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A história de Maria, uma adolescente judia dos tempos bíblicos, tem muito a nos

ensinar (Lc. 1:26-38). Em se tratando de Maria, há, por vezes, uma polarização: ou
a exaltam acima de Jesus (Lc. 1:32), ou a ignoram e não lhe dão a consideração
que merece (Lc. 1:48). Cheia do Espírito Santo, Isabel a chamou de “a mãe do meu
Senhor” (Lc 1:43), o que é motivo suficiente para honrá-la.

O que sabemos sobre Maria? Ela era da tribo de Judá, descendente de Davi e
virgem (Is. 7:14). Estava noiva de um carpinteiro de Nazaré, chamado José (Mt.
13:55) e, ao que parece, ambos eram pobres (Lv. 12:8; Lc. 2:24). Uma vez que as
moças judias se casavam muito jovens, é bem provável que Maria fosse uma
adolescente quando recebeu esta visita de Gabriel.

O encontro do anjo Gabriel com aquela adolescente revela o profundo


comprometimento de Deus com seu projeto eterno: a vinda do Messias ao mundo.
O encontro não se deu em Roma, ou em Jerusalém, mas em uma vila dos confins
da terra de Zebulom e Naftali (cumprimento da promessa feita por intermédio de
Isaías – Is. 9:1,2).

A missão que foi comunicada a Maria não era apenas difícil, era impossível. “Você
ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e
será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi,
e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim”(v. 31-
33). Ela entendeu “o que”, mas não sabia “como” seria isto. A reação foi: “como
será isso possível?”(v. 34).

Antes de apresentar o impossível, o Deus Eterno se apresentou como o Deus:


cheio de Graça para conceder graça: “Alegra-te, muito favorecida! … Maria não
temas, porque achaste graça diante de Deus” (v. 28,30); cheio de poder para cuidar
e proteger com Sua presença: “O Senhor é contigo” (v. 28). Depois de se
apresentar e de apresentar o impossível, o Senhor se apresenta como Aquele que
está presente para as realizações: “descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do
Altíssimo te envolverá” (v. 35).

A palavra direcionada a Maria não se tratava de algo relacionado com o ordinário,


mas com o extraordinário. O extraordinário demanda confiança, dependência,
paciência, confrontos, ameaças, riscos… O que esperava por Maria se ela
aparecesse grávida antes da consumação do casamento? Seria morta por
apedrejamento. Ela ouviu de Gabriel: “o poder extraordinário do Eterno está sobre
você; saiba que NADA é impossível para Deus”.

O relacionamento com o Eterno implica em relacionamento com a Verdade


absoluta. A palavra que chegou a Maria não foi a palavra de um anjo, mas a palavra
de Deus. Ela reconheceu a palavra do Senhor como verdade absoluta, a palavra
viva que produz vida, palavra de poder que abre portas onde elas ainda não
existem. Ela se apegou à palavra do Senhor e se rendeu em sujeição ao grande
poder. Disse ela: “aqui está a serva do Senhor, que se cumpra em mim conforme a
tua palavra” (v. 38); depois disse: “a minha alma engrandece ao Senhor, e o meu
espírito se alegrou em Deus, meu Salvador” (v. 46,47).

Maria, a mãe de Jesus, foi uma mulher que cria em Deus como o Eterno e Todo-
Poderoso; rendeu-se a Ele reconhecendo-o como o seu Salvador pessoal. Com ela
aprendemos que não há como desenvolver um relacionamento com o Criador de
maneira superficial. É preciso que a vida toda seja colocada neste relacionamento,
e não apenas parte dela.

Certamente Maria não é objeto da nossa adoração, veneração ou centro de culto,


mas é, sim, um belíssimo referencial de como podemos servir a Deus com nossas
limitações, impossibilidades e realidades. Sua ousadia em se entregar ao Senhor
como o seu Salvador pessoal é inspiradora. Sua dedicação à missão que lhe foi
confiada é desafiadora. Sua disposição para se tornar parte de um projeto tão
espetacular e extraordinário é encorajadora.

Sobre Maria tenho a dizer o que a Palavra de Deus diz: “Você é bendita entre as
mulheres”! Louvo muito a Deus por sua vida e sua paixão pelo Senhor Deus e pelo
Seu Reino.

O MANDAMENTO DE MARIA
1. “Sua mãe disse aos que estavam servindo: ‘Fazei tudo o que ele vos
disser!’” (João 2,5).
Fazei tudo o que ele vos disser! Estas palavras de Maria, pronunciadas
durante as Bodas de Caná, orientaram os servidores para Jesus que,
ordenando-lhes que enchessem seis talhas de pedra com água,
transformou-a em excelente vinho (cf. Jo 2,1-12).
Fazei tudo o que ele vos disser! Estas palavras de Maria, para além do
fato das Bodas de Caná, resumem toda a orientação que Ela, Mãe de
Jesus e Mãe dos homens, dá aos seus filhos continuamente. Ela, perfeita
Serva do Senhor, obediente até o fim ao seu Deus, não cessa de exortar
e ajudar os homens a fazerem o mesmo. Em 13/07/1917 Nossa Senhora
disse aos pastorinhos, em Fátima: “Se fizerem o que Eu vos disser,
salvar-se-ão muitas almas e terão paz”. E, em última análise, o que
Maria nos diz para fazer? Aquilo que disse em Caná da Galiléia: Fazei
tudo o que ele (Jesus) vos disser! Este é o Mandamento de Maria!
Ensina o Papa João Paulo II: “A devoção a Maria é fonte de vida cristã
profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos.
Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz, segui os seus
exemplos. Como ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus:
Fazei o que ele vos disser (Jo 2,5)” (Da Homilia do Papa João Paulo
II na Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida em julho de
1980).
2. “Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galiléia, proclamando
a Boa Nova de Deus: ‘Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está
próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova’” (Marcos 1,14-15).
Convertei-vos e crede no Evangelho! O anúncio do Reino de Deus e o
chamado à conversão e à Fé. Eis, em síntese, a mensagem de Jesus.
Mensagem a ser acolhida, a ser meditada, a ser vivida. As palavras de
vida eterna de Jesus (cf. Jo 6,68) devem encontrar acolhida e
ressonância em nossos corações, a exemplo de Nossa Senhora que ouviu
a Palavra de Deus e a pôs em prática (cf. Lc 8,19-21). Ela é mestra de
discipulado. Na sua escola “aprendemos Jesus” e aprendemos a
fazer tudo o que Ele ensinou.
3. “Cristo é o Mestre por excelência, o revelador e a revelação. Não se
trata somente de aprender as coisas que Ele ensinou, mas de ‘aprender
a Ele’. Porém, nisto, qual mestra mais experimentada do que Maria? Se
do lado de Deus é o Espírito, o Mestre interior, que nos conduz à
verdade plena de Cristo (cf. Jo 14,26; 15,26; 16,13), de entre os seres
humanos, ninguém melhor do que Ela conhece Cristo, ninguém como a
Mãe pode introduzir-nos no profundo conhecimento do seu mistério.
O primeiro dos ‘sinais’ realizado por Jesus – a transformação da água
em vinho nas bodas de Caná – mostra-nos precisamente Maria no papel
de mestra, quando exorta os servos a cumprirem as disposições de
Cristo (cf. Jo 2,5). E podemos imaginar que Ela tenha desempenhado a
mesma função com os discípulos depois da Ascensão de Jesus, quando
ficou com eles à espera do Espírito Santo e os animou na primeira
missão. Percorrer com Ela as cenas do Rosário é como freqüentar a
‘escola’ de Maria para ler Cristo, penetrar nos seus segredos,
compreender a sua mensagem.
Uma escola, a de Maria, ainda mais eficaz, quando se pensa que Ela a
dá obtendo-nos os dons do Espírito Santo com abundância e, ao mesmo
tempo, propondo-nos o exemplo daquela ‘peregrinação da fé’, na qual é
mestra inigualável. Diante de cada mistério do Filho, Ela convida-nos,
como na sua Anunciação, a colocar humildemente as perguntas que
abrem à luz, para concluir sempre com a obediência da fé: ‘Eis a serva
do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra’ (Lc 1,38)” (Da
Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae”, do Papa João Paulo
II, sobre o Rosário, n° 14 – Extraído de L’Osservatore Romano de
26/10/2002).
FAÇAMOS O QUE MARIA DISSE, FAZENDO O QUE JESUS DISSER!

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