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Texto do episódio
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Antes de definir o que é a chamada “teologia da prosperidade", que tem seduzido a muitos
atualmente, é necessário entender a sua origem. Ela nasceu no movimento pentecostal e
este teve três grandes “ondas" no Brasil.
A primeira onda é representada pelas igrejas pentecostais “clássicas", por assim dizer, tais
como Assembleia de Deus, Congregação Cristã do Brasil etc. Ela se caracterizava pela
centralidade em Deus, ou seja, Jesus iria voltar em breve, por isso era necessário responder
com a busca sincera pela santidade. É a onda do “Deus dos carismas".
A segunda onda de pentecostalismo no Brasil se manifesta nas igrejas Deus É Amor, Igreja
do Evangelho Quadrangular, O Brasil para Cristo etc, e a centralidade se concentra agora
nos carismas e nos milagres, por isso são chamadas de “taumatúrgicas", ou seja, voltadas
para as curas, os prodígios, das poderosas unções e todo tipo de “serviços" e cultos
religiosos voltados para os milagres.
O pentecostalismo dessa teologia é antropocêntrico: não é o homem que serve a Deus, mas
Deus que serve ao homem. As Igrejas dessa onda não tem fiéis e sim, clientes. O que leva
inevitavelmente a uma progressiva paganização do cristianismo, pois as pessoas pulam de
igreja em igreja não em busca de salvação, mas de um “serviço".
A teologia da prosperidade traiu o cristianismo de forma clara. Enquanto nas duas ondas
precedentes observava-se ainda um núcleo cristão, nesta o que se tem é um
desagregamento do que é próprio do cristão, pois toda a tradição evangélica segue a
teologia de que o que importa é a fé e não as obras. A teologia da prosperidade consegue
perverter essa tradição por meio de um jogo linguístico em que as obras são renomeadas
como “materialização, manifestação da fé". Isso significa que o que importa são as obras,
pois Deus irá “pagar".
Mas não é só isso. A teologia da prosperidade trai também o próprio cristianismo, pois ela
não exige conversão, mudança de vida, uma vida moral reta. O que se tem no neo-
pentecostalismo, em que a teologia da prosperidade se insere, uma acentuação no fato de
que as obras morais são desprezíveis, o que se traduz pela aceitação de todo tipo de
desregramento sexual.
Enquanto no cristianismo o homem crê que Deus é o Senhor e que deve estar a serviço
Dele, no paganismo é justamente o contrário: Deus é que está a serviço do homem. E cada
vez mais novas “fórmulas" são apresentadas para que Deus se torne como que escravo do
homem e atenda a todos os seus caprichos.
Por tudo isso conclui-se que a teologia da prosperidade é muito equivocada. Ela só se
explica como uma verdadeira tentação satânica em que cristãos, aos poucos, são levados a
transformar o cristianismo e o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo em uma fórmula
mágica e pagã.