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LÍNGUA

PORTUGUESA

SUMÁRIO
1. ORTOGRAFIA OFICIAL ............................................................................................................... 02
Uso de por que, porque, por quê e porquê.......................................................................................... 03
Hífen.................................................................................................................................................... 04
Acentuação tônica .............................................................................................................................. 05
Acentuação gráfica ............................................................................................................................. 05
Abreviaturas e siglas........................................................................................................................... 06
Forma e grafia de algumas palavras e expressões ........................................................................... 07
2. MORFOLOGIA ............................................................................................................................... 10
Emprego das Classes de palavras ..................................................................................................... 10
Diferenciação morfológica de palavras .............................................................................................. 37
3. SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO ...................................................................................... 41
Frase, oração e período ...................................................................................................................... 41
Termos da oração ............................................................................................................................... 41
Período composto................................................................................................................................ 44
Orações reduzidas ............................................................................................................................. 48
Funções sintáticas dos pronomes relativos ....................................................................................... 50
4. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL ..................................................................................... 51
5. REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL ................................................................................................ 56
6. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE .......................................................................... 63
7. PONTUAÇÃO ................................................................................................................................. 66
8. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ................................................................ 74
9. TIPOLOGIA TEXTUAL (COERÊNCIA E COESÃO) ...................................................................... 92
10. REDAÇÃO OFICIAL .................................................................................................................. 100
11. REDAÇÃO .................................................................................................................................. 125
12. PROVAS CESGRANRIO ............................................................................................................ 155
Língua Portuguesa

1 ORTOGRAF
ORTOGR AFIA
IA OFICIAL
Ortografia é a parte da gramática que determina como as EMPREGO DE LETRAS
palavras devem ser escritas, segundo os padrões da língua
culta. Embora poucas orientações sejam realmente eficien-
ESCREVE-SE COM S E NÃO COM C/Ç
tes para escrever de modo correto os vocábulos, há três
procedimentos que, em conjunto, podem diminuir as dificul- As palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais
dades relativas à ortografia: em: nd, rg, rt, pel, corr e sent.
• conhecer as orientações ortográficas que serão expostas
a seguir; Ex.: pretender - pretensão / expandir - expansão / ascen-
• consultar, sempre que necessário, o dicionário; der - ascensão / inverter - inversão / aspergir - aspersão
• memorizar a grafia das palavras. / submergir - submersão / divertir - diversão / compelir -
compulsão / repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer
SINAIS DIACRÍTICOS OU - discurso / sentir - sensação / consentir – consensual.
NOTAÇÕES LÉXICAS ESCREVE-SE COM S E NÃO COM Z

Todos os sinais gráficos utilizados na escrita são chamados Os sufixos: ês, esa, esia, e isa quando o radical é substan-
sinais diacríticos ou notações léxicas. São estes: tivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos.
Ex.: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, prin-
cesa, etc..
Indica que a vogal tem som aberto
1) acento Os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose.
(relé) ou apenas que a sílaba é tônica
agudo (´); Ex.: catequese, metamorfose.
(refém);

As formas verbais pôr e querer.


Ex.: pôs, pus, quisera, quis, quiseste.
2) acento Indica que a vogal tem timbre fechado
circunflexo (^); (quilômetro, ocorrência); Nomes derivados de verbos com radicais terminados em d.
Ex.: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empre-
sa / difundir - difusão.

Indica, hoje, apenas a ocorrência Os diminutivos cujos radicais terminam com s.


3) acento
da crase, ou seja, a fusão de dois aa Ex.: Luís - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho.
grave (`);
(à, àquele, àquilo);
Após ditongos.
Ex.: coisa, pausa, pouso.
Indica a nasalação de vogais ou de
ditongos (hortelã, cãibra). Pode
4) til (~); Verbos derivados de nomes cujo radical termina com s.
aparecer numa palavra que já tenha
acento agudo: órfã; Ex.: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.

ESCREVE-SE COM SS E NÃO COM C OU Ç


Indica som sê, quando usada com a
5) cedilha (ç); letra c, antes de a, o, u: faça, faço,
Nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem em:
Iguaçu;
gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou meter.
Ex.: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir -
admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir
Indica supressão de letra (copo - percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão /
6) apóstrofo (‘)
d’água); comprometer - compromisso / submeter – submissão.

Quando o prefixo termina com vogal que se junta com a


Indica variadas funções no português palavra iniciada por s.
contemporâneo, entre as quais: separa Ex.: a + simétrico - assimétrico / re + surgir - ressurgir.
7) hífen (-)
sílabas e elementos de compostos, liga
pronomes oblíquos enclíticos, etc.. O pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
Ex.: ficasse, falasse.

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Língua Portuguesa
ESCREVE-SE COM C OU Ç E NÃO COM S OU SS Ex.: ágil, agente.

Os vocábulos de origem árabe: ESCREVE-SE COM J E NÃO COM G


Ex.: cetim, açucena, açúcar.
Palavras de origem latinas.
Os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica. Ex.: jeito, majestade, hoje.
Ex.: cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique. Palavras de origem árabe, africana ou exótica.
Ex.: alforje, jiboia, manjerona.
Os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu.
Ex.: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, Palavras terminadas com aje.
esperança, carapuça, dentuço. Ex.: laje, ultraje.

Nomes derivados do verbo ter. ESCREVE-SE COM X E NÃO COM CH


Ex.: abster - abstenção / deter - detenção / ater - atenção
/ reter - retenção. Palavras de origem tupi, africana ou exótica.
Ex.: abacaxi, muxoxo, xucro.
Após ditongos. Palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J).
Ex.: foice, coice, traição. Ex.: xampu, lagartixa.

Palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r). Depois de ditongo.


Ex.: marte - marciano / infrator - infração / absorto – ab- Ex.: frouxo, feixe.
sorção.
Depois de en.
Ex.: enxurrada, enxoval.
ESCREVE-SE COM Z E NÃO COM S

Os sufixos ez e eza das palavras derivadas de adjetivo. DIVISÃO SILÁBICA


Ex.: macio - maciez / rico - riqueza.
Sílaba é o fonema ou conjunto de fonemas, pronunciados em
Os sufixos izar (desde que o radical da palavra de origem uma única expiração, isto é, em uma só emissão da voz. A
não termine com s). palavra, dependendo do número de sílabas, pode ser clas-
Ex.: final - finalizar / concreto - concretizar. sificada em: monossílabas (apenas uma sílaba), dissíla-
bas (duas sílabas), trissílabas (três sílabas) e polissílabas
Como consoante de ligação se o radical não terminar com s. (quatro ou mais sílabas).
Ex.: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal.
Regras práticas em relação à divisão silábica:
ESCREVE-SE COM G E NÃO COM J • Não se separam ditongos e tritongos. Exemplos: mau, a-
ve-ri-guei.
Palavras de origem grega ou árabe.
Ex.: tigela, girafa, gesso. • Separam-se as letras que representam os hiatos. Exemplos:
sa-í-da, vo-o..
Estrangeirismo, cuja letra G é originária.
Ex.: sargento, gim. • Separam-se somente os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc. Exemplos:
pas-se-a-ta, car-ro, ex-ce-to, cres-cer.
As terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou-
cas exceções). • Separam-se os encontros consonantais pronunciados sepa-
Ex.: imagem, vertigem, penugem, bege, foge. radamente. Exemplo: car-ta, trans-por-tar.

• Os elementos mórficos das palavras (prefixos, radicais, su-


OBSERVAÇÃO: Exceção: pajem. fixos), quando incorporados à palavra, obedecem às regras
gerais. Exemplos: de-sa-ten-to, bi-sa-vô, tran-sa-tlân-ti-co.

• Consoante não seguida de vogal permanece na sílaba ante-


rior. Quando isso ocorrer em início de palavra, a consoante se
As terminações: ágio, égio, ígio, ógio, úgio. anexa à sílaba seguinte. Exemplos: ad-je-ti-vo, tungs-tê-nio,
Ex.: sufrágio, sortilégio, litígio, relógio, refúgio. psi-có-lo-go, gno-mo...

Os verbos terminados em ger e gir.


Ex.: eleger, mugir.
USO DE POR QUE, PORQUE,
POR QUÊ E PORQUÊ
Depois da letra r com poucas exceções.
Ex: emergir, surgir. POR QUE
Depois da letra a, desde que não seja radical terminado • Em frases interrogativas (diretas e indiretas).
com j. Ex: Por que ele sumiu?

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Digam-me por que ele sumiu. Ex.: Belo Horizonte - belo-horizontino, Porto Alegre - porto-
• Em substituição à expressão pelo qual (e suas variações), alegrense, Mato Grosso do Sul - mato-grossense, África do
ou seja, como pronome relativo. Sul - sul-africano.
Ex: As ruas por que passamos eram sujas. (por que = pelas
quais). 6. Quando designam espécies de animais e botânicas (nomes
de plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não
elementos de ligação.
PORQUE Ex.: bem-te-vi, peixe-espada, erva-doce, pimenta-do-reino,
cravo-da-índia.
Em frases afirmativas e respostas como conjunção.
Ex: Não fui à festa porque choveu. Com prefixos:
1. Ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice, em
POR QUÊ todas as situações.
Ex.: além-mar, aquém-túmulo, ex-aluno, pré-vestibular.
No final de frases. 2. Diante de palavra iniciada por h.
Ex: Eles estão revoltados por quê? / Ele não veio não sei por Ex.: anti-higiênico, co-herdeiro, macro-história.
quê. / Você reclama de tudo, por quê, meu filho? *Exceção: subumano – nesse caso, a palavra humano perde
o h.

PORQUÊ 3. Quando termina por vogal, se o segundo elemento come-


çar pela mesma vogal.
Ex.: anti-ibérico, contra-almirante, micro-ônibus.
Como substantivo.
Ex: Todos sabem o porquê do seu medo. Não aceito os seus 4. Quando termina por consoante, se o segundo elemento
falsos porquês. começar pela mesma consoante.
Ex.: hiper-requintado, inter-racial, super-racista.

OBSERVAÇÕES: 5. Sub e sob, diante de palavra iniciada por r.


Ex.: sub-região, sub-raça.
1º) Em frases interrogativas, fica subtendida
a palavra razão logo após a forma por que. 6. Circum e pan, diante de palavra iniciada por m, n e
2º) A forma porque, em geral, equivale a vogal.
pois. Ex.: circum-navegação, pan-americano.
3º) A forma porquê equivale a palavra mo- 7. Na formação de palavras com ab, ob e ad, diante de pa-
tivo. lavras começadas por b, d ou r.
Ex.: ad-digital, ad-renal, ob-rogar e ab-rogar.
HÍFEN Com sufixos:
1.De origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.
As regras colocadas neste tópico estão regidas pelo Novo Ex.: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
Acordo Ortográfico.
NÃO SE USA HÍFEN:
USA-SE O HÍFEN: 1. Na formação de palavras com não e quase.
1. Com mal, quando a palavra seguinte começar por vogal, h Ex.: (acordo de) não agressão, (isto é um) quase delito.
ou l e quando a composição significar uma doença em que as 2. Com mal, quando significa doença e houver ligação por
palavras não estão ligadas por elementos. meio de um elemento.
Ex.: mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-limpo, Ex.: mal de lázaro, mal de sete dias.
mal-francês.
2. Para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se Em compostos:
combinam, formando não apropriadamente vocábulos, mas
1. Quando apresentam elementos de ligação, incluindo os
encadeamentos vocabulares.
Ex.: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo. compostos de base oracional.
Ex.: pé de moleque, pé de vento, cara de pau, maria vai com
Em compostos: as outras, faz de conta, cor de burro quando foge.
1. Quando não apresentam elementos de ligação. *Exceções: água-de-colônia, cor-de-rosa, arco-da-velha,
Ex.: guarda-roupa, arco-íris, boa-fé, vaga-lume, porta-malas, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-
joão-ninguém. roupa.
*Exceção: palavras que perderam a noção de composição.
Ex.: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedista. 2. Quando designam espécies botânicas e zoológicas que
são empregadas fora de seu sentido original.
2. Adjetivos.
Ex.: surdo-mudo, afro-brasileiro, sino-luso-brasileiro. Ex.: a) bico-de-papagaio (espécie de planta) - bico de papa-
gaio (deformação nas vértebras).
3. Quando as palavras são iguais ou quase iguais, sem ele- b) olho-de-boi (espécie de peixe) - olho de boi (espécie de
mentos de ligação. selo postal).
Ex.: reco-reco, blá-blá-blá, zigue-zague.
Com prefixos:
4. Quando entre os elementos há emprego do apóstrofo. 1. Quando terminam em vogal diferente da vogal com que se
Ex.: gota-d’água, pé-d’água. inicia o segundo elemento.
Ex.: aeroespacial, antieducativo, autoescola, extraescolar,
5. Quando a composição deriva de topônimos (nomes pró- infraestrutura, plurianual.
prios de lugares), com ou sem elementos de ligação.

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Língua Portuguesa
2. Co – aglutina-se em geral com o segundo elemento, mes-
mo quando este se inicia por o ou h. Neste último caso,
ACENTUAÇÃO TÔNICA
corta-se o h. Se a palavra seguinte começar com r ou s, Nas palavras constituídas por duas ou mais sílabas, em geral,
dobram-se essas letras. uma delas é pronunciada com mais intensidade (força) que as
Ex.: cooptar, coordenar, coocupante, cooperação, corréu, outras, a ela damos o nome de sílaba tônica. Dependendo da
cosseno, corresponsável. posição da sílaba tônica, as palavras têm uma classificação.
3. Quando termina em vogal e o segundo elemento começa • Oxítonas ou agudas - são aquelas cuja a sílaba tônica é a
por consoante diferente de r ou s. última: você, ruim, café, carcará, jiló, vatapá, alguém, anzol,
Ex.: anteprojeto, autopeça, coprodução, semideus. ninguém, condor.
4. Quando termina em vogal e o segundo elemento começa • Paroxítonas ou graves - são aquelas cuja sílaba tônica é
por r ou s, duplicando-se essas letras. a penúltima: gente, dólar, álbum, planeta, pedra, vírus, ho-
mem, caminho, tórax, alto, amável, âmbar, táxi, éter, hífen.
Ex.: antirrábico, contrarregra, minissaia, ultrassom.
• Proparoxítonas ou esdrúxulas - são aquelas cuja sílaba
5. Quando termina por consoante, se o segundo elemento
tônica é a antepenúltima: lágrima, mágico, trânsito, lâmpada,
começar por vogal. xícara, ótimo, último, médico, Alcântara, fanático.
Ex.: hiperacidez, interescolar, superamigo, superinteressante.
6. Quando termina por consoante diferente da consoante com ACENTUAÇÃO GRÁFICA
que se inicia o segundo elemento.
Ex.: hipermercado, intermunicipal, superproteção. A acentuação gráfica das palavras possibilita que elas sejam
lidas (pronunciadas) corretamente. Para melhor compreen-
7. Pre e re, mesmo diante de palavras iniciadas por e. são, as regras serão subdivididas em dois grupos: regras
Ex.: preexistente, reelaborar, reescrever, reedição. gerais e regras complementares.

EXERCÍCIOS REGRAS GERAIS


01. Una os elementos de cada item seguinte. 1º regra > Acentuação das palavras monossílabas tônicas.
a) arqui / milionário: g) contra / senso:
Acentuam-se as monossílabas terminadas em:
b) arqui / secular: h) auto / biografia: A / AS: chá, gás, má.
c) anti / social: i) extra / oficial: E / ES: mês, crê, fé.
d) anti / tetânico: j) intra / muscular: O / OS: pó, dó, nós.
e) ante / sala: l) neo / latino: OBSERVAÇÃO: Monossílabas átonas (isto
f) contra / ponto: m) mal / agradecido: é, que têm pronúncia “fraca”) não rece-
bem acento. Exemplos: Ela estava na festa
02. Explique a diferença de significado entre os termos des- de aniversário, mas não a vi.
tacados nos pares de frases seguintes.
2º regra > Acentuação das palavras oxítonas.
a) Patrícia comprou mudas de comigo-ninguém-pode.
Irritada, ela se virou e disse: “Comigo ninguém pode”. Acentuam-se as oxítonas terminadas em:
A / AS: guaraná, xarás, sofá.
b) Quem os vê percebe que se trata de um amor perfeito.
E / ES: você, jacarés, café.
Deu-me uma muda de amor-perfeito. O / OS: cipós, bisavô, retrós.
c) Deu pão duro aos mendigos. EM / ENS: vintém, parabéns, alguém.
Mais uma vez bancou o pão-duro.
3º regra > Acentuação das palavras paroxítonas.
d) Depois que ele resolveu brigar, a festa transformou-se
num deus-nos-acuda. Acentuam-se as paroxítonas terminadas em:
Ele vai voltar? Deus nos acuda! I(s), U(s): biquíni, tênis, bônus.
L, N, R, X: notável, hífen, fêmur, tórax.
UM / UNS, PS: fórum, álbuns, bíceps.
GABARITO Ã(s): órfã, ímã.
01. a) arquimilionário e) antessala i) extraoficial DITONGO (+s): falência, pônei, órfãos.
b) arquissecular f) contraponto j) intramuscular OBSERVAÇÃO: os prefixos (semi-, anti-,
c) antissocial g) contrassens l) neolatino super-, inter-) não são acentuados, ou
d) antitetânico h) autobiografia m) mal-agradecido seja, não seguem a regra. Exemplos: su-
02. a) comigo-ninguém-pode: espécie de planta. per-homem, inter-racial, anti-ibérico.
comigo ninguém pode: expressão de descontenta-
4º regra > Acentuação das palavras proparoxítonas.
mento, irritação.
Todas as proparoxítonas são acentuadas.
b) amor perfeito – sentimento irretocável Exemplos: típico, médico, máquina, tônica, código, trânsito,
amor-perfeito – a flor tráfego.
c) pão duro – substantivo + adjetivo: pão seco, velho
pão-duro – avaro, sovina, miserável
REGRAS COMPLEMENTARES
d) deus-nos-acuda – confusão, desordem 1º regra > Acentuação dos ditongos abertos.
Deus nos acuda – interjeição: socorro! Segundo o Novo Acordo Ortográfico, no seguinte caso, as

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Língua Portuguesa
palavras paroxítonas não são acentuadas: 04. Diante da visão de um prédio com uma placa indicando
Paroxítona em ditongo aberto ei e oi. “Sapataria Papalia”, um jovem se deparou com a dúvida: como
Ex.: ideia, boia, heroico, Coreia. pronunciar a palavra Papalia?

Acentuam-se os ditongos abertos das palavras oxítonas ter- Levado o problema à sala de aula, a discussão girou em
minadas em: torno da utilidade de conhecer as regras de acentuação e,
ÉI (S): anéis, papéis. especialmente, do auxílio que elas podem dar à corrente,
pronúncia de palavras.
ÉU (S): troféu, chapéus, véus.
Após discutirem pronúncia, regras de acentuação e escrita,
ÓI (S): constrói, dói.
três alunos apresentaram as seguintes conclusões a respeito
da palavra Papalia:
OBSERVAÇÃO: lembre-se de que, quando I. Se a sílaba tônica for o segundo pa, a escrita deveria ser
uma palavra recebe acento, este deve ser co- Papália, pois a palavra seria paroxítona terminada em ditongo
locado necessariamente na sílaba tônica. As- crescente.
sim, palavras que apresentam ditongo aberto II. Se a sílaba tônica for li , a escrita deveria ser papalía, pois
em sílabas não tônicas obviamente não são acentuadas. Com- i e a estariam formando hiato.
pare: chapéu = é acentuada, pois o ditongo aberto está na sí- III. Se a sílaba tônica for li, a escrita deveria ser Papalia, pois
laba tônica, mas chapeuzinho não é acentuada, pois o ditongo não haveria razão para o uso de acento gráfico.
não está na sílaba tônica que é zi.
A conclusão está CORRETA apenas em:
2º regra > I e U na 2º vogal do hiato. a) I. b) II. c) II. d) I e I I I .
O i e o u são acentuados desde que: representem a 2º vogal
do hiato (vogal da direita), sejam a única letra da sílaba (ou 05. (Unimep) – “Perguntei ..... ele não veio. Ele disse que
acompanhadas de s) e não estejam seguidos de nh. não veio ...... choveu.”
Exemplos: miúdo, caído, saúde, saída, país, caída, baú. A alternativa que preenche CORRETAMENTE as lacunas é:
a) porque - porque.
3º Regra > verbos dar, crer, ver e derivados. b) por que – porque.
Segundo o Novo Acordo Ortográfico, os verbos dar, ter, ler, crer c) por que – por que.
e derivados na 3º pessoa do singular e do plural, e palavras d) por quê – porque.
terminadas e: eem e oo(s) não são acentuadas. e) porquê – por que.
Exemplo: creem, deem, leem, voos, perdoo, enjoo, veem.
Permanecem os acentos que diferenciam os verbos ter e vir. 06. (Fuvest – SP) –Assinale a frase gramaticalmente CORRETA.
Exemplo: Ele tem dois sapatos. / Eles têm dois sapatos. a) Não sei por que discutimos.
b) Ele não veio por que estava doente.
4º regra > Acento diferencial. c) Mas porque não veio ontem?
d) Não respondi porquê não sabia.
Segundo o Novo Acordo Ortográfico, não recebem o acento e) Eis o porque da minha viagem.
agudo diferencial os seguintes vocábulos: pára/para; pólo/
polo; pêlo/pelo; pêra/pera. 07. (Fesp – SP) – Considere as frases:
Exemplo: Esse coelho tem pelos brancos. I – O porquê da evasão escolar parece muito claro.
Eu comi pera. II – Por que você não veio?
III - você não veio por quê?
OBSERVAÇÃO: O Novo Acordo Ortográfico IV – O motivo porque ele saiu não interessa.
não alterou a acentuação dos verbos pôr e V – Irei porque me agrada sua companhia.
pôde. Marque a alternativa CORRETA:
a) Todas corretas.
b) Todas corretas, menos a IV.
EXERCÍCIOS c) I, III e IV.
d) II e IV corretas.
01. Assinale a opção em que os vocábulos obedecem à mesma e) Todas incorretas.
regra de acentuação gráfica:
a) terás / límpida. 08. .............................., o auxiliar judiciário explicou os mo-
b) necessário / verás. tivos ....................... não ............. o negócio.
c) incêndio / também. a) ansioso - por que - fez.
d) extraordinário / incêndio. b) ancioso - porque - fêz.
c) ancioso - por que - fêz.
02. São acentuadas graficamente pela mesma razão as pala- d) ansioso - porque - fez.
vras da opção:
a) há – até – atrás. GABARITO
b) história – ágeis – você.
01. d 02. c 03. d 04. d
c) está – até – você.
d) ordinário – apólogo – insuportável. 05. b 06. a 07. b 08. a

03. São acentuadas por razões diferentes: ABREVIATURAS E SIGLAS


a) caráter, fênix, provável.
b) antipático, páginas, próximo. Não confunda siglas com abreviaturas. Tanto as siglas quanto
c) cópias, monetários, intransponíveis. as abreviaturas são filhas do mesmo processo: a abreviação –
d) há, é, dá, até. que consiste em reduzir o tamanho de palavras ou expressões

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Língua Portuguesa
usadas com grande frequência, a fim de acelerar a escrita. • Onde/Aonde
Aonde você vai? / Não sei aonde ir. / Aonde querem chegar?
Em princípio, a distinção entre elas é a seguinte: a abrevia-
/ Aonde devo dirigir-me? / Onde você está? / Onde você vai
tura usa um segmento do vocábulo, que é interrompido num
ficar nas próximas férias? / Não sei onde começar a procurar.
determinado ponto, geralmente logo após uma consoante:
- Aonde indica ideia de movimento ou aproximação.
ap., de “apartamento”, prof., de “professor”, min. de “minuto”,
- Onde indica o lugar em que se está ou em que se passa
e assim por diante. Há algumas abreviaturas “descontínuas”,
algum fato.
mas são a minoria, como dr., que usa a primeira e a última
letra do vocábulo; neste caso, o ponto tem a função impor- • Mas/Mais
tantíssima de indicar que estamos diante de uma palavra re-
Tentou, mas não conseguiu. / Ela assistiu ao filme, mas não
duzida.
gostou dele. / É um dos países mais miseráveis. / Ele é o mais
Já a sigla é formada pelas letras iniciais das palavras que for- elegante dos candidatos.
mam uma expressão (às vezes com alguma interpolação de - Mas é conjunçao adversativa, equivalendo a porém, contu-
vogal, para melhorar o perfil fonológico): AIDS, por exemplo, do, entretanto.
é uma sigla típica, pois suas letras são as iniciais do nome da - Mais é advérbio de intensidade ou pronome indefinido.
doença (em Inglês, “acquired immunodeficience syndrome”).
O popular CD também (“compact disc”), assim como CD-ROM • Mal/Mau
(“compact disc reading only memory”), além de DNA, ONU, Era previsível que ele se comportaria mal. / A seleção brasi-
MEC, FIESP. leira jogou mal, mas conseguiu vencer. / Mal entrou em casa,
o telefone tocou. / A febre amarela é um mal. / O mal não
Regras para abreviaturas: compensa.
• possuem ponto abreviativo; Não é mau sujeito. / Trata-se de um mau administrador. /Tem
• são flexionadas; um coração mau.
• são acentuadas; - Mau é adjetivo, antônimo de bom. Refere-se, portanto, a
substantivo.
• mantêm o hífen;
- Mal pode ser advérbio ou substantivo. Como advérbio, sig-
• não têm limite de letras.
nifica “irregularmente”, “erradamente”. Opõe-se a bem. Como
Ex.: V.Sa., V.Sas., pág., linguíst., Ltda., etc.. substantivo pode significar “doença”, “moléstia”, aquilo que
é prejudicial ou nocivo. O substantivo “mal” também pode
Regras para siglas;
designar um conceito moral, ligado à ideia de maldade. “Mal”
• Não acentue as siglas. também pode ser conjunção subordinativa temporal - sinôni-
• Não use pontos entre as letras nem no fim. Ex.: ONU (e não mo de “assim que”.
O.N.U.).
• Quando citar pela primeira vez uma sigla em um texto, ex- • A par/Ao par
plique antes o que ela significa e, em seguida, coloque a si- Mantenha-me a par de tudo o que acontecer. / O aluno está a
gla entre parênteses. Nas demais vezes em que ela aparecer, par dos acontecimentos. / As moedas fortes mantêm o câm-
você não vai mais precisar explicar seu significado. Ex.: Im- bio praticamente ao par. / O Brasil já elevou o papel moeda,
posto Predial e Territorial Urbano (IPTU). deixando o real e o dólar quase ao par.
• Todas as letras são escritas em maiúsculas quando a sigla - A par tem o sentido de “bem informado”, “ ciente”.
possui até três letras: BC, USP, ONU, OAB, ONG. - Ao par é uma expressão usada para indicar relação de equi-
• As siglas com quatro letras ou mais são escritas com a pri- valência ou igualdade entre valores financeiros (geralmente
meira letra em maiúscula quando forem pronunciadas como em operações cambiais).
uma única palavra (e não letra por letra): Unicamp, Eletropau-
lo, Masp, Varig, Inmetro. • Ao encontro de/De encontro a
• As siglas com quatro letras ou mais são escritas todas em Ainda bem que sua posição veio ao encontro da minha. / Sua
maiúsculas quando se pronuncia separadamente cada uma de decisão vem ao encontro de meus interesses. / Os gestos do
suas letras ou parte delas: CPFL, CNBB, CPMF, ABNT. jogador foram de encontro aos princípios morais. / O carro foi
• Algumas siglas podem ter, ao mesmo tempo, letras maiús- de encontro ao muro, derrubando-o.
culas e minúsculas: CNPq, UnB, SPTrans. - Ao encontro de indica “ser favorável a”, “aproximar-se de”.
- De encontro a indica “oposição, choque, colisão”.
FORMA E GRAFIA DE ALGUMAS
• A/Há
PALAVRAS E EXPRESSÕES
Partiriam dali a duas horas / Viajarão daqui a pouco. / Tais
• Que/Quê comemorações aconteceram há três anos.
- A é preposição. Emprega-se quando não é possível a subs-
O que você pretende. / Você me pergunta o que vou fazer. /
tituição por faz.
O que posso fazer? / Afinal, você veio aqui fazer o quê? / Há
um quê inexplicável em sua atitude. / Quê! A inflação voltou?! - Há emprega-se com o sentido de existir.
- Que é pronome, conjunção, advérbio ou partícula expletiva.
Não é acentuado por se tratar de monossílabo átono. • Acerca de/Há cerca de/ A cerca de
- Acentua-se o quê, monossílabo tônico no final de frases ou Haverá uma palestra acerca das consequências das queima-
quando equivaler a um substantivo. das sobre a temperatura ambiente. / Os primeiros coloniza-
dores surgiram há cerca de quinhentos anos./ O prédio fica a

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Língua Portuguesa
cerca de dois quarteirões daqui. encontro a)
- Acerca de significa “sobre”, “a respeito de”. n) anos não nos vemos. E só poderei reencontrá-
- Há cerca de indica um período aproximado já transcorrido. lo daqui dois meses! (há/a)
- A cerca de é usada quando significa “aproximadamente”. o) Dali três meses, eu mudaria de vida. (há/a)
p) Nada sei das manifestações que ocorreram no
• Afim/A fim país_______de dois anos. (acerca/há cerca)
São espíritos afins / Tiveram comportamentos afins. / Mos- q) Já que temos ideias deveríamos trabalhar juntos
trou-se capaz de inúmeras tarefas a fim de nos enganar. ______de conseguir melhores resultados. (afim/a fim)
- Afim é um adjetivo que significa “igual”, “semelhante”. r) Não há nada em gostar de doces. (de
- A fim surge na locução a fim de, que signifca “para” e indica mais/demais)
ideia de finalidade. s) fizer alguma coisa, o país escorregará para
o caos. E ainda há quem não faça nada________ perseguir
• De mais/Demais privilégios. (se não/senão)
Aborreceram-nos demais: Isso nos deixou aborrecidos demais
/ Estou até bem demais. / Não vejo nada de mais em sua GABARITO
atitude! / Decidiu-se suspender o concurso porque surgiram
01. a. que b. quê c. quê
candidatos de mais.
- Demais pode ser advérbio de intensidade, com o sentido de
“muito”; aparece intensificando verbos, adjetivos ou outros d. onde e. aonde f. mas/mais
advérbios; pode ser também pronome indefinido.
- De mais opõe-se a de menos. Refere-se sempre a um subs- g. mal/mau h. mal i. mal
tantivo ou pronome.
j. a par l. ao encontro de m. de encontro a
• Senão/Se não n. há/a o. a p. acerca/ há cerca
Não fazia coisa alguma senão criticar. / É bom que ele chegue
a tempo, senão não haverá como ajudar. / Se não houver se- q. afins/afim r. de mais/ s. se não/senão
riedade, o país não sairá da pobreza. demais
- Senão equivale a “caso contrário” ou “ a não ser”;
- Se não surge em orações condicionais. Equivale a caso não.
EXERCÍCIOS DE REVISÃO
• Tampouco/ Tão pouco
Não canta, tampouco faz poesia. / Estudou tão pouco que 01. Escolha, entre as alternativas, a que propõe a substitui-
nada aprendeu. / Ganhou tão pouco dinheiro que acabou de- ção dos termos ou expressões em destaque, sem que haja
sistindo. alteração do sentido da sentença apresentada abaixo.
- Tampouco equivale a “também não”, “nem”; não aceita “Parecia estar prestes a acontecer a desclassificação,
palavra negativa: nem tampouco, tampouco não, etc.. pois os jogadores demonstraram usar métodos pouco sá-
- Tão pouco trata-se do advérbio tão mais o advérbio ou bios na realização dos preparativos finais para a partida
pronome pouco. decisiva.”
a) eminente - incípios - concecussão.
EXERCÍCIOS b) eminente - insipientes - consequência.
c) iminente - insipientes - consecução.
01. Complete as frases seguintes utilizando a forma apropria- d) eminente - insípidos - concecussão.
da dentre as que são fornecidas entre parênteses.
a) Tenho muito o fazer. (que/quê) 02. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as
b) É preciso um de louco para poder fazer isso. lacunas das frases:
(que/quê) 1. Ontem houve uma violenta ___________ de caminhões.
c) Estamos rindo sem ter de . (que/quê) 2. O ladrão foi apanhado em ___________.
d) está meu orgulho? (onde/aonde) 3. O artigo ________ na Revista científica foi premiado.
e) Irei você quiser que eu vá. (onde/aonde) 4. Ponto é a ___________ de duas linhas.
f) Não gosto muito dela, tenho de admitir que é 5. O aluno perdeu o _________ de ridículo.
inteligente do que eu supunha. (mas/mais) a) coalizão - fragrante - inserto - intercessão - censo.
g) Comportou-se durante a reunião. Não creio b) colisão - flagrante - inserto - interseção - senso.
que seja um sujeito, porém. (mal/mau) c) coalizão - flagrante - incerto - intercessão - senso.
h) Às vezes, penso que o anda vencendo o bem d) coalisão - fragrante - incerto - interseção - censo.
de goleada neste nosso mundo. (mal/mau)
i) humorados de todo o mundo, uni-vos! (mal/mau) 03. A linguagem científica busca fixar na significação das pa-
j) Deixe-me de tudo o que estiver acontecendo. lavras:
(a par/ao par) a) O significado denotativo.
l) Várias pessoas expuseram opiniões que vieram mi- b) O significado polissêmico.
nhas durante o debate, o que muito me animou. (ao encontro c) O significado conotativo.
de/de encontro a) d) O significado figurado.
m) Muitas pessoas têm opiniões que vêm mi- e) NDA.
nhas, o que não chega a me desanimar. (ao encontro de/de

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Língua Portuguesa
04. Observando as palavras em maiúsculas, assinale o único e) NDA.
item em que não temos um par de termos denotativo/cono-
tativo: 12. Verifique se ocorre em alguns dos itens um antônimo
da palavra em maiúscula na frase ao lado: Era um orador
a) QUEBREI O COPO / O Presidente QUEBROU o protocolo.
LOQUAZ.
b) A CHAVE não abriu a porta / Eis a CHAVE do problema.
a) Mordaz. d) Insano.
c) Os bandeirantes buscaram OURO / Tinha coração de OURO. b) Voraz. e) N.D.A.
d) Os filhos não aceitavam a MADRASTRA / A MADRASTRA c) Calado.
deles é jovem.
e) NDA. 13. ...e cônscio de que a Câmara e o senado... A palavra
cônscio se grafa com SC; a alternativa que tem a palavra
com sua grafia INCORRETA porque não deveria ser grafada
05. Verifique, com ajuda do dicionário, se algum item apre- com essas duas consoantes é:
senta erro de SINONÍMIA na correspondência de significado a) suscinta. d) incandescente.
da palavra em maiúscula. b) piscina. e) florescer.
a) Refutar o argumento: contestar. c) fascismo.
b) Elucidar a dúvida: esclarecer.
14. ...e na forma de currículo interdisciplinar,...; como se
c) Eivar de erros: limpar.
pode ver a palavra interdisciplinar apresenta o grupo con-
d) Efusivos cumprimentos: expansivos.
sonatal SC em sua forma gráfica. O item que apresenta erro
e) NDA. na grafia de uma das palavras exatamente pela presença in-
devida desse mesmo grupo é:
06. Verifique se ocorre algum ERRO na correspondência en- a) piscina - crescimento. d) ascensão - indescente.
tre a frase à direita e seu sinônimo numa única palavra à b) adolescente - descida. e) fluorescente - consciente.
esquerda.
c) suscitar - fascismo.
a) Que não se pode ler: ilegível.
b) Que não tem movimento próprio: inerte. 15. Identifique o segmento com total adequação ortográfica.
c) Que não tem meios de defesa: inerme. a) Opções paliativas têm lançado milhões de nordestinos ao
d) Que não tem sabor: insípido. exôdo, enxotando-os de seus lares e expulsando-os de seu
e) NDA. chão de nascimento.
b) A CODEVAST tem atribuído a interrupção de obras à falta
07. Idem, para: de recursos orçamentários, solicitando em tempo hábil, mas
a) Aquele que deixou uma comunidade: egresso.
não atendidos com imprecindível presteza pelos poderes com-
b) Aquele que pode ser eleito: elegível.
petentes.
c) Aquilo que não provoca efeito: inócuo.
d) Aquilo que não tem cheiro: insosso. c) Os recursos destinados ao Nordeste não podem continuar
e) NDA. minguando, por conta de uma burocrácia inciente, de admi-
nistrações ineptas e de cortes orçamentários indiscriminados.
08. Assinale, se ocorrer, o item em que se errou no sinônimo d) O Nordeste brasileiro, flajelado por secas cíclicas, ostenta
da palavra à direita. hoje um colossal canteiro de obras inacabadas, abandonadas
a) Infenso a bebidas: hostil. ou interrompidas.
b) Morrer de inanição: por falta de alimentos. e) Estima-se que quarenta projetos de irrigação estejam para-
c) Habilidade inata: congênita. lizados ou semiparalizados no sertão nordestino.
d) Trabalho profícuo: proveitoso.
e) NDA. 16. (Administração – BNDES – CESGRANRIO - 2009)
• É melhor começar a exercitar a linguagem, _________ o seu
09. Verifique se houve erro ou não na correspondência entre relacionamento pode acabar mal.
a palavra em maiúscula à esquerda e seu antônimo à direita. • A pesquisa recentemente realizada pela empresa foi
a) Parecer ADVERSO / favorável. _________ do estresse emocional do trabalhador.
b) Palavras VERAZES / falsas. Expliquei-lhe as exigências do atual mercado _________ ele
c) Homem TACITURNO / alegre. se adaptasse melhor.
d) Comportamento EXECRÁVEL / firme. A sequência que completa CORRETAMENTE as frases acima
e) NDA. é:
a) se não – a cerca – a fim de que.
10. Idem, para:
b) se não – acerca – afim de que.
a) INCLUIR uma correção / excluir.
c) se não – acerca – a fim de que.
b) Recursos EXAURÍVEIS / inexauríveis.
d) senão – acerca – a fim de que.
c) Homem PROBO / ímprobo.
e) senão – a cerca – afim de que.
d) Clima TÍPICO / atípico.
e) NDA. GABARITO
11. Na frase EMERGIR das águas, o item que indica o antô- 01. c 02. b 03. a 04. d 05. c 06. e
nimo da frase é:
a) Imergir nas águas. 07. d 08. e 09. d 10. e 11. a 12. c
b) Convergir nas águas.
13. a 14. d 15. a 16. d
c) Insugir-se contra as águas.
d) Divergir das águas.

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Língua Portuguesa

2 MORFOLOGIA
•Semântico - define a classe de palavra de acordo com o que
CYBERCAFÉS GARANTEM PRONTA COMUNICAÇÃO
ela representa. Ex: caracterizar, nomear, numerar, definir.
Conectados à rede mundial de computadores, os cyberca-
fés se espalham velozmente nos cinco continentes. E têm Para caracterizar uma classe, são necessários dois ou mais
critérios para que elas não se confundam. Por exemplo, tan-
se transformado num dos maiores aliados dos viajantes.
to substantivos como adjetivos variam em número, gênero
Aeroportos, hotéis, shoppings e até restaurantes entram na
e grau. Portanto, somente o critério morfológico não seria
onda e passam a reservar espaço para o serviço, que facilita
suficiente para diferenciá-las.
e barateia a vida do turista. Checar e enviar mensagens via
correio eletrônico é prática e sai mais em conta do que as Além do mais, o contexto, muitas vezes, leva uma palavra a
chamadas telefônicas internacionais. assumir uma função morfológica diferente daquela que lhe
O Estado de S. Paulo, 25/11/2003. é inerente. São os casos de derivação imprópria (ver página
11).
Observando as partes que compõem alguns vocábulos, po-
demos entender melhor seu significado e a classe gramatical Para ilustrar melhor o que foi dito até aqui e o que vem em
a que pertencem. Veja o caso do substantivo cybercafés, vo- seguida, o texto abaixo foi selecionado. Dele serão extraídos
cábulo recém-criado (trata-se de um neologismo), compos- excertos para ilustrar todas as classes de palavras. Quando
to de elementos oriundos de diferentes línguas (trata-se de um excerto aparecer, junto à definição de cada classe, volte
um hibridismo): cyber- (do inglês cybernétics, “cibernética”, ao texto completo e observe bem como as palavras são usa-
resultado na forma aportuguesada ciber-) e café (do árabe das no contexto.
qahwa, “vinho”, através do turco gahvé, “café”; a partir do
século XVIII, emprega-se também para denominar o estabe- NOTA: qualquer estudo que envolva a lín-
lecimento que serve a bebida). Assim, desvendando o sentido gua portuguesa deve considerar primordial-
das partes, chegamos ao sentido do todo. Devemos obser- mente o contexto, por isso, mesmo que
var, ainda, uma relação entre os componentes: o elemento uma frase esteja destacada, para analisá-la
é preciso estar atento ao que veio antes e
de composição cyber- está caracterizando o radical café; po-
ao que vem depois dela no texto.
demos concluir, então, que se trata de um estabelecimento
que, além de servir café, oferece a possibilidade de o cliente O HOMEM NU
conectar-se à internet. Fernando Sabino

No substantivo aeroporto, embora se trate de um vocábulo Ao acordar, disse para a mulher:


que já veio formado do francês “aéroport”, encontramos o
elemento de composição aero - do grego aero-, “do ar” e o — Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação
radical porto do latim “portus”. Outro caso de hibridismo, em da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas
que temos um caracterizador aero- e um caracterizado porto. acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade,
estou a nenhum.
Já em velozmente, temos o adjetivo veloz, radical da palavra,
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
que passa a funcionar como advérbio com o acréscimo do
sufixo –mente, formador de advérbios modais. — Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto
de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta:
EMPREGO DAS CLASSES DE quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz
barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa
PALAVRAS ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Elas são agrupadas em dez classes, denominadas classes de Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao ba-
palavras ou classes gramaticais. A seguir, estão listadas as nheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara
classes: lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs
Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Ad- a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar
vérbio, Preposição, Conjunção, Interjeição. o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com
cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a
Para diferenciá-las utilizamos três critérios: dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro
sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não
• Morfológico - diz respeito à forma das palavras (morfo- for-
poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, toca-
ma; logia-estudo) e como elas variam. Ex: menino, menina,
vam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo,
meninos, menininho.
impulsionada pelo vento.
•Sintático - é usado para definir a função que a palavra exerce
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de
na frase; a relação das palavras dentro de uma mesma oração
tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor.
e entre as orações.

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Língua Portuguesa
Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper- — Valha-me Deus! O padeiro está nu!
se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher
pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
nó dos dedos: — Tem um homem pelado aqui na porta!
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa. Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se
passava:
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
— É um tarado!
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador
fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... — Olha, que horror!
Desta vez, era o homem da televisão!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares,
esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para
de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervo- ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se
sas o embrulho de pão: precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos
minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram
— Maria, por favor! Sou eu! na porta.
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na — Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo
escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado abrir.
de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim
despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet Não era: era o cobrador da televisão.
grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproxi-
mavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o ele- SUBSTANTIVO
vador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e Definições:
entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a
subida de mais um lançe de escada. Ele respirou aliviado, •Semântico - é a classe de palavras que dá nome aos seres,
enxugando o suor da testa com o embrulho do pão. lugares, sentimentos, estados, qualidaddes e ações;
•Morfológico - pode variar em gênero, número e grau;
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele
começa a descer. •Sintático - pode ser precedida por um artigo e exerce princi-
palmente as funções sintáticas de sujeito e objeto.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
Excerto:
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador “— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação
e daria com ele ali, em pelo, podia mesmo ser algum da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas
vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, es-
sendo levado cada vez para mais longe de seu aparta- tou a nenhum.”
mento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Ka-
fka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e CLASSIFICAÇÃO DO SUBSTANTIVO
desvairado Regime do Terror! Comum - é aquele que indica um nome comum a todos os
seres da mesma espécie.
— Isso é que não. — repetiu, furioso.
Exemplos: criança, rio, cidade, estado, país.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre Coletivo - Embora no singular, indicam uma multiplicidade de
os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechan- seres da mesma espécie.
do os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonha- Exemplos: boiada (de bois), cardume (de peixes), semana (os
va. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. sete dias).
Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de
mais nada: “Emergência: parar”. Muito bem. E agora? Próprio - é aquele que particulariza um ser dentro de espécie.
Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de Exemplos: João, Tietê, Ceará, Caio, Brasil. Possuem nomes
emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o próprios principalmente:
elevador subir. O elevador subiu. - pessoas - estados - rios
- cidades - países - animais domésticos
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmur-
rando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra
Concreto - é aquele que indica seres reais ou imaginários, de
porta se abria atrás de si.
existência independente de outros seres.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e ten- Exemplos:
tando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a - casa (ser real)
velha do apartamento vizinho: - bruxa (ser imaginário)
- Uruguai (ser real)
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Ima- - saci (ser imaginário)
gine que eu...
Abstrato - é aquele que indica seres dependentes de outros
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou seres.
um grito: Exemplos: ódio, trabalho, solidão, beleza.

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Língua Portuguesa
Portanto, os substantivos que indicam sentimentos, ações, - onça macho, onça fêmea.
estados e qualidades são abstratos. - mosca macho, mosca fêmea.
FORMAÇÃO DO SUBSTANTIVO - cobra macho, cobra fêmea.
- borboleta macho, borboleta fêmea.
Primitivo - é aquele que dá origem a outras palavras.
Exemplos: ferro, pedra, terra, etc.. Sobrecomuns – são substantivos de um só gênero que in-
dicam tanto seres do sexo masculino como do sexo femini-
Derivado - é aquele que se origina, que se forma de outra
palavra. no: a criança, o indivíduo, a criatura, a vítima, a testemunha,
Exemplos: o cônjuge. A identificação do sexo é feita pelo contexto.
-pedreira, pedrada, pedregulho (derivado de pedra). Comum de dois gêneros – são substantivos que possuem
-terreno, terreiro, terráqueo (derivado de terra). uma só forma para o masculino e o feminino, mas permitem
Simples - é aquele formado de apenas um radical. a variação do gênero por meio de palavras modificadoras
Exemplo: flor, maçã, couve, banana. (artigos, adjetivos, pronomes): champanhe, personagem,
avestruz, diabetes, laringe, usucapião, agravante.
Composto - é aquele formado com mais de um radical.
- o colega, a colega.
Exemplo: banana-maçã, couve-flor, girassol, planalto.
- um estudante, uma estudante.
FLEXÃO DO SUBSTANTIVO - meu fã, minha fã.
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável - o pianista, a pianista.
quando sofre flexão(variação). A palavra garoto, por exemplo, - um cliente, uma cliente.
pode sofrer variações para indicar: - meu artista, minha artista.
- plural – garotos.
- aumentativo – garotão. Gênero e mudança de significado
- feminino – garota. Certos substantivos apresentam um significado quando no
- diminutivo – garotinho. gênero masculino e outro quando no feminino.

GÊNERO DO SUBSTANTIVO o cabeça (líder, chefe) a cabeça (parte do corpo)

Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e feminino. o caixa (funcionário) a caixa (objeto)
• É masculino o substantivo que admite o artigo “o”. Ex.: o
aluno. o capital (dinheiro) a capital (cidade)
• É feminino o substantivo que admite o artigo “a”. Ex.: a
o cisma (separação, dissi- a cisma (ideia fixa,
aluna.
dência) preocupação,suspeita)
SUBSTANTIVO BIFORME - quando o substantivo indica
nomes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está o grama (unidade de massa) a grama (relva)
relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas,
uma para o masculino e outra para o feminino: o guia (pessoa que orienta) a guia (documento)
- menino (masculino), menina (feminino).
- oficial, oficiala. a moral (conjunto de valores
o moral (ânimo, brio)
- gato, gata. e regras de comportamento)
- parente, parenta. o nascente (lugar onde o sol
- peru, perua. a nascente (fonte)
nasce)
- ateu, ateia.
- barão, baronesa. o rádio (aparelho, osso,
a rádio (emissora)
- anão, anã. elemento químico)
- cidadão, cidadã.
- poeta, poetisa. o violeta (cor) a violeta (flor)
- homem, mulher.
o lente (professor) a lente (instrumento óptico)
- ator, atriz.
- cavalheiro, dama. a cura (ato ou efeito de
- folião, foliona. o cura (sacerdote)
curar)

SUBSTANTIVOS UNIFORMES – há nomes de seres vivos


que possuem uma só forma para indicar o sexo masculino e Substantivo de gênero dúvidoso
o sexo feminino. Classificam-se em:
Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas costu-
Epicenos – são substantivos de um só gênero que indicam mam trocar.
nome de certos animais. Para especificar o sexo, são utiliza-
• Gênero masculino:
das as palavras macho ou fêmea: o aneurisma – o champanha – o clã – o dó - o apêndice – o
Exemplos: matiz – o guaraná – o eclipse - o eczema – o formicida – o
- crocodilo macho, crocodilo fêmea. plasma - o pernoite – o herpes.

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Língua Portuguesa
• Gênero feminino: pé de moleque = pés de moleque (Subst.+ preposição +
a alface – a cal – a couve-flor – a aguardente - a derme – a Subst.)
dinamite – a bacanal - a comichão – a ênfase – a agravante Nos casos apresentados acima, o fato de os substantivos re-
- a cólera. ceberem uma preposição (de) como elo de ligação entre si,
permite que apenas o primeiro termo vá para o plural.
NÚMERO DO SUBSTANTIVO
3-TERCEIRO CASO – Substantivo + Adjetivo ou Adjetivo +
O substantivo pode estar no singular ou no plural. Substantivo: os dois elementos vão para o plural.
Formação do plural cartão-postal = cartões-postais (Subst. + Adjetivo)
má-língua = más-línguas (Adjetivo + Subst.)
• Regra geral: acrescenta-se o s. Ex.: sofá – sofás; herói –
No primeiro exemplo, temos o substantivo CARTÃO + o Ad-
heróis. jetivo POSTAL e, no segundo, temos o Adjetivo MÁ + o subs-
• Substantivos terminados em r, z: acrescenta-se es. Ex.: tantivo LÍNGUA. Todos vão para o plural.
mar – mares; cruz – cruzes.
4- QUARTO CASO – Verbo + Substantivo: somente o segundo
• Substantivos terminados em al, el, ol, ul: troca-se o l por elemento irá para o plural.
is. Ex.: álcool – álcoois; canal – canais; papel – papéis. vira-lata = vira-latas (Verbo + Substantivo)
beija-flor = beija-flores (Verbo + Substantivo)
• Substantivos terminados em il: os oxítonos: troca-se o il Sempre que o primeiro termo for um verbo, somente o segun-
por is; paroxítonos: troca-se il por eis. Ex.: barril – barris; do passará para o plural.
réptil – répteis.
5- QUINTO CASO – Palavra invariável + Palavra variável (Veja
Classes de palavras): só a variável vai para o plural.
• Substantivos terminados em m: troca-se o m por ns. Ex.:
vintém - vinténs; armazém – armazéns. Veja este exemplo:
sempre-viva = sempre-vivas (Invariável + Variável)
Nesse caso o substantivo composto é formado pelo Advérbio,
• Substantivos terminados em s: monossílabos e oxítonos:
(palavra invariável) SEMPRE + o Adjetivo (e, portanto, variá-
acrescenta-se es. Ex.: gás – gases; um lápis – dois lápis; vel), VIVA. Lembre-se, as palavras invariáveis não flexionam.
ananás - ananases.
6- SEXTO CASO – Palavras repetidas: apenas o segundo ter-
• Substantivos terminados em x: ficam invariáveis. Ex.: o tó- mo vai para o plural.
rax – os tórax; um clímax – alguns clímax.
Veja o exemplo:
• Substantivos terminados em ão. Há três formas de plural: o pula-pula = os pula-pulas
ãos, ães, ões. A tendência da Língua Portuguesa Brasileira o tico-tico = os tico-ticos
Nas palavras formadas por termos repetidos só o segundo
é utilizar-se a forma de plural em – ões. Ex.: ancião – anci-
passa para o plural.
ões – anciães – anciãos; anão – anões – anãos; verão – ve-
rões- verãos; cristão – cristãos; cidadão – cidadãos; guardião 7- SÉTIMO CASO – Substantivos compostos formados com o
– guardiões – guardiães. uso da palavra GUARDA: quando a palavra GUARDA for usa-
da no sentido verbal, utilizamos a regra descrita no QUARTO
Plural dos substantivos compostos CASO desta página. Veja:
guarda-roupa = guarda-roupas (verbo+substantivo)
1-PRIMEIRO CASO – Substantivo + Substantivo: os dois ele- guarda-pó = guarda-pós (verbo+substantivo)
mentos vão para o plural. guarda-chuva = guarda-chuvas (verbo+substantivo)
Veja exemplos: Nesses casos a palavra (guarda) está sendo utilizada como ver-
couve-flor = couves-flores (Substantivo + Substantivo) bo, no sentido de guardar algo. Aplicando a regra do quarto
homem-rã = homens-rãs (Substantivo + Substantivo) caso, temos que, somente o Substantivo passa para o plural.
No caso acima, todos os termos são substantivos, portanto,
todos vão para o plural. Nos casos em que a palavra GUARDA é usada no sentido de
Substantivo aplicamos a regra do TERCEIRO CASO descrito
ATENÇÃO: nos casos em que o segundo acima, pois, o segundo termo vira adjetivo do primeiro. Veja:
substantivo indica característica do primei- guarda-noturno = guardas-noturnos (Substantivo + Adjetivo)
ro, não é obrigatório passar o segundo ter- guarda-florestal = guardas-florestais (Substantivo + Adjetivo)
mo para o plural.
Veja: DICA LEGAL
Comi uma banana-maçã. GUARDA é substantivo quando se refere a
Comi duas bananas-maçã. (é correto pluralizar só o primeiro pessoas e profissões.
termo) GUARDA é adjetivo quando se refere a mó-
Comi duas bananas-maçãs. (também é correto pluralizar os veis ou objetos.
dois termos)
GRAU DOS SUBSTANTIVOS
As duas formas do plural estão corretas.
Os graus aumentativo e diminutivo dos substantivos podem
2-SEGUNDO CASO – Dois substantivos ligados por preposi-
ser formados por dois processos: sintético e analítico.
ção: somente o primeiro termo irá para o plural. • aumentativo sintético: rato – ratão;
Veja os exemplos abaixo: • aumentativo analítico: rato grande;
estrada de ferro = estradas de ferro (Subst.+ preposição + • diminutivo sintético: rato – ratinho;
Subst.) • diminutivo analítico: rato pequeno.

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Língua Portuguesa

EXERCÍCIOS •Morfológico - varia em gênero, número e grau;


•Sintático - pode exercer as funções de adjunto e predicativo.
01. A classe gramatical do vocábulo em caixa-alta está COR-
RETAMENTE indicada em: Excerto:
a) “... a montar uma BARRAQUINHA...” - adjetivo. “Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez
b) “... explica QUE a maioria dos ambulantes...” - pronome re- para mais longe de seu apartamento, começava a viver um
lativo. verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momen-
c) “... VENDA ambulante não é trabalho.” - substantivo. to o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!”
d) “... pagam A comerciantes...” - artigo.
e) “... OU sequer convidados...” - preposição. FORMAÇÃO DO ADJETIVO

02. (Administração – BNDES – CESGRANRIO - 2009) Qual Como o substantivo, o adjetivo pode ser:
vocábulo se flexiona em número pela mesma justificativa que
“salva-vidas”? Primitivo - é aquele que não deriva de outra palavra. Ex.:
a) Guarda-municipal. pequeno, doce.
b) Beija-flor.
c) Salário-mínimo. Derivado - é aquele que deriva de outra palavra (geralmente
d) Segunda-feira. de substantivos ou verbos). Ex.: preguiçosa (substantivo pre-
guiça), amargurado (verbo amargurar).
e) Navio-escola.

03. O item que faz o plural como cidadão é: Simples - é aquele formado de apenas um radical. Ex.: escu-
ro, brasileiro.
a) charlatão, pão, balão, botão, coração.
b) anão, ancião, cristão, corrimão, refrão. Composto - é aquele formado com mais de um radical: cas-
c) cirurgião, razão, cão, escrivão, capitão. tanho-claro, luso-brasileiro.
d) faisão, porão, alemão, capelão, grão.
GÊNERO DO ADJETIVO
04. O plural dos substantivos compostos está INCORRETO em:
a) malmequeres / girassóis. Quanto ao gênero, os adjetivos podem ser:
b) primeiras-damas / couves-flores.
c) mula-sem-cabeças / vices-diretores. Uniformes - possuem apenas uma forma, que se aplica tanto
a substantivos masculinos como a substantivos femininos: o
d) pés-de-moleque / cafés-com-leite.
moço feliz, a moça feliz; o interesse comum, a causa comum.
São uniformes os adjetivos compostos em que o segundo ele-
05. Assinale a alternativa em que está INCORRETA a forma
mento é um substantivo. Ex.: casaco amarelo-limão; camisa
plural:
amarelo-limão; carro verde-garrafa; bicicleta verde-garrafa;
a) jovens, varais, azuis, barris, fuzis.
papel verde-mar; tinta verde-mar. Também são uniformes:
b) répteis, meses, pomares, anéis. azul-marinho e azul-celeste.
c) anzóis, funis, projéteis, rapazes.
d) açúcars, papels, júniors, fuzíveis. Biformes - possuem duas formas: uma para o masculino e
outra para o feminino.
06. Assinale a alternativa em que todas as palavras têm seu Ex.: o menino brincalhão, a menina brincalhona.
plural com metafonia (passagem de ô a ó) como em fogo-fogos: O gênero da maioria dos adjetivos biformes é formado pelas
a) corpos, esforços, portos. mesmas regras de flexão do substantivo. Há, porém, alguns
b) caroços, bolos, trocos. que não seguem essas regras:
c) fogos, portos, bolsos. Ex.: ateu, ateia; plebeu, plebeia; judeu, judia; mau, má.
d) cachorros, estojos, globos.
FORMAÇÃO DO FEMININO DOS ADJETIVOS
07. A formação do feminino só está ERRADA em:
a) cavaleiro – amazona. c) ateu – ateia. • Adjetivos simples
b) diácono – diaconisa. d) cavalheiro – cavalheira - Quando terminados em –o, trocam o –o por –a: ativo – ativa.
- Quando terminados em –ês, -or e –u, recebem -a: Burguês –
GABARITO burguesa / encantador – encantadora / cru – crua.
Exceções: anterior, inferior, superior, interior, melhor, pior, inco-
lor, multicolor, hindu, cortês, descortês e pedrês (invariáveis).
01. c 02. b 03. b 04. c
- Quando terminados em –ão, trocam o –ão por -ã: cristão –
cristã / temporão – temporã / são - sã.
05. d 06. a 07. d - Quando terminados em –ão, trocam o –ão por –ona: chorão
– chorona / brigão – brigona / brincalhão – brincalhona.
ADJETIVO - Quando terminados em –eu, trocam o –eu por –eia: ateu –
ateia / europeu – europeia / plebeu – plebeia.
Definições:
Exceção: judeu – judia / sandeu – sandia.
•Semântico - caracteriza o substantivo, podendo indicar: QUA-
LIDADE (delicado, estúpido), ESTADO (confuso, calmo), LU- • Adjetivos Compostos
GAR DE ORIGEM (brasileiro, carioca), MODO DE SER (pessoa Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento sofre
simples); flexão:

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Língua Portuguesa
cidadão luso–brasileiro / cidadã luso–brasileira; Alguns comparativos e superlativos apresentam formas es-
casaco verde-escuro / saia verde-escura; peciais:
consultório médico-dentário / clínica médico-dentária. bom – melhor – ótimo; mau – pior – péssimo; grande – maior
– máximo; pequeno – menor – mínimo; alto – superior – su-
NÚMERO DO ADJETIVO premo; baixo – inferior – ínfimo.
O adjetivo simples varia em número para concordar com o OBSERVAÇÃO: As formas analíticas cor-
substantivo a que se refere. Em geral, os adjetivos fazem o respondentes (mais bom, mais mau,mais
plural seguindo as mesmas regras dos substantivos. grande,mais pequeno) só devem ser usa-
das quando se comparam duas característi-
Plural dos adjetivos compostos cas do mesmo ser:
Ele é mais bom (do) que inteligente. / Todo corrupto é mais
No adjetivo composto, só o último elemento vai para o plural: mau (do) que esperto.
cantor norte-americano / cantores norte-americanos Meu salário é mais pequeno (do) que justo. / Este país é mais
grande (do) que equilibrado.
Alguns adjetivos compostos não seguem essa regra.
a- São invariáveis azul-marinho e azul-celeste: LOCUÇÃO ADJETIVA
sapato azul-marinho / sapatos azul-marinho
camisa azul-celeste / camisas azul-celeste
É a expressão formada de preposição + substantivo (ou
b- São invariáveis os adjetivos compostos referentes a cores,
advérbio), com valor de adjetivo. Há muitos adjetivos que
quando o segundo elemento da composição for um substan-
mantêm certa correspondência de significado com locuções
tivo:
tecido verde-abacate / tecidos verde-abacate adjetivas, e vice-versa. É o caso de paterno - de pai e bucal -
c- Para formar o plural de sudo-mudo flexiona-se os dois ele- da boca. Porém, contrato leonino é uma expressão usada na
mentos: linguagem jurídica: é muito pouco provável que os advogados
menino sudo-mudo / meninos surdos-mudos passem a dizer contrato de leão.

GRAU DO ADJETIVO Excerto:


“Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar
O adjetivo pode apresentar-se em dois graus: comparativo e o pão.”
superlativo. “Com cautela desligou a parada de emergência(...)”

Grau Comparativo Ex.: de abdômen (abdominal); de fígado (hepático); de filho


(filial); de aluno (discente); de professor (docente); de abelha
Igualdade - tão + adjetivo + quanto (como). Ex.: Ele é tão (apícola); de cidade (citadino ou urbano); de estômago (es-
bom quanto a irmã. tomacal ou gástrico); de estrela (estrelar); de leite (lácteo ou
láctico); de mestre (magistral).
Superioridade - mais + adjetivo + que (do que). Ex.: Ele é
mais inteligente que a irmã.
Adjetivos Pátrios
Inferioridade - menos + adjetivo +que (do que). Ex.: Ele é
menos inteligente que a irmã. São denominados pátrios os adjetivos que indicam o lugar de
• bom= melhor (superioridade), pior (inferioridade). origem, referindo-se a continentes, países, estados, cidades,
• grande = maior (superioridade). etc.. Ex.: Acre – acreano; Costa Rica – costarriquenho; João
• menor = comparativo de superioridade, pois equivale a mais Pessoa - pessoense; Belo Horizonte – belo-horizontino; Áus-
pequeno. tria - austríaco; Amapá - amapense; Belém (palestina) -be-
lemita; Belém (Pará) - belenense; Boa Vista - boa-vistense;
Grau Superlativo Buenos Aires - portenho; Cabo Frio - cabo-friense; Campi-
nas - campineiro ou campinense; Cuiabá - cuiabano; Espí-
Ele pode ser:
rito Santo - espírito-santense ou capixaba; Estados Unidos
Relativo - quando a qualidade de um ser é intensificada em - estadunidense, norte-americano ou ianque; Rio de Janeiro
relação a um conjunto de seres. Ex.: Ele é o mais inteligente (cidade) - carioca; Rio de Janeiro (estado) - fluminense; São
da classe. Paulo (cidade) - paulistano; São Paulo (estado) - paulista;
Absoluto - quando a qualidade de um ser é intensificada sem Salvador - salvadorense ou soteropolitano; Três Corações -
relação com outros seres. Apresenta-se em duas formas: tricordiano,etc.

OBSERVAÇÃO: • Alguns adjetivos pátrios, na for-


• analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras
ma composta, apresentam reduzido o primeiro ele-
que dão ideia de intensidade (muito, extremamente). Ex.: Ele
mento. Ex.:Tratado ítalo-americano, cultura luso-
é muito inteligente.
portuguesa, guerra greco-romana.
• sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo • Algumas formas reduzidas de adjetivos pátrios: África - afro;
de sufixos (-íssimo, -rimo, -imo). Ex.: Ele é inteligentíssimo Alemanha - germano ou teuto; Espanha - hispano; França -
– agradabilíssimo – amicíssimo – celebérrimo – eficacíssimo – franco; Índia - indo; Inglaterra anglo; Japão – nipo; América
feíssimo – fidelíssimo – fríssimo – amabilíssimo – audacíssimo – Américo, etc..
– boníssimo – capacíssimo – cheíssimo – comuníssimo.

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EXERCÍCIOS Excertos:
“Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro,
01. A frase que contém um adjetivo é:
a) Todos querem a paz para o mundo. não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém.”
b) Gostaria de que ele votasse. “(...)estava sendo levado cada vez para mais longe de seu
c) Ela veio à festa. apartamento,(...)”
d) Ele usa uma camisa desbotada.
ESTRUTURAS DAS FORMAS VERBAIS
02. Vários homens, assustados e trêmulos, invadiram,
naquela noite fria, a fazenda abandonada. Qual o número
de substantivo e adjetivos do periodo? 1 – Radical – é o morfema que concentra a significação
a) 3 substantivos, 2 adjetivos. básica do verbo: opin-ar/aprend-er/nutr-ir.
b) 2 substantivos, 4 adjetivos. • Podem se antepor prefixos: des-nutr-ir; re-aprend-er.
c) 4 substantivos, 4 adjetivos.
2 – Vogal Temática – é o fonema que permite a ligação
d) 3 substantivos, 4 adjetivos. entre o radical e as desinências. Há três vogais temáticas:
a) -a-, que caracteriza os verbos da primeira conjugação:
03. Marque a opção em que as palavras assinaladas são cant-a-r, am-a-r, chor-a-r;
adjetivos: b) -e- ,que caracteriza os verbos da segunda conjugação:
a) “... a humanidade vem passando por transformações.” • O verbo pôr e seus derivados (compor, depor, repor, etc.)
b) “ O homem comum pode criar outras condições de vida.” pertencem a essa conjugação, porque sua forma primitiva
c) “ Infelizmente não podemos mais parar o mundo.” era poer.
d) “ As rápidas transformações serão mais asfixiantes.” c) -i-, que caracteriza os verbos da terceira conjugação:
part-i-r, fug-i-r;
04. O item em que locução adjetiva NÃO correspondente ao • O conjunto formado pelo radical seguido da vogal temática
adjetivo dado é: recebe o nome de tema.
a) cefálico: de cabeça.
3 – Desinências – são morfemas que se acrescentam ao
b) sacarino: de açúcar.
tema para indicar as flexões do verbo; há desinências núme-
c) capilar: de cabra.
ro-pessoais e desinências modo-temporais: cantá-sse-mos.
d) encefálico: de cérebro.
Cantá - : tema (radical+vogal temática);
05. Marque a alternativa em que o adjetivo pátrio NÃO cor- -sse - : desinência modo-temporal (indica o modo – subjun-
responde ao substantivo: tivo – e o tempo – pretérito-imperfeito);
a) acreano: Acre. c) vitoriense: Vitória. -mos : desinência número – pessoal (indica a primeira pes-
b) tricordiano: Três Corações. d) goiano: Goiânia. soa do plural).
• Chamam-se formas rizotônicas quando apresentam o
06. Assinale a alternativa ERRADA quanto ao superlativo acento tônico no radical do verbo: canto , venda , parta.
erudito: • Chamam-se formas arrizotônicas quando apresentam o
a) amigo: amiguíssimo; doce: docíssimo. acento tônico fora do radical: cant-ava, vend – ia, part- imos.
b) fácil: facílimo; feio: feiíssimo.
FLEXÕES VERBAIS
c) ágil: agilíssimo; agradável: agradabilíssimo.
d) cruel: crudelíssimo; comum: comuníssimo. 1) Número e pessoa – o verbo admite dois números: singular
e plural; e admite três pessoas: primeira; segunda e terceira.
GABARITO Ex.: Eu opino (1ª pessoa do singular) – Nós opinamos (1ª pes-
01.d 02.d 03.d 04.c 05.d 06.a soa do plural). – pessoa que fala
Tu opinas (2ª pessoa do singular) – Vós opinais (2ª pessoa
do plural). – pessoa com quem se fala
Ele opina (3ª pessoa do singular) – Eles opinam (3ª pessoa
VERBO do plural). – pessoa de quem se fala

Definições: 2) Tempo e modo – no momento em que se fala ou escreve,


o processo verbal pode estar ocorrendo, pode já ter ocorrido
•Morfológico - varia em número, pessoa, aspecto, modo, ou pode ainda não ter ocorrido. Essas três possibilidades
tempo e voz. são expressas pelos tempos verbais: o presente, o pretérito
(imperfeito, perfeito e mais-que-perfeito) e o futuro (do pre-
•Semântico - pode indicar entre outros processos: ação (pu- sente ou do pretérito).
lar, correr, rir); estado ou mudança de estado (ser, ficar); fe- Se se considera o que é falado ou escrito uma certeza, utili-
nômeno natural (chover, anoitecer, relampejar); ocorrência zam-se as formas do modo indicativo. As formas do modo
(acontecer; suceder); desejo (querer; aspirar). subjuntivo indicam que o conteúdo é tomado como incer-
to, duvidoso, hipotético. Além disso, o verbo pode exprimir
•Sintático - é o núcleo do predicado verbal ou a ligação entre um desejo, uma ordem, um apelo: nesse caso, utilizam-se
o sujeito e seu predicativo, no caso de predicado nominal. as formas do modo imperativo. O esquema a seguir apre-
Concorda em número e pessoa com o sujeito. senta os modos e os tempos simples.

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Língua Portuguesa
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Opinar Regular Irregular Abundante Detectivo


INDICATIVO
Presente Pretérito Futuro do Futuro do Pretérito perfeito Pretérito-mais-
imperfeito presente pretérito que-perfeito
opino opinava opinarei opinaria opinei opinara
opinas opinavas opinarás opinarias opinaste opinaras
opina opinava opinára opinaria opinou opinara
opinamos opinávamos opinaremos opinariamos opinamos opináremos
opinais opináveis opinareis opinarieis opinastes opináreis
opinam opinavam opinarão
opinariam opinaram opinaram
SUBJUNTIVO FORMAS NOMINAIS
IMPERATIVO
Pretérito AFIRMATIVO Infinitivo
Presente Futuro Gerúndio
Imperfeito Flexionado

opine opinasse opinar - opinar


opinando
opines opinasses opinares opina opinares
opine opinasse opinar opine opinar
opinemos opinássemos opinarmos opinemos opinarmos Particípio
opineis opinásseis opinardes opinai opinardes
opinem opinassem opinarem opinem opinarem opinado

FORMAÇÃO DOS TEMPOS SIMPLES to do subjuntivo e futuro do subjuntivo. Para obter o tema
do pretérito perfeito, basta retirar a desinência –ste da for-
Tempos derivados do presente do indicativo ma correspondente à segunda pessoa do singular (vie-ste);
a) presente do subjuntivo – forma-se a partir do radical a seguir, concentram-se a esse tema as desinências caracte-
do presente do indicativo. Esse radical é obtido pela elimina- rísticas de cada um dos três tempos derivados:
ção da desinência –o da primeira pessoa do singular:
a) pretérito mais-que-perfeito do indicativo: -ra, -ras,
cant-o | conheç-o | venh-o. -ra, -ramos, -reis, -ram. Exemplos: viera/viéramos.
A esse radical, acresentam-se as desinências –e, -es, -e, b) pretérito imperfeito do subjuntivo: -sse, -sses, -sse,
-emos, -eis, -em para os verbos da primeira conjugação; e -ssemos, -sseis, -ssem. Exemplos: viesse/viéssemos.
-a, -as, -a, -amos, -ais, -am para verbos da segunda e ter-
c) futuro do subjuntivo: -r, -res, -r, -rmos, -rdes, -rem.
ceira conjugações. Exemplos: vier/viermos.
b) imperativo afirmativo – a segunda pessoa do singular Tempos e formas nominais derivados do
e a segunda pessoa do plural são retiradas diretamente do inifinitivo impessoal
presente do indicativo, suprimindo-se o –s final: tu conheces
– conhece (tu) / vós conheceis – conhecei (vós). As demais O infinitivo impessoal dá origem aos seguintes tempos e for-
pessoas são idênticas às pessoas correspondentes do pre- mas nominais:
sente do subjuntivo. Lembre-se de que não se conjuga a
primeira pessoa do singular no modo imperativo. a) pretérito imperfeito do indicativo: forma-se pelo acrés-
cimo das terminações –ava,-avas,-ava,-ávamos,-áveis,-avam
c) imperativo negativo – todas as pessoas são idênticas (para os verbos de primeira conjugação) ou –ia,-ias,-ia,-íamos,-
às pessoas correspondentes do presente do subjuntivo: íeis,-iam (para os verbos de segunda e terceira conjugações)
Esquema de formação dos tempos derivados do presente do ao radical do infinitivo impessoal (opt-ar) – optava/optávamos.
indicativo (exemplo: verbo optar).
b) futuro do presente do indicativo: forma-se pelo acrésci-
presente do Imperativo imperativo presente do
mo das desinências –rei,-rás,-rá,-remos,-reis,-rão ao tema do
indicativo afirmativo negativo subjuntivo infinitivo impessoal: optarei/optaremos.
opt -o opt-e
c) futuro do pretérito do indicativo: forma-se pelo acrés-
optas [-s] não optes opt-es
cimo das desinências –ria,-rias,-ria,-ríamos,-rieis,-riam ao
opta não opte opt-e tema do infinitivo impessoal: optaria, optaríamos.
optamos optemos não optemos opt-emos
d) infinitivo pessoal: acrescentam-se as desinências –
optais [-s] optai não opteis opt-eis es(para a segunda pessoa do singular) e –mos, -des, -em
optam optem não optem opt-em (para as três pessoas do plural) ao infinitivo. Ex: optar (eu),
optares (tu), optar (você), optarmos (nós), optardes (vós),
Tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo optarem (vocês).

e) particípio: acresenta-se a desinência –ado (para verbos da


Esse tempo fornece o tema para a formação de três tempos: primeira conjugação) ou –ido (para verbos da segunda e terceira
pretérito mais-que-perfeito do indicativo, pretérito imperfei- conjugações)ao radical do inifinitivo. Ex.:optado, sofrido.

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Língua Portuguesa
f) gerúndio: acrescenta-se a desinência –ndo ao tema do in- EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS
finitivo impessoal. Ex.: optando,sofrendo, rindo.
Emprego das formas verbais do modo indicativo:
TEMPOS COMPOSTOS 1) Presente – pode exprimir:
Há verbos que participam da conjugação de outros, formando
os chamados tempos compostos e as locuções verbais. Esses a) um fato que ocorre no momento em que se fala:
verbos são chamados auxiliares; os quatro mais usados nessa Elas praticam exercícios físicos na escola.
função são: ser, estar, ter e haver. b) uma ação habitual:
Faço exercícios físicos todos os dias.
Modo Indicativo
c) uma verdade universal:
presente
pretérito perfeito pretérito
pretérito imperfeito
mais-que-perfeito O homem é um animal racional.
tenho/hei tinha/havia
2) Pretérito imperfeito – pode assinalar:
tens/hás tinhas/havias
tem/há
opinado
tinha/havia
opinado
a) um fato passado contínuo, permanente, habitual, de pro-
aprendido aprendido
temos/havemos nutrido nutrido
cesso não concluído: Nós namorávamos todos os dias.
tínhamos/havíamos
tendes/haveis tínheis/havíeis
b) um fato presente em relação a outro fato passado, indican-
têm/hão tinham/haviam
do simultaneidade: Ela saía quando eles apareceram.
3) Pretérito perfeito – refere-se a um fato já ocorrido, con-
cluído: Estudei o dia inteiro.
Modo Subjuntivo
Modo Subjuntivo
4) Pretérito mais-que-perfeito – indica um processo que
ocorreu antes de outro do passado: Ela enviou a carta que
Presente
pretérito perfeito sua mãe pedira.

tenha/haja 5) Futuro do presente – aponta um fato futuro em relação


ao momento em que se fala: Almoçarei mais tarde.
tenhas/hajas • Na expressão de condições, o futuro do presente se rela-
opinado ciona com o futuro do subjuntivo para indicar processos cuja
tenha/haja realização acreditamos possível: Se pressionarmos, as refor-
aprendido
mas sairão.
tenhamos/hajamos nutrido
6) Futuro do pretérito – mostra um fato futuro em relação
tenhais/hajais a outro fato passado: Faria tudo diferente se pudesse.

tenham/hajam Emprego das formas verbais do modo subjuntivo:


1) Presente – pode indicar um fato presente, mas duvidoso
ou um desejo, uma vontade: É possível que eles tragam o
Pretérito imperfeito
pretérito mais-que-perfeito futuro material/ Que vocês sejam felizes!
tivesse/houvesse tiver/houver
2) Pretérito imperfeito – indica uma hipótese, uma condi-
tivesses/houvesses tiveres/houveres ção, em relação a um momento passado: Se eu viajasse, teria
opinado opinado conhecido outras culturas.
tivesse/houvesse tiver/houver
aprendido aprendido
tivéssemos/houvéssemos nutrido
Emprego das formas nominais:
tivermos/houvermos nutrido
Três são as formas nominais: infinitivo, gerúndio e particípio:
tivésseis/houvésseis tiverdes/houverdes
É proibido fumar.
tivessem/houvessem tiverem/houverem Ter ficado até o fim da festa não foi bom.
Calado num canto, ele nos observava.
Formas Nominais
Estamos lutando para mudar esta situação.

Infinitivo impessoal (pretérito) CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS

ter/haver opinado,aprendido,nutrido 1) Regulares – são verbos que seguem os paradigmas das


conjugações, isto é, não apresentando variações de forma
nos radicais ou nas desinências, como: pular, vender e partir.
Infinitivo pessoal(pretérito)
2) Irregulares – são verbos que não seguem os paradig-
ter/haver mas das conjugações, apresentando variações de forma nos
radicais ou nas desinências, como: medir, fazer, crer, dar,
teres/haveres
valer, requerer, passear, etc.
opinado
ter/haver
aprendido 3) Anômalos – são verbos que, durante a conjugação,
termos/havermos nutrido apresentam profundas alterações no radical. São apenas
dois: ir e ser. Observe: ir (vou, fui, ia, fora, irei, fosse, etc.);
terdes/haverdes ser (sou, fui, era, fora, serei, fosse, etc.)
terem/haverem 4) Defectivos – São considerados defectivos os verbos que

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Língua Portuguesa
não possuem conjugação completa. É comum dividir os ver- Os estudantes amanheciam para uma nova época.
bos defectivos em impessoais, unipessoais e pessoais. Choveram protestos sobre o orador.
Aconteci naquela festa.
Os impessoais e os unipessoais são verbos que só se conju-
gam em algumas formas por motivos de significado. Os defectivos pessoais não apresentam algumas flexões
por motivos morfológicos ou eufônicos. O verbo falir, por
São impessoais os verbos que não têm sujeito, como os
que indicam fenômenos naturais: alvorecer, amanhecer, exemplo, teria como formas do presente do indicativo falo,
anoitecer, chover, chuviscar, estiar, gear, orvalhar, relampe- fales, fale, idênticas às do verbo falar – o que implicaria
jar, trovejar, ventar. Esses verbos são usados normalmente um problema morfológico. O verbo computar teria como
na terceira pessoa do singular: formas do presente do indicativo computo, computas, com-
Anoiteceu calmamente sobre o vale. puta – formas de sonoridade considerada “suspeita”. Essas
Chovia muito. razões muitas vezes não conseguem impedir o uso efetivo
de formas verbais consideradas “erradas”: exemplo disso é
Os verbos unipessoais exprimem vozes de animais e são o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a
normalmente conjugados na terceira pessoa do singular e na popularização da informática, tem sido conjugado em todos
terceira pessoa do plural: os tempos, modos e pessoas.
O cão latiu a noite inteira.
5) Abundantes – são aqueles que apresentam mais de uma
As onças rosnam ao redor da cabana.
forma para determinada flexão. Esse fenômeno costuma ocor-
Outros verbos unipessoais exprimem acontecimento, neces-
rer no particípio, em que, além das formas regulares termi-
sidade: acontecer, convir, ocorrer, suceder.
nadas em -ado ou –ido, sugerem as chamadas formas curtas.
Você pode empregar os verbos impessoais e unipessoais em
Com ter e haver, deve-se usar a forma regular.
outras formas: basta tomá-los em sentido figurado. É o que
Com ser e estar, deve-se usar a forma irregular.
ocorre, por exemplo, em frases como:
Entardeci indiferentemente. Observe a relação a seguir:

INFINITIVO IMPESSOAL PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


aceitar aceitado aceito
entregar entregado entregue
enxugar enxugado enxuto
expressar expressado expresso
expulsar expulsado expulso
findar findado findo
isentar isentado isento
limpar limpado limpo
matar matado morto
salvar salvado salvo
segurar segurado seguro
soltar soltado solto
acender acendido aceso
benzer benzido bento
eleger elegido eleito
morrer morrido morto
prender prendido preso
suspender suspendido suspenso
expelir expelido expulso
extinguir extinguido extinto
imergir imergido imerso
imprimir imprimido impresso
inserir inserido inserto
omitir omitido omisso
submergir submergido submerso
exprimir exprimido expresso

19
Língua Portuguesa
o particípio do verbo principal – como em “o ministro foi afas-
NOTAS:
tado do cargo”. É a voz passiva sintética em que se utiliza
1 - Os particípios regulares são empregados normalmente
o pronome se (nesse caso chamado pronome apassivador) ao
com os auxiliares ter e haver; os particípios irregulares são
normalmente empregados com os auxiliares ser, estar: lado do verbo em terceira pessoa – como em “Procuram-se
ter/haver elegido; soluções para a crise.”
ter/haver exprimido; • Voz Reflexiva – o ser a que o verbo se refere é, ao mesmo
ser/estar eleito; tempo, agente e paciente do processo verbal, pois age sobre
ser/estar expresso.
si mesmo. Em “O rapaz cortou-se com uma tesoura”, a forma
2 - Ganhar, gastar e pagar são abundantes: ganhado/ga- verbal cortou-se está na voz reflexiva, pois o rapaz é, a um só
nho; gastado/gasto; pagado/pago; são seus particípios. As tempo, agente e paciente: ele cortou a si mesmo.
formas irregulares podem ser usadas com os auxiliares ser,
estar, ter e haver; as formas regulares, somente com ter e • Voz Reflexiva Recíproca- será chamada de reflexiva
haver: recíproca, quando houver dois elementos como sujeito: uma
ter/haver/ser/estar ganho, gasto, pago. prática a ação sobre o outro, que pratica a ação sobre o
ter/haver ganhado, gastado, pagado. primeiro. Ex: Paula e Renato amam-se. / os ônibus chocaram-
se violentamente.
3 - Pegar e chegar, na língua culta, apresentam apenas o
particípio regular: pegado e chegado. IMPORTANTE:
4 - Abrir (e derivados), cobrir (e derivados), escrever (e de- O papel do pronome se
rivados) apresentam particípios irregulares: aberto, reaber- A voz passiva é privativa dos verbos transiti-
to, entreaberto; coberto, recoberto, encoberto, descoberto, vos diretos e transitivos diretos e indiretos:
escrito, reescrito, subscrito.
somente em casos excepcionais, forma-se a
voz passiva de verbos com outra transitividade.
6) Pronominais – aparecem acompanhados de pronomes Por isso, o pronome se surge como formador da voz passiva
oblíquos da mesma pessoa do sujeito: sintética ao lado desses tipos de verbos; ao lado de verbos de
Queixou-se de uma dor de cabeça que a torturava. ligação, intransitivos ou transitivos indiretos, o pronome se
surge como indeterminador do sujeito.
Os principais aspectos são:
• Incoativo: indica início de ação: Observe:
Comecei a estudar para a prova.
Ele pôs-se a rir descontroladamente.
Aluga-se uma casa na praia. voz passiva sintética: alugar é
transitivo direto.
• Permansivo: indica continuidade de ação: Alugam-se casas na praia.

José continua lendo o jornal.


Comunicou-se o fato aos voz passiva sintética: comunicar
Ela continua a falar sobre o acidente. Interessados. é transitivo direto.

• Durativo, cursivo ou progressivo: indica ação em desenvol- Comunicaram-se os fatos aos


vimento ou demorada: Interessados.
Estou praticando esportes.
Sempre se está sujeito a erros. oração com sujeito
A jovem fica a ler até a madrugada. indeterminado: estar é verbo
de ligação.
• Cessativo ou conclusivo: indica ação repetida:
O aluno tornou a pesquisar aquele assunto. Mata-se impunemente neste país. Oração com sujeito
Já deixei digitar os textos. indeterminado:matar é o verbo
intransitivo.
Rafael parou de reclamar.
• Frequentativo ou iterativo: indica ação repetida: Nunca se esqueça de que a voz passiva sintética tem sem-
O aluno tornou a pesquisar aquele assunto. pre um sujeito com o qual o verbo deve estabelecer con-
Ela costuma dizer a verdade. cordância no singular ou no plural – o que não acontece
com os casos de indeterminação de sujeito, em que o
• Iminencial: indica iminência de ação:
verbo deve estar obrigatoriamente no singular.
Estava para começar a partida.
Apela-se para os mais sensíveis. oração com sujeito
VOZES VERBAIS Indeterminado: apelar é
transitivo indireto
A voz verbal indica a relação entre o ser a que o verbo se
refere e o processo que esse mesmo verbo exprime. Há três
situações possíveis: EXERCÍCIOS – VOZES VERBAIS
• Voz Ativa – O jornalista entrevistou o ministro; o verbo
01. Analise as frases a seguir e preencha os parênteses com
entrevistou está na voz ativa porque o jornalista é o agente
o seguinte código:
do processo verbal.
A (voz ativa); PA (voz passiva analítica); PS (voz passiva sinté-
• Voz Passiva – O ministro foi afastado do cargo; a locução
tica); R (voz reflexiva) e RR (voz reflexiva recíprocra).
verbo foi afastado está na voz passiva porque o ministro é o
paciente da ação verbal. a. ( ) Meus amigos cercavam-me por todo lado.
b. ( ) Teriam encontrado a solução do problema.
Há duas formas de voz passiva: a voz passiva analítica, em
que ocorre uma locução verbal formada pelo verbo ser mais c. ( ) A queda da bolsa fora prevista pelo analista.

20
Língua Portuguesa
d. ( ) As gavetas foram reviradas pelos ladrões. conduta, no que tange ao campo ético-moral, foram sendo
e. ( ) Os cidadãos não devem negar as informações aos corporificados.
policiais. e) Esta necessidade ética naturalmente tinha que alcançar
f. ( ) Compra-se ferro velho a prazo. o exercício das profissões. Naturalmente, o exercício das
g. ( ) Os torcedores ofendiam-se grosseiramente. profissões tinha que ser alcançado por esta necessidade ética.
h. ( ) As tenistas abraçavam-se comovidas.
GABARITO
i. ( ) Vendem-se lotes somente à vista.
j. ( ) Um tema polêmico será abordado pelo cientista. 1. a) Voz ativa; 2. a) Voz ativa: sujeito
b) Voz ativa; (macacos) é agente; a ação
l. ( ) Já não se fazem filmes como antigamente.
c) Voz passiva analítica; está direcionada ao falante
m. ( ) Novos prefeitos serão eleitos pelo povo. d) Voz passiva analítica; (complemento verbal: me).
n. ( ) O assaltante escondia-se atrás do muro.
e) Voz ativa; b)Voz reflexiva: aceita reforço a
o. ( ) A bailarina pintava-se entre um e outro ato do espe-
f) Voz passiva sintética; si mesmo.
táculo.
g) Voz reflexiva recíproca; c)Possibilita duas leituras: voz
02. Compare os enunciados e comente as diferenças entre h) Voz reflexiva reflexiva propriamente dita, pois
eles, considerando a voz verbal e as alterações de sentido. recíproca; aceita o reforço a si mesmos; e
a) Macacos me mordam. i) Voz passiva sintética; a voz reflexiva recíproca, pois
_________________________________________________ j) Voz passiva analítica; aceita o reforço mutuamente.
_________________________________________________ l) Voz passiva sintética; d) Voz passiva: o sujeito (o
b) O macaco se mordia raivosamente. m) Voz passiva analítica; macaco) é paciente; quem
_________________________________________________ n) Voz reflexiva; realiza a ação é o agente da
_________________________________________________ o) Voz reflexiva. passiva (por todos).
c) Os macacos se morderam. e)Emprego conotativo
_________________________________________________ (figurado) do verbo morder
_________________________________________________ (pronominal, com o sentido de
d) O macaco era mordido por todos. irritar-se, desesperar-se).
_________________________________________________ 03. c)
_________________________________________________
e) Ele mordia-se de inveja. EXERCÍCIOS DE REVISÃO
_________________________________________________
_________________________________________________
01. A opção em que a forma verbal está CORRETA é:
a) Se pores tudo em ordem, ficarei satisfeito.
03- Quando surgiu a preocupação ética no homem? Em
c) Não se premiam os fracos que só obteram derrotas.
que momento da sua história sentiu o ser humano neces-
b) O superior interveio na discussão, evitando a briga.
sidade de estabelecer regras definindo o certo e o errado?
d) Se a testemunha depor favoravelmente, o réu será absolvi-
Essas indagações, possivelmente existentes desde que o ho-
do.
mem começou a pensar, têm ocupado o tempo e o esforço
de reflexão dos filósofos ao longo dos séculos. O fato é que, 02. Passando a frase – Ele não só criou aqui o primeiro ob-
desde seus primórdios, as coletividades humanas não apenas servatório astronômico das Américas, como trouxe cientistas
pactuaram normas de convivência social, mas também foram – para o futuro do presente, os verbos destacados assumem,
corporificando um conjunto de conceitos e princípios orienta- respectivamente, as seguintes formas:
dores da conduta no que tange ao campo ético-moral. Esta a) criava – trazia.
necessidade ética, sinalizando parâmetros de comportamento b) criaria – traria.
em todas as esferas da atividade humana, naturalmente tinha c) criará – trará.
que alcançar o exercício das profissões. d) criará – trazerá.
Adaptado de Ivan de Araújo Moura Fé, Desafios éticos – prefácio.

Trechos destacados do texto foram reescritos na voz passiva. 03. Marque a opção que completa CORRETAMENTE a fra-
Assinale aquele em que essa transformação NÃO respeita as se: Se tu ...................... que os eleitores chegam para votar,
regras gramaticais ou os sentidos do texto original. ...................... a porta e ........................ -os entrar.
a) Em que momento da sua história sentiu o ser humano a) veres – abre – deixa. b) veres – abra – deixe.
necessidade de estabelecer regras? Em que momento de c) vires – abra – deixa. d) vires – abre – deixa.
sua história foi sentida pelo ser humano a necessidade de
estabelecer regras? 04. Na resposta de um médico a seu paciente há ERRO de
b) Essas indagações têm ocupado o tempo e o esforço de emprego verbal em:
reflexão dos filósofos ao longo dos séculos. Ao longo dos sé- - Doutor, eu preciso tomar remédio?
culos, o tempo e o esforço de reflexão dos filósofos têm sido a) Convém que você o tome.
ocupados por essas indagações. b) Se você tomar o remédio, sarará mais rapidamente.
c) Desde seus primórdios, as coletividades humanas não ape- c) É preciso que você tome o remédio.
nas pactuaram normas de convivência social. Não apenas d) É bom que você toma o remédio.
desde seus primórdios, normas de convivência social foram
pactuadas pelas coletividades humanas. 05. Assinale a alternativa CORRETA quanto à correlação dos
d) Foram corporificando um conjunto de conceitos e princí- tempos verbais, de acordo com a norma culta.
pios orientadores da conduta no que tange ao campo ético- a) Se todos estiverem de acordo, elas deixariam a reunião
moral. Um conjunto de conceitos e princípios orientadores da para a semana seguinte.

21
Língua Portuguesa
b) Logo que você perceber o clima de tensão, não teria agido b) Eu tenho chego tarde ao trabalho.
daquela maneira. c) O investidor ainda não reaveu o dinheiro aplicado nas Bol-
c) Seria melhor que elas examinassem os documentos com o sas de Valores.
cuidado necessário. d) Foi imprimida grande velocidade ao veículo.
d) Quero que você dirige a atenção aos mais necessitados.
13. Assinale a alternativa em que o particípio destacado está
06. Assinale a opção que preenche CORRETAMENTE as res- INCORRETAMENTE utilizado.
pectivas lacunas: a) O diretor tinha suspenso a edição do jornal.
Não ............ cerimônia,............ que a casa é ..............e b) Maria tinha trago as encomendas.
...............à vontade. c) O coroinha havia já disperso a multidão.
a) faças – entre – tua – fique. d) A correspondência não foi entregue na escola.
b) faça – entre – sua – fique.
c) faças – entre – sua – fica. 14. Na língua portuguesa, às vezes, verbos diferentes assu-
d) faça – entra – tua – fica. mem a mesma forma verbal. Isso NÃO ocorre em:
a) fui – pretérito perfeito do indicativo de ir e ser.
07. A forma verbal negritada tem força de imperativo em: b) viemos – pretérito perfeito do indicativo de vir e presente
a) Ora, direis, ouvir estrelas. . . do indicativo de ver.
b) Ao toque do sinal, entrar em classe. c) vimos – pretérito perfeito do indicativo de ver e presente
c) É preciso que eles venham comigo ao aeroporto. do indicativo de vir.
d) Serão expulsos, caso assim se comportem. d) for – futuro do subjuntivo de ir e de ser.

08. A flexão da forma verbal destacada está CORRETA em: 15. Assinale a alternativa que contenha, CORRETAMENTE,
a) O árbitro interviu e acabou com as provocações. os verbos da oração abaixo no futuro do subjuntivo.
b) Não admito que as razões dele se sobreponhem às mi- a) Se o menino se entretesse com o cão que passear na rua.../
nhas. se não cabesse na bolsa o frasco que você me emprestasse...
c) Teríamos reclamado, se os guardas o detessem. b) Se o menino se entreter com o cão que passear na rua.../
d) Se você o revir, será que o reconhecerá? se não couber na bolsa o frasco que você me emprestar...
c) Se o menino se entretiver com o cão que passear na rua.../
09. “Querido, se você me ama tire a camisa!” se não couber na bolsa o frasco que você me emprestar...
Transformando-se a flexão dos verbos da frase acima para im- d) Se o menino se entreter com o cão que passear na rua.../
perfeito do subjuntivo e futuro do pretérito, têm-se a seguinte se não caber na bolsa o frasco que você me emprestar...
sequência CORRETA.
a) Se você me amar, tirará a camisa. 16. Assinale a alternativa que contém formas verbais que
b) Se você me amasse, tirava a camisa. preenchem CORRETAMENTE os espaços.
c) Caso você me ame, tire a camisa. “Ao .............. que os colegas iriam se desentender,..............de
d) Se você me amasse, tiraria a camisa. imediato e pedi-lhes que se .......... para evitar um mal maior.”
a) previr – intervir – contivessem.
10. Em relação à frase “Percebi que tem muita coisa que b) prever – intervim – contessem.
posso fazer” é INCORRETO afirmar que: c) prever – intervi – contessem.
a) o uso da forma verbal tem, embora aceitável na fala co- d) prever – intervim – contivessem.
loquial em que se encontra, seria incorreto no nível culto do
idioma. 17. A forma verbal está CORRETAMENTE empregada em:
b) para tornar a frase adequada ao nível culto, no lugar do a) Eu requero a palavra, mas ele insiste no comentário.
verbo ter poderiam ser utilizados os verbos existir ou haver. b) A economia latino-americana se modernizou sem que a
c) ”muita coisa” é uma expressão genérica, equivalente a estrutura de renda da região acompanhou as transformações.
“muitas coisas”. c) A indústria ficará satisfeita só quando vender metade do
d) no lugar da expressão “tem muita coisa” poderia ser usa- estoque e transpor o obstáculo dos juros.
da, atendendo à norma culta do idioma, a expressão “existe d) Se fazer previsões sobre a situação econômica já era difícil
muitas coisas”. antes das eleições, agora ficou ainda mais complicado.

11. Examine o termo destacado nos períodos abaixo: 18. Observe as formas verbais – pode, chocará, acender, es-
• O frasco maior contém mais líquido, é evidente. bravejando – no trecho “um casal pode fazer sexo explícito
• O relato da testemunha não condiz com os fatos apontados em cena e ninguém se chocará. Mas, se acender um cigarro
pelo perito. depois, haverá gente na plateia limpando um pigarro imagi-
• Ele não intervirá na questão entre o árbitro e o atleta. nário ou esbravejando” e aponte a opção que corresponde,
Assinale a alternativa CORRETA a respeito desses verbos, respectivamente, ao tempo e ao modo de cada um deles:
colocados no pretérito perfeito, mas mantida a pessoa gra- a) presente do indicativo, futuro do pretérito, futuro do sub-
matical. juntivo, gerúndio.
a) conteve, condiria, interveio. b) presente do indicativo, futuro do presente, futuro do sub-
b) conteu, condizia, interveio. juntivo, gerúndio.
c) conteve, condisse, interveio. c) pretérito perfeito, futuro do presente, infinitivo, gerúndio.
d) conteu, condisse, interviu. d) pretérito perfeito, futuro do pretérito, infinitivo, particípio.
e) presente do subjuntivo, futuro do pretérito, futuro do sub-
12. Nas frases abaixo, todas as formas verbais estão incorre- juntivo, particípio.
tas segundo o que preceitua a língua padrão, EXCETO:
a) Se você decompor esta equação, chegará aos resultados 19. Há uma correlação nos tempos verbais do trecho “en-
previstos. quanto a mídia americana continuar na mesma toada, qual-

22
Língua Portuguesa
quer consideração sobre imprensa livre (...) precisa ser devi- d) Se os parlamentares tivessem tido preocupação de discutir
damente peneirada”. com seriedade as propostas, os eleitores só poderão estar
No fragmento acima, observa-se a correlação temporal e mo- satisfeitos.
dal ao se empregar o verbo da primeira oração no futuro do
24. Assinale a opção em que há ERRO na forma verbal no
subjuntivo, e o da segunda, no presente do indicativo. Outra
presente do indicativo. (Considere o Novo Acordo Ortográfico)
possibilidade de reescrita para o mesmo contexto, obedecen-
a) hei, hás, há, havemos, haveis, hão.
do à correlação normativa e coerente entre os tempos e mo-
b) nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam.
dos verbais, é:
c) anseio, anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam.
a) enquanto a mídia americana continuar na mesma toada,
d) creio, creias, crê, cremos, credes, creem.
qualquer consideração sobre imprensa livre precisará ser de-
vidamente peneirada. 25. A forma verbal está INCORRETA na frase:
b) enquanto a mídia americana continua na mesma toada, a) Caso eles hajam com má fé, serão processados.
qualquer consideração sobre imprensa livre precisava ser de- b) Ainda que sejam culpados, têm direito à defesa.
vidamente peneirada. c) É indispensável que nós nos acautelemos.
c) enquanto a mídia americana continue na mesma toada, d) Você reouve seus bens na justiça?
qualquer consideração sobre imprensa livre precisou ser devi-
damente peneirada. 26. A opção em que a forma verbal está INCORRETA é:
d) enquanto a mídia americana continuar na mesma toada, a) Estamos tão aborrecidos! Não é possível que vocês não
qualquer consideração sobre imprensa livre precisou ser devi- estejam.
damente peneirada. b) Se nós fôssemos os responsáveis pelo acidente assumiríamos
e) enquanto a mídia americana continuasse na mesma toada, a culpa.
qualquer consideração sobre imprensa livre precisará ser de- c) Se tal comportamento condissesse com o cargo que ele
vidamente peneirada. ocupa, não haveriam tantos protestos.
d) Quando transpusermos as últimas montanhas, veremos
20. Os verbos da frase “o mais honesto seria que os veículos nossa cidade.
da grande imprensa deixassem claras suas preferências” es-
tão em suas formas simples. Uma das opções abaixo transpõe 27. Assinale a frase cuja forma verbal está INCORRETA:
os dois verbos para as formas compostas equivalentes, man- a) O imposto já foi pago. Além disso todo o dinheiro deste
tendo o mesmo sentido da frase original. Assinale-a. mês já foi gasto.
a) terá sido – pudessem deixar. b) O candidato foi eleito, pois aqueles que o haviam eleito
b) deveria ter sido – houvessem deixado. anos antes voltaram a votar nele.
c) poderia ser – começassem a deixar. c) Ele nunca foi aceito pelos companheiros, pois diziam que
d) haveria sido – tivessem deixado. tinha aceitado suborno.
e) precisava ser – passassem a deixar. d) Devido à falta de energia elétrica, havíamos acendido vá-
rios lampiões.
21. Marque a forma verbal CORRETA dos verbos: medir, va-
ler, rir, caber, pôr e requerer, na primeira pessoa do singular 28. Transpondo a frase: “O professor não entregaria os ga-
do futuro do presente do indicativo, respectivamente: baritos com respostas erradas” para a voz passiva, temos:
a) meça – vali – ria – caiba – ponha – requeira. a) teria entregue. c) seriam entregues.
b) medi – vali – ri – coube – pus – requeri. b) poderia ter entregue. d) teriam sido entregues.
c) medisse – valesse – risse – coubesse – pusesse - reque-
resse. 29. Aponte a frase com ERRO na mudança da voz verbal.
d) medirei – valerei – rirei – caberei – porei – requererei. a) Que você compre o jornal.
Que o jornal fosse comprado por você.
22. Marque a alternativa em que a correlação de tempos e
b) Ela te ama.
modos verbais foge às regras da língua padrão:
És amado por ela.
a) Não fora a coerção exercida pelos defensores do purismo
linguístico, todos teremos liberdade de expressão. c) Procurarei sempre essas pessoas.
b) O ensino de Português já sofrera profundas modificações, Essas pessoas serão sempre procuradas por mim.
quando se organizou uma conferência para discutir o assunto. d) Rasgaram a revista.
c) O ensino de Português tornou-se mais dinâmico depois que A revista foi rasgada por eles.
textos de autores mais modernos foram introduzidos no cur-
rículo. 30. Assinale a flexão verbal INCORRETA:
d) Para alguns professores, o ensino de língua portuguesa a) Se a duplicata estiver certa, paguem-na.
será sempre melhor, se houver o domínio das regras de sin- b) Se vir o tal colega, falar-lhe-ei.
taxe. c) Se eu vier cedo, aguardo-o.
d) Se eu pôr o verbo no plural, erro de novo.
23. A frase em que a correlação de tempos e modos verbais
foge às normas da língua oculta é: GABARITO
a) Pode-se prever que os ideólogos do capitalismo usarão to-
01. b 02.c 03.d 04.d 05.c 06.b
dos os apelos populistas de que puderem valer-se para intro-
duzir um forte golpe. 07.b 08.d 09.d 10.d 11.c 12.d
b) Em 1970, não houve argumento capaz de convencer a im-
13.b 14.b 15.c 16.d 17.d 18.a
prensa populista de que seria de interesse geral a 1ª Bienal
Internacional do Livro. 19.a 20.d 21.d 22.a 23.d 24.d
c) Todos seríamos escravos de ideias maniqueístas, não fora o 25.a 26.c 27.b 28.c 29.a 30.d
trabalho desenvolvido pelos filósofos iluministas.

23
Língua Portuguesa
Matéria

PRONOME sujeito pratica a ação sobre si mesmo. Esse pronome também


pode ser usado em construções da voz passiva sintética e na
Definições: indeterminação do sujeito. Ex.: Penteou-se cuidadosamente./
Forra-se botão. / Precisa-se de vendedores.
•Sintático - é a palavra que substitui ou acompanha um • As formas conosco e convosco são substituídas por com
substantivo; pode exercer as funções de objeto e sujeito; nós e com vós quando os pronomes pessoais são reforçados
•Semântico - pode remeter ou retomar outras palavras, ora- por palavras como outro, mesmos, próprios, todos, ambos
ções e frases expressas no texto; ou algum numeral: Você terá de almoçar com nós todos./ Ela
disse que voltaria com nós dois./ Estávamos com vós outros
•Morfológico - varia em gênero, número e pessoa.
quando chegaram as más notícias.
Excertos: • O pronome si é exclusivamente reflexivo no português do
“– Escuta, minha filha(...)” Brasil. O mesmo ocorre com a forma consigo: Ela é muito
“Sou eu!” egoísta: só pensa em si. / Ela frequentemente conversa con-
sigo mesma em voz alta.
“Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre
• Os pronomes nos, vos e se denominam-se recíprocos, quan-
os andares, obrigando-o a parar.”
do indicam ação mútua: cumprimentamo-nos demoradamen-
“(...)vieram ver o que se passava:” te./ Eles abraçaram-se amigavelmente.
“(...)não poderia aparecer ninguém.” • Os pronome me, te, lhe, nos e vos podem apresentar valor
possessivo: pisaram-me os pés. (=meus). / O sol de verão
Há seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, demons- queimou-nos fortemente a pele. (=nossa)
trativos, indefinidos, interrogativos e relativos. Formas Pronominais
PRONOMES PESSOAIS Os pronomes o, a, os, as, adquirem as seguintes formas:
• -lo, -la, -los, -las, quando associados a verbos terminados
Os pronomes pessoais substituem os substantivos, indicando as em r, s ou z. Ex.: encontrá-lo, fazei-lo, fê-las.
pessoas do discurso. São eles: retos, oblíquos e de tratamento. • -no, -na, -nos, -nas, quando associados a verbos terminados
em som nasal. Ex.: encontraram-no, põe-nas, retém-na.
Pronomes pessoais retos e oblíquos
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Pronomes Pronomes
Pessoas do discurso
Retos oblíquos Conceito
Todos os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos,
primeira pessoa do me, mim,
vos, os, as, lhes) podem ocupar três posições com relação
singular eu comigo
aos verbos. Essas três colocações dos pronomes chamam-se,
segunda pessoa do tu te, ti, contigo
respectivamente:
singular ele/ela Se, si, o, a, lhe,
a) Ênclise (depois do verbo): Encontrei-o na sala de recepção.
terceira pessoa do singular consigo
b) Próclise (antes do verbo): Não o encontrei na sala de
primeira pessoa do plural nós nos, conosco recepção.
segunda pessoa do plural vós vos, convosco
terceira pessoa do plural eles/elas se, si, os, as, c) Mesóclise (no meio do verbo): Encontrá-lo-ei na sala de
lhes, consigo recepção.

• Os pronomes eu e tu nunca podem ser regidos de preposi- Segundo a Gramática que herdamos de Portugal, a colocação
ção. Devemos substituí-los pelos pronomes mim e ti: normal do pronome é a ênclise. No entanto, no Português
Ex.: Nunca houve nada entre mim e ele./ Todos confiaram em ti. escrito e falado no Brasil hoje, nota-se uma preferência
marcante pela próclise.
• Em frases do tipo: “O professor pediu pra eu ler alguns
poemas”, a preposição para não rege o pronome eu e sim o A colocação pronominal não é uma questão de análise
verbo ler. Sintaticamente, a frase corresponde a “pediu para sintática, isto é, a posição do pronome não determina sua
ler” , e não “pediu para eu”. Esse mesmo tipo de ligação função na frase. Trata-se de um problema de eufonia (palavra
sintática ocorre com o pronome tu: O professor pediu para de origem grega que significa “bom som”). Assim, se houver
tu leres alguns poemas. dúvida quanto à posição do pronome, a melhor regra é
escolher a forma que soar melhor ao ouvido e estar atento ao
• Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
nível de linguagem que se quer.
diretos como objetos indiretos: Meus alunos sempre me res-
peitam. / Ninguém vos abandonará, senhor.
Qual é a forma mais correta: Joana me falou ou Joana falou-
• Os pronomes o, a, os, as atuam exclusivamente como ob- me? Nenhuma das duas é melhor que a outra. Pode-se
jetos diretos; as formas lhe(s), como objetos indiretos. Ex.: dizer que a primeira (Joana me falou) é mais coloquial, mais
Trouxe o pacote. Trouxe-o. (o – objetivo direto). Seus filhos adequada a textos informais; a segunda (Joana falou-me) se
sempre lhe obedeceram. (lhe – objetivo indireto). presta a situações que exigem uma formalidade maior.

• O pronome se pode ser objeto direto ou indireto; em qual- As regras da norma culta, muitas vezes, são infringidas em
quer caso, deve ser reflexivo, ou seja, deve indicar que o textos jornalísticos e até mesmo literários.

24
Língua Portuguesa
Matéria
Regras Gerais

Não, nunca, jamais, nada, nem, etc.


a) com palavras de sentido negativo.
- Não me convidaram para a festa.

Que, o qual, a qual, os quais, as quais, quem,


b) com pronomes relativos. cujo, onde, quanto
- Esta é a festa para a qual nos convidaram.

Tudo, nada, ninguém, alguém, outrem, algo.


c) com pronomes indefinidos.
- Ninguém te convidou para a festa.

Este, esta, esse, essa, isto, isso, aquele, aquela,


d) com pronomes demonstrativos. aquilo.
Este me deixa confortável.

Porque, como, embora, se, conforme, quando,


PRÓCLISE e) com conjunções subordinativas. etc.
- “Quando meu bem-querer me vir, estou certo...”

Aqui, bem, mal, muito, hoje, amanhã, etc.


f) com advérbios, antes de verbos.
- Bem se vê que lá se vive melhor.

g) com gerúndio precedido da preposição em. Em se levantando o cerco...

h) com orações optativas. Deus te abençoe, meu filho.

i) com orações exclamativas. Quanto me custa tudo isso!

j) com orações interrogativas. Quem o trouxe aqui?

Quando o verbo estiver no futuro do presente e


Contar-me-ão o segredo.
MESÓCLISE no futuro do pretérito, e a próclise não for
Perguntar-se-ia o motivo.
obrigatória.

a) com o verbo no imperativo afirmativo. Apressa-te!

b) com o verbo no infinitivo. Vamos convidá-los.


ÊNCLISE
c) com o verbo no gerúndio. ...e, mostrando-nos a estrada...

d) com o verbo iniciando a oração. Ensinei-lhe tudo.

Colocação pronominal em locuções verbais


São possíveis as seguintes colocações:

- Ele devia entregar-me o cheque.


- Ele devia-me entregar o cheque.
- Ele me devia entregar o cheque.
AUXILIAR + INFINITIVO
PORÉM,
- Ele não me devia entregar o cheque.
- Ele não devia entregar-me o cheque.
- O caso estava aborrecendo-me.
- O caso estava-me aborrecendo.
- O caso me estava aborrecendo.
AUXILIAR + GERÚNDIO
PORÉM,
- O caso não me estava aborrecendo.
- O caso não estava aborrecendo-me.
- Ele havia-me perseguido.
- Ele me havia perseguido.
AUXILIAR + PARTICÍPIO
PORÉM,
- Ele não me havia perseguido.

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Língua Portuguesa
1. Auxiliar + infinitivo - há quatro possibilidades: ...Fabiano espiava a caatinga amarela, onde as folhas
secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os
a) ênclise ao auxiliar.
garranchos se torciam, negros, torrados. Pouco a pouco,
O amigo precisou lhe confiar o segredo.
os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. (Graciliano
b) ênclise ao infinitivo. Ramos)
O amigo precisou confiar-lhe o segredo. A ênclise foi utilizada por José Saramago, escritor português,
c) próclise ao auxiliar. e a próclise, pelo escritor modernista brasileiro Graciliano
O amigo lhe precisou confiar o segredo. Ramos. Em Portugal, a preferência é pela colocação enclítica;
no Brasil, predomina o uso da próclise.
d) próclise ou ênclise ao infinitivo precedido de preposição.
O amigo não deixou de lhe confiar o segredo. A mesóclise está praticamente sendo abolida em nosso país,
O amigo não deixou de confiar-lhe o segredo. ficando restrita a textos muito formais, como leis, códigos e
uns poucos textos literários. Hoje, o emprego da mesóclise é
2. Auxiliar + gerúndio - há três possibilidades: considerado inadequado e até pedante.
a) próclise ao auxiliar. “Art.6° Na interpretação desta Lei, levar-se-ão em conta
O amigo lhe estava confiando o segredo. os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem
comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e
b) ênclise ao auxiliar.
a condição peculiar da criança e do adolescente como
O amigo estava-lhe confiando o segredo.
pessoas em desenvolvimento.” (Estatuto da Criança e do
c) ênclise ao gerúndio. Adolescente)
O amigo estava confiando-lhe o segredo.
Pronomes Pessoais de Tratamento
3. Auxiliar + particípio - há duas possibilidades: Os pronomes pessoais de tratamento representam a forma de
se tratar as pessoas: trato cortês ou formal.
a) próclise ao auxiliar.
Pronomes de tratamento
Os amigos se tinham despedido.

b) ênclise ao auxiliar. pronome de tratamento abreviatura usado para se dirigir a


Os amigos tinham se despedido.
Vossa Alteza V.A. príncipes, duques
Vossa Eminência V.Emª cardeais
NOTAS altas autoridades e
Vossa Excelência
1) Com palavra ou locução atrativa, o pronome não pode V.Exª
oficiais-generais
ficar no meio da locução. Vossa Magnificência V.Magª reitores de universidades
Não lhe quero falar ou Não quero falar-lhe.
Vossa Magestade V.M. reis, imperadores
papa
2) A interposição do pronome átono nas locuções verbais Vossa Santidade V.S.
sem se ligar por hífen ao auxiliar consagrou-se na língua Vossa Senhoria V.Sª tratamento cerimonioso
literária, a partir (ao que parece) do Romantismo.
“O morcego vem te chupar o sangue.” (Alencar) • A chamada segunda pessoa indireta ocorre quando utiliza-
“...estava se distanciando da outra.” (Taunay) mos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlocutor
“Como teria se comportado aquela alma de passarinho (portanto, a segunda pessoa) utilizam o verbo na terceira pes-
diante do mistério da morte?” (Raquel de Queirós) soa. É o caso dos pronomes de tratamento. Ao tratarmos um
deputado por Vossa Excelência, estamos nos endereçando à
Estilística excelência que esse deputado supostamente tem para poder
ocupar o cargo que ocupa. As formas de relação devem ser
No Brasil, a próclise é a colocação usual tanto na língua falada usadas quando designamos a segunda pessoa, para designar
como na escrita, caracterizandose por ser mais espontânea a terceira pessoa, é necessário substituir vossa por sua, ob-
e informal. A ênclise pode demonstrar um tom cerimonioso. tendo os pronomes Sua Alteza, Sua Excelência, etc..
Observe: PRONOMES POSSESSIVOS
Mariana me telefonou. (próclise) Pronomes Possessivos são palavras que, ao indicarem a pes-
soa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de pos-
Mariana telefonou-me. (ênclise)
se de algo (coisa possuída). Podem indicar também afetivi-
O segundo exemplo mostra uma colocação bastante formal e dade, respeito, cálculo aproximado, ação habitual, ofensa ou
pouquíssimo utilizada no Brasil. predileção.

Leia outros exemplos extraídos de textos literários: Emprego Dos Pronomes Possessivos
a) Meu prezado amigo, gosto muito de você. (afetividade)
Mãe amorosa, a Europa afligiu-se com a sorte das suas terras Com licença, minha senhora!(respeito)
extremas... Naquela época ela devia ter seus quinze anos. (cálculo apro-
Quem vivia num baixo, podia imaginar-se dentro de um poço ximado)
tapado... Costumo fazer meus trabalhos à tarde.(ação habitual)
Procure sua turma, seu burro! (ofensa)
Com trêmulas mãos acenderam-se as velas nas casas... (José
Drummond sempre foi o meu poeta. (predileção)
Saramago)

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Língua Portuguesa
b) O emprego de seu, sua, seus, suas pode causar duplo sen- b) Os pronomes esse(s), essa(s) e isso indicam o tempo pas-
tido em certas frases: A mãe proibiu o filho de sair com seu sado ou futuro relativamente próximo ao momento em que
carro. Para evitar o duplo sentido, usamos as formas dele(a): o emissor fala: Ontem comemorei meu aniversário. Jamais
A mãe proibiu o filho de sair com o carro dele. (ou dela) esquecerei essa data.
c) O pronome seu pode indicar tratamento: Quem trouxe a c) Os pronomes aquela(s), aquele(s) e aquilo indicam um
sacola foi o seu Paulo. tempo distante em relação ao momento em que o emissor
fala: Há dez anos festejei meus quinze anos. Jamais esquece-
d) Em referência a partes do corpo ou faculdades do espírito,
rei aquele momento.
não se empregam os possessivos quando dizem respeito ao
próprio sujeito da oração: Fraturei a perna. (E não: fraturei a 3. Em relação à fala ou à escrita:
minha perna.)
a) Os pronomes esta(s), este(s) e isto indicam o que ainda vai
A telefonista perdeu a razão.(E não: A telefonista perdeu a
ser falado ou escrito: Meu argumento é este: o crescimento
sua razão.)
econômico só faz sentido quando produz bem-estar social.
e) Para realçar o caráter possessivo, podemos empregar as pa-
b) Os pronomes essa(s), esse(s) e isso indicam o que já foi fa-
lavras próprio(s), própria(s): Ele foi preso em sua própria casa.
lado ou escrito: O crescimento econômico só faz sentido quan-
f) Os pronomes oblíquos me, te, nos e vos podem funcionar do produz bem-estar social. Essa é a posição que defendo.
com pronomes possessivos: Quebrei-lhe os dentes (=seus
c) Os pronomes esta(s), este(s), aquela(s) e aquele(s) re-
dentes). Roubaram-me os documentos (=meus documentos).
ferem-se a elementos já mencionados na fala ou na escrita,
diferenciando-os pela ordem em que aparecem no discurso:
Pronomes possessivos: crianças e idosos enfrentam problemas semelhantes na socie-
dade brasileira: estes (=idosos) são desprezados por um sis-
primeira pessoa do singular meu, minha, meus, minhas tema previdenciário ineficiente e corrupto; aquelas(=crianças)
segunda pessoa do singular teu, tua, teus, tuas são massacradas por uma distribuição de renda que impede os
terceira pessoa do singular seu, sua, seus, suas pais de criá-las dignamente.
OBSERVAÇÃO: Os pronomes o(s),
primeira pessoa do plural nosso, nossa, nossos, nos- mesmo(s), próprio(s), semelhante(s), tal(is)
segunda pessoa do plural sasvosso, vossa, vossos, também são considerados demonstrativos:
terceira pessoa do plural vossasseu, sua, seus, suas A que fizer o melhor trabalho será promovi-
da. / Nunca imaginei que pudesse ouvir tal
O pronome possessivo concorda em pessoa com o possuidor coisa./ Semelhantes dúvidas ocorreram. / O próprio eleitor
e em gênero e número com a coisa possuída. deve fiscalizar a atitude dos políticos. / Já não sei mais o que
PRONOMES DEMONSTRATIVOS fazer.

Pronomes Demonstrativos são palavras que indicam, no espa- PRONOMES INDEFINIDOS


ço ou no tempo, a posição de um ser em relação às pessoas Pronomes Indefinidos são palavras que se referem a terceira
do discurso. pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago ou expressando
quantidade indeterminada.
Pronomes demonstrativos:
Pronomes indefinidos invariáveis Pronomes indefinidos variáveis
Variáveis Invariáveis alguém, ninguém algum,alguns,alguma,algumas

tudo,nada nenhum,nenhuns,nenhuma,nenhumas
este, esta, estes, estas todo, toda, todos, todas
todo,todas,toda,todas
isto algo
esse, essa, esses, essas
isso cada outro,outros,outra,outras
aquele, aquela, aqueles,
aquilo outrem muito,muitos,muita,muitas
aquelas mais, menos, demais pouco,poucos,pouca,poucas
certo,certos,certa,certos
Emprego Dos Pronomes Demonstrativos vário,vários,vária,várias
Além desses pronomes, existem
1. Em relação ao espaço: também as locuções pronominais
tanto,tantos,tanta,tantas

indefinidas: cada um, cada qual, quanto,quantos,quanta,quantas


a) Os pronomes este(s), esta(s) e isto indicam o ser próximo
quem quer que, todo aquele que, um,uns,uma,umas
à pessoa que fala. Ex.: Este relógio (que está comigo) é bem tudo o mais, etc. bastante, bastantes
antigo. / Isto (aqui) é uma verdadeira obra de arte.
qualquer,quaisquer
b) Os pronomes esse(s), essa(s) e isso indicam o ser próximo
à pessoa com quem se fala. Ex.: Esse caderno (que está com
você) é ótimo. / Isso (aí) é bom?
PRONOMES INTERROGATIVOS
c) Os pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo indicam o ser
distante tanto de quem fala como de quem ouve. Ex.: Aquela Os pronomes que, quem, qual e quanto recebe a denomina-
casa (lá) pertence ao meu pai./Aquilo (ali) é seu? ção particular de pronomes interrogativos porque são empre-
gados para formular interrogações diretas ou indiretas:
2. Em relação ao tempo:
Que é isso?
a) Os pronomes esta(s), este(s) e isto indicam o presente em Quero saber que é isso.
relação ao emissor: Jamais esquecerei este momento.

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Língua Portuguesa
Quem é esse senhor? 02. A substituição do termo destacado pelo pronome está
Estou perguntando quem é esse senhor. INCORRETA em:
Qual o melhor trajeto a percorrer? a) Leve sua reivindicação aos vereadores. / Leve-a
Diga-me qual é o melhor trajeto a percorrer. b) Indiquei o caminho certo aos turistas. / Indiquei-o
Quanto lhe devo? c) Trouxeram alguns pacotes aos vizinhos. / Trouxeram-nos
Quero saber quanto lhe devo. d) Refiz o serviço. / Refiz-lo.

PRONOMES RELATIVOS 03. O emprego do pronome relativo está CORRETO em:


a) Aquele é o prédio onde acontecem muitas coisas.
Os pronomes relativos referem a um termo anterior, antece- b) Devem-se eleger candidatos cujo o passado seja garantia.
dente, introduzindo uma oração adjetiva subordinada a esse c) Este é o velho senhor cujo lhe falei.
antecedente. Ex.: Buscam-se soluções para a crise que há d) Buscamos uma cidade que possamos passear.
anos castiga o país. Eis o velho amigo de que lhe falei. Eis
os velhos amigos de que lhe falei. Eis o instrumento de que 04. O emprego do pronome relativo está INCORRETO em:
necessitamos. Eis os instrumentos de que necessitamos. a) A mulher com quem viajei passou mal.
b) A região por cujas ruas caminho é perigosa.
c) Os que estão na rua correrão perigo.
Pronomes relativos d) Visitarei o lugar que nasci.
que
05. Marque o ERRO na análise dos pronomes.
o qual, os quais, a qual, as quais a) Quem disse tal coisa? (pron. substantivo/ pron. adjetivo).
cujo, cujos, cuja, cujas b) Certas pessoas não têm o que fazer. (pron. adjetivo/
pron. substantivo).
quem c) Dê-me o jornal que está na estante. (pron. substantivo/
onde pron. substantivo).
d) Tenho vários livros falando sobre isso. (pron. adjetivo/
quanto, quantos, quantas pron. adjetivo).
quando
06. Assinale a opção em que o emprego do pronome NÃO
como
está de acordo com a norma culta.
a) Ela leva a fotografia consigo.
• Cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual, de quem. b) Isso sempre acontece conosco.
Estabelecem normalmente relação de posse entre o antece- c) O carro derrapou com nós três dentro.
dente e o tempo que o especificam. Devem-se eleger candi- d) Aquela mulher só sabe falar de se mesma.
datos cujo passado seja garantia de boas intenções.
07. De acordo com a norma culta, há ERRO no uso do pro-
• Quem refere-se a uma pessoa ou a uma coisa personifi- nome pessoal em:
cada: a) Nada houve entre eu e você.
Aquele velho senhor a quem cumprimentamos toda manhã b) Empreste o livro para eu ler.
ainda não recebeu sua aposentadoria. Ex.: Esse é o livro a c) É hora de eles voltarem.
quem prezo como companheiro. d) Deixe-os entrar.
• Onde é pronome relativo quando tem o sentido aproxima-
do de em que, deve ser usado , portanto, na indicação de 08. Assinale a alternativa em que o pronome pessoal está
lugar: empregado CORRETAMENTE:
Buscamos uma cidade onde possamos passar alguns dias a) Para mim, viajar de avião é um suplício.
tranquilos. b) Este é um problema para mim resolver.
c) Entre eu e tu não há mais nada.
• Quanto, quantos e quantas são pronomes relativos quando d) A questão deve ser resolvida por eu e você.
seguem os pronomes indefinidos tudo, todos ou todas:
Esqueci tudo quanto foi dito aquela noite. 09. O pronome LHE tem valor possessivo na seguinte al-
Você pode confiar em todos quantos estão presentes nesta ternativa:
sala. a) João lhe pediu desculpas.
b) Admiro-lhe a inteligência penetrante.
• Quando e como são relativos que exprimem noções de c) O porteiro entregou-lhe as cartas do inquilino.
tempo e modo, respectivamente: d) Depois da ameaça, o funcionário obedeceu-lhe.
É a hora quando as garças levantam voo.
Não entendi até agora a maneira como ela se dirigiu a mim 10. Marque a opção cuja colocação do pronome obedece à
naquela festa. norma culta:
EXERCÍCIOS a) As universidades já têm cursos especiais para alunos de
Terceira Idade que querem reciclar-se.
01. Assinale a frase em que o pronome pessoal NÃO obe- b) A diferença para as turmas convencionais é uma só: nin-
dece à norma culta: guém submete-se a provas e exames.
a) Não há mais nada entre mim e ti. c) Os meninos nunca deram-se a oportunidade de cantar
b) Não vá sem eu saber. algo mais elaborado.
c) Trouxeram as peças para eu verificar. d) Se pode correr 100 metros em cinco segundos quando se
d) Não se comprovou qualquer ligação entre tu e ela. é um atleta.

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Língua Portuguesa
11. Na passagem: “De repente, foi assaltada por um adoles- Pronomes de tratamento Autoridades
cente, que a roubou...”, o pronome pessoal oblíquo está em
posição proclítica. Segundo a norma culta, esta é a colocação I. Vossa Eminência ( ) Senador da república
CORRETA, porque: II. Vossa Excelência ( ) Diretor de órgão público
a) a oração é iniciada por palavra interrogativa.
III. Vossa Magnificência ( ) Reitor de universidade
b) há uma oração de valor negativo na frase.
c) o verbo não está no futuro do presente. IV. Vossa Senhoria ( ) Pesquisador em institui-
d) há um pronome relativo na oração. ção de pesquisa
V. Senhor ( ) Cardeal
12. Marque a opção em que há ERRO quanto à colocação de
pronome oblíquo átono. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA
a) Para Maria, que encorajou-me a proliferar estas histórias, de cima para baixo.
ofereço este livro. a) I, III, II, IV, II.
b) Pedro arriou o feixe de lenha, voltou-se para os filhos e b) II, III, IV, V, I.
sorriu. c) II, IV, III, I, V.
c) Infelizmente, não lhe foi possível dominar as emoções. d) II, IV, III, V, I.
d) As linhas irregulares da costura tumultuaram-se no aves- e) III, IV, II, V, I.
so da roupa.
GABARITO
13. De acordo com a norma culta, está INCORRETA a co-
locação do pronome em: 01. d 02. d 03. a 04. d 05. d 06. d
a) Sempre a desejou como madrinha. 07. a 08. a 09. b 10. a 11. d 12. a
c) Ninguém lhe informou o resultado.
13. d 14. d 15. c 16. b 17. c 18. d
b) Quando o chamaram, ficou nervoso.
d) Recusou o prêmio que ofereceram-lhe.
NUMERAL
14. De acordo com a norma culta, está INCORRETA a co-
locação do pronome em: Definições:
a) Que a terra lhes seja leve! •Semântico - é a palavra que se refere ao substantivo dando a
c) Companheiros, escutai-me. ideia de quantidade, ordem, multiplicação ou fração.
b) Explique-lhe o motivo das férias. – quantidade - Choveu durante quatro semanas.
d) Lembrarei-me de alguns belos dias aqui. – ordem - O terceiro aluno da fileira era o mais alto.
– multiplicação - O operário pediu o dobro do salário.
15. De acordo com a norma culta, há ERRO no uso do – fração - Comeu meia maçã.
pronome pessoal em:
a) A paz lhe seja concedida. •Morfológico - pode ocorrer variação de número, gênero e
c) Não lembrarei-me nunca do que você disse. grau.
b) O júri vai entregar-lhe o prêmio amanhã. •Sintático- pode exercer a função de adjunto e de núcleo do
d) Eu já tinha lido aqueles livros que me deram. sintagma nominal.
16. Assinale a opção em que a colocação do pronome oblí-
quo está INCORRETA quanto à norma culta da língua. CLASSIFICAÇÃO DO NUMERAL
a) Não pude dar-lhe os cumprimentos, por estar fora da cidade. Cardinal - Indica uma quantidade determinada de seres.
b) Agora tem-se dado muito apoio técnico ao pequeno em-
presário. Ordinal - Indica a ordem (posição) que o ser ocupa numa
c) Ter-lhe-íamos pedido ajuda, se o víssemos antes da prova. série.
d) Como me propiciou momentos agradáveis, fui bastante Multiplicativo - Expressa a ideia de multiplicação, indicando
paciente. quantas vezes a quantidade foi aumentada.
Fracionário - Expressa a ideia de divisão, indicando em
17. Marque as colocações incorretas do pronome pessoal: quantas partes a quantidade foi dividida.
1. ( ) Tenho previnido-o.
2. ( ) Haviam-no denunciado. GÊNERO DO NUMERAL
3. ( ) Nada darei-te de presente.
Variam em gênero: os cardinais um, dois e os de duzentos a
4. ( ) Se a memória não me falha...
novecentos; todos os ordinais; os multiplicativos e os fracio-
5. ( ) Farei-te o serviço amanhã
nários quando expressam uma ideia adjetiva em relação ao
As frases INCORRETAS são: substantivo.
a) 1,2,3,4,5. Exemplos:
b) 1,2,5. um - uma;
c) 1,3,5. dois- duas;
d) 2,3,4,5.
segundo- segunda;
septuagésimo- septuagésima.
18. Imagine que um cientista deseje escrever uma carta ex-
plicando-se a algumas personalidades brasileiras. Identifique João deu um salto duplo e um triplo e tomou uma dose quá-
os pronomes de tratamento que seriam adequados para as drupla de vitaminas./ Comi meio abacate e meia banana.
autoridades listadas a seguir.

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Língua Portuguesa
NÚMERO DO NUMERAL 20 XX vinte vigésimo
Variam em número: os cardinais terminados em –ão (Bilhões 21 XXI vinte e um vigésimo primeiro
de dólares foram perdidos com a crise); todos os ordinais (As 30 XXX trinta trigésimo
primeiras pessoas passaram no teste); os multiplicativos com
40 XL quarenta quadragésimo
função de adjetivo (Tomei dois copos duplos de leite); os fra-
cionários, dependendo do cardinal que os antecede (Gastou 50 L cinquenta quinquagésimo
dois terços do salário). 60 LX sessenta sexagésimo
GRAU DO NUMERAL septuagésimo ou
70 LXX setenta
setuagésimo
Na linguagem coloquial é comum a flexão de grau dos 80 LXXX oitenta octogésimo
numerais.
90 XC noventa nonagésimo
Ex:
100 C cem centésimo
As cinquentonas de hoje estão muito longe das vovozinhas
de anos atrás. 200 CC duzentos ducentésimo
Ninguém perde os jogos da segundona. 300 CCC trezentos trecentésimo
O jogador foi o primeiríssimo artilheiro do capeonato. 400 CD quatrocentos quadringentésimo
Aquela duplinha nunca vencerá o jogo. 500 D quinhentos quingentésimo
seiscentésimo ou
NUMERAIS MULTIPLICATIVOS E FRACIONÁRIOS 600 DC seiscentos
sexcentésimo
septingentésimo
700 DCC setecentos
Numerais multiplicativos Numerais fracionários ou setingentésimo
duplo,dobro ou dúplice óctuplo meio ou metade oitavo 800 DCCC oitocentos octingentésimo
triplo ou tríplice nônuplo terço nono 900 CM novecentos nongentésimo
quádruplo décuplo quarto décimo
onze avos
1 000 M mil milésimo
quíntuplo undécuplo quinto
sêxtuplo duodécuplo sexto doze avos 10 000 X dez mil décimo milésimo
séptuplo cêntuplo sétimo centésimo centésimo milési-
100 000 C cem mil
mo
Numerais cardinais e ordinais 1 000 000 M um milhão milionésimo
1 000 000 um bilhão ou
Algarismos M bilionésimo
000 bilião
arábicos Romanos Cardinais Ordinais
1 I um primeiro
• Os numerais que designam um conjunto determinado de
seres recebem o nome de numerais coletivos:
2 II dois segundo
3 III três Terceiro Bíduo período de dois dias
4 IV quatro quarto Bimestre período de dois meses
5 V cinco quinto Bienal o que ocorre de dois um dois anos
6 VI seis sexto Biênio período de dois anos
Centena conjunto de cem unidades
7 VII sete sétimo
Centenário/centúria período de cem anos
8 VIII oito oitavo
Decálogo conjunto de dez leis
9 IX nove nono Decênio período de dez anos
10 X dez décimo Decúria grupo de dez (coisas, indivíduos, etc.)
décimo primeiro ou Dístico estrofe de dois versos
11 XI onze
undécimo Dúzia doze unidades
décimo segundo grosa doze dúzias
12 XII doze
ou duodécimo Lustro/quinquênio período de cinco anos
13 XIII treze décimo terceiro Mês período de trinta dias
catorze ou Milênio período de mil dias
14 XIV décimo quarto
quatorze Novena período de nove dias
15 XV quinze décimo quinto Par agrupamento de duas coisas semelhantes
16 XVI dezesseis décimo sexto Quarentena período de quarenta dias
Quatriênio período de quatro anos
17 XVII dezessete décimo sétimo
Quina série de cinco números
18 XVIII dezoito décimo oitavo
Resma quinhentas folhas de papel
19 XIX dezenove décimo nono
Semana período de sete dias

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Língua Portuguesa
Semestre período de seis meses CLASSIFICAÇÃO DO ARTIGO
Septênio período de sete anos
Sesquicentenário período de cento e cinquenta anos O artigo classifica-se de acordo com a ideia que atribui ao
Sexênio período de seis anos ser em relação a outros da mesma espécie. Ex.: Um homem
tocou a campainha. Era o técnico chamado para consertar
Sextilha estrofe de seis versos
a TV.
Terceto estrofe de três versos
Trezena período de treze dias O artigo um que se refere ao substantivo homem indica o
Tricinquentenário período de cento e cinquenta anos ser de maneira imprecisa: trata-se de um homem qualquer
Triênio período de três anos entre os demais.
Trinca conjunto de três coisas semelhantes
O artigo o que se refere ao substantivo técnico indica o ser
de maneira precisa: trata-se de um ser específico, que já era
EXERCÍCIOS esperado. Portanto, o artigo classifica-se em:

01. O significado do numeral coletivo está ERRADO em: Definido - é aquele usado para determinar o substantivo de
a) resma: cem folhas. forma definida: o, as, os, as.
b) sesquicentenário: período de cento e cinquenta anos.
c) grosa: doze dúzias. Indefinido - é aquele usado para determinar o substantivo
d) quina: série de cinco números. de forma indefinida: um, uma, uns, umas.

02. Os ordinais referentes aos números 200, 500 e 90 são, FLEXÃO DO ARTIGO
RESPECTIVAMENTE:
a) dulcentésimo, quingentésimo, nonagésimo. O artigo é uma classe variável. Varia de gênero e número
b) ducentésimo, quingentésimo, nongésimo. para concordar com o substantivo a que se refere.
c) ducentésimo, quigentésimo, nonagésimo.
d) ducentésimo, quingentésimo, nonagésimo. • O artigo sempre se antepõe a um substantivo. Isso não
significa, contudo, que ele deva posicionar-se imediatamen-
03. A alternativa que apresenta um vocábulo numeral car- te antes do substantivo; às vezes, pode haver entre o artigo
dinal é: e o substantivo uma ou mais palavras de outras classes gra-
a) Eles comeram meio bolo. maticais. Ex.: Os dois lindos filhos de colo são gêmeos.
b) O papa Paulo VI já veio ao Brasil.
c) Foram acidentadas três pessoas. • Os artigos podem combinar-se com preposições, resultan-
d) Comeu o triplo do que devia. do nas formas ao, do, nos, num, numa, etc..

• Quanto à fusão da preposição a com o artigo a(s), gra-


04. Os ordinais sexagésimo e quadringentésimo correspon-
ficamente representada pelo acento grave: a+a(s) =à (s),
dem aos cardinais, respectivamente:
a) setenta e quatrocentos. temos um caso especial denominado crase.
b) cinquenta e quarenta.
c) sessenta e setenta. EMPREGO DO ARTIGO
d) sessenta e quatrocentos.
• O artigo definido, no singular, pode indicar toda uma espé-
05. Quíntuplo e séptuplo são numerais: cie. Ex: O homem é mortal./ O trabalho enobrece o homem.
a) ordinal o primeiro e multiplicativo o segundo.
b) multiplicativo o primeiro e ordinal o segundo. • Alguns nomes próprios indicativos de lugar admitem o ar-
c) ambos cardinais. tigo, outros não: o Rio de Janeiro, a Bahia, Belo Horizonte.
d) ambos multiplicativos.
• O uso do artigo antes de nomes próprios personativos é
facultativo quando há ideia de familiaridade ou afetividade:
GABARITO O Paulo é meu irmão. / Namoro a Andréia há muito tempo.
01. a 02. d 03. c 04. d 05. d • Nomes próprios personativos são determinados por artigo
quando estão no plural: os Vieiras, os Silvas, os Cunhas.
ARTIGO • É obrigatório o emprego do artigo depois de numeral “am-
Definições: bos”: Fizemos ambos os testes.

• Sintático - é a palavra que se antepõe ao substantivo e tem • Depois do indefinido todo(a) usa-se artigo para dar ideia
função de adjunto. de totalidade; sem artigo o pronome assume a noção de
“qualquer”: Toda a cidade comemorou o seu aniversário.
• Morfológico - varia em gênero e número.
• Semântico - determina ou indetermina o substantivo. • O artigo definido como superlativo: Meio ambiente é o
negócio.
Excerto:
“A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um • Emprega-se o artigo para substantivar palavras: O sim foi
grito (...)” dito./ Este é o porquê do problema.

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Língua Portuguesa

EXERCÍCIOS Lugar
A encomenda veio de Belém.
A criança chorava de fome.
01. O artigo definido está empregado ERRADO em: Causa
DE Os livros do menino sumi-
a) “ A velha Roma está sendo modernizada.” Posse
ram. Estamos falando de
b) “ A Paraíba é uma bela fragata.” Assunto
preposições.
c) “ Não conheço agora a Lisboa de meu tempo.”
d) “ O gato escaldado tem medo de água fria.” A igreja fica em uma colina.
Lugar
Ele fez uma escultura em
02. Está INCORRETO o emprego do artigo em: EM Matéria
gesso.
a) Este é o livro cujo o autor desconheço. Modo
Todos saíram em silêncio.
b) A menina nem deu explicações para o professor.
Passei por lugares belíssi-
c) Queria que ela trouxesse todo o material. Lugar
POR mos.
d) Eles acertaram ambos os exercícios. Causa
Por ser gago, era tímido.
03. Em qual dos casos o artigo denota familiaridade?
a) Os Andradas são políticos famosos. LOCUÇÃO PREPOSITIVA
b) O professor é amigo de todos.
c) O Rio de Janeiro está em guerra. É o conjunto de duas ou mais palavras com valor de uma
d) O Antônio chegou atrasado. preposição.
Ex.: A fim de, através de, à custa de, a cerca de, embaixo de,
04. Assinale a alternativa em que há ERRO no emprego do
por trás de, junto a, junto de, graças a, etc..
artigo:
a) Nem todas as opiniões são valiosas. OBSERVAÇÃO: Sintaticamente, as preposi-
b) Disse-me que conhece todo o Brasil. ções não exercem propriamente uma fun-
c) Leu todos os dez romances do escritor. ção: são consideradas conectivos, ou seja,
d) Andou por todo o Portugal. elementos de ligação entre termos oracio-
nais:
GABARITO • Complementos Verbais – Obedeço aos meus princípios.
01. d 02. a 03. d 04. d
• Complementos Nominais – Continuo obediente aos meus
princípios.
PREPOSIÇÃO • Locuções Adjetivas – É uma pessoa de valor.

Definições: • Locuções Adverbiais – Tive de agir com cautela.


• Orações reduzidas – Ao chegar, foi recebido pelo encarre-
• Sintático - é usada como elemento de ligação entre duas es- gado da seção.
truturas diferentes (substantivo + adjetivo; verbo + advérbio).

• Morfológica - é invariável. CONJUNÇÃO


• Semântica - isoladamente, as preposições e as locuções pre- Definições:
positivas não têm nenhum sentido lógico. Na frase, no en-
tanto, podem expressar as mais diversas relações semânticas • Sintática - liga estruturas semelhantes (substantivo + subs-
(relações de sentido). tantivo; oração + oração).

Excertos: • Semântica - é a classe de palavras em que o sentido é alte-


rado de acordo com o contexto.
“Deixa ele bater até cansar(...)”
• Morfológica - é invariável.
“Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar
o pão.” Excertos:

“(...) fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.” “Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cida-
de(...)”

Preposição Relações Exemplos “Enquanto esperava, resolveu fazer um café.”

“Como estivesse completamente nu(...)”


Lugar Domingo iremos a Recife.
A Modo O cavaleiro partiu a galope. “Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.”
Tempo Eles voltaram à tarde.
As conjunções são basicamente classificadas em coordena-
A árvore caiu com o tempo- tivas e subordinativas, de acordo com o tipo de relação que
Causa estabelecem. As conjunções coordenativas As subordinativas
ral.
Companhia ligam uma primeira oração a uma segunda que em relação à
COM Ela só viaja com os amigos.
Instrumento primeira desempenha função sintática; em outras palavras,
Cavamos o buraco com a pá.
Modo ligam uma oração principal a uma oração que lhe é subordi-
Façam a prova com atenção.
nada.

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Língua Portuguesa
Matéria
Podemos esquematizar assim as conjunções coordenativas:
Exemplos
Conjunções coordenativas Estabelecem coordenação e exprimem...

adição e correlação: Não só leio mas também


Aditivas e, nem, nem ... nem, não só ... mas também, escrevo.
etc.. Correu e lutou bastante.
contraste e compensação: Saiu, mas não foi ao Banco.
Adversativas mas, porém, contudo, todavia, no entanto, en- Ele lê bastante, todavia não se
tretanto, senão, etc.. concentra.
alternância e correlação: Ou sai você ou (saio) eu.
ou, ou ... ou, ora ... ora, já ... já, quer ... quer, Quer leia, quer escreva, está
Alternativas
seja ... seja, umas vezes ... sempre aprimorando sua lingua-
outras vezes, etc.. gem.
conclusão, consequência: Ele estudou, por conseguinte terá
logo, pois, portanto, por isso, por isto, por con- um futuro bem-sucedido.
Conclusivas
seguinte, assim, etc. Não previu nada, por isso esque-
ceu até a mala.

explicação e esclarecimentos:
que, porque, porquanto, etc.. (Se que e porque Não polua o ar, pois precisamos
Explicativas tiverem valor subordinativo, passam a ser con- dele limpo.
Vá, que poderá ser prejudicado.
junções causais.)

Adverbiais: são as que, exprimindo diferentes circunstâncias, podem ser assim esquematizadas:

Conjunções subordinativas
Exprimem circunstâncias de... Exemplos
adverbiais
O aluno vibrou porque a nota foi
Causa: porque, que , visto que, como,
Causais excelente.
uma vez que, já que, etc..
Já que vieste, fica para a festa.
Numa sala de fumantes há menos
Comparação: como, mais ... (do) que,
oxigênio do que fumaça.
comparativas tão ...como, tanto ... quanto, tão ...
O policial agiu mais rápido que o
quanto, assim como, etc..
assaltante.
Embora não fosse gênio, conseguiu
Concessão: embora, ainda que, mesmo
grandes realizações.
Concessivas que, se bem que, posto que, conquanto,
Apesar de analfabeto, entende de
apesar de que, etc..
mecânica.
Condição: se, caso, sem que, se não,
A passeata só será adiada se chover.
uma vez que, a não ser que, exceto se,
Condicionais Caso todos estejam de acordo,
a menos que, contanto que, salvo se,
iniciaremos a reunião às oito horas.
etc..
Consoante a última pesquisa, o custo de
Conformidade: conforme, consoante, vida baixou.
Conformativas
como, segundo que (= conforme), etc.. A ECO-92 foi um sucesso, segundo os
repórteres.

O susto foi tamanho que ela caiu


Consequência: de sorte que, de modo
desmaiada.
Consecutivas que, sem que, senão, tão (tanto,
O leitor não passava de três palavras
tamanho, tal) ... que, etc..
sem que gaguejasse.
Deus criou os homens para que sejam
Finalidade: para, para que, a fim de
felizes.
Finais que, que (= para que), de modo que,
Anda com prudência, a fim de
de forma que, de sorte que, etc..
compensares a imprudência dos outros.
À proporção que perdoares, serás
Proporção: à proporção que, à medida
perdoado.
Proporcionais que, quanto mais ... tanto mais, ao
O meio ambiente é agredido à medida
passo que, etc..
que o progresso avança.

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Língua Portuguesa
Matéria

Tempo: quando, enquanto, assim que,


Mal ele abria a boca, todos riam.
logo que, sempre que, depois que,
Temporais Morreu sem que viajasse para a Europa.
desde que, até que, mal, apenas, sem
Assim que o vi, corri para abraçá-lo.
que (= antes que), etc..

Desejo que sejas feliz.


Integrantes que, se e como.
Não sei se devo dizer-lhe.

GRAU DE ADVÉRBIOS
OBSERVAÇÃO: As conjunções integrantes
introduzem orações subordinadas substanti- Alguns advérbios (de lugar, de modo, de tempo e de inten-
vas. sidade) admitem à maneira dos adjetivos, a flexão de grau
comparativo e superlativo:

ADVÉRBIO Grau comparativo – Pode ser de igualdade, de superiorida-


de e de inferioridade:
Definições:
Ele agia tão calmamente quanto (ou como) o amigo.
• Semântica - é a palavra que indica as circunstâncias em que Ele agia mais calmamente (do que) o amigo.
ocorre a ação verbal. Ele agia menos calmamente (do que) o amigo.
• Sintática - é, fundamentalmente, um modificador do verbo, • Os advérbios bem e mal possuem as formas sintéticas de
mas modifica também adjetivo. comparativo melhor e pior: Eles atuam melhor/pior (do que)
• Morfológico - invariável. os amigos.

Excertos: • As formas analíticas correspondentes mais bem e mais mal


são usadas diante de particípios que atuam como adjetivos:
“(...)viu o ponteiro subir lentamente os andares...”
Ele é o mais bem informado dos amigos./Esta casa é a mais
“Antes de mais nada(...)” mal construída de todas.
“Não gosto dessas coisas.” Grau superlativo – O superlativo dos advérbios é absoluto
e pode ser formado de duas maneiras:
“(...)quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro(...)”
a) analítico – O superlativo é obtido por meio do uso de um
CLASSIFICAÇÃO DO ADVÉRBIO advérbio de intensidade: Ele agiu muito ponderadamente./
Estamos muitíssimo perto do local indicado.
De acordo com as circunstâncias que exprime, o advérbio b) sintético – O superlativo é obtido por meio do uso do su-
pode ser de: fixo – íssimo: Acordamos cedíssimo todos os dias. / Amamos
Tempo (ontem, hoje, logo, antes, depois, jamais, outrora, muitíssimo nossas convicções.
quando, às vezes, de repente...)
ADVÉRBIOS INTERROGATIVOS
Lugar (aqui, ali, acolá, atrás, além, acima, onde, longe, ao
lado, de fora, dentro...) São advérbios interrogativos: quando (de tempo), como (de
Modo (bem, mal, depressa, assim, devagar, rapidamente, às modo), onde (de lugar), por que (causa). Podem aparecer
claras, sem medo, em silêncio...) tanto nas interrogativas diretas quanto nas indiretas.
Afirmação (sim, deveras, certamente, realmente, efetiva-
mente, seguramente, com certeza...) INTERJEIÇÕES
Negação (não, absolutamente, tampouco, de modo algum, Definições:
de jeito nenhum...)
• Semântica - palavras que expressam surpresa, alegria,
Dúvida (talvez, quiçá, porventura, provavelmente, eventual- aplauso, emoções.
mente, possivelmente, acaso...)
Excertos:
Intensidade (muito, pouco, mais, bastante, quase, apenas,
demais, tanto, quanto...) — Ah, isso é que não!
— Valha-me Deus!
LOCUÇÃO ADVERBIAL
— Olha, que horror!
É um conjunto de duas ou mais palavras com valor de ad-
vérbio.
Exemplos: OBSERVAÇÃO: no caso dessa classe de
Ele virá com certeza. palavras, apenas a definição semântica é su-
Ele chegou de repente. ficiente.

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Língua Portuguesa
CLASSIFICAÇÃO DAS INTERJEIÇÕES 08. Não há transformação CORRETA das expressões desta-
cadas dos advérbios terminados em –mente em:
As interjeições classificam-se segundo as emoções ou senti- a) Tratou com amizade: amigavelmente.
mentos que exprimem: b) Agiu sem medo: destemidamente.
a) alegria: ah!, oh!, oba!; c) Fez tudo com prazer: prazerosamente.
b) animação: coragem!, avante!, eia!, vamos!; d) Ofendeu a todos sem distinção: distintivamente.
c) aplauso: bis!, bem!, bravo!, viva!;
09. Em todas as alternativas a(s) palavra(s) em destaque
d) desejo: oh!, oxalá!, tomara!;
indica(m) circunstância de tempo, EXCETO:
e) dor: ai!, ui!; a) Eles saíram logo que amanheceu.
f) espanto ou surpresa: ah!, chi!, ih!, oh!, ué!, uai!, caramba!; b) Quanto mais leio, mais aprendo.
g) apelo: alô!, ei!, socorro!; c) Quando chegamos, eles já haviam saído.
h) silêncio: psiu!, silêncio!, calada!; d) Só voltou a jogar depois que se sentiu bem.
i) suspensão: alto!, basta!;
j) advertência: cuidado!, atenção!. 10. A conjunção grifada indica finalidade em:
a) “ Falou tão alto, que a família acordou”.
LOCUÇÃO INTERJETIVA b) “ Tremia como se fosse desmaiar”.
c) “ Fiz-lhe sinal que se calasse”.
São duas ou mais palavras com valor de interjeição. Exem-
d) Como fazia frio, fechou as janelas.
plos: Meu Deus!, Ora bolas!, Que horror!, Valha-me Deus!,
Alto lá!, Credo em cruz! 11. A palavra “como” indica comparação em:
a) Como chovesse, decidi adiar a partida.
EXERCÍCIOS b) Fiz tudo como combináramos.
c) Como fazia frio, fechou as janelas.
01. Não há preposição na seguinte frase: d) Ele é compreensivo como um travesseiro.
a) Li as pesquisas, mas não encontrei tal assunto.
12. No período “Apesar de que existem provas irrefutáveis
b) Trazia o celular sob a camisa.
contra ele, o réu continua a dizer-se inocente”, a palavra des-
c) Sobre o anoitecer chegamos a Mariana.
tacada veicula uma ideia de:
d) Ele tomou seu café-com-leite e saiu.
a) explicação. c) consequência.
02. Só existe preposição em: b) concessão. d) condição.
a) Se esperar, você terá a resposta.
b) Espero que você entre logo. 13. Em: “Se houver decisões rápidas e eficientes, o quadro
c) Há quem evite falar disso. social pode começar a melhorar”, o valor da conjunção do
d) Tomou as decisões rapidamente. período é de:
a) conformidade. c) proporção.
03. Marque a preposição que é indicativa de meio: b) tempo. d) condição.
a) Passei o dia à toa.
b) Várias pessoas seguiam após eles. 14. As formas que traduzem vivamente os sentimentos súbi-
c) Agora vou até o fim. tos, espontâneos dos falantes são denominados:
d) Estou vindo de ônibus para a escola. a) advérbios.
b) conjunções.
04. Marque a opção em que a palavra grifada é advérbio:
c) preposições.
a) Há quem queira falar sobre isso.
d) interjeições.
b) Jamais lhe falei a verdade.
c) Passei o dia falando em você. 15. Em: “Cuidado! Não abuse de bebidas alcoólicas” – essa
d) Você trouxe o material que lhe pedi? interjeição exprime:
a) espanto. c) advertência.
05. Marque o advérbio que está classificado INCORRETA- b) aplauso. d) apelo.
MENTE:
a) Alguns não conhecem o assunto. ( negação )
b) O menino cantou dasafinadamente. ( modo ) GABARITO
c) Amanhã iremos ao cinema. ( tempo )
01. a 02. c 03. d 04. b 05. d
d) Não sabemos por que ele foi preso. ( dúvida )
06. d 07. c 08. d 09. b 10. c
06. Em todas as alternativas há dois advérbios, EXCETO:
11. d 12. b 13. d 14. d 15. c
a) Hoje jogaremos bola à tarde.
b) Calmamente, ele não disse a resposta.
c) Agora ele ficou ao lado dela.
d) Ele ficou muito triste. EXERCÍCIOS DE REVISÃO
07. Marque a opção em que NÃO se observa equivalência de 01. Assinale a alternativa em que está CORRETA a forma
sentido entre a locução e o advérbio: plural.
a) de vez em quando – esporadicamente. a) júnior: júniors.
b) sem muito cuidado – negligentemente. b) gavião: gaviães.
c) aos poucos – inoportunamente. c) fuzil: fuzíveis.
d) ao mesmo tempo – concomitantemente. d) Atlas: Atlas.

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Língua Portuguesa
02. O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo afetuosa e a) Estes operários são capacíssimos.
precavida de usar a linguagem. Afetuosa porque geralmente b) O quarto estava escuro como a noite!
o usamos para designar o que é agradável, aquelas coisas tão c) Não sou menos digno que meus pais.
afáveis que se deixam diminuir sem perder o sentido. E preca- d) Você foi o amigo mais sincero que eu tive.
vida porque também o usamos para desarmar certas palavras
que, por sua forma original, são ameaçadoras demais. 09. O termo em destaque é um adjetivo desempenhando a
Luiz Fernando Veríssimo, Diminutivos. função de um substantivo em:
a) O coitado está se queixando dela com toda a razão.
A alternativa inteiramente de acordo com a definição do autor b) É uma palavra assustadora.
de diminutivo é: c) Num joguinho aceita-se até o cheque frio.
a) O iorgutinho que vale por um bifinho. d) Ele é meu braço direito, doutor.
b) Ser brotinho é sorrir dos homens e rir interminavelmente
das mulheres. 10. Assinale a alternativa INCORRETA:
c) Gosto muito de te ver, Leãozinho. a) Na oração “eu [a agulha] é que vou entre os dedos dela,
d) Essa menininha é terrível. unidinha a eles, furando abaixo e acima”, embora apresentan-
do um sufixo próprio do grau do substantivo, o adjetivo unida
03. Assinale o período que NÃO contém um substantivo
possui valor superlativo.
sobrecomum.
b) A frase “Toda linguagem muito inteligível é mentirosa” po-
a) Ele foi a testemunha ocular do crime ocorrido naquela
deria apresentar a forma inteligibilíssima em lugar de muito
polêmica reunião.
inteligível, sem alteração alguma no grau do adjetivo.
b) Aquela criança ainda conserva a ingenuidade meiga e dócil.
c) O uso popular estabelece várias formas “não gramaticais”
c) O indivíduo morreu mantendo-se como um ídolo indestru-
para intensificar a qualidade expressa pelo adjetivo, como na
tível na memória de seus admiradores.
expressão ”podre de rico”; não se pode dizer o mesmo de
d) O pianista executou com melancolia a suavidade a sinfo-
“magro como um espeto”, que é simplesmente uma compara-
nia preferida pela platéia.
ção sem força expressiva.
04. Observe as frases seguintes e depois escolha a única d) Muitos aumentativos e diminutivos perderam a função, pró-
alternativa INCORRETA. pria do grau do substantivo, de indicar a variação do tamanho
I. Com a Ana, ele vai brigar. do ser, passando a exprimir, conforme o contexto, desprezo
II. Com Fred, ele não vai discutir. ou afetividade, como em “essa gentalha não vê o seu lugar”.
a) A frase I contém um artigo definido, no feminino e no 11. Assinale a oração em que o termo cego(s) é um adjetivo.
singular, que semanticamente torna Ana mais próxima do a) “Os cegos , habitantes de um mundo esquemático, sabem
emissor. aonde ir...”
b) A frase I contém um artigo definido, no feminino e no b) “O cego de Ipanema representava naquele momento to-
singular, pois antecede um nome próprio e no singular, e de das as alegorias da noite escura da alma...”
mesmas características morfológicas. c) “Todos os cálculos do cego se desfaziam na turbulência
do álcool”.
c) No confronto entre a frase I e II pode-se notar a importân- d) “...da Terra que é um globo cego girando no caos”.
cia do uso estilístico do artigo.
d) A frase II, não contendo artigo definido diante do nome 12. Assinale a opção que completa as lacunas da seguinte
próprio, está errada. frase: “Ao comparar os diversos rios do mundo com o Amazo-
nas, defendia com azedume e paixão a proeminência _______
05. Palavras que, originalmente diminutivos ou aumentativos, sobre cada um _______”.
perderam essa acepção e se constituem hoje em formas nor- a) desse, daquele. c) deste, daqueles.
mais, independentes do termo derivado: b) daquele, destes. d) deste, desse.
a) pratinho, papelzinho, livreco, barcaça.
b) tampinha, cigarrilha, estantezinha, elefantão. 13.“Toda pessoa deve responder pelos compromissos assu-
c) cartão, flautim, lingueta, cavalete. midos.” A palavra destacada é:
d) chapelão, bocarra, vidrinho, martelinho. a) pronome indefinido variável.
b) pronome indefinido invariável.
06. Indique o item em que os numerais estão INCORRETA- c) pronome demonstrativo.
MENTE empregados: d) pronome possessivo.
a) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.
b) Após o parágrafo nono, virá o parágrafo dez. 14. Assinale a opção que completa as lacunas da seguinte
c) Depois do capítulo sexto, li o capítulo onze. frase: “Se ninguém _______ a verdade, e se precisei lutar
d) O artigo vinte e um foi revogado. para _______ nada _______ a respeito.”
a) Disse-me, a encontrar, se falou.
07. A alternativa em que o numeral está impropriamente b) Disse-me, encontrá-la, se falou.
empregado é: c) Me disse, a encontrar, falou-se.
a) O conteúdo do artigo onze não está claro. d) Me disse, encontrá-la, se falou.
b) Já lhe disseram, pela noningentésima vez, o que fazer.
c) Esses animais viveram, aproximadamente, na Era Terciária. 15. ”Visitei o sítio da amiga de Paula, o qual muito me en-
d) Consulte a Encíclica de Pio Dez. cantou .” Usou-se o qual em vez de que:
a) por uma questão de estilo.
08. A frase em que o adjetivo está no grau superlativo de b) pois só o qual é conectivo.
superioridade é: c) pois a segunda oração é adjetiva.
d) para se evitar ambiguidade.

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Língua Portuguesa
16. Assinale o item que completa convenientemente as lacu- GABARITO
nas do trecho: ”A maxila e os dentes denotavam a decrepi-
tude do burrinho; _______, porém, estavam mais gastos que 01. d 02. c 03. d 04. d 05. c 06. a
_______”. 07. d 08. d 09. a 10. a 11. d 12. c
a) esses, aquela.
b) estes, aquela. 13. a 14. d 15. d 16. b 17. b 18. a
c) estes, essa.
d) aqueles, esta. 19. d 20. d 21. a 22. d 23. a

17. A frase negativa que corresponde a “Põe nela todo o


incêndio das auroras” é:
DIFERENCIAÇÃO MORFOLÓGICA
a) Não põe nela todo o incêndio das auroras. DE PALAVRAS
b) Não ponhas nela todo o incêndio das auroras.
c) Não põem nela todo o incêndio das auroras. Algumas palavras podem apresentar classes diferentes em
d) Não ponha nela todo o incêndio das auroras. função do contexto. Seguem, abaixo, algumas palavras e suas
características para diferenciação.
18. Transpondo para a voz passiva a oração ”Os colegas o es- •A
timavam por suas boas qualidades”, obtém-se a forma verbal: > artigo definido - antes de um substantivo, concordando
a) eram estimadas. com ele.
b) tinham estimado. Ex.: A saudade dói.
c) fora estimado. > pronome demonstrativo - antes do pronome relativo QUE
d) era estimado. ou da preposição DE, sendo substituível por AQUELA.
Ex.: Esta é a casa a que estimo. / Comprei uma boa roupa,
19. “Se ele ( ) ao nosso trabalho, ( ) um elogio”. mas a de Maria é melhor.
Assinale a alternativa em que as formas dos verbos ver e fazer
preenchem corretamente as lacunas da frase acima. OBSERVAÇÃO: antes do pronome relativo
a) ir, fazerá. QUE o A também pode ser preposição, mas
c) fosse, fará. não será substituível por AQUELA.
b) isse, faria.
d) for, fará.
> pronome pessoal oblíquo - junto a um verbo e corresponde
20. Assinale a alternativa que contém uma frase em que o ad- a ela.
vérbio expressa simultaneamente ideias de tempo e negação. Ex.: Amo-a.
a) Falei ontem com os embaixadores.
> preposição essencial - pode ser trocado por outra prepo-
b) Não me pergunte as razões da minha atitude.
sição como forma de teste e não equivale a o no masculino.
c) Eles sempre chegam atrasados.
Ex.: Embarcação a remo. / Estou a vender.
d) Jamais acreditei que você viesse.
> substantivo comum - quando representa a letra do alfabeto
21. “Um , dois, três lampiões, acende e continua. Outros mais Ex.: Este a é pequenininho.
a acender imperturbavelmente. À medida que a noite aos > numeral ordinal - quando corresponde a primeiro em uma
poucos se acentua. E a palidez da lua apenas se pressente.” enumeração.
A oração que se inicia com o conectivo à medida que oferece Ex.: Capítulo a.
à anterior uma ideia de:
a) proporção. • Atrás
c) consecução. > advérbio de lugar.
b) concessão. Ex.: Nós caminhamos atrás.
d) tempo. > palavra expletiva.
Ex.: Há anos atrás as coisas não eram assim.
22. “...foram intimados a comparecer...”
“...não a fizeram...” • Bastante
“...a sua oração...” > adjetivo.
As três ocorrências do a são, RESPECTIVAMENTE: Ex.: Isso era bastante.
a) Preposição, pronome, preposição. > pronome adjetivo indefinido.
b) Artigo, artigo, preposição. Ex.: Comprei bastantes roupas.
c) pronome, artigo, preposição. > advérbio de intensidade (invariável).
d) preposição, pronome, artigo. Ex.: Eram bastante ricos.

23. Assinale a alternativa correspondente à frase em que • Bem


ocorre uso incorreto de conjunção. > advérbio de intensidade - quando corresponde a muito.
a) O homem criou a máquina para facilitar sua vida, e contudo Ex.: Joana é bem inteligente.
ela correspondeu a essa expectativa. > advérbio de modo.
b) Diga-lhe que abra logo a porta, que eu estou com pressa. Ex.: Esmeralda fala bem.
c) Ele tinha todas as condições para representar bem os cole- > substantivo comum.
gas; nem todos lhe reconheciam os méritos, porém. Ex.: Meu bem está longe.
d) O problema é que ainda não se sabe se ele agiu conforme > interjeição.
as normas da empresa. Ex.: Bem! ainda assim estou certa.

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Língua Portuguesa
• Certo • Mais
> adjetivo - determinando um substantivo e com significado > pronome adjetivo indefinido - antes de substantivo
de verdadeiro. Ex.: Vendi mais livros.
Ex.: É um homem certo. > pronome substantivo indefinido - quando quer dizer mais
> pronome adjetivo indefinido - antes de um substantivo, coisa.
concordando com ele. Ex.: É pouco, quero mais.
Ex.: Vi certo livro. > palavra de adição - pode-se mudar para e.
> advérbio de afirmação - quando quer dizer certamente. Ex.: João mais Maria brincam juntos.
Ex.: Certo, não queres brincar. > advérbio de intensidade - modifica adjetivo, verbo ou ou-
tro advérbio.
• Como Ex.: Ele estava mais alto. Parecia mais recordar do que aprender.
> advérbio interrogativo de modo - em perguntas diretas e > advérbio de tempo.
indiretas. Ex.: Saudades que os anos não trazem mais.
Ex.: Como estás, menina? Não sei como consegui este resul- > substantivo comum - quando vem com artigo determi-
tado. nando-o.
> advérbio de intensidade - quando se pode mudar para Ex.: Os mais não vieram.
quanto ou quão.
• Meio
Ex.: Como brilham teus cabelos.
> advérbio de intensidade - equivalente a um pouco.
> conjunção subordinativa comparativa.
Ex.: Ela está meio triste hoje.
Ex.: Era vermelho como sangue.
> numeral fracionário - significando metade de uma divisão.
> conjunção subordinativa conformativa -equivale a conforme
Ex.: Comprei meio cento de laranjas.
Ex.: Era trabalhador, como disse o patrão.
> substantivo comum.
> conjunção subordinativa causal.
Ex.: Estamos buscando outro meio de resolver o problema.
Ex.: Como tivesse chovido muito, a terra estava molhada.
> advérbio interrogativo de quantidade - no início de uma • Melhor
frase interrogativa, precedido de preposição. > advérbio de modo no grau comparativo de superioridade -
Ex.: Como vende o chá? querendo dizer mais bem.
> substantivo próprio - significando divindade mitológica ou Ex.: Este rapaz canta melhor.
nome de lugar. > adjetivo no grau comparativo de superioridade - querendo
Ex.: Como presidia às festas noturnas. Como é a terra natal dizer mais bom.
de meus ancestrais. Ex.: O vinho é melhor que a uva.
> verbo comer. > substantivo comum.
Ex.: Como muito bem. Ex.: O melhor do negócio é o segredo.
> preposição acidental - quando quer dizer na qualidade de
Ex.: Como deputado tenho direito de falar. • Menos
> palavra explicativa. > pronome adjetivo indefinido - acompanhando um subs-
Ex.: O estabelecimento vende muitos objetos, como: portas, tantivo.
janelas, piso. Ex.: Tenho menos revistas.
> pronome substantivo indefinido - quando quer dizer me-
• Diferente nos coisa.
> adjetivo. Ex.: Tenho menos do que ele.
Ex.: São de cores diferentes. > advérbio de intensidade - junto a um verbo ou a um ad-
> pronome adjetivo indefinido. jetivo, modificando-o.
Ex.: Diferentes cores ele tem. Ex.: Passeia menos e sê menos gastador.
> preposição acidental - quando quer dizer exceto.
OBSERVAÇÃO: certo, vários e diversos, Ex.: Todos brincam menos ela.
modificando substantivo, têm as mesmas
• Mesmo
classificações, conforme venham antes ou
> pronome adjetivo demonstrativo - designa identidade,
depois do substantivo a que se referem. equivale a em pessoa, próprio.
Ex.: Estivemos na mesma casa. Era Cristo a mesma inocência.
• E > substantivo comum - precedido de artigo definido, quer
> conjunção coordenativa aditiva. dizer a mesma coisa.
Ex.: Ele e ela chegaram. Ex.: Façam o mesmo que eu fiz.
> conjunção coordenativa adversativa - quando equivale a > palavra de inclusão - quando vale até.
mas. Ex.: Mesmo o pai caiu neste erro.
Ex.: Fala, e não faz. > advérbio de afirmação - equivalendo a realmente.
> numeral ordinal - quando corresponde a quinto em uma Ex.: Canta mesmo como um passarinho.
enumeração. > palavra de concessão - corresponde a ainda que.
Ex.: capítulo e. Ex.: Mesmo doente sairei.
• Logo • Muito
> advérbio de tempo - equivale a imediatamente ou daqui > pronome adjetivo indefinido - acompanha um substantivo
a pouco. concordando com ele.
Ex.: Vou logo. Ex.: Muito trabalho me cansa.
> conjunção coordenativa conclusiva - quando quer dizer > pronome substantivo indefinido - quando quer dizer muita
portanto. coisa.
Ex.: Ela estuda muito, logo aprende. Ex.: Muito se faz nesta casa.

38
Língua Portuguesa
> advérbio de intensidade - quando modifica verbo, adjetivo
ou advérbio. OBSERVAÇÃO: No fim de frase ou de perí-
Ex.: Ele é muito inteligente. odo interrogativo, escreve-se por quê.
• Na
> contração da preposição em com o artigo a.
> preposição por e pronome relativo que - substitui-se o pron.
Ex.: na rua da amargura. relativo por o qual (a/s).
> contração da preposição em com o pronome demonstra- Ex.: Não conheço o caminho por que devo passar (= caminho
tivo a. pelo qual...).
Ex.: Estou em minha casa e você na que ele vendeu. > substantivo comum.
> pronome pessoal oblíquo a - depois de verbo terminado Ex.: Ele deve me dizer o porquê de tanta confusão.
em vogal ou ditongo nasal.
Ex.: Viram-na todos. • Pouco
> pronome adjetivo indefinido - acompanha um substantivo.
• O
Ex.: Ele teve pouco trabalho hoje.
> artigo definido - quando vem antes de substantivo, deter-
> pronome substantivo indefinido - significa pouca coisa.
minando-o.
Ex.: Pouco não quero.
Ex.: O homem e o cantar.
> advérbio de intensidade.
> pronome demonstrativo - antes do pronome relativo que,
Ex.: Ele sempre fala pouco / Ele é pouco inteligente.
da preposição de ou junto a um verbo, sendo substituível por
aquele/aquilo/isso.
• Próprio
Ex.: Ela era bonita e sabia que o era. O que eu disse.
> adjetivo - significa peculiar, privativo, adequado, digno.
> pronome pessoal oblíquo - vem junto a um verbo e cor-
Ex.: Essa atitude não é própria de alguém de sua importância.
responde a ele.
> pronome adjetivo possessivo.
Ex.: O patrão estima-o.
Ex.: Moro em casa própria.
> substantivo comum - se representar a letra do alfabeto
> pronome adjetivo demonstrativo - equivale a mesmo (a/s).
Ex.: Este o está torto.
Ex.: Ele cortou a si próprio com a faca.
• Pior > substantivo comum.
> advérbio de modo no grau comparativo de superioridade - Ex.: O senhor é o próprio?
querendo dizer mais mal.
Ex.: Este autor escreve pior do que eu. • Se
> adjetivo no grau comparativo de superioridade - querendo > pronome pessoal oblíquo reflexivo - referente ao sujeito. do
dizer mais mau. verbo, equivalente a si mesmo, a si próprio.
Ex.: Antônio é pior que Paulo. Ex.: O menino feriu-se.
OBSERVAÇÃO: também pode ter valor de
• Pois reciprocidade, se puder ser substituído por
> conjunção subordinativa causal - relacionada a uma oração a si mesmos (as) a si próprios (as) - Eles
principal. cortaram-se.
Ex.: Não vi nada, pois estava dormindo.
> conjunção coordenativa explicativa - pensamento em sequ- > pronome apassivador - ação recai sobre o sujeito paciente
ência justificativa, anteposta ao verbo da oração que participa. na voz passiva sintética.
Ex.: Cedo se arrependerá, pois é o que acontece aos desavi-
Ex.: Rasgou-se a carta (= A carta foi rasgada).
sados.
> conjunção subordinativa integrante - introduz orações
> conjunção coordenativa conclusiva - posposta ao verbo e
substantivas que completam sintaticamente a oração principal
equivalente a portanto.
Ex.: Não sei se choverá.
Ex.: mande os livros, pois, pelo portador.
> conjunção subordinativa condicional - equivale a caso.
> palavra de situação - traduz um sentimento.
Ex.: Se saíres agora, verás onde ele está.
Ex.: Pois vá saindo daqui logo!
> palavra de realce - seguida de sim ou não. > palavra de realce - pode ser retirada da frase sem prejuízo.
Ex.: Pois sim que você vai sair. Ex.: Foram-se embora os convidados.
> Substantivo.
• Porque Ex.: O se exerce várias funções sintáticas.
> conjunção subordinativa causal - relaciona causa da oração > Índice de indeterminação do sujeito.
principal. Ex.: Não se é feliz sem amor.
Ex.: Não veio porque não quis. Precisa-se de carpinteiro.
> conjunção coordenativa explicativa - a segunda frase expli- > Parte integrante do verbo.
ca a razão de ser da primeira. Ex.: Aquela mulher sempre se queixou dos maus-tratos come-
Ex.: Isso não é razão, porque, afinal de contas, os negócios tidos pelo marido.
têm ido bem.
> conjunção subordinativa final - equivale a para que. • Que
Ex.: Não veio porque lhe acontecesse alguma desgraça. > Substantivo.
> advérbio interrogativo de causa - em perguntas diretas e Ex.: Aquela garota tem um quê de arrogância... (objeto di-
indiretas. reto).
Ex.: Por que vieste tarde? / Perguntei-te por que não falaste (O vocábulo que nem sempre é acentuado graficamente
nada. quando especifica outro substantivo).

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Língua Portuguesa
> Pronome adjetivo interrogativo. Ex.: Os afazeres domésticos tomam horas do dia a dia das
Ex.: Que livros você comprou? (adj. Adnominal) donas de casa.
> Pronome substantivo interrogativo. > Locução adverbial – exprimem a maneira pela qual algo
Ex.: Que fazes aqui nesta hora? (obj. direto) acontece, equivale a “diariamente”.
Ex.: Nesta semana, ele viajou dia a dia, sem descanso.
Em que você já não acredita? (obj. indireto)
> Pronome adjetivo indefinido. • À toa
Ex.: Que entusiasmo tem aquela gente! (adj. adnominal) > Adjetivo composto (antes à-toa) – significa inútil, ruim, mal,
> Pronome relativo. sem valor.
Ex.: Chegaram os músicos que animarão a nossa festa. (su- Ex.: Um probleminha à toa causou grande atraso.
jeito). > Locução adverbial – significa sem rumo definido, a esmo,
Está é a parede que você deverá pintar. (obj. direto) ao léu.
Comprei o livro a que você se referiu. (obj. indireto) Ex.: “Estava à toa na vida, o meu amor me chamou
Aquelas são as curvas de que tenho medo. (Comple- Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor...”
mento nominal)
O fingido que você é já não engana a ninguém. (predic.
do sujeito)
EXERCÍCIOS
Era venenosa a aranha por que você foi picado (agente
Diga qual a classificação morfológica de cada palavra ou ex-
da passiva)
pressão destacadas nas frases abaixo, mas não esqueça de
Guardei a faca com que a criança se feriu (adj. adv. de
avaliar o contexto.
instrumento)
> Advérbio de intensidade. 01. A moça estava meio cansada.
Ex.: Que lindas são estas flores!
02. Ele comeu meio bolo.
> Conjunção
Ex.: Pula que pula, mas nunca se cansa. (aditiva) 03. Ao ver o resultado do filho, a mãe começou a chorar.
Pequeno que seja o auxílio, devemos aceitá-lo. (conces-
siva) 04. A triste criança parecia exausta.
Convém que você me escreva sempre. (subjetiva) 05. Eu a vi no parque.
> Partícula de realce ou expletiva.
06. Um gosta de futebol, outro de vôlei.
Ex.: Você é que deve pagar a conta hoje.
> Preposição. 07. Era um menino muito esperto.
Ex.: “Alguém vai ter que me ouvir...”
08. Ele pediu apenas um pedaço do bolo.
• Segundo
09. O pai virou uma fera.
> numeral ordinal.
Ex.: Fevereiro é o segundo mês do ano. 10. O carro virou na estrada.
> substantivo comum - indica fração de hora (tempo).
11. Segundo fui informado.
Ex.: Gastou um segundo para resolver a questão.
> conjunção subordinativa conformativa - equivale a con- 12. Ele chegou em segundo lugar.
forme.
13. Ele estava todo zangado.
Ex.: Segundo fui informado, ele não virá.
• Todo 14. Vou logo.
> pronome adjetivo indefinido - quando se pode mudar para 15. Ela estuda muito, logo aprende.
cada, qualquer.
Ex.: Todo homem deve trabalhar. 16. Na sala havia bastantes alunos.
> adjetivo - equivalente a inteiro.
Ex.: O campo todo queimou-se. 17. Vendem-se carros.
> substantivo comum. 18. Elas compraram sapatos diferentes.
Ex.: O todo é maior do que qualquer parte.
> advérbio de modo - quando quer dizer completamente.
Ex.: Ele estava todo zangado. GABARITO
01. advérbio 02. numeral 03. preposição
ATENÇÃO: Com a Reforma Ortográfica, al- 05. pronome pes- 06. pronomes in-
gumas palavras que antes eram escritas 04. artigo
soal definidos
com hífen para diferenciação morfológica (e
claro, semântica) – pois são locuções adver- 09. verbo de liga-
07. artigo 08. numeral
biais com função de substantivo ou adjeti- ção
vo, passando assim a representar palavras 10. verbo intran-
compostas – perderam esse sinal. É o caso 11. conjunção 12. numeral
sitivo
de “dia a dia” e “à toa”.
13. advérbio 14. advérbio 15. conjunção
• Dia a dia 16. pronome ad- 17. pronome
> Substantivo composto (antes dia-a-dia) – significa cotidia- 18. adjetivo
jetivo apassivador
no, diário e pode exercer função de sujeito.

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Língua Portuguesa

SINTAXE DA ORAÇÃO
E DO PERÍODO 3
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO belecer comunicação. Podem ser nominais ou verbais.

Sintaxe é a parte da gramática que estabelece as relações de Oração - enunciado que se estrutura em torno de um verbo
combinação entre as palavras a partir da análise sintática. Mas, ou locução verbal.
o que é análise sintática? A análise sintática é uma parte da Período - constitui-se de uma ou mais orações. Podem ser
sintaxe que tem por objetivos: analisar as relações que se es- simples ou composto.
tabelecem entre as palavras de uma oração e classificá-las de
acordo com tais relações e analisar as relações entre as orações ATENÇÃO: Haverá num período tantas
de um período. Para melhor entender a sintaxe, precisamos orações quanto forem os verbos, conside-
saber alguns conceitos básicos sobre frase, oração e período. rando locuções verbais e tempos compos-
tos como um só verbo.
FRASE
É um enunciado linguístico que, independentemente de sua
estrutura ou extensão, traduz um sentido completo em uma TERMOS DA ORAÇÃO
situação de comunicação. Caracteriza-se por apresentar um
contorno de entonação que lhe delimita o início e o final. Cons- TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
titui, assim, a unidade mínima no discurso. Exemplos de frases:
SUJEITO
Socorro!
O verbo mantém relação de concordância com seu sujeito. A
Eu acho tudo isso um horror.
composição do sujeito explícito pode ser uma única palavra
Que horror!
ou um conjunto de palavras (onde se deve determinar o nú-
Você nem imagina o que ainda tenho que estudar.
cleo ou núcleos), incluindo também as orações substantivas
Bom dia, meu amigo.
subjetivas.
ORAÇÃO Podem ser núcleo do sujeito: substantivo ou um equivalente
É um enunciado linguístico que apresenta uma estrutura carac- dele (pronomes, substantivos, numerais substantivos ou pa-
terizada sintaticamente pela presença obrigatória de um predi- lavras substantivadas).
cado, função preenchida por um verbo. Apresenta, na maioria
Tipos de Sujeito
das vezes, um sujeito e vários outros termos (essenciais, inte-
grantes e acessórios). Exemplos de orações: Os tipos de sujeito são basicamente dois, segundo Pasquale
e Ulisses, determinado (simples, composto e oculto) e in-
Corram!
determinado, além das orações sem sujeito.
Nós compramos todos os livros indicados para o concurso.
Ele é um excelente amigo. • Sujeito simples - possui um núcleo.
Vende-se casa.
Ex.: Maria esteve aqui. / Alguém me viu. / Duas vieram.
ATENÇÃO: Lembre-se: toda oração é uma
frase, mas nem toda frase é uma oração. OBSERVAÇÃO: O pronome oblíquo áto-
Isso acontece porque em uma frase pode ou no pode funcionar como SUJEITO de um
não haver um verbo. Analise os exemplos verbo no infinitivo. Isso ocorre quando se
dados acima e veja a diferença. tem na 1ª oração um verbo causativo
(deixar, mandar, fazer...) ou sensitivos
PERÍODO (ver, ouvir, sentir...) - o chefe mandou-o trabalhar / não o
vimos entrar.
É um conjunto frasal que pode abarcar uma ou mais orações
e que apresenta um sentido geral autônomo com relação aos • Sujeito composto - possui mais de um núcleo, indepen-
enunciados que o precedem e seguem. Existem dois tipos de dente de sua ordem na frase.
períodos: simples = quando possui uma única oração; com-
posto = quando possui duas ou mais orações. Exemplos de Ex.: João e eu visitamos a moça. / Jessé ou José casará com
períodos: ela? / Estão aqui o seu dinheiro e sua bolsa!

Corram! OBSERVAÇÃO: Nos casos de inversão do


Os problemas são muito difíceis. sujeito de verbos intransitivos (aparecer,
Quantos problemas vocês devem resolver para a prova? chegar, correr, restar, surgir...), pode-se
Queremos que ele venha amanhã e traga os filmes que prometeu. confundi-lo com objeto. Deve-se sempre
Ele saiu da escola mais cedo. examinar a natureza do verbo, para não se
deixar enganar.
RESUMINDO:
Frase - todo enunciado de sentido completo, capaz de esta- Ex.: Apareceu, enfim, o cortejo real.

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Língua Portuguesa
• Sujeito oculto, elíptico ou desinencial - determinado, Predicado verbal
mas implícito na desinência verbal (DNP) ou subentendido
através de uma frase anterior. Deve-se atentar para a 3ª pes- É formado por um verbo transitivo ou intransitivo, isto é, um
soa do plural, na qual não há sujeito oculto eles ou elas e, verbo que não seja de ligação. Neste caso, o verbo será sem-
sim, um caso de sujeito indeterminado. pre significativo, constituindo o núcleo do predicado verbal.

Ex.: Vivemos felizes. / Antes de iniciar este livro, imaginei Ex.: Os passageiros desceram. / Comprei flores. / Comprei-lhe
construí-lo pela divisão do trabalho. / Beba esse leite, menino! flores.

• Sujeito indeterminado - quando não se pode (ou não Predicado verbo-nominal


se quer) precisar que elemento é o sujeito. Ocorre de duas Encerra em si mesmo uma união de predicados. Apresenta um
maneiras: verbo na 3ª pessoa do plural, sem sujeito explícito verbo significativo (núcleo do predicado verbal) e um predi-
ou 3ª pessoa do singular (exceto VTD) + SE. Ex.: Nunca lhe
cativo (núcleo do predicado nominal), portanto, dois núcleos.
ofereceram emprego. / Precisa-se de empregados.
Ex.: Ela entrou risonha na sala. / João abaixou os olhos pen-
OBSERVAÇÃO: A oração de sujeito inde-
sativo. / Considero inexequível o projeto exposto.
terminado com a partícula “se” não pode
ser transformada em voz passiva analítica. A regência verbal é importante para se compreender que os
Havendo essa possibilidade, a palavra se verbos devem ser classificados em função do contexto em
deve ser interpretada como pronome apas- que se apresentam. Há casos de verbos que aparecem com
sivador. Ex.: Celebrou-se a missa - A missa foi celebrada. transitividades diferentes se os contextos foram trocados.
• Oração sem sujeito - o processo verbal encerra-se em si
Ex.: Perdoai sempre. - intransitivo / Perdoai as ofensas - tran-
mesmo, sem atribuição a nenhum ser. Ocorre sempre com
sitivo direto / Perdoai aos inimigos - transitivo indireto / Per-
verbos impessoais nos seguintes casos: verbos que exprimem
doai as ofensas aos inimigos. - transitivo direto e indireto
fenômenos da natureza; verbos fazer, ser, ir e estar indicando
tempo cronológico ou clima (no caso do ser, também distân- OBSERVAÇÃO: Verbos transobjetivos: jul-
cia); verbo haver = existir ou em referência a tempo decor- gar, chamar, nomear, eleger, proclamar, de-
rido. Ex.: Choveu demais. / São três anos de solidão. / Há
signar, considerar, declarar, adotar, ter, fa-
cem voluntários. / Há muitos anos não o vejo. / Vai para dois
zer, tornar, encontrar, deixar, ver, coroar,
meses de espera.
sagrar, achar etc..
OBSERVAÇÃO: Os verbos impessoais não
apresentam sujeito e devem permanecer na TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
3ª pessoa do singular (exceto o verbo ser,
que também admite a 3ª pessoa do plural). Complemento nominal, complementos verbais (objeto direto
Quando um verbo auxiliar se junta a um ver- e indireto), predicativo e agente da passiva.
bo impessoal, a impessoalidade é transmitida a ele.
PREDICATIVO
PREDICADO
Expressa um estado ou qualidade do sujeito ou do objeto.
É o termo da oração que faz uma predicação, ou seja, uma Pode ser representado por substantivo ou expressão subs-
declaração, uma afirmação sobre o sujeito. Apresenta-se em tantivada, adjetivo ou locução adjetiva, pronome, numeral
três tipos: ou oração subordinada substantiva predicativa. O predicativo
pode referir-se ao objeto, sendo mais raramente ao objeto
• Verbal - núcleo é um verbo significativo, nocional que traz indireto. Exprime, às vezes, a consequência do fato indicado
uma ideia nova ao sujeito (transitivo ou intransitivo); pelo predicado verbal.
• Nominal - núcleo do predicado é um nome (predicativo). Observe alguns predicativos do sujeito (as palavras sublinha-
O verbo não é significativo, funcionando apenas como ligação das são características do sujeito):
entre o sujeito e o predicativo;
Ex.: Os filhos são frutos. / Ela era chata e sem utilidade. / Os
• Verbo-nominal - contém dois núcleos: verbo significativo próximos seremos nós. / Todos eram um.
e um predicativo.
OBSERVAÇÃO: Quando houver verbo de OBSERVAÇÃO: O predicativo pode vir
ligação, o predicado será necessariamente precedido de preposição (de, em, para,
nominal e quando houver predicativo do por), de locução prepositiva ou da palavra
objeto, o predicado será verbo-nominal como. Ex.: Ele formou-se em advocacia. /
sempre. Considerei-o como um farsante.
Para se classificar o predicado, torna-se indispensável o estu- Observe alguns predicativos do objeto: Todos nos julgam cul-
do dos tipos de verbos (transitivos, intransitivos e de ligação). pados. / Considero uma verdade isso. / As paixões tornam os
homens cegos. / Acho razoáveis suas pretensões. / O maior
Predicado nominal desprazer de um homem é ver a amada triste. / O governador
É formado por um verbo de ligação acrescido de um nome nomeou a professora reitora. / O juiz julgou o recurso impro-
(substantivo, adjetivo ou pronome), dito predicativo do sujei- cedente.
to. O núcleo deste predicado é o predicativo, uma vez que o
COMPLEMENTO NOMINAL
verbo somente estabelece ligação. Ex.: O rapaz estava apre-
ensivo. / A mãe virou bicho naquele dia. Tanto o CN como o OI vêm precedidos de preposição obri-

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Língua Portuguesa
gatória, mas a palavra que rege esta preposição é diferente cado ou ainda um significado mais particularizado na relação
nos dois casos: nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) no verbo/complemento.
CN e verbo no OI. Ex.: ofensivo à honra / contrariamente
aos nossos anseios / compreensão do mundo / obedecer aos Preposição que tira a ambiguidade – veja o exemplo: O caça-
princípios / precisar de auxílio. dor o leão matou. (verbo transitivo direto)

Deve-se marcar que há uma relação de regência nominal en- Neste caso, você não sabe se quem matou foi o caçador ou o
volvendo o emprego do CN, que é termo regido. Muitas vezes leão. Não se sabe quem é o sujeito e quem é o objeto. Tiran-
o nome cuja significação o CN integra tem raiz verbal (amar do a ambiguidade, temos: Ao caçador o leão matou. O leão
o trabalho - amor ao trabalho / confiar em Deus - confiança matou o caçador. “Ao caçador” é objeto direto preposiciona-
em Deus). Quando um termo preposicionado se liga a um do, pois completa um verbo transitivo direto e a preposição
advérbio ou adjetivo, não há dúvida de que o termo regido a se encarregou de tirar a ambiguidade da frase. Também
é um CN. poderíamos fazer o contrário: O caçador ao leão matou. “Ao
leão” é objeto direto preposicionado.
No entanto, quando um termo preposicionado liga-se a um
substantivo, deve-se fazer uma análise mais criteriosa. Esse Preposição para indicar parte de um todo – veja o exemplo:
substantivo deve apresentar uma transitividade em si mesmo, Comemos o bolo (comeram tudo) – Objeto direto.
para ser caracterizado como CN. São casos de substantivos
Comemos do bolo (comeram parte do bolo) – objeto direto
ditos transitivos: substantivo abstrato de ação, corresponden-
te a verbo cognato que seja transitivo ou que peça comple- preposicionado.
mentação adverbial de circunstância. AGENTE DA PASSIVA
Ex.: inversão da ordem - onde o verbo de “inverter a ordem” é Termo que indica o autor da ação verbal expressa em oração
trans. direto / obediência aos pais - onde o verbo de “obede-
de voz passiva analítica.
cer aos pais” é trans. indireto / ida a Roma - onde o verbo de
“ir a Roma” pede adjunto adverbial / certeza da vitória - onde Exemplos:
se pode construir “certo da vitória” / fidelidade aos amigos - Para alegria de Eva, a fruta proibida foi comida por Adão.
onde se pode construir “fiel aos amigos”.
A virtude deve ser buscada por todos.
OBSERVAÇÃO: Se perderem o caráter
abstrato, os substantivos deixam de reger O sujeito “a fruta”, no primeiro exemplo, é sujeito paciente,
o CN. pois sofre a ação do verbo comer, porém o termo Adão é
agente da ação de comer, quer dizer, é agente da voz em que
o sujeito se mostra passivo – agente da passiva.
COMPLEMENTO VERBAL
TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
Objeto indireto
ADJUNTO ADNOMINAL
É o complemento verbal que se liga ao verbo através da pre-
posição exigida pelo verbo. Nesse caso, o verbo pode ser Termo que aparece junto de um termo substantivo, produzin-
transitivo indireto ou transitivo direto e indireto. Normalmente do a este um significado maior. O adjunto adnominal pode ser
as preposições que ligam o objeto indireto ao verbo são: a, morfologicamente caracterizado por:
de, em, com, por, contra, para. - Artigo : As festas aconteciam em Bagdá.
Exemplos: - Numeral: Quinze alunos chegaram agora.
Optei pelo menor / Lutei contra o azar / Obedeço ao mestre / - Adjetivo: Entregar-te-ei coração fiel.
Deparei com um estranho / Comunicaram o fato aos leitores / - Pronome: Nosso pensamento é a vitória do grupo.
Acredito em você / Ofereci um prêmio ao vencedor. - Uma locução ou expressão adjetiva: homem sem barba /
alegria sem tamanho.
Objeto direto
OBSERVAÇÃO: O adjunto adnominal
É o complemento verbal que se liga ao verbo sem preposição
prende-se diretamente ao substantivo, en-
obrigatória. Nesse caso o verbo pode ser transitivo direto ou
transitivo direto e indireto. quanto o predicativo refere-se ao substan-
tivo por meio de um verbo.
Exemplos:
ADJUNTO ADVERBIAL
Não vi ninguém / Os jornais nada publicaram / Ofereci um
prêmio ao vencedor / Comunicaram o fato aos leitores. Termo que modifica o verbo, o adjetivo e o próprio advérbio.
Podem ser de:
Objeto pleonástico
Em alguns momentos, a repetição produz uma relação de ên- - Afirmação: De fato, sabemos toda a matéria.
fase ou ratificação. Este é o objeto pleonástico. Exemplos: - Assunto: Especializou-se em política.
- Concessão: Apesar de tudo, amo sem restrições aos meus
O meu procurador, encontrei-o.
amigos.
De todas as pessoas fiéis, gostamos delas. - Companhia: Deves caminhar para a felicidade com seus ami-
gos.
Objeto direto preposicionado
- Condição: Menino, sem escada, não alcançará o teto.
As preposições podem ser utilizadas para trazer novo signifi- - Causa: O menino chorava de dor.

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Língua Portuguesa
Matéria
- Direção: O tiro saiu para o lado. PERÍODO COMPOSTO
- Exclusão: Todos foram ao cinema, menos eu.
Estrutura do período composto:
- Fim / Finalidade: Ele vive para trabalhar.
- Frequência: Faltou à aula três vezes. Classificação Estrutura
- Instrumento: Eles a cortaram a canivete. Oração principal + oração subor-
Período composto por
- Intensidade: Ele fala demais. dinada (pode haver a inversão
subordinação
dessa ordem)
- Lugar: Caminharei por esta rua até em casa.
Período composto por Oração coordenada + oração
- Meio: Andava a cavalo.
coordenação coordenada
- Modo: Saíram em silêncio.
Oração principal + oração coor-
- Tempo: Depois da prova, viajarei. Período misto denada + oração subordinada
APOSTO (pode haver inversão da ordem )

Termo que explica, desenvolve ou resume outro termo da ora-


ORAÇÃO COORDENADA
ção. Aparece geralmente, sem preposições e entre pausas.
Se retirarmos o fundamental, o aposto assumirá a função do São orações que exercem relação semântica umas sobre as
termo retirado. outras, porém desprovidas de qualquer dependência sintáti-
ca. Podem ser assindéticas (sem conjunções – ex.: Maria
• Aposto explicativo: identifica ou amplia a significação do cantou, dançou, pulou, sorriu) e sindéticas (com conjunções
nome principal. Vem entre vírgulas, travessão ou parênteses. – ex.: Maria cantou, e dançou, e pulou e sorriu.). Veja a clas-
Exemplos: sificação das orações coordenadas sindéticas:
Nós, participantes da vida, estamos esperançosos no futuro. • ADITIVAS - exprimem uma relação de soma, de adição.
São iniciadas por uma conjunção coordenativa aditiva ou por
D. Pedro I, Imperador do Brasil, proclamou a independência.
uma locução conjuntiva coordenativa aditiva (e, nem, mas
• Aposto especificativo: liga-se, sem pausa, a um substan- também, mas ainda).
tivo de sentido genérico para indicar a espécie a que perten- Ex.: Não veio nem telefonou.
ce. Exemplo: O jornal O Globo é um bom jornal.
• ADVERSATIVAS - exprimem uma ideia contrária à da
• Aposto enumerativo ou distributivo: faz uma relação outra oração, uma oposição. Iniciam-se por uma conjunção
de enumeração ou distribuição de nomes com referência an- coordenativa adversativa ou por uma locução conjuntiva co-
terior. Exemplos: ordenativa adversativa (mas, porém, todavia, no entanto, en-
tretanto, contudo).
Falamos com duas colegas: Ana Maria e Paula.
Ex.: A estrada era perigosa, entretanto todos queriam visitá-la.
Li dois livros: Senhora e Macunaíma.
• ALTERNATIVAS - exprimem ideia de opção, de escolha, de
• Aposto resumidor: retoma, utilizando-se de um pronome,
alternância. Iniciam-se por uma conjunção coordenativa alter-
ao que foi expresso pelo termo fundamental. Exemplo: Amor,
nativa ou por uma locução conjuntiva coordenativa alternativa
paixão, ódio, tudo faz parte da vida.
(ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer).
VOCATIVO Ex.: Ora chama pela mãe, ora procura o pai.
É uma forma de chamar a atenção da pessoa com quem fa- • CONCLUSIVAS - exprimem uma conclusão da ideia conti-
lamos. É um termo alheio à oração e não tem propriamente da na outra oração. São iniciadas por uma conjunção coorde-
função sintática, uma vez que só serve para chamar. Exemplos: nativa conclusiva ou por uma locução conjuntiva coordenativa
conclusiva (logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois). A
Doutor Adalberto, seu paciente chegou.
conjunção pois será conclusiva quando estiver após o verbo
Espere por mim, amigo. ou entre vírgulas.

Maria, você trabalhou hoje? Ex.: Falta carne no mercado, portanto conheça a comida ve-
getariana.

TIPOS DE ORAÇÃO ORAÇÃO SUBORDINADA


Absoluta - é a que forma um período simples; São orações que exercem relação semântica e sintática umas
sobre as outras. Há dependência sintática entre a oração prin-
Coordenada - mantém com outra uma relação sintática de cipal e a subordinada que funcionará como termo (sujeito,
independência; objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento no-
Subordinada - é aquela que depende sintaticamente de ou- minal, adjunto adverbial, aposto) da primeira. Podem ser:
tra oração; substantivas, adjetivas ou adverbiais.

Principal - é aquela da qual a oração subordinada depende; SUBSTANTIVA

Intercalada - é independente e de cunho esclarecedor Tem função sintática própria dos substantivos, ou seja,
(“Meu pai - Deus o guarde - mostrou-me o caminho do bem”). exercem a função de sujeito ou objeto direto ou indireto ou
complemento nominal ou predicativo ou aposto.

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Língua Portuguesa
Geralmente são introduzidas pelas conjunções integrantes • Restritiva - restringe o significado do antecedente e não
“que” (nas afirmações certas) e “se” (nas afirmções incer- é separada da oração principal por vírgulas. Ex: O professor
tas). Além das conjunções integrantes, podem ser introduzi- castigava os alunos que se comportavam mal.
das, também, por pronomes ou advérbios interrogativos.
Ex.: Você sabe quem fez isso? Ignora-se quantos são os Tipos de oração subordinada adjetiva
responsáveis, não sei quando voltarei.
Restritiva Explicativa
A função da oração subordinada substantiva depende da es-
trutura da oração principal. Tipos de orações substantivas:
restringe o sentido da OP explica o sentido da OP
• Subjetiva - funciona como sujeito do verbo da oração prin-
cipal. O verbo da oração principal se apresenta sempre na
fundamental é dispensável
terceira pessoa do singular e nessa não há sujeito, o sujeito é
a oração subordinada. sentido particularizante do sentido universalizante do
Ex.: É necessário que ele viaje. antecedente antecedente
• Objetiva direta - exerce a função de objeto direto do ver-
bo da oração principal. Está sempre ligada a um verbo da OBSERVAÇÃO: Geralmente, as orações
oração principal, sem auxílio de preposição, indicando o alvo explicativas vêm separadas da oração prin-
sobre o qual recai a ação desse verbo. cipal por vírgulas ou travessões.

Ex.: Espero que ele volte.


• Objetiva indireta - funciona como objeto indireto do ver- ADVERBIAL
bo da oração principal. Está sempre ligada a um verbo da
oração principal, com auxílio de preposição, indicando o alvo Corresponde sintaticamente a um adjunto adverbial, sendo
do processo verbal. introduzidas por conjunções subordinativas adverbiais. São
introduzidas pelas conjunções subordinativas e classificadas
Ex.: Necessito de que ele volte. de acordo com as circunstâncias que exprimem. Tipos de ora-
ções adverbiais:
• Completiva nominal - funciona como complemento nomi-
nal de um nome da oração principal. Está sempre ligada a um • Causal - indica a causa da ação expressa na oração princi-
nome da oração principal através de preposição. pal. Principais conjunções: porque, porquanto, desde que, já
que, visto que, uma vez que, como, que. Ex.: Saí apressado,
Ex.: Tenho necessidade de que ele volte. porque estava atrasado.
• Predicativa - funciona como predicado do sujeito da ora-
OBSERVAÇÃO: A oração causal introduzi-
ção principal. Está sempre ligada ao sujeito da oração princi-
da por como fica obrigatoriamente antes
pal através de verbo de ligação.
da principal.
Ex.: Minha esperança é que ele volte.
• Apositiva - funciona como aposto de um nome da oração • Consecutiva - indica uma consequência do fato referido
principal. Está sempre ligada a um nome da oração principal, na oração principal. Principais conjunções: que (precedido de
sem o uso de preposição e sem mediação de verbo de ligação. tão, tal, tanto, tamanho), de maneira que, de forma que. Ex.:
Ex.: Espero somente isto: que ele volte. Saímos tão distraídos, que esquecemos os ingressos.
• Comparativa - comparação com o que aparece expresso
OBSERVAÇÃO: Não há referência à ora- na oração principal, buscando entre elas semelhanças ou di-
ção que teria papel de agente da passiva ferenças. Pode aparecer com o verbo elíptico. Principais con-
na Nomenclatura Gramatical Brasileira. Es- junções: assim como, tal qual, que, do que, como, quanto.
sas seriam introduzidas por pronomes in-
definidos (quem, quantos, qualquer...) pre- Ex.: Naquele lugar chovia, como chove em Belém.
cedidos de preposição por ou de.
• Condicional - expressa uma circunstância de condição
Ex.: A equipe será formada por quem souber ao menos ler. com relação ao predicado da oração principal. Principais con-
junções: se (=caso), caso, contanto que, dado que, desde
ADJETIVA que, uma vez que, a menos que, sem que, salvo se, exceto
se. Ex.: Sairei, se você der autorização.
É aquela que se encaixa na oração principal, funcionando
como adjunto adnominal. As orações subordinadas adje- • Conformativa - indica conformidade em relação à ação
tivas classificam-se em: explicativas e restritivas. É intro- expressa pelo verbo da oração principal. Principais conjun-
duzida por pronome relativo (que, qual/s, como, quanto/a/s, ções: conforme, como, segundo, consoante. Ex.: Saímos na
cujo/a/s, onde). Estes pronomes relativos podem ser precedi- hora, conforme havíamos combinado.
dos de preposição.
• Concessiva - admissão de uma circunstância ou ideia con-
• Explicativa - acrescenta uma qualidade acessória ao an- trária, a qual não impede a realização do fato manifestado na
tecedente e é separada da oração principal por vírgulas. Ex: OP. Principais conjunções: embora, ainda que, se bem que,
Grande Sertão: Veredas, que foi publicado em 1956, causou mesmo que, apesar de que, conquanto, sem que. Ex.: Saímos
muito impacto.
cedo, embora o espetáculo fosse mais tarde.

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Língua Portuguesa

OBSERVAÇÃO: Sempre com verbo no sub- b) adjunto adverbial.


juntivo. c) adjunto adnominal.
d) objeto indireto.
06. Em: “Eu era enfim, senhores, uma graça de aliena-
• Temporal - funciona como adjunto ad- do”, os termos em destaque são, RESPECTIVAMENTE:
verbial de tempo. Também pode ser iniciada por ao, estando a) adjunto adnominal, vocativo, predicativo do sujeito.
o verbo no infinitivo. b) adjunto adverbial, aposto, predicativo do sujeito.
c) adjunto adverbial, vocativo, objeto direto.
É iniciada por uma conjunção subordinativa temporal ou por
d) adjunto adverbial, vocativo, complemento nominal.
uma locução conjuntiva subordinativa temporal. Principais
conjunções: quando, assim que, logo que, tão logo, enquanto, 07. “Tinha grande amor à humanidade.”
mal, sempre que. Ex.: Saímos de casa assim que amanheceu. “As ruas foram lavadas pela chuva.”
“Ele é rico em virtudes.”
• Finalidade - indica o objetivo ou a destinação do fato relata-
As palavras destacadas são, RESPECTIVAMENTE:
do na OP. Principais conjunções: para que, para, a fim de que,
a) objeto indireto, adjunto adverbial, adjunto adverbial.
com a finalidade de. Ex.: Fomos embora, para que não hou-
b) complemento nominal, agente da passiva, objeto indireto.
vesse confusão. / Ao terminar essa discussão, sairemos daqui.
c) objeto indireto, agente da passiva, complemento nominal.
• Proporcional - relação existente entre dois elementos, de d) complemento nominal, agente da passiva, complemento
modo que qualquer alteração em um deles implique altera- nominal.
ção também no outro. Principais conjunções: à medida que, 08. “Não se fazem motocicletas como antigamente”.
à proporção que, enquanto, ao passo que, quanto. Ex.: Os O termo em destaque funciona como:
alunos saíram, à medida que terminavam a prova. a) sujeito.
b) objeto direto.
OBSERVAÇÕES:
c) predicativo.
• uma oração pode ser subordinada a uma d) adjunto adnominal.
principal e, ao mesmo tempo, principal em 09. A oração que apresenta complemento nominal é:
relação a outra. a) Os pobres necessitam de ajuda.
b) Os homens aspiram à paz.
Ex.: Ele age / como você (age) / para estar em evidência.
c) Os pedidos foram feitos por nós.
• a Nomenclatura Gramatical Brasileira não faz referência às d) Sejamos úteis à sociedade.
orações adverbiais modais e locativas (introduzidas por onde). 10. “Sua vida foi uma festa contínua.”
Os termos destacados são, RESPECTIVAMENTE:
Ex.: Falou sem que ninguém notasse. / Estaciona-se sempre
a) sujeito, predicativo do sujeito.
onde é proibido.
b) adjunto adnominal, objeto direto.
EXERCÍCIOS c) adjunto adnominal, predicativo do sujeito.
d) adjunto adnominal, adjunto adverbial de modo.
01. Assinale a alternativa que tem oração sem sujeito:
11. Indique o item em que a classificação sintática do ele-
a) Deve existir um grupo importante aqui. mento destacado está INCORRETA:
b) Mesmo sem avisar, havia pedido tudo. a) “O pensamento do Presidente é que as forças do Exérci-
c) Existem inúmeros animais que atacam o homem. to ou outras forças existem como instituições para enfrentar
d) Há de haver um grupo mais responsável. duas situações específicas: o ataque inimigo ou a anar-
quia instituída” – aposto.
02. Assinale a alternativa CORRETA. Em “ Fica aqui, aluno
b) “Soma-se a isso o seguinte: para combater uma agressão
irresponsável” tem-se como sujeito: externa, as verbas, os equipamentos e o pessoal das Forças
a) Te. Armadas são insuficientes. Para combater a desordem, são
b) inexistente. demais”. – predicativo.
c) Oculto determinado. c) “A sociedade mantém as Forças Armadas inativas no caso.”
d) aluno. - adjunto adnominal.
d) “Devem estas instituições intervir no processo com seu
03. Assinale a alternativa em que há oração sem sujeito. instrumental capaz de intimidar o crime?” - sujeito.
a) Amizades verdadeiras haverá para toda vida.
b) O pai trovejou ardentemente com o filho. 12. No período: “Ele me cobre de glórias e me faz magní-
c) Haveria procurado João todas essas coisas! fico”, os termos destacados têm, RESPECTIVAMENTE, as
d) Ninguém havia aberto a porta. funções sintáticas de:
a) objeto direto, objeto indireto, objeto direto.
04. Numa oração do tipo “As meninas assistiram alegres ao b) objeto indireto, objeto indireto, predicativo do sujeito.
espetáculo”, temos: c) objeto direto, objeto direto, predicativo do objeto.
a) predicado verbal. d) adjunto adnominal, adjunto adnominal, objeto direto.
b) predicado verbo-nominal. 13. “A representação pública mantém as atividades estáti-
c) predicado nominal. cas no caso. Os desejos de comprometê-las na...”
d) duas orações, portanto dois predicados. “Entendo que todos os grupos envolvidos nesse grande pro-
cesso compartilham desse posicionamento firme...”
05. Classifique sintaticamente o termo grifado “Vivia preso
Quais as funções sintáticas respectivamente desempenhadas
como um novilho amarrado ao madeiro”.
pelos termos destacados nas frases dadas?
a) objeto direto. a) Objeto direto – objeto indireto.

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Língua Portuguesa
b) Objeto indireto – adjunto adnominal. 21. A alternativa que apresenta uma oração subordinada
c) Objeto indireto – objeto indireto. substantiva subjetiva é:
d) Objeto direto – objeto direto. a) Em desejando mesmo, serão presenteados com a medalha.
b) Os pastores sabem se eles virão ao culto esta noite.
14. c) É muito provável que as movimentações se estabilizem
I. Ele é muito simpático. daqui em diante.
II. Ele trabalhou muito pouco. d) J.J Frederich percebeu, logo, que tudo era uma farsa.
III. Há muito carro bonito. e) A verdade é que eles sumiram para sempre.
A palavra muito é:
a) adjunto adverbial em I e adjunto adnominal em II e III. 22. Nos períodos abaixo, que oração destacada tem sua
b) adjunto adverbial em II e adjunto adnominal em I e III. classificação indicada CORRETAMENTE?
c) adjunto adverbial em I, II e III. a) ”Era a grande tosse dos pobres, sintomas e denúncia da
d) adjunto adverbial em I e II e adjunto adnominal em III. silicose que os roía - oração subordinada adverbial modal
b) “...contou-me um amigo uma história exemplar, que teria
15. Em: “Eu faço o mesmo”. ocorrido na cidade mineira de Nova Lima, por volta dos
Assinale o item em que a oração subordinada exerce função anos 30”. Oração subordinada adjetiva explicativa.
semelhante ao termo destacado: c) “É claro que a criminalidade, enquanto sintoma,
a) Não é certo que ele retorne. tem de ser adequadamente combatida por medidas
policiais enérgicas...” – oração subordinada completiva
b) Fizeram um só pedido: que cuidássemos bem do jardim. nominal.
c) Eles precisavam de que eu os ajudasse. d) “Os ingleses dessa forma uniram o útil ao agradável”
d) Todos esperam que ela volte logo. – oração coordenada assindética.

16. “Em outros campos, desprezam-se vocábulos vivos que 23. Assinale a alternativa em que as orações grifadas nos
dão o seu recado com eficiente simplicidade...” períodos I e II desempenham a mesma função sintática
Quais os sujeitos das duas orações presentes no trecho acima? (trecho de A hora da estrela de Clarice Lispector).
a) Campos/vocábulos vivos. a) I- Não sei se estava tuberculosa, acho que não.
b) Vocábulos vivos/que. II- Se é pobre, não estará me lendo porque ler-me é
c) Vocábulos vivos/ vocábulos vivos. supérfluo.
d) Indeterminado/ recado. b) I - A moça um dia viu num botequim um homem tão, tão,
17. Nos trechos abaixo, as orações sublinhadas exercem, em tão bonito que – que queria tê-lo em casa.
relação às anteriores, as funções sintáticas de: II - Encontrar-se comigo próprio era um bem que ela até
I – “A transformação ora em debate está supondo que os então não conhecia.
trabalhadores portugueses não consigam”. c) I - E minha vida (...) responde que devo lutar, como quem
II- “É simples compreender que os deputados não sabiam a se afoga, mesmo que eu morra depois.
verdade sobre o caso.” II - Cristo tinha sido além de santo um homem como ele,
a) Adjunto adverbial de tempo e objeto direto, respectivamente. embora sem dente de ouro.
b) Objeto direto e predicativo do sujeito, respectivamente. d) I - Nunca se perguntara porque colocava a barra
c) Sujeito e sujeito. embaixo.
d) Objeto direto e objeto direto.
II - Eu só não digo palavrões grossos porque você é
18. “Para passar o período de amamentação com o filho, até moça donzela.
que este complete seis meses de idade, terá a mulher direito,
durante a jornada, a dois descansos especiais de meia hora 24. Nos períodos abaixo, as orações negritadas estabelecem
cada”... O comentário CORRETO a respeito da estrutura relações sintáticas e de sentido com outras orações.
sintática desse período é: I- Eles compunham uma grande coleção, que foi se
a) O sujeito do verbo da oração principal está posposto. dispersando, à medida que seus seis filhos se casavam,
b) A oração subordinada do período indica finalidade. cada qual um lote de herança = PROPORCIONALIDADE
c) O complemento nominal de “direito” é “durante a jornada”. II – Mal se sentou na cadeira presidencial, Itamar Franco
d) “Para amamentar o próprio filho” é adjunto ligado à oração passou a ver conspirações = MODO.
subordinada. III – Nunca foi professor da UnB, mas por ela se aposentou
19. “Os vocábulos de nossa língua andam tomando uma = CONTRARIEDADE
verdadeira surra, até mesmo na mão de quem devia saber A classificação dessas relações está CORRETA somente nos
o respeito que merecem. É como se fosse uma cabala contra períodos:
a comunicação: o significado das palavras depreciado, a) Apenas I.
desprezado, trocado, ignorado”. b) Apenas II.
Assinale a afirmativa CORRETA a respeito do texto acima: c) I e III.
a) É formado por uma oração absoluta. d) II, III.
b) É constituído por quatro orações, sendo uma delas reduzida.
c) Apresenta duas orações adjetivas, uma substantiva e uma 25. Assinale a alternativa em que a conjunção grifada introduz
principal. a oração que completa o sentido do verbo da oração anterior.
d) Todas as orações subordinadas são dependentes sintática a) Talvez fosse bom indagar se o tópico da ideologia realmen-
e semanticamente das orações anteriores. te merece toda atenção que lhe tem sido conferida.
20. “Quem sempre procura a verdade diz a verdade”. b) Talvez fosse bom indagar se o tópico da ideologia realmen-
Assinale o comentário CORRETO sobre o verso destacado: te merece toda atenção que lhe tem sido conferida.
a) O sujeito da segunda oração é a oração anterior. c) As verdadeiras razões podem ser bem mais mundanas do
b) O sujeito da primeira oração é a segunda oração. que qualquer conversa sobre “ discurso hegemônicos”.
c) O objeto direto da primeira oração é a segunda oração. d) Thatcher não esteve onde esteve porque a população bri-
d) O objeto direto da segunda oração é a primeira oração. tânica fielmente identificava com seus valores.

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Língua Portuguesa
26. Leia com atenção as afirmações abaixo: orações desenvolvidas. Essas orações são chamadas de ora-
I. A oração grifada na frase abaixo tem valor de adjetivo, indica ções desenvolvidas correspondentes, um recurso de equiva-
uma qualidade inerente ao substantivo a que se refere: lência de significado que pode auxiliar na análise sintática.
Ela foi a primeira ministra em parte por causa das excentrici-
Observe:
dades do sistema eleitoral britânico, que pode colocar no a) Relampeando, eu não consigo dormir = Se relampear, eu
poder um governo rejeitado pela maioria do eleitorado. não consigo dormir.
II. A oração grifada na frase abaixo tem valor adjetivo, refe- b) Declarei estar ocupado = Declarei que estava ocupado.
rindo qualidade acidental do substantivo a que se refere. c) Para estudarmos precisamos de sossego = para que estu-
Esta consiste em converter as pessoas relativamente agradá- demos, precisamos de sossego.
veis que povoavam o país quando Thatcher chegou pela d) Acabada a festa, retirou-se = quando acabou a festa, re-
primeira vez a Downing Street em um bando detestável de tirou-se.
imbecis egoístas e empedernidos.
SOBRE AS FORMAS DO INFINITIVO: A forma infinitiva
III. O pronome relativo na frase abaixo indica posse.
é identificada por sua terminação em R: -ar, -er, -ir. Não po-
Conseguiu obter o apoio de uma camada especializada da
demos esquecer que a língua portuguesa admite flexão na
classe trabalhadora cuja importância era decisiva do forma infinitiva. Assim temos:
ponto de vista eleitoral.
Era para eu cantar.
Estão CORRETAS: Era para tu cantares.
a) I, somente. Era para ele cantar.
b) I, II somente. Era para nós cantarmos.
c) I e III, somente.
Era para vós cantardes.
d) I, II e III.
Era para eles cantarem.
27. Em: “Já ajeitei o travesseiro, ajustei a luz e abri a lista Quando ocorre locução verbal, o auxiliar indica-se trata de
telefônica, tentando me convencer de que, pelo menos no oração reduzida ou não. Na frase: “Tendo de ausentar-se, de-
número de personagens, seria um razoável substituto para clarou vacante seu cargo.” Temos aqui uma oração reduzida
um romance russo.” (Luiz Fernando Veríssimo) de gerúndio. Portanto, é condição para que a oração seja re-
Encontram-se quantas orações? duzida que o auxiliar se encontre representado por uma forma
a) 7. nominal.
b) 8.
c) 5. ANÁLISE SINTÁTICA DAS ORAÇÕES REDUZIDAS
d) 4. As orações reduzidas possuem as mesmas características sin-
28. “Se é para o bem de todos e a felicidade geral da Nação, táticas das orações subordinadas desenvolvidas. Nos exem-
plos abaixo, a forma desenvolvida da oração reduzida segue
diga ao povo que fico!”
em parênteses. Classificação:
A conjunção é:
a) coordena orações aditivas. I. ORAÇÕES REDUZIDAS DE INFINITIVO
b) une dois sujeitos.
c) liga elementos de função sintática distintas. • SUBSTANTIVAS
d) une dois complementos verbais. Subjetivas:

GABARITO - É necessário gostar de frutas e verduras. (que se goste de


frutas e verduras)
01. d 02. c 03. a 04. b 05. d 06. d Objetivas Diretas:
07. d 08. a 09. d 10. c 11. c 12. c
- O técnico assegurou serem seguras as máquinas. (que eram
13. a 14. d 15. d 16. b 17. d 18. a seguras as máquinas)
19. d 20. a 21. c 22. b 23. c 24. c
Objetivas Indiretas:
25. a 26. d 27. c 28. a
- Gosto de ficar sozinho. (que eu fique sozinho)
Predicativas:
ORAÇÕES REDUZIDAS
- O melhor seria fazerem a viagem. (que fizessem a viagem)
Oração reduzida é uma oração construída com uma das for-
mas nominais do verbo, gerúndio, infinitivo e particípio. As Completivas Nominais:
orações reduzidas aparecem como orações subordinadas a
- Eu estou disposto a arriscar tudo. (que eu arrisque tudo)
uma oração principal desenvolvida (não reduzida). As orações
reduzidas não são introduzidas por conectivos. Apositivas:

Veja os exemplos: - Ele nos fez um convite: comparecermos ao seu casamento.


(que comparecêssemos ao seu casamento)
Os meninos da rua saíram para jogar bola. (Infinitivo)
Fez um gol driblando o goleiro. (Gerúndio) • ADJETIVAS
Acabada a chuva, o carnaval recomeçou. (Particípio)
Restritiva:
As orações reduzidas podem, em geral, ser desdobradas em - Ela foi a única a apreciar o show. (que apreciou o show)

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Língua Portuguesa
Explicativas: Temporal:
- Aquele, a cantar no palco, é meu amigo. (que canta no palco) - Concluído o jogo, o time foi descansar. (quando concluíram
o jogo)
• ADVERBIAIS
Concessiva:
Causal:
- Vencido o campeonato, permanecerão treinando. (mesmo
- Eu lamento por ter chegado atrasado. (porque cheguei atra-
que vençam o campeonato)
sado)
Condicional:
Temporal:
- Não podem ir embora sem cumprimentar o casal. (que cum- - Excluídas as doações, como funcionaremos? (caso excluam
primentem o casal) as doações)

Final:
- Fiz um empréstimo para comprar um carro. (para que compre
EXERCÍCIOS
um carro) 01. A oração grifada está em forma reduzida (de infinitivo):
“Apesar de só dizer a verdade, não lhe deram crédito”.
Concessiva:
Assinale a alternativa em que ela aparece desenvolvida de
- Apesar de estar triste ela continua sorridente. (apesar de que
forma CORRETA.
esteja triste)
a) Apesar que só dizia a verdade, não lhe deram crédito.
Condicional: b) Apesar que só dissesse a verdade, não lhe deram crédito.
- Se cumprirem a promessa eu cumpro a minha. (caso cum- c) Visto que só dizia a verdade, não lhe deram crédito.
pram a promessa) d) Embora só dissesse a verdade, não lhe deram crédito.
e) Mesmo dizendo a verdade, não lhe deram crédito.
Consecutiva:
- Ela se distraiu tanto a ponto de esquecer a discussão. (que 02. Analise o ERRO na análise da oração reduzida.
esqueceu a discussão) a) Após sair, o mecânico sentiu-se mal. (subordinada adverbial
temporal reduzida de infinitivo)
II. ORAÇÕES REDUZIDAS DE GERÚNDIO b) Tenho medo de errar. (subordinada substantiva completiva
• ADJETIVAS nominal reduzida de infinitivo)
c) Vi um menino chorando. (subordinada adjetiva restritiva
Restritiva: reduzida de gerúndio)
- Gosto de crianças correndo pela casa. (que corram pela casa) d) Trabalhando mais, você teria progredido. (subordinada
Explicativas: adverbial final reduzida de gerúndio)
- Encontrei Maria, saindo de férias. (que saía de férias) 03. A oração reduzida que expressa finalidade é:
• ADVERBIAIS a) Encerrado o jogo, entregaram os troféus.
b) Apressei-me para assistir ao jogo todo.
Causal: c) Reclamado, nada conseguiu do patrão.
- Não cumprindo a promessa, sentiu remorsos. (porque não d) Gostava de ser conduzido.
cumpriu a promessa)
04. Classifique as orações reduzidas em negrito, conforme as
Temporal: opções abaixo:
- Faltando alguns minutos para o final da prova, eu terminei. (1) de gerúndio adverbial causal
(quando faltavam alguns minutos para o final da prova) (2) de gerúndio adverbial concessiva
(3) de infinitivo adverbial final
Concessiva:
(4) de gerúndio adjetiva restritiva
- Mesmo estando doente assisti aos jogos. (mesmo que esti-
(5) de infinitivo adverbial temporal
vesse doente)
(6) de particípio adverbial causal
Condicional: (7) de infinitivo adverbial consecutiva
- Mentindo assim você ficará em uma situação difícil. (caso a) Viemos para colaborar (...). Ou viemos a fim de
você minta assim) incomodar. (...)
b) Pulavam, cantavam, gritavam, para acordar toda
III. ORAÇÕES REDUZIDAS DE PARTICÍPIO vizinhança. (...)
• ADJETIVAS c) Há muita gente reclamando da administração pública. ( ..)
d) Não dispondo de combustíveis, os países escandinavos
Restritiva: utilizam energia elétrica em grande escala. (...)
- Temos apenas um carro comprado com muito sacrifício. (que e) Aborrecido com as crianças, xinguei-as. (...)
compramos com muito sacrifício) f) Era tão valente, que, estando malferido (...), continuou
a lutar. (...)
Explicativas:
- Fiquei surpresa com a casa, pintada de branco. (que pintaram 05. “Viu um homem correndo na calçada”. A oração desta-
de branco) cada é classificada como:
a) oração coordenada adjetiva.
• ADVERBIAIS
b) oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de par-
Causal: ticípio.
- Ferido na perna, ele não pode mais jogar. (porque se feriu c) oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de ge-
na perna) rúndio.

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Língua Portuguesa
Matéria
d) oração subordinada adverbial reduzida de gerúndio. OBSERVAÇÕES:
• cujo sempre funciona como adjunto
06. Marque a alternativa que NÃO apresenta oração redu- adnominal; onde como adjunto adverbial
zida de particípio. de lugar e como será adjunto adverbial de
a) Terminada a prova, todos saíram. modo.
b) Aborrecido com o chefe, abandonou a reunião.
• relativo preposicionado - OI, CN, Adj. adverbial, Agente da
c) Carla, deixada de lado, sentiu-se humilhada. passiva / relativo não preposicionado - Sujeito, OD, Predica-
d) Estudando mais, você teria sido aprovado. tivo do sujeito.

EXERCÍCIOS
GABARITO • Dê a função sintática dos pronomes relativos destacados:
01. “Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem
01. d 02. c 03. b
donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo
para ter aquele cachorro”.
04. a) 3,3 c) 4 e) 6 Clarice Lispector
b) 3 d) 1 f) 2,7 02. “Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, ce-
dendo talvez à gravidade com que se pediam”.
05. c 06. d Clarice Lispector

03. De vez em quando bebíamos o vinho que ele nos servia.

FUNÇÕES SINTÁTICAS DOS 04. Os livros que ele trouxera são conhecidos.

PRONOMES RELATIVOS 05. Aquele que pareces ser não és.

Os pronomes relativos que introduzem as orações subordi- 06. Recolheu as moedas que lhe caíram do bolso.
nadas adjetivas desempenham funções sintáticas. Para esse
07. A resposta por que estava esperando acaba de chegar.
tipo de análise, deve-se substituir o pronome relativo por
seu antecedente e proceder a análise como se fosse um pe- 08. A casa onde moro fica no alto da serra.
ríodo simples.
09. Ela admirava a pessoa por quem era amada.
O homem, que é um ser racional, aprende com seus erros
10. A teoria a que te referes será debatida na próxima aula.
- sujeito.
11. Não encontrei o poema a que fizeste referência.
Os trabalhos que faço me dão prazer - objeto direto.
12. Era imensa a euforia de que estávamos possuídos.
Os filmes a que nos referimos são italianos - objeto indireto

O homem rico que ele era, hoje passa por dificuldades -


GABARITO
pred. do sujeito.
02. adjunto adver- 03. objeto
01. sujeito / sujeito
O filme a que fizeram referência foi premiado - complemen- bial de modo direto
to nominal. 05. predicativo do 06. sujeito
04. objeto direto
sujeito
O filme cujo artista foi premiado não fez sucesso - adj. ad-
07. complemento 08. adjunto adver- 09. agente
nominal.
nominal bial de lugar da passiva
O bandido por quem fomos atacados fugiu - ag. da passiva. 11. complemento 12. agente
10. objeto indireto
nominal da passiva
A escola onde estudamos foi demolida - adj. adverbial.

ANOTAÇÕES
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Língua Portuguesa

CONCORDÂNCIA
NOMINAL E VERBAL 4
Sabemos que a sintaxe, ou seja, a organização de uma frase • Se o último substantivo estiver no plural, a concordância só
implica algumas relações fundamentais, como a coordenação, poderá ficar no plural.
a subordinação, a regência, a colocação e a concordância. Exemplo: Ele possui perfume e carros caros.
A concordância é conceituada como o mecanismo pelo qual • Se o adjetivo funcionar como predicativo, o plural será obri-
algumas palavras alteram suas terminações, para se acomo- gatório.
darem a outras palavras. Nesse sentido, é apontado que, em Exemplo: O irmão e o primo dele são pequenos.
Português, existem dois tipos de concordância: a verbal, que VL Predicativo
trata das alterações do verbo para se acomodar ao seu sujei-
to, e a nominal, que trata das alterações das palavras adjeti- 1.2 Quando os substantivos são de gêneros diferentes
vas para se acomodarem ao nome a que se referem. também há duas possibilidades:
a) ir para o masculino plural.
CONCORDÂNCIA NOMINAL Exemplo: “Uma solicitude e um interesse mais que fraternos.”
(Mário Alencar)
Na concordância nominal, os determinantes do substantivo
b) concordar só com o substantivo mais próximo.
(adjetivos, numerais, pronomes adjetivos e artigos) alteram
Exemplo: A Marinha e o Exército brasileiro estavam atento.
sua terminação (gênero e número) para se adequarem a ele,
ou ao pronome substantivo ou numeral substantivo a que se OBSERVAÇÃO: No caso de substantivos
referem na frase. de gêneros diferentes, o adjetivo irá para o
O problema da concordância nominal ocorre quando o adjeti- masculino plural, se o adjetivo tiver a função
vo se relaciona a mais de um substantivo, e surgem palavras de predicativo.
ou expressões que deixam em dúvida.
Observe estas frases:
• Aquele beijo foi dado num inoportuno lugar e hora. Exemplo: O aluno e a aluna estão reprovados.
VL Predicativo
• Aquele beijo foi dado num lugar e hora inoportuna.
• Aquele beijo foi dado num lugar e hora inoportunos. (aqui
2. Um adjetivo anteposto a vários substantivos
fica mais claro que o adjetivo refere-se aos dois substantivos.)
A concordância se dará com o substantivo mais próximo.
REGRA GERAL Exemplo: Tiveste má ideia e pensamento.
O artigo, o pronome, o adjetivo e o numeral devem concordar Velhos livros e revistas estavam empilhados na prateleira.
em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural) OBSERVAÇÃO: Quando o adjetivo exerce a
com o substantivo a que se refere. função de predicativo, ele pode concordar
Exemplo: só com o primeiro ou ir para o plural.
O alto ipê cobre-se de flores amarelas. Exemplo: Ficou reprovada a aluna e o aluno.
Adj. Adjetivo Ficaram reprovados a aluna e o aluno.
Faz duas horas que cheguei de viagem. • Se o adjetivo anteposto referir-se a nomes próprios, o plural
Num. será obrigatório.
Exemplo: As simpáticas Lúcia e Luana são irmãs.
OUTROS CASOS DE CONCORDÂNCIA NOMINAL
3. Um substantivo e mais de um adjetivo
1. Um adjetivo após vários substantivos Admitem-se duas concordâncias:
1.1 Quando os substantivos são do mesmo gênero há duas a) Quando o substantivo estiver no plural, não se usa o artigo
concordâncias: antes dos adjetivos.
a) assumi o gênero do substantivo e vai para o plural. Exemplo: Estudava os idiomas francês e inglês.
Exemplo: Encontramos um jovem e um homem preocupados.
Adjetivo
b) Se o substantivo estiver no singular, o uso do artigo será
obrigatório a partir do segundo adjetivo.
No exemplo acima o adjetivo assumiu o gênero masculino e
Exemplo: Estudo a língua inglesa, a francesa e a italiana.
foi para o plural.
b) concordar só com o último substantivo em gênero e nú- 4. É bom, é necessário, é proibido
mero. Essas expressões concordam obrigatoriamente com o subs-
Exemplo: Ela tem irmão e primo pequeno. tantivo a que se referem, quando for precedido de artigo.
Adjetivo Caso contrário são invariáveis.
Acima o adjetivo assumiu o gênero masculino e concordou só Exemplo: Vitamina C é bom para saúde.
com o último substantivo. É necessária muita paciência.
OBSERVAÇÃO: Quando os substantivos são 5. Um e outro (num e noutro)
do mesmo gênero as duas concordâncias po- Nesse caso o substantivo fica no singular e o adjetivo vai para
dem ser usadas, embora a primeira seja mais o plural.
adequada porque mostra que a característica Exemplo: Numa e noutra questões complicadas ela se con-
é atribuída aos dois substantivos. fundia.

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Língua Portuguesa
6. Anexo, incluso, apenso, próprio, obrigado palavra vai para o plural.
Por serem adjetivos, concordam com o substantivo a que se Exemplo: Joana ficou só em casa. (sozinha)
referem. Lúcia e Lívia ficaram sós. (sozinhas)
Exemplo: Seguem anexos os acórdãos. b) Ela é invariável quando significa apenas/somente.
A procuração está apensa aos autos. Exemplo: Depois da guerra só restaram cinzas. (apenas)
Os documentos estão inclusos no processo. Eles queriam ficar só na sala. (apenas)
Obrigado, disse o rapaz.
Elas próprias resolveram os exercícios. OBSERVAÇÃO: A locução adverbial a sós
OBSERVAÇÃO: A expressão em anexo é é invariável.
invariável.
Exemplo: Em anexo segue a procuração
Em anexo segue o despacho.
12. Possível
7. Mesmo, bastante Quando acompanhada de expressões superlativas (o mais, a
Tanto pode ser advérbio como pronome. Quando for advérbio menos, o melhor, a pior) varia conforme o artigo que integra
permanece invariável. Quando é pronome concorda com a as expressões.
palavra a que se refere. Exemplo: As previsões eram as piores possíveis.
Exemplo: Os alunos mesmos resolveram o problema. Recebemos a melhor notícia possível.
Pronome
Os alunos resolveram mesmo o problema. Nesse caso mesmo 13. Pronomes de tratamento
= realmente Advérbio Os pronomes de tratamento sempre concordam em 3ª pes-
Haviam bastantes razões para ela reclamar. soa.
Pronome Exemplo: Vossa Santidade está muito preocupado.
Eles chegaram bastante cedo ao aeroporto. 3ª P.S
Advérbio
CONCORDÂNCIA VERBAL
8. Menos, alerta
São palavras invariáveis. 1. verbo com sujeito simples
Exemplo: O Amazonas é o Estado menos populoso do Brasil. O verbo concorda em número e pessoa, não interessando a
Havia menos alunas na sala hoje. posição.
Os soldados estavam alerta. Ex.: Ele chegou tarde.
Nós voltaremos logo.
OBSERVAÇÃO: Atualmente alerta vem
Chegaram os alunos.
sendo utilizada no plural.
Exemplo: Nossos chefes estão alertas. 2. sujeito composto antes do verbo
a) o verbo vai para o plural:
Exemplo: Recife e Jaboatão dos Guararapes são as principais
9. Meio cidades do litoral pernambucano.
Essa palavra pode ser numeral ou advérbio. b) o verbo poderá ficar no singular:
a) Quando for numeral é variável e concorda com a palavra a • Se os núcleos do sujeito forem sinônimos.
que se refere. Exemplo: A decência e honestidade é coisa rara nos dias atuais.
Exemplo: Tomou meia garrafa de champanhe. • Quando os núcleos formam uma gradação.
numeral Exemplo: A angústia, a solidão, a falta de companhia levou-o
Isso pesa meio quilo. ao vício da bebida.
numeral • Quando os núcleos aparecem resumidos por tudo, nada,
b) Se for advérbio é invariável. ninguém.
Exemplo: A porta estava meio aberta. Exemplo: Diretores, gerentes, supervisores, ninguém faltou.
Advérbio A ameaça, o terrorismo, a agressão, nada o assustava.
Ele anda meio cabisbaixo.
3. sujeito composto depois do verbo
Advérbio
a) o verbo vai para o plural:
10. Muito, pouco, longe, caro Chegaram ao estádio os jogadores e o técnico.
Quando essas palavras funcionam como adjetivo variam de Cambaleavam na rua Do Carmo e Dirceu.
acordo com a palavra a que se referem. Se funcionarem como b) o verbo concorda com o núcleo mais próximo:
advérbio são invariáveis. Chegou ao estádio o técnico e os jogadores.
Exemplo: Muitos alunos compareceram à formatura.
Adjetivo 4. sujeito composto de pessoas diferentes
Os perfumes eram caros. a) quando aparece a 1ª pessoa do singular o verbo vai para o
Adjetivo plural.
As mensalidades escolares aumentaram muito. Exemplo: Jorge e eu jogaremos amanhã.
Advérbio O professor e eu fotografamos vários tipos de pássaros.
Vocês moram longe. b) se o sujeito for formado de segunda e terceira pessoas do
Advérbio
singular, o verbo pode ir para a 2ª ou 3ª pessoa do plural.
11. Só Exemplo: Tu e ele ficareis atentos.
a) Quando tem o significado de sozinho(s) ou sozinha(s) essa Tu e tua esposa viajarão cedo.

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5. núcleos do sujeito ligados por OU Não adianta vocês ficarem parados na fila.
a) se houver ideia de exclusão ou retificação, o verbo fica no
12. os núcleos do sujeito são infinitivos
singular ou concordará com o núcleo do sujeito mais próximo.
O verbo vai para o plural se os infinitivos forem determinados
Exemplo: Paulo ou George será o novo gerente.
por artigos. Caso os infinitivos não aparecerem determinados o
O marginal ou os marginais não deixaram nenhuma pista para
verbo poderá ficar no singular.
os policiais.
Exemplo: Correr e caminhar é um ótimo exercício.
b) se não houver ideia de exclusão o verbo vai para o plural.
O cantar e o dançar divertem qualquer pessoa.
Exemplo: A bebida ou o fumo são prejudiciais à saúde.
13. Verbo com a partícula apassivadora SE
6. núcleos do sujeito ligados por COM
O verbo normalmente concorda com o sujeito.
O verbo irá para o plural, mas admite-se o singular quando se
Exemplo: Vende-se uma geladeira.
quer destacar o primeiro núcleo do sujeito.
Vendem-se carros.
Exemplo: O marceneiro com o pintor terminaram o serviço
combinado. 14. Verbo com índice de indeterminação do sujeito
O marceneiro com o pintor terminou o serviço combinado. O verbo fica na 3ª pessoa do singular e a partícula a SE está
ligada a um verbo transitivo indireto ou intransitivo.
7. sujeito coletivo Exemplo: Precisa-se de pedreiros.
Quando o sujeito é um coletivo, o verbo concorda com ele. Trabalha-se muito em Brasília.
Exemplo: A multidão aplaudiu o discurso do diretor.
As boiadas seguiam seu caminho pelo pantanal. 15. Sujeito formado por expressões
• Um ou outro
OBSERVAÇÃO: se o coletivo vier especifi- O verbo concorda no singular com o sujeito.
cado o verbo pode ficar no singular ou ir Exemplo: Um ou outro jogador merecia críticas.
para o plural. Um ou outro levava a irmã ao colégio.
Exemplo: A equipe de cinegrafistas
acompanhou o protesto dos professores • Um e outro, nem um nem outro, nem... nem...
pelas ruas do Recife. O verbo concorda preferencialmente no plural.
A equipe de cinegrafistas acompanharam o protesto dos Exemplo: Um e outro permaneciam aguardando a chamada.
professores pelas ruas do Recife. Nem um nem outro quiseram tomar banho.
• Um dos que, uma das que
8. sujeito é substantivo que só tem plural O verbo vai, de preferência, para o plural.
Quando o sujeito é um substantivo usado somente no plural, Exemplo: Antônio é um dos que mais estudam matemática.
há duas possibilidades:
• Mais de, menos de
a) se o substantivo não vier precedido de artigo fica no singular.
O verbo concorda com o numeral a que se refere.
Exemplo: Estados Unidos é a maior potência econômica do
Exemplo: Mais de um aluno apresentou a pesquisa de campo.
mundo.
Mais de cem menores fugiram do presídio.
b) se o substantivo for precedido de artigo, o verbo vai para o
• A maior parte de, grande número de
plural.
Essas expressões seguidas de substantivos ou pronome no
Exemplo: As Minas Gerais possuem grandes paisagens naturais.
plural, o verbo pode ir para o singular ou para o plural.
9. sujeito é um pronome de tratamento Exemplo: Grande número de empresários se revoltou contra o
Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo vai governo.
para a 3ª pessoa. A maioria das pessoas protestaram contra o aumento da
Exemplo: Vossa Excelência agiu corretamente. energia elétrica.
Vossas Excelências votaram a nova lei. • Quais de vós, quantos de nós, alguns de nós
O verbo concordará com os pronomes nós ou vós ou concordar
10. sujeito são os pronomes relativos QUE e QUEM na 3ª pessoa do plural.
a) se o sujeito for o pronome relativo QUE, o verbo concordará Exemplo: Alguns de nós chegaram hoje.
em número e pessoa com o antecedente do pronome. Muitos de nós não conhecemos as leis.
Exemplo: Fui eu que liguei o rádio.
OBSERVAÇÃO: Se o pronome indefinido ou
Fomos nós que consertamos a TV.
interrogativo estiver no singular, o verbo
b) se o sujeito for o pronome QUEM, o verbo fica na 3ª pessoa ficará na 3ª pessoa do singular.
do singular. Exemplo: Nenhuma de nós ouviu a notícia.
Exemplo: Não sou eu quem faz o jantar.
Fui eu quem pagou o jantar. 16. Haja vista
OBSERVAÇÃO: Popularmente é comum o Podem ocorrer as seguintes concordâncias:
verbo concordar com o antecedente do • A expressão fica invariável.
pronome QUEM. Exemplo: Haja vista aos livros da escola. (atente-se)
Exemplo: Não sou eu quem faço o jantar. Haja vista os livros da escola. (por exemplo)
• A expressão vai para o plural.
11. o sujeito é uma oração Exemplo: Hajam vista os livros da escola. (vejam-se)
Quando o sujeito for representado por uma oração, o verbo fica
na 3ª pessoa do singular. 17. Concordância dos verbos DAR, SOAR, BATER
Exemplo: Ainda falta comprar vários livros. Esses verbos concordam regularmente com o sujeito, a não ser

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que sejam usadas outras palavras como sujeito. 02. “Trajava à moda antiga, uma saia ________, uma
Exemplo: Batiam cinco horas quando o alarme tocou. blusinha ________e sorria timidamente para os rapazes que a
Deu quatro horas e ninguém foi visto. cortejavam, abrindo muito os olhos ________ onde se via um
brilho de malícia” (Machado de Assis).
18. Concordância dos verbos impessoais Marque a alternativa que completa CORRETAMENTE as
Ficam na 3ª pessoa do singular, pois não possuem sujeito. lacunas do período acima.
Exemplo: Havia cinco anos que moravam em Portugal. a) azul-marinho – verde-clara – castanho.
Chovia muito naquela noite. b) azul-marinha – verde-claro – castanhos.
Faz dois meses que recebemos a carta. c) azul-marinha – verde-clara – castanhos.
d) azul-marinho – verde-clara – castanhos.
OBSERVAÇÃO:
• Quando acompanhado de verbo auxiliar, 03. Aponte a alternativa CORRETA quanto a sua concordância.
esse fica invariável na 3ª pessoa do singular. a) As grã-cruzes foram entregues aos heróis.
Exemplo: Devia haver cinco anos que não b) Velhas e rasgadas moedas e carteiras foram substituídas
falávamos com Rita. por novos.
c) Saborosos bananas e laranjas estrangeiras.
• Verbos que exprimem fenômenos da natureza usados em d) Uma e outra alunas foram punidos por terem colado.
sentido figurado deixam de ser impessoais.
Exemplo: Choviam lágrimas de seus olhos. 04. Informo a Vossas Senhorias que, ________seguem a car-
ta, o relatório e a cópia que nos solicitaram, e que estão intei-
• Popularmente é comum usar o verbo TER como impessoal no ramente à ___________ disposição.
lugar de haver ou existir. Marque a alternativa que completa CORRETAMENTE as lacu-
Tem cinco anos que moravam em Portugal. nas do período acima.
a) incluso – vossa.c) incluso – sua.
19. Concordância do verbo SER b) inclusos – sua. d) inclusos – vossa.
O verbo SER ora concorda com o sujeito ora concorda com o
predicativo. 05. Elas __________ tomaram todos os cuidados _________,
• Quando o sujeito for um dos pronomes QUE ou QUEM o saindo ________.
Marque a alternativa que completa CORRETAMENTE as lacu-
verbo SER concordará obrigatoriamente com o predicativo.
nas do período acima.
Exemplo: Que são homônimos? a) próprio – possíveis – duas a duas .
Quem foram os vencedores do campeonato? b) próprias – possível – de duas.
• O verbo SER concordará com o numeral na indicação de c) próprias – possível – em duas.
tempo, dias, distância. d) próprias – possíveis – duas a duas.
Exemplo: É uma hora da madrugada. 06. Assinale a alternativa INCORRETA.
São dezenove horas em ponto. a) Eram pseudo-artistas que apresentavam menas qualidades
• Quando o sujeito for os pronomes tudo, o, isso, aquilo, isto que qualquer um dos espectadores daquela plateia monstro.
o verbo SER concorda, preferencialmente, com o predicativo, b) Havia uma fila monstruosa de carros.
mas poderá concordar com o sujeito. c) Havia uma fila monstro.
d) A ordem é que estejamos alerta.
Exemplo: Tudo são flores no início da relação.
Isto são fenômenos da natureza.
07. Assinale a alternativa em que a concordância está ER-
• Quando aparece nas expressões é muito, é pouco, é bastante RADA.
o verbo SER fica no singular, quando indicar quantidade, a) Os braços e as mãos trêmulas erguiam-se para o céu.
distância, medida. b) Todos se moviam cautelosamente, alertas ao perigo.
Exemplo: Quatro reais é pouco para irmos ao cinema. c) Tinha belos olhos e boca.
Seis quilos de feijão é mais do que pedi. d) Chegada a sua hora e a sua vez, intimidou-se.
08. Das duas orações: Amor é alegrias e Amor são alegrias:
20. Concordância do verbo PARECER a) a primeira está errada e a segunda certa.
O verbo PARECER antes de infinitivos admite duas b) a primeira está certa e a segunda está errada.
concordâncias: c) ambas estão certas.
• O verbo PARECER se flexiona e o infinitivo não varia. d) ambas estão erradas.
Exemplo: As paredes do prédio pareciam estremecer.
09. Indique a alternativa INCORRETA quanto à concordância.
• Não varia o verbo PARECER e o infinitivo é flexionado. a) Isso são verdadeiros absurdos da vida moderna.
Exemplo: Os alunos parecia concordarem com o diretor da b) Entre nós não deveriam haver constrangimentos.
escola. c) Quantos meses faz que chegaram ao Brasil?
• O verbo PARECER concordará no singular, usando-se oração d) O menino é as alegrias do irmão.
desenvolvida. 10. Assinale a frase CORRETA:
Exemplo: As paredes parece que estão estremecidas. a) Já vai fazer cinco anos que me radiquei em Brasília.
b) Falta apenas dois meses para o término do semestre letivo.
c) Comer e dormir fazem mal à digestão.
EXERCÍCIOS d) Não faltou repórteres abelhudos que procuravam entre-
01. Assinale a opção que completa CORRETAMENTE o vistar o astro.
seguimento da proposição: No momento da eleição... 11. Das frases abaixo, assinale aquela que fere a norma culta
a) buscaram-se estudar os gênios. em sua concordância.
b) buscou-se estudar os gênios. a) Grande número de anúncios televisivos divulgaram os re-
c) buscaram-se estudar o gênio. sultados.
d) buscou-se estudares os gênios. b) A maioria dos professores primários optaram pelo novo

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Língua Portuguesa
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método. 19. Nas frases: “Já ________ duas semanas que não íamos
c) Há instrumentos musicais tão bons quanto esse ou melhores. à praia”, “Não _________ existir muitos prêmios” e “Ainda
d) Devem fazer dez meses que não produzimos negócios com _________haver vagas”, as lacunas se preenchem, RESPEC-
vendedores de São Paulo. TIVAMENTE, com:
12. Assinale a opção que admite a variação de concordância a) faziam, podem, devem.
feita entre parênteses. b) faziam, podem, deve.
a) Deve haver mais vagas do que candidatos para o concurso c) fazia, pode, deve.
de fiscal do INSS - (devem). d) fazia, podem, deve.
b) A maior parte funciona bem quando há uma fiscalização
mais cuidadosa – (funcionam). 20. “Há reuniões da comissão que tratam do assunto.”
c) A população corria desesperadamente em busca de qual- De acordo com a norma culta, pode-se substituir a forma
quer trocado que trouxesse um equilíbrio financeiro – (corriam). verbal grifada por:
d) A maioria dos alunos aprovou a ideia de trabalhar por uma
causa social maior – (aprovaram). a) vai acontecer.
b) têm havido.
13. A concordância do verbo negritado está INCORRETA na
c) pode ocorrer.
alternativa:
d) devem existir.
a) Ele era um dos pivetes que escaparam da chacina.
b) Se Vossa Excelência vier, a violência será combatida.
c) Os Estados Unidos, se o Brasil permitir, ajudarão no com- 21. As formas verbais negritadas em “Gente que conhecia
bate ao narcotráfico. havia milhares de anos” e “Naquele momento, havia dois
d) Não importa ao justo as calúnias. modos de olhar as coisas” podem ser substituídas, respecti-
vamente, por:
14. Nas alternativas abaixo, a que contém ERRO no emprego a) faziam e existiam.
do plural é: b) fazia e existia.
a) O governo está estudando novas medidas econômico-fi-
c) haviam e existia.
nanceiras.
b) Ao dar prioridade à educação, teremos cidadãos mais d) fazia e existiam.
conscientes.
c) Havia provas bastantes do crime. 22. Pela grafia e flexão do verbo TER pode-se afirmar que
d) A reunião iria examinar os pró e os contra da questão. houve ERRO de concordância em:
a) Nossas várzeas têm mais flores.
15. Há ERRO de concordância nominal, segundo a norma b) Nossos bosques têm mais vida.
culta, em: c) Uma série de fatores tem contribuído para dificultar a con-
a) Ele pulou longos capítulos e páginas. clusão da obra.
b) Considerou perigosos a decisão e o argumento. d) O aluno desta universidade não têm motivos para temer o
c) Remeto-lhe anexo as duplicatas. desemprego.
d) Bastantes alunos foram aprovados.
23. Assinale a alternativa INCORRETA quanto à concor-
16. A alternativa em que a lacuna pode ser preenchida, de
dância verbal:
acordo com a norma culta, por qualquer uma das formas no-
minais, indicadas entre parênteses é: a) Soava seis horas no relógio da matriz.
a) Encontrei ___________ as portas e o portão.(abertos, b) Apesar da greve, professores, diretores e funcionários
abertas) não foram demitidos.
b) Julguei-as ___________alunas. (melhor, melhores) c) José chegou ileso a seu destino, embora houvesse muitas
c) As cartas e os telegramas seguem ___________. (anexos, ciladas em seu caminho.
anexas) d) A cidade fica a 100 quilômetros daqui.
d) Ganhei ____________ livros. (bastante, bastantes)
24. Quanto à concordância nominal, a única frase CERTA é:
17. A frase em que a concordância nominal está INCORRETA é: a) Eles mesmo preencherão a declaração de bagagem.
a) Sempre digo que nós não estamos só. b) Seguem anexo as provas do processo.
b) É meio dia e meia, disse o professor. c) Estamos quite com o fisco.
c) A menina estava com sapatos e bolsa escuros. d) A mercadoria estava meio escondida.
d) Choveu no quarto embora a janela estivesse meio fechada.

18. Assinale a opção em que a concordância do verbo des- GABARITO


respeita a norma culta. 01. b 02. d 03. a 04. b 05. d
a) Mesmo assim, os adultos houveram por bem recomendar
cautela a todos. 06. a 07. b 08. c 09. b 10. a
b) Dessa maneira, não haveria arrependimentos nem lamentos.
11.d 12. d 13. d 14. d 15. c
c) Naquela situação de tensão, os garotos se houveram com
muita discrição e elegância. 16. a 17. a 18. d 19. d 20. d
d) Eles sabiam que deviam haver punições para os que vio-
21. d 22. d 23. a 24. d
lassem as regras.

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Língua Portuguesa

REGÊNCIA NOMINAL E
5 VERBAL
TRANSITIVO DIRETO
ABREVIAÇÕES UTILIZADAS
TR – Termo regente; VTD – Verbo transitivo direto;
É aquele que vem acompanhado de um objeto sem preposição
Tr – Termo regido; VTI – Verbo transitivo indireto;
obrigatória (objeto direto ou objeto direto preposicionado).
I – Verbo intransitivo; VTDI – Verbo transitivo direto e
indireto.
Ex.: O aluno comprou os livros.
Na construção de uma unidade significativa, algumas palavras O exemplo traz um verbo transitivo direto, pois o verbo com-
exigem o acompanhamento de outros elementos da língua. prar exige complemento para inteirar seu sentido. Quando se
Essa relação de dependência com vistas à formação de um compra, compra-se obrigatoriamente algo.
significado é chamada regência.
A regência pode ser direta, quando a relação de dependência O complemento do verbo é chamado de ‘objeto’; quando esse
é imediata, ou indireta, quando ela é intermediada por ou- objeto é ligado ao verbo sem intervenção de uma preposição
tros elementos da língua, como as preposições. A regência do é chamado de ‘objeto direto’, assim o verbo torna-se ‘verbo
substantivo sobre o adjetivo (como em “a menina bonita”), ou transitivo direto’.
do verbo transitivo direto sobre seu complemento (ex.: “Ma- Há também o objeto direto preposicionado’. Esse é ligado ao
ria ama Pedro”) se dá de forma direta, enquanto a regência verbo por uma preposição não obrigatória.
do substantivo sobre outro substantivo (como em “a filha de
Maria”) ou de um verbo transitivo indireto sobre seu comple-
mento (ex.: “Maria gosta de Pedro”) se faz necessariamente Ex: A bruxa bebeu de sua poção mágica.
por meio de uma preposição. transitivo complemento com preposição
direto não obrigatória
Nos casos de regência indireta, é preciso observar que nem to-
das as preposições podem desempenhar o papel de ligar o re-
gente ao regido. Além disso, o uso de uma ou outra preposição TRANSITIVO INDIRETO
pode provocar alterações de significado bastante consideráveis
(ex.: “ir para casa”, “ir de casa”, “ir na casa”, etc.). Por isso, é Esse vem acompanhado de um objeto com preposição obriga-
preciso estar atento para o conjunto de preposições exigidas tória (objeto indireto).
pelo regente e para as implicações do seu uso.
A seguir, alguns verbos da língua portuguesa que envolvem Ex: Os filhos devem obedecer aos pais.
problemas frequentes quanto à regência: transitivo indireto objeto indireto
(preposição obrigatória)
CONSTRUÇÃO INADEQUADA CONSTRUÇÃO ADEQUADA
Estar de (greve) Estar em (greve) O exemplo traz um verbo que requer complemento para inte-
Namorar com Namorar grar seu sentido, pois quem ‘obedece’, obedece, necessaria-
mente, a alguém ou algo. Esse complemento ligado ao verbo
Arrasar com Arrasar com a intervenção de uma preposição é chamado de ‘objeto
Repetir de (ano) Repetir o (ano) indireto’.

Exemplos: TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO


Suzana continuava a dizer que namorava com Mário. [Inade-
quado] Aquele que vem acompanhado de um objeto sem preposição
Suzana continuava a dizer que namorava Mário. [Adequado] (objeto direto) e de um objeto com preposição (objeto indi-
Meus pais não suportariam se eu repetisse de ano! [Inade- reto).
quado]
Meus pais não suportariam se eu repetisse o ano! [Adequado] Ex: O jornal dedicou uma página ao episódio.
verbo transitivo objeto direto objeto indireto
TRANSITIVIDADE VERBAL direto e indireto

O verbo, quanto à predicação, pode ser classificado em: INTRANSITIVO

TRANSITIVO
É o verbo considerado de sentido completo, que não exige
É o verbo considerado de sentido incompleto, que exige com- complemento que lhe integre o sentido.
plemento que lhe integre o sentido. Esse pode ou não vir
revelado na oração. Ex: A criança dorme.

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Língua Portuguesa
VERBO DE LIGAÇÃO avesso – a, de, em
ávido – de, por
É aquele que serve para estabelecer certo tipo de relação en- bacharel – em, por
tre um atributo do sujeito e o sujeito, sempre com significado banhado – de, em, por
de estado ou mudança de estado.
benéfico – a, para
Ex: O bebê é calmo.
bom – a, de, para, para com
sujeito verbo de ligação atributo do sujeito
capaz – de, para
estado permanente
caritativo – com, para com
caro – a, de
O bebê está calmo.
cego – a, de, para
sujeito verbo de ligação atributo do sujeito
estado transitório
certo – com, de, em, para
cheio – com, de
O bebê ficou calmo. cheiro – a, de
sujeito verbo de ligação atributo do sujeito cobiçoso – de, por
mudança de estado compatível – a, com
comum – a, com, de, em, entre, para
REGÊNCIA NOMINAL conforme – a, com, em, para
conivente – com, em
Estuda as relações em que os nomes – substantivos, adjeti- constante – de, em
vos e advérbio – exigem complemento para completar-lhes o
contemporâneo – a, de
sentido. Geralmente, essa relação entre o nome e seus com-
plementos é estabelecida pela presença de preposição. contente – com, de, em, por
Exemplos: contíguo – a, com
Ele tem aversão à altura. contrário – a, de, em, por
TR Tr cruel – a, com, em, para, para com
Ficamos contentes por você. cuidadoso – com, de, em
TR Tr cúmplice – de, em, para
Os alunos votaram favoravelmente ao projeto. curioso – a, de, para, por
TR Tr desatento – a
descontente – com, de
OBSERVAÇÃO: Há nomes que admitem desejoso – de
mais de uma preposição. desfavorável – a, para
desleal – a, com, em, para com
devoção – a, para com, por
Exemplos: devoto – a, de
Tenha amor a seus filhos. diferente – com, de, em, entre, por
Renato não morria de amor por Paula. difícil – a, de, para
A seguir, veremos a relação de alguns nomes e as suas digno – de
preposições mais usuais: diligente – em, para
abrigado – a, com, contra, de, em, sob ditoso – com, de, em, por
acessível – a, para, por diverso – de, em
adequado – a, com, para doce – a, de, para
afável – a, com, para com dócil – a, para
agradável – a, de, para dotado – com, de, em, para
alheio – a, de doutor – de, em, por
amante – de dúvida – acerca de, em, sobre
amigo – de empenho – contra, de, em, por
amoroso – com, para, para com entendido – em, por
análogo – a erudito – de, em
ansioso – de, para, por essencial – a, de, em, para
anterior – a estranho – a, de, para
aparentado – a, com, de exato – em
apto – a, para fácil – a, de, em, para
atentado – a, contra falho – de, em
atento – a, em, para favorável – a, para
avaro – a, de, em, com, para com feliz – com, de, em, por
aversão – a, em, para, por fértil – de, em

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Língua Portuguesa
fiel – a, em, para com piedade – com, de, para, para com, por
firme – em pobre – de
forte – de, em, para poderoso – com, em, para
fraco – com, de, em, para possível – a, de
franco – a, com, em, sobre posterior – a
furioso – com, contra, por preste – a, em, para
grato – a, com, em prodígio – de, em
proeminência – sobre
hábil – em, para
pronto – a, em, para
habituado – a, com, em
propício – a, para
horror – a, de, diante de, por
próprio – a, de, para
hostil – a, contra, para com
proveitoso – a, para
ida – a, para
próximo – a, de
idêntico – a, em querido – a, de, em, por
imediato – a rente – a, com, de, por
impaciente – com, de, por respeito – a, com, de, em, entre, para com, por
importante – a, contra, em, para rico – de, em
impotente – a, ante, contra, diante de, por sábio – em, para
impróprio – a, de, para sensível – a, para
imune – a, de sito – em, entre
inábil – em, para situado – a, em, entre
inacessível – a, para soberbo – com, de
incapaz – de, em, para solícito – com, de, em, para, para com, por
incompatível – com sujo – de
incompreensível – a, em, para suspeito – a, de
inconstante – em temeroso – a, de, em
incrível – a, para temível – a, para
triste – com, de, em, para, por
indeciso – em, entre, quanto a, sobre
último – a, de, em
indiferente – a, com, para, para com, por
união – a, com, de, entre
indigno – de
único – a, em, entre, sobre
indulgente – a, com, em, para, para com
usual – a, entre
inédito – a, em útil – a, em, para
inerente – a, em utilizado – em, para
insensível – a, ante, para vacilante – ante, em, entre
intolerante – a, com, em, para, para com vagaroso – de, em
leal – a, com, em, para, para com vaidade – de, em
lento – de, em vaidoso – de, em
liberal – com, de, em, para com vário – de
maior – de, em vazio – de
mau – com de, para, para com vedado – a, por
menor – de, em velado – a, de, em, por
morador – de, em vencido – de, em, por
natural – a, de, em, para vendido – a, por
necessário – a, em, para veneração – a, de, para com, por
negligente – em venerado – de, por
venerável – a, por
nobre – de, em, por
venturoso – com, por
nocivo – a, para
verdade – de, em, sobre
obediente – a
vergonha – de, para
obsequioso – com, para, para com
versado – em
odioso – a, para, por
vestido – a, com, de, em, para, por
oneroso – a, para veto – a, contra
orgulhoso – com, de, em, por viagem – a, através de, em, para, por
parco – com, de, em vinculado – a, com, por
parecido – a, com, em visível – a
passível – de vizinho – a, com, de
peculiar – a, para vulgar – a, em, entre
pertinaz – em vulgarizado – em, por

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Língua Portuguesa

REGÊNCIA VERBAL Nesse sentido o verbo ASSISTIR não admite o uso dos pro-
nomes LHE, LHES.
Exemplos:
É o modo pelo qual o verbo se relaciona com os seus com-
Nós assistimos ao jogo da seleção.
plementos.
Ele assistiu ao espetáculo.
Exemplo:
Todos criticaram a professora. - Será transitivo indireto quando significar caber, pertencer.
TR Tr Exemplos:
Há verbos que admitem mais de uma regência: Assiste aos governantes o bem-estar social.

Ela não esquecia as flores recebidas. - No sentido de morar, residir – pouco utilizado atualmente
Ela não se esquecia das flores recebidas. – será intransitivo.
A seguir, veremos a regência de alguns verbos: Exemplos:
Ele assiste no Recife há muito tempo.
* ABDICAR
- Pode significar renunciar, desistir. Pode ser um verbo intran- *CASAR
sitivo, transitivo direto ou transitivo indireto. - Intransitivo.
Exemplos: Exemplos:
O rei abdicou. Eles casaram ontem em São Paulo.
Não abdicarei dos meus direitos.
- Transitivo indireto.
*AGRADAR
Exemplos:
- No sentido de contentar, satisfazer é transitivo indireto.
O rapaz não queria casar com ninguém.
Exemplo:
O jogo não agradou ao técnico. *CHAMAR
O convite não lhe agradou. - Será transitivo direto no sentido de convidar, convocar.
Exemplos:
OBSERVAÇÃO: também é possível aparecer Nós chamamos todos os presentes.
com objeto direto. Ex.: A menina agradava
- No sentido denominar há 4 construções:
o cãozinho.
Chamaram-no trambiqueiro. Transitivo direto;
*AGRADECER Chamaram-no de trambiqueiro. Transitivo direto;
- Pode aparecer como transitivo direto, tran- Chamaram-lhe trambiqueiro. Transitivo indireto;
sitivo indireto e transitivo direto e indireto. Chamaram-lhe de trambiqueiro. Transitivo indireto.
Exemplo:
*CHEGAR
Agradeci as flores.
(Todos os verbos de movimento: ir, vir, voltar e retornar)
Agradeci aos diretores.
- Intransitivo – usa-se com a preposição “a”
Agradeci o presente ao amigo. Exemplos:
*ANSIAR Eles chegaram ao sítio de carro. Voltei à feira ontem.
- Transitivo direto (angustiar, causar mal-estar). * CUSTAR
Exemplos: - No sentido de ser custoso, ser difícil será transitivo indireto.
A falta de espaço ansiava o aluno. Exemplos:
Custou ao governo aquela difícil meta.
- Transitivo indireto (desejar ardentemente) - Rege a preposi-
ção por e não admite lhe(s) - No sentido de acarretar será transitivo direto e indireto.
Exemplos: Exemplo:
Ansiamos por dias melhores. A insensatez custou-lhe os bens.
*ASPIRAR *ESFORÇAR-SE
- Será transitivo direto quando significar sorver, respirar. - Como verbo pronominal é transitivo indireto regendo as
Exemplos: preposições em, a, por e para.
Aspirou gás carbônico. Exemplos:
- É transitivo indireto no sentido de almejar, pretender. Ele esforçou-se em desviar os olhos.
Exemplo: Se você é bom, esforça-se a sê-lo sempre.
Os trabalhadores aspiravam ao aumento salarial. Sempre nos esforçamos por agradar as pessoas.
Ele não se esforçou para continuar a luta.
*AJUDAR
- Aparece como transitivo direto e transitivo direto e indireto. *ESQUECER / LEMBRAR
Exemplos: - Serão transitivos diretos se não forem pronominais.
Ela ajudava a minha irmã. Exemplos:
Nós ajudávamos papai a limpar o quintal. Esqueci o nome da rua.
Lembrei um caso antigo.
* ASSISTIR
- Será transitivo direto quando significar prestar assistência, - Serão transitivos indiretos se forem pronominais.
ajudar. Exemplos:
Esqueci-me do nome da rua.
Exemplos:
Lembrei-me de um caso antigo.
O médico assistiu o pequeno garoto.
- Será transitivo indireto quando significar presenciar, ver. - Estes verbos admitem uma construção de uso literário.

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Língua Portuguesa
Exemplos: *PREFERIR
Esqueceram-me os acontecimentos. - É um verbo transitivo direto e indireto.
(O que nas duas construções é objeto passa a ser sujeito Exemplos:
nessa sentença.) Os acontecimentos esqueceram-me, isto é, Preferia o computador.
“fugiram-me da lembrança.” Preferia o vinho à cerveja.
*IMPLICAR *PREVENIR
- Transitivo direto (acarretar, envolver) - Transitivo direto (evitar dano, mal, etc.)
Exemplos:
Exemplos:
O conserto do carro implica nova tecnologia.
A paciência previne as desilusões.
- Transitivo indireto (ter implicância, mostrar má indisposi-
ção). - Transitivo indireto (avisar com antecedência)
Exemplo: Exemplos:
A professora sempre implicou com minha letra. Vou prevenir os colegas de que a prova está complicada.
*INTERESSAR-SE *SIMPATIZAR/ ANTIPATIZAR
- Como verbo pronominal é transitivo indireto regendo as (não é verbo prenominal)
preposições em e por. Exemplos:
Exemplos: Simpatizei com os moradores de rua.
Paulo interessava-se nestas pesquisas. Antipatizei com os desordeiros.
Ele interessa-se por minha companhia.
*PROCEDER
*OBEDECER/ DESOBEDECER - Intransitivo (ter fundamento, portar-se, provir)
- São transitivos indiretos. Exemplos:
Exemplos: As suas dúvidas não procedem.
O jogador desobedeceu à diretoria. Aqueles alunos procedem muito bem.
Os juristas obedecem ao Código Civil. O português procede do latim.
*MORAR/ RESIDIR - Transitivo indireto (realizar, dar início). Nesse sentido rege
- Usam-se com a preposição em. a preposição a.
Exemplos: Exemplos:
Moro em Betim. A moça procedeu ao questionamento.
Resido na Rua Santa Catarina.
*QUERER
*NAMORAR - Transitivo direto (desejar, pretender)
- Intransitivo (galantear, cortejar) Exemplos:
Exemplos: Ela queria o prêmio.
Pedro começou a namorar muito tarde.
- Transitivo indireto (amar, estimar, ter afeto)
- Transitivo direto ( desejar, galantear, cortejar). A mãe queria muito a seus filhos.
Exemplos: Quero-lhe muito, amor.
Ana namora Joaquim há anos.
* RESPONDER
*PAGAR/PERDOAR - Transitivo direto (ser respondão com)
- Transitivo direto Exemplos:
Exemplos: Ele respondeu o pai e foi castigado.
Perdoaremos as suas ofensas.
Pagaremos as nossas dívidas. - Transitivo indireto (dar resposta, ser submetido a)
Exemplos:
- Transitivo indireto Responderam a todas as questões.
Exemplos: Ontem ele respondeu a um processo.
A esposa perdoou ao marido.
*SOBRESSAIR
Ela pagou ao empregado.
(não é verbo prenominal)
Exemplos:
- Transitivo direto e indireto
Qual foi o jogador que sobressaiu no campo?
Exemplos:
Nunca sobressaiu em física.
Ela perdoou os erros ao filho.
Ela pagou a conta ao funcionário. *VISAR
- Transitivo direto (mirar, apontar, pôr visto, rubricar)
*PRECISAR Exemplos:
- No sentido de marcar com precisão é transitivo direto. O caçador visava a cabeça do bicho.
Exemplos: O gerente visou o cheque.
Ele precisou a hora e o local da consulta.
- Transitivo indireto (ter como objetivo, ter em vista). Rege a
- No sentido de necessitar é transitivo indireto. preposição a.
Exemplos: Exemplo:
Nós precisamos de bons políticos. Os acordos visaram a um estudo.

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Língua Portuguesa

A REGÊNCIA E OS VERBOS d) a que – de que.


04. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE
PRONOMINAIS as lacunas no período abaixo: “________ intromissões e insi-
nuações de última hora, o Rio, por ter melhor _______ deverá
Os verbos pronominais são termos que, em geral, regem sediar a 2ª Conferência Internacional sobre O Meio Ambiente,
complementos preposicionados. _______mais de cem Chefes de Estado”.
a) salvas as – infraestrutura – aonde comparecerão.
São considerados verbos pronominais aqueles que se apre- b) mesmo que haja – infraestrutura – à qual deverão com-
sentam sempre com um pronome oblíquo átono como parte parecer.
integrante do verbo (ex.: queixar-se, suicidar-se). Alguns ver- c) salvo – infraestrutura – à que haverá de comparecer.
bos pronominais, porém, podem requerer um complemento d) apesar das – infraestruturas – onde poderão comparecer.
preposicionado. É o caso, por exemplo, do verbo “queixar-se”
(queixar-se de) e não do verbo “suicidar-se”. 05. Ele conhecera o poeta, _______ versos gostava e
Quando os verbos pronominais exigirem complemento, este _________ estava apaixonada, na cidade ____nascera.
deve sempre vir acompanhado de preposição. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as la-
Exemplos: cunas no período acima.
a) dos quais – por quem – que.
Naquele momento os fiéis arrependeram-se os seus pecados. b) de quem – por que – onde.
[Inadequado] c) por cujos – com quem – em que.
Naquele momento os fiéis arrependeram-se dos seus peca- d) de cujos – por quem – onde.
dos. [Adequado]
...[dos: de + os = dos / de = preposição] 06. A lacuna da frase “Fui visitar o lugar _______ nasci” só
...[dos seus pecados: objeto indireto] pode ser preenchida, CORRETAMENTE, por:
a) do qual. b) no qual. c) o qual. d) na qual.
Os biólogos do zoológico local dedicam-se as experiências ge-
néticas. [Inadequado] 07. Segundo a norma culta, há ERRO de regência com o
Os biólogos do zoológico local dedicam-se às experiências ge- verbo sublinhado na alternativa:
néticas. [Adequado] a) Eu devo obedecer ao meu amigo.
...[às: a (preposição) + as (artigo) = às] b) Esqueci-me do nome dele.
c) Ao falar de imortalidade disse que aspirava a ela.
...[às experiências genéticas: objeto indireto]
d) Prefiro ouvir música do que ver televisão.
Note que, no exemplo (2), o verbo “dedicar-se” não é essen-
cialmente pronominal, mas sim acidentalmente pronominal. 08. O taquígrafo _________ rapidez admiramos, foi feliz no
Isto é, esse verbo pode se apresentar sem o pronome oblíquo exame.
e, nesse caso, deixa de ser pronominal (ex.: Ele dedicou sua a) cuja. c) em cuja.
vida ao pobres). b) por cuja. d) cuja a.
Casos como esse, porém, demonstram que, em princípio,
qualquer verbo pode se tornar pronominal e, portanto, pos- 09. É preciso ________ função de bibliotecário.
suir um complemento preposicionado. a) desobrigar-lhe a. c) desobrigá-lo à.
b) desobrigá-lo da. d) desobrigar-lhe à.

EXERCÍCIOS 10. A questão agrária custa ao país sangue e lágrimas.


A regência do verbo custar é idêntica à do trecho acima em:
a) Custa-me crer em tais arbitrariedades.
01. Assinale a alternativa gramaticalmente CORRETA:
b) O sonho de justiça não deveria custar tanto.
a) Os caminhos porque passamos eram sombrios.
c) A dignidade, por vezes, custa caro.
b) Assististe ao espetáculo? Assisti-lhe. d) A terra custou aos lavradores a vida.
c) Volte, que o país lhe está ordenando.
d) Refiro-me à opinião dele e não à dela. 11. Em relação à regência verbal, marque a alternativa que
contraria a norma culta da língua.
02. NÃO há erro de regência em: a) É necessário proceder à distribuição dos folhetos expli-
a) Esqueceu do nome dele. cativos.
b) Esta é a idade que mais gosto. b) O empregado atendia a um e a outro; atendia a eles inin-
c) Boa era a anedota que se lembrou. terruptamente.
d) A comissão chega a Londres à tarde. c) O funcionário aspira, desde muito tempo, um cargo melhor.
d) Prefiro ler cuidadosamente as críticas de certos textos a
03. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as incorrer nas mesmas falhas.
lacunas no período abaixo.
“Os ideais _____ aspiramos são muitos, mas os recursos 12. A frase construída de forma inteiramente CORRETA é:
_________ dispomos não são muitos.” a) Não apreciei o filme que tantos dizem ter gostado.
a) que – dos quais. b) A exposição a que resolvi prestigiar era um desastre.
b) aos quais – com que. c) A peça cuja execução ele mais se esmerou foi a de Mozart.
c) a que – que. d) Ainda que comigo venham a discordar, editarei o livro.

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Língua Portuguesa
Matéria
13. A regência verbal está CORRETA, de acordo com a nor- 19. A regência verbal está INCORRETA em:
ma culta, em: a) Este rapaz namora com a amiga de Paula.
a) Eles preferiam mais música do que cinema. b) O governo assiste os pobres com o Bolsa-Família.
b) Antônio, eu lhe vejo amanhã no clube. c) Você visa a uma aprovação no concurso.
c) O secretário informou ao candidato o resultado da prova. d) O jogador sobressaiu na partida de ontem.
d) A humanidade aspira dias melhores de existência.
20. A regência verbal está CORRETA em:
a) Simpatizei-me com o padre da cidade.
14. Em relação à regência verbal, marque a alternativa em
b) O delegado procedeu o interrogatório.
que se contraria a norma culta da língua.
c) O promotor respondeu ao questionamento do réu.
a) O empresário visou somente ao lucro pretendido.
d) Ela previne a mãe os problemas.
b) Nós chegamos na fazenda ontem cedo.
c) Pague aos funcionários hoje mesmo.
21. Assinale a frase INCORRETA quanto à regência nominal.
d) Não simpatizo com suas ideias inovadoras.
a) O teatro está situado na Rua da Bahia.
b) É proibido invasão de domicílio.
15. Em relação à regência nominal, marque a alternativa IN-
c) Os carros japoneses são superiores aos brasileiros.
CORRETA:
d) O goleiro exerce liderança de todo time.
a) Ele é muito amoroso com seus pais.
b) Este exercício está difícil de entender.
22. Assinale a frase CORRETA quanto à regência nominal.
c) Nós ficamos atentos nele.
a) O álcool é nocivo para com a saúde.
d) Ela é indigna para você.
b) Estou curioso de saber quem ganhou na loteria.
16. Há ERRO de regência nominal em: c) Era suspeito em ter assaltado a loja.
a) O sentimento de amor é comum a todos os homens. d) Ela já está apta em dirigir.
b) Seu irmão é bacharel de direito.
c) O garoto tinha a face banhada por lágrimas. 23. Há ERRO de regência verbal de acordo com a norma
d) Esta é uma tarefa agradável de fazer. culta em:
a) Prefiro fazer caminhada do que dormir.
17. A regência verbal está INCORRETA em: b) Assisti ao jogo e gostei dele.
a) Seu telefone não atende às chamadas. c) Está na hora de a aula terminar.
b) O advogado procedeu à leitura dos autos. d) Ele chegou ao colégio muito cedo.
c) Prefiro este trabalho a discutir com ele.
d) Informou-lhe de todos os problemas. GABARITO
18. A regência nominal está CORRETA em: 01. c 02. d 03. d 04. c 05. d 06. b
a) Ele é muito apegado em bens materiais. 07. d 08. a 09. b 10. d 11. c 12. a
b) A recepcionista procurava ser afável de todos. 13. c 14. b 15. d 16. b 17. d 18. d
c) Ela prosperou porque foi constante com seus propósitos.
19. a 20. c 21. d 22. b 23. a
d) O professor foi desleal com a escola.

ANOTAÇÕES
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Língua Portuguesa

EMPREGO DO SINAL
INDICATIVO DE CRASE 6
Crase é a fusão da preposição a com o artigo definido femini- OBSERVAÇÕES: a) A palavra moda fre-
no a ou as. A crase é indicada pelo acento grave. quentemente fica subentendida diante de
determinados nomes femininos: Comemos
TIPOS DE CRASE um angu à baiana. – à moda baiana.
b) Palavras como rua, avenida, estrada,
1. Entre a preposição a e o artigo definido a: Vamos à cidade. rodovia, editora e muitas outras, que podem estar subenten-
didas, transmitem à frase um aspecto bastante regionalista.
2. Entre a preposição a e o pronome demonstrativo a: Ele se Ninguém é obrigado a saber que em uma localidade afastada
referiu à que deixei no armário. da sua há uma determinada rua, estrada, rodovia etc. com
Nota: O a é pronome demonstrativo quando antecede que aquele nome.
ou de, equivalendo a outro pronome demonstrativo: esta,
essa ou aquela. 3. Com determinadas locuções formadas por palavras femi-
ninas.
3. Entre a preposição a e o a inicial dos pronomes aquele, • Adverbiais: duas ou mais palavras com valor de advérbio:
aquela, aquilo: Dirija-se àquele vendedor. “Hoje a casinha já nao abre à tarde.” (Castro Alves) / Trabalha-
ram às escondidas. / Fui levado à força. / Estudaram à beça.
4. Entre a preposição a e o a do pronome relativo a qual:
OBSERVAÇÕES: a) As locuções adver-
Chegou a aluna à qual entreguei o resultado.
biais de instrumento não levam o acento de
crase. Para alguns gramáticos, porém, exis-
PARA SABER SE HÁ CRASE te acento. Ex.: Escreveu a caneta.
b) A locução adverbial a vista, contrário
1. Com nomes comuns: troca-se a palavra feminina por uma de a prazo, não deve ter o a craseado. No
masculina; aparecendo ao, usa-se crase. entanto, há gramáticos que admitem o acento.
Ele se dirigiu à fazenda. – Ele se dirigiu ao clube.
Os turistas visitaram a cidade. – Os turistas visitaram o mu- • Prepositivas: grupos de palavras que funcionam como
seu. preposição; as que nos interessam neste ponto começam por
à e terminam por de: Ficarei à disposição de vocês. / Vivia à
Nota: coisa se troca por coisa: tesouraria – escritório; pes- custa do irmão. / Estamos à mercê do patrão. / Fez o trabalho
soa, por pessoa: professora – professor. à vista de todos.
2. Com nomes próprios de lugar: troca-se o verbo que pede
a preposição a por outro, que peça outra preposição. Vamos • Conjuntivas: grupos de palavras que funcionam como
conjunção; só existem duas com acento de crase: à medida
adotar o verbo vir; aparecendo da, usa-se o acento de crase:
que e à proporção que: À medida que corria, ia ficando
Ela foi à Bahia. – Ela veio da Bahia.
vermelho. / Aprenderá à proporção que estudar.
Ela foi a Cuiabá. – Ela veio de Cuiabá.
Nota: As locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas
OBSERVAÇÃO: a) Nomes de cidade não com palavras femininas devem levar acento de crase. Com
se usam com artigo a. Mas, se determinar- palavra masculina, o acento não existe: Iremos todos a ca-
mos o substantivo, aparecerá o artigo e, valo. / Conversavam a respeito dos incidentes.
portanto, a crase: Iremos à simpática Cuia-
4. Com os pronomes demonstrativos aquele, aquela e aquilo:
bá. – Viremos da simpática Cuiabá.
Não me refiro àquilo que ele fez. (a aquilo) / Prefiro este lenço
b) Não se devem misturar os dois macetes (nomes comuns /
àquele. (a aquele).
nomes próprios de lugar), pois se trocarmos, indevidamente,
Cuiabá por um substantivo masculino, aparecerá ao, o que 5. Com pronome demonstrativo a: Dirigi-me à que estava no
nos levará a pôr, erradamente, o acento de crase: Ele foi ao balcão.
Rio de Janeiro. – Ele foi à Cuiabá.
Nota: Haverá acento de crase antes de que e de (à que,
à de), sempre que se puder trocar por a aquela que ou
CASOS OBRIGATÓRIOS a aquela de; ou quando possível a troca pelo masculino:
Minha camisa é semelhante à que ele comprou. – Minha ca-
1. Com a palavra hora, clara ou oculta, indicando o momento misa é semelhante a aquela que ele comprou. – Meu paletó
em que acontece alguma coisa: Saímos às três horas. / O é semelhante ao que ele comprou.
médico retornou às dez.
2. Às vezes se usa o acento diante de palavra masculina, por
CASOS FACULTATIVOS
estar oculta uma outra, feminina. A mais comum e importante 1. Antes de nomes de mulher: Mandei uma carta à (a) Patrí-
é a palavra moda: cia. – Mandei uma carta ao (a) Manuel.
Usava cabelos à Roberto Carlos. – à moda Roberto Carlos.
Nota: Com determinação, a crase é obrigatória: Mandei uma
Irei à Presidente Dutra. – à Rodovia Presidente Dutra.
carta à culta Patrícia. – Mandei uma carta ao culto Manuel.
Voltei à Rio Branco. – à Avenida Rio Branco.

63
Língua Portuguesa
2. Antes de pronomes adjetivos possessivos no singular: Ex- Nota: Com determinação, aparece o acento: Aludimos à
pliquei isso à (a) sua irmão. Expliquei isso ao (a) seu irmão.
valente Joana d’Arc.
OBSERVAÇÕES: a) Se o possessivo esti- 13. Antes de Nossa Senhora e Maria Santíssima: Farei uma
ver no plural, teremos: – crase obrigatória prece a Nossa Senhora.
(a + às): Expliquei isso às suas irmãs.
– crase proibida (apenas a preposição): Ex-
pliquei isso a suas irmãs. A palavra a (no CONSIDERAÇÕES FINAIS
singular), diante de suas irmãs, é prepo-
sição, pois o artigo, se fosse usado, teria de estar no plural. 1. Há duas expressões semelhantes com a palavra hora: Das
b) Se for pronome substantivo, a crase é obrigatória: Expli- oito às dez horas (as horas do relógio) – De oito a dez horas
quei isso à sua. (ideia de duração). É errado escrever: de oito às dez horas.
3. Depois da preposição até: Ele foi até à (a) praia. – Ele foi
DICA: Em intervalos de horas, quando a
até ao (o) campo.
expressão começar com de (somente pre-
OBSERVAÇÃO: Até é a única preposição posição), o a não será craseado pois tam-
que admite um a craseado depois dela. bém representará apenas a preposição. Ao
4. Com as palavras Europa, Ásia, África, se colocar o artigo junto com do de (de +
França, Espanha, Inglaterra, Escócia e Ho- as = das), deve-se colocá-lo também acom-
landa: Viajaremos à (a) França. panhando a (a + as = às), ficando assim craseado.
Pode-se dizer, por exemplo: Estava em França. Incomum, po- Ex: das 8 às 15 hs (de + as; a + as)
rém correto. de 8h a 15h (somente preposições)

CASOS PROIBIDOS 2. Quando se diz “Voltei à uma hora”, não há erro de crase
porque uma é numeral, e não artigo indefinido.
1. Com a palavra casa sem determinação, quando, então, se
refere ao próprio lar: Ele foi a casa pela manhã. 3. Em expressões do tipo aquela hora, aquele minuto etc.,
2. Com a palavra distância, sem especificação, ou seja, sem pode haver o acento por se tratar de indicação de tempo.
precisar a distância: O guarda ficou a distância. Troque por naquela ou naquele: Àquela hora, todos estavam
cansados. – Naquela hora, todos estavam cansados.
OBSERVAÇÃO: A palavra distância possui
esse tratamento quando pertence a uma 4. Algumas expressões têm o sentido alterado com a presen-
locução. Não sendo assim, é uma palavra ça da crase:
como outra qualquer: Refiro-me à distância Bateu a porta. (Empurrou a porta para fechá-la)
que percorremos. (ao caminho) Bateu à porta. (Chamou)
Chegou a tarde. (Entardeceu)
Chegou à tarde. (Ele chegou de tarde)
3. Com a palavra terra, quando contrário de bordo: Os ma-
rujos foram a terra. Saiu a francesa. (A mulher francesa saiu)
Saiu à francesa. ( Saiu sem ninguém notar)
4. Em locuções com palavras repetidas: Os adversários fica- Trabalhavam as cegas. (Mulheres cegas trabalhavam)
ram cara a cara. Trabalhavam às cegas. (Trabalhavam sem saber direito o que
5. Antes de palavra masculina: Contei uma estória a João. faziam)
6. Antes de verbo: Estava prestes a chorar. Escreveu a mulher uma carta. (Ela escreveu uma carta)
Escreveu à mulher uma carta. (Ele mandou uma carta à mulher)
7. Com a antes de plural: Não se prendia a coisas materiais.
8. Antes de artigo indefinido, claro ou oculto: Aspirava a uma
posição melhor. Nunca assistimos a (uma) novela tão ruim.
A CRASE E AS PREPOSIÇÕES
9. Antes de pronome indefinido: Chegaram a alguma ilha do A crase não deve ser empregada junto a algumas prepo-
interior. sições.
Nota: Pode ser que o à se deva a uma outra palavra, que Dois casos, no entanto, devem ser observados quanto ao em-
não o pronome indefinido que está diante dele: Obedecia à prego da crase. Trata-se das preposições “a” e “até” empre-
cada vez mais autoritária diretora (ao cada vez mais autori- gadas antes de palavra feminina. Essas únicas exceções se
tário diretor). O indefinido cada não impede o acento, pois
devem ao fato de ambas indicarem, além de outras, a noção
o artigo da palavra à é determinado de diretora: a diretora
autoritária. de movimento. Por isso, com relação à preposição “a” torna-
se obrigatório o emprego da crase, já que haverá a fusão en-
10. Antes de pronome pessoal, inclusive o de tratamento: tre a preposição “a” e o artigo “a” (ou a simples possibilidade
Diga a ela que voltarei. Já tinha pedido isso a Vossa Senhoria. de emprego desse artigo). Já a preposição “até” admitirá a
crase somente se a ideia expressa apontar para movimento.
Nota: Os pronomes de tratamento senhora, senhorita,
madame e dona (este último quando acompanhado de ad- Exemplos:
jetivo) admitem o acento de crase: Dirigiu-se à senhorita A entrada será permitida mediante à entrega da passagem.
Denise. Falaremos à alegre dona Helena. [Inadequado]
A entrada será permitida mediante a entrega da passagem.
11. Antes de esta e essa: Diga a verdade a essa funcionária. [Adequado]
(a esse funcionário) Desde à assembleia os operários clamavam por greve. [Ina-
12. Antes de nomes de vultos históricos: Aludimos a Joana dequado]
d’Arc. (a Napoleão) Desde a assembleia os operários clamavam por greve. [Ade-

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Língua Portuguesa
quado] a) Não me refiro a reunião deste mês.
Os médicos eram chamados a sala de cirurgia. [Inadequado] b) Fique a vontade.
c) Abrimos as quintas-feiras.
Os médicos eram chamados à sala de cirurgia. [Adequado] d) Remeto a Vossa Senhoria todos os recibos.
...[termo regente: chamar a / “a” = preposição indicativa de
movimento] 07. Assinale a alternativa em que o emprego da crase está
...[termo regido: (a) sala / “a” = artigo] INCORRETO:
...[sala: palavra feminina] a) Preciso ir à Copacabana.
Os escravos eram levados vagarosamente até a senzala. b) Ele chegou à uma e meia.
c) Seja rápido em sua ida à França.
Os escravos eram levados vagarosamente até à senzala. d) O professor falara àquele aluno.
...[termo regente: levar a / “a” = preposição indicativa de
movimento] 08. Indique a opção que completa as lacunas do trecho abaixo:
...[termo regido: (a) senzala / “a” = artigo]
É comum vincular ____ criatividade ____ originalidade, _____
...[senzala: palavra feminina]
ruptura de padrões, no desvio de modelos pré-estabelecidos.
Observe que não foi apontado no exemplo (4) o uso ina- Supõe-se que a criatividade repousa sobre as manifestações
dequado e adequado das ocorrências de crase. Isso se dá não sujeitas _____ regras pessoais e próprias de manifestação.
porque atualmente no Brasil o emprego da crase diante da a) a, à, à, a. b) à, a, a, à. c) à ,à, á , a. d) a, à, a, à.
preposição “até “ é facultativo.
09. Ocorre ERRO no emprego da crase em:
EXERCÍCIOS a) À toda hora, chegavam as estudantes aprovadas.
b) Ficamos à espera do resultado final.
01. Assinale a alternativa em que a crase é OBRIGATÓRIA: c) Dirigiu-se àquele mestre com respeito.
a) Referiu-se a Vossa Excelência. d) Referiu-se atenciosamente às alunas que a haviam home-
b) O trem partia as nove horas. nageado.
c) Este ano, muitos brasileiros irão a Roma.
d) Não tenho tempo de ir a casa para almoçar. 10. Quanto ao uso da crase, a frase ERRADA é:
a) Refiro-me à isenção de impostos.
02. Está CORRETAMENTE acentuado o A em: b) Ao viajar à Europa, cuidado para não ultrapassar a cota.
a) O doente bebia o remédio gota à gota. c) Tenho dúvidas à respeito de franquia.
b) O rapaz continuava à explicar o caso. d) Esta mercadoria é atentatória à ordem pública.
c) Aumentaram diariamente as vendas à credito.
d) O rapaz chegou cedo à casa do amigo. 11. Daqui _____ uma semana, conclui-se ____ fase de corre-
ção dos testes, e todos os candidatos terão direito ___ revisão
03. Coloque crase onde necessário e, em seguida, indique a de prova que acontecerá ____ 15 horas.
alternativa em que aparece um caso de crase facultativa. Indique a opção que completa as lacunas CORRETAMENTE:
a) Os normandos lutavam a pé e a cavalo. a) à, a, à, as. b) a, à, à, as. c) a, à, a, as. d) a, a, à, às.
b) O comboio dirigia-se a capital da província.
12. O grupo obedece ______ comando de um pernambucano,
c) A noite, os vaga-lumes emitem luz fria; um mistério a as-
radicado ______ tempos em São Paulo, e se exibe diariamente
sombrar os sábios.
______ hora do almoço.
d) O juiz entregou a criança a sua verdadeira mãe.
a) O, a, à. b) Ao , há, à. c) Ao, a, a. d) O, há , a.
04. Dadas as sequências:
13. O acento gráfico indicativo da ocorrência da crase está
I – Estou a seu dispor à todo momento a menos que surja
CORRETAMENTE empregado em:
algum imprevisto.
II – Ele estava às voltas com um imprevisto, mas planejava ir a) À família compete obedecer às leis que garantem à criança
à casa do chefe. o direito à vida.
III – Não daremos atenção à atitudes que nos comprometam. b) À justiça compete garantir à todas as crianças o cumprimen-
Observando o uso do acento indicativo de crase, é CORRETO to das leis que as protegem.
afirmar que: c) Daqui à algumas semanas, iremos às urnas à fim de eleger-
a) somente a I é correta. mos nossos representantes.
b) a II e a III são corretas. d) À noitinha, todas se reúnem à beira da fogueira alimentada
c) somente a III é correta. à fogo brando.
d) somente a II é correta.
14. ______ muitos anos, o gaúcho era livre para percorrer
05. Em: “Existe em Nova Lima uma importante mina de ouro ______ cavalo largas distâncias, pondo ______ prova suas
– a mina de Morro Velho – que, àquela época, vivia o seu qualidades de cavaleiro.
auge e era propriedade de uma companhia inglesa”. Selecione a alternativa que preenche CORRETAMENTE as la-
Qual a razão de àquela possuir o acento grave indicativo de cunas da frase apresentada.
crase? a) Há / à / a. b) A / a / à. c) À / à / a. d) Há / a / a.
a) Ser palavra feminina.
b) Fazer parte da locução adverbial. GABARITO
c) Ser elemento de locução prepositiva.
01. b 02. d 03. d 04. d 05. b
d) Representar a união de a(artigo) + aquela.
06. d 07. a 08. a 09. a 10. c
06. Assinale a alternativa em que o emprego da crase é 11. d 12. b 13. a 14. d
PROIBIDO:

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Língua Portuguesa

7 PONTUAÇÃO
A língua escrita não dispõe dos inumeráveis recursos rítmi- 3. Emprega-se ainda a vírgula no interior da oração:
cos e melódicos da língua falada. Para suprir esta carência,
ou melhor, para reconstituir aproximadamente o movimento a) para separar, na datação de um escrito, o nome do lugar:
vivo da elocução oral, a escrita serve-se da PONTUAÇÃO. Teófilo Otoni, 10 de maio de 1917.
b) para indicar a supressão de uma palavra (geralmente o
O primeiro grupo compreende os sinais que, fundamental- verbo) ou de um grupo de palavras:
mente, destinam-se a marcar as PAUSAS: “Veio a velhice, com ela, a aposentadoria.”
a) a vírgula (,) H. SALES
b) o ponto (.)
c) o ponto-e-vírgula (;)
Emprego da vírgula entre orações
O segundo grupo abarca os sinais cuja função essencial é
1. Para separar as orações coordenadas assindéticas:
marcar a MELODIA, a ENTONAÇÃO:
“Levantava-me, passeava, tamborilava nos vidros das jane-
a) os dois-pontos (:) las, assobiava.”
b) o ponto de interrogação (?)
M. DE ASSIS
c) o ponto de exclamação (!)
d) as reticências (...) 2. Para separar as orações coordenadas sindéticas, salvo
e) as aspas (“ “) as introduzidas pela conjunção E:
f) os parênteses ( ( ) ) “Cessaram as buzinas, mas prosseguia o alarido nas ruas.”
g) os colchetes ( [ ] )
A. M. MACHADO
h) o travessão (--)
OBSERVAÇÃO:
VÍRGULA (,) - Separam-se por VÍRGULA as orações
coordenadas unidas pela conjunção E,
A VÍRGULA marca uma pausa de pequena duração. Empre- quando têm sujeito diferente. Exemplo:
ga-se não só para separar elementos de uma oração, mas “O silêncio comeu o eco, e a escuridão abraçou o silêncio.”
também orações de um só período.
G. FIGUEIREDO

Emprego da vírgula no interior da oração - Costuma-se também separar por VÍRGULA as orações in-
troduzidas por essa conjunção quando ela vem reiterada:
1. Para separar elementos que exercem a mesma função sin- “Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”
tática (sujeito composto, complementos, adjuntos), quando
não vêm unidos pelas conjunções e, ou e nem. O. BILAC
Exemplos: • Das conjunções adversativas, MAS emprega-se sempre no
“As nuvens, as folhas, os ventos não são deste mundo.” começo da oração; “porém, todavia, contudo”, entretanto e
A. MAYER
no entanto, podem vir ora no início da oração, ora após um
“Ela tem sua claridade, seus caminhos, suas escadas, seus dos seus termos. No primeiro caso, põe-se uma VÍRGULA
andaimes.” antes da conjunção; no segundo, vem ela isolada por vír-
C. MEIRELES gulas. Compare-se este período de Machado de Assis: “- Vá
aonde quiser, mas fique morando conosco.” aos seguintes:
2. Para separar elementos que exercem funções sintáticas - Vá aonde quiser, porém fique morando conosco.
diversas, geralmente com a finalidade de realçá-los. Em - Vá aonde quiser, fique, porém, morando conosco.
particular, a VÍRGULA é usada:
a) para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor me- Em virtude da acentuada pausa que existe entre as orações
ramente explicativo: acima, podem ser elas separadas, na escrita, por PONTO-
“Ele, o pai, é um mágico.” E-VÍRGULA. Ao último período é mesmo a pontuação que
ADONIAS FILHO melhor lhe convém:
b) para isolar o vocativo: - Vá aonde quiser; fique, porém, morando conosco.
“Moço, sertanejo não se doma no brejo.”
J. A. DE ALMEIDA
• A conjunção conclusiva “pois” vem sempre posposta a um
termo da oração a que pertence e, portanto, isolada por vírgu-
c) para isolar o adjunto adverbial antecipado:
las: “Não pactua com a ordem; é, pois, uma rebelde.”
“Depois de algumas horas de sono, voltei ao colégio.”
R. POMPÉIA (J. RIBEIRO)

d) para isolar os elementos pleonásticos ou repetidos: As demais conjunções conclusivas (logo, portanto, por conse-
“Ficou branquinha, branquinha. guinte, etc.) podem encabeçar a oração ou pospor-se a um
Com os desgostos humanos.” dos seus termos. À semelhança das adversativas, escrevem-se,
O. BILAC conforme o caso, com uma vírgula anteposta, ou entre vírgulas.

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Língua Portuguesa
3. Para isolar as orações intercaladas: minutos passam. A orquestra se cala. O vento está mais
forte.”
“- Se o alienista tem razão, disse eu comigo, não haverá muito
que lastimar o Quincas Borba.” E. VERÍSSIMO
M. DE ASSIS
3. Quando se passa de um grupo a outro grupo de ideias,
4. Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas: costuma-se marcar a transposição com um maior repouso da
“Pastor, que sobes o monte, voz, o que, na escrita, se representa pelo PONTO-PARÁGRAFO.
Que queres galgando-o assim?” Deixa-se, então, em branco o resto da linha em que termina
O. MARIANO um dado grupo ideológico, e inicia-se o seguinte na linha abai-
xo, com o recuo de algumas letras. Assim:
5. Para separar as orações subordinadas adverbiais, principal- “Lá embaixo era um mar que crescia.
mente quando antepostas à principal: Começara a chuviscar um pouco. E o carro subia mais para
“Quando tio Severino voltou da fazenda, trouxe para Luciana o alto, com destino à casa de Amâncio, que era a melhor da
um periquito.” redondeza.”
G. RAMOS J. L. DO REGO
6. Para separar as orações reduzidas de gerúndio, de particí- 4. Ao PONTO que encerra um enunciado escrito dá-se o nome
pio e de infinitivo, quando equivalentes a orações adverbiais: de PONTO-FINAL.
“Não obtendo resultado, indignou-se.”
G. RAMOS
PONTO-E-VÍRGULA (;)
“Acocorado a um canto, contemplava-nos impassível.” 1. Como o nome indica, este sinal serve de intermediário entre
E. DA CUNHA o PONTO e a VÍRGULA, podendo aproximar-se ora mais da-
“Ao falar, já sabia da resposta.” quele, ora mais desta, segundo os valores pausais e melódicos
J. AMADO que representa no texto. No primeiro caso, equivale a uma
espécie de PONTO reduzido; no segundo, assemelha-se a uma
VÍRGULA alongada.
OBSERVAÇÕES:
1) Toda oração ou todo termo de oração 2. Esta imprecisão do PONTO-E-VÍRGULA faz que o seu empre-
de valor meramente explicativo pronun- go dependa substancialmente de contexto. Entretanto, pode-
ciam-se entre pausas; por isso, são isola- mos estabelecer que, em princípio, ele é usado:
dos por vírgula, na escrita; - Para separar num período as orações da mesma natureza que
tenham certa extensão:
2) Os termos essenciais e integrantes da oração ligam-se uns
“Todas as obras de Deus são maravilhosas; porém a maior de
com os outros sem pausa; não podem, assim, ser separados
todas as maravilhas é a existência do mesmo Deus.”
por vírgula. Esta é a razão por que não é admissível o uso da
M. DE MARICÁ
vírgula entre uma oração subordinada substantiva e a sua
principal; - Para separar partes de um período, das quais uma pelo me-
3) Há uns poucos casos em que o emprego da vírgula não nos esteja subdividida por VÍRGULA:
corresponde a uma pausa real na fala; é o que se obser- “Chamo-me Inácio; ele, Benedito.”
va, por exemplo, em respostas rápidas do tipo: Sim, senhor. M. DE ASSIS
Não, senhor.
- Para separar os diversos itens de enunciados enumerativos
(em leis, decretos, portarias, regulamentos, etc.), como estes
PONTO (.) que iniciam o Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ção Nacional:
“Art. 1º - A educação nacional, inspirada nos princípios de li-
1. O PONTO assinala a pausa máxima da voz depois de um
berdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim:
grupo fônico de final descendente. Emprega-se, pois, fun-
a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana,
damentalmente, para indicar o término de uma oração de-
do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que
clarativa, seja ela absoluta, seja a derradeira de um período
compõem a comunidade;
composto:
b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do
“Nada pode contra o poeta. Nada pode contra esse incorrigí-
homem;
vel que tão bem vive e se arranja em meio aos destroços do
c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade in-
palácio imaginário que lhe caiu em cima.” ternacional;
A. M. MACHADO d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a
sua participação na obra do bem comum. (...)”
2. Quando os períodos (simples ou compostos) se encadeiam
pelos pensamentos que expressam, sucedem-se uns aos ou-
tros na mesma linha. Diz-se, neste caso, que estão separados
DOIS-PONTOS (:)
por um PONTO SIMPLES.
Os DOIS-PONTOS servem para marcar, na escrita, uma sensí-
vel suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída.
OBSERVAÇÃO: O PONTO tem sido utili- Empregam-se, pois, para anunciar:
zado pelos escritores modernos onde os
antigos poriam PONTO-E-VÍRGULA ou 1. uma citação (geralmente depois de verbo ou expressão que
signifique dizer, responder, perguntar e sinônimos):
mesmo VÍRGULA.
“Eu lhe responderia: a vida é ilusão...”
“A música toca uma valsa lenta. O desânimo aumenta. Os
A. PEIXOTO

67
Língua Portuguesa
2. uma enumeração explicativa: “Coração, pára! ou refreia, ou morre!”
“Viajo entre todas as coisas do mundo: A. DE OLIVEIRA
homem, flores, animais, água...”
OBSERVAÇÃO: A interjeição oh! (escrita
C. MEIRELES
com h), que denota geralmente surpresa,
3. um esclarecimento, uma síntese ou uma consequência do alegria ou desejo, vem seguida de PONTO-
que foi enunciado: DE-EXCLAMAÇÃO. Já à interjeição de ape-
“Ternura teve uma inspiração: atirar a corda, laçá-la.” lo ó, quando acompanhada de vocativo, não se pospõe PON-
A. M. MACHADO TO-DE-EXCLAMAÇÃO; este se coloca, no caso, depois do
“Não sou alegre nem sou triste: vocativo. Comparem-se os exemplos do item a.
sou poeta.”
C. MEIRELES RETICÊNCIAS (...)
OBSERVAÇÃO: Depois do vocativo que
1. As RETICÊNCIAS marcam uma interrupção da frase e, con-
encabeça cartas, requerimentos, ofícios,
sequentemente, a suspensão da sua melodia. Empregam-se
etc., costuma-se colocar DOIS-PONTOS,
em casos muito variados. Assim:
VÍRGULA, ou PONTO, havendo escritores
que, no caso, dispensam qualquer pontuação. Assim:
a) para indicar que o narrador ou o personagem interrompe
Prezado senhor: Prezado senhor.
uma ideia que começou a exprimir, e passa a considerações
Prezado senhor, Prezado senhor
acessórias:
Sendo o vocativo inicial emitido com entoação suspensiva,
“— A tal rapariguinha... Não digam que foi a Pôncia que con-
deve ser acompanhado, preferentemente, de DOIS-PONTOS
tou. Menos essa, que não quero enredos comigo!”
ou de VÍRGULA, sinais denotadores daquele tipo de inflexão.
J. DE ALENCAR

PONTO DE INTERROGAÇÃO (?) b) para marcar suspensões provocadas por hesitação, sur-
presa, dúvida, timidez, ou para assinalar certas inflexões de
1. É o sinal que se usa no fim de qualquer interrogação dire- natureza emocional de quem fala:
ta, ainda que a pergunta não exija resposta: “Fiador... para o senhor?! Ora!...”
J. AMADO
“Sabe você de uma novidade?”
A. PEIXOTO “Falaram todos. Quis falar... Não pude...
Baixei os olhos... e empalideci...”
2. Nos casos em que a pergunta envolve dúvida, costuma-se A. TAVARES
fazer seguir de RETICÊNCIAS o PONTO-DE-INTERROGAÇÃO:
“— Então?...que foi isso?...a comadre?...” c) para indicar que a ideia que se pretende exprimir não se
ARTUR AZEVEDO completa com o término gramatical da frase, e que deve ser
suprida com a imaginação do leitor:
3. Nas perguntas que denotam surpresa, ou naquelas que “Agora é que entendo tudo: as atitudes do pai, o recato da
não têm endereço nem resposta, empregam-se por vezes filha... Eu caí numa cilada...”
combinados o PONTO-DE-INTERROGAÇÃO E O PONTO-DE- J. MONTELLO
EXCLAMAÇÃO:
“Que negócio é esse: cabra falando?!” 2. Empregam-se também as RETICÊNCIAS para reproduzir, nos
C. D. DE ANDRADE
diálogos, não uma suspensão do tom da voz, mas o corte da
frase de um personagem pela interferência da fala de outro. Se
OBSERVAÇÃO: a fala do personagem continua normalmente depois dessa in-
O PONTO-DE-INTERROGAÇÃO nunca se terferência, costuma-se preceder o seguimento de reticências:
usa no fim de uma interrogação indireta, “— Mas não me disse que acha...
uma vez que esta termina com entoação — Acho.
—...Que posso aceitar uma presidência, se me ofereceram?
descendente, exigindo, por isso, um PONTO.
— Pode; uma presidência aceita-se.”
Comparem-se:
M. DE ASSIS
— Quem chegou? [= INTERROGAÇÃO DIRETA]
— Diga-me quem chegou. [= INTERROGAÇÃO INDIRETA] 3. Usam-se ainda as RETICÊNCIAS antes de uma palavra ou
de uma expressão que se quer realçar:
PONTO DE EXCLAMAÇÃO (!) “E teve um fim que nunca se soube... Pobrezinho... Andaria
nos doze anos. Filho único.”
S. LOPES NETO
É o sinal que se pospõe a qualquer enunciado de entoação
exclamativa. Emprega-se, pois, normalmente: ASPAS (“ “)
a) depois de interjeições ou de termos equivalentes, como os 1. Empregam-se principalmente:
vocativos intensivos, as apóstrofes:
“Oh! dias de minha infância!” a) no início e no fim de uma citação para distingui-la do resto
C. DE ABREU do contexto:
“Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?” O poeta espera a hora da morte e só aspira a que ela “não
(C. ALVES) seja vil, manchada de medo, submissão ou cálculo”.
MANUEL BANDEIRA
b) depois de um imperativo:
b) para fazer sobressair termos ou expressões, geralmente

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Língua Portuguesa
Matéria
não peculiares à linguagem normal de quem escreve (estran- “Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.”
geirismos, arcaísmos, neologismos, vulgarismos, etc.): CASTRO ALVES. Espumas Flutuantes, Bahia, 1870, p. 71
Era melhor que fosse “clown”.
E. VERÍSSIMO 2. Usam-se também os PARÊNTESES para isolar orações in-
c) para acentuar o valor significativo de uma palavra ou ex- tercaladas com verbos declarativos:
pressão: “Uma vez (contavam) a polícia tinha conseguido deitar a mão
“A palavra ‘nordeste’ é hoje uma palavra desfigurada pela nele.”
expressão ‘obras do Nordeste’ que quer dizer: ‘obras contra A. DOURADO

as secas’. E quase não sugere senão as secas.” O que se faz mais frequentemente por meio de vírgulas ou
G. FREYRE
de travessões.

OBSERVAÇÕES: 1) No emprego das AS- COLCHETES ( [ ] )


PAS, cumpre atender a estes preceitos do
Formulário Ortográfico: “Quando a pausa Os COLCHETES são uma variedade de PARÊNTESES, mas de
coincide com o final da expressão ou sentença que se acha uso restrito. Empregam-se:
entre ASPAS, coloca-se o competente sinal de pontuação de-
a) quando numa transcrição de texto alheio, o autor intercala
pois delas, se encerram apenas uma parte da proposição;
observações próprias, como nesta nota de SOUSA DA SILVEI-
quando, porém, as ASPAS abrangem todo o período, senten-
RA a um passo de CASIMIRO DE ABREU: Entenda-se, pois:
ça, frase ou expressão, a respectiva notação fica abrangida “Obrigado! obrigado [pelo teu canto em que] tu respondes [à
por elas: minha pergunta sobre o porvir (versos 11-12) e me acenas
“Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem as há de se- para o futuro (versos 14 e 85), embora o que eu percebo no
gurar? Ninguém.” horizonte me pareça apenas uma nuvem (verso 15)].”
R. BARBOSA.
b) quando se deseja incluir, numa referência bibliográfica, in-
“Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, dicação que não conste da obra citada, como neste exemplo:
que toda a luz resume!” ALENCAR, José de. O Guarani, 2 ed. Rio de Janeiro, B. L.
M. DE ASSIS Garnier Editor [1864].
2) Usa-se aspas simples (‘ ’), geralmente, quando se quer
realçar alguma expressão que está contida dentro de uma TRAVESSÃO ( – )
frase que já está assinalada com aspas duplas.
Emprega-se principalmente em dois casos:
PARÊNTESES ( ( ) )
a) Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor:
“— Muito bom dia, meu compadre.
1. Empregam-se os PARÊNTESES para intercalar num texto
— Por que não apeia, compadre Vitorino?
qualquer indicação acessória. Seja, por exemplo: — Estou com pressa.”
J. LINS DO REGO
a) uma explicação dada, uma reflexão, um comentário à
margem do que se afirma: b) Para isolar, num contexto, palavras ou frases. Neste caso,
“Os outros (éramos uma dúzia) andavam também por essa usa-se geralmente o TRAVESSÃO DUPLO:
idade, que é o doce-amargo subúrbio da adolescência.” “Duas horas depois —— a tempestade ainda dominava a cida-
de e o mar —— o “Canavieiras” ia encostando no cais.”
P. MENDES CAMPOS
J. AMADO
b) uma nota emocional, expressa geralmente em forma ex- Mas não é raro o emprego de um só TRAVESSÃO para desta-
clamativa, ou interrogativa: car, enfaticamente, a parte final de um enunciado:
“Havia a escola, que era azul e tinha “Um povo é tanto mais elevado quanto mais se interessa pe-
Um mestre mau, de assustador pigarro... las coisas inúteis — a filosofia e a arte.”
J. AMADO
(Meu Deus! que é isto? que emoção a minha
Quando estas coisas tão singelas narro?)”
B. LOPES OBSERVAÇÃO: “Emprega-se o traves-
são, e não o hífen, para ligar palavras ou
OBSERVAÇÃO: Entre as explicações e grupo de palavras que formam, pelo assim
as circunstâncias acessórias que costu- dizer, uma cadeia na frase: o trajeto
mam ser escritas entre PARÊNTESES, in- Mauá—Cascadura; a estrada de ferro Rio-
cluem-se as referências a datas, a indica- Petrópolis; a linha aérea Brasil—Argentina; o percurso Bar-
ções bibliográficas, etc.: cas—Tijuca; etc.” (Formulário Ortográfico).

OBSERVAÇÕES DO GRAMÁTICO

É preciso erradicar de vez a concepção errônea que existe em alguns espíritos de que não se usa a vírgula antes de “e” em
hipótese nenhuma. A título de mera curiosidade, eis cinco casos de emprego obrigatório da vírgula antes de “e”:
a) quando o ”e” equivale a “mas”, caso em que se classifica como conjunção adversativa. Ex.:
Quem cabritos vende, e cabras não têm, dalgures lhe vêm. (e = mas)
Juçara fuma, e não traga. (e=mas)

69
Língua Portuguesa
Matéria

Todo político promete, e não cumpre. (e=mas)


b) quando o “e” dá início a outra oração no período, sendo diferentes os sujeitos. Ex.:
Uma mão lava a outra, e a poluição suja as duas.
Os soldados ganham as batalhas, e os generais recebem o crédito.
c) quando entre um sujeito e outro aparece um termo imediatamente anterior separado por vírgulas. Ex.:
A casa, muito antiga, e o edifício, moderníssimo, formavam visível contraste.
d) nas frases deste tipo:
Dá-me um ponto de apoio, e suspenderei a terra e o céu (Arquimedes)
Fala pouco e bem, e ter-te-ão por alguém!”
Essa vírgula é facultativa, dependendo da maior ou menor necessidade de ênfase que se queira transmitir à segunda
oração.
e) quando se deseja pequena pausa para em seguida dar ênfase ao termo imediatamente posposto ao “e”.Ex.: Algumas
coisas precisam ser esclarecidas, e logo!
A referida pausa, nesses casos, é tão desejada e significativa, que os autores modernos preferem substituir a vírgula pelo
ponto. Ex.: Algumas coisas precisam ser esclarecidas. E logo!
Em vez de vírgula e do ponto, pode aparecer nesse caso o travessão, que sugere pausa maior que a vírgula, porém. Ex.:
Um homem arrebata o primeiro beijo, suplica pelo segundo, pede o terceiro, toma o quarto, aceita o quinto – e aguenta
todos os outros.
f) antes de vice-versa. Ex.: As orações causais não aceitam normalmente os artifícios que se empregam para as orações
explicativas, e vice-versa.
g) antes do último membro de uma enumeração. Ex.: O Brasil é o maior produtor mundial de mamona; o México produz
muita prata, petróleo e mercúrio, e o Chile é rico em cobre.
h) nos polissíndetos. Ex.: A criança chorava, e berrava, e gritava, e esperneava, e fazia todo o mundo louco!
i) antes das expressões E NEM, E NEM AO MENOS, E NEM SEQUER. Ex.: Ela chegou, e nem quis saber de nós.
Luiz Antonio Sacconi

O PODER DA VÍRGULA b) destacar uma expressão resumitiva.


c) enfatizar um termo subsequente.
d) isolar um aposto.
Na Inglaterra, certa vez, um oficial foi condenado à morte. e) neutralizar um termo antecedente.
Seu pedido de perdão recebeu a seguinte sentença do rei:
• Perdoar impossível, mandar para a forca! 02. No fragmento “... seja um cidadão seja uma empresa – afi-
nal, todos têm direito à livre manifestação nas sociedades de-
Antes de a mensagem ser enviada ao verdugo, passou pelas mocráticas –, o que tem acontecido é lamentável sob qualquer
mãos da generosa rainha, que, compadecida da sorte do ofi- ponto de vista.”, os travessões foram empregados para:
cial, tomou de uma caneta e alterando a posição da vírgula, a) indicar a mudança de interlocutor.
simplesmente mudou o significado da mensagem: b) isolar uma palavra.
Perdoar, impossível mandar para forca! c) isolar uma explicação acessória.
d) enfatizar o final do enunciado.
Na Antiguidade, um imperador estava indignado com a po- e) negar o que está mencionado anteriormente.
pulação de uma cidade, sem dúvida, por motivos políticos. O
governador, então, passa-lhe um telegrama: 03. Lula se equivocou ao afirmar que a cana “fica muito dis-
Devo fazer fogo ou poupar a cidade? tante da Amazônia”.
As aspas, no trecho destacado, são empregadas para:
A resposta do monarca foi:
a) transcrever falas do autor.
Fogo, não poupe a cidade! b) demarcar transcrição de uma fala.
c) destacar exemplo importante.
O telegrafista, por questões humanitárias ou por qualquer d) assinalar uma figura de linguagem.
outro motivo, trocou a posição da vírgula. E a resposta ficou e) citar frases cristalizadas na língua.
assim:
Fogo não, poupe a cidade! 04. “A advertência famosa, sem a vírgula e com outro subs-
tantivo, fornece a mais completa explicação para o quadro atu-
al: é o capitalismo estúpido.”
EXERCÍCIOS O trecho em destaque refere-se à frase “É a economia, estú-
01. Em “Ela, a mídia, pode e deve se manifestar quanto a suas pido!”, pronunciada por um marqueteiro eleitoral americano.
preferências”, as vírgulas servem para: Além de aspectos semânticos, a retirada da vírgula produz o
a) separar um vocativo. seguinte efeito sintático:

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Língua Portuguesa
a) “capitalismo” passa a ser objeto direto. não reunia as mínimas condições para depor, em tão compli-
b) “estúpido” deixar de ser vocativo. cado processo.
c) “capitalismo estúpido” passa a ser uma oração. d) É possível que, contrariando todas as expectativas, o candi-
d) “estúpido” passa ser o núcleo da expressão. dato venha a renunciar, em benefício, segundo dizem, da maior
e) “estúpido” deixa de ser sujeito. união no partido.

05. Só faltou agregar, em estilo real, o “porque não te calas!”. 10. Os períodos abaixo representam diferenças de pontuação.
No fragmento acima, o emprego das aspas é feito para: Assinale a opção que corresponde ao período de pontuação
a) indicar a citação de uma fala. correta:
b) assinalar o discurso direto do autor. a) Uns optaram, pelo partido rosa, outros pelo azul, houve
c) revelar a falta de coerência das autoridades. quem preferisse, o amarelo mas vermelho não podia ser.
d) fragmentar o discurso do autor. b) Uns optaram pelo partido rosa, outros pelo azul houve quem,
e) marcar a referência a uma idéia corrente. preferisse o amarelo, mas vermelho não podia ser.
c) Uns optaram pelo partido rosa outros pelo azul houve, quem
06. No fragmento “Estudo realizado pela Universidade da Ca- preferisse o amarelo, mas vermelho não podia ser.
lifórnia revela que, embora a presença de fumantes em filmes d) Uns optaram pelo partido rosa, outros pelo azul, houve
norte-americanos tenha diminuído nas últimas décadas, a quem preferisse o amarelo, mas vermelho não podia ser.
maior parte das produções continua exibindo cenas com cigar-
ros.”, as vírgulas foram colocadas para separar a oração: 11. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação.
a) subordinada adverbial concessiva intercalada à principal. Assinale a letra que corresponde ao período de pontuação
b) coordenada, intercalada, introduzida por conector. CORRETA:
c) subordinada adverbial, anteposta à principal. a) Justamente no momento em que as coisas iam melhorar, ele
d) adjetiva explicativa, introduzida pelo pronome relativo que. pôs tudo a perder.
e) subordinada adverbial condicional, iniciada pelo conector b) Justamente no momento em que as coisas iam melhorar, ele
“embora”. pôs tudo, a perder.
c) Justamente, no momento, em que as coisas iam melhorar,
07. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação. ele pôs tudo a perder.
Assinale a letra que corresponde ao período de pontuação cor- d) Justamente no momento, em que as coisas iam melhorar,
reta: ele pôs tudo, a perder.
a) E, palavra, no caso desta última, senti profundamente o que
aconteceu. 12. Está inteiramente correta a pontuação da seguinte frase:
b) E palavra, no caso, desta última senti, profundamente o que a) Ao longo do tempo, verificou-se que o homem é capaz de
aconteceu. se valer de suas experiências, sobretudo as mais marcantes,
c) E palavra no caso desta última: senti profundamente, o que para se prevenir contra tudo o que possa vir a representar uma
aconteceu. ameaça para ele.
d) E, palavra, no caso desta última senti profundamente o que, b) Ao longo do tempo verificou-se, que o homem, é capaz de
aconteceu. se valer de suas experiências, sobretudo as mais marcantes
para se prevenir contra tudo, o que possa vir a representar uma
08. Indique o trecho em que os sinais de pontuação estão bem ameaça para ele.
empregados: c) Ao longo do tempo, verificou-se que o homem é capaz, de
a) O principal dado da pesquisa do DataFolha sobre a sucessão se valer de suas experiências, sobretudo, as mais marcantes,
presidencial, publicada ontem, é o fato de que, pela primeira para se prevenir, contra tudo o que possa vir a representar,
vez desde abril, os números indicam que haverá um segundo uma ameaça para ele.
turno. d) Ao longo do tempo verificou-se que, o homem, é capaz de
b) O principal dado, da pesquisa do DataFolha, sobre a suces- se valer, de suas experiências, sobretudo as mais marcantes
são presidencial, publicada ontem, é o fato de que pela pri- para se prevenir contra tudo o que o que possa vir a represen-
meira vez, desde abril, os números indicam que haverá um tar: uma ameaça para ele.
segundo turno.
c) O principal dado da pesquisa do DataFolha sobre a sucessão 13. Assinale a alternativa cujos sinais de pontuação estão inde-
presidencial publicada ontem, é o fato de, que pela primeira vidamente empregados:
vez, desde abril, os números indicam que haverá um segundo a) Deus que é Pai ora por todos nós.
turno. b) Deus, que é Pai, ora por todos nós.
d) O principal dado da pesquisa do DataFolha, sobre a suces- c) A bondade, isto é, um dos mais sublimes sentimentos, deve
são presidencial, publicada ontem é o fato de, que pela primei- estar no coração de todos.
ra vez, desde abril, os números. d) Iracema, a virgem dos lábios de mel, é personagem de José
de Alencar.
09. Indique o período inteiramente correto quanto à pontu-
ação. 14. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação.
a) Passados os primeiros dias de recuperação o médico, bus- Assinale a letra que corresponde ao período de pontuação cor-
cando animar o doente disse-lhe que talvez, em mais uma se- reta:
mana, viesse a lhe dar alta. a) Quem foi, que me disse, que o Pedro estava à procura, de
b) Fosse pelo cansaço, fosse pelo desânimo, o fato é que: não uma gramática de alemão?
pude ler toda a bibliografia da prova, que deveria fazer, dali a b) Quem foi que, me disse, que o Pedro, estava à procura de
três dias. uma gramática, de alemão?
c) Diante do juiz o advogado reiterou, que seu cliente ainda c) Quem foi que, me disse que o Pedro estava à procura de

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Língua Portuguesa
uma gramática de alemão? número de ratos.
d) Quem foi que me disse que o Pedro estava à procura de uma
gramática de alemão? 20. Assinale a alternativa que contém os sinais de pontuação
adequados à seguinte frase:
15. Assinale a alternativa CORRETA quanto ao emprego da “Carlos todo domingo segue a mesma rotina praia futebol jan-
pontuação. tar em restaurante”
a) Meninos, venham aqui! a) Vírgula, vírgula, ponto-e-vírgula, vírgula, vírgula e ponto.
b) - Meninos, venham aqui? b) Vírgula, vírgula, dois-pontos, vírgula, vírgula, ponto.
c) - Meninos, venham aqui. c) Vírgula, ponto-e-vírgula, vírgula, vírgula, ponto.
d) - Meninos, venham aqui! d) Vírgula, dois-pontos, vírgula, vírgula e ponto.

16. Observe as frases: 21. No trecho “O Japão, mais do que qualquer outro país da-
I - Ele foi, logo eu não fui. quele lado do mundo, encanta e atrai os habitantes deste lado”.
II - O menino, disse ele, não vai. Justifica-se o uso das vírgulas por:
III - Deus, que é pai, não nos abandona. a) Ser uma oração apositiva.
IV - Saindo ele e os demais, os meninos ficarão sós. b) Ser uma oração coordenada deslocada.
c) Ser uma oração adverbial deslocada.
Assinale a afirmativa CORRETA:
d) Construir uma oração adjetiva deslocada.
a) Em I, há um erro de pontuação.
b) Em II e III, as vírgulas podem ser retiradas sem que haja erro. 22. A Organização Internacional do trabalho convocou os
c) Na I, se mudar a vírgula de posição, muda-se o sentido conselhos brasileiros da Infância e da Adolescência a com-
da frase. bater o trabalho infantil, a partir de números que são ter-
d) Na II, faltam dois-pontos depois de disse. ríveis: há 7,5 milhões de crianças e adolescentes entre 10
e 14 anos neste país que efetivamente trabalham. E entre
17. A pontuação é responsável pela mudança de sentido da os que contam mais de 14 anos, apenas 25% têm carteira
frase em: assinada, o que, conforme aquela instituição vinculada às
a) Vivo só, com um criado. / Vivo só com um criado. Nações Unidas, configura o fato de serem “vergonhosamen-
b) Lembrou-me hoje reproduzir no Engenho Novo a casa que te exploradas”.
me criei na antiga rua de Matacavalos. / Lembrou-me hoje Justifica-se o emprego dos dois-pontos na linha 04 por an-
reproduzir, no Engenho Novo, a casa que me criei, na antiga teceder.
rua de Matacavalo. a) Um exemplo. c) Uma observação.
c) O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e b) Um esclarecimento. d) Um aposto.
restaurar na velhice a adolescência. / O meu fim evidente
era atar as duas pontas da vida e restaurar, na velhice, a 23. Por que motivo a expressão “vergonhosamente explora-
adolescência. das” (linhas oito e nove do exercício nº 22) está entre aspas?
d) Se só me faltassem os outros, vá./ Se só me faltassem os a) Para ratificar o combate à exploração do trabalho infantil.
outros... vá. b) Para questionar os conselhos brasileiros da Infância e Ado-
lescência.
18. Assinale a opção em que está CORRETAMENTE indica- c) Para configurar a exploração das crianças e adolescentes
da a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as entre 10 e 14 anos.
lacunas abaixo: d) Para criticar a Organização Internacional do Trabalho.
Quando se trata de trabalho científico _ duas coisas devem
ser consideradas _ uma é a contribuição teórica que o traba- 24. Leia o parágrafo:
lho oferece _ a outra é o valor prático que possa ter. É uma realidade que precisa de uma única e coletiva verdade:
a) Dois-pontos, ponto-e-vírgula, ponto-e-vírgula. a de ser enfrentada partindo da pressuposição de que à infân-
b) Dois-pontos, vírgula, ponto-e-vírgula. cia estão configurados dois direitos básicos – o de aprender e
c) Vírgula, dois-pontos, ponto-e-vírgula. o de brincar. O primeiro se reveste... num dever que precisa
d) Ponto-e-vírgula, dois-pontos, ponto-e-vírgula. envolver a família, o outro é uma necessidade indispensável
para o amadurecimento infantil que, ao exercer e desenvolver
19. Escolha a alternativa em que o texto é apresentado com seu lado lúdico, se alimenta do imaginário... Expressar o seu
a pontuação mais adequada: próprio psiquismo e formar-se como ser humano.
a) Depois que há algumas gerações, o arsênio deixou de ser É possível permutar o travessão utilizado na linha 03 por:
vendido, em farmácias, não diminuíram os casos de suicídios, a) Vírgula.
ou envenenamento criminoso, mas aumentou - e quanto... o b) Dois-pontos.
número de ratos. c) Ponto-final.
b) Depois que há algumas gerações o arsênio, deixou de ser d) Ponto-e-vírgula.
vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídios,
25. A oração que deve necessariamente ficar entre vírgulas
ou envenenamento criminoso, mas aumentou: e quanto ! o
encontra-se na alternativa:
número de ratos.
a) O cidadão brasileiro que roda de automóvel não está livre
c) Depois que, há algumas gerações, o arsênio deixou de ser
das violências.
vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídios
b) Os assaltos frequentes a mão armada que resultam em
ou envenenamento criminoso, mas aumentou e – quanto! - o
homicídios tornam-se cada vez mais frequentes.
número de ratos.
c) A população em geral que teme os assaltos não hesita em
d) Depois que há algumas gerações o arsênio deixou de ser
se armar.
vendido em farmácias - não diminuíram os casos de suicídios,
d) O número de crianças que perambulam pelas ruas não
ou envenenamento criminoso, mas aumentou: e quanto - o
pára de crescer.

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Língua Portuguesa
Matéria

GABARITO
01. d 02. c 03. b 04. b 05. a
06. a 07. a 08. a 09. d 10. d
11. a 12. a 13. a 14. d 15. d
16. c 17. a 18. c 19. c 20. b
21. c 22. b 23. a 24. b 25. c

ANOTAÇÕES

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Língua Portuguesa

8 COMPREENSÃO E
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Para falar de texto, precisamos definir o que é um texto. que é o texto, nem sempre aparece revestido de palavras: ele
Podemos abraçar um conceito amplo de texto. Neste caso, pode também ser constituído por um desenho, uma charge,
incluiremos como texto, produções nas mais diversas lingua- uma figura. Neste ponto, pode-se lembrar da publicidade que
gens. Seriam tratadas como textos as produções feitas com se vale da utilização de imagens para veicular ideias.
as linguagens das artes plásticas, da música, da arquitetura,
do cinema, do teatro, entre outras. Definições que se enqua- Um texto é mais ou menos eficaz dependendo da competên-
dram nesse caso são: cia de quem o produz, ou da interação entre autor-leitor, ou
emissor-receptor. O texto exige determinadas habilidades do
“A palavra texto provém do latim textum, que signifi- produtor, como conhecimento do código, das normas grama-
ca tecido, entrelaçamento. (...) O texto resulta de um ticais que regem a combinação dos signos. A competência na
trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores utilização dos signos possibilita melhor desempenho.
a fim de se obter um todo inter-relacionado. Daí poder
falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de A leitura de uma produção linguística ou texto leva em con-
sideração a situação em que foi produzida. Essa situação é
relações que garantem sua coesão, sua unidade.”
conhecida como contexto.
INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. Curso prático de leitura e redação.
Editora Scipione. São Paulo. 1991 p. 49.
O contexto define-se como informações que acompanham o
texto. Por isso, sua compreensão depende da compreensão
“...em um sistema semiótico bem organizado, um signo
do contexto. Assim sendo, não basta a leitura do texto, é
já é um texto virtual, e, num processo de comunicação, preciso retomar os elementos do contexto, aqueles que esti-
um texto nada mais é que a expansão da virtualidade de veram presentes na situação de sua construção.
um sistema de signo.”
ECO, Umberto. Conceito de texto. São Paulo: T.A. Queiroz, 1984. p.4. O contexto deve ser visto em suas duas dimensões: estrutu-
ra de superfície e estrutura de profundidade. A estrutura de
“Embora a palavra texto tenha como referente ‘conjunto superfície considera os elementos do enunciado, enquanto a
verbal’, podemos estendê-la aos signos em geral, defi- estrutura de profundidade considera a semântica das relações
nindo texto como um processo de signos que tendem a sintáticas. Num caso, o leitor busca o primeiro sentido produ-
iludir seus referentes, tornando-se referentes de si mes- zido pelas orações; no outro, vasculha a visão de mundo que
mos e criando um campo referencial próprio.” informa o texto.
PIGNATARI, Décio. Informação, linguagem, comunicação. Editora
Ateliê: São Paulo, 2002. 25 ed. p.79. A produção e recepção de um texto estão condicionadas à
situação; daí a importância de o leitor conhecer as circuns-
Podemos, então, entender que o texto é um tecido verbal tâncias e ambiente que motivaram a seleção e a organização
estruturado de tal forma que as ideias formam um todo coe- dos signos.
so, uno, coerente. A imagem de tecido contribui para escla-
recer que não se trata de feixe de fios (frases soltas), mas de
fios entrelaçados (frases que se inter-relacionam).

O texto é uma unidade complexa de significação e pode ter


qualquer extensão: pode ser desde uma simples palavra até
um conjunto de frases. O que o define não é sua extensão,
mas o fato de que ele é uma unidade de significação em
relação à situação. É o lugar, o centro comum que se faz no
processo de interação entre falante e ouvinte, autor e leitor.

Todas as partes de um texto devem estar interligadas e ma-


nifestar um direcionamento único. Assim, um fragmento que
trata de diversos assuntos não pode ser considerado texto.
Da mesma forma, se lhe falta coerência, se as ideias são
contraditórias, também não constituirá um texto. Se os ele-
mentos da frase que possibilitam a transição de uma ideia
para outra não estabelecerem coesão entre as partes ex-
postas, o fragmento não se configura um texto. Essas três
qualidades — unidade, coerência e coesão — são essenciais
para a existência de um texto. O gênio, a mulher e a leitura. Pintura de Van Gogh.
Esse conjunto de ideias entrelaçadas para formar um enun-
ciado, capaz de transmitir uma informação, ou mensagem,

74
Língua Portuguesa

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO revelar, estabelecer limites, in-


dicar a significação precisa de,
Definir
retratar, conceituar, explicar o
A questão traz uma notícia de jornal, o trecho de um conto
significado.
ou uma poesia. A resposta está toda contida no enunciado e,
ainda assim, há um sofrimento para chegar à alternativa cer-
ta. São as perguntas de interpretação de texto que testam a fazer ou estabelecer distinção
Diferenciar
entre, reconhecer as diferenças.
capacidade dos candidatos de realizar uma leitura consistente
e extrair do que foi lido todo o significado.
distribuir em classes e nos res-
O estudo de texto é uma atividade que exige, além da in- pectivos grupos, de acordo com
terpretação dos fatos apresentados, a fundamentação das um sistema ou método de clas-
sificação; determinar a classe,
respostas baseadas nas proposições constantes do próprio Classificar
ordem, família, gênero e espé-
texto. Assim, é necessário que qualquer resposta seja con- cie; pôr em determinada ordem,
textualizada; afinal, cada questão é apenas uma parte que foi arrumar (coleções, documentos
destacada de um todo e colocada em realce para examinar etc.).
sua compreensão, verificando, inclusive, como você relaciona
fazer menção, reportar-se, alu-
estas partes com todo o texto. Também é a partir de textos Referir-se
dir-se.
que as questões normalmente cobram a aplicação das regras
gramaticais nos grandes concursos de hoje em dia. Por isso, precisar, indicar (algo) a partir
é cada vez mais importante observar os comandos das ques- Determinar de uma análise, de uma medida,
de uma avaliação; definir.
tões. Normalmente o candidato é convidado a:

O que se pede: O que se deve fazer: transcrever, referir ou mencionar


Citar como autoridade ou exemplo ou
Reconhecer elementos funda- em apoio do que se afirma.
Identificar mentais apresentados no texto.

Descobrir as relações de seme- fazer com que, por meio de


lhanças ou de diferenças entre gestos, sinais, símbolos, algo
Comparar Indicar
situações apresentadas no tex- ou alguém seja visto; assinalar,
to. designar, mostrar.

Relacionar o conteúdo apresen- concluir (algo) pelo raciocínio;


Comentar tado com uma realidade, opi- Deduzir
inferir.
nando a respeito.

Concentrar as ideias centrais em Inferir concluir, deduzir.


Resumir um só parágrafo.
ser idêntico no peso, na força,
Equivaler
Reescrever o texto com outras no valor etc.
Parafrasear palavras.
submeter (algo) à apreciação
Dar continuidade ao texto apre- Propor (de alguém); oferecer como op-
Continuar sentado, mantendo a mesma
ção; apresentar, sugerir.
linha temática.

Afirmar certificar, comprovar, declarar. alcançar clareza intelectual a


respeito de; entender, perce-
expor, justificar, expressar, sig- Depreender ber, compreender; tirar por con-
Explicar
nificar. clusão, chegar à conclusão de;
inferir, deduzir.
distinguir, destacar o caráter, as
Caracterizar fazer rápida menção a; referir-
particularidades.
Aludir se.
estabelecer uma correspondên-
Associar cia entre duas coisas, unir-se,
Fonte: Dicionário Houaiss
agregar.
Por isso, as condições básicas para o candidato interpretar
provar, demonstrar, argumentar, textos são: o conhecimento histórico (aí incluída a prática da
Justificar
explicar. leitura), o conhecimento gramatical e semântico (significado
das palavras, aí incluídas homônimas, parônimas, sinônimos,
fazer comparação, conexão, li- denotação, conotação), e a capacidade de observação, de sín-
Relacionar
gação, adquirir relações.
tese e de raciocínio.

75
Língua Portuguesa
É preciso aprender a ser um bom leitor, visto que, do contrá- dele. Só contradiga o autor se isso for solicitado no comando
rio, simplesmente responderá às perguntas sobre o texto sem da questão. Exemplo: “Indique a alternativa que apresenta
interagir com ele. ideia contrária à do texto”.

PONTOS FUNDAMENTAIS TRÊS QUESTÕES BÁSICAS PARA AVALIAR A


COMPREENSÃO DO TEXTO
a) Nunca se deve basear em fragmentos isolados do texto,
pois cada segmento tem um sentido determinado pelo con- Uma boa medida para avaliar se o texto foi bem compreendido
texto em que se encaixa. é a resposta a três questões básicas:
b) Nunca deixar de ver o “pronunciamento contido por trás do І – Qual é a questão de que o texto está tratando? Ao
texto”, pois o texto sempre reflete um posicionamento. tentar responder a essa pergunta, o leitor será obrigado a dis-
tinguir as questões secundárias da principal, isto é, aquela em
c) É preciso distinguir as questões secundárias da principal,
torno da qual gira o texto inteiro. Quando o leitor não sabe
isto é, aquela em torno da qual gira o texto inteiro. Se o leitor
dizer do que o texto está tratando, ou sabe apenas de maneira
não consegue saber sobre o que o texto trata, ou sabe apenas genérica e confusa, é sinal de que ele precisa ser lido com mais
de maneira genérica e confusa, é sinal que precisa fazer uma atenção ou de que o leitor não tem repertório suficiente para
nova leitura. compreender o que está diante de seus olhos.
d) Identificar a opinião do autor sobre a questão posta em ІІ – Qual é a opinião do autor sobre a questão posta em
discussão. Uma leitura competente ajudará identificá-la. discussão? Aparecem vários indicadores da opinião de quem
e) Identificar os argumentos utilizados pelo autor para funda- escreve, disseminados pelo texto. Por isso, uma leitura compe-
mentar a opinião dada; argumentos são os recursos usados tente não terá dificuldade em identificá-la. Não saber dar resposta
pelo autor para convencer o leitor de que ele está falando a a essa questão é um sintoma de leitura desatenta e dispersiva.
verdade. ІІІ – Quais são os argumentos utilizados pelo autor para
fundamentar a opinião dada? Deve-se entender por argu-
ROTEIRO PARA INTERPRETAR mento todo tipo de recurso usado pelo autor para convencer
TEXTOS o leitor de que ele está falando a verdade. Saber reconhecer
os argumentos do autor é também um sintoma de leitura bem
1. Ler atentamente todo o texto, procurando focalizar sua feita, um sinal claro de que o leitor acompanhou o desenvolvi-
ideia central. mento das ideias.

2. Interpretar as palavras desconhecidas através do contexto. DICAS PARA ANALISAR,


3. Reconhecer os argumentos que dão sustentação à ideia central. COMPREENDER E
4. Identificar as objeções à ideia central. INTERPRETAR TEXTOS
5. Sublinhar os exemplos que forem empregados como ilus- É comum encontrarmos alunos se queixando de que não sa-
tração da ideia central. bem interpretar textos. Muitos têm aversão a exercícios nessa
6. Antes de responder às questões, ler mais de uma vez todo categoria. Acham monótono, sem graça, e outras vezes dizem:
o texto, fazendo o mesmo com o enunciado de cada questão. cada um tem o seu próprio entendimento do texto ou cada
um interpreta a sua maneira. No texto literário, essa ideia tem
7. Evite responder “de cabeça”. Procure localizar a resposta algum fundamento, tendo em vista a linguagem conotativa, os
no texto. símbolos criados, mas em texto não literário isso é um equívo-
8. Se preferir, faça anotações à margem ou esquematize o co. Diante desse problema, seguem algumas dicas para você
texto. analisar, compreender e interpretar com mais proficiência.
9. Se o comando pede a ideia principal ou tema, normalmente 1º - Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós
deve situar-se no primeiro parágrafo (introdução) ou no últi- passamos a gostar de algo, compreendemos melhor seu fun-
mo (conclusão). cionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós
10. Se o comando busca a argumentação, deve localizar-se mesmos. Não se deixe levar pela falsa impressão de que ler não
nos parágrafos intermediários (desenvolvimento). faz diferença. Também não se intimide, caso alguém diga que
você lê porcaria. Leia tudo que tenha vontade, pois, com o tem-
po, você se tornará mais seleto e perceberá que algumas leituras
ERROS COMUNS DE INTERPRETAÇÃO foram superficiais e, às vezes, até ridículas. Porém elas foram o
ponto de partida e o estímulo para se chegar a uma leitura mais
EXTRAPOLAÇÃO (viagem): Ocorre quando o candidato sai refinada. Não fique chateado com comentários desagradáveis.
do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
2º - Seja curioso, investigue as palavras que circulam em
normalmente porque já conhece o tema, ou por uso de sua
seu meio.
imaginação criativa. Portanto, é proibido viajar.
3º - Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da
REDUÇÃO: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção ape-
leitura, um bom exercício para ampliar o léxico é fazer pala-
nas a um ou outro aspecto, esquecendo-se de que o texto é
vras cruzadas.
um conjunto de ideias.
4º - Faça exercícios de sinônimos e antônimos.
CONTRADIÇÃO: É comum as alternativas apresentarem
ideias contrárias às do texto, fazendo o candidato chegar a 5º - Leia verdadeiramente. Somos um País de poucas lei-
conclusões equivocadas, de modo a ter dúvidas na questão. turas. Veja o que diz a reportagem, a seguir, sobre os estu-
Portanto, internalize as ideias do autor e ponha-se no lugar dantes brasileiros.

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Língua Portuguesa
“Dados do Programa Internacional de Avaliação de Alu- 1 – Não é mencionado que a escola seja da rede privada.
nos (Pisa) revelam que, entre os 32 países submetidos 2 – O desafio não é apenas do professor atual, mas sempre
ao exame para medir a capacidade de leitura dos alunos, fez parte do desafio do magistério. Outra questão é que o
o Brasil é o pior da turma. A julgar pelos resultados do grande desafio não é só administrar os desafios às regras, isso
Pisa, divulgados no dia 5 de dezembro, em Brasília, os é parte do desafio; há também os hormônios em ebulição que
estudantes brasileiros pouco entendem do que leem. O fazem parte do desafio do magistério.
Brasil ficou em último lugar, numa pesquisa que envolveu
32 países e avaliou, sobretudo, a compreensão de textos. 11º - Atenção ao uso da paráfrase (reescrita do texto sem
No Brasil, as provas foram aplicadas em 4,8 mil alunos, prejuízo do sentido original).
da 7ª série ao 2º ano do Ensino Médio”. (Concurso TRE/ SC – 2005) Estava eu hoje cedo, parado
em um sinal de trânsito, quando olho na esquina, próximo
6º - Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão
a uma porta, uma loirona a me olhar e eu olhava também.
pode ser falsa. É preciso paciência para ler outras vezes. An-
tes de responder às questões, retorne ao texto para sanar as A frase parafraseada é:
dúvidas. Uma boa estratégia é marcar as partes importantes a) Parado em um sinal de trânsito hoje cedo, numa es-
e fazer anotações. quina, próximo a uma porta, eu olhei para uma loira e ela
também me olhou.
7º - Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação b) Hoje cedo, eu estava parado em um sinal de trânsito,
está voltada a uma linha do texto e por isso você deve voltar quando, ao olhar para uma esquina, meus olhos deram
ao parágrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a com os olhos de uma loirona.
questão está voltada à ideia geral do texto. c) Hoje cedo, estava eu parado em um sinal de trânsito
quando vi, numa esquina, próxima a uma porta, uma lou-
8º - Fique atento a leituras de texto de todas as áreas raça a me olhar.
do conhecimento, porque algumas perguntas extrapolam ao d) Estava eu hoje cedo parado em um sinal de trânsito,
que está escrito. Veja um exemplo disso: quando olho na esquina, próximo a uma porta, vejo uma
loiraça a me olhar também.
“Pode dizer-se que a presença do negro representou sem- Resposta: Letra C.
pre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios
coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventual- A paráfrase pode ser construída de várias formas, veja algu-
mente, prestimosos colaboradores da indústria extrativa, mas delas:
na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e a) substituição de locuções por palavras;
na criação do gado. Dificilmente se acomodavam, porém, b) uso de sinônimos;
ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração c) mudança de discurso direto por indireto e vice-versa;
dos canaviais. Sua tendência espontânea era para as ati- d) converter a voz ativa para a passiva;
vidades menos sedentárias e que pudessem exercer-se e) emprego de antonomásias ou perífrases (Rui Barbosa = a
sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização águia de Haia; o povo lusitano = portugueses).
de estranhos.”
Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes do Brasil. 12º - Observe a mudança de posição de palavras ou de
expressões nas frases.
Infere-se do texto que os antigos moradores da terra Exemplos:
eram: a) Certos alunos no Brasil não convivem com a falta de pro-
a) os portugueses. fessores.
b) os negros. b) Alunos certos no Brasil não convivem com a falta de pro-
c) os índios. fessores.
d) tanto os índios quanto aos negros. c) Os alunos determinados pediram ajuda aos professores.
e) a miscigenação de portugueses e índios. d) Determinados alunos pediram ajuda aos professores.
Resposta: Letra C. Apesar de o autor não ter citado o EXPLICAÇÕES:
nome dos índios, é possível concluir pelas características a) Certos alunos = qualquer aluno.
apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimen- b) Alunos certos = alunos corretos.
to que extrapola o texto. c) Alunos determinados = alunos decididos.
d) Determinados alunos = qualquer aluno.
Aquino, Renato. Interpretação de textos, 2ª edição. Rio de Janeiro: VEJA AS DIFERENÇAS ENTRE ANALISAR,
Impetus, 2003.
COMPREENDER E INTERPRETAR

10º - Leia o trecho e analise a afirmação que foi feita sobre ele. 1. O que se pretende com a análise textual?
“Sempre fez parte do desafio do magistério administrar - identificar o gênero; a tipologia; as figuras de linguagem;
adolescente com hormônios em ebulição e com o desejo - verificar o significado das palavras;
natural da idade de desafiar as regras. A diferença é que, - contextualizar a obra no espaço e tempo;
hoje, em muitos casos, a relação comercial entre a escola
- esclarecer fatos históricos pertinentes ao texto;
e os pais se sobrepõe à autoridade do professor.”
VEJA, p. 63, 11 maio 2005.
- conhecer dados biográficos do autor;
- relacionar o título ao texto;
Frase para análise: - levantar o problema abordado;
• Desafiar as regras é uma atitude própria do adolescente - apreender a ideia central e as secundárias do texto;
nas escolas. E esse é o grande desafio do professor moderno. - buscar a intenção do texto;

77
Língua Portuguesa
- verificar a coesão e a coerência textual; Que tais não encontro eu cá;
- reconhecer se há intertextualidade. Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
2. Qual o objetivo da análise?
Minha terra tem palmeiras,
- levantar elementos para a compreensão e, posteriormente,
fazer julgamento crítico. Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
3. Para compreender bem é necessário que o leitor:
Sem que eu volte para lá;
- conheça os recursos linguísticos. Por exemplo, a regência
verbal não compreendida pelo leitor, pode levá-lo ao erro. Sem que desfrute os primores
Veja: Assisti o doente é diferente de assisti ao doente. No Que não encontro por cá;
primeiro caso, a pessoa ajuda o doente; no segundo, ela vê
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
o doente;
- perceba as referências geográficas, mitológicas, lendárias, Onde canta o Sabiá.”
econômicas, religiosas, políticas e históricas para que faça as Gonçalves Dias
possíveis associações; CANÇÃO DO EXÍLIO
- esclareça as suas dúvidas de léxico; Minha terra tem macieiras da Califórnia
- esteja familiarizado com as circunstâncias históricas em onde cantam gaturamos de Veneza.
que o texto foi escrito. Por exemplo, para entender que, no Os poetas da minha terra
poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, os advérbio s são pretos que vivem em torres de ametista,
aqui e lá são, respectivamente, Portugal e Brasil, você tem os sargentos do exército são monistas, cubistas,
que saber onde o poeta escreveu seu poema naquela época.
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
- observe se há no texto intertextualidade por meio da pará-
Gente não pode dormir
frase, paródia ou citação.
com os oradores e os pernilongos.
4. Afinal o que é interpretar? Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
- Interpretar é concluir, deduzir a partir dos dados coletados. Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
5. Existe interpretação crítica? Nossas flores são mais bonitas
- Sim, a interpretação crítica consiste em concluir os dados nossas frutas mais gostosas
e, em seguida, julgar, opinar a respeito das conclusões. mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
REFERENCIAÇÃO e ouvir um sabiá com certidão de idade!
Murilo Mendes
A referenciação diz respeito às escolhas do falante para re-
presentar estados de coisas, para afirmar ou dizer algo. No Nota-se que há correspondência entre os dois textos. A paró-
momento da escrita, por exemplo, não há a transferência da dia-piadista de Murilo Mendes é um exemplo de intertextuali-
realidade para o papel, pois o que é registrado é resultado da dade, uma vez que seu texto foi criado tomando como ponto
interpretação que fazemos do meio, da nossa interação com de partida o texto de Gonçalves Dias.
o entorno físico, social e cultural.
Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade é
De forma sucinta, a referenciação é a reconstrução da realidade persistente.
e das estratégias que usamos no momento da escrita ou da fala.

INTERTEXTUALIDADE
A Intertextualidade pode ser definida como um diálogo entre
dois textos. Observe os dois textos abaixo e note como Mu-
rilo Mendes (século XX) faz referência ao texto de Gonçalves
Dias (século XIX):
CANÇÃO DO EXÍLIO
“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.
Nosso céu tem mais estrelas,
Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é oriundo
Nossas várzeas têm mais flores, de outro, seja direta ou indiretamente. Qualquer texto que se
Nossos bosques têm mais vida, refere a assuntos abordados em outros textos é exemplo de
Nossa vida mais amores. intertextualização.
Em cismar, sozinho, à noite, A intertextualidade está presente também em outras áreas,
Mais prazer encontro eu lá; como na pintura. Veja as várias versões da famosa pintura de
Leonardo da Vinci, Mona Lisa:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,

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Língua Portuguesa
• canal - meio pelo qual circula a mensagem.

Para que haja comunicação, é preciso que o emissor e o


receptor utilizem um mesmo código. Uma língua é um tipo de
código formado por palavras e leis combinatórias por meio do
Mona Lisa, de Marcel Duchamp, 1919. qual as pessoas se comunicam e interagem entre si, podendo
constituir a linguagem oral ou escrita. Existem basicamente
duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas funcionais:

1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta


ou língua-padrão, tem por base a norma culta, forma
linguística utilizada pelo segmento mais culto e influente de
uma sociedade. Constitui, em suma, a língua utilizada pelos
veículos de comunicação de massa (livros, emissoras de rádio
e televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios), cuja função é
a de serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade,
colaborando na educação.

2) a língua funcional de modalidade popular, língua popular


ou língua cotidiana (coloquial), apresenta gradações as mais
Mona Lisa, Fernando Botero, 1978. diversas, tem o seu limite na gíria e no calão. É a língua que
usamos no nosso cotidiano, com os amigos, parentes e até
colegas de serviço.

Linguagem é a representação do pensamento por meio de


sinais que permitem a comunicação e a interação entre as
pessoas. Os tipos de linguagem são:

• LINGUAGEM VERBAL: é aquela que tem por unidade a


palavra escrita ou falada. Exemplos: bula de remédio, textos
literários, discursos de políticos...

• LINGUAGEM NÃO VERBAL: possui outros tipos de


unidades, exceto a palavra. Exemplos: gestos, placas de
trânsito, fotografia...
Mona Lisa, propaganda publicitária.
• LINGUAGEM MISTA: é aquela na qual aparecem as
LÍNGUA X LINGUAGEM duas formas (verbal e não verbal). Exemplos: história em
quadrinhos, charge, cinema, TV...
A comunicação tem por objetivo a transmissão de mensagens. LINGUAGEM
Não nos comunicamos unicamente através da fala: o silêncio,
olhares, gestos, expressões faciais, vestimentas, nossa CLASSIFICAÇÃO
postura são comportamentos que promovem a comunicação. ESCRITA
Esta ocorre nas situações em que há intenção de comunicar e ÁUDIO
produzir uma reação ou efeito sobre o outro.
VISUAL
Um texto é uma forma de comunicação que coloca em relação NATUREZA
um emissor (que fala ou escreve) e um receptor (ouvinte ou VERBAL FALADA
leitor). Observe os elementos da comunicação e em que
consistem: ESCRITA

• emissor - emite, codifica a mensagem; NÃO VERBAL CORPORAL


• receptor - recebe, decodifica a mensagem; GESTUAL
• mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor; VISUAL
• código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção
da mensagem; MUSICAL
• referente – contexto, situação e objetos aos quais a MISTA INTEGRA VÁRIAS
mensagem remete; LINGUAGENS

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Língua Portuguesa

TEXTO LITERÁRIO X TEXTO NÃO (Todas as palavras esdrúxulas,


Como os sentimentos esdrúxulos,
LITERÁRIO São naturalmente
Ridículas.)”
Para ser literário, o texto deve apresentar uma linguagem li-
Álvaro de Campos, 21/10/1935
terária, isto é, uma linguagem em que se encontram recursos
expressivos que chamam a atenção para o modo como ela Exemplo de texto não literário:
própria foi construída. O texto não literário se volta inteira-
mente para a realidade, e o texto literário apresenta uma
realidade baseada na expressão, uma realidade de forma sin- LEI ANTIFUMO DE MINAS COMPLETA UM MÊS SEM
gular e única. Veja abaixo as características dos dois textos REGULAMENTAÇÃO
e exemplos:
A lei antifumo de Minas completa um mês em vigor nesta
terça-feira sem nenhuma autuação. Como as regras que
TEXTO LITERÁRIO TEXTO NÃO LITERÁRIO permitem sua real implementação não foram publicadas
no Minas Gerais, o diário oficial do Estado, os municípios
Linguagem pessoal, con- Linguagem impessoal, obje-
ainda não colocaram nas ruas as equipes para fiscalização.
taminada pelas emoções e tiva e informativa.
Sancionada pelo ex-governador Aécio Neves (PSDB) em 4
valores de seu emissor.
de dezembro do ano passado, a Lei 18.552/09 é menos
Linguagem plurissignificati- Linguagem que tende à restritiva que as normas de São Paulo e Rio de Janeiro. Em
va, conotativa. denotação. Minas, é proibido fumar em espaços fechados, mas fumó-
dromos isolados por barreira física são permitidos.
Recriação da realidade, Informação sobre a reali-
intenção estética. dade.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, a previsão é de
Ênfase na expressão. Ênfase na informação, no
conteúdo. que a regulamentação seja publicada até o fim do mês.
Enquanto as regras não saem, bares, restaurantes e outros
Exemplos: letra de música, Exemplos: textos jornalís- estabelecimentos têm dificuldades para se adequar à lei.
poema, conto, crônicas, ticos, bulas de remédios, “Pesquisamos em vários lugares sobre o que é permitido
romances... folder, contratos... e o que não é. Mas a dúvida ainda permanece em alguns
casos. Para evitar problemas, proibimos o fumo em todas
Exemplo de texto literário: as áreas da pizzaria. Aguardamos normas mais claras”, diz
uma das donas da Pizzaria Parada do Cardoso, no Bairro
TODAS AS CARTAS DE AMOR... Santa Tereza, Região Leste de Belo Horizonte, Fabiana So-
fia Carvalho.
Fernando Pessoa Amanda Almeida - Estado de Minas. 04/05/2010. Adaptado. Disponível
(Poesias de Álvaro de Campos) em: http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/05/04/noticia_
minas,i=158226/LEI+ANTIFUMO+DE+MINAS+COMPLETA+UM+MES+SE
“Todas as cartas de amor são M+REGULAMENTACAO.shtml.
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem Em provas de concursos públicos, é comum o uso dos dois
Ridículas. textos (literário e não literário), pois nos dois tipos é possível
Também escrevi em meu tempo cartas de amor, fazer uma interpretação e compreensão das ideias defendidas
Como as outras, pelo autor. Fique atento à referência do texto, pois pode aju-
Ridículas. dar e muito nas questões de interpretação.

As cartas de amor, se há amor,


Têm de ser DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Ridículas.
Mas, afinal, No quadro anterior, dois termos foram citados: conotação e
Só as criaturas que nunca escreveram denotação. Esses também são tipos de linguagens que mo-
Cartas de amor dificam o sentido do texto. Veja a diferença: “Nossa, ele é um
É que são gato”.
Ridículas.
Nessa frase há o uso de uma figura de linguagem (Ver pág.
Quem me dera no tempo em que escrevia 98): a metáfora, que é caracterizada pelo uso da conotação.
Sem dar por isso Nela a palavra GATO não está relacionada ao felino e sim a
Cartas de amor uma pessoa, por isso a conotação, uma linguagem figurada.
Ridículas.
“Tia, seu gato morreu”. Nesta outra frase, a palavra GATO
A verdade é que hoje representa o animal, por isso o uso da linguagem denotativa,
As minhas memórias pois o sentido da palavra é real.
Dessas cartas de amor
É que são Preste bastante atenção na diferença de significação das pala-
Ridículas. vras. Para você memorizar melhor, observe o quadro:

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Língua Portuguesa
o entendimento global do texto pode depender disso. Leia-o,
DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO pois, com atenção. A leitura atenta é tudo.
Palavra com significação res- Palavra com significação am-
trita. pla, criada pelo contexto.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Palavra com sentido comum, Palavras com sentidos que
aquele encontrado no dicio- carregam valores sociais, TEXTO I
nário. afetivos, ideológicos...
Palavra utilizada de modo Palavra utilizada de modo “Não existe essa coisa de um ano sem Senna, dois anos sem
objetivo. criativo, artístico. Senna...Não há calendário para a saudade.”
Linguagem exata e precisa. Linguagem expressiva, rica Adriane Galisteu, no Jornal do Brasil.
em sentidos.

Consultando o dicionário Houaiss, encontramos para a pala- 01. Segundo o texto, a saudade:
vra joia as seguintes definições: a) aumenta a cada ano.
“1 – objeto de metal precioso finamente trabalhado, em b) é maior no primeiro ano.
que muitas vezes se engastam pedras preciosas, pérolas c) é maior na data do falecimento.
etc. ou a que é aplicado esmalte, us. como acessório de d) é constante.
vestuário, adorno de cabeça, pescoço, orelhas, braços, e) incomoda muito.
dedos etc.
2 – Pedra preciosa de grande valor. 02. A segunda oração do texto tem um claro valor:
3 – p. ext. qualquer objeto caro e trabalhado com arte a) concessivo.
(estatueta, relógio, cofre, vaso etc).” b) temporal.
c) causal.
As definições são claras, precisas. Todas giram em torno de d) condicional.
um objeto de valor. A partir dessas definições, podemos criar e) proporcional.
frases com muita segurança.
Ex.: Essa joia em seu pescoço está há várias gerações em 03. A repetição da palavra não exprime:
nossa família. a) dúvida.
O rubi é uma joia que encanta meus olhos.
b) convicção.
Aquele vaso, provavelmente chinês, é uma joia de raro
c) tristeza.
acabamento.
d) confiança.
A palavra joia, presente nas três frases citadas, foi empregada e) esperança.
em seus sentidos reais, primitivos. A isso se dá o nome de
denotação. 04. A figura que consiste na repetição de uma palavra no
início de cada membro da frase, como no caso da palavra
Voltando ao dicionário citado, encontramos na sequência da
não, chama-se:
leitura o seguinte:
a) anáfora.
“4 – fig. pessoa ou coisa muito boa e querida (sua sobri- b) silepse.
nha é uma joia).” c) sinestesia.
O próprio dicionarista nos dá um exemplo. Vejamos outras d) pleonasmo.
frases: e) metonímia.
Ela é uma joia de menina.
Que joia esse cachorrinho!
COMENTÁRIOS:
Minha irmã se tornou uma joia muito especial.
Observe que, na última sequência de frases, a palavra joia 01. Letra d
extrapolou o sentido original de objeto caro. Ela está se refe- Nada no texto fala de aumento ou diminuição da saudade.
rindo a pessoas e animais, que, na realidade, não podem ser A palavra “calendário” é a chave. Ao dizer que “não há ca-
joias, se levarmos em conta o sentido denotativo do termo. lendário para a saudade”, a autora diz que não existe data
Há uma comparação implícita em cada frase: bonito ou bonita marcada para se ter mais ou menos saudade. Ou seja, a
como uma joia. Dizemos então que se trata de conotação. saudade não depende do tempo, simbolizado aqui pelo
calendário: ela simplesmente existe.
Vamos comparar as duas frases abaixo:
Comi uma fruta deliciosa. 02. Letra c
Ela escreveu uma frase deliciosa. Há muitas questões em concursos públicos envolvendo o
significado das orações. Procure ver qual conjunção pode-
Na primeira, o adjetivo deliciosa está empregado denotati-
ria ser usada no texto. No início do livro, você tem uma
vamente, pois indica o gosto agradável da fruta; trata-se do
boa lista dessas palavras. No caso da questão, poder-se-
sentido real do termo. Na segunda, o adjetivo não pode ser
ia começar a segunda oração com a conjunção porque:
entendido “ao pé da letra”, uma vez que frase não tem gosto,
porque não há calendário para a saudade. Sim, porque o
não tem sabor. É um emprego especial, estilístico da palavra
fato de não haver calendário para a saudade faz com que
deliciosa. Assim, ela está sendo usada conotativamente.
não exista “essa coisa de um ano sem Sena, dois anos
Muitas vezes, as perguntas de interpretação se voltam para sem Senna”.
o emprego denotativo ou conotativo dos vocábulos. E mais:

81
Língua Portuguesa
d) ele se alegra por não ter saído.
03. Letra b e) ele nunca saiu da terra onde vive atualmente.
Normalmente a repetição de uma palavra, nos moldes em
que aqui foi feita, expressa uma confirmação, uma con- 05. A expressão “ai de mim” só não sugere, no poema:
vicção do autor. As outras palavras, .por si mesmas, se a) amargura. b) decepção.
eliminam. c) tristeza. d) vergonha.
e) nostalgia.
04. Letra a
Há várias figuras de sintaxe que consistem na repetição de COMENTÁRIOS:
termos. Veja as mais importantes: 01. Letra b
a) anáfora: repetição de uma palavra ou expressão no iní- O autor saiu de sua terra, mas sente como se isso nunca
cio da frase, membro da frase ou verso. tivesse ocorrido, pois seu sentimento é todo dela.
Ex.: “Vi uma estrela tão alta! 02. Letra d
Vi uma estrela tão fria! O texto passa uma impressão de que o autor continua
Vi uma estrela luzindo...” (Manuel Bandeira) ligado, espiritualmente, à sua terra. Fisicamente, claro, ele
b) Epístrofe: repetição no final. não está lá, como se vê no primeiro verso. Já o último
Ex.: “Chegou a hora da névoa. No peito e nos olhos, né- verso mostra que ele permaneceu ligado a ela, por seus
voa. Quero guardar-me da névoa. Porém é inútil: há né- sentimentos.
voa.” (Henriqueta Lisboa) 03. Letra b
c) Símploce: repetição no início e no fim. Ao sair da terra natal e não se adaptar ao novo lugar, em
Ex.: Tudo ali precisa de explicação. Tudo ali merece uma virtude de sua ligação afetiva com ela, o autor se torna
boa explicação. confuso. Não se entenda aqui o verbo perder (perdi-me)
d) Pleonasmo: repetição de uma ideia ou de um termo da com o seu sentido original. A ideia é a de não se encontrar,
oração (objeto direto, objeto indireto ou predicativo do mentalmente, no novo espaço ocupado. Outra justificativa
sujeito) seria a palavra ilusão, que por si só demonstra um estado
Ex.: Vi tudo com meus próprios olhos, (repetição da ideia) de confusão.
Esse livro, já o li há muito, (o —> objeto direto pleonás- 04. Letra a
tico) Como já vimos, o autor saiu apenas fisicamente, pois es-
e) Quiasmo: repetição e inversão simultâneas de termos; piritualmente continuou preso à terra natal. Cuidado com
há uma espécie de cruzamento. a letra b. É claro que ele gostaria de retornar, mas em
Ex.: “No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma momento algum essa ideia é expressa no texto.
pedra no meio do caminho.” (C. D. de Andrade) 05. Letra d
As palavras amargura, decepção, tristeza e nostalgia per-
tencem ao mesmo campo semântico. O autor sofre por
TEXTO II
não estar em seu lugar de origem, e todas essas pala-
“Quando vim da minha terra, não vim, perdi-me no espaço, vras associam-se à ideia de sofrimento. Não é o caso de
na ilusão de ter saído. vergonha. Isoladamente, a expressão ai de mim poderia
Ai de mim, nunca saí.” indicar vergonha, mas o texto fala apenas do sofrimento
Carlos D. de Andrade, no poema A Ilusão do Migrante. do autor por estar ausente, nada ele fez que pudesse
envergonhá-lo.
01. O sentimento predominante no texto é:
a) orgulho. TEXTO III
b) saudade.
c) fé. OS UMBRAIS DA CAVERNA
d) esperança.
“RIO DE JANEIRO - Não sei por que(*), mas associei duas
e) ansiedade.
declarações da semana passada, feitas no mesmo dia, mas
02. Infere-se do texto que o autor: separadas por espaço e objetivo.
a) não saiu de sua terra. No Brasil, o presidente da República declarou que
b) não queria sair de sua terra, mas foi obrigado. “já vamos transpor os umbrais do atraso”. No Afeganistão,
c) logo esqueceu sua terra. um tal de Abdul Rahman, ministro do novo governo que ali
d) saiu de sua terra apenas fisicamente. se instalou, acredita que o país será invadido por turistas de
e) pretende voltar logo para sua terra. todo o mundo interessados em conhecer Tora Bora e Can-
03. Por “perdi-me no espaço” pode-se entender que o autor: dahar.
a) ficou perdido na nova terra. Louve-se o otimismo de um e de outro. Sempre
b) ficou confuso. ouvi dizer que 10 o otimista é um cara mal-informado. As
c) não gostou da nova terra. duas declarações, juntas ou separadas, são uma prova. Os
d) perdeu, momentaneamente, o sentimento por sua terra umbrais do atraso que FHC anuncia transpor e os encantos
natal. turísticos do Afeganistão são boas intenções ainda distan-
e) aborreceu-se com a nova situação. tes da realidade. Certo que não faltam progressos em nossa
04. Pelo último período do texto, deduz-se que: vida como nação e povo, mas o quadro geral ainda
a) ele continuou ligado à sua terra. é lastimável, 15 sobretudo pela existência de dois cenários
b) ele vai voltar à sua terra. contraditórios - um cada vez mais rico e outro cada vez mais
c) ele gostaria de deixar sua cidade, mas nunca conseguiu. miserável.

82
Língua Portuguesa
Os umbrais que separam a riqueza da miséria não serão c) levará muitos anos para se desenvolver.
transpostos com as prioridades que sete anos de tucanato d) em pouco tempo deixará de ser um país atrasado.
estabeleceram para o país. Quando Maria Antonieta per- e) tem condições de ser um país adiantado.
guntou por que o povo não comia 20 bolos à falta de
pão, também pensava que a monarquia havia transposto os 07. No último parágrafo do texto, o autor utiliza uma lin-
umbrais do atraso. guagem:
a) metafórica.
Quanto ao interesse de as cavernas de Tora Bora provoca- b) hiperbólica.
rem uma invasão de turistas, acho discutível esse tipo de c) irônica.
atração. Reconheço que há exageros na massificação do tu- d) leviana.
rismo internacional, mas não a esse 25 ponto. e) pessimista.

Em todo o caso, não custa abrir um crédito de esperança 08. Para o autor, as declarações de FHC e do ministro só não
para as burras do erário afegão. Se o ministro Abdul Rahman têm em comum o fato de:
contratar um dos nossos marqueteiros profissionais, desses a) serem equivocadas.
que prometem eleger um poste para a Presidência da Re- b) partirem de pessoas otimistas.
pública, é possível que muita gente vá conhecer 30 as c) serem despropositadas.
cavernas onde ainda não encontraram Osama bin Laden.” d) serem bem-intencionadas.
Carlos Heitor Cony, na Folha de São Paulo, 13/1/02. e) supervalorizarem a capacidade turística de seus países.

*A palavra aparece assim na edição eletrônica da Folha. COMENTÁRIOS:


No entanto, deve ser acentuada (quê). 01. Letra b
O autor declara que “o otimista é um cara mal-informado”
01. O autor não acredita: (/. 10). Para ele, o ministro afegão é otimista em crer
a) na boa intenção do presidente da República. numa invasão de turistas. Agora, juntemos tudo isso com
b) que o Afeganistão será invadido por turistas de todo o o trecho seguinte: “Os umbrais do atraso que FHC anuncia
mundo. transpor e os encantos turísticos do Afeganistão são boas
c) que o ministro afegão seja otimista. intenções ainda distantes da realidade.” A resposta, assim,
d) que o otimista é um cara mal-informado. só pode ser a letra b.
e) em semelhanças entre as declarações de FHC e Abdul
Rahman. 02. Letra d
O presidente FHC disse que “já vamos transpor os umbrais
02. Maria Antonieta é comparada a: do atraso” (/. 4/5). Mais adiante, nas linhas 19 a 21, o
a) Abdul Rahman. autor afirma: “Quando Maria Antonieta perguntou por que
b) turistas de todo o mundo. o povo não comia bolos à falta de pão, também pensava
c) Tora Bora. que a monarquia havia transposto os umbrais do atraso.”
d) FHC. A comparação com FHC fica evidente na palavra também,
e) um cara mal-informado. no trecho destacado. Também une as duas pessoas, FHC
e Maria Antonieta, no que toca à ideia de terem sido trans-
03. “...não custa abrir um crédito de esperança para as bur- postos os umbrais do atraso. Daí a resposta ser a letra d.
ras do erário afegão.” Neste trecho, “as burras do erário A letra e poderia parecer correta, mas está errada. Maria
afegão” significam: Antonieta não é comparada a um cara mal-informado, ela
a) as pessoas ignorantes do Afeganistão. era malinformada.
b) os animais de carga do Afeganistão.
c) os cofres do tesouro do Afeganistão. 03. Letra c
d) o dinheiro da iniciativa privada do Afeganistão. Burra é uma palavra de pouco uso no português atual,
e) o dinheiro de empresas falidas do Afeganistão, confiscado com o sentido de cofre. Erário é dinheiro público. Assim,
pelo novo governo. o trecho destacado tem o sentido de cofres do tesouro do
Afeganistão. O crédito de esperança seria a possibilidade
04. Ao definir o otimista, o autor valeu-se de uma lingua- de haver, de acordo com o otimismo do ministro Abdul
gem: Rahman, uma invasão de turistas ávidos por conhecer
a) hermética. Tora Bora e Candahar, o que encheria os cofres do país.
b) culta. 04. Letra d
c) chula. Ao considerar o otimista “um cara mal-informado” (/. 10),
d) coloquial. o autor se vale de uma linguagem descontraída, coloquial.
e) ofensiva. Mais precisamente no emprego da palavra cara, com o
05. Para o autor, tanto FHC como Abdul Rahman: sentido de pessoa.
a) estão descontentes com a situação em seus países. 05. Letra e
b) têm ampla visão social. O texto não diz nem sugere que eles estejam desconten-
c) são demagogos. tes com a situação em seus países, ao contrário, uma vez
d) não têm preparo para ocupar seus cargos. que se mostram ambos otimistas. Para o autor, eles não
e) são mal-informados. têm visão social, por estarem equivocados em seus pontos
de vista. O autor não os acusa de demagogos, apenas
06. Se levarmos em conta a afirmação de FHC, teremos de os considera mal-informados, o que nos leva a aceitar a
concluir que o Brasil: alternativa e como resposta. A letra d é absolutamente
a) não é mais um país atrasado. inadequada em relação às ideias contidas no texto.
b) continuará a ser um país atrasado.

83
Língua Portuguesa
06. Verifique se ocorre algum ERRO na correspondência en-
06. Letra d
tre a frase à direita e seu sinônimo numa única palavra à
A resposta da questão se encontra claramente colocada
esquerda.
no trecho: “já vamos transpor os umbrais do atraso” (/.
4/5). A palavra já transmite nitidamente a ideia de que o a) Que não se pode ler: ilegível.
país deixará logo de ser atrasado. b) Que não tem movimento próprio: inerte.
c) Que não tem meios de defesa: inerme.
07. Letra c d) Que não tem sabor: sápido.
O autor ironiza ao dizer que o ministro afegão poderia
conseguir que muita gente visitasse as cavernas do país 07. Idem, para:
se contratasse um dos marqueteiros profissionais do Bra-
a) Aquele que deixou uma comunidade - egresso.
sil, que prometem até eleger um poste para a Presidência
b) Aquele que pode ser eleito - elegível.
do Brasil.
c) Aquilo que não provoca efeito - inócuo.
08. Letra e d) Aquilo que não tem cheiro - insosso.
Uma questão bastante sutil. Para alguns, parecerá que
não há resposta. Acontece que só o ministro Abdul Rah- 08. Assinale, o item em que se ERROU no sinônimo da pa-
man supervaloriza a capacidade turística do país; o pre- lavra à direita.
sidente do Brasil fala em vencer o atraso, sem nenhuma a) Infenso a bebidas: hostil.
citação ao setor do turismo. b) Morrer de inanição: por falta de alimentos.
Exercícios do livro de Renato Aquino. Interpretação de textos. Elsevier c) Habilidade inata: congênita.
Editora Ltda. 2006. d) Trabalho profícuo: baldo.
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO 09. Verifique se houve ERRO na correspondência entre a pa-
01. Escolha, entre as alternativas, a que propõe a substitui- lavra em maiúscula à esquerda e seu antônimo à direita.
ção dos termos ou expressões em destaque, sem que haja a) Parecer ADVERSO / favorável.
alteração do sentido da sentença apresentada abaixo. b) Palavras VERAZES / falsas.
“Parecia estar prestes a acontecer a desclassificação, pois c) Homem TACITURNO / alegre.
os jogadores demonstraram usar métodos pouco sábios na d) Comportamento EXECRÁVEL / firme.
realização dos preparativos finais para a partida decisiva.”
a) eminente - incípios - concecussão. 10. Idem, para:
b) eminente - insipientes - consequência. a) INCLUIR uma correção / excluir.
c) iminente - insipientes - consecução. b) Recursos EXAURÍVEIS / inexauríveis.
d) eminente - insípidos - concecussão. c) Homem PROBO /trapaceiro.
02. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as d) Clima TÍPICO / atípico.
lacunas das frases:
1. Ontem houve uma violenta ___________ de caminhões. 11. Na frase EMERGIR das águas, o item que indica o ANTÔ-
2. O ladrão foi apanhado em ___________. NIMO da frase é:
3. O artigo ________ na Revista científica foi premiado. a) Imergir nas águas.
4. Ponto é a ___________ de duas linhas. b) Convergir nas águas.
5. O aluno perdeu o _________ de ridículo. c) Insugir-se contra as águas.
a) coalizão - fragrante - inserto - intercessão - censo. d) Divergir das águas.
b) colisão - flagrante - inserto - interseção - senso.
c) coalizão - flagrante - incerto - intercessão - senso. 12. Verifique se ocorre em alguns dos itens um ANTÔNIMO
d) coalisão - fragrante - incerto - interseção - censo. da palavra em maiúscula na frase ao lado: Era um orador
03. A linguagem científica busca fixar na significação das pa- LOQUAZ.
lavras: a) Mordaz.
a) O significado denotativo. b) Voraz.
b) O significado polissêmico. c) Calado.
c) O significado conotativo. d) Insano
d) O significado figurado.
04. Observando as palavras em maiúsculas, assinale o úni- GABARITO
co item em que NÃO temos um par de termos denotativo/ 01. c 02. b 03. a 04. d 05. c 06. d
conotativo:
07. d 08. d 09. d 10. c 11. a 12. c
a) QUEBREI o copo. / O Presidente QUEBROU o protocolo.
b) A CHAVE não abriu a porta. / Eis a CHAVE do problema.
c) Os bandeirantes buscaram OURO. / Tinha coração de OURO.
d) Os filhos não aceitavam a MADRASTRA. / A MADRASTRA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
deles é jovem.
TEXTO VI
05. Verifique se algum item apresenta ERRO de SINONÍMIA 01. Concordo plenamente com o artigo “Revolucione a sala
na correspondência de significado da palavra em maiúscula. de aula”. É preciso que valorizemos o ser humano, seja ele
a) REFUTAR o argumento: contestar. estudante, seja professor. Acredito na importância de apren-
b) ELUCIDAR a dúvida: esclarecer. der a respeitar nossos limites e superá-los, quando possível,
c) EIVAR de erros: limpar. o que será mais fácil se pudermos desenvolver a capacidade
de relacionamento em sala de aula. Como arquiteta, concordo
d) EFUSIVOS cumprimentos: expansivos.

84
Língua Portuguesa
com a postura de valorização do indivíduo, em qualquer situ- a) denotativa, para evidenciar a oposição entre elementos da
ação: se procurarmos uma relação de respeito e colaboração, natureza e da modernidade.
seguramente estaremos criando a base sólida de uma vida b) rebuscada de neologismos que depreciam elementos pró-
melhor. prios do mundo moderno.
Tania Bertoluci de Souza. Porto Alegre, RS Disponível em: <:http://www.kanitz.com.br/ c) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insignificantes.
veja/cartas.htm>. Acesso em: 2 maio 2009 (com adaptações).
d) simples, porém expressiva no uso de metáforas para definir
o fazer poético do eu lírico poeta.
Em uma sociedade letrada como a nossa, são construídos tex-
tos diversos para dar conta das necessidades cotidianas de 03. Considerando o papel da arte poética e a leitura do poe-
comunicação. Assim, para utilizar-se de algum gênero textual, ma de Manoel de Barros, afirma-se que
é preciso que conheçamos os seus elementos. A carta de lei- a) informática e invencionática são ações que, para o poeta,
tor é um gênero textual que: correlacionam-se: ambas têm o mesmo valor na sua poesia.
a) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizado pela b) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas
tipologia da ordem da injunção (comando) e estilo de lingua- maneiras que o homem encontra para dar sentido à própria
gem com alto grau de formalidade. vida.
b) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de descre- c) a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos
ver os assuntos e temas que circularam nos jornais e revistas processos de modernização tecnológicos.
do país semanalmente. d) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, preci-
c) se organiza por uma estrutura de elementos bastante flexí- sou se render às inovações da informática.
vel em que o locutor encaminha a ampliação dos temas trata-
dos para o veículo de comunicação. TEXTO VIII
d) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da varie-
dade não-padrão da língua e tema construído por fatos po- AUMENTO DO EFEITO ESTUFA AMEAÇA PLANTAS,
líticos. DIZ ESTUDO
TEXTO VII O aumento de dióxido de carbono na atmosfera, resultante do
uso de combustíveis fósseis e das queimadas, pode ter con-
O poema de Manoel de Barros será utilizado para resolver as sequências calamitosas para o clima mundial, mas também
questões 02 e 03. pode afetar diretamente o crescimento das plantas. Cientistas
da Universidade de Basel, na Suíça, mostraram que, embora
O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS o dióxido de carbono seja essencial para o crescimento dos
vegetais, quantidades excessivas desse gás prejudicam a saú-
Uso a palavra para compor meus silêncios. de das plantas e têm efeitos incalculáveis na agricultura de
Não gosto das palavras vários países.
fatigadas de informar.
Dou mais respeito O Estado de São Paulo, 20 set. 1992, p.32.
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo. 04. O texto acima possui elementos coesivos que promovem
Entendo bem o sotaque das águas sua manutenção temática. A partir dessa perspectiva, conclui-
Dou respeito às coisas desimportantes se que
e aos seres desimportantes. a) a palavra “mas”, na linha 3, contradiz a afirmação inicial do
Prezo insetos mais que aviões. texto: linhas 1 e 2.
Prezo a velocidade b) a palavra “embora”, na linha 4, introduz uma explicação
das tartarugas mais que a dos mísseis. que não encontra complemento no restante do texto.
Tenho em mim um atraso de nascença. c) as expressões: “consequências calamitosas”, na linha 2, e
Eu fui aparelhado “efeitos incalculáveis”, na linha 6, reforçam a ideia que per-
para gostar de passarinhos. passa o texto sobre o perigo do efeito estufa.
Tenho abundância de ser feliz por isso. d) o uso da palavra “cientistas”, na linha 3, é desnecessário
Meu quintal é maior do que o mundo. para dar credibilidade ao texto, uma vez que se fala em “es-
Sou um apanhador de desperdícios: tudo” no título do texto.
Amo os restos
como as boas moscas. TEXTO IX
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto. Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é muito
Porque eu não sou da informática: mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e rir inter-
eu sou da invencionática. minavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou
Só uso a palavra para compor meus silêncios. invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível.
CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo:
p. 91.
Publifolha, 2006. p. 73-74.
TEXTO X
02. É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres e
coisas considerados, em geral, de menor importância no mun- Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é muito
do moderno. No poema de Manoel de Barros, essa valorização mais! É saber que todos os amigos já morreram e os que
é expressa por meio da linguagem: teimam em viver são entrevados. É sorrir, interminavelmente,

85
Língua Portuguesa
não por necessidade interior, mas porque a boca não fecha ou 07.
a dentadura é maior que a arcada.

FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As
cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 225.

05. Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para


definir as fases da vida, entre eles,
a) expressões coloquiais com significados semelhantes.
O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico
b) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres huma-
habitante da zona rural, comumente chamado de “roceiro” ou
nos. “caipira”. Considerando a sua fala, essa tipicidade é confirma-
c) recursos específicos de textos escritos em linguagem for- da primordialmente pela
mal. a) transcrição da fala característica de áreas rurais.
d) metalinguagem que explica com humor o sentido de pa- b) redução do nome “José” para “Zé”, comum nas comunida-
lavras. des rurais.
c) emprego de elementos que caracterizam sua linguagem
TEXTO XI como coloquial.
d) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos
meios urbanos.
APESAR DA CIÊNCIA, AINDA É POSSÍVEL ACREDITAR
NO SOPRO DIVINO – O MOMENTO EM QUE O GABARITO
CRIADOR DEU VIDA ATÉ AO MAIS INSIGNIFICANTE
DOS MICRO-ORGANISMOS? 01. c 02. d 03. b 04. c 05. d

Resposta de Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São 06. d 07. a


Paulo, nomeado pelo papa Bento XVI em 2007: “Claro que
sim. Estaremos falando sempre que, em algum momento, co-
meçou a existir algo, para poder evoluir em seguida. O ato do EXERCÍCIOS DE REVISÃO
criador precede a possibilidade de evolução: só evolui algo
01. Relacione a primeira coluna à segunda:
que existe. Do nada, nada surge e evolui.”
(1) despensa ( ) perfumado
(2) dispensa ( ) comércio ilícito
LIMA, Eduardo. Testemunha de Deus. SuperInteressante, São Paulo, n. 263-A,
(3) tráfego ( ) lugar de guardar alimentos
p. 9, mar. 2009 (com adaptações).
(4) tráfico ( ) evidente
(5) flagrante ( ) trânsito
Resposta de Daniel Dennet, filósofo americano ateu e evolu- (6) fragrante ( ) licença, isenção.
cionista radical, formado em Harvard e Doutor por Oxford: “É A sequência CORRETA é:
claro que é possível, assim como se pode acreditar que um a) 6 – 3 – 2 – 5 – 1 – 4.
super-homem veio para a Terra há 530 milhões de anos e b) 6 – 4 – 1 – 5 – 3 – 2.
ajustou o DNA da fauna cambriana, provocando a explosão c) 2 – 4 – 5 – 6 – 1 – 3.
da vida daquele período. Mas não há razão para crer em fan- d) 6 – 4 – 5 – 1 – 2 – 3.
tasias desse tipo.”
02. Em todas as alternativas, o termo destacado expressa
LIMA, Eduardo. Advogado do Diabo. SuperInteressante, São Paulo, n. 263-A, idéia de circunstância, exceto em:
p. 11, mar. 2009 (com adaptações). a) Ontem, Vanda Lopes procurou-me na secretaria do colégio.
b) As questões colocadas sobre a mesa, afinal não eram mui-
06. Os dois entrevistados responderam a questões idênticas, tas.
e as respostas a uma delas foram reproduzidas aqui. Tais res- c) Na verdade, o nome, assim solene, assenta-lhe como uma
postas revelam opiniões opostas: um defende a existência de luva.
Deus e o outro não concorda com isso. Para defender seu d) Apesar de nosso esforço, as represálias não tardaram, po-
ponto de vista, rém.
a) o religioso ataca a ciência, desqualificando a Teoria da Evo-
lução, e o ateu apresenta comprovações científicas dessa te- 03. Dê o significado da frase: Embora fosse um professor
oria para derrubar a ideia de que Deus existe. incipiente, falava um inglês estreme.
b) Scherer impõe sua opinião, pela expressão “claro que sim”, a) Embora fosse um professor principiante, falava um inglês
por se considerar autoridade competente para definir o as- genuíno.
sunto, enquanto Dennett expressa dúvida, com expressões b) Embora fosse um professor ignorante, falava um inglês
como “é possível”, assumindo não ter opinião formada. puro.
c) o arcebispo critica a teoria do Design Inteligente, pondo em c) Embora fosse um professor relapso, falava um inglês fluen-
dúvida a existência de Deus, e o ateu argumenta com base no te.
d) Embora fosse um professor provisório, falava um inglês
fato de que algo só pode evoluir se, antes, existir.
excelente.
d) o filósofo utiliza dados históricos em sua argumentação, ao
afirmar que a crença em Deus é algo primitivo, criado na épo-
04. Em relação ao provérbio: “Os lábios de justiça são o con-
ca cambriana, enquanto o religioso baseia sua argumentação
tentamento dos reis, e eles amarão o que fala coisas retas”;
no fato de que algumas coisas podem “surgir do nada”.
pode-se depreender que:

86
Língua Portuguesa
a) Os lábios amarão pessoas retas. a privatização da empresa, esclarecer também que a mesma
b) Os reis contentam-se com pessoas justas. será reestruturada.
c) Os reis amarão pessoas retas. b) Em sua tarefa de coordenação, caberá ao BNDES viabilizar
d) Os lábios retos amarão os reis justos. o ingresso da INFRAERO no mercado de capitais e aprimorar
nosso sistema aeroportuário.
05. Em uma das alternativas, há o vício de linguagem conhe- c) A par de desmentir rumores sobre a privatização da INFRA-
cido por AMBIGUIDADE. Assinale-a. ERO, seu presidente anunciou a contratação de uma empresa
a) Vi aquela situação toda com meus próprios olhos. de consultoria.
b) Lia lia na folia. d) Durante a entrevista, foram desmentidos boatos sobre a
c) Quero saber da novidade. Falem um por cada vez. privatização da INFRAERO e anunciou-se o trâmite de contra-
d) Pedro, o Paulo procura seu irmão. tação de empresa de consultoria.

06. Assinale a opção que, atendendo a coesão e a coerência 11. Leia os anúncios abaixo e responda:
textual, preenche CORRETAMENTE as frases abaixo, na se- I – Aproveite o Dia Mundial da AIDS e faça um cheque ao por-
quência em que aparecem. tador. Bradesco, Ag. 093-0, C/C 076095-1. (Agência Norton)
II – Bi Bi – General Motors: Duas vezes bicampeã do carro do
Nunca está só quem possui um bom livro para ler e boas
ano. (Agência Colucci e Associados)
ideias___________ meditar. Os anúncios apresentam semelhanças porque seus criadores:
A inveja é um mal ___________________ há poucos remé- a) exploram, na construção do texto, o potencial de significa-
dios. ção das palavras, com criatividade.
São sagradas as imagens _____________ nos ajoelhamos. b) exploram expressões consagradas, negando, no entanto, o
Todos conhecem a máscara ______________ te escondes. sentido popular de cada uma delas.
a) pelas quais – por que – que – sobre que. c) utilizam processos de abreviação vocabular; representados,
b) sob as quais – com a qual – pelas quais – diante da qual. respectivamente, por uma sigla e uma onomatopeia.
c) que – as quais – a quem – de quem. d) apostam nas sugestões sonoras produzidas pelos textos e
d) sobre as quais – contra o qual – perante as quais – sob a no conhecimento vocabular dos leitores.
qual.
12. Marque a alternativa em que NÃO há ambiguidade.
07. Considere as seguintes afirmações: a) O presidente do Partido informou ao candidato que ele
I. M. mostra-se indignado. deveria renunciar.
II. É alta a corrupção na política. b) A testemunha confirmou que o acusado, em seu depoi-
III. M. acha que, sem a corrupção, o país avançaria. mento, omitira muitos detalhes do assalto.
Essas afirmações articulam-se de modo correto e coerente c) Porque era irritadiço, o Chefe vivia advertindo o emprega-
na frase: do.
a) Apesar de se mostrar indignado pela alta corrupção na po- d) Olhando o panorama da rua, tudo parece mais real.
lítica, M. acha que não obstante ela o país avançaria.
b) Mostrando-se indignado com a alta corrupção na política, 13. Em “Um pacote embrulhado também em couro de jaca-
M. julga que, não fosse ela, o país avançaria. ré endurecido pelo tempo”, o emprego da palavra também
c) Sem a corrupção, à qual M. se mostra tão indignado como indica:
pela política, o país avançaria. a) oposição.
d) M. acha que o país poderia avançar, no caso que não hou- b) inclusão.
vesse a alta corrupção na política, que é indigna. c) exclusão.
d) explicação.
08. “O nacionalismo brasileiro é fervoroso, mas falta ao na-
cionalismo brasileiro o sentimento da comunidade de destino, 14. Nas orações:
para que de fato vejamos frutificar o nacionalismo brasileiro.” I - “Quanto” menino bonito!
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo- II - Maria não sabe nem “quanto” odeia o padrasto. A palavra
se os segmentos sublinhados, RESPECTIVAMENTE, por: “quanto” tem, RESPECTIVAMENTE, valor:
a) falta-lhe nele - lhe vejamos frutificar. a) de intensidade - de intensidade.
b) lhe falta - vejamos frutificá-lo. b) de indefinição - de intensidade.
c) falta-o - vejamos ele frutificar. c) de indefinição - de indefinição.
d) falta-lhe - o vejamos frutificar. d) de intensidade - de indefinição.
09. (Analista – Infraero – FCC – 2009) Ao utilizar pela primei- 15. “O que é real para uns [...] pode não ser para outros.”
ra vez um aeroporto, o novato percorre o aeroporto como se Assinale a alternativa em que o sentido das palavras destaca-
estivesse num labirinto, buscando tornar o aeroporto familiar das nessa frase está CORRETAMENTE identificado.
aos seus olhos, aplicando seus olhos na identificação das ram- a) Definição.
pas, escadas e corredores em que se sente perdido. b) Indeterminação.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo- c) Qualificação.
se os elementos sublinhados, na ordem dada, por: d) Quantificação.
a) o percorre - o tornar - aplicando-lhes.
b) percorre-o - tornar-lhe - aplicando-os. GABARITO
c) o percorre - torná-lo - aplicando-lhes.
d) percorre-o - torná-lo - aplicando-os.
01. b 02. d 03. a 04. c 05. d
10. (Analista – Infraero – FCC – 2009) É preciso corrigir, em 06. d 07. b 08. d 09. d 10. a
nível estrutural, a redação da seguinte frase:
11. a 12. d 13. b 14. d 15. b
a) Coube à direção da INFRAERO, em vista dos rumores sobre

87
Língua Portuguesa

SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS AMBIGUIDADE

LÉXICO (ambi = dualidade) É a duplicidade de sentidos que pode ha-


ver em uma frase ou num texto. Ela surge quando algo que
É o conjunto de palavras pertencentes a determinada língua. está sendo dito admite mais de um sentido, comprometendo a
Por exemplo, temos um léxico da língua portuguesa que é o compreensão do conteúdo. Este ato pode suscitar dúvidas no
conjunto de todas as palavras que são compreensíveis em nos- leitor e levá-lo a conclusões equivocadas na interpretação do
sa língua. Quando essas palavras são materializadas em um texto. Isso ocorre quando há inadequação ou a má colocação
texto, oral ou escrito, são chamadas de vocabulário. O conjunto de elementos como pronomes, adjuntos adverbiais, expressões
de palavras utilizadas por um indivíduo, portanto, constituem o e até mesmo enunciados, comprometendo a clareza do texto.
seu vocabulário. Observe o exemplo que segue:

O campo lexical, por sua vez, é o conjunto de palavras que “O professor falou com o aluno parado na sala.”
pertencem a uma mesma área do conhecimento, ou seja, pa- Neste caso, a ambiguidade decorre da má construção sintática
lavras que fazem parte de um contexto específico e está dentro deste enunciado. Quem estava parado na sala? O aluno ou o
do léxico de alguma língua. professor? A solução é, mais uma vez, colocar “parado na sala”
logo ao lado do termo a que se refere: “Parado na sala, o profes-
São exemplos de campos lexicais:
sor falou com o aluno”; ou “O professor falou com o aluno, que
- medicina: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação. estava parado na sala”.
- escola: livros, disciplinas, biblioteca, material escolar.
A ambiguidade é muito utilizada como recurso na construção
- informática: software, hardware, programas, sites, internet. de textos poéticos, publicitários e humorísticos, em quadri-
- teatro: expressão, palco, figurino, maquiagem, atuação. nhos e anedotas.
- dos sentimentos: amor, tristeza, ódio, carinho, saudade.
- relações interpessoais: amigos, parentes, família, colegas de
trabalho.
O campo semântico, por sua vez, é o conjunto de possi-
bilidades que uma mesma palavra ou conceito tem de ser
empregada(o) em diversos contextos. O conceito de campo
semântico está ligado ao conceito de polissemia.
Uma mesma palavra pode ter vários significados diferentes em
um mesmo texto, dependendo de como ela for empregada e
de que palavras a acompanham para tornar claro o significado
que ela assume naquela situação.
Por exemplo:
- conhecer: ver, aprofundar-se, saber que existe, etc..
- bacia: utensílio de cozinha, parte do esqueleto humano.
- brincadeira: divertimento, distração, passa-tempo, gozação,
piada, etc..
- estado: situação, particípio de estar, divisão de um país, etc..
O campo semântico pode também ser o conjunto das maneiras
que elas são utilizadas para expressar um mesmo conceito.
Exemplos:
- Campo semântico em torno do conceito de morte: bater as
O enunciado do anúncio remete à culinária, porém, ao obser-
botas, falecer, ir dessa para a melhor, passar para um plano su-
varmos o anúncio de forma mais atenta, percebemos outro
perior, falecer, apagar, etc..
sentido do enunciado: Como fazer uma galinha, um bordado
- Campo semântico em torno do conceito de enganar: trapacear, com formato de galinha.
engabelar, fazer de bobo, vacilar.
SINONÍMIA
POLISSEMIA Sinônimos - São palavras de sentidos idênticos ou aproxima-
dos que podem ser substiuídas uma pela outra em diferentes
É a propriedade de uma palavra apresentar vários sentidos. contextos.
Denomina-se polissemia o fato de a palavra sofrer alterações
Exemplo: Cômico – engraçado; Débil - fraco, frágil; Distante
semânticas às diversas circunstâncias em que é usada, sem,
- afastado, remoto.
contudo, deixar de se ligar a um sentido básico inicial. Neste
caso, não se trata de criar um novo item lexical, mas apenas usar ANTONÍMIA
uma palavra em sentido figurado. Em outros termos, estamos
fazendo uso da linguagem metafórica ou polissêmica. Antônimos - são palavras de sentido contrário entre si. As
palavras aberto e fechado normalmente são antônimas e se
São exemplos de polissemia: braço de um rio, dente de uma opõem quanto ao sentido.
engrenagem, boca da noite, ponte-aérea, folha de caderno, es-
pinhos da profissão, cortina de ferro, paraíso de felicidade etc.. Exemplos: velho - novo; bom – mau; economizar – gastar.

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Língua Portuguesa

HIPERONÍMIA Algumas palavras homônimas e parônimas mais usadas:


absolver: inocentar, perdoar
É uma palavra que dá a ideia de um todo, do qual se origina absorver: sorver, consumir, esgotar
várias partes e ramificações. acender: pôr fogo, alumiar
ascender: subir, elevar-se
Exemplo: A palavra religião é um todo ao qual faz referência acidente: acontecimento casual
todo tipo de religião – católica, protestante, batista, budista. incidente: episódio, aventura
O mesmo ocorre com a palavra calçados, a ela estão ligadas apreçar: perguntar preço, dar preço
palavras como tênis, sandálias, botas. apressar: antecipar, abreviar
aprender: tomar conhecimento
HIPONÍMIA apreender: apropriar-se, assimilar mentalmente
acento: tom de voz, sinal gráfico
É exatamente o oposto da Hiperonímia – É a palavra que assento: lugar de sentar-se
indica cada parte ou cada item de um todo. Deste modo, as acerca de: sobre, a respeito de
palavras bem-te-vi, curió e canário representam uma parte de cerca de: aproximadamente
um todo e o todo a elas correspondente está representado há cerca de: faz aproximadamente
pela palavra ave. acostumar: contrair hábito
costumar: ter por hábito
EPONÍMIA - caracteriza-se pela atribuição de nome próprio afim de: semelhante a, parente de
a objetos e técnicas, ou seja, o nome denomina algo.Exem- a fim de: para, com a finalidade de
plo: Gilete (s.f.) epônimo de King Camp Gillette, inventor e amoral: indiferente à moral
primeiro fabricante dessa lâmina e aparelho de barbear. imoral: contra a moral, libertino, devasso
arrear: pôr arreios
arriar: abaixar, descer
PALAVRAS HOMÔNIMAS assoar: limpar o nariz
assuar: vaiar, apupar
São aquelas que têm sentidos diferentes, mas a mesma grafia bucho: estômago
e/ou pronúncia. Dividem-se em: homônimas perfeitas, homô- buxo: arbusto
nimas homógrafas, homônimas homófonas. caçar: apanhar animais ou aves
cassar: anular
HOMÔNIMAS PERFEITAS: São palavras que possuem a calda: xarope
mesma pronúncia, a mesma grafia, porém as classes grama- cauda: rabo
ticais são diferentes. Exemplos: cavaleiro: aquele que sabe andar a cavalo
• Caminho (substantivo) - Caminho (verbo caminhar) cavalheiro: homem educado
- O caminho para a minha casa é muito movimentado. cédula: documento, chapa eleitoral
- Eu caminho todos os dias. sédula: ativa, cuidadosa (feminino de sédulo)
• Cedo (Advérbio) - Cedo (verbo ceder) cela: pequeno quarto de dormir
- Eu cedo livros para a biblioteca. sela: arreio
- Levantou cedo para estudar. censo: recenseamento
senso: raciocínio, juízo claro
HOMÔNIMAS HOMÓGRAFAS: São palavras que possuem cerração: nevoeiro denso
a mesma grafia, porém a pronúncia é diferente. serração: ato de serrar, cortar
• Colher (substantivo) - Colher (verbo colher) cesto: balaio
- Eu comprei uma colher de prata. sexto: numeral ordinal (seis)
- Chamei minha vizinha para colher frutas na horta da fazenda. chá: bebida
xá: título do ex-imperador do Irã
• Começo (substantivo) - Começo (verbo) conserto: reparo
- O começo do filme foi muito legal. concerto: sessão musical, acordo
- Eu começo a entender este livro. coser: costurar
cozer: cozinhar
HOMÔNIMAS HOMÓFONAS: São palavras que possuem a cheque: ordem de pagamento
mesma pronúncia, porém a grafia e o sentido são diferentes. xeque: lance de jogo no xadrez
• Serrar - Cerrar delatar: denunciar
serrar: cortar dilatar: alargar, ampliar
cerrar: fechar desapercebido: desprevenido
• Cassar - Caçar despercebido: sem ser notado
cassar: anular descrição: ato de descrever, expor
caçar: procurar (alimento). discrição: reservada, qualidade de discreto
descriminar: inocentar
discriminar: distinguir
PALAVRAS PARÔNIMAS despensa: onde se guardam alimentos
dispensa: ato de dispensar
São aquelas de sentidos diferentes que apresentam entre si
discente: referente a alunos
certa semelhança na grafia ou na pronúncia.
docente: referente a professores
Exemplos: comprimento (extensão), cumprimento (saudação). destinto: que se destingiu

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Língua Portuguesa
distinto:diverso, diferente taxar: estipular
eminente: ilustre, excelente tráfego: movimento, trânsito
iminente: que ameaça acontecer tráfico: comércio lícito ou não
emergir: vir à tona vadear: passar ou atravessar a pé ou a cavalo
imergir: mergulhar vadiar: vagabundear
emigrar: sair da pátria vale: acidente geográfico
imigrar: entrar num país estranho para nele morar vale: recibo
enfestar: exagerar, roubar no jogo, entediar vale: do verbo valer
infestar: causar danos viagem: substantivo: a viagem
esperto: ativo, inteligente, vivo viajem: forma verbal: que eles viajem
experto: perito, entendido vultoso: volumoso
espiar: observar, espionar vultuoso: atacado de congestão na face
expiar: sofrer castigo xácara: narrativa popular em verso
estático: firme, imóvel chácara: pequena propriedade campestre
extático: admirado, pasmado
estrato: tipo de nuvem EXERCÍCIOS
extrato: resumo, essência
flagrante: evidente 01. Escolha, entre as alternativas, a que propõe a substitui-
fragrante: perfumado ção dos termos ou expressões em destaque, sem que haja
fluir: correr alteração do sentido da sentença apresentada abaixo.
fruir: gozar, desfrutar “Parecia estar prestes a acontecer a desclassificação,
fusível: aquele que funde pois os jogadores demonstraram usar métodos pouco sá-
fuzil: arma bios na realização dos preparativos finais para a partida
história: narrativa de fatos reais ou fictícios decisiva.”
estória (origem inglesa): narrativas de fatos fictícios a) eminente - incípios - concecussão.
incerto: impreciso b) eminente - insipientes - consequência.
inserto: introduzido, inserido c) iminente - insipientes - consecução.
incipiente: principiante d) eminente - insípidos - concecussão.
insipiente: ignorante
inflação: desvalorização do dinheiro 02. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as
infração: violação, transgressão lacunas das frases:
infligir: aplicar pena 1. Ontem houve uma violenta ___________ de caminhões.
infringir: violar, desrespeitar 2. O ladrão foi apanhado em ___________.
intercessão: ato de interceder, de intervir 3. O artigo ________ na Revista científica foi premiado.
interseção/intersecção: ato de cortar 4. Ponto é a ___________ de duas linhas.
laço: nó 5. O aluno perdeu o _________ de ridículo.
lasso: frouxo, gasto, bambo, cansado, fatigado a) coalizão - fragrante - inserto - intercessão - censo.
lista: relação, rol b) colisão - flagrante - inserto - interseção - senso.
listra: risca, traço c) coalizão - flagrante - incerto - intercessão - senso.
mal: antônimo de bem d) coalisão - fragrante - incerto - interseção - censo.
mau: antônimo de bom 03. A linguagem científica busca fixar na significação das pa-
mandado: ordem judicial lavras:
mandato: procuração a) O significado denotativo;
ótico: relativo ao ouvido b) O significado polissêmico;
óptico: relativo à visão c) O significado conotativo;
paço: palácio d) O significado figurado;
passo: passada e) NDA.
peão: aquele que anda a pé
pião: brinquedo 04. Observando as palavras em maiúsculas, assinale o único
procedente: proveniente, oriundo item em que não temos um par de termos denotativo/cono-
precedente: antecedente tativo:
prescrito: estabelecido a) QUEBREI O COPO / O Presidente QUEBROU o protocolo.
proscrito: desterrado, emigrado b) A CHAVE não abriu a porta / Eis a CHAVE do problema.
recrear: divertir, alegrar c) Os bandeirantes buscaram OURO / Tinha coração de OURO.
recriar: criar novamente d) Os filhos não aceitavam a MADRASTRA / A MADRASTRA
ruço: grisalho, desbotado deles é jovem.
russo: da Rússia e) NDA.
sexta: numeral
cesta: utensílio de transporte 05. Verifique, com ajuda do dicionário, se algum item apre-
sesta: descanso depois do almoço senta erro de SINONÍMIA na correspondência de significado
sortir: abastecer da palavra em maiúscula.
surtir: produzir efeito a) Refutar o argumento: contestar.
tacha: pequeno prego b) Elucidar a dúvida: esclarecer.
taxa: tributo c) Eivar de erros: limpar.
tachar: censurar, pôr defeito d) Efusivos cumprimentos: expansivos.
e) NDA.

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Língua Portuguesa
Matéria
06. Verifique se ocorre algum erro na correspondência entre a 10. Idem, para:
frase à direita e seu sinônimo numa única palavra à esquerda. a) INCLUIR uma correção / excluir.
a) Que não se pode ler: ilegível. b) Recursos EXAURÍVEIS / inexauríveis.
b) Que não tem movimento próprio: inerte. c) Homem PROBO / ímprobo.
c) Que não tem meios de defesa: inerme. d) Clima TÍPICO / atípico.
d) Que não tem sabor: insípido. e) NDA.
e) NDA.
07. Idem, para: 11. Na frase EMERGIR das águas, o item que indica o ANTÔ-
a) Aquele que deixou uma comunidade - egresso. NIMO da frase é:
b) Aquele que pode ser eleito - elegível. a) Imergir nas águas.
c) Aquilo que não provoca efeito - inócuo. b) Convergir nas águas.
d) Aquilo que não tem cheiro - insosso. c) Insugir-se contra as águas.
e) NDA. d) Divergir das águas.
e) NDA.
08. Assinale, se ocorrer, o item em que se ERROU no sinôni-
mo da palavra à direita. 12. Verifique se ocorre em alguns dos itens um antônimo
a) Infenso a bebidas: hostil. da palavra em maiúscula na frase ao lado: Era um orador
b) Morrer de inanição: por falta de alimentos. LOQUAZ.
c) Habilidade inata: congênita. a) Mordaz.
d) Trabalho profícuo: proveitoso. b) Voraz.
e) NDA.
c) Calado.
09. Verifique se houve ERRO ou não na correspondência en- d) Insano
tre a palavra em maiúscula à esquerda e seu antônimo à direita. e) NDA.
a) Parecer ADVERSO / favorável.
b) Palavras VERAZES / falsas. GABARITO
c) Homem TACITURNO / alegre. 01. c 02. b 03. a 04. d 05. c 06. e
d) Comportamento EXECRÁVEL / firme.
e) NDA. 07. d 08. e 09. d 10. e 11. a 12. c

ANOTAÇÕES
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TIPOLOGIA TEXTUAL
9 (COERÊNCIA E COESÃO)
Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação Narrar, portanto, é contar uma história (real ou fictícia). O
ou composição textual. Basicamente, existem três tipos de fato narrado apresenta uma sequência de ações envolvendo
redação: narração (base em fatos), descrição (base em carac- personagens no tempo e no espaço.
terização) e dissertação (base em argumentação).
São exemplos de narrativas a novela, o romance, o conto,
uma peça de teatro, a crônica, uma notícia de jornal, uma
Talvez a maneira mais simples de definir a noção de texto seja
piada, um poema, uma letra de música, uma história em qua-
dizer que é uma unidade de linguagem, de extensão variável,
drinhos, desde que apresentem uma sucessão de aconteci-
produzida a partir de um determinado contexto ou situação, mentos. Convencionalmente, o enredo da narração pode ser
que visa comunicar uma mensagem, através de um meio, de assim estruturado:
um locutor ou sujeito a um interlocutor ou receptor. Para isso, a) exposição (apresentação das personagens e/ou do cenário
é utilizado um código comum aos interlocutores (locutor e re- e/ou da época);
ceptor). Perceba que nessa definição houve referência a todos b) desenvolvimento (desenrolar dos fatos apresentando com-
os elementos da comunicação, pois a existência de qualquer plicação e clímax) e;
texto, seja oral, escrito ou visual, supõe todos os seis elemen- c) desfecho ou desenlace (arremate da trama).
tos da comunicação.
Entretanto, há diferentes possibilidades de se compor uma
trama, seja iniciá-la pelo desfecho, construí-la apenas através
Elaboramos bilhetes, cartas, telegramas, respostas de ques-
de diálogos, ou mesmo fugir ao nexo lógico de episódios, ou
tões discursivas, contos, crônicas, romances, artigos, mono-
seja, construir uma história que não está adequada à realida-
grafias, descrições, narrações, dissertações, e-mails, enfim, de, mas que está adequada a uma lógica que lhe é própria.
várias modalidades de redação. Seja qual for a modalidade Como exemplo disso, tem-se o seguinte excerto:
redacional, a criação de um texto envolve conteúdo (nível de
ideias, mensagem, assunto), estrutura (organização e dis- “A safra pertenceu originalmente a um sultão que mor-
tribuição adequada das ideias), linguagem (expressividade, reu em circunstâncias misteriosas, quando uma mão saiu
seleção de vocabulário) e gramática (adequação à norma pa- de seu prato de sopa e o estrangulou. O proprietário
drão da língua). seguinte foi um lorde inglês, o qual foi encontrado certo
dia, florindo maravilhosamente numa jardineira. Nada se
soube da joia durante algum tempo. Então, anos depois,
Geralmente, as modalidades redacionais aparecem combina- ela reapareceu na posse de um milionário texano que se
das entre si, vamos, inicialmente, procurar definir os três tipos incendiou enquanto escovava os dentes.”
básicos.
Woody Allen. Sem Plumas.

DESCRIÇÃO Elementos básicos da narração:


a) Enredo (ação), personagem, tempo e espaço.
b) Foco narrativo (de 1ª ou 3ª pessoa) que é a perspectiva a
A descrição procura apresentar, com palavras, a imagem de partir da qual se conta a história.
seres animados ou inanimados captados através dos cinco c) Os discursos (direto, indireto ou indireto livre) representam
sentidos (visão, audição, tato, olfato e gustação). A caracteri- a fala da personagem.
zação desses entes obedece a uma delimitação espacial.

DISSERTAÇÃO
Elementos predominantes na descrição:
a) Frases nominais (sem verbo) ou orações em que predomi- Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado as-
nam verbos de estado (ser, estar, parecer etc.). sunto. É discutir essas ideias, analisá-las e apresentar provas
b) Frases enumerativas. que justifiquem e convençam o leitor da validade do ponto de
c) Adjetivação, qualificando nomes. vista de quem as defende.
d) Figuras de linguagem: recursos expressivos, em linguagem co-
notativa, como metáfora, metonímia, prosopopeia, sinestesia etc. Dissertar é um exercício cotidiano e você o utiliza toda vez
e) Referências às sensações, ou seja, as percepções visuais, que discute com alguém, tentando fazer valer sua opinião
auditivas, gustativas, olfativas e táteis. sobre qualquer assunto, por exemplo, futebol, política etc.
Isso porque o pensar, a capacidade de reflexão, é uma prá-
NARRAÇÃO tica permanente da nossa condição de seres sociais, cujas
ideias são debatidas e veiculadas através da comunicação
A narração constitui uma sequência temporal de ações desen- linguística. Portanto, dissertar é analisar de maneira crítica
cadeadas por personagens envoltas numa trama que culmina situações diversas, questionando a realidade e nossas posi-
num clímax e se esclarece no desfecho. ções diante dela.

92
Língua Portuguesa
A adequada expressão do conteúdo da dissertação exige o poderão ser utilizados como argumentos auxiliares, coadju-
encadeamento das ideias. Assim, para se redigir um texto vantes na sustentação de nossa posição e convencimento do
dissertativo é indispensável: receptor de nosso texto.

- Criticidade: exame e discussão crítica do assunto, por 5º passo: Tentar se colocar na posição contrária, o que pensa
meio de argumentos convincentes, gerados pelo acervo de e como se justifica quem assume posições diferentes da nos-
conhecimentos pessoais adquiridos através de pesquisas bi- sa (lembre-se que toda dissertação supõe debate, discussão,
bliográficas, leituras e experiências. É um processo de análise há, portanto, diálogo, explícito ou implícito com outros conhe-
e síntese. cedores do assunto sobre o qual estamos escrevendo). Daqui
tiramos os argumentos contrários aos nossos.
- Clareza das ideias: vocabulário preciso, objetivo e coe-
rente às ideias expostas. O aprimoramento da linguagem e a 6º passo: Confrontar os nossos argumentos com os argumen-
diversidade vocabular são fundamentais para adequar ideias tos contrários. Será que nossos argumentos são realmente
e palavras. Essa capacidade se adquire através do hábito de melhores? Será que são convincentes?
leitura, de escrita e de pesquisas em dicionários e gramáticas.
7º passo: Tentar encontrar novos argumentos para refutar os
- Unidade: o texto deve desenvolver-se em torno de um as-
argumentos contrários à nossa posição.
sunto. As ideias que lhe são pertinentes devem suceder-se
em ordem lógica. Não deve haver redundância nem porme-
nores desnecessários. Como não é possível esgotar um tema, CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE
a redação impõe certos limites e é preciso saber escolher os
aspectos a serem desenvolvidos. Em vista disso, é muito im-
portante que, antes de começar sua dissertação, você saiba
COERÊNCIA
delimitar o tema a ser explorado, selecionando os aspectos A coerência é um processo global responsável pela formação
que achar mais relevantes ou aqueles que conheça melhor. A do sentido que garante a compreensibilidade de um texto, não
delimitação ajuda a pôr em ordem nossas ideias. havendo uma continuidade de sentido, o texto torna-se inco-
erente. Ela dá textura à sequência linguística, entendendo-se
- Coerência: deve haver associação e correlação das ideias por textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência
na construção dos períodos e na passagem de um parágra- linguística em texto e não em um amontoado de palavras. A
fo a outro. Os elementos de ligação, tais como conjunções, sequência é percebida como texto quando aquele que o recebe
pronomes relativos, pontuação etc., são indispensáveis para é capaz de percebê-lo como uma unidade significativa global.
entrosar orações, períodos e parágrafos.
A coerência abrange, além da coesão textual, outros fatores
- Organização dos parágrafos: não deve haver fragmenta-
de ordem diversas, tais como, elementos linguísticos, conhe-
ção da mesma ideia em vários parágrafos, nem apresentação
cimento de mundo, conhecimento partilhado, situacionalidade,
de muitas ideias num só parágrafo. A sequência dos pará-
informatividade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabi-
grafos deve ser coerente e articulada. A transição entre os
lidade. Os elementos linguísticos funcionam como pistas para
parágrafos deve ser adequada, quer pelas relações em nível
ativar o conhecimento de mundo e dizem respeito à relação
das ideias, quer pelo uso de palavras e expressões de ligação.
que se estabelece entre o texto e o seu contexto. Esses ele-
mentos são necessários para se obter a coerência mas não são
Embora a capacidade de pensar, portanto a capacidade dis-
os únicos responsáveis para dar o significado a uma narrativa.
sertativa, seja própria de nossa condição de homens, ela é
limitada, em geral, por nossas condições de vida. Temos nos
distanciado da paixão de pensar, de compreender, de questio- A situacionalidade refere-se ao conjunto de fatores que
nar - de modo livre e lúcido, organizado e produtivo - nossa tornam um texto essencial em uma situação de comunicação
realidade. Como encaminhar o pensamento para conquistar o corrente ou passível de ser constituída. Tanto a intencionali-
conhecimento de forma organizada e coerente? dade como a aceitabilidade são fatores que se constituem
através do princípio de cooperação entre os interlocutores, pois
Suponhamos que devemos redigir um texto dissertativo sobre quem produz um texto tem sempre a intenção de que este seja
um determinado assunto, já realizamos uma pesquisa biblio- compreendido, e quem o recebe espera que o mesmo faça
gráfica, porém nos encontramos em dificuldade para começar sentido. Já a informatividade diz respeito ao grau de novida-
a escrever de forma organizada. Para que nosso trabalho seja de e previsibilidade contidos em um texto, podendo, por isso,
encaminhado, vamos utilizar a TÉCNICA DA DÚVIDA: dificultar ou facilitar a compreensão do texto. A intertextua-
lidade – como já foi falado anteriormente – envolve as diver-
1º passo: Transformar o tema em interrogação. sas maneiras pelas quais a produção e recepção de um texto
dependem do conhecimento prévio de outros textos por parte
2º passo: Responder à interrogação de forma natural (se já dos interlocutores, ou seja, está relacionado aos fatores que
estamos informados sobre o assunto, conseguimos tirar dessa tornam a utilização de um texto dependente de um ou mais
resposta nossa posição ou ponto de vista). textos previamente existentes.

3º passo: Por que pensamos assim? Tentar justificar nossa Um texto coerente deve apresentar:
posição (desse questionamento extraímos nosso argumento
principal). 1. Repetição: Diz respeito à necessária retomada de elemen-
tos no decorrer do discurso. Um texto coerente tem unidade,
4º passo: Procurar fazer anotações de ideias e exemplos re- já que nele há a permanência de elementos constantes no seu
lacionados ao tema, à posição e ao argumento principal, que desenvolvimento. Um texto que trate a cada passo de assuntos

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Língua Portuguesa
diferentes sem um explícito ponto comum não tem continuida- • Já a coesão gramatical é conseguida a partir do empre-
de. Um texto coerente apresenta continuidade semântica na go adequado de pronomes, adjetivos, pronomes substantivos,
retomada de conceitos, ideias. Isto fica evidente na utilização pronomes pessoais de 3ª pessoa, elipse, determinados advér-
de recursos linguísticos específicos como pronomes, sinônimos, bios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
hipônimos, hiperônimos etc. Os processos coesivos de continui-
dade só se podem dar com elementos expressos na superfície MECANISMOS DE COESÃO LEXICAL
textual; um elemento coesivo sem referente expresso, ou com
mais de um referente possível, torna o texto mal-formulado. • A repetição lexical consiste na reiteração de um termo ou
termos de uma mesma família lexical.
2. Progressão: O texto deve retomar seus elementos con-
ceituais e formais, mas não deve limitar-se a isso. Deve, sim, • A sinonímia baseia-se na substituição de um termo por outro
apresentar novas informações a propósito dos elementos men-
ou por uma expressão que possua equivalência de significado.
cionados. Os acréscimos semânticos fazem o sentido do texto
progredir. No plano da coerência, percebe-se a progressão pela
• O campo semântico baseia-se no emprego de termos que
soma das ideias novas às que já foram apresentadas. Há mui-
tos recursos capazes de conferir sequenciação a um texto. pertencem a um repertório associado a uma realidade, uma
ciência, um estudo, isto é, termos que designam seres afins.
3. Não contradição: um texto precisa respeitar princípios ló- Observe no texto abaixo exemplos desses três mecanismos
gicos elementares. Não pode afirmar A e o contrário de A . Suas
destacados conforme a legenda:
ocorrências não podem se contradizer, devem ser compatíveis
– Negrito - repetição lexical;
entre si e com o mundo a que se referem, já que o mundo
– Sublinhado - campo semântico;
textual tem que ser compatível com o mundo que representa.
Esta não contradição expressa-se nos elementos linguísticos, – Maiúscula - sinonímia.
no uso do vocabulário, por exemplo. Em redações escolares,
costuma-se encontrar palavras que não condizem com os sig- Verde, vermelho, esquerda, direita
nificados pretendidos.
“O mundo gira, o tempo passa, e lá vem ela de novo: a
teoria de que o aquecimento global é uma farsa monta-
4. Relação: um texto articulado coerentemente possui relações
da por ex-comunistas desocupados. Então vamos às
estabelecidas, firmemente, entre suas informações, e essas têm
a ver umas com as outras. A relação em um texto refere-se à for- considerações. O problema é que essa hipótese não faz o
ma como seus conceitos se encadeiam, como se organizam, que menor sentido do ponto de vista político.
papéis exercem uns em relação aos outros. As relações entre os
É comum ouvir a ideia de que o ambientalismo nada mais
fatos têm que estar presentes e serem pertinentes.
é do que o refúgio da esquerda após a queda do muro de
COESÃO Berlim. No repertório conservador pós-1989, dizer que “o
verde é o novo vermelho” já virou piada velha. Continua
“A coesão não nos revela a significação do texto; revela-nos a sendo repetida, talvez consequência de a extrema direita
construção do texto enquanto edifício semântico.” europeia e americana ter perdido seu “inimigo de estima-
M. Halliday ção” – os estados comunistas de regime ditatorial
– do que de um verdadeiro acolhimento da causa ambien-
A metáfora acima representa de forma bastante eficaz o sen-
tido de coesão, ao compará-la às partes bem “amarradas” talista pela esquerda.
que compõem a estrutura de um edifício. As várias partes de
Em primeiro lugar, porque o ideal socialista de igualdade
uma frase devem se apresentar bem conectadas para que
e justiça não caiu com o muro. O colapso do comunis-
o texto cumpra sua função primordial – veículo entre o seu
articulador e seu leitor. mo na EUROPA livrou muitos povos de ditadores cruéis,
mas não solucionou desigualdades sociais e regionais,
Portanto, coesão é essa “amarração” entre as várias partes do nem mesmo na Alemanha. A esquerda europeia, portanto,
texto, ou seja, o entrelaçamento significativo entre declarações pode até acabar por incompetência eleitoral, mas não por
e sentenças. falta de injustiças contra as quais lutar. Ela abraçou a causa
verde, mas não a tem como um de seus eixos ideológicos
Vejam, pode-se dizer:
centrais.
Procurei Túlio, mas ele havia partido.
Porém, não se pode dizer: Fora do VELHO MUNDO, mesmo que alguns grupos de
Mas ele havia partido. Procurei Túlio. orientação socialista abracem questões como a preser-
vação da Amazônia, isso só ocorre em casos onde há
Observe que a sequência lógica das orações presentes em:
favorecimento mútuo. Quem quiser um contraexemplo
“Procurei Túlio” e depois “Mas ele havia partido.” doméstico pode achá-lo nas altas taxas de desmate em as-
sentamentos do Movimento Sem-terra. Quem quiser algo
O pronome “ele” retoma o substantivo e a conjunção “mas” do outro lado do mundo que tente achar um boto chinês
estabelece a oposição entre as duas orações. no rio Amarelo.

Existem, em nossa língua, dois tipos de coesão: a lexical e a Em segundo lugar, a maior questão ambiental em pauta
gramatical. hoje, o aquecimento global, já têm pontuado o discurso
de alguns cardeais do Partido Republicano nos EUA, como
• A coesão lexical é obtida pelas relações de sinônimos ou Arnold Schwarzenegger. O último candidato a presidente
quase sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos e formas re- pela sigla, John McCain, foi autor do primeiro projeto de
duzidas. lei do país para reduzir emissões de gases do efeito estufa.

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Língua Portuguesa
Matéria
Já na Europa a causa tem sido defendida por líderes como “A terceira é uma parte da crise da qual não vamos es-
Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, que a direita já deve estar capar: mudar de rumo no que diz respeito às estratégias
vendo como “perigosos comunistas”. Um trabalho do produtivas, para mitigar as mudanças climáticas.”
economista Nicholas Stern sob encomenda do ex-premiê http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u663630.shtml

britânico Tony Blair, pode ter algo a ver com essa “guinada • Os pronomes demonstrativos, no contexto textual, re-
à esquerda”, já que projeta expressivas perdas econômicas lacionam-se a uma pessoa do discurso, fazendo referência ao
advindas do impacto da mudança climática. Stern, aliás, substantivo que preenche o significado dela, e indicam a posi-
foi um dos grandes responsáveis por ajudar a transpor o ção do substantivo em relação ao que se declara dele:
debate ambiental da política para a economia. “Ampliar a rede universal de serviços sociais, ou seja, de
educação, saúde, saneamento e, quem sabe, habitação
Nos EUA, a bandeira dos céticos do clima foi então aban- popular, porque esses atuam no bem-estar da população
donada finalmente aos órfãos da administração Bush e ao sem a mediação do mercado.”
lobby emissor de CO2. Alguns ainda fazem água no Con- http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u663630.shtml
gresso, dificultando a aprovação da nova lei do país para
reduzir emissões. Forçaram Barack Obama a entrar um Há muitas coisas a serem consideradas. Essas fazem
cenário de impasse para atrasar o novo acordo global do grande diferença nos momentos de decisão.
clima. Tudo foi combinado com... o governo comunista
chinês! • Os pronomes indefinidos são aqueles que se referem à
terceira pessoa do discurso de modo impreciso, indeterminado,
Na Europa, a negação do aquecimento global acabou nas genérico:
mãos de uma extrema direita que já não tem força para
É difícil entender o que se passa de um lado quando se
soprar suas ideias políticas para além mar. Recorrendo à está do outro.
xenofobia como eixo de agrupamento ideológico regional,
ficou difícil fazer discurso fora do VELHO CONTINENTE.
Nessas situações, é melhor tentar mudar de assunto. Falar Muito cuidado na hora de usar os pronomes nos textos. Como
de ambiente pode ser uma boa escolha, caso seja possível são palavras que têm significado somente quando associados
atribuir rótulo ideológico à causa verde. Mas está difícil. a seus referentes, é preciso buscar sempre a associação cer-
ta, pois muitas vezes a distância entre referente e pronome
Ao que parece, a tática só convence os portadores de ca- pode gerar ambiguidades.
sos mais graves de daltonismo intelectual. Para quem sofre
desse mal, tudo o que não é cinza aparece em tons de • Os conectivos - conjunções e preposições - são responsá-
vermelho. Se houver muita gente assim, a teoria de que o veis pela ligação de elementos linguísticos (palavras, frases,
aquecimento global é uma conspiração de esquerda pode orações, períodos), podendo carregar ou não significado para
até se espalhar. Fenômenos físicos como o efeito estufa, as relações que fazem. As conjunções, assim como as prepo-
porém, não seguem orientação ideológica.” sições, não desempenham função sintática, o que ressalta seu
papel de elementos conectores:
Rafael Garcia. In: http://laboratorio.folha.blog.uol.com.br/arch2009-11-29_2009-12-05.
html#2009_12-03_15_33_55-137758372-0
“Sobre a queda do voo 447, a investigação francesa in-
MECANISMOS DE COESÃO GRAMATICAL dicou que os controladores brasileiros tentaram passar o
monitoramento do voo para os senegaleses, mas não ti-
• Os pronomes pessoais são palavras que têm sua carga veram resposta imediata. Não foi a causa da queda, como
significativa plena apenas quando os realacionamos a um subs- Lula fez questão de dizer, mas, segundo a apuração fran-
tantivo (já citado anteriormente ou que ainda será citado). cesa, pode ter retardado o início das buscas.”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/clovisrossi/ult10116u664681.shtml
Isso significa que um pronome nunca tem autonomia e, por se
relacionar a outro termo, torna-se peça fundamental na arqui- Nas duas situações em que a conjunção mas foi usada, vemos
tetura, na “amarração” deu um texto: que ela introduz uma oração que faz oposição à ideia da oração
O mundo mais parece uma caixinha de surpresas. Ele vive anterior, relacionando-as.
nos pregando peças. (O pronome ele refere-se ao termo
antecedente: mundo) Observe um caso de escolha inadequada da conjunção: “Em-
bora o Brasil seja um país de grandes recursos naturais, tenho
• Os pronomes possessivos associam a ideia de posse às certeza de que resolveremos o problea da fome”.
pessoas do discurso, relacionando a coisa possuída com a pes-
soa do possuidor.
Veja que não existe a relação de oposição ou a ideia de con-
“Em seu programa semanal Café com o Presidente, Lula cessão que justificaria a conjunção EMBORA. Como a relação
ressaltou que a decisão de prorrogar até junho de 2010 é de causa-efeito, deveria ter sido usada uma conjunção cau-
as desonerações em setores como a linha branca serve
sal: “Como o Brasil é um país de grandes recursos naturais,
para incentivar que o povo continue comprando, além de
tenho certeza de que resolveremos o problea da fome”.
fomentar a produção.”

• Pronomes relativos, além de retomarem um termo an- Para que problemas desse tipo não aconteçam em suas re-
tecedente, em geral introduzem uma oração subordinada e dações, acostume-se a relê-las, observando se suas pala-
desempenham função sintática nessa oração. O emprego in- vras, orações e períodos estão adequadamente relaciona-
correto de pronomes relativos (que, o qual, cujo) desestrutura dos.
por completo um texto: DELTAMO, Dileta. Escrevendo Melhor. Ed. Ática, 1995.

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Língua Portuguesa
Conectivos ou elementos de coesão são todas as palavras para depois negar seu valor de argumento. Trata-se de um
ou expressões que servem para estabelecer elos, para criar expediente de argumentação muito vigoroso: sem negar as
relações entre segmentos do discurso, tais como: então, possíveis objeções, afirma-se um ponto de vista contrário.
portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, aí, Ex.: Ainda que a ciência e a técnica tenham presenteado o
dessa forma, isto é, embora e tantas outras. Veja o exemplo: homem com abrigos confortáveis, pés velozes como o raio,
Israel possui um solo árido e pouco apropriado à olhos de longo alcance e asas para voar, não resolveram o
agricultura, porém chega a exportar certos produtos problema das injustiças. (Como se nota, mesmo concedendo
agrícolas. ou admitindo as grandes vantagens da técnica e da ciência,
afirma-se uma desvantagem maior.)
No caso, faz sentido o uso do porém, já que entre os dois O uso do embora e conectivos do mesmo sentido pressupõe
segmentos ligados existe uma contradição. Seria descabido uma relação de contradição, que, se não houver, deixa o
permutar o porém pelo porque, que serve para indicar causa. enunciado descabido.

Relação dos principais elementos de coesão: Certos elementos de coesão servem para estabelecer grada-
ção entre os componentes de uma certa escala. Alguns, como
ASSIM, DESSE MODO: têm um valor exemplificativo mesmo, até, até mesmo, situam alguma coisa no topo da
e complementar. A sequência introduzida por eles serve escala; outros, como ao menos, pelo menos, no mínimo,
normalmente para explicitar, confirmar ou ilustrar o que se situam-na no plano mais baixo.
disse antes. Ex.: O homem é ambicioso. Quer ser dono de bens materiais,
Ex.: O Governador resolveu não comprometer-se com da ciência, do próprio semelhante, até mesmo do futuro e da
nenhuma das facções em disputa pela liderança do partido. morte.
Assim, ele ficará à vontade para negociar com qualquer uma
que venha a vencer. É preciso garantir ao homem seu bem-estar: o lazer, a
cultura, a liberdade, ou, no mínimo, a moradia, o alimento e
E: anuncia o desenvolvimento do discurso e não a repetição a saúde.
do que foi dito antes; indica uma progressão que adiciona,
acrescenta, algum dado novo. Se não acrescentar nada, • Os advérbios dão as coordenadas sobre a localização no es-
constitui pura repetição e deve ser evitada. paço e no tempo dos elementos a que se referem e que podem
Ex.: Tudo permanece imóvel e fica sem se alterar. aparecer no contexto textual:
A casa de campo fica a 30 km daqui. Amanhã sairemos
AINDA: serve, entre outras coisas, para introduzir mais um cedo e logo estaremos lá.
argumento a favor de determinada conclusão, ou para incluir
um elemento a mais dentro de um conjunto qualquer. • Os ordenadores, como em resumo, por um lado, daí, então,
Ex.: O nível de vida dos brasileiros é baixo porque os salários para começar etc., encarregam-se da organização das informa-
são pequenos. Convém lembrar ainda que os serviços públicos ções no texto:
são extremamente deficientes.
“Pode até acontecer, mas é tolice ver no Chile-2009 uma
ALIÁS, ALÉM DO MAIS, ALÉM DE TUDO, ALÉM DISSO: espécie de espelho do Brasil-2010.
introduzem um argumento decisivo, apresentado como
acréscimo, como se fosse desnecessário, justamente para dar Primeiro porque situações de um país não podem, jamais,
o golpe final no argumento contrário. ser mecanicamente transplantadas para outro. Menos ain-
Ex.: Os salários estão cada vez mais baixos porque o processo da no caso do Chile, um dos dois únicos países sul-ameri-
inflacionário diminui consideravelmente seu poder de compra. canos (o outro é o Uruguai) em que o sistema partidário
Além de tudo são considerados como renda e taxados com não implodiu nem durante nem depois das ditaduras em
impostos. cada um deles.

ISTO É, QUER DIZER, OU SEJA, EM OUTRAS PALAVRAS: Segundo, ao contrário do governismo brasileiro, entrin-
cheirado atrás de Lula e de sua candidata, o governismo
introduzem esclarecimentos, retificações ou desenvolvimento
chileno se dividiu em duas candidaturas: há a oficial, do
do que foi dito anteriormente.
ex-presidente Eduardo Frei, democrata-cristão, e a há a
Ex.: Muitos jornais, fazem alarde de sua neutralidade em
alternativa, de Marco Enríquez-Ominami, um socialista que
relação aos fatos, isto é, de seu não comprometimento com
discordou do processo de escolha do candidato da Con-
nenhuma das forças em ação no interior da sociedade.
certación, a coligação DC-PS, e lançou-se como indepen-
MAS, PORÉM E OUTROS CONECTIVOS ADVERSATIVOS: dente.”
marcam oposição entre dois enunciados ou dois segmentos http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/clovisrossi/ult10116u665440.shtml

do texto. Não se podem ligar, com esses relatores, segmentos


que não se opõem. Às vezes, a oposição se faz entre
O IMPLÍCITO
significados implícitos no texto. Há dois tipos de implícitos: os pressupostos e os subentendidos.
Ex.: Choveu na semana passada, mas não o suficiente para
se começar o plantio. • Os pressupostos são ideias que não aparecem explicita-
mente em um enunciado, mas decorrem do sentido de certas
EMBORA, AINDA QUE, MESMO QUE: são relatores que palavras ou expressões pertencentes a este.
estabelecem ao mesmo tempo uma relação de contradição Exemplo:
e de concessão. Servem para admitir um dado contrário “João continua doente”.

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Língua Portuguesa
Esta frase nos traz o pressuposto de que João já estava doente É o conhecimento linguístico que nos permite reconhecer a
antes. O sentido do verbo “continuar” nos permite dizer isso. ambiguidade do texto em questão (pela posição em que se
situa a expressão sem a companhia ou autorização dos pais,
“O médico atendeu ao seu primeiro cliente”. pois permite a interpretação de que, com a companhia ou
autorização dos pais, os menores podem ir a rodeios e mo-
O adjetivo “primeiro” revela o pressuposto de que o médico téis). Mas o nosso conhecimento de mundo nos adverte de
não havia atendido ninguém ainda.
que essa interpretação é estranha e só pode ter sido produ-
Há algumas palavras que geralmente servem de marcadores e zida por engano do redator. É muito provável que ele tenha
pressupostos: tido a intenção de dizer que os menores estão proibidos de
A) adjetivos (ou palavras e expressões com valor adjetivo). ir a rodeios sem a companhia ou autorização dos pais e de
Ex.: Aquela é a moça mais feia da festa.
frequentarem motéis.
Pressuposto: há outras moças na festa que não são tão
feias como aquela.
B) certos verbos. PROVA AFTN/2005
Ex.: Juliana parou de fumar.
Pressuposto: Juliana fumava antes. Assinale a opção em que a estrutura sugerida para preenchi-
C) certos advérbios. mento da lacuna correspondente provoca defeito de coesão e
Ex.: O governo está pensando somente em reeleição. incoerência nos sentidos do texto.
Pressuposto: o governo não está pensando em mais nada.
A violência no País há muito ultrapassou todos os limites.
• Enquanto os pressupostos decorrem de alguma palavra ___1___ dados recentes mostram o Brasil como um dos paí-
contida na frase, não podendo, por isso, serem negados, o ses mais violentos do mundo, levando-se em conta o risco de
subentendido é uma insinuação que dependerá do ouvinte morte por homicídio.
para ser consumado.
Exemplo:
Em 1980, tínhamos uma média de, aproximadamente, doze
“Nossa! São três horas da manhã!” – diz a dona de casa a
homicídios por cem mil habitantes. ___2___, nas duas dé-
um convidado chato que veio para jantar e esqueceu-se de
cadas seguintes, o grau de violência intencional aumentou,
ir embora.
chegando a mais do que o dobro do índice verificado em 1980
Se esse convidado for realmente chato, ele poderá dizer – 121,6% –, ___3___, ao final dos anos 90 foi superado o
para a dona da casa: “São só três horas da manhã e você já patamar de 25 homicídios por cem mil habitantes. ___4___,
quer que eu vá embora? o PIB por pessoa em idade de trabalho decresceu 26,4%, isto
Como o subentendido tem a vantagem de poder ser negado, é, em média, a cada queda de 1% do PIB a violência crescia
a dona da casa poderá responder: “Imagine! Eu só queria mais do que 5% entre os anos 1980 e 1990.
dizer que ao seu lado o tempo passa voando!”.
Estudos do Banco Interamericano de Desenvolvimento mos-
Para entendermos melhor essas colocações, vamos trabalhar tram que os custos da violência consumiram, apenas no setor
juntos o texto a seguir: saúde, 1,9% do PIB entre 1996 e 1997. ___5___ a vitimização
RECUPERAÇÃO E APREENSÃO DE INFORMAÇÃO letal se distribui de forma desigual: são, sobretudo, os jovens
pobres e negros, do sexo masculino, entre 15 e 24 anos, que
Interessa a todos saber que procedimento se deve adotar têm pago com a própria vida o preço da escalada da violência
para se tirar o maior rendimento possível da leitura de um no Brasil.
texto. Mas não se pode responder a essa pergunta sem an- (Adaptado de http://www.brasil.gov.br/acoes.htm)
tes destacar que não existe para ela uma solução mágica,
o que não quer dizer que não exista solução alguma. Ge- a) 1 – Tanto é assim que
nericamente, pode-se afirmar que uma leitura proveitosa
b) 2 – Lamentavelmente
pressupõe, além do conhecimento linguístico propriamente
c) 3 – ou seja
dito, um repertório de informações exteriores ao texto, o
d) 4 – Simultaneamente
que se costuma chamar de conhecimento de mundo. A título
de ilustração, observe a questão seguinte, extraída de um e) 5 – Se bem que
concurso:
COMENTÁRIO: As lacunas no texto ocultam palavras e ex-
Às vezes, quando um texto é ambíguo, é o conhecimento de pressões que atuam como conectores – ligam orações esta-
mundo que o leitor tem dos fatos que lhe permite fazer uma belecendo relações semânticas entre os períodos. A banca
interpretação adequada do que se lê. Um bom exemplo é o sugere algumas opções de preenchimento.
texto que se segue:
Dessas, a única que não atende ao solicitado é a de número
5, uma vez que a expressão “Se bem que” deveria introduzir
As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas uma oração de valor concessivo, estabelecendo, assim, ideia
fitas de sexo explícito. A decisão atende a uma portaria contrária à que foi apresentada até então pelo texto.
de dezembro de 1991, do Juizado de Menores, que proí-
be que as casas de vídeo aluguem, exponham e vendam Verifica-se, contudo, que o que se segue ratifica as informa-
fitas pornográficas a menores de 18 anos. A portaria ções anteriores ao fornecer dados complementares às esta-
proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a motéis e tísticas sobre homicídios. Sendo aceita a sugestão da banca,
rodeios sem a companhia ou autorização dos pais. a coerência textual seria prejudicada. Por isso, o gabarito é
Folha Sudeste, 6/6/92 a opção E.

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Língua Portuguesa

EXERCÍCIOS 04. Assinale a opção que não constitui uma articulação coesa
e coerente para as duas partes do texto.
01. Assinale a opção que preenche, de forma coesa e coeren-
te, as lacunas do texto abaixo. O capital humano é a grande âncora do desenvolvimento na
Sociedade de Serviços, alimentada pelo conhecimento, pela
informação e pela comunicação, que se configuram como
O fenômeno da globalização econômica ocasionou uma série
peças-chave na economia e na sociedade do século XXI.
ampla e complexa de mudanças sociais no nível interno e
_____________,no mundo pós-moderno, um país ou uma co-
externo da sociedade, afetando, em especial, o poder regu-
munidade equivale à sua densidade e potencial educacional,
lador do Estado. _________________ a estonteante rapidez
cultural e científico-tecnológico, capazes de gerar serviços, in-
e abrangência _________ tais mudanças ocorrem, é preciso
formações, conhecimentos e bens tangíveis e intangíveis, que
considerar que em qualquer sociedade, em todos os tempos,
criem as condições necessárias para inovar, criar, inventar.
a mudança existiu como algo inerente ao sistema social.
(Aspásia Camargo, “Um novo paradigma de desenvolvimento”)
(Adaptado de texto da Revista do TCU, nº82)
a) Não obstante – com que
a) Diante dessas considerações,
b) Portanto – de que
b) É necessário considerar a ideia oposta de que,
c) De maneira que – a que
c) Partindo-se dessas premissas,
d) Porquanto – ao que
d) Tendo como pressupostos essas afirmações,
e) Quando – de que
e) Aceitando-se essa premissa, é preciso considerar que,
02. Marque a sequência que completa corretamente as lacu-
nas para que o trecho a seguir seja coerente. 05. Assinale a opção que não representa uma continuação
coesa e coerente para o trecho abaixo.
A visão sistêmica exclui o diálogo, de resto necessário numa
sociedade ________ forma de codificação das relações sociais É preciso garantir que as crianças não apenas fiquem na es-
encontrou no dinheiro uma linguagem universal. A validade cola, mas aprendam, e o principal caminho para isso, além
dessa linguagem não precisa ser questionada, ________ o de investimentos em equipamentos, é o professor. É preciso
sistema funciona na base de imperativos automáticos que ja- fazer com que o professor seja um profissional bem remune-
mais foram objeto de discussão dos interessados. rado, bem preparado e dedicado, ou seja, investir na cabeça,
no coração e no bolso do professor.
(Barbara Freytag, A Teoria Crítica Ontem e Hoje, pág. 61, com adaptações)

a) Qualquer esforço dessa natureza já tem sido feito há mui-


a) em que – posto que
tos anos e comprovou que os resultados são irrelevantes, pois
b) onde – em que
não há uma importação de tecnologia educacional.
c) cuja – já que
b) Tal investimento não custaria mais, em 15 anos, do que o
d) na qual – todavia
equivalente a duas Itaipus.
e) já que - porque
c) Esse esforço financeiro custaria muito menos do que o que
será preciso gastar daqui a 20 ou 30 anos para corrigir os
03. Leia o texto a seguir e assinale a opção que dá sequência
desastres decorrentes da falta de educação.
com coerência e coesão.
d) Isso custaria muitas vezes menos que o que foi gasto para
Em nossos dias, a ética ressurge e se revigora em muitas criar a infraestrutura econômica.
áreas da sociedade industrial e pós-industrial. Ela procura no- e) Um empreendimento dessa natureza exige como uma con-
vos caminhos para os cidadãos e as organizações, encarando dição preliminar: uma grande coalizão nacional, entre parti-
construtivamente as inúmeras modificações que são verifica- dos, lideranças, Estados, Municípios e União, todos voltados
das no quadro referencial de valores. A dignidade do indivíduo para o objetivo de chegarmos a 2022, o segundo centenário
passa a aferir-se pela relação deste com seus semelhantes, da Independência, sem a vergonha do analfabetismo.
muito em especial com as organizações de que participa e
(Adaptado de Cristovam Buarque, O Estado de S.Paulo)
com a própria sociedade em que está inserido.
(José de Ávila Aguiar Coimbra – Fronteiras da Ética, São Paulo, Editora 06. Os trechos abaixo compõem um texto, mas estão desor-
SENAC)
denados. Ordene-os para que componham um texto coeso e
coerente e indique a opção correta.
a) A sociedade moderna, no entanto, proclamou sua indepen- ( ) O primeiro desses presidentes foi Getúlio Vargas, que sou-
dência em relação a esse pensamento religioso predominante. be promover, com êxito, o modelo de substituição de importa-
b) Mesmo hoje, nem sempre são muito claros os limites entre
ções e abriu o caminho da industrialização brasileira, colocan-
essa moral e a ética, pois vários pensadores partem de con-
do, em definitivo, um ponto final na vocação exclusivamente
ceitos diferentes.
agrária herdada dos idos da colônia.
c) Não é de estranhar, pois, que tanto a administração pública
( ) O ciclo econômico subsequente que nos surpreendeu, sem
quanto a iniciativa privada estejam ocupando-se de proble-
dúvida, foi a modernização conservadora levada à prática pe-
mas éticos e suas respectivas soluções.
los militares, de forte coloração nacionalista e alicerçado nas
d) A ciência também produz a ignorância na medida em que
grandes empresas estatais.
as especializações caminham para fora dos grandes contextos
( ) Hoje, depois de todo esse percurso, o Brasil é uma econo-
reais, das realidades e suas respectivas soluções.
mia que mantém a enorme vitalidade do passado, porém, há
e) Paradoxalmente, cada avanço dos conhecimentos científi-
mais de duas décadas, procura, sem encontrar, o fio para sair
cos, unidirecionais produz mais desorientação e perplexidade
do labirinto da estagnação e retomar novamente o caminho
na esfera das ações a implementar, para as quais se pressu-
do desenvolvimento e da correção dos desequilíbrios sociais,
põe acerto e segurança.
que se agravam a cada dia.

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Língua Portuguesa
Matéria
( ) Com JK, o país afirmou a sua confiança na capacidade de Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em
realizar e pôde negociar em igualdade com os grandes in- importância e gravidade ao da educação. Nem mesmo os de
vestidores internacionais, mostrando, na prática, que oferecia caráter econômico lhe podem disputar a primazia nos planos
rentabilidade e segurança ao capital. de reconstrução nacional. Pois, se a evolução orgânica do sis-
( ) Em mais de um século, dois presidentes e um ciclo recente tema de um país depende de suas condições econômicas,
da economia atraíram as atenções pelo êxito nos programas
a) subordina-se o problema pedagógico à questão maior da
de desenvolvimento.
( ) Juscelino Kubitschek veio logo depois com seu programa filosofia da educação e dos fins a que devem se propor as
de 50 anos em 5, tornando a indústria automobilística uma escolas em todos os níveis de ensino.
realidade, construindo moderna infraestrutura e promovendo b) é impossível desenvolver as forças econômicas ou de pro-
a arrancada de setores estratégicos, como a siderurgia, o pe- dução sem o preparo intensivo das forças culturais.
tróleo e a energia elétrica. c) são elas as reais condutoras do processo histórico de arre-
gimentação das forças de renovação nacional.
(Emerson Kapaz, “Dedos cruzados” in: Revista Política d) o entrelaçamento das reformas econômicas e educacionais
Democrática nº 6, p. 39)
constitui fator de somenos relevância para o soerguimento da
cultura nacional.
a) 1º - 2º - 4º - 5º - 6º - 3º
e) às quais se associam os projetos de reorganização do siste-
b) 2º - 3º - 5º - 1º - 4º - 6º
ma educacional com vistas à renovação cultural da sociedade
c) 2º - 5º - 6º - 4º - 1º - 3º
brasileira.
d) 5º - 2º - 4º - 6º - 3º - 1º
e) 3º - 5º - 2º - 1º - 4º - 6º
GABARITO
07. Indique a opção que completa com coerência e coesão o 01. a 02. c 03. c 04. b
trecho a seguir.
05. a 06. c 07. b

ANOTAÇÕES
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10 REDAÇÃO OFICIAL
O QUE É REDAÇÃO OFICIAL criação – ou se aceite a existência – de uma forma específica
de linguagem administrativa, o que coloquialmente e
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma
maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e distorção do que deve ser a redação oficial, e se caracteriza
comunicações. pelo abuso de expressões e clichês do jargão burocrático e de
formas arcaicas de construção de frases.
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso
do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e
e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem infensa à evolução da língua. É que sua finalidade básica –
da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe
pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, correspondência particular, etc.
moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade
e a impessoalidade princípios fundamentais de toda Apresentadas essas características fundamentais da redação
administração pública, claro está que devem igualmente oficial, passemos à análise pormenorizada de cada uma delas.
nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.

Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza A IMPESSOALIDADE


seja redigido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite
sua compreensão. A transparência do sentido dos atos A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela
normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto legal não a) alguém que comunique,
seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, b) algo a ser comunicado, e
necessariamente, clareza e concisão. c) alguém que receba essa comunicação.
Além de atender à disposição constitucional, a forma dos
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço
atos normativos obedece a certa tradição. Há normas para
sua elaboração que remontam ao período de nossa história Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento,
imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade – estabelecida Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum
por decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de que se assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o
aponha, ao final desses atos, o número de anos transcorridos destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto
desde a Independência. Essa prática foi mantida no período dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos
republicano. outros Poderes da União.

Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformi- Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser
dade, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais
comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única decorre:
interpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o a) da ausência de impressões individuais de quem comunica:
que exige o uso de certo nível de linguagem. embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado
por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do
Nesse quadro, fica claro também que as comunicações Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim,
oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre um uma desejável padronização, que permite que comunicações
único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas
elaboradas em diferentes setores da Administração guardem
comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de
expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto entre si certa uniformidade;
dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com
público). duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
sempre concebido como público, ou a outro órgão público.
Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma
oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as homogênea e impessoal;
formas de tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o
a estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, universo temático das comunicações oficiais se restringe a
a fixação dos fechos para comunicações oficiais, regulados questões que dizem respeito ao interesse público, é natural
pela Portaria nº 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8 de que não cabe qualquer tom particular ou pessoal.
julho de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi
revogado pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste
Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões
Manual.
pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo
fazer das características específicas da forma oficial de redigir de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta da
não deve ensejar o entendimento de que se proponha a interferência da individualidade que a elabora.

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Língua Portuguesa
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão
nos valemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá
ainda, para que seja alcançada a necessária impessoalidade. sempre sua compreensão limitada.

A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações


A LINGUAGEM DOS ATOS que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos
E COMUNICAÇÕES OFICIAIS rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio
a determinada área, são de difícil entendimento por quem
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado,
nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a
caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos
finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de aos cidadãos.
caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos
cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, FORMALIDADE E PADRONIZAÇÃO
o que só é alcançado se em sua elaboração for empregada
a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes
oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza As comunicações oficiais devem ser sempre formais,
e objetividade. isto é, obedecem a certas regras de forma: além das já
mencionadas exigências de impessoalidade e uso do padrão
As comunicações que partem dos órgãos públicos federais culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de
devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto
brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento
de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a
dúvida que um texto marcado por expressões de circulação formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio
restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
jargão técnico, tem sua compreensão dificultada.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária
Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a uniformidade das comunicações. Ora, se a administração
língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, federal é una, é natural que as comunicações que expede
reflete de forma imediata qualquer alteração de costumes, sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão
e pode eventualmente contar com outros elementos que exige que se atente para todas as características da redação
auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc., oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos.
para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por
essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto
as transformações, tem maior vocação para a permanência, e definitivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis
vale-se apenas de si mesma para comunicar. para a padronização.

A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, CONCISÃO E CLAREZA


de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma
carta a um amigo, podemos nos valer de determinado padrão A concisão é antes uma qualidade do que uma característica
de linguagem que incorpore expressões extremamente do texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um
pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que
estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha,
Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve,
uso que se faz da língua, a finalidade com que a empregamos. o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto.
É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo
de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de
que: a) se observam as regras da gramática formal, e b) se empregar o mínimo de palavras para informar o máximo.
emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do Não se deve de forma alguma entendê-la como economia
idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens
do padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-
está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas se exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias,
regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a
pretendida compreensão por todos os cidadãos. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em
todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade ideias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido
de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas existem também
expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica ideias secundárias que não acrescentam informação alguma
emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais,
sintáticos e figuras de linguagem próprios da língua literária. podendo, por isso, ser dispensadas.
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial,
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá conforme já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-
se definir como claro aquele texto que possibilita imediata
preferência pelo uso de determinadas expressões, ou será
compreensão pelo leitor. No entanto a clareza não é algo
obedecida certa tradição no emprego das formas sintáticas, que se atinja por si só: ela depende estritamente das demais
mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a características da redação oficial. Para ela concorrem:

101
Língua Portuguesa
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpreta- vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa
ções que poderia decorrer de um tratamento personalista santidade.”2
dado ao texto;
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en- A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indi-
tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circu- reto já estava em voga também para os ocupantes de certos
lação restrita, como a gíria e o jargão; cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres- para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu
cindível uniformidade dos textos; em desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos lin- pronomes de tratamento indireto como forma de dirigirmo-
guísticos que nada lhe acrescentam. nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas.

É pela correta observação dessas características que se redige CONCORDÂNCIA COM OS


com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de PRONOMES DE TRATAMENTO
todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de tre-
chos obscuros e de erros gramaticais provém principalmente Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indire-
da falta da releitura que torna possível sua correção. ta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordância
verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem
será de fácil compreensão por seu destinatário. O que nos se dirige a comunicação), levam a concordância para a ter-
parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domí- ceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que
nio que adquirimos sobre certos assuntos em decorrência de integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria
nossa experiência profissional muitas vezes faz com que os nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a prono-
verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos mes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa
técnicos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”).
específicos que não possam ser dispensados. Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero
gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refe-
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa re, e não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se
com que são elaboradas certas comunicações quase sempre nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência
compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for
um texto que não seja seguida por sua revisão. mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria
deve estar satisfeita”.
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a má-
xima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercus- EMPREGO DOS PRONOMES
são no redigir.
DE TRATAMENTO
AS COMUNICAÇÕES Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece
a secular tradição. São de uso consagrado:
OFICIAIS Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, se- a) do Poder Executivo;
guir os preceitos explicitados anteriormente. Além disso, há Presidente da República;
características específicas de cada tipo de expediente, que Vice-Presidente da República;
serão tratadas em detalhe. Antes de passarmos à sua análise,
vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalida- Ministros de Estado3;
des de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tra- Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito
tamento, a forma dos fechos e a identificação do signatário. Federal;
Oficiais-Generais das Forças Armadas;
PRONOMES DE TRATAMENTO Embaixadores;
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de
BREVE HISTÓRIA DOS cargos de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
PRONOMES DE TRATAMENTO
Prefeitos Municipais.
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento
tem larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said b) do Poder Legislativo:
Ali1, após serem incorporados ao português, os pronomes la- Deputados Federais e Senadores;
tinos tu e vos, “como tratamento direto da pessoa ou pessoas Ministro do Tribunal de Contas da União;
a quem se dirigia a palavra”, passou-se a empregar, como Deputados Estaduais e Distritais;
expediente linguístico de distinção e de respeito, a segunda Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia su-
perior. Prossegue o autor: Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
c) do Poder Judiciário:
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que Ministros dos Tribunais Superiores;
se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente da Membros de Tribunais;
pessoa de categoria superior, e não a ela própria. Assim apro-
ximavam-se os vassalos de seu rei com o tratamento de vossa 2 Id. Ibid.
3 Nos termos do Decreto no 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, art. 28, parágrafo
mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se o tratamento ducal único, são Ministros de Estado, além dos titulares dos Ministérios: o Chefe da
de vossa excelência e adotaram-se na hierarquia eclesiástica Casa Civil da Presidência da República, o Chefe do Gabinete de Segurança Insti-
1 SAID ALI, Manoel. Gramática secundária histórica da língua portuguesa . 3ª. tucional, o Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Advogado-
ed. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1964. p. 93-94. Geral da União e o Chefe da Corregedoria-Geral da União.

102
Língua Portuguesa
Juízes; vocativo correspondente é:
Auditores da Justiça Militar. Santíssimo Padre, (...)
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima,
Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car- em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
go respectivo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reveren-
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, díssimo Senhor Cardeal, (...)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunica-
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fe- ções dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssi-
deral. ma ou Vossa Senhoria Reverendíssima para Monsenho-
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Se- res, Cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é
nhor, seguido do cargo respectivo: empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos.
Senhor Senador,
Senhor Juiz, FECHOS PARA COMUNICAÇÕES
Senhor Ministro, O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
Senhor Governador. óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re-
às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte gulados pela Portaria nº 1 do Ministério da Justiça, de 1937,
forma: que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los
A Sua Excelência o Senhor e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de so-
Fulano de Tal mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de
Ministro de Estado da Justiça comunicação oficial:
70.064-900 – Brasília. DF a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re-
pública:
A Sua Excelência o Senhor Respeitosamente,
Senador Fulano de Tal b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia
Senado Federal inferior:
70.165-900 – Brasília. DF Atenciosamente,
A Sua Excelência o Senhor Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a
Fulano de Tal autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró-
Juiz de Direito da 10a Vara Cível prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do
Rua ABC, no 123 Ministério das Relações Exteriores.
01.010-000 – São Paulo. SP
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento IDENTIFICAÇÃO DO SIGNATÁRIO
digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Re-
dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo pública, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
público, sendo desnecessária sua repetida evocação. o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a
para particulares. O vocativo adequado é: seguinte:
Senhor Fulano de Tal, (espaço para assinatura)
(...) NOME
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
No envelope, deve constar do endereçamento: (espaço para assinatura)
Ao Senhor NOME
Fulano de Tal Ministro de Estado da Justiça
Rua ABC, no 123
70.123 – Curitiba. PR Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura
em página isolada do expediente. Transfira para essa página
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o
ao menos a última frase anterior ao fecho.
emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que
recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares.
É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. O PADRÃO OFÍCIO
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim
título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela
regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memoran-
a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso do. Com o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagra-
universitário de doutorado. É costume designar por doutor
mação única, que siga o que chamamos de padrão ofício. As
os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a peculiaridades de cada um serão tratadas adiante; por ora
desejada formalidade às comunicações. busquemos as suas semelhanças.
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, em-
pregada por força da tradição, em comunicações dirigidas a PARTES DO DOCUMENTO NO
reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo:
Magnífico Reitor, (...)
PADRÃO OFÍCIO
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a partes:
hierarquia eclesiástica, são: a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O que o expede:

103
Língua Portuguesa
Exemplos: a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de cor-
Mem. 123/2002-MF po 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de
Aviso 123/2002-SG Of. rodapé;
123/2002-MME b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman,
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com ali- poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
nhamento à direita: c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número
Exemplo: da página;
Brasília, 15 de março de 1991. d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser im-
pressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens
c) assunto: resumo do teor do documento:
esquerda e direta terão as distâncias invertidas nas páginas
Exemplos:
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. pares (“margem espelho”);
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
distância da margem esquerda;
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é diri- f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no
gida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído tam- mínimo, 3,0 cm de largura;
bém o endereço. g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminha- h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e
mento de documentos, o expediente deve conter a seguinte de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto
estrutura: utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
– introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado,
na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo,
Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a
de”, “Cumpre-me informar que”, empregue elegância e a sobriedade do documento;
a forma direta; j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel
– desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto branco. A impressão colorida deve ser usada
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser apenas para gráficos e ilustrações;
tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser
à exposição; impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapre- x 21,0 cm;
sentada a posição recomendada sobre o assunto. m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arqui-
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos vo Rich Text nos documentos de texto;
casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos n) dentro do possível, todos os documentos elaborados de-
e subtítulos. vem ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior
ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem
a estrutura é a seguinte: ser formados da seguinte maneira:
– introdução: deve iniciar com referência ao expediente que tipo do documento + número do documento + palavras-cha-
solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não ves do conteúdo
tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do mo- Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
tivo da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir
os dados completos do documento encaminhado (tipo, data,
origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela AVISO E OFÍCIO
qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:
DEFINIÇÃO E FINALIDADE
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991,
encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril
de 1990, do Departamento Geral de Administração, que Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial prati-
trata da requisição do servidor Fulano de Tal.” camente idênticas. A única diferença entre eles é que o avi-
ou so é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para
autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é
“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa có-
expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm como
pia do telegrama no 12, de 1º de fevereiro de 1991, do
finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da
Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a
Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também
respeito de projeto de modernização de técnicas agríco-
com particulares.
las na região Nordeste.”
– desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer FORMA E ESTRUTURA
algum comentário a respeito do documento que encaminha,
poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do pa-
contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou drão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o desti-
ofício de mero encaminhamento. natário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula.
f) fecho (Techos para Comunicações); Exemplos:
g) assinatura do autor da comunicação; e Excelentíssimo Senhor Presidente da República
h) identificação do signatário (Identificação do Signatário). Senhora Ministra
Senhor Chefe de Gabinete
FORMA DE DIAGRAMAÇÃO Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as se-
guintes informações do remetente:
Os documentos do Padrão Ofícios4 devem obedecer à seguin-
te forma de apresentação: – nome do órgão ou setor;
4 O constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à mensa-
– endereço postal;
gem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem). – telefone e endereço de correio eletrônico.

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Língua Portuguesa
Matéria

105
Língua Portuguesa
Matéria

MEMORANDO pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar


desnecessário aumento do número de comunicações, os des-
pachos ao memorando devem ser dados no próprio documen-
DEFINIÇÃO E FINALIDADE to e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação.
Esse procedimento permite formar uma espécie de processo
O memorando é a modalidade de comunicação entre unida- simplificado, assegurando maior transparência à tomada de
des administrativas de um mesmo órgão, que podem estar decisões, e permitindo que se historie o andamento da maté-
hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. ria tratada no memorando.
Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminen-
temente interna.
FORMA E ESTRUTURA
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empre-
gado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão
serem adotados por determinado setor do serviço público. ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser
mencionado pelo cargo que ocupa.
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do me- Exemplos:
morando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos

106
Língua Portuguesa
Matéria

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS FORMA E ESTRUTURA


Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação
DEFINIÇÃO E FINALIDADE do padrão ofício (O Padrão Ofício). O anexo que acompa-
nha a exposição de motivos que proponha alguma medida ou
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da apresente projeto de ato normativo, segue o modelo descrito
República ou ao Vice-Presidente para: adiante.
a) informá-lo de determinado assunto;
b) propor alguma medida; ou A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apre-
c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo. senta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela que
tenha caráter exclusivamente informativo e outra para a que
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da proponha alguma medida ou submeta projeto de ato norma-
República por um Ministro de Estado. tivo.

Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um No primeiro caso, o da exposição de motivos que simples-
Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por mente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da
todos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chama- República, sua estrutura segue o modelo antes referido para
da de interministerial. o padrão ofício.

107
Língua Portuguesa
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do 7. Alterações propostas
Presidente da República a sugestão de alguma medida a ser
Texto atual Texto proposto
adotada ou a que lhe apresente projeto de ato normativo –
embora sigam também a estrutura do padrão ofício –, além
de outros comentários julgados pertinentes por seu autor, de-
vem, obrigatoriamente, apontar: 8. Síntese do parecer do órgão jurídico
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar-
medida ou do ato normativo proposto; retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e complete o exame ou se reformule a proposta.
eventuais alternativas existentes para equacioná-lo;
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de
motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a
ou qual ato normativo deve ser editado para solucionar o pro-
edição de ato normativo tem como finalidade:
blema.
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se bus-
ca resolver;
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do
de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o se- problema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou
guinte modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de a edição do ato, em consonância com as questões que devem
28 de março de 2002. ser analisadas na elaboração de proposições normativas no
âmbito do Poder Executivo (v. 10.4.3.).
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério c) conferir perfeita transparência aos atos propostos.
ou órgão equivalente) no , de de de 20 .
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser anali-
sadas na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder
1. Síntese do problema ou da situação que reclama provi-
Executivo, o texto da exposição de motivos e seu anexo com-
dências
plementam-se e formam um todo coeso: no anexo, encontra-
mos uma avaliação profunda e direta de toda a situação que
está a reclamar a adoção de certa providência ou a edição de
2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na um ato normativo; o problema a ser enfrentado e suas cau-
medida proposta sas; a solução que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as
alternativas existentes. O texto da exposição de motivos fica,
assim, reservado à demonstração da necessidade da provi-
dência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá
3. Alternativas existentes às medidas propostas o problema.

Mencionar: Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (no-
• se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; meação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, re-
• se há projetos sobre a matéria no Legislativo; versão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção,
exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposenta-
• outras possibilidades de resolução do problema.
doria), não é necessário o encaminhamento do formulário de
anexo à exposição de motivos.
4. Custos
Ressalte-se que:
Mencionar: – a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico
• se a despesa decorrente da medida está prevista na não dispensa o encaminhamento do parecer completo;
lei orçamentária anual; se não, quais as alternativas para – o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
custeá-la; pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão
• se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordi- dos comentários a serem ali incluídos.
nário, especial ou suplementar; Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que
• valor a ser despendido em moeda corrente. a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza,
concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e uso
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somen- do padrão culto de linguagem) deve ser redobrada.
te se o ato proposto for medida provisória ou projeto de lei A exposição de motivos é a principal modalidade de comu-
que deva tramitar em regime de urgência) nicação dirigida ao Presidente da República pelos Ministros.

Mencionar: Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia


• se o problema configura calamidade pública; ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser
• por que é indispensável a vigência imediata; publicada no Diário Oficial da União, no todo ou em parte.
• se se trata de problema cuja causa ou agravamento não
tenham sido previstos; MENSAGEM
• se se trata de desenvolvimento extraordinário de situa-
ção já prevista. DEFINIÇÃO E FINALIDADE
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
medida proposta possa vir a tê-lo) Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo
Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar
sobre fato da Administração Pública; expor o plano de gover-

108
Língua Portuguesa
no por ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III,
ao Congresso Nacional matérias que dependem de delibera- e 83), e a autorização é da competência privativa do Congres-
ção de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer so Nacional.
comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes
públicos e da Nação. O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia,
quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministé- comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes men-
rios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a sagens idênticas.
redação final.
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso concessão de emissoras de rádio e TV.
Nacional têm as seguintes finalidades: A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Congresso
Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Constituição.
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen- Somente produzirão efeitos legais a outorga ou renovação da
tar ou financeira. concessão após deliberação do Congresso Nacional (Consti-
Os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em tuição, art. 223, § 3º ). Descabe pedir na mensagem a urgên-
regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Consti- cia prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1º do
tuição, art. 64, §§ 1º a 4º). Cabe lembrar que o projeto pode art. 223 já define o prazo da tramitação.
ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto
de nova mensagem, com solicitação de urgência. Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensa-
gem o correspondente processo administrativo.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do
Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.
da Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro Secre- O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após
tário da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Na-
tramitação (Constituição, art. 64, caput). cional as contas referentes ao exercício anterior (Constituição,
art. 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista per-
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem manente (Constituição, art. 166, § 1º), sob pena de a Câmara
plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anu- dos Deputados realizar a tomada de contas (Constituição, art.
ais e créditos adicionais), as mensagens de encaminhamento 51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Re-
dirigem-se aos Membros do Congresso Nacional, e os res- gimento Interno.
pectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário do
Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
impõe a deliberação congressual sobre as leis financeiras em Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situa-
sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento ção do País e solicitação de providências que julgar necessá-
comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está o rias (Constituição, art. 84, XI).
Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5º),
que comanda as sessões conjuntas. O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidên-
cia da República. Esta mensagem difere das demais porque
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvido vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas em
no âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame forma de livro.
técnico, jurídico e econômico-financeiro das matérias objeto
das proposições por elas encaminhadas. h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio-
Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos ór- nal, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa
gãos interessados no assunto das proposições, entre eles o onde se originaram os autógrafos. Nela se informa o número
da Advocacia-Geral da União. Mas, na origem das propostas, que tomou a lei e se restituem dois exemplares dos três au-
as análises necessárias constam da exposição de motivos do tógrafos recebidos, nos quais o Presidente da República terá
órgão onde se geraram (Exposição de Motivos) – exposição aposto o despacho de sanção.
que acompanhará, por cópia, a mensagem de encaminha-
mento ao Congresso. i) comunicação de veto.
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art.
b) encaminhamento de medida provisória. 66, § 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do
o Presidente da República encaminha mensagem ao Congres- veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário Oficial da
so, dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secre- União (Forma e Estrutura), ao contrário das demais mensa-
tário do Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, gens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao
autenticada pela Coordenação de Documentação da Presidên- Poder Legislativo.
cia da República.
j) outras mensagens.
c) indicação de autoridades. Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação mensagens com:
de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistra- – encaminhamento de atos internacionais que acarretam en-
dos dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
e Diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República, – pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera-
Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm em vista que a Cons- ções e prestações interestaduais e de exportação (Constitui-
tituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa ção, art. 155, § 2º, IV);
do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a – proposta de fixação de limites globais para o montante da
indicação. dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado, acom- – pedido de autorização para operações financeiras externas
panha a mensagem. (Constituição, art. 52, V); e outros.
Entre as mensagens menos comuns estão as de:
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre- – convocação extraordinária do Congresso Nacional (Consti-
sidente da República se ausentarem do País por mais de 15 tuição, art. 57, § 6º);
dias.

109
Língua Portuguesa
Matéria
– pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da – pedido de autorização para alienar ou conceder terras pú-
República (art. 52, XI, e 128, § 2º); blicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188,
– pedido de autorização para declarar guerra e decretar mo- § 1º); etc.
bilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
– pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz FORMA E ESTRUTURA
(Constituição, art. 84, XX); As mensagens contêm:
– justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, hori-
prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º); zontalmente, no início da margem esquerda: Mensagem nº
– pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons- b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
tituição, art. 137); cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
– relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio esquerda:
ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal;
– proposta de modificação de projetos de leis financeiras c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
(Constituição, art. 166, § 5º); d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto,
– pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda direita.
ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constitui-
ção, art. 166, § 8º); A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente
da República, não traz identificação de seu signatário.

110
Língua Portuguesa
Matéria

TELEGRAMA FAX
DEFINIÇÃO E FINALIDADE DEFINIÇÃO E FINALIDADE
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-simile) é uma
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os pro- forma de comunicação que está sendo menos usada devido
cedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegra- ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmis-
ma toda comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, são de mensagens urgentes e para o envio antecipado de do-
telex, etc.. cumentos, de cujo conhecimento há premência, quando não
há condições de envio do documento por meio eletrônico.
Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos co-
via e na forma de praxe.
fres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir-se
o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xe-
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência rox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
justifique sua utilização e, também em razão de seu custo modelos, se deteriora rapidamente.
elevado, esta forma de comunicação deve pautar-se pela con-
cisão (Concisão e Clareza). FORMA E ESTRUTURA
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estru-
FORMA E ESTRUTURA tura que lhes são inerentes.
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutu- É conveniente o envio, juntamente com o documento princi-
ra dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em pal, de folha de rosto, isto é, de pequeno formulário com os
seu sítio na Internet. dados de identificação da mensagem a ser enviada, conforme
exemplo a seguir:

CORREIO ELETRÔNICO Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirma-


ção de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da men-
sagem pedido de confirmação de recebimento.
DEFINIÇÃO E FINALIDADE
O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celerida- VALOR DOCUMENTAL
de, transformou-se na principal forma de comunicação para
transmissão de documentos. Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que
FORMA E ESTRUTURA possa ser aceito como documento original, é necessário exis-
tir certificação digital que ateste a identidade do remetente,
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua na forma estabelecida em lei.
flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para Fonte: manual de redação da presidência república. https://www.planalto.gov.
sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem br/ccivil_03/manual/index.htm
incompatível com uma comunicação oficial (A Linguagem dos
Atos e Comunicações Oficiais). ATOS NORMATIVOS
O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensa- LEI ORDINÁRIA
gem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização
documental tanto do destinatário quanto do remetente.
DEFINIÇÃO
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado,
preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que
encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas A lei ordinária é um ato normativo primário e contém, em
sobre seu conteúdo. regra, normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam defi-

111
Língua Portuguesa
nidas, normalmente, pela generalidade e abstração (“lei ma- Epígrafe
terial”), estas contêm, não raramente, normas singulares (“lei
formal” ou “ato normativo de efeitos concretos”). A epígrafe é a parte do ato que o qualifica na ordem jurídica
Exemplo de lei formal: e o situa no tempo, por meio da data, da numeração e da
– Lei orçamentária anual (Constituição, art. 165, § 5º); denominação.
– Leis que autorizam a criação de empresas públicas, socieda-
des de economia mista, autarquias e fundações
Exemplo de epígrafe:
(Constituição, art. 37, XIX).
LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990.
O STF tem entendido que os atos normativos de efeitos con-
Ementa ou Rubrica da Lei
cretos, por não terem o conteúdo material de ato normativo,
não se sujeitam ao controle abstrato de constitucionalidade.51 A ementa é a parte do ato que sintetiza o conteúdo da lei, a
fim de permitir, de modo imediato, o conhecimento da maté-
OBJETO ria legislada.
Exemplo de ementa:
O Estado de Direito (Constituição, art. 1º) define-se pela sub- Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
missão de diversas relações da vida ao Direito. Assim, não providências.
deveria haver, em princípio, domínios vedados à lei. Essa afir-
mativa é, todavia, apenas parcialmente correta. A síntese contida na ementa deve resumir o tema central ou a
finalidade principal da lei; evite-se, portanto, mencionar ape-
A Constituição exclui, expressamente, do domínio da lei, as nas um tópico genérico da lei acompanhado do clichê “e dá
matérias da competência exclusiva do Congresso Nacional outras providências”.
(art. 49), que devem ser disciplinadas mediante decreto le-
gislativo. Também não podem ser tratadas por lei as matérias Preâmbulo
que integram as competências privativas do Senado e da Câ-
mara (Constituição, arts. 51 e 52). O preâmbulo contém a declaração do nome da autoridade, do
cargo em que se acha investida e da atribuição constitucional
Por fim, a Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro em que se funda para promulgar a lei e a ordem de execução
de 2001, reservou matérias para decreto do Presidente da ou mandado de cumprimento, a qual prescreve a força coati-
República (art. 84, VI, alíneas a e b). va do ato normativo.
Exemplo de autoria:
Acentue-se, por outro lado, que existem matérias que somen- O Presidente da República
te podem ser disciplinadas por lei ordinária, sendo, aliás, ve- Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono
dada a delegação (Constituição, art. 68, § 1º, I, II, III). a seguinte lei (...)

FORMA E ESTRUTURA Exemplo de ordem de execução:


O Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
A estrutura da lei é composta por dois elementos básicos: a
ordem legislativa e a matéria legislada. Âmbito de aplicação

A ordem legislativa compreende a parte preliminar e o fecho O primeiro artigo da lei indicará o objeto e o âmbito de apli-
da lei; a matéria legislada diz respeito ao texto ou corpo da cação do ato normativo a ser editado de forma específica, em
lei. conformidade com o conhecimento técnico ou científico da
área respectiva.
ORDEM LEGISLATIVA
Fecho da Lei
Das partes do ato normativo
Consagrou-se, entre nós, que o fecho dos atos legislativos ha-
O projeto de ato normativo é estruturado em três partes bá-
veria de conter referência aos dois acontecimentos marcantes
sicas:
de nossa História: Declaração da Independência e Proclama-
a) A parte preliminar, com a epígrafe, a ementa, o preâmbulo,
ção da República6.2
o enunciado do objeto e a indicação do âmbito de aplicação
Exemplo de fecho de lei:
das disposições normativas;
“Brasília, 11 de setembro de 1991, 169º da Independência e
b) A parte normativa, com as normas que regulam o objeto
102º da República.”
definido na parte preliminar;
c) A parte final, com as disposições sobre medidas necessá-
Matéria Legislada: Texto ou Corpo da Lei
rias à implementação das normas constantes da parte norma-
tiva, as disposições transitórias, se for o caso, a cláusula de O texto ou corpo da lei contém a matéria legislada, isto é,
vigência e a cláusula de revogação, quando couber. as disposições que alteram a ordem jurídica. Ele é composto
5 ADInsMC 205-MA (RTJ 131/1007), 842-DF (RTJ 147/545), ADInMC 647-DF por artigos, que, dispostos em ordem numérica, enunciam as
(RTJ 140/36), ADInMC 842-DF (RTJ 147 /545), ADInMC 1.827-SP, rel. Min Néri regras sobre a matéria legislada.
da Silveira, julg. em 13.5.98, e ADIn 2.484-DF, rel. Min. Carlos Velloso, julg.
em 19.12.2001. 6 Cf., a propósito, “1. O que é Redação Oficial”.

112
Língua Portuguesa
Na tradição legislativa brasileira, o artigo constitui a unidade A revogação é específica quando precisa a lei ou leis, ou parte
básica para a apresentação, a divisão ou o agrupamento de da lei que ficam revogadas.
assuntos de um texto normativo. Os artigos desdobram-se em
parágrafos e incisos, e estes em alíneas. Por exemplo, o art. Exemplo de cláusulas revogatórias específicas:
206 do Código Civil de 10 de janeiro de 2002: “Fica revogada a Lei nº 4.789, de 14 de outubro de 1965.”
“Art. 206. Prescreve: “Ficam revogadas as Leis nos 3.917, de 14 de julho de 1961,
§ 1º Em um ano: 5.887, de 31 de maio de 1973, e 6.859, de 24 de novembro
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres de 1980.”
destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pa- “Ficam revogados os arts. 16, 17 e 29 da Lei nº 7.998, de 11
gamento da hospedagem ou dos alimentos; de janeiro de 1990.”
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste
contra aquele, contado o prazo: Ademais, importantes doutrinadores já ressaltavam a desne-
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade cessidade da cláusula revogatória genérica, uma vez que a
civil, da data em que é citado para responder à ação de inde- derrogação do direito anterior decorre da simples incompati-
nização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a bilidade coma nova disciplina jurídica conferida à matéria (Lei
este indeniza, com a anuência do segurador; de Introdução ao Código Civil, art.2º, § 1º).
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da
Destarte, afigura-se mais útil o emprego da cláusula espe-
pretensão; (...)”
cífica, que – além de cumprir a finalidade de marcar o en-
cerramento do texto legislativo – remete com precisão aos
Agrupamento de Artigos dispositivos revogados.

Como assinalado no item “9.2.2., Sistemática Externa”, a di- Cláusula de Vigência


mensão de determinados textos legais exige uma sistemati-
Além da cláusula de revogação, o texto ou corpo do ato nor-
zação adequada. No direito brasileiro consagra-se a seguinte
mativo contém, normalmente, cláusula que dispõe sobre a
prática para a divisão das leis mais extensas:
sua entrada em vigor. Caso a lei não consigne data ou prazo
– um conjunto de artigos compõe uma SEÇÃO;
para entrada em vigor, aplica-se preceito constante do art. 1º
– uma seção é composta por várias SUBSEÇÕES;
da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual, salvo
– um conjunto de seções constitui um CAPÍTULO;
disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país
– um conjunto de capítulos constitui um TÍTULO;
45 dias após a sua publicação.
– um conjunto de títulos constitui um LIVRO.
Se a estrutura alentada do texto requerer desdobramentos, Assinatura e Referenda
adotam-se as PARTES, que se denominam Parte Geral e Parte
Especial7.3 Para terem validade, os atos normativos devem ser assinados
Por exemplo, o Código Civil de 10 de janeiro de 2002: pela autoridade competente. Trata-se de práxis amplamente
PARTE GERAL consolidada no Direito Constitucional e Administrativo brasi-
LIVRO I leiros.
DAS PESSOAS
TÍTULO I As leis devem ser referendadas pelos Ministros de Estado que
DAS PESSOAS NATURAIS respondam pela matéria (Constituição, art. 87, parágrafo úni-
CAPÍTULO I co, I), que assumem, assim, a co-responsabilidade por sua
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE execução e observância8. No caso dos atos de nomeação de
CAPÍTULO II Ministro de Estado, a referenda será sempre do Ministro de
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Estado da Justiça, nos termos do art. 29 do Decreto nº 4.118,
CAPÍTULO III de 7 de fevereiro de 2002, que “Dispõe sobre a organização
DA AUSÊNCIA da Presidência da República e dos Ministérios e dá outras pro-
Seção I vidências”.
Da Curadoria dos Bens do Ausente
Seção II LEI COMPLEMENTAR
Da Sucessão Provisória
DEFINIÇÃO
Seção III
Da Sucessão Definitiva As leis complementares constituem um terceiro tipo de leis
que não ostentam a rigidez dos preceitos constitucionais, e
Cláusula de Revogação tampouco comportam a revogação por força de qualquer lei
ordinária superveniente9. Com a instituição de lei comple-
Até a edição da Lei Complementar nº 95, de 1998, (art. 9º –
mentar buscou o constituinte resguardar certas matérias de
v. Apêndice) a cláusula de revogação podia ser específica ou
caráter paraconstitucional contra mudanças céleres ou apres-
geral. Desde então, no entanto, admite-se somente a cláusula
sadas, sem lhes imprimir uma rigidez exagerada, que dificul-
de revogação específica. Assim, atualmente é incorreto o uso
taria sua modificação.
de cláusula revogatória do tipo “Revogam-se as disposições
em contrário.”. 8 PINHEIRO, Hesio Fernandes. Técnica legislativa. Rio de Janeiro, 1962. p.
189-190.
7 V., a propósito, Pinheiro, Hesio Fernandes. Técnica legislativa. Rio de Janeiro, 9 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 17. ed. São
1962. p. 110s. Paulo, 1989. p. 183.

113
Língua Portuguesa
A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta – Lei dos Estados que institui regiões metropolitanas, aglome-
de cada uma das Casas do Congresso (Constituição, art. 69). rações urbanas e microrregiões. (art. 25, § 3º);
– Lei que define as áreas de autuação de sociedades de eco-
OBJETO
nomia mista, empresas públicas e fundações criadas pelo po-
Caberia indagar se a lei complementar tem matéria própria. der público (art. 37, XIX);
Poder-se-ia afirmar que, sendo toda e qualquer lei uma com- – Lei que estabelece exceções aos limites de idade para apo-
plementação da Constituição, a sua qualidade de lei comple- sentadoria do servidor público no caso de exercício de ati-
mentar seria atribuída por um elemento de índole formal, que vidades consideradas penosas, insalubres ou perigosas (art.
é a sua aprovação pela maioria absoluta de cada uma das 40, § 4º);
Casas do Congresso. A qualificação de uma lei como comple- – Lei que dispõe sobre as normas gerais para a instituição
mentar dependeria, assim, de um elemento aleatório. Essa de regime de previdência complementar pela União, Estados,
não é a melhor interpretação. Ao estabelecer um terceiro tipo, Distrito Federal e Municípios, para atender aos seus respecti-
pretendeu o constituinte assegurar certa estabilidade e um vos servidores titulares de cargo efetivo (art. 40, § 15);
mínimo de rigidez às normas que regulam certas matérias.
– Lei que estabelece o procedimento de avaliação periódica
Dessa forma, eliminou-se eventual discricionariedade do le-
para perda de cargo de servidor público (art. 41, §1º);
gislador, consagrando-se que leis complementares propria-
mente ditas são aquelas exigidas expressamente pelo texto – Lei que dispõe sobre as condições para integração das re-
constitucional10. giões em desenvolvimento e a composição dos organismos
regionais (art. 43, § 1º, I, II);
Disto decorre que: – Lei que estabelece o número de Deputados, por Estado e
– Não existe entre lei complementar e lei ordinária (ou medida pelo Distrito Federal, proporcionalmente à população (art. 45,
provisória) uma relação de hierarquia, pois seus campos de § 1º);
abrangência são diversos. Assim, a lei ordinária que invadir – Lei que autoriza o Presidente da República a permitir, sem
matéria de lei complementar é inconstitucional e não ilegal. manifestação do Congresso, em determinadas hipóteses, que
– Norma pré-constitucional de qualquer espécie que verse forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
sobre matéria que a Constituição de 1988 reservou à lei com- permaneçam temporariamente. (art. 49, II, e art. 84, XXII);
plementar foi recepcionada pelo nova ordem constitucional – Lei que dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e
como lei complementar. consolidação das leis (art. 59, parágrafo único);
– Lei votada com o procedimento de Lei Complementar e de- – Lei que confere outras atribuições ao Vice-Presidente da
nominada como tal, ainda assim, terá efeitos jurídicos de lei República (art. 79, parágrafo único);
ordinária, podendo ser revogada por lei ordinária posterior, se
– Lei que dispõe sobre o Estatuto da Magistratura (art. 93);
versar sobre matéria não reservada constitucionalmente à lei
complementar. – Lei que dispõe sobre organização e competência dos tri-
bunais eleitorais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais
– Dispositivos esparsos de uma lei complementar que não
(art. 121);
constituírem matéria constitucionalmente reservada à lei
Complementar possuem efeitos jurídicos de lei ordinária. – Lei que estabelece a organização, as atribuições e o estatu-
to do Ministério Público (art. 128, § 5º);
No texto constitucional são previstas as seguintes leis com-
plementares: – Lei que dispõe sobre a organização e o funcionamento da
Advocacia-Geral da União (art. 131);
– Lei que disciplina a proteção contra despedida arbitrária
(Constituição, art. 7º, I); – Lei que dispõe sobre a organização da Defensoria Pública
da União, do Distrito Federal e dos Territórios, e prescreve
– Lei que estabelece casos de inelegibilidade e prazos de sua
normas gerais para sua organização nos Estados (art. 134,
cessação (art. 14, § 9º);
parágrafo único);
– Lei que regula a criação, transformação em Estado ou rein-
– Lei que estabelece normas gerais a serem adotadas na
tegração ao Estado dos Territórios Federais e que define a
organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas
incorporação, subdivisão e desmembramento dos Estados
(art. 142, § 1º);
mediante plebiscito e aprovação do Congresso Nacional (art.
18, §§ 2º, 3º e 4º); – Lei que dispõe sobre conflitos de competência, em matéria
tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
– Lei que dispõe sobre os casos em que se pode permitir o
Municípios, regula limitações ao poder de tributar e estabe-
trânsito ou a permanência temporária de forças estrangeiras
lece normas gerais, em matéria tributária (art. 146, I, II, III
no território nacional (art. 21, IV);
a, b, c);
– Lei que faculta aos Estados legislar sobre questões espe-
– Lei que institui empréstimos compulsórios para atender a
cíficas das matérias relacionadas na competência legislativa
despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública,
privativa da União (art. 22, parágrafo único);
de guerra externa ou sua iminência, ou para possibilitar inves-
– Lei que fixa normas para a cooperação entre a União e os timento público de caráter urgente e de relevante interesse
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista nacional (art. 148, I e II);
o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
– Lei que institui imposto sobre grandes fortunas (art. 153,
nacional (art. 23, parágrafo único);
VII);
10 V. sobre o assunto, ATALIBA, Geraldo. Lei complementar na Constituição.
– Lei que institui outros impostos federais não previstos na
São Paulo, 1971.p. 28 s. FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito
Constituição (art. 154, I);
constitucional. 17. ed. São Paulo, 1989, p. 174-185.

114
Língua Portuguesa
– Lei que regula a competência para instituição do impos- b) nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
to de transmissão causa mortis e doação, se o doador tiver eleitorais;
domicílio ou residência no exterior, ou se o de cujus possuía c) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário
processado no exterior (art. 155, § 1º, III); FORMA E ESTRUTURA
– Lei que define os serviços sujeitos a imposto sobre serviços
de qualquer natureza, define as suas alíquotas máxima e mí- Sobre a estrutura e a forma da Lei Delegada são válidas, fun-
nima, exclui da sua incidência a exportação de serviços para damentalmente, as considerações expendidas em Forma e
o exterior e regula a forma e as condições como isenções, Estrutura.
incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados
(art. 156, III e § 3º); Exemplo de Lei Delegada:
– Lei que estabelece normas sobre distribuição das quotas “LEI DELEGADA Nº 12, DE 7 DE AGOSTO DE 1992.
de receitas tributárias (art. 161, I, II, III e parágrafo único);
– Lei que regulamenta as finanças públicas; o controle das Dispõe sobre a instituição de Gratificação de Atividade Militar
dívidas externa e interna; a concessão de garantias pelas en- para os servidores militares federais das Forças Armadas.
tidades públicas; a emissão e o resgate de títulos da dívida O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
pública; a fiscalização das instituições financeiras; as opera-
Faço saber que, no uso da delegação constante da Resolução
ções de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União,
no 1, de 1992 - CN, decreto a seguinte lei:
do Distrito Federal e dos Municípios; a compatibilização das
funções das instituições oficiais de crédito da União (art. 163, Art. 1º Fica instituída a Gratificação de Atividade Militar, de-
I a VII); vida mensal e regularmente aos servidores militares federais
– Lei que regulamenta o exercício e a gestão financeira e das Forças Armadas, pelo efetivo exercício de atividade mili-
patrimonial da administração direta e indireta, bem como as tar, ou, em decorrência deste, quando na inatividade.
condições para a instituição e o funcionamento de fundos (...)
(art. 165, § 9o, I e II); Art. 5º Esta lei delegada entra em vigor na data de sua pu-
– Lei que estabelece limites para a despesa com pessoal ativo blicação, com efeitos financeiros a contar de 1° de julho de
e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 1992, observada a graduação estabelecida pelo art. 2°.
Municípios (art. 169); Brasília, 7 de agosto de 1992; 171° da Independência e 104°
– Lei que estabelece procedimento contraditório especial para da República.
o processo judicial de desapropriação (art. 184, § 3º); FERNANDO COLLOR
– Lei que dispõe sobre o sistema financeiro nacional (art. Célio Borja
192); Marcílio Marques Moreira”
– Lei que estabelece o montante máximo de débito para a
concessão de remissão ou anistia de contribuições sociais;
MEDIDA PROVISÓRIA
– Lei que regula a aplicação de recursos dos diversos entes da
federação em saúde (art. 198, § 3º);
DEFINIÇÃO
– Lei que estabelece casos de relevante interesse público da
União, quanto aos atos que tratam da ocupação, do domínio Medida Provisória é ato normativo com força de lei que pode
e da posse das terras indígenas, ou da exploração das rique- ser editado pelo Presidente da República em caso de relevân-
zas naturais do solo, fluviais e lacustres nelas existentes (art. cia e urgência. Tal medida deve ser submetida de imediato à
231, § 6º). deliberação do Congresso Nacional.

LEI DELEGADA As medidas provisórias perdem a eficácia desde a edição se


não forem convertidas em lei no prazo de 60 dias, prorrogá-
DEFINIÇÃO vel por mais 60. Neste caso, o Congresso Nacional deverá
disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas decor-
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Pre- rentes da medida provisória. Se tal disciplina não for feita no
sidente da República em virtude de autorização do Poder Le- prazo de 60 dias após a rejeição ou perda de eficácia de medi-
gislativo, expedida mediante resolução e dentro dos limites da provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes
nela traçados (Constituição, art. 68, caput e §§). de atos praticados durante a vigência da medida provisória
conservar-se-ão por ela regidas.
De uso bastante raro, apenas duas leis delegadas foram pro-
mulgadas após a Constituição de 1988 (Leis Delegadas no OBJETO
12, de 7 de agosto de 1992 e no 13, 27 de agosto de 1992).
As Medidas Provisórias têm por objeto, basicamente, a mes-
OBJETO ma matéria das Leis Ordinárias; contudo, não podem ser ob-
jeto de medida provisória as seguintes matérias:
A Constituição Federal (art. 68, § 1º) estabelece, expressa- a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políti-
mente, que não podem ser objeto de delegação os atos de cos e direito eleitoral;
competência exclusiva do Congresso Nacional, os de compe- b) direito penal, processual penal e processual civil;
tência privativa da Câmara ou do Senado Federal, a matéria c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: carreira e a garantia de seus membros;
a) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e
carreira e a garantia de seus membros; créditos adicionais e suplementares, ressalvada a abertura de

115
Língua Portuguesa
crédito extraordinário, a qual é expressamente reservada à dida Provisória ou no mês subseqüente ao que completar a
Medida Provisória (Constituição, art. 167, § 3º); mencionada idade.
e) as que visem a detenção ou sequestro de bens, de poupan- Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua
ça popular ou qualquer outro ativo financeiro; publicação.
f) as reservadas a lei complementar;
Brasília, 12 de julho de 2002; 181° da Independência e 114°
g) já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso
da República.
Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da Re-
pública; FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
h) aprovação de Código; e Pedro Malan
i) regulamentação de artigo da Constituição cuja redação te- Paulo Jobim Filho”
nha sido alterada por meio de emenda constitucional promul-
gada no período compreendido entre 1º de janeiro de 1995 DECRETO LEGISLATIVO
até a promulgação da Emenda Constitucional nº 32, de 11 de
setembro de 2001. DEFINIÇÃO

Por fim, o Decreto nº 4.176, de 2002, recomenda que não Decretos Legislativos são atos destinados a regular matérias
seja objeto de Medida Provisória a matéria“que possa ser de competência exclusiva do Congresso Nacional (Constitui-
aprovada dentro dos prazos estabelecidos pelo procedimento ção, art. 49) que tenham efeitos externos a ele.
legislativo de urgência previsto na Constituição” (art. 40, V).
OBJETO
FORMA E ESTRUTURA
Objeto do Decreto Legislativo são as matérias enunciadas no
São válidas, fundamentalmente, as considerações expendidas art. 49 da Constituição, verbis:
em Forma e Estrutura.

Exemplo de Medida Provisória: “Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Na-


cional:
I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou
“MEDIDA PROVISÓRIA Nº 55, DE 7 DE JULHO DE 2002. atos internacionais que acarretem encargos ou compro-
missos gravosos ao patrimônio nacional;
Autoriza condições especiais para o crédito de valores
II – autorizar o Presidente da República a declarar guer-
iguais ou inferiores a R$ 100,00, de que trata a Lei
ra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
Complementar no 110, de 29 de junho de 2001, e dá
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
outras providências.
temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe III – autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Repú-
confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida blica a se ausentarem do País, quando a ausência exce-
Provisória, com força de lei: der a quinze dias;
IV – aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,
autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer dessas
Art. 1º Fica a Caixa Econômica Federal autorizada a creditar
medidas;
em contas vinculadas específicas do Fundo de Garantia do
V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que
Tempo de Serviço - FGTS, a expensas do próprio Fundo, os
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de dele-
valores do complemento de atualização monetária de que tra-
gação legislativa;
ta o art. 4º da Lei Complementar no 110, de 29 de junho de
VI – mudar temporariamente sua sede;
2001, cuja importância, em 10 de julho de 2001, seja igual ou
VII – fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e
inferior a R$ 100,00 (cem reais).
os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI,
§ 1º A adesão de que trata o art. 4º da Lei Complementar no
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
110, de 2001, em relação às contas a que se refere o caput,
VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presi-
será caracterizada no ato de recebimento do valor creditado
dente da República e dos Ministros de Estado, observado
na conta vinculada, dispensada a comprovação das condições
o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III,
de saque previstas no art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio
e 153, § 2º, I;
de 1990.
IX – julgar anualmente as contas prestadas pelo Presi-
§ 2º Caso a adesão não se realize até o final do prazo regu-
dente da República e apreciar os relatórios sobre a exe-
lamentar para o seu exercício, o crédito será imediatamente
cução dos planos de governo;
revertido ao FGTS.
X – fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de
suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da
Art. 2º O titular de conta vinculada do FGTS, com idade igual administração indireta;
ou superior a setenta anos ou que vier a completar essa idade XI – zelar pela preservação de sua competência legislati-
até a data final para firmar o termo de adesão de que trata o va em face da atribuição normativa dos outros Poderes;
art. 6º da Lei Complementar no 110, de 2001, fará jus ao cré- XII – apreciar os atos de concessão e renovação de con-
dito do complemento de atualização monetária de que trata a cessão de emissoras de rádio e televisão;
referida Lei Complementar, com a redução nela prevista, em XIII – escolher dois terços dos membros do Tribunal de
parcela única, no mês seguinte ao de publicação desta Me- Contas da União;

116
Língua Portuguesa
XIV – aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ou individuais, abstratamente previstas, de modo expresso ou
atividades nucleares; implícito, na lei11. Esta é a definição clássica, a qual, no en-
XV – autorizar referendo e convocar plebiscito; tanto, é inaplicável aos decretos autônomos, tratados adiante.
XVI – autorizar, em terras indígenas, a exploração e o
aproveitamento de recursos hídricos, e a pesquisa e lavra DECRETOS SINGULARES
de riquezas minerais;
Os decretos podem conter regras singulares ou concretas (de-
XVII – aprovar, previamente, a alienação ou concessão de
cretos de nomeação, de aposentadoria, de abertura de crédi-
terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos
to, de desapropriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto
hectares.”
de perda de nacionalidade, etc.).
Acrescente-se, ainda, como objeto do Decreto Legislativo a
disciplina das relações jurídicas decorrentes de medida provi- DECRETOS REGULAMENTARES
sória não convertida em lei (Constituição, art. 63, § 3º).
Os decretos regulamentares são atos normativos subordina-
dos ou secundários.
FORMA E ESTRUTURA
A diferença entre a lei e o regulamento, no Direito brasileiro,
São válidas, fundamentalmente, as considerações expendidas
não se limita à origem ou à supremacia daquela sobre este.
no item Forma e Estrutura. Ressalte-se, no entanto, que no
A distinção substancial reside no fato de que a lei inova origi-
decreto legislativo a autoria e o fundamento de autoridade
nariamente o ordenamento jurídico, enquanto o regulamento
antecedem o título.
não o altera, mas fixa, tão-somente, as “regras orgânicas e
Exemplo de Decreto Legislativo: processuais destinadas a pôr em execução os princípios insti-
tucionais estabelecidos por lei, ou para desenvolver os precei-
“Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Ramez
tos constantes da lei, expressos ou implícitos, dentro da órbita
Tebet, Presidente do Senado Federal, nos termos do art. 48,
por ela circunscrita, isto é, as diretrizes, em pormenor, por ela
item 28, do Regimento Interno, promulgo o seguinte
determinadas”12.

DECRETO LEGISLATIVO Nº 57, DE 2002 Não se pode negar que, como observa Celso Antônio Bandeira
de Mello, a generalidade e o caráter abstrato da lei permi-
Aprova solicitação de o Brasil fazer a declaração facultati-
tem particularizações gradativas quando não têm como fim
va prevista no artigo 14 da Convenção Internacional sobre
a especificidade de situações insuscetíveis de redução a um
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial,
padrão qualquer .13 Disso resulta, não raras vezes, margem
reconhecendo a competência do Comitê Internacional para
de discrição administrativa a ser exercida na aplicação da lei.
a Eliminação da Discriminação Racial para receber e analisar
denúncias de violação dos direitos humanos cobertos na Con- Não se há de confundir, porém, a discricionariedade admi-
venção. nistrativa, atinente ao exercício do poder regulamentar, com
O Congresso Nacional decreta: delegação disfarçada de poder, Na discricionariedade, a lei
estabelece previamente o direito ou dever, a obrigação ou a
restrição, fixando os requisitos de seu surgimento e os ele-
Art. 1º Fica aprovada solicitação de fazer a declaração facul-
mentos de identificação dos destinatários. Na delegação, ao
tativa prevista no artigo 14 da Convenção Internacional sobre
revés, não se identificam, na norma regulamentada, o direito,
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial,
a obrigação ou a limitação.
reconhecendo a competência do Comitê sobre a Eliminação
da Discriminação Racial para receber e analisar denúncias de
Estes são estabelecidos apenas no regulamento.
violações dos direitos humanos cobertos na Convenção.
Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprovação do Congresso
DECRETOS AUTÔNOMOS
Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão da
referida Convenção, bem como, nos termos do inciso I do art.
Com a Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de
49 da Constituição Federal, quaisquer ajustes complementa-
2001, introduziu-se no ordenamento pátrio ato normativo
res que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
conhecido doutrinariamente como decreto autônomo, isto é,
patrimônio nacional.
decreto que decorre diretamente da Constituição, possuindo
efeitos análogos ao de uma lei ordinária.
Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua
publicação. Tal espécie normativa, contudo, limita-se às hipóteses de or-
Senado Federal, em 26 de abril de 2002. ganização e funcionamento da administração federal, quando
Senador RAMEZ TEBET não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
Presidente do Senado Federal” órgãos públicos, e de extinção de funções ou cargos públicos,
quando vago (art. 84, VI, da Constituição).
DECRETO 11 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo. 16. ed. São Paulo, 1988. p.
155.
DEFINIÇÃO 12 Mello, Oswaldo Aranha Bandeira de. Princípios gerais de Direito Administra-
tivo. Rio de Janeiro, Forense, 1969. vol. I, p. 314 e 316.
Decretos são atos administrativos da competência exclusiva
13 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Ato administrativo e direito dos admi-
do Chefe do Executivo, destinados a prover situações gerais
nistrados. São Paulo, Revista dos Tribunais, 1981. p. 93.

117
Língua Portuguesa
FORMA E ESTRUTURA Art. 6º Sem prejuízo do disposto nos arts. 1º a 5º, o Secretá-
rio-Executivo da Casa Civil solicitará aos Secretários-Executi-
Tal como as leis, os decretos compõem-se de dois elementos: vos dos Ministérios informações circunstanciadas sobre:
a ordem legislativa (preâmbulo e fecho) e a matéria legislada I - programas realizados e em execução relativos ao período
(texto ou corpo da lei). do mandato do Presidente da República;
II - assuntos que demandarão ação ou decisão da administra-
Assinale-se que somente são numerados os decretos que con-
têm regras jurídicas de caráter geral e abstrato.
ção nos cem primeiros dias do novo governo;
III - projetos que aguardam implementação ou que tenham
Os decretos que contenham regras de caráter singular não sido interrompidos; e
são numerados, mas contêm ementa, exceto os relativos a IV - glossário de projetos, termos técnicos e siglas utilizadas
nomeação ou a designação para cargo público, os quais não pela Administração Pública Federal.
serão numerados nem conterão ementa.
Art. 7º O Chefe da Casa Civil expedirá normas complementa-
Todos os decretos serão referendados pelo Ministro compe-
res para execução do disposto no art. 5º.
tente.

Exemplo de Decreto: Art. 8º As reuniões de servidores com integrantes da equipe


“DECRETO Nº 4.298, DE 11 DE JULHO DE 2002. de transição devem ser objeto de agendamento e registro
Dispõe sobre a atuação dos órgãos e entidades da sumário em atas que indiquem os participantes, os assuntos
Administração Pública Federal durante o processo de tratados, as informações solicitadas e o cronograma de aten-
transição governamental. dimento das demandas apresentadas.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, Brasília, 11 de julho de 2002; 181º da Independência e 114º
DECRETA: da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 1º Transição governamental é o processo que objetiva Silvano Gianni”
propiciar condições para que o candidato eleito para o cargo
de Presidente da República possa receber de seu antecessor PORTARIA
todos os dados e informações necessários à implementação
do programa do novo governo, desde a data de sua posse. DEFINIÇÃO E OBJETO
Parágrafo único. Caberá ao Chefe da Casa Civil da Presidência
da República a coordenação dos trabalhos vinculados à tran- É o instrumento pelo qual Ministros ou outras autoridades ex-
sição governamental. pedem instruções sobre a organização e funcionamento de
serviço e praticam outros atos de sua competência.
Art. 2º O processo de transição governamental tem início seis FORMA E ESTRUTURA
meses antes da data da posse do novo Presidente da Repúbli-
ca e com ela se encerra. Tal como os atos legislativos, a portaria contém preâmbulo e
corpo. São válidas, pois, as considerações expendidas no item
Art. 3º O candidato eleito para o cargo de Presidente da Re- Forma e Estrutura.
pública poderá indicar equipe de transição, a qual terá acesso
Exemplo de Portaria:
às informações relativas às contas públicas, aos programas e
aos projetos do Governo Federal. “PORTARIA Nº 5 , DE 7 DE FEVEREIRO DE 2002.
Parágrafo único. A indicação a que se refere este artigo será Aprova o Regimento Interno do Conselho Nacional de
feita por meio de ofício ao Presidente da República. Arquivos - CONARQ.
O CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚ-
Art. 4º Os pedidos de acesso às informações de que trata o BLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 9º do
art. 3º, qualquer que seja a sua natureza, deverão ser for- Decreto no 4.073, de 3 de janeiro de 2002,
mulados por escrito e encaminhados ao Secretário-Executivo
RESOLVE:
da Casa Civil da Presidência da República, a quem competirá
requisitar dos órgãos e entidades da Administração Pública Art. 1º Fica aprovado, na forma do Anexo, o Regimento Inter-
Federal os dados solicitados pela equipe de transição, obser- no do Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ.
vadas as condições estabelecidas no Decreto nº 4.199, de 16 Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
de abril de 2002. PEDRO PARENTE”

Art. 5º Os Secretários-Executivos dos Ministérios deverão en- APOSTILA


caminhar ao Secretário- Executivo da Casa Civil da Presidên-
cia da República as informações de que trata o art. 4º, as DEFINIÇÃO E FINALIDADE
quais serão consolidadas pela coordenação do processo de
Apostila é a averbação, feita abaixo dos textos ou no verso de
transição.
decretos e portarias pessoais (nomeação, promoção, ascen-

118
Língua Portuguesa
são, transferência, readaptação, reversão, aproveitamento, d) Denomina-se circular o instrumento de comunicação que
reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão, se envia a vários destinatários simultaneamente, com vistas à
dispensa, disponibilidade e aposentadoria), para que seja transmissão de instruções, ordens, esclarecimento de conteú-
corrigida flagrante inexatidão material do texto original (erro do de leis, regulamentos etc.
na grafia de nomes próprios, lapso na especificação de datas, e) Os fechos Atenciosamente e Respeitosamente são adequa-
etc.), desde que essa correção não venha a alterar a substân- dos para um ofício.
cia do ato já publicado.
02. Observe o texto a seguir.
Tratando-se de erro material em decreto pessoal, a apostila
deve ser feita pelo Ministro de Estado que o propôs. Brasília, 1.º de junho de 2003.
Se o lapso houver ocorrido em portaria pessoal, a correção
Para a Coordenação de Concursos do CESPE/UnB,
por apostilamento estará a cargo do Ministro ou Secretário
signatário da portaria. Nos dois casos, a apostila deve sempre
Requerimento:
ser publicada no Boletim de Serviço ou Boletim Interno cor-
respondente e, quando se tratar de ato referente a Ministro
JOSÉ DA SILVA DOS SANTOS REIS, devidamente
de Estado, também no Diário Oficial da União.
inscrito no concurso para TÉCNICO JUDICIÁRIO do Tribunal
A finalidade da correção de inexatidões materiais por meio de Justiça do Distrito Federal, com a inscrição n.º 197.542/03,
de apostila é evitar que se sobrecarregue o Presidente da VENHO, POR DIREITO E MUI RESPEITOSAMENTE, solicitar a
República com a assinatura de atos repetidos, e que se onere Vocês a emissão de uma certidão de comparecimento nesta
a Imprensa Nacional com a republicação de atos. prova realizada nesta data supracitada, uma vez que hoje es-
tou trabalhando em turnos e preciso comprovar meu afasta-
FORMA E ESTRUTURA mento do serviço no período da tarde, para realizar o referido
exame.
A apostila tem a seguinte estrutura:
a) título, em maiúsculas e centralizado sobre o texto: Nesses termos, peço aceitação do meu pedido e
APOSTILA; AGUARDO DEFERIMENTO.
b) texto, do qual deve constar a correção que está sendo Atenciosamente,
feita, a ser iniciada com a remissão ao decreto que autoriza
esse procedimento; José da Silva dos Santos Reis.
c) data, por extenso:
Brasília, em 12 de novembro de 1990; Com respeito ao texto acima, assinale a opção CORRETA.
d) identificação do signatário, abaixo da assinatura: a) O lugar correto para a colocação da data é à esquerda, e
não à direita, como se encontra no documento.
NOME (em maiúsculas) b) O tipo de documento adequado para tal finalidade não é o
Secretário da Administração Federal requerimento, e sim o ofício.
c) Em vez do pronome de tratamento “Vocês”, o redator deve-
No original do ato normativo, próximo à apostila, deverá ser
ria ter empregado Vossas Excelências.
mencionada a data de publicação da apostila no Boletim de
d) O candidato deveria ter solicitado uma declaração, e não
Serviço ou no Boletim Interno.
uma certidão.
Exemplo de Apostila:
e) O fechamento “Atenciosamente” deveria constar antes do
“APOSTILA pedido de deferimento.
O cargo a que se refere o presente ato foi transformado em
Assessor da Diretoria-Geral de Administração, código DAS- 03. Assinale a opção INCORRETA a respeito do texto a se-
102.2, de acordo com o Decreto no 99.411, de 25 de julho guir.
de 1990.
Brasília, 12 de novembro de 1990. ATA DA SALA 25
NOME
Subchefe da Secretaria-Geral da Presidência da República” Realizou-se, na sala vinte e cinco, do prédio das Relações
Humanas, da Escola Martin Luther King, em Brasília, Distrito
EXERCÍCIOS Federal, dia primeiro de junho de dois mil e três, das quinze
horas às dezoito horas e trinta minutos, portanto, com três
01. Assinale a opção incorreta a respeito de correspondência horas e meia de duração, esta prova (anexa) de Conhecimen-
oficial. tos Gerais e Específicos para o Cargo de Técnico Judiciário,
a) O resumo do assunto, na correspondência oficial, é chama- do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
do de ementa. (TJDFT), conforme diz o Edital um de 13 dois mil e três, tendo
b) Se a forma de tratamento do destinatário da correspon- comparecido todos os candidatos inscritos e, portanto, o índi-
dência for Vossa Excelência ou Vossa Senhoria, por força da ce de abstensão foi de zero candidatos. Nada mais havendo a
concordância exigida para os pronomes pessoais que a ele se constar, eu, MARIA DAS GRAÇAS LUZ FLORES, chefe de sala,
referem, não se pode usar vosso e suas flexões. lavrei esta ata que será assinada por mim, exprimindo a ver-
c) Introduzir um ofício usando frases como “Viemos, por inter- dade dos fatos, sob o testemunho da fiscal de sala. Brasília,
médio do presente, acusar recebimento da petição e levar ao
1.º/6/2003, Maria das Graças Luz Flores e Thomásia Apareci-
conhecimento de V. Sa. que ...” é sinal de elegância, concisão,
da Silva. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
correção linguística e respeito.

119
Língua Portuguesa
a) A redatora da ata respeitou os requisitos formais para a 07. Com referência à redação oficial, assinale a opção COR-
redação do documento, conforme os preceitos dessa tipologia RETA.
de correspondência oficial. a) Abaixo-assinado é um requerimento coletivo em que não
b) A redatora, ao escrever por extenso os números da sala, se colocam no início os nomes dos remetentes e, sim, do
das horas, da duração da prova e do edital cometeu erros de destinatário.
grafia e de adequação ao tipo de documento. b) Ata é o resumo escrito de fatos ou decisões de uma assem-
c) A grafia do vocábulo “abstensão” está incorreta, pois deve- bleia, sessão ou reunião para determinado fim.
ria ter sido escrito abstenção. c) Atestado é o documento, firmado por uma repartição públi-
d) A passagem “exprimindo a verdade dos fatos” pode ser ca em favor de outra, a respeito de determinado fato.
suprimida do texto, uma vez que essa informação deve estar d) O aviso é a correspondência padrão, caracterizada, no iní-
pressuposta em toda correspondência oficial. cio, pelo papel timbrado e, no fim, por fechos tradicionais de
e) O preenchimento do restante da linha após a última assi- cortesia.
natura visa evitar que outras pessoas possam adulterar o final
do texto. 08. Desconsiderando a necessidade do espaçamento padrão,
assinale a opção correta a respeito da simulação de escrita de
04. Assinale a opção correta com relação à redação oficial. documentos oficiais.
a) Na redação oficial, exige-se, além de lógica e coerência a) Cabeçalho de ofício:
na organização das idéias do texto, criatividade e eruditismo. Ofício no. 1234/DAJ/2006
b) Ofício é a correspondência interna dos órgãos públicos que (Timbre do MINISTÉRIO DA MÚSICA)
objetiva tratar de assuntos administrativos e(ou) pessoais en- Brasília, 29 de abril de 2006
tre autoridades de mesma hierarquia, ou entre estas e infe-
riores hierárquicos. b) Texto de memorando:
c) O ofício deve apresentar, no fecho, o motivo da comunica- De acordo com entendimento telefônico já mantido, solicita-
ção e a forma de cortesia conveniente. mos providências em relação às cercas invasoras.
d) O relatório administrativo é uma narração de fatos e de
ocorrências administrativas ou pessoais, e pode não apresen- c) Vocativo de ofício:
tar conclusão devido à sua natureza investigativa. Prezado Senhor Manuel de Manuel,
e) Em relatórios administrativos, pode-se incluir material ilus- Chefe de gabinete do deputado Carlos de Carlos:
trativo, tais como gráficos, tabelas e diagramas, que devem
estar incorporados no texto ou anexados a ele. d) Fecho de memorando:
Cordialmente,
05. Assinale a opção incorreta com relação ao uso das formas
Maurício de Maurício
de tratamento na redação oficial.
Maurício de Maurício
a) Os pronomes ou expressões de tratamento podem ser gra-
Chefe de Serviços Gerais
fados por extenso nas correspondências oficiais.
b) Nas formas de tratamento, os pronomes Vossa e Sua de-
Leia o texto a seguir para responder à questão 9.
vem ser empregados, respectivamente, em relação à pessoa
com quem se fala, isto é, a quem se dirige a correspondência,
Texto I
e à pessoa de quem se fala.
c) É gramaticalmente correto e adequado ao padrão ofício o
Hoje o “povo” é a base e o ponto de referência comum de to-
seguinte trecho de início de correspondência oficial: “Enca-
dos os governos nacionais, excetuando-se os teocráticos. Isso
minhamos a Vossa Senhoria as informações referentes a seu
pedido de 16 de fevereiro de 2006”. não apenas é inevitável, como certo – afinal, se o governo
d) A concordância de gênero com as formas de tratamento tem algum objetivo, só pode ser o de cuidar do bem-estar de
deve ser feita no masculino, independentemente do sexo da todos os cidadãos e falar em nome deles. Na era do homem
pessoa a quem a forma de tratamento se refira, pois o gênero comum, todo governo é governo do povo e para o povo, em-
deve ser mantido neutro nas correspondências oficiais. bora não possa, em qualquer sentido operacional do termo,
e) Não se emprega a crase diante das formas de tratamen- ser exercido pelo povo.
to, ainda que estas sejam subordinadas a termos que exijam
preposição, com exceção dos tratamentos senhora e senho- Os governos dos Estados-Nação ou dos Estados territoriais
rita. modernos erguem-se sobre três premissas. Primeira: eles tem
mais poder que outras unidades que operam em seu territó-
06. Assinale a opção correta acerca da redação oficial. rio. Segunda: os habitantes de seus territórios aceitam sua
a) Requerimento é um documento específico por meio do qual autoridade mais ou menos de bom grado. Terceira: os go-
se solicita algo a que se tem direito ou se supõe ter. vernos podem prover aos habitantes de seu território servi-
b) Memorando é uma correspondência oficial externa ente au- ços que, de outro modo, não seriam fornecidos com eficácia
toridades de mesmo nível hierárquico, assemelhado, em sua igual ou nem sequer seriam fornecidos – serviços como “lei
estrutura, ao requerimento. e ordem”, segundo a frase proverbial. Nos últimos trinta ou
c) O fecho de um memorando apresenta expressões canôni- quarenta anos, essas premissas vem deixando de ser válidas.
cas, tais como “Nestes termos, aguarda deferimento” e “Es-
pera deferimento”. 09. Considerando que são características da linguagem ofi-
d) Memorando, ofícios e requerimentos devem ser numerados cial a clareza, a concisão, a impessoalidade e o uso do nível
na borda superior do papel, junto à margem esquerda. formal da linguagem, e que o texto acima faça parte de um
e) A redação de um ofício assemelha-se, conforme o assunto documento oficial, assinale a opção correta.
tratado, à produção literária, visto que é comum e aceitável, a) Como está, o texto pode fazer parte de um parecer, com
na elaboração desse tipo de documento, o emprego de figuras o objetivo, por exemplo, de sustentar uma opinião técnica
de linguagem e de estruturas linguísticas coloquiais. submetida a exame.

120
Língua Portuguesa
b) Em um relatório, a linguagem precisaria ser mais formal, 10. Reunidos em assembléia, os membros da Associação
evitando-se, por exemplo, o emprego de aspas e alterando-se Estudantil da escola de onde os estudantes foram expulsos,
a regência de “prover aos habitantes” para prover os habi- conforme o texto II, sabedores da realidade da Holanda, re-
tantes. ferida no texto III, e revoltados com a iniciativa tomada pela
c) Em uma ata, a enumeração contida no segundo parágrafo direção do colégio, por julgá-la intempestiva e contraditória
deveria ser em tópicos, com a margem recuada, como mos- perante as normas liberais do regimento disciplinar, resolve-
trado a seguir:
ram encaminhar, ao diretor do estabelecimento de ensino, um
1ª eles tem mais poder que as outras unidades que operam
documento coletivo, solicitando a revisão e a suspensão da
em seu território;
2ª os habitantes de seus territórios aceitam sua autoridade pena imposta aos quatro companheiros. Para tanto, escolhe-
mais ou menos de bom grado; ram formalizar o pedido em um documento que expressasse,
3ª os governos podem prover aos habitantes de seu território da maneira mais adequada, as aspirações da maioria.
serviços que, de outro modo, não seriam fornecidos com efi-
cácia igual ou nem sequer seriam fornecidos. Na situação hipotética descrita, as várias opções de corres-
d) Se o texto fizesse parte de um ofício, os pronomes de ter- pondência oficial a ser enviada ao diretor do estabelecimento
ceira pessoa deveriam ser alterados para a primeira pessoa do incluem o(a)
plural ou deveria ser usada a voz passiva. I – abaixo-assinado.
e) Como está, o texto pode fazer parte de um edital, porque II – carta.
argumenta quanto a assunto público e de interesse do Estado. III – e-mail (mensagem de correio eletrônico).
IV – requerimento.
Texto II – Maconha na escola
A quantidade de itens certos é igual a:
No Rio de Janeiro, houve a expulsão de quatro alunos de uma
escola de vanguarda, por terem assumido que estavam fu- a) 0.
mando maconha em uma excursão a Ouro Preto. Os meninos b) 1.
foram flagrados, ou quase, quando a professora, em um quar- c) 2.
to ao lado, resolveu reclamar do barulho do quarto vizinho. d) 3.
e) 4.
Ao chegar, sentiu o cheiro da erva e eles admitiram logo que
tinham fumado. Podiam alegar que não era bem assim, que 11. Ao redigir um documento a ser enviado a uma autorida-
aquele cheiro não era de maconha, que não tinham tragado. de, é necessário empregar o pronome de tratamento adequa-
Mas eles preferiram dizer a verdade inteira. do. Assinale a opção em que a relação estabelecida entre as
colunas não está de acordo com a normatização do emprego
A pena máxima provocou protestos dos colegas. Eles se sen- dos pronomes de tratamento.
tiram traídos por um centro de ensino reconhecidamente libe- a) Vossa Excelência / presidente da República.
ral, de excelência, compreensivo, que dá prioridade ao pensa-
b) Vossa Magnificência / reitor de universidade.
mento crítico e por isso mesmo é preferido da elite cultural da
c) Vossa Senhoria / senhor José da Silva.
cidade que ali matricula seus filhos.
d) Vossa Excelência / desembargador.
Em uma das manifestações de rua, havia a seguinte mensa- e) Vossa Senhoria / presidente do Supremo Tribunal Federal.
gem de ácida ironia anti-hipocrisia: “Não seja honesto, não
admita seus atos, minta. Aprendi isso na escola”. Texto IV

Texto III – Maconha no drive-thru Aos quatro dias de novembro de dois mil e hum, na sala do Di-
retor Central da Escola Presidente Prudente, às quinze horas,
Algumas drogas, como a maconha e o haxixe, são liberadas conforme a publicação na página quarenta e seis do Diário do
na Holanda e podem ser encontradas em qualquer esquina. Poder Judiciário do Estado de Roraima, do dia vinte e seis de
A facilidade final acaba de ser anunciada: o drive-thru das outubro do mesmo ano, deu-se início à aplicação das provas
drogas. Como ocorre com lanchonetes, será possível adquirir objetivas do concurso público para provimento das vagas em
o produto sem descer do carro.
cargos de nível superior do Tribunal de Justiça do Estado
de Roraima. Dos cento e sessenta candidatos inscritos para
As duas primeiras lojas, chamadas eufemisticamente de cafés,
serão inauguradas no ano que vem na cidade de Venlo, na fron- o cargo de biblioteconomista, indicados para ocuparem
teira com a Alemanha, para atender aos turistas das drogas. esse local, faltaram quatro num percentual de noventa e sete
e meio por cento de comparecimento. Os faltantes foram os
Essa tentativa oficial parte do princípio de que tudo o que é candidatos cujos nomes e números de inscrição estão discri-
proibido acaba acirrando a curiosidade do jovem; em contra- minados a seguir: Marcolino Medeiros de Menezes – 12.345;
partida, tudo o que é liberado desestimula o interesse e, por Joelma da Cruz Figueiras – 23.567; Nadiantunes Xavier Sal-
conseguinte, a procura. Assim, esperam alterar o consumo de gado – 38.990 e Julianes Bacheira da Silva Só – 47.001. Os
tais produtos. trabalhos ocorreram no esperado clima de tranquilidade, não
havendo qualquer intercorrência desabonadora do evento.
Paradoxo? Ironia? Como classificar essa situação? Se alguém Após três horas e trinta minutos de duração foram recolhidos
for analisar as estratégias empregadas, com vistas ao aumen- os materiais pertinentes, esvaziando a sala. Então foi lavrado
to, à diminuição ou à extinção do consumo de drogas, a partir
este documento o qual será assinado por mim, Manuel Maria
de reflexões dialéticas, poderá dizer?
Morais, fiscal de sala e pelos meus dois auxiliares, dando por
“Nem tanto...”. concluída a tarefa para a qual fui especialmente contratado.

121
Língua Portuguesa
12. A respeito do expediente acima, assinale a opção correta. 14. Com relação ao vocativo e aos pronomes de tratamento
a) Trata-se de um relatório técnico, incompleto, pois falta a utilizados no texto acima, é correto afirmar que:
listagem nominal e por número de inscrição de todos os que a) todos (vocativo e pronomes de tratamento) estão empre-
compareceram, mas cuja omissão justifica-se pela listagem gados corretamente.
nominal referida. b) apenas os pronomes de tratamento utilizados no primeiro e
b) Trata-se de uma ata circular, feita antecipadamente, que no terceiro parágrafos estão corretamente empregados.
deve ser entregue a cada um dos candidatos presentes, ao c) apenas o pronome de tratamento utilizado no segundo pa-
término do expediente, a qual documentará o comparecimen- rágrafo está corretamente empregado.
to, para fins de abonação da falta ao serviço particular. d) apenas o vocativo e o pronome de tratamento utilizado no
c) Trata-se de um relatório administrativo, cujo teor, por segundo parágrafo estão corretamente empregados.
equívoco, foi registrado inadequadamente, por desconheci- e) apenas o vocativo e os pronomes de tratamento utilizados
mento dos princípios da redação oficial, por parte do relator, no primeiro e no terceiro parágrafos estão corretamente em-
que se esqueceu de registrar os cargos dos auxiliares. pregados.
d) Trata-se de uma ata convencional que apresenta os se-
guintes erros, entre outros: grafia inadequada do numeral 15. Os itens abaixo são reescrituras de trechos do texto V.
um, ausência da data, que deveria anteceder a assinatura. Indique a opção que apresenta inadequação em relação às
e) Trata-se de uma prestação de contas de um serviço re- normas estabelecidas para uma correta redação de corres-
alizado por um equipe, a fim de ser efetuado o pagamento pondência oficial.
da tarefa; como tal, não apresenta erros graves, exceto o a) Linha 1: Senhor Secretário:
destaque em negrito do nome do evento e do cargo, desne- b) Primeiro parágrafo: Recebemos solicitação do Minis-
cessários para tal fim. tério da Educação do Chile de envio de material resul-
tante do seminário “Perspectivas de Educação à Dis-
13. Assinale a opção que apresenta uma definição correta tância na América Latina”, realizado em Brasília-DF,
de ata. nos dias 19 e 20 de novembro último.
a) Resumo escrito que constitui registro de fatos, ocorrências, c) Segundo parágrafo: Reivindicamos, pois, com urgên-
resoluções, decisões e deliberações de uma assembleia, ses- cia urgentíssima, o envio do material referido, para
são ou reunião. que possam-se remete-los com a maior brevidade.
b) Ato administrativo de correspondência entre agentes de d) Início do fecho: Atenciosamente.
uma mesma repartição, no qual, de maneira simples e direta,
são tratados assuntos de rotina para conhecimento interno. 16. Com relação às características do texto V, é correto afir-
Dispensa fórmulas de cortesia e demais formalidades. mar que:
c) Exposição circunstanciada de atividade administrativa, ou a) todos os parágrafos do texto podem aparecer sem nume-
relato mais ou menos minudente que se faz por escrito, por ração sequencial.
ordem de autoridade superior ou no desempenho das funções b) a data deveria vir à direita do papel, antes do vocativo.
do cargo que exerce. c) o vocativo também deveria ser numerado.
d) Documento específico de solicitação, no qual o indivíduo d) não se trata, na verdade, de um ofício, mas de um ates-
expõe a matéria objeto do pedido. Compõe-se de vocativo, tado.
preâmbulo, estado civil, nacionalidade, idade, residência e e) a correspondência não deveria vir assinada, já que se trata
profissão do peticionário, contexto e fecho. de expediente interno.
e) Declaração firmada por alguém em razão do seu ofício, na
qual afirma a verdade de um fato ou estado, ou a existência Texto VI
de uma obrigação, e que, fornecida a outrem, serve a este de
documento. Ao oitavo dia do mês de setembro do ano de 1998, às 20h30,
em segunda e última chamada, reuniram-se na sala de reu-
Texto V niões do Banco Jota os acionistas relacionados no livro de
presença, na folha 14, verso, para deliberarem sobre assuntos
Ofício 75/99 constantes no edital de convocação, o qual foi previamente
Excelentíssimo Senhor Secretário, distribuído a todos. (...)

1. Apraz-nos levar ao conhecimento de Sua Senhoria, para os 17. Pelo teor do trecho inicial do texto oficial reproduzido
fins pertinentes, que recebemos solicitação do Ministério da acima, conclui-se que se trata de um(a):
Educação do Chile, relativa ao envio do material resultante do a) ata.
seminário “Perspectivas de Educação à Distância na América b) relatório.
Latina”, realizado em Brasília-DF, nos dias 19 e 20 de novem- c) circular.
bro último. d) memorando.
2. Muito nos agradeceria a Vossa Senhoria, encaminhar-nos o e) requerimento.
referido material, com a maior brevidade possível, para que o
mesmo possa ser remetido aos interessados. Texto VII
3. Aproveitamos o ensejo para reiterar a Sua Senhoria protes-
tos de consideração e apreço. Tendo em vista a necessidade de treinamento na área e con-
forme orientação desse Centro e de acordo com mensagem
Brasília, 30 de novembro de 1999. de 20/11/94 no Informativo nº 1.000, e considerando ainda
a prioridade que tem merecido a melhoria de atendimento os
José da Silva nossos clientes, solicitamos o especial obséquio de verificar a
Diretor possibilidade de incluir na pauta dos próximos cursos, ainda

122
Língua Portuguesa
que para o próximo semestre, os funcionários abaixo indica- procedimento administrativo consuetudinário, com amparo
dos para o treinamento de Atendente de Público, se possível legal e tendo em vista os princípios éticos, conforme reza a
com prioridade. moral e os bons costumes.

Sem mais para o momento e certos de sua habitual preste- Reforço que a demarcação de terras indígenas deve ser pre-
za e atenção para com as postulações deste Posto, desde cedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao
já agradecemos, colocando-nos à sua inteira disposição para dispositivo no art. 231, § 1º, da Constituição Federal, os quais
quaisquer informações que se fizerem necessárias no sentido devem incluir os aspectos etno-históricos, sociológicos, carto-
de termos atendido nosso pleito, com a brevidade possível. gráficos e fundiários. O exame deste último aspecto deve ser
feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual com-
18. O texto acima infringe as normas exigidas de um texto petente.
oficial, porque:
a) é ambíguo. Sendo o que nos traz no momento, reiteramos nossas sau-
b) utiliza-se de linguagem prolixa. dações.
c) não se utiliza do padrão culto da linguagem.
d) não respeita, reiteradamente, as regras gramaticais da nor- Atenciosamente,
ma culta.
e) é redigido de forma obscura, de modo que não é possível Marina Severina Nordestina
compreender o que se solicita. Secretária Geral
19. Assinale a opção cujo fragmento obedece às exigências A partir das informações contidas no documento acima, jul-
de correção gramatical, impessoalidade e objetividade pró- gue os itens subsequentes.
prias da redação de documentos oficiais.
a) São passíveis de penhora o numerário pertencente à asso-
20. ( ) Esse documento, com a data corretamente redigida e
ciação ainda que em tal valor se insira o pagamento de sa-
localizada, é o centésimo vigésimo quinto ofício expedido no
lários de seus empregados. Na realidade, a vedação legal de
ano indicado pelo órgão supracitado, sob a responsabilidade
constrição atinge somente os salários efetivamente recebidos.
da secretaria geral.
b) Adicional noturno e horas extras não são abrangidos pelo
21. ( ) No endereçamento, há um erro quanto ao emprego
conceito de remuneração, logo, não pode sobre os mesmos
do pronome de tratamento, pois deveria constar, abreviada-
incidir a contribuição previdenciária, segundo entendimento
mente, V.S.ª, ou seja, Vossa Senhoria.
embasado na Lei nº 8.112/1990.
22. ( ) A signatária, ao flexionar no singular a forma verbal
c) Inexistindo, nos autos, provas concludentes no sentido de
descaracterizar a atuação de um dos acusados, mero empre- “reza”, no primeiro parágrafo do texto, expressa que conside-
gado de imobiliária, que agiu mediante ordens de seu pre- ra coisas distintas a “moral” e os “bons costumes”.
posto, mantêm-se a absolvição decretada, eis que ausente a 23. ( ) O fecho dessa correspondência, adequadamente re-
intenção de lesar o bem jurídico tutelado. digido e localizado, serve também para fechamento dos expe-
d) Deve ser anulado o julgamento do tribunal do júri, no qual dientes denominados memorando e requerimento.
a formulação dos quesitos se deu de forma complexa, vio-
lando o procedimento normatizado, cujo determina que os Leia o texto a seguir para esponder as questões de 24 a 33
quais quesitos deverão ser feitos em proposições simples e
bem distintas. Texto IX
e) Cuidando-se de empresa pública, a penhora dos valores
existentes em sua conta-corrente poderá ocasioná-la danos Leia os seguintes fragmentos de um documento do padrão
de difícil reparação, inviabilizando a adimplência de compro- ofício para responder aos próximos dez itens.
missos assumidos, inclusive o pagamento de salários de fun-
cionários. I – Solicitamos à Vossa Senhoria que sejam indicados, até 22
de maio do corrente ano, os cinco servidores para participa-
ATENÇÃO: as questões de 20 a 23 referem ao texto abaixo. rem da elaboração dos projetos.
II – Carlos de Sousa Soares
Texto VIII Diretor Geral de Recursos Humanos
III – Senhor Secretário,
Governo do Estado do Amazonas IV – Respeitosamente,
Defensoria Pública do Estado do Amazonas V – Brasília, 27 de junho de 2002.
Of. nº 125/2003/SG VI – Ofício nº 23/DRH/ME.

Manaus, 5 de outubro de 2003. 24. ( ) Observando o corpo de texto, pode-se inferir que a
A Sua Excelência o Senhor situação é mais adequada a um memorando.
Deputado Jaime da Luz 25. ( ) O nome por extenso do signatário é opcional, já que
Câmara dos Deputados a assinatura é obrigatória.
70160-900 – Brasília-DF 26. ( ) No vocativo de um ofício, deveria constar apenas o
Assunto: Demarcação de terras indígenas nome do destinatário.
27. ( ) Considerando que o destinatário é de menor hierar-
Senhor Deputado, quia que o signatário, o fecho indicado está errado.
28. ( ) Em se tratando de um ofício, está faltando o ende-
Informo a Voss Excelência que as medidas tomadas em favor reçamento.
da demarcação das terras indígenas estão amparadas pelo 29. ( ) A sequência lógica do documento é: VI –V-III-I-IV-II.

123
Língua Portuguesa
30. ( ) O pronome de tratamento indicado não está adequa- Timbre
do à situação. NOME DO ÓRGÃO EXPEDIDOR
31. ( ) A crase antes do pronome de tratamento é facultativa.
32. ( ) No texto, não há obediência ao princípio da concisão.
33. ( ) No vocativo, a vírgula poderia ser substituída por dois Senhor Coordenador-Geral,
Dr. Pedro José Cabral
pontos.
Em atendimento à determinação da ordem de serviço n.º
34. Os decretos compõem-se de dois elementos: a ordem 200002, e consoante o estabelecido na Seção II, Capítulo IV,
legislativa (preâmbulo e fecho) e a matéria legislada (texto ou da Instrução Normativa TTFGH n.º 13, de 22 de abril de 2005,
corpo da lei). Quanto à numeração, o Manual de Redação da apresentamos os exames realizados no PROCESSO ANUAL DE
Presidência da República determina que: CONTAS da Secretaria XVWYZ.
a) os decretos contendo regras jurídicas de caráter geral e (...)
abstrato sejam numerados e não contenham ementa. CONCLUSÃO
b) os decretos relativos a nomeação ou designação para car- Tendo sido abordados os pontos requeridos pela legislação
go público sejam numerados e não contenham ementa. aplicável, submetemos o presente relatório a consideração
c) os decretos contendo regras de caráter singular não sejam superior, de modo a possibilitar a emissão do competente cer-
numerados, mas contenham ementa. tificado de auditoria.
d) os decretos contendo regras de caráter singular não sejam
numerados e não contenham ementa. Brasília, 7 de setembro de 2008.
e) os decretos contendo regras jurídicas de caráter geral e Fulano de Tal
abstrato não sejam numerados e não contenham ementa.
37. (Advogado Jr. – Petrobras – Cesgranrio – 2006) Indique
a opção que NÃO está de acordo com as características esta-
35. Apostila é um nome de um dos Atos Normativos mencio-
belecidas para correspondências oficiais.
nados no Manual de Redação da Presidência da República.
a) A impessoalidade, a clareza, a concisão e o paralelismo
Sobre sua definição e finalidade, é CORRETO afirmar que gramatical são qualidades necessárias à boa redação.
Apostila é: b) Há documentos que diferem mais no que diz respeito à
a) o ato praticado por meio de republicação no Diário Oficial forma do que à finalidade, como o memorando, o ofício e o
de documento público, para corrigir flagrante inexatidão ma- aviso.
terial do texto original, desde que essa correção não venha a c) Os ofícios poderão ser impressos em ambas as faces do
alterar a substância do ato já publicado. papel e deverão ter as margens esquerda e direita com as
b) a retificação, mediante correspondência administrativa distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho).
endereçada à repartição competente, para permitir o acesso d) O memorando é a modalidade de comunicação entre uni-
dos servidores à instrução a ser praticada nos procedimentos dades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar
mencionados no ato normativo anterior. hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis diferentes.
c) a averbação, feita abaixo dos textos ou no verso de de- e) O correio eletrônico, quando usado como correspondência
cretos e portarias pessoais para que seja corrigida flagrante oficial, não apresenta forma rígida para sua estrutura, mas
inexatidão material do texto original, desde que essa correção evita-se o uso de linguagem incompatível com uma comuni-
não venha a alterar a substância do ato já publicado. cação oficial.
d) o conjunto de documentos legais acerca de um tema de
38. Assinale a alternativa CORRETA quanto à concordância
interesse do Poder Público, reunidos de modo didático para
verbal e nominal em relação aos pronomes de tratamento
permitir o acesso dos servidores à legislação e à instrução a
empregados na redação oficial.
ser praticada na redação de ato normativo.
a) Recebei Vossa Magnificência nosso protesto de conside-
e) o conjunto de documentos legais acerca de um tema de ração.
interesse do Poder Público, reunidos de modo cronológico b) Vossa Senhoria não entendeu minha declaração sobre os
para permitir a instrução técnica do servidor encarregado de diferentes tipos de inteligência.
propor a redação de ato normativo. c) Vossa Excelência tendes sido mal informa dos sobre as
pesquisas desenvolvidas na instituição.
36. (Ag. Administrativo – Funasa – Cesgranrio - 2009) d) Informo a V. Sa. de que vossas observações serão levadas
em consideração no relatório final.
REDAÇÃO e) Vossa Eminência sereis oportunamente informado dos re-
Redija um ofício em que o Diretor de um dos departamentos da sultados.
Fundação Nacional de Saúde solicita a um dirigente de outro
órgão público da área de saúde a indicação de um especialista GABARITO
para participar de mesa-redonda que tem por objetivo discu-
01. c 02. d 03. b 04. e 05. d 06. a
tir medidas de prevenção contra a gripe suína (Influenza A).
07. b 08. b 09. a 10. d 11. e 12. d
Justifique a necessidade da participação desse especialista.
O ofício deverá ser redigido de acordo com as normas esta- 13. a 14. c 15. c 16. b 17. a 18. d
belecidas no Manual de Redação da Presidência da República. 19. b 20. C 21. E 22. C 23. E 24. E
Como a redação não deverá ser identificada, utilize no ofício 25. E 26. E 27. C 28. C 29. C 30. C
um nome fictício. 31. E 32. E 33. C 34. c 35. c 36.
(Administrador - SEAPA/DF – CESPE – 2009) 37. b 38. b

124
Língua Portuguesa

REDAÇÃO 11
• a capacidade do aluno em ler e entender o seu próprio
texto, somado a sua capacidade de escrita;
• a capacidade do aluno em organizar suas ideias na redação.

Quando se anula uma redação?

O aluno só terá uma nota zero na redação se:


• não entender a solicitação da prova, ou seja, o aluno lê a
prova e faz um texto sobre os animais, por exemplo, quando
teria de fazer sobre a guerra;
• fizer um desenho;
• fizer um poema.

TIPOLOGIA TEXTUAL
Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação
ou composição textual. Basicamente, existem três tipos de
http://2.bp.blogspot.com/_AFyd8cVnY7w/RwNcIzql5-I/AAAAAAAABHQ/
redação: narração (base em fatos), descrição (base em ca-
wqB7gFi6J4w/s400/escrever.jpg
racterização) e dissertação (base em argumentação).
O ato de escrever deve ser entendido como a etapa final de Talvez a maneira mais simples de definir a noção de texto
um longo processo de reflexão. Uma constatação óbvia: es- seja dizer que é uma unidade de linguagem, de extensão
crever é colocar uma ideia no papel; portanto, o primeiro pas- variável, produzida a partir de um determinado contexto ou
so é ter uma ideia. Para ter ideias, é preciso ler, ler e ler. Mas situação, que visa comunicar uma mensagem, através de um
não basta ler e fechar o livro, dizer que leu. O mais importante meio, de um locutor ou sujeito a um interlocutor ou receptor.
é a leitura ativa (ou interativa), que leva à reflexão. O leitor Para isso, é utilizado um código comum aos interlocutores
deve atuar sobre o livro e, ao mesmo tempo, deve ser per- (locutor e receptor). Perceba que nessa definição houve refe-
meável à leitura. Ao ler um poema, um romance, um artigo rência a todos os elementos da comunicação, pois a existên-
de jornal ou qualquer outro tipo de texto, deparamos com a cia de qualquer texto, seja oral, escrito ou visual, supõe todos
leitura de mundo de quem o escreveu. Portanto, ler muito é os seis elementos da comunicação.
acumular várias experiências, várias vivências. Só assim con-
seguimos formar a nossa própria leitura de mundo. Elaboramos bilhetes, cartas, telegramas, respostas de ques-
tões discursivas, contos, crônicas, romances, artigos, mono-
A leitura é fundamental para a produção de textos porque nos grafias, descrições, narrações, dissertações, e-mails, enfim,
permite o contato com uma variedade de conteúdos (culturas, várias modalidades de redação. Seja qual for a modalidade
áreas de conhecimento, informações em geral). redacional, a criação de um texto envolve conteúdo (nível
de ideias, mensagem, assunto), estrutura (organização e dis-
Uma vez ultrapassada a primeira fase do processo – ter ideias tribuição adequada das ideias), linguagem (expressividade,
–, a questão que se coloca é como colocar essas ideias no seleção de vocabulário) e gramática (adequação à norma pa-
papel, como encontrar a melhor forma de expressá-las. Os drão da língua).
problemas vão desde o domínio do vocabulário, passando
por um razoável conhecimento de ortografia, pontuação, con- Geralmente, as modalidades redacionais aparecem combi-
cordância e de outros quesitos gramaticais, para finalmente nadas entre si, vamos, inicialmente, procurar definir os três
desembocar em algo muito pessoal, o estilo. Tudo isso sem tipos básicos.
perder de vista os elementos do processo de interação (es-
pecialmente quem é meu interlocutor), a intencionalidade e
a adequação. DESCRIÇÃO
Então, mais uma vez entra em jogo os conhecimentos ad- A descrição procura apresentar, com palavras, a imagem de
quiridos pela leitura, desta vez os conhecimentos de forma: seres animados ou inanimados captados através dos cinco
variedade de gêneros textuais e variedade de registros e mo- sentidos (visão, audição, tato, olfato e gustação). A carac-
dalidades da língua. terização desses entes obedece a uma delimitação espacial.

Mas afinal, o que se avalia em uma redação? Elementos predominantes na descrição:


a) Frases nominais (sem verbo) ou orações em que predomi-
A redação procura medir dois pontos básicos e fundamentais nam verbos de estado (ser, estar, parecer etc.).
de um texto coerente; então, avalia-se:

125
Língua Portuguesa
b) Frases enumerativas. são debatidas e veiculadas através da comunicação linguísti-
c) Adjetivação, qualificando nomes. ca. Portanto, dissertar é analisar de maneira crítica situações
d) Figuras de linguagem: recursos expressivos, em linguagem co- diversas, questionando a realidade e nossas posições diante
notativa, como metáfora, metonímia, prosopopeia, sinestesia etc. dela.
e) Referências às sensações, ou seja, as percepções visuais,
auditivas, gustativas, olfativas e táteis. A adequada expressão do conteúdo da dissertação exige o
encadeamento das ideias. Assim, para se redigir um texto
dissertativo é indispensável:
NARRAÇÃO
- Criticidade: exame e discussão crítica do assunto, por
A narração constitui uma sequência temporal de ações desen- meio de argumentos convincentes, gerados pelo acervo de
cadeadas por personagens envoltas numa trama que culmina conhecimentos pessoais adquiridos através de pesquisas bi-
num clímax e se esclarece no desfecho. bliográficas, leituras e experiências. É um processo de análise
e síntese.
Narrar, portanto, é contar uma história (real ou fictícia). O
fato narrado apresenta uma sequência de ações envolvendo - Clareza das ideias: vocabulário preciso, objetivo e coe-
personagens no tempo e no espaço. rente às ideias expostas. O aprimoramento da linguagem e a
diversidade vocabular são fundamentais para adequar ideias
São exemplos de narrativas a novela, o romance, o conto, e palavras. Essa capacidade se adquire através do hábito de
uma peça de teatro, a crônica, uma notícia de jornal, uma leitura, de escrita e de pesquisas em dicionários e gramáticas.
piada, um poema, uma letra de música, uma história em qua-
drinhos, desde que apresentem uma sucessão de aconteci- - Unidade: o texto deve desenvolver-se em torno de um as-
mentos. Convencionalmente, o enredo da narração pode ser sunto. As ideias que lhe são pertinentes devem suceder-se
assim estruturado: em ordem lógica. Não deve haver redundância nem porme-
a) exposição (apresentação das personagens e/ou do cenário nores desnecessários. Como não é possível esgotar um tema,
a redação impõe certos limites e é preciso saber escolher os
e/ou da época);
aspectos a serem desenvolvidos. Em vista disso, é muito im-
b) desenvolvimento (desenrolar dos fatos apresentando com-
portante que, antes de começar sua dissertação, você saiba
plicação e clímax) e;
delimitar o tema a ser explorado, selecionando os aspectos
c) desfecho ou desenlace (arremate da trama).
que achar mais relevantes ou aqueles que conheça melhor. A
delimitação ajuda a pôr em ordem nossas ideias.
Entretanto, há diferentes possibilidades de se compor uma
trama, seja iniciá-la pelo desfecho, construí-la apenas através - Coerência: deve haver associação e correlação das ideias
de diálogos, ou mesmo fugir ao nexo lógico de episódios, ou na construção dos períodos e na passagem de um parágra-
seja, construir uma história que não está adequada à realida- fo a outro. Os elementos de ligação, tais como conjunções,
de, mas que está adequada a uma lógica que lhe é própria. pronomes relativos, pontuação etc., são indispensáveis para
Como exemplo disso, tem-se o seguinte excerto: entrosar orações, períodos e parágrafos.
“A safra pertenceu originalmente a um sultão que morreu - Organização dos parágrafos: não deve haver fragmenta-
em circunstâncias misteriosas, quando uma mão saiu de ção da mesma ideia em vários parágrafos, nem apresentação
seu prato de sopa e o estrangulou. O proprietário se- de muitas ideias num só parágrafo. A sequência dos pará-
guinte foi um lorde inglês, o qual foi encontrado certo grafos deve ser coerente e articulada. A transição entre os
dia, florindo maravilhosamente numa jardineira. Nada se parágrafos deve ser adequada, quer pelas relações em nível
soube da joia durante algum tempo. Então, anos depois, das ideias, quer pelo uso de palavras e expressões de ligação.
ela reapareceu na posse de um milionário texano que se
incendiou enquanto escovava os dentes.” Embora a capacidade de pensar, portanto a capacidade dis-
Woody Allen. Sem Plumas.
sertativa, seja própria de nossa condição de homens, ela é
Elementos básicos da narração: limitada, em geral, por nossas condições de vida. Temos nos
a) Enredo (ação), personagem, tempo e espaço. distanciado da paixão de pensar, de compreender, de questio-
b) Foco narrativo (de 1ª ou 3ª pessoa) que é a perspectiva a nar - de modo livre e lúcido, organizado e produtivo - nossa
partir da qual se conta a história. realidade. Como encaminhar o pensamento para conquistar o
c) Os discursos (direto, indireto ou indireto livre) representam conhecimento de forma organizada e coerente?
a fala da personagem.
Suponhamos que devemos redigir um texto dissertativo sobre
um determinado assunto, já realizamos uma pesquisa biblio-
DISSERTAÇÃO gráfica, porém nos encontramos em dificuldade para começar
a escrever de forma organizada. Para que nosso trabalho seja
Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado as- encaminhado, vamos utilizar a TÉCNICA DA DÚVIDA:
sunto. É discutir essas ideias, analisá-las e apresentar provas
que justifiquem e convençam o leitor da validade do ponto de 1º passo: Transformar o tema em interrogação.
vista de quem as defende.
2º passo: Responder à interrogação de forma natural (se já
estamos informados sobre o assunto, conseguimos tirar dessa
Dissertar é um exercício cotidiano e você o utiliza toda vez
resposta nossa posição ou ponto de vista).
que discute com alguém, tentando fazer valer sua opinião
sobre qualquer assunto, por exemplo, futebol, política etc. 3º passo: Por que pensamos assim? Tentar justificar nossa
Isso porque o pensar, a capacidade de reflexão, é uma prática posição (desse questionamento extraímos nosso argumento
permanente da nossa condição de seres sociais, cujas ideias principal).

126
Língua Portuguesa
4º passo: Procurar fazer anotações de ideias e exemplos re- acrescentar informações novas ao anterior). Deve-se também
lacionados ao tema, à posição e ao argumento principal, que evitar a reprodução de clichês e frases feitas - recursos que
poderão ser utilizados como argumentos auxiliares, coadju- enfraquecem a argumentação.
vantes na sustentação de nossa posição e convencimento do
receptor de nosso texto. Podemos definir o argumento como sendo aquilo que justifica
e esclarece o pressuposto apresentado pelo autor sobre um
5º passo: Tentar se colocar na posição contrária, o que pensa determinado tema.
e como se justifica quem assume posições diferentes da nos-
sa (lembre-se que toda dissertação supõe debate, discussão, CONCLUSÃO: Quando elaboramos uma dissertação, temos
há, portanto, diálogo, explícito ou implícito com outros conhe- sempre um objetivo definido: defender uma ideia, um ponto
cedores do assunto sobre o qual estamos escrevendo). Daqui de vista. Para tanto, formulamos uma tese interessante, que
tiramos os argumentos contrários aos nossos. será desenvolvida com eficientes argumentos, até atingir a
última etapa da estrutura dissertativa, que é a conclusão. As-
6º passo: Confrontar os nossos argumentos com os argumen- sim, as ideias devem estar articuladas numa sequência que
tos contrários. Será que nossos argumentos são realmente conduza logicamente ao final do texto. Para textos com teor
melhores? Será que são convincentes? informativo, caberá a conclusão que condense as ideias con-
sideradas. Já no caso de textos cujo conteúdo seja polêmico,
7º passo: Tentar encontrar novos argumentos para refutar os questionador, recomenda-se a conclusão que proponha solu-
argumentos contrários à nossa posição. ções ou levante hipóteses acerca do tema discutido. A con-
clusão pode, ainda, ser uma retomada da tese, reafirmando o
posicionamento nela proposto.
TIPOS DE DISSERTAÇÃO
O texto dissertativo será tão mais convincente quanto maior,
DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA: Um texto é expositivo quan- mais coerente e mais convincente for a malha de relações
do aborda uma verdade inquestionável, dá a conhecer uma que o autor conseguir tecer; ou seja, quanto mais amplo for o
informação ou explica pedagogicamente um assunto, sem contexto de relações de causa e consequência em que o autor
apresentar discussão ou sem que o autor dê a conhecer, ex- conseguir inserir o assunto abordado.
plicitamente, sua posição sobre o tema tratado. Exemplos
de textos expositivos: livros didáticos de ciências, de histó- Exemplo:
ria, matérias jornalísticas informativas etc. Mas é importante • Tema: A falta de leitura entre os jovens.
ressaltar que mesmo nas dissertações expositivas é possível • Pressuposto: O caráter predominantemente visual da cultu-
reconhecer uma posição, a partir da seleção de dados e da ra de massas (substituição da palavra pela imagem).
maneira de apresentar esses dados pelo autor. • Argumentos: Por isso, os jovens têm dificuldades para apre-
ender conceitos. Por isso, os jovens são propensos a ter di-
DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA: O texto argumentativo
ficuldades para dominar a sintaxe da Norma Culta da Língua
sustenta-se com exemplos elucidativos, interpretação ana-
Portuguesa.
lítica, evidências e juízos, sempre com visão crítica. Assim,
• Conclusão: Constata-se um crescente empobrecimento inte-
enquanto a dissertação expositiva apresenta um assunto, a
lectual entre os jovens.
argumentativa o discute. Nela, o autor assume, explicitamen-
te, a defesa de uma posição.
Na maioria dos concursos, o tipo de texto mais solicitado é
o dissertativo, afinal ele permite que os alunos mostrem seu
ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO potencial argumentativo, seu ponto de vista a respeito do
mundo, seu grau de informatividade e não exige habilidades
A dissertação, comumente, apresenta três partes: introdução, literárias – até porque Machados de Assis não nascem todos
desenvolvimento e conclusão. os dias e escrever literatura é um trabalho árduo, que neces-
sita muita dedicação.
INTRODUÇÃO (OU TESE): É a apresentação do assunto
Exemplo de texto dissertativo:
a ser discutido e do ponto de vista que orientará o autor no
desenvolvimento de seu texto. Pode ser elaborada por meio O MILAGRE DA CIDADE DE DEUS
de afirmação, definição, citação, interrogação, da narração (1) “Nos últimos oito meses, ocorreu apenas um assassi-
de um fato ou traçando uma trajetória histórica da questão nato na Cidade de Deus, a região cuja violência foi proje-
tratada. Esses procedimentos podem ou não vir combinados tada mundialmente por causa do magnífico filme de Fer-
entre si. nando Meirelles. Mesmo este único assassinato não está
ligado ao tráfico, mas a uma desavença familiar. Qual o
DESENVOLVIMENTO (ARGUMENTAÇÃO): O desenvolvi- santo por trás desse milagre? Temos aqui uma das mais
mento é a parte mais extensa do texto dissertativo. Consti- interessantes notícias, no Brasil, de 2009.
tui-se pela apresentação dos argumentos, que são exempli-
ficações, dados estatísticos, referências a provas concretas, (2) No ano passado, a polícia decidiu não apenas fazer
testemunhos de autoridade, referências históricas etc., que uma investida na região, mas controlar o território – e,
justificam e sustentam a tese (ideia central) apresentada na assim, conseguiu ganhar certa confiança da população. É
introdução. um processo semelhante ao que ocorreu em São Paulo,
no Jardim Ângela, região tida, há dez anos, como a mais
O conteúdo dos parágrafos de desenvolvimento deve obe- violenta do mundo. A articulação nessa região fez com
decer a uma progressão: repetir ideias mudando apenas as que São Paulo ocupasse, segundo indicador do Ministério
palavras resulta em redundância. É preciso encadear os enun- da Justiça, a condição de capital brasileira mais segura
ciados de maneira que se completem (cada enunciado deve (ou menos insegura, se preferir).

127
Língua Portuguesa
(3) Depois da polícia, vieram ações sociais. Uma delas, Discurso direto Discurso indireto
implementada pela prefeitura, foi o bairro educador. Uma
parte das escolas funciona em tempo integral, com ati- Uso de dois-pontos, pará- Ausência de pontuação de-
vidades disseminadas pelo bairro – criou-se a figura do grafo e travessão, depois do pois do verbo de elocução,
professor comunitário. A matrícula escolar cresceu, no verbo de elocução. que vem seguido do conec-
período, 30%. tivo que.

(4) Na verdade, nem o santo é santo. Nem o milagre é Verbos no presente do indi- Verbos no perfeito ou im-
milagre. Em todos os lugares em que se combinam ações cativo. perfeito do indicativo.
policiais repressivas e preventivas – o policiamento co-
munitário – com atividades sociais, criando um senso de A transformação de discurso, portanto, requer atenção espe-
pertencimento, o crime cai. cial no emprego dos tempos verbais, pontuação e algumas
palavras como pronomes, advérbios e conectivos.
(5) Foi assim no Jardim Ângela, mas também em Bogotá,
Medellín, Los Angeles, Boston e Nova York. TEMPOS VERBAIS

(6) Cidade de Deus só mostra que estamos começando a Ao transformar o discurso direto em indireto, transcrevemos
dominar a receita contra a barbárie.” algo que alguém já disse. Logo, no discurso indireto, o tempo
verbal será sempre passado em relação ao discurso direto.
Folha Online. 07/12/2009. In: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/
gilbertodimenstein/ult508u662760.shtml Observe alguns casos no quadro abaixo.

Comentários:
Discurso direto Discurso indireto
(1) Apresentação do tema sobre o qual o texto tratará: medi-
das de controle da violência em favelas. Pretérito perfeito ou imper-
Presente do indicativo
feito do indicativo
(2) Argumento 1 – Comparação de situações semelhantes:
Jardim Ângela (SP) e Cidade de Deus (RJ). Pretérito perfeito do Pretérito mais-que-perfeito
indicativo simples ou composto
(3) Argumento 2 – Descrição das medidas de controle da vio-
lência. Pretérito imperfeito do sub-
Imperativo
(4) Argumento 3 – Avaliação do autor sobre os argumentos. juntivo
Note que isso se dá sem a presença de termos na 1ª pessoa. Futuro do presente do Futuro do pretérito do indi-
(5) Argumento 4 – Outros locais onde as mudanças foram indicativo cativo
aplicadas com sucesso.
PRONOMES E ADVÉRBIOS
(6) Conclusão. Pronomes e advérbios também são classes gramaticais que
requerem alterações. Veja o exemplo a seguir.
TIPOS DE DISCURSO
No DISCURSO DIRETO, o narrador introduz o personagem, Discurso direto Discurso indireto
geralmente, com um verbo de elocução e termina a frase com Justina olhou para Elza e Justina disse a Elza
dois pontos. Em seguida, faz um novo parágrafo e coloca um disse: que aquele dia não
travessão, seguido da fala do personagem. Já, no DISCUR- sairia de casa e Elza
SO INDIRETO, o narrador conta o que o personagem disse. — Hoje não saio de casa.
respondeu que não
Muitas vezes é conveniente transformar um discurso direto — Não compreendo essa compreendia aquela
em indireto. É o que fazemos, normalmente, ao reproduzir um sua atitude. atitude dela.
diálogo que presenciamos, com nossas palavras. Hoje (advérbio de tempo) aquele dia
Veja como ficam algumas passagens de narrativas de nossa essa (pronome demonstra-
literatura, originalmente escritas em discurso direto, transpos- aquela
tivo)
tas para o indireto.
sua (pronome possessivo) dela

Discurso direto Discurso indireto Observe, ainda, que, além dos tempos verbais, pronomes e
Aires pôs água na fervura, Aires pôs água na fervura, advérbios, é preciso estar atento à coesão textual, empre-
dizendo para o bacharel: dizendo para o bacharel gando corretamente os conectivos que unirão as falas que
que não valia a pena. O compõem o diálogo.
— Não vale a pena, moço;
que importava é que cada O DISCURSO INDIRETO LIVRE combina algumas caracte-
o que importa é que cada
um tivesse as suas ideias rísticas do discurso direto com algumas do discurso indireto.
um tenha as suas ideias e se
e se batesse por elas, até Do primeiro, as falas dos outros reproduzidas literalmente, tal
bata por elas, até que elas
que elas vencessem. qual foram ditas, porém sem as marcas típicas (travessões,
vençam.
dois-pontos, etc.); do segundo, as falas dos outros integradas
(Machado de Assis, in Esaú e Jacó)
no texto, porém sem marcas típicas.
Dos efeitos provocados pelo emprego do discurso indireto li-
Observe, em negrito, as modificações realizadas no texto, re- vre para introduzir outras vozes na montagem de um texto,
sumidas no quadro abaixo: podemos citar:

128
Língua Portuguesa
• A fluência textual, o texto não aparece truncado pelas mar- cisão. Ser redundante significa dizer a mesma coisa mais de
cas de introdução das vozes; uma vez. Geralmente, a redundância prejudica um texto. Mas
• A vivacidade textual, as falas não perdem sua força, pois há situações em que ela é justificável e necessária, como em
estão reproduzidas de forma literal. um texto didático em que o autor repete de propósito concei-
tos ou os redige em outras palavras, usando a repetição como
“Como nas noites precedentes, uma fila de agricultores um recurso para acentuar pontos importantes do assunto.
se formou na porta de uma padaria e o padeiro saiu a
informar que não havia pão. Por quê? Onde estava o pão? 3. A fala e a escrita
O padeiro respondeu que não havia farinha. Onde então Não podemos estabelecer um paralelo exato entre a fala e a
estava ela? Os agricultores invadiram a padaria e levaram escrita. Há pessoas que são prolixas na expressão oral, outras
o estoque de roscas e biscoitos, a manteiga e o choco- são de poucas palavras. Mas isso não quer dizer que elas se
late.” comportarão do mesmo modo ao redigir. Muitas vezes, pesso-
Garcia de Paiva. Os agricultores arrancaram paralelepípedos. as falantes são concisas ao redigir e vice-versa.
No fragmento apresentado, o autor reproduz uma conversa
4. As características do redator
entre um grupo de agricultores e um padeiro sem utilizar a es-
O redator precisa identificar as suas características ao escre-
trutura tradicional de diálogo. Nas duas falas do padeiro, temos
ver, ficando atento para reconhecer se é prolixo ou conciso
exemplos de discurso indireto: “... o padeiro saiu a informar
demais. Assim, fica mais fácil controlar os excessos ou con-
que não havia pão” e “O padeiro respondeu que não havia
tornar as falhas. O prolixo vai precisar reler seus textos e
farinha.” Por outro lado, quando o narrador reproduz a fala dos
cortar o que é excessivo. O conciso deve observar se não está
agricultores, ele o faz literalmente, ou seja, usando a mesma
sendo sintético demais, a ponto de dificultar a compreensão
forma com a qual eles se expressam, o que é uma característica
do leitor, e se é necessário desenvolver mais alguns trechos
do discurso direto. Quando isso ocorre – algumas expressões
de seu texto.
do discurso direto intercaladas ao discurso indireto –, temos
um discurso misto, a que chamamos discurso indireto livre.
5. Redação é concisão
O ato de redigir ou o momento em que o autor cria o texto
PERTINÊNCIA, RELEVÂNCIA é solitário. É uma situação de escolha e síntese de palavras,
normalmente muito menos espontânea do que a fala. Escre-
E ARTICULAÇÃO DE ARGUMENTOS ver pressupõe também um trabalho lento de aprendizagem e
de consciência de elaboração do texto. É um processo conciso
COMO ESCREVER O NECESSÁRIO por sua própria natureza.
EM POUCAS PALAVRAS? 6. Liberdade de expressão
A necessidade de ser conciso não deve ser uma limitação à
Há autores que apresentam uma característica expressiva liberdade de expressão do redator. Por isso, pense no seu
em seus textos: gastam muitas palavras para comunicar suas modo de redigir, na sua personalidade de escritor — que ja-
ideias. São detalhistas, preferem explorar as ideias em várias mais poderá ser moldada por imposições teóricas. A concisão
facetas. Outros têm características opostas: expressam suas como qualidade somente será atingida se você respeitar seu
ideias em poucas palavras; comunicam o essencial; vão di- modo de ser quando estiver escrevendo. A concisão, portan-
reto ao raciocínio. Se há o exagero expressivo, comete-se o to, não é linguagem de telegrama, é uma forma particular de
erro chamado prolixidade. Se há muita economia de ideias, buscar a linguagem mais econômica, com o único intuito de
caímos no erro do hermetismo. Entre esses dois extremos, conseguir uma comunicação mais eficiente.
há os textos mais fluentes e cheios de palavras ou os mais
densos e contidos. Assim, começamos a falar em concisão e 7. A imprecisão
precisão da linguagem. Com frequência ouvimos frases como: “Tá na ponta da lín-
gua...”; “Como é mesmo o nome daquela coisa?”; “Como é
1. Concisão e precisão que eu digo isso?”; “Esqueci...”; e tantas outras. Essa sensa-
Concisão é a qualidade de dizer o máximo possível com o mí- ção de que as palavras de repente fogem de nós pode indicar
nimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra que o nosso vocabulário é insuficiente ou impreciso.
certa para dizer exatamente o que se quer.
7a. Ampliação do vocabulário
Podemos considerar a concisão e a precisão como qualidades A limitação do vocabulário não impede um raciocínio inteli-
que caminham juntas, têm afinidade. Mas a concisão verifica- gente e incisivo. Em tese, nosso vocabulário é suficiente para
se na frase e a precisão, no vocábulo. desenvolver nossas tarefas. Quando ele é insuficiente, pesqui-
samos e estudamos.
1a. Texto conciso e texto preciso
Um texto conciso é aquele em que as ideias se condensam em Quando dominamos bem o nosso vocabulário, conseguimos
frases e períodos que expressam o essencial do que se quer ser mais precisos; ou seja, a precisão depende mais do domí-
comunicar. Em um texto preciso, todas as palavras traduzem nio do vocabulário que temos do que do conhecimento de um
exatamente as ideias do autor e não entram em choque com grande número de palavras.
conceitos estabelecidos. O antônimo ou o contrário da con-
cisão é a prolixidade. O contrário da precisão é a imprecisão 8. Terminologia
ou o óbvio. A precisão é um aspecto importante da linguagem. Mas, se
pensamos no vocabulário específico de uma ciência ou de
2. Quando a redundância é necessária uma área de conhecimento e no conteúdo que esses termos
A redundância é uma das falhas mais comuns na falta de con- expressam, a precisão se relaciona diretamente com a termi-

129
Língua Portuguesa
nologia — que é outro critério de avaliação da qualidade do “gol espetacular”, “amor inesquecível”, “alma trasbordante”,
texto. “esmagadora maioria”.

10. Lugar-comum ou clichê


Redação boa não é aquela em que o aluno apenas escreveu “Subir os degraus da glória”, “fazer das tripas coração”, “en-
sobre determinado tema, nem aquela em que ele mostrou cerrar com chave de ouro”, “a nível de”, “a grosso modo”,
conhecimento da modalidade culta da língua. Redação boa “solução para este problema”, “colocar os pingos nos ii “, “sair
é aquela cujo autor demonstra vasta cultura geral, prova com as mãos abanando”, “fazer fé em”, “da melhor maneira
por meio de raciocínio concludente que sabe argumentar possível”, “em todos os cantos do mundo”, “com a voz embar-
com coerência e apresenta deduções que denotam a verda- gada pela emoção”, “muita gente pensa que”, “isto quer dizer
de de sua conclusão por se apoiar em premissas admitidas que”, “pedra sobre pedra”, “dos males o menor”, “encher os
como verdadeiras. bolsos”, “agora ou nunca”, “contorcendo-se em dores”, “cho-
rando copiosamente”, “ uma vergonha”.
APRIMORAMENTO LINGUÍSTICO
11. Truísmo - (verdade evidente)
Por ser um conjunto de opiniões pessoais logicamente conca- Todos os homens são mortais. / São Paulo, o maior centro
tenadas, a redação deve ser precisa, rigorosa. Para despertar industrial da América Latina./ Pelé considerado rei do futebol.
interesse, deve ser sugestiva e original. A vulgaridade é o ní- / A criança de hoje será o adulto de amanhã. /Os idosos são
vel em que a mensagem é só redundância. Vejamos os casos pessoas que viveram mais que os jovens.
mais frequentes de vulgaridades, em que a redundância é
desnecessária e mesmo prejudicial à informação: ARGUMENTAÇÃO

1. Adjetivação excessiva O ato de argumentar procura atingir a vontade, o sentimen-


A incômoda e nociva poluição ambiental pode tornar o já pro- to dos interlocutores por meio de argumentos plausíveis ou
blemático e atrasado Brasil uma terra inabitável. verossímeis e tem caráter ideológico, subjetivo, temporal, di-
rigido a um leitor particular, levando a inferências que podem
2. Queísmo induzir esse leitor à adesão dos argumentos apresentados.
O fato de que o homem que seja inteligente tenha que en-
tender os erros dos outros e perdoá-los não parece que seja
certo.

3. Intromissão
Cultura, na minha opinião, é ...

4. Projeção da linguagem oral


Hoje em dia a gente não vive, a gente vegeta; dizem que an-
tigamente a coisa era melhor porque havia mais tempo para
as diversões, para as conversas, para a família, e assim su-
cessivamente.

5. “Atualidade” redundante
O sistema de disco laser, hoje, pouco acessível à maioria dos
consumidores que, atualmente, continuam preferindo os to-
ca-discos tradicionais. Porém, na atualidade, tem havido um
crescente interesse pela aquisição dessa recente inovação A argumentação esteia-se em dois elementos principais: a
tecnológica. consistência do raciocínio e a evidência das provas. São cinco
os tipos mais comuns de evidência: os fatos propriamente
6. Abstração grosseira ditos, os exemplos, as ilustrações, os dados estatísticos e o
testemunho.
Porque aí nós pegamos e pensamos: para onde vai à huma-
nidade? 1. Proposição: Afirmativa, suficientemente definida e limita-
da; não deve conter em si mesma nenhum argumento, isto
7. Predominância do gerúndio (endorreia) é, prova ou razão.
Entendendo dessa maneira, o problema vai-se pondo numa
2. Análise da proposição.
perspectiva melhor, ficando mais claro...
3. Formulação dos argumentos (evidências):
8. Palavras de introdução embromatória (a) fatos;
A vida, única e exclusivamente, é tão complexa que, apesar (b) exemplos;
de tudo, não obstante o que possam dizer torna-se altamente (c) ilustrações;
problemática. (d) dados estatísticos;
(e) testemunho.
9. Adjetivos cristalizados
4. Conclusão.
“Silêncio mortal”, “calorosos aplausos”, “mais alta estima”, “sol
quente”, “cabelos negros como a noite”, “grande homem”, sé- Fonte: Garcia, 1997.
ria conversa, “notável artista”, “mulher fatal”, ‘lábios de mel”,
“dentes de pérola”, “semblante carregado”, “sinceros votos Por organizar as ideias em função da expressão de um ponto
de feliz natal “, “merecidos aplausos”, “calorosa polêmica”, de vista, a argumentação têm o predomínio de:

130
Língua Portuguesa
• Linguagem denotativa, objetiva, sem rodeios (afinal, con- credenciais de seu governo. Cabe analisar do que é feito,
vence-se o leitor pela força dos argumentos, não pelo cansa- afinal, o prêmio Nobel da Paz, a mais simpática e política
ço), dispensando o uso abusivo de figuras de linguage, bem (2) das seis premiações da Real Academia de Ciências da
como o valor conotativo das palavras (o que não significa que Suécia. É de ações individuais ou das de governo? (3)
esses recursos nunca sejam usados); No caso de Obama, seu principal gesto individual será a
• Várias vozes ao longo do texto: a voz do produtor do texto doação do dinheiro do prêmio a instituições de caridade.
e as vozes introduzidas por ele por meio de citações e/ou
referências, ora para afirmar sua posição, ora para refutá-las; Como governante, sim, ele tem o que mostrar. Sua re-
• Períodos compostos por subordinação, especialmente os cente proposta de desarmamento nuclear tem um peso
que exprimem relações de causa/consequência e concessão; extraordinário (4). Aponta uma mudança importante na
consequentemente, predominam as conjunções causais (por- posição do governo americano. Sua disposição ao diálogo
que, que, pois, visto que, já que etc.) e concessivas (embora, com os países islâmicos, sem perder a firmeza na con-
ainda que, se bem que, conquanto etc.); denação ao avanço iraniano na área nuclear, também. A
• Períodos compostos por coordenação, com destaque para recente crítica ao governo de Israel pelas ocupações em
os que exprimem contraste (coordenadas adversativas) e os território palestino é outra guinada admirável (5).
utilizados para fechar uma ideia (coordenadas conclusivas); Mas (6) são ações motivadas pela necessidade de uma
• Expressões valorativas positivas ou negativas, quando a in- correção de rumos inescapável (7). Deveriam resultar, no
tenção é evidenciar uma posição não só com argumentos ob- máximo, em um prêmio Nobel do Bom Senso. Ele perce-
jetivos (dados, citações, relações lógicas etc.), mas também beu a rejeição internacional às posições assumidas pelo
lançando mão da subjetividade (o que pode dar ao texto tanto governo americano nos últimos anos e deu um rumo à
um tom irônico ou sarcástico quanto um tom de contundên- diplomacia de seu país. Ou está tentando dar, porque a
cia); diplomacia americana é coisa para profissionais. Por lá
• Ordenadores e organizadores textuais, encarregados da arru- não tem essa história vergonhosa de filiação partidária
mação das informações dentro do texto: do mesmo modo, não como acaba de fazer a cúpula do Itamaraty.
só ... mas também, por um lado ... por outro lado, em primeiro
lugar ... em segundo lugar, para começar ... finalmente etc.. O reposicionamento da política externa americana é
resultado do deslocamento do eixo político global com
OPERADORES ARGUMENTATIVOS entrada da China e dos outros emergentes no jogo. É
resultado também da absurda situação de endividamento
Operadores argumentativos são palavras e expressões ca- legada por George W. Bush, que ele precisa contornar se
pazes de introduzir um significado, enfatizá-lo ou insinuá-lo. quiser manter a capacidade de intervenção em conflitos
Dentre os mais comuns, destacamos: regionais ao redor do mundo. Não se pode dizer que seja
(8) uma propensão do presidente à bondade.
• conectivos conjuncionais: especialmente as conjunções que
contêm noções semânticas, pois explicitam a relação de sen- O líder político que, durante sua campanha, encantou
tido entre as ideias do texto. Por exemplo: mas = oposição; multidões com a perspectiva de uma nova Era de Aqua-
nem = adição; logo = conclusão etc.; rius, é pragmático a ponto de manter a posição america-
• intodutores de pressupostos: especialmente representados na em relação às guerras e adiar a retirada de tropas do
pela palavras e expressões denotativas (até, nem mesmo, in- Iraque. Da mesma forma, adotou medidas para redução
clusive, também...); numa afirmação do tipo “Nem mesmo os das emissões de gases de efeito estufa muitíssimo (9)
mais alienados deixarão de receber...”, parte-se de um pres- mais modestas do que prometeu na campanha.
suposto: o que vai ser demonstrado é óbvio;
• intensificadores e modalizadores: especialmente represen- O prêmio que acaba de ganhar criou a suspeita de que
tados pelas palavras e expressões denotativas (só, somen- os senhores da Nobel Foundation, na Suécia, estão de
te, apenas, no mínimo, quando muito), são intensificadores birra com George W. Bush (10). Durante o governo do ex-
quando reforçam a noção semântica do termo a que se asso- presidente americano, concederam a honraria a alguns
ciam (“um só elemento”), são modalizadores quando acres- de seus principais desafetos ou concorrentes. Assim,
centam uma noção contrastiva ao termo a que se associam como quem não quer nada, em 2002, premiaram Jimmy
(“mas também”); Carter, que de fato liderou a luta mundial pelos direitos
• modalizadores valorativos: representados por expressões humanos, mas é um integrante do Partido Democrata; o
adverbiais (lamentavelmente, sinceramente, talvez...), por presidente da Agência Internacional de Energia Atômica,
verbos (acreditar, supor, saber...), por pronomes (isto, aquilo, Mohamed ElBaradei ganhou em 2005. Seu feito notável
esta, essa...), por adjetivos (bom, ruim, excelente, desastro- (11) foi bater de frente com o governo americano por
so, divertido, chato...), pelos modos verbais (indicativo, sub- conta da falsa acusação da existência de armas nucleares
juntivo), exprimem a posição do enunciador em relação às no Iraque. Era um opositor de Bush, portanto. Em 2007,
ideias do texto, ora de incerteza, ora de convicção, ora mani- o ex-vice-presidente Al Gore foi o escolhido, no momento
festando subjetividade; em que se tornou o maior crítico da política ambiental
• reformuladores: representados por palavras e expressões americana.
denotativas (ou seja, melhor dizendo, aliás, quer dizer...), re-
tificam e/ou esclarecem ideias já expostas. Premiar Obama agora, com apenas nove meses de gover-
no, parece um recado claro de contestação ao governo
DO QUE É FEITO O NOBEL DA PAZ? Bush — que diga-se de passagem (12), lutou com afinco
contra a paz mundial. Talvez o maior feito de Obama seja
“A eleição do presidente Barack Obama ao prêmio No- não ser Bush.”
bel da Paz, anunciada nesta sexta-feira, é um prêmio às Ronaldo França. 09/10/09. In: http://veja.abril.com.br/40anos/blog/ronaldo-
boas intenções. Porque essas são, por enquanto (1), as franca/index.shtml

131
Língua Portuguesa
Comentários: pronomes pessoais de 3ª pessoa, elipse, determinados advér-
1. Modalizador - ele traz um tom de parcialidade a oração. bios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
2. Modalizadores valorativos - adjetivos.
3. Pergunta retórica - são interrogações direcionadas ao inter- MECANISMOS DE COESÃO LEXICAL
locutor (leitor/ouvinte do texto), que o tornam participante do
desenvolvimento argumentativo por meio de antecipação de • A repetição lexical consiste na reiteração de um termo ou
dúvidas, da provocação de reflexões, de afirmações indiretas. termos de uma mesma família lexical.
4. Modalizador valorativo - adjetivo.
5. Modalizador valorativo - adjetivo. • A sinonímia baseia-se na substituição de um termo por outro
6. Conectivo conjuncional de oposição - o mas chama a aten- ou por uma expressão que possua equivalência de significado.
ção para o que, na opinião do autor, são as verdadeiras inten-
ções de Obama com as ações citadas no parágrafo anterior. • O campo semântico baseia-se no emprego de termos que
7. Modalizador valorativo - adjetivo. pertencem a um repertório associado a uma realidade, uma
8. Modalizador valorativo - modo subjuntivo - expressa dúvida ciência, um estudo, isto é, termos que designam seres afins.
diante da propensão do presidente à bondade.
9. Modalizador valorativo - adjetivo. Observe no texto abaixo exemplos desses três mecanismos
10. Note como os dados que o autor possui servem como destacados conforme a legenda:
sustenção de seu argumento. – Negrito - repetição lexical;
11. Modalizador valorativo - adjetivo. – Sublinhado - campo semântico;
12. Introdutor de pressuposto. – Maiúscula - sinonímia.
Perceba que nesse texto a intenção do autor é criticar a pre-
Verde, vermelho, esquerda, direita
miação concedida a Barack Obama. Para tanto, ele usa de
ironia, por isso o uso constante de expressões valorativas, “O mundo gira, o tempo passa, e lá vem ela de novo: a
principalmente adjetivos. Tente ler o texto sem estes e verá teoria de que o aquecimento global é uma farsa monta-
que o tom do texto mudará. da por ex-comunistas desocupados. Então vamos às
considerações. O problema é que essa hipótese não faz o
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO menor sentido do ponto de vista político.

É comum ouvir a ideia de que o ambientalismo nada mais


COESÃO é do que o refúgio da esquerda após a queda do muro de
Berlim. No repertório conservador pós-1989, dizer que “o
“A coesão não nos revela a significação do texto; revela-nos a
verde é o novo vermelho” já virou piada velha. Continua
construção do texto enquanto edifício semântico.”
sendo repetida, talvez consequência de a extrema direita
M. Halliday
europeia e americana ter perdido seu “inimigo de estima-
A metáfora acima representa de forma bastante eficaz o sen- ção” – os estados comunistas de regime ditatorial
tido de coesão, ao compará-la às partes bem “amarradas” – do que de um verdadeiro acolhimento da causa ambien-
que compõem a estrutura de um edifício. As várias partes de talista pela esquerda.
uma frase devem se apresentar bem conectadas para que
o texto cumpra sua função primordial – veículo entre o seu Em primeiro lugar, porque o ideal socialista de igualdade
articulador e seu leitor. e justiça não caiu com o muro. O colapso do comunis-
mo na EUROPA livrou muitos povos de ditadores cruéis,
Portanto, coesão é essa “amarração” entre as várias partes do mas não solucionou desigualdades sociais e regionais,
texto, ou seja, o entrelaçamento significativo entre declarações nem mesmo na Alemanha. A esquerda europeia, portanto,
e sentenças. pode até acabar por incompetência eleitoral, mas não por
falta de injustiças contra as quais lutar. Ela abraçou a causa
Vejam, pode-se dizer: verde, mas não a tem como um de seus eixos ideológicos
Procurei Túlio, mas ele havia partido. centrais.
Porém, não se pode dizer:
Fora do VELHO MUNDO, mesmo que alguns grupos de
Mas ele havia partido. Procurei Túlio.
orientação socialista abracem questões como a preser-
Observe que a sequência lógica das orações presentes em: vação da Amazônia, isso só ocorre em casos onde há
favorecimento mútuo. Quem quiser um contraexemplo
“Procurei Túlio” e depois “Mas ele havia partido.” doméstico pode achá-lo nas altas taxas de desmate em as-
sentamentos do Movimento Sem-terra. Quem quiser algo
O pronome “ele” retoma o substantivo e a conjunção “mas” do outro lado do mundo que tente achar um boto chinês
estabelece a oposição entre as duas orações. no rio Amarelo.

Existem, em nossa língua, dois tipos de coesão: a lexical e a Em segundo lugar, a maior questão ambiental em pauta
gramatical. hoje, o aquecimento global, já têm pontuado o discurso
de alguns cardeais do Partido Republicano nos EUA, como
• A coesão lexical é obtida pelas relações de sinônimos ou Arnold Schwarzenegger. O último candidato a presidente
quase sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos e formas re- pela sigla, John McCain, foi autor do primeiro projeto de
duzidas. lei do país para reduzir emissões de gases do efeito estufa.

• Já a coesão gramatical é conseguida a partir do empre- Já na Europa a causa tem sido defendida por líderes como
go adequado de pronomes, adjetivos, pronomes substantivos, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, que a direita já deve estar

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Língua Portuguesa
vendo como “perigosos comunistas”. Um trabalho do • Os pronomes demonstrativos, no contexto textual, re-
economista Nicholas Stern sob encomenda do ex-premiê lacionam-se a uma pessoa do discurso, fazendo referência ao
britânico Tony Blair, pode ter algo a ver com essa “guinada substantivo que preenche o significado dela, e indicam a posi-
à esquerda”, já que projeta expressivas perdas econômicas ção do substantivo em relação ao que se declara dele:
advindas do impacto da mudança climática. Stern, aliás,
“Ampliar a rede universal de serviços sociais, ou seja, de
foi um dos grandes responsáveis por ajudar a transpor o
debate ambiental da política para a economia. educação, saúde, saneamento e, quem sabe, habitação
popular, porque esses atuam no bem-estar da população
Nos EUA, a bandeira dos céticos do clima foi então aban- sem a mediação do mercado.”
donada finalmente aos órfãos da administração Bush e ao http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u663630.shtml

lobby emissor de CO2. Alguns ainda fazem água no Con-


gresso, dificultando a aprovação da nova lei do país para Há muitas coisas a serem consideradas. Essas fazem
reduzir emissões. Forçaram Barack Obama a entrar um grande diferença nos momentos de decisão.
cenário de impasse para atrasar o novo acordo global do
clima. Tudo foi combinado com... o governo comunista • Os pronomes indefinidos são aqueles que se referem à
chinês! terceira pessoa do discurso de modo impreciso, indeterminado,
genérico:
Na Europa, a negação do aquecimento global acabou nas É difícil entender o que se passa de um lado quando se
mãos de uma extrema direita que já não tem força para está do outro.
soprar suas ideias políticas para além mar. Recorrendo à
xenofobia como eixo de agrupamento ideológico regional,
ficou difícil fazer discurso fora do VELHO CONTINENTE. Muito cuidado na hora de usar os pronomes nos textos. Como
Nessas situações, é melhor tentar mudar de assunto. Falar são palavras que têm significado somente quando associados
de ambiente pode ser uma boa escolha, caso seja possível a seus referentes, é preciso buscar sempre a associação cer-
atribuir rótulo ideológico à causa verde. Mas está difícil. ta, pois muitas vezes a distância entre referente e pronome
pode gerar ambiguidades.
Ao que parece, a tática só convence os portadores de ca-
sos mais graves de daltonismo intelectual. Para quem sofre • Os conectivos - conjunções e preposições - são responsá-
desse mal, tudo o que não é cinza aparece em tons de veis pela ligação de elementos linguísticos (palavras, frases,
vermelho. Se houver muita gente assim, a teoria de que o
orações, períodos), podendo carregar ou não significado para
aquecimento global é uma conspiração de esquerda pode
as relações que fazem. As conjunções, assim como as prepo-
até se espalhar. Fenômenos físicos como o efeito estufa,
sições, não desempenham função sintática, o que ressalta seu
porém, não seguem orientação ideológica.”
papel de elementos conectores:
Rafael Garcia. In: http://laboratorio.folha.blog.uol.com.br/arch2009-11-29_2009-12-05.
html#2009_12-03_15_33_55-137758372-0
“Sobre a queda do voo 447, a investigação francesa in-
dicou que os controladores brasileiros tentaram passar o
MECANISMOS DE COESÃO GRAMATICAL monitoramento do voo para os senegaleses, mas não ti-
veram resposta imediata. Não foi a causa da queda, como
• Os pronomes pessoais são palavras que têm sua carga
Lula fez questão de dizer, mas, segundo a apuração fran-
significativa plena apenas quando os realacionamos a um subs-
cesa, pode ter retardado o início das buscas.”
tantivo (já citado anteriormente ou que ainda será citado). http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/clovisrossi/ult10116u664681.shtml
Isso significa que um pronome nunca tem autonomia e, por se
relacionar a outro termo, torna-se peça fundamental na arqui- Nas duas situações em que a conjunção mas foi usada, vemos
tetura, na “amarração” deu um texto: que ela introduz uma oração que faz oposição à ideia da oração
O mundo mais parece uma caixinha de surpresas. Ele vive anterior, relacionando-as.
nos pregando peças. (O pronome ele refere-se ao termo
antecedente: mundo) Observe um caso de escolha inadequada da conjunção: “Em-
bora o Brasil seja um país de grandes recursos naturais, tenho
• Os pronomes possessivos associam a ideia de posse às certeza de que resolveremos o problea da fome”.
pessoas do discurso, relacionando a coisa possuída com a pes-
soa do possuidor. Veja que não existe a relação de oposição ou a ideia de con-
“Em seu programa semanal Café com o Presidente, Lula cessão que justificaria a conjunção EMBORA. Como a relação
ressaltou que a decisão de prorrogar até junho de 2010 é de causa-efeito, deveria ter sido usada uma conjunção cau-
as desonerações em setores como a linha branca serve sal: “Como o Brasil é um país de grandes recursos naturais,
para incentivar que o povo continue comprando, além de tenho certeza de que resolveremos o problea da fome”.
fomentar a produção.”

• Pronomes relativos, além de retomarem um termo an- Para que problemas desse tipo não aconteçam em suas re-
dações, acostume-se a relê-las, observando se suas pala-
tecedente, em geral introduzem uma oração subordinada e
vras, orações e períodos estão adequadamente relaciona-
desempenham função sintática nessa oração. O emprego in-
dos.
correto de pronomes relativos (que, o qual, cujo) desestrutura
por completo um texto: DELTAMO, Dileta. Escrevendo Melhor. Ed. Ática, 1995.

“A terceira é uma parte da crise da qual não vamos es-


capar: mudar de rumo no que diz respeito às estratégias Conectivos ou elementos de coesão são todas as palavras
produtivas, para mitigar as mudanças climáticas.” ou expressões que servem para estabelecer elos, para criar
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u663630.shtml relações entre segmentos do discurso, tais como: então,

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Língua Portuguesa
portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, aí, Ex.: Ainda que a ciência e a técnica tenham presenteado o
dessa forma, isto é, embora e tantas outras. Veja o exemplo: homem com abrigos confortáveis, pés velozes como o raio,
Israel possui um solo árido e pouco apropriado à olhos de longo alcance e asas para voar, não resolveram o
agricultura, porém chega a exportar certos produtos problema das injustiças. (Como se nota, mesmo concedendo
agrícolas. ou admitindo as grandes vantagens da técnica e da ciência,
afirma-se uma desvantagem maior.)
No caso, faz sentido o uso do porém, já que entre os dois
segmentos ligados existe uma contradição. Seria descabido O uso do embora e conectivos do mesmo sentido pressupõe
permutar o porém pelo porque, que serve para indicar causa. uma relação de contradição, que, se não houver, deixa o
enunciado descabido.
Relação dos principais elementos de coesão:
Certos elementos de coesão servem para estabelecer grada-
ASSIM, DESSE MODO: têm um valor exemplificativo ção entre os componentes de uma certa escala. Alguns, como
e complementar. A sequência introduzida por eles serve mesmo, até, até mesmo, situam alguma coisa no topo da
normalmente para explicitar, confirmar ou ilustrar o que se escala; outros, como ao menos, pelo menos, no mínimo,
disse antes. situam-na no plano mais baixo.
Ex.: O Governador resolveu não comprometer-se com
Ex.: O homem é ambicioso. Quer ser dono de bens materiais,
nenhuma das facções em disputa pela liderança do partido.
da ciência, do próprio semelhante, até mesmo do futuro e da
Assim, ele ficará à vontade para negociar com qualquer uma
que venha a vencer. morte.
É preciso garantir ao homem seu bem-estar: o lazer, a
E: anuncia o desenvolvimento do discurso e não a repetição cultura, a liberdade, ou, no mínimo, a moradia, o alimento e
do que foi dito antes; indica uma progressão que adiciona, a saúde.
acrescenta, algum dado novo. Se não acrescentar nada,
constitui pura repetição e deve ser evitada. • Os advérbios dão as coordenadas sobre a localização no es-
Ex.: Tudo permanece imóvel e fica sem se alterar. paço e no tempo dos elementos a que se referem e que podem
aparecer no contexto textual:
AINDA: serve, entre outras coisas, para introduzir mais um A casa de campo fica a 30 km daqui. Amanhã sairemos
argumento a favor de determinada conclusão, ou para incluir cedo e logo estaremos lá.
um elemento a mais dentro de um conjunto qualquer.
Ex.: O nível de vida dos brasileiros é baixo porque os salários • Os ordenadores, como em resumo, por um lado, daí, então,
são pequenos. Convém lembrar ainda que os serviços públicos para começar etc., encarregam-se da organização das informa-
são extremamente deficientes. ções no texto:
“Pode até acontecer, mas é tolice ver no Chile-2009 uma
ALIÁS, ALÉM DO MAIS, ALÉM DE TUDO, ALÉM DISSO: espécie de espelho do Brasil-2010.
introduzem um argumento decisivo, apresentado como Primeiro porque situações de um país não podem, jamais,
acréscimo, como se fosse desnecessário, justamente para dar ser mecanicamente transplantadas para outro. Menos ain-
o golpe final no argumento contrário. da no caso do Chile, um dos dois únicos países sul-ameri-
Ex.: Os salários estão cada vez mais baixos porque o processo canos (o outro é o Uruguai) em que o sistema partidário
inflacionário diminui consideravelmente seu poder de compra. não implodiu nem durante nem depois das ditaduras em
Além de tudo são considerados como renda e taxados com cada um deles.
impostos.
Segundo, ao contrário do governismo brasileiro, entrin-
cheirado atrás de Lula e de sua candidata, o governismo
ISTO É, QUER DIZER, OU SEJA, EM OUTRAS PALAVRAS: chileno se dividiu em duas candidaturas: há a oficial, do
introduzem esclarecimentos, retificações ou desenvolvimento ex-presidente Eduardo Frei, democrata-cristão, e a há a
do que foi dito anteriormente. alternativa, de Marco Enríquez-Ominami, um socialista que
Ex.: Muitos jornais, fazem alarde de sua neutralidade em discordou do processo de escolha do candidato da Con-
relação aos fatos, isto é, de seu não comprometimento com certación, a coligação DC-PS, e lançou-se como indepen-
nenhuma das forças em ação no interior da sociedade. dente.”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/clovisrossi/ult10116u665440.shtml

MAS, PORÉM E OUTROS CONECTIVOS ADVERSATIVOS:


marcam oposição entre dois enunciados ou dois segmentos COERÊNCIA
do texto. Não se podem ligar, com esses relatores, segmentos
A coerência é um processo global responsável pela formação
que não se opõem. Às vezes, a oposição se faz entre
do sentido que garante a compreensibilidade de um texto, não
significados implícitos no texto. havendo uma continuidade de sentido, o texto torna-se inco-
Ex.: Choveu na semana passada, mas não o suficiente para erente. Ela dá textura à sequência linguística, entendendo-se
se começar o plantio. por textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência
linguística em texto e não em um amontoado de palavras. A
EMBORA, AINDA QUE, MESMO QUE: são relatores que sequência é percebida como texto quando aquele que o recebe
estabelecem ao mesmo tempo uma relação de contradição é capaz de percebê-lo como uma unidade significativa global.
e de concessão. Servem para admitir um dado contrário
para depois negar seu valor de argumento. Trata-se de um A coerência abrange, além da coesão textual, outros fatores
expediente de argumentação muito vigoroso: sem negar as de ordem diversas, tais como, elementos linguísticos, conhe-
possíveis objeções, afirma-se um ponto de vista contrário. cimento de mundo, conhecimento partilhado, situacionalidade,

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Língua Portuguesa
informatividade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabi- O IMPLÍCITO
lidade. Os elementos linguísticos funcionam como pistas para
ativar o conhecimento de mundo e dizem respeito à relação Há dois tipos de implícitos: os pressupostos e os subentendidos.
que se estabelece entre o texto e o seu contexto. Esses ele-
mentos são necessários para se obter a coerência mas não são • Os pressupostos são ideias que não aparecem explicita-
os únicos responsáveis para dar o significado a uma narrativa. mente em um enunciado, mas decorrem do sentido de certas
palavras ou expressões pertencentes a este.
“João continua doente.”
A situacionalidade refere-se ao conjunto de fatores que
tornam um texto essencial em uma situação de comunicação Esta frase nos traz o pressuposto de que João já estava doente
corrente ou passível de ser constituída. Tanto a intencionali- antes. O sentido do verbo “continuar” nos permite dizer isso.
dade como a aceitabilidade são fatores que se constituem
“O médico atendeu ao seu primeiro cliente.”
através do princípio de cooperação entre os interlocutores, pois
quem produz um texto tem sempre a intenção de que este seja O adjetivo “primeiro” revela o pressuposto de que o médico
compreendido, e quem o recebe espera que o mesmo faça não havia atendido ninguém ainda.
sentido. Já a informatividade diz respeito ao grau de novida-
de e previsibilidade contidos em um texto, podendo, por isso, Há algumas palavras que geralmente servem de marcadores e
dificultar ou facilitar a compreensão do texto. A intertextua- pressupostos:
lidade – como já foi falado anteriormente – envolve as diver- a) adjetivos (ou palavras e expressões com valor adjetivo).
sas maneiras pelas quais a produção e recepção de um texto Ex.: Aquela é a moça mais feia da festa.
dependem do conhecimento prévio de outros textos por parte Pressuposto: há outras moças na festa que não são tão
dos interlocutores, ou seja, está relacionado aos fatores que feias como aquela.
tornam a utilização de um texto dependente de um ou mais b) certos verbos.
textos previamente existentes. Ex.: Juliana parou de fumar.
Pressuposto: Juliana fumava antes.
Um texto coerente deve apresentar: c) certos advérbios.
Ex.: O governo está pensando somente em reeleição.
1. Repetição: Diz respeito à necessária retomada de elemen- Pressuposto: o governo não está pensando em mais nada.
tos no decorrer do discurso. Um texto coerente tem unidade,
• Enquanto os pressupostos decorrem de alguma palavra
já que nele há a permanência de elementos constantes no seu
contida na frase, não podendo, por isso, serem negados, o
desenvolvimento. Um texto que trate a cada passo de assuntos
subentendido é uma insinuação que dependerá do ouvinte
diferentes sem um explícito ponto comum não tem continuida-
para ser consumado.
de. Um texto coerente apresenta continuidade semântica na
retomada de conceitos, ideias. Isto fica evidente na utilização
– Nossa! São três horas da manhã! – diz a dona de casa
de recursos linguísticos específicos como pronomes, sinônimos,
a um convidado chato que veio para jantar e esqueceu-
hipônimos, hiperônimos etc. Os processos coesivos de continui-
se de ir embora.
dade só se podem dar com elementos expressos na superfície
textual; um elemento coesivo sem referente expresso, ou com Se esse convidado for realmente chato, ele poderá dizer
mais de um referente possível, torna o texto mal-formulado. para a dona da casa: “São só três horas da manhã e você já
quer que eu vá embora?”
2. Progressão: O texto deve retomar seus elementos con-
ceituais e formais, mas não deve limitar-se a isso. Deve, sim, Como o subentendido tem a vantagem de poder ser negado,
apresentar novas informações a propósito dos elementos men- a dona da casa poderá responder: “Imagine! Eu só queria
cionados. Os acréscimos semânticos fazem o sentido do texto dizer que ao seu lado o tempo passa voando!”.
progredir. No plano da coerência, percebe-se a progressão pela
soma das ideias novas às que já foram apresentadas. Há mui-
PONTUAÇÃO
tos recursos capazes de conferir sequenciação a um texto. Ao se redigir um texto, um dos aspectos mais importantes
a ser considerado é a pontuação, cujo uso adequado é um
3. Não contradição: um texto precisa respeitar princípios ló- mecanismo coesivo e um recurso de estilo.
gicos elementares. Não pode afirmar A e o contrário de A . Suas
ocorrências não podem se contradizer, devem ser compatíveis Um texto mal pontuado é, no mínimo, difícil de ser lido, além
entre si e com o mundo a que se referem, já que o mundo de deselegante, podendo mesmo tornar-se incompreensível.
textual tem que ser compatível com o mundo que representa. Leia a frase seguinte:
Esta não contradição expressa-se nos elementos linguísticos,
“Um lavrador tinha um bezerro e a mãe do lavrador era tam-
no uso do vocabulário, por exemplo. Em redações escolares,
bém o pai do bezerro.”
costuma-se encontrar palavras que não condizem com os sig-
nificados pretendidos. Como se pode observar, esse enunciado é absurdo. Entre-
tanto, um ponto final já serveria para torná-lo mais claro
4. Relação: um texto articulado coerentemente possui relações (embora a constução continuasse feia):
estabelecidas, firmemente, entre suas informações, e essas têm
“Um lavrador tinha um bezerro e a mãe. Do lavrador era
a ver umas com as outras. A relação em um texto refere-se à for-
também o pai do bezerro.”
ma como seus conceitos se encadeiam, como se organizam, que
papéis exercem uns em relação aos outros. As relações entre os Outro defeito comum, resultado da má pontuação, é a ambi-
fatos têm que estar presentes e serem pertinentes. guidade. Veja os exemplos:

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Língua Portuguesa
a) Só, o Diego da Turma M fez o trabalho de artes. Comentários:
b) Só o Diego da Turma M fez o trabalho de artes. 1º período: o autor começa a desmontar o argumento dos
sonegadores através da expressão “confortável pretexto”.
c) Os alunos dedicados passaram no vestibular.
d) Os alunos, dedicados, passaram no vestibular. 2º período: o autor admite como pretexto a justificativa dos
e) Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi. sonegadores.
f) Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi. 3º período: o conectivo “no entanto” introduz uma
EXPLICAÇÕES: argumentação contrária, dizendo que a justificativa é cínica
a) Diego fez sozinho o trabalho de artes. e improcedente.
b) Apenas o Diego fez o trabalho de artes.
4º período: através do conectivo “porque” ele diz a causa pela
c) Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e, qual considera cínico o argumento dos sonegadores.
passaram no vestibular, somente, os que se dedicaram, res-
tringindo o grupo de alunos. 5º período: o conectivo “ora” dá início a uma argumentação
d) Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados. contrária à ideia de que o Estado possa sobreviver sem
arrecadar impostos e sem se prover de recursos.
e) Marcão é chamado para cantar.
f) Marcão pratica a ação de cantar. 6º período - o conectivo “e” introduz um segmento que
adiciona um argumento ao que se afirmou no período anterior.
Muitas são as regras de pontuação; também são muitas as
possibilidades de construção de um texto, dependendo da
7º período - depois de demonstrar que o argumento dos
intenção de quem escreve e dos aspectos que o autor pre-
sonegadores é cínico, o autor passa a demonstrar que é
tende ou não realçar. Isso significa que não podemos con- também improcedente, o que já foi afirmado no terceiro
siderar o conjunto de regras de pontuação algo inflexível. período. É usado o conectivo “porque” para isso. Mais adiante
Na hora de pontuar, pense na organização das ideias, evite o conectivo “além de” introduz um argumento a mais a favor
a armadilha da construções complexas e das frases longas, da improcedência da sonegação.
leia o texto várias vezes para ter certeza de que ficou claro
e preciso, dê atenção ao ouvido para perceber pausas e o 8º período - o autor usa dois conectivos: “antes” e “até
ritmo final do texto, treine o ouvido lendo bons autores, etc. mesmo” que reforçam sua argumentação.

Vejamos, na análise do texto a seguir, todos os tópicos a 9º parágrafo - o conectivo “mas” estabelece a contradição das
respeito da estrutura textual: duas argumentações (dos sonegadores e do autor).

UM ARGUMENTO CÍNICO 10º período - o conectivo “ou” inicia uma passagem que
contém uma alternativa que caracteriza ainda a atitude
(1) “Certamente nunca terá faltado aos sonegadores hipócrita dos sonegadores.
de todos os tempos e lugares o confortável pretexto Para Entender o Texto - Leitura e Redação. Platão & Fiorin, Editora Ática, 1995.
de que o seu dinheiro não deve ir parar nas mãos de
administradores incompetentes e desonestos. VÍCIOS DE LINGUAGEM
(2) Como pretexto, a invocação é insuperável e tem
mesmo a cor e os traços do mais acendrado civismo. CONCEITO
(3) Como argumento, no entanto, é cínica e improcedente.
(4) Cínica porque a sonegação, que nesse caso se pratica Chama-se vício de linguagem ao modo de falar ou escrever
não é compensada por qualquer sacrifício ou contribuição que contraria as normas de uma língua. A infração à norma só
que atenda à necessidade de recursos imanente a todos recebe o nome de vício quando se torna frequente e habitual
os erários, sejam eles bem ou mal administrados. na expressão de um indivíduo ou de um grupo.
(5) Ora, sem recursos obtidos da comunidade não há
policiamento, não há transportes, não há escolas ou Os vícios de linguagem mais comuns são:
hospitais.
ARCAÍSMO
(6) E sem serviços públicos essenciais, não há Estado e
não pode haver sociedade política. Consiste no emprego de palavras ou construções que já caí-
(7) Improcedente porque a sonegação, longe de fazer ram em desuso, que pertencem ao passado de língua e não
melhores os maus governos, estimula-os à prepotência entram mais em seu uso normal.
e ao arbítrio, além de agravar a carga tributária dos que
não querem e dos que, mesmo querendo, não têm como “Convidou-os mui polidamente a cear.” (Folha de São Paulo)
dela fugir - os que vivem de salário, por exemplo. (mui = muito)
(8) Antes, é preciso pagar, até mesmo para que não faltem
legitimidade e força moral às denúncias de malversação. “Aurélia, que se dirigia ao seu toucador, sentou-se a uma es-
(9) É muito cômodo, mas não deixa de ser, no fundo, crivaninha...” (José de Alencar)
uma hipocrisia, reclamar contra o mau uso dos dinheiros (toucador = penteadeira)
públicos para cuja formação não tenhamos colaborado.
“Os três dias de nojo tinham passado.” (Eça de Queirós)
(10) Ou não tenhamos colaborado na proporção da nossa
(nojo = pesar, luto)
renda.”
Muitos arcaísmos são comuns nas falas regionais.
VILLELA, João Baptista. Veja, 25 set. 1985.

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Língua Portuguesa
O arcaísmo poderá ter finalidade expressiva e, nesse caso, A divisão de merchandising da Rede Globo deu um belo pre-
não se constitui num vício. sente à Casa dos Artistas.
(Maria Lúcia Rangel)

“... o roubo só rendera cadeia e pancadas aos pândegos dos


ciganos, enquanto Sete-de-Ouros voltara para a Fazenda de O exame antidoping obrigatório continua longe do tênis.
(Thales de Menezes)
Tampa...” (Guimarães Rosa)
(pândego = engraçado, alegre)
Estrangeirismo Forma equivalente
ANFIBOLOGIA OU AMBIGUIDADE em português
Ocorre quando uma mensagem apresenta mais de um senti- bom-tom educação, boas maneiras
do. A anfibologia geralmente resulta da disposição inadequa- costume traje, vestido, terno
da das palavras nas frases.
salta aos olhos é claro, é evejante
Encontrei-o preocupado. (Quem estava preocupado: eu ou ele?) show espetáculo, exibição
pedigree raça, linhagem
A menina viu o incêndio da loja. (A menina estava na loja e
viu o incêndio ou viu a loja incendiar-se?) entrar de sócio entrar como sócio
jogar de goleiro jogar como goleiro
BARBARISMO
repetir de ano repetir o ano
É todo erro que diz respeito à forma da palavra. enquanto que enquanto
ter lugar realizar-se
a) cacopeia – erro de pronúncia:
tomar a palavra usar da palavra, ter a palavra

Forma incorreta Forma correta Quando o vocábulo estrangeiro revela-se muito útil ou neces-
Esteje esteja sário, tende a adaptar-se à pronúncia e grafia do português.
Fidagal figadal É o que chamamos de “aportuguesamento”.
Metereologia meteorologia Veja:
Xipófago xifópago Beef – bife
Basket-ball – basquetebol
Quando o erro se deve ao deslocamento do acento tônico, Football – futebol
recebe o nome de silabada: Club – clube
Gaffe – gafe
Forma incorreta Forma correta Goal – gol
avaro ávaro Roast-beff – rosbife
íbero ibero Abat-jour – abajur
ariete aríete
interim ínterim CACÓFATO
rúbrica rubrica
É a palavra ou expressão inconveniente, descabida, ridícula
ou obscena que resulta da união de duas palavras ou de par-
b) cacografia – qualquer erro de grafia: tes de palavras vizinhas.

Forma incorreta Forma correta Na vez passada falei com você. (na vespa assada)
encima em cima Ela tinha muito dinheiro. (é latinha)
em baixo embaixo Essas palavras saíram da boca dela. (cadela)
derrepente de repente
pixe piche COLISÃO
excessão exceção
É a sequência de sons consonantais iguais, da qual resulta um
magestoso majestoso efeito acústico desagradável.
quizer quiser
Eu não conheço muito bem a sede desse partido no centro...
Sabe, se você se sair satisfatoriamente bem, seremos salvos.
Os erros de separação silábica também se incluem na caco-
grafia:
ECO
Pá – ssa – ro ......... pás – sa – ro (correto)
E – rra – do ........... er – ra – do (correto) É a rima em prosa. Constitui-se num defeito quando o texto
So – sse – go ........ sos – se – go (correto) não é prosa literária.
A reação da população foi de pura emoção.
c) estrangeirismo – é o emprego de palavras ou expressões
estrangeiras ainda não adaptadas ao idioma nacional: Na realidade, a subjetividade é uma questão de identidade.

137
Língua Portuguesa
HIATO Elo de ligação Acabamento final
É o acúmulo de vogais que produz um efeito acústico desa- Certeza absoluta Como prêmio extra
gradável. Juntamente com Há anos atrás

Vá à aula. Relações bilaterais entre


Vereador da cidade
dois países
Assava a asa da ave.
Outra alternativa Detalhes minuciosos
PLEONASMO A razão é porque Anexo(a) junto à carta
Sua livre escolha Superávit positivo
É o emprego de palavras ou expressões de significado seme-
lhante que não acrescenta nada ao que já foi dito e, por isso, Vandalismo criminoso Todos foram unânimes
tornam-se inúteis na frase. A seu critério pessoal Conviver junto
Subiu para cima. Encarar de frente Multidão de pessoas
Desci para baixo. Amanhecer o dia Criação nova
Saia daqui para fora. Empréstimo temporário Compartilhar conosco
Surpresa inesperada Escolha opcional
SOLECISMO
Continua a permanecer Passatempo passageiro
É o nome dado às construções que infringem as normas de
Atrás da retaguarda Repetir outra vez
sintaxe.
Voltar atrás Abertura inaugural
a) solecismo de concordância: Obra-prima principal Gritar bem alto
Abreu garante que não há problemas com o abastecimento. Comparecer em pessoa Demasiadamente excessivo
Os que haviam estão sendo desenvolvidos. (Veja) Individualidade inigualável Abusar demais
(os que havia...)
Exceder em muito
... acho que precisamos nos dar conta da componente civil
do golpismo. É muito maior que a componente puramente REDIGINDO O TEXTO
militar. (Veja)
(... do componente civil...que o componente...)
PLANEJAR
Fazem três anos que estamos estudando neste colégio.
Palavras não criam ideias. Muitas vezes, ao ler o tema da
(Faz três anos...)
redação o aluno logo começa a escrever: primeiro parágrafo,
Haviam muitas pessoas na sala. segundo... e ops! Travou. As ideias acabam e não há como
(Havia muitas pessoas...) prosseguir o texto. Por isso, é preciso planejar. Colocaremos
em seguida alguns passos que podem ajudar no planejamento
A turma já foram para o bar. e escrita de redações. São sugestões que podem ajudar
(A turma já foi...) aqueles que estão sem prática.
b) solecismo de regência: • Dado o tema, pensar livremente sobre ele, anotando as
mais diferentes ideias que forem aparecendo.
Este é o prefeito que a cidade precisa. (Anúncio Publicitário)
(... de que a cidade precisa) • No caso de um texto predominantemente descritivo, anotar
os elementos mais significativos, que realmente caracterizam
Cheguei no colégio. (Cheguei ao colégio) um objeto, uma pessoa, uma paisagem; definir o foco
descritivo.
Os líderes distanciaram-se de qualquer base social que po-
diam aspirar. (Folha de São Paulo) • No caso de um texto predominantemente narrativo, definir
(a que podiam aspirar) personagens, cenário, tempo, conflito; estabelecer o tipo de
narrador; moldar o começo, o meio e o fim da história com
c) solecismo de colocação: uma sequência lógica.
• No caso de um texto predominantemente dissertativo,
Me faça um favor? (Faça-me um favor?)
anotar os argumentos (a favor e contra sua tese) e definir um
Não diga-me uma coisa dessas! posicionamento diante do tema.
(Não me diga uma coisa dessas!) • Colocar as ideias em ordem, organizar uma sequência.
• Selecionar as ideias, dando uma estrutura ao tema que
Quando os desvios de sintaxe têm intenção estilística, não
será desenvolvido, sem esquecer de observar qual será
constituem solecismos.
seu interlocutor, onde circulará seu texto, qual a situação
TAUTOLOGIA comunicativa, sua intenção, o gênero textual etc.

É o vício de repetir uma ideia com palavras diferentes. Evite Simples, não? É apenas uma questão de organizar o trabalho
escrever ou falar: antes de começar a realizá-lo.

138
Língua Portuguesa

Chama-se coletânea ou painel de leitura o conjunto de tex- O importante é você usar a criatividade até mesmo no título
de sua redação. Pense no título após o rascunho estar ponto,
tos que compõe uma proposta de redação. Tal conjunto
fica mais fácil. Assim, o estudante não se torna escravo do
oferece para o candidato um quadro diversificado de ideias
título.
sobre um mesmo assunto, podemos abordá-lo de forma
distinta e até contraditória. Esse conjunto está, por um OBSERVAÇÕES: Quando você participar
lado, a serviço do candidato: amplia e/ou esclarece a temá- de algum concurso ou teste e tiver de fazer
tica da proposta, oferece ideias e pontos de vista variados, uma dissertação, observe a proposta e/ou
provoca e motiva a produção do texto; por outro, é de ser- instruções. Muitas vezes, já vem explicitado
ventia para os avaliadores, porque evidencia a competência o tema ou título; às vezes, é sugerido ape-
de leitura e de reflexão do candidato, sua capacidade de nas o assunto. O item que faltar, cabe a
associação e articulação de ideias. você elaborar.

DIFERENÇA ENTRE TEMA E TÍTULO O aspecto estético também é avaliado em qualquer teste.
Com relação ao título e ao tema, há algumas regras impor-
Produzir um texto dissertativo, ou dissertação, consiste em tantes: o título deve ser colocado no centro da folha, logo no
defender uma ideia. É a defesa de uma tese -- proposição que início de sua dissertação, com inicial maiúscula; uma linha
se apresenta com o objetivo de convencer quem lê, ou seja, é suficiente para separar o título do corpo de sua redação.
o leitor. Para se alcançar tal objetivo, a organização da disser- Nada mais deve ser acrescentado, principalmente algo que
tação é fundamental. Existem, portanto, algumas instruções, seja óbvio, do tipo “Título:”; comece diretamente pelo título
as quais favorecem o ato da escrituração, que você poderá (expressão escolhida por você para dar nome a sua redação),
verificar agora. conforme orientações acima.
In: Técnicas Básicas de Redação, Editora Scipione.

O tema e o título são, com muita frequência, empregados


como sinônimos. Contudo, apesar de serem partes de um ESTRUTURA DO PARÁGRAFO
mesmo tipo de composição, são elementos bem diferentes.
O tema é o assunto, já delimitado, a ser abordado; a ideia O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída
que será por você defendida e que deverá aparecer logo no por um ou mais de um período, em que se desenvolve
primeiro parágrafo. Já o título é uma expressão, ou até uma determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam
só palavra, centrada no início do trabalho; ele é uma vaga outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e
referência ao assunto (tema). Veja a diferença entre os dois logicamente decorrentes dela.
nos exemplos abaixo:
O parágrafo é indicado por um afastamento da margem
Título: A cidade e seus problemas esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar
Tema: A cidade de São Paulo enfrenta atualmente grandes e depois ajustar convenientemente as ideias principais de
problemas. sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o
desenvolvimento nos seus diferentes estágios.
Título: A importância da Península Arábica
Tema: Entendemos que a comunidade internacional deva Tamanho do parágrafo: Os parágrafos são moldáveis como
preocupar-se com os acontecimentos que envolvam a Penín- a argila, podem ser aumentados ou diminuídos, conforme o
sula Arábica, já que grande parte do petróleo que o mundo tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação onde o
consome sai desta região. texto vai ser divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho
dos parágrafos, dará colorido especial ao texto, captando a
Título: A criança e a televisão atenção do leitor, do começo ao fim. Em princípio, o parágrafo
Tema: Psicólogos do mundo todo têm se preocupado com a é mais longo que o período e menor que uma página impressa
influência que determinados programas de televisão exercem no livro, e a regra geral para determinar o tamanho é o bom
sobre as crianças. senso.

Título: As contradições na era da comunicação Parágrafos curtos - próprios para textos pequenos,
Tema: Vivendo a era da comunicação, o homem contempo- fabricados para leitores de pouca formação cultural. A notícia
râneo está cada vez mais só. possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já artigos e
editoriais costumam ter parágrafos mais longos. Revistas
Note que o tema, na verdade, como já mencionamos acima, é populares, livros didáticos destinados a alunos iniciantes,
a delimitação de determinado assunto. Isso é necessário, pois geralmente, apresentam parágrafos curtos.
um assunto pode ser muito extenso e, nesse caso, ao abordá-
lo, você poderá se perder em sua extensão. Peguemos o as- Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo
sunto “ensino” como exemplo. Há muito o que escrever sobre em parágrafos menores, seguindo critério claro e definido.
ele, por isso convém delimitá-lo. Desse modo, obtém-se o O parágrafo curto também é empregado para movimentar o
tema. Logo, para cada assunto, há inúmeros temas. texto, no meio de longos parágrafos, ou para enfatizar uma
ideia.
Da mesma forma, quando os títulos são generalizados, abre-
se um leque de temas a serem desenvolvidos. Para o título “A Parágrafos médios - comuns em revistas e livros didáticos
criança e a televisão”, por exemplo, podemos definir um outro destinados a um leitor de nível médio (2º grau). Cada
tema, como “A criança se encanta com os novos programas parágrafo médio construído com três períodos que ocupam
de TV criados especialmente para elas”, ou ainda “Os pais, de 50 a 150 palavras. Em cada página de livro, cabem cerca
envoltos com seus problemas, não perceberam ainda o perigo de três parágrafos médios.
da televisão para as suas crianças”.

139
Língua Portuguesa
Parágrafos longos - em geral, as obras científicas e ESPECÍFICO 2: Dentre as tantas formas de se obter sucesso
acadêmicas possuem longos parágrafos, por três razões: os num concurso público é a obstinação, a humildade, além de
textos são grandes e consomem muitas páginas; as explicações estudo dirigido e atualizado.
são complexas e exigem várias ideias e especificações,
ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e II. TEMA: Redigir com clareza e objetividade é aprendizado
fôlego para acompanhá-los. que exige dedicação.

TÓPICO FRASAL NÃO ESPECÍFICO: É muito complexo aprender a redigir pois é


muito difícil chegar a um resultado bom.
A ideia central do parágrafo é enunciada através de um
ESPECÍFICO 1: Para atingir um bom nível numa redação, é
período denominado tópico frasal (também chamado de
preciso dedicação e ajuda de especialistas.
frase-síntese ou período tópico). Esse período, em provas e
concursos, deve ser escrito no começo do parágrafo a fim de
ESPECÍFICO 2: Para se atingir um patamar de excelência na
orientar ou governar o conteúdo global do parágrafo, afinal,
dele nascem outros períodos secundários ou periféricos. elaboração de redações, é fundamental a leitura diversificada
e dinâmica, além da constante elaboração de novos textos.
Como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável,
afirmação ou negação que leva o leitor a esperar mais do DETALHAMENTO DO TÓPICO FRASAL
escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) Depois de estabelecida a clareza e a especificidade, convém
para completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio detalhar o tópico frasal. Essa medida tem por fim traçar um
completo. Assim, o tópico frasal é enunciação que pressupõe
bom plano de parágrafo, proporcionando ao leitor uma visão
desdobramento ou explicação.
prévia de todos os aspectos da ideia-tópico que serão usados
no desenvolvimento de sua dissertação. Exemplo sem e com
TÓPICOS FRASAIS CLAROS
detalhamento:
Um tópico frasal só será claro caso não permita dupla I.
interpretação, ou seja, tópico frasal obscuro é inútil, pois o SEM DETALHAMENTO: O estudante precisa fazer tudo para
leitor não conseguirá distinguir a ideia central ao lê-lo, fazendo não errar mais no estudo do português.
com que perca sua finalidade. Exemplos de obscuridade e de COM DETALHAMENTO: O estudante precisa dedicar-se ao
clareza: estudo dalíngua portuguesa, lendo mais livros, assistindo às
I. aulas com atenção, enfim, dedicando-se ao aprendizado sem
OBSCURO: Treinar um campeão não é fácil. medo de fracassar.
CLARO: Treinar um campeão não é fácil, pois requer tempo
e paciência. O TODO EM PARTES
CLARO: Um campeão é forjado na experiência adquirida no A divisão do tópico frasal em partes segue o propósito de
tempo de treinamento e na paciência, virtude dos obstinados. sustentar o ponto de vista que se quer apresentar. Quando se
II. resumem os principais argumentos, colocando-os no tópico
OBSCURO: Estudar é fundamental.
frasal, expõe-se o próprio pensamento e permite-se ao leitor
CLARO: Estudar é fundamental para o domínio das
ver, antes da discussão principal, como se planejou apresentá-
peculiaridades de sua língua natal, tornando-a mais simples
los. Desta forma, mesmo os tópicos frasais oriundos de temas
e acessível.
prosaicos são capazes de resultar num bom parágrafo, pois o
CLARO: Estudar é fundamental porque introduz as crianças
raciocínio que o gerou será explicitado ao leitor no decorrer
no saudável hábito de refletir por si mesmas, aprendendo a
do desenvolvimento.
deduzir acerca dos ensinamentos recebidos.
III. Observe a validade do tópico frasal, nos exemplos a seguir,
OBSCURO: A televisão deseduca. em função de a segunda frase de cada par indicar, além do
CLARO: A televisão deseduca quando visa apenas ao ponto de vista e dos argumentos que serão desenvolvidos
consumismo, esquecendo-se de seu papel cultural e para sustentá-lo, a ordem em que esses argumentos serão
informativo. apresentados.
CLARO: A televisão deseduca quando é excludente, ou seja, I.
ao não exibir uma programação democrática, voltada para
Fragmentado: O trânsito hoje será terrível.
todos os segmentos sociais indistintamente.
Argumentado: O trânsito hoje será terrível, pois houve um
TÓPICOS FRASAIS ESPECÍFICOS acidente grave e a pista está interditada.
II.
Um tópico frasal deve ser claro, porém não pode ser amplo Fragmentado: A relação entre pais e filhos é muito complexa.
ou genérico, exige especificidade. Para atingir tal intento deve Argumentado: A comunicação entre pais e filhos é complexa.
ser explicado, explicitado, extraído seu sumo. Exemplos de Dois fatores fundamentam essa complexidade: vivem em
não específicos e específicos: mundos diferentes e falam línguas diferentes.

I. TEMA: Como passar em um concurso concorrido? TÓPICOS FRASAIS ARGUMENTATIVOS

NÃO ESPECÍFICO: Para o aluno, a fórmula correta é o estudo. Embora haja inúmeras formas de se fazer o tópico frasal,
interessa-nos apenas os que compõem o texto argumentativo.
ESPECÍFICO 1: Para o aluno, a fórmula correta é o estudo
sistemático dos conteúdos, seja em sala de aula, seja com 1) Tópico frasal com definição: trata-se de explicar ao
apoio de obras indicadas nos editais. leitor o significado dos conceitos empregados. Ex.: Política

140
Língua Portuguesa
é o modo mais seguro de se perder a ética de uma vida em COMO ORDENAR AS IDEIAS
poucos meses.
Se queremos dar clareza e fluência ao nosso texto, devemos
2) Tópico frasal com enumeração: trata-se da respeitar o princípio de que a ordenação normal dos termos da
enumeração de elementos que comporão cada um dos oração é a mais clara. Mas essa não é uma regra indiscutível.
parágrafos argumentativos. Ex.: O aborto deve ser discutido Os termos integrantes da oração são sujeito, predicado e
em três níveis: cultural, penal e médico. complementos. Portanto, em princípio, é mais claro dizer:
Zé anda de bicicleta.
3) Tópico frasal com comparação ou confronto: trata- Em vez de:
se do confronto entre duas ideias, dois fatos, dois seres, seja De bicicleta Zé anda.
por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das
semelhanças. Ex.: A vida não é um jogo, mas um acúmulo de Também é mais clara a ordenação normal dos períodos
experiências. compostos — oração principal, orações coordenadas e/ou
4) Tópico frasal com razões: durante o desenvolvimento subordinadas. É mais claro:
apresentam-se as razões, os motivos que comprovam o que Zé anda de bicicleta, mesmo que faça frio.
se afirma no tópico frasal. Em vez de:
As mulheres recebem menos mesmo quando desempenham Mesmo que faça frio, Zé anda de bicicleta.
funções similares aos homens. Zé, mesmo que faça frio, anda de bicicleta.

5) Tópico frasal com análise: trata-se da divisão do todo Ideias intercaladas: De um modo geral, sempre que
em partes. quebramos a ordem direta de um período, intercalando ideias
Há três tipos básicos de redação: narração, descrição e entre os termos integrantes da oração ou entre orações de
dissertação. um período, prejudicamos a fluência do texto.

6) Tópico frasal com exemplificação: consiste em Períodos longos: Os professores costumam ensinar que
esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de períodos longos prejudicam a clareza e a fluência. O problema
exemplos. não é exatamente o tamanho do período e sim a organização
As novidades trazem à tona medos e inseguranças das ideias. Se estiverem intercaladas em excesso, o texto
Nelson Maia Schocair. In: http://www.professornelsonmaia.com visualizar. pode se tornar cansativo, mas não será, necessariamente,
php?idt=397248 obscuro. Porém, não é bom redigir períodos muito longos.
Veja o exemplo seguinte:
EXERCÍCIOS
“Apesar disso, se compararmos essa crise na educação
01. Desenvolva também estes tópicos frasais dissertativos: com as experiências políticas de outros países no século
a) A prática do esporte deve ser incentivada e amparada pelos XX, com a agitação revolucionária que se sucedeu à
órgãos públicos. Primeira Guerra Mundial, com os campos de concentração
b) O trabalho dignifica o homem, mas o homem não deve e de extermínio, ou mesmo com o profundo mal-estar que,
viver só para o trabalho. não obstante as aparências contrárias de propriedade,
c) A propaganda de cigarros e de bebidas deve ser proibida. se espalhou por toda a Europa a partir do término da
d) O direito à cultura é fundamental a qualquer ser humano. Segunda Guerra Mundial, é um tanto difícil dar a uma
crise na educação a seriedade devida.”
Hannah Arendt, Entre o Passado e o Futuro.
02. Desenvolva os tópicos frasais seguintes, considerando os
conectivos: Reordenando períodos longos: O problema do primeiro
a) O jornal pode ser um excelente meio de conscientização texto é que a oração principal “...é um tanto difícil...” está no
das pessoas, a não ser que... final. Quando lemos seu início “Apesar disso...”, esperamos
b) As mulheres, atualmente, ocupam cada vez mais funções uma continuidade lógica. É como se nossa mente perguntasse
de destaque na vida social e política de muitos países; no “Apesar disso o quê?”. Mas a resposta a essa suposta pergunta
entanto... só vem no final.
c) Um curso universitário pode ser um bom caminho para a
realização profissional de uma pessoa, mas... A impressão é de que metade da nossa mente fica esperando
d) Se não souber preservar a natureza, o ser humano estará a resposta, enquanto a outra metade continua lendo o
pondo em risco sua própria existência, porque... restante do período. Quando finalmente o “apesar disso” se
e) Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida junta ao “é um tanto difícil”, já lemos o restante do período
para conter a violência que existe hoje em várias cidades; pela metade. Ficamos, então, com a sensação de que não
outras, porém... entendemos direito. Assim, um problema de estrutura de
f) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, porque... ideias gera outros de clareza e fluência.
g) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, no entanto... Reordenando o período, ele ficaria assim:
h) Um meio de comunicação tão importante como a televisão
não deve sofrer censura, pois... “Apesar disso, é um tanto difícil dar a uma crise na
i) Um meio de comunicação tão importante como a televisão educação a seriedade devida, se compararmos essa crise
não deve sofrer censura, entretanto... na educação com as experiências políticas de outros
j) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema países no século XX, com a agitação revolucionária que
familiar, porque... se sucedeu à Primeira Guerra Mundial, com os campos de
l) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema concentração e de extermínio, ou mesmo com o profundo
familiar, embora... mal-estar que, não obstante as aparências contrárias de

141
Língua Portuguesa
propriedade, se espalhou por toda a Europa a partir do
término da Segunda Guerra Mundial.”

INTRODUÇÃO
Se o tema da redação é muito amplo, podendo ser explorado
de vários ângulos, às vezes é necessário delimitá-lo, fixando-
se em um desses ângulos e aprofundando sua discussão. De-
Podemos comparar o desenvolvimento a uma ponte. De um
limitar é reduzir a abrangência de um conteúdo. A delimita-
lado, está a introdução. Do outro, a conclusão. Essa ponte é
ção é feita geralmente na introdução e pode ser explícita ou
formada por ideias bem organizadas em uma sequência que
implícita.
permite a relação equilibrada entre os dois lados. O desenvol-
Delimitação explícita: É aquela em que se utilizam as pri- vimento depende de outras partes. Isoladamente, a introdu-
meiras pessoas, singular e plural, do verbo — eu e nós. Desse ção e a conclusão podem fazer algum sentido. O desenvolvi-
modo, o autor faz-se presente no texto e anuncia claramente mento não tem essa autonomia, porque ele tem a função de
que está delimitando. Observe o exemplo ao lado, em que o relacionar trechos do texto.
autor emprega a 1ª pessoa do plural:
Ponto de vista do autor: É no desenvolvimento que o autor
“O que pretendemos com este trabalho é tecer algumas do texto revela toda a sua capacidade de argumentar. É aí que
considerações gerais sobre o nível de formação, informa- ele defende seus pontos de vista e, de forma inteligente, tem
ção e interesses dos alunos que nos chegam para um de dirigir a atenção do leitor para a conclusão. Nessa parte do
curso de Literatura. Acreditamos que as observações que texto, todas as possíveis linhas de argumentação devem ser
realizaremos podem ser aplicadas tanto aos alunos que consideradas. É que a antítese, ou o desenvolvimento, tem a
ingressam no 2º grau, como àqueles que iniciam o curso função de fundamentar as conclusões.
superior.”
Adilson Citelli, “O Ensino da Literatura no 2º Grau”. In: Língua e Literatura: o Professor Pede
Organização do desenvolvimento: Não dá para redigir
a Palavra. sem termos clareza de qual será a conclusão. Sem essa cla-
reza é como se fôssemos iniciar a construção de uma ponte
Delimitação implícita: Nesse caso, o leitor deduz que o sem saber onde ela vai dar. É arriscado começar a redigir
tema está sendo delimitado, pois o autor não diz isso clara- uma “dissertação” — sem se ter a noção da conclusão a que
mente. Ou seja, não há a presença do verbo nas primeiras se quer chegar. O risco é maior para quem está aprendendo a
pessoas. Mas, mesmo assim, percebemos que a discussão redigir. Por isso, é tão importante planejar o texto.
está sendo delimitada. Observe o exemplo abaixo:
Todo texto pode (e deve!) ser surpreendente para o leitor,
“Esta pequena obra visa ao estudante de Letras das nos- com suas conclusões muito bem fundamentadas. Para o au-
sas universidades, sem também perder de vista o secun- tor, não. Não pode haver surpresas. É importante estar pre-
darista e o vestibulando. É um resumo de teorias sobre visto antes da redação. Para isso, é preciso planejá-lo, princi-
os pontos fundamentais do estudo de Literatura, em ní- palmente prevendo a conclusão.
vel bastante elementar, mas procurando ser informativo Muito cuidado com as falhas no desenvolvimento. Entre elas,
e, ao mesmo tempo, tentando orientar o estudante no existem duas principais:
intrincado dos problemas, sem todavia acumulá-lo com
excessos doutrinários.” • O desvio da argumentação — O autor toma um argumento
Afrânio Coutinho, Notas de Teoria Literária.
secundário, por exemplo, e se distancia da discussão inicial;
ou então, concentra-se em apenas um aspecto do tema e
Quando usar uma ou outra delimitação: Essa decisão
esquece a sua amplitude (toma a parte pelo todo).
depende do autor, do objetivo de seu texto e de suas in-
tenções com o seu leitor. Ou seja, o autor do texto deve ter
• A argumentação desconexa — Acontece quando o autor tem
sensibilidade para definir qual é o melhor caminho a seguir.
muitas ideias ou informações sobre o tema e não consegue
encadeá-las. Ele também pode ter dificuldade para estruturar
Em algumas situações, porém, a delimitação explícita pode
suas ideias e definir uma linha lógica de raciocínio.
ser arriscada ou um pouco pedante. Em um concurso, que
é uma situação bastante impessoal, pode parecer pretensão
As falhas do desenvolvimento podem ser evitadas se antes da
escrever o texto usando o verbo na primeira pessoa.
redação o autor fizer um plano do que irá escrever. Retoman-
Em outros casos, o autor do texto pode ter segurança sufi- do nossa imagem da ponte, o plano são os pilares que sus-
ciente para utilizar a delimitação explícita, sem parecer pre- tentam essa construção, mostrando sua lógica de raciocínio e
sunçoso. O importante é não esquecer que o bom senso deve antecipando, para quem escreve, o que depois aparecerá em
prevalecer sempre. uma sequência clara e racional para o leitor.

CONCLUSÃO
DESENVOLVIMENTO
Parte mais importante do texto, é o seu ponto de chegada.
As ideias, os dados e os argumentos que sustentam e expli- Os dados utilizados, as ideias e os argumentos convergem
cam as posições do autor são apresentados nessa parte do para este ponto em que a discussão ou a exposição se fecha.
texto. O desenvolvimento orienta a compreensão do leitor até A conclusão tem o valor da síntese no pensamento dialético.
a conclusão. Faz a relação entre a introdução e a conclusão. E, na sua estrutura normal, não deve deixar abertura para

142
Língua Portuguesa
continuidade da discussão. Em uma comparação, a conclusão sores, escritores, jornalistas, artistas, que descrevem e
é equivalente à resposta em um problema de Matemática. explicam o mundo a partir do ponto de vista da classe a
que pertencem e que é a classe dominante de sua socie-
Concluir sem repetir: Um texto bem concluído é aquele dade. Essa elaboração intelectual incorporada pelo senso
que evita repetir argumentos já utilizados. A repetição de ar- comum social é a ideologia. Por meio dela, o ponto de
gumentos e o uso de fórmulas feitas empobrecem qualquer vista, as opiniões e as ideias de uma das classes sociais
redação. Fuja de expressões como: “Portanto, como já disse- — a dominante e dirigente — tornam-se o ponto de vista
mos antes (...)” ou “Então, como já vimos (...)”. e a opinião de todas as classes e de toda a sociedade.

A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as


Além disso, o caráter de fecho da conclusão deve ficar evi-
divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de indi-
dente na clareza e força dos argumentos do autor. Portanto,
visão e de diferenças naturais entre os seres humanos.
é desnecessário e pouco elegante escrever “Concluindo (...)” Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos le-
ou “Em conclusão (...)”. vados a crer que somos todos iguais porque participamos
As conclusões que ultrapassam 1/5 do texto, ou seja, naque- da ideia de ‘humanidade’, ou da ideia de ‘nação’ e ‘pátria’,
las que ficam muito longas, é possível que haja um dos se- ou da ideia de ‘raça’ etc. Diferenças naturais: somos le-
guintes erros: vados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e
• O desenvolvimento não é suficientemente explorado e inva- políticas não são produzidas pela divisão social das clas-
ses, mas por diferenças individuais dos talentos e das
de a conclusão.
capacidades, da inteligência, da força de vontade maior
• O desenvolvimento não é suficiente para fundamentar a
ou menor etc.
conclusão e há necessidade de mais explicações.
• O autor está “enrolando”, “enchendo linguiça”, “floreando”.
Conclusão
• O autor usa frases vazias, perfeitamente dispensáveis.
A produção ideológica da ilusão social tem como finali-
• O autor não tem clareza de qual é a melhor conclusão e se
dade fazer com que todas as classes sociais aceitem as
perde na argumentação final.
condições em que vivem, julgando-as naturais, normais,
• Na falta de argumentos conclusivos de fato, o autor fica
corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhe-
girando em torno de ideias paralelas ou redundantes.
cê-las realmente, sem levar em conta que há uma contra-
dição profunda entre as condições reais em que vivemos
QUANDO A CONCLUSÃO NÃO CONCLUI e as ideias. (...)“
Marilena Chauí, Convite à Filosofia.
A conclusão, é claro, deve concluir o texto. Por isso, não pode
ser uma abertura para novas discussões. Existem exceções.
Acompanhe em seguida algumas delas: APRESENTAÇÃO VISUAL
DA REDAÇÃO
• O autor apresenta ideias polêmicas e deixa a conclusão em
aberto para não influenciar o posicionamento do leitor. 1. O aluno deve preencher corretamente todos os itens do
• O autor não fecha a discussão propositalmente, estimulando cabeçalho com letra legível.
o leitor a ler uma possível continuidade do texto, como um 2.Centralizar o título na primeira linha, sem aspas e sem gri-
outro capítulo. fo. O título pode apresentar interrogação desde que o texto
• O autor não deseja mesmo concluir, mas apenas apresentar responda à pergunta.
dados e informações sobre o tema que está desenvolvendo. 3. Pular uma linha entre o título e o texto, para então iniciar
• O autor quer que o próprio leitor tire suas conclusões e a redação.
enumera perguntas no final.
4. Fazer parágrafos distando mais ou menos três centímetros
da margem e mantê-los alinhados.
Assim, temos:
5. Não ultrapassar as margens (direita e esquerda) e também
não deixar de atingi-las.
6. Evitar rasuras e borrões.
7. Apresentar letra legível, tanto de fôrma quanto cursiva.
8. Distinguir bem as maiúsculas das minúsculas.
9. Não exceder o número de linhas pautadas ou pedidas como
limites máximos e mínimos.
Introdução 10. Escrever apenas com caneta preta ou azul. O rascunho
“A alienação social se exprime numa ‘teoria’ do conheci- ou o esboço das ideias podem ser feitos a lápis e rasurados.
mento espontânea, formando o senso comum da socie- O texto não será corrigido em caso de utilização de lápis ou
dade. (...) caneta vermelha, verde etc. na redação definitiva.

Desenvolvimento OBSERVAÇÕES:
Um exemplo desse senso comum aparece no caso da ‘ex- Números
plicação’ e da pobreza, em que o pobre é pobre por sua a) Idade - deve-se escrever por extenso até
própria culpa (preguiça e ignorância) ou por vontade divi- o nº 10. Do nº 11 em diante devem-se usar
na ou por inferioridade natural. Esse senso comum social, algarismos;
na verdade, é o resultado de uma elaboração intelectual b) Datas, horas e distâncias sempre em al-
sobre a realidade, feita pelos pensadores ou intelectuais garismos: 10h30min, 12h, 10m, 16m30cm,
da sociedade — sacerdotes, filósofos, cientistas, profes- 10km (m, h, km, I, g, kg).

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99 ERROS COMUNS “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-


vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho”
1 - “Mal cheiro”, “mau-humorado”. Mal opõe-se a bem e mau, (empecilho), “envólucro” (invólucro).
a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-
humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau 15 - Quebrou “o” óculos. Concordância no plural: os óculos,
jeito, mal-estar. meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus
pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.
2 - “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é
impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias. 16 - Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não
podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também:
3 - “Houveram” muitos acidentes. Haver, como existir, também Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.
é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas.
/ Deve haver muitos casos iguais. 17 - Nunca “lhe” vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a
vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca
4 - “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.
e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas
esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / 18 - “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o sujeito:
Restaram alguns objetos. / Sobravam ideias. Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se
evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se
5 - Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode ser empregados.
sujeito. Assim: Para eu fazer. Para eu dizer. Para eu trazer.
19 - “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição não varia
6 - Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-
Entre mim e você. / Entre eles e ti. se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os
amigos.
7 - “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado na
frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás. 20 - Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimento exigem
a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. /
8 - “Entrar dentro”. O certo: entrar em. São casos de tautologia Levou os filhos ao circo.
ou redundâncias. Como em: Sair fora ou para fora, elo de
ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, 21 - Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto no
viúva do falecido. sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. /
Promoção implica responsabilidade.
9 - “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra
masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: 22 - Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use
Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a também em via de, e não “em vias de”: Espécie em via de
bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter. extinção. / Trabalho em via de conclusão.

10 - “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou implícita 23 - Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cidadãos.
a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores,
foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que escrivães, tabeliães, gângsteres.
razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se
atrasou porque o trânsito estava congestionado. 24 - O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gratúito,
assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe
11 - Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presenciar exige e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr,
a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com recórde, aváro, ibéro, pólipo.
a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles
obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo 25 - A última “seção” de cinema. Seção significa divisão,
de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função:
ao pai. / Visava aos estudantes. Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos;
sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.
12 - Preferia ir “do que” ficar. Prefere-se sempre uma coisa a
outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É 26 - Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é palavra
preferível lutar a morrer sem glória. masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas.
Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a
13 - O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com alface, a cal, etc.
vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não
o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. 27 - “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de repente.
Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O
prefeito prometeu novas denúncias. 28 - Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qualquer”,
que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. /
14 - Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção. Veja Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma
outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: confusão.
“paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente), “xuxu”
(chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso), 29 - A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se
“cincoenta” (cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

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30 - Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai o 45 - Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quando
pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa,
realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é
subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum o normal: ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.
dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto...
/ Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se 46 - Lute pelo “meio-ambiente”. Meio ambiente não tem hífen,
paga. / Depois o procuro. nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega,
etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-
31 - O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. Veja prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição, meio-de-
outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. campo, etc.
/ Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso,
“cabeçário” (cabeçalho). 47 - Queria namorar “com” o colega. O verbo namorar não
32 - Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sabiam pede preposição. Queria namorar o colega.
onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento,
48 - O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo dá
apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?
entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do
33 - “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda com a (e não “junto ao”) Guarani. / Cresceu muito o prestígio do
pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obrigado pela atenção. / jornal entre os (e não “junto aos”) leitores. / Era grande a
Muito obrigados por tudo. sua dívida com o (e não “junto ao”) banco. / A reclamação foi
apresentada ao (e não “junto ao”) Procon.
34 - O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir. Assim:
O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, 49 - As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo termina em
interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na,
mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-
perfizera, entrevimos, condisser, etc. na, põe-nos, impõem-nos.

50 - Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa pronome átono


35 - Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: meio (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente,
louca, meio esperta, meio amiga. futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim:
Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá
36 - “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. pelos conhecimentos (e nunca “imporá-se”). / Os amigos nos
Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha darão (e não “darão-nos”) um presente. / Tendo me formado
pra Caixa você também. / Chegue aqui. (e nunca tendo “formado-me”).
37 - A questão não tem nada “haver” com você. A questão, 51 - Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos.
na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime
forma: Tem tudo a ver com você. distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz):
Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro)
38 - A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e regular: A cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos
corrida custa 5 reais. de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.

39 - Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não tomar 52 - Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para definir o
por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de
emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.
concordância: Pediu emprestadas duas malas.
53 - A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à
40 - Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acusar de: luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado
Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano. dizer: Deu “a luz a” gêmeos.

41 - Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que faz a 54 - Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe: Estávamos
concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.
(dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que
sempre vibravam com a vitória. 55 - Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em
é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para
comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.
42 - “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica
arredondamento e não pode aparecer com números exatos:
56 - Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. Embora
Cerca de 20 pessoas o saudaram.
popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente
porque ninguém se feriu.
43 - Ministro nega que “é” negligente. Negar que introduz
subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que 57 - O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O time
seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da
falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, mesma forma: empate por.
vai deixar a empresa.
58 - À medida “em” que a epidemia se espalhava... O certo
44 - Tinha “chego” atrasado. “Chego”, neste caso, não existe. é: À medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na
“Chego” é a conjugação da 1º pessoa do singular no presente medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as
do indicativo: “Eu chego”. O certo é: Tinha chegado atrasado. leis, na medida em que elas existem.

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59 - Não queria que “receiassem” a sua companhia. O i não 73 - Se eu “ver” você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr.
existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de
mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de
existe i quando o acento cai no e que precede a terminação fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.
ear: receiem, passeias, enfeiam).
74 - Ele “intermedia” a negociação. Mediar e intermediar
60 - Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a
é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem
põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem. essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.
61 - A moça estava ali “há” muito tempo. Haver concorda com
estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. 75 - Ninguém se “adequa”. Não existem as formas “adequa”,
/ Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / “adeque”, etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a
Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.
quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do
indicativo.) 76 - Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas
em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc.
62 - Não se diz “se o”. É errado juntar o se com os pronomes Portanto, não escreva nem fale “exploda” ou “expluda”,
o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz substituindo essas formas por estoure, por exemplo. Precaver-
(não se diz isso), vê-se-a, etc. se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim,
não existem as formas “precavejo”, “precavês”, “precavém”,
63 - Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos compostos, “precavenho”, “precavenha”, “precaveja”, etc.
só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros
exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-
financeiras, partidos social-democratas.

64 - Andou por “todo” país. Todo o (ou a) é que significa


inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a
tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer
dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. /
Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.

65 - “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exige os:


Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as
contradições do texto.

66 - Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse sentido,


rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os
jogadores.

67 - Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a


próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As 77 - Governo “reavê” confiança. Equivalente: Governo
vítimas mesmas recorreram à polícia. recupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos
casos em que o verbo haver tem a letra v: Reavemos, reouve,
68 - Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode reaverá, reouvesse. Por isso, não existem “reavejo”, “reavê”,
empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: etc.
Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos
reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos 78 - Disse o que “quiz”. Não existe z, mas apenas s, nas pessoas
servidores (e não “dos mesmos”). de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs,
pus, pusesse, puseram, puséssemos.
69 - Vou sair “essa” noite. É este que desiga o tempo no 79 - O homem “possue” muitos bens. O certo: O homem
qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação
semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue:
estou lendo), este século (o século 20). Continue, recue, atue, atenue.

70 - A temperatura chegou a “O graus”. Zero indica singular 80 - A tese “onde”... Onde só pode ser usado para lugar: A
sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora. casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam.
Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende
71 - A promoção veio “de encontro aos” seus desejos. Ao essa ideia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... /
encontro de é que expressa uma situação favorável: A Na entrevista em que...
promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a
significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi 81 - Já “foi comunicado” da decisão. Uma decisão é
de encontro às (foi contra) expectativas da categoria. comunicada, mas ninguém “é comunicado” de alguma coisa.
Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão.
72 - Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de indica Outra forma errada: A diretoria “comunicou” os empregados
substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão
significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu. aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.

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82 - Venha “por” a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial: 96 - A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sistema
Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km
pôde vir. Veja outros: fôrma, pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), (e não “kms.”), 5 m, 10 kg.
pára (verbo parar), péla (bola ou verbo pelar), pélo (verbo
pelar), pólo e pólos. Perderam o sinal, no entanto: Ele, toda, 97 - “Dado” os índices das pesquisas... A concordância é
ovo, selo, almoço, etc. normal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resultado...
/ Dadas as suas ideias...
83 - “Inflingiu” o regulamento. Infringir é que significa
transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não “inflingir”) 98 - Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que significa
significa impor: Infligiu séria punição ao réu. debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se
sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de:
84 - A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de pose). Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se:
Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma
iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.
tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito). 99 - “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A
85 - Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o substantivo: meu ver, a seu ver, a nosso ver.
Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero
que viajem hoje. Evite também “comprimentar” alguém: de Este último exemplo de texto foi escrito seguindo passo a
cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. passo as dicas deste capítulo. Leia-o com atenção e tente
Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e perceber nele as características de um texto dissertativo,
cumprido (concretizado). seus argumentos, suas partes (introdução, desenvolvimento,
conclusão), os modalizadores, conjunções, intensificadores,
86 - O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado com introdutores de pressupostos, enfim, tudo o que foi
negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o apresentado anteriormente para que, ao colocar a “mão na
que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar. massa”, estejam mais claros os elementos textuais essenciais
e suas relações.
87 - Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Comprou uma
TV em cores (não se diz TV “a” preto e branco). Da mesma VIOLÊNCIA NA TV
forma: Transmissão em cores, desenho em cores.
“Atualmente, ao ligarmos a televisão, é cada vez mais
88 - “Causou-me” estranheza as palavras. Use o certo: frequente depararmo-nos com notícias de guerra,
Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum assaltos, mortes e ainda com programas em que o
o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. recurso à violência impera.
Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e
não “foi iniciado” esta noite as obras). Como sabemos, as crianças são as principais admiradoras
desse pequeno aparelho que é a televisão e de tudo o
89 - A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuidado: palavra que lá é transmitido. Significa isto que é de extrema
próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso : importância a redução do número de programas que
A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões contenham violência explícita por parte dos canais de
entre os funcionários foi punida (e não “foram punidas”). TV, principalmente em horários nos quais a maioria das
crianças assiste à televisão, visto que esta exposição
90 - O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o fato poderá ser um dos fatores que as influenciará na sua
passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa vida, nomeadamente na sua personalidade e atitude na
desprevenido. resolução dos problemas que lhes irão surgir.
91 - “Haja visto” seu empenho... A expressão é haja vista e Em primeiro lugar, é possível afirmar-se que a violência a
não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. que as crianças estão expostas nos diversos programas
/ Haja vista suas críticas. televisivos lhes pode provocar comportamentos violentos.
Esta é uma opinião compartilhada por muitas pessoas que,
92 - A moça “que ele gosta”. Como se gosta de, o certo é: apesar do que se possa pensar, não é apenas uma ideia do
A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que senso comum, na medida em que está comprovada por
dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova de diversos estudos. Tome-se como exemplo um trabalho
que participou, o amigo a que se referiu, etc. do Instituto de investigação Social da Universidade de
Michigan (Estados Unidos da América), coordenado pelo
93 - É hora “dele” chegar. Não se deve fazer a contração da
psicólogo L. Rowell Huesmann e apresentado na edição
preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de
de Março de 2003 da revista Development Psychology,
infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo
o qual demonstra que crianças de ambos os sexos que
convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...
assistem a muitos programas televisivos violentos têm
um elevado risco de desenvolverem um comportamento
94 - Vou “consigo”. Consigo só tem valor reflexivo (pensou
agressivo em adultos.
consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor.
Para esta situação, surge como uma possível explicação o
Portanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto
fato de as crianças não fazerem a distinção entre a ficção
é para o senhor (e não “para si”).
e a realidade, o que as leva a pensar que o que vêem
95 - Já “é” 8 horas. Horas e as demais palavras que definem na televisão são os comportamentos mais corretos a ter.
tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não “são”) 1 hora, já Já o famoso austríaco fundador da psicanálise, Sigmund
é meio-dia, já é meia-noite. Freud, depois de muitas investigações relacionadas com a

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mente humana, constatou que as crianças utilizam o faz-
de-conta tanto ou mais que a realidade concreta para a
sua construção psíquica. Quer então isto dizer que toda a
violência que preenche os desenhos animados aos quais
as crianças tanto gostam de assistir, tais como o Dragon
Ball, Tartarugas Ninja, Power Rangers e tantos outros,
lhes vai incutir valores contraproducentes à sua formação
como pessoa.

É legítimo que se imponha às estações de televisão Agenda elétrica sustentável 2020: estudo de cenários para um setor elétrico
uma restrição de exibição de material violento nas brasileiro eficiente, seguro e competitivo. WWF-Brasil, 2006, p. 27. Internet:
suas grades de programação, dado que a exposição a <www.wwf.org.br>.
este tipo de conteúdos é extremamente prejudicial no
desenvolvimento das crianças.” Considerando que as informações acima têm caráter unica-
mente motivador, redija um texto dissertativo acerca do papel
do cidadão como agente social responsável pelo uso racional
PROPOSTAS DE REDAÇÃO e pelas consequências do mau uso de energia elétrica. Ao
elaborar seu texto, atenda, necessariamente, as seguintes
PROPOSTA 1 determinações:
< comente acerca da importância do uso racional de energia
(ANEEL – SUPERIOR – CESPE – 2010) elétrica nos diversos âmbitos — individual, social, ambiental,
financeiro —, tendo em vista as consequências do desperdí-
Por muitos anos, o Brasil conviveu com a impressão de que cio;
suas fontes hidroenergéticas eram inesgotáveis. De fato, teo- < dê exemplos de atitudes promotoras de economia de ener-
ricamente, seria ainda possível dobrar, em alguns anos, o nú- gia no cotidiano;
mero de hidrelétricas instaladas no país, sem provocar danos
irreversíveis ao meio ambiente. No entanto, a população bra- < proponha projetos de ação social que visem à conscientiza-
sileira mais que triplicou nos últimos 40 anos, e esta, de uma ção da sociedade quanto ao uso adequado de energia elétrica.
ocupação predominantemente agrária e rural, se inverteu
para urbana e industrial. A demanda por energia elétrica cres-
PROPOSTA 2
ceu naturalmente, de forma exponencial, até que, em meados
(IBRAM – SUPERIOR – CESPE – 2009)
da década passada, o sistema hidrelétrico instalado começou
a dar sinais de esgotamento. Os excedentes de água, que
davam garantia de abastecimento por cinco anos, passaram a O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPPC)
ser utilizados acima da taxa de recomposição natural durante é o órgão das Nações Unidas responsável por produzir re-
os períodos chuvosos. Ainda em 2001, o Brasil foi submetido latórios com informações científicas que são divulgados pe-
a um dos piores regimes pluviométricos das últimas décadas, riodicamente desde 1988. Os relatórios são embasados na
que, aliado à falta de investimentos no setor energético, cul- revisão de pesquisas de 2.500 cientistas de todo o mundo e,
minou na maior crise energética já existente. em 2007, um novo documento foi divulgado. Esse relatório é
considerado um marco ao afirmar, com 90% de certeza, que
Internet: <www.agriambi.com.br> (com adaptações). os homens são os responsáveis pelo aquecimento global. O
relatório estima que a temperatura deve aumentar entre 1,8
Nunca é redundante assinalar que uma reação radical à in- e 4,0 graus ainda neste século. Para garantir a qualidade de
tervenção humana acaba reificando o natural, isolando-o, vida atual, é preciso que o aumento da temperatura média
como se a própria história da vida na Terra fosse construí- do planeta não ultrapasse 2 ºC em relação aos níveis pré-
da de modo linear e sem a interferência das espécies vivas. industriais, da metade do século XIX. Por isso, é fundamental
É conhecimento indiscutível hoje, no campo das ciências da que todos tomem consciência do problema e façam sua parte.
natureza, que os ecossistemas existentes são o resultado da
interação das formas vivas com os elementos abióticos (não
World Wide Fund for Nature: WWF-Brasil. Internet: <www.wwf.org.br> (com
vivos), ao contrário do que a teoria paleontológica e geológica adaptações).
clássica afirmava, ao destacar que não há ecossistemas imu-
táveis, e a espécie humana, enquanto existir sobre a Terra, Considerando que o texto acima tem caráter unicamente mo-
atuará neles. O que pode e deve mudar é o padrão societário tivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.
e, consequentemente, a visão de mundo que se tem e o tipo
de relações sociais e de produções aí inseridas. AQUECIMENTO GLOBAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS
PARA AS FORMAS DE VIDA NO PLANETA TERRA
Carlos F. B. Loureiro. Teoria social e questão ambiental: pressupostos para
uma práxis crítica em educação ambiental. In: Carlos F. B. Loureiro, Philippe Ao elaborar o seu texto, aborde, necessariamente, os seguin-
P. Layrargues e Ronaldo S. de Castro (Orgs.). Sociedade e meio ambiente: a
educação ambiental em debate, 4.a ed. São Paulo: Cortez, 2006, p. 23 (com tes aspectos:
adaptações). < efeito estufa: descrição detalhada;
< gases do efeito estufa e suas principais fontes;
A tabela a seguir apresenta o total de energia requerida para
atender à demanda brasileira de energia em 2020, segundo < aumento de temperatura na Terra, suas causas e conse-
cenário tendencial. quências.

148
Língua Portuguesa

PROPOSTA 3 Williams brincava com a apresentadora Oprah Winfrey, apre-


sentadora do talk show The Oprah Winfrey Show ao falar da
(ICMBIO – SUPERIOR – CESPE – 2009) ‘desigualdade de condições’ na disputa entre Chicago e Rio
de Janeiro.
As baleias, como a jubarte, mink, orca, baleia azul, franca e
bryde, e várias espécies de golfinhos, entre eles o rotador, já – Espero que a Oprah não esteja chateada com as olimpíadas.
podem desfrutar da costa da brasileira como um santuário de Chicago mandou Oprah e Michelle (Obama). O Brasil mandou
preservação e proteção. Decreto do presidente da República, 50 strippers e meio quilo de pó – disse.
publicado em 18/12/2008 no Diário Oficial da União, reafirma
o interesse nacional no campo da preservação e da proteção
E concluiu: – Não foi justo.”
desses cetáceos, permitindo a pesquisa científica de uso não-
O Globo. 31/11/2009. In: http://oglobo.globo.com/rio/rio2016/
letal e o aproveitamento turístico ordenado. mat/2009/11/30/robin-williams-faz-piada-da-vitoria-do-rio-para-sediar-as-
A data do decreto coincide com os 21 anos da lei internacio- olimpiadas-de-2016-no-programa-de-david-letterman-914985398.asp (com
adaptações).
nal que, desde 1986, proíbe a caça a baleias. Com a norma,
o Brasil marca sua posição internacional em relação a outros TIROTEIO NO MORRO DOS MACACOS LEVA PÂNICO A
países que defendem a caça. MORADORES DE VILA ISABEL E GRAJAÚ E DERRUBA
O decreto presidencial diz que a União promoverá, por meio HELICÓPTERO DA PM
de canais diplomáticos e de cooperação competentes, a atua-
“Doze pessoas morreram – sendo dez bandidos e dois poli-
ção do Brasil nos foros internacionais e a articulação regional
ciais - durante um intenso tiroteio no Morro dos Macacos, que
e internacional necessária a promover a integração em pes- começou na madrugada, estendeu-se por toda a manhã deste
quisas e outros usos não-letais dos cetáceos. sábado e continua causando pânico em moradores de Vila Isa-
Internet: <www.mma.gov.br> (com adaptações).
bel, do Grajaú e de outros bairros próximos. Os tiros atingiram
Tendo o texto acima como referência inicial, redija um texto uma escola municipal e provocaram curto-circuito e incêndio
dissertativo abordando necessariamente os seguintes aspec- em duas salas. À tarde, o clima de guerra se espalhou pela ci-
tos: dade e oito ônibus foram incendiados em várias comunidades.
< conflito de interesses socioambientais entre países e a pro- Até o momento, três pessoas foram presas.
posta de santuário do Atlântico Sul; Segundo a Polícia Militar, o confronto foi entre traficantes de
< áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade no quadrilhas rivais. A troca de tiros começou quando bandidos do
Brasil e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Morro do São João, no Engenho Novo, invadiram o Morro dos
Natureza; Macacos, por volta de 1h deste sábado. Três corpos foram en-
< políticas públicas que possam incentivar os usos não letais contrados dentro de um Peugeot preto, em um dos acessos à
dos cetáceos. comunidade, e dois policiais morreram carbonizados na queda
de um helicóptero da Polícia Militar, que foi derrubado por tiros
PROPOSTA 4 disparados por traficantes. O helicóptero foi atingido na hélice e
caiu pegando fogo dentro da Vila Olímpica, que fica na Avenida
(TCU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2009) Marechal Rondon, próximo ao Túnel Noel Rosa, que dá acesso
ao Morro dos Macacos. Após a queda, a aeronave explodiu. Ou-
Nos últimos anos, tem havido uma proliferação de medidas tros quatro policiais que estavam no helicóptero ficaram feridos
provisórias para a abertura de créditos extraordinários, o que no acidente, sendo um deles em estado grave.”
gerou críticas de diferentes setores, inclusive do Tribunal de
O Globo. 17/10/2009. In: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/10/17/
Contas da União. A propósito, o Supremo Tribunal Federal tiroteio-no-morro-dos-macacos-leva-panico-moradores-de-vila-isabel-grajau-
chegou a conceder medida liminar em ação declaratória de derruba-helicoptero-da-pm-768099949.asp (com adaptações).
inconstitucionalidade contra a abertura de um desses crédi-
tos, que estariam disfarçando créditos suplementares ou es-
peciais.

Considerando o texto acima, redija um texto dissertativo que


responda, necessariamente, aos seguintes questionamentos:
< a profusão da abertura dos citados créditos é sintoma de
que características de atuação por parte do Poder Executivo?
< por que motivos créditos suplementares ou especiais esta-
riam disfarçados de créditos extraordinários?
< que consequências a situação de que trata o texto provoca
em termos de recomposição orçamentária?

PROPOSTA 5
Leia os textos a seguir e observe a charge seguinte:

“O ator Robin Williams fez piada da vitória do Rio para sediar


as Olimpíadas de 2016 durante entrevista a David Letterman,
no Late Show. Logo no início da entrevista, o ator disse que
o Brasil mandou 50 strippers e meio quilo de pó, referindo-se
a Copenhague, onde ocorreu a eleição da cidade sede entre Secretário de Segurança do Rio de Janeiro - José Mariano Beltrame. In:
os membros do Comitê Olímpico Internacional (COI). Robin http://www.jornaloimparcial.com.br/wp-content/gallery/charges secretario
seguranca.jpg

149
Língua Portuguesa
Matéria
Com base nas informações dos textos e da charge apresenta- O PAPEL DAS GRANDES NAÇÕES MUNDIAIS NA
dos, redija um texto dissertativo, que contenha entre 20 e 30 REABILITAÇÃO DA SOCIEDADE HAITIANA.
linhas, sobre o tema:
PROPOSTA 7
É POSSÍVEL PROMOVER OLIMPÍADAS COM
SEGURANÇA NO RIO EM 2016? Leia o texto a seguir:

PROPOSTA 6 CIDADES-SEDE DA COPA DE 2014

Observe os textos seguintes: O Brasil tem pouco mais de cinco anos para preparar a reali-
zação de sua segunda Copa do Mundo de futebol. A primeira,
“O Haiti é um país localizado na América Central, sua exten- em 1950, teve partidas disputadas em seis cidades: Rio de
são territorial é de 27.750 quilômetros quadrados, totaliza em Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e
seu território mais de 10 milhões de habitantes. Antiga colô- Recife. Na Copa de 2014, o número vai dobrar: doze cidades
nia francesa, o país é a primeira república negra do mundo, vão receber o mundial e, para isso, precisam correr contra o
sendo fundada em 1804 por antigos escravos. tempo. As reformas ou construções dos estádios devem co-
meçar no máximo até o dia 31 de janeiro de 2010. Além disso,
Marcada por uma série de governos ditatoriais e golpes de as cidades terão de melhorar a infraestrutura para receber as
estado, a população haitiana presencia uma guerra civil e seleções e torcedores estrangeiros. A seguir, os detalhes do
muitos problemas socioeconômicos. O Haiti é o país econo- processo:
micamente mais pobre da América, seu Índice de Desenvol-
vimento Humano é de 0,532; aproximadamente 60% da po- Quais cidades receberão jogos da Copa do Mundo de 2014?
pulação é subnutrida e mais da metade vive com menos de
1 dólar por dia. São 12 cidades-sede: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP),
Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá
Além de todos esses fatores, o país passou por outra tragédia, (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN),
dessa vez de ordem natural. No dia 12 de janeiro de 2010, um Recife (PE) e Salvador (BA).
terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter atingiu o país,
provocando uma série de feridos, desabrigados e mortes. Di- Quais critérios foram usados para definir as sedes?
versos edifícios desabaram, inclusive o palácio presidencial da
capital Porto Príncipe. Segundo o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, a esco-
lha obedeceu a critérios técnicos, com base nas visitas feitas
Conforme o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o terre- por técnicos da entidade, no começo de 2009, e nos projetos
moto ocorreu à cerca de 10 quilômetros de profundidade, a entregues pelas cidades. Além dos estádios, aspectos como
22 quilômetros de Porto Príncipe. A esse primeiro terremoto, a rede hoteleira, sistema de transporte urbano, aeroportos,
antecederam outros dois de magnitudes 5,9 e 5,5. Esse fato segurança pública e opções de lazer também foram levados
promoveu grande destruição na região da capital haitiana, em conta na hora da escolha.
estima-se que metade das construções foram destruídas, 250
mil pessoas foram feridas, 1 milhão de habitantes ficaram de- O que a Fifa exige em um estádio que receberá a Copa?
sabrigados e o número de mortos já chega a, aproximada-
mente, 222 mil.” Para começar, os estádios precisam ter pelo menos 40.000
Brasil Escola. 12/04/2010. http://www.brasilescola.com/geografia/o-terremoto-no-haiti.htm. lugares. O estádio da abertura deverá ter pelo menos 60.000
Adaptado. assentos; o de encerramento, mais de 80.000. A Fifa reco-
menda ainda que todos os espectadores tenham cadeiras
individuais numeradas, com encosto de pelo menos 30 cen-
tímetros de altura. Banheiros limpos e em número suficiente,
corredores de entrada e saída largos e tribunas de imprensa
bem equipadas - raridades nos campos brasileiros - são ou-
tras exigências. Também é preciso haver hospitais e estacio-
namentos nas imediações das arenas.

De onde sairá o dinheiro para construir e reformar estádios?

Segundo Ricardo Teixeira, as reformas dos estádios particu-


lares - o Morumbi, por exemplo - são de inteira responsa-
bilidade dos seus donos. Já as obras dos estádios públicos,
como Maracanã e Mineirão, serão pagas através de parcerias
público-privadas.

Veja. 28/01/2010. http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_res-


http://www.blogdomadeira.com.br/wp-content/uploads/2010/01/hai_de_ti.jpg
postas/cidades-copa-2014/cidades-sede-copa-2014-estadios-capitais-fifa-cbf-
Redija um texto dissertativo em que se discuta: abertura-final.shtml

150
Língua Portuguesa
Matéria
leve os estudantes a atingir patamares mais organizados de
conhecimento complexo e de processos complexos de conhe-
cimento, favorecendo a sua participação e inclusão nas
discussões e busca de respostas para as questões de seu tem-
po e de sua idade, de sua sociedade, desse mundo, de agora.

PROPOSTA 9
“[...] é inegável a pluralidade cultural do mundo em que vi-
vemos e que se manifesta, de forma impetuosa, em todos
os espaços sociais, inclusive nas escolas e nas salas de aula.
Essa pluralidade frequentemente acarreta confrontos e con-
flitos, tornando cada vez mais agudos os desafios a serem
http://www.bhnacopa.com.br/imgs/logo_bhnacopa.jpg
enfrentados pelos profissionais da educação.”
Redija um texto dissertativo, contendo título e obedecendo a
Tema: A presença desses desafios reforça a necessidade de
norma culta padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
que os professores e estudantes tenham metas de ensino cla-
QUAIS OS BENEFÍCIOS E AS PERDAS PROVÁVEIS QUE
ramente definidas, metodologias cuidadosamente pensadas e
BELO HORIZONTE PODE SOFRER SENDO SEDE DA
trabalho coletivo.
COPA DE 2014?
Faça uma dissertação argumentativa, em prosa, sobre
PROPOSTA 8 o tema acima. Não é necessário dar um título ao seu
texto.
As crianças, os pré-adolescentes e os adolescentes, os jovens
e os adultos chegam às escolas “com identidades de classe,
raça, etnia gênero, território, campo, cidade, periferia [....]” PROPOSTA 10
(Arroyo, 2006). Essas identidades são marcadas pelos conhe-
cimentos que trazem das linguagens, da ciência, das relações A seguir, você encontrará duas redações incompletas. Na
sociais, dos valores, dos costumes construídos nas interações primeira, há introdução e conclusão; na segunda, apenas o
em seu contexto social e cultural. Entretanto, para que esse desenvolvimento e o título. Para melhorar suas habilidades
cidadão ou cidadã possa exercer plenamente sua cidadania, nas partes distintas da redação, complete-as com o que falta.
é necessário que seus conhecimentos e saberes sejam reco- Lembre-se de:
nhecidos e ampliados. Cabe à escola, ou seja, é função da • Na primeira: levar em consideração o que é dito tanto na
escola, possibilitar aos diversos grupos sociais que compõem introdução quanto na conclusão para que a argumentação de
seu quadro discente o reconhecimento de seus conhecimen- seu desenvolvimento se encaixe perfeitamente a elas. Dê um
tos e a sua ampliação e incrementação, incorporando dados, título.
organizando-os, desenvolvendo estratégias de percepção, • Na segunda: fazer uma introdução que aborde rapidamente
compreensão, busca, associação cognitiva e análise. Portanto, os argumentos colocados no desenvolvimento. A conclusão
é função da escola desenvolver uma proposta curricular que também deve basear-se na argumentação já dada e no título.

ANOTAÇÕES
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Língua Portuguesa
Matéria

REDAÇÃO
NOME: _______________________________________________________________________________________

TURNO: ____________________ SALA: ______ UNIDADE: _____________________

LEGENDAS
Conteúdo: I. Pertinência ao tema proposto, II. Argumentação coerente das ideias e informatividade, III. Adequação no uso
de articuladores, IV. Organização adequada de parágrafos e V. Propriedade vocabular; Correção linguística: O = Ortografia,
P = Pontuação e MS = Morfossintaxe.

CORREÇÃO
TÍTULO: LINGUÍSTICA
20 PONTOS

IMPORTANTE: Faça letra legível. O P MS

1
Uma das maiores preocupações das pessoas é a preservação do meio ambiente, fator que envolve o
2
futuro do planeta e consequentemente a sobrevivência humana.
3

10

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14

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28
As universidades e instituições de pesquisa em geral precisam agir rapidamente na elaboração de pro-
29
jetos cientificos com vistas a combater os resultados caoticos da falta de conscientização humana. Nada melhor
30
que a ciência para direcionar formas praticas de amenizarmos o mal que tomou conta do nosso planeta.
TOTAL 2:
I II III IV V TOTAL 1
CONTEÚDO
8 pts 8 pts 8 pts 8 pts 8 pts
NOTA FINAL

OBS.:________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________

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Língua Portuguesa
Matéria

REDAÇÃO
NOME: _______________________________________________________________________________________

TURNO: ____________________ SALA: ______ UNIDADE: _____________________

LEGENDAS
Conteúdo: I. Pertinência ao tema proposto, II. Argumentação coerente das ideias e informatividade, III. Adequação no uso
de articuladores, IV. Organização adequada de parágrafos e V. Propriedade vocabular; Correção linguística: O = Ortografia,
P = Pontuação e MS = Morfossintaxe.

CORREÇÃO
TÍTULO: Benefícios da leitura LINGUÍSTICA
20 PONTOS

IMPORTANTE: Faça letra legível. O P MS

10
A leitura permite ao homem se comunicar, aprender e até mesmo se desenvolver, trabalhar dificuldades.
11
Em reportagem recente, uma grande revista de circulação nacional atribuiu à leitura a importância de agente
12
fundamental para a transformação social do nosso país.
13
Através do conhecimento da língua, todos têm acesso à informação e são capazes de construir e emitir
14 uma opinião sobre os acontecimentos. Ter opinião é exercer cidadania e essa parte pode ser a grande transfor-
15
mação social do Brasil.
16
Os benefícios da leitura são cientificamente comprovados. Pesquisas indicam que crianças que têm o há-
17
bito da leitura incentivado durante toda a vida escolar desenvolvem seu senso crítico e mantém seu rendimento
18
escolar em um nível alto.
19
Permitir a uma criança sonhar com uma aventura pela selva ou imaginar uma incrível viagem espacial
20
são algumas das mágicas da leitura. Ler amplia nosso conhecimento, desenvolve a nossa criatividade e nos des-
21
perta para um mundo de palavras e com elas construímos o que gostamos, o que queremos e o que sonhamos.
22

23

24

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27

28

29

30

TOTAL 2:
I II III IV V TOTAL 1
CONTEÚDO
8 pts 8 pts 8 pts 8 pts 8 pts
NOTA FINAL

OBS.:________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
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Língua Portuguesa
Matéria

REDAÇÃO
NOME: _______________________________________________________________________________________

TURNO: ____________________ SALA: ______ UNIDADE: _____________________

LEGENDAS
Conteúdo: I. Pertinência ao tema proposto, II. Argumentação coerente das ideias e informatividade, III. Adequação no uso
de articuladores, IV. Organização adequada de parágrafos e V. Propriedade vocabular; Correção linguística: O = Ortografia,
P = Pontuação e MS = Morfossintaxe.

CORREÇÃO
TÍTULO: LINGUÍSTICA
20 PONTOS

IMPORTANTE: Faça letra legível. O P MS

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TOTAL 2:
I II III IV V TOTAL 1
CONTEÚDO
8 pts 8 pts 8 pts 8 pts 8 pts
NOTA FINAL

OBS.:________________________________________________________________________________________
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Língua Portuguesa

PROVAS CESGRANRIO 12
AGENTE ADMINISTRATIVO - e) “A OMS adverte que esse problema duplo não é simples-
mente de países ricos ou pobres, mas está ligado ao grau de
FUNASA - 2009 desenvolvimento de cada nação.” (linhas 23-25)
Texto I
02. Conjunções são importantes mecanismos para estabele-
MUNDO TEM MAIS OBESOS DO QUE DESNUTRIDOS cer a coesão dos textos, indicando a relação de sentido entre
Segundo a OMS, 300 milhões são muito gordos e 170 duas orações, por exemplo. No último período do Texto I, a
milhões estão abaixo do peso conjunção “mas” (linha 24) estabelece uma relação de sen-
tido com a oração imediatamente anterior, expressando uma
GENEBRA. Aproximadamente 170 milhões de crianças em ideia de:
todo o mundo têm peso abaixo do normal, enquanto cerca de a) adição.
300 milhões de adultos são obesos, informou ontem a Orga- b) causa.
nização Mundial da Saúde (OMS), na abertura da 33a sessão c) finalidade.
anual do Comitê Permanente de Nutrição, em Genebra. d) proporção.
e) consequência.
Reunido até sexta-feira, o organismo formado por represen-
tantes de várias agências da Organização das Nações Unidas 03. No Texto I, em “e controlar a epidemia crescente das do-
(ONU) pretende elaborar um plano de ação que ajude as au- enças crônicas,” (linha 11), o termo destacado está ligado
toridades nacionais a enfrentar os problemas. sintaticamente ao substantivo “epidemia”. O termo que de-
sempenha função sintática idêntica ao destacado acima está
– Para alcançar as Metas do Milênio estabelecidas pela ONU,
no trecho:
e controlar a epidemia crescente das doenças crônicas, é ne-
a) “enquanto cerca de 300 milhões de adultos são obesos,”
cessário lutar com urgência contra a má nutrição no mundo,
(linhas 2-3)
tanto causada pelo excesso quanto pela falta – afirmou a pre-
(b) “...que ajude as autoridades nacionais a enfrentar os
sidente do comitê, Catherine Bertini.
problemas.” (linhas 8-9)
Das 170 milhões de crianças desnutridas, cerca de três mi- c) “– Para alcançar as Metas do Milênio estabelecidas pela
lhões morrem a cada ano, de acordo com os dados fornecidos ONU,” (linha 10)
pela OMS. No extremo oposto, calcula-se que há no mundo d) “Todos eles estão mais expostos...” (linha 20)
cerca de 1 bilhão de pessoas com excesso de peso, das quais e) “entre outras doenças ligadas ao excesso de peso.” (li-
300 milhões são obesas. nhas 21-22)

Todos eles estão mais expostos que os demais a sofrer cardio- Texto II
patias, acidentes cardiovasculares, cânceres e diabetes, entre
outras doenças ligadas ao excesso de peso. A charge a seguir trata da situação crítica a que está subme-
tido o país em relação à dengue.
A OMS adverte que esse problema duplo não é simplesmente
de países ricos ou pobres, mas está ligado ao grau de desen-
volvimento de cada nação.
O Globo,14 mar. 2006.

01. A ideia central do Texto I baseia-se na visão de que é pre-


ciso combater a má nutrição no mundo. Qual dos trechos da
matéria transcritos a seguir apresenta o argumento de consis-
tência compatível com essa tese?
a) “Aproximadamente 170 milhões de crianças em todo o
mundo têm peso abaixo do normal, enquanto cerca de 300
milhões de adultos são obesos,” (linhas 1-3)
b) ...“é necessário lutar com urgência contra a má nutrição
no mundo, tanto causada pelo excesso quanto pela falta –”
(linhas 11-13)
c) “calcula-se que há no mundo cerca de 1 bilhão de pessoas 04. Essa charge:
com excesso de peso, das quais 300 milhões são obesas.” a) compara a luta contra a dengue a uma situação de guerra.
(linhas 17-19) b) coloca em situação de oposição o homem e a sociedade.
d) “Todos eles estão mais expostos que os demais a sofrer c) suaviza a gravidade da questão a partir do humor.
cardiopatias, acidentes cardiovasculares, cânceres e diabetes, d) dá características humanas ao mosquito.
entre outras doenças ligadas ao excesso de peso.” (linhas 20- e) propõe que forças bélicas sejam usadas na prevenção da
22) doença.

155
Língua Portuguesa
05. Uma charge tem como objetivo, por meio de seu tom 09. A palavra “debruça” (v. 15), presente no Texto III, pode
caricatural, provocar, no leitor, uma dada reação acerca de um ser substituída, sem alteração de sentido, por:
fato específico. De acordo com a situação em que foi produ- a) recolhe.
zida, a charge de Ique, aqui apresentada, visa a provocar, no b) inclina.
leitor, uma reação de: c) derrama.
a) consternação. d) descobre.
b) revolta. e) ajoelha.
c) alerta.
d) complacência. Texto IV
e) belicosidade.
O anúncio publicitário a seguir é uma campanha de um ado-
çante, que tem como seu slogan a frase “Mude sua embala-
Texto III
gem”.
O MENINO DOENTE
O menino dorme.
Para que o menino
Durma sossegado,
Sentada ao seu lado
A mãezinha canta:
— “Dodói, vai-te embora!
“Deixa o meu filhinho,
“Dorme... dorme... meu...”
Morta de fadiga,
Ela adormeceu.
Então, no ombro dela,
Um vulto de santa,
Na mesma cantiga,
Na mesma voz dela, 10. A palavra “embalagem”, presente no slogan da campa-
Se debruça e canta: nha, é altamente expressiva e substitui a palavra:
a) vida.
— “Dorme, meu amor. b) corpo.
“Dorme, meu benzinho...” c) jeito.
E o menino dorme. d) história.
e) postura.
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1983.
06. Em dois versos do poema há a ocorrência do sufixo – GABARITO
inho. 01. d 02. a 03. b 04. a 05. c
Nos dois casos, esse elemento assume um valor de:
a) intensidade. 06. d 07. c 08. e 09. b 10. b
b) tamanho.
c) ironia. AGENTE ADMINISTRATIVO - EPE -
d) afeto.
e) desrespeito. 2009
NÃO NOS FALTA INFORMAÇÃO E SIM SABEDORIA
07. — “Dodói, vai-te embora!
“Deixa o meu filhinho, Vivemos em um mundo repleto de informação, com o volume
“Dorme... dorme... meu...” de dados dobrando a cada 18 meses, sedento por conheci-
Essa estrofe do poema é construída como um diálogo ima- mento e desesperado por sabedoria.
ginário, com o uso da segunda pessoa do singular - tu. Em-
pregando-se a terceira pessoa (você), como devem ficar os A transição da informação para conhecimento acontece atra-
verbos adotados na estrofe? vés da experiência. Esta é a diferença entre um profissional
a) vás / deixes / durmas recém-formado e outro com 10 anos de trabalho, mas a expe-
b) vais / deixas / dormes riência não traz sabedoria. Posso garantir que você conheceu
c) vá / deixe / durma muitos com um conhecimento vasto, mas sem sabedoria.
d) ide / deixai / dormi
e) vão / deixem / durmam A diferença entre quem tem conhecimento e quem tem sabe-
08. As reticências podem ser usadas com diferentes finali- doria é que um sábio analisa o mundo não somente através
dades. No trecho “Dorme... dorme... meu...”, encontrado no do conhecimento técnico, mas também através de valores.
Texto III, as reticências foram usadas para: Valores que levam em consideração um maior número de
a) marcar um aumento de emoção. perspectivas e, por isso mesmo, inclui uma quantidade maior
b) apontar maior tensão nos fatos apresentados. de pessoas.
c) indicar traços que são suprimidos do texto.
d) deixar uma fala em aberto. Segundo o psicólogo Robert Sternberg, a sabedoria é um co-
e) assinalar a interrupção do pensamento. nhecimento tácito, isto é, adquirido por prática, que permite

156
Língua Portuguesa
ao indivíduo balancear duas áreas. A primeira é o equilíbrio 06. Assinale a opção cuja frase apresenta ERRO de pontu-
das suas próprias necessidades com as dos outros, sendo ca- ação.
paz de incluir as necessidades de pessoas e coisas que pos- a) Acumulam-se, no decorrer da vida, experiências diversas.
sam ser afetadas a longo prazo, como instituições e o meio b) Logo depois, quando conseguiu o equilíbrio necessário,
ambiente. atingiu o seu propósito de vida.
c) O conhecimento, contudo, não é suficiente para alcançar-
A segunda área corresponde à capacidade do sábio de equi- mos a sabedoria.
librar três respostas às situações de vida: a adaptação (mu- d) O sábio analisa o mundo a sua volta, e eu, a vida que me
dando a si mesmo para se ajustar ao mundo), a intervenção cerca.
(mudando o ambiente a sua volta) e a seleção (escolhendo e) As análises psicológica, psicanalítica e terapêutica, não
mudar para um novo ambiente). Portanto, para aumentar a condizem com a da maioria das pessoas.
nossa sabedoria, o conhecimento é necessário, mas não sufi-
ciente e, acima de tudo, temos de refletir a respeito dos nos- 07. O conhecimento ___________ se referia o profissional, se
sos valores, e do impacto de nossas ações sobre o universo, faz presente nas pessoas ___________ valores não são ma-
como um todo. teriais.
PORTO, Frederico. Disponível em: <http://www.integracaohumana.com.br/ Assinale a opção que, segundo o registro culto e formal da
artigos_nao_nos_falta_informacao_e_sim_sabedoria.htm>. Acesso em: 06
língua, preenche as lacunas acima.
nov. 2008.
a) que – que.
01. O sentido da passagem “Vivemos em um mundo repleto
b) que – cujos os.
de informação,” (linha 1) é ratificado, semanticamente, por:
c) a que – cujos.
a) “com o volume de dados dobrando a cada 18 meses,” (li-
d) o qual – de cujos.
nha 1-2)
e) o qual – para quem.
b) “sedento por conhecimento...” (linha 2-3)
c) “...desesperado por sabedoria.” (linha 3)
08. Qual palavra pode substituir a destacada em “Portanto,
d) “A transição da informação para conhecimento acontece
para aumentar a nossa sabedoria,” (linha 26-27), sem que
através da experiência.” (linha 4-5).
haja alteração de sentido, quanto à argumentação original?
e) “Esta é a diferença entre um profissional recém-formado e
a) Porquanto.
outro com 10 anos de trabalho,” (linha 5-6)
b) Contudo.
02. Segundo o texto, é CORRETO afirmar que o(a): c) Entretanto.
a) conhecimento sucede a sabedoria. d) Assim.
b) conhecimento precede a informação. e) Conquanto.
c) conhecimento antecede a experiência.
09. Em relação às correspondências oficiais, analise as afir-
d) experiência antecede o conhecimento.
mativas abaixo.
e) sabedoria antecede a experiência.
I - Ata: Redigida sem parágrafos, sem abreviatura de palavras
03. Em relação às ideias apresentadas no texto, é CORRETO ou expressões, sem emendas ou rasuras. Se constatado erro
afirmar que a(o): ou omissão, no momento de redigi-la, emprega-se a expres-
a) competência é o diferencial entre o profissional que detém são “em tempo”.
o conhecimento técnico e o sábio. II - Requerimento: Entre o destinatário e o corpo do texto,
b) avalanche de informações que assola o mundo vem decli- deve haver espaço de sete linhas pautadas ou de sete espa-
nando dia a dia. ços duplos, onde será redigido o despacho.
c) característica essencial do sábio é a experiência. III - Ofício: Os fechos “respeitosamente” e “atenciosamente”
d) sábio, por sua argúcia, é capaz de avaliar qualitativamente são empregados, respectivamente, para autoridades superio-
um maior número de pessoas. res e para as da mesma hierarquia ou de hierarquia inferior,
e) sábio, quanto à capacidade de avaliação, caracteriza-se seguidos de vírgula.
pela versatilidade. Está(ão) CORRETA(S) a(s) afirmativa(s):
a) I, apenas.
04. No texto, “refletir” (linha 28) só NÃO está empregado b) I e II, apenas.
com o sentido de: c) I e III, apenas.
a) conjecturar. d) II e III, apenas.
b) ponderar. e) I, II e III.
c) avaliar.
d) aquilatar. 10. No quadro abaixo, indique a forma de tratamento e sua
e) declinar. respectiva abreviatura, no singular, que estão INCORRETA-
MENTE relacionadas ao título.
05. O substantivo seleção admite apenas uma forma de plu-
TÍTULO FORMA DE ABRE-
ral. Entre os apresentados a seguir, o substantivo que tam-
TRATAMENTO VIATURA
bém só admite uma forma para o plural é: (singular)
a) refrão.
b) cidadão. a) Altas autoridades Vossa Excelência V.Exª
c) verão. b) Reitores de Univer- Vossa Magnifi- V. Magª
d) corrimão. sidades cência
e) ancião.

157
Língua Portuguesa

c) Príncipes, duques Vossa Majestade V.Mª Com esta frase a autora admite que:
a) fazendas sem açude são como um casco morto.
d) Cardeais Vossa Eminência V. Emª b) desconhece a resposta à pergunta que às vezes lhe fazem.
e) Sacerdotes Vossa Reveren- V. Rvema c) existe, no Nordeste, uma quase obsessiva preocupação
díssima com os açudes.
d) durante o intenso verão nordestino tudo pode secar.
e) açudes são símbolo de riqueza e não motivo de preocu-
GABARITO pação.
01. a 02. d 03. e 04. e 05. b
02. “Mas é isso mesmo: no Nordeste, o açude é o núcleo, o
06. e 07. c 08. d 09. d 10. c
coração da fazenda.” (l. 3-4)
A palavra ou a locução capaz de substituir os dois pontos na
passagem acima, sem alterar o sentido da frase, é:
ASSISTENTE DE ADMINISTRAÇÃO a) porém.
- CASA DA MOEDA - 2009 b) porque.
c) embora.
Às vezes me perguntam o porquê dessa nossa quase obsessi- d) entretanto.
va preocupação com açudes: açude encheu, açude está seco, e) ainda que.
açude sangrou. Mas é isso mesmo: no Nordeste, o açude é o
núcleo, o coração da fazenda. Fazenda sem açude é um casco 03. Está em DESACORDO com o texto escrever que o velho
morto, sem gado, sem moradores, sem plantio. O açude é o açude do Junco é uma obra:
símbolo da riqueza do fazendeiro – ou da sua ruína. a) secular.
b) sólida.
O velho açude do Junco, por exemplo. Mas antes devo dizer
c) feita sem planejamento técnico.
o que é – ou o que foi – o Junco. Neste mundo tão grande,
d) de execução difícil.
nunca houve pedaço de terra que tenha sido mais preso ao
meu coração do que aquele trecho bravio do município de e) escavada num boqueirão natural.
Quixadá. E engraçado é que não nasci lá. Contudo, decerto
andava por lá antes de nascer (já contei essas coisas de ou- 04. Considere o texto abaixo.
tras vezes, mas, afinal, só tenho uma história). “O indivíduo se organiza a partir de sua história, do seu per-
tencer a uma família, a um povo, a uma terra.”
O Junco é, ou foi, uma fazenda à velha moda do Nordeste COLASANTI, Marina. Fragatas por Terras Distantes.
(embora hoje já muito alterada e dividida), com matas de A passagem do texto de Rachel de Queiroz em que NÃO se
caatinga subindo e descendo por cabeços cobertos de pedre- evidencia a presença de um desses elementos de que fala
gulho, vastos campestres de capimpanasco, coroas férteis de Marina Colasanti é:
riacho, lagoas que secam no verão (tudo, aliás, ali, seca no a) “...dessa nossa quase obsessiva preocupação com açu-
verão). Tudo seca, menos o açude. des:” (l. 1-2).
b) “Neste mundo tão grande, nunca houve pedaço de terra
À direita da casa-grande – a casa velha – se estende o prato que tenha sido mais preso ao meu coração...” (l. 8-10).
de água que, dantes, era a única fonte de vida dos homens, c) “E engraçado é que não nasci lá. Contudo, decerto andava
dos bichos e das plantas. (Hoje lá existe também um açude por lá antes de nascer” (l. 11-12).
novo, maior e talvez mais bonito do que o velho.) Mas aquele, d) “(já contei essas coisas de outras vezes, mas, afinal, só
o ‘meu açude’, foi feito por mão de escravos. Fez-se a parede tenho uma história).” (l. 12-13).
devagarinho, em anos. Antes aquilo era uma lagoa, alimen- e) “De modo que a obra está toda errada como técnica;” (l.
tada por sete riachos, que só correm no inverno. Assim, aos 33).
poucos, o dono foi levantando uma barragem, procurando ar-
mazenar mais água; construía sem projeto no papel, meio ao 05. No terceiro parágrafo do texto, a autora:
acaso, que o lugar nem era próprio para açude: uma lagoa a) explica como o açude foi construído.
aberta, sem nenhuma elevação aos lados, onde firmassem os b) exalta as belezas do Nordeste.
ombros da parede. O porão se fez fundo a poder de escava- c) descreve a paisagem da fazenda.
ções e não como os outros açudes, num boqueirão natural. d) conta histórias da sua infância.
De modo que a obra está toda errada como técnica; mas, e) expõe sua opinião a respeito da seca.
como sempre acontece na vida, os erros não lhe prejudicaram
a solidez. O açude do Junco já tem quase dois séculos e, nes- 06. Observe a frase.
se tempo todo de existência, só arrombou no inverno de dilú- Ficou-nos a lembrança _______ a água do açude era
vio de 1924 e, mais tarde, outra vez. Contudo, em ambas as sadia e doce.
vezes, o rombo na parede foi tapado dentro de poucos dias. A frase se completa CORRETAMENTE com:
a) que.
A água do açude do Junco tem uma cor ferrugenta, tinturada b) a que.
pelo barro vermelho do fundo. Mas é boa, sadia e doce como c) com que.
água de chuva. d) de que.
QUEIROZ, Rachel de. In: Tantos Anos, Editora Siciliano, 1998. (Adaptado)
e) em que.

07. Na estrada cheia de sol, um convite:


01. “Mas é isso mesmo:” (l. 3)

158
Língua Portuguesa
sincopada, o popular você. “Você quer ouvir uns discos lá em
casa?” Parecia que as coisas ficariam por isso mesmo, mas
o mundo, definitivamente, não se acomoda. Nesta onda de
tornar tudo mais prático e funcional, as palavras começaram
a perder algumas vogais pelo caminho e se transformaram
em abreviaturas esdrúxulas, e você virou vc. “Vc q tc cmg?”

Nenhuma linguagem é estática, elas acompanham as exi-


gências da época, ganham e perdem significados, mudam de
função. Gírias, palavrões, nada se mantém os mesmos. Qual
é o espanto?

Espanto, aliás, já é palavra em desuso: ninguém mais se


espanta com coisa alguma. No máximo, ficamos levemente
Para completar o cartaz CORRETAMENTE, a sequência é: surpreendidos, que é como fiquei quando soube que um dos
a) A – À – A. canais do Telecine iria abrir um horário às terças-feiras para
b) A – À – À. exibir filmes com legendas abreviadas, tal qual acontece nos
c) À – A – À. chats. Uma estratégia mercadológica para conquistar a au-
d) À – À – A. diência mais jovem, naturalmente, mas e se a moda pegar?
e) À – À – À.
Hoje, são as legendas de um filme. Amanhã, poderá ser lan-
çada uma revista toda escrita neste código, e depois quem
08. Se ________ conhecer o açude ________ comigo.
sabe um livro, e de repente estará todo mundo ganhando
Tendo em vista a correlação dos tempos dos verbos, as for-
tempo e escrevendo apenas com consoantes – adeus, vogais,
mas verbais que completam CORRETAMENTE a frase acima
fim de linha pra vocês.
são, respectivamente:
a) quiser e venha. O receio de todo cronista é ficar datado, mas, em contraparti-
b) quisesse e virá. da, dizem que é importante este nosso registro do cotidiano,
c) queria e vem. para que nossos descendentes saibam, um dia, o que se pas-
d) quiser e viesse. sava nesta nossa cabecinha jurássica. Posso imaginar, daqui
e) quer e viria. a 50 anos, meus netos gargalhando diante deste meu texto:
“ctd d w”.
09. Qual a forma entre parênteses que completa CORRETA-
MENTE a frase? Coitada da vovó mesmo. Às vezes me sinto uma anciã, lamen-
a) Gostaria de saber ________ tanta preocupação. (porque) tando o quanto a vida está ficando miserável. Não se trata
b) O convite ________ esperava finalmente chegou. (por quê) apenas dos miseráveis sem comida, sem teto e sem saúde,
c) Não havia água ________ o riacho secou. (por que) o que já é um descalabro, mas da nossa miséria opcional.
d) Não foste à fazenda ________? (por quê) Abreviamos sentimentos, abreviamos conversas, abreviamos
e) ________ os açudes são tão importantes? (Porque) convivência, abreviamos o ócio, fazemos tudo ligeiro, atro-
pelando nosso amor-próprio, nosso discernimento, vivendo
10. Coloque C ou I conforme esteja correta ou incorreta a resumidamente, com flashes do que outrora se chamou arte,
concordância verbal. com uma ideia indistinta do que outrora se chamou liberdade.
( ) Daquele dia ficou-lhe belas recordações. Todos espiam todos, sabem da vida de todos, e não conhe-
( ) Algum de vocês conheceram a fazenda? cem ninguém. Modernidade ou penúria?
( ) Cada uma das lagoas secou a seu tempo.
A sequência CORRETA de cima para baixo é: As vogais são apenas cinco. Perdê-las é uma metáfora. Cada
a) I – I – C. dia abandonamos as poucas coisas em nós que são abertas
b) I – C – I. e pronunciáveis.
MEDEIROS, Martha. Revista O Globo. 20 mar. 2005.
c) C – I – I.
d) C – C – I. 01. “Uma língua viva nunca está plenamente feita, mas se faz
e) C – I – C. continuamente graças à atividade linguística.”
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa.
Em qual parágrafo do texto o conteúdo coincide com o do
GABARITO trecho apresentado acima?
a) 2º
01. c 02. b 03. e 04. e 05. c b) 3º
06. d 07. d 08. a 09. d 10. a c) 4º
d) 5º
e) 6º
AGENTE CENSITÁRIO -
02. Assinale a expressão que, por se identificar com o conte-
IBGE - 2009 údo da crônica, poderia servir-lhe de título.
ABREVIADOS a) “...exigências da época,” (l. 10-11)
b) “...estratégia mercadológica...” (l. 19)
Nem faz tanto tempo assim, as pessoas diziam vosmecê. c) “...conquistar a audiência...” (l. 19-20)
“Vosmecê concede a honra desta dança?” Com o tempo, fo- d) “...cabecinha jurássica.” (l. 29)
mos deixando a formalidade de lado e adotamos uma forma e) “vivendo resumidamente,” (l. 38-39)

159
Língua Portuguesa
03. A cronista chama de “....miséria opcional.” (l. 35) a(s): c) Foi para a praia e leu um livro.
a) privação voluntária de bens materiais. d) Deu ciência a todos de sua decisão.
b) vida dos sem comida, sem casa, sem saúde. e) Estava frente a frente com o problema.
c) perda, pelo abandono consciente, de nossos melhores sen-
timentos e atitudes. 10. Quanto à concordância verbal, em qual frase há INCOR-
d) resignação diante das dificuldades da vida. REÇÃO?
e) legendas abreviadas dos chats. a) Nem o amor-próprio nem nosso discernimento foram pou-
pados.
04. Considere as afirmações a seguir. b) Legendas, conversas, ócio, tudo foi abreviado.
I - Por tratarem geralmente de temas da atualidade do autor, c) Faz meses que não vê filmes com legendas.
as crônicas são um valioso registro do cotidiano de uma época d) Existe certamente entre vocês outras opniniões.
para conhecimento das futuras gerações. e) Desapareceram as vogais das palavras.
II - Falta à crônica de Martha Medeiros atualidade temática e
um pouco de humor.
III - Ao desenvolver a sua crônica, Martha Medeiros vai tocan-
GABARITO
do em vários assuntos, sem todavia desviar-se de seu foco: 01. a 02. e 03. c 04. e 05. b
perdas que empobrecem. 06. a 07. e 08. d 09. b 10. d
É(São) verdadeira(s) APENAS a(s) afirmação(ões):
a) I.
b) II. C.E.F - RJ E SP - 2010
c) III.
d) I e II. Texto para as questões de 1 a 3
e) I e III.
Especialistas apostam que hoje há 32 milhões de brasileiros
05. Observe as seguintes passagens do texto: com potencial para planejar uma boa aposentadoria. São
I - “fomos deixando a formalidade de lado...” (l. 3) jovens das classes A e B, com emprego formal, moram em
II - “ ‘...quer ouvir uns discos lá em casa?’ ” (l. 4-5) grandes cidades do Sul e do Sudeste, e são o público-alvo
III - “as palavras começaram a perder algumas vogais...” (l. principal das empresas de previdência privada. “Se você co-
7-8) meça a investir nisso com 20, 25 anos, tem condições de
IV - “Amanhã, poderá ser lançada uma revista...” (l. 21-22) chegar à aposentadoria com uma reserva financeira grande”,
V - “...o quanto a vida está ficando miserável.” (l. 33) resume um dos sócios de uma das cinco maiores consultorias
As locuções verbais em destaque exprimem desenvolvimento de benefícios e gestão empresarial do país.
gradual da ação APENAS nas passagens:
a) I e II. A aposentadoria — mesmo a minguada quantia mensal paga
b) I e V. pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) — é a princi-
c) II e III. pal renda fixa do idoso paulistano. Segundo o estudo Síntese
d) II e IV. de Indicadores Sociais — Uma Análise das Condições de Vida
e) III e IV. da População Brasileira, publicado em 2009 pelo Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística, 55,9% dos velhinhos paulis-
06. De acordo com a norma culta da língua, apenas uma das tanos são aposentados e 12,8%, pensionistas. Do total, 6,2%
opções está CORRETA quanto à regência verbal. Assinale-a. usufruem do duplo benefício.
a) Os jovens anseiam por novidades tecnológicas.
b) Chegaram rapidamente no cinema. É o caso de Maria Sonia, de 75 anos de idade. Costarriquenha
c) Esqueci-me o nome do filme vencedor do festival. radicada no Brasil desde os 20 anos — com passagens por Rio,
d) Ela namorava com o jovem no computador. Natal e Avaré – SP — ela aposentou-se com 60 anos. Ganha,
e) Este é o filme que lhe falei. com isso, cerca de R$ 1,2 mil. Com a morte do marido, alguns
anos depois, passou a acumular o benefício da pensão (cerca
07. O termo em destaque foi substituído INCORRETAMEN- de R$ 1 mil). Entretanto, não parou de trabalhar. Empresária,
TE pelo pronome em: está à frente de uma pousada no bairro do Paraíso, a quatro
a) deixando a formalidade (deixando-a). quadras de sua casa — aumentando sua renda mensal em
b) adota uma forma (adota-a). cerca de R$ 4 mil. “Chego a trabalhar até 11 horas por dia”,
c) ouvir uns discos (ouvi-los). afirma, com ar vitorioso. “Você tem a idade que você sente.”
d) põe o CD sobre a mesa (põe-no).
e) acompanham as exigências (acompanham-las). Um benefício que não reflete diretamente no bolso das pes-
soas da terceira idade — mas pode melhorar sua condição de
08. Em qual frase o verbo está na voz ativa? vida — é a criação, em janeiro, do Fundo Nacional do Idoso.
a) As legendas dos filmes tinham sido abreviadas. “Quando regulamentado, receberá doações de pessoas físi-
b) Algumas legendas não foram entendidas pelos mais velhos. cas para financiar programas para os idosos, mediante aba-
c) Em muitas situações não se aceitam abreviaturas. timento fiscal”, diz Cláudia Beré, promotora do Atendimento
d) Muitos não conseguiram decodificar as mensagens. ao Idoso do Ministério Público Estadual. “A lei federal que o
e) Transmitiram-se as mensagens pelo computador. criou também permite a regulamentação de fundos estaduais
e municipais. Já enviamos ofício ao governo do estado e à
09. Em qual opção o a deve levar o acento indicativo de cra- prefeitura para saber quais são os planos de implementação.”
se?
Edison Veiga, Filipe Vilicic e Vitor Hugo Brandalise. De olho no futuro, jovens
a) Dirigiu a você algumas palavras. planejam aposentadoria. In: O Estado de S.Paulo, 4/4/10, p. C4. Internet:
b) Referia-se a legenda do filme. <www.estadao.com.br> (com adaptações).

160
Língua Portuguesa
01. A partir das ideias expressas no texto, assinale a opção BRICs. O primeiro é a expansão da renda: uma classe média
correta. maior gasta mais, tanto em volume quanto em qualidade.
a) Só é possível garantir uma boa aposentadoria se o inves- Tão importante quanto isso, no entanto, foi o fato de que os
timento destinado a esse fim for iniciado entre 20 e 25 anos fabricantes de azeite entenderam que cada lugar tem as suas
de idade. especificidades. Na Índia, por exemplo, o produto passou a
b) Apenas uma parcela da população jovem brasileira tem ser vendido na seção de produtos de beleza dos supermerca-
condições de aderir a um programa de previdência que não dos. Além de nutrir os cabelos das indianas, ele é usado na
seja gerido pelo governo. pele, para prevenir estrias.
c) Dos jovens empregados das grandes cidades do Sul e do
Sudeste do país, 32 milhões têm um plano de previdência Entre os integrantes dos BRICs, o Brasil é o que tem, de longe,
privada. o maior mercado de azeite: o consumo deverá atingir 50.000
d) Todos os idosos da cidade de São Paulo recebem aposen- toneladas em 2010. Como o país tem forte influência espa-
tadoria pelo INSS. nhola, italiana e portuguesa (os mais importantes produtores
e) Dos benefícios recebidos pelos idosos, a aposentadoria é mundiais), o hábito de usar o óleo em pizzas e saladas é mais
o mais rentável. comum do que nos outros do grupo — e as empresas do ramo
praticamente não mudam suas táticas de venda no mercado
02. Com base no texto, assinale a opção correta no que con- brasileiro. Na China, o comércio do produto varia conforme
cerne a regência verbal e nominal e ao uso do sinal indicativo o calendário. Em datas festivas, as pessoas trocam vidros de
de crase. azeite como presente. As empresas se preparam para essa
a) No trecho ‘Se você começa a investir nisso’ (R.6), o vo- época e fazem embalagens especiais, já que a finalidade do
cábulo ‘nisso’ denota a complementação indireta do verbo produto é enfeitar as estantes das casas. “Os chineses quase
‘investir’. não comem salada. Tivemos de encontrar maneiras alternati-
b) Substituindo-se o vocábulo ‘aposentadoria’ por aposentar vas para vender lá”, diz David Prats, presidente do grupo es-
panhol Borges, um dos maiores fabricantes de azeite do mun-
em ‘chegar à aposentadoria’ (R.7), o acento grave deve ser
do. A companhia, que há quinze anos vende seus produtos no
mantido, pois sua exigência deve-se à regência de ‘chegar’.
Brasil por meio de importadoras, decidiu no ano passado abrir
c) No trecho “está à frente de uma pousada no bairro do Pa-
uma filial no país. “O mercado brasileiro está fervilhando. En-
raíso” (R.25-26), o sinal indicativo de crase foi empregado por
quanto as nossas vendas ficaram estáveis em alguns países,
se referir a um elemento específico — a pousada; e não a um
no Brasil elas subiram 30% em 2009”, completa o espanhol.
conjunto de elementos, de forma geral.
d) No trecho “a quatro quadras da sua casa” (R.26), o empre- Renata Betti. O óleo da massa. In: Veja, 3/3/2010, p. 27. Internet: <veja.
abril.com.br> (com adaptações).
go do sinal indicativo de crase em “a” é facultativo.
e) O verbo “reflete”, em “Um benefício que não reflete dire-
04. Assinale a opção correta acerca das ideias expressas no
tamente no bolso das pessoas da terceira idade” (R.30-31),
texto.
é intransitivo.
a) A comercialização do azeite para fins não culinários é irrisó-
ria, se comparada à venda do azeite usado na culinária.
03. A respeito do texto, assinale a opção correta.
b) Atualmente, o consumo de vinho e de azeite no Brasil pode
a) Se a palavra “brasileiros” fosse utilizada no feminino plural,
ser equiparado ao dos países mediterrâneos.
o trecho “hoje há 32 milhões de brasileiros” (R.1-2) deveria
c) Desde 2005, o aumento no consumo de azeite nos países
ser reescrito da seguinte forma: hoje há trinta e duas milhões
que compõem o grupo denominado BRICs só não foi maior
de brasileiras.
do que nos EUA, um dos maiores consumidores mundiais do
b) O travessão empregado na linha 11 poderia ser substituído
óleo.
por vírgula, o que manteria a correção e o sentido original do
d) Um dos fatores que determinaram o alargamento do uso
texto.
do azeite em países não mediterrâneos foi a diferenciação do
c) Os sujeitos das formas verbais “aposentou” (R.21), “Ga-
uso do produto dada pelos fabricantes em cada localidade
nha” (R.22), “passou” (R.23), “parou” (R.24) e “está” (R.25) atendida.
possuem o mesmo referente. e) O azeite e o vinho deixaram de ser produtos de consumo
d) A presença de citações no texto, como as que ocorrem no das classes mais abastadas e passaram a constar das listas
final do terceiro parágrafo, evidencia seu caráter narrativo. de compras das classes menos privilegiadas nos países em
e) No texto, predomina o gênero descritivo, já que os autores desenvolvimento.
discorrem sobre o funcionamento da aposentadoria no Brasil.
05. No que se refere a aspectos linguísticos do texto, assinale
Texto para as questões de 4 a 8 a opção correta.
a) O vocábulo “porém” (R.4) estabelece uma relação de con-
Ao lado do vinho, a região do Mediterrâneo tem uma cesta de dição entre a oração da qual faz parte e a oração anterior.
produtos nobres cujo consumo nos países em desenvolvimen- b) O pronome “isso” (R.15) retoma a expressão “a expansão
to, até recentemente, era restrito às classes altas. Nos últimos da renda” (R.13).
cinco anos, porém, artigos como frutas secas, vinagre balsâ- c) A conjunção “Como” (R.23) introduz oração que expressa
mico, nozes e castanhas começaram a ganhar mercado nos um fato que está em conformidade com a ideia apresentada
emergentes. Nos quatro maiores, os BRICs (Brasil, Rússia, no período que a antecede.
Índia e China), nenhum avançou mais rápido que o azeite. d) Na linha 36, o termo “que” faz referência a “companhia” e
Desde 2005, as vendas do produto nesses países tiveram, em poderia, sem prejuízo para a correção gramatical do texto, ser
média, crescimento de 235%. Nos Estados Unidos da América substituído por onde.
(EUA), o segundo maior mercado mundial de azeite, atrás e) O vocábulo “Enquanto” (R.39), por expressar uma ideia de
apenas da União Europeia, o número ficou na casa dos 20%. proporcionalidade, poderia ser substituído por À medida que,
Dois fatores ajudam a entender a difusão do óleo de oliva nos mantendo-se o sentido original do texto.

161
Língua Portuguesa
Matéria
06. Considerando que as opções abaixo apresentam propos- b) Na linha 9, a forma verbal “tiveram” está flexionada no
tas de reescrita de trechos do texto indicados entre aspas, plural para concordar com “países”, que exerce a função de
assinale a opção que, além de estar gramaticalmente correta, sujeito na oração.
mantém o sentido original do texto. c) O vocábulo “atrás” (R.11) pode ser corretamente grafado
a) “Desde 2005, as vendas do produto nesses países tiveram, também da seguinte forma: atraz.
em média, crescimento de 235%” (R.8-9): A pouco menos de d) No trecho “o comércio do produto varia conforme o calen-
uma década, nas vendas do produto desses países houve em dário” (R.28-29), mesmo se a palavra “produto” fosse flexio-
média, melhora de 235%. nada no plural, a forma verbal “varia” deveria permanecer no
b) “Dois fatores ajudam a entender a difusão do óleo de oliva singular.
nos BRICs” (R.12-13): Dois fatores permitem compreender: a e) A correção gramatical do texto seria mantida se o vocábulo
difusão do óleo de oliva nos BRICs. “há” (R.36) fosse substituído por a.
c) “O primeiro é a expansão da renda: uma classe média
maior gasta mais, tanto em volume quanto em qualidade”
08. No que se refere a aspectos gramaticais do texto, assinale
(R.13-15): O primeiro é o aumento da renda, uma classe mé-
a opção correta.
dia maior gasta mais, tanto em volume quanto em qualidade.
a) As palavras “vinho” (R.1) e “média” (R.9) classificam-se, no
d) “Tão importante quanto isso, no entanto, foi o fato de que
texto, como substantivos.
os fabricantes de azeite entenderam que cada lugar tem as
suas especificidades” (R.15-17): De importância similar foi o b) No trecho “era restrito às classes altas” (R.3-4), o uso do
fato de os fabricantes de azeite entenderem que, cada lugar, sinal indicativo de crase em “às” é facultativo.
tem as suas peculiaridades. c) Em “ganhar mercado nos emergentes” (R.6), está implícito
e) “Em datas festivas, as pessoas trocam vidros de azeite o termo “artigos” (R.4) antes do vocábulo “emergentes”.
como presente” (R.29-30): As pessoas oferecem e recebem d) A expressão “nesses países” (R.8-9) retoma “países em
vidros de azeite como forma de presentear em datas festivas. desenvolvimento” (R.2-3).
e) Os termos “o produto” (R.17) e “ele” (R.19) referem-se ao
07. Com relação a aspectos linguísticos do texto, assinale a vocábulo “azeite” (R.16).
opção correta.
a) Em “a região do Mediterrâneo tem uma cesta de produ- GABARITO
tos nobres” (R.1-2), se a palavra “cesta” fosse flexionada no
plural, a forma verbal “tem” deveria ser grafada da seguinte 01. b 02. a 03. c 04. d
forma: têm. 05. b 06. e 07. d 08. e

ANOTAÇÕES
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