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TEORIA DA
LINGUAGEM
VISUAL
Vitória
2011
Presidente da República Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Coordenação de tutoria
Dilma Rousseff Francisco Guilherme Emmerich Sergio Schweder
LDI Coordenação
Heliana Pacheco Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Hugo Cristo (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
José Otavio Lobo Name
Ricardo Esteves
Dias, Lincoln Guimarães, 1962-
Gerência D541t Teoria da linguagem visual / Lincoln Guimarães Dias. - Vitória
Susllem Meneguzzi Tonani : Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação
Aberta e à Distância, 2011.
Editoração 106 p. : il.
Rayza Mucunã
Inclui bibliografia.
Capa ISBN: 978-85-64509-03-0
Rayza Mucunã Paiva
Ricardo Capucho 1. Arte. 2. Arte - História. 3. Crítica de arte. 4. Desenho. I. Título.
Ilustração CDU: 7.01
Ricardo Capucho
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direito de autor no Brasil
SUMÁRIO
Introdução 07
unidade 1.
Arte e linguagem 13
O conceito de arte e sua relatividade 15
Uma aproximação ao conceito de arte 20
unidade 2.
A história e a crítica de arte 25
A literatura sobre arte 27
A história da arte 28
A crítica de arte 34
Notas sobre desenho, esboços para uma história 35
Para uma história do desenho 41
Exemplo de texto crítico: o cenógrafo e o pintor 52
unidade 3.
As diretrizes metodológicas fundamentais dos estudos de história da arte 63
O método sociológico 67
O método formalista 71
O método iconológico 77
O método estruturalista 82
Exemplo de estudo a partir da metodologia estruturalista 83
Referências 101
Índice remissivo de imagens 103
Introdução
Este texto pretende fazer uma introdução ao problema da inter-
pretação das obras de arte. Como se sabe, é possível vivenciar com
a arte uma relação de prazer espiritual sem a necessidade de grande
conhecimento específico sobre o assunto. Estamos habituados a vi-
sitar exposições e a contemplar obras, emitindo nossas opiniões e
impressões sobre as mesmas. Não há nada de errado nisso, porém
quando se deseja conhecer em profundidade os fenômenos artísticos,
as coisas não são assim tão fáceis. O que chamamos genericamente
de “arte” envolve um conjunto extremamente vasto de objetos com
características diversificadas, produzidos por diferentes povos, para
atender a necessidades sociais também distintas. Compreender este
conjunto de variáveis requer muito tempo de estudo e dedicação.
A compreensão aprofundada dos objetos e dos fatos artísticos é
imprescindível para o estudioso da arte. Ao indivíduo leigo, mas que
se interessa por arte, esse conhecimento proporciona-lhe uma rela-
ção sensível e intelectual mais profunda com as obras de arte e pode
servir também para refinar a sua percepção. Quanto mais se conhece
da obra que se está vendo, maiores são as possibilidades de se es-
tabelecer com ela uma experiência estética mais rica e prazerosa.
Este conhecimento servirá também para a educação do gosto, pois o
gosto pode se transformar a cada experiência, tornando-se, pouco a
pouco, mais refinado e profundo.
Interpretar uma obra de arte é o mesmo que fazer uma leitura
dela. Ler implica interpretar. Mas, para isso, não basta que nos per-
guntemos qual é o efeito que a obra em questão produz particular-
mente em cada um de nós. Não basta fazermos uma lista das nossas
próprias impressões e sentimentos pessoais com relação a ela, como
se esses correspondessem aos seus conteúdos e significados. Seja o
observador um leigo ou um estudioso, é preciso que se tenha em
mente que a obra em questão foi produzida em uma época e local es-
pecíficos, que a sua produção respondeu a certas demandas sociais,
que esteve, em maior ou menor grau, condicionada às possibilidades
técnicas, convenções formais, valores e necessidades dessa mesma
época e local, e que todos estes dados devem ser considerados no
momento da interpretação.
A história da arte e a crítica de arte estão entre os empreendimen-
tos intelectuais que mais se notabilizaram na tentativa de elucidar as
questões ligadas ao fenômeno artístico. Várias teorias interpretativas
foram concebidas a partir do século XVI até os nossos dias. Desne- Figura 1
Grupo de arqueiros de Valltorta.
cessário dizer que, apesar delas, o mistério continua. No entanto, o Arte rupestre neolítica.
10 Introdução
conhecimento desses campos de estudo e dos critérios adotados pe-
los estudiosos para abordar o objeto artístico ampliam enormemente
a consciência que se pode ter da arte e das suas implicações.
As teorias da linguagem envolvem um universo extremamente
vasto de pesquisa e indagação. Muitas delas trabalham especifica-
mente com a linguagem verbal, mas existem aquelas que se arro-
jam a estudar todo e qualquer fenômeno de comunicação e ato de
linguagem. Os objetos artísticos, evidentemente, são também fenô-
menos de comunicação, produzidos por atos de linguagem. No en-
tanto, a complexidade das teorias da linguagem exigiria um espaço
mais amplo e que é mais adequado para os estudos de pós-gradu-
ação. Por esta razão, optei por tratar da própria arte como campo
linguístico. Neste sentido, uma obra de arte é um objeto de comu-
nicação, que produz significado e que necessita ser interpretado. A
história da arte, a crítica de arte e as teorias da arte aqui discutidas
não são, especificamente, “teorias de linguagem”, mas constituem
os principais campos de estudo que buscam interpretar, cada um ao
seu modo, as obras de arte.
Apesar de sua presença em todas as épocas e locais, de fazer parte
do sistema cultural de todos os grupos humanos de todos os tempos,
não se pode dizer que a arte seja uma “linguagem universal”. Não há
uma característica comum, que esteja presente em todas as produ-
ções artísticas de todas as épocas, e que nos permita elaborar, a par-
tir dela, um conceito universal de arte. Não se pode dizer sequer que
a arte seja uma linguagem: mais exato seria dizer que a arte compre-
ende muitas e variadas linguagens que, em cada caso, se combinam
e se reinventam de modos diferentes.
Este texto pretende oferecer uma breve introdução ao estudo des-
tas diferentes abordagens. Embora seja voltado para a formação de
arte-educadores em nível de graduação, espera-se que ele sirva tam-
bém de estímulo ao hábito de apreciar obras de arte de um modo
mais crítico e com mais consciência. Espera-se que, por meio dele,
o estudante possa ter uma primeira ideia do que diferencia, em ter-
mos de intenções, métodos e resultados, as diferentes abordagens da
história da arte e da crítica de arte. Espera-se também mostrar que
a história da arte não é um conjunto coerente e unificado de conhe-
cimentos acabados e inquestionáveis. Diferentes autores apresentam
diferentes pontos de vista, não raro discordantes entre si. As diferen-
tes metodologias teóricas de abordagem da arte partem de questio-
namentos diferentes e chegam também a resultados distintos.
12 Introdução
a pouco, ao longo da história, por meio do embricamento de ideias
concebidas por diferentes autores em diferentes momentos. Discute
particularmente o entendimento que se tinha da ideia de “desenho”
no renascimento italiano e o valor que, naquela época, era creditado
a esse tipo de trabalho. O segundo, que se chama “O cenógrafo e o
pintor” compreende uma reflexão crítica a respeito do trabalho de
um jovem artista residente em Vitória - ES.
O quinto capítulo trata especificamente do campo da história da
arte e procura apresentar resumidamente as características das abor-
dagens metodológicas mais influentes desta disciplina. Essas são
chamadas sociológica, formalista, iconológica e estruturalista. É im-
portante dizer que, além de não serem as únicas, muitos autores
contemporâneos trabalham conjuntamente com mais de uma abor-
dagem. De modo semelhante, a diferença entre história e crítica de
arte não é absoluta e mutuamente excludente: para fazer a sua pes-
quisa, o historiador, em muitos momentos, será forçado a fazer um
trabalho de crítica de arte para tornar possível certas escolhas. Do
mesmo modo, o crítico deverá basear-se em dados históricos para
fundamentar certos posicionamentos.
O sexto capítulo apresenta o texto “A construção da continui-
dade”, que foi parte de minha Dissertação de Mestrado e cumpre,
aqui, a função de exemplo de texto de abordagem estruturalista.
Figura 4
Sem titulo
Hilal Sami Hilal
Papel de trapo e pigmentos
200 x 180 cm
1998
Figura 6
Retrato do cardeal Niccolo Albergati
Jan Van Eyck
Óleo sobre madeira
34,1 x 27,3 cm
1432
Figura 8
Composição I
Piet Mondrian
Óleo sobre tela
41,2 x 33,3 cm
1933
1. A obra de arte nunca é um objeto por si, mas sempre o resultado de um julgamento, de
uma atribuição. Nunca podemos dizer que uma coisa é arte, por sua própria natureza, e sim
que certos setores da sociedade, considerados autorizados, atribuem a esta coisa o estatuto
de arte. Além desta primeira e básica atribuição, existem outras, que vão agregar valores es-
pecíficos e hierarquizados a cada um desses objetos, incluindo preço de mercado.
2. Podemos citar como exemplos as obras de GOMBRICH, E.H. A história da arte. 15. ed. Trad.
Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. 543p.; JANSON. W. H. História da
arte. 5. ed. Trad. J. A. Ferreira de Almeida e Maria M. R. Santos. São Paulo: Martins Fontes,
1992. 824p. e UPJOHN, Everard M. Et al. História mundial da arte. Trad. Rui M. Gonçalves.
São Paulo: Martins Fontes, 1979.
Figura 13
Crânio gessado do rio Sepik - Nova Guiné
Cabeça de antepassado ou inimigo conservada, com
búzios substituindo os olhos
Séc. XIX
3. Sobre este assunto, ver Renato BARILLI, Curso de estética. Lisboa: Estampa, 1992, p. 19-24.
4. G. C. Argan & FAGIOLO, Maurizio. Guia de história da arte. Trad. M. F. G. de Azevedo. Lis-
boa: Estampa, 1992, p. 15
5. G. C. Argan. Arte e crítica de arte. Trad. H. Gubernatis. 2. ed. Lisboa: Estampa, 1993, p. 127.
A história da arte
A partir do século XVI, além de estudos eruditos e filológicos de
vários tipos, apareceram também dois dos gêneros de escritos sobre
arte que alcançaram maior reputação: a história e a crítica de arte.
De fato, até aquela data nada havia sido escrito que se parecesse com
o que chamamos hoje de “história da arte”.
O conceito de “história da arte” constituiu-se ao longo do tempo,
passando por diversas transformações. Poderíamos dizer, de modo
muito simplificado, que o discurso histórico implica, basicamente,
11. G.C.Argan & FAGIOLO, Maurizio. Guia da história da arte. Trad. M. F. G. de Azevedo. Lisboa:
Estampa, 1992, p. 16.
12. Uma distinção verdadeira entre critica e história da arte só sobrevive se pensamos no
conceito de “público”, um grupo de pessoas suscetíveis de ter os seus gostos e opiniões
orientados para esta ou aquela direção.
13. Este capítulo foi originalmente produzido para o Projeto da exposição Tarsila sobre papel,
apresentada no Museu de Arte do Espírito Santo – MAES – , em dezembro de 2010. Realização,
concepção e Produção: Base7 Projetos Culturais / Grupoink; Patrocínio: Banestes, Cesan e Ode-
brecht; Parceria: Instituto Sincades; Apoio: Lei de Incentivo à Cultura e Ministério da Cultura.
Figura 14
Arco Inclinado
Richard Serra
Aço cor-tem
3,66 x 36,58 x 0,06 m
Figura 16
Diagrama que mostra o método grego de lavrar
a pedra no período arcaico e clássico.
14. DANTO, Arthur C. Após o fim da arte. trad. Saulo Krieger. São Paulo: Odysseus/
Edusp, 2006, p. 3-5.
15. Caderno de apontamentos do arquiteto Villard de Honnecourt. JANSON. W. H. Histó-
ria da arte. 5. ed. Trad. J. A. Ferreira de Almeida e Maria M. R. Santos. São Paulo: Martins
Fontes, 1992. 824 p
16. LICHTENSTEIN, Jacqueline, “O desenho e a cor”, in ______. (Org.). A pintura: textos es-
senciais. V. 9: O desenho e a cor. Coordenação da tradução: Magnólia Costa. São Paulo:
34, 2004, p. 11-2.
17. LICHTENSTEIN, Jacqueline, “O desenho e a cor”, in ______. (org.). A pintura: textos es-
senciais. V. 9: O desenho e a cor. Coordenação da tradução: Magnólia Costa. São Paulo:
34, 2004, p. 19.
18. VASARI, Giorgio. “As vidas dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos”. In: LI-
CHTENSTEIN, Jacqueline. (Org.). A pintura: textos essenciais. V. 9: O desenho e a cor. Trad.
Beatriz Blay. São Paulo: 34, 2004, p. 20.
19. No entanto, os reconhecimentos de Vasari e Zuccaro não alteraram o estado de subordi-
nação do desenho à pintura, escultura e arquitetura e nem era esta a intenção desses autores.
20. LICHTENSTEIN, Jacqueline, “O mito da pintura”, in ______. (Org.). A pintura: textos es-
senciais. V. 1: O mito da pintura. Coordenação da tradução: Magnólia Costa. São Paulo: 34,
2004, p. 42.
21. ALBERTI, Leon Battista. Da pintura. trad. A. da S. Mendonça. 2.ed. Campinas: Unicamp,
1992, p. 121.
Figura 19
Série Instalações e circuitos:
Buracos na parede
Julio Schmidt
Pva e acrílica sobre parede
1999
Figura 20
Série Instalações e circuitos:
Interruptores
Julio Schmidt
Óleo sobre mdf
1999
24. Vale lembrar que Schmidt trabalhou por muitos anos como cenógrafo. Entre as deman-
das mais comuns estavam as decorações para estandes de eventos comerciais, compostos
de grandes estruturas que imitam os produtos oferecidos e as logomarcas que os represen-
tam. Também muito freqüentes eram as solicitações de painéis pintados para festas infan-
tis, mostrando ambientes de contos de fadas, com os personagens preferidos pelas crianças
aniversariantes. Tais painéis reproduziam a aparência das personagens tais como aparecem
nos desenhos animados e histórias em quadrinhos, pois tinham a finalidade de atender à
expectativa fantasiosa das crianças e não a de se constituírem como trabalhos autorais. A
produção artesanal de enormes peças de papel machê, gesso, isopor e outros materiais, que
imitavam a aparência de garrafas de vidro, painéis metálicos e embalagens de plástico fun-
cionou como base técnica para os trabalhos artísticos, graças ao rigoroso exercício de for-
mulação e resolução dos problemas técnicos que o trabalho com cenografia sempre exigiu.
26. GOMBRICH, Ernest. Norma e forma: estudos sobre a arte da renascença. Trad. Jefferson
L Vieira. São Paulo: Martins Fontes, 1990, p. IX-X.
27. G. C. Argan & FAGIOLO, Maurizio. Guia da história da arte. Trad. M. F. G. de Azevedo. Lis-
boa: Estampa, 1992, p. 36.
Figura 24
Adoração dos magos
Gentile da Fabriano
Têmpera sobre madeira
203 x 282 cm
1423
Método formalista
O método formalista surgiu no final do século XIX, em Viena,
com a linha de pensamento que ficou conhecida como “teoria da
pura visibilidade” e teve Konrad Fiedler como principal teórico fun-
dador. No que se refere à aplicação dessa teoria nos estudos de histó-
ria da arte30, Heinrich Wölfflin foi o estudioso mais influente. O seu
Conceitos fundamentais de história da arte gerou muitas discussões
desde que foi lançado em Basel, em 1915, e é lido até hoje, sob o
rumor das inúmeras adesões e críticas que recebeu ao longo de to-
dos esses anos. Os formalistas da escola de Viena, além de Fiedler e
Wölfflin, incluem Alois Riegl, Max Dvorák, Franz Wickhoff , Julius
von Sclosser e o escultor Adolf von Hildebrand.
No final do século XIX, muitos estetas e historiadores da arte são
levados a procurar o sentido da obra de arte não mais em documen-
tos, escritos antigos e outras fontes exteriores a ela própria, mas em
seu próprio interior, em questões de forma e estilo. Para eles, as for-
mas eram dotadas de uma força de expansão própria; eram capazes de
passar por um processo de transformação e evolução através dos tem-
pos, semelhante à da própria vida biológica, e orientada no sentido
de uma utilização cada vez melhor de suas propriedades intrínsecas31.
29. G.C.Argan & FAGIOLO, Maurizio. Guia da história da arte. Trad. M. F. G. de Azevedo. Lisboa:
Estampa, 1992, p. 37.
30. WÖLFFLIN. Heinrich. Conceitos fundamentais de história da arte. Trad. João Azenha Jr.
2a. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
31. BAZIN, Germain. História da história da arte. Trad. Antonio de P. Danesi. São Paulo: Mar-
tins Fontes, 1989, p. 127.
34. G. C. ARGAN. “Preânbulo ao estudo da história da arte”. In: ARGAN, Giulio Carlo; FAGIOLO,
Maurizio. Guia da história da arte. Trad. M. F. G. de Azevedo. Lisboa: Estampa, 1992, p. 34.
35. A palavra categoria é usada aqui na acepção de A. J. Greimas, herdada do pensamento
estrutural de F. Saussure, segundo a qual uma categoria indica uma relação entre dois ter-
mos polarizados. Pode-se falar, por exemplo, da categoria do gênero, articulando os termos
masculino/feminino ou, no campo da visualidade, da categoria da iluminação, articulando
os termos claro/escuro.
36. FOCILLON, Henri. A vida das formas. Lisboa: Edições 70, 2001. 136p.
37. CALABRESE, Omar. A linguagem da arte. Trad. Tânia Pellegrini. Rio de Janeiro: Globo,
1987, p. 24-5.
38. BAZIN, Germain. História da história da arte. Trad. Antonio de P. Danesi. São Paulo: Mar-
tins Fontes, 1989, p. 131.
O método iconológico
O método iconológico foi primeiramente proposto por Aby War-
burg e posteriormente desenvolvido principalmente por Erwin Pa-
nofsky para as artes figurativas e por Rudolf Wittkower para a
arquitetura. Para dar apoio aos seus estudos, que se revelariam uma
nova maneira de entender a história da arte, Warburg organizou,
em sua própria casa em Hamburgo, uma biblioteca especializada
em material iconográfico do renascimento. Fritz Saxl, seu continu-
ador, transformou a biblioteca no Instituto Warburg, onde diversos
pensadores se reuniam para realizar trabalhos de pesquisa coletiva
conduzido pelo fundador. A biblioteca manteve atividades didáticas,
debates, exposições e chegou a publicar um total de 33 volumes entre
1922 e 1933. O Instituto Warburg não funcionava em um regime de
mestres e alunos e sim como um centro cultural para a comunidade
de estudiosos, tendo Warburg e Saxl atuando como conferencistas e
animadores e não como eminentes autores de livros de sucesso. Com
a ascensão do nazismo, Saxl conseguiu transportar a biblioteca para
Londres onde, após uma série de dificuldades, o Instituto recomeçou
a funcionar. Mais tarde foi anexado à Universidade de Londres.
Para falar das propostas de pensadores como Warburg, Saxl e Pa-
nofsky, é preciso antes pontuar a diferença que há entre iconologia e
39. E. PANOFSKY. O significado nas artes visuais. 3. ed. Trad. Maria C. Kneese e J. Guinsburg.
São Paulo: Perspectiva, 1991, p. 47; e G. C. ARGAN & M. FAGIOLO. Guia da história da arte.
Trad. M. F. G. de Azevedo. Lisboa: Estampa, 1992, p. 96.
40. E. PANOFSKY. O significado nas artes visuais. Trad. Kneese e J. Guinsburg. 3. ed. São Paulo:
Perspectiva, 1991, p. 54.
41. G. C. ARGAN; M. FAGIOLO, Guia de história da arte. Trad. M. F. G. de Azevedo. Lisboa: Es-
tampa, 1992, p. 96.
42. Se pensamos, por fim, nos tempos atuais, verificamos que, devido à mundanização dos
hábitos sociais, de um certo declínio do cristianismo e do fim dos estudos humanísticos, as
pessoas pouco compreendem os motivos e temas de pinturas e esculturas de tempos passa-
dos, sejam estes de origem cristã, mitológica, histórica, alegórica ou de gênero. Mesmo nas
escolas de arte, percebe-se hoje a necessidade de incluir, nos estudos de história da arte,
lições sobre os temas das obras e suas características, sobre os quais os alunos, em geral,
trazem pouca informação.
43. E. PANOFSKY, O significado nas artes visuais. Trad. Maria C. Kneese e J. Guinsburg. 3. ed.
São Paulo: Perspectiva, 1991, p. 47–87.
44. E. PANOFSKY, O significado nas artes visuais. Trad. Maria C. Kneese e J. Guinsburg. 3. ed.
São Paulo: Perspectiva, 1991, p. 50-53.
46. FLOCH, Jean-Marie. Petites mythologies de l’oeil et de l’esprit: pour une sémiotique plas-
tique. Paris/Amsterdã: Hadès/Benjamins, 1985, p. 39-77.
47. A escala de valores refere-se a maior ou menor luminosidade das cores. Pedrosa apre-
senta uma escala com índices de luminosidade medidos em percentuais. Ao preto é atri-
buído 0% de luminosidade enquanto ao branco é atribuído 100%. As cores com um maior
índice de reflexão luminosa, como o amarelo, possuem valores percentuais mais elevados na
escala. Conforme a terminologia da teoria das cores, diz-se que elas degradam quando mis-
turadas com o branco e rebaixam quando misturadas ao preto. No caso em questão, quando
as cores mais claras são misturadas com outras mais escuras, trata-se mais exatamente de
modificações tonais e não de valores, dado que, na maioria dos casos, as misturas não se
dão com o preto e sim com outras cores escuras. Apesar disso, a expressão “rebaixa o valor”
justifica-se porque o que se quer destacar aqui é a perda de luminosidade das cores. Sobre
tons e valores ver Israel PEDROSA, Da cor à cor inexistente. 3ª. ed. Rio de Janeiro/Brasília: Léo
Christiano Editoria/UnB, 1982, p. 146-150.
49. A compreensão da colagem como descrita nesta passagem aparece em Ana Cláudia de
OLIVEIRA, “Convocações multissensoriais da arte no século XX”. In: PILLAR, Analice Dutra
(Org.). A educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre: Mediação, 2001, p. 85-98.
50. Françoise BASTIDE. “Le traitement de la matière”. In: Actes sémiotiques, IX, Paris, CNRS,
1987. 27p.
51. MOTTA, Edson & SALGADO, Maria L. Guimarães. Iniciação à pintura. 3. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1976, p. 167.
52. Como é comum nos manuais de técnicas de pintura, as prescrições para a produção e
utilização dos materiais visam à conservação e durabilidade das pinturas prontas. Tanto
Motta e Salgado quanto Mayer reprovam e criticam os modos de utilização dos materiais
que desconsideram esses aspectos bem como desconsideram a possibilidade de aquisição de
valores estéticos outros que poderiam advir destas subversões. Convém lembrar que tanto
a pintura pelicular quanto a granular compreendem modos de uso aprovados por esses au-
tores, observados certos cuidados. Na pintura de El Greco, por exemplo, nota-se a presença
farta da tinta granular enquanto os claro-escuros de Rembrandt eram frequentemente pro-
duzidos pela sobreposição de dezenas de camadas peliculares.
53. Mais detalhes sobre constituição química, propriedades e usos dos óleos secativos po-
dem ser encontrados em Ralph MAYER, Manual do artista. Trad. Christine Nazareth. São
Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 179 a 198.
54. Ralph MAYER, Manual do artista. Trad. Christine Nazareth. São Paulo: Martins Fontes,
1996, p. 389 a 394.
55. Edson MOTTA & Maria Luíza Guimaraes SALGADO, Iniciação à pintura. 3. ed. Rio de Ja-
neiro: Nova Fronteira, 1976, p. 33 e 34.
10 Figura 3 18 Figura 6
Sem titulo Retrato do cardeal Niccolo Albergati
Fábio Miguez Jan Van Eyck
Óleo e cera sobre tela. Óleo sobre madeira.
200 x 230 cm 34,1 x 27,3 cm
2002 1432
Coleção do artista. Kunsthistorisches Museum, Viena.
Foto: Nelson Kon. Fonte: HOCKNEY, David. O conhecimento
Fonte: TASSINARI, Alberto. (Org.). Fabio Miguez/ secreto: redescobrindo as técnicas perdidas
Deriva. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 138. dos grandes mestres. Trad. de José M. Macedo.
São Paulo: Cosacnaify, 2001, p. 79.
11 Figura 4
Sem titulo 19 Figura 7
Hilal Sami Hilal Composição
Papel de trapo e pigmentos. Piet Mondrian
200 x 180 cm Óleo sobre tela.
1998 41,2 x 33,3 cm
Coleção particular. 1933
Foto: Daniel Coury. Museu de Arte Moderna, New York.
20 Figura 9 23 Figura 13
Touro na gruta de Lascaux, França (detalhe). Crânio gessado do rio Sepik
Pintura rupestre paleolítica, período Cabeça de antepassado ou inimigo conservada,
madalenense médio com búzios substituindo os olhos, Nova Guiné.
15.000 – 10.000 a.C. Séc. XIXI
Foto: Editions d’art Lucien Mazenod, Paris. Museu Britânico, Londres.
Fonte: JANSON. W. H. História da arte. 5. ed. Trad. Foto: Museu Britânico, Londres.
J. A. Ferreira de Almeida e Maria M. R. Santos. Fonte: JANSON. W. H. História da arte. 5. Ed. Trad.
São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 42. J. A. Ferreira de Almeida e Maria M. R. Santos.
São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 36.
21 Figura 10
Máscara da tribo Dan 39 Figura 14
África ocidental. Arco Inclinado
Museu Rietberg, Zurique. Richard Serra
Foto: Wettstein & Kauf. Aço cor-tem
Fonte: GOMBRICH, E. H. A história da arte. 3,66 x 36,58 x 0,06 m
15. ed. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Instalado na Federal Plaza – New York.
Guanabara Koogan, 1993, p. 448. Foto: Pace Wildenstein – New York.
Fonte: ARCHER, Michel. Arte contemporânea:
22 Figura 11 uma história concisa. Trad. A. Krug e V. L. Siqueira.
Máscara ritual São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 196.
Alasca.
Staatliche Museen, Museum für Volkerkunde, Berlin.
Foto: Preussischer Kulturbesitz - Berlin
www.neaad.ufes.br
110 Índice remissivo de imagens
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