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Princípios de Bioquímica

Universidade Federal do Piauí - UFPI

Centro de Ciências da Saúde - CCS

Departamento de Bioquímica e Farmacologia

REAÇÕES DE CARACTERIZAÇÃO DE LIPÍDIOS

WANDERLEY MATOS GONÇALVES

Teresina-PI, 2010
Wanderley Gonçalves
Princípios de Bioquímica

RESUMO

Realizou-se a chamada reação de saponificação, ou seja, a hidrólise alcalina


de triglicerídeos fazendo uso de dez gramas margarina e hidróxido de potássio em
banho-maria e depois usou ácido clorídrico para separação da camada oleosa e
finalmente testou a solubilidade dos sabões obtidos.

Wanderley Gonçalves
Princípios de Bioquímica

INTRODUÇÃO

Os lipídios constituem um grupo de compostos que, quimicamente diferentes


entre si, apresentam uma importante característica em comum: a insolubilidade em
água. Os lipídios (do grego lipos, gordura) são o quarto principal grupos de
biomoléculas encontradas em todas as células. Diferentemente dos ácidos
nucléicos, das proteínas, e dos polissacarídeos, os lipídios não são poliméricos.
Contudo, eles se agregam, e é nesse estado que desempenham sua mais obvia
função como matriz estrutural das membranas biológicas (Voet, 2006).

Essa classe está amplamente distribuída em organismos vegetais e animais,


cumprindo diversas funções como armazenamento de energia (óleos e gorduras),
fazem parte das membranas biológicas (fosfolipídios), apresentam funções
hormonais (esteróides), são essenciais para o funcionamento de alguns sistemas
enzimáticos, atuam como isolantes térmicos e são agentes emulsificantes (Neves,
2009).

Os lipídios exibem uma variedade estrutural maior do que as outras classes


de moléculas biológicas. Até certo ponto, eles constituem uma ampla categoria de
substâncias que são similares somente pelo fato de serem majoritariamente
hidrofóbicas e apenas levemente solúveis em água. Por causa da sua
hidrofobicidade, a análise dos lipídios requer mais esforço do que estudos de
moléculas mais solúveis e, portanto, mais fáceis de serem manuseadas.

Os lipídios dividem-se basicamente em ácidos graxos (ceras), triglicerídeos


(óleos e gorduras), fosfolipídios (membranas celulares), esfingolipídios, esteróides
(colesterol), etc.

Os triglicerídeos ou triacilgliceróis são os principais constituintes dos óleos


vegetais e das gorduras de origem animal. O óleo de amendoim, o óleo de soja, o
óleo de milho, a manteiga, o toucinho e o sebo são exemplos de alimentos formados
por triglicerídeos. A diferença entre óleos e gorduras está no fato de que as gorduras
serem sólidas a temperatura ambiente e os óleos são líquidos nas mesmas
condições.

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Os triglicerídeos recebem esse nome por que são originados da reação entre
uma molécula de álcool (triol) e três moléculas de ácidos graxos, esta associação
dá-se através de uma reação de esterificação, portanto, os triglicerídeos são ésteres
de ácidos graxos.

O
CH2 O C
CH3
O
HC O C
CH3
O

H2C O C CH3

OLEÍNA

A Oleína é o principal componente do óleo da palma, planta típica do cerrado,


ela é um exemplo de um triacilglicerol insaturado.

Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos com cadeias de hidrocarbonetos


laterais longas dentre os ácidos graxos biológicos mais comuns estão o ácido
láurico, ácido oléico, ácido esteárico ou o ácido butírico (margarina). Os ácidos
graxos podem ser saturados (sem ligações duplas), monoinsaturado (1 ligação
dupla) ou poliinsaturados (com mais de uma ligação dupla) e a presença ou não de
ligações duplas tem grande influência nas propriedades dos óleos e gorduras, pois
quanto maior o número de insaturações, menor é o ponto de fusão.

Uma maneira de conseguir a "quebra" da molécula dos triglicerídeos em seus


ácidos graxos é através do tratamento com soluções alcalinas concentradas (KOH,
NaOH) a quente. Essa reação tem como resultado a liberação do glicerol e formação
de sais de ácidos graxos, originados pela incorporação do sódio ou do potássio à
molécula de ácido graxo. Esses sais são os sabões e a reação, que é denominada
saponificação, é a via de fabricação dos sabões encontrados comercialmente
(Neves, 2009).

Um exemplo de sabão que pode ser formado a partir da hidrólise do


tripalmitil-glicerol, um dos constituintes do óleo de soja:

O exemplo demonstra a formação de um sal de sódio. Os sabões constituídos

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por sais de sódio (Na+) e de potássio (K+) são solúveis. Em contrapartida, os


sais de cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+), formados a partir da reação do lipídeo com
Ca(OH)2 e Mg(OH)2, respectivamente, são insolúveis e precipitam. A precipitação é
muito útil no processo de purificação dos sabões e também pode ser feita por adição
de ácido forte (como o HCl) ou NaCl.

OBJETIVOS

 Pesquisar a presença de ligações do tipo éster nas moléculas dos óleos e


gorduras;
 Conhecer a reação de produção de sabão partir dos óleos e gorduras;
 Pesquisar o comportamento dos sabões em soluções aquosas contendo
ou não óleos e gorduras;
 Reconhecer as características de uma emulsão e sua importância na
produção de alimentos.

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MATERIAIS E MÉTODO

MATERIAIS E REAGENTES

Materiais

 Tubos de Ensaio;  10 g de margarina;

 Pipetas grad. e volumétricas;  10 mL de KOH 5%;

 Proveta;  1 mL de HCl;

 Conta- gotas;  2 mL de éter;

 Bico de Bunsen;  2 mL álcool;

 Bastão de vidro;  6 mL de KOH 0,5N;

 Béquer;  NaCl;

Reagentes  Solução de CaCl2 5%;

 Água destilada;  Solução de Acet. de Chumbo 5%.

MÉTODO

1 - SAPONIFICAÇÃO

Pegou um tubo de ensaio com 10 gramas de margarina e adicionou-se a ele


10 ml de solução alcoólica de KOH 5% e o levou a banho-maria por 30 minutos.

2 - SEPARAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS

Retirou-se o tubo do banho-maria e adicionou 1 ml de ácido clorídrico


concentrado e depois colocou-o novamente no banho-maria até haver a separação
de uma camada oleosa na superfície do líquido.

3 - SOLUBILIDADE NOS SOLVENTES

Após a experiência de numero 2 retirou-se com um bastão uma pequena


quantidade de ácidos graxos e dividiu em 3 tubos de ensaio:

Tubo 1: Ácido graxo + 2ml de éter;


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Tubo 2: Ácido graxo + 2ml de água destilada;

Tubo 3: Ácido graxo + 2ml de álcool.

Agitou-se os três tubos após a adição de cada solvente.

4 - FORMAÇÃO DE SABÕES POR REDISSOLUÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS

Pegou o tubo com água destilada da experiência 3 e adicionou-se mais 8 ml


de água destilada mais 6ml de solução de KOH 0,5N. Depois aqueceu em banho-
maria por 5 minutos.

5 - SEPARAÇÃO DOS SABÕES POR SALIFICAÇÃO

Pegou-se 3ml da solução de sabão da experiência 4 e a colocou em uma


proveta de 25ml depois acrescentou na proveta água destilada até a marca dos
20ml. Nessa solução foi adicionado cloreto de sódio até a solução se saturar.

6 - FORMAÇÃO DE SABÕES INSOLÚVEIS

Utilizando novamente a solução de sabão da experiência 4 pipetou-se essa


solução em dois tubos de ensaio:

Tubo 1: solução de sabão + 10 gotas de solução de CaCl2 5%;

Tubo 2: solução de sabão + 10 gotas de acetato de chumbo a 5%;

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na saponificação após o aquecimento observou-se a divisão da substancia


em duas etapas: um amarelo ovo (óleo), e a outra em amarelo claro. E com isso a
formação de sais alcalinos de ácidos graxos (sabão. Onde o KOH a 5% teve como
principal função converter o éster em ácido graxo para sal de ácido graxo e glicerol.
O ácido clorídrico serve para a quebra das ligações de sais de ácidos graxos tendo
por fim a separação da camada oleosa na superfície do liquido. Observou-se essa
analise na Figura1.

Figura 1: saponificação

R3– COOH3C– R2 – COOHC – CH3OOC – R1 + KOH


TRIGLICERIDEOS

CH2OH – CHOH – CH3OH + K1 – COOH – K2 – COOH – K3 – COOH


GLICEROL SAIS DE ÁCIDOS GRAXOS

Depois da saponificação observou-se a separação dos ácidos graxos. Nessa


separação observou-se a formação de uma camada solida de ácido graxo em cima
da solução de 1 ml de ácido clorídrico. Como pode ser observado na Figura 2.

Figura 2: separação dos ácidos graxos

R1 – COOH + R2 – COOH + R3 – COOH + 3HCl(concentrado)


SAIS DE ÁCIDOS GRAXOS

R1 – COOH – R2 – COOH – R3 – COOH + 3HCl

Após a obtenção dos ácidos graxos testou-se a solubilidade do mesmo com


solventes polares e apolares:

Tubo 1: Ácido graxo + 2ml de éter; ocorre a completa dissolução do ácido


graxo devido as características apolares dos dois.

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Tubo 2: Ácido graxo + 2ml de água destilada; não ouve dissolução, pois a
água é um solvente polar e não dissolve substancias apolares.

Tubo 3: Ácido graxo + 2ml de álcool. Ocorreu uma dissolução parcial devido o
álcool possuir em sua molécula uma parte apolar (OH -)

Após a solubilidade dos ácidos graxos obtidos na experiência anterior passamos


para a formação dos mesmos deixando o liquido esbranquiçado e a formação de um
anel amarelado, isso devido a suspensão de sais de ácidos graxos insolúveis em
água. Como mostra a Figura 3.

Figura 3: formação de sabões por redissolução dos ácidos graxos

R1 – COOH + R2 – COOH + R3 – COOH + KOH


SAIS DE ÁCIDOS GRAXOS

R1 – COOH + R2 – COOH + R3 – COOH + 3H2O

Na separação de sabões por salificação notou-se um aumento da tensão


superficial que ocasionou a formação de floculação dos sais de ácidos graxos,
característica dos sabões contendo potássio, e flutuação devido a sua maior
densidade.

Para a formação de sabões insolúveis observou-se:

Tubo 1: solução de sabão + 10 gotas de solução de CaCl2 5%; a formação


de precipitado, pois os sabões de massa molecular mais alto são menos solúveis do
que os com sódio e cálcio.

Tubo 2: solução de sabão + 10 gotas de acetato de chumbo a 5%; a


formação de uma parcial precipitação devido a sua solubilidade limitada.

Esse experimento está exemplificado na Figura 4.

Figura 4: formação de sabões insolúveis

R – COOH + CaCl2 (RCOO)2Ca + 2KCL

R – COOH + ( CH3COO)2Pb (RCOO)2Pb + 2CH3COOH


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CONCLUSÃO

Concluiu-se então que a reação de saponificação consistiu na adição de uma


base forte, como no caso reportado que foi KOH, ao sistema contendo os
triglicerídeos e por aquecimento para romper as ligações e conseguir glicerol e sais
de ácidos graxos e notou também que sua solubilidade deveu-se à solventes
apolares, como no éter e em parte no álcool que possui uma parte apolar.
Comprovou-se também que sabões contendo Na + e K+ são solúveis em água como
foi reportado na literatura usada.

Wanderley Gonçalves
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REFERÊNCIAS

CHAMPE, P. C., HARVEY, R. A. Bioquímica Ilustrada. 2. Ed. Porto Alegre: Artes

Médicas, 2006.

DIAS DE SOUZA, Karina A. Freitas, NEVES, Valdir A. Experimentos de Bioquímica,


um guia eletrônico. Disponível em:

<http://www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquimica/menu.htm>. São Paulo: UNESP,


2009.

NELSON, D. L., COX, M. M. Lehninger. Principio de Bioquímica. 3. Ed. São Paulo:

Savier, 2006.

VOET, D., VOET, J. G. Fundamentos de Bioquímica. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed,

2006.

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