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Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais

PROJETO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

É o CRMV-MG participando do processo de atualização


técnica dos profissionais e levando informações da
melhor qualidade a todos os colegas.

VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
compromisso com você

www.crmvmg.org.br
Editorial
É com grande satisfação que se dá prossegui-
mento às edições especiais dos Cadernos Técnicos,
comemorativas ao aniversário de 85 anos de funda-
ção da Escola de Veterinária da UFMG. A Escola,
consolidada entre instituições de prestígio no ce-
nário nacional e mundial, mantém sua missão aca-
dêmica impulsionada pela curiosidade científica de
seu quadro técnico, docente e discente. A institui-
ção permanece como modelo em qualidade no en-
sino, pesquisa e extensão em Medicina Veterinária e
Aquacultura. Este novo volume "Atlas de Patologia
Macroscópica de Bovinos e Equinos", tem o objeti-
vo de apresentar imagens sobre importantes patolo-
gias destes animais, contribuindo para a educação
continuada, em formato prático para a consulta.
Prof. Nelson Rodrigo da Silva Martins - CRMV-MG 4809
Editor dos Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia

Prof. Renato de Lima Santos - CRMV-MG 4577


Diretor da Escola de Veterinária da UFMG

Profa. Sandra Gesteira Coelho – CRMV-MG 2335


Vice-diretora da Escola de Veterinária da UFMG

Prof. Antonio de Pinho Marques Junior - CRMV-MG 0918


Editor-Chefe do Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (ABMVZ)
Universidade Federal
de Minas Gerais Prof. Nivaldo da Silva - CRMV-MG 0747
Presidente do CRMV-MG
Escola de Veterinária
Fundação de Estudo e Pesquisa em
Medicina Veterinária e Zootecnia
- FEPMVZ Editora
Conselho Regional de
Medicina Veterinária do
Estado de Minas Gerais
- CRMV-MG
www.vet.ufmg.br/editora
Correspondência:
FEPMVZ Editora
Caixa Postal 567
30161-970 - Belo Horizonte - MG
Telefone: (31) 3409-2042
E-mail:
editora.vet.ufmg@gmail.com
Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais
- CRMV-MG
Presidente:
Prof. Nivaldo da Silva
E-mail: crmvmg@crmvmg.org.br
CADERNOS TÉCNICOS DE
VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
Edição da FEPMVZ Editora em convênio com o CRMV-MG
Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária e
Zootecnia - FEPMVZ
Editor da FEPMVZ Editora:
Prof. Antônio de Pinho Marques Junior
Editor do Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia:
Prof. Nelson Rodrigo da Silva Martins
Editor convidado para esta edição:
Prof. Felipe Pierezan
Editores associados:
Renato de Lima Santos
Rogéria Serakides
Natália de Melo Ocarino
Felipe Pierezan
Roselene Ecco
Roberto Maurício Carvalho Guedes
Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, Escola de Veterinária, UFMG.
Revisora autônoma:
Giovanna Spotorno
Tiragem desta edição:
1.000 exemplares
Layout e editoração:
Soluções Criativas em Comunicação Ltda.
Impressão:
Imprensa Universitária da UFMG

Permite-se a reprodução total ou parcial,


sem consulta prévia, desde que seja citada a fonte.

Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia. (Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da


UFMG)
N.1- 1986 - Belo Horizonte, Centro de Extensão da Escola deVeterinária da UFMG, 1986-1998.
N.24-28 1998-1999 - Belo Horizonte, Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e
Zootecnia, FEP MVZ Editora, 1998-1999
v. ilustr. 23cm
N.29- 1999- Belo Horizonte, Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e
Zootecnia, FEP MVZ Editora, 1999¬Periodicidade irregular.
1. Medicina Veterinária - Periódicos. 2. Produção Animal - Periódicos. 3. Produtos de Origem
Animal, Tecnologia e Inspeção - Periódicos. 4. Extensão Rural - Periódicos.
I. FEP MVZ Editora, ed.
Prefácio

Felipe Pierezan - CRMV-MG 14788


Renato de Lima Santos - CRMV-MG 4577
Roselene Ecco - CRMV-MG 8324
Rogéria Serakides - CRMV-MG 5059
Natália de Melo Ocarino - CRMV-MG 7182
Roberto Maurício Carvalho Guedes - CRMV-MG 4346

Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, Escola de Veterinária, UFMG.

Como o número anterior, esta edição de


Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia é or-
ganizada em forma de atlas. Este número trata de
patologia macroscópica de ruminantes e equinos.
Objetiva-se auxiliar estudantes e profissionais ve-
terinários na interpretação de lesões e não-lesões
de ruminantes e equinos, observadas no exame
clínico, em necropsias ou em procedimentos ci-
rúrgicos. Dessa forma, o leitor terá acesso a ima-
gens que lhe serão úteis para o estudo da patologia
e como auxílio diagnóstico na prática profissional.
Nesse contexto, salienta-se a utilização desse
atlas como ferramenta para interpretação de acha-
dos encontrados em necropsias a campo; prática
comum na medicina veterinária de ruminantes e
equinos. O exame de necropsia está baseado na
técnica, interpretação dos achados e na coleta de
materiais para exames laboratoriais. A necropsia
é uma atividade indispensável para o veterinário,
principalmente o clínico, permitindo a verifica-
ção das lesões, compatíveis ou não com os sinais
clínicos. Veterinários que fazem ou acompanham
necropsias de seus casos, melhoram significativa-
mente sua capacitação profissional, pois podem
confirmar suspeitas diagnósticas, coletar materiais
para exames laboratoriais e compreender os pro-
cessos patológicos e corrigir erros.
O atlas está organizado em sequência de ór-
gãos e sistemas e visa facilitar o acesso ao seu
conteúdo. Como já citado no atlas de patologia
macroscópica de cães e gatos, mesmo que se faça
o reconhecimento de alterações macroscópicas
mais comuns em ruminantes e equinos, o diag-
nóstico definitivo requer exames laboratoriais,
como histopatologia, imunoistoquímica, cultivo
microbiológico, técnicas de biologia molecular,
entre outros.
Sumário
Renato de Lima Santos - CRMV-MG 4577
Rogéria Serakides - CRMV-MG 5059
Natália de Melo Ocarino - CRMV-MG 7182
Felipe Pierezan - CRMV-MG 14788
Roselene Ecco - CRMV-MG 8324
Roberto Maurício Carvalho Guedes - CRMV-MG 4346

Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, Escola de Veterinária, UFMG.

1. Tegumentar.....................................................................................................9

2. Respiratório..................................................................................................15

3. Cardiovascular..............................................................................................24

4. Fígado e pâncreas..........................................................................................34

5. Digestório.....................................................................................................41

6. Urinário........................................................................................................57

7. Hemocitopoiético.........................................................................................62

8. Nervoso, olhos e ouvido...............................................................................66

9. Músculo-esquelético....................................................................................72

10. Genital........................................................................................................76
1. Tegumentar

Figura 1. Bezerro, pele. Fotossensibilização hepatógena. Lesões necróticas e ulcerativas, predomi-


nantemente em áreas dorsais e despigmentadas da pele, devido à fotossensibilização hepatógena.
Cortesia do Dr. Joaquim Marcos Pereira Carneiro.

1. Tegumentar 9
Figura 2. Bovino, adulto, pele.
Dermatofilose. Epidermite
exsudativa com formação de
crostas, associada à infecção
por Dermatophilus congolen-
sis (dermatofilose). Cortesia
do Dr. Ernane Fagundes do
Nascimento.

Figura 3. Equino, adulto,


pele. Dermatofitose. Placas
alopécicas e descamativas na
pele da face e cabeça com es-
tensão para a região cervical.
O diagnóstico foi confirmado
pela visualização de artroco-
nídeos de Tricophyton equi-
num (exame direto dos pelos
ou histopatologia).

10 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 4. Equino, adulto, pele. Pitiose. Extensa área de dermatite ulcerativa com celulite e formação de
tecido de granulação, associada à infecção por Pythium insidiosum.

Figura 5. Bovino, adulto, pele. Pitiose. Nódulos salientes na pele (dermatite granulomatosa), de tama-
nhos variados, com áreas centrais alopécicas e enegrecidas. Ao corte esses nódulos eram difusamente
amarelados e firmes. As lesões de pitiose em bovino são, ocasionalmente, ulcerativas e ocorrem prin-
cipalmente na extremidade distal dos membros. Cortesia do Dr. Antonio Flavio Dantas.

1. Tegumentar 11
Figura 6. Equino, adulto, pele.
Habronemose. Na pele da face es-
querda há uma área ulcerada, local-
mente extensa, úmida, vermelho-
-amarelada, com crostas e bordas
irregulares. À histopatologia, carac-
terizou-se por proliferação de tecido
fibrovascular e dermatite eosinofílica
e histiocitária com múltiplas áreas ne-
cróticas contendo, no centro, larvas
de Habronema spp.

Figura 7. Bezerro, pele (membro to-


rácico). Gangrena úmida. Perda do
casco do dígito lateral do membro
torácico direito e área focalmente
extensa de escurecimento da pele da
extremidade distal do membro. Nesse
caso, a pressão exercida por tala cau-
sou obstrução da circulação sanguí-
nea e, consequentemente, isquemia
e necrose. Na área de necrose houve
contaminação bacteriana.

12 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 8. Bovino, adulto, pele (membro pélvico). Gangrena seca. O animal foi mantido em contenção
para um procedimento cirurgico por mais de duas horas. A contenção gerou isquemia e anóxia tecidual
na pele da extremidade do membro pélvico, determinando necrose com desprendimento da pele.

Figura 9. Bovino, adulto, glândula


mamária. Mastite gangrenosa. Área
extensa de necrose da glândula ma-
mária e pele, caracterizada por es-
curecimento e desprendimento dos
tecidos. Cortesia do Dr. Álan Maia
Borges.

1. Tegumentar 13
Figura 10. Equino, adulto, glândula ma-
mária. Carcinoma micropapilar. A glân-
dula estava aumentada (20x40x16 cm),
com a superfície ulcerada e secreção
vermelha e viscosa. Glândula mamária ao
corte no quadrante superior esquerdo.
Há perda do parênquima normal e subs-
tituição por áreas necróticas, vermelho-
-escuras e amorfas, e por áreas branco-
-acinzentadas lobuladas. O diagnóstico
foi definido pela histopatologia e imuno-
-histoquímica. Havia, também, metástase
para os linfonodos regionais.

Figura 11. Equino, adulto, pele.


Melanoma. Nódulo pigmentado na cau-
da de um cavalo tordilho. Cortesia do Dr.
Geraldo Eleno da Silveira Alves.

14 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


2. Respiratório

Figura 12. Bovino, adulto, cavidade nasal. Rinite purulenta. Acúmulo de material amarelado e viscoso
na cavidade nasal. Mucosa da cavidade com áreas avermelhadas (hiperemia ativa).

2. Respiratório 15
Figura 13. Bovino, adulto, laringe. Edema de glote. Material gelatinoso, amarelado e translúcido na
região da glote.

Figura 14. Bovino,


jovem, tra-
queia e pulmão.
Traqueíte hemor-
rágica e pneumo-
nia por aspiração.
Mucosa da tra-
queia hiperêmi-
ca, hemorrágica
e com exsudato
fibrinopurulento.
No pulmão, lobo
cranial vermelho-
-escuro e consoli-
dado e, na parte
dorsal, há enfise-
ma intersticial.

16 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 15. Bovino, adulto, traqueia.
Edema pulmonar intenso. Líquido es-
pumoso e esbranquiçado no interior
da traqueia.

Figura 16. Bezerro, pulmão.


Broncopneumonia purulenta. Lobos
pulmonares craniais intensamente
vermelho-escuros, não colapsados e
firmes. Ao corte, material amarelo e
viscoso (exsudato purulento) fluía do
lúmen de brônquios e bronquíolos.

2. Respiratório 17
Figura 17. Bovino,
adulto, pulmão.
Broncopneumonia
purulenta causada
por Pasteurella mul-
tocida. Superfìcie de
corte do lobo cranial
pulmonar consolida-
do. Septos interlobu-
lares espessos e áreas
esbranquiçadas mili-
métricas multifocais
que caracterizam áre-
as de intenso infiltra-
do por neutrófilos no
interior dos alvéolos,
bronquíolos e brô-
nquios. Diagnóstico
diferencial deve ser
realizado para a pneumonia causada pela Mannheimia haemolytica, que tem abundância de fibrina e
edema. A histopatologia associada a bacteriologia é indicada para o diagnóstico definitivo.

Figura 18. Equino, adulto, pulmão. Broncopneumonia purulenta. Lobo pulmonar cranial intensamente
vermelho-escuro, não colapsado e firme. Ao corte, material amarelo e viscoso (exsudato purulento)
fluía do lúmen de brônquios e bronquíolos. O desenvolvimento da lesão foi associado à aspiração de
conteúdo líquido proveniente de sonda nasogástrica.

18 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 19. Bovino, adulto, pulmão. Abscessos multifocais. Cavitações no parênquima pulmonar preen-
chidas por material amarelo e viscoso (exsudato purulento) e revestidas por cápsula delgada de tecido
esbranquiçado e firme (tecido fibroso).

Figura 20. Bezerro, pulmão. Broncopneumonia fibrinosa com pleurite fibrinosa. Deposição de abun-
dante material amarelado e filamentoso (fibrina) sobre a superfície pleural que recobre o lobo cra-
nial direito do pulmão. Os lobos craniais do pulmão estavam intensamente vermelho-escuros, não
colapsados e firmes. Nesse caso, o principal agente bacteriano identificado nas lesões foi Mannheimia
haemolytica. São necessários diagnósticos bacteriológicos diferenciais para infecções por Histophilus
somni e Pasteurella multocida.

2. Respiratório 19
Figura 21. Caprino, adulto, pulmão e pleura. Broncopneumonia e pleurite fibrinopurulentas. Pulmão
esquerdo e pleura visceral com intenso exsudato fibrinopurulento. São necessários diagnósticos bacte-
riológicos diferenciais para infecções por Mannheimia haemolytica e Pasteurella multocida.

Figura 22. Caprino, adulto, pleura parietal. Pleurite fibrinosa aguda. Sobre a pleura parietal há acu-
mulo de fibrina, a qual estava presente também sobre a pleura visceral do lobo pulmonar esquerdo. O
animal desenvolveu broncopneumonia bacteriana com extensão para a pleura após um quadro severo
de anemia por infecção intensa por Haemonchus spp.

20 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 23. Equino, adulto, pulmão. Broncopneumonia fibrinosa com pleurite fibrinosa. Deposição de
material amarelado e filamentoso (fibrina) abundante sobre a superfície pleural que recobre área ex-
tensa do lobo cranial direito do pulmão. Essa área do pulmão estava intensamente vermelho-escura,
não colapsada e firme.

Figura 24. Bovino, adulto, pulmão. Pneumonia gangrenosa. Pulmão com áreas de hemorragia e ca-
vitações preenchidas por material esverdeado granular. Essas lesões geralmente estão associadas a
pneumonias por aspiração.

2. Respiratório 21
Figura 25. Bovino, adulto, pulmão. Tuberculose. Granulomas multifocais, levemente salien-
tes na superfície pleural, distribuídos aleatoriamente pelo parênquima pulmonar. Ao corte, são
amarelados e friáveis. Ocasionalmente, alguns nódulos contêm material viscoso e amarelado
(exsudato purulento). Essas lesões foram causadas pela infecção por Mycobacterium bovis.
Cortesia Dr. Claudio Severo Lombardo de Barros

Figura 26. Equino, adulto, pul-


mão. Dictiocaulose. Superfície
de corte contendo nematóde-
os cilíndricos e esbranquiçados
(Dictyocaulus arnfieldi).

22 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 27. Equino, adulto, cavidade torácica. Empiema torácico. Exsudato purulento e fibri-
noso, difuso e acentuado, preenchendo a cavidade pleural e induzindo atelectasia pulmonar
compressiva bilateral.

Figura 28. Equino, adulto, cavidade torácica e abdominal. Hérnia diafragmática congênita.
Insinuação de parte do duodeno e mesentério para o interior da cavidade torácica por uma
abertura preexistente no diafragma. A alteração determinou a morte devido ao consequente
encarceramento e obstrução intestinal.

2. Respiratório 23
3. Cardiovascular

Figura 29. Bezerro, coração. Defeito de septo interventricular. Abertura de aproximadamen-


te 1,0 cm de diâmetro que permitia a comunicação entre ambos os ventrículos.

24 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 30. Bovino, adulto, coração. Hemorragias multifocais. Epicárdio com numerosas he-
morragias, na forma de petéquias e equimoses, consequente de hipóxia devido à pneumonia
acentuada. Os lobos craniais do pulmão, adjacentes ao coração estão vermelho-escuros e
consolidados.

Figura 31. Bezerro, coração e saco pericárdico. Hidropericárdio e coração globoso. Saco pericárdico
com quantidade moderada de líquido translúcido e coração de formato globoso.

3. Cardiovascular 25
Figura 32. Equino, adulto, coração. Hipotrofia gelatinosa do tecido adiposo. Tecido adiposo do epicár-
dio com aspecto gelatinoso, vermelho-amarelado e translúcido.

Figura 33. Bovino, adulto, coração. Pericardite fibrinopurulenta. A superfície do epicárdio contém uma
camada espessa de material friável amarelado com septos filamentosos e friáveis aderidos frouxamen-
te ao pericárdio parietal. Além disso, o espaço pericárdico está preenchido por líquido turvo amarela-
do. Esta alteração decorre da inoculação de bactérias para o interior do espaço pericárdico quando há
perfuração por corpo estranho oriundo do retículo (reticulopericardite).

26 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 34. Bovino, adulto, coração. Miocardite multifocal por cisticercose. No endocárdio e miocárdio
há vários cistos amarelados. Os cistos contém Cysticercus bovis, o estágio larval da Taenia saginata,
cujo hospedeiro definitivo é o ser humano.

Figura 35. Ovino, adulto, coração. Fibrose do miocárdio. Superfície de corte transversal do miocárdio
direito e esquerdo com áreas esbranquiçadas mais intensas no lado esquerdo. A lesão foi decorrente
da ingestão tóxica de Ateleia glazioviana, sendo mais comum em bovinos. Na região sudeste do Brasil,
esta lesão ocorre pela ingestão da Tetrapterys spp. Cortesia Dr. Claudio Severo Lombardo de Barros.

3. Cardiovascular 27
Figura 36. Bovino, adulto, coração. Endocardite valvular. Válvula aórtica com formações nodulares
exofiticas, vermelho-escuras, aderidas às bordas livres de suas válvulas. O material que compõe essas
formações é friável. Frequentemente são observadas lesões tromboembólicas secundárias em outros
órgãos.

Figura 37. Equino, adulto, coração. Endocardite mural. Área vermelho-azulada e irregular na superfície
endocárdica com aderência de material amarelo-avermelhado e friável.

28 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 38. Ovino, adulto, coração. Miocardite granulomatosa (caseosa). Parede ventricular direita com
acúmulo de material caseoso, amarelado, com camadas estratificadas, concêntricas e circunscritas,
com aspecto similar ao de cebola cortada ao meio. Essas lesões foram causadas pela infecção por
Corynebacterium pseudotuberculosis.

Figura 39. Bovino, adulto, coração. Linfoma. Miocárdio do átrio e aurícula direita com nódulos neoplá-
sicos esbranquiçados, sólidos e macios. O diagnóstico histopatológico confirmou a doença linfoprolife-
rativa causada pelo vírus da leucose enzoótica bovina, um retrovírus oncogênico.

3. Cardiovascular 29
Figura 40. Bezerro, umbigo e vasos
umbilicais. Onfaloflebite. Umbigo
aumentado de volume e com ex-
sudato amarelado na extremidade.
Este animal apresentou inflamação
do umbigo, veia e artéria umbilical,
consequente de infecção neonatal
por não desinfecção do umbigo ao
nascimento. A infecção local pode
se disseminar sistemicamente le-
vando à morte.

Figura 41. Bovino, adulto, veia epigástrica (mamária). Abscesso subcutâneo associado à flebite de veia
mamária. Cavitação na região abdominal ventral, adjacente à veia mamária, preenchida por material
viscoso amarelo-alaranjado (abscesso). Essa cavitação era revestida por tecido esbranquiçado e firme
(tecido fibroso).

30 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 42. Bovino, adulto, veia epigástrica (mamária). Abscesso subcutâneo associado à flebite da veia
mamária. Cavitação na região abdominal ventral, adjacente à veia mamária, preenchida por material
viscoso amarelo-alaranjado (abscesso). Em meio à cavitação, observa-se a veia mamária, que apresen-
ta áreas de espessamento e enrijecimento da parede (fibrose) e irregularidade da íntima. Em alguns ca-
sos é possível observar formações cilíndricas amareladas (trombos de fibrina) no lúmen desses vasos. A
ocorrência dessas lesões venosas está associada à venopunção da veia mamária, principalmente para
a administração de ocitocina. Essas lesões podem ser a fonte de lesões sistêmicas secundárias, como
abscessos pulmonares, endocardite e artrites purulentas.

Figura 43. Equino, adulto, artéria mesentérica cranial. Aneurisma. Dilatação moderada do lúmen do
vaso. A alteração nesse vaso sanguíneo está associada à migração de Strongylus vulgaris, que provoca
lesões na parede vascular com enfraquecimento local e expansão do lúmen.

3. Cardiovascular 31
Figura 44. Equino, adulto, artéria mesentérica cranial. Aneurisma. Região de dilatação do lúmen do
vaso. A íntima da artéria está irregular (arterite). Exemplares de parasitos cilíndricos (Strongylus vulga-
ris), vermelho-claros, de aproximadamente 1,0 cm de comprimento, estão aderidos à parede vascular.
A parede da artéria está espessada e firme (fibrose).

Figura 45. Bovino, adulta, artéria aorta abdominal.


Mineralização. Há placas esbranquiçadas, multifocais a
coalescentes, opacas e irregulares, salientes na superfície
da túnica íntima. À histopatologia, além da mineralização,
havia metaplasia óssea. Sugere-se que esta lesão tenha
sido metastática e associada à suplementação de vitamina
D no periparto. Plantas calcinogênicas devem ser incluídas
no diagnóstico diferencial, no entanto, estas produzem
mineralização generalizada das artérias.

32 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 46. Potro, dois dias, pleura. Pleurite e septicemia pós-natal. O revestimento seroso da cavidade
torácica está difusamente avermelhado (hiperemia ativa) e há numerosas petéquias, mais evidentes
no quadrante médio esquerdo, com a imagem no maior aumento da pleura parietal. A pleura visceral
contém uma camada de fibrina e áreas de hemorragia. O potro não recebeu colostro no primeiro dia
após o nascimento.

3. Cardiovascular 33
4. Fígado e pâncreas

Figura 47. Equino, adulto, fígado. Atrofia do lobo hepático direito. Há diminuição de volume dos lobos
hepáticos direitos, com substituição do parênquima e espessamento da cápsula por tecido esbranqui-
çado e firme (tecido fibroso). Essa alteração provoca aumento do diâmetro do forame epiplóico, o que
predispõe a passagem (herniação) de alças intestinais por esse orifício.

34 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 48. Búfalo, jovem, fígado. Hiperemia passiva crônica (fígado noz moscada). Aspecto macroscó-
pico da superfície de corte. Áreas vermelhas (estase sanguínea centrolobular) intercaladas por áreas
vermelho-claras, compostas por hepatócitos normais e fibrose. Alteração crônica consequente de in-
suficiência cardíaca direita (persistência de ducto arterioso de grande calibre).

Figura 49. Bovino, jovem, fígado. Anaplasmose. Fígado difusamente amarelo-alaranjado por acúmulo
do pigmento endógeno bilirrubina. A alteração ocorreu devido à infecção por Anaplasma spp. causa-
dor de anemia hemolítica extravascular (intracelular) e ictericia pré-hepática.

4. Fígado e pâncreas 35
Figura 50. Bovino, jovem, fígado. Anaplasmose. Macroscopia da superfície de corte do fígado mostrado
na Figura 49.

Figura 51. Bovino, adulto, fígado. Hepatomegalia e necrose aleatória. Aumento de tamanho difuso
do fígado, evidenciado pelo contorno arredondado das bordas do órgão. Ao corte, o parênquima é
vermelho-alaranjado, com áreas amarelo-claras. Nesse caso, o exame histológico revelou áreas multi-
focais de necrose de hepatócitos. Foi possível isolar Salmonella sp. de amostras de fígado. Outro acha-
do comum em casos de salmonelose septicêmica é esplenomegalia devido à inflamação, hiperemia e
necrose aleatória.

36 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 52. Bovino, adulto, fígado. Abscesso hepático. Fígado com nódulo elevado, branco-amarelado,
preenchido por exsudato purulento.

Figura 53. Bovino, adulto, fígado. Tuberculose. Área extensa do fígado com substituição do parênquima
por múltiplos granulomas, com centro constituído por material amarelo e friável circundados por tecido
esbranquiçado e firme (tecido fibroso). Essas lesões foram causadas pela infecção por Mycobacterium
bovis. Cortesia Dr. Claudio Severo Lombardo de Barros.

4. Fígado e pâncreas 37
Figura 54. Bovino, adulto, fígado. Linfoma. Aspecto macroscópico da superficíe de corte. Áreas esbran-
quiçadas, levemente proeminentes, multifocais a coalescentes, intercaladas por áreas vermelho-claras.
A histopatologia confirmou a doença linfoproliferativa causada pelo vírus da leucose enzoótica bovina,
um retrovírus oncogênico.

Figura 55. Bovino, adulto, pâncreas. Eurytrema sp. Ductos intensamente ectásicos contendo exempla-
res de Eurytrema sp. no lúmen. Há fibrose periductal e perda de quase todo o parênquima.

38 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 56. Bovino, adulto, pâncreas. Eurytrema sp. Exemplar de parasito elíptico e achatado, com apro-
ximadamente 0,8 cm de comprimento, vermelho-escuro, com áreas centrais pretas.

Figura 57. Equino, adulto, fígado. Colelitíase biliar. Ectasia acentuada dos ductos biliares e lúmen pre-
enchido por quantidade intensa de colélitos, amarelos ou verdes, de tamanhos variados.

4. Fígado e pâncreas 39
Figura 58. Bovino, adulto, vesícula biliar. Colecistite. Vesícula biliar distendida, com parede espessada e
avermelhada (hiperemia ativa) e conteúdo mucoso.

40 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


5. Digestório

Figura 59. Bovino, jovem, cavidade oral. Estomatite (proliferativa) papular. Áreas circulares, vermelho-
-claras, com centro levemente deprimido e bordos elevados, ocasionalmente ulceradas, distribuídas
aleatoriamente na mucosa oral. Essas foram causadas pela infecção por parapoxvirus da estomatite
papular dos bovinos. Cortesia Dr. Matheus Serafini.

5. Digestório 41
Figura 60. Bovino, adulto, esôfago. Obstrução esofágica por egragópilo (tricobezoar). Formação nodu-
lar, marrom-escura e dura, com superfície lisa e brilhante, no lúmen do esôfago.

Figura 61. Bovino, adulto, esôfago. Linha de timpanismo (Bloat line). Porção cranial do esôfago com
mucosa avermelhada (hiperemia passiva) e palidez da mucosa da porção caudal.

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Figura 62. Bezerro, rúmen. Ruminite (proliferativa) papular. Áreas circulares, vermelhas, com centro e
bordos elevados, ocasionalmente ulceradas, distribuídas aleatoriamente pela mucosa rumenal. Essas
foram causadas pela infecção pelo parapoxvirus da estomatite papular dos bovinos.

Figura 63. Bovino, adulto, rúmen. Papiloma rumenal. Formações exofíticas, nodulares, esbranquiçadas
e firmes, aderidas a mucosa rumenal.

5. Digestório 43
Figura 64. Bovino, adulto, rúmen. Tricobezoário. Estrutura arredondada, enegrecida e firme, encontra-
da no rúmen, formada pela ingestão de pelos.

Figura 65. Bezerro, abomaso. Abomasite. Mucosa do abomaso intensamente avermelhada (hiperemia
ativa), com áreas de hemorragia e edema.

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Figura 66. Bovino, adulto, abomaso. Torção de abomaso. Serosa do abomaso intensamente azul-aver-
melhada (hiperemia passiva), com áreas de hemorragia.

Figura 67. Bovino, adulto, omaso e abomaso. Torção de abomaso. Omaso e abomaso com mucosa
intensamente azul-avermelhada (hiperemia passiva) com áreas de hemorragia.

5. Digestório 45
Figura 68. Bovino, jovem, abomaso. Úlceras de abomaso. Numerosas áreas deprimidas e vermelho-
-escuras, variando de milímetros a alguns centímetros, aleatoriamente na mucosa do abomaso. As
úlceras maiores se concentram na região pilórica.

Figura 69. Bovino, jovem, abomaso. Úlceras de abomaso. Mucosa abomasal com úlceras variando de
pouco milímetros a alguns centímetros com bordas avermelhadas.

46 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 70. Bovino, jovem, abomaso. Úlcera de abomaso perfurada. Mucosa abomasal com úlceras,
variando de poucos milímetros a alguns centímetros, com bordas avermelhadas, sendo uma delas
perfurada.

Figura 71. Ovino, adulto, abomaso. Hemoncose. A mucosa está intensamente branca e há dezenas de
parasitos cilíndricos, castanhos a vermelhos, variando de 2,0 a 2,5 cm de comprimento, compatíveis
com Haemonchus spp. Estes são hematófagos e causam anemia hemorrágica e arregenerativa. Além
de alterações macroscópicas de anemia, estes animais apresentam edema por hipoproteinemia.

5. Digestório 47
Figura 72. Caprino, adulto, abomaso. Edema de abomaso. A mucosa está intensamente branca e, ao
corte, está espessada por material gelatinoso e translúcido (edema difuso e acentuado da mucosa).
Este animal morreu devido à infecção intensa por Haemonchus spp. e, além da anemia, havia edema
generalizado por diminuição da pressão oncótica, como consequência da hipoproteinemia.

Figura 73. Equino, adulto, estômago. Ruptura gástrica. Área focalmente extensa de ruptura da parede
gástrica, na curvatura maior, com laceração da serosa e áreas avermelhadas nas bordas (hemorragias).

48 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 74. Equino, adulto, estômago (pars esophagea). Carcinoma de células escamosas ulcerado.
Formação proliferativa, nodular e firme, adjacente ao cárdia, ulcerada e com exsudato purulento
intralesional.

Figura 75. Equino, adulto, estômago, serosa. Carcinoma de células escamosas. Imagem da serosa da
neoplasia mostrada na Figura 74, demonstrando o aumento de volume nodular brancacento, com áre-
as de hemorragia e material gelatinoso discreto (edema), adjacente à entrada do esôfago.

5. Digestório 49
Figura 76. Bovino, adulto, intestino delgado. Jejuno hemorrágico. Conteúdo intestinal vermelho-claro
e viscoso. Mucosa intestinal difusamente avermelhada. Frequentemente são observados coágulos san-
guíneos em meio ao conteúdo intestinal.

Figura 77. Bovino, jovem, intestino delgado. Salmonelose. Enterite fibrinonecrótica caracterizada por
mucosa intestinal revestida por espessa camada de material amarelado e friável (fibrina).

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Figura 78. Bovino, jovem, intestino delgado. Enterite fibrinocatarral com depleção de placas de Peyer.
Mucosa intestinal, na região da placa de Peyer, levemente deprimida e recoberta por material amare-
lado ou translúcido e viscoso (muco e fibrina). Este bovino era persistentemente infectado pelo vírus
da diarreia viral bovina (BVD). Após um período de imunossupressão, o bovino desenvolveu lesões no
trato gastrointestinal compatíveis com a doença das mucosas. Essa é a fase inicial da lesão, que progri-
de para ulcerações nas mucosas.

Figura 79. Bovino, jovem, intestino grosso. Eimeriose. Enterite necro-hemorrágica caracterizada por
mucosa intestinal friável e difusamente avermelhada. Conteúdo intestinal fluido e avermelhado. Nesse
caso foram observadas estruturas compatíveis com Eimeria spp. na análise histológica do tecido.
Cortesia Dr. Claudio Severo Lombardo de Barros.

5. Digestório 51
Figura 80. Caprino, adulto, intestino delgado. Moniezia sp. Enterite catarral com intenso parasitismo
por formas adultas de cestódeos com morfologia compatível com Moniezia sp.

Figura 81. Equino, adulto, íleo. Hemomelasma ilei. Há várias áreas elevadas na subserosa que
variam de vermelho-brilhante a marrom. À histopatologia caracteriza-se por serosite lin-
foplasmocitária e histiocitária com eritrofagocitose, hemossiderose e fibrose moderada.
Possivelmente resultantes de migrações parasitárias de larvas de estrongilídeos (S. edentatus
ou outros Strongylus spp.).

52 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 82. Caprino, mesentério. Edema de mesentério. Material gelatinoso e translúcido (edema) em
meio ao tecido adiposo mesentérico. Essa lesão está associada à hipoproteinemia, comumente causa-
da pelo parasitismo por Haemonchus contortus.

Figura 83. Equino, adulto, cólon maior, mucosa. Colite fibrinonecrótica difusa acentuada. Mucosa co-
lônica com acentuado espessamento de pregas devido ao edema mural, associado a áreas necróticas
acinzentadas, multifocais a coalescentes, da superfície mucosa, intercaladas por focos de hemorragia.

5. Digestório 53
Figura 84. Equino, adulto, cólon maior. Infecção intensa por grandes Strongylus. Parasitos cilíndricos,
vermelhos e enovelados, na parede do cólon maior ou sendo liberados para o lúmen, como pode ser
visto na mucosa (no quadrante esquerdo superior). Os grandes Strongylus que possuem morfologia e
localização similar são: Strongylus vulgaris, S. equinus e S. edentatus.

Figura 85. Equino, adulto, cólon. Corpo estranho linear. Material plástico amarelo no lúmen intestinal

54 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 86. Equino, adulto, cavidade abdominal. Encarceramento de alça intestinal por lipoma pedun-
culado. Segmento extenso de jejuno acentuadamente dilatado e vermelho-escuro (hiperemia passiva).
No centro da imagem observa-se uma estrutura arredondada e amarelada (lipoma) junto ao seu pe-
dículo, que envolve e estrangula a alça intestinal. Lipomas pedunculados são geralmente observados
como achados incidentais na cavidade abdominal de equinos e se formam a partir de dobras do me-
sentério. Conforme o comprimento do pedículo, essas estruturas podem envolver e encarcerrar alças
intestinais.

Figura 87. Bovino, adulto, cavidade abdominal. Peritonite por úlcera perfurada de abomaso.
Hemorragias no rúmen e peritônio parietal e quantidade abundante de líquido turvo e amarronzado
na cavidade abdominal.

5. Digestório 55
Figura 88. Equino, adulto, cavidade abdominal. Peritonite fibrinosa. Filamentos de material amare-
lado recobrem as serosas das vísceras abdominais. A serosa do cólon apresenta áreas irregulares e
avermelhadas extensas (hemorragias). Essas lesões são frequentemente observadas em equinos após
episódios de abdômen agudo.

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6. Urinário

Figura 89. Bovino, jovem, rim. Cistos solitários. Estruturas císticas, de alguns centímetros, preenchidas
por líquido translúcido semelhante a urina.

6. Urinário 57
Figura 90. Bovino, jovem, rim. Hemorragias multifocais. Numerosas áreas avermelhadas puntiformes
(hemorragias), distribuídas aleatoriamente por toda superfície renal. Essas hemorragias estavam asso-
ciadas a choque séptico. No caso, Salmonella sp. foi isolada de amostras de fígado e pulmão, caracteri-
zando um quadro de salmonelose septicêmica.

Figura 91. Bovino, adulto, rim. Infartos multifocais agudos. Áreas esbranquiçadas na superfície do
córtex. Ao corte, se estendem até a medular e têm formato de cunha. Causados principalmente por
êmbolos sépticos. Nesse caso, os êmbolos eram provenientes de endocardite valvular.

58 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 92. Bovino, adulto, rim. Nefrocalcinose. Rins com cortical pálida, superfície discretamente irre-
gular e firme e rangentes ao corte.

Figura 93. Bovino, adulto, rim. Urolitíase. Rim com cálculos esverdeados, variando de poucos milíme-
tros a alguns centímetros.

6. Urinário 59
Figura 94. Bezerro, bexiga. Babesiose. Urina removida com a seringa da bexiga do animal durante a
necropsia. A urina está levemente avermelhada, caracterizando hemoglobinúria leve, devido à anemia
hemolítica intravascular (extracelular) causada pela infecção por Babesia bovis.

Figura 95. Bovino, jovem, bexiga. Hemorragias multifocais. Numerosas áreas avermelhadas puntifor-
mes (hemorragias) distribuídas aleatoriamente pela mucosa vesical. Essas hemorragias estavam asso-
ciadas à choque séptico. No caso, Salmonella sp. foi isolada de amostras de fígado e pulmão, caracteri-
zando um quadro de salmonelose septicêmica.

60 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 96. Bovino, adulto, bexiga. Carcinoma de células transicionais. Parede da bexiga acentuada-
mente espessada por proliferação neoplásica endofítica. A mucosa vesical está difusamente irregular,
com pequenas formações exofíticas nodulares. Neoplasmas vesicais, principalmente hemangiomas e
hemangiossarcomas, mas também carcinomas de células transicionais e carcinomas de células esca-
mosas estão associados ao consumo, por tempo prolongado, de samambaia (Pteridium arachnoideum).

Figura 97. Carneiro, pênis e prepúcio. Urolitíase. Intenso edema ventral na região inguinal, com hemor-
ragia cutânea no prepúcio, associados à urolitíase e obstrução da uretra peniana.

6. Urinário 61
7. Hemocitopoiético

Figura 98. Bovino, adulto, linfonodo cervical. Tuberculose. Aspecto macroscópico da superficíe de cor-
te do linfonodo, que está aumentado e com áreas amareladas e amorfas de necrose caseosa, interca-
ladas por áreas brancas, e delimitadas por áreas acinzentadas de tecido remanescente normal. Estas
lesões caracterizam a linfadenite granulomatosa por Mycobacterium spp.

62 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 99. Bovino, adulto, linfo-
nodos. Tuberculose perolada.
Linfonodos e vasos linfáticos
do mediastino. Há numerosos
pequenos nódulos, multifocais
a coalescentes, redondos e es-
branquiçados, de superfície lisa.
Rangem ao corte e são amare-
lados e amorfos, caracterizando
necrose caseosa e mineralização.

Figura 100. Bovino, adulto, mesentérico e omento. Linfoma metastático. Linfonodos mesentéricos au-
mentados de tamanho e dezenas de nódulos brancos, de tamanhos variados, distribuídos de acordo
com a circulação sanguínea (característicos de metástase do linfoma). A histopatologia confirmou a
doença linfoproliferativa causada pelo vírus da leucose enzoótica bovina, um retrovírus oncogênico.

7. Hemocitopoiético 63
Figura 101. Ovino, linfonodo. Linfadenite caseosa. Linfadenite granulomatosa, com acumulo de mate-
rial amarelo-esverdeado de aspecto macroscópico semelhante à cebola cortada ao meio. Essa lesão foi
causada pela infecção por Corynebacterium pseudotuberculosis.

Figura 102. Bovino, adulto. Timoma. Adjacente ao


coração há uma massa neoformada que, ao corte,
apresentava áreas sólidas brancas e áreas císticas.
A histopatologia e a imuno-histoquímica confirma-
ram a população mista de células (células epiteliais
e linfócitos T do timo) que constituía a massa.

64 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 103. Bovino, jovem, baço. Anaplasmose. Esplenomegalia por expansão da polpa vermelha.
Aspecto macroscópico da superfície de corte do baço. A polpa vermelha está expandida intensamente
devido à retenção de hemácias infectadas pelos macrófagos. A alteração ocorreu devido à infecção por
Anaplasma spp. causador de anemia hemolítica extravascular (intracelular).

Figura 104. Bovino, jovem, baço. Babesiose. Esplenomegalia por expansão da polpa vermelha. Devido
à hemólise intravascular, a polpa vermelha está expandida intensamente devido à retenção de hemá-
cias rompidas e por macrófagos que ocupam os cordões medulares para fagocitar as hemácias lisadas.
Babesia sp. pode ser visualizada no interior das hemácias, mesmo após a fixação, utilizando cortes
histológicos corados pelo Giemsa.

7. Hemocitopoiético 65
8. Nervoso,
olhos e ouvido

Figura 105. Equino, potro, encéfalo. Aplasia do verme cerebelar. Há ausência completa do verme cere-
belar e quase completa dos hemisférios cerebelares. O plexo coróide está hiperplásico e esta alteração
levou ao aumento na produção do líquor e hidrocefalia. Notar a expansão do quarto ventrículo e do
aqueduto mesencefálico. A causa é desconhecida.

66 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 106. Equino, potro, corte transver-
sal do encéfalo. Hidrocefalia comunican-
te. Há expansão acentuada dos ventrícu-
los laterais com compressão e perda da
substância branca. O aqueduto mesen-
cefálico também está dilatado. O encé-
falo corresponde ao animal mostrado na
Figura 105 e a causa da hidrocefalia está
relacionada à hiperplasia do plexo corói-
de do quarto ventrículo.

Figura 107. Bezerro, crânio. Meningoencefalocele e cranium bifidum. Aumento de volume no crânio,
formado pela passagem da meninge e encéfalo por abertura provocada pelo não fusionamento com-
pleto dos ossos do crânio durante o desenvolvimento fetal.

8. Nervoso, olhos e ouvido 67


Figura 108. Bovino, jovem, encéfalo.
Babesiose cerebral. Córtex cerebral difu-
samente vermelho-cereja. Essa coloração
é observada em casos de infecção por
Babesia bovis e está associada à conges-
tão e embebição hemoglobínica in vivo do
córtex encefálico.

Figura 109. Bovino, adulto, corte sagital da cabeça. Ventriculite purulenta, osteomielite purulenta e
abscesso subdural para-hipofisário. Exsudato purulento no ventrículo lateral do cérebro. Exsudato
purulento drenando da medula óssea dos ossos basaloides e pré-esfenoide. Cavidade da sela túrcica
preenchida por abscesso para-hipofisário.

68 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 110. Equino, adulto, encéfalo. Leucoencefalomalácia. Corte transversal do hemisfério cerebral
esquerdo. Na substância branca há uma área localmente extensa de perda do parênquima. O tecido
está amorfo e vermelho e, nas margens, há areas amareladas, caracterizando necrose de liquefação.
A causa é a ingestão de milho ou subprodutos contendo a neuromicotoxina fumonisina produzida por
Fusarium verticillioides.

Figura 111. Equino, potro. Contração muscular generalizada em um caso de tétano. Cortesia da Dra.
Natalia Bernstein.

8. Nervoso, olhos e ouvido 69


Figura 112. Bovino, adulto, olho. Ceratoconjuntivite. A opacidade atinge quase toda a superfície da
córnea e é circundada por um halo vermelho (hiperemia ativa). Essa lesão está associada à infecção por
Moraxella spp. Cortesia do Dr. Ronaldo Alves Martins.

70 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 113. Bovino, conduto auditivo externo. Otite parasitária por Railleitia auris. Ácaros de Raillietia
auris no interior do canal auditivo externo.

Figura 114. Equino, olho. Carcinoma


de células escamosas. Proliferação
exofitica de tecido neoplásico firme,
brancacento ou amarelado, na cór-
nea, com áreas de ulceração e he-
morragia. Cortesia do Dr. Matheus
Vilardo Lóes Moreira.

8. Nervoso, olhos e ouvido 71


9. Músculo-esquelético

Figura 115. Caprino, jovem, articulações. Artrite purulenta. Há acentuado aumento de volume da re-
gião das articulações cárpicas e metacarpo-falangeana. Ao corte, fluía material amarelo e viscoso (ex-
sudato purulento) da cavidade articular. Essa lesão foi secundária à disseminação de bactérias devido
à onfaloflebite.

72 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 116. Bezerro. Artrite fibrinopurulenta. Articulação tíbio-társica com exsudato fibrinopurulento
e avermelhamento (hiperemia ativa) da sinóvia. Essa lesão foi secundária à disseminação de bactérias
devido à onfaloflebite.

Figura 117. Bovino. Osteocondrose. Cabeça do fêmur com áreas de descontinuidade da cartilagem
articular.

9. Músculo-esquelético 73
Figura 118. Bovino. Artrite e osteomielite purulentas no membro torácico. Aumento de volume na ex-
tremidade distal do membro devido à proliferação de tecido esbranquiçado e firme (fibrose) com áreas
de acúmulo de material amarelo e viscoso (exsudato purulento) nas articulações interfalangeanas. Essa
lesão foi associada à pododermatite.

Figura 119. Potro. Osteomielite purulenta com fisite. Fêmur com área esbranquiçada, que se estende
da região epifisária até a metafisária, com necrose de parte da placa epifisária. Essa lesão foi provoca-
da pela infecção por Rhodococcus equi.

74 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 120. Bovino. Osteossarcoma. Epífise proximal do fêmur intensamente aumentada de volume com
extensas áreas de neoformação óssea maligna.

Figura 121. Equino. Fratura de vértebra. Corpo vertebral com fratura completa e cominutiva.

9. Músculo-esquelético 75
10. Genital

Figura 122. Bovino, feto. Schistosomus reflexus. Ausência do fechamento da parede abdominal com
exposição das vísceras. Cortesia do Dr. Fabricio Gomes Melo.

76 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 123. Bovino. Amorphus globosus. Também denominado monstro acardíaco. Sempre associado
à gestação gemelar com um feto normal.

Figura 124. Bovino, ovários. Cistos foliculares múltiplos e bilaterais. Ovários aumentados de volume
devido a numerosos cistos, de variados tamanhos, preenchidos por líquido amarelado e translúcido.

10. Genital 77
Figura 125. Feto equino, ovários. Ovários do feto equino. Nos equídeos, os ovários fetais são despro-
porcionalmente grandes durante o terço médio da gestação (trata-se de condição normal).

Figura 126. Feto bovino. Placas aminióticas. Constituídas por áreas em que âmnio é substituído por
epitélio estratificado pavimentoso (trata-se de alteração sem importância clínica).

78 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 127. Feto bovino. Maceração fetal. Maceração dos tecidos moles do feto, em casos de morte
fetal não seguida de expulsão. Nesses casos há contaminação bacteriana do ambiente uterino. Cortesia
do Dr. Gustavo Prado Lenzi.

Figura 128. Ovino. Prolapso vaginal. Inversão e exposição da vagina. Cortesia do Dr. Custódio Antônio
Carvalho Júnior.

10. Genital 79
Figura 129. Bovino. Prolapso vaginal. Inversão e exposição da vagina. Cortesia da Dra. Andressa Laysse.

Figura 130. Equino, glande.


Postite multifocal ulcerati-
va. Lesões ulcerativas circu-
lares na mucosa da glande.
Essas lesões foram provoca-
das pela infecção por her-
pesvírus equino tipo 3 (vírus
do exantema coital).

80 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017


Figura 131. Equino, glande. Carcinoma de células escamosas. Proliferação endofitica e exofitica de
tecido neoplásico, com áreas de ulceração e hemorragia.

Figura 132. Carneiro, epidídimo. Epididimite. Cauda do epidídimo aumentada de volume devido à epi-
didimite associada à infecção por Brucella ovis.

10. Genital 81
Figura 133. Carneiro, epidídimo. Granuloma espermático secundário a epididimite causada por
Brucella ovis. Superfície de corte do epidídimo demonstrando acúmulo de material amarelo e friável
(caseoso).

82 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 84 - julho de 2017

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