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ONFLITOS AGRARIOS NO PARA ROSA ELIZABETH ACEVEDO MARIN a ea CONFLITOS AGRARIOS NO PARA ANTAGONISMOS Socials No CAMPO No Brasil agrério, as relacSes sociais entre grupos definem-se por uma forte Coposigo, © que mostra que mesmo as formas econdémicas e politicas, consideradas moderas, mantém um contetido repressivo e violento. Na estrutura agraria, desenvolvem- se relagdes antagénicas devido & crescente disparidade no controle de recursos naturais — terra, Agua, floresta, minérios, pastagens. MilhGes de familias experimentam a falta de meios materiais para satistazer suas necessidades bésicas de alimentago, moradia e trabalho, Estéo, ainda, privadas de condigdes para um convivio estavel, de servigos minimos. No opinam nem so consultadas sobre questées que Ihes dizem respeito, enquanto centenas de individuos, grupos empresariais e o proprio governo utlizam-se de posigdes politicas para realizar e ampliar 0 controle sobre territérios 6 recursos dos quais dependem a existéncia de Indios, camponeses, posseiros, pescadores, garimpeiros, seringueiros, quebradeiras de coco babacu, entre outras categorias. Para compreender os confltos agrarios, recorre-se & andlise do sistema de relagées sociais, no qual se encontram os sujeitos, os agentes @ as instituigSes das préticas de luta @ dos movimentos reivindicatérios organizados em diversos tempos ¢ espagos. Na década de 80, fortalece-se a articulagao dos sindicatos de trabalhadores rurais, emerge a luta dos. seringueiros, a organizagao do movimento dos posseiros, do Movimento dos Sem Terra, cdo movimento das quebradeiras de coco, dos atingidos por barragens, de remanescentes de quilombos, como ago de enfrentamento em situages de ameaga @ conflitos que se tormaram freqdentes, nas quais 0 uso da forga ¢ a participagao da policia e exército, sob 0 comando do Estado, esto cada vez mais acentuados, Na Amazénia, o contlito é uma constant 6 as tens6es sociais geradas nesse sistema de relagdes sociais costumam ser descritas como “contitos de terra’, “conflito pela terra’, “conflitos fundiérios’. Evidencia-se, dessa maneira, o entrentamento que pode derivar de restrigdes ao uso da terra, dos recursos aquéticos ou de caminhos e situagbes que se combinam com deslocamentos compulsérios. Portanto, os confltos configuram-se de CONFLITOS AGRARIOS NO Poderes e instrumentos de forea fisica e militar ou as normas juridicas que dificultam sua existéncia, Milhares de familias no Para tém entrado em confronto com jagungos, pistoleiros. gtileiros © com agentes do aparato de Estado, incluidos aqui policias civis, militares administradores da justia. Os movimentos de camponeses e indios reivindicam o direito de continuar a utilizar ‘os recursos, de permanecer na terra e circular livremente, exigir condigées dignas de trabalho @ respeito as normas contratuais. Portanto, essa mobilizagdo 6 resposta as diversas interveng6es dirigidas pelos aparatos de governo que provocam mudangas radicais na sua forma de vida @ de organizagao social. Masa sociedade tem tomado conhecimento de um niimero bem reduzido de casos de conflito, 0 que ocorre quando a violéncia extrapola seus préprios limites, como no caso dos massacres e exterminios. Divulgando-os, a imprensa nacional e a intemacional geram um sentimento de justiga e de reptidio ante a barbarie desses atos. Na regidio sudeste do Paré, observa-se a passagem do massacre para o genocidio. E essa ago é entendida ‘enquanto exterminio de uma determinada categoria social, simbolizada tanto por indigenas, quanto por posseiros e sem terra. ‘Todavia, as ameagas e os desrespeitos que marcam os conflitos no dia-a-dia de milhares de familias no Pard, Maranh&o, Acre, Mato Grosso e Rondénia estao registrados parcialmente e induzem uma posigao desfavordvel e preconceituosa em relagao as vitimas, indicando-as como “invasores" ou “bando de preguigosos”. Dessa forma, existe uma disposigo para ignorar ou minimizar o fenomeno da violencia, transformando-se os atos. politicos em ocorréncias classificadas como crimes comuns, quando nao s4o vistos como produto natural do desenvolvimento, Assim, a informaco e a dentincia desses fatos so produtos da quebra de siléncio sobre a gravidade dos antagonismos e de questionamentos do exercicio arbitrério do poder por parte de executores e mandantes de chacinas, massacres, assassinatos e ainda de criticas fundamentadas sobre a omissaio recorrente de autoridades e érgdos puiblicos a respeito destes fatos. No Para, essas ocorréncias permitem identificar zonas criticas de conflito © tensdo social. Mas, apesar de ser a unidade da federagéio com o maior ntimero de ocorréncias de conflito, incluindo éreas com maior destaque — 0 sul @ sudeste do Para, 0 norte do Tocantins e a regido de Gurupi—é importante ir além da diviso politico-administrativa de 215

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