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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL

1. CRIMES CONTRA A VIDA

1.1. HOMICÍDIO

a) Classificação:

• Crime material: aquele que tem resultado naturalístico (morte). Diferente do crime
formal também chamado de crime intencional, crime transcendental, crime mutilado.

• Não-transeunte (é o que deixa vestígios – precisa de perícia – Art.158, CPP). Quando


não for possível o exame de corpo de delito, a prova testemunhal poderá suprir a falta,
mas somente quando não existir corpo de delito. Ex.: dissolveu com ácido, deu para o
cachorro comer.

• Crime omissivo impróprio: possibilidade.

Exemplo: um policial voltando para casa, sem farda, e vê uma situação de risco e que
pode impedir. Se ele não faz nada, responderá por omissão de socorro ou como
garantidor? Como garantidor, e responderá pela omissão daquilo que praticaram,
como por exemplo, se presenciar uma situação de homicídio, e não agir, responderá
por homicídio.

Roxin: imputação objetiva, domínio final do fato (estudar).

b) Espécies:

• Simples:

O homicídio simples pode ser hediondo? Sim, quando praticado em atividade típica de
grupo de extermínio (reunião de três ou mais pessoas). Art.1º, I, Lei 8072/90.

• Privilegiado: é uma minorante.

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou


moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Motivo de relevante valor social ou moral são coisas distintas. Social é motivo coletivo
(ex: população pega e mata um estuprador) e moral é motivo pessoal (ex: pai que
mata o estuprador da filha). A violenta emoção, isolada, não diminui nada. Deve ser
acompanhada da injusta provocação da vítima, onde o agente age logo em seguida.
Injusto em alguns casos é entendido como fato típico e ilícito, porém nesse contexto,
injusta é um conceito amplo (ex: cuspir na cara).
• Qualificado:

Motivo torpe: HC 96907/RJ – O STF entende que tal qualificadora deve ser estendida
ao corréu, uma vez que se trata de elementar do tipo penal. Para este Tribunal, as
qualificadoras do parágrafo segundo seriam elementares do tipo penal de homicídio
qualificado.

Ex: o pai que contrata o pistoleiro para matar o estuprador da vítima. Tanto o pai,
quanto o pistoleiro, irão responder pelo homicídio qualificado se seguir essa linha de
entendimento do STF.

Info 525/STJ. Motivo fútil é motivo bobo, desproporcional. Ex.: matar por causa de
jogo de futebol.

DIREITO PENAL. QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL NO CRIME DE HOMICÍDIO. A


anterior discussão entre a vítima e o autor do homicídio, por si só, não afasta a
qualificadora do motivo fútil. Precedente citado: AgRg no AREsp 31.372-AL, Sexta
Turma, DJe 21/3/2013; AgRg no AREsp 182.524-DF, Quinta Turma, DJe 17/12/2012.
AgRg no REsp 1.113.364-PE, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe 21/8/2013

Info. 583, STJ: DIREITO PENAL. HOMICÍDIO. Incompatibilidade entre dolo eventual e a
qualificadora de motivo fútil. Inexistência de motivo fútil em homicídio decorrente da
prática de "racha".

Inciso III: A qualificadora tortura é meio para se chegar ao homicídio, ao passo que a
tortura seguida de morte, temos a tortura como fim, onde o resultado morte é gerado
a título de culpa.

Inciso V: conexão sequencial (visão para o passado – para assegurar a ocultação,


impunidade ou vantagem de outro crime que já cometeu. Ex.: matar uma testemunha)
e teleológica (visão para o futuro – para assegurar a execução de outro crime que
ainda vai praticar. Ex.: matar o segurança para matar o Presidente depois).

Inciso VI (feminicídio): matar mulher nas circunstâncias da Lei Maria da Penha e


discriminação pelo fato de ser mulher. Não é necessária a coabitação. É vedada a
analogia in malam partem, ou seja, a vítima só pode ser mulher (não incluem os
transexuais, por exemplo).

Inciso VII: contra autoridade ou agente descrito nos Arts.142 e 144, CF.

Agentes de segurança pública no exercício da função ou em função dela.

No Direito Penal, adota-se a teoria finalista, que se preocupa com o desvalor da


conduta. O autor deve saber a função do agente, caso contrário a qualificadora ficará
prejudicada.
• Culposo: é diferente do crime culposo no trânsito. Art. 302, CTB.

Cabe SURSIS – Pena mínima igual a um ano.

Homicídio culposo

Art.121, § 3º- Se o homicídio é culposo.

Pena - detenção, de um a três anos.

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a


permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

O legislador, na lei 13546/17, incluiu o parágrafo terceiro que trata:

§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer


outra substância psicoativa que determine dependência:

Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter


a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Apesar da pena de reclusão de 05 – 08 anos, o autor ainda incorrerá em pena restritiva


de direitos ao final do processo, por se tratar de crime culposo. Não caberá ainda, a
prisão preventiva, pois há o requisito que o crime seja doloso, com pena superior a 04
anos.

Cuidado! Existe dolo eventual no trânsito. HC 107801/SP – STF. É possível nos casos de
racha (INFO 645/STF), embriaguez preordenada (o agente se embriaga para cometer
crime) – actio libera in causa.

Direito Penal emergencial ou direito penal do pânico, ou direito penal simbólico ou


direito penal inflacionário: quando se cria um tipo penal mais grave para satisfazer
anseios sociais momentâneos.

1.2. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO

Classificação: crime condicionado, pois é indispensável que tenha lesão grave ou


morte. O Bitencourt diz que cabe tentativa (“tentativa qualificada” é a punição por
lesão grave no art. 122, CP), diferentemente da doutrina majoritária.

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o
faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três
anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Parágrafo único - A pena é duplicada:

Aumento de pena

I - se o crime é praticado por motivo egoístico;

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de


resistência.

Casos clássicos:

- roleta russa: consiste na brincadeira em que os participantes colocam em um


revolver uma única bala e giram um tambor. Posteriormente, um dos participantes
coloca a arma na própria cabeça e atira. Se nada acontecer, é a vez do outro fazer a
mesma coisa, até que a bala dispare e o sobrevivente ganha o jogo. O que sobreviveu
responderá pelo crime previsto no art.122, CP, pois auxiliou, com o ato de dar a arma
para o outro.

- duelo: é a disputa entre duas pessoas pela honra de uma donzela. Cada um em uma
extremidade, a donzela no meio joga um lenço vermelho pra cima, quando tocar o
solo, o primeiro que disparar a arma e matar ganha a donzela. Responderão pelo
art.121, CP.

- pacto de morte: duas pessoas combinam em se matar. O sobrevivente responde pelo


art.122, CP. Exceções: pacto de morte, quando o sobrevivente foi quem abriu a
torneira de gás, por exemplo. Responderá por homicídio. Se ambos sobrevivem, quem
abriu a torneira responde por tentativa de homicídio, enquanto o outro por nada
responderá, por ser conduta atípica.

1.3. INFANTICÍDIO

Infanticídio

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

Comunicabilidade das elementares. Art.30, CP.

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo


quando elementares do crime.
O pai ou o médico devem ter ciência do puerpério (finalismo penal). A doutrina
majoritária entende pela comunicabilidade entre os coautores, respondendo todos
pelo mesmo tipo penal (infanticídio). A doutrina minoritária entende que o pai
responderá pelo crime previsto no art.121, CP, pois se fundamenta no art. 13, II, CP
(garantidor) – Nelson Hungria.

Se a mãe, no estado puerperal, mata filho de outrem pensando ser seu, responderá
pelo art.123, em virtude do art.20, §3º, CP – Erro sobre a pessoa. Consideram-se as
características da vítima virtual, isto é, de quem o agente queria matar.

1.4. ABORTO

Feto: todo ser que já tem vida. Vida é o fenômeno da nidação.

Se forem dois fetos, a mãe responderá por concurso formal impróprio, por desígnios
autônomos (dolo independente) em relação ao abortamento de cada um dos fetos,
desde que tenha conhecimento.

Pelo art.124 só a mãe responderá. Crime de mão própria. Admite participação, mas
não cabe coautoria. Adota-se a teoria pluralista (exceção pluralista), ou seja, tem-se
dois tipos penais diversos para uma mesma e idêntica situação fática, que ocorre
quando um terceiro, com consentimento da gestante, auxilia-a a cometer o aborto.

Abortos legais: praticado por médico. Não é necessária autorização judicial. Pode ser:

- necessário, para salvar a vida da gestante.

- sentimental, proveniente de um estupro, por exemplo.

- ADPF 54/DF: anencéfalo. O STF entendeu ser lícito o aborto de feto anencéfalo, por
não haver atividade encefálica e consequentemente não haver objeto material do
delito (ser humano vivo). Trata-se de feto sem vida.

1.5. LESÃO CORPORAL

I. Espécies:

A) Leve – Art.129, caput:

Ofender a integridade física de outrem. O conceito de lesão corporal leve é feito por
exclusão. Ou seja, tudo aquilo que não está previsto nos parágrafos primeiro e
segundo será lesão corporal leve.

• Lesão corporal X vias de fato (art. 21, LCP).

A diferença entre vias de fato e lesão leve é pericial. A lesão leve caracteriza-se por
lesão aparente, superficial (ex.: supercílio aberto, roxos pelo corpo, dedo quebrado),
enquanto as vias de fato não tem lesão aparente. Enquanto o crime de lesão corporal
exige prova pericial, a contravenção vias de fato não exige, pois sequer chega a causar
lesão corporal.

Lesão corporal leve se processa através de ação penal pública condicionada a


representação (Art. 88, L9099/95). Vias de fato se processa através de ação penal
pública incondicionada.

B) Grave – Art.129, §1º, CP.

Lesão corporal de natureza grave

Inciso I - Incapacidade para ocupações habituais não se confunde com incapacidade


para o trabalho. Aqui, ocupações habituais são atividades praticadas pela pessoa,
incluindo o trabalho. Ex: jogar futebol com os amigos aos sábados.

Inciso II - Perigo de vida causado à vítima a título de culpa, caracterizando crime


preterdoloso (Conduta: dolo / Resultado: culpa). Caso contrário, teríamos uma
tentativa de homicídio.

Não confunda preterdolo com culpa imprópria. Na culpa imprópria a conduta é


culposa e o resultado é doloso. Art.20, §1º, segunda parte, CP.

Inciso III - Debilidade permanente de membro, sentido ou função. É uma restrição que
a vítima passa a sofrer. Membros inferiores ou superiores. O pênis é membro fálico.
Sentido: tato, olfato, paladar, audição e visão. Função: respiratória, digestiva, etc.

Perda de órgão duplo é debilidade (Ex: Pedro atirou uma pedra dolosamente no olho
de Tício e o deixou cego de um olho. Nesse caso teremos lesão corporal grave por
debilidade de órgão).

Inciso IV - Aceleração de parto: teoria do finalismo. O agente deve ter conhecimento


da gravidez. Se não tiver conhecimento da gravidez enquadra-se no crime de lesão
corporal leve.

C) Gravíssima – Art.129, §2º, CP

Inciso I - Incapacidade permanente pra o trabalho que exercia e não para qualquer
trabalho.

Inciso II - Enfermidade incurável: o STJ no HC 160982/DF decidiu que AIDS não é


tentativa de homicídio, é enfermidade incurável.

Se um indivíduo com intenção de passar AIDS a outra pessoa, não utilizou preservativo
durante a relação sexual e não transmitiu a doença, responderá pelo crime previsto no
art.130, CP.
Se um indivíduo, sabendo que tem AIDS, utiliza preservativo durante a relação sexual,
não passa a doença a outro  crime impossível, art. 17, CP.

Se transmitir qualquer outra doença que não a AIDS, pode configurar lesão corporal
leve ou grave, depende do caso concreto.

Inciso IV - Deformidade permanente – INFO 562/STJ. Cirurgia estética reparadora não


afasta a qualificadora deformidade permanente, que é constada no tempo do crime,
conforme o art. 4º, CP.

DIREITO PENAL. CRIME DE LESÃO CORPORAL QUALIFICADO PELA DEFORMIDADE


PERMANENTE. A qualificadora "deformidade permanente" do crime de lesão corporal
(art. 129, § 2º, IV, do CP) não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que
elimine ou minimize a deformidade na vítima. Isso porque, o fato criminoso é valorado
no momento de sua consumação, não o afetando providências posteriores,
notadamente quando não usuais (pelo risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou de
tratamentos prolongados, dolorosos ou geradores do risco de vida) e promovidas a
critério exclusivo da vítima. HC 306.677-RJ, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador
convocado do TJ-SP), Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/5/2015, DJe
28/5/2015.

A deformidade permanente exige perícia e repulsa/ojeriza. A perícia por si só não é


suficiente. Se não houver a repulsa, não será considerado deformidade permanente e
o crime será desclassificado para lesão corporal leve.

Inciso V - Aborto culposo dentro de lesão corporal gravíssima. Crime preterdoloso. O


agente queria apenas lesão corporal e provoca aborto. É necessário que o agente
tenha conhecimento da gravidez (finalismo).

D) Lesão corporal seguida de morte: preterdolo. Ex: Mévio querendo lesionar Tício lhe
dá uma facada no peito, mas Tício acaba morrendo.

E) Lesão culposa

Questão cobrada em prova: indivíduo fazendo aeromodelismo em um aeroporto, e ao


fazer um voo rasante perto da namorada para assustá-la, ela levantou o braço e a
hélice cortou seu braço. Crime configurado: lesão corporal culposa. O desvalor do
resultado é dispensável, uma vez que o indivíduo não queria causar lesão.

O crime culposo é intencional na conduta, mas não no resultado.

F) Lesão leve – violência doméstica

A vítima aqui pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher.


OBS: se a vítima for mulher, será aplicada a Lei 11.340/06 e serão impostas as medidas
protetivas.

Novidade legislativa: Art.24-A, Lei 11.340/06: crime de descumprimento de medidas


protetivas.

Viés da criminologia feminista, pela qual a mulher deve ser protegida de todas as
formas, principalmente na lei.

A lei veda que o delegado de polícia arbitre fiança, ainda que a pena do crime seja
inferior a dois anos. Somente o juiz poderá conceder fiança.

Súmula 600 - Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo


5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e
vítima.

Súmula 589 - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções


penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. (Súmula 589,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe 18/09/2017).

Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. (Súmula 542, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 26/08/2015, DJe 31/08/2015).

Cuidado com o art. 88, lei 9.099/95 que trata sobre a lesão leve e culposa em que se
processa por ação Penal Pública Condicionada à representação:

Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões
culposas.

Súmula 588 - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência
ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa
de liberdade por restritiva de direitos. (Súmula 588, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
13/09/2017, DJe 18/09/2017).

Ex: Tício, primário, de bons antecedentes, condenado por crime de lesão corporal leve
contra sua mulher, a 3 meses de detenção. Cabe PRD? Segundo a súmula 588, STJ, não
caberá PRD.

Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro
de 1995.

• Ação Penal:
- se a lesão for leve ou culposa: ação penal pública condicionada à representação; se a
vítima for mulher e houver aplicação da lei 11.340/06, a ação será pública
incondicionada.

- mulher, vítima de ameaça: ação penal pública condicionada à representação.

G) Art. 129, § 12º, CP – Lesão contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
da CF.

É importante lembrar que sempre será majorado nessas hipóteses (1/3 a 2/3). Mas
quando será considerado crime hediondo? Quando for lesão gravíssima ou seguida de
morte. Art.1º, I - A, Lei 8072/90.

2. CRIMES DE PERIGO

O que os crimes de perigo têm em comum?

a) Ofensividade

Ferraioli entende que para uma conduta ser punida devem-se observar quatro vetores:

- Não se deve punir estados existenciais.

- Não se devem punir condutas desviadas.

- Condutas que não saem do âmbito do autor. Ex.: fumar maconha.

- Lesões ínfimas. Ex.: quando há lesão, mas não uma lesão materialmente ofensiva.

Logo, seriam inconstitucionais se analisados pelo princípio da ofensividade.

b) Ubiquidade

Acesso universal à jurisdição.

Os crimes de perigo são constitucionais, de acordo com a doutrina majoritária, em


virtude do Art.5º, XXXV, CF:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Crimes de perigo não tem lesão. Se tiver, será crime preterdoloso.

3. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.

3.1. FURTO

A) Princípio da insignificância
Cabe princípio da insignificância nos crimes patrimoniais? Via de regra, sim. O HC
12262/MG – STF traz de forma expressa quando poderá ser aplicado o princípio da
insignificância.

São quatro vetores:

- Mínima ofensividade da conduta

- Nenhuma periculosidade social da ação

- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento

- Inexpressividade da lesão jurídica

INFO 756/STF – Esse informativo excepciona o HC 12.262/MG quanto à aplicação do


principio da insignificância aos reincidentes. Assim, quando a reincidência não se der
em crimes patrimoniais, poderá ser aplicado o princípio da insignificância. Ex.: um
indivíduo praticou lesão corporal leve e dentro do quinquênio da reincidência ele
pratica furto de pequeno valor. Nesse último crime poderá ser aplicado o princípio da
insignificância. É o que se convencionou chamar de teoria da reiteração não
cumulativa de condutas de gêneros distintos

B) Consumação

No crime de furto basta a inversão da posse, sendo adotada a teoria da amotio ou


apprehensio. Hoje não mais é necessária a posse mansa e pacífica.

Questão abordada em prova: uma pessoa adentrou ao supermercado (com sistema de


vigilância) e furtou um litro de vodca e carnes. Os seguranças do estabelecimento, que
estavam flagrando pela câmera, prenderam a pessoa. O furto foi consumado ou
tentado?

É crime impossível? Nesse sentido, Súmula 567, STJ:

Súmula Nº 567: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por


existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto.

Portanto, se o agente foi pego dentro do supermercado, tentativa de furto. Se ao


contrário, for pego fora do estabelecimento, crime consumado.

Art. 155, § 1º, CP - Majorante: Furto noturno. Repouso noturno. A vítima não precisa
estar dormindo e não precisa estar em casa. Pode ser em estabelecimento comercial.

É possível a aplicação do Art.155, § 1º ao § 4º? O STJ entendeu que no INFO 554/STJ,


assim como no homicídio tem se privilégio que se aplica a qualificadora, nada impede
que tenha um crime majorado qualificado ou privilegiado qualificado.
Art. 155, §2º, CP – Minorante: também poderá ser aplicado ao §4º.

Súmula 511-STJ - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155


do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade
do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.

Duas qualificadoras são vedadas, pois necessitam de elemento subjetivo: abuso de


confiança e fraude – são de ordem subjetiva.

Art.155, §3º, CP - Furto por equiparação.

É o caso de furto de energia.

E o gatonet? Info 623, STF. Vedada analogia in malam partem.

Sinal de TV a cabo: não se equipara a furto de energia

OBS: Não é crime puxar ponto extra de TV e não pode ser cobrado pela operadora.
Configura prática abusiva.

Sinal de internet: também não se equipara a furto de energia.

Sinal de aula: rateio de aula é crime, e configura violação de direitos autorais. Art.184,
CP.

3.2. FURTO QUALIFICADO

Inciso I – Rompimento de obstáculo.

Deve fazer perícia? Sim! O STJ não aceita que se faça por meio de outra prova. REsp
1008913/RS.

Info 585/STF – STF colocou uma pá de cal na questão envolvendo carro. Hoje, o STF
entende que tanto levando carro quanto levando a bolsa, trata-se de qualificadora.
Furto Qualificado e Rompimento de Obstáculo. A Turma indeferiu habeas corpus em
que a Defensoria Pública da União pleiteava, sob alegação de ofensa ao princípio da
proporcionalidade, o afastamento da qualificadora do rompimento de obstáculo à
subtração da coisa (CP, art. 155, § 4º, I). Sustentava que o furto dos objetos do interior
do veículo seria mais severamente punido do que o furto do próprio veículo, impondo-
se sanção mais elevada para o furto do acessório. Entendeu-se que, na situação dos
autos, praticada a violência contra a coisa, restaria configurada a forma qualificada do
mencionado delito. HC 98606/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 4.5.2010. (HC-98606).

Há um tempo atrás, o fato de a janela do carro ser quebrada para furtar o veículo era
tido como um meio necessário para conseguir consumar o crime e, portanto, um delito
de passagem, sendo absorvido pelo crime fim. Porém, a janela do veículo também está
ali para proteger o bem, ao passo que se o agente a destrói para subtrair o bem,
incidirá na qualificadora, uma vez que sua conduta foi mais reprovável.

Inciso II – Escalada e Destreza

Escalar: quando o agente tem que transpor o obstáculo. Ex.: Subir em uma árvore, em
um muro.

Já se entendeu que passar debaixo de uma cerca, cavando um buraco, é escalada.

Info 506, STJ – o STJ entendeu que essa qualificadora impede a aplicação do princípio
da insignificância.

DIREITO PENAL. FURTO QUALIFICADO PELA ESCALADA. PRINCÍPIO DA


INSIGNIFICÂNCIA. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância ao furto
praticado mediante escalada (art. 155, § 4º, II, do CP). O significativo grau de
reprovabilidade do modus operandi do agente afasta a possibilidade de aplicação do
princípio da insignificância. Precedentes citados do STF: HC 84.412-SP, DJ 19/11/2004;
do STJ: HC 187.881-RS, DJe 28/9/2011, e HC 195.114-RS, DJe 7/10/2011. REsp
1.239.797-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/10/2012.

Info 529, STJ – STJ entendeu que pode incidir tal qualificadora ainda que inexista prova
pericial do objeto usado para escalar, desde que a prova seja obtida por outros meios,
como câmeras de segurança ou outro sistema de monitoramento.

Diferente do rompimento de obstáculo, que admite somente a prova pericial (salvo se


não existir mais os vestígios e não haja inércia por parte da vítima), na escalada é
possível a comprovação por outros meios.

Destreza: provada por testemunhas. É habilidade incomum. Habilidade para subtrair a


coisa que se encontrava na posse da vítima sem despertar-lhe a atenção. Ex: batedor
de carteira.

Furto com Fraude: qual a diferença com a fraude do art.171, CP? Macete: no furto com
fraude o próprio agente subtrai (ex.: caso do indivíduo que entra no estabelecimento,
se passa por manobrista e pega a chave do carro. Ele mesmo subtrai) e no estelionato
a própria vítima entrega (ex.: a vítima para em frente ao estabelecimento, pergunta ao
individuo se ele é o manobrista e a própria vítima entrega a chave do carro) (ex.: test
drive na concessionária, a própria vítima entrega o carro).

Ex: Antônio deixa seu carro com o manobrista do shopping e vai ao refeitório. Lara,
astuciosamente se passa por namorada de Antônio e pede a chave ao manobrista que
lhe entrega e ela sai de lá dirigindo o carro. Nesse caso, o crime praticado é
estelionato, pois a chave foi entregue para Lara.
Ex: Tício cria um site que coleta dados de quem os preenche com uma falsa
propaganda relâmpago. Mévio acaba colocando todos seus dados bancários, bem
como sua senha. Tício de posse das informações, subtrai os valores da conta de Mévio.
Nesse caso teremos furto mediante fraude e não estelionato, pois quem realizou a
subtração foi o próprio agente. Diferente seria, se Mévio tivesse entregado os valores
diretamente para Tício, acreditando tratar-se uma propaganda.

CUIDADO! Info 344, STJ. Casos envolvendo hackers são considerados furto mediante
fraude, pois a vítima passa dados, e com isso o agente consegue subtrair quantia. Dado
é o meio fraudulento. O STJ entende ser furto com fraude o golpe feito pela internet
em que o agente consegue, por meio de programas de computadores (comumente
feito por hackers), subtrair quantia das contas dos correntistas.

Ex.: um indivíduo pega a chave na imobiliária e anuncia aquele apto como se fosse seu,
com documentos falsificados. A vítima interessa no apto, e dá um valor como sinal. –
estelionato.

O art.171 absorverá o art.297, CP.

Súmula 17, STJ - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade
lesiva, é por este absorvido. (Súmula 17, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 20/11/1990, DJ
28/11/1990).

Exemplo: golpe nas redes sociais. Individuo começa a conversar com uma mulher,
recém divorciada. Ele é gentil durante toda a conversa e marca de encontrar, mas ele
mora em Salvador e ela em BH. Assim, ele pede para que ela envie o dinheiro da
passagem pra que ele possa ir ao seu encontro. Ela deposita, ele pega o dinheiro e
some. Estelionato.

Abuso de confiança: de natureza subjetiva. É diferente do abuso de confiança do


art.168, CP.

No abuso de confiança do furto, a posse inicial é ilegítima, enquanto que no art.168, a


posse é legítima.

Ex.: empregada doméstica pega uma joia na casa que trabalha. Furto. Posse ilegítima.

Se essa mesma empregada pede a joia emprestada a patroa e não devolve. Posse
legítima. Apropriação indébita.

Test drive. O indivíduo sai com intenção de conhecer o carro, mas ao andar no carro
acaba gostando e decide não devolvê-lo mais. A conduta anterior é legítima, o dolo de
apropriação é posterior. Apropriação indébita.
Diferente seria a situação que um agente, com intenção de enganar uma
concessionária, se passa por um cliente interessado, pega o carro para fazer o test
drive e fica com o bem. Nesse caso teremos estelionato.

Inciso III - Chave falsa: No REsp 906685/RS se entendeu o conceito de chave falsa. Tudo
que não é a chave verdadeira é a chave falsa. Qualquer instrumento que sirva para
abrir fechaduras, não precisando necessariamente ser uma chave. Pode ser até uma
cópia da chave verdadeira feita pelo agente com a finalidade de furtar.

Ex: Tício com intenção de furtar a casa de Mévio faz uma cópia da chave da casa
quando Mévio se distrai. Posteriormente, Tício se desloca até a residência de Mévio e
subtrai tudo que se encontra ali. Furto qualificado pelo emprego de chave falsa.

Inciso IV - Concurso de pessoas de duas ou mais pessoas. Info 669/STF. Para o número
mínimo de duas pessoas, consideram-se eventuais inimputáveis e agentes não
identificados. Assim, se o agente maior e capaz estiver na companhia de menores e
realizar um furto, ele será indiciado na figura qualificada, ainda que os menores sejam
julgados pelo ECA. Além disso, ainda responderá pelo delito de corrupção de menores
previsto no ECA.

Furto de semovente domesticável de produção: Art.155, §6º, CP. Ex: boi, galinha.
Direito Penal do pânico, simbólico ou inflacionário para satisfazer anseios sociais
momentâneos.

3.3. ROUBO

A violência pode ser divida em própria/real/física e imprópria/ficta/psíquica.

A violência própria é aquela propriamente dita. É quando o agente bate, coloca uma
faca na cabeça da vítima, dá uma coronhada, ou seja, ofende a integridade física. O
agente usa da força ou qualquer outro meio real de incutir medo na pessoa.

A imprópria consiste em qualquer outro meio não violento, mas que seja suficiente
para retirar a capacidade de resistência da vítima, como hipnoses, alucinógenos e
outras drogas.

Espécies:

I. Roubo Próprio: não se confunde com violência própria. Está previsto no caput. A
violência ou grave ameaça é exercida anteriormente a subtração do bem. Súmula 582,
STJ.

Súmula 582 - Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a
posse mansa e pacífica ou desvigiada. (Súmula 582, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
14/09/2016, DJe 19/09/2016)

II. Roubo Impróprio: a violência ou grave ameaça é exercida após a subtração do bem,
mas para assegurar a impunidade ou detenção da coisa. A doutrina chama de furto às
avessas. Ex.: o agente entra em uma casa vazia, e ao sair se depara com uma pessoa,
saca a arma e a ameaça. O que era furto inicialmente se transforma em roubo.

Não se confundem com a violência própria ou imprópria. Aqui, importa o momento da


violência ou grave ameaça.

O roubo próprio pode ser praticado com violência própria ou imprópria, ao passo que
o roubo impróprio somente pode ser praticado com violência própria (violência ou
grave ameaça).

Info 584, STJ: EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES. Prostituta que arranca
cordão de cliente que não quis pagar o programa responde por exercício arbitrário das
próprias razões.

Majorantes:

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal


circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído


pela Lei nº 9.426, de 1996)

VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou


isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei
nº 13.654, de 2018)

Inciso I: emprego de arma branca (revogado) ou de fogo (+ 2/3, art. 157, §2º, CP).

Perícia? HC 172303/SP. Se constatada da pericia que era arma de brinquedo, arma


desmuniciada, arma estragada não servirá como majorante, e configurará roubo
simples. Por esse julgado, O STJ entende que dispensa a apreensão da arma para
configurar o aumento de pena, desde que comprovado o emprego da arma por outros
meios de prova (testemunhas e vítima).

Crime de colarinho azul (crimes patrimoniais).


Inciso II: idem ao crime de furto já tratado acima.

Inciso III: o agente tem que saber que a vítima transporta valores, e deve ser
transporte profissional. Ex.: correios, cargas, frete.

Inciso IV: transporte a outro Estado ou exterior. Não inclui o transporte a outro
município.

Inciso V: manter a vítima em seu poder – restrição da liberdade da vítima. Macete:


vítima dispensável. Ex.: La casa de papel – vítima somente para tornar seguro o
proveito do crime. Ex²: Tício rouba uma joalheria e coloca a arma sobre a cabeça da
atendente e a segura enquanto rouba a loja.

Se a vítima é indispensável para obter o bem ou a vantagem temos extorsão. Art.158 e


159.

Quanto ao crime de roubo, o inciso I do §2º foi revogado e criaram o §2º - A, que prevê
uma majorante de 2/3 para roubo com emprego de arma de fogo. Aqui o legislador se
esqueceu da arma branca, que caracterizará o tipo penal previsto no caput do art.157,
CP. Assim, quem está respondendo por roubo com uso de arma branca operar-se-á o
instituto da retroatividade, uma vez que é mais benéfico.

Incluiu-se também a majorante de 2/3 quando o roubo é feito com destruição ou


rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo
que cause perigo comum.

Novatio Legis in pejus.

Pena aumentou em caso de lesão corporal grave, sendo de 7 a 18 anos.

3.3.1. LATROCÍNIO

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze


anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo
da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Nesse parágrafo temos duas qualificadoras:

- Lesão corporal grave;

- Morte: latrocínio. Procedimento comum ordinário. Não é de competência do tribunal


do júri. Matar para roubar – duas elementares.

Quando se consuma o latrocínio?

Súmula 610, STF - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não realize o agente a subtração de bens da vítima.
Não cabe tentativa, pois se equipara ao latrocínio consumado quando mata e não leva.
Colarinho azul.

Se o agente não matar e não levar. Ex: disparar contra um carro, não leva, e não mata.
Configura tentativa de latrocínio. Da mesma forma se dispara contra um carro, não
matar e levar. Será tentativa.

Segundo o entendimento majoritário no STJ, no STF e na doutrina:

• Se o agente deseja subtrair patrimônio único e causa pluralidade de mortes: haverá


um só crime de latrocínio. O fato de ter havido mais de uma morte servirá para agravar
a pena na 1a fase da dosimetria, com base nas “consequências do crime”,
circunstância judicial prevista no art. 59 do CP (STJ HC 86005/SP; STF HC 71267-3/ES).

• Se o agente deseja subtrair pluralidade de patrimônios e causa pluralidade de


mortes: haverá pluralidade de latrocínios cometidos em concurso formal.

3.4. EXTORSÃO

Como diferenciar extorsão por “sequestro relâmpago” e extorsão quando a pessoa é


levada para o cativeiro?

Art.158, §3º, CP – Sequestro relâmpago.

Art.159, CP – Extorsão mediante sequestro.

Na extorsão do sequestro relâmpago, quem paga o resgate é a própria vítima.

Enquanto que na extorsão mediante sequestro, quem paga o resgate é um terceiro


(pai, mãe, tia, etc.).

O crime de extorsão é crime formal, conforme Súmula 96, STJ e se consuma com o
mero constrangimento, independentemente da obtenção da vantagem.

Súmula 96, STJ - O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da


vantagem indevida. (Súmula 96, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 03/03/1994, DJ
10/03/1994).

Portanto, os casos de Disk-Sequestro, quando a pessoa não está sequestrada,


configura o crime do Art.158, CP.

Ex.: o agente manda uma mensagem falando que sequestrou a esposa de uma pessoa,
e na verdade ela está ao lado da pessoa que recebeu a mensagem. Fato atípico. Crime
impossível.

3.5. DANO
É punido somente na forma dolosa. Só tem dano culposo quando for crime ambiental
– Lei 9.605/98.

O legislador incluiu o Distrito Federal nos crimes de Dano e Receptação.

3.6. ESTELIONATO

Súmula 73 - A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese,


o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. (Súmula 73, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 15/04/1993, DJ 20/04/1993 p. 6769).

Quando o falso é grosseiro, a competência será da justiça estadual, configura


estelionato. Ex.: nota de 3 reais.

• Cheques:

SÚMULA 246, STF - Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de
emissão de cheque sem fundos.

Ex.: indivíduo entrega o cheque, achou que tinha fundos, mas não tinha. Não há
configuração do crime. Cheque sem fundos não tem forma culposa. Deve ter dolo.

- Endosso (transmissão da propriedade) de cheque sem fundos: configura o crime


previsto no caput se houver conhecimento.

SÚMULA 554, STF - O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o
recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.

Em sentido contrário, podemos interpretar que o pagamento do cheque sem fundos,


antes do recebimento acarreta a extinção da ação.

O STF decidiu que dar cheque sem fundos para pagar prostituta é crime de cheque
sem fundos.

Situação 1: um indivíduo encontrou um cheque em branco com nome de Maria,


falsificou a assinatura, preencheu com o valor de um bem que ele queria e apresentou
o cheque em um estabelecimento. O dono do estabelecimento, ao descontar o
cheque, vê que não tem fundos. Pergunta: o autor que falsificou a assinatura de Maria,
e conseguiu a vantagem contra o estabelecimento responde por qual (is) crime?
Quando o falso se exaure no crime de estelionato, é por este absorvido, respondendo
somente pelo crime do art. 171, caput.

Situação 2: indivíduo encontrou cheque em branco em nome de Maria, e assinou com


seu nome, João. Foi até o estabelecimento, preencheu com o valor que queria.
Quando foi entregar o cheque, o policial que estava observando aquilo deu voz de
prisão por tentativa de crime de cheque sem fundos. O policial militar atuou de forma
correta? Não, pois é crime impossível.

Estelionato contra o idoso: majorante (pena em dobro).

3.7. RECEPTAÇÃO

Produto de contravenção penal não entra como receptação.

A receptação pode ser simples, qualificada e culposa.

A receptação simples está prevista no caput, do art.180, CP.

A receptação qualificada se refere ao art. 180, §1º, CP.

Situação: indivíduo roubou um carro (art.157), adulterou o chassi (art.311) e vendeu o


carro (art.180, §1º). REsp 738337/DF – Sendo dois crimes contra o patrimônio e um
contra fé pública – princípio da subsidiariedade: o mais grave afasta o menos grave
quando o bem jurídico for o mesmo. Responderá pelo art. 157, CP + 311, CP.

Receptação culposa está prevista no Art.180, § 3º, CP. O agente não sabe que é
produto de crime. De competência do JECRIM, procedimento sumaríssimo.

• ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS:

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título,
em prejuízo:

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou


natural.

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste


título é cometido em prejuízo:

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;

II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Não se aplicam as escusas absolutórias:

Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:

I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave


ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.

III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos.

4. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

4.1. ESTUPRO

A Lei 12.015/09 alterou o conceito de sujeito passivo nos crimes sexuais.

Antes, o crime de estupro só poderia ser praticado contra mulher honesta, que era
aquela mulher que se recolhe aos seus aposentos até às 22h - conceito dado por
Nelson Hungria.

Hoje, o conceito de sujeito passivo é alguém, ou seja, qualquer pessoa pode ser vítima
(homem, mulher, transexual). Qualquer um pode ser vítima e autor de estupro.

O art. 213, CP, fala em ato libidinoso e conjunção carnal, que são coisas distintas.

Ato libidinoso: qualquer ato sexual (sexo anal, sexo oral, qualquer ato que envolva
sexo).

Conjunção carnal: sexo vaginal (envolve penetração).

Antes, quando o crime era praticado contra homem era considerado ato libidinoso e
tinha um artigo próprio para isso (atentado violento ao pudor) que foi revogado pela
Lei 12.015/09, mas não houve descriminalização ou abolitio criminis.

Aplica-se o princípio da continuidade normativo típica, uma vez que o crime não
deixou de existir, continua sendo crime, mas em outro endereço (Art.213, CP).

Ao se explorar a Criminologia, ainda temos o conceito de mulher honesta na prática.

Criminologia feminista – na prática ainda exige o conceito de mulher honesta.

Na Síndrome da Barbie a mulher, nos crimes sexuais, é sempre coisificada, vista como
objeto de desejo. É combatida com o tratamento da mulher como sujeito de direitos.

Não confundir com a síndrome da mulher de Potifar, em que a mulher cria a situação
criminosa para incriminar alguém por vingança.

Na Bíblia, a mulher de Potifar queria ficar com José, que foi vendido como escravo
pelos seus irmãos e começou a trabalhar na casa do Faraó, e a mulher queria ficar com
ele. Até que um dia, ela o trancou no quarto, pediu para que ele a possuísse, o que ele
não o fez. Assim, ela arrancou as vestes de José, que saiu correndo. Ela começou a
gritar socorro e acusou ele de tentar estuprá-la. Nesse caso, seria crime de
denunciação caluniosa.
• Consumação: a consumação demanda ato libidinoso ou conjunção carnal mais
violência ou grave ameaça. Pode se consumar com masturbação, o simples tocar de
forma violenta no seio da mulher também, por exemplo.

Situação 1: encoxamento em transporte coletivo é estupro por ser ato libidinoso.

Situação 2: ejaculador do ônibus. É crime – art. 215-A, do CP, importunação sexual.


Não houve violência ou grave ameaça.

Info. 587/STJ – CUIDADO! Nos crimes de estupro e estupro de vulnerável não precisa
de contato físico para consumar o crime.

DIREITO PENAL. DESNECESSIDADE DE CONTATO FÍSICO PARA DEFLAGRAÇÃO DE AÇÃO


PENAL POR CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL. A conduta de contemplar
lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento, menor de 14 anos desnuda
em motel pode permitir a deflagração da ação penal para a apuração do delito de
estupro de vulnerável. A maior parte da doutrina penalista pátria orienta no sentido de
que a contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos arts.
213 e 217-A do CP, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato
físico entre ofensor e ofendido. No caso, cumpre ainda ressaltar que o delito imputado
encontra-se em capítulo inserto no Título VI do CP, que tutela a dignidade sexual. Com
efeito, a dignidade sexual não se ofende somente com lesões de natureza física. A
maior ou menor gravidade do ato libidinoso praticado, em decorrência a adição de
lesões físicas ao transtorno psíquico que a conduta supostamente praticada enseja na
vítima, constitui matéria afeta à dosimetria da pena. RHC 70.976-MS, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 2/8/2016, DJe 10/8/2016.

É um crime de tipo misto alternativo.

Não afasta a possibilidade do art. 71, CP (crime continuado). Crime continuado é


quando o agente pratica vários atos, mas todos eles são o mesmo crime (mesmo tipo
penal), ao mesmo tempo (30 dias) e no mesmo lugar (mesma comarca). Se ultrapassar
os 30 dias, aplica-se o art. 69, CP.

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de
liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

A Ação Penal 470 do STF discutiu os requisitos do Art. 71, na qual foi definido que:

- Mesmo tempo: é dentro de 30 dias.

- Mesmo lugar: é a mesma comarca ou comarca contígua.

- Mesmo Crime: é o mesmo tipo penal.

A Sexta Turma do STJ, vem decidindo no sentido de que, o autor de estupro


(conjunção carnal e ato libidinoso) praticados no mesmo contexto fático e contra a
mesma vítima, tem direito à aplicação retroativa da lei 12.015/09, de modo a ser
reconhecida a ocorrência de crime único, devendo a prática de ato libidinoso diverso
da conjunção carnal ser valorada na aplicação da pena base referente ao crime de
estupro.

Se uma pessoa fizer hoje sexo anal, vaginal ou oral e o fizer com a mesma pessoa em
30 dias cabe crime continuado, responde só por um crime.

Antes de 2009 o sexo vaginal, oral e anal eram respectivamente os art. 214 e 213, do
CP, e somavam as penas, as quais cada era de no mínimo 6 anos, somavam-se as penas
dos crimes praticados conforme art. 69, do CP e a progressão do regime era 2/5.

Hoje o crime é só o do art. 213 mais 1/6, e consequentemente aplica-se a Súmula


Vinculante 56 do STF.

Súmula Vinculante 56, STF - A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a
manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar,
nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

Hoje, o art.213 é mais benéfico ao agente.

• Estupro qualificado:

§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de


18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.

§ 2º Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Art. 213, § 1º, CP: é necessário que seja praticado com violência ou grave ameaça e
resulte em lesão corporal grave ou a vítima seja menor de 18 anos ou maior de 14
anos.
Relação sexual com maior de 14 anos não é crime. Para ser crime deve ser menor de
14 anos.

Art.213, § 2º, CP: morte. Quando a vítima morre ou tem lesão grave, qualifica o crime.
O STF chama de violência real (física).

Com o advento da lei 13.718/18, todos os crimes contra a dignidade sexual passaram a
ser de ação pública incondicionada.

Estupro é sempre hediondo (Lei. 8972/90), em todas as suas formas. Não cabe anistia,
graça, indulto, fiança. A prisão temporária será de 30 dias.

4.2. VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
vítima:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,


aplica-se também multa.

Chamado pela doutrina de Estelionato Sexual.

Não é crime hediondo.

Ex.: médico ginecologista que toca a mulher para satisfazer a sua lasciva.

A vítima consente. O consentimento aqui é viciado. É diferente de ausência de


consentimento (Art.217-A).

Ex: Maria é casada com João. Pedro se passando por João entra de madrugada na casa
de Maria e deita ao lado dela e começa a tocar os seus seios. Nesse momento entra
João dentro do quarto. Nesse caso, ocorreu o crime de violação sexual mediante
fraude.

No caso do médico Andelmassif em São Paulo, em que na sua clínica de inseminação


artificial ele abusava das pacientes quando elas estavam dopadas, configurou estupro.
E se fosse hoje seria estupro de vulnerável.

Aqui, a fraude empregada deve ser capaz de iludir a pessoa, não lhe retirando o
discernimento, sob pena de se incorrer no tipo penal do art.217-A.

Violação sexual mediante fraude e prostituta: se o cliente promete pagar a prostituta


após o ato sexual e não o faz, entende-se que houve o cometimento do crime em
questão. Todavia, se ele a paga com cheque sem fundos, incorrerá no crime de
estelionato, previsto no art. 171, §2º, VI, CP, conforme já estudado.

3.3. ASSÉDIO SEXUAL

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento


sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. .

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.

Parágrafo único. (VETADO)

§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.

• Requisitos: hierarquia e relação de trabalho.

Hierarquia: não existe hierarquia entre juiz e desembargador, por exemplo.

Relação de trabalho: sentido amplo.

Esses dois requisitos são cumulativos.

Existe hierarquia no caso de professor de universidade que para aprovar aluna


condicionou sua aprovação a ter relação sexual com ela? Não é assédio sexual.

É crime formal. Crime de intenção. Não precisa ter o ato sexual. Ex.: o simples convite
à secretaria, a cantada, convite para jantar com intuito de ter sexo.

3.4. ESTUPRO DE VULNERÁVEL

- Menor de 14 anos: questão meramente legal. Não importa se anteriormente já teve


prática sexual, se já namorava com o autor, se já era da prostituição. Sendo menor de
14, tendo ato sexual e o autor sabendo disso é crime. Súmula 593, STJ.

Súmula 593: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou


prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou
existência de relacionamento amoroso com o agente.

Quando o agente não sabe a idade da vítima, configura erro de tipo, excluindo o crime.

Ex: Menina menor de 14 anos que entra na boate com carteira de identidade falsa.

- Doente mental: deve ser feita perícia. A doença mental deve ser constatada. Pode ser
que o doente mental tenha vida sexual, então vai depender da doença mental da
pessoa para considerá-lo vulnerável. A doença mental tem que afastar o
consentimento válido, aí sim se tem o crime de estupro, caso contrário estará se
fazendo uma discriminação.

- Vulnerável momentâneo: A vulnerabilidade momentânea é a ausência de


consentimento, ocasionada, por exemplo, por embriaguez, drogas.

Se houver consentimento prévio, não é necessário que o consentimento se repita, sob


pena de as práticas sexuais se tornarem impossíveis.

O que é diferente de ter o consentimento antes da embriaguez, por exemplo, e


durante a relação sexual a pessoa manifesta que não quer mais continuar a relação,
retirando a intenção de ter relações com o outro. Se a pessoa continuar se valendo da
fragilidade da outra pessoa, pode configurar estupro de vulnerável.

Não se aplica o princípio da proporcionalidade envolvendo vulnerável. É aplicado o


princípio da proteção integral.

Informativo 533, STJ - DIREITO PENAL. ATOS LIBIDINOSOS DIVERSOS DA CONJUNÇÃO


CARNAL CONTRA VULNERÁVEL. Na hipótese em que tenha havido a prática de ato
libidinoso diverso da conjunção carnal contra vulnerável, não é possível ao magistrado
- sob o fundamento de aplicação do princípio da proporcionalidade - desclassificar o
delito para a forma tentada em razão de eventual menor gravidade da conduta. De
fato, conforme o art. 217-A do CP, a prática de atos libidinosos diversos da conjunção
carnal contra vulnerável constitui a consumação do delito de estupro de vulnerável.
Entende o STJ ser inadmissível que o julgador, de forma manifestamente contrária à lei
e utilizando-se dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, reconheça a
forma tentada do delito, em razão da alegada menor gravidade da conduta (REsp
1.313.369-RS, Sexta Turma, DJe 5/8/2013). Nesse contexto, o magistrado, ao aplicar a
pena, deve sopesar os fatos ante os limites mínimo e máximo da reprimenda penal
abstratamente prevista, o que já é suficiente para garantir que a pena aplicada seja
proporcional à gravidade concreta do comportamento do criminoso. REsp 1.353.575-
PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/12/2013.

É crime hediondo.

Qualificadoras: lesão corporal grave e morte.

4.5. CORRUPÇÃO DE MENORES

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Parágrafo único. (VETADO).


- Induzir menor de 14 anos a ter ato sexual com outrem. Ex.: induzir uma menina de 13
anos a ter relação sexual com outro, oferecendo-lhe bala, brinquedo.

Situação: A induz B a ter relação sexual com ou C. C responde pelo art. 217-A, CP, e A
responderá pelo art. 218, CP - teoria pluralista, cada um responderá por um crime
diferente.

Pegadinhas: aplica-se a teoria pluralista e não é crime hediondo.

Essa corrupção de menores não se confunde com a corrupção de menores do ECA


(Art.244-B). No ECA, não tem a hipótese de conjunção carnal ou ato libidinoso, mas
sim qualquer outro crime como, por exemplo, furto, roubo, homicídio, etc. Súmula
500, STJ, independe da prova de efetiva corrupção.

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

SÚM. 500, STJ: A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da
efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.

• Lei 13.344/16, em seu art. 6º diz que o policial não pode fazer a revitimização nos
crimes envolvendo pessoas, a vitimização secundária.

4.6. SATISFAÇÃO LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a


presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria
ou de outrem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Situação¹: os pais estão tendo relação sexual no quarto e a criança vai até lá e
presencia a cena. É crime? Não, pois não tem o elemento subjetivo do tipo, qual seja
“a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem”.

“A fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem”: Elemento subjetivo específico do


tipo, também chamado de dolo específico. Se não tiver dolo específico não será crime.

Situação²: duas pessoas tendo relação sexual e fazem com que uma criança assista.

Configura o crime tipificado nesse artigo.

No ECA temos o art. 241 e seguintes.

Ex: filme pornográfico, pedir nudes de criança, etc.


Tipicidade formal.

4.7. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO


SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL

Favorecimento da prostituição é crime em qualquer idade infanto-juvenil (menor de


18). Qualquer tipo de prostituição.

É crime hediondo conforme o previsto no Art.1º, VIII, da Lei 8.072/90.

É crime formal.

Ex: sujeito que compra a virgindade de uma menina de 13 anos. O que teve relação
sexual com ela responde pelo 217-A, CP. Ao que vendeu a virgindade, aplica-se o
princípio da subsidiariedade, e responderá pelo art. 218-B.

Conflito entre legalidade e o princípio da adequação social. Art.227/230, CP.

Aqui, o rufião é o gigolô que vive à custa de outro que se prostitui, diferente do
cafetão que é o intermediário.

STF – Info 615, STF.

A doutrina majoritária aplica a adequação social, mas para o STF a adequação social
não existe, aplicando a legalidade. O STF diz que se estiver diante desses crimes
(art.227/230) deve ter punição.

Art. 229 do CP e princípio da adequação social

Não compete ao órgão julgador descriminalizar conduta tipificada formal e


materialmente pela legislação penal. Com esse entendimento, a 1ª Turma indeferiu
habeas corpus impetrado em favor de condenados pela prática do crime descrito na
antiga redação do art. 229 do CP [“Manter, por conta própria ou de terceiro, casa de
prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso, haja ou não intuito de
lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5
(cinco) anos, e multa.”]. A defesa sustentava que, de acordo com os princípios da
fragmentariedade e da adequação social, a conduta perpetrada seria materialmente
atípica, visto que, conforme alegado, o caráter criminoso do fato estaria superado, por
força dos costumes. Aduziu-se, inicialmente, que os bens jurídicos protegidos pela
norma em questão seriam relevantes, razão pela qual imprescindível a tutela penal.
Ademais, destacou-se que a alteração legislativa promovida pela Lei 12.015/2009 teria
mantido a tipicidade da conduta imputada aos pacientes. Por fim, afirmou-se que
caberia somente ao legislador o papel de revogar ou modificar a lei penal em vigor, de
modo que inaplicável o princípio da adequação social ao caso. HC 104467/RS, rel. Min.
Cármen Lúcia, 8.2.2011. (HC-104467).
5. CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

5.1. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA

Em 2013 esse delito teve sua nomenclatura alterada, excluindo o nome de quadrilha
ou bando, prevendo que a associação de três ou mais pessoas configuraria o tipo
penal, e não mais a associação de mais de três pessoas.

Associação Criminosa

Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer
crimes:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se


houver a participação de criança ou adolescente.

Àquele que praticou o crime de quadrilha ou bando antes da vigência da lei nova é
aplicado a lei anterior, já que a lei nova é mais severa, logo, opera-se o instituto da
irretroatividade.

A pena também foi alterada, sendo majorada quando tiver uso de arma própria (ex:
arma de fogo) ou imprópria (que seu fim imediato não é esse, mas pode ser utilizda
para tal fim. Ex: faca) e participação de criança/adolescente.

• Jurisprudência:

Trata-se de crime permanente. A consumação perdura/protrai no tempo. Aqui, a


consumação está sendo feita enquanto estiverem reunidos, então o flagrante pode ser
a qualquer tempo. Se a reunião de 3 pessoas for para o cometimento de apenas um
crime, trata-se de mero concurso de pessoas (art. 29, CP).

É crime formal, pois basta a intenção de praticar o crime. Pode acontecer o


exaurimento quando a associação pratica o crime ao qual estava intencionado. Se a
pessoa praticou o crime, responderá pelos dois: associação criminosa e o outro
praticado, pois é crime autônomo.

Ex: é possível um individuo responder por 157, § 2º, II, § 2º A, I c/c Art.288, parágrafo
único, CP? SIM, pois são bens jurídicos diferentes (patrimônio e paz pública).

HC N. 113.413-SP RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI EMENTA:


HABEAS CORPUS. PENAL. PACIENTE CONDENADO POR ROUBOS
QUALIFICADOS E FORMAÇÃO DE QUADRILHA ARMADA. EXASPERAÇÃO DAS
PENAS-BASE JUSTIFICADA NOS ANTECEDENTES CRIMINAIS E NA
PERSONALIDADE DO AGENTE. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ALEGAÇÃO DE
CONTINUIDADE DELITIVA. NÃO OCORRÊNCIA DAS CONDIÇÕES OBJETIVAS E
SUBJETIVAS. IMPOSSIBILIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO
PROBATÓRIO PARA ESSE FIM. REITERAÇÃO CRIMINOSA. IMPOSSIBILIDADE
DE APLICAÇÃO DAS REGRAS DE CRIME ÚNICO. AÇÕES AUTÔNOMAS.
CONDENAÇÃO SIMULTÂNEA PELOS CRIMES DE ROUBO QUALIFICADO COM
EMPREGO DE ARMA DE FOGO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA ARMADA. BIS
IN IDEM. NÃO CONFIGURAÇÃO. CRIMES AUTÔNOMOS E OBJETOS
JURÍDICOS DIVERSOS. ORDEM DENEGADA.

I - A exasperação das penas-base está satisfatoriamente justificada na


sentença condenatória, que considerou desfavoráveis os antecedentes
criminais e a personalidade do agente.

II - O acórdão ora atacado está em perfeita consonância com o


entendimento firmado pelas duas Turmas desta Corte, no sentido de que
“não basta que haja similitude entre as condições objetivas (tempo, lugar,
modo de execução e outras similares). É necessário que entre essas
condições haja uma ligação, um liame, de tal modo a evidenciar-se, de
plano, terem sido os crimes subsequentes continuação do primeiro”, sendo
certo, ainda, que “o entendimento desta Corte é no sentido de que a
reiteração criminosa indicadora de delinquência habitual ou profissional é
suficiente para descaracterizar o crime continuado” (RHC 93.144/SP, Rel.
Min. Menezes Direito).

III - Consta dos autos que o paciente foi reconhecido como criminoso
habitual, uma vez que faz do crime seu modus vivendi.

IV - A jurisprudência deste Tribunal é pacífica no sentido da impossibilidade


de revolvimento do conjunto probatório com o fim de verificar a ocorrência
das condições configuradoras da continuidade delitiva.

V - A tentativa de roubo ocorrida na área externa do shopping center


consubstancia crime autônomo, praticado com o objetivo de assegurar a
fuga do paciente e do seu comparsa, não havendo que falar, portanto, em
continuidade delitiva entre esse e os roubos consumados no interior
daquele estabelecimento comercial.

VI - Esta Corte já firmou o entendimento de que a condenação simultânea


pelos crimes de roubo qualificado com emprego de arma de fogo (art. 157, §
2º, I, do CP) e de formação de quadrilha armada (art. 288, parágrafo único,
do CP) não configura bis in idem, uma vez que não há nenhuma relação de
dependência ou subordinação entre as referidas condutas delituosas e
porque elas visam bens jurídicos diversos. Precedentes.

VII - Ordem denegada.

É crime de concurso necessário ou eventual? Associação deve ser necessária. De forma


duradoura.

5.2. ASSOCIAÇÃO PARA CRIMES DE MILÍCIA


Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar,
milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos
crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012)

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de
2012)

Associação para cometer qualquer dos crimes previstos no Código Penal. Se a milícia
se reúne para praticar tortura, por exemplo, não se enquadra nesse tipo penal, porque
está em legislação extravagante.

5.3. ASSOCIAÇÃO PARA CRIMES HEDIONDOS

Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal,
quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.

Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou


quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois
terços.

Se a associação tiver como fim a prática de crimes hediondos não se aplicará a pena do
art. 288, CP, e sim do art. 8º da Lei de Crimes Hediondos. Pena maior.

5.4. ASSOCIAÇÃO PARA TRÁFICO DE DROGAS

Associação de duas pessoas ou mais pessoas com o fim de praticar tráfico de drogas e
apetrechos para o tráfico (ter balança de precisão, saquinhos de xup-xup). É
equiparado a crime hediondo, assim como o tráfico de drogas.

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200


(mil e duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.

5.5. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os
meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a
ser aplicado.

§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas


estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

§ 2º Esta Lei se aplica também:

I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando,


iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro,
ou reciprocamente;

II - às organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de


direito internacional, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte ao
terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de execução de atos terroristas,
ocorram ou possam ocorrer em território nacional.

II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos


atos de terrorismo legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016)

A estruturação de organização criminosa é mais grave.

Ex.: crimes da lava-jato, cujas penas máximas são superiores a 04 anos e possuem mais
de 4 agentes.

Nesse caso, foi aplicado o Art. 4º, Lei 12850/13 – Imunidade e perdão judicial.

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir
em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e
com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos
seguintes resultados:

I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das


infrações penais por eles praticadas;

II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização


criminosa;

III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização


criminosa;

IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais


praticadas pela organização criminosa;

V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

Aplica-se o perdão judicial à organização criminosa? O STF ainda não decidiu nada a
respeito, mas aplicou-se em situação análoga. A Lei 9.807/99 (Lei de proteção à
testemunhas, vítimas e acusados), permite no art. 13 à pessoa que é vitima e
testemunha ao mesmo tempo o perdão judicial.

Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão
judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário,
tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal,
desde que dessa colaboração tenha resultado:

I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;

II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada;

III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.

Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do


beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato
criminoso.

Info 690, STF. A 2ª Turma acolheu proposição formulada pelo Min. Celso de Mello no
sentido de afetar ao Plenário julgamento de habeas corpus em que se discute a
hediondez no crime de tráfico privilegiado previsto no parágrafo 4º do art. 33 da Lei
11.343/2006 (“§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas
poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de
bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa”). Na espécie, o paciente fora condenado por tráfico internacional de drogas
e a defesa requerera indulto, denegado pelo juízo das execuções penais. Em mutirão
carcerário, entendera-se que teria jus ao perdão da pena, já que cumprido 1/3 da
reprimenda. Ocorre que, posteriormente, o tribunal local cassara o benefício, a ensejar
a presente impetração. Alega-se que o tráfico privilegiado não seria hediondo porque
não estaria expressamente identificado no art. 2º da Lei 8.072/90 (“Art. 2º Os crimes
hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; II - fiança”), a prever tão
somente a figura do tráfico de entorpecentes do caput do mencionado art. 33 da Lei
de Drogas. Sustenta-se, ademais, que esse fato seria bastante para que o paciente não
sofresse as restrições impostas pela Lei dos Crimes Hediondos. HC 110884/MS, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, 27.11.2012. (HC- 110884)

É constitucional ao delegado propor acordo de colaboração premiada.

Teoria dos jogos. Direito dos prisioneiros. Quem fizer primeiro a delação terá
benefícios melhores.

Uma importante observação refere-se a possibilidade de punir-se a pessoa jurídica


independentemente de ter sido absolvidas a pessoa física, uma vez que as
responsabilidades são individuais e independentes. PJ responde junto com pessoa
física por crimes ambientais, contra a economia popular e contra o sistema financeiro.

Info 639, STF: Absolvição de pessoa física e condenação penal de pessoa Jurídica. É
possível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que
haja absolvição da pessoa física relativamente ao mesmo delito.

Para as PJ’s as sanções penais tem natureza de pena restritiva de direitos.

Art. 173, §5º,CF:

§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa


jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis
com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra
a economia popular.

Caso a PJ seja denunciada junto com a pessoa física, que morre ou é absolvida,
subsiste a ação penal. Da mesma forma se a PJ for extinta, subsiste a ação em relação
a pessoa física.

A agravante no concurso de pessoas se aplica ao art. 288, CP? Sim. Tudo que está na
parte geral aplica-se a parte especial. Info 687, STF. O Min. Celso de Mello, por sua vez,
quanto à agravante genérica disposta no art. 62, I, do CP, registrou que sua incidência
seria compatível em hipótese de concurso meramente eventual de pessoas, bem assim
em situações configuradoras de concurso necessário, como no delito de quadrilha.

6. CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Todos esses crimes demandam potencialidade lesiva, ou seja, nos crimes que
envolvem fé pública não serve, por exemplo, falsificar um documento, diploma que
qualquer pessoa perceba que é falso. A falsificação deve ser hábil a enganar.

6.1. MOEDA FALSA

Crime de competência federal.

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de


curso legal no país ou no estrangeiro:

Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a
restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis
meses a dois anos, e multa.

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou


diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a
fabricação ou emissão:

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;

II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não
estava ainda autorizada.

Súmula 73/STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em


tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

Ou seja, só é crime de moeda falsa se for potencialmente lesivo.

Não cabe a aplicação de principio da insignificância para os crimes contra


Administração Pública. Súmula 599, STJ.

• Falsidade documental – muitas vezes pode ser crime meio para o crime fim. Pode ser
falsidade material e falsidade ideológica.

Falsidade material, formal, caligráfica ou externa: falsidade de algum elemento


extrínseco. Aqui o agente não tem atribuição para elaborar o documento. Ex.: retirar
fotografia e acrescentar outra, rasurar um documento, acrescentar a mão algum dizer.
Meio de prova: perícia.

Ex: João muda a data do nascimento constante em seu RG.

Subdivide-se em documento público (Art.297) (documentos expedidos por funcionário


público) e documento privado (Art.298) (nota fiscal).

Cheque é sempre documento público. Não importa qual a origem de expedição (Banco
do Brasil, Santander).

Art.297, §2º, CP – quando é cobrada em concurso público essa última hipótese de


testamento particular, muitos candidatos confundem, uma vez que a expressão
“particular” leva a crer que se trata de documento particular, o que não é verdade.

Documento particular: por exclusão. Tudo que não está no art.297 é documento
particular.
Na alteração de nota fiscal (art. 298) para fins de Sonegação do Art. 1º, Lei 8.137/90. O
crime meio (falsificação – art. 298, CP) é absorvido pelo crime fim (sonegação fiscal).

Não interessa o banco que expediu o cartão de crédito ou débito, sempre será
documento particular, para fins do disposto no caput do Art. 297 CP.

Na Clonagem de Cartão de Crédito usado para dar “prejuízos”, o crime de falso é


absolvido pelo crime de estelionato. Ex: Tício falsifica um cartão de crédito (art. 298,
CP) e gasta R$ 10.000,00 em uma boate. Ocorre, que o falso foi crime meio para a
prática do crime de estelionato, sendo por este último crime absorvido.

Súmula 17/STJ - 18/12/2017. Estelionato. Falso. Absorção. CP, arts. 70 e 171. Quando o
falso (qualquer falso) se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido.

Falsidade ideológica, ideal ou expressional: falsidade intrínseca ou de conteúdo. É


aquela em que o agente tem atribuição para inserir as informações, mas introduz
conteúdo falso. O documento é materialmente verdadeiro, porém o seu conteúdo é
falsificado, não podendo ser provado por meio de perícia. Meio de prova: testemunha,
vítima.

Ex: O Oficial de Justiça elabora um documento alegando que fez a citação do réu, sem
no entanto ter procedido a citação.

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de


um a três anos, e multa, se o documento é particular.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se


do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil,
aumenta-se a pena de sexta parte.

Cheque: falsificação de assinatura no cheque – falsidade ideológica – responderá por


estelionato, caso passe o cheque adiante, por aplicação da súmula 17, STJ e absorção
do crime de falso pelo estelionato.

O crime de falsidade ideológica, em sua primeira parte, é crime omissivo próprio.

Se o sujeito ativo for funcionário público incide causa de aumento de pena.

Testamento particular: instrumento público.


6.2. USO DE DOCUMENTO FALSO

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem
os arts. 297 a 302:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Não tem pena. Norma penal incompleta/imperfeita ou secundariamente remetida –


remete-se à pena de outros artigos.

Ex.: tem que apresentar CNH para ser crime. Se o policial encontrar na abordagem por
exemplo, não configura esse tipo penal.

RECURSO ESPECIAL. PENAL. ESGOTAMENTO DE INSTÂNCIA. RECURSO DA ACUSAÇÃO.


SÚM. 207. INAPLICABILIDADE. USO DE DOCUMENTO FALSO (ART. 304, CP).
APRESENTAÇÃO DE CNH FALSA. Reiterada jurisprudência desta Corte e do STF no
sentido de que há crime de uso de documento falso ainda quando o agente o exibe
para a sua identificação em virtude de exigência por parte de autoridade policial.
Hipótese em que o recorrido exibiu espontaneamente CNH falsa aos policiais, durante
procedimento investigatório de tráfico de entorpecentes. Recurso conhecido e
provido. (STJ - REsp: 193210 DF 1998/0079151-5, Relator: Ministro JOSÉ ARNALDO DA
FONSECA, Data de Julgamento: 20/04/1999, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação:
DJ 24.05.1999 p. 190)

REsp 17584, RJ – utilização de xerox do documento falso não constitui o delito. Mas,
usar fotocópia autenticada configura o crime.

6.3. SUPRESSÃO DE DOCUMENTO

Destruir documento verdadeiro é crime.

Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em


prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de


um a cinco anos, e multa, se o documento é particular.

6.4. FALSA IDENTIDADE

Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em
proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento
de crime mais grave.

Esse tipo de falso é quando o agente está atribuindo a si ou a terceiro nome que não é
dele, seja numa blitz policial, numa audiência, perante um juiz, um promotor.
Cuidado! Era fato atípico quando o agente se apresentava como terceiro para fugir à
responsabilidade criminal. Para uma maioria era direito constitucional de não produzir
prova contra si mesmo ou direito de autodefesa. Por isso, a súmula 522/STJ:

Súmula 522 - A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é


típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. (Súmula 522, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 25/03/2015, DJe 06/04/2015)

6.5. USAR DOCUMENTO DE IDENTIDADE ALHEIO OU CEDER PARA QUE OUTREM


UTILIZE

Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou
qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize,
documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:

Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui
elemento de crime mais grave.

Usar documento de identidade de outro. Ex.: menina de 13 anos pede a carteira de


identidade da irmã de 18 anos que empresta. Ambas respondem por esse crime.

6.6. ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR

Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de


veículo automotor, de seu componente ou equipamento:(Redação dada pela Lei nº
9.426, de 1996))

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a


pena é aumentada de um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o


licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo
indevidamente material ou informação oficial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

Alterar a cor do veículo não é crime.

Substituição de placa e raspagem de chassi também constitui o crime. São dois


identificadores de carro. HC 41366/SP.

Info. 469, STJ: TROCA. PLACAS. VEÍCULO. ART. 311 DO CP A Turma deu provimento ao
recurso do Parquet ao entender que a troca das placas originais de automóvel por
outras de outro veículo constitui adulteração de sinal identificador (art. 311 do CP).
Precedentes citados: AgRg no REsp 783.622-DF, DJe 3/5/2010, e HC 107.301-RJ, DJe
21/6/2010. REsp 1.189.081-SP, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 14/4/2011.
Colocação de fita adesiva, alterando a placa do carro também constitui o crime. – STJ
HC 8949/SP.

Se o agente for funcionário público incide causa de aumento de pena.

6.7. FRAUDE EM CERTAMES DE INTERESSES PÚBLICOS

Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a


outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído pela Lei 12.550. de
2011)

IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de
2011)

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso
de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput. (Incluído pela Lei
12.550. de 2011)

§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: (Incluído pela Lei


12.550. de 2011)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário


público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

Crime formal. Não é necessário que a pessoa que divulgue ou quem utiliza tenha o
benefício. Basta que o agente divulgue ou utilize o conteúdo sigiloso.

Cumpre ressaltar que a pena mínima prevista para tal tipo penal possibilita a aplicação
da suspensão condicional do processo.

7. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A) CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO


EM GERAL
Súmula 599, STJ - O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a
administração pública. (Súmula 599, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/11/2017, DJe
27/11/2017)

Excepcionalmente, cabe princípio da insignificância nos crimes de descaminho e


sonegação cujo valor seja de até 20 mil reais. Lei 8.137/90 e Art.334, CP.

Aquele que pegar folhas de papel A4 para fazer o TCC não poderá ser afastado pela
insignificância.

- Estagiário em órgão público é funcionário público.

7.1. PECULATO

Dentro do tipo penal do peculato temos seis modalidades de crime.

Funcionário Público é elementar do crime. Lembre-se, que as elementares se


comunicam, nos moldes do art.30, CP.

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo


quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).

Ex: um policial e seu irmão que não é funcionário público resolvem adentrar no órgão
público para subtrair bens. O irmão responderá como se funcionário público fosse,
desde que saiba da condição do outro de ser funcionário público.

• PECULATO APROPRIAÇÃO: ART.312, PRIMEIRA PARTE CP.

“Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro


bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo: Pena -
reclusão, de dois a doze anos, e multa.”

Ex: um Delegado que utiliza o carro da DRPC como se fosse seu.

Não interessa se o bem é público ou particular, o que importa é quem está


apropriando.

• PECULATO DESVIO: ART.312, PARTE FINAL, CP.

“ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e
multa.”

Não tem a posse, simplesmente dá uma destinação diferente à coisa.

Ex.: dinheiro que o Prefeito deveria aplicar na saúde e ao invés disso compra um
imóvel para fim particular.
Ex²: dinheiro que vem pra ser aplicado na saúde é aplicado em educação, configura
crime do Art.315, CP (emprego irregular de verbas ou rendas públicas).

Inclusive de competência do JECRIM.

• PECULATO FURTO: ART.312, §1º, CP.

“§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do


dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário.”

Aqui, o funcionário público não tem a posse, enquanto que no peculato apropriação
ele tem a posse.

Ex: Tício, estagiário da Delegacia de Polícia, subtrai um celular apreendido em seu


proveito.

• PECULATO CULPOSO: ART. 312, §2º, CP.

“§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena -


detenção, de três meses a um ano.”

É o único que permite a modalidade culposa. O funcionário público atua com


negligência, imprudência ou imperícia.

Ex: deixar a porta da delegacia de polícia aberta e alguém entra e subtrai algum bem.
O que deixou a porta aberta responde por peculato culposo.

A reparação do dano como extinção da punibilidade só cabe para o peculato culposo.


Se fizer até a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade. Se o fizer posteriormente,
a pena será reduzida até a metade.

• PECULATO ESTELIONATO OU MEDIANTE ERRO DE OUTREM: ART. 313, CP.

“Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo,


recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”

O dolo é apropriar-se do valor recebido pelo erro de outrem.

Ex: depositaram na conta do funcionário público um valor indevido e ele quedou-se


inerte.

• PECULATO ELETRÔNICO: ART. 313-A, CP.

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos,


alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000).

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000).

Muito confundido com corrupção. O elemento especializante deste crime que não tem
na corrupção é o sistema informatizado ou banco de dados da Administração Pública.

O peculato eletrônico é mais específico e aplica o princípio da especialidade.

Ex: entregar um dinheiro para um funcionário do DETRAN para inserir o seu nome no
sistema como aprovado no exame de rua para tirar CNH.

• Art.313-B: simples modificação. Invadem sem qualquer fim de lucro. Também


envolve sistema informatizado, mas não é considerado peculato.

7.2. EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO

Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão
do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Crime próprio, praticado por funcionário público.

Lembre-se! Quando se tratar de fiscal de tributos aplica-se o art.3º, Lei 8.137/90, pelo
princípio da especialidade.

Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no
Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):

I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda
em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando
pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;

II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda


que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem
indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo
ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito)
anos, e multa.

III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração


fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um)
a 4 (quatro) anos, e multa.

7.3. CONCUSSÃO
Concussão

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Excesso de exação

§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber


indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a
lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137,
de 27.12.1990)

§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu


indevidamente para recolher aos cofres públicos:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

O verbo é exigir que denota uma coerção/extorsão feita por funcionário público. O
agente faz coerção/extorsão (determina, impõe) contra o particular para praticar ato
de ofício com fim de obter vantagem indevida. Ainda que fora da função ou antes de
assumi-la.

Ex: numa blitz policial, o guarda exige mil reais para o particular para liberá-lo, caso
contrário plantará drogas no carro dele.

Ex2: Indivíduo que ainda não tomou posse e exige vantagem ao particular.

7.4. CORRUPÇÃO PASSIVA

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
10.763, de 12.11.2003)

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou


promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração


de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.


Solicitar, aceitar e receber vantagem para praticar ato de ofício. Não precisa
necessariamente praticar o ato de ofício.

Solicitar e aceitar são crimes formais.

Receber é crime material.

O ato de ofício deve ser vinculado à função que exerce? Sim.

REsp. 825340/MG. RECURSO ESPECIAL. ART. 317, §1º, DO CP. CORRUPÇÃO PASSIVA.
CONFIGURAÇÃO. Para a configuração do delito de corrupção passiva se faz necessário
que o ato de ofício em torno do qual é praticada a conduta incriminada seja da
competência ou atribuição inerente à função exercida pelo funcionário público
(Precedentes do STJ e do STF). Recurso desprovido.

Natureza da vantagem: Pecunia non olet (dinheiro não tem cheiro). Não interessa
como está pagando. Qualquer coisa que tenha valor.

Situação 1: B (funcionário público) pede dinheiro para A (particular). A grava a


conversa. Não precisa de autorização judicial para gravar.

Situação 2: A e B conversando, C ouvindo a conversa. A autorizou C a ouvir. Não


precisa de autorização judicial. Porque quando um dos interlocutores está autorizando
ou ele mesmo está gravando, ele faz parte da interlocução.

Situação 3: Quando C ouve a conversa de A e B sem que qualquer deles saiba, precisa
de autorização judicial.

RHC19321/MG – STJ. RHC. CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA PRATICADO POR


VEREADORES. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. FALTA DE JUSTA CAUSA. ATIPICIDADE
DA CONDUTA. NÃO-OCORRÊNCIA. INÉPCIA DA DENÚNCIA NÃO VERIFICADA. PROVA.
GRAVAÇÃO POR VÍDEO DE QUE TINHA CONHECIMENTO UM DOS PARTICIPANTES.
ILICITUDE NÃO EVIDENCIADA. 1. Hipótese em que os Recorrentes, Vereadores
municipais, teriam recebido dinheiro do Prefeito para aprovar determinados projetos
de lei. 2. A circunstância de a vantagem recebida ser indevida constitui-se em
elemento normativo do tipo, sem o qual o fato não constitui o crime de corrupção
passiva. 3. Os valores recebidos pelos Vereadores, para aprovarem projetos de lei de
interesse do Prefeito, sejam provenientes dos cofres públicos ou de particulares,
constituem vantagem indevida e, conseqüentemente, podem ensejar a prática do
crime de corrupção passiva. 4. A denúncia demonstra, de forma clara e objetiva, os
fatos supostamente criminosos, com todas as suas circunstâncias, bem como o
possível envolvimento dos Recorrentes nos delitos em tese, de forma suficiente para a
deflagração da ação penal, bem como para o pleno exercício de suas defesas, não
podendo, pois, ser reputada como inepta. 5. A uníssona jurisprudência desta Corte, em
perfeita consonância com a do Pretório Excelso, firmou o entendimento de que a
gravação efetuada por um dos interlocutores que se vê envolvido nos fatos em tese
criminosos é prova lícita e pode servir de elemento probatório para a notitia criminis e
para a persecução criminal. 6. Recurso desprovido. RHC 6735/BA, STJ.

É possível o flagrante em crime formal.

Pena: 2 a 12 anos. Foi alterada pela Lei 10763/03.

Para os casos de crimes continuado e permanente, como ocorreu no Mensalão (AP


470/STF), pois se o crime começou a ser praticado sob a égide da lei anterior menos
grave e houve o aumento da pena para 2 a 12 anos, mas o agente continuou
praticando tal crime aplica-se a lei posterior ainda que mais grave, em virtude da
Súmula 711, STF.

Súmula 711, STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.

A bilateralidade não é necessária.

Teoria pluralista.

7.5. CORRUPÇÃO ATIVA

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para


determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
10.763, de 12.11.2003)

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou


promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
funcional.

Oferecer/prometer vantagem a funcionário público. O crime é praticado por particular.

O verbo “dar” não foi tipificado pelo legislador, assim, na prática, quando ocorrer o
“dar”, o agente responderá por corrupção, pois em última análise, aquele que chegou
a entregar vantagem passou antes pelo oferecer e prometer. Se pune o menos pune o
mais.

Vantagem: qualquer uma. Pode oferecer tudo. Ex.: mulher parou na blitz e ofereceu ao
policial para irem ao motel.

A bilateralidade não é necessária. Há concurso de pessoas pela teoria pluralista, cada


um responderá por um tipo penal.
Exaurimento penalizado previsto no parágrafo único. O agente cumpre o prometido
(pratica ato de ofício) e por isso recebe um aumento de pena.

7.6. PREVARICAÇÃO

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo


contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever
de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº
11.466, de 2007).

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Na prevaricação não tem vantagem indevida, o que se tem é sentimento pessoal, que
pode ser sentimento envolvendo família, amizade, inimizade.

Ex.: Delegado de Polícia que deixa de instaurar inquérito contra o filho do Prefeito, que
é seu amigo.

Foi acrescido ainda o Art.319-A, CP: prevaricação imprópria. Quando funcionário


público, Diretor do Presídio, deixa entrar telefone celular no presídio. Deve ter dolo.
Não admite a modalidade culposa.

Quem entra com celular responde pelo Art. 349-A, favorecimento impróprio.

Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho


telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em
estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).

Deve ter bilateralidade? Não. Mas se houver, há o concurso de pessoas pela teoria
pluralista.

7.7. CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA

Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que


cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o
fato ao conhecimento da autoridade competente:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Sentimento de indulgência, quando o agente atua com compaixão.


É importante que exista um subordinado e o superior com ascendência sobre aquele.
Além disso, o subordinado pode ter cometido qualquer infração, não necessariamente
crime.

Toda autoridade que fica sabendo de alguma infração tem por dever legal levar ao
conhecimento da autoridade competente ou fazer a devida punição.

Aqui, diferentemente da prevaricação, não há sentimento de amizade com aquele que


pratica a infração. Ex: O Delegado deixa de levar para corregedoria fato que sabe ser
infração praticado por um agente que não tem amizade, com o intuito de não criar
problemas.

7.8. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA

Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a


administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

O agente deve valer-se da qualidade de funcionário público, para atuar em interesse


privado em situação que seja vedada. É possível o exercício da advocacia aqueles que
entraram no Ministério Público antes de 1988. Deputado estadual e federal podem
advogar, assim como vereador também. Chefes do Executivo não podem. Senadores,
Presidente, Governador, Ministros não podem.

7.9. VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA

Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.

Ex: em uma blitz o policial dá um tapa na cara do indivíduo.

Esse crime está revogado pelo art. 3º da Lei 4898/65 de Abuso de Autoridade.

Revogação tácita.

7.10. RESISTÊNCIA X DESOBEDIÊNCIA X DESACATO

Art.329/ Art.330/ Art.331.

Art.329, CP - Resistência: crime comum, cometido por particular. Tem violência ou


ameaça. Ato legal. Chamada de resistência ativa.
O particular pode ser vítima do crime de resistência, desde que esteja prestando
auxilio ao funcionário, como por exemplo, flagrante.

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à


violência.

Art.330, CP - Desobediência.

Ato legal. Também chamado de resistência passiva. Não há violência ou ameaça.

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Ex: Não comparecer a audiência.

Art.331, CP - Desacato. Ato legal. Há uma ofensa/menosprezo.

Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Ex: chamar o policial de cachorrinho do prefeito.

A 5ª Turma do STJ, em um julgado inédito, aplicando o Pacto de São José da Costa


Rica, decidiu que desacato não seria mais crime, pois o art.13 do Pacto diz que é
direito do cidadão ir contra o Estado, e o policial ao dar ordem está representando o
Estado. Assim, descriminalizaram o art.330, CP por 06 meses.

A Terceira Seção do STJ é aquela que reúne as divergências da 5ª e 6ª Turma, e


voltaram atrás nessa questão no Info 607, STJ que decidiram que desacato não foi
descriminalizado. O direito de se expressar deve ser exercido sem violência, e não
pode ser feito contra alguém que naquele ato representa o Estado.

Ex: pode ir pra frente do Planalto Central e manifestar. É possível contra ente abstrato.

• Diferença entre Desacato e Injúria contra Funcionário Público (Art.141, II, CP).

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer


dos crimes é cometido:
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

No desacato, a vítima está atuando como funcionário público. A injúria contra


funcionário público é em razão de suas funções.

O STF entendeu que embriaguez é suficiente para elidir a aplicação do tipo em tela
(desacato), uma vez que o agente não atua com dolo.

7.11. TRÁFICO DE INFLUÊNCIA

Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127,
de 1995)

Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a


vantagem é também destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de
1995)

É bem parecido com Exploração de Prestígio (Art.357, CP).

É crime comum, mas funcionário público também pode praticá-lo.

Situação1: um empresário necessita ganhar uma licitação que está participando em


determinada Prefeitura. Todavia, ele não conhece o Prefeito daquela cidade pra tentar
algum tipo de pagamento de propina ou vantagem junto a ele. Nessa intermediação,
surge a figura de um terceiro que se diz influente e que pode influenciar na conduta
daquele Prefeito, sendo que tal influência se trata de fraude. Aqui, o terceiro
responderá pelo art.332. “A pretexto de influenciar” para a Doutrina é uma fraude.

A influência é fraudulenta (simulada), porque se for real ocorre o crime de corrupção


ativa e/ou passiva.

7.12. EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO

Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de


influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua


que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste
artigo.
Aqui, se aplicam as mesmas referências do crime acima. O exemplo é o mesmo, mas
ao invés de ser praticado contra qualquer funcionário público, será praticado contra
juiz, jurado, órgão do MP, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou
testemunha, determinadas pelo caput do Art.357.

A pena é menor, cabendo inclusive SUSPRO.

7.13. FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
12.850, de 2013) (Vigência)

§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante


suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em
processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração
pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o
ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de
28.8.2001)

Ex: Mentir em câmaras de arbitragem.

A pena de reclusão de 1 a 3 anos foi alterada em 2013 para 2 a 4 anos, não cabendo
mais o benefício da SUSPRO.

Desnecessidade do compromisso legal de dizer a verdade ser tomado para fins de


configurar-se crime, uma vez que tal elemento não está previsto expressamente no
tipo penal (principio da taxatividade). Logo, mesmo aquele que depõe sem prestar o
aludido compromisso de dizer a verdade responde pelo crime. Compromisso de dizer
a verdade: é apenas praxe, não faz parte do tipo penal. HC 66511/RS – STF.

Crime de mão própria. Esse é o único crime de mão própria que cabe coautoria. O STF
decidiu que quando o coautor for advogado, uma vez que este possui o chamado
domínio final do fato e não pode ser apenado como simples partícipe - Teoria do
Domínio Final do Fato (HC 75037/SP – STF).

O parágrafo primeiro refere-se a aumento de pena se o crime for cometido mediante


suborno. Cuidado para não confundir com o suborno do art. 343, CP:

Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a


testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar
ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de
28.8.2001)

Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é


cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou
em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou
indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

Ex: suborno ao perito. Só se aplica se o perito for nomeado pelo Juiz, ou seja, tratar-se
de perito não oficial ou particular. Se for perito oficial (funcionário público) responde
por corrupção passiva, caso receba o aludido suborno, sendo que aquele que ofereceu
o suborno responderá pelo delito de corrupção ativa.

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