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Tema: 1.

A origem da vida na terra


Sumário: 1.2. Ambiente pré-biótico na terra primitiva
1.3. Algumas hipóteses sobre a origem da vida

Existem dados que afirmam que a vida existe na terra há cerca de 3800 M.a. Estes dados
baseiam-se nos fosseis (restos de animais ou plantas preservados por processos
naturais) e vestígios (marcas) de vida encontrados em rochas.
As primeiras evidências(sinais) da existência da vida na terra são:

• Os sedimentos de Isua(Gronelândia, América do Norte): Constituem o registo


sedimentar mais antigo que se conhece 3800M.a. e contêm vestígios da vida
nessa época
• Calcários com estromatólitos isto encontrados na Austrália e Africa do Sul: Têm
célula bacterianas a que são atribuídos 3500 M.a.
• Microfósseis encontrados em calcários na Austrália: são os mais antigos “traços”
de vida conhecidos.
• Flora de Silex de Gunflint: inclui fosseis de organismos semelhantes a bactérias,
cianobactérias (bactérias que obtêm energia por fotossíntese) e fungos isto ao
norte do estado de Minesota (E.U.A)
• Fauna de Ediacara: é relativa aos fosseis animais mais antigos que se conhecem.

• Quais as primeiras evidencias da existência de vida na terra?

1.3. Algumas hipóteses sobre a origem da vida

Várias teorias têm sido apresentadas sobre a origem da vida, a 1ª acreditada pelo mundo
cristão, e as restantes baseadas na observação de fenómenos naturais:

1. O criacionismo - para os criacionistas baseados numa interpretação do livro de


Génesis, a vida foi criada por Deus num momento único da criação.

2. Hipótese da Geração espontânea ou Hipótese da abiogénese – Diz que a vida


se originou por geração espontânea. Definida por Aristóteles (Aristóteles foi um
filósofo grego, 384 a.C. - 322 a.C.) que considerava que a vida se poderia
engendrar a partir da matéria inerte (inanimada). Esta teoria foi também
definida por filósofos e cientistas como Descarte, Newton e Van Helmont que
considerava que os cheiros dos pântanos geravam rãs e que a roupa suja gerava
ratos adultos completamente formado. Em 1862, Louis Pasteur realizou
experiências célebres em relação à origem da vida. Com base nas experiências

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de Pasteur ficou estabelecido que nas condições da terra actual não ocorre
geração espontânea e qualquer forma de vida provém de vida preexistente.

3. Hipótese cosmozóica ou panspermia – Alguns cientistas alemães, no final do


seculo XIX sugeriram que a vida na terra deve ter sido trazida de qualquer ponto
do universo sob a forma de germes resistentes transportados por meteoritos.
Também em princípios deste século, um sueco, Svante Arrhenius (1859-1927),
admitiu que a vida terrestre surgiu em consequências do transporte do espaço
para a terrra de germes que encontraram na terra primitiva condições
especialmente favoráveis para evoluir.

4. Hipótese autotrófica e hipótese heterotrófica – A ideia de que a vida podia ter-


se organizado na própria terra foi também partilhada por alguns cientistas. O
problema que se lhes levantou foi se os primeiros organismos teriam sido
autotróficos ou heterotróficos.
Hipótese autotrófica - os primeiros seres vivos seriam autotróficos, pois tinham
a capacidade de sintetizar a matéria orgânica a partir exclusivamente de
substâncias minerais. Contudo, estas ideias foram rapidamente abandonadas,
porque os processos metabólicos envolvidos na autotrofia são complexos e
certamente não ocorriam nos seres simples que existiam num ambiente como
o da terra primitiva.
Hipótese heterotrófica - os primeiros organismos terrestres devem ter sido
heterotróficos simples e possivelmente resultaram de um longo processo de
evolução pré-biológica.
As bases da hipótese heterotrófica da origem da vida foram lançadas na década
de vinte por Alexandre Oparin, um bioquímico soviético, e por Jhon Haldane,
um biólogo inglês.

Actualmente enfrentam-se duas linhas de pensamento relativas a origem da vida na


terra:
Por um lado, encontram-se os partidários da “inseminação da terra por germes
extraterrestre (origem exógena); por outro, os defensores de uma lenta evolução
química ocorrida na terra (origem endógena). Este último modelo implica uma evolução
de materiais inorgânicos para materiais orgânicos sucessivamente complexos e destes
para a vida

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Tema: 1. A origem da vida na terra
Sumário: 1.4. Modelo de Oparin/Haldane
O modelo proposto por Oparin e Haldane para a origem da vida na terra primitiva
integra vários pressupostos.

Figura 1 - Ambiente da Terra Primitiva

Atmosfera primitiva:
1. A atmosfera da terra primitiva era essencialmente constituída por hidrogénio
(𝐻2 ), metano (𝐶𝐻4 ), amoníaco (𝑁𝐻3 ), e vapor de àgua (𝐻2 𝑂).
2. Os constituintes gasosos da atmosfera primitiva sujeitos à acção de energia
proveniente de diferentes fontes, como energia solar (radiações ultravioleta),
calor proveniente da intensa actividade vulcânica da crosta terrestre e
descargas eléctricas que acompanhavam as grandes tempestades, reagiram
entre si e originaram os primeiros compostos orgânicos que eram moléculas
muito simples.
3. Os compostos orgânicos formados na atmosfera primitiva foram transferidos
para os oceanos, onde se acumularam, constituindo aquilo que mais tarde foi
denominado sopa primitiva (mistura teórica de compostos orgânicos que
podem ter dado origem à vida na Terra).
4. Um processo de evolução química conduziu à formação de moléculas orgânicas
mais complexas a partir de moléculas simples.
5. Estas moléculas orgânicas ter-se-iam agregado, constituindo unidades
individualizadas do meio por membranas rudimentares.

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6. A partir dos agregados pré-celulares em condições ambientais apropriadas,
poderiam surgir os primeiros seres vivos, os quais se alimentavam de sopa
primitiva.
A terra era um lugar árido completamente desértico e com uma atmosfera
redutora, ao passo, que agora, a terra possui uma atmosfera oxidante.
Atmosfera redutora: é uma atmosfera sem quantidades significativas de oxigênio
(O2) livre e outros gases ou vapores oxidantes impedindo assim a oxidação,
diferente da atmosfera oxidante rica em oxigénio.

• Qual a constituição da atmosfera primitiva que Oparin e haldane


admitiram no seu modelo?
• Essa atmosfera era oxidante ou redutora? Fundamente a sua afirmação.
• A atmosfera primitiva estava sujeita à energia emanada de diferentes
fontes energéticas.
o Refira três dessas fontes de energia.
o Que acções pode exercer essa energia sobre os constituintes da
atmosfera?

Síntese abiótica de moléculas orgânicas


É o processo de síntese(composição) de moléculas orgânicos sem a participação dos
seres vivos.
Todos os seres vivos são constituídos de moléculas orgânicas, que são substâncias que
contém carbono. Evidências mostram que os primeiros compostos da Terra podem ter
sugerido por síntese abiótica (sem vida) através de reações químicas casuais, que
ocorreram em condições especiais. Naquele tempo, a atmosfera era altamente redutora
e a energia era suprimida pelos raios das tempestades e radiações ultravioleta. Essas
condições, que possibilitaram a síntese de compostos orgânicos, provavelmente
existiram na Terra há bilhões de anos.
Stanley Miller comprovou essa teoria construindo um aparelho que simulava a
atmosfera primitiva da terra, e depois de semanas encontrou substâncias orgânicas
dentro do aparelho.

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Figura 2 - Experiência de Miller

Depois de uma serie de descargas elétricas, o líquido inicialmente incolor, passou a um


castanho-alaranjado, o que mostra que possivelmente novas moléculas se haviam
formado, entre os quais vários aminoácidos e outras moléculas básicas da vida.
As condições da terra primitiva que o investigador procurou simular neste aparelho era
uma mistura gasosa de metano, amoníaco, vapor de água, hidrogénio, e descargas
elétricas de alta voltagem. A ideia básica desta experiência era fornecer energia a essa
mistura gasosa e verificar se se produziam moléculas orgânicas.
Era importante que a mistura circulasse na montagem porque depois dos gases terem
sido submetidos a descargas eléctricas na ampola, passavam ao longo de uma solução
na qual eram possíveis outras reacções.
Os primeiros compostos orgânicos, formados a partir dos gases da atmosfera primitiva,
forma provavelmente o formaldeído e ácido cianídrico, independentemente da fonte
de energia utilizada. Elas podem ter sido moléculas intermediarias, relativamente aos
principais compostos básicos da vida na atmosfera primitiva.
O Formaldeído e o acido cianídrico são duas moléculas muito simples, mas muito
importantes porque têm uma grande capacidade de reagir e combinam-se facilmente
originadas moléculas mais complexas.
Com a experiência de Miller iniciava-se a reconstituição por via experimental de uma
possível evolução química, pré-biológica. Nascia a química pré-biotica.

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Sidney Fox utilizou diferentes aminoácidos sintetizados abioticamente e, aquecendo a
170 °C sobre um pedaço de lava, obteve macromoléculas que designou por proteinóides
(proteínas não biológicas formadas pela ligação em cadeia dos aminoácidos utilizados)

• Que condições da terra primitiva procurou o investigador simular neste


aparelho?
• Qual é a hipótese que Miller pretendia testar?
• Porque é importante que a mistura gasosa circule na montagem?
• O líquido era inicialmente incolor, tendo mudado para castanho-alaranjado.
Como interpreta este facto?
• Qual é a importância do formaldeído e do acido cianídrico e como são
considerados?

Evolução dos compostos orgânicos


Na composição de todas as formas vivas entram compostos orgânicos que são muitas
vezes polímeros.
Polímeros são cadeias de um grande número de unidades básicas chamadas
monómeros, unidas por ligações químicas.
Antes da vida se ter originada na terra, foram sintetizados numa primeira fase, os
monómeros e depois os polímeros num ambiente pré-biotico, ou seja, por processos
abióticos.
Através de reacções de condensação os monómeros podem unir-se e formar cadeias
cada vez maiores, os polímeros. Por cada ligação de dois monómeros que se estabelece
é removida uma molécula de água.
Através de reacções de hidrolise os monómeros que constituem um polímero, podem
separar-se uns dos outros.
As reacções de condensação e de hidrolise são essenciais para a síntese de
macromoléculas e para a sua destruição.

• O que são polímeros?


• Como reagem os polímeros quando das reacções de condensação e de
hidrolise?
• Fala da importância das reacções de síntese e de condensação?

Agregado pré-celulares – Primeiras Células


Segundo Oparin as moléculas orgânicas em solução podiam aglomerar-se
espontaneamente, formando agregados mais ou menos organizados, e que se designam
por coacervados (do latim coacervare = agregar).

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A formação de coacervados resulta das atracções entre moléculas com cargas electricas
de sinal contrário.
As propriedades características da vida deveriam aparecer gradualmente nestes
sistemas, inicialmente muito simples, separadas do exterior por membranas
rudimentares.
Essas membranas rudimentares seriam constituídas por moléculas de água colocadas a
volta dos agregados de moléculas não só proteicas, mas também de outras moléculas
orgânicas presentes na solução.

Etapas da evolução biológica


Segundo alguns autores, na evolução pré-biologica e na evolução biológica podem
estabelecer-se várias etapas:

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O aparecimento de clorofilas constitui uma etapa muito importante na evolução
biológica, pois ao realizar-se a fotossíntese libertou-se oxigénio que se foi acumulando
no meio.
Há cerca de 2000 M.a. a atmosfera continha cerca de 1% do oxigénio livre que contém
actualmente e há cerca de 700 M.a. a quantidade de oxigénio era aproximadamente
10% dos níveis actuais.
Gradualmente o oxigénio livre foi aumentando na atmosfera. O aumento do oxigénio
possibilitou o aparecimento da respiração aeróbia (processo metabólico que utiliza o
oxigénio). A respiração aeróbia permitiu uma grande diversificação da vida com o
aparecimento de seres de maiores dimensões, tendo sido muito importante na evolução
biológica.
O oxigénio na atmosfera possibilitou também a formação da camada de ozono (𝑂3) na
alta atmosfera. Há cerca de 400 a 500 M.a. a camada de ozono, tornou-se suficiente
para filtrar as radiações ultravioletas nocivas à vida.

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Que explicação sugere para o aumento do teor de oxigénio e do teor de ozono na
atmosfera?
Qual o teor de oxigénio livre na terra hácerca de 400 M.a. ?
Em que idade aproximada da terra o teor de oxigénio da atmosfera começou a ser
idêntico ao da atmosfera actual?

Tema: A origem da vida na terra


Sumário: Novas perspectivas sobre a origem da vida

De onde surgiram as moléculas precursoras da vida?

Até aos nossos dias verificam-se debates sobre a origem da vida. As moléculas que deram
origem a vida surgiram dos espaços extraterrestre ou dos oceanos?

Os estudos mostram que se encontram grandes concentrações de compostos orgânicos nos


cometas e nos meteoritos que se encontram na superfície da terra. O estudo de alguns
meteoritos e cometas mostra que no espaço existem moléculas orgânicas.

Nos meteoritos de Orgueil (próximo de toulouse) e Murchison (na austrália) foram encontrados
vários compostos orgânicos, tais como ácidos gordos e aminoácidos quase idênticos aos que se
encontram nas proteínas biológicas.

Nos cometas Halley e Halle-Bopp detectou-se matéria orgânica na sua constituição.

Por outro lado, estudos mostram que a vida pode ter a sua origem nas profundezas dos oceanos,
porque foram descobertos recentemente, organismos nessas profundezas capazes de resistir a
temperaturas superiores a 100 °C.

Seja qual for a origem da vida na terra, quer seja extraterrestre ou terrestre, o estudo da
passagem das moléculas bióticas às células, ainda é uma questão. Das experiências laboratoriais,
ainda não se produziu matéria viva a partir de matéria não viva.

• Onde se formaram as moléculas necessárias à emergência da vida?


• Quando poderá a ciência dar respostas mais claras acerca das questões sobre a origem
da vida?

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Tema: 2. Diversidade e origem das espécies
Sumário: 2.1. Teorias Fixistas
2.2. Teorias Evolucionistas
2.2.1. Lamarckismo – Princípio fundamentais do lamarckismo

Os biólogos calculam que existam hoje, na terra, de 30 a 50 milhões de espécies, das


quais apenas 2 milhões foram descritas e denominadas.
As explicações sobre a origem das espécies foram surgindo ao longo dos seculos,
fortemente influenciadas por princípios religiosos, filosóficos e culturais, estas
explicações foram surgindo ao longo do tempo, no século XVIII, surgiram nesta altura
dois tipos de teorias:
Teorias fixistas - Consideram os seres vivos sem alterações (imutáveis).
Teorias evolucionistas (também conhecidas por transformistas) – consideram que as
espécies surgiram a partir de modificações lentas e sucessivas nas no passado.

2.1. Teorias Fixistas


São teorias segundo as quais as espécies são unidades fixas e imutáveis, que num
mundo igualmente estático, surgem independentemente umas das outras:
• Teoria da geração espontânea
• Criacionismo
Para os fixistas as explicações sobre a origem das primeiras espécies foram surgindo de
uma forma mais ou menos fantasistas sem qualquer apoio experimental.
Platão (427 – 347 a.c.) - Filósofo grego explicou a diversidade do mundo vido pela teoria
das formas. Todos os seres vivos eram copias de formas perfeitas imutáveis eternas que
existiam numa dimensão espiritual.
Aristóteles (384-322 a.c.) -Influenciado pelo seu mestre platão admitiu que todos
organismos se encontravam organizados de acordo com um plano chamado scala
naturae. Nesta escala os seres estavam hierarquizados dos mais simples para os mais
complexos terminando no homen. Essa escala foi considerada eterna e imutável, isto é,
cada organismo tem o seu lugar fixo.
Em Oxford, os professores eram coagidos a ensinar a doutrina de Aristóteles sob pena
de receberem castigos severos. Os filósofos ocidentais combinavam muitas ideias de
platão e Aristóteles, a fim de obterem uma visão do mundo que congregasse a religião,
ciência e sociedade.
Para os filósofos, quando no mundo vivo surgem implicações, estas devem-se as
condições do mundo material, este sim, é corrupto e imperfeito.
O criacionismo baseia-se na fé, como tal não pode ser experimentado e,
consequentemente, não pode ser objecto de tratamento por parte da ciência.
No entanto, foram encontrados fósseis num estrato de uma rocha diferentes de outros
encontrados em estrados de diferentes idades. Eram visíveis as lacunas no estudo e
registo de alguns fósseis.

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2.2. Teorias evolucionistas
A partir do século XVIII alguns cientistas vão tomando consciência que o mundo, longe
de ser imutável, evidencia variações permanentes. As primeiras ideias que na altura
chamavam-se transformistas estabeleciam que as espécies não são fixas, nem
imutáveis, transformavam-se gradualmente podendo assim formar-se novas espécies a
partir de outras já existentes e outras podem ser extintas.
A ideia da evolução não surgiu espontaneamente da mente de um génio, mas resultou
de um longo percurso durante o qual mutas figuras se destacaram.
A transição do fixismo para o evolucionismo compreende duas áreas fundamentais do
conhecimento que são: Estudo das espécies actuais e Análise de fósseis
Estudo das espécies actuais: O florescimento da Sistemática durante o seculo XVII,
culmina com a obra de Carlos Lineu (1707-1778), botânico sueco que estabeleceu um
sistema hierárquico de classificação dos seres vivos que ainda hoje tem utilidade.
Lineu era fixista e os seus trabalhos destinavam-se não só a catalogar a natureza, mas
também a descobrir os propósitos do criador relativamente a origem das espécies.
Na medida que Lineu desenvolveu um sistema de classificação que estudava
pormenorizadamente a morfologia dos indivíduos, estabelecendo diferenças e
semelhanças entre eles, permitiu que a ideia acerca de uma possível origem comum se
instalasse em alguns cientistas. Os dados recolhidos por Lineu para apoiar o criacionismo
acabaram paradoxalmente por constituir o embrião das ideias evolucionistas.
Análise de fósseis: O testemunho da vida passada, deixado pelos fósseis, pôs em
evidencia vestígios de espécies encontrados em certas camadas de rochas que não
surgem noutras camadas nem existem na actualidade. No seculo XVIII, princípio do
século XIX, alguns fixistas (George Curvier em 1799) consideraram que as falhas tinham
como resultados as grandes catástrofes que atingiram a terra, destruindo todas as
formas viventes. Esta acção foi designada de catastrofismo.
Para Buffon (1707-1788), as razões do transformismo situam-se no clima e na
alimentação e não são necessariamente adaptativas. Este autor acreditava num
transformismo por degeneração (Desvio parcial do tipo primitivo), segundo o qual
surgem diferentes formas originais, mas enquanto umas persistem outras degeneram
para constituírem espécies próximas.
Maupertuis (1698-1759): “vemos aparecer raças de cães, galinhas, etc., que não
existiam na natureza. São inicialmente indivíduos fortuitos, que o acaso e as gerações
transformaram em espécies”.
No seculo XIX todos os ramos, todos os ramos da ciência começaram a abandonar a
visão estática do mundo: Os astrónomos argumentam que a terra não é o centro do
universo; Newton dá explicações matemáticas para o movimento dos planetas e dos
objectos na terra; Os descobrimentos marítimos trazem ao conhecimento do mundo
ocidental uma grande diversidade de plantas e animais até então desconhecidos; Os
geólogos, através de Hutton em, 1788 abandonam uma visão estática do planeta e
estabelecem uma idade para a terra muito. A não existência de formas fósseis
intermédias foi explicada como resultado de lacunas estratigráficas, isto é, ausência de
uma ou varias camadas sedimentares que foram eliminadas pelos agentes erosivos ou
que nem sequer chegaram a constituir devido a condições de sedimentação.

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2.2.1. Lamarckismo – Princípio fundamentais do lamarckismo
Em 1809, Jean Baptiste de Lamarck na sua obra Philosophie Zoologique, apresentou
aquela que é considerada por muitos como a primeira teoria sobre a evolução das
espécies. Lamarck defendia que os seres vidos têm um impulso interior, que lhes
permite adaptarem-se ao meio quando pressionados por alguma necessidade imposta
pelo ambiente. Segundo Lamarck, o princípio evolutivo estaria baseado em duas leis
fundamentais: Lei do uso e desuso e a Lei da herança dos caracteres adquiridos
Lei do Uso e desuso - num animal em desenvolvimento, o uso de um órgão tende a
reforça-lo enquanto que o desuso o enfraquece até ao seu desaparecimento. A
necessidade de um órgão em determinado ambiente cria esse órgão e a função
modifica-o, se, pelo contrário, esse órgão não se usa, degenera e atrofia.
Lei da herança dos caracteres adquiridos – Uma vez desenvolvidos novos caracteres
estes são transmitidos aos seus descendentes. Os organismos, pela necessidade de se
adaptarem ao ambiente, adquirem modificações durante a sua vida, que passam aos
descendentes.
Segundo Lamarck os organismos complexos originam-se progressivamente a partir de
outros mais simples. Em respostas às solicitações do ambiente os organismos adquirem
ou perdem determinadas características e essas alterações são transmitidas à
descendência.

O modelo explicativo de Lamarck foi muito contestado porque:


• É uma explicação que dá à evolução uma intenção ou objectivo, uma finalidade,
ocorrendo alterações como resultado das espécies procurarem o “melhor”.
• A herança dos caracteres adquiridos não se verifica experimentalmente.
A teoria de Lamarck não teve aceitação na sua época. A argumentação pouco
consistente de Lamarck, a forte influência de Cuvier e a natural resistência à mudança
que caracteriza o homen, levaram a que as ideias fixistas perdurassem durante mais
meio século, aproximadamente. Mas Lamarck ficou na história por ter fornecido a
primeira explicação para a evolução das espécies e ter reconhecido que a evolução
envolve interacções entre os organismos e o seu ambiente

Actualmente, embora se reconheça que o uso ou o desuso de determinados órgãos


afecta o seu desenvolvimento, sabe-se que essas características não são transmitidas à
descendência.

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