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1.1. HOMICÍDIO
a) Classificação:
• Crime material: aquele que tem resultado naturalístico (morte). Diferente do crime
formal também chamado de crime intencional, crime transcendental, crime mutilado.
Exemplo: um policial voltando para casa, sem farda, e vê uma situação de risco e que
pode impedir. Se ele não faz nada, responderá por omissão de socorro ou como
garantidor? Como garantidor, e responderá pela omissão daquilo que praticaram,
como por exemplo, se presenciar uma situação de homicídio, e não agir, responderá
por homicídio.
b) Espécies:
• Simples:
O homicídio simples pode ser hediondo? Sim, quando praticado em atividade típica de
grupo de extermínio (reunião de três ou mais pessoas). Art.1º, I, Lei 8072/90.
Motivo de relevante valor social ou moral são coisas distintas. Social é motivo coletivo
(ex: população pega e mata um estuprador) e moral é motivo pessoal (ex: pai que
mata o estuprador da filha). A violenta emoção, isolada, não diminui nada. Deve ser
acompanhada da injusta provocação da vítima, onde o agente age logo em seguida.
Injusto em alguns casos é entendido como fato típico e ilícito, porém nesse contexto,
injusta é um conceito amplo (ex: cuspir na cara).
• Qualificado:
Motivo torpe: HC 96907/RJ – O STF entende que tal qualificadora deve ser estendida
ao corréu, uma vez que se trata de elementar do tipo penal. Para este Tribunal, as
qualificadoras do parágrafo segundo seriam elementares do tipo penal de homicídio
qualificado.
Ex: o pai que contrata o pistoleiro para matar o estuprador da vítima. Tanto o pai,
quanto o pistoleiro, irão responder pelo homicídio qualificado se seguir essa linha de
entendimento do STF.
Info 525/STJ. Motivo fútil é motivo bobo, desproporcional. Ex.: matar por causa de
jogo de futebol.
Info. 583, STJ: DIREITO PENAL. HOMICÍDIO. Incompatibilidade entre dolo eventual e a
qualificadora de motivo fútil. Inexistência de motivo fútil em homicídio decorrente da
prática de "racha".
Inciso III: A qualificadora tortura é meio para se chegar ao homicídio, ao passo que a
tortura seguida de morte, temos a tortura como fim, onde o resultado morte é gerado
a título de culpa.
Inciso VII: contra autoridade ou agente descrito nos Arts.142 e 144, CF.
Homicídio culposo
Cuidado! Existe dolo eventual no trânsito. HC 107801/SP – STF. É possível nos casos de
racha (INFO 645/STF), embriaguez preordenada (o agente se embriaga para cometer
crime) – actio libera in causa.
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o
faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três
anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Aumento de pena
Casos clássicos:
- duelo: é a disputa entre duas pessoas pela honra de uma donzela. Cada um em uma
extremidade, a donzela no meio joga um lenço vermelho pra cima, quando tocar o
solo, o primeiro que disparar a arma e matar ganha a donzela. Responderão pelo
art.121, CP.
1.3. INFANTICÍDIO
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após:
Circunstâncias incomunicáveis
Se a mãe, no estado puerperal, mata filho de outrem pensando ser seu, responderá
pelo art.123, em virtude do art.20, §3º, CP – Erro sobre a pessoa. Consideram-se as
características da vítima virtual, isto é, de quem o agente queria matar.
1.4. ABORTO
Se forem dois fetos, a mãe responderá por concurso formal impróprio, por desígnios
autônomos (dolo independente) em relação ao abortamento de cada um dos fetos,
desde que tenha conhecimento.
Pelo art.124 só a mãe responderá. Crime de mão própria. Admite participação, mas
não cabe coautoria. Adota-se a teoria pluralista (exceção pluralista), ou seja, tem-se
dois tipos penais diversos para uma mesma e idêntica situação fática, que ocorre
quando um terceiro, com consentimento da gestante, auxilia-a a cometer o aborto.
Abortos legais: praticado por médico. Não é necessária autorização judicial. Pode ser:
- ADPF 54/DF: anencéfalo. O STF entendeu ser lícito o aborto de feto anencéfalo, por
não haver atividade encefálica e consequentemente não haver objeto material do
delito (ser humano vivo). Trata-se de feto sem vida.
I. Espécies:
Ofender a integridade física de outrem. O conceito de lesão corporal leve é feito por
exclusão. Ou seja, tudo aquilo que não está previsto nos parágrafos primeiro e
segundo será lesão corporal leve.
A diferença entre vias de fato e lesão leve é pericial. A lesão leve caracteriza-se por
lesão aparente, superficial (ex.: supercílio aberto, roxos pelo corpo, dedo quebrado),
enquanto as vias de fato não tem lesão aparente. Enquanto o crime de lesão corporal
exige prova pericial, a contravenção vias de fato não exige, pois sequer chega a causar
lesão corporal.
Inciso III - Debilidade permanente de membro, sentido ou função. É uma restrição que
a vítima passa a sofrer. Membros inferiores ou superiores. O pênis é membro fálico.
Sentido: tato, olfato, paladar, audição e visão. Função: respiratória, digestiva, etc.
Perda de órgão duplo é debilidade (Ex: Pedro atirou uma pedra dolosamente no olho
de Tício e o deixou cego de um olho. Nesse caso teremos lesão corporal grave por
debilidade de órgão).
Inciso I - Incapacidade permanente pra o trabalho que exercia e não para qualquer
trabalho.
Se um indivíduo com intenção de passar AIDS a outra pessoa, não utilizou preservativo
durante a relação sexual e não transmitiu a doença, responderá pelo crime previsto no
art.130, CP.
Se um indivíduo, sabendo que tem AIDS, utiliza preservativo durante a relação sexual,
não passa a doença a outro crime impossível, art. 17, CP.
Se transmitir qualquer outra doença que não a AIDS, pode configurar lesão corporal
leve ou grave, depende do caso concreto.
D) Lesão corporal seguida de morte: preterdolo. Ex: Mévio querendo lesionar Tício lhe
dá uma facada no peito, mas Tício acaba morrendo.
E) Lesão culposa
Viés da criminologia feminista, pela qual a mulher deve ser protegida de todas as
formas, principalmente na lei.
A lei veda que o delegado de polícia arbitre fiança, ainda que a pena do crime seja
inferior a dois anos. Somente o juiz poderá conceder fiança.
Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. (Súmula 542, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 26/08/2015, DJe 31/08/2015).
Cuidado com o art. 88, lei 9.099/95 que trata sobre a lesão leve e culposa em que se
processa por ação Penal Pública Condicionada à representação:
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões
culposas.
Súmula 588 - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência
ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa
de liberdade por restritiva de direitos. (Súmula 588, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
13/09/2017, DJe 18/09/2017).
Ex: Tício, primário, de bons antecedentes, condenado por crime de lesão corporal leve
contra sua mulher, a 3 meses de detenção. Cabe PRD? Segundo a súmula 588, STJ, não
caberá PRD.
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro
de 1995.
• Ação Penal:
- se a lesão for leve ou culposa: ação penal pública condicionada à representação; se a
vítima for mulher e houver aplicação da lei 11.340/06, a ação será pública
incondicionada.
G) Art. 129, § 12º, CP – Lesão contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
da CF.
É importante lembrar que sempre será majorado nessas hipóteses (1/3 a 2/3). Mas
quando será considerado crime hediondo? Quando for lesão gravíssima ou seguida de
morte. Art.1º, I - A, Lei 8072/90.
2. CRIMES DE PERIGO
a) Ofensividade
Ferraioli entende que para uma conduta ser punida devem-se observar quatro vetores:
- Lesões ínfimas. Ex.: quando há lesão, mas não uma lesão materialmente ofensiva.
b) Ubiquidade
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
3.1. FURTO
A) Princípio da insignificância
Cabe princípio da insignificância nos crimes patrimoniais? Via de regra, sim. O HC
12262/MG – STF traz de forma expressa quando poderá ser aplicado o princípio da
insignificância.
B) Consumação
Art. 155, § 1º, CP - Majorante: Furto noturno. Repouso noturno. A vítima não precisa
estar dormindo e não precisa estar em casa. Pode ser em estabelecimento comercial.
OBS: Não é crime puxar ponto extra de TV e não pode ser cobrado pela operadora.
Configura prática abusiva.
Sinal de aula: rateio de aula é crime, e configura violação de direitos autorais. Art.184,
CP.
Deve fazer perícia? Sim! O STJ não aceita que se faça por meio de outra prova. REsp
1008913/RS.
Info 585/STF – STF colocou uma pá de cal na questão envolvendo carro. Hoje, o STF
entende que tanto levando carro quanto levando a bolsa, trata-se de qualificadora.
Furto Qualificado e Rompimento de Obstáculo. A Turma indeferiu habeas corpus em
que a Defensoria Pública da União pleiteava, sob alegação de ofensa ao princípio da
proporcionalidade, o afastamento da qualificadora do rompimento de obstáculo à
subtração da coisa (CP, art. 155, § 4º, I). Sustentava que o furto dos objetos do interior
do veículo seria mais severamente punido do que o furto do próprio veículo, impondo-
se sanção mais elevada para o furto do acessório. Entendeu-se que, na situação dos
autos, praticada a violência contra a coisa, restaria configurada a forma qualificada do
mencionado delito. HC 98606/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 4.5.2010. (HC-98606).
Há um tempo atrás, o fato de a janela do carro ser quebrada para furtar o veículo era
tido como um meio necessário para conseguir consumar o crime e, portanto, um delito
de passagem, sendo absorvido pelo crime fim. Porém, a janela do veículo também está
ali para proteger o bem, ao passo que se o agente a destrói para subtrair o bem,
incidirá na qualificadora, uma vez que sua conduta foi mais reprovável.
Escalar: quando o agente tem que transpor o obstáculo. Ex.: Subir em uma árvore, em
um muro.
Info 506, STJ – o STJ entendeu que essa qualificadora impede a aplicação do princípio
da insignificância.
Info 529, STJ – STJ entendeu que pode incidir tal qualificadora ainda que inexista prova
pericial do objeto usado para escalar, desde que a prova seja obtida por outros meios,
como câmeras de segurança ou outro sistema de monitoramento.
Furto com Fraude: qual a diferença com a fraude do art.171, CP? Macete: no furto com
fraude o próprio agente subtrai (ex.: caso do indivíduo que entra no estabelecimento,
se passa por manobrista e pega a chave do carro. Ele mesmo subtrai) e no estelionato
a própria vítima entrega (ex.: a vítima para em frente ao estabelecimento, pergunta ao
individuo se ele é o manobrista e a própria vítima entrega a chave do carro) (ex.: test
drive na concessionária, a própria vítima entrega o carro).
Ex: Antônio deixa seu carro com o manobrista do shopping e vai ao refeitório. Lara,
astuciosamente se passa por namorada de Antônio e pede a chave ao manobrista que
lhe entrega e ela sai de lá dirigindo o carro. Nesse caso, o crime praticado é
estelionato, pois a chave foi entregue para Lara.
Ex: Tício cria um site que coleta dados de quem os preenche com uma falsa
propaganda relâmpago. Mévio acaba colocando todos seus dados bancários, bem
como sua senha. Tício de posse das informações, subtrai os valores da conta de Mévio.
Nesse caso teremos furto mediante fraude e não estelionato, pois quem realizou a
subtração foi o próprio agente. Diferente seria, se Mévio tivesse entregado os valores
diretamente para Tício, acreditando tratar-se uma propaganda.
CUIDADO! Info 344, STJ. Casos envolvendo hackers são considerados furto mediante
fraude, pois a vítima passa dados, e com isso o agente consegue subtrair quantia. Dado
é o meio fraudulento. O STJ entende ser furto com fraude o golpe feito pela internet
em que o agente consegue, por meio de programas de computadores (comumente
feito por hackers), subtrair quantia das contas dos correntistas.
Ex.: um indivíduo pega a chave na imobiliária e anuncia aquele apto como se fosse seu,
com documentos falsificados. A vítima interessa no apto, e dá um valor como sinal. –
estelionato.
Súmula 17, STJ - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade
lesiva, é por este absorvido. (Súmula 17, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 20/11/1990, DJ
28/11/1990).
Exemplo: golpe nas redes sociais. Individuo começa a conversar com uma mulher,
recém divorciada. Ele é gentil durante toda a conversa e marca de encontrar, mas ele
mora em Salvador e ela em BH. Assim, ele pede para que ela envie o dinheiro da
passagem pra que ele possa ir ao seu encontro. Ela deposita, ele pega o dinheiro e
some. Estelionato.
Ex.: empregada doméstica pega uma joia na casa que trabalha. Furto. Posse ilegítima.
Se essa mesma empregada pede a joia emprestada a patroa e não devolve. Posse
legítima. Apropriação indébita.
Test drive. O indivíduo sai com intenção de conhecer o carro, mas ao andar no carro
acaba gostando e decide não devolvê-lo mais. A conduta anterior é legítima, o dolo de
apropriação é posterior. Apropriação indébita.
Diferente seria a situação que um agente, com intenção de enganar uma
concessionária, se passa por um cliente interessado, pega o carro para fazer o test
drive e fica com o bem. Nesse caso teremos estelionato.
Inciso III - Chave falsa: No REsp 906685/RS se entendeu o conceito de chave falsa. Tudo
que não é a chave verdadeira é a chave falsa. Qualquer instrumento que sirva para
abrir fechaduras, não precisando necessariamente ser uma chave. Pode ser até uma
cópia da chave verdadeira feita pelo agente com a finalidade de furtar.
Ex: Tício com intenção de furtar a casa de Mévio faz uma cópia da chave da casa
quando Mévio se distrai. Posteriormente, Tício se desloca até a residência de Mévio e
subtrai tudo que se encontra ali. Furto qualificado pelo emprego de chave falsa.
Inciso IV - Concurso de pessoas de duas ou mais pessoas. Info 669/STF. Para o número
mínimo de duas pessoas, consideram-se eventuais inimputáveis e agentes não
identificados. Assim, se o agente maior e capaz estiver na companhia de menores e
realizar um furto, ele será indiciado na figura qualificada, ainda que os menores sejam
julgados pelo ECA. Além disso, ainda responderá pelo delito de corrupção de menores
previsto no ECA.
Furto de semovente domesticável de produção: Art.155, §6º, CP. Ex: boi, galinha.
Direito Penal do pânico, simbólico ou inflacionário para satisfazer anseios sociais
momentâneos.
3.3. ROUBO
A violência própria é aquela propriamente dita. É quando o agente bate, coloca uma
faca na cabeça da vítima, dá uma coronhada, ou seja, ofende a integridade física. O
agente usa da força ou qualquer outro meio real de incutir medo na pessoa.
A imprópria consiste em qualquer outro meio não violento, mas que seja suficiente
para retirar a capacidade de resistência da vítima, como hipnoses, alucinógenos e
outras drogas.
Espécies:
I. Roubo Próprio: não se confunde com violência própria. Está previsto no caput. A
violência ou grave ameaça é exercida anteriormente a subtração do bem. Súmula 582,
STJ.
Súmula 582 - Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a
posse mansa e pacífica ou desvigiada. (Súmula 582, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
14/09/2016, DJe 19/09/2016)
II. Roubo Impróprio: a violência ou grave ameaça é exercida após a subtração do bem,
mas para assegurar a impunidade ou detenção da coisa. A doutrina chama de furto às
avessas. Ex.: o agente entra em uma casa vazia, e ao sair se depara com uma pessoa,
saca a arma e a ameaça. O que era furto inicialmente se transforma em roubo.
O roubo próprio pode ser praticado com violência própria ou imprópria, ao passo que
o roubo impróprio somente pode ser praticado com violência própria (violência ou
grave ameaça).
Info 584, STJ: EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES. Prostituta que arranca
cordão de cliente que não quis pagar o programa responde por exercício arbitrário das
próprias razões.
Majorantes:
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Inciso I: emprego de arma branca (revogado) ou de fogo (+ 2/3, art. 157, §2º, CP).
Inciso III: o agente tem que saber que a vítima transporta valores, e deve ser
transporte profissional. Ex.: correios, cargas, frete.
Inciso IV: transporte a outro Estado ou exterior. Não inclui o transporte a outro
município.
Quanto ao crime de roubo, o inciso I do §2º foi revogado e criaram o §2º - A, que prevê
uma majorante de 2/3 para roubo com emprego de arma de fogo. Aqui o legislador se
esqueceu da arma branca, que caracterizará o tipo penal previsto no caput do art.157,
CP. Assim, quem está respondendo por roubo com uso de arma branca operar-se-á o
instituto da retroatividade, uma vez que é mais benéfico.
3.3.1. LATROCÍNIO
Súmula 610, STF - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não realize o agente a subtração de bens da vítima.
Não cabe tentativa, pois se equipara ao latrocínio consumado quando mata e não leva.
Colarinho azul.
Se o agente não matar e não levar. Ex: disparar contra um carro, não leva, e não mata.
Configura tentativa de latrocínio. Da mesma forma se dispara contra um carro, não
matar e levar. Será tentativa.
3.4. EXTORSÃO
O crime de extorsão é crime formal, conforme Súmula 96, STJ e se consuma com o
mero constrangimento, independentemente da obtenção da vantagem.
Ex.: o agente manda uma mensagem falando que sequestrou a esposa de uma pessoa,
e na verdade ela está ao lado da pessoa que recebeu a mensagem. Fato atípico. Crime
impossível.
3.5. DANO
É punido somente na forma dolosa. Só tem dano culposo quando for crime ambiental
– Lei 9.605/98.
3.6. ESTELIONATO
• Cheques:
SÚMULA 246, STF - Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de
emissão de cheque sem fundos.
Ex.: indivíduo entrega o cheque, achou que tinha fundos, mas não tinha. Não há
configuração do crime. Cheque sem fundos não tem forma culposa. Deve ter dolo.
SÚMULA 554, STF - O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o
recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
O STF decidiu que dar cheque sem fundos para pagar prostituta é crime de cheque
sem fundos.
3.7. RECEPTAÇÃO
Receptação culposa está prevista no Art.180, § 3º, CP. O agente não sabe que é
produto de crime. De competência do JECRIM, procedimento sumaríssimo.
• ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS:
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título,
em prejuízo:
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos.
4.1. ESTUPRO
Antes, o crime de estupro só poderia ser praticado contra mulher honesta, que era
aquela mulher que se recolhe aos seus aposentos até às 22h - conceito dado por
Nelson Hungria.
Hoje, o conceito de sujeito passivo é alguém, ou seja, qualquer pessoa pode ser vítima
(homem, mulher, transexual). Qualquer um pode ser vítima e autor de estupro.
O art. 213, CP, fala em ato libidinoso e conjunção carnal, que são coisas distintas.
Ato libidinoso: qualquer ato sexual (sexo anal, sexo oral, qualquer ato que envolva
sexo).
Antes, quando o crime era praticado contra homem era considerado ato libidinoso e
tinha um artigo próprio para isso (atentado violento ao pudor) que foi revogado pela
Lei 12.015/09, mas não houve descriminalização ou abolitio criminis.
Aplica-se o princípio da continuidade normativo típica, uma vez que o crime não
deixou de existir, continua sendo crime, mas em outro endereço (Art.213, CP).
Na Síndrome da Barbie a mulher, nos crimes sexuais, é sempre coisificada, vista como
objeto de desejo. É combatida com o tratamento da mulher como sujeito de direitos.
Não confundir com a síndrome da mulher de Potifar, em que a mulher cria a situação
criminosa para incriminar alguém por vingança.
Na Bíblia, a mulher de Potifar queria ficar com José, que foi vendido como escravo
pelos seus irmãos e começou a trabalhar na casa do Faraó, e a mulher queria ficar com
ele. Até que um dia, ela o trancou no quarto, pediu para que ele a possuísse, o que ele
não o fez. Assim, ela arrancou as vestes de José, que saiu correndo. Ela começou a
gritar socorro e acusou ele de tentar estuprá-la. Nesse caso, seria crime de
denunciação caluniosa.
• Consumação: a consumação demanda ato libidinoso ou conjunção carnal mais
violência ou grave ameaça. Pode se consumar com masturbação, o simples tocar de
forma violenta no seio da mulher também, por exemplo.
Info. 587/STJ – CUIDADO! Nos crimes de estupro e estupro de vulnerável não precisa
de contato físico para consumar o crime.
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de
liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
A Ação Penal 470 do STF discutiu os requisitos do Art. 71, na qual foi definido que:
Se uma pessoa fizer hoje sexo anal, vaginal ou oral e o fizer com a mesma pessoa em
30 dias cabe crime continuado, responde só por um crime.
Antes de 2009 o sexo vaginal, oral e anal eram respectivamente os art. 214 e 213, do
CP, e somavam as penas, as quais cada era de no mínimo 6 anos, somavam-se as penas
dos crimes praticados conforme art. 69, do CP e a progressão do regime era 2/5.
Súmula Vinculante 56, STF - A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a
manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar,
nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.
• Estupro qualificado:
Art. 213, § 1º, CP: é necessário que seja praticado com violência ou grave ameaça e
resulte em lesão corporal grave ou a vítima seja menor de 18 anos ou maior de 14
anos.
Relação sexual com maior de 14 anos não é crime. Para ser crime deve ser menor de
14 anos.
Art.213, § 2º, CP: morte. Quando a vítima morre ou tem lesão grave, qualifica o crime.
O STF chama de violência real (física).
Com o advento da lei 13.718/18, todos os crimes contra a dignidade sexual passaram a
ser de ação pública incondicionada.
Estupro é sempre hediondo (Lei. 8972/90), em todas as suas formas. Não cabe anistia,
graça, indulto, fiança. A prisão temporária será de 30 dias.
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
vítima:
Ex.: médico ginecologista que toca a mulher para satisfazer a sua lasciva.
Ex: Maria é casada com João. Pedro se passando por João entra de madrugada na casa
de Maria e deita ao lado dela e começa a tocar os seus seios. Nesse momento entra
João dentro do quarto. Nesse caso, ocorreu o crime de violação sexual mediante
fraude.
Aqui, a fraude empregada deve ser capaz de iludir a pessoa, não lhe retirando o
discernimento, sob pena de se incorrer no tipo penal do art.217-A.
É crime formal. Crime de intenção. Não precisa ter o ato sexual. Ex.: o simples convite
à secretaria, a cantada, convite para jantar com intuito de ter sexo.
Quando o agente não sabe a idade da vítima, configura erro de tipo, excluindo o crime.
Ex: Menina menor de 14 anos que entra na boate com carteira de identidade falsa.
- Doente mental: deve ser feita perícia. A doença mental deve ser constatada. Pode ser
que o doente mental tenha vida sexual, então vai depender da doença mental da
pessoa para considerá-lo vulnerável. A doença mental tem que afastar o
consentimento válido, aí sim se tem o crime de estupro, caso contrário estará se
fazendo uma discriminação.
É crime hediondo.
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Situação: A induz B a ter relação sexual com ou C. C responde pelo art. 217-A, CP, e A
responderá pelo art. 218, CP - teoria pluralista, cada um responderá por um crime
diferente.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
SÚM. 500, STJ: A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da
efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.
• Lei 13.344/16, em seu art. 6º diz que o policial não pode fazer a revitimização nos
crimes envolvendo pessoas, a vitimização secundária.
Situação¹: os pais estão tendo relação sexual no quarto e a criança vai até lá e
presencia a cena. É crime? Não, pois não tem o elemento subjetivo do tipo, qual seja
“a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem”.
Situação²: duas pessoas tendo relação sexual e fazem com que uma criança assista.
É crime formal.
Ex: sujeito que compra a virgindade de uma menina de 13 anos. O que teve relação
sexual com ela responde pelo 217-A, CP. Ao que vendeu a virgindade, aplica-se o
princípio da subsidiariedade, e responderá pelo art. 218-B.
Aqui, o rufião é o gigolô que vive à custa de outro que se prostitui, diferente do
cafetão que é o intermediário.
A doutrina majoritária aplica a adequação social, mas para o STF a adequação social
não existe, aplicando a legalidade. O STF diz que se estiver diante desses crimes
(art.227/230) deve ter punição.
Em 2013 esse delito teve sua nomenclatura alterada, excluindo o nome de quadrilha
ou bando, prevendo que a associação de três ou mais pessoas configuraria o tipo
penal, e não mais a associação de mais de três pessoas.
Associação Criminosa
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer
crimes:
Àquele que praticou o crime de quadrilha ou bando antes da vigência da lei nova é
aplicado a lei anterior, já que a lei nova é mais severa, logo, opera-se o instituto da
irretroatividade.
A pena também foi alterada, sendo majorada quando tiver uso de arma própria (ex:
arma de fogo) ou imprópria (que seu fim imediato não é esse, mas pode ser utilizda
para tal fim. Ex: faca) e participação de criança/adolescente.
• Jurisprudência:
Ex: é possível um individuo responder por 157, § 2º, II, § 2º A, I c/c Art.288, parágrafo
único, CP? SIM, pois são bens jurídicos diferentes (patrimônio e paz pública).
III - Consta dos autos que o paciente foi reconhecido como criminoso
habitual, uma vez que faz do crime seu modus vivendi.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de
2012)
Associação para cometer qualquer dos crimes previstos no Código Penal. Se a milícia
se reúne para praticar tortura, por exemplo, não se enquadra nesse tipo penal, porque
está em legislação extravagante.
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal,
quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
Se a associação tiver como fim a prática de crimes hediondos não se aplicará a pena do
art. 288, CP, e sim do art. 8º da Lei de Crimes Hediondos. Pena maior.
Associação de duas pessoas ou mais pessoas com o fim de praticar tráfico de drogas e
apetrechos para o tráfico (ter balança de precisão, saquinhos de xup-xup). É
equiparado a crime hediondo, assim como o tráfico de drogas.
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os
meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a
ser aplicado.
Ex.: crimes da lava-jato, cujas penas máximas são superiores a 04 anos e possuem mais
de 4 agentes.
Nesse caso, foi aplicado o Art. 4º, Lei 12850/13 – Imunidade e perdão judicial.
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir
em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e
com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos
seguintes resultados:
Aplica-se o perdão judicial à organização criminosa? O STF ainda não decidiu nada a
respeito, mas aplicou-se em situação análoga. A Lei 9.807/99 (Lei de proteção à
testemunhas, vítimas e acusados), permite no art. 13 à pessoa que é vitima e
testemunha ao mesmo tempo o perdão judicial.
Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão
judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário,
tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal,
desde que dessa colaboração tenha resultado:
Info 690, STF. A 2ª Turma acolheu proposição formulada pelo Min. Celso de Mello no
sentido de afetar ao Plenário julgamento de habeas corpus em que se discute a
hediondez no crime de tráfico privilegiado previsto no parágrafo 4º do art. 33 da Lei
11.343/2006 (“§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas
poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de
bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa”). Na espécie, o paciente fora condenado por tráfico internacional de drogas
e a defesa requerera indulto, denegado pelo juízo das execuções penais. Em mutirão
carcerário, entendera-se que teria jus ao perdão da pena, já que cumprido 1/3 da
reprimenda. Ocorre que, posteriormente, o tribunal local cassara o benefício, a ensejar
a presente impetração. Alega-se que o tráfico privilegiado não seria hediondo porque
não estaria expressamente identificado no art. 2º da Lei 8.072/90 (“Art. 2º Os crimes
hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; II - fiança”), a prever tão
somente a figura do tráfico de entorpecentes do caput do mencionado art. 33 da Lei
de Drogas. Sustenta-se, ademais, que esse fato seria bastante para que o paciente não
sofresse as restrições impostas pela Lei dos Crimes Hediondos. HC 110884/MS, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, 27.11.2012. (HC- 110884)
Teoria dos jogos. Direito dos prisioneiros. Quem fizer primeiro a delação terá
benefícios melhores.
Info 639, STF: Absolvição de pessoa física e condenação penal de pessoa Jurídica. É
possível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que
haja absolvição da pessoa física relativamente ao mesmo delito.
Caso a PJ seja denunciada junto com a pessoa física, que morre ou é absolvida,
subsiste a ação penal. Da mesma forma se a PJ for extinta, subsiste a ação em relação
a pessoa física.
A agravante no concurso de pessoas se aplica ao art. 288, CP? Sim. Tudo que está na
parte geral aplica-se a parte especial. Info 687, STF. O Min. Celso de Mello, por sua vez,
quanto à agravante genérica disposta no art. 62, I, do CP, registrou que sua incidência
seria compatível em hipótese de concurso meramente eventual de pessoas, bem assim
em situações configuradoras de concurso necessário, como no delito de quadrilha.
Todos esses crimes demandam potencialidade lesiva, ou seja, nos crimes que
envolvem fé pública não serve, por exemplo, falsificar um documento, diploma que
qualquer pessoa perceba que é falso. A falsificação deve ser hábil a enganar.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a
restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis
meses a dois anos, e multa.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não
estava ainda autorizada.
• Falsidade documental – muitas vezes pode ser crime meio para o crime fim. Pode ser
falsidade material e falsidade ideológica.
Cheque é sempre documento público. Não importa qual a origem de expedição (Banco
do Brasil, Santander).
Documento particular: por exclusão. Tudo que não está no art.297 é documento
particular.
Na alteração de nota fiscal (art. 298) para fins de Sonegação do Art. 1º, Lei 8.137/90. O
crime meio (falsificação – art. 298, CP) é absorvido pelo crime fim (sonegação fiscal).
Não interessa o banco que expediu o cartão de crédito ou débito, sempre será
documento particular, para fins do disposto no caput do Art. 297 CP.
Súmula 17/STJ - 18/12/2017. Estelionato. Falso. Absorção. CP, arts. 70 e 171. Quando o
falso (qualquer falso) se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido.
Ex: O Oficial de Justiça elabora um documento alegando que fez a citação do réu, sem
no entanto ter procedido a citação.
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante:
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem
os arts. 297 a 302:
Ex.: tem que apresentar CNH para ser crime. Se o policial encontrar na abordagem por
exemplo, não configura esse tipo penal.
REsp 17584, RJ – utilização de xerox do documento falso não constitui o delito. Mas,
usar fotocópia autenticada configura o crime.
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em
proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento
de crime mais grave.
Esse tipo de falso é quando o agente está atribuindo a si ou a terceiro nome que não é
dele, seja numa blitz policial, numa audiência, perante um juiz, um promotor.
Cuidado! Era fato atípico quando o agente se apresentava como terceiro para fugir à
responsabilidade criminal. Para uma maioria era direito constitucional de não produzir
prova contra si mesmo ou direito de autodefesa. Por isso, a súmula 522/STJ:
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou
qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize,
documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui
elemento de crime mais grave.
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Info. 469, STJ: TROCA. PLACAS. VEÍCULO. ART. 311 DO CP A Turma deu provimento ao
recurso do Parquet ao entender que a troca das placas originais de automóvel por
outras de outro veículo constitui adulteração de sinal identificador (art. 311 do CP).
Precedentes citados: AgRg no REsp 783.622-DF, DJe 3/5/2010, e HC 107.301-RJ, DJe
21/6/2010. REsp 1.189.081-SP, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 14/4/2011.
Colocação de fita adesiva, alterando a placa do carro também constitui o crime. – STJ
HC 8949/SP.
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído pela Lei 12.550. de
2011)
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de
2011)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso
de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput. (Incluído pela Lei
12.550. de 2011)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Crime formal. Não é necessário que a pessoa que divulgue ou quem utiliza tenha o
benefício. Basta que o agente divulgue ou utilize o conteúdo sigiloso.
Cumpre ressaltar que a pena mínima prevista para tal tipo penal possibilita a aplicação
da suspensão condicional do processo.
Aquele que pegar folhas de papel A4 para fazer o TCC não poderá ser afastado pela
insignificância.
7.1. PECULATO
Ex: um policial e seu irmão que não é funcionário público resolvem adentrar no órgão
público para subtrair bens. O irmão responderá como se funcionário público fosse,
desde que saiba da condição do outro de ser funcionário público.
“ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e
multa.”
Ex.: dinheiro que o Prefeito deveria aplicar na saúde e ao invés disso compra um
imóvel para fim particular.
Ex²: dinheiro que vem pra ser aplicado na saúde é aplicado em educação, configura
crime do Art.315, CP (emprego irregular de verbas ou rendas públicas).
Aqui, o funcionário público não tem a posse, enquanto que no peculato apropriação
ele tem a posse.
Ex: deixar a porta da delegacia de polícia aberta e alguém entra e subtrai algum bem.
O que deixou a porta aberta responde por peculato culposo.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000).
Muito confundido com corrupção. O elemento especializante deste crime que não tem
na corrupção é o sistema informatizado ou banco de dados da Administração Pública.
Ex: entregar um dinheiro para um funcionário do DETRAN para inserir o seu nome no
sistema como aprovado no exame de rua para tirar CNH.
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão
do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Lembre-se! Quando se tratar de fiscal de tributos aplica-se o art.3º, Lei 8.137/90, pelo
princípio da especialidade.
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no
Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda
em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando
pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;
7.3. CONCUSSÃO
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Excesso de exação
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137,
de 27.12.1990)
O verbo é exigir que denota uma coerção/extorsão feita por funcionário público. O
agente faz coerção/extorsão (determina, impõe) contra o particular para praticar ato
de ofício com fim de obter vantagem indevida. Ainda que fora da função ou antes de
assumi-la.
Ex: numa blitz policial, o guarda exige mil reais para o particular para liberá-lo, caso
contrário plantará drogas no carro dele.
Ex2: Indivíduo que ainda não tomou posse e exige vantagem ao particular.
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
10.763, de 12.11.2003)
REsp. 825340/MG. RECURSO ESPECIAL. ART. 317, §1º, DO CP. CORRUPÇÃO PASSIVA.
CONFIGURAÇÃO. Para a configuração do delito de corrupção passiva se faz necessário
que o ato de ofício em torno do qual é praticada a conduta incriminada seja da
competência ou atribuição inerente à função exercida pelo funcionário público
(Precedentes do STJ e do STF). Recurso desprovido.
Natureza da vantagem: Pecunia non olet (dinheiro não tem cheiro). Não interessa
como está pagando. Qualquer coisa que tenha valor.
Situação 3: Quando C ouve a conversa de A e B sem que qualquer deles saiba, precisa
de autorização judicial.
Súmula 711, STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
Teoria pluralista.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
10.763, de 12.11.2003)
O verbo “dar” não foi tipificado pelo legislador, assim, na prática, quando ocorrer o
“dar”, o agente responderá por corrupção, pois em última análise, aquele que chegou
a entregar vantagem passou antes pelo oferecer e prometer. Se pune o menos pune o
mais.
Vantagem: qualquer uma. Pode oferecer tudo. Ex.: mulher parou na blitz e ofereceu ao
policial para irem ao motel.
7.6. PREVARICAÇÃO
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever
de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº
11.466, de 2007).
Na prevaricação não tem vantagem indevida, o que se tem é sentimento pessoal, que
pode ser sentimento envolvendo família, amizade, inimizade.
Ex.: Delegado de Polícia que deixa de instaurar inquérito contra o filho do Prefeito, que
é seu amigo.
Quem entra com celular responde pelo Art. 349-A, favorecimento impróprio.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
Deve ter bilateralidade? Não. Mas se houver, há o concurso de pessoas pela teoria
pluralista.
Toda autoridade que fica sabendo de alguma infração tem por dever legal levar ao
conhecimento da autoridade competente ou fazer a devida punição.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.
Esse crime está revogado pelo art. 3º da Lei 4898/65 de Abuso de Autoridade.
Revogação tácita.
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Art.330, CP - Desobediência.
Ex: pode ir pra frente do Planalto Central e manifestar. É possível contra ente abstrato.
• Diferença entre Desacato e Injúria contra Funcionário Público (Art.141, II, CP).
O STF entendeu que embriaguez é suficiente para elidir a aplicação do tipo em tela
(desacato), uma vez que o agente não atua com dolo.
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127,
de 1995)
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
12.850, de 2013) (Vigência)
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o
ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de
28.8.2001)
A pena de reclusão de 1 a 3 anos foi alterada em 2013 para 2 a 4 anos, não cabendo
mais o benefício da SUSPRO.
Crime de mão própria. Esse é o único crime de mão própria que cabe coautoria. O STF
decidiu que quando o coautor for advogado, uma vez que este possui o chamado
domínio final do fato e não pode ser apenado como simples partícipe - Teoria do
Domínio Final do Fato (HC 75037/SP – STF).
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de
28.8.2001)
Ex: suborno ao perito. Só se aplica se o perito for nomeado pelo Juiz, ou seja, tratar-se
de perito não oficial ou particular. Se for perito oficial (funcionário público) responde
por corrupção passiva, caso receba o aludido suborno, sendo que aquele que ofereceu
o suborno responderá pelo delito de corrupção ativa.