O interrogatório é um ato judicial, presidido pelo juiz, em que se indaga ao acusado
sobre os fatos imputados contra ele advindo de uma queixa ou denúncia, dando-lhe ciência ao tempo em que oferece oportunidade de defesa. O interrogatório traz em seu bojo as seguintes características: é ato público, é ato personalíssimo, possui judicialidade e, finalmente, oralidade. No entanto, o interrogatório on line é um ato judicial, presidido pelo juiz, em que se indaga ao acusado sobre os fatos imputados contra ele advindo de uma queixa ou denúncia, dando-lhe ciência ao tempo em que oferece oportunidade de defesa, realizado através de um sistema que funciona com equipamentos e software específicos. Com a revolução tecnológica, a informatização ganha campo na área das comunicações afetando todos os setores da sociedade. O Poder Judiciário começou a utilizar dos meios tecnológicos para agilizar determinados atos de procedimento, desburocratizando vários de seus setores, por exemplo, o da distribuição, do arquivo, entre outros. A Lei nº 11.900/2009 admitiu, excepcionalmente, a possibilidade de interrogatório do réu preso por videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; II – viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 do CPP; IV – responder à gravíssima questão de ordem pública. As partes serão intimadas, com 10 dias de antecedência, da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência. Ainda, em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; porém, se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso. A sala reservada, no estabelecimento prisional, para a realização da videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. Este procedimento também se aplica à realização de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido. A Resolução Nº 105, de 6 de abril de 2010, publicada pelo CNJ, dispõe sobre a documentação dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realização de interrogatório e inquirição de testemunhas por videoconferência, vem disciplina essas prerrogativas fazendo alusão principalmente ao CPP, pois a documentação do processo é “facilitado” para transcrição, além do judiciário obter uma celeridade do processo e economia, indubitavelmente são aspectos fundamentais da resolução. A corrente contrária a realização de interrogatórios on line entendem que: a) o interrogatório on line retira do preso ou acusado o contato físico, sendo fundamental tais características; b) o interrogatório virtual fere princípios e garantias constitucionais, tais como o devido processo legal , a dignidade, a ampla defesa, o contraditório, a legalidade, etc. O advogado criminalista, Luiz Flávio Borges D’Urso, em seu artigo “O interrogatório por teleconferência: uma desagradável Justiça virtual”, expõe que: O interrogatório é a grande oportunidade que tem o juiz para formar juízo a respeito do acusado, de sua personalidade, da sinceridade, de suas desculpas ou de sua confissão. [...]Além disso, pensamos que a tese não resiste há uma análise de constitucionalidade, porquanto nossa Carta Magna consagra a ampla defesa(art. 5º, LV, CF), bem como o Brasil subscreveu pactos internacionais, nos quais, entende-se que não há devido processo legal, se não houver apresentação do acusado ao juiz (Convenção Americana sobre Direitos Humanos).
Jurisprudência
“INTERROGATÓRIO JUDICIAL ON-LINE.Valor-Entendimento – O sistema de
teleaudiência utilizado no interrogatório judicial é válido à medida que são garantidas visão, audição, comunicação reservada entre o réu e seu defensor e faculta, ainda, a gravação em compact disc, que será anexado aos autos para eventual consulta. Assim, respeita-se a garantia da ampla defesa, pois o acusado tem condições de dialogar com o julgador, podendo ser visto e ouvido, além de conversar com seu defensor em canal de áudio reservado.”(TACRM/SP – Apelação nº 1.384.389/8 – São Paulo – 4ª Câmara – Relator: Ferraz de Arruda – 21.10.2003 – V.U., Voto nº 11.088). Em suma, existe uma grande discussão acerca do depoimento através de videoconferência, no entanto, visto aos novos contextos sociais e a dinâmica do judiciário faz-se necessário atentarmos para as questões de princípios que não venham ferir nenhum direito resguardado, adequando assim a uma mediação que tenha objetivo de chegar à ao bem social e a justiça sem o mínimo de aproximação entre o sentenciador e o réu.