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Sumário
1) Medição de impedância elétrica; (pag. 1)
2) Obtenção e análise do espectro de impedância; (pag.6)
3) Análise dielétrica de materiais isolantes; (pag.9)
4) Medição do espectro de um sinal; (pag. 12)
5) Medição de campo magnético; (pag. 18)
6) Curva de magnetização de núcleos magnéticos; (pag.22)
7) Geração e recepção de ondas eletromagnéticas; (pag.25)
8) Cálculo de campo por diferenças finitas. (pag.30)
Vp
Z e j R jX (1)
Ip
1
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Onde R e X são a resistência e a reatância, respectivamente, do dispositivo. Usando a fórmula de
Euler obtemos facilmente as seguintes relações:
R Z cos() (2)
X Z sen()
2
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Um resistor de resistência nominal 100 ;
Um indutor de indutância nominal 470 H;
Um capacitor de capacitância nominal 470 nF.
As medições para o resistor devem ser realizadas de acordo com a Tabela 1. Os valores
medidos serão lidos diretamente no menu lateral de medição do osciloscópio. Utilizar a leitura de
valor rms, pois são mais estáveis que os valores instantâneos. O gerador deve ser ajustado para
impedância de saída de 50 , impedância de carga de 50 e amplitude 10 Vpp.
3
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Analise os dados da Tabela 1 e responda:
As medições para o capacitor e indutor devem ser realizadas de acordo com as Tabelas 2 e 3.
Observe que até 10 KHz deve-se usar a sonda A622 e a partir de 50 KHz deve-se usar a sonda P6022.
4
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5
Laboratório de Eletromagnetismo Airton Ramos
2) Obtenção e análise do espectro de impedância
Este roteiro de atividade prática no Laboratório de Eletromagnetismo apresenta os conceitos e
métodos para obtenção e análise do espectro de impedância de elementos discretos e circuitos
elétricos.
O analisador de impedância é um instrumento de medição que fornece a impedância de um
elemento ou dispositivo através da medição simultânea de corrente e tensão aplicada nos seus
terminais em uma ampla faixa de frequências. O esquema mostrado na Figura 3 ilustra o método de
medição e a Figura 4 mostra o espectro de impedância do circuito da Figura 5. O analisador de
impedância gera internamente e disponibiliza em dois terminais uma corrente precisamente
controlada na faixa de frequências de operação do equipamento (de 40 Hz a 110 MHz para o
analisador 4294A da Agilent). Um medidor de tensão disponível entre dois outros terminais é usado
para medir a diferença de potencial elétrico na amostra. A impedância é calculada para cada uma das
frequências selecionadas a partir dos valores de tensão e corrente medidos. Gráficos de módulo e
ângulo polar da impedância são traçados na tela do analisador. Um programa de computador é
usado para fazer a aquisição dos resultados.
Z R jL (3)
6
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Z sen
L 700 H (4)
2 f
Considerando apenas os elementos discretos R, L e C, a impedância é obtida na seguinte
forma:
R jL
Z (5)
1 2 LC jRC
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Na frequência 54 kHz o ângulo polar da impedância se anula, o que indica ressonância do
circuito. Segundo a equação (5), a ressonância ocorre na frequência dada por:
1 R 2C / L
(6)
LC
L
C 10nF (7)
R 2 2 L2
Observe no espectro que ocorre outra ressonância em torno de 6,5 MHz. Isso é devido ao
acoplamento da capacitância C, que domina a impedância acima de primeira ressonância, com a
indutância série parasita Lp. A capacitância parasita Cp não tem muita influência na impedância
medida até 40 MHz. Os valores obtidos nesta análise são aproximações baseadas em informações
pontuais do espectro e modelos matemáticos simples de elementos ideais de circuito. Uma análise
mais precisa pode ser feita usando métodos computacionais para ajuste de parâmetros com modelos
mais elaborados que levem em conta os elementos não ideais dos componentes discretos e
distribuídos do circuito.
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3) Análise dielétrica de materiais isolantes
Este roteiro de atividade prática no Laboratório de Eletromagnetismo apresenta os conceitos e
métodos para obtenção da condutividade e constante dielétrica de um material através da análise do
espectro de impedância de uma amostra deste material.
A avaliação das propriedades elétricas de materiais condutivos e dielétricos pode ser realizada
através da medição e análise do espectro de impedância de uma amostra desse material na faixa de
frequências de interesse. Para isso uma amostra desse material deve ser processada ou acondicionada
em uma forma geométrica tal que sua impedância seja facilmente associada com a condutividade e
permissividade do material. Para medir a impedância com materiais dielétricos é necessário usar
eletrodos metálicos para fazer a conexão elétrica entre a amostra e o analisador de impedância. A
Figura 6 apresenta duas geometrias fáceis de serem implementadas. Nos dois casos a estrutura se
assemelha a um capacitor de placas paralelas.
Se a relação entre espaçamento e diâmetro (ou aresta) dos eletrodos é pequena, podemos
assumir que o campo elétrico é uniforme no espaço entre os eletrodos. A impedância nesse caso é
simples de calcular na seguinte forma:
d/A (8)
Za
j r o
1
Im
r
d Za
(10)
A o
Ln b / a (11)
Za
2L j r o
Onde b e a são os raios dos condutores externo e interno, respectivamente, e L é o comprimento do
cabo.
Ln b / a 1
Re (12)
2L Za
1
Im
Ln b / a Za (13)
r
2L o
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Os espectros de impedância obtidos no analisador para cada um dos materiais citados devem
ser convertidos em arquivos texto e analisados no programa MatLab. Calcular a condutividade e a
constante dielétrica dos materiais em toda a faixa de frequências do ensaio. Construir os gráficos da
condutividade e constante dielétrica como funções da frequência. Analisar se os valores obtidos de
condutividade e constante dielétrica são consistentes. Procure explicar qualitativamente porque a
condutividade e a constante dielétrica variam com a frequência e quais são os mecanismos físicos
envolvidos.
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4) Medição do espectro de um sinal
Um sinal elétrico pode ser medido no domínio do tempo com um osciloscópio ou medido no
domínio da frequência com um analisador de espectro. O esquema simplificado para realizar a
medição do espectro de um sinal é mostrado na Figura 8. O sistema é composto de um oscilador
local, que é um oscilador controlado por tensão (VCO), cuja tensão de controle tem a forma de uma
rampa, sendo produzida por um gerador de varredura. O sinal a ser medido é aplicado no
misturador junto com a saída do oscilador local. Esse dispositivo multiplica esses sinais gerando um
deslocamento no espectro do sinal de entrada para a posição da frequência do oscilador. Isso é
mostrado na Figura 9. O filtro de FI é um filtro sintonizado que permite que apenas uma pequena
parte do espectro do sinal de entrada apareça na sua saída. A parte do sinal que se localiza fora da
banda passante do filtro de FI é eliminada e o sinal resultante tem uma distribuição espectral bem
concentrada em torno da frequência de FI. A amplitude desse sinal filtrado é medida por um detector
sensível ao valor quase pico, valor médio ou valor eficaz desse sinal. O sinal produzido pelo gerador
de varredura também é usado para fazer a varredura horizontal da imagem na tela do analisador de
espectro. A varredura vertical é realizada pelo sinal obtido na saída do detector e assim forma-se o
espectro do sinal pelo deslocamento simultâneo do ponto de imagem no eixo horizontal (da
frequência) e no eixo vertical (da intensidade de sinal). A largura de banda do filtro de FI (Figura 8) é
chamada de banda de resolução e determina a parte do espectro do sinal que é medida. Quanto
menor for a banda de resolução com mais detalhes o espectro do sinal pode ser analisado.
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obter as componentes espectrais de uma função. Para funções periódicas, pode-se usar a
decomposição em série de Fourier, descrita pelas equações a seguir onde o é a frequência
fundamental do sinal.
∞
f(t) = a o + a n cos(nωo t) + b n sen(nωo t)
n=1
T
2
T 0
ao = f(t) dt
(14)
T
2
a n = f(t) cos(nωo t) dt
T0
T
2
T 0
bn = f(t) sen(nωo t) dt
f(t) = c n e jnωo t
n=0
T (15)
2
cn =
T0 f(t) e-jnωo t dt
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Os coeficientes cn nesta série fornecem diretamente a amplitude e ângulo de fase de cada
componente espectral de frequência = no do sinal. A Figura 10 mostra alguns termos da série de
Fourier de uma onda quadrada e a soma dos 10 primeiros termos ímpares. Os termos pares da onda
quadrada são todos nulos. A Figura 11 mostra o espectro de módulo da onda quadrada até a
harmônica 30.
0.8
(1) soma de 10 harmonicas impares
0.6
sinal
0.4
Amplitude normalizada
0.2 (3)
(5)
(7)
0
-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Tempo (s) -6
x 10
Figura 10 – Sinal onda quadrada de 1 MHz e suas componentes até sétima harmônica.
A soma até a harmônica 20 esta representada na cor vermelha.
P
P(dB) = 10log
1 W
V (16)
V(dBV) = 20 log
1 V
I
I(dBA) = 20 log
1 A
Para outros valores de referência basta acrescentar os símbolos “m” ou “” conforme o caso.
60
50
40
dBmV
30
20
10
0
0 5 10 15 20 25 30
f (MHz)
1) Inicialmente ajuste o gerador de sinais para tensão senoidal com frequência de 1 MHz e
amplitude pico a pico de 1 Vpp. Observe que a máxima amplitude de tensão de entrada no
analisador de espectro corresponde a uma potência média de 30 dBm sobre uma impedância de 50 .
Isto corresponde a uma tensão senoidal com amplitude de 10 V. Portanto, não ligue o gerador no
analisador de espectro até que a amplitude de sinal tenha sido ajustada para um nível seguro.
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5) Meça o sinal:
Pressione Peak Search e F1 para ler a amplitude do sinal em 1 MHz;
6) Mude para onda quadrada. Para visualizar os demais picos pressione sucessivamente Next
Peak F2. Para visualizar uma tabela com os primeiros picos pressione more e Peak table para obter
‘on’ e habilitar a tabela de valores máximos.
9) Anote na Tabela 4 os valores obtidos para as componentes da onda quadrada (na coluna Q).
10) Mude para onda triangular e repita as leituras. Anote na Tabela 4 (na coluna T).
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Tabela 4 – Amplitudes das 20 primeiras harmônicas da onda quadrada ( Q )
e da onda triangular ( T ) com frequência fundamental 1 MHz e amplitude 1 Vpp.
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5) Medição de campo magnético
Existem diversos tipos de sensores que podem ser usados na medição de campo magnético.
Podem ser classificados de acordo com o princípio de funcionamento, sensibilidade e faixa de
frequência de operação. Os sensores indutivos baseiam-se na lei de Faraday; a variação de fluxo
magnético no tempo através de um conjunto de espiras produz uma tensão elétrica nos terminais do
sensor. Este tipo de sensor é utilizado principalmente em campos variáveis no tempo e, dependendo
do projeto, pode ser usado com campos tão fracos quanto 10 pT e frequências de dezenas de Hertz a
centenas de Megahertz. Os sensores magneto-galvânicos se baseiam na ação do campo magnético em
correntes elétricas que circulam em dispositivos de estado sólido. No sensor de efeito Hall esta ação
produz uma diferença de potencial elétrico entre as faces de um cristal semicondutor proporcional ao
campo magnético. No sensor magnetoresistivo a ação do campo magnético produz uma variação na
resistência elétrica do cristal. Os sensores magneto-galvânicos geralmente apresentam boa
sensibilidade até cerca de 1 MHz e são adequados para campos de 1 T ou maiores. O sensor SQUID
é baseado no efeito Josephson em supercondutores e para funcionar deve ser resfriado a
temperaturas muito baixas. É o sensor de maior sensibilidade, podendo detectar campos da ordem de
10-14 T.
A Figura 12 mostra o esquema de um magnetômetro constituído de um sensor indutivo ligado
a um amplificador de instrumentação. A tensão nos terminais do sensor é obtida a partir da Lei de
Faraday na seguinte forma:
dφm dB(t)
Vs (t) = = Ns A
dt dt (17)
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Vsmax
S= = ωNs A
Bmax (20)
Bs
= μc
Ba (21)
μr
μc =
1+ μ r N d (22)
Onde Nd é o fator de desmagnetização do núcleo ( Hd=-Nd M). Com isso, a sensibilidade do sensor é
obtida na seguinte forma:
S = ωNs Aμ c (23)
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O sistema de medição é composto de um sensor indutivo com núcleo de ferrite com as
características a seguir:
r = 2000
Ls = 47 mm
Ds = 8 mm
Ns = 85
Nd 0,0311)
Comprimento L = 485 mm
Número de espiras N = 200
Diâmetro D = 2R = 75 mm
B=
μ oi N z + L / 2
z L / 2 (24)
2L R 2 + z + L / 2 2 2
R + z L / 2
2
Deve-se ajustar o gerador de sinais para fornecer tensão senoidal com 10 Vpp na frequência de
1 kHz. Uma resistência de 100 em série com o solenoide limitará a corrente no valor adequado e
servirá para determinar a corrente através da queda de potencial medida no osciloscópio. Com o
auxílio de uma régua, posicionar o sensor dentro do solenoide e registrar o valor do sinal gerado em
cada uma das posições indicadas na Tabela 5.
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z ( 10-2 m) Vs ( mV )
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Usando o MatLab Faça gráficos da indução magnética teórica e da indução magnética medida.
Calcule o erro máximo entre valores experimentais e teóricos. Avalie se as condições de validade da
equação (24) são atendidas neste experimento. Avalie os fatores que afetam a exatidão da medição
com o sensor indutivo: comprimento da bobina, área do núcleo, capacitância parasita,
permeabilidade magnética e fator de desmagnetização.
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6) Curva de magnetização de núcleos magnéticos
A obtenção e análise da curva de magnetização é uma técnica simples e eficiente de
caracterização de propriedades magnéticas de materiais. A estrutura de teste é mostrada na Figura
14. Um núcleo fechado do material em análise é usado para se construir um transformador de
potencial com dois enrolamentos. No primário, aplicamos tensão proveniente de um gerador de
sinais. Uma sonda de corrente é usada para medir a corrente primária. No secundário medimos a
tensão induzida. Através dos valores de tensão e corrente medidos podemos calcular o campo
magnético e a indução magnética no núcleo.
N1I t
Ht = (25)
2πR
Através da lei de Faraday, podemos deduzir que o fluxo magnético no núcleo está relacionado
à tensão induzida no circuito.
Então, a indução magnética média no núcleo é obtida na seguinte forma em função da tensão
induzida:
t
1
N 2S o
B(t) = Bo V(t) dt (27)
Diâmetro externo 63 mm
Diâmetro interno 38 mm
Altura 25 mm
Massa 0,23 Kg.
Os ensaios serão feitos com três frequências: 100 Hz, 500 Hz e 1 kHz. A amplitude da tensão
do gerador em cada ensaio será ajustada em doze valores no intervalo de 50 mV até 600 mV (passos
de 50 mV). Para cada frequência e amplitude da tensão do gerador as formas de onda da corrente no
primário e tensão no secundário serão adquiridas e armazenadas no computador. A Figura 16 mostra
as formas de onda típicas para a tensão e corrente neste ensaio.
Construir um aplicativo em MatLab para adquirir estas formas de onda e calcular o campo e a
indução magnética no núcleo usando as equações (25) e (27). O programa deve gerar os gráficos de
BH e MH, nos quais será possível obter o campo coercitivo, a indução e magnetização de saturação
e a indução e magnetização remanentes do material. A energia dissipada por unidade de volume no
ciclo de magnetização será calculada usando a equação (28):
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w diss =
ciclo
H dB = μ o
ciclo
H dM (28)
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7) Geração e recepção de ondas eletromagnéticas
Uma antena é um dispositivo de transição entre uma linha de transmissão ou guia de ondas e
o espaço livre. Tem por finalidade acoplar esses dois meios de modo que a onda guiada possa se
propagar para o espaço sem reflexão e na direção e sentido desejado. Embora existam muitos tipos
diferentes de antenas, o princípio básico é o mesmo para todas: a circulação de corrente elétrica
variável no tempo em um condutor qualquer gera campos elétrico e magnético variáveis no tempo e
parte da energia fornecida pela fonte no estabelecimento dessa corrente, é transportada na onda
eletromagnética que se forma como resultado do acoplamento entre os campos segundo determina as
leis de Faraday e Ampere.
A irradiação de uma antena pode ser modelada a partir do potencial magnético gerado pela
sua distribuição de corrente. O exemplo mais simples é do dipolo hertziano (Figura 17), na qual um
segmento de fio condutor de comprimento muito pequeno posicionado na origem do sistema de
coordenadas irradia potencial magnético de acordo com a seguinte equação:
(29)
μIl e- jβ r
A= uz
4π r
Onde I é o fasor de corrente no dipolo, l é seu comprimento e =/u é a constante de fase para a
propagação no espaço livre com frequência angular e velocidade de fase u.
A partir do potencial magnético, os campos irradiados podem ser obtidos através das
seguintes equações:
A
H (30)
o
25
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2
1 E 1 2 Z I2l 2 2 sen 2
P u r Zo H u r o o 2 ur (34)
2 Zo 2 32 r2
Observamos que a irradiação ocorre preferencialmente no plano azimutal do dipolo Hertziano
(=/2) e diminui de intensidade com o inverso do quadrado da distância radial.
A partir desse modelo simples é possível obter os campos irradiados por antenas reais, desde
que se conheça a distribuição de corrente nos condutores. A antena mais comum é a dipolo,
representada na Figura 18. Quando alimentada pelo centro com corrente senoidal, esta antena
apresenta a seguinte distribuição espacial de corrente (z é a distância medida a partir de seu centro):
L
I(z) Io sen z z 0
2
L (35)
I(z) Io sen z z 0
2
Zo Io e j r (36)
E j F()
2 r
L L
cos cos cos
F() (37)
sen
cos cos
F() 2 (38)
sen
O diagrama de irradiação é uma representação em coordenadas polares da distribuição
espacial da intensidade de campo (|F()|) ou potência irradiada (F2()) pela antena segundo a função
F() (para outras antenas o ângulo azimutal pode ser necessário também). A Figura 19 apresenta os
diagramas de irradiação de potência e de campo para o dipolo de meia onda no plano vertical, ou
seja, com variação do ângulo polar, e no plano horizontal, com variação do ângulo azimutal.
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O ganho diretivo é um parâmetro usado para caracterizar as propriedades direcionais de
antenas. É definido a partir da relação entre a intensidade da irradiação em uma direção específica e a
intensidade média irradiada pela antena. A intensidade da irradiação é definida pela seguinte relação
com a densidade de potência ou módulo do vetor de Poynting:
Desse modo, a intensidade da irradiação não depende da distância à antena. O ganho diretivo
de uma antena é definido e calculado pela seguinte relação:
U(θ, )
GD =
U med (40)
2π π
Onde Pirr é a potência total irradiada pela antena. Assim, o ganho diretivo é obtido na seguinte forma:
U(θ, ) (42)
G D = 4π
Pirr
Uma vez que a densidade de potência irradiada é proporcional ao quadrado da função F(),
podemos reescrever a equação anterior na forma dessa função que pode ser obtida através do
diagrama de irradiação da antena:
U(θ, ) F2 (θ, )
G D = 4π = 4π 2π π (43)
Pirr
F (θ, )senθ dθ d
2
0 0
2F 2 ()
GD = (44)
F ()sen d
2
A diretividade (D) de uma antena é o seu ganho diretivo máximo (geralmente expresso em
dB):
D = 10 Log(GDmax ) (45)
28
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A diretividade é então uma medida do quanto a antena concentra a densidade de potência
irradiada em uma determinada direção do espaço.
Para avaliar qualitativamente como um sistema de comunicação por ondas de rádio funciona,
faremos a seguinte montagem:
Um sistema de transmissão usando o gerador de RF Agilent N9310A e uma antena dipolo de
meia onda sintonizada em 500 MHz;
Um sistema de recepção usando uma antena dipolo de meia onda sintonizada em 500 MHz e o
analisador de espectros Instek GSP830;
Separar os sistemas em pelo menos 3 metros e alinhar as antenas para mesma polarização
horizontal e mesma altura;
Ajustar a potência gerada para 10 dBm e variar a frequência do sinal transmitido de 100 MHz a
1 GHz (com passos de 100 MHz);
Analisar a variação da intensidade do sinal recebido e discutir a influência da frequência no
resultado;
Variar o ângulo de orientação da antena dipolo com passos de 10 graus ao longo de 360 graus
e medir o sinal recebido em 500 MHz;
Analisar porque a intensidade do sinal varia com o ângulo de orientação das antenas;
Mudar as antenas para monopolos de quarto de onda verticais.
Ajustar o sinal transmitido para 100 MHz com modulação FM de um sinal senoidal de 1 kHz.
Captar o sinal transmitido em um receptor FM.
Discutir o processo de comunicação por ondas de rádio.
29
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8) Cálculo de campo por diferenças finitas
O método das diferenças finitas é baseado na transformação de equações diferenciais em
equações de diferenças e solução dessas equações em uma malha discreta de pontos no espaço sob
condições de contorno pré-estabelecidas. A partir da definição de derivada de uma função, podemos
estabelecer uma forma aproximada para calcular a taxa de variação de uma função com base em
variações finitas de sua variável independente:
df ( x) f ( xo x) f ( xo )
( xo ) lim
dx x 0 x
(46)
df ( x) f ( xo ) f ( xo x)
( xo ) lim
dx x 0 x
Para a derivada existir, é necessário que os dois termos acima sejam finitos e iguais. Se
desejamos obter uma aproximação por diferenças finitas devemos ignorar o processo de passagem ao
limite e apenas considerar um incremento finito x arbitrariamente pequeno. Nesse caso, não se pode
garantir que os termos acima sejam iguais, portanto a melhor alternativa é tomar a média aritmética
deles. Assim, temos:
df ( x) 1 f ( xo x) f ( xo ) f ( xo ) f ( xo x)
( xo )
dx 2 x x
(47)
f ( xo x) f ( xo x)
2x
Para a segunda derivada podemos usar um raciocínio semelhante. A expressão exata é a
seguinte:
d 2 f ( x) f ( xo x) f ( xo ) (48)
( xo ) lim
dx 2 x 0 x
Onde usamos o símbolo f´(x) para representar a primeira derivada. Para obter a segunda derivada
em diferenças finitas ignoramos o limite e representamos as derivadas no segundo termo pelas
respectivas aproximações.
d 2 f ( x) 1 f ( xo x) f ( xo ) f ( xo ) f ( xo x)
( xo )
dx 2
x x x
(49)
f ( xo x) f ( xo x) 2 f ( xo )
x
2
d 2V ( x, y, z ) d 2V ( x, y, z ) d 2V ( x, y, z )
0 (50)
dx 2 dy 2 dz 2
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Substituímos as derivadas pelas aproximações em diferenças finitas para obter no ponto
(xo,yo,zo) do espaço:
V ( xo x, yo , zo ) V ( xo , yo y, zo ) V ( xo , yo , zo z )
x y z
2 2 2
V ( xo x, yo , zo ) V ( xo , yo y, zo ) V ( xo , yo , zo z )
(51)
x y z
2 2 2
1 1 1
2V ( xo , yo , zo )
x y z 2
2 2
O método das diferenças finitas consiste em discretizar o espaço com pequenos volumes
regulares como paralelepípedos em 3D ou retângulos em 2D. A Figura 20 ilustra esse processo para
uma análise bidimensional. Considerando apenas duas dimensões, a equação (51) pode ser reescrita
da seguinte forma no espaço discretizado:
y V (i 1, j ) x V (i, j 1) y V (i 1, j ) x V (i, j 1)
2 2 2 2
V (i, j ) (52)
2 y x
2 2
Por esta equação, podemos concluir que o potencial em uma posição qualquer do espaço
discreto é uma média ponderada dos potenciais vizinhos. A fim de obter os potenciais em cada nó da
malha de discretização espacial do problema analisado devemos escrever e resolver o sistema de
equações algébricas semelhantes à equação (52), uma para cada nó da malha. As condições de
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contorno são usadas para completar as equações para os nós nas fronteiras da malha. Qualquer
método de solução de sistemas de equações lineares pode ser usado para obter a solução na forma de
um vetor de potencias.
Vamos avaliar o exemplo da Figura 20. Neste caso as condições de contorno são de potencial
prescrito nas superfícies externas do domínio. Quando o potencial é especificado em uma superfície
denominamos de condição de contorno de Dirichlet. Outra opção geralmente utilizada é a
especificação do campo elétrico normal na superfície, o que é denominado de condição de contorno
de Neumann.
No caso apresentado, o domínio de análise é um retângulo de arestas Lx e Ly e o Número de
divisões é Nx e Ny, os incrementos nos dois eixos são x=Lx/Nx e y=Ly/Ny. As coordenadas no
espaço discreto são dadas xi=(i-1) x e yj=(j-1) y com i=1,2,3,...,Nx e j=1,2,3,...Ny. As condições de
contorno indicadas na Figura são:
A equação (52) fornece o potencial no caso geral. Nas fronteiras, devemos substituir os termos
que estão fora do domínio de análise pelo valor da condição de fronteira correspondente. Por
exemplo, na posição (1,1) temos o seguinte:
y V (2,1) x V (1, 2)
2 2
V (1,1) (53)
2 y x
2 2
y V (2, N y ) x Vo x V (1, N y 1)
2 2 2
V (1, N y ) (54)
2 y x
2 2
x V ( N x , j 1) y V ( N x 1, j ) x V ( N x , j 1)
2 2 2
V (Nx , j)
2 y x
2 2
(55)
Construir um programa em MatLab para resolver o problema mostrado na Figura 20. Traçar
gráficos do potencial nas direções x e y e comparar com o resultado analítico (observe que o resultado
analítico é obtido na forma de uma série de funções sen( ) e senh( ) conforme mostra a equação (56)
abaixo). Traçar linhas equipotenciais e a superfície de potencial em 3D no domínio de análise.
Calcular numericamente o campo elétrico no interior da caixa de potencial. Comparar com a solução
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Laboratório de Eletromagnetismo Airton Ramos
analítica. Discutir como obter a densidade de carga elétrica e a carga elétrica total acumulada nas
superfícies da caixa de potencial.
Construir um programa para fazer a análise de um capacitor de placas paralelas conforme
Figura 21. Como poderíamos calcular a capacitância dessa estrutura? Como poderíamos aplicar a
condição de contorno de Neumann nesse caso?
n n
sen x senh y
4Vo Lx Lx
V(x, y)
n ímpar nL y (56)
n senh
Lx
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