 e reservatório com
detenção estendido aliado a ao controle de enchentes para Tr=25anos.
Conforme capítulo 10 deste livro, o dimensionamento do volume para deter
enchentes para período de retorno de 25anos pode ser calculado pela seguinte equação:
V= 5,48 x AI x A
qs= 28 L/s x ha
Sendo
V= volume de reservação (m3)
AI= área impermeável (%)
A= área da bacia (ha)
qs= vazão de pré-desenvolvimento (L/sxha)
V= 5,48 x AI x A
V= 5,48 x 53 x 74=21.493m3
qs= 28 L/s x ha
Qs= 28 x 74= 2.072 L/s= 2,072m3/s
A vazão máxima de saída será Qout = Qs= 2,072m3/s
Td= Smax/ Qout
Sendo:
Td= tempo de residência (h)
Smax= volume do reservatório de detenção seca (m3)
Qout= vazão de saída (m3/s) para situação do pré-desenvolvimento
Td= Smax/ Qout
Td= 21.493m3/ 2,972m3/s=7.232s=2,009h
Observe que o tempo de esvaziamento para o volume de enchente de 21.493m3 é
de 2,009h bem menor que o tempo de esvaziamento do volume WQv de 9.805m3 que é
de 24h.

Eficiência no tratamento
Ed= Σ Fi { 1 – [( 1+ Vsi / (n . Qo/As] }–n

Tabela 54.16- Cálculos de eficiência de remoção de TSS no reservatório de


detenção estendido considerando a detenção de enchentes em 2,009h para a vazão
de saída Qs=2,073m3/s e n=3.
(%) Vs velocidade Área Qo Eficiência
Fração de massa de de sedimentação (m2) (m3/s) por fração
partículas As
(mm) (m/h) (m/s) (m)
≤ 20mm 20 0,000914 0,0000002539 6537,00 2,0090 0,0002
20<x≤40 10 0,0468 0,0000130000 6537,00 2,0090 0,0041
40<x≤ 60 10 0,0914 0,0000253889 6537,00 2,0090 0,0078
60<x≤ 0,13 20 0,457 0,0001269444 6537,00 2,0090 0,0642
0,13<x≤ 0,40 20 2,13 0,0005916667 6537,00 2,0090 0,1548
0,40<x≤ 4,0 20 19,8 0,0055000000 6537,00 2,0090 0,1994
Total= 100 Ed= 0,4305
Eficiência= 43,05%

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Será detido 43,05% de TSS somente na parte do reservatório referente a


detenção de enchentes.
Considerando o exemplo anterior em que o pré-tratamento e o tratamento do
WQv chegamos a conclusão de retenção de 69,02%.
Vamos supor que temos um sistema em série, sendo a primeira de remoção de
69,02% e a segunda de 43,05% calculado acima.

Eficiência global.
A eficiência em série das duas BMPs será:
TR= A + ( 1- A) x B
Sendo:
TR= eficiência global
A= eficiência do reservatório de pré-tratamento + tratamento= 0,6902
B= eficiência do reservatório de detenção estendido para enchentes= 0,4305%
TR= 0,6902+ ( 1- 0,6902) x 0,4305=0,82
Portanto, a eficiência global será de 82%

54-25
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 54- Carga de poluentes e análise de custo de BMP
Engenheiro Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 19/12/08

54.20 Bibliografia e livros consultados


-AKAN A. OSMAN. Urban stormwater hydrology. 1993, 268páginas
-BARRET, MICHAEL. BMP effectiveness and applicability training program. 23 de
junho de 2004, Universidade do Texas.
-HAAN, C.T. et al. Design Hydrology and sedimentology for small catchments.
Academic Press, 1994, 588páginas, ISBN 13:978-0-12-312340-4
-PAPA, FABIAN et al. Detention time selection for stormwater quality control ponds.
31/july/1999. Can. J. Civ. Eng. 26:72-82 (1999).
-TEXAS TRANSPORTATION INSTITUE. Cost to performance analysis of selected
stormwater quality best management. Harlow C. Landphair, 2001. Paper
Landphair2001
-TEXAS TRANSPORTATION INSTITUE. Estimating pollutant loads for stormwater
quality. Project Summart Report 1837-S
-TOMAZ, PLINIO. Poluição difusa. Editora Navegar, 2006.
-USEPA. Methodology for analysis of detention basins for control for urban runoff
quality. EPA 440/5-87-001 setembro 1986. Coordenado por Eugene D. Driscoll baseado
n as pesquisas de Dominic M. DeToro e Mitchell Small.
-USEPA. Stormwater Best management practice design guide. Volume 2- Vegetative
biofilters. EPA/600/R-04/121A setembro 2004.
-USEPA. Stormwater Best management practice design guide. Volume 3- Basin Best
management practices. EPA/600/R-04/121B setembro 2004.
-USEPA. Stormwater Best management practice design guide. Volume 1- General
Considerations EPA/600/R-04/121 setembro 2004.

54-26
Curso Manejo de águas pluviais
Capitulo 55- Análise de incerteza
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 24/12/2008

Capitulo 55- Análise de incerteza


Curso Manejo de águas pluviais
Capitulo 55- Análise de incerteza
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 24/12/2008

Capítulo 55- Análise de incerteza

55.1 Introdução
Pretendemos explicar, de uma maneira bastante prática, a utilidade da Análise de
Incerteza. Serão evitadas as demonstrações trabalhosas e detalhadas, que poderão ser
encontradas nos livros de Mays e Tung (1992), Lamberson e Kapur (1977), Elsayed,
(1996) e Te Chow (1988).
É importante, sempre que se fizer a aplicação de uma fórmula, que seja avaliado
o erro nela cometido, pois, as variáveis que introduzimos contêm erros. Neste sentido,
basta substituir os valores e fazer várias simulações.
Em análise de redes de água, costuma-se variar os coeficientes para verificar a
sensibilidade da mesma face às mudanças. Uma maneira mais correta de se verificar a
Análise de Incerteza em fórmulas é aplicando a Fórmula de Taylor. Desta aplicação
resultou o chamado Método de Análise de Incerteza de Primeira Ordem.
Na Hidrologia, Hidráulica e Estruturas é importante a Análise de Incerteza. As
variáveis dependentes de uma fórmula, normalmente, apresentam incertezas que por sua
vez, se refletem na variável independente.
Vamos procurar mostrar, através de exemplos, o uso desta ferramenta
indispensável aos engenheiros para avaliação correta de seus cálculos.
A Análise de Incerteza é conhecida também como Método Delta ou Método de
Análise de Incerteza de Primeira Ordem.

55.2 Fórmula Racional


Como exemplo, mostraremos a Fórmula Racional:
Q= C.I.A Equação 55.1
Sendo:
Q= vazão em litros por segundo;
C= coeficiente adimensional relativo à impermeabilização do solo;
I= intensidade de chuva em litros/segundo x hectare;
A= área em hectares.
As incertezas na Equação (55.1) referente ao coeficiente C, à intensidade de
chuva e à área de drenagem, fornecerão uma incerteza ao valor da vazão Q.
Os dados do problema são:
O valor adotado do coeficiente C da fórmula racional é C=0,82 e o erro estimado
em sua avaliação é de 7% ou seja o coeficiente de variação de C é ΩC =0,07.
Quanto a intensidade adotada é de 300 l/s x hectare, sendo que a estimativa de
erro na avaliação da Intensidade I é de 17% ou seja o coeficiente de variação de I é ΩI
=0,17.
A área A de captação é 7,5 hectares e o erro de estimativa cometido é de 5% ou
seja o coeficiente de variação de A é ΩA=0,05.
Substituindo os valores na formula racional temos:
Q = C . I . A = 0,82 . 300 . 7,5 = 1.845 litros/segundo
Queremos achar a incerteza final ΩQ na fórmula racional, considerando as
incertezas nas variáveis C , I e A.

Ω2Q= (δQ/δC)2 . ( C /Q)2 . Ω2c + (δQ/ δI)2 . (I/Q)2 Ω2I +


(δQ/ δA)2 . (A/Q)2 Ω2A

55-2
Curso Manejo de águas pluviais
Capitulo 55- Análise de incerteza
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 24/12/2008

Sendo:
C, I, A = são os valores das variáveis independentes;
δQ/ δC = derivada da Equação (55.1) em relação a C;
δQ/ δI = derivada da Equação (55.1) em relação a I;
δQ/ δA = derivada da Equação (55.1) em relação a A.
Substituindo teremos:
Ω2Q= ( I. A)2 . ( C / C. I. A)2 . Ω2c + (C. A )2 . (I/C.I.A)2 Ω2I +
(C . I )2 . (A/C.I.A.)2 Ω2A
Fazendo as simplificações, teremos:
Ω2Q= Ω2c + Ω2I + Ω2A Equação 55.2
Substituindo os valores:
Ω2Q = (0,07)2 + (0,17)2 + ( 0,05)2 =0,0363
ΩQ = (0,0363)0,5 =0,19052, ou seja, 0,19
Portanto, para a vazão de 1.230 l/s temos uma incerteza de 0,19, ou seja, de
19%. É importante observar que as variáveis C, I e A são independentes uma das outras.
O coeficiente de variação da vazão na Equação (55.1) é:
ΩQ = σQ / μQ
Então, o desvio padrão será:
σQ = ΩQ . μQ
σQ = 0,19 . 1.845 =350,55 l/s = 0,355 m3/s

55.4 Fórmula de Manning para seção plena


Vamos usar a Fórmula de Manning para seção plena nas unidades do sistema
internacional (S.I.).
Q= 0,312 . n-1 . D8/3 . I1/2 Equação 55.3
sendo:
Q = vazão em metro cúbico por segundo (m3/s);
n = coeficiente de rugosidade de Manning (adimensional);
D = diâmetro da tubulação em metros (m);
I = declividade da tubulação em metro por metro (m/m).
Queremos a incerteza da vazão Q na Equação (55.3). As variáveis dependentes
n, D e I possuem incertezas.
A rugosidade de Manning n = 0,015 com incerteza de 5%, ou seja, Ωn = 0,05.
A declividade I= 0,001 m/m com incerteza de 7%, ou seja, ΩI= 0,07.
Consideremos que o diâmetro seja de 1,50m com incerteza de 1%, ou seja, com
coeficiente de variação ΩD= 0,01.
Vamos calcular a vazão Q usando os dados fornecidos:
Q= 0,312 . n-1 . D8/3 . I1/2 = 0,312 . 0,015-1 . 1,58/3. 0,0011/2
Q= 1,938 m3/s = 1.938 l/s
Queremos calcular a incerteza no cálculo da vazão da Equação (55.3) para seção
plena.
Ω2Q= (δQ/δn)2 . (n/Q)2 . Ω2n + (δQ/ δD)2 . (D/Q)2 Ω2D +
(δQ/ δI)2 . (I/Q)2 Ω2I
Sendo:
n, D, I = são os valores das variáveis independentes;
δQ/ δn= derivada da fórmula(2) em relação a n;
δQ/ δI = derivada da fórmula(2) em relação a I;
δQ/ δD = derivada da fórmula(2) em relação a D.

55-3
Curso Manejo de águas pluviais
Capitulo 55- Análise de incerteza
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 24/12/2008

Ω2Q= ( -0,312 . n-1-1 . D8/3 . I1/2 )2 . ( n / Q)2 .Ωn2+ (0,312 . n-1 . (8/3).
D8/3-1 . I1/2)2. (D/Q)2 . ΩD2+ (0,312 . n-1 . D8/3 . (1/2) .I1/2-1)2 . ( I/Q)2 . ΩI2
Substituindo o valor de Q= 0,312 . n-1 . D8/3 . I1/2
e fazendo as simplificações:
Ω2Q =Ωn2 +(8/3)2. ΩD2 + (1/2)2. ΩI2
Ω2Q =Ωn2 + (64/9). ΩD2 + (1/4). ΩI2 (4)
Como temos os coeficientes de variação de n , D e I, fazendo as substituições na
fórmula(4), temos:
Ω2Q = (0,05)2 + (64/9) . ( 0,01)2 + (1/4) . (0,07)2
Ω2Q = 0,0025 + 0,00071 + 0,001225 = 0,004435

ΩQ = 0,004435 = 0,066595, ou seja, ΩQ = 0,0670

Assim, a incerteza nas variáveis independentes n , D e I acarretam, na variável


dependente Q, a incerteza de 6,7%, ou seja, coeficiente de variação de Ω2Q = 0,067.
O desvio padrão é dado pela fórmula abaixo,
σQ = ΩQ . μQ
substituindo os valores:
σQ = 0,067 . 1938 = 129,85 l/s = 0,12985 m3/s

55-4
Curso Manejo de águas pluviais
Capitulo 55- Análise de incerteza
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55.5 Bibliografia e livros consultados


-CHOW, VEN TE et al, 1988, Applied Hydrology, Mc Graw-Hill.
-ELSAYED A. ELSAYED, 1996, Reliability Engineering, Addison Wesley Longman;
-HOFFMANN, RODOLFO e VIEIRA, SÔNIA 1983, Análise de Regressão- Uma
Introdução à Econometria, Editora Hicitec-SP.
-KAPUR, K.C. e LAMBERSON, L.R. 1977, Reliabity in Engineering Design, John
Wiley & Sons;
-MAYS, LARRY W. e TUNG, YEOU-KOUNG Hydrosystems Engineering &
Management,1992, McGraw-Hill;

55-5
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 56- Faixa de filtro gramada
Engenheiro civil Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 16/94/09

Capítulo 56

Faixa de filtro gramada


(filter strip)
A água por capilaridade sobe até uns 2m em determinados solos.

56-1
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Capitulo 56- Faixa de filtro gramada
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Sumário
Ordem Assunto
Capítulo 56 - Faixa de filtro gramada (BMP)
56.1 Introdução
56.2 Critério de seleção
56.3 Limitações
56.4 Custos e manutenção
56.5 Dados para projetos
56.6 Escoamento superficial pelo método SCS TR-55
56.7 Dimensionamento do Faixa de filtro gramada
56.8 Critério geral
56.9 Faixa de filtro gramada sem berma
56.10 Faixa de filtro gramada com berma
56.11 Faixa de filtro gramada usado como pré-tratamento

56-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 56- Faixa de filtro gramada
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Capítulo 56 - Faixa de filtro gramada

56.1 Introdução
A faixa de filtro gramada (filter strip) é uma área ou região coberta com grama ou vegetação com objetivo de
tratar o escoamento superficial sobre o solo através de infiltração no solo e filtração através da vegetação
conforme se pode ver nas Figuras (56.1) a (56.4), recebendo águas pluviais de área impermeável ou permeável.
A faixa de filtro gramada serve também para auxiliar a recarga do manancial subterrâneo em locais onde a
taxa de infiltração do solo é favorável e não haja perigo de contaminação.
Tucci, no seu livro Inundações Urbanas na América do Sul, denomina a faixa de filtro gramada de “plano de
infiltração”.
As faixas de filtro gramadas são também chamadas de biofiltros e são similares aos canais gramados.
A diferença é que nas faixas de filtro gramadas o fluxo da água é laminar, enquanto que os canais gramados
o fluxo é concentrado.
As faixas de filtro gramadas são projetadas para receber o escoamento superficial de áreas impermeáveis e
permeáveis.
Nas faixas gramadas temos os processos de adsorção de partículas de solos pelas plantas, ação biológica e
química onde as águas da chuva são filtradas.
Muitas vezes as faixas de filtro gramadas são usadas como pré-tratamento de alguma BMP, localizada a
jusante.

Figura 56.1-Exemplo de faixa de filtro gramada

Figura 56.2-Exemplo de faixa de filtro gramada


Fonte: Condado de Hall, 2002

As faixas de filtro gramadas podem ser utilizadas para coletar o escoamento urbano ao longo de ruas e
estradas.

56-3
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Capitulo 56- Faixa de filtro gramada
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Figura 56.3 - Faixa de filtro gramada ao longo de um rio. Observar a direita às plantações.
Fonte: acessado em 25 de junho de 2006:
http://www.sblc-mi.org/images/filterstrip.jpg

Figura 56.4 - Faixa de filtro gramada ao longo de uma estrada.


Fonte: http://crd.dnr.state.ga.us/assets/documents/GGG3C.pdf

Eficiência da faixa de filtro gramada


Não existem muitos dados para medir a eficiência das faixas de filtro gramada. A eficiência depende da
largura da faixa por onde escoa as águas pluviais, conforme Tabela (56.1), sendo a remoção de TSS de 50%.

Tabela 56.1-Eficiência da faixa de filtro gramada


TSS TP
Sólidos totais em Fósforo total Metais pesados
suspensão
50% 20% 40%
Fonte: Estado da Geórgia, 2001.

56.2 Critério de seleção


• Remoção de partículas associadas à poluição;
• Tipicamente as faixas de filtros gramados possuem baixas vazões e baixas velocidades;
• Geralmente são feitas onde prevalece o escoamento laminar;
• O objetivo das faixas de filtros gramados é tratar o escoamento laminar de águas pluviais conforme
Figuras( 56.5) a (56.8).
• As faixas de filtros gramados são paralelas às estradas, passeios ou estacionamentos.
• As plantas que serão instaladas na faixa de filtros gramados deverão ser selecionadas por especialistas no
assunto como engenheiros agrônomos ou arquitetos.

56-4
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 56- Faixa de filtro gramada
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• Pode imobilizar os poluentes ligando-os a matéria orgânica e às partículas do solo;


• Pode ser usado como pré-tratamento de uma outra BMPs;
• Aplicável a áreas <2ha, conforme Austrália, 1997 e FHWA, 1994.
• Para a aplicação da faixa de filtro gramado não são necessários estudos do solo.
• O lençol freático deve estar no mínimo a 0,50m do fundo da faixa de filtro gramada (Ontario, 2003).

Figura 56.5 - Observar que o runoff das plantações se dirige para a faixa de filtro gramada.

Figura 56.6 - Faixa de filtro gramada em duas partes, sendo uma de um estacionamento e outra de
lote residencial.-
Fonte: Estado de New Jersey, 2004

56.3 Limitações
• Remoção limitada de sedimentos finos ou solúveis;
• Pode ser necessária área grande de terra;
• É preciso ter área de acesso;
• Quando o escoamento possui uma vazão concentrada e com altura de escoamento grande, o seu
funcionamento é diminuído;
• Aplicável a área com declividade S≤ 5%;
• Para o FHWA, a faixa de filtro gramada deve ser aplicada em declividades de 2% a 6%.
• Alta taxa de não funcionamento devido a péssima manutenção, cobertura de vegetação ou dificuldade do
escoamento ser laminar evitando assim a canalização do fluxo de água.
• A eficiência da faixa de filtro gramada depende da dificuldade de se manter a vazão laminar sobre a
vegetação ou a grama.

56-5
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Figura 56.7 - Faixa de filtro gramada que recebe runoff do estacionamento. Observar a pequena barragem
(check dam).
Fonte: FHWA,1996

56.4 Custos e manutenção


• Baixo capital.
• Baixo custo de manutenção.
• Em épocas de seca deve-se regar a faixa gramada.
• Deve-se prevenir contra canalização.
• Qualquer erosão dever ser logo reparada;
• Deve ser feito monitoramento anualmente ou após uma chuva forte.
• O custo para construção é de US$ 5000/ha (base- US$ de 1995-FHWA, 1996).
• Freqüentemente deverá ser feita a roça do mato e retirada de lixos e detritos.
• Deverá ser feito cronograma para a retirada de sedimentos.
• Manutenção anual de US$ 370/ha/ano.
• A vida útil de uma faixa de filtro gramada varia de 10 anos a 20 anos (FHWA, 2000).

Figura 56.8 - Faixa de filtro gramada

56.5 Dados para projetos


• O tempo de residência t sobre a faixa gramada deve ser t> 5min e preferentemente t> 9min.
• A altura máxima do escoamento laminar normalmente adotado é de 25mm.
• Determina-se a vazão Q (m3/s) por um método apropriado como, por exemplo, o Método Racional.
• n= coeficiente de rugosidade de Manning para escoamento superficial. Freqüentemente usa-se n= 0,20 ou
n= 0,24 quando a roça é infrequente.
• A velocidade V ≤ 0,3m/s ou V≤ 0,27m/s (FHWA, 2000).
• O raio hidráulico = profundidade (FHWA, 1996).
• É importante manter a superfície e a densidade da vegetação uniforme em toda a sua extensão.
• Se a declividade estiver entre 4% a 6%, fazer pequenas barragens (check dams) a cada 15m ou 30m para
reduzir a velocidade.
• Para igualar e nivelar a água que vai para a faixa de filtro gramada é feita uma berma de terra com uma
altura mínima de 100mm ou 150mm. A berma serve também para ajudar a infiltração das águas pluviais no
solo.
• A altura normal de uma berma é de 0,30m e o escoamento da água da mesma deverá ser de 24h através
de uma tubulação.

56-6
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 56- Faixa de filtro gramada
Engenheiro civil Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 16/94/09

• A água que passa na faixa de filtro gramada não é toda infiltrada e o restante vai para a galeria de águas
pluviais ou córrego próximo.
• Já foi feita aplicação de faixa gramada com 23m de comprimento 177m de largura em área 100%
impermeável.
• Pesquisas mostraram eficiência na remoção de poluentes em faixas gramadas com mais de 46m e baixa
eficiência em faixas menores que 23m, conforme FHWA, 2000.
• A eficiência de uma faixa gramada depende de dois fatores muito importantes: declividade e comprimento
da faixa.
• Para áreas impermeáveis a montante o comprimento máximo admitido é de 23,00m para depois a água ir
para a faixa de filtro gramada (FHWA, 2000) devido a dificuldade de se manter o escoamento laminar,
evitando a formação de sulcos e canais.
• Para áreas permeáveis a montante o comprimento máximo admitido é de 45,7m para depois a água ir
para a faixa de filtro gramada (FHWA, 2000) devido a dificuldade de se manter o escoamento laminar,
evitando a formação de sulcos e canais.
• Para período de retorno acima de 2 anos para se evitar erosão, pode-se encaminhar o runoff para outro
local.
• Geralmente dimensionado para período de retorno de 1ano a 2 anos. Para períodos maiores que 2anos a
água poderá ir para outro local (FHWA, 1996).
• Geralmente são feitas in line.
• Permeabilidade do solo desejada varia de 0,15mm/h a 4,3mm/h (FHWA,1996).

56.6 Escoamento superficial pelo método SCS TR-55


Para o escoamento superficial em florestas, gramas, asfaltos e outros, o TR-55 apresenta o tempo de
transito “t” o qual adaptado para as unidades SI é o seguinte:
t = [ 5,52 . (n . L ) 0,8 ] / [(P2)0,5 . S 0,4] (Equação 56.1)

Sendo:
t= tempo de trânsito do escoamento superficial (min);
n= coeficiente de rugosidade de Manning;
S= declividade (m/m);
L= comprimento (m) <90m e
P2= precipitação de chuva de 24h para período de retorno de 2anos (mm).

A Tabela (56.2) e (56.3) está o calculo do tempo de concentração obtido pela Equação (56.1) para
rugosidade n= 0,015 e n= 0,15 (grama media) respectivamente.

56-7
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 56- Faixa de filtro gramada
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Tabela 56.2- Tempo de concentração para precipitação de 24h com período de retorno para a Região Metropolitana
de São Paulo, usando n= 0,015 para superfície cimentada.
Tempo de concentração do escoamento superficial
(min)
Declividade Comprimento a ser percorrido pela água
(m)
(%) (m/m) 20m 40m 60m 80m 90m
0,5 0,005 2,2 3,8 5,3 6,6 7,3
1 0,01 1,7 2,9 4,0 5,0 5,5
2 0,02 1,3 2,2 3,0 3,8 4,2
3 0,03 1,1 1,9 2,6 3,2 3,6
4 0,04 1,0 1,7 2,3 2,9 3,2
5 0,05 0,9 1,5 2,1 2,6 2,9
6 0,06 0,8 1,4 2,0 2,5 2,7

Tabela 56.3- Tempo de concentração para precipitação de 24h com período de retorno para a Região Metropolitana
de São Paulo, usando n= 0,15 (grama média) para superfície cimentada.
Declividade Tempo de concentração do escoamento superficial
(min)
(%) (m/m) 10m 20m 40m 60m 80m 90m
0,5 0,005 7,9 13,8 24,0 33,3 41,9 46,0
1 0,01 6,0 10,5 18,2 25,2 31,7 34,9
2 0,02 4,6 7,9 13,8 19,1 24,0 26,4
3 0,03 3,9 6,7 11,7 16,2 20,4 22,5
4 0,04 3,5 6,0 10,5 14,5 18,2 20,0
5 0,05 3,2 5,5 9,6 13,2 16,7 18,3
6 0,06 2,9 5,1 8,9 12,3 15,5 17,0

Exemplo 56.1
Achar o tempo de concentração em um terreno com 30m de comprimento, sendo 10m em grama média e 20m e
concreto, com declividade de 0,01m/m.
Usando as Tabela (56.2) e (56.3) temos:

Para 20m em concreto e declividade de 0,01m/m o tc1= 1,7min


Para 10m sobre grama media tc2= 6,00min
O tempo de concentração total tc= tc1+tc2= 1,7min + 6,00min= 7,7min=8min

56-8
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 56- Faixa de filtro gramada
Engenheiro civil Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 16/94/09

Exemplo 56.2
Calcular o escoamento superficial em asfalto sendo n= 0,011 comprimento do trecho de 90m. Declividade de
10% e precipitação de 24h para período de retorno da cidade de São Paulo de 64,1mm.
t = [5,52 . (n . L ) 0,8] / [(P2)0,5 . S 0,4]
t = [5,52 . (0,011 . 90 ) 0,8] / [(64,1)0,5 . 0,1 0,4] =1,7min
Adoto o mínimo t=5min.

Exemplo 56.3
Calcular o escoamento superficial em floresta com pouca vegetação rasteira sendo n= 0,4; comprimento do
trecho de 90m; declividade de 10% e precipitação de 24h para período de retorno da cidade de São Paulo de
64,1mm.
t = [5,52 . (n . L ) 0,8] / [(P2)0,5 . S 0,4]
t = [5,52 . (0,4 . 90 ) 0,8] / [(64,1)0,5 . 0,1 0,4] = 30,4min

56.7 Dimensionamento do faixa de filtro gramada


Existem três maneiras de se dimensionar a Faixa de filtro gramada:
• Faixa de filtro gramada sem berma
• Faixa de filtro gramada com berma
• Faixa de filtro gramada como se fosse um pré-tratamento.

56.8 Critério geral


A vazão “q” por metro linear que chega à Faixa de filtro gramada é dada pela equação de Manning em
função da altura da lâmina de água y que está entre 2,5cm a 7,5cm, sendo adotado y=2,5cm.
O valor de y pode ser adotado 2,5cm, 5cm ou 7,5cm.
q= y 1,67 x S 0,5 / n (Equação 56.2)

Wmin= Q /q (Equação 56.3)

Sendo:
Wmin= comprimento mínimo do Faixa de filtro gramada perpendicular ao escoamento (m). O valor mínimo é
Wimn>4,5m
q= vazão que chega à faixa de filtro gramada por metro linear (m3/s /m).
Q= vazão total que chega ao faixa de filtro gramada (m3/s).
y= altura da lâmina de água na faixa de filtro gramada (m) que é geralmente de 2,5cm.
S= declividade da Faixa de filtro gramada (m/m). Geralmente entre 2% a 6%.

Dica: a dica é fixar o valor de y= 0,025m que as águas pluviais terá na faixa de filtro gramada.
Nas Tabelas (56.4) a (56.6) estão a vazão em m3/s /m para alturas de água de 2,5cm, 5cm e 7,5cm
respectivamente.

Tabela 56.4 Vazão por metro linear em m3/s na faixa de filtro gramado dependendo do tipo de grama e da declividade.
Consideramos a altura da lamina de água de 2,5cm.
Declividade Vazão linear no filtro gramado
(m3/s / m)
(%) (m/m) n=0,15 n=0,25 n=0,35

1 0,01 0,0014m3/s /m 0,0008 0,0006


2 0,02 0,0020 0,0012 0,0009
3 0,03 0,0024 0,0015 0,0010
4 0,04 0,0028 0,0017 0,0012
5 0,05 0,0031 0,0019 0,0013
6 0,06 0,0034 0,0021 0,0015

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Tabela 56.5 Vazão por metro linear em m3/s na faixa de filtro gramado dependendo do tipo de grama e da declividade.
Consideramos a altura da lamina de água de 5cm.
Declividade Vazão por metro linear na
faixa de filtro gramada.
(m3/s / m)
(%) (m/m) n=0,15 n=0,25 n=0,35

1 0,01 0,0045 0,0027 0,0019


2 0,02 0,0063 0,0038 0,0027
3 0,03 0,0078 0,0047 0,0033
4 0,04 0,0090 0,0054 0,0038
5 0,05 0,0100 0,0060 0,0043
6 0,06 0,0110 0,0066 0,0047

Tabela 56.6 Vazão por metro linear em m3/s na faixa de filtro gramada dependendo do tipo de grama e da declividade.
Consideramos a altura da lamina de água de 7,5cm.
Vazão por metro linear na
Declividade faixa de filtro gramada.
(m3/s / m)
(%) (m/m) n=0,15 n=0,25 n=0,35

1 0,01 0,0088 0,0053 0,0038


2 0,02 0,0125 0,0075 0,0053
3 0,03 0,0153 0,0092 0,0065
4 0,04 0,0176 0,0106 0,0076
5 0,05 0,0197 0,0118 0,0084
6 0,06 0,0216 0,0130 0,0093

56.9 Faixa de filtro gramada sem berma


A faixa de filtro gramada sem berma calcula-se o comprimento paralelo ao escoamento Lf baseado no TR-55
do SCS para escoamento superficial para comprimento até 90m.

Lf= Tf 1,25 x P2 0,625 x S 0,5 / (8,5 x n) (Equação 56.4)

Sendo:
Tf= tempo de trânsito do escoamento superficial (min). Geralmente é adotado Tf= 5min;
n= coeficiente de rugosidade de Manning.
n= 0,15 (grama média)
n= 0,25 (grama densa) e
n= 0,35 (grama muito densa)
S= declividade do faixa de filtro gramada (m/m);
Lf= comprimento do Faixa de filtro gramada paralelo ao escoamento (m) <90m e
P2= precipitação de chuva de 24h para período de retorno de 2anos (mm). P2=64,1mm para a RMSP.

Na Tabela (56.7) estão os comprimentos da faixa de filtro gramada para vários tipos de grama desde n=0,15 até
n= 0,35 que variam com a declividade conforme Equação (56.4).

Tabela 56.7- Comprimento da faixa de filtro gramado Lf na RMSP em metros considerando tempo de
trânsito de 5min para os diversos tipos de gramas e declividades.
Declividade Comprimento Lf
(m)
(%) (m/m) n=0,15 n=0,25 n=0,35

1 0,01 7,9 4,7 3,4


2 0,02 11,2 6,7 4,8
3 0,03 13,7 8,2 5,9
4 0,04 15,8 9,5 6,8

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5 0,05 17,7 10,6 7,6


6 0,06 19,3 11,6 8,3

Exemplo 56.4 Faixa de filtro gramada sem berma


Seja uma área comercial com 30m de largura (direção do fluxo) por 45m de comprimento e área de 0,14ha
(1400m2), com AI= 70% e a grama da Faixa de filtro gramada tem n= 0,25, e a declividade é S=0,04m/m (4%).

30m

45m
Área
comercial
AI=70% Faixa de
filtro
gramada
Área à
montante

Figura 56.9- Croquis de uma área comercial a direita lançando as águas pluviais numa faixa de filtro
gramada a direita.

Rv= 0,05 + 0,009 x AI= 0,05 + 0,009x 70= 0,68


P= 25mm (first flush adotado)
WQv = (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 1400m2= 24m3
A vazão referente ao tratamento WQv pelo método racional é:
A= 0,14ha
tc= tempo de concentração = 5min = 0,0833h
C= coeficiente de runoff.
C= Rv= 0,68
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,68 = 17mm
Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação de Pitt conforme Capitulo 19 deste livro.
CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197x25 + 0,394x17 – 10 (0,0016x17 2 + 0,0019 x17x25) 0,5]
CN= 96,6
Vamos calcular a vazão usando SCS – TR-55 do Capitulo 4 deste livro.
S= 25400/ CN – 254 = 25400/96,6 – 254 =9mm
Usa-se a simplificação de Q=P x Rv, que produz o volume do reservatório para qualidade da água em
mm.
Q= P x Rv= 25mm x 0,68= 17mm= 1,7cm (notar que colocamos em cm)
Ia = 0,2 S = 0,2 x 9mm=1,8mm
Ia/P= 1,8mm/25mm =0,072 e portanto adotamos Ia/P=0,10
Escolhendo Chuva Tipo II para a Região Metropolitana de São Paulo.
Co= 2,55323
C1= -0,6151
C2= -0,164
tc= 5min = 0,0833h (tempo de concentração)
log (Qu) = Co + C1 log tc + C2 (log tc)2 – 2,366
log Qu = 2,55323 – 0,6151 log (0,0833) –0,164 [ log (0,0833) ] 2 - 2,366
log Qu = 0,6501
Qu = 4,47m3/s /cm / km2 (pico de descarga unitário)
Qp= Qu x A x Q
A=0,14ha = 0,0014km2
Q=1,7cm
Qp= Qu x A x Q x Fp =4,47m3/s/cm/km2 x 0,0014km2 x 1,7cm =0,011m3/s

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Portanto, o pico da descarga para o reservatório de qualidade de água, construído off-line é de


0,011m3/s.
Adotando y= 2,5cm= 0,025m e sendo S= 0,02m/m e n= 0,25 temos:
q= y 1,67 x S 0,5 / n
1,67
q= 0,025 x 0,04 0,5 / 0,25 = 0,002m3/s/m

Sendo Q a vazão total o comprimento mínimo perpendicular ao escoamento Wmin:


Wmin= Q /q
Wmin = 0,011m3/s /0,002m3/s/m =5,5m OK

Calcular o comprimento do Faixa de filtro gramada Lf=? sendo n=0,25. S=0,02m/m e precipitação de 24h
para período de retorno de 2anos da cidade de São Paulo P2= 64,1mm. Tf=5min
Lf= Tf 1,25 x P2 0,625 x S 0,5 / (8,5 x n)
Lf= 5 1,25 x 64,1 0,625 x 0,04 0,5 / (8,5 x 0,25)= 9,5m OK.
Portanto, o comprimento paralelo ao escoamento é de 9,5m.

56.10 Faixa de filtro gramada com berma


A berma deve ser drenado no prazo de 24h e o volume deverá ser o WQv para melhoria da qualidade das
águas pluviais. A altura da berma deve ser de 0,30m

Exemplo 56.5 Faixa de filtro gramada com berma


Seja uma área de 0,14ha (1400m2), com AI= 70% e a grama da Faixa de filtro gramada tem n= 0,25.
S= 0,04m/m.
Rv= 0,05 + 0,009 x AI=0,05 + 0,009x 70= 0,68
P= 25mm (first flush adotado)
WQv = (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 1400m2= 24m3
A vazão referente ao tratamento WQv pelo método racional é:
Q= CIA/360
A= 0,14ha
C= Rv= 0,68
C= coeficiente de runoff.
I= intensidade da chuva (mm/h) = 45,13 x C + 0,98= 45,13 x 0,68 + 0,98= 32mm/h para A≤2ha
Q= CIA/360
Q= (0,68 x 32 x 0,14)/360= 0,0085m3/s
Adotando y= 2,5cm= 0,025m e sendo S= 0,04m/m e n= 0,25 temos:
q= y 1,67 x S 0,5 / n
q= 0,025 1,67 x 0,04 0,5 / 0,25 = 0,002m3/s/m

Sendo Q a vazão total o comprimento mínimo perpendicular ao escoamento Wmin:


Wmin = Q /q
Wmin = 0,0085 /0,002m3/s/m= 4,3m

Como queremos colocar uma berma de altura de 0,30m vamos reduzir a declividade de 4% para 2%
Calcular o comprimento da Faixa de filtro gramada Lf=? sendo n= 0,25. S= 0,2m/m e precipitação de 24h
para período de retorno de 2 anos da cidade de São Paulo P2= 64,1mm. Tf=5min

Lf= Tf 1,25 x P2 0,625 x S 0,5 / (8,5 x n)


1,25
Lf= 5 x 64,1 0,625 x 0,02 0,5 / (8,5 x 0,25)= 6,7m
Portanto, como diminuímos a declividade irá diminuir o comprimento paralelo ao escoamento Lf que era de
9,5m para Lf= 6,7m.

Temos o volume WQv= 24m3 e então o volume da água armazenada deverá ter este volume na altura de
0,30m. Vamos conferir:

tg α = altura da berma/comprimento ao longo do fluxo


0,02= 0,15/comprimento ao longo do fluxo
Comprimento ao longo do fluxo= 0,15/0,02= 8,00m

Volume= largura x (altura da berma x comprimento Lf)/ 2

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Altura da berma= 0,15m


Comprimento da berma paralelo ao fluxo=Lf= 6,7m. Adotamos Lf= 8m
Comprimento perpendicular ao fluxo adotamos W= 25m
Volume= largura x(altura da berma x comprimento Lf)/ 2
Volume= 25mx (0,15m x 8m)/ 2 = 30m3 >24m3 OK.

Tubo de escoamento da água armazenada na berma


A água armazenada na berma tem que escoar no mínimo em 24h.
O volume da água da berma é de 24m3 e altura de 015m.
Consideramos a altura média= 0,15/2= 0,075m.
Aplicando equação do orifício.
Q=Cd x A x (2 x g x h) 0,5
Cd=0,62
Q= 24m3/(86400s)=0,000278m3/s
0,000278= 0,62 x A x (2 x 9,81 x 0,075) 0,5
Tirando o valor de A temos:
A=0,0003696m2
D= (4 x A/ π) =(4 x 0,0003696/3,1416) 0,5 =0,02m
0,5

O tubo terá diâmetro mínimo de 2cm.

56.11 Faixa de filtro gramada usado como pré-tratamento


Existem algumas situações em que a faixa de filtro gramada pode ser usada como pré-tratamento, como em
trincheiras de infiltração.
Tudo isto depende da área permeável e impermeável, conforme Tabela (56.8).
Quando uma Faixa de filtro gramada tem declividade maior que 2% e a área a montante é totalmente
impermeável, ela deve ter um comprimento máximo na mesma direção do fluxo da água de 23m. Tudo isto para
melhorar o tratamento e o comprimento da Faixa de filtro gramada na direção do fluxo deve ser, no mínimo, de
7,5m.

Tabela 56.8 - Guia para dimensionamento de faixa de filtro gramada para ser usado como pré- tratamento
Parâmetro Área impermeável à montante Área permeável (jardins, etc) à montante
Comprimento
paralelo ao fluxo da 11m 23m 23m 30m
água máximo de (45,7m FHWA)
entrada (m)
Declividade
máxima do Faixa <2% > 2% <2% > 2% <2% > 2% <2% > 2%
de filtro gramada
(6%)
Comprimento
mínimo do Faixa de 3,00 4,5 6,00 7,5 3,0 3,6 4,5 5,4
filtro gramada (m)
paralelo ao fluxo da
água
Fonte: Estado da Geórgia, 2001.

56.12 CIRIA, 2007


Vamos fornecer algumas informações usadas na Inglaterra e que constam no SUDS Manual da CIRIA,
2007.
• Deve ser mantido a altura máxima de água na faixa de filtro gramada de 50mm.
• A velocidade máxima do escoamento superficial deve ser menor que 0,3m/s para promover a
sedimentação e não deve ser maior que 1,5m/s para evitar erosão quando ocorre precipitações
extremas.
• Quando a grama estiver submersa podemos usar coeficiente n de Manning n=0,10 e quando a
altura for menor que a altura da grama usamos n=0,25.
• O período de retorno sugerido pela Ciria, 2007 é TR=1ano e chuva de duração de 30min.
• A altura máxima da berma deve ser de 0,30m
• A declividade máxima deve ser de 0,05m/m
• A declividade mínima deve ser 0,02m/m
• A largura mínima da faixa de filtro gramada é de 6,00m

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Capítulo 57- Filtro de areia
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Capítulo 57

Filtro de areia
“Em novembro de 1951, excesso de precipitação e altas marés no vale do rio Pó, destruíram diques, causando a
morte de 100pessoas, 30.000 vacas e prejuízo de um terço do PIB da Itália na época”.
Tucci, 2002. Inundações urbanas na América Latina.

Geotêxtil
Cidade de Franklin, 2001

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Capítulo 57- Filtro de areia
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Sumário

Ordem Assunto
Capítulo 10 - Filtro de areia
57.1 Introdução
57.2 Elementos de um filtro de areia
57.3 Tipos básicos de filtros de areia
57.4 Eficiência
57.5 Critérios de seleção
57.6 Limitações
57.7 Custo
57.8 Pré-tratamento de filtro de areia
57.9 Tubos perfurados do filtro de areia
57.10 Manutenção
57.11 Lei de Darcy
57.12 Dimensionamento dos tubos perfurados (drenos)
57.13 Filtro de areia enterrado Delaware (filtros perimétricos)

57-2
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Capítulo 57- Filtro de areia
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Capítulo 57 - Filtro de areia

57.1 Introdução
O filtro de areia é destinado ao tratamento de águas pluviais do chamado first flush e é construído
preferencialmente off-line em área onde é baixa a infiltração no solo, o lençol freático é alto e a taxa de
evaporação é elevada.
Não confundir com os filtros de areia usados em Estações de Tratamento de Água Potável e em tratamento
de efluentes de Estações de Tratamento de Esgotos.
Geralmente os filtros de areia são feitos off line a não ser os casos de estacionamentos de carros em toda a
área impermeabilizada é que usamos os filtros perimétricos que ficam enterrados.
Os filtros de areia são feitos para trabalhar em escoamento temporário, isto é, regime não contínuo, portanto
quando chove a água fica armazenada até o escoamento total e depois fica seco.
Vêm sendo empregados desde 1980 na cidade de Austin, Texas com absoluto sucesso e onde foram
executados mais de 500 filtros de areia e se espera uma vida útil duração entre 25 anos a 50 anos.
O filtro de areia possui uma camada de areia sobre o solo possibilitando a filtração das águas pluviais na
areia retendo os poluentes e o seu escoamento das águas filtradas para o sistema de águas pluviais, conforme
Figura (57.1) e Figura (57.2).

57.2 Elementos de um filtro de areia


O filtros de areia possuem quatro elementos principais:

1. Regulador de fluxo: destinado a desviar o fluxo para o tratamento WQv


2. Pré-tratamento é o local onde as folhas, sedimentos, óleos e graxas, materiais flutuantes são retidos.
3. Tratamento propriamente dito, ou seja, os filtros de areia.
4. Estrutura de saída que conduz as águas pluviais filtrada para um determinado local.

Figura 57.1 - Perfil esquemático de um filtro de areia. Notar a inclinação necessária para
armazenar o volume de águas pluviais
Fonte: Austrália, 2000.

Os filtros de areia são destinados a pequenas áreas onde a impermeabilização é muito grande e, quando
não há espaço para construí-lo, usa-se o filtro de areia enterrado.
É importante deixar sempre um pré-tratamento para evitar que venha a entupir, sendo que em filtros de areia
enterrado o pré-tratamento pode estar junto com os filtros de areia.

57.3 Tipos básicos de filtros de areia


As práticas de filtração são basicamente cinco: filtros de superfície, filtros enterrados, filtros perimétricos
(também chamado de filtros Delaware), filtros orgânicos e filtros de bioretençao.

Filtros de superfície
É o projeto mais antigo de filtro de areia, pois é construído na superfície do solo e geralmente é off-line sendo
o mais barato de todos e o mais usado, conforme Figura (57.4), (57.5), (57.6) e (57.8). Pode ser usado em área
até 4ha.
Filtros enterrados
É uma adaptação do filtro de superfície para ser enterrado em lugares onde não dispomos de espaços
conforme Figura (57.16) e Figura (57.6). E similar ao filtro de superfície, sendo construído geralmente off-line.
São mais caros que os filtros de superfície, porém requerem menos espaço sendo úteis em áreas altamente
urbanizadas.
São usados para áreas de até 0,8ha.

Filtros perimétricos

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Capítulo 57- Filtro de areia
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Usa os mesmos princípios do filtro de areia de superfície e são construídos nos perímetros dos
estacionamentos de veículos, daí receberem o nome de filtros perímetricos conforme as Figuras (57.13) e
(57.14). Ocupam pouco espaço, são feitos in-line e destinados a pequenas áreas.
São usados para áreas de até 0,8ha. São também chamados de filtros Delaware,

Filtros orgânicos
Os filtros orgânicos possuem as mesmas características dos filtros de superfície, mas entretanto o elemento
filtrante é a turfa, que é um elemento orgânico, conforme a Figura (57.3). Pode também haver uma mistura de
turfa e areia formando elementos compostos. Espera-se nos elementos orgânicos o aumento da troca
catiônica.
A área máxima deve ser de 2ha.

Filtro de bioretenção
Usa-se geralmente o período de 2 (dois) dias para escoamento tf=2dias ao invés tf=1,67dias usado no filtro
de superfície.
O coeficiente de permeabilidade K= 0,15m/dia (6,3mm/h). A altura máxima da água sobre o filtro deverá de
0,15m.
O pré-tratamento pode ser uma faixa de filtro gramada.
A área máxima para um filtro de bioretenção é de 2ha.

Os filtros de areia geralmente são construídos off line, devendo haver um dispositivo para separar a vazão
que conduz WQv para o filtro de areia e a que vai para o córrego ou a rede de drenagem mais próxima.
O pré-tratamento do filtro de areia pode ser do tipo clássico, isto é, efetuado antes do filtro de areia, ou pode
estar incorporado ao filtro de areia, como os filtros perimétricos e o filtro multicamaras.

Existem ainda os filtros multi-câmaras que é o filtro multi-câmaras é um filtro enterrado que possui
basicamente 3 câmaras. Na primeira há a deposição de sedimentos. Na segunda câmara deposita outros
elementos sólidos bem como os compostos voláteis e com hidrocarbonos, através de difusores. Na câmara final
é um filtro de areia com turfa misturada. O grande inconveniente do filtro muti-câmara é o preço excessivo.

57.4 Eficiência
A eficiência em remoção do filtro de areia de superfície conforme a cidade de Austin, 1990 in FHWA, 2004
Tabela (57.1) é a seguinte:

Tabela 57.1 - Eficiência dos filtros de areia de superfície


Sólidos totais em Fósforo total Nitrogênio total Nitrato
suspensão TN Metais
TSS TP N03
Cidade de Austin 75% 59% 44% 0 34% a 82%

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57.5 Critérios de seleção


• Os filtros de superfície podem ser aplicados a área de 0,4ha a 4ha (Estado de Massachusets, 1997) e os
enterrados até 0,8ha;
• Usado para reter a poluição difusa de áreas com partículas pequenas, como estacionamento de carros;
• Protegem a contaminação das águas subterrâneas;
• Podem ser usados para tratar o efluente de uma bacia de detenção alagada ou de um alagadiço (wetland);
• Pode ser aplicado em qualquer tipo de solo do SCS (Soil Conservation Service).

Figura 57.2 - Perfis de vários tipos de filtros de areia

Figura 57.3 - Corte de um filtro orgânico


Fonte: Cidade de Modesto, 2001.
O meio filtrante é basicamente: areia ou pedregulho (cascalho) ou turfa ou mistura dos diversos
componentes, conforme se pode ver na Figura (57.2).
Geralmente são construídos off-line e pode ser previsto uma reserva de água do volume WQv para que seja
filtrado no tempo escolhido.

57.6 Limitações
• É necessário pré-tratamento para remover o lixo e os sedimentos de grandes dimensões;
• Tem altos custos;
• Baixas vazões relativas;
• É preciso manutenção constante para que não haja entupimento;
• Pode agravar a situação à jusante se houver entupimento;

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• Filtros muito grandes em áreas residenciais não são atrativos, principalmente quando não possuem grama
na sua superfície;
• Alguns filtros de areia causam problemas de odor.

Figura 57.4 - Filtro de areia de superfície.

Figura 57.5 - Filtro de areia de superfície.


Fonte: Portland 2000
57.7 Custo
Entre 3 a 5 anos, o filtro de areia deve ser substituído e, a areia retirada tem que ser encaminhada a um
aterro sanitário, não havendo nenhum problema de produtos tóxicos nas mesmas, conforme pesquisas efetuadas
na cidade de Austin, citados por Schueler,1992.
O custo anual de manutenção de um filtro de areia é, segundo Schueler, 1992, de 5% do custo inicial da
obra. Os filtros chamados D.C. (District of Columbia) necessitam de substituição da areia de 2 em 2anos.
Segundo ASCE, 1998 não existem muitas pesquisas sobre o preço do filtro de areia, mas a variação está
entre US$ 71/m3 a US$ 221/m3 com uma média de US$ 88/m3.
O custo de um filtro de areia na cidade de Austin, Texas é de US$ 40.000/ha de área impermeável e para
área total menor que 0,8ha. Para área maior que 0,8ha o custo é de US$ 8.500/ha de área impermeável
conforme Tabela (57.2).

Tabela 57.2 - Preços de construção em dólares americanos/hectare de diversos modelos de filtros de


areia usados nos Estados Unidos.
Tipo de filtro de areia Custo em US$ / ha
Modelo Delaware, USA (filtro perimétrico) 25.000
Modelo da cidade de Alexandria, Virginia, USA 58.700
Cidade de Austin, Texas, USA (A <0,8ha) filtro perimétrico. 40.000
Cidade de Austin, Texas, USA (A >2,0ha) filtro de superfície 8.500
Washington, DC, USA 35.000
Denver, CO, USA 75.000 a 125.000
Fonte: Schueler, 1994 in ASCE, 1998.

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Figura 57.6 - Filtros de areia superficiais: Notar o pré-tratamento, o filtro de areia e a tubulação de
drenagem.
Fonte: New Jersey, 2000

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Figura 57.7 - Filtro de areia enterrado


Fonte: New Jersey, 2000

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Figura 57.8 - Típico filtro de areia perimétrico usado em estacionamento de veículos.


Fonte: New Jersey, 2003

Figura 57.9 - Esquema de filtro de areia enterrado (acima) e de superfície (abaixo).


Fonte: New Jersey. 2003

Figura 57.10 - Perfil de um filtro de areia superficial


Fonte: FHWA, 1996

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57.8 Pré-tratamento de filtro de areia


Os filtros de areia costumam receber algumas particularidades no calculo da bacia de sedimentos, ou
seja, no pré-tratamento.
Autores como Claytor e Schueler recomendam que a superfície da área seja usada a Equação de Camp-
Hazen na seguinte forma:

As= - (Qo / vs) x ln (1-E/100)

Sendo:
Qo= vazão na saída da bacia e calculada e igual a:
Qo= WQv/ td
Sendo:
td= tempo de detenção em segundos.
O valor recomendado por Claytor é que o tempo de detenção td=24h=86400s.
vs= velocidade de sedimentação da partícula (m/s).
Usualmente usa-se dois tipos de diâmetros dependendo da área impermeabilizada AI.
Assim para:
AI ≤75% 20μm vs= 0,000355 m/s
AI >75% 40 μm vs= 0,001422m/s

E= eficiência da deposição desejada (%)


Normalmente adotamos E= 90% ou 80%.
Ln= logaritmo neperiano
- ln( 1-E/100) = - ln (1- 90/100)= -ln(0,1)= 2,3

A Equação (4.2) para E= 90% ficará:

As =2,3 Qo / vs
Mas Qo= WQv/86400
As= 2,3 WQv/(86400 x vs)

Para AI≤ 75% usamos partícula de 20μm que tem velocidade vs= 0,000355m/s.
Substituindo teremos:
As= 2,3 WQv/ (86400 x vs)= 2,3 WQv/ (86400 x 0,000355) = 0,075 WQv
As= 0,075 WQv
Para AI > 75% usamos partícula de 40μm que tem velocidade vs= 0,001422m/s.
Substituindo teremos:
As= 2,3 WQv/ (86400 x vs)= 2,3 WQv/ (86400 x 0,001422) = 0,019 WQv
As= 0,019 x WQv

Observemos que usando este método obteremos valores da área de superfície dos pré-tratamento As
muito inferiores ao usado no método de Urbonas.

Exemplo 57.1
Calcular o tamanho do reservatório destinado ao pré-tratamento de um filtro de areia de superfície para
área com 2ha e AI=70%, sendo adotado o first flush P=25mm e diâmetro da partícula de 200µm.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68
WQv= (P/1000/ x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 2ha x 10.000m2= 340m3
Como a área impermeável é maior que 75% então usamos:
As= 0,075 WQv
As= 0,075 x 340 = 26m2
W= largura (m)
L= comprimento (m)
L= 3 x W

As= W x L = W x 3 x W= 3 W2= 26
W2= 26/3=8,67
W= 2,94m ≈ 3,00m
L= 3 x W= 3 x 3,00= 9,00m

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Profundidade = 0,1 WQv/ As= 0,1 x 340m3 / 26 m2 = 1,31m


Dimensões:
Largura= 3,00m
Comprimento= 9,00m
Profundidade = 1,30m

57.9 Tubos perfurados do filtro de areia


• Tubos não poderão exceder 150mm.
• Deverá ser deixado 300mm sobre a geratriz superior do tubo perfurado.
• A relação comprimento/ largura deve ser 2:1 ou maior (Portland, 2000)
• A areia deverá ter diâmetro de 0,5mm a 1mm, sendo que areia com diâmetros menores são também
aceitas.
• A camada de pedras britadas deverá ter espessura de 100mm a 150mm, sendo que o diâmetro das pedras
deverá ser de 13mm a 50mm (pedra 1, pedra 2 e pedra 3).
• A tubulação de drenagem deverá ter declividade mínima de 1%.
• Deverá haver membrana de geotêxtil (bidim) envolvendo todo o filtro da areia na parte superior, inferior e
lateral.
• O talude da caixa de areia não pode ser maior que 3:1(horizontal: vertical).
• É aconselhável que o lençol freático esteja no mínimo 0,90m distante do fundo do filtro de areia.
• O filtro de areia pode permitir a infiltração (exfiltração) parcial ou total no solo, dependendo das condições
de permeabilidade local. Em locais de alto potencial de poluição o filtro de areia deve ficar isolado do solo e
ser evitado a infiltração.
• Os tubos de PVC perfurados de 150mm devem ser assentados sobre geomembrana.
• Sobre os tubos de PVC perfurados de 150mm devemos ter no mínimo 5cm de areia.
• A camada de areia mínima é de 0,45m.
• O topo da camada de areia deve ser horizontal.
• Deverá haver uma coluna de água sobre o filtro de areia.
• À saída do filtro de areia deverá ser instalado vertedor dimensionado para período de retorno de 25anos.
• A distância máxima na horizontal dos drenos de PVC de 150mm é de 3,00m.
• A declividade mínima dos drenos é de 1% e o buraco da perfuração é de 3/8”(9,53mm).

57.10 Manutenção
• Deixar espaço para entrada de caminhões para a manutenção.
• O topo dos 100mm do filtro deve ser removido a cada seis meses. Poderá ser removido mais de 100mm se
está havendo entupimento.
• A areia contaminada removida ou outro material do filtro de areia deve ir para aterro sanitário.
• Deverá haver inspeção a cada três meses do filtro de areia e inspeção depois de cada evento..
• Se o filtro de areia vai infiltrar a água no solo, cuidados especiais deverão ser tomados durante a
escavação para não compactar o solo com máquinas pesadas e assim diminuir a taxa de infiltração do solo
(exfiltração).
• A vegetação sobre o filtro de areia não poderá exceder de 50cm.
• Quando o tempo de escoamento for maior que 36h deverá ser feito a manutenção do filtro de areia.

57.11 Lei de Darcy

Q=K x G x A (Equação 57.1)


Sendo:
Q= pico de vazão (m3/h).
K= condutividade hidráulica.
A= área da seção transversal (m2).
G= gradiente hidráulico = (h+L)/ L
L= espessura do filtro de areia (m)
hmax= altura máxima da água a contar da superfície externa do filtro (m)
h= altura da coluna de água sobre a areia (m)

Colocando-se a equação de Darcy em função da área A= Af teremos:

A= Q/ (K x G)

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Conforme Estado de Maryland, 2000 para filtração aplicando a Lei Darcy obtemos:
Af = ( WQv) df/ [ K x ( hf + df) x tf] (Equação 57.2)

Sendo:
Af= área da superfície do filtro de areia (m2)
WQv= volume para melhoria da qualidade das água pluviais (m3).
Q= vazão média no tempo= WQv / tf
G= (hf+df)/df
df= altura do filtro de areia (m) sendo: 0,45m ≤ df ≤ 0,60m
hf= altura média de água sobre o filtro de areia (m). Significa a metade da altura de água sobre o filtro de
areia. hf≤ 2,00m conforme CIRIA, 2007.
tf= tempo em dias para o dreno do filtro de areia no seguinte intervalo: 1dia ≤ tf ≤ 1,67dia. Na prática se adota
tf= 40horas, ou seja, tf= 1,67dias.
O tempo de drenagem tf varia de 24h a 48h sendo adotado na maioria dos casos tf=40h= 1,67dias.
K= coeficiente de permeabilidade ou condutividade hidráulica do elemento filtrante do filtro de areia (m/dia)
conforme Tabela (57.3). Notar que não é a condutividade do solo e sim da areia do filtro.

Tabela 57.3 Coeficiente de permeabilidade usado em filtros de areia


Elemento Coeficiente de permeabilidade
filtrante
Areia 1,05m/dia 44mm/h
Turfa/areia 0,83m/dia 35mm/h
Composto 2,61m/dia 109mm/h
Fonte: USEPA, 2002

A cidade de Austin, Texas recomenda o valor de 1,05m/dia para o coeficiente de permeabilidade K, mas o
monitoramento feito em Austin achou valores entre 0,15m/dia a 0,81m/dia com uma média de 0,45m/dia segundo
Clayton e Schueler, 1996 in Mays, 2003.

Dica: valor conservador adotado para areia K= 0,45m/dia ( 19mm/h).

Passos para o projeto do filtro de areia


1. Calcular o volume WQv
2. Calcular a área do filtro de areia Af
3. Calcular o volume mínimo de armazenamento
Vmin= 0,75 WQv
4. Calcular o volume de água que está dentro do filtro de areia
Vf= Af x df x n
Sendo: n= 0,40 (porosidade efetiva)
5. Calcular o volume de armazenamento temporário necessário em ambas as câmaras.
Vtemp= Vmin – Vf
6. Calcular a altura de volume temporário= Vtemp/ Af e verifique que esta altura é maior que 2 x hf. Caso
contrário, recalcular.

Exemplo 57.2
Dimensionar filtro de areia de superfície sendo:
Área = 2ha AI=70%. Coeficiente de permeabilidade da areia= K=0,45m/dia (19mm/h)
Altura média de água= 0,50m. Tempo de escoamento= 1,67dias
df=0,60m (altura do filtro de areia)
Rv= 0,05 +0,009 x AI= 0,05 +0,009 x 70= 0,68
Sendo o first flush P=25mm
WQv= (P/1000) x Rv x A (ha) x 10000m2= (25/1000) x 0,68 x 2(ha) x 10000m2 =340m3
Para efeito de exemplo deixamos de considerar os 25% que ficam detidos no pré-tratamento.
Considerado que iremos usar 0,75WQv no filtro de areia temos:
0,75 WQv= 0,75 x 349m3= 255m3
Adotamos hf= 0,50m (altura média da água sobre o filtro)
Af = (WQv . df )/ [K . ( hf + df) x tf]
Af = (255 x 0,60) / [0,45 x ( 0,50 + 0,60) x 1,67dia]= 185m2
Taxa= 185m2/ 2ha = 93m2/ha
Pré-tratamento

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Ver Exemplo anterior.

Volume mínimo de armazenamento no filtro de areia


Vimin= 0,75 WQv= 0,75 x 349m3= 255m3

Volume dentro da areia


Vf= Af x df x n= 185m2 x 0,60m x 0,40 = 44m3

Volume de armazenamento temporário


Vtemp= Vmin – Vf = 255m3 – 44m3 = 211m3

Altura média temporária


Altura média temporária= Vtemp/ Af = 211m3/ 185m2= 1,14m > 2 x hf= 2 x 0,50= 1,00m OK.
Como a relação comprimento/ largura é 2: 1 então teremos:
L. 2L= 185m2
L= (185/2) 0,5= 9,60m
Comprimento=2L= 19,20m
Portanto, o filtro de areia tem 9,60m de largura por 19,20m de comprimento, sendo 0,6m de altura de areia.
Sobre o filtro deverá estar reservado o volume de água WQv= 255m3
Considerando que o talude tem 3 na horizontal por 1 na vertical e sendo a base do trapézio de 7,20m e o
comprimento de 14,30m e considerando altura de água D=1,50m sobre a superfície do filtro de areia temos o
volume V conforme Figura (57.11).
V= L.W. D + (L+W) Z.D2 + 4/3 . Z2 . D3
D= 1,14m altura do nível máximo de água
V= 19,2 x 9,60 x 1,14 + (19,20+9,60) x 3 x 1,142 + 4/3 x 32 x 1,143
V=210,12m3+112,29m3+ 17,78m3 = 340m3 > 255m3 OK.

Figura 57.11 – Tronco de pirâmide cônica

Temos então 1,14m de água acima da areia para armazenar o volume WQv necessário para ir sendo filtrado
tem 1,67dias.

57.12 Dimensionamento dos tubos perfurados (drenos)

Exemplo 57.3
O volume temporário a ser reservado sobre o filtro de areia é de 297m3 com altura máxima de 1,50m.
Dividindo-se 297m3 por 15 temos 19,8m3 cada 0,10m.
K= 0,96m/dia= 0,000011m/s
A área longitudinal do filtro de areia é 103m2
Aplicando a equação de Darcy:
Q= K x G x A
Achamos para cada abaixo de 0,10m a vazão média correspondente. Para os primeiros 0,10m a vazão
média será 0,0051m3/s, ou seja, 5 L/s e para isto precisamos de 1,1h. Na Tabela (105) podemos ver que em
22,8h teremos filtrada toda a água.

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Tabela 57.4 - Processo aproximado de filtração usando a Lei de Darcy.

Área
Filtro Nível H L Gradiente Seção
areia Água hidráulico longitudinal
(m) h
2
(m) (m) (m) G=(h+L)/L (m )
Coluna
1 2 3 4 5 6

0,6 1,50 2,1 0,6 4,5 103


0,6 1,40 2,0 0,6 4,3 103
0,6 1,30 1,9 0,6 4,2 103
0,6 1,20 1,8 0,6 4,0 103
0,6 1,10 1,7 0,6 3,8 103
0,6 1,00 1,6 0,6 3,7 103
0,6 0,90 1,5 0,6 3,5 103
0,6 0,80 1,4 0,6 3,3 103
0,6 0,70 1,3 0,6 3,2 103
0,6 0,60 1,2 0,6 3,0 103
0,6 0,50 1,1 0,6 2,8 103
0,6 0,40 1,0 0,6 2,7 103
0,6 0,30 0,9 0,6 2,5 103
0,6 0,20 0,8 0,6 2,3 103
0,6 0,10 0,7 0,6 2,2 103
0,00

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Tabela 57.5 – Continuação-Processo aproximado de filtração usando a Lei de Darcy (continuação).


Tempo Volume para
Q H acumulado cada 0,10m Volume acumulado
de água
3 3 3
(m /s) (m) (h) (m ) (m )
Coluna
7 8 9 10 11

0,0051 1,1 1,1 19,8 20


0,0050 1,1 2,2 19,8 40
0,0048 1,2 3,4 19,8 59
0,0046 1,2 4,6 19,8 79
0,0044 1,3 5,8 19,8 99
0,0042 1,3 7,1 19,8 119
0,0040 1,4 8,5 19,8 139
0,0038 1,4 10,0 19,8 158
0,0036 1,5 11,5 19,8 178
0,0034 1,6 13,1 19,8 198
0,0032 1,7 14,8 19,8 218
0,0030 1,8 16,6 19,8 238
0,0029 1,9 18,5 19,8 257
0,0027 2,1 20,6 19,8 277
0,0025 2,2 22,8 19,8 297

Portanto, no início temos a vazão de 5L/s, mas como vamos por 3 tubos podemos supor que:
(5L/s) / 3= 1,67 L/s=0,00167m3/s e podemos usar tubo de 150mm com declividade de 1%, conforme a
Tabela (57.6).
Lembremos que o espaçamento máximo é de 3m e como temos 7,2m de largura do filtro, vamos colocar
duas linhas de tubo de 150mm.
Supondo:
n=0,015 concreto.
S=declividade da tubulação=0,01m/m (1%)
D= diâmetro (m)=0,15m
Q= vazão total especifica (m3/s)
Conforme Tomaz, 2002 temos:
D= [( Q. n ) / ( 0,312. S 0,5 )] (3/8)
ou
Q= [0,312 x S 0,5 x D (8/3) ]/ n

Na Tabela (57.6) estão as vazões das tubulações de concreto em função da declividade.

Tabela 57.6- Vazões em m3/s de tubulações de concreto de acordo com diâmetro interno e
declividade da tubulação em porcentagem ou m/m.
3
Vazões m /s conforme declividade em % ou m/m
D 0,50% 1,00% 1,50% 2,00% 2,50% 3,00% 3,50% 4,00% 5,00%
(m) 0,005 0,010 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,05
0,10 0,003 0,004 0,005 0,006 0,007 0,008 0,008 0,009 0,010
0,15 0,009 0,013 0,016 0,019 0,021 0,023 0,025 0,026 0,030
0,20 0,020 0,028 0,035 0,040 0,045 0,049 0,053 0,057 0,064
0,25 0,036 0,052 0,063 0,073 0,082 0,089 0,097 0,103 0,115
0,30 0,059 0,084 0,103 0,119 0,133 0,145 0,157 0,168 0,188
0,40 0,128 0,181 0,221 0,256 0,286 0,313 0,338 0,361 0,404
0,50 0,232 0,328 0,401 0,463 0,518 0,567 0,613 0,655 0,732
0,60 0,377 0,533 0,652 0,753 0,842 0,923 0,997 1,065 1,191

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Capítulo 57- Filtro de areia
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0,70 0,568 0,804 0,984 1,136 1,270 1,392 1,503 1,607 1,797
0,80 0,811 1,147 1,405 1,622 1,814 1,987 2,146 2,294 2,565
0,90 1,111 1,571 1,923 2,221 2,483 2,720 2,938 3,141 3,512
1,00 1,471 2,080 2,547 2,942 3,289 3,603 3,891 4,160 4,651

Colocamos dois tubos de 0,15m com declividade de 1%.

57.13 Filtro de areia enterrado Delaware (filtros perimétricos)


Existem vários tipos de filtros de areia enterrado como o filtro Delaware, também são chamados de filtros de
perímetro, pois são usados nos perímetros dos estacionamentos de carros conforme Figuras (57.12) a (57.14).
Contém duas câmaras básicas, sendo a primeira de sedimentação e a segunda onde está a camada de
areia. É necessário um volume adicional de armazenamento temporário das águas pluviais.
Quando não há espaço podem ser feitas várias câmaras de maneira que o filtro de areia seja subterrâneo,
com vida útil de 5 anos a 20 anos.
Os filtros de areia enterrados são para áreas impermeáveis de no máximo 0,4ha (4.000m2) e os custos
estimados variam de US$ 24.700/ha a US$ 34.600/ha.

Figura 57.12 - Filtro enterrado chamado Delaware observando-se o pré-tratamento, o filtro de areia e a câmara de descarga.
Fonte: FHWA, 2004.

Figura 57.13 - Foto de um filtro Delaware

57-16
Curso de Manejo de águas pluviais
Capítulo 57- Filtro de areia
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Figura 57.14- Filtro Delaware ou filtro perimétrico


Fonte: cidade de Modesto, 2001

A Figura (57.14) mostra a esquerda um filtro de areia de superfície e a direita um filtro de areia
perimétrico.

Figura 57.15- Filtro de areia: superfície a esquerda e filtro perimétrico a direita.


Fonte: Estado da Geórgia, 2001

57-17
Curso de Manejo de Águas Pluviais 1
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Capítulo 58- Orifícios e vertedores

Capítulo 58
Orifícios e vertedores

58.1 Introdução
Passamos a recordação de alguns conceitos usados em hidráulica.

58.2 Orifício
O orifício pode ser circular ou retangular e é calculado com a Equação:
Q= Cd x A x (2 g h ) 0,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
Cd= 0,62
A= área= π D2/4 (para orifício)
D= diâmetro (m)
g= aceleração da gravidade = 9,81 m/s2
h= altura média da lâmina de água em relação ao eixo da tubulação de saída (m)
O orifício geralmente é usado na parte inferior dos reservatórios de detenção para o
escoamento da vazão de pré-dimensionamento.

58-1
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Capítulo 58- Orifícios e vertedores

Figura 58.1- Orifício livre e submerso


Fonte: Ciria, 2007

58.3 Placa de orifícios


Quando temos uma placa de orifícios cada orifício pode ser calculado separadamente.

Figura 58.2- Placa de orifícios


Fonte: CIRIA, 2007
A equação para o calculo da vazão conforme CIRIA, 2007 é a seguinte:
Q= Cp x (2xAp/ 3x Hs) x (2g) 0,5 x H 1,5
Sendo:
Q= vazão de descarga no orifício (m3/s)
Cp= coeficiente de descarga para perfuração= 0,61
Ap= área da seção transversal de todos os orifícios (m2)
Hs= distancia de S/2 acima da linha de orifício mais alta até S/2 da linha de orifício mais baixa (m)
S=distância entre os orifícios (m)
H= altura da carga de água (m)

Figura 58.3- Placa de orifícios


Fonte: CIRIA, 2007

58-2
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Capítulo 58- Orifícios e vertedores

Figura 58.4- Placa de orifícios protegida para pequenos lagos


Fonte: CIRIA, 2007

58.4 Vertedor circular


Conforme Tomaz, 2002 o vertedor circular em parede vertical tem a Equação:
Q= 1,518 x D 0,693 x H 1,807
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
D= diâmetro (m)
H= altura da lâmina de água (m).
O vertedor circular geralmente é usado para a descarga da vazão centenária Q100.
Na Tabela (58.20) temos tabelado a aplicação da Equação acima.

58.5 Vertedor retangular


O vertedor retangular pode ser de perfil tipo Creager ou de parede espessa tem a Equação:
Q=µ x L x H (2gH) 0,5
Como (2g) 0,5= 4,43 e parede espessa µ = 0,35.
Q= 4,43 x 0,35x L x H 1,5
Q= 1,55x L x H 1,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
L= largura do vertedor retangular (m)
H= altura da vertedor a contar da soleira (m).

Diâmetro de saída
Supondo:
n= 0,015 concreto.
S= declividade da tubulação (m/m)
D= diâmetro (m)
Q= vazão total especifica (m3/s)
Conforme Tomaz, 2002, temos:

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Capítulo 58- Orifícios e vertedores

D= [( Q. n ) / ( 0,358. S 0,5 )] (3/8)


ou
Q= [0,312 x S 0,5 x D (8/3)]/ n
Na Tabela (58.1) estão as vazões das tubulações de concreto em função da declividade.

Tabela 58.1 - Vazões em m3/s de tubulações de concreto de acordo com diâmetro interno e declividade da tubulação.
D 0,50% 1% 1,50% 2% 2,50% 3% 3,50% 4% 5%
(m) 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,05

0,15 0,009 0,013 0,016 0,019 0,021 0,023 0,025 0,026 0,030
0,20 0,020 0,028 0,035 0,040 0,045 0,049 0,053 0,057 0,064
0,25 0,036 0,052 0,063 0,073 0,082 0,089 0,097 0,103 0,115
0,30 0,059 0,084 0,103 0,119 0,133 0,145 0,157 0,168 0,188
0,40 0,128 0,181 0,221 0,256 0,286 0,313 0,338 0,361 0,404
0,50 0,232 0,328 0,401 0,463 0,518 0,567 0,613 0,655 0,732
0,60 0,377 0,533 0,652 0,753 0,842 0,923 0,997 1,065 1,191
0,70 0,568 0,804 0,984 1,136 1,270 1,392 1,503 1,607 1,797
0,80 0,811 1,147 1,405 1,622 1,814 1,987 2,146 2,294 2,565
0,90 1,111 1,571 1,923 2,221 2,483 2,720 2,938 3,141 3,512
1,00 1,471 2,080 2,547 2,942 3,289 3,603 3,891 4,160 4,651

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Capítulo 58- Orifícios e vertedores

58.6 Ciria, 2007


O SUD Manual da CIRIA, 2007 apresenta a Figura (58.5) onde aparecem varias equações
aproximadas de vários vertedores.

Figura 58.5- Equações aproximadas de descargas para vários tipos de vertedores

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Capítulo 58- Orifícios e vertedores

58.7 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8

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Capitulo 59- Wetland construída para melhoria da qualidade das águas pluviais
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Capítulo 59
Wetland construída para melhoria da qualidade das águas pluviais

Os tipos de microorganismos encontrados em água subterrânea são: protozoários, fungos, bactérias e


vírus. Já foram achadas bactérias a 2,8km de profundidade.
Loring F. Nies e Vivek Kapoor in The Handbook of groundwater engineering.

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Capitulo 59- Wetland construída para melhoria da qualidade das águas pluviais
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Sumário
Ordem Assunto
Capítulo 59- Wetland construída para melhoria da qualidade das águas pluviais
59.1 Introdução
59.2 Estado atual do conhecimento humano sobre wetlands
59.3 Tipos de wetlands de superficie livre para melhoria da qualidade das águas pluviais
59.4 Eficiência de uma wetland construída para melhoria da qualidade das águas pluviais
59.5 On-line ou off-line
59.6 First flush
59.7 Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv
59.8 Freeboard (borda livre)
59.9 Vida útil da obra
59.10 Orifício
59.11 Vertedor retangular
59.12 Tempo de esvaziamento
59.13 Método Racional
59.14 Período de retorno
59.15 Intensidade da chuva
59.16 Tempo de concentração pela fórmula de Kirpich
59.17 Tempo de concentração pela fórmula California Culverts Practice
59.18 Vazão média e carga
59.19 Vazão Q 7,10
59.20 Extravasor normal e de emergência
59.21 Recarga de aquífero
59.22 Eficiência da remoção no pré-tratamento
59.23 Dissipador de energia
59.24 Regulador de fluxo
59,25 Fração do runoff que vai para a BMP
59.26 Critérios de Projeto
59.27 Pré-tratamento
59.28 Custo de manutenção
59.29 Aspectos importantes do projeto
59.30 Solo organic
59.31 Macrófitas aquáticas
59.32 Importância das macrófitas aquáticas
59.33 Densidade dos pedúnculos das plantas
59.34 Espécies dominantes em wetland de superfície
59.35 Biomassa
59.36 Decomposição
59.37 Deposição de sedimentos
59.38 Perifíton
59.39 Mosquitos
59.40 Espécies exóticas invasoras
59.41 Área de superfície
59.42 Canal de wetland
59.43 Recomendações da CIRIA, 2007 com adaptações
59.44 Taludes
59.45 Softwares
59.46 Relação comprimento/largura da wetland
59.47 Relação comprimento/largura no pré-tratamento da wetland
59.48 Assoreamento da wetland no pré-tratamento
59.49 Ressuspensão
59.50 By pass
59.51 Tempo de detenção em wetland
59.52 Taxa de carga hidráulica q
59.53 Equação de Kadlec e Wallace, 2009 para wetlands
59.54 Carga de poluentes em águas pluviais
59.55 Estimativa da carga de poluentes pelo Método Simples de Schueler, 1987

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59.56 Previsão da performance das wetlands


59.57 Modelo K-C* de Kadlec e Knight, 1996
59.58 Modelo w-C* de Kadlec e Wallace, 2009
59.59 Infiltração
59.60 Modelo TIS
59.61 Balanço Hídrico I
59.62 Método da analise do custo da vida útil que é chamado Life-cycle cost analysis (LCCA)
59.63 Revestimento
59.64 Balanço Hídrico II
59.65 Multiplicador
59.66 pH
59.67 Toxicidade
59.68 Evapotranspiração
59.69 Temperatura da água na wetland
59.70 Benefícios extras
59.71 Streeter-Phelps
59.72 Performance do NT
59.73 Cálculo usando o número da curva CN
59.74 Resolução Conama 357/05
59.75 Reúso
59.76 Regionalização hidrológica
59.77 Bibliografia e livros consultados

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Apresentação

As wetlands construídas são escavações feitas no solo onde temos água e plantas e
são usadas para a melhoria da qualidade das águas pluviais, para um polimento ou
tratamento de esgotos.
Os estudos sobre as wetlands construída vem se atualizando de tal maneira que
impressiona os próprios especialistas.
A wetland devem ser tratada à parte, pois, nela não se aplica a equação de Manning e
nem de Streeter-Phelps relativas a rios e lagos.
Ainda não há um state of art da wetland construída no mundo, existindo um pouco de
empirismo e algumas equações.
Este novo texto sobre wetland construída destina-se basicamente a melhoria da
qualidade das águas pluviais com algumas informações sobre wetlands destinada ao
polimento e tratamento de esgotos.

Guarulhos, 20 de outubro de 2009

Engenheiro Plinio Tomaz

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Capítulo 59- Wetland construída para melhoria da qualidade das águas pluviais

59.1 Introdução
A definição da EPA (Environmental Protection Agency) e do U. S. Army Corps of
Engineers (USACE) desde 1970 é a seguinte:
Wetlands são áreas que estão inundadas ou saturadas na superfície ou na água
subterrânea numa freqüência ou duração suficiente e sob condições normais de suportar uma
vegetação típica adaptada para a vida em solo saturado. As wetlands incluem as várzeas,
pântanos, mangues e outros similares.
As funções importantes das wetlands nos ecossistemas conforme Salati, 2003 são:
1. Capacidade de regularização dos fluxos de água, amortecendo os picos de
vazão
2. Capacidade de modificar e controlar a qualidade das águas
3. Importante na função da reprodução e alimentação da fauna aquática.
4. Proteção à biodiversidade como área de refúgio da fauna terrestre.
5. Controle da erosão, evitando o assoreamento dos rios.

A primeira patente existente nos Estados Unidos sobre wetland data de 1901 do
inventor Cleophas Monjeau e se tratava de uma wetland de fluxo vertical. No Brasil a primeira
wetland foi construída por Salati em 1984 na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
onde foi executado um lago construída nas proximidades do córrego altamente poluído do rio
Piracibamirim na cidade de Piracicaba, São Paulo.
Existem wetlands naturais e construídas.
Não vamos tratar aqui de wetlands naturais e sim de wetland construídas.
As wetlands construídas podem ter duas finalidades básicas:
• Wetland para melhoria da qualidade das águas pluviais conforme Figura (59.4)
• Wetland para tratamento ou polimento de esgoto sanitário conforme Figura
(59.1)

As wetlands para tratamento de esgotos podem ser de três tipos básicos:


• Wetlands construídas para polimento de esgoto ou melhoria da qualidade das
águas pluviais com superfície livre (FWS= free water surface)
• Wetlands construídas para tratamento de esgoto subsuperficial horizontal
(HSSF= horizontal subsurface flow) conforme Figura (59.2)
• Wetlands construídas para tratamento de esgotos de fluxo vertical (VF= vertical
flow) conforme Figura (59.3)

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Figura 59.1- Wetland construída de superfície livre (FWS) para tratamento de esgoto terciário típica
(polimento)

Na Figura (59.1) temos um tratamento primário por sedimentação e após o tratamento secundário que
pode ser uma lagoa ou lodo ativado. A wetland de superficie livre (FWS) fará o polimento do tratamento, isto é, o
tratamento terciário.

Figura 59.2- Wetland construída subsuperficial horizontal (HSSF) para tratamento de esgotos

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Figura 59.3- Wetland construída de fluxo vertical (VF) para tratamento de esgoto

Figura 59.4- Wetland de superfície para melhoria da qualidade das águas pluviais (FWS)

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Figura 59.5- Wetlands construídas de superfície livre (FWS)

Neste trabalho somente estudaremos as wetlands construídas de superfície livre para


melhoria da qualidade das águas pluviais.
Em wetland para melhoria das águas pluviais usamos dentre outros os parâmetros:
• DBO,
• TSS,
• PT,
• NT,
• Pb,
• Cu e
• Zn.
Em wetland para tratamento de esgotos usamos entre outros os parâmetros:
• DBO,
• TSS,
• NH4,
• TN,
• TP,
• Coliformes fecais

59.2 Estado atual do conhecimento humano sobre wetlands


Scott D. Wallace, co-autor do livro Treatment wetland de Kadlec e Wallace com
segunda edição publicada em julho de 2009, salientou em uma palestra sobre wetlands
construídas que a tecnologia das wetlands construídas ainda está em desenvolvimento e
muitos mecanismos fazem parte de uma espécie de caixa preta onde ainda não foi possivel
quantificar.

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O estado de arte atual das wetlands construídas pode ser considerado semi-empírico,
com algumas equações e pesquisas efetuadas e muitas informações práticas.
Vamos definir alguns conceitos que são usados em wetlands.
First order kinetics, ou seja, movimento cinético de primeira ordem significa que a
taxa de remoção do poluente é diretamente proporcional a concentração remanescente no
ponto da wetland que se está estudando.
As teorias de misturas aplicadas a wetland podem ser: reator de mistura completa,
onde a concentração é a mesma do efluente em qualquer parte do reator e a mistura
chamado plug flow, em que a concentração no reator decresce ao longo do caminho do
reator. A mistura denominada plug flow é a mais adequada às wetlands construídas,
Há três maneiras básicas de se calcular uma wetland construída para tratamento de
esgotos:
• Método prático (empíricos) que ainda são usados em muitos países, como a Inglaterra
e Estados Unidos;
• Método de Reed e
• Método de Kadlec e Knight.

Para wetland construída destinada a melhoria da qualidade das águas pluviais existe:
• Método semi-empírico de Schueler, 1987 e
• Equações de Duncan, 1998 que servem para dimensionar a wetland construída.
• Modelo mais sofisticado de Kadlec e Wallace, 2009 denominado modelo TIS de
primeira ordem.

A diferença básica entre o modelo de Reed e o de Kadlec e Knight, 1996, é que Reed usa
equações volumétricas dependente da temperatura, enquanto que Kadlec e Knight, 1996
usam sistema baseado na área da superfície da wetland e somente há influência da
temperatura na remoção de nitrogênio.
As taxas usadas por Kadlec e Knight, 1996 se referem a wetlands construídas de
superfície livre nos Estados Unidos. Foram construídas sem usar o conceito de primeira
ordem da aproximação do plug flow. O uso destas taxas em aplicação global ainda é um
problema para sua aplicação e cuidados devem ser tomados.
Neste trabalho não iremos discutir o modelo de Reed e sim o de Kadlec e Knight, 1996
com as alterações propostas pelo próprio Kadlec no seu livro Kadlec e Wallace, 2009.

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59.3 Tipos de wetlands de superficie livre para melhoria da qualidade das águas
pluviais
Existem quatro tipos básicos de wetlands de superfícies livres para a melhoria da
qualidade das águas pluviais e que podem algumas vezes controlar enchentes:

• Wetland rasa:
As wetlands rasas podem ter profundidades que variam de 0 a 0,15m(wetland rasa) e
de 0,15m a 0,45m (wetland pouco rasa). Necessitam de área de bacia maior que 10ha, pois é
necessário aumentar o tempo de detenção e de contato conforme Figura (59.6).

• Wetland com detenção estendida ED: possuem além da parte rasa e média uma
parte profunda e possibilitam que o nível da água seja aumentado de maneira que em
24h volte ao nível normal. Isto provocará uma área inundável e que depois ficará seca
conforme Figura (59.9). A área mínima da bacia deve ser de 10 ha. Tais wetland são
feitas on line e possui o inconveniente de termos mais altura da barragem devido não
só ao reservatório temporário, mas para enchente de 25 anos e enchente máxima de
100anos (vazão centenária). Kadlec e Wallace, 2009 apontam o inconveniente de
tais wetlands, pois com a inundação freqüente acima de 0,90m de altura, as
plantas emergentes como a Typha não sobreviverão

• Wetland funda: possui além das partes rasas e médias uma parte funda com objetivo
de requerer menos espaço que a wetland rasa. Necessita de área maior que 10ha.

• Mini-wetland: são para bacias maior que 4ha, mas para funcionarem bem devem ser
escavadas abaixo do nível do lençol freático para garantir um abastecimento de água
subterrâneo. Este tipo de wetland é problemática em épocas de secas prolongadas,
pois elas funcionam muito ligadas ao escoamento superficial e é difícil manter a
vegetação em secas prolongadas conforme Figura (59.10).

Figura 59.6- Esquema de uma wetland construída salientado-se o pré-tratamento e a lagoa de


saída.

Na Figura (59.6) observar:


• Área total abrangida pela wetland
• Pequena barragem com rip-rap na saída
• Pré-tratamento na entrada e pequeno reservatório na saída
• Partes de profundidades variadas de rasas a média.
• Vegetação emergente.

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Figura 59.7-Exemplo de Wetland construída para melhoria da qualidade das águas pluviais.
Fonte: Denver.

Figura 59.8- Perfil esquemático de uma wetland construída desde o pré-tratamento até o final.
Fonte: FHWA, 2004.

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Figura 59.9- Planta esquemática de uma wetland construída desde o pré-tratamento até o final com detenção estendida ED.
Fonte: Estado de Massachusetts, 1997.

Figura 59.10- Planta esquemática de uma mini-wetland construída


Fonte: Estado de Massachusetts, 1997.

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59.4 Eficiência de uma wetland construída para melhoria da qualidade das águas
pluviais
Vamos nos basear em pesquisas entre 20 wetlands construídas para melhoria das
águas pluviais para áreas urbanas conforme Kadlec e Wallace, 2009 que estão na Tabela
(59.1) onde aparece a mediana das eficiências.
Em wetlands construídas para melhoria da qualidade das águas pluviais vamos nos
basear em três parâmetros básicos que são:
• TSS (sólidos totais em suspensão): redução de 68%
• TP (fósforo total): redução de 41%
• TN (nitrogênio total): redução de 30%.

Tabela 59.1-Mediana da eficiência em áeras urbanas de wetland construída para melhoria da


qualidade das águas pluviais
Estudo TSS TP TN
Kadlec e Wallace, 68 41 30
2009
Fonte: adaptado de Kadlec e Wallace, 2009

No que se refere a metais como cádmio, cobre, chumbo, níquel e zinco os dados estão
as medianas das reduções na Tabela (59.2) e resultam também de wetlands existentes em
áreas urbanas conforme Kadlec e Wallace, 2009.
Tabela 59.2- Redução de metais em área urbanas em wetland construídas para melhoria da
qualidade das águas pluviais
Metais Redução (%)
Cd 71
Cu 49
Pb 74
Ni 39
Zn 60
Fonte: Kadlec e Wallace, 2009

Concentração irredutível C*
A redução dos poluentes em wetlands possuem um limite, abaixo do qual é
praticamente impossível a redução. Trata-se das concentrações irredutíveis, que
apresentamos na Tabela (59.3) para melhoria da qualidade das águas pluviais e tratamento
de esgotos.
Tabela 59.3- Concentrações irredutíveis em tratamento de esgotos e na melhoria das águas
pluviais em mg/L.
Parâmetros da Tratamento de esgotos Tratamento de esgotos Melhoria da qualidade
qualidade da água (Kadlec e Knight, 1996) (Reed, 1995) das águas pluviais
Sólidos totais em 2 a 15 8 20 a 40
suspensão (TSS)
Fósforo total (TP) 0,02 a 0,07 0,5 0,15 a 0,2
Nitrogênio total (NT) 1,0 a 2,5 1,0 1,9
Nitrato- nitrogênio 0,05 0,00 0,7
TKN 1,0 a 2,5 1,0 1,2
Fonte: Article 65 Technical Note #75 from Watershed protection Techniques 2(2):369-372.

Em wetlands para tratamento de esgotos, as plantas soltam materiais particulados e


dissolvidos que ficam na coluna de água e são chamados de background concentration de
nome C* (concentração irredutível) de maneira que sempre haverá material em suspensão.
Kadlec e Wallace, 2009 apresentam na Tabela (59.4) alguns valores comuns.

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Capitulo 59- Wetland construída para melhoria da qualidade das águas pluviais
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Tabela 59.4- Valores de C* (concentração irredutível) conforme Kadlec e Wallace, 2009 para
wetland destinadas a tratamento de esgotos
Parâmetro Carga leve Carga pesada
DBO5 (mg/L) 2 10
TSS (mg/L) 2 15
Nitrogênio orgânico (mg/L) 1 3
Amônia (mg/L) <0,1 <0,1
Nitrogênio oxidado (mg/L) <0,1 <0,1
Fosforo total (mg/L) <0,01 0,04
Coliformes fecais (NMP/100mL) 10 a 50 100 a 500

TP 0,01
TN 1,5
DBO 2

Os mecanismos de remoção dos contaminantes em wetland construídas estão


resumidos na Tabela (59.5).

Tabela 59.5- Mecanismos de remoção dos contaminantes em wetland construídas


Contaminantes Processos de remoção
Material orgânico Degradação biológica, sedimentação, tratamento pelos micróbios
medido como DBO
Contaminantes Adsorção, volatilização, fotossíntese, degradação biótica e
orgânicos abiótica de pesticidas, por exemplo.
Sólidos em suspensão Sedimentação, filtração.
Nitrogênio Sedimentação, nitrificação/ desnitrificação, tratamento com
micróbios, tratamento com plantas, volatilização.
Fósforo Sedimentação, filtração, adsorção, tratamento de plantas e de
micróbios.
Patogênicos Morte dos patogênicos, sedimentação, filtração, predação, UV
degradação, adsorção.
Metais pesados Sedimentação, adsorção, tratamento com plantas.
Fonte: adaptado de Mitchell, 1996 in Cidade de Auckland, 2001

59.5 On-line ou off-line


Uma wetland construída é off-line, quando é previsto um desvio da água de excesso
que vai para o curso de água mais próximo, sendo esta a melhor situação.
Caso seja on-line não há desvio da água. Tudo dependerá da situação local.
O importante é construir a wetland em local onde não haja inundações para a
vegetação não ser destruída.
Quando uma wetland está on line se usa todo o runoff que denominamos por Q
(m3/ano), mas quando a wetland é off line usamos como runoff o valor Q multiplicado por 0,85
ou por 0,90.
Runoff (m3/ano)= Q (m3/ano) x 0,85
É importante salientar que em caso da escolha de on line e off line, não deverá ser
esquecido os picos de vazão. Assim em uma bacia de 100ha a wetland sendo off line irá para
mesma cerca de 4,9m3/s e caso seja feita on line irá a vazão de pico de 32m3/s para vazão de
Tr=100anos.. Deveremos ter então cuidados especiais no pré-tratamento para o vertedor da
vazão centenária de 32m3/s.
Uma outra observação é a variação de nível da wetland. Há enorme controvérsia a
respeito, sendo que alguns autores recomendam que o nível permanente não deve subir mais
que 0,40m para proteger as macrófitas aquáticas. Outros que recomendam

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sobrelevação máxima de 0,90m e alguns chegam até 1,50m. É consenso comum que a
água temporária não seja detida mais que 24h para proteção das macrófitas.

59.6 First flush


Conforme Schueler, 1987 o valor do first flush é obtido com 90% das precipitações que
produzem runoff e que acarretam deposição de 80% dos sólidos em suspensão.
Nos estudos que fizemos para a cidade de Mairiporã na RMSP o first flush foi P=25mm.
Portanto, os primeiros 25mm de precipitação são desviados para o tratamento e o restante
enviado ao curso de água próximo.
O FHWA dos Estados Unidos adota para o first flush o mínimo de 13mm sendo que as
cidades e estados possuem o seu critério de cálculo.
Para os Estados Unidos o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)-
Green Building admite os seguintes valores:
P=25mm para regiões úmidas
P= 19mm para regiões do semi-árido
P=13mm para regiões áridas.
Observar na Tabela (59.6) que a regra dos 90% de Schueler, 1987 corresponde a
período de retorno de 3 meses. Para período de retorno de seis meses a altura de chuva é
33mm e para 98% temos o período de retorno de 1 ano. Algumas cidades e países adotam o
período de retorno de 3 meses e como vemos na Tabela (59.6) coincide com a teoria de
Schueler, 1987. A grande dificuldade no Brasil é acharmos para cada cidade a precipitação
para período de retorno de 3 meses devido a falta de dados disponíveis de chuvas diárias
com mais de 20anos de duração.

Tabela 59.6- Estimativa de freqüências e respectivas alturas de chuva conforme período de retorno
Porcentagem de Altura de chuva
todas as precipitações Período (mm)
de retorno Mairiporã,
Estado de São Paulo
30 7 dias -
50 14 dias 2
70 Mensal 7
85 2 meses 18
90 3 meses 25
95 6 meses 33
98 1 ano 50
99 2 anos 57

First flush para reservatório de detenção estendido segundo Akan


Akan e Paine, in Mays, 2001 mostraram estimativa do first flush P em função da fração
da área impermeável e de um coeficiente “ar” que dependente do tempo de detenção de 12h
até 48h.
A equação foi criada em 1998 pela American Society of Civil Engineers para áreas até
100ha e para reservatórios de detenção estendido.
P= ar x P6 x ( 0,858xI3 – 0,78 x I2 + 0,774 x I + 0,04)
Sendo:
P=first flush (mm)
I= área impermeável em fração (0 a 1)
ar= 1,104 para detenção de volume por 12h
ar= 1,299 para detenção de volume por 24h. Pode ser interpolado entre 24h e 48h somente.
ar= 1,545 para detenção de volume por 48h

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P6= precipitação média de um dia para período de retorno de 6meses


Para a cidade de Mairiporã na RMSP P6=33mm.

Exemplo 59.1
Calcular o first flush para a RMSP com precipitação média diária de período de retorno para 6
meses de 33mm, área impermeável de 70% para detenção com volume em 24h de
reservatório de detenção estendido.
P= ar x P6 x ( 0,858xI3 – 0,78 x I2 + 0,774 x I + 0,04)
ar=1,299
P= 1,299x 33 x ( 0,858x0,73 – 0,78 x 0,72 + 0,774 x0,7 + 0,04)=21mm

59.7 Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais WQv


Segundo Schueler, 1987 o volume para a melhoria da qualidade das águas pluviais é
calculado pelas equações:
WQv= (P/1000) x Rv x A
Rv=0,05+0,009 x AI
Sendo:
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)
P=first flush (mm)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
AI= área impermeável (%)
A= área da bacia (m2)

Volume permanente
Em uma wetland devemos ter dois volumes, sendo um permanente e outro temporário.
O volume permanente da wetland geralmente é o volume WQv calculado ou as vezes
algumas cidades adotam 2 x WQv.

Volume temporário
O volume temporário mais usado é 1x WQv, mas pode ser usado também 0,5 x WQv.

Tempo de esvaziamento do volume temporário


O tempo de esvaziamento do volume temporário WQv varia de 12h até 72h sendo o
usual 24h.

Dica: recomendamos que o esvaziamento do volume WQv seja de 24h.

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59.8 Freeboard (borda livre)


Borda livre: é a distância vertical entre o nível de água máximo maximorum e a crista
da barragem. É uma faixa de segurança destinada a absorver o impacto de ondas geradas
pela ação dos ventos na superfície do reservatório, evitando danos e erosão no talude de
jusante (DAEE,2005).
Geralmente é representado pela letra “f” e no caso de pequenas barragens deve ser
no mínimo de 0,50m.

Tabela 59.7- Recomendações do DAEE São Paulo para barramentos de pequenas obras
Dimensões: Período de retorno
Altura da barragem = h(m) (anos)
Comprimento da crista da barragem = L
(m)
h≤5m e L≤200m 100anos

5m < h ≤ 15m e L≤ 500m 1.000anos

h >15m e ou L>500m 10.000 anos ou PMP


Borda livre =f= desnível entre a crista e o nível máximo maximorum
f≥0,50m
PMP= precipitação máxima provável
Fonte: DAEE. 2005

59.9 Vida útil da obra


A vida útil de um reservatório de uma wetland construída pode chegar até 50anos,
entretanto nos estudos de custos considera-se somente 20anos de vida útil

59.10 Orifício
O orifício é calculado pela equação
Q= Cd x Ao x (2gh)0,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
Cd=0,62
Ao= área da seção transversal do orifício (m2)
g= 9,81m/s2 = aceleração da gravidade
h= altura da água sobre a geratriz superior do orifício (m)

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Figura 59.11- Orifício com grade de proteção contra entupimento


Podemos ter a saída com um único tubo ou tubo com vários orifícios.

Figura 59.12- Orifício com grade de proteção contra entupimento

Figura 59.13- Orifício com grade de proteção contra entupimento

59.11 Vertedor retangular


Conforme DAEE, 2005 o vertedor retangular pode ser de perfil tipo Creager ou de parede
espessa tem a equação:
Q=µ x L x H (2gH) 0,5
Como (2g) 0,5= 4,43 e parede espessa µ = 0,35.
Q= 4,43 x 0,35x L x H 1,5
Q= 1,55x L x H 1,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)

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L= largura do vertedor retangular (m)


H= altura da vertedor a contar da soleira (m).

59.12 Tempo de esvaziamento


É importante saber o tempo de esvaziamento de um reservatório que é o tempo de
residência devendo ser maior que 24h e menor que 72h.
O tempo de esvaziamento depende da altura inicial y1 e altura final y2 e área da
superfície As.
t= [2 . As . (y1 0,5 - y2 0,5 )] / [Cd . Ao .(2.g ) 0,5]
Cd=0,62
y1=altura inicial (m)
Ao= π x D2/4 (m2 )
As=área da superficie (m2)
t= tempo de esvaziamento (s)
y2=altura final (m)
g= 9,81m/s2= aceleração da gravidade

59.13 Método Racional


É usado para calcular a vazão de pico de bacia com área até 3 km2, considerando uma
seção de estudo. A chamada fórmula racional é a seguinte:
Q= C . I . A /360 (Equação 59.1)
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C= coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1.
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha). 1ha= 10.000m2 .

Tabela 59.8- Coeficientes de runoff recomendados pelo Leed


Tipo de superfície Coeficiente Tipo de superfície Coeficiente
C C
Pavimento asfáltico 0,95 Gramado em região plana (0 a 1%) 0,25
Pavimento de concreto 0,95 Gramado com declividade média (1 a 3%) 0,35
Pavimento de tijolos 0,85 Gramado em região montanhosa ( 3 a 10%) 0,40
Pavimento de pedregulho 0,75 Gramado em região com alta declividade 0,45
(>10%)
Telhados convencionais 0,95 Vegetação em região plana (0 a 1%) 0,10
Telhado verde (<100mm) 0,50 Vegetação em região com declividade média 0,20
(1 a 3%)
Telhado verde (100 a 0,30 Vegetação em região montanhosa ( 3 a 10%) 0,25
200mm)
Telhado verde (225 a 0,20 Vegetação em região com alta declividade 0,30
500mm) (>10%)
Telhado verde (> 500mm) 0,10

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A Prefeitura Municipal de São Paulo (Wilken,1978) adota os seguintes valores de C:

Tabela 59.9-Valores do coeficiente de escoamento superficial C da Prefeitura Municipal de


São Paulo
Tempo de
Zonas Valor de entrada
C (min)
Edificação muito densa:
Partes centrais, densamente construídas de uma cidade com ruas e calçadas 0,70 a 5
pavimentadas. 0,95
Edificação não muito densa:
Partes residenciais com baixa densidade de habitações, mas com ruas e 0,60 a 5
calçadas pavimentadas 0,70
Edificações com poucas superfícies livres:
Partes residenciais com construções cerradas, ruas pavimentadas. 0,50 a 5
0,60
Edificações com muitas superfícies livres:
Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 0,25 a 5
0,50
Subúrbios com alguma habitação:
Partes de arrabaldes e suburbanos com pequena densidade de construção 0,10 a 5 a 10
0,25
Matas, parques e campos de esportes:
Partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques ajardinados,
campos de esportes sem pavimentação. 0,05 a 5 a 10
0,20
Fonte: Wilken, 1978 acrescido do tempo de entrada

59.14 Período de retorno


Período de retorno (Tr) é o período de tempo médio que um determinado evento
hidrológico é igualado ou superado pelo menos uma vez.
É comum em obras de microdrenagem em cidades ou loteamentos usar-se período de
retorno de 10anos. Entretanto, em São Paulo é comum se adotar Tr=25anos. Na Inglaterra
adota-se 30anos para microdrenagem devido a mudanças climáticas.
Para ao controle da erosão a jusante é recomendado período de retorno entre 1 a
2anos, sendo provado pelos especialistas que o período de retorno está entre 1,5anos e
2anos e podemos usar o valor Tr=1,87anos achado por Tucci ou adotar simplesmente
Tr=2anos. Quando se faz o controle da erosão a jusante o tempo de detenção da água deverá
ser de 24horas.
Quando a wetland construída for on line deverá ser verificado vazões para período de
retorno de: 10anos ou 25anos ou 100anos.
Quando a wetland construída for off line, mesmo assim deverá ser dimensionado o
vertedor para Tr=2anos. Apesar das inúmeras pesquisas que efetuamos não achamos
nenhuma recomendação a respeito, mas supondo haver entupimento parcial na caixa
reguladora de fluxo, a favor da segurança deverá ser usado período de retorno de 2anos para
o cálculo do vertedor quando somente optamos pela melhoria da qualidade das águas
pluviais.
Em barragens temos que prever um vertedor de emergência geralmente
dimensionado para período de retorno de 100anos, que é a chamada vazão centenária e isto
vale para barragens com altura menor ou igual 5,00m. Para barragens com altura de 5m a

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15m adota-se período de retorno de 1000anos e quando tiver altura maior que 15,00m adota-
se Tr=10.000anos, conforme recomendações do DAEE que está na Tabela (59.9).

59.15 Intensidade da chuva


Intensidade (I ou i) é a precipitação por unidade de tempo, obtida como a relação I= P /
t, se expressa normalmente em mm/h ou mm/min.

Equação de Paulo S. Wilken para RMSP (Região Metropolitana de São Paulo)


1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
0,89
( t + 15)
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
tc= t=duração da chuva (min).

Equação de Martinez e Magni,1999 para a RMSP.


I = 39,3015 (t + 20) –0,9228 +10,1767 (t +20) –0,8764 . [ -0,4653 – 0,8407 ln ln ( T / ( T - 1))]
Para chuva entre 10min e 1440min
Sendo:
I= intensidade da chuva (mm/min);
t= tempo (min);
ln= logaritmo neperiano
T= período de retorno (anos), sendo 1<T≤ 200 anos

Dica: para transformar mm/min em L/s x ha multiplicar por 166,7


Dica: para transformar mm/h em L/s x ha multiplicar por 2,78
Observar que as equações de intensidades de chuva apresentadas não são definidas
para período de retorno Tr=1ano. Caso se necessite de período de retorno Tr=1anos devemos
proceder de outra maneira, como da Tabela (59.1) que corresponde a 98% das precipitações.
Como geralmente não dispomos de todas as informações necessárias, não se adotada
período de retorno igual a 1ano.
Outra observação é que podemos extrapolar a Equação de Martinez e Magni, 1999
para período de retorno de 1000anos.

Aplicação do programa Pluvio2.1


O programa Plúvio 2.1 foi desenvolvido pelo GPRH (Grupo de Pesquisa em Recursos
Hídricos) do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (DEA -
UFV) e funciona desde 2005.
O programa PLUVIO2.1 é encontrado no site: www.ufv.br/dea/gprh/softwares.htm

K . Tra
I =------------------------ (mm/h)
c
( t + b)
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
K,a,b,c= parâmetros que depende da localidade
Tr = período de retorno (anos);
t= duração da chuva (min).
Usando o programa Pluvio2.1 para o município de Guarulhos no Estado de São Paulo
encontramos:

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Latitude: 23º 27´ 46”


Longitude: 46º 32´00”

K=1988,645
a=0,111
b=20,449
c=0,839
1988,645. Tra
I =------------------------ (mm/h)
( t + 20,449)0,839

Para cada localidade acharemos coeficientes K, a, b e c.

59.16 Tempo de concentração pela fórmula de Kirpich


Outra fórmula muito usada é de Kirpich elaborada em 1940. Kirpich possui duas
fórmulas, uma que vale para o Estado da Pennsylvania e outra para o Tennessee, ambas dos
Estados Unidos. Valem para pequenas bacias até 50ha ou seja 0,5km2 e para terrenos com
declividade de 3 a 10%.
Segundo Akan,1993, a fórmula de Kirpich é muito usada na aplicação do Método
Racional, principalmente na chamada fórmula de Kirpich do Tennessee.
No Tennessee, Kirpich fez estudos em seis pequenas bacias em áreas agrícolas perto
da cidade de Jackson. A região era coberta com árvores de zero a 56% e as áreas variavam
de 0,5ha a 45ha. As bacias tinham bastante declividade e os solos eram bem drenados
(Wanielista et al.,1997).
A equação de Kirpich conforme Chin, 2000 é a seguinte:

Tennessee tc= 0,019 . L0.77/ S0,385 (Equação 59.2)


Sendo:
tc= tempo de concentração (min);
L= comprimento do talvegue (m);
S= declividade do talvegue (m/m).
Segundo (Porto, 1993), quando o valor de L for superior a 10.000m a fórmula de Kirpich
subestima o valor de tc.
Segundo Chin,2000 p. 354 a equação de Kirpich é usualmente aplicada em pequenas
bacias na área rural em áreas de drenagem inferior a 80ha (oitenta hectares).

Exemplo 59.2
Calcular as vazões de pico na RMSP para tempo de concentração no pós-desenvolvimento de
16min em área de bacia de 100ha para períodos de retorno variando de 1,87anos a 100anos.

Tabela 59.10- Vazões de pico para RMSP em área de A=100ha, C=0,59 e tc=16min
Tr  tc  I    A  Q 
(anos)  (min)  (m/h)  C=0,59  (ha)  (m3/s) 
1,87  16  92,1  0,59  100  15,10 
2  16  93,3  0,59  100  15,28 
5  16  110,1  0,59  100  18,04 
10  16  124,8  0,59  100  20,45 
25  16  147,3  0,59  100  24,14 
50  16  167,0  0,59  100  27,37 
100  16  189,3  0,59  100  31,03 

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Exemplo 59.3
Usar a Equação (47.4) de Kirpich para o Tennessee para achar o tempo de concentração tc
sendo dados L=200m e S=0,008m/m em uma bacia sobre asfalto.
tc= 0,019 . L0.77/ S 0,385 = 0,019 . 200 0,77 / 0,008 0,385 = 7,38min
Como o escoamento da bacia é sobre asfalto devemos corrigir o valor de tc
multiplicando por 0,4. Portanto:
tc= 0,4 x 7,38min = 2,95min, que é o tempo de concentração a ser usado.

DICA sobre Kirpich: a fórmula de Kirpich foi feita em áreas agrícolas em áreas até 44,8 ha ou
seja 0,448 km2 com declividades de 3% a 10%.
O tempo de concentração da fórmula de Kirpich deve ser multiplicado por 0,4 quando o
escoamento na bacia está sobre asfalto ou concreto e deve ser multiplicado por 0,2 quando o
canal é de concreto revestido (Akan,1993 p. 81).
Chin, 2000 sugere que a equação de Kirpich deve ser multiplicada por 2 quando o
escoamento superficial for sobre grama natural e multiplicar por 0,2 quando a superfície do
canal for de concreto e multiplicar por 0,4 quando a superfície do escoamento superficial for
de concreto ou asfalto.

Kirpich
A fórmula de Kirpich pode-se ainda apresentar em outras unidades práticas como as
sugeridas pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica de São Paulo.

Kirpich I: tc= 57 . (L3/H) 0,385


Kirpich II tc= 57. (L2/S)0,385
Sendo:
L= comprimento do curso (km)
H= diferença de cotas (m)
S= declividade equivalente (m/km)
tc= tempo de concentração (min)
A declividade equivalente é obtida da seguinte maneira:
j1= ΔH1/L1
j2= ΔH1/L2
j3= ΔH1/L3
P1= L1/ j10,5
P2= L2/ j20,5
P3= L3/j3 0,5
Δh= diferença de nível em metros
L= comprimento em km
L= L1 + L2 + L3 +...
S= [ L / (P1+P2+P3...)] 2

59.17 Tempo de concentração pela fórmula Califórnia Culverts Practice


A grande vantagem desta fórmula é a fácil obtenção dos dados, isto é, o comprimento
do talvegue e a diferença de nível H (Porto,1993). Geralmente é aplicada em bacias rurais
para áreas maiores que 1km2.

Dica: A fórmula Califórnia Culverts Practice é recomendada pelo DAEE para pequenas
barragens.

tc= 57 . L1,155 . H-0,385 (Equação 59.3)


Sendo:

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tc= tempo de concentração (min);


L= comprimento do talvegue (km);
H= diferença de cotas entre a saída da bacia e o ponto mais alto do talvegue (m).

Exemplo 59.4
Calcular tc com L=0,2 km e H=1,6 m
tc= 57 x L1,155 x H-0,385 =57 x 0,21,155 / 1,60,385 = 3,46min
Portanto tc=3,46min
A velocidade será V= L/ tempo = 200m/ (3,46min x 60s) =0,96m/s

59.18 Vazão média e carga


Existem várias maneiras de calcular a vazão média e como considerar a carga h. Vamos
exemplificar baseado nos estudos feitos na GEÓRGIA, 2001.
Seja um reservatório de qualidade da água WQv= 5.000m3 e com altura de 1,20m desde o
nível inferior até o nível de água para o controle de erosão. Vamos supor também que tempo
de detenção seja de 24h.
Método 1
Primeiramente achar a vazão média:
24h= 86.400s
Qmédio= WQv/ 86.400s = 5.000m3/86400s= 0,058m3/s

Para achar o diâmetro do orifício devemos usar a equação do orifício.


Q= Cd . A (2.g.h) 0,5
Cd= 0,62
h= 1,20/2 = 0,60m (média)
A= Q/ [Cd . (2.g.h) 0,5] = 0,058/ [ 0,62 . (2. 9,81. 0,60) 0,5 ] = 0,027m2
A= π x D2/ 4
D= (4.A/ π) 0,5= (4x0,027/ π) 0,5 =0,20m
Portanto, o orifício tem diâmetro de 0,20m. Recomenda-se diâmetro mínimo de 75mm para
evitar um entupimento.
Outra maneira é usar a vazão máxima:

Método 2
Q máximo= 2 . Qmédio = 2x 0,058= 0,116m3/s
Aplicar a equação do orifício, mas usando o valor h= 1,20m e não a sua metade.
A= Q/ [Cd . (2.g.h) 0,5] = 0,116/ [ 0,62 . (2. 9,81. 1,20) 0,5 ] = 0,0387m2
D= (4.A/ π) 0,5= (4x0,0387/ π) 0,5 = 0,22m. Adotado D= 0,25m

59.19 Vazão Q7,10


Q7,10 significa vazão de 7 dias consecutivas em 10 anos. A representação também pode
ser 7Q10 muito usada nos Estados Unidos.
O método Q7,10 apareceu nos Estados Unidos em meados dos ano 70, pois foi exigido
em projetos para evitar o problema de poluição dos rios. No estado da Pennsylvania foi
exigido para áreas maiores que 1,3km2 e a vazão mínima usada foi de 1 L/s x Km2 que era a
vazão necessária na bacia para o fluxo natural da água. Se a vazão fosse menor que Q7,10
haveria degradação do curso de água.
O método Q7,10 não possui nenhuma base ecológica.
Portanto, na origem da criação do Q7,10 tinha como função o recebimento de descargas
de esgotos sanitários. Mais tarde houve mudança de significado do método Q7,10 passando a
refletir a situação do habitat aquático e do habitat na região ribeirinha ou seja a zona riparia.

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No Estado de São Paulo na maioria das cidades o DAEE exige que seja preservada a
vazão Q7,10.
É importante lembrar que quando fazemos uma wetland off line é deixar sempre o
escoamento da vazão base para que sempre haja água para não morrerem as macrófitas.

59.20 Extravasor normal e de emergência


No reservatório de wetland estendida, isto é, para absorver impactos de enchentes,
teremos os extravasores normais para período de retorno de 10anos ou 25anos e extravasor
de emergência para o período de retorno de 100anos dependendo da altura da barragem no
caso em que aliamos a melhoria da qualidade das águas pluviais com controle de enchentes.
Recomenda-se que a altura do vertedor para a chuva dos 100anos esteja 0,30m acima
do nível de água para os 100anos.

59.21 Recarga de aqüífero


A wetland para a melhoria da qualidade das águas pluviais será feita para melhorar a
recarga e dependendo da qualidade das águas pluviais deverá ser construído camada de
argila impermeabilizante com mínimo de 0,30m de espessura. Em wetland destinada a
tratamento de esgotos não deverá haver recarga para não contaminar o lençol freático e neste
caso o revestimento deve ser feito com argila impermeável ou com material plástico
adequado.
O nível do lençol freático deverá estar no mínimo 1,00m a 1,50m abaixo do fundo da
wetland.

59.22 Eficiência da remoção no pré-tratamento


Para a eficiência vamos mostrar a conhecida equação de Fair e Geyer, 1954:
η= 1 – [( 1+ Vs/ (n x Q/As)] –n
Sendo:
η= eficiência dinâmica da deposição para remoção de sólidos em suspensão (fração que varia
de 0 a 1)
Vs= Velocidade de sedimentação (m/s). Adotamos Vs=0,0139 m/s para partículas 125µm.
n=fator de turbulência de Fair e Geyer, 1954 para “boa performance”. Adotamos n=3.
Q= vazão no reservatório (m3/s). Geralmente é a vazão de saída de pré-desenvolvimento.
As= área da superfície do reservatório (m2)
hA = profundidade do reservatório (m)

Exemplo 59.5
Calcular a eficiência do pré-tratamento para detenção de partículas iguais ou maiores que
125µm sendo WQv=14.750m3.
Volume do pré-tratamento = 0,1 x WQv= 0,1 x 14.750m3= 1.475m3
Vazão que chega ao pré-tratamento com regra dos 5 min
Qo= 1475m3/ (5min x 60s)= 4,9m3/s
Velocidade de sedimentação para partículas iguais ou maiores que 125µm adotada é:
Vs= 0,0139m/s
As= Qo/ Vs
Sendo:
As= área da superfície do pré-tratamento (m2)
Qo= vazão que entra no pré-tratamento (m3/s)
Vs= velocidade de sedimentação (m/s) da partícula escolhida.

As= Qo/ Vs
As= 4,9/0,0139=326m2

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Profundidade escolhida:
Devido a problemas de afogamento de crianças na água é conveniente que a
profundidade seja menor ou igual a 1,60m.
Então teremos:
h x As= 0,1x WQv
1,60 x As= 0,1 x WQV= 1475m3
As= 1475/1,60=922m2 >> 326m2 OK
Portanto, a área da superfície é 922m2 com profundidade de h=1,60m.

A relação ideal é comprimento/largura= L/ W =3:1.


Largura= W
Comprimento =L=3W
(3W) x W= 922m2
W2= 922/3
W=17,5m
L=3 x W= 3 x 17,5= 52,5m

Cálculo da eficiência na remoção dos sedimentos


η= 1 – [( 1+ Vs/ (n x Q/As)] –n
n=3
η= 1 – [( 1+ 0,0139/ (3 x 4,9/922)] –3
η= 1 – 0,15=0,85
Portanto, a eficiência é de 85%

59.23 Dissipador de energia


Instalar dissipador de energia, como por exemplo, rip-rap na entrada do reservatório do
pré-tratamento da wetland para evitar erosão.
Peterka, 2005 elaborou para o United States Bureau of Reclamation diversos modelos
de dissipadores de energia e mostramos o mais usado que é o Tipo VI do USBR.

Bacia de dissipação Tipo VI do USBR com método de Peterka, 2005


Vamos usar o método de Peterka, 2005 e observemos novamente que a Tabela (59.11)
corresponde às indicações da Figura (59.14). Não confundir!

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Figura 59.14- Dissipador de energia Tipo VI


Fonte: Peterka, 2005

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Usamos a Tabela (59.11) que foi feita por Peterka, 2005 para velocidade de
3,6m/s da água na entrada.
Tabela 59.11- Dimensões básicas do dissipador de impacto Tipo VI USBR para velocidade
de 3,6m/s
Diâmetro Vazão W H L a b c d e f tw tf tp K d50
3
(m) (m /s) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)

0,40 0,59 1,7 1,24 2,20 0,83 0,83 0,83 0,28 0,14 0,28 0,15 0,17 0,15 0,08 0,10
0,60 1,08 2,0 1,46 2,60 0,98 0,98 0,98 0,33 0,16 0,33 0,15 0,17 0,15 0,08 0,18
0,80 1,67 2,6 1,91 3,40 1,28 1,28 1,28 0,43 0,21 0,43 0,15 0,17 0,18 0,08 0,22
0,90 2,41 2,9 2,14 3,80 1,43 1,43 1,43 0,48 0,24 0,48 0,18 0,19 0,20 0,08 0,23
1,00 3,25 3,2 2,36 4,20 1,58 1,58 1,58 0,53 0,26 0,53 0,20 0,22 0,23 0,10 0,24
1,20 4,27 3,5 2,59 4,60 1,73 1,73 1,73 0,58 0,29 0,58 0,23 0,24 0,25 0,10 0,27
1,30 5,41 4,1 3,04 5,40 2,03 2,03 2,03 0,68 0,34 0,68 0,25 0,27 0,25 0,10 0,30
1,50 6,68 4,4 3,26 5,80 2,18 2,18 2,18 0,73 0,36 0,73 0,28 0,29 0,28 0,15 0,33
1,80 9,59 5,0 3,71 6,60 2,48 2,48 2,48 0,83 0,41 0,83 0,30 0,32 0,30 0,15 0,36

Como a velocidade normalmente é diferente então temos que fazer que achar o
diâmetro equivalente a velocidade de 3,6m/s.
Para o cálculo do diâmetro com a seção plena é necessário
A=3,1416xD2/4 usar a velocidade de 3,6m/s conforme Geórgia, 2005.
Q= A x V
V= 3,6m/s
Q=A x 3,6
A=Q/3,6
Q/3,6=PI x D2/4
Como temos o valor de Q achamos o valor de D.

Exemplo 59.6- para o caso de Peterka, 2005


Calcular uma bacia de dissipação Tipo VI com vazão de pico de águas pluviais com 4,0m3/s
que vem de uma determinada área com desnível de h=4,0m.
Devemos verificar primeiro a velocidade se não é maior que 9m/s.
Cálculo da velocidade teórica
V= (2 x g x h) 0,5
h=4,5m
V= (2 x 9,81 x 4,0) 0,5=8,9m/s <9m/s OK
Q=4,0m3/s< 9,3m3/s OK
Diâmetro equivalente para velocidade de 3,6m/s
Q= A x V
V= 3,6m/s
Q=A x 3,6
A=Q/3,6=4,0m3/s/3,6=1,11m2
A=PI x D2/4
1,11m2=3,1416 x D2/4
D=1,20m
Entrando na Tabela (59.11) com o diâmetro D=1,20m achamos as dimensões que são:
W=3,5m
H=2,59m
L=4,60m

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a=1,73
b=1,73
c=1,73m
d=9,58
e=0,29
f=0,58
tw=0,23
tf=0,24
tp=0,25
K=0,10
d50=0,27m
As rochas para o rip-rap deverão ter 0,27m de diâmetro.

Figura 59.15 Esquema do dissipador de energia denominado Tipo VI


Fonte: Peterka, 2005

Peterka, 2005 apresenta tabela com tubos variando de 0,40m a 1,80m e das
dimensões básicas a serem usadas, sendo importante notar que os cálculos foram feitos para
velocidade 3,6m/s usando a equação da continuidade Q=A x V.

Rip-rap
Após o Basin tipo VI com redução de energia por impacto ainda temos velocidade na
saída do dissipador de energia e portanto é necessário na transição com o canal natural que
se faça um rip-rap.
Segundo Geórgia, 2005 a largura do rip-rap é W=4,04m e o comprimento mínimo do
rip-rap é W sendo o mínimo de 1,5m.
A profundidade do rip-rap é f=W/6= 4,04/6=0,67m
O diâmetro médio da rocha é W/20=4,04/20=0,202m
A declividade dos taludes é 1,5: 1.

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59.24 Regulador de fluxo


No dimensionamento de uma BMP achamos o volume para melhoria da qualidade das
águas pluviais denominado WQv.
O volume de pico de vazão de uma bacia pode ser dividido em duas partes: uma
destinada ao volume WQv e outra desviada e encaminhada ao rio ou lago mais próximo. A
estrutura para separar os dois fluxos chama-se regulador de fluxo.
Quando o volume WQv está fora do fluxo dizemos que o mesmo está off line e, caso
contrário, on line, conforme se pode ver na Figura (59.16).
O dispositivo chamado regulador de fluxo pode ser usado basicamente:
• vertedor e
• orifício.
O encaminhamento do volume destinado ao WQv pode ser uma tubulação ou um canal
gramado ou canal de concreto. Da mesma maneira a água excedente, isto é, aquela que não
vai para o BMP, vai para o córrego mais próximo, através de tubulações, canais gramados ou
revestidos conforme Figura (59.20) que recebe o nome de tubo paralelo.
Dica: o regulador de fluxo deve ser calculado pelo menos para período de retorno
de 25anos.

Figura 59.16- Reservatório on-line e off-line


Fonte: Georgia, 2001
Nas Figuras (59.16) e (59.17) podemos ver o regulador de fluxo mais usado. O diâmetro
da tubulação que vai para a bacia de detenção destinada à qualidade da água, tem diâmetro
suficiente para passar a vazão do WQv. Devemos observar que os reguladores de fluxo
devem sempre facilitar o escoamento da vazão base.
Notar na figura o vertedor de altura H em relação ao fundo da tubulação de entrada,
sendo que esta deverá ser a altura na tubulação que vai para a BMP.

Figura 59.17 - Separação automática de fluxo (regulador de fluxo)


Fonte: Estado da Virginia, 1996

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Figura 59.18 - Regulador de fluxo com separação automática

Exemplo 59.7
Seja uma bacia com A=100ha, AI=60% P=25mm
WQv= 14.750m3
0,1WQV= 1.475m3
Pré-tratamento precisamos de 1.475m3
Vazão que vai para o pré-tratamento
Qo= 0,1WQv/ (5min x 60s)= 1475m3/ (5 x 60)= 4,9m3/s

Dado: tempo de concentração no pós-desenvolvimento = 16min


Para Tr=100anos
1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
1747,9 . 1000,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89

4022,7
I =------------------------ =189,3mm/h
( 16 + 15)0,89

Q= C . I . A /360
Q100pos= 0,59x 189,3x100/360= 31,02m3/s

Canal de concreto que chega até a caixa reguladora


Declividade =0,005m/m
V= (1/n) x R(2/3) x S 0,5
R=raio hidráulico (m)
R= Área molhada/perímetro molhado
Área molhada = A=B xH

P= B + 2H

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R= A/B
n= 0,015 para concreto
V= (1/n) x R(2/3) x S 0,5
Q= A x(1/n) x R(2/3) x S 0,5
31,02= BxH x(1/n) x [(BxH)/(B+2H)](2/3) x 0,005 0,5
Por tentativas achamos:
B= 4,00m H=1,73m Qmax= 31,02 m3/s OK
Área molhada = A=4,00 x 1,73m= 6,94m2
V= Q/A = 31,02/ 6,94= 4,5m/s < 5m/s OK
Altura do nível de água = 1,50/2 + 0,30= 1,05m
Orifício
Q= Cd x Ao x (2 .g . h) 0,5
3
Q=4,9m /s
Cd=0,62
g= 9.81m/s2
h=2,37m
Q= Cd x Ao x (2 .g . h) 0,5
4,9= 0,62 x Ao x (2 x 9,81x1,05) 0,5
4,9= 2,81x Ao
Ao=1,74m2
Ao= PI x D2/4
D=(Ao x 4/PI)0,5
D=(1,74 x 4/3,1416)0,5
D=1,48m
Adoto D=1,50m
Altura da água = 1,73m
Profundidade da caixa = 1,50m + 0,30= 1,80m
Folga=1,00m
Altura total com folga = 1,00 + 1,73m= 2,73m
Então teremos uma caixa com 4,0 x 4,0m e 2,73m de altura.
.
Fórmula de Manning para tubos a seção plena.
Calcular o diâmetro sendo S=0,005m/m, n=0,015 para concreto.
D=[( Q. n ) / (0,312 . S 0,5)] 3/8
D=[( 4,9 x 0,015 ) / (0,312 x0,0050,5)] 3/8
D=1,57m
Podemos pois aumentar um pouco a declividade para termos tubo de D=1,20m e para
isto por tentativas achamos S=0,014m/m.

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Figura 59.19- Caixa reguladora de fluxo

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Na Figura (59.19) temos os chamados tubos paralelos, que é o desvio da água que não
vai para a wetland e vai para o rio ou córrego.

Figura 59.20 - Tubos paralelos

Na Figura (59.21) temos um regulador de fluxo onde se usa somente de orifícios.

Figura 59.21 – Poço de visita com saída para o “first flush”. É um regulador de vazão.

As Figuras (59.21) e (59.22) mostram regulador de vazão executado em poço de visita. Observar
que o tubo para qualidade de água está em nível inferior.

Figura 59.22 – Poço de visita com saída para o “first flush”. É um regulador de vazão.
http://www.metrocouncil.org/environment/Watershed/BMP/CH3_STFlowSplitters.pdf

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59.25 Fração do runoff que vai para a BMP


Para a RMSP supomos que o first flush é P=25mm, que corresponde a 90% das
precipitações anuaís que produzem runoff.
Nos estudos que fizemos das precipitações na cidade de Mairiporã para o período de
1958 a 1995 achamos que se admitirmos o first flush de 25mm serão encaminhados para a
BMP 85% do total do runoff, mas que 15% não passarão pelo tratamento e se encaminharão
diretamente aos rios e córregos. Não consideramos a água aderente a superfícies e que não
produz runoff e que é de aproximadamente 1mm.
Portanto, a fração runoff tratado é K=0,85.
Dica: vai para o tratamento (BMP) 85% e não passa pelo tratamento 15%. Quando
não se têm dados admitimos que 85% vão para a BMP e 15% vai direto para os cursos
de água.
R = P x Pj x Rv
VR= (R/1000) x A
VRBMP= K x VR
Sendo:
R= runoff (mm/ano)
VR= volume de runoff (m3/ano)
VRBMP= volume de runoff que vai para a BMP (m3/ano)
A= área da bacia (m2)
K= fração do runoff que vai para a BMP

59.26 Critérios de projeto


• Área maior que 10ha. Para mini-wetland pode-se admitir área maior que 4ha desde
que a mesma seja feito dentro do lençol freático a fim de garantir a vazão base.
• Solo tipo C e D do Soil Conservation Service. Para solos tipo A e B do SCS precisamos
de impermeabilização
• Não se aplica a declividades na bacia maiores que 8%.
• Necessita de área para a wetland de 1% a 5% da área da bacia.
• Diferença de nível entre a entrada da wetland e a saída deve ser de 0,90m a 1,50m.
• A distância mínima do lençol freático é de 0,60m, na pior situação.
• A profundidade máxima da wetland é 1,50m.
• Deve-se calcular o tempo de formação de uma brecha bem como a vazão de pico para
classificarmos os riscos da barragem que será feita.
• As estradas de acesso devem ter largura mínima 3,6m e declividade máxima de 15%.
• A forma da wetland deve ser a mais irregular possível maximizando a distância entre a
entrada e a saída das águas pluviais.
• No inicio da wetland tem que haver um pré-tratamento e no final um reservatório
pequeno com 0,90m a 1,80m de profundidade para facilitar a saída das águas pluviais
e não haver entupimento.
• Pode-se prever volume no reservatório para se prevenir contra enchentes de período
de retorno de 25anos ou 10anos,
• Deve-se prever vertedor para vazão para Tr=100anos.
• Deve existir uma vazão de base da bacia para manter a wetland. O balanço hídrico é
importantíssimo para uma wetland para que não fique sem água em época de seca.
Deverá ser verificada as perdas por evaporação.
• Declividades máxima das margens da wetland é 4 (H): 1 (V)
• Tempo de detenção do reservatório temporário deve ser maior que 24h

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• A declividade de uma wetland deve ser menor que 1%.


• Na equipe de projeto deve haver além de hidrologistas, outros especialistas na área da
poluição, biologia etc.
• A velocidade na wetland de ser menor que 0,03m/s
• Borda livre de 0,30m.
• Deverá haver uma faixa gramada de no mínimo 7,5m beirando a wetland.
• O escoamento deverá ser distribuído uniformemente pela seção transversal da lagoa.
• As plantas a serem usadas nas wetlands deverão seguir os requisitos dos
engenheiros agrônomos ou arquitetos.
• A ótima profundidade para o desenvolvimento de plantas emergentes está abaixo de
0,15m.
• Os pernilongos são comuns em wetlands e deve ser criadas condições que não sejam
atrativas, ou seja, que não conduzam ao desenvolvimento das larvas. Deve-se evitar
áreas estagnadas para que as fêmeas não botem os ovos. Existem animais que
comem os pernilongos adultos e existem peixes que comem as larvas. O controle dos
pernilongos com inseticidas e outros agentes devem ser evitados, devido ao problema
de os mesmos serem adsorvidos pela matéria orgânica. O tratamento químico também
não deve ser usado devido ao risco de contaminação.
• As wetlands deverão ser monitoradas para acompanhar o seu funcionamento e deve
ser corrigido alguma erosão e o crescimento de vegetação indesejável.
• O pré-tratamento consome 10% do volume para melhoria da qualidade das águas
pluviais WQv, ou seja, 0,1WQv que pode ou não ser descontado do volume total.
• O volume de detenção estendida ED pode passar de 50% do WQv e a altura não
poderá passar de 0,90m do nível permanente para não matar as plantas.
• Uma wetland deve ficar distante de um poço raso no mínimo a 15m e 3m de uma
divisa.
• Segundo Akan um projeto de uma wetland leva de 24h a 48h de trabalho técnico.
• Conforme Embrapa, 2002 o controle dos mosquitos em uma wetland com macrófitas
pode ser feito com inseticida biológico granulado desenvolvido pela Embrapa Recursos
Genéticos que não afeta peixes e nem as plantas aquáticas, monitorando a presença
de Aedes aegypti e outros mosquitos e moscas.
• A densidade de mosquitos em uma wetland natural e numa wetland construída é
praticamente a mesma e variam de 212 a 1337 mosquitos/m3.
• Os mosquitos viajam de 1 a 5km de distância da wetland.
• As carpas mexem no fundo da wetland e fazem com que o TSS efluente aumente de
10mg/L até 20 mg/L e a solução encontrada quando isto ocorreu foi a retirada das
carpas (Cyprinus carpio).
• Os pássaros são atraídos pelas wetlands e não causam problemas.

Na Figura (59.23) podemos ver uma wetland no meio da cidade de Vitória, Austrália.

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Figura 59.23-Exemplo de Wetland construida em área urbana em Vitória, Austrália.

Tabela 59.13- Recomendações de wetlands construídas para melhoria da qualidade das águas pluviais

Linha 1- A relação mínima entre o comprimento da wetland e a largura é no mínimo 2: 1 não


sendo ideal escolher forma rígida de suas dimensões, como retangulares, por exemplo,
devendo, portanto na medida do possível ser imitada a natureza, mas sempre dando
condições para que o fluxo da água circule.

Linha 2- A detenção estendida é o volume 0,5WQv, ou seja, 50% do volume necessário para
a melhoria da qualidade da água e que é descarregado em pelo menos 24horas. Quando
chove o volume sobe e depois vai descendo até chegar ao volume permanente da wetland.
Observar que a wetland tipo rasa da coluna 2 não precisa de detenção estendida, pois é muito
rasa e a wetland tipo rasa com detenção estendida ED da coluna 3 necessita de se prever
este volume variável. Para as outras opções de wetland funda e mini-wetland é opcional ter-se
a detenção estendida ED.

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Linha 3- Nesta linha estão alocados os volume necessários para atender WQv em
porcentagem. Assim na Coluna 2 são necessário 25% de volume reservado para a área
funda, 75% para a área rasa e zero porcentagem para a área estendida.

Linha 4- Nesta linha estão alocados uma estimativa das áreas ocupadas pela superfície das
wetlands. Assim a wetland funda da coluna 4 estão alocados 45%/25%/25%/5% o que quer
dizer que está reservado para a parte funda de 45% da área, 25% para a parte média, 25%
par a parte rasa e 5% para a parte variável com detenção estendida ED.

Linha 5- O pré-tratamento é indispensável numa wetland, pois os sólidos grosseiros, lixos, etc
deverão ficar retidos antes de serem lançados na wetland.

Linha 6- É sempre necessário que se faça um pequeno reservatório imitando a natureza e


este reservatório deverá estar na saída da água para fora da wetland.

Linha 7- A estrutura de saída pode ser um vertedor ou usar o tubo com declividade reversa,
isto é, aquele tubo onde a entrada de água está em nível inferior a saída. É comum o uso do
tubo sem válvulas e com declividade reversa em tais tipos de obras.

Figura 59.24- Tubo sem válvulas com declividade reversa usado para escoamento da wetland.
Fonte: Cidade de Auckland 2001.

Austrália
Conforme Melbourne Water, 1999 uma classificação das áreas de acordo com a turbidez do efluente e
da geologia é apresentada na Tabela (59.14).

Tabela 59.14- Áreas das várzeas em porcentagem e qualidade da água de entrada e geologia
Qualidade da água de entrada e geologia macrófitas emergentes Agua aberta
Várzea Várzea Várzea Várzea Várzea
efêmera rasa funda submersa funda
0 (0 a 200mm) (200mm a 400mm) (400mm a 900mm) (900mm a 1200mm)

1-Turbidez elevada, argilas silúricas e solos 10 35 30 20 5


graníticos e basálticos e áreas com argila.
2-Turbidez média, predomínio de siltes 5 30 40 15 10
3-urbidez baixa, solos basálticos com pouca argila 5 15 50 20 10
4-Solos arenosos <5 5 60 20 10
5-Solos basálticos e com pouca salinidade <5% 15% 60 10 10
Fonte: Constructed Wetland Systems. Design Guidelines for Developers. Melbourne Water, 1999

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Tabela 59.15- Predomínio de macrófitas em solos silúricos, graníticos, basálticos e áreas com argila para
servir de exemplo
Profundidade 04m a 0,90m
Área submersa da wetland Potamageton crispus
Potamageton ochreatus
Wallisneria americana
Recomendado: 2 plantas/m2

Área funda Profundidade 0,2m a 0,4m


Eleocharis sphacelata
Schoenoplectus tabernaemontani
Triglochin procerum
Recomendado: 4 plantas/m2

Área rasa Profundidade: 0,0m a 0,2m


Baumea articulata
Bolbochoenus medianus
Schoenoplectus tabernaemontani
Recomendado: 6 plantas/m2

Wetland efêmera Temporariamente inundada


Carex apressa
Carex gaudichaudiana
Juncus amabilis
Recomendado: 6 plantas/m2
Fonte: Constructed Wetland Systems. Design Guidelines for Developers. Melbourne Water, 1999

Em Melbourne, Austrália se recomenda que com as macrófitas a serem plantadas 70%


sejam nativas e somente 30% sejam de outras espécies.
Recomenda-se ainda as espécies nativas a serem plantadas de acordo com o tipo de
solo e de acordo com a profundidade da água na wetland. No Brasil ainda não temos
recomendações a respeito.

59.27 Pré-tratamento
O pré-tratamento é importantíssimo para o bom funcionamento de uma wetland O volume
do pré-tratamento varia de 10% a 15% de WQv, sendo o mais usual usar 0,10WQv.
A velocidade deve ser menor que 0,25m/s para não causar erosão.
As dimensões recomendadas entre o comprimento/largura do pré-tratamento é no mínimo
2:1 sendo de preferência usado a relação 3:1.

59.28 Custo de manutenção


O custo de manutenção anual de uma wetland varia de 3% a 5% do custo da
construção segundo a EPA. Segundo Kadlec e Wallace, 2009 o custo anual de manutenção
e operação é de US$ 2.000/ ha.

59.29 Aspectos importantes do projeto


É muito importante assegurar que as vegetações que estarão na wetland tenham água
para a sua sobrevivência nos intervalos das chuvas. Às vezes é necessário que se faça uma
impermeabilização do solo usando um geotêxtil ou argila.
Deve ser verificado se existe ou não vazão base contínua e o nível da água na lagoa.

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59.30 Solo orgânico


Não é obrigatório colocar-se na wetland que se está construindo solo orgânico. Porém
o mesmo é recomendado para facilitar o crescimento da vegetação e que impede também a
presença de plantas indesejáveis que vão competir com a vegetação que previmos. O solo
orgânico melhora a remoção de fósforo.
A espessura de solo orgânico varia de 15cm a 30cm podendo chegar até 40cm
conforme Kadlec e Wallace, 2009.
O solo orgânico escolhido geralmente é um solo nativo próximo e nele ficarão as raízes
das plantas.
Algumas vezes é necessário adicionar 10cm de material orgânico ao solo perfazendo
0,1m /m2.
3

O uso de solo orgânico adquirido de outro local custará aproximadamente US$ 25/m3.

Solo
Um bom projeto deve prever o uso de argila próxima ao local para evitar a exfiltração.
A escolha do solo é importante. Níveis altos de alumínio, cálcio ou ferro são bons para a
remoção de fósforo.

Exemplo 59.8
Considerando uma wetland foi calculada para 1.200m3 e que escolhemos uma wetland tipo
rasa com volume variável ED. Alocar os volumes necessários.
Primeiramente achamos o volume para o pré-tratamento:
Volume de pré-tratamento= 0,1 WQV= 0,1 x 1200= 120m3
Portanto o volume que sobrou foi:
WQv- 0,1 WQv= 1200m3- 120m3= 1.080m3
Como escolhemos a wetland da coluna 3 da Tabela ( 59.5) temos na linha 3: 25/25/50
25% é para a parte funda= 0,25 x 1080m3= 270m3
25% é para a parte rasa= 0,25 x 1080m3= 270m3
50% é para o volume variável, isto é, a detenção estendida ED= 0,50 x 1080m3=
540m3.
Total= 1080m3

Exemplo 59.6
Considerar que uma wetland tem área de 2000m2 e que escolhemos uma wetland tipo rasa
com volume variável ED. Alocar as áreas necessárias.

Como escolhemos a wetland da coluna 3 da Tabela (59.12) temos na linha 4: 10/35/45/10


10% é para a parte funda= 0,10 x 2000m2= 200m2
35% é para a parte média= 0,35 x 2000m2= 700m2
45% é para a parte rasa=0,45x2000m2=900m2
10% é para o volume variável, isto é, a detenção estendida ED= 0,10 x 2000m2=
200m2.
Total= 2000m2

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59.31 Macrófitas aquáticas


A vegetação é necessária nas wetland construídas para diminuir a velocidade e fazer o
tratamento das águas pluviais. Daí ser importante o papel das macrófitas aquáticas no
ecossistema, termo este criado somente em 1938 por Weaner e Clements in Esteves, 1998.
Deverá ser usado espécies de plantas locais.
Deverá ser criado áreas de refúgios como ilhas para facilitar a vida silvestre.
As macrófitas aquáticas (macro=grande, fita=planta) são vegetais que durante a sua
evolução passam do ambiente terrestre para o aquático. Incluem-se os vegetais que variam
desde macroalgas como o gênero Chara, até angiosperma, como o gênero Typha, conforme
Esteves, 1998.
Os principais grupos das macrófitas aquáticas conforme Esteves, 1998 são:

• Macrófitas aquáticas emersa: que são plantas enraizadas no sedimento e com


folhas fora d´água. Elas crescem em solo saturado ou submerso onde o lençol
freático está 0,50m abaixo do superfície do solo e onde o sedimento é coberto com
aproximadamente 1,50m de água conforme Kadlec e Wallace, 2009. Exemplo:
Typha, Pontederia, Echinodorus, Eleocharis, Junco, Taboa, etc.

Figura 59.25- Macrófita emersa Typha (até 0,30m)


Fonte: Understanding Lake Ecology

• Macrófitas aquáticas com folhas flutuantes: plantas enraizadas no sedimento e


com folhas flutuando na superfície da água. A profundidade da água geralmente
varia de 0,30m a 3,00m. Exemplo: Nymphaea, Vitória, Nymphoides e Lírio d água,
etc.

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Figura 59.26- Macrófita flutuante Nymphaea


Fonte: Understanding Lake Ecology

• Macrófitas aquáticas submersas enraizadas: plantas enraizadas no sedimento,


que crescem totalmente submersa na água. Podem crescer, via de regra até 10m
de profundidade, dependendo da disponibilidade da luz. Podem existir na
profundidade de 200m; A maioria tem seus órgãos reprodutivos flutuando na
superfície ou aéreos. Exemplo: Myriophylum, Elodea, Egeria, Hydrilla, Vallisneria,
Mayaca, Elódea, Cabomba e a maioria das espécies do gênero Potamogeton (de
0,5m a 1,0m).

• Macrófitas aquáticas submersas livres: são plantas que têm rizóides pouco
desenvolvidos e que permanecem flutuando submergidas na água em locais de
pouca turbulência. Geralmente ficam presas ao pecíolos e talos das macrófitas
aquáticas de folhas flutuantes e nos caules das macrófitas emersas. Durante o
período reprodutivo emitem flores submersas (excessão de Ceratophylum).
Exemplo: Utricularia e Ceratophyllum.

• Macrófitas aquáticas flutuantes: são aquelas que flutuam na superfície da água.


Não estão enraizadas no substrato. Geralmente seu desenvolvimento máximo
ocorre um locais protegidos pelo vento e livre de turbulencia.. Neste grupo,
destacam-se: Eichhorinia crassipes, Salvinia, Pistia (alface da agua), Lemna,
Azolla, Águapé e Orelha-de-rato.

A melhor maneira de se implantar a vegetação numa wetland é transportar plantas vivas


criadas em local adequado. Não é aconselhado tirar plantas de uma wetland e levar para a
outra.
A colocação de sementes é viável, mas nem sempre é a mais confiável.
As plantas devem ter sempre 75mm a 100mm de lâmina de água.
O mínimo de 30% de uma espécie primária pode ser plantada numa wetland construída
em espaços de 0,60m a 1,0m.
A diversidade das espécies de plantas ajudará a wetland a ser a mais natural possível.
Tundisi e tal, 2008 informa que muitas macrófitas não podem se ajustar aos níveis
elevados de inundação. Assim a Sagitaria sprucei da família Alimastaceae sobrevive em áreas
inundadas com pouca água, mas não em níveis elevados de inundação, pois a mesma
floresce durante a estação seca.
Tundisi e tal, 2008 cita Wetzel, 1990 e Esteves, 1998 que concluíram que as macrófitas
águas têm uma papel fundamental no metabolismo e no funcionamento de lagos rasos,
represas, rios, áreas costeiras, estuários e áreas alagadas.

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Figura 59.27- Comunidade vegetal. Além das macrófitas aquáticas destacam-se: (1) a comunidade epilítica, (2) comunidade
epipélica, (3) comunidade episâmica e (4) comunidade epifítica.
Fonte: Esteves, 1998.

Conforme Embrapa, 2002 as espécies despoluidoras são:


• Aguapés (flutuante)
• Taboas
• Alfaces d´agua (flutuante)
• Lentilhas de água (lemnáceas) (flutuante)
• Azolla (flutuante)

Figura 59.28- Azolla

Figura 59.29– Taboa (Typha dominguensi) é uma macrófita aquática emersa. É indicador de solo úmido,
brejoso ou pantanoso.
http://www.ufscar.br

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Figura 59.30 – Lírio d´água é uma macrófita aquática com folhas flutuantes. É um indicador de ambiente
menos poluído.
http://www.ufscar.br

Figura 59.31 – Elódea é uma macrófita aquática submersa enraizada. É um indicador de ambiente menos
poluído.
http://www.ufscar.br

Figura 59.32 – Alface d´água (Pistia stradiotes) é uma macrófita aquática flutuante. É um indicador de
ambiente poluído.
http://www.ufscar.br

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Alface da água
É uma planta com brotamento lateral de estolões que soltam regularmente, de espaço
a espaço, raízes para baixo e folhas para cima. Possui folhas espiraladas com pecíolo curto;
lâmina foliar obcordada, com tecido aerenquimatoso ao longo das nervuras paralelas na face
inferior.
Esta espécie apresenta raízes fibrosas, porem mais curtas que o aguapé, com
aproximadamente 20cm a 30cm de comprimento, em grande número conforme Lima et al,
2005.

Figura 59.33 – Orelha de rato é uma macrófita aquática flutuante. É um indicador de ambiente poluído.
http://www.ufscar.br

Salvinia
A salvinia é uma planta pequena, de folhas pedunculares em verticilos de três. Duas
destas folhas são verdes, inteiras e flutuantes e a terceira intersecta, penetrando na água, não
raro sendo confundida com a raiz.
Sob condições ideais a Salvinia auriculata chega a produzir 650g de biomassa seca por
2
m por ano conforme Lima et al 2005.
Possui grande capacidade de remover e assimilar metais pesados como chumbo ou
cádmio conforme Embrapa, 202.

Figura 59.34 – Aguapé (Eichhornia crassipes) é uma macrófita aquática flutuante. A presença do Aguapé
é um indicador de ambiente poluído (estado trófico do ambiente aquático). Possui outros nomes como
camalote e mureru.
http://www.ufscar.br

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Figura 59.35- Orelha de onça


Lentilha de água
É uma especie de planta despoluidora. No Brasil existem 13 especies de lemnáceas. São as
menores plantas com flor do mundo e as vezes são confundidas com algas ou lodo. Duplicam a biomassa
em 2 a 3 dias em locais com pH entre 7 a 8 e temperatura entre 17ºC a 30ºC.
A diferença pratica entre uma lemnácea e uma alga é que as algas são filamentos ou apenas uma
camada muito fina de coloração verde e as vezes vermelha, enquanto que as lemnáceas são como
pequenas folhas com pelos de 1mm de espessura algumas tendo uma raiz (Lemmna) e ou mais
(Spirodela).

Figura 59.36- Lentilha de água (Lemmna minuta)

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Figura 59.37- Lentilha de água


Aguapé
O aguapé conforme Figura (59.34) é uma planta com raízes longas com até um metro,
rizomas, estolões, pecíolos, folhas e inflorescências, podendo atingir uma altura variando de
alguns centímetros fora d´água, até um metro.
É uma planta suculenta, composta por cerca de 950g de água/kg de matéria fresca. A
reprodução do aguapé pode ser vegetativa ou por sementes, sendo que estas apresentam
longevidade de até 15anos.
Segundo condições favoráveis o aguapé pode duplicar sua massa em até duas
semanas, portanto em situações ideais, dez dessas plantas podem cobrir um 4000m2 em
apenas dez meses. A velocidade de crescimento e reprodução do aguapé está diretamente
relacionada à disponibilidade de nutrientes e às condições de temperatura e luminosidade do
ambiente.
O aguapé não suporta baixas temperaturas, mas rebrota rapidamente com o aumento
da temperatura.
O aguapé pode duplicar a concentração de oxigênio dissolvido na água, proveniente da
fotossíntese das folhas e fluxo interno de gases conforme Lima et al, 2005.
Conforme Embrapa, 2002 o aguapé é tido como um dos grandes problemas de
represas e canais, pelo crescimento exagerado(Kissmann, 1997).

Figura 59.38- Região Litorânea e região limnética. Observar a zona eufótica ou fótica e a zona afótica,
não iluminada pela luz.
Fonte: Understanding Lake Ecology

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As comunidades de algas aderidas ou associadas a substratos conforme Esteves, 1998 são:


• Comunidade epifítica (Epiphytic): é formada por organismos aderidos a
macrófitas aquáticas.
• Comunidade epilítica (Epilithic): é formado por organismos aderidos a substrato
rochoso ou pedras. É comum em córregos e rio.
• Comunidade epipélica (Epipelic): é formada por organismos aderidos à superfície
do sedimento como areia ou lama.
• Comunidade episâmica (Epizoic): é formada por organismos aderidos a animais
(Kadlec e Wallace, 2009).

As plantas flutuantes absorvem nutrientes da água, enquanto que as emergentes retiram


do solo conforme Embrapa, 2002.
Na Figura (59.39) podemos ver a macrófita Utricularia muito comum no Brasil.

Figura 59.39- As Utricularia possuem flores amarelas.


Fonte: http://www.ib.usp.br/limnologia

59.32 Importância das macrófitas aquáticas


Vamos utilizar os conceitos detalhados no site http://www.ufscar.br
As macrófitas aquáticas desempenham um papel extremamente importante no
funcionamento dos ecossistemas em que ocorrem, sendo capazes de estabelecer uma forte
ligação entre o sistema aquático e o ambiente terrestre que o circunda. Entre os importantes
papéis desempenhados pelas macrófitas, podemos citar:
Atuam como produtores primários, isto é, servem como importante fonte de alimento
para muitos tipos de peixes e algumas espécies de aves e mamíferos aquáticos (como as
capivaras).
• Atuam como liberadores de nutrientes; absorvendo os nutrientes do sedimento
por suas raízes e liberando-os na água, através de sua excreção ou durante sua
decomposição.
• São fornecedoras de muitos habitats e abrigo para peixes recém nascidos e
pequenos animais.
• Proporcionam sombreamento, fundamental para muitas formas de vida sensíveis
às altas intensidades de radiação solar.
• Fornecem materiais de importância econômica para a sociedade, pois podem
ser utilizadas como alimento para o homem e para o gado, como fertilizante de
solo, como fertilizante de tanques de piscicultura ou abrigo para alevinos, como
matéria prima para a fabricação de remédios, utensílios domésticos, artesanatos
e tijolos para a construção de casas, como recreação e lazer, pois são cultivadas
em lagos construídas como plantas ornamentais, etc.

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Além disso, algumas macrófitas aquáticas são hospedeiras de algas e bactérias


fixadoras de nitrogênio.
• Proporcionam local adequado para o desenvolvimento de microorganismos, pois
suas raízes servem de substrato para a deposição de ovos de diversos amimais
e abrigo para o zooplâncton, que constitui a principal alimentação de muitos
peixes pequenos.
Por necessitarem de altas concentrações de nutrientes para seu desenvolvimento, as
macrófitas aquáticas são utilizadas com sucesso na recuperação de rios e lagos poluídos,
pois suas raízes podem absorver grandes quantidades de substâncias tóxicas, além de
formarem uma densa rede capaz de reter as mais finas partículas em suspensão.
As macrófitas aquáticas estão tão intimamente relacionadas ao funcionamento dos
ambientes aquáticos que a preocupação com sua preservação é fundamental para a
manutenção da biodiversidade desses ambientes.
No Brasil, a maioria dos lagos são relativamente rasos, possibilitando a formação de
extensas regiões litorâneas, áreas amplamente ocupadas por macrófitas. Essas regiões são
consideradas as principais responsáveis pela produtividade biológica dos sistemas aquáticos
e são extremamente vulneráveis aos impactos causados pelo homem, como a poluição e a
turbidez da água ocasionada pelo material inorgânico proveniente da erosão dos solos e
carregados pelas chuvas.
Neste contexto, o conhecimento sobre a biologia e ecologia das macrófitas aquáticas e
a importância de sua preservação são fundamentais para o bom funcionamento dos
ecossistemas aquáticos.

59.33 Densidade dos pedúnculos das plantas


Conforme Kadlec e Wallace, 2009 é importante a densidade dos pedúnculos das
plantas nas raízes devido a resistência ao fluxo da água. A densidade das plantas varia de
1.000 plantas/há a 40.000 plantas/há, ou seja, 0,1 plantas/m2 a 4,0 plantas/mês.
Os pedúnculos variam de 1.400 pedúnculos/m2 a 1.500 pedúnculos/m2 dependendo da
planta. Em geral temos 150 pedúnculos/m2 mas a Thyfa latifolia tem de 15 a 30
pedúnculos/m2.

59.34 Espécies dominantes em wetland de superfície


Nos Estados Unidos segundo Kadlec e Wallace, 2009 as espécies dominantes são:
• Typha,
• Scirpus,
• Juncus,
• Phalaris arundinacea e
• Phragmites autralis,
• com números de wetlands respectivamente de 206, 49, 19, 15 e 13.

No Brasil conforme Tundisi e tal, 2008 as espécies de macrófitas flutuantes mais comuns
nos reservatórios são:
• Eichhornia crassipes
• EichhorniA azurea
• Salvinia molesta
• Salvinia spp
• Egeria densa e
• Egeria najas

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Tundisi e tal, 2008 acrescenta que para macrófitas emergentes mais comuns são:
• Typha sp e
• Eleocharis sp.

Tundisi et, 2008 observou a dominância da Pistia stratiodes e Eichhornia crasipes na


represa de Barra Bonita (SP) devido a concentração de fósforo e nitrogênio na água.
Thomaz et al, 2005 in Tundisi e tal, 2008 observou que não existe relação da idade dos
reservatórios e a riqueza de espécies de macrófitas. Em 30 reservatórios observou que a
especie flutuante mais comum foi a Eichhornia crassipes.

59.35 Biomassa
Quando se deseja avaliar o papel das macrófitas aquáticas para o ecossistema
aquático é necessário a avaliação da biomassa. Através da sua determinação pode-se inferir
o período de crescimento, avaliar os estoques de nutrientes, inferir o fluxo de energia e a
reciclagem de nutrientes das macrófitas aquáticas.
Conforme Kadlec e Wallace, 2009 a biomassa é definida como toda a massa vida em
um determinado tempo numa superfície da Terra. É comumente dividida entre a zona das
raízes e a massa acima do nível do piso. Na massa acima do nível do piso está a parte viva,
uma parte que está morta mas fica pendurada na planta e uma parte morta que se deposita
que é o litter. Portanto, o litter se refere a parte morta das plantas que caiu no piso ou que está
no sedimento. Algumas vezes o litter inclui também aquelas plantas que estão mortas mas
ainda estão penduradas.
Basicamente quando tratamos da biomassa ou fitomassa temos duas partes
importantes, abaixo do nível do piso e acima do nível do piso. Durante os 365 dias do ano há
variação sazonal da fitomassa dependendo do clima, temperatura, insolação, etc conforme
Figuras (59.39 A) e (59.39 B).

Figura 59.39 A- Padrão sazonal da fitomassa acima do nível do solo e abaixo


para macrófita Typha angustifolia, de clima quente temperado.
Fonte: Kadlec e Wallace, 2009

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Figura 59.39 B- Padrão sazonal da fitomassa acima do nível do solo e abaixo


para macrófita Phragmites australis, de clima quente seco na temperatura de 10⁰C a
23⁰C na Austrália sendo a concentração de fósforo de 12mg/L.
Fonte: Kadlec e Wallace, 2009

Existe período de crescimento e de mortalidade e consequentemente de variações da


biomassa viva e de detrito.
Conforme Kadlec e Wallace, 2009 o termo biomassa é usado freqüentemente como a
massa viva de todas as coisas vivas na superfície da terra em um determinado tempo.
A biomassa da Thypha latifolia em wetlands para melhoria da qualidade das águas
pluviais na parte acima das raízes é de 1.400 g/m2 enquanto que na zona das raízes é de
450g/m2, enquanto que em wetlands com nutrientes os valores aumentam sendo de
2.310g/m2 para a parte externa da planta e 2.900g/m2 na zona das raízes. De maneira
semelhante teremos com Scirpus validus e Phragmites australis.
Kadlec e Wallace, 2009 apresentam a equação de primeira ordem para a
decomposição das macrófitas aquáticas em wetlands.

(M – M*)/ (Mo – M*)= A . exp ( - k . t)


Sendo:
M= massa remanescente (g)
Mo= massa inicial (g)
A= fração remanescente após a perda inicial. Suposto A=1
M*= massa residual remanescente (g). Suposto M*=0
t= tempo (dias)
K= taxa de perda de massa (/dia)]

M = Mo . exp ( -k . t)

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Tabela 59.1- Resumo de vários coeficientes de macrófitas


Especie Média K1 Mediana de K1 Meia vida
(/dia) (/dia) (/dia)
Todas as espécies submersas 0,0474 0,0279 15
(107 amostras)
Todas as espécies flutuantes 0,0381 0,0244 18
(80 amostras)
Todas as espécies emergentes 0,0083 0,0022 83
(280 amostras)
Fonte: adaptado de Kadlec e Wallace, 2009

Esteves, 1998 salienta que em regiões temperadas há visivelmente uma sazonalidade


na biomassa, mas o mesmo não acontece nas regiões tropicais como a brasileira, onde as
estações não são bem definidas.
Na Tabela (59.1B) apresentamos diversos valores da constante K para diversas
macrófitas aquáticas conforme Cunha-Santino e tal, 2006.

Tabela 59.1B- Parâmetros da decomposição de diversas espécies de macrófitas


aquáticas sendo k= constante de perda de massa e t 1/2= tempo de meia vida [Ln (2)/-k.]

Fonte: Cunha-Santino e tal, 2006

59.36 Decomposição
O estudo da decomposição das macrófitas aquáticas constitui-se numa ferramenta
fundamental para as determinações das taxas de decomposição das frações vegetais e da
avaliação dos fatores ambientais associados ao processo da decomposição.
,As macrófitas aquáticas contribuem com nutrientes e matéria orgânica para água
através da mineralização de detritos alóctones presos na planta, o perifíton e a planta
secretam nutrientes e matéria orgânica para a água e a macrófita aquática senescente libera
nutrientes durante sua decomposição conforme http://www.ib.usp.br/limnologia.

O ciclo do nitrogênio e do fósforo estão representados esquematicamente nas Figuras


(59.39C) e (59.39D).

59-53
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Figura 59.39C- Ciclo do nitrogênio


Fonte: Usepa, 2008

Figura 59.39D- Ciclo do fósforo


Fonte:USEPA, 2008

59.37 Deposição de sedimentos


Conforme Wetland Solutions, 2006 uma wetland construída para tratamento possui
uma mediana de deposição de sedimentos de 5,6mm/ano. O efeito é mínimo e será sentido
somente de 30 a 60anos depois de construída.
Em wetland natural a deposição é de 3,3mm/ano.
A deposição de sedimentos em uma wetland ocorre segundo vários processos físicos e
químicos. O movimento lento nas wetlands facilita a deposição de sedimentos. Estas
partículas entram na wetland pelo runoff

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59.38 Perifíton
O perifíton é representado por uma fina camada (biofilme) variando em alguns
milímetros, que atua na interface entre o substrato e a água circundante.
São observados como manchas verdes ou pardas aderidas a objetos submersos na
água como rochas, troncos, objetos construídas (inertes) e a vegetação aquática.
O perifíton pode ser definido como uma complexa comunidade de microorganismos
(algas, bactérias, fungos e animais), detritos orgânicos e inorgânicos aderidos a substratos
inorgânicos ou orgânicos vivos ou mortos conforme Wetzel 1983 in http://
vmcarlos1.sites.uol.com.br
Bentos são os organismos que crescem no fundo do corpo de água.

59.39 Mosquitos
Estudos sobre as despesas com o controle de mosquitos foi feito por Wetland Solution
,2004 onde se achou o custo anual de US$ 2.625/ha x ano na cidade de Phoenix nos Estados
Unidos encontrados na wetland construída de Três Rios. Inclui o custo de larvicidas para
matar as larvas e as larvas de mosquitos.
Foram usadas bactérias bactericidas como o Bacillus thuringiensis com variações
israelensis e B. spahericus.

59.40 Espécies exóticas invasoras


As espécies exóticas invasoras são organismos que introduzido fora de sua área de
distribuição natural, ameaçam ecossistemas, habitats ou outras espécies. São consideradas a
segunda maior causa da extinção de espécie no planeta, afetando diretamente a
biodiversidade, a economia e a saúde humana.
O Brasil estuda o assunto desde 2001 patrocinado pelo Ministério do Meio Ambienta
MMA.

59.41 Área de superfície


Quanto maior a área da superfície da wetland melhor será a capacidade de remoção.
Como regra geral a área varia de 1% a 5% da área total da bacia conforme Kadlec e Wallace,
2009.
É importante salientar que não existe uma relação de área ideal aconselhável até o
presente momento, pois muitas vezes, tal relação não interfere com a melhoria da remoção do
TSS, TP e NT.

59.42 Canal de wetland


Em algumas situações é necessário fazer um canal para transportar a água que sai de
uma wetland para um outro local.
Pode ser feito um canal como se fosse uma wetland conforme Figura (59.38). Nos taludes
ficam colchões Reno que são gabiões feito de pedra britada para evitar a erosão do canal.
Geralmente é feita a jusante de uma wetland e plantas podem migrar para o fundo do
canal. Para permitir a existência da vegetação é necessária manter um nível de água de
75mm a 100mm no fundo do canal.
O canal deve ser projetado para período de retorno de 2anos sendo que a velocidade
máxima deve ser de 0,76m/s, profundidade entre 1,00m a 1,50m e o coeficiente n de Manning
a ser usado deve ser n=0,08. A declividade deve ser menor que 1% e os taludes laterais
devem ser no mínimo 4:1.
A relação entre a largura do canal e a profundidade deve ser maior que 8:1.
Não existe recomendação ideal para a velocidade média da água em um canal, mas
podemos usar a velocidade máxima existente em Everglades na Florida que é 0,76m/s.

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Figura 59.40- Esquema de um canal de wetland


Fonte: FHWA, 1996.\

59.43 Recomendações da CIRIA, 2007 com adaptações


O SUDS Manual da CIRIA, 2007 faz as seguintes recomendações para as wetlands:
• A velocidade na wetland devido a vazão base e as precipitações atmosféricas
para a melhoria da qualidade das águas pluviais não deve ser maior que
0,03m/s
• O tempo ideal de esvaziamento é de 24h para prevenir danos à vegetação.
• É recomendado que no mínimo de 30% da wetland tenha profundidade entre
0,50m a 1,0m
• É recomendado que no mínimo 50% das wetland tenha profundidade entre 0,0m
a 0,50m.
• Quando a wetland for para deter enchentes com armazenamento temporário o
nível do reservatório permanente não deve exceder de 1,5m.
• Nível de água acima de 1,0m não pode ultrapassar de 20% da área da wetland.
• É importante o pré-tratamento para a wetland.
• É importante fazer um balanço hídrico da wetland para ver se ela não fica seca
em alguma parte do ano.
• As dimensões da wetland são maiores que comprimento/largura= 3:1.
• A profundidade máxima deve ser de 1,50m

59.44 Taludes
Os taludes laterais da wetland devem ter declividade máxima de 3:1.

59.45 Softwares
Existem vários softwares, mas vamos destacar somente o software MUSIC (Model for
Urban Stormwater Improvement Conceptualisation) para o dimensionamento de wetlands para
a melhoria da qualidade das águas pluviais muito usado na Austrália.

59.46 Relação comprimento/largura da wetland


Denominando o comprimento de L e a largura da wetland de W, a relação L/W mais
usada é 3:1, podendo atingir até L/W=5:1, sendo que esta indicação é feita por vários autores.

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59.47 Relação comprimento/largura no pré-tratamento da wetland


Denominando o comprimento de L e a largura do pré-tratamento de W, a relação mais
usada no pré-tratamento é L/W= 3:1.

59.48 Assoreamento da wetland e do pré-tratamento


Em uma wetland e no pré-tratamento vai havendo deposição de sedimentos e como a
maioria dos sedimentos fica depositado no pré-tratamento, deve ser feita retirada do material
a cada 10anos ou quando cerca de 50% do pré-tratamento estiver ocupado pelos sedimentos.
Em se tratando das wetlands a quantidade de sedimentos depositados será menor e o
prazo estabelecido e sugerido pela USEPA é de 20anos.

59.49 Ressuspensão
Um problema que podemos ter em uma wetland são velocidades muito grande que
causam a ressuspensão de sedimentos e para isto é que a velocidade na wetland deverá ser
menor ou igual a 0,03m/s.

59.50 By pass
Como pode ser necessário o esvaziamento de uma wetland deve ser previsto um
bypass, isto é, uma obra que permita que o fluxo da água não chegue a wetland e seja
desviado no pré-tratamento.

59.51 Tempo de detenção em wetland


O tempo de detenção ζ em wetland conforme Kadlec e Wallace, 2009 é dado pela
equação:
ζ= Vativo/Q = (ε x h x Aativa) / Q

Sendo:
ζ= tempo de detenção (dias)
ε = porosidade (fração do volume ocupado pela água)
Vativo = volume da wetland contendo água (m3)
h = profundidade da wetland (m)
Aativa= área da wetland contendo água no fluxo ativo (m2)
Q= fluxo da água (m3/dia)

Vativo= ε x L x W x h
Sendo:
L= comprimento da wetland (m)
W= largura da wetland (m)
h= profundidade da wetland (m)

A porosidade ε ≤ 1 e deve-se a área ocupada pelas raízes das macrófitas e detritos e


conforme Kadlec e Wallace, 2009 varia de 0,65 a 0,95 e depende do diâmetro e densidade
das raízes
Nas wetlands as raízes estão predominantes nos 20cm a 30cm.
Na falta de dados estimar porosidade ε = 0,95.

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Exemplo 59.9
Dada uma wetland com 252m de comprimento e 84m de largura e altura 0,77m. Calcular o volume
ativo sempre a porosidade ε =0,95.

Vativo= ε x L x W x h
Vativo= 0,95 x 252 x 84 x 0,77= 15.484m3

Exemplo 59.10
Calcular o tempo de detenção de uma wetland com volume ativo de 15.484m3 e vazão de entrada de
2.164m3/dia.
ζ= Vativo/Q

ζ= 15.484 / 2.164= 7,2 dias

59.52 Taxa de carga hidráulica q


A taxa de carga hidráulica é definida por Kadlec e Wallace, 2009 como:
q= Q/A
Sendo:
q= taxa de detenção hidráulica (m/dia) ou HLR (Hydraulic Loading Rate)
Q= fluxo da água (m3/dia)
A= area da wetland (m2)

Exemplo 59.11
Dada uma wetland com área de superfície A=21.167m2 e runoff anual de 790.022m3/ano.
Calcular a taxa de carga hidráulica q.
q=HLR= 790.022/21.167= 37 m/ano
Q= 790.022m3/ano/ 365 dias= 2.164m3/dia
q= Q/A
q=HLR= 2.164 / 21.167= 0,10m/dia=10cm/dia

59.53 Equação de Kadlec e Wallace, 2009 para wetlands


Está provado que a fórmula de Manning não serve para as wetlands, entretanto
inúmeros trabalhos foram feitos com a mesma. Somente Kadlec e Wallace, 2009 é que
introduziram nova equação para as wetlands abertas que é:
u= a. h(b-1) . Sc
Sendo:
a,b,c= coeficientes de atrito
u= velocidade superficial da água (m/s)
h= profundidade da wetland (m)
S= declividade da superfície da água = - dH/dx
Fazendo a=1/n e c=1/2 teremos a equação de Manning
u= (1/n). h(2/3) . S0,5
Kadlec e Wallace, 2009 recomendam para wetland superficiais, que é o nosso caso, os
seguintes valores de a,b,c:
a= 1,0 x 107/m.d (para vegetação densa)
7
a= 5,0 x 10 /m.d (para vegetação esparsa)
b= 3,0
c=1,0
Os coeficientes de Manning “n” encontrados em várias wetlands variam de n=0,6 a
n=2,7 conforme Kadlec e Wallace, 2009.

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A velocidade máxima admitida por Kadlec e Wallace, 2009 em uma wetland deve ser
menor ou igual 0,03m/s.
V≤ 0,03m/s
A declividade usual em uma wetland é S=0,0001m/m.

Declividade S
Conforme Economopoulou e tal, 2004 a declividade S da superfície da água pode ser
definida pela equação:

S= γ x h/ L
Sendo:
S= declividade media da superfície da água (m/m)
γ =0,1. É a fração da altura.
h= altura da água na wetland (m)
L= comprimento da wetland (m)

Exemplo 59.12
Calcular S para h=0,77m e L= 252m
S= γ x h/ L
S= 0,1 x 0,77/ 252=0,00031m/m

Exemplo 59.13
Dada uma wetland com altura h=0,50m e declividade média S=0,0001m/m com vegetação
densa. Calcular a velocidade u na superfície da água usando a equação de Kadlec.
u= a. h(b-1) . Sc
a= 1,0 x 107/m.d (para vegetação densa)
b=3,0
7x 2
u= 1,0 x 10 0,5 x0,0001=250m/dia=0,0029m/s <0,03m/s OK

Tabela 59.14- Valores de K em m/ano conforme Kadlec e Wallace, 2009 página 618
Parâmetro K a 20ºC m/ano θ
DBO médio C*=0,6 + 0,065 x Ci 63 0,985
DBO terciário (0 a 30mg/L) 33 0,985
DBO secundário (30 a 100mg/L) 41 0,985
DBO primário (100 a 200mg/L) 36 0,985
DBO super (>200mg/L) 189
Amonificação ORG-N 17,3
NH4- Nitrificação 14,7
NOx- Denitrificação 26,5
TKN (nitrogênio Kjedahn) 9,8
TN (nitrogênio total) 12,6
TP (fósforo total) 10
Coliformes Fecais (termotolerantes) 83

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Tabela 59.15- Concentração de entrada média de alguns metais conforme Kadlec e Wallace, 2009
Metais Concentração de entrada (mg/L)
Cobre Cu 0,020
Niquel Ni 0,032
Chumbo Pb 0,063 K entre 20 a 80
Cromo Cr 0,003
Zinco Zn 0,147
Arsênio As 0,003
Boro B 0,022
Mercúrio Hg 1,88 ng/L=0,00000188mg/L

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59.54 Cargas de poluentes em águas pluviais


Conforme Kadlec e Wallace, 2009 as cargas de poluentes estão na Tabela (59.16) e
são para área urbanas, industriais, residencial/comercial e áreas de agricultura.
O TSS em áreas urbanas das águas pluviais de entrada variam de 18mg/L a 140mg/L
ou seja 84,28 kghaxano a 797 kg/haxano.

Tabela 59.16 59.17- Cargas de poluentes de entrada nas águas pluviais conforme Kadlec e
Wallace, 2009

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59.55 Estimativa da carga de poluente pelo Método Simples de Schueler


Schueler em 1987 apresentou um método empírico denominado “Método Simples” para
estimar o transporte de poluição difusa urbana em uma determinada área.
O método foi obtido através de exaustivos estudos na área do Distrito de Washington
nos Estados Unidos chamado National Urban Runoff Program (NURP) bem como com dados
da EPA, conforme AKAN, (1993).
O Método Simples de Schueler, 1987 é amplamente aceito e requer poucos dados de
entrada e é utilizado no Estado do Texas e no Lower Colorado River Authority, 1998
AKAN, (1993) salienta que os estudos valem para áreas menores que 256ha e que
são usadas cargas anuais. A equação de Schueler é similar ao método racional e nas
unidades SI adaptada neste livro. Para achar a carga anual de poluente usamos a seguinte
equação:
L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
Sendo:
L= carga do poluente anual (kg/ano)
P= precipitação média anual (mm)
Pj= fração da chuva que produz runoff. Pj =0,9 (normalmente adotado)
Rv= runoff volumétrico obtido por análise de regressão linear.
Rv= 0,05 + 0,009 x AI (R2=0,71 N=47)
AI= área impermeável (%).
A= área (ha) sendo A≤ 256ha
C= concentração média da carga do poluente nas águas pluviais da (mg/L)

Valor de Pj
O valor de Pj usualmente é 0,90 para precipitação média anual, mas pode atingir valor Pj
=0,5 e para eventos de uma simples precipitação Pj =1,0.
Valores de C
Conforme as pesquisas feitas por Schueler, 1987 e citadas por AKAN, 1993 e
McCUEN, 1998 os valores médios da carga de poluição C em mg/L é fornecida pelas Tabelas
(59.18) a (59.29).

Tabela 59.18- Média dos Estados Unidos para concentrações médias nas águas pluviais
Constituintes Unidades Runoff urbano
TSS mg/L 54,5 (1)
TP mg/L 0,26 (1)
TN mg/L 2,00 (1)
Cu μg/L 11,1 (1)
Pb μg/L 50,7 (1)
Zn μg/L 129 (1)
S. Coli 1000 colonias/mL 1,5 (2)
(1) Dados do NURP/USGS,
1998
(2) Schueler, 1999
Fonte: New York Stormwater Management Design Manual

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Tabela 59.19- Concentrações de poluentes em diversas áreas


Constituintes TSS TP TN S. Coli Cu Pb Zn
(1) (2) (3) (1) (1) (1) (1)
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (1000 (μg/L) (μg/L) (μg/L)
col/ml)
Telhado 19 0,11 1,5 0,26 20 21 312
residencial
Telhado 9 0,14 2,1 1,1 7 17 256
comercial
Telhado 17 - - 5,8 62 43 1.390
industrial
Estacionamento 27 0,15 1,9 1,8 51 28 139
residencial ou
comercial
Estacionamento 228 - - 2,7 34 85 224
industrial
Ruas 172 0,55 1,4 37 25 51 173
residenciais
Ruas 468 - - 12 73 170 450
comerciais
Estradas rurais 51 - 22 - 22 80 80
Ruas urbanas 142 0,32 3,0 - 54 400 329
Gramados 602 2,1 9,1 24 17 17 50
Paisagismo 37 - - 94 94 29 263
Passeio onde 173 0,56 2,1 17 17 - 107
passam carros e
pessoas
(entrada de
carros nas
garagens)
Posto de 31 - - - 88 80 290
gasolina
Oficina de 335 - - - 103 182 520
reparos de
carros
Indústria 124 - - - 148 290 1.600
pesada
(1) Clayton e Schueler, 1996 (2) Média de Steuer et al, 1997, Bannerman, 1993 e Waschbushch,2000
(3) Steuer et al, 1997
Fonte: New York Stormwater Management Design Manual

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Tabela 59.20 - Valores de “C”usados pelo Método Simples de Schueler, 1987 em mg/L.
Poluente NURP Baltimore Washington NURP Virginia FHWA
DC National
Study
Área Áreas Área média Florestas Rodovias
suburbana velhas comercial americanas
Fósforo 0,26 1,08 0,46 0,15
total
Nitrogênio 2,00 13,6 2,17 3,31 0,78
Total
COD 35,6 163,0 90,8 >40,0 124,0
BOD 5dias 5,1 36,0 11,9
Zinco 0,037 0,397 0,250 0,176 0,380
Fonte: AKAN, (1993) e McCUEN, (1998).

Na Tabela (59.21) estão os valores de concentração média adotado na Malásia.

Tabela 59.21- Valores médios de concentração adotados na MALÁSIA em mg/L


Vegetação Área Área Área Área em
Poluente nativa/ rural industria urbana construção
floresta l
Sedimentos 85 500 50 - 200 50- 200 4000
Sólidos totais em 6 30 60 85
suspensão (TSS)
Nitrogênio total 0,2 0,8 1,0 1,2
(NT)
Fósforo total 0,03 0,09 0,12 0,13
(PT)
Amônia 0,01- 0,03 0,01-0,26 0,01-9,8
Coliformes fecais 260-4000 700 - 4000-20000
3000
Cobre 0,03 – 0,09
Chumbo 0,2 – 0,5
Fonte: MALÁSIA, (2000)

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Na Tabela (59.23) temos valores médios de poluentes fornecidos por Tucci, (2001).

Tabela 59.22- Mediana da concentração carga poluente de águas pluviais


(nove poluentes mais comumente encontrados em águas pluviais urbanas)
Poluente Coeficiente de variação Mediana da concentração da
carga poluente
Sólidos totais (mg/L) 1a2 100
DBO 5,20 (mg/L) 0,5 a 1 9
DQO (mg/L) 0,5 a 1 65
Fosforo total (mg/L) 0,5 a 1 0,33
Fosforo solúvel (mg/L) 0,5 a 1 0,12
Nitrogênio Kjedahl (mg/L) 0,5 a 1 1,50
Cobre (mg/L) 0,5 a 1 0,034
Chumbo (mg/L) 0,5 a 1 0,144
Zinco (mg/L) 0,5 a 1 0,16
Fonte: Urbonas e Stahre, 1993

Tabela 59.23- Valores médios de parâmetros de qualidade de águas pluviais em mg/L para
algumas cidades.
Durham Cincinatti Tulsa
Poluente Weibel et Porto APWA
Colson, al., 1964 AVCO, Alegre APWA, 1969
1974 1970
mínimo máximo
DBO 19 111,8 31,8 1 700
Sólidos 1440 545 1523 450 14600
totais
pH
Coliformes 23.000 8.000 1,5 x 10 7 55 11,2 x 10 7
NPM/100ml
Ferro 12 30,3
Chumbo 0,46 0,19
Amônia 0,4 1,0
Fonte: TUCCI, (2001).

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Conforme USEPA, 2004 os valores de concentrações médias estão na Tabela (59.24).

Tabela 59.24- Concentrações médias de nitrogênio, fósforo e bactérias (coliformes fecais)


conforme o uso do solo
Uso do solo Concentração média de Concentração média Coliformes fecais
nitrogênio de fósforo Número de bactérias
(mg/L) (mg/L) por 100 mL
Schueler, 2000
Floresta 1,69 0,10 100
Área residencial de 1,88 0,40 20.000
baixa densidade
Área residencial de 1,88 0,40 20.000
densidade média
Área residencial de alta 1,90 0,29 20.000
densidade
Áreas comerciais e 1,90 0,23 20.000
industriais
Fonte: Schueler, 1987 e Thomson et al, 1997 in EPA/600/R-05/121A, 2004

Tabela 59.25- Concentração média de TSS


Uso do solo Concentração média de TSS
(mg/L)
Floresta 26
Área residencial de média e baixa densidade 117
Área residencial de alta densidade, áreas industriais e comerciais 116
Fonte: NURP (EPA, 1983) in EPA/600/R-05/121A, 2004

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Tabela 59.26- Dados de afluentes de: TSS, TP de vários locais

Fonte: Water quality perfomance of dry detention ponds with under-drains. Final report 2006.
Conforme Anta et al, 2006 em pesquisas realizadas na Espanha em Santiago de
Compostela em área urbana com área impermeável de 70%, 55ha, tc=25min, precipitação
média anual de 1886mm, 141dias com chuva por ano em pesquisa de 14 chuvas achou-se os
dados da Tabela (59.27) a (59.29).

Tabela 59.27- Características de poluentes em runoff de águas pluviais comparando


dados de varias origens com os dados obtidos na Espanha em julho de 2006

Fonte: Anta et al, 2006


Na Tabela (59.27) podemos ver que os valores de TSS na Espanha variaram de
50mg/L a 590 mg/L sendo a média de 219mg/L.

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Tabela 59.28- Classificação dos sedimentos em águas pluviais somente de TSS


conforme várias origens

Fonte: Anta et al, 2006

Na Tabela (59.28) observamos que conforme Butler et al, 2003 in Anta et al, 2006 para
águas pluviais os valores de TSS variam de 50mg/L a 1000mg/L, sendo que o diâmetro das
partículas d50 varia de 20μm a 100μm.

Tabela 59.29- Carga por hectare dos 14 eventos analisados em na cidade de Santiago
de Compostela na Espanha

Fonte: Anta et al, 2006

Conforme Tabela (59.29) a média de TSS achada na Espanha é de 3,13 kg/ha x ano
com desvio padrão de 2,453kg/ha x ano. Recordemos que na Austrália é usado para
estimativa o valor de 1,6 kg/ha x ano.

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Universidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul


Na dissertação de mestrado de Cintia Brum Siqueira Dotto, 2006 da Universidade
Federal de Santa Maria sobre Acumulação e balanço de sedimentos em superfícies asfálticas
em área urbana de Santa Maria, RS, foram apresentados vários dados que estão resumidos
na Tabela (59.30).

Tabela 59.30-Dados fornecidos por Dotto, 2006


Fonte Área urbana TSS (mg/L)
Matos et al, 1998 220mg/L
Gomes e Chaudhry, 1981 Universidade de 171mg/L a 3499mg/L área urbanizada
São Carlos
165 mg/L a 1891 mg/L área menos
urbanizada
Branco et al, 1998 Universidade Santa 20mg/L a 1200mg/L (mesma região)
Maria
Paiva et al, 2001 Universidade Santa Maria Até 11000mg/L (mesma região)
Scapin, 2005 150mg/L a 1600mg/L
Paz et al, 2004 Universidade Santa Maria 700mg/L (área urbana) e 250mg/L (área
rural)
Dotto, 2006 Universidade Santa Maria 8,0mg/L a 6000mg/L (grande variabilidade)
Média de 537,05mg/L

Conclusão: pelas tabelas citadas acima podemos ver como é difícil de se estimar o valor de
sólidos totais em suspensão TSS, pois o mesmo varia de 114mg/L até aproximadamente
4000mg/L dependendo se existe solo nu ou muitas obras em construção.

Exemplo 59.14 Akan,1993.


Trata-se de área com 12ha, chuva média anual de 965mm sendo Pj = 0,90. Área antes
do desenvolvimento com 2% de área impermeável passou a 45% com a construção de uma
vila de casas. Calcular o aumento anual de fósforo total.
Para a situação de pré-desenvolvimento:
Rv= 0,05 + 0,009 x 2 = 0,07
Adotando C=0,15mg/L para fósforo total em florestas, na Tabela (6.3) na coluna de
Virginia.
A carga anual será calculada usando:
L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
P=965mm
Pj =0,9 adotado
Rv=0,07
C=0,15mg/L Fósforo total/ Floresta
A=12ha
Rv=0,07
L=0,01 x 965mm x 0,9 x 0,07 x 0,15mg/L x 12ha
L=1,09 kg/ano
Para a situação de pós-desenvolvimento.
Rv= 0,05 + 0,009 x 45 = 0,46
P=965mm
Pj =0,9 adotado
Rv=0,07
C=0,26mg/L Fósforo total/ área suburbana

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A=12ha
L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
L=0,01 x 965mm x 0,9 x 0,46 x 0,26mg/L x 12ha
L=12,46 kg/ano
Portanto, com o desenvolvimento a quantidade total de fósforo aumentará de
1,09kg/ano para 12,46 kg/ano com a construção de um bairro residencial proposto.

Exemplo 59.15
Calcular o aumento de sedimentos de área urbana com 46,75ha, chuva anual média de
1540mm e Pj =0,50. Supomos que no pré-desenvolvimento havia 2% de área impermeável e
com o desenvolvimento passou para 70%.
Pré-desenvolvimento
L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
P=1540mm
Pj =0,5 adotado
C=85mg/L sedimentos/ Floresta/ Malásia
A=46,75ha
Rv=0,05 + 0,009 x 2 = 0,07
L=0,01 x 1540mm x 0,5 x 0,07 x 85mg/L x 46,75ha
L=2.142 kg de sedimentos/ano
Pós-desenvolvimento
L=0,01 x P x Pj x Rv x C x A
P=1540mm
Pj =0,5 adotado
C=200mg/L sedimentos / Urbana/ Malásia, Tabela (59.21)
A=46,75ha
Rv=0,05 + 0,009 x 70 = 0,68
L=0,01 x 1540mm x 0,5 x 0,68 x 200mg/L x 46,75ha
L=48.957kg de TSS/ano
Com o pós-desenvolvimento o sedimento aumentará de 2.142kg/ano para
48.957kg/ano.

Eficiência relativa
Conforme Tomaz, 2006 existe uma confusão sobre termos que tentaremos esclarecer da
melhor maneira possível. Assim as definições de performance e eficiência são:
Performance: são as medidas que mostram como as metas das BMPs para águas pluviais
são tratadas.
Eficiência: são as medidas que mostram como as BMPs ou os sistemas de BMPs
removem ou controlam os poluentes.
Até o presente, a eficiência é tipicamente mostrada como uma “percentagem de remoção”,
o que não é uma medida válida.
Schueler, 2000 in EPA e ASCE, 2002 concluíram que existem “concentrações irredutíveis”,
pois não existe nenhuma maneira de se reduzir mais quando se trata de usar as práticas de
melhoria da qualidade para as águas pluviais. Assim os pesquisadores acharam limites de
concentrações para as águas pluviais para TSS, fósforo total, nitrogênio total, nitrato, nitrito e
TKN (Total Kjeldahn Nitrogênio), conforme mostra a Tabela (59.31).

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Tabela 59.31 - Concentrações irredutíveis conforme Schueler, 2000


Contaminante Concentração irredutível
(mg/L)
Sólido total em suspensão (TSS) 20 a 40
Fósforo total (PT) 0,15 a 0,2
Nitrogênio total (NT) 1,9
Nitrato - Nitrogênio 0,7
TKN (Nitrogênio Kjeldahn Total) 1,2
Fonte: EPA e ASCE, 2002.
O termo “remoção” pode conduzir a erros, como pode ser visto no exemplo que está na
Tabela (59.32).

Tabela 59.32 - Porcentagem de remoção da TSS aplicação de dois BMPs: A e B.


BMP BMP
A B

Concentração do afluente 200mg/L 60mg/L


Concentração do efluente 100mg/L 30mg/L
Eficiência 50% 50%
Fonte: EPA e ASCE, 2002.

Pela Tabela (59.32) pode-se ver que a chamada redução não mede plenamente a
eficiência de um sistema de BMP aplicado, pois o TSS tem uma concentração com a qual não
há redução, conforme vimos na Tabela (59.33).
Podemos então, considerar a redução limite de 20mg/L para o TSS e usaremos a
eficiência relativa que mostra melhor conforme Tabela (59.33).
Eficiência relativa = (C afluente – C efluente) / (C afluente – C limite)
Sendo C limite= 20mg/L (exemplo).

Tabela 59.33 - Porcentagem de eficiência relativa da TSS aplicação de dois BMPs, um


chamado A e outro B.
BMP BMP
A B

Concentração do 200mg/L 60mg/L


afluente
Concentração limite 20mg/L 20mg/L
Concentração do 100mg/L 30mg/L
efluente
Eficiência relativa 56% 75%
Fonte: EPA e ASCE, 2002.

As medidas e práticas para melhorarem a qualidade das águas pluviais nos Estados
Unidos receberam o nome de Best Management Practices (BMP) que praticamente foi imitado
em todo o mundo.

Concentrações irredutíveis
As concentrações irredutíveis de efluentes das BMPs, são aquelas quantidades abaixo do
qual é impossível de se reduzir mais, conforme Tabela (59.34).

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Verificar a semelhança com a Tabela (6.16) dos poluentes irredutíveis por sedimentação
de Schueler.

Tabela 59.34 - Limites de reduções de efluentes de algumas BMPs


BMPs TSS TP TN Cu Zn
mg/L mg/L mg/L µg/L µg/L
Bacia alagada 17 0,11 1,3 5,0 30
Wetland construída 22 0,20 1,7 7,0 31
Práticas de Filtração 11 0,10 1,12 10 21
Práticas de 17 0,05 3,8 4,8 39
infiltração
Vala gramada 14 0,19 1,12 10 53
Fonte: New York State Storm water Management Design Manual, 2002.

Dados de Urbonas, outubro de 2005


http://www.udfcd.org/conferences/pdf/conf2006/6-
1%20Urbonas%20History%20of%20USDCM%20Volume%203%20Changes.pdf
Os dados hachurados estão num intervalo de confiança de 95%.
Temos os TSS em mg/L da vazão afluente e da efluente para várias BMPs conforme
Tabela (59.35) do Urbonas.

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Tabela 59.35- Afluente e efluente de contaminantes

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California Departamento of Transportation


Os estudos da Caltrans, 2003 apresentaram as Tabelas (59.36) a (59.39).

Tabela 59.36- Principais fontes de metais pesados em rodovias

Fonte: Caltrans, 2003

Tabela 59.37- Fase dissolvido e particulado de alguns metais em 13 chuvas em rodovias

Fonte: Caltrans, 2003

Tabela 59.38- Fase dissolvido e particulado de alguns metais em runoff em rodovias

Fonte: Caltrans, 2003

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Tabela 59.39- Porcentagem da distribuição de metais de acordo com o diâmetro da partícula em


rodovias. Observando que os metais se depositam em partículas menores que 150μm.

Fonte: Caltrans, 2003

59.56 Previsão da performance das wetlands


Kadlec e Wallace, 2009 apresentam as equações de Duncan para dimensionamento de
uma wetland para melhoria da qualidade das águas pluviais e salienta que elas devem ser
usadas somente para um pré-dimensionamento de uma wetland destinada a melhoria da
qualidade das águas pluviais.
Foram feitas pesquisas em 76 wetlands para melhoria da qualidade das águas
pluviais e foram propostas as seguintes equações:

TSS (porcentagem remanescente)= 78 x q 0,33 / Ci 0,49 com R2=0,80

TP (porcentagem remanescente)= 12 x q 0,44 com R2=0,71

TN (porcentagem remanescente)= 14 x q 0,43 com R2= 0,78

Sendo:
Ci= concentração na entrada (g/m3 ou mg/L). Ver Tabela (59.8).
q= taxa de carga hidráulica (m/ano) sendo q = Q/A
Q= vazão de entrada em (m3/ano)
A= área da superfície da wetland (m2)
As equações de Duncan citadas acima são para wetland destinadas a melhoria da
qualidade das águas pluviais somente e não se aplica para wetland destinada a tratamento de
esgotos.
Observando-se as equações de Duncan acima, podemos notar que a porcentagem
remanescente de TSS depende de dois fatores, que é a concentração Ci do TSS em mg/L e
da taxa de carga hidráulica q.
Nas equações de Duncan referente a porcentagem remanescente de fosforo total e
nitrogênio total verificamos que elas variam somente em função da taxa de carga hidráulica q.
A relação (área da wetland)/(área da bacia) varia de 1,0% a 5,0% e não possui grande
influência para os dimensionamentos de TSS, TP e NT.

Exemplo 59.16
Seja uma wetland com entrada anual de águas pluviais de 824.232m3/ano e área da
superfície da wetland de 15.000m2. Prever qual será a redução de TSS, TP e TN, sendo a
carga da área residencial de entrada de 140mg/L.
Ci=140mg/L=140 g/m3

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Q= 824.232m3/ano
A=15.000m2
q= Q/A= 824.232m3/ano/ 15.000m2= 55m/ano

TSS (porcentagem remanescente)= 78 x q 0,33 / Ci 0,49


TSS (porcentagem remanescente)= 78 x 55 0,33 / 140 0,49 =26%
Portanto, o TSS remanescente será de 26% o que significa que a redução foi de 74%:
100-26= 74%

TP (porcentagem remanescente)= 12 x q 0,44


TP (porcentagem remanescente)= 12 x 55 0,44 =70%
Portanto, a redução de fosforo total é 30%, isto é, 100-70=30.

TN (porcentagem remanescente)= 14 x q 0,43


TN (porcentagem remanescente)= 14 x 55 0,43 =78%
Portanto, a redução de nitrogênio total é de 22%, isto é, 100-78=22%

Cálculo da área da wetland necessária para remover o TSS


Tomando-se as equações de Duncan, podemos achar a área necessária para redução
de TSS.

TSS (porcentagem remanescente)= 78 x q 0,33 / Ci 0,49


q 0,33 =(TSS x Ci 0,49 )/ 78
mas q= Q/A

(Q/A) 0,33 =(TSS x Ci 0,49 )/ 78

Q0,33/A0,33 =(TSS x Ci 0,49 )/ 78


Tirando-se o valor de A temos:
A0,33 = 78 x Q0,33/ (TSS x Ci 0,49 )

A = [78 x Q0,33/ (TSS x Ci 0,49 ) ](1/0,33)

Exemplo 59.17
Em uma wetland para melhoria da qualidade das águas pluviais queremos reduzir 68% de
TSS, sendo a carga de entrada de TSS estimada de 100mg/L e o volume de runoff anual de
Q= 790.022m3/ano.

Como queremos a remoção de 68%, a carga remanescente será 100-68=32%.Então


temos que usar o valor TSS=32 que deverá ser o remanescente.

A = [78 x Q0,33/ (TSS x Ci 0,49 )] (1/0,33)


A = [78 x 790.0220,33/ (32 x 1000,49 )]3,03
A= 12.591m2

Portanto, a área da superfície da wetland para melhoria das águas pluviais necessária
para a redução de TSS de 68% é de 12.591m2.

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Cálculo da área da wetland necessária para remover o TP


Tomando-se as equações de Duncan, podemos achar a área necessária para redução
de TP.

TP (porcentagem remanescente)= 12 x q 0,44


q 0,44 =TP/ 12
mas q= Q/A

(Q/A) 0,44 =TP/ 12

Q0,44/A0,44 =TP/ 12
Tirando-se o valor de A temos:
A0,44 = 12 x Q0,44/ TP

A = [12 x Q0,44/ TP ](1/0,44)

Exemplo 59.18
Em uma wetland para melhoria da qualidade das águas pluviais queremos reduzir 41% de TP
e o volume de runoff anual de Q= 790.022m3/ano.
Como queremos a remoção de 41%, a carga remanescente será 100-41=59%.Então
temos que usar o valor TP=59 que deverá ser o remanescente.

A = [12 x Q0,44/ NT ](1/0,44)


A = [12 x 790.0220,44/ 59 ](1/0,44)
A=21.167m2

Portanto, a área da superfície da wetland para melhoria das águas pluviais necessária
para a redução de TP de 41% é de 21.167m2.

Cálculo da área da wetland necessária para remover o NT


Tomando-se as equações de Duncan, podemos achar a área necessária para redução
de NT.

NT (porcentagem remanescente)= 14 x q 0,43


q 0,43 =NT/ 14
mas q= Q/A

(Q/A) 0,43 =NT/ 14

Q0,43/A0,43 =NT/ 14
Tirando-se o valor de A temos:
A0,43 = 14 x Q0,43/ NT

A = [14 x Q0,43/ NT ](1/0,43)

Exemplo 59.19
Em uma wetland para melhoria da qualidade das águas pluviais queremos reduzir 30% de NT
sendo o volume de runoff anual de Q= 790.022m3/ano.

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Como queremos a remoção de 30%, a carga remanescente será 100-30=70%.Então


temos que usar o valor NT=7032 que deverá ser o remanescente.

A = [14 x Q0,43/ NT ](1/0,43)


A = [14 x 790.0220,43/ 70 ](1/0,43)
A=18.712m2

Portanto, a área da superfície da wetland para melhoria das águas pluviais necessária
para a redução de NT de 30% é de 18.712m2.
Feito os três cálculos de áreas podemos montar a Tabela (59.40) onde escolhemos a
área dependendo da escolha do poluente. Se escolhemos o poluente fósforo total teremos a
área maior, isto é, 21.167m2.
Os cálculos fornecem a área total para cada poluente, mas não o volume. Feita a
escolha do poluente teremos a área total.

9 Tabela 59.40- Parâmetros, metas de redução e áreas necessárias para a equação


de Duncan para wetland para melhoria das águas pluviais.
Parâmetros Meta de redução Áreas da wetland
necessária
TSS para Ci= 100mg/L 68% 12.591m2
TP 41% 21.167m2
NT 30% 18.712m2

59.57 Modelo k-C* de Kadlec e Knight, 1996


O modelo k-C* deve-se a Kadlec e Knight, 1996 e é o mais utilizado atualmente.
Para wetland de superfície livre o modelo k-C* é o seguinte:

Ln [ (Co - C*) / (Ci – C*)] = - KA,T/ q


Sendo:
Ln= logarítmo neperiano
Co= concentração de saída (mg/L)
Ci= concentração do poluente de entrada (mg/L)
C*= concentração irredutível do poluente (mg/L)
K A,T= constante de primeira ordem dependente da temperatura e do poluente (m/ano)
q=HLR= taxa de carga hidráulica (m/ano)
q= Q/A
Q= runoff anual (m3/ano)
A= área da superfície da wetland (m2)

Como a taxa de carga hidráulica é a razão do runoff anual sobre a área da bacia,
podemos calcular a área da bacia A.
A= (0,0365 x Q/ KA) x ln [(Ci – C*)/( Co – C*)]
Sendo:
A= área da wetland (ha)
Q= vazão (m3/dia)

Temperatura

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A constante K é calculada para a temperatura de 20ºC. Para temperatura diferente deverá ser
feito correção do coeficiente da seguinte maneira:

K A,T= K A,20 . θ (T-20)


Sendo:
K A,T= constante de primeira ordem na temperatura T em ºC
K A,20= constante de primeira ordem da temperatura a 20ºC
Θ= fator de correção da temperatura (adimensional)
T= temperatura da água da wetland em ºC

Tabela 59.41- Parâmetros, coeficientes K, θ e concentração irredutível para aplicação do


modêlo k-C* de Kadlec e Knight, 1996
Parâmetro K A,20 θ C*
(m/ano) (mg/L)
TSS 1000 1,00 5,1+0,16xCi
NT 22 1,05 1,50
TP 12 1,00 0,02

BOD 34 1,00 3,5+0,053xCi


NH4 18 1,04 0,00
NOX 35 1,09 1,50
Coliformes fecais 75 1,00 300/100mL
Fonte: Wallace, Scott

Exemplo 59.20
Calcular o valor de TSS efluente em área urbana conforme Tabela (59.16) sendo que a
concentração afluente é Ci=100mg/L a temperatura de 24⁰C sendo q=37m/ano= HLR.
Da Tabela (59.41) calculamos o valor da concentração irredutível C*.
C*= 5,1+ 0,16*Ci= 5,1+0,16 x 100= 21,1 mg/L
K A,T= K A,20 . θ (T-20)
K A,T= 1000 x 1 (T-24)
K A,T= 1000m/ano

Ln [ (Co - C*) / (Ci – C*)] = - KA,T/ q


Ln [ (Co – 21.2) / (100– 21,2)] = - 1000/ 37
Ln [ (Co – 21.2) / 78,8] = - 27,03
Aplicando definição de logaritmo neperiano temos:
Co-21,2/ 78,8 = 2,718 -27,03
Co-21,2/ 78,8 = 0,18
C0=35,24 mg/L
Portanto a redução será:
R=100 x(100-35,24)/100mg/L=65%

Exemplo 59.21
Calcular o valor de TP efluente sendo que a concentração afluente é PT=4,3mg/L a
temperatura de 24⁰ C sendo q=37m/ano= HLR.
Da Tabela (59.41) temos a concentração irredutível C*.
C*= 0,02 mg/L
K A,T= K A,20 . θ (T-20)

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K A,T= 12 x 1 (T-24)
K A,T= 12m/ano

Ln [ (Co - C*) / (Ci – C*)] = - KA,T/ q


Ln [ (Co – 0,02) / (4,3– 0,02)] = - 12/ 37
Ln [ (Co – 0,02) / 4,28] = - 0,32
Aplicando definição de logaritmo neperiano temos:
(Co-0,02)/ 4,28 = 2,718 -0,32
(Co-0,02)/ 4,28 = 0,72
Co=3,1 mg/L
Portanto a redução será:
R=100 x(4,3-3,1)/4,3mg/L=28%

Exemplo 59.22
Calcular o valor de NT efluente sendo que a concentração afluente é NT=20,0mg/L a
temperatura de 24⁰C sendo q=37m/ano= HLR.
Da Tabela (59.41) temos a concentração irredutível C*.
C*= 1,50 mg/L
K A,T= K A,20 . θ (T-20)
K A,T= 22 x 1,05 (24-20)
K A,T= 18,1m/ano

Ln [ (Co - C*) / (Ci – C*)] = - KA,T/ q


Ln [ (Co – 1,50) / (20,0– 1,50)] = - 18,1/ 37
Ln [ (Co – 1,50) / 18,5] = - 0,49
Aplicando definição de logaritmo neperiano temos:
(Co-1,50)/ 18,5 = 2,718 -0,49
(Co-1,50)/ 18,5 = 0,61
Co=12,8 mg/L
Portanto a redução será:
R=100 x(20,0-12,8)/20,0mg/L=36%
Exemplo 59.23
Calcular a área necessária para reduzir o NT Ci= 20,0mg/L para Co= 14mg/L para reduzir
30% da carga poluente, sendo Q=790.022m3/ano, C*=1,50, K=22m/ano e temperatura da
água da wetland igual a 24⁰C.
K A,T= K A,20 . θ (T-20)
K A,T= 22 x 1,05 (24-20)
K A,T= 18,1m/ano

A= (0,0365 x Q/ KA) x ln [(Ci – C*)/( Co – C*)]


Sendo:
A= área da wetland (ha)
Q= vazão (m3/dia)

Q=790,022m3/ano= 790.022/365dias= 2.164m3/dia

A= (0,0365 x Q/ KA) x ln [(Ci – C*)/( Co – C*)]


A= (0,0365 x 2164/ 18,1) x ln [(20 – 1,50)/( 14 – 1,5)]
A= 4,36 x ln [18,5/12,5]= 1,71 ha= 17.100m2

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Exemplo 59.24
Calcular a área necessária para reduzir o PT Ci= 4,3mg/L para Co= 2,5mg/L para reduzir
41% da carga poluente, sendo Q=790.022m3/ano, C*=0,02mg/L, K=12m/ano e temperatura
da água da wetland igual a 24⁰ C.
K A,T= K A,20 . θ (T-20)
K A,T= 12 x 1,0 (T-24)
K A,T= 12m/ano

A= (0,0365 x Q/ KA) x ln [(Ci – C*)/( Co – C*)]


Sendo:
A= área da wetland (ha)
Q= vazão (m3/dia)

Q=790,022m3/ano= 790.022/365dias= 2.164m3/dia

A= (0,0365 x Q/ KA) x ln [(Ci – C*)/( Co – C*)]


A= (0,0365 x 2164/ 12) x ln [(4,3 – 0,02)/( 2,5– 0,02)]
A= 6,58 x ln [4,28/2,48]= 3,6ha= 36.000m2

Exemplo 59.25
Calcular a área necessária para reduzir o TSS Ci=100mg/L para Co= 32mg/L para reduzir
68% da carga poluente, sendo Q=790.022m3/ano, C*=21,1, K=1000 e temperatura da água
da wetland igual a 24⁰C.
K A,T= K A,20 . θ (T-20)
K A,T= 1000 x 1,00 (T-24)
K A,T= 1000
A= (0,0365 x Q/ KA) x ln [(Ci – C*)/( Co – C*)]
Sendo:
A= área da wetland (ha)
Q= vazão (m3/dia)

Q=790,022m3/ano= 790.022/365dias= 2.164m3/dia


A= (0,0365 x Q/ KA) x ln [(Ci – C*)/( Co –C*)]
A= (0,0365 x 2164/ 1000) x ln [(100 – 21,1)/( 32 – 21,1)]
A= 0,079 x ln [78,9/10,9]= 0,16 ha= 1.600m2

Tabela 59.43- Modelo K-C* de Kadlec e Knight, 1996 para Q=790.00m3/ano (2.164m3/dia)
com objetivo de redução de TSS, NT e PT respectivamente de 68%, 30% e 41%.
Parâmetros Temp. (ºC) KA a 20ºC Ci (mg/L) Co (mg/L) C* (mg/L) Área (m2)
TSS 24 1000 100 32 21,1 1.600
NT 24 22 20 14 1,50 17.100
PT 24 12 4,3 2,5 0,02 36.000
Tabela (59.16) Tabela (59.41)

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59.58 Modelo w-C* de Kadlec e Wallace, 2009


Kadlec e Wallace, 2009 apresentam o modelo w-C* para estudo de remoção de
poluentes em wetlands donde se supõe que o modelo não se aplica somente a TSS, mas a
outros poluentes como TP e NT.
O modelo baseia-se na velocidade de sedimentação de sólidos w e a dificuldade em
aplicar o modelo é a obtenção de dados desta velocidade.
O modelo é de difícil aplicação devido a dificuldade de se obter ou estimar o valor da
velocidade de sedimentação w.
( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp ( -w. L/ u. h ) = exp (- w . ζ / h )

Sendo:
Co= concentração na saída da wetland (mg/L)
Ci= concentração na entrada da wetland (mg/L)
C* = concentração irredutível do poluente (mg/L)
w= velocidade de sedimentação de sólidos na wetland (m/s)
u= velocidade superficial da água na wetland (m/s)
h= profundidade da wetland (m)
ζ= tempo de detenção nominal (dias)
L= comprimento da wetland (m)

A velocidade de sedimentação w varia de 0,076m/dia a 26,3 m/dia com média de


9,6m/dia. Quando temos sólidos planctônicos devemos usar w=0,076m/dia conforme Kadlec e
Wallace, 2009 que é usado por exemplo no lago Wind Lake de Wisconsin que é dominado por
algas.

Área da wetland
( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp ( -w. L/ u. h ) = exp (- w . ζ / h )
( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp (- w . ζ / h )
( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = 1/e (w . ζ / h)

e (w . ζ / h) =( Ci – C* )/ ( Co-C* )
Aplicando ln em ambos os lados temos:
w . ζ / h = ln [( Ci – C* )/ ( Co-C* )]
ζ = V/Q
V= L.W.h
w . V / Q.h = ln [( Ci – C* )/ ( Co-C* )]
w . A.h / Q.h = ln [( Ci – C* )/ ( Co-C* )]
A = (Q/w). ln [( Ci – C* )/ ( Co-C* )]

Exemplo 59.26
Calcular a concentração de TSS de saída Co, sendo a concentração de TSS na entrada de
Ci=100mg/L, C*=21,1mg/L, comprimento L=252m, velocidade da água na wetland u=0,01m/s
e velocidade de sedimentação w=9,70m/dia=0,00011227m/s e profundidade h=0,77m

( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp ( -w. L/ u. h ) = exp (- w . ζ / h )


( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp ( -w. L/ u. h )
( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp[ ( -0,00011227 x 252)/ (0,01x0,77)]
( Co-21,2* )/ ( 100 – 21,2 ) =0,0254
Co-21,2* =2,00
Co= 2,00+ 21,2=23,2mg/L
Redução = 100 x (100 -23,2)/100= 77%

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Exemplo 59.27
Calcular a concentração de TP de saída Co, sendo a concentração de TP na entrada de
Ci=4,3mg/L, C*=0,02mg/L, comprimento L=252m, velocidade da água na wetland u=0,01m/s e
velocidade de sedimentação w=9,70m/dia=0,00011227m/s e profundidade h=0,77m

( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp ( -w. L/ u. h ) = exp (- w . ζ / h )


( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp ( -w. L/ u. h )
( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp[ ( -0,00011227 x 252)/ (0,01x0,77)]
( Co-0,02* )/ ( 4,3 – 0,02 ) =0,0254
Co-0,02* =0,11
Co= 0,11+ 0,02=0,13mg/L
Redução = 100 x (4,3 -0,13)/4,3= 97%

Exemplo 59.28
Calcular a concentração de NT de saída Co, sendo a concentração de NT na entrada de
Ci=20,0mg/L, C*=1,50mg/L, comprimento L=252m, velocidade da água na wetland u=0,01m/s
e velocidade de sedimentação w=9,70m/dia=0,00011227m/s e profundidade h=0,77m

( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp ( -w. L/ u. h ) = exp (- w . ζ / h )


( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp ( -w. L/ u. h )
( Co-C* )/ ( Ci – C* ) = exp[ ( -0,00011227 x 252)/ (0,01x0,77)]
( Co-1,50* )/ ( 20– 1,5 ) =0,0254
Co-1,5 =0,47
Co= 1,5+ 0,47=1,97mg/L
Redução = 100 x (20 -1,97)/20= 90%

59.59 Infiltração
Em wetlands destinadas a melhoria da qualidade das águas pluviais raramente se
instala revestimento no fundo da mesmas para evitar a infiltração no solo. Em muitos casos
conforme a qualidade das águas pluviais é interessante que se faça o revestimento do fundo
da wetland.
Em casos de wetlands destinadas a tratamento de esgotos o mais normal é se
impermeabilizar o fundo da mesma com argila ou produtos sintéticos baseados no PVC ou
similar.
Uma infiltração normal em solos franco siltoso é conforme Kadlec e Wallace, 2009 de
1,5cm/dia=0,625mm/h=0,0001736m/s.
Um dado que se pode utilizar para a infiltração em argila selante é conforme Kadlec e
Wallace, 2009 a condutividade hidráulica de 1x10-7 cm/s.
O cálculo da infiltração conforme Kadlec e Wallace, 2009 é feito através da equação de
Darcy na seguinte forma:

Q= K. A . [( Hw – H1)/ (H1-H2)]
Sendo:
Q= infiltração (m3/dia)
K= condutividade hidráulica do revestimento (m/dia)
H1=cota do fundo da wetland (m)
H2= cota do revestimento (m)
Hw= altura da água na wetland (m)
A= área da wetland (m2)

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59.60 Modelo TIS


O modelo TIS (Tank in Series) de autoria de Kadlec e Knight, 1996 são tanques em
série onde calculamos a concentração de poluentes em cada tanque conforme o modelo
hidráulico escolhido conforme Figura (59.41).
No modelo dos tanques em séries são usadas as concentrações irredutíveis C* e a taxa
constante de primeira ordem K selecionada conforme o tipo de wetland e conforme a
concentração conforme Kadlec e Wallace, 2009.
Para um grande número de tanques N teremos um pequeno grau de dispersão
enquanto par N=1 teremos um reator completamente misturado.

Figura 59.41- Modelo conceitual do modelo TIS para redução de poluente


Fonte: Kadlec e Wallace, 2009

Supõe-se que as chuvas não contribuem com nenhuma poluição, mas é fácil adicionar
se ele existe na atmosfera.
C1= [ Qi. Cin + (k . A1 . C*)] / [Q1 + (( α . ET). A1) + ( I. A1) + (k . A1)]
Sendo:
C1= concentração na entrada (mg/L)
Qi= vazão na entrada (m3/dia)
Cin= concentração inicial (mg/L)
K= constante m/ano conforme o poluente
A1= área do tanque (m2)
C*= concentração irredutível do poluente (mg/L)
ET= evapotranspiração (m/dia)
α= fração transpirada pelas plantas. Geralmente α=0,5. Então: 0,5 x ET será a transpiração
I= infiltração (m/dia)

A quantidade de tanques em série geralmente é 3 e se representa P= 3 TIS.


A equação acima vale para todos os poluentes, com exceção do nitrogênio.

59.61 Balanço Hídrico I

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Kadlec e Wallace, 2009 apresentam o balanço hídrico de uma wetland de superfície


livre com dados médios diários
Mesmo no balanço hídrico será aplicado o modelo TIS e como exemplo, para três
tanques em série que é o mais usual.
Q1= Qin + A1 ( P – ET – I)

Sendo:
A1= área do tanque número 1 (m2)
Q1= vazão que sai do tanque 1 (m3/dia)
Qin= vazão que entra no tanque 1 (m3/dia)
P= precipitação média diária (m/dia)
ET= evapotranspiração média diária (m/dia)
I= infiltração média diária (m/dia)
Número aparente de tanques em séries: P= 3 TIS.
O erro do modelo conforme Kadlec e Wallace, 2009 varia conforme a equação:
a= (P – ET)/ q
Sendo:
q= carga hidráulica (m/dia) ou cm/dia

Exemplo 59.29
Dado: P=0,05cm/dia ET=0,40cm/dia q=2,08cm/dia
a= (P – ET)/ q
a= (0,05 – 0,40)/ 2,08= -0,17
Portanto, aplicando o modelo, teremos um erro de aproximado 17% quando obteremos
a concentração dos poluentes.

Exemplo 59.30
Dada uma área de bacia com 100ha, área impermeável AI=60%, precipitação média anual
Pm=1487,8mm e evapotranspiração média anual EVP=1.131mm/ano. Calcular o volume
WQv, precipitação e evapotranspiração média diária, bem como o volume de runoff Q anual e
diário.
Rv= 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,00 x 60=0,59
WQv= (P/1000) x Rv x A
P= 25mm= first flush
WQv= (25/1000) x 0,59 x 100ha x 10.000m2= 14.750m3
Volume de runoff=Qano= (Pm/1000) x Rv x 0,9 x A
Volume de runoff= Qno=(1487,8/1000) x 0,59 x 0,9 x 100 x 10000m2=790.022m3/ano
Qdiário=790.022/365dias= 2.164m3/dia
Evapotranspiração
EVP anual= 1131mm=1,131m
EVP diário = 1,131/365dias=0,0031m/dia
Precipitação
Pm anual= 1487,8mm=1,4878m
Pm diário = 1,4878/365dias=0,0041m/dia

Exemplo 59.31
Dados:
Precipitação média diaria=0,0041m/dia
Evapotranspiração média diaria=0,0031m/dia

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Runoff médio diário Q= 2.164m3/dia


Infiltração com condutividade hidráulica K=0,21mm/h = (0,21/1000) x 24h=0,005m/dia
Área da wetland= 21.167m2=2,1 ha
Profundidade da wetland h=0,77m
Porosidadae=0,95
Volume da wetland= 16.299m3
Número de tanques em série PTIS=3

Cálculos da chuva
A chuva diária é 0,0041m/dia multiplicado pela área da wetland que é 21.167m2.
Volume da chuva= 0,0041m/dia x 21.167m2= 87m3
Os dados estarão na Tabela (59.44).
Para os três tanques o valor é sempre 87m3 e no final teremos o total de 3 x 87m3 que
é igual a 261m3.

Cálculo da evapotranspiração
A evapotranspiração é 0,0031m/dia e multiplicando pela área da superfície da wetland
que é 21.167m2 teremos:
0,0031m/dia x 21.167m2= 66m3 que colocaremos na Tabela (59.44)
Em cada tanque teremos a evapotranspiração de 66m3 e no total teremos 198m3.

Cálculo da infiltração
Em se tratando de wetland para melhoria da qualidade das águas pluviais não estamos
instalando revestimento com argila ou com material plástico Consideramos que a infiltração é
pequena, ou seja, 0,21mm/h =0,005m/dia.
Considerando que a área do fundo é a mesma da superfície (21.167m2) , o volume
infiltrado V será.
V= 0,005m/dia x 21.167m2= 106m3/dia
Em cada tanque o volume infiltrado será o mesmo e no total teremos 318m3 conforme
Tabela (59.44).

Cálculo do volume de runoff diário


Vamos calcular tanque por tanque, começando com o Tanque número 1.
Tanque número 1
No primeiro tanque entra o volume de runoff Q= 2.164m3/dia.
Usaremos a equação básica:
Q1= Qin + A1 ( P – ET – I)
Q1= Qin + A1 . P – A1.ET – A1.I
Q1= 2164+87-66- 106= 2.079m3/dia

Tanque número 2
No segundo tanque entra o volume de ruonf Q= 2.079m3/dia.
Usaremos a equação basica:
Q1= Qin + A1 ( P – ET – I)
Q1= Qin + A1 . P – A1.ET – A1.I
Q1= 2079+87-66- 106= 1.994m3/dia

Tanque número 3
No segundo tanque entra o volume de runoff Q= 1.994m3/dia.
Usaremos a equação básica:

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Q1= Qin + A1 ( P – ET – I)
Q1= Qin + A1 . P – A1.ET – A1.I
Q1= 1.994+87-66- 106= 1.909m3/dia

Cálculo do tempo de detenção nominal em dias


ζ= V/ Q
Sendo:
V= volume da wetland (m3)
Q= runoff diário (m3/dia)

Para o Tanque número 1

ζ= V/ Q
ζ= 16299/ 2079 = 7,8 dias
Para o Tanque número 2

ζ= V/ Q
ζ= 16299/ 1994 = 8,2 dias
Para o Tanque número 3

ζ= V/ Q
ζ= 16299/ 1909 = 8,5 dias

Tabela 59.44- Cálculo do balanço hídrico conforme Kadlec e Wallace, 2009


usando três tanques
Balanço Hídrico da wetland conforme Kadlec Inflow Tanque 1 Tanque 2 Tanque 3 Total
outflow
Área do tanque (m2) tanque 1, 2 e 3 = 21.167 Volume adotado Volume adotado Volume adotado
(m3)= (m3)= (m3)=
Vazão (m3/dia)= 2.164 2.079 1.994 1.909
3
Chuva (m /dia)= 0,0041 87 87 87 261
3
Evapotranspiração ET (m /dia)= 0,0031 66 66 66 198
3
Infiltração (m /dia)= 0,005 106 106 106 318
Detenção nominal (dias)= Volume res/Q= 7,53 7,8 8,2 8,5 24,5
HLR (m/dia)=q=Q/A 0,10 0,098 0,094 0,090

a= (P – ET)/ q
a= (0,0041 – 0,0031)/ 0,09= 0,011

Portanto, o erro no cálculo da concentração de poluentes é de 1,1% que é muito baixo.

Exemplo 59.32
Usando o exemplo anterior com os dados do balanço hídrico calcular o balanço de fósforo
sendo que as águas pluviais quando entram na wetland possui concentração Ci=4,30mg/L. A
concentração irredutível do fósforo é C*= 0,02mg/L que é usado no Conama 357/05.
Consideramos ainda que a temperatura da wetland no local é 24ºC e a constante adotada é
K= 12/ano=0,0329m/dia. O coeficiente α=0,50 para acharmos a transpiração das plantas na
wetland.

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Tabela 59.45- Cálculo da fósforo


Modelo k‐C* com PTIS=3         
Poluente: PT  Inflow  Tanque 1  Tanque 2  Tanque 3=outflow 
Concentração de PT de entrada Ci(mg/L)=  4,30  3,20  2,45  1,79 
Concentração irredutível do poluente (mg/L)=  C*=  0,02       
Temperatura (graus celsius)=  24,00       
Coeficiente teta para correção de K em função da temperatura =  1,00       
Constante  K (m/ano)=  12       
Coeficiente de K para a temperatura T =  12,0       
Coeficiente de K (m/dia)  0,0329       

C1= [ Qi. Cin + (k . A1 . C*)] / [Q1 + (( α . ET). A1) + ( I. A1) + (k . A1)]

Para o Tanque número 1


A1= 21.167m2
Qi=2164m3/dia
Q1=2079m3/dia
Cin=4,30mg/L
C1= [ 2164 x 4,30 + (0,0329 . 21167 . 0,02)] / [2079 + 0,5 . 66 + 106 + (0,0329 .
21167)]
C1= 9319,1/ 2914,39= 3,20mg/L

Para o Tanque número 2


A1= 21.167m2
Qin=2079m3/dia
Q1=1994m3/dia
Cin-=3,20mg/L
C1= [ 2079 x 3,20 + 13,93] / [1994 + 33 + 106 +696]
C1= 6666,73/ 2723= 2,45mg/L

Para o Tanque número 3


A1= 21.167m2
Qi=1994m3/dia
Q1=1909m3/dia
Cin =2,45mg/L
C1= [ 1994 x 2,45 + 13,93] / [1909+835]
C1= 4899,23/ 2744= 1,79mg/L

Redução = 100x (4,30-1,79)/4,30 =58%

Portanto, a redução de fósforo será de 58%

59. 56 Custos
Kadlec e Wallace, 2009 apresentam várias estimativas de custos de wetlands para
tratamento e para melhoria da qualidade das águas pluviais.

Custo em relação a área da wetland


C= 194.000 x A 0,690

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Sendo:
C= custo em US$
A= área ocupada pela wetland (ha)

Exemplo 59.33
Estimar o custo de uma wetland com área da wetland A=21.167m2=2,1ha
C= 194.000 x A 0,690
C= 194.000 x 2,10,690
C=US$ 324.000

Custo em relação ao runoff diário da wetland


C= 3358x Q0,729
Sendo:
C= custo em US$
Q=runoff (m3/dia)

Exemplo 59.34
Estimar o custo da wetland para bacia com Q= 2164m3/dia.
C= 3358x Q0,729
C= 3358 x (2164)0,7294
C= US$ 909.531

Tabela 59.46- Preços unitários de custos conforme Kadlec e Wallace, 2009 para estimativas de custo de
uma wetland
Custos diretos Unidade Custo em US$
Custo de escavação m3 7
Custo de topografia ha 370
Estudos hidrogeológicas ha 750
Limpeza e retirada de matos, arbustos e arvores ha 9.800
Revestimento em argila (30cm) m2 8,6
Custo de tubulações, vertedores, e outras estruturas Verba
Colocação de solo orgânico m3 25
Custo total de sementes e plantas ha 9250
Custos indiretos
Custo do projeto 15%
Custo de contingencia 20%
Custo de gestão 5%
Canteiro de obras 5%
Custo não de construção 5%
Custo indireto total 50%

Vida útil usada em cálculos do LCCA é 20anos, mas uma wetland atinge 50anos
conforme Kadlec e Wallace, 2009.
O custo de manutenção e operação de uma wetland é de US$ 2.000/ha conforme
Kadlec e Wallace, 2009.

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59.62 Método da análise do custo da vida útil que é chamado de Life-cycle cost
analysis (LCCA).
Conforme Taylor, 2005 o LCCA é o método de avaliação de todos os custos
relevantes durante 20 anos conforme Taylor, 2002.
Nos custos estão inclusos os custos atuais, custos financeiros, manutenção, operação,
etc.
Os custos devem ser avaliados considerando várias alternativas viáveis, devendo a
avaliação considerar sempre o período único de 20anos, por exemplo.
As 10 recomendações básicas do LCCA conforme Fuller e Petersen, 1996 são:

1. O primeiro passo no LCCA é identificar o que vai ser analisado. É importante


entender como a análise será usada e qual será o tipo de decisão que será feita no uso
do método.
2. Identificar duas ou mais alternativas viáveis que sejam mutualmente exclusivas. Em
estatística dois eventos são mutualmente exclusivos quando ocorre um dos eventos, o
outro não pode ocorrer. Identifique algum problema que pode advir de uma alternativa
escolhida e este problema pode ser físico, funcional, segurança ou legislação
municipal, estadual ou federal.
3. Todas as alternativas devem ter o mínimo da performance admitida. As alternativas
a serem escolhidas devem ser tecnicamente viável.
4. Todas as alternativas devem ser avaliadas usadas o mesmo tempo, a mesma data
base, as mesmas taxas de financiamento, etc. O prazo máximo a ser admitido para
aproveitamento de água de chuva é de 20anos.
5. Fazer a análise de cada alternativa em dólares e quando um custo for insignificante
podemos esquecê-lo ou quando julgarmos conveniente levá-lo em conta de alguma
maneira. Não se devem usar custos anteriores para a decisão.
6. Compare cada uma das alternativas
7. Use a inflação para apurar o valor presente
8. Use análise de incerteza para verificar os dados de entrada
9. Faça algumas medidas suplementares caso necessário
10. Encontre a decisão

Juro é a remuneração que o tomador de um empréstimo deve pagar ao proprietário do capital


empregado. Quando o juro é aplicado sobre o montante do capital é juro simples.

Inflação: aumento persistente dos preços em geral, de que resulta uma continua perda do
valor aquisitivo da moeda.

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Figura 59.42- Sumário dos fatores de desconto conforme Fuller et al, 1996

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Figura 59.43- Sumário dos fatores de desconto conforme Mays e Tung, 1992

Valor presente simples (SPV).


Vamos supor que no fim de 5 anos aplicamos US$ 100 a taxa de juros de 5%. O valor
presente não será US$ 100,00 e sim US$ 78,35 a ser calculado da seguinte maneira.
SPV= Ft/ ( 1 + d)t Figura (59.42)
Sendo:
SPV = valor presente em US$
Ft= valor pago no tempo “t” em US$
d= taxa de juros anuais em fração.
t= tempo em anos

Exemplo 59.35
Calcular o valor presente da aplicação de Ft=US$ 100,00 daqui a t=5 anos sendo a taxa de
juros de 5% (d=0,05).
SPV= Ft/ ( 1 + d)t
SPV= 100x[ 1/ ( 1 + 0,05)5]
Fator=0,7835
SPV= 100x 0,7835= US$ 78,35
Isto significa que o investidor do dinheiro poderá receber US$ 78,35 a vista ou US$
100,00 daqui a 5 anos.

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Valor presente Uniforme (UPV)


O valor presente uniforme é usado como se fosse uma série de valores iguais que são
pagos durante um certo número de anos e o valor presente uniforme será:
UPV= Ao . [ (1+d)n -1 ] / [ d .(1+d)n] Figura (59.42)
Sendo:
UPV= valor presente uniforme em dólares
Ao= aplicação anual constante em dólares
d= taxa de juros anual em fração
n= número de anos

Exemplo 59.36
Calcular o valor presente uniforme da aplicação de US$ 100,00 por ano durante 20 anos a
taxa de juros 3% ao ano.
UPV= Ao . [ (1+d)n -1 ] / [ d .(1+d)n]
UPV= 100 . [ (1+0,03)20 -1 ] / [ 0,03 .(1+0,03)20]
UPV= 100x. 14,88= US$ 1488,00

Valor presente Uniforme Modificado (UPV*)


Quando a aplicação anual A1, A2, A3, etc vai aumentando por um fator constante, por
exemplo, e=2%
UPV*= Ao . [ (1+e)/ (d-e) ] x { 1- [(1+e)/(1+d)] n} Figura (59.42)
Sendo:
UPV*= valor presente uniforme modificado em dólares
Ao= aplicação anual constante em dólares
d= taxa de juros anual em fração
n= número de anos
e= fator constante de aumento do valor A1, A2, A3,...

Exemplo 59.37
Calcular o valor presente uniforme da aplicação de US$ 100,00 por ano durante 15 anos a
taxa de juros 3% ao ano e fator constante de aumento e=2%.
Valor presente Uniforme Modificado (UPV*)
UPV*= Ao . [ (1+e)/ (d-e) ] x { 1- [(1+e)/(1+d)] n}
UPV*= Ao . [ (1+0,02)/ (0,03-0,02) ] x { 1- [(1+0,02)/(1+0,03)] 15}
UPV*= Ao x 13,89
UPV*= 100 x 13,89=US$ 1389,00

Exemplo 59.38
Calcular o valor presente Uniforme Modificado (UPV*) da manutenção anual de US$ 100,00
que sofre um acréscimo de 2% ao ano durante 5 anos a juros de 3% ao ano.
UPV*= Ao . [ (1+e)/ (d-e) ] x { 1- [(1+e)/(1+d)] n}
UPV*= Ao . [ (1+0,02)/ (0,03-0,02) ] x { 1- [(1+0,02)/(1+0,03)] 5}
UPV*= 100x 4,8562=US$485,62
Inflação
A taxa de juros d pode ser considerada usando a taxa de inflação I e a taxa nominal de
desconto D conforme a equação de D. Rather in Fuller, et al, 1996.
d= [(1+D)/ (1 + I)] -1
Sendo:
d= taxa de juro real anual (com desconto da inflação)
D= taxa de juro nominal anual
I= taxa de inflação

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Exemplo 59.39
Calcular a taxa de juro real fornecida a inflação de I=4,0% e a taxa de juro nominal anual de
D=9,25% para junho de 2009 no Brasil.
d= [(1+D)/ (1 + I)] -1
d= [(1+0,0925)/ (1 + 0,04)] -1 =0,0505

Preço futuro
O preço futuro Ct com referência ao preço base Co é fornecido pela equação:
Ct= Co ( 1 + E) t
Sendo:
Ct= custo futuro em dólares
Co= custo atual em dólares
E= taxa nominal de juros em fração
t= período de tempo que geralmente é em anos

Exemplo 59.40
Calcular o custo futuro daqui a 10anos para o custo atual de US$ 1000,00 sendo a taxa
nominal de juros de 3%.
Ct= Co ( 1 + E) t
Ct= 1000x ( 1 + 0,03) 10 =US$ 1.344,00

Método LCCA
Existe uma fórmula geral do método LCCA que é:
LCCA= Σ Ct / ( 1 +d)t
Sendo:
LCCA= valor presente total do LCC em dólares no período para cada alternativa
Ct= soma de todos os custos relevantes incluindo custo inicial e custos futuros durante o
período de tempo considerado
d= taxa nominal de desconto em fração
Entretanto Fuller et al, 1996 apresenta uma outra fórmula que é mais usada:
LCCA= Custo Inicial + Reposição – Resíduo + Energia + custos + O&M
Sendo:
LCCA= valor presente total LCCA em dólares para uma alternativa escolhida
Custo inicial= valor presente dos investimentos iniciais em dólares
Reposição= valor presente do custo de reposição em dólares
Resíduo= valor presente residual em dólares
Energia=valor presente do custo da energia
Custos= demais custos
O&M: valor presente dos custos de manutenção e operação em dólares

Exemplo 59.41
Estimar o custo em dólares americanos de uma wetland com altura de 0,77m, volume
V=14.750m3, área de superfície As=21.167m2 e altura de 1,30 contando borda livre de 0,50m
e mais altura necessária para vertedor retangular para período de retorno de 2anos.

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Tabela 59.47- Cálculo de custo no exemplo


Custos Unidade
Custos diretos Unidades Preço unitário em US$ Quantidade Custo total (US$(
Custo de escavação m3 7 37465,7867 262261
Custo de topografia há 370 2,1 783
Estudos hidrogeológicos há 750 2,1 1588
Limpeza e retirado de mato, arbustos e arvores há 9800 2,1 20744
Revestimento de argila (30cm)= m2 8,6 21167 182037
Custo de tubulações, vertedores e outras estruturas de entrada e saída verba 100000
Colocação de solo orgânico m3 25 6350 158753
Custo total de sementes e plantas há 9250 2,12 19580
Custo total direto 745744
Custo indireto
Custo de projeto 15%
Custo de contingencia 20
Custo de gestão 5
Canteiro de obras 5
Custos não de construção 5
Custo indireto total 50 372872
Custo total em dólares americanos= US$ 1.118.616
Altura da wetland (m3) incluso borda livre= 1,77
Volume da wetland (m3) incluso borda livre= 37466
Custo em US$/m3 = 30
Custo do pré-tratamento : 44039
Custo da derivação das águas pluviais visto ser off line = 22020
Custo total da wetland+pré-tratamento (US$= 1162865
Custo de manutenção e operação anual há 2000 2,12 4233
Quantidade de kg de TSS removido anualmente = 60277
Custo em US$/kg de TSS removido = 0,96
Quantidade de kg de TP removido anualmente = 2040
Custo em US$/kg de PT removido = 29

O custo do TSS removido por Kg é US$ 0,96/kg, enquanto que o custo do PT é de US$
29/kg de fosforo removido.
Observemos que nos Estados Unidos é comum o custo da remoção do TSS de US$
1,05/kg e US$ 20/kg de PT.

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Tabela 59.48- Cálculo do valor presente incluso manutenção e operação com taxa de juros de 7,6% ao
ano
Ordem Especificação Área da Custo Fato para Valor presente
wetland 20 anos
(ha)
1 Custo da US$ 1.118.616
construção da (já é valor
wetland presente)
2 Custo de US$ 2000/ha 10,13 US$ 42.951
manutenção e 2,12ha
operação
3 Valor presente em US$ 1.161.567
20anos de vida útil

O custo do valor presente em dólares por m3 do volume da wetland será:

Custo= US$ 1161.567 / 14.750m3=US$ 79/m3

59.63 Revestimento
Vamos nos basear nas informações de Kadlec e Wallace, 2009 para o estudo dos
revestimentos.
A decisão de instalar um revestimento em uma wetland depende dos objetivos da
wetland e de alguma disposição legal necessária Algumas wetlands possuem um solo nativo
com baixa condutividade hidráulica e não há problemas de qualidade da água na recarga do
aqüífero subterrâneo
Uma wetland muito grande com alguns hectares fica praticamente inviável o uso de
revestimento, a não ser camada de argila.
Nos Estados Unidos na cidade de Columbia, Missouri é obrigatório que seja colocado
revestimento em wetlands menores que 40ha.
Os materiais impermeabilizante usados nas wetlands são vários, como PVC com
0,76mm ou Polietileno de alta densidade (PEAD) com 1,00mm de espessura.
O PVC é viável em wetlands menores que 0,1ha de superfície.
O custo do revestimento de wetland de superfície é US$ 6,97/m2 enquanto que para
argila nativa com 30cm é de US$ 7,50/m2.
Caso o solo contenha rochas ou detritos que possam danificar o revestimento durante a
construção é então instalado uma camada de areia com custo médio de US$ 2,24/m2.
Tabela 59.49- Custo e espessura de diversos revestimento conforme Kadlec e Walllace, 2009
Material Espessura Custo de instalação
US$/m2
2
Bentonita 10 kg/m 7,96
Argila nativa 30cm 7,50
Sanduíche de argila e geotêxtil NS 4,84
PVC 0,76mm 4,09
PEAD 1,02mm 4,73
Polipropileno 1,02mm 5,92
Polipropileno reforçado 1,14mm 6,89
Hypalon 0,76mm 6,89
Hypalon 1,52mm 8,07
XR-5 Não disponível 11,19

É importante salientar que mesmo uma argila selante usada como impermeabilizante
possui uma condutividade hidráulica embora baixa de 1 x 10-7 cm/s a conforme Kadlec e

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Wallace, 2009. Neste local medido havia 30cm de argila impermeabilizante e 30cm de solo
orgânico que servirá para a zona de raízes das plantas.
A infiltração deve ser calculada pela equação de Darcy já conhecida.

Figura 59.44- Revestimento no fundo da wetland para evitar infiltração de esgotos


e evitar a contaminação do lençol freático

Figura 59.44B- Revestimento no fundo da wetland para evitar infiltração de


esgotos e evitar a contaminação do lençol freático

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Figura 59.44C- Plantando manualmente na wetland

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59.64 Balanço hídrico II


É recomendável que se faça um balanço hídrico mês a mês durante um ano para
verificar se não haverá um mês em que a wetland ficará vazia ou praticamente vazia,
acabando com a vegetação.
Deve ser calculada a vazão base que é a vazão mínima ou seja a vazão Q 7,10.
Deverá ser verificada também a infiltração no solo e prevemos também se há retirada
da água para algum fim como irrigação.

Exemplo 59.42
Dados:
Área da bacia = 100ha
AI=60%
Infiltração com condutividade hidráulica K=0,21mm/h = (0,21/1000) x 24h=0,005m/dia
Área da wetland= 21.167m2=2,1 ha
Profundidade da wetland h=0,77m
Porosidadae=0,95
Volume da wetland= 16.299m3

Tabela 59.50- Balanço Hídrico


Precipitação média anual (mm)= 1487,8
Vazão média de longo período (L/s/km2)= 15,13
Vazão média de longo período (L/s)= 15,13

Q7,10 (L/s)= 3,2


Balanço Hídrico para Tr=10anos
Retirada de água constante (litros/segundo)= 0,0 L/s
Área impermeável (%)= 60
Rv=0,05+0,009x AI= 0,59
Eficiência 0,90 Chegará á barragem 90% do runoff conforme Teoria de Schueller, 1987
Área da superfície (m2)= 21167
Área de infiltração com baixa declividade (m2)= 2117 Gradiente hidráulico G = 1
Área de infiltração com alta declividade (m2)= 19050 Gradiente hidráulico G = 0,5
Área da bacia (ha)= 100
Condutividade hidráulica (mm/h)= 0,0208000 Argila impermeável página 30 Kadlec
Condutividade hidráulica (m/dia)= 0,0004992
Volume do reservatório (m3)= 16299

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Tabela 59.51- Balanço Hídrico


Meses do ano jan fev mar abr mai jun
Número de dias no mês= 31 28 31 30 31 30
Mês 1 2 3 4 5 6
Precipitação média mensal (mm) =
254,1  251,7  200,9  58,3  70,3  39,0 
Evaporação média mensal ( mm)= 119 107 109 90 71 58
Volume runoff= Rv x Precipitação mensal x área da bacia 134946 133629 106663 30967 37320 20719
Precipitação na represa (m3)= 5379 5327 4252 1234 1488 826
Evaporação da área da superfície liquida (m3) 2509 2275 2299 1908 1503 1221
Infiltração de água no solo (m3/mês)= 296 267 296 286 296 286
Retirada de água constante (m3/mês)

Vazão base (m3/mes)= 8493 7671 8493 8219 8493 8219


50% da vazão do Q,7,10 (m3/mês)=Saida de 50% de q7,10= 4246 3835 4246 4109 4246 4109
Balanço (m3) volume que entra - volume que sai= 141768 140249 112567 34117 41255 24146
Balanço mensal o que fica no reservatorio no fim do mes (m3)= 16299 16299 16299 16299 16299 16299

Tabela 59.52- Balanço Hídrico


Meses do ano julho ago set out nov dez
Número de dias 31 31 31 30 31 30
no mês=
Mês 7 8 9 10 11 12
Precipitação 30,8 24,9 75,1 137,4 130,5 214,7 1487,8
média mensal
(mm) =
Evaporação 64 81 89 107 116 121 1131
média mensal (
mm)=
Volume runoff= 16379 13232 39893 72955 69291 114025
Rv x
Precipitação
mensal x área
da bacia
Precipitação na 653 527 1590 2908 2762 4545
represa (m3)=
Evaporação da 1357 1718 1887 2266 2445 2555
área da
superfície
liquida (m3)
Infiltração de 296 296 296 286 296 286
água no solo
(m3/mês)=
Retirada de
água constante
(m3/mês)
Vazão base 8493 8493 8493 8219 8493 8219
(m3/mês)=
50% da vazão 4246 4246 4246 4109 4246 4109
do Q,7,10
(m3/mês)saída
de 50% de
q7,10=
Balanço (m3) 19625 15991 43547 77420 73558 119838
volume que
entra - volume
que sai=
Balanço mensal 16299 16299 16299 16299 16299 16299
o que fica no
reservatório no
fim do mês
(m3)=

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59.65 Multiplicador
Há sempre uma variação na entrada do poluente que depende da estação do ano ou
da temperatura ou de ambas. Não se pode ignorar que existem estas variações de
concentrações o que é esclarecido por Kadlec e Wallace, 2009.
Quando se pensa num projeto de uma wetland é imaginado uma determinada
concentração do poluente devido aos objetivos do projetista ou a legislação existente.
Se num determinado projeto queremos que a concentração final seja de 30mg/L e se
considerarmos as variações, o objetivo é diminuir o objetivo para 30mg/L. Isto fará nos
cálculos um aumento da área da wetland para tratamento de esgotos. Kadlec e Wallace, 2009
citam a Water Environmental Federation, 2001 que sugere o acréscimo da área em 15% a
25% após ser feito o projeto.
Kadlec e Wallace, 2009 sugerem o seguinte:
Multiplicador= 1 + ψ = 1/ COR

Sendo:
Multiplicador: número maior do que 1 que depende do poluente conforme Tabela (59.53)
ψ=aditivo na fração
COR= coeficiente de confiança
C=Ctrend (1+ψ)

Esclarecemos que o multiplicador não é um fator de segurança como alguns autores


afirmam e não pode ser esquecido de ser usado conforme Kadlec e Wallace, 2009.

Tabela 59.53- Multiplicadores com percentil de 90% obtido nas pesquisas dos objetivos dos poluentes em
várias wetlands conforme Kadlec e Wallace, 2009.
Parâmetro Multiplicador= COR= coeficiente de
(1+ψ) confiança

TSS 2,21 0,45


TP 1,94 0,42
TN 1,53 0,65
Fonte: adaptado de Kadlec e Walllace, 2009

Exemplo 59.43
Vamos supor que o nosso objetivo é atingir Co=14mg/L de NT. Considerar a variabilidade de
entrada e conseqüentemente da saída de modo a garantir a saída de 14mg/L usando os
multiplicador de Kadlec e Wallace, 2009.
Conforme Tabela (59.27) para NT o multiplicador é 1,53
(1+ψ)=1,53

C=Ctrend (1+ψ)
Ctrend =C/ (1+ψ)
Ctrend =14/ 1,53 =9,2 mg/L

O coeficiente de confiança COR=1/1,53=0,65 significando que há confiabilidade de


65% em se adotar 9,2mg/L.
Portanto, teremos que rever os cálculos para Co=9,2 mg/L o que certamente aumentar
as dimensões da wetland.

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59.66 pH
De modo geral o pH varia entre 6 a 9 não havendo problemas nas wetlands de superfície.
Podemos ter problema em wetlands para tratamento de esgotos industriais, indústrias de alimentação
e água de drenagem de mineração.

59.67 Toxicidade
Conforme Kadlec e Wallace, 2009 inúmeros estudos mostraram que as wetlands
construídas são efetivas em reduzir a toxicidade. Relembremos que não deve ser lançados
produtos tóxicos em wetlands.

59.68 Evapotranspiração
Existem inúmeros métodos de calculo da evapotranspiração sendo o recomendado
pelas FAO o método de Pennam- Monteith. Temos livro digital somente sobre
Evapotranspiração.
A evapotranspiração é muito importante para evitar que a wetland fique vazia ou com
muita pouca água que mate a vegetação.

59.69 Temperatura da água da wetland


É importante somente para wetland usadas para tratamentos de esgotos no que se
refere a remoção de nitrogênio conforme Kadlec e Wallace, 2009.
Em wetlands para melhoria da qualidade das águas pluviais a temperatura não
apresenta nenhum problema.

59.70 Benefícios extras


As wetlands construídas além dos benefícios de reduzir os poluentes como TSS, NT e
PT possuem outras vantagens como melhoria da biodiversidade, aumento de espécies de
peixes, aumento de pássaros, anfíbios, etc.

59.71 Streeter-Phelps
As equações de Streeter-Phelps que funcionam bem em rios e lagos, não funcionam
para wetland e não podem ser aplicadas conforme Kadlec e Wallace, 2009. As equações não
conseguem quantificar a quantidade de oxigênio dissolvido nas wetlands. Dai então a
conclusão de que não se aplica as equações de Streeter-Phelps em wetlands construídas.

59.72 Performance do NT
Tabela 59.54- Perfomance baseado no NT em 40ha
Unidade TSS NT PT
Entrada de C mg/L 100 20 2,0
Carga de entrada g/m2xano 91 9,1
Valor legal de C Mg/L 5,0 1,0
Multiplicador 2,21 1,53 1,94
Objetivo de C mg/L 3,23 0,50
C* irredutível mg/L C*=1,5+0,22.Ci 1,5 0,01
Valor anual de K m/ano 1000 13,0 10
Carga hidráulica cm/dia 1,25 1,25
Saída de C mg/L 3,23 0,29
Área ha 40 40 40

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59.73 Cálculo usando o número da curva CN


Estimativa do runoff ou escoamento superficial ou chuva excedente pelo método SCS
Conforme TR-55 do SCS de 1986 o método do número CN da curva de runoff é
fornecido pela equação:

( P – Ia ) 2
Q = ------------------ (Equação 59.4)
( P- Ia ) + S
Sendo:
Q= runoff ou chuva excedente (mm);
P= precipitação (mm);
Ia = abstração inicial (mm) e
S= potencial máximo de retenção após começar o runoff (mm).
A abstração inicial Ia representa todas as perdas antes que comece o runoff. Inclui a
água retida nas depressões da superfície e interceptada pela vegetação, bem como, a água
evaporada e infiltrada.
Empiricamente foi determinado nos Estados Unidos pela SCS que Ia é
aproximadamente igual a :

Ia =0,2 S (Equação 59.5)

Substituindo o valor de Ia obtemos:

( P- 0,2S ) 2
Q= -------------------------- válida quando P> 0,2 S (Equação 59.6)
( P+0,8S )

25400
sendo S= ------------- - 254 (Equação 59.7)
CN

A Equação (59.5) do valor de Q é válida quando a precipitação P > 0,2S. Quando P <
0,2 S, o valor de Q=0.

Estimativa do número CN para área urbana


Para área urbana existe sempre uma parcela do solo que é impermeável. Na área
impermeável o número CN do solo é CN=98. O coeficiente final CNw composto é a soma
composta do coeficiente da área permeável e da área impermeável com o peso
correspondente da fração da área impermeável da seguinte forma, conforme (McCuen, 1998).
A equação abaixo é válida quando a porcentagem total da área impermeabilizada é
maior que 30% (trinta por cento) da área total.

CNw = CNp . ( 1-f ) + f . (98) (Equação 59.8)

Sendo:
CNw = número CN composto da área urbana em estudo;
CNp = número CN da área permeável da bacia em estudo e
f= fração da área impermeável da bacia em estudo.

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Exemplo 59.44
Para o dimensionamento do piscinão do Pacaembu, Canholi considerou a fração
impermeabilizada de 0,55.
Como já foi mostrado anteriormente o tipo de solo da região é o tipo B conforme
classificação do SCS. Considerando que em espaços abertos com relva com
impermeabilização de 50% a 75% o valor de CN=69.
Vamos achar o número CNw composto.
Sendo:
CNp =69
f= 0,55
CNw = CNp . ( 1 - f ) + f . (98)
CNw = 69. ( 1-0,55 ) + 0,55 . ( 98 )= 84,95=85

Portanto, o número CN que se poderia usar para o cálculo da chuva excedente na


bacia do Pacaembu é CNw =CN=85.

Área impermeável conectada e área impermeável não conectada


O TR-55 do SCS, 1986 salienta a importância das áreas impermeáveis conectadas ou
não. Uma área impermeável é conectada quando o escoamento superficial, isto é, o runoff
escoa da área impermeável diretamente para o sistema de drenagem.
No Exemplo (59.1) da bacia de detenção do Pacaembu, a fração impermeável total é
de 0,55 e a fração impermeável diretamente conectada é 0,45. Isto significa que 45% da área
impermeável escoa diretamente para o sistema de galerias de drenagem enquanto que os
outros 55% da área impermeável se escoa sobre uma área permeável.
O escoamento superficial da área impermeável, isto é, o runoff que se escoa sobre a
área permeável, é que se chama área impermeável não conectada que no caso do piscinão
do Pacaembu é de 55% da área impermeável.
(McCuen, 1998) apresenta a correção do número CN quando a percentagem da área
impermeabilizada total é menor que 30%. Somente neste caso é corrigido o valor de CN
conforme a seguinte fórmula:

CNc = CNp + If ( 98- CNp) ( 1-0,5 R) (Equação 59.9)

sendo:
CNc = número CN ajustado, corrigido;
CNp = número CN da área permeável;
If = fração da área impermeável total
R= fração da área impermeável que está não conectada, isto é, escoa sobre a área
permeável.

Exemplo 59.2 de área não conectada:


Seja uma bacia em que são fornecidos os seguintes dados:
Fração impermeável da bacia = If = 0,25. Portanto, 25% da bacia é impermeável (<30%).
R= fração da área impermeável que não está conectada R=0,50, isto é, supomos que 50% da
área impermeável escoa sobre área permeável.
CNp =61 (suposto)
Achar CNc =?
Aplicando a fórmula de McCuen temos:
CNc= CNp + If (98- CNp) ( 1-0,5 R)

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CNc = 61 + 0,25 (98-61) ( 1- 0,50. 0,5)= 61+0,25.37.0,75=61+6,94=67,94=68


Verificamos pois, um aumento no número CN que era CN=61 e como 50% da área
impermeabilizada escoa sobre a área permeável, o número CN passou para CN=68.
Tabela 59.55- Valores do numero da curva CN para vários tipos de solo
Numero da curva CN  Classificação do uso solo conforme SCS   
Tipo de uso do solo  A  B  C  D 
Densidade baixa e média residencial  61  75  83  87 
Densidade alta residencial  77  85  90  92 
Área comercial/industrial  82  89  94  95 
Área agrícola  68  79  86  89 
Espaço aberto  49  69  79  84 
Agua (várzea)  98  98  98  98 

Exemplo 59.45
Wetland para melhoria da qualidade das águas pluviais.
Dada uma área de bacia com100ha, área impermeável AI=60% e precipitação média anual
Pm=1478,8 mm/ano.
First flush P=25mm.
39,8% da área residencial de média e baixa densidade
25,6% com residencial de alta densidade
34,6% de área comercial e industrial
100,0% total
Não há espaço aberto.
Não há área para a agricultura
Não há espaço com água como várzea inundada.
Queremos a carga de redução de 7 poluentes principais: DBO, TSS, TN, TP, Cu, Pb e Zn
Queremos o custo médio no valor presente para vida útil de 20anos
Queremos o custo médio por redução de TSS em US$/kg.
Método de cálculo para achar o runoff deve ser o número da curva CN do SCS
Tabela 59.56- Cálculos
off line     
Precipitação média anual=  1.487,8   
Área impermeável (%)=  60   
Área (ha)=  100  CN para solo B 
Porcentagem da área de residencial com baixa e média densidade (%)= 39,8  75 
Porcentagem da área de residencial com alta densidade (%)=  25,6  85 
Porcentagem da área comercial e industrial (%)=  34,6  82 
Porcentagem da área agrícola (%)=  0  79 
Porcentagem de área aberta (%)=  0  69 
Porcentagem de área com água (%)=  0  98 

Tabela 59.57- Continuação dos cálculos


Média de CN=  80,0 
S=25400/CN ‐254= (mm)  64 
Q= (P‐0,2S)2/(P+0,8S) (mm)=  1.414 
Caso seja off line multiplicar Q por 0,85. Caso on line multiplicar por 1  0,85 
Runoff (m3/ano)=  1.202.020 

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Rv=  0,59 
WQv (m3)=  14.750 
Profundidade (0,40m)=  0,4 
Area da wetland (m2)=  36.875 
HLR=q= m/ano= carga hidráulica anual=  32,6 

Tabela 59.58- Cálculo da redução da carga para temperatura de 24ºC usando modelo K-C* de
Kadlec e Knight, 1996 para runoff de 1.202.020m3/ano considerando wetland de superfície livre off line
com coeficiente 0,85.
Massa
Poluente Ka K C* Concentrarão Concentração Removida
20ºC θ T ºC Irredutível de HLR= q = de saída Remoção (kg/ano)
(m/an (mg/L) entrada (m/ano) (mg/L) (%) L=QxC
o) (mg/L)
DBO 34 1,0 34,0 10 20 32,6 14,21
3,5+0,053Ci 32,38 7784
TSS 1000 1,0 1000,0 20 150 32,6 20,00
5,1+0,16Ci 86,67 156.263
TN 22 1,1 26,7 1,9 2 32,6 1,95
2,80 67
TP 12 1,0 12,0 0,02 0,36 32,6 0,27
29,09 126
Cu 15 1,0 15,0 0,002 0,05 32,6 0,03
35,41 21
Pb 15 1,0 15,0 0,005 0,18 32,6 0,12
35,86 78
Zn 15 1,0 15,0 0,01 0,2 32,6 0,14
35,04 84

Org N 17 1,05 1,5


NH4 N 18 1,04 0,0
NOx N 35 1,09 0,0
FC 75 1,00 300

Amonea
para 5,0
stormwater
Nitrato para
stormwater 6,7
Fósforo total
para 8,3
stormwater

Conforme Kadlec e Wallace, 2009 para wetland para melhoria da qualidade das aguas
pluviais que não possuem um fluxo continuo devido as chuvas possuem valores da taxa anual
por metro bem mais baixo do que para wetland com fluxo continuo conforme se pode observar
no final da Tabela (59.58). Estes valores foram de determinados por Carleto e tal, 2001 in
Kadlec e Wallace, 2009.

Custo
Conforme Kadlec e Wallace, 2009 o custo de uma wetland para melhoria da qualidade
das águas pluviais conforme o runoff diário é:
C=3368 x Q 0,729
3
Q=runof (m /dia)/ 1000
Q= 1.202.020m3/ano/ 365 dias= 3.293 m3/dia
C=3368 x Q 0,729
C=3368 x 3293 0,729
C= US$1.235.000
Considerando a manutenção anual de US$ 2000/ha, teremos

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Area da wetland= 36875 m2 =3,6875ha


O custo anual será:
US$ 2000 x 3,6875ha= US$ 7.375
Em 20 anos o valor presente será US$ 7.375 x 10,13 já calculado na Tabela (59.22):
US$ 74.709
O custo total do valor presente da wetland incluindo construção e manutenção e
operação será de:
US$1.235.000 + US$ 74.709 = US$ 1.309.709
Será removido 156.263kg de TSS por ano e em 20 anos teremos a remoção de:
20 anos x 156.263kg/ano= 3.125.260kg
O custo por metro cúbico de remoção do TSS= US$ 1.309.709/ 3.125.260= US$
0,42/kg que é um valor baixo a outros obtidos nos Estados Unidos que está na faixa de US$
1,0/kg.

56.74 Resolução Conama 357/2005

Tabela 59.59 – Alguns valores da Conama 357/05 para águas doces no Brasil conforme a Classe
Parâmetros Conama 357/05
Classe Classe Classe Classe
1 2 3 4
Coliformes termo tolerantes ≤200/100m 1000 2500
L
DBO 5,20 (mg/L) ≤3 5 10
OD (mg/L) ≥6 5 4 2
Turbidez ≤4uT
pH 6a9
Boro total (mg/L) 0,5 0,75
Chumbo total 0,033
Cadmio total (mg/L) 0,001 0,01
Cobre dissolvido (mg/L) 0,009
Fósforo total (ambiente lêntico) (mg/L) 0,020 0,030 0,05
Fósforo total (ambiente intermediário) (mg/L) 0,025 0,050 0,075
Fósforo total (ambiente lótico) (mg/L) 0,1 0,15
Mercúrio total (mg/L) 0,0002 0,002
Zinco total (mg/L) 0,18
Nitrato 10 10
Nitrito 1 1

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59.75 Reúso
A grande utilidade do uso da água de reúso é na irrigação principalmente em campos
de golfe.
No Brasil até o momento não existe norma da ABNT sobre reúso.
Nos Estados Unidos no estado de Colorado adota-se:
• DBO <20mg/L,
• Coliforme fecal < 25 / 100mL e
• TSS < 40 mg/L.
Na Califórnia se adota:
• Turbidez < 2uT,
• Coliformes totais <22/100mL

59.76 Regionalização hidrológica


Uma wetland tem que ter uma área de bacia mínima de 10ha e isto é recomendado
para que haja uma vazão mínima que a alimente para a mesma não ficar seca.
É importante salientar que em casos de represamento como o de um wetland teremos
que deixar passar pelo vertedor uma vazão mínima estipulado pelo governo do Estado local.
Assim poderá ser deixado passar pelo vertedor a vazão Q 7,10 ou 0,5 xQ 7,10.
Vamos apresentar o método da regionalização hidrográfica para o Estado de São Paulo
aplicado a cidade de Guarulhos como exemplo.
Salientamos também que existem vários estados brasileiros que possuem
regionalmente equações de vazões mínimas de rios, as quais podem ser adaptadas para
vazões em litros/segundo por hectare.

Regionalização hidrográfica no Estado de São Paulo aplicado a cidade de Guarulhos na


RMSP
Freqüentemente, nos estudos de aproveitamento dos recursos hídricos das bacias
hidrográficas, o hidrólogo é convocado para avaliar a disponibilidade hídrica superficial em
locais onde não existe série histórica de vazões ou, se existe, a extensão da série observada
é pequena.
Neste caso, deve ser aplicada a regionalização hidrológica. Esta regionalização é uma
ferramenta que possibilita a avaliação de maneira rápida, em conformidade à agilidade que a
administração dos recursos hídricos requer para suas decisões.
No estudo de águas superficiais, o objetivo pode ser avaliar a capacidade de
autodepuração do curso de água para a vazão mínima, associada à dada probabilidade de
ocorrência. No caso de pequeno aproveitamento hidrelétrico deseja-se quantificar a energia
possível de ser gerada, comumente estimada pela análise da curva de permanência.
Quando, por outro lado, o objetivo é atender uma determinada demanda para
abastecimento, é necessário verificar se a vazão a ser captada é menor que a descarga
mínima para um dado período de retorno (captação a fio de água).
Caso a demanda seja maior que a mínima e menor que a média de longo período, é
preciso avaliar o volume de armazenamento necessário para atendê-la, associado a um
determinado risco de não atendimento em um ano qualquer.
Em resumo, as variáveis hidrológicas são:
• vazão média de longo período;
• vazão mínima de duração variável de um a seis meses, associada à probabilidade de
ocorrência;
• curva de permanência de vazões;
• volume de armazenamento intra-anual, necessário para atender dada demanda,
sujeito a um risco conhecido;

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• vazão mínima de sete dias, associada à probabilidade de ocorrência.

Nota: o método de regionalização hidrográfica que iremos apresentar foi feito pelo
Departamento de Agua e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) e somente
vale para aplicação no Estado de São Paulo.

Vazão média de longo período


A descarga média plurianual numa dada seção de um curso de água pode ser obtida,
com aproximação, através da relação linear dessa vazão Q com o total anual médio
precipitado na bacia hidrográfica (P)

Q = a + b. P (Equação 59.10)

na qual a e b são parâmetros da reta de regressão;


Q em l/s/km2 (litros por segundo por km2) e
P em milímetro por ano (mm/ano).
Guarulhos é a região G determinada pelo DAEE conforme figura no fim deste Apêndice,
apresentando os seguintes valores de a e b, conforme Tabela (59.60).

Tabela 59.60- Parâmetros da análise de regressão linear


Região do Estado Parâmetro a Parâmetro b
G -26,23 0,0278
2
R =0,9402 (Coeficiente de determinação)

Para Guarulhos no Estado de São Paulo, a precipitação média anual P pode ser
considerada igual a 1500mm. Portanto, aplicando a Equação (59.1) temos:
Q=a + b.P = -26,23 + 0,0278 . 1500= 15,47 l/s/km2
Assim, a vazão média plurianual de Guarulhos é de 15,47 l/s/km2.
Considerando-se, para exemplo prático, a bacia do reservatório do Tanque Grande, em
Guarulhos, com área de bacia de 8,2 km2, teremos, na seção de interesse, isto é, na
barragem:
Q= 15,47 . 8,2= 126,85 l/s (Equação 59.11)
Portanto, a vazão média plurianual da bacia do Tanque Grande, na seção de interesse
considerada, é de 126,85 l/s.

Período de retorno
É muito importante a adoção de um período de retorno T. O período de retorno XT foi
obtido, estatisticamente, através da análise dos postos fluviométricos. Os períodos de retorno
são de 10, 15, 20, 25, 50 e 100 anos, conforme a Tabela (59.61).

Tabela 59.61- Valores dos períodos de retorno XT , A e B


Região 10 15 20 25 50 100 Valor Valor
anos anos anos anos anos anos A B
G 0,632 0,588 0,561 0,543 0,496 0,461 0,4089 0,0332

Vazão mínima anual de um mês de duração e dez anos de período de retorno (Q1,10).
A fórmula a ser usada, pesquisada pelo DAAE, é:
Q d,T= XT . ( A + B. d) .Q (Equação 59.12)
sendo:
d= meses de duração;
1/T= probabilidade de ocorrência;

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XT,A e B= Tabela (59.61)


O valor XT, referente ao período de dez anos, é 0,632, conforme a Tabela (59.61),
portanto, X10= 0,632.
Queremos o valor Q1,10 , para d= 1, sendo tabelados os valores de A e B:

Q1,10= X10 ( A + B . 1 ). Q
A= 0,4089
B= 0,0332
d= 1 mês
X10= 0,632
Substituindo os valores, teremos:
Q1,10= 0,632 (0,4089+0,0332 . 1) . 126,85 = 35,44 l/s (4)

Portanto, a vazão mínima anual de um mês de duração e dez anos de período de


retorno é 35,44 l/s. Esta vazão média mensal pode ser captada, sem regularização, admitindo-
se que, em média, ocorre uma vazão inferior a ela uma única vez num período de dez anos.

Vazões mínimas anuais de sete dias consecutivos (Q7,10)


Uma solicitação freqüente sobre vazões mínimas refere-se àquela com sete dias de
duração. Sua vantagem é sofrer menos influência de erros operacionais e intervenções
humanas no curso de água do que a vazão mínima diária e ser suficientemente mais
detalhada que a vazão mínima mensal.
Assim, esta vazão é utilizada com freqüência (Q7,10) como indicador da disponibilidade
hídrica natural num curso de água. O período de retorno é de dez anos.
O significado do parâmetro Q7,10 é de que o manancial não irá atender esta vazão, em
média, uma vez em dez anos (sem regularização).
O cálculo do Q7,10 é dado pela fórmula:
Q7,10= C. XT. ( A + B) . Q (Equação 59.13)
Sendo:
C= 0,75 obtido nas pesquisas do DAAE e válido para Guarulhos;
XT= X10= 0,632;
A= 0,4089;
B= 0,0332 e
Q= 126,85 l/s.
Substituindo na Equação (59.5) teremos:
Q7,10= 0,75 . 0,632 (0,4089+0,0332) . 126,85= 26,58 l/s (Equação 59.14)

Portanto, a vazão de 26,58 l/s é a vazão que pode ser retirada do manancial sem
armazenamento, isto é, a fio de água. É a chamada vazão mínima ou vazão ecológica.

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59.77 Bibliografia e livros consultados

-CONSERVA, AURISTELA DOS SANTOS e tal. Relatório técnico sobre estudo macrófitas
aquáticas. Estudo feito no rio Amazonas.
-ECONOMOPOULOU, MARIA A e tal. Design methodology of free water surface constructed
wetlands.ano 2004.Water Resources Management 18:541-565, 2004. Printed in Netherlands.
-EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Potencial de uso de plantas
aquáticas na despoluição da água Campo Grande. MS, 2002, Vali Joana Pott e Arnildo Pott.
ISSN 1517-3747 dezembro de 2002.
-EPA. Nutrient criteria Technical Guidance Manual Wetlands, junho de 2008. EPA 822-B-08-001
-ESTEVES, FRANCISCO DE ASSIS. Fundamentos de Limnologia, 2a ed, 1998. ISBN 85-
7193-008-2, 602 páginas.
-KADLEC, ROBERT H. e WALLACE, SCOTT D. Treatment wetland. 2a ed. CRC Press, 1016
páginas, Boca Raton, Flórida, Estados Unidos, 2009.
-KATIMA, J. H. Y. e tal. Waste stabilization ponds and constructed wetlands design manual.
Copenhagen Denmark, University of Dar es Salaam, 59 páginas.
-MELBOURNE WATER, 1999. Constructed Wetland Systems. Design Guidelines for
Developers.
-PEREIRA, RICARDO MOLTO. Aplicação do método respirométrico em wetlands para a
determinação de parâmetros cinéticos. Unesp, Ilha Solteira, SP, novembro de 2008,
Dissertação de Mestrado, 89 páginas.
-POMPÊO, MARCELO LUIZ MARTINS e MOSCHINI-CARLOS, VIVIANE. Macrófitas
aquáticas e perifíton. Aspectos ecológicos e metodológicos, FAPESP, 2003, 124 páginas
-SALATTI, ENEIDA. Utilização de sistemas de wetland construídas para tratamento de águas.
Palestra publicada pelo Biológico, São Paulo, v65, n.1/2 p. 113-116 janeiro a dezembro de
2003.
-TUNDISI, JOSÉ GALIZIA et al. Limnologia. Editora Oficina de Textos,. 2008, 631páginas,
ISBN 978-85-86238-66-6;
-WETLANDS SOLUTIONS INC. Analysis of mosquito population data from the Tres Rios
demonstration constructed wetlands. Period from January 1996 –decembrer 2002. City of
Phonex, abril de 2004.
-WETLANDS SOLUTIONS INC. Analysis of whole effluent toxicity (wet) data from the Tres
Rios demonstration constructed wetlands for de period from January 1996 –august 202.
Agosto de 2004. City of Phoenix.
-WETLANDS SOLUTIONS INC. Design and performance review of the Tylerton constructed
wetland at Smith Island, MD. Preparado para o US Army Corps of Engineers. Baltimore
District. julho, 2006. Wetland construída para tratamento de esgotos com entrada de efluente
de fossa séptica.
-WETLANDS SOLUTIONS INC. Griffin Road/Tributary Swamp Stormwater treatment
evaluation. 25 Junho de 2004. Bob Knight e Chris Keller, City of Lakeland.
-WETLANDS SOLUTIONS INC. Sediment accretion and ageing in treatment wetlands. Escrito
por Cris Keller e Bob Knight em setembro de 2004.
-WONG, TONY H.F. e tal. A model for urban stormwater improvement conceptualization.
Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Monash, Austrália.

59-111
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 59- Wetland construída para melhoria da qualidade das águas pluviais
Engenheiro civil Plinio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 20/10/09

Autores recomendados por Wallace


-CRETES and TCHOBANOGLOUS, 1998. Small and decentralized wastewater management
systems.
-CUNHA-SANTINO et al. Modelos matemáticos aplicados aos estudos de decomposição de
macrófitas aquáticas. Universidade Federal de São Carlos, 2006.

-KADLEC AND KNIGHT, 1996. Treatments wetlands


-KADLEC, ROBERT H. e WALLACE, SCOTT D. Treatment wetland. 2a ed. CRC Press, 1016
páginas, Boca Raton, Flórida, Estados Unidos, 2009.
-REED et al, 1995. Natural Systems for waste management and treatment, 2a ed.
-TVA Wetland Design Manual, Steiner Watsom, 1993
-USEPA, 2000. Constructed wetlands treatment manual of wastewater.
-USEPA, 2008. Nutrient Criteria. Technical Guidance Manual- Wetlands, junho de 2008.

59-112
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 60- Pavimento poroso
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Capítulo 60
Pavimento Poroso
Em aqüífero confinado fala-se em superfície piezométrica e, num aqüífero não confinado: superfície
potenciométrica.
Darrel I. Leap in The Handbook of groundwater engineering.

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Capitulo 60- Pavimento poroso
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Sumário

Ordem Assunto
Capítulo 60- Pavimento poroso (BMP)
60.1 Introdução
60.2 Pavimento poroso
60.3 Tipos de pavimentos porosos
60.4 Calculo do pavimento poroso segundo CIRIA, 2007
60.5 Tipos de pavimento conforme CIRIA, 2007
60.6 Equação de Darcy para quando há declividade
60.7 Vazão de saída da estrutura do pavimento quando não há declividade (plano)
60.8 Vazões em tubos de concreto
60.9 Chuvas intensas da RMSP
60.10 Eficiência do pavimento poroso
60.11 Critério de seleção
60.12 Limitações
60.13 Custos e manutenção
60.14 Pré-tratamento
60.15 Construção
60.16 Dados para projeto
60.17 Pavimento poroso de concreto
60.18 Critério usando determinado período de retorno e chuva de uma certa duração
60.19 Evaporação
60.20 Bibliografia e livros consultados

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Capítulo 60 - Pavimento Poroso

60.1 Introdução
Existe basicamente dois tipos de pavimento: pavimento modular e pavimento poroso. No pavimento
modular a água de chuva penetra pelas juntas e no pavimento poroso a água penetra na superfície do próprio
material que pode ser asfalto ou concreto.
Iremos tratar neste capítulo somente de pavimento poroso.

60.2 Pavimento poroso


O conceito de pavimento poroso foi desenvolvido nos anos 1970, no Franklin Institute na Filadélfia, PA,
USA. O pavimento poroso pode ser construído em asfalto ou concreto, conforme Figura (60.1). Permite que as
águas pluviais que caem sobre o pavimento percolem no solo abaixo.
O pavimento poroso consiste de um pavimento de asfalto ou concreto onde não existem os agregados
finos, isto é, partículas menores que 600µm (peneira número 30). O asfalto tem agregados com vazios de 40% e
o concreto com 17%.

Figura 60.1- Concreto poroso permite que a água passa pelos espaços entre os poros do
agregado. Fonte: http://www.flowstobay.org/

A principal aplicação do pavimento poroso é em estacionamento de veículos, mas pode ser aplicado em
pátios, playgrounds, etc.
O pavimento poroso é uma BMP que reduz a área impermeável podendo ser feita a recarga das águas
subterrâneas, melhorando a qualidade das águas pluviais.
O pavimento poroso é chamado também de pavimento permeável, conforme Urbonas, 1993.
A condutividade hidráulica mínima em que pode ser considerado a infiltração no solo é de 0,36mm/h
conforme CIRIA, 2007.
A superfície de infiltração do pavimento poroso deve ter condutividade hidráulica maior que a intensidade
de chuva conforme CIRIA, 2007.
A Tabela (60.1) apresenta o peso especifico de vários tipos de concreto desde o tipo leve até o pesado.

Tabela 60.1 - Pesos específicos de concreto


Materiais Peso específico
(tf/m3)
Concreto pesado 2,8 a 5,0
Concreto normal 2,0 a 2,8
Concreto leve 1,2 a 2,0

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Figura 60.2 - Corte de um pavimento poroso


Fonte: FHWA, 2000

O pavimento poroso tem seis camadas, conforme Figura (60.2):


1ª camada: camada de asfalto: possui espessura de 65mm a 100mm.
O pavimento poroso possui 16% de vazios muito maiores que os 3% a 5%, comumente encontrado nos
pavimentos comuns.
2ª camada: filtro granular com espessura de 25mm a 50mm e agregado de 13mm.
Serve para estabilizar a camada de asfalto ou concreto.
3ª camada: reservatório de pedra com diâmetro de 40mm a 75mm (pedra britada nº3 e nº4).
Em áreas onde há congelamento do solo a profundidade de congelamento pode variar de 0,61m a 1,22m. O
reservatório de pedra deverá ser drenado em 24h a 72h.
Adoto 0,25m a altura mínima do reservatório de pedra.
4ª camada: filtro granular que serve como uma interface entre o reservatório e o geotêxtil. Consiste em
uma camada de 50mm com agregados de 13mm.
5ª camada: geotêxtil.
6ª camada: solo nativo que deverá ter condutividade hidráulica no mínimo 0,36mm/h conforme CIRIA, 2007..
O lençol freático deverá estar no mínimo a 1,20m do fundo do pavimento poroso.
A Figura (60.3) mostra um asfalto normalmente usado sendo que o runoff vai para o asfalto poroso.

Figura 60.3 – Mostra, a esquerda, o asfalto tradicional que leva o runoff para a direita, onde está o asfalto
poroso.
Fonte: Stormwater Features, internet http://www.forester.net

Uma das vantagens do pavimento poroso em asfalto segundo Daywater, 2003 é que gera menos
barulho dos veículos, reduz o splash das chuvas e diminui o problema de aquaplanagem.

60.3 Tipos de pavimentos porosos


Os pavimentos podem ser de concreto, asfalto, pedras britadas ou grama adensada em estruturas de
concreto ou de PVC.

Figura 60.4- Pavimento poroso em concreto.


Fonte: http://www.flowstobay.org/

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Figura 60.5- Concreto poroso em blocos.


Fonte: http://www.flowstobay.org/

Figura 60.6- Pavimento poroso com grama reforçada que permite que a água passe pela zona das
raízes e vá até o solo ficando uma superfície resistente inclusive para passagem de veiuclos.
Fonte: http://www.flowstobay.org/

Figura 60.7- Pavimento poroso com pedregulhos.


Fonte: http://www.flowstobay.org/

60.4 Cálculos do pavimento poroso segundo CIRIA, 2007


Os cálculos do pavimento poroso é semelhante ao pavimento modular, sempre salientando que a
condutividade hidráulica do pavimento deve ser maior que a intensidade da chuva. O fator limitante
como sempre é o solo.
Conforme CIRIA, 2007 a profundidade máxima da água numa região plana de infiltração é:
h = (D/n) x (R . i – q)
Sendo:
h= profundidade máxima da camada de pedras britadas (m)
D= duração da chuva (h)
i= intensidade da chuva (mm/h) conforme período de retorno adotado
q=condutividade hidráulica do solo (m/h)
R= razão entre a área drenada com a área de infiltração= R=AD/Ab
AD= área drenada (m2)
Ab=base da área do sistema de infiltração (m2)
n= porosidade do material (volume dos vazios/volume total)

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Para infiltração em pavimento com subbase de pedras britadas e AD=Ab fazemos o valor de
R=1 e teremos:
h = (D/n) x ( i – q)
Para infiltração em pavimentos sem subbase fazemos R=1 e n=1,
h = D x ( i – q)
Na prática podemos impor um certo valor da altura hmax e obtermos a área da base da infiltração
Ab.
Ab=( AD . i . D)/ (n . hmax + q.D)
Exemplo 60.1
Dimensionar um pavimento poroso de concreto com 10cm de altura e com porosidade de 30%,
sendo a permeabilidade medida do solo K=7mm/h para uma área de 100m2.

Cálculo do volume Vr
h = (D/n) x ( i – q)
D=60min=1,00h (tempo de duração da chuva para Tr= 5anos na RMSP)
i=51,8mm/h=0,0518m/h (intensidade da chuva) Tabela (15.7)
q= 7mm/h=0,007m/h= K
n=0,30
h = (D/n) x ( i – q)
h = (1,00/0,30) x ( 0,0518– 0,007)=0,15m
Adoto o mínimo de h=0,30m

As camadas são:
• Blocos de concreto porosos com altura de 0,10m.
• Camada de areia grossa de 0,05m a 0,10m.
• Camada de pedra britada nº3 com espessura de 0,30m.
• Instalação de geotêxtil (bidim).
• Solo nativo.

Nota: as juntas do bloco de concreto podem ser preenchidas com pedrisco.

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60.5 Tipos de pavimento conforme CIRIA, 2007


O SUDS MANUAL do CIRIA, 2007 recomenda:
Os pavimentos permeáveis podem ser de três tipos:
• Tipo A: quando toda a água é infiltrada
• Tipo B: quando parte da água é infiltrada
• Tipo C: quando nenhuma água é infiltrada.

Pavimento permeável Tipo A


Conforme Figura (60.8) neste tipo de pavimento toda a água é infiltrada no solo. A água fica
armazenada num reservatório de pedras britadas (agregados) de esvazia-se em aproximadamente
24h.

Figura 60.8- Pavimento poroso Tipo A com infiltração total


Fonte: CIRIA, 2007

Exemplo 60.2
Seja um pavimento poroso com 1756m2 com 19m x 92m e que recebe água de uma área
impermeável com 27m x 92 com 2.461m2. No total temos área de 4.271m2.
Área impermeável de 58%.
Vamos considerar que o solo tenha condutividade hidráulica mínima de 3,6mm/h.

Vamos considerar a equação conforme CIRIA, 2007:


h= (D/n) ( R. i –q)
Para Tr=5anos e chuva de duração de 1h, isto é, D=60min consultando dados da RMSP temos
intensidade de chuva de 52mm/h.
O valor padrão da porosidade usado nos cálculos geralmente n=0,30.
AD= área drenada (m2)= área impermeável= 2.461m2
Ab=base da área do sistema de infiltração (m2)=área permeável=1756m3
R= razão entre a área drenada com a área de infiltração= R=AD/Ab=2.461/1756=1,40
Ciria, 2007 e Interpave, 2008 adotam como valor máximo de R=2,0 portanto está OK.
h= (D/n) ( R. i –q)
D= 1h
n=0,30
R=1,40
i= 52mm/h
q= 3,6mm/h=K=0,0036m/h

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h= (D/n) ( R. i –q)
h= (1,0/0,30) ( 1,40 x 52 –3,6)=0,23m
Tempo de esvaziamento
Tesvaziamento= n x h/ q= 0,30 x 0,23/ (3,6/1000)= 19,2h
Na Tabela (60.2) estão as profundidades calculadas para período de retorno de 5anos, 30anos e 100
anos para chuva de duração de 1h. Consideramos a infiltração do solo q=k=3,6mm/h=0,0036m/h. Foi
usado dados de Martinez e Magni, 1999 conforme Tomaz, 2002.

Tabela 60.2- Cálculos da profundidade máxima para períodos de retorno de 5anos, 30anos e
100anos para chuva de duração de 60min para RMSP
Duração da chuva m/h Intensidade I Profundidade
Tr (anos) (min) D q (mm/h) (m/h) R=Ad/Ab Hmax Esvaziamento
(K) (m) (h)
5 60 0,0036 52 0,052 1,40 0,23 19,2
30 60 0,0036 78 0,078 1,40 0,35 29,4
100 60 0,0036 86 0,086 1,40 0,39 32,5

Observando a Tabela(60.2) temos varias alturas máximas h que são 0,23m; 0,35m e 0,39m com
tempos de esvaziamento diferentes. Adotamos h=0,40m para chuva de período de retorno de 100anos e
duração de 1h. O valor mínimo que deve ser adotado é 0,30m.
O tempo de esvaziamento ideal é de 24h, mas muitas vezes fica dispendioso para atingí-lo.

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Pavimento permeável Tipo B


No pavimento permeável Tipo B conforme Figura (60.9) somente uma parte da água é infiltrada
no solo e o restante sai através de tubos perfurados espaçados que estão instalados dentro da sub-
base, isto é, dentro do reservatório de agregados.

Figura 60.9- Pavimento poroso Tipo B com infiltração parcial e uso de drenos
Fonte: CIRIA, 2007

O Tipo B é extremamente complexo existindo alguns softwares para resolver o problema o que
não apresentaremos.

Pavimento permeável Tipo C


No pavimento permeável Tipo C nenhuma água é infiltrada no solo, pois toda ela é escoada
através de tubos perfurados espaçados colocados no reservatório de pedras britadas (agregados). Como a
água de chuva é filtrada na areia e na pedra britada a mesma pode ser usada para fins não potáveis como
na irrigação, descargas em bacias sanitárias, etc.
Quando a infiltração do solo é menor ou igual a 0,36mm/h (10-7 m/s) o solo é considerado
impermeável conforme Interpave, 2008.
No pavimento poroso a água se infiltra através da superfície onde está grama, areia, pedra
britada. A água pode ser infiltrar também através de asfalto poroso ou concreto poroso. O tratamento que
se dá inclusive com o uso de geotêxtil são:
• Filtração
• Adsorção
• Biodegradação
• Sedimentação

Figura 60.10- Pavimento poroso Tipo C sem nenhuma infiltração e só usando drenos
Fonte: CIRIA, 2007

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Bloco de geocélulas: são materiais plásticos que são usados no reservatório ao invés de agregados que
possuem vazio maior que 90% e que não são usados no Brasil, mas na Europa e Estados Unidos.

60.6 Equação de Darcy para quando há declividade


Q= A . K . i
Sendo:
Q= vazão na sub-base (m3/s)
A= área da seção transversal (m2)
K= coeficiente de permeabilidade da sub-base (m/s)
i=gradiente hidráulico. Geralmente é assumido como a declividade da sub-base.

60.7 Vazão de saída da estrutura do pavimento quando não há declividade (plano)


No reservatório de pedras britadas, isto é, na sub-base do pavimento permeável serão instalados
tubos perfurados com objetivo de remover parcialmente ou toda a água infiltrada.
A vazão estimada conforme Iterpave, 2008 baseada em Cedergreen, 1974:
q= K (h/b)2
Sendo:
q= taxa de runoff no pavimento (m/s)
K= coeficiente de permeabilidade da sub-base (m/s)
h=espessura da sub-base acima da área impermeavel (m)
b= metade da distância entre os drenos (m)

Exemplo 15.3
Seja um pavimento permeável com 1756m2 com 19m x 92m e que recebe água de uma área
impermeável com 27m x 92 com 2.461m2. No total temos área de 4.271m2.
Vamos considerar que o solo seja impermeável e então teremos o Tipo C com os drenos.
Adotamos h=0,40m já calculado no Exemplo (15.1).
Para o cálculo do dreno podemos supor superfície plana.

Superfície plana
Para superfície plana usamos a equação:
q= K (h/b)2
Sendo:
q= taxa de runoff no pavimento (m/s)
K= coeficiente de permeabilidade da sub-base (m/s)
h=espessura da sub-base acima da área impermeável (m)
b= metade da distância entre os drenos (m)

Taxa de runoff no pavimento q


Supomos que para período de retorno de 5anos temos a intensidade de chuva de 60min para a RMSP
de 52mm/h. Isto significa:
q=52mm/h=0,00001444m/s
K=0,001m/s
h= 0,40m
Queremos o valor de b.

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b= h/ (q/K) 0,5
Mas como queremos o espaçamento E= 2xb
E= 2 x h/ (q/K) 0,5
E= 2 x 0,40/ (0,0000144/0,001) 0,5 = 6,7m
Portanto, o espaçamento máximo é de 6,7m entre cada tubulação.

Vamos escolher um tubulação de 150mm de PVC com perfuração, declividade de 1% e que pode
conduzir a seção plena de 13L/s conforme Tabela (60.3).

Vamos supor que toda a chuva se infiltra no solo.


A vazão total de drenagem será:
4.271 m2 x 0,0000144m/s =0,061m3/s=62 L/s
Dividimos 62 L/s por 13L/s que é a vazão de cada tubo e teremos:
62 / 13= 4,8 tubos
Adotamos 5 tubos
Como a distância da base da área permeável é 19m e dividindo por 5 teremos:
19/5=3,8m
Nos cantos a distância até o término é de 3,8/2=1,90m.

60.8 Vazões em tubos de concreto

Tabela 60.3- Vazões a seção plena de tubos de concreto de 5cm a 45cm e para declividades de 0,005m/m
a 0,05m/m conforme Equação de Manning.

Diâmetro da tubulação Vazão a seção plena (m3/s)


m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m m/m
cm m 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045 0,05
5 0,05 0,000 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,002
10 0,10 0,003 0,004 0,005 0,006 0,007 0,008 0,008 0,009 0,010 0,010
15 0,15 0,009 0,013 0,016 0,019 0,021 0,023 0,025 0,026 0,028 0,030
20 0,20 0,020 0,028 0,035 0,040 0,045 0,049 0,053 0,057 0,060 0,064
25 0,25 0,036 0,052 0,063 0,073 0,082 0,089 0,097 0,103 0,109 0,115
30 0,30 0,059 0,084 0,103 0,119 0,133 0,145 0,157 0,168 0,178 0,188
35 0,35 0,089 0,127 0,155 0,179 0,200 0,219 0,237 0,253 0,268 0,283
40 0,40 0,128 0,181 0,221 0,256 0,286 0,313 0,338 0,361 0,383 0,404
45 0,45 0,175 0,247 0,303 0,350 0,391 0,428 0,463 0,495 0,525 0,553

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60.9 Chuvas intensas da RMSP


Na Tabela (60.4) estão as intensidades das chuvas da RMSP variando de 10min a 24h e com
período de retorno de 2anos a 200anos conforme Martinez e Magni, 1999 conforme Tomaz, 2002.

Tabela 60.4 – São Paulo: Previsão de máximas intensidade de chuvas em mm/hora


Duração Período de retorno
da chuva (anos)
2 5,00 10 15 20 25 50 100 200
10 min 97,3 126,9 146,4 157,4 165,2 171,1 189,4 207,6 225,8
15 min 84,4 110,2 127,3 136,9 143,7 148,9 164,9 180,8 196,6
20 min 74,6 97,5 112,7 121,3 127,3 131,9 146,2 160,3 174,4
25 min 66,9 87,6 101,3 109,0 114,4 118,6 131,4 144,2 156,9
30 min. 60,7 79,5 92,0 99,1 104,0 107,8 119,5 131,2 142,8
1h 39,3 51,8 60,1 64,7 68,0 70,5 78,3 86,0 93,6
2h 23,4 31,1 36,1 39,0 41,0 42,5 47,3 52,0 56,7
6h 9,3 12,5 14,6 15,8 16,6 17,3 19,2 21,2 23,2
8h 7,2 9,7 11,4 12,3 13,0 13,5 15,0 16,6 18,1
10 h 5,9 8,0 9,4 10,1 10,7 11,1 12,4 13,7 14,9
12 h 5,0 6,8 8,0 8,6 9,1 9,5 10,6 11,7 12,8
18h 3,5 4,7 5,6 6,0 6,4 6,6 7,4 8,2 8,9
24h 2,7 3,7 4,3 4,7 4,9 5,1 5,7 6,3 6,9
Fonte: aplicação da fórmula de Martinez e Magni de 1999

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60.10 Eficiência do pavimento poroso


A eficiência do pavimento poroso está na Tabela (60.5)

Tabela 60.5 - Eficiência do pavimento poroso (remoção)


Estudo TSS TP N03 Metais
MWCOPG, 1983 95% 60% - 99%
Fonte: FHWA, 2004.

Conforme Stormwater Management Manual for Westerner Austrália: structural controls estudos
feitos por Brattebo e Booth, 2003 em quatro tipo de pavimentos porosos em estacionamento não
acharam óleo, gasolina ou chumbo na água infiltrada no pavimento, embora tais poluentes estivessem
presente no runoff de águas pluviais de um asfalto impermeável.
60.11 Critério de seleção
• Aplicável e econômico em áreas de 0,1ha a 4ha (Austrália, 1998).
• Aplicável a baixo runoff e áreas de estacionamento e runoff dos telhados de áreas pavimentadas.
• A declividade do solo deve ser S ≤ 5%.
• Preserva as condições do pré-desenvolvimento, reduzindo as vazões à jusante.

60.12 Limitações
• Não pode ser construído em locais de tráfegos pesados ou em locais que veículos tenham
velocidade mais de 50km/h.
• Os pavimentos permeáveis são viáveis para taxa de infiltração superior a 0,36mm/h conforme CIRIA,
2007.
• Declividades menores que 5%. Quanto mais plano é melhor.
• Um pavimento poroso de concreto assentado em blocos tem taxa de percolação de 4.000mm/h, mas
adota-se somente 10% do valor ou seja 400mm/h conforme CIRIA, 2007.
• Em pavimento poroso com grama a infiltração de quando o pavimento é novo é de 900mm/h e supõe-se
que quando fica velho chegue a 20% do valor, ou seja, 180mm/h conforme Árgüe, 2004.
• Asfalto poroso tem valores de condutividade hidráulica K= 5.760mm/h; K=13.680mm/h.
• A porosidade efetiva dos agregados normalmente adotada é n=0,30 conforme CIRIA, 2007.
• O dimensionamento padrão tem altura de 360mm para os agregados onde a água será armazenada
conforme CIRIA, 2007.
• Capacidade de troca catiônica do solo maior que 5 miliequivalente CEC/ 100 gramas de solo seco.
• Distância mínima de 1,20m da rocha ou do lençol freático.
• Não pode ser construído em locais onde há erosão e se espera grande quantidade de sedimentos.
• Pode causar a contaminação da água subterrânea, principalmente em posto de gasolina, oficinas
mecânicas etc,.
• É necessário operário especializado para a sua construção e manutenção.
• Segundo Schueler, 1992 in FHWA, 2000 o pavimento poroso tem aplicação limitada devido aos problemas
de redução da capacidade de infiltração dos solos.
• Tendência a entupir em 1 ano a 3 anos, segundo Urbonas, 1993.
• Algumas cidades e estados nos Estados Unidos, não aceitam o pavimento poroso e nem o modular como
solução para melhorar o BMPs.
• O tempo para esvaziamento do reservatório de pedras num pavimento poroso deve ser de 24h a 72h.
• Urbonas, 1993 cita que o esvaziamento pode estar entre 6h a 12h.
• Para não haver escoamento no reservatório de pedras quando há declividade, Urbonas, 1993 recomenda
que sejam feitas células.

60.13 Custos e manutenção


• Custo de construção moderado.
• Manutenção alta.
• O asfalto poroso custa de 10% a 15% a mais do que o asfalto tradicional.
• O tubo perfurado de drenagem sempre deve ser computado nos custos.
• O custo de contingência deve ser aproximadamente 10% maior que os custos de contingências
normalmente adotados nos projetos.
• A duração de um pavimento poroso é de 5 anos a 10 anos.
• Deve ser inspecionado a cada 6 meses.

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• Os danos devem ser reparados imediatamente.


• Inspeções devem ser feitas mensais nos primeiros meses após construção e depois, de seis em seis
meses.
• Deverá ser monitorado para ver se não está havendo entupimento e quebra do pavimento poroso.
• As áreas que estiverem entupidas deverão ser refeitas imediatamente.
• Existem equipamentos de sucção a vácuo e jatos de alta pressão para manter a porosidade do
pavimento poroso e deve ser feita no mínimo duas vezes por ano.
• Os custos do pavimento poroso são de 10% a 15% maiores do que uma pavimentação de asfalto normal.
Para concreto armado o custo sobe em mais de 25% (FHWA, 2000).
• O custo de construção de pavimento poroso com asfalto é de US$ 67,00/m2 e para pavimento poroso de
concreto US$ 90,00/m2.
• O custo anual de manutenção conforme dados da Califórnia é de US$ 9.700,00/ha.
• Conforme Daywater, 2003 o custo do pavimento poroso varia de US$ 213/ a US$ 319/m2 e o custo de
manutenção (limpeza) anual varia de US$ 0,42 a US$ 2,1/ m3 x ano.

60.14 Pré-tratamento
• Quando há escoamento sobre o pavimento poroso deve ser feito um pré-tratamento usando, por exemplo,
o filter strip, ou seja a faixa de filtro gramada com largura mínima de 6,00m.
A Figura (60.11) mostra os tubos de drenagem em asfalto poroso.

Figura 60.11 - Esquema de um asfalto poroso, mostrando os tubos de drenagem.


Fonte: Stormwater Features- internet http://www.forester.net
A Figura (60.12) mostra um asfalto poroso em construção.

Figura 60.12 - Esquema de um asfalto poroso, notando-se a sub-base que ainda não foi pavimentada.
Fonte: Stormwater Features- internet http://www.forester.net

60.15 Construção
• Para evitar entupimento dos poros, só deve ser feito o pavimento poroso quando o solo da vizinhança for
estabilizado.
• Deve-se ter cuidado com equipamentos pesados para não afetar a permeabilidade do solo.
• As pedras usadas devem ser limpas.

60.16 Dados para projetos


• O solo deve ter permeabilidade maior ou igual a 7mm/h, conforme FHWA, 2004 ou 0,36mm/h conforme
CIRIA, 2007.
• O lençol freático tem que estar, no mínimo, 1,20m distante do fundo do pavimento poroso ou 1,00m
conforme CIRIA, 2007.

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• O solo deve suportar as cargas nas condições saturadas.


• Evite que os tubos de drenos percorram longas distâncias.
• Não fazer a infiltração em área aterrada e compactada.
• A superfície do pavimento poroso não pode ter declividade maior que 5%. Em áreas de grandes
declividades usar pavimento asfáltico convencional.
• Como regra prática, adota-se usualmente 5:1 como a relação ótima entre a área impermeável e a área de
infiltração. Assim, uma área impermeável com 2ha tem área com 0,4 ha para infiltração.
• A camada de pedra funciona como um reservatório.
• Não é permitido runoff sobre o pavimento modular.
• Deve ser testado para a porosidade, permeabilidade e capacidade de troca catiônica.
• O espaço do concreto poroso varia de 15% a 22% com média de 18%.
• As áreas de estacionamento para cargas pesadas são admitidas.
• Depende de dois fatores básicos: permeabilidade do solo e da capacidade de carga do solo.
• O pavimento será projetado para drenar a água em 24h a 72h.
• Se a taxa de permeabilidade do solo é muito baixa, a água drenada pode ser encaminhada para uma
trincheira de infiltração.
• Deverá haver um geotêxtil (bidim) adequado para evitar o entupimento.
• A infiltração da água no solo poderá ser total ou parcial.
• Solos com infiltração menor que 0,36mm/h não pode haver infiltração.

A Tabela (60.3) mostra os valores típicos da condutividade hidráulica K.


Tabela 60.3 - Condutividade hidráulica K em função do tipo de solo
Tipo de solo K K
mm/h m/dia

Areia 210,06 4,96


Areia franca 61,21 1,45
Franco arenoso 25,91 0,61
Franco 13,21 0,31
Franco siltoso 6,86 0,16
Franco argilo arenoso 4,32 0,10
Franco argiloso 2,29 0,05
Franco argilo siltoso 1,52 0,04
Argila arenosa 1,27 0,03
Argila siltosa 1,02 0,02
Argila 0,51 0,01
Fonte: Febusson e Debo,1990 in Georgia Stormwater Manual,

Goransson e Jonsson, 1990 in Daywater, 2003 mostraram que a condutividade hidráulica do pavimento
poroso em asfalto está entre 3.000mm/h a 4.200mm/h.
Existe pesquisas de pavimento poroso em asfalto com 30 anos de duração e condutividade hidráulica de
24.000mm/h. Logicamente todos estes valores ultrapassam a intensidade da chuva de 60mm/h que pode ser
considerada numa precipitação intensa. Ainda segundo Daywater, 2003 a porosidade do pavimento poroso em
concreto e asfalto varia entre 10% a 20%.

60.17 Pavimento poroso de concreto


O concreto poroso tem porosidade efetiva que varia de 15% a 22%, sendo adotado, na prática, o valor médio
n= 0,18, correspondente a 18%.
A condutividade mínima no solo que se admite é K= 0,36mm/h.
O concreto poroso deve ter declividade menor ou igual a 2% e, no caso de as declividades serem maiores
que 2%, devemos barrar perpendicularmente ao escoamento de maneira a não dar continuidade ao escoamento.
Deve estar distante no mínimo a 30m de um poço raso e 3m de uma construção.
Não deve ser construído pavimento poroso de concreto em locais de grande potencial de contaminação,
como um posto de gasolina e outros, pois poderá contaminar o lençol freático subterrâneo.
A espessura do concreto poroso varia de 0,05m a 0,10m e como a porosidade efetiva é n= 0,18 para
espessura de 0,10m..
O diâmetro do agregado máximo deverá ser maior que 9,5mm.

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O reservatório de pedra britada corresponde a diâmetros de brita de 38mm a 6,35mm para que o vazio seja
de 40%. A espessura do reservatório de pedra britada depende do tipo de solo, mas na prática varia de 0,25m a
1,2m, sendo a espessura mínima de 0,25m.
O concreto poroso deverá ser assentado em área totalmente plana sobre camada de 0,05m a 0,15m de areia
ou pedra britada. Uma outra camada de 0,15m, que ficará assente sobre o geotêxtil. Portanto, a camada de
pedras britadas está entre duas camadas de areia, uma superior e outra inferior.

Figura 60.13 - Pavimento permeável de concreto

60.18 Critério usando determinado período de retorno e chuva de uma certa duração.
Existe uma outra maneira de se calcular e para isto adota-se um determinado período de retorno e uma
determinada duração de chuva. Para aplicação deste critério tem sido adotado o seguinte:
• Período de retorno de 2 anos e chuva de duração de 1h.
• Período de retorno de 10 anos e chuva de duração de 2h.
d = (K x T) / (1000x n)
Sendo:
d= altura da camada de pedra (m)
K= condutividade hidráulica (mm/h)
T= tempo de detenção do escoamento, variando entre 24h a 72h.
n= porosidade efetiva da pedra.
Ou apresentar se forma:
T = ( d x 1000x n) /K
d= (K . T)/ (1000 . n)
A área da superfície do pavimento poroso “A” é fornecida pela Equação:
A= V / (n x d)
Tirando-se o valor de d temos:
d= V / (A x n)
Sendo:
A= área da superfície do pavimento poroso (m2).
V= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3).
O volume para melhoria da qualidade das águas pluviais é calculado por:
V= Ad x I x D x 10
Sendo:
Ad= área total de drenagem (ha)
D= duração da chuva (h)
I= intensidade da chuva (mm/h)

Exemplo 60.2
Calcular o pavimento poroso para uma área total de drenagem Ad= 2ha e área de pavimento poroso
A=5000m2. Considerar a intensidade da chuva I= 39,3mm/h para período de retorno de Tr= 2anos com duração
de D= 1h. O índice de vazio adotado das pedras britadas é de n=0,30. Considerar que o lençol freático está a
2,5m de profundidade e que a infiltração no solo seja de 7,6mm/h.
O volume V será:
V= Ad x I x D x 10
V= 2ha x 39,3mm/h x 1h x 10= 786m3

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A espessura d do reservatório de pedras será:


d= (K . T)/ (1000 . n)
d= (7,6 x 24h)/ (1000 x0,30)=0,61m

Verificação do lençol freático


A altura total será: 0,61m + 0,10m= 0,73m
Como o lençol está a 2,5m abaixo, o fundo ficará 2,5 – 0,71m= 1,79m >1,20m OK.

60.19 Evaporação
As pesquisas que foram feitas sobre evaporação mostraram que a evaporação varia de 0,28mm/dia a
0,36mm/dia, podendo atingir até 0,96mm/dia, o que é insignificante para os cálculos.
Normalmente a e vaporação é desprezada nos cálculos.

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 60- Pavimento poroso
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60.20 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8, 606páginas.CIRIA=
Construction Industry Research and Information Association
-DAYWATER. Report 5.1. Review of the use of stormwater BMPs in Europe. 18 de agosto de 2003. Preparado
pela Middlesex University.
-INTERPAVE. Permeable pavements. WWW.paving.org.uk, dezembro de 2008 Edição 5, 80 páginas.
-TOMAZ, PLINIO. Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais. Navegar, São Paulo,
2002.
-URBONAS, BEN e STAHRE, PETER. Best Management Practices and detention for water quality drainage and
CSO management. Prentice-Hall, 1993, 449 páginas, ISB 0-13-847492-3,

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Curso de Manejo de Águas Pluviais
Capitulo 61-Aproveitamento de água de chuva em coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis
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Capitulo 61-Aproveitamento de água de chuva de coberturas em áreas urbanas


para fins não potáveis
61.1 Histórico
Aproveitamento da água de chuva é feito desta a antiguidade. O primeiro registgro que se tem do
uso da água de chuva é verificado na pedra Mohabita, data de 830aC, que foi achada na antiga região
de Moab, perto de Israel. Esta reliquia traz determinações do rei Mesa, de Moab, para a cidade de
Qarhoh, denre as quais destaca-se “...para que cada um de vós faça uma cisterna para si mesmo, na
sua casa”
A Fortaleza dos Templarios localizada na cidade de Tomar em Portugal em 1160 dC, era
abastecida com água de chuva.

Figura 1- Fortaleza dos Templarios; cidade de Tomar, Portugal, construida em 1160


Os principais motivos que levam à decisão para se utilizar água de chuva são basicamente os
seguintes:
¾ Conscientização e sensibilidade da necessidade da conservação da água
¾ Região com disponibilidade hídrica menor que 1200m3/habitante x ano
¾ Elevadas tarifas de água das concessionárias públicas.
¾ Retorno dos investimentos (payback) muito rápido
¾ Instabilidade do fornecimento de água pública
¾ Exigência de lei específica
¾ Locais onde a estiagem é maior que 5 meses
¾ Locais ou regiões onde o índice de aridez seja menor ou igual a 0,50.

A norma da ABNT teve inicio em setembro de 2007: ABNT NBR 15527/07

O aproveitamento de água de chuva não pode receber o termo reúso de água de chuva e nem
chamado de reaproveitamento. O termo reúso é usado somente para água que já foi utilizada pelo
homem em lavagem de mãos, bacia sanitária, lavagem de roupas, banhos, etc. Reaproveitamento é
semelhante ao reúso, significando que a agua de chuva já foi utilizada e portanto, não está correto.

61-1
Curso de Manejo de Águas Pluviais
Capitulo 61-Aproveitamento de água de chuva em coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis
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61.2 Objetivo
Objetivo é fornecer diretrizes básicas para o aproveitamento de água de chuva em áreas urbanas
para fins não potáveis para os seguintes usos:
¾ descargas em bacias sanitárias,
¾ irrigação de gramados e plantas ornamentais,
¾ lavagem de veículos,
¾ limpeza de calçadas e ruas,
¾ limpeza de pátios,
¾ espelhos d’água e
¾ usos industriais.
Salientamos que a água de chuva será usada para fins não potáveis, não substituindo a água
tratada com derivado cloarado e fluor usada para banhos, fazer comida ou ser ingerida, distribuida
pelas concessionárias públicas.
Não incluimos a lavagem de roupa devido ao problema do parasita Cryptosporidium parvum
que para removê-lo precisamos de filtros lentos de areia.

61.3 Definições
As seguintes definições são importantes para o entendimento do aproveitamento de água de
chuva e a visualizaçao da Figura (2) onde aparece o esquema de aproveitamento de água de chuva.

Água de chuva
É a agua coletada durante eventos de precipitação pluviométrica em telhados inclinados ou planos
onde não haja passagem de veículos ou de pessoas. As águas de chuva que caem nos pisos
residencias, comerciais ou industriais não estão inclusas no sistema proposto.

Figura 2- Esquema de aproveitamento de água de chuva

Água não potável


Entende-se por não potável aquela que não atende a Portaria nº. 518/2004 do Ministério da Saúde

Área de captação
Área, em metros quadrados, da projeção horizontal da superfície onde a água é captada.

Coeficiente de runoff (C) ou escoamento superficial


Coeficiente que representa a relação entre o volume total escoado e o volume total precipitado
variando conforme a superfície conforme Tabela (1).

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Capitulo 61-Aproveitamento de água de chuva em coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis
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Tabela 1- Coeficientes de Runoff


MATERIAL COEFICIENTE DE RUNOFF

Telhas cerâmicas 0,8 a 0,9

Telhas esmaltadas 0.9 a 0.95


Telhas corrugadas de metal 0,8 a 0,9

Cimento amianto 0,8 a 0,9

Plástico, pvc 0,9 a 0,95

Conexão cruzada
Qualquer ligação física através de peça, dispositivo ou outro arranjo que conecte duas
tubulações das quais uma conduz água potável e a outra água de qualidade desconhecida ou não
potável.

Demanda
A demanda ou consumo de água é a média a ser utilizado para fins não potáveis num
determinado tempo (anual, mensal ou diário)

First flush
Água que cai inicialmente na superficie de captação e é necessaria e suficiente para carrear
fuligem, folhas, galhos e detritos. Após três dias de seca os telhados vão acumulando poeiras, folhas,
detritos, etc e é aconselhável que o first flush não seja utilizado. Conforme o uso destinado às águas
de chuvas pode ser dispensado o first flush dependendo do projetista.
As pesquisas feitas mostram que o first flush varia de 0,4 L/m2 de telhado a 8 L/m2 de telhado
conforme o local. Na falta de dados locais sugere-se o uso do first flush no valor de 2 L/m2 de área de
telhado.

Suprimento
Fonte alternativa de água para complementar o reservatório de água de chuva. Pode ser água da
concessionária pública dos serviços de água, poço tubular profundo, caminhões tanques, etc.

Reservatório intermediário
Local onde pode ser armazenada a água de chuva para ser utilizada. Se água de chuva for clorada
deverá ter tempo de contato mínimo de 15min dentro do reservatório intermediário.

61.4 Calhas e condutores


As calhas e condutores horizontais e verticais conforme Figura (3) devem atender a ABNT NBR
10844/ 89 sendo que tais dimensionamento são baseados em vazões de projeto que dependem dos
fatores meteorológicos e do periodo de retorno escolhido.
Estas vazões não servem para dimensionamento dos reservatórios e sim para o dimensionamento
dass calhas e condutores (verticais e horizontais).

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Figura 3-Calha e condutor

¾ Devem ser observados o período de retorno escolhido (Tr), a vazão de projeto e a intensidade
pluviométrica.
¾ Nos condutores verticais ou nos condutores horizontais pode ser instalado dispositivos
fabricados ou construidos in loco para o descarte da água do first flush ou para eliminação
de folhas e detritos. O dispositivo ou a construção poderá ter operação manual ou
automática sendo recomendado a operaçao automatica´
¾ O dispositivo de descarte de água do first flush deve ser dimensionado pelo projetista. Na
falta de dados recomenda-se no mínimo 2 mm, ou seja, 2 litros/m2 de telhado.
¾ Caso se julgue conveniente poderão ser instaladas telas ou grades para remoção de detritos.

Vazão na calha
Conforme NBR 10844/89 a vazão na calha é dada pela equação:
Q= I x A / 60
Sendo:
Q= vazão de pico (litros/min)
I= intensidade pluviométrica (mm/h)
A= area de contribuição (m2)
Os períodos de retorno comumente adotados são Tr=5anos ou Tr=25anos dependendo do
risco a ser assumido.
O valor de I=150mm/h é adotado para áreas de projeção horizontal até 100m2.

Exemplo 1
Calcular a vazão de pico de uma calha em telhado com área de A=200m2 e intensidade
pluviométrica I=150mm/h
Q= I x A / 60=150 x 200/60=500 litros/min

Dimensionamento da calha
É usado para dimensionamento da calha a fórmula de Manning:
Q=60000 x (A/n) x R (2/3) x S 0,5
Sendo:
Q= vazão de pico (L/min)
A= área da seção molhada (m2)
n= coeficiente de rugosidade de Manning. Para concreto n=0,013 e para plástico n=0,011.
R= raio hidráulico= A/P
P= perímetro molhado (m)
S= declividade da calha (m/m)

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Exemplo 2
Dimensionar uma calha retangular com declividade S=0,005m/m, coeficiente de rugosidade de
Manning n=0,013 (concreto), com altura de 0,10m, largura de 0,40m.
Área molhada A= 0,10m x 0,40m=0,04m2
Perímetro molhado P= 0,40+ 2 x 0,10= 0,60m
Raio hidráulico R= A/P= 0,04m2/ 0,60m= 0,066m
Q=60000 x (A/n) x R (2/3) x S 0,5
Q=60000 x (0,04/0,013) x 0,066 (2/3) x 0,005 0,5= 2171 litros/min
Portanto, pela calha passará a vazão de pico de água de chuva de 2171 litros/min

Condutores horizontais
Os condutores horizontais de seção circular que geralmente são assentados no piso podem
ser dimensionados usando a fórmula de Manning para seção máxima de altura 0,66D ou usar a
Tabela (2) da ABNT e declividade mínima de 0,5% (0,005m/m)

Tabela 2- Capacidade dos condutores horizontais de seçao circular com vazoes em litros/minuto
Diâmetro n=0,011 n=0,012 n=0,013
Interno
D 0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2%
(mm)
50 32 45 64 90 29 41 59 83 27 38 54
75 95 133 188 267 87 122 172 245 80 113 159
100 204 287 405 575 187 264 372 527 173 242 343
125 370 521 735 1.040 339 478 674 956 313 441 622
150 602 847 1.190 1.690 552 777 1.100 1.550 509 717 1.010
200 1.300 1.820 2.570 3.650 1.190 1.670 2.360 3.350 1.100 1.540 2.180
250 2.350 3.310 4.660 6.620 2.150 3.030 4.280 6.070 1.990 2.800 3.950
300 3.820 5.380 7.590 10.800 3.500 4.930 6.960 9.870 3.230 4.550 6.420
Fonte: ABNT NBR 10.844/89

Exemplo 3
Dimensionar um condutor horizontal de PVC para vazão de 500 litros/minuto.
Como não temos a declividade S, adotados S=0,005m/m=0,5% e entrando na Tabela (2)
escolhemos um tubo de PVC de 150mm.

Condutor vertical
A maneira prática de se dimensionar o coletor vertical é através de área máxima de telhado
em função do diâmetro conforme Tabela (3). A norma NBR 10844/89 adota condutor vertical
mínimo de 70mm.

Tabela 3- Área máxima de cobertura para condutores verticais de seção circular


Diâmetro do conduto vertical Area máxima de telhado
(mm) (m2)
50 13,6
75 42,0
100 91,0
150 275,0

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Exemplo 4
Dimensionar um coletor vertical de aguas pluviais snedo a área do telhado de 100m2.
Consultando a Tabela (3) usaremos diâmetro de 150mm.

61.5 Reservatórios ou cisternas


Deverá ser analisada as séries históricas e sintéticas das precipitações locais ou regionais.
sendo aconselháel no mínimo um período de 10 anos de dados a serem analizados.
Os governos estaduais e o governo federal possuem base de dados com informaçõs confiáveis
como o site da Ana (Agência Nacional das Aguas) http://www.hidroweb.ana.gov.br.

¾ Os reservatórios ou cisternas conforme Figura (4) podem ser: enterrados, semi-enterrado,


apoiado ou elevado. Os materiais podem ser concreto, alvenaria armada, materiais plásticos
como polietileno, PVC, fibra de vidro e aço inox. Sempre serão vedados a luz solar.

¾ Os reservatórios devem ser construidos como se fosse para armazenamento de água potável
devendo serem tomadas os devidos cuidados para não contaminar a água de chuva coletada dos
telhados.

Figura 4- Reservatórios de aço inox apoiados

¾ Devem ser considerados no projeto do reservatório: extravasor, descarga de fundo ou


bombeamento para limpeza, cobertura, inspeção, ventilação e segurança.

¾ O reservatório quando alimentado com água de outra fonte de suprimento de água, deve
possuir dispositivos que impeçam a conexão cruzada.

¾ O volume de água de chuva aproveitável depende do coeficiente de runoff, bem como da


eficiência do sistema de descarte do first flush, sendo calculado pela seguinte equação:

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V= P x A x C x η fator de captação
Onde:
V= volume anual, mensal ou diário de água de chuva aproveitável, em litros;
P= precipitação média anual, mensal ou diária, em milímetros;
A= área de coleta, em metros quadrados;
C=coeficiente de runoff. Normalmente C=0,95
η fator de captação = eficiência do sistema de captação, levando em conta o descarte do first flush.
A eficiência do first flush ou do descarte de filtros e telas variam de 0,50 a 0,90.
Um valor prático quando não se têm dados é adotar: C x η= 0,80
No caso do projetista não considerar o first flush sugerimos adotar n=0,90
¾ O volume dos reservatórios devem ser dimensionados com base em critérios técnicos e
econômicos, levando em conta as boas práticas da engenharia, podendo a critério do
projetista serem utilizados os métodos contidos nos itens 9 a 14 ou outro desde que
devidamente justificado.

¾ Os reservatórios devem ser limpos e desinfetados com solução de derivado clorado, no


mínimo uma vez por ano de acordo com a ABNT NBR 5626/98.

¾ O volume não aproveitável da água de chuva, pode ser lançado na rede de galerias de águas
pluviais, na via pública ou ser infiltrado total ou parcialmente, desde que não haja perigo de
contaminação do lençol freático.

¾ A descarga de fundo pode ser feita por gravidade ou por bombeamento.

¾ A água reservada deve ser protegida contra a incidência direta da luz solar e calor, bem
como de animais que possam adentrar o reservatório através da tubulação de extravasão.

61.6 Instalações prediais

¾ As instalações prediais de água fria devem atender a ABNT NBR 5626/98, principalmente
quanto as recomendações de separação atmosférica, dos materiais de construção das
instalações, da retrossifonagem, dos dispositivos de prevenção de refluxo, proteção contra
interligação entre água potável e não potável, do dimensionamento das tubulações e limpeza e
desinfecção dos reservatórios, controle de ruídos e vibrações.

¾ As tubulações e demais componentes devem ser claramente diferenciadas das tubulações de


água potável. Pode ser usado cor diferentes ou tarja plastica enrolada no tubo.

¾ Diferentes sistemas de distribuição de água fria, sendo um para água potável e outro para
água não potável devem existir em qualquer tipo de edificação, evitando a conexão cruzada
e obedecendo a ABNT NBR 5626/98.

¾ Os pontos de consumo, como por exemplo uma torneira de jardim, devem ser identificados
com placa de advertência com a seguinte inscrição “água não potável” e advertencia visual
destinada a pessoas que não saibam ler e a crianças.

¾ Recomenda-se que hajam dois reservatórios, sendo um para água potável e outra para água
não potável que será usado para o aproveitamento da água de chuva.

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61.7 Qualidade da água


Os padrões de qualidade do sistema de água de chuva para água não potável no ponto de
uso é opção do projetista podendo conforme a situação podendo ser exigido cloração ou não ou até
adotar a Tabela (4) para monitoramento do sistema de aproveitamento de água de chuva.

Tabela 4 – Parâmetros de qualidade de água para uso não potável


Parâmetro Análise Valor
Coliformes totais semestral Ausência em 100 mL

Coliformes termotolerantes semestral Ausência em 100 mL

Cloro residual livre mensal 0,5 a 3,0mg/L


Turbidez mensal < 2,0 uT, para usos menos restritivos < 5,0 uT.
Cor aparente (caso não seja utilizado nenhum mensal < 15 uH
corante, ou antes, da sua utilização).
Deve prever ajuste de pH para proteção das mensal pH de 6,0 a 8,0 no caso de tubulação de aço carbono ou
redes de distribuição, caso necessário. galvanizado.
NOTAS
uT é a unidade de turbidez.
uH é a unidade Hazen.

¾ Não se recomenda em hipótese alguma a transformação da água de chuva em água potável


em áreas urbanas. Mas caso se faça esta opção o tratamento adequado deverá atender à
Portaria n° 518/04 do Ministério da Saúde.

¾ Para desinfecção, a critério do projetista, pode-se utilizar hipoclorito de sódio, raios


ultravioleta, ozônio e outros. Em aplicações onde é necessário um residual desinfetante
deve ser usado hipoclorito de sodio devendo o cloro residual livre estar entre 0,5 mg/l e 3,0
mg/l.

¾ No caso de água de chuva ser utilizada para lavagem de roupas, tratamentos específicos
adequados que permitam a remoção de parasitas, como por exemplo o Crypstoridium
parvum. O tratamento recomendado é o uso de filtros lentos de areia.

¾ Para se ter uma idéia dos preços de análises informamos que para coliformes totais e
termotolerantes o custo é de R$ 40,00/ amostra. Para cor aparente, turbidez e cloro residual
livre o custo é de R$ 20,00/amostra conforme Instituto Adolfo Lutz de São Paulo.
Fazendo-se os cálculos do custo de monitoramente é de R$ 140,00/ano
Mas podemos usar ainda kits para testes para pH e de cloro residual livre que custa somente
R$ 20,00.

61.8 Bombeamento
¾ Quando necessário o bombeamento, o mesmo deve atender a ABNT NBR 12214/92.

¾ Devem ser observadas as recomendações das tubulações de sucção e recalque, velocidades


mínimas de sucção e seleção do conjunto motor-bomba.

¾ Pode ser instalado junto a bomba centrífuga, dosador automático de derivado clorado o qual
convém ser enviado a um reservatório intermediário para que haja tempo de contato de no
mínimo 15 min.

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¾ Um dosador automatico de derivado clorado custa aproximadamente R$ 350,00. Poderá ser


usado hipoclorito de sódio ou outro derivado clorado.

Figura 5- Bomba centrifuga

61.9 Manutenção
¾ Recomenda-se realizar manutenção em todo o sistema de coleta e aproveitamento de água
de chuva conforme Tabela (5).
Tabela 5- Sugestão de frequência de manutenção
Componente Freqüência de manutenção
Dispositivo de descarte do escoamento inicial automático Limpeza mensal ou após chuva de
grande intensidade
Calhas, condutores verticais e horizontais 2 ou 3 vezes por ano
Desinfecção com derivado clorado Manutenção mensal
Bombas Manutenção mensal
Reservatório Limpeza e desinfecção anual

61.10. Dimensionamento do reservatório pelo Método de Rippl


O método de Rippl geralmente superdimensiona o reservatório, mas é bom usá-lo para
verificar o limite superior do volume do reservatório de acumulaçao de aguas de chuvas.
Neste método pode-se usar as séries históricas mensais (mais comum) ou diárias.
S (t) = D (t) – Q (t)
Q (t) = C x precipitação da chuva (t) x área de captação
V = Σ S (t) , somente para valores S (t) > 0
Sendo que : Σ D (t) < Σ Q (t)

Onde:
S (t) é o volume de água no reservatório no tempo t;
Q (t) é o volume de chuva aproveitável no tempo t;
D (t) é a demanda ou consumo no tempo t;
V é o volume do reservatório, em metros cúbicos;
C é o coeficiente de escoamento superficial.

Exemplo 5- Aplicação prática do método de Rippl


Área do telhado A= 100m2
Chuvas médias mensais
Precipitação média anual= 1569mm

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Coeficiente de runoff C=0,80


Na Tabela (6) está a aplicação prática do Metodo de Rippl a um telhado com 100m2 e onde
queremos retirar todos os meses 8m3 de água de chuva. Usamos as precipitações médias mensais
de janeiro a dezembro. Existem 8 colunas que são explicadas logo após.

Tabela 6- Dimensionamento do reservatório pelo método de Rippl para demanda constante de 8m3/mês, sendo usado as chuvas
médias mensais para uma área de captação de água de chuva de 100m2.

Chuva Demanda Volume Diferença Diferença


média constante Área da de chuva entre os acumulada
Meses mensal mensal captação mensal volumes da da coluna 6
demanda – dos valores Obs.
vol. de chuva positivos
Col.3 – col. 5
(mm) (m3) (m2) (m3) (m3) (m3)
Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna
1 2 3 4 5 6 7 8

Janeiro 272 8 100 22 -14 E


Fevereiro 243 8 100 19 -11 E
Março 223 8 100 18 -10 E
Abril 89 8 100 7 1 1 D
Maio 92 8 100 7 1 2 D
Junho 47 8 100 4 4 6 D
Julho 40 8 100 3 5 11 D
Agosto 30 8 100 2 6 17 D
Setembro 82 8 100 7 1 18 D
Outubro 121 8 100 10 -2 16 S
Novembro 114 8 100 9,0 -1 15 S
Dezembro 216 8 100 17 -9 6 S
Total 1569 96 m3/ano 126 ≥ 96
m3/ano
E: água escoando pelo extravasor D: nível de água baixando S: nível de água subindo

Vamos passar a explicar as oito colunas da Tabela (6).

Coluna 1 –
É o período de tempo que vai de janeiro a dezembro.

Coluna 2 –
Nesta coluna estão as chuvas médias mensais em milímetros.

Coluna 3 –
Demanda mensal que foi imposta de acordo com as necessidades. A demanda também pode
ser denominada de consumo mensal e é fornecido em metros cúbicos.
O volume total da demanda ou do consumo 96m3/ano deve ser menor ou igual ao volume total
de chuva da coluna 5 que é 126m3/ano.

Coluna 4-
É a área de captação da água de chuva que é suposta constante durante o ano. A área de
captação é fornecida em metros quadrados e é a projeção do telhado sobre o terreno.

Coluna 5-
Nesta coluna estão os volumes mensais disponíveis da água de chuva. É obtido multiplicando-
se a coluna 2 pela coluna 4 e pelo coeficiente de runoff de 0,80 e dividindo-se por 1000 para que o
resultado do volume seja em metros cúbicos.
Assim a linha referente ao mês de janeiro é obtida:
272mm x 100 m2 x 0,80 / 1000 = 22 m3

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Coluna 6 –
Nesta coluna estão as diferenças entre os volumes da demanda e os volumes de chuva
mensais. É na prática a coluna 3 menos a coluna 5. O sinal negativo indica que há excesso de água e o
sinal positivo indica que o volume de demanda, nos meses correspondentes supera o volume de água
disponível.

Coluna 7 –
Nesta coluna estão as diferenças acumuladas da coluna 6 considerando somente os valores
positivos. Para preencher esta coluna foi admitida a hipótese inicial de o reservatório estar cheia.
Os valores negativos não foram computados, pois, correspondem a meses em que há excesso
de água (volume disponível superando a demanda).
Começa-se com a soma pelos valores positivos, prosseguindo até a diferença se anule,
desprezando todos os valores negativos seguintes, recomeçando a soma quando aparecer o primeiro
valor positivo.
O volume máximo obtido na coluna 7 pelo Método de Rippl é de 18m3. Portanto, o
reservatório para regularizar a demanda constante de 8m3/mês deverá ter 18m3 de capacidade.

Coluna 8-
O preenchimento da coluna 8 é feito usando as letras E, D e S sendo:
E = água escoando pelo extravasor;
D= nível de água baixando e
S= nível de água subindo.

Supomos desde o inicio que o reservatório está cheio e, portanto, nos meses de janeiro,
fevereiro e março da coluna 6 verificamos que as diferenças são negativas e, portanto, temos que a
água está escoando pelo extravasor.
Quando os valores da coluna 6 são positivos o nível de água do reservatório está baixando e
isto vai acontecer no mês de abril quando o abaixamento é de 1m3. Em maio de 2m3. Em junho de
6m3. Em julho o abaixamento é de 11m3. Em setembro o abaixamento é de 18m3 e em outubro o
reservatório como a coluna 6 é negativa, o volume começa a extravasar.
O volume do reservatório de 18m3, correspondentes a um suprimento de 69 dias de seca (2,3
meses).
Salientamos que geralmente o método de Rippl fornece valores muito elevados para os
reservatórios sendo que na prática o método mais usado é o da simulação que se faz por tentativas.

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61.11 Método da simulação


Para um determinado mês aplica-se a equação da continuidade a um reservatório finito:
S (t) = Q (t) + S (t-1) – D (t)
Q (t) = C x precipitação da chuva (t) x área de captação
Sendo que: 0 ≤ S (t) ≤ V
Onde:
S (t) é o volume de água no reservatório no tempo t;
S (t-1) é o volume de água no reservatório no tempo t – 1;
Q (t) é o volume de chuva no tempo t;
D (t) é o consumo ou demanda no tempo t;
V é o volume do reservatório fixado;
C é o coeficiente de escoamento superficial.

Nota: para este método duas hipóteses devem ser feitas, o reservatório está cheio no início da
contagem do tempo “t”, os dados históricos são representativos para as condições futuras.

Exemplo 6
Verificar o volume de 30m3 de um reservatório pela análise de simulação usando a série sintética da
precipitação média mensal, demanda mensal de 30m3/mês, área de captação de 350m2 e coeficiente
de runoff C=0,80.
A grande vantagem do método é escolher mais facilmente o dimensionamento mais econômico do
reservatório e verificar o risco.
Na Tabela (7) está o exemplo de aplicação da Análise de simulação do reservatório.
Tabela 7- Aplicação da Análise de simulação
para reservatório com 30m3 considerando a média mensal das precipitações
Chuva Demanda Área de Volume de Volume da Volume do Volume do
Mês média mensal captação reservatório reservatório no reservatório Suprimento
(mm) constante chuva fixado tempo t-1 no tempo t. Overflow de água externo
(m3) (m2) C=0,80 (m3) (m3) (m3) (m3) (m3)
(m3)

P Dt A Qt V St-1 St Ov S

Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Jan 272 30 350 76 30 0 30 16 0


fev 243 30 350 68 30 30 30 38 0
Mar 223 30 350 62 30 30 30 32 0
Abr 89 30 350 25 30 30 25 0 0
Mai 92 30 350 26 30 25 21 0 0
Jun 47 30 350 13 30 21 4 0 0
Jul 40 30 350 11 30 4 -15 0 15
Ago 30 30 350 8 30 0 -22 0 22
Set 82 30 350 23 30 0 -7 0 7
Out 121 30 350 34 30 0 4 0 0
Nov 114 30 350 32 30 4 6 0 0
Dez 216 30 350 60 30 6 30 6 0
Total= 1569 360 439 93 44

Vamos explicar a Tabela (7) colunas 1 a coluna 10.

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Tabela (7)

Coluna 1:
Constam os meses do ano de janeiro a dezembro.

Coluna 2:
São as chuvas médias mensais (série sintética).

Coluna 3:
É o consumo mensal de 30m3 de água não potável.

Coluna 4:
É a área de captação da chuva que é de 350m2 que é a área de todo o telhado disponível.

Coluna 5:
O volume de água de chuva é obtido da seguinte maneira:

Coluna 5 = coluna 2 x coluna 4 x 0,80 / 1000 para o resultado sair em metros cúbicos
Para perdas de água por evaporação, perdas de água na autolimpeza supomos o coeficiente
0,80.

Coluna 6
Volume do reservatório que é fixado. O volume para este tipo de problema é arbitrado e
depois verificado o overflow e a reposição de água, até se escolher um volume adequado. No caso
deste exemplo, usamos o volume de 30m3 para o reservatório.

Coluna 7:
É o volume do reservatório no inicio da contagem do tempo. Supomos que no inicio do ano o
reservatório está vazio e que, portanto a primeira linha da coluna 7 referente ao mês de janeiro será
igual a zero. Os demais valores são obtidos usando a função SE do Excel:
SE (coluna 8 < 0 ; 0 ; coluna 8)

Coluna 8:
Fornece o volume do reservatório no fim do mês. Assim o volume de 30m3 no mês de janeiro
refere-se ao volume do reservatório no último dia de janeiro. Vê-se que o reservatório é considerado
cheio.
Obtém-se a coluna 8 da seguinte maneira:
Coluna 8 = SE (coluna5 + coluna7 – coluna3 > coluna 6; coluna 7 ; coluna 5 + coluna 7 – coluna 3 )
Nota: a coluna 8 pode resultar em número negativo. Deve ser entendido como água necessária
para reposição. Aparecerá o mesmo valor com sinal positivo na coluna 10.

Coluna 9:
É relativa ao overflow, isto é, quando a água fica sobrando e é jogada fora.
Obtém-se da seguinte maneira:

Coluna 9 = SE (coluna 5 + coluna 7 – coluna 3) > coluna 6 ; coluna 5 + coluna 7 – coluna 3 –


coluna 6 ; 0)

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Coluna 10:
É a coluna da reposição da água, que pode vir do serviço público de abastecimento ou de
caminhão tanque ou de outra procedência.

Coluna 10= SE (coluna 7 +coluna 5 – coluna 3 < 0 ; - (coluna 7 + coluna 5 – coluna 3) ; 0)

Comentário sobre a Tabela (7):


No processo de verificação é fornecido o volume de 30m3 e a chuva média mensal adotada.
Durante o ano verificamos que haverá overflow de 93m3 e que será necessário 44m3 de água de outra
fonte parra suprir o reservatório durante o ano.
O volume de água de chuva considerando o coeficiente de runoff de 0,80 será de 439m3/ano
maior que a demanda anual de 360m3.
Para a coluna 8 o reservatório está cheio em janeiro.

61.12 Método prático do professor Azevedo Neto

V = 0,042 x P x A x T
Onde:
P é a precipitação média anual, em milimetros;
T é o número de meses de pouca chuva ou seca;
A é a área de coleta, em metros quadrados;
V é o volume de água aproveitável e o volume de água do reservatório, em litros.

Exemplo 7
Dada a precipitação mádia anual P=1500mm e área de telhado de A=100m2 numa região que fica
sem chuva T=2 meses.
V = 0,042 x P x A x T
V = 0,042 x 1500mm x 100m2 x 2=12.600 litros= 12,6m3

61.13 Método prático alemão


Trata-se de um método empírico onde se toma o menor valor do volume do reservatório;
6% do volume anual de consumo ou 6% do volume anual de precipitação aproveitável.
Vadotado= mín (V; D) x 0,06
Sendo:
V é o volume aproveitável de água de chuva anual, em litros;
D é a demanda anual da água não potável, em litros;
Vadotado é o volume de água do reservatório, em litros.

Exemplo 8
Calcular um reservatório para aproveitamento de água de chuva usando método Alemão para
P=1500mm e área de telhado A=100m2 sendo o consumo médio mensal D=8m3
Vaproveitável anualmente de agua de chuva= 1500mm x 100m2 x 0,8= 120.000 litros=V=120m3
Consumo mensal= 8m3
Consumo anual= D=8m3 x 12= 96m3
Vadotado= mín (V; D) x 0,06
Vadotado= mín (120; 96) x 0,06
Vadotado= 96 x 0,06= 6m3

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61.14 Método prático inglês


V = 0,05 x P x A

Onde:
P é a precipitação média anual, em milimetros;
A é a área de coleta, em metros quadrados;
V é o volume de água aproveitável e o volume de água da cisterna, em litros.

Exemplo 9
Dada a precipitação média anual P=1500mm e área de telhado de A=100m2.
V = 0,05 x P x A
V = 0,05 x 1500 x 100 =7500 litros= 7,5m3

61.15 Método prático australiano


O volume de chuva é obtido pela seguinte equação:
Q= A x C x (P – I)
Onde:
C é o coeficiente de escoamento superficial, geralmente 0,80;
P é a precipitação média mensal, em milimetros;
I é a interceptação da água que molha as superficies e perdas por evaporação, geralmente 2mm;
A é a área de coleta, em metros quadrados;
Q é o volume mensal produzindo pela chuva, em metros cúbicos.
O cálculo do volme do reservatório é realizado por tentativas, até que sejam uitlizados valores
otimizados de confiança e volume do reservatório.
Vt = Vt-1 + Qt – Dt
Onde:
Qt é o volume mensal produzido pela chuva no mês t;
Vt é o volume de água que está no tanque no fim do mês t, em metros cúbicos;
Vt-1 é o volume de água que está no tanque no início do mês t, em metros cúbicos;
Dt é a demanda mensal, em metros cúbicos;
Nota: para o primeiro mês consideramos o reservatório vazio.
Quando (Vt-1 + Qt – D) < 0, então o Vt = 0
O volume do tanque escolhido será em metros cúbicos.

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Exemplo 10
Calcular o volume do reservatório para aproveitamento de água de chuva em area de telhado de
A=100m2, coeficiente de runoff C=0,80, interceptação I=2mm e demanda constante mensal D=8m3
Na Tabela (8) estão os cálculos efetuados.
Tabela 8- Método Australiano
Meses Prec. Mensal Área Runoff Interceptação Vol. Chuva Q Demanda D Vt
(mm) (m2) C (mm) (m3) (m3) (m3)
Jan 272 100 0,8 2 22 8 14
fev 243 100 0,8 2 19 8 25
Mar 223 100 0,8 2 18 8 35
Abr 89 100 0,8 2 7 8 34
Mai 92 100 0,8 2 7 8 33
Jun 47 100 0,8 2 4 8 28
Jul 40 100 0,8 2 3 8 23
Ago 30 100 0,8 2 2 8 18
Set 82 100 0,8 2 6 8 16
Out 121 100 0,8 2 10 8 18
Nov 114 100 0,8 2 9 8 18
Dez 216 100 0,8 2 17 8 28
Total 1569

O volume do reservatório de aproveitamento de água de chuva será de 35m3.

61.16 Confiança

Confiança = (1 - Pr)
Recomenda-se que os valores de confiança estejam entre 90% a 99%.
Pr = Nr / N
Sendo:
Pr é a falha
Nr é o número de meses em que o reservatório não atendeu a demanda, isto é, quando Vt = 0;
N é o número de meses considerado, geralmente 12 meses;

Exemplo 11
Calcular a falha e a confiança de um sistema de aproveitamento de água de chuva em que durante 3
meses o reservatorio nao conseguiu atender à demanda.
N= 12meses
Nr= 3 meses
Pr= Nr/N= 3/12=0,25
Portanto, a falha é o,25 ou seja 25%

A confiança no sistema é
Confiança = (1 - Pr)= 1-0,25= 75
O sistema de aproveitamento de água de chuva funcionamento durante o ano com 75% de
confiança.

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61.17 Dimensionamento do reservatório de autolimpeza


Na Figura (5) está um esquema do sistema de aproveitamento de águas pluviais onde aparece
a caixa do first flush, ou seja, o reservatório de autolimpeza que funciona automaticamente.
Sem dúvida a grande dificuldade é dimensionar o tamanho do reservatório em que a água do
first flush será depositada para ser descartada, quando se supõe esta alternativa. Podemos também
fazer projetos em que deixamos a sujeira do telhado relativa ao first flush ser depositada no fundo do
mesmo.

Figura 5- Esquema de funcionamento do reservatório de autolimpeza

Uma maneira que encontramos para dimensionar a caixa de autolimpeza, isto é, que ela seja
feita automaticamente sem a interferência humana é imaginarmos um reservatório que tenha o
volume do first flush e que o esvaziamento do mesmo seja feito em 10min aproximadamente.
O valor de esvaziamento de 10min, foi tomado empiricamente, pois este é o tempo que leva
para que a água levar para ficar limpa.
Usamos a equação do orifício:
Q= Cd x A (2 x g x h)0,5
Sendo:
Q= vazão de saída do orifício (m3/s)
G= aceleração da gravidade=g=9,81m/s2
h= altura de água sobre o orifício (m). É a metade da altura da caixa.
A= área da seção do orifício (m2)
Cd= coeficiente de descarga do orifício=0,62

Exemplo 12
Dimensionar a caixa do first flush de um telhado com A=1000m2.
Como não temos mais informações adotamos para o first flush 2 litros/m2 de área de telhado.
Assim teremos:
V= 1000m2 x 2 litros/m2 = 2000 litros= 2m3
Portanto, a caixa deverá ter volume de 2m3
Este volume deverá ser escoado pelo fundo da caixa em aproximadamente 10min.
Vamos estimar as dimensões da caixa que terá 2m3. Tendo em vista condições locais podemos
estimar que a altura deva ser de 0,80m.
Supondo que o comprimento seja o dobro da largura L. teremos:

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V= L x 2 L x 0,80= 2m3 e, portanto L2= 2/(2 x 0,80) = 1,25m e então L= 1,12m


A largura será de 1,12m e o comprimento 2 x L= 2,24m
As dimensões são: 1,12m x 2,24 x 0,80 = 2,0m3
Como a profundidade da caixa do first flush é de 0,80m para a equação do orifício entramos com a
metade da altura:
h= 0,80/2= 0,40m
Q= Cd x A (2 x g x h)0,5
Q= 0,62 x A (2 x 9,81 x 0,4)0,5
Q= 1,737 x A
Mas Q= 2m / 10min= 2m /(10min x 60s) =0,0033m3/s
3 3

Substituindo teremos:
Q=1,737 x A
0,0033=1,737 x A
A= 0,0019m2
Mas o orifício é circular e, portanto:
A= PI x D2 /4
D= (4 x A/ PI) 0,5
D= (4 x 0,0019/ 3,1416) 0,5=0,049m. Adotamos D=0,05m, ou seja, D=50mm

61.18. Custos
Os custos dos reservatórios variam com o material, com a solução escolhido da posição do
reservatório e das condições locais. Estão inclusos nos custos o custo de calhas, condutores e bomba
centrifuga.
Na média o custo do reservatório varia de US$ 150/m3 a US$ 200/m3 (base:maio de 2007
1US$=R$2,00) de água reservada..

Exemplo 13
Calcular o custo de um reservatório de concreto com 26m3.
20 m3 x US$ 150/m3= US$ 3000
Supondo 1US$= R$ 2,00 teremos o custo total incluindo reservatório, condutores verticais,
bombas etc de R$ 6.000,00

61.19 Previsão de consumo de água


Há sempre uma grande dificuldade em se prever o consumo de água não potável para se usar a
água de chuva.
A Tabela (9) de Vickers, 2001 mostra as porcentagens dos tipos de uso residencial. Assim
numa casa se gasta 27% da água nas descargas nas bacias sanitárias, 17% nos chuveiros, 22% na
lavagem de roupa, etc.
A média de consumo brasileiro é de 160 litros/diaxhabitante e, como pode ser verificado na
Tabela (9), a economia de água potável seria de 27% se utilizarmos água de chuva apenas nas
descargas de bacias sanitárias.

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Tabela 9- Tipos de usos e porcentagem de utilização de consumo interno de uma residência

As Tabelas (10) e (11) fornecem parâmetros para calculo do consumo interno e externo de
uma residência.
Tabela 10- Parâmetros de engenharia de consumo interno de uma residência

Parâmetros
Uso interno Unidades
Inferior Superior Mais provável
3
Gasto mensal m /pessoa/mês 3 5 4
Número pessoas pessoa 2 5 3,5
na casa
Descarga na bacia Descarga/pessoa/ 4 6 5
dia
Volume de Litros/descarga 6,8 18 9
descarga
Vazamento bacias Percentagem 0 30 9
sanitárias
Freqüência de Banho/pessoa/dia 0 1 1
banho
Duração do banho Minutos 5 15 7,3
Vazão dos Litros/segundo 0,08 0,30 0,15
chuveiros
Uso da banheira Banho/pessoa/dia 0 0,2 0,1
Volume de água Litros/banho 113 189 113
Máquina de lavar Carga/pessoa/dia 0,1 0,3 0,1
pratos
Volume de água Litro/ciclo 18 70 18
Máquina de lavar Carga/pessoa/dia 0,2 0,37 0,37
roupa
Volume de água Litro/ciclo 108 189 108
Torneira da Minuto/pessoa/dia 0,5 4 4
cozinha
Vazão da torneira Litros/segundo 0,126 0,189 0,15
Torneira de Minuto/pessoa/dia 0,5 4 4
banheiro
Vazão da torneira 0,126 0,189 0,15
Litros/segundo

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Tabela 11- Parâmetros de engenharia de consumo externo de uma residência


Uso externo Valores
Unidades
Casas com piscina 0,1
Porcentagem
Gramado ou jardim Litros/dia/m² 2
Lavagem de carros litros/lavagem/car 150
ro
Lavagem de carros: Lavagem/mês 4
freqüência
Mangueira. de jardim 50
1/2"x20m. Litros/dia
Manutenção de piscina litros/dia/m² 3
Perdas p/ evaporação em Litros/dia/m² 5,75
piscina
Reenchimento de piscinas anos 10
Tamanho da casa m² 30 a 450
Tamanho do lote m² 125 a 750

Exemplo 14
Residência com 5 (cinco) pessoas com área construída de 450 m², em terreno com área de 1.200 m².
A piscina tem 5 m x 8 m x 1,6 m. O número total de automóveis é 2 (dois). A área de jardim é de
aproximadamente 500m². Vamos calcular o uso interno e o uso externo da água na referida residência.
Vamos calcular o volume mensal de água consumido para uso interno e para uso externo.

USO INTERNO

Bacia Sanitária
Consideremos que cada pessoa ocupe a bacia sanitária 5 (cinco) vezes ao dia e que o volume de
cada descarga seja de 9 litros. Consideremos ainda um vazamento de 8% em cada descarga.
Teremos então:
5 pessoas x 5 descargas/pessoa/dia x 9 litros/descarga x 1,08 (vazamentos) x 30 dias = 7.290 litros/mês.

Lavagem de roupa
Como existe máquina de lavar roupa, suponhamos que a carga seja de 0,2 carga/pessoa.dia, com
170 litros por ciclo. Teremos:
5 pessoas x 0,2 carga/pessoa/dia x 170 litros/ciclo x 30 dias = 5.100 litros/mês.
Não usaremos a água de chuva para a lavagem de roupas.

Em resumo o consumo interno da casa em que poderá ser usada a água de chuva, isto é, água não
potável é de 12.390 litros/mês conforme Tabela (12).

Tabela 12-Exemplo de aplicação – uso interno


Uso Interno Consumo em
litros/mês
Bacia Sanitária 7.290
Soma total do uso interno = 7.290

USO EXTERNO
O uso externo da casa são a rega de jardins, passeios, lavagem de carros etc.
Gramado ou Jardim
Como a área de jardim de 500 m² e como se gasta 2 litros/dia/m² e ainda sendo a freqüência de
lavagem de 12 (doze) vezes por mês, ou seja, 0,40 vezes/mês teremos:

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500 m² x 2 litros/dia/m² x 0,40 vezes/mês x 30 dias = 12.000 litros/mês.


Lavagem de carro
Considerando a freqüência de lavagem de carros de 4 vezes/mês e que o gasto seja de 150 litros por
lavagem teremos:
2 carros x 150 litros/lavagem x 4 = 1.200 litros/mês.
Piscina
A piscina tem área de 5m por 8m, ou seja, 40m2. Sendo a manutenção da mesma feita 8 (oito) vezes
por mês, isto é, freqüência de 0,26 vezes/mês e como o consumo de água de manutenção da piscina é de 3
litros/dia/m² teremos:
3 litros/dia/m² x 40 m² x 0,26 x 30 dias = 936L/mês
Não faremos a manutenção de água da piscina com a água de chuva.

Mangueira de Jardim
Supondo que a mangueira de jardim seja usada em 20 dias por mês teremos:
50 litros/dia x 20 dias = 1.000L/mês

Tabela 13-Exemplo de aplicação – Uso externo


Uso externo Consumo mensal
em litros
Gramado ou Jardim 12.000
Lavagem de carro 1.200
Mangueira de Jardim 1.000
Soma total do uso externo= 14.200

Tabela 14- Exemplo de usos interno e externo de uma casa que pode ser usada água de chuva
Usos da água na Volumes mensais
residência
Uso interno 7.290 litros
Uso Externo 14.200 litros
Total 21.490 litros

A captação de água de chuva poderá ser usada mensalmente 7.290litros para uso interno e
14.200 litros para uso externo, totalizando 21.490 litros/mês, conforme Tabela (14).
Usando o Método de Rippl conforme Tabela (15) o reservatório terá no máximo o volume de
26m3.

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Tabela 15- Método de Rippl


Diferença entre Diferença Acumulada
Chuva Área de Volume Demanda e Volume da Coluna 6 dos Valores
Média Demanda Captação de de Chuva (m³) Positivos (m³)
Mês Mensal Mensal (m²) Chuva
(mm) (m³) Mensal
(m³)

Janeiro 272 22 450 97 -75


Fevereiro 243 22 450 87 -65
Março 223 22 450 80 -58
Abril 89 22 450 31 -9
Maio 92 22 450 32 -10
Junho 47 22 450 16 6 6
Julho 40 22 450 14 8 14
Agosto 30 22 450 10 12 26
Setembro 82 22 450 29 -7 19
Outubro 121 22 450 43 -21 -1
Novembro 114 22 450 40 -18
Dezembro 216 22 450 77 -55
Total 1569 264 556

61.20 Qualidade da água de chuva


Foi muito discutido os parâmetros de qualidade de água de chuva que se devia adotar, pois não
encontramos em nenhum texto estrangeiro ou mesmo na norma alemã nada sobre o assunto.
Baseado na experiência do CIRRA, o dr. José Carlos Mierza apresentou alguns parâmetros básicos
que devem ser seguidos conforme o uso e dos perigos de contato humano com a mesma.
Quando o uso for restritivo a norma recomenda que o cloro residual livre esteja entre 0,5mg/L a 3mg/L
e que a sua verificação seja mensal.
Quanto a turbidez deve ser menor que 5 uT (unidade de turbidez) e, em alguns casos mais restritivos,
ser menor que 2 uT.
A cor aparente deve ser menor que 15 uH (unidade Hazen) e deverá ser verificado mensalmente.
Quanto a coliformes totais e termotolerantes deverão estar ausentes em amostras semestrais de
100mL cada.
No que se refere ao pH deverá estar entre 6,0 e 8,0.

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61.21 Filtros lentos de areia


Os filtros lentos de areia foram os primeiros sistemas de filtração de abastecimento público. Os filtros
cerâmicos, panos e em carvão foram criados antes. Os filtros lentos de areia caíram em desuso quando
surgiram os filtros rápidos, mas devido a facilidade com que podem reter microorganismos, eles estão de
volta.
O objetivo é usar como água bruta a água de chuva precipitada em telhados e captada, melhorando
sua qualidade, mas ainda a mesma continua sendo não potável. A idéia é dar uma melhoria qualitativa para
fins de uso não potável.
Iremos nos deter somente nos filtros lentos de areia descendentes, sendo aquele em que se forma
uma camada de bactérias de mais ou menos 5cm chamada schmutzdeche que é responsável pelo
incremento na retenção de impurezas muito finas.
Na Figura (6) vemos um esquema de um filtro lento de areia. Notar que a água entra por cima e sai
também por cima acima da camada do schmutzdeche.
O regime de escoamento pode ser continuo ou descontinuo como o aproveitamento de água de
chuva.
Junto a superfície da camada de areia dos filtros lentos, após algum tempo de funcionamento
dependendo da qualidade da água bruta, forma-se uma camada de impurezas, de natureza gelatinosa,
compreendendo microorganismos aquáticos em grande quantidade em 5 a 15 dias.
O fluxo da água deve ser regularizado a fim de não romper o biofilme que se forma.

Vantagens e desvantagens dos filtros lentos de areia


As vantagens do filtro lento de areia são:
• Remoção de parte da turbidez,
• Remoção de bactérias do grupo coliformes, maior que 3log, ou seja, 99,9%.
• Baixo custo de construção quando a área for pequena.
• Simplicidade de projeto.
• Não precisa de produtos químicos como pré-tratamento
• A falha no funcionamento do filtro lento de areia resulta numa perda de produção e não na perda da
qualidade da água tratada.
• Podem trabalhar com fluxo de água intermitente.

As desvantagens do filtro lento de areia são:


• A turbidez da água bruta não pode ser maior que 30 uT.
• A água bruta não deve possuir quantidade elevada maior do que 10.000 células/ml (ou 1mm3 /L
de biovolume) cianobactérias conforme Portaria 518/2004.
• A remoção da cor geralmente é pouca ou baixa.

Taxa de filtração
A camada filtrante é constituída por areia mais fina e a velocidade com que a água atravessa a
camada filtrante é relativamente baixa.
As taxas de filtração geralmente ficam compreendidas entre 2m3/m2.dia (83litros/m2.hora) a 6
m /m /dia (250 litros/m2 .hora).
3 2

O funcionamento recomendado de um filtro lento de areia é de 100 litros/m2. hora (0,1m3/m2 x h ou


0,1m/h). A Organização Pan-americana da Saúde, 2003 recomenda valor menor ou igual 0,2m/h (200
litros/m2 x h)

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Figura 6- Esquema de um filtro lento de areia lento descendente com entrada e saída por cima em nível superior a
camada de areia.

Salientamos que o filtro lento de areia não torna a água potável, pois para isto deverá
atender a todos os requisitos da Portaria 518/04 do Ministério da Saúde.

Conclusão:
A norma ABNT NBR 15527/07 data de setembro de 2007 e entrará em vigor seis meses depois ou
seja, março de 2007. A partir daí todos os projetos no Brasil deverão obedecê-la.

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61.22 Bibliografia e livros consultados


-ABNT (ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Aproveitamento de água de
chuva em áreas urbanas em coberturas para fins não potáveis. NBR 15.527/07
-ABNT (ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Projeto de captação de água
de superfície para abastecimento público. NBR 12213 de abril de 1992.
-ABNT (ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Estudos de concepção de
sistemas públicos de abastecimento de água. NBR 12211 de abril de 1992.
-ABNT (ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Instalação predial de água
fria. NBR 5626 de setembro de 1999.
-ABNT (ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Instalações prediais de águas
pluviais. NBR 10844 de dezembro de 1989.
-ABNT (ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Projeto de estação de
tratamento de água para abastecimento público. NBR 12216 de abril de 1992
-ABNT (ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Projeto de reservatório de
distribuição de água para abastecimento público. NBR 12217 de julho de 1994.
-ABNT (ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Projeto de sistema de
bombeamento de água para abastecimento público. NBR 12214 de abril de 1992.
-ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Água de chuva- Aproveitamento
de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos, setembro de 2007. NBR 15527/07.
-BOTELHO, MANOEL HENRIQUE CAMPOS E RIBEIRO JR, GERALDO DE
ANDRADE.Instalações Hidráulicas prediais feitas para durar- usando tubos de PVC. São Paulo:
Pro, 1998, 230 p.
-MACEDO, JORGE ANTONIO BARROS DE. Subprodutos do processo de desinfecção de água
pelo uso de derivados clorados. Juiz de Fora, 2001, ISBN 85-901.568-3-4.
-MAY, SIMONE. Estudo da viabilidade do aproveitamento de água de chuva para consume não
potável em edificação. Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
para obtenção do titulo de mestre em engenharia.São Paulo, 2004.
-MINISTERIO DA SAUDE. Portaria 518 de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e
responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e
seu padrão de potabilidade e dá outras providencias.
-ORGANIZACION PANAMERICA DE LA SALUD. Hojas de divulgación técnica ISSN:1018-5119
HDT Nº 88 MARZO 2003.
-TEXAS, The Texas Manual on Rainwater Harvesting, 3a edição 2005, Austin, Texas, 88 páginas.
-THOMAS, TERRY E REES, DAI. Affordable Roofwater Harvesting in the Humid Tropics.
International Rainwater Catchment Systems Association Conference, 6 a 9 de julho de 1999,
Petrolina, Brasil.
-THOMAS, TERRY et al. Bacteriological quality of water in DRWH- Rural Development. Germany:
2001, Rainwater International Systems de 10 a 14 de setembro de 2001 em Manheim.
-TOMAZ, PLINIO. Aproveitamento de água de chuva para áreas urbanas e fins não potáveis.
Navegar Editora, São Paulo, 2005, 2ª ed., 180p. ISBN 85-87678-23-x.
-TOMAZ, PLÍNIO. Conservação da água. Editora Parma, Guarulhos, 1999, 294 p.
-TOMAZ, PLINIO. Previsão de consumo de água- Interface das instalações prediais de água e
esgotos com os serviços públicos. Navegar Editora, São Paulo, 2000, ISBN 85-87678-02-07, 250p.
-VICHKERS, AMY. Handbook of Water Use and Conservation. Massachusetts, 2001, ISBN 1-
9315579-07-5, WaterPlow Press, 446p.

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Curso de Manejo de águas Pluviais
Capitulo 62- Reservatório de retenção
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Capítulo 62
Reservatório de detenção

• O número maçônico Φ relativo à proporção áurea pode ser obtido por


Φ = 0,5 x (1+ 5 0,5) = 1,61803....

Reservatório de retenção

62-1
Curso de Manejo de águas Pluviais
Capitulo 62- Reservatório de retenção
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Sumário

Ordem Assunto
Capítulo 62 – Reservatório de retenção
62.1 Introdução
62.2 Profundidade
62.3 Borda livre
62.4 Largura das estradas de acesso
62.5 Área de superfície da lagoa.
62.6 Paisagismo e estética
62.7 Relação comprimento e largura da bacia de retenção alagada
62.8 Declividade natural do solo na bacia de retenção alagada
62.9 Área da bacia de retenção alagada
62.10 Drenagem da bacia de retenção alagada
62.11 Manutenção da bacia de retenção alagada
62.12 Critério de seleção
62.13 Limitações
62.14 Custos
62.15 Configuração
62.16 Pré-tratamento
62.17 Manutenção
62.18 Critérios de projeto
62.19 Monitoramento
62.20 Dimensionamento do reservatório de retenção conforme CIRIA, 1997
62.21 Bibliografia e livros consultados
9 páginas

62-2
Curso de Manejo de águas Pluviais
Capitulo 62- Reservatório de retenção
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Capítulo 62 – Reservatório de retenção

62.1 Introdução
O reservatório de retenção (Wet reservoir) é uma lagoa que tem como objetivo de melhoria da qualidade das
águas pluviais conforme Figuras (62.1) e (62.2), possuindo dois reservatórios, sendo um permanente e outro
temporário.
A área mínima é de 4ha e máxima de 60ha. É uma forma eficiente para melhorar a qualidade das águas
pluviais. Os poluentes são removidos pela ação da gravidade e por processos biológicos.
O reservatório de retenção é a que tem maior eficiência para a remoção dos poluentes, sendo a mais
usada nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos.

Figura 62.1 –Reservatório de retenção em uma bairro residencial


Fonte: Lincoln, 2006

Figura 62.2 – Esquema de reservatório de retenção observando-se a esquerda o pré-tratamento (forebay) e a direita a lagoa
propriamente dita,

62.2 Profundidade
As profundidades adotadas nos reservatórios de retenção variam conforme a cidade:

Tabela 62.1 - Profundidades mínima e máxima de um reservatório de retenção


Local Profundidade mínima Profundidade máxima
(m) (m)
Cidade de Houston,2001 0,90 1,80
Condado de Harris, 2001 0,90 1,80
Cidade de Raleigh, 2001 0,60 a 0,90 1,80 a 2,40
Cidade de Alberta, 1997 2,00 3,00
Ontário, 2003 1,00 3,00
Cidade de Portland 0 a 0,60 (30% da área) 0,60 a 1,80 (70% da área)

A profundidade tem que ser escolhido usando vários critérios. Não pode ser muito grande para que não
haja estratificação térmica. Não pode ser muito pequena para não propiciar o crescimento de algas e não pode
ser maior que 1,60m para não ser perigosa a alguém que caia ou vá nadar na lagoa.

A cidade de Portland, 2000 ainda considera que o pré-tratamento tenha aproximadamente 10% da
superfície da área da lagoa.

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Capitulo 62- Reservatório de retenção
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62.3 Borda livre


A cidade de Raleigh, 2001 adota a borda livre maior que 0,30m.

Tabela 62.2- Redução de poluentes


BMPs TSS TP TN Metais Bactéria
Bacia alagada 80 50 35 60 70
Fonte: New York State Stormwater Management Design Manual, 2002.

62.4 Largura das estradas de acesso


De modo geral, a largura é de 7,5m para passagem de máquinas pesadas e caminhões em caso de
manutenção e emergência. Em volta do reservatório deverá haver acesso para caminhões.

62.5 Área de superfície da lagoa.


Uma estimativa da área que vai ocupar o reservatório de retenção pode ser feita conforme a Tabela (62.3),
onde se entra com a profundidade escolhida para o reservatório e com a área impermeável da bacia e achamos
a área da superfície em porcentagem da área total.
O Estado de New Jersey, 2004 adota a área mínima da lagoa de 1000m2 para a lagoa permanente.

Tabela 62.3 – Porcentagem da Área de superfície da área total de um reservatório de retenção em função da área
impermeável e da profundidade.
Área Profundidade da lagoa
impermeável (m)
(%) 1,07m 1,20m 1,50m 1,80m

6% a 30% 0,9% 0,8% 0,7% 0,5%


30% 2,1% 1,8% 1,5% 1,3%
50% 3,5% 3,0% 2,5% 2,1%
70% 4,8% 4,3% 3,5% 2,9%

A cidade de Thurston, 2002 Adota que a área mínima da lagoa seja de 2,5% da área impermeável da
bacia.

62.6 Paisagismo e estética


Peter Stahre e Ben Urbonas, 1990 aconselham o uso recreacional para a comunidade do reservatório e os
aspectos estéticos do mesmo.

Exemplo 62.1
Uma bacia de 20ha de área, sendo a porcentagem de impermeabilização de 70%. Calcular a área
aproximada que irá ocupar o reservatório de retenção que tem profundidade de 1,20m.
Da Tabela (62.2) para 70% e profundidade de 1,20m, achamos área de 4,3%. Portanto, a área do
reservatório será de aproximadamente:
4,3% x 20ha x 10000m2 / 100= 8.600m2.

62.7 Relação comprimento e largura do reservatório de retenção


A relação aconselhada entre o comprimento e a largura é de 3:1, podendo chegar até 4:1. A cidade de
Alberta – USA, adota relação comprimento/ largura de 4:1 a 5:1.

62.8 Declividade natural do solo do reservatório de retenção


A declividade deve ser, de preferência, 3H:1V.

62.9 Área do reservatório de retenção


Houston adota que, para controle da qualidade da água, a área da bacia tem que ser maior que 4ha. A
cidade de Portland, 2001 adota que a área da bacia da retenção alagada deverá estar entre 2ha a 60ha.
O Estado de New Jersey, 2004 adota a área mínima de 8 ha para um reservatório de retenção para que
seja garantido a vazão base para manter a lagoa com água. Para áreas menores que 8ha deverá haver
justificativa.
O Estado de Virginia, 1992 adota para garantir a vazão base a área da bacia mínima de 20 ha.

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62.10 Drenagem do reservatório de retenção


O esvaziamento do reservatório temporário será de 24h a 48h.
A cidade de Portland, 2001 recomenda que, quando o reservatório de retenção está “on line”, o vertedor de
emergência deve ser para Tr= 100anos. Se o reservatório para controle da qualidade está “off line”, mesmo
assim o reservatório deverá ser dimensionado para Tr= 25anos.

62.11 Manutenção do reservatório de retenção


As seguintes recomendações devem ser feitas (Houston):
• Estabelecer programa de manutenção e inspeção;
• Os sedimentos devem ser retirados quando atingir aproximadamente 1/3 da profundidade do projeto;
• Os papéis, lixos e outros, devem ser removidos a cada seis meses, ou antes;
• A vegetação deve ser removida duas vezes por ano;
• Deve ser feita inspeção visual após chuva maior que 25mm em 24h.
• É recomendável uma inspeção anual completa;
• Quando o nível do reservatório não abaixar em mais de 72h, significa que há entupimento e o reservatório
total deverá ser esvaziado.

62.12 Critério de seleção


• Áreas de 2ha< A < 60ha (Cidade de Portland, 2001) ou A>5ha (Austrália, 2000).
• Áreas 4ha ≤A≤ 250ha (2,50km2) Estado de Massachusets, 1997.
• Área A ≥ 5ha e, de preferência A ≥ 10ha (Ontário, 2003).
• O pré-tratamento é necessário sempre.
• Pode ser integrada ao reúso da água.
• Aumenta o valor das casas.
• Os aspectos estéticos são bons.
• Melhora muito o habitat aquático.
• Solo tipo C ou D do SCS são ótimos.
• Para solo tipo A ou B do SCS é necessário impermeabilizar o fundo da bacia de retenção.
• A máxima declividade é de 8%.
• A borda da bacia de retenção deverá ter declividade máxima de 3 (H): 1 (V).

62.13 Limitações
• Não pode ser construída em lugares com instabilidade devido a declividades.
• Possibilidade de degradar o habitat a montante e a jusante da lagoa de retenção alagada.
• Pode ter problemas de lixo e de odores.
• Pode causar impactos de eutrofização e efeitos adversos a jusante.
• Pode ter problemas com mosquitos.
• Pode ser uma barreira para a migração da fauna.
• Pode agravar as enchentes a montante, se houver entupimento nos órgãos de saída.
• A infiltração para recarga do manancial subterrâneo é mínima.
• Pode causar problemas em potencial a jusante devido ao aquecimento da água (para certo tipo de peixes,
como as trutas).

62.14 Custos
• Precisa de muita área de terra.
• Alto custo de capital.
• Custo de manutenção moderado.
• Custa mais que um reservatório com retenção estendida (ED).
• O custo da manutenção anual é de 3% a 5% do custo da construção.

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Tabela 62.4- Custo típico das BMPs


Tipo de BMP Custo Típico
US$ /m3
Reservatório de retenção 18 a 35
Wetland (alagadiço) 21 a 44
Trincheira de infiltração 141
Bacia de infiltração 46
Filtro de areia 106 a 212
Vala gramada 18
Data base: 1997
Fonte: ASCE, 1998

62.15 Configuração
• A relação comprimento/ largura deve estar entre 3:1 e 5:1.
• A entrada deve estar o mais longe possível da saída.
• Deve-se construir de modo que não haja um escoamento preferencial para as águas, isto é, o curto
circuito.

62.16 Pré-tratamento
É muito importante o pré-tratamento do reservatório de retenção.
Deve haver pré-tratamento com cerca de 10% a 20% do WQv e deve ser calculado conforme Capitulo 4
deste livro.
A profundidade mínima deve ser de 1,00m, para evitar ressuspenção e a máxima de 1,5m, por motivos de
segurança.

62.17 Manutenção
• Deve ser removida a vegetação indesejável ser feita à roça constantemente.
• Deve ser inspecionada freqüentemente.
• Deve ser feita a floculação quando for julgado apropriado, usando sulfato de alumínio, por exemplo.
• Deve ser feito monitoramento sobre a vegetação aquática e os aspectos estéticos.
• O lixo deve ser removido.
• Os sedimentos acumulados devem ser removidos para aterros sanitários.
• Deve ser feito monitoramento a cada seis meses ou depois de um evento de chuva importante.
• Devemos ter cuidado com o desenvolvimento de vetores (Anopheles, Aedes aegypt, Culex, Flebótomos e
Triatomíneos) transmissores de doenças como malaria, febre amarela, dengue, etc).
• Os mosquitos podem ser controlados através de uso mensal de inseticidas, uso de certas espécies de
peixes come as larvas dos mosquitos. Existem também bactérias que causam doenças nos
mosquitos. A variação do nível da lagoa com as chuvas criará problemas para o desenvolvimento
das larvas dos mosquitos, pois o volume de água deslocará as largas das vegetações para a água
aberta e para a zona de sedimentação onde as mesmas serão expostas aos predadores.
• Cuidados especiais devem ser tomados contra surtos de algas.
• Aedes aegypti: é de origem do Egito e tem a cor escura e manchas brancas no corpo sendo o transmissor
da dengue. As fêmeas picam a qualquer hora do dia, preferentemente ao amanhecer e próximo ao
crepúsculo. O homem é mais picado que qualquer outro animal. Nas águas paradas depositam os
seus ovos que são fixados acima do nível da água. Gostam de água limpa.
No combate à dengue, os cientistas estudam fungos, vírus, bactérias e protozoários que atacam o
mosquito. Outra estratégia é buscar animais que se alimentem do Aedes aegypti. Mas esses inimigos
naturais não conseguem sozinhos evitar uma epidemia.

• Pernilongo, ou seja, o Culex: as fêmeas botam de 100 a 400ovos de uma vez e estas são colocadas
numa espécie de jangada flutuante. Uma das maneiras de controlar os pernilongos é usar produtos
químicos (chamados de inseticidas) que eliminam as larvas e os adultos de mosquitos. Existem
insetos em que o inseticida não faz mais efeito.

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62.18 Critérios de projeto


• Caso seja feita on line deverá ter vertedor para Tr= 100anos.
• Deverá possuir rip-rap.
• Não pode ser feito em áreas menores que 4ha devido a vazão base necessária. Maryland, 2000
aconselha usar, preferentemente, como mínimo 10ha.
• Cerca de 70% da área da lagoa deve ter profundidade entre 0,60m a 1,80m
• Cerca de 30% da área da lagoa deve ter profundidade ente 0 a 0,60m.
• A profundidade máxima do reservatório permanente deve ser de 1,80m.
• Ao longo do perímetro da lagoa pode haver profundidade de 0 a 0,60m.
• O volume 0,5xWQv fica destinado ao reservatório permanente e o volume 0,5 WQv fica reservado
para ser escoado em 24h.
• A lagoa pode causar um aumento da temperatura da água que pode causar problemas para espécies
aquáticas sensitivas à jusante.
• Quando há necessidade de se impermeabilizar a lagoa nos solos tipo A ou B do SCS pode ser usado:
- 150mm de argila
- polivinil
- bentonita
- 150mm de silte francoso ou mais fino.

O dimensionamento é feito com as seguintes Equações (62.1) e (62.2):

Coeficiente de runoff volumétrico


Rv= 0,05 + 0,009 . AI (Equação 62.1)
Sendo:
Rv= coeficiente de runoff volumétrico que depende da área impermeável (AI).
AI= área impermeável da bacia (%);

Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (WQv)

WQv= (P/1000) . Rv . A (Equação 62.2)


Sendo:
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)
A= área da bacia (m2).
P= first flush, isto é, precipitação correspondente a 90% das precipitações conforme Schueler, 1987. No caso
da RMSP para a cidade de Mairiporã, tomando precipitações diárias de 1958 a 1995 para 90% das precipitações,
achamos para o first flush o valor de P= 25mm (vinte e cinco milímetros).

Volumes da bacia alagada


Há dois volumes: permanente e temporário.

Volume permanente
Existem vários critérios para o volume permanente, sendo um aquele que adota o volume WQv
integralmente e outro aquele que adota 0,50 x WQv. Adotaremos para volume permanente = 0,5 x WQv.

Volume permanente= 0,5 x WQv

Volume temporário = 0,5x WQv

Exemplo 62.3 - Dimensionar uma bacia de retenção alagada a ser construída off line em bacia com área de
30ha (devido a vazão base necessária), a área impermeabilizada de 60% e solo tipo C do SCS.

Rv= 0,05 + 0,009 . AI = 0,05 + 0,009 . 60= 0,59

WQv= (P/1000) . Rv . A= (25mm/1000). 0,59. (30. 10000)= 4.425m3

Para o pré-tratamento deveremos reservar cerca de10% do volume WQv, ou seja, 0,1 WQV= 0,1 x
4.425m3= 443m3.

A bacia alagada deverá ter volume total de: 4.425m3 – 443m3 = 3.982m3

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Adotando profundidade média de 1,80m e que o comprimento seja 3 vezes a largura teremos:

3 L . L x 1,80m = 3.982m3
L=27m
Comprimento = 3 x L = 3 x 27m= 81m
O reservatório de retenção terá 50% de WQv permanente, ou seja, 0,5 x 3.982m3 = 1.991m3
Os outros 50%, ou seja, 1.991m3 restantes deverão ser armazenados temporariamente e deverão escoar no
mínimo em 24horas.

Dimensionamento do diâmetro do orifício para esvaziar 738m3 no mínimo em 24h.


A vazão média será:
Q médio= 0,5WQv/ (número de segundos durante um dia)
Q médio =0,5WQv/ 86.400s = 1.991m3/86.400s= 0,023m3/s= 23 L/s
Cd= 0,62
g= 9,81 m/s2
Podemos usar o método da média.
A profundidade média é 1,80m, mas o reservatório temporário tem profundidade de 0,90m e abaixo de
1,80m.

A altura média será: h=(1,80 –0,90)/ 2 + 0,90m= 1,35m

A área da seção do orifício será:


A= Q médio / Cd x (2 g h) 0,5 = 0,023/ [0,62 x (2 x 9,81 x1,35) 0,5]= 0,0072m2

A taxa do reservatório permanente será: 1991m3 / 30ha = 66 m3/ha

Diâmetro orifício
D= (4 A/ π) 0,5 = (4x 0,0072/ π) 0,5 = 0,096m
Portanto, o diâmetro de saída é de 0,10m para o reservatório temporário.
Como se trata de solo tipo C, não haverá necessidade de impermeabilizar o fundo da lagoa.

62.19 Monitoramento
Os parâmetros típicos para monitoramente do reservatório de retenção deve incluir no mínimo o seguinte
(Cidade de Alberta, 1999).
• Sólidos Totais em Suspensão (TSS)
• Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
• Oxigênio Dissolvido (OD)
• Bactérias
• Substâncias tóxicas como chumbo, zinco, cobre, mercúrio, etc.
• Nutrientes como fósforo, Nitrogênio total Kjedahl (NTK), nitrito, nitrato, etc.

A turbidez, cor e odor se relatam a aspectos estéticos que podem ser incorporados ao monitoramento
dependendo da localização do reservatório de retenção.
O monitoramento de nutrientes estão associados ao problema de se ter um surto de algas, que também
apresentará problemas estéticos.
A freqüência com deve ser feito o monitoramento deve ser prevista no projeto da lagoa.
Como a lagoa é para o armazenamento de águas pluviais é perigoso que o peixe seja consumido,
devendo a pesca ser proibida, devendo os peixes também serem monitorados devidos as substãncias tóxicas.

62.20 Dimensionamento do reservatório de retenção conforme CIRIA, 1997


As recomendações da CIRIA, 1997 sobre o volume do reservatório permanente é que quanto maior
melhor (bigger is better). Mas aconselham que o volume mínimo deve ser equivalente a uma das regras:
• 12 a 15mm de runoff de toda a área da bacia
• 12 a 15mm de runoff da área impermeável da bacia
• 2,5 vezes o volume do runoff gerado pela precipitação média anual em toda a bacia
• 4 vezes o volume do runoff gerado pela enchente anual, prevendo duas semanas de retenção.

A idéia da CIRIA, 2007 é obter um tempo ótimo de residência para a remoção do poluente. As primeiras
três regras baseiam-se na sedimentação e a última possui os melhores resultados biológicos.

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Capitulo 62- Reservatório de retenção
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62.21 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA (CONSTRUCTION INDUSTRY RESEARCH AND INFORMATION ASSOCIATION). Design of flood
storage reservoirs. Inglaterra,140paginas, 1996.

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Capitulo 63- Revestimento de canais com gabião colchão reno
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Capítulo 63-Canal revestido com colchão Reno

“Em política não valem os fatos e sim a interpretação dos mesmos”.


Ministro Alkimin do presidente JK

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Capitulo 63- Revestimento de canais com gabião colchão reno
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Capítulo 63-Canal revestido com colchão Reno

63.1 Introdução
Há três tipos básicos de canais:
• canais revestidos,
• canais não revestidos e
• canais gramados.

Veremos neste capítulo canal revestido com colchão Reno.


O uso de gabião para proteção de margens de córregos e rios já é usado há muito tempo e
ficou bastante conhecido com o revestimento do rio Tietê em 24,5 km desde a barragem da Penha até
a barragem móvel do Cebolão em São Paulo, capital.

Figura 63.1- Esquema do colchão Reno. Fonte: Maccaferri

Figura 63.2- Esquema do colchão Reno. Fonte: Maccaferri

63.2 Objetivo do revestimento em colchão reno.


São diversos os objetivos do colchao Reno para estabilidae e proteção das margens de rios e
córregos devendo ser observado principalmente:
• Velocidade média do canal
• Ação de ondas nas margens devido embarcações ou golpes de arietes de fechamento de
comportas.
• Presença de irregularidades como pontes existentes, afloramentos de rochas e outros.
• Instabilidae geotécnica do solo das margens
• Mudança do ângulo de atrito interno do solo devido a subida ou descida rápida do lençol
freático.

63-2
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Capitulo 63- Revestimento de canais com gabião colchão reno
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• Proteção contra erosão


• Estimativa boa para o coeficiente de rugosidade de Manning

63.3 Colchão Reno ou colchão de gabião


São caixas de tela metálica revestida ou não e com enchimento de pera. As malhas são
hexagonal com dupla torção com arames metalicos revestidos com liga de zinco e aluminio e pode ou
não ser revestido com material plastico.
Conforme Macaferri a tela é produzida com arames de aço de baixo conteudo de carbono,
revestido com uma liga de zinco (95%), aluminio (5%) e terras raras (revestimento Galfan) que
confere uma proteção contra a corrosão de pelo menos cinco vezes a oferecida pela zincagem pesada
tradicional.
As pedras são colocadas dentro da caixa que possui indice de vazios de aproximadamente
30%.

63.4 Colocação dos colchões Reno


Conforme Maccaferri as várias operações de montagem e enchimento pode ser resumidas em:
a) preparação de cada colchao fora do local de utilização.
b) colocação na obra e união dos colchões entre si.
c) enchimento dos colchões com seixos ou pedras.
d) fechamento dos colchões mediante costura das tampas.

63.4 Classificação dos revestimentos


Conforme Maccaferri os colchões Reno para revestimento de canais e cursos de água podem ser
classificados em:
a) revestimentos executados no seco
b) revestimentos executados em presença da água
c) revestimento consolidados ou impermeabilizados com mistura betuminosa
d) da revestimento consolidados ou impermeabilizados com mistura betuminosa, confeccionados
sobre pontões ou no canteiro e lançadfos com equipamentos especiais.

Vamos resumidamentes explicar cada caso.


Revestimento executado no seco
São instalados em taludes que variam de 1: 1,5 a 1: 2,0 dependendo o solo. Geralmente a
declividade máxima se dá em solo argiloso com coesão e a minima em solos arenosos e sem coesão.
Neste caso os colchões Reno são assentados diretamento sobre o solo protegido desde que seja
estável e instalado na direção perpendicular ao canal.

Revestimentos executados em presença da água


O lançamento de colchao Reno na presença de água é sempre um problema de dificil
execução.

Revestimento consolidados ou impermeabilizado com mástique de betume hidráulico.


A mistura betuminosda protegue a malha metálica contra a corrosão e abrasão. Não iremos
detalhar tal tipo de aplicação.

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Figura 63.3- Recobrimento com mistura betuminosa Fonte: Maccaferri

Revestimento consolidados ou impermeabilizados com a mistura betuminosa, confeccionados


sobre pontões ou no canteiro e lançados com equipamentos especiais.
Não iremos detalhar tal tipo de aplicação.

63.5 Critérios de cálculo


Há dois criterios basicos de cálculo de estabilidade de um canal:
1. Critério da velocidade crítica
2. Critério da tensão crítica (melhor)

Figura 63.4-Velocidade cítica em função do diâmetro da pedra e do número de Froude.


Fonte: Maccaferri

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A Tabela (63.1) fornece a espessura dos colchões reno bem como o diâmetro das pedras de
enchimento e a velocidade crítica e limite.

Tabela 63.1- Espessuras indicativas dos colchões Reno. Fonte: Maccaferri.


Espessura Pedras de enchimento Velocidade Velocidade
crítica limite

Dimensões d50

(m) (mm) (m) (m/s) (m/s)

Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5

0,15 a 0,17 70 a 100 0,085 3,5 4,2

0,15 a 0,17 70 a 150 0,110 4,2 4,5

0,23 a 0,25 70 a 100 0,085 3,6 5,5

0,23 a 0,25 70 a 150 0,120 4,5 6,1

0,30 70 a 120 0,100 4,2 5,5

0,30 100 a 150 0,125 5,0 6,4

0,50 100 a 200 0,150 5,8 7,6

0,50 120 a 250 0,190 6,4 8,0


Fonte: Hydraulics Laboratory Engineering Research Center, Colorado State University ano 1982 a 1983 in
Maccaferri.

Explicações da Tabela (63.1)

Coluna 1
Espessura= é a espessura do colchão de gabião que varia de 0,15m a 0,50m

Coluna 2
Pedras de enchimentos: as pedras de enchimento variam de 70mm até 250mm

Coluna 3
d50= é o dâmetro médio de 50% das pedras em peso. É como se fosse uma peneira em que por ela
passam 50% em peso do material.

Coluna 4
Velocidade crítica
Define-se velocidade crítica aquela suportavel pelo revestimento com segurança sem haver
movimentação de pedras no interior do colchão. Se a velocidade da água no canal for igual a
velocidade crítica, começa o movimento das pedras dentro do colchão Reno.

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Coluna 5
Velocidade limite
Define-se velocidade limite aquele também aceitável mas que admite modestas deformações
das pedras do colchão Reno.

63.7 Fórmula de Manning


Para o cálculo do canal será usado a fórmula de Manning.
V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5
Considerando uma seção trapezoidal temos:
V= velocidade média (m/s)
n= coeficiente de rugosidade de Manning
A= area molhada (m2)= (b + z . y ) y
y= altura do nivel de água (m)
b= largura da base do trapezio (m)
z=declividade sendo 1 na vertical e z na horizontal
P= perimetro molhado (m)
P= b + 2. y . (1+ z2) 0,5
R= A/P= raio hidráulico (m)
S= declividdade do canal (m/m)
B= largura do canal na superficie da água (m)
B=b+2z.y

Boda livre
A borda livre foi livre foi calculada usado critério do Bureau of Reclamation:
Borda livre (m)= 0,61 + 0,0372 . V . y (2/3)
Sendo:
V= velocidade média na seção (m/s)
y= altura do nível de água (m)

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Tabela 63.2- Coeficientes de Manning recomendados pela Maccaferri


Ordem Natureza da superficie Rugosidade n de
Manning
1 Canais revestidos com colchões Reno perfeitamente 0,0158
impermeabilizados com mastique de betume em
superficie plana e bem lisa.
2 Canais revestidos com colchões Reno perfeitamente 0,0172
impermeabilizados com mastique de betume aplicado
diretamente
3 Canais revestidos com colchões Reno consolidados 0,0200
com mastique de betume hidraulico que envolva as
pedras superficiiais
4 Canais revestidos com colchões Reno consolidados 0,0215
com mastique de betume hidraulico que penetre em
profundiade
5 Canais revestidos com colchões Reno com material 0,022
bem selecionado e colocado na obra com muito
cuidado
6 Canais revestidos com colchões Reno com material 0,0250
bem selecionado e colocado na obra sem cuidado
7 Canais revestidos com colchões Reno enchidos com 0,0270
material de pedreira naõ selecionado e colocana na
obra sem cuidado.
8 Canais revestidos com colchões Reno enchidos com 0,0260
material de pedreira bem selecionado e colocado na
obra com cuidado.
9 Canais revestidos com gabioes enchidos com material 0,0285
não selecionado e colocado na obra sem cuidado
10 Canais em terra em más condições de manutenção: 0,0303
amaranhamento de vegetação no fundo e nas margens,
ou depositos irregulares de pedras e cascalchos, ou
profundas erosões irregulares. Tambem em canais em
terra executados com escavadeira mecanica e com
manutenção descuidada.

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Figura 63.5- Coeficiente de rugosidade de Manning “n” em função do diâmetro da perdra d90.

63.8 Tensão trativa


Um parâmetro muito importante é a tensão trativa média.
τt = γ . R . S (Equação 63.1)
sendo:
τt = tensão trativa média no perímetro molhado (N/m2 ) ou (Pa);
γ = peso específico da água = 104 N/m3 ( o valor mais exato seria 9800);
R = raio hidráulico (m);
S= declividade (m/m)

Exemplo 63.1- calcular a tensão trativa com dados do Exemplo (63.1).


Como o raio hidráulico é 0,59m
Usando a Equação (63.1) temos:
τt = γ . R . S = 10000 x 0,59 x 0,005 = 29,5 Pa = 29,5 N/m2

Tensão Trativa para um canal muito largo


Conforme apostila de Escoamento de Canais do Departamento de Hidráulica da Escola
Politécnica, para um canal a tensão trativa máxima é :

Fundo do canal
τmáxima = γ . R . S ≅ γ . y . S (Equação 63.2)
sendo y a altura da lâmina d’água e b a largura do canal.

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No talude a tensão trativa é:


Talude do canal
τmáxima = 0,75. γ . y . S (Equação 63.3)
sendo y a altura da lâmina d’água.

63.9 Borda livre de um canal


Devido a ações de ondas provocadas por ventos, embarcações, ou flutuações das vazões, é
necessário que se deixe uma borda livre. Geralmente o mínimo é de 0,30m, e no Estado de São Paulo
é usual adotar 25% da profundidade. Assim um canal com 2,00m de profundidade pode ser adotado
borda livre de 25% ou seja 0,50m.
Conforme Chaudhry, 1993, o U. S. Bureau de Reclamation adota para borda livre a seguinte
fórmula:
Borda livre (m) = (k . y) 0,5
Sendo:

y= altura da lâmina d’água (m) e


k= coeficiente que varia de 0,8 até 1,4 dependendo da vazão do canal.

Para vazão de 0,5m3/s k=0,8 e para vazão maior que 85m3/s temos k=1,4.

A Tabela (63.1) fornece sugestões para bordas livres conforme as vazões nos canais conforme
Central Board of Irrigation and Power na Índia. Fornece valores bem menores que a fórmula do
Bureau de Reclamation.

Tabela 63.1 – Sugestões de borda livre recomendado pela Central Board of Irrigation and
Power, na Índia (Raju,1983)
Vazão Vazão Vazão Vazão
(m3/s) < 1,5 m3/s entre 1,5 a 85 m3/s > 85m3/s

Borda Livre 0,50m 0,75m 0,90m

Fonte: Chaudhry, 1993

O Bureau de Reclamation adota a fórmula abaixo, para regime torrencial ou seja quando o
número de Froude for maior que 1.
Borda livre (em metros)= 0,61 + 0,0372 . V . y 1/3
Sendo:
V= velocidade média da seção (m/s) e
y= altura da lâmina d’água (m).

Exemplo 63.2 de aplicação da Borda Livre de um Canal


Seja com altura da lâmina d’água de 2,50m e vazão de 67m3/s. Calcular a borda livre.
Adotando k=1,2
Borda livre (m) = (k . y) 0,5 = (1,2 . 2,5) 0,5 = 1,73m

63-9
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Adotando critério de 25% da altura teremos borda livre de 0,625m


Porém examinando a Tabela (63.2) do Central Board of Irrigation and Power da Índia
apresenta valor para borda livre de 0,75m que parece ser o mais adequado.

63.10 Canais

Tabela 63.2- Elementos geométricos das várias seções de canais

63.11 Número de Froude F


O número de Froude denominado “F” representa a influência da força gravitacional no
escoamento. A fórmula geral para determinar o número de Froude.
F= V/ (g x Dh)0,5
Sendo:

F= número de Froude;
V=velocidade média da seção (m/s);
g=aceleração da gravidade=9,81 m/s2;
Dh =profundidade média ou profundidade hidráulica. Dh = A/B;
B= largura superficial da água (m) e
A=área da seção (m2).

DICA: não confundir profundidade hidráulica com raio hidráulico.

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Número de Froude para canal de seção retangular

Para um canal retangular (Chaudry, 1993) é representado por:


F= V/ (g . A/B)0,5
Sendo:

F= número de Froude;
V=velocidade média da seção em m/s;
A= area molhada (m2)
B= largura do topo do nivel de água no canal (m)
g=aceleração da gravidade=9,81 m/s2;

Chin, 2000 diz que experimentos em canais retangulares mostraram instabilidade quando o
número de Froude está entre 0,86 e 1,13 e portanto, devemos evitar que em um canal o número de
Froude esteja entre aqueles valores.

Dica: procurar manter o número de Froude F ≤ 0,86 ou F ≥ 1,13

63.12 Critério da tensão


No fundo do canal a tensão trativa é calculada pela equação:
τb=γw . y . i
Sendo:
τb= tensão superficial no fundo (N/m2) ou (Pa)
γw = peso específico da água (10.000N/m3)
i= declividade do fundo do canal (m/m)
y= altura da lâmina de água do fundo do canal (m)

Uma medida muito importante é o Coeficiente de Shields C* que é definido pela equação:
C*= τc / [(γs -γw ) . dm]

Sendo:
C*= coeficiente de Shields. C*=0,10 para colchão Reno e C*=0,047 para rip-rap.
τc = tensão critica de inicio de movimento (Pa)
γs = peso específico das pedras (N/m3)=25000N/m3
γw = peso específico da água (10.000N/m3)
dm= diâmetro médio das pedras, isto é, é o d50 que permite a passagem de 50% das pedras em peso.

Deverá ser obedecida duas condições:

Se τb ≤ τc não haverá deformação no fundo do canal e o revestimento é dito estável.


Mas a Maccaferri adimite ainda uma tolerancia de 20% que é um movimento tolerável nas
pedras onde podemos dizer que temos um controle das deformações no gabião Reno. Isto acontecerá
se:
τb ≤ 1,2τc

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Figura 63.6-Tensão tangencial em funçao do diametro das pedras


Fonte: Maccaferri

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Tabela 63.2- Espessura do colchão de gabião, d50, e tensão crítica

Fonte: Maccaferri.

6.13 Deformações
O colchão Reno aguenta deformações até 20% a mais da tensão critica conforme Figura (63.7).
Vamos calcular estas deformações.

Figura 63.7- Deformações no colchao Reno

Para o cálculo da deformação temos que calcular o coeficiente eficaz de Shields C*´ na
equação abaixo:

Pela Figura (63.8) entrando com o coeficiente eficaz de Shields C*´achamos o valor
∆ Z/dm e devemos verificar se é menor que 2 (t/dm - 1)
Sendo:
t= espessura do colchão Reno (m).
dm=d50= diametro medio das pedras (m)

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Figura 63.8- Relação entre o coeficiente eficaz de Shiels e o parametro de deformação.

O valor ∆Z/dm é obtido no gráfico. Vamos supor que ∆ Z/dm=1,1 e tendo o valor de dm
achamos ∆Z.
        ∆ Z = 1,1 x dm=1,1 x 0,14=0,15m
Portanto ∆Z/2= 0,15/2=0,075m. Supondo que a espessura do colchão Reno seja de 0,30m
teremos numa parte do colchão a espessura 0,30-0,075=0,225m e na outra 0,30+0,075m=0,375m

6.14 Velocidade residual no fundo


Deve ser verificada a velocidade entre o colchao Reno e o solo da base. Esta velocidade da
interface do fundo do colchao REno é denominada de Vb (m/s).

Sendo:
nf= coeficiente de rugosidade de Manning=0,02 se temos filtro geotextil ou nenhum filtro.
Adotamos nf=0,025 se o filtro é feito em cascalho.

Conforme Maccaferri a velocidade Vb deve ser confrontada com a velocidade admissivel Ve


como pode ser calculada ou achada na Figura (63.9).

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Figura 63.9- Valores das velocidades máximas admissiveis para solos coesivos

Caso Vb seja maior que Ve deve ser colocado geotextil.

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63.14 Bibliografia e livros consultados


-MACCAFERRI. Revestimentos flexíveis em colchões Reno.

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Capítulo 64- Tempo de concentração
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Capítulo 64
Tempo de concentração

“Primeiro pensa, depois faz”


Prof. Marmo, cursinho Anglo-Latino, São Paulo, 1961

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Capítulo 64- Tempo de concentração
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SUMÁRIO
Ordem Assunto

64.1 Introdução
64.2 Método da velocidade ou método cinemático
64.3 Cálculo do tempo de escoamento superficial (Travel Time) usando
SCN, 1975
64.4 Método do NRCS, 1972
64.5 Tempo de concentração para lagos ou reservatórios
64.6 Fórmula de Kirpich
64.7 Fórmula Califórnia Culverts Practice
64.8 NRCS número da curva- 1989
64.9 Escoamento superficial pelo Método SCS TR-55
64.10 Fórmula da Federal Agency (FAAE,1970)
64.11 Equação de Kerby (1959)
64.12 Fórmula da onda cinemática 1971
64.13 Fórmula da onda cinemática conforme FHWA, 1984
64.14 Discrepâncias entre as fórmulas do tempo de concentração
64.15 Verificação do tempo de concentração
64.16 Tempo de pico pelo Método Colorado
39 páginas

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Capítulo 64- Tempo de concentração
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Capítulo 64-Tempo de concentração

64.1 Introdução
Há duas definições básicas de tempo de concentração.
Tempo de concentração é o tempo em que leva para que toda a bacia considerada contribua
para o escoamento superficial na seção estudada.
O tempo de concentração é o tempo que leva uma gota de água mais distante até o trecho
considerado na bacia.
Conforme Centro Tecnológico de Hidráulica de São Paulo (CTH) os estudos de Taylor e
Schwarz informam que influem sobre o tempo de concentração:
• Área da bacia
• Comprimento e declividade do canal mais longo
• Comprimento ao longo do curso principal, desde o centro da bacia até a seção de saída
considerada.
Ainda conforme CTH o tempo de concentração tc não é uma constante para uma dada área,
mas varia com o estado de recobrimento vegetal e a altura e distribuição da chuva sobre a bacia. Mas
para períodos de retorno superiores a dez anos, a influência da vegetação parece ser desprezível.
Existem somente três maneiras em que a água é transportada em uma bacia: a primeira é o
escoamento superficial, a segunda é o escoamento em tubos e a terceira é o escoamento em canais
incluso sarjetas.
Existem várias fórmulas empíricas para determinar o valor do tempo de concentração.
A obtenção do tempo de concentração é uma informação importante, porém difícil de ser
obtida. Enfim como diz McCuen,1993, o projetista deve saber que não é possível obter o valor do
tempo de concentração por um simples método.

DICA: o verdadeiro valor do tempo de concentração nunca será determinado (McCuen,1993).


Vários hidrologistas vão encontrar diferentes valores do tempo de concentração, motivo pelo
qual, o tempo de concentração introduz incertezas no dimensionamento da vazão de pico, devendo-se
calcular por vários métodos e conferir sempre.
Porto,1995 recomenda que deve sempre que possível utilizar o método cinemático para os
trechos canalizados da bacia, porque as velocidades de escoamento dependem, grandemente, das
características da bacia.

64.2 Método da velocidade ou método cinemático


No inicio do escoamento temos o escoamento superficial sobre pastagens, florestas, ruas etc,
que podem ser obtidas pelo método da velocidade, por exemplo. Se tivermos a velocidade (V) e o
comprimento (L) poderemos ter o tempo, através da relação: Tempo = Comprimento (L )/
Velocidade (V), nas unidades convenientes.

T1 = L1/ (60xV1) , T2= L2/(60xV2), T3= L3/(60xV3)....., Ti = Li/(60xVi ) (Equação 64.1)


Sendo:
L= comprimento (m)
V= velocidade (m/s)
T= tempo de concentração do trecho (min)
Que serão os escoamentos superficiais por valas de terra, valas de grama, canaletas, galerias
circulares, retangulares etc.
A soma dos tempos de escoamentos superficiais (Travel Time) ou tempo de trânsito fornecerá
o tempo de concentração Tc em minutos:

64-3
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Capítulo 64- Tempo de concentração
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Tc = T1 + T2 + T3 + ....+ Ti (Equação 64.2)


Em canaletas, valas, tubos, canais poderão ser usados a equação de Manning na forma:
V= (1/n) x R 2/3 x S 0,5
Sendo:
V= velocidade média (m/s)
D= diâmetro (m)
S= declividade (m/m)
n= coeficiente de rugosidade de Manning
Equação da continuidade:
Q= A x V donde V= Q/A
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
V= velocidade média (m/s)
A= área da secção (m2)
Em tubos com escoamento em seção plena temos:
V= (0,397/ n) x D2/3 x S1/2
A equação acima pode ser simplificada para:
V= k x S 0,5 (Equação 64.3)
Sendo:
V= velocidade (m/s);
R= raio hidráulico (m),
n= coeficiente de rugosidade de Manning,
k= n -1 x R 2/3
S= declividade em (m/m).
O valor de k, raio hidráulico e rugosidade de Manning pode ser obtido pela Tabela (64.1), de
acordo com o uso da terra ou regime de escoamento

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Tabela 64.1-Valores de “n” , raio hidráulico (m) e de “k” para o método da velocidade
Rugosidade n de Raio Hidráulico
Uso da terra/regime de escoamento Manning R Valor de k
(m)
Floresta
com vegetação rasteira densa 0,8 0,076 0,22
Com pouca vegetação rasteira 0,4 0,067 0,41
Com bastante vegetação rasteira 0,2 0,061 0,77
Grama
Grama Bermuda 0,41 0,046 0,31
Densa 0,24 0,037 0,46
Curta 0,15 0,031 0,65
Pastagem de grama curta 0,025 0,012 2,12
Terra cultivada convencional
Com resíduo 0,19 0,018 0,37
Sem resíduo 0,09 0,015 0,68
Agricultura
Culturas em carreiras retilíneas 0,04 0,037 2,76
Culturas em contornos ou em faixas de 0,05 0,018 1,39
diferentes plantações.
Terra de cultura não utilizada (rodízio) 0,045 0,015 1,37
Pastagens 0,13 0,012 0,41
Sedimentos aluvionais 0,017 0,012 3,12
Canal gramado para passagem da água 0,095 0,305 4,77
Região montanhosa pequena 0,04 0,153 7,14
Área pavimentada com escoamento 0,011 0,018 6,31
superficial (opção A)
Área pavimentada com escoamento 0,025 0,061 6,20
superficial (opção B)
Canaleta pavimentada 0,011 0,061 14,09
Fonte: McCuen,1998 p. 143

Exemplo 64.1
Calcular os tempos de escoamento superficial (Travel Time) de dois trechos, sendo o primeiro de
vala gramada densa com 120m de comprimento e declividade de 7% (0,07m/m) e o segundo de
escoamento na sarjeta com 270m e 2% (0,02m/m) de declividade.
Verificando a Tabela (64.1) e usando grama densa, com k=0,46 e como S=0,07m/m e
L=120m, usando a V= k x S 0,5 = 0,46 x 0,07 0,5 = 0,12m/s
Como T=L/(V x 60) = 120/(0,12 x 60) = 6,67min
Portanto, T1= 6,67min.
No segundo trecho temos L=270m , S=0,02m/m e escoamento na sarjeta com k=14,09
conforme Tabela (64.1), teremos: V= k x S 0,5 = 14,09 x 0,02 0,5 = 1,99m/s
Como T=L / (V x 60) = 270/(1,99 x 60) = 2,26min
Portanto, T2= 2,26min.
O tempo de escoamento total será T1+T2 = 6,67min + 2,26min =8,93min

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64.3 Cálculo do tempo de escoamento superficial (Travel Time) usando SCN, 1975.
Para o escoamento superficial (Bidone e Tucci in Drenagem Urbana,1995) adaptaram a
Tabela (64.2) da SCN, 1975.
A velocidade de escoamento superficial é fornecida pela fórmula:
V= k x S 0,5 (Equação 64.4)
Sendo:
V= velocidade (m/s);
S= declividade (m/m) e
k= coeficiente conforme Tabela (64.2).

Tabela 64.2-Coeficientes “k” (SCN, 1975)


Uso da terra e regime de escoamento Coeficiente k

Floresta com muita folhagem no solo 0,76


Área com pouco cultivo; terraceamento 1,52
Pasto ou grama baixa 2,13
Áreas cultivadas 2,74
Solo quase nu sem cultivo 3,05
Caminhos de escoamento em grama, pasto 4,57
Superfície pavimentada; pequenas vossorocas de 6,10
nascentes
Fonte: adaptado de Bidone e Tucci p. 86 in Drenagem Urbana, Tucci, Porto et al., ABRH

64.4 Método NRCS, 1972


Uma maneira prática usada pelo NRCS, 1972 é para determinar o tempo de escoamento em
escoamentos de concentração superficial concentrado da seguinte maneira:
Área não pavimentada: V=4,9178 x S0,5
Área pavimentada V= 6,1961 x S0,5
Sendo:
V= velocidade média (m/s)
S= declividade longitudinal (m/m)
L=comprimento (m)

Exemplo 64.2
Seja uma sarjeta de concreto com L=150m e declividade S=0,025m/m. Calcular o escoamento
superficial concentrado.
V= 6,1961 x S0,5
V= 6,1961 x 0,0250,5= 0,98m/s
T= L/(60xV)= 150/(60x0,98)= 2,6min

64.5 Tempo de concentração para lago ou reservatório


A AASHTO Highway Drainage Guidelines trás sugestões para o cálculo de tempo de trânsito
da água dentro de um reservatório ou lago.
Vw= (g x Dm) 0,5
Sendo:
Vw= velocidade de propagação da onda através do lago (m/s) e que varia entre 2,5m/s a 9,0m/s.
g= aceleração da gravidade=9,81m/s2
Dm= profundidade média do lago ou reservatório (m).

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Quando temos poças de água, várzeas que possuam vegetação e resíduos relativamente
pequenos e quando a superfície é menor que 25% da área aberta de água, podemos usar para o tempo
de trânsito a fórmula de Manning.

Exemplo 64.3
Calcular o tempo de trânsito da água em um lago com 500m de largura e com profundidade de
2,00m.
Vw= (g x Dm) 0,5
Vw= (9,81 x 2,0) 0,5 = 4,43m/s
T= L/ (60 x V)= 500/ (60 x 4,43)= 1,9min
Exemplo 64.4
Qual é o tempo de escoamento em uma superfície pavimentada com 200m de comprimento e
declividade de 0,02 m/m?
Para superfície pavimentada o valor de k=6,10 e S=0,02m/m
Sendo a velocidade:
V= k . S 0,5 =6,10 . 0,02 0,5 =0,86m/s
T = L/(V . 60) = (200) / (0,86 . 60) =3,88min
Portanto, em 3,88min a chuva percorre os 200m de superfície pavimentada. Este é o travel
time. A somatória dos travel time fornecerá o tempo de concentração.

64.6 Fórmula de Kirpich


Outra fórmula muito usada é a de Kirpich elaborada em 1940. Kirpich possui duas fórmulas,
uma para o Estado da Pennsylvania e outra para o Tennessee, ambas dos Estados Unidos. Valem
para pequenas bacias até 50ha ou seja 0,5km2 e para terrenos com declividade de 3 a 10%.
Segundo Akan,1993, a fórmula de Kirpich é muito usada na aplicação do Método Racional,
principalmente na chamada fórmula de Kirpich do Tennessee.
No Tennessee, Kirpich fez estudos em seis pequenas bacias em áreas agrícolas perto da cidade
de Jackson. A região era coberta com árvores de zero a 56% e as áreas variavam de 0,5ha a 45ha. As
bacias tinham bastante declividade e os solos eram bem drenados (Wanielista et al.,1997).
A equação de Kirpich conforme Chin, 2000 é a seguinte:

Tennessee tc= 0,019 . L0.77/ S0,385 (Equação 64.5)


Sendo:
tc= tempo de concentração (min);
L= comprimento do talvegue (m);
S= declividade do talvegue (m/m).
Segundo (Porto, 1993), quando o valor de L for superior a 10.000m a fórmula de Kirpich
subestima o valor de tc.
Segundo Chin,2000 p. 354 a equação de Kirpich é usualmente aplicada em pequenas bacias na
área rural em áreas de drenagem inferior a 80ha (oitenta hectares).

Exemplo 64.5
Usemos a Equação (64.5) de Kirpich para o Tennessee para achar o tempo de concentração tc sendo
dados L=200m e S=0,008m/m em uma bacia sobre asfalto.
tc= 0,019 . L0.77/ S 0,385 = 0,019 . 200 0,77 / 0,008 0,385 = 7,38min
Como o escoamento da bacia é sobre asfalto devemos corrigir o valor de tc multiplicando por
0,4. Portanto:

tc= 0,4 x 7,38min = 2,95min, que é o tempo de concentração a ser usado.

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DICA sobre Kirpich: a fórmula de Kirpich foi feita em áreas agrícolas em áreas até 44,8 hectares ou
seja 0,448 km2 com declividades de 3% a 10%.
O tempo de concentração da fórmula de Kirpich deve ser multiplicado por 0,4 quando o
escoamento na bacia está sobre asfalto ou concreto e deve ser multiplicado por 0,2 quando o canal é
de concreto revestido (Akan,1993 p. 81).
Chin, 2000 sugere que a equação de Kirpich deve ser multiplicada por 2 quando o escoamento
superficial for sobre grama natural e multiplicar por 0,2 quando a superfície do canal for de concreto
e multiplicar por 0,4 quando a superfície do escoamento superficial for de concreto ou asfalto.

64.7 Fórmula Califórnia Culverts Practice


A grande vantagem desta fórmula é a fácil obtenção dos dados, isto é, o comprimento do
talvegue e a diferença de nível H (Porto,1993). Geralmente é aplicada em bacias rurais para áreas
maiores que 1km2.

Dica: A fórmula Califórnia Culverts Practice é recomendada pelo DAEE para pequenas
barragens.

tc= 57 . L1,155 . H-0,385 (Equação 64.6)


Sendo:
tc= tempo de concentração (min);
L= comprimento do talvegue (km);
H= diferença de cotas entre a saída da bacia e o ponto mais alto do talvegue (m).

A fórmula Califórnia Culverts Practice pode-se ainda apresentar em outras unidades práticas
como as sugeridas pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica de São Paulo.

tc= 57 . (L3/H) 0,385

tc= 57. (L2/S)0,385

Sendo:
L= comprimento do curso (km)
H= diferença de cotas (m)
S= declividade equivalente (m/km)
tc= tempo de concentração (min)
A declividade equivalente é obtida da seguinte maneira:
j1= ΔH1/L1
j2= ΔH1/L2
j3= ΔH1/L3
P1= L1/ j10,5
P2= L2/ j20,5
P= L3/j3 0,5
Δh= diferença de nível em metros
L= comprimento em km
L= L1 + L2 + L3 +...
S= [ L / (P1+P2+P3...)] 2

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Exemplo 64.6
Calcular tc com L=0,2 km e H=1,6 m
tc= 57 x L1,155 x H-0,385 =57 x 0,21,155 / 1,60,385 = 3,46min
Portanto tc=3,46min
A velocidade será V= L/ tempo = 200m/ (3,46min x 60s) =0,96m/s

64.8 Fórmula NRCS Número da curva –1989


Nos Estados Unidos, o Soil Conservation Service (SCS) fez uma equação que é muito usada
na área rural entre 1ha e 800ha.
Deve ser usado em locais onde predomina o escoamento superficial (McCuen, 1993 p.154).
tc= 0,00227 . L 0,8 . ( 1000/CN – 9) 0,7 . S –0,5 (Equação 64.7)
Sendo:
tc = tempo de concentração (h);
L= comprimento da bacia (m) sendo que: 60m ≤L≤ 7900m
CN = número da curva do SCS runoff. Varia de 40 a 95 aproximadamente.
S= declividade média da bacia (%) sendo que: 0,5%≤ S≤ 64%
0,00227 = 1/ 441

Exemplo 64.7
Para uma área rural com 2km2 calcular o tempo de concentração usando a NRCS Número da curva-
1989, sendo o CN=67 achado segundo método do SCS, comprimento de 305m e declividade média
S=1%.
tc= 0,00227 . L 0,8 . ( 1000/CN – 9) 0,7 . S –0,5
tc= 0,00227 . 305 0,8 . ( 1000/67 – 9) 0,7 . 1 –0,5
tc= 0,77 h =46min
Portanto, o tempo de concentração é de 46min.
A velocidade V= L/ tempo = 305m/ (46min . 60s) = 0,11m/s
DICA sobre o SCS Número da curva-1989: usar somente em áreas rurais

3.9 Escoamento superficial pelo método SCS TR-55


Para o escoamento superficial em florestas, gramas, asfaltos etc o TR-55 apresenta o tempo de
transito “t” o qual adaptado para as unidades SI é o seguinte:
t = [ 5,46 . (n . L ) 0,8 ] / [(P2)0,5 . S 0,4]
Sendo:
t= tempo de trânsito do escoamento superficial (min);
n= coeficiente de rugosidade de Manning obtido na Tabela (64.1) de McCuen
S= declividade (m/m);
L= comprimento (m) sendo L<90m e
P2= precipitação de chuva de 24h para período de retorno de 2anos (mm).
5,46= 60s x 0,091

Exemplo 64.8
Calcular o escoamento superficial em asfalto sendo n=0,011 conforme Tabela (64.1),
comprimento do trecho de 90m, declividade de 10% e precipitação de 24h para período de retorno da
cidade de São Paulo de 64,1mm.
t = [ 5,46 . (n . L ) 0,8 ] / [(P2)0,5 . S 0,4]
t = [ 5,46 . (0,011 . 90 ) 0,8 ] / [(64,1)0,5 . 0,1 0,4] =1,7min

64-9
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Exemplo 64.9
Calcular o escoamento superficial em floresta com pouca vegetação rasteira sendo n=0,4 conforme
Tabela (64.1) comprimento do trecho de 90m. declividade de 10% e precipitação de 24h para período
de retorno da cidade de São Paulo de 64,1mm.
t = [ 5,46 . (n . L ) 0,8 ] / [(P2)0,5 . S 0,4]
t = [ 5,46 . (0,4 . 90 ) 0,8 ] / [(64,1)0,5 . 0,1 0,4] = 30,4min

64.10 Fórmula da Federal Aviation Agency (FAA,1970)


Esta fórmula foi desenvolvida para uso de drenagem em campos de aviação nos Estados
Unidos (McCuen,1998). Foi usado na microdrenagem do Aeroporto Internacional de Guarulhos.
É válida para pequenas bacias onde o escoamento superficial sobre o solo predomina. O
comprimento, declividade e o coeficiente de Runoff são para o escoamento principal do talvegue.
tc= 0,69 . (1,1– C). L 0,5 . S –0,33 (Equação 64.8)
Sendo:
tc= tempo de concentração (min);
C= coeficiente de runoff do método racional para período de retorno de 5 a 10 anos. Varia de 0,1 a
0,95 aproximadamente.
L= comprimento (m) máximo do talvegue deverá ser de 150m;
S= declividade média (m/m)

Exemplo 64.10 calcular o tempo de concentração em uma bacia pequena com comprimento do
talvegue de 610m, declividade S=0,02m/m e coeficiente de escoamento superficial (coeficiente de
runoff) do método racional C=0,85.
tc= 0,69 x (1,1– C)x L 0,5 x S –0,33 = 0,69 x (1,1-0,85) x 610 0,5 x 0,02 –0,33 = 15min
Portanto, o tempo de concentração da pequena bacia é de 15min..
DICA para FAA-1970: só vale para áreas pequenas e o escoamento é quase todo por superfície, isto
é, sem canalizações.

Exemplo 64.11
Calcular o tempo de concentração para o escoamento superficial sendo que temos comprimento
L=45m, declividade S=0,02m/m e a superfície é gramada com declividade de 2% a 7%, isto é,
C=0,18.
tc= 0,69 . (1,1– C). L 0,5 . S –0,33
tc= 0,69 . (1,1– 0,18. 45 0,5 . 0,02 –0,33 = 16min

64.11 Equação de Kerby (1959)


Para bacias muito pequenas (< 4ha) e quando o escoamento superficial predomina, pode ser
usada a fórmula de Kerby-Hathaway (McCuen, 1998) e Chin, 2000 p. 355.
tc= 1,44 . ( r . L / S 0,5) 0,467 (Equação 64.9)
Sendo:
tc= tempo de concentração do escoamento superficial (min);
r= coeficiente de rugosidade de retardação (adimensional) Tabela (64.3) que deve ser igual menor que
0,80;
L= é o comprimento (m) do ponto mais distante, medido paralelamente a declividade até o ponto a
ser alcançado onde L < 365m;
S= declividade (m/m). É aconselhável para declividade menores que 1%.

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Tabela 64.3- Coeficiente de rugosidade de retardo


Tipo de solo Coeficiente de rugosidade de retardo
r
Pavimentos lisos 0,20
Gramado ralo 0,30
Gramado médio 0,40
Gramado denso 0,80
Fonte: Wanielista et al., 1997. Adaptado de Kerby,1959 in Chin,2000.
Exemplo 64.12
Calcular o tempo de concentração para uma bacia muito pequena com área de 4ha, e comprimento da
bacia de 365m, sendo o solo de gramado ralo e declividade de 0,5%.

Conforme Tabela (64.3) para solo de gramado ralo, o coeficiente de retardo n=0,30.
S=0,005m/m e L=365m
tc= 1,44 x ( n x L / S 0,5) 0,467 = 1,44 x (0,30 x 365/ 0,005 0,5) 0,467 = 44,47min

Portanto, o tempo de concentração é de 44,47min.

A velocidade V= L/ tempo = 365 metros/ (44,47min x 60 s) =0,14m/s

DICA Kerby(1959): trata-se de escoamento superficial em pequenas bacias com comprimento


máximo de 365m, declividades menores que 1%, r ≤ 0,8 e área ≤ 4ha.

64.12 Fórmula da onda cinemática 1971


A equação da onda cinemática feita por Ragam, 1971 e Fleming, 1975 in Wanielista,1997,
deve ser usada para a estimativa do tempo de concentração quando existe a velocidade da onda
(velocidade não muda com a distância mas muda no ponto).
A fórmula é feita somente para o cálculo de escoamento superficial. Isto deve ser entendido
quando a chuva corre sobre um gramado, uma floresta, um asfalto ou concreto. Está incluso o
impacto das gotas de água, os obstáculos dos escoamentos como os lixos, vegetação e pedras e
transporte de sedimentos.
O comprimento máximo do escoamento superficial deve ser de 30m a 90m (McCuen, 1998,
p.45). Na prática é usada a fórmula para comprimentos um pouco abaixo de 30m e um pouco acima
de 90m sem problemas.

6,99 . ( n . L / S 0,5) 0,60


t= -------------------------------- (Equação 64.10)
i 0,4
Sendo:
t= tempo de escoamento superficial (min);
n= coeficiente de Manning para escoamento superficial;
L= é o comprimento (m) do ponto mais distante, medido paralelamente a declividade até o ponto a
ser alcançado;
S= declividade (m/m);
i= intensidade de chuva (mm/h);
O grande inconveniente é que temos uma equação e duas incógnitas. Uma incógnita é o
tempo “ t ” do escoamento superficial e outra a intensidade de chuva “ I ”.
O cálculo na prática deve ser feito por tentativas que é a maneira mais simples, usando um
gráfico IDF (intensidade-duração-frequência) ou a equação das chuvas. Deve ser arbitrado um valor

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do tempo de escoamento “ t ” , calcular o valor de “ I ” e achar novamente o valor de “ t ” e conferir


com o valor inicial, até que as diferenças atinjam uma precisão adequada.

Exemplo 64.13: aplicação do tempo de escoamento superficial.


Considere um solo sem vegetação rasteira com rugosidade de Manning n=0,020, com 90m de
comprimento, e declividade de 1% ou seja 0,01m/m. Queremos determinar o valor do tempo e da
intensidade de chuva para tempo de retorno de 2anos.
Sendo n=0,020 L=90m S=0,01m/m
6,99 x ( n x L / S 0,5) 0,60
t = ----------------------------
i 0,4
substituindo teremos:
6,977 x ( 0,020 x 90 / 0,01 0,5) 0,60
t = --------------------------------------
i 0,4

t= 39,52 / i 0,4 (Equação 64.11)


Portanto, temos uma equação e duas incógnitas. A solução é introduzir mais uma equação, ou
seja a equação da intensidade da chuva. Tomamos então a equação da chuva de Paulo Sampaio
Wilken para São Paulo com as unidades em mm/h:

1747,9 x T0,181
i =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89

Como é fornecido o período de retorno T=2 anos, teremos para a intensidade da chuva

1747,9 x 20,181 1981,54


i =------------------------ = --------------- (Equação 64.11B)
( t + 15)0,89 ( t + 15)0,89

A resolução das Equações (64.11) e (64.12) é feita por tentativas.


Arbitra-se um valor de ‘t’ e calcula-se o valor de “i “ e em seguida recalcula-se o valor de
“t”através da Equação (64.11).
Usa-se o valor do resultado da Equação (64.11B) até que os valores praticamente coincidam.
Arbitrando um valor de t=10min na Equação (64.12) achamos:

1981,54 1981,54
I=-------------------- = -------------------- = 112,908
( t + 15)0,89 (10+15) 0,89

Com o valor de i=112,908 entra-se na Equação (64.11):


t= 39,52 / i 0,4 = 39,52 / 112,908 0,4 = 5,97min
Como o valor arbitrado foi de 10min e achamos 5,97min, recalculamos tudo novamente,
usamos t=5,97min.
1981,54 1981,54
i=-------------------- = -------------------- = 132,10mm/h
( t + 15)0,89 (5,97+15) 0,89
0,4
t= 39,52 / i = 39,52 / 132,10 0,4 = 5,60min

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Como o valor de arbitrado de 5,97min e achamos 5,60min, vamos novamente recalcular


usando t=5,60min.

1981,54 1981,54
i=-------------------- = -------------------- = 134,17 mm/h
( t + 15)0,89 (5,60+15) 0,89
t= 39,52 / i 0,4 = 39,52 / 134,17 0,4 = 5,57min
Como foi arbitrado t=5,60min e recalculamos encontramos t=5,57min, adotamos, portanto,
que o tempo de concentração é de 5,6min.
A velocidade será V= L/T = 90m/ (5,6min x 60s) = 0,27 m/s

64.13 Fórmula da onda cinemática conforme FHWA, 1984


Um método que é mais realista para estimar o tempo de concentração de escoamento
superficial é do FHWA, 1984. A única alteração é a introdução do coeficiente C de runoff, ficando
assim:
6,92 x L 0,6 x n 0,6
t= ---------------------------
( C x I )0,84 x S0,3

Sendo:
t= tempo de concentração do escoamento superficial (min)
L=comprimento do escoamento superficial (m)
n= coeficiente de rugosidade de Manning
C= coeficiente de runoff
S= declividade média da área de escoamento superficial (m/m)
I= intensidade da chuva (mm/h)
O método é resolvido da mesma maneira do anterior, isto é, por tentativa.

64.14 Discrepância entre as fórmulas do tempo de concentração


Tendo em vista a discrepância entres as diversas fórmulas, (Porto, 1993) recomenda que:
a) é sempre conveniente calcular a velocidade média do escoamento na bacia e compará-la
com os valores fornecidos pela Tabela (64.4), a velocidade média em metros por segundo é obtida
por V= L / (tc x 60), sendo L em metros e tc em minutos.
b) alguns parâmetros tais como rugosidades, coeficiente de escoamento superficiais são
determinados com um grau de incerteza relativamente alto. É conveniente proceder a análise de
sensibilidade com relação a estes parâmetros.

Tabela 64.4- Velocidades médias em m/s para o cálculo de tc


Descrição do Declividade Declividade Declividade Declividade
escoamento 0 a 3% 4 a 7% 8 a 11% > 12%
Em superfície
florestas 0 a 0,5 0,5 a 0,8 0,8 a 1,0 acima de 1,0
pastos 0 a 0,8 0,8 a 1,1 1,1 a 1,3 acima de 1,3
áreas cultivadas 0 a 0,9 0,9 a 1,4 1,4 a 1,7 acima de 1,7
pavimentos 0 a 2,6 2,6 a 4,0 4,0 a 5,2 acima de 5,2
Em canais
mal definidos 0-0,6 0,6 a 1,2 1,2 a 2,1 ----------

bem definidos Calcular pela fórmula de Manning

Fonte: Porto et al. in Tucci, 1993

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Exemplo 64.14
Calculamos pelo método da onda cinemática que para pastagem curta, achamos o valor de t= 5,60min
e velocidade V=0,27m/s. Como a declividade é de 1%, na Tabela (64.4) a velocidade vai de zero a
0,8m/s.
Portanto, a velocidade de 0,27m/s está dentro do previsto.

Exemplo 64.15- para cálculo do tempo de concentração


Vamos usar um exemplo feito por (McCuen,1998) que é bastante ilustrativo conforme Figura
(64.1). Calcular o tempo de concentração numa determinada seção de controle, pré-desenvolvimento
e pós-desenvolvimento.
Na situação de pré-desenvolvimento os dados estão na Tabela (64.5), incluindo os trechos,
comprimento, declividades, coeficientes de Manning e cobertura da terra ou galeria ou canal
existente.

Figura 64.1-Tempo de concentração pré-desenvolvimento e pós-desenvolvimento


Fonte: McCuen. 1998

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Tabela 64.5-Dados da bacia na situação de pré-desenvolvimento


Comprimento Declividade Coeficiente “n”de
Trecho Manning Cobertura/escoamento
(m) (m/m)
AB 150 0,07 (7%) n=0,02 Floresta com vegetação rasteira
Canal natural trapezoidal
b=0,70m(base) y= 0,30m (altura da lâmina d’água) e
BC 1050 0,012 0,040 z=2:1(inclinação do talude, sendo 1 na vertical e 2 na
(1,2%) horizontal)
CD 1100 0,006 0,030 Canal natural trapezoidal
(0,6%) Com b=1,25m y=0,70m e z=2:1
Total 2300m

Tabela 64.6- Dados da bacia na situação de pós-desenvolvimento


Trecho Comprimento Declividade Coeficiente “n”de Cobertura/escoamento
(m) (m/m) Manning
EF 25 0,07 (7%) 0,013 Escoamento superficial
FG 120 0,07 (7%) ------ Vala gramada
GH 275 0,02 (2%) ------ Guia pavimentada
HJ 600 0,015 0,015 Galeria de águas pluviais com diâmetro de 0,50m
(1,5%)
JK 900 0,005 0,019 Canal trapezoidal com b=1,59m y=1,00m e z=
(0,5%) 1:1
Total 1920m

Cálculo do tempo de concentração: pré-desenvolvimento


Trecho AB
Primeiramente antes do desenvolvimento para o trecho AB, consultando a Tabela (64.1) de
McCuen,1998 para floresta com bastante vegetação rasteira temos n=0,2, raio hidráulico R=0,061m e
k=0,77.
Então temos: V= k x S 0,5 = 0,77 x 0,07 0,5 = 0,20 m/s
TAB = 150/(0,20 x 60) = 12,5min

Trecho BC
Para um canal trapezoidal natural com vegetação alta. O raio hidráulico é;
R= área molhada/ perímetro molhado = (y x b + z x y2 ) / (b + 2 x y x (1+z 2) 0,5 =
= ( 0,30 x 0,70 + 2 x 0,30 x 0,30) / (0,70 + 2 x 0,30 x (1+2 x 2) 0,5 = 0,191 m
Como a equação de Manning é: V= n –1 x R 2/3 x S 0,5 (Unidades SI)
Como o canal tem vegetação alta o coeficiente de Manning está entre 0,025 e 0,050 e escolhemos
n=0,040
Substituindo os valores temos:
V= n –1 x R 2/3 x S 0,5 = 0,040 –1 x 0,191 2/3 x 0,012 0,5 = 0,91m/s
O tempo de escoamento superficial ou tempo de trânsito é:
T BC= 1050/ (0,91 x 60) = 19,23min

Trecho CD
Para um canal trapezoidal natural com vegetação média. O raio hidráulico é;
R= área molhada/ perímetro molhado = (y x b + z x y2 ) / (b + 2 x y x (1+z 2) 0,5 =
= ( 0,70 x 1,25 + 2 x 0,70 x 0,70) / (1,25 + 2 x 0,70 x (1+2 x 2) 0,5 = 0,423 m

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Como o canal tem vegetação média o coeficiente de Manning está entre 0,025 e 0,050 e escolhemos
n=0,030
Substituindo os valores na fórmula de Manning temos:
V= n –1 x R 2/3 x S 0,5 = 0,030 –1 x 0,423 2/3 x 0,006 0,5 = 1,45m/s
O tempo de escoamento superficial ou tempo de trânsito é:
T CD= 1100/ (1,45 x 60) = 12,64min
Portanto, o tempo de concentração antes do desenvolvimento, será a soma dos tempos de
escoamento superficial (tempo de trânsito):
T antes = TAB + T BC + T CD = 12,5+19,23+12,64 =44,37min

Cálculo do tempo de concentração: pós-desenvolvimento


Trecho EF
Considerando o escoamento superficial em pastagem de grama curta sendo S=0,07m/m e
n=0,013, comprimento de 25m. Vamos usar a fórmula da onda cinemática.
Queremos determinar o valor do tempo e da intensidade de chuva para tempo de retorno de
2anos.
Sendo: n=0,013 L=25m S=0,07m/m

6,977x ( n x L / S 0,5) 0,60


t= ----------------------------
I 0,4
substituindo teremos:
6,977 x ( 0,013 x 25 / 0,07 0,5) 0,60
t= --------------------------------------
I 0,4

t= 7,89 / I 0,4 (Equação 64.12)


Portanto, temos uma equação e duas incógnitas. A solução é introduzir mais uma equação, ou
seja a equação da intensidade da chuva.
Tomamos então a equação da chuva de Paulo Sampaio Wilken para São Paulo com as
unidades em mm/h:

1747,9 x T0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89

Como é fornecido o período de retorno T=2 anos, teremos para a intensidade da chuva

1747,9 x 20,181 1981,54


I =------------------------ = --------------- (Equação 64.13)
( t + 15)0,89 ( t + 15)0,89

A resolução das Equações (64.12) e (64.13) é feita por tentativas.


Arbitra-se um valor de ‘t’ e calcula-se o valor de “I “ e em seguida recalcula-se o valor de
“t”através da Equação (64.12).
Usa-se o valor do resultado da Equação (64.13) até que os valores praticamente coincidam.
Arbitrando um valor de t=2min na Equação (64.13) achamos:

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1981,54 1981,54
I=-------------------- = -------------------- = 159,19
( t + 15)0,89 (2+15) 0,89

Com o valor de I=159,19 entra-se na Equação (64.12):


t= 7,89 / I 0,4 = 7,89 / 159,19 0,4 = 1,04min
Como o valor arbitrado foi de 2min e achamos 1,04min, recalculamos tudo novamente,
usamos t=1,04min.

1981,54 1981,54
I=-------------------- = -------------------- = 167,64 mm/h
( t + 15)0,89 (1,04+15) 0,89

t= 7,89 / I 0,4 = 7,89 / 167,64 0,4 = 1,02min


Como o valor de arbitrado de 1,04min e achamos 1,02min, adotamos pois o valor
TEF=1,02min que é o Travel Time para o trecho EF.

Trecho FG
Como temos uma vala gramada para passagem das águas de chuvas obtemos k=4,77
Como S= 0,07m/m e L=120m temos:
Então temos: V= k x S 0,5 = 4,77 x 0,07 0,5 = 1,26 m/s
TFG = 120/(1,26x60) = 1,59min
Trecho GH
Como temos uma canaleta pavimentada, ou seja, uma sarjeta para passagem das águas de
chuvas obtemos k=14,09
Como S= 0,02 m/m e L=275m temos:
Então temos: V= k x S 0,5 = 14,09 x 0,02 0,5 = 1,99 m/s
TGH = 275/(1,99*60) = 2,30min

Trecho HJ
Neste trecho temos um tubo de concreto com D=0,50m e como o escoamento do tubo é pleno,
então o raio hidráulico será D/4.
Sendo S=0,015m/m n=0,015 (concreto) e L=600m.
Usando a fórmula de Manning teremos:

V=n –1 x R 2/3 x S 0,5 = n –1 x (D/4) 2/3 x S 0,5 = 0,015 –1 x (0,50/4) 2/3 x 0,015 0,5 =2,04 m/s

THJ = 600/(2,04 .60) = 4,90min


Trecho JK
Para um canal trapezoidal de concreto liso. O raio hidráulico é;
R= área molhada/ perímetro molhado = (y x b + z x y2 ) / (b + 2 x y x (1+z 2) 0,5 =
= ( 1,00 x 1,59 + 1 x 1,00 x 1,00) / (1,59 + 2 x 1,00 x (1+1 x 1) 0,5 = 0,57 m
Como a equação de Manning é: V= n –1 x R 2/3 x S 0,5 (Unidades SI)
n=0,019 S=0,005 m/m L=900m
Substituindo os valores temos:
V= n –1 x R 2/3 x S 0,5 = 0,019 –1 x 0,57 2/3 x 0,005 0,5 = 2,56 m/s
O tempo de escoamento superficial ou tempo de trânsito é:
TJK = 900/(2,56x 60) = 5,86min

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Capítulo 64- Tempo de concentração
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O tempo de concentração após o desenvolvimento será a soma dos cinco trechos ou seja:
Tdepois = TEF + TFG +TGH + THJ +TJK = 1,02 + 1,59 + 2,30 +4,90 + 5,86 = 15,67min

O tempo de concentração pré-desenvolvimento era de 44,37min e pós-desenvolvimento é de


15,67min, que é menor, pois, as tubulações e pavimentações fazem com que o escoamento superficial
chegue mais rápido à seção de controle.

64.15 Verificação do Tempo de concentração


Conforme USDM (Urban Storm Drainage Criteria Manual, Denver, Colorado,1999,
Regional Council of Government), após pesquisas realizadas chegou a seguinte equação que em
unidades do S.I. e usada em microdrenagem.
tc= L/ 45 + 10
Sendo:
tc= tempo de concentração para verificação (min)
L= comprimento (m)
O tempo de concentração achado tem que ser menor que o tempo de verificação calculado
pela equação do USDM.

Exemplo 64.16
Verificar o tempo de concentração em uma área urbanizada com L=100m
tc= L/45+10= 100/45 + 10= 1,85 + 10= 11,85min
Portanto, o valor a ser calculado não poderá ser maior que 11,85min

64.16 Fórmula de Dooge


Segundo CTH a fórmula de Dooge em função da área da bacia e da declividade é a seguinte:
tc= 1,18 x A 0,41/ S0,17
Sendo:
tc= tempo de concentração (h)
A= área da bacia (km2)
S= declividade equivalente (m/km)

Exemplo 64.17
Calcular o tempo de concentração para área de 2km2, e declividade equivalente de 5 m/km usando a
fórmula de Dooge.

tc= 1,18 x A 0,41/ S0,17


tc= 1,18 x 2 0,41/ 50,17= 1,3 horas = 72min

64.17 Fórmula de Bransby-Willians


tc= 58,5 x L/ ( A 0,1 x S0,20)
Sendo:
tc= tempo de concentração (min)
A= área da bacia (km2)
S= declividade equivalente (m/km)
L= comprimento do talvegue (km)

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Capítulo 64- Tempo de concentração
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Exemplo 64.18
Calcular o tempo de concentração para área de 2km2, L=2km e declividade equivalente de 5 m/km
usando a fórmula de Bransby-Willians
tc= 58,5 x L/ ( A 0,1 x S0,20)
tc= 58,5 x 2/ ( 2 0,1 x 50,20)= 79min

64.18 Fórmula de Schaake, 1967


Vamos apresentar a fórmula de Schaake, 1967 página 651 do Handbook of Stormwater para
escoamento superficial.
tc= (0,67 x L 0,24)/ ( S0,16 x α 0,26 )
Sendo:
tc= tempo de concentração (min)
L= comprimento (m)
S= declividade média (m/m)
α= porcentagem impermeável (%)

64.19-Fórmula de Manning, galerias e canais


O escoamento em galerias, canais e sarjetas devem ser calculados pela fórmula de Manning,
onde se calcula a velocidade e uma vez que já temos o comprimento obteremos o tempo de
escoamento da água de chuva também chamado tempo de trânsito (Travel Time).
A fórmula mais conhecida para dimensionamento de condutos livres usada no Brasil e nos
Estados Unidos e demais países de língua inglesa, é a fórmula experimental do engenheiro irlandês R.
Manning (1816-1897) elaborada em 1891.
Na Europa geralmente é usada a fórmula de Strickler, que segundo Chaudhry,1993 é similar a
fórmula de Manning.
DICA: a fórmula para canais mais usada no mundo é a de Manning.
A fórmula de Manning para qualquer seção de canal ou tubulação é a seguinte:
V= (1/n) . R 2/3 . S ½ (Equação 64.14)
Sendo:
V= velocidade média na seção (m/s);
n= coeficiente de Manning
R= raio hidráulico (m). O raio hidráulico é o quociente entre a área molhada e o perímetro molhado;
S= declividade (m/m). A inicial “S” vem da palavra inglesa Slope.

Exemplo 64.19
Um canal tem declividade S=0,0005 m/m, n=0,015, Área molhada A=12,2m2, perímetro molhado de
11,2m, Raio hidráulico = R =1,09m achar a vazão.
Conforme Equação (64.14) temos:

V= (1/n). R 2/3. S ½ = 1,58m/s

Q= A . V = 19,3 m3/s

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Raio Hidráulico
O raio hidráulico é a relação entre a área molhada e o perímetro molhado.
Área molhada (m2)
R = -------------------------------- (Equação 64.15)
Perímetro molhado (m)

Que pode ser calculado da Equação (64.14) de Manning, tirando-se o valor de R:


R = [V. n / (S1/2) ]3/2 ( Equação 64.16)

Exemplo 64.20
Um canal retangular tem coeficiente de rugosidade “n” de Manning igual a 0,070. A largura do canal
é de 2,3m e altura da lâmina d’água de 1,20m. Calcular o raio hidráulico, velocidade da água no canal
e o tempo de escoamento sendo a declividade de 0,005m/m e o comprimento do canal de 1.200m.

Y=1,20m

L=2,30m

Figura 64.2- Seção transversal retangular de um canal de concreto

Portanto: S=0,005 m/m Y=1,20m L=2,30m


A área molhada é L x Y = 2,30m x 1,20m = 2,76 m2
O perímetro molhado, isto é, a parte do canal que tem contato com a água é L+ 2 x Y = 2,30m
+ 2x 1,20m = 4,7m
Como o raio hidráulico é o quociente entre área molhada e o perímetro molhado então
teremos:
R= área molhada/perímetro molhado = 2,76m2 / 4,7m = 0,59m
Portanto, o raio hidráulico é 0,59m.
Sendo:
S=0,005m/m;
R=0,59m e

n=0,070
Usando a Equação (64.14) temos:
V= (1/n) . R 2/3 . S ½) = (1/0,070)x (0,59 2/3)x (0,005 ½)= 0,71m/s
Portanto, a velocidade da água no canal é de 0,71m/s.
O tempo de trânsito (Travel Time) é
T= comprimento do canal/ velocidade = 1200m/ (0,71m/s x 60 s) = 28,17min.
Portanto, o tempo de escoamento do canal é de 28,17min.

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Coeficientes de rugosidade de Manning “n”


Conforme Tabela (64.7) conforme a cobertura da bacia os coeficientes “n” de Manning podem
ser:

Tabela 64.7- Coeficiente “n” de Manning


Cobertura da bacia Coeficiente “n”
asfalto suave 0,012
asfalto ou concreto 0,014
argila compactada 0,030
pouca vegetação 0,020
Vegetação densa 0,350
Vegetação densa e floresta 0,400
Fonte: Tucci,1993

Para escoamento da chuva sobre o solo temos a Tabela (64.8).

Tabela 64.8- Coeficiente “n”de Manning para vazões sobre o solo


Material do Solo Valores de “n”recomendado Faixa de valores de “n”
Concreto 0,011 0,01 a 0,013
Asfalto 0,012 0,01 a 0,015
Areia exposta 0,010 0,010 a 0,016
Solo pedregulhoso 0,012 0,012 a 0,030
Solo argiloso descoberto 0,012 0,012 a 0,033
Terreno sem cultura 0,05 0,006 a 0,16
Terra arada 0,06 0,02 a 0,10
Pastagens natural 0,13 0,01 a 0,32
Pastagens cortadas 0,08 0,02 a 0,24
Grama 0,45 0,39 a 0,63
Grama curta 0,15 0,10 a 0,20
Grama densa 0,24 0,17 a 0,30
Grama Bermuda 0,41 0,30 a 0,48
Florestas 0,45
Fonte: Florida Departament of Transportation Drainage Manual,1986.

Os valores dos coeficientes de rugosidade “n” de Manning fornecido pelo U.S. Department of
Transportation em 1985 estão na Tabela (64.9).

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Tabela 64.9- Valores do coeficiente de rugosidade “n” de Manning


Descrição “n” mínimo “n” normal “n” máximo
Condutos fechados seção não plena
Bronze 0,009 0,010 0,013
Aço
soldado 0,010 0,012 0,014
rebitado 0,013 0,016 0017

Ferro fundido dúctil


com proteção 0,010 0,013 0,014
sem proteção 0,011 0,014 0,016
Aço
preto 0,012 0,014 0,015
galvanizado 0,013 0,016 0,017

Metal corrugado
Corrugado em 6x1” 0,020 0,022 0,025
Corrugado em 6x 2” 0,030 0,032 0,035
Parede lisa espiral aluminizada 0,010 0,012 0,014
Concreto
Extravasor com ângulos retos 0,010 0,012 0,013
Extravasor com curva 0,011 0,013 0,014
Esgotos sanitários 0,012 0,013 0,016

Condições dos canais


n=(n0+n1+n2+n3) . m
terra n0=0,020
a) material da envoltória rocha n0=0,025
pedras finas n0=0,024
pedras grossas n0=0,028
b) grau de irregularidade bem liso n1=0,000
liso n1=0,005
moderado n1=0,010
bem irregular n1=0,020
c) Efeito de obstrução desprezível n2=0,000
pequena n2=0,010 a 0,015
apreciável n2=0,020 a 0,030
muita obstrução n2=0,040 a 0,060
d) Vegetação baixa n3=0,005 a 0,010
media n3=0,010 a 0,025
alta n3=0,025 a 0,050
muito alta n3=0,050 a 0,100
e) Graus de meandros pequeno m=1,000
apreciável m=1,150
muitos meandros m=1,300

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A Tabela (64.10) apresenta valores do coeficiente de Manning conforme a superfície.

Tabela 64.10-Coeficientes de rugosidade de Manning somente sobre superfícies


Superfície Coeficiente de rugosidade de Manning para
escoamento superficial
Plástico, vidro 0,009
Terra sem cultura 0,010
Areia 0,010
Superfície cascalhada ou coberta com pedregulho 0,012
Concreto liso 0,011
Asfalto 0,012
Terreno argiloso 0,012
Revestimento comum do concreto 0,013
Madeira boa 0,014
Tijolos assentados com cimento 0,014
Madeira não aplainada 0,014
Argila vitrificada 0,015
Ferro fundido 0,015
Terra lisa 0,018
Tubos de metal corrugado 0,023
Superfície emborrachada 0,024
Terra cultivada sem resíduo 0,09
Terra cultivado com resíduo 0,19
Grama curta 0,15
Grama densa 0,40
Grama tipo Bermuda 0,41
Solo sem vegetação rasteira 0,20
Solo com pouco de vegetação rasteira 0,40
Solo com muita vegetação rasteira 0,80
Pastagem 0,13
Fonte: McCuen, 1993 página 114

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Figura 64.3-Valores do coeficiente de rugosidade de Manning.


Fonte: Chaudhry,1993

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Figura 64.4- Valores coeficiente de rugosidade de Manning


Fonte:Chaudhry,1993

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Na Figura (64.3) e (64.4) temos vários valores do coeficiente de rugosidade de Manning


citado por Chaudhry, 1993, mas cuja origem é de Barnes, 1967 e que se encontram na Tabela (64.11).

Tabela 64.11- Coeficientes de rugosidade de Manning conforme Figuras (64.3) e (64.4)


Fotografia Valor do coeficiente ‘n”de Manning
a) n=0,024
b) n=0,030
c) n=0,032
d) n=0,036
e) n =0,041
f) n =0,049
g) n =0,050
h) n =0,060
i) n =0,070
j) n =0,075

Coeficiente equivalente de rugosidade de Manning: ne ou coeficiente de rugosidade composto


Conforme Chaudhry,1993 pesquisas feitas em 36 canais naturais feitas pelo U.S. Geological
Survey, constatou que a melhor fórmula para o coeficiente de rugosidade de Manning equivalente (ne)
é a fórmula de Einstein, 1934. Esta fórmula também foi adotada na Escola Politécnica da USP pelo
Departamento de Hidráulica e que consta na Apostila de Escoamento em Canais.

(ΣPi ni 3/2 )2/3


ne = --------------------------
(ΣPi) 2/3

sendo:
ne= rugosidade equivalente de Manning pela fórmula de Einstein,1934 ou coeficiente de rugosidade
composta;
Pi= perímetro molhado cujo coeficiente de Manning é ni;
ni= coeficiente de Manning cujo perímetro é Pi;

Exemplo 64.17-Aplicação do coeficiente equivalente de rugosidade de Manning


Seja um canal de seção retangular com 4,00 m de largura e 2,00m de altura da lâmina de água.
Vamos supor que verticalmente temos as paredes laterais feitas em concreto armado como se fosse
um muro de arrimo com n=0,015 e o fundo do canal é de enrocamento com n=0,030.
Como temos dois coeficientes de Manning usemos a fórmula de Einstein,1934 para calcular o
coeficiente equivalente de rugosidade de Manning.

(ΣPi ni 3/2 )2/3


ne= --------------------------
(ΣPi) 2/3

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2,00m
n=0,015

4,00m
n=0,030

Figura 64.5- Coeficientes de Manning do fundo e da parede da seção retangular do canal

(ΣPi ni 3/2 )2/3 (2,00 x 0,015 3/2 + 4,00 x 0,030 3/2+ 2,00x0,015 3/2)2/3
ne= -------------------------- = -------------------------------------------------------- = 0,024
(ΣPi) 2/3 (2,00+4,00+2,00)2/3

Portanto, o coeficiente de rugosidade equivalente ou coeficiente de rugosidade composto é


n=0,024, o qual deverá ser utilizado nos cálculos do canal.

DICA: deve-se ter muito cuidado na escolha o mais correto possível do coeficiente de
rugosidade “n” da fórmula de Manning.

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Canais

Tabela 64.12- Elementos geométricos das várias seções de canais

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Exemplo 64.18
Calcular o tempo de concentração para a situação pré e pós-desenvolvimento da secção de controle
no fim da Rua São Miguel do Araguaia x Av. Francisco Conde na Vila Rosalia, Guarulhos conforme
Figura (64.6) sendo a área da bacia de 41,3ha.
As Tabelas (64.13) e (64.14) fornecem os dados básicos para os cálculos para a situação de
pré e pós desenvolvimento.

Tabela 64.13-Dados da bacia na situação de pré-desenvolvimento


Comprimento Declividade K
Trecho Cobertura/escoamento
(m) (m/m)
Floresta
AB 400 0,0313 (3,13%) 0,77 Floresta com vegetação rasteira
BC 450 0,0362 (3,62%) 4,77 Canal gramado
CD 380 0,0776 (7,76%) 4,77 Canal gramado
Total 1230m

Tabela 64.14- Dados da bacia na situação de pós-desenvolvimento


Comprimento Declividade K
Trecho Cobertura/escoamento
(m) (m/m)
Floresta
AB 400 0,0313 (3,13%) 14,09 Canaleta pavimentada
BC 450 0,0362 (3,62%) 14,09 Canaleta pavimentada
CD 380 0,0776 (7,76%) 14,09 Canaleta pavimentada
Total 1230m

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Figura 64.6- Esquema da secção de controle no fim da rua Araguaia do Sul

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Cálculo do tempo de concentração: pré-desenvolvimento


Trecho AB
Primeiramente antes do desenvolvimento para o trecho AB, consultando a Tabela (64.13) de
McCuen,1998 para floresta com bastante vegetação rasteira temos n=0,2, raio hidráulico R=0,061m e
k=0,77.
Então temos: V= k x S 0,5 = 0,77 x 0,0313 0,5 = 0,14 m/s
TAB = 400/(0,14 x 60) = 48,98min

Trecho BC
Então temos: V= k x S 0,5 = 4,77 x 0,0362 0,5 = 0,91 m/s
TBC = 450/(0,91 x 60) = 48,98min

Trecho CD
Então temos: V= k x S 0,5 = 4,77 x 0,0776 0,5 = 1,33 m/s
TCD = 380/(1,33 x 60) = 4,77min

Portanto, o tempo de concentração para a situação pré-desenvolvimento será a soma dos


tempos de escoamento superficial (tempo de trânsito) e considerando o tempo de entrada para área
rural de te=0min teremos:
T pre = TAB + T BC + T CD + te = 48,98+8,26+4,77 + 10 =72,00min

Cálculo do tempo de concentração: pós-desenvolvimento


Trecho AB
Então temos: V= k x S 0,5 = 14,09 x 0,0313 0,5 = 2,49 m/s
TAB = 400/(2,49 x 60) = 2,68min

Trecho BC
Então temos: V= k x S 0,5 = 14,09 x 0,0362 0,5 = 2,68 m/s
TBC = 450/(2,68 x 60) = 2,80min

Trecho CD
Então temos: V= k x S 0,5 = 1,4,09 x 0,0776 0,5 = 3,93 m/s
TCD = 380/(3,93 x 60) = 1,61min
Portanto, o tempo de concentração para a situação pré-desenvolvimento será a soma dos
tempos de escoamento superficial (tempo de trânsito) e considerando o tempo de entrada para área
urbana de te=5min teremos:
T pós = TAB + T BC + T CD + te = 2,68+2,80+1,61 + 5 =12,09min
O tempo de concentração pré-desenvolvimento era de 72,00min e pós-desenvolvimento é de
12,09min, que é menor, pois, as tubulações e pavimentações fazem com que o escoamento superficial
chegue mais rápido à seção de controle.

Vazão de pico para pré-desenvolvimento


Adotamos C=0,20
A=64ha
Período de retorno adotado= T=25anos
Usemos a equação de Paulo Sampaio Wilken

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I= 1747,9 x T 0,181/ (t + 15) 0,89


Sendo:
I= intensidade da chuva (mm/h)
T=tc= tempo de concentração (min)=72,00min
T=Tr=25anos
I= 1747,9 x 25 0,181/ (72 + 15) 0,89= 58,80 mm/h
Método Racional
Q= CIA/ 360= 0,20 x 58,80 x 64/ 360= 2,09m3/s

Vazão de pico para pós-desenvolvimento


Adotamos C=0,70
A=64ha
Período de retorno adotado= T=25anos
Usemos a equação de Paulo Sampaio Wilken

I= 1747,9 x T 0,181/ (t + 15) 0,89


Sendo:
I= intensidade da chuva (mm/h)
T=tc= tempo de concentração (min)=12,09min
T=Tr=25anos
I= 1747,9 x 25 0,181/ (12,09+ 15) 0,89= 166,11 mm/h
Método Racional
Q= CIA/ 360= 0,20 x 166,11 x 64/ 360= 20,67m3/s
Volume de reservatório de detenção usando o Método Racional
tb=3 x tc=3x12,09min=36,27min
V= 0,5 x ( Qpós- Qpré) x tb x 60= 0,5x(20,67 – 2,09) x 36,27min x 60= 20.217m3
Portanto, deveria ser feito um piscinão no fim da rua São Miguel do Araguaia com 20.217m3.
O piscinão deverá ser subterrâneo da praça sendo o custo médio de US$ 100/m3 resultará em
US$ 2.021.690,00.

Exemplo 64.19
Calcular a vazão de pico no fim da av. Francisco Conde, Vila Rosália, no lago dos Patos,
considerando que no fim da rua Araguaia do Sul foi feito um piscinão com 20.217m3 e a vazão
máxima que vem do piscinão é de 2,09m3/s
A área da bacia da av. Francisco Conde é de 41,3ha e o tempo de concentração considerando a
pior situação é 13,03min com comprimento de 1360m.
Adotamos C=0,70
A=41,3ha
Período de retorno adotado= T=25anos
Usemos a equação de Paulo Sampaio Wilken
I= 1747,9 x T 0,181/ (t + 15) 0,89
Sendo:
I= intensidade da chuva (mm/h)
T=tc= tempo de concentração (min)=13,03min
T=Tr=25anos
I= 1747,9 x 25 0,181/ (13.03+ 15) 0,89= 163,20 mm/h
Método Racional
Q= CIA/ 360= 0,70 x 163,20 x 41,3/ 360= 13,11m3/s

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Considerando na pior hipótese eu haja coincidência dos picos da saída do piscinão no fim da
rua Araguaia do Sul de 2,09m3/s com o pico na av. Francisco Conde de todas as travessas, teremos a
vazão de pico de 15,20m3/s o que significa um aduela de 3,00m de largura com 2,00m de altura e
0,50m de folga. A declividade da av. Francisco Conde estimada é de 0,03m/m.

Figura 64.7- Piscinão no fim da rua Araguaia do Sul e necessário galeria de 3,00 x2,00 no fim da
av. Francisco Conde junto ao lago dos Patos, Vila Rosália;

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Capítulo 64- Tempo de concentração
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Exemplo 64.20
Na av. Francisco Conde na Vila Rosália existe uma galeria de concreto com 0,30m de altura e 3,00m
de largura e que segue todo o comprimento da rua.
Calcular a vazão máxima que a mesma pode transportar, sendo n=0,015.

Raio hidráulico= (0,30 x 3,00)/ (3,00+2 x 0,30)= 0,25m


V= (1/n) x R 2/3 x S0,5
V= (1/0,015) x 0,2 2/3 x 0,03 0,5 = 4,58m/s < 5m/s
Q= A x V= 0,30x3,00x 4,58= 4,12 m3/s
Portanto, a galeria existente pode transportar no máximo 4,12 m3/s

Exemplo 64.21
Calcular o nível de água na av. Francisco Conde considerando que a galeria existente transporta no
máximo 4,12m3/s e a vazão de pico considerando que não haja piscinão no fim da rua Araguaia do
Sul é de 28,35m3/s.
Descontando 4,12m3/s teremos como escoamento superficial, isto é, pelo leito da av.
Francisco Conde a vazão de 28,35-4,12m3/s=24,23m3/s.
A rua tem 20m de largura sendo: 1,5m de calçada de cada lado e no meio temo 2,00m de
jardim. Cada pista tem 7,5m sendo que as duas pistas fornecem 15m. Consideramos somente os 15m
de leito carroçável.
Q= 15 x y x (1/n) x R 2/3) x 0,030,5
Fazendo R=y
24,23= 15 x y x (1/0,015) x y 2/3) x 0,030,5
Onde por tentativas achamos o valor de y=0,30m com velocidade de 5,62m/s
Com os dados altura do nível de água 0,30m e velocidade da água e verificando as Figuras
(64.8) a (64.10) concluímos que:
• Para carros é zona de alto risco
• Para casas é zona de risco médio
• Para pessoas adultas é zona de risco alto.
Nota: na prática a situação é pior, pois dado que não há o escoamento no fim da av. Francisco
Conde o nível da água sobe normalmente até 1,20m acima do leito da rua.

64-34
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Capítulo 64- Tempo de concentração
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Riscos para Carros devido a inundações

1
0,9 Zona de alto
Altura do nivel de água (m)

0,8 risco
0,7 Zona de risco
médio
0,6
0,5
0,4
0,3 Zona de baixo
risco
0,2
0,1
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
velocidade da água (m/s)

Figura 64.8 - Diversas zonas de perigo: baixo, médio e alto para inundações tendo como objetivo os carros.

Riscos para Casas devido as inundações

2
1,8
Altura do nivel de água (m)

1,6 Zona de alto


1,4 risco
Zona de risco
1,2 médio
1
0,8
0,6
Zona de baixo
0,4 risco
0,2
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Velocidade da água (m/s)

Figura 64.9 - Diversas zonas de perigo: baixo, médio e alto para inundações tendo como objetivo as casas.

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Riscos para Pessoas Adultas devido a inundação

1,6

1,4

1,2
Altura da água (m)

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Velodidade da água (m/s)

Figura 64.10 - Diversas zonas de perigo: baixo, médio e alto para inundações tendo como objetivo pessoas
adultas.

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Capítulo 64- Tempo de concentração
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64.16 Tempo de pico pelo Método Colorado


Para o tempo de pico tp, o método Colorado aconselha a Equação (64.17) conforme Diretrizes
Básica para Projetos de Drenagem Urbana no município de São Paulo, 1998 p.71 usa-se a Equação
(64.17) que é a melhor equação que se adapta a São Paulo.
tp= 0,637 . Ct [ L. Lcg / S 0,5] 0,48 (Equação 64.17)
tp= 0,6 . tc
tc= tp/0,6
Sendo:
tp= tempo de retardamento do hidrograma unitário medido do centro da chuva unitária até o pico do
hidrograma (horas);
L= comprimento do talvegue da bacia desde as nascentes até a seção de controle (km);
Lcg= comprimento que vai desde o centro de gravidade da bacia até a seção de controle,
acompanhando o talvegue (km);
S= média ponderada das declividades do talvegue (m/m) conforme Equação (64.18).
Ct= coeficiente que está relacionado com a porcentagem de impermeabilização da bacia conforme
Figura (64.11).

Figura 64.11- Determinação de Ct em função da área impermeável em porcentagem

Declividade: S conforme Drenagem Urbana, 1995


S= [ (L1 . S1 0,24 + L2 . S2 0,24 +...) / ( L1 +L2 + ....) ] 4,17 (Equação 64.18)
Sendo:
L1= comprimento (m)
S1= declividade (m/m)
S= declividade equivalente (m/m)

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Declividade equivalente segundo DAEE


S= [( L1 +L2 + ....) / (L1 / S1 0,50 + L2 / S2 0,50 +...) 2,0 (Equação 64.19)

Sendo:
L1= comprimento (km)
S1= declividade (m/km)
S= declividade (m/km)

Exemplo 64.22
Achar a declividade média ponderada com L1= 0,50km L2= 1km e L3= 1,5km e S1= 0,007m/m S2=
0,005m/m e S3= 0,0019 m/m.
Usando a Equação (64.18) temos:
S= [ (L1 . S1 0,24 + L2 . S2 0,24 +...) / ( L1 +L2 + ....) ] 4,17
S= [ (0,5 . 0,007 0,24 + 1,00 . 0,005 0,24 +.1,50. 0,0019 0,24..) / ( 0,50 +1,00 +1,50) ] 4,17
S=0,0533m/m
Exemplo 64.23
Achar a declividade média ponderada com L1= 0,55km L2= 0,32km e L3= 0,27km L4= 0,36km L5=
0,23km e S1= 0,0109m/m S2= 0,0375m/m S3= 0,0185m/m. S4= 0,0306m/m
S5= 0,213m/m.
Tabela 3.15- Cálculo da declividade média ponderada

Cota Cota Comprimento Declividade


Trecho montante jusante
L . S0,24
m) (m) (m) (m/m)
1 932 926 550 0,0109 185,965
2 944 932 320 0,0218 127,781
3 949 944 270 0,0091 87,384
4 960 949 360 0,0200 140,783
5 1009 960 230 0,0891 128,732
Σ=1730 Σ= 670,645
S= 0,0192 m/m

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Exemplo 64.24
Achar a declividade média ponderada conforme DAEE com L1= 0,55km L2= 0,32km e L3= 0,27km
L4= 0,36km L5= 0,23km e S1= 10,9m/km S2= 37,5m/km S3= 18,5m/km. S4= 30,6m/km
S5= 0,213m/m.

Tabela 64.16- Cálculo da declividade média ponderada


Cota Cota
montante jusante Comprimento Declividade L/ J 0,5
Trecho L J
(m) (m) (km) (m/km)

1 932 926 0,550 10,9 0,166521


2 944 932 0,320 21,8 0,068508
3 949 944 0,270 9,1 0,089549
4 960 949 0,360 20,0 0,080498
5 1009 960 0,230 89,1 0,024368
1,730km Σ= 0,429444
Ie=16,229m/km=0,016229m/m

Exemplo 64.25
Achar o tempo de retardamento tp do hidrograma unitário em horas, sendo L=1,730km Lcg=
0,84km, S=0,0192 m/m e Área impermeável Ia = 50%.
Conforme Figura (64.5) entrando na abscissa com a área impermeável de 50% em
porcentagem obtemos o coeficiente Ct =0,089
Usando a Equação (64.11) temos:
tp= 0,637 . Ct [ L. Lcg / S 0,5] 0,48
tp= 0,637 . 0,089 [ 1,764. 0,89 / 0,0192 0,5] 0,48
tp= 0,18h = 10,7min
tp= 0,6 x tc
tc= tp/0,6= 10,7/0,6= 18min
Exemplo 3.26
Achar o tempo de retardamento tp do hidrograma unitário em horas, sendo L=2,06km Lcg= 0,84km,
S=0,102 m/m e Área impermeável Ia = 44%.
Conforme Figura (64.5) entrando na abscissa com a área impermeável de 44% em
porcentagem obtemos o coeficiente Ct =0,091
Usando a Equação (64.11) temos:
tp= 0,637 . Ct [ L. Lcg / S 0,5] 0,48
tp= 0,637 . 0,091 [ 2,06. 0,84 / 0,102 0,5] 0,48
tp= 0,13h = 7,8min
tc= tp/0,6= 7,8/0,6= 13min

64-39
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 65- Método de Ven Te Chow
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Capítulo 65
Método de Ven Te Chow

65-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 65- Método de Ven Te Chow
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Capítulo 65- Método de Ven Te Chow

65.1 Introdução
O método de Ven Te Chow data de 1962 e é considerado um método pouco usado, embora
alguns órgãos de governo do Estado de São Paulo ainda o usem.
Quando se aplica um modelo de cálculo se procura fazer a análise, isto é, como o mesmo foi
feito. Assim o Método de Ven Te Chow foi feito para bacias rurais em vários estados americanos até
25km2 de área para achar a vazão de pico.
O grande mérito do método é que o mesmo se baseia no hidrograma unitario.
Não se deve aplicar o Método de Ven Te Chow em áreas urbanas ou mesmo em areas rurais
acima de 25km2 de área, mas mesmo apesar destas observações, o método vem sendo aplicado em
bacias urbanas até 50km2.
Salientamos que pelo método de Ven Te Chow conseguimos a vazão de pico e não o
hidrograma de cheia que pode ser obtido usando, por exemplo, a forma curvilinea do hidrograma.

65.2 Equação básica


A equação básica do Método de Ven Te Chow usada pela Fundação Centro Tecnológico de
Hidráulica, 1999 é:

Qp= Qb + 0,295. ( he/ t) . A . Z Equação 65.1

Sendo:
Qp= vazão no tempo t em m3/s
Qb= vazão base na bacia no ponto considerado em m3/s
he= chuva excedente em milimetros calculado pelo Método da Curva CN do SCS
t= duração da chuva excente em horas
A= área da bacia em km2
t= tempo em horas
tp= tempo de retardamento em horas, que é o tempo compreendido entre o centro de massa da chuva
excedente e o pico do hidrograma unitário.
Z= fator de redução de pico dado pela equação:

Z= 0,0037 + 0,8854. ( t/ tp) - 0,2684 . (t/tp)2 + 0,0378 . (t/tp)3 Equação 65.2

O tempo de retardamento tp para áreas rurais é dado pela equação:

tp= 0,005055 . (L / S0,5)0,64 Equação 65.3

Sendo:
L= comprimento do álveo desde o divisor de águas até a secção de controle em metros.
S= declividade média do álveo em porcentagem.

Conforme SCS há uma relação entre tp e tc:

tp=0,6 tc
tc=tp/0,6
Conforme PMSP, 1998 deve-se pesquisar as várias durações de chuva “t” para ver qual é a
maior vazão Qp.

65-2
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Capitulo 65- Método de Ven Te Chow
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Exemplo 65.1
Baseado em Paulo Sampaio Wilken
Dado uma bacia com A=11,2 km2, comprimento do talvegue de 7.040m e declividade média do
talvegue de 0,722%. Calcular o tempo de retardamento tp.

tp= 0,005055 . (L / S0,5)0,64


tp= 0,005055 . (7040 / 0,7220,5)0,64
tp= 1,6h
Pelo SCS tp=0,6 tc e então tc= tp/0,6= 1,6/0,6=2,67h
Adotamos então a duração da chuva maior que 2,67h, isto é, 3h.

65.3 Intervalo ∆t
O intervalo ∆t deve estar entre tc/5 a tc/3.

Exemplo 65.2
Achar o intervalo conveniente para tc=2,67h= 160,2min

tc/5= 160,2/5=32min
tc/3= 160,2/3= 53,4min
Adotamos ∆t=10min.

65.4 Estimativa do número CN para área urbana


Para área urbana existe sempre uma parcela do solo que é impermeável. Na área impermeável
o número CN do solo é CN=98. O coeficiente final CNw composto é a soma composta do coeficiente
da área permeável e da área impermeável com o peso correspondente da fração da área impermeável
da seguinte forma, conforme (McCuen, 1998).
A equação abaixo é válida quando a porcentagem total da área impermeabilizada é maior que
30% (trinta por cento) da área total.
CNw = CNp . ( 1-f ) + f . (98) (Equação 65.4)
Sendo:

CNw = número CN composto da área urbana em estudo;


CNp = número CN da área permeável da bacia em estudo e
f= fração da área impermeável da bacia em estudo.

Exemplo 65.3
Consideremos area impermeavel de 50%, isto é, f=0,50.
Como já foi mostrado anteriormente o tipo de solo da região é o tipo B conforme classificação
do SCS. Considerando CN=69 para área permeável.
Vamos achar o número CNw composto.
Sendo:

CNp =69
f= 0,50
CNw = CNp . ( 1 - f ) + f . (98)
CNw = 69. ( 1-0,50 ) + 0,50 . ( 98 )= 83,5=84
Portanto, o número CN que se poderia usar para o cálculo da chuva excedente CNw =CN=84.

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65.5 Estimativa do runoff ou escoamento superficial ou chuva excedente pelo método SCS
Conforme TR-55 do SCS de 1986 o método do número CN da curva de runoff é fornecido
pela equação:

( P – Ia ) 2
Q = ------------------ (Equação 65.5)
( P- Ia ) + S
Sendo:
Q= runoff ou chuva excedente (mm);
P= precipitação (mm);
Ia = abstração inicial (mm) e
S= potencial máximo de retenção após começar o runoff (mm).
A abstração inicial Ia representa todas as perdas antes que comece o runoff. Inclui a água
retida nas depressões da superfície e interceptada pela vegetação, bem como, a água evaporada e
infiltrada.
Empiricamente foi determinado nos Estados Unidos pela SCS que Ia é aproximadamente igual
a:
Ia =0,2 S (Equação 65.6)

Substituindo o valor de Ia obtemos:


( P- 0,2S ) 2
Q= -------------------------- válida quando P> 0,2 S (Equação 65.7)
( P+0,8S )

25400
sendo S= ------------- - 254 (Equação 65.8)

CN
A Equação (65.7) do valor de Q é válida quando a precipitação P > 0,2S.
Quando P < 0,2 S, o valor de Q=0.

65.6 Intensidade de chuva


Paulo Sampaio Wilken em 1972 obteve para a região Metropolitana de São Paulo por análise
de regressão com dados de 1934 a 1959 (26 anos)do pluviógrafo instalado no Parque do Estado na
Água Funda E3-035, obtendo a seguinte equação das chuvas:

Tr = período de retorno (anos);


t=duração da chuva (min).
ou pode se apresentar em outras unidades:

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h) (Equação 65.9)
( t + 15)0,89

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Exemplo 65.4
Calcular a precipitação em 2h para periodo de retorno Tr=100anos para a RMSP.

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
0,89
( t + 15)

Transformanndo 2h em minutos: 2h x 60min= 120min

1747,9 . 1000,181
I =------------------------ = 4022,69/ 78,70= 51,11 mm/h
( 120 + 15)0,89

Em 3horas teremos: P= I x 2h= 51,11 x 2= 102,22mm

P= 102,22mm

Exemplo 65.5
Calcular a chuva excedente para a RMSP com chuva de 2h usando o número da curva CN =84 do SCS.

25400
S= ------------- - 254

CN

25400
S= ------------- - 254 = 48,38mm

84

0,2 S= 0,2 x 48,38= 9,68mm


0,8 S=0,8 x 48,38= 38,70mm

( P- 0,2S ) 2
Q= -------------------------- válida quando P> 0,2 S
( P+0,8S )

( 102,22- 9,68 ) 2
Q= ---------------------------- = 60,78mm
( 102,22+38,70 )

O valor Q é chamado he no Método Vem Te Chow e portanto he=60,77mm

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Exemplo 65.6
Calcular o fator de redução Z, dado o tempo de ascensão tp=1,6h e chuva de 2h;

Para chuva de 2h o valor de t/tp = 2/ 1,60= 1,25

Z= 0,0037 + 0,8854. ( t/ tp) - 0,2684 . (t/tp)2 + 0,0378 . (t/tp)3


Z= 0,0037 + 0,8854. ( 1,25) - 0,2684 . (1,25)2 + 0,0378 . (1,25)3
Z= 0,76

65.6 Equação de Paulus


O Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) adota para área maior que
2
25 km , a equação de Paulhus (Linsley et al.,1975):

Párea = Pponto . k (Equação 65.10)

onde:
Párea = precipitação na área
Pponto = precipitação no ponto
Ao= 25km2

K = 1,0 – [ 0,1 . log (A / Ao ) ]

Se a area A for menor que 25km2 então K=1.

Exemplo 65.7
Calcular a vazão de pico para a RMSP para área de bacia com tp=1,6h, A=11,2km2, chuva de período
de retorno de 100anos, usando a equação de chuvas intensas de Paulo Sampaio Wilken.
Usar também correção se a área da bacia for maior que 25km2. O valor de CN adotado é CN=84.

Tabela 65.1- Calculos do metodo de Ven Te Chow


Tr (anos)= 100
K 1747,9
a 0,181
b 15
c 0,89
Duração chuva (h) 3
I (m/h) 36,85
Correção chuva 1,00
P (mm) 110,54
CN 84
S (mm) 48,38
he (mm) 68,16
Qb (m3/s) 2,00
tp (h) 1,6
t/tp 1,875
2
A (km ) 11,2
Z 0,97
Qp (m3/s) 74,8

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Tabela 65.2- Hidrograma curvilinio do SCS


SCS Hidrograma unitario Curvilinio adimensional conforme
McCuen pagina 537
t/tp Q/Qp t (min) Q(m3/s)

0,00 0,000 0,00 0,00


0,10 0,030 9,60 2,24
0,20 0,100 19,20 7,48
0,30 0,190 28,80 14,21
0,40 0,310 38,40 23,18
0,50 0,470 48,00 35,14
0,60 0,660 57,60 49,35
0,70 0,820 67,20 61,31
0,80 0,930 76,80 69,54
0,90 0,990 86,40 74,03
1,00 1,000 96,00 74,77
1,10 0,990 105,60 74,03
1,20 0,930 115,20 69,54
1,30 0,860 124,80 64,31
1,40 0,780 134,40 58,32
1,50 0,680 144,00 50,85
1,60 0,560 153,60 41,87
1,70 0,460 163,20 34,40
1,80 0,390 172,80 29,16
1,90 0,330 182,40 24,68
2,00 0,280 192,00 20,94
2,20 0,207 211,20 15,48
2,40 0,147 230,40 10,99
2,60 0,107 249,60 8,00
2,80 0,077 268,80 5,76
3,00 0,055 288,00 4,11
3,20 0,040 307,20 2,99
3,40 0,029 326,40 2,17
3,60 0,021 345,60 1,57
3,80 0,015 364,80 1,12
4,00 0,011 384,00 0,82
4,50 0,005 432,00 0,37
5,00 0,000 480,00 0,00

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Tabela 65.3- Interpolação Linear para interval de 10 em 10min


tempo vazao (tempo em minutos) m3/s
0,00 0,00 Tempo output
9,60 2,24 imput index calc
19,20 7,48 0 6 0,00
28,80 14,21 10 7 2,46
38,40 23,18 20 8 8,04
48,00 35,14 30 9 15,33
57,60 49,35 40 10 25,17
67,20 61,31 50 11 38,10
76,80 69,54 60 12 52,34
86,40 74,03 70 13 63,71
96,00 74,77 80 14 71,04
105,60 74,03 90 15 74,31
115,20 69,54 100 16 74,46
124,80 64,31 110 17 71,97
134,40 58,32 120 18 66,92
144,00 50,85 130 19 61,07
153,60 41,87 140 20 53,96
163,20 34,40 150 21 45,24
172,80 29,16 160 22 36,89
182,40 24,68 170 23 30,69
192,00 20,94 180 24 25,80
211,20 15,48 190 25 21,72
230,40 10,99 200 26 18,66
249,60 8,00 210 26 15,82
268,80 5,76 220 27 13,42
288,00 4,11 230 27 11,09
307,20 2,99 240 28 9,50
326,40 2,17 250 29 7,95
345,60 1,57 260 29 6,79
364,80 1,12 270 30 5,65
384,00 0,82 280 30 4,80
432,00 0,37 290 31 4,00
480,00 0,00 300 31 3,41
310 32 2,87
320 32 2,44
330 33 2,06
340 33 1,74
350 34 1,47
360 34 1,23
370 35 1,04
380 35 0,88
390 36 0,77
400 36 0,67
410 36 0,58
420 36 0,49
430 36 0,39
440 37 0,31

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Capitulo 65- Método de Ven Te Chow
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450 37 0,23
460 37 0,16
470 37 0,08
480 38 0,00

Tabela 65.4- Vazões em função do tempo do diagrama curvilinio de 10 em 10min


Grafico Grafico
tempo (min) Q(m3/s)
0 0,00
10 2,46
20 8,04
30 15,33
40 25,17
50 38,10
60 52,34
70 63,71
80 71,04
90 74,31
100 74,46
110 71,97
120 66,92
130 61,07
140 53,96
150 45,24
160 36,89
170 30,69
180 25,80
190 21,72
200 18,66
210 15,82
220 13,42
230 11,09
240 9,50
250 7,95
260 6,79
270 5,65
280 4,80
290 4,00
300 3,41
310 2,87
320 2,44
330 2,06
340 1,74
350 1,47
360 1,23
370 1,04
380 0,88
390 0,77
400 0,67
410 0,58
420 0,49

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430 0,39
440 0,31
450 0,23
460 0,16
470 0,08
480 0,00

Figura 65.1- Hidrograma da vazão em m3/s em funçao do tempo em minutos segundo o método
Ven Te Chow.

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65.7 Bibliografia e livros consultados


-PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Diretrizes básicas para projetos de drenagem
urbana no municipio de São Paulo. FCTH, PMPS, 1998, 279 páginas.
-WILKEN , PAULO SAMPAIO. Engenharia de Drenagem Superficial. São Paulo, Cetesb,1978, 477
páginas.

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Capitulo 66- Método de I PAI WU
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Capítulo 66
Método de I PAI WU

66-1
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Capítulo 66- Método I PAI WU

66.1 Introdução
Vamos comentar o Método I PAI WU usando os ensinamentos do prof. Hiroshi Yoshizane da
Unicamp de Limeira.
Para os engenheiros que gostam do método Racional, o Método de I PAI Wu é o método
Racional que sofre algumas modificações, permitindo cálculos de bacias hidrográficas 2 km2 até
200km2.

66.2 Equação básica


A equação básica do Método I PAI Wu é:

Q= (0,278.C. I . A0,9) . K
Qpico= Qb + Q

Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s)
Qb= vazão base (m3/s). Se não tiver informação adotar 0,1xQ.
I= intensidade de chuva (mm/h)
C= coeficiente de escoamento superficial (adimensional)
A= área da bacia (km2) ≤ 200km2
K= coeficiente de distribuição espacial da chuva (adimensional)
Para achar o coeficiente K precisamos de um ábaco especial feito pelo DAEE no Estado de
São Paulo.

66.3 Cálculo do coeficiente C de escoamento superficial


O coeficiente C é calculado pela seguinte equação:
C= 2.C2/ (1+F. C1)
Sendo:
C= coeficiente de escoamento superficial
C2= coeficiente volumétrico de escoamento
F= fator de forma da bacia

Coeficiente de forma C1
Conforme Kather, 2006 em bacias alongadas, o tempo de concentração é superior ao tempo de
pico, pois a chuva que cai no ponto mais distante da bacia chegará tarde o suficiente para não
contribuir para a vazão máxima Assim em bacias alongadas, deve-se esperar um valor de C1 menor
que 1 de acordo com a equação:
C1= tp/ tc = 4 / (2 + F)
tp= tempo de pico de ascensão (h)
tc= tempo de concentração (h)
Pelo SCS tp= 0,6 x tc, ou seja, tp/tc= 0,60=C1

Fator de forma da bacia

F= L / [2 (A/π) 0,5]
Sendo:

66-2
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L= comprimento do talvegue (km)


A= área da bacia (km2)
F= fator de forma da bacia

Coeficiente C2
O coeficiente volumétrico de escoamento ocorre em função do grau de impermeabilidade da
superfície conforme DAEE, São Paulo, 1994.
Podemos adotar C2=0,30 para grau baixo de impermeabilização; C2=0,50 para grau médio e
C2=0,80 para grau alto conforme Tabela (66.1).

Para estimar o coeficiente C2 consultar a Tabela (66.1).

Tabela 66.1- Grau de impermeabilização do solo em função do uso.


Grau de impermeabilidade Coeficiente volumétrico
da superfície de escoamento
C2
Baixo 0,30
Médio 0,50
Alto 0,80
Fonte: DAEE, 1994

66-3
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66.4 Abaco para determinar o coeficiente K

Figura 66.1- Abaco para achar o valor de K.


Entrar com area da bacia em Km2 e com tc achar K

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Figura 66.2- Abaco para achar o valor de K.


Entrar com area da bacia em Km2 e com tc achar K

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66.5 Tempo de concentração


Usamos normalmente a equação de Kirpich.
tc= 57 x (L2/ S) 0,385
Sendo:
tc= tempo de concentração (min)
L= comprimento do talvegue (km)
S= declividade equivalente do talvegue (m/Km)

66.6 Volume do hidrograma


O volume do hidrograma poder ser calculado pela equação:

V= (0,278 x C2 x I x tc x 3600 x A 0,9 x K) x 1,5


Sendo:
V= volume do escoamento (m3)
C2= coeficiente volumétrico do escoamento (adimensional)
I= intensidade da chuva crítica (mm/h)
tc= tempo de concentração (h)
A= área da bacia (km2)
K= coeficiente de distribuição espacial (adimensional)

Exemplo 66.1
Dimensionar a vazão do rio Baquirivu Guaçu junto a ponte da Via Dutra. A área tem 149,80km2,
declividade média S=0,002825m/m, L= 22,3km (talvegue), tc= 6,95h.

Tabela 66.2- Calculos do I PAI WU


Tr (anos) 100
K 1747,9
a 0,181
b 15
c 0,89
tc (min) 417,28
I (m/h) 18,14
3
Qb (m /s) 35,34
Talvegue(km) 22,30
Decl (m/m) 0,002825
Decl (m/km) 2,8250
Kirpich tc 417,28
(min)
tc (h) 6,95
2
A (km ) 149,8
F 1,61
C1 0,60
C2 0,80
C 0,81
Abaco K 0,95
Q (m3/s) 353,4
Qp (m3/s) 388,79

tc calculado pelo método de Kirpich

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Qb= vazão base considerada 0,1Q


Qp= Qb + Q
C1= 0,6
C2= 0,80

Hidrograma curvilinio
Apesar do método de I PAI WU ser baseado no método Racional, adotamos o hidrogram
curvilíneo do SCS.

Tabela 66.2- Hidrograma curvilíneo do SCS


t/tp Q/Qp t Q
(min) (m3/s)

0,00 0,000 0,00 0,00


0,10 0,030 0,42 11,66
0,20 0,100 0,83 38,88
0,30 0,190 1,25 73,87
0,40 0,310 1,67 120,53
0,50 0,470 2,09 182,73
0,60 0,660 2,50 256,60
0,70 0,820 2,92 318,81
0,80 0,930 3,34 361,58
0,90 0,990 3,76 384,91
1,00 1,000 4,17 388,79
1,10 0,990 4,59 384,91
1,20 0,930 5,01 361,58
1,30 0,860 5,42 334,36
1,40 0,780 5,84 303,26
1,50 0,680 6,26 264,38
1,60 0,560 6,68 217,72
1,70 0,460 7,09 178,85
1,80 0,390 7,51 151,63
1,90 0,330 7,93 128,30
2,00 0,280 8,35 108,86
2,20 0,207 9,18 80,48
2,40 0,147 10,01 57,15
2,60 0,107 10,85 41,60
2,80 0,077 11,68 29,94
3,00 0,055 12,52 21,38
3,20 0,040 13,35 15,55
3,40 0,029 14,19 11,28
3,60 0,021 15,02 8,16
3,80 0,015 15,86 5,83
4,00 0,011 16,69 4,28
4,50 0,005 18,78 1,94
5,00 0,000 20,86 0,00

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Figura 66.2- Hidrograma

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66.5 Bibliografia e livros consultados


-KATHER, CHRISTIAN. Uso do solo e da água na bacia do ribeirão Serragem, Vale do Paraiba,
janeiro de 2006
-YOSHIZANE, HIROSHI. Hidrologia e Drenagem. CESET. Unicamp, Limeira, 2006.

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Critério Unificado para Manejo das Águas Pluviais em Áreas Urbanas
Capitulo 67- Exemplo de aplicação do critério unificado
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Capítulo 67
Exemplo de aplicação do critério unificado
Pelo início da era cristã, Marcos Vetrúvio Pollio escreveu sobre o regime de chuva e água no escorrimento,
sugerindo a teoria da infiltração como o fundamento do acúmulo de água subterrânea.
Água subterrânea e poços tubulares. Johnson, 1969

67-1
Critério Unificado para Manejo das Águas Pluviais em Áreas Urbanas
Capitulo 67- Exemplo de aplicação do critério unificado
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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 67 - Exemplo critério unificado


67.1 Exemplo
67.2 Volume de água para qualidade das águas pluviais (WQv)
67.3 Controle da erosão CPv (Tr=1,5anos)
67.4 Determinação do volume do reservatório para enchente para Tr=2anos (Qp2v)
67.5 Verificar a viabilidade de se construir uma bacia de detenção alagada
67.6 Cálculo do pré-tratamento, ou seja, pré-tratamento
67.7 Cálculo do volume do reservatório temporário (EDv) ou detenção estendida
(Extended Detention ED)
67.8 Determinação da geometria da lagoa de detenção alagada.
67.9 Determinações básicas da bacia
67.10 Calcular o diâmetro do orifício para EDv para descarregar 457m3 em 24h
67.11 Calcular a equação da descarga para o orifício de 100mm do WQv– ED
67.12 Cálculo de CPv
67.13 Calcular a equação da descarga para o orifício de 75mm do CPv
67.14 Cálculo de Qp25
67.14. Vazão no orifício de 100mm
1
67.14. Vazão no orifício de 75mm
2
67.15 Bueiro - verificação se o controle está na entrada ou na saída
67.15. Controle na entrada
1
67.15. Controle na saída
2
67.16 Cálculo do vertedor para Qp100
67.17 Verificar regra dos 10%
67.18 Verificação da segurança da barragem
67.19 Cálculo do pré-tratamento
67.19. Dimensões do pré-tratamento
1
67.19. Escolha do comprimento do pré-tratamento
2
67.19. Medidas
3
67.19. Velocidade média no pré-tratamento:
4
67.20 Vazão catastrófica
67.21 Enchimento do reservatório
24 páginas

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Capítulo 67 - Exemplo do método unificado

67.1 Exemplo
Este exemplo foi adaptado dos estudos do Estado de New York, 2001 e do Estado da Geórgia, 2000.
Área residencial: A= 26,04ha
Área impermeável = AI= 18,4%
Número da curva CN= 72 (pré-desenvolvimento)
Número da curva CN= 78 (pós-desenvolvimento)
tc= tempo de concentração (horas ou minuto).

Tabela 67.1 - Dados hidrológicos


Pré-desenvolvimento Pós-desenvolvimento
CN 72 78
tc (h) 0,46h (27,6min) 0,35h (21min)
area 26,04ha 26,04ha
AI 18,4%

67.2 Volume de água para qualidade das águas pluviais (WQv)


Rv= coeficiente volumétrico
AI= 18,4%
Rv= 0,05 + 0,009 x AI = 0,05+ 0,009 x 18,4= 0,22

First flush P= 15mm (adotado para efeito de exemplo)


Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais= WQv (m3)
WQv= (P/1000) x Rv x A
Rv= 0,22
A= 26,04ha
WQv= (15mm/1000) x 0,22 x (26,04ha x 10000m2)= 860m3

Para o uso do método do Soil Conservation Service (SCS), usamos dados da Região Metropolitana de
São Paulo (RMSP). Os cálculos foram feitos para duas situações básicas: pré-desenvolvimento e pós-
desenvolvimento. Foi usada precipitação de duração de 24h. Obtivemos a vazão de pico, o volume do runoff e
a chuva excedente.

Tabela 67.2 – Vazões de pico em função do período de retorno para pré-desenvolvimento usando o
método do SCS para CN= 72 e tc= 0,46h
Período de Precipitação
retorno para chuva de Vazão de pico Volume do Chuva
Tr 24h runoff excedente
(anos) (mm) (m3/s) (m3) (cm)
1,5 54,58 0,38 2.359 0,91
2 64,10 0,62 3.570 1,37
5 87,70 1,45 7.195 2,77
10 103,30 1,61 7.646 3,83
25 123,00 2,96 13.710 5,28
50 137,60 3,64 16.658 6,41
100 152,10 4,33 19.692 7,58

67-3
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Tabela 67.3 – Vazões de pico em função do período de retorno para pós-desenvolvimento, usando o
método do SCS para CN= 78 e tc= 0,35h

Período de Precipitação para Vazão de pico Volume do Chuva


retorno Tr chuva de 24h runoff excedente
(anos) (mm) (m3/s) (m3) (cm)
1,5 54,58 0,90 3828 1,45
2 64,10 1,31 5386 2,04
5 87,70 2,45 9794 3,71
10 103,30 2,78 13015 4,93
25 123,00 4,33 17292 6,55
50 137,60 5,14 20592 7,80
100 152,10 5,96 23918 9,06

Método Santa Bárbara


Usando o Método Santa Bárbara calculamos as vazões de pico pré e pós-desenvolvimento para os
diversos períodos de retornos.

Tabela 67.4 - Vazões de pico em função do período de retorno para pré-desenvolvimento usando o
Método Santa Bárbara para CN= 72 e tc= 0,46h (27,6min)
Período de Precipitação Vazão de pico Volume do Runoff
retorno Tr para chuva de (m3/s) runoff (mm)
(anos) 24h (m3)
(mm)
1,5 54,58 0,26 2.326 9
2 64,10 0,44 3.572 14
5 87,70 1,01 7.194 28
10 103,30 1,45 9.965 38
25 123,00 2,05 113.713 53
50 137,60 2,52 16.663 64
100 152,10 2,99 19.727 76

Tabela 67.5 - Vazões de pico em função do período de retorno para pós-desenvolvimento usando o
Método Santa Bárbara para CN= 78 e tc= 0,35h (21min)
Período de Precipitação para Vazão de pico Volume do Runoff
retorno Tr chuva de 24h runoff
(anos) (mm) (m3/s) (m3) (mm)
1,5 54,58 0,94 5.688 22
2 64,10 1,26 7.402 28
5 87,70 2,15 12.083 46
10 103,30 2,78 15.413 59
25 123,00 3,60 19.798 76
50 137,60 4,22 23.146 89
100 152,10 4,85 26.532 102

Utilizamos os métodos SCS e Santa Bárbara para estes cálculos por serem muitos usados nos Estados
Unidos.

67-4
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Tempo de detenção x unidade de


descarga

0,6

0,5
Razão entrada e saida

0,4

T=12h
0,3
T=24h

0,2

0,1

0
0,2 1,2 2,2 3,2
Pico de descarga unitário (
m3/s/cm/km2)
Figura 67.1: Razão da entrada/saída com fornecimento do pico de descarga unitário e dos tempos de
detenção de 12h e 24h (mais comum).

67.3 Controle da erosão CPv (Tr= 1,5anos)


Supomos Tr= 1,5anos e detenção do volume em 24h.
Vamos usar o TR-55 com chuva Tipo II do SCS.
CN= 78 (pós-desenvolvimento)
A= 26,04ha
P= 54,58mm Tr= 1,5 ano chuva 24h RMSP
S= 25.400/ CN - 254= 25400/ 78 - 254= 71,64mm
Ia= 0,2 S = 0,2 x 71,64mm= 14,33mm
P= 54,58mm
Ia/ P= 14,33mm/ 54,58mm= 0,26

Usando o Método TR-55, que está no Capítulo 16 deste livro, e entrando com Ia/P= 0,26 para Tipo II
achamos:
Co= 2,46532
C1=-0,62257
C2= -0,11652
tc= 0,35h

67-5
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Log (Qu)= Co + C1 . log tc + C2 . (log tc) 2 - 2,366


Log (Qu)= 2,46532 – 0,62257 x log (0,35) – 0,11652 x (log 0,35) 2 - 2,366
Log (Qu)= 0,3589

Portanto a descarga unitária de pico é:

Qu = 2,29 m3/s /cm / km2

Vamos usar o recurso do TR-55 elaborado pelo Departamento de Meio Ambiente de Maryland – Maryland
Departament Environment (MDE) em 1987 por Harrington. É o que denomina a técnica do “short-cut”.
Para 24h de detenção do reservatório CPv, entramos com 2,29m3/s /cm / km2 na Figura (16.1) do Capítulo
16, TR-55 e achamos a relação α= Qantes/Qdepois =0,03 para detenção T= 24h.

Para chuva Tipo II o TR-55 para chuva de 24h apresenta a equação:


Volume do reservatório/Volume do runoff = Co + C1 . α + C2. α2 + C3 . α3
Volume do reservatório/Volume do runoff = 0,682 – 1,43 x 0,03 + 1,64 x 0,03 2 – 0,804 x 0,03 3
Volume do reservatório/Volume do runoff = 0,64
Mas volume do runoff= 3.828 m3 (pós-desenvolvimento, Tr= 1,5anos 24h)
Portanto, o volume do reservatório será:

Volume do reservatório= volume runoff x 0,64= 3.828 m3 x 0,64= 2.450m3

CPv = 2.450m3

O volume para o controle da erosão para a área de 26,04h deverá ser de 2.450m3 com tempo de
detenção de 24h.

Vazão média que sai do CPv


Como o volume de 2.450m3 - 430m3= 2.020 m3 deverá sair em 24h pelo orifício, a vazão média será:

Vazão média do CPv= 2.0203/ (86.400 segundos)= 0,023m3/s= 23L/s

67.4 Determinação do volume do reservatório para enchente para Tr= 2anos (Qp2v)
Consultando as Tabelas (2.2) e Tabela (67.3) referente ao pré e pós-desenvolvimento.
Qp2pre= 0,62m3/s
Qp2pós= 1,31m3/s

α= Qantes/Qdepois = 0,62 m3/s / 1,31 m3/s= 0,47

Usando TR-55 para se determinar o volume do reservatório.


Para chuva Tipo II o TR-55 para chuva de 24h apresenta a Equação:

Volume do reservatório/Volume do runoff= Co + C1 . α + C2. α2 + C3 . α3

Volume do reservatório/Volume do runoff= 0,682 – 1,43 x 0,47 + 1,64 x 0,47 2 – 0,804 x 0,47 3

Volume do reservatório/Volume do runoff= 0,29

Mas volume do runoff = 5.386m3 (pós-desenvolvimento, Tr= 2anos 24h)

Para corrigir o volume a ser achado pelo método short-cut do TR-55, temos que aumentar o volume em
15% quando a estrutura incorpora usos múltiplos, como é o caso em questão, onde temos controle da
qualidade, erosão e enchentes.
Volume do reservatório= volume runoff x 0,29= 5.386m3 x 0,29 x 1,15= 1.796m3
Portanto, o volume do reservatório para enchente Tr= 1,5anos.

Qp2 v = 1.796m3

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Procedendo da mesma forma achamos os volumes dos reservatórios para os diversos períodos de
retorno de 5anos, 10anos, 25anos, 50anos e 100anos, conforme Tabela (67.6).

Tabela 67.6 - Resumo das vazões de pico e volume dos reservatórios


Pré-desenvolvimento Pós-desenvolvimentos
Período Precipitação Vol
de para chuva de Vazão Volume do Vazão Volume do Chuva Qpré/Qpós res/vol Volume do
retorno de pico runoff de pico runoff excedente runoff reservatório
Tr 24h
3 3 3 3 3
(anos) (mm) (m /s) (m ) (m /s) (m ) (cm) α (m )
1,5 54,58 0,38 2.359 0,86 1,45
3828 2450
2 64,1 0,62 3.570 Qp2 = 1,31 2,04
5386 0,47 0,29 1796
5 87,7 1,45 7.195 Qp5= 2,45 3,71
9794 0,59 0,24 2742
10 103,3 1,61 7.646 Qp10 = 2,78 4,93
13015 0,58 0,25 3708
25 123 2,96 13.710 Qp25= 4,33 6,55
17292 0,68 0,22 4375
50 137,6 3,64 16.658 Qp50= 5,14 7,8
20592 0,71 0,21 4884
100 152,1 4,33 19.692 Qp100= 5,96 9,06
23918 0,73 0,20 5512
(*) Devido a detenção de 24h.

Tabela 67.7 - Sumário


Volume
Símbolo Categoria necessário Notas
(m3)
WQv Controle da Qualidade da água 860 P= 15mm
CPv Controle da erosão 2.450 Tr= 1,5anos e descarga em 24h.
Qp25 Pico de enchente 4.375 Tr= 25anos
Qp100 Pico máximo 5.512 Tr= 100anos

67.5 Verificar a viabilidade de se construir uma bacia de detenção alagada


A área da bacia tem 26,04ha, vamos supor que o nível do lençol freático está a 0,90m abaixo da cota de
fundo da bacia que é 700,00m.
O fundo é composto de solo argiloso e que não é preciso de revestimento, podendo, portanto, ser
construído um reservatório de detenção alagado, observando-se que a área tem mais de 25ha, o clima não é
árido e nem semi-árido e portanto pode garantir uma vazão base.
A vazão base ou escoamento base constitui o escoamento das águas subterrâneas. Quando há uma
precipitação, uma parte das águas se infiltra e dá origem a vazão base.

67.6 Cálculo do pré-tratamento


Admitimos 10% de WQv mas, sendo WQv= 860m3 então o volume do pré-tratamento será:
0,1 x 860m3= 86m3

67.7 Cálculo do volume do reservatório temporário (EDv) ou detenção estendida (Extended Detention ED)
O dimensionamento do EDv é de 50% do volume de WQv e então teremos:

EDv= 0,50 x WQv= 0,5 x 860m3= 430m3

Portanto, para a qualidade de água temos dois reservatórios, um com nível permanente e com volume de
430m3 e outro com volume temporário de 430m3, chamado EDv.

67.8 Determinação da geometria da lagoa de detenção alagada.


O reservatório deve ter capacidade de ser instalada o pré-tratamento com 86m3 ,bem como o reservatório
fixo para qualidade de água com 430m3 e, o reservatório temporário para qualidade de água, denominado

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EDv com 430m3. Nota: não aplicamos o critério de Hazen para a área “As” superficial da bacia alagada para a
facilidade de se mostrar o exemplo.
O reservatório deverá também ter espaço para o controle de erosão para o volume CPv= 2.450m3. Para o
volume de controle de erosão de 2.450m3 poderá ser descontado o volume de 430m3 do reservatório
temporário EDv, e teremos: CPv – EDv= 2.450m3 – 430m3= 2.020m3.
Para o controle de enchente admitimos Tr= 25anos e deverá haver um reservatório com 4.375m3, já
calculado pelo TR-55. Este reservatório de controle de enchente com 4.375m3 está incluso o volume do
reservatório temporário EDv de 430m3 e mais o volume do CPv de 2.450m3.
Necessitaremos de 4375m3 – 2.020m3-430m3= 1.925m3.
Para a chuva extrema de Tr= 100anos, o volume necessário é Qp100v= 5.512m3, e o volume do Qp25v=
4.375m3.
Teremos que acrescer a diferença: 5.512m3 – 4.375m3= 1.137m3.

Deverá haver vertedor especial lateralmente da barragem para a chuva de 100anos.

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Tabela 67.8 - Curva cota-volume


Cota Volume Cota Volume Cota Volume Cota Volume
acumulado acumulado acumulado acumulado
3 3 3 3
(m) (m ) (m) (m ) (m) (m ) (m) (m )
700,00 52 701,20 949 702,40 2430 703,60 4619
700,10 108 701,30 1048 702,50 2584 703,70 4838
700,20 166 701,40 1152 702,60 2742 703,80 5062
700,30 229 701,50 1260 702,70 2906 703,90 5292
700,40 294 701,60 1372 702,80 3075 704,00 5528
700,50 363 701,70 1488 702,90 3249 704,10 5770
700,60 435 701,80 1609 703,00 3428 704,20 6019
700,70 512 701,90 1734 703,10 3613 704,30 6273
700,80 591 702,00 1864 703,20 3803 704,40 6534
700,90 675 702,10 1998 703,30 3999 704,50 6801
701,00 762 702,20 2137 703,40 4200 704,60 7075
701,10 854 702,30 2281 703,50 4407 704,70 7355
704,80 7642
704,90 7935

Curva cota volume

8000
7000
6000
Volume (m3)

5000
4000
3000
2000
1000
0
700 701 702 703 704 705
Cota (m)

Figura 67.2 - Curva cota-volume

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Tabela 67.9 - Dimensões do reservatório, cotas e volumes


Cota geratriz inferior descarga na
699,70 saída
699,85 Cota fundo da Torre Relação Comprimento
Largura lagoa da lagoa Tan(θ) Res. Vol.
Cota Altura Normal Volume Volume
Comp/Lar
h g bw bL
(m) (m) Ra (m) (m) 3H: 1V (m3) (m3)
Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Coluna Col. Coluna
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
700,00 0 3 13 39 3 52
700,10 0,1 3 13 39 3 108
700,20 0,2 3 13 39 3 166
700,30 0,3 3 13 39 3 229
700,40 0,4 3 13 39 3 294
700,50 0,5 3 13 39 3 363
700,60 0,6 3 13 39 3 435
700,70 0,7 3 13 39 3 512
700,80 0,8 3 13 39 3 591
700,90 0,9 (nível máximo res.permanente) 3 13 39 3 675 RP 576 0
701,00 1,0 3 13 39 3 762 84
701,10 1,1 3 13 39 3 854 171
701,20 1,2 3 13 39 3 949 263
701,30 1,3 3 13 39 3 1048 358
701,40 1,4 3 13 39 3 1152 ED 430 430
701,50 1,5 3 13 39 3 1260 561
701,60 1,6 3 13 39 3 1372 669
701,70 1,7 3 13 39 3 1488 781
701,80 1,8 3 13 39 3 1609 897
701,90 1,9 3 13 39 3 1734 1018
702,00 2,0 3 13 39 3 1864 1143
702,10 2,1 3 13 39 3 1998 1273
702,20 2,2 3 13 39 3 2137 1407
702,30 2,3 3 13 39 3 2281 1546
702,40 2,4 3 13 39 3 2430 1690
702,50 2,5 3 13 39 3 2584 1839
702,60 2,6 3 13 39 3 2742 1993
702,70 2,7 3 13 39 3 2906 2151
702,80 2,8 3 13 39 3 3075 2315
702,90 2,9 3 13 39 3 3249 CPv 2450 2450
703,00 3,0 (nivel máximo CPv) 3 13 39 3 3428 2658
703,10 3,1 3 13 39 3 3613 2837
703,20 3,2 3 13 39 3 3803 3022
703,30 3,3 3 13 39 3 3999 3212
703,40 3,4 3 13 39 3 4200 3408
703,50 3,5 3 13 39 3 4407 3609
703,60 3,6 3 13 39 3 4619 3816
703,70 3,7 3 13 39 3 4838 4028
703,80 3,8 3 13 39 3 5062 4247
703,90 3,9 (nivel máximo Q25anos) 3 13 39 3 5292 Qp25 4375 4375
704,00 4,0 3 13 39 3 5528 4701
704,10 4,1 3 13 39 3 5770 4937
704,20 4,2 3 13 39 3 6019 5179

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704,30 4,3 3 13 39 3 6273 5428


704,40 4,4 (nível máximo Q100anos) 3 13 39 3 6534 5682
704,50 4,5 3 13 39 3 6801 5943
704,60 4,6 3 13 39 3 7075 6210
704,70 3 13 39 3 7355 6484
704,80 3 13 39 3 7642
704,90 4,9 (topo da barragem) 3 13 39 3 7935

67.9 Determinações básicas da bacia:


A cota de fundo da bacia de detenção alagada é 700,00m.
Há condições de esvaziamento da bacia de detenção alagada através de tubulação na cota 699,85m, que
é a cota do fundo da torre.
A cota de fundo da torre de drenagem do reservatório é 699,85m.
Vamos supor que temos a tabela de volume em função da cota, isto é, a curva cota-volume conforme
Tabela (67.9).
Como o reservatório de qualidade de águas pluviais deve ter aproximadamente 1,00m de altura
escolhemos a altura de 0,90 e vemos que corresponde a cota 700,90m onde existe um volume de 576m3,
mais do que suficiente para atender os 430m3 necessários, havendo inclusive uma folga para sedimentação.
O reservatório temporário EDv, precisa de 430m3 e na cota 701,40m temos 430m3 a partir do nível do
reservatório fixo de qualidade de água. Estamos supondo que teremos um reservatório fixo e um reservatório
temporário EDv. Temos um volume um pouco maior que o necessário. OK.
Para o cálculo do CPv para controle de erosão precisamos de um volume de 2450m3 e na cota 702,90m
temos um volume de 2.450m3.
Para o combate a enchente Qp25 admitido, precisamos de 4268m3, mas na cota 703,90m temos volume
de 4.375m3.
Colocaremos um vertedor para extravasamento da enchente máxima de 100anos Qf100 e então
atingiremos a cota 704,40, que será o nível máximo de água.
Deixaríamos ainda uma folga de pelo menos 0,30m e a cota do topo da barragem será 704,70m.
Com os dados escolhidos podemos fazer uma Tabela (67.10) simplificadora com cotas, volume
necessário e existente bem como altura.

Tabela 67.10 – Cotas, volume necessário, volume existente e altura

Volume Volume do reservatório a


Cota escolhida A partir partir do reservatório Altura Volume
Cota cota permanente Necessário
700
(m) (m3) (m3) (m) (m3)
Fundo do reservatório 700,00 0 0
Res. permanente 700,90 675 0 0,90 430
ED temporário 701,40 1152 477 1,40 430
CPV erosão 702,90 3249 2574 2,90 2450
Qp25 704,60 7075 6400 4,60 4375

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67.10 Calcular o diâmetro do orifício para EDv para descarregar 430m3 em 24h
A vazão média para descarregar o reservatório temporário ED que tem volume de 430m3 em 24horas,
conforme Tabela (67.10):
430m3/ (86.400 segundos)= 0,0053 m3/s= 5,3 litros/segundo
A cota inferior será 700,90m, onde está o nível do reservatório fixo.
Sendo a cota superior de 701,40m a inferior de 700,90m teremos a média de:
(701,40m –700,90) /2 = 0,5/2= 0,25m
A equação do orifício é:
Cd= 0,62
h=0,25m
g=9,81m/s2
Q= Cd A . (2gh) 0,5 = 0,62 x A x (2 x 9,81 x 0,25) 0,5= 0,0053m3/s
1,37 A= 0,0053m3/s
Portanto, achando o valor de A.
A= 0,0053m3/s / 1,37= 0,004m2
Área= π x D2/4 = 3,14 /4x D2= 0,004m2
Portanto D= 0,07m

Como o diâmetro de 75mm é o mínimo que se pode usar, vamos escolher um diâmetro de 100mm,
prevendo um registro (válvula) para regular a vazão caso seja necessário.

Área= π x D2/4= 3,14 x 0,12 /4= 0,01m2

67.11 Calcular a equação da descarga para o orifício de 100mm do WQv– ED


Q wqv-ED= Cd x A (2gh)0,5= 0,62 x 0,01m2 x (2 x 9,81 x h) 0,5= 0,027 h 0,5
Q wqv-ED= 0,027 h 0,5
O desnível é de 0,50m, mas para aplicar a equação do orifício ela vai até o meio da seção e isto deverá
ser levado em conta: 0,10m/ 2= 0,05m.
Nota: usa-se a metade do orifício para calcular a carga.

67.12 Cálculo de CPv


O orifício para descarga da parte do reservatório destinada a erosão CPv.
O volume de descarga do CPv= 2.450m3 sendo a cota do topo de 702,90m e do fundo 701,40m, havendo
desnível de 1,50m.
A vazão média para descarregar o reservatório para controle da erosão CPv que tem volume de 2.484m3
em 24h conforme Tabela (67.10).
2.450m3/ (86.400s) = 0,029m3/s

No EDv temos um orifício com diâmetro de 0,10m e a vazão em função da altura h é:

QED= 0,027 x h 0,5

O valor de h é contado da metade do diâmetro 0,10/2.


h= [702,90 – (700,90 + 0,10/2)] / 2= 0,975m
Então a vazão será:
QED= 0,027 x h 0,5
QED= 0,027 x 0,975 0,5= 0,027m3/s

Portanto a vazão no orifício será:


CPv – EDv =0,029m3/s – 0,027m3/s = 0,002m3/s
A cota inferior será 701,40m onde está o nível do reservatório temporário ED.
Sendo a cota superior de 702,90m a média de:
(702,90m –701,40) /2 = 1,50/2 = 0,75m
A equação do orifício é:
Cd= 0,62 h=0,75m g=9,81m/s2
Q= Cd A . (2gh) 0,5= 0,62 x A x (2 x 9,81 x 0,75) 0,5= 0,002m3/s
2,38 A= 0,002m3/s

67-12
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Portanto achando o valor de A


A= 0,002/2,38= 0,00084m2
Área= π x D2/4= (3,14 /4) x D2= 0,00084
Portanto D= 0,03m, mas como o diâmetro mínimo de um orifício é 75mm para não haver entupimento,
adotamos D= 0,075m.
Poderíamos instalar registros (válvulas para controlar a vazão até o valor desejado) e até desprezar o
efeito do controle da erosão, visto que a vazão original 0,029m3/s, ou seja, 29 L/s é menor que 56 L/s. Mas,
para efeito de exemplo, vamos considerar o controle da erosão.

67.13 Calcular a equação da descarga para o orifício de 75mm do CPv


Área= π x D2/4= (3,14 /4) x 0,0752= 0,0044m2
QCPv= Cd x A (2gh)0,5= 0,62 x 0,0044m2 x (2 x 9,81 x h) 0,5= 0,012h 0,5
Qcpv= 0,012 h 0,5

Gráfico armazenamento x vazão de


saída

7
Vazão efluente (m3/s)

6
5
4
3
2
1
0
0 5 10 15 20 25 30
(2S/delta t + Q)

Figura 67.3 - Curva (2S/Δt + Q) x vazão

67-13
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Capitulo 67- Exemplo de aplicação do critério unificado
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Tabela 67.11 - Cotas, volume, orifícios, vertedores, vazões de saída.


Controle Controle
na entrada na saída Qf100 Qf100 Descarga
Vertedor de
Volume Cota Vazão Cota Cota Bueiro Bueiro Bueiro Bueiro Emergência Total
3 3 3 3
acumul (m) (m /s) (m) (m /s) (m) m /s (m) (m /s) Cota Vazão Cota Vazão Cota Vazão
3 3 3 3 3
(m ) ED ED CPV CPV Qp25 Qp25 Qp25 Qp25 (m) (m /s) (m) (m /) (m) (m /s) (m /s)
52
108
166
229
294
363
435

512

591
675 0,000 0,000 0,000
762 0,100 0,007 0,007
854 0,200 0,012 0,012
949 0,300 0,015 0,015
1048 0,400 0,018 0,018
1152 0,500 0,020 0,000 0,000 0,020
1260 0,600 0,022 0,100 0,008 0,030
1372 0,700 0,024 0,200 0,018 0,042
1488 0,800 0,026 0,300 0,024 0,050

1609 0,900 0,028 0,400 0,029 0,056

1734 1,000 0,029 0,500 0,033 0,062

1864 1,100 0,031 0,600 0,036 0,067

1998 1,200 0,032 0,700 0,040 0,072


2137 1,300 0,034 0,800 0,043 0,076

2281 1,400 0,035 0,900 0,045 0,080

2430 1,500 0,036 1,000 0,048 0,084

2584 1,600 0,037 1,100 0,051 0,088

2742 1,700 0,039 1,200 0,053 0,092

2906 1,800 0,040 1,300 0,055 0,095

3075 1,900 0,041 1,400 0,058 0,098

3249 2,000 0,042 1,500 0,060 0,102

3428 2,100 0,043 1,600 0,062 0,105

3613 2,200 0,044 1,700 0,064 0,108

3803 2,300 0,045 1,800 0,066 0,111

3999 2,400 0,046 1,900 0,068 0,114

4200 2,500 0,047 2,000 0,069 0,000 0,000 0,116


4407 2,600 0,048 2,100 0,071 0,100 0,253 0,372
4619 2,700 0,049 2,200 0,073 0,200 0,716 0,837
4838 2,800 0,050 2,300 0,075 0,300 1,315 1,439
5062 2,900 0,051 2,400 0,076 0,400 2,024 2,151
5292 3,000 0,052 2,500 0,078 0,500 2,828 4,050 3,237 3,750 3,389 2,958
5528 3,100 0,052 2,600 0,079 0,600 3,704 0,350 3,680 4,150 3,284 3,850 3,434 0,000 0,000 3,416

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5770 3,200 0,053 2,700 0,081 0,700 4,668 0,450 4,173 4,250 3,330 3,950 3,478 0,100 0,124 3,588
6019 3,300 0,054 2,800 0,083 0,800 5,703 0,550 4,613 4,350 3,375 4,050 3,522 0,200 0,350 3,861
6273 3,400 0,055 2,900 0,084 0,900 6,805 0,650 5,015 4,450 3,420 4,150 3,565 0,300 0,642 4,201
6534 3,500 0,056 3,000 0,086 1,000 7,970 0,750 5,387 4,550 3,464 4,250 3,608 0,400 0,989 4,594
6801 3,600 0,057 3,100 0,087 1,100 9,195 0,850 5,735 4,650 3,508 4,350 3,650 0,500 1,382 5,034
7075 3,700 0,057 3,200 0,088 4,750 3,551 4,450 3,692 0,600 1,817 5,514
7355 3,800 0,058 3,300 0,090 4,850 3,593 4,550 3,733 0,700 2,290 6,031
7642 3,900 0,059 3,400 0,091 4,950 3,635 4,650 3,774 0,800 2,798 6,583

67.14 Cálculo de Qp25


Trata-se de dimensionar um vertedor para descarga da parte do reservatório destinada ao controle de
enchentes Qp25.
O volume de descarga do Qp25= 4.375m3, sendo a cota do topo de 703,90m e do fundo 702,90m, havendo
desnível de 3,00m.
A vazão pré-desenvolvimento de Qp25 pós-desenvolvimento é 4,33m3/s.
Tem que sair 2,96m3/s para o pré-desenvolvimento.
Supomos que a cota do vertedor seja 703,40m. Temos então um espaço que vai de 703,40m até
703,90m, ou seja, 0,50m.
A vazão para Qp25 será:
2,96m3/s – (vazão do orifício de 100mm + vazão do orifício de 75mm)

67.14.1 Vazão no orifício de 100mm


h= [703,90 – (700,90 +0,10/2)]/2= 1,45m
QED= 0,027 x h 0,5
QED= 0,027 x 1,45 0,5= 0,0325m3/s

67.14.2 Vazão no orifício de 75mm


h= [703,90 – (701,40 +0,075/2)]/2 = 1,23m

Qcpv= 0,012 x h 0,5


Qcpv= 0,012 x 1,23 0,5= 0,0133m3/s

2,96m3/s – (0,0325m3/s + 0,0133m3/s)= 2,91m3/s


Vamos calcular o vertedor retangular.
De Tomaz, 2002 p.198, sendo hp= 3,40m e h=0,70m, e h/hp= 0,5/3,40=0,15 nos fornece da tabela o valor
kw= 0,40.

Q= kw L (2g)0,5 h 3/2
h= 0,5m
2,91m3/s= 0,40 x L (2 x 9,81)0,5 x 0,7 (3/2)
2,91m3/s= 1,036L
L= 2,81m
Adotando para a largura do vertedor 3 x 0,94m e altura de 0,70m.
O fundo do vertedor está na cota 703,40m e cota superior é 703,90m
A equação do vertedor
Q= kw L (2g)0,5 h 3/2
Q= 0,40 x 3 x 0,94 x (2 x 9,81)0,5 x h (3/2)
Q= 5,00 x h (3/2)
Sendo h a contar da crista do vertedor que é a cota 702,90m.
A vazão máxima que corre pelo vertedor quando h= 0,70m é:
Q= 5,00 x h (3/2)
Q= 5,00 x 0,70 (3/2) = 2,93 m3/s

Vamos dimensionar a tubulação que sai da tomada de água e que fica em baixo da barragem.
O nível da tubulação está a 0,45m abaixo da cota 700,00m, ou seja, 699,55m. A cota de topo é 704,70m,
ou seja, 0,10m mais alto que 704,60m e então teremos um desnível de 704,70 - 699,50= 5,20m.

67-15
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Uma outra verificação que temos é checar a condição de orifício para carga acima do vertedor retangular
do Qp25. Usa-se o valor de h menos a metade da altura do bueiro, ou seja, h= 0,5/2.
A Equação do orifício é:
Q= Cd . A . (2gh)0,5
Cd=0,62
A= 0,94m x 3 x 0,70 = 1,97m2
Q=0,62 x 1,97 (2 x 0,98) 0,5 x h 0,5
Q= 5,41 x h 0,5

Para h= [703,90 – (702,90 + 0,70/2)] /2= 0,325m


Q= 5,41 x h 0,5
Q= 5,41 x 0,325 0,5= 3,084m3/s

Para o orifício 3,084m3/s > 2,93m3/s (máximo do vertedor).


Se fossemos usar a vazão acima do nível do vertedor, usaremos orifício e não vertedor.

67.15 Bueiro - verificação se o controle do bueiro está na entrada ou na saída


Trata-se de cálculo de um bueiro com carga de 5,20m e vazão de 3,00m3/s.
Temos que achar o diâmetro, sendo a declividade disponível no local é de 0,71% e o comprimento
L=21,00m.
O valor de Hw= cota Qp25- cota de fundo da torre= 703,90m- 699,85m= 4,05m
HW/D= 4,05/0,90= 4,5
Vamos supor que o tubo seja D=0,90 e vamos verificar.
Área A= π D2/ 4= 0,64m2
Conforme Tomaz, 2002 para dimensionamento de bueiros temos:

Nota: o diâmetro minimo do descarregador de fundo (bueiro) é de 0,80m conforme recomendações do


DAEE, 2005.

67.15.1 Controle na entrada:


Q/AD 0,5= 3,00/ (0,64 x 0,90 0,5)= 4,92 >2,21, então o bueiro está submerso- orifício
Tubo
C= 0,0379 metal - ferro fundido
Y= 0,69
Z= -0,5.S= - 0,5 x 0,0071= -0,004
Q= 0,43 x D 2,5 x [(Hw/D – Y + 0,5x 0,0071)/c] 0,5
Q= 0,43 x 0,902,5 x [(4,05/0,9 – 0,69 + 0,5x 0,0071)/0,0379] 0,5
Q= 3,31m3/s (controle na entrada)

67.15.2 Controle na saída


Verificar a vazão considerando o comprimento, declividade e outras perdas.
Q= A (2.g (ys + S. L – ye)/KL) 0,5
KL = Kt + Ke + Kf + Kb + Ko
Para efeito de estimativa, supomos que 50% da grade está bloqueada com o lixo. Portanto:
An/Ag= 0,50
Substituindo na Equação acima temos:
Kt= 1,45 – 0,45 (An/Ag) – (An/Ag)2
Kt= 1,45 – 0,45 x 0,50 – (0,50)2 = 0,97
Calcular o fator de entrada Ke.
O coeficiente de descarga Cd varia de 0,4 a 0,6,sendo o valor usual mais usado Cd= 0,60.
Ke= 1 / Cd2 - 1
Ke= 1 / 0,622 - 1= 1,63
Para tubulação de D= 0,90m e coeficiente n=0,015 calcular o fator Kf, sendo L= 21m
f= 125 x n2/ D (1/3)
f= 125 x 0,0152/ 0,9 (1/3)
f= 0,03
Mas
Kf= f x L/D

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Kf= 0,03 x 21/0,9= 0,7

Na saída se o tubo está submerso Ko= 0,5 se não está Ko= 1,0.
KL= Kt + Ke + Kf + Kb + Ko
KL= 0,97 + 1,63 + 0,7 + 0,0 + 0,5= 3,8
Q= A[2.g (ys + S. L – ye)/KL] 0,5
Q= 0,64 [2. 9,81 (5,2 + 0,0071. 21 – 1,00)/3,8] 0,5= 3,03m3/s

Q= 3,03m3/s < 3,31m3/s, então o controle é na saída.

Portanto, o diâmetro da tubulação de ferro fundido de 21m de comprimento é D= 0,90m e a declividade é


0,0071m/m.

Tabela 67.12 – Histograma - entrada e saída


tempo entrada Saída tempo entrada Saída
3 3 3 3
min. m /s m /s min. m /s m /s
0,00 0,00 730,00 2,60 2,11
10,00 0,00 740,00 1,41 1,28
20,00 0,00 750,00 1,10 0,97
30,00 0,00 760,00 0,79 0,74
40,00 0,00 770,00 0,63 0,63
50,00 0,00 780,00 0,59 0,55
60,00 0,00 790,00 0,48 0,47
70,00 0,00 800,00 0,42 0,42
80,00 0,00 810,00 0,40 0,38
90,00 0,00 820,00 0,35 0,35
100,00 0,00 830,00 0,31 0,33
110,00 0,00 840,00 0,30 0,31
120,00 0,00 850,00 0,27 0,28
130,00 0,00 860,00 0,25 0,26
140,00 0,00 870,00 0,25 0,25
150,00 0,00 880,00 0,22 0,23
160,00 0,00 890,00 0,21 0,22
170,00 0,00 900,00 0,21 0,21
180,00 0,00 910,00 0,20 0,20
190,00 0,00 920,00 0,19 0,20
200,00 0,00 930,00 0,19 0,19
210,00 0,00 940,00 0,18 0,18
220,00 0,00 950,00 0,18 0,18
230,00 0,00 960,00 0,18 0,18
240,00 0,00 970,00 0,18 0,18
250,00 0,00 980,00 0,18 0,18
260,00 0,00 990,00 0,18 0,17
270,00 0,00 1000,00 0,16 0,16
280,00 0,00 1010,00 0,15 0,16
290,00 0,00 1020,00 0,15 0,15
300,00 0,00 1030,00 0,15 0,15
310,00 0,00 1040,00 0,15 0,15
320,00 0,00 1050,00 0,15 0,15
330,00 0,00 1060,00 0,14 0,14
340,00 0,00 1070,00 0,14 0,14
350,00 0,00 1080,00 0,13 0,13

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360,00 0,00 1090,00 0,13 0,13


370,00 0,00 1100,00 0,12 0,12
380,00 0,00 1110,00 0,12 0,12
390,00 0,00 1120,00 0,12 0,12
400,00 0,00 1130,00 0,12 0,12
410,00 0,00 1140,00 0,12 0,12
420,00 0,00 1150,00 0,12 0,12
430,00 0,00 1160,00 0,12 0,12
440,00 0,00 1170,00 0,12 0,12
450,00 0,00 1180,00 0,11 0,12
460,00 0,00 1190,00 0,11 0,12
470,00 0,00 1200,00 0,11 0,12
480,00 0,00 1210,00 0,10 0,12
490,00 0,00 0,00 1220,00 0,09 0,12
500,00 0,01 0,00 1230,00 0,09 0,12
510,00 0,01 0,00 1240,00 0,09 0,12
520,00 0,01 0,00 1250,00 0,09 0,12
530,00 0,02 0,00 1260,00 0,09 0,11
540,00 0,02 0,00 1270,00 0,09 0,11
550,00 0,03 0,00 1280,00 0,09 0,11
560,00 0,03 0,01 1290,00 0,09 0,11
570,00 0,04 0,01 1300,00 0,09 0,11
580,00 0,04 0,01 1310,00 0,09 0,11
590,00 0,05 0,01 1320,00 0,09 0,11
600,00 0,06 0,01 1330,00 0,09 0,11
610,00 0,07 0,01 1340,00 0,09 0,11
620,00 0,08 0,01 1350,00 0,09 0,11
630,00 0,09 0,02 1360,00 0,09 0,11
640,00 0,12 0,02 1370,00 0,09 0,11
650,00 0,15 0,02 1380,00 0,09 0,11
660,00 0,17 0,03 1390,00 0,09 0,11
670,00 0,23 0,04 1400,00 0,09 0,11
680,00 0,28 0,05 1410,00 0,09 0,11
690,00 0,31 0,08 1420,00 0,08 0,11
700,00 1,94 0,11 1430,00 0,08 0,11
710,00 3,44 2,92 1440,00 0,08 0,11
720,00 4,33 3,34

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Histograma Tr=25anos 24h

5
Vazão (m3/s)

4
3 Vazão afluente
2 Vazão efluente
1
0
0 500 1000 1500
Tempo em minutos
Figura 67.4 - Histograma das vazões afluente e efluente.

67.16 Cálculo do vertedor para Qp100


A vazão de pós-dimensionamento para Qp100 é 5,96m3/s que deverá ser usada no vertedor lateral de
emergência, feito fora da barragem (ao lado).
Como temos um reservatório para armazenamento de água, deve-se fazer o routing para Tr= 100anos.
A solução é estimar uma vazão no vertedor para Qp100 e depois fazer o routing para obtermos a vazão
real.
A vazão de pré-desenvolvimento para Tr= 100anos é de 4,33m3/s.
Para a cota máxima do Q25 obtemos a vazão total de 3,416m3/s.
A diferença aproximada é que passará pelo vertedor: 5,96m3/s – 3,416m3/s= 2,55m3/s
Portanto, supomos que deverá passar pelo vertedor de emergência a vazão de 2,55m3/s
Como a altura mínima de um vertedor é de 0,30m, supomos que a altura do vertedor h seja igual a 0,50m.
h= 0,50m
Q= kw L (2g)0,5 h 3/2
2,55= 0,50x L (2x 9,81)0,5 x 0,50 3/2
L= 3,24m
Adotamos L= 3,25m e altura 0,50m.
Q= kw L (2g)0,5 h 3/2

Q= 0,5 x 3,25 (2x 9,81)0,5 h 3/2

Q= =7,2 x h 3/2

67.17 Verificar regra dos 10%


Como a área da bacia tem 26,04ha > 20ha, temos que fazer uma verificação a jusante do que acontecerá
a pontes, viadutos, obras públicas.
Pela regra dos 10% devemos examinar até área de 260,4ha, de maneira que 10% seja igual a 26,04ha.
Para isto, deverá ser aplicado o método de Muskingun-Cunge (Capítulo 10, deste livro).

67-19
Critério Unificado para Manejo das Águas Pluviais em Áreas Urbanas
Capitulo 67- Exemplo de aplicação do critério unificado
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67.18 Verificação da segurança da barragem


Alguns estados americanos possuem normas de segurança das barragens onde está o volume
armazenado máximo, a altura da barragem no ponto mais fundo e os perigos de rompimento com prejuízos
materiais e humanos. São as chamadas falhas em pequenas barragens, isto é, aquelas com alturas menores
que 6m e volume menor ou igual a 1.000.000m3.
Ver detalhes no “Capítulo 8 - Falhas em pequenas barragens” deste livro.

Vazão de pico devido a brecha na barragem (Qp)


Pesquisa feita por FROEHLICH, (1995) in Bureau of Reclamation, 1998 fornece a vazão de pico devido
a brecha na barragem.

Qp= 0,607 x V 0,295 x h 1,24


Sendo:
Qp= vazão de pico devido a brecha na barragem (m3/s);
V= volume total de água armazenado na barragem (m3);
h= altura máxima da barragem (m).

Calcular a vazão de pico ocasionada pela brecha na barragem que tem altura de 4,9m e volume de
7.935m3.

Qp= 0,607 x V 0,295 x h 1,24

Qp= 0,607 x 7935 0,295 x 4,9 1,24 = 62 m3/s

Em caso de falha na barragem de terra, a vazão de pico será de 63m3/s.

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Critério Unificado para Manejo das Águas Pluviais em Áreas Urbanas
Capitulo 67- Exemplo de aplicação do critério unificado
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Figura 67.5 - Tomada d’água. Observar drenagem, saída da descarga, orifícios e vertedor para Qp25anos ou Qp10anos.
Fonte: Estado da Geórgia, 2001

67.19 Cálculo do pré-tratamento


O volume do reservatório para controle da qualidade das águas pluviais é de 860m3 já calculado com P=
15mm e Rv= 0,22.
O volume do pré-tratamento é 10% do volume citado, ou seja, 86m3.
A vazão de pico para Tr= 25anos no pós-desenvolvimento, conforme Tabela (67.5), é 4,33m3/s.
Dado P= 15mm e AI= 18,4% . Usamos a Equação de Pitt, 1994 com P e Q em milímetros.
Q= P x Rv= 15mm x 0,22= 3,30mm= 0,33cm (notar que colocamos em cm para ser usado no TR-55)
P= 15mm e Q= 3,30mm

CN= 1000/ [10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]

Portanto, o valor é CN= 92.

S= 25400/ CN – 254= 25400/92 – 254= 276 – 254= 22mm


Usa-se a simplificação de Q= P x Rv, que produz o volume do reservatório para qualidade da água em
mm.
Ia= 0,2 S = 0,2 x 22mm= 4,40mm
Ia/P= 4,40mm/15mm= 0,39. Adotamos Ia/P= 0,40

Escolhendo Chuva Tipo II para a Região Metropolitana de São Paulo.


Co= 2,36409
C1= -0,59857
C2= -0,05621
tc= 21min= 0,35h (tempo de concentração) para pós-desenvolvimento

log Qu= Co + C1 log tc + C2 (log tc)2 – 2,366


log Qu= 2,36409 – 0,59857 log (0,35) –0,05621 [ log (0,35) ] 2 - 2,366
log Qu= 0,2593
Qu= 1,82m3/s /cm / km2 (pico de descarga unitário)

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Critério Unificado para Manejo das Águas Pluviais em Áreas Urbanas
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Qp= Qu x A x Q
A=26,04ha = 0,2604km2
Q= 0,33cm
Qp= Qu . A x Q. Fp= 1,82m3/s/cm/km2 x 0,2604km2 x 0,33cm= 0,16m3/s

Portanto, o pico da descarga para o reservatório de qualidade de água é de 0,16m3/s.

67.19.1 Dimensões do pré-tratamento


Portanto, a vazão de entrada é 0,16m3/s.
As= 2,3xQo / vs
As= 2,3xQo / 0,036 = 64Qo= 64x 0,16=11 m2
3
V= 0,1 x WQV=0,1 X 860=86m
Profundidade= Volume / área As= 86m3/ 11 m2= 7,8m >3,5 Não está bom, pois, deverá ser menor que 3,5m

Profundidade = Volume /Área As


3,00= 34m3 / As
As= 86/3= 29m2
L= largura (m)
Comprimento= 3 x L (m)

L x 3L = 29m2 portanto L= 3,2m


Comprimento = 3 x 3,2m = 9,6m

Verificações:
Velocidade ao longo da caixa de pré-tratamento=V= espaço / tempo
Portanto tempo= espaço / velocidade
Q= S x V
V= Q/S= 0,16 / (3,2 X 3)=0,017m/s <0,25m/s OK

T Tempo = 9,6m / 0,017 = 565s = 9min ( o valor mínimo é 5min ) OK.

O pré-tratamento terá as seguintes dimensões: 9,6m x 3,2m x 3,00m= 92m3 >86m3

9,6m
3,2m

3,00m

67.20 Vazão catastrófica


Vamos estimar a vazão catastrófica da mesma maneira que o Guia Prático para projetos de pequenas
obras hidráulicas do DAEE, 2005.

O vertedor tem 3,25m de largura por altura de água de 0,50m e como temos uma borda livre de 0,50m
teremos uma altura total de 0,50m + 0,50m= 1,00m.
Considerando a equação do vertedor:

Q= kw x L x H x(2gH) 0,5

Q= kw x L x 4,43x H 1,5

Kw=0,50

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L= 3,25m
H= 1,00m
Qs= 0,50 x 3,25 x 4,43 x 1,00 1,5 = 7,20 m3/s

O tempo de concentração no desenvolvimento é tc=21minutos.


Considerando o hidrograma pelo Método Racional e considerando a base tb= 3 x tc = 3 x 21= 63min

O volume aproximado para a vazão de 7,2om3/s e considerando a base de 63min teremos no vertedor na
ocorrência da cheia denominada de “catastrófica”.

Vs= Qs x tb /2 = 7,20m3/s x 21min x 60s / 2= 13604m3

O volume na cota 740,90m é 7935m3 e o volume na cota 703,90m, soleira do vertedor é de 5292m3.
Sendo a diferença Vr= 7935-5292= 2643m3

Ve= Vr + Vs

Ve= 2643m3+13.604m3= 16.247m3

Mas Ve= (Qe x tb) /2

Como temos Ve e tb achamos o valor de Qe

Qe= Ve x 2 / tb = 16.247 x 2 / (63 x 60) = 8,6 m3/s

Supondo a aplicação do Método Racional com C=0,22 que é o valor de Rv teremos:

Q= CIA / 360
Q= vazão de pico (m3/s)= 8,6m3/s
C= coeficiente de escoamento superficial= 0,22
I= intensidade de chuva (mm/h)
A= área da bacia em hectare= 26,04ha

Tirando o valor da intensidade de chuva I temos:

I = Q x 360 / ( C x A) = 8,6 x 360 / (0,22 x 26,04) = 540mm/h

Equação de Paulo S. Wilken para RMSP

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
tc=duração da chuva (min).

1747,9 . Tr0,181
540 =------------------------
(21 + 15)0,89

Aproximadamente podemos supor:

Tr 0,181 = (21 + 15) 0,89 x 540 / 1747,9= 7,5

Tr= 65.000anos

Conclui-se que para a barragem em análise, o risco associado à vazão catastrófica é muito baixo.

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67.21 Enchimento do reservatório


O volume do reservatório na cota 704,90m é de 6.534m3 e pode ser verificado aproximadamente pela
vazão afluente:
Na área da bacia de 26,04ha tem precipitação média anual de 1500mm.
Portanto, o volume anualmente precipitado é:

26,04ha x 10.000m2 x 1,5m= 390.600m3

Considerando que 70% das precipitações ocorrem de outubro a março (seis meses) e que cerca de
30% da precipitação resulta em escoamento superficial direto, temos:

390.600m3x 0,7 x 0,3= 82.026m3

A porcentagem entre o volume do reservatório e da precipitação é:

(6.534m3/ 82.026m3 ) x 100 = 8%

Portanto, não haverá problemas no enchimento.

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 68- Trash rack
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Capítulo 68
Trash rack

68-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 68- Trash rack
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Capítulo 68- Trash rack

68.1 Introdução
Sempre temos a possibilidade de entupimento de entrada de orifícios de lixo e resíduos e para
isto precisamos de proteção denominado trash rack.
O objetivo do trash rack é manter o lixo longe do orifício para que não haja entupimento e
que seja feita a remoção facilmente.
O trash rack também deve ser instalado em saída de tubulações ou canais onde haja a
possibilidade de entrada de pessoas ou animais, mas possibilitando a entrada de pessoas para a
manutenção.
O trash rack nada mais é que uma grade de ferro de seção retangular ou circular que circunda
o orifício para evitar o entupimento do mesmo.

68.2 Projeto do trash rack


Na Figura (68.1) temos uma maneira de dimensionar o trash rack. Entra-se com o diâmetro
em polegadas e obtém-se a relação R da área do trash rack com a área do orifício.
O espaçamento entre as barras de seção retangular ou circular é no máximo de 0,15m.

Exemplo 68.1
Orifício de 1200mm que é 47” acharemos na Figura (68.1) a relação da área de 4.
4= Area do trash rack / Area do orifício
Área do orifício= PI x D2/4= 3,1416 x 1,2 2/4= 1,131m2
e portanto a área do trash rash será:
Area do trash rack = 4 x 1,131= 4,5m2
O espaçamento entre as barras de ferro do trash rack deve ser menor que o diâmetro do tubo e
sempre menor ou igual a 0,15m.

Figura 68.1- Dimensões minimas do Trash rack dependendo do diametro do orificio em


polegadas. Fonte: Know County Tenessee Stormwater Management Manual.

68-2
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Existe uma equação da relação Atrash/A outlet, sendo D em polegadas.

Atrash/ A outlet =R= 77 x (e -0,124D)

ou para D em milímetros temos:

Atrash/ A outlet = 77 x (e -0,00488D)

Para tubos maiores que 24” ou maiores que 600mm o valor da relação é constante e
igual a 4.

Figura 68.2- Trash rack

68-3
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Figura 68.3- Trash rack

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Figura 68.4- Trash rack

Figura 68.5- Trash rack

68-5
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68.2 Perda de carga


As grades de ferro para evitar o entupimento produzem perda de carga e uma maneira de
calcular é usando Metcal e Eddy, 1972.

Hs= K (W/x) (4/3) ( V2/ 2g) sen θ

Sendo:
Hs= perda de carga (m)
K= 2,43 para forma retangular
K=1,83 para barras retangular com face semicircular
K=1,79 para barras circulares
x= máximo espaço aberto entre as barras (m)
V= velocidade de entrada (m/s)
θ= ângulo da grade com o horizonte.
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s2
W= máxima largura da barra na direção do fluxo (m)

Geralmente o trash rack em uma entrada de uma tubulação está inclinado na relação: 2:1
(26,6⁰), 3:1 (18,4⁰) até 5:1 (11,3⁰) para facilitar o escorregamento do lixo para baixo e
consequentemente a manutenção da grade.
A limpeza geralmente é manual através de hastes. As grades podem também serem levantadas
para facilitar a limpeza.
Devemos supor nos cálculos que 40% ou 50% da area da grade está entupida.

Exemplo 68.1

Barras circulares, D=1,20m

K=1,79 para barras circulares


x= 0,15m
W= 0,013m
Qo= 2,83m3/s
Ao = PI x D2/4= 3,1416 x 1,22/4=1,13m2
Tomando 50% da area temos: Ao= 0,5 x 1,13=0,565m2
V= Q/Ao= 2,83/ 0,565 = 25,0m/s

Inclinada de 18,4⁰, ou seja, 3 na horizontal e 1 na vertical.

Hs= K (W/x) (4/3) ( V2/ 2g) sen θ


Hs= 1,79 (0,013/0,15) (4/3) ( 5,02/ 2x9,81) sen 18,4⁰
Hs= 1,79 (0,013/0,15) 1,33 ( 5,02/ 2x9,81) 0,32
Hs= 2,28 x 0,037= 0,08m

Portanto, a perda de carga devido ao trash rack será somente de 0,08m que é muito pouco.

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68.3 Perda de carga pela fórmula do United States Army Corps of Corps of Engineers, USACE,
1988
Para barras de aço instaladas na posição vertical e pode ser usada para posição inclinada
multiplicando pelo seno do ângulo da grade com a horizontal.
Hs= K ( V2/ 2g)

Sendo:
Hs= perda de carga (m)
K= dado por uma equação da Tabela (68.1)
V= velocidade de entrada (m/s)
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s2

Tabela 68.1- Forma das barras e equações correspondentes conforme Corps of Engineers (HDC, 1988)
Forma da barra de aço  Equação 
Forma retangular com comprimento/espessura=10  K=0,00158 ‐ 0,03217. R + 7,1786 R2 
Forma retangular com comprimento/espessura=5  K= ‐0,00731 + 0,69453. R + 7,0856 R2 
Forma retangular arredondada  com  K=  ‐0,00101 ‐ 0,02520. R + 6,0000 R2 
comprimento/espessura=10,9) 
Secção circular  K=0,00866 + 0,13589. R + 6,0357 R2 
R= area das barras de aço/ area da grade   
H= K V2/2g   

Exemplo 68.2
Barras circulares, D=1,20m
K=0,00866 + 0,13589. R + 6,0357 R2

Supondo que está 50% entupido R=0,50


K=0,00866 + 0,13589. R + 6,0357 R2 
K=0,00866 + 0,13589x 0,50 + 6,0357x0,50= 1,59
K=1,59
Qo= 2,83m3/s
Ao = PI x D2/4= 3,1416 x 1,22/4=1,13m2
Tomando 50% da area temos: Ao= 0,5 x 1,13=0,565m2
V= Q/Ao= 2,83/ 0,565 = 5,0m/s

Inclinada de 18,4⁰, ou seja, 3 na horizontal e 1 na vertical.

Hs= K ( V2/ 2g)

Hs= 1,59 ( 52/ 2x9,81)


Hs=2,02
Como está inclinada multiplicamos Hs pelo seno do ângulo com a horizontal
Hs=2,02 x sen θ
Has= 2,02 x 0,32=0,65m

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68.4 Manutenção
As grades podem ser verticais ou inclinadas. Geralmente as grades são inclinadas para facilitar a
retirada da sujeira que fica aderida à mesma.
A grade poderá ser retirada manualmente ou mecanicamente para facilitar a limpeza.
As vezes as grades podem ser dimensionadas para sofrerem colapso quando contiverem muita
carga de lixo ou quando pessoas ficam presas as mesmas.
De modo geral as grades são dimensionadas para carga viva maiores que 1.389 kg/m2.

68.5 Orifício
O orifício pode ser circular ou retangular e é calculado com a Equação:
Q= Cd x A x (2 g h ) 0,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
Cd= 0,62
A= área= π D2/4 (para orifício)
D= diâmetro (m)
g= aceleração da gravidade = 9,81 m/s2
h= altura média da lâmina de água em relação ao eixo da tubulação de saída (m)
O orifício geralmente é usado na parte inferior dos reservatórios de detenção para o
escoamento da vazão de pré-dimensionamento.

Figura 68.6- Orifício livre e submerso


Fonte: Ciria, 2007

68.6 Tubos com orifícios


É um tubo vertical com buracos circulares ou quadrados igualmente espaçados. São
classificados normalmente como vertedores como se pode ver na potência 1,5 conforme Figura
(68.7).
.

Figura 68.7- Placa de orifícios


Fonte: CIRIA, 2007

68-8
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 68- Trash rack
engenheiro Plínio Tomaz 12 de junho de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

A equação para o cálculo da vazão conforme CIRIA, 2007 é a seguinte:


Q= Cp x (2xAp/ 3x Hs) x (2g) 0,5 x H 1,5
Sendo:
Q= vazão de descarga no orifício (m3/s)
Cp= coeficiente de descarga para perfuração= 0,61
Ap= área da seção transversal de todos os orifícios (m2)
Hs= distancia de S/2 acima da linha de orifício mais alta até S/2 da linha de orifício mais baixa (m)
S=distância entre os orifícios (m)
H= altura da carga de água (m)

Figura 68.8- Placa de orifícios


Fonte: CIRIA, 2007

Figura 68.9- Placa de orifícios protegida para pequenos lagos


Fonte: CIRIA, 2007

68-9
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 69- Curva de remanso
Engenheiro Plínio Tomaz 2 de julho de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 69
Curva de remanso

69-1
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 69- Curva de remanso
Engenheiro Plínio Tomaz 2 de julho de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 69- Curva de remanso

69.1 Introdução
O objetivo é o cálculo da curva de remanso quando o movimento é uniforme e
gradualmente variado.
Primeiramente vamos recordar alguns conceitos fundamentais da hidráulica, tais como, altura
normal yn, altura crítica yc, número de Froude, velocidade critica e declividade crítica.

69.2 Recordação de conceitos


Os canais podem ser livres ou forçados. O conduto é chamado livre quando a veia líquida
está em parte ou na sua totalidade em contato a atmosfera conforme Pimenta, 1981. O conduto é
forçado quando todo o contorno da veia líquida está em contato com a parede sólida.
Diz-se que um movimento é permanente quando a velocidade local num ponto é invariante
com o tempo conforme Pimenta, 1981. O movimento é não permanente se a velocidade local em um
ponto depende do tempo. Na Figura (69.1) está um esquema do escoamento de água em canais onde
se pode notar o Tempo e o Espaço. No Espaço temos o movimento uniforme em que a altura do nivel
de água não varia no canal e não uniforme quando varia. No Tempo temos o movimento permanente
(Steady flow) em que a velocidade não varia no ponto e o não permanente quando varia (Unsteady
flow).

Flow in Open Channel

Time
Steady Flow Unsteady Flow

Space
Uniform Flow Non Uniform Flow

Rapidly varied Flow


Gradually Varied Flow
(Hydraulic Jump)
The following classification is made according to
the change in flow depth with respect to time and space.

Figura 69.1- Esquema do movimento dos liquidos em uma canal

No movimento uniforme a velocidade em um determinado tempo não muda ao longo do canal


e já no movimento gradualmente variado, há mudança de velocidade com a distancia.
Nos estudos que faremos consideraremos que o canal é prismático, tem alinhamento e forma
constante, a declividade é pequena, isto é, menor de 0,05m/m (5%), a rugosidade é constante na altura
do líquido e atravéz do canal no trecho considerado.
Para o movimento uniforme a equação de perda de carga adotada é a de Manning que
também será usada no movimento permanente gradualmente variado.

69-2
Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 69- Curva de remanso
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V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5


Sendo:
V= velocidade média na seção do canal (m/s)
n= rugosidade de Manning
R= raio hidráulico (m)
R= A/P
A= area molhada (m2)
P= perímetro molhado (m)
S= declividade (m/m). Restrição para movimento gradualmente variado S≤ 0,05m/m

Equação da continuidade: Q= A x V

69.3 Elementos geométricos das várias seções de canais


Os canais podem ter seção transversal com várias formas, como a retangular, trapezoidal,
triangular e circular. Na Tabela (69.1) estão os elementos geometricos ou seja, a area da seção
molhada A, o perimetro molhado P, o raio hidráulico, a largura superficial B ou as vezes chamada de
T e o diâmetro hidraulico D que é a area/ largura superficial.

Tabela 69.1- Elementos geométricos de várias seções de canais

Tabela 69.1- Elementos geométricos das varias seções de canais

Fonte: Chaudhry, 1993

69.4 Equações semi-empiricas para estimativa da altura crítica


Existem duas maneiras básicas de se calcular a altura critica em um conduto livre. A primeira
é o cálculo direto basedo no numero de Froude igual a 1, que é o mais preciso. A segunda maneira de
calcular é usar uma equação semi-empírica que é usada na maioria das vezes na prática devido a sua
mais fácil aplicação.
French in Mays, 1999 em seu livro Hydraulic Design Handbook capítulo 3.7-Hydraulic of
Open Channel Flow, mostra quatro equações semi-empíricas para a estimativa da altura crítica yc
extraídas de trabalho de Straub, 1982.

69-3
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Primeiramente é definido um termo denominado .


 = α.Q2 / g ( Equação 69.1)
sendo Q a vazão (m3/s) e g=9,81 m/s2.

Seção retangular
yc = ( / b2) 0,33 (Equação 69.2)
sendo b=largura do canal (m).

Exemplo 69.1
Calcular a altura crítica de um canal retangular com largura de 3,00m, vazão de 15m3/s.
Primeiramente calculamos 
 = Q / g = 15 2 / 9,81 = 22,94
2

yc = ( / b2) 0,33 = (22,94 / 32) 0,33 = 1,36m


Portanto, a altura critica do canal é de 1,36m.

Seção circular
yc = (1,01 / D 0,26) .  0,25 (Equação 69.3)
sendo D o diâmetro da tubulação.

Exemplo 69.2
Calcular a altura crítica de um tubo de concreto de diâmetro de 1,5m para conduzir uma vazão de
3m3/s.
Primeiramente calculamos 
 = Q2 / g = 32 / 9,81 = 0,92
yc = (1,01 / D 0,26) .  0,25 = (1,01 / 1,50,26) . 0,92 0,25 = 0,97m
Portanto, a altura crítica no tubo é de 0,97m

Seção trapezoidal
Para a seção trapezoidal de um canal com base b e inclinação das paredes 1 na vertical e z na
horizontal, a altura crítica é:
yc = 0,81 . [ / (z 0,75 . b 1,25 )] 0,27 - (b/ 30z) ( Equação 69.4)

Exemplo 69.3
Achar a altura crítica de um canal trapezoidal com base de 3,00m, vazão de 15m3/s e declividade da
parede de 1 na vertical e 3 na horizontal ( z=3).
 = Q2 / g = 152 / 9,81 = 22,94
yc = 0,81 . ( / z 0,75 . b 1,25 ) 0,27 - b/ 30z = 0,81 . ( 22,94 / 3 0,75 . 3 1,25 ) 0,27 - 3/ 30.3 =
yc = 1,04- 0,03 = 1,01m
Portanto, a altura crítica é de 1,01m

69-4
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69.5 Número de Froude F


O número de Froude denominado “F” representa a influência da força gravitacional no
escoamento e é importantíssimo na hidráulica. A fórmula geral para determinar o número de Froude

F= V/ (g x Dh)0,5 ( Equação 69.5)


Sendo:

F= número de Froude (adimensional);


V=velocidade média da seção (m/s);
g=aceleração da gravidade=9,8 m/s2;
Dh =profundidade média ou profundidade hidráulica. Dh = A/T= A/B;
T=B= largura superficial da água (m) e
A=área molhada da seção (m2).

DICA: não confundir profundidade hidráulica (Dh= A/B) com raio hidráulico (R= A/P).

Profundidade critica yc
Quando o número de Froude F=1 temos a velocidade crítica e a profundidade crítica.

F= Q / (T/ g A3) 0,5


Sendo:
F= número de Frounde
Q= vazão (m3/s)
T= comprimento da superficie livre do canal (m)
g= 9,81m/s2
A= area molhada (m2)

1= Q (T/ g A3) 0,5


1= Q2 x T/gA3
Q2/g= A3 /T ( Equação 69.6)

Exemplo 69.4
Calcular a altura normal yn, altura crítica e número de Froude para canal prismático trapezoidal com
base Bo= 10,00m transportando vazão de 30m3/s. O talude tem 2H e 1V. O coeficiente de rugosidade
de Manning n=0,013 e declividade do canal igual a 0,001m/m.

Fórmula de Manning

V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5


Área molhada
A= (b + z.y) y
Perímetro molhado
P= b + 2y (1 + z2) 0,5

b= base= 10,00m
z= 2

69-5
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n=0,013
S= 0,001 m/m
O cálculo é feito por tentativas usando a altura y.

Impomos um valor de y.
Calculamos a area A= (10 + 2y) y
Calculamos P= 10 + 2y (1+22) 0,5
Achamos R= A/P
Achamos V
V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5

Achamos a vazão Q calculada


Q= A x V
Q= A x (1/n) x R (2/3) x S 0,5
Q= (10 +2y)y x (1/n) x (A/P) (2/3) x S 0,5

Compara-se Q com 30m3/s e dá-se outro valor de y até aproximação que queremos.
Conforme a Tabela (69.2) por tentativas achamos V=2,26m/s e yn= 1,10m.
Portanto, a profundidade normal yn=1,10m.
A profundidade normal yn é a profundidade no movimento uniforme em um canal livre.

Tabela 69.2- Calculo da profundidade normal yn


Tentativa  Area molhada  Perimetro molhado     Q calculado 
y n  Area   P   R=A/P V   Q  
(m)  (m2)  (m)  (m/s)  (m3/s) 
1,00  12,0  14,47  0,83  2,15  25,76 
1,05  12,7  14,70  0,86  2,21  28,05 
1,08  13,1  14,83  0,89  2,24  29,46 
1,09  13,3  14,87  0,89  2,25  29,94 
1,10  13,3  14,90  0,90  2,26  30,18 

Profundidade crítica para a seção trapezoidal


Para a seção trapezoidal de um canal com base b e inclinação das paredes 1 na vertical e z na
horizontal, a altura crítica é:
yc = 0,81 . [ / (z 0,75 . b 1,25 )] 0,27 - (b/ 30z
 = α.Q2 / g = 302 / 9,81 = 91,74
yc = 0,81 . [ / (z 0,75 . b 1,25 ) ]0,27 - (b/ 30z) = 0,81 . [ 91,74 / (2 0,75 x 10 1,25 )] 0,27 -(10/ 30x2 )=
yc = 1,48m
Portanto, a altura crítica é de 1,48m

69-6
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Exemplo 69.5
Calcular em um canal retangular que tem base B=5,00m, declividade So=0,005m/m e rugosidadee
n=0,030 a profundidade normal yn, a profundidade crítica yc e o número de Froude, sendo a vazão de
50m3/s.

Fórmula de Manning

V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5


Área molhada
A= 5y
Perímetro molhado
P= 5 + 2y

R =A/P
R= 5y/ (5+2y)
V= (1/n) x R (2/3) x S 0,5
V= (1/0,030) x [5y/(5+2y)](2/3) x 0,005 0,5

Mas Q= A . V
V= Q/A
(Q/A)= (1/0,030) x [5y/(5+2y)](2/3) x 0,005 0,5
50= 5y (1/0,030) x [5y/(5+2y)](2/3) x 0,005 0,5
O cálculo é resolvido por tentativas usando planilha Excel achamos y= 3,34m e portanto a
profundidade normal yn= 3,34m.

Profundidade crítica
 = α.Q2 / g = 1 x 502/ 9,81= 254,84
Seção retangular
yc = ( / b2) 0,33 = = (254,84 / 52) 0,33 = 2,15m
sendo b=largura do canal (m).

Número de Froude
F= V/ (g x Dh) 0,5
Dh= A/ T= A/ B= 5 x 3,34/ 3,34= 5
V= Q/ A= 50 / (5 x 3,34)= 2,99m/s
F= V/ (g x Dh) 0,5
F= 2,99/ (9,81 x 5) 0,5
F= 0,42 que é menor que 1, ou seja, estamos em regime subcritico ou regime fluvial.

69-7
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69.6 Movimento uniforme gradualmente variado


Em um rio quando fazemos uma barragem o nivel da água irá sobir, isto é, haverá um
remanso e neste caso estamos no movimento uniforme gradualmente variado que usaremos a
abreviação (MUGV) conforme Figura (69.2).
No movimento uniforme gradualmente variado a altura y e a velocidade V variam muito
vagarosamente e a superficie livre é considerada estável.

Simple Example
– Backwater – y above normal depth – mild slope

Normal Depth
River Level

Channel/River

Muhammad@ump.edu.my

Figura 69.2- Movimento unifoirme gradualmente variado causado por uma barragem

Quando um canal descarrega o volume de água em queda livre teremos também uma
curvatura na superficie da corrente líquida e isto é também o movimento uniforme gradualmente
variado conforme Figura (69.5) e (69.6).
Caso haja uma obstrução em um canal como uma comporta como a Figura (69.3) que se
fecha, criará um remanso e também um movimento uniforme gradualmente variado.

69-8
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Simple Example
– Backwater – y above normal depth – mild slope

Normal Depth
River Level

Channel/River

Muhammad@ump.edu.my

Figura 69.3- Movimento unifoirme gradualmente variado causado pela abertura de uma
comporta

Quando as águas de um canal é lançada ao mar ou num grande lago, haverá um remanso
conforme Figura (69.4).

Simple Example
– Drawdown – y above normal depth – mild slope

Profile ?

Normal Depth
River Level

Sea Level

Channel/River

Reservoir/Sea

Muhammad@ump.edu.my

Figura 69.4- Movimento unifoirme gradualmente variado causado pela descarga de um rio no
mar ou um lago

69-9
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Normal Depth
River Level

Channel/River

Muhammad@ump.edu.my

Figura 69.5- Movimento unifoirme gradualmente variado causado pela abertura de um


vertedor .

69-10
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Na Figura (69.6) temos um perfil onde são mostrados vários tipos de escoamento. Assim o
curso de água no canal tinha no inicio movimento uniforme que se pode ver com as letras UF. Depois
antes de chegar a queda livre tem movimento uniforme gradualmente variado representado pelas
letras GVF.
Após a queda teremos um ressalto hidráulico representado pelas letras GVF. Depois volta para
movimento uniforme gradualmente variado GVF e novamente torna-se uniforme com as letras UF.

Figura 69.6- Movimento unifoirme gradualmente variado em queda livre, seguido por ressalto
hidraulico e movimento unifoirme gradualmente variado.

69.7 Resolução de problemas no movimento uniforme gradualmente variado


Existe duas maneiras de se resolver o problema do movimento uniforme gradualmente
variado, sendo uma qualitativa e outra quantitativa.
Através da profundidade normal, profundidade critica, número de Froude e declividade crítica
classificamos o tipo de curva.
Depois que está classificado é que vamos fazer os calculos, isto é, fazer a parte quantitativa.
Tais calculos pode ser feitos com planilha Excel ou programas de computadores.

69-11
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69.8 Curva do movimento uniforme gradualmente variado


Na Figura (69.7) podemos ver que temos canais com varias declividades que podem ser
fracas, fortes, crítica, horizontais e adversos. Vamos explicar resumidamente cada tipo de canal com
o objetivo de escolhermos uma curva.

Canal com declividade fraca: M


São aqueles inferiores a declividade crítica e que conduzem a vazão na profundidade normal e
regime subcrítico. Na prática devido a grande professor Ven Te Chow que estudou muito bem o
assunto, são usadas as abreviações do inglês, no caso Mild que quer dizer suave, fraca.

Canal com declividade forte: S


São aqueles cujas delciviades são superiores a crítica, conduzindo a profundidade de
escoamento normais supercriticas. Usa-se a abreviação S de steep que quer dizer declividade forte.

Canal com declividade crítica: C


São aqueles cnais cuja declividade é igual a declividade crítica obtida quando o número de
Froude for igual a 1. Usa-se a abreviação C de critical que quer dizer crítica.

Canal com declividade adversa: A


São aqueles cuja declividade é adversa, isto é, ao invés de descer ela sobe. Usa-se a
abreviação A de adverse que quer dizer adversa ou reversa.

Canal de declividade nula: H


São aqueles sem declividade, isto é, estão na horizontal. Usa-se a abreviação H de horizontal.

Classification of Flow Profiles


 This result is important. It permits
classification of liquid surface profiles
as a function of Fr, S0, Sf, and initial
conditions.
 Bed slope S0 is classified as
 Steep : yo < yc or so>sc
 Critical : yo = yc or so= sc
 Mild : yo > yc or so< sc
 Horizontal : S0 = 0
 Adverse : S0 < 0

 Initial depth is given a zone


 Zone 1 : y > yo
• The space above both critical and
normal depth
 Zone 2 : yo < y < yc
• The region lies between the normal
and critical depth
 Zone 3 : y < yc
• The lowest zone of space that lies
above the channel bed but below
both critical and normal depth lines

Figura 69.7- Classificação das curvas

69-12
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Na Figura (69.8) estão as curvas originais de Ven Te Chow cujos letras M, C, H e A se


tornaram uma espécie de padrão em estudos de movimento uniforme gradualmente variado.

Figura 69.8- Classificação das curvas conforme Ven Te Chow.

Procuramos mostrar outras curvas cujos resultados são identicos como as Figuras (69.9) e (69.10).

69-13
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Gradually Varied Flow

 12 distinct
configurations for
surface profiles in
GVF.

 It should be
noted that a
continuous flow
profile usually
occurs only in
one zone

Figura 69.9- Movimento uniforme gradualmente variado

69-14
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Gradually Varied Flow

Figura 69.10- Movimento uniforme gradualmente variado

69-15
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69.9 Equação do movimento uniforme gradualmente variado


No item anterior conseguimos saber o tipo de curva que teremos e neste item iremos calcular
quantitativamente os valores da curva de remanso.
Basicamente há dois métodos tradicionais denominados por Baptista et al, 2001 de método de
integração por passos que são: Direct Step Method e o Standard Method. Iremos explicar somente um
Direct Step Method que foi feito por Chow em 1959.
Informamos que usamos o nome em inglês, Direct Step Method pois não temos uma tradução
que consideramos ótima.
Vamos usar as explicações de Chaudhry,1993 e consideramos a Figura (69.11).

Muhammad@ump.edu.my

Figura 69.11- Esquema de cálculo do movimento uniforme gradualmente variado

Existem duas declividades, uma do fundo do canal denominado So e outra da linha de água
denominada Sf.
É importante comentar que as equações do movimento uniforme gradualmente variado são
feitas para declividade inferiores a 5% mas podendo chegar até 10%. Para declividades acima de 10%
cálculos especiais deverão ser feitos.
Os métodos mais comuns para se obter a curva do movimento uniforme gradualmente variado
são 5, a saber:
1. Integração direta
2. Integração numérica
3. Direct step method
4. Método gráfico de integração
5. Métodos numéricos usados em programas de computador

69-16
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69.10 Direct step method


Vamos aplicar o Teorema de Bernouilli nas seções 1 e 2 e podemos escrever:

Y1 + V2/ 2g + Z1 = Y2 + V2/ 2g + Z2 + HL

A energia E= y + V2/2g

Portanto:
E1= Y1 + V12/2g E2= Y2 + V22/2g

E1 + So. ∆x= E2 + Sf .∆ x

Tirando o valor de ∆x temos:


∆x (So – Sf_ = E2 – E1

∆x= (E2 – E1) / (So – Sf)

Usaremos a média de Sf1 com Sf2.

Sf = (Sf1 + Sf2)/2
O valor de Sf pode ser obtido pela fórmula de Manning explicitando o valor de Sf.

Sf= n2 x V2/ R (4/3)

Uma recomendação feita por Chaudhry, 1993 é que calcula-se a profundidade normal yn e
quando vamos usar os cálculos vamos até um valor 10% a mais, isto é, yn = 1,10 x yn.

Nota: o coeficiente de Coriolis denominado α é suposto sempre: α=1.

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Exemplo 69.5 CHAUDHRY


Vamos calcular a altura normal yn, a altura crítica yc, número de Froude bem como a declividade
crítica de um canal trapezoidal onde foi erguido a jusante uma comporta com 5m de altura. A vazão
Q=30m3/s, declividade 2H: 1V, isto é, z=2, α =1, n=0,013. Achar também a curva de remanso.

Usaremos a equação de Manning e a formula aproximada de French para o yc.


Os valores achados foram:
yn= 1,10m
yc=0,93m
F= 0,75

Tabela 69.3- Calculo do yn, yc e numero de Froude


    Profundidade   Altura crítica   
B  Z  normal  Phi  Formula de  T superfiice 
Tentativa  French   
Base   Talude  y n  (para yc)  yc aproximado   
(m)  (m)  (m)  (m) 
10  2  1,00  91,74  0,93  14,00 
10  2  1,05  91,74  0,93  14,20 
10  2  1,08  91,74  0,93  14,32 
10  2  1,09  91,74  0,93  14,36 
10  2  1,10  91,74  0,93  14,38 

Tabela 69.4- Continuação-Cálculo do yn, yc e numero de Froude


  Área  Perimetro molhado  Veloc.  Vazão Q 
F= V/ (g x A/T) 0,5   molhada  calculada 
Froude  Area  P   R=A/P  V  Q 
 (m2)  (m)  (m)  (m/s)   (m3/s) 
0,74  12,0  14,47 0,83  2,15  25,76 
0,75  12,7  14,70 0,86  2,21  28,05 
0,75  13,1  14,83 0,89  2,24  29,46 
0,75  13,3  14,87 0,89  2,25  29,94 
0,75  13,3  14,90 0,90  2,26  30,18 

A declividade crítica é aquela para a altura crítica e velocidade critica.


Aplicando a formula de Manning teremos:
V= (1/n) R (2/3) x S 0,5
Q= A x V
Q= Ax (1/n) R (2/3) x Sc 0,5
R= (0,93 x 10)/ (10 + 2 x 0,93)=0,78m
30= ( 0,93 x 10) x (1/0,013) x 0,78 (2/3) x Sc 0,5
30= 607,19 x Sc 0,5
Sc= (30/607,19) 2 =0,00244m/m
Portanto, a declividade crítica é 0,00244m/m

69-18
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Vamos achar o tipo de chuva de remanso.


Como a declividade So é maior que a declividade critica e yn > yc teremos declividade fraca
que é representada pela letra M de mild.
Podem ser 3 curvas: M1, M2 e M3, porém como as alturas y vão decrescendo trata-se da curva
de remanso M1.

Exemplo 69.6 CHAUDHRY, 1993


Vamos calcular a curva do remanso do movimento uniforme gradualmente variado de um canal onde
foi erguido a jusante uma comporta com 5m de altura. A vazão Q=30m3/s, declividade 2H: 1V, isto é,
z=2; α =1, n=0,013

Primeiramente calculamos a yn e yc;


yn= 1,10m
yc= 0,93m
O tipo da curva é M1 já foi achada no exemplo anterior.

Vamos elaborar uma tabela de calculo com explicações detalhadas de CHAUDHRY, 1993
cujos cálculos estão na Tabela (69.3).

Coluna 1:
Começamos pela seção 2 e colocamos o valor conhecido que é 5,00 e vamos diminuindo até
chegar ao valor de 10% a mais do yn e então usaremos yn = 1,10 x 1,10= 1,21m-
Uma outra observação é que como a contagem será para a montante o valor de x será
negativo.
Verificar que os intervalos não são iguais, pois conforme vai se aproximando da profundidade
normal vamos diminuindo os intervalos. Não há regra geral para isto.

69-19
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Tabela 69.3- Calculos do Direct Step Method conforme Chaudhry, 1993


Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6 Coluna 7 Coluna 8 Coluna 9 Coluna 10 Coluna 11
y A (m2) R (m) V (m/s) Sf Sf` So- Sf ´ E ∆E ∆x x2
5,00 100,0 3,09 0,30 3,39E-06 0,001 5,00459 0
4,50 85,5 2,84 0,35 5,20E-06 4,29386E-06 0,000995706 4,50627 -0,49831 -500,5 -500,5
4,00 72,0 2,58 0,42 8,31E-06 6,75313E-06 0,000993247 4,00885 -0,49743 -500,8 -1001,3
3,66 63,4 2,40 0,47 1,18E-05 1,00488E-05 0,000989951 3,67142 -0,33743 -340,9 -1342,1
3,00 48,0 2,05 0,63 2,54E-05 1,86001E-05 0,0009814 3,01991 -0,65151 -663,9 -2006,0
2,75 42,6 1,91 0,70 3,54E-05 3,03881E-05 0,000969612 2,77525 -0,24466 -252,3 -2258,3
2,50 37,5 1,77 0,80 5,06E-05 4,29784E-05 0,000957022 2,53262 -0,24263 -253,5 -2511,8
2,25 32,6 1,63 0,92 7,48E-05 6,27202E-05 0,00093728 2,29310 -0,23952 -255,6 -2767,4
2,00 28,0 1,48 1,07 1,15E-04 9,51144E-05 0,000904886 2,05851 -0,23459 -259,2 -3026,6
1,80 24,5 1,36 1,23 1,69E-04 0,00014231 0,00085769 1,87655 -0,18196 -212,2 -3238,8
1,60 21,1 1,23 1,42 2,59E-04 0,000213926 0,000786074 1,70284 -0,17371 -221,0 -3459,8
1,40 17,9 1,10 1,67 4,16E-04 0,000337425 0,000662575 1,54285 -0,15999 -241,5 -3701,2
1,30 16,4 1,04 1,83 5,41E-04 0,000478608 0,000521392 1,47097 -0,07188 -137,9 -3839,1
1,28 16,1 1,02 1,87 5,71E-04 0,00055618 0,00044382 1,45748 -0,01349 -30,4 -3869,5
1,20 14,9 0,97 2,02 7,17E-04 0,000644182 0,000355818 1,40718 -0,05030 -141,4 -4010,9

Coluna 2-
Trata-se da área molhada A em m2 que é a profundidade B multiplicado pela altura y da
coluna 1

Coluna 3
É o calculo do raio hidraulico que é o quociente entre A dividida pelo perimetro molhado
P.
R= A/ (B + 2 x y)

Coluna 4
É a velocidade calculada pela fórmula de Manning.

V= (1/n) R (2/3) x S 0,5

Coluna 5
É o cálculo de Sf = n2 x V2/ R 1,33

Coluna 6
É o cálculo de Sf´ (Sf linha).

Coluna 7
É a diferença So – Sf

Coluna 8
É o cálculo da energia E

E= Y + α x V2/ 2g

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Coluna 9
É a diferença ∆ E= E2 – E1

Coluna 10
É o cálculo de de ∆ x= x2 – x1
Dividimos a coluna 9 pela coluna 7.
∆x= (E2 – E1) / (So – Sf)

Coluna 11
É a distância x2 onde ocorrerá a profundidade y. É obtida algebricamente somando ∆x
da coluna 10 com o valor anterior de x2.

69.11 Método aproximado de Baptista et al, 2001.


Baptista et al, 2001 apresentaram um método aproximado muito facil de ser aplicado e que
apresenta uma precisão aceitável.

∆x= (E2 – E1) / (So – Sf)


Sf = n2 x V2/ R 1,33
ou fazendo Q= V x A
Sf = n2 x Q2/ A 2 .R 1,33

Exemplo 69.7
Vamos calcular a curva do remanso do movimento uniforme gradualmente variado de um canal
retangular com vazão Q=3m3/s e largura de 2,00m e n=0,015 para concreto. Determinar o remanso
causado por uma pequena barragem de 1m de altura, sendo a declividade So= 0,0005m/m e a
profundidade normal yn= 1,43m.

Figura 69.12- Seção do canal com a pequena barragem. Fonte: Baptista et al, 2001.

Na seção da barragem o veio liquido cae em queda livre e teremos então a altura yc.

yc= (Q2/ B2 . g ) (1/3)


yc= (32/ 22 x 9,81 ) (1/3)
yc= 0,61m
yn= 1,43m (dado do problema)
Trata-se da curva M1.

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A altura será a pequena barragem de 1,00m acrescido da altura yc, ficando:

1,00m + 0,61m= 1,61m


Vamos aplicar o teorema de Bernouilli nas seções 1 e 2

V1= Q/A1= 3 / (2 x 1,61)= 0,93m/s


E1= 1,61 + 0,93 2/ (2 x 9,81)= 1,65m
P1= 2,00 + 2 x 1,61= 5,22m
A1= 2 x 1,61= 3,22m2
R1= A/P= 3,22/5,22= 0,62m

A seção 2 é onde está a profundidade normal yn= 1,43m

V2= Q/A2= 3 / (2 x 1,43)= 1,05m/s


E2= 1,43 + 1,05 2/ (2 x 9,81)= 1,49m
P2= 2,00 + 2 x 1,43= 4,86m
A2= 2 x 1,43= 2,86m2
R2= A/P= 2,86/4,86= 0,59m

A perda de carga entre as seçãos 1 e 2 será:


Sf = n2 x V2/ R 1,33
Usaremos a velocidade média V e o raio hidraulico médio R.
V= (0,93+1,05)/2= 0,99m/s
R= (0,59+0,62)/2= 0,61m

Sf = 0,0152 x 0,992/ 0,611,33


Sf= 0,00043m/m

Calculo de ∆x
∆x= (E2 – E1) / (So – Sf)
∆x= (1,49 – 1,65) / (0,0005- 0,00043) = - 2286m

O sinal menos significa que está a montante 2.286m até encontrarmos a profundidade normal yn=
1,43m.

69.12 Caso particular de entrada em um canal


Conforme Gribbin, 2009 o movimento uniforme gradualmente variado ocorre quando a água
flui de um reservatório até o canal conforme Figura (69.13).
Aplicando-se o teorema de Bernouilli entre dois pontos, sendo um o reservatorio com
profundidade Dr e outro na saida do canal do vertedor.
Dr+ Vr2/ 2g = De + Ve2 /2g + he

sendo:
Dr= profundidade do reservatorio (m)
Vr= velocidade no reservatorio (m/s) suposto Vr=0
De= profundidade do canal de entrada (m)
he= perda de carga na entrada (m)

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Sendo Vr=0 e he=0 pois as perdas são insignificantes temos:


Dr= De + Ve2 /2g
Colocando-se em funçao de Q= A x Ve
Ve= Q/A
Dr= De + Q2 /2A2g
Verificando-se a Figura (69.14) verificamos que quando o escoamento for subcritico teremos:
Dr= De + Q2 /2A2g
Quando o escoamento for crítico teremos:
Dr= Dc + Q2 /2A2g
Sendo:
Dc= declividade critica (m)

Figura 69.13 – Perfil de uma entrada em um canal. Fonte Gribbin, 2009

Figura 69.14 – Perfil de uma entrada em um canal para escoamento subcrítico e supercrítico.
Fonte Gribbin, 2009

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69.13 Queda livre de um vertedor de parede espessa


Um vertedor de parede espessa conforme Figura (69.15) com lançamento em queda livre tem
no lançamento a altura yb que é menor que a altura critica yc que está distante aproximadamente a 3,5
vezes a altura critica yc.

Figura 69.15- Escoamento em queda livre de um vertedor de parede espessa


Fonte: Fox et al, 1985.

yb≈ 0,72 yc

Lc≈ 3,5 yc

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69.14 Calha Parshall]


A calha Parshall surgiu da necessidade de medição de vazão em vertedores, pois na prática as
medições são afetadas conforme Fox, et al, 1983 por:
 Deposição de silte e lixo
 Deterioração das bordas
 Grande perda de carga

Todos estes problemas foram resolvidos usando medidor de escoamento em regime crítico
que é a calha Parshall que produz pequena perda de carga e apresenta uma apreciavel precisão para
uma ampla escala de vazões. Foi Ralph Leroy Parshall (1881-1960) quem inventou a calha Parshall
para o Serviço de Irrigação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos conforme citado
pelo professor Carlos Fernandes.
A calha Parshall conforme Fox et al, 1983 possui três seções básicas.
Na primeira seção temos uma base plana e há um estreitamento e depois há um escoamento
com grande declividade para criar um regime critico e depois teremos novamente um escoamento
plano.
Medimos o valor ya e achamos a vazão pela equação:

Q= 2,2 x b x ya (3/2)
Sendo:
Q= vazão em m3/s
b= largura da garganta (m)
ya= altura do nivel de água no ponto “a”
As dimensões da calha Parshall são padronizadas.

Figura 69.16- Calha Parshal Fonte: Fox et al, 1985.

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Bibliografia e livros consultados

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