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Prefeitura de Juazeiro do Norte/CE

Professor - Ensino Fundamental (1º ao 5º)

VOLUME 1

Língua Portuguesa
Compreensão e interpretação de texto. ..........................................................................................................................1
Tipos e gêneros textuais. ....................................................................................................................................................3
Situação comunicativa. Pressuposto e subtendido. ................................................................................................... 21
Inferência. .......................................................................................................................................................................... 23
Ambiguidade. .................................................................................................................................................................... 24
Polissemia. ......................................................................................................................................................................... 25
Intertextualidade. ............................................................................................................................................................. 25
Tipos de linguagem. ......................................................................................................................................................... 29
Estrutura textual. Progressão temática. Paragrafação. Enunciado. ........................................................................ 30
Coesão. Coerência. ............................................................................................................................................................ 31
Variações linguísticas. ..................................................................................................................................................... 35
Formalidade e informalidade. Propriedade lexical. Adequação da linguagem. .................................................... 38
Fonética e fonologia. Encontros consonantais, encontros vocálicos, dígrafos. ..................................................... 40
Acentuação gráfica. .......................................................................................................................................................... 44
Pontuação. ......................................................................................................................................................................... 45
Ortografia. .......................................................................................................................................................................... 47
Morfologia: classes de palavras, Processo de formação das palavras. .................................................................... 51
Funções da linguagem. .................................................................................................................................................... 80
Análise sintática dos períodos simples e composto. .................................................................................................. 83
Concordância verbal e nominal. .................................................................................................................................... 88
Regência verbal e nomina. .............................................................................................................................................. 91
Sintaxe de colocação. ....................................................................................................................................................... 96
Produção textual................................................................................................................................................................ 97

Matemática
Números relativos inteiros e fracionários: operações e suas propriedades (adição, subtração, multiplicação,
divisão e potenciação) ........................................................................................................................................................1
Múltiplos e divisores: máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum ..............................................................5
Frações ordinárias e decimais. Números decimais: propriedades e operações .......................................................8
Expressões numéricas ...................................................................................................................................................... 10
Equações do 1º e 2º graus. Problemas .......................................................................................................................... 12
Sistemas de medida de tempo. Sistema métrico decimal .......................................................................................... 15
Sistema monetário brasileiro .......................................................................................................................................... 17
Problemas, números e grandezas proporcionais: razões e proporções .................................................................. 20
Divisão em partes proporcionais ................................................................................................................................... 21
Regra de três simples e composta .................................................................................................................................. 24
Porcentagem ...................................................................................................................................................................... 27

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Juro simples: juros, capital, tempo, taxas e montantes ............................................................................................... 28
Fundamentos da Teoria dos Conjuntos ......................................................................................................................... 30
Conjuntos Numéricos: Números Naturais e Inteiros (divisibilidade, números primos, fatoração, máximo
divisor comum, mínimo múltiplo comum) .................................................................................................................. 33
Números Racionais e Irracionais (reta numérica, valor absoluto, representação decimal) ............................... 37
Números Reais (relação de ordem e intervalos). Operações .................................................................................... 41
Funções: Estudo das Relações, definição da função, funções definidas por fórmulas: domínio, imagem e
contradomínio, gráficos, função injetora, sobrejetora e bijetora, funções par e ímpar, funções crescentes e
decrescentes, função inversa, função composta, função polinomial do 1º Grau, quadrática, modular,
exponencial e logarítmica, resoluções de equações, inequações e sistemas .......................................................... 43
Sequência: Progressão Aritmética e Geométrica. ........................................................................................................ 61
Geometria Plana. Ângulos: definição, classificação, unidades e operações, feixes de paralelas cortadas por
transversais, Teorema de Tales e aplicações. Polígonos: elementos e classificação, diagonais, soma dos ângulos
externos e internos, estudo dos quadriláteros e triângulos, congruências e semelhanças, relações métricas dos
triângulos. Área: polígonos e suas partes ..................................................................................................................... 64
Álgebra: Matrizes, Determinantes. ................................................................................................................................. 80
Análise combinatória ........................................................................................................................................................ 88
Geometria Espacial: retas e planos no espaço (paralelismo e perpendicularismo), poliedros regulares,
pirâmides, prismas, cilindro, cone e esfera (elementos e equações) ...................................................................... 92
Geometria Analítica: Estudo analítico do ponto, da reta e da circunferência (elementos e equações). ..........100
Números complexos: operações. Forma algébrica e trigonométrica. ....................................................................108

Atualidades e Convivência Societária


Evolução histórica, geográfica, econômica, política e cultural do município de Juazeiro do Norte. ....................1
Acontecimentos e fatos relevantes e atuais do contexto internacional, nacional, estadual e do município de
Juazeiro do Norte. Arte e cultura. Ciência, tecnologia e inovação .............................................................................. 6.
Democracia, ética e cidadania. ....................................................................................................................................... 62
Ecologia/biodiversidade. ................................................................................................................................................. 68
Globalização e geopolítica. .............................................................................................................................................. 72
Políticas públicas: educação, habitação, saneamento, saúde, transporte, segurança, defesa, desenvolvimento
sustentável.......................................................................................................................................................................... 79
Responsabilidade social: setor público, privado, terceiro setor. ............................................................................109
Sociodiversidade: multiculturalismo, tolerância, inclusão/exclusão, relações de gênero. ................................113
Tecnologias de Informação e Comunicação. ..............................................................................................................127
Vida urbana e rural. .......................................................................................................................................................143
Violência e drogas. .........................................................................................................................................................150
Ética profissional e relações humanas no trabalho. ..................................................................................................157
Ética moral e cidadania. ................................................................................................................................................163

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LÍNGUA PORTUGUESA

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APOSTILAS OPÇÃO

06) Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do


autor;
07) Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor
compreensão;
08) Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada
questão;
09) O autor defende ideias e você deve percebê-las;
Compreensão e Fonte: http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para-
interpretação de texto. melhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas/

Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. inúmeros problemas, afetando não só o desenvolvimento
profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. O
A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao mundo moderno cobra de nós inúmeras competências, uma
conhecimento, portanto, precisamos aprender a ler e não delas é a proficiência na língua, e isso não se refere apenas a
apenas “passar os olhos sobre algum texto”. Ler, na verdade, é uma boa comunicação verbal, mas também à capacidade de
dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de entender aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional
qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, está relacionado com a dificuldade de decifrar as entrelinhas
narrativo, possibilidades que se misturam e as tornam do código, pois a leitura mecânica é bem diferente da leitura
infinitas. É preciso, para uma boa leitura, exercitar-se na arte interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer analogias e
de pensar, de captar ideias, de investigar as palavras… Para criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise
isso, devemos entender, primeiro, algumas definições de textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar
importantes: suas dúvidas.
Uma interpretação de texto competente depende de
Texto inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar
O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas
organização e transmissão de ideias, conceitos e informações vezes, apressados, descuidamo-nos das minúcias presentes
de modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz
um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma suficiente, o que não é verdade. Interpretar demanda paciência
novela de televisão também são formas textuais. e, por isso, sempre releia, pois uma segunda leitura pode
apresentar aspectos surpreendentes que não foram
Interlocutor observados anteriormente. Para auxiliar na busca de sentidos
É a pessoa a quem o texto se dirige. do texto, você pode também retirar dele os tópicos frasais
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na
Texto-modelo apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os
“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você, parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom
uma pessoa amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente. texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é
Se sua amiga disser que não, está mentindo ou se enganando. porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação
Quem agüenta ver o namorado conversando todo animado hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias
com outra menina sem sentir uma pontinha de não-sei-o-quê? supracitadas ou apresentando novos conceitos.
(…) Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram
É normal você querer o máximo de atenção do seu explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não
namorado, das suas amigas, dos seus pais. Eles são a parte costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses,
mais importante da sua vida.” supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às
(Revista Capricho) ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso
Modelo de Perguntas na superfície do texto, mas é fundamental que não criemos, à
1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com
quem é o seu interlocutor preferencial? cuidado certamente incorre menos no risco de tornar-se um
Um leitor jovem. analfabeto funcional e ler com atenção é um exercício que deve
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de
2) Quais são as informações (explícitas ou não) que nós leitores proficientes e sagazes. Agora que você já conhece
permitem a você identificar o interlocutor preferencial do nossas dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons estudos!
texto? Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-
Do contexto podemos extrair indícios do interlocutor uma-boa-interpretacao-texto.html
preferencial do texto: uma jovem adolescente, que pode ser
acometida pelo ciúme. Observa-se ainda , que a revista Questões
Capricho tem como público-alvo preferencial: meninas
adolescentes. O uso da bicicleta no Brasil
A linguagem informal típica dos adolescentes.
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil
09 DICAS PARA MELHORAR A INTERPRETAÇÃO DE ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países
TEXTOS como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta
01) Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do é um dos principais veículos nas ruas. Apesar disso, cada vez
assunto; mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, numa
02) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa comparação entre todos os meios de transporte, um dos que
a leitura; oferecem mais vantagens.
03) Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas e
pelo menos duas vezes; a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais na
04) Inferir; calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
05) Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e

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prioridade sobre os automotores. (D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio
Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à de locomoção se consolidou no Brasil.
bicicleta no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade, (E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista
pois as bikes não emitem gases nocivos ao ambiente, não deve dar prioridade ao pedestre.
consomem petróleo e produzem muito menos sucata de
metais, plásticos e borracha; a diminuição dos 03. Considere o cartum de Evandro Alves.
congestionamentos por excesso de veículos motorizados, que
atingem principalmente as grandes cidades; o favorecimento Afogado no Trânsito
da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e a
economia no combustível, na manutenção, no seguro e, claro,
nos impostos.
No Brasil, está sendo implantado o sistema de
compartilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por
exemplo, o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da
Prefeitura, em parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA,
com quase um ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São
Paulo, Santos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país
aderirem a esse sistema, mais duas capitais já estão com o
projeto pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do
compartilhamento é semelhante em todas as cidades. Em
Porto Alegre, os usuários devem fazer um cadastro pelo site. O
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br)
valor do passe mensal é R$ 10 e o do passe diário, R$ 5,
podendo-se utilizar o sistema durante todo o dia, das 6h às
22h, nas duas modalidades. Em todas as cidades que já Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto
aderiram ao projeto, as bicicletas estão espalhadas em pontos concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum
estratégicos. é
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção não (A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas.
está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não sabem (B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas.
(C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas.
que a bicicleta já é considerada um meio de transporte, ou
(D) o número excessivo de automóveis nas ruas.
desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de um
(E) o uso de novas tecnologias no transporte público.
trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas
04. Considere o cartum de Douglas Vieira.
vezes, discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
Televisão
verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão
totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso é
tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A
maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e
caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos
ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos e
deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de
vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender
que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para
poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro,
as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com
campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e
nos pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo.
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado)

01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de


locomoção nas metrópoles brasileiras (http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br. Adaptado)
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra
devido à falta de regulamentação. É correto concluir que, de acordo com o cartum ,
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido (A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro
incentivado em várias cidades. ou pela TV são equivalentes.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela (B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma
maioria dos moradores. imaginação mais ativa.
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os (C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém
demais meios de transporte. que não sabe se distrair.
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade (D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto
arriscada e pouco salutar. assistir a um programa de televisão.
(E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos idêntico, embora ler seja mais prazeroso.
objetivos centrais do texto é
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do Leia o texto para responder às questões:
ciclista.
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é Propensão à ira de trânsito
mais seguro do que dirigir um carro. Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais seguro
no Brasil. do mundo, existem muitas variáveis de risco no trânsito, como
clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas.

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E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas


não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, mas
também se engajam num comportamento de risco – algumas
Tipos e gêneros textuais.
até agem especificamente para irritar o outro motorista ou
impedir que este chegue onde precisa.
Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá ter Tipos Textuais
antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando um
motorista a tomar decisões irracionais. Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que
Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante. implicam no domínio de capacidades linguísticas. Temos dois
Para muitos de nós, os carros são a extensão de nossa momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer) e
personalidade e podem ser o bem mais valioso que possuímos. o de expressá-los por escrito (o escrever propriamente dito).
Dirigir pode ser a expressão de liberdade para alguns, mas Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas
também é uma atividade que tende a aumentar os níveis de escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre
estresse, mesmo que não tenhamos consciência disso no determinado assunto.
momento. E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que de expressão escrita: Descrição – Narração – Dissertação.
entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros
motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao Descrição
volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um
dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta
concentrarmos em nós mesmos, descartando o aspecto uma visão;
comunitário do ato de dirigir. É um tipo de texto figurativo;
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o Dr. Retrato de pessoas, ambientes, objetos;
James acredita que a causa principal da ira de trânsito não são Predomínio de atributos;
os congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim Uso de verbos de ligação;
como nossa cultura visualiza a direção agressiva. As crianças Frequente emprego de metáforas, comparações e outras
aprendem que as regras normais em relação ao figuras de linguagem;
comportamento e à civilidade não se aplicam quando
Tem como resultado a imagem física ou psicológica.
dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos em
comportamentos de disputa ao volante, mudando de faixa
Narração
continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sempre com
pressa para chegar ao destino.
Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);
sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era
descarregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a É um tipo de texto sequencial;
descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma Relato de fatos;
situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode Presença de narrador, personagens, enredo, cenário,
transformar um incidente em uma violenta briga. tempo;
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas Apresentação de um conflito;
aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está Uso de verbos de ação;
predisposta a apresentar um comportamento irracional Geralmente, é mesclada de descrições;
quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a maior O diálogo direto é frequente.
parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada quando
dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente Dissertação
de seu estado emocional e fazer as escolhas corretas, mesmo
quando estiver tentado a agir só com a emoção. Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
(Jonathan Strickland. Disponível em: É um tipo de texto argumentativo.
http://carros.hsw.uol.com.br/furia-no-transito1 .htm. Acesso Defesa de um argumento:
em: 01.08.2013. Adaptado) apresentação de uma tese que será defendida,
desenvolvimento ou argumentação,
05. Tomando por base as informações contidas no texto, é fechamento;
correto afirmar que Predomínio da linguagem objetiva;
(A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à Prevalece a denotação.
medida que os motoristas se envolvem em decisões
conscientes. Carta
(B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas
pela constante preocupação dos motoristas com o aspecto Esse é um tipo de texto que se caracteriza por envolver
comunitário do ato de dirigir. um remetente e um destinatário;
(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é o É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre
principal motivo que provoca, nos motoristas, uma direção visa um tipo de leitor;
agressiva. É necessário que se utilize uma linguagem adequada com
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de o tipo de destinatário e que durante a carta não se perca a
experiências e atividades não só individuais como também visão daquele para quem o texto está sendo escrito.
sociais.
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das Descrição
emoções positivas por parte dos motoristas.
É a representação com palavras de um objeto, lugar,
Gabarito situação ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais
particulares ou individuais do que se descreve .É qualquer
1. (B) / 2. (A) / 3. (D) / 4. (B) / 5. (D)

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elemento que seja apreendido pelos sentidos e transformado, - é impossível separar narração de descrição;
com palavras, em imagens. - O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa a capacidade de observação que deve revelar aquele que a
ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não realiza;
é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo
forma, o que será importante ser analisado para um, não será desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea
para outro. e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que
A vivência de quem descreve também influencia na hora de parecem conformados expressamente para esposas da
transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, multidão (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu);
pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento. - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não
existe relação de anterioridade e posterioridade entre seus
Exemplos: enunciados;
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. - Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que
Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho. se usem então as formas nominais, o presente e o pretério
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos
pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado verbos que indiquem estado ou fenômeno.
pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o - Todavia deve predominar o emprego das comparações,
meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de dos adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande
demais.” A característica fundamental de um texto descritivo é essa
inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar,
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector) numa descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que
eles sejam sempre simultâneos, não indicando progressão de
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, uma situação anterior para outra posterior. Tanto é que uma
aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em das marcas linguísticas da descrição é o predomínio de verbos
reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta no presente ou no pretérito imperfeito do indicativo: o
minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com primeiro expressa concomitância em relação ao momento da
o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fala; o segundo, em relação a um marco temporal pretérito
fina, pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na instalado no texto.
escola depois do pai e retiravase antes. O mestre era mais Para transformar uma descrição numa narração, bastaria
severo com ele do que conosco. introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um
estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial,
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. São para transformá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso
Paulo, Ática, 1974, págs. 3132.) grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...

Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor Características Linguísticas:


da escola que o escritor frequentava. O enunciado narrativo, por ter a representação de um
Deve-se notar: acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao temporalidade, na relação situação inicial e situação final,
mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os enquanto que o enunciado descritivo, não tendo
outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha transformação, é atemporal.
grande medo ao pai); Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser semânticas encontradas no texto que vão facilitar a
considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de compreensão:
vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola - Predominância de verbos de estado, situação ou
é cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nível do indicadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados
relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: principalmente no presente e no imperfeito do indicativo (ser,
o que o escritor quer é explicitar uma característica do menino, estar, haver, situar-se, existir, ficar).
e não traçar a cronologia de suas ações); - Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), descrito;
todas elas estão no pretérito imperfeito, que indica - Emprego de figuras (metáforas, metonímias,
concomitância em relação a um marco temporal instalado no comparações, sinestesias).
texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor frequentava a - Uso de advérbios de localização espacial.
escola da Rua da Costa) e, portanto, não denota nenhuma
transformação de estado; Recursos:
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não - Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas.
correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológica Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do
poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro sol.
lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre era mais - Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas,
severo com ele do que conosco. Entrava na escola depois do concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu
pai e retirava-se antes... sereno, uma pureza de cristal.
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da
Características: natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente
- Ao fazer a descrição enumeramos características, que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
comparações e inúmeros elementos sensoriais; - A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do
- As personagens podem ser caracterizadas física e texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O
psicologicamente, ou pelas ações; pessoal, muito crente.
- A descrição pode ser considerada um dos elementos
constitutivos da dissertação e da argumentação;

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A descrição pode ser apresentada sob duas formas: aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando, após
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos,
passagem são apresentadas como realmente são, acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma
concretamente. Ex: “Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. locução adjetiva.
Aparência atlética, ombros largos, pele bronzeada. Moreno,
olhos negros, cabelos negros e lisos”. Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. - Introdução: observações de caráter geral referentes à
Exemplo :“A casa velha era enorme, toda em largura, com procedência ou localização do objeto descrito.
porta central que se alcançava por três degraus de pedra e - Desenvolvimento: detalhes (lª parte) formato
quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de pau a (comparação com figuras geométricas e com objetos
pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios de semelhantes); dimensões (largura, comprimento, altura,
madeira-de-lei. Telhado de quatro águas. Pintada de roxo- diâmetro etc.)
claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente - Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) material, peso,
sede de alguma fazenda que tivesse ficado, capricho da sorte, cor/brilho, textura.
na linha de passagem da variante do Caminho Novo que veio a - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre a qual ela se utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto
punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente do como um todo.
alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú de Ossos)
Descrição de objetos constituídos por várias partes:
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da - Introdução: observações de caráter geral referentes à
emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são procedência ou localização do objeto descrito.
transfigurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar - Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários
ou expressar seus sentimentos. Ex: “Nas ocasiões de aparato é das partes que compõem o objeto, associados à explicação de
que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações como as partes se agrupam para formar o todo.
gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo
Ateneu! Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos, (externamente) formato, dimensões, material, peso, textura,
soberanos, calmos, eram de um rei...” (“O Ateneu”, Raul cor e brilho.
Pompéia) - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto
esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par- em sua totalidade.
de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando
por lei, de sobregoverno.” Descrição de ambientes:
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas) - Introdução: comentário de caráter geral.
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos do ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade
elementos descritivos: e aroma (se houver).
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da - Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a
progressão temporal, a ordem dos enunciados na descrição é objetos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros,
indiferente, uma vez que eles indicam propriedades ou esculturas ou quaisquer outros objetos.
características que ocorrem simultaneamente. No entanto, ela - Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no
não é indiferente do ponto de vista dos efeitos de sentido: ambiente.
descrever de cima para baixo ou vice-versa, do detalhe para o
todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de sentido distintos. Descrição de paisagens:
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de - Introdução: comentário sobre sua localização ou
Bocage: qualquer outra referência de caráter geral.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo
Magro, de olhos azuis, carão moreno, (explicação do que se vê ao longe).
bem servido de pés, meão de altura, - Desenvolvimento: observação dos elementos mais
triste de facha, o mesmo de figura, próximos do observador explicação detalhada dos elementos
nariz alto no meio, e não pequeno. que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem.
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo
Incapaz de assistir num só terreno, acerca da impressão que a paisagem causa em quem a
mais propenso ao furor do que à ternura; contempla.
bebendo em níveas mãos por taça escura
de zelos infernais letal veneno. Descrição de pessoas (I):
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão,1968, pág. 497. qualquer aspecto de caráter geral.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor
O poeta descreve-se das características físicas para as da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria - Desenvolvimento: características psicológicas
o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer (personalidade, temperamento, caráter, preferências,
relevo. inclinações, postura, objetivos).
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de
visualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de caráter geral.
um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas características
exteriores, facilmente identificáveis (descrição objetiva), ou Descrição de pessoas (II):
suas características psicológicas e até emocionais (descrição - Introdução: primeira impressão ou abordagem de
subjetiva). qualquer aspecto de caráter geral.
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de - Desenvolvimento: análise das características físicas,
adjetivos, também denominado adjetivação. Para facilitar o associadas às características psicológicas (1ª parte).

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- Desenvolvimento: análise das características físicas, identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos
associadas às características psicológicas (2ª parte). substantivos próprios.
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo
caráter geral. sem querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) as
ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É onde ocorre uma ação ou ações é chamado de espaço,
uma estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais representado no texto pelos advérbios de lugar.
predominam. Porque toda técnica descritiva implica Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer
contemplação e apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o “quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da
redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através
sensibilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de
interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele
ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade. que indica ao leitor “como” o fato narrado aconteceu.
A história contada, por isso, passa por uma introdução
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não- (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo
literária ou literária. Na descrição não-literária, há maior desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita,
preocupação com a exatidão dos detalhes e a precisão o meio, o “miolo” da narrativa, também chamada de trama) e
vocabular. Por ser objetiva, há predominância da denotação. termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo).
Aquele que conta a história é o narrador, que pode ser
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu) ou impessoal (narra em 3ª
um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma pessoa: Ele).
linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos
descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e
compõem, para descrever experiências, processos, etc. pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os
Exemplo: agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações
Folheto de propaganda de carro expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem contada.
incluir o espaço interno. Os seus interiores são amplos, Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta
acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat a história.
e o Passat Variant possuem direção hidráulica e ar
condicionado de elevada capacidade, proporcionando a Elementos Estruturais (I):
climatização perfeita do ambiente. - Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui - Personagens: são seres que se movimentam, se
capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 relacionam e dão lugar à trama que se estabelece na ação.
litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado. Revelam-se por meio de características físicas ou psicológicas.
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em Os personagens podem ser lineares (previsíveis), complexos,
plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou tipos
evitar a deformação em caso de colisão. humanos (o medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis ou anti-
heróis, protagonistas ou antagonistas.
Textos descritivos literários: Na descrição literária - Narrador: é quem conta a história.
predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de - Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
associações conotativas que podem ser exploradas a partir de - Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o
descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o
situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também tempo interior, subjetivo.
podem ocorrer tanto em prosa como em verso.
Elementos Estruturais (II):
Narração Personagens Quem? Protagonista/Antagonista
Acontecimento O quê ? Fato
A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, Tempo Quando? Época em que ocorreu o fato
fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo Espaço Onde? Lugar onde ocorreu o fato
apresenta personagens que atuam em um tempo e em um Modo Como? De que forma ocorreu o fato
espaço, organizados por uma narração feita por um narrador. Causa Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo Resultado - previsível ou imprevisível.
mudança de um estado para outro, segundo relações de Final - Fechado ou Aberto.
sequencialidade e causalidade, e não simultâneos como na
descrição. Expressa as relações entre os indivíduos, os Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se
conflitos e as ligações afetivas entre esses indivíduos e o de tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente,
mundo, utilizando situações que contêm essa vivência. como simples exemplos de uma narração. Há uma relação de
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o implicação mútua entre eles, para garantir coerência e
narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com verossimilhança à história narrada.
quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão,
predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de ações; obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as
assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de personagens ou o fato a ser narrado.
texto são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem
o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo Existem três tipos de foco narrativo:
de texto recebe o nome de enredo.
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas - Narrador-personagem: é aquele que conta a história na
personagens, que são justamente as pessoas envolvidas no qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao
episódio que está sendo contado. As personagens são mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.

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- Narrador-observador: é aquele que conta a história - uma em que a personagem executa aquilo que queria ou
como alguém que observa tudo que acontece e transmite ao devia fazer (é a mudança principal da narrativa);
leitor, a história é contada em 3ª pessoa. - uma em que se constata que uma transformação se deu e
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo em que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens
e as personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos (geralmente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os
íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece maus).
misturada com pensamentos dos personagens (discurso
indireto livre). Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se
pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata a
Estrutura: realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela
- Apresentação: é a parte do texto em que são efetuasse porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazê-
apresentados alguns personagens e expostas algumas la. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento:
circunstâncias da história, como o momento e o lugar onde a quando se assina a escritura, realiza-se o ato de compra; para
ação se desenvolverá. isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia comprar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou
propriamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por
conduzindo ao clímax. exemplo).
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu Algumas mudanças são necessárias para que outras se
momento crítico, tornando o desfecho inevitável. deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um
dos personagens. carro, é preciso antes conseguir o dinheiro.

Tipos de Personagens: Narrativa e Narração


Os personagens têm muita importância na construção de
um texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A
principais ou secundários, conforme o papel que narratividade é um componente narrativo que pode existir em
desempenham no enredo, podem ser apresentados direta ou textos que não são narrações. A narrativa é a transformação de
indiretamente. situações. Por exemplo, quando se diz “Depois da abolição,
A apresentação direta acontece quando o personagem incentivo use a imigração de europeus”, temos um texto
aparece de forma clara no texto, retratando suas dissertativo, que, no entanto, apresenta um componente
características físicas e/ou psicológicas, já a apresentação narrativo, pois contém uma mudança de situação: do não
indireta se dá quando os personagens aparecem aos poucos e incentivo ao incentivo da imigração europeia.
o leitor vai construindo a sua imagem com o desenrolar do Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de
enredo, ou seja, a partir de suas ações, do que ela vai fazendo e texto, o que é narração?
do modo como vai fazendo. A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três
características:
- Em 1ª pessoa: - é um conjunto de transformações de situação (o texto de
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos,
a história e é o protagonista. preenche essa condição);
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode - é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e
acreditar, eu estava lá e vi. fatos concretos (o texto “Porquinho-da-índia preenche
também esse requisito);
- Em 3ª pessoa: - as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal
que, entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira posterioridade (no texto “Porquinho-da-índia o fato de ganhar
pessoa. o animal é anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como sua vez é anterior ao de o menino levá-lo para a sala, que por
sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: seu turno é anterior ao de o porquinho-da-índia voltar ao
fogão).

Tipos de Discurso: Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre


Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear
para o personagem, sem a sua interferência. da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem romance machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas,
diz, sem lhe passar diretamente a palavra. quando o narrador começa contando sua morte para em
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do seguida relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada.
personagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relações
recente. Surgiu com romancistas inovadores do século XX. de anterioridade e de posterioridade.
Resumindo: na narração, as três características explicadas
Sequência Narrativa: acima (transformação de situações, figuratividade e relações
de anterioridade e posterioridade entre os episódios
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: relatados) devem estar presentes conjuntamente. Um texto
uma coordenasse a outra, uma implica a outra, uma que tenha só uma ou duas dessas características não é uma
subordinasse a outra. narração.
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto
um dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); narrativo:
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma - Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que
competência para fazer algo); aconteceu, quando e onde.

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- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos - auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e
personagens. discos.
- Desenvolvimento: detalhes do fato. - audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.
- Conclusão: consequências do fato.
Dissertação
Caracterização Formal:
Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação
narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema.
porquanto a criação e o colorido do contexto estão em função Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio,
da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo do clareza, coerência, objetividade na exposição, um
enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens. planejamento de trabalho e uma habilidade de expressão.
Assim é de grande importância saber se o relato é feito em É em função da capacidade crítica que se questionam
primeira pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a pontos da realidade social, histórica e psicológica do mundo e
participação do narrador; segundo, há uma inferência do dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu
último através da onipresença e onisciência. significado diz respeito a um tipo de texto em que a exposição
Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos de uma ideia, através de argumentos, é feita com a finalidade
acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou
o aspecto linear e constituindo o que se denomina “flashback”. artístico.
O narrador que usa essa técnica (característica comum no Observe-se que:
cinema moderno) demonstra maior criatividade e - o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade
originalidade, podendo observar as ações ziguezagueando no com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem
tempo e no espaço. particular e do que faz para chegar a ser primeiro ministro,
mas do homem em geral e de todos os métodos para atingir o
Exemplo - Personagens poder);
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a
“Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da
Amâncio não viu a mulher chegar. corte no momento em que se tornam primeiros ministros);
Não quer que se carpa o quintal, moço? - a progressão temporal dos enunciados não tem
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face importância, pois o que importa é a relação de implicação
escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do (clamar contra a corrupção da corte implica ser corrupto
passado, os olhos).” depois da nomeação para primeiro ministro).
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre:
Mercado Aberto, p. 5O) Características:
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é
Exemplo - Espaço temático;
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação;
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a - ao contrário do texto narrativo, nele as relações de
redondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm
algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe a maior importância o que importa são suas relações lógicas:
insipidez.” analogia, pertinência, causalidade, coexistência,
correspondência, implicação, etc.
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto - a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de
Alegre: Movimento, 1981, p. 51) redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem
características próprias a cada tipo de texto.
Exemplo - Tempo
São partes da dissertação: Introdução /
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a Desenvolvimento / Conclusão.
mulher lhe pediu que a chamasse cedo.”
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4) a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu
desenvolvimento. Tipos:
Tipologia da Narrativa Ficcional: - Divisão: quando há dois ou mais termos a serem
- Romance discutidos. Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo:
- Conto uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para
- Crônica dentro...”
- Fábula - Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um
- Lenda fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo
- Parábola dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a
- Anedota década colecionou, agravou vários dos históricos problemas
- Poema Épico sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a
urbana, cuja escalada tem sido facilmente identificada pela
Tipologia da Narrativa NãoFiccional: população brasileira.”
- Memorialismo - Proposição: o autor explicita seus objetivos.
- Notícias - Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma
- Relatos coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer
- História da Civilização se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo
cano! Faça parte desse time de vencedores desde a escolha
Apresentação da Narrativa: desse momento!
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em
quadrinhos) e desenhos.

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- Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex: “É 1º Parágrafo – Introdução


importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é
a solução no combate à insegurança.” A. Tema: Desemprego no Brasil.
- Características: caracterização de espaços ou aspectos. Contextualização: decorrência de um processo histórico
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex: “Em problemático.
1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com
televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de 2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo, existem
no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que
e 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais remetem a uma análise do tema em questão.
recebidos). (...)” C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato. da realidade.
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de
do texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra- quem propõe soluções.
se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.
regras que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu
poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre 7º Parágrafo: Conclusão
exclusivamente de sua vontade, de seu prazer e de suas F. Uma possível solução é apresentada.
necessidades.” G. O texto conclui que desigualdade não se casa com
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que modernidade.
compõem o texto.
- Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar
pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos
futebol não é uma prova de alienação?” recursos que permite uma segurança maior no momento de
- Suspense: alguma informação que faça aumentar a dissertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são
curiosidade do leitor. atitudes que favorecem o senso crítico, essencial no
- Comparação: social e geográfica. desenvolvimento de um texto dissertativo.
- Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à
distância, velocidade, comunicação, linha de montagem, Ainda temos:
triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e das Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o
realidades que marcaram esses 100 últimos anos, aparece a assunto que vai ser abordado.
verdadeira doença do século...” Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo
- Narração: narrar um fato. discutido.
Argumentação: é um conjunto de procedimentos
Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, de linguísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas
forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer
importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma
formas: determinada tese.
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com
este tipo de abordagem. Estes assuntos serão vistos com mais afinco
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a posteriormente.
ideia principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a
definição. Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar - toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade
situações distintas. de pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação;
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta - em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
pontos favoráveis e desfavoráveis. - a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou - impõem-se sempre o raciocínio lógico;
descrever uma cena. - a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração
estatísticos. do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original,
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve ser
prováveis resultados. impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa).
- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve
apresentar questionamento e reflexão. O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, apresentar: uma frase contendo a ideia principal (frase
valores, juízos. nuclear) e uma ou mais frases que explicitem tal ideia.
- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada
porquês de uma determinada situação. (ideia central) porque oculta os problemas sociais realmente
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética. graves. (ideia secundária)”.
- Exemplificação: dar exemplos. Vejamos:
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida
Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um urgentemente.
fechamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela
convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas. Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser
- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. combatida urgentemente, pois a alta concentração de
- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um elementos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas,
pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de sobretudo daquelas que sofrem de problemas respiratórios:
quem lê.

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- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se
muita gente ao vício. conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação compreensíveis.
criados pelo homem. Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente
- A violência tem aumentado assustadoramente nas do coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical
cidades e hoje parece claro que esse problema não pode ser e na ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias
resolvido apenas pela polícia. contém sangue vermelho-vivo, recém-oxigenado. Na artéria
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais escuro e
atualmente. desoxigenado, que o coração remete para os pulmões para
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a receber oxigênio e liberar gás carbônico”.
sociedade brasileira.
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras: delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser
enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das
de coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de seguintes ideias:
características, funções, processos, situações, sempre
oferecendo o complemento necessário à afirmação - A violência contra os povos indígenas é uma constante na
estabelecida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se história do Brasil.
os critérios de importância, preferência, classificação ou - O surgimento de várias entidades de defesa das
aleatoriamente. populações indígenas.
Exemplo: - A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio
brasileiro.
1- O adolescente moderno está se tornando obeso por - A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
várias causas: alimentação inadequada, falta de exercícios
sistemáticos e demasiada permanência diante de Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve
computadores e aparelhos de Televisão. fazer a estruturação do texto.

2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
número de emissoras que dedicam parte da sua programação
à veiculação de programas religiosos de crenças variadas. Introdução: deve conter a ideia principal a ser
desenvolvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a
3- abertura do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e
- A Santa Missa em seu lar. chamar a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto
- Terço Bizantino. e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema,
- Despertar da Fé. seus limites, ângulo de análise e a hipótese ou a tese a ser
- Palavra de Vida. defendida.
- Igreja da Graça no Lar. Desenvolvimento: exposição de elementos que vão
fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
4- através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o causa e da consequência, das definições, dos dados estatísticos,
governo brasileiro diante de tantos desmatamentos, da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No
desequilíbrios sociológicos e poluição. desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos forem
- Existem várias razões que levam um homem a enveredar necessários para a completa exposição da ideia. E esses
pelos caminhos do crime. parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, expostas acima.
porque pode trazer muitas consequências indesejáveis. Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi
sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer. fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação (um
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em parágrafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o objetivo
várias categorias. proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou da tese,
acrescida da argumentação básica empregada no
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através desenvolvimento.
da comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e
apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança. GÊNEROS TEXTUAIS
Exemplo:
O gênero textual é a forma como a língua é empregada nos
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a textos em suas diversas situações de comunicação, de acordo
velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente com o seu uso temos gêneros textuais diferentes. É importante
sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que lembrar que um texto não precisa ter apenas um gênero
a felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”. textual, porém há apenas um que se sobressai.
(Arthur Schopenhauer) Os textos, tanto orais quanto escritos, que têm o objetivo
de estabelecer algum tipo de comunicação, possuem algumas
Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, características básicas que fazem com que possamos saber em
encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato qual gênero textual o texto se encaixa. Algumas dessas
motivador) e, em outras situações, um segmento indicando características são: o tipo de assunto abordado, quem está
consequências (fatos decorrentes). falando, para quem está falando, qual a finalidade do texto,
qual o tipo do texto (narrativo, argumentativo, instrucional,
Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam etc.).
temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.

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Distinguindo Artigo de Opinião

É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero É comum2 encontrar circulando no rádio, na TV, nas
literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é revistas, nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição
referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o
possui um significado totalmente diferente da outra. Veja uma autor geralmente apresenta seu ponto de vista sobre o tema
breve descrição do que é um gênero literário e um tipo textual: em questão através do artigo de opinião.
Gênero Literário – nestes os textos abordados são apenas Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a
os literários, diferente do gênero textual, que abrange todo intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa
tipo de texto. O gênero literário é classificado de acordo com a apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e
sua forma, podendo ser do gênero líricos, dramático, épico, opiniões.
narrativo e etc. O artigo de opinião é fundamentado em impressões
Tipo textual – este é a forma como o texto se apresenta, pessoais do autor do texto e, por isso, são fáceis de contestar.
podendo ser classificado como narrativo, argumentativo,
dissertativo, descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma Para produzir um bom artigo de opinião é aconselhável
dessas classificações varia de acordo como o texto se seguir algumas orientações. Observe:
apresenta e com a finalidade para o qual foi escrito. a) Após a leitura de vários pontos de vista, anote num
Os gêneros textuais são infinitos e cada um deles possui o papel os argumentos que mais lhe agradam, eles podem ser
seu próprio estilo de escrita e de estrutura. Desta forma fica úteis para fundamentar o ponto de vista que você irá
mais fácil compreender as diferenças entre cada um deles e desenvolver.
poder classifica-los de acordo com suas características.
b) Ao compor seu texto, leve em consideração o
Exemplos de gêneros textuais1 interlocutor: quem irá ler a sua produção. A linguagem deve
ser adequada ao gênero e ao perfil do público leitor.
Diário – é escrito em linguagem informal, sempre consta a
data e não há um destinatário específico, geralmente, é para a c) Escolha os argumentos, entre os que anotou, que podem
própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos fundamentar a ideia principal do texto de modo mais
acontecimentos do dia. O objetivo desse tipo de texto é guardar consciente, e desenvolva-os.
as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um
exemplo: d) Pense num enunciado capaz de expressar a ideia
“Domingo, 14 de junho de 1942 principal que pretende defender.
Vou começar a partir do momento em que ganhei você,
quando o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de e) Pense na melhor forma possível de concluir seu texto:
aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com retome o que foi exposto, ou confirme a ideia principal, ou faça
isso eu não contava.) uma citação de algum escritor ou alguém importante na área
relativa ao tema debatido.
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não
é de espantar; afinal, era meu aniversário. Mas não me deixam f) Crie um título que desperte o interesse e a curiosidade
levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha do leitor.
curiosidade até quinze para as sete. Quando não dava mais
para esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me g) Após o término do texto, releia e observe se nele você se
deu as boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.” posiciona claramente sobre o tema; se a ideia está
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”. fundamentada em argumentos fortes e se estão bem
desenvolvidos; se a linguagem está adequada ao gênero; se o
Carta – esta, dependendo do destinatário pode ser texto apresenta título e se é convidativo e, por fim, observe se
informal, quando é destinada a algum amigo ou pessoa com o texto como um todo é persuasivo.
quem se tem intimidade. E formal quando destinada a alguém
mais culto ou que não se tenha intimidade. Dependendo do Argumentações de Artigos de Opinião
objetivo da carta a mesma terá diferentes estilos de escrita,
podendo ser dissertativa, narrativa ou descritiva. As cartas se Argumento de Causa: Propor uma relação com uma causa
iniciam com a data, em seguida vem a saudação, o corpo da e consequência em sua argumentação.
carta e para finalizar a despedida.
Argumento de Autoridade: Sempre usar uma fonte, ou um
Propaganda – este gênero geralmente aparece na forma estudo confiável para ter uma credibilidade ao que você
oral, diferente da maioria dos outros gêneros. Suas principais defende.
características são a linguagem argumentativa e expositiva,
pois a intenção da propaganda é fazer com que o destinatário Argumento de Exemplificação: Mostrar inúmeras
se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter comparações e exemplos para ilustrar o seu argumento.
algum tipo de descrição e sempre é claro e objetivo.
Veja um exemplo de Artigo de Opinião:
Notícia – este é um dos tipos de texto que é mais fácil de
identificar. Sua linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo Vendedor brasileiro está menos simpático
desse texto é informar algo que aconteceu. Por Bruno Caetano

O brasileiro é sorridente, certo? Nem sempre... Pesquisa


realizada pela empresa sueca Better Business World Wide,
divulgada no final de agosto, mostra o Brasil no penúltimo

1 http://www.portuguesxconcursos.com.br/p/tipologia-textual-tipos- 2http://www.odiarioonline.com.br/noticia/43077/VENDEDOR-BRASILEIRO-
generos.html ESTA-MENOS-SIMPATICO
http://www.estudopratico.com.br/generos-textuais/

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lugar na classificação sobre atendimento a clientes iniciados Oficial: Destinada ao serviço militar, público ou civil.
com um sorriso. Ou seja, o consumidor entra na loja e muitas
vezes encontra o vendedor de cara fechada. Será que a A documentação comercial compreende os papéis
simpatia deixou de ser uma das nossas marcas registradas? O empregados em todas as transações da empresa como: Carta,
levantamento em questão, chamado Smiling Report, foi feito Telegrama, Cheque, Pedido de Duplicatas, Faturas,
em 2014 em 69 países e resultou em um ranking com 16 Memorandos, Relatórios, Avisos, Recibos, Fax. Na
posições. A liderança é dos irlandeses, com 97% de correspondência a linguagem mais correta é aquela que é
atendimentos começados com sorriso. O Brasil aparece em adequada ao contexto, ao momento, e à relação entre o
15º, com 79%, na frente apenas do Japão. emissor e o destinatário.
Como se não bastasse o mau posicionamento, pioramos Por exemplo: a linguagem que você usa para falar com um
nesse quesito, já que na edição de 2013 da pesquisa estávamos amigo, não é a mesma que você usa para falar com sua avó, ou
na nona colocação. Pela conclusão da Shopper Experience, com um parente distante.
empresa parceira da pesquisa no Brasil, é grave o fato de dois Existem vários tipos de cartas, e pessoas diferentes para
em cada dez consumidores entrarem nas lojas do nosso País e qual deve mandá-las, cartas de amor, de familiares que moram
serem recebidos sem um sorriso, dada a quantidade de muito longe, ou se alguém é parabenizado por seu aniversário.
estabelecimentos. E realmente é, pois estamos falando de A carta ao ser escrita deve ser primeiramente bem analisada
milhares de pontos de venda de produtos e serviços, onde o em termos de língua portuguesa, ou seja, deve-se observar a
contato direto com o público tem papel determinante para a concordância, a pontuação e a maneira de escrever com início,
imagem da empresa. O levantamento aponta que também meio e então o fim, contendo também um cabeçalho e se for
estamos mal no índice de vendas adicionais conquistadas uma carta formal, deve conter pronomes de tratamento
pelos atendentes. A média dos países nesse item foi de 52%; o (Senhor, Senhora, V. Ex.ª etc.) e por fim a finalização da carta
Brasil ficou em 37%, de novo apenas antes do Japão. Honduras que deve conter somente um cumprimento formal ou não
foi o líder nesse indicador, com 97%. Não tem segredo para (grato, beijos, abraços, adeus etc.).
melhorar a situação: é preciso investir em atendimento de Depois de todos esses itens terem sido colocados na carta,
qualidade. a mesma deverá ser colocada em um envelope para ser
Quando preços e produtos são iguais ou similares, é o enviado ao destinatário. Na parte de trás e superior do
relacionamento com o cliente que faz a diferença, pois é capaz envelope deve-se conter alguns dados muito importantes tais
de despertar no consumidor a vontade de adquirir algo e ainda como: nome do destinatário, endereço (rua, bairro e cidade) e
fidelizá-lo. O dono de um negócio deve, portanto, escolher por fim o CEP. Já o remetente (quem vai enviar a carta),
muito bem os integrantes da sua equipe, treiná-los e motivá- também deve inserir na carta os mesmos dados que o do
los para que o sorriso apareça, seja sincero e o público se sinta destinatário, que devem ser escritos na parte da frente do
bem no estabelecimento. Com tanta concorrência, é fácil o envelope. E por fim deve ser colocado no envelope um selo que
cliente virar as costas porque não se sentiu bem recebido e serve para que a carta seja levada à pessoa mencionada.
preferir gastar seu dinheiro em outra loja. Além disso, na atual Exemplo:
conjuntura econômica, em que as pessoas estão mais seletivas - Cabeçalho: cidade, data, mês e ano.
e com poder de compra reduzido, perder negócio porque o - Conteúdo: o texto da carta com começo, meio e fim.
vendedor está de mau humor ou é impensável. - Saudações: finalização da carta.
Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP
No envelope deve conter: Atrás do envelope, lado com aba.
Carta Remetente.
- Nome completo.
A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações - Rua – número – bairro (não obrigatório)
diversas. É um dos mais antigos meios de comunicação. Em - Cidade – Estado.
uma carta formal é preciso ter cuidado na coerência do - CEP.
tratamento, por exemplo, se começamos a carta no tratamento
em terceira pessoa devemos ir até o fim em terceira pessoa: se, Alguns concursos e exames vestibulares trazem como
si, consigo, o, a, lhe, sua, diga, não digas, etc., seguindo também prova de redação o pedido de elaboração de uma carta
os pronomes e formas verbais na terceira pessoa. argumentativa. Significa que o estudante deverá elaborar uma
Atenção aos pronomes de tratamento como Vossa carta que tenha "tese" (o assunto propriamente dito)
Senhoria, Vossa Excelência, eles devem concordar sempre na argumentação (o conjunto de ideias ou fatos que constituem
terceira pessoa. os argumentos que levam ao convencimento ou à conclusão de
Há vários tipos de cartas, a forma da carta depende do seu algo) e conclusão.
conteúdo: A carta argumentativa que apresento como exemplo tem
como tese o "casamento", ou melhor, "a manutenção do
- Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos, casamento". A argumentação, em dois parágrafos, tenta
parentes, namorado(a), o remetente é a própria pessoa que convencer o interlocutor de que o casamento não deve ser
assina a carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são desfeito, sendo esta a conclusão.
escritas de uma maneira particular.
- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e seguro de Caro Nicolo
comunicação dentro de uma organização. A linguagem deve
ser clara, simples, correta e objetiva. Existem alguns tipos de Chegou-me a notícia de que você e Maria Lúcia estão em
carta comercial: vias de separação. Isso me entristeceu deveras, já que vocês
sempre foram considerados o casal exemplar. Lembra-se
Particular, familiar ou social: são tipos de daquela época quando brincávamos, dizendo que vocês eram
correspondência que são trocadas entre particulares, cujo "mais" perfeitos que Tarcísio Meira e Glória Meneses, o casal
assunto, se enquadra em particular, íntimo e pessoal. modelo da televisão brasileira? Pois é. E agora me vem essa
Bancária: este é focalizado nos assuntos relacionados à informação estapafúrdia de que a perfeição é imperfeita.
vida bancária. Fiquei chocado, mas ainda tenho a esperança de que não passa
Comercial: associado às transações industriais ou de uma crise superável. Por isso peguei a caneta para escrever-
comerciais. lhes minhas considerações sobre o assunto e tentar ajudá-los

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a superar isso. Como amigo de infância e mais velho que você, Embora você possa encontrar por aí livros que trazem
portanto mais experiente, acho que tenho esse direito, não é “modelos” de cartas pessoais (principalmente “modelos de
mesmo? E também porque, conforme você sabe muito bem, carta de amor”), fuja deles, pois tais “modelos” se caracterizam
minha tese sempre foi a de que casamento é dedicação e por uma linguagem artificial, surrada, repleta de expressões
sacrifício. Isso que quero evidenciar a vocês nestas linhas. desgastadas, além de serem completamente ultrapassados.
Quando vocês se uniram, não apenas formaram um casal, Não há regras fixas (nem modelos) para se escrever uma
mas sim se tornaram um casal, o que significa que a carta pessoal, afora a data, o nome (ou apelido) da pessoa a
individualidade de cada um não foi extinta. Cada um de vocês quem se destina e o nome (ou apelido) de quem a escreve, a
traz uma bagagem de história pessoal e familiar muito forte, e forma de redação de uma carta pessoal é extremamente
isso não pode ser jamais desprezado. Em alguma crise particular.
conjugal, cada um deve ter isso em mente, para entender os No processo de comunicação (e a correspondência é uma
pontos de vista do outro e, assim, relevar pequenos deslizes e forma de comunicação entre pessoas), não se pode falar em
perdoá-los. Perdoar não significa esquecer completamente o linguagem correta, mas em linguagem adequada. Não falamos
problema, mas sim renunciar à punição e deixar de considerar com uma criança do mesmo modo que falamos com um adulto.
essenciais os erros. O mais importante está na harmonia do A linguagem que utilizamos quando discutimos um filme
casal e do próprio ser. Quem consegue agir dessa maneira com os amigos é bastante diferente daquela a que recorremos
desenvolve, certamente, suas inteligências interpessoais e quando vamos requerer vaga para um estágio ao diretor de
intrapessoais. uma empresa. Em síntese: a linguagem correta é a adequada
O segundo aspecto que quero frisar é o da honra, esse ao assunto tratado (mais formal ou mais informal), à situação
princípio ético que leva alguém a ter uma conduta proba, em que está sendo produzida, à relação entre emissor e
virtuosa, corajosa, e que lhe permite gozar de bom conceito destinatário (a linguagem que você utiliza com um amigo
junto à sociedade. Muito bem. Não quero entrar em detalhes íntimo é bastante diferente da que se utiliza com um parente
de caráter religioso, mas quero lembrar-lhes que prometeram distante ou mesmo com um estranho).
perante a comunidade e perante seu líder religioso ficar juntos Na correspondência deve ocorrer exatamente a mesma
"até que a morte os separe". Foi uma promessa solene. Uma coisa: a linguagem e o tratamento utilizados vão variar em
pessoa honrada cumpre suas promessas e não se deixa abater função da intimidade dos correspondentes, bem como do
por seus problemas, e sim os resolve conforme surgirem, por assunto tratado. Uma carta a um parente distante
mais graves que sejam. comunicando um fato grave ocorrido com alguém da família
Vocês são extremamente inteligentes e têm aquelas duas apresentará uma linguagem mais formal. Já uma carta ao
inteligências, intrapessoal e interpessoal, bem desenvolvidas, melhor amigo comunicando a aprovação no vestibular terá
eu o sei. Devem, portanto, renunciar à punição que estão uma linguagem mais simples e descontraída, sem formalismos
infligindo a si mesmos e enfrentar a situação com dignidade, já de qualquer espécie.
que são pessoas honradas. Devem, portanto, tentar, até a
última esperança, manter o casamento. E não podem deixar Partes da Carta
que essa última esperança se esgote. "Aparem as arestas",
como dizem alguns, e não esgotem os recursos para - local e data;
permanecerem juntos, afinal casamento é dedicação e - destinatário;
sacrifício. Espero que essas poucas palavras produzam o efeito - saudação;
desejado: a conscientização de que vocês são unos, de que o - interlocução com o destinatário;
casal que se tornaram não deve e não pode ser desfeito e de - despedida;
que são capazes de solucionar as desavenças e transformá-las - assinatura.
em aprendizagem. Esses itens estão na ordem em que devem aparecer.
Abraços fraternos de seu amigo. Caso se esqueça de dizer algo importante e já tenha
Noslid Takannory finalizado a carta é só acrescentar a abreviação latina P.S
(post scriptum) ou Obs. (observação). Essa sigla é
Carta Argumentativa originada do verbo latino “post scribere” que significa
“escrever depois”.
Relembrando, é preciso destacar dois tipos básicos de
carta. O primeiro é a correspondência oficial e comercial, que As Expressões Surradas
nos é enviada pelos poderes políticos ou por empresas
privadas (comunicações de multas de trânsito, mudanças de Na produção de textos, devemos evitar frases feitas e
endereço e telefone, propostas para renovar assinaturas de expressões surradas (os chamados clichês), como “nos
revistas, etc.). píncaros da glória”, “silêncio sepulcral”, “nos primórdios da
Este tipo de carta caracteriza-se por seguir modelos humanidade”, etc. Na carta, não é diferente. Fuja de expressões
prontos, em que o remetente só altera alguns dados. surradas que já apareceram em milhares de cartas, como
Apresentam uma linguagem padronizada (repare que elas são “Escrevo-lhes estas mal traçadas linhas” ou “Espero que esta vá
extremamente parecidas, começando geralmente por “Vimos encontrá-lo gozando de saúde”.
por meio desta…”) e normalmente são redigidas na linguagem
formal culta. Nesse tipo de correspondência, mesmo que A Coerência no Tratamento
venha assinada por uma pessoa física, o emissor é uma pessoa
jurídica (órgão público ou empresa privada), no caso, Na carta formal, é necessário a coerência no tratamento. Se
devidamente representada por um funcionário. a iniciamos tratando o destinatário por tu, devemos manter
Outro tipo de correspondência é a carta pessoal, que esse tratamento até o fim, tomando todo o cuidado com
utilizamos para estabelecer contato com amigos, parentes, pronome e formas verbais. Nesse tipo de carta, são comuns os
namorado(a). Tais cartas, por serem mais informais que a erros de uniformidade de tratamento como o que
correspondência oficial e comercial, não seguem modelos apresentamos abaixo:
prontos, caracterizando-se pela linguagem coloquial. Nesse “Você deverá comparecer à reunião. Espero-te
caso o remetente é a própria pessoa que assina a ansiosamente. Não se esqueça de trazer tua agenda.”
correspondência.

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Observe que não há nenhuma uniformidade de Carta Aberta a Comunidade de Manaus


tratamento: começa-se por você (terceira pessoa), depois se De acordo com os problemas que temos passado durante
passa para a segunda pessoa (te), volta-se à terceira (se), os últimos dias no centro de Manaus, resolvemos apontar
terminando com a segunda (tua). alguns temas para a reflexão, os quais consideramos de suma
Ainda com relação à uniformidade, fique atento ao importância para a comunidade manauara.
emprego de pronomes de tratamento como Vossa Senhoria, Primeiramente, devemos salientar que o pagamento dos
Vossa Excelência, etc. Embora se refiram às pessoas com quem espaços destinados à comercialização dos produtos artesanais
falamos, esses pronomes devem concordar na terceira pessoa. inclui todos os profissionais que comercializam seus produtos
Veja: no centro do município.
“Aguardo que Vossa Senhoria possa enviar-me ainda hoje os Assim, após a inscrição na Prefeitura Municipal, os
relatórios de sua autoria. Vossa Excelência não precisa inscritos deverão pagar a matrícula do espaço alugado e ainda
preocupar-se com seus auxiliares.” um valor de 20% das vendas anuais.
Esse evento de mudança na legislação a partir do mês de
Carta aberta outubro, acarretou diversos problemas para os artesões que
sofreram com a fiscalização na semana passada no centro da
A Carta Aberta3 é um modelo de carta (texto epistolar) cidade.
que tem como principal característica informar, instruir, Visto a repercussão do episódio, decidimos entrar em
alertar, protestar, reivindicar ou argumentar sobre contato com o órgão responsável para ampliar o tempo de
determinado assunto. cadastramento de todos os artesãos, visto a desorganização
É um veículo de comunicação coletiva, ou seja, é destinada das últimas inscrições, bem como a falta de informação.
a várias pessoas (algum público, sindicatos, representações, Além disso, depois de nosso contato, a rádio e canal local
comunidade, etc.). de televisão, ficaram encarregadas de divulgar durante um
Portanto, o destinatário e o remetente da carta aberta não mês, informações sobre a nova legislação, bem como a
são seres individuais e por isso, ela é diferente das cartas importância do cadastramento e detalhes sobre o pagamento
pessoais. dos espaços locais.
A carta aberta não está reduzida a somente um gênero Esperamos que todos estejam atentos uma vez que o
textual, ou seja, ela pode ser um texto instrucional, expositivo, trabalho de produção e comercialização de produtos
argumentativo ou descritivo. artesanais representa uma parte considerável de nosso
Diante disso, vale lembrar que ela pode englobar mais de patrimônio, e, portanto, possui um valor inestimável para a
um gênero, ou seja, ela pode ser ao mesmo tempo descritiva e comunidade.
argumentativa.
Dessa maneira, a carta aberta representa uma importante Atenciosamente,
ferramenta de participação política dos cidadãos, uma vez que
apresenta determinado assunto de interesse coletivo. Associação de Artesãos de Manaus
Lembre-se que a carta aberta não é um texto muito extenso
e sua linguagem é clara, coesa e está de acordo com as normas Carta de reclamação
gramaticais.
Geralmente são veiculadas nos meios de comunicação A carta de reclamação4 é utilizada quando o remetente
(televisão, rádio, internet, etc.) sendo que os assuntos mais descreve um problema ocorrido a um destinatário que pode
abordados apontam algum problema, demanda da resolvê-lo. É considerado um texto persuasivo, pois o
comunidade, apoio a uma causa, dentre outros. interlocutor tenta convencer o receptor da mensagem a
encontrar uma solução para o problema apontado na carta.
Estrutura: Como fazer uma Carta Aberta? Por este motivo, quem reclama deve se utilizar de um
discurso argumentativo: descrevendo de maneira clara o(s)
Para produzir uma carta aberta, devemos estar atentos a problema(s), motivo(s) pelo qual pode ter ocorrido, as
seguinte estrutura: consequências se não for resolvido. A exposição dos fatos deve
Título: geralmente é acrescentado um título que indica a comprovar que o remetente é quem tem razão, o qual pode
quem será destinada a carta (comunidade, associação, ainda, apontar as possíveis soluções para que haja
instituição, organização, entidade, autoridade municipais, entendimento entre as partes.
estaduais e nacionais, etc.) É essencial que a carta de reclamação tenha: identificação
Introdução: tal qual um texto dissertativo, ela apresenta do remetente e do destinatário, data e local, assinatura,
introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, as documentos em anexo (caso necessário).
principais ideias são abordadas pelos destinatários. Lembre-se de expor claramente os antecedentes, pois
Desenvolvimento: segundo a proposta da carta, nesse neles estão os motivos pelos quais a reclamação está sendo
momento serão apontados os principais argumentos e pontos de feita.
vista referentes ao assunto abordado. A carta deve ser preferencialmente digitada, pois facilita a
Conclusão: momento de arrematar a ideia e sugerir alguma leitura e evita equívocos.
ação dos interlocutores ou possível resolução do problema
posto em causa. Na conclusão, ocorre o fechamento da ideia e Importante: Sempre tenha uma cópia e caso entregue em
busca de soluções. mão, solicite a assinatura de quem recebeu com a data, se
Despedida: com saudações cordiais e assinatura dos possível carimbada (no caso de empresa).
remetentes, a despedida finaliza a carta aberta.
Carta de solicitação
Para compreender melhor o conceito, segue abaixo um
exemplo de Carta Aberta: A carta de solicitação5 faz parte das cartas comerciais e
deverá possuir: timbre da empresa, iniciais do departamento,

3 https://www.todamateria.com.br/carta-aberta/ 5 https://brasilcola.wordpress.com/category/carta-de-solicitacao/
4 http://brasilescola.uol.com.br/redacao/carta-reclamacao.htm

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número da carta, local e data, destinatário, referência, assunto, Como será publicada, as expressões de baixo calão, ou
saudação, corpo do texto, despedida e assinatura. posições preconceituosas não devem ser pronunciadas.
Além disso, o leitor deve evitar expressões populares,
O objetivo desse tipo de carta, como o próprio nome já diz, gírias, vícios de linguagem, apresentando seu texto numa
é fazer um pedido (solicitar algo) ao destinatário. linguagem formal, ou seja, que segue a norma culta da língua.
Importante destacar que, de acordo com o público, a
Veja um exemplo: linguagem pode ser mais descontraída, por exemplo, numa
revista para adolescentes.
Timbre da empresa
Dep. de vendas Características
Nº 02/09
As principais características da carta do leitor são:
Ao Diretor do Dep.de Faturamento Textos breves e escritos em 1ª pessoa
João Esleveriano da Costa Temas atuais e de caráter subjetivo
Linguagem simples, clara e objetiva
Recife, _____ de fevereiro de 2009. Presença de destinatário e remetente
Texto expositivo e argumentativo
Prezado Senhor,
Solicito a esse departamento, do qual V.Sª. é diretor, que Estrutura: Como Fazer uma Carta do Leitor?
tenha a gentileza de enviar-me a tabela de faturamento do
último mês, a fim de que possamos conferir algumas vendas Geralmente as cartas dos leitores não seguem uma
realizadas. estrutura padrão, no entanto, devem apresentar alguns
elementos estruturais:
Antecipo-lhe meus agradecimentos, certo de que serei Vocativo: aparece o nome da revista ou do jornal e pode
prontamente atendido, dada a eficiência desta seção. vir acompanhada de local e data (chamado de cabeçalho).
Introdução: pequeno trecho que aborda o assunto que
Subscrevo-me. será apresentado e explorado pelo leitor.
Desenvolvimento: desenvolvimento da argumentação do
Cordialmente, leitor sobre sua ideia central.
Conclusão: o leitor arremata suas ideias, e geralmente
Antonie Bernardo da Luz. inclui uma sugestão para o assunto abordado.
Chefe do departamento de vendas. Despedida: representa as saudações finais do leitor, por
exemplo, atenciosamente, cordialmente, abraços, etc.
Há alguns sinônimos que podem ser utilizados: estimado Assinatura: O leitor assina seu nome, o qual pode aparecer
senhor, peço-lhe o obséquio de, peço-lhe a gentileza, solicito a em forma de sigla, por exemplo, Afonso Miguel Pereira dos
V.Sª. A especial fineza de, informar-me, comunicar-me, desde Santos (A.M.P.S.)
já, apresento-lhe meus agradecimentos, antecipadamente
grato, me firmo. Exemplos
Para compreender melhor o conceito de carta do leitor,
Carta do leitor segue abaixo dois exemplos, donde o primeiro apresenta uma
linguagem formal e o segundo uma linguagem informal:
A Carta do leitor6 é um tipo de carta (gênero epistolar)
veiculada geralmente em jornais e revistas, onde os leitores Exemplo 1
podem apresentar suas opiniões.
É um espaço reservado donde as opiniões, sugestões, São Paulo, 12 de dezembro de 2013
críticas, perguntas, elogios e reclamações dos leitores são
publicadas e podem ser visualizadas por qualquer indivíduo. Caros Editores da Revista Viagens e Lazer,
Possui uma função relevante para os meios de
comunicação, de modo que a carta do leitor assegura uma Antes de mais nada, gostaria de agradecer a matéria
resposta (feed-back) de seus leitores. publicada no mês de outubro intitulada “Lugares Inóspitos do
É um importante instrumento de comunicação cujo leitor Planeta” pela riqueza de detalhes e das fotos acrescidas ao
pode interagir com o meio de comunicação, expondo assim, texto.
seu ponto de vista sobre uma notícia, reportagem, pesquisa ou Após ler a matéria, fiz uma lista dos locais que me
qualquer outro assunto atual. interessam conhecer, uma vez que sou antropólogo e um
Além disso, ele pode sugerir algum tema a ser abordado. grande viajante e explorador de lugares.
Por esse motivo, é uma importante ferramenta de produção de Quanto a isso, tenho uma sugestão para o próximo mês, a
pauta para os veículos de comunicação. inclusão de uma matéria sobre as ilhas Fiji. Estive ali durante
Desse modo, devemos lembrar que a carta do leitor possui dois anos de minha vida e pude contemplar belezas naturais
um remetente (emissor ou locutor) e destinatário (receptor ou estonteantes. Parabéns pelo trabalho!
interlocutor).
Antes de ser publicada ela passa pela equipe de revisão, a Agradeço a atenção!
qual adaptará o texto e corrigirá possíveis erros.
Por esse motivo, não existe um modelo específico, uma vez João Ribeiro, Porto Alegre (Rio Grande do Sul)
que segue o padrão de apresentação e o espaço destinado para
esse fim determinado pelo meio de comunicação. Exemplo 2
Vale lembrar que a carta do leitor é uma pequena seção do
veículo de comunicação, a qual pode ser publicada na íntegra, Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2012
ou somente trechos relevantes.

6 https://www.todamateria.com.br/carta-do-leitor/

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Olá Pessoal da Revista Teen Femina, - Título auxiliar: Serve como um complemento do
principal, com o acréscimo de algumas informações, a fim de
Meu nome é Gisele e tenho 14 anos. Adorei a matéria sobre torná-lo ainda mais chamativo ao leitor.
o primeiro beijo e gostaria de sugerir uma nova matéria sobre - Lide (lead): Corresponde ao primeiro parágrafo e nele
o namoro na adolescência. Sou fã da revista, compro todo o são expostas as informações que mais despertar a atenção do
mês!!! leitor para continuar com a leitura do texto. Busca responder
Além dessas matérias importantes na adolescência adoro às questões: Quem? Onde? O que? Como? Quando? Por quê?.
a seção de modas e acessórios. Já pensaram em ter um espaço Esta estratégia é bastante utilizada em jornais devido ao seu
para a reciclagem de artigos de moda? Tenho feito algumas caráter informativo e por poder levar informações rápidas e
adaptações nas roupas e acessórios que tenho no guarda- claras ao leitor.
roupa e tem sido um sucesso com a galera. Abraços e até a - Corpo da notícia: Trata-se da informação propriamente
próxima! dita, com a exposição mais detalhada dos acontecimentos
mencionados. Após trazer as informações mais importantes no
Gisele Matias Albuquerque, Natal (Rio Grande do Norte) primeiro parágrafo, os parágrafos seguintes apresentam os
outros acontecimentos sempre em ordem decrescente de
Editorial relevância. As informações realmente necessárias para o
entendimento dos fatos – tais como as personagens, o espaço
O editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente e o tempo – são priorizadas.
aparece no início das colunas. Diferente dos outros textos que
compõem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são Um detalhe de extrema importância que devemos estar
textos opinativos. atentos é sobre o tipo de linguagem estabelecida, ou seja,
Embora sejam textos de caráter subjetivo, podem identificarmos se ela é formal ou informal, se há a participação
apresentar certa objetividade. Isso porque são os editoriais do emissor (a pessoa que escreve ou fala) no sentido de emitir
que apresentam os assuntos que serão abordados em cada algum tipo de opinião, entre outros aspectos. A notícia, de
seção do jornal, ou seja, Política, Economia, Cultura, Esporte, forma específica, possui uma linguagem clara, precisa e
Turismo, País, Cidade, Classificados, entre outros. objetiva, uma vez que se trata de uma informação e, por isso,
Os textos são organizados pelos editorialistas, que tudo que é relatado precisa estar claro, de modo a fazer com
expressam as opiniões da equipe e, por isso, não recebem a que a mensagem seja transmitida de forma adequada.
assinatura do autor. No geral, eles apresentam a opinião do
meio de comunicação (revista, jornal, rádio, etc.). Reportagem
Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os
editoriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou “Carta do Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado
Editor”. nos meios de comunicação de massa. A reportagem informa,
Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se de modo mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela
apoiar em fatos polêmicos ligados ao cotidiano social. E situa-se no questionamento de causa e efeito, na interpretação
quando falamos em discurso, logo nos atemos à questão da e no impacto, somando as diferentes versões de um mesmo
linguagem que, mesmo em se tratando de impressões acontecimento.
pessoais, o predomínio do padrão formal, fazendo com que A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas
prevaleça o emprego da 3ª pessoa do singular, ocupa lugar de geralmente costuma estabelecer conexões com o fato central,
destaque. anunciado no que chamamos de lead (foi visto em Notícia).
A partir daí, desenvolve-se a narrativa do fato principal,
Estrutura de um editorial: ampliada e composta por meio de citações, trechos de
- Uma síntese: constituída por uma apresentação – entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos
geralmente 1º e 2º parágrafos, refere-se à exposição da ideia resumos, dentre outros recursos. É sempre iniciada por um
principal com base na ideia a ser defendida. título, como todo texto jornalístico.
- O corpo do editorial: Revela os argumentos que O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias
fundamentam a ideia principal em relação ao posicionamento versões para um mesmo fato, informando-o, orientando-o e
atribuído pelo veículo de comunicação em referência. contribuindo para formar sua opinião.
- A conclusão: Refere-se a uma possível solução para o A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva,
problema levantado ou, em determinados casos, incita o leitor dinâmica e clara, ajustada ao padrão linguístico divulgado nos
a uma reflexão sobre o assunto em pauta. meios de comunicação de massa, que se caracteriza como uma
linguagem acessível a todos os públicos, mas pode variar de
Notícia formal para mais informal dependendo do público a que se
destina. Embora seja impessoal, às vezes é possível perceber a
A notícia é um dos principais tipos de textos jornalísticos opinião do repórter sobre os fatos ou sua interpretação.
existentes e tem como intenção nos informar acerca de Para se produzir uma boa reportagem, é fundamental que
determinada ocorrência. Trata-se de um texto bastante o repórter ouça todas as versões de um fato, a fim de que a
recorrente nos meios de comunicação em geral, seja na verdade apurada seja realmente a verdade que possa ser
televisão, em sites pela internet ou impresso em jornais ou comprovada, não aquela que se imagina que é a verdade.
revistas. Cuidado para não confundir o gênero reportagem com
Caracteriza-se por apresentar uma linguagem simples, notícia. A reportagem apresenta elementos que não são
clara, objetiva e precisa, pautando-se no relato de fatos que próprios do gênero notícia, entre eles o levantamento de
interessam ao público em geral. dados, entrevistas com testemunhas e/ou especialistas e uma
análise detalhada dos fatos. Embora preze pela objetividade,
Estrutura de uma notícia: característica importante dos gêneros jornalísticos, a
- Manchete ou título principal: Geralmente é grafado de reportagem invariavelmente apresenta um retrato do assunto
forma bastante evidente, com o objetivo de chamar a atenção a partir de um ângulo pessoal, por isso, ao contrário da notícia,
do leitor. ela é assinada pelo repórter. Nesse gênero é comum encontrar
também o recurso da polifonia, pois nele existem outras vozes
que não a do repórter, por isso o equilíbrio entre os discursos

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direto e indireto. A finalidade maior da polifonia é permitir que Redução: quando você reduz o significado de determinado
o repórter aborde o tema de maneira global e, dessa maneira, trecho do que foi escrito; Se a frase afirma: Nem todos os
isente-se da apresentação dos fatos. candidatos são classificados nos concursos. E você afirma que
nenhum candidato é classificado nos concursos. Nesse caso
Resenha você restringiu o sentido mudando o termo de nem todos para
nenhum de maneira inadequada, alterando o significado do
A resenha caracteriza-se por ser, no geral, um resumo que está escrito.
crítico. Nesta produção textual, o autor faz uma descrição e Contradição: quando você deduz algo que é oposto ao real
uma breve apreciação a respeito de acontecimentos culturais significado do que está texto. Se a frase afirma: Nem todos os
ou obras (sejam elas cinematográficas, musicais, teatrais ou candidatos são classificados nos concursos. E você afirma que
literárias), a fim de divulgar um objeto de consumo cultural, de todos os candidatos são classificados. Então, além de
maneira resumida, convidando o leitor ou espectador a extrapolar você entra em contradição, pois não é isso que o
conhecer a obra na íntegra. Em geral, a resenha é veiculada por texto afirma. Logo, uma forma adequada de reescrever a frase
jornais e revistas. mantendo o seu sentido seria: Alguns candidatos são
No geral, o texto resenha deve conter uma análise e um classificados nos concursos.
julgamento, seja de verdade ou de valor. Por tratar-se de um
resumo crítico, este tipo de texto exige que o resenhista seja Tipos de Ofícios Requerimento
alguém com conhecimentos na área, pois só assim poderá
avaliar e julgar a obra criticamente. Conforme a definição de um dicionário é derivado do verbo
A linguagem pode ser mais ou menos formal, de acordo requerer, que significa na forma denotativa (literal) solicitar,
com o leitor, o veículo e o produto cultural resenhado. Há o pedir, estar em busca de algo. Logo, redigir um requerimento
emprego de vocabulário específico relacionado ao objeto tem a finalidade de solicitar aprovação (deferimento) de algo
resenhado. Os autores de resenhas geralmente são entendidos por escrito a um órgão (Público ou Privado) como uma
ou estudiosos do assunto, por isso, são grandes formadores de Secretaria, um Colégio, uma Faculdade, etc.
opinião e podem influenciar o público alvo, contribuindo para Portanto, observe uma dica para te auxiliar a identificar
o sucesso ou para o fracasso do produto cultural criticado. um requerimento:
- Quanto ao desfecho não pode faltar:
Tipos de resenha - A fórmula convencional: “Nestes termos, pede
deferimento”
Resenha crítica Ilm.º. SR. Diretor da Escola Estadual Dom Bosco (Nome da
Avalia e julga obras culturais como filmes, livros e peças pessoa que solicita o requerimento), aluna regularmente
teatrais, bem como trabalhos acadêmicos. É um texto que matriculada no nono ano do ensino fundamental desta escola,
descreve o objeto do qual trata e apresenta o juízo de valor do vem respeitosamente solicitar a V. Sª a expedição dos
resenhista sobre tal. A resenha crítica precisa ter uma documentos necessários à sua transferência para outro
contextualização da obra avaliada, assim como suas estabelecimento de ensino. Nestes termos, pede deferimento
referências completas, de acordo com as regras da ABNT; Londrina, 04 de novembro de 2008. (Assinatura) (Extraído do
título a partir do enfoque da análise; considerações sobre o site www.brasilescola.com.br)
que foi avaliado; crítica a respeito dos conteúdos; e indicação
para alunos de áreas afins ou possível público de interesse. Ata

Resenha descritiva A ata tem como objetivo documentar qualquer evento


A resenha descritiva se assemelha ao resumo descritivo. realizado em uma instituição, sendo assim possui algumas
Ele sintetiza uma obra, apresentando seu autor e seus aspectos formalidades pelo fato de ser uma redação técnica, um
formais além de contextualizar seus assuntos. Mas, aqui, documento pertencente a uma Instituição.
diferentemente da resenha crítica, não há inferência do Ata referente ao primeiro conselho de classe realizado pela
resenhista, sendo assim, não cabe avaliação ou juízo de valor. (nome completo da instituição) Aos vinte e três de março de
2010, às dezessete horas e trinta minutos, sob o comando do
Compreensão de textos informativos, argumentativos e de diretor (nome completo), da coordenadora pedagógica (nome
textos de ordem prática (ordens de serviço, instruções, completo) e demais professores, realizou-se o primeiro
cartas e ofícios) conselho de classe referente ao 1º bimestre, tendo por objetivo
a análise do rendimento de todos os educandos, usando como
Compreensão de Textos7 instrumento de verificação as avaliações formais. Dentre as
propostas inerentes ao evento, destacaram-se as medidas a
Confunde-se muito compreensão com interpretação serem tomadas no que diz respeito às possíveis falhas obtidas
textual. Você sabe dizer a diferença entre ambas? Se não, mediante o processo avaliativo, com vistas a contorná-las.
observe, se sim revise: Compreender o texto nada mais é do Constatados e discutidos todos os propósitos, a reunião se
que ler o que exatamente vem escrito nele. encerrou, na qual eu (nome da secretária escolar) lavrei a ata,
A compreensão está propensa a três erros: Extrapolação, lida e assinada por todos os presentes. Belo Horizonte, 23 de
Redução e Contradição: março de 2010.
Extrapolação: quando você faz deduções sem ter base no (Extraído do site www.brasilescola.com.br)
texto, de forma aleatória, de acordo com o seu achismo; Vamos
simular? Se a frase afirma: Nem todos os candidatos são Carta Comercial
classificados nos concursos.
Se você afirmar que todos os candidatos são classificados Tem por finalidade estabelecer uma comunicação
nos concursos não haveria vagas suficientes e você estaria comercial, entre pessoas e empresas ou somente entre
extrapolando, falando algo que não está no texto; empresas.

7Fonte: http://pt.slideshare.net/Nilberte/slide-de-portugus-01-curso-sac
(Adaptado)

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Loja da Maria e Cia. Ltda. Comércio de utensílios Av. João, Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente
1000 Goiânia – GO Goiânia, 03 de março de 2008. Ao diretor em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até
Joaquim Silva Rua das Amendoeiras, 600 Belo Horizonte – MG folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral.
Prezado Senhor: Confirmamos ter recebido uma Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com a
reivindicação de depósito no valor três mil reais referente ao publicação de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual
mês de fevereiro. Informamos-lhe que o referido valor foi conto surgiram na tipologia textual narrativa: conto de fadas,
depositado no dia 1º de março, na agência 0003, conta que envolve personagens do mundo da fantasia; contos de
corrente 3225, Banco dos empresários. Por favor, pedimos que aventura, que envolvem personagens em um contexto mais
o Sr. verifique o extrato e nos comunique o pagamento. próximo da realidade; contos folclóricos (conto popular);
Pedimos escusas por não termos feito o depósito contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um
anteriormente, mas não tínhamos ainda a nova conta bancária. contexto sombrio e objetivam causar medo no expectador;
Nada mais havendo, reafirmamos os nossos protestos de contos de mistério, que envolvem o suspense e a solução de
elevada estima e consideração. Atenciosamente, Amélia Sousa um mistério.
Gerente comercial
(Extraído do site www.brasilescola.com.br) Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser
inverossímil. As personagens principais são não humanos e a
Procuração finalidade é transmitir alguma lição de moral.

Tem como finalidade transferir os poderes de alguém Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada à vida
(outorgado) para agir em nome de outra pessoa (outorgante). cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter um tom
Eu, Eloá Oliveira, brasileira, natural de Marilândia, casada, humorístico ou um toque de crítica indireta, especialmente,
Residente e Domiciliada em Belo Horizonte, MG, Rua Joaquina quando aparece em seção ou artigo de jornal, revistas e
Silvério, nº 444, RG 4254748, CPF 263.362.421.12, NOMEIO programas da TV...
MEU PROCURADOR O Sr. João da Silva, brasileiro, natural de
Marilândia, casado, Residente e Domiciliado em Belo Crônica narrativo-descritiva: Apresenta alternância
Horizonte, MG, Rua Joaquina Silvério, nº 444, RG 2542636, CPF entre os momentos narrativos e manifestos descritivos.
263.895.325-13, PARA FINS DE efetivar matrícula, junto à
Universidade Federal de Minas Gerais, PODENDO em meu Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético
nome, fazer a inscrição no curso de Pedagogia, para o qual fui e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e
selecionada no Processo Seletivo de 2008. Belo Horizonte, 03 filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais
de março de 2009. ___________________ Eloá Oliveira flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto
(Extraído do site www.brasilescola.com.br) de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico,
filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental,
GÊNEROS LITERÁRIOS etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou
provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo:
Gênero Narrativo: Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.

Na Antiguidade Clássica, os padrões literários Gênero Dramático:


reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com
o passar dos anos, o gênero épico passou a ser considerado Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro.
apenas uma variante do gênero literário narrativo, devido ao Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a história.
surgimento de concepções de prosa com características Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que
diferentes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. assumem os papéis das personagens nas cenas.
Porém, praticamente todas as obras narrativas possuem
elementos estruturais e estilísticos em comum e devem Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível
responder a questionamentos, como: quem? o que? quando? de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a
onde? por quê? Vejamos a seguir: tragédia era "uma representação duma ação grave, de alguma
extensão e completa, em linguagem figurada, com atores
Épico (ou Epopeia): os textos épicos são geralmente agindo, não narrando, inspirando dó e terror". Ex: Romeu e
longos e narram histórias de um povo ou de uma nação, Julieta, de Shakespeare.
envolvem aventuras, guerras, viagens, gestos heroicos, etc.
Normalmente apresentam um tom de exaltação, isto é, de Farsa: A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao
valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os emprego de processos como o absurdo, as incongruências, os
Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero. equívocos, a caricatura, o humor primário, as situações
ridículas e, em especial, o engano.
Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e
personagens bem definidos e de caráter Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida
mais verossímil. Também conta as façanhas de um herói, mas e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está
principalmente uma história de amor vivida por ele e uma ligada às festas populares.
mulher, muitas vezes, “proibida” para ele. Apesar dos
obstáculos que o separam, o casal vive sua paixão proibida, Tragicomédia: modalidade em que se misturam
física, adúltera, pecaminosa e, por isso, costuma ser punido no elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a
final. É o tipo de narrativa mais comum na Idade Média. mistura do real com o imaginário.
Ex: Tristão e Isolda.
Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se
Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos,
entre a longevidade do romance e a brevidade do conto. Como fatos diversos da sociedade e da realidade vivida por este
exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, povo.
de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.

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Gênero Lírico: Gêneros não literários

É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no A linguagem não literária8 apresenta peculiaridades que a
poema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime diferem da linguagem literária, entre elas o emprego de uma
suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. linguagem convencional e denotativa.
Normalmente os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e A linguagem não literária tem como função informar de
há o predomínio da função emotiva da linguagem. maneira clara e sucinta, desconsiderando aspectos estilísticos
próprios da linguagem literária.
Elegia: é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo Você sabia que os diversos textos podem ser classificados
que a morte é elevada como o ponto máximo do texto. O de acordo com a linguagem utilizada? A linguagem de um texto
emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de está condicionada à sua funcionalidade: se a intenção é
morte. É um poema melancólico. Um bom exemplo é a informar, a escolha vocabular deve estar de acordo com essa
peça Roan e Yufa, de William Shakespeare. finalidade; se a intenção é artística, outros recursos
linguísticos mais apropriados devem ser utilizados.
Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupciais líricas, Quando pensamos nos diversos tipos e gêneros textuais,
ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom devemos pensar também na linguagem adequada a ser
exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites adotada em cada um deles. Por isso existem a linguagem
nupciais. literária e a linguagem não literária. Essa última será nosso
objeto de análise, e o Mundo Educação traz para você todas as
Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emissor faz uma especificidades que marcam a construção do discurso não
homenagem à pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à literário.
mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino Diferentemente do que acontece com os textos literários,
é uma ode com acompanhamento musical; nos quais há uma preocupação com o objeto linguístico e
também com o estilo, os textos não literários apresentam
Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o emissor características bem delimitadas para que possam cumprir sua
expressa uma homenagem à natureza, às belezas e às riquezas principal missão, que é, na maioria das vezes, a de informar.
que ela dá ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que Quando pensamos em informação, alguns elementos devem
expressa o desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao ser elencados, como a objetividade, a transparência e o
lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais a compromisso com uma linguagem não literária, afastando
paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com assim possíveis equívocos na interpretação de um texto. Para
diálogos (muito rara); ilustrar melhor as diferenças entre linguagem literária e não
literária, observe dois textos cuja temática, embora comum a
Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a ambos, é abordada em diferentes perspectivas e com escolhas
alguém ou a algo, em tom sério ou irônico. vocabulares bem distintas:

Acalanto: ou canção de ninar; Texto 1 (exemplo de linguagem não literária):

Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), Piratininga virou São Paulo: o colégio é hoje uma
composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso metrópole
formam uma palavra ou frase; Os padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega
subiram a Serra do Mar, nos idos de 1553, a fim de buscar um
Balada: uma das mais primitivas manifestações poéticas, local seguro para se instalar e catequizar os índios. Ao atingir
são cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico e o planalto de Piratininga, encontraram o ponto ideal. Tinha
refrão vocal que se destinam à dança; “ares frios e temperados como os de Espanha” e “uma terra
mui sadia, fresca e de boas águas”. Os religiosos construíram
Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com um colégio numa pequena colina, próxima aos rios
acompanhamento musical; Tamanduateí e Anhangabaú, onde celebraram uma missa. Era
o dia 25 de janeiro de 1554, data que marca o aniversário de
Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e árabes; São Paulo. Quase cinco séculos depois, o povoado de
odes do oriente médio; Piratininga se transformou numa cidade de 11 milhões de
habitantes. Daqueles tempos, restam apenas as fundações da
Haicai: expressão japonesa que significa “versos cômicos” construção feita pelos padres e índios no Pateo do Collegio.
(=sátira). E o poema japonês formado de três versos que Piratininga demorou 157 anos para se tornar uma cidade
somam 17 sílabas assim distribuídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° chamada São Paulo, decisão ratificada pelo rei de Portugal.
verso = 7 sílabas; 3° verso 5 sílabas; Nessa época, São Paulo ainda era o ponto de partida das
bandeiras, expedições que cortavam o interior do Brasil.
Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em Tinham como objetivos a busca de minerais preciosos e o
dois quartetos e dois tercetos, com rima geralmente em a-ba- aprisionamento de índios para trabalhar como escravos nas
b a-b-b-a c-d-c d-c-d. minas e lavouras.
(Disponível em http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/a-cidade-de-sao-
paulo)
Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas vilões
(cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas, portanto.
Texto 2 (exemplo de linguagem literária)

Soneto sentimental à cidade de São Paulo


Ó cidade tão lírica e tão fria!
Mercenária, que importa - basta! - importa
Que à noite, quando te repousas morta

8 http://pt.slideshare.net/reinildesdias2010/simone-marcuschi; http://pratica2pvsufcg.blogspot.com.br/2013/03/lingua-portuguesa-dominio-
discursivo-e.html (Adaptado)

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Lenta e cruel te envolve uma agonia Tipos textuais: sequência definida pela natureza
linguística de sua composição (narração, descrição e
Não te amo à luz plácida do dia dissertação);
Amo-te quando a neblina te transporta
Nesse momento, amante, abres-me a porta Gêneros Textuais
E eu te possuo nua e fugidia.
São os textos encontrados no nosso cotidiano e
Sinto como a tua íris fosforeja apresentam características sócio comunicativas (carta pessoal
Entre um poema, um riso e uma cerveja ou comercial, diários, agendas, e-mail, orkut, lista de compras,
E que mal há se o lar onde se espera cardápio entre outros).

Traz saudade de alguma Baviera Com referência a Bakhtin, concluímos que é impossível se
Se a poesia é tua, e em cada mesa comunicar verbalmente a não ser por um texto e obriga-nos a
Há um pecador morrendo de beleza? compreender tanto as características estruturais (como ele é
(Vinícius de Moraes) feito) como as condições sociais (como ele funciona na
sociedade).
O primeiro texto, publicado em um site de informações
sobre a cidade de São Paulo, é um claro exemplo de linguagem Tipos textuais voltados para as funções sociais dos
não literária. Nele predominam escolhas linguísticas cuja textos.
função é transmitir para o leitor um pouco da história da Informativos;
capital paulista, sem que para isso sejam empregados recursos Expositivos;
estilísticos, como figuras de linguagem e de construção, Numerados;
elementos próprios dos textos literários. No segundo texto, um Prescritivos;
poema de Vinícius de Moraes, percebemos claramente que Literário;
existe uma preocupação com o estilo, o que confere ao texto Argumentativo.
maior expressividade. Em ambos os textos o objeto é o mesmo,
a cidade de São Paulo, no entanto, existem grandes diferenças Segundo Bakhtin, os gêneros são tipos relativamente
no que diz respeito ao plano da linguagem. estáveis de enunciados elaborados pelas mais diversas esferas
As notícias, os artigos jornalísticos, os textos didáticos, os da atividade humana. Por essa relatividade a que se refere o
verbetes de dicionários e enciclopédias, as propagandas autor, pode-se entender que o gênero permite certa
publicitárias, os textos científicos, as receitas culinárias e os flexibilidade quanto à sua composição, favorecendo uma
manuais são exemplos de gêneros textuais que empregam a categorização no próprio gênero, isto é, a criação de um
linguagem não literária. No discurso não literário deve subgênero.
predominar uma linguagem objetiva, clara e concisa a fim de
que a informação seja repassada de maneira eficiente, livre de Tipos textuais como ferramenta.
possíveis dificuldades que prejudiquem o entendimento do Para Bakhtin, quando um indivíduo utiliza a língua, sempre
texto. o faz por meio de um tipo de texto ainda que possa não ter
consciência dessa, ou seja, a escolha de um tipo é um dos
Gêneros como Práticas Histórico-Sociais passos- se não o primeiro- a ser seguido no processo de
comunicação.
Segundo Marcuschi os gêneros textuais são fenômenos Por isso, os tipos textuais podem ser uma ferramenta que
históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social, está à disposição do falante, sendo por ele escolhidos da
portanto, são entidades sócio discursivas e formas de ação maneira que melhor lhe convém para, no processo de
social em qualquer situação comunicativa. comunicação, auxiliá-lo na sua expressão linguística.
Caracterizam-se como eventos textuais altamente Tomar um tipo textual como uma estrutura básica
maleáveis e dinâmicos. normalmente usada em uma determinada situação o torna
Passemos para uma simples observação histórica do uma valiosa “ferramenta” que o falante procura, guia e
surgimento dos gêneros que revela um conjunto limitado dos controla para poder expressar a função maior da linguagem
mesmos. Após a invenção da escrita alfabética por volta do que é atingir uma comunicação, em maior ou menor grau
século VII a.C., multiplicam-se os gêneros, surgindo os tipos da argumentativo, ou seja, uma comunicação cujo objetivo é
escrita; os gêneros expandem-se com o surgimento da cultura efetivamente alcançado e concretizado; daí dizer que a
impressa e atualmente a fase denominada cultura eletrônica, argumentação está inscrita no uso da língua.
particularmente computador (internet) aparece como uma
explosão de novo gênero e forma de comunicação, tanto na Questões
oralidade como na escrita.
Os gêneros textuais caracterizam-se muito mais por suas 01. (UFSC – Assistente em – UFSC/2016) A respeito do
funções comunicativas; cognitivas e institucionais, do que por gênero do Texto, é CORRETO afirmar que se trata de:
suas peculiaridades linguísticas e estruturais.

Definição e funcionalidade.

Muito se tem falado sobre a diferença entre “tipos textuais”


e “gêneros textuais”.
Alguns teóricos denominam narração; descrição e
dissertação como “modos de organização textual”,
diferenciando-os das terminologias que são considerados
“gêneros textuais”.
Partindo desse pressuposto e pautando-se no estudo de
Marcuschi definimos a seguir:

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APOSTILAS OPÇÃO

(A) uma poesia, pois faz uso das funções enfática e em que exponha com clareza os saberes relacionados ao objeto
expressiva da linguagem para homenagear as mães em virtude em foco.
da passagem do Dia das Mães. Ou seja, quando interagimos com outras pessoas por meio
(B) um anúncio publicitário, caracterizado pelo uso da da linguagem, seja ela oral ou escrita, produzimos certos textos
função conativa da linguagem. Tem como finalidade seduzir o que, com poucas variações, se repetem no tipo de conteúdo, no
leitor para convencê-lo a comprar um determinado produto. tipo de linguagem e de estrutura. Esses textos constituem os
(C) uma reportagem, caracterizada por ser publicada em chamados ‘gêneros textuais’ e foram historicamente criados
periódico, ter a função básica de aprofundar as informações pelas pessoas a fim de atender a determinadas necessidades
acerca de um tema relevante, apresentar ao leitor fatos e de interação social. De acordo com o momento histórico, pode
considerações e utilizar uma linguagem referencial, nascer um gênero novo, podem desaparecer gêneros de pouco
preferencialmente objetiva. uso ou, ainda, um gênero pode sofrer mudanças.
(D) uma notícia, uma vez que se caracteriza por ser Numa situação de interação verbal, a escolha do gênero
publicada em jornal, relatar um fato recente, explicitando os textual é feita de acordo com os diferentes elementos que
envolvidos e as circunstâncias em que se deu um fato, e por ser fazem o contexto, tais como: quem está falando ou escrevendo;
de relevância social para um grande público, apontando causas para quem; com que finalidade; em que momento histórico etc.
e consequências. Os gêneros estão ligados a esferas de circulação da linguagem.
(E) um editorial, caracterizado por emitir a posição de um Assim, por exemplo, na esfera jornalística, são comuns gêneros
jornal ou revista acerca de um produto, embora sem indicação como notícias, reportagens, editoriais, entrevistas; na esfera
de autoria, utilizando uma linguagem subjetiva e expressiva. da divulgação científica, são comuns gêneros como verbete de
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico,
02. (IF SUL – MG – Técnico de Tecnologia da seminário, conferência etc.
Informação – IF SUL – MG/2016) O artigo objetiva contribuir Desse modo, os gêneros de texto que circulam na
para as análises referentes ao Programa Nacional de Acesso ao sociedade têm uma grande vinculação com o momento
Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) proposto pelo MEC histórico-cultural de cada contexto.
em 2011 e pertencente à Política de Educação Profissional (William Cereja; Thereza Cochar; Ciley Cleto. Interpretação
Técnica de nível médio. (I) Problematiza um dos pressupostos de textos. São Paulo: Editora Atual, 2009, p. 29. Adaptado)
do Programa: o de que a qualificação pretendida implica na
melhoria da qualidade do Ensino Médio Público. (II) Apresenta, Interprete o seguinte trecho do Texto 1: “Esses textos
como bases de análise, o contexto do Decreto nº 5154/04, a constituem os chamados gêneros textuais e foram
atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para a historicamente criados pelas pessoas”. Assinale a alternativa
Educação Profissional e as do Ensino Médio e referencial teórico em que o sentido global desse trecho está mantido.
baseado nos conceitos de Estado ampliado e de capitalismo (A) Esses textos constituem os chamados gêneros textuais
dependente. (III) O PRONATEC ao priorizar a qualificação uma vez que foram historicamente criados pelas pessoas.
profissional concomitante ao Ensino Médio Público, mediante (B) Esses textos constituem os chamados gêneros textuais,
parcerias público/privado fragmenta os insuficientes recursos como foram historicamente criados pelas pessoas.
públicos, e promove a descontinuidade em relação à concepção (C) Esses textos constituem os chamados gêneros textuais
progressista de integração entre Ensino Médio e Educação conforme foram historicamente criados pelas pessoas.
Profissional. (IV) Paraliza o processo de travessia para a escola (D) Esses textos não só constituem os chamados gêneros
unitária e não enfrenta a problemática complexa da qualidade textuais, mas também foram historicamente criados pelas
na escola pública. pessoas.
(Fragmento adaptado) Disponível (E) Esses textos constituem os chamados gêneros textuais,
em:<www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9an porém foram historicamente criados pelas pessoas.
pedsul/paper/view/1713/141>. Acesso em: 02 maio2016.
Gabarito
O fragmento em questão é o resumo de um artigo
científico. Considerando que, nesse gênero, o uso da língua 01. (B) / 02. (C) / 03. (D)
padrão é necessário, verifica-se que, nos trechos em destaque
no próprio texto, houve observância desse uso no trecho:
(A) IV. Situação comunicativa.
(B) III. Pressuposto e subtendido.
(C) II.
(D) I.
Comunicação
03. (UFRPE – Assistente em Administração – SUGEP –
UFRPE / 2016) Comunicação é uma palavra derivada do termo latino
“communicare”, que significa “partilhar, participar algo, tornar
A Linguagem verbal e os textos comum”.
Através da comunicação, os seres humanos e os animais
As diferenças que podem ser observadas entre os textos partilham diferentes informações entre si, tornando o ato de
dizem respeito à sua situação de produção e de circulação, comunicar uma atividade essencial para a vida em sociedade.
inclusive a finalidade a que se destinam. São os chamados Desde o princípio dos tempos, a comunicação foi de
gêneros de texto. Por exemplo: se o locutor quer instruir seu importância vital, sendo uma ferramenta de integração,
interlocutor, ele indica passo a passo o que deve ser feito para instrução, de troca mútua e desenvolvimento. O processo de
a obtenção de um bom resultado, como ocorre numa receita de comunicação consiste na transmissão de informação entre um
bolo. Se quer persuadir alguém a consumir um produto, ele emissor e um receptor que descodifica (interpreta) uma
argumenta, como faz em um anúncio de chocolate. Se quer determinada mensagem.
contar fatos reais, ele pode escrever uma notícia. Se quer A mensagem é codificada num sistema de sinais definidos
contar uma história ficcional, ele pode produzir um conto. Se que podem ser gestos, sons, indícios, uma língua natural
quer transmitir conhecimentos, ele deve construir um texto (português, inglês, espanhol, etc.), ou outros códigos que
possuem um significado (por exemplo, as cores do semáforo),

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APOSTILAS OPÇÃO

e transportada até o destinatário através de um canal de Mensagem – aquilo que se quer comunicar;
comunicação (o meio por onde circula a mensagem, seja por Canal – o veículo que leva a mensagem;
carta, telefone, comunicado na televisão, etc.). Receptor – quem recebe, decodifica e interpreta o
Nesse processo podem ser identificados os seguintes significado.
elementos: emissor, receptor, código (sistema de sinais) e Sabe-se que existe hoje um sistema de comunicação
canal de comunicação. Um outro elemento presente no complexo, com transmissões de mensagens através de códigos
processo comunicativo é o ruído, caracterizado por tudo variados, canais e veículos cada vez mais rápidos e eficientes.
aquilo que afeta o canal, perturbando a perfeita captação da
mensagem (por exemplo, falta de rede no celular). Comunicação humana
Quando a comunicação se realiza por meio de uma Na comunicação humana, o código é a linguagem, que na
linguagem falada ou escrita, denomina-se comunicação verbal. conversação é complementada por elementos da comunicação
É uma forma de comunicação exclusiva dos seres humanos e a não-verbal (gestos, expressões faciais, movimentos dos olhos
mais importante nas sociedades humanas. e do corpo, etc) e o canal utilizado é o ar que respiramos. No
As outras formas de comunicação que recorrem a sistemas processo de conversação, existe o feedback, representado pela
de sinais não-linguísticos, como gestos, expressões faciais, resposta do receptor no momento em que responde, o
imagens, etc., são denominadas comunicação não-verbal. receptor inverte o processo e passa a ser o emissor, e aquele
Alguns ramos da comunicação são: a teoria da informação, que antes emitia passa a ser o receptor, que irá decodificar e
comunicação intrapessoal, comunicação interpessoal, interpretar a nova mensagem. É esta inversão do processo que
marketing, publicidade, propaganda, relações públicas, análise permite a uma pessoa saber se a outra entendeu a sua
do discurso, telecomunicações e Jornalismo. mensagem.
O termo “comunicação” também é usado no sentido de
ligação entre dois pontos, por exemplo, os meios de transporte Linguagem
que fazem a comunicação entre duas cidades ou os meios A linguagem é, ao mesmo tempo, uma função e um
técnicos de comunicação (telecomunicações). aprendizado: uma função no sentido de que todo ser humano
normal fala e a linguagem constitui um instrumento
Tipos de comunicação necessário para ele; um aprendizado, pois o sistema simbólico
É possível classificar a comunicação conforme o número de lingüístico, que a criança deve assimilar, é adquirido
pessoas que estão envolvidas por ela. progressivamente pelo contato com o meio. Essa aquisição
ocorre durante toda a infância, no que o aprendizado da
Comunicação Intrapessoal = a pessoa se comunica com linguagem difere, fundamentalmente, do aprendizado da
ela mesma por meio de pensamentos, ou da escrita em diários marcha ou da preensão, que constituem a seqüência
pessoais. necessária do desenvolvimento biológico; A linguagem é um
aprendizado cultural e está ligada ao meio da criança.
Comunicação Interpessoal = refere-se à troca de
informações entre duas pessoas. Pode ocorrer em conversas COMUNICAÇÃO VERBAL
presenciais, por carta, e-mail ou telefone. Existem inúmeras formas de se trocar informações, ou
seja, de se comunicar. Uma das mais eficazes para o ser
Comunicação em Grupo = indica o processo de humano é a comunicação verbal, que ocorre quando um grupo
comunicação entre três pessoas ou mais. Acontece no ensino, de indivíduos com interesses comuns ou correlatos se reúne.
em palestras, teleconferências ou discursos.
A comunicação oral
Comunicação de Massa = tem a pretensão de atingir um Em reuniões sociais, sejam elas formais ou informais, as
grande público não especificamente identificado, é realizada informações são trocadas através da comunicação oral, a mais
de forma coletiva e não focalizada a uma única pessoa. É importante para a transmissão das idéias. Existe a
conhecida como sendo “um-para-muitos”, possibilitando oportunidade de aprofundar os detalhes de maior interesse
Gabarito limitadas do público. Exemplos desse tipo de relacionados à informação oferecida, bem como a
comunicação: jornais, revistas, filmes e televisão. possibilidade de se obter a repetição ou o detalhamento de
uma informação não completamente entendida. Podem
Comunicação Dirigida = é caracterizada pela seleção também ser apresentadas observações ou pontos de vista
prévia de públicos (ou segmentos de mercado), ou seja, capazes de enriquecer a informação inicial, tornado-a mais
direciona-se a um público homogêneo identificado (por clara, concisa e completa.
exemplo, mala-direta para um grupo de gestores). O desembaraço na conversa informal do dia a dia, pouco
tem a ver com o desempenho na comunicação verbal, como
Comunicação Integrada = por meio de uma única forma de intercambiar informações. É difícil para a maioria
mensagem ocorre a utilização de uma forma conjugada de dos profissionais de qualquer área, utilizar adequadamente
todas as formas de marketing, sendo elas: Publicidade e essa potente modalidade de comunicação. Isto é conseqüência
Propaganda, Venda Pessoal, Promoção de Vendas, Relações do simples fato de que a formação e o treinamento das pessoas
Públicas, Assessoria de Imprensa, Marketing Direto e Internet. são incompletos. Nós não somos ensinados a organizar e
Todas essas áreas do marketing irão contribuir de forma registrar o nosso trabalho diário, analisá-lo criticamente, tirar
particular para o alcance dos objetivos. conclusões e discuti-las de forma ordenada.
A comunicação integrada busca cercar o público-alvo em De um modo geral, as pessoas evitam falar em público, por
todos os canais comunicativos existentes, por isso utilizam-se uma série de razões, como vergonha, medo de enfrentar a
diversos tipos de mídia ao mesmo tempo e de forma audiência, medo de não saber responder a alguma pergunta,
conjugada. receio de parecer ridículo ou de dizer besteiras, etc. Essas
razões, contudo, não tem o menor fundamento; elas apenas
Elementos da comunicação servem para esconder a única e real razão: a falta de treino ou
Todas as formas de comunicação envolvem os seguintes de familiaridade com a comunicação verbal. É perfeitamente
elementos: normal que algumas pessoas pareçam mais naturais ou à
Emissor – quem inicia o processo; vontade do que outras, ao falar em grupo. A diferença, contudo,
Código – sinais para se construir uma mensagem;

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APOSTILAS OPÇÃO

reside apenas no quanto uns conseguem desligar dos falsos e A voz e os sinais paralinguísticos
infundados receios e concentrar-se na comunicação. A voz transmite aspectos da personalidade assim como
estado de espírito da pessoa que se fala. Um indivíduo traz no
A comunicação escrita seu registro e voz a marca quase irreversível de seu grupo
A leitura, por mais atenta que possa ser, não tem o poder social e cultural.
de transmissão da informação que a comunicação verbal tem. O timbre de voz, o ritmo, a fluência, a intensidade
Na leitura, o autor é desconhecido ou distante; a sua idéia nem dependem do controle emotivo.
sempre é claramente entendida e, mais importante, não existe
a possibilidade do diálogo. A transmissão da informação é CONCORDÂNCIA E DISCORDÂNCIA ENTRE A
passiva. A comunicação verbal, ao contrário é mais poderosa e COMUNICAÇÃO VERBAL E A COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL
versátil. O código verbal possui o objetivo de transmitir um
conteúdo de valor informativo. Já o código não verbal é quase
COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL sempre utilizado para manter a relação interpessoal.
A comunicação verbal serve para transmitir informações Se houver concordância entre elas, o impacto da
entre indivíduos, tendo estas informações um caráter mensagem é mais forte e a recepção é melhor.
informativo. Já a comunicação não-verbal é caracterizada pelo Se houver discordância entre elas, ocorre uma
uso de gestos, da mímica, do olhar, da voz e dos sinais desorientação do receptor, o sentido da mensagem é alterado
paralingüísticos, da organização espacial e da localização. e o conteúdo se torna preponderante.
Estes, que são determinantes de uma relação interpessoal dos Exemplo: uma pessoa ao dar um abraço numa criança
indivíduos. demonstrando afeto por ela ao mesmo tempo que chama esta
de querida e meiga, fortalece a mensagem. O mesmo não
Organização espacial ocorre se, ao dar o abraço, a pessoa chama a criança de chata.
É a distância que separa o emissor do receptor e se acha Para a criança, o abraço será mais significativo e ela fará uma
determinada por um conjunto de regras que refletem a distorção da palavra chata.
mensagem e as interações dos interlocutores. O espaço é
convencionado por todo um sistema de sinais que varia Fontes:
conforme os grupos sociais e culturais. http://www.portaleducacao.com.br/marketing/artigos/36851/tipos
A distância é um grau regulador de intimidade na relação -de-comunicacao#ixzz3zyJfUYMH
http://www.significados.com.br/comunicacao/
dos interlocutores, ela exerce influência na transmissão da
http://pedagogiaaopedaletra.com/comunicacao-verbal-e-nao-
informação pela utilização de diversos canais. verbal/

Localização
A localização é um indicador do tipo de relação que a
pessoa deseja ter com seu interlocutor, ela também modula a Inferência.
mensagem transmitida e indica status privilegiado. Indica
também que estas pessoas gostariam ou detém um certo
prazer no grupo.
Inferência
Os gestos
O texto não se reduz à palavra, segundo Mayra Pavan, por
Os gestos precedem ou acompanham o comportamento
isso é importante aprender a ler outras linguagens, não só a
verbal. São controlados pelas normas sociais e estão ligados
escrita. Antigamente, aprendia-se a ler somente textos
aos modos. Cada emoção exprime-se num modelo postural que
literários, não havendo a preocupação de como os textos não
reflete essa tensão ou esse relaxamento. Por exemplo, pessoas
literários seriam lidos. Atualmente, busca-se formar cidadãos,
em uma determinada postura que costumam freqüentemente
portanto, a leitura ganhou novo significado.
mexer um ou os dois pés, é um dos indicativos de ansiedade.
Ler é um exercício. Levantar hipóteses, analisar, comparar,
Assim como a postura dos braços cruzados é um indicativo de
relacionar são passos que auxiliam nessa tarefa. Entretanto,
fechamento racional.
existe uma habilidade que merece destaque: a inferência.
Segundo Houaiss, inferir é: concluir pelo raciocínio, a
A mímica
partir de fatos, indícios; deduzir.
As mímicas são os “gestos do rosto”. Um observador pode
Entretanto, na prática, como isso pode ajudar na
ver no rosto informações sobre a personalidade e a história de
interpretação? Ao ler um texto, as informações podem estar
seu interlocutor, mas isso gera também muitos erros.
explícitas ou implícitas. Inferir é conseguir chegar a
As mímicas são específicas do meio social, da região em
conclusões a partir dessas informações.
que a pessoa foi educada.
Para facilitar o entendimento, vamos ao exemplo. Leia a
Por exemplo, é comum o japonês sorrir quando está
tirinha abaixo:
embaraçado, enquanto no brasileiro o sorrir é uma
manifestação comum de alegria.

O olhar
A expressão do olhar é tão variada e difícil de controlar que
é também difícil dominar as intenções mais ocultas.
O olhar parece ter dupla função:
Indica a quem se dirige a comunicação. Criada pelo cartunista Quino, Mafalda atravessa gerações com
Constitui um indício da atenção dada. seus questionamentos
Não existe interação na comunicação sem troca de olhar, o
contato com os olhos marca a interação intensa. Após uma leitura atenta de todos os quadrinhos, o que é
Um exemplo de interação feito com o do olhar é o do possível concluir? Perceberam a profundidade da pergunta? O
vendedor frente a seus clientes. Ele fixa o olhar no seu cliente objetivo da interpretação não é simplesmente descrever os
submetendo a este uma condição de submissão na fatos, mas acrescentar sentido a eles.
comunicação.

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Muitos estudantes param na superfície do texto. Por RESUMINDO


exemplo, na tirinha acima, muitos diriam: “Mafalda estava em
sua casa, quando seu amigo chegou. Ela pediu que ele não As inferências são de extrema importância para a leitura,
fizesse barulho, porque tinha alguém doente. O amigo pensou pois delas depende a compreensão de textos.
que fosse um familiar, mas deparou-se com o mundo.” Qual Um texto só terá sentido para o leitor que for capaz de
sentido tem essa descrição? Nenhum, não é verdade? estabelecer as relações entre as suas partes, ou seja, entre as
Então, para encontrar a essência do texto, é preciso partir palavras, frases, parágrafos, a relação entre o texto e o título,
dos fatos e procurar o sentido que eles querem estabelecer. entre o texto e a ilustração, etc., e isto implica fazer inferências.
O fato apresentado na tira é que o mundo está doente, por
isso precisa de cuidados. Isso é possível? Literalmente, não.
Entretanto, se usarmos a linguagem conotativa, é possível
inferir, ou seja, interpretar, deduzir, que o objetivo da tira era
Ambiguidade.
chamar a atenção das pessoas para a “doença” do mundo. Em
que aspectos? Os mais diversos: desigualdade social, fome,
guerras, violência, poluição, preconceito, falta de amor etc. E Ambiguidade
agora, faz sentido? Então, só agora houve entendimento.
É importante destacar que quando a área de atuação é a A ambiguidade surge quando algo que está sendo dito
escola, falar de interpretação é falar de inferência, de admite mais de um sentido, comprometendo a compreensão
conclusão, de dedução. Então, ao ler um texto, busque sempre do conteúdo. Isso pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a
sua essência. conclusões equivocadas na interpretação do texto. A
ambiguidade é um dos problemas que podem ser evitados.
Informações Literais e Inferências A inadequação ou a má colocação de elementos como
pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e até mesmo
Muitas vezes, os leitores reconhecem e compreendem as enunciados inteiros podem acarretar em duplo sentido,
palavras de um texto, mas se mostram incapazes de perceber comprometendo a clareza do texto. Observe os exemplos que
satisfatoriamente o seu sentido como um todo. seguem:
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que o texto nem "O professor falou com o aluno parado na sala"
sempre fornece todas as informações possíveis. Há elementos Neste caso, a ambiguidade decorre da má construção
implícitos que precisam ser recuperados pelo leitor para a sintática deste enunciado. Quem estava parado na sala? O
produção do sentido. A partir de elementos presentes no texto, aluno ou o professor? A solução é, mais uma vez, colocar
estabelecemos relações com as informações implícitas. Por "parado na sala" logo ao lado do termo a que se refere: "Parado
isso, o leitor precisa estabelecer relações dos mais diversos na sala, o professor falou com o aluno"; ou "O professor falou
tipos entre os elementos do texto e o contexto, de forma a com o aluno, que estava parado na sala".
interpretá-lo adequadamente. Algumas atividades são
realizadas com esse objetivo. Entre elas está a produção de "A polícia cercou o ladrão do banco na Rua Santos."
pressuposições, inferências ou subentendidos.
Pressuposição: é o conteúdo que fica à margem da O banco ficava na Rua Santos, ou a polícia cercou o ladrão
discussão, é o conteúdo implícito. Assim, a frase “José parou nessa rua? A ambiguidade resulta da má colocação do adjunto
de beber ” veicula a pressuposição de que José bebia antes; adverbial. Para evitar isso, coloque "na Rua Santos" mais perto
“José passou a estudar à noite” contém a pressuposição de que do núcleo de sentido a que se refere: “Na rua Santos, a polícia
antes estudava de dia, mas contém também a pressuposição de cercou o ladrão”; ou “A polícia cercou o ladrão do banco que se
que ele não estudava antes, dependendo da ênfase colocada localiza na rua Santos”.
em passar a ou em à noite.
Inferências: são informações normais que não precisam "Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com frequência
ser explicitadas no momento da produção do texto; são apresentam sintomas de irritabilidade e depressão."
também chamadas de subentendidos.
O exemplo seguinte ajuda a entender esta noção: Mais uma vez a duplicidade de sentido é provocada pela
má colocação do adjunto adverbial. Assim, pode-se entender
“Maria foi ao cinema, assistiu ao filme sobre dinossauros e que "As pessoas que, com frequência, consomem bebidas
voltou para casa.” alcoólicas apresentam sintomas de irritabilidade e depressão"
ou que "As pessoas que consomem bebidas alcoólicas
Lendo esta frase, o leitor recupera os conhecimentos apresentam, com frequência, sintomas de irritabilidade e
relativos ao ato de ir ao cinema: no cinema existem cadeiras, depressão".
tela, bilheteria; há uma pessoa que vende bilhetes, outra que
os recolhe na entrada; a sala fica escura durante a projeção, etc. Em certos casos, a ambiguidade pode se transformar num
Enfim, isto não precisa ser dito explicitamente. Se assim não importante recurso estilístico na construção do sentido do
fosse, que extensão teriam nossos textos para fornecer, texto. O apelo a esse recurso pode ser fundamental para
sempre que necessário, todas estas informações? provocar o efeito polissêmico do texto. Os textos literários, de
Daí a importância das inferências na interação verbal. Se maneira geral (como romances, poemas ou crônicas), são
quiséssemos dizer que Maria não conseguiu ver o filme até o textos com predomínio da linguagem conotativa (figurada).
final, isto teria que ser explicitado, porque, normalmente, a Nesse caso, o caráter metafórico pode derivar do emprego
pessoa vê o filme inteiro. deliberado da ambiguidade.
A retomada do texto através de inferências é feita com base Podemos verificar a presença da ambiguidade como
em significados que compreendemos, mas não estão recurso literário analisando a letra da canção "Jack Soul
manifestados, ao contrário do que se passa com os processos Brasileiro", do compositor Lenine.
de informação literais.
Já que sou brasileiro
Fonte: E que o som do pandeiro é certeiro e tem direção
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html? Já que subi nesse ringue
aula=49268 E o país do suingue é o país da contradição

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APOSTILAS OPÇÃO

Eu canto pro rei da levada A palavra “gato” é usada nas três frases, porém, em cada
Na lei da embolada, na língua da percussão uma das ocasiões ela apresenta um significado diferente. No
A dança, a muganga, o dengo primeiro exemplo, “gato” é uma gíria usada para se referir à
A ginga do mamulengo aparência do rapaz. No segundo, a palavra remete ao animal
O charme dessa nação (...) “gato”. Por fim, no terceiro caso, o “gato” é uma atividade ilegal
feita por alguém para que obtivesse energia elétrica diante de
Podemos observar que o primeiro verso ("Já que sou uma emergência. Nota-se que o sentido da palavra mudou de
brasileiro") permite até três interpretações diferentes. A acordo com o contexto em que ela estava inserida,
primeira delas corresponde ao sentido literal do texto, em que confirmando-se a premissa da polissemia.
o poeta afirma-se como brasileiro de fato. A segunda É possível perceber que alguns desses contextos passaram
interpretação permite pensar em uma referência ao cantor e a fazer sentido por questões sociais, culturais ou históricas
compositor Jackson do Pandeiro - o "Zé Jack" -, um dos maiores adquiridas ao longo do tempo. Vale ressaltar, no entanto, que
ritmistas de todos os tempos, considerado um ícone da o sentido original descrito no dicionário é o que prevalece,
história da música popular brasileira, de quem Lenine se diz sendo os demais atribuídos pela analise contextual.
seguidor. A terceira leitura para esse verso seria a referência à
"soul music" norte-americana, que teve grande influência na Polissemia e homonímia
música brasileira a partir da década de 1960.
Na publicidade, é possível observar o "uso e o abuso" da É comum que se confundam os significados de polissemia
linguagem plurissignificante, por meio dos trocadilhos e jogos e homonímia. No entanto, existe uma diferença substancial
de palavras. Esse procedimento visa chamar a atenção do entre eles: polissemia remete a uma palavra que apresenta
interlocutor para a mensagem. Para entender melhor, vamos diversos significados que se encaixam em diversos contextos,
analisar a seguir um anúncio publicitário veiculado por várias enquanto homonímia refere-se a duas ou mais palavras que
revistas importantes. apresentam origens e significados distintos, mas possuem
grafia e fonologia idênticas.
Sempre presente - Ferracini Calçados
Por exemplo, “manga” é uma palavra que representa um
O slogan "Sempre presente" pode apresentar, de início, caso de homonímia. O termo designa tanto uma fruta quanto
duas leituras possíveis: o calçado Ferracini é sempre uma boa uma parte da camisa. Não se trata de uma polissemia por que
opção para presentear alguém; ou, ainda, o calçado Ferracini os dois significados são próprios da palavra e têm origens
está sempre presente em qualquer ocasião, já que, supõe-se, diferentes. Por esse motivo, muitos especialistas defendem
pode ser usado no dia a dia ou em uma ocasião especial. que a palavra “manga” deveria possuir duas entradas distintas
no dicionário.

Polissemia e ambiguidade
Polissemia.
Tanto a polissemia quanto a ambiguidade são elementos
da linguagem que podem provocar confusões na interpretação
Polissemia de frases. No caso da ambiguidade, geralmente, o enunciado
apresenta uma construção de palavras que permite mais de
Polissemia9 é a propriedade que uma mesma palavra tem uma interpretação para a frase em questão. Nem sempre se
de apresentar mais de um significado nos múltiplos contextos trata de uma palavra que tenha mais de um significado, mas de
em que aparece. Veja alguns exemplos de palavras como as palavras estão dispostas na frase, permitindo que as
polissêmicas: informações sejam interpretadas de mais de uma maneira.
Cabo (posto militar, acidente geográfico, cabo da vassoura, Já no caso da polissemia, por uma mesma palavra possuir
da faca) mais de um significado, ela pode fazer com que as pessoas não
Banco (instituição comercial financeira, assento) compreendam o sentido usado no primeiro contato com a
Manga (parte da roupa, fruta) frase e interpretem o enunciado de uma maneira diferente do
que ele era intencionado. Neste caso, para que isso não ocorra,
A palavra polissemia vem do grego polysemos e remete a é importante que fique claro qual é o contexto em que a
“algo que tem muitos significados”. Na língua portuguesa, a palavra foi usada.
polissemia corresponde a uma área da linguística que estuda
palavras que têm a mesma grafia, mas possuem significados
diferentes dependendo do contexto em que estão inseridas. Intertextualidade.
Essas diferenças nos sentidos das palavras podem estar
relacionadas a diferentes motivos, tais quais a afinidade
etimológica do termo, seu uso em metáforas e suas variações
em contextos nos quais a palavra se torna monossêmica em Intertextualidade
favor da comunicação. Monossemia é o oposto de polissemia,
ou seja, quando a palavra tem um único significado. Diálogo entre dois ou mais textos, que não precisam ser
A polissemia é trabalhada em uma sessão da gramática necessariamente de um mesmo gênero, a intertextualidade é
normativa chamada Semântica. É possível ver o fenômeno na um fenômeno que pode manifestar-se de diferentes maneiras.
prática nos exemplos a seguir: Essa ocorrência pode ser implícita ou explícita, feita por
meio de paródia ou por meio da paráfrase. O que esses
Aquele rapaz é um gato. variados tipos têm em comum? Todos eles resgatam
O gato subiu na árvore. referências nos chamados textos-fonte, que são aqueles textos
Como a energia não voltou, precisei fazer um gato. considerados fundamentais em uma cultura.

9https://www.significadosbr.com.br/polissemia
http://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman5.php

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APOSTILAS OPÇÃO

Para que você entenda melhor o conceito de Não permita Deus que eu morra,
intertextualidade, basta analisar a estrutura da palavra: inter Sem que eu volte para lá;
é um sufixo de origem latina e faz referência à noção de Sem que desfrute os primores
relação. Por isso, é correto afirmar que a intertextualidade
refere-se às relações entre os textos, assim como é correto Que não encontro por cá;
afirmar que todo texto, em maior ou menor grau, é um Sem qu’inda aviste as palmeiras,
intertexto, e isso acontece em virtude das relações dialógicas Onde canta o Sabiá.
firmadas. Veja só um exemplo:
Canto de regresso à pátria
Bom conselho (Oswald de Andrade)

Ouça um bom conselho Minha terra tem palmares


Que eu lhe dou de graça Onde gorjeia o mar
Inútil dormir que a dor não passa Os passarinhos daqui
Espere sentado Não cantam como os de lá
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Venha, meu amigo Minha terra tem mais ouro
Deixe esse regaço Minha terra tem mais terra
Brinque com meu fogo
Venha se queimar Ouro terra amor e rosas
Faça como eu digo Eu quero tudo de lá
Faça como eu faço Não permita Deus que eu morra
Aja duas vezes antes de pensar Sem que volte para lá

Corro atrás do tempo Não permita Deus que eu morra


Vim de não sei onde Sem que volte pra São Paulo
Devagar é que não se vai longe Sem que veja a Rua 15
Eu semeio o vento E o progresso de São Paulo.
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade. No exemplo acima, o texto-fonte é o poema de Gonçalves
Chico Buarque Dias, um dos principais representantes da primeira fase do
Romantismo brasileiro. A partir dele, Oswald de Andrade, que
Ao ler a letra da música composta por Chico Buarque, você integrou o movimento modernista, construiu uma paródia,
notou algo familiar? Provavelmente sim! Isso aconteceu transportando o poema escrito no século XIX para a então
porque o cantor e compositor apropriou-se de alguns ditados realidade da segunda década do século XX, dando-lhe assim
populares, mas em vez de citá-los, isto é, empregá-los como um ar de modernidade.
eles exatamente são, Chico optou por parodiá-los, invertendo Como você pôde perceber, a intertextualidade pode
seus significados e atribuindo-lhes novos sentidos, o que acontecer com textos dos variados gêneros: pode surgir em
confere à música o efeito de humor. Esse tipo de estratégia uma letra de música, em um poema, nos textos em prosa e até
textual é muito comum na literatura brasileira, recorrente mesmo nos textos publicitários. Só é capaz de reconhecê-la o
principalmente no gênero poema. Veja outro exemplo de leitor habilidoso, aquele que já entrou em contato com
intertextualidade: diversos textos-fonte ao longo da vida. Isso significa que a
interpretação de texto não depende apenas do conhecimento
Canção do Exílio do código (nossa língua portuguesa), mas também das
(Gonçalves Dias) relações intertextuais que influenciam de maneira decisiva o
processo de compreensão e de produção de textos.
Minha terra tem palmeiras, Nas nossas conversas do dia a dia, muitas vezes fazemos
Onde canta o Sabiá; referência ao modo de dizer, aos gestos, às palavras ditas,
As aves, que aqui gorjeiam, manifestados por uma determinada pessoa, seja aquele
Não gorjeiam como lá. personagem da televisão, aquele amigo de quem gostamos
muito, alguém da família, enfim, várias são as pessoas às quais
Nosso céu tem mais estrelas, podemos nos referir. Quando escrevemos, também podemos
Nossas várzeas têm mais flores, proceder da mesma forma, fazendo alusão (referência) às
Nossos bosques têm mais vida, palavras ditas por aquele escritor que admiramos, àquela
Nossa vida mais amores. canção de que gostamos, entre outros casos. Saiba que todas
essas situações representam casos de intertextualidade. No
Em cismar, sozinho, à noite, entanto, ela pode estar presente em muitas outras
Mais prazer encontro eu lá; circunstâncias, como é o caso dos anúncios publicitários. Veja
Minha terra tem palmeiras, alguns exemplos:
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

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APOSTILAS OPÇÃO

Frequenta agora as festas do “Grand Monde”

Meus heróis morreram de overdose


Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver
O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock ‘n’ roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
A intertextualidade se encontra presente nos anúncios (Mudar o mundo)
publicitários: esse da ilustração se trata de uma marca de um Agora assiste a tudo em cima do muro
produto de limpeza (Bombril)
Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver
A (Cazuza e Roberto Frejat)

E as ilusões estão todas perdidas (v. 3)


Este verso pode ser lido como uma alusão a um livro
intitulado Ilusões perdidas, de Honoré de Balzac. Tal
procedimento constitui o que se chama de:
a) intertextualidade
b) pertinência
intextualidade presente nos anúncios publicitários c) pressuposição
d) metáfora
Nesse exemplo temos um anúncio publicitário de um e) anáfora.
produto alimentício (Leite Moça) que faz referência à música
de Rita Lee, Mania de você. 02. Hora do mergulho

Feche a porta, esqueça o barulho


feche os olhos, tome ar: é hora do mergulho

eu sou moço, seu moço, e o poço não é tão fundo


super-homem não supera a superfície
nós mortais viemos do fundo
eu sou velho, meu velho, tão velho quanto o mundo

A intertextualidade fazendo alusão à pintura eu quero paz:


uma trégua do lilás-neon-Las Vegas
Aqui temos a intertextualidade realizada entre a criação de profundidade: 20.000 léguas
Matt Groening, criador dos Simpsons, e a obra A persistência “se queres paz, te prepara para a guerra”
da memória, de Salvador Dalí. “se não queres nada, descansa em paz”
Ao analisarmos todos esses exemplos, chegamos à “luz” - pediu o poeta
conclusão de que intertextualidade se conceitua como o (últimas palavras, lucidez completa)
diálogo que se estabelece entre os textos verbais e não verbais. depois: silêncio

Fontes: brasilescola.uol.com.br/redacao/intertextualidade-.htm esqueça a luz... respire o fundo


escolakids.uol.com.br/intertextualidade.htm eu sou um déspota esclarecido
http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-
nessa escura e profunda mediocracia.
redacao/exercicios-sobre-intertextualidade-explicita-implicita.htm

Questões (Engenheiros do Hawaii, composição de Humberto


Gessinger)
01. Ideologia
Na letra da canção, Humberto Gessinger faz referência a
Meu partido um famoso provérbio latino: si uis pacem, para bellum, cuja
É um coração partido tradução é Se queres paz, te prepara para a guerra. Nesse tipo
E as ilusões estão todas perdidas de citação, encontramos o seguinte recurso:
Os meus sonhos foram todos vendidos a) intertextualidade explícita.
Tão barato que eu nem acredito b) intertextualidade implícita.
Eu nem acredito c) intertextualidade implícita e explícita.
Que aquele garoto que ia mudar o mundo d) tradução.
(Mudar o mundo) e) referência e alusão.

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APOSTILAS OPÇÃO

05.
03.

Disponível em Super Interessante. Acesso em 10 out. 2014

O gordo é o novo fumante

Nunca houve tanta gente acima do peso – nem tanto


preconceito contra gordos.
De um lado, o que há por trás é uma positiva discussão
sobre saúde. Por outro, algo de podre: o nascimento de uma
nova eugenia.

(Adaptado de: Super Interessante. Editora Abril. 306.ed. jul. 2012. p.21.)

Em relação ao texto, considere as afirmativas a seguir:


I. O código não verbal, principalmente no que se refere ao
segundo desenho, revela o discurso preconceituoso e,
consequentemente, um aspecto ideológico. A intertextualidade pode ser encontrada nos diversos
II. O sentido de proibição é captado por meio da gêneros textuais, inclusive nas histórias em quadrinhos
intertextualidade estabelecida entre os códigos não verbais a
qual, por sua vez, revela aspectos ligados ao gênero do humor. O cartum Vida de Passarinho, do cartunista Caulos,
III. O conteúdo expresso na placa revela que, futuramente, estabelece um interessante diálogo com um famoso texto-
indivíduos obesos sofrerão ainda mais discriminação social. fonte de nossa literatura. Assinale a alternativa que cita esse
IV. O efeito de sentido expresso pelo conteúdo não verbal texto-fonte:
serve para reforçar o caráter polissêmico da placa. a) Canção do exílio, de Gonçalves Dias.
b) Erro de português, de Oswald de Andrade.
Assinale a alternativa correta: c) No meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. e) Não há vagas, de Ferreira Gullar.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. d) José, de Carlos Drummond de Andrade.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. Gabarito
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
01. (A) - Entende-se por intertextualidade a criação de um
04. Sobre a intertextualidade, assinale a alternativa texto a partir de outro preexistente, do qual são retirados
incorreta: elementos, como no caso da música Ideologia, em que Cazuza
a) A intertextualidade implícita não se encontra na utiliza o título do livro de Honoré de Balzac para ilustrar seu
superfície textual, visto que não fornece para o leitor pessimismo.
elementos que possam ser imediatamente relacionados com
algum outro tipo de texto-fonte. 02. (B) - Na letra da canção há uma referência a um famoso
b) Todo texto, em maior ou menor grau, é um intertexto, provérbio latino: si uis pacem, para bellum, cuja tradução é Se
pois é normal que durante o processo da escrita aconteçam queres paz, te prepara para a guerra, exemplificando, assim,
relações dialógicas entre o que estamos escrevendo e outros aquilo que chamamos de intertextualidade implícita, pois não
textos previamente lidos por nós. foi feita a citação do texto-fonte.
c) Na intertextualidade explícita, ficam claras as fontes nas
quais o texto baseou-se e acontece, obrigatoriamente, de 03. (D) - A alternativa IV está incorreta porque não há
maneira intencional. Pode ser encontrada em textos do tipo efeito polissêmico no conteúdo não verbal, uma vez que as
resumo, resenhas, citações e traduções. placas devem ter um único sentido para não confundir
d) A intertextualidade sempre acontece de maneira pedestres e motoristas.
proposital. É um recurso que deve ser evitado, pois privilegia
o plágio dos textos-fonte em detrimento de elementos que 04. (D) - A intertextualidade pode acontecer de maneira
confiram originalidade à escrita. proposital ou não, mas é certo que cada texto faz parte de uma
corrente de produções verbais e, conscientemente ou não,
retomamos, ou contestamos, os chamados textos-fonte,
fundamentais na memória coletiva de uma sociedade.

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05. (C) - Leia o poema e observe sua influência para a Fala


criação da história em quadrinhos de Caulos:
No meio do caminho É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato
No meio do caminho tinha uma pedra individual, pois cada indivíduo, para a manifestação da fala,
tinha uma pedra no meio do caminho pode escolher os elementos da língua que lhe convém,
tinha uma pedra conforme seu gosto e sua necessidade, de acordo com a
no meio do caminho tinha uma pedra. situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente
Nunca me esquecerei desse acontecimento sociocultural em que vive, etc. Desse modo, dentro da unidade
na vida de minhas retinas tão fatigadas. da língua, há uma grande diversificação nos mais variados
Nunca me esquecerei que no meio do caminho níveis da fala. Cada indivíduo, além de conhecer o que fala,
tinha uma pedra conhece também o que os outros falam; é por isso que somos
tinha uma pedra no meio do caminho capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus de
no meio do caminho tinha uma pedra. cultura, embora nem sempre a linguagem delas seja
Carlos Drummond de Andrade exatamente como a nossa.

Níveis da fala
Tipos de linguagem. Devido ao caráter individual da fala, é possível observar
alguns níveis:

Língua Falada e Língua Escrita Nível coloquial-popular: é a fala que a maioria das
pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente em situações
Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utiizá-lo,
meios de comunicação distintos. A escrita representa um não nos preocupamos em saber se falamos de acordo ou não
estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais com as regras formais estabelecidas pela língua.
espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua
totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, Nível formal-culto: é o nível da fala normalmente utilizado
algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua pelas pessoas em situações formais. Caracteriza-se por um
escrita não é apenas a representação da língua falada, mas sim cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras
um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta gramaticais estabelecidas pela língua.
com o jogo fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante.
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, Diferenças existentes entre a língua falada e a escrita
mas existem usos diferentes da língua devido a diversos
fatores. Dentre eles, destacam-se: Língua Falada:

Fatores regionais: é possível notar a diferença do Palavra sonora;


português falado por um habitante da região nordeste e outro Requer a presença dos interlocutores;
da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, Ganha em vivacidade;
também há variações no uso da língua. No estado do Rio É espontânea e imediata;
Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua Uso de palavras-curinga, de frases feitas;
utilizada por um cidadão que vive na capital e aquela utilizada É repetitiva e redundante;
por um cidadão do interior do estado. O contexto extralinguístico é importante;
A expressividade permite prescindir de certas regras;
Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação A informação é permeada de subjetividade e influenciada
cultural de um indivíduo também são fatores que colaboram pela presença do interlocutor.
para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada
utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não Recursos: signos acústicos e extralinguísticos, gestos,
teve acesso à escola. entorno físico e psíquico

Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo Língua Escrita:


com a situação em que nos encontramos: quando conversamos
com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se Palavra gráfica
estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura. É mais objetiva.
É possível esquecer o interlocutor
Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades É mais sintética.
requer o domínio de certas formas de língua chamadas A redundância é um recurso estilístico
línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas Comunicação unilateral.
formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico Ganha em permanência
de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da Mais correção na elaboração das frases.
informática, biólogos, médicos, linguistas e outros Evita a improvisação
especialistas. Pobreza de recursos não-linguísticos; uso de letras, sinais
de pontuação
Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre É mais precisa e elaborada.
influência de fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança Ausência de cacoetes linguísticos e vulgarismos
não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí O contexto extralinguístico tem menos influência
falar-se em linguagem infantil e linguagem adulta.
Registros da língua falada

Há pelo menos dois níveis de língua falada: a culta ou


padrão e a coloquial ou popular. A linguagem coloquial

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APOSTILAS OPÇÃO

também aparece nas gírias, na linguagem familiar, na Desenvolvimento


linguagem vulgar e nos regionalismos e dialetos.
Essas variações são explicadas por vários fatores: Estruturalmente, é a maior parte contida no texto.
Diversidade de situações em que se encontra o falante: O desenvolvimento estabelece uma relação entre a
uma solenidade ou uma festa entre amigos. introdução e a conclusão, pois é nesta etapa que as ideias,
Grau de instrução do falante e também do ouvinte. argumentos e posicionamento do autor vão sendo formados e
Grupo a que pertence o falante. Este é um fator desenvolvidos com o intuito de dirigir a atenção do leitor para
determinante na formação da gíria. a conclusão.
Localização geográfica: há muitas diferenças entre o falar Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e
de um nordestino e o de um gaúcho, por exemplo. Essas capazes de fazer com que o leitor anteceda a conclusão.
diferenças constituem os regionalismos e os dialetos.
Os três principais erros cometidos durante a elaboração do
Atenção: o dialeto é a variedade regional de uma língua. desenvolvimento são:
Quando as diferenças regionais não são suficientes para 1. Distanciamento do texto em relação à discussão inicial.
constituir um dialeto, utiliza-se os termos regionalismos ou 2. Concentrar-se em apenas um tópico do tema e esquecer
falares para designá-las. E as pichações têm características da os demais.
linguagem falada. 3. Tecer muitas ideias ou informações e não conseguir
organizá-las ou relacioná-las, dificultando, assim, a linha de
A língua falada como recurso literário entendimento do leitor.

A transcrição da língua falada é um recurso cada vez mais Conclusão


explorado pela literatura graças à vivacidade que confere ao
texto. É o ponto de chegada de todas as argumentações elencadas
Observe, no trecho seguinte, algumas das características no desenvolvimento, ou seja, é o fechamento do texto e dos
da língua falada, tais como o uso de gírias e de expressões questionamentos propostos pelo autor.
populares e regionais; incorreções gramaticais (erros na Na elaboração da conclusão deve-se evitar as construções
conjugação verbal e colocação de pronomes) e repetições: padrões como: “Portanto, como já dissemos antes...”,
“Concluindo...”, “Em conclusão, ...”.
Exemplo:
“– Menino, eu nada disto sei dizer. A outro eu não falava, Parágrafo
mas a ti eu digo. Eu não sei que gosto tem esse bicho de mulher.
Eu vi Aparício se pegando nas danças, andar por aí atrás das Esteticamente, o parágrafo se caracteriza como um sutil
outras, contar histórias de namoro. E eu nada. Pensei que fosse recuo em relação à margem esquerda da folha;
doença, e quem sabe não é? Cantador assim como eu, Bentinho, conceitualmente, o parágrafo completo deve dispor de
é mesmo que novilho capado. Tenho desgosto. A voz de introdução, desenvolvimento e conclusão.
Domício era de quem falava para se confessar: * Introdução – também denominada de tópico frasal,
– Desgosto eu tenho, pra que negar?... “ constitui-se pela apresentação da ideia principal, feita de
(Pedra Bonita, de José Lins do Rego) maneira sintética de acordo com os objetivos do autor...
* Desenvolvimento – fundamenta-se na ampliação do
Registros da língua escrita tópico frasal, atribuído pelas ideias secundárias, com vistas a
reforçar e conferir credibilidade na discussão.
Além dos dois grandes níveis – língua culta e língua * Conclusão – caracteriza-se pela retomada da ideia central
coloquial –, os registros escritos são tão distintos quanto as associando-a aos pressupostos mencionados no
necessidades humanas de comunicação. Destacam-se, entre desenvolvimento, procurando arrematá-los.
outros, os registros jornalísticos, jurídicos, científicos,
literários e epistolares. Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com
introdução, desenvolvimento e conclusão):
Fontes:
http://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman4.php (Ideia-núcleo) A poluição que se verifica principalmente
http://www.vestibular1.com.br/redacao/red020.htm nas capitais do país é um problema relevante, para cuja
solução é necessária uma ação conjunta de toda a sociedade.
Estrutura textual. (Ideia secundária) O governo, por exemplo, deve rever sua
Progressão temática. legislação de proteção ao meio ambiente, ou fazer valer as leis
Paragrafação. Enunciado. em vigor; o empresário pode dar sua contribuição, instalando
filtro de controle dos gases e líquidos expelidos, e a população,
utilizando menos o transporte individual e aderindo aos
Estruturação dos Textos e Parágrafos programas de rodízio de automóveis e caminhões, como já
ocorre em São Paulo.
Os elementos essenciais para a composição de um texto
são: introdução, desenvolvimento e conclusão10. (Conclusão) Medidas que venham a excluir qualquer um
Analisemos cada uma das partes separadamente: desses três setores da sociedade tendem a ser inócuas no
combate à poluição e apenas onerar as contas públicas.
Introdução

Apresentação direta e objetiva da ideia central do texto.


Caracteriza-se por ser o parágrafo inicial.

10 https://www.algosobre.com.br/redacao/a-unidade-basica-do-texto-estrutura-
do-paragrafo.html

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“Do outro lado da parede”


Coesão. Coerência. Meu laço de botina.
Recebi a tua comunicação, escrita do beiral da viragem
sempieterna. Foi um tiro no alvo do coração, se bem que ele já
COERÊNCIA E COESÃO esteja treinado.
A culpa de tudo quem tem-na é esse bandido desse coronel
Não basta conhecer o conteúdo das partes de um trabalho: do Exército Brasileiro que nos inflicitou.
introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de saber o que Reflete antes de te matares! Reflete Joaninha.
se deve (e o que não se deve) escrever em cada parte Principalmente se ainda é tempo! És uma tarada.
constituinte do texto, é preciso saber escrever obedecendo às Quando te conheci, Chez Hippolyte querias falecer dia e
normas de coerência e coesão. Antes de tudo, é necessário noite. Enfim, adeus.
definir os termos: coerência diz respeito à articulação do texto, Nunca te esquecerei. Never more! Como dizem os corvos."
à compatibilidade das ideias, à lógica do raciocínio, a seu João da Slavonia (Andrade, O., 1971, p. 201-202)
conteúdo. Coesão refere-se à expressão linguística, ao nível
gramatical, às estruturas frasais e ao emprego do vocabulário. Embora as frases sejam sintaticamente coesas, nota-se
Coerência e coesão relacionam-se com o processo de que, neste texto, não há coerência, não se observa uma linha
produção e compreensão do texto, a coesão contribui para a lógica de raciocínio na expressão das ideias. Percebe-se
coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta vagamente que a personagem João Slavonia teria recebido
coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente uma mensagem de Joaninha (Recebi a tua comunicação),
coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em ameaçando cometer suicídio (Reflete antes de te matares!). A
outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem última frase contém uma alusão ao poema "O corvo", de Edgar
construído, com frases bem estruturadas, vocabulário correto, Alan Poe.
mas apresentar ideias disparatadas, sem nexo, sem uma
sequência lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, A respeito das relações entre coerência e coesão,
um texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas, Guimarães diz:
sem que no plano da expressão, as estruturas frasais sejam
gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão. "O exposto autoriza-nos a seguinte conclusão: ainda que
Na obra de Oswald de Andrade, por exemplo, distinguiveis (a coesão diz respeito aos modos de interconexão
encontram-se textos coerentes sem coesão, ou textos coesos, dos componentes textuais, a coerência refere-se aos modos como
mas sem coerência. Em Carlos Drummond de Andrade, há os elementos subjacentes à superfície textual tecem a rede do
inúmeros exemplos de textos coerentes, sem coesão sentido), trata-se de dois aspectos de um mesmo fenômeno - a
gramatical no plano sintático. A linguagem literária admite coesão funcionando como efeito da coerência, ambas cúmplices
essas liberdades, o que não vem ao caso, pois na linguagem no processamento da articulação do texto."
acadêmica, referencial, a obediência às normas de coerência e A coerência textual subjaz ao texto e é responsável pela
coesão são obrigatórias. Ainda assim, para melhor hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela tem origem
esclarecimento do assunto, apresentam-se exemplos de nas estruturas profundas, no conhecimento do mundo de cada
coerência sem coesão e coesão sem coerência: pessoa, aliada à competência linguística, que permitirá a
expressão das ideias percebidas e organizadas, no processo de
“Cidadezinha Qualquer” codificação referido na página... Deduz-se daí que é difícil,
senão impossível, ensinar coerência textual, intimamente
Casas entre bananeiras ligada à visão de mundo, à origem das ideias no pensamento.
mulheres entre laranjeiras A coesão, porém, refere-se à expressão linguística, aos
pomar amor cantar: processos sintáticos e gramaticais do texto.

Um homem vai devagar O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão:


Um cachorro vai devagar. Coerência é a relação semântica que se estabelece entre as
Um burro vai devagar diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está
ligada ao entendimento, à possibilidade de interpretação
Devagar.. as janelas olham. daquilo que se ouve ou lê. Enquanto a coesão está para os
Eta vida besta, meu Deus." elementos conectores de ideias no texto, a coerência está para
(Andrade, 1973, p. 67) a harmonia interna do texto, o sentido.
Coesão é a ligação entre as partes do texto (palavras,
Apesar da aparente falta de nexo, percebe-se nitidamente expressões, frases, parágrafos) por meio de determinados
a descrição de uma cidadezinha do interior: a paisagem rural, elementos linguísticos.11
o estilo de vida sossegado, o hábito de bisbilhotar, de vigiar das
janelas tudo o que se passa lá fora. No plano sintático, a Coerência
primeira estrofe contém apenas frases ou sintagmas nominais
(cantar pode ser verbo ou substantivo - os meu cantares = as - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
minhas canções); as demais, não apresentam coesão - uma - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão
frase não se relaciona com outra, mas, pela forma de conceitual;
apresentação, colaboram para a coerência do texto. - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo,
com o aspecto global do texto;
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.

Coesão

- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;

11 PESTANA, Fernando. A Gramática para Concursos. Elsevier. 2011.

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APOSTILAS OPÇÃO

- situa-se na superfície do texto, estabele conexão Exemplos:


sequencial;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as “Coação aos meios de comunicação” tem o sentido de atuar
partes componentes do texto; contra os meios de comunicação; os meios de comunicação
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das sofrem a ação verbal, são coagidos.
frases. “Coação dos meios de comunicação” significa que os meios
de comunicação é que exercem a ação de coagir.
Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibilidade
ou compreensão do texto. Um texto bem redigido tem “Estar inteirada com os fatos” significa participação,
parágrafos bem estruturados e articulados pelo encadeamento interação.
das ideias neles contidas. As estruturas frasais devem ser “Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento dos
coerentes e gramaticalmente corretas, no que respeita à fatos, estar informada.
sintaxe. O vocabulário precisa ser adequado e essa adequação
só se consegue pelo conhecimento dos significados possíveis “Ir de encontro” significa divergir, não concordar.
de cada palavra. Talvez os erros mais comuns de redaçao - “Ir ao encontro” quer dizer concordar.
sejam devidos à impropriedade do vocabulário e ao mau
emprego dos conectivos (conjunções, que têm por função ligar “Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de ideias”
uma frase ou período a outro). Eis alguns exemplos de significa a liberdade não é ameaça;
impropriedade do vocabulário, colhidos em redações sobre “Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de ideias",
censura e os meios de comunicação e outras. isto é, a liberdade fica ameaçada.
"Nosso direito é frisado na Constituição."
Nosso direito é assegurado pela Constituição. “A princípio” indica um fato anterior (A princípio, ela
aceitava as desculpas que Mário lhe dava, mas depois deixou
"Estabelecer os limites as quais a programação deveria de acreditar nele).
estar exposta." “Em princípio” indica um fato de certeza provisória (Em
Estabelecer os limites aos quais a programação deveria princípio, faremos a reunião na quarta-feira quer dizer que a
estar sujeita. reunião será na quarta-feira, se todos concordarem, se houver
possibilidade, porém admite a ideia de mudar a data).
“A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.” “Por princípio” indica crença ou convicção (Por princípio,
A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sou contra o racismo).
sensacionalistas ou punir os meios de comunicação que
veiculam tais notícias. Quanto à regência verbal, convém sempre consultar um
dicionário de verbos e regimes, pois muitos verbos admitem
“Retomada das rédeas da programação.” duas ou três regências diferentes; cada uma, porém, tem um
Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no que significado específico. Lembre-se, a propósito, de que as
diz respeito a programação. dúvidas sobre o emprego da crase decorrem do fato de
considerar-se crase como sinal de acentuação apenas, quando
“Os meios de comunicação estão sendo apelativos, o problema refere-se à regencia nominal e verbal.
vulgarizando e deteriorando indivíduos.” Exemplos:
Os meios de comunicação estão recorrendo a expedientes O verbo assistir admite duas regências:
grosseiros vulgarizando o nível dos programas e assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar
desrespeitando os telespectadores. assistência (O médico assiste o doente):
Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti ao
“A discussão deste assunto é inerente à sociedade.” jogo da seleção).
A discussão deste assunto é tarefa da sociedade (compete
à sociedade). Inteirar o/a (transitivo direto) significa completar (Inteirei
o dinheiro do presente).
“Na verdade, daquele autor eles pegaram apenas a Inteirar do (transitivo direto e indireto), significa informar
nomenclatura...” alguém de..., tomar ou dar conhecimento de algo para alguém
Na verdade, daquele autor eles adotaram (utilizaram) (Quero inteirá-la dos fatos ocorridos...).
apenas a nomenclatura...
Pedir o (transitivo direto) significa solicitar, pleitear (Pedi o
“A ordem e forma de apresentação dos elementos das jornal do dia).
referências bibliográficas são mostradas na NBR 6023 da ABNT” Pedir que - contém uma ordem (A professora pediu que
(são regulamentadas pela NBR 6023 da ABNT). fizessem silêncio).
Pedir para - pedir permissão (Pediu para sair da classe);
O emprego de vocabulário inadequado prejudica muitas significa também pedir em favor de alguém (A Diretora pediu
vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redigir, ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos, pedir algo
empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo a alguém (para si): (Pediu ao colega para ajudá-lo); pode
enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conhecimentos significar ainda exigir, reclamar (Os professores pedem
linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o significado aumento de salário).
de determinada palavra, mas não sabe empregá-la
adequadamente, isso ocorre frequentemente com o emprego O mau emprego dos pronomes relativos também pode
dos conectivos (preposições e conjunções). Não basta saber levar à falta de coesão gramatical. Frequentemente,
que as preposições ligam nomes ou sintagmas nominais no emprega-se no qual ou ao qual em lugar do -que, com prejuízo
interior das frases e que as conjunções ligam frases dentro do da clareza do texto; outras vezes, o emprego é desnecessário
período; é necessário empregar adequadamente tanto umas ou inadequado. Barbosa e Amaral (colaboradora) apresentam
como outras. É bem verdade que, na maioria das vezes, o os seguintes exemplos:
emprego inadequado dos conectivos remete aos problemas de
regência verbal e nominal.

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APOSTILAS OPÇÃO

“Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para mim cirandas esquecidas do menino-moço de outrora, e do
no qual estava sem remetente”. (Chegou com um envelope que moço-homem de hoje, que completa dezoito anos.
(o qual) estava sem remetente). Sou agora a certeza de uma resposta à carta sem remetente
que me comunica a vida. Vejo, na fotografia de mim mesmo, o
“Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da homem que enfrentará a vida, que colherá com seu amor à luta
sensibilidade...” e com seu espírito ambicioso, os frutos do destino.
Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade delas E a música dos passos-futuros na cadência do menino que
(palavras cheias de sensibilidade). deixou de ser, está o ritmo da vitória sobre as dificuldades, a
minha consagração futura do homem, que vencerá o destino e
“Dentro do envelope havia apenas um papel em branco será uma afirmação dentro da sociedade." C. G.
onde atribui muitos significados”: havia apenas um papel em Exemplo de: (Fonseca, 1981, p. 178)
branco ao qual atribui muitos significados (onde significa lugar
no qual). Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação das
frases, aconselha-se levar em conta as seguintes sugestões
“Havia recebido um envelope em meu nome e que não para o emprego correto dos articuladores sintáticos
portava destinatário, apesar que em seu conteúdo havia uma (conjunções, preposições, locuções prepositivas e locuções
folha em branco. ( .. )” conjuntivas).
Não se emprega apesar que, mas apesar de. E mais: apesar Para dar ideia de oposição ou contradição, a articulação
de não ligar corretamente as duas frases, não faz sentido, as sintática se faz por meio de conjunções adversativas: mas,
frases deveriam ser coordenadas por e: não portava porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto (nunca no
destinatário e em seu interior havia uma folha ou: havia entretanto).
recebido um envelope em meu nome, que não portava Podem também ser empregadas as conjunções concessivas
destinatário, cujo conteúdo era uma folha em branco. e locuções prepositivas para introduzir a ideia de oposição
aliada à concessão: embora, ou muito embora, apesar de, ainda
Essas e outras frases foram observadas em redações, que, conquanto, posto que, a despeito de, não obstante.
quando foi proposto o seguinte tema: A articulação sintática de causa pode ser feita por meio de
“Imagine a seguinte situação: conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque, como, por isso
- hoje você está completando dezoito anos. que, visto que, uma vez que, já que. Também podem ser
- Nesta data, você recebe pelo correio uma folha de papel em empregadas as preposições e locuções prepositivas: por, por
branco, num envelope em seu nome, sem indicação do causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em consequência
remetente. de, por motivo de, por razões de.
- Além disso, você ganha de presente um retrato seu e um O principal articulador sintático de condição é o “se”: Se o
disco. Reflita sobre essa situação. time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também
A partir da reflexão feita, redija um texto em prosa, sem expressar condição pelo emprego dos conectivos: caso,
ultrapassar o espaço reservado para redação no caderno de contanto que, desde que, a menos que, a não ser que.
Gabarito." O emprego da preposição “para” é a maneira mais comum
de expressar finalidade. “É necessário baixar as taxas de juros
Como de costume, muito se comentou, até nos jornais da para que a economia se estabilize” ou para a economia se
época, a falta de coerência, as frases sem clareza, pelo mau estabilizar. “Teresa vai estudar bastante para fazer boa prova.”
emprego dos conectivos, como as seguintes: Há outros articuladores que expressam finalidade: afim de,
“Primeiramente achei gozado aqueles dois presentes, pois com o propósito de, na finalidade de, com a intenção de, com o
concluo que nunca deveria esquecer minha infância.” objetivo de, com o fito de, com o intuito de.
Há falta de nexo entre as duas frases, pois uma não é A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio dos
conclusão da outra, nem ao menos estão relacionadas e gozado articuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto, pois, por
deveria ser substituído por engraçado ou estranho. isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso. Para
introduzir mais um argumento a favor de determinada
“A folha pode estar amarrada num cesto de lixo mas o disco conclusão emprega-se ainda. Os articuladores, aliás, além do
repete sempre a mesma música.” mais, além disso, além de tudo, introduzem um argumento
A primeira frase não tem sentido e a segunda não se decisivo, cabal, apresentado como um acréscimo, para
relaciona com a primeira. O conectivo “mas” deveria sugerir justificar de forma incontestável o argumento contrário.
ideia de oposição, o que não ocorre no exemplo anterior. Não Para introduzir esclarecimentos, retificações ou
se percebe relação entre “o disco repete sempre a mesma desenvolvimento do que foi dito empregam-se os
música” e a primeira frase. articuladores: isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. A
conjunção aditiva “e” anuncia não a repetição, mas o
“Mas, ao abrir a porta, era apenas o correio no qual viera desenvolvimento do discurso, pois acrescenta uma informação
trazer-me uma encomenda.” nova, um dado novo, e se não acrescentar nada, é pura
Observa-se o emprego de no qual por o qual, melhor ainda repetição e deve ser evitada.
ficaria que, simplesmente: era apenas o correio que viera Alguns articuladores servem para estabelecer uma
trazer-me uma encomenda. gradação entre os correspondentes de determinada escala. No
alto dessa escala acham-se: mesmo, até, até mesmo; outros
Por outro lado, não mereceram comentários nem situam-se no plano mais baixo: ao menos, pelo menos, no
apareceram nos jornais boas redações como a que se segue: mínimo.
“A vida hoje me cumprimentou, mandou-me minha
fotografia de garoto, com olhos em expectativa admirando o Questões
mundo. Este mundo sem Gabarito para os meus dezoito anos.
Mundo - carta sem remetente, carta interrogativa para moço 01. (CONAB - Contabilidade - IADES) Assinale a
que aguarda o futuro, saboreando o fruto do amanhã. alternativa que preserva as relações morfossintáticas e
Recebi um disco, também, cuja música tem a sonoridade de semânticas do período “Diante de sua rápida adaptação ao solo
passos marchando para o futuro, ao som de melodias de e ao clima, o produto adquiriu importância no mercado,

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APOSTILAS OPÇÃO

transformando-se em um dos principais itens de exportação, (A) I e III.


desde o Império até os dias atuais.” (linhas de 3 a 6). (B) II e IV.
(A) Em face de sua rápida adaptação ao solo e ao clima, o (C) I e IV.
produto adquiriu importância no mercado, porém (D) II e III.
transformou-se em um dos principais itens de exportação, (E) I e II.
desde o Império até os dias atuais.
(B) O produto, em virtude de sua rápida adaptação ao solo 05. (Pref. de Osasco/SP - Motorista De Ambulância -
e ao clima, adquiriu importância no mercado e transformou-se FGV)
em um dos principais itens de exportação, desde o Império até
os dias atuais. Dificuldades no combate à dengue
(C) O produto, por sua rápida adaptação ao solo e ao clima,
adquiriu importância no mercado, todavia, desde o Império A epidemia da dengue tem feito estragos na cidade de São
até os dias atuais, transformou-se, consequentemente, em um Paulo. Só este ano, já foram registrados cerca de 15 mil casos
dos principais itens de exportação. da doença, segundo dados da Prefeitura.
(D) Face sua rápida adaptação ao solo e ao clima, o produto As subprefeituras e a Vigilância Sanitária dizem que existe
adquiriu importância no mercado, e, conquanto, transformou- um protocolo para identificar os focos de reprodução do
se em um dos principais itens de exportação, desde o Império mosquito transmissor, depois que uma pessoa é infectada. Mas
até os dias atuais. quando alguém fica doente e avisa as autoridades, não é bem
(E) O produto transformou-se, desde o Império até os dias isso que acontece.
atuais, em um dos principais itens de exportação por que sua (Saúde Uol).
adaptação ao solo e ao clima foi rápida.
“Só este ano...” O ano a que a reportagem se refere é o ano
02. (TJ/PA - Médico Psiquiatra - VUNESP) Leia o trecho (A) em que apareceu a dengue pela primeira vez.
do primeiro parágrafo para responder à questão. (B) em que o texto foi produzido.
(C) em que o leitor vai ler a reportagem.
Meu amigo lusitano, Diniz, está traduzindo para o francês (D) em que a dengue foi extinta na cidade de São Paulo.
meus dois primeiros romances, Os Éguas e Moscow. Temos (E) em que começaram a ser registrados os casos da
trocado e-mails muito interessantes, por conta de palavras e doença.
gírias comuns no meu Pará e absolutamente sem sentido para
ele. Às vezes é bem difícil explicar, como na cena em que 06. (Pref. De Osasco/SP - Motorista De Ambulância -
alguém empina papagaio e corta o adversário “no gasgo”. FGV) “Se uma dupla com roupas que parecem de astronauta
tocar a campainha da sua casa, não se assuste.”
Os termos muito e bem, em destaque, atribuem aos termos Nesse texto, o termo sublinhado tem por antecedente ou se
aos quais se subordinam sentido de: refere a:
(A) comparação. (A) dupla.
(B) intensidade. (B) astronauta.
(C) igualdade. (C) campainha.
(D) dúvida. (D) roupas.
(E) quantidade. (E) casa.

03. (TJ/PA - Médico Psiquiatra - VUNESP) Assinale a 07. (CEFET/RJ - Revisor De Textos – CESGRANRIO) Em
alternativa em que a seguinte passagem – Mas o vento foi mais qual dos períodos abaixo, a troca de posição entre a palavra
ágil e o papel se perdeu. (terceiro parágrafo) - está reescrita sublinhada e o substantivo a que se refere mantém o sentido?
com o acréscimo de um termo que estabelece uma relação de (A) Algum autor desejava a minha opinião sobre o seu
conclusão, consequência, entre as orações. trabalho.
(A) mas o vento foi mais ágil e, contudo, o papel se perdeu. (B) O mesmo porteiro me entregou o pacote na recepção
(B) mas o vento foi mais ágil e, assim, o papel se perdeu. do hotel.
(C) mas o vento foi mais ágil e, todavia, o papel se perdeu. (C) Meu pai procurou uma certa pessoa para me entregar
(D) mas o vento foi mais ágil e, entretanto, o papel se o embrulho.
perdeu. (D) Contar histórias é uma prazerosa forma de aproximar
(E) mas o vento foi mais ágil e, porém, o papel se perdeu. os indivíduos.
(E) Grandes poemas épicos servem para perpetuar a
04. (Pref. de Paulista/PE - Recepcionista - UPENET) cultura de um povo.
Observe o fragmento de texto abaixo:
08. (Polícia Militar/SP - Oficial Administrativo -
"Mas o que fazer quando o conteúdo não é lembrado VUNESP - adaptada) Leia o seguinte trecho do texto para
justamente na hora da prova?" responder à questão.
Se as pessoas insistem em ignorar as conclusões de tais
Sobre ele, analise as afirmativas abaixo: estudiosos e não se importam de reduzir suas mentes à
I. O termo "Mas" é classificado como conjunção condição de apêndice de um aparelho, talvez se assustem ao
subordinativa e, nesse contexto, pode ser substituído por saber que o smartphone também as atinge em algo que ainda
"desde que". devem valorizar: o corpo.
II. Classifica-se o termo "quando" como conjunção
subordinativa que exprime circunstância temporal. O pronome as, em destaque no trecho, retoma a seguinte
III. Acentua-se o "u" tônico do hiato existente na palavra expressão:
"conteúdo". (A) as pessoas.
IV. Os termos "conteúdo", "hora" e "prova" são palavras (B) as conclusões.
invariáveis, classificadas como substantivos. (C) tais estudiosos.
(D) apêndice de um aparelho.
Está CORRETO apenas o que se afirma em: (E) o smartphone.

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09. (Metrô/SP - Técnico Segurança do Trabalho - FCC -


adaptada) O criador da mais conhecida e celebrada canção
sertaneja, Tristeza do Jeca (1918), não era, como se poderia
Variações linguísticas.
esperar, um sofredor habitante do campo, mas o dentista,
escrivão de polícia e dono de loja Angelino Oliveira. Gravada
por “caipiras” e “sertanejos”, nos “bons tempos do cururu Variação Linguística
autêntico”, assim como nos “tempos modernos da música
‘americanizada’ dos rodeios”, Tristeza do Jeca é o grande “Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se
exemplo da notável, embora pouco conhecida, fluidez que um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade;
marca a transição entre os meios rural e urbano, pelo menos se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador
em termos de música brasileira. errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)”
Num tempo em que homem só cantava em tom maior e voz
grave, o Jeca surge humilde e sem vergonha alguma da sua Todas as pessoas que falam uma determinada língua
“falta de masculinidade”, choroso, melancólico, lamentando conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento
não poder voltar ao passado e, assim, “cada toada representa podem sofrer variações devido à influência de inúmeros
uma saudade”. O Jeca de Oliveira não se interessa pelo meio fatores. Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e
rural da miséria, das catástrofes naturais, mas pelo íntimo e outras vezes bastante evidentes, recebem o nome genérico de
sentimental, e foi nesse seu tom que a música, caipira ou variedades ou variações linguísticas.
sertaneja, ganhou forma. Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os
“A canção popular conserva profunda nostalgia da roça. seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação.
Moderna, sofisticada e citadina, essa música foi e é igualmente Sabe-se que, numa mesma língua, há formas distintas para
roceira, matuta, acanhada, rústica e sem trato com a área traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contexto.
urbana, de tal forma que, em todas essas composições, haja Suponham-se, por exemplo, os dois enunciados a seguir:
sempre a voz exemplar do migrante, a qual se faz ouvir para
registrar uma situação de desenraizamento, de dependência e Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz
falta”, analisa a cientista política Heloísa Starling. tempo.
Acrescenta o antropólogo Allan de Paula Oliveira: “foi Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos.
entre 1902 e 1960 que a música sertaneja surgiu como um Qualquer falante do português reconhecerá que os dois
campo específico no interior da MPB. Mas, se num período enunciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido,
inicial, até 1930, ‘sertanejo’ indicava indistintamente as mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que
músicas produzidas no interior do país, tendo como referência o segundo é de uma pessoa mais “estudada”.
o Nordeste, a partir dos anos de 1930, 'sertanejo' passou a Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber
significar o caipira do Centro-Sul. E, pouco mais tarde, de São dar grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem
Paulo. Assim, se Jararaca e Ratinho, ícones da passagem do muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos
sertanejo nordestino para o ‘caipira’, trabalhavam no Rio, as chamam de variações linguísticas.
duplas dos anos 1940, como Tonico e Tinoco, trabalhariam em As variações que distinguem uma variante de outra se
São Paulo”. manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico,
(Adaptado de: HAAG, Carlos. “Saudades do Jeca no século XXI”. In: Revista morfológico, sintático e lexical.
Fapesp, outubro de 2009, p. 80-5.)
Variações Fônicas
Os pronomes “que” (1º parágrafo), “sua” (2º parágrafo) e
“a qual” (3º parágrafo), referem-se, respectivamente, a: São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons
constituintes da palavra. Os exemplos de variação fônica são
(A) exemplo - Jeca - composições abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os domínios
(B) fluidez - Jeca - voz exemplar do migrante em que se percebe com mais nitidez a diferença entre uma
(C) Tristeza do Jeca - homem - canção popular variante e outra. Entre esses casos, podemos citar:
(D) exemplo - homem - voz exemplar do migrante - a queda do “r” final dos verbos, muito comum na
(E) fluidez - homem - canção popular linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de
curtir), compô.
10. (DP. Rio De Janeiro/RJ - Técnico Superior - o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me
Especializado Em Biblioteconomia - FGV) “Se você quiser ir alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem
mais longe”; a única forma dessa frase que NÃO apresenta um clássica, hoje frequentes na fala caipira.
equivalente semântico corretamente expresso é - a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava,
marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na
(A) caso você queira ir mais longe. linguagem oral coloquial.
(B) na hipótese de você querer ir mais longe. - a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis
(C) no caso de você querer ir mais longe. (Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas
(D) desde que você queira ir mais longe. típicas de pessoas de baixa condição social.
(E) conquanto você queira ir mais longe. - A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio
Gabarito Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na
linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster,
01.B / 02.B / 03.B / 04.D / 05.B / 06.D / 07.D / 08.A / 09.B pastel; faróu, farór, farol.
/ 10.E - deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato,
preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa
condição social.

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APOSTILAS OPÇÃO

Variações Morfológicas - as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e,


às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo
Nesse domínio, as diferenças entre as variantes não são tão que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila
numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em
desprezíveis. Como exemplos, podemos citar: Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz
- o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o mesmo que chamamos de suéter, malha, camiseta.
o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da
linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de Designações das Variantes Lexicais:
humaníssimo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima),
um carro hiperpossante (em vez de possantíssimo). - Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por
- a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida.
regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se É o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década
ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser). de 60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz
- a conjugação de verbos regulares pelo modelo de gatinha ou forma semelhante), e um homem bonito era um
irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia). pão; na linguagem antiga, médico era designado pelo nome
- uso de substantivos masculinos como femininos ou vice- físico; um bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de
versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha refrigerante usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade
(o champanha), tive muita dó dela (muito dó ,)mistura do cal excelente, era supimpa.
(da cal).
- a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e - Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de
adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem
livro indicado, as noite fria, os caso mais comum. entraram para os dicionários. A moderna linguagem da
- o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero computação tem vários exemplos, como escanear, deletar,
que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas printar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são
eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; mixar (fazer a combinação de sons), robotizar, robotização.
Não é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que
eu. - Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras
emprestadas de outra língua, que ainda não foram
Variações Sintáticas aportuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso,
há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem jurídica,
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou,
No domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto (“pelo
as diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo, próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente,
podemos citar: “com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”,
- o uso de pronomes do caso reto com outra função que não “impreciso”), sic (“assim, como está escrito”), data venia (“com
a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não sua permissão”).
irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight
vez de ti) e ele. (compreensão repentina de algo, uma percepção súbita),
- o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing
de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. (conjunto de informações básicas), jingle (mensagem
- a ausência da preposição adequada antes do pronome publicitária em forma de música).
relativo em função de complemento verbal: são pessoas que Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda
(em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que não se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours
(em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em (“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête
que) eu mais confio. (palestra particular entre duas pessoas), esprit de corps
- a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome (“espírito de corpo”, corporativismo), menu (cardápio), à la
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” carte (cardápio “à escolha do freguês”), physique du rôle
com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a (aparência adequada à caracterização de um personagem).
família dele (em vez de cuja família eu já conhecia).
- a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo - Jargão: é o vocabulário típico de um campo
quando se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero profissional como a medicina, a engenharia, a
falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em publicidade, o jornalismo. No jargão médico temos uso
vez de tua) voz me irrita. tópico (para remédios que não devem ser ingeridos), apneia
- ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles (interrupção da respiração), AVC ou acidente vascular cerebral
chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou (derrame cerebral). No jargão jornalístico chama-se de gralha,
naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios. pastel ou caco o erro tipográfico como a troca ou inversão de
uma letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura de uma
Variações Léxicas notícia ou reportagem, onde se apresenta sucintamente o
assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito
É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes prolixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em
do plano do léxico, como as do plano fônico, são muito primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga.
numerosas e caracterizam com nitidez uma variante em Entre os jornalistas é comum o uso do verbo repercutir como
confronto com outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos transitivo direto: __ Vá lá repercutir a notícia de renúncia! (esse
possíveis de citar: uso é considerado errado pela gramática normativa).
- a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito
para formar o grau superlativo dos adjetivos, características - Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não
da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; deseja ser entendido por outros grupos ou que pretende
maior difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado. marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a gíria de
grupos marginalizados, de grupos jovens e de segmentos

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APOSTILAS OPÇÃO

sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades - Geográfica: é ,no Brasil, bastante grande e pode ser
proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer facilmente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico,
língua: ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura,
má-sorte), ir pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar- timbre, intensidade), por isso é uma variante cujas marcas se
se irremediavelmente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa), notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das
bicha (homossexual masculino), levar um lero (conversar). características da pronúncia de uma determinada região dá-se
o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino,
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico sotaque gaúcho etc. A variação geográfica, além de ocorrer na
excessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez pronúncia, pode também ser percebida no vocabulário, em
de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes que
de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do
vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de país.
casamento); chufa (em vez de caçoada, troça). Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho
abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas:
de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de
quem diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), “__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado
se ferrou (em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de Mangolô!].
cheirar mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz). __ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não
faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era
Tipos de Variação moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite,
foras d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta
Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou
variantes linguísticas um sistema de classificação que seja percurando é sossego...”
simples e, ao mesmo tempo, capaz de dar conta de todas as
diferenças que caracterizam os múltiplos modos de falar - Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis.
dentro de uma comunidade linguística. O principal problema é Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a
que os critérios adotados, muitas vezes, se superpõem, em vez forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas.
de atuarem isoladamente. Essas alterações recebem o nome de variações históricas.
As variações mais importantes, para o interesse do Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de
concurso público, são os seguintes: Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira,
mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto I, ele
- Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser percebido fala das palavras de antigamente e, no texto II, fala das palavras
com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase: de hoje.

“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” Texto I
(frase 1)
Antigamente
Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos
caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado? Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram
Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam
garimpeiro? Um repórter de televisão? primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo
E quem usaria a frase abaixo? rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas
ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.” remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra
(frase 2) freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo,
Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não
a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e
muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou, mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou
quando muito, fizeram-no em condições não adequadas. sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se
Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não
tiveram possibilidades sócio-econômicas melhores e admira que dessem com os burros n’agua.
puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com a (...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos
escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural mais queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a
elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a
utilização da língua. tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a
Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que
acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram
outros fatores que interferem na maneira como o falante mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da
escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo, a igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas teteias.
situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri, (...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os
jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas isso não significa meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam
que ele não possa usá-la numa situação informal (conversando ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos,
com alguns amigos, por exemplo). mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.
Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora.
as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos,
gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma
mesma língua. A elas damos o nome de variações sócio-
culturais.

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Texto II como falaria de um jogo de futebol ou de uma briga que tenha


presenciado), o ambiente físico em que se dá um diálogo (num
Entre Palavras templo não se usa a mesma linguagem que numa sauna), o
grau de intimidade entre os falantes (com um superior, a
linguagem é uma, com um colega de mesmo nível, é outra), o
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras –
grau de comprometimento que a fala implica para o falante
circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há (num depoimento para um juiz no fórum escolhem-se as
trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento palavras, num relato de uma conquista amorosa para um
impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e colega fala-se com menos preocupação).
combinações. As variações de acordo com a situação costumam ser
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma chamadas de níveis de fala ou, simplesmente, variações de
palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. estilo e são classificadas em duas grandes divisões:
Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu - Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão
avô; talvez ele não entenda o que você diz. sobre o que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância.
É na linguagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet,
mais tenso.
a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, - Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com
a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940? despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e
motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, familiar que esse estilo melhor se manifesta.
o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um
apartheid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura. pequeno trecho da gravação de uma conversa telefônica entre
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, duas universitárias paulistanas de classe média, transcrito do
a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, livro Tempos Linguísticos, de Fernando Tarallo. As
reticências indicam as pausas.
o mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.
Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem
servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica
Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um
Sudene, o Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU. menino lá que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo
Estão reclamando, porque não citei a conotação, o até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de
conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, economia, das nove da noite.
a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra
elétrica. Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia
Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra nem com a continuidade das ideias, nem com a escolha das
tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, palavras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho da
filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, gravação de uma aula de português de uma professora
carnet da girafa, poluição. universitária do Rio de Janeiro, transcrito do livro de Dinah
Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos Callou. A linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro. As
fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa pausas são marcadas com reticências.
microrranhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos
super congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV o que está ocorrendo com nossos alunos é uma
Rodoviária. Argh! Pow! Click! fragmentação do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e
Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, fica com uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não
ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a sabe vincular a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido
aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para também para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série...
consumo geral. A enumeração caótica não é uma invenção de conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados...
crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre mas que... na hora de serem empregados... deixam muito a
palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos, desejar...
finalmente, mas com que significado?
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau
Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988) de formalidade e planejamento típico do texto escrito, mas
trata-se de um estilo bem mais formal e vigiado que o da
- De Situação: aquelas que são provocadas pelas menina ao telefone.
alterações das circunstâncias em que se desenrola o ato de
comunicação. Um modo de falar compatível com determinada
situação é incompatível com outra: Formalidade e
informalidade. Propriedade
Ô mano, ta difícil de te entendê.
lexical. Adequação da
Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em linguagem.
situação informal, não tem cabimento se o interlocutor é o
professor em situação de aula.
Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme ADEQUAÇÃO VOCABULAR
em todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes da
linguagem culta, que servem invariavelmente de uma Adequação Vocabular12 é obter das palavras os melhores
linguagem formal, sendo, por isso mesmo, considerados efeitos. É conseguir usar as palavras adequadas ao contexto
excessivamente formais ou afetados. em que elas são produzidas: para quem são produzidas, quem
São muitos os fatores de situação que interferem na fala de produz, com que finalidade, em que ambiente e momento. É
um indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele discorre (em
princípio ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas

12 http://slideplayer.com.br/slide/1270845/ http://conversadeportugues.com.br/2015/11/adequacao-e-inadequacao-
linguistica/

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conseguir usar as palavras corretamente e, como recurso, necessárias, ou seja, quando forem importantes para o
conseguir substituí-las por outras sem prejuízo de sentido. entendimento; em uma situação de estilo ou quando não
houver palavra equivalente na Língua Portuguesa.
Como adequar as palavras? Uma das formas de adequação
vocabular, é a substituição de um termo por um hipônimo ou 5. Adequação ao código
hiperônimo. Hiperônimo é uma palavra que apresenta um É relevante para esse critério a correção não só ortográfica,
significado mais abrangente que o seu hipônimo, palavra com mas também semântica, respeitando os significados
significado mais restrito. É o que acontece com as palavras dicionarizados.
doença (hiperônimo) e gripe (hipônimo). Agostinho ressalta que os empregos “de moda” devem
evitados, pois “em nada contribuem para o real
Também podemos adequar bem as palavras usando e enriquecimento de um idioma” e dá um exemplo: colocar em
aplicando os conceitos de homonímia, paronímia, sinonímia, lugar de apresentar e assumir em lugar de responsabilizar-se:
antonímia, conotação e denotação, discutidos em aulas – Vou colocar aqui um problema…
anteriores. A adequação vocabular depende de uma boa – Se der errado, eu assumo…
escolha lexical.
Somam-se a esse caso, os parônimos e os homônimos
Adequação linguística (homógrafos e homófonos), já tratados em outra aula. ( tópico
Fatores Contexto jà tratado aqui)
Interlocutores Com quem estamos
falando? 6. Adequação ao contexto
Situação É uma situação formal ou As situações textuais revelam-se nas relações
informal? desenvolvidas entre as palavras do texto. Por exemplo, se há
Assunto Tratamos de assuntos relação de causa e efeito – tropeçar / cair; se há relação de
diferentes com o mesmo tipo finalidade – livro / estudar; se há relação de parte e todo – rei
de linguagem? O nascimento / xadrez; se há relação de sinonímia – aroma / perfume; se há
um bebê é anunciado da relação de antonímia – entrar / sair; se há relação de unidade
mesma forma que um e coletivo – livro / biblioteca; se há relação de objeto e ação –
velório? cadeira / sentar e se há relação simbólica – pomba / paz.
Ambiente Estamos em uma festa ou O uso do vocábulo fora de um desses critérios e até mesmo
no escritório? em critério inadequado à situação será erro.

Agostinho Dias Carneiro em seu livro Redação em Questões


Construção* descreve seis critérios de adequação vocabular,
listados a seguir: 01. (PC/RJ - Inspetor de Polícia - PC/RJ) Assinale a
alternativa correta quanto à grafia e à adequação vocabular.
1. A adequação ao referente
Esse critério baseia-se na utilização de vocábulos gerais (A) Estudamos muito afim de sermos aprovados.
frente a vocábulos específicos. O exemplo que o autor dá é a (B) As ideias dela sempre vêm de encontro às minhas, ou
palavra ver, que tem emprego mais amplo que observar, seja, sempre concordamos um com o outro.
contemplar, distinguir, espiar, fitar etc. (C) Naquela sessão da empresa, há funcionários pouco
Se eu disser, por exemplo, Pedro estava muito triste com a esforçados.
separação. Por isso, foi à praia, sentou-se na areia e viu o sol, (D) Somamos vultuosas quantias com o nosso esforço de
certamente causará estranhamento no interlocutor. Ao passo poupar.
que se eu disser Pedro estava muito triste com a separação. (E) Ele é sempre tachado de ignorante.
Por isso, foi à praia, sentou-se na areia e contemplou o sol, não
haverá nenhum problema na comunicação, pois houve 04. (AL/MA - Advogado - FGV)
adequação quanto ao uso do vocábulo.
"No mundial de futebol dos Estados Unidos, o locutor
2. Adequação ao ponto de vista Evaldo José repetiu que a partida Romênia X Suécia ia ser
Aqui serão levados em consideração os vocábulos decidida por penalidade máxima. E sempre me impressiona a
positivos, neutros e negativos. capacidade de se falar sem pensar (psitacismo). Naturalmente
Em “Você me deu um café gelado”, a palavra gelado assume a coisa só é penalidade (penalty) quando alguma falta foi
valor negativo, entretanto, assume valor positivo em “Depois cometida. Como na disputa final não houve qualquer falta se
do trabalho vamos tomar uma cerveja gelada”? trata apenas de um tiro livre ou chute livre, em gol".
(Millôr Fernandes, adaptado)
3. Adequação aos interlocutores
Há, nesse critério, quatro tipos de seleção vocabular: O tema do texto trata do seguinte tópico:
quanto à atividade profissional com o uso dos jargões; quanto
à imagem social de um dos interlocutores, ou seja, um chefe de (A) coesão formal entre elementos.
Estado se expressa como o que se espera de alguém que ocupa (B) polissemia de alguns vocábulos.
tal cargo; quanto à idade com o uso de vocábulos modernos (C) presença de intertextualidade.
(luminária) ou antigos (abajur) ou quanto à origem dos (D) adequação vocabular.
interlocutores com emprego do vocábulo regional (piá – (E) desconhecimento de estrangeirismos
criança).
Gabarito
4. Adequação à situação de comunicação
Refere-se, esse critério, ao uso de vocábulos formais ou 01.E / 02.D
informais e ainda aos estrangeirismos.
Lembrando que palavras estrangeiras devem ser grafadas
entre aspas nas redações e só devem ser usadas quando

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Transcrição Fonética:
Fonética e fonologia.
As transcrições fonéticas são feitas entre colchetes [...] e
(encontros consonantais, para fazê-las, os linguistas recorrem ao Quadro Fonético
encontros vocálicos, dígrafos.) Internacional. Nesse quadro há para cada fone um símbolo
fonético específico.
Segue abaixo uma versão adaptada do quadro:
FONÉTICA

A fonética, de acordo com Paula Perin dos Santos, estuda


os sons como entidades físico-articulatórias isoladas
(aparelho fonador). Cabe a ela descrever os sons da linguagem
e analisar suas particularidades acústicas e perceptivas. Ela
fundamenta-se em estudar os sons da voz humana,
examinando suas propriedades físicas independentemente do
seu “papel lingüístico de construir as formas da língua”. Sua
unidade mínima de estudo é o som da fala, ou seja, o fone.13
A Fonética se diferencia da Fonologia por considerar os
sons independentes das oposições paradigmáticas e
14
combinações sintagmáticas. Observe no esquema:

1. Oposições paradigmáticas: aquelas cuja presença ou Exemplos de transcrições fonéticas de palavras:


ausência implica em mudança de sentido. Ex.
/p/ata /b/ata /m/ata
Oclusiva Oclusiva Oclusiva
Bilabial Bilabial Bilabial
Surda Sonora Surda
Oral Oral Nasal

2. Combinações Sintagmáticas: arranjos e disposições


lineares no contínuo sonoro. Troca na posição dos fonemas
entre si. Ex.

Roma, amor, mora, ramo


Questões
A Fonética e a Fonologia são duas disciplinas
interdependentes, uma vez que, para qualquer estudo de 01. (Pref. de Cruzeiro/SP - Instrutor -
natureza fonológica, é imprescindível partir do conteúdo INST.EXCELÊNCIA/2016)
fonético, articulatório e/ou acústico, para determinar as
unidades distintivas de cada língua. Desta forma, a Fonética e Sobre fonologia e fonética, observe as afirmativas a seguir:
a Fonologia não são dicotômicas, pois a Fonética trata da
substância da expressão, enquanto a Fonologia trata da forma I - A fonética se diferencia da Fonologia por considerar os
da expressão, constituindo, as duas ciências, dentro de um sons independentes das oposições paradigmáticas e
mesmo plano de expressão. combinações sintagmáticas.
O termo ‘Fonética’ pode significar tanto o estudo de II - A fonética estuda os sons como entidades físico-
qualquer som produzido pelos seres humanos, quando o articulatórias associadas. É a parte da Gramática que estuda de
estudo da articulação, da acústica e da percepção dos sons forma geral os fonemas, ou seja, os sons que as letras emitem.
utilizados em línguas específicas. No primeiro tipo de III - À fonologia cabe estudar as diferenças fônicas
investigação, torna-se evidente a autonomia da Fonética em intencionais, distintivas, isto é, que se unem a diferenças de
relação à Fonologia. No segundo tipo de investigação, porém, significação; estabelecer a relação entre os elementos de
as relações entre as duas ciências se tornam patentes. diferenciação e quais as condições em que se combinam uns
com os outros para formar morfemas, palavras e frases.
VOGAIS
Assinale a alternativa CORRETA:

(A) As afirmativas I e II estão corretas.


(B) As afirmativas II e III estão corretas.
(C) As afirmativas I e III estão corretas.
(D) Nenhuma das alternativas.

02. (Pref. de Cruzeiro/SP - Professor Língua


Portuguesa - INST.EXCELÊNCIA/2016)

Qualquer comunicação realizada com sucesso pressupõe


alguns requisitos básicos para os interlocutores: um
funcionamento físico adequado do cérebro, dos pulmões, da
laringe, do ouvido, dentre outros órgãos, responsáveis pela
produção e audição (percepção) dos sons da fala. Além desses,

13 www.infoescola.com/portugues/distincao-entre-fonetica-e-fonologia/ 14 www.fonologia.org/fonetica_articulatoria.php

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deve haver o reconhecimento da pronúncia de cada um dos Mesmo não sendo uma concepção contemporânea, foi
interlocutores, pois, mesmo que tivessem os órgãos da fala e Saussure quem primeiro fez a distinção entre as duas ciências,
da audição em perfeito estado, essa comunicação poderia não através do uso de suas dicotomias (Langue/Parole,
ter sucesso se um deles não compreendesse a língua falada Forma/Substância). Foi com componentes do Círculo
pelo outro. Sobre fonética e fonologia, assinale a alternativa Linguístico de Praga que a Fonologia passa a adquirir seu
CORRETA. próprio objeto de estudo.
I - Podemos estudar a fala a partir da sua fisiologia, ou seja, Cotidianamente ouvimos algumas palavras relacionadas à
a partir dos órgãos que a produzem, tais como a língua, fonologia, morfologia e sintaxe. Talvez para alguns, no tocante
responsável pela articulação da maior parte dos sons da fala; e ao significado, essas possam ainda ser desconhecidas, em
a laringe, responsável principalmente pela produção de “voz” decorrência de alguns fatores aqui não discutidos.
que leva à distinção entre sons vozeados (sonoros) e não O fato é que, na verdade, todas elas integram as partes
vozeados (surdos). constituintes da gramática, cada uma atribuída a objetos de
II - A fala tem como principal objetivo o aporte de estudo distintos. Assim, tendo em vista a finalidade do artigo
significado, mas, para isso, deve se constituir em uma atividade em questão, pautemo-nos no estudo apenas da fonologia. Para
sistematicamente organizada. tanto, retomemos alguns conceitos relacionados à origem
III - A fala pode ser descrita sob diferentes aspectos, uns dessa palavra, visto que não somente ela, mas como a maioria
mais próximos do que se convenciona chamar de Fonética, de nossos vocábulos, originaram-se de outras línguas
outros mais próximos do que se convenciona chamar de existentes no passado. Portanto, temos que “fono” se origina
Fonética. do grego, cujo sentido se refere a “som”, “voz”; e “logia”,
IV - Tanto a fonética quanto a fonologia investigam como originária também do mesmo idioma, possui significado
os seres humanos produzem e ouvem os sons da fala. relativo a “estudo”, “conhecimento”.
V - A Fonética pode ser vista como a organização da fala Dessa forma, dizemos que fonologia nada mais é do que o
focalizando línguas específicas. estudo dos sons. Esses sons, dos quais essa parte da gramática
se ocupa em analisar, são representados pelos fonemas (fono
(A) Somente a alternativa I está correta. + ema = unidade sonora distinta). No intuito de
(B) As alternativas I, II e IV estão corretas. compreendermos melhor essa questão, analisemos os
(C) Somente as alternativas II e IV estão corretas. exemplos descritos adiante:
(D) As alternativas III e V estão corretas.

03. (IF/SC - Professor Português - IF/SC)

Durante uma aula de Português, enquanto os alunos de Constata-se que ambos os vocábulos apresentam
uma turma do Ensino Técnico Integrado fazem algumas semelhanças em alguns aspectos, como por exemplo, as
atividades, uma das estudantes chama a professora e propõe- terminações “-ata”. No entanto, quando expressos oralmente,
lhe o seguinte desafio: “Professora, quero só ver se consegue divergem de forma significativa em virtude da existência de
pronunciar a palavra ‘bebê’ sem encostar os lábios.” Apesar de fonemas diferentes, representados graficamente por /m/ e
não fazer parte do assunto da aula, a professora decide /p/ – fator responsável por atribuir aos vocábulos cargas
explicar à aluna os motivos de sua dificuldade em pronunciar semânticas diferentes. Mediante tal constatação, podemos
a referida palavra sem encostar os lábios. No momento da dizer que os fonemas são os sons representados pelas letras.17
explicação, a professora modaliza a fala, mas menciona, a título Entretanto, devemos observar alguns detalhes
de curiosidade, que [b], de acordo com a tabela fonética importantíssimos, como a diferenciação demarcada entre
consonantal, recebe uma determinada classificação. letras e fonemas. Estes, como dito anteriormente, são os sons
representados, e aquelas são apenas sinais gráficos que
Assinale a alternativa que apresenta CORRETAMENTE procuram representar esses sons, embora nem sempre tal
essa classificação. representação se dê de maneira perfeita. Vejamos o porquê
(A)Consoante oclusiva dental/alveolar surda/desvozeada. dessa ocorrência:
(B) Consoante oclusiva bilabial surda/desvozeada. - Há fonemas representados por letras diferentes, como é
(C) Consoante oclusiva velar surda/desvozeada. o caso do fonema que as letras “g” e “j” representam em
(D) Consoante oclusiva dental/alveolar sonora/vozeada. “ginástica” e “jiló”;
(E) Consoante oclusiva bilabial sonora/vozeada. - Existem fonemas representados por duas letras, tais
como o /r/ de “guerra” e /s/ de “pássaro”;
Gabarito - Há casos nos quais a letra não corresponde a nenhum
fonema, como é o caso do “h” manifestado em “hipopótamo”.
01.C / 02.B / 03.E - Ocorrem casos em que uma mesma letra representa
fonemas diferentes, como por exemplo, a letra “g” em “gato” e
FONOLOGIA “ginástica”.
- Há ainda casos em que uma letra representa dois
A Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da fonemas, tal qual ocorre com o “x” de “anexar”, o qual soa como
língua, sua capacidade de combinação e sua capacidade de “ks”.
distinção. Ela se ocupa da função dos sons dentro da língua, os Dessa forma, conclui Vânia Duarte, para que sempre
quais permitem aos falantes formar palavras e distinguir possamos perceber as diferenças demarcadas pelo emprego
significados.15 dos fonemas é sempre louvável pronunciarmos as palavras em
Segundo Saussure, “a fonética é uma ciência histórica, que voz alta, de modo a detectarmos tal identificação.
analisa acontecimentos, transformações e se move no tempo”.
Já a fonologia se coloca fora do tempo, pois o mecanismo da
articulação permanece estável de acordo com a estrutura da
língua em questão.16

15 FERNANDO, Pestana. A gramática para concursos. Elsevier.2011. 17mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/fonologia


16www.infoescola.com/portugues/distincao-entre-fonetica-e-fonologia/

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Questões on – soda (sõda)


um – atum
01. (Pref. de Sertaneja/PR - Agente Administrativo - un - profundo
INIUV)
Não confunda os fonemas com as letras. Fonema é um
Quantos fonemas há na palavra “homem”? Assinale a elemento acústico e a letra é um sinal gráfico que representa o
alternativa que responde corretamente a essa pergunta: fonema. Nem sempre o número de fonemas de uma palavra
corresponde ao número de letras que usamos para escrevê-la.
(A) Seis; Na palavra chuva, por exemplo, temos quatro fonemas, isto é,
(B) Dois; quatro unidades sonoras [xuva] e cinco letras.
(C) Três; Certos fonemas podem ser representados por diferentes
(D) Cinco; letras. É o caso do fonema /s/, que pode ser representado por:
(E) Quatro. s (pensar) – ss (passado) – x (trouxe) – ç (caçar) – sc (nascer)
– xc (excelente) – c (cinto) – sç (desço)
Gabarito Às vezes, a letra“ x ”pode representar mais de um fonema,
como na palavra táxi. Nesse caso, o“ x ”representa dois sons,
01.E pois lemos“ táksi”. Portanto, a palavra táxi tem quatro letras e
cinco fonemas.
LETRA E FONEMA Em certas palavras, algumas letras não representam
nenhum fonema, como a letra h, por exemplo, em palavras
Fonema é som da fala, são as menores unidades da fala18. como hora, hoje, etc., ou como as letras m e n quando são
Letra é o sinal gráfico que representa o som da fala. usadas apenas para indicar a nasalização de uma vogal, como
O sistema fonético do português falado no Brasil registra em canto, tinta, etc.
um número aproximado de 33 fonemas. Já o alfabeto
português é constituído de 26 letras. Classificação dos Fonemas
O número de fonemas nem sempre é igual ao número de Vogais: são fonemas que saem livremente pelo canal bucal.
letra em uma palavra: (a, e, i, o, u)
Duas letras podem representar um só fonema - carroça; Consoantes: são fonemas produzidos com obstáculos à
assalto; chave... passagem da corrente expiratória (b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q,
A letra x pode representar dois fonemas ao mesmo tempo r, s, t, v, x, w, y, z).
- fixo (/k//s/); táxi (/k//s/)
Há letras que não representam fonemas, mas são apenas Semivogais: são as vogais I ou U, quando acompanhadas
símbolo de nasalidade - canto [cãto], santo [sãto]; falam [falã] de outra vogal na mesma sílaba, formando, assim, um ditongo
ou tritongo.
Observação: Exemplo: Caseiro, pai.
A letra H não corresponde a nenhum som. É apenas um
símbolo de aspiração, que permanece em nosso alfabeto por Sílaba: fonema ou grupo de fonemas emitidos de uma só
força da etimologia e da tradição. vez.
Emprega-se H: Exemplo: Acaso (a - ca - so).
- origem da palavra: Hábito, Horácio.
- integrante dos Dígrafos: Ch, Lh, Nh. ENCONTROS VOCÁLICOS
- Interjeições: Ah! Puh! Ditongo: é o encontro de uma vogal e de uma semivogal ou
- Unidos por hífen: Anti-higiênico, super-homem. vice-versa na mesma sílaba.
Os ditongos podem ser: orais ou nasais, crescentes ou
DÍGRAFO decrescentes.
Dígrafo - é o conjunto de duas letras representando um só Ditongos orais: quando a vogal e a semivogal são orais.
fonema. São dígrafos: Exemplo: pai - fui - partiu
ch - chave, cheio Ditongos nasais: quando a vogal e a semivogal são nasais.
lh - lhama, galho Exemplo: mãe - muito - quando
nh - ninho, menininho Ditongos crescentes: quando constituído por uma
rr - terra, carro semivogal e uma vogal na mesma sílaba, isto é, quando a
ss - isso, pássaro semivogal antecede a vogal. Exemplo: lírio - história
gu - guincho, joguinho Ditongos decrescentes: quando formados por uma vogal
qu - quiabo, aquilo e uma semivogal, isto é, a vogal antecede a semivogal.
sc - nascer, descer Exemplo: pai - mau
sç - cresça, desça Tritongos: é o encontro de uma vogal entre duas
xc - excelente, excêntrico semivogais na mesma sílaba.
Tritongos orais: quais - averiguei - enxaguei
Também são dígrafos os grupos que servem para Tritongos nasais: enxáguam - saguão - deságuem
representar as vogais nasais. São eles: Hiatos: é o encontro de duas vogais em sílabas diferentes:
am – tampa (tãpa) Exemplo: vôo (vô - o) - saúde (sa - ú - de)
an - anta
em - embora CLASSIFICAÇÃO DAS VOGAIS
en - tentar 1. Quanto a zona de articulação
im - importar - anteriores ou palatais: quando à língua se eleva
in - findo gradualmente para a frente. (/ É / - / Ê / - / I /)
om – ombro (õmbro)

18CEGALLA, Domingos Paschoal. Nova Minigramática Língua Portuguesa.


Nacional. 2004.

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APOSTILAS OPÇÃO

- média: quando o fonema vocálico é emitido coma língua ENCONTRO CONSONANTAL


baixa, quase em repouso. (/ A /) É o encontro de duas ou mais consoantes na mesma sílaba
- posteriores ou velares: quando a língua se eleva para trás. ou em sílabas diferentes Exemplo: su-bli-me
(/ Õ / - / Ô / - / U /)
DÍGRAFO OU DIGRAMA
2. Quanto à intensidade É o grupo de duas letras que representam um só fonema.
- átonas - são aquelas que se pronunciam com menor Os dígrafos podem ser consonantais ou vocálicos.
intensidade (casa, rosa, Pelé). Dígrafos consonantais: CH, LH, NH, RR, SS, SC, SÇ. XC, XS,
- tônicas - são as que se pronunciam com maior QU, GU.
intensidade, isto é, onde cai o acento tônico (casa, rosa, Pelé). Dígrafos vocálicos: AM ou AN, EM ou EN, IM ou IN, OM ou
ON, UM ou UN.
3. Quanto ao Timbre
- abertas: maior abertura do tubo vocal. (pá, pé, pó) LETRAS (DIACRÍTICA E ETIMOLÓGICA)
- fechadas: menor abertura do tubo vocal. (vê, vinda, avô, Diacrítica: é a segunda letra de dígrafo. Exemplo: chave -
mundo) campo
Etimológica: é o h sem valor fonético. Exemplo: hoje -
4. Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal: as haver.
vogais podem ser orais e nasais
- orais: são aquelas cuja ressonância se dá na boca: (par, fé, CONTAGEM DE FONEMAS
negro, vida, voto, povo, tudo) 1.dígrafo: vale 1 fonema
- nasais: são aquelas cuja ressonância se dá no nariz (lã, 2.x - ks: vale 2 fonemas
pente - cinco - conto - mundo) 3.letra etimológica: não valem fonema algum
4.Exemplos: (chave -> 5 letras e 4 fonemas) (fixo -> 4 letras
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES e 5 fonemas) (hoje -> 4 letras e 3 fonemas).19
1.Quanto ao modo de articulação:
- oclusivas: quando a corrente expiratória encontra um Questões
obstáculo total (oclusão), que impede a saída do ar, explodindo
subitamente. / P / - / T / - / K / - / B / - / D / - / G / 01. A palavra que apresenta tantos fonemas quantas são as
- constritivas: quando há um estreitamento do canal bucal, letras que a compõem é:
saindo a corrente de ar apertada ou constrita, ou melhor, (A) importância
quando o obstáculo é parcial. (B) milhares
- fricativas: quando a corrente expiratória passa por uma (C) sequer
estreita fenda, o que produz um ruído comparável a um (D) técnica
fricção. / F / - / S / - / X / - / N / - / Z / - / J / (E) adolescente
- laterais: quando a ponta ou dorso da língua se apoia no
palato (céu da boca), saindo a corrente de ar pelas fendas 02. Em qual das palavras abaixo a letra x apresenta não
laterais da boca. / L / - / LH / um, mas dois fonemas?
- vibrantes: quando a ponta mantém com os alvéolos (A) exemplo
contato intermitente, o que acarreta um movimento vibratório (B) complexo
rápido, abrindo e fechando a passagem à corrente expiratória. (C) próximos
/ R / - / RR / (D) executivo
(E) luxo
2. Quanto ao ponto de articulação:
- bilabiais: quando há contato dos lábios. 03. Marque a opção que apresenta uma palavra
- labiodentais: quando há contato da ponta da língua com a classificada como trissílaba.
arcada dentária superior. (A) Alimentação
- alveolares: quando há contato da ponta da língua com os (B) Carentes
alvéolos dos dentes superiores. (C) Instrumento
- palatais: quando há contato do dorso da língua com o (D) Fome
palato duro, ou céu da boca. (E) Repetência
- velares: quando há contato da parte posterior da língua
com o palato mole, o véu palatino. 04. Indique a alternativa cuja sequência de vocábulos
apresenta, na mesma ordem, o seguinte: ditongo, hiato, hiato,
3.Quanto ao papel das cordas vocais: ditongo.
- surdas: quando são produzidas sem vibração as cordas (A) jamais / Deus / luar / daí
vocais. / P / - / T / - / K / - / F / - / S / - / X / (B) joias / fluir / jesuíta / fogaréu
- sonoras: quando são produzidas por vibração das cordas (C) ódio / saguão / leal / poeira
vocais. (/ B / - / D / - / G / - / V / - / Z / - / J / - / L /- / LH / - / (D) quais / fugiu / caiu / história
R / - / RR / - / M / - / N / - / NH /)
05. Os vocabulários passarinho e querida possuem:
4.Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal: (A) 6 e 8 fonemas respectivamente;
- nasais: quando a corrente expiratória se desenvolve pela (B)10 e 7 fonemas respectivamente;
boca e pelo nariz, em virtude do abaixamento do véu palatino. (C) 9 e 6 fonemas respectivamente;
/ M / - / N / - / NH / (D) 8 e 6 fonemas respectivamente;
- orais: quando a corrente expiratória sai exclusivamente (E) 7 e 6 fonemas respectivamente.
pela boca.

19www.mundovestibular.com.br/articles/2445/1/CLASSIFICACAO-DOS-

FONEMAS/Paacutegina1.html

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APOSTILAS OPÇÃO

Gabarito Acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e”


e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
01. (D) (Em d, a palavra possui 7 fonemas e 7 letras. Nas Ex.: tâmara – Atlântico – pêssego – supôs
demais alternativas, tem-se: a) 10 fonemas / 11 letras; b) 7
fonemas / 8 letras; c) 5 fonemas / 6 letras; e) 9 fonemas / 11 Acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
letras). artigos e pronomes.
Ex.: à – às – àquelas – àqueles
02. (B) (a palavra complexo, o x equivale ao fonema /ks/).
Trema)¨( – de acordo com a nova regra, foi totalmente
03. (B) abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras
(A) Alimentação = a-li-men-ta-ção - polissílaba derivadas de nomes próprios estrangeiros.
(B) Carentes = ca-ren-tes - trissílaba Ex.: mülleriano (de Müller)
(C) Instrumento = ins-tru-men-to - polissílaba
(D) Fome = fo-me - dissílaba Til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais
(E) Repetência = re-pe-tên-cia – polissílaba nasais.
Ex.: coração – melão – órgão – ímã
04. (B) (Observe os encontros: oi, u - i, u - í e eu).
Regras Fundamentais
05. (D)
Palavras oxítonas - acentuam-se todas as oxítonas
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plural(s):
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s)...
Acentuação gráfica.
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:

ACENTUAÇÃO Monossílabos tônicos - terminados em “a”, “e”, “o”,


seguidos ou não de “s”.
Acentuação Tônica Ex.: pá – pé – dó – há

Implica na intensidade com que são pronunciadas as Formas verbais - terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma mais seguidas de lo, la, los, las.
acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais, como respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo
são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas
de átonas. Paroxítonas - acentuam-se as palavras paroxítonas
De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas terminadas em:
como oxítona, paroxítona e proparoxítonas, independente de - i, is
levar acento gráfico: táxi – lápis – júri
- us, um, uns
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a vírus – álbuns – fórum
última sílaba. - l, n, r, x, ps
Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps
- ã, ãs, ão, ãos
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica se ímã – ímãs – órfão – órgãos
evidencia na penúltima sílaba.
Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que essa
palavra apresenta as terminações das paroxítonas que são
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica se acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará
evidencia na antepenúltima sílaba. mais fácil a memorização!
Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de
Como podemos observar, mediante todos os exemplos “s”. Ex.: água – pônei – mágoa – jóquei
mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente: são Regras Especiais
os chamados monossílabos, que, quando pronunciados,
apresentam certa diferenciação quanto à intensidade. Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento de
em uma dada sequência de palavras. Assim como podemos acordo com a nova regra, mas desde que estejam em palavras
observar no exemplo a seguir: paroxítonas.
Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
“Sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor.” palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
acentuados. Mas caso não forem ditongos perdem o acento.
Os monossílabos em destaque classificam-se como Ex.:
tônicos; os demais, como átonos (que, em e de). Antes Agora
assembléia assembleia
Acentos Gráficos idéia ideia
jibóia jiboia
Acento agudo (´) – colocado sobre as letras “a”, “i”, “u” e apóia (verbo apoiar) apoia
sobre o “e” do grupo “em” - indica que estas letras representam
as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos,
parabéns. acompanhados ou não de “s”, haverá acento:

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APOSTILAS OPÇÃO

Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís (regra do acento diferencial). Apenas em algumas exceções,
como:
Observação importante: Não serão mais acentuados “i” e Pôde (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do
“u” tônicos, formando hiato quando vierem depois de indicativo).
ditongo. Ex.: Pode (terceira pessoa do singular do presente do
indicativo). Ex.:
Antes Agora Ela pode fazer isso agora.
bocaiúva bocaiuva Elvis não pôde participar porque sua mãe não deixou.
feiúra feiura
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando preposição por. Ex.:
seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: Faço isso por você.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Ra-ul, ru-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz
Questões
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem
seguidas do dígrafo nh: 01. “Cadáver” é paroxítona, pois:
ra-i-nha, ven-to-i-nha. (A) Tem a última sílaba como tônica.
(B) Tem a penúltima sílaba como tônica.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem (C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica.
precedidas de vogal idêntica: (D) Não tem sílaba tônica.
xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
02. Indique a alternativa em que todas as palavras devem
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, receber acento.
com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” (A) virus, torax, ma.
não serão mais acentuadas. Ex.: (B) caju, paleto, miosotis .
(C) refem, rainha, orgão.
Antes Agora (D) papeis, ideia, latex.
apazigúe (apaziguar) apazigue (E) lotus, juiz, virus.
argúi (arguir) argui
03. Em “O resultado da experiência foi, literalmente,
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido. aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada pelo
Ex.: mesmo motivo que:
Antes Agora (A) túnel
crêem creem (B) voluntário
vôo voo (C) até
(D) insólito
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos (E) rótulos
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. 04. Analise atentamente a presença ou a ausência de
acento gráfico nas palavras abaixo e indique a alternativa em
Repare: que não há erro:
1) O menino crê em você (A) ruím - termômetro - táxi – talvez.
Os meninos creem em você. (B) flôres - econômia - biquíni - globo.
2) Elza lê bem! (C) bambu - através - sozinho - juiz
Todas leem bem! (D) econômico - gíz - juízes - cajú.
3) Espero que ele dê o recado à sala. (E) portuguêses - princesa - faísca.
Esperamos que os dados deem efeito!
4) Rubens vê tudo! 05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO:
Eles veem tudo! (A) saúde
(B) cooperar
Cuidado! Há o verbo vir: (C) ruim
Ele vem à tarde! (D) creem
Eles vêm à tarde! (E) pouco

Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do Gabarito


plural de:
ele tem – eles têm 1.B / 2.A / 3.B / 4.C / 5.E
ele vem – eles vêm (verbo vir)

A regra prevalece também para os verbos conter, obter,


reter, deter, abster.
Pontuação.
ele contém – eles contêm
ele obtém – eles obtêm
ele retém – eles retêm PONTUAÇÃO
ele convém – eles convêm
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar
eram acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as

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APOSTILAS OPÇÃO

principais funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
uso da língua portuguesa.20 - Deixa, depois, o coração falar...

Ponto Vírgula
1- Indica o término do discurso ou de parte dele. Não se usa vírgula
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que Separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-
se encontra. se diretamente entre si:
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
a) entre sujeito e predicado.
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª - .Sr. Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado
Ponto e Vírgula
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma b) entre o verbo e seus objetos.
importância. O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão a V.T.D.I .O.D .O.I.
fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) c) entre nome e complemento nominal; entre nome e
adjunto adnominal.
2- Separa partes de frases que já estão separadas por A surpreendente reação do governo contra os sonegadores
vírgulas. despertou reações entre os empresários.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros montanhas, adj. adnominal nome adj. adn. Compl. nominal
frio e cobertor.
Usa-se a vírgula:
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
decreto de lei, etc. - Para marcar intercalação:
- Ir ao supermercado; a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua
- Pegar as crianças na escola; abundância, vem caindo de preço.
- Caminhada na praia; b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
- Reunião com amigos. produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias
Dois pontos não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem
1- Antes de uma citação abrir mão dos lucros altos.
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
- Para marcar inversão:
2- Antes de um aposto a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas.
tarde e calor à noite. b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a de 1982.
rotina de sempre.
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos
4- Em frases de estilo direto em enumeração):
Maria perguntou: Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
- Por que você não toma uma decisão? A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

Ponto de Exclamação - Para marcar elipse (omissão) do verbo:


1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto, Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
súplica, etc.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você! - Para isolar:

2- Depois de interjeições ou vocativos - o aposto:


- João! Há quanto tempo! São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um
trânsito caótico.
Ponto de Interrogação
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. - o vocativo:
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo) Ora, Thiago, não diga bobagem.

Reticências Questões
1- Indica que palavras foram suprimidas. 01. Assinale a alternativa em que a pontuação está
- Comprei lápis, canetas, cadernos... corretamente empregada, de acordo com a norma-padrão da
língua portuguesa.
2- Indica interrupção violenta da frase. (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
“- Não... quero dizer... é verdade... Ah!” embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade,
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
- Este mal... pega doutor?

20tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com/2013/04/pontuacao-resumo-com-
questoes.html

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APOSTILAS OPÇÃO

(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam
embora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, rapidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo avanço seja mais notável em alguns países - o Brasil é um
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. exemplo - do que em outros.
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente,
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. outros.
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e,
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, 05. Assinale a alternativa em que a frase mantém-se
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo correta após o acréscimo das vírgulas.
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrônica
embora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade, ao grupo ou acione o código na internet.
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. código foi acionado.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados,
02. Assinale a opção em que está corretamente indicada a recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a
ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as criança foi encontrada.
lacunas da frase abaixo: (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas primeiro às, areias do Guarujá.
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone
trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter. de quem a encontrou e informar um ponto de referência
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula; Gabarito
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; 1.C / 2.C / 3.B / 4.D / 5.E
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.

03. Os sinais de pontuação estão empregados


corretamente em:
Ortografia.
A) Duas explicações, do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a
construção de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar ORTOGRAFIA
das metas de vendas associadas aos dois temas.
B) Duas explicações do treinamento para consultores A ortografia21 se caracteriza por estabelecer padrões para a
iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a forma escrita das palavras. Essa escrita está relacionada tanto a
construção de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) quanto
das metas de vendas associadas aos dois temas. fonológicos (ligados aos fonemas representados). É importante
C) Duas explicações do treinamento para consultores compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A
iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos
construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar que envolvem os diversos países em que a língua portuguesa é
das metas de vendas associadas aos dois temas. oficial. A melhor maneira de treinar a ortografia é ler, escrever e
D) Duas explicações do treinamento para consultores consultar o dicionário sempre que houver dúvida.
iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a
construção de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar O Alfabeto
das metas de vendas associadas aos dois temas. O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras.
E) Duas explicações, do treinamento para consultores Cada letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula.
iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a Veja:
construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar
das metas, de vendas associadas aos dois temas. aA bB
cC dD
04. Assinale a alternativa em que o período, adaptado da eE fF
revista Pesquisa Fapesp de junho de 2012, está correto quanto gG hH
à regência nominal e à pontuação. iI jJ
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, kK lL
seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais mM nN
notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em oO pP
outros. qQ rR
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam sS tT
rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o uU vV
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um wW xX
exemplo!, do que em outros. yY zZ
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam
rapidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o Observação: emprega-se também o ç, que representa o
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras.
exemplo, do que em outros.

21 www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono24.php

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APOSTILAS OPÇÃO

Emprego das letras K, W e Y Emprega-se o J:


Utilizam-se nos seguintes casos: 1) Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear
a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus Exemplos:
derivados. arranjar: arranjo, arranje, arranjem
Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor, despejar: despejo, despeje, despejem
taylorista. viajar: viajo, viaje, viajem
b) Em topônimos originários de outras línguas e seus 2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica
derivados. Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji
Exemplos: Kuwait, kuwaitiano.
3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j
c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como Exemplos: laranja- laranjeira / loja- lojista / lisonja –
unidades de medida de curso internacional. lisonjeador / nojo- nojeira / cereja- cerejeira / varejo- varejista
Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km / rijo- enrijecer / jeito- ajeitar
(quilômetro), Watt.
4) Nos seguintes vocábulos:
Emprego de X e Ch berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje,
Emprega-se o X: traje, pegajento
1) Após um ditongo.
Exemplos: caixa, frouxo, peixe Emprego das Letras S e Z
Exceção: recauchutar e seus derivados Emprega-se o S:
1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no
2) Após a sílaba inicial “en”. radical
Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca Exemplos: análise- analisar / catálise- catalisador / casa-
Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo casinha, casebre / liso- alisar
“en-”
Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de 2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título
chiqueiro), encher e seus derivados (enchente, enchimento, ou origem
preencher...) Exemplos: burguês- burguesa / inglês- inglesa / chinês-
chinesa / milanês- milanesa
3) Após a sílaba inicial “me-”.
Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão 3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e -osa
Exceção: mecha Exemplos:
catarinense gostoso- gostosa amoroso- amorosa
4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palmeirense gasoso- gasosa teimoso- teimosa
palavras inglesas aportuguesadas.
Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu 4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa
Exemplos: catequese, diocese, poetisa, profetisa,
5) Nas seguintes palavras: sacerdotisa, glicose, metamorfose, virose
bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo,
puxar, rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, 5) Após ditongos
xícara, xale, xingar, etc. Exemplos: coisa, pouso, lousa, náusea

Emprega-se o dígrafo Ch: 6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus
1) Nos seguintes vocábulos: derivados
bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, Exemplos:
chuchu, chute, cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos
mochila, pechincha, salsicha, tchau, etc. quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos
repus, repusera, repusesse, repuséssemos
Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia
considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a 7) Nos seguintes nomes próprios personativos:
origem da palavra. Veja os exemplos: Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, Resende, Sousa,
gesso: Origina-se do grego gypsos Teresa, Teresinha, Tomás
jipe: Origina-se do inglês jeep.
8) Nos seguintes vocábulos:
Emprega-se o G: abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, cortesia,
1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem decisão,despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena, mesada,
Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio, querosene,
Exceção: pajem raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo, visita, etc.

2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio Emprega-se o Z:


Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio 1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam z no
radical
3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g Exemplos: deslize- deslizar / razão- razoável / vazio-
Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem), esvaziar / raiz- enraizar /cruz-cruzeiro
vertiginoso (de vertigem)
2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos
4) Nos seguintes vocábulos: a partir de adjetivos
algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete, Exemplos: inválido- invalidez / limpo-limpeza / macio-
hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, vagem. maciez / rígido- rigidez / frio- frieza / nobre- nobreza / pobre-
pobreza / surdo- surdez

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APOSTILAS OPÇÃO

3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar Exemplos: exceção, excêntrico, excedente, excepcional,
substantivos exsudar
Exemplos: civilizar- civilização / hospitalizar- hospitalização
/ colonizar- colonização / realizar- realização Observações sobre o uso da letra X
1) O X pode representar os seguintes fonemas:
4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita /ch/ - xarope, vexame
Exemplos: cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito, /cs/ - axila, nexo
avezita /z/ - exame, exílio
/ss/ - máximo, próximo
5) Nos seguintes vocábulos: /s/ - texto, extenso
azar, azeite, azedo, amizade, buzina, bazar, catequizar,
chafariz, cicatriz, coalizão, cuscuz, proeza, vizinho, xadrez, 2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-
verniz, etc. Exemplos: excelente, excitar

6) Nos vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no Emprego das letras E e I


contraste entre o S e o Z Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i /
Exemplos: cozer (cozinhar) e coser (costurar) pode não ser nítida. Observe:
prezar( ter em consideração) e presar (prender)
traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior) Emprega-se o E:
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar
Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z. Veja Exemplos:
os exemplos: exame exato exausto exemplo existir magoar - magoe, magoes
exótico inexorável continuar- continue, continues

Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs 2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes,
Existem diversas formas para a representação do fonema anterior)
/S/. Observe: Exemplos: antebraço, antecipar

Emprega-se o S: 3) Nos seguintes vocábulos:


Nos substantivos derivados de verbos terminados em cadeado, confete, disenteria, empecilho, irrequieto,
“andir”,”ender”, “verter” e “pelir” mexerico, orquídea, etc.
Exemplos: expandir- expansão / pretender- pretensão /
verter- versão / expelir- expulsão / estender- extensão / Emprega-se o I :
suspender- suspensão / converter – conversão / repelir- 1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir
repulsão Exemplos:
cair- cai
Emprega-se Ç: doer- dói
Nos substantivos derivados dos verbos “ter” e “torcer” influir- influi
Exemplos: ater- atenção / torcer- torção / deter- detenção /
distorcer-distorção / manter- manutenção / contorcer- 2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra)
contorção Exemplos:
Anticristo, antitetânico
Emprega-se o X:
Em alguns casos, a letra X soa como Ss 3) Nos seguintes vocábulos:
Exemplos: auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina,
sintaxe, texto, trouxe privilégio, etc.

Emprega-se Sc: Emprego das letras O e U


Nos termos eruditos Emprega-se o O/U:
Exemplos: acréscimo, ascensorista, consciência, descender, A oposição o/u é responsável pela diferença de significado
discente, fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação, de algumas palavras. Veja os exemplos: comprimento
miscível, plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc. (extensão) e cumprimento (saudação, realização) soar (emitir
som) e suar (transpirar)
Emprega-se Sç:
Na conjugação de alguns verbos Grafam-se com a letra O: bolacha, bússola, costume,
Exemplos: nascer- nasço, nasça moleque.
crescer- cresço, cresça
descer- desço, desça Grafam-se com a letra U: camundongo, jabuti, Manuel,
tábua
Emprega-se Ss:
Nos substantivos derivados de verbos terminados em Emprego da letra H
“gredir”, “mitir”, “ceder” e “cutir” Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor
Exemplos: agredir- agressão /demitir- demissão/ ceder- fonético. Conservou-se apenas como símbolo, por força da
cessão / discutir- discussão / progredir- progressão / etimologia e da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo,
transmitir- transmissão / exceder- excesso / repercutir- grafa-se desta forma devido a sua origem na forma latina hodie.
repercussão
Emprega-se o H:
Emprega-se o Xc e o Xs: 1) Inicial, quando etimológico
Em dígrafos que soam como Ss Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio

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APOSTILAS OPÇÃO

2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh Observação: esses nomes escrevem-se com inicial
Exemplos: flecha, telha, companhia minúscula quando são empregados em sentido geral ou
indeterminado.
3) Final e inicial, em certas interjeições Exemplo: Todos amam sua pátria.
Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc.
Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula:
4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios.
elemento, se etimológico Exemplos:
Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc. Rua da Liberdade ou rua da Liberdade
Igreja do Rosário ou igreja do Rosário
Observações: Edifício Azevedo ou edifício Azevedo
1) No substantivo Bahia, o “h” sobrevive por tradição. Note
que nos substantivos derivados como baiano, baianada ou 2) Utiliza-se inicial minúscula:
baianinha ele não é utilizado. a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes.
Exemplos: carro, flor, boneca, menino, porta, etc.
2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a letra
“h” na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.
sempre são grafados com h. Veja: Exemplos:
herbívoro, hispânico, hibernal. janeiro, julho, dezembro, etc.
segunda, sexta, domingo, etc.
Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas primavera, verão, outono, inverno
1) Utiliza-se inicial maiúscula:
a) No começo de um período, verso ou citação direta. c) Nos pontos cardeais.
Exemplos: Disse o Padre Antonio Vieira: “Estar com Cristo Exemplos: Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.
em qualquer lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso.” Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste,
sudoeste.
“Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança, Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os
Estandarte que à luz do sol encerra pontos cardeais são grafados com letra maiúscula.
As promessas divinas da Esperança…” Exemplos:
(Castro Alves) Nordeste (região do Brasil)
Ocidente (europeu)
Observações: Oriente (asiático)
- No início dos versos que não abrem período, é facultativo o
uso da letra maiúscula. Lembre-se:
Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta,
Por Exemplo: usa-se letra minúscula.
“Aqui, sim, no meu cantinho, Exemplo: “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas:
vendo rir-me o candeeiro, ouro, incenso, mirra.” (Manuel Bandeira)
gozo o bem de estar sozinho
e esquecer o mundo inteiro.” Emprego FACULTATIVO de letra minúscula:
a) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica.
- Depois de dois pontos, não se tratando de citação direta, Exemplos:
usa-se letra minúscula. Crime e Castigo ou Crime e castigo
Por Exemplo: Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas
“Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido
incenso, mirra.” (Manuel Bandeira)
b) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em
b) Nos antropônimos, reais ou fictícios. nomes sagrados e que designam crenças religiosas.
Exemplos: Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote. Exemplos:
Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
c) Nos topônimos, reais ou fictícios. Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Exemplos: Rio de Janeiro, Rússia, Macondo. Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor
reitor
d) Nos nomes mitológicos. Santa Maria ou santa Maria.
Exemplos: Dionísio, Netuno.
c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e
e) Nos nomes de festas e festividades. disciplinas.
Exemplos: Natal, Páscoa, Ramadã. Exemplos:
Português ou português
f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais. Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas
Exemplos: ONU, Sr., V. Ex.ª. modernas
História do Brasil ou história do Brasil
g) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos, Arquitetura ou arquitetura
políticos ou nacionalistas.
Exemplos: Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado,
Nação, Pátria, União, etc.

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APOSTILAS OPÇÃO

Emprego do Porquê ........................ praticar atividade física..........................benefícios


para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas
Orações
terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para
Interrogativas Exemplo:
.......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o
(pode ser Por que devemos nos
avanço da idade.
substituído por: preocupar com o meio (Ciência Hoje, março de 2012)
por qual motivo, ambiente?
Por Que por qual razão) As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
respectivamente, com:
Exemplo: (A) porque … trás … previnir
Equivalendo Os motivos por que (B) porque … traz … previnir
a “pelo qual” não respondeu são (C) porquê … tras … previnir
desconhecidos. (D) por que … traz … prevenir
(E) por quê … tráz … prevenir
Exemplos: 02. Assinale a opção que completa corretamente as
Final de lacunas da frase abaixo: Não sei o _____ ela está com os olhos
Você ainda tem coragem
frases e vermelhos, talvez seja _____ chorou.
Por Quê de perguntar por quê?
seguidos de (A) porquê / porque;
Você não vai? Por quê?
pontuação (B) por que / porque;
Não sei por quê!
(C) porque / por que;
Exemplos: (D) porquê / por quê;
Conjunção A situação agravou-se (E) por que / por quê.
que indica porque ninguém reclamou.
explicação ou Ninguém mais o espera, 03. Considerando a ortografia e a acentuação da norma-
causa porque ele sempre se padrão da língua portuguesa, as lacunas estão, correta e
Porque atrasa. respectivamente, preenchidas por:
(A) mal ... por que ... intuíto
Conjunção de (B) mau ... por que ... intuito
Finalidade – Exemplos: (C) mau ... porque ... intuíto
equivale a “para Não julgues porque (D) mal ... porque ... intuito
que”, “a fim de não te julguem. (E) mal ... por quê ... intuito
que”.
04. Assinale a alternativa que preenche, correta e
Função de respectivamente, as lacunas do trecho a seguir, de acordo com
substantivo – Exemplos: a norma-padrão.
vem Não é fácil encontrar o Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenômeno
Porquê acompanhado porquê de toda confusão. da corrupção e das fraudes.
de artigo ou Dê-me um porquê de (A) a … concenso … acerca
pronome sua saída. (B) há … consenso … acerca
(C) a … concenso … a cerca
(D) a … consenso … há cerca
1. Por que (pergunta) (E) há … consenço … a cerca
2. Porque (resposta)
3. Por quê (fim de frase: motivo) 05. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam
4. O Porquê (substantivo) flexionadas de acordo com a norma-padrão.
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
Emprego de outras palavras (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”: Não fazia (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
coisa nenhuma senão criticar. (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais
condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá Gabarito
desta situação crítica.
01.D/02.B/03.D/4.B/5.D
Tampouco: advérbio, equivale a “também não”: Não
compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa.
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão Morfologia (Classes de
pouco esta semana. palavras, Processo de
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios. formação das palavras.)
Traz - do verbo trazer.

Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui. ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está
vultuosa e deformada. Observe as seguintes palavras:
escol-a
Questões escol-ar
escol-arização
01. Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou até escol-arizar
sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre sub-escol-arização

Língua Portuguesa 51
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APOSTILAS OPÇÃO

Percebemos22 que há um elemento comum a todas elas: a cant-á-va-mos


forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, cant-á-sse-is
responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por cant: radical
exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se cant: radical
escolar pelo acréscimo do elemento destacável: ar. -á-: vogal temática
Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas -á-: vogal temática
palavras que selecionamos, podemos depreender a existência
de diferentes elementos formadores. Cada um desses -va-: desinência modo-temporal(caracteriza o pretérito
elementos formadores é uma unidade mínima de significação, imperfeito do indicativo)
um elemento significativo indecomponível, a que damos o -sse-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito
nome de morfema. imperfeito do subjuntivo)
-mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira
Classificação dos morfemas: pessoa do plural)
Radical -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
Há um morfema comum a todas as palavras que estamos pessoa do plural)
analisando: escol-.
É esse morfema comum - o radical - que faz com que as Vogal temática
consideremos palavras de uma mesma família de significação Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais,
-os cognatos. O radical é a parte da palavra responsável por surge sempre o morfema– a.
sua significação principal. Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado
de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo
Afixos o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temática) que se
Como vimos, o acréscimo do morfema - ar - cria uma nova acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os nomes
palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o acréscimo apresentam vogais temáticas.
dos morfemas sub e arização à forma escol
criou subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
afixos. átonas finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola,
Quando são colocados antes do radical, como acontece triste, base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que
com sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como essas terminações são desinências indicadoras de gênero, pois
arização, surgem depois do radical os afixos são chamados a mesa, a escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão.
de sufixos. É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora
Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe de plural:
gramatical, são capazes de introduzir modificações de mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais
significado no radical a que são acrescentados. tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam
vogal temática.
Desinências
Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como Vogais temáticas verbais: São -a, -e e- i, que caracterizam
amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações.
modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira
flexionado em número (singular e plural) e pessoa (primeira, conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à
segunda ou terceira). Também ocorrem se modificarmos o segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem
tempo e o modo do verbo (amava, amara, amasse, por à terceira conjugação.
exemplo).
Podemos concluir, assim, que existem morfemas que primeira conj. segunda conj. terceira conj.
indicam as flexões das palavras. Esses morfemas sempre govern-a-va estabelec-e-sse defin-i-ra
surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de atac-a-va cr-e-ra imped-i-sse
desinências. Há desinências nominais e desinências realiz-a-sse mex-e-rá g-i-mos
verbais.
Vogal ou consoante de ligação
Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos
nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que
as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina. surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Temos um
morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência de exemplo de vogal de ligação na palavra escolaridade: o - i
morfema, que indica o singular: garoto/garotos; - entre os sufixos- ar- e -dade facilita a emissão vocal da
garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas. palavra. Outros exemplos: gasômetro, alvinegro, tecnocracia,
No caso dos nomes terminados em –r e– z, a desinência de paulada, cafeteira, chaleira, tricota.
plural assume a forma -es:
mar/mares; Processos de formação de palavras:
revólver/revólveres; 1-) Composição
cruz/cruzes. Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de
Desinências verbais: em nossa língua, as desinências composição; justaposição e aglutinação.
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que 1.1-) Justaposição: ocorre quando os elementos que
indicam o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e formam o composto são postos lado a lado, ou seja,
aquelas que indicam o número e a pessoa dos verbos justapostos: Corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
(desinência número-pessoais):

22Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-formacao-de-
palavras-i.htm

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APOSTILAS OPÇÃO

1.2-) Aglutinação: ocorre quando os elementos que


formam o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde - Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando
sua integridade sonora: Aguardente (água + ardente), planalto imitar sons da natureza ou sons repetidos. Por
(plano + alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre) exemplo: zum-zum, cri-cri, tique-taque, pingue-pongue, blá-
blá-blá.
Derivação por acréscimo de afixos
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas - Siglas: As siglas são formadas pela combinação das letras
(derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A iniciais de uma sequência de palavras que constitui um nome.
derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. Por exemplo: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
1-) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por Estatística); IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano).
acréscimo de prefixo. As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não
In------ --feliz des----------leal ser que haja mais de três letras e a sigla seja
Prefixo radical prefixo radical pronunciável sílaba por sílaba.
Por exemplo: Unicamp, Petrobras.
2-) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
acréscimo de sufixo. Questões
Feliz---- mente leal------dade
Radical sufixo radical sufixo 01. Assinale a opção em que todas as palavras se formam
pelo mesmo processo:
3-) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo A) ajoelhar / antebraço / assinatura
simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem B) atraso / embarque / pesca
o sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não C) o jota / o sim / o tropeço
“existiria”). Por parassíntese formam-se principalmente D) entrega / estupidez / sobreviver
verbos. E) antepor / exportação / sanguessuga
En-- -----trist- ----ecer
Prefixo radical sufixo 02. A palavra “aguardente” formou-se por:
A) hibridismo
en----- ---tard--- --ecer B) aglutinação
prefixo radical sufixo C) justaposição
D) parassíntese
Outros tipos de derivação E) derivação regressiva

Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem 03. Que item contém somente palavras formadas por
que haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva justaposição?
e a derivação imprópria. A) desagradável - complemente
B) vaga-lume - pé-de-cabra
1-) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por C) encruzilhada - estremeceu
redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação D) supersticiosa - valiosas
de substantivos derivados de verbos. Exemplo: A pesca está E) desatarraxou - estremeceu
proibida. (pescar). Proibida a caça. (caçar)
04. “Sarampo” é:
2-) Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é A) forma primitiva
obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra B) formado por derivação parassintética
primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão C) formado por derivação regressiva
somente na classe gramatical. D) formado por derivação imprópria
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê E) formado por onomatopeia
deriva da conjunção porque)
Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui, 05.As palavras são formadas através de derivação
substantivo) parassintética em
A)infelizmente, desleal, boteco, barraco.
Outros processos de formação de palavras: B)ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer.
C)caça, pesca, choro, combate.
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos D)ajoelhar, pesca, choro, entristecer.
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim) Gabarito
sociologia (socio: latim; logia: grego) 01. (B) / 2. (B) / 3. (B) / 4. (C) / 5. (B)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)
CLASSES DE PALAVRAS
- Abreviação vocabular, cujo traço peculiar manifesta-se
por meio da eliminação de um segmento de uma palavra no Artigo
intuito de se obter uma forma mais reduzida, geralmente
aquelas mais longas. Vejamos alguns exemplos: Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo,
indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou
metropolitano – metrô indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o
extraordinário – extra gênero e o número dos substantivos.23
otorrinolaringologista – otorrino
telefone – fone
pneumático – pneu

23 www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf31.php

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APOSTILAS OPÇÃO

Classificação dos Artigos - O artigo também é usado para substantivar palavras


oriundas de outras classes gramaticais:
Artigos Definidos: determinam os substantivos de Não sei o porquê de tudo isso.
maneira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo
Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de cujo (e flexões).
maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu Este é o homem cujo amigo desapareceu.
matei um animal.
- Não se deve usar artigo antes das palavras casa (no
Combinação dos Artigos sentido de lar, moradia) e terra (no sentido de chão firme), a
É muito presente a combinação dos artigos definidos e menos que venham especificadas.
indefinidos com preposições. Este quadro apresenta a forma Eles estavam em casa.
assumida por essas combinações: Os marinheiros permanecem na terra dos anões.

Preposições Artigos - Não se emprega artigo antes dos pronomes de


- o, os tratamento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona.
a ao, aos Vossa excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.
de do, dos
em no, nos - Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome
por (per) pelo, pelos de revistas, jornais, obras literárias.
a, as um, uns uma, umas Li a notícia em O Estado de S. Paulo.
à, às - -
Morfossintaxe
da, das dum, duns duma, dumas
na, nas num, nuns numa, numas
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas
pela, pelas - -
relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua
portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal do
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o
substantivo a que se refere. Tal função independe da função
artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida
exercida pelo substantivo:
por crase.
A existência é uma poesia.
Constatemos as circunstâncias em que os artigos se
Uma existência é a poesia.
manifestam:
Questões
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
numeral “ambos”:
01. Determine o caso em que o artigo tem valor
Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas. qualificativo:
(A) Estes são os candidatos que lhe falei.
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do
(B) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera.
artigo, outros não:
(C) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho.
São Paulo, O Rio de Janeiro.
(D) Os problemas que o afligem não me deixam
descuidado.
- Quando indicado no singular, o artigo definido pode
(E) Muito é a procura; pouca é a oferta.
indicar toda uma espécie:
O trabalho dignifica o homem.
02. Em qual dos casos o artigo denota familiaridade?
(A) O Amazonas é um rio imenso.
- No caso de nomes próprios personativos, denotando a
(B) D. Manuel, o Venturoso, era bastante esperto.
ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do
(C) O Antônio comunicou-se com o João.
artigo:
(D) O professor João Ribeiro está doente.
O Pedro é o xodó da família.
(E) Os Lusíadas são um poema épico
- No caso de os nomes próprios personativos estarem no
03.Assinale a alternativa em que o uso do artigo está
plural, são determinados pelo uso do artigo:
substantivando uma palavra.
Os Maias, os Incas.
(A) A liberdade vai marcar a poesia social de Castro Alves.
(B) Leitor perspicaz é aquele que consegue ler as
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
entrelinhas.
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o
(C) A navalha ia e vinha no couro esticado.
artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
(D) Haroldo ficou encantado com o andar de bailado de
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Joana.
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
(E) Bárbara dirigia os olhos para a lua encantada.
(qualquer classe)
Gabarito
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
1-B / 2-C / 3-D
facultativo:
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
Substantivo
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia
de aproximação numérica:
Tudo24 o que existe é ser e cada ser tem um
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos.
nome. Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis,

24 Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php

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APOSTILAS OPÇÃO

as quais denominam os seres. Além de objetos, pessoas e Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que
fenômenos, os substantivos também nomeiam: dependem de outros para se manifestar ou existir.
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
-sentimentos: raiva, amor... observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou
-estados: alegria, tristeza... coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para se
-qualidades: honestidade, sinceridade... manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo
-ações: corrida, pescaria... abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, qualidades,
Morfossintaxe do substantivo ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
abstraídos, e sem os quais não podem existir.
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua (sentimento).
como núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto
direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ainda 3 - Substantivos Coletivos
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do aposto, Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
como núcleo do predicativo do sujeito ou do objeto ou como abelha, mais outra abelha.
núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos como Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
quando essas funções são desempenhadas por grupos de
palavras. Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi
necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
Classificação dos Substantivos mais outra abelha...
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
1- Substantivos Comuns e Próprios No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular
Observe a definição: (enxame) para designar um conjunto de seres da mesma
espécie (abelhas).
s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas casas e O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a sede
de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo
oposição aos bairros). estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma
espécie.
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e Formação dos Substantivos
edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade. Substantivos Simples e Compostos
Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.
mesma espécie de forma genérica.
cidade, menino, homem. O substantivo chuva é formado por um único elemento ou
radical. É um substantivo simples.
Estamos voando para Barcelona. Substantivo Simples: é aquele formado por um único
elemento.
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie Outros substantivos simples: tempo, sol, etc. Veja agora: O
cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Próprio :é substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
particular. Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais
elementos.
Londres, Paulinho, Pedro. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.

2 - Substantivos Concretos e Abstratos Substantivos Primitivos e Derivados


Meu limão meu limoeiro,
LÂMPADA MALA meu pé de jacarandá...

Os substantivos lâmpada e mala designam seres com O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de
existência própria, que são independentes de outros seres. São nenhum outro dentro de língua portuguesa.
assim, substantivos concretos. Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa.
existe, independentemente de outros seres. O substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir
da palavra limão.
Obs.: os substantivos concretos designam seres do Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra
mundo real e do mundo imaginário. palavra.

Seres do mundo real: homem, mulher, etc. Flexão dos substantivos


Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, etc. O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável
quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
Observe agora: exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos
Beleza exposta Feminino: menina
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual. Aumentativo: meninão
Diminutivo: menininho
O substantivo beleza designa uma qualidade.

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Flexão de Gênero f) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final


Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar por -a:
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois elefante - elefanta
gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao
gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos g) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino
dos artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes: e no feminino:
O velho e o mar bode – cabra boi - vaca
Um Natal inesquecível
h) Substantivos que formam o feminino de maneira
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem especial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: czar – czarina réu - ré
A história sem fim
Uma cidade sem passado Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes

Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes - Epicenos:


Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso
nomes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma
relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, para indicar o masculino e o feminino.
uma para o masculino e outra para o feminino. Observe: gato Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para
– gata, homem – mulher. designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de
epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto A cobra macho picou o marinheiro.
para o feminino. Classificam-se em: A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos.
a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré Sobrecomuns:
fêmea.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas. Entregue as crianças à natureza.
a criança, a testemunha, a vítima. A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo
masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o sexo
por meio do artigo. dos seres a que se refere a palavra. Veja:
o colega e a colega, o doente e a doente. A criança chorona chamava-se João.
Saiba que: A criança chorona chamava-se Maria.
- Substantivos de origem grega terminados
em ema ou oma, são masculinos. Outros substantivos sobrecomuns:
o axioma, o fonema, o poema. a criatura = João é uma boa criatura.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, Maria é uma boa criatura.
variam em seu significado. o cônjuge = O cônjuge de João faleceu.
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora) o O cônjuge de Marcela faleceu
capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Comuns de Dois Gêneros:
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
a) Regra geral: troca-se a terminação -o por -a. Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
aluno - aluna Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez
b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao que a palavra motorista é um substantivo uniforme. O restante
masculino. da notícia informa-nos de que se trata de um homem.
freguês - freguesa A distinção de gênero pode ser feita através da análise do
artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo.
c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de o colega - a colega
três formas: um jovem - uma jovem
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã - A palavra personagem é usada indistintamente nos dois
- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - preferência pelo masculino:
sultana O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos
de carochinha.
d) Substantivos terminados em -or: b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino:
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora O problema está nas mulheres de mais idade, que não
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz aceitam a personagem.
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
e) Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: fotográfico Ana Belmonte.
cônsul - consulesa abade - abadessa poeta -
poetisa
duque - duquesa conde - condessa profeta - profetisa

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APOSTILAS OPÇÃO

Observe o gênero dos substantivos seguintes: c) Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
pelo acréscimo de “es”.
Masculinos revólver – revólveres raiz - raízes
o tapa Atenção: O plural de caráter é caracteres.
o eclipse
o lança-perfume d) Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se
no plural, trocando o “l” por “is”.
Femininos quintal - quintais caracol – caracóis Exceções:
a dinamite mal e males, cônsul e cônsules.
a áspide
a derme e) Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras:
- São geralmente masculinos os substantivos de origem - Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
grega terminados em -ma: - Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
o grama (peso) Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas
o quilograma maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
o plasma
f) Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. duas maneiras:
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
Gênero dos Nomes de Cidades: acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam
Com raras exceções, nomes de cidades são femininos. invariáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
A histórica Ouro Preto.
A dinâmica São Paulo. g) Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de
três maneiras.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. - substituindo o -ão por -ões: ação - ações
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães
Gênero e Significação: - substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
h) Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o
Muitos substantivos têm uma significação no masculino e látex - os látex.
outra no feminino.
Observe: Plural dos Substantivos Compostos
A formação do plural dos substantivos compostos depende
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão) são grafados sem hífen comportam-se como os substantivos
simples:
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou aguardente e aguardentes girassol e girassóis
proibição de trânsito) pontapé e pontapés malmequer e malmequeres

o cabeça (chefe) O plural dos substantivos compostos cujos elementos são


a cabeça (parte do corpo) ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
o cinza (a cor cinzenta)
a cinza (resíduos de combustão) a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
o capital (dinheiro) substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
a capital (cidade) adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
Flexão de Número do Substantivo
b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
Em português, há dois números gramaticais: o singular, formados de:
que indica um ser ou um grupo de seres, e verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
o plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
característica do plural é o “s” final. falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
Plural dos Substantivos Simples
c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” formados de:
fazem o plural pelo acréscimo de “s”. substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-
pai – pais ímã - ímãs hífen - hifens (sem acento, colônia e águas-de-colônia
no plural). substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-
Exceção: cânon - cânones. vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como
b) Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o
“ns”. tipo do termo anterior.
homem - homens. palavra-chave - palavras-chave
bomba-relógio - bombas-relógio

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APOSTILAS OPÇÃO

d) Permanecem invariáveis, quando formados de: Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora molho (ó) = feixe (molho de lenha).
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-
rolhas Particularidades sobre o Número dos Substantivos

e) Casos Especiais a) Há substantivos que só se usam no singular:


o louva-a-deus e os louva-a-deus o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres b) Outros só no plural:
o joão-ninguém e os joões-ninguém. as núpcias, os víveres, os pêsames, as espadas/os paus
(naipes de baralho), as fezes.
Plural das Palavras Substantivadas
c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras singular:
classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no bem (virtude) e bens (riquezas)
plural, as flexões próprias dos substantivos. honra (probidade, bom nome) e honras (homenagem,
Pese bem os prós e os contras. títulos)
O aluno errou na prova dos noves.
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” d) Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
não variam no plural. sentido de plural:
Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez. Aqui morreu muito negro.
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
Plural dos Diminutivos improvisadas.

Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e Flexão de Grau do Substantivo


acrescenta-se o sufixo diminutivo. Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as
pãe(s) + zinhos = pãezinhos variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
animai(s) + zinhos = animaizinhos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado
normal. Por exemplo: casa
Plural dos Nomes Próprios Personativos
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre Classifica-se em:
que a terminação preste-se à flexão. Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo
Os Napoleões também são derrotados. que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
As Raquéis e Esteres. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador
de aumento. Por exemplo: casarão.
Plural dos Substantivos Estrangeiros
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser.
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser Pode ser:
escritos como na língua original, acrescentando -se “s” (exceto Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que
quando terminam em “s” ou “z”). indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
os shows os shorts os jazz Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo de diminuição. Por exemplo: casinha.
com as regras de nossa língua:
os clubes os chopes Questões
os jipes os esportes
01. A flexão de número do termo “preços-sombra” também
Observe o exemplo: ocorre com o plural de
Este jogador faz gols toda vez que joga. (A) reco-reco.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. (B) guarda-costa.
(C) guarda-noturno.
Plural com Mudança de Timbre (D) célula-tronco.
(E) sem-vergonha.
Certos substantivos formam o plural com mudança de
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato 02. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam
fonético chamado metafonia (plural metafônico). flexionadas de acordo com a norma-padrão.
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
Singular Plural Singular Plural (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
corpo( ô) corpos( ó) osso( ô) ossos( ó) (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
esforço esforços ovo ovos (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
fogo fogos poço poços
forno fornos porto portos 03. Indique a alternativa em que a flexão do substantivo
fosso fossos posto postos está errada:
(A) Catalães.
(B) Cidadãos.
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos, (C) Vulcães.
esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. (D) Corrimãos.

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APOSTILAS OPÇÃO

Gabarito Número dos Adjetivos

1-D / 2-D / 3-C Plural dos adjetivos simples


Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com
Adjetivo as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
substantivos simples.
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou Por exemplo: mau e maus, feliz e felizes.
característica do ser e se relaciona com o substantivo.
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
percebemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
ser colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso, que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um
moça bondosa, pessoa bondosa.25 substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade, palavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se
não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade, estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo.
moça bondade, pessoa bondade. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Bondade, portanto, não é adjetivo, mas substantivo. Veja outros exemplos:

Morfossintaxe do Adjetivo: Motos vinho (mas: motos verdes)


O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro Paredes musgo (mas: paredes brancas).
de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou Adjetivo Composto
do objeto).
É aquele formado por dois ou mais elementos.
Adjetivo Pátrio Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. o último elemento concorda com o substantivo a que se refere;
Observe alguns deles: os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um dos
Estados e cidades brasileiros: elementos que formam o adjetivo composto seja um
substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará
Alagoas alagoano invariável. Por exemplo :a palavra rosa é originalmente um
Amapá amapaense substantivo, porém ,se estiver qualificando um elemento,
Aracaju aracajuano ou aracajuense funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por
hífen, formará um adjetivo composto; como é um substantivo
Adjetivo Pátrio Composto adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Por
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro exemplo:
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos: Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
África afro- / Por exemplo: Cultura afro-americana Olhos verde-claros.
germano- ou teuto- / Por exemplo:
Alemanha Observe
Competições teuto-inglesas
américo- / Por exemplo: Companhia - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer
América adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre
américo-africana
invariáveis.
Flexão dos adjetivos - O adjetivo composto pele-vermelha têm os dois
elementos flexionados.
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Grau do Adjetivo
Gênero dos Adjetivos
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo:
referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos o comparativo e o superlativo.
substantivos, classificam-se em:
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino Comparativo
e outra para o feminino.
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída
Por exemplo: ativo e ativa, mau e má. a dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas
ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade,
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no de superioridade ou de inferioridade. Observe os exemplos
feminino somente o último elemento. abaixo:
Por exemplo: o moço norte-americano, a moça norte-
americana. 1) Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher quão.
feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no 2) Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença Superioridade Analítico
político-social.

25 www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32.php

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APOSTILAS OPÇÃO

No comparativo de superioridade analítico, entre os dois do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou
substantivos comparados, um tem qualidade superior. A érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo.
forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do A forma popular é constituída do radical do adjetivo
que” ou “mais...que”. português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo,
3) O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de precariíssimo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem
Superioridade Sintético atual, as formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem
o desagradável hiato i-í.
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. Questões

São eles: 01. Leia o texto a seguir.


bom-melhor
pequeno-menor Violência epidêmica
mau-pior
A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora
Observe que: possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as classes
a) As formas menor e pior são comparativos de sociais, é nos bairros pobres que ela adquire características
superioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, epidêmicas.
respectivamente. A prevalência varia de um país para outro e entre as
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas cidades de um mesmo país, mas, como regra, começa nos
(melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas grandes centros urbanos e se dissemina pelo interior.
entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as As estratégias que as sociedades adotam para combater a
formas analíticas mais bom, mais mau, mais grande e mais violência variam muito e a prevenção das causas evoluiu muito
pequeno. pouco no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços
Por exemplo: Pedro é maior do que Paulo - Comparação de ocorridos no campo das infecções, câncer, diabetes e outras
dois elementos. enfermidades.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas A agressividade impulsiva é consequência de perturbações
qualidades de um mesmo elemento. nos mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências
agressivas surgem em indivíduos com dificuldades
4) Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de adaptativas que os tornam despreparados para lidar com as
Inferioridade frustrações de seus desejos.
Sou menos passivo (do) que tolerante. A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os que
tiveram a personalidade formada num ambiente desfavorável
Superlativo ao desenvolvimento psicológico pleno.
A revisão de estudos científicos permite identificar três
O superlativo expressa qualidades num grau muito fatores principais na formação das personalidades com maior
elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser inclinação ao comportamento violento:
absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades: 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta- 2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
se nas formas: transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras não lhes impuseram limites de disciplina.
que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O 3) Associação com grupos de jovens portadores de
secretário é muito inteligente. comportamento antissocial.
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de
sufixos. crianças que se enquadram nessas três condições de risco.
Por exemplo: Associados à falta de acesso aos recursos materiais, à
O secretário é inteligentíssimo. desigualdade social, esses fatores de risco criam o caldo de
cultura que alimenta a violência crescente nas cidades.
Observe alguns superlativos sintéticos: Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a
resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o
benéfico beneficentíssimo criminoso fica impedido de delinquir apenas enquanto estiver
bom boníssimo ou ótimo preso.
comum comuníssimo Ao sair, estará mais pobre, terá rompido laços familiares e
sociais e dificilmente encontrará quem lhe dê emprego. Ao
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um mesmo tempo, na prisão, terá criado novas amizades e
ser é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa conexões mais sólidas com o mundo do crime.
relação pode ser: Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda.
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa,
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias
continuarão superlotadas.
Note bem: Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos criminalidade e tratar os que ingressaram nela.
advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo.
antepostos ao adjetivo. Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar os
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas policiais a executar sua função com dignidade, criar leis que
formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de acabem com a impunidade dos criminosos bem-sucedidos e
origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical construir cadeias novas para substituir as velhas.

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APOSTILAS OPÇÃO

Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
preventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão [dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala]
capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los
na sociedade por meio da educação formal de bom nível, das Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
práticas esportivas e da oportunidade de desenvolvimento variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número
artístico. (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência através
do pronome seja coerente em termos de gênero e número
(Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado) (fenômeno da concordância) com o seu objeto, mesmo quando
este se apresenta ausente no enunciado.
Em – características epidêmicas –, o adjetivo epidêmicas
corresponde a – características de epidemias. Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile
Assinale a alternativa em que, da mesma forma, o adjetivo da nossa escola neste ano.
em destaque corresponde, corretamente, à expressão [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
indicada. adequada]
(A) água fluvial – água da chuva. [neste: pronome que determina “ano” = concordância
(B) produção aurífera – produção de ouro. adequada]
(C) vida rupestre – vida do campo. [ele: pronome que faz referência à “Roberta” =
(D) notícias brasileiras – notícias de Brasília. concordância inadequada]
(E) costela bovina – costela de porco.
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
02.Não se pluraliza os adjetivos compostos abaixo, exceto: demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
(A) azul-celeste
(B) azul-pavão Pronomes Pessoais
(C) surda-muda
(D) branco-gelo São aqueles que substituem os substantivos, indicando
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
03.Assinale a única alternativa em que os adjetivos não assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”,
estão no grau superlativo absoluto sintético: “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e “ele”,
(A) Arquimilionário/ ultraconservador; “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou às
(B) Supremo/ ínfimo; pessoas de quem fala.
(C) Superamigo/ paupérrimo; Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções
(D) Muito amigo/ Bastante pobre que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso
oblíquo.
Gabarito
Pronome Reto
1-B / 2-C / 3-D
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença,
Pronome exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Nós lhe ofertamos flores.
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
se refere, ou ainda, que acompanha o nome qualificando-o de Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero
alguma forma.26 (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal
A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos! flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma,
[substituição do nome] o quadro dos pronomes retos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular: eu
A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita! - 2ª pessoa do singular: tu
[referência ao nome] - 3ª pessoa do singular: ele, ela
- 1ª pessoa do plural: nós
Essa moça morava nos meus sonhos! - 2ª pessoa do plural: vós
[qualificação do nome] - 3ª pessoa do plural: eles, elas
Grande parte dos pronomes não possuem significados
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como
um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele
daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”,
ato da comunicação. Com exceção dos pronomes comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua
interrogativos e indefinidos, os demais pronomes têm por formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados
função principal apontar para as pessoas do discurso ou a elas os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”,
se relacionar, indicando-lhes sua situação no tempo ou no “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”.
espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome
apresentam uma forma específica para cada pessoa do reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
discurso. formas verbais marcam, através de suas desinências, as
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto.
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Fizemos boa viagem. (Nós)
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]

Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?


[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]

26 Idem, 1.

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APOSTILAS OPÇÃO

Pronome Oblíquo Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume


as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na viram + o: viram-no
sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto repõe + os = repõe-nos
direto ou indireto) ou complemento nominal. retém + a: retém-na
tem + as = tem-nas
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante Pronome Oblíquo Tônico
do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
diversa que eles desempenham na oração: pronome reto Os pronomes oblíquos tônicos são sempre
marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o precedidos por preposições, em geral as
complemento da oração. preposições a, para, de e com. Por esse motivo, os pronomes
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com tônicos exercem a função de objeto indireto da oração.
a acentuação tônica que possuem, podendo ser Possuem acentuação tônica forte.
átonos ou tônicos. O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim
configurado:
Pronome Oblíquo Átono
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca. - 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
Ele me deu um presente. - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico
- 2ª pessoa do singular (tu): te são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 1ª pessoa do plural (nós): nos - As preposições essenciais introduzem sempre pronomes
- 2ª pessoa do plural (vós): vos pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os
pronomes costumam ser usados desta forma:
Observações: Não há mais nada entre mim e ti.
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o Não há nenhuma acusação contra mim.
pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por
acompanhar diretamente uma preposição, o Atenção:
pronome “lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na Há construções em que a preposição, apesar de surgir
oração. anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração
cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser
diretos como objetos indiretos. do caso reto.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
objetos diretos. Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Não vá sem eu mandar.
Saiba que:
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se - A combinação da preposição “com” e alguns pronomes
com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo, originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no- conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas frequentemente exercem a função de adjunto adverbial de
formas nos exemplos que seguem: companhia.
Ele carregava o documento consigo.
- Não contaram a
- Trouxeste o pacote?
novidade a vocês? - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
- Sim, entreguei-to ainda por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são
- Não, no-la contaram. reforçados por palavras
há pouco.
como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou algum
numeral.
No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro. Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más
Atenção: notícias.
Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois
de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em - Pronome Reflexivo
z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
tempo que a terminação verbal é suprimida. São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem
Por exemplo: fiz + o = fi-lo como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da
fazei + o = fazei-os oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa
dizer + a = dizê-la pelo verbo.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:

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APOSTILAS OPÇÃO

- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim. b) 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-
Eu não me vanglorio disso. se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi. pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os
pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti. na 3ª pessoa.
Assim tu te prejudicas. Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas,
Conhece a ti mesmo. para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. c) Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
Guilherme já se preparou. nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
Ela deu a si um presente. texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim,
Antônio conversou consigo mesmo. por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda,
- 1ª pessoa do plural (nós): nos. verbo na terceira pessoa.
Lavamo-nos no rio. Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
cabelos. (errado)
- 2ª pessoa do plural (vós): vos. Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus
Vós vos beneficiastes com a esta conquista. cabelos. (correto)

- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. Pronomes Possessivos


Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga. São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa
A Segunda Pessoa Indireta possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando singular)
utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso
interlocutor ( portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na Observe o quadro:
terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de
tratamento, que podem ser observados no quadro seguinte: Número Pessoa Pronome
singular primeira meu(s), minha(s)
Pronomes de Tratamento singular segunda teu(s), tua(s)
singular terceira seu(s), sua(s)
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques plural primeira nosso(s), nossa(s)
Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais plural segunda vosso(s), vossa(s)
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos plural terceira seu(s), sua(s)
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-
generais Note que: A forma do possessivo depende da pessoa
Vossa Magnificência V.Mag.ª(s) reitores de universidades gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas com o objeto possuído.
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento
Vossa Santidade V. S. Papa difícil.
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso Observações:
Vossa Onipotência V. O. Deus
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da
Também são pronomes de tratamento o senhor, a alteração fonética da palavra senhor.
senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados - Muito obrigado, seu José.
no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento
familiar. Você e vocês são largamente empregados no 2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse.
português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso Podem ter outros empregos, como:
frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem a) indicar afetividade.
uso restrito à linguagem litúrgica ,ultraformal ou literária. - Não faça isso, minha filha.
b) indicar cálculo aproximado.
Observações: Ele já deve ter seus 40 anos.
a) Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de c) atribuir valor indefinido ao substantivo.
tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em Marisa tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
relação à pessoa com quem falamos.
Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este 3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o
encontro. pronome possessivo fica na 3ª pessoa.
Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa. Vossa Excelência trouxe sua mensagem?
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência,
o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade. 4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
concorda com o mais próximo.
- Os pronomes de tratamento representam uma forma Trouxe-me seus livros e anotações.
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, 5- Em algumas construções, os pronomes pessoais
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado oblíquos átonos assumem valor de possessivo.
supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa. Vou seguir-lhe os passos( .= Vou seguir seus passos.)

Língua Portuguesa 63
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APOSTILAS OPÇÃO

Pronomes Demonstrativos b) O pronome demonstrativo neutro ou pode representar


um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou
a posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao aposto.O casamento seria um desastre. Todos o pressentiam.
contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no c) Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
tempo ou discurso. expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer,
chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes
No espaço: de).
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o Ninguém teve coragem de falar antes que ela o fizesse.
carro está perto da pessoa que fala. d) Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em
está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que primeiro lugar.
fala. O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos;
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o aquele casado, solteiro este. [ou então: este
carro está afastado da pessoa que fala e daquela com quem solteiro, aquele casado]
falo. e) O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
irônica.
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto A menina foi a tal que ameaçou o professor?
por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita f) Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com
de fala), são particularmente importantes o este e o esse - o pronome demonstrativo :àquele ,àquela, deste, desta, disso,
primeiro localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, nisso, no, etc.
em relação ao destinatário. Trocá-los pode causar Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
ambiguidade.
Pronomes Indefinidos
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso,
universidade destinatária). dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
Reafirmamos a disposição desta universidade em participar quantidade indeterminada.
no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
envia a mensagem). plantadas.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa de
No tempo: quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser
ao ano presente. humano que seguramente existe, mas cuja identidade é
Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere desconhecida ou não se quer revelar.
a um passado próximo.
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está Classificam-se em:
se referindo a um passado distante.
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar do
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São
invariáveis, observe: eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém,
outrem, quem, tudo.
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), Algo o incomoda?
aquela(s). Quem avisa amigo é.
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser
- Também aparecem como pronomes demonstrativos: expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo. Cada povo tem seus costumes.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora
te indiquei.) pronomes indefinidos adjetivos:
- mesmo(s), mesma(s): algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem. demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
- próprio(s), própria(s): nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
Os próprios alunos resolveram o problema. quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
- semelhante(s):
Não compre semelhante livro. Menos palavras e mais ações.
- tal, tais:
Tal era a solução para o problema. Os pronomes indefinidos podem ser divididos
em variáveis e invariáveis. Observe:
Note que:
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
a) Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
construções redundantes, com finalidade expressiva, para vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns,
salientar algum termo anterior. Por exemplo: nenhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros,
Manuela, essa é que dera em cheio casando com o José quantos, algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias,
Afonso. Desfrutar das belezas brasileiras, isso é que é sorte! tantas, outras, quantas.

Língua Portuguesa 64
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APOSTILAS OPÇÃO

Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, b) O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
cada. pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um, podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja quem Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por
for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado. Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o
qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria
Indefinidos Sistemáticos ambiguidade.)

Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
percebemos que existem alguns grupos que criam oposição de dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido
afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido c) O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade afirmativa, refere a uma oração.
e nenhum/nada, que indicam uma totalidade negativa;
alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e algo/nada, que se Não chegou a ser padre, mas deixou de ser poeta, que era a
referem à coisa; certo, que particulariza, e qualquer, que sua vocação natural.
generaliza.
Essas oposições de sentido são muito importantes na d) O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente,
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais,
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumentos das quais.
expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações de Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
que fazem parte: (antecedente) (consequente)
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado e) “Quanto” é pronome relativo quando tem por
prático. antecedente um pronome indefinido: tanto( ou variações )e
Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são tudo:
pessoas quaisquer.
Emprestei tantos quantos foram necessários.
Pronomes Relativos (antecedente)

São aqueles que representam nomes já mencionados Ele fez tudo quanto havia falado.
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as (antecedente)
orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um f) O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
grupo racial sobre outros. precedido de preposição.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros =
oração subordinada adjetiva). É um professor a quem muito devemos.
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e (preposição)
introduz uma oração subordinada. Diz-se que a
palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo que. g) “Onde”, como pronome relativo, sempre possui
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar.
demonstrativo o, a, os, as. A casa onde morava foi assaltada.
Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem h) Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em
expresso. que.
Quem casa, quer casa. Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no
exterior.
Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os i) Podem ser utilizadas como pronomes relativos as
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, palavras:
quantas. - como (= pelo qual)
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. Não me parece correto o modo como você agiu semana
passada.
Note que: - quando (= em que)
a) O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu j) Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
antecedente for um substantivo. numa só frase.
O futebol é um esporte.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) O povo gosta muito deste esporte.
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais) k) Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ocorrer a elipse do relativo “que”.
quais) A sala estava cheia de gente que conversava, (que) ria,
(que) fumava.

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APOSTILAS OPÇÃO

Pronomes Interrogativos acabamos de conhecer. Se você gostar do perfil, adicionará


aquela pessoa, e estará formado um vínculo. No final, todo
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas mundo vira amigo de todo mundo. Mas, não é bem assim. As
ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem-se redes sociais têm o poder de transformar os chamados elos
à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes latentes (pessoas que frequentam o mesmo ambiente social,
interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e mas não são suas amigas) em elos fracos – uma forma
variações). superficial de amizade. Pois é, por mais que existam exceções
_______qualquer regra, todos os estudos mostram que amizades
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. geradas com a ajuda da Internet são mais fracas, sim, do que
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas aquelas que nascem e se desenvolvem fora dela.
preferes. Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo
passageiros desembarcaram. mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos, não. Eles
transitam por grupos diferentes do seu e, por isso, podem lhe
Sobre os pronomes: apresentar novas pessoas e ampliar seus horizontes – gerando
uma renovação de ideias que faz bem a todos os
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de relacionamentos, inclusive às amizades antigas. O problema é
sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando que a maioria das redes na Internet é simétrica: se você
desempenha função de complemento. Vamos entender, quiser ter acesso às informações de uma pessoa ou mesmo
primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que falar reservadamente com ela, é obrigado a pedir a amizade
função exerce. Observe as orações: dela. Como é meio grosseiro dizer “não” ________ alguém que
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. você conhece, todo mundo acaba adicionando todo mundo. E
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia ajudá- isso vai levando ________ banalização do conceito de amizade.
lo. É verdade. Mas, com a chegada de sítios como o Twitter,
ficou diferente. Esse tipo de sítio é uma rede social
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” completamente assimétrica. E isso faz com que as redes de
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. “seguidores” e “seguidos” de alguém possam se comunicar de
Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo maneira muito mais fluida. Ao estudar a sua própria rede no
função de complemento, e, consequentemente, é do caso Twitter, o sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade de
oblíquo. Harvard, percebeu que seus amigos tinham começado a se
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o comunicar entre si independentemente da mediação dele.
pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a Pessoas cujo único ponto em comum era o próprio Christakis
segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se acabaram ficando amigas. No Twitter, eu posso me interessar
devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe). pelo que você tem a dizer e começar a te seguir. Nós não nos
Importante: Em observação à segunda oração, o emprego conhecemos.
do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo Mas você saberá quando eu o retuitar ou mencionar seu
intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar nome no sítio, e poderá falar comigo. Meus seguidores também
antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo principal podem se interessar pelos seus tuítes e começar a seguir você.
(no caso “ajudar”) estiver no infinitivo ou gerúndio. Em suma, nós continuaremos não nos conhecendo, mas as
Eu desejo lhe perguntar algo. pessoas que estão ________ nossa volta podem virar amigas
Eu estou perguntando-lhe algo. entre si.
Adaptado de: COSTA, C. C.. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/cotidiano/como-internet-estamudando-
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou amizade-619645.shtml>.
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos que são sempre precedidos de Considere as seguintes afirmações sobre a relação que se
preposição. estabelece entre algumas palavras do texto e os elementos a
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu que se referem.
estava fazendo. I. No segmento que nascem, a palavra que se refere a
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que amizades.
eu estava fazendo. II. O segmento elos fracos retoma o segmento uma forma
superficial de amizade.
Questões III. Na frase Nós não nos conhecemos, o pronome Nós
refere-se aos pronomes eu e você.
01. Observe as sentenças abaixo.
I. Esta é a professora de cuja aula todos os alunos gostam. Quais estão corretas?
II. Aquela é a garota com cuja atitude discordei - tornamo- (A) Apenas I.
nos inimigas desde aquele episódio. (B) Apenas II.
III. A criança cuja a família não compareceu ficou (C) Apenas III.
inconsolável. (D) Apenas I e II.
(E) I, II e III.
O pronome ‘cuja’ foi empregado de acordo com a norma
culta da língua portuguesa em:
(A) apenas uma das sentenças
(B) apenas duas das sentenças.
(C) nenhuma das sentenças.
(D) todas as sentenças.

02. Um estudo feito pela Universidade de Michigan


constatou que o que mais se faz no Facebook, depois de
interagir com amigos, é olhar os perfis de pessoas que

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APOSTILAS OPÇÃO

03. Observe a charge a seguir. falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)

Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados


(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de
haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas formas
do verbo: põe, pões, põem, etc.

Formas Rizotônicas e Arrizotônicas

Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos


verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com
facilidade que nas formas rizotônicas, o acento tônico cai no
Em relação à charge acima, assinale a afirmativa
radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas
inadequada.
formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas
(A) A fala do personagem é uma modificação intencional
sim na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos.
de uma fala de Cristo.
(B) As duas ocorrências do pronome “eles” referem-se a
Classificação dos Verbos
pessoas distintas.
(C) A crítica da charge se dirige às autoridades políticas no
Classificam-se em:
poder.
a) Regulares: são aqueles que possuem as desinências
(D) A posição dos braços do personagem na charge repete
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca
a de Cristo na cruz.
alterações no radical.
(E) Os elementos imagísticos da charge estão distribuídos
de forma equilibrada.
Por exemplo:
canto cantei cantarei cantava cantasse
Gabarito
b) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências.
01. A\02. E\03. B
Por exemplo: faço fiz farei fizesse
c) Defectivos: são aqueles que não apresentam
Verbo
conjugação completa. Classificam-se em impessoais,
unipessoais e pessoais.
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa,
número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros
- Impessoais: são os verbos que não têm sujeito.
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover);
Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
ocorrência (nascer); desejo (querer).27
principais verbos impessoais são:
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus
a) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
possíveis significados. Observe que palavras como corrida,
se ou fazer (em orações temporais).
chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
verbos mencionados acima; não apresentam, porém ,todas as
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
possibilidades de flexão que esses verbos possuem.
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
Estrutura das Formas Verbais
b) fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
apresentar os seguintes elementos:
Era primavera quando a conheci.
Estava frio naquele dia.
a) Radical: é a parte invariável, que expressa o significado
essencial do verbo. Por exemplo:
c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-)
são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar,
amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói,
b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a
“Amanheci mal-humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r
sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em
sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.
São três as conjugações:
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
1ª - Vogal Temática - A - (falar)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
2ª - Vogal Temática - E - (vender)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
3ª - Vogal Temática - I - (partir)
d) São impessoais, ainda:
c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o
1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando
tempo e o modo do verbo.
tempo. Ex.: Já passa das seis.
Por exemplo:
2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de,
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
indicando suficiência. Ex.:
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem,
d) Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a
Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência
pessoa do discurso ( 1ª2 ,ª ou 3ª )e o número (singular ou
a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso,
plural .)
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)

27 Idem, 1.

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APOSTILAS OPÇÃO

classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, f) Auxiliares


então, pessoais. São aqueles que entram na formação dos tempos
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando
possível”. Por exemplo: acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas
Não deu para chegar mais cedo. nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Dá para me arrumar uns trocados?
Vou espantar as moscas .
- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se (verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu. Está chegando a hora do debate.
As frutas amadureceram. (verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e
verbos pessoais na linguagem figurada: haver.
Teu irmão amadureceu bastante.
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes Conjugação dos Verbos Auxiliares
de animais; eis alguns:
bramar: tigre SER - Modo Indicativo
bramir: crocodilo
Presente: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.
Os principais verbos unipessoais são: Pretérito Imperfeito: eu era, tu eras, ele era, nós éramos,
1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, vós éreis, eles eram.
ser (preciso, necessário, etc.). Pretérito Perfeito Simples: eu fui, tu foste, ele foi, nós
Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos fomos, vós fostes, eles foram.
bastante.) Pretérito Perfeito Composto: tenho sido.
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.) Mais-que-perfeito simples: eu fora, tu foras, ele fora, nós
É preciso que chova. (Sujeito :que chova) fôramos, vós fôreis, eles foram.
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha sido.
da conjunção que. Futuro do Pretérito simples: eu seria, tu serias, ele seria,
nós seríamos, vós seríeis, eles seriam.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de Futuro do Pretérito Composto: terei sido.
fumar.) Futuro do Presente: eu serei, tu serás, ele será, nós
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo seremos, vós sereis, eles serão.
Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia) Futuro do Pretérito Composto: Teria sido.
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
- Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos SER - Modo Subjuntivo
morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do Presente: que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós
indicativo falo ,fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que sejamos, que vós sejais, que eles sejam.
provavelmente causaria problemas de interpretação em Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse,
certos contextos. se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.
verbo computar. Este verbo teria como formas do presente Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse sido.
do indicativo computo, computas, computa - formas de Futuro Simples: quando eu for, quando tu fores, quando
sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos ele for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles
gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso forem.
efetivo de formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: Futuro Composto: tiver sido.
exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o
desenvolvimento e a popularização da informática, tem sido SER - Modo Imperativo
conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.
Imperativo Afirmativo: sê tu, seja ele, sejamos nós ,sede
d) Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma vós ,sejam eles.
forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno Imperativo Negativo: não sejas tu, não seja ele, não
costuma ocorrer no particípio, em que, além das formas sejamos nós ,não sejais vós ,não sejam eles.
regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as Infinitivo Pessoal: por ser eu, por seres tu, por ser ele, por
chamadas formas curtas (particípio irregular). Observe: sermos nós, por serdes vós, por serem eles.

Infinitivo Particípio regular Particípio irregular SER - Formas Nominais


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso Formas Nominais
Eleger Elegido Eleito Infinitivo: ser
Gerúndio: sendo
e) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical Particípio: sido
em sua conjugação.
Por exemplo: Infinitivo Pessoal : ser eu, seres tu, ser ele, sermos
Ir Pôr Ser Saber nós, serdes vós, serem eles.
vou sou
ponho sei ESTAR - Modo Indicativo
vais és
pus sabes
ides fui
pôs soube Presente: eu estou, tu estás, ele está, nós estamos, vós
fui foste
punha saiba estais, eles estão.
foste seja

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APOSTILAS OPÇÃO

Pretérito Imperfeito: eu estava, tu estavas, ele estava, nós HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo
estávamos, vós estáveis, eles estavam. Modo Subjuntivo
Pretérito Perfeito Simples: eu estive, tu estiveste, ele Presente: que eu haja, que tu hajas, que ele haja, que nós
esteve, nós estivemos, vós estivestes, eles estiveram. hajamos, que vós hajais, que eles hajam.
Pretérito Perfeito Composto: tenho estado. Pretérito Imperfeito: se eu houvesse, se tu houvesses, se
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu estivera, tu ele houvesse, se nós houvéssemos, se vós houvésseis, se eles
estiveras, ele estivera, nós estivéramos, vós estivéreis, eles houvessem.
estiveram. Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse havido.
Pretérito Mais-que-perfeito Composto: tinha estado Futuro Simples: quando eu houver, quando tu houveres,
Futuro do Presente Simples: eu estarei, tu estarás, ele quando ele houver, quando nós houvermos, quando vós
estará, nós estaremos, vós estareis, eles estarão. houverdes, quando eles houverem.
Futuro do Presente Composto: terei estado. Futuro Composto: tiver havido.
Futuro do Pretérito Simples: eu estaria, tu estarias, ele
estaria, nós estaríamos, vós estaríeis, eles estariam. Modo Imperativo
Futuro do Pretérito Composto: teria estado. Imperativo Afirmativo: haja ele, hajamos nós, havei vós,
hajam eles.
ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo Imperativo Negativo: não hajas tu, não haja ele, não
hajamos nós ,não hajais vós ,não hajam eles.
Presente: que eu esteja, que tu estejas, que ele esteja, que Infinitivo Pessoal: por haver eu, por haveres tu, por haver
nós estejamos, que vós estejais, que eles estejam. ele, por havermos nós, por haverdes vós, por haverem eles.
Pretérito Imperfeito: se eu estivesse, se tu estivesses, se
ele estivesse, se nós estivéssemos, se vós estivésseis, se eles HAVER - Formas Nominais
estivessem.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse estado Infinitivo Impessoal: haver, haveres, haver, havermos,
Futuro Simples: quando eu estiver, quando tu estiveres, haverdes, haverem.
quando ele estiver, quando nós estivermos, quando vós Infinitivo Pessoal: haver
estiverdes, quando eles estiverem. Gerúndio: havendo
Futuro Composto: Tiver estado. Particípio: havido

Imperativo Afirmativo: está tu, esteja ele, estejamos nós, TER - Modo Indicativo
estai vós, estejam eles.
Imperativo Negativo: não estejas tu, não esteja ele, não Presente: eu tenho, tu tens, ele tem, nós temos, vós tendes,
estejamos nós ,não estejais vós ,não estejam eles. eles têm.
Infinitivo Pessoal: por estar eu, por estares tu, por estar Pretérito Imperfeito: eu tinha, tu tinhas, ele tinha, nós
ele, por estarmos nós, por estardes vós, por estarem eles. tínhamos, vós tínheis, eles tinham.
Pretérito Perfeito Simples: eu tive, tu tiveste, ele teve,
Formas Nominais nós tivemos, vós tivestes, eles tiveram.
Infinitivo: estar Pretérito Perfeito Composto: tenho tido.
Gerúndio: estando Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu
Particípio: estado tiveras, ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido.
ESTAR - Formas Nominais Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá,
nós teremos, vós tereis, eles terão.
Infinitivo Impessoal: estar Futuro do Presente: terei tido.
Infinitivo Pessoal: estar, estares, estar, estarmos, Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele teria,
estardes, estarem. nós teríamos, vós teríeis, eles teriam.
Gerúndio: estando Futuro do Pretérito composto: teria tido.
Particípio: estado
TER - Modo Subjuntivo e Imperativo
HAVER - Modo Indicativo
Modo Subjuntivo
Presente: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis, Presente: que eu tenha, que tu tenhas, que ele tenha, que
eles hão. nós tenhamos, que vós tenhais, que eles tenham.
Pretérito Imperfeito: eu havia, tu havias, ele havia, nós Pretérito Imperfeito: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele
havíamos, vós havíeis, eles haviam. tivesse, se nós tivéssemos, se vós tivésseis, se eles tivessem.
Pretérito Perfeito Simples: eu houve, tu houveste, ele Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse tido.
houve, nós houvemos, vós houvestes, eles houveram. Futuro: quando eu tiver, quando tu tiveres, quando ele
Pretérito Perfeito Composto: tenho havido. tiver, quando nós tivermos, quando vós tiverdes, quando eles
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu houvera, tu tiverem.
houveras, ele houvera, nós houvéramos, vós houvéreis, eles Futuro Composto: tiver tido.
houveram.
Pretérito Mais-que-Prefeito Composto: tinha havido. Modo Imperativo
Futuro do Presente Simples: eu haverei, tu haverás, ele Imperativo Afirmativo: tem tu, tenha ele, tenhamos nós,
haverá, nós haveremos, vós havereis, eles haverão. tende vós, tenham eles.
Futuro do Presente Composto: terei havido. Imperativo Negativo: não tenhas tu, não tenha ele, não
Futuro do Pretérito Simples: eu haveria, tu haverias, ele tenhamos nós ,não tenhais vós ,não tenham eles.
haveria, nós haveríamos, vós haveríeis, eles haveriam. Infinitivo Pessoal: por ter eu, por teres tu, por ter ele, por
Futuro do Pretérito Composto: teria havido. termos nós, por terdes vós, por terem eles.

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APOSTILAS OPÇÃO

g) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com - a) Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo
os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais substantivo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta)
acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja: O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: exemplo:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender- É preciso ler este livro. Era preciso ter lido este livro.
se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: b) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três
Arrependi-me de ter estado lá. pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) apresenta desinências, assumindo a mesma forma do
tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela impessoal; nas demais, flexiona- -se da seguinte maneira:
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do
verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula 2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com 1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.:termos (nós)
o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia 2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.:terdes (vós)
reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. 3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.:terem
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e (eles)
respectivos pronomes):
Eu me arrependo Por exemplo:
Tu te arrependes Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos - c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou
Vós vos arrependeis advérbio. Por exemplo:
Eles se arrependem Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de
advérbio)
.2 - Acidentais :são aqueles verbos transitivos diretos em Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo)
que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso;
representado por pronome oblíquo da mesma pessoa do na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes
mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por - d) Particípio: quando não é empregado na formação dos
exemplo :Maria se penteava. tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: Maria grau. Por exemplo:
penteou-me. Terminados os exames, os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem
Observações: nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
1- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo:
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.
sintática.
2- Há verbos que também são acompanhados de pronomes Tempos Verbais
oblíquos átonos, mas que não são essencialmente
pronominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, Tomando-se como referência o momento em que se fala, a
os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
do sujeito, exercem funções sintáticas. Veja:
Por exemplo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me 1. Tempos do Indicativo
(objeto direto) - 1ª pessoa do singular
- Presente - Expressa um fato atual. Por exemplo:
Modos Verbais Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três terminado. Por exemplo: Ele estudava as lições quando foi
modos: interrompido.
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por - Pretérito Perfeito (simples) - Expressa um fato ocorrido
exemplo: Eu sempre estudo. num momento anterior ao atual e que foi totalmente
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por terminado. Por exemplo: Ele estudou as lições ontem à noite.
exemplo: Talvez eu estude amanhã. - Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve
Imperativo - indica uma ordem, um pedido. Por início no passado e que pode se prolongar até o momento
exemplo: Estuda agora, menino. atual. Por exemplo: Tenho estudado muito para os exames.
- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
Formas Nominais antes de outro fato já terminado. Por exemplo: Ele já tinha
estudado as lições quando os amigos chegaram. (forma
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas composta) Ele já estudara as lições quando os amigos
que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, chegaram. (forma simples)
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais.
Observe:

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APOSTILAS OPÇÃO

- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual. cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
Por exemplo: Ele estudará as lições amanhã. cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que cantáRAMOS-vendêRAMOS-partíRAMOS - RA MOS
deve ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
terminado antes de outro fato futuro. Por exemplo: Antes de cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
bater o sinal, os alunos já terão terminado o teste.
- Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode Pretérito Imperfeito do Indicativo
ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Por
exemplo: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias. 1ª conjugação / 2ª conjugação / 3ª conjugação
- Futuro do Pretérito (composto) - Enuncia um fato que CANTAR VENDER PARTIR
poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato cantAVA vendIA partIA
passado. Por exemplo: Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria cantAVAS vendIAS partAS
viajado nas férias. CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
2. Tempos do Subjuntivo cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM
- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
atual. Por exemplo: É conveniente que estudes para o exame. Futuro do Presente do Indicativo
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas
posterior a outro já ocorrido. Por exemplo: Eu esperava que 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
ele vencesse o jogo. CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas cantar ás vender ás partir ás
construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. cantar á vender á partir á
Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do cantar emos vender emos partir emos
campeonato. cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato
totalmente terminado num momento passado. Por exemplo: Futuro do Pretérito do Indicativo
Embora tenha estudado bastante, não passou no teste.
- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Por CANTAR VENDER PARTIR
exemplo: Quando ele vier à loja, levará as encomendas. cantarIA venderIA partirIA
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que cantarIAS venderIAS partirIAS
indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à cantarIA venderIA partirIA
loja, levará as encomendas. cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
posterior ao momento atual mas já terminado antes de outro cantarIAM venderIAM partirIAM
fato futuro. Por exemplo: Quando ele tiver saído do hospital,
nós o visitaremos. Presente do Subjuntivo

Presente do Indicativo Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a


desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação / Desinência indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou
pessoal pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O 1ª conj./2ª conj./3ª conju./Des.Temp./Des.temp./Des. pess
cantaS vendeS parteS S 1ª conj. 2ª/3ª conj.
canta vende parte - CANTAR VENDER PARTIR
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS cantE vendA partA E A Ø
cantaIS vendeIS partIS IS cantES vendAS partAS E A S
cantaM vendeM parteM M cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS- vendAMOS-partAMOS E A MOS
Pretérito Perfeito do Indicativo cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
1ª conjugação / 2ª conjugação / 3ª conjug . / Desin.pessoal
CANTAR VENDER PARTIR Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a
cantoU vendeU partiU U desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse
cantaSTES vendeSTES partISTES STES tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
cantaRAM vendeRAM partiRAM AM e pessoa correspondente.

Pretérito mais-que-perfeito 1ª conj. 2ª conj. 3ª conj. Des. temporal Desin. pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. /Desin. Temp. /Desin. Pess. CANTAR VENDER PARTIR
1ª/2ª e 3ª conj. cantaSSE- vendeSSE- partiSSE SSE Ø
CANTAR VENDER PARTIR - - cantaSSES-vendeSSES-partiSSES SSE S

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APOSTILAS OPÇÃO

cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø cantar vender partir


cantáSSEMOS-vendêSSEMOS-partíssemos SSE MOS cantarES venderES partirES
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS cantar vender partir
cantaSSE vendeSSEM partiSSEM SSE M cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
Futuro do Subjuntivo cantarEM venderEM partirEM

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência Questões


-STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a 01. Considere o trecho a seguir. É comum que objetos ___
desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos
correspondente. poderiam ser evitados se as pessoas ______ a atenção voltada
para seus pertences, conservando-os junto ao corpo .Assinale
1ª conj./2ª conj./3ª conj./Des. temp./Desin. pess 1ª /2ª e 3ª a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as
CANTAR-VENDER-PARTIR lacunas do texto.
cantaR – vendeR - partiR Ø (A) sejam … mantesse
cantaRES-vendeRES-partiRES R ES (B) sejam … mantivessem
cantaR – vendeR - partiR R Ø (C) sejam … mantém
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS (D) seja … mantivessem
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES (E) seja … mantêm
cantaREM vendeREM PartiREM R EM
02. Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão
Imperativo apresentando quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução
verbal em destaque expressa ação
Imperativo Afirmativo (A) concluída.
(B) atemporal.
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do (C) contínua.
presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda (D) hipotética.
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais (E) futura.
pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
03. (Escrevente TJ SP Vunesp) Sem querer estereotipar,
Pres. do Indicativo Imperativo Afirm. Pres. do Subjuntivo mas já estereotipando: trata--se de um ser cujas interações
Eu canto --- Que eu cante sociais terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou
Tu cantas CantA tu Que tu cantes crédito?”. Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
Ele canta Cante você Que ele cante (A) considerar ao acaso, sem premeditação.
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos (B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis (C) adotar como referência de qualidade.
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem (D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.
Imperativo Negativo
Gabarito
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a
negação às formas do presente do subjuntivo. 1-B / 2-C / 3-E

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo Advérbio


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes
Que ele cante Não cante você na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo,
Que nós cantemos Não cantemos nós tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de
Que vós canteis Não canteis vós proximidade, contiguidade.
Que eles cantem Não cantem eles
Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no
Observações: sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias
em que esse processo se desenvolve.
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa
(singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não
fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês. é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê modifica o adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns
(tu), sede (vós). exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto,
Infinitivo Impessoal você está até bem informado.
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação alheio, representando uma qualidade, característica.
CANTAR VENDER PARTIR
O artista canta muito mal.
Infinitivo Pessoal
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos
CANTAR VENDER PARTIR pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra

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APOSTILAS OPÇÃO

funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar Diminutivo: diminui a intensidade .
demarcado por mais de uma palavra, que mesmo assim não Exemplos: perto - pertinho, pouco - pouquinho, devagar -
deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chamamos devagarinho,
de locução adverbial, representada por algumas expressões,
tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de modo Questões
algum, entre outras.
01. Leia os quadrinhos para responder a questão.
Mediante tais postulados, afirma-se que, dependendo das
circunstâncias expressas pelos advérbios, eles se classificam
em distintas categorias, uma vez expressas por:
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas,
às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos,
desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a
frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que
terminam em -mente: calmamente, tristemente,
propositadamente.
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto,
quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de
todo, de muito, por completo.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim,
afinal, breve, constantemente, entrementes, imediatamente,
primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes, à
tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de
quando em quando, a qualquer momento, de tempos em
tempos, em breve, hoje em dia.
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo,
aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, (Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano. Português.
afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a Volume Único)
distância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita,
à esquerda, ao lado, em volta. No primeiro e segundo quadrinhos, estão em destaque
de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de dois advérbios: AÍ e ainda.
forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. Considerando que advérbio é a palavra que modifica um
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, verbo, um outro advérbio ou um adjetivo, expressando a
provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem circunstância em que determinado fato ocorre, assinale a
sabe. alternativa que classifica, correta e respectivamente, as
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, circunstâncias expressas por eles.
efetivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, (A) Lugar e negação.
indubitavelmente. (B) Lugar e tempo.
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, (C) Modo e afirmação.
somente, simplesmente, só, unicamente. (D) Tempo e tempo.
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. (E) Intensidade e dúvida.
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente.
de designação: Eis. 02. Leia o texto a seguir.
de interrogação: onde?(lugar), como?(modo),
quando?(tempo), por quê?(causa), quanto?(preço e Impunidade é motor de nova onda de agressões
intensidade), para quê?(finalidade)
Repetidos episódios de violência têm sido noticiados nas
Locução adverbial últimas semanas. Dois que chamam a atenção, pela banalidade
É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio . com que foram cometidos, estão gerando ainda uma série de
Exemplo: repercussões.
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) Em Natal, um garoto de 19 anos quebrou o braço da
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) estudante de direito R.D., 19, em plena balada, porque ela teria
recusado um beijo. O suposto agressor já responde a uma ação
Há locuções adverbiais que possuem advérbios penal, por agressão, movida por sua ex-mulher.
correspondentes. No mesmo final de semana, dois amigos que saíam de uma
Exemplo: boate em São Paulo também foram atacados por dois jovens
Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressadamente. que estavam na mesma balada, e um dos agredidos teve a
perna fraturada. Esses dois jovens teriam tentado se
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo aproximar, sem sucesso, de duas garotas que eram amigas dos
são flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A rapazes que saíam da boate. Um dos suspeitos do ataque alega
única flexão propriamente dita que existe na categoria dos que tudo não passou de um engano e que o rapaz teria
advérbios é a de grau: fraturado a perna ao cair no chão.
Curiosamente, também é possível achar um blog que diz
Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe - que R.D., em Natal, foi quem atacou o jovem e que seu braço se
longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente - quebrou ao cair no chão.
inconstitucionalissimamente ,etc;

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APOSTILAS OPÇÃO

Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos universos paralelos, isso basta para que acreditemos neles?
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão Ou, no rastro de Eugene Wigner, podemos nos perguntar por
ajudar a polícia na investigação. que a matemática é tão eficaz para exprimir as leis da física.
O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se Releia os trechos apresentados a seguir.
quebrando por aí ao cair no chão, não é mesmo? As agressões - Aqueles que não simpatizavam muito com Pitágoras
devem ser rigorosamente apuradas e, se houver culpados, que podiam simplesmente escolher carreiras nas quais os
eles sejam julgados e condenados. números não encontravam muito espaço... (1.º parágrafo)
A impunidade é um dos motores da onda de violência que - Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma
temos visto. O machismo e o preconceito são outros. O perfil ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental...(3.º
impulsivo de alguns jovens (amplificado pela bebida e por parágrafo)
outras substâncias) completa o mecanismo que gera
agressões. Os advérbios em destaque nos trechos expressam, correta
Sem interferir nesses elementos, a situação não vai mudar. e respectivamente, circunstâncias de
Maior rigor da justiça, educação para a convivência com o (A) afirmação e de intensidade.
outro, aumento da tolerância à própria frustração e melhor (B) modo e de tempo.
controle sobre os impulsos (é normal levar um “não”, gente!) (C) modo e de lugar.
são alguns dos caminhos. (D) lugar e de tempo.
(E) intensidade e de negação.
(Jairo Bouer, Folha de S.Paulo, 24.10.2011. Adaptado)
Gabarito
Assinale a alternativa cuja expressão em destaque
apresenta circunstância adverbial de modo. 1-B / 2-C / 3-B
(A) Repetidos episódios de violência (...) estão gerando
ainda uma série de repercussões. Preposição
(B) ...quebrou o braço da estudante de direito R. D., 19, em
plena balada… Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar
(C) Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem termos ou orações. Quando esta ligação acontece,
sucesso, de duas amigas… normalmente há uma subordinação do segundo termo em
(D) Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não passou relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
de um engano... estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e
(E) O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se possuem valores semânticos indispensáveis para a
quebrando por aí… compreensão do texto.

03. Leia o texto a seguir. Tipos de Preposição

Cultura matemática 1. Preposições essenciais: palavras que atuam


Hélio Schwartsman exclusivamente como preposições.
A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
SÃO PAULO – Saiu mais um estudo mostrando que o para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
ensino de matemática no Brasil não anda bem. A pergunta é:
podemos viver sem dominar o básico da matemática? Durante 2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
muito tempo, a resposta foi sim. Aqueles que não gramaticais que podem atuar como preposições.
simpatizavam muito com Pitágoras podiam simplesmente Como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo,
escolher carreiras nas quais os números não encontravam senão, visto.
muito espaço, como direito, jornalismo, as humanidades e até
a medicina de antigamente. 3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo
Como observa Steven Pinker, ainda hoje, nos meios como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas.
universitários, é considerado aceitável que um intelectual se Abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de
vanglorie de ter passado raspando em física e de ignorar o acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
beabá da estatística. Mas ai de quem admitir nunca ter lido graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por
Joyce ou dizer que não gosta de Mozart. Sobre ele recairão trás de.
olhares tão recriminadores quanto sobre o sujeito que assoa o
nariz na manga da camisa. A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida concordância em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo
prática. Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com por + a = pela
uma ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental,
mesmo para quem não pretende ser engenheiro ou seguir Vale ressaltar que essa concordância não é característica
carreiras técnicas. da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Como sobreviver à era do crédito farto sem saber calcular
as armadilhas que uma taxa de juros pode esconder? Hoje, é Esse processo de junção de uma preposição com outra
difícil até posicionar-se de forma racional sobre políticas palavra pode se dar a partir de dois processos:
públicas sem assimilar toda a numeralha que idealmente as
informa. 1. Combinação: A preposição não sofre alteração.
Conhecimentos rudimentares de estatística são pré- preposição a + artigos definidos o, os
requisito para compreender as novas pesquisas que trazem a + o = ao
informações relevantes para nossa saúde e bem-estar. preposição a + advérbio onde
A matemática está no centro de algumas das mais a + onde = aonde
intrigantes especulações cosmológicas da atualidade. Se as
equações da mecânica quântica indicam que existem 2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.

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APOSTILAS OPÇÃO

Preposição + Artigos 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio


De + o(s) = do(s) das preposições:
De + a(s) = da(s) Destino = Irei para casa.
De + um = dum Modo = Chegou em casa aos gritos.
De + uns = duns Lugar = Vou ficar em casa;
De + uma = duma Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
De + umas = dumas Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Em + o(s) = no(s) Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Em + a(s) = na(s) Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o
Em + um = num tratamento.
Em + uma = numa Instrumento = Escreveu a lápis.
Em + uns = nuns Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
Em + umas = numas Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
A + à(s) = à(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
Por + o = pelo(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
Por + a = pela(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
Preposição + Pronomes Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + ele(s) = dele(s) Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + ela(s) = dela(s) Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + este(s) = deste(s)
De + esta(s) = desta(s) Questões
De + esse(s) = desse(s)
De + essa(s) = dessa(s) 01. Leia o texto a seguir.
De + aquele(s) = daquele(s)
De + aquela(s) = daquela(s) “Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e reeducação
De + isto = disto
De + isso = disso João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e dois
De + aquilo = daquilo meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete anos
De + aqui = daqui preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos muros,
De + aí = daí grades, cadeados e detectores de metal, eles têm outros pontos
De + ali = dali em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
De + outro = doutro(s) O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma
De + outra = doutra(s) válvula de escape para as horas de tédio, tornou-se uma
Em + este(s) = neste(s) metáfora para o que pretendem fazer quando estiverem em
Em + esta(s) = nesta(s) liberdade.
Em + esse(s) = nesse(s) “Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem que
Em + aquele(s) = naquele(s) pensar duas, três vezes antes. Se você movimenta uma peça
Em + aquela(s) = naquela(s) errada, pode perder uma peça de muito valor ou tomar um
Em + isto = nisto xeque-mate, instantaneamente. Se eu for para a rua e
Em + isso = nisso movimentar a peça errada, eu posso perder uma peça muito
Em + aquilo = naquilo importante na minha vida, como eu perdi três anos na cadeia.
A + aquele(s) = àquele(s) Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque-mate”, afirma
A + aquela(s) = àquela(s) João Carlos.
A + aquilo = àquilo O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil internos
em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o projeto
Dicas sobre preposição “Xadrez que liberta”. Duas vezes por semana, os presos podem
praticar a atividade sob a orientação de servidores da
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sexta-feira,
oblíquo e artigo. Como distingui-los? será realizado o primeiro torneio fora dos presídios desde que
o projeto foi implantado. Vinte e oito internos de 14 unidades
- Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo a participam da disputa, inclusive João Carlos e Fransley, que diz
um substantivo. Ele servirá para determiná-lo como um que a vitória não é o mais importante.
substantivo singular e feminino. “Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu não
A dona da casa não quis nos atender. esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar outras
Como posso fazer a Joana concordar comigo? coisas devido ao xadrez, como ser olhado com outros olhos,
como estou sendo olhado de forma diferente aqui no presídio
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois devido ao bom comportamento”.
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cândido
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. Venturin, o“ Xadrez que liberta ”tem provocado boas
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar mudanças no comportamento dos presos“ .Tem surtido um
um tratamento adequado. efeito positivo por eles se tornarem uma referência positiva
dentro da unidade, já que cumprem melhor as regras,
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar respeitam o próximo e pensam melhor nas suas ações,
e/ou a função de um substantivo. refletem antes de tomar uma atitude.”
Temos Maria como parte da família. / A temos como parte Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham a
da família liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. / Carlos já faz planos“ .Eu incentivo não só os colegas, mas
Creio que a conhecemos melhor que ninguém. também minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já passei

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APOSTILAS OPÇÃO

para a minha família: xadrez, quando eu sair para a rua, todo 1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu
mundo vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio as amiguinhas
familiar.”
“Medidas de promoção de educação e que possibilitem que Cada informação está estruturada em torno de um verbo:
o egresso saia melhor do que entrou são muito importantes. segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações:
Nós não temos pena de morte ou prisão perpétua no Brasil. O 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª
preso tem data para entrar e data para sair, então ele tem que oração: e mostrou 3ª oração :quando viu as amiguinhas.
sair sem retornar para o crime”, analisa o presidente do A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a
Conselho Estadual de Direitos Humanos, Bruno Alves de Souza terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As
Toledo. palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
(Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/xadrez-que-liberta-
estrategia-concentracao-e-reeducacao/6/noticias. Adaptado)
Observe: Gosto de natação e de futebol.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes
No trecho –... xadrez, quando eu sair para a rua, todo
ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e” está
mundo vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio
ligando termos de uma mesma oração.
familiar.– o termo em destaque expressa relação de
(A) espaço, como em – Nosso diretor foi até Brasília para
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
falar do projeto “Xadrez que liberta”.
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração.
(B) inclusão, como em – O xadrez mudou até o nosso modo
de falar.
Morfossintaxe da Conjunção
(C) finalidade, como em – Precisamos treinar até junho
para termos mais chances de vencer o torneio de xadrez.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem
(D) movimento, como em – Só de chegar até aqui já estou
propriamente uma função sintática: são conectivos.
muito feliz, porque eu não esperava.
(E) tempo, como em – Até o ano que vem, pretendo
Classificação - Conjunções Coordenativas- Conjunções
conseguir a revisão da minha pena.
Subordinativas
02. Considere o trecho a seguir.
Conjunções coordenativas
O metrô paulistano, ________quem a banda recebe apoio,
Dividem-se em:
garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a
estabilidade no emprego, vantagem________ que muitos
- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma.
trabalhadores sonham, é o que leva os integrantes do grupo a
Ex. Gosto de cantar e de dançar.
permanecerem na instituição.
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas
também, não só...como também.
As preposições que preenchem o trecho, correta,
respectivamente e de acordo com a norma-padrão, são:
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de
(A) a ...com
oposição, de compensação.
(B) de ...com
Ex. Estudei, mas não entendi nada.
(C) de ...a
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo,
(D) com ...a
todavia, no entanto, entretanto.
(E) para ...de
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
03. Assinale a alternativa cuja preposição em destaque
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
expressa ideia de finalidade.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora,
(A) Além disso, aumenta a punição administrativa, de R$
quer...quer, já...já.
957,70 para R$ 1.915,40.
(B) ... o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que o
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações.
bafômetro e o exame de sangue eram obrigatórios para
Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
comprovar o crime.
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois
(C) “... Ele é encaminhado para a delegacia para o perito
(depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
fazer o exame clínico”...
(D) Já para o juiz criminal de São Paulo, Fábio Munhoz
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É
Soares, um dos que devem julgar casos envolvendo pessoas
melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora.
embriagadas ao volante, a mudança “é um avanço”.
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois
(E) Para advogados, a lei aumenta o poder da autoridade
(antes do verbo), porquanto.
policial de dizer quem está embriagado...
Conjunções subordinativas
Gabarito
- CAUSAIS
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que,
1-B / 2-B / 3-B
uma vez que, como (= porque).
Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
Conjunção
- COMPARATIVAS
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou
Principais conjunções comparativas: que, do que,
dois termos semelhantes de uma mesma oração .Por exemplo:
tão...como, mais...do que, menos...do que.
Ela fala mais que um papagaio.
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
amiguinhas.
- CONCESSIVAS
Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que,
mesmo que, apesar de, se bem que.

Língua Portuguesa 76
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APOSTILAS OPÇÃO

Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um Questões


fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
01. Leia o texto a seguir.
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de A música alcançou uma onipresença avassaladora em nosso
estar cansada) mundo: milhões de horas de sua história estão disponíveis em
Apesar de ter chovido fui ao cinema. disco; rios de melodia digital correm na internet; aparelhos de
mp3 com 40 mil canções podem ser colocados no bolso. No
- CONFORMATIVAS entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, ou
Principais conjunções conformativas: como, segundo, até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós.
conforme, consoante Ela se tornou um meio radicalmente virtual, uma arte sem
Cada um colhe conforme semeia. rosto. Quando caminhamos pela cidade num dia comum, nossos
Expressam uma ideia de acordo, concordância, ouvidos registram música em quase todos os momentos −
conformidade. pedaços de hip-hop vazando dos fones de ouvido de adolescentes
no metrô, o sinal do celular de um advogado tocando a “Ode à
- CONSECUTIVAS alegria”, de Beethoven −, mas quase nada disso será resultado
Expressam uma ideia de consequência. imediato de um trabalho físico de mãos ou vozes humanas, como
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, se dava no passado.
“tanto”, “tão”, “tamanho”). Desde que Edison inventou o cilindro fonográfico, em1877,
Falou tanto que ficou rouco. existe gente que avalia o que a gravação fez em favor e desfavor
da arte da música. Inevitavelmente, a conversa descambou para
- FINAIS os extremos retóricos. No campo oposto ao dos que diziam que a
Expressam ideia de finalidade, objetivo. tecnologia acabaria com a música estão os utópicos, que alegam
Todos trabalham para que possam sobreviver. que a tecnologia não aprisionou a música, mas libertou-a,
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque levando a arte da elite às massas. Antes de Edison, diziam os
(=para que), utópicos, as sinfonias de Beethoven só podiam ser ouvidas em
salas de concerto selecionadas. Agora, as gravações levam a
- PROPORCIONAIS mensagem de Beethoven aos confins do planeta, convocando a
Principais conjunções proporcionais: à medida que, multidão saudada na “Ode à alegria”: “Abracem-se, milhões!”.
quanto mais, ao passo que, à proporção que. Glenn Gould, depois de afastar-se das apresentações ao vivo em
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha. 1964, previu que dentro de um século o concerto público
desapareceria no éter eletrônico, com grande efeito benéfico
- TEMPORAIS sobre a cultura musical.
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo
(Adaptado de Alex Ross. Escuta só. Tradução Pedro Maia Soares. São
que. Paulo, Cia. das Letras, 2010, p. 76-77)
Quando eu sair, vou passar na locadora.
No entanto, a música não é mais algo que fazemos nós
Importante: mesmos, ou até que observamos outras pessoas fazerem diante
de nós.
Diferença entre orações causais e explicativas
Considerando-se o contexto, é INCORRETO afirmar que o
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais elemento grifado pode ser substituído por:
(OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos (A) Porém.
deparamos com a dúvida de como distinguir uma oração (B) Contudo.
causal de uma explicativa. Veja os exemplos: (C) Todavia.
(D) Entretanto.
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser (E) Conquanto.
atropelado”:
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa 02. Observando as ocorrências da palavra “como” em –
ou uma explicação do fato expresso na oração anterior. Como fomos programados para ver o mundo como um lugar
b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes ameaçador… – é correto afirmar que se trata de conjunção
uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que (A) comparativa nas duas ocorrências.
vêm marcadas por vírgula. (B) conformativa nas duas ocorrências.
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. (C) comparativa na primeira ocorrência.
b) Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (D) causal na segunda ocorrência.
(Oração Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela (E) causal na primeira ocorrência.
será explicativa.
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo 03. Leia o texto a seguir.
imperativo)
Participação
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra
cidade porque não havia cemitério no local.” Num belo poema, intitulado “Traduzir-se”, Ferreira Gullar
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada aborda o tema de uma divisão muito presente em cada um de
(parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo verbo nós: a que ocorre entre o nosso mundo interior e a nossa atuação
da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é colocá-la junto aos outros, nosso papel na ordem coletiva. A divisão não é
no início do período, introduzida pela conjunção como - o que simples: costuma-se ver como antagônicas essas duas “partes”
não ocorre com a CS Explicativa. de nós, nas quais nos dividimos. De fato, em quantos momentos
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os da nossa vida precisamos escolher entre o atendimento de um
mortos em outra cidade. interesse pessoal e o cumprimento de um dever ético? Como
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente poeta e militante político, Ferreira Gullar deixou-se atrair tanto
dependentes uma da outra. pela expressão das paixões mais íntimas quanto pela atuação de

Língua Portuguesa 77
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APOSTILAS OPÇÃO

um convicto socialista. Em seu poema, o diálogo entre as duas A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que
partes é desenvolvido de modo a nos fazer pensar que são não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as
incompatíveis. sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro,
um estado da alma decorrente de uma situação particular, um
Mas no último momento do poema deparamo-nos com esta momento ou um contexto específico. Exemplos:
estrofe: Ah, como eu queria voltar a ser criança!
“Traduzir uma parte na outra parte − que é uma questão ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
de vida ou morte − será arte?” Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
O poeta levanta a possibilidade da “tradução” de uma parte
na outra, ou seja, da interação de ambas, numa espécie de O significado das interjeições está vinculado à maneira
espelhamento. Isso ocorreria quando o indivíduo conciliasse como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita
verdadeiramente a instância pessoal e os interesses de uma o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto de
comunidade; quando deixasse de haver contradição entre a enunciação. Exemplos:
razão particular e a coletiva. Pergunta-se o poeta se não seria Psiu!
arte esse tipo de integração. Realmente, com muita frequência a contexto: alguém pronunciando essa expressão na rua;
arte se mostra capaz de expressar tanto nossa subjetividade significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! Ei,
como nossa identidade social. espere!”
Nesse sentido, traduzir uma parte na outra parte Psiu!
significaria vencer a parcialidade e chegar a uma autêntica contexto: alguém pronunciando essa expressão em um
participação, de sentido altamente político. O poema de Gullar hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
deixa-nos essa hipótese provocadora, formulada com um ar de silêncio!”
convicção. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
(Belarmino Tavares, inédito) puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
Os seguintes fatos, referidos no texto, travam entre si uma puxa: interjeição; tom da fala: decepção
relação de causa e efeito:
(A) ser poeta e militante político / confronto entre As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
subjetividade e atuação social a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
(B) ser poeta e militante político / divisão permanente em tristeza, dor, etc.
cada um de nós Você faz o que no Brasil?
(C) ser movido pelas paixões / esposar teses socialistas Eu? Eu negocio com madeiras.
(D) fazer arte / obliterar uma questão de vida ou morte Ah, deve ser muito interessante.
(E) participar ativamente da política / formular hipóteses b) Sintetizar uma frase apelativa
com ar de convicção Cuidado! Saia da minha frente.
As interjeições podem ser formadas por:
Gabarito a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
b) palavras: Oba!, Olá!, Claro!
1-E / 2-E / 3-A c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!,
Ora bolas!
Interjeição A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes
da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer
Interjeição28 é a palavra invariável que exprime emoções, que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas
linguísticas mais elaboradas. Observe o exemplo: Classificação das Interjeições
Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda Comumente, as interjeições expressam sentido de:
sua raiva se traduz numa palavra: Droga! - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
Atenção!, Olha!, Alerta!
Ele poderia ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
usou simplesmente uma palavra. Ele empregou a - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
interjeição Droga! - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
As sentenças da língua costumam se organizar de forma - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
distribui em posições adequadas a cada um deles. As - Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!,
interjeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra- Boa!
frase”, ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um - Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser
colocada em termos de uma sentença. - Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!,
Veja os exemplos: Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
Bravo! Bis! - Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
bravo e bis: interjeição / sentença( sugestão« :)Foi muito - Desculpa: Perdão!
bom! Repitam» ! - Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!,
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... Eh!
ai: interjeição / sentença (sugestão): “Isso está doendo!” ou - Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!,
“Estou com dor!” Ora!

28 Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php

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APOSTILAS OPÇÃO

- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!, traços pessoais do falante - como a escassez de vocabulário, o
Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem
Putz! geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, diálogos - que comumente se faz uso das interjeições com o
Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora! objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à sua
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, conteúdo mais emocional do que racional fazem das
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, interjeições presença constante nos textos publicitários.
Deus!
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! Numeral
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, Numeral é a palavra que indica os seres em termos
não sofrem variação em gênero, número e grau como os numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa
nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz em determinada sequência.
como os verbos. No entanto, em uso específico, algumas Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter claro, neste [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
caso, que não se trata de um processo natural dessa classe de Eu quero café duplo, e você?
palavra, mas tão só uma variação que a linguagem afetiva [duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de
Locução Interjetiva “fila”]

Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os
expressão com sentido de interjeição. Por exemplo números indicam em relação aos seres. Assim, quando a
Ora bolas! expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata
Quem me dera! de numerais, mas sim de algarismos.
Virgem Maria! Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras
Observações: consideradas numerais porque denotam quantidade,
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, dúzia,
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. par, ambos(as), novena.
Por exemplo:
Ué! = Eu não esperava por essa! Classificação dos Numerais
Perdão! = Peço-lhe que me desculpe.
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu um, dois, cem mil, etc.
tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série
gramaticais podem aparecer como interjeições. dada: primeiro, segundo, centésimo, etc.
Viva! Basta! (Verbos) Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a
Fora! Francamente! (Advérbios) divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase” seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
porque sozinha pode constituir uma mensagem. dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Socorro!
Ajudem-me! Leitura dos Numerais

4) Há, também, as Separando os números em centenas, de trás para frente,


interjeições onomatopaicas ou imitativas, que exprimem obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
ruídos e vozes. início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc. 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e
vinte e seis.
5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza,
etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a Flexão dos numerais
fazemos depois do “ó” vocativo.
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma,
“Ó natureza !Ó mãe piedosa e pura! (Olavo Bilac) dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em
Oh! a jornada negra! (Olavo Bilac) diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc.
Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
6) Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no
diminutivo ou no superlativo. Os numerais ordinais variam em gênero e número:
Calminha! Adeusinho! Obrigadinho! primeiro segundo milésimo
Interjeições, leitura e produção de textos primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
Usadas com muita frequência na língua falada informal, primeiras segundas milésimas
quando empregadas na língua escrita, as interjeições
costumam conferir-lhe certo tom inconfundível de Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam
coloquialidade. Além disso, elas podem muitas vezes indicar em funções substantivas:

Língua Portuguesa 79
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APOSTILAS OPÇÃO

Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de cinquenta quinquagésimo - cinquenta avos


produção. sessenta sexagésimo - sessenta avos
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais setenta septuagésimo - setenta avos
flexionam-se em gênero e número: oitenta octogésimo - oitenta avos
Teve de tomar doses triplas do medicamento. noventa nonagésimo - noventa avos
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e cem centésimo cêntuplo centésimo
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas duzentos ducentésimo - ducentésimo
terças partes trezentos trecentésimo - trecentésimo
Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja: uma quatrocentos/quadringentésimo - quadringentésimo
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. quinhentos quingentésimo - quingentésimo
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
numerais, traduzindo afetividade ou especialização de setecentos septingentésimo - septingentésimo
sentido .É o que ocorre em frases como: oitocentos octingentésimo - octingentésimo
“Me empresta duzentinho...” novecentos nongentésimo - nongentésimo
É artigo de primeiríssima qualidade! ou noningentésimo
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= mil milésimo - milésimo
segunda divisão de futebol) milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo
Emprego dos Numerais
Questões
*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes
em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo 01.Na frase “Nessa carteira só há duas notas de cinco reais”
e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois temos exemplos de numerais:
do substantivo: (A) ordinais;
Ordinais Cardinais (B) cardinais;
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze) (C) fracionários;
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis) (D) romanos;
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte) (E) Nenhuma das alternativas.
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três) 02.Aponte a alternativa em que os numerais estão bem
empregados.
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o (A) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante: (B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo.
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez) (C) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo primeiro.
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um) (D) Antes do artigo dez vem o artigo nono.
(E) O artigo vigésimo segundo foi revogado.
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam
“um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são 03. Os ordinais referentes aos números 80, 300, 700 e 90
largamente empregados para retomar pares de seres aos quais são, respectivamente
já se fez referência. (A) octagésimo, trecentésimo, septingentésirno,
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a nongentésimo
importância da solidariedade. Ambos agora participam das (B) octogésimo, trecentésimo, septingentésimo,
atividades comunitárias de seu bairro. nonagésimo
(C) octingentésimo, tricentésimo, septuagésimo,
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. nonagésimo
Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo. (D) octogésimo, tricentésimo, septuagésimo,
nongentésimo
Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários
um primeiro - - Gabarito
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço 1-B / 2-D / 3-B
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
Funções da linguagem.
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo FUNÇÕES DA LINGUAGEM
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos A linguagem vai muito além do que imaginamos, pois
treze décimo terceiro - treze avos apresenta determinadas funções dentro do processo
catorze décimo quarto - catorze avos comunicativo, consoante o propósito, a intenção do usuário da
quinze décimo quinto - quinze avos língua. A título de curiosidade, quem discriminou tais
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos objetivos da linguagem foi um homem chamado Roman
dezessete décimo sétimo - dezessete avos Jakobson.
dezoito décimo oitavo - dezoito avos As funções da linguagem tratam do relevo dado a um dos
dezenove décimo nono - dezenove avos seis elementos da comunicação, que acabamos de ver, a
vinte vigésimo - vinte avos depender da proposta ou intento do texto. É certo também que
trinta trigésimo - trinta avos um texto pode apresentar mais de uma função da linguagem
quarenta quadragésimo - quarenta avos que concorre com a função predominante. Organizamos a

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APOSTILAS OPÇÃO

linguagem de tal modo a atender nossa finalidade. Uma dica: - esclarecedora, reflexiva, discute o processo discursivo, usa-
para cada elemento da comunicação, há uma função da se a linguagem para falar sobre ela própria.
linguagem.29 - encontramos em poemas que falam sobre o fazer poético
(metapoema), sambas que abordam esse gênero musical,
A linguagem serve para informar: filmes que discutem o cinema, palavras usadas para explicar
- Função Referencial. outras em dicionários, narradores que refletem sobre a arte de
- o referente é o centro da mensagem. narrar (metanarração) etc.
- o assunto da mensagem é o objeto, sempre de forma clara Exemplo:
e objetiva. – “Samba, / Eterno delírio do compositor / Que nasce da alma,
- marcas gramaticais e discursivas, impessoalidade, sem pele, sem cor (...)”
denotação, frases declarativas, e uso da 3ª pessoa. (Fundo de Quintal)
- esta função é encontrada em textos jornalísticos,
científicos, didáticos. A linguagem serve como fonte de prazer:
Ex: “Estados Unidos invadem o Iraque” - Função Poética
- destaque na forma construída, criativa e inusitadamente.
Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos sobre - utiliza vários recursos gramaticais: figuras de linguagem,
um acontecimento do mundo. conotação, neologismos, construções estruturais não
A função informativa da linguagem tem importância convencionais, polissemia etc.
central na vida das pessoas, consideradas individualmente ou - É a linguagem dos poemas e prosas poéticas (literária),
como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite conhecer da publicidade criativa e afins.30
o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo de
conhecimentos e a transferência de experiências. Por meio Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido e os
dessa função, a linguagem modela o intelecto. sons são formas de tornar a linguagem um lugar de prazer.
É a função informativa que permite a realização do Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras para delas
trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem extrairmos satisfação.
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender. Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”, diz
A função informativa costuma ser chamada também de “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase
função referencial, pois seu principal propósito é fazer com shakespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta
que as palavras revelem da maneira mais clara possível as Emílio de Menezes, quando soube que uma mulher muito
coisas ou os eventos a que fazem referência. gorda se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez o
seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco
A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: quebrar por excesso de fundos”. A palavra banco está usada em
- Função Conativa dois sentidos: “móvel comprido para sentar-se” e “casa
- O receptor é o centro da mensagem, na qual ele é bancária”. Também está empregado em dois sentidos o termo
estimulado, provocado, seduzido, amparado etc. fundos: “nádegas” e “capital”, “dinheiro”.
- Normalmente o interlocutor é conduzido a adotar uma Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diversas,
determinada postura. com significados diferentes, nesta frase do deputado Virgílio
- É um texto normalmente claro e objetivo que visa à Guimarães:
persuasão.
- Algumas marcas gramaticais: verbos e pronomes de 2ª “ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
pessoa (ou 3ª pessoa – você), vocativos, imperativos, continência para os militares, bateu palmas para o Collor e quer
perguntas ao interlocutor etc. bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata uma dor de
- É a linguagem das músicas e dos poemas românticos, das consciência e bata em retirada.”
propagandas e afins. (Folha de S. Paulo)
Ex: “Vem pra Caixa você também.”
Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitariamente
A linguagem serve para expressar a subjetividade: ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada para
- Função Emotiva informar, para influenciar, para manter os laços sociais, etc. No
- centro da mensagem é o “eu”, aparece os sentimentos. segundo, para produzir um efeito prazeroso de descoberta de
- expressão de emoções, sentimentos, atitudes. sentidos. Em função estética, o mais importante é como se diz,
- pessoalidade e subjetividade. pois o sentido também é criado pelo ritmo, pelo arranjo dos
- verbos e pronomes de 1ª pessoa, exclamação, interjeições, sons, pela disposição das palavras, etc.
vocativos, reticências. Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
- linguagem romântica e poemas. Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/, /k/,
Ex: “Eu fico possesso com isso!” /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:

A linguagem serve para criar e manter laços sociais: E o bosque estala, move-se, estremece...
- Função Fática Da cavalgada o estrépito que aumenta
- centro da mensagem (contato) Perde-se após no centro da montanha...
- estabelece ou encerra o contato entre o emissor e o
receptor (cumprimentos, saudações, etc) Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
- ocorre interação verbal. Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássicos.
- marcas linguísticas: “Boa tarde. Oi. Tudo bem. Tchau”.
Observe-se que a maior concentração de sons oclusivos
A linguagem serve para falar sobre a própria linguagem: ocorre no segundo verso, quando se afirma que o barulho dos
- Função Metalinguística cavalos aumenta.
- comunicação é o centro da mensagem, usa-se um signo para
explicar a si próprio, ele é instrumento de explicação.

29 PESTANA, Fernando. A gramática para concursos. Elsevier.2011. 30 Idem, 1.

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APOSTILAS OPÇÃO

Quando se usam recursos da própria língua para A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo que
acrescentar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se mais profundamente distingue o homem dos outros animais.
que estamos usando a linguagem em sua função poética. Podemos considerar que o desenvolvimento desta função
cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a libertação
Para melhor compreensão das funções de linguagem, da mão, que permitiram o aumento do volume do cérebro, a
torna-se necessário o estudo dos elementos da comunicação. par do desenvolvimento de órgãos fonadores e da mímica
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era facial.
desenvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta - Devido a estas capacidades, para além da linguagem falada
alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto outro e escrita, o homem, aprendendo pela observação de animais,
escuta em silêncio, etc). Exemplo: desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos surdos em
diferentes países, não só para melhorar a comunicação entre
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO surdos, mas também para utilizar em situações especiais,
como no teatro e entre navios ou pessoas e não animais que se
Emissor emite, codifica a mensagem encontram fora do alcance do ouvido, mas que se podem
Recepto recebe, decodifica a mensagem observar entre si.
r
Mensage conteúdo transmitido pelo emissor Questões
m
Código conjunto de signos usado na 01.
transmissão e recepção da mensagem Alô, alô, Marciano
Referent contexto relacionado a emissor e Aqui quem fala é da Terra
e receptor Pra variar, estamos em guerra
Você não imagina a loucura
Canal meio pelo qual circula a mensagem
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down o high society [...]
Porém, com recentes estudos linguísticos, tal teoria sofreu
certa modificação, pois, chegou-se a conclusão de que ao se LEE, Rita. CARVALHO, Roberto de. Disponível em:
tratar da parole (sentido individual da língua), entende-se que http://www.vagalume.com.br/ Acesso em: 30 mar. 2014.
é um veículo democrático (observe a função fática), assim,
admite-se um novo formato de locução, ou, interlocução Os dois primeiros versos do texto fazem referência à
(diálogo interativo): função da linguagem cujo objetivo dos emissores é apenas
estabelecer ou manter contato de comunicação com seus
Locutor quem fala (e responde) receptores. Nesses versos, a linguagem está empregada em
Locutário quem ouve e responde função
Interlocução diálogo (A) expressiva.
(B) apelativa.
As Gabarito, dos “interlocutores” podem ser gestuais, (C) referencial.
faciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. (D) poética.
As atitudes e reações dos comunicantes são também (E) fática.
referentes e exercem influência sobre a comunicação
02.
Lembramo-nos: SONETO DE MAIO
(Vinícius de Moraes)
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no “eu”
do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta função Suavemente Maio se insinua
está, por norma, a poesia lírica. Por entre os véus de Abril, o mês cruel
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de E lava o ar de anil, alegra a rua
mensagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este Alumbra os astros e aproxima o céu.
assuma determinado comportamento; há frequente uso do Até a lua, a casta e branca lua
vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é Esquecido o pudor, baixa o dossel
frequentemente usada por oradores e agentes de publicidade. E em seu leito de plumas fica nua
- Função metalinguística: função usada quando a língua A destilar seu luminoso mel.
explica a própria linguagem (exemplo: quando, na análise de Raia a aurora tão tímida e tão frágil
um texto, investigamos os seus aspectos morfo-sintáticos e/ou Que através do seu corpo transparente
semânticos). Dir-se-ia poder-se ver o rosto
- Função informativa (ou referencial): função usada Carregado de inveja e de presságio
quando o emissor informa objetivamente o receptor de uma Dos irmãos Junho e Julho, friamente
realidade, ou acontecimento. Preparando as catástrofes de Agosto...
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção Disponível em: http://www.viniciusdemoraes.com.br
dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e textos
publicitários (centra-se no canal de comunicação). Em um poema, é possível afirmar que a função de
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensagem linguagem está centrada na:
com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, ritmos (A) Função fática.
agradáveis, etc. (B) Função emotiva ou expressiva.
(C) Função conativa ou apelativa.
Também podemos pensar que as primeiras falas (D) Função denotativa ou referencial.
conscientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos
evoluiram para o que podemos reconhecer como 03. O exercício da crônica
“interjeições”. As primeiras ferramentas da fala humana. Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada,
como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual

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APOSTILAS OPÇÃO

este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, Há três tipos de período composto: por coordenação, por
azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo
coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, olha tempo (também chamada de período misto).
através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato
qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da Período Composto por Coordenação – Orações
véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa Coordenadas
injetar um sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de
olhar em torno e esperar que, através de um processo Considere, por exemplo, este período composto:
associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os
e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela tempos de infância.
concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao 1ª oração: Passeamos pela praia
assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no 2ª oração: brincamos
ato de escrever, pode surgir o inesperado. 3ª oração: recordamos os tempos de infância
As três orações que compõem esse período têm sentido
MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência
poemas. São Paulo: Cia. das Letras, 1991. sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma
relação de sentido, mas, como já dissemos, uma não depende
Predomina nesse texto a função da linguagem que se da outra sintaticamente.
constitui As orações independentes de um período são chamadas de
(A) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista. orações coordenadas (OC), e o período formado só de
(B) nos elementos que servem de inspiração ao cronista. orações coordenadas é chamado de período composto por
(C) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica. coordenação.
(D) no papel da vida do cronista no processo de escrita da As orações coordenadas são classificadas em assindéticas
crônica. e sindéticas.
(E) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio
de uma crônica. - As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo:
04. Sempre que há comunicação há uma intenção, o que Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.
determina que a linguagem varie, assumindo funções. A função OCA OCA OCA
da linguagem predominante no texto com a respectiva
característica está expressa em: “Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de
(A) referencial - presença de termos científicos e técnicos Assis)
(B) expressiva - predominância da 1ª pessoa do singular “A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.”
(C) fática - uso de cumprimentos e saudações (Antônio Olavo Pereira)
(D) apelativa - emprego de verbos flexionados no “O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.”
imperativo (Coelho Neto)

Gabarito - As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando


vêm introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo:
01.E / 02.B / 03.E / 04.D O homem saiu do carro / e entrou na casa.
OCA OCS

Análise sintática dos As orações coordenadas sindéticas são classificadas de


acordo com o sentido expresso pelas conjunções
períodos simples e composto. coordenativas que as introduzem. Pode ser:

- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não


Período só... mas também, não só... mas ainda.
Saí da escola / e fui à lanchonete.
Toda frase com uma ou mais orações constitui um período, OCA OCS Aditiva
que se encerra com ponto de exclamação, ponto de
interrogação ou com reticências. Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
O período é simples quando só traz uma oração, chamada conjunção que expressa ideia de acréscimo ou adição com
absoluta; o período é composto quando traz mais de uma referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
oração. Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, coordenativa aditiva.
oração absoluta.); Quero que você aprenda. (Período
composto.) O menino comprou pães e um leite.
As crianças não griatavam e nem choravam.
Existe uma maneira prática de saber quantas orações há Os celulares não somente instruem mas também
num período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num divertem.
período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as
locuções verbais nele existentes. Exemplos: - Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas,
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração) porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto.
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma Estudei bastante / mas não passei no teste.
oração) OCA OCS Adversativa
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas
locuções verbais, duas orações) Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
conjunção que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou
seja, por uma conjunção coordenativa adversativa.

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APOSTILAS OPÇÃO

O aluno é estudioso, porém, suas notas são baixas. 1. Correu demais, ... caiu.
“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles) 2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
3. A matéria perece, ... a alma é imortal.
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, 4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com
por isso, pois, logo. detalhes.

Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão. 5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
OCA OCS Conclusiva (A) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
(B) por isso, porque, mas, portanto, que
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma (C) logo, porém, pois, porque, mas
conjunção que expressa ideia de conclusão de um fato (D) porém, pois, logo, todavia, porque
enunciado na oração anterior, ou seja, por uma conjunção (E) entretanto, que, porque, pois, portanto
coordenativa conclusiva.
05. Reúna as três orações em um período composto por
Vives mentindo; logo, não mereces fé. coordenação, usando conjunções adequadas.
Não tenho dinheiro, portanto não posso pagar.
Os dias já eram quentes.
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... A água do mar ainda estava fria.
ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer. As praias permaneciam desertas.

Seja mais educado / ou retire-se da reunião! Gabarito


OCA OCS Alternativa
01.
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram.
conjunção que estabelece uma relação de alternância ou Não durma sem cobertor, pois a noite está fria.
escolha com referência à oração anterior, ou seja, por uma Quero desculpar-me, mas consigo encontrá-los.
conjunção coordenativa alternativa.
02. E\03. C\04. B
Cale-se agora ou nunca mais fale.
Ora colocava a luca, ora a retirava. 05. Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda
estava fria, por isso as praias permaneciam desertas.
- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que,
porque, pois, porquanto. Período Composto por Subordinação
Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
OCA OCS Explicativa Observe os termos destacados em cada uma destas
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção orações:
que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação à Vi uma cena triste. (adjunto adnominal)
oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa Todos querem sua participação. (objeto direto)
explicativa. Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de
causa)
Nao comprei o carro, porque estava muito caro.
Cumprimente-a, pois hoje é o seu aniversário. Veja, agora, como podemos transformar esses termos em
orações com a mesma função sintática:
Questões Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada
com função de adjunto adnominal)
01. Relacione as orações coordenadas por meio de Todos querem / que você participe. (oração subordinada
conjunções: com função de objeto direto)
(A) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões Não pude sair / porque estava chovendo. (oração
surgiram. subordinada com função de adjunto adverbial de causa)
(B) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
(C) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los. Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma
certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto,
02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo
marulhar das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de: menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a
(A) causa subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele
(B) explicação é classificado como período composto por subordinação. As
(C) conclusão orações subordinadas são classificadas de acordo com a
(D) proporção função que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas.
(E) comparação
Orações Subordinadas Adverbiais
03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração
sublinhada pode indicar uma ideia de: As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas
(A) concessão que exercem a função de adjunto adverbial da oração principal
(B) oposição (OP). São classificadas de acordo com a conjunção
(C) condição subordinativa que as introduz:
(D) lugar
(E) consequência - Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que,
04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, visto que.
entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido.

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APOSTILAS OPÇÃO

Não fui à escola / porque fiquei doente. “O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.”
OP OSA Causal (Marquês de Maricá)
Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor.
O tambor soa porque é oco. “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que =
Como não me atendessem, repreendi-os severamente. para que)
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir. “Instara muito comigo não deixasse de frequentar as
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse =
Sousa) para que não deixasse)

- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a - Consecutivas: Expressam a consequência do que foi
ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como
contanto que, a menos que, a não ser que, desde que. (= porque), pois que, visto que.
Irei à sua casa / se não chover. A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
OP OSA Condicional OP OSA Consecutiva

Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
ofensores. “A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.”
Se o conhecesses, não o condenarias. (José J. Veiga)
“Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
de Andrade) As notícias de casa eram boas, de maneira que pude
A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência prolongar minha viagem.
tenha êxito.
- Comparativas: Expressam ideia de comparação com
- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da referência à oração principal. Conjunções: como, assim como,
oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização. tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado
Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais com menos ou mais).
que, mesmo que. Ela é bonita / como a mãe.
Ela saiu à noite / embora estivesse doente. OP OSA Comparativa
OP OSA Concessiva
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o
ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente. ferro.” (Marquês de Maricá)
Embora não possuísse informações seguras, ainda Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro.
assim arriscou uma opinião. Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram.
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à
quando ou ainda quando ou mesmo que) todos nos luz daquele olhar.
critiquem.
Por mais que gritasse, não me ouviram. Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam
claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está
- Conformativas: Expressam a conformidade de um fato subentendido o verbo ser (como a mãe é).
com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado. - Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona
OP OSA Conformativa proporcionalmente ao que foi enunciado na principal.
Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que,
O homem age conforme pensa. quanto mais, quanto menos.
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi. Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.
Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas. OSA Proporcional OP
O jornal, como sabemos, é um grande veículo de
informação. À medida que se vive, mais se aprende.
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando.
- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai
que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, diminuindo.
assim que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal
(=assim que). Orações Subordinadas Substantivas
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
OP OSA Temporal As orações subordinadas substantivas (OSS) são
aquelas que, num período, exercem funções sintáticas
Formiga, quando quer se perder, cria asas. próprias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas
“Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se conjunções integrantes que e se. Elas podem ser:
esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)
“Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É
(Marquês de Maricá) aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração
Enquanto foi rico, todos o procuravam. principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
O grupo quer / que você ajude.
- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi OP OSS Objetiva Direta
enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de
que, porque (=para que), que. O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar. mestre exigia a presença de todos.)
OP OSA Final Mariana esperou que o marido voltasse.
Ninguém pode dizer: Desta água não beberei.
O fiscal verificou se tudo estava em ordem.

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APOSTILAS OPÇÃO

- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma
aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da coisa: a sua felicidade)
oração principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto Só lhe peço isto: honre o nosso nome.
indireto) “Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto:
Necessito / de que você me ajude. de que virias a morrer...” (Osmã Lins)
OP OSS Objetiva Indireta “Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum
motivo oculto?” (Machado de Assis)
Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de
viagem.) dois-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à
Aconselha-o a que trabalhe mais. oração principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho
Daremos o prêmio a quem o merecer. recuperasse a saúde, tornou-se realidade.
Lembre-se de que a vida é breve.
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela orações substantivas podem ser introduzidas por outros
que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
Observe :É importante sua colaboração. (sujeito) Não sei quando ele chegou.
É importante / que você colabore. Diga-me como resolver esse problema.
OP OSS Subjetiva
Orações Subordinadas Adjetivas
A oração subjetiva geralmente vem:
- depois de um verbo de ligação + predicativo, em As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a
construções do tipo é bom ,é útil ,é certo ,é conveniente, etc. função de adjunto adnominal de algum termo da oração
Ex.: É certo que ele voltará amanhã. principal. Observe como podemos transformar um adjunto
- depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta- adnominal em oração subordinada adjetiva:
se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade. Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)
- depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada
ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e adjetiva)
seguidos das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos
participem da reunião. As orações subordinadas adjetivas são sempre
introduzidas por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem,
É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é etc.) e podem ser classificadas em:
necessária.)
Parece que a situação melhorou. - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas
Aconteceu que não o encontrei em casa. quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que
Importa que saibas isso bem. se referem. Exemplo:
O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar.
- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: OP OSA Restritiva
É aquela que exerce a função de complemento nominal de um
termo da oração principal. Observe: Estou convencido de sua Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica
inocência. (complemento nominal) o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não
Estou convencido / de que ele é inocente. aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º
OP OSS Completiva Nominal lugar.

Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão Pedra que rola não cria limo.
dele.) Os animais que se alimentam de carne chamam-se
Estava ansioso por que voltasses. carnívoros.
Sê grato a quem te ensina. Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas
“Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão escreveram.
cedo.” (Graciliano Ramos) “Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário
Mariano)
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas
que exerce a função de predicativo do sujeito da oração quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se
principal, vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem
importante é sua felicidade. (predicativo) restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo:
O importante é / que você seja feliz. O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um
OP OSS Predicativa novo livro.
Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.) OP OSA Explicativa OP
Minha esperança era que ele desistisse.
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz. Deus, que é nosso pai, nos salvará.
Não sou quem você pensa. Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado.
que exerce a função de aposto de um termo da oração Observação: As explicativas são isoladas por pausas, que
principal. Observe: Ele tinha um sonho :a união de todos em na escrita se indicam por vírgulas.31
benefício do país. (aposto)
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício Orações Reduzidas
do país. Observe que as orações subordinadas eram sempre
OP OSS Apositiva introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e

31 Idem, 5.

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APOSTILAS OPÇÃO

apresentavam o verbo numa forma do indicativo ou do por coordenação. Exemplo: Rosa chorou porque levou uma
subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há surra. Está claro que a oração iniciada pela conjunção é causal,
outras que se apresentam com o verbo numa das formas visto que a surra foi sem dúvida a causa do choro, que é efeito.
nominais (infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos: Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. O
período agora é composto por coordenação, pois a oração
- Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês. iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se
(infinitivo) revelou na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e
- Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio) efeito: o fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é
- Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. causa de ela ter chorado.
(particípio)
Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto.
As orações subordinadas que apresentam o verbo numa OP OSA Comparativa OSA Condicional
das formas nominais são chamadas de reduzidas.
Para classificar a oração que está sob a forma reduzida, Questões
devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo:
colocamos a conjunção ou o pronome relativo adequado ao 01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que
sentido e passamos o verbo para uma forma do indicativo ou estava para ser mãe”, a oração destacada é:
subjuntivo, conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma
classificação da oração desenvolvida. (A) subordinada substantiva objetiva indireta
(B) subordinada substantiva completiva nominal
Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês. (C) subordinada substantiva predicativa
Quando entrei na escola, / encontrei o professor de (D) coordenada sindética conclusiva
inglês. (E) coordenada sindética explicativa
OSA Temporal
Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial 02. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. Há
temporal, reduzida de infinitivo. reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na
realidade.” A oração sublinhada é:
Precisando de ajuda, telefone-me.
Se precisar de ajuda, / telefone-me. (A) adverbial conformativa
OSA Condicional (B) adjetiva
Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial (C) adverbial consecutiva
condicional, reduzida de gerúndio. (D) adverbial proporcional
(E) adverbial causal
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o 03.“Esses produtos podem ser encontrados nos
vestiário. supermercados com rótulos como ‘sênior’ e com
OSA Temporal características adaptadas às dificuldades para mastigar e para
Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal, engolir dos mais velhos, e preparados para se encaixar em seus
reduzida de particípio. hábitos de consumo”. O segmento “para se encaixar” pode ter
sua forma verbal reduzida adequadamente desenvolvida em
Observações:
(A) para se encaixarem.
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de (B) para seu encaixotamento.
desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas (C) para que se encaixassem.
fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de (D) para que se encaixem.
desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa (E) para que se encaixariam.
cidade.
- O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem 04. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir
orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal. oração subordinada substantiva objetiva direta) em qual das
Exemplos: orações seguintes?
Preciso terminar este exercício.
Ele está jantando na sala. (A) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
Essa casa foi construída por meu pai. (B) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo.
- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma (C) O aluno fez-se passar por doutor.
reduzida. Exemplo: (D) Precisa-se de operários.
O homem fechou a porta, saindo depressa de casa. (E) Não sei se o vinho está bom.
O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração
coordenada sindética aditiva) 05. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.” A
Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de oração sublinhada é:
gerúndio.
Qual é a diferença entre as orações coordenadas (A) subordinada substantiva completiva nominal
explicativas e as orações subordinadas causais, já que ambas (B) subordinada substantiva objetiva indireta
podem ser iniciadas por que e porque? Às vezes não é fácil (C) subordinada substantiva predicativa
estabelecer a diferença entre explicativas e causais, mas como (D) subordinada substantiva subjetiva
o próprio nome indica, as causais sempre trazem a causa de (E) subordinada substantiva objetiva direta
algo que se revela na oração principal, que traz o efeito.
Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a Gabarito
oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes,
imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal. 01.B \ 02.A \ 03.D \ 04.E \ 05.B
Essa noção de causa e efeito não existe no período composto

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APOSTILAS OPÇÃO

6) O sujeito for composto da expressão “um dos que”, o


Concordância verbal e verbo permanecerá no plural: Paulo é um dos que mais
nominal. trabalhar.

7) asos relativos à concordância com locuções


CONCORDÂNCIA VERBAL pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos nos atermos a duas questões básicas:
referindo à relação de dependência estabelecida entre um - No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural,
termo e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os o verbo poderá com ele concordar, como poderá também
agentes principais desse processo são representados concordar com o pronome pessoal: Alguns
pelo sujeito, que no caso funciona como subordinante; e de nós o receberemos. / Alguns de nós o receberão.
o verbo, o qual desempenha a função de subordinado. 32 - Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso
Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza- no singular, o verbo permanecerá, também, no
se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos singular: Algum de nós o receberá.
“número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando,
temos: O aluno chegou. 8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo
Temos que o verbo apresenta-se na terceira pessoa do pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do
singular, pois faz referência a um sujeito, assim também singular ou poderá concordar com o antecedente desse
expresso (ele). Como poderíamos também dizer: os alunos pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. /
chegaram atrasados. Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela.
Temos aí o que podemos chamar de princípio básico.
Contudo, a intenção a que se presta o artigo em evidência é 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela
eleger as principais ocorrências voltadas para os casos palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
de sujeito simples e para os de sujeito composto. Dessa forma, antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós
vejamos: que tomamos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo.

Casos referentes a sujeito simples 10) No caso de o sujeito aparecer representado por
expressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
1) Sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo em com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa
número e pessoa: O aluno chegou atrasado. porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão da
diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão.
2) o verbo concorda no singular com o sujeito coletivo do Observações:
singular, o verbo permanece na terceira pessoa do - Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de
singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos. porcentagem, esse deverá concordar com o numeral:
Observação: Aprovaram a decisão da diretoria 50% dos funcionários.
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no
adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou singular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da
poderá ir para o plural: Uma multidão de pessoas saiu aos diretoria.
gritos. - Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
3) Quando o sujeito é representado por expressões
partitivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de, a 11) Sujeito estiver representado por pronomes de
metade de, uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira pessoa
concordar com o núcleo dessas expressões quanto com o do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das
substantivo que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar. A homenagens. Vossas Excelência agiu com inteligência.
maioria dos alunos resolveram ficar.
12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos
aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo que os determinam:
concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de - Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo
vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas. ser, este permanece no singular, contanto que o predicativo
também esteja no singular: Memórias póstumas de Brás
5) Em casos em que o sujeito é representado pela Cubas é uma criação de Machado de Assis.
expressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais - Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também
de um candidato se inscreveu no concurso de piadas. permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência
Observação: mundial.
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou - Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele
associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos
necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais de um é uma potência mundial.
aluno, mais de um professor contribuíram na campanha de
doação de alimentos. Casos referentes a sujeito composto
Mais de um formando se abraçaram durante as
solenidades de formatura. 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando
relacionado a dois pressupostos básicos:

32 brasilescola.uol.com.br/gramatica/concordancia-verbal.htm

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APOSTILAS OPÇÃO

- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as A frase em que se respeitam as normas de concordância
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. verbal é:
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na (A) Deve haver muitas razões pelas quais os cachorros nos
2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. atraem.
Tu e ele são primos. (B) Várias razões haveriam pelas quais os cachorros nos
atraem.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer (C) Caberiam notar as muitas razões pelas quais os
anteposto (antes) ao verbo, este permanecerá no plural: O pai cachorros nos atraem.
e seus dois filhos compareceram ao evento. (D) Há de ser diversas as razões pelas quais os cachorros
nos atraem.
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto (depois) ao (E) Existe mesmo muitas razões pelas quais os cachorros
verbo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou nos atraem.
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. 03. Uma pergunta

4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com Frequentemente cabe aos detentores de cargos de
mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
mundo. amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador e
político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras decisão: - Quem sofrerá?
sinônimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a
poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha se considerar.
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de meu (Salvador Nicola, inédito)
esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha premiação é
fruto de meu esforço. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no
singular para preencher adequadamente a lacuna da frase:
Questões (A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
01. A concordância realizou-se adequadamente em qual (B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre
alternativa? o peso de suas mais graves decisões.
(A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior (C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer)
potência econômica do planeta, mas há quem aposte que a tomar decisões sem medir suas consequências.
China, em breve, o ultrapassará. (D) A toda decisão tomada precipitadamente ......
(B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos (costumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas.
que chegarão atrasados, tenho certeza disso. (E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade,
(C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
comê-las sem receio! humana.
(D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na
janela do hotel! 04. Em um belo artigo, o físico Marcelo Gleiser, analisando
a constatação do satélite Kepler de que existem muitos
02. “Se os cachorros correm livremente, por que eu não planetas com características físicas semelhantes ao nosso,
posso fazer isso também?”, pergunta Bob Dylan em “New reafirmou sua fé na hipótese da Terra rara, isto é, a tese de que
Morning”. Bob Dylan verbaliza um anseio sentido por todos a vida complexa (animal) é um fenômeno não tão comum no
nós, humanos supersocializados: o anseio de nos livrarmos de Universo.
todos os constrangimentos artificiais decorrentes do fato de Gleiser retoma as ideias de Peter Ward expostas de modo
vivermos em uma sociedade civilizada em que às vezes nos persuasivo em “Terra Rara”. Ali, o autor sugere que a vida
sentimos presos a uma correia. Um conjunto cultural de regras microbiana deve ser um fenômeno trivial, podendo pipocar até
tácitas e inibições está sempre governando as nossas em mundos inóspitos; já o surgimento de vida multicelular na
interações cotidianas com os outros. Terra dependeu de muitas outras variáveis físicas e históricas,
Uma das razões pelas quais os cachorros nos atraem é o o que, se não permite estimar o número de civilizações extra
fato de eles serem tão desinibidos e livres. Parece que eles terráqueas, ao menos faz com que reduzamos nossas
jogam com as suas próprias regras, com a sua própria lógica expectativas.
interna. Eles vivem em um universo paralelo e diferente do Uma questão análoga só arranhada por Ward é a da
nosso - um universo que lhes concede liberdade de espírito e inexorabilidade da inteligência. A evolução de organismos
paixão pela vida enormemente atraentes para nós. Um complexos leva necessariamente à consciência e à
cachorro latindo ao vento ou uivando durante a noite faz inteligência?
agitar-se dentro de nós alguma coisa que também quer se Robert Wright diz que sim, mas seu argumento é mais
expressar. matemático do que biológico: complexidade engendra
Os cachorros são uma constante fonte de diversão para nós complexidade, levando a uma corrida armamentista entre
porque não prestam atenção as nossas convenções sociais. espécies cujo subproduto é a inteligência.
Metem o nariz onde não são convidados, pulam para cima do Stephen J. Gould e Steven Pinker apostam que não. Para
sofá, devoram alegremente a comida que cai da mesa. Os eles, é apenas devido a uma sucessão de pré-adaptações e
cachorros raramente se refreiam quando querem fazer alguma coincidências que alguns animais transformaram a capacidade
coisa. Eles não compartilham conosco as nossas inibições. Suas de resolver problemas em estratégia de sobrevivência. Se
emoções estão ã flor da pele e eles as manifestam sempre que rebobinássemos o filme da evolução e reencenássemos o
as sentem. processo mudando alguns detalhes do início, seriam grandes
(Adaptado de Matt Weistein e Luke Barber. Cão que late não morde. as chances de não chegarmos a nada parecido com a
Trad. de Cristina Cupertino. S.Paulo: Francis, 2005. p 250) inteligência.
(Adaptado de Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, 28/10/2012)

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APOSTILAS OPÇÃO

A frase em que as regras de concordância estão Comi delicioso almoço e sobremesa.


plenamente respeitadas é: Provei deliciosa fruta e suco.
(A) Podem haver estudos que comprovem que, no passado, 2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
as formas mais complexas de vida - cujo habitat eram oceanos concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
ricos em nutrientes - se alimentavam por osmose. Estavam feridos o pai e os filhos.
(B) Cada um dos organismos simples que vivem na Estava ferido o pai e os filhos.
natureza sobrevivem de forma quase automática, sem se
valerem de criatividade e planejamento. c) Um substantivo e mais de um adjetivo
(C) Desde que observe cuidados básicos, como obter 1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
energia por meio de alimentos, os organismos simples podem Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
preservar a vida ao longo do tempo com relativa facilidade. 2- coloca o substantivo no plural.
(D) Alguns animais tem de se adaptar a um ambiente cheio Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
de dificuldades para obter a energia necessária a sua
sobrevivência e nesse processo expõe- se a inúmeras ameaças. d) Pronomes de tratamento
(E) A maioria dos organismos mais complexos possui um 1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.
sistema nervoso muito desenvolvido, capaz de se adaptar a Vossa Santidade esteve no Brasil.
mudanças ambientais, como alterações na temperatura.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
05. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, 1 - Concordam com o substantivo a que se referem.
a concordância verbal está correta em: As cartas estão anexas.
(A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois A bebida está inclusa.
acabou os créditos. Precisamos de nomes próprios.
(B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis Obrigado, disse o rapaz.
que executa diversos serviços para os clientes.
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
para os passageiros que chegavam à cidade. 1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no
(D) Passou anos, mas a atriz não se esqueceu das calorosas singular e o adjetivo no plural.
lembranças que seu tio lhe deixou. Renato advogou um e outro caso fáceis.
(E) Deve existir passageiros que aproveitam a corrida de Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
táxi para bater um papo com o motorista.
g) É bom ,é necessário ,é proibido
Gabarito 1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier
01. C\02. A\03. C\04. E\05. C precedido de artigo ou outro determinante.
Canja é bom. / A canja é boa.
CONCORDÂNCIA NOMINAL É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é
Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos proibida.
demais termos da oração para que concordem em gênero e
número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o h) Muito, pouco, caro
artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos 1- Como adjetivos: seguem a regra geral.
também o verbo, que se flexionará à sua maneira. Comi muitas frutas durante a viagem.
Pouco arroz é suficiente para mim.
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome Os sapatos estavam caros.
concordam em gênero e número com o substantivo.
- A pequena criança é uma gracinha. 2- Como advérbios: são invariáveis.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. Comi muito durante a viagem.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra Comprei caro os sapatos.
geral mostrada acima.
i) Mesmo, bastante
a) Um adjetivo após vários substantivos 1- Como advérbios: invariáveis
1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o Preciso mesmo da sua ajuda.
plural ou concorda com o substantivo mais próximo. Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui. 2- Como pronomes: seguem a regra geral.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
plural masculino ou concorda com o substantivo mais
próximo. j) Menos, alerta
- Ela tem pai e mãe louros. 1- Em todas as ocasiões são invariáveis.
- Ela tem pai e mãe loura. Preciso de menos comida para perder peso.
Estamos alerta para com suas chamadas.
3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai
obrigatoriamente para o plural. k) Tal Qual
- O homem e o menino estavam perdidos. 1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui. o consequente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
1 - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
próximo.

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APOSTILAS OPÇÃO

l) Possível 05. Quanto à concordância nominal, verifica-se ERRO em:


1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” (A) O texto fala de uma época e de um assunto polêmicos.
ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões. (B) Tornou-se clara para o leitor a posição do autor sobre
A mais possível das alternativas é a que você expôs. o assunto.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. (C) Constata-se hoje a existência de homem, mulher e
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da criança viciadas.
cidade. (D) Não será permitido visita de amigos, apenas a de
parentes.
m) Meio
1- Como advérbio: invariável. Gabarito
Estou meio (um pouco) insegura.
2- Como numeral: segue a regra geral. 01. D\02. D\03. B
Comi meia (metade) laranja pela manhã.
04. a) necessária b) alerta c) bastantes d) vazia e) meio
n) Só
1- apenas, somente (advérbio): invariável. 05. C
Só consegui comprar uma passagem.
2- sozinho (adjetivo): variável.
Estiveram sós durante horas.
Regência verbal e nomina.
Questões

01. Indique o uso INCORRETO da concordância verbal ou REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL


nominal:
(A) Será descontada em folha sua contribuição sindical. Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que
(B) Na última reunião, ficou acordado que se realizariam ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.
encontros semanais com os diversos interessados no assunto. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando
(C) Alguma solução é necessária, e logo! frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido
(D) Embora tenha ficado demonstrado cabalmente a desejado, que sejam corretas e claras.
ocorrência de simulação na transferência do imóvel, o pedido
não pode prosperar. Regência Verbal
(E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D. Termo Regente: VERBO
João VI ter também elevado sua colônia americana à condição
de Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
obter certa autonomia econômica. os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos
e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa
gênero, número ou pessoa): capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer conhecermos as diversas significações que um verbo pode
a diferença.” assumir com a simples mudança ou retirada de uma
(B) Todos sabemos que a solução não é fácil. preposição.
(C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às Observe:
cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã. A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar,
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de contentar.
longe... A mãe agrada ao filho. -> agradar significa "causar agrado
(E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais ou prazer", satisfazer.
compreensivo.
Logo, conclui-se que "agradar alguém" é diferente de
03. A concordância nominal está INCORRETA em: "agradar a alguém".
(A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o
envolvimento da empresa. Saiba que:
(B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa O conhecimento do uso adequado das preposições é um
desnecessária. dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e
(C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da também nominal). As preposições são capazes de modificar
empresa e a campanha. completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os
(D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa exemplos:
desnecessárias. Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
04. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos
parênteses. No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
(A) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração
necessária) "Cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o
(B) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas) lugar a que se vai, possui, no padrão culto da língua,
(C) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem
bastantes) divergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns
(D) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios) verbos, e a regência culta.
(E) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino.
(meio/ meia) Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de
acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é

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APOSTILAS OPÇÃO

um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes b) Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos
formas em frases distintas. introduzidos pela preposição "a".
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Verbos Intransitivos Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos c) Responder - Tem complemento introduzido pela
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. preposição "a". Esse verbo pede objeto indireto para indicar "a
a) Chegar, Ir quem" ou "ao que" se responde.
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais Respondi ao meu patrão.
de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para Respondemos às perguntas.
indicar destino ou direção são: a, para. Respondeu-lhe à altura.
Fui ao teatro. Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
Adjunto Adverbial de Lugar quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
analítica. Veja:
Ricardo foi para a Espanha. O questionário foi respondido corretamente.
Adjunto Adverbial de Lugar Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
b) Comparecer d) Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido introduzidos pela preposição "com".
por em ou a. Antipatizo com aquela apresentadora.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último Simpatizo com os que condenam os políticos que governam
jogo. para uma minoria privilegiada.

Verbos Transitivos Diretos Verbos Transitivos Diretos e Indiretos


Os verbos transitivos diretos são complementados por Os verbos transitivos diretos e indiretos são
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para acompanhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses destaque, nesse grupo:
verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os,
as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem Agradecer, Perdoar e Pagar
assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais São verbos que apresentam objeto direto
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, Veja os exemplos:
quando complementos verbais, objetos indiretos. Agradeço aos ouvintes a audiência.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Objeto Indireto Objeto Direto
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, pecador.
condenar, conhecer, conservar, convidar, defender, eleger, Objeto Direto Objeto
estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, Indireto
respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar. Paguei o débito ao cobrador.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como Objeto Direto Objeto Indireto
o verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o. - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com
Amo aquela moça. / Amo-a. particular cuidado. Observe:
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Paguei minhas contas. / Paguei-as.
adnominais). Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Informar
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Verbos Transitivos Indiretos Informe os novos preços aos clientes.
Os verbos transitivos indiretos são complementados por Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preços)
preposição para o estabelecimento da relação de regência. Os
pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que - Na utilização de pronomes como complementos, veja as
podem atuar como objetos indiretos são o "lhe", o "lhes", para construções:
substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com os Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se eles)
pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Comparar


a) Consistir - Tem complemento introduzido pela Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
preposição "em". preposições "a" ou "com" para introduzir o complemento
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para indireto.
todos. Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma
criança.

Língua Portuguesa 92
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APOSTILAS OPÇÃO

Pedir ASSISTIR
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na 1) Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de assistência a, auxiliar. Por Exemplo:
pessoa. As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
Pedi-lhe favores. As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Objeto Indireto Objeto Direto 2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver,
presenciar, estar presente, caber, pertencer.
Pedi-lhe que mantivesse em silêncio.
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva Exemplos:
Objetiva Direta Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Saiba que: Essa lei assiste ao inquilino.
1) A construção "pedir para", muito comum na linguagem Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo "assistir" é
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
entanto, é considerada correta quando a lugar introduzido pela preposição "em".
palavra licença estiver subentendida. Assistimos numa conturbada cidade.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Observe que, nesse caso, a preposição "para" introduz uma CHAMAR
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo 1) Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
(para ir entregar-lhe os catálogos em casa). solicitar a atenção ou a presença de.
2) A construção "dizer para", também muito usada Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-
popularmente, é igualmente considerada incorreta. la.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Preferir 2) Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere
indireto introduzido pela preposição "a". Por Exemplo: predicativo preposicionado ou não.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. A torcida chamou o jogador mercenário.
Prefiro trem a ônibus. A torcida chamou ao jogador mercenário.
Obs.: na língua culta, o verbo "preferir" deve ser usado sem A torcida chamou o jogador de mercenário.
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um A torcida chamou ao jogador de mercenário.
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente
no próprio verbo (pre). CUSTAR
1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
Mudança de Transitividade versus Mudança de valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.
Significado Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Há verbos que, de acordo com a mudança de 2) No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
transitividade, apresentam mudança de significado. O ou transitivo indireto.
conhecimento das diferentes regências desses verbos é um Muito custa viver tão longe da família.
recurso linguístico muito importante, pois além de permitir a Verbo Oração Subordinada Substantiva
correta interpretação de passagens escritas, oferece Subjetiva
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os Intransitivo Reduzida de Infinitivo
principais, estão:
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela
AGRADAR atitude.
1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, Objeto Oração Subordinada Substantiva
acariciar. Subjetiva
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada Indireto Reduzida de Infinitivo
quando o revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo. atribuem ao verbo "custar" um sujeito representado por
2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar pessoa. Observe o exemplo abaixo:
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento Custei para entender o problema.
introduzido pela preposição "a". Forma correta: Custou-me entender o problema.
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou. IMPLICAR
1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASPIRAR a) dar a entender, fazer supor, pressupor
1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar Suas atitudes implicavam um firme propósito.
(o ar), inalar. b) Ter como consequência, trazer como consequência,
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) acarretar, provocar
2) Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Liberdade de escolha implica amadurecimento político de
como ambição. um povo.
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a
elas) 2) Como transitivo direto e indireto,
Obs.: como o objeto direto do verbo "aspirar" não é pessoa, significa comprometer, envolver
mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas "lhe" e Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
"lhes" e sim as formas tônicas "a ele (s)", " a ela (s)". Veja o Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
exemplo: indireto e rege com preposição "com".
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) Implicava com quem não trabalhasse arduamente.

Língua Portuguesa 93
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APOSTILAS OPÇÃO

PROCEDER Horror a
1) Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter Proeminência sobre
cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, Capacidade de, para
agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de Impaciência com
adjunto adverbial de modo. Respeito a, com, para com, por
As afirmações da testemunha procediam, não havia como
refutá-las. Adjetivos
Você procede muito mal. Acessível a
2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a Diferente de
preposição" de") e fazer, executar (rege complemento Necessário a
introduzido pela preposição "a") é transitivo indireto. Acostumado a, com
O avião procede de Maceió. Entendido em
Procedeu-se aos exames. Nocivo a
O delegado procederá ao inquérito. Afável com, para com
Equivalente a
QUERER Paralelo a
1) Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter Agradável a
vontade de, cobiçar. Escasso de
Querem melhor atendimento. Parco em, de
Queremos um país melhor. Alheio a, de
2) Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, Essencial a, para
estimar, amar. Passível de
Quero muito aos meus amigos. Análogo a
Ele quer bem à linda menina. Fácil de
Despede-se o filho que muito lhe quer. Preferível a
Ansioso de, para, por
VISAR Fanático por
1) Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, Prejudicial a
fazer pontaria e de pôr visto, rubricar. Apto a, para
O homem visou o alvo. Favorável a
O gerente não quis visar o cheque. Prestes a
2) No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Ávido de
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição "a". Generoso com
O ensino deve sempre visar ao progresso social. Propício a
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar Benéfico a
público. Grato a, por
Próximo a
Regência Nominal Capaz de, para
Hábil em
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, Relacionado com
adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa Compatível com
relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo Habituado a
da regência nominal, é preciso levar em conta que vários Relativo a
nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de Contemporâneo a, de
que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses Idêntico a
casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o Satisfeito com, de, em, por
exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos Contíguo a
regem complementos introduzidos pela preposição "a". Veja: Impróprio para
Obedecer a algo/ a alguém. Semelhante a
Obediente a algo/ a alguém. Contrário a
Indeciso em
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da Sensível a
preposição ou preposições que os regem. Observe-os Curioso de, por
atentamente e procure, sempre que possível, associar esses Insensível a
nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece. Sito em
Descontente com
Substantivos Liberal com
Suspeito de
Admiração a, por Desejoso de
Devoção a, para, com, por Natural de
Medo a, de Vazio de
Aversão a, para, por
Doutor em Advérbios
Obediência a Longe de Perto de
Atentado a, contra
Dúvida acerca de, em, sobre Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir
Ojeriza a, por o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
Bacharel em paralelamente a; relativa a; relativamente a.33

33 www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Língua Portuguesa 94
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APOSTILAS OPÇÃO

Questões Considerando as regras de regência da norma-padrão da


língua portuguesa, a frase do primeiro quadrinho está
01. (Administrador - FCC - adap.). corretamente reescrita, e sem alteração de sentido, em:
... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras A) Ter amigos ajuda contra o combate pela depressão.
ciências ... B) Ter amigos ajuda o combate sob a depressão.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o C) Ter amigos ajuda do combate com a depressão.
grifado acima está empregado em: D) Ter amigos ajuda ao combate na depressão.
A) ...astros que ficam tão distantes ... E) Ter amigos ajuda no combate à depressão.
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ... 06. (Escrevente TJ SP - Vunesp) Assinale a alternativa em
D) ...cuja importância ninguém ignora ... que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ... de 2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
02. (Agente de Apoio Administrativo - FCC - adap.). seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais
... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em
do sueco. outros.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam
complementos que o grifado acima está empregado em: rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? exemplo!, do que em outros.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro... rapidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento. avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
exemplo, do que em outros.
03. (Agente de Defensoria Pública - FCC - adap.). (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes rapidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o
desiguais... avanço seja mais notável em alguns países - o Brasil é um
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o exemplo - do que em outros.
grifado acima está empregado em: (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente,
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais
extremos de sutileza. notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos outros.
troncos mais robustos.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, 07. (Papiloscopista Policial - VUNESP). Assinale a
não raro, quem... alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na (A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
serra de Tunuí... responsabilidade pelo problema.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se
mestre e colaborador... perdido.
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de
04. (Agente Técnico - FCC - adap.). um índio na porta do prédio.
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da perdido de sua família.
frase acima se encontra em: (E) A família toda se organizou para realizar a procura à
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do garotinha.
verbo latino dirigere...
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das 08. (Analista de Sistemas - VUNESP). Assinale a
sociedades... alternativa que completa, correta e respectivamente, as
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
justiça. Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
da justiça... corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
sentimento de justiça. mídia pode exercer sobre os jovens.
A) dos … na
05. Leia a tira a seguir. B) nos … entre a
C) aos … para a
D) sobre os … pela
E) pelos … sob a

09. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças


Públicas - VUNESP). Considerando a norma-padrão da língua,
assinale a alternativa em que os trechos destacados estão
corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de
dez mil tomadas.
B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar
logotipos e negociar.

Língua Portuguesa 95
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APOSTILAS OPÇÃO

D) O taxista levou o autor a indagar no número de Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais
tomadas do edifício. indicado à pesquisa escolar.
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor
reparasse a um prédio na marginal. - Conjunção subordinativa:
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
10. (Assistente de Informática II - VUNESP). Assinale a
alternativa que substitui a expressão destacada na frase, Ênclise
conforme as regras de regência da norma-padrão da língua e
sem alteração de sentido. A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não
Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A
direitos dos trabalhadores domésticos. ênclise vai acontecer quando:
A) da
B) na - O verbo estiver no imperativo afirmativo:
C) pela Amem-se uns aos outros.
D) sob a Sigam-me e não terão derrotas.
E) sobre a
- O verbo iniciar a oração:
Gabarito Diga-lhe que está tudo bem.
Chamaram-me para ser sócio.
1.D / 2.D / 3.A / 4.A / 5.E / 6.D / 7.A / 8.C / 9.A / 10.C
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da
preposição “a”:
Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
Sintaxe de colocação. Passaram a cumprimentar-se mutuamente.

- O verbo estiver no gerúndio:


Colocação dos Pronomes Oblíquos Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de
Átonos despreocupada.
Despediu-se, beijando-me a face.
De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi 34, a
colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais - Houver vírgula ou pausa antes do verbo:
oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se Se passar no vestibular em outra cidade, mudo-me no
referem. mesmo instante.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe,
lhes, nos e vos. Mesóclise
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na
oração em relação ao verbo: A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no
futuro do presente ou no futuro do pretérito:
1. próclise: pronome antes do verbo A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se
2. ênclise: pronome depois do verbo realizará)
3. mesóclise: pronome no meio do verbo Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
proposta a você)
Próclise
Questões
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
- Palavras com sentido negativo: 01. Considerada a norma culta escrita, há correta
Nada me faz querer sair dessa cama. substituição de estrutura nominal por pronome em:
Não se trata de nenhuma novidade. (A) Agradeço antecipadamente sua Resposta // Agradeço-
lhes antecipadamente.
- Advérbios: (B) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do
Nesta casa se fala alemão. verbo fabricar se extraiu-lhe.
Naquele dia me falaram que a professora não veio. (C) não faltam lexicógrafos // não faltam-os.
(D) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria
- Pronomes relativos: de conhecê-las.
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. (E) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela.
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.
02. Caso fosse necessário substituir o termo destacado em
- Pronomes indefinidos: “Basta apresentar um documento” por um pronome, de acordo
Quem me disse isso? com a norma-padrão, a nova redação deveria ser
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. (A) Basta apresenta-lo.
(B) Basta apresentar-lhe.
- Pronomes demonstrativos: (C) Basta apresenta-lhe.
Isso me deixa muito feliz! (D) Basta apresentá-la.
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! (E) Basta apresentá-lo.

- Preposição seguida de gerúndio:

34Fontes: http://www.brasilescola.com/gramatica/colocacao-pronominal.htm
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php

Língua Portuguesa 96
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APOSTILAS OPÇÃO

03. Em qual período, o pronome átono que substitui o um grão imastigável, de quebrar dente.
sintagma em destaque tem sua colocação de acordo com a Certo não, quando ao catar palavras:
norma-padrão? a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
(A) O porteiro não conhecia o portador do embrulho – obstrui a leitura fluviante, flutual,
conhecia-o açula a atenção, isca-a como o risco.
(B) Meu pai tinha encontrado um marinheiro na praça
Mauá – tinha encontrado-o. Poema intitulado “Catar feijão”, parte constituinte do livro “Educação pela
pedra”, publicado em 1965.
(C) As pessoas relatarão as suas histórias para o registro
no Museu – relatá-las-ão.
A comparação ora estabelecida parece casar perfeitamente
(D) Quem explicou às crianças as histórias de seus
diante daquele momento em que as ideias são elencadas. No
antepassados? – explicou-lhes.
entanto, é preciso ser hábil para escolher palavra por palavra,
(E) Vinham perguntando às pessoas se aceitavam a ideia
de modo a fazer com que o discurso (as orações, os períodos,
de um museu virtual – Lhes vinham perguntando.
os parágrafos) torne-se claro e preciso, atendendo às
expectativas de nosso interlocutor.
04. De acordo com a norma-padrão e as questões
Dessa forma, como aqueles grãos que boiam fora,
gramaticais que envolvem o trecho “Frustrei-me por não ver o
desnecessários por sinal, algumas palavras também parecem
Escola”, é correto afirmar que
não se encaixar, pois por um motivo ou outro acabam
(A) “me” poderia ser deslocado para antes do verbo que
escapando aos nossos olhos.
acompanha.
O porquê de escaparem? É simples, haja vista que nesse
(B) “me” deveria obrigatoriamente ser deslocado para
momento essa habilidade antes mencionada entra em ação e,
antes do verbo que acompanha.
em meio a esse ínterim, conhecimentos de toda ordem
(C) a ê nclise em “Frustrei-me” é facultativa.
parecem se relacionar, sejam eles de ordem ortográfica,
(D) a inclusã o do advé rbio Nã o, no inı́cio da oraçã o
semântica, sintática e, sobretudo, aqueles indispensáveis a
“Frustrei-me”, tornaria a pró clise obrigató ria.
todo bom redator: o conhecimento de mundo.
(E) a ê nclise em “Frustrei-me” é obrigató ria.
Dada essa manifestação, é impossível não abordar um
procedimento, tão útil quanto necessário: a reescrita textual.
05. A substituição do elemento grifado pelo pronome
Acredite que, por meio dele, você, enquanto emissor,
correspondente foi realizada de modo INCORRETO em:
encontrará os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou
(A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Vale dizer,
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
contudo, que essa reescrita não deve se dar somente no âmbito
(C) para fazer a dragagem = para fazê-la
de corrigir aqueles possíveis erros... digamos assim...
(D) que desviava a água = que lhe desviava
gramaticais. Importantes eles? Sim, sem dúvida alguma, mas
(E) supriam a necessidade = supriam-na
não são tudo. Cumpre afirmar que a reescrita deve ir além, haja
vista que nos permite reconhecer aquelas “falhas” que
Gabarito
certamente seriam reconhecidas por outra pessoa, sobretudo
em se tratando do “teor”, da “essência” discursiva.
01. D/02. E/03. C/04. D/05. D
Tendo em vista que a coesão representa um dos principais
aspectos na produção textual, muitas vezes, mediante a leitura
daquilo que escrevemos, constatamos que os parágrafos não
Produção textual. se encontram assim tão harmoniosamente ligados como
deveriam. Às vezes, uma conjunção ali, um advérbio acolá e um
pronome adiante não se encontram bem distribuídos. Outras
vezes, percebemos uma quebra de simetria (revelada pela falta
REESCRITURA DE FRASES de paralelismo), em que uma ideia poderia ter sido expressa
de outra forma.
Antes de discorrermos acerca de um assunto tão Assim, de modo a constatar como esse aspecto assimétrico
importante, convidamos você, caro (a) candidato (a), a se se manifesta na prática, analise o seguinte enunciado:
enlevar mediante as palavras do grandioso mestre de nossas “A leitura é importante, necessária, útil e traz benefícios a
letras, João Cabral de Melo Neto, que, por meio de uma todo emissor que deseja aprimorar ainda mais a competência
metalinguagem, cumpre bem seu trabalho de lidar com as discursiva.”
palavras e deixar claro para nós, leitores, quão grandioso e
magnífico é o exercício da escrita. Voltemo-nos a elas, Inferimos que com o uso de “traz benefícios” houve uma
portanto: quebra de simetria dos adjetivos explicitados (importante,
necessária, útil...). Não que isso seja considerado uma falha de
Catar feijão grande extensão, mas a ideia ficaria mais clara se outro
adjetivo tivesse sido utilizado, justamente para acompanhar o
1. raciocínio antes firmado, como por exemplo:
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar “A leitura é importante, necessária, útil e benéfica a todo
e as palavras na folha de papel; emissor que deseja aprimorar ainda mais a competência
e depois, joga-se fora o que boiar. discursiva.”
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo: Outro aspecto, não menos importante, materializa-se pela
pois para catar esse feijão, soprar nele, “abundância” de orações intercaladas, as quais corroboram
e jogar fora o leve e oco, palha e eco. para a extensão da ideia, fazendo com que o interlocutor perca
o “fio da meada” e passe a não entender mais o que se afirmava
2. no início da oração. Dessa forma, para que fique um pouco
Ora, nesse catar feijão entra um risco: mais claro, analisemos o parágrafo que segue, revelando ser
o de que entre os grãos pesados entre um bom exemplo da ocorrência em questão:
um grão qualquer, pedra ou indigesto,

Língua Portuguesa 97
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APOSTILAS OPÇÃO

“A leitura, esse importante instrumento – o qual o torna mais Expressões Que Demandam Atenção
culto, mais apto a expressar seus pensamentos –, pois amplia - acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se.
significativamente seu vocabulário, contribui para o - aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e
aperfeiçoamento da escrita.” estar, aceito.
- acendido, aceso (formas similares) – idem.
Tudo aquilo que se afirma acerca da eficácia da leitura, - à custa de – e não às custas de.
ainda que relevante, tornou extensa e cansativa a ideia - à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que,
abordada. Dessa forma, retificando a oração, poderíamos conforme.
obter como essencial somente estes dizeres, os quais seguem - na medida em que – tendo em vista que, uma vez que.
expressos: - a meu ver – e não ao meu ver.
- a ponto de – e não ao ponto de.
“A leitura contribui para o aperfeiçoamento da escrita.” - a posteriori, a priori – não tem valor temporal.
- em termos de – modismo; evitar.
Mediante os pressupostos aqui elencados, acreditamos ter - enquanto que – o que é redundância.
contribuído de forma significativa para que você aprimore - entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a.
ainda mais suas habilidades no que tange à construção textual. - implicar em – a regência é direta (sem em).
E que, por meio da reescrita de suas ideias, possa ser hábil em - ir de encontro a – chocar-se com.
jogar fora o leve, o oco, assim mesmo como ressalta nosso - ir ao encontro de – concordar com.
grande mestre, e reelabore seu discurso pautando-se na - se não, senão – quando se pode substituir por caso não,
concretude das palavras, tornando-as claras, precisas, separado; quando não se pode, junto.
objetivas.35 - todo mundo – todos.
- todo o mundo – o mundo inteiro.
Dicas Para Uma Boa Escrita - não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
for substantivo.
Expressões Uso Recomendado - este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a
Condenáveis tempo presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está
A nível de / Ao nível Em nível, No nível tratando).
Face a / Frente a Ante, Diante, Em face de, Em vista de, - esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
Perante
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do
Onde (Quando não Em que, Na qual, Nas quais, No qual,
presente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).
exprime lugar) Nos quais
Sob um ponto de vista De um ponto de vista
Erros Comuns
Sob um prisma Por (ou através de) um prisma - Hoje ao receber alguns presentes no qual completo vinte
Em função de Em virtude de, Por causa de, Em anos tenho muitas novidades para contar.
consequência de, Por, Em razão de
Uso inadequado do pronome relativo. Ele provoca falta de
coesão, pois não consegue perceber a que antecedente ele se
Expressões Não Recomendadas refere, portanto nada conecta e produz relação absurda.
- a partir de (a não ser com valor temporal).
Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se - Ainda brincava de boneca quando conheci Davi, piloto de
de... cart, moreno, 20 anos, com olhos cor de mel. “Tudo começou
naquele baile de quinze anos”, “... é aos dezoito anos que se
- através de (para exprimir “meio” ou instrumento). começa a procurar o caminho do amanhã e encontrar as
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, perspectivas que nos acompanham para sempre na estrada da
segundo... vida”.
- devido a. Você pode ter conhecimento do vocabulário e das regras
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa gramaticais e, assim, construir um texto sem erros. Entretanto,
de. se você reproduz sem nenhuma crítica ou reflexão expressões
gastas, vulgarizadas pelo uso contínuo. A boa qualidade do
- dito. texto fica comprometida.
Opção: citado, mencionado.
- Tema: Para você, as experiências genéticas de clonagem
- enquanto. põem em xeque todos os conceitos humanos sobre Deus e a
Opção: ao passo que. vida? “Bem a clonagem não é tudo, mas na vida tudo tem o seu
valor e os homens a todo momento necessitam de descobrir
- inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). todos os mistérios da vida que nos cercam a todo instante”.
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também. É de extrema importância seguir o que foi proposto no
tema. Antes de começar o texto leia atentamente todos os
- no sentido de, com vistas a. elementos que o examinador apresentou. Esquematize as
Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em ideias e perceba se não há falta de correspondência entre o
vista. tema proposto e o texto criado.

- pois (no início da oração). - “Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu primo
Opção: já que, porque, uma vez que, visto que. (...) mostrou que ele não era maligno”.
Esta frase está ambígua. Não se sabe se o pronome ele
- principalmente. refere-se ao fígado ou ao primo. Para se evitar a ambiguidade,
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em deve-se observar se a relação entre cada palavra do texto está
particular. correta.

35 http://portugues.uol.com.br/redacao/reescrita-textual.html

Língua Portuguesa 98
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APOSTILAS OPÇÃO

- “Ele me tratava como uma criança, mas eu era apenas uma - Preferia ir “do que” ficar.
criança”. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É
Problema com o uso do conectivo “mas”. O conectivo mas preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer
indica uma circunstância de oposição, de ideia contrária a. sem glória.
Portanto, a relação adversativa introduzida pelo “mas” no
fragmento acima produz uma ideia absurda. - Não há regra sem “excessão”.
O certo é exceção.
- “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma
tempestade sempre vem a bonança. Após longo suplício, meu correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente),
coração apaziguava as tormentas e a sensatez me mostrava que “xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso”
só estaríamos separadas carnalmente”. (vultoso), “cincoenta” (cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado”
Não utilize provérbios ou ditos populares. Eles (frustrado), “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar),
empobrecem a redação e fazem parecer que o autor não tem “benvindo” (bem-vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar”
criatividade ao lançar mão de formas já gastas pelo uso (pichar), “impecilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro).
frequente.
- Comprei “ele” para você.
- “Todos os deputados são corruptos”. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto.
Evite pensamentos radicais. É recomendável não Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-
generalizar e evitar, assim, posições extremistas. nos entrar, viu-a, mandou-me.

- “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer essas coisas. - “Aluga-se” casas.
Olhe, acho que ele não vai concordar com a decisão que você O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-
tomou, quero dizer, os fatos levam você a isso, mas você sabe - se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se
todos sabem - ele pensa diferente. É bom a gente pensar como terrenos. / Procuram-se empregados.
vai fazer para, enfim, para ele entender a decisão”.
O ato de escrever é diferente do ato de falar. O texto escrito - Chegou “em” São Paulo.
não deve apresentar marcas de oralidade. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São
Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.
- “Mal cheiro”, “mau-humorado”.
Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom - Todos somos “cidadões”.
cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de
humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar. caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.

- “Fazem” cinco anos. - A última “seção” de cinema.


Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a
/ Fazia dois séculos. / Fez 15 dias. tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de
Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de
- “Houveram” muitos acidentes. pancadas, sessão do Congresso.
Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos
acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos - Vendeu “uma” grama de ouro.
iguais. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro,
vitamina C de dois gramas.
- Para “mim” fazer.
Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu - “Porisso”.
fazer, para eu dizer, para eu trazer. Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.

- Entre “eu” e você. - Não viu “qualquer” risco.


Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. Deve-se usar “nenhum”, e não “qualquer.
/ Entre eles e ti. Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo.
/ Nunca promoveu nenhuma confusão .
- “Há” dez anos “atrás”.
Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez - A feira “inicia” amanhã.
anos ou dez anos atrás. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se
(inaugura-se) amanhã.
- “Entrar dentro”.
Problema de redundância. O certo seria: entrar em. - O peixe tem muito “espinho”.
Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de Peixe tem espinha.
ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível)
viúva do falecido. queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo)
vicioso, “cabeçário” (cabeçalho).
- Vai assistir “o” jogo hoje.
Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à - Não sabiam« aonde »ele estava.
missa, à sessão. O certo: Não sabiam onde ele estava.
Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei
à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?
/ Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu
à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes. - “Obrigado”, disse a moça.
Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça.
/ Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.

Língua Portuguesa 99
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APOSTILAS OPÇÃO

- Ela era “meia” louca. - O time empatou “em” 2 a 2.


Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio A preposição é “por”: O time empatou por 2 a 2. Repare que
amiga. ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.

- “Fica” você comigo. - Não queria que “receiassem” a sua companhia.


Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia.
é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só
Chegue aqui. existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear:
receiem, passeias, enfeiam).
- A questão não tem nada« haver »com você.
A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. - Eles “tem” razão.
Da mesma forma: Tem tudo a ver com você. No plural, têm é com acento. Tem é a forma do singular. O
mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm;
- Vou “emprestar” dele. ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.
Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou
pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao - Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos compostos,
meu irmão. só o último elemento varia: acordos político-partidários.
Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas
malas. econômico-financeiras, partidos social-democratas.

- Ele foi um dos que “chegou” antes. - Andou por “todo” país.
Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país
que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi
Era um dos que sempre vibravam com a vitória. demitida.
Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada
- “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem
arredondamento e não pode aparecer com números exatos: inimigos.
Cerca de 20 pessoas o saudaram.
- “Todos” amigos o elogiavam.
- Tinha “chego” atrasado. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. /
“Chego” não existe. O certo: Tinha chegado atrasado. Era difícil apontar todas as contradições do texto.

- Queria namorar “com” o colega. - Ela “mesmo” arrumou a sala.


O com não existe: Queria namorar o colega. “Mesmo” é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala.
/ As vítimas mesmas recorreram à polícia .
- O processo deu entrada “junto ao” STF.
Processo dá entrada no STF - Chamei-o e “o mesmo” não atendeu.
Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou
- As pessoas “esperavam-o”. substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários
Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão
os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam- dos servidores (e não “dos mesmos”).
no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
- Vou sair “essa” noite.
- Vocês “fariam-lhe” um favor? É este que designa o tempo no qual se está o objeto
Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está),
depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o
condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe- século 20).
iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca - A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica singular
“imporá-se”). / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.
presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo “formado-me”).
- Comeu frango “ao invés de” peixe.
- Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de
Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime peixe.
distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de
Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) entrar, saiu.
cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos
de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias. - Se eu “ver” você por aí...
O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu
- Estávamos “em” quatro à mesa. vier (de vir); se eu tiver (de ter); se ele puser (de pôr); se ele
O “em” não existe: Estávamos quatro à mesa / .Éramos seis. fizer (de fazer); se nós dissermos (de dizer).
/ Ficamos cinco na sala .
- Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas
- Sentou “na” mesa para comer. em que depois do “d” vêm “e” e “i”: Explode, explodiram, etc.
Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o Portanto, não escreva nem fale “exploda” ou “expluda”,
certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à
máquina, ao computador. - Disse o que “quiz”.
Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr:
- Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse,
A locução não existe. Use porque: Ficou contente porque puseram, puséssemos.
ninguém se feriu.

Língua Portuguesa 100


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APOSTILAS OPÇÃO

- O homem “possue” muitos bens. - “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu
O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só ver, a seu ver, a nosso ver.
têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que
admitem ue: Continue, recue, atue, atenue. Mudança de Posição dos Vocábulos
A mudança de posição de certos vocábulos ou termos da
- A tese “onde”. oração pode mudar o sentido da frase ou não.
Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. Uma simples frase como esta:
/ Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas
use em que: A tese em que ele defende essa ideia. / O livro em vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.
que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que ... (Friedrich Nietzsche)
Pode ser invertida de diversas formas, sem alteração de
- Já “foi comunicado” da decisão. sentido.
Uma decisão é comunicada, mas ninguém “é comunicado” Veja algumas:
de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) Divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas, como
da decisão. Outra forma errada: A diretoria “comunicou” os se fosse a primeira vez, é a vantagem de ter péssima memória.
empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria A vantagem de ter péssima memória é divertir-se com as
comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi mesmas coisas boas, como se fosse a primeira vez, muitas
comunicada aos empregados. vezes.
Divertir-se com as mesmas coisas boas, muitas vezes, como
- A modelo “pousou” o dia todo. se fosse a primeira vez, é a vantagem de ter péssima memória.
Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, E por aí vai...
etc. Em outras palavras, a inversão de termos dentro de uma
frase pode não alterar seu sentido. No entanto, não é sempre
- Espero que “viagem” hoje. assim que ocorre, pois, às vezes, alguns vocábulos (adjetivos,
Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma pronomes, advérbios, palavras denotativas etc.), quando
verbal é viajem (de viajar). deslocados, a alteração de sentido fica visível. Veja que o
Evite também “comprimentar” alguém: de cumprimento deslocamento, ou seja, a inversão dos termos pode gerar
(saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é alteração de sentido:
extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido – João é um alto funcionário.
(concretizado). – João é um funcionário alto.
– Qualquer mulher merece respeito.
- O pai “sequer” foi avisado. – Maria é uma mulher qualquer.
Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi – Pedro já fez a prova.
avisado. / Partiu sem sequer nos avisar. – Pedro fez a prova já.
– Até aquela aluna o elogiou.
- O fato passou “desapercebido”. – Aquela aluna o elogiou até.
Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Percebeu que houve flagrante mudança de sentido nestas
Desapercebido significa desprevenido. duplas? Portanto, a inversão dos termos na frase pode ou não
alterar o sentido dela.36
- “Haja visto” seu empenho... Questões
A expressão é “haja vista” e não varia: Haja vista seu
empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas. 01. (TJ/AL - Analista Judiciário - FGV/2018) “Hoje, fala-
se muito sobre intolerância religiosa”; essa frase apresenta
- A moça “que ele gosta”. reescritura inadequada em:
Quem gosta, gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta (A) Fala-se muito, hoje, sobre intolerância religiosa;
- É hora “dele” chegar. (B) Sobre intolerância religiosa, hoje fala-se muito;
Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou (C) Hoje muito é falado sobre intolerância religiosa;
pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele (D) Muito é falado, hoje, sobre intolerância religiosa;
chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado. / Depois de esses (E) Fala-se hoje muito sobre intolerância religiosa.
fatos terem ocorrido.
02. (MPE/RJ - Técnico Administrativo - FUJB) “Nos
- A festa começa às 8 “hrs.”. últimos dez anos tivemos oito planos de estabilização”; essa
As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural frase do texto foi reescrita de diversos modos nas alternativas
nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg. a seguir. A alternativa em que a reescritura modificou o
sentido original da frase é:
- “Dado” os índices das pesquisas...
A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... (A) Tivemos, no último decênio, oito planos de
/ Dado o resultado... / Dadas as suas ideias... estabilização.
(B) Oito planos de estabilização foi o que tivemos nos
- Ficou “sobre” a mira do assaltante. últimos dez anos.
Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do (C) Tivemos oito planos de estabilização nos últimos dez
assaltante. / Escondeu-se sob a cama. anos.
Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre (D) Na última década tivemos oito planos de estabilização.
o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o (E) Os últimos oito planos de estabilização foram
piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz realizados em dez anos.
alguma coisa e alguém vai para trás.

36 PESTANA, Fernando. A gramática para concursos. Elsevier. 2011.

Língua Portuguesa 101


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APOSTILAS OPÇÃO

03. (TRT 4ª Região - Analista Judiciário - FCC) A frase o assunto que será posteriormente discutido.
correta é: O importante é sabermos que: do tema é que se extrai o
(A) Ele acabou sendo malquisto porque sistematicamente título, haja vista que o tema é um elemento-base, fonte
obstrói as votações; se antevir o que lhe espera na próxima norteadora para os demais passos.
sessão, certamente mudará de atitude. Existem certos temas que não revelam uma nítida
(B) Ele diz que sua invejável capacidade de aurir forças objetividade, como o exposto anteriormente. É o caso de
quando tudo parece perdido se deve ao fato de ter provido de fragmentos literários, trechos musicais, frases de efeito, entre
família muito humilde. outros.
(C) Confirmo o que havia dito a semanas atrás: se me Nesse caso, exige-se mais do leitor quanto à questão da
aprazer tornar a vê-la depois de tanto tempo e dissabores, lá interpretação, para daí chegar à ideia central, como podemos
estarei; senão, não contem comigo. identificar por meio deste exemplo:
(D) Sob o pretexto de pôr fim ao litígio, fizeram-nos entrar
em acordo; agora, ou o encerram eles, ou o fazemos nós, “As ideias são apenas pedras postas a atravessar a corrente
recorrendo à força da lei. de um rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra
(E) A maneira porque se comporta não é a mais adequada, margem, a outra margem é o que importa”. (José Saramago)
mas tudo isso são sinais da idade provecta: que lhe seja dado o Essa linguagem, quando analisada, leva-nos a inferir o
direito e a alegria de conduzir-se à seu bel prazer. seguinte, que este poderia ser o tema.
Fazendo parte também dessa composição estão os temas
04. (SEFIN/RO - Contador - FGV/2018) Um dos apoiados em imagens, como é o caso de gráficos, histórias em
conselhos para uma boa escrita é que as frases de um texto quadrinhos, charges e pinturas. Tal ocorrência requer o
tenham a mesma organização sintática numa enumeração. mesmo procedimento por parte do leitor, ou seja, que ele
No fragmento “Se hoje é possível existir redes sociais; se é desenvolva seu conhecimento de mundo e sua capacidade de
possível que pessoas se organizem em grupos...”, para que as interpretação para desenvolver um bom texto.
duas frases tenham a mesma organização, a mudança O concurso ou o vestibular pode dar tanto o tema quanto o
adequada seria: título, de acordo com Gustavo Atallah Haun. Cabe ao redator
saber manejar as duas formas.
(A) a primeira frase deveria ser “Se é possível que existam Caso seja dado o título, este se tornará obrigatório no início
redes sociais”. da prova, centralizado, na primeira linha (se não houver um
(B) a primeira frase deveria ser “Se é possível a existência lugar específico para ele!). Podem daí surgir duas
de redes sociais”. possibilidades, o tema estar inserido nos textos de apoio que
(C) a segunda frase deveria ser “se é possível a organização acompanham o enunciado da questão ou do título você terá
de pessoas em grupos”. que tirar o tema.
(D) a segunda frase deveria ser “se é possível que pessoas Se for dado o tema em destaque, durante ou após o
sejam organizadas em grupos”. enunciado da redação, você terá que falar especificamente
(E) a segunda frase deveria ser “se é possível pessoas dele, independente do assunto tratado nos textos de apoio.
organizando-se em grupos”. Muitas bancas examinadoras não exigem o título. Na
maioria das vezes ele é opcional. Porém, quando for
Gabarito obrigatório vai ter sempre na instrução da prova: “Dê um título
ao seu texto” ou “Seu texto deve ter título” e similares.
01.E / 02.E / 03.D / 04.A Portanto, leia com atenção as instruções da sua prova de
produção textual.
TEMA E TÍTULO
Principais Diferenças entre Tema X Título
Segundo Vânia Duarte, tecer um bom texto é uma tarefa
que requer competência por parte de quem a pratica, pois a
construção textual não pode ser vista como um emaranhado
de frases soltas e ideias desconexas. Pelo contrário, elas devem
estar organizadas e justapostas entre si, denotando clareza de
sentido em relação à mensagem que se deseja transmitir.
Como sabemos, a redação é um dos elementos mais
requisitados em processos seletivos de uma forma geral. Por
essa razão, devemos estar aptos para desenvolvê-la de forma Fique atento e não cometa esse erro!
plausível e, consequentemente, alcançarmos o sucesso
almejado. Geralmente, a proposta é acompanhada de uma Tema Delimitado ou Não
coletânea de textos, que deve ser lida de forma atenta para
percebermos qual é o tema abordado em questão. O tema pode vir amplo, genérico, ou já delimitado. Atenção
Diante disso, é essencial que entendamos a diferença máxima quanto a isso. No primeiro caso, pode-se pedir para
existente entre estes dois elementos: Título e Tema. Para tal, escrever sobre “Violência”, por exemplo, e dentro desse tema
aprofundaremos mais nossos conhecimentos sobre o assunto. tão universal, você ter que especificar, delimitá-lo: “A violência
Consideremos o exposto abaixo: doméstica está crescendo no Brasil em pleno século XXI”.
Pronto, agora é só começar a escrever.
Tema: crescente dinamismo que permeia a sociedade,
aliado à inovação tecnológica, requer um aperfeiçoamento Tema Objetivo ou Subjetivo
profissional constante.
Título: a importância da capacitação profissional no Outro aspecto importante que se tem que ficar atento é se
mundo contemporâneo. o tema é de âmbito objetivo ou subjetivo.
Para entender a diferença entre um tema objetivo e um
Como podemos perceber, o tema é algo mais abrangente e tema subjetivo, faz-se necessário, antes, relembrar que há mais
consiste no assunto que deve ser explorado ao longo do texto. de uma forma de usar as palavras: no sentido real ou no
Já o título é algo mais sintético, é como se fosse afunilando sentido figurado. Essa diferenciação não se faz apenas no uso

Língua Portuguesa 102


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APOSTILAS OPÇÃO

da linguagem escrita ou falada, mas também ao se fazer uso de Esse foi um exemplo com tema subjetivo. Vejamos um
outras linguagens. Explico: quando se assiste a um filme, é exemplo de tema objetivo. Lê-se o tema e imediatamente se
possível associar seu enredo a outros significados que não reconhece sobre o que se pode falar no texto.
apenas aquele aparente; você assistiu a “Matrix”, por exemplo?
Será que aquela história de se viver um mundo falso, que Modelo com Tema Objetivo
alguém programa para nós, não é uma grande metáfora? 1º. Tema: Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Vemos tudo o que existe? O que existe é real ou nossos
sentidos nos enganam? O verde que você vê é o verde que eu 2º. Delimitação do Assunto:
vejo? Como saber? - Como conciliar desenvolvimento econômico e
Você poderá pensar desta forma também ao admirar uma preservação do meio ambiente?
pintura, uma escultura, um grafite na rua, e se perguntar: o que - Estar o meio ambiente em estado de degradação é sinal
será que se quis dizer com essa representação? Enfim, de evolução da sociedade capitalista ou “involução”?
consegue perceber a possibilidade de mais de uma leitura nas
diferentes linguagens? Os examinadores esperam que você 3º. Tese: Depois de as grandes potências econômicas
seja analítico, que faça associações, que entenda não ser passarem pelo período de exploração da maior parte dos
mundo algo estático sócio-econômico-política e recursos naturais existentes, e pelo completo descuido com o
culturalmente. Então, guarde esses conceitos: meio ambiente, surge a preocupação em se controlar esse
processo, antes desordenado, para que se possa falar em
- Denotação: palavra usada em sentido literal: gerações futuras.
objetividade: Ex.: Meu coração está batendo acelerado.
- Conotação: palavra usada em sentido figurado: ARGUMENTAÇÃO
subjetividade. Ex.: Meu coração galopa quando te vê...
Argumentar37 é a capacidade de relacionar fatos, teses,
Lembre-se: estudos, opiniões, problemas e possíveis soluções a fim de
Denotação Conotação embasar determinado pensamento ou ideia.
Palavra com significação Palavra com significação Um texto argumentativo sempre é feito visando um
restrita ampla destinatário. O objetivo desse tipo de texto é convencer,
Palavra com sentido Palavra cujos sentidos persuadir, levar o leitor a seguir uma linha de raciocínio e a
comum ao dicionário extrapolam o sentido comum concordar com ela.
Palavra usada de modo Palavra usada de modo Para que a argumentação seja convincente é necessário
automatizado criativo levar o leitor a um “beco sem saída”, onde ele seja obrigado a
Linguagem comum Linguagem rica e expressiva concordar com os argumentos expostos.
No caso da redação, por ser um texto pequeno, há uma
Construindo Um Texto a Partir de Um Tema Objetivo e obrigatoriedade em ser conciso e preciso, para que o leitor
Um Subjetivo possa ser levado direto ao ponto chave. Para isso é necessário
que se exponha a questão ou proposta a ser discutida logo no
Vimos anteriormente que, o tema é a proposta para a início do texto, e a partir dela se tome uma posição, sempre de
redação. Você irá delimitar o assunto e a partir dessa forma impessoal. O envolvimento de opiniões pessoais, além
delimitação irá formular sua tese (a afirmação central sobre o de ser terminantemente proibido em textos que serão
assunto, que será desenvolvida e comprovada no texto). analisados em concursos, pode comprometer a veracidade dos
Observe que há uma tendência de os vestibulares fatos e o poder de convencimento dos argumentos utilizados
apresentarem o tema e uma coletânea de textos, de todos os Por exemplo, é muito mais aceitável uma afirmação de um
tipos: fragmentos filosóficos, excertos literários; poemas; autor renomado ou de um livro conhecido do que o simples
reportagens ou notícias de jornais e revistas; cartuns ou posicionamento do redator a respeito de determinado
pinturas. Normalmente, o avaliador não deseja um texto com assunto.
visão limitada sobre o assunto. Caso tenha pela frente um tema Uma boa argumentação só é feita a partir de pequenas
subjetivo, haverá a necessidade de se interpretar a proposta. regras as quais facilmente são encontradas em textos do dia a
Observe os seguintes modelos: dia, já que durante a nossa vida levamos um longo tempo
tentando convencer as outras pessoas de que estamos certos.
Modelo com Tema Subjetivo
1º. Tema subjetivo: “Tudo o que é sólido desmancha no ar.”
(Karl Marx)

2º. Delimitação do Assunto:


- A observação de como a história elimina estruturas
aparentemente eternas.
- Trata-se de uma referência às instituições,
comportamentos, modelos econômicos, que se modificam no
tempo.
Os argumentos devem ter um embasamento, nunca deve-
se afirmar algo que não venha de estudos ou informações
3º. Tese: Nosso cotidiano parece cercado por estruturas
previamente adquiridas.
fixas, imutáveis, sejam instituições, relações de poder, formas
Os exemplos dados devem ser coerentes com a realidade,
de vida. Mas, se dermos um passo atrás e olhamos a história, o
ou seja, podem até ser fictícios, mas não podem ser
que encontramos é uma sucessão de transformações, em que
inverossímeis.
estas estruturas, que pareciam eternas, são criadas e
Caso haja citações de pessoas ou trechos de textos os
destruídas.
mesmos devem ser razoavelmente confiáveis, não se pode

37http://www.infoescola.com/redacao/argumentacao/ http://brasilescola.uol.com.br/redacao/a-argumentacao.htm
http://educacao.globo.com/portugues/assunto/texto-
argumentativo/argumentacao.html

Língua Portuguesa 103


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citar qualquer pessoa. sobretudo, convém que essa tese seja apresentada, de maneira
Experiências que comprovem os argumentos devem ser clara, logo de início e que, depois, através de uma
também coerentes com a realidade. argumentação objetiva e de diversidade lexical seja
Há de se imaginar sempre os questionamentos, dúvidas e sustentada/defendida, com vistas ao mencionado
pensamentos contrários dos leitores quanto à sua convencimento.
argumentação, para que a partir deles se possa construir A estrutura geral de um texto argumentativo consiste de
melhores argumentos, fundamentados em mais estudo e introdução, desenvolvimento e conclusão, nesta ordem. Cada
pesquisa. uma dessas partes, por sua vez tem função distinta dentro da
Quanto a estrutura do texto, este deve apresentar uma composição do texto:
lógica de pensamentos. Os raciocínios devem ter uma relação
entre si, e um deve continuar o que o outro afirmava. Introdução: é a parte do texto argumentativo em que
No início do texto deve-se apresentar o assunto e a apresentamos o assunto de que trataremos e a tese a ser
problemática que o envolve, sempre tomando cuidado para desenvolvida a respeito desse assunto.
não se contradizer. Desenvolvimento: é a argumentação propriamente dita,
Ao decorrer do texto vão sendo apresentados os correspondendo aos desdobramentos da tese apresentada.
argumentos propriamente ditos, junto com exemplificações e Esse é o coração do texto, por isso, comumente se desdobra em
citações (se existirem). mais de um parágrafo. De modo geral, cada argumentação em
No final do texto as ideias devem ser arrematadas com uma defesa da tese geral do texto corresponde a um parágrafo.
tese (a conclusão). Essa conclusão deve vir sendo prevista pelo Conclusão: a parte final do texto em que retomamos a tese
leitor durante todo o texto, à medida que ele vai lendo e se central, agora já respaldada pelos argumentos desenvolvidos
direcionando para concordar com ela. ao longo do texto.
A argumentação não trabalha com fatos claros e evidentes,
mas sim investiga fatos que geram opiniões diversas, sempre Relação entre Tese e Argumento
em busca de encontrar fundamentos para localizar a opinião De modo geral, a relação entre tese e argumento pode ser
mais coerente. compreendida de duas maneiras principais:
Não se pode, em uma argumentação, afirmar a verdade ou Argumento, portanto, Tese (A→ pt→T) ou Tese porque
negar a verdade afirmada por outra pessoa. O objetivo é fazer Argumento (T→ pq→A):
com que o leitor concorde e não com que ele feche os olhos
para possíveis contra-argumentos. (A→ pt→T)
Caso seja necessário se pode também fazer uma “O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais no
comparação entre vários ângulos de visão a respeito do tratamento das mais diversas doenças relacionadas ao
assunto, isso poderá ajudar no processo de convencimento do tabagismo; os ganhos com os impostos nem de longe
leitor, pois não dará margens para contra-argumentos. Porém compensam o dinheiro gasto com essas doenças. Além disso
deve-se tomar muito cuidado para não se contradizer e para (Ainda, e, também, relação de adição → quando se enumeram
ser claro. Para isso é necessário um bom domínio do assunto. argumentos a favor de sua tese), as empresas têm grandes
prejuízos por causa de afastamentos de trabalhadores devido
Organização Textual aos males causados pelo fumo. Portanto (logo, por
conseguinte, por isso, então → observem a relação semântica
O ser humano se comunica por meio de textos. Desde uma de conclusão, típica de um silogismo), é mister que sejam
simples e passageira interjeição como “Olá” até uma proibidas quaisquer propagandas de cigarros em todos os
mensagem muitíssimo extensa. Em princípio, esses textos meios de comunicação.”
eram apenas orais. Hoje, são também escritos. Nesse processo,
os textos ganharam formas de organização distintas, com (T→ pq→A)
propósitos nitidamente distintos também. As principais O governo deve imediatamente proibir toda e qualquer
formas de organização textual registradas na humanidade são, forma de propaganda de cigarro, porque (uma vez que, já que,
assim: dado que, pois → relação de causalidade) ele gasta, todos os
- Narrativa: aquela que compreende textos que contam anos, bilhões de reais no tratamento das mais diversas
uma história, relatam um acontecimento. doenças relacionadas ao tabagismo; e, muito embora (ainda
que, não obstante, mesmo que → relação de oposição: usam-
- Argumentativa: a que visa ao convencimento do se as concessivas para refutar o argumento oposto) os ganhos
interlocutor. com os impostos sejam vultosos, nem de longe eles
- Descritiva: cuja finalidade é apresentar concreta ou compensam o dinheiro gasto com essas doenças.
metaforicamente uma dada descrição.
Cada uma dessas formas de organização textual desdobra- Há diferentes tipos de argumentos e a escolha certa
se em inúmeros gêneros textuais distintos, que nada mais são consolida o texto.
do que cada concretizável possível a cada um dos objetivos - Argumentação por citação: sempre que queremos
textuais. Assim, por exemplo, a diferentes formas e formatos defender uma ideia, procuramos pessoas ‘consagradas’, que
para se narrar: fábula, conto de fadas, romance, conto, notícia, pensam como nós acerca do tema em evidência.
fofoca, etc. Apresentamos no corpo de nosso texto a menção de uma
informação extraída de outra fonte. A citação pode ser
Texto Argumentativo apresentada assim:
Esse tipo de texto, que é aplicado nas redações do Enem, Para Piaget, “toda moral consiste num sistema de regras e a
inclui diferentes gêneros, tais quais, dissertação, artigo de essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que
opinião, carta argumentativa, editorial, resenha o indivíduo adquire por essas regras” (Piaget, 1994, p.11).
argumentativa, dentre outros. A essência da moral é o respeito às regras. A capacidade
Todo e qualquer texto argumentativo, como já dito, visa ao intelectual de compreender que a regra expressa uma
convencimento de seu ouvinte/leitor. Por isso, ele sempre se racionalidade em si mesma equilibrada.
baseia em uma tese, ou seja, o ponto de vista central que se O trecho citado deve estar de acordo com as ideias do texto,
pretende veicular e a respeito do qual se pretende convencer assim, tal estratégia poderá funcionar bem.
esse interlocutor. Nos gêneros argumentativos escritos,

Língua Portuguesa 104


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- Argumentação por comprovação: a sustentação da uma vez que se parte de exemplificações para, a partir delas,
argumentação se dará a partir das informações apresentadas enunciar uma proposição.
(dados, estatísticas, percentuais) que a acompanham. Veja bem, o Brasil a cada ano exporta mais e mais
Esse recurso é explorado quando o objetivo é contestar um (argumento 1);/ além disso, todo ano batemos recordes de
ponto de vista equivocado. Veja: produção agrícola (argumento 2)./ Sem contar que nosso
O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lança hoje o parque industrial é um dos mais modernos do mundo
Mapa da Exclusão Educacional. O estudo do Inep, feito a partir (argumento 3)./ Definitivamente, somos o país do futuro.
de dados do IBGE e do Censo Educacional do Ministério da (TESE).
Educação, mostra o número de crianças de sete a catorze anos
que estão fora das escolas em cada Estado. c) Aqui, o sentido é (T→ pq→A), em que de uma afirmação
Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 inicial se desdobram exemplos que a justificam.
% da população nessa faixa etária (sete a catorze anos), para a Embora a gente se ame muito, nosso namoro tem tudo para
qual o ensino é obrigatório, não frequentam as salas de aula. dar errado (TESE):/ nossa diferença de idade é grande
O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do (argumento 1) e nossos gostos são quase que opostos
Estado, ou 92,8 mil, estão fora da escola. O melhor, o Distrito (argumento 2). Além disso, a família dela é terrível (argumento
Federal, com apenas 2,3% (7 200) de crianças excluídas, 3).
seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São Paulo,
com 3,2% (168,7 mil). d) Nesse exemplo, o movimento é (A→ pt→T), já que se
(Mônica Bergamo. Folha de S. Paulo, 3.12.2003) parte de uma causa que funciona como justificativa a uma
enunciação que, por sua vez, é a consequência constatada.
Nesse tipo de citação o autor precisa de dados que Como o Brasil é um país muito injusto (argumento),/ toda
demonstrem sua tese. política social por aqui implementada é vista como demagogia,
paternalismo (TESE).
- Argumentação por raciocínio lógico: a criação de Artigos Relacionados
relações de causa e efeito é um recurso utilizado para Redação Enem 2014: apostas para o tema
demonstrar que uma conclusão (afirmada no texto) é Faça uma boa redação no Enem: dicas para prova de 2014.
necessária, e não fruto de uma interpretação pessoal que pode
ser contestada. Veja: Ideias Principais e Ideias Secundárias
“O fumo é o mais grave problema de saúde pública no
Brasil. Assim como não admitimos que os comerciantes de Em todo argumento ou raciocínio existem ideias que são
maconha, crack ou heroína façam propaganda para os nossos principais, ou seja, são os pontos destacados desse discurso
filhos na TV, todas as formas de publicidade do cigarro pessoal.
deveriam ser proibidas terminantemente. Para os Ideias que valorizam determinado ponto de vista.
desobedientes, cadeia.” Entretanto, estas ideias principais contam com o reforço das
(VARELLA, Drauzio. In: Folha de S. Paulo, 20 de maio de 2000 .)
ideias secundárias, estas últimas que são muito valiosas e
contribuem com aspectos positivos do ponto de vista pessoal.
Para a construção de um bom texto argumentativo faz-se
necessário o conhecimento sobre a questão proposta, Saber distinguir a ideia principal das complementares
fundamentação para que seja realizado com sucesso. Um dos pontos mais importantes na oratória consiste
precisamente em saber diferenciar claramente quais são os
Questão pontos de destaque numa exposição oral e quais são as ideias
secundárias para poder contribuir com uma estrutura lógica
01. Identifique o sentido argumentativo dos seguintes nesta exposição.
textos, e separe, por meio de barras, a tese e o(s)
argumento(s). Contribuir com argumentos
(A) “Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para o Do mesmo modo, esta diferenciação também é essencial ao
que preciso. É econômico, nunca dá defeito e tem espaço aplicar uma das técnicas de estudo mais habituais na
suficiente para transportar toda a minha família.” compreensão de um texto: o sublinhado. Ao sublinhar em um
(B) “Veja bem, o Brasil a cada ano exporta mais e mais; texto as ideias destacadas com alguma cor chamativa é
além disso, todo ano batemos recordes de produção agrícola. indispensável grifar apenas as informações que são valiosas.
Sem contar que nosso parque industrial é um dos mais As ideias secundárias de um texto são aquelas que trazem
modernos do mundo, definitivamente, somos o país do futuro.” informação complementar, ideias derivadas de um argumento
(C) “Embora a gente se ame muito, nosso namoro tem tudo principal. Atuam como se tratasse de um complemento.
para dar errado: nossa diferença de idade é grande e nossos Existe uma relação de ligação entre a ideia principal e a
gostos são quase que opostos. Além disso, a família dela é ideia secundária de um texto, estão relacionadas entre si na
terrível.” qual o significado completo de uma ideia secundária pode ser
(D) “Como o Brasil é um país muito injusto, toda política compreendido melhor em relação ao ponto de vista principal.
social por aqui implementada é vista como demagogia, Estas ideias têm uma função de reforço na mensagem, como
paternalismo.” também trazem mais justificativas e aspectos concretos à
mesma.
Gabarito
Como identificar a ideia principal do texto
a) O sentido aí presente é (T→ pq→A), uma vez que, após O uso das ideias secundárias não significa dar rodeios.
uma constatação, se seguem as motivações que a Existe um ponto importante para diferenciar qual é a ideia
fundamentam. principal de um texto daquela que é secundária. A ideia
Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para o que principal é aquela que mesmo com a diminuição do parágrafo
preciso (TESE)./ É econômico (argumento 1), /nunca dá continua tendo o mesmo valor e significado por si só. Em
defeito (argumento 2)/ e tem espaço suficiente para compensação, não ocorre o mesmo com o resto das ideias.
transportar toda a minha família (argumento 3). Esta aprendizagem tem grande valor, uma vez que permite
melhorar a compreensão da leitura, da comunicação oral e a
b) Nesse exemplo, já encontramos a orientação (A→ pt→T),
Língua Portuguesa 105
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ter melhor domínio da linguagem através da expressão escrita


com uma estrutura mais coerente. Por outro lado, esta
compreensão traz mais eficiência para a comunicação.
Para compreendermos um texto é necessário descobrir
sua estrutura interna; nela encontraremos ideias principais e
secundárias e precisamos descobrir como essas ideias se
relacionam.
As ideias principais giram em torno do tema central, de um
assunto-núcleo contida no texto; a ela somam-se as
secundárias, que só são importantes enquanto corroboradas
do tema central.
Se há ideias principais e secundárias, como ocorre relação
entre elas?
Muitas vezes, a técnica usada é a de explanação de ideias
“em cadeia”; ocorre a explanação da ideia básica e, a seguir, o
desdobramento dessa ideia nos parágrafos subsequentes, a
fim de discutir, aprofundar o assunto.
A clareza e a objetividade devem caracterizar a estrutura
do texto, para que as ideias nela contidas possam atingir o
propósito de sua mensagem. Tal propósito, por sua vez, pode
ser alcançado através dos mecanismos linguísticos que se
associam às relações de coordenação e subordinação de
ideias-conjunções.
Vejamos, pois, como uma série de enunciados simples,
coordenados e relacionados pelo sentido, pode articular-se
para formar um período complexo em que haverá uma ideia
principal e outras que lhe servirão de suporte:

Júlia chegou ao Chile em 1985.


Ela não contava ainda com seis anos.
Ela teve que acompanhar a família.

Após a chegada, matriculou-se logo numa escola para


estrangeiros.
Ideia mais importante: a chegada de Júlia.
Admitamos que o fato considerado mais importante seja a
chegada de Júlia ao Chile. A versão do período poderia ser a
seguinte:
‘“Júlia, que não contava ainda com seis anos, chegou em
1985 ao Chile, para onde ela teve de acompanhar a família,
matriculando-se numa escola para estrangeiros”.
Da oração principal “Júlia chegou em 1985 ao Chile”
dependem as demais.

Fontes: http://professorvallim.blogspot.com.br/2010/12/interpretacao-de-
texto.html
http://queconceito.com.br/ideias-secundarias

Anotações

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MATEMÁTICA

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Operações com Números Inteiros


Números relativos inteiros
Adição de Números Inteiros: para melhor entendimento
e fracionários: operações e desta operação, associaremos aos números inteiros positivos
suas propriedades (adição, a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de
subtração, multiplicação, perder.
Ganhar 5 + ganhar 3 = ganhar 8 (+ 5) + (+ 3) = (+8)
divisão e potenciação) Perder 3 + perder 4 = perder 7 (- 3) + (- 4) = (- 7)
Ganhar 8 + perder 5 = ganhar 3 (+ 8) + (- 5) = (+ 3)
O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado,
CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS – Z mas o sinal (–) antes do número negativo NUNCA pode ser
dispensado.
Definimos o conjunto dos números inteiros como a reunião
do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...}, o Subtração de Números Inteiros: a subtração é
conjunto dos opostos dos números naturais e o zero. Este empregada quando:
conjunto é denotado pela letra Z (Zahlen = número em - Precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade;
alemão). - Temos duas quantidades e queremos saber quanto uma
delas tem a mais que a outra;
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a
uma delas para atingir a outra.

A subtração é a operação inversa da adição.


Observe que em uma subtração o sinal do resultado é
sempre do maior número!!!
3+5=8
N ᑕ Z – O conjunto dos números Naturais está contido no
3 – 5 = -2
Conjunto do Números Inteiros.
Exemplificando:
Subconjuntos notáveis:
1) Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião passou
- O conjunto dos números inteiros não nulos:
de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da temperatura?
Z* = {..., -4, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 4, ...};
Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) –
Z* = Z – {0}
(+3) = +3
- O conjunto dos números inteiros não negativos:
2) Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, durante o
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4, ...}
dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de 3 graus.
Z+ é o próprio conjunto dos números naturais: Z+ = N
Qual a temperatura registrada na noite de terça-feira?
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + (–3) =
- O conjunto dos números inteiros positivos:
+3
Z*+ = {1, 2, 3, 4, ...}
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que (+6)
– (+3) é o mesmo que (+6) + (–3).
- O conjunto dos números inteiros não positivos:
Temos:
Z_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1, 0}
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3
- O conjunto dos números inteiros negativos:
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3
Z*_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1}
ATENÇÃO: Subtrair dois números inteiros é o mesmo que
Módulo
adicionar o primeiro com o oposto do segundo.
O módulo de um número inteiro é a distância ou
afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira.
Fique Atento!!!
Representa-se o módulo por | |.
Todos parênteses, colchetes, chaves, números, entre
O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0
outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal
O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7
O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9 invertido, ou seja, é dado o seu oposto.
O módulo de qualquer número inteiro, diferente de zero, é
sempre positivo. Multiplicação de Números Inteiros: a multiplicação
funciona como uma forma simplificada de uma adição quando
Números opostos ou simétricos os números são repetidos. Poderíamos analisar tal situação
Dois números inteiros são ditos opostos um do outro como o fato de estarmos ganhando repetidamente alguma
quando apresentam soma zero; assim, os pontos que os quantidade, como por exemplo, ganhar 1 objeto por 30 vezes
representam distam igualmente da origem. consecutivas, significa ganhar 30 objetos e esta repetição pode
Exemplo: O oposto do número 4 é -4, e o oposto de -4 é 4, ser indicada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
pois 4 + (-4) = (-4) + 4 = 0 Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2 + 2
Particularmente o oposto de zero é o próprio zero. + 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60

Matemática 1
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Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos: (–2) 3) Potência de Potência: Conserva-se a base e
+ (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60 multiplicam-se os expoentes. Ex.: [(-8)5]2 = (-8)5 . 2 = (-8)10

Divisão de Números Inteiros: divisão exata de números 4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. Ex.: (-
inteiros. 8)1 = -8 e (+70)1 = +70
Veja o cálculo:
(– 20): (+ 5) = q  (+ 5) . q = (– 20)  q = (– 4) 5) Potência de expoente zero e base diferente de zero:
Logo: (– 20): (+ 5) = - 4 É igual a 1. Ex.: (+3)0 = 1 e (–53)0 = 1

Considerando os exemplos dados, concluímos que, para Radiciação de Números Inteiros: a raiz n-ésima (de
efetuar a divisão exata de um número inteiro por outro ordem n) de um número inteiro a é a operação que resulta em
número inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do outro número inteiro não negativo b que elevado à potência n
dividendo pelo módulo do divisor. fornece o número a. O número n é o índice da raiz enquanto
que o número a é o radicando (que fica sob o sinal do radical).
Fique Atento!!!
* (+7): (–2) ou (–19): (–5) são divisões que não podem
ser realizadas em Z, pois o resultado não é um número
inteiro.
* No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é
associativa e não tem a propriedade da existência do
elemento neutro.
* Não existe divisão por zero. - A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro a é a
* Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente operação que resulta em outro número inteiro não negativo
de zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro que elevado ao quadrado coincide com o número a.
por zero é igual a zero.
Exemplo: a) 0: (–10) = 0 b) 0: (+6) = 0 c) 0: (–1) = 0 ATENÇÃO: Não existe a raiz quadrada de um número
inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
Regra de Sinais aplicado a Multiplicação e Divisão
Fique Atento!!!
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais
didáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas
aparecimento de: √9 = ±3 , mas isto é errado.
O certo é: √9 = +3

Potenciação de Números Inteiros: a potência an do Observação: não existe um número inteiro não negativo
número inteiro a, é definida como um produto de n fatores que multiplicado por ele mesmo resulte em um número
iguais. O número a é denominado a base e o número n é o negativo.
expoente. an = a x a x a x a x ... x a, a é multiplicado por a n vezes
- A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a
operação que resulta em outro número inteiro que elevado ao
cubo seja igual ao número a. Aqui não restringimos os nossos
cálculos somente aos números não negativos. Exemplos:
3
(𝐼) √8 = 2, 𝑝𝑜𝑖𝑠 23 = 8
3
Exemplos: (𝐼𝐼) √−8 = −2, 𝑝𝑜𝑖𝑠 (−2)3 = 8
33 = (3) x (3) x (3) = 27
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125 Fique Atento!!!
(-7)² = (-7) x (-7) = 49 Ao obedecer à regra dos sinais para o produto de
(+9)² = (+9) x (+9) = 81 números inteiros, concluímos que:
(1) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de número
Fique Atento!!! inteiro negativo.
- Toda potência de base positiva é um número inteiro (2) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a raiz
positivo. Exemplo: (+3)2 = (+3). (+3) = +9 de qualquer número inteiro.

- Toda potência de base negativa e expoente par é um


número inteiro positivo. Exemplo: (– 8)2 = (–8). (–8) = +64 Propriedades da Adição e da Multiplicação dos
números Inteiros
- Toda potência de base negativa e expoente ímpar é Para todo a, b e c ∈ 𝑍
um número inteiro negativo. Exemplo: (–5)3 = (–5). (–5) . 1) Associativa da adição: (a + b) + c = a + (b + c)
(–5) = –125 2) Comutativa da adição: a + b = b +a
3) Elemento neutro da adição: a + 0 = a
Propriedades da Potenciação 4) Elemento oposto da adição: a + (-a) = 0
1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva- 5) Associativa da multiplicação: (a.b).c = a. (b.c)
se a base e somam-se os expoentes. Ex.: (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 6) Comutativa da multiplicação: a.b = b.a
= (–7)9 7) Elemento neutro da multiplicação: a.1 = a
8) Distributiva da multiplicação relativamente à adição:
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva- a.(b +c ) = ab + ac
se a base e subtraem-se os expoentes. Ex.: (-13)8 : (-13)6 = (- 9) Distributiva da multiplicação relativamente à
13)8 – 6 = (-13)2 subtração: a .(b –c) = ab –ac

Matemática 2
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APOSTILAS OPÇÃO

10) Elemento inverso da multiplicação: Para todo inteiro z 05. SAP/SP – Agente de Segurança Penitenciária – MS
diferente de zero, existe um inverso CONCURSOS/2017) Dentre as alternativas, qual faz a
z –1 = 1/z em Z, tal que, z x z–1 = z x (1/z) = 1 afirmação verdadeira?
11) Fechamento: tanto a adição como a multiplicação de (A) A subtração de dois números inteiros sempre resultará
um número natural por outro número natural, continua como em um número inteiro.
resultado um número natural. (B) A subtração de dois números naturais sempre
resultará em um número natural.
Referências (C) A divisão de dois números naturais sempre resultará
IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único
IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática – Volume 01 – Conjuntos e
em um número natural.
Funções (D) A divisão de dois números inteiros sempre resultará
em um número inteiro.
Questões
Comentários
01. (Fundação Casa – Analista Administrativo –
VUNESP) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a 01. Resposta: A.
respeito do uso adequado dos materiais em geral e dos 50-20=30 atitudes negativas
recursos utilizados em atividades educativas, bem como da 20.4=80
preservação predial, realizou-se uma dinâmica elencando 30.(-1)=-30
“atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no entendimento 80-30=50
dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um classificasse
suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo (+4) 02. Resposta: B.
pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Se Em 1918 ele desfilou uma vez, logo 100 – 1 = 99. Somando
um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50 atitudes 1918 + 99 = 2017.
anotadas, o total de pontos atribuídos foi
(A) 50. 03. Resposta: D.
(B) 45. Maior inteiro menor que 8 é o 7
(C) 42. Menor inteiro maior que - 8 é o - 7.
(D) 36. Portanto: 7(- 7) = - 49
(E) 32.
04. Resposta: E.
02. (CGE/RO – Auditor de Controle Interno – Se multiplicarmos o número de mesas por lugares que
FUNRIO/2018) O jornal “O Globo” noticiou assim, em cada uma tem, teremos: 18. 6 = 108 lugares.
10/02/2018, em sua página eletrônica, o desfile 108 lugares – 110 pessoas = -2, isto significa que todas as
comemorativo do centenário de fundação do tradicional bloco mesas foram preenchidas e 2 pessoas não sentaram.
carnavalesco “Cordão da Bola Preta”.
Se o tradicional bloco desfilou pela primeira vez em 1918 05. Resposta: A.
e, de lá para cá, desfilou todos os anos, apenas uma vez por ano, (a) A subtração de dois números inteiros sempre resultará
então o centésimo desfile do Cordão da Bola Preta realizou-se em um número inteiro. – V
ou se realizará no ano de: (b) A subtração de dois números naturais sempre resultará
(A) 2016. em um número natural. – somente se o primeiro for maior que
(B) 2017. o segundo - F
(C) 2018. (c) A divisão de dois números naturais sempre resultará
(D) 2019. em um número natural. – somente se o dividendo for maior
(E) 2020. que o divisor - F
(d) A divisão de dois números inteiros sempre resultará
03. (BNDES - Técnico Administrativo – CESGRANRIO) em um número inteiro. – somente se o dividendo for maior que
Multiplicando-se o maior número inteiro menor do que 8 pelo o divisor - F
menor número inteiro maior do que - 8, o resultado
encontrado será NÚMEROS FRACIONÁRIOS
(A) - 72
(B) - 63 Quando um todo ou uma unidade é dividido em partes
(C) - 56 iguais, uma dessas partes ou a reunião de várias formam o que
(D) - 49 chamamos de uma fração do todo. Para se representar uma
(E) – 42 fração são, portanto, necessários dois números inteiros:
a) O primeiro, para indicar em quantas partes iguais foi
04. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – Cachoeira dividida a unidade (ou todo) e que dá nome a cada parte e, por
Dourada – MPE-GO/2017) Para o jantar comemorativo do essa razão, chama-se denominador da fração;
aniversário de certa empresa, a equipe do restaurante b) O segundo, que indica o número de partes que foram
preparou 18 mesas com 6 lugares cada uma e, na hora do reunidas ou tomadas da unidade e, por isso, chama-se
jantar, 110 pessoas compareceram. É correto afirmar que: numerador da fração. O numerador e o denominador
(A) se todos sentaram em mesas completas, uma ficou constituem o que chamamos de termos da fração.
vazia;
(B) se 17 mesas foram completamente ocupadas, uma
ficou com apenas 2 pessoas;
(C) se 17 mesas foram completamente ocupadas, uma ficou
com apenas 4 pessoas;
(D) todas as pessoas puderam ser acomodadas em menos
de 17 mesas;
(E) duas pessoas não puderam sentar.

Matemática 3
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APOSTILAS OPÇÃO

Observe a figura abaixo: 2- Se o denominador é 1, a fração é igual ao denominador:


25/1 = 25; 325/1 = 325

- Quando o denominador é zero, a fração não tem sentido,


pois a divisão por zero é impossível.
- Quando o numerador e denominador são iguais, o
resultado da divisão é sempre 1.

- Números mistos: Números compostos de uma parte


inteira e outra fracionária. Podemos transformar uma fração
imprópria na forma mista e vice e versa.
Exemplos:

25 4
A primeira nota dó é 14/14 ou 1 inteiro, pois representa a 𝑨) =3 ⇒
fração cheia; a ré é 12/14 e assim sucessivamente. 7 7

Nomenclaturas das Frações 4 25


𝑩) 3 = ⇒
7 7
Numerador → Indica
quantas partes
- Frações equivalentes: Duas ou mais frações que
tomamos do total
apresentam a mesma parte da unidade.
que foi dividida a
Exemplo:
unidade.
4: 4 1 4: 2 2 2: 2 1
= ; 𝑜𝑢 = ; 𝑜𝑢 =
Denominador → 8: 4 2 8: 2 4 4: 2 2
Indica quantas partes 4 2 1
iguais foi dividida a As frações , e são equivalentes.
8 4 2
unidade.
-Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o
No figura, lê-se: três oitavos. denominador são primos entre si.
Exemplo: 5/11 ; 17/29; 5/3
-Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços,
quartos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos. Comparação e simplificação de frações
-Frações com denominadores potências de 10:
décimos, centésimos, milésimos, décimos de milésimos, Comparação:
centésimos de milésimos etc. - Quando duas frações tem o mesmo denominador, a
- Denominadores diferentes dos citados maior será aquela que possuir o maior numerador.
anteriormente: Enuncia-se o numerador e, em seguida, o Exemplo: 5/7 >3/7
denominador seguido da palavra “avos”.
- Quando os denominadores são diferentes, devemos
Exemplos: reduzi-lo ao mesmo denominador.
8
𝑙ê − 𝑠𝑒 ∶ 𝑜𝑖𝑡𝑜 𝑣𝑖𝑛𝑡𝑒 𝑐𝑖𝑛𝑐𝑜 𝑎𝑣𝑜𝑠; Exemplo: 7/6 e 3/7
25 1º - Fazer o mmc dos denominadores → mmc(6,7) = 42
7.7 3.6 49 18
2 𝑒 → 𝑒
𝑙ê − 𝑠𝑒 ∶ 𝑑𝑜𝑖𝑠 𝑐𝑒𝑛𝑡é𝑠𝑖𝑚𝑜𝑠; 42 42 42 42
100 2º - Compararmos as frações:
49/42 > 18/42.
Tipos de Frações
Simplificação: É dividir os termos por um mesmo número
- Frações Próprias: Numerador é menor que o até obtermos termos menores que os iniciais. Com isso
denominador. formamos frações equivalentes a primeira.
1 5 3
Exemplos: ; ; ; … Exemplo:
6 8 4
4: 4 1
=
- Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao 8: 4 2
denominador.
6 8 4
Exemplos: ; ; ; … Operações com frações
5 5 3

- Adição e Subtração
- Frações aparentes: Numerador é múltiplo do Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador
denominador. As mesmas pertencem também ao grupo das e soma-se ou subtrai-se os numeradores.
frações impróprias.
6 8 4
Exemplos: ; ; ; …
1 4 2

- Frações particulares: Para formamos uma fração de


uma grandeza, dividimos esta pelo denominador e
multiplicamos pelo numerador.
Exemplos:
1 – Se o numerador é igual a zero, a fração é igual a zero: Com denominadores diferentes: Reduz-se ao mesmo
0/7 = 0; 0/5=0 denominador através do mmc entre os denominadores.

Matemática 4
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APOSTILAS OPÇÃO

O processo é valido tanto para adição quanto para filho havia comido e o 4º filho comeu 3 / 2 do que o 3º filho
subtração. havia comido. Eles compraram a menor quantidade de tortas
inteiras necessárias para atender a todos. Assim, é possível
calcular corretamente que a fração de uma torta que sobrou
foi
(A) 5 / 6.
(B) 5 / 9.
(C) 7 / 8.
(D) 2 / 3.
(E) 5 / 24.

Respostas

01. Resposta: A.
Vamos chamar de x a mesada.
Como ele gastou a terça parte 1/3 de 3/5 da mesada que
equivale a 23,00. Podemos escrever da seguinte maneira:
Multiplicação e Divisão 1 3 𝑥
. 𝑥 = = 23 → 𝑥 = 23.5 → 𝑥 = 115
3 5 5
- Multiplicação: É produto dos numerados dados e dos
denominadores dados. Logo a metade de 115 = 115/2 = 57,50
Exemplo:
02. Resposta: A.
1
. 200000 = 40000
5

03. Resposta: E.
Podemos ainda simplificar a fração resultante: Vamos chamar a quantidade de tortas de (x). Assim:
288: 2 144 𝟐 𝟐
= * Dona Amélia: . 𝟏 =
𝟑 𝟑
10: 2 5
𝟑 𝟐
- Divisão: O quociente de uma fração é igual a primeira * 1º filho: . =𝟏
𝟐 𝟑
fração multiplicados pelo inverso da segunda fração.
Exemplo: * 2º filho:
𝟑
.𝟏 =
𝟑
𝟐 𝟐

𝟑 𝟑 𝟗
* 3º filho: . =
𝟐 𝟐 𝟒

Simplificando a fração resultante: 𝟑 𝟗 𝟐𝟕


168: 8 21 * 4º filho: . =
𝟐 𝟒 𝟖
=
24: 8 3
𝟐 𝟑 𝟗 𝟐𝟕
+𝟏+ + +
Referência 𝟑 𝟐 𝟒 𝟖
CABRAL, Luiz Claudio; NUNES, Mauro César – Matemática básica explicada passo
a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 𝟏𝟔 + 𝟐𝟒 + 𝟑𝟔 + 𝟓𝟒 + 𝟖𝟏 𝟐𝟏𝟏 𝟐𝟒 𝟏𝟗 𝟏𝟗
= =𝟖. + =𝟖+
𝟐𝟒 𝟐𝟒 𝟐𝟒 𝟐𝟒 𝟐𝟒
Questões
Ou seja, eles comeram 8 tortas, mais 19/24 de uma torta.
01. (Pref. Maranguape/CE – Prof. de educação básica – Por fim, a fração de uma torta que sobrou foi:
Matemática – GR Consultoria e Assessoria) João gastou R$
𝟐𝟒 𝟏𝟗 𝟓
23,00, equivalente a terça parte de 3/5 de sua mesada. Desse 𝟐𝟒

𝟐𝟒
=
𝟐𝟒
modo, a metade do valor da mesada de João é igual a:
(A) R$ 57,50;
(B) R$ 115,00; Múltiplos e divisores:
(C) R$ 172,50;
(D) R$ 68,50; máximo divisor comum e
mínimo múltiplo comum
02. (EBSERH/ HUSM – UFSM/RS – Analista
Administrativo – Administração – AOCP) Uma revista
1
perdeu dos seus 200.000 leitores. MÚLTIPLOS E DIVISORES
5
Quantos leitores essa revista perdeu?
(A) 40.000. Sabemos que 30 : 6 = 5, porque 5 x 6 = 30.
(B) 50.000. Podemos dizer então que:
(C) 75.000. “30 é divisível por 6 porque existe um número natural (5)
(D) 95.000. que multiplicado por 6 dá como resultado 30.”
(E) 100.000. Um número natural a é divisível por um número natural b,
não-nulo, se existir um número natural c, tal que c . b = a.
03. (METRÔ – Assistente Administrativo Júnior – FCC)
Dona Amélia e seus quatro filhos foram a uma doceria comer Conjunto dos múltiplos de um número natural: É
tortas. Dona Amélia comeu 2 / 3 de uma torta. O 1º filho comeu obtido multiplicando-se esse número pela sucessão dos
3 / 2 do que sua mãe havia comido. O 2º filho comeu 3 / 2 do números naturais: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6,...
que o 1º filho havia comido. O 3º filho comeu 3 / 2 do que o 2º

Matemática 5
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APOSTILAS OPÇÃO

Para acharmos o conjunto dos múltiplos de 7, por exemplo, quantidade de algarismos a serem analisados quanto à
multiplicamos por 7 cada um dos números da sucessão dos divisibilidade por 7.
naturais: Exemplo: 41909 é divisível por 7 conforme podemos
7x0=0 conferir: 9.2 = 18 ; 4190 – 18 = 4172 → 2.2 = 4 ; 417 – 4 = 413
7x1=7 → 3.2 = 6 ; 41 – 6 = 35 ; 35 é multiplo de 7.
7 x 2 = 14
7 x 3 = 21 Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8 quando
⋮ seus três últimos algarismos forem 000 ou formarem um
número divisível por 8.
O conjunto formado pelos resultados encontrados forma o Exemplos:
conjunto dos múltiplos de 7: M(7) = {0, 7, 14, 21, ...}. a) 57000 é divisível por 8, pois seus três últimos
algarismos são 000.
Observações: b) 67024 é divisível por 8, pois seus três últimos
- Todo número natural é múltiplo de si mesmo. algarismos formam o número 24, que é divisível por 8.
- Todo número natural é múltiplo de 1.
- Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9 quando
múltiplos. a soma dos valores absolutos de seus algarismos formam um
- O zero é múltiplo de qualquer número natural. número divisível por 9.
- Os múltiplos do número 2 são chamados de números Exemplos:
pares, e a fórmula geral desses números é 2k (k N). Os demais a) 6253461 é divisível por 9, pois 6 + 2 + 5 + 3 + 4 + 6 + 1 =
são chamados de números ímpares, e a fórmula geral desses 27 é divisível por 9.
números é 2k + 1 (k N). b) 325103 não é divisível por 9, pois 3 + 2 + 5 + 1 + 0 + 3 =
O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k  Z. 14 não é divisível por 9.

Critérios de divisibilidade Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10


São regras práticas que nos possibilitam dizer se um quando seu algarismo da unidade termina em zero.
número é ou não divisível por outro, sem efetuarmos a divisão. Exemplo:
563040 é divisível por 10, pois termina em zero.
Divisibilidade por 2: Um número é divisível por 2 quando
termina em 0, 2, 4, 6 ou 8, ou seja, quando ele é par. Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11
Exemplo: quando a diferença entre a soma dos algarismos de posição
9656 é divisível por 2, pois termina em 6, e é par. ímpar e a soma dos algarismos de posição par resulta em um
número divisível por 11 ou quando essas somas forem iguais.
Divisibilidade por 3: Um número é divisível por 3 quando Exemplo:
a soma dos valores absolutos de seus algarismos é divisível por - 43813:
3. 1º 3º 5º  Algarismos de posição ímpar.(Soma dos
Exemplo: algarismos de posição impar: 4 + 8 + 3 = 15.)
65385 é divisível por 3, pois 6 + 5 + 3 + 8 + 5 = 27, e 27 é 4 3 8 1 3
divisível por 3. 2º 4º  Algarismos de posição par.(Soma dos
algarismos de posição par:3 + 1 = 4)
Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4 quando
seus dois algarismos são 00 ou formam um número divisível 15 – 4 = 11  diferença divisível por 11. Logo 43813 é
por 4. divisível por 11.
Exemplos:
a) 536400 é divisível por 4, pois termina em 00. Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12
b) 653524 é divisível por 4, pois termina em 24, e 24 é quando é divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo.
divisível por 4. Exemplo:
) 78324 é divisível por 12, pois é divisível por 3 ( 7 + 8 + 3
Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5 quando + 2 + 4 = 24) e por 4 (termina em 24).
termina em 0 ou 5.
Exemplos: Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15
a) 35040 é divisível por 5, pois termina em 0. quando é divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.
b) 7235 é divisível por 5, pois termina em 5. Exemplo:
a) 650430 é divisível por 15, pois é divisível por 3 ( 6 + 5 +
Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6 quando 0 + 4 + 3 + 0 =18) e por 5 (termina em 0).
é divisível por 2 e por 3 ao mesmo tempo.
Exemplos: Fatoração numérica
a) 430254 é divisível por 6, pois é divisível por 2 e por 3 (4 Essa fatoração se dá através da decomposição em fatores
+ 3 + 0 + 2 + 5 + 4 = 18). primos. Para decompormos um número natural em fatores
b) 80530 não é divisível por 6, pois não é divisível por 3 (8 primos, dividimos o mesmo pelo seu menor divisor primo,
+ 0 + 5 + 3 + 0 = 16). após pegamos o quociente e dividimos o pelo seu menor
divisor, e assim sucessivamente até obtermos o quociente 1. O
Divisibilidade por 7: Um número é divisível por 7 quando produto de todos os fatores primos representa o número
o último algarismo do número, multiplicado por 2, subtraído fatorado.
do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo
de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a

Matemática 6
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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplo: 3 + 1 = 4 e 1 + 1 = 2 ; então pegamos os resultados e


multiplicamos 4.2 = 8, logo temos 8 divisores de 40.

02. Resposta: D.
Sabemos que o produto de MDC pelo MMC é:
MDC (A, B). MMC (A, B) = A.B, temos que MDC (A, B) = 4 e
o produto entre eles 96, logo:
Divisores de um número natural
4 . MMC (A, B) = 96 → MMC (A, B) = 96/4 → MMC (A, B) =
Vamos pegar como exemplo o número 12 na sua forma
24, fatorando o número 24 temos:
fatorada:
24 = 23 .3 , para determinarmos o número de divisores,
12 = 22 . 31
pela regra, somamos 1 a cada expoente e multiplicamos o
O número de divisores naturais é igual ao produto dos
resultado:
expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
(3 + 1).(1 + 1) = 4.2 = 8
Logo o número de divisores de 12 são:
22 . 3⏟1 → (2 + 1) .(1 + 1) = 3.2 = 6 divisores naturais

(2+1) (1+1)
03. Resposta: D.
Para ser divisível por 6 precisa ser divisível por 2 e 3 ao
Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos mesmo tempo, e por isso deverá ser par também, e a soma dos
cada fator da decomposição e seu respectivo expoente natural seus algarismos deve ser um múltiplo de 3.
que varia de zero até o expoente com o qual o fator se Logo os finais devem ser 4 e 6:
apresenta na decomposição do número natural. 354, 456, 534, 546, 564, 576, 654, 756, logo temos 8
Exemplo: números.
12 = 22 . 31 → 22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1 MDC
20 . 31=3
21 . 30=2 O máximo divisor comum(MDC) de dois ou mais números
21 . 31=2.3=6 é o maior número que é divisor comum de todos os números
22 . 31=4.3=12 dados. Consideremos:
22 . 30=4
O conjunto de divisores de 12 são: D(12) = {1, 2, 3, 4, 6, 12} - o número 18 e os seus divisores naturais:
A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28 D+ (18) = {1, 2, 3, 6, 9, 18}.

Observação - o número 24 e os seus divisores naturais:


Para sabermos o conjunto dos divisores inteiros de 12, basta D+ (24) = {1, 2, 3, 4, 6, 8, 12, 24}.
multiplicarmos o resultado por 2 (dois divisores, um negativo e
o outro positivo). Podemos descrever, agora, os divisores comuns a 18 e 24:
Assim teremos que D(12) = 6.2 = 12 divisores inteiros. D+ (18) ∩ D+ (24) = {1, 2, 3, 6}.

Questões Observando os divisores comuns, podemos identificar o


maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja: MDC (18,
01. O número de divisores positivos do número 40 é: 24) = 6.
(A) 8
(B) 6 Outra técnica para o cálculo do MDC:
(C) 4 Decomposição em fatores primos
(D) 2 Para obtermos o MDC de dois ou mais números por esse
(E) 20 processo, procedemos da seguinte maneira:

02. O máximo divisor comum entre dois números naturais - Decompomos cada número dado em fatores primos.
é 4 e o produto dos mesmos 96. O número de divisores - O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos, cada um
positivos do mínimo múltiplo comum desses números é: deles elevado ao seu menor expoente.
(A) 2 Exemplo:
(B) 4
(C) 6
(D) 8
(E) 10

03. Considere um número divisível por 6, composto por 3


algarismos distintos e pertencentes ao conjunto MMC
A={3,4,5,6,7}.A quantidade de números que podem ser
formados sob tais condições é: O mínimo múltiplo comum(MMC) de dois ou mais
(A) 6 números é o menor número positivo que é múltiplo comum de
(B) 7 todos os números dados. Consideremos:
(C) 9
(D) 8 - O número 6 e os seus múltiplos positivos:
(E) 10 M*+ (6) = {6, 12, 18, 24, 30, 36, 42, 48, 54, ...}
Respostas
- O número 8 e os seus múltiplos positivos:
01. Resposta: A. M*+ (8) = {8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64, ...}
Vamos decompor o número 40 em fatores primos.
40 = 23 . 51 ; pela regra temos que devemos adicionar 1 a Podemos descrever, agora, os múltiplos positivos comuns:
cada expoente: M*+ (6) M*+ (8) = {24, 48, 72, ...}

Matemática 7
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APOSTILAS OPÇÃO

Observando os múltiplos comuns, podemos identificar o Respostas


mínimo múltiplo comum dos números 6 e 8, ou seja: MMC (6,
8) = 24 01. Resposta: D.
Fazendo o mdc entre os números teremos:
Outra técnica para o cálculo do MMC: 60 = 2².3.5
72 = 2³.3³
Decomposição isolada em fatores primos 48 = 24.3
Para obter o MMC de dois ou mais números por esse Mdc(60,72,48) = 2².3 = 12
processo, procedemos da seguinte maneira: 60/12 = 5
- Decompomos cada número dado em fatores primos. 72/12 = 6
- O MMC é o produto dos fatores comuns e não-comuns, 48/12 = 4
cada um deles elevado ao seu maior expoente. Somando a quantidade de envelopes por provas teremos:
Exemplo: 5 + 6 + 4 = 15 envelopes ao todo.

02. Resposta: C.
Devemos achar o mmc (40,60,80)

O produto do MDC e MMC é dado pela fórmula abaixo:

MDC(A, B).MMC(A,B)= A.B


𝑚𝑚𝑐(40,60,80) = 2 ∙ 2 ∙ 2 ∙ 2 ∙ 3 ∙ 5 = 240
Questões
03. Resposta: B.
01. Um professor quer guardar 60 provas amarelas, 72 Como os trens passam de 2,4 e 1,8 minutos, vamos achar o
provas verdes e 48 provas roxas, entre vários envelopes, de mmc(18,24) e dividir por 10, assim acharemos os minutos
modo que cada envelope receba a mesma quantidade e o
menor número possível de cada prova. Qual a quantidade de
envelopes, que o professor precisará, para guardar as provas?
(A) 4;
(B) 6;
(C) 12;
(D) 15.
Mmc(18,24)=72
Portanto, será 7,2 minutos
02. O policiamento em uma praça da cidade é realizado por
1 minuto---60s
um grupo de policiais, divididos da seguinte maneira:
0,2--------x
x = 12 segundos
Grupo Intervalo de passagem Portanto se encontrarão depois de 7 minutos e 12
Policiais a pé 40 em 40 minutos segundos
Policiais de moto 60 em 60 minutos
Policiais em viaturas 80 em 80 minutos
Frações ordinárias e
Toda vez que o grupo completo se encontra, troca
informações sobre as ocorrências. O tempo mínimo em
decimais. Números decimais:
minutos, entre dois encontros desse grupo completo será: propriedades e operações
(A) 160
(B) 200
(C) 240 OBS.: Caro(a) candidato(a), as frações ordinárias e
(D) 150 decimais foram abordadas no tópico de Números relativos
(E) 180 inteiros e fracionários, portanto neste momento iremos
trabalhar apenas com os números decimais.
03. Na linha 1 de um sistema de Metrô, os trens partem 2,4
em 2,4 minutos. Na linha 2 desse mesmo sistema, os trens O sistema de numeração decimal1 apresenta ordem
partem de 1,8 em 1,8 minutos. Se dois trens partem, posicional: unidades, dezenas, centenas, etc.
simultaneamente das linhas 1 e 2 às 13 horas, o próximo
horário desse dia em que partirão dois trens simultaneamente Leitura e escrita dos números decimais
dessas duas linhas será às 13 horas,
(A) 10 minutos e 48 segundos. Exemplos:
(B) 7 minutos e 12 segundos.
(C) 6 minutos e 30 segundos.
(D) 7 minutos e 20 segundos.
(E) 6 minutos e 48 segundos.

1CABRAL, Luiz Claudio; NUNES, Mauro César – Matemática básica explicada

passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

Matemática 8
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APOSTILAS OPÇÃO

Lê-se: Quinhentos e setenta e nove mil, trezentos e 2) 3,49 x 2,5


sessenta e oito inteiros e quatrocentos e treze milésimos. Disposição prática:
0,9 → nove décimos.
5,6 → cinco inteiros e seis décimos.
472,1256 → quatrocentos e setenta e dois inteiros e mil,
duzentos, cinquenta e seis décimos de milésimos.

Transformação de frações ordinárias em decimais e


vice-versa
- Divisão
A quantidade de
Na prática, a divisão entre números decimais é obtida de
zeros corresponde
acordo com as seguintes regras:
aos números de
- Igualamos o número de casas decimais do dividendo e do
casas decimais após
divisor.
a vírgula e vice-versa
- Cortamos as vírgulas e efetuamos a divisão como se os
(transformar para
números fossem naturais.
fração).
Exemplos:
1) 24 : 0,5
Disposição prática:

Nesse caso, o resto da divisão é igual a zero. Assim sendo,


a divisão é chamada de divisão exata e o quociente é exato.
Operações com números decimais
2) 31,775 : 15,5
- Adição e Subtração Disposição prática:
Na prática, a adição e a subtração de números decimais são
obtidas de acordo com a seguinte regra:
- Igualamos o número de casas decimais, acrescentando
zeros.
- Colocamos os números um abaixo do outro, deixando
vírgula embaixo de vírgula.
- Somamos ou subtraímos os números decimais como se
eles fossem números naturais.
- Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a vírgula
Acrescentamos ao divisor a quantidade de zeros para que
dos números dados.
ele fique igual ao dividendo, e assim sucessivamente até
chegarmos ao resto zero.
Exemplos:
3) 0,14 : 28
Disposição prática:

- Multiplicação
Na prática, a multiplicação de números decimais é obtida 4) 2 : 16
de acordo com as seguintes regras: Disposição prática:
- Multiplicamos os números decimais como se eles fossem
números naturais.
- No resultado, colocamos tantas casas decimais quantas
forem as do primeiro fator somadas às dos outros fatores.

Exemplos:
1) 652,2 x 2,03 Questões
Disposição prática:
01. (UEM/PR – Auxiliar Operacional – UEM) Dirce
comprou 7 lapiseiras e pagou R$ 8,30, em cada uma delas.
Pagou com uma nota de 100 reais e obteve um desconto de 10
centavos. Quantos reais ela recebeu de troco?
(A) R$ 40,00
(B) R$ 42,00
(C) R$ 44,00
(D) R$ 46,00
(E) R$ 48,00

Matemática 9
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APOSTILAS OPÇÃO

02. (SABESP – Agente de Saneamento Ambiental –


FCC/2018) Uma padaria exibe a seguinte tabela de preços:
Expressões numéricas

Expressões numéricas são todas sentenças matemáticas


formadas por números, suas operações (adições, subtrações,
multiplicações, divisões, potenciações e radiciações) e também
por símbolos chamados de sinais de associação, que podem
aparecer em uma única expressão.

Para resolvermos devemos estar atentos a alguns


José compra, nessa padaria, 7 pães franceses, 500 gramas procedimentos:
de presunto, 500 gramas de queijo tipo prato e 3 litros de leite
integral. Para pagar, usa uma nota de R$ 50,00. Como troco, 1º) Nas expressões que aparecem as operações numéricas,
José deve receber devemos resolver as potenciações e/ou radiciações
(A) R$ 37,05. primeiramente, na ordem que elas aparecem e somente depois
(B) R$ 25,15. as multiplicações e/ou divisões (na ordem que aparecem) e
(C) R$ 12,95. por último as adições e subtrações também na ordem que
(D) R$ 14,10. aparecem.
(E) R$ 19,35. Exemplos:
A) 10 + 12 – 6 + 7→ primeiro resolvemos a adição e
03. (SEDUC/SP – Agente de Organização Escolar – subtração em qualquer ordem
CKM/2018) Um carro consome 10 litros de gasolina para 22 – 6 + 7
percorrer 100 km em uma cidade. Considerando que o valor 16 + 7
do litro de gasolina seja de R$ 3,50, o valor em reais gasto com 23
este combustível para que o veículo percorra 150 km nessa
cidade é:
(A) R$ 54,00 B) 15 x 2 – 30 ÷ 3 + 7 → primeiro resolveremos a
(B) R$ 50,00 multiplicação e a divisão, em qualquer ordem.
(C) R$ 53,00 30 – 10 + 7 → Agora resolveremos a adição e subtração,
(D) R$ 53,50 também em qualquer ordem.
(E) R$ 52,50 27

Comentários
2º) Quando aparecem os sinais de associações os mesmos
01. Resposta: B tem uma ordem a ser seguida. Primeiro, resolvemos os
Cada lapiseira custa 8,30 e ela comprou 7, assim ela pagou parênteses ( ), quando acabarem os cálculos dentro dos
8,30 ∙ 7 = 58,10 parênteses, resolvemos os colchetes [ ]; e quando não houver
Como recebeu um desconto de 10 centavos, Dirce pagou 58 mais o que calcular dentro dos colchetes { }, resolvemos as
reais chaves.
Para encontrar o troco basta fazermos 100 – 58 = 42 reais.
→ Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese,
02. Resposta: C colchetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o
Vamos encontrar quanto José pagou por cada um dos colchete ou chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os
produtos. números internos com o seus sinais originais.
Pão francês: 7 x 0,90 = 6,30;
Presunto: 500g = 0,5kg, assim 0,5 x 18,50 = 9,25; → Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese,
Queijo tipo prato: Idem ao presunto, 500g = 0,5kg, assim colchetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o
0,5 x 22 = 11; colchete ou chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os
Leite integral: 3 x 3,50 = 10,50. números internos com o seus sinais invertidos.

Somando para saber o total que José irá pagar: 6,30 + 9,25 Exemplos:
+ 11 + 10,50 = 37,05. A) {100 – 413 x (20 – 5 x 4) + 25} : 5 → Inicialmente
devemos resolver os parênteses, mas como dentro dos
Para encontrar o troco devemos fazer 50 – 37,05 = 12,95. parênteses há subtração e multiplicação, vamos resolver a
multiplicação primeiro, em seguida, resolvemos a subtração.
03. Resposta: E {100 – 413 x (20 – 5 x 4) + 25} : 5
Se o carro consome 10 litros em 100km, para encontrar {100 – 413 x (20 – 20) + 25} : 5
quantos km ele faz com 1 litro, devemos dividir 100 por 10, ou {100 – 413 x 0 + 25} : 5
seja, 100 : 10 = 10km/l. Eliminado os parênteses, vamos resolver as chaves,
efetuando as operações seguindo a ordem.
Ele percorreu 150 km, assim ele gastou 150 : 10 = 15 litros, {100 – 413 x 0 + 25} : 5
como cada litro custa R$ 3,50, ele irá gastar: {100 – 0 + 25} : 5
3,50 x 15 = 52,50. {100 + 25} : 5
125 : 5
25

Matemática 10
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APOSTILAS OPÇÃO

B) – 62 : (– 5 + 3) – [– 2 . (– 1 + 3 – 1)² – 16 : (– 1 + 3)²] → 27 4 2
− {[ + 2] : },
elimine os parênteses. 4 9 3
– 62 : (– 2) – [– 2 . (2 – 1)² – 16 : 2²] → continue eliminando
os parênteses. Na sequência vamos resolver a operação entre colchetes:
– 62 : (– 2) – [– 2 . 1 – 16 : 2²] → resolva as potências dentro
do colchetes. 27 4 + 18 2
− {[ ] : } , 𝑜 𝑚𝑚𝑐 é 9,
– 62 : (– 2) – [– 2 . 1 – 16 : 4] → resolva as operações de 4 9 3
multiplicação e divisão nos colchetes. 27 22 2
𝑎𝑔𝑜𝑟𝑎 𝑣𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑢𝑎𝑟 𝑎 𝑠𝑜𝑚𝑎: − {[ ] : }
– 62 : (– 2) – [– 2 – 4] = 4 9 3
– 62 : (– 2) – [– 6] = elimine o colchete.
– 62 : (– 2) + 6 = efetue a potência. 27 22 3
𝑟𝑒𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑎 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑠ã𝑜, 𝑡𝑒𝑟𝑒𝑚𝑜𝑠: − { . },
31 + 6 = 37 4 9 2

C) [(5² - 6.2²).3 + (13 – 7)² : 3] : 5 Lembrando que na divisão com frações conservamos a 1ª
[(25 – 6.4).3 + 6² : 3] : 5 = fração e multiplicamos pelo inverso da 2ª, podemos também
[(25 – 24).3 + 36 : 3 ] : 5 = simplificar o resultado:
[1.3 + 12] : 5 = 27 11
− { }.
[3 + 12 ] : 5 = 4 3
15 : 5 = 3
27 11
− , 𝑓𝑎𝑧𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑜 𝑚𝑚𝑐(4,3) = 12,
𝟑
D) [(𝟏𝟎 − √𝟏𝟐𝟓 + (𝟑 +
)𝟐 𝟐𝟑 : 𝟒)]𝟐 4 3
[(10 - 5)2 + (3 + 8 : 4)]2 3.27 − 4.11 81 − 44 37
[5² + (3+2)]2 = =
[25 + 5]2 12 12 12
302 Resposta: B.
900
Referências
Expressões Numéricas com Frações http://quimsigaud.tripod.com/expnumericas
A ordem das operações para se resolver uma expressão
numérica com fração, são as mesmas para expressões Questões
numéricas com números reais. Você também precisará
dominar as principais operações com frações: adição, 01. (Pref. Tramandaí/RS – Auxiliar Administrativo –
subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação. OBJETIVA) Dadas as três expressões numéricas abaixo, é
Um ponto que deve ser levado em conta é o m.m.c (mínimo CORRETO afirmar que:
múltiplo comum) entre os denominadores das frações, através (a) 2 + [(5 - 3) + 4] x 2 + 3
da fatoração numérica. (b) 13 - [5 x (2 - 1) + 4 x 2]
(c) 6 + 4 x 2 x (5 - 1) - 7
Exemplos:
1) Qual o valor da expressão abaixo? (A) b < a < c
1 3 1 3 (B) a < b < c
( ) + . (C) c < a < b
2 2 4
(D) c < b < a
A) 7/16
B) 13/24 02. (MANAUSPREV – Analista Previdenciário –
C) 1/2 Administrativa – FCC) Considere as expressões numéricas,
D) 21/24 abaixo.
Resolvendo temos: A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e B = 1/3
+ 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243
1º passo resolver as operações entre parênteses, depois a
multiplicação: O valor, aproximado, da soma entre A e B é
(A) 2
1 3 (B) 3
+ , 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑜 𝑑𝑒𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜𝑟 é 𝑜 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜, (C) 1
8 8
(D) 2,5
4 1 (E) 1,5
𝑒𝑓𝑒𝑡𝑢𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑎 𝑎𝑑𝑖çã𝑜: , 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑟:
8 2
03. (Pref. Tanguá/RJ – Agente Administrativo – MS
Resposta: C CONCURSOS/2017) Com base nas operações e propriedades
dos números reais, resolva a expressão abaixo:
2 2 1 3 2 1 1
9
2) O resultado da expressão 3. − {[( ) + 2] : √ }, em
4 x = 10010 + ( + ) + 13 .1002
4 3 9 2 6

sua forma mais simples é:


A) 6/37 Qual é o valor correto de x?
B) 37/12 (A) 12
C) 27/4 (B) 10
D) 22/6 (C) 1002
Resolvendo: (D) 102
Vamos resolver a multiplicação do início, a potenciação
que está entre parênteses e a radiciação do final:

Matemática 11
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APOSTILAS OPÇÃO

04. (UNESP – Assistente Administrativo – (d) 7 + 6 + 10 = 17 ⇾ 23 = 17 (F)


VUNESP/2017) Considere a seguinte expressão numérica:
(112 – 102 ) ÷ (3·2·5 – 32 ) ÷ 3
O resultado correto é Equações do 1º e 2º graus.
(A) 5/3
(B) 4/3 Problemas
(C) 1
(D) 2/3
(E) 1/3 EQUAÇÃO DO 1º GRAU OU LINEAR

05. (UFSCAR – Assistente em Administração – Equação é toda sentença matemática aberta que exprime
UFSCAR/2017) Considerando as expressões matemáticas uma relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y,
apresentadas a seguir, qual das seguintes igualdades é z,...).
verdadeira? Exemplos:
(A) -22 × 3-1 + 1 ÷ 3 = -1 2x + 8 = 0
(B) 3 - 3 ÷ 3 + 3 × 3 - 3 = 6 5x – 4 = 6x + 8
(C) 48 ÷ 2 ÷ 2 × 3 = 4
(D) (-17 + 26) ÷ 9 × 2 = 1/2 - Não são equações:
(E) 7 + 2 × 3 - 5 × (-2) = 17 4 + 8 = 7 + 5 (Não é uma sentença aberta)
x – 5 < 3 (Não é igualdade)
Respostas 5 ≠ 7 (não é sentença aberta, nem igualdade)

01. Resposta: A. Termo Geral da equação do 1º grau


Resolvendo as expressões temos: Onde a e b (a≠0) são números conhecidos e a diferença de
(a) 2 + [(5 - 3) + 4] x 2 + 3 ⇾ 2 + [2 + 4] x 2 + 3 0, se resolve de maneira simples: subtraindo b dos dois lados
2 + [6] x 2 + 3 ⇾ 2 + 12 + 3 = 17 obtemos:
(b) 13 - [5 x (2 - 1) + 4 x 2] ⇾ 13 - [5 x (1) + 8] ax + b – b = 0 – b → ax = -b → x = -b / a
13 - [5 + 8] ⇾ 13 -13 = 0
(c) 6 + 4 x 2 x (5 - 1) – 7 ⇾ 6 + 8 x (4) - 7 Termos da equação do 1º grau
6 + 32 – 7 ⇾ 31 3x + 2 = x - 4
Colocando em ordem crescente: 0 < 17 < 31, que é b < a < c Nesta equação cada membro possui dois termos:
1º membro composto por 3x e 2
02. Resposta: E. 2º membro composto pelo termo x e -4
Vamos resolver cada expressão separadamente:
1 1 1 1 1 16 + 8 + 4 + 2 + 1 31 Resolução da equação do 1º grau
𝐴= + + + + = =
2 4 8 16 32 32 32 O método que usamos para resolver a equação de 1º grau
é isolando a incógnita, isto é, deixar a incógnita sozinha em um
1 1 1 1 1 dos lados da igualdade. O método mais utilizado para isso é
𝐵= + + + +
3 9 27 81 243 invertermos as operações. Vejamos
Resolvendo a equação 2x + 600 = x + 750, passamos os
81 + 27 + 9 + 3 + 1 121 termos que tem x para um lado e os números para o outro
=
243 243 invertendo as operações.
2x – x = 750 – 600, com isso eu posso resolver minha
31 121 243.31 + 32.121 equação → x = 150
A+B = + =
32 243 7776
Outros exemplo:
7533 + 3872 11405 Resolução da equação 3x – 2 = 16, invertendo operações.
= = 1,466 ≅ 1,5
7776 7776
Procedimento e justificativa: Se 3x – 2 dá 16, conclui-se
que 3x dá 16 + 2, isto é, 18 (invertemos a subtração). Se 3x é
03. Resposta: A. igual a 18, é claro que x é igual a 18: 3, ou seja, 6 (invertemos a
Resolvendo cada termo em partes temos: multiplicação por 3).
10010 = 1 Registro:
1 3 2 3+3 2 3x – 2 = 16
( + ) =( ) = (1)2 = 1
2 6 6 3x = 16 + 2
3x = 18
3
11/3 = √1 = 1 18
1001/2 = √100 = 10 x=
Montando a expressão temos: 1 + 1 + 1. 10 ⇾ 2 + 10 = 12 3
x=6
04. Resposta: E.
Resolvendo por partes temos: Há também um processo prático, bastante usado, que se
(121 – 100) ÷ (30 – 9) ÷ 3 ⇾ (21) ÷ (21) ÷ 3 ⇾ 1 ÷ 3 ou baseia nessas ideias e na percepção de um padrão visual.
1/3 - Se a + b = c, conclui-se que a = c – b.

05. Resposta: A. Na primeira igualdade, a parcela b aparece somando no


(a) -4 x 1/3 + 1/3 = -1 ⇾ -4/3 + 1/3 = -1 ⇾ -3/3 = -1 ⇾ -1 lado esquerdo; na segunda, a parcela b aparece subtraindo no
= -1 (V) lado direito da igualdade.
(b) 3 – 1 + 9 – 3 = 6 ⇾ 2 + 6 = 6 ⇾ 8 = 6 (F) - Se a . b = c, conclui-se que a = c : b, desde que b ≠ 0.
(c) 24 ÷ 2 x 3 = 4 ⇾ 12 x 3 = 4 ⇾ 36 = 4 (F)

Matemática 12
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APOSTILAS OPÇÃO

Na primeira igualdade, o número b aparece multiplicando 𝑥


= 300
no lado esquerdo; na segunda, ele aparece dividindo no lado 6
direito da igualdade. x = 1800
Recebida: 1800.3=5400
Questões
03. Resposta: E.
01. O gráfico mostra o número de gols marcados, por jogo, Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
de um determinado time de futebol, durante um torneio. 16 . x = Total
Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
Combinando as duas equações, temos:
16.x = 10.x + 570 → 16.x – 10.x = 570
6.x = 570 → x = 570 / 6 → x = 95
O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.

EQUAÇÃO DO 2º GRAU

Uma equação é uma expressão matemática que possui em


sua composição incógnitas, coeficientes, expoentes e um sinal
Sabendo que esse time marcou, durante esse torneio, um de igualdade. As equações são caracterizadas de acordo com o
total de 28 gols, então, o número de jogos em que foram maior expoente de uma das incógnitas.
marcados 2 gols é:
(A) 3.
(B) 4. Em que a, b, c são números reais e a ≠ 0.
(C) 5.
(D) 6. Nas equações de 2º grau com uma incógnita, os números
(E) 7. reais expressos por a, b, c são chamados coeficientes da
equação.
02. Certa quantia em dinheiro foi dividida igualmente
entre três pessoas, cada pessoa gastou a metade do dinheiro Equação completa e incompleta:
que ganhou e 1/3(um terço) do restante de cada uma foi - Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz
colocado em um recipiente totalizando R$900,00(novecentos completa.
reais), qual foi a quantia dividida inicialmente? Exemplos:
(A) R$900,00 x2 - 5x + 6 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 5, c
(B) R$1.800,00 = 6).
(C) R$2.700,00 -3y2 + 2y - 15 = 0 é uma equação completa (a = -3, b = 2, c
(D) R$5.400,00 = -15).

03. Um grupo formado por 16 motoristas organizou um - Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se


churrasco para suas famílias. Na semana do evento, seis deles diz incompleta.
desistiram de participar. Para manter o churrasco, cada um Todas essas equações estão escritas na forma ax2 + bx + c
dos motoristas restantes pagou R$ 57,00 a mais. = 0, que é denominada forma normal ou forma reduzida de
O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi: uma equação do 2º grau com uma incógnita.
(A) R$ 570,00 Há, porém, algumas equações do 2º grau que não estão
(B) R$ 980,50 escritas na forma ax2 + bx + c = 0; por meio de transformações
(C) R$ 1.350,00 convenientes, em que aplicamos o princípio aditivo e o
(D) R$ 1.480,00 multiplicativo, podemos reduzi-las a essa forma.
(E) R$ 1.520,00 Exemplo: Pelo princípio aditivo.
2x2 – 7x + 4 = 1 – x2
Respostas 2x2 – 7x + 4 – 1 + x2 = 0
2x2 + x2 – 7x + 4 – 1 = 0
01. Resposta: E. 3x2 – 7x + 3 = 0
0.2 + 1.8 + 2.x + 3.2 = 28
0 + 8 + 2x + 6 = 28 → 2x = 28 – 14 → x = 14 / 2 Exemplo: Pelo princípio multiplicativo.
x=7 2 1
− =
x
x 2 x−4
02. Resposta: D.
Quantidade a ser recebida por cada um: x 4.(x − 4) − x(x − 4) 2x 2
=
Se 1/3 de cada um foi colocado em um recipiente e deu 2 x( x − 4 ) 2 x( x − 4 )
R$900,00, quer dizer que cada uma colocou R$300,00.
𝑥 4(x – 4) – x(x – 4) = 2x2
𝑥 3 4x – 16 – x2 + 4x = 2x2
= + 300
3 2 – x2 + 8x – 16 = 2x2
– x2 – 2x2 + 8x – 16 = 0
𝑥 𝑥
= + 300 – 3x2 + 8x – 16 = 0
3 6
𝑥 𝑥 Raízes de uma equação do 2º grau
− = 300 Raiz é o número real que, ao substituir a incógnita de uma
3 6
equação, transforma-a numa sentença verdadeira. As raízes
2𝑥 − 𝑥 formam o conjunto verdade ou solução de uma equação.
= 300
6

Matemática 13
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APOSTILAS OPÇÃO

Resolução das equações incompletas do 2º grau com


uma incógnita.
Primeiramente devemos saber duas importante
propriedades dos números Reais que é o nosso conjunto
Universo.
−7 ± √−59
𝑥=
1º) Se x ϵ R, y ϵ R e x.y=0, então x= 0 ou y=0 6
2º) Se x ϵ R, y ϵ R e x2=y, então x= √y ou x=-√y
Como Δ < 0, a equação não tem raízes reais.
Então: S = ᴓ
1º Caso) A equação é da forma ax2 + bx = 0.
x2 – 9x = 0  colocamos x em evidência
Relação entre os coeficientes e as raízes
x . (x – 9) = 0 , aplicando a 1º propriedade dos reais temos:
As equações do 2º grau possuem duas relações entre suas
x=0 ou x–9=0
raízes, são as chamadas relações de Girard, que são a Soma (S)
x=9
e o Produto (P).
Logo, S = {0, 9} e os números 0 e 9 são as raízes da equação.
𝒃
2º Caso) A equação é da forma ax2 + c = 0. 1) Soma das raízes é dada por: 𝑺 = 𝒙𝟏 + 𝒙𝟐 = −
𝒂
x2 – 16 = 0  Fatoramos o primeiro membro, que é uma
𝒄
diferença de dois quadrados. 2) Produto das raízes é dada por: 𝑷 = 𝒙𝟏 . 𝒙𝟐 =
𝒂
(x + 4) . (x – 4) = 0, aplicando a 1º propriedade dos reais
temos: Logo podemos reescrever a equação da seguinte forma:
x+4=0 x–4=0
x=–4 x=4 x2 – Sx + P=0
ou Exemplo:
x2 – 16 = 0 → x2 = 16 → √x2 = √16 → x = ± 4, (aplicando a Determine uma equação do 2º grau cujas raízes sejam os
segunda propriedade). números 2 e 7.
Logo, S = {–4, 4}. Resolução:
Pela relação acima temos:
Resolução das equações completas do 2º grau com S = 2+7 = 9 e P = 2.7 = 14 → Com esses valores montamos
uma incógnita. a equação: x2 -9x +14 =0
Para este tipo de equação utilizaremos a Fórmula de
Bháskara. Essa fórmula é chamada fórmula resolutiva ou Referências
fórmula de Bháskara. www.somatematica.com.br

Questões

01. Para que a equação (3m-9)x²-7x+6=0 seja uma


equação de segundo grau, o valor de m deverá,
necessariamente, ser diferente de:
(A) 1.
Nesta fórmula, o fato de x ser ou não número real vai
(B) 2.
depender do discriminante Δ; temos então, três casos a
(C) 3.
estudar.
(D) 0.
(E) 9.
Duas raízes reais distintas.
−b+  02. Qual a equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2?
Δ>0
x' = (A) x²-3x+4=0
1º caso
(Positivo)
2.a (B) -3x²-5x+1=0
(C) 3x²+5x+2=0
−b− 
x '' = (D) 2x²-5x+3=0
2.a
Duas raízes reais iguais. 03. O dobro da menor raiz da equação de 2º grau dada por
Δ=0 x²-6x=-8 é:
2º caso −b (A) 2
(Nulo) x’ = x” =
2a (B) 4
(C) 8
Δ<0 Não temos raízes reais. (D) 12
3º caso
(Negativo)
Respostas
A existência ou não de raízes reais e o fato de elas serem
duas ou uma única dependem, exclusivamente, do 01. Resposta: C.
discriminante Δ = b2 – 4.a.c; daí o nome que se dá a essa Neste caso o valor de a ≠ 0, 𝑙𝑜𝑔𝑜:
expressão. 3m - 9 ≠ 0 → 3m ≠ 9 → m ≠ 3

Exemplo: 02. Resposta: D.


1) Resolver a equação 3x2 + 7x + 9 = 0 no conjunto R. Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação:
Temos: a = 3, b = 7 e c = 9 x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas
raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas
raízes multiplicadas resultam no valor de c.

Matemática 14
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APOSTILAS OPÇÃO

3 5 1 pé = 30 centímetros
𝑆 =1+ = =𝑏
2 2
3 3
𝑃 =1∙ = = 𝑐 ; 𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜
2 2

5 3
𝑥2 − 𝑥 + = 0
2 2

2𝑥 2 − 5𝑥 + 3 = 0
A nomenclatura é a mesma das unidades de comprimento
acrescidas de quadrado.
03. Resposta: B.
Agora, vejamos as unidades de volume. De novo, temos a
x²-6x+8=0
lista: quilômetro cúbico (km3), hectômetro cúbico (hm3), etc.
∆= (−6)2 − 4.1.8 ⇒ 36 − 32 = 4 Na prática, são muitos usados o metro cúbico(m3) e o
centímetro cúbico(cm3).
−(−6)±√4 6±2
𝑥=
2.1
⇒𝑥=
2
Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade
vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 = 103,
𝑥1 =
6+2
=4 o sistema continua sendo decimal.
2

6−2
𝑥2 = =2
2

Dobro da menor raiz: 22=4

Sistemas de medida de
tempo. Sistema métrico A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. Se o
volume da água que enche um tanque é de 7.000 litros,
decimal dizemos que essa é a capacidade do tanque. A unidade
fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a
1 dm3.
Sistema de Medidas Decimais
Cada unidade vale 10 vezes a unidade menor seguinte.
Um sistema de medidas é um conjunto de unidades de
medida que mantém algumas relações entre si. O sistema
métrico decimal é hoje o mais conhecido e usado no mundo
todo. Na tabela seguinte, listamos as unidades de medida de
comprimento do sistema métrico. A unidade fundamental é o
metro, porque dele derivam as demais.
O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de
medidas de massa. A unidade fundamental é o grama(g).

Unidades de Massa e suas Transformações

Há, de fato, unidades quase sem uso prático, mas elas têm
uma função. Servem para que o sistema tenha um padrão: cada
unidade vale sempre 10 vezes a unidade menor seguinte. Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama
Por isso, o sistema é chamado decimal. e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t).
Medidas Especiais:
E há mais um detalhe: embora o decímetro não seja útil na 1 Tonelada(t) = 1000 Kg
prática, o decímetro cúbico é muito usado com o nome popular 1 Arroba = 15 Kg
de litro. 1 Quilate = 0,2 g
As unidades de área do sistema métrico correspondem às
unidades de comprimento da tabela anterior. Relações entre unidades:
São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro
quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o
quilômetro quadrado, o metro quadrado e o hectômetro
quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o
nome de hectare (há): 1 hm2 = 1 há.
No caso das unidades de área, o padrão muda: uma
unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como
nos comprimentos. Entretanto, consideramos que o sistema
continua decimal, porque 100 = 102. Temos que:
Existem outras unidades de medida mas que não 1 kg = 1l = 1 dm3
pertencem ao sistema métrico decimal. Vejamos as relações 1 hm2 = 1 ha = 10.000m2
entre algumas essas unidades e as do sistema métrico 1 m3 = 1000 l
decimal (valores aproximados):
1 polegada = 25 milímetros
1 milha = 1 609 metros
1 légua = 5 555 metros

Matemática 15
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APOSTILAS OPÇÃO

Questões 4000.x = 2200 . 100 x = 220000 / 4000 = 55%

01. O suco existente em uma jarra preenchia da sua


3 03. Resposta: D.
4
capacidade total. Após o consumo de 495 mL, a quantidade de 4 . 3 . 200000000 . 52 = 1,248 . 1011 g = 1,248 . 105 t
1
suco restante na jarra passou a preencher da sua capacidade MEDIDAS DE TEMPO
5
total. Em seguida, foi adicionada certa quantidade de suco na
jarra, que ficou completamente cheia. Nessas condições, é Não Decimais
correto afirmar que a quantidade de suco adicionada foi igual,
em mililitros, a Medidas de Tempo (Hora) e suas Transformações
(A) 580.
(B) 720.
(C) 900.
(D) 660.
(E) 840.

02. Em uma casa há um filtro de barro que contém, no Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que mede
início da manhã, 4 litros de água. Desse filtro foram retirados intervalos de tempo, é o mais conhecido. A unidade utilizada
800 mL para o preparo da comida e meio litro para consumo como padrão no Sistema Internacional (SI) é o segundo.
próprio. No início da tarde, foram colocados 700 mL de água
dentro desse filtro e, até o final do dia, mais 1,2 litros foram 1h → 60 minutos → 3 600 segundos
utilizados para consumo próprio. Em relação à quantidade de
água que havia no filtro no início da manhã, pode-se concluir Para passar de uma unidade para a menor seguinte,
que a água que restou dentro dele, no final do dia, corresponde multiplica-se por 60.
a uma porcentagem de
(A) 60%. Exemplo:
(B) 55%. 0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos, quantos
(C) 50%. minutos indica 0,3 horas?
(D) 45%.
(E) 40%.
Efetuando temos: 0,3 . 60 = 1. x → x = 18 minutos.
03. Admita que cada pessoa use, semanalmente, 4 bolsas
Concluímos que 0,3horas = 18 minutos.
plásticas para embrulhar suas compras, e que cada bolsa é
composta de 3 g de plástico. Em um país com 200 milhões de
- Adição e Subtração de Medida de tempo
pessoas, quanto plástico será utilizado pela população em um
Ao adicionarmos ou subtrairmos medidas de tempo,
ano, para embrulhar suas compras? Dado: admita que o ano é
precisamos estar atentos as unidades. Vejamos os exemplos:
formado por 52 semanas. Indique o valor mais próximo do
obtido.
A) 1 h 50 min + 30 min
(A) 108 toneladas
(B) 107 toneladas
(C) 106 toneladas
(D) 105 toneladas
(E) 104 toneladas
Observe que ao somar 50 + 30, obtemos 80 minutos, como
Respostas sabemos que 1 hora tem 60 minutos, temos, então
acrescentamos a hora +1, e subtraímos 80 – 60 = 20 minutos,
01. Resposta: B. é o que resta nos minutos:
Vamos chamar de x a capacidade total da jarra. Assim:
3 1
. 𝑥 − 495 = . 𝑥
4 5

3 1
.𝑥 − . 𝑥 = 495
4 5

5.3.𝑥 − 4.𝑥=20.495
20
Logo o valor encontrado é de 2 h 20 min.
15x – 4x = 9900
11x = 9900 B) 2 h 20 min – 1 h 30 min
x = 9900 / 11
x = 900 mL (capacidade total)
Como havia 1/5 do total (1/5 . 900 = 180 mL), a quantidade
adicionada foi de 900 – 180 = 720 mL
Observe que não podemos subtrair 20 min de 30 min,
02. Resposta: B. então devemos passar uma hora (+1) dos 2 para a coluna
4 litros = 4000 ml; 1,2 litros = 1200 ml; meio litro = 500 minutos.
ml
4000 – 800 – 500 + 700 – 1200 = 2200 ml (final do dia)
Utilizaremos uma regra de três simples:
ml %
4000 ------- 100
2200 ------- x

Matemática 16
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APOSTILAS OPÇÃO

Então teremos novos valores para fazermos nossa Como 1h tem 60 minutos.
subtração, 20 + 60 = 80: Então a diferença entre as duas é de 60+28=88 minutos.

02. Resposta: D.
T = 8 . 4 + 10 . 6 + 15 . 10 + 20 . 5 =
= 32 + 60 + 150 + 100 = 342 min
Logo o valor encontrado é de 50 min. Fazendo: 342 / 60 = 5 h, com 42 min (resto)

Questões 03. Resposta: B.


15 h 40 – 2 h 15 – 50 min = 12 h 35min
01. Joana levou 3 horas e 53 minutos para resolver uma
prova de concurso, já Ana levou 2 horas e 25 minutos para
resolver a mesma prova. Comparando o tempo das duas Sistema monetário
candidatas, qual foi a diferença encontrada? brasileiro
(A) 67 minutos.
(B) 75 minutos.
(C) 88 minutos. SISTEMA MONETÁRIO NACIONAL
(D) 91 minutos.
(E) 94 minutos. O primeiro dinheiro do Brasil foi a moeda-mercadoria.
Durante muito tempo, o comércio foi feito por meio da troca
02. A tabela a seguir mostra o tempo, aproximado, que um de mercadorias, mesmo após a introdução da moeda de metal.
professor leva para elaborar cada questão de matemática. As primeiras moedas metálicas (de ouro, prata e cobre)
Questão (dificuldade) Tempo (minutos) chegaram com o início da colonização portuguesa. A unidade
Fácil 8 monetária de Portugal, o Real, foi usada no Brasil durante todo
Média 10 o período colonial. Assim, tudo se contava em réis (plural
Difícil 15 popular de real) com moedas fabricadas em Portugal e no
Muito difícil 20 Brasil. O Real (R) vigorou até 07 de outubro de 1833.

O gráfico a seguir mostra o número de questões de No século XX, o Brasil adotou nove sistemas monetários ou
matemática que ele elaborou. nove moedas diferentes (mil-réis, cruzeiro, cruzeiro novo,
cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real, real).

A Medida Provisória nº 336, de 28 de julho de 1993,


transformou o cruzeiro – Cr$ em cruzeiro real – CR$, na base
de CR$ 1,00 por Cr$ 1.000,00.
Em 30 de junho de 1994, Fernando Henrique Cardoso,
ministro da Fazenda, anunciou o Plano Real: o cruzeiro real –
CR$ se transformou em real – R$, na base de R$ 1,00 por CR$
2.750,00.
O artigo 10, I, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964,
O tempo, aproximado, gasto na elaboração dessas questões delegou ao Banco Central do Brasil (BCB) competência para
foi emitir papel-moeda e moeda metálica, competência exclusiva
(A) 4h e 48min. consagrada pelo artigo 164 da Constituição Federal de 1988.
(B) 5h e 12min. Antes da criação do BCB, a Superintendência da Moeda e
(C) 5h e 28min. do Crédito (SUMOC), o Banco do Brasil e o Tesouro Nacional
(D) 5h e 42min. desempenhavam o papel de autoridade monetária.
(E) 6h e 08min. A SUMOC, criada em 1945 e antecessora do BCB, tinha por
finalidade exercer o controle monetário. A SUMOC fixava os
03. Para obter um bom acabamento, um pintor precisa dar percentuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, as
duas demãos de tinta em cada parede que pinta. Sr. Luís utiliza taxas do redesconto e da assistência financeira de liquidez,
uma tinta de secagem rápida, que permite que a segunda bem como os juros. Além disso, supervisionava a atuação dos
demão seja aplicada 50 minutos após a primeira. Ao terminar bancos comerciais, orientava a política cambial e representava
a aplicação da primeira demão nas paredes de uma sala, Sr. o país junto a organismos internacionais.
Luís pensou: “a segunda demão poderá ser aplicada a partir O Banco do Brasil executava as funções de banco do
das 15h 40min.” governo, e o Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-
Se a aplicação da primeira demão demorou 2 horas e 15 moeda.
minutos, que horas eram quando Sr. Luís iniciou o serviço?
(A) 12h 25 min UNIDADES DO SITEMA MONETÁRIO BRASILEIRO
Unidade Período de
(B) 12h 35 min Símbolo Correspondência
monetária vigência
(C) 12h 45 min Período
(D) 13h 15 min Real (plural R 1$2000 = 1/8
colonial até R
(E) 13h 25 min = Réis) ouro de 22k
7/10/1833
8/10/1833 a Rs 2$500 = 1/8 de
Mil Réis R$
Respostas 31/10/1942 ouro de 22k
1/11/1942 a Cr$ 1,00 = Rs
Cruzeiro Cr$
01. Resposta: C. 30/11/1964 1$000
Cruzeiro
1/12/1964 a
(eliminados Cr$ Cr$ 1 = Cr$ 1,00
12/2/1967
os centavos)

Matemática 17
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APOSTILAS OPÇÃO

Cruzeiro
13/02/1967
Moedas de prata foram cunhadas na Grécia. A princípio,
Novo (volta NCr$ 1,00 = Cr$ essas peças eram fabricadas por processos manuais muito
a NCr$
dos 1.000 rudimentares e não eram exatamente iguais, como as de hoje,
14/05/1970
centavos) que são peças absolutamente iguais umas às outras.
15/05/1970
Cr$ 1,00 = NCr$
Cruzeiro a Cr$
1,00 Moedas utilizadas no Brasil (Real)
14/08/1984
Cruzeiro As moedas utilizadas oficialmente no Brasil, e que
15/8/1984 a compõem o Sistema Monetário Brasileiro são:
(eliminados Cr$ Cr$ 1 = Cr$ 1,00
27/2/1986
os centavos)
Cruzado
28/2/1986 a Cz$ 1,00 = Cr$
(volta dos Cz$
15/1/1989 1.000,00
centavos)
Cruzado 16/1/1989 a NCz$ = Cz$
NCz$
Novo 15/3/1990 1.000,00
16/03/1990 Cr$ 1,00 = NCz$
Cruzeiro Cr$
a 31/7/1993 1,00
1/8/1993 a CR$ 1,00 = Cr$
Cruzeiro Real CR$
30/06/1994 1.000,00
Real (plural A partir de R$ 1,00 = CR$
R$
= Reais) 1/7/1994 2.750,00
Fonte: Banco Central. Boletim Mensal, Dez/1995
Elaboração: DIEESE
É interessante notar que a moeda de 1 centavo (R$ 0,01)
foi desativada em 2004.

Cédulas utilizadas no Brasil (Real)

1ª Família do Real

1942 – Cruzeiro (Cr$)


Até outubro de 1942 – Mil Réis
($000)

1965 – Cruzeiro Novo (NCr$) 1970 – Cruzeiro (Cr$)

1989 – Cruzado Novo (NCz$)


1986 – Cruzado (Cz$)

Atualmente não circula mais a cédula de R$ 1,00, dando


1993 – Cruzeiro Real (CR$) lugar a de R$ 2,00.
1990 – Cruzeiro (Cr$)
1994 – Real (R$) – criado em 1994, As notas da Primeira Família continuam valendo e
o real foi primeiro URV (Unidade podem ser usadas normalmente. Aos poucos, serão
Real de Valor), um indexador substituídas por suas versões mais recentes: a Segunda
determinado diariamente pelo
governo. Na época de seu
Família do Real.
lançamento, cada real equivalia a 1
URV, ou 2.750,00 cruzeiros reais. 2ª Família do Real

Como surgiram as moedas


Por muito tempo, os objetos de metal foram mercadorias
muito apreciadas. Como sua produção exigia, além do domínio
das técnicas de fundição, o conhecimento dos locais onde o
metal poderia ser encontrado, essa tarefa, naturalmente, não
estava ao alcance de todas as pessoas.
A valorização, cada vez maior, destes instrumentos levou à
sua utilização como moeda, e ao aparecimento de réplicas de
objetos metálicos, em pequenas dimensões, que circulavam
como dinheiro.
Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com
características das atuais: são pequenas peças de metal, com
peso e valor definidos e com a impressão do cunho oficial, isto
é, a marca de quem as emitiu, e lhes garante seu valor.

Matemática 18
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APOSTILAS OPÇÃO

Por que mudar as notas? (D) R$ 2.950,00


O Real está consolidado como uma moeda forte, utilizada (E) R$ 1.900,00
cada vez mais nas transações cotidianas e como reserva de
valor. Com o avanço das tecnologias digitais nos últimos anos, 03. (Pref. Salvador/BA – Aux. Desenvolvimento Infantil
é necessário dotar as nossas cédulas de recursos gráficos e – FGV/2017) Júlia foi ao mercado, comprou 3 caixas de leite,
elementos antifalsificação mais modernos, capazes de a R$ 3,20 cada uma, e 2kg de feijão, a R$ 4,60 o quilo.
continuar garantindo a segurança do dinheiro brasileiro no Ela pagou a compra com uma nota de R$ 20,00 e recebeu
futuro. de troco a quantia de
(A) R$ 0,80.
Glossário (B) R$ 1,20.
Banco Central (BC ou Bacen) - Autoridade monetária do (C) R$ 1,40.
país responsável pela execução da política financeira do (D) R$ 1,60.
governo. Cuida ainda da emissão de moedas, fiscaliza e (E) R$ 2,00.
controla a atividade de todos os bancos no país.
04. (TJ/RS – Técnica Judiciário – FAURGS/2017) Uma
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) - locadora de automóveis oferece dois planos de aluguel de
Órgão internacional que visa ajudar países subdesenvolvidos carros a seus clientes:
e em desenvolvimento na América Latina. A organização foi Plano A: diária a R$ 120,00, com quilometragem livre.
criada em 1959 e está sediada em Washington, nos Estados Plano B: diária a R$ 90,00, mais R$ 0,40 por quilô-metro
Unidos. rodado.
Alugando um automóvel, nesta locadora, quantos
Banco Mundial - Nome pelo qual o Banco Internacional de quilômetros precisam ser rodados para que o valor do aluguel
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) é conhecido. Órgão pelo Plano A seja igual ao valor do aluguel pelo Plano B?
internacional ligado a Organização das Nações Unidas (ONU), (A) 30.
a instituição foi criada para ajudar países subdesenvolvidos e (B) 36.
em desenvolvimento. (C) 48.
(D) 75.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e (E) 84.
Social (BNDES) - Empresa pública federal vinculada ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 05. (Pref. Itanhaém/SP – Recepcionista –
que tem como objetivo financiar empreendimentos para o VUNESP/2017) Um artista está participando de uma
desenvolvimento do Brasil. competição de perguntas e respostas num programa de TV. A
cada resposta correta, ele ganha R$ 100,00, e a cada resposta
Casa da Moeda do Brasil (CMB) - é uma empresa pública errada, ele perde R$ 40,00. Sabendo-se que ele acertou 6 e
vinculada ao Ministério da Fazenda. Fundada em 8 de março errou 14 respostas do total de perguntas, ele saiu dessa
de 1694, acumula mais de 300 anos de existência. Foi criada competição com exatos
no Brasil Colônia pelos governantes portugueses para fabricar (A) R$ 25,00.
moedas com o ouro proveniente das minerações. Na época, a (B) R$ 30,00.
extração de ouro era muito expressiva no Brasil e o (C) R$ 35,00.
crescimento do comércio começava a causar um caos (D) R$ 40,00.
monetário devido à falta de um suprimento local de moedas. A (E) R$ 45,00.
Casa da Moeda possui, atualmente, três fábricas: de cédulas,
moedas e gráfica geral. Comentários

Questões 01. Resposta: C.


X é o valor fixo
01. (UFSCAR – Assistente em Administração – Temos 6 casais ⇾ 6.2 = 12 adultos que pagam x
UFSCAR/2017) Em uma churrascaria, crianças de até 6 anos E 4 garotos que pagam x/2 = 4.x/2
não pagam pela refeição e crianças de 7 a 12 anos pagam Montando a equação temos:
metade do valor fixo pago por adultos. Um grupo de 6 casais 12x + 4. x/2 = 350 ⇾ 12x + 2x = 350 ⇾ 14x = 350 ⇾ x =
de amigos vai à churrascaria levando consigo 5 crianças 350/14 ⇾ x = 25
menores de 6 anos e 4 garotos com idades de 9 a 12 anos. A Logo o valor pago por cada adulto é de R$ 25,00.
conta final do rodízio, na parte referente às refeições, ficou em
350 reais. Quanto cada adulto pagou pela sua refeição? 02. Resposta: A.
(A) R$ 27,00 Como estava negativo em 2800 e ficou positivo em 450.
(B) R$ 30,00 Significa que ele recebeu o Saldo negativo + o saldo positivo =
(C) R$ 25,00 2800 + 450 = 3250.
(D) R$ 24,00
(E) R$ 35,00 03. Resposta: B.
3 x 3,20 = 9,60
02. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR – Auxiliar de Necropsia e 2 x 4,60 = 9,20
Auxiliar de Perícia – IBFC/2017) No dia anterior ao Total da compra: 9,60 + 9,20 = 18,80 . Pagou com 20,00 –
pagamento do seu salário, a conta corrente de Teodoro 18,80 = 1,20
apresentava o saldo negativo de R$ 2.800,00. Com o salário
creditado em sua conta, o saldo passou a ser positivo e ficou 04. Resposta: D.
em R$ 450,00. Assinale a alternativa que indica o salário que 120 = 90 + x. 0,40 ⇾ 0,40 x = 120 – 90 ⇾ 0,40x = 30 ⇾ x =
Teodoro recebeu. 30/0,40 ⇾ x = 75 km
(A) R$ 3.250,00
(B) R$ 3.350,00 05. Resposta: D.
(C) R$ 2.350,00 6 certos = 6.100 = 600

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APOSTILAS OPÇÃO

14 erros = 14.40 = 560 - Propriedades da Proporção


600 – 560 = R$ 40,00 1 - Propriedade Fundamental
O produto dos meios é igual ao produto dos extremos, isto
é, a . d = b . c
Problemas, números e Exemplo:
grandezas proporcionais: 45 9
Na proporção = ,(lê-se: “45 esta para 30 , assim como
30 6
razões e proporções 9 esta para 6.), aplicando a propriedade fundamental , temos:
45.6 = 30.9 = 270

RAZÃO 2 - A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro


(ou para o segundo termo), assim como a soma dos dois
É o quociente entre dois números (quantidades, medidas, últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).
grandezas). 𝑎 𝑐 𝑎+𝑏 𝑐+𝑑 𝑎+𝑏 𝑐+𝑑
= → = 𝑜𝑢 =
Sendo a e b dois números a sua razão, chama-se razão de a 𝑏 𝑑 𝑎 𝑐 𝑏 𝑑
para b:
3 - A diferença entre os dois primeiros termos está para o
𝑎 primeiro (ou para o segundo termo), assim como a diferença
𝑜𝑢 𝑎: 𝑏 , 𝑐𝑜𝑚 𝑏 ≠ 0
𝑏 entre os dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto
Onde: termo).
𝑎 𝑐 𝑎−𝑏 𝑐−𝑑 𝑎−𝑏 𝑐−𝑑
= → = 𝑜𝑢 =
𝑏 𝑑 𝑎 𝑐 𝑏 𝑑

4 - A soma dos antecedentes está para a soma dos


consequentes, assim como cada antecedente está para o seu
Exemplo:
consequente.
Em um vestibular para o curso de marketing, participaram 𝑎 𝑐 𝑎+𝑐 𝑎 𝑎+𝑐 𝑐
3600 candidatos para 150 vagas. A razão entre o número de = → = 𝑜𝑢 =
𝑏 𝑑 𝑏+𝑑 𝑏 𝑏+𝑑 𝑑
vagas e o número de candidatos, nessa ordem, foi de
5 - A diferença dos antecedentes está para a diferença dos
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑔𝑎𝑠 150 1
= = consequentes, assim como cada antecedente está para o seu
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑡𝑜𝑠 3600 24 consequente.
𝑎 𝑐 𝑎−𝑐 𝑎 𝑎−𝑐 𝑐
Lemos a fração como: Um vinte e quatro avós. = → = 𝑜𝑢 =
𝑏 𝑑 𝑏−𝑑 𝑏 𝑏−𝑑 𝑑
- Quando a e b forem medidas de uma mesma grandeza, - Problema envolvendo razão e proporção
essas devem ser expressas na mesma unidade. Em um concurso participaram 3000 pessoas e foram
aprovadas 1800. A razão do número de candidatos aprovados
- Razões Especiais para o total de candidatos participantes do concurso é:
Escala → Muitas vezes precisamos ilustrar distâncias A) 2/3
muito grandes de forma reduzida, então utilizamos a escala, B) 3/5
que é a razão da medida no mapa com a medida real (ambas C) 5/10
na mesma unidade). D) 2/7
𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝑚𝑎𝑝𝑎 E) 6/7
𝐸=
𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙
Resolução:
Velocidade média → É a razão entre a distância percorrida
e o tempo total de percurso. As unidades utilizadas são km/h,
m/s, entre outras.
𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑎 Resposta “B”
𝑉=
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 Referências
IEZZI, Gelson – Fundamentos da Matemática – Vol. 11 – Financeira e
Densidade → É a razão entre a massa de um corpo e o seu Estatística Descritiva
IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único
volume. As unidades utilizadas são g/cm³, kg/m³, entre outras. http://educacao.globo.com
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜
𝐷=
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 Questões

PROPORÇÃO 01. André, Bruno, Carlos e Diego são irmãos e suas idades
formam, na ordem apresentada, uma proporção. Considere
É uma igualdade entre duas razões. que André tem 3 anos, Diego tem 18 anos e Bruno é 3 anos
mais novo que Carlos. Assim, a soma das idades, destes quatro
𝑎 𝑐 𝑎 𝑐
Dada as razões e , à setença de igualdade = chama- irmãos, é igual a
𝑏 𝑑 𝑏 𝑑
se proporção. (A) 30
Onde: (B) 32;
(C) 34;
(D) 36.

02. Alfredo irá doar seus livros para três bibliotecas da


universidade na qual estudou. Para a biblioteca de
matemática, ele doará três quartos dos livros, para a biblioteca
de física, um terço dos livros restantes, e para a biblioteca de

Matemática 20
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APOSTILAS OPÇÃO

química, 36 livros. O número de livros doados para a biblioteca 03. Resposta: B.


de física será Primeiro:2k
(A) 16. Segundo:5k
(B) 22. 2k + 5k = 14 → 7k = 14 → k = 2
(C) 20. Primeiro: 2.2 = 4
(D) 24. Segundo5.2=10
(E)18. Diferença: 10 – 4 = 6 m³
1m³------1000L
03. Foram construídos dois reservatórios de água. A razão 6--------x
entre os volumes internos do primeiro e do segundo é de 2 x = 6000 l
para 5, e a soma desses volumes é 14m³. Assim, o valor
absoluto da diferença entre as capacidades desses dois
reservatórios, em litros, é igual a Divisão em partes
(A) 8000.
(B) 6000. proporcionais
(C) 4000.
(D) 6500.
(E) 9000. Uma forma de divisão no qual determinam-se
valores(a,b,c,..) que, divididos por quocientes(x,y,z..)
Comentários previamente determinados, mantêm-se uma razão que não
tem variação.
01. Resposta: D.
Pelo enunciado temos que: Divisão Diretamente Proporcional
A=3
B=C–3 - Divisão em duas partes diretamente proporcionais
C Para decompor um número M em duas partes A e B
D = 18 diretamente proporcionais a p e q, montamos um sistema com
Como eles são proporcionais podemos dizer que: duas equações e duas incógnitas, de modo que a soma das
𝐴 𝐶 3 𝐶 partes seja A + B = M, mas
= → = → 𝐶 2 − 3𝐶 = 3.18 → 𝐶 2 − 3𝐶 − 54 = 0 𝐴 𝐵
𝐵 𝐷 𝐶 − 3 18 =
𝑝 𝑞
Vamos resolver a equação do 2º grau: A solução segue das propriedades das proporções:
𝐴 𝐵 𝐴+𝐵 𝑀
= = = =𝑲
−𝑏 ± √𝑏 2 − 4𝑎𝑐 𝑝 𝑞 𝑝+𝑞 𝑝+𝑞
𝑥=
2𝑎
O valor de K é que proporciona a solução pois: A = K.p e B
−(−3) ± √(−3)2 − 4.1. (−54) 3 ± √225 = K.q
→ →
2.1 2
Exemplos:
3 ± 15 1) Para decompor o número 200 em duas partes A e B

2 diretamente proporcionais a 2 e 3, montaremos o sistema de
modo que A + B = 200, cuja solução segue de:
3 + 15 18 3 − 15 −12
𝑥1 = = = 9 ∴ 𝑥2 = = = −6 𝐴 𝐵 𝐴 + 𝐵 200
2 2 2 2
= = = = 𝟒𝟎
2 3 5 5
Como não existe idade negativa, então vamos considerar
somente o 9. Logo C = 9 Fazendo A = K.p e B = K.q ; temos que A = 40.2 = 80 e
B=C–3=9–3=6 B=40.3 = 120
Somando teremos: 3 + 6 + 9 + 18 = 36
2) Determinar números A e B diretamente proporcionais a
02. Resposta: E. 8 e 3, sabendo-se que a diferença entre eles é 40. Para resolver
X = total de livros este problema basta tomar A – B = 40 e escrever:
Matemática = ¾ x, restou ¼ de x
Física = 1/3.1/4 = 1/12 𝐴 𝐵 𝐴 − 𝐵 40
Química = 36 livros = = = =𝟖
8 3 5 5
Logo o número de livros é: 3/4x + 1/12x + 36 = x
Fazendo o mmc dos denominadores (4,12) = 12 Fazendo A = K.p e B = K.q ; temos que A = 8.8 = 64 e B =
Logo: 8.3 = 24
9𝑥 + 1𝑥 + 432 = 12𝑥
→ 10𝑥 + 432 = 12𝑥
12 - Divisão em várias partes diretamente proporcionais
Para decompor um número M em partes x1, x2, ..., xn
→ 12𝑥 − 10𝑥 = 432 → 2𝑥 = 432 → diretamente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um
432 sistema com n equações e n incógnitas, sendo as somas x1 + x2
𝑥= → 𝑥 = 216
2 + ... + xn= M e p1 + p2 + ... + pn = P.
𝑥1 𝑥2 𝑥𝑛
= =⋯=
Como a Biblioteca de Física ficou com 1/12x, logo teremos: 𝑝1 𝑝2 𝑝𝑛
1 216 A solução segue das propriedades das proporções:
. 216 = = 18 𝑥1 𝑥2 𝑥𝑛 𝑥1 + 𝑥2 + ⋯ + 𝑥𝑛 𝑀
12 12
= =⋯= = = =𝑲
𝑝1 𝑝2 𝑝𝑛 𝑝1 + 𝑝2 + ⋯ 𝑝𝑛 𝑃

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APOSTILAS OPÇÃO

Observa-se que partimos do mesmo princípio da divisão 𝑥1 𝑥2 𝑥𝑛


= =⋯=
em duas partes proporcionais. 1/𝑝1 1/𝑝2 1/𝑝𝑛

Exemplos: Cuja solução segue das propriedades das proporções:


1) Para decompor o número 240 em três partes A, B e C
diretamente proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar um 𝑥1 𝑥2 𝑥𝑛 𝑥1 + 𝑥2 + ⋯ + 𝑥𝑛
= =⋯= =
sistema com 3 equações e 3 incógnitas tal que A + B + C = 240 1 1 1 1 1
+ +⋯
1
e 2 + 4 + 6 = P. Assim: 𝑝1 𝑝2 𝑝𝑛 𝑝1 𝑝2 𝑝𝑛

𝐴 𝐵 𝐶 𝐴 + 𝐵 + 𝐶 240 𝑀
= = = = = 𝟐𝟎 = =𝑲
2 4 6 𝑃 12 1 1 1
+ + ⋯+
𝑝1 𝑝2 𝑝𝑛
Logo: A = 20.2 = 40; B = 20.4 = 80 e C = 20.6 =120
Exemplos:
2) Determinar números A, B e C diretamente 1-Para decompor o número 220 em três partes A, B e C
proporcionais a 2, 4 e 6, de modo que 2A + 3B - 4C = 480 inversamente proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar um
A solução segue das propriedades das proporções: sistema com 3 equações e 3 incógnitas, de modo que A + B + C
= 220. Desse modo:
𝐴 𝐵 𝐶 2𝐴 + 3𝐵 − 4𝐶 480
= = = = = −𝟔𝟎 𝐴 𝐵 𝐶 𝐴+𝐵+𝐶 220
2 4 6 2.2 + 3.4 − 4.6 −8
= = = = = 240
1/2 1/4 1/6 1/2 + 1/4 + 1/6 11/12
Logo: A = - 60.2 = -120 ; B = - 60.4 = - 240 e C = - 60.6 = -
360. A solução é A = K/p1 → A = 240/2 = 120, B = K/p2 → B =
Também existem proporções com números negativos. 240/4 = 60 e C = K/p3 → C = 240/6 = 40
Divisão Inversamente Proporcional
2-Para obter números A, B e C inversamente proporcionais
- Divisão em duas partes inversamente proporcionais a 2, 4 e 6, de modo que 2A + 3B - 4C = 10, devemos montar as
Para decompor um número M em duas partes A e B proporções:
inversamente proporcionais a p e q, deve-se decompor este
número M em duas partes A e B diretamente proporcionais a 𝐴 𝐵 𝐶 2𝐴 + 3𝐵 − 4𝐶 10 120
1/p e 1/q, que são, respectivamente, os inversos de p e q. = = = = =
1/2 1/4 1/6 2/2 + 3/4 − 4/6 13/12 13
Assim basta montar o sistema com duas equações e duas
incógnitas tal que A + B = M. Desse modo: logo A = 60/13, B = 30/13 e C = 20/13
Existem proporções com números fracionários!
𝐴 𝐵 𝐴+𝐵 𝑀 𝑀. 𝑝. 𝑞
= = = = =𝑲
1/𝑝 1/𝑞 1/𝑝 + 1/𝑞 1/𝑝 + 1/𝑞 𝑝+𝑞 Divisão em partes direta e inversamente
proporcionais
O valor de K proporciona a solução pois: A = K/p e B = K/q.
- Divisão em duas partes direta e inversamente
Exemplos: proporcionais
1) Para decompor o número 120 em duas partes A e B Para decompor um número M em duas partes A e B
inversamente proporcionais a 2 e 3, deve-se montar o sistema diretamente proporcionais a, c e d e inversamente
tal que A + B = 120, de modo que: proporcionais a p e q, deve-se decompor este número M em
duas partes A e B diretamente proporcionais a c/q e d/q, basta
𝐴 𝐵 𝐴+𝐵 120 120.6 montar um sistema com duas equações e duas incógnitas de
= = = = = 144
1/2 1/3 1/2 + 1/3 5/6 5 forma que A + B = M e além disso:

Assim A = K/p → A = 144/2 = 72 e B = K/q → B = 144/3 = 𝐴 𝐵 𝐴+𝐵 𝑀 𝑀. 𝑝. 𝑞


= = = = =𝑲
48 𝑐/𝑝 𝑑/𝑞 𝑐/𝑝 + 𝑑/𝑞 𝑐/𝑝 + 𝑑/𝑞 𝑐. 𝑞 + 𝑝. 𝑑

2 - Determinar números A e B inversamente proporcionais


a 6 e 8, sabendo-se que a diferença entre eles é 10. Para O valor de K proporciona a solução pois: A = K.c/p e B =
resolver este problema, tomamos A – B = 10. Assim: K.d/q.

𝐴 𝐵 𝐴−𝐵 10 Exemplos:
= = = = 240
1/6 1/8 1/6 − 1/8 1/24 1) Para decompor o número 58 em duas partes A e B
diretamente proporcionais a 2 e 3, e, inversamente
Assim A = K/p → A = 240/6 = 40 e B = K/q → B = 240/8 = proporcionais a 5 e 7, deve-se montar as proporções:
30
𝐴 𝐵 𝐴+𝐵 58
- Divisão em várias partes inversamente = = = = 70
2/5 3/7 2/5 + 3/7 29/35
proporcionais
Para decompor um número M em n partes x1, x2, ..., xn Assim A = K.c/p = (2/5).70 = 28 e B = K.d/q = (3/7).70 = 30
inversamente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor
este número M em n partes x1, x2, ..., xn diretamente 2) Para obter números A e B diretamente proporcionais a
proporcionais a 1/p1, 1/p2, ..., 1/pn. 4 e 3 e inversamente proporcionais a 6 e 8, sabendo-se que a
A montagem do sistema com n equações e n incógnitas, diferença entre eles é 21. Para resolver este problema basta
assume que x1 + x2 + ... + xn= M e além disso escrever que A – B = 21 resolver as proporções:

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APOSTILAS OPÇÃO

𝐴 𝐵 𝐴−𝐵 21 2) Dois ajudantes foram incumbidos de auxiliar no


= = = = 72
4/6 3/8 4/6 − 3/8 7/24 transporte de 21 caixas que continham equipamentos
elétricos. Para executar essa tarefa, eles dividiram o total de
Assim A = K.c/p = (4/6).72 = 48 e B = K.d/q = (3/8).72 = 27 caixas entre si, na razão inversa de suas respectivas idades. Se
ao mais jovem, que tinha 24 anos, coube transportar 12 caixas,
Divisão em n partes direta e inversamente então, a idade do ajudante mais velho, em anos era?
proporcionais A) 32
Para decompor um número M em n partes x1, x2, ..., xn B) 34
diretamente proporcionais a p1, p2, ..., pn e inversamente C) 35
proporcionais a q1, q2, ..., qn, basta decompor este número M D) 36
em n partes x1, x2, ..., xn diretamente proporcionais a p1/q1, E) 38
p2/q2, ..., pn/qn.
A montagem do sistema com n equações e n incógnitas Resolução:
exige que x1 + x2 + ... + xn = M e além disso v = idade do mais velho
Temos que a quantidade de caixas carregadas pelo mais
𝑥1 𝑥2 𝑥𝑛 novo:
= =⋯=
𝑝1 /𝑞1 𝑝2 /𝑞2 𝑝𝑛 /𝑞𝑛 Qn = 12
Pela regra geral da divisão temos:
A solução segue das propriedades das proporções: Qn = k.1/24 → 12 = k/24 → k = 288
A quantidade de caixas carregadas pelo mais velho é: 21 –
𝑥1 𝑥2 𝑥𝑛 𝑥𝑛 + 𝑥2 + ⋯ + 𝑥𝑛 12 = 9
= =⋯= 𝑝 =𝑝 𝑝 𝑝 =𝑲
𝑝1 /𝑞1 𝑝2 /𝑞2 𝑛 1
+ 2 +⋯+ 𝑛 Pela regra geral da divisão temos:
𝑞𝑛 𝑞1 𝑞2 𝑞𝑛 Qv = k.1/v → 9 = 288/v → v = 32 anos
Resposta A
Exemplos:
1) Para decompor o número 115 em três partes A, B e C 3) Em uma seção há duas funcionárias, uma com 20 anos
diretamente proporcionais a 1, 2 e 3 e inversamente de idade e a outra com 30. Um total de 150 processos foi
proporcionais a 4, 5 e 6, deve-se montar um sistema com 3 dividido entre elas, em quantidades inversamente
equações e 3 incógnitas de forma de A + B + C = 115 e tal que: proporcionais às suas respectivas idades. Qual o número de
processos recebido pela mais jovem?
𝐴 𝐵 𝐶 𝐴+𝐵+𝐶 115 A) 90
= = = = = 100
1/4 2/5 3/6 1/4 + 2/5 + 3/6 23/20 B) 80
C) 60
Logo A = K.p1/q1 = (1/4)100 = 25, B = K.p2/q2 = (2/5)100 = D) 50
40 e C = K.p3/q3 = (3/6)100 = 50 E) 30

2) Determinar números A, B e C diretamente Estamos trabalhando aqui com divisão em duas partes
proporcionais a 1, 10 e 2 e inversamente proporcionais a 2, 4 inversamente proporcionais, para a resolução da mesma
e 5, de modo que 2A + 3B - 4C = 10. temos que:
A montagem do problema fica na forma:
𝐴 𝐵 𝐴+𝐵 𝑀 𝑀. 𝑝. 𝑞
𝐴 𝐵 𝐶 2𝐴 + 3𝐵 − 4𝐶 10 100 = = = = =𝑲
= = = = = 1/𝑝 1/𝑞 1/𝑝 + 1/𝑞 1/𝑝 + 1/𝑞 𝑝+𝑞
1/2 10/4 2/5 2/2 + 30/4 − 8/5 69/10 69
O valor de K proporciona a solução pois: A = K/p e B =
A solução é A = K.p1/q1 = 50/69, B = K.p2/q2 = 250/69 e C K/q.
= K.p3/q3 = 40/69
Vamos chamar as funcionárias de p e q respectivamente:
Problemas envolvendo Divisão Proporcional p = 20 anos (funcionária de menor idade)
1) As famílias de duas irmãs, Alda e Berta, vivem na mesma q = 30 anos
casa e a divisão de despesas mensais é proporcional ao Como será dividido os processos entre as duas, logo cada
número de pessoas de cada família. Na família de Alda são três uma ficará com A e B partes que totalizam 150:
pessoas e na de Berta, cinco. Se a despesa, num certo mês foi A + B = 150 processos
de R$ 1.280,00, quanto pagou, em reais, a família de Alda? 𝐴 𝐵 150 150
A) 320,00 = = =
1 1 1 1 1 1
B) 410,00 + +
𝑝 𝑞 20 30 20 30
C) 450,00
D) 480,00 150.20.30 90000
E) 520,00 = = = 𝟏𝟖𝟎𝟎
20 + 30 50

Resolução: A = k/p → A = 1800 / 20 → A = 90 processos.


Alda: A = 3 pessoas
Berta: B = 5 pessoas Questões
A + B = 1280
𝐴 𝐵 𝐴 + 𝐵 1280 01. (Pref. Paulistana/PI – Professor de Matemática –
+ = = = 160
3 5 3+5 8 IMA) Uma herança de R$ 750.000,00 deve ser repartida entre
três herdeiros, em partes proporcionais a suas idades que são
A = K.p = 160.3 = 480 de 5, 8 e 12 anos. O mais velho receberá o valor de:
Resposta D (A) R$ 420.000,00
(B) R$ 250.000,00
(C) R$ 360.000,00

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APOSTILAS OPÇÃO

(D) R$ 400.000,00 Vejamos a tabela abaixo:


(E) R$ 350.000,00
Grandezas Relação Descrição
02. (TRF 3ª – Técnico Judiciário – FCC) Quatro
funcionários dividirão, em partes diretamente proporcionais Nº de
MAIS funcionários contratados
aos anos dedicados para a empresa, um bônus de R$36.000,00. funcionário x Direta
demanda MAIS serviço produzido
Sabe-se que dentre esses quatro funcionários um deles já serviço
possui 2 anos trabalhados, outro possui 7 anos trabalhados,
outro possui 6 anos trabalhados e o outro terá direito, nessa Nº de
MAIS funcionários contratados
divisão, à quantia de R$6.000,00. Dessa maneira, o número de funcionário x Inversa
exigem MENOS tempo de trabalho
anos dedicados para a empresa, desse último funcionário tempo
citado, é igual a
(A) 5. Nº de MAIS eficiência (dos funcionários)
(B) 7. funcionário x Inversa exige MENOS funcionários
(C) 2. eficiência contratados
(D) 3.
(E) 4. Quanto MAIOR o grau de
Nº de
dificuldade de um serviço, MAIS
03. (Câmara de São Paulo/SP – Técnico Administrativo funcionário x Direta
funcionários deverão ser
– FCC) Uma prefeitura destinou a quantia de 54 milhões de grau dificuldade
contratados
reais para a construção de três escolas de educação infantil. A
área a ser construída em cada escola é, respectivamente, 1.500 MAIS serviço a ser produzido
m², 1.200 m² e 900 m² e a quantia destinada à cada escola é Serviço x tempo Direta
exige MAIS tempo para realiza-lo
diretamente proporcional a área a ser construída.
Sendo assim, a quantia destinada à construção da escola Quanto MAIOR for a eficiência dos
com 1.500 m² é, em reais, igual a Serviço x
Direta funcionários, MAIS serviço será
(A) 22,5 milhões. eficiência
produzido
(B) 13,5 milhões.
(C) 15 milhões. Quanto MAIOR for o grau de
(D) 27 milhões. Serviço x grau
Inversa dificuldade de um serviço, MENOS
(E) 21,75 milhões. de dificuldade
serviços serão produzidos

Respostas Quanto MAIOR for a eficiência dos


Tempo x funcionários, MENOS tempo será
01. Resposta: C. Inversa
eficiência necessário para realizar um
5x + 8x + 12x = 750.000
determinado serviço
25x = 750.000
x = 30.000
Quanto MAIOR for o grau de
O mais velho receberá: 1230000=360000
Tempo x grau dificuldade de um serviço, MAIS
Direta
de dificuldade tempo será necessário para
02. Resposta: D.
realizar determinado serviço
2x + 7x + 6x + 6000 = 36000
15x = 30000
x = 2000
Como o último recebeu R$ 6.000,00, significa que ele se Exemplos:
dedicou 3 anos a empresa, pois 2000.3 = 6000 1) Um carro faz 180 km com 15L de álcool. Quantos litros
de álcool esse carro gastaria para percorrer 210 km?
03. Resposta: A. O problema envolve duas grandezas: distância e litros de
1500x + 1200x + 900x = 54000000 álcool.
3600x = 54000000 Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
x = 15000 consumido.
Escola de 1500 m²: 1500.15000 = 22500000 = 22,5 Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
milhões. mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
correspondem em uma mesma linha:

Distância (km) Litros de álcool


Regra de três simples e 180 ---- 15
composta 210 ---- x

Na coluna em que aparece a variável x (“litros de álcool”),


REGRA DE TRÊS SIMPLES vamos colocar uma flecha:

Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente


ou inversamente proporcionais podem ser resolvidos através
de um processo prático, chamado regra de três simples. Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo de
álcool também duplica. Então, as grandezas distância e litros
de álcool são diretamente proporcionais. No esquema que
estamos montando, indicamos esse fato colocando uma flecha
na coluna “distância” no mesmo sentido da flecha da coluna
“litros de álcool”:

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APOSTILAS OPÇÃO

Queremos determinar um desses valores, conhecidos os


outros três.

Armando a proporção pela orientação das flechas, temos: Se duplicarmos a velocidade inicial do carro, o tempo gasto
para fazer o percurso cairá para a metade; logo, as grandezas
180 15 são inversamente proporcionais. Assim, os números 180 e 300
=
210 𝑥 são inversamente proporcionais aos números 20 e x.
→ 𝑜𝑚𝑜 180 𝑒 210 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑟 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 30, 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: Daí temos:
180: 30 15 1806 15 3600
= = 180.20 = 300. 𝑥 → 300𝑥 = 3600 → 𝑥 =
210: 30 𝑥 2107 𝑥 300
𝑥 = 12
→ 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑎𝑑𝑜(𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑒𝑚𝑜𝑠) Conclui-se, então, que se o competidor tivesse andando em
105 300 km/h, teria gasto 12 segundos para realizar o percurso.
→ 6𝑥 = 7.156𝑥 = 105 → 𝑥 = = 𝟏𝟕, 𝟓
6
Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool. Questões

2) Viajando de automóvel, à velocidade de 50 km/h, eu 01. (PM/SP – Oficial Administrativo – VUNESP) Em 3 de


gastaria 7 h para fazer certo percurso. Aumentando a maio de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte
velocidade para 80 km/h, em quanto tempo farei esse informação sobre o número de casos de dengue na cidade de
percurso? Campinas.

Indicando por x o número de horas e colocando as


grandezas de mesma espécie em uma mesma coluna e as
grandezas de espécies diferentes que se correspondem em
uma mesma linha, temos:

Velocidade (km/h) Tempo (h)


50 ---- 7
80 ---- x

Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), vamos


colocar uma flecha:

Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo fica


reduzido à metade. Isso significa que as grandezas velocidade
e tempo são inversamente proporcionais. No nosso
De acordo com essas informações, o número de casos
esquema, esse fato é indicado colocando-se na coluna
registrados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014,
“velocidade” uma flecha em sentido contrário ao da flecha da
teve um aumento em relação ao número de casos registrados
coluna “tempo”:
em 2007, aproximadamente, de
(A) 70%.
(B) 65%.
(C) 60%.
(D) 55%.
(E) 50%.
Na montagem da proporção devemos seguir o sentido das
flechas. Assim, temos: 02. (FUNDUNESP – Assistente Administrativo –
7 80 7 808 VUNESP) Um título foi pago com 10% de desconto sobre o
= , 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑙𝑎𝑑𝑜 → = 5 → 7.5 = 8. 𝑥
𝑥 50 𝑥 50 valor total. Sabendo-se que o valor pago foi de R$ 315,00, é
correto afirmar que o valor total desse título era de
35 (A) R$ 345,00.
𝑥= → 𝑥 = 4,375 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠
8 (B) R$ 346,50.
(C) R$ 350,00.
Como 0,375 corresponde 22 minutos (0,375 x 60 minutos), (D) R$ 358,50.
então o percurso será feito em 4 horas e 22 minutos (E) R$ 360,00.
aproximadamente.
03. (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF.
3) Ao participar de um treino de fórmula Indy, um IMARUÍ) Manoel vendeu seu carro por R$27.000,00(vinte e
competidor, imprimindo a velocidade média de 180 km/h, faz sete mil reais) e teve um prejuízo de 10%(dez por cento) sobre
o percurso em 20 segundos. Se a sua velocidade fosse de 300 o valor de custo do tal veículo, por quanto Manoel adquiriu o
km/h, que tempo teria gasto no percurso? carro em questão?
(A) R$24.300,00
Vamos representar pela letra x o tempo procurado. (B) R$29.700,00
Estamos relacionando dois valores da grandeza velocidade (C) R$30.000,00
(180 km/h e 300 km/h) com dois valores da grandeza tempo (D)R$33.000,00
(20 s e x s). (E) R$36.000,00

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APOSTILAS OPÇÃO

Respostas

01. Resposta: E.
Utilizaremos uma regra de três simples:
ano %
11442 ------- 100 Agora vamos montar a proporção, igualando a razão que
17136 ------- x
11442.x = 17136 . 100 x = 1713600 / 11442 = 149,8% 4
contém o x, que é , com o produto das outras razões, obtidas
(aproximado) x
149,8% – 100% = 49,8%
Aproximando o valor, teremos 50%  6 160  :
segundo a orientação das flechas  . 
 8 300 
02. Resposta: C.
Se R$ 315,00 já está com o desconto de 10%, então R$
315,00 equivale a 90% (100% - 10%).
Utilizaremos uma regra de três simples:
$ %
315 ------- 90 Simplificando as proporções obtemos:
x ------- 100 4 2 4.5
= → 2𝑥 = 4.5 → 𝑥 = → 𝑥 = 10
90.x = 315 . 100 x = 31500 / 90 = R$ 350,00 𝑥 5 2

03. Resposta: C. Resposta: Em 10 dias.


Como ele teve um prejuízo de 10%, quer dizer 27000 é
90% do valor total. 2) Uma empreiteira contratou 210 pessoas para
Valor % pavimentar uma estrada de 300 km em 1 ano. Após 4 meses de
27000 ------ 90 serviço, apenas 75 km estavam pavimentados. Quantos
X ------- 100 empregados ainda devem ser contratados para que a obra seja
concluída no tempo previsto?
27000 909 27000 9
= 10 → = → 9.x = 27000.10 → 9x = 270000 Comparemos cada grandeza com aquela em que está o x.
𝑥 100 𝑥 10
→ x = 30000. As grandezas “pessoas” e “tempo” são inversamente
proporcionais (duplicando o número de pessoas, o tempo fica
REGRA DE TRÊS COMPOSTA reduzido à metade). No nosso esquema isso será indicado
colocando-se na coluna “tempo” uma flecha no sentido
O processo usado para resolver problemas que envolvem contrário ao da flecha da coluna “pessoas”:
mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
proporcionais, é chamado regra de três composta.

Exemplos:
1) Em 4 dias 8 máquinas produziram 160 peças. Em
quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras produziriam
As grandezas “pessoas” e “estrada” são diretamente
300 dessas peças?
proporcionais. No nosso esquema isso será indicado
Indiquemos o número de dias por x. Coloquemos as
colocando-se na coluna “estrada” uma flecha no mesmo
grandezas de mesma espécie em uma só coluna e as grandezas
sentido da flecha da coluna “pessoas”:
de espécies diferentes que se correspondem em uma mesma
linha. Na coluna em que aparece a variável x (“dias”),
coloquemos uma flecha:

Comparemos cada grandeza com aquela em que está o x.

As grandezas peças e dias são diretamente proporcionais. Como já haviam 210 pessoas trabalhando, logo 315 – 210
No nosso esquema isso será indicado colocando-se na coluna = 105 pessoas.
“peças” uma flecha no mesmo sentido da flecha da coluna Reposta: Devem ser contratados 105 pessoas.
“dias”:
Referências
MARIANO, Fabrício – Matemática Financeira para Concursos – 3ª Edição –
Rio de Janeiro: Elsevier,2013.

Questões

As grandezas máquinas e dias são inversamente 01. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO
proporcionais (duplicando o número de máquinas, o número ADMINISTRATIVO – FCC) O trabalho de varrição de 6.000 m²
de dias fica reduzido à metade). No nosso esquema isso será de calçada é feita em um dia de trabalho por 18 varredores
indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma flecha no trabalhando 5 horas por dia. Mantendo-se as mesmas
sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”: proporções, 15 varredores varrerão 7.500 m² de calçadas, em
um dia, trabalhando por dia, o tempo de
(A) 8 horas e 15 minutos.
(B) 9 horas.

Matemática 26
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APOSTILAS OPÇÃO

(C) 7 horas e 45 minutos. Quanto menos funcionários, mais dias devem ser
(D) 7 horas e 30 minutos. trabalhados (inversamente proporcionais).
(E) 5 horas e 30 minutos. Quanto mais horas por dia, menos dias devem ser
trabalhados (inversamente proporcionais).
02. (PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL) Uma Funcionários horas dias
equipe constituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por 8---------------9-------------- 27
dia durante 60 dias, realiza o calçamento de uma área igual a 10----------------8----------------x
4800 m². Se essa equipe fosse constituída por 15 operários,
trabalhando 10 horas por dia, durante 80 dias, faria o 27
=
8

9
→ x.8.9 = 27.10.8 → 72x = 2160 → x = 30 dias.
calçamento de uma área igual a: 𝑥 10 8

(A) 4500 m²
(B) 5000 m²
(C) 5200 m² Porcentagem
(D) 6000 m²
(E) 6200 m²

03. (PC/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Dez Razões de denominador 100 que são chamadas de
funcionários de uma repartição trabalham 8 horas por dia, razões centesimais ou taxas percentuais ou simplesmente de
durante 27 dias, para atender certo número de pessoas. Se um porcentagem. Servem para representar de uma
funcionário doente foi afastado por tempo indeterminado e maneira prática o "quanto" de um "todo" se está
outro se aposentou, o total de dias que os funcionários referenciando.
restantes levarão para atender o mesmo número de pessoas, Costumam ser indicadas pelo numerador seguido do
trabalhando uma hora a mais por dia, no mesmo ritmo de símbolo % (Lê-se: “por cento”).
trabalho, será: 𝒙
(A) 29. 𝒙% =
𝟏𝟎𝟎
(B) 30.
(C) 33. Exemplo:
(D) 28. Em uma classe com 30 alunos, 18 são rapazes e 12 são
(E) 31. moças. Qual é a taxa percentual de rapazes na classe?
Resolução: A razão entre o número de rapazes e o total de
Respostas 18
alunos é . Devemos expressar essa razão na forma
30
01. Resposta: D. centesimal, isto é, precisamos encontrar x tal que:
Comparando- se cada grandeza com aquela onde esta o x.
M² varredores horas 18 𝑥
= ⟹ 𝑥 = 60
6000--------------18-------------- 5 30 100
7500--------------15--------------- x
Quanto mais a área, mais horas (diretamente E a taxa percentual de rapazes é 60%. Poderíamos ter
proporcionais) divido 18 por 30, obtendo:
Quanto menos trabalhadores, mais horas (inversamente
proporcionais) 18
= 0,60(. 100%) = 60%
5 6000 15 30
= ∙
𝑥 7500 18
- Lucro e Prejuízo
6000 ∙ 15 ∙ 𝑥 = 5 ∙ 7500 ∙ 18 É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo.
90000𝑥 = 675000 Caso a diferença seja positiva, temos o lucro(L), caso seja
𝑥 = 7,5 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 negativa, temos prejuízo(P).
Como 0,5 h equivale a 30 minutos, logo o tempo será de 7
horas e 30 minutos. Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).

02. Resposta: D. Podemos ainda escrever:


Operários horas dias área C + L = V ou L = V - C
20-----------------8-------------60-------4800 P = C – V ou V = C - P
15----------------10------------80-------- x
Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo: A forma percentual é:

4800 20 8 60
= ∙ ∙
𝑥 15 10 80
20 ∙ 8 ∙ 60 ∙ 𝑥 = 4800 ∙ 15 ∙ 10 ∙ 80
9600𝑥 = 57600000
𝑥 = 6000𝑚²
Exemplo:
03. Resposta: B. Um objeto custa R$ 75,00 e é vendido por R$ 100,00.
Temos 10 funcionários inicialmente, com os afastamento Determinar:
esse número passou para 8. Se eles trabalham 8 horas por dia, a) a porcentagem de lucro em relação ao preço de custo;
passarão a trabalhar uma hora a mais perfazendo um total de b) a porcentagem de lucro em relação ao preço de venda.
9 horas, nesta condições temos:
Funcionários horas dias Resolução:
10---------------8--------------27 Preço de custo + lucro = preço de venda → 75 + lucro =100
8----------------9-------------- x → Lucro = R$ 25,00

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APOSTILAS OPÇÃO

𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 Questões
𝑎) . 100% ≅ 33,33%
𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜
01. Marcos comprou um produto e pagou R$ 108,00, já
𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 inclusos 20% de juros. Se tivesse comprado o produto, com
𝑏) . 100% = 25% 25% de desconto, então, Marcos pagaria o valor de:
𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎
(A) R$ 67,50
- Aumento e Desconto Percentuais (B) R$ 90,00
A) Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo (C) R$ 75,00
por (𝟏 +
𝒑
).V . (D) R$ 72,50
𝟏𝟎𝟎
Logo: 02. O departamento de Contabilidade de uma empresa tem
𝒑
VA = (𝟏 + ).V 20 funcionários, sendo que 15% deles são estagiários. O
𝟏𝟎𝟎
departamento de Recursos Humanos tem 10 funcionários,
Exemplo: sendo 20% estagiários. Em relação ao total de funcionários
1 - Aumentar um valor V de 20%, equivale a multiplicá-lo desses dois departamentos, a fração de estagiários é igual a
por 1,20, pois: (A) 1/5.
20
(1 + ).V = (1+0,20).V = 1,20.V (B) 1/6.
100
(C) 2/5.
B) Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo (D) 2/9.
𝒑 (E) 3/5.
por (𝟏 − ).V.
𝟏𝟎𝟎
Logo: 03. Quando calculamos 15% de 1.130, obtemos, como
𝒑
V D = (𝟏 − ).V resultado
𝟏𝟎𝟎
(A) 150
Exemplo: (B) 159,50;
Diminuir um valor V de 40%, equivale a multiplicá-lo por (C) 165,60;
0,60, pois: (D) 169,50.
40
(1 − ). V = (1-0,40). V = 0, 60.V
100 Comentários
𝒑 𝒑
A esse valor final de (𝟏 + ) ou (𝟏 − ), é o que 01. Resposta: A.
𝟏𝟎𝟎 𝟏𝟎𝟎
chamamos de fator de multiplicação, muito útil para Como o produto já está acrescido de 20% juros sobre o seu
resolução de cálculos de porcentagem. O mesmo pode ser um preço original, temos que:
acréscimo ou decréscimo no valor do produto. 100% + 20% = 120%
Precisamos encontrar o preço original (100%) da
- Aumentos e Descontos Sucessivos mercadoria para podermos aplicarmos o desconto.
São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Utilizaremos uma regra de 3 simples para encontrarmos:
Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos R$ %
uso dos fatores de multiplicação. 108 ---- 120
X ----- 100
Vejamos alguns exemplos: 120x = 108.100 → 120x = 10800 → x = 10800/120 → x =
1) Dois aumentos sucessivos de 10% equivalem a um 90,00
único aumento de...? O produto sem o juros, preço original, vale R$ 90,00 e
𝑝
Utilizando VA = (1 + ).V → V. 1,1 , como são dois de representa 100%. Logo se receber um desconto de 25%,
100
10% temos → V. 1,1 . 1,1 → V. 1,21 Analisando o fator de significa ele pagará 75% (100 – 25 = 75%) → 90. 0,75 = 67,50
multiplicação 1,21; concluímos que esses dois aumentos Então Marcos pagou R$ 67,50.
significam um único aumento de 21%.
Observe que: esses dois aumentos de 10% equivalem a 02. Resposta: B.
15 30
21% e não a 20%. * Dep. Contabilidade: . 20 = = 3 → 3 (estagiários)
100 10

2) Dois descontos sucessivos de 20% equivalem a um * Dep. R.H.:


20
. 10 =
200
= 2 → 2 (estagiários)
único desconto de: 100 100
𝑝
Utilizando VD = (1 − ).V → V. 0,8 . 0,8 → V. 0,64 . . 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑔𝑖á𝑟𝑖𝑜𝑠 5 1
100
Analisando o fator de multiplicação 0,64, observamos que ∗ 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = = =
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜𝑠 30 6
esse percentual não representa o valor do desconto, mas sim
o valor pago com o desconto. Para sabermos o valor que 03. Resposta: D.
representa o desconto é só fazermos o seguinte cálculo: 15% de 1130 = 1130.0,15 ou 1130.15/100 → 169,50
100% - 64% = 36%
Observe que: esses dois descontos de 20% equivalem a
36% e não a 40%.
Juro simples: juros, capital,
Referências tempo, taxas e montantes
IEZZI, Gelson – Fundamentos da Matemática – Vol. 11 – Financeira e
Estatística Descritiva
IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único
http://www.porcentagem.org
http://www.infoescola.com
JUROS

A Matemática Financeira é um ramo da Matemática


Aplicada que estuda as operações financeiras de uma forma
geral, analisando seus diferentes fluxos de caixa ao longo do

Matemática 28
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APOSTILAS OPÇÃO

tempo, muito utilizada hoje para programar a vida financeira 3) A taxa i e o tempo t devem ser expressos na mesma
não só de empresas mais também dos indivíduos. unidade.
Existe também o que chamamos de Regime de 4) Nessa fórmula, a taxa i deve ser expressa na forma
Capitalização, que é a maneira pelo qual será pago o juro por decimal.
um capital aplicado ou tomado emprestado. 5) Chamamos de montante (M) ou FV (valor futuro) a
soma do capital com os juros, ou seja:
Elementos Básicos: Na fórmula J= C . i . t, temos quatro variáveis. Se três delas
- Valor Presente ou Capital Inicial ou Principal (PV, P forem valores conhecidos, podemos calcular o 4º valor.
ou C): termo proveniente do inglês “Present Value”, sendo
caracterizado como a quantidade inicial de moeda que uma M = C + J → M = C. (1+i.t)
pessoa tem em disponibilidade e concorda em ceder a outra
pessoa, por um determinado período, mediante o pagamento Exemplo:
de determinada remuneração. Qual o valor dos juros correspondentes a um empréstimo
de R$ 10.000,00, pelo prazo de 15 meses, sabendo-se que a
- Taxa de Juros (i): termo proveniente do inglês “Interest taxa cobrada é de 3% a m.?
Rate” (taxa de juros) e relacionado à sua maneira de Dados:
incidência. Salientamos que a taxa pode ser mensal, anual, PV = 10.000,00
semestral, bimestral, diária, entre outras. n = 15 meses
i = 3% a.m = 0,03
- Juros (J): é o que pagamos pelo aluguel de determinada J=?
quantia por um dado período, ou seja, é a nomenclatura dada Solução:
à remuneração paga para que um indivíduo ceda J = PV.i.n → J = 10.000 x 0,03 x 15 → J = 4.500,00
temporariamente o capital que dispõe.
Para não esquecer!!!
- Montante ou Valor Futuro (FV ou M): termo Só podemos efetuar operações algébricas com valores
proveniente do inglês “Future Value”, sendo caracterizado em referenciados na mesma unidade, ou seja, se apresentarmos
termos matemáticos como a soma do capital inicial mais os a taxa de juros como a anual, o prazo em questão também
juros capitalizados durante o período. Em outras palavras, é a deve ser referenciado em anos. Ou seja, as unidades de tempo
quantidade de moeda (ou dinheiro) que poderá ser usufruída referentes à taxa de juros (i) e do período (t), tem de ser
no futuro. Em símbolos, escrevemos FV = PV + J. necessariamente iguais. Este é um detalhe importantíssimo,
que não pode ser esquecido!
- Tempo ou período de capitalização (n ou t): nada mais
é do que a duração da operação financeira, ou seja, o horizonte Questões
da operação financeira em questão. O prazo pode ser descrito
em dias, meses, anos, semestres, entre outros. 01. Uma aplicação de R$ 1.000.000,00 resultou em um
montante de R$ 1.240.000,00 após 12 meses. Dentro do
JUROS SIMPLES regime de Juros Simples, a que taxa o capital foi aplicado?
(A) 1,5% ao mês.
Em regime linear de juros (ou juros simples), o juro é (B) 4% ao trimestre.
determinado tomando como base de cálculo o capital da (C) 20% ao ano.
operação, e o total do juro é devido ao credor (aquele que (D) 2,5% ao bimestre.
empresta) no final da operação. As operações aqui são de (E) 12% ao semestre.
curtíssimo prazo, exemplo: desconto simples de duplicata,
“Hot Money” entre outras. 02. Mirtes aplicou um capital de R$ 670,00 à taxa de juros
No juros simples o juro de cada intervalo de tempo sempre simples, por um período de 16 meses. Após esse período, o
é calculado sobre o capital inicial emprestado ou aplicado. montante retirado foi de R$ 766,48. A taxa de juros praticada
nessa transação foi de:
Chamamos de simples os juros que são somados ao capital (A) 9% a.a.
inicial no final da aplicação. (B) 10,8% a.a.
(C) 12,5% a.a.
Devemos sempre relacionar taxa e tempo numa mesma (D) 15% a.a.
unidade:
Taxa anual Tempo em anos 03. Qual o valor do capital que aplicado por um ano e meio,
Taxa mensal Tempo em meses a uma taxa de 1,3% ao mês, em regime de juros simples resulta
Taxa diária Tempo em dias em um montante de R$ 68.610,40 no final do período?
E assim sucessivamente (A) R$ 45.600,00
(B) R$ 36.600,00
Podemos definir o Juros como: (C) R$ 55.600,00
J=C.i.t (D) R$ 60.600,00
Onde:
J = Juros Comentários

C = Capital 01. Resposta: E


i = taxa C = 1.000.000,00
t = tempo M = 1.240.000,00
t = 12 meses
1) O capital cresce linearmente com o tempo; i=?
2) O capital cresce a uma progressão aritmética de razão: J M = C.(1+it) → 1240000 = 1000000(1 + 12i) → 1 + 12i =
= C.i 1240000 / 1000000 → 1 + 12i = 1,24 → 12i = 1,24 – 1 → 12i =
0,24 → i = 0,24 / 12 → i = 0,02 → i = 0,02x100 → i = 2% a.m

Matemática 29
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APOSTILAS OPÇÃO

Como não encontramos esta resposta nas alternativas, P termo “propriedade P que caracteriza os elementos de
vamos transformar, uma vez que sabemos a taxa mensal: um conjunto A” significa que, dado um elemento x qualquer
Um bimestre tem 2 meses → 2 x 2 = 4% a.b. temos:
Um trimestre tem 3 meses → 2 x 3 = 6% a.t. Assim sendo, o conjunto dos elementos x que possuem a
Um semestre tem 6 meses → 2 x 6 = 12% a.s. propriedade P é indicado por:
Um ano tem 1 ano 12 meses → 2 x 12 = 24% a.a. {x, tal que x tem a propriedade P}
Uma vez que “tal que” pode ser denotado por t.q. ou | ou
02. Resposta: B ainda :, podemos indicar o mesmo conjunto por:
Pelo enunciado temos: {x, t . q . x tem a propriedade P} ou, ainda,
C = 670 {x : x tem a propriedade P}
i=?
n = 16 meses Exemplos
M = 766,48 - { x, t.q. x é vogal } é o mesmo que {a, e, i, o, u}
Aplicando a fórmula temos: M = C.(1+in) → 766,48 = 670 - {x | x é um número natural menor que 4 } é o mesmo que
(1+16i) → 1 + 16i = 766,48 / 670 →1 + 16i = 1,144 → 16i = {0, 1, 2, 3}
1,144 – 1 → 16i = 0,144 → i = 0,144 / 16 → i = 0,009 x 100 → i - {x : x em um número inteiro e x² = x } é o mesmo que {0,
= 0,9% a.m. 1}
Observe que as taxas das alternativas são dadas em ano,
logo como 1 ano tem 12 meses: 0,9 x 12 = 10,8% a.a. Pelo diagrama de Venn-Euler: O diagrama de Venn-Euler
consiste em representar o conjunto através de um “círculo” de
03. Resposta: C tal forma que seus elementos e somente eles estejam no
C=? “círculo”.
n = 1 ano e meio = 12 + 6 = 18 meses
i = 1,3% a.m = 0,013 Exemplos
M = 68610,40 - Se A = {a, e, i, o, u} então
Aplicando a fórmula: M = C (1+in) → 68610,40 = C
(1+0,013.18) → 68610,40 = C (1+0,234) → C = 68610,40 =
C.1,234 → C = 68610,40 / 1,234 → C = 55600,00.

Fundamentos da Teoria dos


Conjuntos
- Se B = {0, 1, 2, 3 }, então
Os conceitos de conjunto, elemento e pertinência são
primitivos, ou seja, não são definidos.
Esses objetos podem ser de qualquer natureza. Podemos
falar em conjunto de casas, de alunos, de logotipos, de figuras
geométricas, de números etc.
Conjuntos, como usualmente são concebidos, têm
elementos. Um conjunto geralmente é indicado por uma letra
maiúscula do alfabeto.
Os objetos que compõem um conjunto são chamados Conjunto Vazio
elementos. Convém frisar que um conjunto pode ele mesmo Conjunto vazio é aquele que não possui elementos.
ser elemento de algum outro conjunto. Representa-se pela letra do alfabeto norueguês Ø ou,
Em geral indicaremos os conjuntos pelas letras maiúsculas simplesmente { }.
A, B, C, ..., X, e os elementos pelas letras minúsculas a, b, c, ..., x,
y, ..., embora não exista essa obrigatoriedade. Exemplos
Outro conceito fundamental é o de relação de pertinência - Ø= {x : x é um número inteiro e 3x = 1}
que nos dá um relacionamento entre um elemento e um - Ø= {x | x é um número natural e 3 – x = 4}
conjunto. - Ø= {x | x ≠ x}
Se x é um elemento de um conjunto A, escreveremos x∈A
Lê-se: x é elemento de A ou x pertence a A. Subconjunto
Se x não é um elemento de um conjunto A, escreveremos Sejam A e B dois conjuntos. Se todo elemento de A é
x∉A também elemento de B, dizemos que A é um subconjunto de B
Lê-se x não é elemento de A ou x não pertence a A. ou A é a parte de B ou, ainda, A está contido em B e indicamos
por A ⊂ B.
Como representar um conjunto
Pela designação de seus elementos: Escrevemos os Portanto, A ⊄B significa que A não é um subconjunto de B
elementos entre chaves, separando os por vírgula. ou A não é parte de B ou, ainda, A não está contido em B.
Por outro lado, A ⊄ B se, e somente se, existe, pelo menos,
Exemplos um elemento de A que não é elemento de B.
{3, 6, 7, 8} indica o conjunto formado pelos elementos 3, 6,
7 e 8. Exemplos
{a; b; m} indica o conjunto constituído pelos elementos a, - {2, 4} ⊂{2, 3, 4}, pois 2 ∈ {2, 3, 4} e 4 ∈ {2, 3, 4}
b, m. - {2, 3, 4}  {2, 4}, pois 3 ∉{2, 4}
Pela propriedade de seus elementos: Conhecida uma - {5, 6} ⊂ {5, 6}, pois 5 ∈{5, 6} e 6 ∈{5, 6}
propriedade P que caracteriza os elementos de um conjunto A,
este fica bem determinado.

Matemática 30
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APOSTILAS OPÇÃO

Inclusão e pertinência Observe o diagrama e comprove.


A definição de subconjunto estabelece um relacionamento
entre dois conjuntos e recebe o nome de relação de inclusão
(⊂).
A relação de pertinência (∈) estabelece um relacionamento
entre um elemento e um conjunto e, portanto, é diferente da
relação de inclusão.

Exemplo
{1, 3} ⊂{1, 3, 4}
2 ∈ {2, 3, 4}

Igualdade
Sejam A e B dois conjuntos. Dizemos que A é igual a B e
indicamos por A = B se, e somente se, A é subconjunto de B e B
é também subconjunto de A.
Demonstrar que dois conjuntos A e B são iguais equivale, 𝑛(𝐴 ∪ 𝐵 ∪ 𝐶) = 𝑛(𝐴) + 𝑛(𝐵) + 𝑛(𝐶) − 𝑛(𝐴 ∩ 𝐵) −
segundo a definição, a demonstrar que A ⊂ B e B ⊂ A. −𝑛(𝐴 ∩ 𝐶) − 𝑛(𝐵 ∩ 𝐶) + 𝑛(𝐴 ∩ 𝐵 ∩ 𝐶)
Segue da definição que dois conjuntos são iguais se, e
somente se, possuem os mesmos elementos. Conjunto das partes
Portanto A ≠ B significa que A é diferente de B. Portanto A Dado um conjunto A podemos construir um novo conjunto
≠ B se, e somente se, A não é subconjunto de B ou B não é formado por todos os subconjuntos (partes) de A. Esse novo
subconjunto de A. conjunto chama-se conjunto dos subconjuntos (ou das partes)
de A e é indicado por P(A).
Exemplos
- {2, 4} = {4, 2}, pois {2, 4} ⊂ {4, 2} e {4, 2}⊂ {2, 4}. Isto nos Exemplos
mostra que a ordem dos elementos de um conjunto não deve a) = {2, 4, 6}
ser levada em consideração. Em outras palavras, um conjunto P(A) = {Ø, {2}, {4}, {6}, {2,4}, {2,6}, {4,6}, A}
fica determinado pelos elementos que o mesmo possui e não
pela ordem em que esses elementos são descritos. b) = {3,5}
- {2, 2, 2, 4} = {2, 4}, pois {2, 2, 2, 4} ⊂ {2, 4} e {2, 4} ⊂ {2, 2, P(B) = {Ø, {3}, {5}, B}
2, 4}. Isto nos mostra que a repetição de elementos é
desnecessária. c) = {8}
- {a, a} = {a} P(C) = {Ø, C}
- {a, b} = {a} ↔ a= b
- {1, 2} = {x, y} ↔ (x = 1 e y = 2) ou (x = 2 e y = 1) d) = Ø
P(D) = {Ø}
Número de Elementos da União e da Intersecção de
Conjuntos Propriedades
Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura abaixo, Seja A um conjunto qualquer e Ø o conjunto vazio. Valem
podemos estabelecer uma relação entre os respectivos as seguintes propriedades:
números de elementos.
Ø≠(Ø) Ø∉Ø Ø⊂Ø Ø∈{Ø}
Ø⊂A ↔ Ø ∈ P(A) A ⊂ A ↔ A ∈ P(A)

Se A tem n elementos então A possui 2n subconjuntos e,


portanto, P(A) possui 2n elementos.

União de conjuntos
𝑛(𝐴 ∪ 𝐵) = 𝑛(𝐴) + 𝑛(𝐵) − 𝑛(𝐴 ∩ 𝐵)
A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjunto
formado por todos os elementos que pertencem a A ou a B.
Note que ao subtrairmos os elementos comuns (𝑛(𝐴 ∩ 𝐵))
Representa-se por A∪B.
evitamos que eles sejam contados duas vezes. Simbolicamente: A∪B = {X | X∈A ou X∈B}
Observações:
a) Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se mesmo um
deles estiver contido no outro, ainda assim a relação dada será
verdadeira.
b) Podemos ampliar a relação do número de elementos
para três ou mais conjuntos com a mesma eficiência.

Exemplos
- {2, 3}∪{4, 5, 6}={2, 3, 4, 5, 6}
- {2, 3, 4}∪{3, 4, 5}={2, 3, 4, 5}
- {2, 3}∪{1, 2, 3, 4}={1, 2, 3, 4}
- {a, b}∪{a, b}

Matemática 31
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APOSTILAS OPÇÃO

Intersecção de conjuntos Exemplos


A intersecção dos conjuntos A e B é o conjunto formado por Seja S = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}. Então:
todos os elementos que pertencem, simultaneamente, a A e a a) A = {2, 3, 4} → A ̅ = {0, 1, 5, 6}
B. Representa-se por A∩B. Simbolicamente: A∩B = {X | X∈A e b) B = {3, 4, 5, 6 } → B̅ = {0, 1, 2}
X∈B} c) C = Ø→ C̅ = S

Número de elementos de um conjunto


Sendo X um conjunto com um número finito de elementos,
representa-se por n(X) o número de elementos de X. Sendo,
ainda, A e B dois conjuntos quaisquer, com número finito de
elementos temos:
n(A ∪ B) = n(A) + n(B) - n(A ∩ B)
A ∩ B = Ø → n(A ∪ B) = n(A) + n(B)
Exemplos n(A - B) = n(A) - n(A ∩ B)
- {2, 3, 4}∩{3, 5}={3} B ⊂ A → n(A - B) = n(A) - n(B)
- {1, 2, 3}∩{2, 3, 4}={2, 3}
- {2, 3}∩{1, 2, 3, 5}={2, 3} Questões
- {2, 4}∩{3, 5, 7}=Ø
Observação: Se A∩B=Ø, dizemos que A e B são conjuntos 01. (MGS- Nível Fundamental Incompleto-IBFC) A
disjuntos. união entre os conjuntos A ={ 0,1,2,3,4,5} e B = {1,2,3,5,6,7,8}
é:
(A){0,1,2,3,5,6,7,8}
(B){0,1,2,3,4,5,6,7,8}
(C){1,2,3,4,5,6,7,8}
(D){0,1,2,3,4,5,6,8}

02. (Pref. de Maria Helena/PR - Professor - Ensino


Fundamental - FAFIPA) Considere os conjuntos A=
Subtração {3,6,11,13,21} e B= {2,3,4,6,9,11,13,19,21,23,26}. Sobre os
A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto formado conjuntos A e B podemos afirmar que:
por todos os elementos que pertencem a A e não pertencem a (A)A ⊂ B
B. Representa-se por A – B. Simbolicamente: A – B = {X | X ∈A (B)9 ∉ B
e X∉B} (C)17 ∈ A
(D)A ⊃ B

03. (Metrô/SP – Oficial Logística –Almoxarifado I –


FCC) O diagrama indica a distribuição de atletas da delegação
de um país nos jogos universitários por medalha conquistada.
Sabe-se que esse país conquistou medalhas apenas em
modalidades individuais. Sabe-se ainda que cada atleta da
delegação desse país que ganhou uma ou mais medalhas não
O conjunto A – B é também chamado de conjunto ganhou mais de uma medalha do mesmo tipo (ouro, prata,
complementar de B em relação a A, representado por CAB. bronze). De acordo com o diagrama, por exemplo, 2 atletas da
Simbolicamente: CAB = A – B = {X | X∈A e X∉B} delegação desse país ganharam, cada um, apenas uma medalha
de ouro.
Exemplos
A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2}
CAB = A – B = {1, 3} e CBA = B – A =Ø
A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4}
CAB = A – B = {1} e CBA = B – A = {14}

A = {0, 2, 4} e B = {1 ,3 ,5}
CAB = A – B = {0, 2, 4} e CBA = B – A = {1, 3, 5}

Observações: Alguns autores preferem utilizar o conceito A análise adequada do diagrama permite concluir
de completar de B em relação a A somente nos casos em que B corretamente que o número de medalhas conquistadas por
⊂ A. esse país nessa edição dos jogos universitários foi de:
- Se B ⊂ A representa-se por ̅B o conjunto complementar (A) 15.
de B em relação a A. Simbolicamente: B ⊂ A ↔ ̅B= A – B = CAB´ (B) 29.
(C) 52.
(D) 46.
(E) 40.

04. (Pref. de Camaçari/BA – Téc. Vigilância em Saúde


NM – AOCP) Qual é o número de elementos que formam o
conjunto dos múltiplos estritamente positivos do número 3,
menores que 31?
(A) 9
(B) 10
(C) 11

Matemática 32
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APOSTILAS OPÇÃO

(D) 12 06. Resposta: E.


(E) 13

05. (Pref. de Camaçari/BA – Téc. Vigilância em Saúde


NM – AOCP) Considere dois conjuntos A e B, sabendo que 𝐴 ∩
𝐵 = {3}, 𝐴 ∪ 𝐵 = {0; 1; 2; 3; 5} 𝑒 𝐴 − 𝐵 = {1; 2}, assinale a
alternativa que apresenta o conjunto B.
(A) {1;2;3}
(B) {0;3}
(C) {0;1;2;3;5}
(D) {3;5}
(E) {0;3;5}

06. (Metrô/SP – Engenheiro Segurança Do Trabalho – 92-38+x-x-42+x+94-38+x-x-60+x+110-42+x-x-60+x+38-


FCC) Uma pesquisa, com 200 pessoas, investigou como eram x+x+42-x+60-x+26=200
utilizadas as três linhas: A, B e C do Metrô de uma cidade. X=200-182
Verificou-se que 92 pessoas utilizam a linha A; 94 pessoas X=18
utilizam a linha B e 110 pessoas utilizam a linha C. Utilizam as
linhas A e B um total de 38 pessoas, as linhas A e C um total de
42 pessoas e as linhas B e C um total de 60 pessoas; 26 pessoas Conjuntos Numéricos:
que não se utilizam dessas linhas. Desta maneira, conclui-se
corretamente que o número de entrevistados que utilizam as
Números Naturais e Inteiros
linhas A e B e C é igual a: (divisibilidade, números
(A) 50. primos, fatoração, máximo
(B) 26.
(C) 56.
divisor comum, mínimo
(D) 10. múltiplo comum)
(E) 18.

Comentários OBS.: Caro(a) candidato(a), o conjunto dos números


inteiros, divisibilidade, fatoração, máximo divisor comum e
01. Resposta: B. mínimo múltiplo comum já abordamos nos dois primeiros
A ={0,1,2,3,4,5} e B = {1,2,3,5,6,7,8} tópicos.
A união entre conjunto é juntar A e B:
{0,1,2,3,4,5,6,7,8} CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS - N

02. Resposta: A. O surgimento do Conjunto dos Números Naturais, deveu-


A "está contido em" B ou seja todos os números do se à necessidade de se contarem objetos. Embora o zero não
conjunto A estão no conjunto B. seja um número natural no sentido que tenha sido proveniente
⊂ = A está contido em de objetos de contagens naturais, iremos considerá-lo como
∉ = não pertence um número natural uma vez que ele tem as mesmas
∈ = Pertence propriedades algébricas que estes números.

03. Resposta: D.
Pelo diagrama verifica-se o número de atletas que
ganharam medalhas. Subconjuntos notáveis em N:
No caso das intersecções, devemos multiplicar por 2 (por 1 – Números Naturais não nulos
ser 2 medalhas )e na intersecção das três medalhas N* ={1,2,3,4,...,n,...}; N* = N-{0}
(multiplica-se por 3).
Intersecções: 2 – Números Naturais pares
6 ∙ 2 = 12 Np = {0,2,4,6,...,2n,...}; com n ∈ N
1∙2=2
4∙2=8 3 - Números Naturais ímpares
3∙3=9 Ni = {1,3,5,7,...,2n+1,...} com n ∈ N
Somando as outras:
2+5+8+12+2+8+9=46 4 - Números primos
P = {2,3,5,7,11,13...}
04. Resposta: B.
A={3,6,9,12,15,18,21,24,27,30} A construção dos Números Naturais
10 elementos - Todo número natural dado tem um sucessor (número que
vem depois do número dado), considerando também o zero.
05. Resposta: E. - Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um
Como a intersecção dos dois conjuntos, mostra que 3 é antecessor (número que vem antes do número dado).
elemento de B. Exemplo:
A-B são os elementos que tem em A e não em B.
Então de AB, tiramos que B={0;3;5}.

Matemática 33
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APOSTILAS OPÇÃO

n = 0 x q = 0 o que não é correto! Assim, a divisão de n por


- Se um número natural é sucessor de outro, então os dois 0 não tem sentido ou ainda é dita impossível.
números juntos são chamados números consecutivos. Propriedades da Adição e da Multiplicação dos
Exemplos: números Naturais
a) 1 e 2 são números consecutivos. Para todo a, b e c ∈ 𝑁
b) 7 e 8 são números consecutivos. 1) Associativa da adição: (a + b) + c = a + (b + c)
2) Comutativa da adição: a + b = b + a
O conjunto abaixo é conhecido como o conjunto dos 3) Elemento neutro da adição: a + 0 = a
números naturais pares. P = {0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, ...} 4) Associativa da multiplicação: (a.b).c = a. (b.c)
O conjunto abaixo é conhecido como o conjunto dos 5) Comutativa da multiplicação: a.b = b.a
números naturais ímpares. I = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, ...} 6) Elemento neutro da multiplicação: a.1 = a
7) Distributiva da multiplicação relativamente à adição:
Operações com Números Naturais a.(b +c ) = ab + ac
8) Distributiva da multiplicação relativamente à
As duas principais operações possíveis no conjunto dos
subtração: a .(b –c) = ab –ac
números naturais são: a adição e a multiplicação.
9) Fechamento: tanto a adição como a multiplicação de um
número natural por outro número natural, continua como
- Adição de Números Naturais: tem por finalidade reunir
resultado um número natural.
em um só número, todas as unidades de dois ou mais números.
Exemplo: Referências
5 + 4 = 9, onde 5 e 4 são as parcelas e 9 soma ou total IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único
IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática – Volume 01 – Conjuntos e
Funções
- Subtração de Números Naturais: é usada quando
precisamos tirar uma quantia de outra, é a operação inversa
da adição. A operação de subtração só é válida nos naturais Questões
quando subtraímos o maior número do menor, ou seja quando
a - b tal que a ≥ 𝑏. Exemplo: 01. (UFSBA – Técnico em Tecnologia da Informação –
254 – 193 = 61, onde 254 é o minuendo, o 193 UFMT/2017) O esquema abaixo representa a subtração de
subtraendo e 61 a diferença. dois números inteiros, na qual alguns algarismos foram
substituídos pelas letras A, B, H e I.
Obs.: o minuendo também é conhecido como aditivo e o
subtraendo como subtrativo.

- Multiplicação de Números Naturais: tem por


finalidade adicionar o primeiro número denominado Obtido o resultado correto, a sequência BAHIA representa
multiplicando ou parcela, tantas vezes quantas são as o número:
unidades do segundo número denominadas multiplicador. (A) 69579
Exemplo: (B) 96756
2 x 5 = 10, onde 2 e 5 são os fatores e o 10 produto. (C) 75695
(D) 57697
Fique Atento!!!
02. (Câmara de Sumaré/SP – Escriturário –
2 vezes 5 é somar o número 2 cinco vezes:
VUNESP/2017) Se, numa divisão, o divisor e o quociente são
2 x 5 = 2 + 2 + 2 + 2 + 2 = 10.
iguais, e o resto é 10, sendo esse resto o maior possível, então
Podemos no lugar do “x” (vezes) utilizar o ponto (.), para
o dividendo é
indicar a multiplicação.
(A) 131.
(B) 121.
- Divisão de Números Naturais: dados dois números
(C) 120.
naturais, às vezes necessitamos saber quantas vezes o segundo
(D) 110.
está contido no primeiro. O primeiro número que é o maior é
(E) 101.
denominado dividendo (D) e o outro número que é menor é o
divisor (d). O resultado da divisão é chamado quociente (Q). Se
03. (Prefeitura de Canavieira/PI- Auxiliar de serviços
multiplicarmos o divisor pelo quociente obteremos o
gerais -IMA) São números pares, EXCETO:
dividendo. Muitas divisões não são exatas, logo temos um resto
(A)123
(R) maior que zero.
(B)106
(C)782
(D)988

Comentários
Fique Atento!!!
- Em uma divisão exata de números naturais, o divisor
01. Resposta: D.
deve ser menor do que o dividendo.
Sabemos que o minuendo é maior que o subtraendo, pois
35 : 7 = 5
temos como resultado um número natural positivo.
- Em uma divisão exata de números naturais, o
Fazendo cada número temos:
dividendo é o produto do divisor pelo quociente.
8–2=H⇾H=6
35 = 5 x 7
A -4=3⇾A=3+4⇾A=7
3–1=2
- A divisão de um número natural n por zero não é
B – A = 8, como já sabemos que A = 7; B – 7 = 8 ⇾ B = 8 – 7
possível pois, se admitíssemos que o quociente fosse q,
= 15, sabemos que só podemos ter número de 0 a 9, logo 15 –
então poderíamos escrever: n ÷ 0 = q e isto significaria que:
10 = 5, então B = 5. Aqui neste caso o número 5 não tem como
subtrair de 7, e pede 1 “emprestado” ao do lado.

Matemática 34
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APOSTILAS OPÇÃO

Sabemos que o I deve ser acrescido de 1, já que Exemplos


“emprestou” um para o lado. I – 4 = 4 ⇾ logo I = 4 + 4 = 8 , 1 não é primo pois D(1)={1}
acrescido de 1 = 9 2 é primo pois D(2)={1,2}
B A H I A 3 é primo pois D(3)={1,3}
5 7 6 9 7 5 é primo pois D(5)={1,5}
7 é primo pois D(7)={1,7}
02. Resposta: A. 14 não é primo pois D(14)={1,2,7,14}
Como o resto é o maior possível e sabemos que R < d, temos
que: 10 < d. Logo podemos sugerir que d seja igual a 11. Observação: 1 não é primo pois tem apenas 1 divisor e todo
D = 11 . 11 + R ⇾ D = 121 + 10 = 131 número natural pode ser escrito como o produto de números
Também podemos montar a equação através do primos, de forma única.
enunciado:
D = d. Q +R Múltiplos e Divisores
d=Q Diz-se que um número natural a é múltiplo de outro
R = 10 natural b, se existe um número natural k tal que:
D = d. d + 10 ⇾ D = d² + 10 ⇾ D – 10 = x². Observando as a=k.b
respostas, temos que o resultado que torna a equação possível
é 131. 131 – 10 = x² ⇾ 121 = x² ⇾ x = 11 Exemplo 1
15 é múltiplo de 5, pois 15 = 3 x 5.
03. Resposta: A. Quando a = k x b, segue que a é múltiplo de b, mas também,
Sabemos que: a é múltiplo de k, como é o caso do número 35 que é múltiplo
- Todo número par é terminado em um dos seguintes (0, de 5 e de 7, pois: 35 = 7 x 5.
2, 4,6,8). Quando a = k x b, então a é múltiplo de b e se conhecemos
- Todo número ímpar é terminado em um dos b e queremos obter todos os seus múltiplos, basta fazer k
seguintes (1, 3, 5, ,9). assumir todos os números naturais possíveis.
Portanto: O número que NÃO é PAR acima é 123 Por exemplo, para obter os múltiplos de 2, isto é, os
números da forma a = k x 2, k seria substituído por todos os
NÚMEROS PRIMOS números naturais possíveis.
Observação: Um número b é sempre múltiplo dele
Um número natural P é um número primo quando ele tem mesmo.
exatamente dois divisores distintos: o número 1 e ele mesmo a = 1 x b ↔ a = b.
(P).
Sendo assim, o número 1 não é primo, pois possui apenas Exemplo 2
um número divisor que é ele mesmo. O número zero também Basta tomar o mesmo número multiplicado por 1 para
não é primo, pois possui vários divisores naturais. Já os obter um múltiplo dele próprio: 3 = 1 x 3
números 2, 3, 5, 7 e 11 são primos, pois possuem apenas dois A definição de divisor está relacionada com a de múltiplo.
divisores naturais. Um número natural b é divisor do número natural a, se a é
Nota: o número 2 é o único número primo que é par. Os múltiplo de b.
demais são números ímpares.
Para verificar se um número é primo ou não devemos Exemplo 3
dividir esse número começando pelo menor número primo, 3 é divisor de 15, pois 15 = 3 x 5, logo 15 é múltiplo de 3 e
que é o número 2, e posteriormente com os demais números também é múltiplo de 5.
naturais primos, até que seu quociente seja menor ou igual ou Um número natural tem uma quantidade finita de
número que está sendo dividido. Exemplo: o número 127 é divisores.
primo? Por exemplo, o número 6 poderá ter no máximo 6
127: 3 = o resultado é 42 e sobra resto 1; 42 > 3 divisores, pois trabalhando no conjunto dos números naturais
127: 5 = o resultado é 25 e sobra resto 2 ; 25 > 5 não podemos dividir 6 por um número maior do que ele. Os
127: 7 = o resultado é 18 e sobra resto 1; 18 > 7 divisores naturais de 6 são os números 1, 2, 3, 6, o que significa
127 : 11 = o resultado é 11 e sobra resto 6; 11 = 11 que o número 6 tem 4 divisores.

Nesse caso, as divisões foram realizadas pelos números Decomposição de um número natural em fatores
naturais primos e na última divisão, o quociente é igual ao primos
divisor. Logo, o número 127 é primo. Para decompor um número natural em fatores primos é
O conceito de número primo é muito importante na teoria necessário dividir o número pelo seu menor divisor primo,
dos números. Um dos resultados da teoria dos números é repetindo as divisões até chegar ao quociente 1. Exemplos:
o Teorema Fundamental da Aritmética, que afirma que a) 8 = 2.2.2 = 2³
qualquer número natural diferente de 1 pode ser escrito de b) 9 = 3.3 = 3²
forma única (desconsiderando a ordem) como um produto de c) 54 = 2.3.3.3 = 2.3³
números primos (chamados fatores primos): este processo se d)12 = 2.2.3 = 2².3
chama decomposição em fatores primos (fatoração). Dentre os exemplos citados podemos dizer que todas essas
Os 100 primeiros números primos positivos são: formas são formas fatoradas dos números naturais.

2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59, 6 Modos de reconhecimento de um número primo.
1, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109, 113, 127, 131, 1º Modo:
137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181, 191, 193, Dividimos o número pelos primeiros números primos: 2,
197, 199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251, 257, 263, 269, 3, 5, 7, 11, 13, 17. …, até encontrarmos:
271, 277, 281, 283, 293, 307, 311, 313, 317, 331, 337, 347, 349, – um quociente exato. Neste caso, verificamos que o
353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397, 401, 409, 419, 421, 431, número não é primo.
433, 439, 443, 449, 457, 461, 463, 467, 479, 487, 491, 499, 503, – um quociente, na divisão inexata, menor ou igual ao
509, 521, 523, 541 divisor. Neste caso, verificamos que o número é primo.

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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplos: 02. (MPCM- TÉCNICO EM INFORMÁTICA - SUPORTE


– Verifique se o número 101 é primo. TÉCNICO-CETAP) Um número primo é um número que pode
Solução: Observe as divisões sucessivas abaixo: ser dividido somente por 1 e por ele mesmo. Segundo esse
critério, selecione a alternativa na qual se listem somente
números primos.
(A) 2, 3, 27, 511.
(B)3, 8, 57, 201.
(C)2, 5, 7, 99.
(D)5,17, 29, 61.
(E)5, 23, 57, 73.

03. (BRDE- ANALISTA DE SISTEMAS-SUPORTE-


FUNDATEC)Considere os conjuntos definidos por:
A = { 2,3,5,7,9,11,13,15}
Assinale a alternativa que apresenta uma sentença
verdadeira para descrever os elementos do conjunto.
(A)Todos os elementos do conjunto A são números pares.
(B)Algum elemento do conjunto A é divisível por 4.
(C)Nenhum elemento do conjunto A é divisível por 3.
(D)Existem elementos do conjunto A que são ímpares e
maiores que 15.
Executamos as divisões conforme a regra acima veja que a (E)Existem elementos do conjunto A que são primos.
última divisão é inexata e o quociente (9) é menor do que o
divisor (11). Assim, podemos afirmar que o número 101 é 04. (COPASA-AGENTE DE SANEAMENTO - TÉCNICO EM
primo. INFORMÁTICA-FUNDEP) Ao fatorar em números primos o
número 270, a quantidade de números primos, distintos, que
Vejamos outro exemplo: encontramos é
– Verifique se o número 403 é primo. (A)1
Solução: Veja que 403 não é divisível por 2, também não é (B)2
por 3 e nem por 5, então começaremos a divisão a partir do 7. (C)3
(D)4

05. (UFAL-AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO- COPEVE-


UFAL)Dados os itens acerca dos números inteiros, I. Todos os
números primos são ímpares. II. Todo número múltiplo de 2 é
par. III. O valor da expressão 8 – 3 x 4 é negativo. verifica-se
que está(ão) correto(s)
(A)I, apenas.
(B)II, apenas.
(C)I e III, apenas.
(D)II e III, apenas.
Perceba que a última divisão é exata, isto quer dizer que 13 (E)I, II e III.
é um divisor de 403, logo 403 tem mais de dois divisores e não
é primo. Respostas

2º Modo: 01. Resposta: A.


Procuramos um número natural n, cujo seu quadrado seja
mais próximo do número a ser verificado. Se nenhum dos 02. Resposta: D.
primos menores, ou iguais, a n dividir o número a ser Sabe-se que por definição, os números primos 2, 3, 5, 7, 11,
verificado, podemos afirmar que ele é primo, caso contrário, 13, 17 ... são aqueles divisíveis, somente, por um e por ele
não é. mesmo. E se suas divisões sucessivas por números primos
Exemplo: Verifique se o número 181 é primo. resultarem resto diferente de 0, até o divisor ser maior ou igual
Solução: primeiro observe que o quadrado de 13 é o mais ao quociente.
próximo do número 181, isto é, 132 = 169, agora vamos Avaliando cada alternativa, podemos verificar que:
verificar se, pelo menos um, dos números primos menores ou A- ERRADA, pois o 27 pode ser dividido por 9
iguais a 13 (2, 3, 5, 7, 11 e 13) divide 181. Verifique você B - ERRADA pois 8 não é primo
mesmo que nenhum dos números (2, 3, 5, 7, 11 ou 13) divide C - ERRADA, pois o 99 pode ser divido por 33
181. Assim, podemos afirmar que o número 181 é primo. D - CORRETA
E - ERRADA, pois o 57 pode ser dividido por 3
Questões
03. Resposta: E.
01. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – Ceres – MPE/GO/ Avaliando cada alternativa, podemos verificar que:
2017) Quais dos números a seguir são primos? a) Todos os elementos do conjunto A são números
(A) 13. pares.Sao todos impares
(B) 30. b) Algum elemento do conjunto A é divisível por 4.Nenhum
(C) 49. é divisivel por 4
(D) 65. c) Nenhum elemento do conjunto A é divisível por 3.3, 9 e
(E) 87. 15 são divisíveis
d) Existem elementos do conjunto A que são ímpares e
maiores que 15.nenhum elemento e maior que 15 no conjunto

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e) Existem elementos do conjunto A que são 2º) O número decimal obtido possui, após a vírgula,
primos. CERTO infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se
periodicamente (Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas):
04. Resposta: C. 1
= 0,3030 …
270/2 = 135 33
135/3 = 45
45/3 = 15 Existem frações muito simples que são representadas por
15/3 = 5 formas decimais infinitas, com uma característica especial
5/5 = 1 (existência de um período):
Portanto, números primos distintos, que são 2, 3 e 5
Uma forma decimal infinita com período de UM dígito
05. Resposta: D. pode ser associada a uma soma com infinitos termos desse
Ao avaliarmos cada alternativa, verifica-se que: tipo:
I. Falso. Porque o numero 2 é primo e par. 1 1 1 1
0, 𝑎𝑎𝑎𝑎. . . = 𝑎. + 𝑎. + 𝑎. + 𝑎. …
III. Verdadeiro. (Porque quando a expressão não delimita (10)1 (10)2 (10)3 (10)4
números com parênteses, inicia-se pela multiplicação).
Portanto, -3x4 = -12+8 = -4 ( sim , valor negativo) Aproveitando, vejamos um exemplo:
1 1 1 1
0,444. . . = 4. + 4. + 4. + 4. …
(10)1 (10)2 (10)3 (10)4
Números Racionais e
Irracionais (reta numérica, Representação Fracionária dos Números Decimais
Estando o número racional escrito na forma decimal, e
valor absoluto, representação transformando-o na forma de fração, vejamos os dois casos:
decimal) 1º) Transformamos o número em uma fração cujo
numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador
é composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quanto
CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS – Q forem as casas decimais após a virgula do número dado:
7
𝑚 0,7 =
Um número racional é o que pode ser escrito na forma , 10
𝑛
onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser 7
diferente de zero. Frequentemente usamos m/n para significar 0,007 =
a divisão de m por n. 1000
Como podemos observar, números racionais podem ser
2º) Devemos achar a fração geratriz (aquela que dá
obtidos através da razão entre dois números inteiros, razão
origem a dízima periódica) da dízima dada; para tanto, vamos
pela qual, o conjunto de todos os números racionais é
apresentar o procedimento através de alguns exemplos:
reconhecido pela letra Q. Assim, é comum encontrarmos na
literatura a notação:
a) Seja a dízima 0, 444...
m Veja que o período que se repete é apenas 1(formado pelo
Q={ : m e n em Z, n ≠0}
n 4), então vamos colocar um 9 no denominador e repetir no
numerador o período.

4
Assim, a geratriz de 0,444... é a fração .
9
N ᑕ Z ᑕ Q – O conjunto dos números Naturais e Inteiros
estão contidos no Conjunto do Números Racionais. b) Seja a dízima 3, 1919...
O período que se repete é o 19, logo dois noves no
Subconjuntos notáveis: denominador (99). Observe também que o 3 é a parte inteira,
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos: logo ele vem na frente, formando uma fração mista:
- Q* = conjunto dos racionais não nulos; 19
3 → 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑢𝑚𝑎 𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑚𝑖𝑠𝑡𝑎, 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑛𝑑𝑜
- Q+ = conjunto dos racionais não negativos; 99
- Q*+ = conjunto dos racionais positivos; 316
→ (3.99 + 19) = 316, 𝑙𝑜𝑔𝑜 ∶
- Q _ = conjunto dos racionais não positivos; 99
- Q*_ = conjunto dos racionais negativos.
316
Assim, a geratriz de 3,1919... é a fração .
99
Representação Decimal das Frações
𝒎
Tomemos um número racional , tal que m não seja Neste caso para transformarmos uma dízima periódica
𝒏
múltiplo de n. Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar simples em fração, basta utilizarmos o dígito 9 no
a divisão do numerador pelo denominador. denominador para cada dígito que tiver o período da
Nessa divisão podem ocorrer dois casos: dízima.
1º) O número decimal obtido possui, após a vírgula, um
número finito de algarismos (decimais exatos): c) Seja a dízima 0,2777...
3 Agora, para cada algarismo do anteperíodo se coloca um
= 0,6 algarismo zero, no denominador, e para cada algarismo do
5
período se mantém o algarismo 9 no denominador.
No caso do numerador, faz-se a seguinte conta:

Matemática 37
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(Parte inteira com anteperíodo e período) - (parte inteira Representação geométrica dos Números Racionais
com anteperíodo)

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem


infinitos números racionais.

Operações com Números Racionais

Soma (Adição) de Números Racionais: como todo


número racional é uma fração ou pode ser escrito na forma de
uma fração, definimos a adição entre os números racionais a/b
e, c/d, da mesma forma que a soma de frações, através de:
d) Seja a dízima 1, 23434... 𝑎 𝑐 𝑎𝑑 + 𝑏𝑐
+ =
O número 234 é a junção do anteperíodo com o período. 𝑏 𝑑 𝑏𝑑
Neste caso temos uma dízima periódica composta, pois existe
uma parte que não se repete e outra que se repete. Neste caso Subtração de Números Racionais: a subtração de dois
temos um anteperíodo (2) e o período (34). Ao subtrairmos números racionais p e q é a própria operação de adição do
𝑎
deste número o anteperíodo (234-2), obtemos como número p com o oposto de q, isto é: p – q = p + (–q), onde p = e
𝑏
numerador o 232. O denominador é formado pelo dígito 9 – 𝑐
q= .
que corresponde ao período, neste caso 99(dois noves) – e 𝑑
𝑎 𝑐 𝑎𝑑 − 𝑏𝑐
pelo dígito 0 – que corresponde a tantos dígitos que tiverem o − =
anteperíodo, neste caso 0(um zero). 𝑏 𝑑 𝑏𝑑

Multiplicação (Produto) de Números Racionais: como


todo número racional é uma fração ou pode ser escrito na
forma de uma fração, definimos o produto de dois números
racionais a/b e, c/d, da mesma forma que o produto de
frações, através de:
𝑎 𝑐 𝑎𝑐
. =
232 𝑏 𝑑 𝑏𝑑
1 → 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑢𝑚𝑎 𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑚𝑖𝑠𝑡𝑎, 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑛𝑑𝑜 − 𝑎:
990
1222 O produto dos números racionais a/b e c/d também pode
(1.990 + 232) = 1222, 𝑙𝑜𝑔𝑜 ∶ ser indicado por a/b × c/d ou a/b . c/d. Para realizar a
990
multiplicação de números racionais, devemos obedecer à
Simplificando por 2, obtemos 𝑥 =
611
, a fração geratriz da mesma regra de sinais que vale em toda a Matemática.
495
dízima 1, 23434...
Divisão (Quociente) de Números Racionais: a divisão
de dois números racionais p e q é a própria operação de
Módulo ou valor absoluto: é a distância do ponto que
multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p ÷ q = p ×
representa esse número ao ponto de abscissa zero. 𝑎 𝑐 𝑑
q-1 onde p = , q = e q-1= ;
𝑏 𝑑 𝑐
𝑎 𝑐 𝑎 𝑑
: = .
𝑏 𝑑 𝑏 𝑐

Potenciação de Números Racionais: a potência bn do


número racional b é um produto de n fatores iguais. O número
b é denominado a base e o número n é o expoente.
bn = b × b × b × b × ... × b, (b aparece n vezes)
Exemplos:
3 2 3 3 9
Logo, o módulo de: 𝑎) ( ) = . =
7 7 7 49
5 5
− é .
7 7 3 3 3 3 3 27
5 5 𝑏) (− ) = (− ) . (− ) . (− ) = −
𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟: |− | = 7 7 7 7 343
7 7
Propriedades da Potenciação
5 5
Números Opostos: dizemos que − 𝑒 são números 1) Toda potência com expoente 0 é igual a 1.
7 7
racionais opostos ou simétricos e cada um deles é o oposto do 3 0
5 5 ( ) =1
outro. As distâncias dos pontos − é ao ponto zero da reta 7
7 7
são iguais.
2) Toda potência com expoente 1 é igual à própria base.
3 1 3
Inverso de um Número Racional ( ) =
a −n b n 5 −2 7 2 7 7
( ) ,a ≠ 0 = ( ) ,b ≠ 0 → ( ) = ( )
b a 7 5 3) Toda potência com expoente negativo de um número
racional, diferente de zero é igual a outra potência que tem a

Matemática 38
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APOSTILAS OPÇÃO

base igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao 02. (IPSM - Analista de Gestão Municipal –
oposto do expoente anterior. Contabilidade – VUNESP/2018) Saí de casa com
3 −2 7 2 49 determinada quantia no bolso. Gastei, na farmácia, 2/5 da
( ) =( ) = quantia que tinha. Em seguida, encontrei um compadre que me
7 3 9
pagou uma dívida antiga que correspondia exatamente à terça
4) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal parte do que eu tinha no bolso. Continuei meu caminho e gastei
da base. a metade do que tinha em alimentos que doei para uma casa
3 3 3 3 3 27 de apoio a necessitados. Depois disso, restavam-me 420 reais.
(− ) = (− ) . (− ) . (− ) = − O valor que o compadre me pagou é, em reais, igual a
7 7 7 7 343
(A) 105.
5) Toda potência com expoente par é um número positivo. (B) 210.
3 2 3 3 9 (C) 315.
( ) = . = (D) 420.
7 7 7 49 (E) 525.
6) Produto de potências de mesma base: reduzir a uma só
03. (Pref. Santo Expedito/SP – Motorista – Prime
potência de mesma base, conservamos as bases e somamos os
expoentes. Concursos/2017) Qual a alternativa que equivale a 9/40 em
forma decimal
3 2 3 3 3 2+3 3 5
( ) .( ) = ( ) =( ) (A) 0,225
7 7 7 7 (B) 225
(C) 0,0225
7) Divisão de potências de mesma base: reduzir a uma só (D) 0,22
potência de mesma base, conservamos a base e subtraímos os
expoentes. 04. (Pref. Santo Expedito/SP – Motorista – Prime
3 5 3 3 3 5−3 3 2 Concursos/2017) Ao simplificar a fração 36/100, dividindo o
( ) :( ) =( ) =( )
7 7 7 7 numerador e o denominador por 2, obtemos:
(A) 18/50
8) Potência de Potência: reduzir a uma potência (de (B) 9/25
mesma base) de um só expoente, conservamos a base e (C) 12/50
multiplicamos os expoentes. (D) 9/50
3
3 2 3 2.3 3 6
[( ) ] = ( ) = ( ) 05. (Câmara de Dois Córregos/SP – Oficial de
7 7 7
Atendimento e Administração – VUNESP/2018) Uma
Radiciação de Números Racionais: se um número empresa comprou um lote de envelopes e destinou 3/ 8 deles
representa um produto de dois ou mais fatores iguais, então ao setor A. Dos envelopes restantes, 4/ 5 foram destinados ao
cada fator é chamado raiz do número. setor B, e ainda restaram 75 envelopes. O número total de
envelopes do lote era
Exemplos: (A) 760.
(B) 720.
𝟏 1 1 1 2
1) √ , representa o produto . ou ( ) . (C) 700.
𝟐𝟓 5 5 5
1 1 (D) 640.
Logo, é a raiz quadrada de . (E) 600.
5 25

2) 0,216 representa o produto 0,6. 0,6 . 0,6 ou (0,6)3. Logo, Comentários


0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se: 3√0,216 = 0,6.
01. Resposta: D.
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá o Ele recebeu 120 de mesada, deste guardou 1/6 na
número zero ou um número racional positivo. poupança, logo:
120
Fique Atento!!! = 20
6
Os números racionais negativos não têm raiz quadrada Então ele guardou na poupança 20 e sobrou 120 – 20 =
em Q. 100.
Desses 100, gastou 2/5 com figurinhas:
Referências 2
IEZZI, Gelson - Matemática- Volume Único 100. = 40
IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática – Volume 1 – Conjuntos e Funções
5
https://educacao.uol.com.br
Ele gastou 40,00 com figurinhas e sobrou 100 – 40 = 60,
http://mat.ufrgs.br que ele gastou com a excursão.

Questões 02. Resposta: B.


Quantia que eu tinha: x
01. (SAP/SP – Oficial Administrativo – MS Gastei na farmácia: 2/5 x, logo sobrou em meu bolso 3/5x
3𝑥 1 3𝑥
CONCURSOS/2018) Um menino ganhou sua mesada de Compadre pagou 1/3 do que eu tinha no bolso: . =
5 3 15
R$120,00, guardou 1/6 na poupança, do restante usou 2/5
para comprar figurinhas e gastou o que sobrou numa excursão Fiquei com a quantia total de:
da escola. Quanto gastou nessa excursão? 3𝑥 3𝑥 9𝑥 + 3𝑥 12𝑥
+ = =
(A) 32 5 15 15 15
(B) 40 Gastei metade deste valor em alimentos:
(C) 52 12𝑥
(D) 60 15 = 12𝑥 . 1 = 12𝑥
(E) 68 2 15 2 30

Matemática 39
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APOSTILAS OPÇÃO

- Números reais transcendentes: não são raízes de


Logo o que sobrou(metade) corresponde a 420,00:
12𝑥 12600 polinômios com coeficientes inteiros. Várias constantes
= 420 → 12𝑥 = 12600 → 𝑥 = → 𝑥 = 1050 matemáticas são transcendentes, como pi ( ) e o número de
30 12 Euler ( ). Pode-se dizer que existem mais números
Como o compadre pagou 3x/15, basta substituirmos o transcendentes do que números algébricos (a comparação
entre conjuntos infinitos pode ser feita na teoria dos
valor de x por 1050 e acharmos o valor:
3.1050 conjuntos).
= 210 A definição mais genérica de números algébricos e
15 transcendentes é feito usando-se números complexos.

03. Resposta: A. Identificação de números irracionais


Basta dividirmos 9/40 = 0,225. Fundamentado nas explanações anteriores, podemos
afirmar que:
04. Resposta: A. - Todas as dízimas periódicas são números racionais.
Simplificando temos: - Todos os números inteiros são racionais.
36/2 = 18 - Todas as frações ordinárias são números racionais.
100/2 = 50 - Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
Logo temos 18/50 - Todas as raízes inexatas são números irracionais.
- A soma de um número racional com um número
05. Resposta: E. irracional é sempre um número irracional.
X = envelopes - A diferença de dois números irracionais, pode ser um
3 número racional.
𝐴= 𝑥
8
Exemplos:
5 4 4 1) √3 - √3 = 0 e 0 é um número racional.
𝐵 = 𝑥. = 𝑥
8 5 8 - O quociente de dois números irracionais, pode ser um
número racional.
Sobrou 75
Logo o número de envelopes total é
2) √8 : √2 = √4 = 2 e 2 é um número racional.
3𝑥 4𝑥 3𝑥 + 4𝑥 + 600
𝑥= + + 75 → 𝑥 = → - O produto de dois números irracionais, pode ser um
8 8 8 número racional.
8x = 7x + 600 → 8x – 7x = 600 → x = 600
O número total de envelopes é 600. 3) √5 . √5 = √25 = 5 e 5 é um número racional.
- A união do conjunto dos números irracionais com o
CONJUNTO DOS NÚMEROS IRRACIONAIS - I conjunto dos números racionais, resulta num conjunto
denominado conjunto R dos números reais.
Uma classe de números que não podem ser escritos na - A interseção do conjunto dos números racionais com o
forma de fração a/b, são conhecidos como números conjunto dos números irracionais, não possui elementos
irracionais. comuns e, portanto, é igual ao conjunto vazio ( ∅ ).
Simbolicamente, teremos:
Exemplo:
O número real abaixo é um número irracional, embora
pareça uma dízima periódica: x =
0,10100100010000100000...
Observe que o número de zeros após o algarismo 1
aumenta a cada passo. Existem infinitos números reais que
não são dízimas periódicas e dois números irracionais muito Q∪I=R
importantes, são: Q∩I=∅
e = 2,718281828459045...,
Pi (𝜋) = 3,141592653589793238462643... Questões

Que são utilizados nas mais diversas aplicações práticas 01. Considere as seguintes afirmações:
como: cálculos de áreas, volumes, centros de gravidade, I. Para todo número inteiro x, tem-se
previsão populacional, etc. 4 𝑥−1 + 4 𝑥 + 4 𝑥+1
= 16,8
4 𝑥−2 + 4 𝑥−1
Classificação dos Números Irracionais
1
11
- Números reais algébricos irracionais: II. (83 + 0,4444 … ) : = 30
135
são raízes de polinômios com coeficientes inteiros. Todo
número real que pode ser representado através de uma 4 4
III. Efetuando-se ( √6 + 2√5) 𝑥( √6 − 2√5) obtém-se um
quantidade finita de somas, subtrações, multiplicações,
número maior que 5.
divisões e raízes de grau inteiro a partir dos números inteiros
Relativamente a essas afirmações, é certo que
é um número algébrico, por exemplo:
(A) I,II, e III são verdadeiras.
(B) Apenas I e II são verdadeiras.
. (C) Apenas II e III são verdadeiras.
A recíproca não é verdadeira: existem números algébricos (D) Apenas uma é verdadeira.
que não podem ser expressos através de radicais, conforme (E) I,II e III são falsas.
o teorema de Abel-Ruffini.

Matemática 40
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APOSTILAS OPÇÃO

02. A soma S é dada por: Lembrando que N Ϲ Z Ϲ Q , podemos construir o diagrama


𝑆 = √2 + √8 + 2√2 + 2√8 + 3√2 + 3√8 + 4√2 + 4√8 + abaixo:
5√2 + 5√8
Dessa forma, S é igual a
(𝐴) √90
(𝐵) √405
(𝐶) √900
(𝐷) √4050
(𝐸) √9000

03. O resultado do produto: (2√2 + 1) ∙ (√2 − 1) é:


(𝐴) √2 − 1 O conjunto dos números reais apresenta outros
(B) 2 subconjuntos importantes:
(𝐶) 2√2 - Conjunto dos números reais não nulos: R* = {x ϵ R| x ≠ 0}
(𝐷) 3 − √2 - Conjunto dos números reais não negativos: R+ = {x ϵ R| x
≥ 0}
Comentários - Conjunto dos números reais positivos: R*+ = {x ϵ R| x > 0}
- Conjunto dos números reais não positivos: R- = {x ϵ R| x ≤
01. Resposta: B. 0}
- Conjunto dos números reais negativos: R*- = {x ϵ R| x < 0}
4𝑥 (4−1 +1+4)
I Representação Geométrica dos números reais
4 𝑥 (4 −2 +4 −1 )

1 1+20 21
+5 21 16 21∙4
4 4 4
1 1 = 1+4 = 5 = ∙ = = 16,8
+ 4 5 5
16 4 16 16

II Ordenação dos números reais


1
3
83 = √8 = 2 A representação dos números reais permite definir uma
10x = 4,4444... relação de ordem entre eles. Os números reais positivos são
- x = 0,4444..... maiores que zero e os negativos, menores. Expressamos a
9x = 4 relação de ordem da seguinte maneira: Dados dois números
x = 4/9 reais a e b,
a≤b↔b–a≥0
4 11 18+4 135 22 135 2∙135
(2 + ) : = ∙ = ∙ = = 30
9 135 9 11 9 11 9 Exemplo: -15 ≤ ↔ 5 – (-15) ≥ 0
5 + 15 ≥ 0
III
4 4
√62 − 20 = √16 = 2 Operações com números reais
Portanto, apenas as afirmativas I e II são verdadeiras. Operando com as aproximações, obtemos uma sucessão de
intervalos fixos que determinam um número real. É assim que
02. Resposta: D. vamos trabalhar as operações adição, subtração, multiplicação
𝑆 = 15√2 + 15√8 e divisão. Relacionamos, em seguida, uma série de
√8 = 2√2 recomendações úteis para operar com números reais.
𝑆 = 15√2 + 30√2 = 45√2
Intervalos reais
𝑆 = √452 . 2 O conjunto dos números reais possui também
𝑆 = √4050 subconjuntos, denominados intervalos, que são determinados
por meio de desiguladades. Sejam os números a e b , com a < b.
03. Resposta: D.
2
(2√2 + 1) ∙ (√2 − 1) = 2(√2) − 2√2 + √2 − 1 Em termos gerais temos:
= 4 − √2 − 1 = 3 − √2 - A bolinha aberta = a intervalo aberto (estamos excluindo
aquele número), utilizamos os símbolos:
> ;< ou ] ; [
Números Reais (relação de - A bolinha fechada = a intervalo fechado (estamos
ordem e intervalos). incluindo aquele número), utilizamos os símbolos:
Operações ≥ ; ≤ ou [ ; ]

Podemos utilizar ( ) no lugar dos [ ] , para indicar as


O conjunto dos números reais2 R será a união entre os extremidades abertas dos intervalos.
números racionais Q e os números irracionais I. Assim temos:

R = Q U I , sendo Q ∩ I = Ø (Se um número real é racional,


não irracional, e vice-versa).

2 IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática Elementar – Vol. 01 – Conjuntos e
Funções

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APOSTILAS OPÇÃO

B) apenas I e II são verdadeiras.


C) I, II e III são falsas.
D) apenas II e III são falsas.

03. Na figura abaixo, o ponto que melhor representa a


3 1
diferença − na reta dos números reais é:
4 2

Às vezes, aparecem situações em que é necessário


(A) P.
registrar numericamente variações de valores em sentidos
(B) Q.
opostos, ou seja, maiores ou acima de zero (positivos), como
(C) R.
as medidas de temperatura ou reais em débito ou em haver
(D) S.
etc... Esses números, que se estendem indefinidamente, tanto
para o lado direito (positivos) como para o lado esquerdo
Comentários
(negativos), são chamados números relativos.
01. Resposta: D.
Valor absoluto de um número relativo é o valor do número
Pontuação atual = 2 . partida anterior – 15
que faz parte de sua representação, sem o sinal.
* 4ª partida: 3791 = 2.x – 15
2.x = 3791 + 15
Valor simétrico de um número é o mesmo numeral,
x = 3806 / 2
diferindo apenas o sinal.
x = 1903
Operações com números relativos
* 3ª partida: 1903 = 2.x – 15
2.x = 1903 + 15
1) Adição e subtração de números relativos
x = 1918 / 2
a) Se os numerais possuem o mesmo sinal, basta adicionar
x = 959
os valores absolutos e conservar o sinal.
b) Se os numerais possuem sinais diferentes, subtrai-se o
* 2ª partida: 959 = 2.x – 15
numeral de menor valor e dá-se o sinal do maior numeral.
2.x = 959 + 15
Exemplos:
x = 974 / 2
3+5=8
x = 487
4-8=-4
* 1ª partida: 487 = 2.x – 15
- 6 - 4 = - 10
2.x = 487 + 15
-2+7=5
x = 502 / 2
x = 251
2) Multiplicação e divisão de números relativos
Portanto, a soma dos algarismos da 1ª partida é 2 + 5 + 1 =
a) O produto e o quociente de dois números relativos de
8.
mesmo sinal são sempre positivos.
b) O produto e o quociente de dois números relativos de
02. Resposta: C.
sinais diferentes são sempre negativos.
I. Falso, pois m é Real e pode ser negativo.
Exemplos:
II. Falso, pois m é Real e pode ser negativo.
- 3 x 8 = - 24
III. Falso, pois m é Real e pode ser positivo.
- 20 (-4) = + 5
- 6 x (-7) = + 42
03. Resposta: A.
28 2 = 14 3 1 3−2 1
− = = = 0,25
4 2 4 4
Questões

01. Mário começou a praticar um novo jogo que adquiriu


para seu videogame. Considere que a cada partida ele
conseguiu melhorar sua pontuação, equivalendo sempre a 15
pontos a menos que o dobro marcado na partida anterior. Se
na quinta partida ele marcou 3.791 pontos, então, a soma dos
algarismos da quantidade de pontos adquiridos na primeira
partida foi igual a
(A) 4.
(B) 5.
(C) 7.
(D) 8.
(E) 10.

02. Considere m um número real menor que 20 e avalie as


afirmações I, II e III:
I- (20 – m) é um número menor que 20.
II- (20 m) é um número maior que 20.
III- (20 m) é um número menor que 20.
É correto afirmar que:
A) I, II e III são verdadeiras.

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APOSTILAS OPÇÃO

Funções: Estudo das


Relações, definição da função,
funções definidas por
fórmulas: domínio, imagem e
contradomínio, gráficos, Exemplo:
Resolver a inequação – 5x + 10 ≥ 0 em U = R
função injetora, sobrejetora e -5x + 10 ≥ 0 → -5x ≥ -10, como o sinal do algarismo que
bijetora, funções par e ímpar, acompanha x é negativo, multiplicamos por (-1) ambos os
funções crescentes e lados da desigualdade → 5x ≤ 10 (ao multiplicarmos por -1
invertemos o sinal da desigualdade) → x ≤ 2.
decrescentes, função inversa, S = {x є R | x ≤ 2}
função composta, função
polinomial do 1º Grau, Um outro modo de resolver o mesmo exemplo é através do
estudo do sinal da função:
quadrática, modular, y = -5x + 10, fazemos y = 0 (como se fossemos achar o zero
exponencial e logarítmica, da função)
resoluções de equações, -5x + 10 = 0 → -5x = -10 → 5x = 10 → x = 2.
Temos uma função do 1º grau decrescente, pois a < 0 (a = -
inequações e sistemas 5 < 0).

OBS.: Caro(a) candidato(a), equação do 1° e 2° grau já


foi abordado no quinto tópico, iremos iniciar pelas
inequações do 1° e 2° graus.

INEQUAÇÃO DO 1º GRAU Como queremos os valores maiores e iguais, pegamos os


valores onde no gráfico temos o sinal de ( + ) , ou seja os valores
Inequação é toda sentença aberta expressa por uma que na reta são menores e iguais a 2; x ≤ 2.
desigualdade.
Uma inequação do 1º grau pode ser expressa por: - Inequações do 1º grau com duas variáveis
Denominamos inequação toda sentença matemática
ax + b > 0 ; ax + b ≥ 0 ; ax + b < 0 ; ax + b ≤ 0 , onde a ∈ aberta por uma desigualdade.
R* e b ∈ R. As inequações podem ser escritas das seguintes formas:
ax + b > 0;
A expressão à esquerda do sinal de desigualdade chama-se ax + b < 0;
primeiro membro da inequação. A expressão à direita do sinal ax + b ≥ 0;
de desigualdade chama-se segundo membro da inequação. ax + b ≤ 0.
Onde a, b são números reais com a ≠ 0.
Propriedades
- Aditiva: Uma desigualdade não muda de sentido quando - Representação gráfica de uma inequação do 1º grau
adicionamos ou subtraímos um mesmo número aos seus dois com duas variáveis. Método prático:
membros. 1) Substituímos a desigualdade por uma igualdade.
2) Traçamos a reta no plano cartesiano.
3) Escolhemos um ponto auxiliar, de preferência o ponto
(0, 0) e verificamos se o mesmo satisfaz ou não a desigualdade
inicial.
3.1) Em caso positivo, a solução da inequação corresponde
ao semiplano ao qual pertence o ponto auxiliar.
3.2) Em caso negativo, a solução da inequação corresponde
- Multiplicativa: Aqui teremos duas situações que
ao semiplano oposto aquele ao qual pertence o ponto auxiliar.
devemos ficar atentos:
1º) Uma desigualdade não muda de sentido quando Referências
multiplicamos ou dividimos seus dois membros por um www.somatematica.com.br
mesmo número positivo.
Questões

01. Quantos são os números inteiros x que satisfazem à


inequação 3 < √x < 7?
(A) 13;
(B) 26;
(C) 38;
(D) 39;
2º) Uma desigualdade muda de sentido quando
(E) 40.
multiplicamos ou dividimos seus dois membros por um
mesmo número negativo.
02. A pontuação numa prova de 25 questões é a seguinte:
+ 4 por questão respondida corretamente e –1 por questão
respondida de forma errada. Para que um aluno receba nota

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correspondente a um número positivo, deverá acertar no Exemplo:


mínimo: Resolver a inequação 3x² + 10x + 7 < 0.
(A) 3 questões
(B) 4 questões Δ = b2 – 4.a.c → Δ = 102 – 4.3.7 = 100 – 84 = 16
(C) 5 questões −10 ± √16 −10 ± 4
𝑥= →𝑥=
(D) 6 questões 2.3 6
(E) 7 questões ′
−10 + 4 −6
𝑥 = = = −1
→{ 6 6
03. O menor número inteiro que satisfaz a inequação 4x + −10 − 6 14 7
𝑥 ′′ = =− =−
2 (x-1) > x – 12 é: 6 6 3
(A) -2.
(B) -3.
Agora vamos montar graficamente o valor para que assim
(C) -1.
achemos os valores que satisfaçam a mesma.
(D) 4.
(E) 5.
Respostas

01. Resposta: D.
Como só estamos trabalhando com valores positivos, Como queremos valores menores que zero, vamos utilizar
podemos elevar ao quadrado todo mundo e ter 9 < x < 49, o intervalo onde os mesmos satisfaçam a inequação, logo a
sendo então que x será 10, 11, 12, 13, 14, ..., 48. solução para equação é:
Ou seja, poderá ser 39 valores diferentes. S = {x ϵ R | -7/3 < x < -1}

02. Resposta: D. Questões


Se a cada x questões certas ele ganha 4x pontos então
quando erra (25 – x) questões ele perde (25 – x)(-1) pontos, a 01. O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0, no
soma desses valores será positiva quando: universo do números reais é:
4X + (25 -1 )(-1) > 0 → 4X – 25 + x > 0 → 5x > 25 → x > 5 (A) ∅
O aluno deverá acertar no mínimo 6 questões. (B) R
1
(C) { }
03. Resposta: C. 3
1
4x + 2 – 2 > x -12 (D) {𝑥 ∈ 𝑅|𝑥 ≥ }
3
4x + 2x – x > -12 +2 1
(E) {𝑥 ∈ 𝑅|𝑥 ≠ }
5x > -10 3
x > -2
Se enumerarmos nosso conjunto verdade teremos: V= {- 02. O produto dos elementos do conjunto 𝐴 = {𝑥 ∈
1,0,1, 2,...}, logo nosso menor número inteiro é -1. 𝑁|(𝑥 − 2). (7 − 𝑥) > 0} é:
(A) 60
INEQUAÇÃO DO 2º GRAU (B) 90
(C) 120
Chamamos de inequação do 2º toda desigualdade pode ser (D) 180
representada da seguinte forma: (E) 360

ax2 + bx + c > 0 , ax2 + bx + c < 0 , ax2 + bx + c ≥ 0 ou ax2 03. Em R, o domínio mais amplo possível da função, dada
1
+ bx + c ≤ 0 por 𝑓(𝑥) = 2
, é o intervalo:
√9−𝑥
(A) [0; 9]
A sua resolução depende do estudo do sinal da função y = (B) ]0; 3[
ax2 + bx + c , para que possamos determinar os valores reais (C) ]- 3; 3[
de x para que tenhamos, respectivamente: (D) ]- 9; 9[
y > 0 , y < 0 , y ≥ 0 ou y ≤ 0. (E) ]- 9; 0[

E para o estudo do sinal, temos os gráficos abaixo: Respostas

01. Resposta: C.
Resolvendo por Bháskara:
∆= 𝑏 2 − 4𝑎𝑐
∆= (−6)2 − 4.9.1
∆= 36 − 36 = 0
−𝑏±√∆
𝑥=
2𝑎
−(−6)±√0
𝑥=
2.9
6±0 6 1
𝑥= = = (delta igual a zero, duas raízes iguais)
18 18 3

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Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima: Vamos ver o passo a passo para resolução de uma equação
exponencial:

Exemplo:
(3x)2 + 4.3x + 3 = 0.
A expressão dada pode ser escrita na forma:
(3x)2 – 4.3x + 3 = 0
Criamos argumentos para resolução da equação
exponencial.
S={ }
1 Fazendo 3x = y, temos:
3
y2 – 4y + 3 = 0 y = 1 ou y = 3
Como 3x= y, então 3x = 1 = 0 ou
02. Resposta: E.
3x = 3 x = 1
(x – 2).(7 – x) > 0 (aplicando a distributiva)
S = {0,1}
7x – x2 – 14 + 2x > 0
- x2 + 9x – 14 > 0
Questões
∆= 𝑏 2 − 4𝑎𝑐
∆= 92 − 4. (−1). (−14)
01. O valor de x na equação é 5 ∙ 3 𝑥+1 + 3 𝑥−2 = 408 é
∆= 81 − 56 = 25
−9±√25
(A) 1.
𝑥= (B) 2.
2.(−1)
𝑥=
−9±5
➔ 𝑥1 =
−9+5
=
−4
= 2 ou 𝑥2 =
−9−5
=
−14
=7 (C) 3.
−2 −2 −2 −2 −2
(D) 4.
Fazendo o gráfico, a < 0 parábola voltada para baixo:
02. É correto afirmar que a solução da equação
exponencial 3 ∙ 9x − 4 ∙ 3x + 1 = 0 é
(A) S = {0, 1}.
(B) S = {-1, 0}.
(C) S = {-2, 1}.
(D) S = {1/3,1}
a solução é 2 < x < 7, neste intervalo os números naturais
são: 3, 4, 5 e 6. 03. (Se 5x+2=100, então 52x é igual a:
3.4.5.6 = 360 (A) 4.
(B) 8.
03. Resposta: C.
(C) 10.
Para que exista a raiz quadrada da função temos que ter 9
– x2 ≥ 0. Porém como o denominador da fração tem que ser (D) 16.
diferente de zero temos que 9 – x2 > 0. (E) 100.
- x2 + 9 >0 Respostas
As soluções desta equação do 2° grau são 3 e – 3.
Fazendo o gráfico, a < 0, parábola voltada para baixo: 01. Resposta: C.
3 𝑥+1 (5 + 3−3 ) = 408
1
3 𝑥+1 (5 + ) = 408
27
136
3 𝑥+1 ( ) = 408
27
27
3 𝑥+1 = 408 ∙
136
A solução é – 3 < x < 3 ou ]- 3; 3[ 3 𝑥+1 = 81
3 𝑥 . 3 = 81
EQUAÇÃO EXPONENCIAL 3 𝑥 = 27
3 𝑥 = 33
Chama-se equação exponencial, toda equação onde a 𝑥=3
variável x se encontra no expoente.
02. Resposta: B.
Exemplos: 3. (3 𝑥 )² − 4 ∙ 3 𝑥 + 1 = 0
3𝑥 = 1 ; 5.22𝑥+2 = 20 3𝑥 = 𝑦
3𝑦 2 − 4𝑦 + 1 = 0
Para resolução precisamos achar os valores da variável ∆= 16 − 12 = 4
que a tornem uma sentença numérica verdadeira. Vamos (4 ± 2)
𝑦=
relembrar algumas das propriedades da potenciação para 6
1
darmos continuidade: 𝑦1 = 1 𝑦2 =
3
Voltando:
3𝑥 = 1
3 𝑥 = 30
𝑥=0
1
3𝑥 =
3
3 𝑥 = 3−1
𝑥 = −1

Matemática 45
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03. Resposta: E. 02. Na função exponencial


1 1 y = 2x2 – 4x , determine os valores de x para os quais
+ =8
𝑋1 𝑋2 1<y<32.
Respostas
(𝑋2 + 𝑋1 )
=8 01. Resposta: D.
𝑋1 ∙ 𝑋2
2 −2𝑥+1

Sendo x1+x2=-b/a 5𝑥 = 54 → 𝑥 2 − 2𝑥 + 1 = 4 →
𝑏
E x1.x2=c/a 𝑥 2 − 2𝑥 − 3 = 0 → 𝐴 𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑟𝑎í𝑧𝑒𝑠 é 𝑑𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑟 −
𝑏 𝑎
(− ) −2
𝑎 = −𝑏 = 8 →− =2
𝑐 𝑐 1
𝑎
02 . Devemos determinar esta inequação obtendo
-b = 8
b = -8 números em mesma base numérica.

INEQUAÇÂO EXPONENCIAL

Assim como as equações exponenciais, as inequações são


aquelas cujo a variável se encontra no expoente. São Como agora temos somente números na base numérica 2,
representadas por uma desigualdade > , < , ≤ ou ≥. podemos escrever essa desigualdade em relação aos
expoentes.
Exemplos: 0 < x2 – 4x < 5 → Vamos fazer cada desigualdade
separadamente:
0 < x2 – 4x → Devemos encontrar as raízes da equação do
segundo grau x2-4x=0 e comparar o intervalo de valores em
relação à desigualdade.
x2 – 4x = 0 → x’ = 0 e x’’ = 4
Devemos comparar a desigualdade em três intervalos, (o
Resolução de inequação exponencial intervalo menor que o x’, o intervalo entre x’ e x’’ e o intervalo
Resolver uma inequação exponencial é achar valores para maior que x’’).
variável que satisfaça a sentença matemática. Para valores menores que x’’, teremos o seguinte:
Antes de resolver uma inequação exponencial, deve-se
observar a situação das bases nos dois membros, caso as bases
Portanto, os valores menores que x = 0 satisfazem essa
sejam diferentes, reduza-as a uma mesma base e, em seguida,
inequação. Vejamos valores entre 0 e 4.
forme uma inequação com os expoentes. Atente-se as regras
dos sinais:
Caso a > 1, mantenha o sinal original. Portanto, não é um intervalo válido. Agora os valores
Caso 0 < a < 1, inverta o sinal. maiores que 4.

Exemplo: Portanto para a desigualdade 0 < x2 – 4x a solução é:


4x + 4 > 5 . 2x S = { x ϵ R| x < 0 e x > 4}
Perceba que, por fatoração, 4x = 22x e 22x é o mesmo
que (2x)². Vamos reescrever a inequação, temos: EQUAÇÃO LOGARÍTMICA
(2x)² + 4 > 5 . 2x
Chamando 2x de t, para facilitar a resolução, ficamos com: A resolução de uma equação desse tipo baseia-se na
t2 + 4 > 5t definição de logaritmo.
t2 – 5t + 4 > 0, observe que caímos em uma equação do 2º
grau, resolvendo a equação encontramos as raízes da mesma 𝒂𝒙 = 𝒃 → 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒃 , 𝒄𝒐𝒎 𝟎 < 𝒂 ≠ 𝟏 𝒆 𝒃 > 𝟎.
t’ = 1 e t’’ = 4. Como a > 0, concavidade fica para cima; e isto
também significa que estamos procurando valores que tornem Existem quatro tipos de equações logarítmicas:
a inequação positiva, ficamos com:
t < 1 ou t > 4 1º) Equações redutíveis a uma igualdade entre dois
Retornando a equação inicial: logaritmos de mesma base:
t = 2x 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) = 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒈(𝒙)
2x < 1 → x < 0 → lembre-se que todo número elevado a 1
é igual ao próprio número, e que todo número elevado a zero A solução pode ser obtida impondo-se f(x) = g(x) > 0.
é igual a 1.
2x > 4 → 2x > 22 → x > 2. Exemplo:
S = {x ∈ R | x < 0 ou x > 2} 𝐥𝐨𝐠 𝟓 𝟐𝒙 + 𝟒 = 𝐥𝐨𝐠 𝟓 𝟑𝒙 + 𝟏
Temos que:
Questões
2x + 4 = 3x + 1
2x – 3x = 1 – 4
01. A soma das raízes da equação 5x2– 2x+1 = 5625 é:
–x=–3
(A) -4
x=3
(B) -2
Portanto, S = {3}
(C) -1
(D) 2
2º) Equações redutíveis a uma igualdade entre dois
(E) 4
logaritmos e um número real:
𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) = 𝒓

Matemática 46
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APOSTILAS OPÇÃO

A solução pode ser obtida impondo-se f(x) = ar. (D) Logb(a + c) = logb(a.c)
(E) Loge(a.c) = logba + logfc
Exemplo:
𝐥𝐨𝐠 𝟑 𝟓𝒙 + 𝟐 = 𝟑 02. Aplicando as propriedades de logaritmo na equação
Pela definição de logaritmo temos: log A - log B = 0, teremos:
5x + 2 = 33 (A) A . B = 0
5x + 2 = 27 (B) A . B > 0
5x = 27 – 2 (C) A = B
5x = 25 (D) A / B = 0
x=5 (E) A é o inverso de B
Portanto S = {5}.
03. Sabendo que log P = 3loga - 4logb + 1/2logc, assinale a
3º) Equações que são resolvidas por meio de uma alternativa que representa o valor de P.
mudança de incógnita: (dados: a = 4, b = 2 e c = 16)
Exemplo: (A) 12
(𝐥𝐨𝐠 𝟒 𝒙)𝟐 − 𝟑. 𝐥𝐨𝐠 𝟒 𝒙 = 𝟒 (B) 52
Vamos fazer a seguinte mudança de incógnita: (C) 16
𝐥𝐨𝐠 𝟒 𝒙 = 𝒚 (D) 24
(E) 73
Substituindo na equação inicial, ficaremos com:
Respostas

01. Resposta: A.
Logb(a.c )= logba + logbc

02. Resposta: C.
log(A/B)=0
Pela propriedade do log:
A/B=1
4º) Equações que envolvem utilização de A=B
propriedades ou de mudança de base:
Exemplo: 03. Resposta: C.
𝐥𝐨𝐠(𝟐𝒙 + 𝟑) + 𝐥𝐨𝐠(𝒙 + 𝟐) = 𝟐 𝐥𝐨𝐠 𝒙 1
log P = log a3 − logb4 + logc 2
1
Usando as propriedades do logaritmo, podemos c2
reescrever a equação acima da seguinte forma: log P = log (a3 . )
b4
log[(2𝑥 + 3)(𝑥 + 2)] = log 𝑥 2
Note que para isso utilizamos as seguintes propriedades: 43 √16
P= = 16
log 𝑥. 𝑦 = log 𝑥 + log 𝑦 24

log 𝑥 𝑛 = 𝑛. log 𝑥
INEQUAÇÃO LOGARÍTMICA
Vamos retornar à equação:
A forma de se resolver a inequação logarítmica é a mesma
Como ficamos com uma igualdade entre dois logaritmos, da equação, mas é preciso ter muito cuidado quando a base for
segue que: 0 < a < 1.
(2x +3)(x + 2) = x2 São dois tipos de inequação logarítmica.
ou
2x2 + 4x + 3x + 6 = x2 1º) Inequações redutíveis a uma desigualdade entre
2x2 – x2 + 7x + 6 = 0 logaritmos de mesma base:
x2 + 7x + 6 = 0 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) < 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒈(𝒙)

Neste caso há ainda dois casos a considerar

a>1
x = -1 ou x = - 6
Nesse caso, a relação entre f(x) e g(x) tem o mesmo
Lembre-se que para o logaritmo existir o logaritmando e a sentido que a desigualdade entre os logaritmos.
base devem ser positivos. Com os valores encontrados para x, 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑓(𝑥) < 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑔(𝑥) ⟹ 0 < 𝑓(𝑥) < 𝑔(𝑥)
o logaritmando ficará negativo. Sendo assim, a equação não
tem solução ou S = ø.
0<a<1
Questões Nesse caso, a relação entre f(x) e g(x) tem sentido
contrário a desigualdade entre os logaritmos.
01. O logaritmo de um produto de dois fatores é igual à 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑓(𝑥) < 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑔(𝑥) ⟹ 𝑓(𝑥) > 𝑔(𝑥) > 0
soma dos logaritmos de cada fator, mantendo-se a mesma
base. Identifique a alternativa que representa a propriedade
do logaritmo anunciada. Exemplo:
(A) Logb(a.c )= logba + logbc A inequação 𝐥𝐨𝐠 𝟑 (𝟑𝒙 − 𝟐) ≤ 𝐥𝐨𝐠 𝟑 𝒙
(B) Logb(a.c) = logb(a + c) Temos a seguinte condição: 0 < 3x – 2 ≤ x.
(C) Logb(a + c) = logba.logbc Fazendo cada membro da equação separadamente:
0 < 3x – 2 → x > 2/3 (I)

Matemática 47
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APOSTILAS OPÇÃO

3x – 2 ≤ x → 2x ≤ 2 → x ≤ 1 (II) EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES MODULARES


Da interseção de (I) com (II), resulta:
S = { x ϵ R| 2/3 < x ≤ 1}. O módulo é conhecido como o valor absoluto do
número. Por definição temos:
2º) Inequações redutíveis a uma desigualdade entre Seja x um número real. O módulo de x, denotado por |x|, é
um logaritmo e um número real: definido por
𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) > 𝒓 𝒐𝒖 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) < 𝒓 |𝒙| = { 𝒙 𝒔𝒆 𝒙 ≥ 𝟎
−𝒙 𝒔𝒆 𝒙 < 𝟎
Para resolver uma inequação desse tipo, basta substituir r
por log 𝑎 𝑎𝑟 ; assim teremos: Interpretando geometricamente o módulo de um número
𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) < 𝒓 𝒆𝒒𝒖𝒊𝒗𝒂𝒍𝒆 𝒂 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) < 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒂𝒓 real x, na reta, com a distância de x a origem, temos:
𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) > 𝒓 𝒆𝒒𝒖𝒊𝒗𝒂𝒍𝒆 𝒂 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) > 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒂𝒓
Se x ≥ 0
Referências
http://www.brasilescola.com
BIANCHINI, Edwaldo; PACCOLA, Herval – Matemática – Volume 1
IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único

Questões Se x < 0

01. (SEE-AC – Professor de Matemática e Física –


FUNCAB) Resolva a inequação abaixo

Observamos que as distâncias são sempre positivas ou 0,


(A) ]1,5/4[ logo: |x| ≥ 0.
(B) ]1, 8[
(C) ]- ∞, 5/4[ Propriedades: Sendo a um número real positivo e x e y
(D)] -∞, 1[ números reais quaisquer, demonstra-se que:
(E) ]5/4,8[ a) √𝒙𝟐 = |𝒙|

02. (SEDUC/SP – Professor de Matemática – FGV) b) |x| = a  x = - a ou x = a


Considere a desigualdade:
log 2013 (log 2014 ( log 2015 𝑥)) > 0 c) |x| < a  - a < x < a

o menor valor inteiro de x que satisfaz essa desigualdade d) |x| > a  x < - a ou x > a
é:
(A) 20132014 + 1 e) |x| = | - x|
(B) 20142013 + 1
(C) 20142015 + 1 f) x2 = |x|2 = |x2|
(D) 20152014 + 1
(E) 2016 g) |x.y| = |x|.|y|

𝒙 |𝒙|
Respostas h) | | = |𝒚|
𝒚

01. Resposta: A. i) |x + y| ≤ |x| + |y| (Desigualdade Triangular)


A condição de existência (C.E.).

C.E.: x - 1 > 0, - Equação modular


x>1 Sua resolução está baseada nas seguintes propriedades:
Obs.: a função é decrescente (0 < x < 1).
* Se |x| = a e a > 0, então x = a ou x = -a
Assim, inverte-se o sinal. *Se |x| = a e a = 0, então x = 0
log1/2 (x-1) > 2
log1/2 (x-1) > log1/2 (1/2)2 Tendo como conjunto universo: U = R.
x – 1 < 1/4
x < 1 + 1/4 Exemplos:
x < 5/4 A) Resolver a equação |2x + 1| = 5.
S = {x E R / 1< x < 5/4} De acordo com as propriedades, temos:
]1, 5/4[ 2x + 1 = 5 ➔ 2x = 4 ➔ x = 2 ou
2x + 1 = -5 ➔ 2x = -6 ➔ x = -3
02. Resposta: D. S = {-3,2}.
log 2013 (log 2014 ( log 2015 𝑥)) > 0
log 2013 (log 2014 ( log 2015 𝑥)) > log 2013 1 B) |9x + 2| = -3
log 2014 (log 2015 𝑥) > 1 Sabemos que o módulo é sempre positivo, como o valor do
log 2014 (log 2015 𝑥) > log 2014 2014¹ módulo é igual a -3, não podemos ter |9x + 2| < 0. Portanto o
log 2015 𝑥 > 2014 conjunto solução da equação é S = ᶲ
log 2015 𝑥 > log 2015 20152014
x > 20152014 , logo o menor inteiro será: x > 20152014 + 1

Matemática 48
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APOSTILAS OPÇÃO

- Inequação Modular RELAÇÃO


A resolução de inequações modulares se baseia nas
seguintes propriedades: Plano Cartesiano Ortogonal de Coordenadas
P1) |x| > a ↔ x < - a ou x > a Foi criado por René Descartes, ao qual consiste em dois
eixos perpendiculares:
1 - Horizontal denominado eixo das abscissas e
2 - Vertical denominado eixo das ordenadas.

P2) |x| < a ↔ -a < x < a Tem como objetivo localizarmos pontos determinados em
um determinado espaço. Além do mais, o plano cartesiano foi
dividido em quadrantes aos quais apresentam as seguinte
propriedades em relação ao par ordenado (x, y) ou (a, b).

Exemplo:
Resolvendo a inequação |2x + 1| > 5.
De acordo com P1, podemos escrever:
2x + 1 < -5 ➔ 2x < -6 ➔ x < -3 (I) ou
2x + 1 > 5 ➔ 2x > 4 ➔ x > 2 (II)
Fazendo a união:

Referências
BIANCHINI, Edwaldo; PACCOLA, Herval – Matemática – Volume 1 – Versão beta – Par Ordenado
Editora Moderna
Quando representamos o conjunto (a, b) ou (b, a) estamos,
Questões na verdade, representando o mesmo conjunto, sem nos
preocuparmos com a ordem dos elementos. Porém, em alguns
01. Resolver, em R, a equação |2x – 3| = 5. casos, é conveniente distinguir a ordem destes elementos.
Para isso, usamos a ideia de par ordenado que é conjunto
02. Resolver, em R, a inequação |2x – 5| < 3 de formado por dois elementos, onde o primeiro é a ou x e o
segundo é b ou y.
03. Resolver, em R, a inequação√(2𝑥 − 5)2 ≥ 1.
Propriedade
Respostas Dois pares ordenados (a, b) = (c, d) são iguais se
e somente se, a = c e b = d
01. |2x – 3| = 5 Ou
2x – 3 = 5 ou 2x – 3 = - 5 Dois pares ordenados (x, y) = (w, z) são iguais se
2x = 5 + 3 2x = - 5 + 3
e somente se, x = w e y = z
2x = 8 2x = - 2
x=8:2 x=-2:2
x=4 x=-1 Exemplos:
V = {- 1, 4} 1) (a,b) = (2,5) → a = 2 e b = 5.
2) (a + 1,6) = (5,2b) → a + 1 = 5 e 6 = 2b → a = 5 -1 e b = 6/2
02. |2x – 5| < 3 → a = 4 e b = 3.
Pela propriedade c:
Gráfico cartesiano do par ordenado
- 3 < 2x – 5 < 3 Todo par ordenado de números reais pode ser
- 3 + 5 < 2x < 3 + 5 representado por um ponto no plano cartesiano.
2 < 2x < 8 (dividindo por 2)
1<x<4
V = {x ∈ R| 1 < x < 4}

03. Pela propriedade a:

√(2𝑥 − 5)2 ≥ 1 → |2x – 5| ≥ 1


Pela propriedade d:
2x – 5 ≤ - 1 ou 2x – 5 ≥ 1
2x ≤ - 1 + 5 2x ≥ 1 + 5
2x ≤ 4 2x ≥ 6 Temos que:
x≤4:2 x≥6:2 - P é o ponto de coordenadas a e b;
x≤2 x≥3 - o número a é chamado de abscissa de P;
V = {x ∈ R| x ≤ 2 ou x ≥ 3} - o número b é chamado ordenada de P;
- a origem do sistema é o ponto O (0,0).

Matemática 49
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APOSTILAS OPÇÃO

Vejamos a representação dos pontos abaixo:

A (4,3)

B (1,2)

C (-2,4)
c) Plano cartesiano
D (-3,-4) Apresentamos o produto cartesiano, no plano cartesiano,
quando representamos o 1º conjunto num eixo horizontal, e o
E (3,-3) 2º conjunto num eixo vertical de mesma origem e, por meio de
pontos, marcamos os elementos desses conjuntos. Em cada um
F (-4,0) dos pontos que representam os elementos passamos retas
(horizontais ou verticais). Nos cruzamentos dessas retas,
G (0,-2) teremos pontos que estarão representando, no plano
cartesiano, cada um dos pares ordenados do conjunto A
cartesiano B (B x A).

Produto Cartesiano
Dados dois conjuntos A e B, chamamos de produto
cartesiano A x B ao conjunto de todos os possíveis pares
ordenados, de tal maneira que o 1º elemento pertença ao 1º
conjunto (A) e o 2º elemento pertença ao 2º conjunto (B).

𝐀 𝐱 𝐁 = {(𝐱, 𝐲)|𝐱 ∈ 𝐀 𝐞 𝐲 ∈ 𝐁}

Quando o produto cartesiano for efetuado entre o conjunto Noção de Relação


A e o conjunto A, podemos representar A x A = A2. Vejamos, por Dado os conjuntos A = {4,5,6} e B = {5,6,7,8}, temos:
meio de o exemplo a seguir, as formas de apresentação do A x B = {(4,5), (4,6), (4,7), (4,8), (5,5), (5,6), (5,7), (5,8),
produto cartesiano. (6,5), (6,6), (6,7), (6,8)}

Exemplo: Destacando o conjunto A x B, por exemplo, o conjunto R


Sejam A = {2,3,4} e B = {3,5}. Podemos efetuar o produto formado pelos pares (x,y) que satisfaçam a seguinte lei de
cartesiano A x B, também chamado A cartesiano B, e apresentá- formação: x + y = 10, ou seja:
lo de várias formas. R = {(x,y) ϵ A x B| x + y = 10}
Vamos montar uma tabela para facilitar os cálculos.
a) Listagem dos elementos
Apresentamos o produto cartesiano por meio da listagem, x 4 4 4 4 5 5 5 5 6 6 6 6
quando escrevemos todos os pares ordenados que constituam
o conjunto. Assim, no exemplo dado, teremos: y 5 6 7 8 5 6 7 8 5 6 7 8

A x B = {(2,3),(2,5),(3,3),(3,5),(4,3),(4,5)} 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
9
x+y

0 1 2 0 1 2 3 1 2 3 4
Vamos aproveitar os mesmo conjuntos A e B e efetuar o
produto B e A (B cartesiano A):
B x A = {(3,2),(3,3),(3,4),(5,2),(5,3),(5,4)}. Destacamos os pares que satisfazem a lei de formação:
R = {(4,6), (5,5)}, podemos com isso observar que R ⊂ A x
Observando A x B e B x A, podemos notar que o produto B.
cartesiano não tem o privilégio da propriedade comutativa, ou
seja, A x B é diferente de B x A. Só teremos a igualdade A x B = Dados dois conjuntos A e B, chama-se relação de A em B
B x A quando A e B forem conjuntos iguais. qualquer subconjunto de A x B, isto é:

Observação: Considerando que para cada elemento do R é uma relação de A em B ↔ R ⊂ A x B


conjunto A o número de pares ordenados obtidos é igual ao
número de elementos do conjunto B, teremos: n (A x B) = n(A)
x n(B). Noção de Função
No nosso exemplo temos: n (A x B) = n (A) x n (B) = 3 x 2 = Dados os conjuntos A = {4,5,6} e B = {5,6,7,8}, considerando
6 o conjunto de pares (x,y), tais que x ϵ A e y ϵ B.
Qualquer um desses conjuntos é chamado relação de A em
b) Diagrama de flechas B, mas se cada elemento dessa relação associar cada
Apresentamos o produto cartesiano por meio do diagrama elemento de A um único elemento de B, dizemos que ela é
de flechas, quando representamos cada um dos conjuntos no uma função de A em B.
diagrama de Euler-Venn, e os pares ordenados por “flechas” Vale ressaltar que toda função é uma relação, mas nem
que partem do 1º elemento do par ordenado (no 1º conjunto) toda relação é uma função.
e chegam ao 2º elemento do par ordenado (no 2º conjunto).
Considerando os conjuntos A e B do nosso exemplo, o
produto cartesiano A x B fica assim representado no diagrama
de flechas:

Matemática 50
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APOSTILAS OPÇÃO

Analisemos através dos diagramas de Venn. Pelo diagrama de Venn:

Representado no gráfico:

- Ao conjunto A dá-se o nome de domínio, ou conjunto


partida, representado pela letra D.
Logo, D(f) = A.
- Ao conjunto B dá-se o nome de contradomínio, ou
conjunto chegada, representado pelas letras CD ou somente C.
Logo, CD(f) = B ou C(f) = B.
- A cada elemento y de B que está associado a um x de A,
denominamos imagem de x. Logo, y = f(x). (Lê-se: y é igual a f
de x).
- Ao conjunto dos elementos y de B, que são imagens dos
elementos x de A dos elementos x de A, dá-se o nome de
conjunto imagem ou apenas imagem, representado por Im ou
Analisemos agora através dos gráficos: Im(f). Têm:-se que Im ⊂ B.

A notação para representar função é dada por:

Exemplo:
Dado A = {-2, -1, 0, 1, 2} vamos determinar o conjunto
imagem da função f:A→ R, definida por f(x) = x+3.
Vamos pegar cada elemento do conjunto A, aplicarmos a lei
de associação e acharmos a imagem deste conjunto.
F(-2) = -2 + 3 = 1
F(-1) = -1 + 3 = 2
F(0) = 0 + 3 = 3
F(1) = 1 + 3 = 4
F(2) = 2 + 3 = 5

Um jeito prático de descobrirmos se o gráfico


apresentado é ou não função, é traçarmos retas paralelas
ao eixo do y e se verificarmos se no eixo do x existem
elementos com mais de uma correspondência, aí podemos
dizer se é ou não uma função, conforme os exemplos acima.

Elementos da função Domínio de uma função real de variável real


Como já vimos nos conceitos acima, temos que dado dois Para definirmos uma função precisamos conhecer dois
conjuntos não vazios A e B chamamos de função a relação que conjuntos (não vazios) A e B e a lei que associa cada elemento
associa a cada elemento de x (ou a) de A um único elemento x de A um único elemento y de B. Para nosso caso vamos
y (ou b) de B, conhecida também como função de A em B. considerar A e B sendo subconjuntos de R e diremos que f é
Na figura abaixo está ilustrado os elementos de uma uma função real de variável real.
função. O conjunto A, domínio da função f, será formado por todos
os elementos do conjunto real de x, para os quais as operações
indicadas na lei de associação sejam possíveis em R.

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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplos: E no caso abaixo a reta é a bissetriz dos quadrantes pares.


1) y = x2 + 3x
Vamos substituir x por qualquer número real obtermos
para y um valor real. Logo D(f) = R.

1
2) 𝑦 =
𝑥
Neste caso como o nosso denominador não pode ser igual
a zero, temos que D(f) = R*
𝒙
3) 𝒇(𝒙) =
𝒙−𝟐
Função Injetora: Quando para n elementos distintos do
Como sabemos que o denominador tem que ser diferente domínio apresentam imagens também distintas no
de zero, logo x – 2 ≠ 0 ➔ x ≠ 2. contradomínio. Exemplo:
D(f) = R – {2} ou D(f) = {x ϵ R| x ≠ 2}

FUNÇÃO DO 1º GRAU OU FUNÇÃO AFIM OU POLINOMIAL


DO 1º GRAU

Recebe ou é conhecida por um desses nomes, sendo por


definição: Toda função f: R → R, definida por: Reconhecemos, graficamente, uma função injetora quando,
uma reta horizontal, qualquer que seja interceptar o gráfico da
F(x) = ax + b função, uma única vez.

Com a ϵ R* e b ϵ R.
O domínio e o contradomínio é o conjunto dos números
reais (R) e o conjunto imagem coincide com o contradomínio,
Im = R.
Quando b = 0, chamamos de função linear.

Função Sobrejetora: Quando todos os elementos do


contradomínio forem imagens de pelo menos um elemento do
domínio. Exemplo:

Tipos de Função
Função constante: é toda função definida f: R → R, para
cada elemento de x, temos a mesma imagem, ou seja, o mesmo
f(x) = y. Podemos dizer que y = f(x) = k.
Reconhecemos, graficamente, uma função sobrejetora
Observe os gráficos abaixo da função constante quando, qualquer que seja a reta horizontal que interceptar o
eixo no contradomínio, interceptar, também, pelo menos uma
vez o gráfico da função.

A reresentação gráfica de uma função do constante, é uma


reta paralela ao eixo das abscissas ou sobre o eixo (igual ao
eixo abscissas).

Função Identidade
Se a = 1 e b = 0, então y = x. Quando temos este caso
chamamos a função de identidade, notamos que os valores de
x e y são iguais, quando a reta corta os quadrantes ímpares
e y = - x, quando corta os quadrantes pares.
A reta que representa a função identidade é denominada
de bissetriz dos quadrantes ímpares:

Função Bijetora: uma função é dita bijetora quando é


injetora e sobrejetora ao mesmo tempo. Exemplo:

Matemática 52
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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplo: Através do gráfico da função notamos que:


A função f : [1; 3] → [3; 5], definida por f(x) = x + 2, é uma -Para função é crescente o ângulo formado entre a reta da
função bijetora. função e o eixo x (horizontal) é agudo (< 90º) e
- Para função decrescente o ângulo formado é obtuso (> 90º).

Zero ou Raiz da Função


Chama-se zero ou raiz da função y = ax + b, o valor de x
que anula a função, isto é, o valor de x para que y ou f(x) seja
igual à zero.

Para achar o zero da função y = ax + b, basta igualarmos y


ou f(x) a valor de zero, então assim teremos uma equação do
Função Ímpar e Função Par 1º grau, ax + b = 0.
Dizemos que uma função é par quando para todo elemento
x pertencente ao domínio temos 𝑓(𝑥) = 𝑓(−𝑥), ∀ 𝑥 ∈ 𝐷(𝑓). Estudo do sinal da função:
Ou seja os valores simétricos devem possuir a mesma imagem. Estudar o sinal da função y = ax + b é determinar os valores
Par melhor compreensão observe o diagrama abaixo: reais de x para que:
- A função se anule (y = 0);
- A função seja positiva (y > 0);
- A função seja negativa (y < 0).

Vejamos abaixo o estudo do sinal:

A função é dita ímpar quando para todo elemento x


pertencente ao domínio, temos f(-x) = -f(x) ∀ x є D(f). Ou seja
os elementos simétricos do domínio terão imagens simétricas.
Observe o diagrama abaixo:

Função crescente e decrescente


A função pode ser classificada de acordo com o valor do
coeficiente a (coeficiente angular da reta), se a > 0, a
função é crescente, caso a < 0, a função é decrescente. A
função é caracterizada por uma reta. Exemplo:
Estudar o sinal da função y = 2x – 4 (a = 2 > 0).
Qual o valor de x que anula a função?
y=0
2x – 4 = 0
2x = 4
4
x=
2
x=2
A função se anula para x = 2.

Referências
BIANCHINI, Edwaldo; PACCOLA, Herval – Matemática Volume 1 – Editora
Moderna
FACCHINI, Walter – Matemática Volume Único – 1ª Edição - Editora
Saraiva:1996

Questões

01. O gráfico apresenta informações do lucro, em reais,


sobre a venda de uma quantidade, em centenas, de um produto
em um hipermercado.

Matemática 53
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APOSTILAS OPÇÃO

T = 3t + 2,50

03. Resposta: D.
35 = - 4x + 15 → - 4x = 20 → x = - 5

FUNÇÃO POLINOMIAL DO 2º GRAU OU FUNÇÃO


QUADRÁTICA

Chama-se “função do 2º grau”, função quadrática, função


polinomial do 2º grau ou função trinômio do 2º grau, toda
função f de R em R definida por um polinômio do 2º grau da
Sabendo-se que é constante a razão entre a variação do forma:
lucro e a variação da quantidade vendida e que se pretende ter
um lucro total não menor que R$ 90.500,00 em 10 dias de
venda desse produto, então a média diária de unidades que Com a, b e c reais e a ≠ 0.
deverão ser vendidas, nesse período, deverá ser, no mínimo,
de: Onde:
(A) 8 900. a é o coeficiente de x2
(B) 8 950. b é o coeficiente de x
(C) 9 000. c é o termo independente
(D) 9 050.
(E) 9 150. Exemplos:
y = x2 – 16, sendo a = 1, b = 0 e c = – 16
02. Em determinado estacionamento cobra-se R$ 3,00 por f(x) = x2, sendo a = 1, b = 0 e c = 0
hora que o veículo permanece estacionado. Além disso, uma
taxa fixa de R$ 2,50 é somada à tarifa final. Seja t o número de Representação gráfica da Função
horas que um veículo permanece estacionado e T a tarifa final, O gráfico da função é constituído de uma curva aberta
assinale a seguir a equação que descreve, em reais, o valor de chamada de parábola.
T:
(A) T = 3t Exemplo:
(B) T = 3t + 2,50 Se a função f de R em R definida pela equação y = x2 + x.
(C) T = 3t + 2.50t Atribuindo à variável x qualquer valor real, obteremos em
(D) T = 3t + 7,50 correspondência os valores de y, vamos construir o gráfico da
(E) T = 7,50t + 3 função:

03. Dada a função f(x) = −4x +15 , sabendo que f(x) = 35, x y
então -3 6
(A) x = 5. -2 2
(B) x = 6. -1 0
(C) x = -6. -1/2 -1/4
(D) x = -5. 0 0
Respostas 1 2
2 6
01. Resposta: E.
Pelo enunciado temos que, a razão constante entre
variação de lucro (ΔL) e variação de quantidade (ΔQ) vendida:
∆𝐿 7000 − (−1000) 8000
𝑅= →𝑅= →𝑅= → 𝑅 = 100 1) Como o valor de a > 0 a concavidade está voltada para
∆𝑄 80 − 0 80
cima;
Como se pretende ter um lucro maior ou igual a R$ 2) -1 e 0 são as raízes de f(x);
90.500,00, logo o lucro final tem que ser pelo menos 90.500,00 3) c é o valor onde a curva corta o eixo y neste caso, no 0
Então fazendo a variação do lucro para este valor temos: (zero)
ΔL = 90500 – (-1000) = 90500 + 1000 = 91500 4) O valor do mínimo pode ser observado nas
Como é constante a razão entre a variação de lucro (ΔL) e extremidades (vértice) de cada parábola: -1/2 e -1/4
variação de quantidade (ΔQ) vendida, vamos usar o valor
encontrado para acharmos a quantidade de peças que Concavidade da Parábola
precisam ser produzidas: No caso das funções definida por um polinômio do 2º grau,
a parábola pode ter sua concavidade voltada para cima (a > 0)
∆𝐿 91500 91500
𝑅= → 100 = → 100∆𝑄 = 91500 → ∆𝑄 = ou voltada para baixo (a < 0).
∆𝑄 ∆𝑄 100
→ ∆𝑄 = 915

Como são em 10 dias, termos 915 x 10 = 9150 peças que


deverão ser vendidas, em 10 dias, para que se obtenha como
lucro pelo menos um lucro total não menor que R$ 90.500,00

02. Resposta: B.
Equacionando as informações temos: 3 deve ser
multiplicado por t, pois depende da quantidade de tempo, e
acrescentado 2,50 fixo

Matemática 54
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APOSTILAS OPÇÃO

Vértice da parábola Valor máximo e valor mínimo da função definida por


Toda parábola tem um ponto de ordenada máxima ou um polinômio do 2º grau
ponto de ordenada mínima, a esse ponto denominamos - Se a > 0, o vértice é o ponto da parábola que tem ordenada
vértice. Dado por V (xv , yv). mínima. Nesse caso, o vértice é chamado ponto de mínimo e
a ordenada do vértice é chamada valor mínimo da função;
- Se a < 0, o vértice é o ponto da parábola que tem ordenada
máxima. Nesse caso, o vértice é ponto de máximo e a
ordenada do vértice é chamada valor máximo da função.

- Eixo de simetria
É aquele que dado o domínio a imagem é a mesma. Isso faz
com que possamos dizer que a parábola é simétrica a reta que
passa por xv, paralela ao eixo y, na qual denominamos eixo de
Raízes ou zeros da função definida por um polinômio
simetria. Vamos entender melhor o conceito analisando o
do 2º grau
exemplo: y = x2 + 2x – 3 (início do assunto).
As raízes ou zeros da função quadrática f(x) = ax2 + bx + c
Atribuímos valores a x, achamos valores para y. Temos
são os valores de x reais tais que f(x) = 0, ou seja são valores
que:
que deixam a função nula. Com isso aplicamos o método de
f (-3) = f (1) = 0
resolução da equação do 2º grau.
f (-2) = f (0) = -3
ax2 + bx + c = 0
Conjunto Domínio e Imagem
A resolução de uma equação do 2º grau é feita com o
Toda função com Domínio nos Reais (R) que possui a > 0,
auxílio da chamada “fórmula de Bháskara”.
sua concavidade está voltada para cima, e o seu conjunto
imagem é dado por:
−∆ −∆ −b 
𝑰𝒎 = {𝒚 ∈ 𝑹| 𝒚 ≥
𝟒𝒂
} 𝒐𝒖 𝑰𝒎 = [
𝟒𝒂
; +∞[ x= , onde, = b2 – 4.a.c
2.a
As raízes (quando são reais), o vértice e a intersecção com
o eixo y são fundamentais para traçarmos um esboço do
gráfico de uma função do 2º grau.

Forma fatorada das raízes: f (x) = a (x – x1) (x – x2).


Esta fórmula é muito útil quando temos as raízes e
precisamos montar a sentença matemática que expresse a
Logo se a < 0, a concavidade estará voltada para baixo, o função.
seu conjunto imagem é dado por:
−∆ −∆ Estudo da variação do sinal da função
𝑰𝒎 = {𝒚 ∈ 𝑹| 𝒚 ≤ } 𝒐𝒖 𝑰𝒎 = ]−∞; ] Estudar o sinal de uma função quadrática é determinar os
𝟒𝒂 𝟒𝒂
valores reais de x que tornam a função positiva, negativa ou
nula.
Abaixo podemos resumir todos os valores assumidos pela
função dado a e Δ (delta).

Coordenadas do vértice da parábola


Como visto anteriormente a função apresenta como eixo
de simetria uma reta vertical que intercepta o gráfico num
ponto chamado de vértice.
As coordenadas do vértice são dadas por:
Observe que:
Quando Δ > 0, o gráfico corta e tangencia o eixo x em dois
pontos distintos, e temos duas raízes reais distintas.
Quando Δ = 0, o gráfico corta e tangencia o eixo dos x em
um ponto e temos duas raízes iguais.
Quando Δ < 0, o gráfico não corta e não tangencia o eixo
dos x em nenhum ponto e não temos raízes reais.

Onde:
x1 e x2 são as raízes da função.

Matemática 55
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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplo: (D) 1,9.


Considere a função quadrática representada pelo gráfico (E) 1,4.
abaixo, vamos determinar a sentença matemática que a define. Respostas

01. Resposta: A.
Vamos calcular a distância total, fazendo t = 0:
100−02
𝑑(0) = = 100𝑘𝑚
0+1

Agora, vamos substituir na função:


100−𝑡 2
0=
Resolução: 𝑡+1
Como conhecemos as raízes x1 e x2 (x1= -4 e x2 = 0),
podemos nos da forma fatorada temos: 100 – t² = 0
f (x) = a.[ x – (-4)].[x – 0] ou f (x) = a(x + 4).x . – t² = – 100 . (– 1)
O vértice da parábola é (-2,4), temos: t² = 100
4 = a.(-2 + 4).(-2) → a = -1 𝑡 = √100 = 10𝑘𝑚/ℎ
Logo, f(x) = - 1.(x + 4).x → (-x – 4x).x → -x2 – 4x
02. Resposta: D.
Referências L(x)=3x²-12x-5x²+40x+40
BIANCHINI, Edwaldo; PACCOLA, Herval – Matemática Volume 1 – Editora L(x)=-2x²+28x+40
Moderna 𝑏 28
FACCHINI, Walter – Matemática Volume Único – 1ª Edição - Editora 𝑥𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 = − = − = 7 𝑙𝑜𝑡𝑒𝑠
2𝑎 −4
Saraiva:1996
Questões 03. Resposta: B.
C=0,81, pois é exatamente a distância de V
01. Duas cidades A e B estão separadas por uma distância F(x)=-x²+0,81
d. Considere um ciclista que parte da cidade A em direção à 0=-x²+0,81
cidade B. A distância d, em quilômetros, que o ciclista ainda X²=0,81
precisa percorrer para chegar ao seu destino em função do X=0,9
100−𝑡 2
tempo t, em horas, é dada pela função 𝑑(𝑡) = . Sendo A distância AB é 0,9+0,9=1,8
𝑡+1
assim, a velocidade média desenvolvida pelo ciclista em todo o
percurso da cidade A até a cidade B é igual a FUNÇÃO INVERSA
(A) 10 Km/h
(B) 20 Km/h A inversa de uma função f, denotada por f-1, é a função que
(C) 90 Km/h desfaz a operação executada pela função f. Vejamos a figura
(D) 100 Km/h abaixo:

02. Uma indústria produz mensalmente x lotes de um


produto. O valor mensal resultante da venda deste produto é
V(x)=3x²-12x e o custo mensal da produção é dado por
C(x)=5x²-40x-40. Sabendo que o lucro é obtido pela diferença
entre o valor resultante das vendas e o custo da produção,
então o número de lotes mensais que essa indústria deve
vender para obter lucro máximo é igual a
(A) 4 lotes.
(B) 5 lotes.
(C) 6 lotes.
(D) 7 lotes.
(E) 8 lotes.

03. A figura ilustra um arco decorativo de parábola AB


sobre a porta da entrada de um salão:

Observe que:
1 - a função f "leva" o valor - 2 até o valor - 16, enquanto
Considere um sistema de coordenadas cartesianas com que a inversa f-1, "traz de volta" o valor - 16 até o valor - 2,
centro em O, de modo que o eixo vertical (y) passe pelo ponto desfazendo assim o efeito de f sobre - 2.
mais alto do arco (V), e o horizontal (x) passe pelos dois pontos 2 - outra maneira de entender essa ideia é: a função f
de apoio desse arco sobre a porta (A e B). associa o valor -16 ao valor -2, enquanto que a inversa, f-1,
Sabendo-se que a função quadrática que descreve esse associa o valor -2 ao valor -16.
arco é f(x) = – x²+ c, e que V = (0; 0,81), pode-se afirmar que a 3 - dada uma tabela de valores funcionais para f(x),
distância ̅̅̅̅
𝐴𝐵, em metros, é igual a podemos obter uma tabela para a inversa f-1, invertendo as
(A) 2,1. colunas x e y.
(B) 1,8. 4 - se aplicarmos, em qualquer ordem, f e também f-1 a um
(C) 1,6. número qualquer, obtemos esse número de volta.

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APOSTILAS OPÇÃO

Definição: da população era de, aproximadamente, 𝑦 =


300𝑥
milhares de
400−𝑥
Seja uma função bijetora com domínio reais. Nessa expressão, escrevendo-se x em função de y,
obtém-se x igual a:
A e imagem B. A função inversa f-1 é a função , 4
(A)
com domínio B e imagem A tal que: 3
300𝑦
(B)
400−𝑦
f-1(f(a)) = a para a ∈ A e f(f-1(b)) = b para b∈ B 300𝑦
(C)
400+𝑦
400𝑦
Assim, podemos definir a função inversa f-1 por: (D)
300−𝑦
400𝑦
, para y em B. (E)
300+𝑦
Resposta
Exemplo:
A ideia de trocar x por y para escrever a função inversa, nos 01. Resposta: E.
fornece um método para obter o gráfico de f-1 a partir do Basta isolar o x:
gráfico de f. Vejamos então como isso é possível...Levando em y 300x
= (multiplicando em cruz)
conta que: 1 400 − x
300x = y(400 − x)
300x = 400y − xy
300x + xy = 400y (colocando − se o x em evidência)
Podemos concluir que: x(300 + y) = 400y
400y
x=
300 + y

FUNÇÃO COMPOSTA

A função composta, também chamada de função de função,


é um tipo de função matemática que combina duas ou mais
variáveis.
Sendo assim, ela envolve o conceito de proporcionalidade
entre duas grandezas, e que ocorre por meio de uma só função.
Dada uma função f (f: A → B) e uma função g (g: B → C), a
função composta de g com f é representada por gof. Já a função
composta de f com g é representada por fog.
Propriedade:
fog (x) = f(g(x))
Os gráficos cartesianos de f e f -1 são simétricos em relação
gof (x) = g(f(x))
a bissetriz dos quadrantes 1 e 3 do plano cartesiano.

Regra prática para determinar a inversa de uma


função:
- primeiramente temos que toda função ( f(x), g(x), h(x), ....)
representa o “y”.
Para determinar a inversa temos dois passos:

1° Passo: isolamos o x.
2° passo: trocamos x por y e y por x.
Exemplo
1) Ao considerarmos as funções f(x) = 4x e g(x) = x² + 5,
Exemplo: Determinar a inversa da função f(x) = 3x + 1,
determinaremos:
sabendo que é bijetora.
a) g o f
(g o f)(x) = g(f(x))
Então, temos que:
g(x) = x² + 5
y = 3x + 1
g(4x) = (4x)² + 5
g(4x) = 16x² + 5
1° passo:
y−1 (g o f)(x) = g(f(x)) = 16x² + 5
y – 1 = 3x → x = (isolamos o x)
3
b) f o g
2º passo: (f o g)(x) = f(g(x))
y=
x−1
(trocamos x por y e y por x), temos a inversa de f(x) = 4x
3
𝑥−1 f(x² + 5) = 4 * (x² + 5)
f(x) → 𝑓 −1 (𝑥) = . f(x² + 5) = 4x² + 20
3
(f o g)(x) = f(g(x)) = 4x² + 20
Referências Referências
IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática Elementar – Vol. 01 – Conjuntos IEZZI, Gelson - Matemática- Volume Único
e Funções www.todamateria.com.br
http://www.calculo.iq.unesp.br
Questões
Questão
01. (PREF. CARIACICA/ES – AGENTE TRÂNSITO –
01. (PUC-SP) Estudando a viabilidade de uma campanha FAFIPA) Sejam f e g funções reais, tais que
de vacinação, os técnicos da Secretaria de Saúde de um f(x)= 2x + 3
município verificaram que o custo de vacinação de x por cento g(x)= x3

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APOSTILAS OPÇÃO

Então f(g(2)) é igual a: f(g(x)) = g(f(x))


(A) 8 3 – 4.g(x) = 3.f(x) + m
(B) 9 3 – 4.(3x + m) = 3.(3 – 4x) + m
(C) 7 3 – 12x – 4m = 9 – 12x + m
(D) 17 3 – 12x – 9 + 12x = m + 4m
(E) 19 - 6 = 5m
m = - 6/5
02. (PREF. SÃO PAULO – PROFESSOR DE ENSINO
FUNDAMENTAL II E MÉDIO – MATEMÁTICA – FCC) Sejam as SISTEMA DO 1º GRAU
funções f: R → R, definida por f(x) = ax + b, cujo gráfico é
esboçado abaixo, e g: R → R, definida por g(x) = 3x – 2. Um sistema de equação do primeiro grau com duas
incógnitas x e y, pode ser definido como um conjunto formado
por duas equações do primeiro grau. Lembrando que equação
do primeiro grau é aquela que em todas as incógnitas estão
elevadas à potência 1.

- Observações gerais
Já estudamos sobre equações do primeiro grau com duas
incógnitas, como exemplo: x + y = 7; x – y = 30; x + 2y = 9 x –
3y = 15
O valor de f (g(–2)) é Foi visto também que as equações do 1º grau com duas
(A) –12 variáveis admitem infinitas soluções:
(B) –10 x+y=6x–y=7
(C) –8
(D) –6
(E) –5

03. (FEI-SP) Dadas as funções reais f(x) = 2x + 3 e g(x) = ax


+ b, se f(g(x)) = 8x + 7, o valor de a + b é:
(A) 13
(B) 12
(C) 15 Vendo a tabela acima de soluções das duas equações, é
(D) 6 possível checar que o par (4;2), isto é, x = 4 e y = 2, é a solução
(E) 5 para as duas equações.

04. (MACK-SP) As funções f(x) = 3 – 4x e g(x) = 3x + m Assim, é possível dizer que as equações
são tais que f(g(x)) = g(f(x)), qualquer que seja x real. O valor x+y=6
de m é: x–y=7
(A) 9/4
(B) 5/4 { Observe este símbolo. A matemática convencionou
(C) – 6/5
neste caso para indicar que duas ou mais equações formam um
(D) 9/5
sistema.
(E) – 2/3
- Resolução de sistemas
Respostas
Resolver um sistema significa encontrar um par de valores
das incógnitas x e y que faça verdadeira as equações que fazem
01. Resposta: E
parte do sistema.
G(2)=2³=8
F(8)=2.8+3=16+3=19
Exemplo:
O par (4,3) pode ser a solução do sistema
02. Resposta: E
x–y=2
a=1/2
x+y=6
b=-1
f(x)=1/2 x-1
Para saber se estes valores satisfazem ao sistema, basta
G(-2)=3(-2)-2=-8
substituir os valores em ambas as equações:
F(-8)=-4-1=-5
x - y = 2; x + y = 6
4 – 3 = 1; 4 + 3 = 7
03. Resposta: D
1 ≠ 2 (falso) 7 ≠ 6 (falso)
Temos que f(x) = 2x + 3 e f(g(x)) = 8x + 7
A resposta então é falsa. O par (4,3) não é a solução do
Para calcular f(g(x)) temos que substituir g(x) no lugar de
sistema de equações acima.
x na função f:
2.g(x) + 3 = 8x + 7 (agora isolamos g(x))
- Métodos para solução de sistemas do 1º grau.
2.g(x) = 8x + 7 – 3
2.g(x) = 8x + 4 (dividindo por 2)
Método de substituição
g(x) = 4x + 2, onde a = 4 e b = 2
Esse método de resolução de um sistema de 1º grau
a+b=4+2=6
estabelece que “extrair” o valor de uma incógnita é substituir
esse valor na outra equação.
04. Resposta: C
Observe:
Temos que substituir g(x) no lugar de x na função f e
x–y=2
substituir f(x) no lugar de x na função g:
x+y=4
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APOSTILAS OPÇÃO

Vamos escolher uma das equações para “extrair” o valor de Unindo os pontos traçamos a reta, que contém todos os
uma das incógnitas, ou seja, estabelecer o valor de acordo com pontos da equação. A essa reta damos o nome de reta suporte.
a outra incógnita, desta forma:
x–y=2→x=2+y
Agora iremos substituir o “x” encontrado acima, na “x” da
segunda equação do sistema:
x+y=4
(2 + y) + y = 4
2 + 2y = 4 → 2y = 4 – 2 → 2y = 2 → y = 1
Temos que: x = 2 + y, então
x=2+1
x=3
Assim, o par (3, 1) torna-se a solução verdadeira do
sistema.

Método da adição
Este método de resolução de sistema do 1º grau consiste Questões
apenas em somas os termos das equações fornecidas.
Observe: 01. Em uma gincana entre as três equipes de uma escola
x–y=-2 (amarela, vermelha e branca), foram arrecadados 1 040
3x + y = 5 quilogramas de alimentos. A equipe amarela arrecadou 50
Neste caso de resolução, somam-se as equações dadas: quilogramas a mais que a equipe vermelha e esta arrecadou 30
x – y = -2 quilogramas a menos que a equipe branca. A quantidade de
3x + y = 5 + alimentos arrecadada pela equipe vencedora foi, em
4x = 3 quilogramas, igual a
x = 3/4 (A) 310
Veja nos cálculos que quando somamos as duas equações (B) 320
o termo “y” se anula. Isto tem que ocorrer para que possamos (C) 330
achar o valor de “x”. (D) 350
Agora, e quando ocorrer de somarmos as equações e os (E) 370
valores de “x” ou “y” não se anularem para ficar somente uma
incógnita? 02. Os cidadãos que aderem voluntariamente à Campanha
Neste caso, é possível usar uma técnica de cálculo de Nacional de Desarmamento recebem valores de indenização
multiplicação pelo valor excludente negativo. entre R$150,00 e R$450,00 de acordo com o tipo e calibre do
Ex.: armamento. Em uma determinada semana, a campanha
3x + 2y = 4 arrecadou 30 armas e pagou indenizações somente de
2x + 3y = 1 R$150,00 e R$450,00, num total de R$7.500,00.
Determine o total de indenizações pagas no valor de
Ao somarmos os termos acima, temos: R$150,00.
5x + 5y = 5, então para anularmos o “x” e encontramos o (A) 20
valor de “y”, fazemos o seguinte: (B) 25
» multiplica-se a 1ª equação por +2 (C) 22
» multiplica-se a 2ª equação por – 3 (D) 24
(E) 18
Vamos calcular então:
3x + 2y = 4 (x +2) 03. A razão entre a idade de Cláudio e seu irmão Otávio é
2x + 3y = 1 (x -3) 3, e a soma de suas idades é 28. Então, a idade de Marcos que
6x +4y = 8 é igual a diferença entre a idade de Cláudio e a idade de Otávio
-6x - 9y = -3 + é
-5y = 5 (A) 12.
y = -1 (B) 13.
(C) 14.
Substituindo: (D) 15.
2x + 3y = 1 (E) 16.
2x + 3.(-1) = 1
2x = 1 + 3 Respostas
x=2
01. Resposta: E.
Verificando: Amarela: x
3x + 2y = 4 → 3.(2) + 2(-1) = 4 → 6 – 2 = 4 Vermelha: y
2x + 3y = 1 → 2.(2) + 3(-1) = 1 → 4 – 3 = 1 Branca: z
x = y + 50
- Gráfico de um sistema do 1º grau y = z - 30
Dispondo de dois pontos, podemos representa-los z = y + 30
graficamente em um plano cartesiano. A figura formada por 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1040
esses pontos é uma reta. { 𝑥 = 𝑦 + 50
Exemplo: 𝑧 = 𝑦 + 30
Dado x + y = 4, vamos traçar o gráfico desta equação. Substituindo a II e a III equação na I:
Vamos atribuir valores a x e a y para acharmos os pontos no 𝑦 + 50 + 𝑦 + 𝑦 + 30 = 1040
gráfico. 3𝑦 = 1040 − 80

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APOSTILAS OPÇÃO

y = 320 Montando o sistema temos:


Substituindo na equação II
x = 320 + 50 = 370 𝑥+𝑦 = 5
{ → ( isolando x na 1ª equação ) x = 5 – y,→
z=320+30=350 𝑥. 𝑦 = 4
A equipe que mais arrecadou foi a amarela com 370kg (substituindo na 2ª equação) (5 – y).y = 4

02. Resposta: A. Resolvendo:


Armas de R$150,00: x 5y – y2 = 4 → - y2 + 5y – 4 = 0.(.-1) → y2 – 5y + 4 =0
Armas de R$450,00: y (Temos então uma equação do 2ª grau)
150𝑥 + 450𝑦 = 7500
{
𝑥 + 𝑦 = 30 a = 1 ; b= -5 e c= 4

x = 30 – y −𝑏 ± √𝑏 2 − 4𝑎𝑐
Substituindo na 1ª equação: 𝑥= →𝑥
2𝑎
150(30 − 𝑦) + 450𝑦 = 7500
4500 − 150𝑦 + 450𝑦 = 7500 −(−5) ± √(−5)2 − 4.1. (4) 5 ± √25 − 16
300𝑦 = 3000 = →𝑥=
𝑦 = 10 2.1 2
𝑥 = 30 − 10 = 20
5 ± √9 5−3 2 5+3
O total de indenizações foi de 20. 𝑥= ∴ 𝑥1 = = = 1 𝑒 𝑥2 =
2 2 2 2
8
03. Resposta: C. = =4
Cláudio :x 2
Otávio: y
𝑥 Logo :
=3 Se x = 1 → y=5-1 → y=4
𝑦
𝑥 = 3𝑦 Se x= 4 → y = 5 -4 → y = 1
{
𝑥 + 𝑦 = 28
𝑥 + 𝑦 = 28 Observando temos os valores 1 e 4 ,tanto para x como para
3y + y = 28 y. Então as medidas dos lados são 1 e 4 , podendo x ou y
4y = 28 assumirem os mesmos.
y = 7 x = 21 Fazendo a conferência temos:
Marcos: x – y = 21 – 7 = 14 x + y = 5 ∴ x.y = 4
4+1=5 4.1 = 4
SISTEMA DO 2º GRAU 5=5 4=4
O par ordenado (1,4) ou (4,1) satisfaz o sistema de
Utilizamos o mesmo princípio da resolução dos sistemas equações.
de 1º grau, por adição, substituições, etc. A diferença é que uestões
teremos como solução um sistema pares ordenados.
Uma sequência prática para acharmos sua solução é: 01. A soma entre dois números positivos é 37. Se o produto
- Estabelecer o sistema de equações que traduzam o entre eles é 330, então o valor da diferença entre o maior e o
problema para a linguagem matemática; menor número é:
- Resolver o sistema de equações; (A) 7.
- Interpretar as raízes encontradas, verificando se são (B) 23.
compatíveis com os dados do problema. (C) 61.
Exemplo: (D) 17.
Com uma corda de 10 m de comprimento, Pedro deseja (E) 49.
cercar uma área retangular de 4 m². Quais as medidas dos
lados desse retângulo? 02. Marque, dentre as alternativas abaixo, a que identifica
os pontos comuns aos gráficos de y = x2 + 2x e y = x + 2.
(A) (-2, 1) e (-1,3).
(B) (-2, 0) e (-1,3).
(C) (2,0) e (1,3).
(D) (-2,0) e (1,3).

03. Sabe-se que o produto da idade de Miguel pela idade


de Lucas é 500. Miguel é 5 anos mais velho que Lucas. Qual a
Temos: soma das idades de Miguel e Lucas?
Comprimento: x (A) 40.
Largura: y (B) 55.
(C) 65.
Deduzimos acima que seu perímetro é 10 → x + y + x + y = (D) 50.
10 ou 2x + 2y = 10 → x + y = 5 (dividindo todos os termos por (E) 45.
2). Respostas
E sua área é 4, como a área do retângulo é dada por largura
x comprimento, temos: 01. Resposta: A.
x.y = 4 Sendo x e y os dois números procurados:
x + y = 37 (I)
x.y = 330 (II)
isolando y na equação (I) temos x + y = 37 → y = 37 – x,
substituindo na equação (II):

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APOSTILAS OPÇÃO

x.(37 – x) = 330 Podemos, também, adotar para essas sequências uma


37x – x2 = 330 ordem numérica, ou seja, adotando a1 para o 1º termo, a2 para
x2 – 37x + 330 = 0 , a = 1; b = - 37 e c = 330 o 2º termo até an para o n-ésimo termo. Dizemos que o termo
∆ = b2 – 4.a.c an é também chamado termo geral das sequências, em que n é
∆ = (- 37)2 – 4.1.330 um número natural diferente de zero. Evidentemente,
∆ = 1369 – 1320 daremos atenção ao estudo das sequências numéricas.
∆ = 49 As sequências podem ser finitas, quando apresentam um
último termo, ou, infinitas, quando não apresentam um último
𝑥=
−𝑏±√∆
→𝑥 =
−(−37)±√49
=
37±7
→ termo. As sequências infinitas são indicadas por reticências no
2.𝑎
37+7 44
2.1
37−7
2
30
final.
𝑥= = = 22 ou 𝑥 = = = 15
2 2 2 2
Exemplo:
Se x = 22 → y = 37 – 22 = 15 - Sequência dos números primos positivos: (2, 3, 5, 7, 11,
13, 17, 19, ...). Notemos que esta é uma sequência infinita com
22 – 15 = 7 a1 = 2; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 11; a6 = 13 etc.

02. Resposta: D. 1. Igualdade


Do enunciado y = x2 + 2x e y = x + 2, então: As sequências são apresentadas com os seus termos entre
x2 + 2x = x + 2 parênteses colocados de forma ordenada. Sucessões que
x2 + 2x – x – 2 = 0 apresentarem os mesmos termos em ordem diferente serão
x2 + x – 2 = 0, a = 1, b = 1 e c = - 2 consideradas sucessões diferentes.
Duas sequências só poderão ser consideradas iguais se, e
∆= 𝑏 2 − 4𝑎𝑐 somente se, apresentarem os mesmos termos, na mesma
∆= 12 − 4.1. (−2) ordem.
∆=1+8=9 Exemplo
−𝑏±√∆ A sequência (x, y, z, t) poderá ser considerada igual à
𝑥=
2𝑎 sequência (5, 8, 15, 17) se, e somente se, x = 5; y = 8; z = 15; e t
= 17.
−1±√9
𝑥= Notemos que as sequências (0, 1, 2, 3, 4, 5) e (5, 4, 3, 2, 1,
2.1
0) são diferentes, pois, embora apresentem os mesmos
−1±3 −1+3 −1−3 elementos, eles estão em ordem diferente.
𝑥= →𝑥 = = 1 ou 𝑥 = = −2
2 2 2
2. Formula Termo Geral
Se x = 1 → y = 1 + 2 = 3 (1, 3) Podemos apresentar uma sequência através de um
Se x = - 2 → y = - 2 + 2 = 0 (-2, 0) determinado valor atribuído a cada de termo a n em função do
valor de n, ou seja, dependendo da posição do termo. Esta
03. Resposta: E. formula que determina o valor do termo an é chamada formula
Sendo Miguel M e Lucas L: do termo geral da sucessão.
M.L = 500 (I)
M = L + 5 (II) Exemplo:
substituindo II em I, temos: - Determinar os cincos primeiros termos da sequência cujo
(L + 5).L = 500 termo geral e igual a:
L2 + 5L – 500 = 0, a = 1, b = 5 e c = - 500 an = n2 – 2n,com n ∈ N*.
Teremos:
∆ = b2 – 4ac - se n = 1 ⇒ a1 = 12 – 2. 1 ⇒ a1 = 1 – 2 = - 1
∆ = 52 – 4.1.(- 500) - se n = 2 ⇒ a2 = 22 – 2. 2 ⇒ a2 = 4 – 4 = 0
∆ = 25 + 2000 - se n = 3 ⇒ a3 = 32 – 2. 3 ⇒ a3 = 9 – 6 = 3
∆ = 2025 - se n = 4 ⇒ a4 = 42 – 4. 2 ⇒ a4 =16 – 8 = 8
- se n = 5 ⇒ a5 = 52 – 5. 2 ⇒ a5 = 25 – 10 = 15
−𝑏±√∆
𝐿=
2𝑎
3. Lei de Recorrências
−5±√2025 −5±45 −5+45 40
Uma sequência pode ser definida quando oferecemos o
𝐿= = →𝐿 = = = 20 ou valor do primeiro termo e um “caminho” (uma fórmula) que
2.1 2 2 2
𝐿=
−5−45
=
−50
= −25 esta não convém pois L (idade) permite a determinação de cada termo conhecendo-se o seu
2 2 antecedente. Essa forma de apresentação de uma sucessão é
tem que ser positivo. chamada lei de recorrências.
Então L = 20 → M.20 = 500 → m = 500 : 20 = 25
M + L = 25 + 20 = 45
Exemplo:
- Escrever os cinco primeiros termos de uma sequência em
que:
Sequência: Progressão a1 = 3 e an+1 = 2an – 4 , em que n ∈ N*.
Aritmética e Geométrica.
Teremos: o primeiro termo já foi dado.
- a1 = 3
Podemos, no nosso dia-a-dia, estabelecer diversas - se n = 1 ⇒ a1+1 = 2.a1 – 4 ⇒ a2 = 2.3 – 4 ⇒ a2 = 6 – 4 = 2
sequências como, por exemplo, a sucessão de cidades que - se n = 2 ⇒ a2+1 = 2.a2 – 4 ⇒ a3 = 2.2 – 4 ⇒ a3 = 4 – 4 = 0
temos numa viagem de automóvel entre Brasília e São Paulo - se n = 3 ⇒ a3+1 = 2.a3 – 4 ⇒ a4 = 2.0 – 4 ⇒ a4 = 0 – 4 = - 4
ou a sucessão das datas de aniversário dos alunos de uma - se n = 4 ⇒ a4+1 = 2.a4 – 4 ⇒ a5 = 2.(-4) – 4 ⇒ a5 = - 8 – 4 = -
determinada escola. 12

Matemática 61
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APOSTILAS OPÇÃO

Observações
1) Devemos observar que a apresentação de uma
sequência através do termo geral é mais pratica, visto que
podemos determinar um termo no “meio” da sequência sem a
necessidade de determinarmos os termos intermediários,
como ocorre na apresentação da sequência através da lei de
recorrências.
2) Algumas sequências não podem, pela sua forma
“desorganizada” de se apresentarem, ser definidas nem pela - como podemos observar neste exemplo, temos um
lei das recorrências, nem pela formula do termo geral. Um número ímpar de termos. Neste caso sobrou um termo no
exemplo de uma sequência como esta é a sucessão de números meio (20) que é chamado de termo médio e é igual a metade
naturais primos que já “destruiu” todas as tentativas de se da soma dos extremos. Porém, só existe termos médio se
encontrar uma formula geral para seus termos. houver um número ímpar de termos.
3) Em todo exercício de sequência em que n ∈ N*, o
primeiro valor adotado é n = 1. No entanto de no enunciado P.G. – PROGRESSÃO GEOMETRICA
estiver n > 3, temos que o primeiro valor adotado é n = 4.
Lembrando que n é sempre um número natural. Definição: é uma sequência numérica em que cada termo,
A Matemática estuda dois tipos especiais de sequências, a partir do segundo termo, é igual ao termo anterior
uma delas a Progressão Aritmética. multiplicado por uma constante que é chamada de razão (q).
Como em qualquer sequência os termos são chamados de
PROGRESSÃO ARITMÉTICA (P.A.) a1, a2, a3, a4,.......,an,....

Definição: é uma sequência numérica em que cada termo, Cálculo da razão: a razão de uma P.G. é dada pelo
a partir do segundo termo, é igual ao termo anterior somado quociente de um termo qualquer pelo termo imediatamente
com uma constante que é chamada de razão (r). anterior a ele.
𝑎 𝑎 𝑎 𝑎
Como em qualquer sequência os termos são chamados de 𝑞 = 2 = 3 = 4 = ⋯……… = 𝑛
𝑎1 𝑎2 𝑎3 𝑎𝑛−1
a1, a2, a3, a4,.......,an,....
Exemplos:
Cálculo da razão: a razão de uma P.A. é dada pela
- (3, 6, 12, 24, 48,...) é uma PG de primeiro termo a 1 = 3 e
diferença de um termo qualquer pelo termo imediatamente
razão q = 2
anterior a ele. −9 −9
r = a2 – a1 = a3 – a2 = a4 – a3 = a5 – a4 = .......... = an – an – 1 - (-36, -18, -9, , ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = -
2 4
1
36 e razão q =
2
Exemplo: 5 5
- (5, 9, 13, 17, 21, 25,......) é uma P.A. onde a 1 = 5 e razão r = - (15, 5, , ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 15 e razão
3 9
1
4 q=
3
- (- 2, - 6, -18, - 54, ...) é uma PG de primeiro termo a1 = - 2
Classificação: uma P.A. é classificada de acordo com a e razão q = 3
razão.
Classificação: uma P.G. é classificada de acordo com o
1- Se r > 0 ⇒ a P.A. é crescente. primeiro termo e a razão.
2- Se r < 0 ⇒ a P.A. é decrescente. 1- Crescente: quando cada termo é maior que o anterior.
3- Se r = 0 ⇒ a P.A. é constante. Isto ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
2- Decrescente: quando cada termo é menor que o
Fórmula do Termo Geral anterior. Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 <
Em toda P.A., cada termo é o anterior somado com a razão, 0 e q > 1.
então temos: 3- Alternante: quando cada termo apresenta sinal
1° termo: a1 contrário ao do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
2° termo: a2 = a1 + r 4- Constante: quando todos os termos são iguais. Isto
3° termo: a3 = a2 + r = a1 + r + r = a1 + 2r ocorre quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de
4° termo: a4 = a3 + r = a1 + 2r + r = a1 + 3r razão r = 0. A PG constante é também chamada de PG
5° termo: a5 = a4 + r = a1 + 3r + r = a1 + 4r estacionaria.
6° termo: a6 = a5 + r = a1 + 4r + r = a1 + 5r 5- Singular: quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
. . . . . . quando a1 = 0 ou q = 0.
. . . . . .
. . . . . . Fórmula do termo geral
n° termo é: Em toda P.G. cada termo é o anterior multiplicado pela
𝐚𝐧 = 𝐚𝟏 + (𝐧 − 𝟏). 𝐫 razão, então temos:
1° termo: a1
Fórmula da soma dos n primeiros termos: 2° termo: a2 = a1.q
3° termo: a3 = a2.q = a1.q.q = a1q2
(𝐚𝟏 + 𝐚𝐧 ). 𝐧 4° termo: a4 = a3.q = a1.q2.q = a1.q3
𝐒𝐧 = 5° termo: a5 = a4.q = a1.q3.q = a1.q4
𝟐
. . . . .
Propriedades: . . . . .
1- Numa P.A. a soma dos termos equidistantes dos . . . . .
extremos é igual à soma dos extremos.
Exemplo: (2, 8, 14, 20, 26, 32, 38,......)

Matemática 62
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APOSTILAS OPÇÃO

n° termo é: 02. Uma sequência inicia-se com o número 0,3. A partir do


an = a1.qn – 1 2º termo, a regra de obtenção dos novos termos é o termo
anterior menos 0,07. Dessa maneira o número que
Soma dos n primeiros termos: corresponde à soma do 4º e do 7º termos dessa sequência é
𝐚𝟏 . (𝐪𝐧 − 𝟏) (A) –6,7.
𝐒𝐧 = (B) 0,23.
𝐪−𝟏 (C) –3,1.
(D) –0,03.
Soma dos infinitos termos (ou Limite da soma) (E) –0,23.
Vamos ver um exemplo:
1
Seja a P.G. (2, 1, ½, ¼, 1/8, 1/16, 1/32,.....) de a1 = 2 e q = 03. Os termos da sequência (10; 8; 11; 9; 12; 10; 13; …)
2
se colocarmos na forma decimal, temos obedecem a uma lei de formação. Se an, em que n pertence a
(2; 1; 0,5; 0,25; 0,125; 0,0625; 0,03125;.....) se efetuarmos N*, é o termo de ordem n dessa sequência, então a30 + a55 é
a somas destes termos: igual a:
2+1=3 (A) 58
3 + 0,5 = 3,5 (B) 59
3,5 + 0,25 = 3,75 (C) 60
3,75 + 0,125 = 3,875 (D) 61
3,875 + 0,0625 = 3,9375 (E) 62
3,9375 + 0,03125 = 3,96875
. 04. A soma dos elementos da sequência numérica infinita
. (3; 0,9; 0,09; 0,009; …) é:
. (A) 3,1
Como podemos observar o número somado vai ficando (B) 3,9
cada vez menor e a soma tende a um certo limite. Então temos (C) 3,99
a seguinte fórmula: (D) 3, 999
(E) 4
𝐚𝟏 Respostas
𝐒= → −𝟏 < 𝐪 < 𝟏
𝟏−𝐪
01. Resposta: A.
2 2 r = 48 – 45 = 3
Utilizando no exemplo acima: 𝑆 = 1 = 1 = 4, logo 𝑎1 = 45
1−
2 2
dizemos que esta P.G. tem um limite que tenda a 4. 𝑎𝑛 = 𝑎1 + (𝑛 − 1)𝑟
𝑎99 = 45 + 98 ∙ 3 = 339
Produto da soma de n termos
02. Resposta: D.
|𝐏𝐧 | = √(𝐚𝟏 . 𝐚𝐧 )𝐧 𝑎𝑛 = 𝑎1 − (𝑛 − 1)𝑟
𝑎4 = 0,3 − 3.0,07 = 0,09
𝑎7 = 0,3 − 6.0,07 = −0,12
Temos as seguintes regras para o produto, já que esta 𝑆 = 𝑎4 + 𝑎7 = 0,09 − 0,12 = −0,03
fórmula está em módulo:
1- O produto de n números positivos é sempre positivo. 03. Resposta: B.
2- No produto de n números negativos: Primeiro, observe que os termos ímpares da sequência é
a) se n é par: o produto é positivo. uma PA de razão 1 e primeiro termo 10 - (10; 11; 12; 13; …).
b) se n é ímpar: o produto é negativo. Da mesma forma os termos pares é uma PA de razão 1 e
primeiro termo igual a 8 - (8; 9; 10; 11; …).
Propriedades Assim, as duas PA têm como termo geral o seguinte
1- Numa P.G., com n termos, o produto de dois termos formato:
equidistantes dos extremos é igual ao produto destes (1) ai = a1 + (i - 1).1 = a1 + i – 1
extremos. Para determinar a30 + a55 precisamos estabelecer a regra
Exemplo: (1, 2, 4, 8, 16, 32, 64,....) geral de formação da sequência, que está intrinsecamente
relacionada às duas progressões da seguinte forma:
- Se n (índice da sucessão) é ímpar temos que n = 2i - 1, ou
seja, i = (n + 1)/2;
- Se n é par temos n = 2i ou i = n/2.
Daqui e de (1) obtemos que:
- como podemos observar neste exemplo, temos um an = 10 + [(n + 1)/2] - 1 se n é ímpar
número ímpar de termos. Neste caso sobrou um termo no an = 8 + (n/2) - 1 se n é par
meio (8) que é chamado de termo médio e é igual a raiz Logo:
quadrada do produto dos extremos. Porém, só existe a30 = 8 + (30/2) - 1 = 8 + 15 - 1 = 22 e
termos médio se houver um número ímpar de termos. a55 = 10 + [(55 + 1)/2] - 1 = 37
E, portanto:
Questões a30 + a55 = 22 + 37 = 59.

01. Descubra o 99º termo da P.A. (45, 48, 51,...) 04. Resposta: E.
(A) 339 Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1 a soma
(B) 337 da PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 0,09/0,9 = 0,1.
(C) 333 Assim:
(D) 331 S = 3 + S1

Matemática 63
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APOSTILAS OPÇÃO

Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma - Segmento de reta: é uma parte finita (tem começo e fim)
PG infinita para obter S1: da reta.
S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4 ̅̅̅̅ ).
Exemplo: (segmento de reta 𝐴𝐵

Geometria Plana. Ângulos:


Observação: 𝐴𝐵 ≠ 𝐵𝐴 e ̅̅̅̅
𝐴𝐵 = ̅̅̅̅
𝐵𝐴.
definição, classificação,
unidades e operações, feixes
de paralelas cortadas por POSIÇÃO RELATIVA ENTRE RETAS
transversais, Teorema de
- Retas concorrentes: duas retas são concorrentes
Tales e aplicações. Polígonos: quando se interceptam em um ponto. Observe que a figura
elementos e classificação, abaixo as retas c e d se interceptam no ponto B.
diagonais, soma dos ângulos
externos e internos, estudo
dos quadriláteros e
triângulos, congruências e
semelhanças, relações - Retas paralelas: são retas que por mais que se
métricas dos triângulos. Área: prolonguem nunca se encontram, mantêm a mesma distância
e nunca se cruzam. O ângulo de inclinação de duas ou mais
polígonos e suas partes retas paralelas em relação a outra é sempre igual. Indicamos
retas paralelas a e b por a // b.

PONTO – RETA E PLANO

Ao estudo das figuras em um só plano chamamos de


Geometria Plana.
A Geometria estuda, basicamente, os três princípios
- Retas coincidentes: duas retas são coincidentes se
fundamentais (ou também chamados de “entes primitivos”)
pertencem ao mesmo plano e possuem todos os pontos em
que são: Ponto, Reta e Plano. Estes três princípios não tem
comum.
definição e nem dimensão (tamanho).
Para representar um ponto usamos. e para dar nome
usamos letras maiúsculas do nosso alfabeto. Exemplo: . A
(ponto A).
Para representar uma reta usamos ↔ e para dar nome
usamos letras minúsculas do nosso alfabeto ou dois pontos por
onde esta reta passa.
Exemplo: t ( reta t ou reta ⃡𝐴𝐵). - Retas perpendiculares: são retas concorrentes que se
cruzam num ponto formando entre si ângulos de 90º ou seja
ângulos retos.

Para representar um plano usamos uma figura chamada


paralelogramo e para dar nome usamos letras minúsculas do
alfabeto grego (α, β, π, θ,....).
Exemplo:

Semiplano: toda reta de um plano que o divide em outras


duas porções as quais denominamos de semiplano. Observe a
figura: Ângulos formados por duas retas paralelas com uma
transversal
Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no mesmo
plano e não possuem ponto em comum.
Vamos observar a figura abaixo:

Partes de uma reta


Estudamos, particularmente, duas partes de uma reta:
- Semirreta: é uma parte da reta que tem origem em um
ponto e é infinita.
Exemplo: (semirreta 𝐴𝐵), tem origem em A e passa por B.

Ângulos colaterais internos: (colaterais = mesmo lado)

Matemática 64
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APOSTILAS OPÇÃO

A soma dos ângulos 4 e 5 é igual a 180°. Os ângulos 2 e 8 são congruentes (iguais)

Ângulos correspondentes: são ângulos que ocupam uma


mesma posição na reta transversal, um na região interna e o
outro na região externa.

A soma dos ângulos 3 e 6 é igual a 180°

Ângulos colaterais externos:

Os ângulos 1 e 5 são congruentes (iguais)

A soma dos ângulos 2 e 7 é igual a 180°

os ângulos 2 e 6 são congruentes (iguais)

A soma dos ângulos 1 e 8 é igual a 180°

Ângulos alternos internos: (alternos = lados diferentes)


os ângulos 3 e 7 são congruentes (iguais)

Os ângulos 4 e 6 são congruentes (iguais)


os ângulos 4 e 8 são congruentes (iguais)

Questões

01. Na figura abaixo, o valor de x é:

Os ângulos 3 e 5 são congruentes (iguais)

Ângulos alternos externos:


(A) 10°
(B) 20°
(C) 30°
(D) 40°
(E) 50°

Os ângulos 1 e 7 são congruentes (iguais)

Matemática 65
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APOSTILAS OPÇÃO

02. O valor de x na figura seguinte, em graus, é: Os ângulos são dois a dois iguais, portanto 𝛼 = 40°

ÂNGULOS

Ângulo: É uma região limitada por duas semirretas de


mesma origem.

(A) 32° Elementos de um ângulo:


(B) 32° 30’ - LADOS: são as duas semirretas 𝑂𝐴 e 𝑂𝐵.
(C) 33° -VÉRTICE: é o ponto de intersecção das duas semirretas,
(D) 33° 30’ no exemplo o ponto O.
(E) 34°

̂ é reto, o valor
03. Na figura abaixo, sabendo que o ângulo A
de 𝛼 é:

(A) 20° Ângulo Central:


(B) 30° - Da circunferência: é o ângulo cujo vértice é o centro da
(C) 40° circunferência;
- Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro do
(D) 50°
polígono regular e cujos lados passam por vértices
(E) 60°
consecutivos do polígono.
Respostas

01. Resposta: E.
Na figura, os ângulos assinalados são correspondentes,
portanto são iguais.

Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não


pertence à circunferência e os lados são tangentes a ela.

x + 2x + 30° = 180°
3x = 180°- 30°
3x = 150°
Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a uma
x = 150° : 3
circunferência.
x = 50°

02. Resposta: B.
Na figura dada os ângulos 47° e 2x – 18° são
correspondentes e, portanto tem a mesma medida, então:
2x – 18° = 47° → 2x = 47° + 18° → 2x = 65° → x = 65°: 2

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que


90º.

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que


90º.
x = 32° 30’

03. Resposta: C. Ângulo Raso:


Precisamos traçar uma terceira reta pelo vértice A paralela - É o ângulo cuja medida é 180º;
às outras duas. - É aquele, cujos lados são semirretas opostas.

Ângulo Reto:
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.

Matemática 66
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APOSTILAS OPÇÃO

Ângulos adjacentes: são ângulos consecutivos que não


tem ponto interno em comum.

Ângulos Complementares: Dois ângulos são


0
complementares se a soma das suas medidas é 90 . ̂ B e BO
- Os ângulos AO ̂ C, AO
̂ B e AO
̂ C, BO
̂ C e AO
̂ C são pares
de ângulos consecutivos.
̂ B e BO
- Os ângulos AO ̂ C são ângulos adjacentes.

Unidades de medida de ângulos:


Grado: (gr.): dividindo a circunferência em 400 partes
iguais, a cada arco unitário que corresponde a 1/400 da
circunferência denominamos de grado.
Grau: (º): dividindo a circunferência em 360 partes iguais,
Ângulos Replementares: Dois ângulos são ditos
0
cada arco unitário que corresponde a 1/360 da circunferência
replementares se a soma das suas medidas é 360 . denominamos de grau.
- o grau tem dois submúltiplos: minuto e segundo. E temos
que 1° = 60’ (1 grau equivale a 60 minutos) e 1’ = 60” (1 minuto
equivale a 60 segundos).

Questões

Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos 01. As retas f e g são paralelas (f // g). Determine a medida
suplementares se a soma das suas medidas de dois ângulos é do ângulo â, nos seguintes casos:
180º.
a)

Então, se x e y são dois ângulos, temos:


- se x + y = 90° → x e y são Complementares. b)
- se x + y = 180° → e y são Suplementares.
- se x + y = 360° → x e y são Replementares.

Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a mesma


medida.

02. As retas a e b são paralelas. Quanto mede o ângulo î?

Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são opostos


pelo vértice se os lados de um são as respectivas semirretas
opostas aos lados do outro.

03. Obtenha as medidas dos ângulos assinalados:

a)

Ângulos consecutivos: são ângulos que tem um lado em


comum.

b)

Matemática 67
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APOSTILAS OPÇÃO

c) Elementos de um polígono

d)

Um polígono possui os seguintes elementos:

- Lados: cada um dos segmentos de reta que une vértices


consecutivos: ̅̅̅̅
AB, ̅̅̅̅
BC, ̅̅̅̅ DE e ̅̅̅̅
CD, ̅̅̅̅ AE.

Respostas - Vértices: ponto de intersecção de dois lados consecutivos:


A, B, C, D e E.
01. Respostas:
a) 55˚ - Diagonais: Segmentos que unem dois vértices não
b) 74˚ ̅̅̅̅, AD
consecutivos: AC ̅̅̅̅, BD ̅̅̅̅ e BE
̅̅̅̅, CE ̅̅̅̅.

02. Resposta: 130. - Ângulos internos: ângulos formados por dois lados
Imagine uma linha cortando o ângulo î, formando uma
linha paralela às retas "a" e "b". consecutivos (assinalados em azul na figura): , , ,
Fica então decomposto nos ângulos ê e ô.
, .

- Ângulos externos: ângulos formados por um lado e pelo


prolongamento do lado a ele consecutivo (assinalados em

vermelho na figura): , , , , .

Classificação: os polígonos são classificados de acordo


com o número de lados, conforme a tabela abaixo.
N° de lados Nome
3 Triângulo
Sendo assim, ê = 80° e ô = 50°, pois o ângulo ô é igual ao
4 Quadrilátero
complemento de 130° na reta b.
Logo, î = 80° + 50° = 130°. 5 Pentágono
6 Hexágono
03. Respostas: 7 Heptágono
a) 160° - 3x = x + 100° 8 Octógono
160° - 100° = x + 3x → 60° = 4x 9 Eneágono
x = 60°/4 → x = 15° 10 Decágono
Então 15°+100° = 115° e 160°-3*15° = 115° 11 Undecágono
12 Dodecágono
b) 6x + 15° + 2x + 5º = 180° 15 Pentadecágono
6x + 2x = 180° -15° - 5° → 8x = 160° → x = 160°/8 20 Icoságono
x = 20°
Então, 6*20°+15° = 135° e 2*20°+5° = 45° Fórmulas: na relação de fórmulas abaixo temos a letra n
que representa o números de lados ou de ângulos ou de
c) Sabemos que a figura tem 90°. vértices de um polígonos, pois um polígono de 5 lados tem
Então x + (x + 10°) + (x + 20°) + (x + 20°) = 90° também e vértices e 5 ângulos.
4x + 50° = 90° → 4x = 40° → x = 40°/4 → x = 10°
1 – Diagonais de um vértice: dv = n – 3.
d) Sabemos que os ângulos laranja + verde formam 180°,
pois são exatamente a metade de um círculo. 2 - Total de diagonais: 𝐝 =
(𝐧−𝟑).𝐧
.
Então, 138° + x = 180° → x = 180° - 138° → x = 42° 𝟐

Logo, o ângulo x mede 42°.


3 – Soma dos ângulos internos: Si = (n – 2).180°.
POLÍGONOS
4 – Soma dos ângulos externos: para qualquer polígono o
valor da soma dos ângulos externos é uma constante, isto é, Se
Um polígono é uma figura geométrica fechada, simples,
= 360°.
formada por segmentos consecutivos e não colineares.
Polígonos Regulares: um polígono é chamado de regular
quando tem todos os lados congruentes (iguais) e todos os
ângulos congruentes. Exemplo: o quadrado tem os 4 lados
iguais e os 4 ângulos de 90°, por isso é um polígono regular. E
para polígonos regulares temos as seguintes fórmulas, além
das quatro acima:

Matemática 68
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APOSTILAS OPÇÃO

1 – Ângulo interno: 𝐚𝐢 =
(𝐧−𝟐).𝟏𝟖𝟎° 𝐒
ou 𝐚𝐢 = 𝐢. Respostas
𝐧 𝐧

𝟑𝟔𝟎° 𝐒 01. Resposta: D.


2 - Ângulo externo: 𝐚𝐞 = ou 𝐚𝐞 = 𝐞. Heptágono (7 lados) → n = 7
𝐧 𝐧
Si = (n – 2).180°
Semelhança de Polígonos: Dois polígonos são Si = (7 – 2).180°
semelhantes quando os ângulos correspondentes são Si = 5.180° = 900°
congruentes e os lados correspondentes são proporcionais.
Vejamos: 02. Resposta: D.
Icoságono (20 lados) → n = 20

(𝑛−3).𝑛
𝑑=
2

(20−3).20
𝑑= = 17.10
2

Fonte: http://www.somatematica.com.br d = 170

1) Os ângulos correspondentes são congruentes: 03. Resposta: A.


A soma dos ângulos internos do pentágono é:
Si = (n – 2).180º
2) Os lados correspondentes (homólogos) são Si = (5 – 2).180º
proporcionais: Si = 3.180º → Si = 540º
𝐴𝐵 𝐵𝐶 𝐶𝐷 𝐷𝐴 540º = x + 3x / 2 + x + 15º + 2x – 20º + x + 25º
= = = 𝑜𝑢
𝐴′𝐵′ 𝐵′𝐶′ 𝐶′𝐷′ 𝐷′𝐴′ 540º = 5x + 3x / 2 + 20º
520º = 10x + 3x / 2
3,8 4 2,4 2 1040º = 13x
= = =
5,7 6 3,6 3 X = 1040º / 13 → x = 80º

Podemos dizer que os polígonos são semelhantes. Mas POLÍGONOS REGULARES


a semelhança só será válida se ambas condições existirem
simultaneamente. Todo polígono regular pode ser inscrito em uma
circunferência. E temos fórmulas para calcular o lado e o
A razão entre dois lados correspondentes em polígonos apótema desse triângulo em função do raio da circunferência.
semelhante denomina-se razão de semelhança, ou seja: Apótema e um segmento que sai do centro das figuras
𝐴𝐵 𝐵𝐶 𝐶𝐷 𝐷𝐴 2 regulares e divide o lado em duas partes iguais.
= = = = 𝑘 , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑘 =
𝐴′𝐵′ 𝐵′𝐶′ 𝐶′𝐷′ 𝐷′𝐴′ 3
I) Triângulo Equilátero:
Questões

01. A soma dos ângulos internos de um heptágono é:


(A) 360°
(B) 540°
(C) 1400°
(D) 900°
(E) 180°
II) Quadrado:
02. Qual é o número de diagonais de um icoságono?
(A) 20
(B) 70
(C) 160
(D) 170
(E) 200

03. O valor de x na figura abaixo é: III) Hexágono Regular

Referências
DOLCE, Osvaldo; POMPEO, José Nicolau – Fundamentos da Matemática –
Vol. 09 – Geometria Plana – 7ª edição – Editora Atual
www.somatematica.com.br

(A) 80° Questões


(B) 90°
(C) 100° 01. O apótema de um hexágono regular inscrito numa
(D) 70° circunferência de raio 8 cm, vale, em centímetros:
(E) 50° (A) 4
(B) 4√3

Matemática 69
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APOSTILAS OPÇÃO

(C) 8 - Razão entre áreas de dois polígonos semelhantes


(D) 8√2
(E) 12

02. O apótema de um triângulo equilátero inscrito em uma


circunferência mede 10 cm, o raio dessa circunferência é:
(A) 15 cm
(B) 10 cm
(C) 8 cm
(D) 20 cm Área de ABCDE ... MN = S1 Área de A’B’C’D’ ...
(E) 25 cm M’N’ = S2

03. O apótema de um quadrado mede 6 dm. A medida do ABCDE ... MN = S1 ~ A’B’C’D’ ... M’N’ = S2 → ΔABC ~ ΔA’B’C’
raio da circunferência em que esse quadrado está inscrito, em e ΔACD ~ ΔAMN →
dm, vale: 𝐴𝐵 𝐵𝐶 𝑀𝑁
= = ⋯ = ′ ′ = 𝑘 (𝑟𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑚𝑒𝑙ℎ𝑎𝑛ç𝑎)
(A) 4√2 dm 𝐴′𝐵′ 𝐵′ 𝐶 ′ 𝑀𝑁
(B) 5√2 dm
Fazendo:
(C) 6√2 dm
(D) 7√2 dm Área ΔABC = t1, Área ΔACD = t2, ..., Área ΔAMN = tn-2
(E) 8√2 dm
Área ΔA’B’C’ = T1, Área ΔA’C’D’ = T2, ..., Área ΔA’M’N’ = Tn-2
Respostas
Anteriormente vimos que:
01. Resposta: B. 𝑡𝑖
Basta substituir r = 8 na fórmula do hexágono = 𝑘 2 → 𝑡𝑖 = 𝑘 2 𝑇𝑖 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑖 = 1,2,3, … , 𝑛 − 2
𝑇𝑖
𝑟√3 8√3
𝑎= →𝑎 = = 4√3 cm
2 2
Então:
02. Resposta: D.
𝑆1 𝑡1 + 𝑡2 + 𝑡3 + ⋯ + 𝑡𝑛−2 𝑆1
Basta substituir a = 10 na fórmula do triangulo equilátero. = → = 𝑘2
𝑟 𝑟 𝑆2 𝑇1 + 𝑇2 + 𝑇3 + ⋯ + 𝑇𝑛−2 𝑆2
𝑎 = → 10 = → r = 2.10 → r = 20 cm
2 2
A razão entre as áreas de dois polígonos semelhantes é
03. Resposta: C. igual ao quadrado da razão de semelhança.
Sendo a = 6, temos:
𝑟√2
𝑎= Observação: A propriedade acima é extensiva a quaisquer
2
𝑟√2 superfícies semelhantes e, por isso, vale
6= → 𝑟√2 = 2.6 → 𝑟√2 = 12 (√2 passa dividindo)
2
12
r= (temos que racionalizar, multiplicando em cima e A razão entre as áreas de duas superfícies
√2
semelhantes é igual ao quadrado da razão de
em baixo por √2)
semelhança.
12.√2 12√2
𝑟= →𝑟 = → 𝑟 = 6√2 dm TRIÂNGULOS
√2.√2 2

RAZÃO ENTRE ÁREAS Triângulo é um polígono de três lados. É o polígono que


possui o menor número de lados. É o único polígono que não
- Razão entre áreas de dois triângulos semelhantes tem diagonais. Todo triângulo possui alguns elementos e os
principais são: vértices, lados, ângulos, alturas, medianas e
bissetrizes.

Vamos chamar de S1 a área do triângulo ABC = S1 e de S2


a do triângulo A’B’C’ = S2 1. Vértices: A, B e C.
2. Lados: ̅̅̅̅
AB,BC̅̅̅̅ e ̅̅̅̅
AC.
𝑏1 ℎ1
Δ ABC ~ Δ A’B’C’ → = = 𝑘 (𝑟𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑚𝑒𝑙ℎ𝑎𝑛ç𝑎) 3. Ângulos internos: a, b e c.
𝑏2 ℎ2

𝑏.ℎ Altura: É um segmento de reta traçada a partir de um


Sabemos que a área do triângulo é dada por 𝑆 =
2 vértice de forma a encontrar o lado oposto ao vértice
̅̅̅̅ é uma altura do triângulo.
formando um ângulo reto. BH
Aplicando as razões temos que:
𝑏1. ℎ1
𝑆1 𝑏1 ℎ1 𝑆1
= 2 = . = 𝑘. 𝑘 = 𝑘 2 → = 𝑘2
𝑆2 𝑏2. ℎ2 𝑏2 ℎ2 𝑆2
2

A razão entre as áreas de dois triângulos semelhantes


é igual ao quadrado da razão de semelhança. Mediana: É o segmento que une um vértice ao ponto
médio do lado oposto. ̅̅̅̅
BM é uma mediana.

Matemática 70
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APOSTILAS OPÇÃO

Triângulo Obtusângulo: Um ângulo interno é obtuso, isto


é, possui um ângulo com medida maior do que 90º.

Bissetriz: É a semi-reta que divide um ângulo em duas


̂ está dividido ao meio e neste caso Ê
partes iguais. O ângulo B
= Ô. Triângulo Retângulo: Possui um ângulo interno reto (90°
graus).

Ângulo Interno: Todo triângulo possui três ângulos


̂, B
internos, na figura são A ̂ e Ĉ
Propriedade dos ângulos

1- Ângulos Internos: a soma dos três ângulos internos de


qualquer triângulo é igual a 180°.

Ângulo Externo: É formado por um dos lados do triângulo


e pelo prolongamento do lado adjacente a este lado, na figura
̂, ̂
são D E e F̂ (na cor em destaque).

Classificação
O triângulo pode ser classificado de duas maneiras: a + b + c = 180º
2- Ângulos Externos: Consideremos o triângulo ABC onde
1- Quanto aos lados: as letras minúsculas representam os ângulos internos e as
Triângulo Equilátero: Os três lados têm medidas iguais, respectivas letras maiúsculas os ângulos externos. Temos que
̅̅̅̅) = m(BC
m(AB ̅̅̅̅) = m(AC
̅̅̅̅) e os três ângulos iguais. em todo triângulo cada ângulo externo é igual à soma de dois
ângulos internos apostos.

Triângulo Isósceles: Tem dois lados com medidas iguais,


̅̅̅̅) = m(AC
m(AB ̅̅̅̅) e dois ângulos iguais.
̂ = b̂ + ĉ; B
A ̂ = â + ĉ e Ĉ = â + b̂

Semelhança de triângulos
Dois triângulos são semelhantes se tiverem, entre si, os
lados correspondentes proporcionais e os ângulos
congruentes (iguais).
Triângulo Escaleno: Todos os três lados têm medidas
̅̅̅̅) ≠ m(AC
diferentes, m(AB ̅̅̅̅) ≠ m(BC
̅̅̅̅) e os três ângulos
diferentes.

2 - Quanto aos ângulos:


Triângulo Acutângulo: Todos os ângulos internos são
agudos, isto é, as medidas dos ângulos são menores do que 90º.

Critérios de semelhança
1- Dois ângulos congruentes: Se dois triângulos tem,
entre si, dois ângulos correspondentes congruentes iguais,
então os triângulos são semelhantes.

Matemática 71
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APOSTILAS OPÇÃO

(D) 45°
(E) 30°

̂ C é reto. O valor em
03. Na figura seguinte, o ângulo AD
̂ D é igual a:
graus do ângulo CB

2- Dois lados congruentes: Se dois triângulos tem dois (A) 120°


lados correspondentes proporcionais e os ângulos formados (B) 110°
por esses lados também são congruentes, então os triângulos (C) 105°
são semelhantes. (D) 100°
(E) 95°
Respostas

01. Resposta: B.
Da figura temos que 3x é um ângulo externo do triângulo
e, portanto, é igual à soma dos dois internos opostos, então:
3x = x + 80º
3x – x = 80º
2x = 80°
x = 80° : 2
x = 40°

02. Resposta: C.
3- Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os Na figura dada, temos três triângulos: ABC, ACD e BCD. Do
três lados correspondentes proporcionais, então os triângulos enunciado AB = AC, o triângulo ABC tem dois lados iguais,
são semelhantes. então ele é isósceles e tem dois ângulos iguais:
AĈB = AB ̂ C = x. A soma dos três ângulos é igual a 180°.
36° + x + x = 180°
2x = 180° - 36°
2x = 144
x = 144 : 2
x = 72
Logo: AĈB = AB ̂ C = 72°
Também temos que CB = CD, o triângulo BCD é isósceles:
CB̂ D = CD̂ B = 72°, sendo y o ângulo DĈB, a soma é igual a
180°.
Observação: temos três critérios de semelhança, porém o 72° + 72° + y = 180°
mais utilizado para resolução de exercícios, isto é, para provar 144° + y = 180°
que dois triângulos são semelhantes, basta provar que eles tem y = 180° - 144°
dois ângulos correspondentes congruentes (iguais). y = 36º

Questões 03. Resposta: D.


Na figura temos três triângulos. Do enunciado o ângulo
01. O valor de x na figura abaixo é: ̂ C = 90° (reto).
AD
O ângulo BD ̂ C = 30° → AD
̂ B = 60º.

(A) 30°
(B) 40°
(C) 50°
(D) 60° O ângulo CB̂ D (x) é ângulo externo do triângulo ABD, então:
(E) 70° x = 60º + 40° (propriedade do ângulo externo) → x = 100°

02. Na figura abaixo ̅̅̅̅


AB = ̅̅̅̅
AC, ̅̅̅̅
CB = ̅̅̅̅
CD, a medida do ângulo
DĈB é: PONTOS NOTÁVEIS DO TRIÂNGULO

Em um triângulo qualquer nós temos alguns elementos


chamados de cevianas. Estes elementos são:
- Altura: segmento que sai do vértice e forma um ângulo de
90° com o lado oposto a esse vértice.
(A) 34° - Mediana: segmento que sai do vértice e vai até o ponto
(B) 72° médio do lado oposto a esse vértice, isto é, divide o lado oposto
(C) 36° em duas partes iguais.

Matemática 72
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APOSTILAS OPÇÃO

- Bissetriz do ângulo interno: semirreta que divide o ângulo - Ortocentro: é o ponto de intersecção das três alturas de
em duas partes iguais. um triângulo. No triângulo acutângulo é um ponto interno, no
- Mediatriz: reta que passa pelo ponto médio do lado triângulo retângulo é o vértice do ângulo reto e no triângulo
formando um ângulo de 90° obtusângulo é um ponto externo.

Um triângulo cujos vértices são os “pés” das alturas de um


outro triângulo chama-se triângulo órtico do primeiro
triângulo.

E todo triângulo tem três desses elementos, isto é, o


triângulo tem três alturas, três medianas, três bissetrizes e três Observações:
mediatrizes. Os pontos de intersecção desses elementos são 1) Num triângulo isósceles (dois lados iguais) os quatro
chamados de pontos notáveis do triângulo. pontos notáveis são colineares (estão numa alinhados).
2) Num triângulo equilátero (três lados iguais) os quatro
- Baricentro: é o ponto de intersecção das três medianas pontos notáveis são coincidentes, isto é, um só ponto já é o
de um triângulo. É sempre um ponto interno. E divide as Baricentro, Incentro, Circuncentro e Ortocentro.
medianas na razão de 2:1. É ponto de gravidade do triângulo. 3) As iniciais dos quatro pontos formam a palavra BICO.

Questões

01. Assinale a afirmação falsa:


(A) Os pontos notáveis de um triângulo equilátero são
coincidentes.
(B) O encentro de qualquer triângulo é sempre um ponto
- Incentro: é o ponto de intersecção das três bissetrizes de
interno.
um triângulo. É sempre um ponto interno. É o centro da
(C) O ortocentro de um triângulo retângulo é o vértice do
circunferência circunscrita (está dentro do triângulo
ângulo reto.
tangenciando seus três lados).
(D) O circuncentro de um triângulo retângulo é o ponto
médio da hipotenusa.
(E) O baricentro de qualquer triângulo é o ponto médio de
cada mediana.

02. Na figura, o triângulo ABC é equilátero e está


̅̅̅̅ é altura do
circunscrito ao círculo de centro O e raio 2 cm. AD
triângulo. Sendo E ponto de tangência, a medida de AE ̅̅̅̅, em
centímetros, é:
- Circuncentro: é o ponto de intersecção das três
mediatrizes de um triângulo. É o centro da circunferência
circunscrita (está por fora do triângulo passando por seus três
vértices). No triângulo acutângulo o circuncentro é um ponto
interno, no triângulo obtusângulo é um ponto externo e no
triângulo retângulo é o ponto médio da hipotenusa.

(A) 2√3
(B) 2√5
(C) 3
(D) 5
(E) √26

03. Qual das afirmações a seguir é verdadeira?


(A) O baricentro pode ser um ponto exterior ao triângulo e
isto ocorre no triângulo acutângulo.
(B) O baricentro pode ser um ponto de um dos lados do
triângulo e isto ocorre no triângulo escaleno.

Matemática 73
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APOSTILAS OPÇÃO

(C) O baricentro pode ser um ponto exterior ao triângulo e A Incógnita se enganou ao dizer quem era. Para atender ao
isto ocorre no triângulo retângulo. Teorema de Pitágoras, deveria dar a seguinte resposta:
(D) O baricentro pode ser um ponto dos vértices do (A) “Sou a soma dos catetos. Mas pode me chamar de
triângulo e isto ocorre no triângulo retângulo. Hipotenusa.”
(E) O baricentro sempre será um ponto interior ao (B) “Sou o quadrado da soma dos catetos. Mas pode me
triângulo. chamar de Hipotenusa.”
(C) “Sou o quadrado da soma dos catetos. Mas pode me
Respostas
chamar de quadrado da Hipotenusa.”
(D) “Sou a soma dos quadrados dos catetos. Mas pode me
01. Resposta: E. chamar de quadrado da Hipotenusa.”
O baricentro divide as medianas na razão de 2 para 1, logo (E) Nenhuma das anteriores.
não é ponto médio.
02. Um barco partiu de um ponto A e navegou 10 milhas
02. Resposta: A. para o oeste chegando a um ponto B, depois 5 milhas para o
Do enunciado temos que O é o circuncentro (centro da sul chegando a um ponto C, depois 13 milhas para o leste
circunferência inscrita) então O também é baricentro (no chagando a um ponto D e finalmente 9 milhas para o norte
triângulo equilátero os 4 pontos notáveis são coincidentes), chegando a um ponto E. Onde o barco parou relativamente ao
logo pela propriedade do baricentro temos que AO ̅̅̅̅ é o dobro ponto de partida?
̅̅̅̅ ̅̅̅̅ ̅̅̅̅
de OD. Se OD = 2 (raio da circunferência) → AO = 4 cm. O ponto (A) 3 milhas a sudoeste.
(B) 3 milhas a sudeste.
E é ponto de tangência, logo o raio traçado no ponto de
̅̅̅̅ = 2 cm. Portanto o (C) 4 milhas ao sul.
tangência forma ângulo reto (90°) e OE (D) 5 milhas ao norte.
triângulo AEO é retângulo, basta aplicar o Teorema de (E) 5 milhas a nordeste.
Pitágoras e sendo AE ̅̅̅̅ = x:
̅̅̅̅)2 = (AE
(AO ̅̅̅̅)2 + (OE̅̅̅̅)2 03. Em um triângulo retângulo a hipotenusa mede 13 cm e
2
4 =x +2 2 2
um dos catetos mede 5 cm, qual é a medida do outro cateto?
16 − 4 = x 2 (A) 10
x 2 = 12 (B) 11
x = √12 (C) 12
(D) 13
x = 2√3 cm (E) 14

03. Resposta: E. Respostas


O baricentro é sempre interno, pois as 3 medianas de um
triângulo são segmentos internos. 01. Resposta: D.

TEOREMA DE PITÁGORAS 02. Resposta: E.

Em todo triângulo retângulo, o maior lado é chamado de


hipotenusa e os outros dois lados são os catetos.

x2 = 32 + 42
x2 = 9 + 16
x2 = 25
- “Em todo triângulo retângulo o quadrado da hipotenusa x = √25 = 5
é igual à soma dos quadrados dos catetos”.
03. Resposta: C.
a2 = b2 + c2 132 = x2 + 52
169 = x2 + 25
Questões 169 – 25 = x2
x2 = 144
01. Millôr Fernandes, em uma bela homenagem à x = √144 = 12 cm
Matemática, escreveu um poema do qual extraímos o
fragmento abaixo: TEOREMA DE TALES
Às folhas tantas de um livro de Matemática, um Quociente
apaixonou-se um dia doidamente por uma Incógnita. - Feixe de paralelas: é todo conjunto de três ou mais retas
Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a do Ápice à Base: e paralelas entre si.
uma figura Ímpar; olhos romboides, boca trapezoide, corpo - Transversal: é qualquer reta que intercepta todas as retas
retangular, seios esferoides. de um feixe de paralelas.
Fez da sua uma vida paralela à dela, até que se - Teorema de Tales: Se duas retas são transversais de um
encontraram no Infinito. feixe de retas paralelas então a razão entre as medidas de dois
“Quem és tu” – indagou ele em ânsia Radical. segmentos quaisquer de uma delas é igual à razão entre as
“Sou a soma dos quadrados dos catetos. Mas pode me medidas dos segmentos correspondentes da outra.
chamar de Hipotenusa.” (Millôr Fernandes – Trinta Anos de
Mim Mesmo).

Matemática 74
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APOSTILAS OPÇÃO

03. Calcular o valor de x na figura abaixo.

r//s//t//u (// → símbolo de paralelas); a e b são retas


transversais. Então, temos que os segmentos correspondentes Respostas
são proporcionais.
01. Resposta: C.
̅̅̅̅ 𝐵𝐶
𝐴𝐵 ̅̅̅̅ 𝐶𝐷̅̅̅̅ 𝐴𝐷̅̅̅̅ 2 𝑥
= = = = ⋯. =
̅̅̅̅ ̅̅̅̅
𝐸𝐹 𝐹𝐺 𝐺𝐻 𝐸𝐻 ̅̅̅̅ ̅̅̅̅ 5 4
5x = 2.4
Teorema da bissetriz interna: 5x = 8
“Em todo triângulo a bissetriz de um ângulo interno divide x = 8 : 5 = 1,6
o lado oposto em dois segmentos proporcionais ao outros dois
lados do triângulo”. 02. Resposta: B.
2𝑥 − 3 5
=
𝑥+2 6
6.(2x – 3) = 5(x + 2)
12x – 18 = 5x + 10
12x – 5x = 10 + 18
7x = 28
x = 28 : 7 = 4

03. Resposta: 06.


Referências 10 𝑥
SOUZA, Joamir Roberto; PATARO, Patricia Moreno – Vontade de Saber =
Matemática 6º Ano – FTD – 2ª edição – São Paulo: 2012 30 18
http://www.jcpaiva.net/
30x = 10.18
Questões 30x = 180
x = 180 : 30 = 6
01. Na figura abaixo, o valor de x é:
RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO

Na figura abaixo temos um triângulo retângulo cuja


hipotenusa é a base e h é a altura relativa a essa hipotenusa:

(A) 1,2
(B) 1,4
(C) 1,6 Sendo:
(D) 1,8 A= hipotenusa
(E) 2,0 b e c = catetos
h= altura
02. Na figura abaixo, qual é o valor de x? m e n = projeções do catetos
Por semelhança de triângulos temos quatro relações
métricas válidas somente para triângulos retângulos que são:

I) Teorema de Pitágoras: O quadrado da hipotenusa é


igual à soma dos quadrados dos catetos.
HIP2 = CAT2 + CAT2

II) O quadrado de um cateto é igual ao produto da


(A) 3
hipotenusa pela projeção do cateto.
(B) 4
CAT2 = HIP.PROJ
(C) 5
(D) 6
III) O quadrado da altura é igual ao produto das projeções
(E) 7
dos catetos.
ALT2 = PROJ.PROJ

IV) O produto da hipotenusa pela altura é igual ao produto


dos catetos.
HIP.ALT = CAT.CAT

Matemática 75
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APOSTILAS OPÇÃO

Questões x2 = 64
x = √64
01. A área de um triângulo retângulo é 12 dm2. Se um dos x = 8 cm
catetos é 2/3 do outro, calcule a medida da hipotenusa desse
triângulo. QUADRILÁTEROS

02. (UEL) Pedrinho não sabia nadar e queria descobrir a Quadrilátero é todo polígono com as seguintes
medida da parte mais extensa (AC) da "Lagoa Funda". Depois propriedades:
de muito pensar, colocou 3 estacas nas margens da lagoa, - Tem 4 lados.
esticou cordas de A até B e de B até C, conforme figura abaixo. - Tem 2 diagonais.
Medindo essas cordas, obteve: AB = 24 m e BC = 18 m. - A soma dos ângulos internos Si = 360º
Usando seus conhecimentos matemáticos, Pedrinho concluiu - A soma dos ângulos externos Se = 360º
que a parte mais extensa da lagoa mede:
Observação: é o único polígono em que Si = Se

(A) 30 No quadrilátero acima, observamos alguns elementos


(B) 28 geométricos:
(C) 26 - Os vértices são os pontos: A, B, C e D.
(D) 35 - Os ângulos internos são A, B, C e D.
(E) 42 - Os lados são os segmentos: ̅̅̅̅
AB, ̅̅̅̅
BC, ̅̅̅̅
CD e ̅̅̅̅
AD.
03. Em um triângulo retângulo a hipotenusa mede 10 cm e Observação: Ao unir os vértices opostos de um
um dos catetos mede 6 cm, pede-se determinar as medidas do quadrilátero qualquer, obtemos sempre dois triângulos e
outro cateto, a altura e as projeções dos catetos. como a soma das medidas dos ângulos internos de um
triângulo é 180 graus, concluímos que a soma dos ângulos
Respostas internos de um quadrilátero é igual a 360 graus.

01. Resposta: 𝟐√𝟏𝟑


2𝑥
Do enunciado se um cateto é x o outro é , e em um
3
triângulo retângulo para calcular a área, uma cateto é a base e
𝑏.ℎ
o outro é a altura, e a fórmula da área é 𝐴 = , então:
2
A = 12
2𝑥
𝑥.
3
= 12 Quadriláteros Notáveis:
2

2𝑥 2
= 12 → 2x2 = 12.6 → 2x2 = 72 → x2 = 72 : 2 Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.
6

x2 = 36 → 𝑥 = √36 = 6
2.6
Uma cateto mede 6 e o outro = 4, pelo teorema de
3
Pitágoras, sendo a a hipotenusa:
a2 = 6 2 + 4 2 - ̅̅̅̅
AB é paralelo a ̅̅̅̅
CD
a2 = 36 + 16
a2 = 52 Os trapézios podem ser:
- Retângulo: dois ângulos retos.
𝑎 = √52
- Isósceles: lados não paralelos congruentes (iguais).
𝑎 = √13.4 - Escaleno: os quatro lados diferentes.
𝑎 = 2√13

02. Resposta: A.
Pelo teorema de Pitágoras:
̅̅̅̅
𝐴𝐶 2 = 242 + 182
̅̅̅̅ 2 = 576 + 324
𝐴𝐶
̅̅̅̅ 2 = 900
𝐴𝐶
̅̅̅̅ = √900 Paralelogramo: É o quadrilátero que tem lados opostos
𝐴𝐶 paralelos. Num paralelogramo, os ângulos opostos são
̅̅̅̅
𝐴𝐶 = 30 congruentes e os lados apostos também são congruentes.
03. Resposta 8 cm
Do enunciado um cateto mede 6 cm e a hipotenusa 10 cm,
pelo teorema de Pitágoras:
102 = x2 + 62
100 = x2 + 36
100 – 36 = x2

Matemática 76
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APOSTILAS OPÇÃO

03. Na figura, ABCD é um trapézio isósceles, onde AD = 4,


- ̅̅̅̅
AB//CD ̅̅̅̅ e ̅̅̅̅
AD//BC ̅̅̅̅ CD = 1, A = 60° e a altura vale 2√3. A área desse trapézio é
̅̅̅̅ = CD
- AB ̅̅̅̅ e AD
̅̅̅̅ = BC
̅̅̅̅ (lados opostos iguais)
-Â = Ĉ e B̂=D ̂ (ângulos opostos iguais)
- ̅̅̅̅
AC ≠ BD̅̅̅̅ (duas diagonais diferentes)

Os paralelogramos mais importantes recebem nomes


especiais:

- Losango: 4 lados congruentes (A) 4.


- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus) (B) (4√3)/3.
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos. (C) 5√3.
(D) 6√3.
(E) 7.
Respostas

01. Respostas: a = 70º; b = 162º e c = 18º.


a) x + 105° + 98º + 87º = 360º
x + 290° = 360°
x = 360° - 290°
x = 70º
Observações:
- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes b) x + 80° + 82° = 180°
(iguais) x + 162° = 180°
- No losango e no quadrado as diagonais são x = 180º - 162º
perpendiculares entre si (formam ângulo de 90°) e são x = 18°
bissetrizes dos ângulos internos (dividem os ângulos ao meio). 18º + 90º + y + 90º = 360°
y + 198° = 360°
Fórmulas da área dos quadriláteros: y = 360º - 198°
(B+b).h
1 - Trapézio: A = , onde B é a medida da base maior, y = 162º
2
b é a medida da base menor e h é medida da altura.
2 - Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da base e h é c) 3a / 2 + 2a + a / 2 + a = 360º
a medida da altura. (3a + 4a + a + 2a) / 2 = 720° /2
3 - Retângulo: A = b.h 10a = 720º
D.d
4 - Losango: A = , onde D é a medida da diagonal maior a = 720° / 10
2 a = 72°
e d é a medida da diagonal menor. 72° + b + 90° = 180°
5 - Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado. b + 162° = 180°
b = 180° - 162°
Questões b = 18°.
01. Determine a medida dos ângulos indicados: 02. Resposta: D.
a) Trata-se de uma pergunta teórica.
a) V → o quadrado tem dois lados paralelos, portanto é
um trapézio.
b) V → o retângulo tem os lados opostos paralelos,
portanto é um paralelogramo.
b) c) V → o quadrado tem os lados opostos paralelos e os 4
lados congruentes, portanto é um losango.
d) F
e) V → o losango tem lados opostos paralelos, portanto
é um paralelogramo.
c)
03. Resposta: D.
De acordo com e enunciado, temos:

02. Com relação aos quadriláteros, assinale a alternativa


incorreta:
(A) Todo quadrado é um trapézio.
(B) Todo retângulo é um paralelogramo. 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 √3 ℎ
(C) Todo quadrado é um losango. - sen60º = → = → 2h = 4√3 → h = 2√3
ℎ𝑖𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎 2 4
(D) Todo trapézio é um paralelogramo. - cos60º =
𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑎𝑑𝑗𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 1 𝑥
→ = → 2x = 4 → x = 2
(E) Todo losango é um paralelogramo. ℎ𝑖𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎 2 4
- base maior AB = x + 1 + x = 2 + 1 + 2 = 5
- base menor CD = 1

Matemática 77
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APOSTILAS OPÇÃO

A=
(𝐵+𝑏).ℎ
→A=
(5+1).2√3
→ A = 6√3 5. Quadrado
2 2 - sendo l o lado:

PERÍMETRO E ÁREA DAS FIGURAS PLANAS

Perímetro: é a soma de todos os lados de uma figura plana.


Exemplo: 6. Triângulo: essa figura tem 6 fórmulas de área,
dependendo dos dados do problema a ser resolvido.

I) sendo dados a base b e a altura h:

II) sendo dados as medidas dos três lados a, b e c:


Perímetros de algumas das figuras planas:

III) sendo dados as medidas de dois lados e o ângulo


formado entre eles:

Área: é a medida da superfície de uma figura plana.


A unidade básica de área é o m2 (metro quadrado), isto é,
uma superfície correspondente a um quadrado que tem 1 m de IV) triângulo equilátero (tem os três lados iguais):
lado.

Fórmulas de área das principais figuras planas:


V) circunferência inscrita:
1) Retângulo
- sendo b a base e h a altura:

VI) circunferência circunscrita:


2. Paralelogramo
- sendo b a base e h a altura:

3. Trapézio Questões
- sendo B a base maior, b a base menor e h a altura:
01. A área de um quadrado cuja diagonal mede 2√7 cm é,
em cm2, igual a:
(A) 12
(B) 13
(C) 14
4. Losango (D) 15
- sendo D a diagonal maior e d a diagonal menor: (E) 16

02. Corta-se um arame de 30 metros em duas partes. Com


cada uma das partes constrói-se um quadrado. Se S é a soma
das áreas dos dois quadrados, assim construídos, então o
menor valor possível para S é obtido quando:
(A) o arame é cortado em duas partes iguais.
(B) uma parte é o dobro da outra.

Matemática 78
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APOSTILAS OPÇÃO

(C) uma parte é o triplo da outra. logo l = 15 e l1 = 30 – 15 = 15.


(D) uma parte mede 16 metros de comprimento.
03. Resposta: D.
03. Um grande terreno foi dividido em 6 lotes retangulares Observando a figura temos que cada retângulo tem lados
congruentes, conforme mostra a figura, cujas dimensões medindo x e 0,8x:
indicadas estão em metros. Perímetro = x + 285
8.0,8x + 6x = x + 285
6,4x + 6x – x = 285
11,4x = 285
x = 285:11,4
x = 25
Sendo S a área do retângulo:
S= b.h
S= 0,8x.x
Sabendo-se que o perímetro do terreno original, delineado S = 0,8x2
em negrito na figura, mede x + 285, conclui-se que a área total Sendo St a área total da figura:
desse terreno é, em m2, igual a: St = 6.0,8x2
(A) 2 400. St = 4,8.252
(B) 2 600. St = 4,8.625
(C) 2 800. St = 3000
(D) 3000.
(E) 3 200. ÁREA DO CIRCULO E SUAS PARTES

Respostas I- Círculo:
Quem primeiro descreveu a área de um círculo foi o
01.Resposta: C. matemático grego Arquimedes (287/212 a.C.), de Siracusa,
Sendo l o lado do quadrado e d a diagonal: mais ou menos por volta do século II antes de Cristo. Ele
concluiu que quanto mais lados tem um polígono regular mais
ele se aproxima de uma circunferência e o apótema (a) deste
polígono tende ao raio r. Assim, como a fórmula da área de um
polígono regular é dada por A = p.a (onde p é semiperímetro e
2𝜇𝑟
a é o apótema), temos para a área do círculo 𝐴 = . 𝑟, então
2
Utilizando o Teorema de Pitágoras: temos:
d2 = l2 + l2
2
(2√7) = 2l2
4.7 = 2l2
2l2 = 28
28
l2 =
2 II- Coroa circular:
A = 14 cm2 É uma região compreendida entre dois círculos
concêntricos (tem o mesmo centro). A área da coroa circular é
02. Resposta: A. igual a diferença entre as áreas do círculo maior e do círculo
- um quadrado terá perímetro x menor. A = 𝜋R2 – 𝜋r2, como temos o 𝜋 como fator comum,
x
o lado será l = e o outro quadrado terá perímetro 30 – x podemos colocá-lo em evidência, então temos:
4
30−x
o lado será l1 = , sabendo que a área de um quadrado
4
é dada por S = l , temos:
2

S = S1 + S2
S=l²+l1²
x 2 30−x 2
S=( ) +( )
4 4
x2 (30−x)2
S= + , como temos o mesmo denominador 16:
16 16 III- Setor circular:
É uma região compreendida entre dois raios distintos de
x 2 + 302 − 2.30. x + x 2 um círculo. O setor circular tem como elementos principais o
S=
16 raio r, um ângulo central 𝛼 e o comprimento do arco l, então
x 2 + 900 − 60x + x 2 temos duas fórmulas:
S=
16
2x2 60x 900
S= − + ,
16 16 16

sendo uma equação do 2º grau onde a = 2/16; b = -60/16


e c = 900/16 e o valor de x será o x do vértice que e dado pela
−b
fórmula: x = , então:
2a

−60 60 IV- Segmento circular:


−( )
16 = 16
xv =
2 4 É uma região compreendida entre um círculo e uma corda
2.
16 16 (segmento que une dois pontos de uma circunferência) deste
xv =
60 16
. =
60
= 15, círculo. Para calcular a área de um segmento circular temos
16 4 4

Matemática 79
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APOSTILAS OPÇÃO

que subtrair a área de um triângulo da área de um setor 𝐴𝑐𝑖𝑟𝑐


𝐴 = 𝐴𝑐𝑖𝑟𝑐 + 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔 +
circular, então temos: 2
𝐴𝑐𝑖𝑟𝑐
𝐴= + 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔
2
𝜋𝑟 2
𝐴= + 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔
2

𝜋𝑟 2 𝑙 2 √3
𝐴= +
2 4
(3,14 ∙ 102 ) 202 ∙ 1,73
𝐴= +
2 4
400 ∙ 1,73
𝐴 = 1,57 ∙ 100 +
Questões 4
𝐴 = 157 + 100 ∙ 1,73 = 157 + 173 = 330
01. A figura abaixo mostra três círculos, cada um com 10
cm de raio, tangentes entre si. 02. Resposta: A.
A fórmula do comprimento de uma circunferência é C =
2π.r, Então:
C = 20π
2π.r = 20π
20π
Considerando √3 ≅ 1,73 e 𝜋 ≅ 3,14, o valor da área r=

sombreada, em cm2, é: r = 10 cm
(A) 320. A = π.r2 → A = π.102 → A = 100π cm2
(B) 330.
(C) 340. 03. Resposta: D.
(D) 350. Primeiro calculamos a área do retângulo (A = b.h)
(E) 360. Aret = 24,8.20
Aret = 496 m2
02. A área de um círculo, cuja circunferência tem
2
comprimento 20𝜋 cm, é: 4.Acirc = .Aret
5
(A) 100𝜋 cm2.
(B) 80 𝜋 cm2. 2
(C) 160 𝜋 cm2. 4.πr2 = .496
5
992
(D) 400 𝜋 cm2. 4.3,1.r2 =
5
12,4.r2 = 198,4
03. Quatro tanques de armazenamento de óleo, cilíndricos r2 = 198,4 : 12, 4 → r2 = 16 → r = 4
e iguais, estão instalados em uma área retangular de 24,8 m de d = 2r =2.4 = 8
comprimento por 20,0 m de largura, como representados na
figura abaixo.
Álgebra: Matrizes,
Determinantes.

MATRIZ
2
Se as bases dos quatro tanques ocupam da área Uma matriz é uma tabela de números reais dispostos
5
retangular, qual é, em metros, o diâmetro da base de cada segundo linhas horizontais e colunas verticais. Por exemplo:
tanque?
Dado: use 𝜋=3,1
(A) 2.
(B) 4.
(C) 6.
(D) 8.
(E) 16.

Comentários

01. Resposta: B.
Unindo os centros das três circunferências temos um
triângulo equilátero de lado 2r ou seja l = 2.10 = 20 cm. Então
a área a ser calculada será:

Podemos expressar a tabela acima em um conjunto


ordenado de números que chamamos de MATRIZ, e cada
número de ELEMENTO DA MATRIZ.
2,01 2,38 1,90 3,10
3,06 3,62 2,25 3,10

Matemática 80
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APOSTILAS OPÇÃO

441,09 522,69 482,32 716,20 Uma matriz quadrada possui duas diagonais: a principal e
396,33 464,65 437,70 603,52 a secundária.

Representamos uma matriz colocando seus elementos


(números) entre parêntese ou colchetes ou também (menos
utilizado) duas barras verticais à esquerda e direita: ( ) ; [ ] e
|| ||

As matrizes são classificadas de acordo com o seu número


de linhas e de colunas.
Costumamos representar uma matriz por uma letra
maiúscula (A, B, C, ...), indicando sua ordem no lado inferior
direito da letra, fazendo uso, de modo genérico, de letras
minúsculas. Exemplo: - Matriz identidade: é a matriz quadrada em que cada
elemento da diagonal principal é igual a 1, e os demais têm o
valor 0. Representamos a matriz identidade pela seguinte
notação: In. Exemplo:

- Matriz transposta: é a matriz onde as linhas são


ordenadamente iguais a colunas desta mesma matriz e vice e
versa. Indicamos a transposta da matriz A por At. Exemplo:

Para indicar uma matriz qualquer, de modo genérico,


usamos a seguinte notação: A = [aij]m x n, onde i representa a
linha e j, a coluna em que se encontra o elemento. Com n ∈ N*.

Tipos de matrizes
- Matriz Linha: é uma matriz formada por uma única linha. Observe que:
Onde m = 1. Exemplo: A 1ª linha da matriz A é igual à 1ª coluna da matriz At.
A 2ª linha da matriz A é igual a 2ª coluna da matriz At.

- Matriz coluna: é uma matriz formada por uma única - Matriz oposta: é a matriz obtida a partir de A, trocando-
coluna. Onde n = 1 Exemplo: se o sinal de todos os seus elementos. Representamos por -A
tal que A + (-A) = O, em que O é a matriz nula do tipo m x n.
Exemplo:

- Matriz nula: é matriz que possui todos os elementos Igualdade de matrizes


iguais a zero. Exemplo: Duas matrizes A e B são iguais quando apresentam a
mesma ordem e seus elementos correspondentes forem iguais.

- Matriz retangular: é a matriz que possui o número de


linhas é diferente do número de colunas. Onde m ≠ n. Exemplo:

Operação de matrizes
- Adição: somamos os elementos correspondentes das
matrizes, por isso, é necessário que as matrizes sejam de
- Matriz quadrada: é a matriz que possui o número de mesma ordem. A=[aij]m x n; B= [bij]m x n, obtemos uma matriz
linhas igual ao número de colunas. Onde m = n. Exemplo: C de mesma ordem. Exemplo:

Matemática 81
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APOSTILAS OPÇÃO

- Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B (de Referências


IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único
mesma ordem) é obtida por meio da soma da matriz A com a FILHO, Begnino Barreto; SILVA,Claudio Xavier da – Matemática – Volume
oposta de B. Exemplo: Único - FTD
Mini manual de Matemática – Ensino Médio

Questões
2 3
01. Considere as seguintes matrizes:𝐴 = [ ],𝐵 =
4 6
2 3
2 1 0
[4 5 ] 𝑒 𝐶 = [ ], a solução de C x B + A é:
4 6 7
6 6
(A) Não tem solução, pois as matrizes são de ordem
diferentes.
10 14
- Multiplicação por um número real: sendo k ∈ R e A uma (B) [ ]
78 90
matriz de ordem m x n, a matriz k. A é obtida multiplicando-se
todos os elementos de A por k. Exemplo: 2 3
(C) [ ]
4 5

6 6
(D) [ ]
20 36

8 11
- Multiplicação entre matrizes: consideremos o produto (E) [ ]
74 84
A. B = C. Para efetuarmos a multiplicação entre A e B, é
necessário, antes de mais nada, determinar se a multiplicação 02. Para que a soma de uma matriz 𝐴 = [
𝑎 𝑏
] e sua
é possível, isto é, se o número de colunas de A é igual ao 𝑐 𝑑
número de linhas de B, determinando a ordem de C. respectiva matriz transposta At em uma matriz identidade, são
condições a serem cumpridas:
(A) a=0 e d=0
(B) c=1 e b=1
(C) a=1/c e b=1/d
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1
(E) b=-c e a=d=1/2

03. Considere a seguinte sentença envolvendo matrizes:


Depois multiplicamos o 1º elemento da LINHA 1 de A pelo 6 𝑦 1 −3 7 7
( )+( )=( )
1º elemento da primeira COLUNA de B, depois o 2º elemento 7 2 8 5 15 7
da LINHA 1 de A pelo 2º elemento da primeira COLUNA de B e Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o
somamos esse produto. Fazemos isso sucessivamente, até valor de y que torna a sentença verdadeira.
termos efetuado a multiplicação de todos os termos. Exemplo: (A) 4.
(B) 6.
(C) 8.
(D) 10.

Respostas

01. Resposta: B.
Vamos ver se é possível multiplicar as matrizes.
C(2x3) e B(3x2), como o número de colunas de C é igual ao
Matriz Inversa
número de colunas de B, logo é possível multiplicar, o
Dizemos que uma matriz é inversa A–1 (toda matriz
resultado será uma matriz 2x2(linha de C e coluna de B):
quadrada de ordem n), se e somente se, A.A-1 = In e A-1.A = In
2 3
ou seja: 𝐶 𝑥𝐵 = [
2 1 0
] . [4 5 ]
4 6 7
6 6

2.2 + 1.4 + 0.6 2.3 + 1.5 + 0.6 8 11


→[ ]=[ ]
4.2 + 6.4 + 7.6 4.3 + 6.5 + 7.6 74 84

Agora vamos somar a matriz A(2x2) a matriz resultante da


multiplicação que também tem a mesma ordem:
8 11 8 11 2 3
[ ]+𝐴 = [ ]+[ ]
74 84 74 84 4 6

8 + 2 11 + 3 10 14
→[ ]=[ ]
74 + 4 84 + 6 78 90

02. Resposta: E.
𝑎 𝑏 𝑎 𝑐 2𝑎 𝑏+𝑐 1 0
𝐴 + 𝐴𝑡 = [ ]+[ ]=[ ]=[ ]
𝑐 𝑑 𝑏 𝑑 𝑏+𝑐 2𝑑 0 1
2a =1 → a =1/2 → b + c = 0 → b = -c
2d=1
D=1/2

Matemática 82
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APOSTILAS OPÇÃO

03. Resposta: D.
6+1=7 𝑦−3=7 Determinante de uma Matriz de Ordem 3
( )
7 + 8 = 15 2 + 5 = 7 Seja a matriz quadrada de ordem 3:
y=10
a11 a12 a13 
DETERMINANTES 
A= a 21 a 22 a 23

 
Chamamos de determinante a teoria desenvolvida por a31 a32 a33 
matemáticos dos séculos XVII e XVIII, como Leibniz e Seki
Shinsuke Kowa, que procuravam uma fórmula para
Chamamos determinante dessa matriz o numero:
determinar as soluções de um “Sistema linear”, assunto que
estudaremos a seguir.
Esta teoria consiste em associar a cada matriz quadrada A,
um único número real que denominamos determinante de A e
que indicamos por det A ou colocamos os elementos da matriz
A entre duas barras verticais, como no exemplo abaixo:

1 2  12
A=   → det A= detA= a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a32 a21 a13 - a31 a22 a13 +
 4 5 45
-a12 a21 a33 - a32 a23 a11
Definições Para memorizarmos a definição de determinante de ordem
Determinante de uma Matriz de Ordem 1 3, usamos a regra prática denominada Regra de Sarrus:
Seja a matriz quadrada de ordem 1: A = [a11]
Chamamos determinante dessa matriz o número:
det A = [ a11] = a11 - Repetimos a 1º e a 2º colunas às direita da matriz.

Exemplos a11 a12 a13 a11 a12


- A = [-2] → det A = - 2 a21 a22 a23 a21 a22
- B = [5] → det B = 5 a31 a32 a33 a31 a32
- C=[0] → det C=0
- Multiplicando os termos entre si, seguindo os traços em
Determinante de uma Matriz de ordem 2 diagonal e associando o sinal indicado dos produtos, temos:
Seja a matriz quadrada de ordem 2:
a11 a12 
A=  
a 21 a 22 
Chamamos de determinante dessa matriz o número:
detA= a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32 - a13 a22 a31
a11 a12
det A= =a11.a22-a21.a12 - a11 a23 a32 - a12 a21 a33
a 21 a 22

Para facilitar a memorização desse número, podemos dizer Observação: A regra de Sarrus também pode ser utilizada
que o determinante é a diferença entre o produto dos repetindo a 1º e 2º linhas, ao invés de repetirmos a 1º e 2º
elementos da diagonal principal e o produto dos elementos da colunas.
diagonal secundária. Esquematicamente:
Determinantes – Propriedades - I
Apresentamos, a seguir, algumas propriedades que visam
a11 a12 a simplificar o cálculo dos determinantes:
det A= = a11.a22-a21.a12
a 21 a 22 Propriedade 1: O determinante de uma matriz A é igual
ao de sua transposta At.
Exemplos
Exemplo
1 2
- A= 5 3 
  a b  a c 
A=    At=  
det A= 1.3-5.2 = - 7 c d  b d 
det A = ad − bc 
  det A = det A
t
2 − 1
- B=   det A = ad − bc 
t

2 3 
det B= 2.3-2.(-1) = 8 Propriedade 2: Se B é a matriz que se obtém de uma
matriz quadrada A, quando trocamos entre si a posição de
duas filas paralelas, então:

Matemática 83
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APOSTILAS OPÇÃO

detB = - detA Exemplos:

Exemplo
ab x abr a b x+r
a b c d cd y + c d s =c d y+s
A=   e B= 
c d a b  e f z e f t e f z +t
B foi obtida trocando-se a 1º pela 2º linha de A.
detA = ad - bc ➔ Propriedades dos Determinantes
debt = bc - ad = - (ad - bc) = - detA
- Propriedades 5 (Teorema de Jacobi)
Assim,
detB = - detA O determinante não se altera, quando adicionamos uma
fila qualquer com outra fila paralela multiplicada por um
Consequência da Propriedade 2: Uma matriz A que número.
possui duas filas paralelas “iguais”tem determinante igual a
zero. Exemplo:

Justificativa: A matriz que obtemos de A, quando trocamos abc


entre si as duas filas (linha ou coluna “iguais”, é igual a A.
Assim, de acordo com a propriedade 2, escrevemos que detA = Considere o determinante detA= d e f
-detA
g hi
Assim: detA = 0

Propriedade 3: Sendo B uma matriz que obtemos de uma Somando a 3ª coluna com a 1ª multiplicada por m,
matriz quadrada A, quando multiplicamos uma de sua filas
(linha ou coluna) por uma constante k, então detB = k.detA teremos:
Consequência da Propriedade 3: Ao calcularmos um
determinante, podemos “colocar em evidência” um “fator
comum” de uma fila (linha ou coluna).

Exemplo

- Sendo A uma matriz quadrada de ordem n, a matriz k. A é


obtida multiplicando todos os elementos de A por k, então:

det(k.A) = kn.detA

Exemplo Exemplo:

Vamos calcular o determinante D abaixo.


1 0 3 1 0 3 1 0
D= − 2 4 −1 = − 2 4 −1 − 2 4
5 0 2 5 0 2 5 0
D = 8 + 0 + 0 – 60 – 0 – 0 = -52

Assim: Em seguida, vamos multiplicar a 1ª coluna por 2, somar


det(k.A) = k3.detA com a 3ª coluna e calcular:

Propriedade 4: Se A, B e C são matrizes quadradas de 1 0 5 1 0 5 1 0


mesma ordem, tais que os elementos correspondentes de A, B
e C são iguais entre si, exceto os de uma fila, em que os D1= −2 4 −5 = −2 4 −5 −2 4
elementos de C são iguais às somas dos seus elementos
correspondentes de A e B, então. 5 0 12 5 0 12 5 0
D1 = 48 + 0 + 0 – 100 – 0 – 0 = -52
detC = detA + detB
Observe que D1=D, de acordo com a propriedade.

- Consequência
Matemática 84
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APOSTILAS OPÇÃO

Quando uma fila de um determinante é igual à soma de


múltiplos de filas paralelas (combinação linear de filas
paralelas), o determinante é igual a zero.
1 2 3

Sendo A= 4 1 0  , temos:
Exemplo: 
2 1 2
1 2 8
Seja D= 3 2 12 1 0
M11= =2
4 − 1 05 1 2
4 0
Observe que cada elemento de 3ª coluna é igual à 1ª M12= =8
coluna multiplicada por 2 somada com a 2ª coluna
2 2
multiplicada por 3. 4 1
M13= =2
8 = 2(1) + 3(2) = 2 + 6 2 1
12 = 2(3) + 3(2) = 6 + 6
5 = 2(4) + 3(-1) = 8 - 3 Chamamos co-fator do elemento aij e indicamos com Aij o
Portanto, pela consequência da propriedade 5, D = 0 número (-1)i+j.Mij, em que Mij é o menor complementar de aij.
Use a regra de Sarrus e verifique.
Exemplo:
- Propriedade 6 (Teorema de Binet)
 3 −1 4
Sendo A e B matrizes quadradas de mesma ordem, então: Sendo A
 2 1 3  , temos:
det(A.B) = detA . detB  
− 1 3 0
Exemplo:
1 3
A11=(-1)1+1.M11=(-1)2. =-9
1 2  3 0
A= 
   detA=3
 0 3 2 3
A12=(-1)1+2.M12=(-1)3. =-3
 4 3 −1 0
B= 
 2 1   detB=-2
  3 −1
A33=(-1)3+3.M33=(-1)6. =5
8 5  2 1
A.B= 
 6 3   det(A.B)=-6
 
Dada uma matriz A=(aij)nxm, com n  2, chamamos matriz
Logo, det(AB)=detA. detB co-fatora de A a matriz cujos elementos são os co-fatores dos
elementos de A; indicamos a matriz co-fatora por cof A. A
Consequências: Sendo A uma matriz quadrada e n  N*, transposta da matriz co-fatora de A é chamada de matriz
temos: adjunta de A, que indicamos por adj. A.
det(Na) = (detA)n
Exemplo:
Sendo A uma matriz inversível, temos:  1 3 2
1  
Sendo A= 1 0 − 1 , temos:
detA-1=
det A  
 4 2 1 
Justificativa: Seja A matriz inversível.
A-1.A=I
det(A-1.A) = det I
0 −1
A11=(-1)1+1. =2
detA-1.detA = det I 2 1
1
detA-1=
det A 1 −1
A12=(-1)1+2. =-5
Uma vez que det I=1, onde i é a matriz identidade. 4 1
1 0
➔ Determinantes – Teorema de Laplace A13=(-1)1+3. =2
4 2
- Menor complementar e Co-fator

Dada uma matriz quadrada A=(aij)nxn (n  2), chamamos


3 2
A21=(-1)2+1. =1
menor complementar do elemento aij e indicamos por Mij o 2 1
determinante da matriz quadrada de ordem n-1, que se obtém
suprimindo a linha i e a coluna j da matriz A.

Exemplo:

Matemática 85
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APOSTILAS OPÇÃO

1 2 detA = a11.a22 - a21.a12


A22=(-1)2+2. =-7
4 1 Nota: Observamos que esse valor coincide com a definição
vista anteriormente.

1 3  3 0 0 0
A23=(-1)2+3. =10  1 2 3 2 
- Sendo A= 
4 2 , temos:
3 2  23 5 4 3
A31=(-1)3+1. =-3  
0 −1 − 9 3 0 2

1 2 detA = 3.A11 + 0. A12 + 0. A13 + 0. A14


 
A32=(-1)3+2. =3
1 −1
zero

1 3 2 3 2
A33=(-1)3+3. =-3 1 4 3 =-11
1 0 A11 = (-1)1+1.
 
3 0 2 
Assim:
Assim:
 2 −5 2  2 1 −3
   3 detA = 3.(-11) 
 1 − 7 10
cof A= e adj A= − 5 − 7
 det A=-33
− 3 3 − 3   2 10 − 3 Nota: Observamos que quanto mais “zeros” aparecerem
na primeira linha, mais o cálculo é facilitado.
➔ Determinante de uma Matriz de Ordem n
- Teorema de Laplace
-Definição
Vimos até aqui a definição de determinante para matrizes Seja A uma matriz quadrada de ordem n, n  2, seu
quadradas de ordem 1, 2 e 3. determinante é a soma dos produtos dos elementos de uma fila
(linha ou coluna) qualquer pelos respectivos co-fatores.
Seja A uma matriz quadrada de ordem n.
Exemplo:
Então: 5 0 1 2
- Para n = 1
3 2 1 0 
A=[a11]  det A=a11 Sendo A= 
4 1 0 0
 
- Para n  2: 3 − 2 2 0

a11 a12 .... a1n  Devemos escolher a 4ª coluna para a aplicação do teorema
  de Laplace, pois, neste caso, teremos que calcular apenas um
 a 21 a 22 ... a 2 n  n
 det A =  a1 j . A1 j
co-fator.
A=
.......................  j =1
Assim:
  detA = 2.A14 + 0.A24 + 0.A34 + 0.A44
a n1 a n 2 ... a nn 
ou seja: 3 2 1
detA = a11.A11+a12.A12+…+a1n.A1n 
A14=(-1)1+4 4 1 0 =+21

 
3 − 2 2 
Então, o determinante de uma matriz quadrada de ordem
detA = 2 . 21 = 42
n, n  2 é a soma dos produtos dos elementos da primeira
linha da matriz pelos respectivos co-fatores.
Observações Importantes: No cálculo do determinante de
uma matriz de ordem n, recaímos em determinantes de
Exemplos:
matrizes de ordem n-1, e no cálculo destes, recaímos em
a11 a12  determinantes de ordem n-2, e assim sucessivamente, até
Sendo A=   , temos: recairmos em determinantes de matrizes de ordem 3, que
a21 a22  calculamos com a regra de Sarrus, por exemplo.
detA = a11.A11 + a12.A12, onde: - O cálculo de um determinante fica mais simples, quando
A11 = (-1)1+1.|a22| = a22 escolhemos uma fila com a maior quantidade de zeros.
A12 = (-1)1+2.|a21| = a21 - A aplicação sucessiva e conveniente do teorema de Jacobi
pode facilitar o cálculo do determinante pelo teorema de
Assim: Laplace.
detA = a11.a22 + a12.(-a21)

Matemática 86
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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplo: 2ª. A é triangular inferior


 1 2 3 1
 0 −1 2 a11 a13 .... a1n 
1 
a12
Calcule det A sendo A=   
− 2 3 1 2 a21 a22 0 ... a2 n 
  A=  a31 a32 a33 ... a3n 
 3 4 6 3  
 ... ... ... ... ... 
A 1ª coluna ou 2ª linha tem a maior quantidade de zeros. a an 3 ... ann 
Nos dois casos, se aplicarmos o teorema de Laplace,  n1 an 2
calcularemos ainda três co-fatores.
Para facilitar, vamos “fazer aparecer zero” em A31=-2 e detA=a11.a22.a33. … .ann
A41=3 multiplicando a 1ª linha por 2 e somando com a 3ª e
multiplicando a 1ª linha por -3 e somando com a 4ª linha;
fazendo isso, teremos:
1 0 0  0
 0 1 0  0 

 1 2 1 3 In=  0 0 1  0
 0 − 1 2 1   
A=      
 0 7 7 4  0 0 0  1
 
 0 − 2 − 3 0
detIn=1
Agora, aplicamos o teorema de Laplace na 1ª coluna:
- Determinante de Vandermonde e Regra de Chió
Uma determinante de ordem n  2 é chamada
determinante de Vandermonde ou determinante das
 −1 2 1   −1 2 1
potências se, e somente se, na 1ª linha (coluna) os elementos
detA=1.(-1)1+1.
 7 7 4  =  7 7 4  forem todos iguais a 1; na 2ª, números quaisquer; na 3ª, os
 seus quadrados; na 4ª, os seus cubos e assim sucessivamente.
 − 2 − 3 0  − 2 − 3 0
Exemplos:
Aplicamos a regra de Sarrus, - Determinante de Vandermonde de ordem 3

−1 2 1 −1 2 1 1 1
7 7 4 7 7 a b c
−2 −3 0 −2 −3 a 2 b2 c2
+ + +
- Determinante de Vandermonde de ordem 4
det A = (0 – 16 – 21) - ( - 14 + 12 + 0)
detA = 0 – 16 – 21 + 14 – 12 – 0 = -49 + 14
detA = -35
1 1 1 1
a b c d
- Uma aplicação do Teorema de Laplace
a2 b2 c2 d 2
Sendo A uma matriz triangular, o seu determinante é o
produto dos elementos da diagonal principal; podemos a3 b3 c3 d 3
verificar isso desenvolvendo o determinante de A através da
1ª coluna, se ela for triangular superior, e através da 1ª linha,
Os elementos da 2ª linha são denominados elementos
se ela for triangular superior, e através da 1ª linha, se ela for
característicos.
triangular inferior.
Assim:
- Propriedade
1ª. A é triangular superior
Um determinante de Vandermonde é igual ao produto de
todas as diferenças que se obtêm subtraindo-se de cada um
a11 a12 a13 .... a1n  dos elementos característicos os elementos precedentes,
0 a22 a23 ... a2 n 
independente da ordem do determinante.

A= 0 0 a33 ... a3n 
 
 ... ... ... ... ... 
 0 0 ... ann 
 0
detA=a11.a22.a33. … .ann

Matemática 87
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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplo: Respostas

Calcule o determinante: 01. Resposta: B.


𝑥 + 2𝑦 = 7 (𝑥 − 2)
{
2𝑥 + 𝑦 = 8
1 2 4
detA= 1 4 16 −2𝑥 − 4𝑦 = −14
{
2𝑥 + 𝑦 = 8
1 7 49 - 3y = - 6
y=2
Sabemos que detA = detAt, então: x = 7 - 2y
x=7–4=3

1 1 1 𝑏
|3 2| = 8
detAt= 2 4 7 2 2
1 16 49 6–b=8
B=-2

02. Resposta: C.
Que é um determinante de Vandermonde de ordem 3, D = 4 - (-2x)
então: 0 = 4 + 2x
detA = (4 – 2).(7 – 2).(7 – 4)=2 . 5 . 3 = 30 x=-2

Questões 03. Resposta: C.


det = cos²x - sen²x
01. (COBRA Tecnologia S-A (BB) - Analista det = cos(2x)
Administrativo - ESPP) O valor de b para que o determinante
𝑏 04. Resposta: A.
𝑥 −1 −1 −1
da matriz [ 2 ] seja igual a 8, em que x e y são as coordenadas
2 𝑦 𝐴 = ( 2 −1 −1 )
𝑥 + 2𝑦 = 7 2 2 −1
da solução do sistema { , é igual a:
2𝑥 + 𝑦 = 8
(A) 2. −1 −1 −1
𝐷𝑒𝑡 𝐴 = | 2 −1 −1|
(B) –2.
2 2 −1
(C) 4. detA = - 1 – 4 + 2 - (2 + 2 + 2) = - 9
(D) –1.

02. (PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) É correto afirmar


que o determinante |
1 𝑥
|é igual a zero para x igual a
Análise combinatória
−2 4
(A) 1.
(B) 2.
(C) -2. A Análise Combinatória3 é a área da Matemática que
(D) -1. desenvolve análises de possibilidades e de combinações,
possibilitando formar conjuntos finitos de elementos sob
03. (CGU – ADMINISTRATIVA – ESAF) Calcule o certas circunstâncias.
determinante da matriz:
𝑐𝑜𝑠 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑥 PRINCÍPIO ADITIVO E MULTIPLICATIVO (PRINCÍPIO
( )
𝑠𝑒𝑛 𝑥 cos 𝑥 FUNDAMENTAL DA CONTAGEM-PFC)
(A) 1 O princípio aditivo é quando tendo possibilidades distintas
(B) 0 as quais precisamos adicionar as possibilidades. Vejamos o
(C) cos 2x exemplo:
(D) sen 2x
(E) sen x/2

04. (PREF. ARARAQUARA/SP – AGENTE DA


ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO –
2, 𝑠𝑒 𝑖 > 𝑗
CETRO) Dada a matriz 𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 ) , onde 𝑎𝑖𝑗 = { ,
3𝑥3 −1, 𝑠𝑒 𝑖 ≤ 𝑗
assinale a alternativa que apresenta o valor do determinante
de A é
(A) -9.
(B) -8.
(C) 0.
(D) 4.

3IEZZI, Gelson. Matemática. Volume Único. Atual. São Paulo. 2015. BOSQUILHA, Alessandra. Minimanual compacto de matemática: teoria e prática:
FILHO, Begnino Barreto; SILVA., Claudio Xavier da. Matemática – Volume Único. ensino médio / Alessandra Bosquilha. 2. ed. rev. Rideel. São Paulo. 2003.
FTD.

Matemática 88
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APOSTILAS OPÇÃO

O cardápio de determinada escola é constituído de uma Vejamos, o trajeto é a junção de duas etapas:
fruta e uma bebida. De quantas maneiras podemos escolher 1º) Casa → Trabalho: ao qual temos 3 possibilidades
apenas um elemento? 2º) Trabalho → Faculdade: 4 possibilidades.
Para as frutas temos... 5 Multiplicando todas as possibilidades (pelo PFC), teremos:
Bebidas........................2 3 x 4 = 12.
Como precisamos escolher apenas um elemento, teremos No total Silvia tem 12 maneiras de fazer o trajeto casa –
que somar as possibilidades. trabalho – faculdade.
5+2=7
OBS.: Podemos dizer que, um evento B pode ser
O princípio multiplicativo ou fundamental da feito de n maneiras, então, existem m • n maneiras de
contagem constitui a ferramenta básica para resolver fazer e executar o evento B.
problemas de contagem sem que seja necessário enumerar
seus elementos, através das possibilidades dadas. Fatorial

Exemplos Produtos em que os fatores chegam sucessivamente até a


1) Imagine que, na cantina de sua escola, existem cinco unidade são chamados fatoriais.
opções de suco de frutas: pêssego, maçã, morango, caju e Matematicamente:
mamão. Você deseja escolher apenas um desses sucos, mas Dado um número natural n, sendo n є N e n ≥ 2, temos:
deverá decidir também se o suco será produzido com água ou n! = n. (n – 1 ). (n – 2). ... . 1
leite. Escolhendo apenas uma das frutas e apenas um dos Onde:
acompanhamentos, de quantas maneiras poderá pedir o suco? n! é o produto de todos os números naturais de 1 até n (lê-
se: “n fatorial”)
Por convenção temos que:
0! = 1
1! = 1

Exemplo
De quantas maneiras podemos organizar 8 alunos em uma
fila.
Observe que vamos utilizar a mesma quantidade de alunos
na fila nas mais variadas posições:

Temos que 8! = 8.7.6.5.4.3.2.1 = 40320


Assim teremos 5 opções de frutas e 2 opções de bebida,
logo teremos 5 x 2 = 10 possibilidades de escolha Arranjo Simples
São agrupamentos simples de n elementos distintos
2) Para ir da sua casa (cidade A) até a casa do seu de um tomados (agrupados) p a p. Aqui a ordem dos seus elementos
amigo Pedro (que mora na cidade C) João precisa pegar duas é o que diferencia.
conduções: A1 ou A2 ou A3 que saem da sua cidade até a B e
B1 ou B2 que o leva até o destino final C. Vamos montar o Exemplo
diagrama da árvore para avaliarmos todas as possibilidades: Dados o conjunto S formado pelos números S= {1,2,3,4,5,6}
quantos números de 3 algarismos podemos formar com este
conjunto?

De forma resumida, e rápida podemos também montar


Observe que 123 é diferente de 321 e assim
através do princípio multiplicativo o número de
sucessivamente, logo utilizaremos um Arranjo.
possibilidades:
Se fossemos montar todos os números levaríamos muito
tempo, para facilitar os cálculos vamos utilizar a fórmula do
arranjo.
Pela definição temos: An,p (Lê-se: arranjo de n elementos
tomados p a p).
Então:
𝒏!
𝑨𝒏, 𝒑 =
(𝒏 − 𝒑)!

3) De sua casa ao trabalho, Silvia pode ir a pé, de ônibus ou Utilizando a fórmula:


de metrô. Do trabalho à faculdade, ela pode ir de ônibus, metrô, Onde n = 6 e p = 3
trem ou pegar uma carona com um colega.
De quantos modos distintos Silvia pode, no mesmo dia, ir
de casa ao trabalho e de lá para a faculdade?

Matemática 89
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APOSTILAS OPÇÃO

Então podemos formar com o conjunto S, 120 números 2) Considerando dez pontos sobre uma circunferência,
com 3 algarismos. quantas cordas podem ser construídas com extremidades em
dois desses pontos?
Permutação Simples

São sequências ordenadas de n elementos distintos


(arranjo), ao qual utilizamos todos os elementos disponíveis,
diferenciando entre eles apenas a ordem.
Pn! = n!

Exemplo
Quantos anagramas podemos formar com a palavra CALO?

Uma corda fica determinada quando escolhemos dois


pontos entre os dez.
Escolher (A,D) é o mesmo que escolher (D,A), então
sabemos que se trata de uma combinação.
Aqui temos então a combinação de 10 elementos tomados
Utilizando a fórmula da permutação temos: 2 a 2.
n = 4 (letras) n! 10! 10! 10.9.8! 90
P4! = 4! = 4 . 3 . 2 . 1 = 24 anagramas C10,2 = = = = =
(n − p)! p! (10 − 2)! 2! 8! 2! 8! 2! 2
Combinação Simples 45 cordas
São agrupamento de n elementos distintos, tomados p a p, Permutação com Repetição
sendo p ≤ n.
Como o próprio nome indica, as repetições são permitidas
ATENÇÃO: O que diferencia a Combinação do Arranjo é e podemos estabelecer uma fórmula que relacione o número
que na combinação, a ordem dos elementos não é importante, de elementos, n, e as vezes em que o mesmo elemento aparece.
ou seja, na escolha de dois meninos para participar de um 𝒏!
campeonato, se escolhermos Carlos e depois João, é igual a 𝑷𝒏(∝,𝜷,𝜸,… ) = …
𝜶! 𝜷! 𝜸!
escolher João e Depois Carlos.

Exemplos Com α + β + γ + ... ≤ n


1) Uma escola tem 7 professores de Matemática. Quatro
deles deverão representar a escola em um congresso. Quantos Exemplo
grupos de 4 professores são possíveis ser formados? Quantos são os anagramas da palavra ARARA?
n=5
α = 3 (temos 3 vezes a letra A)
β = 2 (temos 2 vezes a letra R)

Equacionando temos:
𝒏! 𝟓! 𝟓. 𝟒. 𝟑! 𝟓. 𝟒
𝑷𝒏(∝,𝜷,𝜸,… ) = … → 𝑷𝟓(𝟑,𝟐) = = =
𝜶! 𝜷! 𝜸! 𝟑! 𝟐! 𝟑! 𝟐! 𝟐. 𝟏
Observe que sendo 7 professores, se invertermos um deles
de posição não alteramos o grupo formado, os grupos 𝟐𝟎
= = 𝟏𝟎 𝒂𝒏𝒂𝒈𝒓𝒂𝒎𝒂𝒔
formados são equivalentes. Para o exemplo acima temos ainda 𝟐
as seguintes possibilidades que podemos considerar sendo
como grupo equivalentes. Permutação Circular
P1, P2, P4, P3 = P2, P1, P3, P4 = P3, P1, P2, P4 = P2, P4, P3,
P4 = P4, P3, P1, P2 ... Pode ser generalizada através da seguinte forma:

Com isso percebemos que a ordem não é importante! 𝑷𝒄𝒏 = (𝒏 − 𝟏)!


Vamos então utilizar a fórmula para agilizar nossos
cálculos: Exemplo
𝑨𝒏, 𝒑 𝒏! De quantas maneiras 5 meninas que brincam de roda
𝑪𝒏, 𝒑 = → 𝑪𝒏, 𝒑 = podem formá-la?
𝒑! (𝒏 − 𝒑)! 𝒑!
Fazendo um esquema, observamos que são posições
Aqui dividimos novamente por p, para desconsiderar iguais:
todas as sequências repetidas (P1, P2, P3, P4 = P4, P2, P1, P3=
P3, P2, P4, P1=...).
Aplicando a fórmula:

210 210
= = = 35 grupos de professores
3.2.1 6

Matemática 90
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APOSTILAS OPÇÃO

O total de posições é 5! Porém se cada uma delas mover um Comentários


lugar para direita (por exemplo) não irá alterar a ordem, assim
teremos 5 movimentos de todas sem alterar a ordem. Logo, o 01. Resposta: Errado
total de permutações circulares será dado por: Nesta questão temos que utilizar permutação com
𝑃𝑐 5 = (5 − 1)! = 4! = 4.3.2.1 = 24 maneiras. repetição pois a palavra ASSISTENTE repete algumas letras,
assim:
Questões S: 3 vezes;
E: 2 vezes;
01. (CRESS/SC - Assistente Administrativo Jr - T: 2 vezes.
Quadrix/2019) Um anagrama (do grego ana = voltar ou 𝑃10 (3,2,2) =
10!
=
10.9.8.7.6.5.4.3!
= 10.9.8.7.6.5 = 151200
3!2!2! 3!2.2
repetir + graphein = escrever) é uma espécie de jogo de
que é menor de 160000
palavras que resulta do rearranjo das letras de uma palavra ou
expressão para produzir outras palavras ou expressões,
02. Resposta: C
utilizando todas as letras originais exatamente uma vez. Um
Pelo enunciado precisa ser um número maior que 4000,
exemplo conhecido é a personagem Iracema, anagrama de
logo para o primeiro algarismo só podemos usar os números
América, no romance de José de Alencar. Com base nessas
4,5 e 6 (3 possibilidades). Como se trata de números distintos
informações, julgue o item a respeito do princípio da
para o segundo algarismo poderemos usar os números (0,1,2,3
contagem, de permutações, de combinações e do cálculo de
e também 4,5 e 6 dependo da primeira casa) logo teremos 7 –
probabilidade.
1 = 6 possibilidades. Para o terceiro algarismos teremos 5
Há mais de 160.000 anagramas possíveis de serem obtidos
possibilidades e para o último, o quarto algarismo, teremos 4
a partir da palavra “ASSISTENTE”.
possibilidades, montando temos:
( )Certo ( )Errado

02. (Pref. do Rio de Janeiro/RJ - Agente de


Basta multiplicarmos todas as possibilidades: 3 x 6 x 5 x 4
Administração - Pref. do Rio de Janeiro) Seja N a quantidade
= 360.
máxima de números inteiros de quatro algarismos distintos,
Logo N é 360.
maiores do que 4000, que podem ser escritos utilizando-se
apenas os algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
03. Resposta: C
O valor de N é:
Anagramas de RENATO
(A) 120
______
(B) 240
(C) 360 6.5.4.3.2.1=720
(D) 480 Anagramas de JORGE
_____
03. (Pref. de Lagoa da Confusão/TO – Todos os cargos 5.4.3.2.1=120
– IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão 720
entre o número de anagramas de seus nomes representa a Razão dos anagramas: =6
120
diferença entre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos
Renato é
(A) 24. 04. Resposta: B
(B) 25. Como possui 2 letras e 4 números, porém nem as letras
(C) 26. nem os números podem se repetir, daí, teremos o seguinte:
(D) 27. __ __ __ __ __ __
(E) 28. 26.25. 10. 9. 8. 7 = 3.276.000
Mas as letras podem ir para as outras posições sempre
04. (DETRAN/PA - Agente de fiscalização de Transito – juntas, conforme mostrou a figura, portanto teremos 5 formas
FADESP/2019) Em um fictício país K, a identificação das iguais a esta que fizemos acima, totalizando então:
placas dos veículos é constituída por duas das 26 letras do 3.276.000 x 5 = 16.380.000.
alfabeto e quatro algarismos de zero a nove, sendo que as duas
letras devem sempre estar juntas, como nos exemplos abaixo. 05. Resposta: C
Basta fazermos o total de possibilidades menos as
possibilidades onde as 2 estarão.
A quantidade máxima de placas do país K que não possuem Total:
letras repetidas nem algarismos repetidos é igual a Como é uma comissão e a ordem não importa, é uma
(A) 33.800.000. combinação.
(B) 16.380.000. C7,3 =
7!
=
7.6.5.4!
= 7.5 = 35
(C) 10.280.000. 3!.4! 3.2.1.4!
(D) 6.760.000. Agora vamos pensar nas comissões em que Ana e Beatriz
(E) 3.276.000. estão.
O total de pessoas é 7, assim temos outras 5 pessoas fora
05. (BANRISUL – Escriturário – FCC/2019) Ana e Beatriz elas duas, então se a comissão tem 3 pessoas e 2 vagas são
são as únicas mulheres que fazem parte de um grupo de 7 ocupadas por elas, a terceira vaga será de uma das outras 5
pessoas. O número de comissões de 3 pessoas que poderão ser pessoas, assim:
formadas com essas 7 pessoas, de maneira que Ana e Beatriz Ana, Beatriz, pessoa 1;
não estejam juntas em qualquer comissão formada, é igual a Ana, Beatriz, pessoa 2;
(A) 20. Ana, Beatriz, pessoa 3;
(B) 15. Ana, Beatriz, pessoa 4;
(C) 30. Ana, Beatriz, pessoa 5.
(D) 18. Total de 5 possibilidades.
(E) 25. Para finalizar basta subtrair 35 – 5 = 30.

Matemática 91
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APOSTILAS OPÇÃO

- Se dois pontos distintos de uma reta pertencem a um


Geometria Espacial: retas e plano, então a reta está contida no plano.
planos no espaço (paralelismo
IV) Postulados da divisão.
e perpendicularismo),
poliedros regulares, a) Um ponto divide uma reta em duas semirretas.
pirâmides, prismas, cilindro,
cone e esfera (elementos e b) Uma reta divide um plano em dois semiplanos.
equações) c) Um plano divide o espaço em dois semiespaços.

Estudo das posições relativas


GEOMETRIA DE POSIÇÃO Vamos estudar, agora, as posições relativas entre duas
retas; entre dois planos e entre um plano e uma reta.
A geometria de posição estuda os três entes primitivos da
geometria ponto, reta e plano no espaço. Temos o estudo dos I) Posições relativas entre duas retas.
postulado, das posições relativas entre estes entes.
Na matemática nós temos afirmações que são chamadas de 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑖𝑛𝑡𝑎𝑠
postulados e outras são chamadas de teoremas. 𝐶𝑜𝑝𝑙𝑎𝑛𝑎𝑟𝑒𝑠(𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑜 ∶ {𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑎𝑠 {𝑐𝑜𝑖𝑛𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
Postulado: são afirmações que são aceitas sem 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
demonstração. Isto é, sabemos que são verdadeira, porém Não coplanares: - Reversas
não tem como ser demonstradas.
Teorema: são afirmações que tem demonstração.
No esquema acima, temos:
Estudo dos Postulados
Na Geometria de Posição, os postulado se dividem em a) Retas coplanares :estão no mesmo plano. Podem ser:
quatro categorias:
- Retas paralelas distintas: não tem nenhum ponto em
I) Postulados da existência: comum.

a) No espaço existem infinitos pontos, retas e planos.


(este postulado também é chamado de postulado fundamental
da geometria de posição).

b) Numa reta e fora dela existem infinitos pontos.


- Retas paralelas coincidentes: tem todos os pontos em
c) Num plano e fora dele existem infinitos pontos e comum. Temos duas retas, sendo uma sobre a outra.
retas.
representamos por r ≡ s
d) Entre dois pontos distintos, sempre existe um outro
ponto. - Retas concorrentes: tem um único ponto em comum.

II) Postulados da determinação:

a) Dois pontos distintos determinam uma única reta.


(Observe que a palavra distintos esta destacada, tem que ser
distintos e não somente dois pontos).
Observação: duas retas concorrentes que formam entre si
b) Três pontos não colineares determinam um único
um ângulo reto (90°) são chamadas de perpendiculares.
plano. (Observe que as palavras não colineares estão
destacadas, tem que ser não colineares e não somente três
b) Retas não coplanares: não estão no mesmo plano. São:
pontos).
- Retas Reversas: não tem ponto em comum.
- como consequência deste postulado, temos também:

b.1) uma reta e um ponto fora dela determinam um único


plano.
b.2) duas retas paralelas distintas determinam um único
plano.
b.3) duas retas concorrentes determinam um único plano.

III) Postulado da inclusão. Observação: duas retas reversas que “formam” entre si
um ângulo reto (90°) são chamadas de ortogonais.

Matemática 92
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APOSTILAS OPÇÃO

Como podemos verificar, retas paralelas distintas e retas


reversas não tem ponto em comum. Então esta não é uma
condição suficiente para diferenciar as posições, porém é uma
condição necessária. Para diferenciar paralelas distintas e
reversas temos duas condições:
- Paralelas distintas não tem ponto em comum e estão no
mesmo plano (coplanares).
- Reversas não tem ponto em comum e não estão no
mesmo plano (não coplanares).

II) Posições relativas entre reta e plano.

a) Reta paralela ao plano: não tem nenhum ponto em


comum com o plano. A intersecção da reta com o plano é um
conjunto vazio.

Questões

01. Dadas as proposições:


I) Dois pontos distintos determinam uma única reta que os
contém.
II) Três pontos distintos determinam um único plano que
os contém.
III) Se dois pontos de uma reta pertencem a um plano,
Observação: uma reta paralela a um plano é paralela com então a reta está contida no plano.
infinitas retas do plano, mas não a todas.
É correto afirmar que:
(A) Todas são verdadeiras.
b) Reta contida no plano: tem todos os pontos em comum
(B) Todas são falsas.
com o plano. Também obedece ao postulado da Inclusão. A
(C) Apenas I e II são falsas.
intersecção da reta com o plano é igual à própria reta. (D) Apenas II e III são falsas.
(E) Apenas I e III são falsas.

02. Assinale a alternativa verdadeira:


(A) Todas as afirmações podem ser demonstradas.
(B) Plano, por definição, é um conjunto de pontos.
(C) Ponto tem dimensão.
(D) Para se obter um plano basta obter 3 pontos distintos.
c) Reta secante (ou incidente) ao plano: tem um único (E) Reta não tem definição.
ponto em comum com o plano. A intersecção da reta com o
plano é o ponto P. 03. Assinala a alternativa falsa:
(A) Duas retas não coplanares são reversas.
(B) Se uma reta não tem ponto em comum com um plano,
ela é paralela a ele.
(C) Duas retas que tem ponto em comum são concorrentes.
(D) Dois planos sendo paralelos, toda reta que fura um fura
o outro.
(E) Dois planos sendo paralelos, todo plano que intercepta
um intercepta o outro.

Respostas

01. D. I) V, II) F e III) F \ 02. E. \ 03. C.


III) Posições relativas entre dois planos
a) Planos paralelos: não tem nenhum ponto em comum. POLIEDROS
Diedros
A intersecção entre os planos é um conjunto vazio.
Sendo dois planos secantes (planos que se cruzam) α e β, o
b) Planos coincidentes: tem todos os pontos em comum. espaço entre eles é chamado de diedro. A medida de um diedro
c) Planos secantes (ou incidentes): tem uma única reta é feita em graus, dependendo do ângulo formado entre os
em comum. A intersecção entre os planos é uma reta. Podem planos.
ser oblíquos (formam entre si um ângulo diferente de 90°) ou
podem ser perpendiculares (formam entre si um ângulo de
90°).

Matemática 93
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APOSTILAS OPÇÃO

Poliedros A cada 8 vértices do poliedro concorrem 3 arestas, assim o


São sólidos geométricos ou figuras geométricas espaciais número de arestas é dado por
formadas por três elementos básicos: faces, arestas e
vértices. Chamamos de poliedro o sólido limitado por quatro 𝑛. 𝐹 3.8
𝐴= →𝐴= = 12
ou mais polígonos planos, pertencentes a planos diferentes e 2 2
que têm dois a dois somente uma aresta em comum. Veja
alguns exemplos: Pela relação de Euler: V – A + F = 2 → 8 - 12 + F = 2 → F = 6
(o poliedro possui 6 faces). Assim o poliedro com essas
características é:

2) Vamos aplicar a relação de Euler em um Poliedro não


convexo.
Os polígonos são as faces do poliedro; os lados e os vértices
dos polígonos são as arestas e os vértices do poliedro.
Cada vértice pode ser a interseção de três ou mais arestas.
Observando a figura abaixo temos que em torno de cada um
dos vértices forma-se um triedro.

V – A + F = 2 → 14 – 21 + 9 = 2 → 2 = 2
Assim podemos comprovar que para alguns poliedros não
convexos, podemos utilizar a relação de Euler.

Soma dos ângulos poliédricos: as faces de um poliedro


são polígonos. Sabemos que a soma dos ângulos internos de
um polígono é dada
Convexidade
Um poliedro é convexo se qualquer reta (não paralela a S = (v – 2).360º
nenhuma de suas faces) o corta em, no máximo, dois pontos.
Ele não possuí “reentrâncias”. E caso contrário é dito não Poliedros de Platão
convexo. São poliedros que satisfazem as seguintes condições:
- todas as faces têm o mesmo número n de arestas;
- todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número m de
arestas;
- for válida a relação de Euler (V – A + F = 2).

Exemplos:
1) O prisma quadrangular da figura a seguir é um poliedro
de Platão.
Relação de Euler
Em todo poliedro convexo sendo V o número de vértices, A
o número de arestas e F o número de faces, valem as seguintes
relações de Euler:

1) Poliedro Fechado: V – A + F = 2

2) Poliedro Aberto: V – A + F = 1 Vejamos se ele atende as condições:


- todas as 6 faces são quadriláteros (n = 4);
Observação: Para calcular o número de arestas de um - todos os ângulos são triédricos (m = 3);
poliedro temos que multiplicar o número de faces F pelo - sendo V = 8, F = 6 e A = 12, temos: 8 – 12 + 6 = 14 -12 = 2
número de lados de cada face n e dividir por dois. Quando
temos mais de um tipo de face, basta somar os resultados. 2) O prisma triangular da figura abaixo é poliedro de
𝑛. 𝐹 Platão?
𝐴=
2

Podemos verificar a relação de Euler para alguns poliedros


não convexos. Assim dizemos:

Todo poliedro convexo é euleriano, mas nem todo poliedro


euleriano é convexo.
As faces são 2 triangulares e 3 faces são quadrangulares,
Exemplos:
logo não é um poliedro de Platão, uma vez que atende a uma
1) O número de faces de um poliedro convexo que possui
das condições.
exatamente oito ângulos triédricos é?

Matemática 94
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APOSTILAS OPÇÃO

- Propriedade: existem exatamente cinco poliedros de Os sólidos acima são: Cilindro, Cone e Esfera, são
Platão (pois atendem as 3 condições). Determinados apenas considerados não planos pois possuem suas superfícies
pelos pares ordenados (m,n) como mostra a tabela abaixo. curvas.
Cilindro: tem duas bases geometricamente iguais
m n A V F Poliedro definidas por curvas fechadas em superfície lateral curva.
3 3 6 4 4 Tetraedro Cone: tem uma só base definida por uma linha curva
3 4 12 8 6 Hexaedro fechada e uma superfície lateral curva.
4 3 12 6 8 Octaedro Esfera: é formada por uma única superfície curva.
3 5 30 20 12 Dodecaedro
5 3 30 12 20 Icosaedro - Planificações de alguns Sólidos Geométricos

Poliedro Planificação Elementos

- 4 faces
triangulares
- 4 vértices
- 6 arestas

Tetraedro

Poliedros Regulares
Um poliedro e dito regular quando:
- suas faces são polígonos regulares congruentes;
- seus ângulos poliédricos são congruentes; - 6 faces
Por essas condições e observações podemos afirmar que quadrangular
todos os poliedros de Platão são ditos Poliedros Regulares. es
Observação: - 8 vértices
- 12 arestas
Todo poliedro regular é poliedro de Platão, mas nem todo
poliedro de Platão é poliedro regular. Hexaedro
Por exemplo, uma caixa de bombom, como a da figura a
seguir, é um poliedro de Platão (hexaedro), mas não é um
poliedro regular, pois as faces não são polígonos regulares e
congruentes.

- 8 faces
triangulares
- 6 vértices
- 12 arestas

Octaedro

A figura se compara ao paralelepípedo que é um hexaedro,


e é um poliedro de Platão, mas não é considerado um poliedro
regular:

-12 faces
pentagonais
- 20 vértices
- 30 arestas

- Não Poliedros Dodecaedro

Matemática 95
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APOSTILAS OPÇÃO

03. Resposta: A.
Temos 2 faces triangulares, 2 faces quadrangulares e 4
faces pentagonais.
F=2+2+4
F=8
- 20 faces 𝟐.𝟑+𝟐.𝟒+𝟒.𝟓 𝟔+𝟖+𝟐𝟎 𝟑𝟒
triangulares 𝑨= = = = 𝟏𝟕
𝟐 𝟐 𝟐
- 12 vértices
- 30 arestas V–A+F=2
V – 17 + 8 = 2
V = 2 + 17 – 8
Icosaedro V = 11
A soma é:
S = (v – 2).260°
S = (11 – 2).360°
Referências S = 9.360°
http://educacao.uol.com.br S = 3240°
http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_19t.php
http://www.infoescola.com
SÓLIDOS GEOMÉTRICOS
Questões
Sólidos Geométricos são figuras geométricas que possui
01. (PUC RS) Um poliedro convexo tem cinco faces três dimensões. Um sólido é limitado por um ou mais planos.
triangulares e três pentagonais. O número de arestas e o Os mais conhecidos são: prisma, pirâmide, cilindro, cone e
número de vértices deste poliedro são, respectivamente: esfera.
(A) 30 e 40
(B) 30 e 24 - Sólidos geométricos
(C) 30 e 8
(D) 15 e 25 I) PRISMA: é um sólido geométrico que possui duas bases
(E) 15 e 9 iguais e paralelas.

02. (ITA – SP) Considere um prisma regular em que a


soma dos ângulos internos de todas as faces é 7200°. O número
de vértices deste prisma é igual a:
(A) 11
(B) 32
(C) 10
(D) 22
(E) 20
Elementos de um prisma:
03. (CEFET – PR) Um poliedro convexo possui duas faces a) Base: pode ser qualquer polígono.
triangulares, duas quadrangulares e quatro pentagonais. Logo b) Arestas da base: são os segmentos que formam as
a soma dos ângulos internos de todas as faces será: bases.
(A) 3240° c) Face Lateral: é sempre um paralelogramo.
(B) 3640° d) Arestas Laterais: são os segmentos que formam as
(C) 3840° faces laterais.
(D) 4000° e) Vértice: ponto de intersecção (encontro) de arestas.
(E) 4060° f) Altura: distância entre as duas bases.
Respostas
Classificação:
01. Resposta: E. Um prisma pode ser classificado de duas maneiras:
O poliedro tem 5 faces triangulares e 3 faces pentagonais,
logo, tem um total de 8 faces (F = 8). Como cada triângulo tem 1- Quanto à base:
3 lados e o pentágono 5 lados. Temos: - Prisma triangular...........................................................a base é
um triângulo.
𝐴=
5.3+3.5
=
15+15
=
30
= 15 - Prisma quadrangular.....................................................a base é
2 2 2
um quadrilátero.
- Prisma pentagonal........................................................a base é
V–A+F=2
um pentágono.
V – 15 + 8 = 2
- Prisma hexagonal.........................................................a base é
V = 2 + 15 – 8
um hexágono.
V=9
E, assim por diante.
02. Resposta: D.
2- Quanta à inclinação:
Basta utilizar a fórmula da soma dos ângulos poliédricos.
- Prisma Reto: a aresta lateral forma com a base um
S = (V – 2).360°
ângulo reto (90°).
7200° = (V – 2).360° (passamos o 360° dividindo)
- Prisma Obliquo: a aresta lateral forma com a base um
7200° : 360° = V – 2
ângulo diferente de 90°.
20 = V – 2
V = 20 + 2
V = 22

Matemática 96
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APOSTILAS OPÇÃO

II) PIRÂMIDE: é um sólido geométrico que tem uma base


e um vértice superior.

Fórmulas:
- Área da Base
Como a base pode ser qualquer polígono não existe uma
fórmula fixa. Se a base é um triângulo calculamos a área desse
triângulo; se a base é um quadrado calculamos a área desse
quadrado, e assim por diante.
- Área Lateral: Elementos de uma pirâmide:
Soma das áreas das faces laterais A pirâmide tem os mesmos elementos de um prisma: base,
- Área Total: arestas da base, face lateral, arestas laterais, vértice e altura.
At=Al+2Ab Além destes, ela também tem um apótema lateral e um
- Volume: apótema da base.
V = Abh Na figura acima podemos ver que entre a altura, o apótema
da base e o apótema lateral forma um triângulo retângulo,
Prismas especiais: temos dois prismas estudados a parte então pelo Teorema de Pitágoras temos: ap2 = h2 + ab2.
e que são chamados de prismas especiais, que são:
Classificação:
a) Hexaedro (Paralelepípedo reto-retângulo): é um Uma pirâmide pode ser classificado de duas maneiras:
prisma que tem as seis faces retangulares. 1- Quanto à base:
- Pirâmide triangular...........................................................a base é
um triângulo.
- Pirâmide quadrangular.....................................................a base é
um quadrilátero.
- Pirâmide pentagonal........................................................a base é
um pentágono.
Temos três dimensões: a= comprimento, b = largura e c = - Pirâmide hexagonal.........................................................a base é
altura. um hexágono.
E, assim por diante.
Fórmulas:
- Área Total: At = 2.(ab + ac + bc) 2- Quanta à inclinação:
- Pirâmide Reta: tem o vértice superior na direção do
- Volume: V = a.b.c centro da base.
- Pirâmide Obliqua: o vértice superior está deslocado em
- Diagonal: D = √a2 + b 2 + c 2 relação ao centro da base.

b) Hexaedro Regular (Cubo): é um prisma que tem as 6


faces quadradas.

Fórmulas:
As três dimensões de um cubo comprimento, largura e - Área da Base: 𝐴𝑏 = 𝑑𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜, como a base
altura são iguais. pode ser qualquer polígono não existe uma fórmula fixa. Se a
base é um triângulo calculamos a área desse triângulo; se a
Fórmulas: base é um quadrado calculamos a área desse quadrado, e
- Área Total: At = 6.a2 assim por diante.
- Área Lateral: 𝐴𝑙 =
- Volume: V = a3 𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 á𝑟𝑒𝑎𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑎𝑐𝑒𝑠 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑖𝑠

- Diagonal: D = a√3 - Área Total: At = Al + Ab

1
- Volume: 𝑉 = . 𝐴𝑏 . ℎ
3

- TRONCO DE PIRÂMIDE
O tronco de pirâmide é obtido ao se realizar uma secção
transversal numa pirâmide, como mostra a figura:

Matemática 97
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APOSTILAS OPÇÃO

Classificação: como a base de um cilindro é um círculo, ele


só pode ser classificado de acordo com a inclinação:
- Cilindro Reto: a geratriz forma com o plano da base um
ângulo reto (90°).
- Cilindro Obliquo: a geratriz forma com a base um ângulo
diferente de 90°.

O tronco da pirâmide é a parte da figura que apresenta as


arestas destacadas em vermelho.
É interessante observar que no tronco de pirâmide as
arestas laterais são congruentes entre si; as bases são
polígonos regulares semelhantes; as faces laterais são
trapézios isósceles, congruentes entre si; e a altura de
qualquer face lateral denomina-se apótema do tronco. Fórmulas:
- Área da Base: Ab = π.r2
→ Cálculo das áreas do tronco de pirâmide.
Num tronco de pirâmide temos duas bases, base maior e - Área Lateral: Al = 2.π.r.h
base menor, e a área da superfície lateral. De acordo com a
base da pirâmide, teremos variações nessas áreas. Mas - Área Total: At = 2.π.r.(h + r) ou At = Al + 2.Ab
observe que na superfície lateral sempre teremos trapézios
isósceles, independente do formato da base da pirâmide. Por - Volume: V = π.r2.h ou V = Ab.h
exemplo, se a base da pirâmide for um hexágono regular,
teremos seis trapézios isósceles na superfície lateral. Secção Meridiana de um cilindro: é um “corte” feito pelo
A área total do tronco de pirâmide é dada por: centro do cilindro. O retângulo obtido através desse corte é
St = Sl + SB + Sb chamado de secção meridiana e tem como medidas 2r e h. Logo
Onde: a área da secção meridiana é dada pela fórmula: ASM = 2r.h.
St → é a área total
Sl → é a área da superfície lateral
SB → é a área da base maior
Sb → é a área da base menor

→ Cálculo do volume do tronco de pirâmide.


A fórmula para o cálculo do volume do tronco de pirâmide
é obtida fazendo a diferença entre o volume de pirâmide maior
e o volume da pirâmide obtida após a secção transversal que
produziu o tronco. Colocando em função de sua altura e das
áreas de suas bases, o modelo matemático para o volume do
tronco é:

Cilindro Equilátero: um cilindro é chamado de equilátero


quando a secção meridiana for um quadrado, para isto temos
Onde, que: h = 2r.
V → é o volume do tronco
h → é a altura do tronco IV) CONE: é um sólido geométrico que tem uma base
SB → é a área da base maior circular e vértice superior.
Sb → é a área da base menor

III) CILINDRO: é um sólido geométrico que tem duas bases


iguais, paralelas e circulares.

Elementos de um cone:
a) Base: é sempre um círculo.
b) Raio
c) Altura: distância entre o vértice superior e a base.
d) Geratriz: segmentos que formam a face lateral, isto é, a
face lateral e formada por infinitas geratrizes.
Elementos de um cilindro:
a) Base: é sempre um círculo. Classificação: como a base de um cone é um círculo, ele só
b) Raio tem classificação quanto à inclinação.
c) Altura: distância entre as duas bases. - Cone Reto: o vértice superior está na direção do centro
d) Geratriz: são os segmentos que formam a face lateral, da base.
isto é, a face lateral é formada por infinitas geratrizes. - Cone Obliquo: o vértice superior esta deslocado em
relação ao centro da base.

Matemática 98
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APOSTILAS OPÇÃO

tronco envolverão a medida dos dois raios. A geratriz, que é a


medida da altura lateral do cone, também está presente na
composição do tronco de cone.
Não devemos confundir a medida da altura do tronco de
cone com a medida da altura de sua lateral (geratriz), pois são
elementos distintos. A altura do cone forma com as bases um
ângulo de 90º. No caso da geratriz os ângulos formados são um
agudo e um obtuso.
Fórmulas:
- Área da base: Ab = π.r2 Área da Superfície e
Volume
- Área Lateral: Al = π.r.g

- Área total: At = π.r.(g + r) ou At = Al + Ab

1 1
- Volume: 𝑉 = . 𝜋. 𝑟 2 . ℎ ou 𝑉 = . 𝐴𝑏 . ℎ Onde:
3 3
h = altura
- Entre a geratriz, o raio e a altura temos um triângulo g = geratriz
retângulo, então: g2 = h2 + r2.

Secção Meridiana: é um “corte” feito pelo centro do cone. V) ESFERA


O triângulo obtido através desse corte é chamado de secção
meridiana e tem como medidas, base é 2r e h. Logo a área da
secção meridiana é dada pela fórmula: ASM = r.h.

Cone Equilátero: um cone é chamado de equilátero


quando a secção meridiana for um triângulo equilátero, para
isto temos que: g = 2r. Elementos da esfera
- Eixo: é um eixo imaginário, passando pelo centro da
- TRONCO DE CONE esfera.
Se um cone sofrer a intersecção de um plano paralelo à sua - Polos: ponto de intersecção do eixo com a superfície da
base circular, a uma determinada altura, teremos a esfera.
- Paralelos: são “cortes” feitos na esfera, determinando
constituição de uma nova figura geométrica espacial
círculos.
denominada Tronco de Cone.
- Equador: “corte” feito pelo centro da esfera,
determinando, assim, o maior círculo possível.

Fórmulas

Elementos
- A base do cone é a base maior do tronco, e a seção - na figura acima podemos ver que o raio de um paralelo
transversal é a base menor; (r), a distância do centro ao paralelo ao centro da esfera (d) e
o raio da esfera (R) formam um triângulo retângulo. Então,
- A distância entre os planos das bases é a altura do tronco.
podemos aplicar o Teorema de Pitágoras: R2 = r2 + d2.
- Área: A = 4.π.R2

4
- Volume: V = . π. R3
3

Diferentemente do cone, o tronco de cone possui duas


bases circulares em que uma delas é maior que a outra, dessa
forma, os cálculos envolvendo a área superficial e o volume do

Matemática 99
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APOSTILAS OPÇÃO

Fuso Esférico: Al = 2.π.2.3 At = 2π.2(3 + 2) V = π.22.3


Al = 12π cm2 At = 4π.5 V = π.4.3
At = 20π cm2 V = 12π cm2

03. Resposta: A.
O volume de um prisma é dado pela fórmula V = Ab.h, do
enunciado temos que a aresta da base é a = 4 cm e a altura h =
12 cm.
A área da base desse prisma é igual a área de um hexágono
Fórmula da área do fuso: regular
6.𝑎2 √3
𝐴𝑏 =
𝛼. 𝜋. 𝑅 2 4
𝐴𝑓𝑢𝑠𝑜 =
90° 6.42 √3 6.16√3
𝐴𝑏 = ➔ 𝐴𝑏 = ➔ 𝐴𝑏 = 6.4√3 ➔ 𝐴𝑏 = 24√3
4 4
cm2
Cunha Esférica:
V = 24√3.12
V = 288√3 cm3

Geometria Analítica: Estudo


analítico do ponto, da reta e
da circunferência (elementos
Fórmula do volume da cunha:
e equações).
𝛼. 𝜋. 𝑅 3
𝑉𝑐𝑢𝑛ℎ𝑎 =
270° SISTEMA CARTESIANO ORTOGONAL (OU PLANO
CARTESIANO)
Referências
IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único
DOLCE, Osvalo; POMPEO, José Nicolau – Fundamentos da matemática elementar
– Vol 10 – Geometria Espacial, Posição e Métrica – 5ª edição – Atual Editora
www.brasilescola.com.br

Questões

01. Dado o cilindro equilátero, sabendo que seu raio é igual


a 5 cm, a área lateral desse cilindro, em cm2, é:
(A) 90π
(B) 100π
(C) 80π
(D) 110π Temos dois eixos orientados, um horizontal e outro
(E) 120π vertical, perpendiculares entre si. O eixo horizontal é chamado
de “eixo das abscissas” e o eixo vertical e chamado de “eixo das
02. Seja um cilindro reto de raio igual a 2 cm e altura 3 cm. ordenadas”.
Calcular a área lateral, área total e o seu volume. Estes eixos dividem o plano em quatro partes chamadas de
“quadrantes”.
03. Um prisma hexagonal regular tem aresta da base igual O ponto O e chamado de ponto “Zero” ou “Ponto de
a 4 cm e altura 12 cm. O volume desse prisma é: Origem” do sistema.
(A) 288√3 cm3
- Propriedades do Sistema Cartesiano.
(B) 144√3 cm3
Sendo um ponto p(x, y), temos:
(C) 200√3 cm3
(D) 100√3 cm3 1) Se P ∈ ao 1° quadrante: x > 0 e y > 0
(E) 300√3 cm3 2) Se P ∈ ao 2° quadrante: x < 0 e y > 0
3) Se P ∈ ao 3° quadrante: x < 0 e y < 0
Comentários 4) Se P ∈ ao 4° quadrante: x > 0 e y < 0
5) Se P ∈ ao eixo das abcissas: y = 0
01. Resposta: B. 6) Se P ∈ ao eixo das ordenadas: x = 0
Em um cilindro equilátero temos que h = 2r e do enunciado 7) Se P ∈ à bissetriz dos quadrantes ímpares (1° e 3°
r = 5 cm. quadrantes): x = y
h = 2r → h = 2.5 = 10 cm 8) Se P ∈ à bissetriz dos quadrantes pares (2° e 4°
Al = 2.π.r.h quadrantes): x = - y
Al = 2.π.5.10
Al = 100π Ponto médio
Sendo A(xA, yA) e B(xB, yB) dois pontos do sistema
02. Respostas: Al = 12π cm2, At = 20π cm2 e V = 12π cm3 cartesiano:
Aplicação direta das fórmulas sendo r = 2 cm e h = 3 cm.
Al = 2.π.r.h At = 2π.r(h + r) V = π.r2.h

Matemática 100
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APOSTILAS OPÇÃO

- se M(xM, yM) é ponto 2m – m = 7 – 1


médio do segmento ̅̅̅̅
AB, m=6
temos a fórmula do
ponto médio: 02. Resposta: D.
Se P pertence ao eixo das abscissas y = 0.
xA + xB y=0
xM =
2 4p – 12 = 0
4p = 12
𝑦𝐴 + 𝑦𝐵 p = 12/4
𝑦𝑀 =
2 p=3

x=2+p
Distância entre dois pontos x=2+3
x=5
- de acordo com o Teorema Logo: P(5, 0)
de Pitágoras, temos a
fórmula da distância: 03. Resposta: D.
x +x y +y
x M = A B e yM = A B
2 2

𝑑𝐴𝐵 4+2 −1+5


xM = = 3 e yM = =2
= √(𝑥𝐵 − 𝑥𝐴 )2 + (𝑦𝐵 − 𝑦𝐴 )2 2 2

ESTUDO DA RETA

Inclinação de uma reta


Área do triângulo e condição de alinhamento de três Considere-se no Plano Cartesiano uma reta r. Chama-se
pontos inclinação de r à medida de um ângulo α que r forma com o
eixo x no sentido anti-horário, a partir do próprio eixo x.
Sejam os pontos A(xA, yA), B(xB, yB) e C(xC, yC) os três
vértices de um triângulo ABC, para calcular a área desse
triângulo temos a fórmula:

xA yA 1
|D|
A= , onde D = |xB yB 1|
2
xC yC 1

E a condição para que os três estejam alinhados (mesma


linha ou mesma reta) é que D = 0.

Questões
Coeficiente angular da reta
01. O ponto A(2m + 1, m + 7) pertence à bissetriz dos Definimos o coeficiente angular (ou declividade) da reta
quadrantes ímpares. Então, o valor de m é: r o número m tal que 𝐦 = 𝐭𝐠𝛂.
(A) 5 Então, temos:
(B) 6
(C) 7 - se m = 0
(D) 8 a reta é paralela ao eixo x, isto é, α = 0°.
(E) 9
- se m > 0
02. O ponto P(2 + p, 4p – 12) pertence ao eixo das temos um ângulo α, tal que 0° < α < 90°. O ângulo α é agudo.
abscissas, então:
(A) P(2 ,0) - se m < 0
(B) P(3, 0) temos um ângulo α, tal que 90° < α < 180°. O ângulo α é
(C) P(- 5, 0) obtuso.
(D) P(5, 0)
(E) P(- 2, 0) - se m = ∄ (não existe) ➔ a reta é perpendicular ao eixo
x, isto é, α = 90°.
03. O ponto médio entre A(4, - 1) e B(2, 5) é:
(A) M(- 3, 2)
(B) M(3, - 2)
(C) M(- 3, - 2)
(D) M(3, 2)
(E) M(1, 2)
Respostas

01. Resposta: B.
Se o ponto pertence à bissetriz dos quadrantes ímpares
temos que x = y.
x=y
2m + 1 = m + 7

Matemática 101
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APOSTILAS OPÇÃO

Sendo A e B dois pontos pertencentes a uma reta r, temos: Exemplos:


(r) 2x – 3y + 8 = 0 ➔ a = 2, b = - 3 e c = 8
(s) – x + 10 = 0 ➔ a = - 1, b = 0 e c = 10
(t) 3y – 7 = 0 ➔ a = 0, b = 3 e c = - 7
(u) x + 5y = 0 ➔ a = 1, b = 5 e c = 0

Da equação geral da reta, temos uma nova fórmula para


−𝐚
o coeficiente angular: 𝐦 =
𝐛

Equação reduzida da reta


Para determinar a equação reduzida da reta, basta “isolar”
o y.
cateto aposto
No triângulo retângulo: tgα = , então ax + by + c = 0
cateto adjacente
temos que o coeficiente angular m é:
by = −ax − c
yB −yA ∆𝐲
m= ➔m= −ax c
xB −xA ∆𝐱
y= −
b b
−a
Equação fundamental da reta Na equação reduzida da reta temos que é o coeficiente
b
Considerando uma reta r e um ponto A(x0, y0) pertencente angular (m) da reta e
−c
é o coeficiente linear (q) da reta.
à reta. Tomamos outro ponto B(x, y) genérico diferente de A. b
Então, a equação reduzida é da forma:
Com esses dois pontos pertencentes à reta r, podemos calcular
o seu coeficiente angular.
y = mx + q

O coeficiente linear q é o ponto em que a reta “corta” o eixo


y.

∆y m y−y0
m= ➔ = , multiplicando em “cruz”:
∆x 1 x−x0

y – yo = m(x – xo), fórmula da equação fundamental da


reta. Observações:
I) A equação reduzida de uma reta fornece diretamente
o coeficiente angular e o coeficiente linear.
Exemplos: II) As retas de inclinação igual a 90° (reta vertical ao
1- Uma reta tem inclinação de 60° em relação ao eixo x. eixo x) não possuem equação reduzida.
Qual é o coeficiente angular desta reta?
Bissetrizes dos ângulos de duas retas
Solução: m = tgα ➔ m = tg60° ➔ m = √3

2- Uma reta passa pelos pontos A(3, -1) e B(5, 8).


Determinar o coeficiente angular dessa reta. A bissetriz
de ângulos de
∆y yB −yA 8−(−1) 9
Solução: m = = ➔ m= ➔ m= retas, nada mais
∆x xB −xA 5−3 2
é a que a
3- Uma reta passa pelo ponto A(2, 4) e tem coeficiente aplicação direta
angular m = 5. Determinar a equação fundamental dessa reta. da fórmula da
distância de um
Solução: o ponto por onde a reta passa são os valores de xo ponto a uma reta
e yo para substituir na fórmula, então:

y − yo = m. (x − xo ) ➔ y − 4 = 5. (x − 2) (esta é a
equação fundamental da reta)

Equação geral da reta


Toda reta tem uma Equação Geral do tipo:

𝐚𝐱 + 𝐛𝐲 + 𝐜 = 𝟎 , onde a, b e c são os coeficientes da


equação e podem ser qualquer número real, com a condição de
que a e b não sejam nulos ao mesmo tempo. Isto é se a = 0 ➔ b
≠ 0 e se b = 0 ➔ a ≠ 0.

Matemática 102
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APOSTILAS OPÇÃO

Paralelismo e perpendicularismo Exemplos:


Considere-se no Plano Cartesiano duas reta r e s. (r) 2x – 3y + 8 = 0 e (s) 2x – 3y – 7 = 0 são paralelas, pois a
= 2 e b = - 3 nas duas equações.

(r) 3x + 2y – 10 = 0 e (s) 6x + 4y + 30 = 0 são paralelas, pois


na reta r a = 3 e b = 2 e na reta s a = 6 e b = 2 são proporcionais
(o dobro). Se dividirmos por 2 os coeficientes a e b da reta (s)
obtemos valores iguais.
Então, para calcular a distância entre as retas r e s temos a
seguinte fórmula:

|𝐜 − 𝐜′|
𝐝𝐫,𝐬 =
√𝐚𝟐 + 𝐛 𝟐
Se as retas são paralelas, o ângulo 𝛼 de inclinação em
relação ao eixo x é o mesmo. Este ângulo nos dá o valor do
coeficiente angular da reta e, sendo mr e ms, respectivamente Exemplo 1: Calcular a distância entre as retas (r) 4x + 3y –
os coeficientes angulares de r e s, temos: 10 = 0 e (s) 4x + 3y + 5 = 0.

1) Se r e s são paralelas: mr = ms Solução: temos que a = 4 e b = 3 nas duas equações e


somente o valor de c é diferente, então, c = - 10 e c’ = 5 (ou c =
2) Se r e s são concorrentes: mr ≠ ms 5 e c’ = - 10).

|−10−5| |−15| 15 15
3) Se r e s são perpendiculares: mr.ms = - 1 dr,s = = = = =3
√4 2 +32 √16+9 √25 5

Observação: para que o produto de dois números seja Exemplo 2 : Calcular a distância entre as retas (r) 3x – 2y +
igual a – 1, mr e ms devem ser inversos e opostos. 8 = 0 e (s) 6x – 4y – 12 = 0.

Solução: primeiro temos que dividir a equação da reta (s)


Distância entre ponto e reta por dois para que a e b fiquem iguais nas duas equações.
Seja uma reta (r) de equação geral ax + by + c = 0 e um (s) 6x – 4y – 12 = 0 :(2) ➔ 3x – 2y – 6 = 0
ponto P(xo, yo):
Logo, a = 3, b = - 2, c = 8 e c’ = - 6 (ou c = - 6 e c’ = 8)

|8−(−6)| |8+6| |14| 14


dr,s = = = = , neste caso temos que
√32 +(−2)2 √9+4 √13 √13
racionalizar o denominador multiplicando em cima e em
embaixo por √13.

14 √13 14√13
dr,s = . =
√13 √13 13
Para calcular a distância d entre o ponto P e a reta r temos
a seguinte fórmula: Questões

01. (FGV-SP) A declividade do segmento de reta que passa


|𝐚𝐱 𝐨 + 𝐛𝐲𝟎 + 𝐜| pelos pontos A(0, 3) e B(3, 0) é:
𝐝𝐏,𝐫 = (A) 1
√𝐚𝟐 + 𝐛 𝟐 (B) – 1
(C) 0
(D) 3
Exemplo: Qual é a distância entre a reta (r) 3x + 4y – 1 = 0 (E) 1/3
e o ponto P(1, 2)?
𝑘
02. (MACK-SP) Se os pontos (2, - 3), (4, 3) e (5, ) estão
Solução: temos uma equação de reta em que a = 3, b = 4 e c 2
numa mesma reta, então k é igual a:
= - 1.
(A) – 12
|3x+4y−1| (B) – 6
dP,r = ➔ substituindo x = 1 e y = 2 (coordenadas (C) 6
√32 +4 2
do ponto P) (D) 12
(E) 18
|3.1+4.2−1| |3+8−1| |10| 10
dP,r = = = = =2
√9+16 √25 5 5 03. Escreva a equação fundamental da reta que passa pelo
ponto P e tem coeficiente angular m nos seguintes casos:
Distância entre duas retas a) P(1, 4) e m = 7
Só existe distância entre duas retas r e s se elas forem b) P(0, - 1) e m = 3
paralelas. E, neste caso, os valores de a e b na equação geral da c) P(- 2, 5) e m = - 2
reta são iguais ou proporcionais, sendo diferente somente o
valor de c. Isto é: Respostas

(r) ax + by + c = 0 e (s) ax + by + c’ = 0. 01. Resposta: B.


Como temos dois pontos, o coeficiente angular é dado por
∆y
m= .
∆x

Matemática 103
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APOSTILAS OPÇÃO

𝑚=
𝑦𝐵 −𝑦𝐴
➔ 𝑚=
0−3
=
−3
=-1 Tal escolha deve se a “experimentação” das coordenadas
𝑥𝐵 −𝑥𝐴 3−0 3
de um Ponto P qualquer, P ∉ r, na equação da reta delimitadora
dos semiplanos.
02. Resposta: D.
Chamando os pontos, respectivamente, de A(2, - 3), B(4, 3)
𝑘
Seja P(0,0); fazendo:
e C(5, ) e se esses três pontos estão numa mesma reta, temos:
2
mAB = mBC (os coeficientes angulares de pontos que estão
na mesma reta são iguais)
yB −yA yC −yB
=
xB −xA xC −xB

k
E = - 12 < 0
3−(−3) −3
2
=
4−2 5−4 Como a origem não está contida na região sombreada, é de
k−6 se supor que, para qualquer ponto da região sombreada,
6
= 2 ocorra a outra hipótese, isto é, E > 0 (sinal escolhido).
2 1
Assim, 3x + 4y – 12 > 0 é a inequação que expressa a região
k−6 assinalada.
3=
2
k–6=6 ESTUDO DA CIRCUNFERÊNCIA
k=6+6
k = 12 Os elementos principais de uma circunferência são o
centro e o raio. Na geometria analítica o raio é representado
03. Respostas: por r e o centro por C(a, b).
Utilizar a fórmula y – yo = m(x – xo), onde xo e yo são do
ponto P.
a) y – 4 = 7(x – 1)
b) y – (- 1) = 3.(x – 0) ➔ y + 1 = 3.(x – 0)
c) y – 5 = - 2(x – (-2)) ➔ y – 5 = - 2(x + 2)

INEQUAÇÃO DO 1º GRAU COM DUAS INCÓGNITAS

É comum aparecerem regiões do plano cartesiano


delimitado por retas. Vejamos a figura abaixo:

Equação Reduzida de uma circunferência


Considerando uma circunferência de centro C e raio r; e
sendo P(x, y) um ponto genérico dessa circunferência, temos
que a distância entre C e P é igual ao raio.

A essas regiões podemos associar expressões do tipo ax + 𝐝𝐂𝐏 = 𝐫


by +c < 0 ou ax + by +c ≤ 0, assim como expressões similares, √(𝐱 − 𝐚)𝟐 + (𝐲 − 𝐛)𝟐 = 𝐫
as quais constituem as chamadas inequações do 1º grau com - elevamos os dois membros da equação acima ao
duas variáveis ou incógnitas. quadrado:
𝟐
Exemplo: (√(𝐱 − 𝐚)𝟐 + (𝐲 − 𝐛)𝟐 ) = 𝐫 𝟐
1) A região sombreada da figura abaixo, a qual é definida - então, temos a seguinte fórmula:
pela reta r: 3x + 4y – 12 = 0, pode ser expressa por meio da (𝐱 − 𝐚)𝟐 + (𝐲 − 𝐛)𝟐 = 𝐫 𝟐
inequação:
3x + 4y – 12 > 0
Exemplo: Determinar a equação reduzida da
circunferência que tem centro C(3, 2) e raio r = 5.

Resolução:
As coordenadas do centro são os valores de a e b para
substituir na fórmula.
(𝑥 − 𝑎)2 + (𝑦 − 𝑏)2 = 𝑟 2
(x – 3)2 + (y – 2)2 = 52
(x – 3)2 + (y – 2)2 = 25

Equação Geral de uma circunferência


Com efeito, a reta r divide o plano em dois semiplanos Para se obter a equação geral de um circunferência basta
opostos. Como os pontos (x0, y0) de um mesmo semiplano, fazer o desenvolvimento da equação reduzida:
relativamente à reta ax + by + c = 0, conferem à expressão ax 0
+ by0 + c o mesmo sinal, resta apenas dúvida: “qual (x − a)2 + (y − b)2 = r 2
desigualdade, entre 3x + 4y – 12 > 0 e 3x + 4y – 12 < 0 devemos x2 − 2ax + a2 + y 2 − 2by + b2 = r 2
escolher?

Matemática 104
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APOSTILAS OPÇÃO

Observações: (x – a)2 + (y – b)2 = r2


- numa equação de circunferência: (x – (-3))2 + (y – 4)2 = 42
1) sempre começa por x2 + y2..... (x + 3)2 + (y – 4)2 = 16
2) não existe termo xy.
3) r > 0 04. Resposta: A.
Através da fórmula (x – a)2 + (y – b)2 = r2.

Questões (x – 3)2 + (y – 5)2 = 49


a = 3 e b = 5 ➔ C(3, 5) e r 2 = 49 ➔ r = √49 ➔ r = 7
01. Uma circunferência tem centro C(2, 4) e raio 5. A
equação reduzida dessa circunferência é: POSIÇÕES RELATIVAS
(A) (x – 2)2 + (y + 4)2 = 25
(B) (x + 2)2 + (y + 4)2 = 25 - DE UM PONTO E UMA CIRCUNFERÊNCIA
(C) (x – 2)2 + (y – 4)2 = 5 Um ponto pode ser:
(D) (x – 2)2 + (y – 4)2 = 25 - Interno;
(E) (x + 2)2 + (y – 4)2 = 25 - Externo ou
- Pertencer a uma dada circunferência de centro C e raio r.
02. (VUNESP) A equação da circunferência, com centro no
ponto C(2, 1) e que passa pelo ponto P(0, 3), é:
(A) x2 + (y – 3)2 = 0
(B) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 4
(C) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
(D) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 16
(E) x2 + (y – 3)2 = 8

03. (CESGRANRIO-RJ) Uma equação da circunferência de


centro C(- 3, 4) e que tangencia o eixo x é:
(A) (x – 3)2 + (y – 4)2 = 16
(B) (x – 3)2 + (y – 4)2 = 9 Para conhecermos a posição de um ponto P em relação a
(C) (x + 3)2 + (y + 4)2 = 16 uma circunferência basta calcularmos a sua distância do ponto
(D) (x + 3)2 + (y – 4)2 = 9 P ao centro da circunferência e compará-la com medida do
(E) (x + 3)2 + (y – 4)2 = 16 raio.
d(P,C)=r→(x-a)²+(y-b)²=r²
Respostas
(x-a)²+(y-b)²-r²=0 (P)
01. Resposta: D.
Temos C(2, 4), então a = 2 e b = 4; e raio r = 5. d(P,C)>r→(x-a)²+(y-b)²>r²
(x – a)2 + (y – b)2 = r2 (x-a)²+(y-b)²-r²>0 (P é externo a )
(x – 2)2 + (y – 4)2 = 52
(x – 2)2 + (y – 4)2 = 25 d(P,C)>r→(x-a)²+(y-b)²<r²
(x-a)²+(y-b)²-r²<0 (P é interno a )
02. Resposta: C.
Temos que C(2, 1), então a = 2 e b = 1. O raio não foi dado
no enunciado. Assim o plano cartesiano fica dividido em três regiões:
(x – a)2 + (y – b)2 = r2 - a região dos pontos pertences à circunferência
(x – 2)2 + (y – 1)2 = r2 (como a circunferência passa pelo representam as soluções de f(x,y) = 0
ponto P, basta substituir o x por 0 e o y por 3 para achar a raio. - a região dos pontos internos à circunferência
(0 – 2)2 + (3 – 1)2 = r2 representam as soluções de f(x,y) < 0
(- 2)2 + 22 = r2 - a região dos pontos externos à circunferência
4 + 4 = r2 representam de f(x,y) > 0
r2 = 8
(x – 2)2 + (y – 1)2 = 8 Exemplo:
Determinar a posição dos pontos A(-2,3), B(-4,6) e C(4,2)
03. Resposta: E. em relação à circunferência de equação x2 + y2 + 8x – 20 = 0.
Neste caso temos que fazer um gráfico para determinar o Substituindo as coordenadas dos pontos A, B e C no 1º
raio que não foi dado no enunciado. Porém foi dito que a membro da equação da circunferência obtemos:
circunferência tangencia o eixo x. A(-2,3) ➔ x = -2 e y = 3
x2 + y2 + 8x – 20 = (-2)2 + 32 + 8.(-2) – 20 = -23 < 0
A é ponto interno.

B(-4,6) ➔ x = -4 e y = 6
x2 + y2 + 8x – 20 = (-4)2 + 62 + 8.(-4) – 20 = 0
B pertence à circunferência.

C(4,2) ➔ x = 4 e y = 2
x2 + y2 + 8x – 20 = 42 + 22 + 8 . 4 – 20 = 32 > 0

Através do gráfico, podemos ver que o raio vale 4 - DE UMA RETA E UMA CIRCUNFERÊNCIA
(distância do centro ao ponto de tangência no eixo x), então: a Uma reta l e uma circunferência λ podem ocupar as
= - 3 e b = 4. seguintes posições relativas:

Matemática 105
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APOSTILAS OPÇÃO

l e λ são Solução: Devemos calcular a distância entre o centro da


secantes circunferência e a reta s e comparar com a medida do raio. Da
equação da circunferência, obtemos:
A reta l x0 = 3 e y0 = 3 → O(3, 3)
intercepta a r2 = 25 → r = 5
circunferência Vamos utilizar a fórmula da distância entre ponto e reta
λ em 2 pontos, para calcular a distância entre O e s.
e a distância d
entre a reta e
o centro da
circunferência Da equação geral da reta, obtemos:
é menor que o a = 3, b = 1 e c = – 13
raio. Assim,

l e λ são
tangentes
Como a distância entre o centro O e a reta s é menor que o
A reta l intercepta a raio, a reta s é secante à circunferência.
circunferência λ em
único ponto de Questões
tangência, e a
distância d entre a 01. (ITA-SP) A distância entre os pontos de intersecção da
reta e o centro da reta +
𝑥 𝑦
= 1 com a circunferência x² + y² = 400 é:
circunferência é 10 20
igual ao raio. (A) 16√5
(B) 4√5
(C) 3√3
l e λ são
(D) 4√3
exteriores
(E) 5√7
A reta l não
02. (UFRS) O valor de k que transforma a equação x² + y²
intercepta a
– 8x + 10y + k = 0 na equação de uma circunferência de raio 7
circunferência λ, e
é:
a distância d entre
(A) –4
a reta e o centro da
(B) –8
circunferência é
(C) 5
maior que o raio.
(D) 7
(E) –5
Resumindo
- Para determinarmos a posição relativa entre uma reta
Respostas
e uma circunferência, basta comparar a distância d (entre a
reta e o centro da circunferência) com o raio r.
01. Resposta: A.
d(C,l)<r – reta e circunferência secantes
Resolver o sistema de equações:
d(C,l)=r – reta e circunferência tangentes
d(C,l)>r – reta e circunferência exteriores

Com isso podemos achar também a posição relativa de


uma reta e uma circunferência procurando os pontos de Simplificando a 1ª equação:
intersecção da reta com a circunferência. Para isso resolvemos
um sistema formado pelas equações da reta:

𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐 = 0
{ 2
𝑥 + 𝑦 2 + 𝛼𝑥 + 𝛽𝑦 + 𝛾 = 0

Com essa resolução caímos em um sistema de equações do


2º grau e através do discriminante (Δ) encontramos as
seguintes condições:

Para >0 a reta é secante à circunferência (2 pontos Substituindo x na 2ª equação:


comuns) x² + y² = 400
Para =0 a reta é tangente à circunferência (1 ponto x² + (20 – 2x)² = 400
comuns) x² + 400 – 80x + 4x² ¬– 400 = 0
5x² – 80x = 0
Para <0 a reta é exterior à circunferência (nenhum ponto
5x * (x – 16) = 0
comum)
5x = 0
x’ = 0
Exemplo:
x – 16 = 0
1) Verifique a posição relativa entre a reta s: 3x + y – 13 =
x’’ = 16
0 e a circunferência de equação (x – 3)2 + (y – 3)2 = 25.

Matemática 106
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APOSTILAS OPÇÃO

Para x = 0, temos:
y = 20 – 2x
y = 20 – 2*0
y = 20
(0; 20)
dOC > r1 + r2
Para x = 16, temos: 3. Circunferências secantes.
y = 20 – 2x Duas circunferências são consideradas secantes quando
y = 20 – 2 * 16 possuem dois pontos em comum. A condição para que isso
y = 20 – 32 aconteça é que a distância entre os centros das circunferências
y = – 12 deve ser menor que a soma das medidas de seus raios.
(16; –12)

Os pontos de intersecção são (0; 20) e (16; –12).


Determinando a distância entre os pontos:
dOC < r1 + r2

4. Circunferências internas.
Duas circunferências são consideradas internas quando
02. Resposta: B. não possuem pontos em comum e uma está localizada no
x² + y² – 8x + 10y + k = 0 interior da outra. A condição para que isso ocorra é que a
Encontrar a equação reduzida (completar os trinômios) distância entre os centros das circunferências deve ser
x² – 8x + y² + 10y = –k equivalente à diferença entre as medidas de seus raios.
x² – 8x + 4 + y² + 10y + 25 = – k + 4 + 25
(x – 4)² + (x + 5)² = –k + 41
Temos que o raio será dado por:
–k + 41 = 7²
–k = 49 – 41
–k = 8
dOC < r1 . r2
k=8
5. Circunferências concêntricas.
- ENTRE DUAS CIRCUNFERÊNCIAS
Duas circunferências são consideradas concêntricas
Duas circunferências distintas, podem ter dois, um ou
quando possuem o centro em comum. Nesse caso, a distância
nenhum ponto em comum.
entre os centro é nula.
1. Circunferências tangentes.

a) Tangentes externas
Duas circunferências são tangentes internas quando
possuem somente um ponto em comum e uma exterior à outra.
A condição para que isso ocorra é que a distância entre os
centros das duas circunferências seja equivalente à soma das dOC = 0
medidas de seus raios. Exemplo:
1) Dadas as circunferências λ e σ, de equações:
λ: x2 + y2 = 9
σ: (x – 7)2 + y2 = 16
Verifique a posição relativa entre elas.

dOC = r1 + r2 Para resolução do problema devemos saber as


coordenadas do centro e a medida do raio de cada uma das
b) Tangentes internas circunferências. Através da equação de cada uma podemos
Duas circunferências são tangentes internas quando encontrar esses valores.
possuem apenas um ponto em comum e uma esteja no interior Como a equação de toda circunferência é da forma: (x –
da outra. A condição para que isso ocorra é que a distância x0)2 + (y – y0)2 = r2, teremos:
entre os dois centros seja igual à diferença entre os dois raios.

dOC = r1 . r2

2. Circunferências externas. Conhecidos os elementos de cada uma das circunferências,


Duas circunferências são consideradas externas quando vamos calcular a distância entre os centros, utilizando a
não possuem pontos em comum. A condição para que isso fórmula da distância entre dois pontos.
ocorra é que a distância entre os centros das circunferências
deve ser maior que a soma das medidas de seus raios.

Matemática 107
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APOSTILAS OPÇÃO
Referências INEQUAÇÕES DO 2º GRAU COM DUAS INCÓGNITAS
IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único
GIOVANNI & BONJORNO – Matemática Completa – Volume 3 - FTD
www.brasilescola.com.br Quando estudamos as posições relativas entre um ponto e
uma circunferência devemos conhecer um método para
Questões resolver inequações do 2º grau da forma f(x,y) > 0 ou f(x,y) <
0, em que f(x,y) = 0 é a equação de uma circunferência com
01. (PUC-SP) O ponto P(3, b) pertence à circunferência de coeficiente de x2 positivo.
centro no ponto C(0, 3) e raio 5. Calcule o valor da coordenada
b.
Dada a circunferência λ de equação f(x,y) = (x – a)2 + (y –
02. (FEI-SP) Determine a equação da circunferência com b)2 – r2 = 0 , o plano cartesiano fica dividido em três
centro no ponto C(2, 1) e que passa pelo ponto A(1, 1). subconjuntos:

03. (EBSERH – Analista Administrativo – INSTITUTO - subconjunto dos pontos (x,y) exteriores a λ, que é a
AOPC) Os pontos de intersecção da reta com equação y – x = 0 solução para f(x,y) > 0;
com a circunferência do círculo com equação x2 + y2 = 1 são - subconjunto dos pontos (x,y) pertecentes a λ, que é a
aproximadamente: solução para f(x,y) = 0;
(A) (0,152303 ; 0,152303) e (-0,152303 ;-0,152303). - subconjunto dos pontos (x,y) interiores a λ, que é a
(B) (0,707107 ; 0,707107) e (-0,707107 ; -0,707107). solução para f(x,y) < 0;
(C) (1 ; 0) e (-1 ; 0).
(D) (0 ; 1) e ( 0 ; -1) .
(E) (2; 1) e (-2 ; -1).

Respostas

01. A equação da circunferência que possui centro C(0, 3)


e raio r = 5 é dada por:
(x – 0)² + (y – 3)² = 5² → x² + (y – 3)² = 25. Vejamos o exemplo:
Sabendo que o ponto (3, b) pertence à circunferência,
temos que: 1) Encontre a solução de x2 + y2 – 2x + 6y + 6 ≤ 0
3² + (b – 3)² = 25 → 9 + (b – 3)² = 25 → (b – 3)² = 25 – 9 → Resolvendo temos:
(b – 3)² = 16 F(x,y) = x2 + y2 – 2x + 6y + 6 = (x – 1)2 – 1 + (y + 3)2 – 9 +
b–3=4→b=4+3→b=7 6 = (x – 1)2 + (y + 3)2 - 4
b–3=–4→b=–4+3→b=–1 Sabendo que f(x,y) = 0 é a equação da circunferência λ de
O valor da coordenada b pode ser –1 ou 7. centro C(1, -3) e raio 2.
02. Sabendo que o ponto A(1 ,1) pertence à circunferência
e que o centro possui coordenadas C(2, 1), temos que a
distância entre A e C é o raio da circunferência. Dessa forma
temos que d(A, C) = r.

Se o raio da circunferência é igual a 1 e o centro é dado por O conjunto dos pontos que tornam f(x,y) ≤ 0 é o conjunto
(2, 1), temos que a equação da circunferência é dada por: (x – dos pontos interiores a λ, reunidos com os pontos de λ.
2)² + (y – 1)² = 1. Se pegarmos como exemplo o ponto P(1, -2), temos para
suas coordenadas:
03. Resposta: B. F(1, -2) = 12 + (-2)2 – 2.1 + 6.(-2) + 6 = -3 ≤ 0
Vamos resolver o seguinte sistema de equações:

y-x=0 (equação I) de onde temos y = x


Números complexos:
x² + y² = 1 (equação II) operações. Forma algébrica e
Agora vamos substituir na segunda equação o valor de y =
trigonométrica.
x:
x² + y² = 1
Os números complexos representam uma importante
ferramenta em matemática. Um número complexo tem duas
x² + x² = 1
componentes: uma real e outra imaginária. Assim sendo,
podemos representar um numero complexo na forma:
2x² = 1
Z = a + bi,
onde a é a parte real e b a parte imaginária do número.
x² = 1/2
Chamaremos de conjugado de Z o número Z = a – bi.
1
x =± √ ou seja√0,5 que é aproximadamente 0,7071, assim Os números complexos são úteis para resolver equações
2
do tipo x²+1=0 uma vez que não existe qualquer número real
com valores para x se alternando entre maios e menos 0,7071
com a propriedade que o seu quadrado seja igual a −1.
temos somente a alternativa B.

Matemática 108
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APOSTILAS OPÇÃO

Todo número complexo tem a forma a+bi, onde a e b são Observamos que no desenvolvimento de in (n pertencente
números reais e a unidade imaginária i tem a propriedade a N, com n variando, os valores repetem-se de 4 em 4 unidades.
i²=−1. Desta forma, para calcularmos in basta calcularmos ir onde r é
Dado o número complexo z=a+bi, então a é a parte real de o resto da divisão de n por 4.
z, denotada por Re(z) e b é a parte imaginária de z, denotada Exemplo: i63 => 63 / 4 dá resto 3, logo i63=i3=-i
por Im(z).
O conjunto dos números reais pode ser considerado como Multiplicação de números complexos: Para
um subconjunto dos números complexos com b=0. Se a=0 o multiplicarmos dois números complexos basta efetuarmos a
número complexo 0+bi=bi recebe o nome de número multiplicação de dois binômios, observando os valores das
imaginário puro. potência de i. Assim, se z1=a+bi e z2=c+di, temos que:
Exemplos: z1.z2 = a.c + adi + bci + bdi2
1. z=3+0i é um número real, pois Re(z)=3 e Im(z)=0. z1.z2= a.c + bdi2 = adi + bci
2. z=7+4i é um número complexo, pois Re(z)=7 e z1.z2= (ac - bd) + (ad + bc)i
Im(z)=4. Observar que : i2= -1
3. z=0+5i é um número imaginário puro, pois
Re(z)=0 e Im(z)=−5. Conjugado de um número complexo: Dado z=a+bi, define-
4. z=−2+0i é um número real, pois Re(z)=−2 e se como conjugado de z (representa-se por z-) ==> z-= a-bi
Im(z)=0. Exemplo:
5. z=0+0i é um número real, pois Re(z)=0 e Im(z)=0. z=3 - 5i ==> z- = 3 + 5i
z = 7i ==> z- = - 7i
z = 3 ==> z- = 3
Chama-se conjunto dos números complexos, e representa-
se por C, o conjunto de pares ordenados, ou seja: Divisão de números complexos: Para dividirmos dois
z = (x,y) números complexos basta multiplicarmos o numerador e o
onde x pertence a R e y pertence a R. denominador pelo conjugado do denominador. Assim, se z1= a
+ bi e z2= c + di, temos que:
Então, por definição, se z = (x,y) = (x,0) + (y,0)(0,1) onde z1 / z2 = [z1.z2-] / [z2z2-] = [ (a+bi)(c-di) ] / [ (c+di)(c-di) ]
i=(0,1), podemos escrever que:
z=(x,y)=x+yi Módulo de um número complexo: Dado z = a+bi, chama-
se módulo de z ==> | z | = (a2+b2)1/2, conhecido como ro
Exemplos:
(5,3)=5+3i Interpretação geométrica: Como dissemos, no início, a
(2,1)=2+i interpretação geométrica dos números complexos é que deu o
(-1,3)=-1+3i impulso para o seu estudo. Assim, representamos o complexo
z = a+bi da seguinte maneira
Dessa forma, todo o números complexo z=(x,y) pode ser
escrito na forma z=x+yi, conhecido como forma algébrica,
onde temos:
x=Re(z, parte real de z
y=Im(z), parte imaginária de z

Igualdade entre números complexos: Dois números


complexos são iguais se, e somente se, apresentam
simultaneamente iguais a parte real e a parte imaginária.
Assim, se z1=a+bi e z2=c+di, temos que:
z1=z2<==> a=c e b=d

Adição de números complexos: Para somarmos dois Forma polar dos números complexos: Da interpretação
números complexos basta somarmos, separadamente, as geométrica, temos que:
partes reais e imaginárias desses números. Assim, se z=a+bi e
z2=c+di, temos que:
z1+z2=(a+c) + (b+d)

Subtração de números complexos: Para subtrairmos


dois números complexos basta subtrairmos, separadamente,
as partes reais e imaginárias desses números. Assim, se z=a+bi
que é conhecida como forma polar ou trigonométrica de
e z2=c+di, temos que:
um número complexo.
z1-z2=(a-c) + (b-d)
Operações na forma polar: Sejam z1=ro1(cos t11) e
Potências de i
z2=ro1(cos t1+i sent1). Então, temos que:
Se, por definição, temos que i = - (-1)1/2, então:
i0 = 1
a)Multiplicação
i1 = i
i2 = -1
i3 = i2.i = -1.i = -i
i4 = i2.i2=-1.-1=1
i5 = i4. 1=1.i= i
i6 = i5. i =i.i=i2=-1
i7 = i6. i =(-1).i=-i ......

Matemática 109
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APOSTILAS OPÇÃO

Divisão 04. (PETROBRAS- Técnico de Contabilidade-


CESGRANRIO) Sendo i a unidade imaginária e escrevendo o

complexo na forma z = a + bi tem-se que a + b é


igual a
Potenciação (A)-1
(B)1
(C)2
(D)6
(E)8
Radiciação
05. (PETROBRAS - Todos os Cargos - CESGRANRIO)
Dentre os números complexos abaixo, aquele cujo módulo é
igual ao dobro do módulo de z = 4 + 6 i é
(A)17 + 3i
para n = 0, 1, 2, 3, ..., n-1
(B)8 - 6 i
(C)4√ 3 + 2 i
Questões
(D)6 √3 - 10 i
(E)20 - 4 √3 i
01. (PETROBRAS- Técnico de Administração e
Controle Júnior-CESGRANRIO)Os números complexos z1 e
06. (PETROBRAS - Técnico de Administração -
z2 estão representados no plano de Argand-Gauss.
CESGRANRIO) Sejam w = 3 - 2i e y = m +pi dois números
complexos, tais que m e p são números reais e i, a unidade
imaginária. Se w + y = -1 + 3i, conclui-se que m e p são,
respectivamente, iguais a
(A)-4 e +1
(B)-4 e +5
(C)+2 e +1
(D)+2 e +5
(E)+4 e -1

07. (TCE/SP - Agente da Fiscalização Financeira - FCC)


Sabe-se que se i é unidade imaginária do conjunto dos
números complexos, então, para cada número natural n, a
O complexo z 3 tal que z3 = z1/2 - 2 . z2 é] potência é igual a 1, i, -1 ou - i. Usando essa informação, é
(A)12 + 13i
(B)12 -11i
(C)- 4 -11i correto afirmar que a soma é igual a:
(D)-18 + i (A)0
(E)-18 -7i (B)-1 - i
(C)1 + i
02. (COBRA TECNOLOGIA S/A (BB)- Técnico (D)1 - i
Administrativo-ESPP) O conjugado da divisão entre os (E)i - 1
números complexos z1 cujo afixo é
Comentários

01. Resposta: A.
, Pelo dados respresentados no plano temos:
nessa ordem, é igual a: Z1= 8+2i
−7+𝑖
(A) Z2= -4-6i
2
−7−𝑖 Z1/2 = 4+1i
(B)
2 2.Z2 = -8-12i
7+𝑖
(C) Z3 = 4+i - (-8-12i) logo Z3 = 12+13i
2
7−𝑖
(D)
2 02. Resposta: B.
Temos que
03. (TRF/2ª REGIÃO- técnico Judiciário - FCC)
Considere a igualdade x + (4 + y) . i = (6 - x) + 2yi , em que x e
y são números reais e i é a unidade imaginária. O módulo do
número complexo z = x + yi, é um número
(A)maior que 10.(B)quadrado perfeito. Dividindo
(C)irracional.
(D)racional não inteiro.
(E)primo.

Matemática 110
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APOSTILAS OPÇÃO

Onde i2 = -1. i⁵ = i , pois 5/4 tem resto 1 e i¹ = i;


i⁶ = -1 , pois 6/4 tem resto 2 e i² = -1;
i⁷ = -i , pois 7/4 tem resto 3 e i³ = -i
Então, o conjugado de
Na questão pede o somatório de in, n de 1 a 50, portanto, a
03. Resposta: D. cada quatro elementos consecutivos a soma é igual a 0 (zero).
z = (3 + i)²/(1 + i) i¹ + i² + i³ + i⁴ = 0
(3 + i)² = (3 + i)(3 + i) => 9 + 3i + 3i + i² => 9 + 6i -1 => 8 + i⁵ + i⁶ + i⁷ + i⁸ = 0
6i Como o último múltiplo de 4 na série é 0 número 48, os
Portanto: últimos quatro elementos que zeram a soma são:
z = (8 + 6i)/(1 + i) i⁴⁵ + i⁴⁶ + i⁴⁷ + i⁴⁸ = 0
Resolvendo a divisão(multiplicando o numerador e restando somente i⁴⁹ + i⁵⁰
denominador pelo conjugado do denominador) Como,
e o conjugado do denominador é i⁴⁹ = i , pois 49/4 tem resto 1 e i¹ = i;
(1 - i) ==> é só inverter o sinal do número imaginário para i⁵⁰ = -1 , pois 50/4 tem resto 2 e i² = -1
se tornar um conjugado A soma será:
z = [(8 + 6i)(1 - i)]/[(1 + i)(1 - i) =>(8 - 8i + 6i - 6i²)/(1 - i + i⁴⁹ + i⁵⁰ = i – 1
i - i²) => (14 - 2i)/2 = 7 – i
z=7-i
Como pretende determinar a soma de a + b,
onde a = 7 e b = -1
7-1=6 Anotações
04. Resposta: E.
Ao tratar de umaigualdade x + (4 + y) . i = (6 - x) + 2yi,
deve-se igualar as partes reais e imaginárias de cada lado para
determinar os valores de x e y, da seguinte maneira:
x = 6-x → 2x = 6 → x = 3
4 + y = 2y → y = 4
Substituindo-se o valores de x e y em z = x + yi, tem-se:
z = 3 + 4i
Para encontrar o módulo de z basta calcular o valor da raiz
quadrada da soma de cada termo ao quadrado:
|z| = √(3² + 4²) = √(9 + 16) = √25 = 5
Como 5 é um número primo, que por definição: Um
número primo é um número natural maior do que 1 que tem
apenas dois divisores positivos distintos, 1 e ele mesmo

05. Resposta: B.
Para calcular o dobro:
2. |z|
2. (4 - 6i)
8 - 12i
Após encontrar o dobro, calcula-se o módulo :
Seja z um número complexo, tal que z = a + bi então o |z| =
raiz quadrada de a² + b²
Portanto:
|z| = √8² + (-12)² = √64+144 = √208
Para encontrar a resposta:
|6√3) - 10i|= √ (6√3)² + (10)² = √108 + 100 = √208

06. Resposta: B.
w = 3 - 2i e y = m + pi
w + y = - 1 + 3i
(3 - 2i) + (m + pi) = - 1 + 3i
m + pi = - 1 + 3i - (3 - 2i)
m + pi = - 1 + 3i - 3 + 2i
m + pi = - 1 - 3 + 3i + 2i
m + pi = - 4 + 5i
m=-4
pi = 5i
p=5

07. Resposta: E.
Pelo enunciado, os valores de in podem ser: 1, i, 1 e -i
Como i0 = 1 , i1 = i , i2 = -1 , i3 = -i, a partir daí os valores se
repetem com a sequência dos números naturais.

Uma maneira prática de calcular o valor de in é dividir n


por 4 e com o resto (0, 1, 2 ou 3) determina-se o valor:
i⁴ = 1 , pois 4/4 tem resto 0 e i⁰ = 1;

Matemática 111
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APOSTILAS OPÇÃO

Matemática 112
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ATUALIDADES E CONVIVÊNCIA
SOCIAL

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segundo filho do casal de agricultores Joaquim Romão Batista


e Joaquina Vicência Romana.
Oriundo de uma família pobre do sertão cearense, ele foi
criado entre duas irmãs: “Mariquinha” e Angélica.
O ingresso no Seminário da Prainha, em Fortaleza, ocorreu
quando tinha 21 anos de idade e, cinco anos após, já estava
sendo ordenado. Padre Cícero retornou ao Crato no ano
seguinte, mas sua identidade maior foi com o vilarejo
Evolução histórica, denominado “Joazeiro”, pertencente àquele município. Daí em
geográfica, econômica, diante tornou-se o evangelizador e líder espiritual da
comunidade, que passou a respeitá-lo. Faltavam apenas 18
política e cultural do dias para o sacerdote completar 45 anos quando um fato
município de Juazeiro do despertou a atenção de todos. Após consagrar a hóstia e pôr na
Norte. boca da beata Maria de Araújo, viu a mesma transformar-se em
sangue.
A notícia correu e passou a atrair fiéis de todos os lugares.
História de Juazeiro do Norte Enquanto a localidade ia se transformando num centro de
romarias, Padre Cícero era suspenso das ordens. Muitas foram
Juazeiro do Norte está situada no Sul do Ceará, ocupando as versões para os fatos ainda hoje objeto de estudos. As
área de 248 km² com população de quase 300 mil habitantes. peregrinações tiveram continuidade e até cresceram após a
A cidade tem na figura do Padre Cícero Romão Batista um morte do “Padim”. Hoje, Juazeiro do Norte acolhe cerca de 2,5
marco na construção da religiosidade, da cultura do seu povo milhões de romeiros por ano.
e acontecimentos políticos do Cariri. Quando o sacerdote
chegou em abril de 1872, cavalgando num jumento, era apenas Oligarquia Acyolina
um arraial com algumas poucas casas de tijolos e uma rústica Após a proclamação da República no Brasil, em 1889, o
capela1. quadro político-econômico do Ceará começou a se
Graças a ele, Juazeiro é considerado um dos maiores transformar. Alguns anos depois, teria início a poderosa
centros de religiosidade popular da América Latina, atraindo oligarquia acciolina, que recebeu esse nome por ser
1,5 milhão de fiéis por ano os quais vêm reverenciar Nossa comandada pelo comendador Antônio Pinto Nogueira Accioli,
Senhora das Dores e Padre Cícero que introduziu uma política que governou o estado de forma autoritária e monolítica entre
de fé, amor e trabalho, tornando-se um mito para o povo 1896 e 1912. A situação de desesperadora miséria e abandono
nordestino. Nas romarias, a cidade se transforma em um social era uma marca profunda do Ceará nessa época, o que
centro de devoção com missas, bênçãos, procissões, novenas, levou ao surgimento de diversos movimentos messiânicos ao
peregrinações e visitações, além de extraordinário mercado de longo do século XIX e XX.
artesanato regional e artigos religiosos. Além desses eventos em 1896 começou a ser construída a
Recentemente, Juazeiro comemorou a passagem de 100 ferrovia Sobral-Crateus por Antônio Sampaio Pires Ferreira,
anos da sua emancipação política como a terceira cidade do onde logo se estabeleceria em suas margens a cidade de Pires
Ceará após deixar de ser um mero povoado pertencente ao Ferreira.
Crato. Tudo começou durante uma missa em março de 1889 O século XX, para o Ceará, foi marcado pelos ciclos de poder
quando Padre Cícero ministrava a comunhão aos fiéis. Ao dos "coronéis" e por enormes transformações de ordem social
colocar a hóstia na boca da beata Maria de Araújo, está se e econômica. O século se iniciou no contexto da oligarquia
transformou em sangue. O fato se repetiu por diversas vezes acciolina, comandada, direta ou indiretamente, por Nogueira
durante cerca de dois anos, sendo logo atribuído pelos fiéis Accioli de 1896 a 1912. Durante esse período, a família Accioli
como um milagre. controlou todas as esferas do poder cearense, desde os altos
Levas de católicos passaram a visitar o povoado em busca escalões do Governo estadual até as delegacias.
dos conselhos e da benção do “Padim Ciço”. O vilarejo foi Com a chegada a presidência do Brasil do marechal gaúcho
crescendo com a abertura de novas ruas e a construção de Hermes da Fonseca (1910-1914), apoiado pelos estados do
casas tudo no entorno da fé popular. Surgiam os pequenos Rio Grande do Sul e Minas Gerais, e pelo poderoso senador
negócios com melhores perspectivas e o Padre Cícero sempre Pinheiro Machado, segmentos das classes médias urbanas e do
aconselhando: “em cada casa um santuário e em cada quintal exército, unidos a oligarquias dissidentes iniciaram um
uma oficina”. Os espaços sagrado e econômico se entrelaçaram movimento para “moralizar” o país e “salvar” a república.
com o trabalho e a fé caminhando juntos a ponto de servir Era a chamada “Política das Salvações”, a qual consistiu em
como alicerce para o desenvolvimento de Juazeiro. revoltas armadas ocorridas em alguns estados visando à
derrubada de oligarquias monolíticas governantes,
Sedição de Juazeiro; Caldeirão; Oligarquia Acyolina substituindo-as por outras. A princípio Hermes da Fonseca e
A revolta (ou sedição) de Juazeiro foi um confronto que Pinheiro Machado apoiaram as “Salvações”, pois as
ocorreu em 1914, entre as oligarquias cearenses e o governo insurreições aconteceram em estados de oligarquias
federal, provocado pela interferência do poder central na opositoras, mas quando as revoltas começaram a surgir em
política estadual nas primeiras décadas do século XX. estados de oligarquias aliadas de ambos, Hermes e Pinheiro
Para entender melhor o conflito, é necessário entender começaram a combater o movimento.
quem foram alguns de seus participantes. A Política das Salvações foi um dos fatores que possibilitou
a queda da oligarquia acciolina no Ceará. Após mais de uma
Padre Cícero década de governo, Accioly via com preocupação o
Cícero Romão Batista, também conhecido como Padre crescimento das oposições e o descontentamento popular. Não
Cícero ou ainda “Padim Ciço”, nasceu em 24 de março de 1844, seria prudente ele ou alguém da sua família tentar diretamente
na cidade de Crato, Ceará, na Chapada do Araripe. Era o um novo mandato. O ideal seria obter um sucessor que lhe
permitisse gerir o estado nos bastidores.

1 Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte. História.


http://www.juazeiro.ce.gov.br/Cidade/Historia/

Atualidades e Convivência Social 1


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Assim, para surpresa geral, indicou como candidato do seu também eram encaminhados muitos fiéis, embora com mão de
partido, Domingos Carneiro Vasconcelos, velho obra subvalorizada.
desembargador de quase 80 anos. Domingos Carneiro deu O crescimento populacional e comercial de Juazeiro
uma entrevista em dezembro de 1911, agradecendo ao Partido levaram ao movimento de emancipação política, buscando
Republicano Conservador a confiança em seu nome a separar-se de Crato, seu município de origem.
afirmando que continuaria a política do venerando amigo Dr. As tentativas de negociações para uma separação pacífica
Nogueira Accioly. não obtiveram resultados e o tema dividiu os coronéis dos
Foi a gota d’água! A partir desse evento houve grande municípios vizinhos. Um dos elementos que garantiram a
mobilização das oposições para lançar um candidato de autonomia foram as articulações políticas de Floro
prestigio e influência nacional, capaz de ter sua vitória Bartolomeu, um médico baiano e antigo jornalista que se
reconhecida pelo governo federal e derrotar Accioly. Mas instalou na região e conquistou a confiança de Padre Cícero,
quem? conferindo a Juazeiro o reconhecimento político almejado. Em
O nome ideal teria sido indicado pelo general Dantas outubro de 1911, Bartolomeu conseguiu articular uma aliança
Barreto, político ligado às “Salvações” e governante de entre os políticos do vale do Cariri, o chamado Pacto dos
Pernambuco. O general sugeriu a candidatura do tenente- Coronéis. Entre as cláusulas constava:
coronel Marcos Franco Rabelo. Franco Rabelo era militar de a) a decisão dos integrantes de não apoiar deposições na
carreira, igualmente ligado a Política das Salvações, professor região;
da Escola Militar do Rio de Janeiro e ausente do Ceará a quase b) o desejo de fortalecer laços pessoais e políticos entre os
20 anos. participantes; e
Genro do General Clarindo de Queiroz, fora “enxotado” do c) manter a lealdade incondicional a Antônio Nogueira
estado com ele por ocasião do golpe de 1892, o qual teve entre Acióli.
os articuladores exatamente Nogueira Accioly. Mesmo sem ser Graças a essa iniciativa, Juazeiro foi elevado à categoria de
conhecido pelo eleitorado cearense, o nome de Rabelo foi vila, sede de município. Entre dezembro de 1911 a janeiro de
lançado como candidato ao governo num panfleto que circulou 1912, houve intensa campanha contrária aos planos de Acióli
pela capital intitulado Ecce Homo. A maioria da população manter-se na liderança da política cearense. O movimento que
acolheu com euforia o nome do tenente-coronel. As passeatas, levou mais de 20 mil pessoas às ruas de Fortaleza contou com
mobilizações, e os discursos se sucederam no centro de a adesão de comerciantes da capital do Ceará, de profissionais
Fortaleza sob o olhar intimidador da oligarquia. liberais e de soldados e oficiais do Exército. A reação violenta
Em 29 de dezembro de 1911, uma manifestação de Acióli, ao colocar soldados e jagunços contra os
oposicionista promovida na Praça do Ferreira foi dissolvida manifestantes contrários à sua política, aumentou a oposição
pela cavalaria da polícia, havendo troca de balas e um saldo de a seu governo. Em 24 de janeiro de 1912, o oligarca foi
muitos feridos. Estava declarada oficialmente a guerra entre obrigado a deixar Fortaleza e exilar-se na capital federal, de
rabelistas e acciolistas. onde passou a conspirar para reassumir a liderança da política
Em protesto a Associação Comercial decidiu pelo cearense.
fechamento do comércio por uma semana, no que foi apoiada As atitudes do presidente do Ceará beneficiaram o
pela população, que chegou a apedrejar as casas comerciais candidato Franco Rabelo. Em sintonia com a política das
que não aderiram à paralisação. Ao mesmo tempo, catraieiros salvações capitaneada pelo general Dantas Barreto, mais uma
e condutores de bondes entraram em greve, enfrentando a oligarquia era derrubada no Nordeste, a exemplo do que
polícia com paus, pedras e barricadas. O apoio silencioso e ocorrera com Rosa e Silva em Pernambuco em 1911. A eleição
implícito dado pelo exército às manifestações da oposição, do coronel Franco Rabelo para presidente do Ceará em
irritou o velho babaquara, como Accioly era chamado pelos meados do ano de 1912 fez ruir as bases do pacto de 1911
adversários. firmado no Cariri.
Fortaleza era pura agitação. As acusações, os manifestos, Ciente dos laços que ligavam os coronéis da região ao
as passeatas, os comícios e as provocações geravam um clima antigo líder da oligarquia Acióli, Rabelo iniciou uma campanha
de euforia. Com o aumento da participação popular e com a de desestabilização da política oposicionista no Ceará. Com o
cidade em pé de guerra, Accioly renunciou em 24 de janeiro de pretexto de acabar com o banditismo representado pelo
1912. fenômeno do cangaço no Nordeste, enviou para o Crato 200
homens da Polícia Estadual.
A Sedição de Juazeiro2 Seguindo ordens do presidente eleito, os policiais
O vale do Cariri sempre fora essencial para garantir os estacionados no Crato prenderam alguns jagunços acusados
votos necessários à manutenção da política dos de banditismo, todos ligados a coronéis de oposição ao político
governadores adotada pelo governo do presidente Hermes de farda. Além disso, Franco Rabelo entrou em confronto
da Fonseca (1910-1914). Municípios como Barbalha, Missão direto com Padre Cícero ao destituir homens de sua confiança
Velha, Milagres e Aurora e, principalmente, Crato, eram polos de cargos públicos e acusá-lo de abrigar bandidos em Juazeiro.
importantes do coronelismo consolidado após o pacto Para piorar a relação de Rabelo com o líder religioso, uma
oligárquico. Além disso, sob iniciativa de Padre Cícero Romão viagem feita por Floro Bartolomeu ao Rio de Janeiro (agosto de
Batista, a região conheceu grande desenvolvimento 1913) para se encontrar com Antônio Nogueira Acióli e com o
econômico com a produção de algodão e de maniçoba senador Pinheiro Machado foi pressentida como sinal de uma
destinada ao mercado internacional. conspiração contra seu governo sob as bênçãos de Padre
Já no final do século XIX, Juazeiro, a Nova Jerusalém, Cícero. Diante disso, Rabelo não hesitou em intensificar as
despontava como uma cidade sagrada para onde se dirigiam ações contra Juazeiro. De fato, ao retornar a Nova Jerusalém,
milhares de fiéis, em busca de melhores condições de vida e do em novembro de 1913, Bartolomeu tinha um plano com o aval
conselho do Padre Cícero. Pessoas das mais diversas classes e do senador gaúcho para destituir o coronel do poder.
com interesses diferenciados se dirigiram até a cidade:
comerciantes, bandidos, desabrigados e miseráveis assolados O confronto
pela fome e pela violência, vindos de diversos estados, em sua Em 12 dezembro de 1913 reuniu-se em Juazeiro uma
maioria do Nordeste. O padre abrigava, dava conselhos e, assembleia dissidente composta por deputados
muitas vezes, garantia lar e comida. Ao trabalho na lavoura oposicionistas, e declarou-se a ilegalidade do governo de

2 Adaptado de Rosa

Atualidades e Convivência Social 2


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Franco Rabelo. Nomeou-se nessa ocasião um governo paralelo, produção de gêneros alimentícios e algodão, além de
tendo Floro Bartolomeu como presidente provisório. A diversificado criatório de gado vacum, caprino, ovino e suíno.
resposta de Rabelo foi rápida. No dia 15 de dezembro, as Era o rico manancial de fartura a que seus sobreviventes se
tropas estaduais estacionadas no Crato, sob o comando do referem como ao “mundo de Deus que o pecado de Satanás fez
coronel Ladislau Lourenço, deram início às operações de desaparecer”.
invasão a Juazeiro. No dia 20, a cidade santa foi ocupada pelas Por testamento, Padre Cícero deixou a Fazenda Caldeirão
tropas do governo, tendo à frente o coronel Alípio Lopes, para os padres salesianos. A partir da morte do padre, a
escolhido pessoalmente por Rabelo para dar fim à sedição. Diocese do Crato tenta impugnar seu testamento com o
Embora as investidas oficiais tenham provocado muita tensão objetivo de se apossar dos bens deixados por ele. Desenvolveu-
em Juazeiro, a resistência dos fiéis de Padre Cícero, aliada ao se acirrada polêmica com o bispo advogando o direito de
ataque dos cangaceiros reunidos por Floro Bartolomeu, confisco desses bens para o patrimônio do bispado.
conseguiu vencer as forças oficiais. A justiça brasileira fez cumprir as disposições
Cercada por tropas rabelistas, a cidade enfrentou a fome e testamentárias, entregando o espólio aos herdeiros nomeados,
a falta de munição. Apesar das dificuldades, o moral da tropa que assumiram o compromisso de respeitar a vontade do
que entoava cânticos em louvor de Padre Cícero conseguiu Padre, no sentido de construir um colégio em Juazeiro,
resistir e contra-atacar. Graças a essa ofensiva, no dia 24 de proteger as romarias, e posteriormente, trazer a ordem de São
janeiro de 1914 Crato foi ocupada por homens comandados Francisco para se estabelecer na cidade.
por Bartolomeu. Seguiu-se a tomada de Barbalha. Tomando posse de todas as propriedades que herdaram
As cidades foram pilhadas, e com o espólio Juazeiro pôde em 1936, os Salesianos, embora José Lourenço lhes pagasse
se recompor da escassez de víveres e de munição em que se fielmente a renda da terra e lhes trouxessem cargas e mais
encontrava desde os ataques das forças rabelistas. Em marcha cargas de produtos do Caldeirão, deliberaram o despejo do
a pé e via estrada de ferro, os sediciosos de Juazeiro, tal como beato e sua gente. Inicia-se então uma campanha de difamação
eram denominados, ocuparam Miguel Calmon, Senador contra ele, que era acusado de promiscuidade sexual, práticas
Pompeu, Quixeramobim até marchar sobre Fortaleza, a 19 de diabólicas, dentre outras acusações. Dizia-se até que “aquilo ia
março de 1914. Conforme plano firmado pelo governo sob a ser igual a Canudos”.
liderança do senador Pinheiro Machado, seguiu para a capital No dia 11 de novembro desse ano, o capitão do exército
cearense uma tropa federal para apoiar os revoltosos. Foi Cordeiro Neto, Secretário de Segurança do Ceará, fez uma
decretado o estado de sítio no Ceará, e o general Fernando primeira incursão à fazenda. O pretexto fora a informação de
Setembrino de Carvalho foi nomeado interventor no estado. que José Lourenço havia recebido três caixas de armamentos
Franco Rabelo deixou o governo e rumou para o Rio de Janeiro e munições, que deveriam ser entregues ao governo. O beato
no dia 24 de março de 1914. Estava concluída a revolução de mostra haver nas caixas apenas algumas imagens de santos.
Juazeiro. Como troféu, a Nova Jerusalém foi elevada à categoria Não convencido dos propósitos pacifistas de José Lourenço, o
de cidade a 23 de julho do mesmo ano, e Padre Cícero Romão secretário deixa no Caldeirão o tenente Germano, que lá
Batista foi consagrado como um dos mais proeminentes permanece por um mês. Segundo os sobreviventes, ele ficou
coronéis da política republicana do país. para fazer um reconhecimento da região e dos hábitos do
povo, bem como arrolar todos os bens existentes na fazenda,
O Caldeirão3 que mais tarde seriam roubados pelas tropas.
O sítio do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto localiza-se no Em 1937 o Caldeirão é atacado pelo oficial de Polícia José
município do Crato, no estado do Ceará. É lugar de topografia Bezerra. Diante da ferocidade do ataque-surpresa, o povo do
acidentada e muito pedrosa, cortada por vários grotões, sem Caldeirão reage, travando-se violento combate no dia 10 de
nenhuma baixada. O terreno é fértil e a água é fácil, ótimo para maio, onde morreram José Bezerra, o filho, o genro e um cabo.
plantação de cereais e algodão. Do lado do beato morreram quatro seguidores, entre eles
A irmandade do Caldeirão existiu entre os idos de 1894 e Custódio Pereira Barros, valente romeiro paraibano, que
1937. Aos vinte anos de idade chegava a Juazeiro o paraibano vendo o beato em perigo, organizara a resistência, pagando
José Lourenço Gomes da Silva, em busca de orientação do com a vida sua fidelidade. Nesse embate repete-se a prática de
Padre Cícero, então no auge dos acontecimentos milagrosos. O cortar as cabeças dos inimigos mortos.
padre recomendou a José Lourenço que fizesse penitência Fugindo para a serra, o beato já se dirigia com sua gente
durante um determinado período e voltasse à sua presença. para o Estado de Pernambuco, quando foram alcançados pelas
No fim do tempo marcado, Padre Cícero dizendo ter para tropas, que desfecharam um ataque arrasador por terra e por
ele uma missão, mandou que se estabelecesse no Sítio Baixa ar, matando, e prendendo muita gente, no afã de prender José
Danta, na qualidade de rendeiro. José Lourenço transformou Lourenço que se evadira. Os prisioneiros, apesar de
com trabalho diligente e planejado, uma terra árida numa das torturados, não revelaram o paradeiro do beato. De 1937 a
propriedades mais férteis da região. 1940 o governo persegue sistematicamente os ex-moradores
Personalidade marcante pelo número de adeptos que o do Caldeirão, que se dispersam por várias localidades.
seguia em todas as decisões, o padre despertava entre a Com algumas pessoas, José Lourenço se estabelece na
população regional, muito respeito ou muita inveja. Fazenda União em Exu, Pernambuco, enquanto os policiais
Após a morte de Floro Bartolomeu, em 1927, o saqueavam o Caldeirão, incendiando o que não podia ser
proprietário da Baixa Danta vendeu o sítio e José Lourenço levado, e vendendo todos os bens móveis.
perdeu todo o trabalho e os beneficiamentos feitos na terra. Com o fim das perseguições, em 1944, o beato tenta
Padre Cícero então o desloca com toda a sua gente, longe dos através do advogado Dr. Antônio de Alencar Araripe, uma ação
olhos invejosos, para um grande terreno de sua propriedade, judicial contra o Estado do Ceará, por agressão e furtos,
na Serra do Araripe – a Fazenda Caldeirão. solicitando uma indenização. O procurador do Estado declara
No Caldeirão a obra de José Lourenço toma, em bem a prescrição do seu direito de agir contra o Estado.
menores proporções demográficas, a dimensão social da No dia 12 de fevereiro de 1946, José Lourenço morre de
comunidade religiosa de Antônio Conselheiro. Em pouco morte natural na Fazenda União. Seus seguidores
tempo, o Caldeirão torna-se fornecedor de mão-de-obra para atravessando a serra carregam seu corpo por treze léguas.
as empresa agrícolas da vizinhança, além da fértil propriedade Caminham por toda a noite e, ao raiar do dia chegam a Juazeiro,
com engenho de rapadura, extensa plantação de cana, grande onde o beato é velado pelos romeiros. José Lourenço foi

3 Adaptado de Ceará

Atualidades e Convivência Social 3


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enterrado no Cemitério do Socorro, bem ao lado da igreja onde Ressurgida da fé e da bonança


se encontra o corpo de Padre Cícero Cidade varonil, querida e forte!
Grande povo, tradição e esperança!
Formação Administrativa Salve! Excelsa Juazeiro do Norte!
Distrito criado com a denominação de Núcleo de Juazeiro, Tempos idos dominava um "Tabuleiro"
pelo Ato de 30-07-1858, e por Lei Municipal n.º 49, de 12-11- Onde um grande "Juazeiro" se ensombrava
1911, subordinado ao município de Crato4. Ao lado da Capelinha onde o Romeiro
Elevado à categoria de vila com a denominação de Juazeiro, De joelhos bem contrito ali orava.
pela Lei Estadual n.º 1.028, de 02-07-1911, desmembrado
Crato. Sede no atual distrito de Juazeiro ex-Núcleo de Juazeiro. Salve! Hoje ó cidade do Progresso,
Constituído do distrito sede. Instalado em 04-10-1911. Aquela que mais cresce no Ceará!
Pela Lei Municipal n.º 51, de 12-11-1911, é criado o distrito Juazeiro! Tu és parte do universo
de Horto e anexado a vila de Juazeiro. Teu sucesso na história ficará.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, vila
de Juazeiro é constituído de 2 distritos: Juazeiro e Horto. Um apóstolo do bem e da verdade
Elevado à condição de cidade com a denominação de Veio dar sua vida em oblação
Juazeiro, pela Lei Estadual n.º 1.178, de 23-07-1914. No Nordeste construiu uma cidade
O imortal Padre Cícero Romão!
Aspectos Gerais Pela paz, pelo Cristo e pela fé,
Juazeiro do Norte é cidade polo de uma das regiões mais Juazeiro cresceu e se fez forte
importantes do Ceará e com influência sobre população De bravura e independência pôs de pé,
estimada em três milhões de habitantes. Uma terra que se De trabalho e tradição encheu o Norte.
movimenta em torno do lema maior do Padre Cícero Romão
Batista: Fé e Trabalho. Situado num raio geográfico de enorme Brasão
privilégio pela sua boa posição de equidistância no Nordeste,
Juazeiro se consolidou como centro das atenções. Tanto que o
seu aeroporto é o sexto maior em movimentação no interior
do Brasil.
Por terra não é difícil chegar aqui em face das duas
rodovias federais e seis estaduais ligando a Meca do Cariri aos
principais centros do Nordeste. Um terminal rodoviário de
intenso fluxo, movimentando seis empresas de transportes
interestaduais e uma fácil locomoção na cidade que ostenta até
metrô de superfície. A pujança da economia está demonstrada
no crescente Produto Interno Bruto (PIB), que hoje é de dois
bilhões de reais.
São três shoppings, com um deles em fase de conclusão,
inseridos neste polo comercial que é um dos maiores do
interior nordestino. Nos últimos seis anos a cidade passou a
receber grandes redes de empresas situadas dentre as dez
maiores do Brasil em faturamento. Investimentos que
atenderam às expectativas destes grupos econômicos,
incluindo multinacionais, e alguns até já foram ampliados.
Caminhando nessa mesma direção, a rede hoteleira Bandeira
evoluiu e já conta com mais de três mil leitos em
empreendimentos modernos, mantendo cozinha no padrão
nacional e internacional. Não é diferente em relação aos cerca
de 200 restaurantes com as marcas do requinte, conforto e
qualidade. As opções de lazer acompanham o
desenvolvimento no contexto integrado do turismo ecológico,
religioso e de negócios. Além disso, o Geopark Araripe,
primeiro das Américas, que garante sustentação e dá vazão ao
turismo científico.
Juazeiro é ainda um celeiro da cultura regional, com muita
força nas mais diversas manifestações e se destacando no
artesanato: um ofício que brota das mãos dos artistas para
ganhar o encantamento das pessoas. Hoje, um dos orgulhos de
Juazeiro do Norte é o seu polo de ensino superior com 72
cursos de graduação, acolhendo 22 mil alunos de diversas
Dados Gerais6
partes do país. Esse centro acadêmico já conta com 53 cursos
População (2010): 249.939 hab. (pop estimada em
de pós-graduação em diferentes áreas, se constituindo num
2018 – 271.9267)
dos mais importantes do Nordeste a partir das altas taxas de
Taxa média geométrica de crescimento da população
inserção no mercado de trabalho de jovens bem preparados.
(2000/2010): 1,6535 % a.a.
Área: 248,832 Km².
Hino5
Densidade Demográfica: 1.006,91 hab/Km².
Letra de Geraldo Menezes Barbosa

4 IBGE. Formação Administrativa. 6 Dados Gerais. Prefeitura de Juazeiro do Norte.


https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/juazeiro-do-norte/historico http://www.juazeiro.ce.gov.br/Cidade/Dados-gerais/
5 Símbolos Oficiais. http://www.juazeiro.ce.gov.br/Cidade/Simbolos- 7 IBGE. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/juazeiro-do-norte/panorama
oficiais/

Atualidades e Convivência Social 4


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APOSTILAS OPÇÃO

Coordenadas geográficas: Latitude 07° 12’ 46” sul e dentre as cidades do estado e na posição 3221 de 5570 dentre
longitude 39° 18’ 54” oeste. as cidades do Brasil.
Localização: Situa-se na área central da Região
Metropolitana do Cariri, no sul do estado do Ceará. Em posição
privilegiada, tem uma média de distância de 611 Km para
algumas capitais do Nordeste: Fortaleza (528 Km), Teresina
(593 Km), João Pessoa (631 Km), Natal (648 Km) e Recife (658
Km).
Limites: Caririaçu ao norte, Missão Velha ao leste,
Barbalha ao sul e Crato ao oeste.
Altitude: 377,3 m.
Clima: tropical quente.
Estabelecimentos de saúde (2009): 132.
Estabelecimentos de saúde SUS (2009): 94.
Frota (2012): 80.686 veículos.
Empresas Industriais Ativas (2010): 798.
Estabelecimentos Comerciais Varejo (2010): 2.982.
Empresas de serviços (18 ramos) (2010): 222.
Empregos Formais (todas as atividades) (2010): 30.937.
Empregos Formais (Administração Pública) (2010):
5.612.
Operações de Crédito (2010): R$ 378.543.600,00.
Poupança (2010): R$ 212.595.864,00.

Outros dados IBGE8

Trabalho e Rendimento
Em 2016, o salário médio mensal era de 1.8 salários
mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à
população total era de 19.8%. Na comparação com os outros
municípios do estado, ocupava as posições 21 de 184 e 12 de
184, respectivamente. Já na comparação com cidades do país
todo, ficava na posição 2836 de 5570 e 1291 de 5570,
respectivamente. Considerando domicílios com rendimentos
mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 42.4%
da população nessas condições, o que o colocava na posição
179 de 184 dentre as cidades do estado e na posição 2434 de
5570 dentre as cidades do Brasil. Economia

Saúde
Educação A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 12.02
Em 2015, os alunos dos anos inicias da rede pública da para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias
cidade tiveram nota média de 4.9 no IDEB. Para os alunos dos são de 0.9 para cada 1.000 habitantes. Comparado com todos
anos finais, essa nota foi de 4.3. Na comparação com cidades os municípios do estado, fica nas posições 94 de 184 e 99 de
do mesmo estado, a nota dos alunos dos anos iniciais colocava 184, respectivamente. Quando comparado a cidades do Brasil
esta cidade na posição 168 de 184. Considerando a nota dos todo, essas posições são de 2746 de 5570 e 2577 de 5570,
alunos dos anos finais, a posição passava a 120 de 184. A taxa respectivamente.
de escolarização (para pessoas de 6 a 14 anos) foi de 97.3 em
2010. Isso posicionava o município na posição 103 de 184

8 https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/juazeiro-do-norte/panorama

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interferência do poder central na política estadual, foi também


um reflexo do modelo político vigente no Brasil da virada do
século XX. Sobre esse período é correto afirmar que:
(A) trata-se do período regencial, com o desejo dos
regentes em unificar a política nacional.
(B) a Sedição ocorreu após a chegada de Getúlio Vargas ao
poder.
(C) o domínio político representado pelas oligarquias foi
uma das características do governo militar.
(D) os eventos ocorrem durante a República Velha,
dominada pela política dos governadores.
(E) o resultado do conflito não trouxe mudanças para o
cenário político Cearense.

03. Uma das principais características do governo de


Antônio Pinto Nogueira Accioli, na virada do século XX, foi:
(A) o grande desenvolvimento do Ceará, que já nos
primeiros anos do século XX despontava como um dos estados
mais prósperos da federação.
(B) a realização de grandes obras públicas, como a
Território e Ambiente abertura de estradas para o escoamento da produção e as
Apresenta 47.2% de domicílios com esgotamento sanitário tentativas de amenização da seca
adequado, 89.6% de domicílios urbanos em vias públicas com (C) a regularização de propriedades rurais no interior do
arborização e 11.6% de domicílios urbanos em vias públicas Ceará, afim de resolver conflitos entre indígenas e pequenos
com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, produtores rurais.
pavimentação e meio-fio). Quando comparado com os outros (D) o domínio predominante sobre o vale do Cariri e as
municípios do estado, fica na posição 14 de 184, 99 de 184 e constantes desavenças com líderes locais, como Padre Cícero.
22 de 184, respectivamente. Já quando comparado a outras (E) o governo autoritário e o descaso com a maior parte da
cidades do Brasil, sua posição é 2360 de 5570, 1530 de 5570 e população cearense.
2618 de 5570, respectivamente.
04. Entre os principais apoiadores da saída de Antônio
Pinto Nogueira Accioli do governo cearense estiveram:
(A) Padre Cícero
(B) Floro Bartolomeu
(C) Pinheiro Machado
(D) Marcos Franco Rabelo
(E) Domingos Carneiro Vasconcelos

Gabarito

01.B / 02.D / 03.E / 04.D

Acontecimentos e fatos
relevantes e atuais do
contexto internacional,
nacional, estadual e do
município de Juazeiro do
Norte. Arte e cultura. Ciência,
tecnologia e inovação.
Questões

01. Cícero Romão Batista é um dos mais importantes Regional


personagens da memória cearense. Estabelecido em Juazeiro saúde
após desavenças com a igreja, Padre Cícero é na verdade
Cariri registra maiores chuvas do Estado; Juazeiro do
natural de:
Norte tem alagamentos9
(A) Sobral
(B) Crato
No bairro Lagoa Seca, um pescador usou uma canoa para
(C) Caririaçu
protestar contra alagamento.
(D) Fortaleza
A região do Cariri registrou as maiores chuvas nas últimas
(E) Abaiara
24 horas no Estado, segundo a Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Abaiara, com
02. A Sedição de Juazeiro, ocorrida em 1914, entre as
102 milímetros, teve a maior precipitação entre às 7h de
oligarquias cearenses e o governo federal, provocado pela

9 Antonio Rodrigues. Cariri registra maiores chuvas do Estado; Juazeiro do ambiente/cariri-registra-maiores-chuvas-do-estado-juazeiro-do-norte-tem-


Norte tem alagamentos. http://blogs.diariodonordeste.com.br/cariri/meio- alagamentos/22866. Acesso em 29 de março de 2019

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ontem e às 7h desta quinta-feira (28). Em Juazeiro do Norte, dos romeiros sempre foi vir para Juazeiro em cima desses
onde também choveu, voltou a ter grandes alagamentos. caminhões, eu quis mostrar que isso não acabou", comenta.
Depois de Abaiara, a maior chuva aconteceu em Crato, que Dona Ana Alencar faz aniversário neste domingo (24), ela
registrou 75 milímetros no posto pluviométrico do bairro comemora o fato de ter nascido no mesmo dia do Padre Cícero.
Lameiro e 59,8 milímetros na sede do município. Também "Eu vim ano passado e vi as pessoas trazendo o bolo e amei,
houveram precipitações de destaque em Milagres (64,8 mm), então neste ano trouxe o meu e as velinhas para meia noite
Santana do Cariri (62,8 mm), Altaneira (59 mm) e Araripe comemorar junto com ele esse dia", se alegra.
(57,8 mm). Já Dona Neta Alves trouxe o bolo decorado para
Em Juazeiro Norte, que choveu 56 milímetros, as ruas homenagear Padre Cícero como forma de agradecimento por
voltaram a alagar. No bairro Lagoa Seca, por exemplo, no uma graça alcançada para sua irmã que estava desempregada.
trecho conhecido como Lagoa da APUC, formou-se uma lâmina "Eu fiz uma promessa para que minha irmã Ilma conseguisse
de água com altura aproximada de um metro. Um pescador trabalho, e dois meses depois da festa do ano passado ela
aproveitou a situação e resolveu passear de canoa em plena estava trabalhando, graças à nossa fé", comemora.
Avenida Plácido Aderaldo Castelo, chamando atenção de
curiosos. A brincadeira foi feita em protesto. Empresa espanhola vence leilão para administrar o
A poucos metros dali, ontem à noite, dois rapazes que Aeroporto de Juazeiro do Norte11
trafegavam de moto caíram com a força da água na Avenida
Leão Sampaio (CE-060), que liga a terra do Padre Cícero ao A empresa espanhola Aena Desarrollo Internacional será a
município de Barbalha. A correnteza ainda arrastou o veículo concessionária do Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, em
por alguns metros, mas conseguiu ser recuperado. A dupla Juazeiro do Norte, pelos próximos 30 anos. Ela foi a vencedora
voltava de uma aula quando foram pegos de surpresa pela do leilão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para
chuva que começou por volta das 21 horas. assumir a administração, ampliação e exploração do bloco
Além disso, a chuva que caiu em Juazeiro do Norte fez o Nordeste, formado ainda pelos aeroportos de Recife (PE),
asfalto ceder na Avenida Padre Cícero, em frente ao Teatro Maceió (AL), Aracaju (SE), João Pessoa e Campina Grande
Marquise Branca, gerando um buraco. Em nota, a Secretaria de (ambos na Paraíba). Os seis equipamentos foram arrematados
Infraestrutura pediu para que os condutores de veículos pelo valor de R$ 1,9 bilhão. O pregão aconteceu na manhã
evitem passar pelo local, procurando trechos alternativos. desta sexta-feira (15), na Bovespa, em São Paulo. Só no
Neste momento, equipes técnicas estão realizando serviços equipamento cearense, o investimento será na ordem de R$
com máquinas pesadas. O trânsito irá fluir apenas por uma 193,5 milhões para ampliação e manutenção.
faixa da via. O governador Camilo Santana esteve em São Paulo para
A Funceme prevê para esta quinta-feira e para os próximos acompanhar de perto o leilão. Para ele, a novidade vai trazer
dois dias céu nublado com eventos de chuva em todas as um crescimento para a região em termos de voos,
regiões do Estado. investimentos e oportunidades, igual ao que aconteceu em
Fortaleza com a concessão do Aeroporto Pinto Martins.
Romeiros comemoram aniversário de 175 anos de “Estamos muito felizes. Isso significa mais desenvolvimento
Padre Cícero com bolos decorados em Juazeiro do Norte, para o Cariri, que já é um grande centro de negócios e de
no Ceará10 turismo religioso. Foi um dos aeroportos mais disputados no
leilão. Isso quer dizer mais desenvolvimento, mais turismo,
Tradição de homenagear o Padroeiro da cidade com bolos melhoria na economia da região. O sucesso que hoje ocorre em
acontece na noite do dia 23 de março e atrai centenas de fiéis Fortaleza vamos ter em Juazeiro do Norte. Não tenho dúvida
Na noite que antecede o aniversário de 175 anos de Padre que o aeroporto vai ter um crescimento forte, se
Cícero, romeiros se reuniram no Largo do Socorro, neste transformando em um grande centro de conexão regional do
sábado (23), em frente à igreja onde o corpo do Padroeiro está Nordeste”, comemorou Camilo Santana.
enterrado, para cantar os parabéns de Padre Cícero Romão Continuar investindo na melhoria da infraestrutura será
Batista, ou simplesmente "Padim Ciço", como é importante para alavancar esse crescimento e o governador
carinhosamente chamado pelos religiosos. aproveitou a ocasião para falar das próximas ações do Estado
Além do tradicional bolo gigante de 100 metros de na região. “Vamos ampliar o anel viário de Juazeiro do Norte
comprimento, fiéis de várias regiões do estado capricham na até o aeroporto para que a gente possa ter um acesso mais
criatividade e levam para a festa os seus bolos decorados para rápido, ágil e confortável”, disse Camilo, que também informou
apresentar no concurso realizado sempre na noite do dia 23 de mais duas obras para atrair turistas, sendo elas a Arena
março. Romeirão e o teleférico do Horto do Padre Cícero. “Esse é o
Oito chefes de cozinha participam do júri que decide qual papel do Estado, criar as condições necessárias para atrair
é bolo mais bonito da noite. O vencedor recebe uma premiação investidores. Foi um momento histórico que no futuro trará
da prefeitura do município. bons frutos para o Cariri e o Ceará”, enfatizou o governador.
Para Júnior Feitosa, secretário de Turismo e Romarias de Arnon Bezerra, prefeito de Juazeiro de Norte, mostrou sua
Juazeiro, a festa é uma oportunidade para os romeiros alegria com o cenário de crescimento da região com a
demonstrarem sua fé no 'Padim'. "As pessoas vêm de todas as ampliação do aeroporto. “Em um primeiro instante, é a
regiões do Ceará e do Nordeste trazer a sua homenagem das geração de emprego e renda com os investimentos
mais variadas formas e enriquecer esta festa", disse. beneficiando todo o Cariri. Nossas romarias estão cada vez
Uma dessas pessoas, foi o pernambucano João José dos mais se fortalecendo, mas agora chegou a vez do turismo
Santos, que trouxe um bolo em cima de uma miniatura de pau- ecológico, cultural, que vem proporcionar um fortalecimento
de-arara, carro usado para o transporte de romeiros. Ele econômico para todos. Não tenho dúvida que depois de hoje
lembra que há 30 anos chegou na cidade em um caminhão pau nós teremos muito mais razão para que a gente possa se
de arara e por isso resolveu fazer a homenagem. "A tradição fortalecer”, comentou.

10 G1 CE. Romeiros comemoram aniversário de 175 anos de Padre Cícero com 11 José Wagner. Nívia Uchoa. Empresa espanhola vence leilão para
bolos decorados em Juazeiro do Norte, no Ceará. administrar o Aeroporto de Juazeiro do Norte. Governo do Estado do Ceará.
https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/03/23/romeiros-comemoram- https://www.ceara.gov.br/2019/03/15/empresa-espanhola-vence-leilao-para-
aniversario-de-175-anos-de-padre-cicero-com-bolos-decorados-em-juazeiro-do- administrar-o-aeroporto-de-juazeiro-do-norte/. Acesso em 29 de março de 2019
norte-no-ceara.ghtml. Acesso em 29 de março de 2019

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Melhorias na infraestrutura do aeroporto Um efetivo de 78 policiais federais e oito auditores da


O planejamento com a concessão é aumentar em 200% o Controladoria cumpriram 17 mandados de busca e apreensão
tamanho do terminal de passageiros nos próximos 15 anos, nas cidades de Juazeiro do Norte, Barbalha, Crato, Viçosa do
saindo dos atuais 2,5 mil m² para 7,5 mil m² até 2034, ano final Ceará e em Fortaleza.
da primeira fase da concessão. Uma segunda ampliação para As buscas, expedidas pela Justiça Eleitoral, foram
10 mil m² já está prevista na outra metade da concessão. A realizadas na sede da prefeitura de Juazeiro do Norte, na
pista também deve aumentar 138 metros, passando de 1.800m secretaria municipal do Meio-Ambiente, na residência de
para 1.938m – com 45m de largura. Áreas de escape devem ser secretários municipais, de empresários, funcionários públicos,
construídas nas duas extremidades. empresas e fundações.
O aeroporto deverá ter seu pátio de aeronaves ampliado, Segundo a PF, ‘os envolvidos responderão, na medida de
receber melhorias na segurança operacional nas pistas de suas participações, pelos crimes eleitorais e de desvio de
pouso e de táxi, bem como nos pátios de aeronaves. Além disso, verbas públicas’.
está programado o aperfeiçoamento na segurança da inspeção Por meio da análise de dados extraídos dos telefones e
de bagagens e cargas embarcadas no aeroporto e adequações computadores apreendidos na primeira fase, a Operação Voto
nos auxílios à navegação aérea. A nova estrutura deve contar Livre, ‘comprovou-se a prática de vários crimes eleitorais,
ainda com quatro pontes de embarque, totalizando 12 entre eles desvio de verbas públicas para caixa 2 e outros
posições de aeronaves. conexos, para garantir a eleição do candidato’.
Nos primeiros 15 anos, a expectativa é que 1,4 milhão de A Operação Graham Bell é resultado de análises em
pessoas utilizem o terminal, crescimento de 138% em relação material apreendido na Operação Voto Livre, deflagrada no dia
aos dados de 2016 (590,7 mil). No fim da concessão, em 2048, 6 de outubro pela PF, no Ceará, contra esquema de compra de
deverão ter passado pelo aeroporto 2,8 milhões de votos e ‘uso indevido da máquina pública’.
passageiros por ano. Prevendo esse crescimento, um novo Segundo a investigação, o desvio de recursos públicos ‘se
sistema viário de acesso, incluindo o estacionamento, deverá concretizava mediante pagamentos a empresas contratadas
ser construído. O número de vagas passará de 230 para 376. pela prefeitura de Juazeiro do Norte’.
As obras devem ter início em 2020. Também é alvo de apuração o suposto uso de ‘laranjas’ no
quadro societário de diversas empresas que possuem
Outros aeroportos contratos com a prefeitura ou de empresas que mantêm
Na ocasião, foram leiloados mais dois blocos contratos com subcontratadas, numa triangulação nas
aeroportuários. O Consórcio Aeroeste pagará R$ 40 milhões relações comerciais.
para ficar responsável pelo bloco Centro-Oeste, onde
administrará os equipamentos de Cuiabá, Sinop, Rondonópolis Com a Palavra, A Prefeitura de Juazeiro do Norte
e Alta Floresta, todos em Mato Grosso. O outro lote leiloado foi A reportagem fez contato por email com a prefeitura de
com os aeroportos de Vitória (ES) e Macaé (RJ), no Sudeste, Juazeiro do Norte. O espaço está aberto para manifestação da
que teve a Zurich Airport Latin America como vencedora, com administração Arnon Bezerra e de seu filho, o deputado
o lance final de R$ 437 milhões. federal eleito pelo PTB, Pedro Bezerra.

PF vê desvio de verbas da saúde de Juazeiro do Norte Cresce em 42% a área sem seca relativa no Ceará, diz
para campanha do filho do prefeito12 Monitor de Secas13

Operação Gramham Bell, segunda fase da Voto Livre, Funceme afirma que as chuvas da Pré-Estação no Ceará,
investiga 'grupo criminoso' por uso de recursos públicos para ajudaram para a melhoria do cenário.
financiar Pedro Bezerra (PTB), eleito deputado federal pelo
Ceará, e 'coação grave' de servidores da gestão do pai do
parlamentar, Arnon Bezerra
A Polícia Federal, com apoio da Controladoria Geral da
União e da Justiça Eleitoral, deflagrou nesta quinta, 20, a
Operação Gramham Bell – segunda fase da Operação Voto
Livre, que apura denúncia de desvio de dinheiro da área da
saúde e ‘coação grave’ sobre servidores públicos para votarem
e participarem ativamente na campanha do deputado federal
eleito Pedro Bezerra (PTB/CE), filho do prefeito de Juazeiro do
Norte, Arnon Bezerra.
Os investigadores suspeitam que Bezerra foi eleito com
‘uso ilegal de recursos públicos da área da saúde’ e também
por meio de intimidação de funcionários da prefeitura para
que votassem nele. O petebista teve 119.030 votos, passaporte
para a Câmara dos Deputados.
Juazeiro do Norte, com 270 mil habitantes, fica na região
do Cariri, a quase 500 quilômetros da capital Fortaleza.
Segundo a Controladoria, o objetivo da Graham Bell é
‘desarticular organização criminosa responsável por desvios
de recursos federais da saúde para financiar a campanha
eleitoral no município de Juazeiro do Norte (CE)’.
“A investigação apura a atuação do filho do atual prefeito
do município no grupo criminoso”, informou a Controladoria.

12 Julia Affonso. Fausto Macedo. PF vê desvio de verbas da saúde de Juazeiro 13 G1 CE. Cresce em 42% a área sem seca relativa no Ceará, diz Monitor de
do Norte para campanha do filho do prefeito. Estadão. Secas. https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/02/19/cresce-em-42-a-
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/pf-ve-desvio-de-verbas-da- area-sem-seca-relativa-no-ceara-diz-monitor-de-secas.ghtml. Acesso em 20 de
saude-de-juazeiro-do-norte-para-campanha-do-filho-do-prefeito/. Acesso em 29 fevereiro de 2019.
de março de 2019

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O mais recente mapa do Monitor de Secas apontou que, em O sistema de bikes e patinetes elétricas já funciona na
janeiro, o Ceará apresentava 42,03% do seu território sem cidade de São Paulo e está em fase de regulamentação. A ideia
seca relativa. O dado é o mais positivo desde o início do é que o projeto passe a funcionar em março para que Fortaleza
processo de acompanhamento regular e periódico da situação seja a primeira capital do Nordeste a disponibilizar estes
da seca na região Nordeste, em julho de 2014. serviços de mobilidade.
Em dezembro de 2018, a área sem seca era de 7,55%, o que Antes mesmo de qualquer regulamentação municipal, o
representa uma diferença de 34,48%. Já em relação ao mesmo uso de patinetes já está disciplinado por meio de resolução do
período do ano passado, o Estado não apresentava nenhuma Conselho Nacional de Trânsito (Contran), e permite o tráfego
porção do seu território sem seca. em ciclovias e ciclofaixas a no máximo 20 km/h, e em calçadas,
com velocidade máxima de 6 km/h.
Chuvas da pré-estação
De acordo com o meteorologista da Fundação Cearense de Riscos
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) Raul Fritz, as O uso dos patinetes tem levantado debates em São Paulo.
chuvas de Pré-Estação no Ceará, que compreende ao período O tráfego em calçadas divide opiniões e pode ser barrado na
de dezembro a janeiro, contribuíram para a melhoria do cidade. Além disso, a capital paulista discute a segurança do
cenário. modal, após estudos apontarem que há mais riscos de
"Em janeiro, as chuvas incidiram sobre todo o Estado, mas acidentes com patinetes do que com bikes.
se concentraram mais em áreas do norte, centro e leste. O
oeste do Ceará, como, por exemplo, em torno de Crateús até Ceará tem 23 ataques neste domingo, após atuação da
Campos Sales e Salitre recebeu menos chuva. Já em dezembro, Força Nacional15
os resultados para a porção norte do Estado foram
satisfatórias de maneira geral", explica o pesquisador. Polícia capturou 110 pessoas suspeitos, e dois morreram
Apesar dos resultados da Pré-Estação, que ficaram 51,3% em confronto com policiais; 60 prisões ocorreram após
acima da média, o Estado tem apenas três açudes sangrando e chegada da Força Nacional no sábado (05/01). Estado
ainda 104 com volume inferior a 30%. O Açude Castanhão, registrou 115 ataques desde quarta-feira (02/01).
maior reservatório para múltiplos usos do Ceará, está com As polícias do Ceará montaram uma força-tarefa para
3,52% do seu volume total. tentar frear a onda de ataques no estado, que destruiu dezenas
de ônibus, carros e prédios públicos desde quarta-feira
Nordeste (02/01). No entanto, mesmo com o reforço da Força Nacional,
Entre os estados que compõem o Monitor de Secas, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar, foram registrados
incluindo Minas Gerais, o Maranhão é quem apresentou maior 23 ataques. Dois deles em Fortaleza, contra um posto de
proporção do território sem seca relativa: 51,81%. combustível e uma torre policial, na noite de sábado, e seis
No que se refere à região como um todo, a ferramenta contra veículos, banco, prédios públicos e uma base de
indica 20,93% sem nenhum nível da estiagem. A área com a telefonia em cidades do interior neste domingo (06/01).
situação mais extrema é de apenas 2,51%, compreendendo Em todo estado, chegou a 115 o número de ações
uma porção dos estados da Bahia, Pernambuco e Piauí. Em criminosa desde o início da onda de violência. (veja a lista dos
relação a janeiro de 2018, a região apresentava 25,1% de sua ataques no fim da matéria)
área em seca excepcional. Dois suspeitos foram mortos durante uma troca de tiros
com a polícia ao tentar incendiar um posto do Detran no Bairro
Fortaleza terá patinetes e bicicletas elétricos Granja Portugal, em Fortaleza, na madrugada de domingo. Um
compartilhadas a partir de março14 policial militar ficou ferido após ser atingido no braço durante
o confronto. No local, a polícia apreendeu bombas caseiras
Novo sistema, chamado "dockless", não exigirá entrega de (coquetel molotov) que seriam usados na ação.
veículos em estações. Capital cearense pode ser a primeira do Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa
Nordeste a disponibilizar serviço. Social do Ceará, 110 pessoas foram capturadas por
Depois dos carros elétricos e das bicicletas envolvimento nos crimes, sendo 76 adultos e 34 adolescentes.
compartilhadas, Fortaleza deve iniciar, em março, uma nova Desse total, 60 detenções ocorreram neste sábado, após a
etapa do projeto de mobilidade urbana, com a utilização de chegada da Força Nacional. Entre os presos, está um motorista
bicicletas e patinetes elétricas. Segundo o prefeito Roberto suspeito vender combustíveis a grupos criminosos.
Cláudio, diferentemente dos sistemas já implantados, nos
quais os veículos são entregues em estações, na nova versão as Ataques continuam
estações deixam de ser necessárias. Ainda durante a madrugada do domingo, um prédio do
O novo sistema, chamado “dockless”, permite o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) foi
desbloqueio de bicicletas e patinetes por meio de aplicativos, incendiado no município de Marco, na região norte do estado.
dispensando, assim, usuário pode pegar ou deixar uma bike Em Acaraú, a sede da prefeitura foi alvo de ataques e teve
em qualquer local, dentro de um perímetro determinado, sem ônibus destruídos. Outro ataque foi registrado no município de
necessidade de engate em postos físicos. O sistema de Jijoca de Jericoacoara, onde criminosos atearam fogo em um
travamento acontece na própria bike ou patinete. estacionamento utilizado pela prefeitura. Dois veículos, um
Nos próximos dias, o prefeito deve assinar um decreto ônibus e um carro de passeio foram atingidos pelas chamas.
regulamentando as novas atividades de transporte, abrindo Por volta das 7h deste domingo (06/02), uma agência
espaço para que empresas especializadas possam atuar no bancária foi atacada com tiros e incendiada. O fogo foi
segmento. Informações como preços aos usuários e áreas da controlado e não houve maiores danos ao prédio. Além disso,
cidade que terão o novo serviço devem ser anunciadas os criminosos explodiram uma base de telefonia na cidade de
posteriormente pela gestão municipal. Limoeiro do Norte. Devido ao ataque, 12 cidades da região
ficaram sem telefonia móvel, conforme a polícia.

14 Verônica Prado. Fortaleza terá patinetes e bicicletas elétricos 15 G1 CE. Ceará tem 23 ataques neste domingo, após atuação da Força
compartilhadas a partir de março. Nacional. https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/01/06/forca-nacional-
https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/02/18/fortaleza-deve-contar-com- contem-onda-de-violencia-e-fortaleza-tem-apenas-um-ataque-na-5a-noite-de-
bicicletas-e-patinetes-eletricos-compartilhados-a-partir-de-marco.ghtml. Acesso acao-de-faccoes.ghtml. Acesso em 22 de fevereiro de 2019.
em 20 de fevereiro de 2019.

Atualidades e Convivência Social 9


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No sábado, foi registrado um ataque a um posto de "Contamos com reforço de 300 homens da Força Nacional
observação da Guarda Municipal. Dois suspeitos em uma com 30 viaturas; e 100 policiais militares da Bahia chegam
motocicleta passaram atirando contra o posto policial. amanhã. A PRF enviou 50 policiais do Núcleo de Operações
Nenhum agente de segurança ficou ferido. Criminosos também Especiais dos Estados e um helicóptero, com duas equipes de
incendiaram duas bombas de combustível e duas salas do apoio aéreo e equipamento de busca noturna", afirmou o
escritório em um posto de gasolina na rodovia BR-116, no secretário da Segurança do Ceará, André Costa.
Bairro Messejana. Já no interior, dois caminhões foram "São 15 viaturas a mais e um incremento de mais de 200%
queimados no pátio da prefeitura de Barroquinha, norte do no policiamento rotineiro da PRF. Além disso, contamos com
estado. todas as forças de segurança pública do Estado. Estamos
mobilizados para atuar e realizar pronta-resposta em todo o
Estado", completou.

Onda de ataques
Desde quarta-feira (02/01), foram mais de 90 ataques em
33 cidades do Ceará. Bandidos queimaram veículos do
transporte público; carros de particulares e concessionárias; e
atacaram prédios como bancos, delegacias e prefeituras.
Uma bomba foi explodida na coluna de um viaduto na BR-
020, em Caucaia, mas o equipamento passou por obras e não
corre o risco de desabar. Devidos aos ataques, os ônibus
deixaram de circular na tarde de sábado, e o comércio
registrou baixa movimentação nos últimos dias.

Motivação dos crimes


O governador do Ceará, Camilo Santana, afirmou neste
sábado que a sequência de ataques no estado são
uma tentativa de fazer com que as forças de segurança
"recuem" das "medidas fortes" que têm adotado contra os
criminosos.
"As forças de segurança do nosso estado, que têm se doado
noite e dia para combater o crime, especialmente neste
momento em que o Estado do Ceará toma medidas duras e
necessárias de combate ao crime organizado", afirmou o
governador.
"Esse tem sido justamente o motivo desses atos
criminosos: fazer com que o Estado recue dessas medidas
fortes, o que não há nenhuma possibilidade de acontecer",
completou. Leia a íntegra da mensagem abaixo.
O secretário da Administração Penitenciária, Mauro
Albuquerque, havia afirmado que iria fiscalizar com mais rigor
a entrada de celulares nos presídios e acabar com a divisão de
facções nos presídios no Ceará. A afirmação foi o estopim para
a ordem dos ataques, conforme o presidente do Conselho
Penitenciário do Estado do Ceará, Cláudio Justa.

Prefeitura, bancos e delegacias são atacados na 2ª


noite de violência em Fortaleza e interior do Ceará16

Ataques a ônibus e prédios públicos e privados ocorrem


desde a noite de quarta-feira (02/01), em um total de 58
crimes. Quarenta e cinco pessoas foram detidas e três pessoas
se feriram desde o início da onda de violência. Moro autorizou
envio da Força Nacional para o Ceará.
Cidades da Grande Fortaleza e interior do Ceará
De acordo com o secretário da Segurança do Ceará, André registraram mais uma noite e uma madrugada de ataques.
Costa, a polícia reforçou as blitze com apoio da Força Nacional. Uma prefeitura, agências bancárias e delegacias foram os alvos
Foram realizadas vistorias a motoristas e motociclistas em de ataques incendiários na madrugada desta sexta-feira
diversos pontos da Grande Fortaleza. "A medida se baseia, (04/01). Desde a noite de quarta-feira (02/01), ocorreram 58
principalmente, no fato de boa parte dos crimes serem ataques em Fortaleza, Tinguá, Pacatuba, Horizonte,
cometidos por indivíduos a bordo de veículos automotores." Maracanaú, Caucaia, Pindoretama, Eusébio, Morada Nova,
Jaguaruana, Canindé, Piquet Carneiro, Morrinhos, Aracoiaba,
Reforço na segurança Baturité, Juazeiro do Norte, Guaiúba, Acaraú, Pacajus, Iguatu e
Os veículos da Força Nacional deixaram o Centro de Massapê. Apenas 30% dos ônibus de Fortaleza circulam nesta
Formação Olímpica, em Fortaleza, onde os servidores estão sexta, sob escolta policial.
alojados, às 19h42 (20h42, no horário de Brasília) deste Desde o início dos ataques, 18 ônibus foram incendiados,
sábado. tiros foram disparados contra prédios e bancos, e artefatos
caseiros incendiários foram arremessados contra delegacias.

16 G1. Prefeitura, bancos e delegacias são atacados na 2ª noite de violência https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/01/04/suspeitos-jogam-bomba-


em Fortaleza e interior do Ceará. caseira-em-delegacia-de-fortaleza.ghtml. Acesso em 20 de fevereiro de 2019.

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Uma bomba foi colocada na coluna de um viaduto na BR-020, Grau de severidade da seca se agrava no Ceará,
em Caucaia, e corre risco de desabar. Segundo o secretário da aponta Monitor das Secas18
Segurança do Ceará, André Costa, 45 suspeitos foram detidos
desde quarta-feira, entre adultos e adolescentes. Um casal de Houve o aumento da área com seca grave e seca moderada
idosos e um motorista ficaram feridos até o momento. no sul e centro do estado.
A Secretaria de Segurança do Ceará não informou a A severidade da seca se agravou no Ceará no mês de julho,
motivação dos crimes. O presidente do Conselho Penitenciário segundo dados do Monitor das Secas, serviço de
do Estado do Ceará, Cláudio Justa, acredita que os atentados monitoramento da estiagem divulgado pelo governo federal.
são represália à fala do novo secretário de Administração Segundo o estudo, no nosso estado, apesar de ter ocorrido
Penitenciária (SAP), Luís Mauro Albuquerque, que foi chuvas acima da média em algumas áreas em julho, não houve
nomeado para o cargo neste ano. redução da intensidade da seca, devido à climatologia da
O novo secretário afirmou que "o Estado não deve precipitação ser muito baixa nesse mês.
reconhecer facção" em presídio e fará fiscalização rigorosa No centro e sul do estado (Região do Cariri), onde antes
para evitar a entrada de celular nas unidades prisionais. Luís havia seca apenas de longo prazo (L), passou a ter seca de
Mauro Albuquerque ainda se posicionou contra a separação de curto e longo prazo (CL), devido aos indicadores de curto e
detentos por facção criminosa nas unidades prisionais do longo prazo apontar para uma piora no grau de severidade da
Estado. seca.
No ataque ao prédio da Caixa da Pajuçara, na madrugada Houve o aumento da área com seca grave (S2) e seca
desta sexta, um grupo invadiu a agência com um carro, moderada (S1) no sul e centro do estado. No norte do estado,
quebrou as vidraças e em seguida incendiou o local. Os surgiu uma área de seca fraca, por isso a indicação de seca de
suspeitos estavam acompanhados de um grupo que deu apoio curto prazo (C) nessa região. Sendo que no extremo noroeste
à fuga, de acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE). do estado ainda permanece uma área sem seca.
Ainda durante a madrugada desta sexta-feira, o Palácio O Monitor de Secas do Nordeste, que é um processo de
Municipal da Prefeitura de Maracanaú também foi atacado. acompanhamento da estiagem realizado por Institutos de
Uma das salas no térreo, que estava em reforma, foi Meteorologia do Nordeste - incluindo a Funceme - sob
incendiada. A ação não resultou em vítimas e o fogo foi coordenação da Agência Nacional das Águas (ANA), apontou
controlado logo em seguida. que o Ceará tinha, em julho deste ano, 8,3% do seu território
sem seca relativa, isto é, sem impactos negativos a curto e
Envio da Força Nacional longo prazos.
Diante dos ataques, o governador do Ceará Camilo Santana
(PT) solicitou, na quinta-feira, o apoio da Força Nacional ao Comparativo ao mês anterior
ministro da Justiça, Sérgio Moro. O cenário é diferente em relação ao mês de junho, quando
O ministro assinou nesta sexta-feira a autorização para o o Estado apresentava 36,75% do seu território sem estiagem.
uso da Força Nacional no Ceará, por 30 dias. Apesar do avanço da área com algum nível de seca, não houve
alteração quanto à classificação, isto é, apenas a expansão das
Sobral, Acaraú, Beberibe e Iguatu receberão novas áreas que continuam sendo classificadas em grave, moderada
varas judiciárias implantadas pelo TJCE17 e fraca.
O novo mapa aponta que o nível mais severo que atinge o
Previsão é que as novas unidades sejam implementadas Ceará é o de seca grave, totalizando 25,08% do território.
até outubro deste ano. Quando comparado com junho de 2018, o mesmo índice era de
O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) irá implantar cinco 7,56%. Já em relação ao mesmo período do ano passado,
novas varas nas comarcas de Sobral (duas), Acaraú, Beberibe observa-se que, em 2017, o cenário era mais crítico, pois o
e Iguatu. A implantação foi definida nesta quinta-feira (20/09), Estado tinha 10,31% em seca extrema.
durante uma reunião do grupo do TJCE no Palácio da Justiça,
Bairro Cambeba, em Fortaleza. Dados Nordeste
Segundo o juiz auxiliar da Presidência do Tribunal, O mês de julho é considerado um mês climaticamente
Marcelo Roseno, as unidades deverão ser instaladas até o mês chuvoso, com precipitações acima de 200mm, no setor leste do
de outubro. O magistrado informou ainda que a expectativa é Nordeste brasileiro.
que mais nove varas sejam instaladas até janeiro de 2019, no No noroeste do Maranhão também são esperadas chuvas
fim da atual gestão do órgão. significativas, com valores acima de 150 mm, nesse período.
“Estamos realizando o acompanhamento do cronograma Porém, na maior parte da Região já iniciou o período seco,
de instalação das novas varas e tomando todas as providências onde as precipitações esperadas são inferiores a 25mm.
necessárias para concluir a implantação da reestruturação da O mês de julho destacou-se por precipitações de fraca
organização judiciária”, explicou o juiz. intensidade, no leste do Nordeste, onde se esperava valores
As novas varas foram definidas por uma lei de autoria do significativos. As precipitações ficaram muito abaixo do
TJCE para transferir as unidades consideradas com poucas esperado em toda região Nordeste, excetuando-se apenas o
demandas para comarcas com grande quantidade de noroeste do Maranhão e nordeste do Rio Grande do Norte.
processos. Os parâmetros de transferência foram definidos As maiores reduções da precipitação se concentraram no
com base nas regras do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). leste da Região, com redução superior a 200mm. A redução das
De acordo com o cronograma definido pelo Tribunal, este chuvas, nos últimos três meses na Região, refletiu na piora dos
ano já foram instaladas cinco varas nas comarcas de: Ocara, indicadores de seca, havendo expansão das áreas e
Itaitinga, Horizonte, Canindé e Caucaia. No total, a agravamento na intensidade do quadro de seca em todos os
reestruturação previu a criação de 19 unidades em todo o estados da Região.
estado.

17 G1 CE. Sobral, Aracaú, Beberibe e Iguatu receberão novas receberão novas iguatu-receberao-novas-varas-judiciarias-implantadas-pelo-tjce.ghtml. Acesso
varas judiciárias implantadas pelo TJCE. em 20 de fevereiro.
https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2018/09/21/sobral-acarau-beberibe-e- 18 G1 CE. Grau de severidade da seca se agrava no Ceará, aponta Monitor das
Secas. G1 Ceará. Acesso em 24 de agosto de 2018.

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Milho é o principal produto do campo na maior parte Feijão onipresente


das cidades do Ceará19 A produção de feijão está presente em 303 mil
estabelecimentos de todas as regiões do Ceará. É o produto
Das 184 cidades do Ceará, 68 produzem o milho em maior com maior frequência nas fazendas e pontos de produção
quantidade. agrícola do estado. O feijão também é um dos itens básico da
O milho é o bem de consumo agropecuário produzido em alimentação do cearense.
maior escala em 66 das 184 cidades do Ceará. Os produtos
"campeões" de produção em maior número de municípios,
após o milho, são mandioca, sorgo e banana. Os dados foram
divulgados nesta semana no Censo Agropecuário, estudo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Considerando a produção em todo o estado, no entanto, a
cana-de-açúcar é o item de maior volume no Ceará. Em 2017,
foram produzidas 826 toneladas da cana-de-açúcar.
O G1 explica a produção da agricultura no Ceará em quatro
gráficos, com base em dados do Censo Agropecuário.

Milho campeão nas cidades


Em 66 cidades do Ceará, o milho é o alimento mais
produzido. Em 2017, foram produzidas 251 toneladas em todo
o estado, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística.

Galinhas e frangos dominam


Os galináceos, que incluem galinhas e francos, são
disparados os mais numerosos no estado, conforme o estudo
do IBGE. Em todo o Ceará, são quase 27 milhões desses
animais, quase três vezes mais o número da população
cearense. Os bovinos, que aparecem em segundo lugar, somam
1,8 milhão de unidades.

Cana-de-açúcar é o principal produto


Foram 826 toneladas de cana-de-açúcar produzidas no
estado no ano passado, o produto campeão no estado. Em
seguida aparecem o sorgo (716 toneladas), milho (251
toneladas), banana (217 toneladas) e mandioca (140
toneladas).
Ceará tem sequência de ataques a prédios públicos e
mais de 50 veículos incendiados durante madrugada20

Secretaria da Segurança informou que seis suspeitos de


participação nos crimes foram presos. Veículos incendiados
estavam no prédio da Seinfra de Cascavel.
Seis homens foram presos suspeitos de participação na
sequência de ataques criminosos contra ônibus e prédios
públicos no sábado (24/03) e na madrugada deste domingo
(25/03) no Ceará. Com eles, a polícia apreendeu munição e
garrafas de gasolina usadas nos crimes. Em um dos ataques,
bandidos incendiaram mais de 50 veículos apreendidos pela
polícia, que estavam em um terreno no prédio da Secretaria da
Infraestrutura (Seinfra) da cidade de Cascavel, no litoral do
estado.

19 G1 CE. Milho é o principal produto do campo na maior parte das cidades 20 Valdir Almeida. Ceará tem sequência de ataques a prédios públicos e mais
do Ceará. G1 Ceará. https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2018/07/29/milho- de 50 veículos incendiados durante madrugada. G1 Ceará.
e-o-principal-produto-do-campo-na-maior-parte-das-cidades-do-ceara.ghtml. https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/ceara-tem-sequencia-de-ataques-a-
Acesso em 24 de agosto de 2018.

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Os ataques atingiram prédios públicos de Fortaleza e no pra ver muito bem a quantidade porque estava escuro, mas
interior do estado. Veja a sequência de ações criminosas conseguimos apagar o fogo", comentou o tenente.
ocorridas neste fim de semana: Os bombeiros conseguiram debelar as chamas por volta de
- Cinco ônibus foram completamente destruídos ao longo 0h30 e evitar que as chamas atingissem casas vizinhas ao local.
do sábado e na madrugada deste domingo na capital. Outros Ninguém ficou ferido, conforme o Corpo de Bombeiros.
cinco foram parcialmente danificados. Equipes das polícias Civil e Militar também foram ao local
- Homens atiraram contra o prédio da Secretaria da Justiça durante o ocorrido e realizaram buscas pelos suspeitos. No
na madrugada sábado, no Bairro Aldeota. Três deles morreram entanto, ninguém foi preso. O G1 não conseguiu contato com a
em confronto com a polícia. Delegacia de Cascavel.
- Criminosos queimaram mais de 50 carros e motos em um
prédio da Secretaria da Infraestrutura de Cascavel. Ações na capital
- Ainda nesta madrugada, criminosos usaram bombas Um dos blocos do prédio da Secretaria Regional IV, no
caseiras para incendiar um dos blocos da Secretaria Regional Bairro Serrinha, foi queimado por bandidos, que utilizaram
IV, no Bairro Serrinha. bombas incendiárias do tipo coquetel molotov. O fogo destuiu
- Homens arremessaram uma bomba incendiária contra o computadores, móveis e equipamentos eletrônicos. As chamas
prédio da Coordenadoria Integrada de Operações de puderam ser vistas do lado de fora do prédio, segundo
Segurança (Ciops) de Sobral, na região Norte do estado. moradores da região.
- O Juizado Especial Cível e Criminal, no Bairro Itaperi, A Regional IV comunicou que o atendimento ao público
também foi atacado a tiros na madrugada. será suspenso até que a situação no prédio seja restabelecida.
- Duas antenas de telefonia foram danificadas por No local, funcionava os serviços de acolhimento, protocolo e
criminosos no Bairro Jardim Iracema e na Avenida Maestro habitação.
Lisboa, no Bairro José Alencar. O local atingido pelas chamas havia sido reformado e
Conforme a SSPDS, quatro homens foram presos no sábado entregue à população no dia 2 de fevereiro deste ano. O órgão
e dois, na manhã deste domingo. As prisões de sábado informou que o prédio foi periciado e passará por reformas.
ocorreram no Bairro Vila União e no Centro da capital. Os Além da Regional, suspeitos também atacaram a tiros o
suspeitos estavam com munição e galões contendo prédio do 19º Juizado Especial Cível e Criminal de Fortaleza,
combustível. no Bairro Itaperi. As marcas de balas ficaram pelas paredes da
Já nesta manhã, policiais do Batalhão de Choque unidade, mas ninguém ficou ferido.
abordaram dois homens em uma moto na Avenida Presidente
Castelo Branco (Leste Oeste), no Bairro Moura Brasil. Com Ataques a ônibus
eles, a PM encontrou uma mochila com nove garrafas de A Secretaria da Secretaria da Segurança confirmou que
gasolina. Um dos suspeitos já respondia por tráfico de drogas. cinco ônibus foram completamente destruídos em ataques
A participação de cada suspeito nos ataques está sendo incendiários durante o sábado, em Fortaleza. O Sindicato das
investigada pela Polícia Civil do Ceará. Em nota, o órgão Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará
comunicou também que "determinou o reforço no (Sindiônibus) afirmou que outros cinco veículos foram
policiamento, inclusive com apoio de helicópteros da parcialmente queimados.
Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer)". Um Os crimes ocorreram após uma tentativa de ataque na
bilhete deixado no incêndio à secretaria regional na Avenida Secretaria de Justiça que resultou na morte de três suspeitos.
Silas Munguba citava vingança pela morte de três pessoas que Após a sequência de crimes, a Empresa de Transporte
atacaram o prédio da Secretaria da Justiça no sábado (24/03) Urbano de Fortaleza (Efufor) decidiu que os veículos vão
pela manhã. Antes, um outro bilhete deixado no primeiro circular em comboios com acompanhamento de policiais
ataque a prédio público na semana, na quinta-feira, continha militares e guardas municipais.
ameaças por conta da instalação de bloqueadores de sinal de
celular em presídios. Maior chacina do Ceará é destaque na imprensa
Em pronunciamento em uma rede social na tarde de internacional21
domingo, o governador Camilo Santana afirmou que o Estado
não vai se intimidar com os ataques criminosos. “Não 14 pessoas foram assassinadas durante uma festa no
conseguirão intimidar o Estado. Muito pelo contrário: essas Bairro Cajazeiras, em Fortaleza. Um suspeito foi preso.
ações serão respondidas com força, à altura que for A notícia da chacina que deixou 14 mortos em uma festa no
necessária”, afirmou. Bairro Cajazeiras, em Fortaleza, neste sábado (27/08), foi
assunto na imprensa internacional. Jornais de diversos países,
Veículos queimados como Inglaterra, Espanha, Argentina, Noruega e França,
Conforme o tenente Cordeiro, do Corpo de Bombeiros de destacaram a violência ocorrida na maior chacina do estado do
Horizonte, que atendeu a ocorrência em Cascavel, as chamas Ceará.
atingiram mais de 45 motos e cerca de 10 carros que estavam Um grupo armado disparou contra a danceteria "Forró do
apreendidos. O fogo começou após dois homens pularem o Gago" por volta de 1h30 (horário de Brasília), deixando 14
muro do prédio e incendiarem parte dos veículos. mortos. Vários homens armados chegaram em três carros,
A equipe dos Bombeiros foi acionada e se dirigiu ao local invadiram o local e dispararam tiros, conforme os relatos de
para conter as chamas. A rede elétrica precisou ser cortada moradores e policiais ouvidos pelo G1. Pelo menos 10 pessoas
para evitar um curto-circuito. Uma sala, que servia como ficaram feridas.
almoxarifado, também foi atingida pelo fogo e ficou destruída. A rede britânica BBC mostrou que "atiradores fazem
Moradores da região relataram que ouviram diversas tempestade em clube de Fortaleza matando 14". "Homens
explosões durante a noite no local. armados invadiram uma boate no nordeste do Brasil, matando
"O fogo se espalhou rápido, porque tem muito material pelo menos 14 pessoas", escreveu o noticiário.
inflamável, como os pneus e os bancos dos carros. Não dava

predios-publicos-e-mais-de-50-veiculos-incendiados-durante-madruga.ghtml. do-ceara-e-destaque-na-imprensa-internacional.ghtml. Acesso em 24 de agosto de


Acesso em 24 de agosto de 2018. 2018.
21 Valdir Almeida. Maior chacina do Ceará é destaque na imprensa
internacional. G1 Ceará. https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/maior-chacina-

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O "The Washington Post", dos EUA, destacou a quantidade comportamentos, valores morais, crenças e símbolos, dentre
de pessoas mortas na chacina. "Atiradores matam muitos em outros aspectos mais gerais, como forma de organização
festa no Brasil", salientou a publicação. social, política e econômica que caracterizam uma sociedade.
Já o argentino "Lá Nácion" apontou que Fortaleza Dessa forma, podemos pensar na seguinte questão: o que
presenciou um "massacre". O jornal ressaltou que esta foi a caracteriza a cultura brasileira?
maior chacina do Estado do Ceará. Certamente, ela possui suas particularidades quando
O "Clarín", também da Argentina, mostrou as imagens do comparada ao restante do mundo, principalmente quando nos
clube onde ocorreu a chacina. No texto, o periódico destacou debruçamos sobre um passado marcado pela miscigenação
que "um grupo de homens armados entrou nas instalações racial entre índios, europeus e africanos e que sofreu ainda a
esta manhã e abriu fogo indiscriminadamente contra os influência de povos do Oriente Médio e da Ásia. Na prática isso
presentes". reflete em aspectos religiosos, musicais, gastronômicos (...) em
A notícia também foi destaque nos noticiários dos jornais que apesar de serem brasileiros, sofrem fortes influências
"Europa Press", da Espanha; "The Straits Times", da Singapura; europeias, indígenas e africanas.
"Orange", da França; "The Independent", da Inglaterra", dentre A diversidade cultural reflete os diferentes costumes e
outros portais de notícia. práticas que compõem a sociedade brasileira. O Brasil é um
Entre os 14 mortos, há oito vítimas do sexo feminino e seis país de dimensões continentais, que passou por diversos
do sexo masculino. Um motorista do aplicativo Uber e um processos de ocupação, migração, imigração e emigração,
vendedor de cachorro-quente estão entre os mortos. Um incorporando os traços de diversos povos e sociedades para
menino de 12 anos ficou ferido. compor uma cultura única e diversificada. Além disso, por
O número da maior chacina do Estado do Ceará foi conter um extenso território, apresenta diferenças climáticas,
confirmado pelo secretário da Segurança Pública, André Costa. econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões.
A secretaria informou que a polícia prendeu uma pessoa
suspeita de participar da chacina e apreendeu um fuzil. Textos noticiados:

Marcas de violência Ignácio de Loyola Brandão é eleito para a Academia


O G1 esteve no local do crime horas após a chacina. Os Brasileira de Letras22
moradores relataram que "têm medo de sair de casa até pra Escritor e jornalista foi escolhido, por unanimidade, para a
comprar pão". Eles contaram que um motorista que tinha cadeira 11 da ABL. Novo 'imortal' da entidade preenche a vaga
acabado de deixar um passageiro e um vendedor de cachorro- que era do jurista e sociólogo Hélio Jaguaribe.
quente morreram no tiroteio. O filho do ambulante, de 12 anos, O escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão foi eleito
é um dos feridos. nesta quinta-feira (14/03), por unanimidade, para a cadeira
Um outro morador, que preferiu não se identificar, disse 11 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele preenche a
que os suspeitos estavam armados com pistolas e fuzis, usando vaga que era do jurista e sociólogo Hélio Jaguaribe, que morreu
coletes e balaclavas. Ele contou que o tiroteio durou cerca de em setembro do ano passado.
40 minutos. Loyola – que ao longo da carreira lançou mais de 40 livros,
"Parecia um filme. Muito tiro e depois quando deixaram o entre romances, coletâneas de contos e de crônicas, relatos de
local eles ainda cantaram uma música de uma facção criminosa viagens, infantis e infantojuvenis, além de obra para o teatro –
e atiram para o alto", afirmou. recebeu todos os 31 votos possíveis.
Os demais concorrentes à vaga eram Eloi Angelos Ghio
NACIONAL D’Aracosia, Placidino Guerrieri Brigagão, José Roberto Guedes
de Oliveira, Remilson Soares Candeia, José Itamar Abreu Costa,
Cultura Marilena Barreiros Salazar, Raquel Naveira, Felisbelo da Silva,
Sérgio Caldeira de Araújo, Rodrigo Cabrera Gonzales e Lucas
saúde Menezes.
Olá candidato(a). No conteúdo a respeito de Após a votação, o Presidente da ABL, Marco Lucchesi, fez a
Cultura dentro dos tópicos de atualidades, tradicional queima dos votos.
teremos uma ordem um pouco diferente. Antes
dos textos noticiados no período estipulado pelo Sobre Ignácio de Loyola Brandão
edital, traremos uma pequena introdução Ignácio de Loyola Brandão nasceu em 1936, em
falando a respeito da cultura brasileira e sua Araraquara (SP). Começou a carreira como jornalista, ainda na
diversidade. Caso tenha alguma dúvida, por juventude. Quando tinha 21 anos, mudou-se para São Paulo.
favor entre em contato conosco. Trabalhou no jornal "Última Hora" e passou ainda pelas
revistas "Claudia", "Realidade", "Setenta", "Planeta", "Ciência e
Vida", "Lui" e "Vogue".
A cultura no Brasil é um reflexo da formação do país já no Atualmente, publica uma crônica quinzenal no jornal "O
período colonial, quando começam a surgir as primeiras Estado de S. Paulo".
relações entre portugueses e indígenas, nos primeiros anos do Em 2016, Loyola ganhou, pelo conjunto da obra, o Prêmio
contato. Ao longo de mais de cinco séculos de transformação, Machado de Assis de 2016, entregue pela própria ABL.
ela incorpora elementos de todos aqueles que ajudaram a criar
o país ou que vieram para o Brasil em buscas de vida nova. Do Dentre os principais livros do autor, estão:
churrasco ao acarajé, catolicismo a umbanda, norte ao sul, o "Zero"
Brasil é um país de contrastes, definidos por seus habitantes "Não verás país nenhum"
que convergem seus costumes, crenças e práticas em território "Dentes ao sol"
nacional. "O beijo não vem da boca"
Mesmo admitindo a existência de diversos estudos e "Cadeiras proibidas"
discussões antropológicas sobre o conceito de cultura, "O anônimo célebre"
podemos considerá-la a grosso modo da seguinte forma: "O mel de Ocara"
cultura diz respeito a um conjunto de hábitos,

22 G1 Rio. Ignácio de Loyola Brandão é eleito para a Academia Brasileira de elege-ignacio-de-loyola-brandao-como-novo-imortal-da-academia.ghtml. Acesso
Letras. G1. https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/03/14/abl- em 15 de março de 2019.

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Os ocupantes anteriores da cadeira 11 da ABL foram: Chico da Matilde (jangadeiro que lutou pela Abolição da
Lúcio de Mendonça (fundador), que escolheu como Escravatura no Ceará) e Luisa Mahin (líder da Revolta dos
patrono Fagundes Varela Malês, no Império).
Pedro Lessa Durante a apuração, em nenhum momento a escola
Eduardo Ramos fundada por Cartola foi ameaçada – só 2 das 36 notas não
João Luís Alves foram 10. Com o 20.º título, também se aproxima da líder nesse
Adelmar Tavares quesito, a Portela, que tem 22.
Deolindo Couto A vice-campeã Viradouro também se manteve neste posto
Darcy Ribeiro a maior parte do tempo, perdendo em apenas dois quesitos
Celso Furtado para a Vila Isabel. Recém-alçada ao Grupo Especial, após três
Hélio Jaguaribe anos na segunda divisão, a Viradouro obteve esse desempenho
graças ao talento de Paulo Barros, que apresentou um enredo
Com homenagem a Marielle Franco, Mangueira vence sobre fábulas infantis revisitadas por um adulto.
carnaval do Rio23 A Beija-Flor, campeã em 2018 e que neste ano contou a
própria história, decepcionou com o 11.º lugar. A escola não
‘Ele (Bolsonaro) deveria mostrar ao mundo o carnaval da contou mais com o carnavalesco Laíla, que se transferiu para
Mangueira’, disse o carnavalesco Leandro Vieira, após o 2º Unidos da Tijuca, sétima colocada. A vice-campeã de 2018,
campeonato em 4 anos; preparação foi confusa, com prisão de Paraíso do Tuiuti, também caiu bastante: ficou com o oitavo
presidente e puxador, mas samba já havia conquistado as ruas lugar, após ter problemas em dois carros alegóricos. A escola
antes do desfile na Sapucaí contou a história do bode Ioiô, “eleito” vereador em Fortaleza
Com um enredo em que contestou a história oficial do em 1922.
Brasil, homenageou heróis populares e deu destaque à
vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), assassinada em Quatro perguntas para Mônica Benício
março de 2018, a Estação Primeira de Mangueira conquistou
nesta quarta-feira, 06/03, o 20.º título. O carnavalesco Marielle ajudou a Mangueira a ganhar o campeonato?
Leandro Vieira, com o segundo título em quatro anos, afirmou A Mangueira ajudou na luta por justiça. Sem dúvida, havia
que a conquista é “um recado” ao presidente Jair Bolsonaro. um sentimento de solidariedade. A Mangueira trouxe a
“O carnaval não é o que ele (Bolsonaro) acha que é. Ele urgência da construção política e a justiça por Marielle.
deveria mostrar para o mundo o carnaval da Mangueira, o Demonstrou que vidas faveladas importam. Foi uma
carnaval da arte, o carnaval da luta, o carnaval do povo, o contribuição mútua, junção de amor e solidariedade.
carnaval da cultura popular”, afirmou Vieira, em referência aos
posts criticando cenas obscenas nas ruas. A escola teve todos Essa vitória vai contribuir para acelerar as
os 270 pontos possíveis, considerando o descarte da nota investigações?
mínima em cada um dos nove quesitos. Não sei se acelera, mas pressiona para que o resultado
A Unidos do Viradouro, que retornou ao Grupo Especial chegue. O mais importante é saber quem mandou matar.
neste ano, somou 0,3 ponto a menos e foi a vice-campeã, sob o
comando de Paulo Barros. Foram rebaixadas Imperatriz Por que você foi a única parente a desfilar?
Leopoldinense, em 13.º lugar com 266,6 pontos, e Império Não sei responder pelos demais. Fui convidada pelo
Serrano, em 14.º com 263,8 pontos. Se o regulamento for Leandro (Vieira, carnavalesco).
mantido, o que não aconteceu nos dois últimos anos, em 2020
elas disputarão a Série A, segunda divisão do samba cariocas. Agora vai comemorar a vitória a noite inteira?
No trajeto inverso, a Estácio de Sá venceu a Série A e em A ideia é celebrar a vitória da Mangueira e o início da
2020 voltará à elite. Ela é herdeira da Deixa Falar, fundada em justiça por Marielle.
1928 e considerada a primeira escola de samba do País. Presidente da Liesa diz que prefeitura do Rio tem que
Durante a preparação para o carnaval, a Mangueira teve cuidar melhor da Sapucaí
duas dificuldades: o presidente da escola, deputado estadual O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba
Chiquinho da Mangueira (PSC), foi preso em novembro (Liesa), Jorge Castanheira, remeteu à prefeitura do Rio de
acusado de envolvimento em esquema de propinas na Janeiro e à Riotur, empresa de turismo do município, a
Assembleia Legislativa. Por causa dessa prisão, a Uber, que responsabilidade por melhorias na Marquês de Sapucaí. Neste
havia oferecido R$ 500 mil para cada escola, desistiu do ano, temendo a segurança dos frequentadores, o Ministério
patrocínio. Chiquinho está em prisão domiciliar. No fim da Público liberou o espaço a cerca de uma hora do desfile do
apuração, seu nome foi gritado em coro pelos diretores no grupo de acesso, na última sexta-feira, 1.
sambódromo. "Tem que falar com a prefeitura e a Riotur para cuidar
O segundo susto foi a prisão do intérprete da escola, melhor da Sapucaí", afirmou Castanheira. Ele se esquivou, no
Marquinho Art’Samba, em plena Marquês de Sapucaí, logo entanto, a criar polêmica em torno da ameaça do prefeito
após o ensaio técnico de 17 de fevereiro. Ele devia pensão Marcello Crivella de cortar definitivamente a verba das escolas
alimentícia e passou um dia na prisão. “Foi o carnaval da de samba. O município reduziu de R$ 2 milhões a subvenção
superação para mim e toda minha família”, afirmou o cantor, concedida à cada agremiação do grupo especial, em 2017, para
que neste ano estreou na verde e rosa. O samba foi o primeiro R$ 500 mil neste ano. Agora, avalia repassar toda
trunfo da Mangueira: escolhido em outubro, tornou-se muito responsabilidade para a iniciativa privada.
popular nas ruas, tanto pela qualidade musical como por citar "Tudo tem que ser pensado de cabeça fria. As escolas estão
expressamente a vereadora Marielle – que se tornou figura com muita dificuldade. Tem que ser pensado o financiamento,
central, homenageada na Comissão de Frente e na última ala. se não vai ficar inviável", disse Castanheiro, argumentando, em
A viúva de Marielle, Mônica Benício, foi um dos destaques. seguida, que o momento é de comemoração, com a vitória da
Entre as duas homenagens, a escola exaltou heróis Mangueira, vencedora com a homenagem à vereadora
populares como Zumbi dos Palmares (interpretado pelo assassinada Marielle Franco.
músico e presidente de honra da Mangueira Nelson Sargento),

23 Grellet, F. Nunes F. Com homenagem a Marielle Franco, Mangueira vence rio,70002745655?utm_source=twitter:newsfeed&utm_medium=social-


carnaval no Rio. Estadão. https://brasil.estadao.com.br/noticias/rio-de- organic&utm_campaign=redes-sociais:032019:e&utm_content=:::&utm_term=.
janeiro,com-homenagem-a-marielle-franco-mangueira-vence-carnaval-do- Acesso em 07 de março de 2019.

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Mas, para o presidente da Liesa, a opção pela crítica social estamos sendo encorajados a não olhar. Muito obrigado Libo
não explica totalmente a vitória da Mangueira. "Outras escolas (sua babá na vida real, que inspirou o filme)", disse Cuarón.
vieram com uma tônica política e nem por isso foram
vencedoras. O carnaval é reflexo do que acontece na sociedade. Spike Lee e seu primeiro Oscar 'oficial'
Foi um carnaval extremamente competitivo", acrescentou. Spike Lee levou seu primeiro Oscar competindo com
outros profissionais, pelo roteiro adaptado de "Infiltrado na
'Green Book', 'Roma' e 'Bohemian Rhapsody' são os Klan". Em 2006, o americano ganhou um Oscar Honorário e na
principais vencedores do Oscar 201924 época criticou a quantidade de negros concorrendo ao prêmio.
"Diante do mundo, eu gostaria de reverenciar os ancestrais
'Green Book' levou como melhor filme. Mexicano Alfonso que construíram esse país, e também os que sofreram
Cuarón levou três estatuetas e filme sobre o Queen foi o maior genocídios", disse ele em seu discurso.
vencedor da noite, com quatro prêmios. "Os ancestrais vão ajudar a voltarmos a ganhar nossa
A cerimônia do Oscar consagrou "Green Book: O Guia", humanidade. As eleições de 2020 estão chegando, vamos
"Roma" e "Bohemian Rhapsody" neste domingo (24/02), em pensar nisso. Precisamos nos mobilizar, estar do lado certo da
Los Angeles. história. É uma escolha moral. Do amor sobre ódio. Vamos
A noite também foi importante pelo recorde de maior fazer a coisa certa", disse, citando seu próprio filme.
número de prêmios para profissionais negros (7 estatuetas) e
para mulheres (15) em toda história da premiação. Pantera Negra e vitórias inéditas para negros
"Green Book: O Guia", sobre a amizade entre um motorista Ruth E. Carter ganhou o Oscar de Melhor Figurino e se
racista e um músico negro, venceu como Melhor Filme, além tornou a primeira pessoa negra a levar nesta categoria. Outra
de Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante (Mahershala Ali). A vitória inédita veio com Hannah Beachler, a primeira mulher
cinebiografia do Queen e de Freddie Mercury levou quatro negra a ganhar em Direção de Arte.
estatuetas, incluindo melhor ator para Rami Malek. "Isso levou tanto tempo... Spike Lee, obrigado por ser meu
"Roma" deu três prêmios a Alfonso Cuarón, incluindo sua começo. Espero que isso te deixe orgulhoso. Marvel criou o
segunda estatueta como diretor e o primeiro Oscar de Filme primeiro super-herói negro, mas com o nosso figurino o
Estrangeiro para o México. transformamos em um rei africano", disse Ruth. A figurinista
já havia sido duas vezes indicada, por "Amistad (1997) e
Outros destaques do Oscar 2019: "Malcom X" (1992), dirigido por Lee.
- "A Favorita" bateu a favorita: Olivia Colman foi Melhor
Atriz pelo filme "A Favorita". No discurso, ela pediu desculpas Um Oscar para Gaga
a Glenn Close, que era apontada como favorita ao prêmio, na Lady Gaga não foi a Melhor Atriz, mas levou Melhor Música
7ª indicação sem vitória por "Shallow", junto com Mark Ronson, Anthony Rossomando
- Lady Gaga levou por Melhor Canção com "Shallow", a e Andrew Wyatt, coautores da canção.
única estatueta de "Nasce uma estrela" Ela se emocionou e agradeceu ao diretor do filme e colega
- Spike Lee ganhou seu primeiro Oscar "oficial", após de elenco em "Nasce uma estrela", com quem tinha cantado a
prêmio honorário em 2006. Foi pelo roteiro original de música antes de rosto coladinho:
"Infiltrado na Klan" "Bradley [Cooper], não tem nenhuma pessoa no planeta
- "Pantera Negra" levou 3 prêmios técnicos: trilha sonora, com quem eu poderia cantar essa música a não ser você.
figurino (o 1º para profissional negro) e direção de arte (1º Obrigada."
para uma mulher negra) "Não é sobre ganhar, é não desistir. Se você tem um sonho,
- A Netflix foi premiada quatro vezes: além de "Roma", lute por ele. Existe uma disciplina. Não é sobre quantas vezes
levou documentário em curta-metragem com "Absorvendo o você foi rejeitado, caiu e teve que levantar. É quantas vezes
tabu" você fica em pé, levanta a cabeça e vai adiante", ela disse.
- Rami Malek foi o melhor ator e celebrou a chance de O cineasta brasileiro Nelson Pereira dos Santos foi um dos
contar a história de Freddie Mercury: 'um homem gay, um nomes lembrados na seção que homenageou os artistas que
imigrante, que viveu a vida sem pedir licença' morreram no último ano.
- Show do Queen abriu a cerimônia, a primeira sem
apresentador em 30 anos Veja a lista de premiados do Oscar 2019:
Melhor Filme
"Essa é uma história de amor. Sobre sabermos amar uns - "Green Book: O guia"
aos outros apesar das diferenças", disse o diretor Peter - "Bohemian Rhapsody"
Farrelly ao agradecer no palco pelo Oscar de Melhor Filme de - "Infiltrado na Klan"
"Green book: O guia". - "A favorita"
- "Pantera Negra"
Três vezes Alfonso Cuarón - "Roma"
Cuarón levou prêmios de Fotografia, Filme Estrangeiro e - "Nasce uma estrela"
Diretor. "Eu cresci vendo filmes em língua estrangeira... Como - "Vice"
'Cidadão Kane', 'Turabão' e 'O poderoso chefão'", comentou o
mexicano ao vencer com "Roma" o prêmio de Filme Ator
Estrangeiro. - Rami Malek ("Bohemian Rhapsody")
No último discurso, ele disse: "Agradeço à Academia por - Christian Bale ("Vice")
reconhecer um filme que trata de uma mulher indígena, e uma - Bradley Cooper ("Nasce Uma Estrela")
das 70 milhões de empregadas domésticas sem direitos - Willem Dafoe ("No Portal da Eternidade")
trabalhistas. Uma personagem historicamente sempre deixada - Viggo Mortensen ("Green Book")
para trás. "
"O nosso trabalho é olhar para onde ninguém olha. Essa Atriz
responsabilidade se torna muito maior numa época onde - Olivia Colman ("A Favorita")

24 G1. ‘Green Book’, ‘Roma’ e ‘Bohemian Rhapsody’ são os principais rhapsody-sao-os-principais-vencedores-do-oscar-2019.ghtml. Acesso em 25 de
vencedores do Oscar 2019. G1 Oscar 2019. https://g1.globo.com/pop- fevereiro de 2019.
arte/cinema/oscar/2019/noticia/2019/02/25/green-book-roma-e-bohemian-

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- Lady Gaga ("Nasce Uma Estrela") - "Ilha dos Cachorros"


- Glenn Close ("A Esposa") - "Mirai"
- Yalitza Aparicio ("Roma") - "WiFi Ralph - Quebrando a Internet"
- Melissa McCarthy ("Poderia Me Perdoar?")
Canção original
Diretor - "Shallow", "Nasce uma estrela"
- Alfonso Cuarón ("Roma") - "All The Stars", "Pantera Negra"
- Spike Lee ("Infiltrado na Klan") - "I’ll Fight", "RBG"
- Yorgos Lanthimos ("A Favorita") - "The Place Where Lost Things Go", "O retorno de Mary
- Adam McKay ("Vice") Poppins"
- Pawel Pawlikowski ("Guerra fria") - "When A Cowboy Trades His Spurs for Wings", "A balada
de Buster Scruggs"
Atriz coadjuvante
- Regina King - "Se a rua Beale falasse" Figurino
- Amy Adams - "Vice" - "Pantera Negra"
- Emma Stone - "A favorita" - "A balada de Buster Scruggs"
- Rachel Weisz - "A favorita" - "A favorita"
- Marina de Tavira - "Roma" - "O retorno de Mary Poppins"
- Trilha sonora original - "Duas rainhas"
- "Pantera Negra"
- "Se a rua Beale falasse" Curta-metragem
- "O retorno de Mary Poppins" - "Skin"
- "Infiltrado na Klan" - "Detainment"
- "Ilha dos cachorros" - "Fauve"
- "Marguerite"
Ator coadjuvante - "Mother"
- Mahershala Ali – "Green Book - O guia"
- Adam Driver - "Infiltrado na Klan" Edição de som
- Richard E. Grant – "Poderia me perdoar?" - "Bohemian Rhapsody"
- Sam Elliott - "Nasce uma estrela" - "Pantera Negra"
- Sam Rockwell – "Vice" - "O primeiro homem"
- "Um lugar silencioso"
Roteiro adaptado - "Roma"
- "Infiltrado na Klan"
- "A balada de Buster Scruggs" Mixagem de som
- "Poderia me perdoar?" - "Bohemian Rhapsody"
- "Se a rua Beale falasse" - "Pantera Negra"
- "Nasce uma estrela" - "O primeiro homem"
- "Roma"
Roteiro original - "Nasce uma estrela"
- "Green Book - O guia"
- "A favorita" Curta de animação
- "No coração da escuridão" - "Animal Behavior"
- "Roma" - "Bao"
- "Vice" - "Late Afternoon"
- "One Small Step"
Edição - "Weekends"
- "Bohemian Rhapsody"
- "Infiltrado na Klan" Direção de arte
- "A favorita" - "Pantera Negra"
- "Green Book - o guia" - "A favorita"
- "Vice" - "O primeiro homem"
- "O retorno de Mary Poppins"
Fotografia - "Roma"
- "Roma"
- "Guerra fria" Efeitos visuais
- "A favorita" - "Vingadores: Guerra infinita"
- "Never Look Away" - "Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível "
- "Nasce uma estrela" - "O primeiro homem"
- "Ready Player One"
Filme de língua estrangeira - "Solo: Uma história Star Wars"
- "Roma"
- "Cafarnaum" Maquiagem e penteado
- "Guerra fria" - "Vice"
- "Never Look Away" - "Duas rainhas"
- "Assunto de família" - "Border"

Melhor animação Documentário


- "Homem-Aranha no Aranhaverso" - "Free Solo"
- "Os Incríveis 2" - "Hale County"

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- "Minding the Gap" França-Brasil nesta semana informações sobre o


- "Of Fathers and Sons" encerramento.
- "RBG" — A gente teve o cuidado de mandar para a Casa França-
Brasil, a partir de terça-feira, o detalhamento de como seriam
Documentário curta-metragem as três performances do encerramento. O único pedido foi de
- "Absorvendo o tabu" que a gente alertasse que a performance do És Uma Maluca
- "Black Sheep" não era indicada para menores de 18 anos.
- "End Game" Ele considera “estranha” a movimentação na véspera da
- "Lifeboat" apresentação.
- "A Night at the Garden" — O que a gente pode entender disso? É um absurdo. Como
isso chegou ao governador, e por que ele está preocupado com
Governo do estado fecha exposição na Casa França- uma exposição na Casa França-Brasil? Pra mim isso é uma
Brasil que teria performance com nudez e crítica à censura, não posso entender de outra forma. Se isso foi
tortura25 comunicado antes, por que mudaram de ideia agora?
O GLOBO ainda entrou em contato com o coletivo És Uma
Último dia da mostra 'Literatura exposta' contaria com Maluca. De acordo com o grupo — que prefere se manifestar
ação do Coletivo És Uma Maluca. apenas coletivamente — a performance deste domingo estava
A Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro inicialmente prevista para ser realizada durante a abertura da
cancelou o último dia da exposição "Literatura exposta" na exposição. No entanto, a pedido da administração da Casa
Casa França-Brasil. A programação deste domingo incluía uma França-Brasil, foi adiada para o encerramento.
performance do coletivo És Uma Maluca, que faria uma crítica
à tortura durante a ditadura militar, com duas mulheres nuas Segunda proibição
interagindo com a obra “A voz do ralo é a voz de deus”. Tal obra O cancelamento da performance representa a segunda
já havia sofrido interferência da direção da casa quando foi proibição ao trabalho do coletivo És Uma Maluca durante a
inaugurada no mês passado. realização da exposição. Em dezembro, antes da atual gestão
Em nota enviada à imprensa, o secretário de Cultura e do governo do estado assumir, o diretor da Casa França-Brasil,
Economia Criativa, Ruan Lira, afirmou que o cancelamento foi Jesus Chediak, e o então secretário estadual de Cultura,
realizado devido a um descumprimento de contrato. Segundo Leandro Monteiro, decidiram proibir o áudio da instalação do
ele, o cancelamento aconteceu porque a programação deste coletivo, que em sua primeira versão utilizava a voz do
domingo não estaria incluída no contrato firmado. presidente Jair Bolsonaro.
"A decisão foi tomada devido ao descumprimento do Batizada de “A voz do ralo é a voz de Deus”, a instalação foi
contrato assinado entre as partes em 3 de julho de 2018 e que criada pelo coletivo é composta de 6 mil baratas de plástico em
prevê o cancelamento unilateral em caso de descumprimento volta da tampa de um bueiro, do qual saiam trechos de
das obrigações estabelecidas. O referido contrato não inclui discursos do presidente eleito. Para driblar a proibição, os
em seu objeto a programação informada para o último dia do artistas substituíram o discurso político por uma receita de
evento. Também exige que as atividades sejam autorizadas bolo, recurso utilizado frequentemente por jornais que eram
pelo Iphan, com pedido feito com 45 dias de antecedência, o censurados durante a ditadura militar.
que não ocorreu - impedindo, portanto, a realização do Para a exposição Literatura Exposta, cada artista ou
programa agendado para este domingo", escreveu. coletivo havia sido provocado a criar uma obra a partir da
Em mensagem publicada em sua conta no Instagram, o releitura de um texto de um escritor considerado periférico. O
curador da exposição, Álvaro Figueiredo, diz que a direção da trabalho do És Uma Maluca inspirou-se no conto "Baratária",
Casa França-Brasil já estava previamente avisada sobre a do escritor Rodrigo Santos, de São Gonçalo.
realização da performance deste domingo. E completou: Vencedor do primeiro Prêmio Festa Literária das
"Censura à exposição Literatura Exposta! Fecharam nossa Periferias (Flup), em 2012, Santos escreveu o conto em 2016.
exposição um dia antes da data oficial como forma de impedir É a história de uma mulher que tem traumas de baratas desde
que as performances da finissage acontecessem. Comuniquei que caiu em um túmulo cheio delas, no enterro de sua avó. Nos
com antecedência o teor das performances à direção da Casa, anos de chumbo, ela é presa, e um torturador introduz os
foi autorizado e ontem à noite enviaram esse comunicado. Esse insetos em sua vagina. Anos depois, a personagem o reconhece
é o governo que temos. A arte vai sobreviver aos ignorantes", num bar do Rio e parte para cima dele, também usando uma
escreveu o curador, ao compartilhar o e-mail que recebeu na barata encontrada no banheiro do estabelecimento.
noite de sábado avisando sobre o cancelamento da exposição.
A mensagem compartilhada por Figueiredo afirma ainda que o Reggae jamaicano entra na lista de Patrimônio
cancelamento da exposição foi uma ordem do governador do Imaterial da Unesco26
Rio, Wilson Witzel.
Para Figueiredo, não faz sentido a secretaria de cultura Ritmo alcançou proeminência na década de 1960 e tem em
exigir um detalhamento do que seria apresentado na Bob Marley seu maior ícone.
exposição no momento em que o contrato foi firmado, pois os O reggae, ritmo que nasceu na Jamaica e que tem em Bob
artistas desenvolveram as obras após a contratação. Marley seu maior ícone, entrou nesta quarta-feira (29/11),
— Tanto que, quando me pediram o projeto, nunca me para a lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco.
cobraram o conteúdo do que os artistas iam fazer, porque a O site da organização destaca que o gênero musical surgiu
gente não sabia ainda o que eles iriam preparar. A única num espaço cultural de grupos marginalizados,
obrigação que eles tinham era entregar o trabalho — afirmou principalmente no oeste de Kingston, capital jamaicana.
o curador, ao ressaltar que, mesmo assim, encaminhou à Casa

25 Luiza Barros. Governo do estado fecha exposição na Casa-França Brasil 23368861?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=compartil


que teria performance com nudez e crítica à tortura. O Globo Cultura. har. Acesso em 14 de janeiro de 2019.
https://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais/governo-do-estado-fecha- 26 G1. Reggae jamaicano entra na lista de Patrimônio Imaterial da Unesp. G1
exposicao-na-casa-franca-brasil-que-teria-performance-com-nudez-critica- Pop & Arte. https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2018/11/29/reggae-
tortura- passa-a-ser-patrimonio-cultural-da-humanidade-diz-unesco.ghtml. Acesso em 30
de novembro de 2018.

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A música, que alcançou proeminência na década de 1960, Em 1963, com a cabeça no movimento por direitos civis de
junta diversas influências: antigos ritmos jamaicanos, músicas negros no Estados Unidos, lançou os X-Men, uma equipe de
caribenhas, latinas, africanas e norte-americanas. mutantes que eram marginalizados e hostilizados pelos
Embora em seu estado embrionário o reggae fosse a voz humanos.
dos excluídos, ele acabou sendo incorporado por toda a
sociedade – vários gêneros, grupos étnicos e religiosos se Dos quadrinhos para cinema e TV
identificaram. Em 1981, Lee transformou seus heróis em desenhos
A Unesco destaca que os jamaicanos aprendem a tocar o animados exibidos por emissoras de TV.
ritmo já nas escolas. Quando a Marvel Comics e a Marvel Productions foram
Festivais como como Reggae Sumfest e Reggae Salute adquiridas pela New World Entertainment em 1986, os
também são vistos como oportunidade de estudo e horizontes do quadrinista foram se expandido ainda mais.
transmissão do conhecimento para futuros artistas e músicos. Lee teve a oportunidade de se envolver mais
O reconhecimento do reggae como patrimônio cultural profundamente na criação e desenvolvimento de filmes e
leva em consideração a contribuição para a discussão seriados. Ele constantemente fazia aparições nas produções do
internacional sobre questões como a injustiça, a resistência, estúdio.
amor e humanidade. "Meu pai amou todos seus fãs. Ele era o melhor homem e o
Bob Marley é considerado o maior expoente do estilo. Sua mais decente", comentou a filha do editor, Joan Celia Lee.
música simboliza protesto, a emancipação e a busca pela
liberdade. O "rei do reggae" vendeu mais de 200 milhões de Literatura de Cordel é reconhecida como Patrimônio
álbuns em todo o mundo. Ele morreu em Miami, em 11 de maio Cultural do Brasil28
de 1981, aos 36 anos de idade.
O gênero literário, que também é ofício e meio de
Stan Lee, criador de heróis da Marvel, morre aos 95 sobrevivência para inúmeros cidadãos brasileiros, a Literatura
anos27 de Cordel, foi reconhecido pelo Conselho Consultivo como
Patrimônio Cultural Brasileiro. A decisão foi tomada nesta
Quadrinista participou da criação de super-heróis icônicos quarta-feira, 19 de setembro, por unanimidade pelo colegiado
como Homem-Aranha, Thor, Hulk, X-Men, Pantera Negra, que está reunido no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. A
Demolidor, Homem de Ferro e Quarteto Fantástico. reunião também contou com a presença do Ministro da
Stan Lee, roteirista e editor da Marvel Comics, morreu aos Cultura, Sérgio Sá Leitão, da presidente do Instituto do
95 anos. A filha de Lee confirmou a morte nesta segunda-feira Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa
(12/11). e do presidente da Academia Brasileira de Literatura de
Ele passou mal em sua casa em Los Angeles, nos EUA, e foi Cordel, Gonçalo Ferreira.
levado ao hospital, onde morreu. Ele sofria de pneumonia e de Poetas, declamadores, editores, ilustradores (desenhistas,
problemas nos olhos. artistas plásticos, xilogravadores) e folheteiros (como são
Stanley Martin Lieber nasceu em 1922, em Nova York, nos conhecidos os vendedores de livros) já podem comemorar,
Estados Unidos. Começou a trabalhar em HQs com o pois agora a Literatura de Cordel é Patrimônio Cultural
pseudônimo de Stan Lee em 1939, contratado por John Imaterial Brasileiro.
Goodman, fundador da Timely Publications e primo de sua Apesar de ter começado no Norte e no Nordeste do país, o
mulher, Joan. cordel hoje é disseminado por todo o Brasil, principalmente
Ele se tornou um dos nomes mais importantes dos por causa do processo de migração de populações. Hoje,
quadrinhos americanos ao criar super-heróis como Homem- circula com maior intensidade na Paraíba, Pernambuco, Ceará,
Aranha, Thor, Hulk, X-Men, Pantera Negra, Homem de Ferro, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia,
Doutor Estranho e Demolidor. Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Em
Roteirista e editor da Marvel, foi um dos responsáveis por todos estes estados é possível encontrar esta expressão
transformar a empresa na maior editora de quadrinhos do cultural, que revela o imaginário coletivo, a memória social e o
mundo a partir de 1961. ponto de vista dos poetas acerca dos acontecimentos vividos
Após a mudança do nome da editora, primeiro para Atlas ou imaginados.
Comics, e depois para Marvel Comics, Lee revolucionou o
mercado de quadrinhos ao modernizar o gênero de heróis com Destruição de museu era 'tragédia anunciada', dizem
criações para um público mais velho, como o lançamento de pesquisadores29
“Quarteto Fantástico”.
Com dramas familiares e heroísmos que utilizavam Dirigentes e cientistas reclamam de falta de recursos para
elementos de ficção científica, as histórias ajudaram na fama preservar patrimônio nacional
de personagens mais complexos e realistas da Marvel em O incêndio no Museu Nacional revela a falta de cuidado do
relação à sua principal concorrente, a DC. poder público com o acervo histórico e científico do País e foi
O mesmo aconteceu com o Homem-Aranha em 1962, um classificado como um desastre anunciado por pesquisadores e
jovem adolescente que dividia suas aventuras com problemas dirigentes de instituições ouvidos pelo Estado neste domingo,
no colégio e contas a pagar, e que se tornou um dos heróis mais 02/09. “A dúvida não era se algo assim poderia acontecer, mas
populares dos quadrinhos. quando iria acontecer”, disse Walter Neves,
Em parceria com artistas como Jack Kirby e Steve Ditko, antropólogo conhecido como “pai da Luzia”, por ter descrito o
Lee ainda criou outros personagens icônicos, como Hulk, Thor, fóssil que é considerado o fóssil humano mais antigo das
Homem de Ferro e Demolidor. Américas, com 11 mil anos – item do acervo do local.

27 G1. Stan Lee, criador de heróis da Marvel, morre aos 95 anos. G1 Pop & 29 PUPO, A. GONÇALVEZ, A. ESCOBAR, H. PENNAFORT, R. Destruição de
Arte. https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2018/11/12/stan-lee-morre-aos- museu era ‘tragédia anunciada’, dizem pesquisadores. Estadão.
95-anos-diz-site.ghtml. Acesso em 13 de novembro de 2018. https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,destruicao-de-museu-era-tragedia-
28 IPHAN. Literatura de Cordel é reconhecida como Patrimônio Cultural do anunciada-dizem-
Brasil. http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4833/literatura-de-cordel-e- pesquisadores,70002485220?utm_source=twitter:newsfeed&utm_medium=social
reconhecida-como-patrimonio-cultural-do-brasil. Acesso em 20 de setembro de -organic&utm_campaign=redes-sociais:092018:e&utm_content=:::&utm_term=.
2018. Acesso em 03 de setembro de 2018.

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“O museu estava jogado apodrecendo, incluindo a parte abrigam coleções históricas. Um exemplo é o Museu Nacional
elétrica”, criticou Neves, professor aposentado da de Belas Artes, que recebeu impermeabilização em sua
Universidade de São Paulo (USP), ainda abalado com a notícia. cobertura e torre de arrefecimento. O Museu da República teve
O incêndio, diz, “é uma consequência direta do descaso do igualmente obras emergenciais realizadas, sendo recuperada
poder público.” O pesquisador criticou ainda o destino dos sua varanda e restaurada sua claraboia.
recursos. “Gastaram milhões para construir um museu do O Palácio Rio Negro, em Petrópolis, também passou por
futuro (Museu do Amanhã), enquanto um museu centenário, escoramento emergencial de sua varanda. Já o Museu Imperial,
que guarda a história do Brasil, ficou largado às traças.” na mesma cidade da região serrana fluminense, passou por
Segundo relatos de pesquisadores e funcionários da obras emergenciais no telhado de sua biblioteca.
instituição, os problemas se acumulam há vários
anos. Frequentadora do prédio histórico há 21 anos, como Manifestantes protestam contra a exposição
estudante, pesquisadora e professora, a antropóloga Adriana ‘Queermuseu’ no Rio de Janeiro30
Facina disse que desde que lá chegou os funcionários relatam
a falta da manutenção que a construção merece. “É um descaso Cerca de 40 pessoas se reuniram em frente ao Parque Lage
total com a pesquisa, o conhecimento e a cultura. É muito triste para protestar contra obras de arte; mostra recebeu 1,2 mil
ver o prédio em chamas”, disse ao Estado aos prantos, ao ver pessoas em menos de três horas
as imagens do incêndio. Cerca de 6,8 mil pessoas passaram pelas três salas da
Entre os dezenas de funcionários que acompanharam o exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte
incêndio, o clima era de desespero. “Minha vida toda estava aí Brasileira no Parque Lage, no Rio, entre sábado, 18/08, e
dentro”, disse o bibliotecário Edson Vargas, de 61 anos, que domingo, 19/08. A mostra, censurada em Porto Alegre no ano
trabalha há 43 anos na instituição. passado, abriu sua versão carioca neste sábado e fica por um
Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico mês no espaço.
Nacional (Iphan), ligado ao Ministério da Cultura, Kátia Bogéa De acordo com o diretor da Escola de Artes Visuais (EAV),
resumiu em uma frase o incêndio que consumiu o Museu Fábio Szwarcwald, por enquanto, a proibição de ingresso de
Nacional: "Uma morte anunciada". E sem conseguir esconder menores de 14 anos, mesmo acompanhados pelos pais, se
a tristeza, sentenciou: "Patrimônio não tem como reconstruir. mantém. Os organizadores apresentaram recurso, mas ainda
Acabou, acabou." na conseguiram derrubar a decisão.
Ela disse que se o Museu Nacional já tivesse feito a obra de
restauração pleiteada, que foi aprovada há três meses pelo A exposição ficará no Rio por um mês.
BNDES, isso não teria acontecido. "Ia ter todo um sistema de Mais cedo, cerca de 40 manifestantes de movimentos como
prevenção e combate a incêndio, diminuiria em muito a Brasil Livre (MBL), Liga Cristã e Templários da Pátria
destruição”, afirmou. protestaram contra a exposição. A mostra abriu no Parque
“Não tem investimento nessas áreas”, reclamou. “É o Lage depois de ficar apenas 26 dias em cartaz em Porto Alegre
acervo de memória do País inteiro, mas não tem recursos.” O no ano passado, de ser censurada pelo prefeito carioca,
Iphan, segundo ela, tem discutido com os grupamentos do Marcelo Crivela e de mobilizar a classe artística da cidade em
Corpo de Bombeiros de cada Estado a aprovação de um torno de uma iniciativa de financiamento coletivo.
protocolo para orientar a atuação nos prédios históricos e Apesar dos manifestantes, não houve reforço na segurança
acervos. "A gente perdeu nossa memória, nossa história", do local. De acordo com o comando do 23° BPM (Leblon),
continuou a presidente. "A gente não vai ter mais Luzia. Luzia policiais estão na área realizando patrulhamento. A assessoria
morreu no incêndio." da PM não informou o tamanho do efetivo. A segurança dentro
Segundo o zoólogo e paleontólogo Hussam Zaher, que foi do Parque Lage é privada. De acordo com a organização do
aluno do museu nos anos 1980, houve um incêndio na ala de evento são cerca de 20 homens.
herpetologia que só não se espalhou para a instituição inteira O publicitário Marlom Aymes, do grupo Templários da
porque era um ambiente fechado. “Foi uma tragédia Pátria, disse estar no Parque Lage para proteger
anunciada”, lamentou ele, que também viu de perto o incêndio os manifestantes conservadores. Segundo ele, o grupo foi
que destruiu quase toda a coleção de cobras do Instituto criado há cerca de quatro meses para cuidar da segurança,
Butantã, em São Paulo. “contra os ataques da esquerda nas manifestações”.
“É a ciência brasileira indo embora”, resumiu o físico e “Não estamos contra as pautas LGBT, mas contra algumas
historiador da ciência Ildeu Moreira, presidente da Sociedade obras da exposição que incentivam a pedofilia, pregam o
Brasileira pelo Progresso da Ciência. “A possibilidade de vilipêndio religioso”, declarou. “O Templário é um grupo de
acontecer desastres como esse aumenta a cada dia. O segurança, não podemos pregar a violência, mas se houver,
patrimônio brasileiro está sendo destruído todos os dias pelo precisamos nos defender”, disse.
descaso.” A candidata a deputada estadual pelo PSOL, Carol
Para o presidente da Academia Brasileira de Ciências Quintana, discutiu com vários manifestantes, mas disse não
(ABC), o físico Luiz Davidovich, professor da UFRJ, foi um temer violência. “Tem muita mídia. Eles estão contidos e
"golpe duro na ciência nacional". Segundo ele, é um desastre controlados. Mas não podemos ser silenciados por esse tipo de
irrecuperável, com repercussão internacional. "É uma manifestação”, disse.
consequência do descaso das autoridades com a ciência, que O diretor da Escola de Artes Visuais (EAV), Fábio
afeta agora não apenas o futuro, mas a memória do País." Szwarcwald, disse que as manifestação contra
Ele lembrou que o museu vinha lutando há tempos para se a Queermuseu já eram esperadas e, dentro dos limites da
recuperar dos cortes orçamentários. "É mais um capítulo da liberdade de expressão, faz parte da democracia. Segundo ele,
triste história do desmonte da ciência brasileira.” além dos seguranças do Parque Lage, a exposição conta com
uma equipe de segurança privada extra e câmeras de
Emergência segurança.
No Rio, outros museus com acervos importantes correm O diretor da EAV informou ainda que estão recorrendo
risco. O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) tem adotado contra a proibição de ingresso de menores de 14 anos mesmo
providências para reformar ou restaurar prédios antigos que

30 O Estado de São Paulo. Manifestantes protestam contra a exposição queermuseu/?utm_source=twitter:newsfeed&utm_medium=social-


“Queermuseu” no Rio de Janeiro. https://cultura.estadao.com.br/blogs/radar- organic&utm_campaign=redes-sociais:082018:e&utm_content=:::&utm_term=.
cultural/manifestantes-protestam-contra-a- Acesso em 20 de agosto de 2018.

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acompanhados pelos pais. Segundo ele, essa não era a planejamento, gestão, produção, elaboração de projetos e
orientação do Ministério Público. comunicação e conhecimentos jurídicos.
(D) a sustentabilidade de um programa cultural não virá
Curador da ‘Queermuseu’ acusa MBL de criar uma da excelência no plano artístico, mas do estabelecimento de
farsa contra a mostra parcerias com bons profissionais de diversas áreas tais como
Na cerimônia de abertura da exposição, seu administração, comunicação, direito etc.
curador, Gaudêncio Fidelis, acusou o MBL de criar uma farsa
contra o evento. Segundo ele, por trás das manifestações 02. (TJ/CE – Titular de Serviços de Notas e de Registros
“reside um movimento obscurantista com pretensões – IESES – 2018) As principais premiações da indústria
eleitorais”. cinematográfica em 2018, o Globo de Ouro e o Oscar, foram
“É uma investida fascista e fundamentalista, que cresce no marcadas por manifestações contra o assédio sexual e a favor
País e ameaça as liberdades. A abertura (da exposição) é uma da igualdade de gênero e da diversidade. A respeito desses
das maiores derrotas para o fascismo” disse. dois eventos, é correto afirmar:
Para ele, o legado da exposição é reabrir o debate que foi (A) O filme “Coco”, cujo título em português é “Viva – A Vida
negado por grupos fascistas e pelo cancelamento da mostra em É uma Festa”, novo filme da Pixar ambientado em Cuba e com
Porto Alegre. um elenco totalmente latino, foi o vencedor do Oscar de
“Impedir o acesso ao conhecimento não é uma alternativa. melhor animação do ano.
Só os covardes fazem isso”, criticou. “Diante da censura não (B) A atriz Daniela Vega, transexual, ganhou o Oscar de
cabia outra coisa se não acreditar que o futuro reservava para melhor atriz por sua atuação no filme “Uma mulher fantástica".
nós essa vitória.” Este foi o primeiro filme estrelado por uma pessoa transexual
De acordo com o curador, a exposição, que foi a levar um Oscar.
interrompida em Porto Alegre ficará no Rio apenas por um (C) Em uma noite dominada por mulheres e com fortes
mês, período correspondente ao tempo em que ficou fechada manifestações contra o assédio sexual e a favor da igualdade
no Sul. Até este sábado, ele não recebeu convites para levar de gênero em Hollywood, a minissérie "Big little lies" e o filme
para outras cidades. "Três anúncios para um crime", com quatro prêmios cada,
“O Rio de Janeiro está de parabéns porque, historicamente, foram os principais ganhadores do Globo de Ouro 2018.
sempre esteve à frente dos movimentos de vanguarda e (D) O ator Gary Oldman, que fez um trabalho magnífico
porque representa bem a diversidade. Mas essa não é uma interpretando Winston Churchill, levou o Oscar de melhor ator
vitória apenas para o Rio. É uma vitória para toda a sociedade por sua atuação no filme “Dunkirk”.
brasileira”, disse Fidelis, que a todo momento fazia o sinal de
vitória. Gabarito
Acompanhado pelos dois filhos menores de 14 anos – que
estiveram na cerimônia, mas não puderam entrar na 01.C / 02.C
exposição, em cumprimento da decisão judicial, o diretor
Szwarcwald disse que a mostra reafirma o comprometimento
da instituição com a liberdade de expressão. Sociedade
“O prefeito disse que a exposição aconteceria no fundo do saúde
mar”, lembrou. “Não estamos em Atlântida, e ela vai acontecer 12 perguntas ainda sem resposta sobre o assassinato
aqui”, declarou. de Marielle e Anderson31

Questões Mesmo após a prisão do policial militar reformado Ronnie


Lessa e do ex-policial militar Elcio Vieira de Queiroz, acusados
01. (SECULT/CE - Analista de Cultura – UECE/CEV) Na de executarem a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o
avaliação do produtor cultural Rômulo Avelar, “a cultura motorista Anderson Gomes em 14 de março de 2018, ainda há
brasileira vive a era dos editais, que, por um lado, torna mais muitas perguntas sem resposta sobre o crime.
democrático o acesso aos recursos, mas que, por outro, cria As principais - se houve mandante, quem seria essa pessoa
novos desafios para artistas, produtores e gestores. Cada vez e qual seria sua motivação - serão objeto da segunda fase das
que um empreendedor busca recursos públicos para a investigações, segundo as autoridades à frente do caso.
realização de um projeto, traz no ‘pacote’ pesadas obrigações, O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse que os
materializadas na forma de prestações de contas repletas de acusados poderão fazer uma delação premiada, se assim
armadilhas”. quiserem, para contribuir com esta nova etapa. Questionado
Fonte: AVELAR, Romulo. Elementos de gestão dos sobre o tema, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ),
empreendimentos culturais. In: Curso de formação de gestores não descartou esta opção.
públicos e agentes culturais. Disponível em
http://www.cultura.rj.gov.br/curso- 1. Houve mandante do crime?
gestoresagentes/textos/elementosgestcultural.pdf. Acesso Essa é a principal pergunta não respondida até agora,
em 01.09.2018 assim como as outras questões ligadas a ela: quem seria esse
Diante dessa realidade, é correto afirmar que mandante e qual seria sua motivação. A polícia deixou claro na
coletiva de terça-feira que não tem respostas a elas porque
(A) ainda há espaço para improvisos no que diz respeito ao serão objeto da segunda fase das investigações.
planejamento, gestão e avaliação de projetos e programas Mas entre as informações dadas na terça-feira há indícios
culturais. de que o assassinato da vereadora foi encomendado, como o
(B) basta ser um grande criador para prescindir de lidar fato dele ter sido "meticulosamente planejado", depoimentos
com as engrenagens da política pública de cultura, seja federal, de suspeitos de ligação com milícias de que o crime teria
estadual ou municipal.. custado "R$ 200 mil", e o próprio perfil dos acusados,
(C) a saída é apostar no trabalho coletivo, envolvendo suspeitos de terem realizados outros homicídios e de
habilidades criativas e técnicas, além de capacidade de envolvimento com milícias.

31 Carneiro, J. D. Franco, L. Barifouse, R. 12 perguntas ainda sem resposta https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47530611. Acesso em 13 de março de
sobre o assassinato de Marielle e Anderson. BBC Brasil. 2019.

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2. Havia um terceiro ocupante em um dos carros O MP-RJ não exclui, no entanto, que tenha havido outras
envolvidos no crime? motivações, nem que o crime tenha sido encomendado por
Marielle, Anderson e uma assessora da vereadora viajavam outras razões.
em um carro pelo bairro do Estácio, quando um Cobalt prata
emparelhou com o veículo. Os disparos foram dados de dentro 4. Os acusados têm relação com a milícia Escritório do
do Cobalt. A princípio, a polícia afirmou que havia dois Crime, que atua em Rio das Pedras?
ocupantes no carro, que havia aguardado por duas horas a Durante a maior parte das investigações, era apurado se o
saída de Marielle de um evento e depois a perseguiu. vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-policial Orlando
Foi divulgado posteriormente que a análise de imagens de Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando de Curicica,
câmeras de segurança por meio de um programa de atualmente preso por chefiar uma milícia, foram os mandantes
computador indicou haver três pessoas no interior do Cobalt do crime. Os dois sempre negaram ter envolvimento no caso.
prata e que isso teria sido difícil de identificar por conta da Em setembro do ano passado, Orlando de Curicica
película escura usada nos vidros do veículo. denunciou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que
Na terça-feira, no entanto, Giniton Lages, chefe da estaria sendo coagido pela Delegacia de Homicídios do Rio a
Delegacia de Homicídios da Capital, responsável pela assumir a autoria do crime.
investigação, disse que a hipótese mais provável é de que Na época, segundo o jornal O Globo, ele também afirmou
apenas Lessa e Queiroz estavam no Cobalt prata usado no que Marielle e Anderson foram mortos pela milícia Escritório
crime. do Crime, que atua em Rio das Pedras, na zona oeste da cidade.
"Análise de imagem é bastante delicado, precisa de A execução do crime teria custado R$ 200 mil. Curicica afirmou
ferramentas. Numa primeira leitura, tínhamos o desenho de ainda que, embora soubesse quem havia matado a vereadora,
três pessoas no carro. Em análise mais recente, porém, desconhecia a motivação.
estamos caminhando para confirmação de um motorista e uma Porém, segundo o MP-RJ, não há provas contundentes do
pessoa no banco de trás, sem carona", disse Lages. envolvimento de Lessa com milícias. Mas isso ainda está sendo
Esse aspecto da investigação ainda será aprofundado na investigado, porque há indícios de sua "participação em
próxima fase da investigação, de acordo com o delegado. Por atividade paramilitar", ainda que não em Rio das Pedras, mas
sua vez, o MP-RJ diz categoricamente que não havia uma em outras áreas da cidade.
terceira pessoa no veículo. O órgão afirma que ele é suspeito de ter cometido
homicídios ligados à contravenção (jogo do bicho). O mesmo
3. Por que Marielle entrou na mira dos criminosos motivo levou à instauração do processo que culminou com a
pouco tempo depois de assumir o cargo de vereadora? expulsão de Queiroz da PM. De acordo com o MP, os dois são
O crime teria sido "meticulosamente planejado" nos três amigos.
meses anteriores ao crime, segundo o Grupo de Atuação À BBC News Brasil, Marinete Silva, mãe de Marielle,
Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ). Isso questionou por que milicianos teriam encomendado a morte
significa que Marielle passou a ser um alvo antes mesmo de de sua filha: "Marielle não atuava nessas áreas. As cobranças
completar um ano como vereadora. que ela fazia eram em cima de várias questões nas quais ela
Segundo a denúncia, "é inconteste que Marielle Francisco acreditava. Não era direcionada a milícia. As pautas que ela
da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação defendia eram as da mulher negra, dos direitos humanos, de
política na defesa das causas que defendia". defender o outro".
"É surpreendente que a Marielle tenha incomodado tanto
em tão pouco tempo", disse a deputada estadual Renata Souza 5. Há algum laço entre os suspeitos e o vereador
(PSOL-RJ) à BBC News Brasil. "Por que logo a Marielle? Qual Marcello Siciliano e o ex-PM Orlando de Curicica,
foi o ponto crítico? O que ela fez especificamente para ser apontados como suspeitos de tramar o crime?
morta?" A linha de investigação que apurava se Siciliano e Orlando
Marielle foi a quinta candidata mais votada nas eleições de Curicica seriam os mandantes do crime perdeu força,
municipais de 2016, com 46.502 votos, em sua primeira segundo uma reportagem do Globo, a partir de apurações
disputa eleitoral. paralelas realizadas pela Polícia Federal.
Na Câmara, era um dos quatro relatores de uma comissão Isso ocorreu após uma testemunha, o PM Rodrigo Ferreira,
criada em fevereiro para monitorar a intervenção federal de voltar atrás nas declarações que implicavam os dois suspeitos.
segurança pública no Estado do Rio. Também presidia a Segundo o delegado Giniton Lages, esta pessoa pode ser
Comissão de Defesa da Mulher e havia proposto projetos de lei responsabilizada por falso testemunho caso isso seja provado.
voltados à defesa de direitos de minorias e a assistência social. As autoridades não souberam informar o que teria motivado
Entre eles estavam a criação de espaço de acolhida de estas declarações.
crianças durante a noite, enquanto seus pais estudam ou No entanto, Lages disse que a hipótese do envolvimento de
trabalham, uma campanha permanente de conscientização Siciliano e Curicica não está totalmente descartada, mas não
sobre assédio e violência sexual, um estudo periódico de esclareceu se existe algum indício que ligue os dois acusados
estatísticas sobre mulher atendidas por serviços públicos da presos nesta terça àqueles que eram tratados na maior parte
cidade, a oferta de assistência técnica gratuita em habitação do último ano como os principais suspeitos pelo crime.
para famílias de baixa renda e um dia de combate à LGBTfobia.
Em entrevista coletiva na manhã de terça-feira, Lages disse 6. Como as armas e munições usadas no crime foram
que um dos acusados, Lessa, tem "obsessão por extraviadas das polícias civil e federal?
personalidades que militam à esquerda". A polícia identificou que uma submetralhadora HK MP5, de
"Numa análise do perfil dele, você percebe ódio e desejo de origem alemã e calibre 9mm, foi empregada no crime. Trata-se
morte, você percebe alguém capaz de resolver diferenças de uma arma de uso restrito no Brasil, utilizadas por forças
dessa forma (matando)", afirmou o delegado. especiais.
Essa interpretação foi corroborada pelo MP-RJ em Cinco unidades de submetralhadoras deste modelo teriam
entrevista coletiva na tarde desta terça-feira. A promotora desaparecido do arsenal da Polícia Civil, algo que foi
Simone Sibilio, coordenadora do Gaeco, disse que os acusados identificado em um recadastramento feito em 2011.
agiram por "motivo torpe" e que Lessa teria matado a Por sua vez, as balas usadas eram do lote UZZ18, vendido
vereadora por "repulsa" a sua atuação política. Anderson teria à Polícia Federal em 2006 e ligado a outros crimes. Raul
sido incluído como alvo para dificultar a solução do crime. Jungmann, então ministro de Segurança Pública, disse logo

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após o assassinato de Marielle e Anderson que a munição foi Atualmente presos, acusados de terem recebido propinas
roubada "anos atrás" na sede dos Correios na Paraíba. Os de empresas de ônibus, eles teriam se envolvido no crime
Correios afirmaram não ter registro disso. como uma retaliação ao deputado federal Marcelo Freixo
As investigações não revelaram até o momento quem (PSOL-RJ) quando ele ainda atuava como deputado estadual.
estaria por trás destes desvios de munição e armas nem como Freixo liderou uma ação para impedir a posse de Albertassi
elas teriam chegado aos acusados. como conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, que
seria uma forma do trio escapar da investigação do braço da
7. De quem são as digitais encontradas nas cápsulas operação Lava Jato no Estado. Eles negam todas as acusações.
achadas na cena do crime? Nas coletivas de terça-feira, não foi divulgado se esta
Durante as investigações, a polícia encontrou fragmentos apuração deu frutos ou se o trio de políticos ainda é suspeito
de digitais em nove cápsulas de munição achadas na cena do de algum envolvimento no caso.
crime. Os fragmentos seriam insuficientes para identificar os Em entrevista à BBC News Brasil em janeiro, Freixo disse
autores dos disparos, mas poderiam ser confrontadas com as ter falado sobre essa possibilidade com autoridades, mas
digitais de possíveis suspeitos. afirmou ser estranhando que isso não tenha recebido muita
No entanto, nas duas coletivas de imprensa realizadas atenção à época.
nesta terça-feira, nada foi divulgado neste sentido. Questionado na terça-feira sobre o assunto, o deputado
afirmou no entanto que "não cabe a ele fazer ilações sobre
8. De onde veio o Cobalt prata usado no crime? quem seria o grupo político por trás do assassinato".
A origem do Cobalt prata usado pelos dois acusados ainda "Cabe aos investigadores identificar, e isso não pode
é um mistério. O número da sua placa foi clonado, e o veículo demorar mais um ano. A partir do momento que se identifica
registrado sob a numeração foi encontrado na Zona Sul do Rio, quem apertou o gatilho, se facilita saber quem mandou matar",
estacionado na garagem de uma cuidadora de idosos. declarou.
De acordo com o MP-RJ, a investigação mostrou que o
Cobalt já circulava pelo Rio de Janeiro desde 2016 e que ele foi 12. Houve negligência ou tentativa de fraude nas
comprado especialmente para a execução do crime. investigações?
Imagens de câmera de segurança mostraram que o carro A pedido da PGR, a Polícia Federal instaurou, em novembro
estava na Barra da Tijuca horas antes do crime. Sua de 2018, uma "investigação da investigação" do caso Marielle.
identificação foi possível por características do veículo, como Havia a suspeita de que agentes do Estado estariam atuando
um "defeito traseiro inconfundível". para obstruir a elucidação do crime.
Mas ainda não se sabe de onde o Cobalt veio nem o Segundo disse à época o então ministro da Segurança
percurso que realizou após o assassinato. Pública, Raul Jungmann, essa segunda apuração foi criada após
depoimentos ao Ministério Público Federal darem conta de
9. Quem clonou a placa do Cobalt prata e quando? que havia "uma organização criminosa envolvendo agentes
Em maio do ano passado, Thiago Bruno Mendonça foi públicos de diversos órgãos, organização criminosa e a
preso acusado de matar o líder comunitário Carlos Alexandre contravenção para impedir, para obstruir, para desviar a
Pereira Maria, o Cabeça. Mendonça era colaborador de elucidação dos homicídios de Marielle e do Anderson Gomes".
Siciliano e foi apontado por uma testemunha como um ex- O ex-ministro já havia afirmado em agosto que o
miliciano ligado a Orlando de Curicica. envolvimento de agentes do Estado e de políticos no crime
Thiago era suspeito de ter envolvimento na execução da dificultava seu esclarecimento. A investigação da PF segue em
vereadora e de seu motorista. Seria o responsável por clonar a sigilo.
placa do Cobalt prata. Antes, em maio, uma reportagem da TV Record apontou
Depois, em dezembro, a Polícia Civil cumpriu mandados de que o carro em que estavam Marielle e Anderson havia sido
prisão em 15 endereços no Rio e em Minas Gerais contra deixado no pátio da delegacia sem cuidados especiais para a
integrantes de milícias, alguns deles suspeitos de participar do preservação de provas e que os corpos das vítimas não
crime. Segundo o jornal O Globo, o alvo seria uma quadrilha passaram por raio-x porque o Estado estaria sem
especializada na clonagem de veículos. equipamento.
Porém, nada foi revelado por autoridades até agora sobre Existe ainda outro indício da participação do poder público
quem teria colaborado com esta fraude. para acobertar os responsáveis, que ainda não foi confirmado.
Segundo a promotora Simone Sibilo, do Gaeco, a operação
10. Quem desligou as câmeras de segurança no trajeto de terça-feira foi adiantada, porque os investigadores
de Marielle e Anderson? receberam a informação de que os acusados teriam sido
Cinco das onze câmeras que ficam no trajeto percorrido alertados de que seriam presos. De acordo com Sibilo, Lessa
pelos assassinos de Marielle e Anderson estavam apagadas disse no momento da operação que sabia quando a polícia
naquela noite. Elas teriam sido desligadas de 24 a 48 horas agiria.
antes do crime, segundo apurou o site G1.
Apesar de ter sido um dos principais desdobramentos do
início da investigação, a Polícia Civil descarta agora que este
fato tenha relação com o homicídio.
O delegado Giniton Lages afirmou na terça não haver
qualquer prova que indique que agentes públicos teriam
desligado os aparelhos propositalmente, para proteger os
criminosos.

11. Houve um desfecho para a segunda linha de


investigação que apurava o envolvimento de deputados
do MDB?
Em agosto, abriu-se uma nova linha de investigação. Três
deputados estaduais do MDB, Edson Albertassi, Paulo Melo e
Jorge Picciani, passaram a ser investigados, de acordo com a
TV Globo

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Paisagista espancada faz exame no IML; agressor tem Não adianta nada você denunciar e depois eles saem, com
alta de hospital psiquiátrico e volta à cadeia32 convívio normal, e depois voltem a cometer novos crimes",
disse Elaine.
Nesta quarta-feira, o agressor Vinicius Batista Serra Mais cedo, ao chegar na DP, Elaine já tinha dito que iria
recebeu alta do Hospital Penal Psiquiátrico e será transferido depor e lutar por justiça "por todas as mulheres que já
para uma unidade prisional normal. passaram por isso".
A paisagista Elaine Caparroz, de 55 anos, vítima de
espancamento durante quatro horas em seu apartamento na Ipea: 23% dos jovens brasileiros não trabalham nem
Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, chegou por volta das 12h20 estudam33
ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de
delito. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica
Nesta quarta-feira (27/02), a Secretaria de Estado de Aplicada (Ipea) revela que 23% dos jovens brasileiros não
Administração Penitenciária (Seap) informou que o agressor trabalham e nem estudam (jovens nem-nem), na maioria
Vinicius Batista Serra recebeu alta do Hospital Penal mulheres e de baixa renda, um dos maiores percentuais de
Psiquiátrico Roberto Medeiros no início da tarde e que o jovens nessa situação entre nove países da América Latina e
interno será transferido para uma unidade prisional normal. Caribe. Enquanto isso, 49% se dedicam exclusivamente ao
Vinicius ficou na unidade prisional em observação médica. estudo ou capacitação, 13% só trabalham e 15% trabalham e
Após a última avaliação psiquiátrica, nesta quarta, foi estudam ao mesmo tempo.
constatado estabilidade no quadro médico. Além disso, após As razões para esse cenário, de acordo com o estudo, são
resultados dos exames feitos durante a internação não houve problemas com habilidades cognitivas e socioemocionais, falta
alteração do quadro clínico psicopatológico. de políticas públicas, obrigações familiares com parentes e
filhos, entre outros. No mesmo grupo estão o México, com 25%
Denúncia do MP de jovens que não estudam nem trabalham, e El Salvador, com
Nesta terça (26/02), a Justiça do Rio de Janeiro aceitou a 24%. No outro extremo está o Chile, onde apenas 14% dos
denúncia do Ministério Público estadual e decretou a prisão jovens pesquisados estão nessa situação. A média para a região
preventiva (por prazo indefinido) do lutador de jiu-jitsu é de 21% dos jovens, o equivalente a 20 milhões de pessoas,
Vinicius Batista Serra, suspeito de tentar matar a paisagista que não estudam nem trabalham.
Elaine Perez Caparroz. O estudo Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou
O crime ocorreu no dia 16 de fevereiro, na Barra da Tijuca, estudar? sobre jovens latino-americanos foi lançado hoje
Zona Oeste da cidade. Depois de marcar um encontro no (03/12) durante um seminário no Ipea, em Brasília. Os dados
apartamento da vítima, Vinicius espancou Elaine por quase envolvem mais de 15 mil jovens entre 15 e 24 anos de nove
quatro horas. países: Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México,
Na decisão, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, titular Paraguai, Peru e Uruguai.
da 3ª Vara Criminal do Rio, pondera que, caso medidas como a
Lei Maria da Penha e Lei do Feminicídio não sejam respeitadas, Nem-nem
cabe então ao poder judiciário a "pacificação do seio social e o De acordo com a pesquisa, embora o termo nem-nem
bem-estar de envolvidos em casos concretos". possa induzir à ideia de que os jovens são ociosos e
"Em se tratando deste caso em particular, verifico pelas improdutivos, 31% dos deles estão procurando trabalho,
detalhadas declarações da vítima sobrevivente que o principalmente os homens, e mais da metade, 64%, dedicam-
denunciado não poupou esforços para impingir-lhe demorada se a trabalhos de cuidado doméstico e familiar, principalmente
sessão de espancamento", destacou o magistrado. as mulheres. “Ou seja, ao contrário das convenções
estabelecidas, este estudo comprova que a maioria dos nem-
Crime pode ter sido vingança nem não são jovens sem obrigações, e sim realizam outras
Na segunda-feira (25/02), a delegada Adriana Belém disse atividades produtivas”, diz a pesquisa.
que existe a possibilidade de que a agressão tenha ocorrido Apenas 3% deles não realizam nenhuma dessas tarefas
por vingança. nem têm uma deficiência que os impede de estudar ou
"Ele [o agressor] solicitou a amizade dela no Instagram trabalhar. No entanto, as taxas são mais altas no Brasil e no
quando o filho, que mora fora do país, postou uma foto com ela. Chile, com aproximadamente 10% de jovens aparentemente
Ela ganhou muitos seguidores e, a partir daí, esse contato inativos.
começou, em julho", explicou Adriana Belém. Para a pesquisadora do Ipea Joana Costa, os resultados são
A delegada afirmou que não vê o crime como possível surto bastante otimistas, pois mostra que os jovens não são
psicótico, e acrescentou que Vinícius mordia a vítima, preguiçosos. “Mas são jovens que têm acesso à educação de
arrancava pedaços e, em seguida, cuspia. baixa qualidade e que, por isso, encontram dificuldade no
mercado de trabalhos. De fato, os gestores e as políticas
Vítima faz apelo à Justiça públicas têm que olhar um pouco mais por eles”, alertou.
Na segunda, Elaine esteve na delegacia para prestar
depoimento. Ao deixar a delegacia, a paisagista agradeceu a Políticas públicas
policiais, pessoas que a socorreram no dia do espancamento e A melhora de serviços e os subsídios para o transporte e
médicos. Ela também fez um apelo para que a Justiça uma maior oferta de creches, para que as mulheres possam
"ratifique" o trabalho feito pela delegacia e lembrou que conciliar trabalho e estudo com os afazeres domésticos, são
muitas mulheres não têm essa oportunidade. políticas que podem ser efetivadas até no curto prazo, segundo
"Espero de coração que isso mude no Brasil e que a Justiça Joana.
possa dar uma atenção maior, para que a gente possa Com base nas informações, os pesquisadores indicam
combater esse tipo de crime e evitar que esses delinquentes ainda a necessidade de investimentos em treinamento e
fiquem soltos e não paguem, que tenham penas mais rígidas. educação e sugerem ações políticas para ajudar os jovens a

32 Carlos Brito. Paisagista espancada faz exame no IML; agressor tem alta de 33 Andréia Verdélio. Ipea: 23% dos jovens brasileiros não trabalham nem
hospital psiquiátrico e volta à cadeia. G1 Rio de Janeiro. estudam. EBC Agência Brasil.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/02/27/paisagista- http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-12/ipea-23-dos-jovens-
espancada-chega-no-iml-do-rio-para-fazer-exame-de-corpo-de-delito.ghtml. brasileiros-nao-trabalham-e-nem-estudam. Acesso em 04 de dezembro de 2018.
Acesso em 27 de fevereiro de 2019.

Atualidades e Convivência Social 24


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fazer uma transição bem-sucedida de seus estudos para o Realidade brasileira


mercado de trabalho. No Brasil há cerca de 33 milhões de jovens com idade entre
Considerando a incerteza e os níveis de desinformação 15 e 24 anos, o que corresponde a mais de 17% da população.
sobre o mercado de trabalho, para eles [jovens] é essencial Segundo a pesquisadora do Ipea Enid Rocha, o país vive um
fortalecer os sistemas de orientação e informação sobre o momento de bônus demográfico, quando a população ativa é
trabalho e dar continuidade a políticas destinadas a reduzir as maior que a população dependente, que são crianças e idosos,
limitações à formação de jovens, com programas como o além de estar em uma onda jovem, que é o ápice da população
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). jovem.
“Os programas de transferências condicionadas e bolsas de “É um momento em que os países aproveitam para investir
estudo obtiveram sucesso nos resultados de cobertura”, diz o na sua juventude. Devemos voltar a falar das políticas para a
estudo. juventude, que já foram mais amplas, para não produzir mais
De acordo com o Ipea, o setor privado também pode desigualdade e para que nosso bônus demográfico não se
contribuir para melhorar as competências e a transforme em um ônus”, disse.
empregabilidade dos jovens, por meio da adesão a programas Além das indicações constantes no estudo, Enid também
de jovens aprendizes e incentivo ao desenvolvimento das destaca a importância de políticas de saúde específica para
habilidades socioemocionais requeridas pelos empregadores, jovens com problemas de saúde mental, traumas e depressão.
como autoconfiança, liderança e trabalho em equipe. A pesquisa foi realizada em parceria do Ipea com a
No Brasil, por exemplo, segundo dados apresentados pelo Fundación Espacio Público, do Chile, o Centro de Pesquisa para
Ipea, há baixa adesão ao programa Jovem Aprendiz. De 2012 a o Desenvolvimento Internacional (IRDC), o Banco
2015, o número de jovens participantes chegou a 1,3 milhão, Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio do
entretanto esse é potencial anual de jovens aptos para o Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo
programa. (IPC-IG).
É preciso ainda redobrar os esforços para reduzir mais
decisivamente a taxa de gravidez de adolescentes e outros Brasil piora e já é o 9º do ranking global de
comportamentos de risco fortemente relacionados com o desigualdade de renda34
abandono escolar entre as mulheres e uma inserção laboral
muito precoce entre os homens. Segundo relatório da organização internacional Oxfam,
país perdeu uma posição em relação ao ano anterior.
Conhecimento e habilidades A edição 2018 do relatório da Oxfam Brasil "País
As oportunidades de acesso à educação, os anos de estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras",
escolaridade média, o nível socioeconômico e outros divulgado nesta segunda-feira (26/11), mostra que,
elementos, como a paternidade precoce ou o ambiente globalmente, o Brasil piorou seu desempenho em relação à
familiar, são alguns dos principais fatores que influenciam a busca por igualdade de renda. O país já é o 9º mais desigual do
decisão dos jovens sobre trabalho e estudo, de acordo com a planeta. Um ano antes, em 2016, ocupava a 10ª posição.
pesquisa. Em todos os países, a prevalência de maternidade ou - Nosso relatório não só revela que o país estagnou em
paternidade precoce é maior entre os jovens fora do sistema relação à redução das desigualdades, como mostra que
educacional e do mercado de trabalho. podemos estar caminhando para um grande retrocesso. E,
A pesquisa traz variáveis menos convencionais, como as novamente, quem está pagando a conta são os mesmos de
informações que os jovens têm sobre o funcionamento do sempre: as pessoas em situação de pobreza, a população negra
mercado de trabalho, suas aspirações, expectativas e e as mulheres - afirma Katia Maia, diretora-executiva da
habilidades cognitivas e socioemocionais. Para os organização.
pesquisadores, os jovens não dispõem de informações Rafael Georges, coordenador de Campanhas da Oxfam
suficientes sobre a remuneração que podem obter em cada Brasil e autor do relatório, aponta onde o país tem cometido
nível de escolarização, o que poderia levá-los a tomar decisões erros:
erradas sobre o investimento em sua educação. No caso do - Cortamos gastos que chegam aos que mais precisam, em
Haiti e do México, essa fração de jovens com informações educação, saúde, assistência social, e não mexemos no injusto
tendenciosas pode ultrapassar 40%. sistema tributário que temos.
A pesquisa aponta ainda que 40% dos jovens não são O estudo mostrou que 71% dos brasileiros são favoráveis
capazes de executar cálculos matemáticos muito simples e ao aumento de impostos para o mais ricos. Segundo a
úteis para o seu dia a dia e muitos carecem de habilidades organização internacional de combate à pobreza, às
técnicas para o novo mercado do trabalho. Mas há também desigualdades e às injustiças, é a primeira vez que foi incluída
resultados animadores. Os jovens analisados, com exceção dos na pesquisa uma pergunta sobre o tema: "o governo deve
haitianos, têm muita facilidade de lidar com dispositivos aumentar os impostos somente de pessoas muito ricas para
tecnológicos, como também têm altas habilidades garantir melhor educação, mais saúde e mais moradia para os
socioemocionais. Os jovens da região apresentam altos níveis que precisam?".
de autoestima, de autoeficácia, que é a capacidade de se Realizada em parceria com o Datafolha, a pesquisa
organizar para atingir seus próprios objetivos, e de mostrou que, entre a população com menor renda, o apoio é
perseverança. ainda maior: 74% das pessoas cujos rendimentos são de até
De acordo com a pesquisa, os atrasos nas habilidades um salário mínimo disseram ser favoráveis, enquanto entre os
cognitivas são importantes e podem limitar o desempenho com renda superior a cinco salários mínimos 56% disseram
profissional dos jovens, assim como a carências de outras concordar com a maior tributação sobre os mais ricos.
características socioemocionais relevantes, como liderança, O Brasil é o país que menos tributa renda de patrimônio, se
trabalho em equipe e responsabilidade. Soma-se a isso, o fato comparado ao total de sua carga tributária bruta, dentre os 36
de que 70% dos jovens que trabalham são empregados em países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
atividades informais. Entre aqueles que estão dentro do Econômico (OCDE). Por aqui, de cada R$ 1 arrecadado, apenas
mercado formal há uma alta rotatividade de mão de obra, o R$ 0,22 vem de taxas sobre a renda e do patrimônio.
que desmotiva o investimento do empregador em capacitação.

34 O Globo. Brasil piora e já é o 9º no ranking global de desigualdade de renda. 23254951?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Glo


O Globo. https://oglobo.globo.com/economia/brasil-piora-ja-o-9-do-ranking- bo. Acesso em 27 de novembro de 2018.
global-de-desigualdade-de-renda-

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Nos demais países, essa mordida seria de R$ 0,40 para cada O texto também aumenta as penas nos casos de estupro
R$ 1 pago em tributos. Nos Estados Unidos, por exemplo, coletivo, quando cometido por duas ou mais pessoas.
59,4% do que é arrecadado pelo Fisco vem de impostos sobre Divulgação de imagens de estupro, cenas de nudez, sexo ou
a renda e o patrimônio da população. Isso significa que, no pornografia, sem o consentimento da vítima, prevê prisão. E
Brasil, a tributação recai muito mais sobre o consumo, que dependendo do caso, pode ter a pena elevada.
basicamente é movido pelas famílias de renda menor. Assim, o Os frequentes casos de abuso, atos libidinosos contra
sistema tributário acaba penalizando os que têm rendimentos mulheres, especialmente em ônibus, no metrô, exigiram a
mais baixos. mudança na lei. Não estavam previstos no Código Penal e, por
"Em outras palavras, existe lastro na sociedade para isso mesmo, não podiam ser devidamente punidos.
políticas fiscais redistributivas – incluindo as tributárias", Foi o caso do ajudante de serviços gerais Diego Ferreira de
ressaltou a Oxfam, no documento. Novaes, de 27 anos. Em 2017, ele ejaculou em uma mulher
Segundo Georges, com algumas mudanças no sistema dentro de um ônibus, em São Paulo. Foi preso e logo solto. Ele
tributário, o Brasil poderia avançar de dois a cinco anos em já tinha sido detido outras 15 vezes pelo mesmo motivo. Não
redução de desigualdades, considerando a média de redução era crime. Na mesma semana, ele atacou outra passageira,
verificada no país desde a Constituição de 1988. também na Avenida Paulista. Acabou sendo declarado
Ainda segundo o estudo, quase oito em cada dez brasileiros inimputável em laudo psiquiátrico e internado como medida
esperam que governos ajam para reduzir desigualdades. de segurança por um ano.
Na avaliação da organização, o Brasil tem um sistema fiscal Para proteger as mulheres, já havia vagões exclusivos em
mais efetivo (no sentido de reduzir mais as desigualdades) que trens e metrôs, mas faltava tipificar o crime para acabar com a
grandes economias da região como Colômbia e México, impunidade.
superior à média da América Latina e Caribe e comparável ao “Eu tenho uma filha de 15 anos, então eu me preocupo
da Argentina. No entanto, está bastante atrás de países da bastante com isso. Acho que vai mudar porque aí a pessoa fica
OCDE e, ainda mais dos 15 países mais ricos da União com medo de ir para uma prisão. Então, pode ser que faça a
Europeia. diferença”, diz o vigilante Dielson Miranda Aguiar.
"Há um grande espaço e uma inegável urgência para a
reversão de privilégios no Brasil. Há décadas, os mais ricos Uma em cada nove pessoas no mundo passa fome, diz
detêm uma enorme fatia da renda nacional, seja em contexto ONU36
de crise ou de bonança", diz o documento da Oxfam.
"Isenções fiscais, benevolentes benefícios e relações de Número de pessoas afetadas pela fome retrocedeu a níveis
compadrio com o Estado marcam a composição da renda do de uma década atrás. Brasil está entre 51 países mais expostos
topo da pirâmide social, enquanto o país tem um dos piores a extremos climáticos e, portanto, mais suscetíveis a aumento
níveis de mobilidade social do planeta. Portanto, é imperativo de casos de desnutrição.
que soluções para as contas públicas perpassem pelo cerne da O número de pessoas afetadas por desnutrição mundo
questão, ou seja, a real discussão redistributiva no país, afora aumentou pelo terceiro ano consecutivo em 2017,
inserindo os direitos da base da pirâmide social na equação retrocedendo a níveis de uma década atrás, aponta um
fiscal", defende a Oxfam. relatório publicado por agências da Organização das Nações
Unidas (ONU) nesta terça-feira (11/09).
Ministro Dias Toffoli sanciona lei que torna crime a Um total de 821 milhões de pessoas, ou uma em cada nove
importunação sexual35 no planeta, não tem o suficiente para comer. Em 2016, 804
milhões de pessoas estavam nessa situação.
Presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli Mundo afora, quase 151 milhões de crianças com menos de
substitui o presidente da República, Michel Temer, que está em cinco anos de idade sofreram de desnutrição no ano passado,
Nova York. ou 22% das crianças no mundo. Ao mesmo tempo, 672 milhões
O constrangimento por que passam milhões de brasileiras de adultos no mundo – um em cada oito – estão obesos, ante
no transporte público e em outros lugares vai ser tratado de 600 milhões em 2014.
forma diferente desta segunda-feira (24/06) em diante. Os No Brasil, a situação é considerada estável nos últimos
responsáveis pela chamada importunação de natureza sexual anos, e o problema atinge hoje 2,5% da população. De 2004 a
vão responder a processo na Justiça, segundo uma nova 2006, a taxa registrada foi de 4,6%. Ao mesmo tempo,
legislação. aumentou a percentagem de adultos obesos no país, de 19,9%
Agora é crime. O ato libidinoso contra alguém; denúncias em 2012 para 22,3% em 2018.
de homens que se masturbam ou ejaculam em mulheres no De acordo com a ONU, mudanças climáticas e a ocorrência
transporte público, por exemplo. A importunação sexual, até de conflitos impulsionam o retrocesso. A maior variabilidade
hoje, era contravenção, só pagava multa. Agora dá prisão, pena nas temperaturas usuais, chuvas intensas e mudanças no
de um a cinco anos. Isso se o ato não incluir crimes mais graves. padrão das estações impactam a quantidade e a qualidade de
“Eles ficam atrás. Ficam esfregando. Outra hora, mesmo comida disponível e afetam principalmente os mais pobres.
sentada na cadeira, ficam deslizando o braço. Eu olho, eu falo, O Brasil, por exemplo, registrou nos últimos anos várias
eu reclamo. Eu falo para a pessoa”, diz a auxiliar de serviços ocorrências de temperaturas extremas em áreas destinadas à
gerais Darcilena Francisca da Silva. “Muitas pessoas encostam agricultura e estiagens mais frequentes. O país está entre os 51
nas outras e aí fica assim, ficam aproveitando pelo fato do listados no relatório da ONU como mais expostos a extremos
ônibus estar cheio”, diz a secretária Vivian Maria Nogueira climáticos em 2017, e, portanto, mais suscetível ao aumento de
Gomes. casos de desnutrição.
A lei foi sancionada nesta segunda-feira (24/09) pelo A situação tem piorado principalmente na América do Sul
presidente interino, Dias Toffoli. O presidente do Supremo e na maior parte da África, enquanto, na Ásia, a situação é
Tribunal Federal substitui Michel Temer, que está em Nova estável na maioria das regiões. A Ásia tem o maior número de
York. pessoas desnutridas no mundo – de 515 milhões – devido ao
tamanho de sua população.

35 Jornal Nacional. Ministro Dias Toffoli sanciona lei que torna crime a 36 Deutsche Welle. Uma em cada nove pessoas no mundo passa fome, diz ONU.
importunação sexual. G1 Jornal Nacional. https://g1.globo.com/jornal- https://www.dw.com/pt-br/uma-em-cada-nove-pessoas-no-mundo-passa-fome-
nacional/noticia/2018/09/24/ministro-dias-toffoli-sanciona-lei-que-torna- diz-onu/a-45441441. Acesso em 13 de setembro de 2018.
crime-a-importunacao-sexual.ghtml. Acesso em 25 de setembro de 2018.

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Em termos relativos, o leste da África é a região mais As estimativas da população brasileira foram calculadas
afetada, com 31,4% da população classificada como com base na Projeção de População, divulgada pelo IBGE em
desnutrida. Na América do Sul, 5% das pessoas se enquadram 25 de julho. Ela já indicava que os brasileiros somavam cerca
na categoria. de 208 milhões e apontava que a população crescerá até 2047,
Na América do Sul, a ONU apontou a queda no preço de quando chegará a 233 milhões e começará a encolher.
commodities, como o petróleo, como o provável motivo das
maiores taxas de desnutrição, já que houve menos recursos População nas capitais
disponíveis para importação de comida e investimentos na De acordo com as estimativas do IBGE, juntas, as 27
economia. A falta de alimentos levou cerca de 2,3 milhões de capitais abrigam 49,7 milhões de habitantes, o que representa
pessoas a fugir da Venezuela até junho, afirmou a ONU. 23,8% da população do país.
O relatório foi publicado conjuntamente pela Organização São Paulo é a mais populosa, com 12,2 milhões de
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), pelo habitantes, e a com menor número de habitantes é Palmas
Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), (TO), com 292 mil pessoas.
pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pelo Dentre as capitais, 14 têm mais de 1º milhão de habitantes.
Programa Mundial de Alimentos (PMA) e pela Organização As outras 13 têm menos de 900 mil.
Mundial da Saúde (OMS).

Brasil tem mais de 208,5 milhões de habitantes,


segundo o IBGE37

Estimativa mais recente da população mostra que 24% dos


brasileiros vivem nas capitais. Menos de 1% dos municípios
têm mais de 500 mil habitantes e apenas 3 têm menos de mil.
A população brasileira foi estimada em 208,5 milhões de
habitantes, conforme divulgado nesta quarta-feira (29/08)
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As
estimativas da população para estados e municípios, com data
de referência em 1º de julho de 2018, foram publicadas
no "Diário Oficial da União".
Na comparação com 2001, quando havia pouco mais de
172,3 milhões de habitantes, a população brasileira cresceu
21%. A taxa de crescimento em relação a 2017, quando a
população somava 207,6 milhões, foi de 0,82%.
População nos estados
Principais destaques: Os três estados mais populosos do Brasil estão na Região
- 21,8% da população do país (45,5 milhões) vive no estado Sudeste. São Paulo ocupa o topo do ranking, com 45,5 milhões
de São Paulo. de habitantes, o que equivale a 21,8% de toda a população do
- Apenas 3 estados, todos no Norte, têm menos de 1 milhão país. Ele é seguido por Minas Gerais, com 21 milhões, e Rio de
de habitantes. Janeiro, com 17,2 milhões.
- 23,8% da população (49,7 milhões) vive nas 27 capitais.
- Mais da metade da população (57%) vive em apenas 5,7%
dos municípios do país (317).
- Dos 5.570 municípios, apenas 46 (0,8%) têm mais de 500
mil habitantes.
- O município mais populoso é São Paulo (SP), com 12,2
milhões de habitantes.
- O município menos populoso é Serra da Saudade (MG),
com apenas 786 habitantes.
- Além de Serra da Saudade, apenas outros dois municípios
têm menos de mil habitantes: Borá (SP), com 836, e
Araguainha (MT), com 956.

37 Silveira, Daniel. Brasil tem mais de 208,5 milhões de habitantes, segundo de-208-milhoes-de-habitantes-segundo-o-ibge.ghtml. Acesso em 30 de Agosto de
IBGE. G1. https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/08/29/brasil-tem-mais- 2018.

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Outros três estados completam o grupo com mais de 10


milhões de habitantes: Bahia, com 14,8 milhões, Paraná, com
11,3 milhões, e Rio Grande do Sul, com também com 11,3
milhões.
Já Roraima, na Região Norte, é o estado menos populoso,
com 576,6 mil habitantes (0,3% da população total). Os outros
dois menores estados também estão na Região Norte: Amapá,
com 829 mil, e Acre, com 869 mil. Estes três estados nortistas
são os únicos com menos de 1 milhão de habitantes.

População nos municípios


O IBGE destacou que pouco mais da metade da população
brasileira (57% ou 118,9 milhões de habitantes) vive em
apenas 5,7% dos municípios (317), que são aqueles com mais
de 100 mil habitantes.
O país tem 46 municípios com mais de 500 mil habitantes,
que concentram 31,2% da população do país (64,9 milhões de
habitantes). Por outro lado, a maior parte dos municípios
brasileiros (68,4%) possui até 20 mil habitantes e abriga
apenas 15,4% da população do país (32,1 milhões de
habitantes).
O município de São Paulo continua sendo o mais populoso
do país, com 12,2 milhões de habitantes, seguido pelo Rio de
Janeiro (6,7 milhões de habitantes), Brasília e Salvador (cerca
de 3,0 milhões de habitantes cada).
Apenas 17 municípios brasileiros superam a marca de 1
milhão de habitantes. Juntos, eles somam 45,7 milhões de
habitantes ou 21,9% da população do Brasil. Três deles não
são capitais: Guarulhos (SP), com 1,4 milhão, Campinas (SP),
com 1,2 milhão, e São Gonçalo (RJ), com 1,1 milhão.
Quando se excluem estes 17 municípios com mais de 1
milhão de habitantes, os outros mais populosos são Duque de
Caxias (RJ), São Bernardo do Campo (SP), Nova Iguaçu (RJ),
Santo André (SP), São José dos Campos (SP), Jaboatão dos
Guararapes (PE) e Osasco (SP).
Serra da Saudade (MG) é o município brasileiro de menor
população, com apenas 786 habitantes, seguido de Borá (SP),
com 836 habitantes, e Araguainha (MT), com 956 habitantes.
Estes são os únicos três municípios com menos de mil
habitantes.

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Corte Interamericana condena Brasil por morte de Herzog para identificar e sancionar os responsáveis por sua
Vladimir Herzog38 tortura e morte.

Tribunal apontou o Estado brasileiro como responsável Governo federal lança pacto nacional contra
pela violação ao direito de conhecer a verdade sobre o LGBTfobia nesta quarta39
assassinato do jornalista
A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) Portaria foi publicada na terça. Estados e DF terão de
condenou o Brasil pela falta de investigação e sanção dos assinar adesão e criar estruturas locais, em troca de
responsáveis pela morte do jornalista Vladimir Herzog, em consultoria e 'articulação de verbas' da União.
1975, durante o regime militar, informou o tribunal nesta O governo federal lança nesta quarta-feira (16/05), em
quarta-feira (04/07). Brasília, um pacto nacional de enfrentamento à violência
O tribunal questionou a aplicação da lei de anistia de 1979 contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – os
para encobrir os responsáveis pela morte de Herzog e apontou grupos que compõem a sigla LGBT. Os governos dos estados e
o Estado brasileiro como responsável pela violação ao direito do Distrito Federal terão de manifestar, individualmente, a
de conhecer a verdade e a integridade pessoal em detrimento adesão ao programa.
dos familiares da vítima. Até a tarde desta terça (15/05), 12 estados tinham
O caso ocorreu após a detenção de Herzog, em 25 de confirmado presença na cerimônia de assinatura, segundo o
outubro de 1975, quando foi interrogado, torturado e Ministério dos Direitos Humanos. O pacto tem vigência
assassinado "em um contexto sistemático e generalizado de prevista de dois anos, prorrogáveis por igual período.
ataques contra a população civil, considerada como opositora A portaria que institui o Pacto Nacional de Enfrentamento
à ditadura brasileira", segundo a corte, sediada em San José, na à Violência LGBTfóbica já foi publicada no Diário Oficial da
Costa Rica. União. Nela, o ministro dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha,
A instância ressaltou que as principais vítimas destes cita tratados internacionais, o Programa Nacional de Direitos
abusos eram jornalistas e membros do Partido Comunista Humanos instituído no país em 2009 e recomendações das
Brasileiro, durante a ditadura que governou o Brasil entre Nações Unidas sobre o tema.
1964 e 1985. De acordo com a portaria, o pacto "tem por objetivo
Diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog foi promover a articulação entre a União, Estados e Distrito
convocado pelo DOI-Codi em 1975 a prestar depoimento sobre Federal nas ações de prevenção e combate à LGBTfobia". O
seus vínculos com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). No formato exato dessa articulação não consta na portaria, e deve
dia seguinte, estava morto. No mesmo dia da prisão, o Exército ser detalhado durante a cerimônia de lançamento, à tarde.
divulgou que Herzog tinha se suicidado e confirmou a versão O lançamento do pacto nacional ocorre dois dias antes do
em uma posterior investigação da jurisdição militar. A versão Dia Nacional de Combate à Homofobia no Brasil, celebrado em
oficial, supostamente corroborada por uma foto do jornalista 17 de maio. Nesta mesma data, em 1990, a Organização
enforcado, não convenceu. Mundial de Saúde (OMS) retirou o termo "homossexualismo"
Na imagem, Vlado estava de joelhos dobrados, com a da lista de doenças e problemas de saúde.
cabeça pendida para a direita e o pescoço preso a uma tira de
pano. A "fake news" da ditadura não resistiu à verdade Adesão e compromissos
indiscutível, testemunhada por colegas jornalistas de Herzog Junto com a portaria, o governo também publicou o
também detidos: ele havia sido torturado e morto pelos modelo do Termo de Adesão a ser preenchido pelos governos
militares. signatários do pacto. O documento lista alguns dos "direitos e
O assassinato coincidia com uma greve estudantil em deveres" gerados pela medida.
algumas das principais universidades de São Paulo. As atribuições dos estados e do DF incluem a criação de
Organizado por Dom Paulo Evaristo Arns, o ato inter-religioso estruturas para "promoção de políticas" ligadas à população
em homenagem à Herzog reuniu 8 mil cidadãos na Catedral da LGBT, assim como "equipamentos nos órgãos estaduais para
Sé em outubro daquele ano. O número poderia ser maior não atendimento adequado" aos mesmos grupos.
fosse o esforço dos militares em dificultar o acesso da Os governos locais também terão de dar "pleno
população ao local. funcionamento" ao comitê gestor estadual, em até 60 dias após
Novas investigações foram iniciadas em 1992 e 2007, mas a assinatura do termo. A partir daí, começa um outro prazo, de
as duas foram arquivadas em aplicação à lei de anistia. 45 dias, para a apresentação de um "plano de ação", com
Durante as audiências perante o tribunal interamericano, cronograma e estatísticas.
"o Brasil reconheceu que a conduta estatal de prisão arbitrária, As ações não se resumem à burocracia. O governo que
tortura e morte de Vladimir Herzog causou aos familiares uma aderir ao pacto terá de incluir as políticas LGBT no Plano
dor severa, reconhecendo sua responsabilidade" no caso, Plurianual (PPA) – um documento elaborado de 4 em 4 anos, e
informou a corte em um comunicado. que serve como base para a elaboração dos orçamentos anuais
Em sua sentença, a Corte IDH determinou que a morte de de cada governo. Na prática, a inclusão no PPA funciona como
Herzog foi um "crime contra a humanidade", razão pela qual o uma "garantia orçamentária" para o tema.
Estado não podia invocar a prescrição do crime ou a lei de Os gestores que cumprirem os compromissos podem, em
anistia para evitar sua investigação e a sanção dos troca, exigir contrapartidas da União. A lista de possibilidades
responsáveis. inclui auxílio técnico para o cumprimento do pacto, o
Destacou ainda que o Brasil violou os direitos às garantias compartilhamento de dados de denúncias do Disque Direitos
judiciais e à proteção da mulher e dos filhos de Herzog, e que o Humanos (Disque 100) e a capacitação de gestores e gestoras.
país descumpriu sua obrigação de adequar sua legislação
interna à Convenção Americana de Direitos Humanos, ao Dinheiro 'a combinar'
manter a lei de anistia vigente. O documento também fala em "contribuir com a
O tribunal ordenou ao Brasil várias medidas de reparação, articulação de recursos financeiros, seja em órgãos do Poder
como a investigação dos fatos ocorridos com a detenção de

38 Carta Capital. Corte Interamericana condena Brasil por Morte de Vladimir 39 Matheus Rodrigues. Governo Federal lança pacto nacional contra
Herzog. <https://www.cartacapital.com.br/politica/corte-idh-condena-brasil- LGBTfobia nesta quarta. G1 Distrito Federal. < https://g1.globo.com/df/distrito-
por-morte-de-vladimir-herzog-durante-ditadura> Acesso em 05 de julho de 2018. federal/noticia/governo-federal-lanca-pacto-nacional-contra-lgbtfobia-nesta-
quarta.ghtml> Acesso em 16 de maio de 2018.

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Executivo e/ou Poder Legislativo para financiamento das empregado a uma jornada exaustiva ou em situação
ações propostas no Plano de Ação". degradante.
Isso não significa que a assinatura, por si só, gere verba (D) A legislação penal brasileira está em descompasso com
pública. Na seção seguinte, a própria portaria esclarece que a o conceito universal de trabalho escravo em razão da não
transferência de recursos será oficializada "por meio de adesão pelo Brasil as Convenções Internacionais que tratam
convênio específico ou outro instrumento adequado" – se, e do tema.
quando acontecer. (E) Dificuldade de fiscalizar um país com as dimensões
territoriais do Brasil.
Muito a percorrer
De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, em Gabarito
2017, o Disque 100 registrou 1.720 denúncias de violações de
direitos de pessoas LGBT. 01.E / 02.D
A cada 10 casos, 7 são referentes a episódios de
discriminação. A violência psicológica aparece em 53% das
denúncias, e a física, em 31%. O somatório é maior que 100% Relações Internacionais
porque, muitas vezes, um único caso é composto de diferentes saúde
tipos de violação. Parlamento britânico rejeita todas as propostas
Segundo o Conselho Federal de Psicologia (CFP), em apresentadas como opções ao Brexit40
2016, 343 pessoas foram mortas pela LGBTIfobia. A sigla
usada pela entidade inclui a letra I, de intersexual – alguém Oito sugestões foram votadas, mas nenhuma conseguiu
que, por razões genéticas ou de desenvolvimento fetal, não se votos suficientes para ser aprovada. Parlamentares ainda não
enquadra na definição típica de "masculino" ou "feminino". chegaram a uma conclusão sobre próximos passos.
Em uma votação de opções ao Brexit, o Parlamento
Questões britânico rejeitou nesta quarta-feira (27/03) todas as oito
propostas apresentadas.
01. (CRQ – 5ª Região (RS) – Auxiliar Administrativo – Após a divulgação dos resultados, os parlamentares
FUNDATEC) A Declaração Universal dos Direitos Humanos iniciaram um acalorado debate sobre seus próximos passos,
(DUDH) foi aprovada em 10 de dezembro de 1948 na mas não chegaram a uma conclusão. Inicialmente, eles
Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O deveriam votar novamente as opções com mais aceitação na
documento é a base de uma luta universal que visa a igualdade próxima segunda-feira, 1º de abril, e definir aquela com a
e a dignidade de todas as pessoas e o combate à opressão e à maior aprovação.
discriminação. Os direitos humanos são essenciais a todos os Esta seria encaminhada à primeira-ministra Theresa May,
seres humanos e garantem as liberdades fundamentais que para que ela a negociasse com a União Europeia. A premiê
devem ser aplicadas a cada cidadão do planeta. Dentre as disse que iria considerar o que fosse determinado, mas se
alternativas abaixo, qual NÃO consta como um direito recusou a garantir um compromisso com o resultado.
proclamado no documento assinado pela maioria dos países O líder da Câmara baixa, John Bercow, afirmou que irá
do mundo? permitir que as propostas sejam novamente apresentadas na
(A) Direito à propriedade. segunda-feira, apesar de protestos de diversos parlamentares.
(B) Direito de tomar parte na direção dos negócios Os parlamentares não votaram novamente o acordo que a
públicos do seu país; diretamente ou por intermédio de May fechou com a União Europeia em novembro de 2018, e
representantes livremente escolhidos. que eles já rejeitaram duas vezes, em 15 de janeiro e em 12 de
(C) Pagamento de salário igual por trabalho igual sem março.
discriminação alguma. Na manhã desta quarta, May havia voltado a defender o
(D) Direito de abandonar o país em que se encontra, acordo no Parlamento e se opôs a ideia de um novo referendo,
incluindo o seu. lembrando que a saída da União Europeia foi resultado de
(E) Direito à legítima defesa. consulta popular. A premiê insistiu que as outras opções
estudadas pelos parlamentares poderiam conduzir a um
02. (ESAF – Planejamento e Orçamento – ESAF) No atraso do Brexit ou mesmo a não concretização do processo.
Século XXI, o Trabalho Forçado, Trabalho análogo ao Escravo O Reino Unido tem até 12 de abril para informar o
e o Trabalho Infantil ainda são uma realidade no mundo e o Conselho Europeu sobre o que pretende fazer em relação aos
Brasil não é uma exceção. Existem inúmeras razões para a seus planos para deixar o bloco. A data foi acordada quando
persistência do Trabalho Forçado e Trabalho análogo ao a União Europeia concordou em adiar a saída, marcada
Escravo no Brasil. inicialmente para 29 de março.
Não é uma das razões para persistência do Trabalho Isso só não será necessário se o acordo de Theresa May for
Forçado no Brasil. aprovado. Nesse caso, o Brexit acontece em 22 de maio. Essas
(A) Sentimento de Impunidade para os promotores do datas foram ratificadas nesta quarta-feira pelo Parlamento
Trabalho Forçado ou Trabalho análogo ao Escravo, na maioria britânico, por 441 votos a favor e 105 contra.
dos casos praticado em áreas distantes e/ ou desconhecidas
dos trabalhadores recrutados. As oito propostas apresentadas nesta quarta-feira
(B) São raros os casos de condenação criminal por eram as seguintes:
Trabalho Forçado no Brasil. A lei tem dificuldade em atingir o Saída sem acordo, o que os próprios parlamentares
promotor do trabalho escravo, devido a existência de britânicos rejeitaram em votação anterior. Esse cenário é
intermediários (“os gatos”) encarregados da contratação. considerado o mais caótico por economistas e políticos do
(C) No Brasil, a lei penal é inadequada para a Reino Unido, uma vez que haveria indefinição sobre vários
responsabilização dos infratores. Falta clareza ao qualificar temas – do comércio ao trânsito de pessoas – após o Brexit
como crime de condição análoga à escravidão a submissão do - reprovada por 400 votos contra e 160 a favor;

40 G1. Parlamento britânico rejeita todas as propostas apresentadas como rejeita-todas-as-propostas-apresentadas-como-opcoes-ao-


opções ao Brexit. brexit.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/03/27/parlamento-britanico- Acesso em 28 de março de 2019

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APOSTILAS OPÇÃO

'Mercado comum 2.0': sem fazer parte da União Europeia, criado pelo grupo extremista autoproclamado Estado Islâmico
o Reino Unido manteria laços com o bloco a partir de um (EI).
mercado comum. Assim, o país faria parte da Associação "As Forças Democráticas Sírias declaram a total eliminação
Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês) sem do chamado califado e a total derrota territorial do EI", disse
manter, em contrapartida, uma união aduaneira com a UE Mustafa Bali, porta-voz da FDS, pelo Twitter. "Neste dia único,
- reprovada por 283 votos contra e 188 a favor; celebramos os milhares de mártires que tornaram essa vitória
EFTA e EEA: esta outra opção incluiria o Reino Unido possível."
também no Espaço Econômico Europeu (EEA, na sigla em Em seu auge, o EI controlou uma área de 88 mil km² no
inglês). A situação britânica, portanto, ficaria semelhante à da norte da Síria e do Iraque, governou quase 8 milhões de
Noruega, que não integra a União Europeia mas se mantém pessoas, ganhou bilhões de dólares com a exploração de
próxima economicamente do bloco - reprovada por 377 votos petróleo, extorsões, roubos e sequestros, e usou seu território
contra e 65 a favor; como base para ataques em outros países.
Plano alternativo do Partido Trabalhista: segundo o jornal Mas o grupo ainda é considerado uma grande ameaça
"The Guardian", o partido de oposição a May pretende firmar global por ainda deter uma presença significativa na região e
novos acordos com a União Europeia como tratados ter afiliados em diversos outros países, como Nigéria, Iêmen,
comerciais, alinhamento com normas definidas pelo bloco e Afeganistão e Filipinas.
participação em agências e fundações europeias - reprovada A aliança de forças representada pela FDS, lideradas pelos
por 307 votos contra e 237 a favor; curdos, começou sua ofensiva final contra o EI no início de
Revogação do artigo 50, que, na prática, interromperia o março, contra militantes que estavam encurralados no vilarejo
Brexit. É improvável que essa emenda seja aprovada, uma vez de Baghuz, no leste sírio.
que reverteria uma decisão votada em referendo. Os A FDS teve de conter seus esforços após ser revelado que
parlamentares favoráveis à medida, porém, defendem que um grande número de civis se encontrava ali, abrigados em
parar o Brexit evitaria uma saída da União Europeia sem edifícios, tendas e túneis. Milhares de mulheres e crianças
acordo e, portanto, um cenário de incerteza para o Reino Unido fugiram rumo aos campos de refugiados controlados pela
- reprovada por 293 votos contra e 184 a favor; aliança.
Referendo para confirmar a decisão do Parlamento: na Combatentes do EI também abandonaram Baghuz, mas
prática, qualquer decisão sobre o Brexit tomada pelos aqueles que permaneceram ofereceram uma grande
parlamentares terá de passar por referendo popular resistência, com o uso de homens e carros bomba no conflito.
- reprovada por 295 votos contra e 268 a favor; O presidente americano, Donald Trump, havia dito que o EI
Planos de contingência com a União Europeia, ou seja, o estava derrotado no fim do ano passado e anunciado planos de
governo britânico poderá fazer acordos pontuais com o bloco retirar suas tropas, uma medida que deixou seus aliados no
caso a proposta principal firmada entre May e os líderes conflito preocupados - a Casa Branca anunciaria depois que
europeus não passe de jeito nenhum - reprovada por 422 suas forças permaneceriam na região.
votos contra e 139 a favor.
Como começou a guerra contra o Estado Islâmico
Renúncia ao cargo O EI surgiu a partir de um braço da Al-Qaeda no Iraque
Pela manhã, a premiê se reuniu com parlamentares após a invasão do país por uma coalização liderada pelos
conservadores e admitiu que vai deixar o cargo assim que o Estados Unidos em 2003. O grupo se juntou em 2011 à rebelião
acordo sobre o Brexit for aprovado. "Eu estou preparada para contra o presidente Bashar al-Assad na Síria, onde encontrou
deixar este trabalho mais cedo do que eu pretendia para fazer proteção e fácil acesso a armas.
o que é certo para nosso país e nosso partido", declarou May, Ao mesmo tempo, tirou proveito da retirada de tropas
segundo um trecho do discurso divulgados pelo escritório da americanas do Iraque, assim como da revolta entre os sunitas
primeira-ministra. contra as políticas sectárias do governo do país liderado por
"Ela disse que não vai ficar para a próxima fase de xiitas.
negociações. Se aprovarem o acordo, ela sai. Nenhuma escala Em 2014, há havia assumido o controle de grandes áreas
de tempo foi discutida ou apresentada. A condição era que se na Síria e no Iraque e proclamado a instauração de um
ela conseguisse um acordo, isso iniciaria o processo para "califado" nesta região. Foi quando mudou de nome. Antes
encontrar um novo líder quase que imediatamente", conhecido como Estado Islâmico do Iraque e do Levante,
descreveu o parlamentar conservador Simon Hart à rede passou a se autointitular apenas Estado Islâmico, refletindo
americana CNN. suas ambições expansionistas.
Um avanço subsequente sobre áreas controladas pela
Apelo aos eurodeputados minoria curda no Iraque e o assassinato ou escravização de
Nesta quarta-feira, o presidente do Conselho Europeu, milhares de membros do grupo religioso yazidi levou à
Donald Tusk, pediu aos eurodeputados que permaneçam formação de uma coalização internacional liderada pelos
abertos a um adiamento longo do Brexit enquanto o Reino Estados Unidos, com ataques aéreos a posições do EI a partir
Unido reconsidera sua posição, com uma advertência contra a de agosto daquele ano.
traição aos eleitores pró-União Europeia. A batalha para expulsar o EI da Síria e do Iraque tem sido
"Deveríamos estar abertos a uma longa prorrogação se o sangrenta, com milhares de vidas perdidas e milhões de
Reino Unido deseja reconsiderar sua estratégia do Brexit, o pessoas forçadas a deixar seus lares.
que certamente significaria a participação do Reino Unido nas Na Síria, tropas leais a Assad batalharam contra os
eleições para a Eurocâmara de 23 a 26 de maio", afirmou Tusk. extremistas com a ajuda de ataques aéreos russos e milícias
apoiadas pelo Iraque. Por sua vez, a coalização liderada por
Derrota do Estado Islâmico é anunciada na Síria41 americanos deu apoio à FDS, uma aliança de curdos sírios e
combatentes árabes, além de facções rebeldes sírias. No
As Forças Democráticas Sírias (FDS), que são apoiadas Iraque, forças de segurança locais foram apoiadas tanto pelos
pelos Estados Unidos, disseram ter dado fim ao "califado" Estados Unidos quanto por grupos paramilitares.

41 BBC. Derrota do Estado Islâmico é anunciada na Síria. BBC.


https://www.bbc.com/portuguese/internacional-
47678823?ocid=socialflow_twitter. Acesso em 25 de março de 2019.

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Desde então, já foram realizados mais de 33 mil ataques "Eles estão em uma fase de transição, adaptação e
aéreos na região pela coalização. A Rússia não fez parte destes consolidação. Estão se organizando em células nas províncias,
esforços, mas começou a promover ataques aéreos contra o replicando funções chave de liderança", acrescentou.
que chamou de "terroristas" na Síria em setembro de 2015 Militantes do EI continuam ativos em zona rurais, em áreas
para fortalecer o governo de Assad. remotas e de terreno acidentado, o que lhes dá liberdade para
A campanha logo começou a dar sinais de progresso, com se movimentar e planejar ataques a partir de regiões como os
a recaptura da cidade de Ramadi, capital da província desertos das províncias de Anbar e Nineveh e as montanhas de
iraquiana de Anbar, e, depois, da segunda maior cidade do país, Kirkuk, Salah al-Din e Diyala.
Mosul, em julho de 2017 - considerado um marco dos esforços Células do grupo parecem "estar planejando atividades
da coalização, em uma batalha de dez meses que matou para minar a autoridade do governo, criar uma atmosfera de
milhares de civis e deixou 800 mil refugiados. 'terra sem lei' na região, sabotar uma reconciliação social e
Em outubro de 2017, a FDS reassumiu o controle da cidade elevar o custo de reconstrução regional e do
de Raqqa, na Síria, capital do autoproclamado "califado", após contraterrorismo", segundo Guterres. Estas atividades
três anos sob o comando do EI. No mês seguinte, foram incluem sequestros, assassinatos de líderes locais e ataques
retomadas as cidades de Deir al-Zour e Al-Qaim. contra instalações estatais e de serviços.
Os números exatos de vítimas da guerra contra o EI é A expectativa é que a rede do EI na Síria se torne algo
desconhecido. O Observatório de Direitos Humanos da Síria, semelhante ao que ocorre no Iraque atualmente. Além do vale
organização que monitora o conflito baseada em Londres, diz do rio Eufrates, o grupo está presente na província de Idlib, no
mais de 371 mil pessoas - entre elas, 112,6 mil civis - noroeste do país, e ao sul da capital Damasco, além de na
morreram desde o início da guerra civil na Síria em 2011. região de Badiya, um grande trecho de deserto no sudeste da
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que ao Síria.
menos 30.912 civis foram mortos em atos de terrorismo e Os militantes têm acesso a armamento pesado e são
violência e pelo conflito armado no Iraque entre 2014 e 2018, capazes de realizar ataques a bomba e assassinatos em todo o
mas acadêmicos e ativistas dizem que este número pode país, disse Guterres. Seus líderes também mantêm uma
chegar a 70 mil. "capacidade de controle e comando". A localização do líder do
Ao menos 6,6 milhões de sírios se transformaram em EI, Abu Bakr al-Baghdadi, é desconhecida, apesar de haver
refugiados em seu próprio país, enquanto outros 5,6 milhões poucos locais onde ele ainda possa se esconder.
fugiram para o exterior, principalmente para Turquia, Líbano O grupo continua a obter uma receita significativa com
e Jordânia. atividades criminosas e a receber doações. Estima-se que o EI
tenha recursos da ordem de US$ 50 milhões (R$ 195,3
Por que o EI ainda é uma ameaça preocupante? milhões) a US$ 300 milhões (R$ 1,17 bilhão) em dinheiro.
A queda de Baghuz representa um momento chave da
campanha contra o EI. O governo iraquiano havia declarado a Quantos militantes ainda restam?
vitória sobre o grupo em dezembro de 2017. Mas o EI está O EI sofreu perdas consideráveis, mas Guterres diz que o
longe de estar derrotado. grupo ainda tem sob seu comando entre 14 mil e 18 mil
Autoridades americanas dizem existir de 15 mil a 20 mil combatentes no Iraque e na Síria, entre eles 3 mil estrangeiros.
combatentes armados do grupo em atividade na região e que O enviado especial americano da Coalização Global para
o EI retornará às suas raízes de insurgência enquanto tenta se Derrotar o EI, James Jeffrey, disse neste mês que os Estados
reerguer. Unidos estimam haver entre 15 mil e 20 mil "membros
Mesmo diante de uma derrota iminente em Baghuz, os armados ativos" do grupo na região.
extremistas divulgaram um áudio que seria supostamente de A FDS capturou cerca de 1 mil combatentes estrangeiros
seu porta-voz, Abu Hassan al-Muhajir, dizendo que seu do EI. Centenas de mulheres e mais de 2,5 mil ligadas a estes
califado não estava acabado. estrangeiros estão vivendo em campos para refugiados em
Apesar do anúncio da FDS, o EI continua a ter integrantes áreas controladas pela aliança, que informou haver ainda mais
disciplinados e com experiência de combate, o que não 1 mil combatentes estrangeiros detidos no Iraque.
permite dizer que sua "derrota definitiva" está garantida. Os Estados Unidos querem que eles sejam enviados para
O chefe do Comando Central das Forças Armadas seus países de origem para serem processados criminalmente,
americanas, o general Joseph Votel, responsável pelas mas estas nações manifestaram preocupações em receber
operações militares do país no Oriente Médio, disse em estes extremistas e disseram ser difícil conseguir provas para
fevereiro que será necessário manter uma "ofensiva vigilante sustentar ações judiciais.
contra o agora disperso e desagregado EI, que continua a ter Estima-se que 40 mil estrangeiros tenham se juntado ao EI
líderes, combatentes, recursos e uma ideologia profana para na Síria e no Iraque, e o número de pessoas que ainda estão
levar à frente seus esforços". viajando para lá para fazer isso é desconhecido, ainda que este
E que, se a pressão sobre o grupo não for mantida, ele fluxo tenha se reduzido significativamente. A Coalização
"pode ressurgir na Síria dentro de seis a 12 meses e Global calcula que "provavelmente 50 pessoas por mês"
reconquistar território no vale do rio Eufrates", conforme chegam à região para se unir ao grupo.
disseram autoridades militares americanas. Ao mesmo tempo, há um contingente significativo de
Estes alertas aparentemente dissuadiram Trump de afiliados do EI em países como Afeganistão, Egito e Líbia e no
retirar 2 mil soldados da Síria, como havia prometido fazer em Sudeste Asiático e na África Ocidental. Indivíduos inspirados
dezembro. A medida levou à renúncia do secretário de Defesa pela ideologia do grupo também continuam a realizar ataques
Jim Mattis. A Casa Branca afirmou no mês passado que em outras regiões.
manterá 400 "agentes de paz" na Síria por "algum tempo".

Quais serão os próximos passos do EI?


No Iraque, onde o governo declarou vitória contra estes
extremistas no fim de 2017, eles já "evoluíram para se
transformar em uma rede subterrânea", disse o general
americano António Guterres em um relatório em fevereiro.

Atualidades e Convivência Social 32


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Opositores que tentam entrar com ajuda humanitária algum dia vocês amanhecerem com a notícia de que fizeram
são 'traidores', afirma Maduro em pronunciamento42 algo contra Maduro, saiam às ruas", disse.

Presidente da Venezuela anunciou o rompimento das Resumo dos confrontos sábado (23)
relações com a Colômbia, chamou a ajuda humanitária de - As fronteiras da Venezuela com o Brasil e a Colômbia
'brincadeira de enganar bobo' e afirmou que não é 'mendigo'. amanheceram fechadas, conforme prometido por Maduro;
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, discursou a - Caminhonetes saíram de Boa Vista e foram até a fronteira
apoiadores neste sábado (23/02), em Caracas, afirmou que com a Venezuela com ajuda humanitária, mas voltaram para o
opositores que tentam entrar com ajuda humanitária são lado brasileiro no fim do dia;
"traidores" e anunciou o rompimento das relações com a - Venezuelanos protestaram e atacaram uma base do
Colômbia. exército venezuelano;
"Minha vida é consagrada totalmente à defesa da pátria, - 3 pessoas morreram e ao menos 15 ficaram feridas em
em qualquer circunstância. Nunca me dobrarei, sempre Santa Elena, cidade venezuelana a 15 km da fronteira com o
defenderei a minha pátria com a minha vida, se necessário for. Brasil;
É uma ordem que dou ao povo, aos militares patriotas, a todas - Na fronteira com a Colômbia, 2 caminhões com ajuda
as forças armadas bolivarianas. Se vocês amanhecerem um dia humanitária foram incendiados;
com a notícia de que fizeram algo com Nicolás Maduro, saiam - Confrontos na fronteira com a Colômbia deixaram 285
às ruas", afirmou. feridos e 37 pessoas hospitalizadas, segundo o governo
Maduro chamou de "fascista" o governo colombiano, do colombiano;
presidente Iván Duque – um dos primeiros a reconhecer Juan - Mais de 60 militares venezuelanos abandonaram os
Guaidó como autoproclamado presidente da Venezuela – e postos e pediram asilo, ainda de acordo com o governo
anunciou o rompimento das relações "políticas e colombiano;
diplomáticas" com a vizinha Colômbia. - Maduro afirmou em discurso que não é mendigo e que
O líder chavista deu 24 horas para que toda a equipe está disposto a comprar toda comida que o Brasil quiser
consular colombiana deixe a Venezuela, após Duque participar vender e rompeu relações diplomáticas com Colômbia;
de uma entrevista coletiva ao lado de Guaidó, em Cúcuta, - Guaidó voltou a apelar a militares para que eles retirem o
defender a passagem dos caminhões com a ajuda humanitária apoio a Maduro: "Vocês não devem lealdade a quem queima
e afirmar que regime de Maduro teve neste sábado "a sua comida";
derrota moral".
Em relação ao Brasil, Maduro disse estar disposto a Parlamento europeu reconhece Guaidó como
comprar toda a comida que o país quiser vender. "Estamos presidente interino da Venezuela43
dispostos como sempre estivemos, a comprar todo o arroz,
todo o açúcar, todo leite em pó que vocês quiserem vender". Decisão aumenta a pressão para que os países europeus
"Não somos maus pagadores, nem mendigos, somos gente também reconheçam o líder da oposição a Nicolás Maduro
honrada e que trabalha. Querem o quê? Trazer caminhões com como presidente interino.
leite em pó? Eu compro agora", afirmou Maduro O Parlamento Europeu reconheceu nesta quinta-feira
Maduro também chamou a ajuda humanitária de (31/01) o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente
"brincadeira de enganar bobo". Ele criticou diretamente a legítimo da Venezuela e pediu para que os países da União
qualidade e quantidade da ajuda. "Dois mortos que comeram Europeia façam o mesmo. A resolução do órgão legislativo do
dessa comida, centenas de pessoas envenenadas. Comida bloco europeu recebeu 439 votos a favor, 104 contra e 88
cancerígena, podre. E a quantidade? Se toda fosse distribuída, abstenções.
não chegaria nem a 15 mil municípios", disse Maduro. A resolução afirma que o Parlamento Europeu reconhece
"Estão bloqueando remédio, alimentos. Eu dei a lista Juan Guaidó como presidente "de acordo com a Constituição
completa das nossas necessidades e disse também vamos da Venezuela" e expressa "apoio absoluto a seu projeto".
coordenar com a ONU, para ver se vocês cumprem essa oferta. A resolução também pede que a chefe da diplomacia
(...) Será aceita a ajuda humanitária, se for legal. Não sou europeia, Federica Mogherini, e os Estados-membros da UE
mendigo de nada, para título de mendigo fale com Guaidó", reconheçam Guaidó "até que seja possível convocar novas
afirmou. eleições presidenciais livres, transparentes e críveis para
O presidente venezuelano exaltou a importância da defesa restaurar a democracia" na Venezuela.
das fronteiras, citando o fechamento como a mais importante "Da Europa, podemos ajudar a mudar o regime
ação em 200 anos. Conclamando o povo, alertou que não é venezuelano e fazer entender que tiranos nunca vão conduzir
tempo de traição e atacou o presidente autoproclamado, Juan qualquer possibilidade democrática", declarou o deputado
Guaidó, desafiando que ele convoque eleições. espanhol Esteban Gonzalez Pons, na sede da instituição, na
Durante o discurso, Maduro também criticou as ações na cidade francesa de Estrasburgo.
fronteira e a participação dos Estados Unidos. "Ajuda "É um prazer anunciar que o Parlamento Europeu
humanitária? A quem Donald Trump ajudou na vida dele?", reconhece Juan Guaidó como presidente legítimo da
afirmou. Ainda acusou os EUA de tramar golpes para interferir Venezuela. É a primeira instituição europeia a fazê-lo, pedimos
no poder da Venezuela e diz que um pequeno grupo aos Estados-membros e à Comissão Europeia que façam o
sequestrou os rumos da oposição. mesmo o mais rápido possível para que tenhamos uma posição
"Eles não têm vontade própria. O que aconteceria com a unificada e forte", disse no plenário o presidente do
Venezuela se caísse na mão dessa gente?", disse. "Minha vida Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani.
está consagrada à defesa da pátria. Em qualquer circunstância. O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela se
(...) A ordem que dou ao povo e aos militares patriotas: se autodeclarou presidente interino durante uma manifestação
em Caracas, em 23 de janeiro. O objetivo da sua iniciativa,

42 G1. Opositores que tentam entrar com ajuda humanitária são ‘traidores’, 43 G1. Parlamento europeu reconhece Guaidó como presidente interino da
afirma Maduro em pronunciamento. G1 Mundo. Venezuela. G1 Mundo.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/02/23/nicolas-maduro-faz- https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/01/31/parlamento-europeu-
pronunciamento-para-milhares-de-apoiadores-em- reconhece-guaido-como-presidente-interino-da-venezuela.ghtml. Acesso em 31 de
caracas.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1. janeiro de 2019.
Acesso em 25 de fevereiro de 2019.

Atualidades e Convivência Social 33


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segundo ele, é formar um governo de transição para organizar chegue rapidamente ao local, segundo o jornal “Corriere della
eleições livres no país, que enfrenta uma grave crise política e Sera”. O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, anunciou
econômica. que iria ao aeroporto para receber Battisti, a quem ele chama
Até agora, a União Europeia fez um apelo para que sejam de “assassino comunista”.
organizadas “eleições livres e credíveis” na Venezuela, mas O italiano, que integrou o grupo Proletários Armados pelo
não mencionou a iniciativa de Guaidó, que já foi reconhecida Comunismo, foi condenado à prisão perpétua por quatro
por vários países, entre eles, os Estados Unidos e o Brasil. Na assassinatos cometidos nos anos 1970. Ele afirma que nunca
quarta-feira, os senadores dos Estados Unidos também matou ninguém e se diz vítima de perseguição política.
pediram à UE que reconheça Guaidó. Foram 37 anos de fuga permanente, com períodos de
Nicolás Maduro, que se diz alvo de um golpe impulsionado prisão e lutas político-judiciais para evitar a Justiça da Itália.
pelos americanos, disse que está disposto a conversar com a Battisti escapou do seu país na década de 1980, viveu na
oposição e mostrou-se favorável à organização de eleições França, no Brasil e, mais recentemente, havia se escondido na
legislativas antecipadas para superar a crise. No entanto, Bolívia.
ele resiste à ideia de uma nova eleição presidencial. O italiano chegou a conseguir refúgio no Brasil em 2007.
"Não aceitamos ultimatos de ninguém no mundo, não Mas o status, concedido a ele pelo então presidente Luiz Inácio
aceitamos a chantagem. As eleições presidenciais aconteceram Lula da Silva, foi revisto em dezembro do ano passado, por
na Venezuela e se os imperialistas querem novas eleições que Michel Temer, que autorizou sua extradição. A Polícia Federal
esperem até 2025", afirmou Maduro, fazendo referência à fez mais de 30 operações para localizá-lo, mas não teve
União Europeia. sucesso.
No sábado (26/01), os governos de Alemanha, Espanha e Como a entrada de Battisti na Bolívia foi ilegal, a expulsão
França anunciaram que reconhecerão Guaidó como dele foi requerida pela Itália e acatada pelo governo boliviano.
presidente interino caso o país não convoque eleições "justas O plano inicial incluia a volta de Battisti ao Brasil em um avião
e livres" em 8 dias -- prazo que vence no domingo (02/02). da Polícia Federal, para depois ser extraditado para a Itália.

Sanções americanas Possíveis benefícios


O autoproclamado presidente interino deve apresentar Battisti foi condenado à prisão perpétua em 1993 sob a
nesta quinta-feira (31/01) o seu plano para enfrentar o acusação de ter cometido quatro assassinatos na Itália na
colapso econômico e social do país, que sofre com a escassez década de 70.
de alimentos e de remédios e com uma hiperinflação que o FMI Como os crimes foram cometidos antes de 1991, quando
projeta para 10.000.000% este ano. houve uma mudança na legislação italiana, ele terá alguns
Determinados a sufocar economicamente o governo de benefícios, como sair da cadeia por curtos períodos se
Maduro, os Estados Unidos congelaram contas e ativos da apresentar bom comportamento depois de ter cumprido 10
estatal petrolífera PDVSA - fonte de 96% das receitas do país. anos de pena, de acordo com o jornal Bom Dia Brasil.
Como ele foi julgado à revelia, a defesa também pode tentar
Onda de protestos um novo julgamento.
Na quarta-feira, em um novo dia de protestos, a oposição
saiu às ruas em Caracas e várias cidades no interior do país Entenda o caso
para exigir a saída de Nicolás Maduro. Autoproclamado Tanto os governos de esquerda quanto os de direita
presidente interino, o líder opositor Juan Guaidó comandou queriam que Battisti voltasse à Itália para cumprir a sua pena,
mobilização, que pedia também para que as forças armadas do e o assunto está ocupando grande parte dos jornais italianos.
país não reconheçam mais o comando do líder chavista. Battisti chegou ao Brasil em 2004. Ele foi preso no Rio de
Ele declarou em artigo publicado pelo jornal americano Janeiro em março de 2007 por uma ação conjunta entre a
"The New York Times" que teve reuniões clandestinas com Polícia Federal brasileira e agentes italianos e franceses. Dois
integrantes das forças armadas e ofereceu anistia para todos anos depois, o então ministro da Justiça, Tarso
que não têm acusações de crimes contra a humanidade. Genro, concedeu refúgio.
Nos últimos dias, jornalistas de diferentes nacionalidades Em 2007, a Itália pediu a extradição dele e, no fim de 2009,
que foram presos no país. Entre eles, estão dois franceses, dois o STF julgou o pedido procedente, mas deixou a palavra final
colombianos e um espanhol. ao presidente da República. Na época, o presidente Luiz Inácio
Desde o início da atual onda de protestos, que começou em Lula da Silva negou a extradição.
21 de janeiro com a rebelião de um grupo de militares, mais de Em setembro de 2017, o governo italiano pediu ao
850 pessoas foram presas e mais de 40 pessoas morreram, presidente Michel Temer que o Brasil revisasse a decisão
segundo estimativa da ONU. sobre Battisti.
No fim do ano passado, a Procuradoria-Geral da República
Battisti chega à Itália após quase 40 anos foragido e (PGR) pediu ao STF que desse prioridade ao julgamento que
será levado a presídio em Roma44 poderia resultar na extradição.
Um mês depois do pedido da PGR, o ministro Luiz Fux
Italiano chegou a conseguir refúgio no Brasil e depois teve mandou prender o italiano e abriu caminho para a extradição,
a extradição autorizada, mas fugiu para a Bolívia. Preso no no início de dezembro.
último sábado (12/01), Battisti irá cumprir pena por 4 Na decisão, o ministro autorizou a prisão, mas disse que
assassinatos no seu país. caberia ao presidente extraditar ou não o italiano porque as
O avião com o italiano Cesare Battisti chegou ao aeroporto decisões políticas não competem ao Judiciário. No dia seguinte,
de Ciampino, em Roma, nesta segunda-feira (14/01). Ele foi o então presidente Michel Temer autorizou a extradição de
entregue pela polícia boliviana às autoridades da Itália na Battisti.
cidade de Santa Cruz de La Sierra, onde foi preso no sábado Desde então, a PF deflagrou uma série de operações para
(12/01). prender o italiano. No final de dezembro, a PF já haviam sido
Battisti será levado para um presídio na periferia de Roma. feitas mais de 30 ações.
No trajeto, patrulhas fecharão os acessos para que o comboio

44 G1. Battisti chega à Itália após quase 40 anos foragido e será levado a quase-40-anos-foragido-e-sera-levado-a-presidio-em-roma.ghtml. Acesso em 14
presídio em Roma. G1 Mundo. de janeiro de 2019.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/01/14/battisti-chega-a-italia-apos-

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Battisti nega envolvimento com os homicídios e se diz Em reunião no Congresso no dia seguinte, Trump também
vítima de perseguição política. Em entrevista em 2014 ao foi irredutível e "bateu na mesa” e disse que “não tinha nada
programa Diálogos, de Mario Sergio Conti, na GloboNews, ele para discutir”, segundo o prório Shummer.
afirmou que nunca matou ninguém. No Twitter, o presidente chamou a reunião de "total perda
de tempo" e disse que propôs a Pelosi encerrar a paralisação
A mais longa paralisação da história dos EUA e a se os democratas concordassem em aprovar a verba para o
queda de braço entre Trump e democratas45 muro dentro de um mês, mas que a presidente da Câmara
recusou a oferta. “Eu disse tchau. Nada mais funciona!”,
'Shutdown' completa 22 dias neste sábado (12/01) diante acrescentou.
de impasse sobre orçamento. Presidente americano quer
quase US$ 6 bilhões para muro na fronteira; oposição se recusa Artimanha
a liberar o dinheiro. Ainda durante a semana, Trump visitou a fronteira
A paralisação parcial do governo federal dos EUA completa mexicana e negou que tenha prometido durante a campanha
22 dias neste sábado (12/01) e já é o mais longo "shutdown" eleitoral que o México pagaria pelo muro: "Obviamente nunca
da história americana. O bloqueio do orçamento é resultado da disse isso e nunca quis dizer que eles iam assinar um cheque.
queda de braço entre o presidente Donald Trump e a oposição Eles vão pagar com o incrível acordo comercial que fizemos
democrata por causa da construção do muro na fronteira com com o México e o Canadá", referindo-se ao tratado que
o México. substitui o Nafta, e que resgata uma zona de livre comércio
O atual impasse supera os 21 dias de paralisação que entre os três países.
ocorreu durante a presidência de Bill Clinton, entre 5 de Uma manobra de Trump para levantar o muro mesmo sem
dezembro de 1995 e 6 de janeiro de 1996. o aval democrata foi colocada na mesa. É a possibilidade de
Um quarto do governo federal está sem funcionar e 800 mil decretar emergência nacional, o que lhe permitiria usar verbas
servidores públicos estão sem receber salário, enquanto o destinadas a obras militares para construir o muro e driblar o
financiamento de setores do governo não passa pelo impasse com o Congresso.
Congresso. De um lado do cabo de guerra, está Trump dizendo Mas na sexta-feira, o presidente americano afirmou que
que só aprovará o orçamento deste ano se os congressistas não deve recorrer à artimanha tão cedo. "O que não estamos
incluírem no projeto quase US$ 6 bilhões para a barreira física procurando fazer agora é uma emergência nacional", disse
que, segundo ele, é a solução para impedir a imigração ilegal Trump. Ele insistiu que tinha autoridade para fazer isso,
nos EUA. acrescentando que "não vai fazer tão rápido", porque ainda
No outro lado, está a Câmara, controlada pela maioria de prefere trabalhar com o Congresso. A iniciativa também
democratas, e que não concorda em incluir a cifra e liberar o estaria sujeita a ser imediatamente impugnada na Justiça.
dinheiro, dizendo que a política migratória e os argumentos do A aliados, segundo agências de notícias, Trump disse que a
governo sobre o tema são enganosos e que fazem parte de uma briga pelo muro, mesmo sem conseguir o financiamento
"crise fabricada". solicitado, é uma questão de vitória política para ele.

Apelo Passa de 400 número de mortos em tsunami na


Em pronunciamento na TV na quarta-feira (09/01), Trump Indonésia46
apelou para um discurso emotivo e fez uso de números
controversos para tentar convencer os americanos, e A cada dia aumenta o número de vítimas em decorrência
principalmente a oposição, da importância da barreira na do tsunami desencadeado após erupção do vulcão Anak
fronteira sul do país. Krakatau, na região costeira da Indonésia. O balanço mais
"É passagem para uma grande quantidade de drogas recente divulgado hoje (25/12) é de 429 mortos e 1.459
ilegais, incluindo metanfetamina, heroína, cocaína e fentanil. A feridos, além dos desaparecidos.
cada semana, 300 dos nossos cidadãos morrem apenas pela O tsunami, registrado há três dias, destruiu 882 casas, 73
heroína", destacou. O presidente americano também atacou a hotéis, vilas e edifícios localizados no litoral. De acordo com o
oposição: “quanto sangue americano terá que ser derramado porta-voz da Agência Nacional de Gerenciamento de
até que o Congresso aprove?”. Desastres, Sutopo Purwo Nugroho, 16.082 pessoas foram
As estatísticas e os números apresentados durante o deslocadas.
discurso foram questionados pela oposição e pela imprensa O desastre também destruiu um porto marítimo e 434
norte-americana, e o apelo não surtiu efeito. navios e embarcações nos distritos de Pandeglang e Serang
mais atingidos na província de Banten, e nos distritos de
Ninguém cede Lampung Selatan, Panawaran e Tenggamus na província de
Imediatamente após o discurso, os líderes democratas Lampung.
também foram à TV e reagiram às declarações do presidente,
exigindo que o governo fosse reaberto. "O presidente Trump Buscas
deve parar de manter o povo americano como refém, deve As buscas se estendem por terra e mar entre as ilhas de
parar de fabricar uma crise e deve reabrir o governo", afirmou Java e Sumatra, já que muitas vítimas teriam sido arrastadas
a presidente da Câmara Baixa, Nancy Pelosi. pelas ondas. "Os navios que procuram as vítimas já
O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, recuperaram vários corpos no mar", disse Sutopo.
afirmou também que é favorável a mais segurança na fronteira Mais de 2 mil soldados e policiais, além de pessoal do
dos EUA com o México, mas que o muro é desnecessário. "Os escritório de busca e salvamento e do escritório da agência de
democratas e o presidente querem uma segurança mais forte gestão de desastres participaram de uma operação de socorro
nas fronteiras. No entanto, discordamos fortemente do emergencial.
presidente sobre a maneira mais eficaz de fazê-lo", disse.

45 Felipe Turioni. A mais longa paralização da história dos EUA e a queda de 46 Agência Brasil. Passa de 400 números de mortos em tsunami na Indonésia.
braço entre Trump e democratas. G1 Mundo. EBC Agência Brasil. http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2018-
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/01/12/a-mais-longa-paralisacao- 12/passa-de-400-numero-de-mortos-em-tsunami-na-indonesia. Acesso em 26 de
da-historia-dos-eua-e-a-queda-de-braco-entre-trump-e-democratas.ghtml. dezembro de 2018.
Acesso em 14 de janeiro de 2019.

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Falhas tumultos que a França testemunhou durante décadas, com a


O porta-voz admitiu que falhas no sistema de alerta ira concentrada principalmente no desempenho do presidente
contribuíram para o agravamento da situação. "A ausência e o francês, Emmanuel Macron.
fracasso dos primeiros sistemas de alerta de tsunamis "Temos que mudar a República", disse uma manifestante à
contribuíram para as enormes baixas porque as pessoas não CNN. "As pessoas aqui estão famintas. Algumas pessoas
tiveram oportunidade de serem deslocadas." ganham apenas 500 euros por mês que não dá para viver.
A agência de meteorologia e geofísica proibiu atividades Queremos que o presidente vá embora", disse.
nas áreas costeiras após o tsunami. Patrice, um pensionista de Paris, disse que estava
Em 26 de dezembro de 2004, um protestando por causa do "governo, dos impostos e de todos
enorme tsunami desencadeado por um poderoso terremoto esses problemas. Temos que sobreviver".
atingiu países ao longo do Oceano Índico, matando 226 mil O setor de varejo francês sofreu uma perda de receita de
pessoas, incluindo 170 mil na província de Aceh, na ponta cerca de US$ 1,1 bilhão desde o início dos protestos do colete
norte da ilha de Sumatra, na Indonésia. amarelo no mês passado, disse a porta-voz da federação de
varejo francesa, Sophie Amoros, à CNN.
Vulcão
A área do vulcão Anak Krakatau está cercada de estâncias Cidade fantasma
turísticas, uma zona industrial, uma movimentada faixa de Grande parte de Paris parecia uma cidade fantasma, com
navegação e algumas áreas residenciais. No sábado, ondas de museus e lojas de departamento fechados, no que deveria ter
4 a 5 metros atingiram a costa. sido um dia festivo de compras antes do Natal.
Anak Krakatau é um dos 129 vulcões ativos na Indonésia, Os turistas eram escassos e os residentes eram
uma vasta nação de arquipélagos que abriga 17,5 mil ilhas, aconselhados a ficar em casa. Dezenas de ruas ficaram
situada em uma zona propensa ao terremoto do chamado Anel fechadas para o tráfego, enquanto a Torre Eiffel e museus
de Fogo do Pacífico. como o Louvre, o Musée d'Orsay e o Centre Pompidou não
abriram para o público.
Protestos reúnem milhares de pessoas em Paris sob Lojas de departamento também não abriram as portas por
cerco da polícia47 medo de saques que aconteceram em outros dias de protesto,
entre elas a Galeries Lafayette, Le Bon Marché, BHV e
Cerca de 10 mil pessoas participaram dos protestos em Printemps.
Paris, e 125 mil em toda a França. Torre Eiffel e outros pontos As áreas mais sensíveis por serem pontos de concentração
turísticos ficaram fechados por conta das manifestações. dos "coletes amarelos", como o bairro da Champs-Elysées, as
Milhares de manifestantes, chamados de "coletes praças da República e da Bastilha, foram fechadas para o
amarelos", protestaram pelas ruas de Paris neste sábado tráfego desde o início da manhã.
(08/12) pelo quarto final de semana consecutivo. Perto da Diversos mercados e estabelecimentos públicos também
Champs-Elysées, a polícia jogou gás lacrimogêneo contra os não funcionaram, além de aproximadamente 40 estações de
manifestantes, que enfrentaram a polícia gritando "Macron trem e metrô. Agências bancárias, cinemas, lojas, cafés e
renúncia!". restaurantes cobriram suas vitrines com tapumes e placas de
Segundo o ministro do Interior francês, Christophe fibra de vidro para se proteger de atos de vandalismo dos
Castaner, 10 mil pessoas participaram dos protestos em Paris, manifestantes.
e 125 mil em toda a França. Castaner também afirmou que O ministro do Interior, Christophe Castaner, disse que "o
1385 manifestantes foram detidos. governo estendeu a mão" com a disponibilidade para o diálogo
Os protestos deste sábado deixaram 135 feridos, sendo e medidas como a suspensão dos aumentos dos impostos
118 manifestantes e 17 policiais. Vários jornalistas também se sobre o combustível que estava programado para janeiro:
feriram. "Agora é preciso sentar à mesa e discutir".
A polícia, que delimitou as ruas por onde os manifestantes
poderiam passar, jogou bombas de gás lacrimogêneo para Protestos na Bélgica
dispersar os que haviam desobedecido a determinação, em Houve protestos também em Bruxelas, capital da Bélgica, e
ruas próximas à Champs-Elysées, perto do Arco do Triunfo. cerca de 70 pessoas foram presas preventivamente, segundo
Além disso, usou canhões de água e cavalos contra os Ilse Van De Keere, porta-voz da área de Bruxelas-Capital-
manifestantes, mas houve menos violência do que na semana Ixelles. Dezenas de pessoas se reuniram em dois lugares da
passada, quando manifestantes incendiaram 112 carros e capital belga, Arts-Lois e Porte de Namur, mas sem atos
saquearam lojas nos piores tumultos em Paris desde maio de violentos.
1968. As autoridades implantaram cordões policiais onde estão
Cerca de 89 mil policiais foram mobilizados em todo o país. concentradas as instituições do bloco europeu (Comissão,
Desses, 8 mil estão alocados em Paris, para evitar as cenas da Conselho e Parlamento Europeu), impedindo o acesso a
última semana, que contou com carros incendiados e com o veículos e pedestres.
Arco do Triunfo pichado com frases contra o presidente Os "coletes amarelos" também bloquearam a autoestrada
francês Emmanuel Macron. E17 em direção a Rekkem, cidade localizada perto da fronteira
O primeiro-ministro, Édouard Philippe, presidiu na manhã francesa. Outra estrada que leva à fronteira francesa também
deste sábado uma reunião com os responsáveis de segurança foi bloqueada por manifestantes.
no Ministério do Interior, entre eles o ministro da pasta, O movimento foi exportado para a Bélgica,
Christophe Castaner. particularmente para a região francófona. Em 30 de
Pela primeira vez em mais de uma década, as forças da novembro, uma manifestação de 300 pessoas também
ordem em Paris contaram com blindados da Gendarmeria terminou em tumultos em Bruxelas, onde eles queimaram dois
(uma das forças militares encarregada da segurança do Estado veículos da polícia.
francês) que podem atravessar barricadas.
A manifestação de sábado é a quarta de uma série de
protestos que ocorreram no último fim de semana nos piores

47 G1. Protestos reúnem milhares de pessoas em Paris sob cerco da polícia. G1 paris.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1.
Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/12/08/manifestantes- Acesso em 10 de dezembro de 2018.
comecam-a-se-reunir-para-protestos-em-

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Confrontos se engane, é uma versão francesa de um fenômeno muito mais


No sábado (01/12), houve confronto dos manifestantes global".
com a polícia na Avenida Champs-Elysées, em Paris, que O movimento CGT da extrema esquerda da França
deixou 130 feridos e mais de 400 detidos. Cerca de 36 mil prometeu apoio ao movimento, que também é apoiado pelo
saíram às ruas por toda a França naquele dia. líder da extrema direita, Marine Le Pen.

Aumento cancelado ONG estima que 85 mil crianças morreram de fome e


Os protestos foram mantidos apesar de o governo doenças em guerra no Iêmen48
ter anunciado na quarta-feira (05/12) que desistiu de
aumentar os impostos de combustíveis. Inicialmente, a medida Confrontos entre rebeldes houthis e forças pró-governo
seria suspensa por seis meses, mas depois o primeiro-ministro levam escassez de comida e precarizam atendimento médico
francês, Édouard Philippe, disse que o aumento não entraria no país.
no projeto orçamentário de 2019. HODEIDA — A ONG Save the Children estima que quase 85
Segundo a imprensa francesa, o presidente Emmanuel mil crianças com menos de 5 anos morreram de fome e
Macron tomou a decisão após perceber que a primeira doenças desde o início da guerra no Iêmen, em 2015. A
proposta não foi bem recebida pelos "coletes amarelos". organização alerta que, se o conflito não for encerrado em
Apesar da desistência do aumento no imposto do breve, 14 milhões de pessoas correm o risco de grave carência
combustível, os "coletes amarelos" continuam exigindo mais de alimentação. Segundo a ONG, pelo menos 84.700 crianças
concessões, incluindo impostos mais baixos, salário mínimo menores de 5 anos padeceram sob suspeita de má nutrição
mais alto, custos de energia mais baixos, melhores benefícios entre abril de 2015 e outubro deste ano — o equivalente a toda
de aposentadoria e até a demissão de Macron. a população infantil de Birmingham, a segunda maior cidade
As autoridades dizem que os protestos estão sendo usados britânica.
pela extrema-direita e anarquistas empenhados na violência e Segundo moradores, em Hodeida, atual linha de frente do
na agitação social. confronto entre rebeldes houthis e tropas do governo iemenita
apoiadas pela coalizão liderada pela Arábia Saudita, o preço
O movimento dos alimentos subiu pelo menos 400%. Apenas dois hospitais
Os protestos começaram em 17 de novembro em oposição funcionam na cidade portuária, com acesso dificultado pela
ao aumento dos impostos sobre os combustíveis, mas, desde proximidade dos confrontos e bombardeios.
então, se tornaram um amplo movimento contra a política "Para cada criança morta por bombas e balas, dezenas
econômica e social do presidente Emmanuel Macron. morrem de fome, e isso é inteiramente possível de prevenir",
O governo, encurralado pelas ruas, suspendeu o imposto destacou o diretor da Save the Children para o Iêmen, Tamer
sobre combustíveis e congelou os preços da eletricidade e do Kirolos. "Por conta dos confrontos, os pais demoram a levar as
gás durante o inverno. crianças para tratamento de má nutrição, quando seus órgãos
No entanto, para os "coletes amarelos", que ampliaram internos não funcionam, e elas têm múltiplas infecções
suas reivindicações, essas concessões foram insuficientes. provocadas pela fraqueza."
Contam também com o apoio da maioria dos franceses (68%, Segundo Kirolos, quando a desnutrição chega a esse ponto
segundo a última pesquisa). há pouco que os médicos possam fazer para salvar as crianças.
Muitos dos "coletes amarelos", chamados assim pelo A ONG alerta que o número de casos aumentou desde que a
adereço fluorescente de segurança que usam, se manifestam coalizão saudita impôs um bloqueio de um mês ao país
pacificamente, mas alguns se radicalizaram. Membros de empobrecido, há um ano.
grupos de extrema direita e de extrema esquerda aproveitam Em 15 de novembro, o pai Saleh al-Faqeh segurava as mãos
os protestos para enfrentar a polícia, às vezes de forma brutal. da filha de 4 meses, Hajar, quando ela dava os últimos suspiros
Alguns membros do coletivo fizeram um chamado a não no principal hospital de Sanaa. Ela havia sido levada na semana
participar de manifestações em Paris para evitar mortes. Até o anterior ao centro al-Sabeen com grave má nutrição. A família,
momento, não foram registradas vítimas diretas, mas quatro moradora do reduto houthi de Saada, não conseguiu recuperar
pessoas perderam a vida em acidentes relacionados com os a pequena em dois meses de internação no hospital local e
protestos. decidiu transferi-la à capital, em jornada perigosa por estradas
Algumas embaixadas, como a de Estados Unidos, Bélgica e frequentemente bombardeadas pela coalizão saudita.
Portugal, aconselharam seus cidadãos a adiar suas viagens e Fouad al-Reme, enfermeira do al-Sabeen, recordou que
pediram aos residentes na França a aumentar as precauções. Hajar chegou consciente ao hospital, mas sofreu com baixos
níveis de oxigênio. "Ela era pele e osso, seu corpo estava
Futuro da Europa na balança enfraquecido", lamentou a profissional.
Dominique Moisi, especialista em política externa do A aliança pró-saudita lançou bombardeios em 2015 contra
Institut Montaigne, de Paris, e ex-assessor de campanha da os rebeldes houthis, apoiados pelo rival Irã, que haviam
Macron, disse à CNN que a presidência da França não está tomado o controle do país e forçado o presidente Abed Rabbo
apenas em crise, mas que o futuro da Europa também está na Mansour Hadi a fugir e se exilar em Riad. Desde então, as
balança. "Dentro de alguns meses, haverá eleições europeias, e batalhas levaram o país à crise humanitária e o fizeram
a França deveria ser portadora de esperança e progresso sucumbir à fome. Os bombardeios mataram centenas de
europeu. O que acontecerá se não for mais? Se o presidente pessoas, embora as forças lideradas pelos sauditas digam não
está incapacitado de levar essa mensagem?", questionou. mirar em civis.
"É sobre o futuro da democracia também; democracias Aliados ocidentais, incluindo os Estados Unidos, apelaram
não-liberais estão crescendo em todo o mundo. E se Macron por um cessar-fogo diante de novos esforços de paz da ONU. O
falhar, o futuro da França corre o risco de parecer a cenário acompanha ainda a crescente reserva de governos
presidência da Itália hoje. E é muito mais sério porque temos sobre o conflito desde o assassinato do jornalista Jamal
um Estado centralizado, que desempenha um papel Khashoggi no consulado saudita de Istambul, por ordens de
importante no equilíbrio de poder dentro da Europa. Mas não altos funcionários de Riad. O enviado das Nações Unidas para
o conflito no Iêmen, Martin Griffiths, chegou à capital Sanaa

48 The Independent. ONG estima que 85 mil crianças morreram de fome e de-fome-doencas-em-guerra-no-iemen-
doenças em guerra no Iêmen. O Globo Mundo. 23248178?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Glo
https://oglobo.globo.com/mundo/ong-estima-que-85-mil-criancas-morreram- bo. Acesso em 22 e novembro de 2018.

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nesta quarta-feira para relançar as negociações de paz. A ideia atribuições originais da Otan. Por isso, ministros de Relações
é organizar reuniões na Suécia. Exteriores e de Defesa da União Europeia estão reunidos por
Mais de dois terços da população hoje dependem de ajuda dois dias em Bruxelas para reforçar as bases desta
humanitária para sobreviver no Iêmen. Segundo a ONU, 400 independência e negociar também um fundo comum de 13
mil crianças correm risco de morrer de fome - 15 mil a mais bilhões de euros no campo militar e de segurança.
que a previsão do ano passado. Nos últimos cinco meses, o Mas daí a tornar viável a formação de um exército europeu,
conflito se intensificou com a incursão das forças iemenitas e que rivalize com a Otan, é um árduo caminho que já enfrenta
sauditas para cercar Hodeidah, lar de 300 mil pessoas. resistência de boa parte dos países-membros e da própria
Representante do Unicef no país, Meritxell Relano destacou em aliança transatlântica.
setembro que 80% da população iemenita de menos de 18 A Otan é e continua a ser a pedra angular de nossa política
anos estão vulneráveis a escassez de comida, doenças e falta de defesa”, resumiu o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte.
de acesso a serviços sociais básicos. Evitar a duplicidade com a aliança atlântica acaba sendo o
Pelo menos 80% da comida e dos suprimentos médicos do principal argumento dos que rejeitam a ideia de uma força
Iêmen chegam pela cidade portuária. Mas as importações militar europeia. Macron e Merkel aproveitaram as
comerciais despencaram em meio às batalhas. Neste comemorações do centenário do fim da Primeira Guerra
momento, os mantimentos que entram no país só atendem a Mundial para, num esforço contraditório, defender a criação
16% da população, segundo a Save The Children. de um exército que ponha a Europa no caminho da paz.
Declarações públicas de houthis e forças governamentais
deram esperança de cessar-fogo e abertura à ajuda O que levou a Venezuela ao colapso econômico e à
humanitária no começo da semana. O governo iemenita maior crise de sua história50
destacou na segunda-feira que participaria das negociações de
paz da ONU, marcadas para o próximo mês. Horas antes, o Veja quais foram as condições econômicas e políticas que
represente dos rebeldes Mohammed Ali al-Houthi havia levaram o país caribenho a uma das piores recessões da
anunciado a suspensão de operações militares. história; êxodo de venezuelanos que sofrem com pobreza e
No mesmo dia, o Reino Unido apresentou um projeto de fome já está próximo ao da situação de refugiados na Europa,
resolução ao Conselho de Segurança da ONU, no qual pede uma segundo a ONU.
trégua imediata em Hodeida e dá às tropas o prazo de duas A crise na Venezuela vem ganhando contornos de tragédia
semanas para eliminar todas as barreiras à ajuda humanitária há alguns anos. A fome fez os venezuelanos perderem, em
na região, segundo texto obtido pela AFP. Apesar dos apelos média, 11 quilos no ano passado. A violência esvazia as ruas
por paz, combates violentos irromperam horas depois em das grandes cidades quando anoitece. E a situação provocou
Hodeida. Os rebeldes lançaram fogo, e as forças pró-governo um êxodo em massa para países vizinhos. Esta semana, uma
responderam com ataques. reportagem da BBC News relatou a situação de corpos que
explodem nos necrotérios pela falta de eletricidade para
Por que Macron e Merkel defendem a criação de um refrigeração.
exército europeu?49 O país vizinho vive a maior recessão de sua história: são 12
trimestres seguidos de retração econômica, segundo anunciou
Presidente da França e chanceler alemã enfrentam em julho a Assembleia Nacional, o parlamento venezuelano,
resistência da Otan e de parte dos países da União Europeia. que atualmente é controlado pela oposição.
O eixo franco-alemão une forças na defesa de um exército A dimensão do colapso pode ser vista nos números do
europeu que tornaria o bloco menos dependente da Otan e, por Produto Interno Bruto. Entre 2013 e 2017, o PIB venezuelano
consequência, dos Estados Unidos. A ideia não é nova, vem teve uma queda de 37%. O Fundo Monetário Internacional
sendo defendida desde a década de 1950. Na nova versão, tem prevê que, neste ano, caia mais 15%.
o patrocínio de dois líderes que enfrentam problemas internos A situação tem sido explorada também na campanha
em seus países -- o presidente Emmanuel Macron e a eleitoral brasileira. Candidatos e eleitores de oposição ao
chanceler Angela Merkel. Partido dos Trabalhadores, que historicamente apoiou os
Ambos advogam que o cenário atual é vulnerável e governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, tentam usar o
promissor para uma Europa unida e também soberana. A fracasso venezuelano como alerta do que poderia ocorrer no
militarização do bloco faria frente, por exemplo, às investidas Brasil. Fernando Haddad e a crise na qual está imerso o país
do presidente dos EUA, Donald Trump, que frequentemente caribenho. Os petistas, por sua vez, lembram que Chávez era
entoa um mantra ameaçando a sobrevivência da aliança um militar e é com apoio e participação direta das Forças
transatlântica. Com 29 países, a Otan, entre outros objetivos, Armadas que seu sucessor governa.
protege a Europa desde a Guerra Fria. Em agosto, a Organização Internacional para as Migrações,
O presidente americano exige mais contribuições ligada à Organização das Nações Unidas, disse que o aumento
financeiras de seus sócios europeus e reclama que a maioria do número de pessoas deixando a Venezuela por causa do
não pagou sua parte de 2% do PIB com gastos de defesa. Maior colapso econômico hiperinflacionário faz o momento de crise
financiador da Otan, os EUA de Trump já pularam fora de estar próximo ao dos refugiados e migrantes que atravessam
organismos e acordos multilaterais, como o do Irã e o do clima, o Mediterrâneo rumo à Europa.
deixando seus tradicionais aliados em permanente posição de Mas como a situação na Venezuela chegou a esse ponto?
alerta. A BBC News Brasil faz aqui um resumo de como a
Internamente, a liderança da União Europeia também vem Venezuela entrou em colapso.
sendo abalada pela ascensão de grupos nacionalistas e de
extrema-direita, a seis meses das eleições para o Parlamento 1 - Crise do petróleo
Europeu. A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do
Há demandas do bloco, como combate a fluxo migratório, mundo - e o recurso é praticamente a única fonte de receita
terrorismo e ataques cibernéticos, que já não se encaixam às externa do país.

49 Sandra Cohen. Análise: Por que Macron e Merkel defendem a criação de 50 BBC. O que levou a Venezuela ao colapso econômico e à maior crise de sua
um exército europeu? G1 Mundo. história. G1 Política. https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/10/22/o-que-
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/11/19/por-que-macron-e-merkel- levou-a-venezuela-ao-colapso-economico-e-a-maior-crise-de-sua-historia.ghtml.
defendem-a-criacao-de-um-exercito-europeu.ghtml. Acesso em 20 de novembro de Acesso em 23 de outubro de 2018.
2018.

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Após a Primeira Guerra Mundial, sucessivos governantes Chávez tomou uma série de medidas que acabaram
venezuelanos deixaram o desenvolvimento agrícola e emperrando o desenvolvimento da indústria local:
industrial de lado para focar em petróleo, que hoje responde nacionalizou as indústrias de cimento e aço, entre outras, e
por 96% das exportações - uma dependência quase total. expropriou centenas de empresas e de propriedades rurais.
A aposta no petróleo foi segura durante anos e deu bons O setor privado foi levado a substituir a produção própria
resultados nos momentos em que o preço do barril estava alto. pelas importações mais baratas, subsidiadas pelo governo.
Entre 2004 e 2015, nos governos de Hugo Chávez e no início Além disso, o governo adotou uma política de controle de
do de Nicolás Maduro - eleito em 2013 após a morte de seu preços, segurando artificalmente a inflação, o que ajudou
padrinho político, no mesmo ano -, o país recebeu 750 bilhões ainda mais a acabar com a indústria local.
de dólares provenientes da venda de petróleo. A Venezuela passou a depender mais e mais de
O governo chavista aproveitou essa chuva dos chamados importações - de alimentos e medicamentos até pneus e peças
"petrodólares" para financiar de programas sociais a de reposição para o sistema de metrô das grandes cidades. Nos
importações de praticamente tudo que era consumido no país. dois últimos anos, com menos dinheiro para importação, a
Mas, em 2014, o preço do petróleo desabou. Em parte questão do desabastecimento - e, consequentemente, da fome
devido à recusa de Irã e Arábia Saudita - outros dois dos - se agravou.
grandes produtores - em assinar um compromisso para O governo também implantou uma política cambial para
reduzir a produção. Outros fatores foram a desaceleração da segurar o valor do bolívar, a moeda local, controlando a
economia chinesa e o crescimento, nos EUA, do mercado de compra de dólares pela população, o que gerou um mercado
produção de óleo e gás pelo método "fracking" - o paralelo da venda da divisa americana.
fraturamento hidráulico de rochas. Com o controle cambial veio um aumento significativo da
No início daquele ano, depois de ter alcançado um pico de corrupção, com desvio de dólares para o mercado paralelo,
US$ 138,54 em 2008, o preço do barril de petróleo era onde a moeda valia até 12 vezes o preço do câmbio oficial. O
negociado a cerca de US$ 100 dólares e caiu pela metade no governo tentou manobras diversas para tentar conter a
fim do ano, mantendo essa queda significativa até este ano, escalada do paralelo - como a criação de bandas cambiais
quando voltou a atingir o patamar de US$ 80. distintas que seriam aplicadas em diferentes situações. Mas
Além de receber menos dinheiro por seu principal não houve resultado concreto e o câmbio ilegal continuou a
produto, a Venezuela também teve uma queda significativa na corroer o já combalido sistema econômico.
produção. Quando Chávez assumiu pela primeira vez o país, "Chávez capitalizou um descontentamento social que
em 1999, a produção era de mais de 3 milhões de barris por existia desde governos passados, com uma desigualdade social
dia. Hoje, é de cerca de 1,5 milhão, segundo a Organização dos acentuada, e o início de seu governo marcado pelo peso
Países Exportadores de Petróleo (Opep) - é o pior nível em 33 elevado que deu ao Estado e pelo aspecto populista. Isso se
anos. caracterizou por um repúdio à propriedade privada e a um
Essa queda de produção aconteceu principalmente pela menor papel do mercado, o que resultou num estrito controle
má gestão da PDVSA, a Petróleos de Venezuela, estatal que de preços e transações cambiais", afirma à BBC New Brasil o
gere a exploração do recurso no país com exclusividade. Em economista Luis Arturo Bárcenas, da consultoria venezuelana
2007, Chávez ordenou que todas as empresas estrangeiras Ecoanalítica.
cedessem a maior parte do controle de suas atividades de "Ele satanizou o livre-mercado. O Estado passou a ser um
exploração ao Estado venezuelano. Companhias com o a Exxon grande aparato produtivo e centralizador. Então, isso vem de
não aceitaram, tiveram seus bens confiscados e batalhas um forte subsídio cambial, onde artificialmente se deu um
jurídicas por indenizações se desenrolam até os dias atuais. valor à moeda local maior que as estrangeiras. Isso acabou
Na PDVSA, Não houve investimento em infraestrutura e a tornando muito mais barato para os produtores locais
empresa sofre com má gestão e alto grau de corrupção. Para se importarem do que produzir internamente."
ter uma ideia, desde agosto de 2017, a Justiça venezuelana O Estado também viu seus gastos públicos aumentarem
processou 90 ex-funcionários da petroleira por corrupção. Em para conseguir manter os programas sociais. A dívida externa
setembro, o Ministério Público de lá mandou prender 9 também aumentou em cinco vezes, com estimativa do FMI de
diretores. bater os US$ 159 bilhões neste ano - este montante inclui
O Departamento de Justiça dos EUA também conduziu uma títulos de dívida pública emitidos pelo governo e pela PDVSA e
investigação com base em Miami que revelou um esquema de créditos com China e Rússia. Em 2015, a dívida era de US$ 31
lavagem de dinheiro da PDVSA que desviou US$ 1,2 bilhão, bilhões, segundo estimativas do FMI.
entre 2014 e 2015. A operação chamada Fuga de Dinheiro
contou com a cooperação de Reino Unido, Espanha, Itália e 3 - Hiperinflação
Malta. Dois suspeitos foram presos. Ao tentar supervalorizar a moeda venezuelana, o governo
Outra coisa que ajudou a prejudicar as finanças da PDVSA provocou distorções de valores que, além de causarem a crise
foi a criação, ainda no governo Chávez, da Petrocaribe, uma de desabastecimento, contribuíram para um cenário de
iniciativa na qual a Venezuela se comprometia a fornecer hiperinflação.
petróleo a preços muito mais baixos para países caribenhos Além disso, com a queda do preço do petróleo e uma
aliados ao chavismo, com longos prazos para pagamento. Era redução no fluxo de divisas, o governo passou a imprimir mais
como emprestar dinheiro com retorno a perder de vista. Com dinheiro para cobrir o rombo nas contas públicas e isso foi
o aprofundamento da crise, a iniciativa começou a minguar e gerando cada vez mais inflação.
países como Jamaica e República Dominicana passaram a A previsão do Fundo Monetário Internacional é que neste
buscar outros contratos para seu abastecimento. ano a inflação na Venezuela chegue a 1 milhão % (Isso significa
você multiplicar por 10 mil o preço de um produto). Por dia, o
2 - Dependência das importações e controle cambial FMI estima em 4% o valor da inflação no país vizinho.
Com o foco voltado para o petróleo e usando parte do A hiperinflação fez com que faltassem até cédulas de
dinheiro arrecadado com as exportações do combustível para dinheiro circulando, já que as pessoas passaram a precisar de
sustentar programas sociais, o chavismo não se preocupou muito mais dinheiro para comprar qualquer coisa. Para tomar
com o desenvolvimento agrícola e industrial do país. O um café ou comprar um papel higiênico, por exemplo, aqueles
governo não investiu nem na própria indústria do petróleo - que não usam cartão de débito do banco, passaram a ter de
levando à queda na produção de barris. carregar pilhas de cédulas de bolívar - quando conseguiam
sacar dinheiro.

Atualidades e Convivência Social 39


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"Com a escassez de divisas produtoras, recorremos muito equivalente ao STF no Brasil, para compor uma maioria com
mais a financiamentos e imprimimos muito dinheiro, com o seus indicados.
Estado gastando sem gerar mais recursos", diz o economista Em março de 2017, o TSJ assumiu funções do Legislativo,
Bárcenas. acusando o Parlamento de desobediência. A ação foi
Com a deterioração da situação, o chavismo adotou uma denunciada como golpe pela oposição e, dois dias depois, o
espécie de controle artificial da inflação: obrigava os tribunal voltou atrás.
comerciantes a adotarem um preço abaixo do que eles A acusação é, portanto, de que não há independência entre
gastavam para produzir, porque precisavam importar os os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário na Venezuela.
insumos. Então, indústrias e comerciantes começaram a "Na Venezuela, o Judiciário é politizado e muito forte. Ele
quebrar. se transformou em um anexo do Executivo", diz à BBC News
A hiperinflação provocou uma pulverização da renda e a Brasil Rafael Vila, professor da faculdade de relações
pobreza aumentou. Em 2017, o índice de pessoas na linha da internacionais da USP (Universidade de São Paulo).
pobreza no país de 30 milhões de habitantes chegou a 87%, Em maio de 2017, após Maduro convocar a Assembleia
um aumento de 40 pontos percentuais em três anos, segundo Constituinte, dizendo que ela irá renovar o Estado e redigir
levantamento da Universidade Católica Andrés Bello. uma nova Constituição, a Venezuela viu mais uma vez uma
Vale lembrar que na era Chávez, a pobreza na Venezuela onda de protestos violentos tomar o país. Mais de 120 pessoas
havia caído em mais de 20%, de acordo com a Cepal (Comissão morreram e 2 mil ficaram feridas.
Econômica para América Latina e Caribe), e o país passou a Em maio deste ano, para agravar a crise, Maduro foi
registrar a menor desigualdade entre ricos e pobres entre reeleito com 68% dos votos numa eleição contestada dentro e
países latino-americanos, de acordo com relatório da ONU. fora do país. O mandatário foi reconduzido ao cargo num pleito
que teve 54% de abstenção.
4 - Crise política Na ocasião, o candidato derrotado da oposição, Henri
A Venezuela vive também uma intensa crise política. O país Falcón, disse que não reconhecia a eleição e acusou Maduro de
está dividido entre os chavistas e os opositores, que esperam usar o Estado para coagir os mais pobres a votarem.
o fim dos 19 anos de poder do grupo que atualmente se reúne Falcón acusou o governo de influenciar a votação através
em torno do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). do Carnê da Pátria, documento que permite que os
Nos últimos anos, a independência entre os Poderes se reduziu venezuelanos recolham benefícios do governo e usem os
na prática, o que contribuiu ainda mais para a situação crítica serviços públicos. Maduro prometeu que quem votasse no dia
atual. do pleito teria direito a um benefício extra concedido pelo
Em 2007, em seu segundo mandato, Chávez conseguiu, por governo.
meio de um referendo com voto popular, aprovação para A oposição acusou o governo de compra de votos e a maior
alterar a Constituição e mudar a regra de reeleição para parte dos oposicionistas boicotou o pleito. O governo afirmou
presidente. Desde então, os presidentes venezuelanos que as eleições foram "livres e justas". Com muitos candidatos-
passaram a poder concorrer a reeleições sem limites. não governistas impossibilitados de concorrer ou presos, a
O chavismo, projeto de poder que se consolidou a partir da oposição disse que o pleito não tem legitimidade e que há
primeira eleição de Hugo Chávez, tem como elementos indícios para desconfiar de fraude eleitoral.
centrais uma atuação muito maior do Estado e a defesa de Toda essa instabilidade política contribuiu para agravar a
medidas que ampliam a participação social na política - um crise venezuelana. Após a reeleição de Maduro, a OEA
exemplo é a organização de "comunas" nos bairros mais (Organização dos Estados Americanos) pediu a suspensão da
carentes das principais cidades, órgãos que se articulam, por Venezuela da entidade. O Brasil, além de EUA, Canadá,
sua vez, com o Legislativo local para apresentar demandas e Argentina, Peru e México, entre outros, foi um dos países que
controlar o fluxo de entrada de alguns programas sociais. pediu a suspensão da Venezuela da organização continental,
Também é caracterizado por uma política "anti- alegando desrespeito à Carta Democrática Interamericana e
imperialista", defendendo a integração dos povos sul- ilegitimidade da reeleição de Maduro.
americanos para combater a influência dos Estados Unidos na Os dois únicos países suspensos da OEA até hoje foram
região. No chavismo, o mandatário tem seu poder baseado Cuba, em 62, quando Fidel Castro se aliou à então União
num forte militarismo. Soviética, e Honduras, em 2009, após o golpe de Estado que
Depois da morte de Chávez, em 2013, Nicolás Maduro, que destituiu o presidente Manuel Zelaya.
era seu vice-presidente e também do PSUV, já foi eleito e A Venezuela já havia se adiantado a esse processo e pedido
reeleito presidente com a promessa de dar continuidade às seu desligamento da OEA em 2017, alegando que a
políticas do antecessor. organização estaria dominada pelas "forças imperiais"
Só que Maduro herdou a Venezuela já entrando em colapso americanas. Esse fato, no entanto, não impede que o processo
econômico e tomou medidas que contribuíram mais para a de suspensão continue e que o país sinta seus efeitos
crise. diplomáticos. A suspensão significaria que todas as nações
No início de 2014, o país foi tomado por uma onda de americanas confirmaram que a Venezuela não segue mais a
protestos contra Maduro. A repressão do Estado foi violenta. ordem democrática.
Entre fevereiro e junho, 43 pessoas morreram. O líder Se a suspensão for confirmada, o país terá ainda mais
oposicionista Leopoldo López foi preso. dificuldade para obter apoio internacional, principalmente na
Em 2015, o chavismo perdeu o controle do Parlamento e Europa e na Ásia.
isso fez com que a situação do país se agravasse, já que Maduro A Carta Democrática Interamericana foi criada em 2001 e
acusa constantemente os oposicionistas de tentarem tirá-lo do regula o funcionamento das democracias dos 35 países-
poder por meio de um golpe. membros da OEA. O documento prevê a possibilidade de
Após a derrota, ele decidiu convocar uma Assembleia suspensão em caso de descumprimento dos princípios que a
Nacional Constituinte - na prática, uma manobra para esvaziar regem.
totalmente o poder do Legislativo comandado pelos Em junho, quando houve a assembleia da OEA, o ministro
opositores e criar uma instância paralela de decisão. das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira,
E essa instância paralela funciona com ajuda do Judiciário, afirmou que o governo de Maduro tem características de um
que é acusado pela oposição de ser totalmente chavista, já que regime que não é democrático, como perseguição da oposição,
o governo indicou a maioria dos juízes - Chávez aumentou o falta de liberdade de imprensa e ausência de liberdade de
número de integrantes do Tribunal Supremo de Justiça (TSE), organização política.

Atualidades e Convivência Social 40


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5- Poder militar e controle da imprensa Autoridades mexicanas tiveram sucesso, em um primeiro


Um outro ponto que contribuiu para a crise venezuelana momento, em bloquear a caravana, mas muitos hondurenhos
foi a forte presença do Exército na gestão do Estado. conseguiram entrar ilegalmente naquele país.
Em 25 anos, a Venezuela sofreu três tentativas de golpe de
Estado pelos militares. Uma delas foi deflagrada por um grupo Volta voluntária
do qual o então coronel Chávez era líder, em 1992. Mais 2 mil cidadãos de Honduras que integravam a
Preso após a tentativa de golpe militar, ele foi solto anos caravana de imigrantes que saiu no dia 13 de seu país com a
depois e conseguiu se eleger em 1998. intenção de chegar aos Estados Unidos decidiram retornar a
Chávez trouxe as Forças Armadas para seu governo. Ele seu país de maneira voluntária, informou neste domingo a
nomeou vários generais para cargos em estatais, substituindo vice-chanceler hondurenha, Nelly Jerez, segundo a agência
funcionários técnicos especializados. EFE.
Uma das empresas que teve parte de seu corpo técnico "Até o momento, retornaram a Honduras mais de 2 mil
substituído por militares foi a petroleira PDVSA, o que, compatriotas da Guatemala e da fronteira com o México, que
segundo especialistas, explica em parte o fato dela não ter foram auxiliados e atendidos em suas necessidades básicas, o
investido em melhorias, não ter se desenvolvido. que garantiu um retorno seguro e ordenado às suas
O chavismo também colocou militares para atuarem como comunidades de origem", destacou.
ministros. Um terço do gabinete de Maduro é composto por Além disso, Jerez afirmou que, nas próximas horas, será
militares e ex-militares. realizada a transferência de mais de 400 hondurenhos, que
Pela Constituição venezuelana, as Forças Armadas serão atendidos no Centro de Atendimento ao Migrante
deveriam ser apolíticas. Mas o ministro da Defesa, general Retornado em Omoa.
Vladimir Padrino, escreve em seus despachos "Chávez vive, a Jerez indicou que devido à "mobilização irregular atípica",
pátria continua. Independência e pátria socialista". o governo hondurenho colocou à disposição de seus cidadãos
Durante a crise de abastecimento iniciada em 2016, o Centro de Atendimento Móvel em Agua Caliente, a passagem
Maduro também passou o controle da produção, importação e fronteiriça entre Honduras e Guatemala, que permanece
distribuição de alimentos para o Exército. Há graves acusações fechada temporariamente desde ontem, depois que centenas
de corrupção envolvendo o controle dos militares desse setor de imigrantes atravessaram a divisa e seguiram rumo ao país
chave na crise. vizinho.
Outro fator que contribuiu para a crise venezuelana é o
estrito controle da imprensa. Veículos considerados de Caravana
oposição foram comprados por chavistas, enquanto outros Milhares de imigrantes que começaram a travessia no dia
foram fechados (caso da emissora RCTV, que teve sua 13 retomaram neste domingo o caminho para os Estados
concessão cassada). Unidos depois de passarem pelos trâmites migratórios do
Em outros casos, o chavismo sufocou o suprimento de México, cujo governo advertiu que irá deportar os que
papel-jornal para veículos de linha editorial opositora - o entrarem ilegalmente em seu território.
governo venezuelano controla, por meio de uma corporação De acordo com fontes da Defesa Civil do México, mais de 3
estatal, a importação e a distribuição do insumo. mil imigrantes estão percorrendo os quase 40 quilômetros
entre Ciudad Hidalgo e Tapachula, a segunda cidade mais
Trump diz que 'todos os esforços' estão sendo feitos importante do estado mexicano de Chiapas, onde anunciaram
para deter migrantes hondurenhos51 que passarão a noite.
O Ministério das Relações Exteriores do México informou
Presidente dos Estados Unidos disse que grupo deve que, até 19 de outubro, tinham chegado à fronteira sul do país
solicitar asilo no México. Mais cedo, vice-chanceler cerca de 4.500 imigrantes centro-americanos, que receberam
hondurenha disse que mais de 2 mil pessoas decidiram voltar atenção constante e atendimento humanitário.
para casa. Exaustas e famintas, as pessoas que participam da
O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou caravana chegaram à fronteira depois de caminharem
neste domingo (21/10) que "todos os esforços" estão sendo centenas de quilômetros na chuva e no calor, comendo e
feitos para "deter o ataque" de milhares de migrantes dormindo como podiam.
hondurenhos que caminham em caravana do México com Os imigrantes, entre os quais idosos, crianças e mulheres
destino aos Estados Unidos. "Todos os esforços estão sendo grávidas, cruzaram a ponte sobre o rio Suchiate, que liga a
feitos para impedir que o ataque de estrangeiros ilegais Guatemala ao território mexicano, correndo, tomados pela
atravesse nossa fronteira sul", publicou o presidente nas redes euforia por terem finalmente deixado a Guatemala para trás.
sociais. Pouco mais de 2.200 imigrantes se mantêm na ponte
"Primeiramente, estas pessoas têm que solicitar asilo no fronteiriça entre Ciudad Hidalgo (México) e Tecún Umán
México. Caso não o façam, os Estados Unidos irão recusá-las", (Guatemala). Segundo o Ministério de Relações Exteriores do
ressaltou Trump. México, os imigrantes estão recebendo água e atendimento
"As caravanas são uma desgraça para o Partido Democrata. médico e já foram informados sobre os trâmites pelos quais
Mudem agora as leis migratórias", acrescentou, após acusar os devem passar para entrar no país.
democratas de terem incentivado as migrações em massa para
os Estados Unidos. Greve geral contra governo Macri paralisa
Milhares de hondurenhos avançavam neste domingo para transportes e serviços na Argentina52
os Estados Unidos a partir de Ciudad Hidalgo, no sul do México,
enquanto outros aguardavam em uma ponte fronteiriça para Bancos, comércios, escolas, universidades e repartições
entrar legalmente em território mexicano. públicas foram fechados. Voos também foram cancelados.
A quarta greve geral contra a política econômica do
governo de Mauricio Macri, convocada pela principal central

51 France Presse. Trump diz que ‘todos os esforços’ estão sendo feitos para 52 Economia. Greve Geral contra governo Macri paralisa transportes e
deter migrantes hondurenhos. G1 Mundo. serviços na Argentina. G1 Economia.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/10/21/trump-diz-que-todos-os- https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/09/25/greve-geral-contra-
esforcos-estao-sendo-feitos-para-deter-migrantes-hondurenhos.ghtml. Acesso em governo-macri-paralisa-transportes-e-servicos-na-argentina.ghtml. Acesso em 25
22 de outubro de 2018. de setembro de 2018.

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sindical da Argentina, paralisa transportes e serviços nesta bilhões estavam previstos para ser liberados ao longo dos três
terça-feira (25/09) no país. anos de duração previstos para o acordo.
A greve foi convocada no momento em que Macri está em
Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU e se Suprema Corte da Índia descriminaliza
reunir com investidores para tentar transmitir confiança. homossexualidade53
Pelo menos 15 milhões de pessoas estão sendo afetadas
pela paralisação, que afeta o funcionamento de ônibus, metrô Em decisão histórica, juízes julgam inconstitucional lei da
e trens. Desde o final da tarde de ontem, as seis linhas do metrô era colonial que punia "atos contra a natureza" com até dez
de Buenos Aires estavam completamente paralisadas, anos de prisão, numa grande vitória para os defensores dos
aderindo a greve e não funcionarão novamente até amanhã, direitos da comunidade LGBT.
informa a agência EFE. A Suprema Corte da Índia decidiu nesta quinta-feira
Nos aeroportos, empresas como Aerolíneas Argentinas e (06/09) pela descriminalização das relações sexuais entre
Latam já anunciaram o cancelamento de todos seus voos pessoas do mesmo sexo no país. Os juízes revogaram uma lei
domésticos, por isso sugeriram aos clientes que reprogramem do período colonial que estabelecia que atos homossexuais
suas viagens. Não há transporte de caminhões, bancos, poderiam ser puníveis com até dez anos de prisão, numa
comércios, escolas, universidades e repartições públicas foram vitória histórica para os defensores dos direitos dos membros
fechadas. da comunidade LGBT.
Nos hospitais públicos do país, devem funcionar os O tribunal anulou uma sentença de 2013 que validava uma
serviços mínimos para emergências. Os serviços de coleta de lei britânica de mais de 150 anos que punia os chamados "atos
lixo e postos de combustível também serão afetados pela contra a ordem natural". Os cinco juízes que compõem a corte
paralisação. foram unânimes ao considerar inválido o artigo 377 do Código
A paralisação, promovida pela Confederação Geral do Penal indiano que criminalizava as relações homossexuais.
Trabalho (CGT), visa protestar contra os ajustes do governo Mesmo que poucas pessoas acabassem sendo presas, a lei
em meio à crise que afeta o país pela desvalorização abrupta era muitas vezes utilizada pelas autoridades como uma
do peso argentino registrada desde o final de abril, a alta ferramenta para reprimir a comunidade gay do país e justificar
inflação (que deve superar 40% em 2018), e a queda da atos discriminatórios. "O artigo 377 é arbitrário. A
atividade econômica. Os líderes sindicais exigem reposição comunidade LGBT possui os mesmos direitos que os demais. A
salarial e também rejeitam o acordo com o FMI. visão majoritária e a moralidade geral não podem ditar os
As greves anteriores de 24 horas promovidas contra o direitos constitucionais", afirmou o presidente da Suprema
atual governo por parte da CGT aconteceram em abril e Corte do país, Dipak Misra.
dezembro de 2017 e no final do último mês de junho. O advogado das cinco pessoas que entraram com recursos
O presidente argentino reiterou que este não é "um na Justiça pedindo a anulação do artigo argumentou que a
momento oportuno" para fazer uma nova greve, que segundo punição prevista no Código Penal era inconstitucional porque
as estimativas terá um custo econômico de aproximadamente punia pessoas em idade adulta que agem com consentimento
31,6 bilhões de pesos argentinos (US$ 847,16 milhões), mútuo.
equivalente a 0,2% do Produto Interno Bruto. Em 2009, um tribunal de Nova Déli havia declarado
A greve deve causar um prejuízo de US$ 850 milhões ao inconstitucional o artigo 377, mas três juízes da Suprema
país, o equivalente a 0,2% do PIB, segundo o próprio governo. Corte reverteram a decisão em 2013, afirmando que cabia ao
Na verdade, alguns setores começaram a greve já na segunda- Parlamento aprovar a medida. Uma vez que não houve
feira (24/09) avanços, o governo pediu em julho que a Suprema Corte mais
A expectativa é que até sexta-feira haja o anúncio de um uma vez avaliasse a questão.
novo acordo financeiro com o FMI. Em entrevista para a Na última década, a aceitação dos gays na extremamente
Bloomberg TV na segunda-feira (24/09), Macri disse que o conservadora sociedade indiana vem aumentando
país estava perto de atingir um acordo final com o FMI, e que gradativamente, especialmente nos grandes centros urbanos.
havia "chance zero" de que a Argentina daria default em sua Até alguns filmes de Bollywood passaram a tratar de temas
dívida externa no próximo ano. relacionados aos gays, ainda que a homossexualidade ainda
seja vista como algo vergonhoso numa parte significativa do
Crise na Argentina país.
Pouco mais de dois anos depois de encerrar a disputa com O diretor e produtor de cinema de Bollywood Karan Johar
os chamados “fundos abutres”, a Argentina se viu diante de um festejou a decisão, afirmando que a história está sendo escrita.
novo impasse financeiro. Com sua moeda despencando, o país "Descriminalizar a homossexualidade e abolir o artigo 377 é
subiu a taxa de juros ao maior patamar do mundo, consumiu um grande sinal positivo para a humanidade e pela igualdade
boa parte de suas reservas em dólares, buscou ajuda do Fundo dos direitos", afirmou.
Monetário Internacional (FMI) e tentava buscar a confiança de
investidores para evitar uma nova corrida cambial. Num tango eterno, economia argentina afunda sob
O custo desse acúmulo de problemas acaba pesando batuta de Macri54
diretamente no bolso dos argentinos. A expectativa é de
disparada de inflação, superando as projeções iniciais. Além Enquanto crise se aprofunda, Justiça avança na versão local
disso, o crescimento da economia do país neste ano deve ser da Lava Jato.
menor que o previsto. O ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, Em abril, com 20 pesos argentinos era possível comprar
admitiu que "a Argentina terá mais inflação e menos um dólar. Na quarta-feira 22 de agosto o mesmo dólar valia 30.
crescimento num curto prazo". Uma semana depois, 40. Em alguns dias chegou a roçar 42
Em junho, o governo argentino assinou um acordo com o pesos, mas recuou, pressionado pela venda de centenas de
FMI de US$ 50 bilhões. A primeira parcela, de US$ 15 bilhões, milhões da moeda americana das mais que combalidas
foi liberada logo após a assinatura, enquanto os outros US$ 35 reservas e, claro, de dinheiro emprestado pelo FMI. Já a taxa de
juros chegou no finzinho de agosto a estonteantes 60% anuais.

53 DW. Suprema Corte da Índia descriminaliza homossexualidade. Deutsche 54 Nepomuceno, E. Num tango eterno, economia argentina afunda sob batuta
Welle. https://www.dw.com/pt-br/suprema-corte-da-%C3%ADndia- de Macri. https://www.cartacapital.com.br/revista/1020/num-tango-eterno-
descriminaliza-homossexualidade/a-45380678. Acesso em 06 de setembro de economia-argentina-afunda-sob-batuta-de-macri. Acesso em 13 de setembro de
2018. 2018.

Atualidades e Convivência Social 42


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Na segunda-feira 03/09, o presidente Mauricio No seu pronunciamento da segunda-feira 03/09, Macri


Macri anunciou uma série de novas e drásticas medidas anunciou solenemente que o déficit primário estará zerado até
destinadas a conter o gasto público e a diminuir o profundo o fim do próximo ano, que, aliás, será de eleições presidenciais.
déficit fiscal. Entre elas, a eliminação de 8 dos 18 ministérios É difícil imaginar que ele próprio acredite no que disse.
do seu governo. Quanto ao mercado financeiro, o ceticismo traduziu-se no
Num gesto mais do que significativo do momento dia seguinte, quando a moeda americana tornou a subir e o
argentino, Macri resolveu fazer desaparecer o Ministério da governo optou por vender outros 358 milhões de dólares para
Saúde, que passa a ser uma secretaria nacional da pasta de tentar conter a escalada alucinante.
Desenvolvimento Humano. Em um insólito gesto de autocrítica, Macri finalmente
Desconheceu e atropelou uma frase dita em 1949 pelo reconheceu o que era sabido por todos: houve, da sua parte,
então presidente Juan Domingo Perón, ao criar a pasta agora um “otimismo excessivo”. O resultado será um retrocesso
dissolvida: “Como podemos ter um ministério para cuidar da calculado até agora em 2,4% do PIB, e a inflação anunciada
saúde das vacas, sem termos um para cuidar da saúde das com bumbos e clarins pelo governo – 15% – será de ao menos
pessoas?” 42%, quase o triplo.
Outro ministério importante, principalmente para um país Como se o descalabro da economia não bastasse para
onde o desemprego cresce a cada dia, também foi eliminado: o turvar um cenário esfrangalhado, na mesma terça da
do Trabalho. desvalorização, o juiz Sebastián Casanello, espécie de Sergio
Ao mesmo tempo, o governo aumentou uma vasta série de Moro portenho, marcou para 18 de setembro o depoimento da
impostos e criou outros, voltados especialmente para as atual senadora e ex-presidente Cristina Kirchner, investigada
exportações. Também retirou os poucos subsídios em diversas frentes. Ela terá de responder à acusação de ser
sobreviventes da era Kirchner, enquanto anunciava cortes e cúmplice de lavagem de dinheiro, em associação com o
mais cortes em obras públicas e investimentos do Estado. Para empresário Lázaro Báez.
completar, aumentou o preço da gasolina, pressionando uma O enredo mais intrincado a envolver tanto Cristina quanto
inflação que anda pelas nuvens. seu falecido marido e também ex-presidente Néstor Kirchner
E mais: confirmou que o acordo assinado com o FMI em é, no entanto, outro: o dos “cadernos de suborno”.
junho será renegociado, e que a Argentina pediria a liberação Tudo começou em 8 de janeiro último, quando – segundo
antecipada de novas parcelas. Dos 50 bilhões de dólares seu próprio relato – “às 13h38” chegou às mãos do jornalista
previstos, ao menos 15 bilhões foram liberados, sem que Diego Cabot uma caixa com seis cadernos espirais, desse
houvesse melhora alguma no cenário. Na verdade, o que houve modelo comum usado em qualquer colégio argentino, e um
foi uma sensível piora. sétimo, de capa dura azul.
Primeiro resultado: um dia depois, o dólar subiu de novo. Cabot integra a equipe do jornal La Nación, de oposição
Como disse o jornal Página 12, a cada pronunciamento de feroz a qualquer coisa que não seja absolutamente
Macri duas coisas se desvalorizam: o peso argentino e seu conservadora. Sua ojeriza ao casal Kirchner sempre foi
próprio governo. evidente e palpável.
Houve, porém, quem elogiasse o governo e expressasse sua Tratava-se de uma espécie de diário em vários volumes,
“renovada confiança” em Macri: Donald Trump. todos escritos com a mesma caligrafia por Oscar Centeno, ex-
Faltando três meses para que se cumpram três anos da motorista de Roberto Baratta, o número 2 de Julio de Vido,
chegada de Macri à Presidência com todas as bênçãos e vênias influente ministro do Planejamento de Kirchner.
do sacrossanto mercado financeiro, tanto o local quanto o de Estão registrados todos os movimentos do ministro e de
tudo que é canto, seu governo desacreditado enfrenta uma seu principal assessor, indicando dia, hora, trajeto e conteúdo
crise de confiança profunda, inferior apenas à enfrentada por de bolsas transportadas em um Toyota Corolla. E, claro, quem
todo o país. recebia o conteúdo que, sabe-se lá como, o motorista soube
Chama a atenção de qualquer visitante a quantidade de descrever em detalhes: dólares e mais dólares que, somados,
moradores de rua em Buenos Aires, padecendo as agruras de alcançam cifras estratosféricas (alguns jornais mencionam a
um inverno especialmente duro. Cálculos de organismos marca de 13 bilhões de dólares ao longo dos governos de
independentes indicam que o total de moradores de rua mais Néstor e Cristina Kirchner, ou seja, entre 2003 e 2015).
do que duplicou de janeiro para cá. Há, no entanto, incongruências nesse relato minucioso.
Os números de desempregados são atualizados Conforme comentou um político próximo da ex-presidente, é
semanalmente, e não se sabe ao certo quantos comércios estranho que “alguém escreva como Jorge Luis Borges e fale
baixaram suas portas ao longo dos últimos 12 meses. como Carlos Monzón”, em referência ao escritor cheio de
A explosão do câmbio levou a uma confusão sem fim, preciosismos e ao falecido boxeador cujo linguajar era
lembrando o acontecido durante a forte desvalorização de constrangedor. Além disso, não foi feito nenhum exame
1991, no governo de Carlos Menem. Naquela ocasião, um grafológico nos cadernos, que, segundo contou o motorista,
cidadão contou, ao longo de dez quarteirões de uma Rua depois de lidos pelo repórter do La Nación foram devidamente
Florida atopetada de turistas, nada menos que quatro xerocados para em seguida ir parar “na churrasqueira dos
mudanças na cotação anunciada nas placas das casas de fundos do meu quintal”.
câmbio. Quase uma mudança a cada 2 minutos... Tampouco é crível que sacos e sacolas com até 800 mil
Ainda não se chegou a tanto, mas não são poucos os que dólares em espécie fossem entregues em mãos tanto do
acham muito elevado o risco de que semelhante panorama se falecido Néstor como da agora acusada Cristina Kirchner. E
repita. Para tentar impedir a tragédia, o governo Macri torrou mais: não só no apartamento particular do casal, no bairro
mais de 3 bilhões dos escassos dólares das reservas em menos portenho de Recoleta, mas na própria residência presidencial
de um mês e meio. de Olivos, um subúrbio de Buenos Aires.
Ao longo das últimas duas semanas repete-se o mesmo Assim que essas notícias começaram a circular,
cenário de mais de 20 anos: os comerciantes não sabem como apareceram também nomes de quem pagava os tais milhões e
calcular o preço do que vendem, pois não sabem qual será milhões de dólares. Em sua maioria, empreiteiros e diretores
aquele da reposição dos produtos. Mas produtores e de grandes construtoras que obtinham contratos para obras
comerciantes sabem que aumentos significativos, por mais dos governos Kirchner.
necessários que sejam, afastarão ainda mais os eventuais Como consequência imediata, começou a sucessão de
compradores, acelerando a profunda recessão. “arrependidos”, versão local dos delatores premiados
brasileiros.

Atualidades e Convivência Social 43


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O estardalhaço levado adiante por magistrados de E isto, por causa da interrupção dos cuidados médicos para
instâncias inferiores explodiu nos dois principais jornais mulheres grávidas e recém-nascidos, a propagação de doenças
argentinos, o quase hegemônico Clarín e o próprio La Nación, à medida que os serviços de saúde e as redes de água declinam,
além, claro, de emissoras de rádio e televisão controlados pelo da falta de medicamentos e da desnutrição provocada quando
grupo do primeiro dos jornalões. as provisões se esgotam.
Dessa forma, uma Argentina em frangalhos enfrenta uma
crise econômica profunda, enquanto acompanha um Onda de calor se intensifica na Europa56
escândalo judicial que encontra cada vez menos eco na opinião
pública, conformada com a ideia divulgada pelo De norte ao sul do continente, termômetros continuam em
grupo Clarín de que os governos Kirchner foram uma etapa de alta. Cidades portuguesas marcam temperaturas mais altas de
corrupção generalizada, enquanto o de Macri ostenta, mas isso sua história, e Espanha registra primeiras mortes.
o jornal evita comentar, um cenário cada vez pior. A onda de calor que castiga há semanas a Europa levou
Como se não faltasse mais nada, justamente no país em que neste sábado (04/08) a temperaturas recordes em cidades
nasceu o atual papa cresce o número de católicos que portuguesas, causou três mortes na Espanha e chegou a
renunciam publicamente à sua igreja. Tudo começou com a derreter o asfalto na Holanda.
pressão exercida principalmente sobre senadores do interior Em Portugal, a temperatura foi a mais alta registrada na
pelos párocos locais para que derrubassem, como ocorreu, a história em 26 estações. Em Lisboa, foram 44 graus. Em
lei do aborto. Alvega, no distrito de Santarám, os termômetros chegaram a
De acordo com essa lei, aprovada pelos deputados, caberia marcar 46,8ºC.
ao Estado o dever de fornecer assistência às mulheres que O atual recorde europeu foi registrado em 1977, em
optassem por abortar voluntariamente até o terceiro mês de Atenas, quando os termômetros alcançaram 48°C. O recorde
gestação. Derrotado no Senado, o projeto foi o motivo alegado na Espanha é de 47,3 graus, em Portugal, 47,4.
por mais de 3 mil católicos para renunciar publicamente ao Em Lisboa, as autoridades fecharam parques e alertaram
catolicismo. as pessoas a evitarem atividades ao ar livre durante o auge do
Sim, foram apenas 3 mil entre milhões. Mas o gesto foi mais calor. Refúgios para desabrigados foram abertos mais cedo,
que simbólico, e causou forte impacto no conturbado país de para que moradores de rua pudessem busca abrigo do calor.
Mauricio Macri. Os argentinos renunciam até à fé. Na Espanha, já ocorreram três mortes: em Murcia
(sudeste) um homem de 78 anos morreu enquanto realizava
Conflitos na África podem ter matado 5 milhões de trabalhos agrícolas, vítima de insolação, e outro trabalhador,
crianças, diz estudo55 de 48 anos, também foi vítima das altas temperaturas. Em
Barcelona (nordeste) um homem de meia idade,
Conflitos armados, as doenças e a fome que eles causam aparentemente sem-teto, morreu. Além disso, outro homem
teriam provocado a morte de 5 milhões de crianças menores de 55 anos foi hospitalizado hoje em estado grave, após sofrer
de cinco anos entre 1995 e 2015; destas 3 milhões eram bebês insolação na região de Murcia.
de até 11 meses. Na França, mais da metade do país está em alerta laranja, e
Os conflitos armados no continente africano, e as doenças as autoridades recomendaram evitar a exposição ao sol nos
e a fome que eles causam, podem ter causado a morte de 5 horários mais quentes do dia.
milhões de crianças menores de cinco anos entre 1995 e 2015, A Alemanha, cujas máximas diurnas chegaram a 38°,
segundo um estudo publicado na sexta-feira (30/08). também está sofrendo com o excesso de calor, além da
Destas, cerca de três milhões eram bebês de até onze estiagem, que já levou a perdas bilionárias na agricultura. Em
meses, isto é, o triplo das pessoas diretamente mortas em um julho praticamente não choveu no oeste, norte e leste do país.
conflito no continente. As águas do Mar Báltico no litoral alemão alcançaram
O estudo, publicado na revista médica The Lancet, não se temperaturas semelhantes às do litoral do Mediterrâneo
apoia em nenhum efetivo real, mas que compartilhou dados de francês, com até 27°C, dez a mais que o habitual, Além disso, o
15.441 conflitos nos quais quase um milhão de pessoas nível de alguns rios caiu para mínimos históricos, o que levou
morreram, segundo os investigadores. a restrições no transporte fluvial de mercadorias em alguns
Os autores usaram estes dados para calcular o risco de pontos do Reno. As autoridades de Berlim anunciaram que
morte de uma criança em um raio de 100 km de um conflito distribuirão água e protetor solar entre os sem-teto.
armado e até oito anos depois. Em seguida, calcularam o O Meteoalarm, o site da União Europeia (UE) que oferece
número de mortes de crianças atribuídos às muitas guerras na informação sobre fenômenos climáticos adversos, emitiu
África. alertas "vermelhos" por calor extremo em partes de Suíça,
A cifra de cinco milhões é muito superior a de estimativas Croácia, Espanha e Portugal.
anteriores, destacaram os autores, Eran Bendavid, da Este aviso, segundo o site, implica uma situação
Universidade Stanford, e seus colegas. meteorológica "muito perigosa" e que "são prováveis graves
"Nos últimos 30 anos ocorreram na África conflitos danos e acidentes, em alguns casos com risco para a vida das
armados mais frequentes e mais intensos que em qualquer pessoas".
outro continente", afirmam. Além disso, o site mantém o alerta laranja em amplas
"Esta análise mostra que os efetivos dos conflitos armados partes de França, Bélgica, Áustria, Lituânia, Estônia, Polônia,
vão além da morte dos combatentes e da devastação física: os Noruega, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia e Grécia, por
conflitos armados aumentam consideravelmente o risco de "situações perigosas por fenômenos incomuns, como altas
morte de crianças jovens durante um longo período". temperaturas, que podem causar danos às pessoas".
Além de ferir diretamente as crianças, os conflitos As elevadas temperaturas se devem ao sistema
contribuem para a morte e o atraso no crescimento "durante estacionário de alta pressão, um fenômeno que se repetiu de
muitos anos e em amplas zonas", segundo a equipe. forma constante nas condições meteorológicas europeias
durante os dois últimos meses, disse a porta-voz da

55 France Presse. Conflitos na África podem ter matado 5 milhões de crianças, 56 Deutsche Welle. Onda de calor se intensifica na Europa. G1 Mundo.
diz estudo. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/08/05/onda-de-calor-se-intensifica-
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/08/30/conflitos-na-africa-podem- na-europa.ghtml. Acesso em 06 de agosto de 2018.
ter-matado-5-milhoes-de-criancas-diz-estudo.ghtml. Acesso em 31 de agosto de
2018.

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Organização Meteorológica Mundial (OMM) Sylvie Nova Constituição de Cuba reconhecerá propriedade
Castonguay. privada58
A vice-secretária-geral da OMM, Elena Manaenkova,
afirmou no último boletim da organização que "o ano de 2018 Esboço de reforma apresentado em diário do Partido
será um dos mais quentes já registrados, com novos recordes Comunista acena com mudanças profundas na política,
de temperatura em muitos países, o que não é surpreendente". judiciário, economia e sociedade cubanas. Comissão
"As ondas de calor extremo que estamos vivendo são encarregada é liderada por ex-presidente Raúl Castro.
condizentes com os efeitos esperados da mudança climática O governo de Cuba revelou novos detalhes sobre planos
causada pelas emissões de gases do efeito estufa. Não se trata para reestruturar seu sistema governamental, tribunais e a
de um cenário futuro, está acontecendo agora", disse a vice- economia nacional, através de uma reforma constitucional a
secretária-geral da OMM. ser aprovada pela Assembleia Nacional ainda em julho.
A reforma criará o cargo de primeiro-ministro, ao lado do
Israel aprova lei que o define como 'Estado-Nação' do de presidente, dividindo as funções de chefe de Estado e de
povo judeu57 governo. Fica mantido o Partido Comunista como única força
política no país, e o Estado comunista como força econômica
Por 62 votos a favor e 55 contra, a Knesset (Câmara dominante. Passam a ser reconhecidos, todavia, o mercado
israelense) aprovou a iniciativa depois de um intenso debate. livre e a propriedade privada na sociedade cubana, e será
O Parlamento israelense aprovou nesta quinta-feira criada uma nova presunção de inocência no sistema judiciário.
(19/07) a polêmica lei que define o país como um "Estado- A Constituição de 1976, ainda na era soviética, só
nação do povo judeu" e que tem como sua capital “Jerusalém reconhece a propriedade estatal, cooperativa, de agricultor,
unificada”. A nova lei, defendida pelo governo, ainda prevê pessoal e de sociedade conjunta. A propriedade privada era
apenas o hebraico como língua oficial do país. rejeitada, sendo considerada um resquício do capitalismo.
A iniciativa foi aprovada no Knesset (parlamento A proposta de reforma constitucional é descrita na edição
israelense) por 62 votos a favor e 55 contra, depois de uma deste sábado (14/07) do diário Granma, do Partido
longa discussão, já que críticos a descrevem como Comunista, devendo ser votada num referendo posterior à
"discriminatória" por marginalizar minorias. aprovação pelo Parlamento. Segundo as autoridades cubanas,
O objetivo da nova lei é "assegurar o caráter de Israel como a atual Constituição já não reflete as mudanças atravessadas
o estado nacional dos judeus, a fim de codificar em uma lei pelo país nos últimos anos.
básica dos valores de Israel como um estado judeu "As experiências adquiridas nestes anos de Revolução" e
democrático espírito dos princípios da Declaração de "os novos caminhos traçados" pelo Partido Comunista são
Independência", explica a Knesset em seu site. algumas das razões para a reforma da Constituição, lê-se no
Isto inclui ainda o hino Hatikva (adaptado de um poema sumário do Granma. O esboço, elaborado por uma comissão
judeu, sobre o retorno do povo a Israel), a bandeira branca e encabeçada pelo ex-presidente e primeiro-secretário do
azul com a Estrela de Davi no centro, um menorá (candelabro Partido Comunista, Raúl Castro, contém 224 artigos.
judeu) de sete braços com galhos de oliveira nos extremos A nova Constituição manterá direitos como a liberdade
como símbolo do país. religiosa, e explicitará o princípio da não discriminação devido
Até agora estava sendo evitada esta menção à identidade à identidade de gênero. O texto divulgado no Granma não
judaica por causa da oposição de algumas correntes judaicas e especifica em que medida o Estado reconhecerá os casamentos
da existência no país de minorias, como a árabe. entre pessoas do mesmo sexo.
Os palestinos que ficaram no país após a criação do estado
de Israel, em 1948, constituem 20% da sua população – ou Mais de 16 mil venezuelanos pedem refúgio em
cerca de cerca de nove milhões de pessoas. A língua árabe, que Roraima em seis meses, diz PF59
deixa de ser oficial, é reduzida a um caráter “especial”.
"Os árabes terão uma categoria especial, todos os judeus Número é 20% superior ao de todo o ano de 2017. Recorde
terão o direito de migrar a Israel e obter a cidadania de acordo foi registrado em maio, quando mais de 4 mil venezuelanos
com as disposições da lei, o estado atuará para reunir os judeus fizeram a solicitação.
no exílio e promoverá os assentamentos judaicos em seu Nos primeiros seis meses deste ano, mais de 16 mil
território e vai alocar recursos para esse fim", estabelece a venezuelanos pediram refúgio em Roraima, segundo a Polícia
nova legislação, de acordo com a Efe. Federal. O número já é 20% maior do que o registrado em todo
o ano de 2017, quando foram recebidas pouco mais de 13,5 mil
‘Momento histórico’ solicitações.
O premiê israelense, premiê Benjamin Netanyahu, definiu De acordo com a PF, entre janeiro e 22 de junho deste ano,
a aprovação como um "momento histórico na história do foram recebidos 16.953 pedidos de refúgio no estado. Desses,
sionismo e da história do estado de Israel." 16.523, ou 97% do total, são só de venezuelanos. Os demais
"Ultimamente, há pessoas que estão tentando são de cubanos (155), haitianos (139) e cidadãos de outras
desestabilizar os fundamentos da nossa existência e dos nacionalidades (133).
nossos direitos. Então, hoje nós fizemos uma lei em pedra. Este O recorde de pedidos de refúgio de venezuelanos foi no
é o nosso país. Esta é a nossa língua. Este é o nosso hino e esta mês de maio, quando o país foi às urnas e o presidente Nicolás
é a nossa bandeira. Viva o estado de Israel", comemorou Maduro acabou reeleito. Só naquele mês foram 4.054
Netanyahu. solicitações feitas junto à PF.

57 G1. Israel aprova lei que o define como ‘Estado-Nação’ do povo judeu. G1 59 Emily Costa. Mais de 16 mil venezuelanos pedem refúgio em Roraima em
Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/07/19/israel-aprova-lei- seis meses, diz PF. G1. Roraima. https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/mais-
que-o-define-como-estado-nacao-do-povo-judeu.ghtml. Acesso em 19 de julho de de-16-mil-venezuelanos-pedem-refugio-em-roraima-em-seis-meses-diz-pf.ghtml.
2018. Acesso em 11 de julho de 2018.
58 Deutsche Welle. Nova Constituição de Cuba reconhecerá propriedade
privada. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/nova-constituicao-de-
cuba-reconhecera-propriedade-privada.ghtml. Acesso em 16 de julho de 2018.

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Ainda não há números precisos sobre a quantidade de


venezuelanos vivendo em Roraima, mas um levantamento
da prefeitura de Boa Vista apontou que só na capital há 25 mil
moradores venezuelanos - o equivalente a 7,5% da população
local, que é de 332 mil habitantes.
Antes desse estudo, a prefeitura estimava que 40 mil
venezuelanos estavam na cidade. Nessa época, só a praça
Simón Bolívar - que foi cercada com tapumes e desocupada em
maio - tinha cerca de 1,2 mil venezuelanos acampados.
Atualmente, o estado tem nove abrigos públicos com cerca
4 mil pessoas, cinco deles abertos só neste ano. Mesmo assim
ainda há venezuelanos em situação de rua em 10 dos 15
municípios do estado.

Kim Jong-un se compromete com o fim das armas


nucleares em encontro com Trump em Singapura60
Em 2017, ano em que o índice de pedidos teve uma alta Comunicado com quatro itens foi assinado durante
abrupta, foram recebidos 13.583 pedidos de venezuelanos. encontro histórico dos líderes dos EUA e Coreia do Norte.
No ano anterior foram 2.048 e 253 em 2015, quando começou Trump diz que Kim aceitou o seu convite para visitar a Casa
a imigração de venezuelanos para Roraima. Branca.
Uma vez feita uma solicitação de refúgio, o pedido segue A Coreia do Norte se comprometeu com o desmonte do seu
para o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), que programa nuclear nesta terça-feira (12/06), durante o
analisa e reconhece ou não a condição de refugiado. Por isso, encontro inédito de seu líder, Kim Jong-un, e o presidente
o G1 questionou o Conare sobre o número de pedidos de dos Estados Unidos, Donald Trump, em Singapura.
venezuelanos examinados, mas não obteve resposta até a Os dois países "decidiram deixar o passado para trás" e "o
publicação desta reportagem. mundo verá uma grande mudança", segundo Kim, que assinou
uma declaração de quatro itens durante o encontro com o
Imigrantes em trânsito chefe de estado americano.
Apesar de ser um dado importante para mostrar o fluxo O engajamento com o fim da produção de armas nucleares
migratório, o número de pedidos de refúgio não corresponde e a desnuclearização completa da península coreana era uma
à quantidade exata de venezuelanos vivendo em Roraima, condição imposta pelos EUA para a realização da histórica
afirma Gustavo da Frota Simões, professor do curso de cúpula.
Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima Porém, o documento final do encontro não estabelece
(UFRR). metas ou detalhes de como o compromisso será colocado em
No entendimento dele, nem todos os 16.523 venezuelanos prática para que o abandono da produção seja feito de forma
que pediram refúgio à PF neste ano continuam em Roraima, completa, irreversível e verificável, como pedem os Estados
porque muitos estão seguindo viagem, principalmente para Unidos.
buscar trabalho. O compromisso com o desmonte do programa nuclear já
"Os venezuelanos vêm para Roraima, às vezes ficam um consta na Declaração de Panmunjon, assinada após o encontro
tempo, se regularizam, e procuram emprego. Quando não de líderes das duas Coreias, em abril.
conseguem, fazem contatos, vão ouvindo outras pessoas e O documento assinado por Trump e Kim nesta terça possui
seguem viagem para outros lugares", explicou Simões. quatro pontos:
Para ele, a imigração venezuelana para o estado pode ser
dividida em três fases: a pendular, de permanência e de 1 - EUA e Coreia do Norte se comprometem a estabelecer
trânsito, que é a vivida atualmente. relações de acordo com o desejo de seus povos pela paz e
Na primeira delas, entre 2015 e 2016, imigrantes prosperidade;
cruzavam a fronteira para comprar mantimentos e depois 2 - Os dois países irão unir seus esforços para construir um
voltavam para o país de origem. Depois, em regime de paz estável e duradouro na península coreana;
2017, venezuelanos passaram a se mudar para o estadoem 3 - Reafirmando a Declaração de Panmunjon, de 27 de abril
busca de melhores condições de vida. Já neste ano, conforme o de 2018, a Coreia do Norte se compromete a trabalhar em
professor, a imigração ganha um novo caráter, que é o dos direção à completa desnuclearização da península coreana;
imigrantes em trânsito. 4 - Os EUA e a Coreia do Norte se comprometem a
Apesar disso, na avaliação dele, o número de pedidos de recuperar os restos mortais de prisioneiros de guerra,
refúgio ainda devem continuar aumentando, porque ele incluindo a imediata repatriação daqueles já identificados.
acompanha o agravamento da crise política e econômica na
Venezuela. Na avaliação de Trump, as negociações com Kim foram
"francas, diretas e produtivas" e o documento está "bastante
Venezuelanos em Roraima completo". O texto mostra, segundo o americano, que os países
A ONU estima que 800 venezuelanos cruzam a fronteira estabeleceram uma ligação especial após a sua assinatura.
por dia. Já o Exército brasileiro calcula que a média de entrada Em entrevista logo depois do encontro, o presidente
de venezuelanos em Roraima nos últimos cinco meses foi de americano afirmou que Kim aceitou o seu convite para visitar
416 pessoas por dia. a Casa Branca e que ele pretende visitar Pyongyang "em um
- Rota da fome: o caminho dos venezuelanos certo momento".
- A rota da fome em imagens "Aprendi que ele é um homem muito talentoso que ama
- Povoado indígena vira abrigo: 'Eles choram ao ver muito seu país. É um negociador de valor, que negocia em
comida' benefício de seu povo", afirmou.

60 G1. Kim Jong-um se compromete com o fim das armas nucleares em desnuclearizacao-completa-apos-encontro-com-trump-em-singapura.ghtml
encontro com Trump em Singapura. G1 Mundo. Acesso em 13 de junho de 2018.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/kim-jong-un-se-compromete-com-

Atualidades e Convivência Social 46


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Sanções mantidas Estado está temporariamente restrito durante partes dos dias
O presidente americano disse que a Coreia do Norte "já 11, 12 e 13 de junho.
está destruindo seus principais centros de testes nucleares",
mas que as sanções econômicas serão mantidas por enquanto. Redução nas tensões
Adotadas entre 2017 e 2018, as sanções tem o objetivo de A mudança de tom de Kim Jong-un com relação à vizinha
pressionar Pyongyang a reduzir seus programas nuclear e Coreia do Sul começou em seu discurso de ano novo, em
armamentista. janeiro de 2018, quando propôs o envio de uma equipe às
Nesta terça, Trump afirmou que vai pressionar o país a Olimpíadas de Inverno, em PyeongChang (Coreia do Sul).
abandonar a produção de armas nucleares o mais rápido que A aproximação entre as coreias levou à organização do
puder, mas reconheceu que esse processo pode levar um encontro de Panmunjon, zona desmilitarizada entre os dois
tempo. países, em que os dois países firmaram um primeiro
Trump disse que as sanções serão removidas "quando compromisso de desnuclearização da península e um acordo
tivermos certeza de que as armas nucleares não são mais um de paz para acabar com a guerra entre os países ainda em
fator [de risco]". "Eu realmente estou ansioso para retirá-las 2018.
[as sanções]", garantiu. O encontro foi visto como uma preparação para o encontro
com o presidente do Estados Unidos. Na época, Trump
'Jogos de guerra' comemorou o avanço nas relações de paz, mas se mostrou
O presidente americano também anunciou a suspensão ponderado. "Depois de um ano furioso de lançamento de
dos "jogos de guerra" na península coreana, fazendo referência mísseis e testes nucleares, um encontro histórico entre Coreia
aos exercícios militares feitos pelos EUA em conjunto com a do Norte e Coreia do Sul está ocorrendo agora. Boas coisas
Coreia do Sul. A Coreia do Norte considera as manobras estão acontecendo, mas só o tempo dirá", também afirmou no
militares uma provocação. Twitter.
Na avaliação de Trump, as manobras são caras e se Em abril, o então diretor da CIA e atual secretário de
tornaram inapropriadas face à nova relação estabelecida pelos Estado americano, Mike Pompeo, viajou para a Coreia do
Estados Unidos com a Coreia do Norte. Norte, onde teve um encontro secreto com Kim Jong-un,
Trump disse que espera retirar as forças dos EUA da Coreia mostrando um avanço nas relações entre os dois países. Ele
do Sul, mas disse que essa medida não está sendo discutida no voltou de lá com três americanos que tinham sido detidos por
momento. Atualmente, 28 mil soldados americanos estão no Pyongyang por suspeita de atividades anti-estatais.
país.
Até o momento, as forças de segurança dos EUA na Coreia 'Sim' vence em referendo sobre legalização do aborto
do Sul não receberam uma orientação formal para a suspensão na Irlanda61
dos exercícios militares conjuntos, de acordo com Reuters,
citando um comunicado da tenente-coronel Jennifer Lovett. Segundo pesquisa de boca de urna, 70% dos eleitores
votaram a favor; porta-voz da campanha pelo 'não' reconheceu
Encontro inédito derrota antes mesmo de resultado oficial.
Após uma série de testes balísticos norte-coreanos e Segundo pesquisas de boca de urna, o "sim" protagonizou
uma verdadeira “guerra verbal” entre Kim e Trump travada ao uma larga vitória no referendo sobre a legalização do aborto
longo de 2017, o primeiro encontro dos líderes dos dois países na Irlanda, com a preferência de cerca de 70% dos eleitores.
parecia impossível. Os resultados oficiais devem ser divulgados neste sábado
O objetivo desta cúpula em Singapura era chegar a um (26/05), mas o porta-voz da campanha pelo "não", já
consenso sobre o desmonte do programa nuclear e balístico da reconheceu sua derrota nesta manhã.
fechada ditadura comunista, em troca de alívio econômico A maioria dos irlandeses optou pela legalização do aborto
para o país atualmente afetado por duras sanções. no país de forte tradição católica e que conta com uma das
Kim e Trump tiveram um encontro privado, uma reunião legislações mais rígidas da Europa sobre a questão. Segundo
ao lado de seus assessores e um almoço ao lado de suas pesquisas de boca de urna, entre 68% e 69% dos eleitores
respectivas comitivas. Os dois líderes caminharam juntos e se votaram pelo "sim" - a favor da legalização do aborto -,
cumprimentaram várias vezes diante das câmeras. enquanto 32% teriam optado pelo "não" - para manter a lei
Quando se sentou ao lado de Kim pela primeira vez, Trump atual.
disse ter esperança de que a cúpula seria "tremendamente O texto atual está em vigor desde 1983. Ele determina que
bem-sucedida". "Teremos um ótimo relacionamento pela uma mulher só pode interromper uma gestação se estiver em
frente", acrescentou. perigo de vida real e iminente, inclusive sob risco de suicídio.
O ditador norte-coreano disse, em seguida, que havia Essa legislação de 35 anos não contempla o aborto quando há
enfrentado uma série de "obstáculos" para realizar esse má-formação cerebral do feto ou em casos de estupro, como
encontro. "Nós superamos todos eles e estamos aqui hoje", ocorre no Brasil. Atualmente, uma irlandesa que decida
disse a repórteres, por meio de um tradutor. interromper uma gravidez indesejada dentro do país pode ser
Mais tarde, em um breve pronunciamento, Trump disse condenada a até 14 anos de prisão.
que o encontro estava sendo "melhor do que qualquer um Na manhã deste sábado, John McGuirk, porta-voz da "Save
poderia esperar". Em seguida, ele mostrou sua limusine ao The 8th Campain", a campanha para manter a legislação atual,
norte-coreano e manteve o que pareceu ser uma conversa reconheceu sua derrota. "Não há nenhuma possibilidade que o
bastante amistosa durante alguns minutos. Eles se separaram texto [sobre a legalização do aborto] não seja adotado",
brevemente e voltaram a encontrar na sala onde assinaram a declarou em entrevista à TV irlandesa.
declaração. A taxa de participação é uma das mais altas registradas em
O local do encontro foi o luxuoso hotel Capella, na ilha de referendos no país. Ela pode ultrapassar os 61% da consulta
Sentosa, famosa por suas praias turísticas e seus campos de realizada em 2015 que levou à legalização do casamento entre
golfe espetaculares. Singapura designou partes de sua região pessoas do mesmo sexo. Na capital Dublin, a escolha pelo "sim"
central como uma "zona especial", implantando um rigoroso se mostra imensa, com 77% dos votos, segundo o jornal Irish
sistema de segurança. O espaço aéreo sobre a rica cidade- Times.

61 RFI. ‘Sim’ vence em referendo sobre legalização do aborto na Irlanda. G1 irlanda.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1>


Mundo. < https://g1.globo.com/mundo/noticia/sim-vence-em-referendo-sobre- Acesso em 28 de maio de 2018.
legalizacao-do-aborto-na-

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Revogação da 8ª Emenda instituições democráticas, do Estado de Direito e na falta de


O objetivo do referendo era perguntar aos eleitores se eles garantias e liberdades políticas dos cidadãos".
concordam ou não em revogar a antiga legislação, conhecida O governo brasileiro emitiu um comunicado separado
como 8ª Emenda. Ela determina que o direito à vida do feto é nesta segunda-feira reafirmando a posição do Grupo de Lima
igual ao direito à vida da mãe. e dizendo "lamentar profundamente" que Caracas não tenha
Com a revogação, o Parlamento passa a poder legislar atendido aos repetidos chamados da comunidade
sobre o assunto. Caso isso ocorra, a nova legislação permitiria internacional "pela realização de eleições livres, justas,
o direito aborto até 12 semanas, por decisão da mulher e com transparentes e democráticas".
autorização médica. "Nas condições em que ocorreu – com numerosos presos
Na sexta-feira (25/05), o primeiro-ministro irlandês, Leo políticos, partidos e lideranças políticas inabilitados, sem
Varadkar, a favor da legalização do aborto, convocou a observação internacional independente e em contexto de
população a votar, classificando o referendo de "oportunidade absoluta falta de separação entre os poderes –, o pleito careceu
única em uma geração" e avisando que não haverá outra de legitimidade e credibilidade", diz a nota.
consulta qualquer que seja o resultado. O texto acrescenta que as eleições deste domingo
"aprofundam a crise política no país, pois reforçam o caráter
Sexto referendo desde 1983 autoritário do regime, dificultam a necessária reconciliação
Desde a instauração da 8ª Emenda, em 1983, este é o sexto nacional e contribuem para agravar a situação econômica,
referendo sobre o aborto na Irlanda. A diferença dessa vez é social e humanitária que aflige o povo venezuelano".
que é a primeira consulta pública que contesta e, de fato, pode O governo da Argentina, por sua vez, também condenou o
reverter a 8ª Emenda. processo eleitoral venezuelano, destacando que o pleito "não
O aborto é uma questão polêmica neste país com uma foi democrático nem será reconhecido" pela maior parte da
população de mais de 78% de católicos. Mas casos recentes de comunidade internacional.
mulheres que morreram por causa de uma gravidez de risco "A Venezuela deve convocar eleições livres e democráticas
acabaram influenciando a opinião pública. e com a participação de todos os atores, incluindo os líderes da
Além disso, houve a constatação de que milhares de oposição presos ou no exílio", afirmou o ministro argentino do
mulheres realizam o procedimento ilegalmente, enquanto Exterior, Jorge Faurie, pedindo ainda a Maduro que "ouça o
outras milhares viajam a cada ano para o Reino Unido ou para grito do povo venezuelano".
outros países para poder realizar um aborto legalmente – mais
de 3,2 mil em 2016. Críticas também de Europa e EUA
Países europeus também se uniram à onda de condenações
América Latina condena em peso reeleição de às eleições venezuelanas. Antes do pleito, a União Europeia
Maduro62 (UE) havia pedido a suspensão da votação, convocada de
forma antecipada pela Assembleia Nacional Constituinte, um
Brasil e 13 países da região não reconhecem eleição na parlamento dominado pelo chavismo.
Venezuela e convocam seus embaixadores em Caracas. O governo da Espanha, um crítico do regime de Maduro,
Itamaraty diz que pleito careceu de "legitimidade e declarou que o processo eleitoral na Venezuela "não respeitou
credibilidade". EUA e países europeus também rejeitam os padrões democráticos mais básicos". "A Espanha e seus
votação. parceiros europeus estudarão medidas adequadas e
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enfrentou continuarão trabalhando para aliviar o sofrimento dos
condenação internacional nesta segunda-feira (21/05) após venezuelanos", disse o chefe de governo espanhol, Mariano
ser reeleito para mais seis anos de mandato num pleito Rajoy.
boicotado pela oposição, que questionou sua legitimidade, Em declaração semelhante, o ministro do Exterior da
e contestado por vários países, muitos latino-americanos. Alemanha, Heiko Maas, afirmou que "não houve eleições livres,
O chamado Grupo de Lima, composto por 14 países das justas e transparentes, as quais o povo venezuelano merecia".
Américas, anunciou que não reconhece o resultado da votação, "Condenamos a intimidação a que foi submetida a oposição
por considerá-la ilegítima. Maduro venceu com 68% dos votos, e que começou com a destituição do Parlamento", disse o chefe
mas praticamente não teve adversários. A participação não da diplomacia alemã em Buenos Aires, onde participa de uma
chegou a 50% dos eleitores. reunião de ministros do G20.
"[Os governos] não reconhecem a legitimidade do O pleito também foi condenado pelos Estados Unidos, que
processo eleitoral que teve lugar na República Bolivariana da no domingo anteciparam que não reconheceriam o vencedor.
Venezuela, concluído em 20 de maio passado, por não estar em O vice-secretário de Estado, John Sullivan, disse inclusive que
conformidade com os padrões internacionais de um processo Washington está considerando impor sanções ao petróleo da
democrático, livre, justo e transparente", diz a nota. Venezuela.
O grupo – do qual fazem parte Argentina, Brasil, Canadá, O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, por sua
Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, vez, classificou a votação de "fraudulenta" e disse que ela "não
México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia – disse ainda que mudará nada" no cenário do país latino-americano.
chamará para consultas seus embaixadores em Caracas, além Maduro foi reeleito nesta segunda-feira para mais seis
de convocar os representantes diplomáticos da Venezuela em anos de mandato, após receber quase 6 milhões de votos,
cada um dos países "para expressar seu protesto". segundo o Conselho Nacional Eleitoral, contra 1,8 milhão de
O bloco informou que se reunirá no Peru na primeira seu principal adversário, o dissidente chavista Henri Falcón –
quinzena de junho para definir uma resposta regional ao que furou o boicote da oposição ao registrar sua candidatura.
"aumento preocupante dos fluxos de venezuelanos que se A eleição de domingo foi marcada por uma abstenção
veem obrigados a sair de seu país", bem como ao impacto que recorde – dados oficiais colocam a participação eleitoral em
essa situação acarreta sobre toda a região. 46% – e denúncias de fraude. Políticos da oposição acusam o
O texto ainda reitera preocupação com o "aprofundamento governo de ter coagido os venezuelanos a votar em Maduro em
da crise política, econômica, social e humanitária que troca de recompensas.
deteriorou a vida na Venezuela", o que se reflete na "perda de

62 DW. América Latina condena em preso reeleição de Maduro. DW América reelei%C3%A7%C3%A3o-de-maduro/a-43869715> Acesso em 22 de maio de
Latina. <http://www.dw.com/pt-br/am%C3%A9rica-latina-condena-em-peso- 2018.

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Questões judeus, cristãos e muçulmanos, o presidente Donald Trump


conduziu seu país ao isolamento. Uma ampla maioria da
01. (Prefeitura de Rio das Antas/SC – Advogado – Assembleia Geral da ONU criticou a decisão que coloca um
FEPESE – 2018) Na tentativa de combater a imigração ilegal, obstáculo à paz. A decisão de Trump contraria uma resolução
o governo norte-americano tomou uma atitude que provocou da ONU, de 1980, que declarou nulas e sem efeito todas as
forte repúdio no mundo inteiro e mesmo entre o público medidas adotadas por Israel que “modificam o caráter
interno. geográfico e histórico da Cidade Santa”.
Assinale a alternativa que descreve corretamente o fato. ENDERLIN, C. Jerusalém, o erro fundamental. Le Monde
(A) Milhares de crianças, filhas de imigrantes ilegais, foram Diplomatique Brasil, Ano 11, n. 126, jan. 2018, p. 10. Adaptado.
enviadas para campos de concentração instalados na Flórida e O texto acima refere-se à decisão do presidente Donald
no Alasca. Trump, em dezembro de 2017, de
(B) Centenas de crianças, filhas de imigrantes ilegais, (A) determinar Jerusalém Oriental como palestina.
foram separadas de seus pais ao entrarem no país. (B) transferir a embaixada dos EUA para Tel Aviv.
(C) Milhares de crianças, filhas de imigrantes ilegais, foram (C) consultar oficialmente a Autoridade Palestina.
deportadas sem qualquer aviso prévio para os seus países de (D) reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
origem. (E) reativar a presença israelense na Faixa de Gaza.
(D) O Governo dos Estados Unidos proibiu a entrada no
país de imigrantes que tenham filhos menores de 5 anos. 05. (Prefeitura de Fraiburgo/SC – Auditor Fiscal –
(E) Os filhos dos imigrantes que chegaram aos Estados FEPESE) Em relatório das Nações Unidas, a guerra civil da
Unidos nos últimos dois anos foram expulsos das escolas onde Síria foi classificada como “grande tragédia do século 21”.
estudavam, mesmo os que nasceram no país. Sobre a Síria e esse conflito, é incorreto afirmar:
(A) Apesar de ter assinado a Convenção de Armas
02. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP) A Químicas, evidências apontam para o uso desse tipo de
crise atual entre os EUA e a Coreia do Norte se intensificou armamento pelo governo sírio.
em 8 de abril, quando, após um teste de míssil frustrado (B) De caráter político, a guerra civil na Síria não envolve
pela Coreia do Norte, Trump disse ter enviado uma “armada divergências religiosas.
muito poderosa” para a península coreana, uma referência (C) Sucedendo seu pai Hafez al-Assad, Bashar al- -Assad
ao porta-aviões USS Carl Vinson e a um grupo tático. está à frente do governo Sírio desde 2000.
(Disponível em: <https://goo.gl/20hQJx>. (D) Na tentativa de fugir do conflito, milhares de sírios
Adaptado) buscam refúgio em outros países, incluindo o Brasil.
Entre as reações da Coreia do Norte a essa ação norte- (E) A guerra civil da Síria iniciou-se como uma revolta
americana, é correto identificar popular contra a forte repressão do líder do governo.
(A) a decisão de interromper o programa nuclear, o convite
público a agentes de inspeção da ONU e a aproximação com os Gabarito
países vizinhos.
(B) a ruptura com a moderada e conciliatória China, a 01.B / 02.E / 03.A / 04.D / 05.B
ameaça de invasão da Coreia do Sul e a hostilização do Japão.
(C) o seu desligamento da ONU, a expulsão dos diplomatas
dos países ocidentais e a aliança com outros países Arte e Literatura
comunistas. saúde
Arte Brasileira1
(D) o pedido de intermediação da China, o recurso à ONU
para negociação e o aceno aos EUA com uma proposta de A arte brasileira surge da mistura de outros estilos e se
acordo. inicia desde o período da Pré-História há mais de 5 mil anos,
(E) a exibição pública do seu arsenal militar, a realização até a arte primitiva. Ela também foi influenciada pelo estilo
de novos testes de mísseis e a ameaça de um ataque nuclear artístico de outras sociedades.
preventivo. Dentre elas, temos a arte da Pré-História brasileira, com
vários sítios arqueológicos espalhados pelo território e
03. (Banco da Amazônia - Técnico Bancário - tombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e
CESGRANRIO - 2018) Mais de 12 mil pessoas já fugiram de Artístico Nacional). Outra a ser citada é a arte indígena na
Hamouria, cidade reduto rebelde de Ghouta Oriental, região época do descobrimento do Brasil, quando no início, havia
nos arredores de Damasco que se encontra cercada pelas cerca de 5 milhões de índios. Atualmente, esse número foi
forças do governo sírio. O regime cada vez avança mais dentro reduzido, assim como parte de sua cultura.
do território. Homens, mulheres e crianças, muitos carregando Outra vertente da arte brasileira a ser citada é a do Período
malas, cobertores e pertences, caminhavam a pé, em uma Colonial. O Brasil transformou-se em colônia de Portugal,
estrada suja, em direção a postos do exército sírio. Trata-se do depois da chegada de Cabral e eram feitas construções simples,
primeiro êxodo em massa desde o início da ofensiva militar, como as feitorias, várias vilas e engenhos de açúcar como
lançada há um mês. representação da arte.
Êxodo em Ghouta. Jornal do Brasil, Internacional, 16 mar. Na invasão dos holandeses que ficaram no nordeste do
2018, p. 14. Brasil por quase 25 anos, no início de 1624, se instalou uma
Na Síria, a situação mencionada é consequência direta do cultura vinda dos povos holandeses. Apesar dos portugueses
seguinte evento: terem defendido o Brasil de invasores, estes ainda
(A) desdobramento da guerra civil conseguiram instalar-se. Artistas e cientistas vieram para o
(B) acolhimento de imigrantes africanos Recife, trazendo a cultura holandesa.
(C) ataque da Rússia ao território nacional Outro estilo surgido foi o Barroco, ligado ao catolicismo. A
(D) enfrentamento com o governo de Israel influência da Missão Artística Francesa, no início do século XIX,
(E) litígio com países muçulmanos vizinhos quando a família real veio ao Brasil foi intensa. A população
começou a imitar a cultura europeia. Eram pintados retratos
04. (Banco da Amazônia - Técnico Científico - da família real e algumas imagens dos índios brasileiros.
CESGRANRIO - 2018) Ao quebrar o consenso internacional A Pintura Acadêmica, também no século XIX na arte
em torno do estatuto de Jerusalém, cidade sagrada para brasileira, retrata a riqueza clássica, sendo que era refletido

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um padrão de beleza ideal (padrões propostos pela Academia marcado pela influência do expressionismo, cubismo e dos
de Belas Artes). Já no início do século XX, presenciamos o muralistas mexicanos (Diego Rivera, por exemplo). Abordou
Modernismo Brasileiro, marcado inicialmente pela Semana de temas tipicamente brasileiros como por exemplo o samba. O
Arte Moderna. Antes disso, o Expressionismo já começa a cenário geográfico brasileiro também foi muito retratado em
chegar ao Brasil e fazer história com Lasar Segall (1891-1957) suas obras. Em suas obras são comuns os temas sociais do
que contribui para o Modernismo. Após a Semana de Arte Brasil (festas populares, operários, as favelas, protestos
Moderna, vários artistas começaram a desenvolver um estilo sociais, etc). Estética que abordava a sensualidade tropical do
próprio de pintura, sendo ela mais valorizada no país. Brasil, enfatizando os diversos tipos femininos. Principais
Além do já citado Lasar Segall, o Brasil tem grandes obras: “Pierrete”, “Samba”, “Mangue” e “Cinco Moças de
pintores, cujas obras têm reconhecimento internacional. Entre Guaratinguetá”, entre outras.
os principais destaques, podemos incluir:
Tarsila do Amaral - foi uma das mais importantes
Cândido Portinari - Foi um dos pintores brasileiros mais pintoras brasileiras do movimento modernista. Nasceu na
famosos. Nasceu na cidade de Brodowski (interior do estado cidade de Capivari (interior de São Paulo), em 1º de setembro
de São Paulo), em 29 de dezembro de 1903. Destacou-se de 1886. Na adolescência, Tarsila estudou no Colégio Sion,
também nas áreas de poesia e política. Durante sua trajetória, localizado em São Paulo, porém, completou os estudos numa
ele estudou na Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro; visitou escola de Barcelona (Espanha). Desde jovem, demonstrou
muitos países, como a Espanha, a França e a Itália, onde muito interesse pelas artes plásticas.
finalizou seus estudos. No ano de 1935 ele recebeu uma Somente aos 31 anos começou a aprender as técnicas de
premiação em Nova Iorque por sua obra “Café”. Deste pintura com Pedro Alexandrino Borges (pintor, professor e
momento em diante, sua obra passou a ser mundialmente decorador). Em 1920, foi estudar na Academia Julian (escola
conhecida. Dentre suas obras, destacam-se: “A Primeira Missa particular de artes plásticas) na cidade de Paris. Em 1922,
no Brasil”, “São Francisco de Assis” e “Tiradentes”. Seus participou do Salão Oficial dos Artistas da França, utilizando
retratos mais famosos são: seu autorretrato, o retrato de sua em suas obras as técnicas do cubismo. Retornou para o Brasil
mãe e o do famoso escritor brasileiro Mário de Andrade. em 1922, formando o "Grupo dos Cinco", junto com Anita
Características principais de suas obras: Retratou questões Malfatti, Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del
sociais do Brasil e utilizou alguns elementos artísticos da arte Picchia.
moderna europeia; Suas obras de arte refletem influências do Entre as décadas de 1920 e 1930, pintou suas obras de
surrealismo, cubismo e da arte dos muralistas mexicanos; Arte maior importância e que fizeram grande sucesso no mundo
figurativa, valorizando as tradições da pintura. das artes. Entre as obras desta fase, podemos citar as mais
conhecidas: Abaporu (1928) e Operários (1933). No final da
Anita Malfatti - Foi uma importante e famosa artista década de 1920, Tarsila criou os movimentos Pau-Brasil e
plástica (pintora e desenhista) brasileira. Nasceu na cidade de Antropofágico.
São Paulo, no dia 2 de dezembro de 1889 e faleceu na mesma Entre as propostas desta fase, Tarsila defendia que os
cidade, em 6 de novembro de 1964. Estudou pintura em artistas brasileiros deveriam conhecer bem a arte europeia,
escolas de arte na Alemanha e nos Estados Unidos (estudou na porém deveriam criar uma estética brasileira, apenas
Independent School of Art em Nova Iorque). Em sua passagem inspirada nos movimentos europeus.
pela Alemanha, em 1910, entrou em contato com o Características de suas obras: Uso de cores vivas;
expressionismo, que a influenciou muito. Já nos Estados Influência do cubismo (uso de formas geométricas);
Unidos teve contato com o movimento modernista. Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil;
Em 1917, Anita Malfatti realizou uma exposição artística Estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase
muito polêmica, por ser inovadora, e ao mesmo tempo antropofágica).
revolucionária. As obras de Anita, que retratavam Principais obras: “Abaporu”, “Autorretrato”, “Retrato de
principalmente os personagens marginalizados dos centros Oswald de Andrade”, “Estudo (Nu)”, “Natureza-morta com
urbanos, causaram desaprovação nos integrantes das classes relógios”, entre outras.
sociais mais conservadoras. Em 1922, junto com seu amigo
Mario de Andrade, participou da Semana de Arte Moderna. Ela Volpi - Alfredo Foguebecca Volpi, artista plástico ítalo-
fazia parte do Grupo dos Cinco, integrado por Malfatti, Mario brasileiro. É considerado um dos principais artistas da
de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Menotti Segunda Geração da Arte Moderna Brasileira. Ganhou
del Picchia. destaque com pinturas representando casarios e bandeirinhas
Principais obras: “A boba”, “As margaridas de Mário”, de festas juninas (sua marca registrada). Nasceu na cidade de
“Natureza Morta - objetos de Mário”, “A Estudante Russa”, “O Lucca (Itália) em 14 de abril de 1896. Atuou como pintor
homem das sete cores”, “Nu Cubista”, “O homem amarelo”, “A decorador de residências de famílias da alta sociedade
Chinesa”, “Arvoredo” e “Interior de Mônaco”, entre outros. paulistana, fazendo pinturas em paredes e murais; Ganhou o
prêmio de melhor pintor nacional na Bienal de Artes de 1953;
Di Cavalcanti - Emiliano Augusto Cavalcanti de Fez afrescos na Capela São Pedro de Monte Alegre e Participou
Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti, foi da 1ª Exposição de Arte Concreta em 1956.
um importante pintor, caricaturista e ilustrador brasileiro. Estética: explorou as formas e composição de cores com
Nasceu no Rio de Janeiro, em 6 de setembro de 1897. Desde grande impacto visual. Nos anos 50 enveredou para o campo
jovem demonstrou grande interesse pela pintura. Com onze do abstracionismo geométrico. Foi neste período que começou
anos de idade teve aulas de pintura com o artista Gaspar Puga a retratar bandeirinhas de festas juninas. Principais obras:
Garcia. Seu primeiro trabalho como caricaturista foi para a "Mulata", "Fachada e Rua", "Festa de São João", "Grande
revista Fon-Fon, em 1914. Fachada Festiva" e "Fachadas".
Fez a primeira exposição individual para a revista "A
Cigarra". Participou da Semana de Arte Moderna de 1922, Literatura brasileira63
expondo 11 obras de arte e elaborando a capa do catálogo. Foi
premiado, junto com o pintor Alfredo Volpi como melhor A literatura no Brasil viveu vários períodos, geralmente
pintor nacional na II Bienal de São Paulo. Seu estilo artístico é recebendo influência de escolas europeias. Houve ainda um

63 Texto adaptado de www.suapesquisa.com

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movimento que tentou criar uma identidade puramente Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom
nacional, voltada à abordagem de temas cotidianos. Os Casmurro e O Alienista. Podemos citar ainda como escritores
principais momentos da produção literária no Brasil foram: realistas Aluísio de Azedo, autor de O Mulato e O Cortiço e Raul
Pompéia, autor de O Ateneu.
Quinhentismo (século XVI) - Representa a fase inicial da
literatura brasileira, pois ocorreu no começo da colonização. Parnasianismo (final do século XIX e início do século XX)
Representante da Literatura Jesuíta ou de Catequese, destaca- - O parnasianismo buscou os temas clássicos, valorizando o
se Padre José de Anchieta com seus poemas, autos, sermões, rigor formal e a poesia descritiva. Os autores parnasianos
cartas e hinos. O objetivo principal deste padre jesuíta, com usavam uma linguagem rebuscada, vocabulário culto, temas
sua produção literária, era catequizar os índios brasileiros. mitológicos e descrições detalhadas. Diziam que faziam a arte
Nesta época, destaca-se ainda Pero Vaz de Caminha, o pela arte. Graças a esta postura foram chamados de criadores
escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Através de suas de uma literatura alienada, pois não retratavam os problemas
cartas e seu diário, elaborou uma literatura de Informação (de sociais que ocorriam naquela época. Os principais autores
viagem) sobre o Brasil. O objetivo de Caminha era informar o parnasianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de
rei de Portugal sobre as características geográficas, vegetais e Oliveira e Vicente de Carvalho.
sociais da nova terra.
Simbolismo (fins do século XIX) - Esta fase literária inicia-
Barroco (século XVII) - Essa época foi marcada pelas se com a publicação de Missal e Broqueis, de João da Cruz e
oposições e pelos conflitos espirituais. Esse contexto histórico Souza. Os poetas simbolistas usavam uma linguagem abstrata
acabou influenciando na produção literária, gerando o e sugestiva, enchendo suas obras de misticismo e
fenômeno do barroco. As obras são marcadas pela angústia e religiosidade. Valorizavam muito os mistérios da morte e dos
pela oposição entre o mundo material e o espiritual. sonhos, carregando os textos de subjetivismo. Os principais
Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras de linguagem representantes do simbolismo foram: Cruz e Souza e
mais usadas neste período. Podemos citar como principais Alphonsus de Guimaraens.
representantes desta época: Bento Teixeira, autor de
Prosopopeia; Gregório de Matos Guerra (Boca do Inferno), Pré-Modernismo (1902 até 1922) - Este período é
autor de várias poesias críticas e satíricas; e padre Antônio marcado pela transição, pois o modernismo só começou em
Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes. 1922, com a Semana de Arte Moderna. Esta época é marcada
pelo regionalismo, positivismo, busca dos valores tradicionais,
Neoclassicismo ou Arcadismo (século XVIII) - O século linguagem coloquial e valorização dos problemas sociais. Os
XVIII é marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores. principais autores deste período são: Euclides da Cunha (autor
Esse fato influenciou na produção da obras desta época. de Os Sertões), Monteiro Lobato, Lima Barreto, autor de Triste
Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados Fim de Policarpo Quaresma, e Augusto dos Anjos.
de lado, entra em cena o objetivismo e a razão. A linguagem
complexa é trocada por uma linguagem mais fácil. Os ideais de Modernismo (1922 a 1930) - Este período começa com a
vida no campo são retomados (fugere urbem = fuga das Semana de Arte Moderna de 1922. As principais
cidades) e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a características da literatura modernista são: nacionalismo,
idealização da natureza e da mulher amada. As principais temas do cotidiano (urbanos), linguagem com humor,
obras desta época são: Obra Poética, de Cláudio Manoel da liberdade no uso de palavras e textos diretos. Principais
Costa; O Uraguai, de Basílio da Gama; Cartas Chilenas e Marília escritores modernistas: Mario de Andrade, Oswald de
de Dirceu, de Tomás Antonio Gonzaga; e Caramuru, de Frei Andrade, Cassiano Ricardo, Alcântara Machado e Manuel
José de Santa Rita Durão. Bandeira.

Romantismo (século XIX) - A modernização ocorrida no Neorrealismo (1930 a 1945) - Fase da literatura
Brasil, com a chegada da família real portuguesa em 1808 e a brasileira na qual os escritores retomam as críticas e as
Independência do Brasil em 1822 são dois fatos históricos que denúncias aos grandes problemas sociais do Brasil. Os
influenciaram na literatura do período. Como características assuntos místicos, religiosos e urbanos também são
principais do romantismo, podemos citar: individualismo, retomados. Destacam-se as seguintes obras: Vidas Secas, de
nacionalismo, retomada dos fatos históricos importantes, Graciliano Ramos; Fogo Morto, de José Lins do Rego; O Quinze,
idealização da mulher, espírito criativo e sonhador, de Raquel de Queiroz; e O País do Carnaval, de Jorge Amado.
valorização da liberdade e o uso de metáforas. As principais Os principais poetas desta época são: Vinícius de Moraes,
obras românticas que podemos citar: O Guarani, de José de Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.
Alencar; Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de
Magalhães; Espumas Flutuantes, de Castro Alves; e Primeiros Arquitetura Brasileira64
Cantos, de Gonçalves Dias. Outros importantes escritores e
poetas do período: Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Os colonizadores improvisavam-se construtores para
Junqueira Freire e Teixeira e Souza. levantar moradias e entrincheiramento a fim de se
defenderem dos índios e de outros brancos. Na necessidade da
Realismo - Naturalismo (segunda metade do século XIX) - conquista e manutenção do espaço cria-se um sistema feudal e
Na segunda metade do século XIX, a literatura romântica organizam-se os arraiais, como no caso de Salvador, uma
entrou em declínio juntos com seus ideais. Os escritores e cidade cercada por muros de taipa, essa técnica, embora
poetas realistas começam a falar da realidade social e dos precária quando bem mantida, perpetua-se ao longo dos
principais problemas e conflitos do ser humano. Como séculos. Em cada uma das regiões ocupadas recursos locais são
características desta fase, podemos citar: objetivismo, utilizados na construção, como a carnaúba no Piauí que ainda
linguagem popular, trama psicológica, valorização de hoje é utilizada.
personagens inspirados na realidade, uso de cenas cotidianas, Até a primeira metade deste século grande parte das casas
crítica social, visão irônica da realidade. O principal no Recife era construída como no século do descobrimento. A
representante desta fase foi Machado de Assis, com as obras: “casa-fortaleza”, como era denominada, utilizava pedra, cal,

64 http://www.coladaweb.com/artes/arquitetura/arquitetura-brasileira

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pau a pique e era telhada e avarandada. Não se tem amostras, arquitetos José da Costa e Silva, Manuel da Costa e o Mestre
mas sabe-se através dos documentos que obedeciam às Valentim da Fonseca e Silva, autor da ornamentação do
prescrições da Coroa ao conceder-se uma sesmaria. Com o passeio público do Rio de Janeiro.
crescimento das vilas, os construtores começam a procurar Já no começo do século, o Art Nouveau e o Art Deco
materiais mais resistentes e passam a utilizar a pedra. A aparecem de forma restrita, principalmente em São Paulo, e
primeira obra em pedra parece ter sido a torre de Olinda, seu expoente máximo é Victor Dubugras, que faleceu em 1934.
construída por seu primeiro donatário (Duarte Coelho). A Semana de Arte Moderna de 1922 e a sequente revolução de
Deve-se notar aqui as conquistas holandesas, os batavos 1930 são a alavanca da arquitetura moderna no Brasil. Já em
muito produziram com alta qualidade e fazem com que Recife 1925 o arquiteto Gregori Warchavchik publicou seu Manifesto
torne-se a cidade mais importante da colônia, porém não se da Arquitetura Funcional. É interessante notar que a Casa
misturam com os produtores da insipiente arte local. É com a Modernista que Warchavchik construiu em São Paulo, em
ajuda de Pieter Post, arquiteto incluído na expedição de 1928, é anterior à construção da Casa das Rosas, da Av.
Nassau, que se realizam um conjunto de obras urbanísticas e Paulista. Le Corbusier, arquiteto modernista francês, visitou o
arquitetônicas notáveis. É nesta época que o barroco começa a Brasil pela primeira vez em 1929 e realizou conferências no
dar sinais de vida, e as Igrejas buscam construir com luxo, Rio e em São Paulo; chegou a propor um plano de urbanização
enquanto o povo continuara a viver da maneira mais simples para o Rio de Janeiro que não foi executado. Provavelmente o
até os anos setecentos. A prosperidade da arquitetura religiosa seria, não fosse a Revolução que colocou Getúlio Vargas no
deve-se, também, à instituição das Irmandades que poder e Júlio Prestes no exílio.
construíam suas igrejas, às vezes, rivalizando com as Ordens. Mas a revolução trouxe vantagens para a arquitetura:
Os artistas eram disputados e razoavelmente retribuídos. Lúcio Costa torna-se diretor da Escola Nacional de Belas Artes,
Nosso barroco floresce de maneira torta e não é para onde chama Warchavchik. Por motivos políticos, sua
comparável aos outros movimentos no mundo, pode-se dizer gestão não dura um ano, mas não sem frutos. Cedo uma nova
que é mais parecido com o alemão do que com o italiano. A geração de arquitetos surgia: Luiz Nunes, os irmãos M.M.M.
arquitetura civil é inexpressiva e servia, praticamente, a fins Roberto, Aldo Garcia Roza, entre outros.
religiosos. Quase todos os arquitetos brasileiros da primeira Em 1935, é realizado o concurso para o prédio do
metade do século XVIII, constroem igrejas de nave octogonal, Ministério da Educação no Rio de Janeiro, cujo primeiro
a primeira, construída entre 1714 e 1730, é a de Nossa Senhora prêmio foi para um projeto puramente acadêmico; porém, por
da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro, muito importante por decisão do Ministro Gustavo Capanema, o projeto passa para
representar uma evolução em relação às igrejas portuguesas as mãos de Lúcio Costa, que reúne uma equipe com outros
ou mesmo qualquer igreja da época. concorrentes, entre eles Oscar Niemeyer. Le Corbusier faz
Outras Igrejas brasileiras de plano octogonal são: a igreja nova visita ao Brasil para opinar sobre o projeto do concurso
paroquial de Antônio Dias (1727); a Igreja de Santa Efigênia e também para discutir o projeto da Cidade Universitária do
em Ouro Preto (1727), ambas atribuídas a Manuel Francisco Rio de Janeiro. Lúcio Costa deixou, em 1939, a chefia da equipe
Lisboa, pai de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho; igreja que construía o Ministério da Educação e em seu lugar assume
do Pilar em Ouro Preto (1720); igreja de São Pedro dos Oscar Niemeyer, no início de uma carreira brilhante, que tem
Clérigos de Recife (1728-1782), de Manoel Ferreira Jácome; seu apogeu juntamente com Lúcio Costa, com a construção de
igreja da Conceição da Praia em Salvador, projetada por Brasília, vinte anos mais tarde. No mesmo ano de 1939,
Manoel Cardoso Saldanha, que foi a última de importância acontece a Exposição Internacional de Nova York, onde o
construída na Bahia, também a última de plano octogonal a ser Pavilhão do Brasil, obra de Lúcio e Oscar, causa furor.
erguida, tanto no Brasil quanto em Portugal. A arquitetura brasileira dá sinais de vida mundialmente.
Na segunda metade do século XVIII, Minas Gerais passa a Niemeyer constrói o conjunto da Pampulha em Belo Horizonte
dominar a arquitetura religiosa em igrejas como: o Santuário durante a prefeitura de Juscelino Kubitschek, que depois o leva
de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (1757- para Brasília, onde realizará um conjunto de obras notáveis
1770); a de São Pedro dos Clérigos, em Mariana (1771) e a juntamente com o plano geral de Lúcio Costa. Oscar Niemeyer
Capela do Rosário de Ouro Preto. Antônio Francisco Lisboa, o também esteve à frente da equipe que construiu o parque do
Aleijadinho principal escultor e arquiteto da época deixou Ibirapuera em São Paulo entre 1951 e 1955. No Ibirapuera, o
vasta obra, adepto do estilo rococó, soube integrar melhor do paisagismo é de Roberto Burle Marx, que tem vasta obra a ser
que ninguém a arquitetura e a escultura, a decoração apreciada e é o maior expoente dessa arte no país.
rebuscada à sobriedade da arquitetura religiosa portuguesa. Em 1954, foi construído o Museu de Arte Moderna do Rio
Ele modifica a estrutura do altar suprimindo o baldaquim ou de Janeiro, de Affonso Eduardo Reidy. Outro arquiteto
elevando-o até a abóbada. A igreja de São Francisco em Ouro modernista de grande importância é Villanova Artigas, autor,
Preto foi inteiramente projetada, construída e decorada por entre outras obras, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Aleijadinho num espaço de vinte e oito anos entre 1766 e 1794, da Universidade de São Paulo. Artigas, que esteve exilado por
o que explica sua extraordinária unidade. Sua capela-mor é causa do regime militar, quando retornou ao Brasil, viu-se
uma das obras mais importantes de Aleijadinho. obrigado a fazer uma prova de admissão para poder lecionar
A transferência da Corte de Dom João VI para o Brasil na faculdade que ele mesmo projetara, prova que ficou
provoca mudanças sensíveis na arquitetura. Em 1816 chega ao registrada em forma de livro.
Rio de Janeiro a chamada Missão Francesa incumbida, por ão podemos deixar de citar aqui a grande obra de Lina Bo
Dom João, da educação artística do povo brasileiro. Liderada Bardi, mulher de Pietro Maria Bardi, autora de projetos como
por Lebreton, a missão trouxe como arquiteto Auguste-Henri- o do SESC Pompéia, em São Paulo ou o do MASP (Museu de
Victor Grandjean de Montigny (1776-1850), que introduziu o Arte de São Paulo), cuja arrojada estrutura foi uma imposição
Neoclassicismo e fez adeptos. A primeira obra, que foi do terreno. O projeto deveria conservar o antigo belvedere, e a
encomendada a ele, foi a da Academia de Belas-Artes, edifício solução encontrada por Lina foi construir um prédio
cujas obras paralisadas durante anos, por ocasião da morte do sustentado apenas por quatro pilares nas extremidades do
Conde da Barca, responsável pela vinda de Grandjean. Tal fato terreno, uma vez que o túnel da Av. 9 de julho, que passa por
faz com que o arquiteto passe a dedicar-se a outros projetos, baixo do terreno, não permitia outra conformação. O resultado
como o edifício da Praça do Comércio, já demolido, a é uma grande caixa de vidro suspensa, envolta em dois
Alfândega, o antigo Mercado da Candelária e várias pórticos, formados pelos pilares somados às vigas de
residências, além de ter sido o primeiro professor de sustentação da cobertura. Seu vão livre, de setenta e dois
arquitetura do Brasil. Atuaram também nesta época os

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metros em concreto protendido, é uma aventura a ser Música Brasileira67


apreciada.
Podemos dizer que a MPB surgiu ainda no período colonial
Cinema no Brasil65 brasileiro, a partir da mistura de vários estilos. Entre os
séculos XVI e XVIII, misturaram-se em nossa terra as cantigas
Em 1896, chegaram ao Rio de Janeiro aparelhos de populares, os sons de origem africana, fanfarras militares,
projeção cinematográfica, em 1898, foram realizadas as músicas religiosas e músicas eruditas europeias. Também
primeiras filmagens no Brasil. Somente em 1907, com o contribuíram, neste caldeirão musical, os indígenas com seus
advento da energia elétrica industrial na cidade, o comércio típicos cantos e sons tribais. Nos séculos XVIII e XIX,
cinematográfico começou a se desenvolver. Nesta fase destacavam-se nas cidades, que estavam se desenvolvendo e
predominou filmes de reconstituição de fatos do dia-a-dia. A aumentando demograficamente, dois ritmos musicais que
partir de 1912, das mãos de Francisco Serrador, Antônio Leal marcaram a história da MPB: o lundu e a modinha.
e dos irmãos Botelho eram produzidos filmes com menos de O lundu, de origem africana, possuía um forte caráter
uma hora de projeção, época em que o cinema nacional sensual e uma batida rítmica dançante. Já a modinha, de
encarou forte crise perante o domínio norte-americano nas origem portuguesa, trazia a melancolia e falava de amor numa
salas de exibição, os cinejornais e documentários é que batida calma e erudita. Na segunda metade do século XIX,
captavam recursos para as produções de ficção. surge o Choro ou Chorinho, a partir da mistura do lundu, da
Em 1925, a qualidade e o ritmo das produções aumenta, o modinha e da dança de salão europeia. Em 1899, a cantora
cinema mudo brasileiro se consolida e os veículos de Chiquinha Gonzaga compõe a música Abre Alas, uma das mais
comunicação da época inauguram colunas para divulgar o conhecidas marchinhas carnavalescas da história. Já no início
nosso cinema. Entre os anos 30 e 40, o cinema falado abre um do século XX começam a surgir as bases do que seria o samba.
reinício para a produção nacional que limita-se ao Rio em Dos morros e dos cortiços do Rio de Janeiro, começam a se
comédias populares, conhecidas como chanchadas musicais misturar os batuques e rodas de capoeira com os pagodes e as
que lançaram atores como Mesquitinha, Oscarito e Grande batidas em homenagem aos orixás.
Otelo. O carnaval começa a tomar forma com a participação,
A década de 30 foi dominada pela Cinédia e os anos 40 pela principalmente de mulatos e negros ex-escravos. O ano de
Atlântida. No período de 1950 a 1960, em São Paulo, paralelo 1917 é um marco, pois Ernesto dos Santos, o Donga, compõe o
à fundação do Teatro Brasileiro de Comédia e abertura do primeiro samba que se tem notícia: Pelo Telefone. Neste
Museu de Arte Moderna, surge o estúdio da Vera Cruz que mesmo ano, aparece a primeira gravação de Pixinguinha,
através de fortes investimentos e contratação de profissionais importante cantor e compositor da MPB do início do século
estrangeiros busca produzir no Brasil, uma linha de filmes XIX. Com o crescimento e popularização do rádio nas décadas
sérios, industrial, com uma preocupação estético-cultural de 1920 e 1930, a música popular brasileira cresce ainda mais.
hollywoodiana e com a participação de grandes estrelas como Nesta época inicial do rádio brasileiro, destacam-se os
Tônia Carreiro, Anselmo Duarte, Jardel Filho, entre outros. seguintes cantores e compositores: Ary Barroso, Lamartine
A Vera Cruz tinha uma produção cara e de qualidade, mas Babo (criador de O teu cabelo não nega), Dorival Caymmi,
faltava-lhe uma distribuidora própria e salas para absorver a Lupicínio Rodrigues e Noel Rosa. Surgem também os grandes
sua produção, uma de suas produções foi premiada em Cannes, intérpretes da música popular brasileira: Carmen Miranda,
o filme Cangaceiro, de Lima Barreto. Em oposição às Mário Reis e Francisco Alves. Na década de 1940 destaca-se,
produções paulistas e cariocas, surgem cineastas no cenário musical brasileiro, Luis Gonzaga, o "rei do Baião".
independentes que a partir da década de 60, buscam manter a Falando do cenário da seca nordestina, Luis Gonzaga faz
pretensão artística da Vera Cruz, como por exemplo Walter sucesso com músicas como, por exemplo, Asa Branca e Assum
Hugo Khouri, e uma esfera neorrealista, com o filme “Rio 40°” Preto. Enquanto o baião continuava a fazer sucesso com Luis
de Nelson Pereira dos Santos. Nesta fase há o fenômeno de Gonzaga e com os novos sucessos de Jackson do Pandeiro e
filmes feitos na Bahia, por baianos e sulistas, como o “Pagador Alvarenga e Ranchinho, ganhava corpo um novo estilo musical:
de Promessas”, é o surgimento do Cinema Novo, movimento o samba-canção.
carioca que abarca o que há de melhor no cinema nacional, Com um ritmo mais calmo e orquestrado, as canções
época de intensa produção e premiação de nomes como os de falavam principalmente de amor. Destacam-se neste contexto
Glauber Rocha, Serraceni, Ruy Guerra, entre outros. musical: Dolores Duran, Antônio Maria, Marlene, Emilinha
Borba, Dalva de Oliveira, Angela Maria e Caubi Peixoto. Em fins
Televisão no Brasil66 dos anos 50 (década de 1950), surge a Bossa Nova, um estilo
sofisticado e suave. Destaca-se Elizeth Cardoso, Tom Jobim e
A primeira emissora de televisão no Brasil, a TV Tupi, foi João Gilberto. A Bossa Nova leva as belezas brasileiras para o
inaugurada há 67 anos, em 18 de setembro de 1950. No exterior, fazendo grande sucesso, principalmente nos Estados
começo, os programas eram ao vivo e caracterizados pela Unidos. A televisão começou a se popularizar em meados da
improvisação, experimentação em linguagem (adaptada do década de 1960, influenciando na música. Nesta época, a TV
rádio e do teatro) e falta de aparelhos receptores, devido ao Record organizou o Festival de Música Popular Brasileira.
alto custo. Nestes festivais são lançados Milton Nascimento, Elis Regina,
O idealizador da TV brasileira foi Assis Chateaubriand Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Edu Lobo. Neste
(1892-1968), dono dos Diários Associados, um império de mesmo período, a TV Record lança o programa musical Jovem
comunicação que incluía dezenas de jornais, revistas e rádios. Guarda, onde despontam os cantores Roberto Carlos e Erasmo
Como não havia televisores no país, o empresário Carlos e a cantora Wanderléa. Na década de 1970, vários
contrabandeou 200 aparelhos. Até os anos 1960, novas músicos começam a fazer sucesso nos quatro cantos do país.
emissoras foram inauguradas, como a TV Excelsior, a Globo, a Nara Leão grava músicas de Cartola e Nelson do Cavaquinho.
Bandeirantes e a Rede Record. Nesse período a TV Tupi entrou Vindas da Bahia, Gal Costa e Maria Bethânia fazem sucesso nas
em decadência, até ter a concessão cassada em 1980. grandes cidades.
O mesmo acontece com Djavan (vindo de Alagoas), Fafá de
Belém (vinda do Pará), Clara Nunes (de Minas Gerais),

65 http://www.infoescola.com/cinema/historia-do-cinema-brasileiro/ 67 http://www.suapesquisa.com/mpb/
66 http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/

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Belchior e Fagner (ambos do Ceará), Alceu Valença (de e visa o debate de temas atuais, problemas sociais e conflitos
Pernambuco) e Elba Ramalho (da Paraíba). No cenário do rock psicológicos tentando mostras e revelar o cotidiano da
brasileiro destacam-se Raul Seixas e Rita Lee. No cenário funk sociedade, o amor adúltero, a falsidade e o egoísmo humanos.
aparecem Tim Maia e Jorge Ben Jor. Nas décadas de 1980 e Um dos mais importantes autores dessa época é Joaquim
1990 começam a fazer sucesso novos estilos musicais, que Manoel de Macedo, autor da obra-prima A Moreninha, de
recebiam fortes influências do exterior. São as décadas do Arthur Azevedo. A Semana de Arte Moderna de 1922, que foi
rock, do punk e da new wave. O show Rock in Rio, do início dos um marco para as artes não abrangeu o teatro que ficou
anos 80, serviu para impulsionar o rock nacional.Com uma esquecido, adormecido por longos anos.
temática fortemente urbana e tratando de temas sociais, A renovação do teatro brasileiro veio em 1943, com a
juvenis e amorosos, surgem várias bandas musicais. É deste estreia de Vestido de Noiva, de Gianfrancesco Guarnieri e
período o grupo Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Titãs, Nelson Rodrigues, sob a direção de Ziembinski, que
Kid Abelha, RPM, Plebe Rude, Ultraje a Rigor, Capital Inicial, escandalizou o público e modernizou o palco brasileiro.
Engenheiros do Hawaii, Ira! e Barão Vermelho. Também fazem Vestido de Noiva fez um grande sucesso assim como o Auto da
sucesso: Cazuza, Rita Lee, Lulu Santos, Marina Lima, Lobão, Compadecida, de Ariano Suassuna. Vale destacar Teatro
Cássia Eller, Zeca Pagodinho e Raul Seixas. Brasileiro de Comédia formado por grandes artistas como
Os anos 90 também são marcados pelo crescimento e Cacilda Becker, Tônia Carrero, Sérgio Cardoso, Paulo Autran,
sucesso da música sertaneja ou country. Neste contexto, com Fernanda Montenegro, entre outros e o Teatro de Arena que
um forte caráter romântico, despontam no cenário musical: encenou a peça Eles Não Usam Black-tie, de Gianfrancesco
Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano, Leandro e Guarnieri, em 1958, um grande sucesso. Com o golpe militar
Leonardo e João Paulo e Daniel. Nesta época, no cenário pop em 1964 veio a censura e um número enorme de peças foram
destacam-se: Gabriel, o Pensador, O Rappa, Planet Hemp, proibidas e somente a partir dos anos 70 o teatro novamente
Racionais MCs e Pavilhão 9. O século XXI começa com o sucesso ressurge mostrando produções constantes.
de grupos de rock com temáticas voltadas para o público
jovem e adolescente. São exemplos: Charlie Brown Jr, Skank, *Textos noticiados em relação à arte que envolvem
Detonautas e CPM 22. polêmicas atuais estão dentro do tópico “Cultura”.

Teatro no Brasil68 Questões

Uma das primeiras manifestações do teatro no Brasil 01. (BANPARÁ – Técnico Bancário – ESPP) Segundo foi
ocorreu no século XVI como forma de catequização. O teatro divulgado na Folha Ilustrada de 11.02.12
era utilizado pelos jesuítas para instruir religiosamente os (www1.folha.uol.com.br/ilustrada): “O Theatro Municipal
índios e colonos. O padre Anchieta é um dos principais jesuítas começa na próxima quarta-feira (14.02) uma programação
que utilizou estes tipos de representações que eram chamadas para lembrar os 90 anos da Semana de Arte Moderna, com
de teatro de catequese. Esse teatro possuía uma preocupação música de câmara e sinfônica, balé e, sobretudo, duas óperas
muito mais religiosa do que artística, os atores eram amadores modernistas: "Magdalena", de Heitor Villa-Lobos (1887-
e não existiam espaços destinados à atividade teatral, as peças 1959), e "Pedro Malazarte", de Mozart Camargo Guarnieri
eram encenadas em praças, ruas, colégios entre outros. Já no (1907-1993)”
século XVII, além do teatro de catequese emerge outros tipos
de teatros que celebram festas populares e acontecimentos Sobre a Semana de Arte Moderna, o Modernismo e seu
políticos, alguns lembram muito o carnaval como conhecemos contexto histórico, assinale a alternativa incorreta.
hoje, as pessoas saíam às ruas para comemorações vestidas (A) Inserida nas festividades em comemoração ao
com adereços, desfilando mascaradas, dançando, cantando e centenário da independência do Brasil, em 1922, a Semana de
tocando instrumentos. Arte Moderna aconteceu em um momento em que o clima
Com a chegada da família real no Brasil em 1808, o teatro político era tenso em função da Primeira Guerra Mundial
dá um grande salto. D. João VI assina um decreto de 28 de maio (1914-1918).
de 1810 que reconhece a necessidade da construção de (B) A Semana de Arte Moderna deu início à construção de
"teatros decentes" para a nobreza que necessitava de diversão. uma cultura essencialmente nacional.
Grandes espetáculos começaram a chegar ao Brasil porém, (C) A Semana de Arte Moderna ressaltou nomes
além de serem estrangeiros e refletirem os gostos europeus da consagrados do modernismo brasileiro, como Mário de
época eram somente para os aristocratas e o povo não tinha Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Anita Malfatti,
qualquer participação, o teatro não tinha uma identidade entre outros.
brasileira. No século XIX o teatro brasileiro começa a se (D) A crítica não poupou esforços para destruir as ideias
configurar e um grande marco foi a representação da tragédia inovadoras, em plena vigência da República Velha, encabeçada
Antônio José ou O Poeta e a Inquisição de Gonçalves Magalhães por oligarcas do café e da política conservadora que então
em 13 de março de 1838. Esse drama foi encenado por uma dominava o cenário brasileiro.
companhia genuinamente brasileira, com atores e propósitos (E) A Semana de Arte Moderna representou uma
nacionalistas formado pelo ator João Caetano. verdadeira renovação de linguagem, na busca de
Nessa época surgem as Comédias de Costume com o experimentação, na liberdade criadora, considerando a
escritor teatral Luiz Carlos Martins Pena que buscava em fatos calmaria política e social do momento.
da época situações para arrancar da plateia muitos risos.
Muitos autores teatrais surgiram como Antônio Gonçalves 02. (MRE – Assistente de Chancelaria – ESAF) A Música
Dias, Manuel Antônio Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Popular Brasileira (MPB) percorreu rica trajetória,
Castro Alves, Luís Antônio Burgain, Manuel de Araújo Porto especialmente entre fins do século XIX e os dias atuais. Um
Alegre, Joaquim Norberto da Silva, Antônio Gonçalves Teixeira movimento renovador, surgido na segunda metade dos
e Souza, Agrário de Menezes, Barata Ribeiro, Luigi Vicenzo de anos 50, nela deitou raízes e ampliou-lhe
Simoni e Francisco José Pinheiro Guimarães. Em 1855 surge o consideravelmente as portas do mercado mundial. Esse
teatro realista no Brasil, o teatro deixa de lado os dramalhões movimento, que teve na canção Chega de Saudade e em seu

68
www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=196

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intérprete, João Gilberto, dois de seus principais emblemas, “No Brasil não existe tecnologia de separação de extração
e que ainda hoje marca presença, ficou conhecido como do ouro, do cobre, da prata que estão nas placas. Nós enviamos
(A) Tropicalismo para empresas que destinam para fora do Brasil”, explicou
(B) Jovem Guarda Júlio César Hessel, presidente do instituto.
(C) Modernismo Mesmo assim, a gente está num oásis desse deserto de
(D) Bossa Nova componentes. Espaços como esse no Brasil só têm seis. E aí?
(E) Samba-enredo Como é que faz para isso virar uma realidade num país tão
grande?
Gabarito “A gente vai refazer os convênios e aumentar isso aqui.
Pelo menos uns 27 para considerar todos os estados da
01.E / 02.D federação. Mas quanto mais melhor, a verdade é essa”, disse
Wilson Diniz Wellisch, diretor de Inclusão Digital.
A gente fica no aguardo. Quem sabe assim a gente consiga
Ciência e Tecnologia reciclar nossos próprios hábitos e entender de vez que
saúde nenhuma tecnologia precisa ficar obsoleta. É só questão de ela
Campus Party inova ao receber aparelhos usados se reinventar.
como vale-ingresso69
O que é a 4ª revolução industrial - e como ela deve
Visitantes podem trocar computadores, celulares e outros afetar nossas vidas70
equipamentos antigos por entrada no evento.
A edição de 2019 do maior evento de tecnologia da No final do século 17 foi a máquina a vapor. Desta vez,
América Latina tem uma atração a mais para os visitantes, em serão os robôs integrados em sistemas ciberfísicos os
São Paulo. Uma atração que, de quebra, ainda ajuda o meio responsáveis por uma transformação radical. E os
ambiente. economistas têm um nome para isso: a quarta revolução
Ele já teve seus dias de glória, mas faz tempo. Quem diria industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais,
que, de sonho de consumo de qualquer nerd da década físicas e biológicas.
passada para cacareco, treco, troço que só ocupa espaço em Eles antecipam que a revolução mudará o mundo como o
casa. É assim com o notebook velho, com a câmera da época de conhecemos. Soa muito radical? É que, se cumpridas as
filme, com o monitor hoje amarelado e com o celular bisavô previsões, assim será. E já está acontecendo, dizem, em larga
desse que eu uso para escrever as reportagens hoje em dia. escala e a toda velocidade.
Tudo meio empoeiradão, fora de moda, peso de papel. "Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que
“Coloca no cantinho, coloca no guarda-roupa, sempre é transformará fundamentalmente a forma como vivemos,
assim. E jogar fora eu não sei pelo menos qual é o trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e
procedimento porque tem muito a questão de esses resíduos complexidade, a transformação será diferente de qualquer
serem tóxicos, algumas coisas como metais pesados, a gente coisa que o ser humano tenha experimentado antes", diz Klaus
não tem informação”, comenta o estudante Pedro Henrique Schwab, autor do livro A Quarta Revolução Industrial,
Simão. publicado este ano.
Dito isso, a informação mais recente que ele teve foi ótima. Os "novos poderes" da transformação virão da engenharia
As ferramentas do nerd do passado estão valendo entrada no genética e das neurotecnologias, duas áreas que parecem
maior evento de nerds do presente: a Campus Party. misteriosas e distantes para o cidadão comum.
“Nossa, deu para trocar por bastante ingresso, seis no No entanto, as repercussões impactarão em como somos e
total”, afirma o estudante de economia Vinícius Gonzales como nos relacionamos até nos lugares mais distantes do
Custódio. planeta: a revolução afetará o mercado de trabalho, o futuro do
Se fosse para pagar na hora, ia custar R$ 350 cada um. trabalho e a desigualdade de renda. Suas consequências
Ótimo negócio para quem visita, bom negócio para quem impactarão a segurança geopolítica e o que é considerado
organiza. ético.
“No ano passado, juntamente com o Ministério da Ciência Então de que se trata essa mudança e por que há quem
e Tecnologia, a gente arrecadou mais de 50 toneladas de acredite que se trata de uma revolução?
equipamentos e a ideia da Campus Party é ser cada vez mais O importante, destacam os teóricos da ideia, é que não se
um evento sustentável”, explicou o diretor-geral do evento, trata de um desdobramento, mas do encontro desses
Tonico Novaes. desdobramentos. Nesse sentido, representa uma mudança de
Dizem que é lixo eletrônico, mas eu não chamaria assim. paradigma e não mais uma etapa do desenvolvimento
Ou você chamaria de lixo todos os teclados funcionando tecnológico.
perfeitamente, embaladinhos? Todos os monitores prontos "A quarta revolução industrial não é definida por um
para uso, já enrolados no plástico bolha? Todas as máquinas conjunto de tecnologias emergentes em si mesmas, mas a
que já estão prontas para sair desse espaço? Tudo o que tem transição em direção a novos sistemas que foram construídos
no galpão é resultado de iniciativas parecidas como a da sobre a infraestrutura da revolução digital (anterior)", diz
Campus Party, ou do trabalho dos funcionários que vão buscar Schwab, diretor executivo do Fórum Econômico Mundial e um
esse material nas empresas. Aí tudo ganha vida nova e é doado dos principais entusiastas da "revolução".
para bibliotecas, escolas ou entidades sem fins lucrativos. "Há três razões pelas quais as transformações atuais não
O que não tem conserto ou está muito obsoleto eles representam uma extensão da terceira revolução industrial,
desmontam e reciclam os componentes, o que vira grana para mas a chegada de uma diferente: a velocidade, o alcance e o
ajudar a manter tudo funcionando. Pena que, para fazer isso, o impacto nos sistemas. A velocidade dos avanços atuais não
nosso país ainda não está 100% preparado. tem precedentes na história e está interferindo quase todas as
indústrias de todos os países", diz o Fórum.

69 Jornal Nacional. Campus Party inova ao receber aparelhos usados como 70 Valeria Perasso. O que é a 4ª Revolução Industrial e como ela deve afetar
vale ingresso. G1 Jornal Nacional. https://g1.globo.com/jornal- as nossas vidas. https://www.bbc.com/portuguese/geral-37658309. Acesso em 13
nacional/noticia/2019/02/14/campus-party-inova-ao-receber-aparelhos- de janeiro de 2019.
usados-como-vale-ingresso.ghtml. Acesso em 15 de fevereiro de 2019.

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Também chamada de 4.0, a revolução acontece após três transformações de uma forma mais intensa que os de
processos históricos transformadores. A primeira marcou o economias mais desenvolvidas.
ritmo da produção manual à mecanizada, entre 1760 e 1830. "Ser disruptivo é o padrão modelo para executivos e
A segunda, por volta de 1850, trouxe a eletricidade e permitiu cidadãos, mas continua sendo um objetivo complicado de se
a manufatura em massa. E a terceira aconteceu em meados do colocar em prática", reconhece o estudo.
século 20, com a chegada da eletrônica, da tecnologia da
informação e das telecomunicações. Os perigos do cibermodelo
Agora, a quarta mudança traz consigo uma tendência à Nem todos veem o futuro com otimismo: as pesquisas
automatização total das fábricas - seu nome vem, na verdade, refletem as preocupações de empresários com o "darwinismo
de um projeto de estratégia de alta tecnologia do governo da tecnológico", onde aqueles que não se adaptam não
Alemanha, trabalhado desde 2013 para levar sua produção a conseguirão sobreviver.
uma total independência da obra humana. E se isso acontece a toda velocidade, como dizem os
A automatização acontece através de sistemas ciberfísicos, entusiastas da quarta revolução, o efeito pode ser mais
que foram possíveis graças à internet das coisas e à devastador que aquele gerado pela terceira revolução.
computação na nuvem. "No jogo do desenvolvimento tecnológico, sempre há
Os sistemas ciberfísicos, que combinam máquinas com perdedores. E uma das formas de desigualdade que mais me
processos digitais, são capazes de tomar decisões preocupa é a dos valores. Há um risco real de que a elite
descentralizadas e de cooperar - entre eles e com humanos - tecnocrática veja todos as mudanças que vêm como uma
mediante a internet das coisas. justificativa de seus valores", disse à BBC Elizabeth Garbee,
O que vem por aí, dizem os teóricos, é uma "fábrica pesquisadora da Escola para o Futuro da Inovação na
inteligente". Verdadeiramente inteligente. O princípio básico é Sociedade da Universidade Estatal do Arizona (ASU).
que as empresas poderão criar redes inteligentes que poderão "Esse tipo de ideologia limita muito as perspectivas que
controlar a si mesmas. são trazidas à mesa na hora de tomar decisões (políticas), o
Os números econômicos são impactantes: segundo que por sua vez aumenta a desigualdade que vemos no mundo
calculou a consultora Accenture em 2015, uma versão em hoje", diz.
escala industrial dessa revolução poderia agregar 14,2 bilhões "Considerando que manter o status quo não é uma opção,
de dólares à economia mundial nos próximos 15 anos. precisamos de um debate fundamental sobre a forma e os
No Fórum Mundial de Davos, em janeiro deste ano, houve objetivos desta nova economia", diz Ritter, que considera que
uma antecipação do que os acadêmicos mais entusiastas têm deve haver um "debate democrático" em relação às mudanças
na cabeça quando falam de Revolução 4.0: nanotecnologias, tecnológicas.
neurotecnologias, robôs, inteligência artificial, biotecnologia, Por um lado, há quem desconfie de que se trata de uma
sistemas de armazenamento de energia, drones e impressoras quarta revolução: é certo que as mudanças são muitas e
3D. profundas, mas o conceito foi usado pela primeira vez em 1940
Mas esses também serão os causadores da parte mais em um documento de uma revista de Harvard intitulado A
controversa da quarta revolução: ela pode acabar com cinco Última Oportunidade dos Estados Unidos, que trazia um futuro
milhões de vagas de trabalho nos 15 países mais sombrio para avanço da tecnologia e seu uso representa uma
industrializados do mundo. "preguiça intelectual", diz Garbee.
Outros, mais pragmáticos, alertam que a quarta revolução
Revolução para quem? só aumentará a desigualdade na distribuição de renda e trará
Os países mais desenvolvidos adotarão as mudanças com consigo todo tipo de dilemas de segurança geopolítica.
mais rapidez, mas os especialistas destacam que as economias O mesmo Fórum Econômico Mundial reconhece que "os
emergentes são as que mais podem se beneficiar. benefícios da abertura estão em risco" por causa de medidas
A quarta revolução tem o potencial de elevar os níveis protecionistas, especialmente barreiras não tarifárias do
globais de rendimento e melhorar a qualidade de vida de comércio mundial que foram exacerbadas desde a crise
populações inteiras, diz Schwab. São as mesmas populações financeira de 2007: um desafio que a quarta revolução deverá
que se beneficiaram com a chegada do mundo digital - e a enfrentar se quiser entregar o que promete.
possibilidade de fazer pagamentos, escutar e pedir um táxi a "O entusiasmo não é infundado, essas tecnologias
partir de um celular antigo e barato. representam avanços assombrosos. Mas o entusiasmo não é
Obviamente, o processo de transformação só beneficiará desculpa para a ingenuidade e a história está infestada de
quem for capaz de inovar e se adaptar. exemplos de como a tecnologia passa por cima dos marcos
"O futuro do emprego será feito por vagas que não existem, sociais, éticos e políticos que precisamos para fazer bom uso
em indústrias que usam tecnologias novas, em condições dela", diz Garbee.
planetárias que nenhum ser humano já experimentou", diz
David Ritter, CEO do Greenpeace Austrália/Pacífico em uma Cambridge Analytica se declara culpada em caso de
coluna sobre a quarta revolução industrial para o jornal uso de dados do Facebook71
britânico The Guardian.
E os empresários parecem entusiasmados - mais que Empresa de assessoria política admitiu ter descumprido
intimidados - pela magnitude do desafio, uma pesquisa aponta ordem de regulador britânico para revelar as informações que
que 70% têm expectativas positivas sobre a quarta revolução tinha sobre um professor americano. Ela foi multada em US$
industrial. 19 mil.
Ao menos esse é o resultado do último Barômetro Global A Cambridge Analytica, assessoria britânica que trabalhou
de Inovação, uma pesquisa que compila opiniões de mais de para a campanha eleitoral do presidente americano, Donald
4.000 líderes e pessoas interessadas nas transformações em Trump, se declarou culpada nesta quarta-feira (09/01) por ter
23 países. se negado a revelar dados pessoais que tinha extraído
Ainda assim, a distribuição regional é desigual e os do Facebook. A empresa foi condenada por um tribunal de
mercados emergentes da Ásia são os que estão adotando as Londres a multa de 15 mil libras (US$ 19,1 mil ou 16,7 mil

71 France Presse. Cambrigde Analytica se declara culpada em caso de uso de analytica-se-declara-culpada-por-uso-de-dados-do-facebook.ghtml. Acesso em 15
dados do Facebook. de janeiro de 2019.
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2019/01/09/cambridge-

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euros) e terá ainda de pagar os custos do processo, no valor de


6 mil libras.
O Facebook já havia admitido que a Cambridge Analytica -
uma assessoria política que dirigiu a campanha digital de
Trump em 2016 - utilizou um aplicativo para coletar
informações privadas de 87 milhões de usuários sem seu
conhecimento. A empresa depois utilizou estes dados para
mandar aos usuários publicidade política especialmente
adaptada e elaborar informes detalhados para ajudar Trump a
ganhar a eleição contra a candidata democrata Hillary Clinton.
Nesta quarta-feira, a Cambridge Analytica se declarou
culpada por descumprir uma ordem do regulador britânico
encarregado da proteção de dados (ICO, na sigla em inglês),
que mandou que ela revelasse as informações que tinha sobre
um professor americano, David Carroll. Carroll havia pedido
para saber quais dados sobre ele a companhia tinha e como os
havia obtido.
Ao admitir culpa pelo descumprimento da ordem, a
empresa ressaltou, no entanto, que "este julgamento não
sugere o uso indevido de dados" e nem estaria relacionado ao
assunto.

Relembre o caso
A audiência, realizada na pequena sala de um tribunal nos
arredores residenciais de Londres, forneceu dados sobre um
caso que sacudiu a reputação do Facebook.
O advogado representante da ICO afirmou ao tribunal que
a Cambridge Analytica conseguiu reunir o equivalente a 81
bilhões de páginas impressas de dados sobre os usuários do
Facebook.
Reportagens dos jornais britânico "The Guardian" e
americano "The New York Times", publicadas há um ano,
levaram a ICO a confiscar os computadores e servidores da
Cambridge Analytica como parte de uma investigação. Desde
então a empresa, com sede em Londres, se declarou em
falência.
Segundo o advogado da ICO, a empresa tinha dito a Carroll:
"Você não tem direito de fazer (uma solicitação de acesso a
dados), assim como um membro dos talibãs sentado em uma
caverna no canto mais remoto do Afeganistão também não
pode".
Mais tarde, um dos executivos da Cambridge Analytica
disse ao regulador que "esperava não continuar sendo
assediado com este tipo de pedidos".

Blockchain: tecnologia que irá revolucionar a


integração de dados distribuídos globalmente será
destaque em 201972

O blockchain ganhou notoriedade devido a popularização


do Bitcoin, porém essa tecnologia não serve apenas como o
"livro caixa" virtual para registrar operações envolvendo
criptomoedas. O potencial da tecnologia abrange diversas
áreas sem qualquer relação com transações financeiras, e por
esse motivo é a minha aposta para 2019. Mas por que o
blockchain é tão importante?

72 Ronaldo Prass. Blockchain: tecnologia que irá revolucionar a integração prass/post/2018/12/31/blockchain-tecnologia-que-ira-revolucionar-a-


de dados distribuídos globalmente será destaque em 2019. integracao-de-dados-distribuidos-globalmente-sera-destaque-em-2019.ghtml.
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/blog/ronaldo- Acesso em 15 de janeiro de 2019.

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É uma tecnologia que é vista por especialistas como sendo O progresso tem sido proporcionalmente muito mais
uma das mais revolucionárias para resolver problemas importante nos países em desenvolvimento, onde atualmente
computacionais que envolvem um grande volume de dados 45,3% da população usa a internet contra apenas 7,7% em
espalhados pelo mundo. 2005.
A indústria é um dos segmentos que mais poderão se Ao mesmo tempo, o relatório indica que quase a totalidade
beneficiar do blockchain, principalmente em projetos da população mundial vive em áreas com redes para telefones
envolvendo a cadeia de distribuição de suprimentos e celulares. Destes, pelo menos 90% podem acessar a internet
logística. A saúde, um ramo completamente distante dos meios por meio da tecnologia 3G, ou de redes de banda larga.
de pagamentos digitais, é uma área que poderá atingir um
avanço expressivo, devido à versatilidade de confiabilidade do Cobertura celular e computadores
blockchain. Através dessa tecnologia, será possível A UIT aponta que quase toda a população mundial, ou 96%,
desenvolver sistemas seguros para o gerenciamento de vive em áreas com cobertura de rede de celular. Além disso,
prontuários médicos, compartilhamento de pesquisas e o 90% da população global pode acessar a internet via 3G ou
monitoramento de doenças infecciosas. Já existe um programa rede de qualidade superior.
que combina o blockchain com inteligência artificial (IA), para A entidade estima ainda que, globalmente, quase 50% de
coletar dados de nível molecular, e realizar uma análise todos os domicílios têm pelo menos um computador. Nos
profunda para auxiliar em descobertas médicas. países em desenvolvimento, essa taxa é de 83,2%, enquanto
O Spotify utiliza o blockchain para simplificar o nos em desenvolvimento esse percentual cai para 36,3%.
gerenciamento de licenças de direitos autorais espalhadas
globalmente; esse mecanismo favorece diretamente os Polícia usa algoritmo que prevê crimes para prender
produtores musicais na monetização das suas músicas. ladrão na Itália74
As instituições financeiras também estão atentas ao
potencial do blockchain, e não necessariamente para a criação Tecnologia foi usada para deter um homem de 55 anos que
de mais uma moeda virtual, mas como um aprimoramento a estava prestes a assaltar um bar de um hotel e pode vir a ser
segurança dos sistemas bancários atuais. A utilização do empregada em todo o país para prevenir roubos.
blockchain ainda é pequena, dificilmente será identificada A cidade onde nasceu uma das organizações mafiosas mais
pelos usuários, mas certamente receberá uma atenção especial perigosas do mundo, a Camorra, também é o berço de uma
devido ao seu enorme potencial. tecnologia que está ajudando a modernizar a forma como a
polícia italiana combate o crime.
Mais da metade da população mundial usa internet, Um agente policial de Nápoles criou o X-law, um sistema
aponta ONU73 informatizado baseado em um algoritmo que permite "prever
crimes".
Até o final de 2018, 51,2% da população mundial estará Este sistema foi usado para prender um homem de 55 anos
usando a internet. em Mestre, uma pequena localidade a 8km de Veneza, quando
Atualmente, cerca de 3,9 bilhões de pessoas usam a ele estava prestes a realizar um roubo.
internet em todo o mundo, o que representa mais da metade O algoritmo estava sendo usado no norte do país havia
da população mundial – informou a Organização das Nações apenas alguns dias.
Unidas nesta sexta-feira (07/12). A agência da ONU para Eram 3h45 da manhã quando o porteiro do bar de um hotel
informação e comunicação, a UIT, indicou que, até o final de alertou a polícia que havia visto um homem "grande e
2018, 51,2% da população mundial estará usando a internet, corpulento" entrar no edifício após arrombar uma porta de
apontou a France Presse. vidro.
"Até o final de 2018, teremos ultrapassado a marca de 50% Ele se dirigia para o caixa para roubar o dinheiro quando
do uso da internet", afirmou o diretor da ITU, Houlin Zhou, em se deu conta de que havia sido descoberto e tentou fugir, mas
um comunicado. "Este é um passo importante para uma foi impedido pela polícia, que já o esperava na saída do local.
sociedade global da informação mais inclusiva", disse ele. Os agentes chegaram tão rápido ali porque já estavam
"Ainda há muitas pessoas que esperam os benefícios da patrulhando a área graças ao X-Law. O programa tinha
economia digitalizada", completou. informado que havia grandes chances de um crime assim ser
Segundo a UIT, os países mais ricos do planeta registraram cometido naquela região entre 3h e 4h da madrugada de sexta-
um crescimento sólido no uso da internet, que passou de feira.
51,3% de suas populações, em 2005, para atuais 80,9%. Na delegacia, foi verificado que o homem tinha vários
antecedentes por roubos e outros crimes cometidos no
passado.
"Os criminosos costumam atuar sempre na mesma zona,
com o mesmo modus operandi e os mesmos procedimentos.
Conhecem o comportamento das pessoas, os horários em que
as empresas fecham e quando os idosos vão ao banco retirar
sua aposentadoria", disse o inspetor Elia Lombardo, criador da
tecnologia, ao jornal "La Repubblica".

Como o sistema 'prevê' crimes


Lombardo explicou que trabalhou na elaboração do
sistema por 20 anos. As informações sobre crimes são
introduzidas no sistema, que, a cada meia hora, envia um
alerta sobre onde é mais provável que ocorra um delito nas
duas horas seguintes.

73 G1. Mais da metade da população mundial usa internet, aponta ONU. 74 BBC. Polícia usa algoritmo que prevê crimes para prender ladrão na Itália.
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2018/12/07/mais-da- G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/11/19/policia-usa-
metade-da-populacao-mundial-usa-internet-aponta-onu.ghtml. Acesso em 15 de algoritmo-que-preve-crimes-para-prender-ladrao-na-italia.ghtml. Acesso em 20
janeiro de 2019. de novembro de 2018.

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Esses cálculos matemáticos permitem que a polícia preveja O novo quilograma


a ocorrência de crimes com mais precisão e atue de forma mais O novo sistema, que entrará em vigor em maio de 2019,
eficaz. permitirá que os pesquisadores realizem várias experiências
"Normalmente, uma patrulha de Prato percorre uma área para relacionar as unidades de medida com as constantes.
de 125km por dia. Com essa tecnologia, reduzimos para 23km, Tome, por exemplo, o caso do quilograma.
gerando uma economia significativa de recursos", disse o Atualmente, essa unidade de medida é definida por um
inspetor. objeto: um quilograma é a massa de um cilindro de 4
O X-law já havia sido testado em Nápoles e nas províncias centímetros de platina e irídio fabricado em Londres que é
de Prato e de Veneza. Se continuar a ter sucesso, será usado em guardado pelo Escritório Internacional de Pesos e Medidas
toda a Itália para prevenir roubos. (BIPM) em um cofre na França desde 1889.
Mas esse quilo original perdeu 50 microgramas em 100
Tecnologia é usada em outros países anos.
Esta não é a primeira vez que um país usa algoritmos para Isso ocorre porque os objetos podem facilmente perder
prevenir crimes. átomos ou absorver moléculas do ar, então usar um para
Em Chicago, a terceira cidade mais populosa dos Estados definir uma unidade SI é complicado.
Unidos (e uma das mais violentas), a polícia usa desde 2017 Como todas as balanças do mundo são graduadas de
um algoritmo que cria um sistema de pontuação, com base nos acordo com esse quilo original, quando calculam o peso,
registros policiais de prisões, disparos e outras variáveis, para acabam gerando dados incorretos.
prever quem tem uma maior probabilidade de disparar uma Mesmo imperceptíveis na vida cotidiana, essas diferenças
arma contra outra pessoa ou de ser baleado. mínimas são importantes em cálculos científicos que exigem
O sistema cria uma lista de suspeitos, e os agentes vigiam extrema precisão.
aqueles com as pontuações mais elevadas. A nova unidade, no entanto, será medida com a chamada
A China também está desenvolvendo um software para balança de Kibble (ou de Watt), um instrumento que permite
obter informações sobre possíveis criminosos e evitar comparar energia mecânica com eletromagnética usando duas
incidentes violentos com base em dados que indicam experiências separadas.
comportamentos "incomuns" de cidadãos para estabelecer
padrões de criminalidade. Como o novo sistema funciona
Eletroímãs geram um campo magnético. Eles costumam
O que é um algoritmo? ser usados em guindastes para levantar e mover grandes
Os algoritmos são os códigos necessários para dar ordens objetos de metal, como carros, em ferros-velhos. A atração do
a um computador ou máquina para que algo seja feito. Trata- eletroímã, ou seja, a força que ele exerce, está diretamente
se de uma lista de passos que devem ser seguidos para relacionada à quantidade de corrente elétrica que passa por
resolver um problema. É crucial que os passos estejam bem suas bobinas. Existe, portanto, uma relação direta entre
definidos e na ordem correta. eletricidade e peso.
Pense, por exemplo, no que você faria para se vestir pela Ou seja, a princípio, os cientistas podem definir um
manhã. O que aconteceria se você colocasse o casaco antes da quilograma, ou qualquer outra unidade de peso, em termos da
camisa? Seria estranho, não? quantidade de eletricidade necessária para neutralizar sua
O mesmo se aplica a esta tecnologia cada vez mais presente força.
em nossa vida cotidiana, de celulares a páginas na internet, Há uma grandeza que relaciona peso à corrente elétrica,
mas com um nível de complexidade muito maior. chamada constante de Planck - em homenagem ao físico
Os algoritmos são, portanto, essenciais para que as alemão Max Planck, representada pelo símbolo h.
máquinas e redes façam o que pedimos (ou interpretem o que Mas h é um número incrivelmente pequeno e, para medi-
desejamos). lo, o cientista Bryan Kibble criou uma balança de alta precisão.
A balança de Kibble, como ficou conhecida, tem um eletroímã
Por que em 2019 1 kg não pesará 1 kg75 que pende para baixo de um lado e um peso - digamos, um
quilograma - do outro.
Além do quilo, outras unidades de medidas básicas, como A corrente elétrica que passa pelo eletroímã é aumentada
ampere, kelvin e mol, serão redefinidas. até que os dois lados estejam perfeitamente equilibrados.
A partir de 2019, 1 kg deixará de ser o que era.
As vantagens
Mas por quê? Essa maneira de medir o quilo não muda, tampouco pode
É que o quilo consiste em uma das quatro unidades de ser danificada ou perdida, como pode acontecer no caso de um
medida básicas - juntamente com ampere, kelvin e mol - que objeto físico.
serão redefinidas nesta sexta-feira, em Paris, pela Conferência Além disso, uma definição baseada em uma constante - não
Geral sobre Pesos e Medidas (CGPM), no que representa a um objeto - resultaria na medida exata do quilo, pelo menos
maior revisão do Sistema Internacional de Unidades (SI) desde em teoria, disponível para qualquer pessoa em qualquer lugar
a sua criação em 1960. do planeta e não apenas para aqueles que têm acesso ao quilo
O objetivo da mudança é relacionar essas unidades a original guardado na França.
constantes fundamentais e não arbitrárias, como tem sido até Mas alguns cientistas, como Perdi Williams, do Laboratório
agora. Nacional de Física do Reino Unido, têm sentimentos
Embora as mudanças não afetem nosso dia a dia, elas são contraditórios sobre a mudança.
de grande importância para pesquisas científicas que exigem "Não estou nesse projeto há muito tempo, mas sinto um
um alto nível de precisão em seus cálculos. apego estranho com o quilograma", diz ele.
"Estou um pouco triste com a mudança, mas é um passo
importante, e o novo sistema vai funcionar muito melhor. É um
momento muito emocionante, e mal posso esperar para que
aconteça."

75 BBC. Por que em 2019 1kg não pesará 1kg. G1 Ciência e Saúde.
https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/11/16/por-que-em-2019-1-
kg-nao-pesara-1-kg.ghtml. Acesso em 19 de novembro de 2018.

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Outras unidades que utilizam o LNLS, em funcionamento há 30 anos, contam


A maneira de definir o ampere (unidade de corrente com um equipamento de 2ª geração.
elétrica) também mudará. Enquanto no LNLS o raio X consegue penetrar 1 mm em
Passará a ser medido com uma bomba de elétrons que gera um material como o ferro, no Sirius essa penetração pode
uma corrente mensurável, na qual os elétrons individuais chegar a dois centímetros.
podem ser contados. Essas qualidade da luz do novo acelerador permitirá aos
O kelvin (unidade de temperatura) será definido a partir pesquisadores desenvolverem tecnologias em áreas
do novo sistema com termometria acústica. consideradas estratégicas no CNPEM.
A técnica permite determinar a velocidade do som em uma Na área de saúde, uma delas é o estudo do cérebro humano,
esfera cheia de gás a uma temperatura fixa. o que permitirá desenvolver tratamentos e medicamentos
O mol, a unidade usada para medir a quantidade de para doenças como Alzheimer, Parkinson e outras doenças
matéria microscópica, é atualmente definido como a degenerativas. Também poderá melhorar o diagnóstico por
quantidade de matéria de um sistema que contém tantas imagens, a eficácia de medicamentos e decifrar estruturas
partículas quantos átomos existem em 0,012 kg de carbono- virais para desenvolvimento de vacinas.
12. Na área de energia, um dos pontos altos deverá ser o
No futuro, será redefinido como a quantidade precisa de desenvolvimento de baterias com maior duração, menor custo,
átomos em uma esfera perfeita de silício puro -28. menores e mais seguras. Isso permitirá uma revolução na área
energética, com o aproveitamento de diferentes fontes de
Sirius: 1ª etapa da maior estrutura científica do País geração de energia. Também poderá auxiliar no melhor
será inaugurada nesta quarta; veja números76 aproveitamento de biomassas para geração de energia.
Na agricultura, o grande desafio será descobrir com
Evento de entrega das obras civis contará com a presença exatidão o funcionamento do solo, os mecanismos de absorção
do presidente da República, Michel Temer. Laboratório de luz das plantas e melhor aproveitamento de insumos e de controle
síncrotron de 4ª geração está orçado em R$ 1,8 bilhão. de pragas. Isso será essencial para aumentar a oferta de
Maior e mais complexa infraestrutura científica já alimentos e garantir segurança alimentar para a população
construída no Brasil, o Sirius, laboratório de luz síncrotron de mundial.
4ª geração, em Campinas (SP), terá a primeira etapa Na exploração de óleo e gás, o estudo de rochas e do
inaugurada nesta quarta-feira (14/11), em cerimônia com a movimento e absorção do petróleo pode baratear os custos e
presença do presidente da República, Michel Temer. aumentar a produção em áreas como o pré-sal.
Orçado em R$ 1,8 bilhão, o laboratório que integra o Centro
Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) está Facebook bane 68 páginas e 43 contas de grupo que
com as obras civis concluídas e nesta quarta (14/11) passará divulgava spam político no Brasil77
pelo primeiro teste: uma volta de elétrons em dois dos três
aceleradores que compõem o equipamento. Grupo controlava páginas como ‘Folha Política’ e outras
O Sirius deve ser entregue aos pesquisadores no segundo que, segundo Facebook, usavam conteúdo ‘sensacionalista
semestre de 2019. A conclusão total da obra, com 13 linhas político’ para direcionar tráfego para fora da rede.
operando, é prevista para 2020. O Facebook anunciou nesta segunda-feira (22/10) que
Atualmente há apenas um laboratório da 4ª geração de luz baniu 68 páginas e 43 contas associadas ao grupo brasileiro
síncrotron operando no mundo: o MAX-IV, na Suécia. O Sirius Raposo Fernandes Associados (RFA) por “violação de políticas
foi projetado para ter o maior brilho do mundo entre as fontes de autenticidade e de spam”.
com sua faixa de energia. Segundo o Facebook, as páginas em questão usavam
Quando o Sirius estiver em atividade - substituindo a atual “conteúdo sensacionalista político” a fim de construir
fonte de luz usada no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron audiência e direcionar usuários do Facebook para sites fora da
(LNLS) -, estima-se que uma pesquisa que atualmente é feita rede, que disponibilizam anúncios.
em 10 horas nos equipamentos mais avançados do mundo O G1 apurou que uma das páginas excluídas pelo Facebook
poderá ser concluída em 10 segundos. é "Apoio a Jair Bolsonaro".
“Embora a atividade de spam esteja comumente associada
Números do Sirius à oferta fraudulenta de produtos ou serviços, temos visto
- 68 mil metros quadrados de área construída spammers usando cada vez mais conteúdo sensacionalista
- 1.000km de cabos elétricos político – em todos os espectros ideológicos – para construir
- 6.500m³ de concreto especial de baixíssima retração uma audiência e direcionar tráfego para seus sites fora do
- 900 toneladas de aço Facebook, ganhando dinheiro cada vez que uma pessoa visita
- 90cm de espessura de concreto na área dos aceleradores esses sites. E isso é exatamente o que as Páginas e as contas
- 0,1º C é a variação máxima de temperatura na região dos que removemos hoje estavam fazendo”, afirmou a rede social
aceleradores em nota.
- 518 metros é a circunferência do acelerador principal A empresa afirmou ainda que esse grupo utilizava contas
- 1.300 imãs falsas e múltiplas contas com o mesmo nome para publicar
- 1km de câmaras de vácuo grande quantidade de artigos chamativos, com esse objetivo
- 8.000 pontos de controle de mais de 4 mil computadores de redirecionar os usuários da rede social para outros sites.
Esses sites têm, segundo a nota da empresa, “grande
'Raio X superpotente' quantidade de anúncios programáticos e pouco conteúdo,
A luz síncrotron atua como um "raio X superpotente", funcionando como ‘fazendas de anúncios’”.
capaz de analisar a estrutura de diversos tipos de materiais em “Remover comportamentos que violem os nossos Padrões
escalas de átomos e moléculas. Atualmente, os pesquisadores da Comunidade é um trabalho contínuo, e estamos atuando

76 EPTV 2 e G1 Campinas e Região. Sirius: 1ª etapa da maior estrutura 77 G1. Facebook bane 68 páginas e 43 contas de grupo que divulga spam
científica do país será inaugurada nesta quarta; veja números. G1. Campinas e político no Brasil. G1 Política.
Região. https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2018/11/13/sirius- https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/10/22/facebook-bane-68-paginas-
1a-etapa-da-maior-estrutura-cientifica-do-pais-sera-inaugurada-nesta-quarta- e-43-contas-de-grupo-que-divulgava-spam-politico-no-brasil.ghtml. Acesso em 23
veja-numeros.ghtml. Acesso em 14 de novembro de 2018. de outubro de 2018.

Atualidades e Convivência Social 60


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arduamente para garantir a integridade da plataforma, com Consciente de que seu livro havia vendido muito, mas lido
especial atenção em períodos eleitorais”, disse o Facebook. inteiro por poucos, devido à sua complexidade, Hawking
O G1 tentou contato com a RFA, mas não conseguiu falar publicou uma versão mais curta e de leitura mais fácil da já
com representantes do grupo. "Breve História do Tempo".
O físico tentou por todos os meios que as pessoas comuns
Morre Stephen Hawking, o físico britânico que se aproximassem dos mistérios do universo, e em busca desse
revolucionou a Ciência e nossa maneira de entender o objetivo não duvidou em recorrer ao humor.
Universo78 Em uma aparição que ficou famosa no desenho de televisão
"Os Simpsons", o cientista advertia Homer de que roubaria sua
O físico britânico Stephen Hawking morreu nesta quarta- ideia de que o universo tem forma de rosca.
feira (14/03), aos 76 anos, segundo informou sua família. Outra mostra de sua relação com a ironia está presente em
Com sua morte, desaparece um dos cientistas mais sua própria página na internet, com piadas contadas por ele
conhecidos do mundo e também um dos divulgadores da mesmo.
ciência mais populares das últimas décadas. "Quando tive que dar uma conferência no Japão, me
"Estamos profundamente tristes pela morte do nosso pai pediram que não fizesse menção ao possível colapso do
hoje", disseram seus filhos Lucy, Robert e Tim. universo, porque isso poderia afetar as bolsas de valores",
"Era um grande cientista e um homem extraordinário, cujo escreveu.
trabalho e legado viverão por muitos anos", afirmaram em um "Porém, posso assegurar a qualquer um que esteja
comunicado. preocupado com seus investimentos de que é um pouco cedo
Nascido em 8 de janeiro de 1942 em Oxford, no Reino para vender. Ainda que o Universo acabe, isso não deve
Unido, Hawking era considerado um dos cientistas mais ocorrer dentro de ao menos 20 bilhões de anos", concluiu.
influentes do mundo desde Albert Einstein, não só por suas
decisivas contribuições para o progresso da ciência, como Questões
também por sua constante preocupação em aproximar a
ciência do público e por sua coragem de enfrentar a doença 01. (Câmara Municipal de São José dos Campos –
degenerativa de que sofria e que o deixou em uma cadeira de Programador – FIP) As empresas internacionais de
rodas e sem capacidade para falar de maneira natural. segurança operam hoje um dos mais importantes e inovadores
Hawking usava um sintetizador eletrônico para poder programas dos EUA de combate ao terrorismo. Esse programa
falar, mas a voz robótica produzida pelo aparelho para prevê o uso de drones para eliminar as lideranças da Al-Qaeda
expressar suas ideias acabou se tornando não só uma de suas na fronteira entre Paquistão e Afeganistão. Ao falar em drones,
marcas registradas como foi constantemente ouvida e estamos nos referindo:
respeitada no mundo todo. (A) a tanques de guerra, com modelos semelhantes aos
Para produzir sua "fala", o físico usava formava as palavras Urutus, comandados a distância.
em uma tela com o movimentos dos olhos, também usado para (B) a submarinos sem tripulação e com comando por
movimentar sua cadeira de rodas. sistema operacional informatizado.
(C) a sistemas avançados de operação de guerra.
Suas teorias (D) ao que há de mais moderno em aeronaves não
Hawking havia demonstrado que a paixão à qual dedicou tripuladas de finalidade estratégica militar.
toda sua vida, estudar as leis que governam o universo, (E) aos também chamados de monomotores, que servem
também poderia ser atraente para o grande público. para várias tarefas de segurança internacional.
Ele conseguiu que sua deficiência se convertesse em uma
das chaves de sua obra científica. Quando perdeu a mobilidade 02. (SETRABES - Administrador - UERR - 2018) No dia
dos braços, se empenhou em ser capaz de resolver os cálculos 14 de março de 2018 faleceu Stephen Hawking, causa do
científicos mais complexos somente com a mente, sem anotar falecimento: doença de Lou Gebring. “Revolucionário da física,
equações. exemplo de resiliência, ícone pop, Stephen Hawking, com suas
Logo começou a propor teses revolucionárias que teorias, moldou a forma como vemos o universo, e comoveu o
questionavam os cânones estabelecidos. mundo em sua morte. O maior mérito deste físico foi saber
Uma de suas afirmações mais ousadas foi a de considerar formular as perguntas certas acerca de mistérios do universo,
que a Teoria Geral da Relatividade formulada por Einstein em especial sobre os enigmáticos buracos negros. Como
implicava que o espaço e o tempo tivessem um princípio no Big teórico, ele elaborava as respostas sem se preocupar em
Bang e um fim nos buracos negros. prova-las por meio de experimentos”. (Revista Veja, edição
Em 1976, seguindo os enunciados da física quântica, 2574 de 21 de março de 2018, p. 62). De acordo com a
Hawking concluiu em sua "Teoria da Radiação" que os buracos reportagem publicada e com a análise de Stephen Hawking em
negros - as regiões no espaço com tamanha força de gravidade relação aos mistérios do universo, assinale a alternativa
que nem a luz pode escapar delas - eram capazes de emitir incorreta.
energia e perder matéria.
Em 2004 revisou sua própria teoria e chegou à conclusão (A) Para Stephen Hawking, um buraco negro ao sugar tudo
de que os buracos negros não absorvem tudo. ao redor, até mesmo a luz, este criaria em seu interior uma
"O buraco negro só aparece em uma silhueta e depois se singularidade, ou seja, um ponto ínfimo de densidade infinita.
abre e revela informações sobre tudo o que havia caído dentro (B) Um buraco negro não é eterno, uma partícula sugada
dele. Isso nos permite verificarmos o passado e prever o teria massa negativa e, por isso, acabaria por contribuir para a
futuro", disse o cientista. diminuição de um buraco negro até sua iminente extinção por
meio de uma explosão equivalente à de 1 milhão de bombas
Ainda mais breve... nucleares.
Hawking teve um papel fundamental na difusão da (C) Para o físico em relação à origem do universo, um
Astronomia em termos fáceis de compreender para o público cosmo em constante expansão, iniciada a partir de um Big
geral. Bang, excluiria totalmente a possibilidade de um criador (um

78 BBC. Morre Stephen Hawking, o físico britânico que revolucionou a Ciência <http://www.bbc.com/portuguese/internacional-
e nossa maneira de entender o Universo. BBC Brasil. Disponível em: 43397267?ocid=socialflow_twitter> Acesso em 14 de março de 2018.

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Deus) e a partir desta afirmação sua teoria sempre defendeu a sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo
não existência de um criador e sim de que a origem do hábito reiterado de sua prática.
universo se deu pela existência de buracos negros. Com exatidão maior, o objeto da ética é a moralidade
(D) Em 1974, Stephen Hawking propôs o seguinte: positiva, ou seja, "o conjunto de regras de comportamento e
segundo a física quântica, toda partícula tem como par uma formas de vida através das quais tende o homem a realizar o
antipartícula; quando a matéria fosse sugada pelo buraco valor do bem".82 A distinção conceitual não elimina o uso
negro, uma dessas partículas seria puxada, enquanto a outra corrente das duas expressões como intercambiáveis. A origem
voaria livre para fora. Foi dado a esse material liberto o nome etimológica de Ética é o vocábulo grego "ethos", a significar
de radiação de Hawking. "morada", "lugar onde se habita". Mas também quer dizer
(E) Stephen Hawking mesclou a física tradicional com a "modo de ser" ou "caráter". Esse "modo de ser" é a aquisição
quântica em seu trabalho, na tentativa de criar uma teoria de características resultantes da nossa forma de vida. A
única que unisse as duas, a “teoria de tudo”, um objetivo ainda reiteração de certos hábitos nos faz virtuosos ou viciados.
não alcançado, mas muito perseguido pelos pesquisadores. Dessa forma, "o ethos é o caráter impresso na alma por
hábito".83”
03. (TRT - 7ª Região – CESPE) Um dos efeitos adversos Perla Müller84 explica vários aspectos da ética, quais
da popularização da Internet e das redes sociais virtuais é sejam: ética especulativa que é aquela que busca responder, de
a superexposição da vida pessoal de usuários, a qual pode forma não definitiva, indagações acerca da moral e de seus
levar a situações de constrangimento e de risco à segurança princípios de sorte que, utilizando-se de investigação teórica é
individual. Com isso, tem-se tornado cada dia mais possível à ética explicar algumas realidades sociais.
premente a necessidade de se criarem estratégias pessoais Para a mesma, a ética é ainda pedagogia do espírito, posto
e ferramentas jurídicas que garantam o que é o estudo dos ideais da educação moral. A ética pode ser
(A) acesso irrestrito às ferramentas digitais. vista também como a medida que o indivíduo toma de si,
(B) direito à intimidade e à vida privada. portanto, é pessoal e voluntária.
(C) exercício pleno da liberdade de expressão. Em suma: “ser ético significa conhecer e cumprir o dever;
(D) anonimato de todos os usuários. a ética é a condição que possibilita o conhecimento do dever.
O ‘dever’ repousa, antes de qualquer coisa, no reconhecimento
Gabarito da necessidade de respeitar a todos como fins em si mesmos e
não como meios para qualquer outro objetivo”.
01.D / 02.C / 03.B A ética guarda estreita relação com a moral e os princípios,
porém com esses não se confunde.
A ética é a ciência que busca estudar a melhor forma de
convívio humano. No convívio social se faz necessário a
Democracia, ética e obediência de certas normas que visam impedir conflitos e
cidadania. promover a paz social, essas são as normas éticas.
Toda sociedade possui preceitos éticos e esses baseiam-se
nos valores e princípios dessa mesma sociedade e influenciam
a formação do caráter individual do ser humano que nessa
Noções de Ética e Cidadania convive.
saúde Os valores de uma sociedade são baseados no chamado
Ética: senso comum, ou seja, nos conceitos aceitos e sentidos por um
Ética é uma palavra de origem grega – ethos – que significa número indeterminado de pessoas.
caráter. Quando se fala em valores, necessariamente deve-se tratar
Diferentes filósofos tentaram conceituar o termo ética: de juízo de aprovação ou reprovação, ou seja, para
Sócrates ligava-o à felicidade de tal sorte que afirmava que determinada sociedade um comportamento pode ser tido
a ética conduzia à felicidade, uma vez que o seu objetivo era como bom e, portanto, aprovado, enquanto outro é reprovado
preparar o homem para o autoconhecimento, conhecimento por ser considerado ruim.
esse que constitui a base do agir ético. O ser humano é influenciado por esses valores
A ética socrática prevê a submissão do homem e da sua estabelecidos no meio social em que convive de sorte que
ética individual à ética coletiva que pode ser traduzida como a passa a adotá-los ainda que inconscientemente. Contudo, para
obediência às leis. agir com ética é preciso que o homem reflita sobre seus passos,
Para Platão a ética está intimamente ligada ao de forma a adotar determinado comportamento porque, após
conhecimento dado que somente se pode agir com ética a devida reflexão, considerou-o justo. Não existe ética onde há
quando se conhece todos os elementos que caracterizam ausência de pensamento.
determinada situação posto que somente assim, poderá o Tem-se como valores éticos aqueles sobre os quais o
homem alcançar a justiça. homem exerceu atividade intelectual. Ao estabelecer juízo de
Para José Renato Nalini79 “ética é a ciência do valores sobre determinadas situações ou coisas o homem está
comportamento moral dos homens em sociedade.80 É uma atribuindo a esses conceitos morais.
ciência, pois tem objeto próprio, leis próprias e método A moral, portanto, é o fator que determina se algo é bom
próprio, na singela identificação do caráter científico de um ou ruim. Pertence à ética, mas, com essa não se confunde, haja
determinado ramo do conhecimento.81 O objeto da Ética é a vista que a ética tem como objeto de estudo o comportamento
moral. A moral é um dos aspectos do comportamento humano. humano em sua forma mais abrangente e a moral é uma
A expressão moral deriva da palavra romana mores, com o expressão dos valores humanos, ou seja, quando o homem

79 NALINI, José Renato. Conceito de Ética. Disponível em: confirmadas por métodos de verificação definida, suscetível de levar quantos os
www.aureliano.com.br/downloads/conceito_etica_nalini.doc. cultivam a conclusões ou resultados concordantes'" (Fílosofia do direito, p. 73, ao
80 ADOLFO SÁNCHEZ V ÁZQUEZ, Ética, p. 12. Para o autor, Ética seria a teoria citar o Vocabulaire de Ia phílosophie, de LALANDE).
ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. 82 EDUARDO GARCÍA MÁYNEZ, Ética - Ética empírica. Ética de bens. Ética
81 Ciência, recorda MIGUEL REALE, é termo que "pode ser tomado em duas formal. Ética valorativa, p. 12.
acepções fundamentais distintas: a) como 'todo conjunto de conhecimentos 83 ADELA CORTINA, Ética aplicada y democracia radical, p. 162.
ordenados coerentemente segundo princípios'; b) como 'todo conjunto de 84 MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço Público. Salvador: Jus Podivm,
conhecimentos dotados de certeza por se fundar em relações objetivas, 2014.

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classifica algo como bom ou como ruim, está expressando seus só podia dizer a verdade, descreveram o homem que
valores. São esses valores que vão pautar seu comportamento. perseguiam, perguntando-lhe se o tinha visto passar.
Os atos morais possuem dois aspectos, quais sejam: o O profeta pensou por um momento e respondeu: falo em
aspecto normativo que se traduz nas normas e imperativos nome daquele que detém em sua mão a minha alma de carne:
que revelam o dever ser e o aspecto factual que é a aplicação desde que estou sentado aqui, não vi passar ninguém.
dessas normas no convívio social. Os perseguidores se conformaram e se lançaram por um
Os princípios são as regras de boa conduta, ou seja, são os outro caminho. O fugitivo teve a sua vida salva”.
conceitos estabelecidos que regem o comportamento humano
por serem aceitos como bons, portanto, refletem a moral Enquanto a Ética está contida na reflexão, a Moral está
social. contida na ação.

Características da Ética: A Moral, verificada na ação reiterada no tempo e espaço


Imutabilidade: a mesma ética de séculos atrás está (costume, hábito), é tida como particular. A Ética, de cunho
vigente hoje; filosófico, é tida como universal.
Se o profeta fosse apenas um moralista, seguindo as regras
Validade universal: no sentido de delimitar a diretriz do sem pensar sobre elas, sem avaliar as consequências da sua
agir humano para todos os que vivem no mundo. Não há uma aplicação irrefletida, ele não poderia ajudar o homem que fugia
ética conforme cada época, cultura ou civilização. A ética é uma dos bandidos, a menos que arriscasse a própria vida. Ele teria
só, válida para todos eternamente, de forma imutável e de dizer a verdade, mesmo que a verdade tivesse como
definitiva, por mais que possam surgir novas perspectivas a consequência a morte de uma pessoa inocente.
respeito de sua aplicação prática. Se avaliarmos a ação e as palavras do profeta com absoluto
rigor moral, temos de condená-lo como imoral, porque em
Para melhor compreensão, elencamos demais definições termos absolutos ele mentiu. Os bandidos não podiam saber
de Ética: que ele havia mudado de lugar e, na verdade, só queriam saber
- Ciência do comportamento adequado dos homens em se ele tinha visto alguém, e não se ele tinha visto alguém “desde
sociedade, em consonância com a virtude. que estava sentado ali”.
- Disciplina normativa, não por criar normas, mas por Se avaliarmos a ação e as palavras do profeta, no entanto,
descobri-las e elucidá-las. Seu conteúdo mostra às pessoas os nos termos da ética filosófica, precisamos reconhecer que ele
valores e princípios que devem nortear sua existência. teve um comportamento ético, encontrando uma alternativa
- Doutrina do valor do bem e da conduta humana que tem esperta para cumprir a regra moral de dizer sempre a verdade
por objetivo realizar este valor. e, ao mesmo tempo, ajudar o fugitivo. Ele não respondeu
- Saber discernir entre o devido e o indevido, o bom e o exatamente ao que os bandidos perguntavam, mas ainda assim
mau, o bem e o mal, o correto e o incorreto, o certo e o errado. disse rigorosamente a verdade. Os bandidos é que não foram
- Fornece as regras fundamentais da conduta humana. inteligentes o suficiente, como de resto homens violentos
Delimita o exercício da atividade livre. Fixa os usos e abusos da normalmente não o são, para atinarem com a malandragem da
liberdade. frase do profeta e então elaborarem uma pergunta mais
- Doutrina do valor do bem e da conduta humana que o visa específica, do tipo: na última meia hora, sua santidade viu este
realizar. homem passar, e para onde ele foi?
Logo, embora seja possível ser ético e moral ao mesmo
“Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido tempo, como de certo modo o profeta o foi, ética e moral não
entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e são sinônimas. Também é perfeitamente possível ser ético e
seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de aprovação ou imoral ao mesmo tempo, quando desobedeço uma
desaprovação da ação dos homens e a consideração de valor determinada regra moral porque, refletindo eticamente sobre
como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso ela, considero-a equivocada, ultrapassada ou simplesmente
no campo das ações virtuosas”85. errada.
Podemos dizer, de um modo geral, que ética é o Um exemplo famoso é o de Rosa Parks, a costureira negra
conhecimento que oferta ao homem critérios para a que, em 1955, na cidade de Montgomery, no Alabama, nos
eleição da melhor conduta, tendo em conta o interesse de Estados Unidos, desobedeceu à regra existente de que a
toda a comunidade humana.86 maioria dos lugares dos ônibus era reservada para pessoas
brancas. Já com certa idade, farta daquela humilhação
Para entender a diferença entre Ética e Moral moralmente oficial, Rosa se recusou a levantar para um branco
sentar. O motorista chamou a polícia, que prendeu a mulher e
Podemos responder à pergunta: “Qual é a diferença entre a multou em dez dólares. O acontecimento provocou um
ética e moral? ”, utilizando de uma parábola árabe, de Gustavo movimento nacional de boicote aos ônibus e foi a gota d’água
Bernardo87. de que precisava o jovem pastor Martin Luther King para
“Certa vez, um homem fugia de uma quadrilha de bandidos liderar a luta pela igualdade dos direitos civis.
violentos quando encontrou, sentado na beira do caminho, o No ponto de vista dos brancos racistas, Rosa foi imoral, e
profeta Maomé. Ajoelhando-se à frente do profeta, o homem eles estavam certos quanto a isso. Na verdade, a regra moral
pediu ajuda: essa quadrilha quer o meu sangue, por favor, vigente é que estava errada, a moral é que era estúpida. A
proteja-me! partir da sua reflexão ética a respeito, Rosa pôde deliberada e
O profeta manteve a calma e respondeu: continue a fugir publicamente desobedecer àquela regra moral.
bem à minha frente, eu me encarrego dos que o estão Entretanto, é comum confundir os termos ética e moral,
perseguindo. como se fossem a mesma coisa. Muitas vezes se confunde ética
Assim que o homem se afastou correndo, o profeta levantou- com espírito de corpo, que tem tudo a ver com moral mas nada
se e mudou de lugar, sentando-se na direção de outro ponto com ética. Um médico seguiria a “ética” da sua profissão se, por
cardeal. Os sujeitos violentos chegaram e, sabendo que o profeta exemplo, não “dedurasse” um colega que cometesse um erro
grave e assim matasse um paciente. Um soldado seguiria a

85 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9ª. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 87 BERNARDO, Gustavo. Colunas: “Qual é a diferença entre ética e moral?”
86 ALMEIDA, Guilherme de Assis; CHRISTMANN, Martha Ochsenhofer. Ética e Disponível em:
direito: uma perspectiva integrada. 3ª edição, São Paulo: Atlas, 2009, p.4. http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna.php?seq_coluna=68.

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“ética” da sua profissão se, por exemplo, não “dedurasse” um profissionais em relação às questões éticas pode ser a
colega que torturasse o inimigo. Nesses casos, o tal do espírito diferença entre o seu sucesso e o seu fracasso.
de corpo tem nada a ver com ética e tudo a ver com Ter um comportamento ético profissional é uma
cumplicidade no erro ou no crime. característica fundamental, valorize a ética na sua vida e no
Há que proceder eticamente, como o fez o profeta Maomé: ambiente de trabalho.
não seguir as regras morais sem pensar, só porque são regras,
e sim pensar sobre elas para encontrar a atitude e a palavra Ser Ético:
mais decentes, segundo o seu próprio julgamento. Você se considera uma pessoa ética?
A Moral, portanto, é influenciada por fatores sociais e Ser ético nada mais é do que agir direito, proceder bem,
históricos (espaço – temporais), havendo diferenças entre os sem prejudicar os outros. É ser altruísta, é estar tranquilo com
conceitos morais de um grupo para outro (relativismo), a consciência pessoal. É, também, agir de acordo com os
diferentemente da Ética que, pauta-se pela universalidade valores morais de uma determinada sociedade. Essas regras
(absolutismo), valendo seus princípios e valores para todo e morais são resultado da própria cultura de uma comunidade.
qualquer local, em todo e qualquer tempo. Elas variam de acordo com o tempo e sua localização no mapa.
A regra ética é uma questão de atitude, de escolha.
Comportamento Ético:88 Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás
um conjunto de valores fundamentais. Muitas dessas virtudes
Comportamento Ético é uma consciência moral, atribuída nasceram no mundo antigo e continuam válidas até hoje. Eis
a boa conduta e procedimentos individuais, é agir com algumas das principais:
autodeterminação, autocontrole e de forma ordenada em a). Ser honesto em qualquer situação: a honestidade é a
qualquer situação e fundamental em todos os momentos da primeira virtude da vida nos negócios, afinal, a credibilidade é
vida. resultado de uma relação franca;
O comportamento ético é pessoal, não coletivo. b). Ter coragem para assumir as decisões: mesmo que seja
O comportamento ético, não se divulga, mas seus efeitos preciso ir contra a opinião da maioria;
refletem em todos. c). Ser tolerante e flexível: muitas ideias aparentemente
O comportamento ético é nato, mas é também uma escolha. absurdas podem ser a solução para um problema. Mas para
Agir eticamente é uma escolha sempre foi e será uma descobrir isso é preciso ouvir as pessoas ou avaliar a situação
decisão pessoal de consciência para consciência, porém nossas sem julgá-las antes;
escolhas determinam quem somos, ter valores morais é d). Ser íntegro: significa agir de acordo com os seus
fundamental para vida pessoal e profissional. princípios, mesmo nos momentos mais críticos;
Platão acredita que exista o agente acrítico (Fraqueza na e). Ser humilde: só assim se consegue ouvir o que os outros
vontade), têm a dizer e reconhecer que o sucesso individual é resultado
Sócrates acredita que os atos são sempre pensados sempre do trabalho da equipe.
vindos da razão, sempre são explicados por um pensamento.
A ética define padrões sobre o que julgamos ser certo ou A ética define padrões sobre o que julgamos ser certo ou
errado, bom ou mau, justo ou injusto, legal ou ilegal na conduta errado, bom ou mau, justo ou injusto, legal ou ilegal na conduta
humana e na tomada de decisões em todas as etapas e humana e na tomada de decisões em todas as etapas e
relacionamentos da nossa vida. relacionamentos da nossa vida. O fato, porém, é que cada vez
Não é difícil imaginar o que leva uma pessoa a desviar sua mais essa é uma qualidade fundamental para quem se
conduta e manifestar um comportamento condenável ante o preocupa em ter uma carreira longa, respeitada e sólida.
padrão estabelecido pela sociedade em geral. Naturalmente,
ser ou não ser ético depende muito dos valores envolvidos em Ética – Uma questão de sobrevivência
cada situação, da sua formação educacional e religiosa, da sua
experiência de vida e também do ambiente onde as pessoas Na atualidade, falar sobre Ética é um grande desafio. O
estão inseridas. O fato é que não se pode desprezar o conceito, Brasil vive um momento onde os valores éticos, de forma geral,
pois onde quer que você vá, as pessoas estão promovendo têm sido discutidos pelos diversos meios de comunicação e
julgamentos de toda ordem sobre aquilo que você pensa, diz, pela comunidade. São escândalos constantes, envolvendo
realiza e escreve. personalidades públicas onde se tem colocado à prova os
valores de nossa sociedade.
Ética Profissional Isto reflete diretamente nas empresas e nos consumidores
de todo o mundo que estão mais atentos à Ética do que nunca.
A Ética profissional nada mais é do que proceder bem, Nos últimos anos, as empresas têm dado uma atenção especial
correto, justo, agir direito, sem prejudicar os outros, é estar à ética corporativa promovendo debates com os funcionários
tranquilo com a consciência pessoal. É também agir de acordo e chegando, inclusive, a criar um instrumento que esclarece as
com os valores morais de uma determinada sociedade. diretrizes e as normas da organização: o código de ética.
A maioria das profissões possuem seu próprio Código de Enquanto a ética profissional está voltada para as
Ética, Todos os códigos de ética profissionais, trazem em seu profissões, os trabalhadores, as associações e as entidades de
texto a maioria dos seguintes princípios: honestidade no classe do setor correspondente, a ética empresarial atinge as
trabalho, lealdade na empresa, alto nível de rendimento, empresas e as organizações em geral.
respeito à dignidade humana, segredo profissional, A empresa necessita desenvolver-se de tal forma que a
observação das normas administrativas da empresa e muitos ética, a conduta ética de seus integrantes, bem como os valores
outros. e as convicções primárias da organização tornem-se parte de
Agir corretamente hoje não é só uma questão de sua cultura. É importante destacar que a ética empresarial não
consciência. É um dos quesitos fundamentais para quem quer consiste somente no conhecimento de ética, mas na sua
ter uma carreira longa e respeitada. Em escolhas prática. É fundamental praticá-la diariamente e não apenas em
aparentemente simples, muitas carreiras brilhantes podem ocasiões especiais ou geradoras de opinião.
ser jogadas fora. Atualmente, mais do que nunca, a atitude dos

88 ALVES, Clecia. Ética e Comportamento Ético. Disponível em:


http://equipeetica.blogspot.com.br/p/teste-de-etica.html. Acesso em:
Março/2016.

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O código de ética tornou-se um instrumento para a daqueles que te incomodam, isso não irá te acrescentar nada e
valorização dos princípios, da visão e da missão da empresa. poderá prejudicar sua imagem dentro da empresa.
Serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar Portanto, siga essas dicas para que você continue com
a postura social da empresa face aos diferentes públicos com atitudes e comportamentos éticos diante da empresa e da
os quais interage. É da máxima importância que seu conteúdo sociedade. A ética revela seu caráter, sendo assim, seja ético e
seja refletido nas atitudes das pessoas e que encontre respaldo isso poderá te proporcionar inúmeras conquistas
na alta administração da empresa, pois até mesmo o último profissionais.
empregado contratado terá a responsabilidade de vivenciá-la. Comportamento Profissional: é o conjunto de atitudes
A definição de diretrizes e padrões de integridade e esperadas do servidor no exercício da função pública,
transparência obriga e deve ser observada por todos e em consolidando a ética no cotidiano das atividades prestadas,
todos os níveis da organização. Seu contexto, por sua vez, mas indo além desta ética, abrangendo atitudes profissionais
estabelece as diretrizes e os padrões de integridade e como um todo que favorecem o ambiente organizacional do
transparência aos quais todos devem aderir e que passarão a trabalho. Quando se fala num comportamento profissional
incorporar no Contrato de Trabalho de cada colaborador. conforme à ética busca-se que a atitude em serviço por parte
Desta forma, costuma trazer para ética empresarial a daquele que desempenha o interesse do Estado atenda aos
harmonia, a ordem, a transparência e a tranquilidade, em ditames éticos.
razão dos referenciais que cria, deixando um lastro decorrente “Hoje em dia, cada vez mais as empresas procuram
do cumprimento de sua missão e de seus compromissos. “verdadeiros” profissionais para trabalharem nelas. Com isso,
Assim como as empresas, as pessoas também passam por é evidente que não há mais espaço no mercado de trabalho
uma profunda crise de identidade ética. Há muito tempo que a para profissionais medíocres, desqualificados e
criatividade, característica de nosso povo, deu espaço ao despreparados para a função a ser exercida, mas sim para
"jeitinho" ou à famosa "lei de Gerson", onde levar vantagem é profissionais habilidosos, com pré-disposição para o trabalho
fundamental. O mercado profissional, os meios de ensino e a em equipe, com visão ampliada, conhecimento de mercado,
sociedade capitalista vêm formando nas pessoas um iniciativa, espírito empreendedor, persistente, otimista,
comportamento de competição acirrada e de busca pelo responsável, criativo, disciplinado e outras habilidades e
sucesso profissional a qualquer preço. Com isto, muitos se qualificações.
esquecem ou desaprendem um dos valores básicos da É importante que você profissional, procure estar
convivência em sociedade que é o respeito à individualidade preparado para o mercado de trabalho, a qualquer momento
do outro. da sua vida, independentemente do fato de estar ou não
Algumas pessoas e empresas perceberam que competir empregado. A história do mercado de trabalho atual tem
com ética é a saída para o crescimento pessoal, profissional e mostrado que independentemente do cargo que você exerça,
de mercado, bem como de nossa sociedade. Portanto, cada vez você deve estar sempre preparado para mudanças que
mais reaprender as "boas maneiras" do comportamento poderão surgir e mudarão todo o rumo da sua carreira. As
profissional é fundamental. empresas não são eternas e nem os seus empregos. Não se
engane, não existem mais quaisquer garantias de emprego por
Como ter atitudes éticas no ambiente de trabalho89 parte das empresas, trazendo aos profissionais empregados
um ônus constante para manter o seu emprego. Se para
Hoje, os profissionais requisitados pelos recrutadores aqueles que estão empregados manter a sua empregabilidade
devem ter inúmeras qualidades para obter sucesso na carreira não é uma tarefa fácil, para aqueles que estão ingressando no
profissional. Porém, apesar dos diversos conhecimentos que mercado de trabalho atual, as dificuldades serão ainda
as pessoas possuem, existe algo que é um pré-requisito para maiores. Portanto, a seguir vou discorrer sobre algumas das
alcançar qualquer posição: a ética. Este termo deve ser características dos bons profissionais:
conhecido e praticado dentro e fora das empresas.
Muitos estudiosos, como Platão, Aristóteles e Sócrates, Preparado para mudanças
aprofundaram suas pesquisas sobre este assunto. Apesar das As empresas buscam por profissionais adaptáveis porque
divergências das linhas teóricas e de como o comportamento é tudo no mundo moderno muda. As tecnologias, as relações de
regido, existe um significado para ética que é imutável: ela emprego, o mercado, os valores e o modo encontrar soluções
corresponde aos valores morais que guiam o comportamento para os problemas mudaram, enfim tudo mudou
de um indivíduo. significativamente nos últimos anos e continuarão mudando.
Ser ético está relacionado a seguir os padrões da sociedade Portanto temos de acompanhar o ritmo das coisas. Muitos
e as regras e políticas das organizações. Para que você não profissionais pensam que podem fazer as mesmas coisas e do
fique confuso ao tomar uma decisão em sua carreira, veja mesmo modo durante toda a vida e depois reclamam porque
algumas dicas para garantir a ética profissional: não são bem sucedidos.
Humildade: Esteja pronto para ouvir sugestões, elogios e
críticas. Você pode aprender muito com seus colegas de Competência
trabalho. Portanto, seja flexível às opiniões. Competência é uma palavra de senso comum, utilizada
Honestidade: Ninguém perde por ser honesto. Aliás, a para designar uma pessoa capaz de realizar alguma coisa. O
honestidade traz dignidade. Esta é a hora de mostrar seu antônimo disso, ou seja, incompetência, implica não só na
caráter e ser um profissional ético. negação dessa capacidade como também na depreciação do
Privacidade: Dentro das organizações, existem assuntos indivíduo diante do circuito do seu trabalho ou do convívio
sigilosos e que devem ser tratados de forma discreta. Seja algo social.
de clientes ou colegas de trabalho, o seu dever é manter Para ser contratado em uma empresa ou para a sua
segredo e não expor informações que são exclusividades da manutenção de emprego não basta ter diplomas e mais
empresa. diplomas se não existir competência. Por exemplo, um
Respeito: Seja com o chefe ou com o subordinado, você profissional que se formou em direito, até mesmo na melhor
deve ser respeitoso com os colegas de trabalho. Evite falar mal universidade, mas que não sabe preparar uma peça processual

89 MARQUES, José Roberto. Como ter atitudes éticas no ambiente de trabalho. carreiras/blog/2014/05/29/como-ter-atitudes-eticas-no-ambiente-de-trabalho/.
Disponível em: http://economia.terra.com.br/blog- Acesso em: Março/2016.

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não terá valor competitivo quer como profissional empregado, Costumo chamar tais profissionais de locutores da “rádio
quer como prestador de serviços. peão”. Recebem uma informação, sequer sabem se são
Diplomas servirão para dar referencial ao profissional ou confiáveis, mas passam adiante e o que é pior, incluindo
até mesmo para enfeitar a parede da sua sala, mas a informações que sequer existiam inicialmente, alterando
competência é o fator chave que atrelada à diplomação lhe totalmente a informação recebida. Cuidado para não ser um
dará subsídios profissionais para ser bem sucedido. Por isso destes.
podemos afirmar categoricamente que a competência não é
composta pelo diploma por si só, apesar de que ele contribui Aquele que fala mal dos outros:
para a composição da competência. São aqueles profissionais, se é que existe algum
profissionalismo nisso, que insistem em falar sobre seus
Espírito empreendedor colegas de trabalho, longe destes é claro, aquilo que com
Os dias do funcionário que se comporta como funcionário certeza não seriam capazes de falar na frente deles. Por isso, a
pode estar com os dias contados. A visão tradicionalista de regra é: Se você não tem coragem de falar algo na frente do seu
empregador e empregado, chefe e subordinado estão colega, nunca fale pelas suas costas.
caminhando para o desuso.
As empresas com visão moderna estão encarando seus Aquele que vive mal-humorado:
funcionários como colaboradores ou parceiros e Esses são, sem dúvida, uns dos mais evitados pelos outros
implementando a visão empreendedora. Isso significa que os colaboradores. Existe algo pior do que conviver com quem vive
empresários perceberam que dar aos funcionários a reclamando da vida ou que vive de mau humor? Pessoas de
possibilidade de ganhar mais do que simplesmente o salário “mal com a vida”, repelem as outras pessoas de perto delas.
mensal fixo, tem sido um bom negócio, pois faz com que o Ninguém tem a obrigação de estar sorrindo todos os dias, mas
profissional dê maiores contribuições à organização, isso não significa que temos o direito de estar sempre de mau
garantindo assim o comprometimento da equipe na busca de humor. A propósito, como está seu humor hoje?
resultados positivos.
Aquele que não tem higiene pessoal:
Equilíbrio emocional Somente o próprio profissional é capaz de conseguir
O que quero dizer com o equilíbrio emocional? Bem, dito conviver com ele mesmo. Isso porque o corpo dele está
de modo simples, é o preparo psicológico para superar condicionado a suportar isso. Conheço pessoas, que tem um
adequadamente as adversidades que surgirão na empresa e odor tão acentuado (falando de forma educada), que não
fora dela. consigo permanecer mais do que cinco minutos conversando
Vamos chamar o conjunto de problemas que todos nós com elas. Um bom banho faria bem não só a ele, mas como
possuímos de saco de problemas. As empresas querem que todos a sua volta.
deixemos o nosso saco de problemas em casa. Por outro lado,
os nossos familiares querem que deixemos nosso saco de Aquele que não respeita os demais:
problemas no trabalho. Diante disso, a pergunta que surge é: O respeito aos outros é fundamental para o convívio em
onde colocar nosso saco de problemas? Realmente é uma boa grupo. Já presenciei casos extremos de falta de respeito, pois
pergunta. E é justamente por isso que para tornar-se um existem profissionais que não sabem respeitar seus colegas.
profissional de sucesso é necessário que tenhamos equilíbrio Infelizmente, parte dessas pessoas estão em cargos de direção.
emocional, pois não importa quais problemas tenhamos de Tive um chefe no meu primeiro emprego que tinha uma
caráter pessoal, nossos colegas de trabalho, subordinados, campainha para chamar as pessoas. Quando ele tocava uma
diretores e gerentes, enfim, as pessoas como um todo não tem vez, secretária atendia, quando ele tocava duas vezes, era eu, o
culpa deles e não podemos descarregar esses problemas neles. office-boy. Bem, além de ser uma falta de respeito usar uma
Quando falamos em equilíbrio, emocional, é importante campainha para chamar “seres humanos” muitas vezes fui
avaliar também as situações adversas pelas quais todos os chamado lá e ele nem sabia porque tinha me chamado. A maior
profissionais passam. É justamente aí que surge o momento da lição que tirei disso é que eu não devia nunca mais ter chefe.
verdade que o profissional mostrará se tem o equilíbrio Por isso me tornei empreendedor.
emocional.
Aquele que é egoísta:
Marketing Pessoal O egoísmo é algo difundido nas empresas até mesmo
O marketing pessoal pode ser definido como o conjunto de porque a competitividade interna é muito grande. Pensar
fatores e atitudes que transmitem uma imagem da pessoa. Os somente em si mesmo o tempo todo não é a melhor alternativa
fatores a que me refiro incluem vestimenta como um todo, os para o profissional. Por isso cuidado, pois um dia a vítima pode
modos pessoais, o modo de falar e a postura do profissional ser o próprio egoísta.
diante dos demais.
Referindo-se à vestimenta, cabe salientar que o Aquele que brinca demais:
profissional deve vestir-se adequadamente ao ambiente em Brincar é bom, desde que as brincadeiras sejam saudáveis,
que está inserido. Se a sua empresa adota um padrão formal, num clima de respeito e equilíbrio. Aqueles que brincam a todo
obviamente a sua vestimenta deve estar em conformidade com o momento são pessoas extremamente inconvenientes e
ela e o mesmo se refere a uma entrevista de emprego. Da irritam quem está a sua volta. Isso tira a credibilidade do
mesma forma, seria um contrassenso usar terno e gravata para profissional e pode lhe trazer problemas com a
trabalhar em uma linha de produção. Portanto, a regra básica ambientalização.
é vestir-se em conformidade com o ambiente de trabalho.
Aqueles que são inflexíveis:
Comportamentos que o profissional deve evitar Já observou aqueles profissionais que são os únicos que se
Vou destacar alguns dos defeitos que além de prejudicar a acham certos? Pois bem, isso é um grande problema para a
ambientalização dentro da empresa, caracterizam tais pessoas convivência em grupo. É importante que todos nós tenhamos
como maus profissionais: em mente que não estamos certos o tempo todo e nem
Aquele que fala demais: tampouco precisamos fazer valer perante os outros as nossas
Já viu aqueles profissionais que são os primeiros a próprias ideias a todo o momento.
propagar as notícias ou as “fofocas” dentro da empresa?

Atualidades e Convivência Social 66


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As qualificações, comportamentos e atitudes dos bons dos direitos civis, políticos e sociais para toda a população de
profissionais são muitas e estão em constante mudança. Mas uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim da 2ª
com certeza aqueles que procuram o auto aprimoramento Guerra Mundial, após 1945, com aumento substancial dos
estarão mais bem preparados para tornarem-se excelentes direitos sociais – com a criação do Estado de Bem-Estar Social
profissionais”90. (Welfare State) – estabelecendo princípios mais coletivistas e
igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva participação da
Atitudes em serviço: ações que o servidor toma população em geral foram fundamentais para que houvesse
quando no desempenho de suas funções, acarretando uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e
benefícios quando cumpridoras da ética e prejuízos civis alçando um nível geral suficiente de bem-estar
quando não. Na verdade, trata-se de exteriorização do econômico, lazer, educação e político.
comportamento profissional. A cidadania esteve e está em permanente construção; é um
referencial de conquista da humanidade, através daqueles que
Os pilares do comportamento profissional adequado são: sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores
“Integridade – agir de maneira honesta e confiável. garantias individuais e coletivas, e não se conformando frente
Modos – nunca ser egoísta, rude ou indisciplinado. às dominações, seja do próprio Estado ou de outras
Personalidade – expressar os próprios valores, atitudes e instituições.
opiniões. No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da
Aparência – apresentar-se sempre da melhor maneira cidadania, apesar das extraordinárias conquistas dos direitos
possível. após o fim do regime militar (1964-1985). Mesmo assim, a
Consideração – ver-se do ponto de vista da outra pessoa. cidadania está muito distante de muitos brasileiros, pois a
Tato – refletir antes de fala”91. conquista dos direitos políticos, sociais e civis não consegue
ocultar o drama de milhões de pessoas em situação de miséria,
Noções de Cidadania altos índices de desemprego, da taxa significativa de
analfabetos e semianalfabetos, sem falar do drama nacional
Conforme texto de Orson Camargo92, temos que, no das vítimas da violência particular e oficial.
decorrer da história da humanidade surgiram diversos Conforme sustenta o historiador José Murilo de Carvalho,
entendimentos de cidadania em diferentes momentos – Grécia no Brasil a trajetória dos direitos seguiu lógica inversa daquela
e Roma da Idade Antiga e Europa da Idade Média. Contudo, o descrita por T.H. Marshall. Primeiro “vieram os direitos sociais,
conceito de cidadania como conhecemos hoje, insere-se no implantados em período de supressão dos direitos políticos e de
contexto do surgimento da Modernidade e da estruturação do redução dos direitos civis por um ditador que se tornou popular
Estado-Nação. (Getúlio Vargas). Depois vieram os direitos políticos... a
O termo cidadania tem origem etimológica no latim expansão do direito do voto deu-se em outro período ditatorial,
civitas, que significa "cidade". A palavra cidadania foi usada em que os órgãos de repressão política foram transformados em
na Roma antiga para indicar a situação política de uma peça decorativa do regime [militar]... A pirâmide dos direitos [no
pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. Brasil] foi colocada de cabeça para baixo”.94
Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu
uma comunidade politicamente articulada – um país – e que por etapas. T. H. Marshall afirma que a cidadania só é plena se
lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência dotada de todos os três tipos de direito:
de uma constituição. O termo cidadão refere-se ao habitante 1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade
da “cidade”, o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de expressão e de pensamento; direito de propriedade e de
de um determinado Estado. conclusão de contratos; direito à justiça; que foi instituída no
século 18;
Segundo Dalmo Dallari: 2. Política: direito de participação no exercício do poder
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à político, como eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de
pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e autoridade pública, constituída no século 19;
do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está 3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar
marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de econômico e social, desde a segurança até ao direito de
decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do partilhar do nível de vida, segundo os padrões prevalecentes
grupo social”.93 na sociedade, que são conquistas do século 20.
Ao contrário dos direitos humanos – que tendem à
universalidade dos direitos do ser humano na sua dignidade – Ainda com base no que dispõe a doutrina, o conceito de
, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas cidadania comporta duas concepções, sendo estas de
concepções mais antigas, possui um caráter próprio e possui cidadania em sentido estrito e em sentido amplo.
duas categorias: formal e substantiva. A cidadania em sentido estrito, de acordo com a
A cidadania formal é, conforme o direito internacional, terminologia tradicional, adotada pela legislação
indicativo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado- infraconstitucional e pela quase unanimidade dos autores de
Nação, por exemplo, uma pessoa portadora da cidadania direito constitucional, é o direito de participar da vida política
brasileira. Em segundo lugar, na ciência política e sociologia o do País, da formação da vontade nacional, abrangendo os
termo adquire sentido mais amplo, a cidadania substantiva direitos de votar e ser votado. É uma qualidade própria do
é definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais. cidadão, que é justamente o nacional no gozo de direitos
Essa última forma de cidadania é a que nos interessa. políticos.
A compreensão e ampliação da cidadania substantiva Por sua vez, a cidadania em sentido amplo, quer
ocorrem a partir do estudo clássico de T.H. Marshall – significar a participação do cidadão em diversas atividades
Cidadania e classe social, de 1950 – que descreve a extensão ligadas ao exercício de direitos individuais, fundamentando-

90 Disponível em: <http://www.vocevencedor.com.br/artigos/recursos- 92 O QUE É CIDADANIA? Disponível em


humanos/principais-atitudes-e-comportamentos-dos-bons-profissionais>. Acesso http://www.brasilescola.com/sociologia/cidadania-ou-estadania.htm.
em: 06 out. 2014. 93 DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14
91 Disponível em: <http://imagempessoal.band.uol.com.br/seis-principais- 94 CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de
habilidades-pessoais-para-aprimorar-seu-comportamento-profissional/>. Acesso Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. pp. 219-29.
em: 06 out. 2014.

Atualidades e Convivência Social 67


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se, então, no artigo 1º da Constituição da República. Esta tem (C) É dever do servidor público o cumprimento de ordens
um alcance maior. Adotado este sentido mais abrangente, os superiores, desde que a ordem não seja manifestamente ilegal.
nacionais identificam-se como os cidadãos de um Estado. (D) É vedado ao Rodrigo o uso do cargo para obter
Existem duas espécies de cidadania: ativa e passiva. A qualquer favorecimento, para si ou para outrem.
primeira é o direito de votar, enquanto a segunda, o de ser (E) A assiduidade e frequência do servidor público em seu
votado. ambiente de trabalho, além de ser um dever, reflete
A Constituição Federal (CF/88), chamada de “constituição positivamente em todo o sistema.
cidadã”, por ser considerada a mais completa entre as
constituições brasileiras, com destaque para os vários 04. (MPOG – Atividade Técnica – FUNCAB) A ética pode
aspectos que garantem o acesso à cidadania, traz já em seu ser definida como:
artigo 1º, inciso II, a cidadania como direito fundamental.95 A (A) um conjunto de valores genéticos que são passados de
preocupação com os direitos do cidadão é claramente uma geração em geração.
resposta ao período histórico diretamente anterior ao da (B) um princípio fundamental para que o ser humano
promulgação da constituição. possa viver em família.
(C) a parte da filosofia que estuda a moral, isto é,
Questões responsável pela investigação dos princípios que motivam,
distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento
01. (CISLIPA – Assistente Administrativo – FAFIPA) A humano em sociedade.
dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos (D) um comportamento profissional a ser observado
princípios morais são primados maiores que devem nortear o apenas no ambiente de trabalho.
servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora (E) a boa vontade no comportamento do servidor público
dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder em quaisquer situações e em qualquer tempo de seu cotidiano.
estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão
direcionados para a preservação da honra e da tradição dos 05. (MPE/SC – Motorista – FEPESE) Assinale a alternativa
serviços públicos. Desta forma, a respeito da ética na correta em relação à ética no serviço público.
Administração Pública, assinale a alternativa CORRETA: (A) Em razão do interesse público indireto, os atos
(A) A moralidade da Administração Pública não se limita à administrativos não precisam ser publicados.
distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia (B) O conceito de moralidade da Administração Pública é
de que o fim é sempre o bem comum. restrito aos procedimentos internos praticados pelos
(B) Não é vedado ao servidor público ser, em função de seu servidores.
espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a (C) O servidor poderá omitir ou falsear a verdade, quando
este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão. necessário aos interesses da Administração Pública.
(C) Apenas e exclusivamente nos órgãos da Administração (D) O desempenho da função pública não demanda
Pública Federal Direita é que deverá ser criada uma Comissão profissionalismo, uma vez que tal princípio é inerente à
de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética iniciativa privada que busca lucros e resultados
profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com (E) A moralidade administrativa se integra ao Direito como
o patrimônio público, competindo-lhe conhecer elemento indissociável dos atos praticados pela administração
concretamente de imputação ou de procedimento susceptível pública, e, como consequência, atua como fator de legalidade.
de censura.
(D) É vedado ao servidor público comunicar Gabarito
imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato
contrário ao interesse público, devendo primeiro o servidor 01.A / 02.Certo / 03.A / 04.C / 05.E
público efetuar diligências, a fim de arrecadar provas sobre o
ato ou fato que sobre seu entendimento é contrário ao
interesse público.
Ecologia/biodiversidade
02. (TJ/DFT – Todos os cargos – CESPE) Julgue o item
subsequente, relativo à ética no serviço público.
A qualidade dos serviços públicos depende fortemente da ECOLOGIA
moralidade administrativa e do profissionalismo de
servidores públicos. Ecologia é o ramo da biologia que estuda as interações
(....) Certo (....) Errado entre os seres vivos e o meio onde vivem, envolvendo a
dependência da água, do solo e do ar. Dessa forma, as relações
03. (Colégio Pedro II – Auxiliar de Biblioteca – Acesso vão além do comportamento individual e a influência causada
Público) Rodrigo tem em mente que o elemento ético no pelos fatores ambientais (temperatura, umidade, pressão).
exercício do cargo público é fundamental para o bom Mas se estendem à organização das espécies em populações,
andamento do serviço. Seu atos, comportamentos e atitudes comunidades, formando um ecossistema e toda a biosfera.
deverão ser sempre direcionados para a preservação da honra A ecologia é um assunto diário em escolas, na empresa, no
e tradição dos serviços públicos. Diante dos fatos assinale a rádio e televisão, constituindo um dos temas mais comentados
alternativa errada: na atualidade.
(A) Não é vedado ao servidor público usar informações Em virtude dos grandes desastres ecológicos que se
privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em sucedem, tal ciência passa a adquirir grande importância
benefício próprio. prática. O homem é o ser vivo que mais agride o ambiente. Até
(B) Rodrigo tem o dever de tratar cuidadosamente os certo tempo atrás, o homem acreditava que podia interferir à
usuários dos serviços públicos. vontade. Aos poucos, porém, percebeu que os subprodutos de

95 CF/88: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união III - a dignidade da pessoa humana;
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Democrático de Direito e tem como fundamentos: V - o pluralismo político.
I - a soberania; Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
II - a cidadania representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Atualidades e Convivência Social 68


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sua indústria, ao destruírem vegetais, diminuíam a quantidade O crescimento de uma população depende de dois
de alimento dos ecossistemas e baixavam a produção de conjuntos de fatores: um que contribui para o aumento da
oxigênio. E que, matando indiscriminadamente insetos através densidade, do qual fazem parte a taxa de natalidade e a taxa
de pesticidas, impedia a polinização e reprodução de plantas, de imigração, e outro que contribui para a diminuição da
provocando a morte das aves que viviam daquelas plantas. A densidade, do qual fazem parte a taxa de mortalidade e a taxa
morte das aves trazia, por sua vez, novas alterações ao de emigração. O modo como esses fatores interagem
ecossistema atacado. determina se e como o crescimento da população sofre
variação.
A taxa de natalidade corresponde à velocidade com que
novos indivíduos são adicionados à população, por meio da
reprodução. A taxa de mortalidade corresponde à velocidade
com que indivíduos são eliminados da população, por morte.
Em ambas as taxas o fator tempo é importante.
Em populações naturais em geral, a taxa de mortalidade é
mais alta em populações com alta taxa de natalidade. Uma
população de ostras, por exemplo, produz milhares de ovos em
cada estação reprodutiva, mas, dentre estes, apenas alguns
formam indivíduos que atingem a idade adulta ou reprodutiva.
Nos grandes mamíferos, entretanto, a taxa de natalidade é
menor do que as obtidas em populações de ostras, mas a taxa
de mortalidade também é menor.
Cada uma dessas taxas, isoladamente, diz pouco sobre o
Fonte: https://goo.gl/eEDZyC
crescimento da população. Para isso, deve-se calcular seu
índice de crescimento, assim definido:
Níveis de organização
Taxa de natalidade
Espécies (organismos) 𝐈. 𝐂. =
Consiste em um conjunto de organismos semelhantes, Taxa de mortalidade
capazes de se cruzar em condições naturais, produzindo
Quando a taxa de natalidade é alta e a de mortalidade é
descendente. As espécies é a unidade fundamental da
baixa, a população está crescendo e o índice de crescimento é
ecologia, isto é, consiste no sistema ecológico elementar.
maior que 1. Ao contrário, quando a taxa de mortalidade é mais
alta do que a de natalidade, a população está diminuindo e o
Populações 96
índice é menor que 1. Em países desenvolvidos, a taxa de
Representa um Conjunto de seres da mesma espécie que
natalidade e a de mortalidade da espécie humana se
habitam determinada região em um determinado período. Os
aproximam, daí resultando um índice de crescimento próximo
principais atributos que devem ser estudados em populações
de 1.
ecológicas são: Tamanho de uma população, Potencial biótico,
Densidade, Natalidade e Mortalidade
Comunidades (biocenose)
Normalmente o tamanho de uma população deve manter-
Representa o conjunto de populações de diversas espécies
se mais ou menos constante, ao longo do tempo, em
que habitam uma mesma região num determinado período.
ecossistemas em equilíbrio. Alterações no tamanho de uma
população podem determinar alterações em outras
- Propriedades das Comunidades
populações que com ela coexistem e interagem em uma
As comunidades biológicas exibem certas propriedades
comunidade estável, provocando desequilíbrios ecológicos.
estruturais e funcionais cujo entendimento pode facilitar o seu
O potencial biótico de uma população corresponde à sua
estudo bem como a compreensão do uso operacional do
capacidade potencial para aumentar seu número de
conceito. As principais propriedades são:
indivíduos em condições ideais, isto é, sem que nada haja para
- presença de muitas espécies numa determinada área;
impedir esse aumento. Na natureza, entretanto, verifica-se que
- recorrência da "comunidade" no tempo e no espaço;
o tamanho das populações em comunidades estáveis não
- presença de mecanismos homeostáticos: estabilidade
aumenta indefinidamente, mas permanece relativamente
dinâmica/ steady state (superorganismo).
constante. Isto se deve a um conjunto de fatores que se opõem
ao potencial biótico. A esse conjunto de fatores dá-se o nome
- Atributos das comunidades
de resistência ambiental.
Assim como a população, a comunidade pode ter vários de
Os principais fatores de resistência ambiental regulam,
seus atributos mensuráveis, sendo estes:
portanto, o tamanho das populações.
Composição específica: Trata-se do catálogo de espécies
Para determinar a resistência ambiental calcula-se a
que compõem a comunidade. Embora seja algo aparentemente
diferença entre a taxa teórica de crescimento de uma
simples, tal atributo é um dos que mais dificuldades impõe ao
população sob condições ideais (potencial biótico) e a taxa real
ecólogo. Em primeiro lugar, ele exige uma detalhada
observada na natureza.
investigação com a finalidade de se levantar e identificar todas
A densidade corresponde ao número de indivíduos de uma
as espécies presentes na comunidade
população em uma determinada área ou volume.
Diversidade (riqueza e equitabilidade): As comunidades
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑣í𝑑𝑢𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 (𝑁) diferem muito entre si em relação ao número total de espécies
𝑫𝒆𝒏𝒔𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 (𝑫) = que possuem bem como em suas proporções. Nem todas as
𝑈𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 á𝑟𝑒𝑎 𝑜𝑢 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 (𝐴) espécies são igualmente importantes na determinação da
estrutura da comunidade. Algumas espécies podem ter suas
𝑁
𝑫= abundâncias muito mais elevadas que outras espécies dentro
𝐴 da comunidade. Esta característica é, na realidade, muito
comum devido às diferenças ecofisiológicas ligadas ao

96 http://sti.br.inter.net/

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tamanho, posição trófica ou atividade metabólica dos matéria orgânica em matéria inorgânica, reduzindo
organismos. Muitos autores sustentam que espécies compostos complexos em moléculas simples, fazendo que
dominantes são aquelas com maior sucesso ecológico. No estes compostos retornem ao solo para serem utilizados
entanto, devemos lembrar que espécies não-dominantes novamente por outro produtor, gerando uma nova cadeia
podem, em alguns casos, exercer uma força controladora alimentar. Os decompositores mais importantes são bactérias
dentro do ecossistema. Estas espécies são chamadas de e fungos. Por se alimentarem de matéria em decomposição são
espécies-chaves (keystone species). Outro ponto importante, considerados saprófitos.
refere-se à raridade. As espécies raras são muitas vezes O conjunto de uma série de ecossistemas é chamado de teia
desprezadas nas análises quantitativas. Recentemente, no alimentar. Nesse caso, várias teias se entrelaçam, fazendo que
entanto, estão aparecendo artigos na literatura ecológica as relações ecológicas sejam múltiplas e o alimento disponível
enfocando a importância de se trabalhar com estes indivíduos. possa ser utilizado por vários indivíduos, realmente
Abundância Relativa: São as proporções relativas das compondo um ecossistema.
diferentes espécies dentro da comunidade. Estas proporções
são fundamentais, por exemplo, para o cálculos dos índices de
diversidade, equitatividade, dominância.

Ecossistemas
Ecossistema é o conjunto formado por um ambiente físico
(abiótico), constituído pelos fatores físicos e químicos
ambientais e pelos seres vivos (fatores bióticos). Na
caracterização de um ecossistemas, é obrigatório considerar
dois componentes: um físico (abiótico ou biótopo) e outro
biótico, que ocupa o primeiro, designado por comunidade ou
biocenose.
São exemplos de ecossistemas: uma floresta, uma lagoa,
uma campina, uma poça d´ água, um aquário, a massa de agua
superficial do mar entre outros.
Os ecossistemas estão normalmente em constante
equilíbrio. Assim, por exemplo, um ecossistema consume certa
quantidade de gás carbônico e água, enquanto produz um
determinado de oxigênio e alimento. Qualquer mudança na Fonte: http://animais.culturamix.com/blog/wp-
content/gallery/cadeiaalimentar/Cadeia-Alimentar-dos-Animais-3.jpg
entrada ou saída desses elementos desiquilibra o sistema,
alterando a produção de alimento e oxigênio.
Biodiversidade
Cada espécie viva tem o seu papel no funcionamento do
ecossistema a que pertence. Por exemplo, quase todos vegetal
O conceito de biodiversidade (grego bios, vida) pode ser
que se reproduz por meio de flores necessita de alguma
entendido como a variabilidade dos organismos vivos de todas
espécie de inseto para promover a polinização. O extermínio
as origens, abrangendo os ecossistemas terrestres, marinhos,
de tal inseto provocara consequentemente a extinção do
e outros ecossistemas aquáticos, incluindo seus complexos; e
vegetal polinizado por este.
compreendendo a diversidade dentro de espécies, entre
espécies e de ecossistemas. Diante disso, a biodiversidade
- Os componentes do ecossistema
refere-se tanto ao número (riqueza) de diferentes categorias
Todo ecossistema é autossuficiente e envolve fatores
biológicas quanto à abundância relativa (equitatividade)
bióticos e abióticos. Os fatores bióticos são divididos em:
dessas categorias. E inclui variabilidade ao nível local (alfa
produtores, consumidores e decompositores:
diversidade), complementaridade biológica entre habitats
Produtores: são sempre autótrofos, produzem alimento
(beta diversidade) e variabilidade entre paisagens (gama
que será usado na cadeia, e por isso estão obrigatoriamente no
diversidade). Ela inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos,
início de qualquer cadeia alimentar. A energia transformada a
ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus componentes.
partir da luz solar e do gás carbônico será repassada a todos os
Para entender o que é a biodiversidade, devemos
outros componentes restantes da cadeia ecológica. Os
considerar o termo em dois níveis diferentes: todas as formas
principais produtores conhecidos são plantas e algas
de vida, assim como os genes contidos em cada indivíduo, e as
microscópicas (fitoplâncton).
inter-relações, ou ecossistemas, na qual a existência de uma
Consumidores: são os organismos que necessitam
espécie afeta diretamente muitas outras. Ainda dentro do
alimentar-se de outros organismos para obter a energia que
conceito de biodiversidade é importante ressaltar a inclusão
eles não podem produzir para si próprios. Vão-se alimentar
da espécie humana como componente fundamental do sistema
dos autótrofos e de outros heterótrofos podendo ser
e altamente dependente dos serviços e bens ambientais
consumidores primários, consumidores secundários,
oferecidos pela natureza. Sem recorrer ou dispor da
consumidores terciários e assim por diante. Na alimentação,
diversidade biológica natural ou da reserva biológica do
nem toda a energia obtida será integralmente usada, isto é,
planeta, a vida humana correria sérios ou até insuperáveis
parte dessa energia não será absorvida e será eliminada com
riscos.
as fezes; outra parte será dissipada em forma de calor. Assim,
grande parte da energia será “perdida” no decorrer de uma 97Importância da biodiversidade
cadeia alimentar, diminuindo sempre a cada nível. Podemos,
Resultados de pesquisas mostram que as caraterísticas e
então, dizer que o fluxo de energia num ecossistema é
os rendimentos de ecossistemas dependem criticamente de
unidirecional começando sempre com a luz solar incidindo
sua biodiversidade. A estabilidade dos ecossistemas depende,
sobre os produtores, e diminuindo a cada nível alimentar dos
entre outras coisas, das relações complexas dos habitantes.
consumidores.
Maciças intervenções humanas em grande escala incomodam
Decompositores: são organismos que atuam exatamente
a constelação de espécies. Algumas espécies são dizimadas ou
em papel contrário ao dos produtores. Eles transformam
exterminadas, outras reproduzem-se fortemente, imigram ou

97 http://ambiente.maiadigital.pt/

Atualidades e Convivência Social 70


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são introduzidas pelo homem. Os ecossistemas transformam- O que é um hotspot da biodiversidade?


se ou são destruídas; O conceito dos hotspots da biodiversidade foi elaborado
por cientistas para controlar e unir os esforços de proteção de
Principais ameaças a biodiversidade uma forma melhor. Qualificam-se de hotspots da
Os impactos diretos e indiretos sobre a biodiversidade são biodiversidade todas aquelas regiões do mundo nas quais
resultantes da crescente ocupação humana sendo estas: a existe um grande número de espécies animais e vegetais
poluição, o uso excessivo dos recursos naturais, a expansão da endêmicas (ver abaixo as regiões demarcadas) e cuja natureza
fronteira agrícola em detrimento dos habitats naturais, a está particularmente ameaçada. Já no ano de 2000, cientistas
expansão urbana e industrial além da visível degradação de identificaram na revista científica “Nature” mais de 25 hotspots
ambientes naturais remetendo desse modo à grande perda nos da biodiversidade, que ocupam só cerca de 1,4 por cento da
serviços ambientais, aos quais as sociedades são altamente superfície terrestre, o que equivale aproximadamente a 2,1
dependentes. Dessa maneira mudanças efetivas que levem à milhões de metros quadrados. Contudo, quase a metade (44
redução dos impactos causados no âmbito ambiental tornam %) de todas as espécies vegetais conhecidas no mundo cresce
se essenciais. O que requer ações locais e gerais, grandes aqui, mas só cerca de um terço destas áreas foi declarada Zona
projetos e atividades, abordagem econômica e cultural, que de Proteção Especial. Todos estes hotspots são ameaçados por
podem ser conseguidos através de práticas educação muitos fatores como, por exemplo, desmatamento em massa,
ambiental. queimadas e plantações industriais. Entre as razões para isso
estão a grande demanda de madeira tropical, a extensão da
Importância de se preservar a biodiversidade mineração e o cultivo de culturas agrícolas como dendezeiros,
Razões de vária ordem estão na base deste princípio cana-de-açúcar e soja. A caça furtiva comercial em aumento
mundialmente aceita da preservação: representa mais um problema grave.
- Motivos éticos, pois o ser humano tem o dever moral de
proteger outras formas de vida, como espécie dominante no
Planeta;
- Motivos estéticos, uma vez que as pessoas apreciam a
natureza e gostam de ver animais e plantas no seu estado
selvagem;
- Motivos económicos, a diminuição de espécies pode
prejudicar atividades já existentes (pesca de uma espécie com
elevado valor comercial que está a desaparecer, como o Sável
e Lampreia). Pode ainda comprometer a sua utilização futura
(ex. para produção de medicamentos). Não podemos esquecer
que pelo menos 40% da economia mundial e 80% das
necessidades dos povos dependem dos recursos biológicos;
- Motivos funcionais da natureza, dado que a redução da
biodiversidade leva a perdas ambientais. Isto acontece porque
as espécies estão interligadas por mecanismos naturais com Quantas espécies existem no mundo?
importantes funções (ecossistemas), como a regulação do Não se sabe quantas espécies vegetais e animais existem
clima; purificação do ar; proteção dos solos e das bacias no mundo. As estimativas variam entre 10 e 50 milhões, mas
hidrográficas contra a erosão; controlo de pragas; etc. até agora os cientistas classificaram e deram nome a somente
2 milhões de espécies. Entre os especialistas, o Brasil é
Distribuição da biodiversidade considerado o país da "megadiversidade": aproximadamente
A biodiversidade aumenta dos polos em direção aos 20% das espécies conhecidas no mundo estão aqui. É bastante
trópicos, embora os desertos representam uma exceção. As divulgado, por exemplo, o potencial terapêutico das plantas da
florestas tropicais em terra e os recifes de corais estão entre os Amazônia. Para entender o que é a biodiversidade, devemos
ecossistemas mais diversos e complexos do mundo. Em um considerar o termo em dois níveis diferentes: todas as formas
mapa-múndi do grupo de trabalho ao redor do Prof. Barthlott de vida, assim como os genes contidos em cada indivíduo, e as
da Universidade Bonn mostra-se que as áreas com a flora mais inter-relações, ou ecossistemas, na qual a existência de uma
diversa se encontram principalmente nos Andes tropicais e no espécie afeta diretamente muitas outras. A diversidade
Sudeste Asiático, mas também na bacia do Amazonas, em biológica está presente em todo lugar: no meio dos desertos,
Madagáscar e em partes da África Central e do Sul. Isto pode- nas tundras congeladas ou nas fontes de água sulfurosas. A
se aplicar mais ou menos à fauna também. No Parque Nacional diversidade genética possibilitou a adaptação da vida nos mais
Yasuni no Ecuador encontram-se, por exemplo, mais espécies diversos pontos do planeta.
de árvores por hectare do que nos EUA e no Canadá juntos. As plantas, por exemplo, estão na base dos ecossistemas.
Num único hectare vivem 100 mil espécies de insetos. Na Como elas florescem com mais intensidade nas áreas úmidas e
Amazônia existem 40 mil espécies vegetais, das quais 30 mil quentes, a maior diversidade é detectada nos trópicos, como é
só encontram-se ali. Num só hectare até 20 mil espécies de o caso da Amazônia e sua excepcional vegetação.
besouros e 456 espécies de árvores foram classificadas. Na
Amazônia, 95 espécies de formigas vivem em uma árvore só. Quais as principais ameaças à biodiversidade?
Estas cifras quebram todos os recordes! A poluição, o uso excessivo dos recursos naturais, a
expansão da fronteira agrícola em detrimento dos habitats
Formas de medir a biodiversidade naturais, a expansão urbana e industrial, tudo isso está
A biodiversidade mede-se através do número das espécies levando muitas espécies vegetais e animais à extinção. A cada
que existem por unidade de superfície. Quanto mais alto o ano, aproximadamente 17 milhões de hectares de floresta
número de espécies por área, tanto maior a biodiversidade que tropical são desmatados. As estimativas sugerem que, se isso
se pode calcular com certos métodos, por exemplo através de continuar, entre 5% e 10% das espécies que habitam as
um índice de diversidade. florestas tropicais poderão estar extintas dentro dos próximos
30 anos.
A sociedade moderna - particularmente os países ricos -
desperdiça grande quantidade de recursos naturais. A elevada

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produção e uso de papel, por exemplo, é uma ameaça nova ordem mundial, estamos nos referindo ao atual contexto
constante às florestas. A exploração excessiva de algumas das relações políticas e econômicas internacionais de poder.
espécies também pode causar a sua completa extinção. Por Durante a Guerra Fria, existiam duas nações principais
causa do uso medicinal de chifres de rinocerontes em Sumatra que dominavam e polarizavam as relações de poder no globo:
e em Java, por exemplo, o animal foi caçado até o limiar da Estados Unidos e União Soviética.
extinção. A poluição é outra grave ameaça à biodiversidade do Essa ordem mundial era notadamente marcada pelas
planeta. Na Suécia, a poluição e a acidez das águas impede a corridas armamentista e espacial e pelas disputas geopolíticas
sobrevivência de peixes e plantas em quatro mil lagos do país. no que se refere ao grau de influência de cada uma no plano
A introdução de espécies animais e vegetais em diferentes internacional. Este era o mundo bipolar.
ecossistemas também pode ser prejudicial, pois acaba A partir do final da década de 1980 e início dos anos 1990,
colocando em risco a biodiversidade de toda uma área, região mais especificamente após a queda do Muro de Berlim e do
ou país. Um caso bem conhecido é o da importação do sapo esfacelamento da União Soviética, o mundo passou a conhecer
cururu pelo governo da Austrália, com objetivo de controlar apenas uma grande potência econômica e, principalmente,
uma peste nas plantações de cana-de-açúcar no nordeste do militar: os EUA. Analistas e cientistas políticos passaram a
país. O animal revelou-se um predador voraz dos répteis e nomear a então ordem mundial vigente como unipolar.
anfíbios da região, tornando-se um problema a mais para os Entretanto, tal nomeação não era consenso. Alguns
produtores, e não uma solução. analistas enxergavam que tal soberania pudesse não ser tão
notável assim, até porque a ordem mundial deixava de ser
O que é a Convenção da Biodiversidade medida pelo poderio bélico e espacial de uma nação e passava
A Convenção da Diversidade Biológica é o primeiro a ser medida pelo poderio político e econômico.
instrumento legal para assegurar a conservação e o uso Nesse contexto, nos últimos anos, o mundo assistiu às
sustentável dos recursos naturais. Mais de 160 países sucessivas crescentes econômicas da União Europeia e do
assinaram o acordo, que entrou em vigor em dezembro de Japão, apesar das crises que estas frentes de poder sofreram
1993. O pontapé inicial para a criação da Convenção ocorreu no final dos anos 2000.
em junho de 1992, quando o Brasil organizou e sediou uma De outro lado, também vêm sendo notáveis os índices de
Conferência das Nações Unidas, a Rio-92, para conciliar os crescimento econômico que colocaram a China como a
esforços mundiais de proteção do meio ambiente com o segunda maior nação do mundo em tamanho do PIB (Produto
desenvolvimento socioeconômico. Interno Bruto). Por esse motivo, muitos cientistas políticos
Contudo, ainda não está claro como a Convenção sobre a passaram a denominar a Nova Ordem Mundial como mundo
Diversidade deverá ser implementada. A destruição de multipolar.
florestas, por exemplo, cresce em níveis alarmantes. Os países Mas é preciso lembrar que não há no mundo nenhuma
que assinaram o acordo não mostram disposição política para nação que possua o poderio bélico e nuclear dos EUA.
adotar o programa de trabalho estabelecido pela Convenção, Esse país possui bombas e ogivas nucleares que, juntas,
cuja meta é assegurar o uso adequado e proteção dos recursos seriam capazes de destruir todo o planeta várias vezes.
naturais existentes nas florestas, na zona costeira e nos rios e A Rússia, grande herdeira do império soviético, mesmo
lagos. O WWF-Brasil e sua rede internacional acompanham os possuindo tecnologia nuclear e um elevado número de
desdobramentos dessa Convenção desde sua origem. Além de armamentos, vem perdendo espaço no campo bélico em
participar das negociações da Conferência, a organização virtude da falta de investimentos na manutenção de seu
desenvolve ações paralelas como debates, publicações ou arsenal, em razão das dificuldades econômicas enfrentadas
exposições. pelo país após a Guerra Fria.
É por esse motivo que a maior parte dos especialistas em
Geopolítica e Relações Internacionais, atualmente, nomeia a
Nova Ordem Mundial como mundo unimultipolar. “Uni” no
Globalização e geopolítica sentido militar, pois os Estados Unidos é líder incontestável.
“Multi” em razão das diversas crescentes econômicas de novos
polos de poder, sobretudo a União Europeia, o Japão e a China.
NOVA ORDEM MUNDIAL, ESPAÇO GEOPOLÍTICO E
GLOBALIZAÇÃO98 A Divisão do Mundo entre Norte e Sul

Durante a ordem geopolítica bipolar, o mundo era


rotineiramente dividido entre leste e oeste.
O Oeste era a representação do Capitalismo liderado pelos
EUA, enquanto o Leste demarcava o mundo Socialista
representado pela URSS. Essa divisão não era necessariamente
fiel aos critérios cartográficos, pois no Oeste havia nações
socialistas (a exemplo de Cuba) e no leste havia nações
capitalistas.
Contudo, esse modelo ruiu. Atualmente, o mundo é
dividido entre Norte e Sul, de modo que no Norte encontram-
se as nações desenvolvidas e, ao sul, encontram-se as nações
subdesenvolvidas ou emergentes. Tal divisão também segue
os ditames da Nova Ordem Mundial, em considerar
preferencialmente os critérios econômicos em detrimento do
Uma ordem mundial diz respeito às configurações gerais poderio bélico.
das hierarquias de poder existentes entre os países do mundo.
Dessa forma, as ordens mundiais modificam-se a cada
oscilação em seu contexto histórico. Portanto, ao falar de uma

98 http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/nova-ordem-

mundial.htm.

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consequência do crescimento das exportações conquistado


pelos países subdesenvolvidos industrializados.
A participação dos países subdesenvolvidos no comércio
mundial de exportação vinha decrescendo desde o início da
Ordem da Guerra Fria (era de cerca de 31% do total mundial
em 1950 e caiu para cerca de 20% em 1985). Essa situação
começou a se reverter no início da Nova Ordem Internacional.
Nos dez anos seguintes, os países pobres passaram a controlar
maiores parcelas do comércio mundial de exportação.
Esse aumento das exportações, por si só, não foi suficiente
Em vermelho, os países do sul subdesenvolvido e, em azul, para elevar o padrão de riqueza dos países subdesenvolvidos
os países do norte desenvolvido como um todo. A maior parte desse aumento foi de
responsabilidade de um restrito grupo de países
Observa-se que também nessa nova divisão do mundo não subdesenvolvidos industrializados, enquanto a grande
há uma total fidelidade aos critérios cartográficos, uma vez maioria dos mais de 150 países subdesenvolvidos continuou a
que alguns poucos países localizados ao sul pertencem ao assistir à queda dos preços de suas mercadorias de exportação
“Norte” (como a Austrália) e alguns países do norte pertencem (commodities) e a redução de sua participação no comércio
ao “Sul” (como a China). mundial, exceto os exportadores de petróleo.
Mesmo assim, o crescimento do comércio internacional é
A Economia Capitalista Hoje apontado como um dos indicadores da aceleração do processo
de globalização, que criou uma maior dependência das
Vivemos na segunda década da Nova Ordem Internacional. economias nacionais em relação à economia internacional,
Suas características tornam-se a cada dia mais claras. Suas pois uma grande parcela das atividades produtivas e dos
raízes econômicas remontam às transformações iniciadas com trabalhadores fica dependente do desempenho de seus países
as tecnologias dos anos de 1970, que influenciam as potências no mercado mundial.
atuais de forma marcante. Esse crescimento do comércio e essa maior dependência
No campo geopolítico, essa nova era configurou-se com a das economias nacionais são o resultado das políticas de
crise do socialismo, o fim da Guerra Fria e a valorização dos liberalização alfandegária colocadas em prática desde o final
problemas sociais e ambientais. da Segunda Guerra Mundial. Desde então, as taxas
Na atualidade, o grupo de países desenvolvidos, formado alfandegárias médias dos países mais desenvolvidos do
por 23 nações (Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova mundo caíram de 40% para menos de 5%. Por outro lado, o
Zelândia, Islândia, Noruega, Suíça e os 15 membros da União crescimento do comércio internacional foi fruto da maior
Europeia), torna-se cada vez mais rico. Em 2005, a população integração e complementação econômica dos conjuntos de
dessas nações somava 900 milhões de pessoas (13% do total países que formaram organizações ou zonas de livre comércio,
mundial) e produzia cerca de 32 trilhões de dólares (80% do como a União Europeia e o Nafta.
PIB mundial), o que dava uma renda per capita de mais de 35
mil dólares. Em 1960, os mesmos países tinham cerca de 20% Características da Nova Ordem Internacional99
da população mundial e controlavam cerca de 60% do PIB do
mundo. A Nova Ordem Internacional já pode ser caracterizada por
Uma das características político-econômicas mais um amplo conjunto de aspectos. Citaremos todos, porém, nos
importantes da Nova Ordem Internacional foi o crescente uso atentaremos mais detalhadamente, à Globalização.
dos princípios teóricos do neoliberalismo. São eles:
Especialistas acreditam que os neoliberais criaram, com * Investimentos em P&D;
seu pragmatismo, um conjunto de regras econômicas muito * Os blocos econômicos;
claro, que se resume aos seguintes aspectos: * Dívida externa;
* O Estado deve se restringir a algumas funções públicas; *Desemprego;
* O déficit público deve ser evitado e, se existir, reduzido; * As economias em transição;
* As empresas estatais devem ser privatizadas; * O problema da pobreza.
* O Banco Central de cada país deve ser independente;
* A moeda deve ser estável, com um mínimo de inflação; Globalização
* Os fluxos financeiros não devem sofrer restrições; A Globalização não é nenhuma novidade. Há séculos ela
* Os mercados devem ser abertos, liberalizados e evolui na forma de ciclos, intensificando os fluxos de pessoas,
desregulamentados; bens, capital e hábitos culturais. Ela se originou com a primeira
* A produção industrial deve ser internacionalizada, fase da expansão capitalista europeia, impulsionada pelas
buscando-se mão-de-obra mais barata; Grandes Navegações do final do século XV. Entre 1870 e 1890,
* As empresas devem ser modernizadas, enxutas e a globalização foi novamente intensificada, graças à aceleração
competitivas. dos investimentos internacionais, a ampliação do comércio e o
aperfeiçoamento dos meios de transportes e comunicações.
Frente às crises e ao aumento da miséria nos países Posteriormente, durante o período que se estende entre 1910
subdesenvolvidos, alguns neoliberais modernos defendem e 1920, houve nova aceleração desse processo, associada ao
que esse receituário não tem dado certo por culpa dos crescente militarismo, que culminaria com a Primeira Guerra
governos. Seria necessário apenas conter os monopólios Mundial. Um terceiro pico ocorreu durante a década de 1930,
privados, supervisionar os bancos com mais atenção, investir antecedendo a Segunda Guerra Mundial.
em educação e aumentar a poupança interna. Após a Segunda Guerra Mundial, o processo de globalização
Dentro da Nova Ordem Internacional, o controle que os foi mais lento, amarrado pelas relações limitadas entre os países
países desenvolvidos exerciam sobre o comércio de capitalistas e os socialistas e pelas políticas comerciais
exportação no mundo continuou, embora sua participação no
total tenha sido um pouco reduzida. Essa redução foi

99 SCALZARETTO, Reinaldo. Geografia Geral – Geopolítica. 4ª edição. São TERRA, Lygia; et. al. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. 2ª
Paulo: Anglo. edição. São Paulo: Moderna.

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altamente protecionistas. Somente na década de 1990 os Os investimentos internacionais são realizados de forma
investimentos internacionais retornariam ao patamar de 1941. direta, pelas empresas transnacionais que implantam ou
ampliam suas unidades produtivas, ou indireta, quando se
Corporações Transnacionais100 relacionam aos fluxos de capital que entram por meio de
As transnacionais correspondem às corporações empréstimos, moeda trazida por estrangeiros, pagamentos de
industriais, comerciais e de prestação de serviços que atuam exportações, vendas de títulos públicos no exterior e
em distintos territórios dispersos no mundo. Nesse caso, investimentos no mercado financeiro (especialmente em
ultrapassam os limites territoriais dos países de origem das bolsas de valores). Observe sua evolução recente:
empresas. Os investimentos internacionais foram acelerados na Nova
Grande parte das empresas transnacionais é oriunda de Ordem. Eles saltaram de 924 bilhões de dólares em 1991 para
países industrializados e desenvolvidos que detêm um grande mais de 5,4 trilhões em 2001.
capital acumulado; o excedente, nesse caso, é direcionado para Na era da globalização, quando as informações são
países em todos os continentes. instantâneas, um observador pode acompanhar a abertura e o
Os investimentos dessas empresas são altíssimos, uma vez fechamento das mais importantes bolsas de valores do mundo
que a matriz emite os recursos para as filiais localizadas em durante 22 horas seguidas: se ele estiver em São Paulo, a Bolsa
muitos países pobres. Nesses países, as transnacionais de Tóquio abre às 21 horas (hora de Brasília) e fecha às 5 horas
exercem funções importantes como acelerar o do dia seguinte. Uma hora mais tarde, abre a Bolsa de Londres
desenvolvimento industrial, além de gerar postos de trabalho. e, às 11 horas, a de Nova Iorque, que só fecha às 19 horas.
No entanto, essas empresas não têm objetivo social no Podemos notar facilmente que a maior parte dos
momento em que se instalam em um determinado país. Pelo investimentos tem sido sempre no mercado financeiro, ou seja,
contrário, para sua instalação acontecer, o governo oferece nas bolsas de valores. É o que se chama de capital volátil. Esses
uma série de benefícios e incentivos, tais como isenção parcial investimentos entram nos países e saem muito rapidamente,
ou total de tributos, até mesmo dos lucros. Esses países se circulando diariamente no mundo, de uma bolsa para outra,
submetem a essas exigências a fim de atrair novos mais de 3 trilhões de dólares.
investimentos estrangeiros e também garantir a permanência O mercado financeiro de ações comercializadas em bolsas
das empresas. de valores estocava um patrimônio coletivo de 47 trilhões de
As transnacionais estão ligadas à globalização da dólares em 2005. Com o desenvolvimento da informática, o
produção, na qual um único produto pode ter várias origens, mercado financeiro se acelerou como forma de investimento.
isso por que os seus componentes têm origens distintas e são Os investimentos financeiros diretos também cresceram
montados em uma determinada localidade do mundo. Esse bastante, aumentando mais de sete vezes nesse período,
fluxo produtivo visa unicamente verticalizar os lucros, principalmente por meio da compra de empresas privatizadas,
diminuindo os custos, consolidando-se no mercado como dentro da política neoliberal. As privatizações se expandiram
empresas competitivas que buscam alcançar grandes parcelas muito desde o início da década de 1990. Entre 1988 e 2003,
do mercado internacional. houve mais de 9 mil privatizações em cerca de 120 países, que
Há pouco tempo essas empresas eram denominadas somaram mais de 410 bilhões de dólares de transações.
multinacionais, porém gradativamente esse termo não mais Grande parte das pessoas acredita que as privatizações, na
está sendo usado, uma vez que a expressão emite uma ideia de atualidade, só ocorrem em países subdesenvolvidos ou nos
uma empresa que possui diversas nacionalidades. Dessa países socialistas que estão em transição para a economia de
forma, empresas com essas características recebem o nome de mercado. Na verdade, a década de 1990 foi marcada pelo
transnacionais, possuem sede em um país e desempenham aumento das privatizações em diversos países desenvolvidos.
atividades em diversos outros. Embora a globalização seja comandada pelos agentes
Atualmente, existem em funcionamento cerca de 40 mil financeiros e econômicos, há uma profunda relação entre seus
empresas transnacionais, muitas originadas de países interesses e as ações políticas desenvolvidas pelos Estados. Na
desenvolvidos, porém existem ainda corporações oriundas da atualidade, vemos uma espécie de privatização do Estado,
Coreia, Índia, México e Brasil. que é colocado a serviço dos interesses do grande capital.
As transnacionais exercem influência que transcende a Hoje, mais do que em qualquer outra época da
economia, pois interfere em governos e nas relações entre modernidade, a elite econômica colocou o Estado a serviço de
países. seus interesses. São os governos dos países mais ricos do
Essas empresas surgiram efetivamente a partir da Segunda mundo que promovem, numa ação política bem orquestrada,
Guerra Mundial, quando empresas de países ricos migraram a globalização, preparando encontros, ampliando o raio de
suas atividades para lugares espalhados pelo mundo. ação das organizações internacionais, realizando acordos
Com a expansão das transnacionais, a partir da década de comerciais, que favorecem a quem controla a economia.
1950, a globalização foi acelerada. Hoje, a Terceira Revolução Recentemente, por causa das transformações econômicas
Industrial, que gerou um sistema de produção econômica com em direção à globalização, a redução das taxas alfandegárias e
regras que se uniformizam e se universalizam rapidamente, a liberação do movimento dos capitais, muitos estudiosos
está criando uma nova onda de globalização. Suas instituições passaram a acreditar que o Estado nacional estava em fase de
passam a controlar e organizar essa economia em que as dissolução. Em verdade, ocorreu a sua transformação: as
fronteiras perdem a importância e muitos Estados disputam o relações entre o Estado e a economia se internacionalizaram,
direito de abrigar as sedes ou as filiais das grandes e a privatização tornou-se norma. Dessa forma, o Estado
corporações, que controlam a oferta de empregos e abandonou o papel de agente econômico, desfazendo-se dos
investimentos. seus ativos, e passou a exercer o papel de organizador e gestor
Dessa forma, o espaço geográfico mundial tem caminhado de uma economia globalizada, no qual o conceito de soberania
em direção a uma crescente homogeneização, fruto da nacional passou por uma revisão.
imposição de um sistema econômico e social globalizado sobre As aquisições e fusões que têm caracterizado a
toda a superfície da Terra. Nas últimas décadas, esse processo globalização desde o início da década de 1990 não pretendem
sofreu uma forte aceleração, especialmente porque o polo de aumentar a produção, criar novas fábricas e ampliar os
oposição ao capitalismo, que durante 45 anos compartia o empregos. A função dessa onda de fusões é cortar as atividades
mundo, criando a bipolaridade da Guerra Fria, entrou em crise. redundantes, reduzir a concorrência e aumentar a

100 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/transnacionais.htm.

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concentração de capitais. O resultado final tem sido sempre a Mas, ainda nas duas últimas décadas, o processo de
elevação das taxas de desemprego e o aumento da globalização acentuou a distância entre o mundo rico e o
monopolização. mundo pobre, e a quantidade de pessoas vivendo em
O volume das transações financeiras provocadas pelas condições de pobreza elevou-se inclusive nos países ricos.
fusões de grandes empresas tem ampliado o mercado de ações Segundo o economistas, no início do século XXI, cerca de 2/3
e acelerado a movimentação de capitais. da população do planeta encontra-se à margem dos benefícios
No contexto da globalização, os países subdesenvolvidos propiciados pelo aumento na capacidade de produção de
ou periféricos não têm peso na definição desse novo panorama mercadorias e de geração de serviços, e pelo processo de
geopolítico mundial, ficando, cada mais uma vez, atrelados aos globalização (por exemplo, ampliação dos fluxos de
países líderes. Assim, com a decadência do bloco socialista, informações, capitais e mercadorias).
resta para o capitalismo resolver, num futuro próximo, três
graves problemas: Mundialização do Planeta
Os processos de exclusão que estamos observando no
Desigualdade – Há uma crescente desigualdade de padrão mundo inteiro não afetam unicamente os países do sul, mas
de vida entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos, representam a principal preocupação dos países industriais.
além das diferenças de renda dentro dos próprios países Tal como se processa a globalização nas formas atuais, muita
desenvolvidos. Segundo Hobsbawm, a ameaça que a expansão gente está ficando de fora. Segundo estimativas de autores
socialista representou após 1945 impulsionou a formação do americanos, inclui um terço e deixa fora dois terços da
Welfare State (Estado de bem-estar social), com reformas população mundial. Metaforicamente, está havendo uma
sociais nos países desenvolvidos, criando-se uma parceria terceiro-mundialização do planeta.
entre capital e trabalho organizado (sindicatos), sob os Apesar de a globalização ter acentuado os problemas
auspícios do Estado. Isso gerou a consciência de que a sociais nos países do norte, esses problemas são
democracia liberal precisava garantir a lealdade da classe extremamente mais graves nos países do sul, onde a
trabalhadora, com caras concessões econômicas. O abandono capacidade de solução dessas questões é bastante limitada.
dessas políticas sociais tem ampliado o quadro da
desigualdade social, até mesmo em países desenvolvidos. Divisão Norte-Sul
A divisão Norte-Sul simboliza a separação entre os mundos
Conflitos Étnicos – Ascensão do racismo e crescente desenvolvido e subdesenvolvido. Os países desenvolvidos
xenofobia, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, estão situados quase todos no hemisfério Norte (com exceção
devido ao grande fluxo de imigrantes das regiões mais pobres da Austrália e Nova Zelândia, que também são classificados
para os países industrialmente mais desenvolvidos. como países do norte) e os subdesenvolvidos estão situados ao
sul do bloco dos países desenvolvidos. Por esta razão a
Meio Ambiente – Crise ecológica mundial, que alerta para expressão norte passou a ser sinônimo de desenvolvimento e
a necessidade de solucionar as agressões ao meio ambiente, sul, do inverso.
que podem afetar todo o planeta. Considerando a situação atual dos países do mundo, as
diferenças são gritantes. Os países do G-8 (grupo que inclui os
Globalização e Subdesenvolvimento sete países mais ricos: Estados Unidos, Japão, Alemanha,
França, Itália, Reino Unido e Canadá, além da Rússia) são
Subdesenvolvimento não é fruto da globalização. Ele se responsáveis pela produção de cerca de 56% de toda a riqueza
caracteriza por graves problemas sociais e grande do mundo. Todos os demais países reunidos, onde vivem 85%
desigualdade no interior da sociedade e pela capacidade da população mundial, produzem os 44% restantes.
limitada de desenvolvimento tecnológico, entre outros fatores. As distâncias socioeconômicas entre os países tendem a
Os países incluídos nesse grupo também são diferentes entre aumentar a cada ano com o desenvolvimento técnico-
si. Alguns possuem elevada capacidade de produção instalada científico acelerado e concentrado nos países mais
e atraem volumes expressivos de investimentos do exterior, desenvolvidos. Segundo o Relatório 2002 do Fundo de
como é o caso do Brasil. Outros estão excluídos da ordem População das Nações Unidas, em 1960 o rendimento dos 20%
econômica mundial e dependem de ajuda humanitária para a mais pobres no mundo era 30 vezes menor que o dos 20%
sobrevivência da população faminta, sem oportunidades de mais ricos. Essa diferença havia aumentado para 74 vezes em
trabalho e sem condições de obter renda. 2002. O mesmo relatório aponta que cerca de três milhões de
pessoas vivem com menos de dois dólares por dia.
Origens do Subdesenvolvimento Considerando que o desenvolvimento tecnológico é um
A origem do processo de formação dos países elemento importante para o processo de globalização, o Brasil,
desenvolvidos e subdesenvolvidos remonta às grandes no início do século XXI, ocupava a desconfortável 43ª posição
navegações empreendidas pelos Estados-nações recém- no mundo em conquistas tecnológicas.
formados na Europa, a partir do século XV. Nessa época, esses
Estados expandiram o comércio, explorando os produtos e O Conselho de Washington
recursos da América, da África e da Ásia e passaram a exercer O Conselho de Washington refere-se a um conjunto de
forte domínio sobre os povos desses continentes, controlando receitas econômicas criadas, em 1989, visando acelerar o
a extração e a produção neles realizadas. desenvolvimento da América Latina. O economista John
As terras conquistadas e dominadas (as colônias) não Williamson reuniu o pensamento das grandes instituições
possuíam autonomia administrativa, e seus recursos e financeiras (FMI, Banco Mundial, BIRD) e também do governo
riquezas eram explorados intensamente, em benefício de norte-americano, que pretendiam resolver a crise dos países
alguns países, como Portugal, Espanha, Holanda, França e pobres e particularmente os da América Latina, e propor
Inglaterra (as metrópoles). caminhos para o desenvolvimento.
A exploração dos recursos das colônias, como metais Entre essas instituições havia “consenso” sobre alguns
preciosos, minérios e produtos agrícolas, proporcionou de fato pontos principais. De acordo com o Conselho de Washington,
um grande enriquecimento às metrópoles. os países deveriam:
Poucas foram as exceções a essa forma de colonialismo. * promover uma reforma fiscal, isto é, uma reforma no
São os casos da Austrália, Nova Zelândia, Canadá e dos EUA. sistema de atribuição e de arrecadação de impostos, para que

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as empresas pudessem pagar menos e adquirir maior dominantes ficavam com a maior parte da riqueza produzida,
competitividade. enquanto as colônias tinham a função de contribuir para a
* promover o corte de salários e demissão dos funcionários acumulação de capital nas metrópoles.
públicos em excesso, e realizar mudanças na previdência A economia capitalista se desenvolveu concentrando
social, nas leis trabalhistas e no sistema de aposentadoria, para riqueza e poder nas mãos das elites, principalmente das
diminuir a dívida do governo (chamada dívida pública). potências dominantes, criando em contrapartida regiões
Além disso, o Conselho de Washington propunha a pouco desenvolvidas economicamente e pouco
abertura comercial, o aumento de facilidades para a entrada e industrializadas, chamadas a partir da segunda metade do
saída de capitais e a privatização de empresas estatais. século XX de subdesenvolvidas.
Esse termo tem sido questionado, pois a maior parte dos
Risco-País países chamados subdesenvolvidos esteve durante muito
Numa economia internacional muito integrada, s maiores tempo na condição de colônia, e a exploração de seus recursos
investidores têm grande “controle” ou “poder” sobre a naturais e humanos impediu o seu crescimento econômico e
situação econômico-financeira de um país, conforme a seu desenvolvimento social. Ou seja, dentro de um mesmo
dependência desse país em relação aos investimentos processo, o crescimento econômico de uns foi conseguido em
externos. As agências internacionais de investimentos, por sua detrimento de outros.
vez, divulgam relatórios constantemente sobre a capacidade Podemos dizer que as desigualdades econômicas e sociais
dos países para pagar seus compromissos externos e avaliam dividem o mundo em dois grandes grupos: o dos países ricos,
o “nível de segurança” de cada país. Essa classificação recebe o mais industrializados, desenvolvidos, com menores
nome de risco-país, e os investidores levam em conta esses problemas sociais, e o dos países pobres, menos
relatórios ao aplicarem seu capital. industrializados, que contam com inúmeros problemas
Enfim, nesse mundo globalizado, o sistema financeiro sociais, incluindo enorme quantidade de pessoas que vivem
internacional acaba tendo forte influência na vida das em precárias condições de vida. Esses grupos não são
sociedades dos diversos países, com consequências muitas homogêneos, apresentando grandes diferenças.
vezes negativas.
Grandes Conjuntos de Países
O que é risco-país? Muitos países subdesenvolvidos, após a Segunda Guerra
É uma classificação baseada na diferença entre o juro pago Mundial, passaram a investir na indústria, ficando conhecidos
por um papel (título) e a taxa oferecida por um título com como países em subdesenvolvimento. Como a Primeira
prazo de vencimento semelhante pelo Tesouro dos Estados Revolução Industrial ocorreu no século XVIII e a Segunda
Unidos, título este considerado o papel mais seguro do planeta, Revolução Industrial no século XIX, esse processo é
de risco praticamente zero. Essa avaliação é realizada por considerado industrialização tardia ou retardatária. E o
agências de investimentos como Moody`s, Standard & Poor`s caso do Brasil, México, Argentina e Tigres Asiáticos (Coreia
(S&P) e Fitch (todas norte-americanas). do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, na China).
A classificação reflete, na visão dos investidores, qual é a Os países ricos e pobres já receberam diversas
possibilidade de o país pagar ou não suas dívidas interna e denominações. Uma delas, a partir da década de 1980, refere-
principalmente externa. se à localização geográfica. Os mais desenvolvidos passaram a
Quanto maior a taxa de risco de um país, mais altos serão ser chamados de países do Norte, pois na sua maior parte
os juros que o governo terá de pagar para renovar ou obter encontravam-se no Hemisfério Norte. Os subdesenvolvidos,
novos empréstimos, e menos para receber novos localizados majoritariamente no Hemisfério Sul, ficaram
investimentos. (Adaptado de Folha de São Paulo, 13/06/2002, conhecidos como países do Sul.
p. B-4 e 22/10/2002, p. B-1). Mais recentemente, com a expansão e a
Os países, para serem confiáveis, deveriam cumprir as internacionalização dos mercados, os países foram divididos
normas e as sugestões do “Consenso”. Nada era obrigatório, em países centrais, mercados emergentes (ou
mas seguir suas determinações básicas era condição para semiperiféricos) e países periféricos.
receber ajuda financeira externa e atrair capitais estrangeiros. Em parte dos países em desenvolvimento (Brasil, México e
Argentina), o processo de industrialização apoiou-se no
A Escala Regional na Ordem Global modelo de substituição de importações, que incluía a
proteção do mercado interno, a proibição da entrada de
Em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU manufaturados estrangeiros e o fortalecimento de indústrias
reconheceu, por maioria, a Palestina como Estado observador locais (nacionais e transnacionais).
não membro (Nova York, Estados Unidos). Para muitos Outros países, como os que compõem os Tigres Asiáticos,
analistas, esse reconhecimento poderia ter significado a industrializaram-se a partir do modelo de plataformas de
retomada do processo de paz. exportação, no qual empresas transnacionais se instalam em
determinado país e passam a exportar sua produção para
Comércio Desigual e Regionalização na Economia outros países, onde o produto final é montado.
Global
De acordo com a inserção na economia mundial, é possível Mudanças nos Padrões de Divisão Internacional do
identificar grandes conjunto de países. A profunda Trabalho
desigualdade na participação no comércio mundial está Desde o final do século XX têm ocorrido algumas mudanças
relacionada com as mudanças nos padrões da divisão nos padrões da divisão da produção e do comércio
internacional do trabalho. internacional, com o crescimento da participação dos países
em desenvolvimento nas exportações de manufaturados.
Inserção Desigual dos Países na Economia Mundial No início do século XX, diversos países subdesenvolvidos,
Os países não se inserem na economia mundial da mesma incluindo o Brasil, eram predominantemente
maneira. O atraso econômico de muitos países é resultado de agroexportadores. Na tradicional divisão internacional do
um processo histórico. O crescimento econômico das nações trabalho essas economias estavam assentadas
nos últimos séculos se confunde com a própria história do principalmente na exportação de matérias primas ou
desenvolvimento do capitalismo, que desde o século XVI produtos primários (agropecuários, extrativos, minerais)
estabeleceu uma divisão internacional do trabalho. Os países para os países ricos. Por outro lado, os países

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subdesenvolvidos recebiam dos países desenvolvidos Os países semiperiféricos da Ásia têm aumentado sua
produtos do setor secundário (industrializados) e do setor participação nas exportações mundiais, representando 31,5%
terciário (comércio, capital, tecnologia). Os produtos do total em 2010, ano em que a China ultrapassou os Estados
exportados pelos países subdesenvolvidos tinham menor Unidos tornando-se a primeira potência comercial do mundo.
valor que os exportados pelos países desenvolvidos. Na Os Tigres Asiáticos constituíram uma indústria nacional
produção industrial e tecnológica estão os produtos de maior voltada para o mercado internacional, abastecendo-o com
valor agregado, ou seja, com maior quantidade de riqueza produtos de tecnologia avançada (computadores, automóveis
incorporada. e aparelhos eletrônicos). Investimentos em educação
Desde as últimas décadas do século XX, os países em produziram uma mão de obra qualificada, embora barata.
desenvolvimento têm encontrado algumas brechas para Os Novos Tigres Asiáticos, conjunto formado por Malásia,
produzir e colocar produtos manufaturados no comércio Indonésia, Filipinas e Tailândia, procuram aumentar sua
mundial. No entanto, em grande parte, ainda exportam produção e exportação de manufaturados. Esses países se
produtos que agregam apenas tecnologia tradicional. industrializaram na década de 1970, na mesma época da
O êxito no mercado internacional, com entrada industrialização de Chile, Egito, Turquia, Ilhas Maurício,
significativa de divisas, não ocorre apenas para produção e Venezuela, Colômbia, Peru, Argélia e Marrocos.
exportação de grande volume de mercadorias. O que importa Entre os países semiperiféricos, os exportadores mais
mais é o valor agregado à mercadoria. No caso, os países dinâmicos, que respondem por até 80% das exportações dos
desenvolvidos agregam alta tecnologia. países em desenvolvimento, de baixa, média e alta tecnologia,
A maior parte do aumento da participação dos países em são apenas sete: China, Coreia do Sul, Malásia, Cingapura,
desenvolvimento no mercado de bens manufaturados provém Taiwan, México e Índia.
da Ásia Oriental e do Pacífico. A China e a Índia, economias que têm crescido muito,
Somente um pequeno grupo de países participa das integram-se ao esquema de produção e comercialização
exportações de alta e média tecnologia (China e Taiwan, Coreia fabricando, entre outros, partes de componentes para
do Sul, Malásia, Cingapura, Índia, além do México, na América computadores ou carros. Contando com um terço da
Latina). população mundial e com grandes taxas de crescimento
O mesmo acontece com as exportações de manufaturados econômico, apesar de apresentarem grandes problemas
com utilização de baixa tecnologia, nas quais se destacam sociais, uma aliança entre essas duas potências emergentes
China, Taiwan, Coreia do Sul, México e índia. poderia redefinir o poder mundial.
Outros fatores como o custo dos transportes a distância Especialistas do mundo dos negócios dizem que no final da
entre os mercados mundiais influem no comércio. primeira metade do século XXI será impossível ignorar a sigla
Brics – iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
Nova Divisão Internacional do Trabalho (South Africa). Inicialmente, os quatro primeiros países
Atualmente, tem-se estabelecido entre os países uma nova constituíram o Bric, um grupo de cooperação que realizava
divisão internacional do trabalho, destacando-se três reuniões anuais com o objetivo de aumentar sua importância
grupos de países: os industrializados centrais, os geopolítica no cenário mundial. Em 2011, a África do Sul foi
industrializados semiperiféricos e as economias periféricas, formalmente incluída no grupo, por apresentar
predominantemente agroexportadoras. desenvolvimento similar. Esses países são considerados a elite
Os países industrializados centrais iniciaram sua dos mercados emergentes com crescente importância na
industrialização ainda no século XIX, formando uma indústria economia global. Segundo prognósticos, esses cinco países
nacional e consolidando um mercado interno. Atualmente deverão estar entre as maiores economias do planeta,
fabricam e exportam produtos da indústria de ponta desbancando potências como o Japão e a Alemanha.
(informática, aeroespacial e outras), os quais agregam alta Os países de fraca industrialização (ou periféricos)
tecnologia. constituem-se de parte dos países asiáticos, parte dos latino-
Podemos citar como exemplos os Estados Unidos, alguns americanos e a maioria dos africanos. Contando com pouca
países da Europa Ocidental (Alemanha, França, Reino Unido, industrialização e tendo por base uma economia
Itália, Holanda, Bélgica, Suíça e Suécia), Japão e Canadá. agroexportadora, participam marginalmente do mercado
O grupo das sete nações mais industrializadas (Estados mundial, fornecendo principalmente produtos primários.
Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Canadá) Na África, destacam-se as exportações de cacau (Costa do
é conhecido como G-7. Em alguns casos a Rússia integra esse Marfim), de tabaco (Zimbábue) e de minérios, como o
grupo, que passa a ser denominado G-8. diamante (Botsuana e Namíbia) e o cobre (Zâmbia e Namíbia).
Os países industrializados semiperiféricos formam um Na América Central e América do Sul, Jamaica e Suriname
grupo muito diversificado e a maior parte tem pouca exportam bauxita; a Bolívia, gás natural; e o Chile, cobre. Na
porcentagem de participação nas exportações de produtos Ásia, o Sri Lanka depende das exportações de chá.
manufaturados. As cotações das commodities (mercadorias em estado
Além das áreas centrais da Europa, outros países europeus bruto ou produtos primários) são fixadas pelos países ricos,
(como Polônia, Espanha, Portugal e Grécia) ou ex-colônias sendo constantemente depreciadas. Além disso, os países ricos
europeias (Austrália, Nova Zelândia, África do Sul) funcionam mantêm um conjunto de barreiras protecionistas e de
como espaços de produção industrial anexos dos países subsídios agrícolas, desfavorecendo ainda mais os países
centrais. periféricos.
Alguns países da Comunidade de Estados Independentes
(CEI), como Rússia, Cazaquistão, Belarus e Ucrânia, tentam se Interesses Econômicos e Comércio Internacional
reorganizar industrialmente após o abandono do regime Pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, a
socialista. Conferência de Bretton Woods, realizada em 1944 nos Estados
Também fazem parte desse grupo países da América Unidos, estabeleceu novas regras financeiras e comerciais
Latina, como México, Brasil e Argentina, que fabricam e mundiais. O sistema monetário internacional utilizava o
exportam produtos industrializados utilizando padrão-ouro para definir o valor das moedas a partir do peso
principalmente baixa e média tecnologia, mas também do ouro ou equivalente (1870-1914). A substituição do
exportam produtos agrícolas, matérias-primas minerais e padrão-ouro pelo padrão dólar-ouro (1944-1971), definido
vegetais. na Conferência de Bretton Woods, fez do dólar dos Estados
Unidos a principal moeda internacional, assegurando seu

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predomínio nos bancos centrais dos países e no comércio Fluxos do Comércio Internacional
mundial. Os Estados Unidos se comprometiam a trocar, Desde as duas últimas décadas do século XX, o comércio
sempre que necessário, dólares por ouro. internacional tem apresentando crescimento acelerado, ciclo
Cada país era obrigado a declarar o valor de sua moeda em que foi momentaneamente interrompido com a crise
dólar e em ouro para o Fundo Monetário Internacional financeira dos Estados Unidos, no final de 2008.
(FMI), um dos organismos criados nessa conferência, que O mercado imobiliário americano passou por uma fase de
tinha a função de garantir a estabilidade do sistema financeiro expansão acelerada desde 2001, estimulado pela queda
para favorecer a expansão e o desenvolvimento do comércio gradativa de juros e incorporação de segmentos da sociedade
mundial. Posteriormente esse organismo passou a de renda mais baixa e com dificuldade de comprovar sua
supervisionar as dívidas externas dos países. capacidade de pagamento de débitos. Esses negócios
Como resultado da Conferência de Bretton Woods foi estimularam o mercado de títulos de maior risco até gerar uma
criado também o Banco Mundial, em 1945, que financiou a reação em cadeia de inadimplência que quebrou o mercado de
reconstrução da Europa no pós-guerra. Atualmente realiza créditos imobiliários. Essa crise imobiliária provocou uma
empréstimos para países periféricos ou semiperiféricos. Uma crise mais ampla no mercado financeiro americano, afetando
das principais instituições que compõem o Banco Mundial é o o desempenho da economia mundial.
Banco Internacional para a Reconstrução e o Por causa dessa crise, as economias do mundo rico
Desenvolvimento (Bird). encolheram 3,2% em 2009 e cresceram, em média, 2% em
Na fase da globalização financeira, déficits na balança de 2010. O desemprego também aumentou nesses países,
pagamentos dos Estados Unidos levaram o país a declarar, em atingindo patamares acima de 8%. Em contrapartida, no Bric,
1971, que não mais converteriam dólar em ouro. Em 1979, foi a crise teve um impacto menor.
estabelecido o padrão financeiro de câmbio flutuante, Por sua vez, o comércio mundial encontra-se fortemente
adotando-se o sistema de taxas de câmbio flutuantes entre concentrado nos países mais ricos, e os principais
divisas. Dessa maneira, abriu-se o caminho para os programas prejudicados da crise financeira foram os mais pobres.
de reajuste estrutural, impostos pelo FMI aos países Segundo projeções do Banco Mundial, o número de pessoas
periféricos, e para a liberalização do comércio externo. Os muito pobres será maior até 2020 do que poderia ser se o
países subdesenvolvidos obtiveram permissão para contrair crescimento econômico não tivesse diminuído desde 2008 e os
empréstimos junto ao FMI. Assim, ao final de 2003, os países programas sociais não tivessem sido afetadas.
em desenvolvimento tinham uma dívida de mais de 2,5 bilhões
de dólares oprimindo-os e impedindo-lhes o desenvolvimento. Questões
Muitas dívidas, contraídas em períodos de ditaduras,
foram consideradas “odiosas” por alguns economistas e 01. (PC/PI – Escrivão de Polícia Civil – UESPI) No início
organizações, pois não serviam aos interesses do povo. Mesmo dos anos 1990, o mundo assistiu à derrocada do chamado
o pagamento de enormes quantias tem sido insuficiente para Bloco Socialista, comandado pela ex-União Soviética, tendo
quitar parte dessa dívida externa diante dos altos encargos de como consequência o fim da Guerra Fria e o surgimento de
juros e dos serviços da dívida (reembolso anual de capital e uma Nova Ordem Mundial, que apresenta como
interesses vencidos). Estima-se que a África Subsaariana características, EXCETO,
pagou duas vezes o montante de sua dívida externa, entre (A) o controle do mercado mundial por grandes
1980 e 1996, mas encontra-se três vezes mais endividada. corporações transnacionais.
Sendo assim, os países pobres passam a depender de mais (B) aprofundamento da Globalização da economia e
empréstimos de instituições como o FMI e o Banco Mundial consolidação da tendência à formação de blocos econômicos
para manter esse círculo vicioso, submetendo-se às regionais.
imposições de ajustes estruturais. (C) processos pacíficos de Fragmentação territorial sem
Outro organismo que estabelece regras para o comércio ocorrência de conflitos étnicos, a exemplo da ex-Iugoslávia.
internacional, visando diminuir barreiras comerciais, é a (D) ampliação das desigualdades internacionais.
Organização Mundial do Comércio (OMC), criada em 1995 (E) a existência de uma realidade mais complexa, com
em substituição ao Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), múltiplas oposições ou tensões econômicas, étnicas, religiosas,
de 1947. Em diversas negociações, esse organismo tem ambientais etc.
favorecido os países mais industrializados, como entre 1986 e
1994, na Rodada do Uruguai; em 1999, na Rodada do Milênio; 02. (Prefeitura de Martinópole/CE – Agente
e, em 2001, na Rodada de Doha. Administrativo – CONSULPAM) A nova economia
De fato, a taxa de abertura econômica dos países mais ricos internacional possui elementos característicos onde os que se
– 13,5% para os Estados Unidos e Japão, e 14,3% para os da destacam são os que se referem ao quadro geral determinado
União Europeia – é muito inferior à dos países mais pobres pela Globalização. Com isso podemos AFIRMAR que o atual
(cerca de 30%). Isso se deve ao fato de que a pressão da União cenário mundial é assinalado pela:
Europeia e dos Estados Unidos foi maior para exportar seus (A) bipolaridade
produtos industriais e serviços a taxas aduaneiras mais baixas (B) unimultipolaridade
do que a diminuição de subvenções e créditos protecionistas (C) velha ordem mundial
aos seus produtos agrícolas. Esse fato acentuou ainda mais a (D) Nova Guerra Fria
desigualdade de condições dos países no comércio mundial.
Por causa dessas dificuldades, outras organizações 03. (SEDU/ES – Professor de Geografia – CESPE) Com
exercem um poder político importante no contexto relação à geografia política mundial, julgue o item a seguir.
internacional. Esse é o caso da Conferência das Nações A nova ordem mundial apresenta uma faceta geopolítica e
Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), outra econômica. Na geopolítica, houve uma mudança para um
que desde 1964 presta auxílio técnico aos países em mundo multipolar, onde as potências impõem mais por seu
desenvolvimento para a integração no comércio mundial. Por poder econômico que pelo poder bélico. Na economia, o que
considerar discriminatórias as políticas da OMC, esses países aconteceu foi o processo de globalização e a formação de
apoiam-se na Unctad para negociar com os países ricos. blocos econômicos supranacionais.
A organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) (....) Certo (....) Errado
também é um bom exemplo de organização paralela de defesa
de interesses.

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04. (IF/SE – Analista – IF/SE) "Com a derrocada do e municípios – para alcançar o bem-estar da população. Porém,
socialismo real e da União Soviética, entre 1989 e 1991, surgiu nem sempre essas políticas organizadas pelo governo
uma nova ordem mundial que, a princípio, parecia ser representam de fato as necessidades apontadas pelo
unipolar, com uma única superpotência, os Estados Unidos. sociedade de maneira geral. Por isso, a sociedade civil
Mas essa ideia parece ser aplicável somente a um breve organizada se faz fundamental no processo de incidência junto
período transitório, pois o poderio estadunidense vem se ao poder público, cobrando políticas que tenham relação com
enfraquecendo, em termos relativos (isto é, em comparação as necessidades reais da população.
com o crescimento da China, da Europa unificada, da Índia Essa visão de política pública estatista é criticada por
etc.)." Vesentini, Wiliam - 2009. Assinale a afirmativa correta alguns autores, que enxergam as políticas públicas como
sobre os fatos da nova ordem mundial: conjuntos multicêntricas. Em artigo sobre o assunto, Waner
(A) O ponto fraco da União Europeia é o rápido Gonçalves Lima aponta que política pública é um conjunto de
envelhecimento e o baixo poder aquisitivo de sua população. ações, não uma ação isolada. Na abordagem multicêntrica das
(B) Apesar da crise na transição do socialismo real para a políticas públicas, o destaque não se destina ao autor que
economia, a herdeira da Ex União Soviética, Rússia, voltou a ser formulou a política, mas sim a origem do problema que deve
uma superpotência, apesar da fragilidade do setor de ser enfrentado, que, normalmente, está relacionado com
tecnologia de ponta. alguma outra questão, que também é pública. Nessa
(C) Uma das dificuldades para o Japão na formação de um abordagem, não só o governo é propulsor de políticas públicas,
Megabloco na Ásia é a desconfiança de algumas importantes mas também os movimentos sociais, ONGs s sociedade civil
nações, como China e Coréia do Sul, que o consideram um país organizada como um todo.
imperialista, sobretudo pela brutalidade e pelo racismo
demonstrado pelas tropas japonesas quando da ocupação de Características das políticas públicas no Brasil
seus territórios. Uma das características relevantes nas políticas públicas
(D) A China atualmente é o Estado nacional que poderia brasileiras é a fragmentação. Muitas vezes essa fragmentação
ameaçar a hegemonia estadunidense, em função do causa problemas pois há muitas divergências entre
crescimento econômico e do regime político democrático. determinadas agências de controle quando o assunto é
(E) A Índia é outro país que vem se modernizando, e é burocrático. Outra característica das políticas públicas
favorecida pela abundância de recursos minerais e ausência de brasileiras é a descontinuidade administrativa, em que as
problemas étnicos, sociais e político territoriais. agências responsáveis pelas políticas públicas muitas vezes
pensam nas políticas públicas de acordo com o interesse de
05. (IF/SP – Professor de Geografia – FUNDEP) O seus gestores. Levando isso em consideração, a cada mudança
processo de mundialização da economia capitalista inaugurou de cargo, muda-se as políticas implantadas.
uma nova divisão internacional do trabalho porque Outra característica está ligada principalmente as políticas
(A) a diversidade das plantas industriais, até então sociais e dão preferência para o que é ofertado sem considerar
vigentes nas mais diferentes economias do planeta, sofreram as necessidades dos beneficiados. Essa situação resulta em
homogeneização, excluindo a complementaridade. problema ligados a credibilidade governamental, frustração
(B) a divisão do mundo em países produtores de bens dos cidadãos, desperdícios, etc. Um outro ponto relevante é a
industrializados e países unicamente produtores de matérias- separação de política econômica e política social. Nesse caso a
primas, quer agrícolas, quer minerais, já não bastava. política social assume um papel secundário. Um outro aspecto
(C) a expansão industrial sobrepôs uma divisão horizontal importante é a focalização e a seletividade, baseados nos
à antiga divisão vertical do trabalho, mediante eliminação de direitos universais.
níveis de qualificação dentro de cada ramo industrial
(D) a indústria multinacional restringiu sua atuação aos Novos Arranjos para as Políticas Públicas
mercados de países centrais e criou bases produtivas A partir da década de 90 foram realizadas tentativas para
adaptadas às necessidades de seus mercados nacionais. criar políticas públicas universais e estáveis. Surgiram leis
como a Lei Maria da Penha, Estatuto da Criança e do
Gabarito Adolescente e o Estatuto do Idoso. Além disso, foram
introduzidos benefícios sociais como o bolsa família e bolsa
01.C/ 02.B / 03.Certo / 04.C / 05.B escola. Muitas dessas conquistas são resultados de
organizações montadas pelos civis através de referendos,
protestos e manifestos. Seria importante que as políticas
públicas fossem integradas para um único propósito. No
Políticas públicas: entanto, o que se vê atualmente é um processo fragmentado.
educação, habitação, Apesar dessa situação, nos últimos tempos a
saneamento, saúde, administração das políticas públicas se tornaram mais
democráticas, com o Estado desenvolvendo um papel mais
transporte, segurança, defesa, próximo da sociedade. Começa a ser trabalhada uma política
desenvolvimento sustentável menos centralizada em que a população participa com mais
empenho e importância nas políticas públicas brasileiras. Os
políticos tentam agora desenvolver métodos para decisões
POLÍTICAS PÚBLICAS101 compartilhadas.

De acordo com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Questões


Micro e Pequenas Empresas), o conceito de políticas públicas
diz respeito a um conjunto de ações e decisões do governo, 01. (DETRAN/MT – Administrador – UFMT) Políticas
voltadas para a solução de problemas encontrados na Públicas consistem em:
sociedade. (A) Outputs resultantes da atividade política, em áreas
Caracteriza-se como política pública o sistema de metas e como emprego, educação, segurança e saúde.
planos pensados pelos três entes federativos – união, estados

101 http://educacaointegral.org.br/glossario/politicas-publicas/

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(B) Procedimentos formais e informais que expressam Código Florestal


relações de poder na solução de conflitos. O Código Florestal Brasileiro dispõe sobre a proteção da
(C) Centros de competências instituídos para o vegetação nativa e estabelece normas gerais sobre a proteção
desempenho de funções estatais, por meio de seus agentes. da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de
(D) Procedimentos que permitem aos gestores públicos Reserva Legal.
tornar públicas suas ações, garantindo-lhes transparência. Trata também de temas acerca da normatização geral da
proteção da vegetação do Brasil, com destaque à Áreas de
02. (ANVISA - Técnico Administrativo – CETRO) Sobre preservação permanente; Áreas de reserva legal; Áreas de uso
as políticas públicas, é correto afirmar que: restrito; Áreas verdes urbanas; Uso sustentável dos apicuns e
(A) guardam profunda relação com o mandato eletivo, salgados; Exploração florestal; Suprimento de matéria-prima
podendo estender-se por vários mandatos, a fim de garantir a florestal; Controle da origem dos produtos florestais; Controle
transparência nas ações dos agentes públicos em cargos e prevenção de incêndios florestais; Programa de Apoio e
comissionados. Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente;
(B) podem ser entendidas como o conjunto de planos e Instrumentos econômicos e financeiros para a proteção
programas de ação governamental estrategicamente tomados, florestal.
voltados a influenciar a vida de um conjunto de cidadãos, por
meio dos quais são traçadas as metas, sobretudo para Unidades de Conservação
satisfação dos direitos fundamentais. Através da Constituição de 1988 adveio a Lei nº. 9.985 de
(C) são instrumentos de democratização e orientação da 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de
política orçamentária governamental; através da participação Unidades de Conservação, bem como regulamentou o § 1º, I, II,
direta da sociedade civil, contribuem na definição das III e VII, do art. 225 da Constituição Federal de 1988.
prioridades das políticas públicas; A Lei nº. 9.985/2000 aduz objetivos que garantem a
(D) são um conjunto de normas voltadas à defesa dos sustentabilidade do espaço territorial destinado à proteção,
direitos da sociedade, garantindo assim que os servidores com bem como diretrizes que se voltam para a constituição e
cargo eletivo atendam aos princípios básicos previstos na funcionamento das unidades de conservação, busca-se, no
Constituição Federal entanto, vislumbrar a identidade dos ecossistemas brasileiros.
(E) designam a ação do governo eleito na administração e Tanto os objetivos quanto as diretrizes, estão respectivamente
condução dos atos públicos, garantindo assim que as apresentados pelos artigos 4º e 5º da lei 9.985/2002.
necessidades da sociedade sejam atendidas. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC) é o conjunto de unidades de conservação (UC)
Gabarito federais, estaduais e municipais. É composto por 12 categorias
de UC, cujos objetivos específicos se diferenciam quanto à
01.A / 02.B forma de proteção e usos permitidos: aquelas que precisam de
maiores cuidados, pela sua fragilidade e particularidades, e
POLÍTICAS AMBIENTAIS NO BRASIL aquelas que podem ser utilizadas de forma sustentável e
conservadas ao mesmo tempo.
Políticas Ambientais são um conjunto de ações
ordenadas e práticas tomadas por empresas e governos com o Corredores Ecológicos102
propósito de preservar o meio ambiente e garantir o Corredores Ecológicos são áreas que possuem
desenvolvimento sustentável do planeta. Esta política ecossistemas florestais biologicamente prioritários e viáveis
ambiental deve ser norteada por princípios e valores para a conservação da biodiversidade na Amazônia e na Mata
ambientais que levem em consideração a sustentabilidade. Atlântica, compostos por conjuntos de unidades de
Estas políticas são, portanto, importantes instrumentos conservação, terras indígenas e áreas de interstício.
para a garantia de um futuro com desenvolvimento e Sua função é a efetiva proteção da natureza, reduzindo ou
preservação ambiental. São também fundamentais para o prevenindo a fragmentação de florestas existentes, por meio
combate ao aquecimento global do planeta (verificado nas da conexão entre diferentes modalidades de áreas protegidas
últimas décadas), redução significativa da poluição ambiental e outros espaços com diferentes usos do solo.
(ar, rios, solo e oceanos) e melhoria na qualidade de vida das A implementação de reservas e parques não tem garantido
pessoas (principalmente dos grandes centros urbanos). a sustentabilidade dos sistemas naturais, seja pela
A Lei nº 6.938/81 dispõe sobre a Política Nacional do descontinuidade na manutenção de sua infraestrutura e de seu
Meio Ambiente e institui o Sistema Nacional do Meio pessoal, seja por sua concepção em ilhas, ou ainda pelo
Ambiente, seus fins e mecanismos de formação e aplicação, e pequeno envolvimento dos atores residentes no seu interior
dá outras providências. Essa é a mais relevante norma ou no seu entorno.
ambiental depois da Constituição Federal da 1988, pela qual Integrante do Programa Piloto para a Proteção das
foi recepcionada, visto que traçou toda a sistemática das Florestas Tropicais do Brasil, o Projeto atua em dois
políticas públicas brasileiras para o meio ambiente. corredores: O Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA) e o
Com o advento da Lei nº 6.938/81 o país passou a ter Corredor Central da Amazônia (CCA).
formalmente uma Política Nacional do Meio Ambiente, uma A implementação desses Corredores foi priorizada com o
espécie de marco legal para todas as políticas públicas de meio propósito de testar e abordar diferentes condições nos dois
ambiente a serem desenvolvidas pelos entes federativos. principais biomas e, com base nas lições aprendidas, preparar
Antes disso, cada Estado ou Município tinha autonomia para e apoiar a criação e a implementação de demais corredores.
eleger as suas diretrizes políticas em relação ao meio ambiente A participação das populações locais, comprometimento e
de forma independente, embora na prática poucos realmente conectividade são elementos importantes para a formação e
demonstrassem interesse pela temática. manutenção dos corredores na Mata Atlântica e na Amazônia.

102 http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/programas-e-
projetos/projeto-corredores-ecologicos.html

Atualidades e Convivência Social 80


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Objetivos do projeto: estaduais e municipais e da sociedade civil como o principal


Reduzir a fragmentação mantendo ou restaurando a instrumento de planejamento ambiental territorial em
conectividade da paisagem e facilitando o fluxo genético entre implementação. Seu papel ganha força e legitimidade na
as populações. medida em que cresce a percepção de que o meio ambiente
Planejar a paisagem, integrando unidades de conservação, está submetido a pressões que comprometem a base de
buscando conectá-las e, assim, promovendo a construção de recursos naturais do próprio desenvolvimento e da qualidade
corredores ecológicos na Mata Atlântica e a conservação de vida.
daqueles já existentes na Amazônia. Em síntese, o ZEE tem como objetivos:
Demonstrar a efetiva viabilidade dos corredores - Subsidiar a elaboração de planos, programas e políticas e
ecológicos como uma ferramenta para a conservação da propor alternativas para a tomada de decisões, segundo o
biodiversidade na Amazônia e Mata Atlântica. enfoque da compatibilização entre as atividades econômicas e
Promover a mudança de comportamento dos atores o ambiente natural;
envolvidos, criar oportunidades de negócios e incentivos a - Identificar incongruências e afinidades entre as políticas
atividades que promovam a conservação ambiental e o uso nacionais de meio ambiente e de desenvolvimento;
sustentável, agregando o viés ambiental aos projetos de - Reunir esforços de sistematização de dados e
desenvolvimento. informações para subsidiar, por exemplo, o licenciamento
Para atingir este objetivo, o Projeto Corredores Ecológicos ambiental e a ação governamental de controle do
desenvolve uma abordagem abrangente, descentralizada e desmatamento;
participativa, permitindo que governo e sociedade civil - Identificar oportunidades de uso dos recursos naturais,
compartilhem a responsabilidade pela conservação da estabelecendo os parâmetros necessários para sua
biodiversidade, podendo planejar, juntos, a utilização dos exploração;
recursos naturais e do solo; envolvendo e sensibilizando - Identificar e analisar problemas ambientais, tais como
instituições e pessoas, criando parceiras em diversos níveis: áreas degradadas, usos inadequados e exploração irregular;
federal, estadual, municipal, setor privado, sociedade civil - Propor diretrizes legais e programáticas de caráter
organizada e moradores de entorno das áreas protegidas. conservacionista e de desenvolvimento sustentável.
Para o alcance desses objetivos, torna-se fundamental a
Zoneamento Ecológico e Econômico103 integração do ZEE com os demais instrumentos de
As novas demandas postas pelo desenvolvimento com planejamento ambiental territorial (como a Agenda 21, os
inclusão econômica e diminuição das disparidades sociais planos diretores municipais e os planos de recursos hídricos)
lançam um grande desafio para o ordenamento e a gestão e a sistematização e disponibilização das informações
ambiental territorial em bases sustentáveis. Por consequência, referentes às diversas iniciativas de zoneamento e gestão
surge a necessidade premente de obter uma visão geral sobre ambiental territorial existentes, de acordo com os parâmetros
a ocupação territorial brasileira, ressaltando, em particular, as estabelecidos pela Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais
especificidades do uso dos recursos naturais, os conflitos (Inde), com o intuito de se consolidar um banco de dados
relacionados e as potencialidades regionais do país, em seus compartilhado que atenda a demandas estratégicas, como, por
diversos ecossistemas. exemplo, a orientação a determinadas linhas de financiamento
Porém, a ocupação do território brasileiro, como um todo, baseadas nas categorias estabelecidas pelo ZEE, conforme
apresenta um caráter predominantemente extensivo. Com entendimento firmado através de Resolução do Conselho
efeito, a despeito dos excepcionais ganhos de produtividade Monetário Nacional. Com efeito, ainda não há no Brasil uma
observados em determinados setores nos últimos anos e do base de informações territoriais integradas que subsidie de
aumento relativo da adoção de técnicas de produção forma adequada a tomada de decisões, contribuindo para a
sustentáveis, a expansão da economia nacional continua a desarticulação e sobreposição de diversas ações
incorporar novos espaços, resultando, com diferentes níveis governamentais sobre um mesmo território.
de intensidade, na alteração dos ecossistemas submetidos à Ao mesmo tempo, é cada vez maior o número de atores
influência da ação dos vetores de ocupação do território. interessados nas informações e dados relacionados ao ZEE.
Como agravante, a ausência de um sistema integrado de Assim, a capacitação de técnicos e gestores e a disponibilização
planejamento territorial contribuiu para configurar um de uma infraestrutura de informações capaz de contribuir
quadro de planos, programas e projetos marcados por para o atendimento dos distintos perfis de usuários de ZEE
trajetórias relativamente autônomas e fragmentadas, tornam-se indispensáveis para que a consideração das
pautadas por visões distintas – e, por vezes, conflitantes – dos diretrizes de uso e ocupação do território apontadas pelo ZEE
problemas existentes e das medidas necessárias para sua na implementação das políticas públicas ocorra.
solução, comprometendo, assim, a eficácia e efetividade das O enfrentamento dos desafios associados ao ZEE é feito
ações empreendidas e o uso e gestão racional do espaço. com o apoio constante de duas instâncias de caráter
Contudo, a percepção de que no cerne dos obstáculos interinstitucional. Como órgão técnico, é notável a atuação do
postos ao desenvolvimento do País está a falta de uma Consórcio ZEE Brasil, composto por quinze instituições
abordagem integrada dos problemas que atingem a sociedade públicas (como IBGE, Embrapa, Incra, Ibama e Inpe) com
brasileira tem resultado na emergência de um novo modelo, experiência acumulada que atua tanto na frente de cooperação
baseado na revalorização da temática territorial, no com os estados quanto nas ações de ZEE a cargo do governo
orquestramento das ações dos diferentes níveis e esferas de federal. Além disso, como instância política responsável por
governo e no monitoramento constante das ações planejar, coordenar, acompanhar e avaliar a execução dos
desenvolvidas, representando uma agenda estratégica calcada trabalhos de ZEE, há a Comissão Coordenadora do
em uma concepção de desenvolvimento que tem como pilares Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional
a inclusão social dos grupos mais vulneráveis, a (CCZEE), que se reúne periodicamente duas vezes ao ano. Por
sustentabilidade do crescimento econômico e a conservação fim, de modo a ampliar o comprometimento dos diversos
dos recursos naturais. atores na adoção das estratégias propostas pelo ZEE, estados,
Nesse âmbito, o Zoneamento Ecológico-Econômico tem municípios e sociedade civil também são mobilizados e
sido percebido por vários setores dos governos federal, envolvidos durante todo o processo de execução dos projetos.

103 http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/zoneamento-
territorial/estrutura-e-funcionamento.html.

Atualidades e Convivência Social 81


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APOSTILAS OPÇÃO

Políticas de Promoção da Saúde104 Nossa sociedade e nossa cultura priorizam o saber intelectual,
uma estética ideal, um corpo máquina, um corpo esquecido ou
Em 2004, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a manipulado pelos interesses dominantes, ou seja, o
Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, conhecimento e o poder estão acima dos sentimentos,
como um instrumento de promoção geral da saúde para sensações, desejos, necessidades, capacidade de compartilhar
populações e indivíduos e de prevenção do crescimento das a vida e suas múltiplas condições.
doenças crônicas não transmissíveis em todo o mundo. Uma Deve-se dedicar uma atenção especial em proposições que
das suas recomendações é que os indivíduos se envolvam em visem à investigação em saúde, mobilizando esforços de
níveis adequados de atividade física e que esse diferentes áreas para criação de um sistema de cuidados que
comportamento seja mantido regularmente na maioria dos contribua para a satisfação das necessidades de uma vida
ciclos de vida. saudável e que possibilite a participação comunitária. Criar
A construção de uma Política de Promoção da Saúde espaços de troca e construção constante de saberes,
implica primeiramente em uma reflexão sobre os aspectos que linguagens e práticas, buscando o desenvolvimento pessoal e
determinam o processo saúde-adoecimento e sobre a forma de social, habilitando as populações para opções por uma vida
associar os diferentes atores que possam contribuir para mais saudável, significa fazer com que em cada um dos
responder à situação de saúde da população. Embasado em microssistemas (escola, casa, trabalho, organizações
diversos documentos nacionais e nas seguintes diretrizes: comunitárias e instituições), interagindo com os
integralidade, equidade, responsabilidade sanitária, “micropoderes que tecem o modo de ser dos corpos na
mobilização e participação social, intersetorialidade, sociedade contemporânea”9 organizem ações de Promoção da
informação, educação e comunicação, e sustentabilidade, o Saúde. Expressa também uma atuação dirigida a produzir
Ministério da Saúde brasileiro divulga, em 2006, uma Política saúde socialmente e dificulta o surgimento de condições que
Nacional de Promoção da Saúde com o intuito de organizar, propiciem o aparecimento de doenças crônicas e
facilitar o planejamento, realização, análise e avaliação do incapacidades, através de ampliação de acesso ao
trabalho em saúde. O objetivo é “promover a qualidade de vida conhecimento de diversos meios eficazes de ação durante os
e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos diferentes ciclos de vida, nas infinitas formas de organização
seus determinantes e condicionantes – modos de viver, do trabalho e relações sociais no ambiente circundante.
condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, O modo de fazer da gestão pública encontra-se,
cultura, acesso a bens e serviços essenciais” e prevê o atualmente, fragmentado, refletido nas sobreposições de
desenvolvimento de ações ligadas às seguintes áreas: ações e, consequentemente, dispêndio inadequado de
alimentação saudável, prática corporal/atividade física, recursos financeiros. Construir uma política pública que
prevenção e controle do tabagismo, redução da morbi- influencie o futuro da qualidade de vida urbana pressupõe
mortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras novos arranjos intersetoriais da gestão pública, aceitando
drogas, redução da morbi-mortalidade por acidentes de encarar desafios de mudanças do predomínio da lógica de
trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura da paz, consumo sobre a perspectiva da cidadania ativa, considerando
promoção do desenvolvimento sustentável. as redes sociais da população nos programas engendrados
Quanto ao direcionamento de procedimentos relacionados pela gestão participativa e integrada do poder público em
à prática corporal/atividade física essa política sugere que função dos problemas do território. Pressupõem também o
sejam implantadas ações na rede básica de saúde e na empoderamento da população, capacitação e acesso à
comunidade; ações de aconselhamento/ divulgação; ações de informação para que a mesma possa advogar por políticas
intersetorialidade e mobilização de parceiros e ações de públicas saudáveis.
monitoramento e avaliação. Há muito para se pensar. Desenvolver estratégias,
Atualmente, encontramos alguns programas de promoção operacionalizar uma “nova” forma de gestão municipal,
da atividade física, disponíveis à população brasileira, que se estadual e federal em que as autoridades políticas e civis, as
adaptam às proposições da política nacional de promoção da instituições públicas e privadas, os empresários, os
saúde, tais como: Agita São Paulo (Matsudo e col., 2002) e trabalhadores e toda a sociedade trabalhem em conjunto e de
Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e forma constante para melhorar as condições de vida, trabalho
do Esporte. Ferreira e Najar (2005) identificam os objetivos, e cultura da população como um todo. A gestão integrada e
estratégias e avaliações dessas propostas e apontam para a participativa pode ir além dos limites do poder público e da
complexidade de variáveis e dimensões existentes na relação ação intersetorial governamental. Estabelecer uma relação
adesão/acessibilidade e afirmam que, nesse aspecto, a coleta e harmoniosa com o meio ambiente, fortalecendo a participação
a avaliação de dados quantitativos não são suficientes para a comunitária, a cogestão e a democracia certamente
mensuração de efetividade desses programas. A observação e influenciariam esse processo.
análise de dados relacionados às influências ambientais, tal Westphal (1999, p. 291) afirma que “participação é um
qual um entorno social favorável à adesão a hábitos de prática processo relacional que pode criar a identidade coletiva de um
de atividade física, devem ser considerados. grupo, uma vez que promove a reflexividade da ação social. Os
A regularidade de um comportamento e transformação do atores coletivos são criados no curso das atividades, bem como
mesmo em hábito implica em múltiplas questões. Motivação a identidade coletiva é construída e negociada pela ativação de
para a ação, percepção dos benefícios, adequação às relacionamentos sociais que conectam os membros de um
necessidades pessoais e satisfação com a atividade executada grupo ou movimento”.
são itens fundamentais para que isso possa acontecer. Mas, O impacto de uma intervenção de promoção à saúde em
primordialmente, é necessário o acesso à oportunidade de um uma perspectiva ampla relacionada às práticas
contato íntimo como o corpo, pois “cada sociedade destaca e corporais/atividade física, certamente poderá refletir nos
valoriza determinadas formas de uso do corpo ou gastos do SUS, em relação às enfermidades e mortes evitáveis,
determinados movimentos corporais. E assim, os corpos vão na melhoria da qualidade de vida da população e na
se diferenciando uns dos outros, em consequência dos compreensão de que manter a saúde é uma tarefa que exige
símbolos e valores que nele são colocados pela sociedade em um esforço em conjunto, a mobilização do indivíduo, da
cada momento histórico específico” (Daolio, 1994, p. 94). comunidade, do governo, de ideias e ideais.

104 Práticas Corporais/Atividade Física e Políticas Públicas de Promoção da


Saúde, extraído de: http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v18n2/17.pdf

Atualidades e Convivência Social 82


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APOSTILAS OPÇÃO

POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE intensificaram no século passado, produziram alterações


significativas para a vida em sociedade.
PORTARIA Nº 687/GM DE 30 DE MARÇO DE 2006. Ao mesmo tempo, tem-se a criação de tecnologias cada vez
mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e
Aprova a Política de Promoção da Saúde. o aumento dos desafios e dos impasses colocados ao viver.
A saúde, sendo uma esfera da vida de homens e mulheres
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas em toda sua diversidade e singularidade, não permaneceu fora
atribuições, e do desenrolar das mudanças da sociedade nesse período. O
processo de transformação da sociedade é também o processo
Considerando a necessidade de implantação e de transformação da saúde e dos problemas sanitários.
implementação de diretrizes e ações para Promoção da Saúde Nas últimas décadas, tornou-se mais e mais importante
em consonância com os princípios do SUS; e cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao
adoecer e as chances de que ele seja produtor de incapacidade,
Considerando o Pacto pela Saúde, suas diretrizes de sofrimento crônico e de morte prematura de indivíduos e
operacionais e seus componentes – Pacto pela Vida, Pacto em população.
Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS -, firmado entre as três Além disso, a análise do processo saúde-adoecimento
esferas de governo para a consolidação do SUS, evidenciou que a saúde é resultado dos modos de organização
da produção, do trabalho e da sociedade em determinado
R E S O L V E: contexto histórico e o aparato biomédico não consegue
modificar os condicionantes nem determinantes mais amplos
Art. 1º Aprovar a Política Nacional de Promoção da Saúde, desse processo, operando um modelo de atenção e cuidado
conforme documento disponível no seguinte endereço marcado, na maior parte das vezes, pela centralidade dos
eletrônico: www.saude.gov.br/svs sintomas.
No Brasil, pensar outros caminhos para garantir a saúde da
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua população significou pensar a redemocratização do País e a
publicação. constituição de um sistema de saúde inclusivo.
Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) tinha
Apresentação como tema “Democracia é Saúde” e constituiu-se em fórum de
luta pela descentralização do sistema de saúde e pela
Historicamente, a atenção à saúde no Brasil tem investido implantação de políticas sociais que defendessem e cuidassem
na formulação, implementação e concretização de políticas de da vida (CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 1986). Era um
promoção, proteção e recuperação da saúde. Há, pois, um momento chave do movimento da Reforma
grande esforço na construção de um modelo de atenção à Sanitária brasileira e da afirmação da indissociabilidade
saúde que priorize ações de melhoria da qualidade de vida dos entre a garantia da saúde como direito social irrevogável e a
sujeitos e coletivos. garantia dos demais direitos humanos e de cidadania. O
O Ministério da Saúde, em setembro de 2005, definiu a relatório final da 8ª CNS lançou os fundamentos da proposta
Agenda de Compromisso pela Saúde que agrega três eixos: O do SUS (BRASIL, 1990a).
Pacto em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), o Pacto em Na base do processo de criação do SUS encontram-se: o
Defesa da Vida e o Pacto de Gestão. Destaca-se aqui o Pacto conceito ampliado de saúde, a necessidade de criar políticas
pela Vida que constitui um conjunto de compromissos públicas para promovê-la, o imperativo da participação social
sanitários que deverão se tornar prioridades inequívocas dos na construção do sistema e das políticas de saúde e a
três entes federativos, com definição das responsabilidades de impossibilidade do setor sanitário responder sozinho à
cada um. transformação dos determinantes e condicionantes para
Entre as macroprioridades do Pacto em Defesa da Vida, garantir opções saudáveis para a população. Nesse sentido, o
possui especial relevância o aprimoramento do acesso e da SUS, como política do estado brasileiro pela melhoria da
qualidade dos serviços prestados no SUS, com a ênfase no qualidade de vida e pela afirmação do direito à vida e à saúde,
fortalecimento e na qualificação estratégica da Saúde da dialoga com as reflexões e os movimentos no âmbito da
Família; a promoção, informação e educação em saúde com promoção da saúde.
ênfase na promoção de atividade física, na promoção de A promoção da saúde, como uma das estratégias de
hábitos saudáveis de alimentação e vida, controle do produção de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de
tabagismo; controle do uso abusivo de bebida alcoólica; e operar articulado às demais políticas e tecnologias
cuidados especiais voltados ao processo de envelhecimento. desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribui na
Nessa direção, o desafio colocado para o gestor federal do construção de ações que possibilitam responder às
SUS consiste em propor uma política transversal, integrada e necessidades sociais em saúde.
intersetorial, que faça dialogar as diversas áreas do setor No SUS, a estratégia de promoção da saúde é retomada
sanitário, os outros setores do Governo, os setores privados e como uma possibilidade de enfocar os aspectos que
não-governamental e a sociedade, compondo redes de determinam o processo saúde-adoecimento em nosso País –
compromisso e co-responsabilidade quanto à qualidade de como, por exemplo: violência, desemprego, subemprego, falta
vida da população em que todos sejam partícipes no cuidado de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente,
com a saúde. dificuldade de acesso à educação, fome, urbanização
A publicação da Política Nacional de Promoção da Saúde desordenada, qualidade do ar e da água ameaçada e
ratifica o compromisso da atual gestão do Ministério da Saúde deteriorada; e potencializam formas mais amplas de intervir
na ampliação e qualificação das ações de promoção da saúde em saúde.
nos serviços e na gestão do Sistema Único de Saúde. Tradicionalmente, os modos de viver têm sido abordados
numa perspectiva individualizante e fragmentária, e colocam
Introdução os sujeitos e as comunidades como os responsáveis únicos
pelas várias mudanças/ arranjos ocorridos no processo saúde-
As mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais, que adoecimento ao longo da vida. Contudo, na perspectiva
ocorreram no mundo desde o século XIX e que se ampliada de saúde, como definida no âmbito do movimento da
Reforma Sanitária brasileira, do SUS e das Cartas de Promoção

Atualidades e Convivência Social 83


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APOSTILAS OPÇÃO

da Saúde, os modos de viver não se referem apenas ao conceber os direitos de cidadania e os deveres do estado no
exercício da vontade e/ou liberdade individual e comunitária. País, entre os quais a saúde (BRASIL, 1988).
Ao contrário, os modos como sujeitos e coletividades elegem Neste contexto, a garantia da saúde implica assegurar o
determinadas opções de viver como desejáveis, organizam acesso universal e igualitário dos cidadãos aos serviços de
suas escolhas e criam novas possibilidades para satisfazer saúde, como também à formulação de políticas sociais e
suas necessidades, desejos e interesses pertencentes à ordem econômicas que operem na redução dos riscos de adoecer.
coletiva, uma vez que seu processo de construção se dá no No texto constitucional tem-se ainda que o sistema
contexto da própria vida. sanitário brasileiro encontra-se comprometido com a
Propõe-se, então, que as intervenções em saúde ampliem integralidade da atenção à saúde, quando suas ações e serviços
seu escopo, tomando como objeto os problemas e as são instados a trabalhar pela promoção, proteção e
necessidades de saúde e seus determinantes e condicionantes, recuperação da saúde, com a descentralização e com a
de modo que a organização da atenção e do cuidado envolva, participação social.
ao mesmo tempo, as ações e os serviços que operem sobre os No entanto, ao longo dos anos, o entendimento da
efeitos do adoecer e aqueles que visem ao espaço para além integralidade passou a abranger outras dimensões,
dos muros das unidades de saúde e do sistema de saúde, aumentando a responsabilidade do sistema de saúde com a
incidindo sobre as condições de vida e favorecendo a qualidade da atenção e do cuidado. A integralidade implica,
ampliação de escolhas saudáveis por parte dos sujeitos e das além da articulação e sintonia entre as estratégias de produção
coletividades no território onde vivem e trabalham. da saúde, na ampliação da escuta dos trabalhadores e serviços
Nesta direção, a promoção da saúde estreita sua relação de saúde na relação com os usuários, quer individual e/ou
com a vigilância em saúde, numa articulação que reforça a coletivamente, de modo a deslocar a atenção da perspectiva
exigência de um movimento integrador na construção de estrita do seu adoecimento e dos seus sintomas para o
consensos e sinergias, e na execução das agendas acolhimento de sua história, de suas condições de vida e de
governamentais a fim de que as políticas públicas sejam cada suas necessidades em saúde, respeitando e considerando suas
vez mais favoráveis à saúde e à vida, e estimulem e fortaleçam especificidades e suas potencialidades na construção dos
o protagonismo dos cidadãos em sua elaboração e projetos e da organização do trabalho sanitário.
implementação, ratificando os preceitos constitucionais de A ampliação do comprometimento e da co-
participação social. responsabilidade entre trabalhadores da Saúde, usuários e
O exercício da cidadania, assim, vai além dos modos território em que se localizam altera os modos de atenção e de
institucionalizados de controle social, implicando, por meio da gestão dos serviços de saúde, uma vez que a produção de
criatividade e do espírito inovador, a criação de mecanismos saúde torna-se indissociável da produção de subjetividades
de mobilização e participação como os vários movimentos e mais ativas, críticas, envolvidas e solidárias e,
grupos sociais, organizando-se em rede. simultaneamente, exige a mobilização de recursos políticos,
O trabalho em rede, com a sociedade civil organizada, exige humanos e financeiros que extrapolam o âmbito da saúde.
que o planejamento das ações em saúde esteja mais vinculado Assim, coloca-se ao setor Saúde o desafio de construir a
às necessidades percebidas e vivenciadas pela população nos intersetorialidade.
diferentes territórios e, concomitantemente, garante a Compreende-se a intersetorialidade como uma articulação
sustentabilidade dos processos de intervenção nos das possibilidades dos distintos setores de pensar a questão
determinantes e condicionantes de saúde. complexa da saúde, de co-responsabilizar-se pela garantia da
A saúde, como produção social de determinação múltipla e saúde como direito humano e de cidadania, e de mobilizar-se
complexa, exige a participação ativa de todos os sujeitos na formulação de intervenções que a propiciem.
envolvidos em sua produção – usuários, movimentos sociais, O processo de construção de ações intersetoriais implica
trabalhadores da Saúde, gestores do setor sanitário e de outros na troca e na construção coletiva de saberes, linguagens e
setores –, na análise e na formulação de ações que visem à práticas entre os diversos setores envolvidos na tentativa de
melhoria da qualidade de vida. O paradigma promocional vem equacionar determinada questão sanitária, de modo que nele
colocar a necessidade de que o processo de produção do torna-se possível produzir soluções inovadoras quanto à
conhecimento e das práticas no campo da Saúde e, mais ainda, melhoria da qualidade de vida. Tal processo propicia a cada
no campo das políticas públicas faça-se por meio da setor a ampliação de sua capacidade de analisar e de
construção e da gestão compartilhadas. transformar seu modo de operar a partir do convívio com a
Desta forma, o agir sanitário envolve fundamentalmente o perspectiva dos outros setores, abrindo caminho para que os
estabelecimento de uma rede de compromissos e co- esforços de todos sejam mais efetivos e eficazes.
responsabilidades em favor da vida e da criação das O compromisso do setor Saúde na articulação intersetorial
estratégias necessárias para que ela exista. A um só tempo, é tornar cada vez mais visível que o processo saúde-
comprometer-se e co-responsabilizar-se pelo viver e por suas adoecimento é efeito de múltiplos aspectos, sendo pertinente
condições são marcas e ações próprias da clínica, da saúde a todos os setores da sociedade e devendo compor suas
coletiva, da atenção e da gestão, ratificando-se a agendas. Dessa maneira, é tarefa do setor Saúde nas várias
indissociabilidade entre esses planos de atuação. esferas de decisão convocar os outros setores a considerar a
Entende-se, portanto, que a promoção da saúde é uma avaliação e os parâmetros sanitários quanto à melhoria da
estratégia de articulação transversal na qual se confere qualidade de vida da população quando forem construir suas
visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em políticas específicas.
risco e às diferenças entre necessidades, territórios e culturas Ao se retomar as estratégias de ação propostas pela Carta
presentes no nosso País, visando à criação de mecanismos que de Ottawa (BRASIL, 1996) e analisar a literatura na área,
reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam observa-se que, até o momento, o desenvolvimento de estudos
radicalmente a equidade e incorporem a participação e o e evidências aconteceu, em grande parte, vinculado às
controle sociais na gestão das políticas públicas. iniciativas ligadas ao comportamento e aos hábitos dos
Na Constituição Federal de 1988, o estado brasileiro sujeitos. Nesta linha de intervenção já é possível encontrar um
assume como seus objetivos precípuos a redução das acúmulo de evidências convincentes, que são aquelas
desigualdades sociais e regionais, a promoção do bem de todos baseadas em estudos epidemiológicos demonstrativos de
e a construção de uma sociedade solidária sem quaisquer associações convincentes entre exposição e doença a partir de
formas de discriminação. Tais objetivos marcam o modo de pesquisas observacionais prospectivas e, quando necessário,

Atualidades e Convivência Social 84


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ensaios clínicos randomizados com tamanho, duração e IV – Contribuir para o aumento da resolubilidade do
qualidade suficientes (BRASIL, 2004a). Sistema, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança
Entretanto, persiste o desafio de organizar estudos e das ações de promoção da saúde;
pesquisas para identificação, análise e avaliação de ações de V – Estimular alternativas inovadoras e socialmente
promoção da saúde que operem nas estratégias mais amplas inclusivas/contributivas no âmbito das ações de promoção da
que foram definidas em Ottawa (BRASIL, 1996) e que estejam saúde;
mais associadas às diretrizes propostas pelo Ministério da VI – Valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de
Saúde na Política Nacional de Promoção da Saúde, a saber: convivência e de produção de saúde para o desenvolvimento
integralidade, equidade, responsabilidade sanitária, das ações de promoção da saúde;
mobilização e participação social, intersetorialidade, VII – Favorecer a preservação do meio ambiente e a
informação, educação e comunicação, e sustentabilidade. promoção de ambientes mais seguros e saudáveis;
A partir das definições constitucionais, da legislação que VIII – Contribuir para elaboração e implementação de
regulamenta o SUS, das deliberações das conferências políticas públicas integradas que visem à melhoria da
nacionais de saúde e do Plano Nacional de Saúde (2004-2007) qualidade de vida no planejamento de espaços urbanos e
(BRASIL, 2004b), o Ministério da Saúde propõe a Política rurais;
Nacional de Promoção da Saúde num esforço para o IX – Ampliar os processos de integração baseados na
enfrentamento dos desafios de produção da saúde num cooperação, solidariedade e gestão democrática;
cenário sócio histórico cada vez mais complexo e que exige a X – Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de
reflexão e qualificação contínua das práticas sanitárias e do doenças e agravos à saúde;
sistema de saúde. XI – Estimular a adoção de modos de viver não-violentos e
Entende-se que a promoção da saúde apresenta-se como o desenvolvimento de uma cultura de paz no País; e
um mecanismo de fortalecimento e implantação de uma XII – Valorizar e ampliar a cooperação do setor Saúde com
política transversal, integrada e intersetorial, que faça dialogar outras áreas de governos, setores e atores sociais para a gestão
as diversas áreas do setor sanitário, os outros setores do de políticas públicas e a criação e/ou o fortalecimento de
Governo, o setor privado e não governamental, e a sociedade, iniciativas que signifiquem redução das situações de
compondo redes de compromisso e corresponsabilidade desigualdade.
quanto à qualidade de vida da população em que todos sejam
partícipes na proteção e no cuidado com a vida. Diretrizes
Vê-se, portanto, que a promoção da saúde realiza-se na I – Reconhecer na promoção da saúde uma parte
articulação sujeito/coletivo, público/privado, fundamental da busca da eqüidade, da melhoria da qualidade
estado/sociedade, clínica/política, setor sanitário/outros de vida e de saúde;
setores, visando romper com a excessiva fragmentação na II – Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias
abordagem do processo saúde-adoecimento e reduzir a que propiciem o desenvolvimento integral das ações de
vulnerabilidade, os riscos e os danos que nele se produzem. promoção da saúde;
No esforço por garantir os princípios do SUS e a constante III – Fortalecer a participação social como fundamental na
melhoria dos serviços por ele prestados, e por melhorar a consecução de resultados de promoção da saúde, em especial
qualidade de vida de sujeitos e coletividades, entende-se que é a equidade e o empoderamento individual e comunitário;
urgente superar a cultura administrativa fragmentada e IV – Promover mudanças na cultura organizacional, com
desfocada dos interesses e das necessidades da sociedade, vistas à adoção de práticas horizontais de gestão e
evitando o desperdício de recursos públicos, reduzindo a estabelecimento de redes de cooperação intersetoriais;
superposição de ações e, consequentemente, aumentando a V – Incentivar a pesquisa em promoção da saúde,
eficiência e a efetividade das políticas públicas existentes. avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança das
Nesse sentido, a elaboração da Política Nacional de ações prestadas; e
Promoção da Saúde é oportuna, posto que seu processo de VI – Divulgar e informar das iniciativas voltadas para a
construção e de implantação/implementação – nas várias promoção da saúde para profissionais de saúde, gestores e
esferas de gestão do SUS e na interação entre o setor sanitário usuários do SUS, considerando metodologias participativas e o
e os demais setores das políticas públicas e da sociedade – saber popular e tradicional.
provoca a mudança no modo de organizar, planejar, realizar,
analisar e avaliar o trabalho em saúde. Estratégias de implementação
De acordo com as responsabilidades de cada esfera de
Objetivo geral gestão do SUS – Ministério da Saúde, estados e municípios,
Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e destacamos as estratégias preconizadas para implementação
riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e da Política Nacional de Promoção da Saúde.
condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, I – Estruturação e fortalecimento das ações de promoção
habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e da saúde no Sistema Único de Saúde, privilegiando as práticas
serviços essenciais. de saúde sensíveis à realidade do Brasil;
II – Estímulo à inserção de ações de promoção da saúde em
Objetivos específicos todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica,
I – Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, voltadas às ações de cuidado com o corpo e a saúde;
com ênfase na atenção básica; alimentação saudável e prevenção, e controle ao tabagismo;
II – Ampliar a autonomia e a corresponsabilidade de III – Desenvolvimento de estratégias de qualificação em
sujeitos e coletividades, inclusive o poder público, no cuidado ações de promoção da saúde para profissionais de saúde
integral à saúde e minimizar e/ou extinguir as desigualdades inseridos no Sistema Único de Saúde;
de toda e qualquer ordem (étnica, racial, social, regional, de IV – Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de
gênero, de orientação/ opção sexual, entre outras); qualificação de profissionais para atuação na área de
III– Promover o entendimento da concepção ampliada de informação, comunicação e educação popular referentes à
saúde, entre os trabalhadores de saúde, tanto das atividades- promoção da saúde que atuem na Estratégia Saúde da Família
meio, como os da atividades-fim; e Programa de Agentes Comunitários de Saúde: a) estímulo à
inclusão nas capacitações do SUS de temas ligados à promoção
da saúde; e b) apoio técnico a estados e municípios para

Atualidades e Convivência Social 85


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inclusão nas capacitações do Sistema Único de Saúde de temas III – Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros
ligados à promoção da saúde. para a implementação desta Política, considerando a
V – Apoio a estados e municípios que desenvolvam ações composição tripartite;
voltadas para a implementação da Estratégia Global, vigilância IV – Desenvolvimento de ações de acompanhamento e
e prevenção de doenças e agravos não transmissíveis; avaliação das ações de promoção da saúde para
VI – Apoio à criação de Observatórios de Experiências instrumentalização de processos de gestão;
Locais referentes à Promoção da Saúde; V – Definir e apoiar as diretrizes capacitação e educação
VII – Estímulo à criação de Rede Nacional de Experiências permanente em consonância com as realidades
Exitosas na adesão e no desenvolvimento da estratégia de locorregionais;
municípios saudáveis: VI – Viabilizar linhas de financiamento para a promoção da
a) identificação e apoio a iniciativas referentes às Escolas saúde dentro da política de educação permanente, bem como
Promotoras da Saúde com foco em ações de alimentação propor instrumentos de avaliação de desempenho;
saudável; práticas corporais/atividades físicas e ambiente VII – Adotar o processo de avaliação como parte do
livre de tabaco; b) identificação e desenvolvimento de parceria planejamento e da implementação das iniciativas de promoção
com estados e municípios para a divulgação das experiências da saúde, garantindo tecnologias adequadas;
exitosas relativas a instituições saudáveis e ambientes VIII – Estabelecer instrumentos e indicadores para o
saudáveis; c) favorecimento da articulação entre os setores da acompanhamento e avaliação do impacto da
saúde, meio ambiente, saneamento e planejamento urbano a implantação/implementação da Política de Promoção da
fim de prevenir e/ou reduzir os danos provocados à saúde e ao Saúde;
meio ambiente, por meio do manejo adequado de mananciais IX – Articular com os sistemas de informação existentes a
hídricos e resíduos sólidos, uso racional das fontes de energia, inserção de ações voltadas a promoção da saúde no âmbito do
produção de fontes de energia alternativas e menos poluentes; SUS;
d) desenvolvimento de iniciativas de modificação X – Buscar parcerias governamentais e não-
arquitetônicas e no mobiliário urbano que objetivem a governamentais para potencializar a implementação das ações
garantia de acesso às pessoas portadoras de deficiência e de promoção da saúde no âmbito do SUS;
idosas; e e) divulgação de informações e definição de XI – Definir ações de promoção da saúde intersetoriais e
mecanismos de incentivo para a promoção de ambientes de pluriinstitucionais de abrangência nacional que possam
trabalho saudáveis com ênfase na redução dos riscos de impactar positivamente nos indicadores de saúde da
acidentes de trabalho. população;
VIII – Criação e divulgação da Rede de Cooperação Técnica XII – Elaboração de materiais de divulgação visando à
para Promoção da Saúde; socialização da informação e à divulgação das ações de
IX – Inclusão das ações de promoção da saúde na agenda promoção da saúde;
de atividades da comunicação social do SUS: a) apoio e XIII – Identificação, articulação e apoio a experiências de
fortalecimento de ações de promoção da saúde inovadoras educação popular, informação e comunicação, referentes às
utilizando diferentes linguagens culturais, tais como jogral, hip ações de promoção da saúde;
hop, teatro, canções, literatura de cordel e outras formas de XIV – Promoção de cooperação nacional e internacional
manifestação; referentes às experiências de promoção da saúde nos campos
X – Inclusão da saúde e de seus múltiplos determinantes e da atenção, da educação permanente e da pesquisa em saúde;
condicionantes na formulação dos instrumentos ordenadores e
do planejamento urbano e/ou agrário (planos diretores, XV – Divulgação sistemática dos resultados do processo
agendas 21 locais, entre outros); avaliativo das ações de promoção da saúde.
XI – Estímulo à articulação entre municípios, estados e
Governo Federal valorizando e potencializando o saber e as Gestor estadual
práticas existentes no âmbito da promoção da saúde: a) apoio I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde;
às iniciativas das secretarias estaduais e municipais no sentido II – Implementar as diretrizes da Política de Promoção da
da construção de parcerias que estimulem e viabilizem Saúde em consonância com as diretrizes definidas no âmbito
políticas públicas saudáveis; nacional e as realidades loco-regionais;
XII – Apoio ao desenvolvimento de estudos referentes ao III – Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros
impacto na situação de saúde considerando ações de para a implementação da Política, considerando a composição
promoção da saúde: a) apoio à construção de indicadores bipartite;
relativos as ações priorizadas para a Escola Promotora de IV – Criar uma referência e/ou grupos matriciais
Saúde: alimentação saudável; práticas corporais/atividade responsáveis pelo planejamento, articulação e monitoramento
física e ambiente livre de tabaco; e e avaliação das ações de promoção da saúde nas secretarias
XIII – Estabelecimento de intercâmbio técnico-científico estaduais de saúde;
visando ao conhecimento e à troca de informações V – Manter articulação com municípios para apoio à
decorrentes das experiências no campo da atenção à saúde, implantação e supervisão das ações de promoção da saúde;
formação, educação permanente e pesquisa com unidades VI – Desenvolvimento de ações de acompanhamento e
federativas e países onde as ações de promoção da saúde avaliação das ações de promoção da saúde para
estejam integradas ao serviço público de saúde: a) criação da instrumentalização de processos de gestão;
Rede Virtual de Promoção da Saúde. VII – Adotar o processo de avaliação como parte do
planejamento e implementação das iniciativas de promoção da
Responsabilidades das esferas de gestão saúde, garantindo tecnologias adequadas;
VIII – Estabelecer instrumentos e indicadores para o
Gestor federal acompanhamento e a avaliação do impacto da
I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde; implantação/implementação desta Política;
II – Promover a articulação com os estados para apoio à IX – Implementar as diretrizes de capacitação e educação
implantação e supervisão das ações referentes às ações de permanente em consonância com as realidades loco-regionais;
promoção da saúde; X – Viabilizar linha de financiamento para promoção da
saúde dentro da política de educação permanente, bem como

Atualidades e Convivência Social 86


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propor instrumento de avaliação de desempenho, no âmbito XVII – Identificação, articulação e apoio a experiências de
estadual; educação popular, informação e comunicação, referentes às
XI – Promover articulação intersetorial para a efetivação ações de promoção da saúde;
da Política de Promoção da Saúde; XVIII – Elaboração de materiais de divulgação visando à
XII – Buscar parcerias governamentais e não- socialização da informação e à divulgação das ações de
governamentais para potencializar a implementação das ações promoção da saúde; e
de promoção da saúde no âmbito do SUS; XIX – Divulgação sistemática dos resultados do processo
XIII – Identificação, articulação e apoio a experiências de avaliativo das ações de promoção da saúde.
educação popular, informação e comunicação, referentes às
ações de promoção da saúde; Ações específicas Para o biênio 2006-2007, foram
XIV – Elaboração de materiais de divulgação visando à priorizadas as ações voltadas a:
socialização da informação e à divulgação das ações de Divulgação e implementação da Política Nacional de
promoção da saúde; Promoção da Saúde
XV – Promoção de cooperação referente às experiências de
promoção da saúde nos campos da atenção, da educação I – Promover seminários internos no Ministério da Saúde
permanente e da pesquisa em saúde; e destinados à divulgação da PNPS, com adoção de seu caráter
XVI – Divulgação sistemática dos resultados do processo transversal;
avaliativo das ações de promoção da saúde. II – Convocar uma mobilização nacional de sensibilização
para o desenvolvimento das ações de promoção da saúde, com
Gestor municipal estímulo à adesão de estados e municípios;
I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde; III – Discutir nos espaços de formação e educação
II – Implementar as diretrizes da Política de Promoção da permanente de profissionais de saúde a proposta da PNPS e
Saúde em consonância com as diretrizes definidas no âmbito estimular a inclusão do tema nas grades curriculares; e
nacional e as realidades locais; IV – Avaliar o processo de implantação da PNPS em fóruns
III – Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros de composição tripartite.
para a implementação da Política de Promoção da Saúde;
IV – Criar uma referência e/ou grupos matriciais Alimentação saudável
responsáveis pelo planejamento, implementação, articulação e I – Promover ações relativas à alimentação saudável
monitoramento, e avaliação das ações de promoção da saúde visando à promoção da saúde e à segurança alimentar e
nas secretarias de municipais de saúde; nutricional, contribuindo com as ações e metas de redução da
V – Adotar o processo de avaliação como parte do pobreza, a inclusão social e o cumprimento do direito humano
planejamento e da implementação das iniciativas de promoção à alimentação adequada;
da saúde, garantindo tecnologias adequadas; II – Promover articulação intra e intersetorial visando à
VI – Participação efetiva nas iniciativas dos gestores implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde
federal e estadual no que diz respeito à execução das ações por meio do reforço à implementação das diretrizes da Política
locais de promoção da saúde e à produção de dados e Nacional de Alimentação e Nutrição e da Estratégia Global:
informações fidedignas que qualifiquem a pesquisas nessa a) com a formulação, implementação e avaliação de
área; políticas públicas que garantam o acesso à alimentação
VII – Estabelecer instrumentos de gestão e indicadores saudável, considerando as especificidades culturais, regionais
para o acompanhamento e avaliação do impacto da e locais;
implantação/implementação da Política; b) mobilização de instituições públicas, privadas e de
VIII – Implantar estruturas adequadas para setores da sociedade civil organizada visando ratificar a
monitoramento e avaliação das iniciativas de promoção da implementação de ações de combate à fome e de aumento do
saúde; acesso ao alimento saudável pelas comunidades e pelos
IX – Implementar as diretrizes de capacitação e educação grupos populacionais mais pobres;
permanente em consonância com as realidades locais; c) articulação intersetorial no âmbito dos conselhos de
X – Viabilizar linha de financiamento para promoção da segurança alimentar, para que o crédito e o financiamento da
saúde dentro da política de educação permanente, bem como agricultura familiar incorpore ações de fomento à produção de
propor instrumento de avaliação de desempenho, no âmbito frutas, legumes e verduras visando ao aumento da oferta e ao
municipal; consequente aumento do consumo destes alimentos no país,
XI – Estabelecer mecanismos para a qualificação dos de forma segura e sustentável, associado às ações de geração
profissionais do sistema local de saúde para desenvolver as de renda;
ações de promoção da saúde; d) firmar agenda/pacto/compromisso social com
XII – Realização de oficinas de capacitação, envolvendo diferentes setores (Poder Legislativo, setor produtivo, órgãos
equipes multiprofissionais, prioritariamente as que atuam na governamentais e não-governamentais, organismos
atenção básica; internacionais, setor de comunicação e outros), definindo os
XIII – Promover articulação intersetorial para a efetivação compromissos e as responsabilidades sociais de cada setor,
da Política de Promoção da Saúde; com o objetivo de favorecer/garantir hábitos alimentares mais
XIV – Buscar parcerias governamentais e não- saudáveis na população, possibilitando a redução e o controle
governamentais para potencializar a implementação das ações das taxas das DCNT no Brasil;
de promoção da saúde no âmbito do SUS; e) articulação e mobilização dos setores público e privado
XV – ênfase ao planejamento participativo envolvendo para a adoção de ambientes que favoreçam a alimentação
todos os setores do governo municipal e representantes da saudável, o que inclui: espaços propícios à amamentação pelas
sociedade civil, no qual os determinantes e condicionantes da nutrizes trabalhadoras, oferta de refeições saudáveis nos
saúde sejam instrumentos para formulação das ações de locais de trabalho, nas escolas e para as populações
intervenção; institucionalizadas; e
XVI – Reforço da ação comunitária, por meio do respeito às f) articulação e mobilização intersetorial para a proposição
diversas identidades culturais nos canais efetivos de e elaboração de medidas regulatórias que visem promover a
participação no processo decisório; alimentação saudável e reduzir o risco do DCNT, com especial

Atualidades e Convivência Social 87


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ênfase para a regulamentação da propaganda e publicidade de da população brasileira, a cada cinco anos, de acordo com a
alimentos. Política Nacional de Alimentação e Nutrição;
III – Disseminar a cultura da alimentação saudável em d) prevenção das carências nutricionais por deficiência de
consonância com os atributos e princípios do Guia Alimentar micronutrientes (suplementação universal de ferro
da População Brasileira: medicamentoso para gestantes e crianças e administração de
a) divulgação ampla do Guia Alimentar da População megadoses de vitamina A para puerperais e crianças em áreas
Brasileira para todos os setores da sociedade; endêmicas);
b) produção e distribuição de material educativo (Guia e) realização de inquéritos de fatores de risco para as
Alimentar da População Brasileira, 10 Passos para uma DCNT da população em geral a cada cinco anos e para
Alimentação Saudável para Diabéticos e Hipertensos, escolares a cada dois anos, conforme previsto na Agenda
Cadernos de Atenção Básica sobre Prevenção e Tratamento da Nacional de Vigilância de Doenças e Agravos Não
Obesidade e Orientações para a Alimentação Saudável dos Transmissíveis, do Ministério da Saúde;
Idosos); f) monitoramento do teor de sódio dos produtos
c) desenvolvimento de campanhas na grande mídia para processados, em parceria com a Anvisa e os órgãos da
orientar e sensibilizar a população sobre os benefícios de uma vigilância sanitária em estados e municípios; e
alimentação saudável; g) fortalecimento dos mecanismos de regulamentação,
d) estimular ações que promovam escolhas alimentares controle e redução do uso de substâncias agrotóxicas e de
saudáveis por parte dos beneficiários dos programas de outros modos de contaminação dos alimentos.
transferência de renda;
e) estimular ações de empoderamento do consumidor para VI – Reorientação dos serviços de saúde com ênfase na
o entendimento e uso prático da rotulagem geral e nutricional atenção básica:
dos alimentos; a) mobilização e capacitação dos profissionais de saúde da
f) produção e distribuição de material educativo e atenção básica para a promoção da alimentação saudável nas
desenvolvimento de campanhas na grande mídia para orientar visitas domiciliares, atividades de grupo e nos atendimentos
e sensibilizar a população sobre os benefícios da individuais;
amamentação; b) incorporação do componente alimentar no Sistema de
g) sensibilização dos trabalhadores em saúde quanto à Vigilância Alimentar e Nutricional de forma a permitir o
importância e aos benefícios da amamentação; diagnóstico e o desenvolvimento de ações para a promoção da
h) incentivo para a implantação de bancos de leite humano alimentação saudável; e
nos serviços de saúde; e c) reforço da implantação do Sisvan como instrumento de
i) sensibilização e educação permanente dos avaliação e de subsídio para o planejamento de ações que
trabalhadores de saúde no sentido de orientar as gestantes promovam a segurança alimentar e nutricional em nível local.
HIV positivo quanto às especificidades da amamentação
(utilização de banco de leite humano e de fórmula infantil). Prática corporal/atividade física
I – Ações na rede básica de saúde e na comunidade:
IV – Desenvolver ações para a promoção da alimentação a) mapear e apoiar as ações de práticas
saudável no ambiente escolar: corporais/atividade física existentes nos serviços de atenção
a) fortalecimento das parcerias com a SGTES, Anvisa/MS, básica e na Estratégia de Saúde da Família, e inserir naqueles
Ministério da Educação e FNDE/MEC para promover a em que não há ações;
alimentação saudável nas escolas; b) ofertar práticas corporais/atividade física como
b) divulgação de iniciativas que favoreçam o acesso à caminhadas, prescrição de exercícios, práticas lúdicas,
alimentação saudável nas escolas públicas e privadas; esportivas e de lazer, na rede básica de saúde, voltadas tanto
c) implementação de ações de promoção da alimentação para a comunidade como um todo quanto para grupos
saudável no ambiente escolar; vulneráveis;
d) produção e distribuição do material sobre alimentação c) capacitar os trabalhadores de saúde em conteúdos de
saudável para inserção de forma transversal no conteúdo promoção à saúde e práticas corporais/atividade física na
programático das escolas em parceria com as secretarias lógica da educação permanente, incluindo a avaliação como
estaduais e municipais de saúde e educação; parte do processo;
e) lançamento do guia “10 Passos da Alimentação Saudável d) estimular a inclusão de pessoas com deficiências em
na Escola”; projetos de práticas corporaisatividades físicas;
f) sensibilização e mobilização dos gestores estaduais e e) pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três
municipais de saúde e de educação, e as respectivas instâncias níveis de gestão a importância de ações voltadas para
de controle social para a implementação das ações de melhorias ambientais com o objetivo de aumentar os níveis
promoção da alimentação saudável no ambiente escolar, com populacionais de atividade física;
a adoção dos dez passos; e f) constituir mecanismos de sustentabilidade e
g) produção e distribuição de vídeos e materiais continuidade das ações do “Pratique Saúde no SUS” (área física
instrucionais sobre a promoção da alimentação saudável nas adequada e equipamentos, equipe capacitada, articulação com
escolas. a rede de atenção); e
g) incentivar articulações intersetoriais para a melhoria
V – Implementar as ações de vigilância alimentar e das condições dos espaços públicos para a realização de
nutricional para a prevenção e controle dos agravos e doenças práticas corporais/atividades físicas (urbanização dos
decorrentes da má alimentação: espaços públicos; criação de ciclovias e pistas de caminhadas;
a) implementação do Sisvan como sistema nacional segurança, outros).
obrigatório vinculado às transferências de recursos do PAB;
b) envio de informações referentes ao Sisvan para o II – Ações de aconselhamento/divulgação:
Relatório de Análise de Doenças Não Transmissíveis e a) organizar os serviços de saúde de forma a desenvolver
Violências; ações de aconselhamento junto à população, sobre os
c) realização de inquéritos populacionais para o benefícios de estilos de vida saudáveis; e
monitoramento do consumo alimentar e do estado nutricional

Atualidades e Convivência Social 88


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b) desenvolver campanhas de divulgação, estimulando a) realizando ações educativas, normativas e


modos de viver saudáveis e objetivando reduzir fatores de organizacionais que visem estimular mudanças na cultura
risco para doenças não transmissíveis. organizacional que levem à redução do tabagismo entre
trabalhadores; e
III – Ações de intersetorialidade e mobilização de b) atuando junto a profissionais da área de saúde
parceiros: ocupacional e outros atores-chave das
a) pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três organizações/instituições para a disseminação contínua de
níveis de gestão a importância de desenvolver ações voltadas informações sobre os riscos do tabagismo e do tabagismo
para estilos de vida saudáveis, mobilizando recursos passivo, a implementação de normas para restringir o fumo
existentes; nas dependências dos ambientes de trabalho, a sinalização
b) estimular a formação de redes horizontais de troca de relativa às restrições ao consumo nas mesmas e a capacitação
experiências entre municípios; de profissionais de saúde ocupacional para apoiar a cessação
c) estimular a inserção e o fortalecimento de ações já de fumar de funcionários.
existentes no campo das práticas corporais em saúde na
comunidade; VI – Articular com o MEC/secretarias estaduais e
d) resgatar as práticas corporais/atividades físicas de municipais de educação o estímulo à iniciativa de promoção da
forma regular nas escolas, universidades e demais espaços saúde no ambiente escolar; e
públicos; e
e) articular parcerias estimulando práticas VII – Aumentar o acesso do fumante aos métodos eficazes
corporais/atividade física no ambiente de trabalho. para cessação de fumar, e assim atender a uma crescente
demanda de fumantes que buscam algum tipo de apoio para
IV – Ações de monitoramento e avaliação: esse fim.
a) desenvolver estudos e formular metodologias capazes
de produzir evidências e comprovar a efetividade de Redução da morbimortalidade em decorrência do uso
estratégias de práticas corporais/atividades físicas no abusivo de álcool e outras drogas
controle e na prevenção das doenças crônicas não
transmissíveis; I – Investimento em ações educativas e sensibilizadoras
b) estimular a articulação com instituições de ensino e para crianças e adolescentes quanto ao uso abusivo de álcool e
pesquisa para monitoramento e avaliação das ações no campo suas consequências;
das práticas corporais/atividade física; e II – Produzir e distribuir material educativo para orientar
c) consolidar a Pesquisa de Saúde dos Escolares (SVS/MS) e sensibilizar a população sobre os malefícios do uso abusivo
como forma de monitoramento de práticas corporais/ do álcool.
atividade física de adolescentes. III – Promover campanhas municipais em interação com as
agências de trânsito no alerta quanto às consequências da
Prevenção e controle do tabagismo “direção alcoolizada”;
I – Sistematizar ações educativas e mobilizar ações IV – Desenvolvimento de iniciativas de redução de danos
legislativas e econômicas, de forma a criar um contexto que: pelo consumo de álcool e outras drogas que envolvam a co-
a) reduza a aceitação social do tabagismo; responsabilização e autonomia da população;
b) reduza os estímulos para que os jovens comecem a V – Investimento no aumento de informações veiculadas
fumar e os que dificultam os fumantes a deixarem de fumar; pela mídia quanto aos riscos e danos envolvidos na associação
c) proteja a população dos riscos da exposição à poluição entre o uso abusivo de álcool e outras drogas e
tabagística ambiental; acidentes/violências; e
d) reduza o acesso aos derivados do tabaco; VI – Apoio à restrição de acesso a bebidas alcoólicas de
e) aumente o acesso dos fumantes ao apoio para cessação acordo com o perfil epidemiológico de dado território,
de fumar; protegendo segmentos vulneráveis e priorizando situações de
f) controle e monitore todos os aspectos relacionados aos violência e danos sociais.
produtos de tabaco comercializados, desde seus conteúdos e
emissões até as estratégias de comercialização e de divulgação Redução da morbimortalidade por acidentes de
de suas características para o consumidor. trânsito
I – Promoção de discussões intersetoriais que incorporem
II – Realizar ações educativas de sensibilização da ações educativas à grade curricular de todos os níveis de
população para a promoção de “comunidades livres de formação;
tabaco”, divulgando ações relacionadas ao tabagismo e seus II – Articulação de agendas e instrumentos de
diferentes aspectos: planejamento, programação e avaliação, dos setores
a) Dia a Mundial sem Tabaco (31 de maio); e diretamente relacionados ao problema; e
b) Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto); III – Apoio às campanhas de divulgação em massa dos
dados referentes às mortes e sequelas provocadas por
III – Fazer articulações com a mídia para divulgação de acidentes de trânsito.
ações e de fatos que contribuam para o controle do tabagismo
em todo o território nacional; Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz
I – Ampliação e fortalecimento da Rede Nacional de
IV – Mobilizar e incentivar as ações contínuas por meio de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde;
canais comunitários (unidades de saúde, escolas e ambientes II – Investimento na sensibilização e capacitação dos
de trabalho) capazes de manter um fluxo contínuo de gestores e profissionais de saúde na identificação e
informações sobre o tabagismo, seus riscos para quem fuma e encaminhamento adequado de situações de violência
os riscos da poluição tabagística ambiental para todos que intrafamiliar e sexual;
convivem com ela; III – Estímulo à articulação intersetorial que envolva a
redução e o controle de situações de abuso, exploração e
V – Investir na promoção de ambientes de trabalho livres turismo sexual;
de tabaco:

Atualidades e Convivência Social 89


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IV – Implementação da ficha de notificação de violência DIVERSIDADE CULTURAL E POLÍTICAS PÚBLICAS105


interpessoal;
V – Incentivo ao desenvolvimento de Planos Estaduais e Panorama das políticas públicas educacionais para a
Municipais de Prevenção da Violência; diversidade cultural no Brasil
VI – Monitoramento e avaliação do desenvolvimento dos A construção do conhecimento de diferentes culturas na
Planos Estaduais e Municipais de Prevenção da Violência escola tornasse possível porque “a escola possui a vantagem
mediante a realização de coleta, sistematização, análise e de ser uma das instituições sociais em que é possível o
disseminação de informações; e encontro das diferentes presenças. Ela é também um espaço
VII – Implantação de Serviços Sentinela, que serão sociocultural marcado por símbolos, rituais, crenças, culturas
responsáveis pela notificação dos casos de violências. e valores diversos” (GOMES, 2003, p. 74). Esse espaço se
constitui potencialmente rico para se trabalhar as relações
Promoção do desenvolvimento sustentável humanas, de reconhecimento da diferença, de respeito, de
I – Apoio aos diversos centros colaboradores existentes no ética e de garantia de direitos sociais. Mas, por isso, se torna
País que desenvolvem iniciativas promotoras do necessário que os alunos conheçam as diferentes culturas. No
desenvolvimento sustentável; entanto, para que a diversidade cultural faça parte dos
II – Apoio à elaboração de planos de ação estaduais e locais, conteúdos trabalhados nas escolas, torna-se urgente formar
incorporados aos Planos Diretores das Cidades; professores e “implementar políticas públicas específicas,
III – Fortalecimento de instâncias decisórias intersetoriais tanto na educação básica quanto no ensino superior” (GOMES,
com o objetivo de formular políticas públicas integradas 2003, p. 4). Então cabe a pergunta: a sociedade brasileira está
voltadas ao desenvolvimento sustentável; preocupada em implantar políticas públicas educacionais para
IV – Apoio ao envolvimento da esfera não-governamental a diversidade cultural? Como elas são elaboradas?
(empresas, escolas, igrejas e associações várias) no Para falar das políticas públicas, torna-se necessário
desenvolvimento de políticas públicas de promoção da saúde, esclarecer o seu significado. Para Boneti (2006), entende-se
em especial no que se refere ao movimento por ambientes por políticas públicas:
saudáveis; A ação que nasce do contexto social, mas que passa pela
V – Reorientação das práticas de saúde de modo a permitir esfera estatal como uma decisão de intervenção pública numa
a interação saúde, meio ambiente e desenvolvimento realidade social determinada, quer seja ela econômica ou social.
sustentável; Ainda, esclarece que as políticas públicas representam [...] o
VI – Estímulo à produção de conhecimento e resultado da dinâmica do jogo de forças que se estabelece no
desenvolvimento de capacidades em desenvolvimento âmbito das relações de poder, relações estas constituídas pelos
sustentável; e grupos econômicos e políticos, classes sociais e demais
VII – Promoção do uso de metodologias de reconhecimento organizações da sociedade civil. (BONETI, 2006, p. 76)
do território, em todas as suas dimensões – demográfica, As políticas públicas referem-se a ações que determinam o
epidemiológica, administrativa, política, tecnológica, social e padrão de proteção social implementado pelo Estado,
cultural, como instrumento de organização dos serviços de voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefícios
saúde. sociais visando à diminuição das desigualdades estruturais
produzidas pelo desenvolvimento socioeconômico.
Questões Pensadas e elaboradas dentro de um processo complexo,
as políticas públicas educacionais em nossa sociedade
01. (FUB - Técnico em Educação Física – CESPE). Acerca envolvem organizações burocrático-administrativas,
de ações comunitárias e de intervenções em atividade física e deixando de ser uma atividade neutra. De acordo com Severino
saúde, julgue o item seguinte. (1986, p. 54):
A criação de programas para incentivar a prática de [...] a educação pode ser vista como uma prática social e
atividade física é respaldada pela Política Nacional de histórica concreta. A educação é então um processo
Promoção da Saúde segundo a qual a prática da atividade física sociocultural que se dá na história de uma determinada
é um dos temas prioritários. sociedade [...] e desenvolve-se na sociedade supostamente de
acordo com normas jurídicas, dispositivos legais elaborados e
( ) Certo ( ) Errado impostos pelo poder político-burocrático encarnado pelo
02. (EBSERH - Profissional de Educação Física - Estado.
INSTITUTO AOCP). Na escolha da atividade física adequada Diante disso, se salienta que a educação não acontece
para a promoção da saúde, deve-se levar em conta quais espontaneamente na sociedade, mas sim de acordo com
fatores? normas impostas. Segundo Boneti (2006), a educação é
(A) Aspectos financeiros dos alunos. planejada e regulamentada de acordo com as políticas
(B) Hereditariedade, genética e histórico familiar dos definidas por uma correlação de forças complexas, envolvendo
últimos 10 anos. interesses locais, nacionais e internacionais. O Estado ocupa-
(C) Problemas nas inter-relações pessoais durante a se em mediar essas diferentes reivindicações e definir a
prática de atividade física. intervenção na educação por meio da legislação educacional
(D) Preferência pessoal, aptidão necessária e riscos (leis, decretos, pareceres) e acompanha o cumprimento da
associados à atividade física. implementação por meio de mecanismos próprios.
(E) Motivação para as práticas esportivas competitivas dos A implantação das políticas públicas educacionais para a
alunos. efetivação da diversidade cultural nos currículos e nas práticas
escolares depende do interesse ou benefício que essa política
Gabarito trará às classes dominantes. Dessa forma, as culturas locais,
diferentes daquela etnocêntrico-europeia, são excluídas,
01. Certo/02.D perpetuando-se na sociedade o padrão homogeneizador, dos
imaginários coletivos e das mentalidades, despertando uma
luta moderna contra a desigualdade e a exclusão, partindo do

105 Kadlubitski, Lidia; Junqueira, Sérgio Diversidade cultural e políticas


públicas educacionais Educação. Revista do Centro de Educação, vol. 34, núm. 1,
enero-abril, 2009, pp. 179-193 Universidade Federal de Santa Maria

Atualidades e Convivência Social 90


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referencial que é o universalismo. Segundo Boneti (2006, p. diferenças entre si; cada região é marcada por características
77): culturais próprias, assim como pela convivência interna de
Nessa dimensão, essa luta se divide em duas posições: entre grupos diferenciados.
os antidiferencialistas (negação das diferenças) e os Os PCNs apontam como um dos objetivos do ensino
diferencialistas (absolutização das diferenças). A negação das fundamental conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio
diferenças opera segundo a norma da homogeneização. sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de
Absolutização das diferenças, por sua vez, opera segundo a outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer
norma do relativismo [...]. Essas duas têm reflexo direto sobre as discriminação baseada em diferenças culturais, de classe
políticas públicas, especialmente no que se refere às diferenças social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características
sociais, a primeira as negando, e a segunda tratando-as como individuais e sociais.
tais, mas na perspectiva de as trazer para a homogeneidade. O avanço da proposta curricular de nosso país para
Portanto, de acordo com o relato de Boneti, as duas reconhecer a necessidade de inserir o tema da diversidade
vertentes da globalização tendem a homogeneizar a cultural no âmbito da educação formal pode ser considerado o
diversidade cultural, não incorporando as diferenças nas início para a implementação efetiva deste tema nas práticas
políticas públicas. Para Candau e Koff (2006, p. 474), “não se pedagógico-curriculares. Entretanto, questiona-se o fato dos
pode pensar numa igualdade que não incorpore o tema das PCNs tratarem a diversidade cultural como tema transversal.
diferenças, o que supõe lutar contra todas as formas de Segundo Alves-Mazzoti, 1994 apud Canen e Oliveira (2000, p.
desigualdade, preconceito e discriminação”. 141), para a conscientização sobre a diversidade cultural
Nessa perspectiva, se torna necessário que as organizações visando o respeito às diferenças em uma sociedade
e movimentos da diversidade cultural aliem forças para lutar multicultural, este tema deveria ser tratado no interior de
em prol da implementação de políticas públicas que valorizem todas as áreas, bem como no trabalho relativo às
a interação e comunicação entre os diferentes sujeitos e representações sociais de docentes.
grupos culturais, sem homogeneizar, excluir ou guetificar as No que se refere às políticas educacionais em nosso país
culturas. para a formação de docentes e pedagogos, para atuarem na
No Brasil, algumas tentativas vêm sendo realizadas para educação básica com a questão da diversidade cultural,
ressignificar e valorizar a diversidade cultural presente na destaca-se a Proposta de Diretrizes Curriculares de autoria da
nossa sociedade, o que faz com que, aos poucos, cresça a Comissão de Especialistas de Ensino de pedagogia divulgada,
conscientização sobre o tema. A Lei de Diretrizes e Bases da em 6 de maio de 1999, a qual propõe a formação de pedagogos
Educação Nacional n. 9.394/96, considerado o primeiro visando ao trabalho com os povos indígenas e à inclusão dos
documento da educação brasileira que aborda a questão da portadores de necessidades especiais (SILVA, 1999). As
diversidade, estabelece, como base nacional comum dos Diretrizes Curriculares Nacionais para a Pedagogia aprovadas
currículos dos ensinos fundamental e médio, o ensino da pelo MEC em 2006, Resolução n. 01/CNE/CP/2006,
história do Brasil e as contribuições das diferentes culturas e considerando o Parecer 5/CNE/CP/2005, o qual revoga a
etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das Resolução CFE 02/69, contemplam amplamente a formação de
matrizes indígena, africana e europeia, como também o ensino professores e educadores para atuarem com a questão da
sobre a história e a cultura afro-brasileira, sendo que os diversidade, abarcando a realidade cultural da sociedade
conteúdos devem ser trabalhados no âmbito de todo o brasileira.
currículo ( art. 26 e 26-A). O documento assegura, no ensino às De acordo com o Parecer 5/CNE/CP/2005, uma das
comunidades indígenas, a utilização da sua língua materna e finalidades do Curso de Pedagogia é a atenção especial à
os processos próprios de aprendizagem (art. 32) e o respeito à diversidade sociocultural e regional do país:
diversidade cultural religiosa do Brasil (art. 33). [...] habilitar o Pedagogo, por meio de múltiplos olhares,
Voltados para a incorporação da diversidade cultural no próprios das ciências, das culturas, das artes, da vida cotidiana,
cotidiano pedagógico, os Parâmetros Curriculares Nacionais para realizar a leitura das relações sociais e étnico-raciais, bem
(PCNs), elaborados pelo Ministério da Educação (MEC), como identificar problemas socioculturais e educacionais com
reconhecem a necessidade de uma educação multicultural. No postura investigativa, integrativa e propositiva em face de
documento introdutório dos PCNs para o ensino fundamental, realidades complexas, com vistas a contribuir para superação de
primeiro e segundo ciclos (BRASIL, 1997, p. 63), aponta-se a exclusões sociais, étnico-raciais, econômicas, culturais,
necessidade de considerar a diversidade e adequar os religiosas, políticas e outras; demonstrar consciência da
objetivos, os conteúdos e critérios de avaliação na prática diversidade, respeitando as diferenças de natureza ambiental-
educativa e nos currículos, de forma a atender a diversidade ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas geracionais, classes
existente no país e considerar a diversidade dos alunos, sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre
levando em conta não só as capacidades intelectuais e os outras. (BRASIL, 2005, p. 6-7)
conhecimentos de que o aluno dispõe, mas também seus A Conferência Nacional da Educação Básica é uma outra
interesses e motivações como elemento essencial a ser tratado iniciativa atual para efetivar a inclusão da diversidade cultural
para a melhoria da qualidade de ensino e de aprendizagem. na educação. Essa Conferência é um marco na história das
No entanto, verifica-se que no documento introdutório políticas públicas do setor educacional no Brasil, no sentido de
(1998) dos PCNs para o terceiro e quarto ciclos do ensino que tentou possibilitar a sociedade civil, entidades de classe,
fundamental, a questão da diversidade faz parte dos temas profissionais e pais a se reunirem em torno da discussão pela
transversais que deverão perpassar as diferentes disciplinas melhoria da qualidade do ensino, a partir da construção de um
curriculares (Língua Portuguesa, Matemática, História, Sistema Nacional Articulado de Educação (BRASIL, 2008, p.
Geografia, Ciências e Artes) e permitir, com isso, a 13).
interdisciplinaridade no ensino fundamental. O documento do A diversidade é entendida, pelo documento-base da
MEC (BRASIL, 1998, p. 68) ressalta: Conferência Nacional da Educação Básica, como construção no
Com a finalidade de viver democraticamente em uma processo histórico-cultural, na adaptação do homem e da
sociedade plural é preciso respeitar e valorizar a diversidade mulher ao meio social e no contexto das relações de poder
étnica e cultural que a constitui. Por sua formação histórica, a (BRASIL, 2008, p. 26). A inclusão da diversidade na educação,
sociedade brasileira é marcada pela presença de diferentes ainda segundo tal documento, implica posicionamento
etnias, grupos culturais, descendentes de imigrantes de diversas político, reorganização do trabalho na escola, do tempo escolar
nacionalidades, religiões e línguas. No que se refere à e da formação de professores, novas alternativas para a
composição populacional, as regiões brasileiras apresentam

Atualidades e Convivência Social 91


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condição docente e uma postura democrática diante do países em desenvolvimento, e encorajar as ações
diverso. empreendidas no plano nacional e internacional para que se
A Conferência Nacional da Educação Básica (BRASIL, reconheça o autêntico valor desse vínculo;
2008, p. 68) explicita ainda a necessidade de formular e (g) reconhecer natureza específica das atividades, bens e
implantar políticas que viabilizem e garantam a todos serviços culturais enquanto portadores de identidades,
(quilombolas, afrodescendentes, indígenas, pessoas com valores e significados;
necessidades educacionais especiais, gays, lésbicas, bissexuais, (h) reafirmar o direito soberano dos Estados de conservar,
transgêneros, simpatizantes – GLBTS, pessoas privadas de adotar e implementar as políticas e medidas que considerem
liberdade, mulheres, jovens, adultos e idosos) o acesso, e a apropriadas para a proteção e promoção da diversidade das
permanência com sucesso, à educação de qualidade, expressões culturais em seu território;
articuladamente com as demais políticas sociais, políticas (i) fortalecer a cooperação e a solidariedade internacionais
públicas, que garantam a efetiva universalização da escola, que em um espírito de parceria visando, especialmente, o
combatam a evasão escolar causada por preconceito e aprimoramento das capacidades dos países em
discriminação de qualquer ordem. desenvolvimento de protegerem e de promoverem a
Nessa perspectiva, o Ministério da Educação dá um grande diversidade das expressões culturais
passo para enfrentar a injustiça nos sistemas educacionais do
país, com a criação de uma Secretaria de Educação Continuada, Artigo 2 – PRINCÍPIOS DIRETORES
Alfabetização e Diversidade (Secad), em julho de 2004. Essa 1. Princípio do respeito aos direitos humanos e às
secretaria reúne temas como alfabetização e educação de liberdades fundamentais
jovens e adultos, educação do campo, educação ambiental, A diversidade cultural somente poderá ser protegida e
educação escolar indígena e diversidade étnico-racial. A Secad promovida se estiverem garantidos os direitos humanos e as
é composta por quatro departamentos: Departamento de liberdades fundamentais, tais como a liberdade de expressão,
Educação de Jovens e Adultos; Departamento de Educação informação e comunicação, bem como a possibilidade dos
para Diversidade e Cidadania; Departamento de indivíduos de escolherem expressões culturais. Ninguém
Desenvolvimento e Articulação Institucional e Departamento poderá invocar as disposições da presente Convenção para
de Avaliação e Informações Educacionais. A Secad publicou atentar contra os direitos do homem e as liberdades
várias obras e documentos que regulamentam a educação da fundamentais consagrados na Declaração Universal dos
diversidade cultural presente na sociedade brasileira. Alguns Direitos Humanos e garantidos pelo direito internacional, ou
dos documentos são: MEC/SEF, Referências para a formação para limitar o âmbito de sua aplicação.
de professores indígenas, 2002; MEC/Secad, Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- 2. Princípio da soberania
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e De acordo com a Carta das Nações Unidas e com os
Africana, 2004; MEC/Secad, Orientações e Ações para a princípios do direito internacional, os Estados têm o direito
Educação das Relações Étnico-Raciais, 2006. soberano de adotar medidas e políticas para a proteção e
promoção da diversidade das expressões culturais em seus
Convenção sobre a Proteção e Promoção da respectivos territórios.

3. Princípio da igual dignidade e do respeito por todas


Candidato(a). Teremos aqui os principais pontos as culturas
da Convenção sobre a Proteção e Promoção da A proteção e a promoção da diversidade das expressões
Diversidade das Expressões Culturais. Caso tenha culturais pressupõem o reconhecimento da igual dignidade e
interesse em conferir o documento na íntegra, você o respeito por todas as culturas, incluindo as das pessoas
pode acessá-lo através do seguinte endereço: < pertencentes a minorias e as dos povos indígenas.
http://www.ibermuseus.org/wp-
content/uploads/2014/07/convencao-sobre-a- 4. Princípio da solidariedade e cooperação
diversidade-das-expressoes-culturais-unesco- internacionais
2005.pdf> A cooperação e a solidariedade internacionais devem
permitir a todos os países, em particular os países em
Diversidade das Expressões Culturais (2005)106. desenvolvimento, criarem e fortalecerem os meios
necessários a sua expressão cultural – incluindo as indústrias
Objetivos e princípios diretores culturais, sejam elas nascentes ou estabelecidas – nos planos
Artigo 1 – OBJETIVOS local, nacional e internacional.
Os objetivos da presente Convenção são:
(a) proteger e promover a diversidade das expressões 5. Princípio da complementaridade dos aspectos
culturais; econômicos e culturais do desenvolvimento
(b) criar condições para que as culturas floresçam e Sendo a cultura um dos motores fundamentais do
interajam livremente em benefício mútuo; desenvolvimento, os aspectos culturais deste são tão
(c) encorajar o diálogo entre culturas a fim de assegurar importantes quanto os seus aspectos econômicos, e os
intercâmbios culturais mais amplos e equilibrados no mundo indivíduos e povos têm o direito fundamental de dele
em favor do respeito intercultural e de uma cultura da paz; participarem e se beneficiarem.
(d) fomentar a interculturalidade de forma a desenvolver
a interação cultural, no espírito de construir pontes entre os 6. Princípio do desenvolvimento sustentável
povos; A diversidade cultural constitui grande riqueza para os
(e) promover o respeito pela diversidade das expressões indivíduos e as sociedades. A proteção, promoção e
culturais e a conscientização de seu valor nos planos local, manutenção da diversidade cultural é condição essencial para
nacional e internacional; o desenvolvimento sustentável em benefício das gerações
(f) reafirmar a importância do vínculo entre cultura e atuais e futuras.
desenvolvimento para todos os países, especialmente para

106 http://www.ibermuseus.org/wp-content/uploads/2014/07/convencao-
sobre-a-diversidade-das-expressoes-culturais-unesco-2005.pdf

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7. Princípio do acesso equitativo incluindo a criação, produção, difusão e distribuição de


O acesso equitativo a uma rica e diversificada gama de atividades, bens e serviços culturais, e o acesso aos mesmos.
expressões culturais provenientes de todo o mundo e o acesso
das culturas aos meios de expressão e de difusão constituem 7. Proteção
importantes elementos para a valorização da diversidade "Proteção" significa a adoção de medidas que visem à
cultural e o incentivo ao entendimento mútuo. preservação, salvaguarda e valorização da diversidade das
expressões culturais. "Proteger" significa adotar tais medidas.
8. Princípio da abertura e do equilíbrio
Ao adotarem medidas para favorecer a diversidade das 8. Interculturalidade
expressões culturais, os Estados buscarão promover, de modo "Interculturalidade" refere-se à existência e interação
apropriado, a abertura a outras culturas do mundo e garantir equitativa de diversas culturas, assim como à possibilidade de
que tais medidas estejam em conformidade com os objetivos geração de expressões culturais compartilhadas por meio do
perseguidos pela presente Convenção. diálogo e respeito mútuo.

II. Campo de aplicação Direitos dos povos e comunidades tradicionais na


Artigo 3 – CAMPO DE APLICAÇÃO Constituição Federal como direitos fundamentais107
A presente Convenção aplica-se a políticas e medidas
adotadas pelas Partes relativas à proteção e promoção da A Constituição Federal de 1988 rompeu com séculos de
diversidade das expressões culturais. políticas e normas que tinham como objetivo a assimilação
cultural dos indígenas ao modo de vida da sociedade
III. Definições envolvente.
Artigo 4 – DEFINIÇÕES Além de enunciar, em seu Preâmbulo, que a sociedade
Para os fins da presente Convenção, fica entendido que: brasileira deve ser fraterna, pluralista e sem preconceitos, a
Constituição Federal garante uma série de direitos dos
1. Diversidade Cultural indígenas a sua organização social, crenças, costumes, línguas,
"Diversidade cultural” refere-se à multiplicidade de formas tradições e territórios e aos remanescentes de comunidades
pelas quais as culturas dos grupos e sociedades encontram sua quilombolas o direito à propriedade das terras que estejam
expressão. Tais expressões são transmitidas entre e dentro ocupando.
dos grupos e sociedades. A diversidade cultural se manifesta Embora o art. 231 da CF/88 refira-se, em geral, aos
não apenas nas variadas formas pelas quais se expressa, se indígenas como titulares de direitos e o art. 68 da ADCT aos
enriquece e se transmite o patrimônio cultural da humanidade remanescentes de quilombos, o art. 232 da CF/88 confere
mediante a variedade das expressões culturais, mas também legitimidade para entrar em juízo não só aos indígenas e suas
através dos diversos modos de criação, produção, difusão, organizações, mas também às suas comunidades. Entretanto,
distribuição e fruição das expressões culturais, quaisquer que é o § 2º do art. 210, no capítulo da “Educação”, que a CF/88
sejam os meios e tecnologias empregados. confere mais explicitamente um direito cujos titulares são as
próprias comunidades indígenas: o direito à “utilização de
2. Conteúdo Cultural suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem”.
"Conteúdo cultural" refere-se ao caráter simbólico, A Constituição Federal de 1988 não fala, contudo, em
dimensão artística e valores culturais que têm por origem ou povos indígenas e povos tribais, diferentemente do que está
expressam identidades culturais. prescrito na Convenção 169/OIT.
Porém, o Decreto 6040/2007 institui a Política Nacional de
3. Expressões culturais Desenvolvimento dos Povos e Comunidades Tradicionais, que
"Expressões culturais" são aquelas expressões que são definidos como “grupos culturalmente diferenciados e que
resultam da criatividade de indivíduos, grupos e sociedades e se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de
que possuem conteúdo cultural. organização social, que ocupam e usam territórios e recursos
naturais como condição para sua reprodução cultural, social,
4. Atividades, bens e serviços culturais religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos,
"Atividades, bens e serviços culturais" refere-se às inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”.
atividades, bens e serviços que, considerados sob o ponto de Direitos de povos e comunidades tradicionais dificilmente
vista da sua qualidade, uso ou finalidade específica, são redutíveis aos direitos de seus membros. Por exemplo,
incorporam ou transmitem expressões culturais, quando o § 2 do art. 210 da CF/88 garante às comunidades
independentemente do valor comercial que possam ter. As indígenas o direito à utilização de suas línguas maternas e
atividades culturais podem ser um fim em si mesmas, ou processos próprios de aprendizagem, o que está sendo
contribuir para a produção de bens e serviços culturais. protegida é a comunidade como um todo e indivisível, embora
indiretamente seus membros também o sejam. Além disso,
5. Indústrias culturais embora o art. 231 da CF/88 disponha acerca dos direitos dos
"Indústrias culturais" refere-se às indústrias que indígenas aos seus territórios e o art. 68 da ADCT/CF/88
produzem e distribuem bens e serviços culturais, tais como disponha sobre direitos dos remanescentes de quilombos,
definidos no parágrafo 4 acima. esses direitos não podem ser decompostos simplesmente em
direitos dos indivíduos, pois constituem direitos de grupos
6. Políticas e medidas culturais culturalmente diferenciados à língua, costumes, tradições, etc.
"Políticas e medidas culturais" refere-se às políticas e Se não há dúvida que a Constituição Federal reconhece
medidas relacionadas à cultura, seja no plano local, regional, direitos de comunidades tradicionais, ou pelo menos das
nacional ou internacional, que tenham como foco a cultura comunidades indígenas (arts. 210, § 2º, e 232), indaga-se se
como tal, ou cuja finalidade seja exercer efeito direto sobre as esses direitos podem ser reconhecidos como direitos
expressões culturais de indivíduos, grupos ou sociedades, fundamentais e com todas as garantias constitucionais que
esses direitos possuem, tais como a aplicabilidade imediata (§

107 LEIVAS, P. G. C. Direitos dos povos e comunidades tradicionais na


Constituição Federal como direitos fundamentais. Centro Universitário Ritter dos
Reis. SEPesq. < https://bit.ly/2sYtT99>

Atualidades e Convivência Social 93


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1º do art. 5º) e a proteção contra emendas constitucionais (art. Esse novo paradigma de reconhecimento do pluralismo
60, § 4º). cultural foi reforçado pela incorporação ao direito
A discussão sobre a jusfundamentalidade dos direitos das constitucional brasileiro, por força do § 2º do art. 5º da
comunidades tradicionais talvez possa aproveitar o debate Constituição, da Convenção 169 da Organização Internacional
acerca da independência ou sobreposição entre direitos de do Trabalho (OIT), sobre Povos Indígenas e Tribais,
minorias e direitos humanos como direitos coletivos ou promulgada pelo Decreto 5051, de 19/04/2004, com
direitos de grupos diferenciados, o que será abordado no afirmação da diversidade cultural como princípio e do direito
primeiro capítulo. No segundo adentra-se no novo paradigma dos indígenas e povos tribais a terem respeitados suas formas
do pluralismo cultural na Constituição Federal para, no de vida.
terceiro capítulo, adentrar-se no tema dos direitos Desse modo, está superado o paradigma assimilacionista e
fundamentais de comunidades e povos tradicionais. seu arcabouço normativo que vigeu no Brasil desde o tempo
da Brasil colônia até à promulgação da Constituição de 1988,
Direitos humanos coletivos ou direitos de minorias que tinha como pano de fundo uma concepção de sociedade
baseados em grupos? nacional culturalmente e etnicamente homogênea. Populações
No âmbito da filosofia política e da teoria dos direitos pré-colombianas ou deveriam ser "civilizadas", ou seja,
humanos há uma intensa discussão acerca da existência de assimiladas até seu desaparecimento como grupos
“collective human rights”, considerados como direitos de culturalmente diferenciadas, ou exterminadas, caso
grupos culturalmente minoritários (FREEMAN, 1995). Contra resistissem a esse domínio.
a existência de direitos humanos coletivos argui-se a Se não há dúvida a respeito da vigência normativa desse
concepção liberal dos direitos humanos ou mesmo a novo paradigma da diversidade cultural e das normas
desnecessidade desses direitos, tendo em vista que direitos constitucionais que garantem o direito aos usos e costumes
das coletividades podem ser justificados com base em direitos dos povos indígenas e ao territórios indígenas e quilombolas,
humanos individuais (HABERMAS, 1998, p. 147). de outro lado não está claro no texto constitucional se esses
Freeman argumenta favoravelmente à existência de direitos são direitos fundamentais e que em medida eles o são.
direitos humanos coletivos porque alguns direitos coletivos
não são redutíveis a direitos dos indivíduos que compõem os Direitos coletivos de populações tradicionais como
grupos. Diz que a proteção dos direitos dos indivíduos de direitos fundamentais
grupos minoritários apenas com base nos direitos individuais Os direitos fundamentais são direitos constitucionais com
não será suficiente. Demonstra eu no crime de genocídio há uma eficácia privilegiada dentro do ordenamento
ilícitos cometidos contra o grupo como tal e não apenas contra constitucional, com aplicabilidade imediata (§ 1º do art. 5º) e
seus membros (FREEMAN, 1995). protegidos como cláusulas pétreas (art. 60, § 4º)
Kymlicka, contudo, afirma que a doutrina de direitos A Constituição Federal possui uma seção de direitos
humanos é incapaz de resolver os mais importantes fundamentais que corresponde ao título II, intitulando-os de
problemas das minorias culturais, tais como o direito de ter direitos individuais e coletivos. Entretanto, os direitos das
educação financiada com recursos públicos em suas línguas populações tradicionais não constam do Título II.
maternas (1995, p. 4). Propõe então que os princípios de Além disso, a cláusula de abertura do § 2º do art. 5º da
direitos humanos sejam suplementados com uma teoria dos Constituição Federal confere a natureza de direitos
direitos de minorias (1995, p. 5) em que seja explicitada sua fundamentais não só aos expressamente enumerados no art.
coexistência com os direitos humanos (1995, p. 6). Kimlicka 5º e no Título II da Constituição Federal, mas também a outros
prefere, contudo, a expressão direitos diferenciados de grupos decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, bem
(groupdifferentiated rights) a direitos coletivos, tendo em como dos tratados internacionais que a República Federativa
vista a ambiguidade da expressão direitos coletivos (1995, p. do Brasil seja parte.
40). No mesmo sentido de Kymlicka, Maldonado defende que Portanto, ao princípio do pluralismo cultural podem ser
o conceito de direitos humanos é incapaz de proteger as associados os direitos aos territórios, organização social,
minorias culturais ou mesmo está em conflito com os direitos costumes, línguas, crenças e tradições (art. 231) e os direitos
destas (2006, p. 22). das comunidades quilombolas aos seus territórios (art. 68
Além disso, como afirmado por Freeman, há direitos de ADCT), bem como os direitos dos povos indígenas à educação
minorias dificilmente redutíveis a direitos de seus membros, bilíngue e a processos próprios de aprendizagem (art, 210, §
como é o caso do direito à educação em língua materna. Por 2º).
fim, os conflitos entre direitos de comunidades tradicionais Se é verdade que alguns direitos individuais podem
com os direitos de seus membros podem ser solucionados por fundamentar direitos dos membros dos grupos à proteção de
critérios de acomodamento das minorias culturais, por sua identidade cultural, em outras situações é mais difícil essa
exemplo, como os propostos por Maldonado (2006, p. 269– fundamentação, como é o caso dos direitos dos grupos a uma
283). educação escolar bilíngue e diferenciada (art. 210, § 2º).
O direito a uma educação escolar indígena e diferenciada
O pluralismo cultural na CF/88 e o fim do não é apenas um direito dos indivíduos indígenas, mas direitos
assimilacionismo dos grupos a uma educação que promova suas identidades
A Constituição Federal de 1988, ao garantir aos povos étnicas, costumes e tradições e que lhes protejam de uma
indígenas o direito ao território e aos seus usos e costumes prática assimiladora de suas culturas.
(art. 231 ss.) E aos descendentes de quilombos o território que A cláusula de abertura da primeira parte do § 2º do art. 5º
eles ocupam (art. 68 ADCT), inaugura um novo paradigma de da CF/88 não limita os direitos fundamentais a direitos
reconhecimento da pluralidade étnica, cultural e jurídica da individuais e o próprio nome do capítulo I do título II fala em
sociedade brasileira. direitos individuais e coletivos. Aliás, o Supremo Tribunal
Uma interpretação sistemática do texto constitucional Federal vem reiteradamente decidindo que o direito ao meio
permite que que se entenda que a expressão “sociedade ambiente sadio e equilibrado (art. 225), um direito difuso, é
pluralista e sem preconceitos” que consta no preâmbulo da um direito fundamental de terceira geração.
Constituição compreenda também o pluralismo cultural e a
igualdade entre todas as culturas existentes no território
nacional.

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CONCEITOS E DIMENSÕES DA CULTURA parte constitutiva do novo cenário de desenvolvimento


econômico socialmente justo e sustentável.
Cultura: Expressão Simbólica, Cidadania E A implementação do Plano Nacional de Cultura apoiará de
Economia108 forma qualitativa o crescimento econômico brasileiro. Para
Com frequência, a política cultural é pensada com ênfase isso, deverá fomentar a sustentabilidade de fluxos de
exclusiva nas artes consolidadas. Considerando-se que a formação, produção e difusão adequados às singularidades
diversidade cultural é o maior patrimônio da população constitutivas das distintas linguagens artísticas e múltiplas
brasileira, no âmbito do PNC (Plano Nacional de Cultura) expressões culturais. Inserida em um contexto de valorização
busca-se transcender as linguagens artísticas, sem contudo da diversidade, a cultura também deve ser vista e aproveitada
minimizar sua importância. Uma perspectiva ampliada, que como fonte de oportunidades de geração de ocupações
articula as diversas dimensões da cultura, ganhou corpo e produtivas e de renda e, como tal, protegida e promovida pelos
espaço na estrutura de financiamento público nos últimos meios ao alcance do Estado.
anos e é um dos pilares do Plano Nacional de Cultura.
POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
Dimensão Simbólica
Adotando uma abordagem antropológica abrangente, o A produção cultural de uma determinada sociedade
PNC retoma o sentido original da palavra cultura e se propõe a engloba um número quase infinito de saberes e fazeres, e seu
“cultivar” as infinitas possibilidades de criação simbólica estudo exige um esforço permanente de reflexão e de análise.
expressas em modos de vida, motivações, crenças religiosas, Qual deve ser o papel das políticas públicas no universo da
valores, práticas, rituais e identidades. Para desfazer relações cultura? O que são políticas públicas culturais? Na última
assimétricas e tecer uma complexa rede que estimule a década, foram intensificadas as discussões acerca da
diversidade, o PNC prevê a presença do poder público nos responsabilidade do Estado sobre a produção cultural
diferentes ambientes e dimensões em que a cultura brasileira nacional e acerca dos princípios que devem reger a elaboração
se manifesta. As políticas culturais devem reconhecer e das políticas culturais, tanto no âmbito da administração
valorizar esse capital simbólico, por meio do fomento à sua federal como no dos governos locais. Tais discussões,
expressão múltipla, gerando qualidade de vida, autoestima e entretanto, não têm sido seguidas por estudos sistemáticos no
laços de identidade entre os brasileiros. que diz respeito ao acompanhamento e análise da atuação
política do Estado no campo da cultura109.
Dimensão Cidadã Por política pública cultural estamos considerando um
Os indicadores de acesso a bens e equipamentos culturais conjunto ordenado e coerente de preceitos e objetivos que
no Brasil refletem conhecidas desigualdades e estão entre os orientam linhas de ações públicas mais imediatas no campo da
piores do mundo, mesmo se comparados aos de países em cultura. A recuperação da política cultural levada a cabo por
desenvolvimento. Apenas uma pequena parcela da população um determinado governo ou em um período da história de um
brasileira tem o hábito da leitura. Poucos frequentam teatros, país pode ser realizada através do mapeamento das ações do
museus ou cinemas. Estado no campo da cultura, ainda que este não as tenha
A infraestrutura cultural, os serviços e os recursos públicos elaborado ou reunido como um todo coerente, como uma
alocados em cultura demonstram ainda uma grande política determinada. O mapeamento de tais ações deve ter
concentração em regiões, territórios e estratos sociais. como foco os âmbitos da produção, da circulação e do consumo
Populações tradicionais não estão plenamente incorporadas culturais.
ao exercício de seus direitos culturais, uma vez que os meios No caso do Estado brasileiro, podem ser destacados alguns
para assegurar a promoção e o resguardo de culturas momentos nos quais foi dedicada uma atenção maior à área da
indígenas e de grupos afro-brasileiros são insuficientes. cultura. No presente trabalho, foram destacadas ações do
O acesso universal à cultura é uma meta do Plano que se primeiro governo Vargas (1930-1945); de parte da gestão do
traduz por meio do estímulo à criação artística, Presidente Médici e do governo Geisel (ditadura militar); no
democratização das condições de produção, oferta de governo do Presidente Sarney e no governo Collor. O período
formação, expansão dos meios de difusão, ampliação das Vargas é o de estruturação formal da área da cultura e nos
possibilidades de fruição, intensificação das capacidades de governos militares, especialmente o dos presidentes Médici e
preservação do patrimônio e estabelecimento da livre Geisel, ocorre um intenso processo de renovação da ação
circulação de valores culturais, respeitando-se os direitos pública no campo da cultura. Já no caso do governo Collor, o
autorais e conexos e os direitos de acesso e levando-se em movimento é contrário com um saldo da intervenção
conta os novos meios e modelos de difusão e fruição cultural. governamental na área cultural absolutamente devastador.
A seguir veremos um pequeno inventário das principais
Dimensão Econômica ações do Governo Federal no campo da cultura, nos períodos
Para a realização dos objetivos citados até aqui, torna-se anteriormente apontados, onde claramente podem ser
imperativa a regulação das “economias da cultura”, de modo a percebidos momentos de descontinuidades no processo de
evitar os monopólios comerciais, a exclusão e os impactos elaboração de políticas públicas na área da cultura.
destrutivos da exploração predatória do meio ambiente e dos
valores simbólicos a ele relacionados. A Área Federal de Cultura
Nos anos 70, por exemplo, o Brasil cresceu a patamares de A elaboração do que se pode chamar de políticas culturais
10% ao ano, mas concentrou renda, ampliou as desigualdades governamentais, no Brasil, teve início durante o primeiro
sociais e conservou distâncias culturais. A década de 90, por governo Vargas. Foi o tempo da construção de instituições
sua vez, foi marcada pela ampliação desses problemas em voltadas para setores onde o Estado ainda não atuava. O maior
consequência da hegemonia de ideias que privilegiaram o exemplo é o do campo da preservação do patrimônio material
mercado como meio regulador das dinâmicas de expressão com a fundação do Serviço do Patrimônio Histórico e
simbólica. Hoje, no entanto, a cultura, como lugar de inovação Artístico Nacional (SPHAN). Tivemos ainda a regulação do
e expressão da criatividade brasileira, apresenta-se como emprego de parte da produção cinematográfica com a criação
do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), ou a

108 Plano Nacional de Cultura. Diretrizes Gerais. 109 Lia Calabre. Política Cultural no Brasil: um Histórico. Fundação Casa de
http://www2.cultura.gov.br/site/wp- Rui Barbosa. http://www.cult.ufba.br/enecul2005/LiaCalabre.pdf
content/uploads/2008/10/pnc_2_compacto.pdf

Atualidades e Convivência Social 95


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ampliação do mercado editorial com a formação do Instituto Cultura que continuava dentro do Ministério da Educação.
Nacional do Livro (INL). No volume sobre a Cultura Brasileira, Lançado em agosto de 1973, o plano teve como meta a
publicado junto com o Recenseamento Geral do Brasil de 1940, implementação de um ativo calendário de eventos culturais,
o governo registrava também a intenção criar um órgão de com espetáculos nas áreas de música, teatro, circo, folclore e
pesquisa estatística específico para as áreas de educação e cinema. O programa foi iniciado com o deslocamento de
cultura, além de promover várias transformações no Serviço diversos artistas através do país, como por exemplo, grupos do
Nacional de Estatística que, em 1934, se transformou em sul se apresentavam em Recife; artistas catarinenses em
Instituto Nacional de Estatística. A área da cultura estava sob Belém; músicos cariocas em Fortaleza ou amazonenses em
os cuidados do Ministério da Educação e Saúde (MES) e Florianópolis, provocando uma intensa circulação e interação
recebeu uma atenção especial na gestão do Ministro Gustavo cultural nas mais diversas regiões brasileiras.
Capanema (1934-1945). Na gestão do Ministro Ney Braga, durante o governo Geisel
Uma outra área também merecedora de atenção especial do (1974-1978), foram criados novos órgãos, entre eles o
governo Vargas foi a da radiodifusão. A primeira emissora de Conselho Nacional de Direito Autoral (CNDA), o Conselho
rádio brasileira foi ao ar em 1923, mas a legislação específica Nacional de Cinema, a Campanha de Defesa do Folclore
sobre transmissões radiofônicas somente foi promulgada em Brasileiro, a Fundação Nacional de Arte (FUNARTE) e ocorreu
1932. O decreto lei n° 21.111 regulamentou o setor de ainda a reformulação da Embrafilme, que havia sido criada em
radiodifusão, normatizando, inclusive, questões como a 1969. Para Sérgio Miceli deve se destacar o fato de o Ministro
veiculação de publicidade, formação de técnicos, potência de Ney Braga:
equipamentos, entre outras. Entre 1945 e 1964, o grande
desenvolvimento na área cultural se deu no campo da “... inserir o domínio da cultura entre as metas da política de
iniciativa privada. O Estado não promoveu, nesse período, desenvolvimento social do governo Geisel. Foi a única vez na
ações diretas de grande vulto no campo da cultura. Em 1953, o história republicana que o governo formalizou um conjunto de
Ministério da Educação e Saúde foi desmembrado, surgindo os diretrizes para orientar suas atividades na área da cultura,
Ministérios da Saúde (MS) e o da Educação e Cultura (MEC). prevendo ainda modalidades de colaboração entre os órgãos
Este é o momento do crescimento e da consolidação dos meios federais e de outros ministérios, como por exemplo o Arquivo
de comunicação de massa o rádio e a televisão. Nacional do Ministério da Justiça e o Departamento Cultural do
O fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, permitiu o Ministério das Relações Exteriores, com secretarias estaduais e
retorno da produção de aparelhos de rádio e de equipamentos municipais de cultura, universidades, fundações culturais e
de transmissão. Ainda na década de 1940, o número de instituições privadas.”
emissoras de rádio cresceu na ordem de 100%. Na década de
1950 a televisão chegava ao Brasil. No campo da produção Em julho de 1976, em Salvador, ocorreu o Encontro Nacional
artística em geral, surgiam grupos que propunham a utilização de Cultura reunindo os Conselhos e Secretarias de cultura de
de novas linguagens, entre os movimento que se destacaram todo o país, participava também o conjunto dos órgãos da área
temos o Cinema Novo, a Bossa Nova, o Violão de Rua, o Grupo de cultura governamental tais como a TVE, FUNARTE, o
Oficina, os trabalhos de Lígia Clarck e Hélio Oiticica, entre Arquivo Nacional, o MOBRAL, entre outros -, além do
vários outros. Itamaraty e da UNESCO. O objetivo do Encontro era plantar as
Com o golpe militar de 1964, o país passa a viver um bases para a implementação de uma política integrada de
período de repressão e censura que resultou no cultura entre os diversos níveis de governo. A agenda do
desmantelamento da grande maioria dos projetos culturais em encontro foi organizada em torno de 14 temas, entre eles: a
curso. Durante o governo de Castelo Branco (1964-1967), legislação e a cultura; a defesa do patrimônio cultural, sistema
surgiu nos quadros do governo a discussão sobre a nacional de arquivos, sistema nacional de bibliotecas, sistema
necessidade da elaboração de uma política nacional de cultura, nacional de museus históricos e a integração regional da
mas não se registraram avanços. Em 1966, foi criado o cultura.
Conselho Federal de Cultura, com 24 membros indicados pelo Ainda na gestão do presidente Geisel, podemos observar
Presidente da República, que chegou a apresentar alguns que a questão da produção cultural brasileira tornara-se uma
planos de cultura para o governo, em 1968, 1969 e 1973, mas preocupação mais geral no governo, extrapolando os limites
nenhum deles foi posto em prática. Ainda em 1966, foi criado do MEC. Em 1975, fora do âmbito do MEC, teve início um
o Instituto Nacional de Cinema (INC) que incorporou o projeto que resultou na criação do Centro Nacional de
Instituto Nacional de Cinema Educativo. O novo órgão tinha Referência Cultural (CNRC). Tendo como metas principais o
como objetivo formular e executar a política governamental desenvolvimento econômico, a preservação cultural e a
relativa à produção, importação, distribuição e exibição de criação de uma identidade para os produtos brasileiros, o
filmes, ao desenvolvimento da indústria cinematográfica Ministério da Indústria e do Comércio e o Distrito Federal,
brasileira, ao seu fomento cultural e à sua promoção no assinam um convênio que prevê a formação de um grupo de
exterior. trabalho para estudar alguns aspectos e especificidades da
No governo do Presidente Médici (1969-1974), durante a cultura e do produto cultural brasileiro.
gestão do Ministro Jarbas Passarinho (1969-1973), foi Em 1976, a partir dos resultados alcançados pelo grupo de
elaborado o Plano de Ação Cultural (PAC), apresentado pela trabalho, foi assinado um convênio entre a Secretaria de
imprensa da época como um projeto de financiamento de Planejamento, o Ministério das Relações Exteriores, o
eventos culturais. O plano marcou o início de uma série de Ministério da Indústria e do Comércio, a Universidade de
ações do Estado no campo da cultura. Segundo Sérgio Miceli: Brasília e a Fundação Cultural do Distrito Federal para a
efetivação do CNRC. Entre os primeiros programas
“O PAC, por sua vez, era não apenas uma abertura de crédito, implementados pelo Centro estavam o do mapeamento da
financeiro e político, a algumas áreas da produção oficial até atividade artesanal, o da história da tecnologia e da ciência no
então praticamente desassistidas pelos demais órgãos oficiais, Brasil e alguns levantamentos socioculturais e de
mas também uma tentativa oficial de degelo em relação aos documentação. O Centro Nacional de Referência Cultural foi
meios artísticos e intelectuais.” idealizado e dirigido Aloísio Magalhães.
Em 1979 e 1980, sob a gestão do Ministro Eduardo
O PAC abrangia o setor de patrimônio, as atividades Portella, ocorreu a transformação do IPHAN de Instituto em
artísticas e culturais, prevendo ainda a capacitação de pessoal. Secretaria do Patrimônio Histórico Nacional, a direção do
Ocorria um processo de fortalecimento do papel Secretaria da órgão ficou a cargo de Aloísio Magalhães. Em uma entrevista

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em junho de 1979, Aloísio demonstrava uma preocupação com (FUNARTE), Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Fundação
a institucionalização do trabalho do CNRC, que ocorria ainda Cultural Palmares (FCP) e Instituto do Patrimônio Histórico e
fora do âmbito do MEC, afirmando que seria muito bom a Artístico Nacional (IPHAN).
integração do Centro ao IPHAN. Ainda em 1979, foi criada a A Lei Rouanet, foi aperfeiçoada ao longo do governo do
Fundação Nacional Pró-Memória que como um dos seus Presidente Fernando Henrique Cardoso, tendo sido
primeiros atos incorporou o CNRC. promulgadas algumas regulamentações que permitiram uma
Frente ao claro fortalecimento do setor cultural, surge maior agilidade em sua aplicação. Durante a gestão do
dentro da Secretaria de Cultura uma grande discussão entre Ministro Francisco Weffort (1995-2002) o governo federal
um grupo que apoiava a ideia da criação do Ministério de diminuiu o nível dos investimentos públicos na área da
Cultura e outro que desejava a ampliação da estrutura da cultura, repassando para a iniciativa privada a
Secretaria dentro do MEC. O segundo grupo temia que a responsabilidade de decisão sobre os rumos da produção
desvinculação do Ministério da Educação resultasse em recuo cultural.
do processo de crescimento que estava em curso. Para esse Os recursos oriundos da renúncia fiscal prevista pela Lei
grupo, era preferível estar em uma Secretaria forte do que em são públicos, são parte do imposto de renda devido pelas
um Ministério fraco. Já os que apoiavam a separação partiam empresas ao governo. A Lei permite que o setor privado que
da hipótese de que esta seria a única forma de colocar a cultura decida individualmente onde esses recursos serão investidos.
em um lugar de destaque nas ações governamentais. Fica estabelecido um conjunto de áreas da produção cultural
Entre 1979 e 1985, ocorreu o fortalecimento e a para as quais podem ser apresentadas propostas de trabalhos
consolidação de algumas instituições e linhas de atuação do a serem patrocinadas. Cumpridas as exigências burocráticas,
governo federal no campo da cultura. Em 1981, na gestão do os proponentes têm seus projetos aprovados na Lei e ganham
Ministro Rubem Ludwig, foi criada a Secretaria de Cultura, que um certificado.
englobava a Secretaria de Assuntos Culturais (SEAC) e a área Com a aprovação, o proponente do projeto sai em busca de
de patrimônio, ambas sob a direção de Aloísio Magalhães até um patrocinador. Nem todos os que conseguem obter o
1982. Neste período foi elaborado o plano de Diretrizes para certificado encontram patrocínio. O que ocorre com mais
operacionalização da política cultural no MEC. frequência é a concessão do patrocínio a projetos que tenham
Em 1985, o Ministério da Cultura é então criado e, como forte apelo comercial, ou seja, os que permitam que a empresa
alguns previam, as verbas ficaram majoritariamente com a patrocinadora os utilize como marketing cultural. O resultado
educação, compondo um quadro de um futuro pouco desse processo é que passa a caber à iniciativa privada a
promissor para a cultura. O estabelecimento do novo decisão sobre uma grande parcela da produção cultural do
Ministério veio acompanhado de uma série de problemas, tais país.
como: perda de autonomia, superposição de poderes, ausência A decisão é privada, mas o dinheiro que financia os
de linhas de atuação política, disputa de cargos, clientelismo, projetos é, na verdade, público. Um dos indicadores que
entre outros. O novo Ministério ficou a cargo de José Aparecido permitem observar a ação do Estado sobre um determinado
de Oliveira, que logo foi substituído por Aloísio Pimenta. campo é a legislação. O conjunto de leis, decretos, medidas
Ao longo da década de 1980, foi ocorrendo uma contínua provisórias, instruções normativas e portarias referentes à
retração dos investimentos públicos na área cultural. Na área da cultura, aprovados ao longo da gestão do Presidente
tentativa de buscar novas fontes de recursos para as Fernando Henrique Cardoso formam o seguinte quadro:
atividades culturais, em 2 de julho de 1986, o Presidente
Sarney promulgou a Lei n° 7.505, de incentivo à cultura,
durante a gestão do Ministro Celso Furtado. A Lei Sarney
funcionava a partir do mecanismo de renúncia fiscal. A forma
como a lei foi estruturada foi objeto de inúmeras críticas
durante seu período de vigência e terminou sendo extinta em
1990, no início do governo Collor.
Na gestão do Presidente Fernando Collor de Melo, toda a
estrutura federal no campo da cultura foi radicalmente
alterada. Em abril de 1990, o Presidente promulgou a Lei n°
8.029, que extinguia, de uma só vez, diversos órgãos da
administração federal, em especial da área da cultura
FUNARTE, Pró-Memória, FUNDACEN, FCB, Pró-Leitura e
EMBRAFILME e reformulava outros tantos como o SPHAN.
Todo o processo foi feito de maneira abrupta, interrompendo
vários projetos, desmontando trabalhos que vinham sendo A partir do quadro apresentado acima podemos verificar
realizados por mais de uma década. que praticamente um terço da legislação cultural promulgada
Collor extinguiu também o próprio Ministério da Cultura, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso foi
criando uma Secretaria de Cultura que teve como primeiro direcionada às questões da lei de incentivo. Por outro lado, o
Secretário Ipojuca Pontes que, em 1991, passou o cargo para governo não elaborou propostas, planos ou diretrizes de
Sérgio Paulo Rouanet. gestão pública para o campo da cultura. Tal fato nos permite
Em 1991, o governo Collor promulgou uma nova lei de afirmar que as leis de incentivo tornaram-se a política cultural
incentivo à cultura. Através de Lei n° 8.313, de 23 de dezembro do Ministério da Cultura na gestão do Presidente Fernando
de 1991, foi instituído o Programa Nacional de Apoio à Cultura Henrique Cardoso e do Ministro Francisco Weffort.
(PRONAC), que ficou conhecida como Lei Rouanet. Em termos
de ações dos governos na área da cultura, a década de 1990 À guisa de conclusão
pode ser vista como a das Leis de Incentivo à Cultura. No Brasil não temos tradição de realização de estudos de
Em 1992, o presidente da República, Itamar Franco, políticas públicas, em especial em áreas como a da cultura. Ao
recriou o Ministério da Cultura e nomeou como Ministro revisitarmos, ainda que superficialmente, as ações do Estado
Antônio Houaiss. Em 1994, algumas das instituições extintas no âmbito da cultura, nessas últimas quatro décadas,
no governo Collor foram recriadas. A nova estrutura do verificamos uma série de iniciativas na direção da elaboração
Ministério mantinha como entidades vinculadas: Fundação de linhas de atuação política, que inúmeras vezes foram
Casa de Rui Barbosa (FCRB), Fundação Nacional de Arte abandonadas e retomadas com pequenas alterações por

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governos que se seguiram. Esse processo de eterno recomeçar, as mulheres, assim como de assistência e garantia de direitos
de experiências que poucos rastros deixaram, de ausência de às mulheres em situação de violência, conforme normas e
registros, de pouca sistematicidade nas ações, gerou alguns instrumentos internacionais de direitos humanos e legislação
efeitos perversos, com grandes desperdícios de recursos nacional. Além disso, está estruturada a partir do Plano
financeiros e humanos. Aqui foi apresentada somente uma Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), elaborado com
sintética cronologia com pequenas pistas para questões que base na I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres,
merecem estudos mais específicos e aprofundados. realizada em 2004 pela Secretaria de Políticas para as
Em um tempo de constantes inovações tecnológicas que Mulheres (SPM) e pelo Conselho Nacional dos Direitos da
facilitam a disponibilização e a democratização das Mulher (CNDM).
informações, torna-se tarefa inadiável o resgate das ações do O PNPM possui como um de seus Capítulos o
governo na área da cultural. enfrentamento à violência contra a mulher que, por sua vez,
Ocorre hoje, em nível mundial, um processo de valorização define como objetivo a criação de uma Política Nacional. Vale
cada vez maior do papel da cultura nas sociedades em um notar que a questão do enfrentamento a todas as formas de
mundo globalizado. Os processos culturais vêm sendo violência contra a mulher foi mantida como um eixo temático
considerados importantes sejam como fontes de geração de na II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres
renda e emprego, sejam como elementos fundamentais da (CNPM), realizada em agosto de 2007 e no II Plano Nacional de
configuração do campo da diversidade cultural e da identidade Políticas para as Mulheres, lançado em 2008.
nacional. Os diálogos no campo das políticas culturais devem A Política Nacional encontra-se, também, em consonância
ocorrer nas mais diversas direções, entre os tempos e os com a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e com
espaços geográficos, entre as diferentes formas de ver e de convenções e tratados internacionais ratificados pelo Brasil,
fazer. tais como: a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948), a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do
VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES Pará, 1994), a Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW, 1981) e a
Apresentação Convenção Internacional contra o Crime Organizado
Desde a criação da Secretaria de Políticas para as Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do
Mulheres, em 2003, as políticas públicas de enfrentamento à Tráfico de Pessoas (Convenção de Palermo, 2000).
violência contra as mulheres foram fortalecidas por meio da Desse modo, a elaboração da Política Nacional de
elaboração de conceitos, diretrizes, normas; e da definição de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres pela Secretaria
ações e estratégias de gestão e monitoramento relativas à de Políticas para as Mulheres (SPM) tem como objetivo
temática. Até então, as iniciativas de enfrentamento à violência explicitar os fundamentos conceituais e políticos do
contra as mulheres constituíam, em geral, ações isoladas e enfrentamento à questão, que têm orientado a formulação e
referiam-se basicamente a duas estratégias: a capacitação de execução das políticas públicas formuladas e executadas -
profissionais da rede de atendimento às mulheres em situação desde a criação da SPM em janeiro de 2003 - para a prevenção,
de violência e a criação de serviços especializados, mais combate e enfrentamento à violência contra as mulheres,
especificamente Casas-Abrigo e Delegacias Especializadas de assim como para a assistência às mulheres em situação de
Atendimento à Mulher. violência.
A partir de 2003, as políticas públicas para o
enfrentamento à violência contra as mulheres são ampliadas e Contextualizando a Violência contra as Mulheres no
passam a incluir ações integradas, como: criação de normas e Brasil
padrões de atendimento, aperfeiçoamento da legislação,
incentivo à constituição de redes de serviços, o apoio a Dados sobre a Violência
projetos educativos e culturais de prevenção à violência e A violência contra as mulheres constitui-se em uma das
ampliação do acesso das mulheres à justiça e aos serviços de principais formas de violação dos seus direitos humanos,
segurança pública. Esta ampliação é retratada em diferentes atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade
documentos e leis publicados neste período, a exemplo dos física. Homens e mulheres são atingidos pela violência de
Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres, a Lei Maria da maneira diferenciada. Enquanto os homens tendem a ser
Penha, a Política e o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à vítimas de uma violência predominantemente praticada no
Violência contra as Mulheres, as Diretrizes de Abrigamento espaço público, as mulheres sofrem cotidianamente com um
das Mulheres em situação de Violência, as Diretrizes Nacionais fenômeno que se manifesta dentro de seus próprios lares, na
de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e grande parte das vezes praticado por seus companheiros e
da Floresta, Norma Técnica do Centro de Atendimento à familiares. A violência contra as mulheres em todas as suas
Mulher em situação de Violência, Norma Técnica das formas (doméstica, psicológica, física, moral, patrimonial,
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, entre sexual, tráfico de mulheres, assédio sexual, etc.) é um
outros. fenômeno que atinge mulheres de diferentes classes sociais,
Nesta publicação da Política Nacional de Enfrentamento à origens, idades, regiões, estados civis, escolaridade, raças e até
Violência contra as Mulheres, serão apresentados os conceitos, mesmo a orientação sexual. Faz-se necessário, portanto, que o
princípios, diretrizes e ações de prevenção e combate à Estado brasileiro adote políticas públicas, acessíveis a todas as
violência contra as mulheres, assim como de assistência e mulheres, que englobem as diferentes modalidades pelas
garantia de direitos às mulheres em situação de violência, quais a violência se expressa. Nessa perspectiva, devem ser
conforme normas e instrumentos internacionais de direitos também consideradas as ações de combate ao tráfico de
humanos e legislação nacional. Neste volume, são discutidos os mulheres, jovens e meninas.
conceitos de enfrentamento e os diversos tipos de violência Ainda que seja um fenômeno reconhecidamente presente
contra as mulheres abordados no âmbito da Política. na vida de milhões de brasileiras, não existem estatísticas
sistemáticas e oficiais que apontem para a magnitude desse
Introdução fenômeno. Alguns estudos, realizados por institutos de
A Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as pesquisa não governamentais, como a Fundação Perseu
Mulheres tem por finalidade estabelecer conceitos, princípios, Abramo (2010), apontam que aproximadamente 24% das
diretrizes e ações de prevenção e combate à violência contra mulheres já foram vítimas de algum tipo de violência

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doméstica. Quando estimuladas por meio da citação de Mesmo com a carência de dados oficiais, a percepção é de
diferentes formas de agressão, esse percentual sobe para 40%. que a violência doméstica é um problema da maior gravidade
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) indica, e aponta para o reconhecimento de sua existência e das sérias
também, a maior vulnerabilidade de mulheres e meninas ao consequências que atingem – física e psicologicamente – as
tráfico de pessoas e à exploração sexual (2005). Segundo mulheres vitimadas.
estudo1 divulgado pela UNESCO em 1999, uma em cada três Diante da dimensão do problema da violência doméstica,
ou quatro meninas é abusada sexualmente antes de completar tanto em termos do alto número de mulheres atingidas quanto
18 anos. das consequências psíquicas, sociais e econômicas, e em
A Organização Internacional do Trabalho2 (OIT) estimou resposta às recomendações do Comitê para Eliminação de
ainda em 2005, que o Tráfico Internacional de Pessoas Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres
movimenta anualmente US$ 32 bilhões, sendo a terceira (CEDAW/ONU) e da Convenção Interamericana para Prevenir,
atividade ilícita mais lucrativa. O fenômeno da violência Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher ao Estado
doméstica e sexual praticado contra mulheres constitui uma brasileiro, o Brasil promulgou em 2006 uma lei específica para
das principais formas de violação dos Direitos Humanos, coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei nº
atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade 11.340, de 07 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da
física. Penha). A partir da Lei, os crimes devem ser julgados nos
A Constituição Federal, em seu art. 226, parágrafo 8º, Juizados Especializados de Violência Doméstica e Familiar
assegura “a assistência à família, na pessoa de cada um dos que contra a Mulher, instrumentos criados a partir dessa
a integram, criando mecanismos para coibir a violência, no legislação, ou, enquanto estes não existirem, nas Varas
âmbito de suas relações”, assumindo, dessa forma, que o Criminais. Dentre outras conquistas importantes, vale citar: a
Estado brasileiro tem um papel a cumprir no enfrentamento a categorização dos tipos de violência doméstica, que pode ser
qualquer tipo de violência seja ela praticada contra homens ou física, sexual, patrimonial, psicológica e moral; a proibição da
mulheres, adultos ou crianças. Homens e mulheres, porém, são aplicação de penas pecuniárias aos agressores; e a
atingidos pela violência de maneira diferenciada. Enquanto os determinação de encaminhamentos das mulheres em situação
homens tendem a ser vítimas de uma violência de violência, assim como de seus dependentes, a programas e
predominantemente praticada no espaço público, as mulheres serviços de proteção e de assistência social.
sofrem cotidianamente com um fenômeno que se manifesta No que tange à produção de dados, a Lei Maria da Penha
dentro de seus próprios lares, na grande parte das vezes prevê a criação de um Sistema Nacional de Dados e Estatísticas
praticado por seus companheiros e ex-companheiros. sobre a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Ainda
Pesquisa realizada em 2010 pelo Instituto Sangari e no que se refere às iniciativas do governo para a construção de
coordenada por Julio Jacobo Waiselfisz3 mostra que “em dez estatísticas oficiais, há que se registrar duas importantes
anos (1997 a 2007) 41.532 mulheres morreram vítimas de fontes: o sistema de notificação compulsória dos casos de
homicídios – índice 4.2 assassinadas por 100.000 mil violência contra a mulher, sob responsabilidade do Ministério
habitantes”. da Saúde; e o Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança
Dados de investigação conduzida pela Universidade de São Pública e Justiça Criminal/SINESPJC (que inclui o Módulo
Paulo em conjunto com a Organização Mundial de Saúde Registro das Ocorrências; o Módulo Perfil das Instituições de
(2001) demonstram que 27% de 4.299 mulheres Segurança Pública; a Pesquisa Nacional de Vitimização; o
entrevistadas na grande São Paulo e 34% na Zona da Mata Fluxo do Sistema de Justiça Criminal), sob responsabilidade da
pernambucana relataram algum episódio de violência física Secretaria Nacional de Segurança Pública/ Ministério da
cometido por parceiro ou ex-parceiros; e que 29% das Justiça.
entrevistadas com mais de 15 anos referiram ter sido vítimas A Central de Atendimento à Mulher-Ligue 180 da
de violência sexual por parte de estranhos. Secretaria de Políticas para as Mulheres, criada para orientar
No período de 08 a 28 de fevereiro de 2011, o DataSenado as mulheres em situação de violência sobre seus direitos e
realizou pesquisa com 1.352 mulheres, revelando que 66% sobre os serviços especializados, bem como para auxiliar no
destas acham que aumentou a violência doméstica e familiar monitoramento da rede de atendimento às mulheres em todo
contra o gênero feminino, ao mesmo tempo em que a maioria o território nacional, mesmo não oferecendo dados que
(60%) entende que a proteção está melhor, após a criação da permitam construir um diagnóstico do problema, oferece uma
Lei Maria da Penha. Os resultados de 2011 indicam na visão geral das características da violência contra as mulheres
Pesquisa do DataSenado que o conhecimento sobre a Lei Maria no país e de sua magnitude. Apesar de não se tratar de um
da Penha cresceu nos dois últimos anos: 98% disseram já ter conjunto de informações estatisticamente representativas do
ouvido falar na lei, contra 83% em 2009. Foram feitas 1.352 universo, mas de registros dos atendimentos efetuados neste
entrevistas, apenas com mulheres, em 119 municípios, serviço, produz vieses importantes que devem ser
incluídas todas as Capitais e o DF. considerados na análise desta questão.
Do total de entrevistadas, 57% declararam conhecer Portanto, embora haja no Brasil poucos estudos nacionais
mulheres que já sofreram algum tipo de violência doméstica. sobre a magnitude da violência contra as mulheres, nota-se um
A que mais se destaca é a violência física, citada por 78% das crescente interesse pelo levantamento de dados que possam
pessoas ouvidas pela pesquisa. Em segundo lugar aparece a subsidiar as políticas públicas voltadas para o enfrentamento
violência moral, com 28%, praticamente empatada com a da questão; assim como um comprometimento do Estado com
violência psicológica (27%). o diagnóstico da violência contra as mulheres, que pode ser
Dados da Vigilância de Violência e Acidentes (VIVA) do observado na Lei n° 10.778/2003 referente à notificação
Ministério da Saúde, de 27 municípios, de agosto de 2006 a compulsória dos casos de violência contra a mulher na saúde
julho de 2007, mostram que são as mulheres as principais e na Lei n° 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) que determina
vítimas das violências doméstica e sexual, da infância até a a criação do Sistema Nacional de Dados e Estatísticas sobre a
terceira idade. Do total de 8.9184 notificações de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
atendimentos de violência doméstica, sexual e outras
violências, registradas no período analisado, 6.636, ou seja, Contextualizando a Política: o Estado brasileiro E a
74% referiam-se a vítimas do sexo feminino. As mulheres questão da Violência contra as mulheres
adultas (20 a 59 anos) foram as que mais sofreram violência: As primeiras conquistas do movimento feminista junto ao
3.235 atendimentos, representando 79,9% do total de Estado para a implementação de políticas públicas voltadas ao
agressões relatadas. enfrentamento à violência contra mulheres datam da década

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de 1980. Em 1985, justamente na culminância da Década da de Belém do Pará (1994), segundo a qual a violência contra a
Mulher, declarada pela ONU, é inaugurada a primeira mulher constitui “qualquer ação ou conduta, baseada no
Delegacia de Defesa da Mulher e criado o Conselho Nacional gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou
dos Direitos da psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no
Mulher (CNDM)6, por meio da Lei nº 7.353/85. No ano privado” (Art. 1°). A definição é, portanto, ampla e abarca
seguinte, foi criada pela Secretaria de Segurança Pública de diferentes formas de violência contra as mulheres, tais como:
São Paulo, a primeira Casa-Abrigo para mulheres em situação
de risco de morte do país (Silveira, 2006). Essas três → A violência doméstica ou em qualquer outra relação
importantes conquistas da luta feminista brasileira foram, interpessoal, em que o agressor conviva ou haja convivido no
durante muito tempo, as principais balizas das ações do Estado mesmo domicílio que a mulher, compreendendo, entre outras,
voltadas para a promoção dos direitos das mulheres no as violências física, psicológica, sexual, moral e patrimonial
enfrentamento à violência. (Lei nº 11.340/2006);
De 1985 a 2002, a criação de DEAMs e de Casas-Abrigo foi → A violência ocorrida na comunidade e que seja
o principal eixo da política de enfrentamento à violência perpetrada por qualquer pessoa e que compreende, entre
contra as mulheres, cuja ênfase, portanto, estava na segurança outros, violação, abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres,
pública e na assistência social. Esse foco constituiu também a prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no lugar de
base do Programa Nacional de Combate à Violência contra a trabalho, bem como em instituições educacionais,
Mulher, sob gerência da Secretaria de Estado de Direitos da estabelecimentos de saúde ou qualquer outro lugar;
Mulher (SEDIM), criada em 2002 e vinculada ao Ministério da → A violência perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus
Justiça. O ano de 1998 com a elaboração da Norma Técnica7 agentes, onde quer que ocorra (violência institucional).
para prevenção e tratamento dos agravos resultantes da
violência sexual pelo Ministério da Saúde, marcou mais um A violência contra as mulheres não pode ser entendida sem
avanço nas políticas públicas para as mulheres. Esta Norma se considerar a dimensão de gênero, ou seja, a construção
Técnica determinava a garantia de atendimento a mulheres social, política e cultural da(s) masculinidade(s) e da(s)
vítimas de violência sexual nos serviços de saúde, feminilidade(s), assim como as relações entre homens e
representando uma das medidas a serem adotadas com vistas mulheres. É um fenômeno, portanto, que se dá no nível
à redução dos agravos decorrentes deste tipo de violência. A relacional e societal, requerendo mudanças culturais,
oferta desses serviços, entretanto, permitiu a adolescentes e educativas e sociais para seu enfrentamento, bem como o
mulheres o acesso imediato a cuidados de saúde, à prevenção reconhecimento de que as dimensões de raça/etnia, de
de doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez geração e de classe contribuem para sua exacerbação.
indesejada. Cinco anos depois, a promulgação da Lei Joan Scott (1994) afirma que o gênero é igualmente
10.778/03 institui-se um novo avanço: a Notificação utilizado para designar as relações sociais entre os sexos sua
Compulsória8 dos casos de violência contra as mulheres reflexão direciona-se no sentido da produção do saber sobre a
atendidas nos serviços de saúde, públicos ou privados. diferença sexual. Para ela, a “História é tanto objeto da atenção
Com a criação da Secretaria de Políticas para Mulheres em analítica quanto um método de análise. Vista em conjunto
20039, as ações para o enfrentamento à violência contra as desses dois ângulos, ela oferece um modo de compreensão e
mulheres passam a ter um maior investimento e a política é uma contribuição ao processo através do qual gênero é
ampliada no sentido de promover a criação de novos serviços produzido”.
(como o Centro de Referência de Atendimento às Mulheres, as O conhecimento histórico não é o documento fiel da
Defensorias da Mulher, os Serviços de Responsabilização e realidade vivida, logo, não documenta as reais e únicas
Educação do Agressor, as Promotorias Especializadas) e de condições vivenciadas por homens e mulheres ao longo do
propor a construção de Redes de Atendimento às mulheres em tempo, ela sim, oferece um modo de compreensão e uma
situação de violência. Com a realização da I e da II Conferência contribuição ao processo através do qual gênero é produzido.
Nacional de Políticas para Mulheres (I e II CNPM) e com a O gênero é, segundo essa definição, uma categoria social
construção coletiva de dois Planos Nacionais de Políticas para imposta sobre um corpo sexuado.
Mulheres, o Enfrentamento à Violência contra as Mulheres é A violência de gênero segundo Saffioti (O Poder do
consolidado como um eixo intersetorial e prioritário no campo Macho,1987) “é tudo que tira os direitos humanos numa
das políticas para as mulheres. Assim, a partir do PNPM, as perspectiva de manutenção das desigualdades hierárquicas
ações de enfrentamento à violência contra as mulheres não existentes para garantir obediência, subalternidade de um
mais se restringem às áreas da segurança e assistência social, sexo a outro. Trata-se de forma de dominação permanente e
mas buscam envolver diferentes setores do Estado no sentido acontece em todas as classes sociais, raças e etnias”.
de garantir os direitos das mulheres a uma vida sem violência. Simone de Beauvoir (O Segundo Sexo,1949) em seu estudo
A importância do desenvolvimento de políticas públicas de sobre a mulher e o seu papel na sociedade aponta como a
enfrentamento à violência contra as mulheres é efetivamente subalternidade da mulher ao homem advém de uma
consolidada quando do lançamento do Pacto Nacional pelo perspectiva em que o papel feminino é destituído de
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, em agosto de identidade cultural, e histórico, classificado como algo natural,
2007. O Pacto Nacional foi parte da Agenda Social do Governo meramente biológico. Beauvoir descreve então sua recusa
Federal e consiste numa estratégia de integração entre naquela ideia da naturalidade e aponta como ocorre a
governo federal, estadual e municipal no tocante às ações de construção social dos sexos.
enfrentamento à violência contra as mulheres e de Desta forma atribui diferentes espaços de poder para
descentralização das políticas públicas referentes à temática, homens e mulheres, nos quais a mulher em geral ocupa lugares
por meio de um acordo federativo, que tem por base a de menor empoderamento, de desvalorização e de
transversalidade de gênero, a intersetorialidade e a subalternidade. Não se trata, portanto, de diferenças, mas de
capilaridade das ações referentes à temática. desigualdades que são produzidas e reproduzidas em
diferentes espaços – no âmbito doméstico, no trabalho, nas
Aspectos conceituais: Definindo a Violência contra as religiões, nas profissões, etc. A violência contra as mulheres só
Mulheres pode ser entendida no contexto das relações desiguais de
gênero, como forma de reprodução do controle do corpo
O conceito de violência contra as mulheres, adotado pela feminino e das mulheres numa sociedade sexista e patriarcal.
Política Nacional, fundamenta-se na definição da Convenção As desigualdades de gênero têm, assim, na violência contra as

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mulheres, sua expressão máxima que, por sua vez, deve ser limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe
compreendida como uma violação dos direitos humanos das cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.
mulheres.
Portanto, o conceito de violência contra as mulheres, que Violência Patrimonial – Qualquer conduta que configure
tem por base a questão de gênero, remete a um fenômeno retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus
multifacetado, com raízes histórico-culturais, é permeado por objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
questões étnico-raciais, de classe e de geração. Nesse sentido valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os
falar em gênero requer do Estado e dos demais agentes uma destinados a satisfazer suas necessidades.
abordagem intersetorial e multidimensional na qual as
dimensões acima mencionadas sejam reconhecidas e Violência Moral – Entendida como qualquer conduta que
enfrentadas. Além do mais, uma política na área de violência configure calúnia, difamação ou injúria.
contra as mulheres exige uma atuação conjunta para o
enfrentamento do problema, que envolva diversos setores, tais Violência Institucional – É aquela praticada, por ação
como: a saúde, a educação, a assistência social, a segurança e/ou omissão, nas instituições prestadoras de serviços
pública, a cultura, a justiça, entre outros; no sentido de dar públicos. Mulheres em situação de violência são, por vezes,
conta da complexidade da violência contra as mulheres e de ‘revitimizadas’ nos serviços quando: são julgadas; não têm sua
garantir a integralidade do atendimento àquelas que autonomia respeitada; são forçadas a contar a história de
vivenciam tal situação. violência inúmeras vezes; são discriminadas em função de
questões de raça/etnia, de classe e geracionais. Outra forma de
Especificando conceitos: Os diferentes tipos de violência institucional que merece destaque é a violência
Violência contra as Mulheres sofrida pelas mulheres em situação de prisão, que são privadas
de seus direitos humanos, em especial de seus direitos sexuais
O conceito de violência contra as mulheres é, tal como e reprodutivos.
mencionado, bastante amplo e compreende diversos tipos de
violência: a violência doméstica (que pode ser psicológica, Tráfico de Mulheres – O conceito de Tráfico de Mulheres
sexual, física, moral e patrimonial), a violência sexual, o abuso adotado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da
e a exploração sexual de mulheres adolescentes/jovens, o Presidência da República do Brasil (SPM/PR) baseia-se em
assédio sexual no trabalho, o assédio moral, o tráfico de uma abordagem focada na perspectiva dos direitos humanos
mulheres e a violência institucional. A Política Nacional de das mulheres e no Protocolo de Palermo, em que há três
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres reconhece essa elementos centrais: 1. movimento de pessoas, seja dentro do
diversidade, ainda que suas ações estejam mais fortemente território nacional ou entre fronteiras; 2. uso de engano ou
direcionadas para as seguintes expressões de violência: coerção, incluindo o uso ou ameaça da força ou abuso de
autoridade ou situação de vulnerabilidade; e, 3. a finalidade de
Violência Doméstica – entendida como qualquer ação ou exploração (exploração sexual; trabalho ou serviços forçados,
omissão baseada no gênero que cause à mulher morte, lesão, incluindo o doméstico; escravatura ou práticas similares à
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou escravatura; servidão; remoção de órgãos; casamento servil).
patrimonial no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da Toda vez que houver movimento de pessoas por meio de
família ou em qualquer relação íntima de afeto, na qual o engano ou coerção, com o fim último de explorá-la, estaremos
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, diante de uma situação de tráfico de pessoas. Importante
independentemente de coabitação (Lei nº 11.340/2006). A ressaltar que, para fins de identificação do tráfico de pessoas,
violência doméstica contra a mulher subdivide-se em: o uso de engano ou coerção inclui o abuso da ‘situação de
violência física, violência psicológica, violência sexual, vulnerabilidade’, mencionada na definição do Protocolo de
violência patrimonial e violência moral. O Parágrafo Único da Palermo. Isso significa dizer que não importa que a pessoa
Lei Maria da Penha dá visibilidade à violência doméstica e explorada tenha consentido em se transportar de um local a
familiar contra as mulheres lésbicas, ao afirmar que “as outro, desde que esteja em seu local de origem em situação de
relações pessoais enunciadas neste artigo independem de vulnerabilidade que a faça aceitar qualquer proposta na busca
orientação sexual”. de encontrar uma oportunidade de superá-la.

Violência Sexual – É a ação que obriga uma pessoa a Exploração Sexual de Mulheres – Segundo o Código
manter contato sexual, físico ou verbal, ou participar de outras Penal Brasileiro em seu Capítulo V – do Lenocínio e do Tráfico
relações sexuais com uso da força, intimidação, coerção, de Pessoa para fim de Prostituição ou outra forma de
chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro Exploração Sexual no Artigo 227 diz que exploração sexual “é
mecanismo que anule o limite da vontade pessoal. Manifesta- induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem” e no Artigo
se como: expressões verbais ou corporais que não são do 228 fala que é “induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra
agrado da pessoa; toques e carícias não desejados; forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar
exibicionismo e voyerismo; prostituição forçada; participação que alguém a abandone”. A Secretaria de Políticas para as
forçada em pornografia; relações sexuais forçadas - coerção Mulheres compreende a exploração sexual de mulheres como
física ou por medo do que venha a ocorrer (Taquette, 2007). uma das formas de violência contra a mulher que se configura
como um meio pelo qual um indivíduo tira proveito da
Violência Física – Qualquer conduta que ofenda a sexualidade de outra pessoa (neste caso, das mulheres) com
integridade ou saúde corporal da mulher. base numa relação desigual de poder, podendo fazer uso da
coerção física, psicológica e do engano.
Violência Psicológica – Conduta que cause dano Exploração sexual para fins comerciais trata-se de uma
emocional e diminuição da autoestima da mulher ou que lhe prática que envolve troca de dinheiro com/ou favores entre
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise um usuário um intermediário/aliciador/agente e outros que
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e obtêm lucro com a compra e venda do uso do corpo das
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, crianças e dos adolescentes, como se fosse uma mercadoria”.
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e

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Exploração sexual comercial de mulheres, valores, em especial no que tange à cultura do silêncio quanto
adolescentes/jovens – A exploração sexual comercial de à violência contra as mulheres no espaço doméstico e à
crianças e adolescentes, também conhecida pela sigla ESCCA, banalização do problema pela sociedade.
é considerada como uma questão social e uma prática
criminosa. Representa uma violação de direito humano
fundamental, especialmente do direito ao desenvolvimento de
uma sexualidade saudável, bem como uma ameaça à
integridade física e psicossocial. Existem três formas primárias
de exploração sexual comercial6 e que possuem uma relação
entre si: a prostituição, a pornografia e o tráfico com fins
sexuais, incluindo-se aí o turismo sexual.
Assédio Sexual – A abordagem, não desejada pelo outro,
com intenção sexual ou insistência inoportuna de alguém em
posição privilegiada que usa dessa vantagem para obter
favores sexuais de subalternos ou dependentes. Para sua
perfeita caracterização, o constrangimento deve ser causado O combate à violência contra as mulheres compreende o
por quem se prevaleça de sua condição de superior estabelecimento e cumprimento de normas penais que
hierárquico ou ascendência, inerentes ao exercício de garantam a punição e a responsabilização dos
emprego, cargo ou função. Assédio Sexual7 é crime (art. 216- agressores/autores de violência contra as mulheres. No
A, do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 10.224, de 15 âmbito do combate, a Política Nacional prevê ações que
de maio de 1991). garantem a implementação da Lei Maria da Penha, em especial
nos seus aspectos processuais/penais e no que tange à criação
Assédio Moral – É toda e qualquer conduta abusiva (gesto, dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
palavra, escritos, comportamento, atitude, etc.) que, Mulher. A Política também busca fortalecer ações de combate
intencional e frequentemente, fira a dignidade e a integridade ao tráfico de mulheres e à exploração comercial de mulheres
física ou psíquica de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou adolescentes/jovens.
degradando o clima de trabalho. No que diz respeito à garantia dos direitos humanos das
mulheres, a Política deverá cumprir as recomendações
Cárcere Privado – Segundo o Art. 148 do Código Penal previstas nos tratados internacionais na área de violência
Brasileiro, configura-se quando uma pessoa é impedida de contra as mulheres (em especial aquelas contidas na
andar com liberdade e é mantida presa contra a vontade. E se Convenção de Belém do Pará e na CEDAW). No eixo da garantia
a vítima é a mãe, pai, filho, filha ou esposa do agressor, a pena de direitos, devem ser implementadas iniciativas que
é aumentada. promovam o empoderamento das mulheres, o acesso à justiça
e a o resgate das mulheres como sujeito de direitos.
O conceito de enfrentamento à Violência contra a No que tange à assistência às mulheres em situação de
Mulher violência, a Política Nacional deve garantir o atendimento
humanizado e qualificado àquelas em situação de violência por
O conceito de enfrentamento, adotado pela Política meio da formação continuada de agentes públicos e
Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, diz comunitários; da criação de serviços especializados (Casas-
respeito à implementação de políticas amplas e articuladas, Abrigo, Centros de Referência, Serviços de Responsabilização
que procurem dar conta da complexidade da violência contra e Educação do Agressor, Juizados de Violência Doméstica e
as mulheres em todas as suas expressões. O enfrentamento Familiar contra a Mulher, Defensorias da Mulher); e da
requer a ação conjunta dos diversos setores envolvidos com a constituição/fortalecimento da Rede de Atendimento
questão (saúde, segurança pública, justiça, educação, (articulação dos governos Federal, Estadual/Distrital,
assistência social, entre outros), no sentido de propor ações Municipal e da sociedade civil para o estabelecimento de uma
que: desconstruam as desigualdades e combatam as rede de parcerias para o enfrentamento da violência contra as
discriminações de gênero e a violência contra as mulheres; mulheres, no sentido de garantir a integralidade do
interfiram nos padrões sexistas/machistas ainda presentes na atendimento).
sociedade brasileira; promovam o empoderamento das Vale ressaltar que, para a consecução dos quatro eixos da
mulheres; e garantam um atendimento qualificado e Política, é fundamental o monitoramento das ações de
humanizado àquelas em situação de violência. Portanto, a enfrentamento à violência contra as mulheres, ou seja, a
noção de enfrentamento não se restringe à questão do avaliação sistemática e o acompanhamento de todas as
combate, mas compreende também as dimensões da iniciativas desenvolvidas nas áreas de prevenção, combate à
prevenção, da assistência e da garantia de direitos das violência contra as mulheres; a assistência e garantia de
mulheres (ver figura 1), que compõem os Eixos Estruturantes direitos.
da Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres: Conceituando a rede de atendimento
No âmbito preventivo, a Política Nacional prevê o
desenvolvimento de ações que desconstruam os mitos e Os governos (Estaduais, Distrito Federal e Municipais) e a
estereótipos de gênero e que modifiquem os padrões sexistas, sociedade civil possuem um papel a desempenhar na
perpetuadores das desigualdades de poder entre homens e prevenção e no combate da violência contra as mulheres, e na
mulheres e da violência contra as mulheres. A prevenção inclui assistência a ser prestada a cada uma delas. Todavia, ainda
não somente ações educativas, mas também culturais que existe uma tendência ao isolamento dos serviços e à
disseminem atitudes igualitárias e valores éticos de irrestrito desarticulação entre os diversos níveis de governo no
respeito às diversidades de gênero, raça/etnia, geracionais e enfrentamento da questão. O trabalho em rede surge, então,
de valorização da paz. As ações preventivas incluirão como um caminho para superar essa desarticulação e a
campanhas que visibilizem as diferentes expressões de fragmentação dos serviços, por meio da ação coordenada de
violência de gênero sofridas pelas mulheres e que rompam diferentes áreas governamentais, com o apoio e
com a tolerância da sociedade frente ao fenômeno. No tocante monitoramento de organizações não-governamentais e da
à violência doméstica, a prevenção deverá focar a mudança de sociedade civil como um todo.

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O conceito de Rede de atendimento refere-se à atuação sociais, políticos, econômicos, culturais e ambientais para
articulada entre as instituições/serviços governamentais, não- todas as mulheres.
governamentais e a comunidade, visando à ampliação e Justiça social – A redistribuição dos recursos e riquezas
melhoria da qualidade do atendimento; à identificação e produzidas pela sociedade e a busca de superação da
encaminhamento adequado das mulheres em situação de desigualdade social, que atinge de maneira significativa às
violência; e ao desenvolvimento de estratégias efetivas de mulheres, devem ser assegurados.
prevenção. A constituição da rede de atendimento busca dar Transparência dos atos públicos – O respeito aos
conta da complexidade da violência contra as mulheres e do princípios da administração pública, tais como legalidade,
caráter multidimensional do problema, que perpassa diversas impessoalidade, moralidade e eficiência, com transparência
áreas, tais como: a saúde, a educação, a segurança pública, a nos atos públicos e controle social, deve ser garantido.
assistência social, a cultura, entre outras. Participação e controle social – O debate e a participação
A necessidade de criação de uma Rede de Atendimento das mulheres na formulação, implementação, avaliação e
leva em conta a rota crítica (OMS/OPAS, 1998) que a mulher controle social das políticas públicas devem ser garantidos e
em situação de violência percorre. Essa rota possui diversas ratificados pelo Estado brasileiro, como medida de proteção
portas de entrada (serviços de emergência na saúde, aos direitos humanos das mulheres e meninas.
delegacias, serviços da assistência social), que devem
trabalhar de forma articulada no sentido de prestar uma São diretrizes da Política Nacional de Enfrentamento à
assistência qualificada, integral e não-revitimizante à mulher Violência contra as Mulheres:
em situação de violência.
No âmbito do governo, a Rede de Atendimento à Mulher → Garantir o cumprimento dos tratados, acordos e
em situação de Violência é composta pelos seguintes serviços: convenções internacionais firmados e ratificados pelo Estado
Brasileiro relativos ao enfrentamento da violência contra as
→ Centros de Referência de Atendimento à Mulher; mulheres.
→ Núcleos de Atendimento à Mulher; → Reconhecer a violência de gênero, raça e etnia como
→ Casas-Abrigo; violência estrutural e histórica que expressa a opressão das
→ Casas de Acolhimento Provisório; mulheres e que precisa ser tratada como questão da
→ Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher segurança, justiça, educação, assistência social e saúde pública.
(DEAMs); → Combater as distintas formas de apropriação e
→ Núcleos ou Postos de Atendimento à Mulher nas exploração mercantil do corpo e da vida das mulheres, como a
Delegacias Comuns; exploração sexual e o tráfico de mulheres.
→ Polícia Civil e Militar; → Implementar medidas preventivas nas políticas
→ Instituto Médico Legal; públicas, de maneira integrada e intersetorial nas áreas de
→ Defensorias da Mulher; saúde, educação, assistência, turismo, comunicação, cultura,
→ Juizados de Violência Doméstica e Familiar; direitos humanos e justiça.
→ Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180; → Incentivar a formação e capacitação de profissionais
→ Ouvidorias; para o enfrentamento à violência contra as mulheres, em
→ Ouvidoria da Mulher da Secretaria de Políticas para as especial no que tange à assistência.
Mulheres; → Estruturar a Redes de Atendimento à mulher em
→ Serviços de Saúde voltados para o atendimento dos situação de violência nos Estados, Municípios e Distrito
casos de violência sexual e doméstica; Federal.
→ Posto de Atendimento Humanizado nos Aeroportos;
→ Núcleo da Mulher da Casa do Migrante. Objetivos da Política nacional de Enfrentamento à
Violência contra as Mulheres Geral
Princípios e Diretrizes da Política Nacional de
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres Enfrentar todas as formas de violência contra as mulheres
a partir de uma perspectiva de gênero e de uma visão integral
A Política Nacional para as Mulheres orienta-se pelos deste fenômeno.
princípios propostos no I e II Plano Nacional de Políticas
para as Mulheres nos seguintes pontos fundamentais: Específicos:

Igualdade e respeito à diversidade – Mulheres e homens → Reduzir os índices de violência contra as mulheres.
são iguais em seus direitos. A promoção da igualdade implica → Promover uma mudança cultural a partir da
no respeito à diversidade cultural, étnica, racial, inserção disseminação de atitudes igualitárias e valores éticos de
social, situação econômica e regional, assim como os irrestrito respeito às diversidades de gênero e de valorização
diferentes momentos da vida das mulheres. da paz.
Equidade – A todas as pessoas deve ser garantida a → Garantir e proteger os direitos das mulheres em situação
igualdade de oportunidades, observando-se os direitos de violência considerando as questões raciais, étnicas,
universais e as questões específicas das mulheres. geracionais, de orientação sexual, de deficiência e de inserção
Autonomia das mulheres – O poder de decisão sobre social, econômica e regional.
suas vidas e corpos deve ser assegurado às mulheres, assim → Proporcionar às mulheres em situação de violência um
como as condições de influenciar os acontecimentos em sua atendimento humanizado e qualificado nos serviços
comunidade e seu país. especializados e na Rede de Atendimento.
Laicidade do Estado – As políticas públicas voltadas para
as mulheres devem ser formuladas e implementadas Ações e Prioridades da Política Nacional de
independentemente de princípios religiosos, de forma a Enfrentamento à Violência contra as Mulheres
assegurar os direitos consagrados na Constituição Federal e
nos instrumentos e acordos internacionais assinados pelo A Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as
Brasil. Mulheres buscará implementar ações previstas no Plano
Universalidade das políticas – As políticas públicas Nacional de Políticas para as Mulheres que, em sua segunda
devem garantir, em sua implementação, o acesso aos direitos

Atualidades e Convivência Social 103


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edição, já apresenta as seguintes prioridades na área de Garantia da segurança cidadã e acesso à justiça
violência contra as mulheres:
Com ações relacionadas:
→ Ampliar e aperfeiçoar a Rede de Prevenção e
Atendimento às mulheres em situação de violência 1 – Segurança Cidadã;
(assistência). 2 – Acesso à Justiça às mulheres em situação de
→ Garantir a implementação da Lei Maria da Penha e violência.
demais normas jurídicas nacionais e internacionais (combate
e garantia de direitos). Garantia dos direitos sexuais, enfrentamento à
→ Promover ações de prevenção a todas as formas de exploração sexual e ao tráfico de mulheres
violência contra as mulheres nos espaços público e privado
(prevenção). Com ações relacionadas:
→ Promover a atenção à saúde das mulheres em situação
de violência com atendimento qualificado ou específico 1 – Garantia dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos;
(assistência). 2 – Enfrentamento à Exploração Sexual e ao Tráfico de
→ Produzir e sistematizar dados e informações sobre a Mulheres Garantia da autonomia das mulheres em situação de
violência contra as mulheres (prevenção e assistência). Violência e ampliação de seus direitos.
→ Garantir o enfrentamento da violência contra as
mulheres, jovens e meninas vítimas do tráfico e da exploração Com ações relacionadas:
sexual e que exercem a atividade da prostituição (prevenção,
assistência e garantia de direitos). 1 – Garantia da autonomia das mulheres;
→ Promover os direitos humanos das mulheres em 2 – Ampliação dos direitos das mulheres em situação
(assistência e garantia de direitos). de violência.
→ Além das prioridades mencionadas, a Política Nacional
incorporou em 2007 ações voltadas para o enfrentamento ao Referências Bibliográficas:
tráfico de mulheres, para a garantia de direitos das mulheres
em situação de prisão e para o combate à feminização da AIDS. POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS
MULHERES. Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres. Secretaria de Políticas para as Mulheres – Presidência da República.
Essas áreas foram incluídas no enfrentamento da violência Brasília, 2011. Disponível em:
contra as mulheres a partir das recomendações da II http://www.spm.gov.br/sobre/publicacoes/publicacoes/2011/politica-
Conferência de Políticas para as Mulheres, realizada em agosto nacional.
de 2007 e do lançamento do Pacto Nacional de Enfrentamento
à Violência contra as Mulheres (2007). As ações detalhadas e Questões
as metas a serem implementadas pela Política Nacional –
assim como a gestão do processo de enfrentamento à violência 01. (IF/AP – Assistente Social – FUNIVERSA) Assinale a
contra as mulheres no âmbito do governo federal, dos estados alternativa correta acerca da Política Nacional de
e dos municípios – encontram-se previstas no Pacto Nacional Enfrentamento à Violência Contra Mulheres.
pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, que (A) Segundo essa política, a violência contra a mulher é
constitui um plano de ações referente à Agenda Social do definida como qualquer ação ou conduta que cause morte,
Programa de Aceleração do Desenvolvimento, elaborado em dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher no
agosto de 2007. O Pacto Nacional vem sendo executado por espaço privado.
diferentes órgãos da Administração Pública Federal (B) Essa política adota o conceito de enfrentamento
(Ministério da Saúde, Ministério da Justiça, Ministério do compreendido enquanto as ações praticadas pelos
Desenvolvimento Social, Ministério da Educação, Ministério da profissionais que atuam com mulheres vítimas de violência, no
Cultura, entre outros), Estadual e Municipal com as seguintes sentido de empoderar cada mulher, por meio de trabalho em
áreas estruturantes: grupo ou atendimento individual, a fim de que ela possa
enfrentar a violência vivenciada.
Garantia da aplicabilidade da lei Maria da Penha (C) Está fundamentada em quatro eixos estruturantes:
prevenção, assistência, enfrentamento e combate, acesso e
Com ações relacionadas: garantia de direitos.
(D) O objetivo principal dessa política é fomentar a
1 – Difusão da Lei e dos instrumentos de proteção dos capacitação de profissionais da rede de atendimento às
direitos das mulheres (Estimular a mobilização em defesa da mulheres em situação de violência e criar casas-abrigo para o
LMP); acolhimento desse público.
2 – Implementação da Lei Maria da Penha. (E) Adota como princípio reduzir os índices de violência
contra as mulheres e a eficiência e efetividade na penalização
Ampliação e fortalecimento da rede de serviços para dos autores de violência contra mulher.
Mulheres em situação de Violência
02. (IF/AP – Assistente Social – FUNIVERSA) A Política
Com ações relacionadas: Nacional de Enfrentamento à Violência Contra Mulheres
retrata as tipologias de violência contra mulher. De acordo
1 – Ampliação dos Serviços Especializados de com essa política, assinale a alternativa correta.
Atendimento as Mulheres em Situação de Violência e (A) Assédio moral é toda conduta que cause dano
Capilaridade do Atendimento; emocional e diminuição da autoestima da mulher ou que lhe
2 – Fortalecimento da Rede de Atendimento para prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
Mulheres em Situação de Violência. degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação.
(B) Violência moral é entendida como qualquer conduta
que configure calúnia, difamação ou injúria.

Atualidades e Convivência Social 104


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(C) Violência sexual é a abordagem, não desejada pelo b) utilização prioritária de incentivo ao aproveitamento de
outro, com intenção sexual ou insistência inoportuna de áreas dotadas de infraestrutura não utilizadas ou
alguém em posição privilegiada que usa dessa vantagem para subutilizadas, inseridas na malha urbana;
obter favores sexuais de subalternos ou dependentes. c) utilização prioritária de terrenos de propriedade do
(D) Violência transgeracional é a violência cometida contra Poder Público para a implantação de projetos habitacionais de
as mulheres de uma mesma família, pelo mesmo agente, interesse social;
durante três gerações. d) sustentabilidade econômica, financeira e social dos
(E) Violência patrimonial caracteriza-se quando uma programas e projetos implementados;
pessoa é impedida de andar com liberdade e é mantida presa e) incentivo à implementação dos diversos institutos
contra a vontade. jurídicos que regulamentam o acesso à moradia;
f) incentivo à pesquisa, incorporação de desenvolvimento
Gabarito tecnológico e de formas alternativas de produção habitacional;
g) adoção de mecanismos de acompanhamento e avaliação
01.C / 02.B e de indicadores de impacto social das políticas, planos e
programas; e
LEI Nº 11.124, DE 16 DE JUNHO DE 2005. h) estabelecer mecanismos de quotas para idosos,
deficientes e famílias chefiadas por mulheres dentre o grupo
Dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse identificado como o de menor renda da alínea "a" deste inciso.
Social – SNHIS, cria o Fundo Nacional de Habitação de
Interesse Social – FNHIS e institui o Conselho Gestor do FNHIS. Seção II
Da Composição
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 5º Integram o Sistema Nacional de Habitação de
Interesse Social – SNHIS os seguintes órgãos e entidades:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o Sistema Nacional de I – Ministério das Cidades, órgão central do SNHIS;
Habitação de Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo Nacional II – Conselho Gestor do FNHIS;
de Habitação de Interesse Social – FNHIS e institui o Conselho III – Caixa Econômica Federal – CEF, agente operador do
Gestor do FNHIS. FNHIS;
IV – Conselho das Cidades;
CAPÍTULO I V – conselhos no âmbito dos Estados, Distrito Federal e
DO SISTEMA NACIONAL DE HABITAÇÃO DE Municípios, com atribuições específicas relativas às questões
INTERESSE SOCIAL urbanas e habitacionais;
Seção I VI – órgãos e as instituições integrantes da administração
Objetivos, Princípios e Diretrizes pública, direta ou indireta, das esferas federal, estadual, do
Distrito Federal e municipal, e instituições regionais ou
Art. 2º Fica instituído o Sistema Nacional de Habitação de metropolitanas que desempenhem funções complementares
Interesse Social – SNHIS, com o objetivo de: ou afins com a habitação;
I – viabilizar para a população de menor renda o acesso à VII – fundações, sociedades, sindicatos, associações
terra urbanizada e à habitação digna e sustentável; comunitárias, cooperativas habitacionais e quaisquer outras
II – implementar políticas e programas de investimentos e entidades privadas que desempenhem atividades na área
subsídios, promovendo e viabilizando o acesso à habitação habitacional, afins ou complementares, todos na condição de
voltada à população de menor renda; e agentes promotores das ações no âmbito do SNHIS; e
III – articular, compatibilizar, acompanhar e apoiar a VIII – agentes financeiros autorizados pelo Conselho
atuação das instituições e órgãos que desempenham funções Monetário Nacional a atuar no Sistema Financeiro da
no setor da habitação. Habitação – SFH.

Art. 3º O SNHIS centralizará todos os programas e projetos Art. 6º São recursos do SNHIS:
destinados à habitação de interesse social, observada a I – Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, nas condições
legislação específica. estabelecidas pelo seu Conselho Deliberativo;
II – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, nas
Art. 4º A estruturação, a organização e a atuação do SNHIS condições estabelecidas pelo seu Conselho Curador;
devem observar: III – Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social –
I – os seguintes princípios: FNHIS;
a) compatibilidade e integração das políticas habitacionais IV – outros fundos ou programas que vierem a ser
federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, bem como incorporados ao SNHIS.
das demais políticas setoriais de desenvolvimento urbano,
ambientais e de inclusão social; CAPÍTULO II
b) moradia digna como direito e vetor de inclusão social; DO FUNDO NACIONAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE
c) democratização, descentralização, controle social e SOCIAL
transparência dos procedimentos decisórios; Seção I
d) função social da propriedade urbana visando a garantir Objetivos e Fontes
atuação direcionada a coibir a especulação imobiliária e
permitir o acesso à terra urbana e ao pleno desenvolvimento Art. 7º Fica criado o Fundo Nacional de Habitação de
das funções sociais da cidade e da propriedade; Interesse Social – FNHIS, de natureza contábil, com o objetivo
II – as seguintes diretrizes: de centralizar e gerenciar recursos orçamentários para os
a) prioridade para planos, programas e projetos programas estruturados no âmbito do SNHIS, destinados a
habitacionais para a população de menor renda, articulados no implementar políticas habitacionais direcionadas à população
âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal; de menor renda.
Parágrafo único. (VETADO)

Atualidades e Convivência Social 105


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Art. 8º O FNHIS é constituído por: § 3º Na forma definida pelo Conselho Gestor, será
I – recursos do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social assegurado que os programas de habitação de interesse social
– FAS, de que trata a Lei no 6.168, de 9 de dezembro de 1974; beneficiados com recursos do FNHIS envolvam a assistência
II – outros fundos ou programas que vierem a ser técnica gratuita nas áreas de arquitetura, urbanismo e
incorporados ao FNHIS; engenharia, respeitadas as disponibilidades orçamentárias e
III – dotações do Orçamento Geral da União, classificadas financeiras do FNHIS fixadas em cada exercício financeiro para
na função de habitação; a finalidade a que se refere este parágrafo.
IV – recursos provenientes de empréstimos externos e § 4º Fica habilitado o FNHIS a destinar recursos para a
internos para programas de habitação; compensação, total ou parcial, dos custos referentes aos atos
V – contribuições e doações de pessoas físicas ou jurídicas, registrais da Regularização Fundiária Urbana de Interesse
entidades e organismos de cooperação nacionais ou Social (Reurb-S). (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
internacionais;
VI – receitas operacionais e patrimoniais de operações Art. 12. Os recursos do FNHIS serão aplicados de forma
realizadas com recursos do FNHIS; e descentralizada, por intermédio dos Estados, Distrito Federal
VII – outros recursos que lhe vierem a ser destinados. e Municípios, que deverão:
VII - receitas decorrentes da alienação dos imóveis da I – constituir fundo, com dotação orçamentária própria,
União que lhe vierem a ser destinadas; e VIII - outros recursos destinado a implementar Política de Habitação de Interesse
que lhe vierem a ser destinados. (Incluído pela Lei nº 11.481, Social e receber os recursos do FNHIS;
de 2007) II – constituir conselho que contemple a participação de
entidades públicas e privadas, bem como de segmentos da
Seção II sociedade ligados à área de habitação, garantido o princípio
Do Conselho Gestor do FNHIS democrático de escolha de seus representantes e a proporção
de 1/4 (um quarto) das vagas aos representantes dos
Art. 9º O FNHIS será gerido por um Conselho Gestor. movimentos populares;
III – apresentar Plano Habitacional de Interesse Social,
Art. 10. O Conselho Gestor é órgão de caráter deliberativo considerando as especificidades do local e da demanda;
e será composto de forma paritária por órgãos e entidades do IV – firmar termo de adesão ao SNHIS;
Poder Executivo e representantes da sociedade civil. V – elaborar relatórios de gestão; e
§ 1º A Presidência do Conselho Gestor do FNHIS será VI – observar os parâmetros e diretrizes para concessão de
exercida pelo Ministério das Cidades. subsídios no âmbito do SNHIS de que trata os arts. 11 e 23
§ 2º O presidente do Conselho Gestor do FNHIS exercerá o desta Lei.
voto de qualidade. § 1º As transferências de recursos do FNHIS para os
§ 3º O Poder Executivo disporá em regulamento sobre a Estados, o Distrito Federal e os Municípios ficam
composição do Conselho Gestor do FNHIS, definindo entre os condicionadas ao oferecimento de contrapartida do respectivo
membros do Conselho das Cidades os integrantes do referido ente federativo, nas condições estabelecidas pelo Conselho
Conselho Gestor. Gestor do Fundo e nos termos da Lei Complementar no 101, de
§ 4º Competirá ao Ministério das Cidades proporcionar ao 4 de maio de 2000.
Conselho Gestor os meios necessários ao exercício de suas § 2º A contrapartida a que se refere o § 1º dar-se-á em
competências. recursos financeiros, bens imóveis urbanos ou serviços, desde
que vinculados aos respectivos empreendimentos
Seção III habitacionais realizados no âmbito dos programas do SNHIS.
Das Aplicações dos Recursos do FNHIS § 3º Serão admitidos conselhos e fundos estaduais, do
Distrito Federal ou municipais, já existentes, que tenham
Art. 11. As aplicações dos recursos do FNHIS serão finalidades compatíveis com o disposto nesta Lei.
destinadas a ações vinculadas aos programas de habitação de § 4º O Conselho Gestor do FNHIS poderá dispensar
interesse social que contemplem: Municípios específicos do cumprimento dos requisitos de que
I – aquisição, construção, conclusão, melhoria, reforma, tratam os incisos I e II do caput deste artigo, em razão de
locação social e arrendamento de unidades habitacionais em características territoriais, econômicas, sociais ou
áreas urbanas e rurais; demográficas.
II – produção de lotes urbanizados para fins habitacionais; § 5º É facultada a constituição de fundos e conselhos de
III – urbanização, produção de equipamentos caráter regional.
comunitários, regularização fundiária e urbanística de áreas
caracterizadas de interesse social; § 6º Os recursos do FNHIS também poderão, na forma do
IV – implantação de saneamento básico, infraestrutura e regulamento, ser aplicados por meio de repasse a entidades
equipamentos urbanos, complementares aos programas privadas sem fins lucrativos, cujos objetivos estejam em
habitacionais de interesse social; consonância com os do Fundo, observados os seguintes
V – aquisição de materiais para construção, ampliação e parâmetros:
reforma de moradias; I – a definição de valor-limite de aplicação por projeto e por
VI – recuperação ou produção de imóveis em áreas entidade;
encortiçadas ou deterioradas, centrais ou periféricas, para fins II – o objeto social da entidade ser compatível com o
habitacionais de interesse social; projeto a ser implementado com os recursos repassados;
VII – outros programas e intervenções na forma aprovada III – o funcionamento regular da entidade por no mínimo 3
pelo Conselho Gestor do FNHIS. (três) anos;
§ 1º Será admitida a aquisição de terrenos vinculada à IV – a vedação de repasse a entidade que tenha como
implantação de projetos habitacionais. dirigentes membros dos Poderes Executivo, Legislativo,
§ 2º A aplicação dos recursos do FNHIS em áreas urbanas Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas da
deve submeter-se à política de desenvolvimento urbano União, bem como seus respectivos cônjuges, companheiros e
expressa no plano diretor de que trata o Capítulo III da Lei no parentes em linha reta, colateral ou por afinidade até o 2º grau,
10.257, de 10 de julho de 2001, ou, no caso de Municípios ou servidor público vinculado ao Conselho Gestor do FNHIS ou
excluídos dessa obrigação legal, em legislação equivalente. ao Ministério das Cidades, bem como seus respectivos

Atualidades e Convivência Social 106


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cônjuges, companheiros e parentes em linha reta, colateral ou XIII – subsidiar o Conselho Gestor com estudos técnicos
por afinidade até o 2º grau; necessários ao exercício de suas atividades.
V – o repasse de recursos do Fundo será precedido por
chamada pública às entidades sem fins lucrativos, para seleção Seção II
de projetos ou entidades que tornem mais eficaz o objeto da Do Conselho Gestor do FNHIS
aplicação;
VI – a utilização de normas contábeis aplicáveis para os Art. 15. Ao Conselho Gestor do FNHIS compete:
registros a serem realizados na escrita contábil em relação aos I – estabelecer diretrizes e critérios de alocação dos
recursos repassados pelo FNHIS; recursos do FNHIS, observado o disposto nesta Lei, a Política e
VII – a aquisição de produtos e a contratação de serviços o Plano Nacional de Habitação estabelecidos pelo Ministério
com recursos da União transferidos a entidades deverão das Cidades e as diretrizes do Conselho das Cidades;
observar os princípios da impessoalidade, moralidade e II – aprovar orçamentos e planos de aplicação e metas
economicidade, sendo necessária, no mínimo, a realização de anuais e plurianuais dos recursos do FNHIS;
cotação prévia de preços no mercado antes da celebração do III – deliberar sobre as contas do FNHIS;
contrato, para efeito do disposto no art. 116 da Lei no 8.666, IV – dirimir dúvidas quanto à aplicação das normas
de 21 de junho de 1993; regulamentares, aplicáveis ao FNHIS, nas matérias de sua
VIII – o atendimento às demais normas aplicáveis às competência;
transferências de recursos pela União a entidades privadas. V – fixar os valores de remuneração do agente operador; e
VI – aprovar seu regimento interno.
Art. 13. Os recursos do FNHIS e dos fundos estaduais, do Parágrafo único. Na aplicação de recursos pelo FGTS na
Distrito Federal e municipais poderão ser associados a forma de subsídio na área habitacional serão observadas as
recursos onerosos, inclusive os do FGTS, bem como a linhas de diretrizes de que trata o inciso I deste artigo.
crédito de outras fontes.
Seção III
CAPÍTULO III Da Caixa Econômica Federal
DAS ATRIBUIÇÕES DOS INTEGRANTES DO SNHIS
Seção I Art. 16. À Caixa Econômica Federal, na qualidade de agente
Do Ministério das Cidades operador do FNHIS, compete:
I – atuar como instituição depositária dos recursos do
Art. 14. Ao Ministério das Cidades, sem prejuízo do FNHIS;
disposto na Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, compete: II – definir e implementar os procedimentos operacionais
I – coordenar as ações do SNHIS; necessários à aplicação dos recursos do FNHIS, com base nas
II – estabelecer, ouvido o Conselho das Cidades, as normas e diretrizes elaboradas pelo Conselho Gestor e pelo
diretrizes, prioridades, estratégias e instrumentos para a Ministério das Cidades;
implementação da Política Nacional de Habitação de Interesse III – controlar a execução físico-financeira dos recursos do
Social e os Programas de Habitação de Interesse Social; FNHIS; e
III – elaborar e definir, ouvido o Conselho das Cidades, o IV – prestar contas das operações realizadas com recursos
Plano Nacional de Habitação de Interesse Social, em do FNHIS com base nas atribuições que lhe sejam
conformidade com as diretrizes de desenvolvimento urbano e especificamente conferidas, submetendo-as ao Ministério das
em articulação com os planos estaduais, regionais e municipais Cidades.
de habitação;
IV – oferecer subsídios técnicos à criação dos Conselhos Seção IV
Estaduais, do Distrito Federal, Regionais e Municipais com Dos Conselhos Estaduais, do Distrito Federal e
atribuições específicas relativas às questões urbanas e Municipais
habitacionais, integrantes do SNHIS;
V – monitorar a implementação da Política Nacional de Art. 17. Os Estados que aderirem ao SNHIS deverão atuar
Habitação de Interesse Social, observadas as diretrizes de como articuladores das ações do setor habitacional no âmbito
atuação do SNHIS; do seu território, promovendo a integração dos planos
VI – autorizar o FNHIS a ressarcir os custos operacionais e habitacionais dos Municípios aos planos de desenvolvimento
correspondentes encargos tributários do agente operador; regional, coordenando atuações integradas que exijam
VII – instituir sistema de informações para subsidiar a intervenções intermunicipais, em especial nas áreas
formulação, implementação, acompanhamento e controle das complementares à habitação, e dando apoio aos Municípios
ações no âmbito do SNHIS, incluindo cadastro nacional de para a implantação dos seus programas habitacionais e das
beneficiários das políticas de subsídios, e zelar pela sua suas políticas de subsídios.
manutenção, podendo, para tal, realizar convênio ou contrato;
VIII – elaborar a proposta orçamentária e controlar a Art. 18. Observadas as normas emanadas do Conselho
execução do orçamento e dos planos de aplicação anuais e Gestor do FNHIS, os conselhos estaduais, do Distrito Federal e
plurianuais dos recursos do FNHIS, em consonância com a municipais fixarão critérios para a priorização de linhas de
legislação federal pertinente; ação, alocação de recursos e atendimento dos beneficiários
IX – acompanhar e avaliar as atividades das entidades e dos programas habitacionais.
órgãos integrantes do SNHIS, visando a assegurar o
cumprimento da legislação, das normas e das diretrizes em Art. 19. Os conselhos estaduais, do Distrito Federal e
vigor; municipais promoverão ampla publicidade das formas e
X – expedir atos normativos relativos à alocação dos critérios de acesso aos programas, das modalidades de acesso
recursos, na forma aprovada pelo Conselho Gestor do FNHIS; à moradia, das metas anuais de atendimento habitacional, dos
XI – acompanhar a aplicação dos recursos do FNHIS; recursos previstos e aplicados, identificados pelas fontes de
XII – submeter à apreciação do Conselho Gestor as contas origem, das áreas objeto de intervenção, dos números e
do FNHIS, sem prejuízo das competências e prerrogativas dos valores dos benefícios e dos financiamentos concedidos, de
órgãos de controle interno e externo, encaminhando-as ao modo a permitir o acompanhamento e fiscalização pela
Tribunal de Contas da União; sociedade das ações do SNHIS.

Atualidades e Convivência Social 107


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Parágrafo único. Os conselhos deverão também dar celebrados e os registros cartorários deverão constar,
publicidade às regras e critérios para o acesso a moradias no preferencialmente, no nome da mulher.
âmbito do SNHIS, em especial às condições de concessão de § 2º O beneficiário favorecido por programa realizado no
subsídios. âmbito do SNHIS somente será contemplado 1 (uma) única vez
com os benefícios de que trata este artigo.
Art. 20. Os conselhos estaduais, do Distrito Federal e § 3º Outras diretrizes para a concessão de benefícios no
municipais devem promover audiências públicas e âmbito do SNHIS poderão ser definidas pelo Conselho Gestor
conferências, representativas dos segmentos sociais do FNHIS.
existentes, para debater e avaliar critérios de alocação de
recursos e programas habitacionais no âmbito do SNHIS. CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES GERAIS, TRANSITÓRIAS E FINAIS
Art. 21. As demais entidades e órgãos integrantes do SNHIS
contribuirão para o alcance dos objetivos do referido Sistema Art. 24. É facultada ao Ministério das Cidades a aplicação
no âmbito de suas respectivas competências institucionais. direta dos recursos do FNHIS até que se cumpram as condições
previstas no art. 12 desta Lei.
CAPÍTULO IV § 1º O Ministério das Cidades poderá aplicar os recursos de
DOS BENEFÍCIOS E SUBSÍDIOS FINANCEIROS DO SNHIS que trata o caput deste artigo por intermédio dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, até o cumprimento do
Art. 22. O acesso à moradia deve ser assegurado aos disposto nos inciso I a V do caput do art. 12 desta Lei.
beneficiários do SNHIS, de forma articulada entre as 3 (três) § 2º O Conselho Gestor do FNHIS poderá estabelecer
esferas de Governo, garantindo o atendimento prioritário às prazo-limite para o exercício da faculdade de que trata o § 1º
famílias de menor renda e adotando políticas de subsídios deste artigo.
implementadas com recursos do FNHIS.
Art. 24-A. O Poder Executivo operacionalizará o Programa
Art. 23. Os benefícios concedidos no âmbito do SNHIS de Subsídio à Habitação de Interesse Social – PSH, segundo os
poderão ser representados por: termos da Lei no 10.998, de 15 de dezembro de 2004.
I – subsídios financeiros, suportados pelo FNHIS,
destinados a complementar a capacidade de pagamento das Art. 25. Esta Lei será implementada em consonância com a
famílias beneficiárias, respeitados os limites financeiros e Política Nacional de Habitação e com o Sistema Nacional de
orçamentários federais, estaduais, do Distrito Federal e Habitação, na forma definida pelo Ministério das Cidades.
municipais;
II – equalização, a valor presente, de operações de crédito, Art. 26. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
realizadas por instituições financeiras autorizadas pelo
Conselho Monetário Nacional e fiscalizadas pelo Banco Central Brasília, 16 de junho de 2005; 184º da Independência e
do Brasil; 117º da República.
III – isenção ou redução de impostos municipais, distritais,
estaduais ou federais, incidentes sobre o empreendimento, no LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
processo construtivo, condicionado à prévia autorização legal;
IV – outros benefícios não caracterizados como subsídios Questões
financeiros, destinados a reduzir ou cobrir o custo de
construção ou aquisição de moradias, decorrentes ou não de 01. (MPE/PR - Promotor – MPE-PR). Em relação ao
convênios firmados entre o poder público local e a iniciativa Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS (Lei
privada. nº 11.124/2005), assinale a alternativa correta:
§ 1º Para concessão dos benefícios de que trata este artigo (A) Exigir a atuação das instituições e órgãos que
serão observadas as seguintes diretrizes: desempenham funções no setor da habitação, sob pena de
I – identificação dos beneficiários dos programas responsabilização, é um dos objetivos do Sistema Nacional de
realizados no âmbito do SNHIS no cadastro nacional de que Habitação de Interesse Social que constam de forma expressa
trata o inciso VII do art. 14 desta Lei, de modo a controlar a na referida lei;
concessão dos benefícios; (B) A estruturação, a organização e a atuação do Sistema
II – valores de benefícios inversamente proporcionais à Nacional de Habitação de Interesse Social devem observar,
capacidade de pagamento das famílias beneficiárias; entre outros, o princípio da compatibilidade e integração das
III – utilização de metodologia aprovada pelo órgão central políticas habitacionais federal, estadual, do Distrito Federal e
do SNHIS para o estabelecimento dos parâmetros relativos aos municipal, bem como das demais políticas setoriais de
valores dos benefícios, à capacidade de pagamento das desenvolvimento urbano, ambientais e de inclusão social;
famílias e aos valores máximos dos imóveis, que expressem as (C) O Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social
diferenças regionais; visa descentralizar todos os programas e projetos destinados
IV – concepção do subsídio como benefício pessoal e à habitação de interesse social, observada a legislação
intransferível, concedido com a finalidade de complementar a específica;
capacidade de pagamento do beneficiário para o acesso à (D) O impedimento de concessão de benefícios a
moradia, ajustando-a ao valor de venda do imóvel ou ao custo proprietários, promitentes compradores, possuidores,
do serviço de moradia, compreendido como retribuição de arrendatários ou cessionários de imóvel residencial é uma das
uso, aluguel, arrendamento ou outra forma de pagamento pelo diretrizes para concessão de benefícios no âmbito do Sistema
direito de acesso à habitação; Nacional de Habitação de Interesse Social;
V – impedimento de concessão de benefícios de que trata (E) A Caixa Econômica Federal não integra o Sistema
este artigo a proprietários, promitentes compradores, Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS.
arrendatários ou cessionários de imóvel residencial;
VI – para efeito do disposto nos incisos I a IV do caput deste 02. (SC/CE - Técnico Social – CETREDE). Assinale a
artigo, especificamente para concessões de empréstimos e, alternativa que apresenta corretamente um dos objetivos do
quando houver, lavratura de escritura pública, os contratos Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHI,
conforme a Lei Nº 11.124/2005.

Atualidades e Convivência Social 108


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(A) Viabilizar para a população de menor renda o acesso à momento, as demais empresas iniciariam um processo e um
terra urbanizada e à habitação digna e sustentável. envolvimento com as questões sociais em suas atividades.
(B) Implementar políticas e programas de investimentos e Na realidade brasileira, a disseminação do conceito da
subsídios privados, promovendo e viabilizando o acesso à responsabilidade social das organizações ainda é muito
habitação independente da renda da população. recente, as primeiras discussões foram na década de 1970,
(C) Promover o direito a moradia digna à população em tendo como principal objetivo promover o debate sobre o
situação de rua e regularizar a moradia daqueles que ocupam balanço social.
os prédios públicos localizados nos centros urbanos e em No entanto, foi a partir da década de 90 que maiores
algumas localidades ribeirinhas. contribuições a respeito da responsabilidade social
(D) Garantir que apenas o setor privado possa aconteceram no cenário nacional. A produção acadêmica a
desempenhar as funções no setor de habitação no Brasil. respeito da temática teve um crescimento significativo, bem
(E) O público atendido pelo Sistema Nacional de Habitação como a fundação de organizações e associações que têm como
de Interesse Social – SNHI deve possuir renda familiar mensal missão promover a discussão da responsabilidade social,
de mais de seis salários mínimos. como exemplo pode-se citar o Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social, o Instituto de Cidadania Empresarial
03. (SC/CE - Técnico Social – CETREDE). Assinale a e as Federações Industriais, distribuídas nas diferentes
alternativa correta sobre os recursos do Fundo Nacional de regiões.
Habitação de Interesse Social – FNHIS, conforme a Lei Nº
11.124/2005. Evolução do Conceito de Responsabilidade Social
(A) Os recursos do Fundo Nacional de Habitação de O conceito da responsabilidade social apresenta uma
Interesse Social – FNHIS advêm diretamente da iniciativa mudança gradual ao longo das últimas décadas. O termo
privada. responsabilidade social corporativa, Social Responsabilities of
(B) Os municípios são os únicos responsáveis pelos the Businessmen, foi criada em 1953 por Howard Bowen.
recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – De acordo com Bowen a responsabilidade corporativa
FNHIS. social refere-se às obrigações dos homens de negócios de
(C) Apenas o Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, nas adotar orientações, tomarem decisões e seguir linhas de ação,
condições estabelecidas pelo seu Conselho Deliberativo, se que sejam compatíveis com os fins e valores da nossa
responsabiliza pelos recursos ao Fundo Nacional de Habitação sociedade.
de Interesse Social – FNHIS. Até os anos 70, havia muita resistência por parte dos
(D) Em hipótese nenhuma serão considerados os recursos gestores das corporações em relação à adoção da
provenientes de empréstimos externos e internos para responsabilidade social, a mesma era vista como um custo
programas de habitação. pelos gestores e que não representava um retorno em termos
(E) Um dos elementos que constituem o Fundo Nacional de de lucros, foi à razão dos entraves judiciais do caso Ford versus
Habitação de Interesse Social – FNHIS são as dotações do Dodge. No entanto, no fim de 1990, o tema da responsabilidade
Orçamento Geral da União classificadas na função de social tornou-se universalmente estabelecido e promovido por
habitação. todos os componentes da sociedade por parte dos governos e
corporações para as organizações não governamentais e
Gabarito consumidores individuais.
Com a evolução das abordagens referentes à
01.B / 02.A / 03.E responsabilidade social, o conceito a respeito do tema tornou-
se associado com os objetivos organizacionais mais amplos,
como reputação e gestão de stakeholders com um enfoque
diferente do que era defendido no caso Ford.
Além disso, foi possível perceber uma relação positiva
Responsabilidade social: setor entre o comportamento socialmente responsável e o
público, privado, terceiro setor. desempenho econômico das organizações, representado por
maior consciência sobre as questões ambientais, culturais,
pelo fato de antecipar, evitando que regulações restritivas
sejam impostas sob a ação empresarial e, por fim, pela
diferenciação de seus produtos diante de seus concorrentes
A Responsabilidade Social no Contexto Brasileiro110
menos responsáveis socialmente.
Percebemos a amplitude de visão e mudança relacionada
No Brasil, a responsabilidade social surgiu no decorrer do
ao conceito de responsabilidade social. A principal premissa
período neoliberal, contexto marcado por inúmeras ameaças e
relacionada ao conceito de responsabilidade social nas
problemas sociais, como desigualdade, corrupção e alta taxa
organizações consiste no desenvolvimento de políticas e
de desemprego. Esse cenário proporcionou uma maior
práticas das corporações claramente articuladas e
visualização dos impactos negativos das empresas na
comunicadas que refletem a responsabilidade de negócios
sociedade pelos consumidores, fazendo assim com que as
para o bem da sociedade.
empresas buscassem o comprometimento com a geração de
Partindo de uma visão mais economista, a
processos e produtos que não impactassem negativamente o
responsabilidade social tinha como função atender às
meio social e ambiental, indo além da missão econômica.
expectativas dos acionistas, no entanto, a temática vem
A protagonista dessa ação foi a Associação de Dirigentes
evoluindo e englobando outros conceitos. Hoje, a organização,
Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE), que interpretou o
socialmente responsável, é aquela que atende as expectativas
termo social como um compromisso, do qual a empresa era
de todos os seus stakeholders atuais e futuros, com o objetivo
responsável, e que deveria ser tratada como um assunto
de tornar a sociedade sustentável.
estratégico e inserido na programação das empresas.
Nesse sentido, buscando melhorar e ampliar a
Assim, a consciência dos gestores em relação à
compreensão em relação ao termo “responsabilidade social
responsabilidade social era colocada em foco e, a partir desse

110 Aula 1 - Histórico da responsabilidade social no mundo contemporâneo


e no Brasil 21 e-Tec Brasil.

Atualidades e Convivência Social 109


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nas empresas”, diversos conceitos foram construídos ao longo


dos anos, no Quadro seguinte expõe-se algumas dessas
definições e seus respectivos autores.

Conceitos sobre Responsabilidade Social nas Empresas


Autores Definições
A responsabilidade social ocorre em razão de a
organização ser bem sucedida, inserida num
Drucker
mercado em que cresce a necessidade de ser
(1984)
socialmente responsável, visando minimizar os
problemas sociais.
A responsabilidade social “reflete tanto um
sentido de realidade quanto um olhar para o
futuro... a responsabilidade social reflete em
Srour FIGURA: Eixo da Responsabilidade Social
síntese a constituição de uma cidadania
(1988)
organizacional no âmbito interno da empresa e
a implementação de direitos sociais no âmbito A responsabilidade social também é considerada, por
externo” muitos, uma influenciadora da imagem da organização.
Assim, quando as práticas sociais são bem conduzidas, elas
A responsabilidade social corporativa envolve,
garantem a consolidação e o destaque da imagem da
por exemplo, tratar com dignidade seus
organização perante os stakeholders, afetando de forma
funcionários, fabricar produtos ou prestar
positiva ou negativa essa relação.
serviços com qualidade, veicular propaganda
Garcia Além disso, é importante destacar que a responsabilidade
verdadeira, realizar limpeza no ambiente de
(1999) social corporativa deve levar em consideração os valores
trabalho, não sujar ruas ou dificultar o trânsito,
éticos e morais inseridos na cultura do país. No Brasil, apesar
colaborar com as causas da comunidade, não
das dificuldades, a responsabilidade social vem criando novas
explorar mão de obra infantil, escrava ou
perspectivas no meio empresarial, uma mentalidade de
incapaz de se defender
valorização à boa conduta empresarial, onde a eficiência das
O conceito de responsabilidade social pode ser
atividades operacionais, a competitividade e o lucro estão
definido como o compromisso que uma
aliados à preservação do meio ambiente, à cidadania e à ética.
organização tem com a sociedade, expresso por
Ashley
meio de atitudes que a afetem positiva e
(2002) As Quatro Dimensões da Responsabilidade Social
coerentemente no que se refere ao seu papel
Empresarial
específico na sociedade e à sua prestação de
contas para com ela
A responsabilidade social nas empresas, conforme a teoria
A responsabilidade social pode ser entendida
de Carrol (1991), compreende expectativas econômicas,
como “o objetivo social da empresa somando a
legais, éticas e filantrópicas, elas podem ser divididas em
sua atuação econômica. É a inserção da
Oliveira quatro dimensões, ilustradas na Figura abaixo
organização na sociedade como agente social e
(2002)
não somente econômico... é ser uma empresa
cidadã que se preocupa com a qualidade de
vida do homem na sua totalidade”.

Como podemos perceber, as definições a respeito da


responsabilidade social nas organizações são dinâmicas e
variadas, algumas têm um maior enfoque no comportamento
ético, outros destacam com maior profundidade a contribuição
social para com a sociedade ou com algumas práticas
específicas.
A atuação das empresas deve estar voltada, segundo
Almeida (1999), principalmente para práticas sociais,
econômicas e ambientais que envolvam os direitos humanos
dos colaboradores e dos demais stakeholders, proteção
ambiental, envolvimento comunitário, relação com
fornecedores e clientes e o monitoramento de desempenho.
Todos esses fatores podem ser divididos em quatro eixos
relacionados aos colaboradores, ao meio ambiente e à
comunidade, como representados na Figura a seguir. Figura: Dimensões da responsabilidade social

A primeira dimensão, considerada a base da pirâmide, é


a responsabilidade econômica, ou seja, a empresa deve ser
lucrativa, considera a principal responsabilidade social da
empresa, pois ela deve produzir bens e serviços à sociedade e
em troca ter lucros, é a sustentação para as demais dimensões.
A segunda dimensão se caracteriza pela
responsabilidade legal, existem regras e normas
estabelecidas pela sociedade, às quais as empresas devem
cumprir para fazer parte desse meio.
A responsabilidade ética é a terceira dimensão, esse
conceito está de forma implícita nas dimensões anteriores, no
entanto a ética nessa dimensão se preocupa com a obrigação

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de fazer o que é justo, sem prejudicar ou causar danos às De acordo com Ashley (2006), a responsabilidade social
pessoas. nos negócios aponta três principais desafios, estes desafios
A quarta dimensão, a responsabilidade filantrópica, também contribuem para a adoção da mesma.
remete ao comprometimento em ações e programas para
promover o bem-estar humano. Desse modo, podemos
compreender que as organizações devem operar sob esses
quatros quesitos da responsabilidade social, a de ser lucrativa,
cumprir as leis, atender as expectativas da sociedade fazendo
o certo e ser boa cidadã.

As seis Diretrizes da Responsabilidade Social


1. Adote valores e trabalhe com transparência: o passo
inicial para se tornar uma empresa socialmente responsável é
avaliar os seus valores éticos e transmiti-los aos seus públicos
através de um documento formal. Além disso, a empresa tem
que praticar o que ela se propõe e agir da forma mais
transparente possível.
2. Valorize empregados e colaboradores: é prioritário
que a empresa cumpra as leis trabalhistas, pois empresas que
valorizam seus funcionários valorizam, na verdade, a si Figura: Desafios para a responsabilidade social nos
mesmas. negócios
3. Faça sempre mais pelo meio ambiente: o produtor
deve se informar e cumprir toda a legislação ambiental, com Instituto Ethos
destaque para o uso da água (ortoga), para a proteção de matas Nesse contexto, também surgiram alguns institutos e
ciliares e de reserva legal. indicadores que mensuram o comprometimento das empresas
4. Proteja clientes e consumidores: outro passo é adotar com a responsabilidade social, como também nas três
técnicas de Produção Integrada de Frutas (PIF) e, se possível, dimensões da sustentabilidade.
ter alguma certificação de alimento seguro. É importante ter a Podemos destacar, a nível nacional, o Instituto Ethos,
certeza de que esse produto que saiu da sua propriedade não instituto criado em 1998 por um grupo de empresários e
sofra nenhuma contaminação ou qualquer outro processo até executivos da iniciativa privada de São Paulo. Este instituto
o seu destino final que possa apresentar risco à saúde e à tem como missão: “mobilizar, sensibilizar e ajudar as
imagem da sua empresa junto ao consumidor. empresas a gerir seus negócios de forma socialmente
5. Promova a comunidade: é importante à empresa responsável, tornando-as parceiras na construção de uma
identificar os problemas da comunidade e tentar soluções em sociedade justa e sustentável”.
conjunto. No contexto internacional, destacam-se diversos órgãos
6. Comprometa-se com o bem comum: as diretrizes que desenvolvem indicadores de responsabilidade social,
anteriores já demonstram resultados em prol do bem comum. ambiental e econômico. Dos quais podemos destacar o Índice
Mas, é importante que o empresário se comprometa em ações Mundial de Desenvolvimento Sustentável Dow Jones – DJSI, da
que não sejam simplesmente marketing para diferenciar o seu Bolsa de Valores de Nova York, que desde 1999 monitora o
produto junto ao consumidor final. É preciso que o empresário desempenho das empresas líderes no mundo, no que se refere
tenha ações que decisivamente contribuam para o à incorporação da sustentabilidade em sua gestão de negócio.
desenvolvimento de sua região e do país.
O Instituto Ethos tem como objetivo disseminar o
A ISO 26000 conceito de responsabilidade social no meio empresarial,
A ISO 26000 foi a primeira norma internacional de contribuindo para que as organizações compreendam e
responsabilidade social. É aplicável a empresas de diferentes incorporem o conceito do comportamento empresarial
setores, portes e localidades. O objetivo da ISO 26000 é socialmente responsável, que executem políticas e
orientar as empresas na implantação de políticas, práticas e práticas que atendam a critérios éticos, alcançando o
princípios de Responsabilidade Social Corporativa. sucesso econômico e sustentável em longo prazo.
A sua proposta é servir como um importante norte para as
corporações e não com objetivo de certificação. Além disso, o instituto procura ajudar as organizações a
Os sete princípios da ISO 26000 são: assumirem suas responsabilidades com todos aqueles que são
• Responsabilidade; influenciados pelas suas atividades, a demonstrar a
• Transparência, importância do comportamento socialmente responsável a
• Comportamento Ético; seus acionistas, a identificar oportunidades e formas
• Consideração pelas partes interessadas; inovadoras em atuar em parceria com a comunidade e
• Legalidade; prosperar, por meio do desenvolvimento social, econômico e
• Normas Internacionais; ambientalmente sustentável.
• Direitos Humanos. As empresas associadas têm a possibilidade de participar
de atividades que as ajudam a compreender e incorporar a
Desafios para a Responsabilidade Social nos Negócios responsabilidade social nas suas rotinas. As empresas também
possuem acesso a fóruns de discussão, reuniões, palestras e
A adoção de uma postura ética e socialmente responsável debates, bem como a um banco de dados que reúne práticas
requer conscientização e envolvimento de todos os níveis empresariais socialmente responsáveis de excelência. Ainda,
organizacionais estratégico, tático e operacional. A mudança possuem acesso a publicações de apoio à implementação de
faz parte desse processo e a oferta de produtos e processos, políticas e práticas de responsabilidade social empresarial.
que sejam produzidos de forma ética e sem agressões a O Instituto Ethos oferece todas essas contribuições a suas
sociedade, proporciona inúmeros benefícios às organizações. empresas associadas, no entanto é fundamental ressaltar que
o instituto não é uma entidade certificadora de
responsabilidade social ou de conduta ética, como algumas

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normativas que vimos nas aulas anteriores, ela não fornece


nenhum tipo de selo. Para o Instituto Ethos a responsabilidade
social corporativa é uma maneira de conduzir e administrar os
negócios, tornando as organizações parceiras e
corresponsáveis pelo desenvolvimento da sociedade.
A empresa considerada socialmente responsável é aquela
que tem a competência de identificar, envolver e considerar os
interesses das partes interessadas (acionistas, clientes,
governo, fornecedores...), integrando esses interesses as suas
decisões e ao planejamento das suas atividades. Além disso, a
produção e comercialização são direcionadas para reduzir o
consumo dos bens naturais, a garantir a competitividade e
continuidade à própria atividade e manter o desenvolvimento
social. Desse modo, o Instituo Ethos desenvolveu indicadores
sociais que auxiliam as empresas a identificarem o seu grau de
responsabilidade social e, assim, traçar planos de melhoria e
novas práticas sociais.

- Instituto Ethos e seus indicadores para Negócios


Sustentáveis e Responsáveis
Os indicadores Ethos são uma ferramenta de gestão, que
tem como objetivo apoiar as empresas na inserção da
sustentabilidade e da responsabilidade social empresarial no
seu negócio, para que este seja sustentável e responsável.
Esta ferramenta é composta por um questionário que
possibilita o autodiagnóstico pela administração da empresa e
um sistema de preenchimento on-line que permite gerar
relatórios, servindo estes para o planejamento e a gestão de
metas para a melhoria da gestão sustentável e responsável.
Assim, os indicadores desenvolvidos pelo Instituto Ethos Figura: Dimensões dos indicadores Ethos
têm como intuito mensurar e avaliar quanto a sustentabilidade Fonte: CTISM, adaptado de Instituto Ethos, 2015
e a responsabilidade social estão inseridas no negócio,
contribuindo para a definição de políticas, práticas e Índice Mundial de Desenvolvimento Sustentável Dow
processos. Esta ferramenta não tem como objetivo reconhecer Jones - DJSI
as empresas mais ou menos sustentáveis e responsáveis, e sim O Índice Mundial de Desenvolvimento Sustentável Dow
apoiar e contribuir para as práticas e melhorias nesse Jones, criado pela bolsa americana Dow Jones, é o primeiro
contexto. O questionário principal dos indicadores índice desse tipo e um dos mais importantes em nível
Ethos é composto de 47 indicadores, distribuídos em internacional.
quatro dimensões (visão e estratégia, governança Esse índice tem como objetivo identificar e analisar as
organizacional, social e ambiental), oito temas e 18 subtemas, práticas adotadas pelas corporações que tem ações na bolsa de
como podemos ver na Figura abaixo. valores, medindo seus resultados e classificando assim estas
Percebe-se que as temáticas consideradas nessas como sustentáveis ou não.
ferramentas vêm ao encontro dos princípios estudados nas Desse modo, ao comprar uma ação de uma empresa, os
normativas, pois essa ferramenta foi desenvolvida integrando compradores terão conhecimento se esta possui um
os princípios da norma ABNT NBR ISO com as diretrizes de comportamento socialmente e ambientalmente correto, além
relatórios de sustentabilidade da Global Reporting Initiative de poder analisar o desempenho da sustentabilidade,
(GRI). possibilitando identificar oportunidades de investimentos em
Além dessa ferramenta, o Instituto Ethos desenvolve longo prazo.
projetos específicos, promove conferências e debates e Essa classificação ocorre por meio de questionário
também disponibiliza um banco on-line de práticas nas quatro composto de perguntas gerais e específicas, sendo
dimensões (visão e estratégia, governança organizacional, comprovadas com o envio de documentos e relatórios. O
social e ambiental). questionário aborda questões ambientais, sociais e
econômicas, além da dimensão de governança corporativa.
A dimensão econômica contém cinco temas: governança
corporativa, relação com o investidor, gestão de crises e risco,
código de conduta e cumprimento da lei e corrupção e
relacionamento com cliente. As principais questões abordadas
nessa dimensão referem-se à igualdade entre homens e
mulheres, elaboração clara e consistente de um código de ética
e transparência nas relações com seus stakeholders.
Na dimensão ambiental abordam-se duas temáticas:
gestão ambiental e ecoeficiência, nelas destacam-se questões
como o desenvolvimento de uma política de gestão ambiental,
elaboração de relatórios ambientais e divulgação para seus
stakeholders, quantidade de gases de efeito estufa emitidos e
resíduos gerados, estabelecimento de metas e auditoria.
A dimensão social envolve seis temas são eles: práticas de
trabalho, desenvolvimento de capital humano, atração e
retenção de talentos, cidadania corporativa, envolvimento das
partes interessadas e relatório social.

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As principais práticas abordadas são a mensuração e o (C) um balanço social decorrente da crescente demanda
controle do desenvolvimento dos funcionários, saúde e dos investidores por informações a respeito das atividades
segurança, outros benefícios sociais, além dos exigidos por lei, empresariais.
quantidade gasta com filantropia e monitoramento dos (D) uma mudança de valores proposta pela sociedade pré-
impactos das ajudas à comunidade e gestão de risco. industrial, na busca de uma sociedade mais justa e de uma
Portanto, podemos perceber que as práticas de organização empresarial sustentável.
responsabilidade social além de atenderem a legislação, (E) um compromisso ético voltado para os diversos
podem ser fatores de risco ou de oportunidades para agentes sociais que participam da cadeia produtiva.
investidores que procuram comprar ações. A responsabilidade
social influencia os processos e atividades da organização, Gabarito
seus stakeholders e toda a sociedade.
Assim, as organizações devem ser um dos principais atores 01.C / 02.B. / 03.A / 04.E
na busca pelo desenvolvimento socialmente responsável e
sustentável, por meio de uma gestão consciente e que prioriza
a minimização dos impactos sociais, econômicos e ambientais. Sociodiversidade:
Questões
multiculturalismo, tolerância,
inclusão/exclusão, relações de
01. (Câmara Municipal de Sorocaba - Mestre de gênero
Cerimônias - VUNESP) Há o estímulo e o incentivo por parte
das organizações públicas a projetos e causas sociais por meio
de campanhas, doações diversas para entidades e trabalhos MULTICULTURALISMO111
junto a comunidades. A doação individual do tempo, trabalho,
conhecimento e talento para causas de interesse social e Pensar em multiculturalismo é se referir ao manejo das
comunitário, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida diferenças em nossas sociedades, especialmente as diferenças
da comunidade, é denominada culturais e étnicas.
(A) responsabilidade social corporativa. Tal problemática está hoje muito presente nas chamadas
(B) filantropia. sociedades multiétnicas, ou ainda, em estados nacionais de
(C) voluntariado. forte imigração na atualidade, como os Estados Unidos e
(D) marketing social alguns países europeus (Alemanha, Inglaterra, França, Bélgica
(E) assistência social. e Holanda, por exemplo). Essa discussão faz-se também muito
presente no Canadá, neste caso, em virtude, sobretudo, de
02. (SUDENE/PE - Analista Técnico Administrativo - duas grandes comunidades culturais presentes ali: a
FGV) Leia o fragmento a seguir: população de origem e língua francesa e a população de origem
"O _____ ético da organização é à base da e língua inglesa.
responsabilidade_____, expressa nos princípios e _____ adotados A diversidade cultural e étnica é muitas vezes percebida
pela empresa". como uma possível ameaça à nação.
O multiculturalismo procura enfatizar, então, a ideia de
Assinale a alternativa que completa corretamente as que as culturas minoritárias são discriminadas e, para se
lacunas do fragmento acima. consolidarem, devem ser protegidas pelo Estado.
(A) Processo - corporativa - padrões Há de se considerar ainda que, além do Canadá (desde
(B) Comportamento - social - valores 1982), vários outros estados nacionais têm constituições
(C) Conceito - corporativa - valores multiculturais, por exemplo, a Austrália, a África do Sul, a
(D) Processo - social - valores Colômbia e o Paraguai.
(E) Comportamento - corporativa – padrões Discutir o multiculturalismo, na atualidade, significa nos
colocarmos diante dos desafios do nosso tempo:
03. (BADESC - Analista Administrativo - FGV) A atuação → Percebermos a diversidade humana;
das grandes empresas em termos de responsabilidade → Defrontarmo-nos com a desconstrução de algumas
corporativa apresenta as seguintes características, à exceção "verdades";
de uma. Assinale-a. → Começarmos a pensar em processos de integração e
(A) Predomínio de relações indiretas com a comunidade. interação de diversos saberes;
(B) Desenvolvimento de projetos sociais próprios. → Desierarquizarmos as diferenças e visões de mundo;
(C) Foco na educação, saúde, empregabilidade e → Desenvolvermos um profundo amor pela vida.
empreendedorismo. Desse modo, gênero, raça/etnia, orientação sexual, religião
(D) Adoção do paradigma do fomento ao desenvolvimento e classe social são algumas das variáveis contemporâneas que
social. colocam em evidência novos sujeitos políticos, que passam a
(E) Desenvolvimento de ações de marketing social. exigir do Estado e da sociedade reconhecimento e políticas
inclusivas.
04. (CELG/GO - Assistente de Gestão - CS/UFG)
Atualmente, a responsabilidade social corporativa tem Definindo Multiculturalismo
ocupado a agenda das organizações não só brasileiras como
mundiais. Essa responsabilidade pode ser entendida como: O Multiculturalismo pode ser visto como um sintoma de
(A) um compromisso da empresa com seus proprietários, transformações sociais básicas, ocorridas na segunda metade
visando à melhoria dos resultados financeiros e à maximização do século XX, no mundo pós-Segunda Guerra Mundial. Pode
da riqueza. ser visto também como uma ideologia, a do politicamente
(B) uma prática social e corporativa provocada pelo
aumento de pressão da globalização.

111 MARTINI, Alice de. Geografia. /Alice de Martini; Rogata Soares Del

Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013. PNLD – 2015 a 2017 – FNDE –
Ministério da Educação.

Atualidades e Convivência Social 113


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correto, ou como aspiração, desejo coletivo de uma sociedade reconhecimento feito parcialmente na Constituição de 1988
mais justa e igualitária no respeito às diferenças. apenas aos indígenas e aos quilombolas. [ ... ]
Consequência das múltiplas misturas raciais e culturais, Daqui em diante, todas as políticas públicas decorrentes da
provocadas pelo incremento das migrações em escala PNPCT beneficiarão oficialmente o conjunto das populações
planetária, pelo desenvolvimento dos estudos antropológicos, tradicionais, incluindo ainda faxinais (que plantam mate e
do próprio direito e da linguística, além de outras ciências criam porcos),' comunidade de "fundo de pasto", geraizeiros
sociais e humanas, o Multiculturalismo é, antes de mais nada, (habitantes do sertão), caatingueiros, vazanteiros,
um questionamento das fronteiras de todo tipo, pantaneiros, caiçaras (pescadores do mar), ribeirinhos,
principalmente da monoculturalidade. seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco de babaçu,
Visto como militância, o Multiculturalismo implica ciganos, quilombolas, povos indígenas, pomeranos,
reivindicações e conquistas por parte das chamadas minorias. marisqueiros, dentre outras. [. .. ]
Reivindicações e conquistas muito concretas: legais, políticas, Segundo o artigo 32 do decreto, povos e comunidades
sociais e econômicas. (CHIAPPINI, Lígia). tradicionais "são grupos culturalmente diferenciados e que se
reconhecem como tais, que possuem formas próprias de
Multiculturalismo no Brasil organização social, que ocupam e usam territórios e recursos
A diversidade é uma das principais características da naturais como condição para sua reprodução cultural, social,
cultura brasileira, causa imprescindível de nossa riqueza religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos,
cultural. (Hermano Vianna, antropólogo) inovações e práticas geradas e transmitidas pela tradição."
No Brasil, o discurso multicultural também é Tais populações - a maior parte sem documentos de
relativamente recente, tendo ganho projeção e tido conquistas identidade, totalmente à margem dos direitos civis - habitam
a partir da segunda metade da década de 1980, em um sobre um quarto do território brasileiro, em todas as regiões
contexto de construção de um Estado mais democrático. do país, formando um contingente de cerca de 5 milhões de
Em geral, as ações multiculturais no Brasil associam-se às pessoas, equivalente à população de muitos países europeus. [
ações afirmativas, que buscam a efetiva igualdade de acesso a ... ]
bens fundamentais como educação e emprego. Com base na Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, as várias
Ações Afirmativas instâncias do governo federal, de forma integrada entre si e
Ações Afirmativas são políticas focais que alocam recursos com as lideranças das comunidades tradicionais, poderão,
em benefício de pessoas pertencentes a grupos discriminados e juntas, desenvolver planos, projetos e ações destinados a
vitimados pela exclusão socioeconômica no passado ou no promover a inclusão daquelas populações. [. .. ]
presente. Trata-se de medidas que têm como objetivo combater Segundo Jorge Zimmerman (diretor de Agroextrativismo
discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, do Ministério do Meio Ambiente), são três as diretrizes
aumentando a participação de minorias no processo político, no centrais da PNPCT. A primeira delas pretende assegurar todos
acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, redes de os direitos civis, por meio do reconhecimento legal dos
proteção social e/ou no reconhecimento cultural. [ ... ] habitantes daqueles lugares, inclusive com fornecimento de
A ação afirmativa se diferencia das políticas puramente documentos de identificação; a segunda diretriz diz respeito
antidiscriminatórias por atuar preventivamente em favor de ao reconhecimento explícito do respeito à diversidade étnica,
indivíduos que potencialmente são discriminados, o que pode ser ao direito à educação diferenciada e à prática religiosa
entendido tanto como uma prevenção à discriminação quanto específica. A terceira perna do tripé pretende equacionar a
como uma reparação de seus efeitos. Políticas puramente regularização fundiária, já que muitas das comunidades
antidiscriminatórias, por outro lado, atuam apenas por meio de tradicionais sofrem com o desrespeito a sua referência
repressão aos discriminadores ou de conscientização dos geográfica, como é o caso dos quilombolas, que, em muitos
indivíduos que podem vir a praticar atos discriminatórios. casos, foram incorporados pelas cidades, sofrendo achaques
Fonte: Grupo de Estudos Multidisciplinares da ação afirmativa. da especulação imobiliária. Segundo Zimmermann, "havia uma
Disponível em: ausência de marcos legais que garantissem direitos às
<http://gemaa.iesp.uerj.br/index.php?option=com_k2&view=it populações tradicionais.
em&layout=item&ld=1&lternid=217>. Agora, porém, com o decreto, temos uma situação em que,
Depois de muitas lutas e amplas e acaloradas discussões, a com amparo da PNPCT, podemos transformar a realidade
sociedade brasileira assiste ao reconhecimento e à daqueles povos positivamente." Até porque, insiste ele, o País
incorporação das chamadas "populações tradicionais" do vive um momento em que a especificação profissional e as
Brasil, o que é mais uma vitória dos movimentos sociais em sua novas tecnologias roubaram praticamente todos os espaços
luta por reconhecimento e igualdade. para a migração das populações tradicionais da zona rural
A partir do Decreto Presidencial nº 6.040 de 2007, o para as cidades. Com o PNPCT, o governo pretende criar
governo brasileiro reconhece formalmente, pela primeira vez condições para que aquelas pessoas encontrem maneira de
na história do País, a existência formal de todas as chamadas viver em seu próprio meio ambiente. Fonte: Cooperação e
populações "tradicionais" do Brasil: Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa. Disponível em:
<http://www.capma.org.br/downloadlpub/cr200703.pdf>.
Decreto Presidencial Reconhece Existência Formal das No entanto, se de um lado o multiculturalismo apresenta
Populações Tradicionais essa vertente de convivência, igualdade e respeito às minorias
Está em vigor o decreto presidencial que reconhece a e às diferenças, de outro, assistimos, na atualidade, ao
existência formal e legal das populações tradicionais do Brasil. acirramento de uma disputa entre dois lados culturais e
Com o decreto do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva religiosos aparentemente opostos: o mundo "cristão-europeu"
(Decreto nº 6.040), publicado no Diário Oficial da União, o e o mundo "islâmico", a partir do denominado "choque de
governo reconhece formalmente, pela primeira vez na história civilizações".
do país, a existência formal de todas as chamadas populações Assim, as diversas crises que ocorrem atualmente no
"tradicionais" do Brasil. Oriente Médio são apresentadas como consequência das
Ao longo dos seis artigos do decreto, que institui a PNPCT diferenças profundas entre o islamismo - que seria "radical,
- Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos retrógrado e arcaico", rejeitando, ademais, os valores
e Comunidades Tradicionais, o governo estende um democráticos do "Ocidente" - e o mundo judaico-cristão
ocidental - este sim, "racional, progressista e democrático".

Atualidades e Convivência Social 114


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Na Origem de um Conceito "culturalmente" antisemita ... De Maomé ao cerco de Viena pelos


O choque de civilizações é visto como aspecto importante otomanos, da descolonização ao islamismo, do islamismo à AI-
das relações internacionais modernas. Qaeda, do véu islâmico ao antisemitismo dos jovens magrebinos,
A crise no Oriente Médio [ ... ] não teve origem num conflito fecha-se a roda do círculo, repete-se a história. E viva os
entre Estados, mas num choque de civilizações." Ainda em 1964, sarracenos! ALAIN GRESH - Tradução: Jô Amado. Fonte:
um professor universitário britânico pouco conhecido lançou a Biblioteca Diplô. Disponível em:
fórmula que ficaria famosa. Incontestavelmente, Bernard Lewis cwwwdiplo.org.br/imprima976>.
foi um precursor.
Passada despercebida durante a década de 1960, a fórmula Fundamentalismos Religiosos: Rumo a Novas "Guerras
foi relançada por ele vinte e cinco anos depois na forma de um Santas"?
artigo, "The Roots of Muslim Rage" (As raízes da cólera
muçulmana). Ali, ele descreve o estado de espírito do mundo Antes de discutirmos especificamente sobre o
muçulmano e conclui: "Isto nada mais é do que um choque de fundamentalismo religioso, precisamos compreender que
civilizações, uma reação talvez irracional, mas seguramente existem outras formas de fundamentalismo, tais como: o
histórica, de um antigo adversário contra nossa herança político, o religioso, o cultural e o econômico, ou ainda, o
judaico-cristã, nosso presente secular e a expansão mundial de fundamentalismo "neoliberal" (política econômica seguida
ambos." "Eu penso", dizia ele em 1995, "que a maioria entre nós pelo FMI).
concordaria em dizer - e alguns já o fizeram - que o choque de Todavia, para o fundamentalista religioso, o fiel deve
civilizações é um aspecto importante das relações seguir à risca as páginas dos textos sagrados da sua religião, As
internacionais modernas, embora poucos, en- tre nós, Escrituras (sejam elas a Bíblia, o Talmude, o Corão, ou o Hadith
chegassem ao ponto de dizer - como alguns já fizeram - que as dos hindus) foram traçadas por Deus, logo devem ser
civilizações têm políticas externas e formam alianças." interpretadas como a Sua vontade.
A visão de um "choque de civilizações", contrapondo duas Desse modo, fundamentalismo é tomar as palavras
entidades claramente definidas, o "Islã" e o "Ocidente" (ou a sagradas em seus fundamentos, completamente, sem
"civilização judaico-cristã"), está no centro do pensamento de nenhuma alteração, sem nenhuma concessão.
Bernard Lewis, um pensamento essencialista que restringe os Os termos "fundamentalismo" e "fundamentalista"
muçulmanos a uma cultura petrificada e eterna. nasceram nos Estados Unidos, no início do século XX, no
"Esse ódio", insiste ele, "vai além da hostilidade em relação a contexto do Protestantismo.
alguns interesses ou ações específicas, ou mesmo em relação a Para os fundamentalistas estadunidenses, o texto bíblico
determinados países, tornando-se a rejeição da civilização devia ser assumido à risca e sua autoridade estendia-se tanto
ocidental enquanto tal, não pelo que ela possa fazer, mas pelo ao domínio religioso quanto ao científico, histórico, filosófico.
que ela é e pelos princípios e valores que pratica e professa." Desse modo, eles rejeitavam as teorias evolucionistas de
Os iranianos não se revoltaram contra a ditadura do Xá Charles Darwin.
imposta por um golpe de estado fomentado pela C IA, em 1953; Para eles, se a Bíblia afirma que os seres humanos foram
os palestinos não lutam contra uma invasão interminável; e se criados à semelhança de Adão e Eva, essa é uma verdade
os árabes odeiam os Estados Unidos, não é porque o governo absoluta (daí o nome: "criacionismo").
deste país apoia Ariel Sharon ou porque invadiu o Iraque. Na Apesar das diversas comprovações científicas do
realidade, o que os muçulmanos rejeitam é a liberdade e a evolucionismo, em muitas escolas dos Estados Unidos era
democracia. Como seria possível compreender os conflitos do proibido ensinar a teoria da evolução.
Kosovo ou da Etiópia-Eritreia? Pela recusa, por parte dos Esse debate em torno do ensino da teoria evolucionista e
muçulmanos, em serem governados por infiéis, explica Bernard da narração bíblica da criação continua ainda hoje em várias
Lewis. escolas nos Estados Unidos.
Foi em 1993 que Samuel Huntington retomou a fórmula do No entanto, na atualidade, quando pensamos em
"choque de civilizações" num célebre artigo que escreveu para a fundamentalismo religioso, nossa primeira referência são os
revista Foreign Affairs. Embora verbalmente rejeitado na povos islâmicos, erroneamente associados quase
França, o conceito se instalaria, pouco a pouco, nas consciências. exclusivamente aos árabes.
Quando, em dezembro de 2003, em Túnis, o presidente Jacques Na realidade, o fundamentalismo é um movimento social,
Chirac mencionou o termo "agressão" ao se referir ao uso do véu religioso e político bastante diversificado, e muito além das
islâmico, a jornalista Elisabeth Schemla comemorou: "Pela fronteiras do Islã. Basta pensar que, ainda hoje, o estado
primeira vez, Jacques Chirac reconhece que a França não é nacional com maior contingente de fundamentalistas
poupada do choque de civilizações." religiosos é os Estados Unidos.
"Sem exagerar sua importância", escreveu Emmanuel
Brenner num panfleto intitulado França, cuida para que não O Fundamentalismo Cristão
percas tua alma (France, prends garde de perdre ton âme), "é Como você observou, não existe apenas o
preciso levar em consideração ações culturais que explicitam fundamentalismo islâmico, mas várias formas de
conflitos entre concepções do mundo distintas, e até fundamentalismo - seja católico ou protestante ou judaico.
antagônicas. [ ... ] Essa dimensão cultural está ausente em Observamos ainda que os fundamentalistas ensejam uma
inúmeros observadores que deixam de levar em conta os interpretação "ao pé da letra" dos textos sagrados. Por isso, em
antecedentes históricos que influenciam nosso inconsciente. geral, no Ocidente, eles rejeitam importantes mudanças
Antecedentes cuja natureza, por muito tempo conflituosa, vem à sociais, colocando-se contra o direito ao aborto, a emancipação
tona com as atuais questões de identidade. Basta lembrar as feminina, os direitos dos homossexuais, as pesquisas com
cruzadas e o confronto entre as duas margens do Mediterrâneo, células-tronco, o controle da natalidade, entre outros.
basta lembrar o avanço do Islã no sudeste da Europa, chegando Nos Estados Unidos, os fundamentalistas ganharam muita
às portas de Viena no século XVII, assim como basta lembrar o projeção no governo de Ronald Reagan (1981-1989). No
tempo do império turco, temido e execrado e, em seguida, o entanto, foi no governo de George W. Bush que pudemos
tempo da colonização, com sua procissão de violência, e por fim observar os efeitos mais nefastos da chamada "guerra santa",
o da descolonização, que muitas vezes foi sangrenta. Esse traduzida como "guerra contra o terror".
enfrentamento, antigo e recorrente, está sedimentado na
consciência dos povos." E é por isso, conclui Brenner, que uma
parcela de jovens franceses originários do Magreb é

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O Caos Fundamentalista americano. Laerte Braga - Fonte: Rebelión. Disponível em:


Bush [. .. ] percebeu que a fraude era o caminho possível e <www.rebelion.org/noticia.php?id=7893>.
mais fácil para chegar à presidência dos Estados Unidos no
final da década de 1990. O grupo do líder fundamentalista dos O Fundamentalismo Islâmico
EUA percebeu que nada melhor para os negócios que essa Como afirmamos antes, o fundamentalismo está assentado
conversa de fundamentalismo. sobre a crença na verdade dos textos sagrados (sejam eles a
A vida perde sentido, fica fácil vender para as pessoas a Torá, a Bíblia ou o Corão). No caso do fundamentalismo
ideia do paraíso; logo, a morte é algo que passa a ser desejado islâmico, este sempre existiu entre os povos muçulmanos. No
no fanatismo inconsequente dos milhões de puritanos made in entanto, somente ganhou visibilidade com a vitória dos aliados
USA. ao Aiatolá Khomeini, no Irã, em 1979.
Não vão questionar lucros nem negociatas, desde que Para entendermos um pouco melhor esta questão, é
adotados os programas moralistas do fundamentalismo. Não necessário lembrar que, assim como o cristianismo, o
ao aborto, condenação aos gays, nada de pesquisas com islamismo divide-se em diferentes grupos.
células-tronco e vai por aí afora. [ ... ] Dentre os vários grupos islâmicos ou muçulmanos (drusos,
João Paulo II e sua obsessão anticomunista foi o principal xiitas, sunitas etc.), dois se destacam: os sunitas, maioria, e os
responsável pelo retrocesso de setores da Igreja Católica, xiitas.
abrindo espaços para que as seitas evangélicas e puritanas Para um muçulmano, o vínculo fundamental não é a terra
invadissem todo o continente americano. O totalitarismo do natal, mas sim a comunidade de fiéis em que todos são iguais
Vaticano imposto à Teologia da Libertação foi um dos maiores em submissão perante Alá, transcendendo as instituições do
desastres religiosos num momento que religião começava a ter Estado, encarado como fonte de divisão entre os fiéis. Os
alguma lucidez. [. .. ] fundamentalistas islâmicos acreditam ainda que, para o
A história do fundamentalismo coloca contra a parede com crescimento da comunidade, devem se engajar na luta contra
muito mais intensidade o fundamentalismo cristão ou o a ignorância e falta de obediência aos ensinamentos de Alá.
fundamentalismo judaico, pois um precisa mais do outro, Os fundamentalistas pregam o radical e urgente
embora se odeiem, que o fundamentalismo islâmico. rompimento com tudo o que Ihes pareça "ocidental". Segundo
Maomé foi o responsável por unir tribos árabes e dar-lhes eles, as mulheres devem voltar a usar o chador ou a burca, não
alguma consistência. O próprio Corão não é necessariamente devem receber instrução, nem serem atendidas por médicos
um livro religioso, mas um livro de poesias que, na crença homens. O ensino em qualquer nível deve priorizar o religioso
muçulmana, foi ditado ao profeta por Alá. Um código de e as leis comuns devem acolher as regras corânicas (açoite ou
conduta. lapidação para os adúlteros, execuções públicas
Os cristãos foram os cruzados nas carnificinas para libertar acompanhadas de chibatadas etc.).
Jerusalém. Ou os verdugos da Inquisição. Numa crônica Podemos dizer, portanto, que o fundamentalismo islâmico
memorável, o escritor Luís Fernando Veríssimo fala da é um movimento tradicionalista, que se expande atualmente
destruição que os cristãos impuseram a regiões europeias quase como resposta às políticas e imposições imperiais
onde os mouros estiveram por séculos, ao contrário da (século XIX e início do século XX).
tolerância moura. Veríssimo fala em predadores (os cristãos).
Em lúcidos (os mouros). [ ... ] Fundamentalismo Econômico e Político
O fundamentalismo judaico ganhou força após a Segunda O fundamentalismo econômico caracteriza-se pela crença
Grande Guerra. É em nome do que está escrito no Velho na "vitória final e irremediável" das doutrinas neoliberais e se
Testamento que matam palestinos e se apropriam de terras opõe a toda crença em "um outro mundo possível".
alheias. Tudo, lógico, a mando de Deus. [ ... ] Com o "triunfo do capitalismo", o mercado ganha
É óbvio que Bin Laden é um terrorista. Tem a mesma importância fundamental, e as ideologias neoliberais passam a
convicção. O terrorista que jogou um dos aviões contra o ditar o papel do estado: ser enxuto e eficiente. O estado passa,
World Trade Center tinha a certeza de que sairia dali para o então, a ter menos cobranças para exercer posturas marcadas
paraíso. [. .. ] por valores como solidariedade social e direitos humanos.
Bush é só um dos lados desse triângulo. Mas o lado mais Tal processo, marcado pelo "pragmatismo do mercado",
perigoso. Cruel, perverso e assassino. Terrorista na essência. O por sua vez, acaba por gerar reações de grupos extremistas,
mais poderoso dentre todos os loucos que se acham enviados religiosos ou laicos, que aumentam seu poder na era da
divinos. globalização. Esses grupos aproveitam de um recurso
O que aconteceu em Faluja ultrapassa os limites da abundante na atualidade, uma mistura de sentimentos
sanidade. Uma barbárie sem tamanho, Genocídio. Corpos perigosa e instável: ódio, desamparo, rancor e revolta.
espalhados pelas ruas, Homens, mulheres, crianças. Pessoas A partir de sentimentos como esses, os grupos extremistas
presas sem culpa formada e deixadas sem alimento. Mesquitas organizam ações de cunho também irracionais: ameaças,
destruídas. A imagem de um soldado do deus cristão atentados e sequestros.
executando um soldado do deus muçulmano (mas que lutava
por sua terra invadida e ocupada e seu povo brutalizado) Xenofobia
mostra o desprezo que o fundamentalismo tem pela vida. Uma das questões de maior preocupação no mundo, hoje,
É outra característica dessa doença. Quem não pensa como é o crescimento do nacionalismo xenófobo e do racismo.
pensam é subgente. Preconceito é uma realidade. [ ... ] O nacionalismo é um sentimento de pertencimento a um
São os negócios, principal instrumento do determinado estado nacional, ou a um grupo dentro do estado
fundamentalismo cristão, o mercado, regulando e nacional. O nacionalismo exacerbado gera a xenofobia,
disciplinando seus interesses. identificada como a "aversão ao diferente" e, nos tempos
A vida nesse contexto é só um detalhe. O que conta são os modernos, traduzida como "aversão ao estrangeiro".
balanços. A vida dos outros, a deles não. [. .. ]
A tarefa dessa mistura cristã pagã é a de defender os
negócios, assegurar como imaculada a propriedade privada.
Dane-se o resto.
O mundo de Bush é o mundo dos insanos. Só que nele não
rasgam dinheiro, pelo contrário. Guardam, saqueiam, tomam,
matam, tudo em nome da moral, e do grande império norte-

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No Caos da Unificação, Reaparece a Extrema Direita


Alemã
Na Alemanha, a volta da extrema direita não tem sido feita
através de partidos oficialmente reconhecidos. Devido à
questão do desemprego, cresce o número de grupos
neonazistas no país, denominados skinheads, que incitam a
violência contra os estrangeiros estabelecidos naquele país.

Neonazistas - Novos adeptos à ideologia implantada por


Hitler na Alemanha no período entre guerras. Pregam a
superioridade étnica e discriminam imigrantes pobres.
O nacionalismo pode ser legítimo, mas, em muitos casos, é
algo forjado para manipular as pessoas a aderirem a um Após o entusiasmo com a queda do muro de Berlim, em
movimento de interesse particular (de um líder ou partido 1989, e a unificação das Alemanhas, em 1990, a população da
político, por exemplo). antiga Alemanha Oriental sofreu com o colapso da economia e
um forte desemprego. Com isso, a euforia do fim do regime
O Nacionalismo Alemão do Entreguerras socialista logo deu lugar a outro sentimento, que era o de
A Alemanha do entreguerras exemplifica bem o desamparo, causado pela falta de renda e de perspectiva em
florescimento de um nacionalismo apoiado no racismo. uma sociedade diferente, em que o consumo é a realização
Derrotado na Primeira Guerra Mundial, o país se viu numa pessoal do indivíduo. Com todos os produtos de consumo à sua
situação de recessão econômica, recaindo-lhe, ainda, pesadas frente, agora os ex-alemães orientais não tinham dinheiro para
taxas como indenização de guerra. Esse foi o palco perfeito adquiri-los.
para Adolf Hitler sustentar as bases do seu partido (nazista), Meses depois da festa da unificação, essa população já era
pregando a reconstrução da Alemanha e sua afirmação como vista com preconceito pelos alemães ocidentais, como se fosse
potência mundial. Os ideais nacionalistas se exprimiram na culturalmente inadequada ao capitalismo, sem iniciativa e
forma da valorização da raça ariana e no desprezo e eliminação derrotada.
das raças consideradas inferiores. Do ponto de vista do alemão oriental, parecia que o
capitalismo, depois de seduzi-lo durante mais de quatro
O Ressurgimento do Nacionalismo na Europa Central décadas de Guerra Fria, de repente o menosprezava.
Na Áustria, a extrema direita chega ao poder. Na história da Europa, por vários momentos, as
A ascensão de grupos de extrema direita no continente populações foram colocadas diante de graves crises sociais e
europeu tem despertado a atenção internacional. Esse foi o fortes humilhações como a do desemprego.
caso do Partido da Liberdade, liderado por Joerg Haider, que E quando isso acontece, o caminho para a expansão da
venceu as eleições austríacas de 1999 usando um discurso extrema direita fica aberto. Normalmente, a extrema direita
claramente xenófobo. elege um "inimigo" da pátria (outro país ou mesmo um grupo
étnico dentro do próprio país) - o melhor exemplo disso foi o
Joerg Haider - Líder da direita ortodoxa da Áustria, surgimento do nazismo na década de 1930.
falecido em 2008. Seu partido tem ganhado muita força no Voltando à década de 1990, na antiga Alemanha Oriental,
congresso, mediante discursos xenófobos contra os os grupos neonazistas proliferaram e escolheram um
imigrantes. "inimigo" para derrotar e agredir: os estrangeiros de países
subdesenvolvidos, que sempre realizaram o trabalho braçal,
Com uma postura preocupante, relembrando a xenofobia mas que, agora, passaram a representar a comunidade que
do período nazista, a extrema direita conseguiu a sua ascensão estaria tirando dos alemães os seus empregos.
na Áustria pela manipulação de um temor presente no Também no setor ocidental da Alemanha, surgiram e
eleitorado austríaco: o desemprego. proliferaram vários grupos neonazistas, responsáveis por
Haider baseou a sua campanha eleitoral na afirmação de inúmeros ataques a estrangeiros, vários resultando em
que a entrada de imigrantes no país iria tirar vagas de trabalho mortes.
dos austríacos "autênticos". As palavras de Lothar de Maiziére, primeiro e último
Essa campanha manipuladora é facilmente desmascarada presidente do Conselho de Ministros da ex-República
quando analisamos a realidade da imigração para a Áustria. A Democrática Alemã (ROA), expressam essa ideia:
economia do país precisa dos imigrantes, pois eles O problema das pessoas da ex-RDA consiste no fato do velho
tradicionalmente assumem trabalhos rejeitados pela sistema ter sido punitivo e protetor ao mesmo tempo. A mão
população local. punitiva desapareceu e isso é muito bom. A mão protetora, que
Contudo, aproveitando-se com habilidade dessa cuidava de tudo, também desapareceu.
insegurança popular, Haider e seu partido tiveram sucesso.
Com a vitória eleitoral desse partido de extrema direita, a Novos muros estão sendo criados
Áustria entrou na sua maior crise de relacionamento externo
no âmbito do continente europeu. O país ficou politicamente O Muro de Berlim, que simbolizava a divisão entre o
isolado por uma onda de protestos e ameaças de boicote capitalismo e o socialismo, foi derrubado em 1989. Na Nova
econômico pelos outros países integrantes da União Europeia. Ordem Mundial, outros estão sendo erguidos, para evitar que
Devido às pressões europeias, Joerg Haider renunciou à pessoas "indesejáveis" entrem nos países.
presidência do partido, apesar de esse fato não ter alterado em
nada as características dessa organização. O muro americano
No ano de 2004, Joerg Haider se reelegeu como governador Em meio ao movimento da globalização, três países da
da província austríaca da Caríntia, mostrando que o problema América do Norte, os EUA, o Canadá e o México assinaram um
da ascensão do perigoso nacionalismo austríaco não é apenas acordo de integração econômica, o Nafta.
um risco potencial, mas um fato consolidado que, no futuro, No entanto, essa etapa da globalização suprimiu as
pode se agravar. fronteiras apenas para o capital e para os interesses das
empresas e corporações industriais, financeiras e de serviços.

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APOSTILAS OPÇÃO

Não houve uma integração ampla entre os três países, a palestinos, implica em maior controle sobre o seu território e
exemplo do que ocorreu na União Europeia, por exemplo. comunidades.
Ao contrário, o status da população do México ficou Ante essa ação unilateral de Israel, as últimas eleições
inalterado. Apesar de os EUA utilizarem intensamente a mão palestinas levaram ao poder uma das facções mais radicais - o
de obra mexicana, a maior potência mundial se nega a liberar Hamas -, o que deverá causar mais dificuldades nas relações
as fronteiras para todos os habitantes do vizinho do sul. políticas do Oriente Médio.
Os EUA necessitam, todos os anos, de levas de braceros
mexicanos para, em um regime de trabalho temporário, fazer Racismo
colheitas em áreas próximas às fronteiras. O maior exemplo de racismo declarado foi o apartheid na
Cidadãos e empresas de todo os EUA utilizam mão de obra África do Sul. A segregação racial da minoria branca sobre a
mexicana irregular, e o trabalhador recebe remuneração maioria negra era "legitimada" por um aparato repressivo
muito inferior ao estabelecido por lei, além de não contar com institucional que subvertia os códigos de direitos humanos. De
nenhuma garantia legal. 1948, quando o Partido Nacional venceu as eleições, até início
Só esses fatos já constituem um muro invisível, separando dos anos 1990, a África do Sul viveu sob esse regime, sendo
os interesses dos países ricos da realidade dos países pobres, que líderes negros eram presos, torturados e mortos.
marcado por grandes dificuldades e pobreza.
Esse muro, porém, não é apenas "virtual". Toda a extensão Apartheid - Segregação racial declarada e amparada na
de 3 mil quilômetros de fronteiras entre EUA e México é forma da lei na África do Sul e que perdurou por mais de 40 anos.
estritamente vigiada pela polícia de fronteira norte-
americana, que procura barrar os 8 mil trabalhadores Leis do apartheid:
mexicanos que tentam, diariamente, alcançar o sonho dourado → Os bairros são destinados aos brancos e áreas
da prosperidade. periféricas carentes aos negros (Soweto);
Esse muro é uma demonstração clara de que a integração → Proibição a uniões inter-raciais;
econômica do Nafta não inclui a liberdade para a circulação de → Locais públicos com separações entre brancos e negros
pessoas. Ele mostra como, apesar de todas as barreiras, (banheiros, bancos de praça, praias, transporte coletivo);
centenas de mexicanos, movidos pelo desespero da falta de → Obrigatoriedade do aprendizado do dialeto africâner
renda e trabalho, fazem o possível para chegar ao outro lado. (dos bôeres);
Onde as fronteiras não são demarcadas por rios profundos → Os negros não tinham direito ao voto;
ou desertos mortais, foi construído um muro, ou melhor, uma → Supressão dos direitos civis aos negros.
série de muros. As sequências do muro americano diferem de
acordo com as dificuldades naturais que os mexicanos Mediante o boicote internacional, o regime foi desfeito no
encontram para chegar aos EUA. início dos anos 1990. O líder negro Nelson Mandela foi solto e
Nos locais mais vulneráveis, aqueles onde as pôde concorrer à presidência nas primeiras eleições livres
concentrações populacionais são maiores, existem câmeras de com a participação da população negra, saindo vitorioso.
vídeo e sensores elétricos para que os "desesperados" não Mesmo após anos de reclusão por um regime opressivo,
passem. Em áreas mais inacessíveis, foram erigidos apenas Nelson Mandela governou visando à união das diferentes
altos alam brados. etnias pelo futuro do país. Sua atuação no poder se
Nas áreas mais inóspitas, dezenas de mexicanos morrem caracterizou pelo fortalecimento da democracia.
por ano, como é o caso do "muro" natural do deserto de Os Estados Unidos também são um exemplo de
Sonora, como é chamado no México, ou deserto do Arizona, discriminação racial. A população negra tem garantido
como é denominado nos EUA. diversos direitos, graças à sua organização e à herança da
O muro americano é a materialização das relações entre o manifestação pacífica criada pelo líder negro Martin Luther
Sul pobre e o Norte rico do nosso planeta. King. Todavia, ainda hoje, a população negra é vítima do
Em abril de 2005, as questões do racismo e da xenofobia preconceito racial, criando também a segregação social
ganharam proporções ainda mais graves nos EUA. Pela dentro dos Estados Unidos.
primeira vez, o Estado norte-americano aprovou uma
iniciativa particular com o objetivo de impedir a entrada de Segregação social - Discriminação de acordo com a classe
imigrantes ilegais. O Projeto Minuteman, amplamente social dos indivíduos. Tratamento desigual entre ricos e pobres.
divulgado pela mídia, organizou milícias compostas por
voluntários, muitos dos quais armados, que vigiaram a região Guerrilhas
da fronteira do México no estado norte-americano do Arizona. Guerrilha e terrorismo não são a mesma coisa. No caso da
Esta foi a primeira vez que uma organização civil recebeu guerrilha, a adesão das pessoas, é em decorrência de sua
aprovação para efetuar uma ação de cunho estatal - a vigilância vinculação político-ideológica. Seus alvos são militares e
de fronteiras, e isso ganha ainda mais gravidade pelo fato de pontos estratégicos, e não a população civil. Como desejam
essas, milícias não terem sido diretamente monitoradas por tomar o poder, procuram obter a simpatia da população.
autoridades federais, além de serem compostas por A guerrilha mais conhecida no continente americano foi
organizações abertamente racistas e xenófobas. O Projeto liderada por Fidel Castro e Che Guevara em Cuba, destituindo,
Minuteman, claramente apoiado pela liderança conservadora na década de 1950, o governo corrupto de Fulgêncio Batista e
do governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, foi implantando o socialismo.
reativado, apesar de manifestações contrárias da opinião Ainda hoje, no continente americano, existem grupos
pública global a esse respeito. guerrilheiros. Vejamos os exemplos da Colômbia e do México.
O governo israelense iniciou, em 2003, a construção de um Os dois grupos guerrilheiros de ideologia marxista na
muro de 700 quilômetros para isolar a população palestina da Colômbia são as Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da
israelense. Essa iniciativa, feita com o desalojamento de Colômbia) e o ELN (Exército de Libertação Nacional), ambos
assentamentos judaicos instalados em territórios palestinos, surgidos pela influência da Revolução Cubana.
faz parte da política unilateral iniciada pelo então primeiro-
ministro Ariel Sharon.
A vitória do partido Kadima, de Sharon, foi uma indicação
da continuidade dessa política, que, do ponto de vista dos

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Marxista - Diz respeito a Karl Marx, formulador do A história do terrorismo pode ser contada antes e depois
socialismo científico. de 11 de setembro, ocasião em que os EUA foram atacados por
grupos terroristas que sequestraram aviões comerciais e os
Esses grupos desejam a reforma agrária, uma política lançaram sobre as torres gêmeas do World Trade Center e
social e econômica que acabe com os problemas de moradia, sobre o Pentágono, dois símbolos dos EUA e do sistema
saúde pública e desemprego. capitalista.
O financiamento desses grupos vem dos sequestros, do O governo norte-americano apontou como suspeito o
pagamento por proteção (as chamadas "vacinas" por parte de grupo AI-Qaeda, comandado pelo milionário saudita Osama
comerciantes e empresários) e do "pedágio", que consiste na Bin Laden. Na versão oficial das agências norte-americanas, o
abordagem de motoristas em estradas, tomando-Ihes seus grupo AI-Qaeda, fundamentalista islâmico, vê os EUA como um
pertences. Há, inclusive, indícios do envolvimento das Farcs mal a ser extirpado, principalmente pela sua posição
com narcotraficantes, vendendo proteção a eles. hegemônica mundial e por suas constantes interferências
Na Colômbia, existe também o grupo paramilitar de militares no Oriente Médio.
extrema direita (AUC), surgido na década de 1980 com o "Do estarrecimento para a sede de vingança", assim se
propósito de eliminar os guerrilheiros das Farcs e do ELN. Esse posicionou o governo norte-americano de George W. Bush,
grupo é formado por ex-policiais e ex-militares a serviço de defendendo a posição de que os atentados terroristas de 11 de
fazendeiros contrários à reforma agrária e empresários setembro representaram "atos de guerra", não apenas contra
conservadores. Foi responsabilizado pelos assassinatos de os Estados Unidos, mas contra a "civilização ocidental".
diversas pessoas, inclusive de três candidatos à presidência.

México
A região de Chiapas, ao sul do México, sempre se destacou
pela tensão social. Desde que os espanhóis conquistaram o
México, as comunidades indígenas foram dizimadas por
guerras e epidemias e também tiveram os seus territórios
tomados, circunscrevendo-se a espaços cada vez menores nas
florestas, em condições subumanas.
É nesse contexto que foi fundado, em 1993, o EZLN
(Exército Zapatista de Libertação Nacional), numa união de
grupos que há muito tempo faziam rebeliões.
O movimento zapatista de Chiapas ganhou projeção
internacional ao se colocar contra a política neoliberal e o
Essa conotação de "atos de guerra" em vez de atentados
Nafta. Argumentam que o bloco econômico da América do
terroristas permite que o país atacado invoque o artigo nº 5 da
Norte só acentua a dependência do México em relação aos
Otan, que prevê o engajamento automático dos países-
Estados Unidos e condena ainda mais à miséria a população de
membros dessa organização em sua defesa e contra o agressor.
Chiapas.
Bush lança uma guerra contra um inimigo oculto - o terror,
concebendo que os diversos grupos terroristas formem um
Terrorismo
"sistema internacional de terror".
Dessa forma, todos os países devem apoiar os Estados
Uma definição de terrorismo - Prática do terror como
Unidos na luta contra o terror: "Quem não estiver conosco
instrumento de ação política, procurando alcançar pelo uso da
estará ao lado do terror”. Essa frase denota uma ideia de ajuda
violência objetivos que poderiam ou deveriam cometer-se ao
mútua, ao mesmo tempo em que intimida os países que se
exercício legal da vontade política.
colocarem contra as ofensivas norte-americanas.
O terrorismo caracteriza-se, antes de mais nada, pela
indiscriminação das vítimas a atingir, pela generalização da
A Operação Militar no Afeganistão
violência, visando, em última análise, à liquidação, desativação
O governo norte-americano acreditava que Osama Bin
ou retração da vontade de combater do inimigo
Laden e membros da AI-Qaeda estivessem no Afeganistão,
predeterminado, ao mesmo tempo que procura paralisar
acobertados pela milícia talibã, que havia tomado o governo
também a disponibilidade de reação da população. Fonte:
daquele país em 1996.
Terrorismo, in Polis - Enciclopédia Verbo do Direito e do Estado,
Desde que a então União Soviética invadiu militarmente o
V volume, cal. 1196.
Afeganistão, em 1979, as milícias contrárias ao socialismo
proliferaram com a ajuda dos Estados Unidos. Uma dessas
milícias era o talibã e entre eles havia um saudita - Osama Bin
Laden.
A URSS deixou o território afegão em 1989, cedendo
espaço para essas milícias confrontarem-se na disputa pelo
poder. Quando o talibã conseguiu, através da luta armada,
chegar ao poder, impôs leis extremistas naquele país:

→ Uso obrigatório da burca (um pano que cobre toda a


cabeça e o corpo) para as mulheres;
→ Proibição de estudo e trabalho para as mulheres;
→ Pena de morte.

Atentado às Torres do World Trade Center, em 11 de O talibã já tinha sido acusado de esconder terroristas em
setembro de 2001 seu território e, por isso, o Afeganistão já passava por um
O terrorismo pode ocorrer por motivos político- boicote econômico internacional.
nacionalistas, religiosos e étnico-culturais. Quando os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, não
havia clareza da sua intenção: prender ou matar Bin Laden?
Destituir o talibã?

Atualidades e Convivência Social 119


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Com ajuda de grupos locais paramilitares chamados Questões


Aliança do Norte, a coalizão internacional liderada pelos
Estados Unidos e Inglaterra destituiu o talibã do poder. Bin 01. (Unicamp) A "Guerra do Golfo", utilizada pelos meios
Laden foi morto em uma operação militar dos EUA no de comunicação para referir-se ao conflito entre o Iraque e o
Paquistão em 2011. Kuwait, indica a existência de uma questão espacial
estratégica.
O “Eixo do Mal” e a Invasão do Iraque a) Dê o nome desse golfo e a sua localização.
Instituindo a política da "guerra ao terror", o governo de b) Caracterize a questão estratégica que envolve a região
George W. Bush, após a ofensiva contra o Afeganistão, lançou desse golfo, bem como os fatos que a levaram ao destaque do
o discurso do "eixo do mal", que integraria o Iraque (até a sua noticiário internacional.
invasão pelos EUA), Coreia do Norte e Irã. A acusação de Bush
ao "eixo do mal" era a de que esses países representariam uma 02. (UFG) A segregação socioespacial na África do Sul,
ameaça ao Ocidente por desenvolverem armas de destruição decorrente da colonização europeia, existe desde o século
em massa (químicas, biológicas ou nucleares), além de XVII, quando a região foi ocupada por ingleses e holandeses.
colaborarem com grupos terroristas. No entanto, o regime do Apartheid data de 1948, quando se
Entre essas "acusações", o que não se pode descartar é a intensificaram a institucionalização e o processo de formação
posse de armas nucleares por parte da Coreia do Norte, bem de territorialidades da população negra segregada no
como o desenvolvimento da tecnologia nuclear por parte do território nacional e nos espaços urbanos de uma mesma
Irã. Este, sendo um dos maiores produtores de petróleo do cidade.
mundo, não necessita de usinas elétricas nucleares, indicando Considerando o exposto,
que as suas pesquisas, provavelmente, têm como objetivo o a) caracterize o regime do Apartheid.
desenvolvimento de armas nucleares para a sua defesa. b) explique a relação entre a Lei de Criação dos Bantustões,
É importante lembrar que a posse de artefatos nucleares de 1951, e a Lei de Reserva de Amenidades Separadas, de
por parte da Coreia do Norte foi um fator que evitou uma 1953, quanto à institucionalização das territorialidades da
intervenção direta dos EUA no país, e isso demonstrou ao Irã a população negra segregada.
importância desse ramo tecnológico.
Por outro lado, em 2003, os EUA lideraram uma invasão ao 03. (Enem) A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no
Iraque de Saddam Hussein, sob a alegação de que o país estaria currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e sobre
produzindo armas de destruição em massa, bem como por História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo
supostamente ter apoiado a AI-Qaeda de Osama Bin Laden. programático incluirá o estudo da História da África e dos
Como foi provado após a invasão do Iraque, as "acusações" africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira
de Bush ao regime de Saddam Hussein eram falsas. e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a
A verdadeira motivação para a intervenção dos EUA, contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e
apoiados pelo Reino Unido, Espanha e outros, de uma política pertinentes à História do Brasil, além de instituir, no
coligação condenada pela ONU, era outra: o controle das fontes calendário escolar, o dia 20 de novembro como data
de petróleo em um Oriente Médio convulsionado, onde o comemorativa do "Dia da Consciência Negra". Disponível em:
regime da Arábia Saudita, o principal aliado dos EUA, tem se http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010
mostrado cada vez mais ameaçado pela expansão interna do (adaptado).
fundamentalismo islâmico. A referida lei representa um avanço não só para a educação
Por outro lado, apesar de os EUA terem realizado eleições nacional, mas também para a sociedade brasileira, porque
"democráticas" no Iraque em 2005, a violenta resistência a) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.
contra a invasão continua assolando o país. b) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira.
c) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua
Um Novo Conceito de Guerra cultura.
Na sua obra O choque de civilizações, Samuel Huntington d) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à
analisa o cenário político atual dentro da óptica de um conflito educação.
de civilizações, tendo, de um lado, a civilização ocidental e do e) impulsiona o reconhecimento da plural idade étnico-
outro, o Islã. racial do país.
Voltamos, dessa forma, à velha fórmula maniqueísta do
bem X mal que, na visão ocidental, representa a América (bem) 04. (UFV) Leia o artigo a seguir, originalmente publicado
x islamismo e ajihad (mal). em um jornal de grande circulação dos EUA, que ressalta a
imagem negativa deste país no mundo árabe. Essa imagem,
Jihad ou Guerra Santa - É a batalha por meio da qual se longe de ser gratuita, foi construída tanto pelo apoio
atinge um dos objetivos do islamismo, que é reformar o mundo. incondicional à política do estado de Israel como pelas duas
Qualquer muçulmano que morra numa guerra defendendo os guerras no Iraque e pela intervenção no Afeganistão. SHOW
direitos do islamismo ou de Alá já tem sua vida eterna garantida. DO HEZBOLLAH NA TV - Programa de perguntas irrita EUA:
BEIRUTE. Responda rápido: qual prédio foi construído em
Na concepção de grupos extremistas islâmicos, a batalha se 1792 e se tornou símbolo da opressão mundial? A questão,
dá no campo dos fiéis (muçulmanos) contra os infiéis cuja resposta é a Casa Branca, faz parte do programa de
(civilização ocidental). perguntas “A missão", da TV libanesa al-Manar, pertencente ao
Ambas as concepções são igualmente simplistas e Hezbollah. O show, que faz sucesso entre os espectadores, está
fundamentalistas. irritando o governo americano.
Segundo o autor Jean Baudrillard, em sua obra O espírito Os participantes, dispostos num tabuleiro virtual, vão
do terrorismo, assiste-se a uma guerra de âmbito mundial, percorrendo as casas a cada pergunta respondida
tendo, de um lado, a própria mundialização e seu caráter corretamente. Quem chegar primeiro à última, que simboliza a
monopolista e hegemônico e, do outro, todos os que resistem tomada de Jerusalém, ganha US$ 3 mil.
a essa dominação. Ainda segundo o autor, se o Islã - Acho muito interessante este programa, pois ele sempre
representasse a dominação mundial, o terrorismo e a faz questão de lembrar, nas perguntas, que a Palestina está sob
resistência se dariam contra ele. ocupação – disse o professor de física Ihab Abi Nassif, um dos
participantes do jogo.

Atualidades e Convivência Social 120


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A embaixada dos Estados Unidos em Beirute disse nesta 03. Resposta: E


semana estar monitorando o programa, que "incita a formação
de novos terroristas". O GLOBO. 3 maio 2004. 04. (a) O mosaico cultural, a posição estratégica como
Considerando a situação atual no Oriente Médio, responda: passagem entre a Europa e a Ásia, a ocorrência de extensas
a) O que torna essa região estratégica para a geopolítica jazidas petrolíferas.
americana? (b) Ele faz referência à questão Israel-palestina. Com o
b) Por que um dos participantes do jogo no show da TV surgimento de Israel em 1948, os palestinos que ali viviam
libanesa afirma que a Palestina está sob ocupação? viram-se deslocados e sem expressão territorial, daí a menção
de ocupação dos territórios por Israel.
05. (Enem) No mundo árabe, países governados há
décadas por regimes políticos centralizado- res contabilizam 05. Resposta: E
metade da população com menos de 30 anos; desses, 56 têm
acesso à Internet. Sentindo-se sem perspectivas de futuro e ETNIA E MODERNIDADE NO MUNDO E NO BRASIL112
diante da estagnação da economia, esses jovens incubam vírus
sedentos por modernidade e democracia. Em meados de Países e Territórios: Diferentes Povos e Nações
dezembro, um tunisiano de 26 anos, vendedor de frutas, põe
fogo no próprio corpo em protesto por trabalho, justiça e Ao analisar o mapa político do mundo, você perceberá que
liberdade. Uma série de manifestações eclode na Tunísia e, os países do mundo têm tamanhos muito diferentes. Enquanto
como uma epidemia, o vírus libertário começa a se espalhar China, Rússia, Brasil, Canadá, Austrália e Estados Unidos
pelos países vizinhos, derrubando em seguida o presidente do possuem uma grande extensão, os países europeus
Egito, Hosni Mubarak. Sites e redes sociais - como o Facebook restringem-se, de modo geral, a áreas menores do que a maior
e o Twitter - ajudaram a mobilizar manifestantes do norte da parte dos estados brasileiros.
África a ilhas do Golfo Pérsico. SEQUElRA, C. D.; VILLAMÉA, L. A Com exceção da Antártida, os continentes são divididos em
epidemia da liberdade. Isto é Internacional 2 mar. 2011 países. Cada país é organizado em torno de um Estado, uma
(adaptado). instituição soberana que cria as leis e define as políticas dentro
Considerando os movimentos políticos mencionados no de um limite territorial. Em outras palavras, um Estado não
texto, o acesso à internet permitiu aos jovens árabes existe se ele não possuir um território.
a) reforçar a atuação dos regimes políticos existentes.
b) tomar conhecimento dos fatos sem se envolver. Povos sem Estado
c) manter o distanciamento necessário à sua segurança. Por mais que a existência de um país nos remeta à ideia de
d) disseminar vírus capazes de destruir programas dos que ele representa um único povo ou nação, é preciso ter
computadores. cuidado com esse tipo de associação. Em outras palavras, uma
e) difundir ideias revolucionárias que mobilizaram a população nem sempre possui vínculos históricos e culturais
população. comuns, que se manifestam geralmente por meio da mesma
língua, etnia e/ou religião.
Respostas
Geração é um termo com origem no latim (generatĭo) e que
01. (a) Golfo Pérsico. O Golfo Pérsico localiza-se entre a tem diversos significados e usos. Pode ser usado para fazer
Ásia, África e Europa, por isso é considerado um ponto referência à ação e ao efeito de engendrar (procriar) ou à ação
estratégico. e ao efeito de gerar (produzir, causar ou criar algo).113
(b) O Golfo Pérsico é uma passagem obrigatória a todos os
navios petroleiros que navegam a região para carregar Gênero: pode ser definido como aquilo que identifica e
petróleo nos países produtores. Em 1990, Saddam Hussein, diferencia os homens e as mulheres, ou seja, o gênero
então líder nacionalista e autoritário do Iraque, tomou a masculino e o gênero feminino.114
decisão de invadir o Kuwait e controlar tato as rotas como De acordo com a definição “tradicional” de gênero, este
grande parte das jazidas da região. pode ser usado como sinônimo de “sexo”, referindo-se ao que
é próprio do sexo masculino, assim como do sexo feminino.
02. (a) O regime do Apartheid caracteriza-se pelo controle No entanto, a partir do ponto de vista das ciências sociais e
político de um governo de minoria branca, de origem europeia, da psicologia, principalmente, o gênero é entendido como
sobre a maioria da população negra africana, impondo-lhes aquilo que diferencia socialmente as pessoas, levando em
leis, regras e sistemas de controle social. Esse regime definiu o consideração os padrões histórico-culturais atribuídos para os
que era permitido à população negra quanto à mobilidade, ao homens e mulheres.
uso de bens, aos serviços e equipamentos públicos e à Por ser um papel social, o gênero pode ser construído e
ocupação de determinadas áreas no espaço urbano. desconstruído, ou seja, pode ser entendido como algo mutável
(b) A Lei de 1951, que determinou a criação dos e não limitado, como define as ciências biológicas.
Bantustões, bairros (guetos) só para negros, instituiu a Nos estudos biológicos, o conceito de gênero é um termo
segregação socioespacial ao definir as áreas nas cidades utilizado na classificação cientifica e agrupamento de
destinadas às territorialidades da população negra agregada. – organismos vivos, que formam um conjunto de espécies com
A Lei 1953, de Reserva de Amenidades Separadas, codificou o características morfológicas e funcionais, refletindo a
apartheid nas estações de embarque e desembarque, cinemas, existência de ancestrais comuns e próximos.
hotéis, praças, parques, praias, piscinas e outros locais de Por exemplo, o “homo sapiens” é o nome da espécie
lazer. O ensino também passou a ser separado para as dizentes humana a qual pertence ao gênero “homo”.
origens étnicas, assim como qualquer competição inter-racial
foi proibida em todo o território nacional.

112 CATELLI Junior, Roberto. Conexão histórica – volume 3. 1ª edição. São LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. 3ª edição. São Paulo: Editora
Paulo: Editora AJS, 2015. Saraiva, 2013.
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora 113 http://conceito.de/geracao

AJS, 2015. 114 https://www.significados.com.br/genero/

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Identidade de Gênero Os Outros e o Sentimento de Pertencer a um Grupo


Consiste no modo como determinado indivíduo se Nos meios de comunicação cresce, a cada dia, o número de
identifica na sociedade, com base no papel social do gênero e notícias relacionadas a “conflitos étnicos”, “discriminação
no sentimento individual de identidade da pessoa. racial”, “preconceito”, “xenofobia”.
O conceito da identidade de gênero não está relacionado Para entendermos a incidência cada vez maior desses
com os fatores biológicos, mas sim com a identificação do conflitos, precisamos questionar a ideia que alguns povos têm
indivíduo com determinado gênero (masculino, feminino ou de superioridade em relação a outros. Essa suposta
ambos). superioridade baseia-se em uma série de justificativas
Por exemplo, uma pessoa que biologicamente nasceu com relacionadas a aspectos religiosos, econômicos, culturais, etc.
o sexo masculino, mas que se identifica com o papel social do E quem são os “outros”?
gênero feminino, deve ser socialmente reconhecida como uma Para muitos russos, os “outros” são os chechenos; para
mulher. algum cidadão branco norte-americano, os “outros” podem ser
Esta pessoa é denominada transgênera, pois possui uma os negros, os mexicanos, os cubanos; para muitos britânicos,
identidade de gênero diferente da biológica. são os irlandeses, os indianos, os paquistaneses; para alguns
É incorreto, no entanto, relacionar a identidade de gênero franceses, são os argelinos, os marroquinos; para alguns
com a orientação sexual. Existem pessoas transexuais, por alemães, os turcos; para muitos judeus, são os palestinos
exemplo, que podem ser heterossexuais, homossexuais ou (sendo a recíproca verdadeira); para muitos brasileiros que
bissexuais, assim como acontece com as pessoas cisgênero. habitam na região Sul e Sudeste, por exemplo, “os outros” são
Raça é uma categoria das espécies de seres vivos, utilizada os nordestinos ou, independentemente da região do país, os
pela biologia como forma de classificação. Em termos sociais, que moram em favela.
o uso do termo raça é usado enquanto senso comum para
determinar grupos étnicos a partir de suas características A Diversidade Cultural
genéticas.115
Cultura é o conjunto dos padrões de comportamento, das
Etnia é o grupo de pessoas que se diferenciam de outros crenças, dos valores morais e materiais, dos conhecimentos
por traços específicos de cultura, hábitos, religião e língua, passados de geração em geração ou adquiridos de outros
entre outros fatores. povos. Embora haja grande diversidade cultural entre os
povos, todas as sociedades (ou grupo humano) dispõem de
Da mesma forma, a delimitação da sua área não respeita algum equipamento tecnológico que lhes permite a
necessariamente como critério a área ocupada por um povo. transformação da natureza, a manutenção de sua
Como consequência, existem povos que não possuem sobrevivência e de um padrão de relações sociais e religiosas.
Estado e são separados pela fronteira de diferentes países.
Os curdos, por exemplo, são um povo que vive no Oriente Cultura Brasileira
Médio e que totaliza mais de 25 milhões de habitantes, sendo A cultura brasileira é muito diversa. As cinco regiões de
a maior etnia sem Estado do mundo. A região ocupada por eles nosso país são perceptivelmente diferentes culturalmente.
é conhecida como Curdistão. Nossa cultura é influenciada pela herança de índios nativos,
Ocupando uma área de cerca de 500 mil quilômetros por colonizadores portugueses e também pela tão presente
quadrados (um pouco menor do que o Estado da Bahia), o cultura africana advinda da África.
território curdo abrange quatro países, sendo a maior parte
localizada na Turquia. O restante encontra-se na Síria, na Cultura Material
Armênia, no Iraque, na Geórgia e no Irã. A cultura material nada mais é que a importância que
Ao longo do século XX, os curdos foram perseguidos de determinados objetos possuem para determinado povo e sua
diferentes formas nos países em que vivem: proibição do uso cultura. É também através da cultura material que se ajuda a
do idioma, direitos políticos limitados; impedimento da criar uma identidade comum. Esses objetos fazem parte de um
adoção de nomes de origem curda; e substituição de nomes de legado de cada sociedade. Cada objeto produzido tem um
lugares públicos em curdo. contexto específico e faz parte de determinada época da
Devido à falta de direitos políticos e culturais nos países história de um país. A cultura material se aplica a quase toda
onde vivem, os curdos lutam até hoje pela criação de um produção humana.
Estado próprio. Essa luta resultou em diversos conflitos,
principalmente no Iraque e na Turquia, onde os Estados Cultura Imaterial
reprimiram violentamente os movimentos curdos. Todo povo possui um patrimônio que vai além do material,
O Estado iraquiano, por exemplo, foi responsável pelo de objetos. Esse patrimônio é chamado de cultura imaterial. Ou
assassinato de centenas de milhares de civis curdos na década seja, cultura imaterial é uma manifestação de elementos
de 1980. representativos, de hábitos, de práticas e costumes. A
Existem outros povos que não possuem um Estado, como transmissão dessa cultura se dá muitas vezes pela tradição. Os
o basco e o cigano maiores exemplos de cultura imaterial no Brasil são o folclore,
a capoeira, etc.
Etnicidade é um conceito que se refere a uma cultura e Todos somos parte integrante na cultura de nosso país e
estilo de vida comuns, especialmente da forma refletida na por isso devemos respeitar qualquer forma de manifestação
linguagem, maneiras de agir, formas institucionais religiosas e cultural.
de outros tipos, na cultura material, como roupas e alimento, e
produtos culturais, como música, literatura e arte. O conjunto Nos primórdios da história da sociedade humana, o
de pessoas que têm em comum a Etnicidade é frequentemente indivíduo se identificava basicamente com a família, o clã e a
denominado grupo étnico. (JOHNSON, Allan G. Dicionário de aldeia. Havia, portanto, uma possibilidade restrita de
Sociologia. Rio de Janeiro, Zahar, 1997, p. 100). identificação grupal, além de reduzidas chances de conhecer
grupos com valores e características diferentes dos seus, dada
a pouca frequência de contato.

115 https://www.significados.com.br/raca/

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O relativo isolamento do ser humano levou cada grupo a Civilização Ocidental e Modernidade
criar mecanismos próprios de sobrevivência, formas
específicas de relacionamento, de transformação da natureza Contatos entre culturas fazem parte da história da
e de vivência em comunidade. Estas condições determinaram humanidade. O desenvolvimento técnico permitiu ao ser
que os diversos grupos desenvolvessem diferentes crenças e humano deslocar-se para regiões cada vez mais distantes.
costumes, formas de comunicação, idiomas, manifestações Algumas eram geograficamente favoráveis às trocas culturais
artísticas, tipos de alimentos e de métodos e equipamentos de entre povos, como o Oriente Médio – rota de passagem entre a
produção diferentes: enfim, o surgimento de diversas culturas. Ásia e a Europa -, e como o mar Mediterrâneo – situado entre
Os contatos esporádicos entre os grupos propiciaram os três continentes: Europa, África e Ásia. O Mediterrâneo foi,
contribuições para diversos povos, ocasionando tanto choques ao mesmo tempo, região de disputa pelo controle de rotas
como assimilações culturais. Com o tempo, essas assimilações comerciais e de intenso intercâmbio comercial e cultural.
e choques intensificaram-se em virtude das migrações, das Egípcios, gregos, fenícios, romanos e turco-otomanos
guerras, do desenvolvimento e do crescimento da atividade formaram importantes civilizações nessa região.
comercial. Esses contatos possibilitaram, ainda, o surgimento No entanto, nenhuma expansão se iguala, em amplitude e
de novas culturas, pois certos povos, ao migrarem, também diversidade de contatos, à iniciada pelos europeus no século
ocupavam áreas desabitadas. XV. Os europeus dominaram povos em todo o mundo e os
integraram a um mesmo sistema econômico – o capitalismo
O Choque Entre Culturas e o Etnocentrismo comercial. A partir desse domínio, a cultura europeia, com
Do encontro de uma cultura com outra decorre, de modo seus valores, suas normas, leis, crenças e sua estrutura de
geral, a avaliação recíproca, ou seja, traz o julgamento do valor organização social e política, a qual se baseava no Estado
da cultura do “outro”. Nacional, foi sendo imposta aos povos da América, África, Ásia
Normalmente esse julgamento é feito a partir da cultura do e Oceania.
“eu”. Assim, a análise da outra cultura tende a considerar a sua
própria como a ideal, a perfeita, a mais avançada. Passa-se, Estado Nacional é a forma de Estado que se estruturou na
então, a desprezar os valores, o conhecimento, a arte, as Europa a partir do final da Idade Média e que definiu a
formas de comunicação, as técnicas, enfim, a cultura do fisionomia territorial e política das modernas nações
“outro”, e até mesmo os atributos físicos desse “outro”, como europeias. Corresponde ao período de consolidação do
cor de pele, altura, tipo de cabelo, etc. absolutismo monárquico, quando os reis, apoiados pela
Com isso, estão lançadas as bases para o etnocentrismo, ou burguesia, conseguiram firmar seu poder perante o papado e
seja, os outros são julgados baseados em nossos valores e os senhores feudais. A política econômica dos Estados
modelo de vida. Não conseguimos entender as diferenças Nacionais foi o Mercantilismo, que favoreceu a acumulação
culturais existentes em relação a um outro grupo étnico, o que primitiva de capitais, posteriormente aplicados na Revolução
pode provocar sentimentos de medo e de hostilidade. Em Industrial (SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de
casos extremos de etnocentrismo, cultiva-se a ideia de que o Economia. São Paulo, Best Seller, 1999, p. 221).
povo do qual se faz parte, aliado à sua cultura particular, é
superior aos “outros”. No seio da civilização europeia, num período caracterizado
O etnocentrismo remonta aos primórdios da história e foi por grandes conquistas e de consolidação dos Estados
um elemento básico do processo de identificação de um grupo Nacionais europeus, encontra-se, de certo modo, a “origem” da
sociocultural. É um traço natural de todas as culturas e civilização ocidental, que se consolidou com a Revolução
corresponde a uma forma de legitimação de determinada Industrial e a Revolução Francesa, no século XVIII.
realidade, a qual é construída socialmente. No entanto, o A Revolução Industrial deu grande impulso ao
etnocentrismo transforma-se em problema quando utilizado desenvolvimento e expansão capitalista, à acumulação de
para oprimir uma outra comunidade étnica ou para conquistar capital e à difusão das relações de trabalho assalariado;
povos e territórios. introduziu a produção em massa, a padronização das
mercadorias; expandiu o comércio internacional.
Relativismo Cultural e Tolerância A Revolução Francesa, por sua vez, com a difusão do lema
No início do século XX, surgiram novas concepções “liberdade, igualdade e fraternidade”, contribuiu para a
antropológicas que se contrapuseram à questão da generalização dos ideais do Iluminismo e dos valores
superioridade ou inferioridade dos povos. O alemão Franz democráticos de igualdade de todos os indivíduos perante a
Boaz foi o primeiro a ressaltar a importância do estudo das lei.
diversas culturas dentro de seu próprio contexto, a partir das
suas peculiaridades, ou seja, considerando os fatores Iluminismo é a doutrina formada por um corpo de ideias
históricos, naturais e linguísticos que influenciavam o que, inicialmente divulgadas na Inglaterra, no século XVII,
desenvolvimento de cada uma delas. tiveram desdobramentos na Europa, na América e em outras
Franz Boaz rompeu, assim, com a Teoria Evolucionista. Em regiões do mundo. Valorizava a razão, baseada na ciência – “a
seus trabalhos, ele ressaltou não haver cultura superior ou luz” – como forma de conhecimento do mundo. Os iluministas
inferior a outra. Essa concepção abriu caminho para várias acreditavam na possiblidade de convivência harmoniosa em
vertentes de análise, pelas quais o estudo das diferentes sociedade; pregavam a liberdade individual; negavam o
comunidades étnicas passou a ser feito a partir das absolutismo monárquico e defendiam a liberdade política,
características de cada comunidade. Essa nova visão ficou econômica e religiosa.
conhecida por Relativismo Cultural. Com efeito, esses ideais, antes mesmo de eclodir a
As diversas ideias que se apoiaram no conceito do Revolução Francesa, em 1789, já haviam sido colocados em
Relativismo Cultural buscavam uma visão imparcial do prática com a Revolução Americana, que culminou com o
mundo, evitando análises preconceituosas. Elas partiam do processo de independência dos Estados Unidos, em 1776.
princípio de que não existem valores culturais universais. Os Um dos aspectos marcantes da civilização ocidental é o
valores de uma cultura não podem, portanto, ser julgados individualismo, a valorização do indivíduo, que, de certa
externamente, tendo como referência os valores de outras forma, nasceu com os ideais da Revolução Francesa. O self-
culturas. made man (expressão inglesa que significa “homem que se fez
por si”, ou seja, que o seu sucesso é devido a si próprio, é a
expressão mais bem acabada do individualismo, na qual se

Atualidades e Convivência Social 123


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exalta a figura do homem que venceu na vida graças aos seus indústria cultural – além de exercer forte influência na opinião
próprios esforços. Um exemplo típico do self-made man é pública – é o principal meio de atuação da publicidade e,
Henry Ford, fundador da Ford e criador do sistema de consequentemente, da difusão do consumo de massa.
produção em série.
Outra importante característica da civilização ocidental é o A Questão Étnica no Brasil: os Índios e os Negros
consumismo, que está, de certa forma, alicerçado em dois
princípios fundamentais da sociedade capitalista: a busca Não é possível falar em civilização e tampouco em etnia
constante pela inovação e o desejo de acumulação de bens. A brasileira. O Brasil é formado por um mosaico étnico bastante
sociedade norte-americana levou a noção do consumismo ao diferenciado, que teve início com o processo de colonização no
extremo, sendo, por si mesmo, considerada a sociedade de século XVI, com a chegada dos portugueses a um território
consumo por excelência. Em nenhum outro país o desejo por ocupado por indígenas. A quase totalidade da população que
bens e serviços é tão voraz. veio de Portugal era formada por homens, o que possibilitou
um intenso processo de miscigenação com as mulheres
O shopping center reúne, num só local, os valores típicos da indígenas. Desse mosaico étnico constam também os povos
sociedade de consumo. Além de buscar marcas e modas, o africanos (que foram obrigados a imigrar para o Brasil, com a
consumidor tem diversas opções de entretenimento e lazer: exploração do trabalho escravo); os outros imigrantes de
cinemas, bares, restaurantes, livrarias, centros de diversões, diversos países europeus e também os árabes; os japoneses;
eventos, entre outras. No shopping, também, a família ocidental os judeus e povos de diferentes regiões do mundo.
de classe média pode fazer as compras do mês num Assim, o Brasil é formado por grupos étnicos distintos,
supermercado, enquanto as crianças vão ao cinema, jogam entre os quais ocorreu um intenso processo de miscigenação e
vídeo game ou observam as vitrines com os últimos que, apesar de terem em comum a língua – um vínculo
lançamentos. marcante -, não estão todos ligados às mesmas tradições.

Nos séculos XIX e XX, principalmente, ocorreu a A Situação dos Índios


disseminação, para diversas regiões da Terra, de instituições, Dos índios que escaparam da escravidão – milhares deles
de visões de mundo, de modos de vida e de valores construídos recusaram o trabalho forçado – muitos foram exterminados
no interior da civilização ocidental. Assim, sociedades da durante o processo de colonização e, posteriormente, em
América, Ásia, África e Oceania passaram a ter formas de conflitos com fazendeiros, garimpeiros e outros grupos
governo, estruturas de organização social e política baseadas econômicos que invadiam suas terras. Além das mortes em
em Estados Nacionais; estruturas produtivas, relações sociais conflitos, grupos inteiros de indígenas foram aniquilados ao
e de trabalho, costumes, hábitos e valores moldados na Europa contraírem doenças trazidas pelo colonizador, como, por
e nos Estados Unidos. exemplo, a gripe, a catapora e o sarampo. Outros grupos
Sociedades coesas, de cultura milenar, não foram tiveram sua cultura descaracterizada pelos processos de
permeáveis às mudanças de valores. No entanto, assimilaram cristianização e aculturação, pelos quais eram incorporados à
técnicas, sistemas de produção e de gerenciamento, e sociedade branca.
inseriram suas economias nos padrões do mercado mundial,
como é o caso do Japão, da China, Coreia do Sul, Índia e de Aculturação é o processo de assimilação cultural
outros países. resultante de contato que pode ser ocasionado pela imigração,
Na realidade, o que essas sociedades assimilaram foi a por intercâmbios comerciais ou pela dominação de outros
modernidade, ou seja, a estrutura político-administrativa povos. Apesar de haver uma troca de saberes e valores entre
própria dos Estados-Nações europeu e norte-americano, a os grupos, a cultura que prevalece é a dominante.
sociedade urbano-industrial, a produção e a geração de
serviços em larga escala, os avanços tecnológicos que Cálculos aproximados indicam que mais de 4 milhões de
permitem a comunicação instantânea, a agilidade dos meios de ameríndios viviam no atual território brasileiro, cada qual com
transportes, a dependência coletiva de algumas fontes seus costumes, suas crenças, sua forma de organização social
energéticas inanimadas (carvão mineral, petróleo, urânio e e de sobrevivência. Atualmente, pouco mais de 300 mil
tório), a informação rápida sobre acontecimentos em qualquer indígenas vivem no país.
parte do globo, a valorização da posse de bens materiais.
Territórios Indígenas
Apesar de países como Coreia do Sul e Espanha terem raízes São reconhecidos pela FUNAI (Fundação Nacional do
culturais muito diferentes, resultado de evoluções históricas Índio) 556 territórios indígenas no Brasil, dos quais cerca de
praticamente distintas até o final do século XIX, suas estruturas 70% estão localizados na Amazônia – a maior parte deles
de governo e de organização político-administrativa são, ainda não foi demarcada. A demarcação é a única forma de
atualmente, muito parecidas. Essa semelhança é resultado da garantir aos povos indígenas a decisão sobre a sua maneira de
capacidade da modernidade em se reproduzir em todo o mundo. viver, o respeito aos seus hábitos e tradições culturais, a defesa
contra os invasores. De acordo com a lei, as terras demarcadas
Além disso, há outro aspecto que permite separar os são destinadas para uso exclusivo e posse das populações
conceitos de civilização ocidental e de modernidade, e que indígenas, que asseguram para si o direito exclusivo sobre a
também reforça o caráter global deste último. É o fato de que exploração de recursos naturais de suas terras.
várias sociedades se modernizaram sem abrir mão dos traços A Constituição brasileira de 1988 reconheceu os direitos
culturais que forma a essência de sua cultura. dos povos indígenas como os primeiros habitantes de suas
Dois agentes são responsáveis na difusão e reprodução da terras e estabeleceu que estas seriam demarcadas até 1995.
modernidade em vários lugares do globo: as empresas Entramos no século XXI e este processo encontra-se ainda em
multinacionais e a “indústria cultural” – televisão, cinema, andamento. Mas, apesar de tudo, o último censo registrou uma
jornais, revistas, rádio, publicidade. São esses agentes os elevação da população indígena, o que muitos atribuem à
responsáveis pela mundialização e até padronização de maior atenção à causa indígena e à demarcação de algumas
hábitos alimentares, modos de se vestir, formas de lazer, tipos terras.
de música, tipos de construções, etc. As empresas As terras indígenas são frequentemente invadidas pelas
multinacionais estruturam-se em redes mundiais de grandes empresas madeireiras, pelo garimpo do ouro, pelas
produção, distribuição e comercialização de bens e serviços. A atividades agropecuárias, entre outras. Essas atividades,

Atualidades e Convivência Social 124


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mesmo quando praticadas próximas às terras indígenas, inter-racial. A lei do apartheid vigorou na África do Sul, por 40
comprometem o meio ambiente e constituem uma ameaça à anos, de 1948 a 1990) e nos Estados Unidos, têm se mostrado
subsistência desses povos. eficientes no combate à discriminação racial e na melhoria das
O universo indígena brasileiro é bastante diferenciado. condições de vida da população negra. Dados recentes
Algumas nações indígenas mantém a sua identidade e as suas comprovam que, nos Estados Unidos, essas ações têm
tradições, apesar de terem algum grau de contato com a propiciado a ascensão social da população negra. No Brasil, as
sociedade. Há nações que só falam o português e adquiram ações afirmativas estão sendo discutidas e algumas têm sido
hábitos de consumo de produtos industrializados. aplicadas lentamente, como, por exemplo, o estabelecimento
Estima-se que 50 grupos indígenas mantenham-se de cotas para negros nas universidades, nos serviços públicos,
isolados em áreas próximas às fronteiras ou de difícil acesso, no exercício de cargos de chefia. Essas ações visam também
sem nenhum contato com outras comunidades – a FUNAI estimular as empresas particulares a terem maior número de
reconhece apenas 12 grupos, quase todos situados na negros em seu quadro de funcionários.
Amazônia brasileira.
Afro-Brasileiros
A Situação dos Negros Os brasileiros facilmente se reconhecem como herdeiros
Os africanos eram trazidos principalmente da África dos europeus. Primeiro dos portugueses, depois dos franceses
Ocidental e a maioria pertencia a dois grupos étnicos: os e ingleses. Além disso, com a imigração de europeus,
sudaneses e os bantos. No Brasil, trabalharam na lavoura de principalmente para o estado de São Paulo e o Sul do Brasil,
cana-de-açúcar, de algodão, de café e na mineração. passaram então a se reconhecer como descendentes de
No período colonial, o Brasil foi o país que mais recebeu alemães, espanhóis, italianos, etc. Sabemos também que
africanos. Calcula-se que mais de 3,5 milhões imigraram, à descendemos dos povos indígenas.
força, para realizar trabalho escravo. Foi, também, o último E dos africanos? Em que medida a cultura brasileira é,
país ocidental a abolir a escravidão, o que ocorreu há pouco também, uma cultura africana?
mais de um século, em 1888. Escravos libertos foram deixados É comum, mas errôneo, nos referirmos aos africanos como
à própria sorte numa época em que o Brasil estimulava a um todo homogêneo, já que o continente africano reúne
imigração. O grande número de negros que compunha a culturas essencialmente diferentes.
população preocupava a elite branca brasileira e a imigração O Egito, por exemplo, tem uma cultura muito particular,
foi a forma encontrada para “clarear” o país. que não apresenta quase nenhuma relação com a cultura e
Atualmente, o Brasil é o país que abriga a maior população história brasileiras.
negra fora da África. Em 2000, de acordo com dados Então, com que parte da África estamos culturalmente
divulgados pelo IBGE, a população brasileira apresentava a relacionados? Com quais culturas africanas?
seguinte composição: 53,8% era formada de brancos; 39,1% Buscaremos abaixo algumas raízes de nossa identidade,
de pardos (pardo é o termo utilizado pelo IBGE para designar que é mais africana do que muitos supõem.
os diversos grupos que resultaram da miscigenação entre Reconhecer a diversidade cultural de nossa formação pode
negros e brancos); 6,2% de pretos (preto é o termo utilizado ser uma maneira de compreender nossa riqueza cultural.
pelo IBGE em suas classificações e pesquisas); 0,5% de Contudo não podemos louvar a diversidade sem atentar
amarelos e 0,4% de indígenas. Os negros representavam, para os conflitos e preconceitos que possam surgir, pois esse
portanto, mais de 10 milhões de habitantes. encontro de culturas nunca se fez de maneira pacífica ou como
uma soma de saberes. Ao contrário, tentou-se eliminar as
Racismo no Brasil diferenças ou mostrar a superioridade de uma cultura sobre
No Brasil, perdurou por muito tempo a ideia de que o país outra.
era o melhor exemplo de democracia racial e de harmonia Muitas vezes, as relações de poder nasceram do
entre as raças. No entanto, os indicadores sociais demonstram reconhecimento da existência de diferentes culturas. Para
o contrário. Os negros e os pardos ganham menos que os citar um exemplo, no processo de colonização do Brasil, os
brancos e têm menor escolaridade. Além disso, a origem racial europeus julgavam possuir uma cultura superior à dos povos
dificulta a colocação do indivíduo no mercado de trabalho. indígenas e africanos. Assim, consideravam que dominar esses
Negros e pardos são os grupos mais atingidos pelo povos e impor-lhes sua cultura e religião era algo nobre, era
desemprego; dos que conseguem trabalho, a maioria exerce oferecer a salvação a que indígenas e africanos não teriam
atividades de baixa qualificação e prestígio social. Por essa acesso de outro modo.
razão, moram em lugares mais pobres e distantes do local de
trabalho, não contam com serviços públicos básicos (saúde, Os Africanos no Brasil
educação, saneamento, etc.) e dispõem de poucas opções de Sabemos que cerca de 220 povos e 5 milhões de habitantes
lazer. viviam no atual território brasileiro antes da chegada dos
Segundo a Constituição brasileira, o racismo é considerado portugueses em 1500. A partir daí os colonizadores
crime, mas a punição às atitudes racistas depende de começaram a se apossar das terras e a escravizar indígenas. Na
testemunho de uma terceira pessoa e registro de ocorrência segunda metade do século XVI, com o desenvolvimento da
policial. Todavia, muitas vezes o racismo não é manifestado economia canavieira, o tráfico de escravos ganhou fôlego e
abertamente. É difícil, por exemplo, comprovar que um começaram a vir as primeiras levas de africanos para a colônia.
emprego foi negado a determinada pessoa por ela ser negra ou Estima-se que cerca de 50 mil africanos chegaram ao Brasil no
mestiça. século XVI; no século seguinte teriam sido 550 mil, e, no século
Ao negro e ao pardo é negado o princípio básico das XVIII, por volta de 1 milhão e 700 mil africanos. No total,
sociedades democráticas, que é a igualdade de oportunidades. teriam chegado ao Brasil mais de 4 milhões de africanos, e, na
Propostas conhecidas por ações afirmativas, as quais América, mais de 10 milhões de seres humanos vindos da
foram empregadas na África do Sul pós-apartheid (Apartheid África foram feitos cativos.
significa separação. Na África do Sul, o apartheid transformou- Devemos lembrar que não só a cana-de-açúcar havia
se em lei que segregava oficialmente os brancos dos negros. Os começado a se desenvolver no Brasil, mas também a criação de
negros tinham que frequentar ambientes e morar em lugares gado no interior, a extração de drogas do sertão no Norte e a
diferentes. Foram confinados aos bairros mais miseráveis da cultura do fumo na Bahia; enfim, iniciava-se a organização de
periferia das grandes cidades. Não podiam compartilhar dos uma sociedade colonial predominantemente rural, na qual
mesmos serviços públicos. A lei proibia, inclusive, o casamento africanos escravizados e indígenas eram a mão de obra

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essencial para o funcionamento dessa economia. Além disso, A Presença Cultural Africana no Brasil
os escravos eram utilizados para tarefas domésticas e urbanas. Podemos facilmente perceber a presença africana na
Ao longo do período colonial, a segregação racial foi origem da música brasileira e de algumas festas populares
ganhando contornos mais nítidos e o preconceito foi se nacionais. O batuque, dança originária do Congo e de Angola,
reafirmando a todo momento. Para as pessoas consideradas era praticado no Brasil pelos africanos e consistia em uma roda
brancas, o trabalho manual era tarefa destinada somente aos com uma dançarina ao centro e o acompanhamento de um
escravos. violeiro. Daí surgiu a expressão batucada para designar as
Assim, para as famílias mais abastadas, tarefas como rodas, que, mais tarde, seriam sinônimo de rodas de samba.
cuidar da casa, cozinhar, cuidar das crianças, transportar Durante o batuque, para sair da roda, a dançarina deveria
cargas, fazer pequenos consertos ou até mesmo trabalhar encostar o umbigo no umbigo de outro dançarino que entrava.
como vencedor ambulante eram destinadas aos escravos. A No idioma banto-quimbundo isso é denominado semba,
posse de escravos era um sinal de status, uma demonstração provável origem da palavra samba.
de riqueza. Sinhás passeavam pelas ruas com várias escravas Do Congo veio também a congada, dança dramática
para acompanha-las. Além de lhes prestarem serviços, eram a realizada entre as festas de Natal e de Reis. Trata-se de uma
prova viva de sua abastança. mistura de ritmos africanos com elementos da cultura católica
Uma vez no Brasil, os africanos eram genericamente europeia, pois relaciona-se com o calendário das festas cristãs.
chamados de boçais, termo que remetia à inferioridade das Algumas congadas representam a luta dos povos negros,
culturas africanas para os portugueses. mas outras fazem referência às lutas entre cristãos e mouros
Depois de capturados, eram trazidos nus ou seminus e na Europa. Outra influência dos bantos de Angola e do Congo é
acorrentados nos porões dos navios. a presença do lundu, conhecido por ser uma dança sensual.
Muitos morriam nesse percurso. Ao chegarem aqui, eram Vale ressaltar que o lundu, de dança considerada indecente, se
besuntados com banha para participarem de leilões de venda transformou, a partir do século XIX, em dança de salão aceita
de escravos nos marcados de cativos. pela população de pessoas livres e pela elite.
Tratados como animais que serviriam como ferramenta de Um caso típico das diferenças entre os grupos de africanos
trabalho, toda a sua história anterior era desconsiderada. Seus escravizados foi o que ocorreu na Bahia do século XIX, quando
proprietários desprezavam a origem, a língua, a religião e a muitos africanos hauçás foram trazidos após serem
história familiar dos escravizados. aprisionados na guerra contra os iorubas. Esses hauçás, de
Quando estes aprendiam a língua portuguesa, os costumes tradição islâmica, distinguiam-se em muitos aspectos dos
do local e se mostravam obedientes as senhores, passavam a africanos de outras regiões que habitavam a Bahia.
ser chamados de ladinos. Os que nasciam no Brasil eram A religião é um exemplo dessas novas relações que foram
chamados de crioulos. se constituindo. Africanos capturados como escravos podiam
A maior parte dos africanos que vieram para o Brasil era ser curandeiros, conhecedores de práticas mágicas, de
procedente da África Atlântica. No século XVI, vinham da adivinhações e intermediários entre o mundo divino e dos
região do Rio Gâmbia, no Golfo da Guiné, da região do Congo e seres humanos. Mesmo como escravos no Brasil, eles
de Luanda. No século XVIII, muitos escravos vieram da Costa continuavam a realizar essas tarefas. Jogavam pedras,
da Mina, ligada diretamente a comerciantes de Salvador e de praticavam danças de significado religioso ao som de
Luanda, que abastecia principalmente o Rio de Janeiro. tambores e preparavam compostos para beber ou comer, que
Podemos considerar, então, que chegaram ao Brasil mais incluíam extratos de plantas, dentes e penas de animais,
africanos de origem sudanesa, vindos da região conhecida cabelos e mesmo secreções do corpo. Poderiam ter finalidades
como Sudão ocidental, a qual abrigava muitas etnias, dentre variadas, que seriam alcançadas ao cumprir o ritual. Esses
elas: os hauçás, os fulanis e inúmeros grupos iorubas. ritos no Brasil eram chamados de calundus, palavra de origem
Além desses, há os vários grupos bantos. banta.
Com isso, uma variedade de línguas, religiões, enfim, uma Os africanos também costumavam criar bolsas de
variedade de culturas passou a conviver na colônia. mandinga, comuns ainda em algumas regiões do Brasil. Elas
Os africanos, no entanto, não puderam viver próximos de eram feitas de pequenos sacos de pano ou couro que reuniam
seus familiares, pois a lógica do comércio fazia com que as objetos variados, papéis com orações muçulmanas, católicas e
pessoas fossem separadas, não respeitando as culturas locais. dizeres relacionados às culturas africanas. Expressavam a
Dessa forma, ao desembarcar no Brasil, o africano chegava síntese cultural e acreditava-se que ofereciam proteção aos
a uma terra desconhecida e precisava aprender a conviver com que as usavam.
europeus, indígenas e africanos de outras etnias. O candomblé, relacionado a cultos religiosos de origem
Em alguns casos, escravos de um mesmo senhor poderiam ioruba e de Daomé (atual República de Benin), evocava as
pertencer a povos tradicionalmente inimigos. Nesses casos, entidades sobrenaturais que são os orixás, heróis divinizados
tudo que tinham em comum era a condição de escravo. em reinos africanos. No entanto, essa prática religiosa era
No Brasil, os escravos tinham de aprender a língua reprimida na colônia portuguesa, condenada pela Igreja
portuguesa para se comunicar com outros escravos e os Católica, que a considera como força diabólica. Era permitido
senhores. Ocorria então um novo processo de socialização. somente cultuar os santos católicos. A religião cristã era
Com sua identidade original negada pelos europeus, eram apregoada aos escravos pelos colonizadores. Havia igrejas
chamados pelos traficantes conforme sua origem ou ponto de destinadas somente aos escravos. Nessas, contudo, os escravos
venda da África. Poderiam ser conhecidos como João Mina, criaram uma correspondência entre os orixás do candomblé e
Manoel Benguela ou Maria Angola, por exemplo. os santos católicos. Iansã era Santa Bárbara, Xangô era São
Contudo, os africanos escravizados não perdiam João Batista, São Jerônimo ou São Judas Tadeu e Iemanjá era
totalmente sua identidade original. Na escolha de parceiros Nossa Senhora da Conceição. Oxalufã era conhecido como o
sexuais, por exemplo, levavam em conta a origem do outro, Senhor do Bonfim da Bahia, Oxóssi como São Jorge (na Bahia)
preferindo companheiros da comunidade africana a que e São Sebastião (no Rio de Janeiro), Oxum como diversas
pertenciam. Nossas Senhoras (da Conceição, das Candeias, etc.) e Omulu
A partir das relações de parentesco e de trabalho que iam como São Lázaro. Esse é um importante exemplo de como se
se formando, foram recriadas comunidades que mantinham foi construindo o sincretismo cultural que deu origem à
tradições culturais africanas e acrescentavam novas práticas cultura afro-brasileira.
constituídas no Brasil. Deve-se destacar, ainda, a importância das chamadas
irmandades de pretos. As irmandades surgiram

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originalmente na Europa medieval e foram trazidas ao Brasil Os Sistemas de Informação são distribuídos em três
pelos colonizadores portugueses. Como instituição laica, tinha modelos: decisão, mensuração e informação:
por objetivo difundir o culto aos santos e garantir o esforço de a) A informação: a informação vem de acordo com o seu
evangelização. Também havia no Brasil as ordens terceiras, propósito, que é possibilitar a uma organização alcançar seus
que se submetiam a uma ordem religiosa específica. objetivos pelo eficiente uso de seus outros recursos.
Contempla, além da identificação e da classificação, a
Questões transmissão de sinais por meio de canais denominados
relatórios gerenciais.
01. (Prefeitura de Exu/PE – Professor – ADVISE) b) A mensuração: trabalha com o problema de avaliação
Segundo os estudos sobre a etnia brasileira o “Cafuzo” dos dados e por isso é importante que esta seja estabelecida
corresponde a: corretamente. Logo, para que uma decisão seja tomada, é
(A) miscigenação de negro com índio; necessário que a informação seja trabalhada, ou seja,
(B) miscigenação de índio com índio; mensurada. A mensuração atribui valor a informação. É a
(C) miscigenação de negro com branco; informação mensurada, comparada, com valor dentro de um
(D) miscigenação de negro com negro; contexto, que subsidia a tomada de decisão.
(E) miscigenação de índio com branco. c) A decisão: a tomada de decisões, objetiva solucionar
problemas e manter o caráter preditivo através de um modelo
02. (Secretaria da Criança/DF – Especialista de decisão que visa explicar como as decisões realmente
Socioeducativo – FUNIVERSA) Assinale a alternativa que devem acontecer.
apresenta as etnias consideradas fontes para a música
brasileira. Impactos dos Sistemas e Tecnologias da Informação
(A) tupinambá, aimoré e portuguesa nas Organizações
(B) africana, italiana e portuguesa
(C) portuguesa, espanhola e francesa A introdução de Sistemas e Tecnologias da Informação
(D) indígena, africana e portuguesa numa organização irá provocar um conjunto de alterações,
(E) italiana, indígena e portuguesa nomeadamente ao nível das relações da organização com o
meio envolvente (analisado em termos de eficácia) e ao nível
Gabarito de impactos internos na organização (analisados através da
eficiência).
01.A / 02.D As Tecnologias de Informação são recursos valiosos que
provocam repercussões em todos os níveis da estrutura
organizacional:
Tecnologias de Informação a) Ao nível estratégico, quando uma ação é susceptível de
e Comunicação. aumentar a coerência entre a organização e o meio envolvente,
que por sua vez se traduz num aumento de eficácia em termos
de cumprimento da missão organizacional;
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO b) Aos níveis táticos e operacionais, quando existem
efeitos endógenos, traduzidos em aumento da eficiência
As Tecnologias da Informação são ferramentas essenciais organizacional em termos de opções estratégicas.
na criação de sistemas de informação integrados e
coordenados. Como refere Zorrinho116, "a gestão da Os Sistemas de Informações permitem às organizações a
informação é uma função que conjuga a gestão do sistema de oferta de produtos a preços mais baixos que, aliados a um bom
informação e do sistema informático de suporte com a serviço e à boa relação com os clientes, resultam numa
concepção dinâmica da organização num determinado contexto vantagem competitiva adicional, através de elementos de
envolvente". valor acrescentado cujo efeito será a fidelidade dos clientes.
E hoje, mais do que nunca, os gestores têm que estar A utilização de Sistemas de Informações pode provocar,
sensibilizados para o fato do planeamento estratégico dos também, alterações nas condições competitivas de
Sistemas da Informação ser um fator chave da criação de valor determinado mercado, em termos de alteração do equilíbrio
agregado e das vantagens competitivas para a empresa. dentro do setor de atividade, dissuasão e criação de barreiras
Se, por um lado, ajudam a detectar novas oportunidades e à entrada de novos concorrentes.
criar vantagens competitivas, por outro lado, ajudam a Os SI/TI permitem, ainda, desenvolver novos
defendê-la de ameaças provenientes da concorrência. É neste produtos/serviços aos clientes ou diferenciar os já existentes
âmbito que o binômio SI/TI deve ser considerado no processo daqueles ofertados pela concorrência e que atraem o cliente de
de formulação estratégica do negócio e sempre na perspectiva forma preferencial em relação à concorrência.
de poder dar um contributo positivo para uma melhor A utilização de alta tecnologia vai permitir uma relação
estratégia. mais estreita e permanente entre empresa e fornecedores, na
Ao nível dos Sistemas da Informação, são definidas as medida em que qualquer pedido/sugestão da parte da
necessidades de informação e sua aplicação no negócio, empresa é possível ser atendido/testado pelos fornecedores.
baseadas numa análise da organização e do seu meio A tecnologia permitiu uma modificação na maneira de pensar
envolvente, bem como na análise da estratégia global da e de agir dos produtores e consumidores.
organização. Os Sistemas de Informação e Tecnologias de Informação se
Ao nível das Tecnologias da Informação, é estabelecido configuram ainda importante ferramenta nas relações
qual a sua real contribuição para o processamento de travadas na esfera da Administração Pública, na medida em
informação e para a satisfação das necessidades que permite reduzir a burocratização de procedimentos
informacionais e aplicacionais, bem como o desenvolvimento existentes entre Organização/Administração Pública, na
de sistemas e criação de vantagens competitivas para a constante busca do cumprimento integral das obrigações
empresa, tendo em conta as prioridades fixadas na estratégia legais das organizações e de acordo com os prazos prescritos
dos Sistemas da Informação.

116 Zorrinho, C. Gestão da Informação. Condição para Vencer. Iapmei.1995.

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em lei, através da transmissão de informação por via (subsistemas), e que, por sua vez, podem ser decompostos em
magnética. novos sistemas menores.
As Tecnologias de Informação apresentam inegáveis Assim, trata-se de uma série de elementos ou componentes
impactos ao nível interno das organizações, atingindo inter-relacionados que coletam (entrada), manipulam e
fortemente: armazenam (processo), disseminam (saída) os dados e
- a estrutura orgânica e o papel de informações e fornecem um mecanismo de feedback, apoiando
enquadramento/coordenação na organização; o controle, a coordenação e a tomada de decisão em uma
- o nível psico-sociológico e das relações pessoais; organização; auxiliam gerentes e funcionários a analisar
- o subsistema de objetivos e valores das pessoas que problemas, visualizar soluções e a criar novos produtos.
trabalham nas organizações; Os conceitos de sistemas são subjacentes ao campo dos
- bem como o subsistema tecnológico. sistemas de informação. Entendê-los irá ajudá-lo a
compreender muitos outros conceitos na tecnologia,
Os maiores benefícios aparecem quando as estratégias aplicações, desenvolvimento e administração dos sistemas de
organizacionais, as estruturas e os processos são alterados informação que abordaremos neste livro. Os conceitos de
conjuntamente com os investimentos em Tecnologia de sistemas o ajudam a entender:
Informações. Segundo Venkatraman, referido por O'Brien117, o - Tecnologia: Que as redes de computadores são sistemas
verdadeiro poder das TI está em "reestruturar as relações nas de componentes de processamento de informações.
redes empresariais para aproveitar um leque mais vasto de - Aplicações: Que os usos das redes de computadores pelas
competências.” empresas são, na verdade, sistemas de informação
As Tecnologias da Informação permitem assim, empresarial interconectados.
ultrapassar todo um conjunto de barreiras na medida em que - Desenvolvimento: Que o desenvolvimento de maneiras
existe uma nova maneira de pensar, pois em tempo real é de utilizar as redes de computadores nos negócios inclui o
possível às empresas agir e reagir rapidamente aos clientes, projeto dos componentes básicos dos sistemas de informação.
mercados e concorrência. - Administração: Que a administração da informática
Portanto, nas organizações, a informação é um fator enfatiza a qualidade, valor para o negócio e a segurança dos
decisivo na gestão por ser um recurso importante e sistemas de informação de uma organização.
indispensável tanto no contexto interno como no
relacionamento com o exterior. Portanto um sistema pode ser definido como um conjunto
Quanto mais confiável, oportuna e exaustiva for essa de componentes inter-relacionados trabalhando juntos para
informação, mais coesa será a empresa e maior será o seu coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir a
potencial de resposta às solicitações concorrenciais. Alcançar informação com a finalidade de facilitar o planejamento, o
este objetivo depende, em grande parte, do reconhecimento da controle, a coordenação, a análise e o processo decisório em
importância da informação e do aproveitamento das empresas e organizações.
oportunidades oferecidas pela tecnologia para orientarem os Um sistema (por vezes chamado sistema dinâmico) possui
problemas enraizados da informação. alguns ou funções básicas em interação:
A revolução da Informação exige, assim, mudanças Entradas: são todos os elementos que o sistema deve
profundas no modo como vemos a sociedade na organização e receber para serem processados e convertidos em saídas ou
sua estrutura, o que se traduz num grande desafio: aproveitar produtos, ou seja, envolve a captação e reunião de elementos
as oportunidades, dominando os riscos inerentes ou que entram no sistema para serem processados;
submeter-se aos riscos com todas as incertezas que acarretam. Saídas: são os resultados produzidos pelo sistema, em
Na chamada “Sociedade de Informação”, esta possui um geral diretamente relacionados aos objetivos ou razões dos
efeito multiplicador que dinamizará todos os setores da sistemas; quando não acontece, então o sistema não está
economia, constituindo, por sua vez, a força motora do cumprindo o seu fim. As saídas envolvem a transferência de
desenvolvimento político, econômico, social, cultural e elementos produzidos por um processo de transformação até
tecnológico. seu destino final.

Sistemas de Informações Gerenciais Componentes e Processos Internos: são as partes


internas do sistema, utilizadas para converter as entradas em
Como já mencionado, entender a administração e o uso saídas. Os processos são as ações realizadas pelos
responsável e eficaz dos sistemas de informação é importante componentes do sistema na transformação das entradas e
para gerentes e outros trabalhadores do conhecimento atual saídas.
sociedade de informação. Envolve processos de transformação que convertem
Os mais variados sistemas e tecnologias da informação se insumo (entrada) em produto;
tornaram um componente vital para o sucesso de empresas e
organizações. Os sistemas de informação constituem um - Feedback e Controle: Os dois conceitos adicionais do
campo de estudo essencial em administração e gerenciamento conceito de sistema (entrada, processamento e saída) incluem
de empresas, uma vez que é considerado uma importante área o feedback e o controle. Um sistema dotado de componentes
funcional para as operações das empresas. de feedback e controle às vezes é chamado de um sistema
Um sistema de informação (SI) é uma combinação de cibernético, ou seja, um sistema auto monitorado,
pessoas, hardware, software, redes de comunicações e autorregulado.
recursos de dados que coleta, transforma e dissemina a) Feedback: são dados sobre o desempenho de um
informações em uma organização. sistema. É o retorno sobre as saídas produzidas pelo sistema
sobre as entradas do mesmo. É a avaliação da qualidade do
1) Conceitos de Sistemas: Sistema é qualquer conjunto de produto do sistema. A realimentação deve ser contínua, para
componentes e processos por eles executado, que visam que se tenha certeza da evolução dirigida do sistema,
transformar determinadas entradas em saídas (saídas do garantindo seu desenvolvimento no sentido de adaptação as
sistema). Assim, os componentes são também sistemas necessidades.

117 O'BRIEN Virgínia. MBA intensivo em Gestão. Instituto Superior de Gestão.

Abril/ Controljomal Editora, Lda.1996.

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b) Controle: envolve monitoração e avaliação do feedback e. Contar com dispositivos de controle interno que garantam
para determinar se um sistema está se dirigindo para a a confiabilidade das informações de saída e adequada proteção
realização de sua meta; em seguida, a função de controle faz os aos dados controlados pelo sistema
ajustes necessários aos componentes de entrada e f. Ser simples, seguro e rápido em sua operação.
processamento de um sistema para garantir que seja
alcançada a produção adequada. 3) Características dos Sistemas:
Um sistema não existe em um “vácuo”, ou seja isolado; na
Identificação de Processos verdade, ele existe e funciona em um ambiente que contém
outros sistemas, vejamos:

Subsistema: Um sistema que é um componente de um


sistema maior que, por sua vez, é seu ambiente. Todo sistema
pode ser dividido em subsistemas menores, que recebem
entradas específicas e produzem saídas específicas. A divisão
pode ser feita até o nível de interesse da análise.
Cada Subsistema tem os mesmos elementos que um
Exemplo: Uma Padaria - produzir pães e comercializá-los sistema, isto é, recebe entradas e produz saídas através de
componentes e processos. Nota-se que cada subsistema é, na
realidade, um sistema em si, e poderia ser novamente em
subsistemas componentes, e assim por adiante, até o nível
desejado de composição.
Fronteira de Sistema: Um sistema se separa de seu
ambiente e de outros sistemas por meio de suas fronteiras de
sistema.
Interface: Vários sistemas podem compartilhar o mesmo
ambiente. Alguns desses sistemas podem ser conectados entre
si por meio de um limite compartilhado, ou interface.
Sistema Aberto: Um sistema que interage com outros
sistemas em seu ambiente é chamado de um sistema aberto
(conectado com seu ambiente pela troca de entrada e saída).
Sistema Adaptável: Um sistema que tem a capacidade de
2) Objetivos (Razões do Sistema) transformar a si mesmo ou seu ambiente a fim de sobreviver é
A todo sistema devem ser associadas às razões de sua chamado de um sistema adaptável.
existência, de modo que seus elementos possam ser
devidamente entendidos. Essas razões constituem-se os 4) Tipos de Sistema da Informação:
“objetivos” do sistema, e estão diretamente relacionadas às Os sistemas de informação podem ser manuais ou
saídas que o sistema deve produzir. computadorizados. Muitos sistemas de informação começam
Um automóvel, por exemplo, pode ser definido, numa como sistemas manuais e se transformam em
versão simplista de suas razões, como um sistema do qual se computadorizados que estão configurados para coletar,
quer “movimento dirigido com transporte de carga”. manipular, armazenar e processar dados.
Isto é, nessa definição simplista, o que se espera de um Assim, temos os seguintes tipos de sistemas de
automóvel é o transporte de carga (pessoas, materiais, etc.) de informação:
um ponto para outro, o que implica definir um automóvel a) Sistemas de informação manuais (papel-e-lápis)
como um produtor de “trabalho dirigido” (força aplicada), que b) Sistemas de informação informais (boca-a-boca)
a partir de uma certa fonte geradora de energia, é capaz de c) Sistemas de informação formais (procedimentos
transportar, de forma dirigida, carga de um ponto para outro, escritos)
à velocidade desejada. d) Sistemas de informação computadorizados
Para tanto é necessário:
- Transformar insumos em um novo produto; 5) Componentes de Sistema de Informação
- Satisfazer as necessidades dos clientes; Computadorizado:
- Tornar a relação custo x benefício favorável para gerar Um modelo de sistema de informação expressa uma
lucro e crescimento da empresa; estrutura conceitual fundamental para os principais
- Vender outros produtos. componentes e atividades dos sistemas de informação
computadorizado.
Vejamos mais alguns objetivos dos Sistemas e Tecnologias Um sistema de informação depende dos recursos de
da Informação: pessoal, hardware, software e redes para executar atividades
de entrada, processamento, saída, armazenamento e controle
a. Produzir informações realmente necessárias, confiáveis, que convertem recursos de dados em produtos de informação.
em tempo hábil e com custo condizente, atendendo aos O modelo de Sistemas de Informação destaca os cinco
requisitos operacionais e gerenciais de tomada de decisão. recursos principais que podem ser aplicados a todos os tipos
b. Ter por base diretrizes capazes de assegurar a realização de sistemas de informação, vejamos:
dos objetivos, de maneira direta, simples e eficiente.
c. Integrar-se à estrutura da organização e auxiliar na A) Recursos pessoais: compreendem os usuários finais,
coordenação das diferentes unidades organizacionais tais como os clientes online, fornecedores, funcionários e
(departamentos, divisões, diretorias, etc.) por ele interligado. especialistas de SI, bem como os engenheiros de software, os
d. Ter um fluxo de procedimentos (internos e externos ao diretores executivos de informação (CIOs, e o diretor
processamento) racional, integrado, rápido e de menor custo executivo de tecnologia (CTO).
possível. São necessárias pessoas para a operação de todos os
sistemas de informação. Esses recursos incluem os usuários
finais e os especialistas em SI.

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- Usuários finais: são pessoas que utilizam um sistema de - Suporte de rede: recursos de dados, pessoas, hardware e
informação ou a informação que ele produz. software que apoiam diretamente a operação e uso de uma
- Especialistas em SI: são pessoas que desenvolvem e rede de comunicações.
operam sistemas de informação.
- Analistas de Sistemas: projetam sistemas de informação E) Recursos de dados: Os recursos de dados podem
com base nas demandas dos usuários finais. incluir dados, modelo e bases de conhecimento, arquivos
- Desenvolvedores de Software: criam programas de sobre seus clientes, fornecedores, funcionários, produtos e
computador seguindo as especificações dos analistas de outras informações necessárias para os negócios, incluindo as
sistemas. bases de conhecimento que são parte de seu sistema Central
- Operadores do sistema: monitoram e operam grandes de Apoio à administração do conhecimento.
redes e sistemas de computadores. Os dados constituem um valioso recurso organizacional.
Dessa forma, os recursos de dados devem ser efetivamente
B) Recursos de hardware: Os recursos de hardware administrados para beneficiar todos os usuários finais de uma
incluem todos os dispositivos físicos e equipamentos organização. Os recursos de dados dos sistemas de informação
utilizados no processamento de informações. normalmente são organizados em:
- Máquinas: dispositivos físicos (redes de - Bancos de dados - uma coleção de registros e arquivos
telecomunicações, periféricos, computadores) logicamente relacionados. Um banco de dados incorpora
- Mídia: todos os objetos tangíveis nos quais são muitos registros anteriormente armazenados em arquivos
registrados dados (papel, discos magnéticos). separados para que uma fonte comum de registros de dados
sirva muitas aplicações.
Para tanto podemos citar dois exemplos de hardware em - Bases de conhecimento - que guardam conhecimento em
sistemas de informação computadorizados são: uma multiplicidade de formas como fatos, regras e inferência
1. Sistemas de computadores – consistem em unidades de sobre vários assuntos.
processamento central contendo microprocessadores e uma
multiplicidade de dispositivos periféricos interconectados 6) Aplicações-Chaves na Organização

2. Periféricos de computador – são dispositivos, como um - Sistemas Nível-Operacional - suporte aos gerentes
teclado ou um mouse, para a entrada de dados e de comandos, organizacionais no desenvolvimento de atividades
uma tela de vídeo ou impressora, para a saída de informação, elementares e transacionais na organização
e discos magnéticos ou ópticos para armazenamento de -TPS (Sistemas de Processamento de Transações -
recursos de dados. Transaction Processing Systems).

C) Recursos de software: Os recursos de software incluem - Sistemas Nível-Gerenciamento - suporte ao


todos os conjuntos de instruções de processamento da monitoramento, controle, tomada de decisões e atividades
informação. administrativas de gerentes.
- Programas: um conjunto de instruções que fazem com -DSS (Sistemas de Suporte a Decisão - Decision Support
que um computador execute uma tarefa específica. Systems)
- Procedimentos: conjunto de instruções utilizadas por -MIS (Sistemas de Informações Gerenciais - Management
pessoas para finalizar uma tarefa. Information Systems)

Exemplos de recursos de software são: - Sistemas Nível-Estratégico - auxiliam gerentes sêniores


1. Software de sistema – por exemplo, um programa de a manipular e situar questões estratégicas e tendências de
sistema operacional, que controla e apoia as operações de um longo-prazo, ambas na organização e no ambiente externo.
sistema de computador. -ESS (Sistemas de Suporte Executivo - Executive Support
2. Software aplicativo - programas que dirigem o Systems)
processamento para um determinado uso do computador pelo
usuário final. - Sistemas Nível-Conhecimento - suporte aos negócios
3. Procedimentos – são instruções operacionais para as para integrar novos conhecimentos e auxiliar a organização
pessoas que utilizarão um sistema de informação. controlar o fluxo de papéis
-KWA (Sistemas de Conhecimento do Trabalho -
D) Recursos de redes: Os recursos de rede consistem em Knowledge Work Systems)
mídias e redes de comunicação, apoiam componentes que são -OAS (Sistemas de Automação de Escritório - Office
parte dos recursos de rede necessários ao apoio dos processos Automation Systems)
de e-business e de e-commerce e dos sistemas internos. -Data Warehouse (organizar dados corporativos)
-Data Mining - Mineração de dados
Redes de telecomunicações como a Internet, Intranets e -Workflow é definido como uma coleção de tarefas
Extranets tornaram-se essenciais ao sucesso de operações de organizadas
todos os tipos de organizações e de seus sistemas de
informação baseados no computador. As redes de - Sistemas de Processamento de Transações
telecomunicações consistem em computadores, Objetivo: reduzir custos através da automatização de
processadores de comunicações e outros dispositivos rotinas. Ex: imprimir cheques
interconectados por mídia de comunicações e controlados por
software de comunicações. - Sistemas de Informações Gerenciais (SIG)
O conceito de recursos de rede enfatiza que as redes de Objetivo: produzir relatórios gerenciais para o
comunicações são um componente de recurso fundamental de planejamento e controle. Ex: relatório de custos totais da folha
todos os sistemas de informação. Os recursos de rede incluem: de pagamento

- Mídia de comunicações: cabos de pares trançados, cabo - Sistemas de Apoio à Decisão


coaxial, cabo de fibra ótica, sistemas de micro-onda e sistemas Objetivo: dar apoio e assistência em todos os aspectos da
de satélite de comunicações. tomada de decisões sobre um problema específico, sugerindo

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alternativas e dando assistência à decisão final. Ex: Auxiliar a F) Características da boa informação:
determinar a melhor localização para construir uma nova
instalação industrial. - Precisa (ELSL) - entra lixo, sai lixo
- Completa - contém todos os fatos importantes
- Sistemas Especialistas e Inteligência Artificial - Econômico - valor da informação x custo de sua produção
Objetivo: ser capaz de fazer sugestões e checar as - Flexível - pode ser usada para diversas finalidades
conclusões, tal como um especialista no assunto. Uma de suas - Confiável - depende da coleta dos dados e das fontes de
vantagens é a capacidade explicativa das conclusões às quais informação
chega. Ex: Previsões de aplicações no mercado financeiro. - Relevante - Importante para tomada de decisões (mais
relevante para uns e menos para outros)
7) Dados x Informações - Simples - Informações em excesso podem não
Os termos dados e informações são muitas vezes demonstrar o que é realmente importante
empregados de modo intercambiável. Entretanto, você deve - Em tempo - A informação deve ser enviada a tempo para
fazer a seguinte distinção: a tomada de decisão
A) Dados: - são fatos ou observações crus, normalmente - Verificável - pode ser checada, talvez em várias fontes
sobre fenômenos físicos ou transações de negócios. Mais
especificamente, os dados são medidas objetivas dos atributos 8) Atividades dos Sistemas de Informação: as atividades
(características) de entidades como pessoas, lugares, coisas e de processamento de informação (ou processamento de dados)
eventos. que acontecem nos sistemas de informação incluem:
São os fatos em sua forma primária. - Entrada de recursos de dados: Os dados sobre transações
Ex: número de horas trabalhadas em uma semana. comerciais e outros eventos devem ser capturados e
preparados para processamento pela atividade de entrada. A
B) Informações: - são dados processados que foram entrada normalmente assume a forma de atividades de
colocados em um contexto significativo e útil para um usuário registro de dados como gravar e editar.
final. Os dados são submetidos a um processo de “valor Uma vez registrados, os dados podem ser transferidos para
adicionado” (processamento de dados ou processamento de uma mídia que pode ser lida por máquina, como um disco
informação) onde: magnético, por exemplo, até serem requisitados para
- Sua forma é agregada, manipulada e organizada processamento.
- Seu conteúdo é analisado e avaliado Atividades de entrada incluem a entrada de cliques de
- São colocados em um contexto adequado a um usuário navegação do website, entradas e seleções de dados de e-
humano. commerce e de e-business, e consultas e respostas de
colaboração online feitas por clientes, fornecedores e
C) Relações e Regras funcionários.
- Estabelecer relações e regras para organizar os dados
- Informação útil e valiosa - Transformação de dados em informação: Os dados
- O tipo de informação criada depende da relação definida normalmente são submetidos a atividades de processamento
entre os dados existentes como cálculo, comparação, separação, classificação e resumo.
- Adicionar dados novos ou diferentes significa que as Estas atividades organizam, analisam e manipulam dados,
relações podem ser redefinidas e novas informações podem convertendo-os assim em informação para os usuários finais.
ser criadas As atividades de processamento são realizadas sempre que
Ex. Adicionar dados de produtos específicos aos seus algum dos computadores da empresa executa os programas
dados de vendas para criar informações sobre vendas mensais que são parte dos recursos de software de e-business, de e-
quebradas por linhas de produtos commerce ou dos sistemas internos.
A informação é transmitida de várias formas aos usuários
D) Conhecimento finais e colocada à disposição deles na atividade de saída. A
É o corpo ou as regras, diretrizes e procedimentos usados meta dos sistemas de informação é a produção de produtos de
para selecionar, organizar e manipular os dados, para torná- informação adequados aos usuários finais.
los úteis para uma tarefa específica. O ato de seleção ou
rejeição dos fatos, baseados na sua relevância em relação às - Saída de produtos da informação: A informação é
tarefas particulares é também um tipo de conhecimento usado transmitida em várias formas para os usuários finais e
no processo de conversão de dados em informação colocadas à disposição destes na atividade de saída. A meta
O conjunto de dados, regras, procedimentos e relações que dos sistemas de informação é a produção de produtos de
devem ser seguidos para se atingir o valor informacional ou o informação apropriados para os usuários finais.
resultado adequado do processo está contido na base do - Armazenamento de recursos de dados: Armazenamento
conhecimento. é um componente básico dos sistemas de informação. É a
A organização ou o processamento dos dados pode ser atividade do sistema de informação na qual os dados e
feito mentalmente, manualmente ou através de um informações são retidos de uma maneira organizada para uso
computador. A importância deve ser dada para que os posterior.
resultados sejam úteis e de valor para tomar decisões As atividades de armazenamento têm lugar quando os
dados da empresa são armazenados e controlados nos
E) Informação arquivos e bancos de dados nas drives de disco e em outros
Um dado tornado mais útil através da aplicação do meios de armazenamento dos computadores da empresa.
conhecimento. - Controle de desempenho do sistema: Uma importante
A informação é valiosa se for pertinente à situação, atividade do sistema de informação é o controle de seu
fornecida no tempo certo, para as pessoas certas de forma não desempenho. Um sistema de informação deve produzir
complexa demais para ser entendida, deve ser precisa e feedback sobre suas atividades de entrada, processamento,
completa, e de custo compatível. saída e armazenamento. O feedback deve ser monitorado e
avaliado para determinar se o sistema está atendendo os
padrões de desempenho estabelecidos. O feedback é utilizado
para fazer ajustes nas atividades do sistema para a correção de

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defeitos. importância estratégica, passando a ser responsável por


As atividades de controle incluem a utilização de senhas e grande parte do sucesso empresarial.
outros códigos de segurança pelos clientes, fornecedores e
funcionários para a entrada nos websites de e-commerce e de O uso das tecnologias de informação sob diversos
e-business da empresa e para o acesso a seus bancos de dados ângulos:
e bases de conhecimento. - Uso estratégico das tecnologias de informação;
- Integração organizacional;
9) Importância do Planejamento de Informática para a - Apoio funcional e pessoal;
Eficácia dos Sistemas de Informação: - Apoio às decisões básicas e processos administrativos
Hoje as tecnologias de informação são muito mais
complexas e abrangentes que o tradicional processamento de Os usos potenciais das tecnologias de informações são
dados, incluindo, além destes, uma imensa variedade de pesquisados exaustivamente, identificando-se, assim, o
recursos, classificados sob os mais variados títulos: conjunto de aplicações e sistemas mais indicados para a
empresa. Questões fundamentais são analisadas:
- Sistemas de Informações Gerenciais
- Sistemas de Suporte a Decisões - Como devem ser associados os recursos técnicos de
- Sistemas de Suporte à Gestão informação à estrutura e filosofia administrativa da empresa?
- Automação de Escritórios - Como devem ser utilizadas as tecnologias de informações.
- Automação de Processos Principalmente visando o aumento da competitividade da
- Automação Industrial organização e o suporte eficaz às suas atividades essenciais?
- Inteligência Artificial - Que impactos devem ser esperados, e como a empresa deve
- Sistemas Especialistas se preparar, em função das rápidas transformações nas
- Automação Bancária tecnologias de informação?
- Captura Direta de Informações - Como a informática, em toda a sua abrangência, deverá
evoluir na empresa, de modo que os benefícios decorrentes
As tecnologias de informações, com toda essa abrangência, possam ser adequadamente aproveitados, causando o mínimo
estão transformando os valores atuais, principalmente no de perturbação organizacional, ou, em outras ocasiões,
mundo empresarial, muito mais profunda e rapidamente que provocando mudanças organizacionais desejadas?
qualquer outra transformação tecno-social da história.
Os impactos das tecnologias já foram suficientemente Estas questões devem ser analisadas de acordo com a
grandes para que alguns autores concluíssem que as empresa a ser informatizada, mesmo em empresas de pequeno
mudanças delas decorrentes trarão consequentemente muito porte, mas que já sentem a necessidade de se informatizarem,
mais profundas e rápidas que todas as revoluções tecnológicas mesmo que parcialmente.
anteriores, alterando drasticamente o perfil de toda a Para qualquer tipo de organização, o processo sistemático
sociedade e de suas organizações. de planejamento da informatização dá rumo mais claro e
Cada vez mais o foco de atenção para o uso dos recursos de objetivo, orientando o uso das tecnologias disponíveis de
informática se desloca para resultados, por meio de forma mais produtiva e para aplicações que efetivamente
abordagens inovadoras, que diferenciam produtos, mudam as tragam benefícios reais, principalmente considerando que em
relações de força no mercado, criam ou destroem organizações pequenas os recursos disponíveis para a
dependências entre organizações, prendem clientes a informática são limitados, devendo ser orientados para as
fornecedores, reduzem prazos para atividades essenciais da melhores oportunidades de uso.
organização, como o lançamento de novos produtos, mudam Já para organizações de médio e grande porte, o que se
drasticamente as estruturas de custos de produtos e serviços, constata é que os recursos de informática têm sido
criam canais de comunicação inimagináveis com o mercado há subaproveitados, sendo, em geral, utilizados para sistemas e
alguns anos. aplicações essencialmente transacionais (isto é, orientados
Tudo isso é possível e já está sendo utilizado nas empresas para o processamento de transações, tais como contabilidade,
que perceberam a importância estratégica das tecnologias de folha de pagamentos, controle de estoques, etc.), sem uma
informação. preocupação mais fortemente voltada para um melhor
Por muito tempo as organizações têm feito uso das posicionamento estratégico e para um maior grau de
tecnologias de informação, mas de forma não administrada ou integração organizacional.
inadequadamente administrada. A maior parte das empresas
ainda utiliza os recursos de informática orientados para Questões básicas a considerar num processo de
“dentro” da organização, isto é, para resolver problemas Planejamento de Informática
internos de processamento de informações. O planejamento de informática deve atentar para três
Obviamente, esse tipo de uso também é necessário, mas questionamentos fundamentais:
importante que a visão das possibilidades de utilização
daquelas tecnologias seja ampliada e contemple o novo 1. Qual a filosofia de informações que a empresa deseja
universo que cada vez mais mudará as relações de perseguir, incluindo o grau de disseminação de recursos
competitividade em todos os segmentos da economia. Ao lado pretendidos, a autonomia desejada para as áreas (em termos de
do uso estratégico, tais tecnologias representam, também, um sistemas de informação), entre outros aspectos?
papel fundamental como agente de integração e coesão 2. Como as tecnologias de informações podem contribuir
organizacional. para um melhor posicionamento estratégico, econômico e
Surge, então, uma situação complexa, em que muitos organizacional da empresa?
fatores de grande impacto empresarial precisam ser 3. Como a empresa deve tratar a sua evolução, em termos de
analisados. Esta é a função do planejamento de informática: atualização e capacitação permanente em relação às
pesquisar, adequar e planejar o uso das tecnologias de tecnologias de informações?
informações, contemplando a multiplicidade e as
possibilidades de uso dessas tecnologias. A primeira questão é determinante para a condução de um
O planejamento do uso das tecnologias de informações processo de informatização com baixo nível de atrito entre a
deixa de ser uma preocupação técnica para assumir uma

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filosofia administrativa da empresa e a estrutura de e) Gerenciando a Qualidade


informática criada. O zelo e atenção quanto a qualidade é uma das metas
Já a segunda questão refere-se mais ao uso propriamente principais. Os padrões de qualidade são ditados pelas
dito das tecnologias de informações para um elenco de especificações que, por sua vez, são usadas como base para
aplicações de curto a longo prazo mas que tenham um fim monitorar o desempenho do projeto. Mesmo em projetos que
orientado para resultados bem determinados. não usam especificações detalhadas para estabelecer padrões
A terceira questão refere-se ao cuidado permanente de qualidade, espera-se um mínimo de qualidade funcional. As
quanto à capacitação em face do conjunto de tecnologias, de pressões exercidas por outros fatores, como custos e tempo,
forma que a empresa esteja continuamente preparada para podem provocar negociações nas quais a qualidade será
acompanhar as novas possibilidades de utilização dessas comprometida em favor do cronograma ou do orçamento.
tecnologias. Em outras palavras, pode ser importante Contudo, a defesa da qualidade do projeto permanece como
desenvolver aplicações e usos das tecnologias de informações, uma das responsabilidades primordiais da gerência do
com o fim principal de manter a empresa a par das evoluções projeto.
dessas tecnologias, independentemente de aplicações com um
fim mais imediato ou determinado. 11) Sistemas Específicos de Gestão de Informação118:
As respostas a essas três questões fundamentais exigem o
questionamento de diversos aspectos da organização, tais Sistemas Informatizados na Administração
como suas filosofias e estratégias básicas, seus processos Um administrador, precisa entender o papel dos diversos
operacionais, as funções executadas, bem como o tipos de Sistemas de Informação existentes nas empresas hoje,
desenvolvimento organizacional planejado. que são necessários para apoiar a tomada de decisões e
atividades de trabalho existentes nos diversos níveis e funções
10) O que é a Tecnologia da Informação? Hardware + organizacionais, sejam elas desktop ou via web.
Software + Comunicação Eles provocam mudanças organizacionais e
administrativas trazendo desafios para administração, como
Integração que é obter vantagens com sistemas que integrem
diversos níveis e funções organizacionais possibilitando troca
de informações entre diversos setores, este é o principal
desafio, pois é o administrador que identifica quais setores
precisam estar interligados.
O outro desafio é ter visão ampla, pois na filosofia da
administração os administradores são treinados para
gerenciar uma linha de produto e não a organização inteira
como é exigido pelos sistemas integrados e redes setoriais.
Para a implantação de um novo Sistema de Informação Estes desafios exigem enormes investimentos.
é necessário o cumprimento de algumas diretrizes:
Aproveite e leia isto:
a) Projeto
Um projeto é um empreendimento com começo e fim Devido à existência de diferentes interesses,
definidos, dirigido por pessoas, para cumprir metas especialidades e níveis em uma organização são necessários
estabelecidas dentro de parâmetros de custo, tempo e diversos tipos de sistemas, pois nenhum sistema individual
qualidade. pode atender todas as necessidades de uma empresa.
Destacam se 4 tipos principais de sistemas que atendem
b) Intuição diversos níveis organizacionais:
Respeite a sua intuição, no entanto, use também - Sistemas do nível operacional, que dão suporte a gerentes
abordagens analíticas. Esteja aberto a soluções alternativas, operacionais em transações como vendas, contas, depósitos,
como análise sequencial e tomada de decisão consensual. fluxo de matéria prima etc.
Antes de tomar a decisão final, reveja a situação e escute - Sistemas do nível de conhecimento envolvem as estações
cuidadosamente o seu "sexto sentido". de trabalho e automação de escritório a fim de controlar o
fluxo de documentos.
c) Concentrar-se ativamente na função Interface - Sistemas do Nível Gerencial atendem atividades de
Dê atenção às interfaces gerencias. Às áreas indefinidas e monitoração, controle, tomada de decisões e procedimentos
nebulosas. Procure aproximar equipes, organizações e administrativos dos gerentes médios e
sistemas. Questione responsabilidades que não estejam claras. - Sistemas de nível estratégico, que ajudam a gerencia
Pergunte "para que", "quando", "como", e "por que". sênior a enfrentar questões e tendências, tanto no ambiente
Comece pelo planejamento em níveis globais, utilizando a externo como interno a empresa.
abordagem estratégica. Esteja seguro dos objetivos globais. Além das características dos sistemas por níveis
Determine marcos. Estabeleça um consenso em relação à empresariais, eles também atendem diversas áreas funcionais,
filosofia de gerenciamento. Para projetos maiores, utilize a como vendas, marketing, fabricação, finanças, contabilidade e
estrutura analítica, comece no topo e em seguida estruture o recursos humanos.
projeto em diversos níveis até que consiga chegar a "pacotes
de trabalho" gerenciáveis. Sistemas de Informação para cada nível
d) Controle e avalie resultados organizacional
Implante sistemas e técnicas gerenciais que lhe permitem Sistemas de Processamento de Transações (SPTs)
acompanhar o andamento dos trabalhos e tomar medidas sistemas integrados que atendem o nível operacional, são
corretivas ao longo do curso dos mesmos. Os sistemas deverão computadorizados, realizando transações rotineiras como
ser simples e flexíveis, especialmente para projetos de curta folha de pagamento, pedidos etc.,
duração.

118

https://www.oficinadanet.com.br/artigo/738/tipos_de_sistemas_de_informacao_
na_empresa

Atualidades e Convivência Social 133


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Sistemas nos quais os recursos são predefinidos e os SAEs são os recebedores de dados de sistemas de níveis
estruturados, é através deles que os gerentes monitoram inferiores, os outros trocam dados entre si.
operações internas e externas da empresa. Apesar de Também atendem diferentes áreas funcionais, por isso é
constituir importante ferramenta que dinamiza e flexibiliza as importante e vantajoso a integração entre eles para há
atividades dos gestores, são considerados “críticos”, pois se informação possa chegar a diferentes partes da organização,
deixarem de funcionar podem causar danos a outras empresas no entanto, isto tem alto custo, é demorado e complexo por
inter-relacionadas e a própria. Atendem 4 categorias isso cada organização deve ligar os setores que acha
funcionais: vendas/marketing, fabricação/produção, necessário para atender suas necessidades.
finanças/contabilidade e recursos humanos. Quanto a função organizacional, os SI se dividem em
Sistemas de Venda e Marketing, responsável pela venda do
Sistemas de Trabalhadores de Conhecimento (STCs) e produto ou serviço. O Marketing procura identificar o que os
Sistemas de automação de escritório clientes querem consumir e também os melhores clientes,
Atendem necessidades do nível de conhecimento criando e mostrando novos produtos ou serviços através de
envolvendo trabalhadores de conhecimento, pessoas com propagandas e promoções, já as Vendas contatam os clientes,
formação universitária como engenheiros e cientistas e oferecem os produtos e serviços fecham pedidos,
trabalhadores de dados multidisciplinares como secretárias, acompanham o comércio.
contadores, arquivistas etc. No nível estratégico eles monitoram e apoiam novos
Se diferenciam, pois trabalhadores de conhecimento criam produtos e oportunidades e identificam o desempenho dos
informações e trabalhadores de dados manipulam, usam concorrentes.
informações prontas, a produtividade destes é aumentada com No nível de Gerencia dão suporte a pesquisas de mercado
o uso dos Sistemas de automação de escritório que coordenam campanhas promocionais e determinação e preços, analisando
e comunicam diversas unidades, trabalhadores, e fontes o desempenho do pessoal de vendas.
externas como clientes e fornecedores. No nível de conhecimento apoiam estações de trabalho
Eles manipulam e gerenciam documentos, programação e analisando marketing e no Operacional dão suporte ao
comunicação, envolvendo além de textos, gráficos etc, hoje atendimento e localização de clientes.
publicados digitalmente em forma de sites para facilitar o Sistemas de Informação de Fabricação e Produção,
acesso e distribuição de informações. responsável pela produção de bens e serviços tratam do
planejamento, desenvolvimento, manutenção e
Sistemas de Informação Gerenciais (SIG) estabelecimento de metas de produção aquisição e
É o estudo dos sistemas de informação nas empresas e na armazenagem de equipamentos, matérias primas para
administração, dão suporte ao nível gerencial através de fabricar produtos acabados.
relatórios, processos correntes, histórico através de acessos No Nível Estratégico ajudam a localizar novas fábricas e
on-line, orientados a eventos internos, apoiando o investir em novas de tecnologias de fabricação, no Nível de
planejamento controle e decisão, dependem dos SPTs para Gerencia analisam e monitoram custos, recursos de fabricação
aquisição de dados, resumindo e apresentando operações e e produção no de Conhecimento criam e distribuem
dados básicos periodicamente. conhecimentos especializados orientando o processo de
produção e no Operacional monitoram e controlam a
Sistemas de Apoio a Decisão (SAD) produção. Um exemplo simples deste tipo de sistema é o
Atendem também o nível de gerencia ajudando a tomar controle de estoque com emissão de relatórios.
decisões não usuais com rapidez e antecedência a fim de
solucionar problemas não predefinidos, usam informações Sistemas de Informação Financeira e Contábil
internas obtidas dos SPT e SIG e também externas como preços Responsáveis pela administração de ativos financeiros
de produtos concorrentes etc. visando o retorno ao investimento. A função Finanças se
Têm maior poder analítico que os outros sistemas, encarrega de identificar novos ativos financeiros (ações títulos
construídos em diversos modelos para analisar e armazenar e dividas) através de informações externas. Já a função
dados, tomar decisões diárias, por isso possuem uma interface Contabilidade é responsável pela manutenção e
de fácil acesso e atendimento ao usuário, são interativos, gerenciamento de registros financeiros (recibos folha de
podendo-se alterar e incluir dados através de menus que pagamento etc.) para prestar contas aos seus recursos. Estes
facilitam a entrada deles e obtenção de informações sistemas compartilham problemas, acompanhando o que
processadas. possuem com o que necessitam.
No nível Estratégico estabelecem metas de investimento
Sistemas de Apoio ao Executivo (SAEs) prevendo desempenho financeiro, no nível de Gerencia
Atendem o nível gerencial, os gerentes seniores que tem ajudam gerentes a supervisionar e controlar recursos
pouco ou nenhuma experiência com computadores, servem financeiros, no de Conhecimento fornecem ferramentas
para tomar decisões não rotineiras que exigem bom senso analíticas como estações de trabalho para aumentar o retorno
avaliação e percepção. sobre investimento, e no Operacional monitoram o fluxo de
Criam um ambiente generalizado de computação e recursos realizados pelas transações como cheques,
comunicação em vez de aplicações fixas e capacidades pagamentos a fornecedores, relatórios e recibos.
específicas. Projetados para incorporar dados externos como
leis e novos concorrentes, também adquirem informações dos Sistemas de Recursos Humanos
SIG e SAD a fim de obter informações resumidas e úteis aos Responsável por atrair, aperfeiçoar e manter a força de
executivos, não só sob forma de textos, mas também gráficos trabalho da empresa. Ajudam a identificar funcionários
projetados para solucionar problemas específicos que se potenciais e selecionar novos, desenvolver talentos e
alteram seguidamente, através de modelos menos analíticos. potencialidades. No nível estratégico identificam habilidades,
Ele é formado por estações de trabalho, menus gráficos, escolaridade, tipos de cargo além de atender os planos de
dados históricos e de concorrentes, bancos de dados externos, negócio.
e possuem fácil comunicação e interface. No Nível de Gerência monitoram o recrutamento, alocação
Os Sistemas de Informação se relacionam um com outros a e remuneração de funcionários, no de Conhecimento
fim de atender os diversos níveis e organizacionais, sendo os descrevem funções relacionadas ao treinamento, elaboração
SPT a fonte de dados mais importante para os outros sistemas, de planos de carreira e relacionamentos hierárquicos entre

Atualidades e Convivência Social 134


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funcionários e no Operacional registram o recrutamento e desenvolver planos de aquisição de matéria prima e fabricação
colocação de funcionários da empresa. Eles armazenam dados para um produto;
básicos de funcionários como nome endereço, telefone,
escolaridade, função salário, etc. b) SCE que é a execução da cadeia de suprimentos serve
para gerenciar o fluxo de produtos por meio das centrais de
Sistema Integrado de Informação e Processos de distribuição e depósitos garantindo a entrega dos produtos.
Negócios
Além de SIs para coordenar atividades e decisões da Para garantir o gerenciamento da cadeia de suprimentos é
empresa e por setores através dos Sistemas Integrados e preciso que os membros da cadeia trabalhem em conjunto
Processos de Negócios automatizando o fluxo de informações, para atingir a mesma meta e coordenar melhor os processos
também necessitam de Sistemas de Informação para de negócio, para isso as empresas estão recorrendo ao
gerenciamento de relações com clientes (CRM) e da cadeia de Processo Colaborativo que é o uso de tecnologias digitais como
suprimento (SCM) para coordenar processos que abrangem Internet, Intranet e Extranet para capacitar as organizações a
diferentes funções empresariais, inclusive compartilhadas desenvolver, montar e gerenciar os produtos durante seu ciclo
com clientes e outros parceiros da cadeia de suprimento. de vida.
Os Processos de negócio é a maneira como o trabalho é Muitas empresas hoje são donas e responsáveis por sua
organizado, planejado e focado para produzir um produto ou própria rede o que diminui custos e facilita o
serviço de valor. Pode se dizer que são um conjunto de compartilhamento de informações é claro tendo algumas
atividades, fluxos de trabalho, materiais, informações e restrições de acesso. Utilizam as redes chamadas setoriais
conhecimentos, mas por outro lado referem-se a maneira da privadas para coordenar pedidos e outras atividades com
gerencia coordenar o trabalho. fornecedores, distribuidores, empresas parceiras e até mesmo
Embora cada função empresarial tenha seus processos de alguns clientes.
negócio, eles podem ser Transfuncionais porque ligam O uso de diversos SIs não integrados em uma organização
fronteiras entre as principais áreas funcionais e agrupam pode dificultar o acesso e compreensão de informações por
funcionários de diferentes especialidades para completar as parte da gerencia e outros níveis organizacionais ou até
tarefas. Reprojetar um processo de negócio exige análise e mesmo apresentar a informação de forma errada e
planejamento para evitar que os sistemas faça o que a incompreensível causando grandes danos, por isso muitas
organização não precisa. empresas estão montando ERPs Sistemas de Informação de
Os processos de relacionamento entre clientes e planejamento empresarial que modelam e automatizam os
fornecedores são repensados de forma estratégica, pois com processos de negócio atendendo todos os níveis da empresa,
as empresas digitais, o comercio eletrônico e a competição coletando e armazenando em um único arquivo os principais
global eles tornaram-se cada vez mais exigentes e se a dados dos processos de negócio podendo ser acessados por
organização não os atendem como quiserem perdem-nos. Por todos os setores da empresa, proporcionando aos gerentes
isso os clientes não são mais tratados como fontes de receita, informações precisas para coordenar informações diárias da
mas como ativos que precisam ser preservados, tentar empresa com ampla visão dos processos de negócio e fluxo de
conquistar novos clientes também é importante. Através do informações.
Gerenciamento das relações com o cliente CRM que envolve Os Sistemas Integrados geram benefícios, promovem
administração e tecnologia usando SIs para coordenar os alterações em 4 dimensões da empresa: estrutura, processos
processos de negócio e interações da empresa com clientes, de gerenciamento, plataforma de tecnologia e capacidade.
vendas marketing e serviços. Usados para apoiar estruturas organizacionais e criar uma
Antigamente eram cadastrados apenas alguns dados de nova cultura organizacional. As informações são estruturadas
clientes em fichas hoje com as ferramentas do CRM e os ao redor de processos de negócio transfuncionais
múltiplos canais de comunicação armazenam-se dados aperfeiçoando relatórios gerenciais e tomada de decisões. Eles
completos ajudando as empresas a identificar os melhores também oferecem a empresa uma plataforma de tecnologia de
clientes e até mesmo o que desejam consumir ou consomem SI única contendo dados de todos os processos de negócio.
mais. Aumentam a capacidade das empresas em interagir com todos
os níveis da cadeia de suprimento ainda mais se usarem os
O Gerenciamento da Cadeia de Suprimento (SCE) mesmos softwares para integração, pois assim trocarão dados
É a ligação e coordenação das atividades de compra sem intervenção manual.
fabricação e movimentação de um produto para entregá-lo Mas quando a benefícios sempre a desafios para serem
mais rapidamente ao consumidor com baixo custo. A cadeia de enfrentados, os SI integrados são difíceis de montar e exigem
suprimento são processos de negócios para selecionar grandes investimentos em tecnologia, softwares complexos,
matérias primas e transforma-las em produtos intermediários hardware e meios de armazenamento potentes, e mudanças
e acabados interligando fornecedores, indústrias, transporte, nos processos de negócios e atividades.
varejo, clientes, com seleção de matéria prima, controle de As empresas que não aceitarem ou não possuem condições
estoque, entrega, ou seja, fornecer serviços desde a fonte até o para acompanhar as mudanças não conseguirão integrar
consumidor. Este também inclui a Logística Reversa que é a processos funcionais e empresarias, além do custo também
devolução de produtos identificando o motivo e o produto. envolve tempo, cujo atraso na entrega ou implementação do
Enfim o motivo principal é atender a todos evitar a falta de sistema pode acarretar sua desatualização. Ainda pode ocorrer
produtos e matérias primas para comercialização e fabricação que as empresas não alcancem suas metas se utilizarem ERPs
respectivamente. Isto quando não ocorre o “Efeito Chicote” a padrões e fiquem desatualizadas, pois não atenderão o
informação é modificada à medida que passa de entidade a consumidor da forma que ele exige perdendo a
entidade (Fornecedor-Fabricante-Distribuidor-Varejo- competitividade. As menores organizações ou as que possuem
Cliente), se estes níveis compartilhassem informações teriam sistemas isolados que atendem suas necessidades podem não
um melhor desempenho. optar pelos SIs Integrados.
Este gerenciamento tem duas formas, ele pode ser: Quando as empresas operam internacionalmente, há
diferentes maneiras de configurar os SI, baseando-se na
a) SPC que é o planejamento da cadeia de suprimentos estrutura organizacional, que pode ser Exportadora Nacional,
habilitando a empresa a gerar previsões de demanda e onde as atividades funcionais são centralizadas no pais de
origem, Multinacionais concentram administração e controle

Atualidades e Convivência Social 135


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financeiro no pais de origem deixando produção vendas e visto como algo importante para os clientes. Além disso, a
marketing em outros países que são adaptados para atender velocidade de troca/transferência de informações limitava-se
as condições locais de mercado. As franqueadoras projetam, à velocidade do papel.
fabricam e financiam o produto no pais de origem, levando a Os clientes percebem que informações sobre status do
produção, marketing e recursos humanos para outros países. pedido, disponibilidade de produtos, programação de entrega
As Transnacionais não possuem sede local única e sim diversas e faturas são elementos necessários do serviço total ao cliente;
e regionais ou mundiais, tendo suas estratégias gerenciadas Com a meta de redução do estoque total na cadeia de
globalmente obtendo vantagens competitivas em cada local suprimento, os executivos percebem que a informação pode
que está inserida. reduzir de forma eficaz as necessidades de estoque e recursos
Com a evolução da TI e os meios de comunicação as humanos. Em especial, o planejamento de necessidades que
organizações internacionais ganham mais flexibilidade em utiliza as informações mais recentes, pode reduzir o estoque,
seus projetos empresariais globais, tendo 4 tipos de minimizando as incertezas em torno da demanda;
configuração: Sistemas Centralizados onde o desenvolvimento A informação aumenta a flexibilidade permitindo
e a operação ocorre no pais de origem, Sistemas duplicados, o identificar (qual, quanto, como, quando e onde) os recursos
desenvolvimento ocorre no pais de origem e as operações em que podem ser utilizados para que se obtenha vantagem
unidades autônomas localizadas em outros países. Sistemas estratégica.
Descentralizados cada unidade e em cada pais elaboram Um exemplo de posicionamento estratégico baseado em
sistemas específicos. Sistemas em rede o desenvolvimento e tecnologia de informação é o caso de empresas de entrega
operação ocorre de modo integrado e coordenado em todas as expressa. A Fedex foi a primeira a oferecer serviço de entrega
unidades. para o dia seguinte em 1973 nos Estados Unidos. No final dos
Então Sistemas Integrados exigem conhecimento dos anos 80, com elevados investimentos em TI, ela passou a ter o
processos e níveis empresariais bem como fluxos de controle de todo o ciclo do pedido do cliente. Com isso podia
informações, sendo determinados pelos gerentes os setores manter total rastreabilidade do pedido.
que devem estar ligados para atender as necessidades da Outro exemplo de como a informação tem grande
empresa de acordo com os recursos tecnológicos e importância na logística é a interação entre fabricantes e
administrativos que ela possui. varejistas no gerenciamento da cadeia de suprimentos,
promovida no Brasil pelo Movimento ECR Brasil. Com tal
Sistemas de Informações Logísticas prática, algumas redes varejistas começam a disponibilizar
Os sistemas de informações logísticas funcionam como informações do ponto de venda para seus fornecedores de
elos que ligam as atividades logísticas em um processo modo que estes sejam responsáveis pelo ressuprimento
integrado, combinando hardware e software para medir, automático dos produtos. Isto reduz consideravelmente o
controlar e gerenciar as operações logísticas. Estas operações custo com estoque dos varejistas e possibilita aos fabricantes
tanto ocorrem dentro de uma empresa específica, bem como ter melhor previsibilidade da demanda, propiciando uma
ao longo de toda cadeia de suprimentos. utilização de recursos mais racionalizada.
Podemos considerar como hardware desde computadores
e dispositivos para armazenagem de dados até instrumentos
de entrada e saída do mesmo, tais como: impressoras de
código de barras, leitores óticos, GPS, etc. Software inclui
sistemas e aplicativos / programas usados na logística.
Os sistemas de informações logísticas possuem quatro
diferentes níveis funcionais:
a) sistema transacional,
b) controle gerencial,
c) apoio à decisão e
d) planejamento estratégico.

O papel da informação na logística119


O fluxo de informações é um elemento de grande Figura: Funcionalidades de um Sistema de Informações
importância nas operações logísticas. Pedidos de clientes e de Logísticas
ressuprimento, necessidades de estoque, movimentações nos
armazéns, documentação de transporte e faturas são algumas O formato piramidal apresentado na figura sugere que a
das formas mais comuns de informações logísticas. implementação de um sistema transacional robusto é a base
Antigamente, o fluxo de informações baseava-se que sustenta o aprimoramento dos outros três níveis.
principalmente em papel, resultando em uma transferência de A seguir será analisado cada um dos níveis, ressaltando a
informações lenta, pouco confiável e propensa a erros. O custo importância para a competitividade logística da empresa.
decrescente da tecnologia, associado a sua maior facilidade de
uso, permitem aos executivos poder contar com meios para Sistema Transacional
coletar, armazenar, transferir e processar dados com maior É a base para as operações logísticas e fonte para
eficiência, eficácia e rapidez. atividades de planejamento e coordenação. Através de um
A transferência e o gerenciamento eletrônico de sistema transacional, informações logísticas são
informações proporcionam uma oportunidade de reduzir os compartilhadas com outras áreas da empresa, tais como:
custos logísticos através da sua melhor coordenação. Além marketing, finanças, entre outras.
disso, permite o aperfeiçoamento do serviço baseando-se Um sistema transacional é caracterizado por regras
principalmente na melhoria da oferta de informações aos formalizadas, comunicações interfuncionais, grande volume
clientes. de transações e um foco operacional nas atividades cotidianas.
Tradicionalmente, a logística concentrou-se no fluxo A combinação de processos estruturados e grande volume de
eficiente de bens ao longo do canal de distribuição. O fluxo de transações aumenta a ênfase na eficiência do sistema de
informações muitas vezes foi deixado de lado, pois não era informações.

119 http://www.tecspace.com.br/paginas/aula/faccamp/TI/

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A partir dele, ocorre o principal processo transacional formato adequado. Em geral, as empresas que não possuem
logístico: o ciclo do pedido. Com isso, todas as atividades e um sistema integrado enfrentam problemas na
eventos pertencentes a este ciclo devem ser processados: implementação destas ferramentas no que diz respeito à
entrada de pedidos, checagem de crédito, alocação de estoque, conectividade com o sistema utilizado.
emissão de notas, expedição, transporte e chegada do produto Em ambos os tipos de ferramentas de apoio à decisão,
ao cliente. Informações sobre tais atividades/eventos, devem exige-se que o nível de expertise dos usuários seja elevado
estar prontamente disponíveis, visto que o status do pedido é para lidar com as dificuldades na implementação e utilização.
uma questão cada vez mais necessária para um bom serviço ao Caso contrário, existe necessidade de treinamento específico,
cliente. o que ocorre na maioria dos casos.
A falta de integração entre operações logísticas é um
problema comumente encontrado em sistemas transacionais Planejamento Estratégico
que não estão sob um sistema de gestão integrada. Isto pode No planejamento estratégico as informações logísticas são
ocorrer basicamente em três instâncias: sustentáculos para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da
- Entre atividades logísticas executadas dentro da empresa; estratégia logística. Com frequência, as decisões tomadas são
- Entre instalações da empresa; extensões do nível de apoio à decisão, embora sejam mais
- Entre a empresa e outras pertencentes à cadeia de abstratas, menos estruturadas e com foco no longo prazo.
suprimentos ou prestadores de serviços logísticos. Como exemplo, podemos citar as decisões baseadas em
resultados de modelos de localização de instalações e na
Controle Gerencial análise da receptividade dos clientes à melhoria de um serviço.
Este nível permite com que se utilize as informações
disponíveis no sistema transacional para o gerenciamento das Sistemas de Gestão Empresarial
atividades logísticas. A mensuração de desempenho inclui Cada vez mais empresas brasileiras de médio e grande
indicadores: financeiros, de produtividade, de qualidade e de porte e de vários setores da economia vêm implementando
serviço ao cliente. sistemas de gestão empresarial - ERP. Este tipo de sistema visa
De maneira geral, existe grande carência de indicadores / resolver problemas de integração das informações nas
relatórios de desempenho nas empresas brasileiras. Entre os empresas, visto que antes elas operavam com muitos sistemas,
principais fatores estão a ausência de um sistema transacional caracterizando em alguns casos "uma verdadeira colcha de
que possua todas as informações relevantes e de visão sobre retalhos", o que inviabilizava uma gestão integrada. Além
as vantagens de controlar as operações logísticas. disso, a implementação de um sistema ERP permite que as
Um exemplo disso, é a mensuração da disponibilidade de empresas façam uma revisão em seus processos, eliminando
produtos, ou seja, indicadores que apontem o percentual de atividades que não agregam valor.
pedidos que foram entregues completos; Associando sistemas ERP à funcionalidade de sistemas de
A presença de relatórios que tratam exceções são informações logísticas, podemos verificar claramente que o
fundamentais para um bom gerenciamento, visto que as principal objetivo de um sistema ERP, sob o ponto de vista
operações logísticas se caracterizam pelo intenso fluxo de logístico, é atuar como um sistema transacional, solucionando
informações. Por exemplo, um sistema de controle proativo problemas com a ausência de integração entre atividades
deve ter capacidade de prever futuras faltas no estoque com logísticas.
base nas previsões de demanda e recebimentos previstos. Porém, nem todas as implementações de ERP consideram
Um conceito cada vez mais utilizado nas empresas é o de as atividades logísticas de maneira integrada, isto resulta da
Data Warehouse (DW). Como o nome sugere, armazena dados falta de foco na logística, o que após o processo de
históricos e atuais de várias áreas da empresa em um único implementação pode trazer uma série de problemas para a
banco de dados com o objetivo de facilitar a elaboração de gestão da logística.
relatórios. O processo de desenvolvimento de um DW fornece Como exemplo podemos ter a seguinte situação: o
uma oportunidade para a empresa rever e formalizar responsável pelo transporte não possui informação sobre o
objetivos, planos e estratégia. status do pedido, que contém dados sobre a alocação de
estoque (disponibilidade) e sobre a data limite de expedição.
Apoio à Decisão Com isso, torna-se impraticável o processo de consolidação de
Esta funcionalidade caracteriza-se pelo uso de softwares cargas.
para apoiar atividades operacionais, táticas e estratégicas que Os principais sistemas ERP disponibilizam uma vasta
possuem elevado nível de complexidade. Sem o uso de tais possibilidade de gerar relatórios e fornecer indicadores de
ferramentas, muitas decisões são tomadas baseadas apenas no desempenho pré-configurados para mensuração, análise e
feeling, o que em muitos casos aponta para um resultado controle. Entretanto, nem sempre as necessidades das
distante do ótimo. Entretanto, se elas forem usadas, existe empresas são atendidas. Com isso, surge a necessidade de
significativa melhoria na eficiência das operações logísticas, especificar estruturas de relatórios adequadas a operação da
possibilitando, além do incremento do nível de serviço, empresa.
reduções de custos que justificam os investimentos realizados. A adoção de um Data Warehouse120 (depósito de
Existem diferenças entre as aplicações de ferramentas de dados digitais que serve para armazenar informações
apoio à decisão. Algumas são operacionais, pois estão voltadas detalhadas relativamente a uma
para operações mais rotineiras, tais como: programação e empresa, criando e organizando relatórios através
roteamento de veículos, gestão de estoque, etc. Por outro lado, de históricos que são depois usados pela empresa para ajudar
existem ferramentas que atuam mais tática e a tomar decisões importantes com base nos fatos
estrategicamente, tais como: localização de instalações, apresentados) favorece bastante este processo.
análise da rentabilidade de clientes e etc. A aplicação destas Embora um sistema ERP possua atributos que contribua
ferramentas vai depender principalmente da complexidade para melhorar a gestão na empresa, ele não possui
existente nas atividades logísticas e de seu custo/benefício. ferramentas de apoio à decisão. Vários fornecedores deste tipo
Ferramentas que tendem a ser mais operacionais, devem de sistema investiram em parcerias e aquisições para
estar inteiramente conectadas com o sistema transacional, de disponibilizar ferramentas de apoio à decisão que auxiliem na
modo que os inputs sejam informações atualizadas e no melhoria da eficiência das operações logísticas na empresa e

120 https://www.significados.com.br/data-warehouse/

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na cadeia de suprimentos, como forma de preencher esta 03. (LIQUIGÁS - Profissional Júnior - CESGRANRIO) Os
lacuna. sistemas de informações que atendem às necessidades do
nível operacional da organização e são utilizados pelos
Softwares de apoio à decisão profissionais da empresa em todos os níveis de execução são
A presença do sistema ERP está fortemente relacionada conhecidos como sistemas
com aspectos transacionais e de execução de atividades (A) de automação
operacionais, servindo como base para uma série de (B) de apoio à decisão
aplicações de apoio à decisão. (C) especialistas
As ferramentas logísticas mais comuns encontradas no (D) gerenciais
mercado são para as seguintes áreas: programação e (E) transacionais
roteamento de veículos, previsão da demanda, gerenciamento
do armazém e planejamento de estoques. 04. (Transpetro - Engenheiro Júnior - CESGRANRIO) Os
Vale destacar que os sistemas ERP possuem módulos de sistemas de informações gerenciais são utilizados nos
gerenciamento de armazéns, cujo principal objetivo é processos de tomada de decisões gerenciais das organizações.
gerenciar o fluxo de informações, através do controle de Nessa situação, os sistemas de informação têm, em sua
posições e lote, regra FIFO, entre outras funcionalidades. estrutura básica, EXCETO o(s)
Entretanto, funções relacionadas com a existência de (A) processamento de dados
inteligência não são disponibilizadas. (B) registro das auditorias de adequação do sistema de
Duas ferramentas que não foram comentadas produção
anteriormente merecem destaque, principalmente pela pouca (C) controle das informações
difusão nas empresas brasileiras dos conceitos que as (D) objetivos estabelecidos pela organização
norteiam. (E) padrões de qualidade das informações desejadas
O primeiro é o módulo informações sobre a demanda.
Nele são armazenados dados mercadológicos sobre a 05. (SESI/PA - Assistente Administrativo - FIDESA)
concorrência, dados obtidos a partir dos PDV (ponto de venda) Sistemas são conjunto de tarefas, controles e programas que
de seus principais clientes varejistas e ações promocionais interagem de maneira a obter resultados complementares e
tomadas pela empresa. O objetivo é fornecer mais informações têm como objetivo um fim certo e planejado. Como exemplo,
para o processo de previsão da demanda. pode-se citar um modelo genérico de tomada de decisão que
O segundo trata-se do módulo informações de analisa um grande número de variáveis, para que seja possível
transporte que armazena dados referentes ao transporte, o posicionamento a uma determinada questão. Trata-se de um
como frete e tempo de trânsito, visando auxiliar na otimização sistema denominado:
da rede logística, bem como no planejamento de transporte, (A) Sistema de Informações Executivas (SIE).
que determina o melhor modal para certas rotas. (B) Sistema de Apoio à Decisão (SAD).
As vantagens competitivas são obtidas através da (C) Sistema de Informações Gerenciais (SIG).
utilização de redes de comunicação e sistemas informáticos (D) Automação de Escritórios (AE).
que interconectem empresas, clientes e fornecedores,
aumentando a produtividade, logística e lucratividade, dentre Gabarito
outros benefícios às organizações empresariais.
01.C / 02.B / 03.E / 04.B / 05.B
Questões
COMUNICAÇÃO
01. (SEFAZ/SC - Auditor Fiscal da Receita Estadual -
FEPESE) Analise o conceito abaixo. A necessidade de comunicação é tão antiga como a
Sistemas que permitem ajustar o posicionamento da formação da sociedade humana. Isso porque o homem teve
empresa no mercado com o intuito de obter vantagens sempre a preocupação de registrar suas observações e seus
competitivas, utilizando informações recolhidas de fontes pensamentos para as gerações futuras. Assim, os sentimentos,
internas e externas à organização, devidamente sintetizadas e os comportamentos, as ações, os pensamentos, os desejos e a
processadas por ferramentas de análise e simulação. cultura têm em comum a necessidade de expressão para se
tornarem “reais”, o que é viabilizado pela comunicação.
Assinale a alternativa que indica o tipo de sistema que se A comunicação pode ser considerada o processo social
enquadra ao conceito apresentado. básico, primário, porque é ela que torna possível à própria vida
(A) Sistemas de Apoio a Decisão em sociedade. Vida em sociedade significa intercâmbio. E todo
(B) Sistemas de Informações Gerenciais intercâmbio entre os seres humanos só se realiza por meio da
(C) Sistemas de Informações Estratégicas comunicação. A comunicação preside e rege todas as relações
(D) Sistemas de Gerenciamento de Informações humanas.
(E) Sistemas de Gerenciamento de Bancos de Dados A comunicação é o ato de comunicar algo ou de comunicar-
se (com alguém). O verbo vem do latim communicare, que
02. (MAPA - Administrador - FDC) Na moderna gestão significa participar, fazer, saber, tornar comum. Quando eu
logística, é fundamental estabelecer critérios e padrões de comunico alguma coisa a alguém essa coisa se torna comum a
desempenho para que se possam monitorar os processos e ambos.
buscar a melhoria da qualidade. Quando o gestor estabelece
indicadores de performance relativos às metas para a data de A Comunicação no Ambiente de Trabalho
entrega de pedidos de cliente, ele está utilizando a estrutura
de: A comunicação no ambiente de trabalho ou Comunicação
(A) transação; Corporativa é a comunicação de uma organização que pode ser
(B) pré-transação; entendida também como equivalente às expressões
(C) pós-transação; comunicação empresarial ou comunicação organizacional. A
(D) apoio institucional; ideia de uma comunicação corporativa é a de que seja a
(E) sistemas de informações gerenciais. representação de um conjunto de mensagens que juntas
formam um só corpo: cada mensagem isolada influenciará na

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percepção final da mensagem da corporação, da geração e Transmitimos mensagem e sinais o tempo todo durante uma
manutenção de identidade, imagem e reputação. conversa. Procure saber mais a respeito.
Quando o processo comunicacional das empresas é bem 5. Use a Empatia: pense em como seria estar no lugar do
definido, aumenta-se a eficiência, a satisfação e a qualidade de outro enquanto se comunica.
todas as relações interpessoais.
No interior das organizações a maioria das tarefas, se não Sistemas de Comunicação122
todas, são realizadas por meio da comunicação, como ordens
transmitidas, memorandos escritos, palestras assistidas, Um sistema, como se sabe, é um conjunto de elementos que
missões, metas e objetivos desenvolvidos e avaliações feitas. estão dinamicamente relacionados e que formam uma
Cada departamento, cada área da organização, cada atividade para atingir objetivos comuns. Conforme o exposto
mensagem formal ou informal podem gerar percepções dos por Battisti123, “o Sistema de comunicação da empresa é de
públicos com os quais se relacione essa dada organização e, grande importância para a instituição não somente interna
por isso, é fundamental a importância de se agir de forma como externa. É neste sistema que aplica as necessidades
planejada e orquestrada para a criação e manutenção de organizacionais, é nele que fluem e que dá movimento a
relacionamentos. empresa. É preciso ser cuidadoso com a comunicação
É através da transferência de significados de uma pessoa informal, aquela que surge espontaneamente, podendo ajudar
para outra que as informações e as ideias podem ser a empresa com críticas internas para um determinado
transmitidas. A comunicação, contudo, é mais do que produto, é necessário atenção também à comunicação errada
simplesmente transmitir um significado. Ela precisa ser entre os subordinados trazendo constrangimento ou
compreendida, precisa incluir a transferência e a compreensão interferindo nas regras estabelecidas mudando até mesmo a
do significado. cultura da empresa.
No Sistema de comunicação deve ser considerado:
Assertividade e a Comunicação O que dizer;
- A quem dizer;
A assertividade121 é o principal princípio da comunicação, - Quando dizer;
assertividade é a capacidade de nos expressarmos aberta e - Com que frequência;
honestamente, sem negarmos os direitos dos outros. - De que forma;
Bons líderes são bons comunicadores. Ser um bom - Por que meio de comunicação, entre outras.
comunicador não significa apenas ter habilidade de um grande
orador. É necessário ter assertividade na hora de expor suas Elementos Clássicos da Comunicação
ideias. O bom comunicador nunca dá margem à dúvida, ele é
claro e conciso. Assim, os líderes de sucesso são bons Dentro do processo de Comunicação existem alguns
comunicadores, pois possuem assertividade em expressar-se. fatores que são imprescindíveis de serem citados como
Na comunicação, o comportamento não assertivo ou o Elementos da Comunicação:
agressivo, raramente consegue fazer com que atinjamos o Emissor: qualquer ser capaz de produzir e transmitir uma
nosso objetivo. mensagem.
A pessoa não assertiva acaba perdendo negócios, clientes Receptor: qualquer ser capaz de receber e interpretar
e amigos, pois sua comunicação gera ressentimentos e essa mensagem.
hostilidade. Já a pessoa assertiva, pode expressar discordância Codificar: transformar, num código conhecido, a intenção
e insatisfação, mas, ao fazê-lo, direciona esses sentimentos ao da comunicação ou elaborar um sistema de signos.
comportamento e não à pessoa, sem constrangimento ou Descodificar: decifrar a mensagem, operação que
ansiedade; faz com que esta saiba exatamente o que deseja ou depende do repertório (conjunto estruturado de informação)
precisa sem tentar dominar, humilhar ou insultar. de cada pessoa.
A assertividade deve ser treinada. Quando estamos Mensagem: trata-se do conteúdo que será transmitido, as
dispostos a desenvolver uma área que favorece tanto nosso informações que serão transmitidas ao (s) receptor(es).
crescimento profissional quanto pessoal, abrimos espaço para Qualquer coisa que o emissor envie com a finalidade de passar
o conhecimento. Quando o buscamos, reconhecemos que informações.
sempre podemos melhorar e que o aperfeiçoamento faz parte Código: o modo como a mensagem é transmitida (escrita,
deste processo. Assim, investir em nós mesmos significa fala, gestos, etc.)
evoluir e alcançar com sucesso nossos objetivos. Canal: é a fonte de transmissão da mensagem (revista,
livro, jornal, rádio, TV, ar, etc.)
Veja abaixo,abordaremos cinco dicas poderosas para Contexto: situação que envolve emissor e receptor.
exercitar e treinar a assertividade: Ruído: são elementos que interferem na compreensão da
1. Tenha conhecimento do que fala: evite sair falando o mensagem que está sendo transmitida, podem ser
que não tem um real conhecimento. Busque informações a ocasionados pelo ambiente interno ou externo. Pode ser tanto
respeito do que quer transmitir. barulhos de uma maneira geral, uma palavra escrita
2. Seja claro e direto: a comunicação assertiva vai direto incorretamente, uma dor de cabeça por parte do emissor como
ao ponto, mas cuidado para não parecer agressivo. Exponha do receptor, uma distração, um problema pessoal, gírias,
suas ideias sem rodeios, mas evite julgar ou impor seu ponto neologismos, estrangeirismos, etc., podem interferir no
de vista. perfeito entendimento da comunicação.
3. Cuidado com a linguagem: devemos ter cuidados com Linguagem verbal: as dificuldades de comunicação
o nosso idioma. Quando usamos, principalmente, a forma ocorrem quando as palavras têm graus distintos de abstração
escrita e não prestamos atenção na forma correta do uso da e variedade de sentido. O significado das palavras não está
linguagem, podemos passar uma mensagem diferente de como nelas mesmas, mas nas pessoas (no repertório de cada um e
era para ser transmitida. que lhe permite decifrar e interpretar as palavras).
4. Expressão corporal: fique atento à linguagem corporal, Linguagem não-verbal: as pessoas não se comunicam
pois a comunicação também é formada pelo uso do corpo. apenas por palavras. Os movimentos faciais e corporais, os

121 http://www.ibccoaching.com.br/blog/gestao-de-rh/comunicacao- 122

assertiva-desenvolva-uma-comunicacao-clara-e-reduza-conflitos/. http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/cm/article/viewFile/11624/6664
123 http://juliobattisti.com.br/tutoriais/lucineiagomes/som007.asp

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gestos, os olhares, a entonação são também importantes (são 4. Oferecer as informações necessárias para a tomada
os elementos não verbais da comunicação). de decisões: a função final desempenhada pela comunicação
Retroalimentação ou Feedback: é o processo onde se relaciona a seu papel como facilitadora de tomada de
ocorre a confirmação do entendimento ou compreensão do decisões.
que foi transmitido na comunicação.
Nenhuma destas quatro funções deve ser vista como mais
Macromodelo do Processo de Comunicação importante do que as demais. Para que os grupos tenham um
bom desempenho, eles precisam ter algum tipo de controle
sobre seus membros, estimulá-los ao esforço, oferecer os
meios para sua expressão emocional e para a tomada de
decisões. Praticamente toda interação de comunicação que
ocorre dentro de um grupo ou organização exerce uma ou mais
destas quatro funções.

Comunicação Eficaz

Veja a seguir algumas considerações necessárias para uma


COMUNICAÇÃO EFICAZ:
- Identificação do Público alvo: é importante considerar
Fonte: Kotler e Keller, 2012. o nível social, a que grupo que pertence de atitudes, religiões e
crenças desse público.
Em suma, a comunicação é um processo pelo qual a - Elaborar a mensagem: verificar estrutura, formato e o
informação é codificada e transmitida por um emissor a um próprio texto.
receptor por meio de um canal. A comunicação é, portanto, - Determinar os objetivos da comunicação: o que deseja
um processo pelo qual nós atribuímos e transmitimos comunicar e para qual tipo de público.
significado a uma tentativa de criar entendimento - Selecionar os meios de comunicação: cada meio traz
compartilhado. um benefício diferente e com velocidade dos resultados
Alguns exemplos de comunicação feita por um Emissor diferentes e com custo diferenciado que deve ser considerado
dentro de uma organização. no que busca com o resultado a ser atingido. Ela poderá ser
- Divulgar para os funcionários a festa de confraternização pessoal ou por meio de propaganda por meio de mídias.
de final de ano; - Medir e avaliar o resultado do sistema de
- Convidar os funcionários para a festa; comunicação: deverá avaliar o resultado atingindo no projeto
- Divulgar as restrições que poderá exigir essa elaborado nos sentido de custos, em melhoria para a empresa
confraternização; e as considerações para melhorar a propaganda ou o projeto
- Informar os funcionários dos brindes e brincadeiras; de comunicação.
- Agradecer antecipadamente pelo ano que se encerrou e a
presença dos funcionários; Tipos de Comunicação
- Entre várias outras mensagens.
Comunicação Formal
Funções da Comunicação A comunicação formal é a comunicação que ocorre por
meio dos canais de comunicação formalmente existentes no
A comunicação tem quatro funções básicas dentro de um organograma da empresa, derivada da alta administração. A
grupo ou de uma organização: mensagem é transmitida e recebida pelos canais formalmente
estabelecidos pela empresa na sua estrutura organizacional. É
1. Controlar o comportamento: as organizações o tipo de comunicação oficial, seja ela interna ou externa,
possuem hierarquias e orientações formais que devem ser sendo quase toda feita por escrito e devidamente registrada
seguidas pelos funcionários. através de correspondências ou formulários. Podemos
A comunicação informal também controla o exemplificar os comunicados gerais da empresa, postados em
comportamento. Quando um grupo de trabalho hostiliza ou quadros ou murais com essa finalidade.
reclama com um membro que está produzindo demais (e,
assim, fazendo comunicando informalmente e controlando o Comunicação Informal124
comportamento do colega. Existe também um sistema informal: a rede de rumores.
Embora seja informal, isto não significa que não seja uma
2. Melhorar a motivação dos funcionários: esclarece aos importante fonte de informações.
funcionários o que deve ser feito, qual a qualidade do seu A comunicação informal é aquela que surge
desempenho e o que fazer para melhorá-lo. O estabelecimento espontaneamente através da estrutura informal e fora dos
de metas específicas, o feedback do progresso em relação a canais de comunicação oficiais estabelecidos pelo
elas e o reforço do comportamento desejável estimulam a organograma, abordando todo tipo de relação social entre os
motivação e requerem comunicação. colaboradores. É a forma pela qual os funcionários obtém mais
informações, isto é, por meio de boatos rumores e conversas.
3. Fornecer o meio para a expressão emocional: para De maneira geral, a comunicação informal aborda
muitos funcionários, seu grupo de trabalho é sua fonte mensagens que podem ou não ter relação com as atividades de
primária de interação social. A comunicação que ocorre dentro uma organização. Por meio desta comunicação pode-se obter
do grupo é um mecanismo fundamental para que seus mais rapidamente a mensuração de opiniões e insatisfações
membros expressem suas frustrações ou sentimentos de dos colaboradores, do clima organizacional e da reação das
satisfação. pessoas aos processos de mudança.

124 WATANABE. C, Comunicação Formal e Informal. 2009.

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Características da rede de rumores (comunicação informal): Vertical: realizado entre níveis diferentes, mas da mesma
- Informal, sem controle da administração; área.
- É tida pela maioria dos funcionários como mais confiável
e fidedigna do que os comunicados formais;
- É largamente utilizada para servir aos interesses pessoais
dos que a integram;

Os segredos e a competitividade que fazem parte da vida


na organização — em torno de temas como a nomeação de
novos chefes, a redistribuição das salas ou o realinhamento das
atribuições de tarefas — criam as condições que estimulam e
sustentam a rede de rumores.
Os executivos podem eliminar os rumores? Não! O que eles
podem fazer, entretanto, é minimizar as consequências
negativas dos rumores, limitando sua abrangência e seu O feedback ajuda a comunicação, pois funciona como um
impacto. mecanismo corretivo para o indivíduo que quer aprender a ver
se o seu comportamento condiz com as suas intenções, ou seja,
Comunicação Interna compreender melhor as lacunas na sua comunicação com os
É comumente entendida como um processo de trocas entre outros.
os colaboradores de uma organização, envolvendo toda a
equipe no processo comunicativo e pulverizando os conteúdos Comunicação Externa
informativos, seja de forma vertical e horizontal. Ao contrário da comunicação interna, que visa integrar a
A comunicação interna é uma ferramenta fundamental equipe, a externa visa levar a organização ao conhecimento
para as organizações no que se refere à obtenção de excelentes público, a ser vista e reconhecida como tal. Essa comunicação
resultados como: aumento de produtividade e ganho financeiro. se dá muitas vezes por meio do trabalho de assessoria de
Porém, quando há falhas ou barreiras na comunicação interna, imprensa. A comunicação externa é importante para a
ocorrem vários transtornos que podem levar a organização ao visibilidade de qualquer organização.
descrédito, ou até mesmo ao fracasso.
A comunicação quando mal feita ou feita de forma Dentre os objetivos da comunicação externa, podemos
insatisfatória gera ruído, insegurança, desmotivação e falta de destacar:
comprometimento dos clientes internos. O importante é que - A construção da imagem institucional da empresa;
muitas vezes essa comunicação precisa ser levada a sério, mas - Atender às exigências dos consumidores mais
antes disso precisa se mostrar estratégica para os gestores. conscientes de seus direitos;
Sendo assim, a função básica da comunicação é tornar - A adequação dos trabalhadores ao aumento da
comum os planos, as metas e os objetivos estabelecidos desde competição no mercado;
os mais altos cargos da empresa até o “chão de fábrica”. A ideia - A defesa dos interesses junto ao governo e aos políticos
é a de envolver os funcionários, pois a comunicação interna (lobby);
promove a interação e integração das pessoas, departamentos - O encaminhamento de questões sindicais e relacionadas
e áreas, para que todos caminhem na mesma direção, em busca à preservação do meio ambiente etc.
do mesmo alvo.
É muito importante que se associe ao nome da empresa aos
Níveis de Interação benefícios que a sociedade tem tido por meio das atividades da
As comunicações podem acontecer por meio dos seguintes organização e de seu cuidado e preocupação com a
fluxos: coletividade, meio ambiente etc. Ou seja, não basta ter bons
produtos e prejudicar a sociedade. É necessário beneficiar a
Horizontal: realizado entre unidades organizacionais população.
diferentes, mas do mesmo nível hierárquico.
Comunicação Integrada
A comunicação integrada vai além. Pressupõe não apenas
um diálogo produtivo, mas um planejamento conjunto. O
processo de tomada de decisões deve incluir outras instâncias
da organização que não as vinculadas especificamente à
comunicação/marketing. Deve ser compartilhado, ainda que
Diagonal ou transversal: realizado entre unidades haja um chefe, um superintendente ou diretor geral a que
organizacionais e níveis diferentes. todos se reportam.
O resultado da comunicação integrada é uma imagem
institucionalizada bem mais alinhada e mais global,
evidenciando cada setor da corporação, suas atividades e
especificidades. E, ainda que seja algo novo no mercado, esta
não é apenas uma opção, mas uma necessidade e um
diferencial em uma organização, isto é, uma tendência que
aponta para o futuro.

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Barreiras na Comunicação125 - Motivar o receptor “prendendo” sua atenção no momento


da transmissão da mensagem de modo a apelar para seus
As pesquisas indicam que as falhas de comunicação são interesses ou necessidades;
as fontes mais frequentemente citadas de conflitos - Discutir as diferenças dos padrões de referência de forma
interpessoais. Como as pessoas passam cerca de 70 por cento a saber e entender que as pessoas têm paradigmas diferentes
de suas horas se comunicando — escrevendo, lendo, falando, que interferem no modo como elas interpretam os
escutando, parece razoável afirmar que uma das principais acontecimentos;
forças que podem impedir o bom desempenho de um grupo é - Transformar a comunicação informal numa aliada e fazer
a falta de uma comunicação eficaz. com que encontros casuais dentro da organização se
transforme num canal positivo, além de aproximar a direção
As barreiras na comunicação podem estar presentes em de sua equipe de trabalho; comunicar os sentimentos
todo e em qualquer processo de comunicação. Pode-se dizer implícitos nos fatos, o que proporciona maior força e convicção
que é mais provável que ocorra interferência quando a à mensagem;
mensagem é complexa, provoca emoções ou se choca com o - Tomar cuidado com o comportamento não-verbal, dar o
estado mental do receptor. Dessa forma, faz-se necessário feedback de maneira a fazer perguntas, encorajando o receptor
descrever, de modo sucinto, alguns aspectos que interferem: a demonstrar suas reações, sendo fundamental também ouvir
para saber se a mensagem foi realmente entendida, ou melhor,
- Semântica: está relacionado ao significado diferente que se o transmissor da mensagem fez-se entender (LOPES, 2004).
as pessoas vinculam às palavras, nesta situação, é provável que
um sujeito atribua um significado errado a uma palavra ou a Portanto, para obter melhores resultados no processo da
uma comunicação não-verbal. comunicação é necessário saber ouvir, falar, ter habilidade
para transmitir uma mensagem utilizando linguagem
- Filtragem da informação negativa: ocorre adequada, e possuir também habilidade de leitura e
principalmente de baixo para cima e tende a filtrar os efeitos compreensão.
negativos para não desagradar aos superiores. Além disso, a A comunicação eficiente é muito mais do que o emprego de
filtragem ocorre quando há um histórico de punições por parte uma mesma linguagem, uma vez que envolve identificação,
da gerência executiva com os portadores de más notícias e reconhecimento e respeito às diferenças entre indivíduos no
também quando uma mensagem é passada por várias pessoas, que se refere aos modos de pensar, sentir e agir.
causando perda de informações e distorções da mensagem Por meio do processo de comunicação organizacional é
original. possível encorajar ideias, diálogos, parcerias, mudanças e
envolvimento emocional, pois as relações interpessoais são a
- Credibilidade do transmissor: é um dos elementos alma da empresa, capazes de gerar um maior
fundamentais para uma liderança eficaz. Quanto mais comprometimento de todos, para melhores índices de
confiável for a fonte ou transmissor, maior será aceitação da qualidade e produtividade.
mensagem.
Uso Construtivo
- Sinais misturados: estão intimamente associados à
postura do gestor e àquilo que ele enuncia, ou seja, é A comunicação tem de ser canalizada para o lado
necessário apresentar coerência entre o que ele fala e como se construtivo, ajudando as organizações a buscar respostas
comporta. muito mais rápidas para as inquietudes ambientais e
facilitando o convívio e a gestão das pessoas com vistas em
- Diferentes estruturas de referência: envolve pontos de uma administração participativa e mais efetiva em seus
vista e perspectivas baseadas em experiências passadas. resultados.
As empresas visando acrescentar seus lucros utilizam a
- Julgamento de valor: é fazer julgamentos antes de comunicação para aumentar consideravelmente suas vendas
receber a mensagem completamente. Um julgamento seja de produtos ou serviços. E conseguem não somente
apressado induz a pessoa a ouvir apenas a parte que lhe aumentar, mas também melhora a sua marca. Há uma frase
interessa. É possível que um precipitado julgamento de valor que é de grande importância que diz (a propaganda é a alma
leve o indivíduo a imediatamente desconsiderar a mensagem, do negócio). Por tanto a comunicação é muito importante em
mesmo após tê-la ouvido em sua totalidade. vários setores, em outros níveis de comunicação nos
informamos sobre tempo, notícias, sobre o que acontece ao
- Sobrecarga de comunicação: refere-se à questão que os nosso redor e na empresa é importante ter uma boa
funcionários precisam receber informações para comunicação até mesmo para informar a seus funcionários
desempenhar os seus trabalhos e a barreira é quando não se sobre seus benefícios familiares, feriados entre outras
passa a informação necessária para execução da tarefa ou se comunicações126.
passa informação demais, ocasionando uma sobrecarga de
informação em que os funcionários não conseguem absorver Questões
tudo. Aqui cabe ressaltar que a comunicação eletrônica
contribui para o problema do excesso de informação, à medida 01. (IF/TO - Professor Administração - IF/TO)
que facilita as transmissões de informações e também devido Comunicação é considerada uma ferramenta essencial no
a sua velocidade e alcance. processo de administração que envolve duas vias que contêm
elementos interligados. São eles:
Para superar todas estas barreiras deve-se: (A) fonte; distorção; redes de comunicação; barreiras;
- Esclarecer as ideias antes de comunicá-las, o que evita receptor.
distorções na semântica; (B) fonte; redes de comunicação; filtragem; decodificação;
receptor.
(C) fonte; seletividade; linguagem; expressões; receptor.

125 LOPES, Fabiana Mendonça. Aspectos sociológicos do comportamento estudo de caso nas empresas do grupo Fortes de Serviço. Trabalho de Conclusão de
organizacional com foco nos processos de liderança, motivação, comunicação: um Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará, 2004.
126 http://juliobattisti.com.br/tutoriais/lucineiagomes/som007.asp

Atualidades e Convivência Social 142


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(D) fonte; contato visual; filtragem; seletividade; receptor. 05. (FUNPRESP-EXE - Analista - CESPE) A respeito dos
(E) fonte; codificação; canal; decodificação; receptor. processos de comunicação, descentralização e delegação
concernentes à liderança administrativa, julgue o item
02. (IF/CE - Administrador - IF/CE) A comunicação seguinte.
parece ser aparentemente um processo muito simples, porque Um líder que se comunica de maneira clara e fluente
as pessoas se comunicam entre si, sem fazer qualquer esforço garante a eficácia da comunicação com os receptores da
ou sequer tomar consciência disso. Na realidade, a mensagem, ainda que eles não a compreendam.
comunicação é um processo complexo, e as possibilidades de ( ) Certo ( ) Errado
enviar ou receber mensagens de maneira errada ou distorcida
são numerosas. O processo de comunicação consiste em seis Gabarito
modelos fundamentais. Está explicado incorretamente o
modelo da opção 01.E / 02.B / 03.D / 04.Certo / 05.Errado
(A) fonte é a pessoa, grupo ou organização que deseja
transmitir alguma ideia ou informação através de uma
mensagem. A fonte dá início ao processo, e a mensagem pode
comunicar informação, atitudes, comportamentos, Vida urbana e rural
conhecimento ou alguma emoção ao destinatário. A fonte
codifica a sua ideia – através de palavras, gestos, sinais,
símbolos –, escolhendo os meios adequados para enviar a URBANIZAÇÃO MUNDIAL127
mensagem.
(B) transmissor é o meio ou aparelho que decodifica ou Espaço Geográfico e Urbanização
interpreta a mensagem, para oferecer um significado
percebido. A cidade é a mais impressionante forma de transformação
(C) destino é a pessoa, grupo ou organização que deve do espaço geográfico realizada pelo ser humano. Hoje é muito
receber a mensagem e compartilhar do seu significado. Para difícil imaginar a vida fora da cidade ou mesmo fugir da
confirmar a comunicação, o destino ou destinatário deve influência urbana.
proporcionar retroação ou retroinformação. O processo de urbanização – que atingiu, em níveis
(D) ruído é o termo que indica qualquer distúrbio diferentes, praticamente todos os países do mundo – é um fato
indesejável dentro do processo de comunicação e que afeta a relativamente novo na história da humanidade. Tornou-se um
mensagem enviada pela fonte ao destino. fenômeno mundial a partir da Revolução Industrial, no século
(E) canal é o meio escolhido através do qual a mensagem XIX, e as cidades transformaram-se no principal centro
flui entre a fonte e o destino. É o espaço ou ambiente que produtivo, tecnológico, cultural e de irradiação da
medeia os elementos envolvidos no processo de comunicação. modernidade. As grandes cidades dos países desenvolvidos
concentram os centros de pesquisas e as sedes das
03. (CISMEPAR/PR - Técnico Administrativo - FAUEL) multinacionais, e delas são comandados os fluxos financeiros
Em seu Artigo 5°, a Constituição Federal de 1988 trata da nacionais e internacionais.
liberdade de expressão e do acesso à informação. O artigo 220 Para o geógrafo Milton Santos, “a cidade (principalmente a
afirma que “a manifestação do pensamento, a criação, a grande) é o lugar ideal, porque é o lugar onde todo mundo se
expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou comunica mais do que em outra parte. A cidade grande é o
veículo, não sofrerão qualquer restrição”. Nesse sentido, lugar da sociodiversidade. E quanto mais sociodiversidade,
assinale a alternativa que explica de que forma a comunicação mais riqueza”.
é importante em nossa vida pessoal. É importante observar que a diversidade social e cultural
(A) Ela prejudica a compreensão do mundo ao nosso se enriquece quando a interdependência entre as pessoas não
redor, assim como as nossas relações com a família e os é pautada pela intolerância e pelas grandes desigualdades
amigos. A comunicação atrapalha nossos conhecimentos e sociais.
diminui nossa visão do mundo. De forma contínua e acelerada, o espaço das grandes
(B) Ela ajuda a compreender melhor a visão do outro e a cidades sofre transformações diversas, promovidas por
melhorar nossas relações com a família e os amigos. No aqueles que nela atuam: o poder público, as empresas de
entanto, a comunicação empobrece nosso conhecimento e construção, as imobiliárias e a sociedade civil. As diferenças
diminui nossa visão do mundo. sociais refletem-se nas moradias, na localização dos serviços
(C) Ela atrapalha a compreensão do mundo ao nosso redor públicos e privados e na disputa pela ocupação do solo urbano.
assim como as nossas relações com a família e os amigos. A No Brasil, a desigualdade no espaço urbano é marcada pela
comunicação enriquece nossos conhecimentos e amplia nossa marginalização espacial dos mais pobres, verificando-se
visão do mundo. grandes distâncias da moradia em relação aos diversos
(D) Ela ajuda a compreender melhor a visão do outro e a serviços públicos básicos, aos locais de trabalho, de consumo e
melhorar nossas relações com a família e os amigos. A de lazer. Além disso, a mobilidade da população é dificultada
comunicação enriquece nossos conhecimentos e amplia nossa pela situação precário dos meios de transporte coletivo.
visão do mundo. O contraste na paisagem urbana não pode ser reduzido
apenas à questão da moradia. Os jardins, passeios públicos,
04. (SEDF - Analista de Gestão Educacional - centros culturais, teatros, cinemas, parques, estão situados
Comunicação Social - CESPE) A respeito da comunicação próximos às regiões centrais. A periferia torna-se basicamente
organizacional, julgue o item a seguir. local de moradia; as modalidades de lazer são criadas, muitas
A insuficiência de informações por canais formais é um dos vezes, pela ação da própria comunidade, raramente contando
motivos para a formação de canais informais de comunicação com apoio governamental. O direito ao exercício da cidadania
nas organizações. é podado pela própria configuração espacial das grandes
( ) Certo ( ) Errado cidades.

127 LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. Elian Alabi Lucci; Anselmo

Lazaro Branco; Cláudio Mendonça. 3ª edição. São Paulo: Saraiva, 2015.

Atualidades e Convivência Social 143


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A Urbanização Mundial Apesar de ser um espaço típico da produção industrial, a


A cidade é uma forma organização sócio espacial cidade também centralizou e comercializou a produção do
complexa; seu desenvolvimento depende de infraestrutura campo. As novas oportunidades de trabalho na zona urbana
tecnológica, cultural e administrativa. atraíram pessoas que haviam perdido terras e emprego no
As experiências de cada indivíduo em relação aos diversos campo, com a introdução das novas tecnologias para produção
espaços da cidade resultam de uma série de fatores, incluindo agrícola. Neste novo contexto, a população urbana passou a ter
sua condição sócio econômica. crescimento superior ao da população rural; formaram-se
Os espaços urbanos ou rurais vivenciados por nós acabam grandes aglomerações e novas formas de administração do
tendo um significado especial, pois neles moramos, nos território foram articuladas. A cidade torna-se “poderosa”:
relacionamos com outras pessoas, trocamos experiências, nela se viabilizam, com maior facilidade, as articulações
estudamos, trabalhamos, nos divertimos – enfim, políticas, a organização da produção e o consumo.
desenvolvemos nosso cotidiano. Cada um desses espaços que
vivenciamos concretamente é denominado lugar. O mesmo Urbanização e Crescimento Urbano
lugar pode ter um significado diverso para diferentes pessoas, A urbanização não corresponde ao crescimento das
de grupos sociais distintos. Uma rua, por exemplo: para uma cidades em consequência do crescimento natural ou
pessoa que simplesmente a percorre de carro, é vivida de uma vegetativo da população urbana. Ela ocorre a partir da
forma; para as crianças que nela brincam, é vivida de outra migração rural-urbana, que faz com que a cidade passe a ter
maneira. O vendedor ambulante que trabalha num parque um crescimento maior do que o campo. Quando a população
público percebe esse lugar de modo distinto das pessoas que o urbana e a rural crescem em igual proporção ocorre o
frequentam para lazer. O shopping center pode ser um lugar crescimento urbano.
de compras para os clientes e de trabalho para os funcionários O crescimento populacional das cidades teoricamente não
das lojas. Os exemplos são muitos, e estão relacionados à tem limites, ao contrário do que ocorre com a urbanização, que
questão da cidadania: por direito, podemos usar os espaços corresponde a um aspecto espacial ou territorial proveniente
públicos e temos o dever de lutar para a ampliação, a de modificações sócio econômicas. A Revolução Industrial, por
conservação e o uso democrático desses espaços. exemplo, provocou profundas alterações espaciais e
Num sentido amplo, o pleno exercício da cidadania diz econômicas, acelerando o processo de urbanização: o meio
respeito ao conjunto de direitos e deveres políticos, sociais e urbano cresceu e passou a comandar o meio rural.
econômicos de cada pessoa na sociedade. Assim, votar, eleger-
se, expressar livremente suas ideias, adquirir conhecimento, Urbanismo e Planejamento Urbano
trabalhar, morar, dispor de assistência médica, locomover-se A industrialização e a urbanização tornaram-se um
livremente pelo país, conservar os espaços públicos, fazem fenômeno mundial na segunda metade do século XIX; a partir
parte desse conjunto. de então, o debate sobre os problemas urbanos nos países
industrializados se intensificou. Sobre esses países pairava
Cidade e Cidadania uma constatação: o crescimento econômico conquistado com
Cidade, cidadão e cidadania têm o mesmo radical latino: a industrialização não havia levado à melhoria da qualidade de
civitas, o lugar em que os homens vivem em conglomerados vida da população urbana.
urbanos, tendo certo direitos e deveres mutuamente A miséria e as condições insalubres de moradia do
respeitados. Para Lúcio Costa, o urbanista que desenhou o proletariado urbano constituíam ameaças permanentes de
Plano Piloto de Brasília, a cidade é a “expressão palpável da convulsões sociais e revoltas populares. Nas cidades
necessidade humana de contato, comunicação, organização e industriais europeias do século XIX, um número crescente de
troca – numa determinada circunstância físico-social e num trabalhadores vivia em habitações deterioradas, em locais sem
contexto histórico”. saneamento básico nem serviço de coleta de lixo. Nessa época,
Na versão mais simples da palavra, cidadão refere-se ao os socialistas acreditavam que a insatisfação latente das
habitante da cidade. Na Antiguidade Clássica, o conceito de camadas populares em relação aos problemas sociais levaria à
cidadão tinha como foco principal o direito de participação Revolução Socialista. Diante da situação, o Estado adotou o
política nos negócios da polis (vocabulário grego que significa planejamento urbano para resolver os problemas sociais
cidade). Era o que Benjamin Constant chamava de “liberdade causados pelo desenvolvimento do capitalismo industrial:
antiga”. No século 19, o foco passou a ser a proteção dos procurou reorganizar as cidades para estabelecer uma relação
indivíduos contra o poder arbitrário do Estado, e com isso os mais equilibrada entre o espaço urbano e a sociedade.
direitos civis passaram a predominar sobre os direitos As intervenções urbanas no século XIX, que marcaram a
políticos – era a “liberdade moderna”, também segundo origem do urbanismo, não tiveram objetivos e concepções
Constant. Em seu sentido integral, que é o vigente hoje, a idênticos. Algumas não partiram de uma perspectiva
cidadania inclui os dois focos, o democrático e o liberal, a progressista e reformista, e não tinham a preocupação em
autodeterminação exercida na polis pelo povo soberano e as resolver de fato os problemas da miséria e das grandes
disposições que garantem a segurança e a integridade dos disparidades existentes entre as camadas sociais.
indivíduos. A cidadania é, por um lado, a capacidade de intervir A remodelação de cidades como Viena, Londres, Florença
no Estado e, por outro, o poder de exigir do Estado o respeito e Paris atendeu a problemas comuns: a melhoria sanitária, a
e a plena concretização dos direitos individuais. (FREITAG, criação e preservação de espaços públicos, o alargamento de
Barbara. Correio Brasiliense, 16/06/2002). ruas e avenidas. Mas cada cidade tinha seus aspectos
peculiares e visões distintas de como reorganizar sua
A Cidade e a Revolução Industrial estrutura e o modo de vida urbana.
Um exemplo ilustrativo de intervenção urbana nesse
A cidade surgiu com as primeiras civilizações da período foi o projeto de remodelação de Paris, concretizado
Antiguidade, mas foi a partir da Revolução Industrial, no pelo Prefeito George Eugène Haussmann (1809-1891). A
século XIX, que ocorreu o maior desenvolvimento urbano de abertura de largas avenidas (bulevares) na cidade teve função
toda a história. Desde então, as cidades consolidaram o papel estratégica: conter as convulsões sociais. O sistema viário dos
de comando na economia e sociedade europeias e no bulevares facilitava o rápido deslocamento das tropas de
desenvolvimento capitalista. Assim, grande parte dos estudos cavalaria e artilharia, além de impossibilitar a formação de
de Geografia urbana analisa a industrialização e a urbanização barricadas pelo movimento operário em confrontos com a
com processos que caminham paralelamente. polícia.

Atualidades e Convivência Social 144


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O austríaco Camillo Sitte (1843-1903), um dos percursores A Urbanização Atual


do urbanismo, ressaltava a importância do espaço público
(praças, monumentos e edificações históricas) para a vida do Em 1975, a taxa de urbanização mundial era de apenas
homem urbano. Apontava a influência positiva que o meio 37%. Em 2001, aproximadamente metade da população já
externo poderia trazer ao espírito humano. Suas ideias vivia em áreas urbanas, e calcula-se que essa proporção
humanistas – que precederam o chamado urbanismo atingirá 60% em 2025. A intensidade da urbanização explica-
culturalista – influenciaram vários projetos no mundo inteiro, se principalmente pelo aspecto qualitativo: muitos aspectos da
inclusive nas cidades do Rio de Janeiro, Santos e São Paulo, no vida urbana estenderam-se à vida do campo, como o acesso ao
início do século XX. saneamento básico e à energia elétrica, a presença de hospitais
No Reino Unido, o modelo de planejamento urbano e escolas. As telecomunicações (como TV, rádio, telefone e, em
conhecido como cidades-jardins (Garden cities) marca até hoje alguns casos, até Internet) integram atualmente os habitantes
a paisagem. As habitações foram erguidas com um generoso do campo e da cidade numa mesma rede de informação. Assim,
espaço verde as separando. Esse modelo, adotado também nos os limites territoriais das cidades não são mais os limites do
Estados Unidos, ressaltava a interação do urbano com a modo de vida urbano.
natureza.
As Cidades e a Urbanização no Mundo Desenvolvido
Urbanismo no Século XX No mundo desenvolvido, a população urbana ultrapassa,
em média, os 75%, e em muitos países já se verifica uma
No século XX, o urbanismo utilizou os avanços tecnológicos estabilidade da porcentagem da população urbana em relação
da Segunda Revolução Industrial. O concreto armado, o ferro, ao total da população.
o aço, o alumínio, o vidro e outros materiais foram A partir do final do século XIX, houve nos países
incorporados às obras arquitetônicas e criaram novas desenvolvidos um processo de suburbanização da população
possibilidades de instalações urbanas e de moradia. O de maior poder aquisitivo, que procurava distanciar-se das
arranha-céu gerou o crescimento verticalizado e ampliou o concentrações populacionais e industriais e dos problemas
adensamento populacional. ambientais dos centros urbanos. Esse processo mostrou-se
O urbanismo da primeira metade do século XX foi marcado mais intensa na segunda metade do século XX, graças ao
pelo funcionalismo ou racionalismo, isto é, o planejamento incremento dos meios de transporte e de comunicação; isso
urbano e o projeto arquitetônico passaram a ser vistos com também possibilitou a descentralização das atividades
finalidade funcional (utilitária) e racional (prática). A estética econômicas, que passaram a ocupar a periferia das grandes
devia estar a serviço das necessidades básicas e da vida social cidades e outras de menor tamanho.
do ser humano; as novas conquistas tecnológicas deviam ser Em alguns países, como os Estados Unidos, esse processo
incorporadas na construção dos edifícios e das cidades, em de suburbanização e a expansão das grandes cidades levaram
perfeita harmonia com a vida cotidiana. à ampliação da mancha urbana, caracterizada pela presença de
A sintonia do movimento racionalista com a vida moderna algumas metrópoles e diversas cidades. Formou-se a
e a era da máquina pode ser observada na frase “A casa é uma megalópole: um imenso aglomerado urbano, praticamente
máquina de morar”, expressa pelo arquiteto suíço Le contínuo, com algumas poucas áreas rurais.
Corbusier – o mais famoso urbanista do século XX. Nesse Nos países europeus, o crescimento urbano ocorreu sem
sentido, a moradia deveria ser produzida em série, como os que a mancha urbana preexistente se estendesse de modo
automóveis e outros objetos industriais. significativo. Com exceção de cidades como Paris, Londres,
Le Corbusier também destacava que “a finalidade do Milão e Moscou, as cidades europeias são pouco populosas,
urbanismo não é outra que satisfazer as quatro necessidades apesar de a grande maioria da população habitar em áreas
urbanas de caráter primordial: habitar, trabalhar, recrear o urbanas.
corpo e o espírito e circular”. A partis destes quatro princípios Nas grandes cidades do mundo desenvolvido, a
elementares, defendia “a necessidade de assegurar aos preservação do espaço público e do patrimônio histórico e as
habitantes da cidade alojamentos sãos, minimamente especificações de novas edificações (como localização, altura e
ensolarados (não menos de duas horas diárias) e rodeados de recuo) são criteriosamente regulamentadas e fiscalizadas pelo
espaços verdes. Tais alojamentos deveriam estar governo. Muitas intervenções realizadas nas cidades marcam
convenientemente equipados, tendo ao seu redor os serviços decisivamente determinados períodos e aspectos da paisagem
indispensáveis à satisfação das necessidades cotidianas da urbana.
população urbana”. (LE CORBUSIER. Princípios de urbanismo.
Barcelona, Planeta-Agostin, 1986, p. VI). As Cidades e a Urbanização no Mundo Subdesenvolvido
O exemplo mais importante da influência do urbanismo No mundo subdesenvolvido, grupos de países apresentam
racionalista no Brasil é a cidade de Brasília, projetada no final diferenças no que se refere à urbanização. Os maiores índices
da década de 1950 pelo urbanista Lúcio Costa (projeto da da população urbana nesse conjunto verificam-se na América
cidade – plano-piloto) e pelo arquiteto Oscar Niemeyer Latina: em média, entre 65 e 70 % dos habitantes vivem em
(projeto dos prédios públicos e dos blocos residenciais). O cidades. Os mais baixos ocorrem na África e na Ásia: entre 35
projeto de Brasília acrescentou aos princípios do urbanismo e 40%, em média. Em virtude da intensidade do processo de
moderno aspectos próprios da conjuntura econômica da urbanização nos países subdesenvolvidos, esses índices
época, marcada pela instalação da indústria automobilística no devem aumentaram rapidamente.
país. Além do traçado arrojado de suas ruas e avenidas, da Nesses grupos, as possibilidades econômicas estão
configuração de sua estrutura urbana e de seus edifícios – concentradas nas grandes cidades, que constituem “ilhas” de
adaptados a uma estética funcional e rodeados de áreas verdes progresso. Em alguns países, especialmente da América Latina,
-, Brasília é o grande símbolo do espaço do automóvel. Apesar a população, a renda, os investimentos econômicos e a
das críticas que pesam sobre essa cidade e dos objetivos que participação na pauta de exportações de uma única cidade
nortearam sua construção, ela se transformou num símbolo chegam a atingir cifras correspondeste à metade do total do
mundial do urbanismo racionalista e da arquitetura moderna. país.
O planejamento urbano do século XX não ficou restrito às Em 1950, havia oito aglomerações urbanas com mais de 5
concepções do urbanismo racionalista, mas nenhuma outra milhões de habitantes, e apenas duas se encontravam em
corrente teve a mesma difusão e influência mundiais. países desenvolvidos. Já em 2000, das 37 aglomerações com
esse número de habitantes no mundo, 27 se localizavam em

Atualidades e Convivência Social 145


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países subdesenvolvidos, e várias superavam os 10 milhões de pelo fato de que esses lugares complexos contêm elementos
habitantes. com diversas origens e idades que lhes asseguram o
enriquecimento da variedade e da multiplicidade, o que inclui
Urbanização e Planejamento nos Países a possibilidade de abrigarmos mais diversos tipos de capital,
Subdesenvolvidos trabalho e cultura.
A partir da década de 1950, houve uma ampliação Uma classificação rigorosa levará a incluir entre as
considerável da superfície ocupada pelas cidades nos países metrópoles globais apenas algumas poucas: Nova York, Los
subdesenvolvidos, num ritmo muito mais acentuado do que o Angeles, Tóquio, Londres, Paris..., capazes de exercer um papel
verificado nos países onde a urbanização acontecera há mais de comando efetivo e de regulação sobre o qual se faz nas
tempo. outras cidades e no resto do mundo. Pode-se incluir também
De modo geral, a expansão das cidades nos países nesse rol, ainda que num segundo nível, localidades como São
subdesenvolvidos deu-se praticamente sem orientação ou Paulo, Cidade do México, Johanesburgo, cujo papel reitor
planejamento, agravando o quadro de exclusão social no apenas se impõe a áreas menores e mais delimitadas do
espaço urbano. Na periferia das cidades, vários terrenos e planeta.
loteamentos – a maioria clandestinos e desprovidos de Desse modo, pode-se considerar que as cidades globais são
infraestrutura – foram ocupados pela população mais carente aquelas que dispõem, dos instrumentos de comando da
para estabelecer sua moradia. economia e sociedade em escala mundial (....). (SANTOS, Milton.
Esse fenômeno é comum a várias cidades, apesar das Folha de São Paulo, 13/04/1997, Mais!, p. 5-9).
diferenças existentes na organização espacial e no grau da As Metrópoles
ocupação da superfície de cada uma delas. Na Cidade do As metrópoles são cidades populosas, adaptadas à
México, em Lima e em São Paulo, por exemplo, a expansão da economia globalizada, mas não necessariamente formam uma
superfície construída aconteceu em ritmo mais intenso que o megacidade. Em geral, preservam suas tradições, sua
próprio crescimento da população. arquitetura e seu patrimônio histórico, como é o caso
Apesar do crescimento populacional elevado, em alguns principalmente das cidades europeias. Constituem grandes
períodos não se verificou um aumento na densidade polos de atração de investimentos e estão articuladas com as
demográfica em algumas cidades mais pobres. Isso se deve ao cidades globais – em alguns casos, podem ser classificadas
fato de elas apresentarem uma expansão desordenada e um como tais. No entanto, sua importância e capacidade de
crescimento “horizontalizado”. Esse crescimento horizontal comando geralmente estão restritas ao território nacional.
cria grandes dificuldades para a implantação de infraestrutura Par alguns estudiosos do urbanismo, também deveriam
adequada (como transporte, coleta de lixo e saneamento estar associadas ao conceito de metrópole características
básico) em lugares mais distantes. como direitos humanos e de cidadania (o direito à moradia, à
educação, à saúde, ao emprego, à segurança, etc.), o que
A Rede Hierárquica de Cidades limitaria este conceito a algumas cidades do mundo
desenvolvido.
As cidades estão ligadas entre si por uma estrutura de
transportes e de meios de comunicação, formando uma rede A Metrópole na Visão de um Importante Geógrafo
urbana onde se estabelecem fluxos de mercadorias, pessoas e A ideia de metrópole nos remete a uma outra ideia, a de
informações. As relações nessa rede urbana são hierárquicas, hierarquia. Como na história política dos povos, onde algumas
pois algumas cidades exercem papel de comando, estando no nações comandam as outras, com suas peculiaridades
topo da hierarquia urbana: são as cidades globais e as políticas, econômicas e culturais, as metrópoles também
metrópoles. disporiam do papel de comando em relação ao conjunto de
cidades. As metrópoles seriam as entidades mais altas na
As Cidades Globais hierarquia, em virtude de deterem as melhores condições
As cidades globais são aquelas que concentram a econômicas, sociais, culturais e políticas: daí sua posição de
movimentação financeira, as sedes de grandes empresas ou comando.
escritórios filiais de multinacionais, importantes centros de A história nos fez juntar a ideia de metrópole à ideia de
pesquisas e as principais universidades. São dotadas de tamanho. Mas não seria apenas quantitativo, mas também
infraestrutura necessária para a realização de negócios qualitativo – a grande cidade se torna metrópole por reunir
nacionais e internacionais: aeroportos e portos, bolsa de condições, fruto em parte de seu tamanho e da sua força
valores e sistemas de telecomunicações, além de uma ampla reunida. É por isso que as metrópoles aparecem como lugar
rede de hotéis, centros de convenções e eventos, bancos e onde é possível conviver com a sofisticação. (...). É o que
comércio. Possuem serviços bastante diversificados, como distinguiria as nossas metrópoles das do norte, porque nas
jornais, tetros, cinemas, editoras, agências de publicidade, etc. nossas metrópoles a sofisticação não está ao alcance senão de
uma parte muito pequena da população. Entraríamos,
A Cidade Global portanto, em uma outra forma de distinguir as metrópoles, a
O processo atual de modernização leva a que todos os qual limitaria a definição de São Paulo como metrópole,
lugares se globalizem, graças à difusão generalizada das porque poucas pessoas têm acesso ao que há aqui de
técnicas e da informação. sofisticado, diferentemente de uma cidade como Paris,
Criam-se, assim, lugares globais simples e lugares globais Londres ou Nova York, ou mesmo como Viena, que não é tão
complexos. Esses são, geralmente, as metrópoles, em que um grande. (Santos, Milton. Revista Caramelo. São Paulo, Grêmio da
grande número de variáveis típicas de nossa época se combina. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, 1994, nº 7, p. 62).
Mas as metrópoles se caracterizam não apenas por esse
lado moderno de sua realidade atual, mas também pelo fato de Questões
que guardam numerosos aspectos herdados de épocas 01. (SEDF – Estudantes Universitários – CESPE) Com
anteriores, em virtude da resistência da paisagem relação à geografia urbana no Brasil, julgue o item que se
metropolitana às mudanças gerais. É um equívoco considerar seguem.
as metrópoles como se fossem inteiramente modernizadas e Os fatores que propiciam o crescimento populacional no
globalizadas. Aliás, o seu cosmopolitismo (qualidade do que é interior do Brasil incluem a atração de indústrias para as
cosmopolita – que apresenta características sociais, cidades de médio porte.
econômicas e culturais de vários países), apenas é garantido (....) Certo (....) Errado

Atualidades e Convivência Social 146


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02. (SEDF – Estudantes Universitários – CESPE) Com aumento da produtividade. Esse desenvolvimento tecnológico
relação à geografia urbana no Brasil, julgue o item que se aplicado à agricultura ficou conhecido como Revolução
seguem. Agrícola.
O processo de industrialização foi o fator responsável pelo Esse aumento de produtividade foi necessário em
desenvolvimento das cidades brasileiras, cujos territórios se decorrência do aumento da população em geral, da elevação
transformaram devido ao aumento da atividade produtiva no percentual da população urbana (cujas atividades de
campo. subsistência eram limitadas a alguns gêneros apenas) e da
(....) Certo (....) Errado diminuição proporcional da população rural, responsável pela
produção agrícola. As bases técnicas da Revolução Agrícola
03. (IBGE – Tecnologista/Geografia – FGV) Na foram propiciadas pelas indústrias consumidoras de matérias-
organização do espaço urbano brasileiro na primas ou fornecedoras de insumos para a agricultura
contemporaneidade, observa-se uma expansão impulsionada (máquinas e fertilizantes, por exemplo).
por duas lógicas, a da localização dos empregos nos núcleos Os períodos de expansão colonial constituíram fases
das aglomerações e a da localização das moradias nas áreas importantes da expansão agrícola. Tanto nas terras
periféricas. A incorporação de novas áreas residenciais, o conquistadas pelos europeus na América, desde o século XVI,
aumento da mobilidade e a oferta de transporte eficiente quanto naquelas tomadas durante a expansão imperialista na
favorecem a formação de arranjos populacionais de diferentes África e na Ásia, no século XIX, os colonizadores implantaram
magnitudes que aglutinam diferentes unidades espaciais. um sistema agrícola para a produção de gêneros alimentícios
Adaptado de: IBGE. Arranjos populacionais e concentrações e de matérias-primas voltado ao abastecimento do mercado
urbanas no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. O Instituto europeu. Esse sistema ficou conhecido como plantation e era
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 294 baseado na produção monocultora de gêneros tropicais para
arranjos populacionais no País, formados por 938 municípios fins de exportação, praticada em grandes propriedades
e que representam 55,9% da população residente no Brasil em (latifúndios), com mão-de-obra barata (ou escrava).
2010. Após a Segunda Guerra Mundial, com o processo de
Os critérios utilizados na identificação dos arranjos descolonização em marcha, os países desenvolvidos criaram
populacionais empregam a noção de integração, medida: uma estratégia de elevação da produção agrícola mundial: a
(A) pelos movimentos pendulares para trabalho e estudo Revolução Verde. Concebida nos Estados Unidos, objetivava
e/ou pela contiguidade urbana; combater a fome e a miséria nos países subdesenvolvidos, por
(B) pelas funções urbanas e/ou pelo rendimento dos meio da introdução de um “pacote tecnológico”, contendo:
responsáveis por domicílio; novas técnicas de cultivo; equipamentos para mecanização;
(C) pelos fluxos telefônicos e/ou pelas unidades locais das fertilizantes; defensivos agrícolas e sementes selecionadas.
empresas de serviços à produção; No entanto, essas sementes selecionadas, produzidas nos
(D) pela densidade demográfica e/ou pela estrutura da laboratórios dos países desenvolvidos, não eram
População Economicamente Ativa; geneticamente capazes de enfrentar as condições climáticas
(E) pelo tamanho populacional e/ou pelo fluxo de bens, típicas da região dos trópicos (clima muito quente), algumas
mercadorias, informações e capitais. doenças e certas espécies de insetos. A solução consistia na
utilização de adubos, defensivos e fertilizantes, também
Gabarito importados dos países que haviam subvencionado essas novas
formas de cultivo, aumentando a dependência dos países
01.Certo / 02.Errado / 03.A subdesenvolvidos em relação aos países desenvolvidos.
Nos países subdesenvolvidos, a Revolução Verde
AGRICULTURA MUNDIAL128 aumentou a distância entre os grandes agricultores, que
tiveram acesso ao “pacote tecnológico”, e os pequenos
Políticas Agrícolas no Mundo Desenvolvido agricultores, que não tiveram condições de competir com os
novos parâmetros de produtividade. O aumento da produção
A agricultura é uma das atividades básicas da humanidade abaixou o preço dos produtos agrícolas a valores inviáveis
e provavelmente foi responsável pela primeira grande para os pequenos agricultores.
transformação no espaço geográfico. Surgiu há cerca de 12 mil Essas novas circunstâncias de mercado criadas pela
anos, no período Neolítico, quando as comunidades primitivas Revolução Verde contribuíram para o abandono e/ou a venda
passaram de um modo de vida nômade, baseado na caça e na de pequenas propriedades, que foram sendo incorporadas
coleta de alimentos, para um modo de vida sedentário, pelos grandes latifúndios. Nesse sentido, apesar de a
viabilizado pelo cultivo de plantas e pela domesticação de Revolução Verde ter contribuído para um aumento
animais. significativo da produção de alimentos no planeta,
Inicialmente foi praticada às margens de grandes rios, acentuaram-se ainda mais os problemas da concentração de
como o Tigre e o Eufrates (antiga Mesopotâmia, atual Iraque), propriedade agrícola em vários países do mundo, como Índia,
o Nilo (no Egito), o Yang-tse-kiang (na China), o Ganges e o Paquistão, Indonésia e Brasil.
Indo (na Índia). Foi justamente nessas áreas que se
desenvolveram as primeiras grandes civilizações. A Biotecnologia e a Nova Revolução Agrícola
Com a evolução da agricultura começou a haver excedente A biotecnologia é o conjunto de tecnologias aplicadas à
de produção, o que possibilitou o desenvolvimento do Biologia, utilizadas para manipular geneticamente plantas,
comércio, inicialmente baseado na troca de produtos. Nos animais e micro-organismos por meio de seleção, cruzamentos
locais onde ocorriam as trocas, surgiram várias cidades. naturais e transformações no código genético. Ela teve grande
desenvolvimento nas décadas de 1970 e 1980, mas vem sendo
Da Revolução Agrícola à Revolução Verde estudada e aplicada desde os anos 1950, em vários países do
Graças à Revolução Industrial, evoluíram as técnicas mundo. A própria Revolução Verde, que criou semente
agrícolas, o que possibilitou aumento da produção sem a híbridas, foi uma das detonadoras da biotecnologia. Embora,
necessidade de ampliar a área de cultivo, com base apenas no em boa parte, ela se associe à atividade agrícola, tem

128 LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. Elian Alabi Lucci; Anselmo

Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. 3ª edição. São Paulo: Saraiva, 2014.

Atualidades e Convivência Social 147


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aplicabilidade também em outros setores. As suas atividades solo por causa do uso intensivo de irrigação – têm forçado as
estão ligadas à clonagem, à indústria farmacêutica (na pessoas envolvidas no processo de produção agropecuária a
manipulação de novas fórmulas de medicamentos, por representarem os métodos utilizados. A agricultura orgânica
exemplo), à fabricação de plásticos biodegradáveis e de é, desse modo, uma prática que pode contribuir para a redução
conservantes de alimentos e a outras aplicações ainda em fase dos danos causados aos ecossistemas, muitos deles já bastante
de desenvolvimento. afetados pela aplicação das técnicas próprias da agricultura
Uma das aplicações modernas da biotecnologia consiste na moderna, que contribuem para a degradação dos solos, a
alteração da composição genética dos seres vivos, quando se poluição dos lençóis freáticos, córregos e rios, a destruição de
inserem, por exemplo, genes de outros organismos vivos no espécies vegetais e animais.
DNA (sigla em inglês para ácido desoxirribonucleico) dos Os consumidores deste início do século XXI, por sua vez,
vegetais. Por esse processo pode-se alterar o tamanho das estão cada vez mais conscientes em relação aos problemas
plantas, retardar a deterioração dos produtos agrícolas após a ecológicos e muitos têm optado por produtos naturais, que
colheita ou torna-los mais resistentes às pragas, aos herbicidas apresentam a desvantagem de serem mais caros que os
e aos pesticidas durante a fase do plantio, assim como tradicionais, além de, n ocaso de frutas, verduras e legumes,
possibilitar maior adequação dos vegetais aos diferentes tipos terem menor volume.
de solos e climas. Os vegetais derivados da alteração genética
são chamados de transgênicos. Política Agrícola e Mercado no Mundo Desenvolvido
Nos produtos agrícolas criados através da engenharia
genética, os traços genéticos naturais indesejáveis podem ser A política agrícola da maior parte dos países ainda não se
eliminados, e outros implantados artificialmente para adaptou à economia globalizada e à liberalização da economia
aprimorar a sua qualidade. mundial. De um lado, os países subdesenvolvidos não dispõem
A biotecnologia utilizada para estimular o aumento da de recursos financeiros volumosos para subvencionar seus
produtividade na agropecuária tem sido aplicada já há algum agricultores. De outro, os países desenvolvidos, como Japão,
tempo e a avaliação dos resultados é bastante controvertida. Estados Unidos e integrantes da União Europeia, mantêm uma
Na pecuária, são utilizadas injeções de hormônios para política agrícola com subsídios aos agricultores e
aumentar a capacidade reprodutiva, o crescimento e o peso protecionismo de mercado.
dos animais. O uso de anabolizantes é outra técnica bastante Entre os temas mais polêmicos na OMC (Organização
utilizada na atividade criatória, inclusive no Brasil: eles Mundial do Comércio) estão as queixas dos países
permitem maior absorção dos nutrientes pelo organismo do subdesenvolvidos, que pedem redução dos subsídios para a
animal, promovendo uma elevação substancial da massa, que produção agrícola e o fim da proteção dos mercados internos
pode atingir até 20% em relação ao processo de criação (os países protecionistas impõem tarifas elevadas às
natural. Os efeitos desses produtos alimentícios para a saúde importações de alimentos e matérias-primas de origem
humana estão sendo estudados. agropecuária).
Na agricultura, também há muitas controvérsias sobre os Essa elevada taxação, reforçada por uma redução nas cotas
possíveis danos dos vegetais transgênicos não só para a saúde de importação por parte dos três principais centros da
das pessoas, mas também para os ecossistemas. De modo economia mundial (EUA, Japão e União Europeia), agrava
geral, os crítico ao uso dos organismos geneticamente ainda mais os problemas econômicos e sociais dos países que
modificados (OGMs) apontam para a necessidade de se fazer dependem da exportação agrícola e dificulta as importações de
testes mais amplos e específicos, ou seja, para cada produto produtos fundamentais ao seu desenvolvimento, como
transgênico. máquinas, equipamentos industriais e implementos agrícolas.
Além disso, as novas variedades genéticas são produzidas Do ponto de vista do consumidor que vive nos países
por grandes corporações multinacionais. desenvolvidos, as políticas agrícolas têm sido duplamente
Essas novas variedades só podem ser utilizadas mediante prejudicais. Primeiro, porque os recursos (subsídios)
o uso das patentes e do pacote tecnológico necessário à sua destinados aos agricultores são pagos indiretamente por todos
produção. Com isso, é reduzida a quantidade de beneficiados os contribuintes. Segundo, porque as altas tarifas para as
por essa tecnologia, além de acentuar a dependência importações elevam também o preço pago pelos
tecnológica dos países subdesenvolvido em relação aos consumidores no mercado interno desses países. Essa situação
desenvolvidos. não pode ser generalizada, mas ela atinge a maioria da
Além disso, a biotecnologia não está totalmente isenta de população que vive nos países desenvolvidos.
danos generalizados na produção de alimentos. Com ela, Por fim, é preciso ressaltar também que os países
haverá uma homogeneidade cada vez maior das espécies subdesenvolvidos, de modo geral, exportam, principalmente,
cultivadas, pois os agricultores optarão pela plantação das gêneros que não são de primeira necessidade, ocorrendo o
mais produtivas e mais resistentes. oposto em relação aos países desenvolvidos. Costuma-se
Nos últimos tempos, o desafio da engenharia genética tem afirmar, com base nisso, que os países subdesenvolvidos
sido a criação de produtos sintéticos em laboratórios. O exportam a “sobremesa”, enquanto os desenvolvidos, “o prato
impacto desses produtos deverá ser ainda mais intenso que principal”.
aquele provocado pela introdução de novas tecnologias nos
setores industriais e de serviços. O Espaço Agrário no Mundo Subdesenvolvido

A Agricultura Orgânica As Atividades Agrícolas no Mundo Subdesenvolvido


Ao mesmo tempo em que a engenharia genética enfrenta Os países subdesenvolvidos já foram caracterizados como
desafios e a biotecnologia avança a passos largos, a prática da exportadores de produtos agrícolas e de matérias-primas.
agricultura orgânica ganha muitos adeptos não só nos países Apesar de tal caracterização continuar válida para a maioria
desenvolvidos, sobretudo europeus, mas também em vários dos países desse grupo, são os países desenvolvidos que
países subdesenvolvidos, com a utilização de métodos respondem pelo maior volume da produção e exportação de
naturais para correção do solo e controle de pragas, por produtos agrícolas.
exemplo. Nos países desenvolvidos, a modernização da produção e
Vários problemas – como carne bovina contaminada os enormes incentivos destinados à atividade agrícola têm
(“doença da vaca louca”, na Europa), verduras com excessos de gerado cada vez mais excedentes, colocando-os na liderança
agrotóxicos, águas poluídas por pesticidas, esgotamento do mundial das exportações do setor. Além disso, as políticas

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protecionistas de seus mercados dificultam o acesso da do século XX, tem se organizado contra a exclusão social e pela
produção agrícola dos países subdesenvolvidos. reforma agrária.
Desde a década de 1950, a participação dos produtos
agrícolas no mercado mundial vem diminuindo Estrutura Fundiária nos Países Subdesenvolvidos
gradativamente. Em parte, isso se deve à expansão odo Do ponto de vista econômico, a produção de cana, soja,
comércio mundial de mercadorias e à diversificação dos café, cacau, algodão e outros produtos típicos da agricultura
produtos negociados internacionalmente, sobretudo nas dos trópicos não se adapta à pequena propriedade. Essas
últimas décadas com a consolidação da globalização. culturas exigem solo, clima e relevo adequados e grandes
Para defender seus produtores, os países desenvolvidos extensões cultivadas para que o empreendimento seja
utilizam subsídios e aplicam elevadas tarifas de importação rentável e competitivo. A concentração fundiária, explicada
aos produtos agrícolas, contrariando as regras da OMC pelo passado colonial, ganhou um retoque de modernidade
(Organização Mundial do Comércio). Mas barreiras não- com a Revolução Verde e a mecanização rural.
tarifárias, como barreiras zoossanitárias e fitossanitárias, são A Revolução Verde exclui ainda mais os pequenos
aplicadas também, de forma indiscriminada e não raro proprietários, incapacitados financeiramente para adquirir a
injustificada (apesar de estar de acordo com as normas da parafernália tecnológica que ela trouxe consigo: herbicidas,
OMC), prejudicando as exportações do mundo pesticidas, adubos químicos, máquinas e outros implementos
subdesenvolvido que já são afetadas pelas barreiras tarifárias agrícolas. Ela também não incentivou a agricultura voltada
e pelas cotas de importação. para o mercado interno, que não gera dividas no Comércio
Entre 1950 e 1973, a produção mundial de cereais Exterior. Na maior parte dos países subdesenvolvidos do
duplicou, fazendo cair os preços no mercado internacional. A planeta, o desenvolvimento tecnológico da Revolução Verde
partir de 1973, o crescimento da produção de cereais passou a resultou em concentração fundiária e marginalização do
atingir a média de 2% ao ano, índice inferior ao crescimento trabalhador rural.
da população mundial. No continente africano, por exemplo, Não foi por acaso que várias rebeliões e revoluções
onde a população tem sido bastante afetada por problemas de populares nas últimas duas décadas do século XX tiveram
subnutrição, o crescimento populacional ultrapassa a média como lema a reforma agrária. A necessidade de reformas na
de 2,5% a.a. (ao ano), enquanto o aumento da produção de estrutura de produção agrícola e de redistribuição da
cereais gira em torno de 1% a.a. e até decresce em vários propriedade rural são aspectos que precisam ser atendidos
países. simultaneamente e são urgentes nos países subdesenvolvidos.
A defasagem entre a produção de alimentos básicos e o
crescimento demográfico aumentou o déficit alimentar em A Reforma Agrária consiste na adoção de medidas para
vários países do mundo, em particular na África subsaariana melhorar a distribuição da terra, promovendo a justiça social,
(países que se situam ao sul do deserto do Saara). Essa criando condições de melhoria de vida do trabalhador rural,
situação tem se agravado com o fato de que boa parte da elevando a produção e a produtividade agropastoris. A
produção agrícola dos países subdesenvolvidos é destinada à redistribuição das terras é apenas uma parte do processo de
exportação. Os produtos agrícolas (e também os minerais) reforma agrária, que deve incluir apoio técnico, infraestrutura
constituem a fonte de divisa básica dessa parte do mundo, sem adequada à produção, sistema de armazenamento e transporte,
as quais as importações tornam-se inviáveis. garantia de preços mínimos, crédito ao pequeno agricultor,
orientação para a criação de cooperativas e de pequenas
A Questão Agrária na América Latina agroindústrias, entre outros aspectos.
A questão agrária é um problema grave que afeta
historicamente a população da maioria dos países latino- A reforma agrária é um processo mais amplo que a simples
americanos. A colonização da América Latina foi baseada na redistribuição de terras. Criar as condições para que o
exploração mineral e na produção agrícola de produtos de trabalhador rural torne-se proprietário e possa produzir sua
exportação, praticada em latifúndios monocultores e com própria subsistência é apenas o primeiro passo de um
utilização de trabalho escravo. Esse modelo agrícola é conjunto de medidas que incluem assessoria técnica e
denominado plantation. Após o processo de independência administrativa, inclusive um sistema de crédito especial. Cabe
latino-americana, no século XIX, a oligarquia rural ao Estado, enfim, estimular e garantir a produção agrícola dos
escravocrata manteve o modelo colonizador. pequenos agricultores e criar os mecanismos necessários para
Atualmente, a produção agropecuária ainda é praticada em coloca-los no mercado. Aliás, muito mais que isso já foi e é feito
grandes propriedades e concentra os investimentos em para os grandes proprietários e para as empresas rurais,
produtos com ampla aceitação e competitividade no mercado mediante mecanismos de crédito a juros mais baixos, outros
internacional. subsídios e medidas protecionistas.
Em vários países da América Latina, mais da metade dos
pobres e miseráveis habitam áreas rurais. São milhões de Reforma Agrária e Geração de Renda
trabalhadores sem terras e sem trabalho, que possuem alguma Além dos conflitos e das convulsões sociais constantes, a
forma de renda apenas nas épocas de plantio e colheita, como concentração da propriedade da terra é responsável por uma
mão-de-obra contratada. É o caso do México, dos países da variedade de relações de trabalho no meio rural. O
América Central (Honduras, Guatemala, Nicarágua, entre arrendamento (aluguel) e a parceria (pagamento em espécie
outros), dos países andinos (Peru e Colômbia, entre outros), e pelo uso da terra em cotas estipuladas entre o parceiro e o
do Paraguai. Também é o caso do Brasil, embora aqui exista a proprietário), para citar duas modalidades bastante
particularidade de os pobres das cidades superarem difundidas, obrigam o agricultor a dividir o resultado de seu
numericamente os pobres das áreas rurais. trabalho com o proprietário da terra.
Em contraste com essa situação, na maioria desses países Essas formas de relações de trabalho no mundo
há abundância de terras, dominadas por grandes fazendas subdesenvolvido tornam pouco estimulante e
comerciais que são responsáveis pelo maior volume de economicamente inviável o investimento em aprimoramento
produção agrícola. técnico, visando à melhoria da qualidade e da produtividade
Os países andinos formam um grupo de seis países sul- agrícola, para aqueles que de fato trabalham a terra.
americanos situados onde se estende a cordilheira dos Andes: Assim, a reforma agrária também deve ser vista como
Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. A maioria geradora de ocupação de mão-de-obra nos países
da população é de origem indígena e, desde as últimas décadas subdesenvolvidos, principalmente naqueles que apresentam

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um percentual significativo da população economicamente


ativa no setor primário. Além de geradora de emprego e de
renda, que dinamiza o restante da economia, a reforma agrária Violência e drogas
constitui a única forma possível de diminuir o êxodo rural, que
pressiona o mercado de trabalho urbano e agrava a crise social
das cidades. PESSOAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA

Questões Em129 primeiro lugar é necessário desmistificar e


desnaturalizar o conceito de violência que, nas suas mais
01. (SEDU/ES – Professor de Geografia – FCC) Considere diversas manifestações, se configura como uma das
o texto abaixo. expressões da desigualdade social, mais perceptível em nossa
A. I.., como muitos chamaram a evolução da agricultura no sociedade, sendo então objeto de estudo e intervenção do
terço final do século vinte, proporcionou aumentos Assistente Social.
significativos de produtividade que garantiram, junto com a Para a Organização Mundial da Saúde, a violência se
expansão das fronteiras agrícolas, o abastecimento de caracteriza como o uso intencional da força física ou do poder,
alimento para uma população mundial em explosivo real ou ameaça, contar si próprio, contra outra pessoa ou
crescimento neste período. Apesar disso, as técnicas contra um grupo ou comunidade que resulte ou tenha grande
convencionais e a expansão da área de terras agricultáveis possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico,
chegando ao seu limite, estamos correndo o risco de deficiência de desenvolvimento ou privação.
comprometer seriamente alguns recursos naturais, como Trata-se, pois, de um ato humano (ação ou omissão) que
flora, fauna e mananciais de água. Portanto, é imperativo que traz prejuízos físicos ou psicológicos a outrem.
se busque alternativas para uma maior oferta de alimentos. É Nilo Odalia contribui relacionando o conceito de violência
onde entra a. II. (Disponível em: www.beefpoint.com.br/cadeia- com situações de privação, destituição. Desse modo, toda a vez
produtiva/espaco-aberto/a-polemica-dos-transgenicos-no- em que nos sentirmos privados de algo, estamos sendo vítimas
brasil-5323/) da violência.
O conteúdo do texto destaca duas grandes transformações Com efeito, privar significa tirar, destituir despojar,
I e II que afetaram a produção agrícola em escala mundial, desapossar alguém de alguma coisa. Todo ato de violência é
desde a década de 1940 até dos dias atuais. Preenchem, exatamente isso. Ele nos despoja de alguma coisa, de nossa
correta e respectivamente, as lacunas do texto em: vida, de nossos direitos como pessoas e como cidadãos [...]. A
(A) Revolução Verde − biotecnologia ideia de privação parece-me, portanto, permitir descobrir a
(B) Reforma Agrária − indústria. violência onde ela estiver por mais camuflada que esteja sob
(C) Modernização do Campo − agricultura orgânica. montanhas de preconceitos, de costumes ou tradições, de leis
(D) Globalização Produtiva − abertura econômica. e legalismos.
(E) Segunda Revolução Industrial − reforma agrária. A violência em suas diferentes facetas (estrutural, social,
política, física, psicológica, sexual...) está na agenda do dia,
02. (IBGE – Agente de Mapeamento – CESGRANRIO) As presente nas diferentes classes sociais, etnia, idade, cor,
atividades agrícolas estão em constante processo de inovação orientação sexual. Por isso, como enfatiza Odalia: "vivemos a
para obter maior produtividade. Nesse contexto, durante a democracia da violência", pois, esta se faz presente nos mais
década de 1950, ocorreu de forma mais intensa o processo de diversos espaços, estando nas favelas, cortiços e nos grandes
modernização da agricultura que envolveu um grande aparato centros urbanos onde habitam pessoas com elevado poder
tecnológico provido de variedades de plantas modificadas aquisitivo. Os sujeitos mais abastados têm como se proteger,
geneticamente em laboratório, espécies agrícolas que foram mascarar o ato de violência, sem poder se proteger.
desenvolvidas para alcançar alta produtividade, uma série de Muitas vezes, os atos violentos não são explícitos, não
procedimentos técnicos com uso de defensivos agrícolas e de possuindo uma etiqueta de identificação e havendo sempre o
maquinários. Disponível em: risco de considerá-la um fato natural. Assim, é preciso um
<http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias- - olhar crítico e cauteloso para identificá-la. A criticidade
ensino/a-modernizacao-agricultura.htm>. Acesso em: 31 maio impede a tendência de buscar justificativas para as ações
2016. violento. Por exemplo: homens que agridem mulheres usam
Nesse contexto histórico, o processo de modernização justificativas como 'bati em minha mulher em legítima defesa
mencionado caracteriza, especificamente, da honra, pois, ela me traiu". Sabemos que não interessa o
(A) as Reformas de Base motivo que levou à prática de violência, o que devemos
(B) a Revolução Verde observar é que sempre que uma pessoa por ação ou omissão,
(C) o Milagre Econômico cause dano a outrem, é um ato de violência. O ser humano é
(D) a Nova República responsável pela consequência de suas ações.
(E) o Estado Novo A violência precisa ser entendida como um produto social
e histórico, produzida socialmente nas relações humanas.
Gabarito Quem organiza a estrutura é o próprio homem, tornando a
violência um fenômeno mutável e multifatorial, como explica
01.A / 02.B Maldonado:
As pesquisas sobre as causas da violência, feitas em vários
países, apontam para um grande número de fatores: a excessiva
exposição de crianças e jovens a cenas violentas, na mídia; o
abuso de álcool e outras drogas (especialmente a cocaína e o
crack); o fácil acesso a armas; o crime organizado; o abuso e a
negligência de crianças; a impunidade e a falta de assistência do
governo; a miséria e o desemprego. Isso significa que a violência
não tem uma causa simples e, portanto, não se pode encontrar

129 Texto adaptado de ASSIS, L. R.; NASCIMENTO, L. A. O Serviço Social frente

à Questão da Violência.

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uma solução simples, o controle da violência instituída precisa professores e alunos, aprendem, discutem juntos, produzam
do trabalho coordenado de muita gente, em várias frentes. conhecimento de forma coletiva. O conteúdo programático
precisa ser revisto, incluindo temas como gênero, sexualidade,
Com base no exposto, percebemos que a violência possui violência, necessitam ser explorados para a formação de
inúmeros fatores desencadeantes, e as raízes dos problemas sujeitos críticos e reflexivos.
relacionados com estes atos precisam ser compreendidas para A política habitacional também possui deficiências, pois, há
que possamos pensar formas interventivas. Assim sendo, pessoas que ainda não possuem condições de habitabilidade
necessitamos analisar as distintas manifestações violentas. razoável. A moradia é um direito do cidadão, faz parte da
dignidade humana.
A Violência Estrutural ou Institucionalizada Quando falamos em violência social, não podemos deixar
de refletir acerca do desemprego estrutural, pois, sabemos que
Para Odalia, a violência estrutural está presente em todas não há lugar para todos no mercado de trabalho, e quando há
as sociedades e se expressa por meio das desigualdades é precário, explorador. Os sujeitos que estão "fora" do mercado
sociais, ou seja, riqueza e pobreza, as quais caracterizam a de trabalho, sofrem ainda mais para garantir a sobrevivência,
sociedade atual, onde uns poucos têm demais e outros muitos muitos sujeitos recorrem ao uso de álcool e outras drogas,
têm de menos, a pobreza e a riqueza por si só já é uma relação como forma de amenizar o sofrimento decorrente em que se
violenta. encontra. O mundo do trabalho está cada vez mais exigente, só
A falta dos mínimos sociais (alimentação, vestimenta, tem lugar para sujeitos qualificados e que saibam produzir,
habitação, educação, lazer, esporte) fere a dignidade humana, quem não se encaixa nos critérios é excluído, e tende a buscar
que por si só é um ato violente, pois danifica o ser humano. A a informalidade para garantir total ou parcialmente a
desigualdade em relação a renda/poder aquisitivo leva subsistência.
algumas pessoas a atos desesperados de violência. Não Odalia alerta sobre a questão do preconceito, posto que o
pretendo justificar os atos violentos, apenas procuro entendê- preconceito social, de classes sociais, orientação sexual,
los na sua complexidade. cultura, etnia é uma das formas de violência social, pois,
É extremamente difícil imaginar para aqueles que dão denigre, maltrata a pessoa humana na sua condição de sujeito
conta de suas necessidades, o quão doloroso é viver à margem, de direito.
lutando todos os dias pela sobrevivência humana. A Dessa maneira, verificamos que a violência social traz
desigualdade priva, deteriora o ser humano. muitos impactos nos diferentes setores da vida, precisando ser
O Brasil é a oitava economia do mundo, com excelente combatida por intervenções interdisciplinares, envolvendo o
desenvolvimento econômico, porém ainda há situações de aperfeiçoamento qualificação da educação, da saúde, da
miséria, fome, pobreza, desemprego, trabalho infantil, é habitação e de todas as demais áreas, assegurando a qualidade
preciso pensar formas de justiça social, igualdade, acesso aos de vida a todos.
direitos de cidadania. É decepcionante saber que o sistema
capitalista neoliberal vigente, não está preocupado em atender Violência Política e os Desafios Éticos
o social.
A pobreza, a falta das necessidades sociais é a pior forma A violência política atinge todos os sujeitos sociais em suas
de violência, Odalia enfatiza que o ato rotineiro e contumaz da relações políticas, concebendo-se a política como elemento
desigualdade das diferenças entre os homens, permitindo que que organiza e regula o convívio de indivíduos diferentes.
alguns usufruam à sociedade o que à grande maioria é negado, Arendt relaciona política, liberdade e pluralidade, destacando
é uma violência. que o livre agir é agir público, e público é o espaço original do
A desigualdade social, a pobreza e a riqueza não são político.
fenômenos estanques, estáticos. É possível pensar meios de Para Arendt, a política surge não no homem, mas sim entre
transformação, onde os sujeitos consigam viver num patamar os homens, que a liberdade e a espontaneidade dos diferentes
mais igualitário, tendo acesso aos direitos de cidadania e homens são pressupostos necessários à constituição de um
qualidade de vida. Compreendendo a desigualdade como fruto espaço entre os homens, onde só então se torna possível a
de um sistema capitalista e excludente, podemos e devemos política, a verdadeira política. Desse modo, o sentido da
buscar alternativas voltadas à transformação das estruturas política é a liberdade, posto que “O milagre da liberdade está
sociais, possibilitando o estabelecimento de bases de contido nesse poder começar que é, em si um novo começo, já
igualdade de condições de sobrevivência. que através do nascimento veio ao mundo que existia antes
dele e continuará existindo depois dele”.
Violência Social e seus Impactos A violência política vai além da corrupção. Esta possui mil
faces, o assassinato político é uma faceta, utiliza-se para
Como salientamos, toda violência é social, porque é manter o poder de um determinado povo ou substituí-lo. As
produzida socialmente e disseminada dentro de uma dada fraudes nos processos eleitorais é uma violência política, pois,
sociedade. Faz parte deste cenário a precariedade da saúde mascara a realidade, frauda a opinião pública.
pública, marcada por uma política que não atende toda a Outra questão de fundamental importância é a violência
demanda necessária, pela falta de infraestrutura adequada, política existente nos meios de comunicação de massa, como
pela escassez de recursos humanos e pelo atendimento que, ressalta Odalia. Nos dias atuais, as mídias, em geral, não
em determinadas situações, é totalmente desumano e sem contribuem para o esclarecimento e o desenvolvimento da
qualificação. capacidade de crítica, ao invés disso, reforçam a alienação e o
A educação é outro fator que merece destaque, pois os consumismo. O sujeito acaba consumindo tudo o que é
níveis de qualidade da educação preocupam cada vez mais. A enfatizado na mídia, o melhor carro, a melhor roupa, o mais
evasão escolar, a repetência, professores com formação poderoso produto antienvelhecimento, o cidadão é
deficitária e mal remunerados são fatores que denigrem a "bombardeado" de tantas informações, que muitas vezes são
educação brasileira. enganosas.
Transformar esse panorama requer medidas coerentes, a Dificilmente algum meio de comunicação, enfatiza as
partir do aperfeiçoamento da política educacional, em que o verdadeiras causas da violência, da fome, ou mostra para os
processo educativo conduza à aprendizagem efetiva dos sujeitos as formas de acesso aos seus direitos. A mídia
conteúdos e à emancipação intelectual dos estudantes. A transmite informações de modo superficial, e, por vezes,
contemporaneidade requer outro modelo de educação, onde tendencioso, sem preocupações legítimas com a cidadania.

Atualidades e Convivência Social 151


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O apelo ao consumo ganha uma amplitude impressionante, tendência de isolamento, baixo conceito de si próprio,
impondo aos sujeitos falsas necessidades, de forma a dificuldade em se relacionar com os demais.
incentivar a aquisição de produtos sempre mais potentes, Pesquisas indicam que um dos fatores que pode levar uma
criativos e tecnológicos. Ou seja, a mídia faz o indivíduo desejar pessoa a abusar de outra, é o fato de ter sido vítima de abuso
os produtos que a indústria produz, vendendo-lhe promessas na infância. Para que a violência sexual não gere um ciclo
de prazer, sucesso e poder. O consumismo agrava a diferença vicioso, passado de geração a geração, torna-se imprescindível
entre as camadas sociais, demarcando limites entre aqueles o acompanhamento especializado.
que têm e aqueles que não têm poder aquisitivo para ter A violência sexual é um tema que desperta curiosidade,
acesso aos produtos propagandeados pela mídia. necessidade de entendimento, no entanto é um assunto difícil
A erradicação da violência política está diretamente ligada de ser abordado principalmente para suas vítimas, pois, na
à ética, à capacidade de priorizar valores humanísticos e maioria dos casos o abusador é alguém conhecido da vítima ou
princípios éticos. Isso supõe que somente poderemos superar tem vínculos afetivos, o que gera um pacto do silêncio.
os atos politicamente violentos agindo eticamente e Em se tratando da negligência, esta pode ser considerada
assegurando que a convivência seja norteada pela cidadania e uma das facetas da violência, porque traz inúmeros malefícios
pela defesa da dignidade humana. ao desenvolvimento do sujeito. Pode ser dividida em
negligência física e afetiva. A negligência física consiste na não
Violência Física, Negligência, Abandono, Violência garantia das necessidades básicas (falta de alimentação,
Psicológica e Violência Sexual: distintas faces de um medicação, falta de moradia, saúde, educação). A negligência
fenômeno complexo afetiva consiste na carência de amor, afeto, carinho, limite.
Muitos pais alegam falta de tempo para com os filhos, no
Nilo Odalia contribui para a identificação de vários tipos de entanto não é motivo suficiente para não dar atenção,
violência, destacando, além dos já mencionados, a violência qualquer espaço de tempo é valioso para transmitir o afeto e
física, a psicológica e a sexual. A violência física está presente limite.
nas relações familiares, de trabalho, nas relações com os É importante destacar que a negligência como forma de
amigos, ou seja, está em todos os lugares, independente de violência, não é um fenômeno exclusivo da classe pauperizada,
classe social, idade, etnia, orientação sexual. muito pelo contrário, a negligência está muito presente na
Os atos fisicamente violentos se concretizam através de classe média alta, quando, por exemplo, os pais não se
dano ao corpo, expressando-se através de surras, tapas, preocupam com o conteúdo daquilo que os filhos acessam nas
empurrões, socos, até lesões graves, como ossos fraturados, redes sociais, não se interessam pela vida social dos filhos.
olho roxo, equimoses pelo corpo, braço quebrado, enfim de O Estado é um agente que frequentemente pratica a
inúmeras formas de ataque ao corpo. A violência física é negligência, quando não se interessa com as necessidades da
entendida também como ação ou omissão ação - bater, população tais como (saúde-educação-moradia). O abandono
omissão - deixar de ministrar algum medicamento necessário, se constitui em violência, pois em determinados casos pode
que venha a trazer malefícios à saúde física da pessoa. As fragilizar gravemente uma pessoa, deixando sequelas
causas de tais atos são inúmeras e demandam um olhar psicológicas agudas.
aguçado para seu reconhecimento e combate. Muitas mães abandonam seus filhos, nos mais diversos
Por sua vez, a violência psicológica é silenciosa, não espaços. Trata-se de uma situação complexa de se entender,
deixando marcas visíveis. Porém, fere a alma da pessoa, porém muitas mulheres que abandonam os filhos, não
denigre, machuca a dignidade da pessoa. Manifesta-se por possuem suporte financeiro, nem afetivo, para dar conta de um
meio de xingamentos, humilhações, ridicularizarão, inibição, desenvolvimento saudável.
gritos, ameaça, constrangimento, chantagem, que machuca Algumas mulheres, por terem sido abandonadas
muito mais do que a violência física, que deixa marcas visíveis. tornaram-se mães que abandonam, devido a total falta de
Segundo estudos e pesquisas realizados por psicólogos, a suporte material ou emocional para criarem o filho. O ato de
pessoa vítima de violência psicológica, se transforma em uma abandonar é extremamente violento, como nos casos de bebês
"morta-viva", pois, a autoestima fica fortemente fragilizada. feridos encontrados nas lixeiras, nas portas de igrejas ou de
Sobre isso, Maldonado alerta: algumas casas.
O abuso psicológico referente às formas de comunicação Como explica Maldonado, o ato de abandonar é uma
"demolidoras" é o tipo menos reconhecido de violência, porque violência séria, pois, se não bem trabalhada pode gerar um
o "corpo" não fica marcado e nenhum osso é fraturado. No grande ciclo, passando de sujeito a sujeito.
entanto, em consequência de ter sido xingada, humilhada, Essas distintas manifestações da violência precisam ser
depreciada e rejeitada, a criança cresce com marcas profundas amplamente debatidas, a fim de que possamos esclarecer
em seu psiquismo e com sua autoestima gravemente fraturada. nossos posicionamentos a respeito do tema, e, a partir disso,
A sensação constante de estar "por baixo" origina em muitas podermos encontrar formas coerentes de agir e de combater
pessoas, sentimentos de revolta e desejos de vingança que toda forma de ação violenta.
podem, mais tarde, motivar condutas violentas. Muitas vezes
torna-se difícil, até mesmo para os profissionais, identificar a Violência contra Crianças e Adolescentes
violência psicológica, exigindo sensibilidade e capacidade de
escuta especializada para dar visibilidade à violência A violência, é o uso agressivo da força física de indivíduos
psicológica, e, consequentemente, para que se possa atender de ou grupos contra outros. Mais adiante, ele reforça a ideia de
forma eficiente às vítimas. que a violência não se limita ao uso da força física, mas a
Já a violência sexual acontece quando determinada pessoa possibilidade ou ameaça de usá-la constitui dimensão
é forçada a satisfazer os desejos sexuais de outrem. Como fundamental de sua natureza. Além desse conceito, a violência
esclarece Odalia, o abuso sexual acontece de duas formas: com pode ser traduzida por vários sinônimos tais como abuso,
contato sexual é quando a vítima é forçada a realizar sexo maus-tratos, agressão, castigo, disciplina, vitimização e outros.
vaginal, oral ou anal; sem contato - são episódios de Não importa qual o nome que possua, produz graves e
exibicionismo, exposição e carícias nas partes íntimas, profundas marcas em quem a recebe. Neste caso, em crianças
Voyeurismo. e adolescentes, o resultado é sentido com maior intensidade
A pessoa vítima de violência sexual necessita de vez que eles estão em fase de desenvolvimento físico e mental,
acompanhamento psicológico, para conseguir amenizar o e, todas as manifestações da violência ficam delineadas em seu
sofrimento, a vítima de abuso na maioria dos casos, possui caráter e personalidade.

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A violência é uma só, mas pode manifestar-se de várias Mas é comum, também, ouvir que esses agressores não
maneiras: de uma forma difusa, consideradas as situações de têm outra forma de se manifestar, pois “aprenderam com seus
fome, marginalização, ausência de educação, desemprego, pais”. Assim, parece que a violência transmite-se de geração
enfim, de restrição de direitos. Com um sentido sociológico e em geração, na forma de uma cultura cediça, de maneira
da psicologia jurídica manifesta-se nos campos psíquicos, pronta, acabada e infalível, não admitindo correções. Aqui está
moral e físico, o mais comum. Trataremos do assunto sob esse o problema com os agressores: não admitem mudança em seus
último aspecto. valores (aqueles que, certamente, foram minados pela
A violência psíquica deixa gravada na personalidade da violência psíquica, moral ou física em sua infância e
criança e do adolescente indeléveis marcas, cujos efeitos serão juventude). Necessitam, eles, com certeza, uma rápida
revertidos, com o decorrer do tempo, em agressões a outras “mudança de olhar” sobre os atos praticados por seus filhos e
pessoas ou coisas, quiçá, incorrendo na prática de atos educandos, que pode ter na psicologia ou psiquiatria, o
infracionais. Daí por diante, já no caminho “do crime”, a redirecionamento de suas atitudes.
população infanto-juvenil desenvolverá aquilo que lhe foi A falta de “história” - aqui entendida como o conjunto
ensinada: o conflito. cultural/educacional de uma pessoa - de pais e educadores
A violência moral, como a psíquica, atinge a autoestima da promove e encena um festival de atitudes que se concluem na
criança e do adolescente. São manifestações gêmeas de uma violência. Às vezes, essas atitudes, impensadas naquele
mesma violência que destrói o íntimo daquele ser em momento, revelam uma violência adormecida, que, sofrida em
desenvolvimento, comprometendo seu próprio futuro e o sua juventude, desembocam e se materializam em agressões
futuro de seus descendentes. A violência moral revela-se mais em seus descendentes ou educandos. A frase mais comum
perversa que as demais formas. Sua manifestação, além de ouvida nesses casos é que “castigam para educar”, como se o
afetar a maneira de pensar e de agir, decompõe os valores que castigo ou a violência física empregada fosse um método de
estão sendo construídos e formatados. A destruição dos aprendizado. Erro grasso! A violência não pode gerar educação
valores da personalidade infanto-juvenil conduz ao em nenhuma de suas manifestações; mesmo aquelas tidas
desmoronamento do seu sistema de aceitação/negação das como manifestações de carinho, mais comumente
atitudes e valores, levando o adolescente a procurar sistemas representadas pelos toques e carícias.
de escape - como o uso de drogas e a materialização da Violência e carinho são gestos e práticas opostas. Um exclui
violência - para confirmar aqueles valores ideais ou o outro; não pode haver carinho na violência; a violência é
idealizados por seus pais ou educadores. sempre prejudicial, o carinho, benéfico; a violência agride, o
A manifestação da violência moral é, também, simulada; carinho afaga; a violência destrói, o carinho constrói; a
como a cinza que cobre a brasa, a violência moral permanece violência é desvalor, o carinho, valor. Poderíamos,
adormecida, mas ativada no momento de tomada de decisões, infinitamente, parodiar o confronto entre violência e carinho.
de atitudes, de confrontos, de expansão e demonstração do Não é necessário, porém. Também existe um senso comum que
inconformismo, que se concretiza na violência física. identifica um e outro. E todos sabemos que a violência nunca
Por fim, a violência física busca sua manifestação na será aceita como comportamento padrão de uma sociedade, ao
agressão material contra o “outro”, para utilizar a expressão passo que a manifestação de carinho e paz para com nossas
de VELHO (1996), que encontra barreira para desenvolver crianças e adolescentes sempre será bem vinda e aceita por
seu dinamismo social na comunidade onde vive, na medida todos.
em que é questionado pelas diferenças entre as relações
sociais. Meios de Identificar a Violência e Reprimi-la
Todas as formas de violência deixam sequelas; umas
visíveis, como a física, outras, invisíveis, como a psíquica e A manifestação da violência contra crianças e adolescentes
moral. A materialização da violência física chama mais a pode ser difícil de ser identificada. Essa dificuldade decorre, na
atenção das pessoas porque instiga a proteção da própria maioria das vezes, quando a violência é empregada no
espécie. É trágica e repulsiva a forma como se apresenta a ambiente familiar e a criança é, ainda, muito pequena. Aliada à
violência física, quando mostra corpos dilacerados, feridos, proposta de “educar” pelo castigo, essa identificação torna-se,
sangrentos e deformados. Ainda mais chocante é o cenário ainda, mais difícil, pois os pais não reconhecem - ou não
quando essa manifestação recai sobre crianças e adolescentes. querem reconhecer - que usaram a violência contra seus filhos.
Quem não se emociona ou fica indignado contra a violência A violência manifestada no ambiente familiar,
física em crianças? Quem não se revolta contra os agressores principalmente a sexual, é, muitas vezes, dissimulada através
de crianças? O senso comum diz que aqueles mais fracos de carícias, toques, “passadas de mão”, chegando ao ponto de
devem ser mais protegidos. ser manifestada, até mesmo pela conjunção carnal. A
E a vitimização de crianças e adolescentes acontece conivência entre os pais pode ser fruto da destruição de seus
diariamente, nas escolas, nas ruas, nos locais de trabalho e nas próprios valores constituídos na juventude. A agressão sexual
famílias, como se ela não encontrasse barreiras ou não se de pais contra filhos revela uma continuação daquele ato
importasse com os espectadores. A sensação de que o adulto agressivo que sofreram quando crianças ou jovens. O que os
“pode” agredir crianças e adolescentes decorre de uma falsa pais tentam fazer é reproduzir esse tipo de violência, como se
mentalidade de que estão punindo-os ou castigando-os como o ato que estão praticando fosse o modelo a ser seguido.
uma forma de carinho ou de educação. Quando esse fato ocorre, geralmente, os mecanismos de
defesa da criança e do adolescente (governamentais ou não)
Violência Disfarçada em Carinho entram em ação. Gera-se, então, um conflito entre aqueles
órgãos e os pais que não permitem “intromissão” em “assuntos
A desculpa mais sentida e comum de pais e educadores que de família”; “esses assuntos devem ser resolvidos em família”,
abusam de crianças e adolescentes, nas diversas formas de “a educação dos filhos compete aos pais”; “os pais educam os
manifestação da violência, funda-se no fato que “estão fazendo filhos como eles querem”. Essas respostas dadas ao problema
aquilo como forma de educar.” Quantas e tantas vezes ouvimos inferem que a comunidade familiar está seguindo modelos
de pais e educadores que agrediam fisicamente alunos e filhos propostos por outros núcleos familiares, mormente aqueles de
“para dar exemplo”, “para corrigir”, “para colocá-los no seus antepassados. Esses modelos, diga-se de passagem, não
caminho bom”, “para instruí-los” e, até mesmo, “para dar-lhes estão errados, podem não estar adequados à realidade
uma boa educação”. hodierna, mas o foram em um determinado momento da
história de seus protagonistas. Contudo, essa resposta

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simplista não satisfaz mais. As pessoas não querem mais estar mudanças que, certamente, virão após esse exercício de
apegadas e sujeitas a tradições comportamentais, conferindo- cidadania.
lhes a responsabilidade pelos erros e acertos. Esse suporte às famílias é oferecido por Convenções
Além disso, há uma certa disseminação de mitos sobre o Internacionais de Proteção dos Direitos da Criança e do
episódio “violência doméstica”, que, somente para Adolescente, cuja materialização, entre nós, deu-se através do
exemplificar, poderíamos elencar alguns deles: a) a Estatuto da Criança e do Adolescente, que procurou sintetizar,
vitimização sexual é rara; b) as crianças menores de 10 anos na doutrina da proteção integral, uma nova condição jurídica
estão a salvo dessas agressões; c) os agressores são homens para a população infanto-juvenil: a condição de cidadãos,
velhos, violentos, alcoólatras e desempregados, depravados sujeitos de direitos e detentores da especial proteção do
sexualmente, retardados ou loucos; d) se uma criança Estado e de todos em virtude de seu grau de desenvolvimento.
“consente” é porque deve ter gostado, se ela não diz “não” é Essa doutrina foi desenvolvida pela Organização das Nações
porque não é abuso; e) as crianças inventam histórias de Unidas a pedido dos próprios Estados participantes, que
vitimização sexual. necessitavam de uma “receita” mais moderna e atual para
Essas alegações, por serem inverídicas, produzem uma tentar reverter o modo de analisar ou oferecer uma nova
sensação de impunidade, ora de indignação, ora de perspectiva entre as relações dos adultos para com as crianças
conformismo diante do episódio violência doméstica e adolescentes.
materializada como aquela ligada ao abuso sexual. Esse
“sintoma” entreguista ou de aceitação da violência contra Violência Intrafamiliar contra Crianças e Adolescentes
crianças e adolescentes dificulta sua apuração e sua
erradicação. Pais, mães e educadores são, ao seu modo e com A violência intrafamiliar ou doméstica contra crianças e
sua bagagem de valores, cúmplices ou coautores desse ato adolescentes é uma das várias expressões da questão social,
criminoso. considerada pelo Ministério da Saúde como um sério
Como impedir, então, que essa violência se manifeste se os problema de saúde pública. Suas raízes estão associadas ao
próprios pais e educadores se protegem em modelos contexto histórico, social, cultural, econômico e político em
anacrônicos de comportamento? A tarefa não é fácil. A couraça que se inserem vítimas e agressores. Assim, este tipo de
comportamental, construída ao longo de sua existência, violência não pode ser compreendido somente como uma
impede ou dificulta a transformação ou a aceitação das questão de conflitos interpessoais entre pais e filhos.
mudanças na educação de filhos. Há alguns anos, pensava-se que a violência intrafamiliar
A diminuição da violência contra crianças e adolescentes é contra crianças e adolescentes era consequência de
tarefa que a todos deve interessar. A repressão da violência transtornos individuais, alcoolismo, toxicomania, fragilidades
pode ser o marco inicial de um conjunto de medidas socioeconômicas ou educacionais, dentre outras de caráter
impeditivas do continuísmo das práticas comportamentais individual. Contudo, segundo a literatura recente, passa a ser
que envolvem agressões físicas, psíquicas e morais. A tarefa é compreendida como uma questão multifacetada,
cidadã. Sem essa conotação é impossível transformar uma caracterizada principalmente por aspectos sociais e culturais.
civilização, tampouco um conjunto de valores morais Tanto no Brasil como em várias partes do mundo, em
familiares, neles incluído, a “severa” educação que inclui o diferentes culturas e classes sociais, independente de sexo ou
castigo físico. A transformação dos modelos dantes utilizados etnia, crianças e adolescentes são vítimas cotidianas da
requer, basicamente, educação para a cidadania, incluindo, violência doméstica. Os casos registrados em delegacias,
aqui, aquele conjunto de atitudes preservadoras dos direitos conselhos tutelares, hospitais e institutos médico-legais são
da população infanto-juvenil, e, numa visão mais avançada, da apenas um alerta; não revelam a verdadeira dimensão do
preservação até da própria existência humana. problema. A cultura do silêncio e da omissão ainda é muito
forte em nossa sociedade.
Apoio às Vítimas e seus Familiares De acordo com as professoras Maria Amélia Azevedo e
Viviane Guerra (USP/SP, 1989) a questão da violência
Ao lado da identificação da violência, dos seus mecanismos doméstica contra crianças e adolescentes pode ser
inibitórios e restritivos, perquire-se qual o caminho para considerada
amparar as vítimas e indicar novos procedimentos e
comportamentos aos seus familiares, muitas vezes, [...] todo ato ou omissão praticado por pais, parentes ou
agressores. A tarefa continua sendo árdua, pois o terreno a ser responsáveis contra crianças e/ou adolescentes que - sendo
trabalhado é o da formação dos valores, ou propriamente, da capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico a vítima -
recomposição dos valores assentados em suas vidas. implica de um lado, numa transgressão do direito que crianças
Sem medo de errar, acreditamos que a família deve ser e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em
reestruturada, sob o aspecto de sua própria composição, da condição peculiar de desenvolvimento. (AZEVEDO e GUERRA,
representação das figuras paterna e materna, sua 1989).
responsabilidade frente aos novos desafios da educação
familiar, a aceitação para mudança de comportamentos e de Segundo Day et. al. (2003) a Constituição Federal e o
valores, o repensar sobre as funções e importância de cada um Estatuto da Criança e do Adolescente passam a ser os novos
na família celular, a interferência de parentes, além do diálogo. paradigmas para o sistema de Justiça, para a sociedade e para
Esses são alguns passos que podem ser desenvolvidos para a o Brasil como um todo. A nova legislação, signatária da
inibição da violência doméstica, principalmente aquela que Doutrina da Proteção Integral, reconhece direitos à criança e
tem como vítimas crianças e adolescentes. ao adolescente, respeitando seu estágio de desenvolvimento. É
O apoio às famílias e seus familiares deve partir de uma uma das legislações mais avançadas do mundo, que pouco a
premissa de que todos devem mudar seus parâmetros sobre a pouco começa a ser implementada.
educação de filhos; de que todos devem mudar o “modo de A violência contra crianças e adolescentes apresenta-se
olhar” o problema. Encará-lo como uma porta que traz sob diversas formas, tanto que um sintoma ou sinal isolado
soluções e amenizar o sofrimento de um passado desgastado não permite afirmar sua existência. Por isso, é fundamental o
pela violência, pela agressão, pelo abuso. A mudança de foco olhar atento e crítico dos profissionais e da sociedade frente
sobre o problema possibilita, também, um enriquecimento aos problemas identificados, tanto de ordem física, sexual
interior e um amadurecimento propícios à aceitação das como emocional - procurando a sua correlação com o relato da
possível vítima, dos familiares ou pessoas de sua convivência.

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Questão que podem desencadear alucinações, perturbações e delírios,


dentre elas, a maconha. (SENAD, 2011. p. 18)
01. (DPE/PR - Assistente Social - PUC/PR). A dinâmica 2. A pessoa que a usa, suas condições físicas e psíquicas,
familiar, assim como todos os grupos sociais, é influenciada inclusive suas expectativas;
pelos acontecimentos do mundo físico (enchentes, moradia 3. O ambiente e o contexto de uso dessa droga, tais como
em áreas de risco) e social (crise econômica, insegurança as companhias, o lugar de uso e o que representa esse uso
social). Esses e outros fenômenos têm repercussão nas socialmente.
histórias familiares, provocando reações e formas singulares Olhando com cuidado, entretanto, os três elementos acima
de enfrentamento das dificuldades. Nessas circunstâncias, convergem para um deles, apenas: o usuário. O mesmo
podem acontecer as primeiras experiências de violência ambiente e o mesmo contexto influenciam diferentemente as
doméstica contra crianças e adolescentes. pessoas. O mesmo ocorre em relação às propriedades
Sobre a violência doméstica na infância e na adolescência, farmacológicas das drogas, uma vez que a expressão dos seus
marque a alternativa INCORRETA: efeitos depende da capacidade de metabolização daquela
(A) Por sempre produzir prejuízos ao desenvolvimento da droga por cada usuário e de suas condições psíquicas e
criança e do adolescente, a violência doméstica constituindo- mentais no momento do uso. Ou seja, ainda que as substâncias
se em um dos principais motivos da retirada das crianças e dos sejam classificadas nas categorias acima citadas
adolescentes de suas famílias. (alucinógenas, depressoras e estimulantes), cada uma delas
(B) A violência doméstica implica numa transgressão do terá um efeito específico a partir de cada história de vida e é
poder/dever de proteção do adulto e também numa neste ponto onde se localiza a potencialidade da intervenção
coisificação da infância, ou seja, numa negação do direito que psicossocial.
as crianças e os adolescentes têm de serem tratados como Neste caderno, serão destacadas reflexões sobre o
sujeitos de direitos. consumo de algumas drogas que podem estar presentes no
(C) Muitos adultos, autores de violência contra criança ou cotidiano de pessoas e famílias atendidas pelos serviços da
adolescente, foram, eles próprios, vítimas de violência na assistência social: o crack, álcool, maconha e os solventes.
infância e repetem a mesma situação como agressores.
(D) A violência doméstica não pode ser considerada como O Uso do Álcool
qualquer ato ou omissão praticado por pais, parentes ou
responsáveis contra crianças e adolescentes. Com frequência, considera-se que drogas são apenas
(E) A violência doméstica é um fenômeno transgeracional, produtos ilegais, como a maconha, a cocaína e o crack; porém,
que se repete ao longo de várias gerações, e só se interrompe do ponto de vista da saúde, muitas substâncias legalizadas
com a interdição da lei e/ou tratamento do agressor e da podem ser igualmente perigosas, como o álcool, que é
vítima. considerado uma droga como as demais.
O álcool está presente em uma série de bebidas legais, na
Gabarito maioria dos países, na maior parte do tempo. Tal característica
implica em maior disponibilidade, e em menor estigmatização
01.D das pessoas que bebem.
O levantamento domiciliar levado a cabo pelo CEBRID no
CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBRE O ÁLCOOL E ano de 2005 apontou que 74,6% dos entrevistados já havia
OUTRAS DROGAS PARA QUALIFICAR AS AÇÕES DO SUAS feito consumo de álcool em algum momento de suas vidas,
COM INDIVÍDUOS E FAMÍLIAS subindo para 83,5% entre os homens, e caindo para 68,3%
entre as mulheres. A mesma pesquisa aponta que 12,3% dos
Conhecer, mesmo que basicamente, sobre os vários tipos entrevistados apresentavam características que permitiam
de drogas; os efeitos esperados; as condições pessoais, sociais sua caracterização como “dependentes”, sendo que entre os
e de convivência cotidiana de famílias e indivíduos no homens a taxa é de 19,5%, contra 6,9% para as mulheres. A
território, e que podem ampliar as situações de faixa de idade com maior incidência foi situada entre 18 e 24
vulnerabilidade e risco, é muito importante não só para a anos (19,2%). Quando isolados apenas os homens nesta faixa
estruturação dos serviços, como para a garantia da atuação etária, o índice sobe para incríveis 27,4%, e entre as mulheres,
qualificada dos seus profissionais.130 cai para 12,1% (CARLINI, 2006, p. 41). Ainda segundo a mesma
Para compreender o consumo de drogas em suas várias pesquisa, para cada seis homens que experimentam álcool, um
modalidades (uso, abuso e dependência) é fundamental desenvolve dependência; entre as mulheres, esta taxa é de
refletir sobre algumas questões: por que as pessoas procuram uma para cada dez (idem, p. 389).
as drogas? Os efeitos de uma droga são os mesmos para Por mais que o crack venha ocupando grandes espaços nos
qualquer pessoa? Por que algumas pessoas consomem drogas meios de comunicação de massa, o álcool segue sendo a droga
de forma moderada e outras de forma abusiva? Por que será mais utilizada, e também a que causa mais males à saúde, às
que sob o efeito da mesma quantidade de droga algumas famílias e à sociedade como um todo. O uso prejudicial de
pessoas ficam alegres, outras ficam agressivas ou mesmo álcool, por sua magnitude, pode ser considerado como um dos
violentas? mais graves problemas sociais e de saúde, não apenas no
Brasil, mas em todo o mundo.
Vários estudos apontam que os efeitos de uma droga Os problemas relacionados ao consumo de álcool e às suas
dependem de três elementos: consequências vão além da saúde individual de quem usa,
As depressoras são conhecidas por causar diminuição da envolvendo acidentes de trânsito, atos de violência
realização de atividade, da capacidade motora, da reação à dor (especialmente doméstica) e problemas relacionados ao
e à ansiedade e podem produzir euforia inicial e sonolência, mundo do trabalho. Para o usuário de álcool existem ainda os
por exemplo, o álcool e os solventes. As estimulantes efeitos do preconceito: perda da confiança, fragilização dos
costumam induzir ao aumento da atividade, alerta exagerado, vínculos familiares, descrédito e dificuldade para o
insônia, aceleração dos processos psíquicos, dentre elas, a acolhimento na escola, no trabalho, rebaixamento da
cocaína. Por último, as drogas consideradas perturbadoras, autoestima, falta de perspectivas, entre outros.

130

http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/cartilhas/S
uas_trabalhoSocial_vulnerabilidade_consumodedrogas.pdf

Atualidades e Convivência Social 155


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APOSTILAS OPÇÃO

É importante salientar a complexidade do tema, de modo a Uma referência importante sobre o levantamento de dados
evitar abordagens simplistas, fincadas única e exclusivamente sobre o uso do crack no Brasil se refere ao estudo realizado no
na busca pela abstinência. ano 2012, pela SENAD e a Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ.
O estudo foi realizado por meio de pesquisa, na perspectiva de
Álcool e Adolescentes avaliar a gravidade do ponto de vista social e da saúde, que o
A Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (SENAD) consumo do crack representa aos usuários, estimar o número
financiou, em 2010, a maior pesquisa realizada entre de usuários e delinear características do perfil dos mesmos.
estudantes brasileiros sobre uso de drogas. Foram Foram realizadas 7 mil entrevistas com usuários regulares de
entrevistados mais de 50 mil crianças e jovens entre 10 e 19 crack que ajudaram o governo a construir o perfil dos
anos em escolas públicas e privadas das 27 capitais brasileiras. abusadores de crack do país, resumido no quadro abaixo.
Entre escolares, o álcool é, de longe, a droga mais A pesquisa consolidou algumas ideias que já norteavam a
consumida: 59% dos entrevistados afirmaram que já construção da política sobre drogas no Brasil. A primeira delas
experimentaram. O tabaco, segunda mais consumida, foi é a de que a exclusão social agrava as consequências da
citado por 17,9%. Apesar de alto, o uso de álcool entre dependência de drogas, que, por sua vez, aprofunda a
escolares brasileiros é comparável ao de países da Europa e vulnerabilidade social, em um círculo vicioso. Os abusadores
Américas. Na comparação com outros países, o Brasil de crack são, em geral, homens e negros ou pardos (80% dos
apresenta baixos índices de uso na vida de maconha e cocaína entrevistados) e tem idade média de 30 anos. 8 em cada 10 não
e crack, 8,6% e 3,4%, respectivamente. Já o uso de inalantes no chegaram ao ensino médio, e 3 em cada 10 estão em situação
Brasil é um dos mais altos do mundo – na faixa de 15-15 anos, de rua.
10,8% dos entrevistados já tinham experimentado. A título de
comparação, esse percentual é de 6,1% no Chile e 3,7% na Nas capitais, essa situação é um pouco mais grave e metade
Bolívia. dos usuários estão nas ruas. 30% dos entrevistados foram
A idade de início do uso de drogas é um fator importante presos no ano anterior à pesquisa.
para o desenho de políticas de prevenção. Estudos A situação das mulheres pode ser ainda mais grave: 30%
demonstram que, quanto mais cedo o uso, maior a delas já sofreram violência sexual, 40% se prostituem e 50%
probabilidade de desenvolver dependência. No Brasil, o das entrevistadas tiveram gestações enquanto usavam crack.
primeiro uso de álcool, inalantes, tabaco e medicamentos Entretanto, a pesquisa também desafiou algumas ideias
psicotrópicos (calmantes, por exemplo) acontece, em média, comumente relacionadas à dependência de crack. A história de
aos 13 anos. Cocaína e crack são experimentados entre os 14 e uso de crack entre os entrevistados é de 8 anos em média,
15 anos. sendo que 50% fazem uso diário, contrariando a imagem de
Houve diminuição do uso de drogas recente (no ano rápida letalidade da droga.
anterior à pesquisa) de drogas entre os estudantes na Os impactos para a saúde são enormes. 70% dos usuários
comparação com a pesquisa realizada em 2004. Essa compartilham apetrechos de uso, aumentando bastante o risco
diminuição (de 19,6% para 9,9% excluindo álcool e tabaco) de hepatites. A prevalência de Hepatite C entre usuários de
inverte uma tendência de aumento crescente que vinha sendo crack é 2,5 vezes maior do que a da população brasileira. 70%
observada em todos os levantamentos realizados desde a nem sempre usam preservativos em suas relações sexuais.
década de 90. A exceção é a cocaína, cujo consumo aumentou Porém, apesar desse risco, 60% dos entrevistados disseram
(1,7% em 2004 para 1,9% em 2010) mas ainda é minoritário nunca ter feito testagem para HIV. A prevalência de HIV+ entre
em relação a outras drogas como álcool, tabaco, inalantes e os abusadores de crack (4,9%) é oito vezes maior do que a
maconha. No caso do crack, também houve diminuição do uso estimada para a população geral brasileira (0,6%).
(de 0,7% em 2004 para 0,4% em 2010), mas o número de A mortalidade dos usuários é seis vezes maior do que a da
estudantes usuários é tão pequeno que não possibilita fazer população em geral. Pesquisa que acompanhou um grupo de
afirmações seguras. usuários de crack durante 12 anos1 mostrou que, a cada 10
abusadores, 6 morrem assassinados, 3 devido à AIDS/
O Uso do Crack hepatites e 1 por overdose.
Demandas com relação à rede de cuidados chamam
No final do século XX, a discussão sobre uso e comércio do atenção na Pesquisa. Quando perguntados sobre o que
crack torna-se cada vez maior, despertando a preocupação da esperam dos serviços de saúde, os entrevistados evidenciam a
sociedade e o interesse dos meios de comunicação em geral. busca por direitos bem mais abrangentes, que vão dos mais
Várias notícias associando violência ao consumo de drogas e imediatos (comida, banho, curativos) aos mais essenciais
vários debates foram desencadeados, dando visibilidade a um (educação, trabalho, abrigo, lazer). Todas essas respostas
problema importante, sem, contudo trazer grandes obtiveram mais de 80% de frequência. Também frequente foi
alternativas de enfrentamento destas questões e ainda a preocupação com a separação entre esses serviços e as forças
carregadas de muito preconceito. A expressão “crackolândia” de segurança pública. Tais informações demonstram a
para se referir a territórios nas cidades com grande frequência importância crucial dos serviços de assistência social para a
e usos de crack popularizou-se nos territórios ocupados por aproximação dessa parcela marginalizada da sociedade ao
pessoas em situação de rua, em uma clara confusão entre a estado brasileiro.
presença de pessoas em situação de rua e suas identidades e A pesquisa afirma que os adolescentes são minoria nas
histórias de vida, e pessoas que usam drogas e que podem cenas de uso, mas não captou informações sobre seu perfil.
estar nas ruas. Sabe-se, no entanto, que o uso de crack e/ou cocaína já atingia
A complexidade deste fenômeno aumenta quando dez anos atrás até 4 em cada 10 adolescentes em situação de
associado ao início do uso na tenra idade, à convivência com a rua (Notto, 2003). Outras fontes informam que o tráfico de
extrema pobreza, a fragilidade dos vínculos familiares e drogas vem se tornando o primeiro motivo para aplicação de
comunitários, a falta de aceso a serviços de saúde, educação, medidas de privação de liberdade para adolescentes (FSP,
cultura, esporte, lazer, trabalho, habitação, proteção social e 11/08/2013). Ou seja, se no conjunto da população que abusa
outro; a associação ao tráfico e à violência, ampliando de crack os adolescentes são um grupo menos significativo,
consideravelmente as situações de vulnerabilidade, risco e dentre os adolescentes com alta vulnerabilidade social (que
violação de direitos dos usuários, suas famílias e suas relações estão em situação de rua e/ou em conflito com a lei) o
no território. envolvimento com o crack é muito frequente e está associado
ao agravamento da exclusão social. Pode-se dizer que, na

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ausência de políticas eficazes, esses adolescentes seguirão com (homens) são especialmente suscetíveis ao uso de maconha.
os anos a trajetória dos homens e mulheres marginalizados Esta é uma informação importante para as políticas de
descritos acima. proteção social, uma vez que no âmbito da assistência social,
Os resultados apontados no estudo em referência mostram configura-se como um ponto de atenção na oferta de serviços
a alta vulnerabilidade social das pessoas que fazem uso de socioassistenciais.
crack, indicando a importância da construção de políticas
públicas integradas que tenham como objetivo das respostas O Uso dos Solventes
promovendo à informação, à saúde, à educação, trabalho, à
habitação, a cuidados, à proteção social, à segurança, dentre Os inalantes mais populares são a cola de sapateiro,
outras, de forma continuada, possibilitando a quebra de esmalte, benzina, lançaperfume, loló, gasolina, acetona, tíner,
estigmas e a inserção nas políticas públicas, bem como éter, aguarrás e tintas. Seus principais efeitos são: redução da
produzindo um novo olhar da sociedade sobre o tema e em sensação de fome e de frio; redução da sensação de dor; e
relação aos usuários de drogas. produção de sensações agradáveis, inclusive alucinações.
A recente emergência do crack como droga extremamente
O Uso da Maconha debatida pelos meios de comunicação de massa colocou os
inalantes em segundo plano. Durante muito tempo as
Cannabis Sativa é o nome científico dado no Brasil para a populações em situação de rua eram identificadas com o uso
maconha, planta cujas folhas podem ser ingeridas ou fumadas. de inalantes. À distância, tem-se a impressão de que estas
Seus efeitos causam sensação de bem estar, calma e drogas desapareceram por completo, restando apenas o crack
relaxamento, menos fadiga, embora em outras ocasiões, e assemelhados, mas esta não é a realidade, os inalantes ainda
possam causar angústia, atordoamento, ansiedade, e medo. estão muito presentes na realidade e no cotidiano de muitos
(SENAD, 2011, p. 29). Trata-se da droga qualificada como usuários como forma de amenizar algumas das adversidades
ilícita mais consumida no mundo. Há inúmeros estudos sobre da situação de rua (fome, frio, dor física, sofrimento psíquico
o tema com diferentes enfoques e resultados. Existem decorrentes dos maus tratos e de várias formas de violência).
pesquisas que apontam para a intensificação de sintomas em As caracterizações das drogas apresentadas apontam para
pessoas que apresentam algum transtorno mental e fazem o uma possível correlação de certas drogas com as classes
uso da maconha, ao passo que outras pesquisas apontam os socialmente mais empobrecidas e vulnerabilizadas. Desvela,
potenciais terapêuticos da planta, especialmente como também, uma correlação ainda mais preocupante: à medida
coadjuvante no tratamento de certos tipos de câncer, e que as pessoas vão usando diferentes tipos de drogas e
também de complicações associadas à AIDS. Aliás, as fazendo diferentes “usos”, vão se aproximando ainda mais de
polêmicas não se restringem ao campo acadêmico, e envolvem situações de violações de direitos. Mergulham muitas vezes na
organizações de pessoas que usam a droga, e que desejam dependência cruzada (duas ou mais drogas), fragilizam ou
participar dos debates sobre a planta (MEDEIROS & CECCHIM, rompem vínculos familiares, ficam à margem do mundo do
2011, p. 41-52). trabalho, abandonam projetos de vida, e, ainda, potencializam
Segundo Escohotado (1997), as pessoas que usam as condições de riscos sociais e de novas vulnerabilidades.
maconha experimentam estados de embriaguez, que resultam Neste contexto, é necessária atenção especial com as
em um relaxamento da atenção e do foco. Seus efeitos famílias, crianças e adolescentes envolvidas com usos de
intensificam as sensações corporais, acalmando as tensões, drogas convivendo com a extrema pobreza, em situação de
produzindo um sono sem sonhos (ESCOHOTADO, 1997, p. rua, trabalho infantil, mulheres vítimas de violência, dentre
201-202). Becker (2008, p. 62) menciona tontura, sede e certa outros fatores identificados no estudo. Esta superposição de
dificuldade em avaliar tempo e distâncias. fatores justifica a inclusão dessas pessoas nos serviços e
O Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) de benefícios do escopo da política pública de assistência social,
2012, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), de Proteção Social Básica e Proteção Social Especial, na
concluiu que mais de 1,5 milhão de brasileiros consomem perspectiva de fortalecer o protagonismo dos usuários na
maconha todos os dias. O estudo detectou que 62% das construção de projetos pessoais de autonomia e segurança,
pessoas tinham menos de 18 anos quando entraram em bem como, para fortalecimento das famílias na sua função
contato com a maconha. Segundo o estudo, 8 milhões de protetiva e dos vínculos comunitários.
pessoas já experimentaram maconha alguma vez na vida, o
equivalente a 7% da população brasileira.
O estudo concluiu ainda que mais de 1% da população Ética profissional e relações
brasileira são dependentes de maconha. Cerca de 40% de
todos os usuários de maconha são dependentes da droga. A
humanas no trabalho.
pesquisa aponta para uma questão de gênero importante, os
homens consomem três vezes mais maconha do que as
mulheres. ÉTICA PROFISSIONAL
Verificou-se ainda um aumento significativo no número de
usuários adolescentes. Em 2006 existia menos de um A Ética Profissional nada mais é do que proceder bem,
adolescente para cada adulto usuário, enquanto que em 2012 correto, justo, agir direito, sem prejudicar os outros, é estar
esse índice subiu para 1,4 adolescentes para cada adulto. No tranquilo com a consciência pessoal. É também agir de acordo
último ano, a taxa encontrada foi 3%, equivalente a mais de com os valores morais de uma determinada sociedade. Essas
470.000 adolescentes. regras morais são resultado da própria cultura de uma
O estudo avaliou o padrão de uso das drogas e a associação comunidade. Elas variam de acordo com o tempo e sua
de fatores como depressão, qualidade de vida, saúde física e localização no mapa. E uma regra ética é uma questão de
violência infantil e doméstica. Além disso, é válido destacar atitude e de escolha.131
que o uso da maconha associado a outras drogas pode A maioria das profissões possuem seu próprio Código de
potencializar seus efeitos. Sem dúvida nenhuma, estes dados Ética, Todos os códigos de ética profissionais, trazem em seu
são importantes para demonstrar que os adolescentes texto a maioria dos seguintes princípios: honestidade no
trabalho, lealdade na empresa, alto nível de rendimento,

131 ARAÚJO, U.F. et al. Programa Ética e Cidadania: construindo valores na Fundação de Apoio à Faculdade de Educação (USP–Brasília: Ministério da
escola e na sociedade: relações étnico-raciais e de gênero / organização FAFE – Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

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respeito à dignidade humana, segredo profissional, - Favorecimento de interesses pessoais, familiares,


observação das normas administrativas da empresa entre políticos, econômicos ou de outros grupos de identificação;
outros. - Divulgação de informação confidencial;
Agir corretamente hoje não é só uma questão de - Uso de informação privilegiada;
consciência. É um dos quesitos fundamentais para quem quer - Uso de facilidades do serviço para benefício pessoal;
ter uma carreira longa e respeitada. Em escolhas - Uso indevido da posição e de facilidades profissionais;
aparentemente simples, muitas carreiras brilhantes podem - Aceitação indevida de ofertas;
ser jogadas fora. Atualmente, mais do que nunca, a atitude dos - Falta de honestidade nas despesas suportadas pela
profissionais em relação às questões éticas pode ser a Instituição.
diferença entre o seu sucesso e o seu fracasso.
Ter um comportamento ético profissional é uma Ética como uma questão de Sobrevivência
característica fundamental, sendo assim valorize a ética na sua
vida e em seu ambiente de trabalho. Na atualidade, falar sobre Ética é um grande desafio. O
A ética é o comportamento que assumimos perante os Brasil vive um momento onde os valores éticos, de forma geral,
demais, o padrão de comportamento e valores que presidem têm sido discutidos pelos diversos meios de comunicação e
nossa prática, a ciência que tenciona alcançar o puro e simples pela comunidade. São escândalos constantes, envolvendo
bem-estar do homem, tendo por objetivo a perfeição dele personalidades públicas onde se tem colocado à prova os
através de sua livre ação. valores de nossa sociedade.
Isto reflete diretamente nas empresas e nos consumidores
Ética Pessoal de todo o mundo que estão mais atentos à Ética do que nunca.
Nos últimos anos, as empresas têm dado uma atenção especial
A palavra Ethos - significa ética, em grego e se designa à ética corporativa promovendo debates com os funcionários
como a morada humana. Assim o ser humano separa uma e chegando, inclusive, a criar um instrumento que esclarece as
parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir um diretrizes e as normas da organização: o código de ética.
abrigo protetor e permanente. A ética, como morada humana, Enquanto a ética profissional está voltada para as
não é algo pronto e construído de uma só vez. O ser humano profissões, os trabalhadores, as associações e as entidades de
está sempre tornando habitável a casa que construiu para si. classe do setor correspondente, a ética empresarial atinge as
Ética significa, segundo Leonardo Boff (2007), “tudo aquilo empresas e as organizações em geral.
que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma A empresa necessita desenvolver-se de tal forma que a
moradia saudável: materialmente sustentável, ética, a conduta ética de seus integrantes, bem como os valores
psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda”. e as convicções primárias da organização tornem-se parte de
sua cultura. É importante destacar que a ética empresarial não
Ser ético consiste somente no conhecimento de ética, mas na sua
prática. É fundamental praticá-la diariamente e não apenas em
Você se considera uma pessoa ética? Ser ético nada mais é ocasiões especiais ou geradoras de opinião.
do que agir direito, proceder bem, sem prejudicar os outros. É O código de ética tornou-se um instrumento para a
ser altruísta, é estar tranquilo com a consciência pessoal. É, valorização dos princípios, da visão e da missão da empresa.
também, agir de acordo com os valores morais de uma Serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar
determinada sociedade. Essas regras morais são resultado da a postura social da empresa face aos diferentes públicos com
própria cultura de uma comunidade. Elas variam de acordo os quais interage. É da máxima importância que seu conteúdo
com o tempo e sua localização no mapa. A regra ética é uma seja refletido nas atitudes das pessoas e que se encontre
questão de atitude, de escolha. respaldo na alta administração da empresa, pois até mesmo o
Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás último empregado contratado terá a responsabilidade de
um conjunto de valores fundamentais. Muitas dessas virtudes vivenciá-la.
nasceram no mundo antigo e continuam válidas até hoje. Eis A definição de diretrizes e padrões de integridade e
algumas das principais: transparência obriga e deve ser observada por todos e em
todos os níveis da organização. Seu contexto, por sua vez,
a) Ser honesto em qualquer situação: a honestidade é a estabelece as diretrizes e os padrões de integridade e
primeira virtude da vida nos negócios, afinal, a credibilidade é transparência aos quais todos devem aderir e que passarão a
resultado de uma relação franca; incorporar no Contrato de Trabalho de cada colaborador.
b) Ter coragem para assumir as decisões: mesmo que Desta forma, costuma trazer para ética empresarial a
seja preciso ir contra a opinião da maioria; harmonia, a ordem, a transparência e a tranquilidade, em
c) Ser tolerante e flexível: muitas ideias aparentemente razão dos referenciais que cria, deixando um lastro decorrente
absurdas podem ser a solução para um problema. Mas para do cumprimento de sua missão e de seus compromissos.
descobrir isso é preciso ouvir as pessoas ou avaliar a situação Assim como as empresas, as pessoas também passam por
sem julgá-las antes; uma profunda crise de identidade ética. E já faz tempo que a
d) Ser íntegro: significa agir de acordo com os seus criatividade, característica de nosso povo, deu espaço ao
princípios, mesmo nos momentos mais críticos; "jeitinho" ou à famosa "lei de Gerson", onde levar vantagem é
e) Ser humilde: só assim se consegue ouvir o que os fundamental. O mercado profissional, os meios de ensino e a
outros têm a dizer e reconhecer que o sucesso individual é sociedade capitalista vêm formando nas pessoas um
resultado do trabalho da equipe. comportamento de competição acirrada e de busca pelo
sucesso profissional a qualquer preço. Com isto, muitos se
A ética define padrões sobre o que julgamos ser certo ou esquecem ou desaprendem um dos valores básicos da
errado, bom ou mau, justo ou injusto, legal ou ilegal na conduta convivência em sociedade que é o respeito à individualidade
humana e na tomada de decisões em todas as etapas e do outro.
relacionamentos da nossa vida. O fato, porém, é que cada vez Algumas pessoas e empresas perceberam que competir
mais essa é uma qualidade fundamental para quem se com ética é a saída para o crescimento pessoal, profissional e
preocupa em ter uma carreira longa, respeitada e sólida. de mercado, bem como de nossa sociedade. Portanto, cada vez
Para ficar mais claro, veja a seguir os principais problemas mais reaprender as "boas maneiras" do comportamento
éticos encontrados nas organizações: profissional é fundamental.

Atualidades e Convivência Social 158


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Como ter Atitudes Éticas no Ambiente de Trabalho132 Portanto, siga esses procedimentos para que você continue
com atitudes e comportamentos éticos diante da empresa e da
Hoje, os profissionais requisitados pelos recrutadores sociedade. A ética revela seu caráter, sendo assim, seja ético e
devem ter inúmeras qualidades para obter sucesso na carreira isso poderá te proporcionar inúmeras conquistas
profissional. Porém, apesar dos diversos conhecimentos que profissionais.
as pessoas possuem, existe algo que é um pré-requisito para
alcançar qualquer posição: a ética, termo que deve ser A Organização do Local de Trabalho133
conhecido e praticado dentro e fora das empresas.
Muitos estudiosos, como Platão, Aristóteles e Sócrates, Para trabalharmos bem, precisamos estar num ambiente
aprofundaram suas pesquisas sobre este assunto. Apesar das agradável, limpo, organizado e de fácil acesso. Posto isso, a
divergências das linhas teóricas e de como o comportamento é primeira coisa que devemos ter em mente é que a organização
regido, existe um significado para ética que é imutável: ela do local de trabalho é extremamente importante para o bom
corresponde a compreensão dos valores morais que guiam o desempenho de nossas atividades.
comportamento de um indivíduo. Ser ético está relacionado a Pessoas que trabalham em lugares organizados, trabalham
seguir os padrões da sociedade e as regras e políticas das mais animadas e apresentam um rendimento superior as
organizações. pessoas que não valorizam tal questão. Um bom exemplo disso
seria o de se procurar uma ferramenta, em um ambiente
O Código de Ética Apresenta as Seguintes Orientações desorganizado o tempo de procura é consideravelmente
- Julgue-se igual ao seu colega, independentemente de seu superior em relação ao tempo de procura em um ambiente
nível cultural ou profissional; organizado.
- Forneça ajuda aos colegas; Sendo assim, por meio da busca pela melhoria continua da
- Saiba receber orientações de trabalhos de colegas ou organização e do ambiente de trabalho a fermenta 5s tem
superiores; ajudado a criar nas empresas a cultura da disciplina, a
- Troque ideias com superiores sempre que houver identificação de problemas e a melhor observação de
necessidade; oportunidades para melhorias.
- Mantenha sempre o local de trabalho em ordem e em A proposta do 5s se traduz em reduzir o desperdício de
condições de uso; recursos e o espaço de forma a aumentar a eficiência
- Quando não souber fazer, não faça, peça ajuda; operacional do trabalho e para isso aborda 5 sensos:
- Informe aos colegas os riscos de acidentes no trabalho;
- Dê ideias para solucionar problemas no ambiente de 1. Senso de utilização: verifica o que é realmente
trabalho, não se preocupe se serão aceitas, ou não; necessário no ambiente de trabalho (ferramentas, materiais,
- Transmita princípios morais no ambiente de trabalho; papéis etc.). O que não está sendo usado é guardado ou
- Ajude, opine, mas com discrição. Respeite as confidências descartado. Este processo diminui os obstáculos à
dos colegas; produtividade no trabalho;
- Seja responsável e cumpra suas obrigações;
- Faça críticas e concorde somente com críticas 2. Senso de ordenação: enfoca a necessidade de um
construtivas; espaço organizado (quadro de ferramentas, arquivo de
- Opine sempre educadamente, sem medo de repressão; documentos etc.). Dispomos os materiais que precisamos no
- Seja honesto com a empresa, com os colegas, com os nosso serviço de maneira a melhorar o fluxo do nosso trabalho
superiores, consigo mesmo; e eliminando movimentos desnecessários;
- Mude de opinião quando perceber que está errado;
- Seja pontual nos horários de trabalho e compromissos; 3. Senso de limpeza: a limpeza é uma necessidade diária
- Respeite a opinião dos colegas; de qualquer ambiente. Geralmente, em escritórios existe uma
- Faça sempre o trabalho certo; e equipe que faz esta limpeza. Mesmo assim, podemos ajudar
- Atualize-se em sua profissão, constantemente. jogando o lixo fora, por exemplo. Existe ambientes, como as
oficinas por exemplo, onde os funcionários devem fazer esta
Para que você não fique confuso ao tomar uma decisão em limpeza. No final do expediente pode-se tomar alguns minutos
sua carreira, veja algumas dicas para garantir a ética para executar esta organização;
profissional:
Humildade: esteja pronto para ouvir sugestões, elogios e 4. Senso de saúde: este senso pode parecer um tanto
críticas. Você pode aprender muito com seus colegas de metódico, mais é importante. Basicamente, ele padroniza as
trabalho. Portanto, seja flexível a opiniões. práticas do trabalho, como manter os materiais juntos, canetas
Honestidade: ninguém perde por ser honesto. Aliás, a com canetas, livros com livros e assim por diante. Favorece à
honestidade traz dignidade. Esta é a hora de mostrar seu saúde física, mental e ambiental;
caráter e ser um profissional ético.
Privacidade: dentro das organizações, existem assuntos 5. Senso de autodisciplina: utilizado para fazer a
sigilosos e que devem ser tratados de forma discreta. Seja algo manutenção e manter a ordem em nosso ambiente de trabalho.
de clientes ou colegas de trabalho, o seu dever é manter É um tanto difícil, pois é necessário fazer com que os
segredo e não expor informações internas que são funcionários mantenham à ordem no local de trabalho. Devem
exclusividades da empresa. Trata-se do sigilo profissional. seguir regras como " usou, guarde", "sujou, limpe".
Respeito: seja com o chefe ou com o subordinado, você
deve ser respeitoso com os colegas de trabalho. Evite falar mal Algumas empresas fazem, periodicamente, inspeções nos
daqueles que te incomodam, isso não irá te acrescentar nada e departamentos para a verificação da organização. Pode se
poderá prejudicar sua imagem dentro da empresa. nomear alguns funcionários para fazer estas inspeções de
tempos em tempos. O objetivo é fazer tal manutenção, ajudar
na aplicação dos princípios por parte dos funcionários.

132 MARQUES, José Roberto. Como ter atitudes éticas no ambiente de trabalho. 133 CZARNESKI, Edson Ricardo. A organização no ambiente de trabalho.

Disponível em: http://economia.terra.com.br/blog- Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/5s-a-


carreiras/blog/2014/05/29/como-ter-atitudes-eticas-no-ambiente-de-trabalho/. organizacao-no-ambiente-de-trabalho/38730/.
Acesso em: Março/2016.

Atualidades e Convivência Social 159


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Atitudes que os Profissionais devem evitar em Serviço retorno quanto a uma solicitação, por exemplo, pode passar
uma impressão negativa. As empresas são feitas de pessoas,
As atitudes são as ações que o profissional toma quando que podem achar ruim a falta de informações.
desempenham suas funções, quando desempenhadas com
ética e profissionalismo acarreta em benefícios, mas quando 10) Atmosfera negativa: conviver com colega que
não acarreta em prejuízos. Na verdade, trata-se de reclama de tudo e ainda é mal-humorado não é nada agradável.
exteriorização do comportamento profissional, abaixo listam- Antes de expor um comentário, avalie se ele vai causar um
se algumas atitudes que devem ser evitadas. desconforto no local de trabalho. O aconselhável é agir para
sempre manter um ambiente positivo”134.
1) Assuntos profissionais x pessoais: é muito comum
que o colaborador realize atividades como falar com a família, Questões
acessar redes sociais e pagar contas durante o expediente.
Para não prejudicar as obrigações na empresa, o indicado é 01. (CISLIPA - Assistente Administrativo - FAFIPA) A
resolver essas questões após a jornada de trabalho. Caso o dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos
assunto só possa ser resolvido no horário comercial, é de bom princípios morais são primados maiores que devem nortear o
senso reservar o horário de almoço. servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora
dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder
2) Roupa: pode até parecer fútil para alguns, mas muitos estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão
profissionais ainda pecam no vestuário. Há situações, como o direcionados para a preservação da honra e da tradição dos
abuso de decotes e transparências, e o uso de jeans em dias serviços públicos. Desta forma, a respeito da ética na
não permitidos, que podem criar problemas. Por esse motivo, Administração Pública, assinale a alternativa CORRETA:
é importante que o contratado adote o traje de acordo com a (A) A moralidade da Administração Pública não se limita à
cultura da empresa e tenha a preocupação de adequar suas distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia
roupas ao ambiente de trabalho. de que o fim é sempre o bem comum.
(B) Não é vedado ao servidor público ser, em função de seu
3) Postura: cuidado com palavrões, gírias e falar alto no espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a
trabalho. Comportamentos como esses podem prejudicá-lo no este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão.
ambiente corporativo. Por isso, é fundamental ser educado e (C) Apenas e exclusivamente nos órgãos da Administração
manter a compostura mesmo em situações críticas. Pública Federal Direita é que deverá ser criada uma Comissão
de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética
4) Críticas em público: o feedback negativo nunca deve profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com
ser em público, pois tal atitude pode constranger o o patrimônio público, competindo-lhe conhecer
colaborador. Porém, caso o assunto for um elogio ou concretamente de imputação ou de procedimento susceptível
reconhecimento é indicado fazer diante de outras pessoas de censura.
como forma de incentivo. Os especialistas afirmam que acima (D) É vedado ao servidor público comunicar
de tudo é preciso ter bom senso e respeito. imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato
contrário ao interesse público, devendo primeiro o servidor
5) Falta de pontualidade: a atenção ao horário não é público efetuar diligências, a fim de arrecadar provas sobre o
apenas na entrada ao trabalho, mas inclui ser pontual nas ato ou fato que sobre seu entendimento é contrário ao
reuniões e outros compromissos da empresa. Além disso, o interesse público.
profissional deve respeitar o tempo estipulado para o almoço
e cumprir suas tarefas no prazo. 02. (TJ/DFT - Todos os cargos - CESPE) Julgue o item
subsequente, relativo à ética no serviço público.
6) Falar mal da empresa: criticar a organização por causa A qualidade dos serviços públicos depende fortemente da
do salário, benefícios e discordar das novas políticas da moralidade administrativa e do profissionalismo de
organização no ambiente de trabalho, não pega bem. Para os servidores públicos.
especialistas, existem os canais e os momentos certos para (...) Certo (...) Errado
relatar a insatisfação. O indicado é expor as ideias ao mesmo
tempo em que propõe soluções. 03. (Colégio Pedro II - Auxiliar de Biblioteca - Acesso
Público) Rodrigo tem em mente que o elemento ético no
7) Desrespeitar a hierarquia: não acatar as regras da exercício do cargo público é fundamental para o bom
empresa é considerada insubordinação e pode levar a andamento do serviço. Seu atos, comportamentos e atitudes
demissão. Além disso, passar por cima da posição pré- deverão ser sempre direcionados para a preservação da honra
estabelecidas na instituição não é visto como pró-atividade. e tradição dos serviços públicos. Diante dos fatos assinale a
Em termos de postura, é essencial respeitar a hierarquia para alternativa errada:
evitar problemas na vida profissional. (A) Não é vedado ao servidor público usar informações
privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em
8) Impor pensamentos ideais: é comum o líder ditar benefício próprio.
regras como crenças religiosas e política, entre outras (B) Rodrigo tem o dever de tratar cuidadosamente os
determinações que ele acredite. Segundo especialistas, o chefe usuários dos serviços públicos.
deve agir como responsável e não como ditador. Antes de tudo, (C) É dever do servidor público o cumprimento de ordens
é fundamental respeitar as diferenças e buscar o melhor de superiores, desde que a ordem não seja manifestamente ilegal.
cada um para agregar valor à política da empresa. (D) É vedado ao Rodrigo o uso do cargo para obter
qualquer favorecimento, para si ou para outrem.
9) Ausência de feedback: a falta de esclarecimento dos (E) A assiduidade e frequência do servidor público em seu
funcionários perante seus colegas e ao público externo ambiente de trabalho, além de ser um dever, reflete
compromete a imagem da organização. Deixar de dar um positivamente em todo o sistema.

134 http://revista.penseempregos.com.br/noticia/2013/04/saiba-10-
comportamentos-inadequados-para-o-ambiente-de-trabalho-4110313.html.

Atualidades e Convivência Social 160


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04. (MPOG - Atividade Técnica - FUNCAB) A ética pode de uma sociedade. Este tipo de relacionamento é marcado pelo
ser definida como: contexto onde ele está inserido, podendo ser um contexto
(A) um conjunto de valores genéticos que são passados de familiar, escolar, de trabalho ou de comunidade.
geração em geração.
(B) um princípio fundamental para que o ser humano Relação Intrapessoal: o prefixo “intra” exprime a noção
possa viver em família. de “interior”. Assim, a relação intrapessoal representa a
(C) a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, comunicação com o nosso “Eu interior”. Seria a aptidão de uma
responsável pela investigação dos princípios que motivam, pessoa de se relacionar com os seus próprios sentimentos e
distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento emoções. Esta relação é de elevada importância porque vai
humano em sociedade. determinar como cada pessoa age quando é confrontada com
(D) um comportamento profissional a ser observado situações do dia a dia.
apenas no ambiente de trabalho. Ressaltando que para se ter um relacionamento
(E) a boa vontade no comportamento do servidor público intrapessoal saudável, o indivíduo deve exercitar áreas como
em quaisquer situações e em qualquer tempo de seu cotidiano. autoafirmação, automotivação, autodomínio e
autoconhecimento.
05. (MPE/SC - Motorista - FEPESE) Assinale a alternativa
correta em relação à ética no serviço público. Relação Intergrupal: relação desenvolvida entre
(A) Em razão do interesse público indireto, os atos distintos grupos (diferentes departamentos, distintas
administrativos não precisam ser publicados. empresas, etc.).
(B) O conceito de moralidade da Administração Pública é
restrito aos procedimentos internos praticados pelos O Respeito e as Relações Humanas
servidores. As relações humanas devem ser vinculadas ao respeito
(C) O servidor poderá omitir ou falsear a verdade, quando pessoal, no qual se compreende promover o relacionamento
necessário aos interesses da Administração Pública. profissional baseado na ética, no respeito e no reconhecimento
(D) O desempenho da função pública não demanda das diferenças de cada indivíduo. Assim se obtém como
profissionalismo, uma vez que tal princípio é inerente à resultado:
iniciativa privada que busca lucros e resultados - A melhoria, no desempenho das pessoas;
(E) A moralidade administrativa se integra ao Direito como - O aumento do orgulho pessoal em pertencer à empresa;
elemento indissociável dos atos praticados pela administração - O crescimento da satisfação dos colaboradores;
pública, e, como consequência, atua como fator de legalidade. - A maior retenção de talentos;
- O aumento na participação no mercado;
Gabarito - P progresso na qualidade dos serviços e atendimento;
- A melhoria da imagem institucional;
01.A / 02.Certo / 03.A / 04.C / 05.E - A expansão dos negócios da empresa;
- O aumento da eficácia organizacional;
RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO - Equipes mais inspiradas para superação de metas; e
- Maior motivação das pessoas em busca de objetivos.
As Relações Humanas entre indivíduos apresentam um
aspecto muito peculiar, que ultrapassa as características de O relacionamento sadio dentro da organização é o
seus componentes e se manifesta não só na relação de um principal fator nos dias atuais. Pois todo funcionário objetiva
grupo com o outro, mas também, e principalmente, nas um ambiente de respeito mútuo, com oportunidades de
relações que os membros de um grupo mantêm entre si. aprendizado e crescimento.
Quando falamos em Relações Humanas no Trabalho Para um ambiente mais saudável com boas relações
falamos de algo que vai muito além da hierarquia ou dos humanas no trabalho, existem aspectos que podem ser
processos, pois estamos falamos das relações entre colegas de trabalhados nos treinamentos comportamentais da empresa,
trabalho, entre gestores e entre gestores e colaboradores. mas que, ainda que não haja tais treinamentos, existem regras
Neste sentido são as relações humanas no trabalho que de uma boa convivência funcional que devem ser trabalhadas
ditam o grau de motivação dos colaboradores, por exemplo, (exercidas) com superiores, subordinados e colegas de
quando há um clima organizacional que favorece e estimula trabalho.
boas relações humanas, as pessoas tendem a se manterem
mais motivadas e envolvidas com os processos da organização. Veja:
Do ponto de vista teórico as relações humanas resultam da Respeitar o chefe imediato, colegas, subordinados e
mútua interação interindividual e coletiva, interação que gera clientes: quem respeita, sempre será respeitado.
uma dinâmica entre as áreas da ciência social, em particular a
da sociologia e da psicologia, chamada de dinâmica de grupos, Não cortar a palavra de quem fala: falar pouco e com
que procura aplicar métodos científicos ao estudo dos segurança agrada mais aos clientes e colegas.
fenômenos grupais.
Do ponto de vista aplicado ou técnico, as relações humanas Ser claro na comunicação: falar somente o necessário.
são medidas e direcionadas pela dinâmica de grupos, ou seja Saber ouvir é uma arte!
pelo método de trabalho baseado na teoria do relacionamento
interpessoal. Cuidar para não ferir o outro com reações agressivas:
Assim vale dizer que as Relações Humanas se referem às controlar emoções é fundamental.
Relações Interpessoais, Intrapessoais e Intergrupais.
Procurar a causa das antipatias para vencê-las:
Divisão das Relações Humanas conhecer a si mesmo e procurar ser compatível com colegas e
chefia são básicos para o trabalho harmonioso e rentável.
Relação Interpessoal: relativo a uma comunicação, ou
uma relação, que se estabelece entre duas ou mais pessoas. Nunca dizer categoricamente: “Não concordo! Você
Implica uma relação social, ou seja, um conjunto de normas está errado”: dizer a mesma coisa com outros termos. A
comportamentais que orientam as interações entre membros

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maneira como você diz é mais importante do que aquilo que máquina e conceituado como “homo economicus”, cuja ideia
você diz. principal para a motivação da pessoa no trabalho era a
remuneração.
Aprender a enaltecer as qualidades positivas das
pessoas, através do elogio: esta é a melhor arma para quem O Homem Médio e Homem de Primeira Classe
quer conquistar e cativar amigos. Surge o estudo da administração de operações fabris, no
qual Taylor distingue o homem médio do homem de primeira
Usar normas de etiqueta social, aplicando-as classe.
corretamente: como dizer obrigado, por favor, com licença, Ao Homem de Primeira Classe deveria ser selecionada a
etc. Isso ajuda a conseguir o que se quer, respeitando e tarefa que lhe fosse mais apropriada, com incentivo financeiro,
valorizando os outros. pois este é altamente motivado e realiza seu trabalho sem
desperdiçar tempo nem restringir sua produção.
Ter sempre um semblante alegre e sorridente: o No entanto, um homem de primeira classe pode tornar-se
sorriso contagia favoravelmente o ambiente. A simpatia atrai ineficiente se lhe faltarem incentivos ou se sofrer pressão do
amizades e alegra as outras pessoas que não estão bem. grupo de trabalho para diminuir a produção.
Na burocracia apresentada por Weber, o que conta é o
Mostrar interesse pelos outros: as pessoas gostam de cargo e não a pessoa, por isso devia-se evitar lidar com as
receber atenção. Amigos sim; íntimos não! emoções e as irracionalidades humanas. As pessoas devem ser
promovidas por mérito, e não por ligações afetivas. A
Dar importância ao outro, por mais humilde que seja: autoridade decorre do cargo ocupado e não da pessoa.
valorizar cada pessoa é uma questão de respeito. E isso é Foi só na Escola das Relações Humanas, com o estudo de
importante independente da função ou cargo que a pessoa Hawthorne que o indivíduo começou a ser visto como pessoa
exerça, sem qualquer distinção. que age como membro de um grupo, trata-se de uma
organização social.
Lembrar sempre que ninguém nasce sabendo: Pois quando a administração trata bem os funcionários, o
aprender também significa descobrir suas próprias desempenho do grupo tende a ser positivo. A administração
ignorâncias. Por isso, deve-se ter paciência com quem não deve observar o comportamento dos grupos, e tratar os
aprendeu determinados pontos que outros já aprenderam. funcionários de forma coletiva, ao incentivar o trabalho em
equipe.
Gostar do que faz é gostar de si: gostar do outro e amar Dessa forma, as pessoas são dotadas de conhecimentos,
seu trabalho são ingredientes de sucesso nas relações habilidades e atitudes, que variam de pessoa para pessoa, de
humanas. acordo com sua formação, experiência e oportunidades.
Portanto, o Movimento das Relações Humanas surge da
Relações entre o Indivíduo e a Organização135 crítica à Teoria da Administração Científica e à Teoria Clássica,
porém o modelo proposto não se contrapõe ao taylorismo.
Antes da abordagem do assunto vamos os conceitos de: Combate o formalismo na administração e desloca o foco da
administração para os grupos informais e suas inter-relações,
Organização: uma organização é um sistema composto oferecendo incentivos psicossociais, por entender que o ser
por uma coletividade de recursos, como: pessoas, informações, humano não pode ser reduzido a esquemas simples e
conhecimento, instalações, dinheiro, tempo, espaço, entre mecanicistas.
outros. As pessoas são os recursos mais importantes, pois são
os recursos humanos que processam os demais recursos Com isso Elton Mayo137 pode identificar dois tipos de
buscando realizar os objetivos da empresa. No qual a organização, a formal e informal.
administração é o processo de tomar decisões, o que faz com
que as organizações sejam capazes de utilizar corretamente Organização Formal: é a organização formalizada por
seus recursos para atingir seus objetivos. meio de normas e regulamentos escritos e detalhados, com
Já para Hall136 um organização se trata de uma coletividade desenho de cargos, ou seja, a especificação dos requisitos e
com uma fronteira relativamente identificável, com ordem atribuições relativas ao cargo, estes seguem uma estrutura
normativa (regras), níveis de autoridade (hierarquia), hierárquica ou linha de comando, que atua organizando as
sistemas de comunicação e sistemas de coordenação dos pessoas e os recursos a fim de alcançar determinados
membros (procedimentos). Essa coletividade existe em uma objetivos. Na organização formal, as rotinas de trabalho e os
base relativamente contínua, está inserida em um ambiente e procedimentos são formalizados, de forma que os funcionários
toma parte de atividades que normalmente se encontram saibam como exercer suas tarefas.
relacionadas a um conjunto de metas; as atividades acarretam
consequências para os membros da organização, para a Organização Informal: diferente da organização formal,
própria organização e para toda sociedade. que é criada para atingir os objetivos da empresa, a
organização informal não possui normas e regulamentos
Indivíduo: os indivíduos são as pessoas. O modelo de formais, pois nasce dos relacionamentos das pessoas que
gestão por competências apresenta que as pessoas são possuem interesses em comum ou que compartilham valores
indivíduos dotados de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes, semelhantes. A convivência dos funcionários distribuídos nos
também conhecido como (CHÁ). diversos níveis hierárquicos revelam amizades e diferenças
No entanto, sabemos que nem sempre a administração entre as pessoas. A organização informal serve para atender às
enxergou as pessoas deste modo. Na Administração Científica, necessidades sociais, de relacionamento das pessoas. Por
por exemplo, o homem era tratado como uma extensão da

135 LACOMBE, B. B. A Relação Indivíduo-Organização: é possível não se 137 George Elton Mayo (1880 - 1949) foi um psicólogo australiano, sociólogo e

Identificar com a Organização? In: Encontro de Estudos Organizacionais, Recife. pesquisador das organizações. Como professor da Harvard Business School, entre
Anais... Recife: Observatório da Realidade Organizacional: PROPAD/UFPE: ANPAD, 1923 e 1926 realizou a destacada pesquisa que popularizou-se como Hawthorne
2002. Studies, revelando a importância de considerar os fatores sociais que poderiam
136 HALL, R. H. Organizações: estruturas, processos e resultados. Pearson, influenciar uma situação de trabalho, tornando-se reconhecido por esses
2004. experimentos.

Atualidades e Convivência Social 162


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exemplo: a turma do cafezinho, o pessoal do futebol de sábado, (C) Tem foco no trabalho e nas necessidades econômicas
o pessoal do barzinho, etc. do trabalhador.

Assim, com a integração, o que as organizações têm a


ganhar é o maior aproveitamento da energia humana de que (D) Enfatizou que as pessoas tentam maximizar as
dispõem. E, porque o processo de integração implica cessão de recompensas.
ambas as partes, o problema que se apresenta é a (E) Teve como resultados a alienação no trabalho e a
compreensão das mudanças que a organização e o indivíduo insatisfação.
terão que sofrer para alcançar a maior energia no esforço
produtivo. 04. (TJ/SC - Analista Administrativo - TJ/SC) Qualquer
No pressuposto do autor, Elton Mayo, as bases para o organização possui dois tipos de estrutura: a formal e a
maior aproveitamento da energia humana, vale dizer: para a informal. Com relação a estrutura informal é INCORRETO
eficiência, residem na própria incompatibilidade que há entre afirmar:
os objetivos organizacionais e interesses individuais. (A) Não é planejada.
A vivência em grupo (e os objetivos deste) se impõe a (B) Surge naturalmente através da interação social das
organização e a institucionalização do trabalho, que cria pessoas.
papéis e padrões esperados de desempenho e (C) Está representada no organograma.
comportamentos, estabelecendo uma teia de relações que (D) Não expressa relações hierárquicas.
podem ser de mando, lealdade, confiança, cooperação, (E) Não aparece no organograma.
servidão, e assim por diante, posicionando as pessoas em
relação a si próprias e em relação aos outros. 05. (Pref. de Osasco/SP - Oficial Administrativo - FGV)
Nesse sentido, o exercício da atividade profissional não Para a Escola das Relações Humanas, o grande fator que
apenas expressa a singularidade do indivíduo, resultado das possibilita o indivíduo a trabalhar para o atingimento dos
suas escolhas, mas também o posiciona no seu grupo social. A objetivos da organização formal é:
sua mobilidade manifesta o desenvolvimento de suas (A) ambição;
habilidades e a valorização de sua atividade em relação ao seu (B) grupo informal;
grupo138. (C) liderança;
(D) motivação;
Questões (E) relações interpessoais.

01. (Pref. de Monte Mor/SP - Recepcionista - CONSESP) Gabarito


O Servidor, de acordo com as Relações Humanas no trabalho,
deve 01.B / 02.C / 03.A / 04.C / 05.D
(A) aproveitar as oportunidades do trabalho para
solucionar problemas pessoais.
(B) exercer com dedicação e zelo todas as atribuições
previstas para o cargo. Ética moral e cidadania.
(C) comentar problemas particulares, criando assim, um
clima de maior intimidade.
(D) fazer comentários com os colegas da repartição sobre ÉTICA E MORAL
tudo o que acontece ao seu redor e estar sempre atento à
movimentação de todos os demais Servidores. Sendo uma palavra de origem grega – ethos – que significa
caráter.
02. (Pref. de Canavieira/PI - Auxiliar Administrativo - Diferentes filósofos tentaram conceituar o termo ética:
IMA) São princípios importantes em relações humanas, Sócrates ligava-o à felicidade de tal sorte que afirmava que
SALVO: a ética conduzia à felicidade, uma vez que o seu objetivo era
(A) Não se abale com críticas abusivas, solucione o preparar o homem para o autoconhecimento, conhecimento
problema. esse que constitui a base do agir ético.
(B) Pense, avalie e somente após esse processo fale alguma A ética socrática prevê a submissão do homem e da sua
coisa. Esse processo trará melhores resultados e evitará ética individual à ética coletiva que pode ser traduzida como a
mensagens distorcidas. obediência às leis.
(C) Critique seus colegas de trabalho em público para eles Para Platão a ética está intimamente ligada ao
saberem que estão fazendo o trabalho de forma inadequado. conhecimento dado que somente se pode agir com ética
(D) Somente prometa o que realmente pode cumprir, caso quando se conhece todos os elementos que caracterizam
contrário, não prometa. determinada situação posto que somente assim, poderá o
homem alcançar a justiça.
03. (IFB - Auxiliar Administrativo - FUNIVERSA) Para José Renato Nalini139 “ética é a ciência do
Assinale a alternativa que apresenta uma característica da comportamento moral dos homens em sociedade.140 É uma
escola das relações humanas. ciência, pois tem objeto próprio, leis próprias e método
(A) A organização é considerada um sistema social. próprio, na singela identificação do caráter científico de um
(B) O comportamento na organização é estabelecido por determinado ramo do conhecimento.141 O objeto da Ética é a
regras e regulamentos. moral. A moral é um dos aspectos do comportamento humano.
A expressão moral deriva da palavra romana mores, com o

138http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034- 141 Ciência, recorda MIGUEL REALE, é termo que "pode ser tomado em duas

75901976000200008&script=sci_arttext acepções fundamentais distintas: a) como 'todo conjunto de conhecimentos


139 NALINI, José Renato. Conceito de Ética. Disponível em: ordenados coerentemente segundo princípios'; b) como 'todo conjunto de
www.aureliano.com.br/downloads/conceito_etica_nalini.doc. conhecimentos dotados de certeza por se fundar em relações objetivas,
140 ADOLFO SÁNCHEZ V ÁZQUEZ, Ética, p. 12. Para o autor, Ética seria a teoria confirmadas por métodos de verificação definida, suscetível de levar quantos os
ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. cultivam a conclusões ou resultados concordantes'" (Fílosofia do direito, p. 73, ao
citar o Vocabulaire de Ia phílosophie, de LALANDE).

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sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo Os atos morais possuem dois aspectos, quais sejam: o
hábito reiterado de sua prática. aspecto normativo que se traduz nas normas e imperativos
Com exatidão maior, o objeto da ética é a moralidade que revelam o dever ser e o aspecto factual que é a aplicação
positiva, ou seja, "o conjunto de regras de comportamento e dessas normas no convívio social.
formas de vida através das quais tende o homem a realizar o Os princípios são as regras de boa conduta, ou seja, são os
valor do bem".142 A distinção conceitual não elimina o uso conceitos estabelecidos que regem o comportamento humano
corrente das duas expressões como intercambiáveis. A origem por serem aceitos como bons, portanto, refletem a moral
etimológica de Ética é o vocábulo grego "ethos", a significar social.
"morada", "lugar onde se habita". Mas também quer dizer
"modo de ser" ou "caráter". Esse "modo de ser" é a aquisição Características da Ética:
de características resultantes da nossa forma de vida. A
reiteração de certos hábitos nos faz virtuosos ou viciados. Imutabilidade: a mesma ética de séculos atrás está
Dessa forma, "o ethos é o caráter impresso na alma por vigente hoje;
hábito".143”
Perla Müller144 explica vários aspectos da ética, quais Validade universal: no sentido de delimitar a diretriz do
sejam: ética especulativa que é aquela que busca responder, de agir humano para todos os que vivem no mundo. Não há uma
forma não definitiva, indagações acerca da moral e de seus ética conforme cada época, cultura ou civilização. A ética é uma
princípios de sorte que, utilizando-se de investigação teórica é só, válida para todos eternamente, de forma imutável e
possível à ética explicar algumas realidades sociais. definitiva, por mais que possam surgir novas perspectivas a
Para a mesma, a ética é ainda pedagogia do espírito, posto respeito de sua aplicação prática.
que é o estudo dos ideais da educação moral. A ética pode ser
vista também como a medida que o indivíduo toma de si, Para melhor compreensão, elencamos demais definições
portanto, é pessoal e voluntária. de Ética:
Em suma: “ser ético significa conhecer e cumprir o dever;
a ética é a condição que possibilita o conhecimento do dever. - Ciência do comportamento adequado dos homens em
O ‘dever’ repousa, antes de qualquer coisa, no reconhecimento sociedade, em consonância com a virtude.
da necessidade de respeitar a todos como fins em si mesmos e - Disciplina normativa, não por criar normas, mas por
não como meios para qualquer outro objetivo”. descobri-las e elucidá-las. Seu conteúdo mostra às pessoas os
A ética guarda estreita relação com a moral e os princípios, valores e princípios que devem nortear sua existência.
porém com esses não se confunde. - Doutrina do valor do bem e da conduta humana que tem
A ética é a ciência que busca estudar a melhor forma de por objetivo realizar este valor.
convívio humano. No convívio social se faz necessário a - Saber discernir entre o devido e o indevido, o bom e o
obediência de certas normas que visam impedir conflitos e mau, o bem e o mal, o correto e o incorreto, o certo e o errado.
promover a paz social, essas são as normas éticas. - Fornece as regras fundamentais da conduta humana.
Toda sociedade possui preceitos éticos e esses baseiam-se Delimita o exercício da atividade livre. Fixa os usos e abusos da
nos valores e princípios dessa mesma sociedade e influenciam liberdade.
a formação do caráter individual do ser humano que nessa - Doutrina do valor do bem e da conduta humana que o visa
convive. realizar.
Os valores de uma sociedade são baseados no chamado
senso comum, ou seja, nos conceitos aceitos e sentidos por um “Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido
número indeterminado de pessoas. entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e
Quando se fala em valores, necessariamente deve-se tratar seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de aprovação ou
de juízo de aprovação ou reprovação, ou seja, para desaprovação da ação dos homens e a consideração de valor
determinada sociedade um comportamento pode ser tido como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso
como bom e, portanto, aprovado, enquanto outro é reprovado no campo das ações virtuosas”145.
por ser considerado ruim. Podemos dizer, de um modo geral, que ética é o
O ser humano é influenciado por esses valores conhecimento que oferta ao homem critérios para a
estabelecidos no meio social em que convive de sorte que eleição da melhor conduta, tendo em conta o interesse de
passa a adotá-los ainda que inconscientemente. Contudo, para toda a comunidade humana.146
agir com ética é preciso que o homem reflita sobre seus passos,
de forma a adotar determinado comportamento porque, após Perla Müller disponibilizou um quadro – resumo sobre
a devida reflexão, considerou-o justo. Não existe ética onde há Ética:147
ausência de pensamento.
Tem-se como valores éticos aqueles sobre os quais o ÉTICA
homem exerceu atividade intelectual. Ao estabelecer juízo de Ethos (grego): caráter, morada do ser;
valores sobre determinadas situações ou coisas o homem está Disciplina filosófica (parte da filosofia);
atribuindo a essas conceitos morais. Os fundamentos da moralidade e princípios ideais da
ação humana;
Moral, portanto, é o fator que determina se algo é bom ou Ponderação da ação, intenção e circunstâncias sob o
ruim. Pertence à ética mas, com essa não se confunde, haja manto da liberdade;
vista que a ética tem como objeto de estudo o comportamento Teórica, universal (geral), especulativa, investigativa;
humano em sua forma mais abrangente e a moral é uma Fornece os critérios para eleição da melhor conduta.
expressão dos valores humanos, ou seja, quando o homem
classifica algo como bom ou como ruim, está expressando seus
valores. São esses valores que vão pautar seu comportamento.

142 EDUARDO GARCÍA MÁYNEZ, Ética - Ética empírica. Ética de bens. Ética 145 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9ª. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
formal. Ética valorativa, p. 12. 146 ALMEIDA, Guilherme de Assis; CHRISTMANN, Martha Ochsenhofer. Ética e
143 ADELA CORTINA, Ética aplicada y democracia radical, p. 162. direito: uma perspectiva integrada. 3ª edição, São Paulo: Atlas, 2009, p.4.
144 MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço Público. Salvador: Jus Podivm, 147 BORTOLETO, Leandro; e MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço

2014. Público. Salvador: Editora Jus Podivm, 2014, p. 15.

Atualidades e Convivência Social 164


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Ética e moral conceitos morais de um grupo para outro (relativismo),


diferentemente da ética que, como dito linhas acima, pauta-se
Entre os elementos que compõem a Ética, destacam-se a pela universalidade (absolutismo), valendo seus princípios e
Moral e o Direito. Assim, a Moral não é a Ética, mas apenas valores para todo e qualquer local, em todo e qualquer tempo.
parte dela. Neste sentido, Moral vem do grego Mos ou Morus, A moral constitui-se como conjunto de normas de
referindo-se exclusivamente ao regramento que determina a conduta que se apresentam como boas, corretas, ou seja,
ação do indivíduo. como expressão do ‘bem’.
Assim, Moral e Ética não são sinônimos, não apenas pela A experiência humana cotidiana, responsável pela
Moral ser apenas uma parte da Ética, mas principalmente construção do hábito e do costume, é fonte das normas
porque enquanto a Moral é entendida como a prática, como a morais. A moral é, portanto, pragmática. As normas morais
realização efetiva e cotidiana dos valores; a Ética é entendida são fórmulas elaboradas pelo homem para ordenar, regular
como uma “filosofia moral”, ou seja, como a reflexão sobre a seu comportamento.
moral. Moral é ação, Ética é reflexão. Moral é a característica do comportamento que é
Em resumo: conforme as normas morais, assim como legal é p
- Ética - mais ampla - filosofia moral – reflexão; comportamento que é conforme as normas legais jurídicas.
- Moral - parte da Ética - realização efetiva e cotidiana Observe que a simples existência da moral não significa a
dos valores – ação. presença explícita de uma ética (...), isto é, uma reflexão que
discuta, problematize e interprete o significado dos valores
No início do pensamento filosófico não prevalecia real morais.152
distinção entre Direito e Moral, as discussões sobre o agir ético E assim Müller conclui:153
envolviam essencialmente as noções de virtude e de justiça, Quer isto dizer que a ética, enquanto disciplina filosófica,
constituindo esta uma das dimensões da virtude. Por exemplo, pode modificar, refinar ou aprimorar valores morais, ou seja,
na Grécia antiga, berço do pensamento filosófico, embora com pode incidir para alterar as regras morais enraizadas na
variações de abordagem, o conceito de ética aparece sempre sociedade através da avaliação que faz de princípios e valores
ligado ao de virtude. morais até então estabelecidos.
O descumprimento das diretivas morais gera sanção, e A moral, no serviço público, aplica-se às relações de
caso ele se encontre transposto para uma norma jurídica, gera comando e obediência, já que é normativa.
coação (espécie de sanção aplicada pelo Estado). Assim, violar E finaliza com o quadro – resumo de Moral:
uma lei ética não significa excluir a sua validade. Por exemplo,
matar alguém não torna matar uma ação correta, apenas gera MORAL
a punição daquele que cometeu a violação. Neste sentido, Mos (latim, plural mores): costume;
explica Reale148: “No plano das normas éticas, a contradição Regulação (normatização), comportamentos
dos fatos não anula a validez dos preceitos: ao contrário, considerados como adequados a determinado grupo social;
exatamente porque a normatividade não se compreende sem Prática (pragmática), particular;
fins de validez objetiva e estes têm sua fonte na liberdade Dependência espaço – temporal (relativa); caráter
espiritual, os insucessos e as violações das normas conduzem histórico e social.
à responsabilidade e à sanção, ou seja, à concreta afirmação da
ordenação normativa”. Questões
Como se percebe, Ética e Moral são conceitos interligados,
mas a primeira é mais abrangente que a segunda, porque pode 01. (SEGEP/MA – Agente Penitenciário –
abarcar outros elementos, como o Direito e os costumes. Todas FUNCAB/2016) A Moral:
as regras éticas são passíveis de alguma sanção, sendo que as (A) no sentido prático, tem finalidade divergente da ética,
incorporadas pelo Direito aceitam a coação, que é a sanção mas ambas são responsáveis por construir as bases que vão
aplicada pelo Estado. Sob o aspecto do conteúdo, muitas das guiar a conduta do homem.
regras jurídicas são compostas por postulados morais, isto é, (B) determina o caráter da sociedade e valores como
envolvem os mesmos valores e exteriorizam os mesmos altruísmo e virtudes, ensina a melhor forma de agir e de se
princípios. comportar em sociedade, e capacita o ser humano a competir
com os antiéticos, utilizando os mesmos meios destes.
Sobre o tema Ética e Moral concordamos com Perla (C) diferencia-se da ética no sentido de que esta tende a
Müller:149 julgar o comportamento moral de cada indivíduo no seu meio.
Enquanto a ética está contida na reflexão, a moral está No entanto, ambas buscam o bem-estar social.
contida na ação. A moral, verificada na ação reiterada no (D) é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano, usadas
tempo e espaço (costume, hábito), é tida como particular. A eventualmente por cada cidadão, que orientam cada indivíduo,
ética, de cunho filosófico, é tida como universal.150 norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é
A palavra ‘moral’ vem do latim mos (cujo plural é mores) e moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.
significa costume, ou seja, uma longa e inveterada repetição (E) é um conjunto de conhecimentos extraídos da
de atos consagrados como necessários ao bom conviver, como investigação do comportamento humano ao tentar explicar as
muito bem lembrado por Elcias Ferreira da Costa ao citar regras morais de forma racional, fundamentada, científica e
Ulpiano.151 teórica.
Enquanto a ética, como disciplina filosófica, é especulativa,
a moral, seu objeto de estudo, é normativa.
A moral, portanto, é influenciada por fatores sociais e
históricos (espaço – temporais), havendo diferenças entre os

148 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. incessante de investigação e indagação, a ética transforma-se a cada crítica e
149 BORTOLETO, Leandro; e MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço reflexão posta a si mesmo.
Público. Salvador: Editora Jus Podivm, 2014, páginas 16 – 17. 151 In Deontologia Jurídica: ética das profissões jurídicas. Rio de Janeiro:
150 A ética tem a pretensão de ser universal, já que quer estabelecer valores e Forense, 2013, p. 04.
princípios que possam ser considerados universais. Mas sua universalidade não 152 CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2012, p. 386.

ultrapassa esta pretensão de encontro de valores e princípios universais, ou seja, 153 BORTOLETO, Leandro; e MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço

válidos e obrigatórios para todo ser racional. Isto porque, como fonte perene, Público. Salvador: Editora Jus Podivm, 2014, p. 17.

Atualidades e Convivência Social 165


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02. (FUNPRESP/EXE – Conhecimentos Básicos – Segundo Dalmo Dallari:


CESPE/2016) Acerca da ética e da função pública e da ética e “A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à
da moral, julgue o item que se segue. pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e
Os termos moral e ética têm sentidos distintos, embora do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está
sejam frequente e erroneamente empregados como marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de
sinônimos. decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do
(....) Certo (....) Errado grupo social”.155

03. (SEDUC/PI – Professor de Filosofia – NUCEPE) Sobre Ao contrário dos direitos humanos – que tendem à
as éticas deontológicas, marque a alternativa INCORRETA. universalidade dos direitos do ser humano na sua dignidade –
(A) Para uma ética deontológica, o conceito central é o de , a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas
Dever. concepções mais antigas, possui um caráter próprio e possui
(B) Em sua formulação contemporânea, uma ética duas categorias: formal e substantiva.
deontológica assume a prioridade do justo sobre o bem. A cidadania formal é, conforme o direito internacional,
(C) Em Kant, a ética deontológica preconiza uma razão indicativo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado-
prática autônoma em relação às inclinações naturais, de Nação, por exemplo, uma pessoa portadora da cidadania
caráter universal. brasileira. Em segundo lugar, na ciência política e sociologia o
(D) Para uma ética deontológica, o único sentimento termo adquire sentido mais amplo, a cidadania substantiva
apropriado é o de respeito à lei moral, dada a precedência das é definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais.
normas sobre os desejos. Essa última forma de cidadania é a que nos interessa.
(E) Para uma ética deontológica, o conteúdo do dever A compreensão e ampliação da cidadania substantiva
universal é configurado a partir das consequências do curso de ocorrem a partir do estudo clássico de T.H. Marshall –
ação escolhido. Cidadania e classe social, de 1950 – que descreve a extensão
dos direitos civis, políticos e sociais para toda a população de
04. (TCE/RN – Conhecimentos Básicos – CESPE) Com uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim da 2ª
relação à ética e à moral, julgue o item seguinte. Guerra Mundial, após 1945, com aumento substancial dos
A ética é um conjunto de regras e preceitos de ordem direitos sociais – com a criação do Estado de Bem-Estar Social
valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de (Welfare State) – estabelecendo princípios mais coletivistas e
uma sociedade. igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva participação da
(....) Certo (....) Errado população em geral foram fundamentais para que houvesse
uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e
05. (TCE/RN – Conhecimentos Básicos – CESPE) Com civis alçando um nível geral suficiente de bem-estar
relação à ética e à moral, julgue o item seguinte. econômico, lazer, educação e político.
A efetivação da cidadania e a consciência coletiva da A cidadania esteve e está em permanente construção; é um
cidadania são indicadores do desenvolvimento moral e ético referencial de conquista da humanidade, através daqueles que
de uma sociedade. sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores
(....) Certo (....) Errado garantias individuais e coletivas, e não se conformando frente
às dominações, seja do próprio Estado ou de outras
Gabarito instituições.
No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da
01. C/ 02. Certo. / 03. E./ 04: Certo. / 05. Certo. cidadania, apesar das extraordinárias conquistas dos direitos
após o fim do regime militar (1964-1985). Mesmo assim, a
CIDADANIA cidadania está muito distante de muitos brasileiros, pois a
conquista dos direitos políticos, sociais e civis não consegue
Conforme texto de Orson Camargo154, temos que, no ocultar o drama de milhões de pessoas em situação de miséria,
decorrer da história da humanidade surgiram diversos altos índices de desemprego, da taxa significativa de
entendimentos de cidadania em diferentes momentos – Grécia analfabetos e semianalfabetos, sem falar do drama nacional
e Roma da Idade Antiga e Europa da Idade Média. Contudo, o das vítimas da violência particular e oficial.
conceito de cidadania como conhecemos hoje, insere-se no Conforme sustenta o historiador José Murilo de Carvalho,
contexto do surgimento da Modernidade e da estruturação do no Brasil a trajetória dos direitos seguiu lógica inversa daquela
Estado-Nação. descrita por T.H. Marshall. Primeiro “vieram os direitos sociais,
O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, implantados em período de supressão dos direitos políticos e de
que significa "cidade". A palavra cidadania foi usada na Roma redução dos direitos civis por um ditador que se tornou popular
antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os (Getúlio Vargas). Depois vieram os direitos políticos... a
direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. Estabelece um expansão do direito do voto deu-se em outro período ditatorial,
estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade em que os órgãos de repressão política foram transformados em
politicamente articulada – um país – e que lhe atribui um peça decorativa do regime [militar]... A pirâmide dos direitos [no
conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de uma Brasil] foi colocada de cabeça para baixo”.156
constituição. O termo cidadão refere-se ao habitante da
“cidade”, o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu
um determinado Estado. por etapas. T. H. Marshall afirma que a cidadania só é plena se
dotada de todos os três tipos de direito:
1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade
de expressão e de pensamento; direito de propriedade e de
conclusão de contratos; direito à justiça; que foi instituída no
século 18;

154 O QUE É CIDADANIA? Disponível em 156 CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de

http://www.brasilescola.com/sociologia/cidadania-ou-estadania.htm. Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. pp. 219-29.


155 DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14

Atualidades e Convivência Social 166


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2. Política: direito de participação no exercício do poder (D) Ao passar para a inatividade, o servidor público perde
político, como eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de o direito de exercer a sua cidadania.
autoridade pública, constituída no século 19; (E) É considerada direito fundamental expresso, de acordo
3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar com a Constituição Federal de 1988.
econômico e social, desde a segurança até ao direito de
partilhar do nível de vida, segundo os padrões prevalecentes 03. (PC/SP -Auxiliar de Papiloscopista Policial –
na sociedade, que são conquistas do século 20. VUNESP) Com relação à cidadania, assinale a alternativa
correta.
Ainda com base no que dispõe a doutrina, o conceito de (A) A cidadania confere à pessoa um conjunto de direitos
cidadania comporta duas concepções, sendo estas de para que participe ativamente do governo de seu povo, porém
cidadania em sentido estrito e em sentido amplo. não implica a observância de obrigações e deveres, uma vez
que deve ser exercida de forma plena.
A cidadania em sentido estrito, de acordo com a (B) O conceito contemporâneo de cidadania compreende
terminologia tradicional, adotada pela legislação sua autonomia e ausência de dependência ou relação com os
infraconstitucional e pela quase unanimidade dos autores de direitos humanos.
direito constitucional, é o direito de participar da vida política (C) A cidadania não tem conceito estanque, mas histórico,
do País, da formação da vontade nacional, abrangendo os uma vez que varia no tempo e no espaço.
direitos de votar e ser votado. É uma qualidade própria do (D) A cidadania é exercida por indivíduos, não podendo ser
cidadão, que é justamente o nacional no gozo de direitos exercida por grupos de pessoas ou por instituições.
políticos. (E) O conceito de cidadania, atualmente, restringe-se à
“qualidade de gozar direitos políticos”.
Por sua vez, a cidadania em sentido amplo, quer
significar a participação do cidadão em diversas atividades 04. (UFPB - Assistente Administrativo - INSTITUTO
ligadas ao exercício de direitos individuais, fundamentando- AOC) Assinale a alternativa que apresenta o que significa
se, então, no artigo 1º da Constituição da República. Esta tem cidadania
um alcance maior. Adotado este sentido mais abrangente, os (A) O direito de agir somente por meio de recompensas
nacionais identificam-se como os cidadãos de um Estado. pessoais.
(B) O direito de viver como bem entender.
Existem duas espécies de cidadania: ativa e passiva. A (C) O direito de falar o que quiser e a quem quiser de forma
primeira é o direito de votar, enquanto a segunda, o de ser completamente imune.
votado. (D) O direito de exigir sempre e da forma que julgar
conveniente.
A Constituição Federal (CF/88), chamada de “constituição (E) O direito de viver decentemente.
cidadã”, por ser considerada a mais completa entre as
constituições brasileiras, com destaque para os vários 05. (PC-AL - AGENTE DE POLÍCIA - CESPE) A Constituição
aspectos que garantem o acesso à cidadania, traz já em seu Federal de 1988 pode ser considerada democrática e tem
artigo 1º, inciso II, a cidadania como direito fundamental.157 A como fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da
preocupação com os direitos do cidadão é claramente uma pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre
resposta ao período histórico diretamente anterior ao da iniciativa e o pluralismo político.
promulgação da constituição. ( ) Certo ( ) Errado

Questões Gabarito

01. (Prefeitura de Nova Friburgo/RJ - Inspetor de 01.C / 02.E / 03.C / 04.E / 05.Correta
Alunos - EXATUS-PR) Qual o significado de Cidadania?
(A) cidadania significa a atitude e o comportamento do
indivíduo na sociedade.
(B) cidadania significa somente que o indivíduo tem direito
a um trabalho garantido. Anotações
(C) cidadania significa o conjunto de direitos e deveres
pelo qual o cidadão, o indivíduo se relaciona com a sociedade
em que vive. O termo cidadania vem do latim, “civitas" que
quer dizer “cidade".
(D) falar que uma pessoa é cidadã é o mesmo que dizer que
ela pode ter lazer nos finais de semana.

02. (MPE/SC - Motorista – FEPESE) Assinale a alternativa


correta em relação à cidadania.
(A) A cidadania somente pode ser exercida durante o
período eleitoral.
(B) A cidadania é um instituto recente no Brasil, que foi
instituído por meio da Constituição Federal de 1988.
(C) O cidadão poderá a qualquer momento renunciar ao
seu direito à cidadania.

157 CF/88: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união III - a dignidade da pessoa humana;
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Democrático de Direito e tem como fundamentos: V - o pluralismo político.
I - a soberania; Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
II - a cidadania representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Atualidades e Convivência Social 167


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Prefeitura de Juazeiro do Norte/CE

Professor - Ensino Fundamental (1º ao 5º)

VOLUME 2

Conhecimentos Educacionais
O atual sistema educacional brasileiro .............................................................................................................................1
A escola pública como instrumento de inclusão social .................................................................................................1
A legislação educacional brasileira: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 9394/96 e Plano
Nacional de Educação ....................................................................................................................................................... 28
Organização do ensino na escola. A Gestão democrática e instâncias colegiadas de gestão na escola pública de
ensino .................................................................................................................................................................................. 46
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental ................................................................................... 60
Natureza do trabalho pedagógico: fundamentação filosófica, política e educacional .......................................... 96
O papel do educador no ingresso, permanência e sucesso do aluno na escola ....................................................102
As contribuições científico-tecnológicas para o conhecimento do processo de aprendizagem na infância, na
adolescência, na juventude e no adulto .......................................................................................................................103
A influência de Paulo Freire na Educação e no mundo ............................................................................................110

Didática
Concepções de sociedade, homem e educação ...............................................................................................................1
A função social da escola pública.................................................................................................................................... 13
A história da organização da educação brasileira ....................................................................................................... 16
As contribuições de Piaget, Vygotsky e Wallon para o desenvolvimento humano e da aprendizagem ............ 24
A educação como ato político, a pedagogia como ciência da educação e a didática como teoria e prática do
ensino .................................................................................................................................................................................. 32
Os pressupostos teóricos e metodológicos da ação docente ..................................................................................... 40
Planejamento educacional: tipos, concepções, processos de elaboração, acompanhamento e avaliação do
Projeto Político Pedagógico e do planejamento da ação docente ............................................................................. 50
Elementos do plano de ensino ........................................................................................................................................ 65
A gestão da sala de aula e sua relação com os paradigmas educacionais presentes na prática educativa ....... 67
As novas tecnologias e suas aplicações na construção do conhecimento ............................................................... 73
A avaliação da aprendizagem: concepções, princípios, procedimentos e instrumentos...................................... 80
Registros e trocas de experiências do/no cotidiano da sala de aula........................................................................ 90
Relação professor X aluno, pais e comunidade ............................................................................................................ 98
Organização do ensino-aprendizagem e articulação com a diversidade ..............................................................113
Contextualização e interdisciplinaridade na construção do conhecimento .........................................................120
A educação de jovens e adultos: pressupostos teóricos e metodológicos na EJA ................................................124
Educação indígenas: noções básicas ............................................................................................................................131
Educação inclusiva: noções básicas .............................................................................................................................141

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Conhecimentos Específicos
Ensino e Aprendizagem no Ensino Fundamental de 1º a 5º ano: objetivos, conteúdos, metodologia, recursos
didáticos e avaliação da aprendizagem ............................................................................................................................1
Educação de Jovens e Adultos: pressupostos teóricos e metodologia no processo de construção do
conhecimento. A influência de Paulo Freire na educação e especificamente na EJA ...............................................7
Ética e cidadania na formação da criança, do adolescente, do jovem e do adulto ....................................................7
Educação inclusiva de crianças, adolescentes, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais:
políticas públicas, avanços e inclusão social ................................................................................................................ 16
A importância da linguagem, do movimento, da arte e das brincadeiras no processo de aprendizagem da
criança de 6 a 10 anos ...................................................................................................................................................... 16
Construção do conhecimento com foco na transposição didática, na interdisciplinaridade e na
contextualização dos conteúdos. Avaliação da aprendizagem como processo contínuo e formativo.
Planejamento participativo: ação reflexão ação .......................................................................................................... 38
Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC): finalidades e objetivos. PAIC - Programa de Alfabetização
na Idade Certa .................................................................................................................................................................... 38
A relação teoria-prática no processo de ensinar e aprender .................................................................................... 47
A formação do educador no contexto contemporâneo. A concepção do professor crítico-reflexivo................. 47
Relações humanas na escola e na família...................................................................................................................... 60
Ética profissional ............................................................................................................................................................... 65

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CONHECIMENTOS EDUCACIONAIS

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nosso País tenham um Plano de Educação inclusivo,


construído democraticamente.
Vamos juntos, fazer com que a escola brasileira se torne
um marco desse Novo Tempo, e ajude a fazer do Brasil um País
de Todos!

Claudia Pereira Dutra


Secretária de Educação Especial

O atual sistema educacional A Fundamentação Filosófica


brasileiro
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) uniu
os povos do mundo todo, no reconhecimento de que "todos os
Prezado (a) Candidato (a), este conteúdo será trabalhado seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em
no decorrer desta apostila, no tópico A Legislação direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns
Educacional Brasileira. Portanto, evitando repetições e para com os outros em espírito de fraternidade" (Art. 1°).
redundâncias, o mesmo não será aqui abordado. A concepção contemporânea de Direitos Humanos,
introduzida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948), se fundamenta no reconhecimento da dignidade de
A escola pública como todas as pessoas e na universalidade e indivisibilidade desses
direitos; universalidade, porque a condição de pessoa é
instrumento de inclusão social requisito único para a titularidade de direitos e
indivisibilidade, porque os direitos civis e políticos são
conjugados aos direitos econômicos, sociais e culturais.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A FUNDAMENTAÇÃO A Declaração conjuga o valor de liberdade ao valor de
FILOSÓFICA igualdade, já que assume que não há liberdade sem igualdade,
nem tampouco igualdade sem liberdade.
1Um Novo Tempo Neste contexto, o valor da diversidade se impõe como
condição para o alcance da universalidade e a indivisibilidade
Assegurar a todos a igualdade de condições para o acesso dos Direitos Humanos.
e a permanência na escola, sem qualquer tipo de Num primeiro momento, a atenção aos Direitos Humanos
discriminação, é um princípio que está em nossa Constituição foi marcada pela tônica da proteção geral e abstrata, com base
desde 1988, mas que ainda não se tornou realidade para na igualdade formal; mais recentemente, passou-se a
milhares de crianças e jovens: meninas e adolescentes que explicitar a pessoa como sujeito de direito, respeitado em suas
apresentam necessidades educacionais especiais, vinculadas peculiaridades e particularidades.
ou não a deficiências.
A falta de um apoio pedagógico a essas necessidades O respeito à diversidade, efetivado no respeito às
especiais pode fazer com que essas crianças e adolescentes diferenças, impulsiona ações de cidadania voltadas ao
não estejam na escola: muitas vezes as famílias não encontram reconhecimento de sujeitos de direitos, simples- mente por
escolas organizadas para receber a todos e, fazer um bom serem seres humanos. Suas especificidades não devem ser
atendimento, o que é uma forma de discriminar. A falta desse elemento para a construção de desigualdades, discriminações
apoio pode também fazer com que essas crianças e ou exclusões, mas sim, devem ser norteadoras de políticas
adolescentes deixem a escola depois de pouco tempo, ou afirmativas de respeito à diversidade, volta- das para a
permaneçam sem progredir para os níveis mais elevados de construção de contextos sociais inclusivos.
ensino, o que é uma forma de desigualdade de condições de
permanência. Princípios
Em 2003, o Brasil começa a construir um novo tempo para
transformar essa realidade. O Ministério da Educação, por A ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa
meio da Secretaria de Educação Especial, assume o compro- filosofia que reconhece e valoriza a diversidade, como
misso de apoiar os estados e municípios na sua tarefa de fazer característica inerente à constituição de qualquer sociedade.
com que as escolas brasileiras se tornem inclusivas, Partindo desse princípio e tendo como horizonte o cenário
democráticas e de qualidade. ético dos Direitos Humanos, sinaliza a necessidade de se
Este compromisso se concretiza com a implementação do garantir o acesso e a participação de todos, a todas as
Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade. Temos oportunidades, independentemente das peculiaridades de
por objetivo compartilhar novos conceitos, informações e cada indivíduo e/ou grupo social.
metodologias - no âmbito da gestão e também da relação
pedagógica em todos os estados brasileiros. A Identidade Pessoal e Social e a Construção da
Estes Referenciais que acompanham o programa se Igualdade na Diversidade
constituem em importantes subsídios que abordam o A identidade pessoal e social é essencial para o
planejamento da gestão da educação. Os textos apresentam a desenvolvimento de todo indivíduo, enquanto ser humano e
gestão sob diferentes enfoques: o papel do município, o papel enquanto cidadão.
da escola e o papel da família, desenvolvi- dos a partir de uma A identidade pessoal é construída na trama das relações
fundamentação filosófica que afirma uma concepção da sociais que permeiam sua existência cotidiana. Assim, há que
educação especial tendo como pressuposto os direitos se esforçar para que as relações entre os indivíduos se
humanos. caracterizem por atitudes de respeito mútuo, representadas
Queremos fazer com que todas as pessoas que integram as pela valorização de cada pessoa em sua singularidade, ou seja,
comunidades escolares brasileiras estejam mobilizadas para a nas características que a constituem.
mudança. Queremos fazer com que todos os municípios de

1http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/fundamentacaofilosofica.pdf

Conhecimentos Educacionais 1
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"A consciência do direito de constituir uma identidade escolha divina da pessoa para purgação dos pecados de seus
própria e do reconhecimento da identidade do outro traduz-se semelhantes. Séculos da Inquisição Católica e posteriormente,
no direito à igualdade e no respeito às diferenças, assegurando de rigidez moral e ética, da Reforma Protestante, contribuíram
oportunidades diferenciadas (equidade), tantas quantas para que as pessoas com deficiência fossem tratadas como a
forem necessárias, com vistas à busca da igualdade." personificação do mal e, portanto, passíveis de castigos,
(MEC/SEESP, 2001). torturas e mesmo de morte.
A Constituição Federal do Brasil assume o princípio da À medida que conhecimentos na área da Medicina foram
igualdade como pilar fundamental de uma sociedade sendo construídos, e acumulados, na história da humanidade,
democrática e justa, quando reza no caput do seu Art. 5° que a deficiência passou a ser vista como doença, de natureza
"todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer incurável, gradação de menor amplitude da doença mental.
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros, Tais ideias determinaram a caracterização das primeiras
residentes no país, a inviolabilidade do direito à vida, à práticas sociais formais de atenção à pessoa com deficiência,
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade" (CF - quais sejam, as de segregá-las em instituições fosse para
Brasil, 1988). cuidado e proteção, fosse para tratamento médico. A esse
Para que a igualdade seja real, ela tem que ser relativa. Isto conjunto de ideias e de práticas sociais denominou-se
significa que as pessoas são diferentes, têm necessidades Paradigma da Institucionalização, o qual vigorou,
diversas e o cumprimento da lei exige que a elas sejam aproximadamente por oito séculos.
garantidas as condições apropriadas de atendimento às No Brasil, as primeiras informações sobre a atenção às
peculiaridades individuais, de forma que todos possam pessoas com deficiência remontam à época do Império.
usufruir as oportunidades existentes. Há que se enfatizar aqui, Seguindo o ideário e o modelo ainda vigente na Europa, de
que tratamento diferenciado não se refere à instituição de institucionalização, foram criadas as primeiras instituições
privilégios, e sim, a disponibilização das condições exigidas, na totais, para a educação de pessoas cegas e de pessoas surdas.
garantia da igualdade. O Paradigma da Institucionalização ainda permaneceu
como modelo de atenção às pessoas com deficiência até
A Escola Inclusiva É Espaço De Construção De Cidadania meados da década de 50, no século XX, momento de grande
A família é o primeiro espaço social da criança, no qual ela importância histórica, no que se refere a movimentos sociais,
constrói referências e valores e a comunidade é o espaço mais no mundo ocidental. Fortemente afetados pelas consequências
amplo, onde novas referências e valores se desenvolvem. A das Grandes Guerras Mundiais, os países participantes da
participação da família e da comunidade traz para a escola Organização das Nações Unidas, em Assembleia Geral, em
informações, críticas, sugestões, solicitações, desvelando 1948, elaboraram a Declaração Universal dos Direitos
necessidades e sinalizando rumos. Humanos, documento que desde então tem norteado os
Este processo, resignifica os agentes e a prática movimentos de definição de políticas públicas, na maioria
educacional, aproximando a escola da realidade social na qual desses países.
seus alunos vivem. O intenso movimento mundial de defesa dos direitos das
A escola é um dos principais espaços de convivência social minorias, que caracterizou a década de 60, associado a críticas
do ser humano, durante as primeiras fases de seu contundentes ao Paradigma da Institucionalização de pessoas
desenvolvimento. Ela tem papel primordial no com doença mental e de pessoas com deficiência, determinou
desenvolvimento da consciência de cidadania e de direitos, já novos rumos às relações das sociedades com esses segmentos
que é na escola que a criança e ao adolescente começam a populacionais.
conviver num coletivo diversificado, fora do contexto familiar. Começaram a ser implantados os serviços de Reabilitação
Profissional, especialmente, embora não exclusivamente,
O Exercício Da Cidadania E A Promoção Da Paz voltados para pessoas com deficiência, visando prepará-las
O conceito de cidadania em sua plena abrangência engloba para a integração, ou a reintegração na vida da comunidade.
direitos políticos, civis, econômicos, culturais e sociais. A Nos anos 60 e 70, grande parte dos países, tendo como
exclusão ou limitação em qualquer uma dessas esferas horizonte a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
fragiliza a cidadania, não promove a justiça social e impõe passou a buscar um novo modelo, no trato da deficiência. A
situações de opressão e violência. proposição do princípio da normalização contribuiu com a
Exercer a cidadania é conhecer direitos e deveres no ideia de que as pessoas diferentes podiam ser normalizadas,
exercício da convivência coletiva, realizar a análise crítica da ou seja, capacita- das para a vida no espaço comum da
realidade, reconhecer as dinâmicas sociais, participar do sociedade. Este modelo caracterizou-se, gradativamente, pela
debate permanente sobre causas coletivas e manifestar-se desinstitucionalização dessas pessoas e pela oferta de ser-
com autonomia e liberdade respeitando seus pares. viços de avaliação e de reabilitação globalizada, em
Tais práticas se contrapõem à violência, na medida que não instituições não residenciais, embora ainda segregadoras. Da
admitem a anulação de um sujeito pelo outro, mas fortalecem segregação total, passou-se a buscar a integração das pessoas
cada um, na defesa de uma vida melhor para todos. com deficiência, após capacitadas, habilitadas ou reabilitadas.
Uma proposta de educação para a paz deve sensibilizar os A esta concepção-modelo denominou-se Paradigma de
educandos para novas formas de convivência baseadas na Serviços.
solidariedade e no respeito às diferenças, valores essenciais na Da década de 80 em diante, o mundo volta a experimentar
formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres e novas transformações. Avanços na Medicina, o
sensíveis para rejeitarem toda a forma de opressão e violência. desenvolvimento de novos conhecimentos na área da
Educação e principalmente a criação da via eletrônica como
A Atenção Às Pessoas Com Necessidades Educacionais meio de comunicação em tempo real, com qualquer parte do
Especiais mundo, vieram deter- minar novas transformações sociais. Por
A atenção educacional aos alunos com necessidades um lado, maior sofisticação técnico- científica permitia a
especiais associadas ou não a deficiência tem se modificado ao manutenção da vida e o maior desenvolvimento de pessoas
longo de processos históricos de transformação social, tendo que, em épocas anteriores, não podiam sobreviver. Por outro
caracterizado diferentes paradigmas nas relações das lado, a quebra da barreira geográfica, na comunicação e no
sociedades com esse segmento populacional. intercâmbio de ideias e de transações, plantava as sementes da
A deficiência foi, inicialmente, considerada um fenômeno "aldeia global", que rapidamente foram germinando e
metafísico, deter- minado pela possessão demoníaca, ou pela

Conhecimentos Educacionais 2
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definindo novos rumos nas relações entre países e sociedades das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão,
diferentes. a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os
Nesse contexto, mais do que nunca se evidenciou a grupos raciais ou religiosos..." O Artigo 27° proclama, no item
diversidade como característica constituinte das diferentes 1, que "toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente
sociedades e da população, em uma mesma sociedade. Na na vida cultural da comunidade, de usufruir as artes e de
década de 90, ainda à luz da defesa dos direitos humanos, participar no progresso científico e nos benefícios que deste
pôde-se constatar que a diversidade enriquece e humaniza a resultam".
sociedade, quando reconhecida, respeitada e atendida em suas De maneira geral, esta Declaração assegura às pessoas com
peculiaridades. deficiência os mesmos direitos à liberdade, a uma vida digna,
Passou, então, a ficar cada vez mais evidente que a à educação fundamental, ao desenvolvimento pessoal e social
manutenção de segmentos populacionais minoritários em e à livre participação na vida da comunidade.
estado de segregação social, ainda que em processo de atenção
educacional ou terapêutica, não condizia com o respeito aos Declaração De Jomtien (1990)
seus direitos de acesso e participação regular no espaço Em março de 1990, o Brasil participou da Conferência
comum da vida em sociedade, como também impedia a Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, Tailândia, na
sociedade de aprender a administrar a convivência respeitosa qual foi proclamada a Declaração de Jomtien. Nesta
e enriquecedora, com a diversidade de peculiaridades que a Declaração, os países relembram que "a educação é um direito
constituem. fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades,
Começou, então, a ser delineada a ideia da necessidade de no mundo inteiro". Declararam, também, entender que a
construção de espaços sociais inclusivos, ou seja, espaços educação é de fundamental importância para o
sociais organizados para atender ao conjunto de desenvolvimento das pessoas e das sociedades, sendo um
características e necessidades de todos os cidadãos, inclusive elemento que "pode contribuir para conquistar um mundo
daqueles que apresentam necessidades educacionais mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmente
especiais. mais puro, e que, ao mesmo tempo, favoreça o progresso
Estavam aí postas as bases de um novo modelo, social, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação
denominado Paradigma de Suportes. Este paradigma associou internacional".
a ideia da diversidade como fator de enriquecimento social e o Tendo isso em vista, ao assinar a Declaração de Jomtien, o
respeito às necessidades de todos os cidadãos como pilar Brasil assumiu, perante a comunidade internacional, o
central de uma nova prática social: a construção de espaços compromisso de erradicar o analfabetismo e universalizar o
inclusivos em todas as instâncias da vida na sociedade, de ensino fundamental no país. Para cumprir com este
forma a garantir o acesso imediato e favorecer a participação compromisso, o Brasil tem criado instrumentos norteadores
de todos nos equipamentos e espaços sociais, independente para a ação educacional e documentos legais para apoiar a
das suas necessidades educacionais especiais, do tipo de construção de sistemas educacionais inclusivos, nas diferentes
deficiência e do grau de comprometimento que estas esferas públicas: municipal, estadual e federal.
apresentem.
O Brasil tem definido políticas públicas e criado Declaração De Salamanca (1994)
instrumentos legais que garantem tais direitos. A A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas
transformação dos sistemas educacionais tem se efetivado Especiais: Acesso e Qualidade, realizada pela UNESCO, em
para garantir o acesso universal à escolaridade básica e a Salamanca (Espanha), em junho de 1994, teve, como objeto
satisfação das necessidades de aprendizagem para todos os específico de discussão, a atenção educacional aos alunos com
cidadãos. necessidades educacionais especiais.
Nela, os países signatários, dos quais o Brasil faz parte,
O Compromisso Com A Construção De Sistemas declararam:
Educacionais Inclusivos - Documentos Orientadores No - Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito
Âmbito Internacional fundamental à educação e que a elas deve ser dada a
oportunidade de obter e manter um nível aceitável de
A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas conhecimentos;
produziu vários documentos norteadores para o - Cada criança tem características, interesses, capacidades
desenvolvimento de políticas públicas de seus países e necessidades de aprendizagem que lhe são próprios;
membros. O Brasil, enquanto país membro da ONU e - Os sistemas educativos devem ser projetados e os
signatário desses documentos, reconhece seus conteúdos e os programas aplicados de modo que tenham em vista toda a
tem respeitado, na elaboração das políticas públicas internas. gama dessas diferentes características e necessidades;
- As pessoas com necessidades educacionais especiais
Declaração Universal Dos Direitos Humanos (1948) devem ter acesso às escolas comuns, que deverão integrá-las
A Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948, numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a
proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, na essas necessidades;
qual reconhece que "Todos os seres humanos nascem livres e - As escolas comuns, com essa orientação integradora,
iguais, em dignidade e direitos...(Art. 1°.), ...sem distinção representam o meio mais eficaz de combater atitudes
alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir
religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou uma sociedade integradora e dar educação para todos;
social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra
situação" (Art. 2°.). Em seu Artigo 7°., proclama que "todos são A Declaração se dirige a todos os governos, incitando-os a:
iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual - Dar a mais alta prioridade política e orçamentária à
proteção da lei..." . No Artigo 26°, proclama, no item 1, que melhoria de seus sistemas educativos, para que possam
"toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser abranger todas as crianças, independentemente de suas
gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar diferenças ou dificuldades individuais;
fundamental. O ensino elementar é obriga- tório. O ensino - Adotar, com força de lei ou como política, o princípio da
técnico e profissional deve ser generalizado..."; no item 2, educação integra- da, que permita a matrícula de todas as
estabelece que "educação deve visar à plena expansão da crianças em escolas comuns, a menos que haja razões
personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e convincentes para o contrário;

Conhecimentos Educacionais 3
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- Criar mecanismos descentralizados e participativos, de Declaração Universal dos Direitos Humanos. Além disso,
planejamento, supervisão e avaliação do ensino de crianças e introduziu, no país, uma nova prática administrativa,
adultos com necessidades educacionais especiais; representada pela descentralização do poder.
- Promover e facilitar a participação de pais, comunidades A partir da promulgação desta Constituição, os municípios
e organizações de pessoas com deficiência, no planejamento e foram contempla- dos com autonomia política para tomar as
no processo de tomada de decisões, para atender a alunos e decisões e implantar os recursos e processos necessários para
alunas com necessidades educacionais especiais; garantir a melhor qualidade de vida para os cidadãos que neles
- Assegurar que, num contexto de mudança sistemática, os residem. Cabe ao município, mapear as necessidades de seus
programas de formação do professorado, tanto inicial como cidadãos, planejar e implementar os recursos e serviços que se
contínua, estejam voltados para atender às necessidades revelam necessários para atender ao conjunto de suas
educacionais especiais, nas escolas integradoras. necessidades, em todas as áreas da atenção pública.

A Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a Criança, Estatuto Da Criança E Do Adolescente (1990)
analisou a situação mundial da criança e estabeleceu metas a O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n° 8.069,
serem alcançadas. Entendendo que a educação é um direito promulgada em 13 de julho de 1990, dispõe, em seu Art. 3°,
humano e um fator fundamental para reduzir a pobreza e o que "a criança e o adolescente gozam de todos os direitos
trabalho infantil e promover a democracia, a paz, a tolerância fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
e o desenvolvimento, deu alta prioridade à tarefa de garantir proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes por
que, até o ano de 2015, todas as crianças tenham acesso a um lei, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar
ensino primário de boa qualidade, gratuito e obrigatório e que o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
terminem seus estudos. Ao assinar esta Declaração, o Brasil condições de liberdade e de dignidade."
comprometeu-se com o alcance dos objetivos propostos, que Afirma, também, que "é dever da família, da comunidade,
visam a transformação dos sistemas de educação em sistemas da sociedade em geral e do poder público assegurar, com
educacionais inclusivos. absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
Convenção Da Guatemala (1999) profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
A partir da Convenção Interamericana para a Eliminação liberdade e à convivência familiar e comunitária." (Art.4°).
de Todas as For- mas de Discriminação contra as Pessoas No que se refere à educação, o ECA estabelece, em seu Art.
Portadores de Deficiência os Estados Partes reafirmaram que 53, que "a criança e o adolescente têm direito à educação,
"as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho",
estes direitos, inclusive o de não ser submetido a assegurando:
discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na
e da igualdade que são inerentes a todo ser humano". escola;
No seu artigo I, a Convenção define que o termo deficiência II - Direito de ser respeitado por seus educadores;
"significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza III - Acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer residência.
uma ou mais atividades essenciais da vida diária causada ou
agravada pelo ambiente econômico e social". O Art. 54 diz que "é dever do Estado assegurar à criança e
Para os efeitos desta Convenção, o termo discriminação ao adolescente":
contra as pessoas com deficiência "significa toda a I. ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para
diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
(...) que tenham efeito ou propósito de impedir ou anular o II. atendimento educacional especializado aos portadores
reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas III. atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero
liberdades fundamentais". a seis anos de idade;
Também define que não constitui discriminação "a IV. atendimento no ensino fundamental, através de
diferenciação ou preferência adotada pelo Estado Parte para programas suplementares de material didático-escolar,
promover a integração social ou desenvolvimento pessoal dos transporte, alimentação e assistência à saúde.
portadores de deficiência desde que a diferenciação ou
preferência não limite em si mesmo o direito a igualdade Em seu Art. 55 dispõe que "os pais ou responsável têm a
dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular
diferenciação". de ensino.”

Legislação Brasileira - Marcos Legais Lei De Diretrizes E Bases Da Educação Nacional (1996)
Os municípios brasileiros receberam, a partir da Lei de
Caro (a) candidato (a), vale a pena ressaltar que as Diretrizes e Bases Nacionais, Lei no. 9.394, de 20.12.1996, a
legislações abaixo podem ter sofrido alterações ou terem responsabilidade da universalização do ensino para os
sido revogadas, porém se trata de um documento do MEC cidadãos de 0 a 14 anos de idade, ou seja, da oferta de Edu-
não cabendo a nós realizar quaisquer alterações, mesmo cação Infantil e Fundamental para todas as crianças e jovens
que viáveis. que neles residem. Assim, passou a ser responsabilidade do
município formalizar a decisão política e desenvolver os
passos necessários para implementar, em sua realidade sócio
A sociedade brasileira tem elaborado dispositivos legais geográfica, a educação inclusiva, no âmbito da Educação
que, tanto explicitam sua opção política pela construção de
Infantil e Funda- mental.
uma sociedade para todos, como orientam as políticas públicas
e sua prática social.

Constituição Federal (1988)


A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
assumiu, for- malmente, os mesmos princípios postos na

Conhecimentos Educacionais 4
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Política Nacional Para A Integração Da Pessoa comunicações, a habitação, o lazer, a educação, o esporte, o
Portadora De Deficiência - Decreto N° 3.298 (1999) acesso à justiça e aos serviços policiais e às atividades políticas
A política nacional para a integração da pessoa portadora e de administração;
de deficiência prevista no Decreto 3298/99 adota os seguintes
princípios: 2.Trabalhar prioritariamente nas seguintes áreas:
Desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da a) prevenção de todas as formas de deficiência;
sociedade civil, de modo a assegurar a plena integração da b) detecção e intervenção precoce, tratamento,
pessoa portadora de deficiência no contexto socioeconômico e reabilitação, educação, formação ocupacional e prestação de
cultural; serviços completos para garantir o melhor nível de
Estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e independência e qualidade de vida para as pessoas portadoras
operacionais que assegurem às pessoas portadoras de de deficiência;
deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, c) sensibilização da população, por meio de campanhas de
decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem- educação, destinadas a eliminar preconceitos, estereótipos e
estar pessoal, social e econômico; outras atitudes que atentam contra o direito das pessoas a
Respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem serem iguais, permitindo desta forma o respeito e a
receber igualdade de oportunidades na sociedade, por convivência com as pessoas portadoras de deficiência.
reconhecimento dos direitos que lhes são assegurados, sem
privilégios ou paternalismos. Diretrizes Nacionais Para A Educação Especial Na
No que se refere especificamente à educação, o Decreto Educação Básica (2001)
estabelece a matrícula compulsória de pessoas com A Resolução CNE/CEB n° 02/2001, instituiu as Diretrizes
deficiência, em cursos regulares, a consideração da educação Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, que
especial como modalidade de educação escolar que permeia manifesta o compromisso do país com "o desafio de construir
transversalmente todos os níveis e modalidades de ensino, a coletivamente as condições para atender bem à diversidade de
oferta obrigatória e gratuita da educação especial em seus alunos".
estabelecimentos públicos de ensino, dentre outras medidas Esta Resolução representa um avanço na perspectiva da
(Art. 24, I, II, IV). universalização do ensino e um marco da atenção à
diversidade, na educação brasileira, quando ratifica a
Plano Nacional De Educação (2001) obrigatoriedade da matrícula de todos os alunos e assim
A Lei n° 10.172/01, aprova o Plano Nacional de Educação declara:
e dá outras pro- vidências. "Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos,
O Plano Nacional de Educação estabelece objetivos e metas cabendo às es- colas organizarem-se para o atendimento aos
para a educação das pessoas com necessidades educacionais educandos com necessidades educacionais especiais,
especiais, que dentre eles, destacam-se os que tratam: assegurando as condições necessárias para uma educação de
- do desenvolvimento de programas educacionais em qualidade para todos."
todos os municípios, e em parceria com as áreas de saúde e Dessa forma, não é o aluno que tem que se adaptar à escola,
assistência social, visando à ampliação da oferta de mas é ela que, consciente da sua função, coloca-se à disposição
atendimento da educação infantil; do aluno, tornando-se um espaço inclusivo. A educação
- dos padrões mínimos de infraestrutura das escolas para especial é concebida para possibilitar que o aluno com
atendimento de alunos com necessidades educacionais necessidades educacionais especiais atinja os objetivos
especiais; propostos para sua educação.
- da formação inicial e continuada dos professores para A proposição da política expressa nas Diretrizes, traduz o
atendimento às necessidades dos alunos; conceito de escola inclusiva, pois centra seu foco na discussão
- da disponibilização de recursos didáticos especializados sobre a função social da escola e no seu projeto pedagógico.
de apoio à aprendizagem nas áreas visual e auditiva;
- da articulação das ações de educação especial com a Documentos Norteadores Da Prática Educacional Para
política de educação para o trabalho; Alunos Com Necessidades Educacionais Especiais
- do incentivo à realização de estudos e pesquisas nas
diversas áreas relacionadas com as necessidades educacionais Em consonância com os instrumentos legais acima
dos alunos; mencionados, o Brasil elaborou documentos norteadores para
- do sistema de informações sobre a população a ser a prática educacional, visando especial- mente superar a
atendida pela educação especial. tradição segregatória da atenção ao segmento populacional
constituído de crianças, jovens e adultos com necessidades
Convenção Interamericana Para Eliminação De Todas educacionais especiais.
As Formas De Discriminação Contra As Pessoas Com
Deficiência (2001) Saberes e Práticas da Inclusão
Em 08 de outubro de 2001, o Brasil através do Decreto O documento "Saberes e Práticas da Inclusão na Educação
3.956, promulgou a Convenção Interamericana para a Infantil", publicado em 2003, aponta para a necessidade de
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as apoiar as creches e as escolas de educação infantil, a fim de
Pessoas Portadoras de Deficiência. garantir, a essa população, condições de acessibilidade física e
Ao instituir esse Decreto, o Brasil comprometeu-se a: de acessibilidade a recursos materiais e técnicos apropriados
1. Tomar as medidas de caráter legislativo, social, para responder a suas necessidades educacionais especiais.
educacional, trabalhista ou de qualquer outra natureza, que Para tanto, o documento se refere à necessidade de
sejam necessárias para eliminar a discriminação contra as "disponibilizar recursos humanos capacitados em educação
pessoas portadoras de deficiência e proporcionar a sua plena especial/ educação infantil para dar supor- te e apoio ao
integração à sociedade (...): docente das creches e pré-escolas, ou centros de educação
a) medidas das autoridades governamentais e/ou infantil, assim como possibilitar sua capacitação e educação
entidades privadas para eliminar progressivamente a continuada, por intermédio da oferta de cursos ou estágios em
discriminação e promover a integração na prestação ou instituições comprometidas com o movimento da inclusão";
fornecimento de bens, serviços, instalações, programas e Orienta, ainda, sobre a necessidade de divulgação "da visão
atividades, tais como o emprego, o transporte, as de educação infantil, na perspectiva da inclusão", para as

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famílias, a comunidade escolar e a sociedade em geral, bem Público, define crimes e dá outra providências. (Alterada pela
como do estabelecimento de parcerias com a área da Saúde e Lei 8.028/90)
da Assistência Social, de forma que "possam constituir-se em - Lei 8069/90 - Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
recursos de apoio, cooperação e suporte", no processo de Adolescente e dá outras providências - ECA
desenvolvimento da criança. - Lei 8859/94 - Modifica dispositivos da Lei nº 6.494, de 07
O documento “Saberes e Práticas da Inclusão no Ensino de dezembro de 1977, estendendo aos alunos de ensino
Fundamental” publicado em 2003 reconhece que: especial o direito à participação em atividades de estágio.
- Toda pessoa tem direito à educação, independentemente - Lei 9394/96 - Estabelece as Diretrizes e Bases da
de gênero, etnia, deficiência, idade, classe social ou qualquer Educação Nacional - LDBEN.
outra condição; - Lei 9424/96 - Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e
- O acesso à escola extrapola o ato da matrícula, implicando Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do
na apropriação do saber, da aprendizagem e na formação do Magistério - FUNDEF.
cidadão crítico e participativo; - Lei 10098/00 - Estabelece normas gerais e critérios
- A população escolar é constituída de grande diversidade básicos para a pro- moção da acessibilidade das pessoas
e a ação educativa deve atender às maneiras peculiares dos portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá
alunos aprenderem. outras providências.
- Lei 10172/2001 - Aprova o Plano Nacional de Educação e
Educação Profissional dá outras pro- vidências.
O documento “Educação Profissional - Indicações para a - Lei 10216/2001 - Dispõe sobre a proteção e os direitos
ação: a interface educação profissional/educação especial” das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona
visa estimular o desenvolvimento de ações educacionais que o modelo assistencial em saúde mental.
permitam alcançar a qualidade na gestão das escolas, - Lei 10436/02 - Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais
removendo barreiras atitudinais, arquitetônicas e - Libras e dá outras providências.
educacionais para a aprendizagem, assegurando uma melhor - Lei 10845/2004 - Institui o Programa de
formação inicial e continuada aos professores, com a Complementação ao Atendimento Educacional Especializado
finalidade de lhes propiciar uma ligação indispensável entre às pessoas portadoras de deficiência, e dá outras providências
teoria e prática. - PAED.
Destaca ainda, a importância da articulação e parceria
entre as instituições de ensino, trabalho e setores empresariais Decretos
para o desenvolvimento do Programa de Educação - Decreto 2.264/97 - Regulamenta a Lei 9424/96 -
Profissional. O documento enfatiza as seguintes temáticas: FUNDEF, no âmbito federal, e determina outras providências.
- A relação educação e trabalho no Brasil e a emergência da - Decreto 3.298/99 - Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de
nova legislação da Educação Profissional; outubro de 1989, que dispõe sobre a Política Nacional para a
- Balizamentos e marcos normativos da Educação Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as
Profissional; normas de proteção e dá outras providências.
- Educação Profissional/Educação Especial: faces e formas; - Decreto 3030/99 - Dá nova redação ao art.2º do Decreto
- Desdobramentos possíveis no âmbito de uma agenda de 1.680/95 que dispõe sobre a competência, a composição e o
capacitação docente; funcionamento do Conselho Consultivo da Coordenadoria
- Desafios para implementação de uma política de Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.
Educação Profissional para o aluno da Educação Especial. (CORDE)
- Decreto 3076/99 - Cria no âmbito do Ministério da Justiça
Direito À Educação o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de
O documento “Direito à Educação - Subsídios para a Gestão Deficiência. (CONADE).
do Sistema Educacional Inclusivo, apresenta um conjunto de - Decreto 3631/00 - Regulamenta a Lei 8899/94, que
textos que tratam da política educacional no âmbito da dispõe sobre o transporte de pessoas portadoras de
Educação Especial - subsídios legais que devem embasar a deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual.
construção de sistemas educacionais inclusivos. - Decreto 3.952/01 - Dispõe sobre o Conselho Nacional de
O documento é constituído de duas partes: Combate à Discriminação (CNCD).
- Decreto 3956/01 -Promulga a Convenção Interamericana
Orientações Gerais para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
- A política educacional no âmbito da Educação Especial; contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. (Convenção da
- Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Guatemala)
Educação Básica - Parecer 17/2001;
- Fontes de Recursos e Mecanismos de Financiamentos da Portarias - MEC
Educação Especial; - Portaria 1793/94 -Recomenda a inclusão da disciplina
- Evolução Estatística da Educação Especial. Aspectos Ético - Político - Educacionais na normalização e
integração da pessoa portadora de necessidades especiais,
Marcos Legais prioritariamente, nos cursos de Pedagogia, Psicologia e em
Trata do Ordenamento Jurídico, contendo as leis que todas as Licenciaturas.
regem a educação nacional e os direitos das pessoas com - Portaria 319/99 - Institui no Ministério da Educação,
deficiência, constituindo importantes subsídios para vinculada à Secretaria de Educação Especial/SEESP a
embasamento legal a gestão dos sistemas de ensino. Comissão Brasileira do Braille, de caráter permanente.
- Portaria 554/00 - Aprova o Regulamento Interno da
Inclui a seguinte legislação: Comissão Brasileira do Braille
- Constituição da República Federativa do Brasil /88 - Portaria 3.284/03 - Dispõe sobre requisitos de
- Lei 7853/89 - Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências, para
de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria instruir os processos de autorização e de reconhecimento de
Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - cursos e de credenciamento de instituições.
CORDE, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou - Portaria do Ministério do Planejamento 08/2001 -
difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Atualiza e consolida os procedimentos operacionais adotados

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pelas unidades de recursos humanos para a aceitação, como encontramos vestígios dessa concepção tanto em alguns de
estagiários, de alunos regularmente matriculados e que nossos atuais currículos como em textos que se escrevem
venham frequentando, efetivamente, cursos de educação sobre currículo? Para alguns docentes, o estudo da literatura,
superior, de ensino médio, de educação profissional de nível por exemplo, ainda tende a se restringir a escritores e livros
médio ou de educação especial, vinculados à estrutura do vistos como clássicos. Para alguns estudiosos da cultura e da
ensino público e particular. educação, os grandes autores, as grandes obras e as grandes
ideias deveriam constituir o núcleo central dos currículos de
Resoluções nossas escolas.
- Resolução 09/78 - Conselho Federal de Educação - Já no século XX, a noção de cultura passa a incluir a cultura
Autoriza, excepcionalmente, a matrícula do aluno classificado popular, hoje penetrada pelos conteúdos dos meios de
como superdotado nos cursos superiores sem que tenha comunicação de massa. Diferenças e tensões entre os
concluído o curso de 2º grau. significados de cultura elevada e de cultura popular acentuam-
- Resolução 02/81 - Conselho Federal de Educação - se, levando a um uso do termo cultura que se marca por
Autoriza a concessão de dilatação de prazo de conclusão do valorizações e avaliações. Será que algumas de nossas escolas
curso de graduação aos alunos portado- res de deficiência não continuam a fechar suas portas para as manifestações
física, afecções congênitas ou adquiridas. culturais associadas à cultura popular, contribuindo, assim,
- Resolução 02/01 - Conselho Nacional de Educação - para que saberes e valores familiares a muitos (as) estudantes
Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na sejam desvalorizados e abandonados na entrada da sala de
Educação Básica. aula? Poderia ser diferente? Como?
- Resolução 01 e 02/02 - Conselho Nacional de Educação - Um terceiro sentido da palavra cultura, originado no
Diretrizes Nacionais para a Formação de Professores da Iluminismo, a associa a um processo secular geral de
Educação Básica, em nível superior, graduação plena. desenvolvimento social. Esse significado é comum nas ciências
- Resolução 01/04 - Conselho Nacional de Educação - sociais, sugerindo a crença em um processo harmônico de
Estabelece Diretrizes Nacionais para organização e realização desenvolvimento da humanidade, constituído por etapas
de Estágio de alunos do Ensino Profissionalizante e Ensino claramente definidas, pelo qual todas as sociedades
Médio, inclusive nas modalidades de Ensino Especial e inevitavelmente passam. Tal processo acaba equivalendo, por
Educação de Jovens e Adultos. “coincidência”, aos rumos seguidos pelas sociedades
europeias, as únicas a atingirem o grau mais elevado de
Aviso Circular desenvolvimento.
- Aviso Circular nº 277/ 96 - Dirigido aos Reitores das IES Há ainda reflexos dessa visão no currículo? Parece-nos que
solicitando a execução adequada de uma política educacional sim. Em alguns cursos de História, por exemplo, as referências
dirigida aos portadores de necessidades especiais. se fazem, dominantemente, às histórias dos povos
“desenvolvidos”, o que nos aliena dos esforços e dos rumos
Parecer seguidos na maioria dos países que formam o chamado
- Parecer Nº 17/01 DO CNE / Câmara de Educação Básica - Terceiro Mundo
Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Em um quarto sentido, a palavra “culturas” (no plural)
Básica. corresponde aos diversos modos de vida, valores e
significados compartilhados por diferentes grupos (nações,
CULTURA, DIVERSIDADE CULTURAL E CURRÍCULO classes sociais, grupos étnicos, culturas regionais, geracionais,
de gênero etc) e períodos históricos. Trata-se de uma visão
2Que entendemos pela palavra cultura? Talvez seja útil antropológica de cultura, em que se enfatizam os significados
esclarecermos, inicialmente, como a estamos concebendo, já que os grupos compartilham, ou seja, os conteúdos culturais.
que seus sentidos têm variado ao longo dos tempos, Cultura identifica-se, assim, com a forma geral de vida de um
particularmente no período da transição de formações sociais dado grupo social, com as representações da realidade e as
tradicionais para a modernidade. Acreditamos que tal visões de mundo adotadas por esse grupo. A expressão dessa
esclarecimento pode subsidiar a discussão das relações entre concepção, no currículo, poderá evidenciar-se no respeito e no
currículo e cultura3e4. acolhimento das manifestações culturais dos (as) estudantes,
O primeiro e mais antigo significado de cultura encontra- por mais desprestigiadas que sejam.
se na literatura do século XV, em que a palavra se refere a Finalmente, um quinto significado tem tido considerável
cultivo da terra, de plantações e de animais. É nesse sentido impacto nas ciências sociais e nas humanidades em geral.
que entendemos palavras como agricultura, floricultura, Deriva da antropologia social e também se refere a significados
suinocultura. compartilhados. Diferentemente da concepção anterior,
O segundo significado emerge no início do século XVI, porém, ressalta a dimensão simbólica, o que a cultura faz, em
ampliando a ideia de cultivo da terra e de animais para a mente vez de acentuar o que a cultura é. Nessa mudança, efetua- se
humana. Ou seja, passa-se a falar em mente humana cultivada, um movimento do que para o como. Concebe-se, assim, a
afirmando-se mesmo que somente alguns indivíduos, grupos cultura como prática social, não como coisa (artes) ou estado
ou classes sociais apresentam mentes e maneiras cultivadas e de ser (civilização).
que somente algumas nações apresentam elevado padrão de Nesse enfoque, coisas e eventos do mundo natural existem,
cultura ou civilização. No século XVIII, consolida-se o caráter mas não apresentam sentidos intrínsecos: os significados são
classista da ideia de cultura, evidente na ideia de que somente atribuídos a partir da linguagem. Quando um grupo
as classes privilegiadas da sociedade europeia atingiriam o compartilha uma cultura, compartilha um conjunto de
nível de refinamento que as caracterizaria como cultas. O significados, construídos, ensinados e aprendidos nas práticas
sentido de cultura, que ainda hoje a associa às artes, tem suas de utilização da linguagem. A palavra cultura implica,
origens nessa segunda concepção: cultura, tal como as elites a portanto, o conjunto de práticas por meio das quais
concebem, corresponde ao bem apreciar música, literatura, significados são produzidos e compartilhados em um grupo.
cinema, teatro, pintura, escultura, filosofia. Será que não São os arranjos e as relações envolvidas em um evento que

2http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag3.pdf 4 CANEN, A. e MOREIRA, A. F. B. Reflexões obre o multiculturalismo na escola


3 BOCOCK, R. The cultural formations of modern society. In: HALL, S. e GIEBEN, e na formação docente. In: CANEN, A. e MOREIRA, A. F. B. (Orgs.) Ênfases e omissões
B. (Orgs.). Formations of modernity. Cambridge: Polity Press/The Open University, no currículo. Campinas: Papirus, 2001.
1995.

Conhecimentos Educacionais 7
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passam, dominantemente, a despertar a atenção dos que complexas têm sido as respostas dadas à diversidade e à
analisam a cultura com base nessa quinta perspectiva, passível pluralidade que marcam de modo tão agudo o panorama
de ser resumida na ideia de que cultura representa um cultural contemporâneo.
conjunto de práticas significantes. Não será pertinente Cabe também ressaltar a significativa influência exercida,
considerarmos também o currículo como um conjunto de junto às crianças e aos adolescentes que povoam nossas salas
práticas em que significados são construídos, disputados, de aula, pelos “currículos” por eles “vividos” em outros espaços
rejeitados, compartilhados? Como entender, então, as relações socioeducativos (shoppings, clubes, associações, igrejas, meios
entre currículo e cultura? Quando um grupo compartilha uma de comunicação, grupos informais de convivência etc), nos
cultura, compartilha um conjunto de significados, construídos, quais se fazem sentir com intensidade muitos dos complexos
ensinados e aprendidos nas práticas de utilização da fenômenos associáveis ao processo de globalização que hoje
linguagem. A palavra cultura implica, portanto, o conjunto de vivenciamos. Nesses outros espaços extraescolares, os
práticas por meio das quais significados são produzidos e currículos tendem a se organizar com objetivos distintos dos
compartilhados em um grupo. currículos escolares, o que faz com que valores como
Se entendermos o currículo, como propõe Williams5, como padronização, consumismo, individualismo, sexismo e
escolhas que se fazem em vasto leque de possibilidades, ou etnocentrismo possam entrar em acirrada competição com
seja, como uma seleção da cultura, podemos concebê-lo, outras metas, visadas por escolas e famílias. Vale perguntar:
também, como conjunto de práticas que produzem
significados. Nesse sentido, considerações de Silva6 podem ser Como temos, nas salas de aula, reagido a esse “confuso”
úteis. Segundo o autor, o currículo é o espaço em que se panorama em que a diversidade se faz tão presente?
concentram e se desdobram as lutas em torno dos diferentes Como temos nos esforçado para desestabilizar privilégios e
significados sobre o social e sobre o político. É por meio do discriminações? Como temos buscado neutralizar influências
currículo que certos grupos sociais, especialmente os “indesejáveis”?
dominantes, expressam sua visão de mundo, seu projeto Como temos, na escola, dialogado com os “currículos” desses
social, sua “verdade”. O currículo representa, assim, um outros espaços?
conjunto de práticas que propiciam a produção, a circulação e
o consumo de significados no espaço social e que contribuem, Em resumo, o complexo, variado e conflituoso cenário
intensamente, para a construção de identidades sociais e cultural em que estamos imersos se reflete no que ocorre em
culturais. O currículo é, por consequência, um dispositivo de nossas salas de aula, afetando sensivelmente o trabalho
grande efeito no processo de construção da identidade do(a) pedagógico que nelas se processa. Voltamos a perguntar:
estudante.
Não se mostra, então, evidente a íntima relação entre Como as diferenças derivadas de dinâmicas sociais como
currículo e cultura? Se, em uma sociedade cindida, a cultura é classe social, gênero, etnia, sexualidade, cultura e religião têm
um terreno no qual se processam disputas pela preservação ou “contaminado” nosso currículo, tanto o currículo formal quanto
pela superação das divisões sociais, o currículo é um espaço o currículo oculto?
em que esse mesmo conflito se manifesta. O currículo é um Como temos considerado, no currículo, essa pluralidade, esse
campo em que se tenta impor tanto a definição particular de caráter multicultural de nossa sociedade?
cultura de um dado grupo quanto o conteúdo dessa cultura. O Como articular currículo e multiculturalismo?
currículo é um território em que se travam ferozes Que estratégias pedagógicas podem ser selecionadas?
competições em torno dos significados. O currículo não é um Temos, professores e gestores, reservado tempo e espaço
veículo que transporta algo a ser transmitido e absorvido, mas suficientes para que essas discussões aconteçam nas escolas?
sim um lugar em que, ativamente, em meio a tensões, se Como nossos projetos político-pedagógicos têm incorporado
produz e se reproduz a cultura. Currículo refere-se, portanto, tais preocupações?
a criação, recriação, contestação e transgressão7. Como temos atendido ao que determina a Lei nº
Como todos esses processos se “concretizam” no 10.639/2003, que torna obrigatório, nos estabelecimentos de
currículo? Pode-se dizer que no currículo se evidenciam ensino fundamental e médio, o ensino sobre História e Cultura
esforços tanto por consolidar as situações de opressão e afro-brasileira?
discriminação a que certos grupos sociais têm sido De que modo os professores se têm inteirado das lutas e
submetidos, quanto por questionar os arranjos sociais em que conquistas dos negros, das mulheres, dos homossexuais e de
essas situações se sustentam. Isso se torna claro ao nos outros grupos minoritários oprimidos?
lembrarmos dos inúmeros e expressivos relatos de práticas,
em salas de aulas, que contribuem para cristalizar Sem pretender oferecer respostas prontas a serem
preconceitos e discriminações, representações estereotipadas aplicadas em quaisquer situações, move-nos a intenção de
e desrespeitosas de certos comportamentos, certos estudantes apresentar alguns princípios que possam nortear a construção
e certos grupos sociais. Em Conselhos de Classe, algumas coletiva, em cada escola, de currículos que visem a enfrentar
dessas visões, lamentavelmente, se refletem em frases como: alguns dos desafios que a diversidade cultural nos tem trazido.
“vindo de onde vem, ele não podia mesmo dar certo na Fundamentamo-nos, nesse propósito, em estudos, pesquisas,
escola!”. práticas e depoimentos de docentes comprometidos com uma
Ao mesmo tempo, há inúmeros e expressivos relatos de escola cada vez mais democrática. Nossa intenção é convidar o
práticas alternativas em que professores (as) desafiam as profissional da educação a engajar- se no instigante processo
relações de poder que têm justificado e preservado privilégios de pensar e desenvolver currículos para essa escola.
e marginalizações, procurando contribuir para elevar a Desejamos, com os princípios que vamos sugerir,
autoestima de estudantes associados a grupos intensificar a sensibilidade do (a) docente e do gestor para a
subalternizados. O currículo é um campo em que se tenta pluralidade de valores e universos culturais, para a
impor tanto a definição particular de cultura de um dado grupo necessidade de um maior intercâmbio cultural no interior de
quanto o conteúdo dessa cultura. O currículo é um território cada sociedade e entre diferentes sociedades, para a
em que se travam ferozes competições em torno dos conveniência de resgatar manifestações culturais de
significados. Ou seja, no processo curricular, distintas e determinados grupos cujas identidades se encontram

5 WILLIAMS, R. The long revolution. Harmondsworth: Penguin Books, 1984. 7 MOREIRA, A. F. B. e SILVA, T. T. (Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São
6 SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do Paulo: Cortez, 1994.
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

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ameaçadas, para a importância da participação de todos no identitários que coexistem, por vezes contraditoriamente, na
esforço por tornar o mundo menos opressivo e injusto, para a construção das diferenças de que somos feitos.
urgência de se reduzirem discriminações e preconceitos.
O objetivo maior concentra-se, cabe destacar, na O Currículo Como Espaço de Questionamento de
contextualização e na compreensão do processo de construção Nossas Representações Sobre os “Outros”
das diferenças e das desigualdades. Nosso propósito é que os
currículos desenvolvidos tornem evidente que elas não são Junto ao reconhecimento da própria identidade cultural,
naturais; são, ao contrário, “invenções/construções” históricas outro elemento a ser ressaltado relaciona-se às
de homens e mulheres, sendo, portanto, passíveis de serem representações que construímos dos outros, daqueles que
desestabilizadas e mesmo transformadas. Ou seja, o existente consideramos diferentes. As relações entre nós e os outros
nem pode ser aceito sem questionamento nem é imutável; estão carregadas de dramaticidade e ambiguidade. Em
constitui-se, sim, em estímulo para resistências, para críticas e sociedades nas quais a consciência das diferenças se faz cada
para a formulação e a promoção de novas situações vez mais forte, reveste-se de especial importância
pedagógicas e novas relações sociais. aprofundarmos questões como: quem incluímos na categoria
nós? Quem são os outros? Quais as implicações dessas
O Currículo Como Espaço De Reconhecimento De questões para o currículo? Como nossas representações dos
Nossas Identidades Culturais outros se refletem nos currículos?
Esses são temas fundamentais que estamos desafiados a
Um aspecto a ser trabalhado, que consideramos de trabalhar nas relações sociais e, particularmente, na educação.
especial relevância, diz respeito a se procurar, na escola, Nossa maneira de nos situarmos em relação aos outros tende
promover ocasiões que favoreçam a tomada de consciência da a construir-se em uma perspectiva etnocêntrica. Quem são os
construção da identidade cultural de cada um de nós, docentes nós? Tendemos a incluir na categoria nós todas aquelas
e gestores, relacionando-a aos processos socioculturais do pessoas e aqueles grupos sociais que têm referenciais
contexto em que vivemos e a história de nosso país. O que semelhantes aos nossos, que têm hábitos de vida, valores,
temos constatado é a pouca consciência que, em geral, temos estilos e visões de mundo que se aproximam dos nossos e os
desses processos e do cruzamento de culturas neles presente. reforçam. Quem são os outros? Tendem a ser os que entram
Tendemos a uma visão homogeneizadora e estereotipada de em choque com nossas maneiras de nos situarmos no mundo,
nós mesmos e de nossos alunos e alunas, em que a identidade por sua classe social, etnia, religião, valores, tradições,
cultural é muitas vezes vista como um dado, como algo que nos sexualidade etc.
é impresso e que perdura ao longo de toda nossa vida. Como temos entendido esse outro? Para Skliar e
Desvelar essa realidade e favorecer uma visão dinâmica, Duschatzky8, principalmente de três formas distintas: o outro
contextualizada e plural das identidades culturais é como fonte de todo mal, o outro como sujeito pleno de um
fundamental, articulando- se as dimensões pessoal e coletiva grupo cultural, o outro como alguém a tolerar.
desses processos. Constitui um exercício fundamental A primeira perspectiva, segundo os autores, marcou
tornarmo-nos conscientes de nossos enraizamentos culturais, predominantemente as relações sociais durante o século XX e
dos processos em que misturam ou se silenciam determinados pode se revestir de diferentes formas, desde a eliminação física
pertencimentos culturais, bem como sermos capazes de do outro, até a coação interna, mediante a regulação de
reconhecê-los, nomeá-los e trabalhá-los. Constitui um costumes e moralidades. Nesse modo de nos situarmos diante
exercício fundamental tornarmo-nos conscientes de nossos do outro, assumimos uma visão binária e dicotômica. Em um
enraizamentos culturais, dos processos em que misturam ou lado separamos os bons, os verdadeiros, os autênticos, os
se silenciam determinados pertencimentos culturais, bem civilizados, cultos, defensores da liberdade e da paz. Em outro,
como sermos capazes de reconhecê-los, nomeá-los e trabalhá- deixamos os outros: os maus, os falsos, os bárbaros, os
los. ignorantes e os terroristas. Se nos identificamos com os
Como favorecer essa tomada de consciência? Alguns primeiros, o que temos a fazer é eliminar, neutralizar, dominar
exercícios podem ser propostos, buscando-se criar ou subjugar os outros. Caso nos sintamos representados como
oportunidades em que o profissional da educação se estimule integrantes do polo oposto, ou internalizamos a nossa
a falar sobre como percebe a construção de sua identidade. maldade e nos deixamos salvar, passando para o lado dos bons,
Como vêm sendo criadas nossas identidades de gênero, raça, ou nos confrontamos violentamente com eles.
sexualidade, classe social, idade, profissão? Como temos
aprendido a ser quem somos, como profissionais da educação, Como essa primeira perspectiva se traduz na escola?
brasileiros (as), homens, mulheres, casados (as), solteiros (as), Mostra-se presente quando:
negros (as), brancos (as), jovens ou idosos (as)? Nesses a) atribuímos o fracasso escolar dos (as) alunos (as) às
momentos, tem sido bastante frequente a afirmação “nunca suas características sociais ou étnicas;
pensei na formação da minha identidade cultural”, ou então b) diferenciamos os tipos de escolas segundo a origem
“me considero uma órfã do ponto de vista cultural”, expressão social dos (as) estudantes, considerando que alguns têm maior
usada por uma professora jovem, querendo se referir à potencial que outros e, para desenvolvermos uma educação de
dificuldade de nomear os referentes culturais configuradores qualidade, não podemos misturar estudantes de diferentes
de sua trajetória de vida. potenciais;
A socialização em pequenos grupos, entre os (as) c) nos situamos, como professores (as), diante dos (as)
educadores (as), dos relatos sobre a construção de suas alunos (as), com base em estereótipos e expectativas
identidades culturais pode se revelar uma experiência diferenciadas segundo a origem social e as características
profundamente vivida, muitas vezes carregada de emoção, que culturais dos grupos de referência;
dilata tanto a consciência dos próprios processos de formação d) valorizamos exclusivamente o racional e
identitária do ponto de vista cultural, quanto a sensibilidade desvalorizamos os aspectos afetivos presentes nos processos
para favorecer esse mesmo dinamismo nas práticas educativas educacionais;
que organizamos. Nesses processos, podemos nos dar conta da
complexidade envolvida na configuração dos distintos traços

8 SKLIAR, C. e DUSCHATZKY, S. O nome dos outros: narrando a alteridade na

cultura e na educação. In: LARROSA, J. e SKLIAR, C. (Orgs.). Habitantes de Babel:


políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

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e) privilegiamos somente a comunicação verbal, mundo contemporâneo, de qualquer “pureza cultural” 10, se
desconsiderando outras formas de comunicação humana, pretendermos abrir espaço na escola para a complexa
como a corporal, a artística etc. interpenetração das culturas e para a pluralidade cultural,
tanto as manifestações culturais hegemônicas como as
Ao considerarmos o outro como sujeito pleno de uma subalternizadas precisam integrar o currículo e ser objeto de
marca cultural, estamos concebendo-o como membro de uma apreciação e crítica. Talvez fosse útil, para o desenvolvimento
dada cultura, vista como uma comunidade homogênea de do que sugerimos, que discutíssemos, na escola, com que
crenças e estilos de vida. O outro, ainda que não seja a fonte de recursos podemos contar em nossa comunidade e como fazer
todo mal, é diferente de nós, tem uma essência claramente para que outros recursos venham, de alguma forma, a tornar-
definida, distinta da que nos caracteriza. Na área da educação, se familiares a nossos (as) alunos (as). Abrir as portas, na
essa visão se expressa, por exemplo, quando nos limitamos a escola, a diferentes manifestações da cultura popular, além das
abordar o outro de forma genérica e “folclórica”, apenas em que compõem a chamada cultura erudita.
dias especiais, usualmente incluídos na lista dos festejos Nessa perspectiva, há um ponto que desejamos destacar.
escolares, tais como o Dia do Índio ou Dia da Consciência Ao intentarmos transformar a escola em um espaço cultural,
Negra. estamos convidando cada professor (a), como intelectual que
Já a expressão o outro como alguém a tolerar convida tanto é, a desempenhar o papel de crítico (a) cultural. Estamos
a admitir a existência de diferenças quanto a aceitá-las. Nessa considerando que a atividade intelectual implica o
admissão, contudo, reside um paradoxo. Se aceitamos, por questionamento do que parece inscrito na natureza das coisas,
princípio, todo e qualquer diferente, deveríamos aceitar os do que nos é apresentado como natural, questionamento esse
grupos cujas marcas são comportamentos antissociais ou que visa, fundamentalmente, a mostrar que as coisas não são
opressivos, como os racistas. Que consequências a adoção inevitáveis. A atividade intelectual centra-se, assim, na crítica
dessa perspectiva pode ter para a prática pedagógica? da cultura em que estamos imersos. Como se expressa essa
Julgamos que a simples tolerância pode nos situar em uma atividade na prática curricular?
posição débil, evitando que tomemos posição em relação aos Julgamos que cabe à escola, por meio de suas atividades
valores que dominam a cultura contemporânea. Pode impedir pedagógicas, mostrar ao aluno que as coisas não são
que polemizemos, levando-nos a assumir a conciliação como inevitáveis e que tudo que passa por natural precisa ser
valor último. Pode incentivar-nos a não questionar a “ordem”, questionado e pode, consequentemente, ser modificado. Cabe
vendo-a como comportamentos a serem inevitavelmente à escola levá-lo a compreender que a ordem social em que está
cultivados. inserido define-se por ações sociais cujo poder não é absoluto.
Poderíamos acrescentar outras formas de nos situar diante O que existe precisa ser visto como a condição de uma ação
dos outros. No entanto, acreditamos que a tipologia proposta futura, não como seu limite. Nossos questionamentos devem,
por Skliar e Duschatzky9 expressa as posições mais presentes então, provocar tensões e desafiar o existente. Podem não
na nossa sociedade hoje, evidenciando a complexidade das mudar o mundo, mas podem permitir que o aluno o
questões relacionadas à alteridade e à diferença. compreenda melhor. Como nos diz Bauman11, “para operar no
O que desejamos destacar é que o modo como concebemos mundo (por contraste a ser ‘operado’ por ele) é preciso
a condição humana pode bloquear nossa compreensão dos entender como o mundo opera”.
outros. Portanto, é importante promovermos processos A crítica de diferentes artefatos culturais na escola pode,
educacionais nos quais identifiquemos e desconstruamos por exemplo, levar-nos a identificar e a desafiar visões
nossas suposições, em geral implícitas, que não nos permitem estereotipadas da mulher propagadas em anúncios; imagens
uma aproximação aberta e empática à realidade dos outros. desrespeitosas de homossexuais difundidas em programas
cômicos de televisão; preconceitos contra povos não
O Currículo Como Um Espaço de Crítica Cultural ocidentais evidentes em desenhos animados; mensagens
encontradas em revistas para adolescentes do sexo feminino
Apresentamos agora outro princípio, fortemente (e da classe média) que incentivam o uso de drogas, o
relacionado aos anteriores: sugerimos que se expandam os consumismo e o individualismo; estímulos à erotização
conteúdos curriculares usuais, de modo a neles incluir alguns precoce das meninas, visíveis em brinquedos e programas
dos artefatos culturais que circundam o (a) aluno (a). A ideia é infantis; presença e aceitação da violência em filmes, jogos e
tornar o currículo um espaço de crítica cultural. brinquedos.
Outros exemplos poderiam ser citados, reforçando-nos o
Como fazê-lo? ponto de vista de que os produtos culturais à nossa volta nada
Um dos caminhos é abrir as portas, na escola, a diferentes têm de ingênuos ou puros; ao contrário, incorporam intenções
manifestações da cultura popular, além das que compõem a de apoiar, preservar ou produzir situações que favorecem
chamada cultura erudita. Músicas populares, danças, filmes, certos grupos e outros não. Tais artefatos, como se tem
programas de televisão, festas populares, anúncios, insistentemente acentuado, desempenham, junto com o
brincadeiras, jogos, peças de teatro, poemas, revistas e currículo escolar, importante papel no processo de formação
romances precisam fazer-se presentes nas salas de aula. Da das identidades de nossas crianças e nossos adolescentes,
mesma forma, levando-se em conta a importância de ampliar devendo constituir- se, portanto, em elementos centrais de
os horizontes culturais dos (as) estudantes, bem como de crítica em processos curriculares culturalmente orientados.
promover interações entre diferentes culturas, outras
manifestações, mais associadas aos grupos dominantes, Contribuições para o Estudo da Pluralidade Cultural
precisam ser incluídas no currículo. no Âmbito da Escola12
A intenção é que a cultura dos estudantes e da comunidade
possa interagir com outras manifestações e outros espaços Para informar adequadamente a perspectiva de ensino e
culturais como museus, exposições, centros culturais, música aprendizagem é importante esclarecer o caráter
erudita, clássicos da literatura. Se aceitarmos a inexistência, no interdisciplinar que constitui o campo de estudos teóricos da

9 SKLIAR, C. e DUSCHATZKY, S. O nome dos outros: narrando a alteridade na 11BAUMAN, Z. Em busca da política. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
cultura e na educação. In: LARROSA, J. e SKLIAR, C. (Orgs.). Habitantes de Babel: 12Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual / Secretaria de Educação
10 McCARTHY, C. The uses of culture: education and the lilmits of ethnic Fundamental.
affiliation. New York: Routledge, 1998.

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Pluralidade Cultural. A fundamentação ética, o entendimento Os direitos humanos assumiram, gradativamente, a


de preceitos jurídicos, incluindo o campo internacional, importância de tema global. Assim como a preservação do
conhecimentos acumulados no campo da História e da meio ambiente, os Direitos Humanos colocam-se como
Geografia, noções e conceitos originários da Antropologia, da assunto de interesse de toda a humanidade. Se o planeta está
Linguística, da Sociologia, da Psicologia, aspectos referentes a ameaçado por políticas de desenvolvimento predatórias, da
Estudos Populacionais, constituem uma base sobre a qual se mesma maneira a miséria e a intolerância em seus diversos
opera tal reflexão que, ao voltar-se para a atuação na escola, matizes promovem no final do século a morte pela fome, a
deve ter cunho eminentemente pedagógico. marginalidade extrema, migrações em massa, desequilíbrios
Acrescenta-se a essa evidente complexidade o fato de que internos e, no limite, guerras entre grupos humanos que
muitos grupos humanos, de que trata o tema Pluralidade outrora conviveram em suposta harmonia. A violência em que
Cultural, têm produzido um saber rico e profundo acerca de si pode resultar a disputa étnica, religiosa e social, quando a
mesmos, particularmente no âmbito de movimentos sociais e intolerância e o desequilíbrio são levados ao extremo,
de suas organizações comunitárias. Assim, abre-se à escola a expressa-se em números: sabe-se que 80% das guerras que
possibilidade de empreender, em seu cotidiano, uma reflexão ocorrem hoje derivam da intolerância étnica e religiosa em
que integra, de maneira ímpar, teoria e prática, reflexão e ação. conflitos internos.
A seguir são apresentadas algumas indicações das A ONU, preocupada com a conquista da paz mundial,
diferentes contribuições, a título de subsídios chave, a fim de promoveu conferências que buscavam um programa de
balizar o trabalho pedagógico deste tema, embora não o consenso que orientasse os países e os indivíduos quanto à
esgotem. São pistas que o professor poderá seguir questão dos direitos humanos. A Conferência de Viena de
aprofundando e ampliando conforme as necessidades de seu 1993, de cuja declaração o Brasil é signatário, reafirmou a
planejamento. Visam, sobretudo, explicitar que tratar do povo universalidade dos direitos humanos e apresentou as
brasileiro, em seus desafios e conquistas do cotidiano e no condições necessárias para os Estados promoverem,
processo histórico, exige estudo e preparo cuidadoso que não controlarem e garantirem tais direitos. Sabia-se naquele
se confundem, em hipótese alguma, com o senso comum. momento que o tratamento adequado do tema da pluralidade
etnocultural era condição para a democracia e fator primordial
Fundamentos Éticos do equilíbrio social e internacional. Firma-se nesse contexto a
responsabilidade do Estado na proteção e promoção das
Uma proposta curricular voltada para a cidadania deve identidades étnicas, culturais, linguísticas e religiosas.
preocupar-se necessariamente com as diversidades existentes A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
na sociedade, uma das bases concretas em que se praticam os é uma das mais avançadas quanto aos temas do respeito à
preceitos éticos. É a ética que norteia e exige de todos, e da diferença e do combate à discriminação. O Brasil teve, por
escola e educadores em particular, propostas e iniciativas que outro lado, participação ativa nas reuniões mundiais sobre os
visem à superação do preconceito e da discriminação. A direitos humanos e sobre minorias. Aqui não se trata, é claro,
contribuição da escola na construção da democracia é a de de exigir conhecimentos próprios do especialista em Direito,
promover os princípios éticos de liberdade, dignidade, mas de saber como se define basicamente a cidadania.
respeito mútuo, justiça e equidade, solidariedade, diálogo no Vale lembrar que dispositivos presentes na Seção “Da
cotidiano; é a de encontrar formas de cumprir o princípio Educação”, da Constituição Federal, referentes às
constitucional de igualdade, o que exige sensibilidade para a comunidades indígenas, também asseguram “a utilização de
questão da diversidade cultural e ações decididas em relação suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem”
aos problemas gerados pela injustiça social. (art. 210, § 2º), consolidando o reconhecimento de exigências
A diferença entre o que se tem historicamente pregado historicamente apresentadas em trabalhos desenvolvidos
como sendo fins e valores da democracia republicana e pelos povos indígenas, em cooperação notadamente com a
práticas sociais marcadas pela dominação, exploração e sociedade civil.
exclusão, torna imperativo o posicionamento ético da escola e Alguns aspectos pedagógicos decorrem desse dispositivo.
do educador, ao mesmo tempo em que se coloca a superação O estabelecimento de escolas indígenas, com proposta
dessa situação, no campo educacional, como um dos maiores pedagógica, organização administrativa e didáticas próprias,
desafios da prática pedagógica. atende a uma exigência constitucional, traz enriquecimento
Num mundo que tende cada vez mais à globalização no pedagógico e introduz exigências adicionais na estruturação
plano econômico, da qual é ainda desconhecido o conjunto de do sistema nacional de educação.
efeitos sociais, é importante perceber o incessante processo de O ensino religioso nas escolas públicas é assunto que exige
reposição das diferenças e o ressurgimento de etnicidades. De atenção. Tema vinculado, em termos de direito, à liberdade de
um lado, esse processo ensina que o fato de as culturas consciência e de crença, a presença plural das religiões no
viverem dinâmicas que resultam em sua modificação Brasil constitui-se fator de possibilidade de escolha. Ao
constante não quer dizer que o sentido da mudança seja único, indivíduo é dado o direito de ter religião, quando criança, por
e conduza fatalmente ao modelo de desenvolvimento decisão de seus pais, ou, quando adulto, por escolha pessoal;
dominante. De outro, apresenta com clareza a necessidade da de mudar de religião, por determinação voluntária ao longo da
construção de valores e novas práticas de relação social que vida, sem restrições de ordem civil; e de não ter religião, como
permitam o reconhecimento e a valorização da existência das opção consciente. O que caracteriza, portanto, a inserção social
diferenças étnicas e culturais, e a superação da relação de do cidadão, desse ponto de vista, é o respeito, a abertura e a
dominação e exclusão - ao mesmo tempo em que se constitui a liberdade.
solidariedade. De fato, a configuração laica do Estado é propiciadora
dessa pluralidade, no plano social, e se caracteriza por ser
Conhecimentos Jurídicos impeditiva de rótulos, no plano do cidadão. Ou seja, não há
uma predeterminação que vincule compulsoriamente etnias e
Explicitada no contexto dramático do pós-guerra, quando religiões, origem de nascimento e percursos de vida.
se indagou como teria sido possível ao ser humano produzir a É nesse sentido que se define a postura laica da escola
barbárie do Holocausto e o horror de Nagasaki e Hiroshima, a pública como imperativo no cumprimento do dever do Estado
Declaração Universal dos Direitos Humanos surgiu como a referente ao estabelecimento pleno de uma educação
ponte entre o medo e a esperança. Essa ponte, apenas democrática, voltada para o aprimoramento e a consolidação
projetada ali, seria preciso ser construída. de liberdades e direitos fundamentais da pessoa humana.

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Não se trata, é claro, de mostrar um Brasil perfeito e irreal, da escravidão, de sua mercantilização e das repercussões que
mas as possibilidades que se abrem com trabalho, embates e os povos africanos enfrentam por isso.
entendimentos, mediante a colocação em prática de Da mesma forma, uma visão histórica da Ásia contribui
instrumentos jurídicos já disponíveis. para a compreensão da formação cultural brasileira, tanto no
que se refere às tradições quanto em relação aos processos
Conhecimentos Históricos e Geográficos históricos que levaram seus habitantes a imigrarem para as
Américas, e em particular para o Brasil, em diferentes
O estudo da ocupação do território nacional e da momentos históricos. É relevante, também, o estudo do
constituição da população pode ser empreendido por Oriente Médio, sua história e suas influências na constituição
intermédio da trajetória das etnias no Brasil. Tarefa complexa, da civilização ocidental.
esse estudo traz tanto a compreensão da produção das Esses conhecimentos são subsídios para que se possa
riquezas, da miséria e da injustiça quanto de aspectos que compreender o processo de surgimento de tendências, ideias,
tornaram o Brasil internacionalmente reconhecido como crenças, sistemas de pensamento, seu percurso por diversos
hospitaleiro. territórios nacionais e continentais, e a ampliação da
Os aspectos históricos e geográficos expõem uma influência cultural; perceber a criação e recriação constante de
diversidade regional marcada pela desigualdade, do ponto de tradições, a complexidade da convivência da diversidade em
vista do atendimento pleno dos direitos de cidadania, de um mesmo território, nem sempre harmonizada, assim como
valorização desigual de práticas culturais. A formação processos internacionais de pressão, e desenvolvimento de
histórica do Brasil mostra os mecanismos de resistência ao processos regionais de construção da paz.
processo de dominação desenvolvidos pelos grupos sociais em Cada um desses desenvolvimentos poderá estar presente
diferentes momentos. Uma das formas de resistência refere-se conforme a necessidade e a oportunidade do trabalho em sala
ao fato de que cada grupo encontrou maneiras de preservar de aula. É claro, contudo, que alguns desenvolvimentos
sua identidade cultural, ainda que às vezes de forma conceituais mais elaborados poderão ser deixados para as
clandestina e precária. quintas a oitavas séries, enquanto nas séries iniciais se poderá
A tendência de abafar e encobrir os problemas vividos pela veicular informações mais simples e promover aproximações
diversidade, enquanto se dá destaque apenas à sua conceituais que favorecerão uma futura ampliação em
característica de ser um dos potenciais mais férteis, abrangência e profundidade.
tipicamente brasileiros, levou por muito tempo a acreditar que
o racismo era uma mazela social que o Brasil soube evitar. A Conhecimentos Sociológicos
teoria da integração das raças, tradicionalmente divulgada na
maioria das escolas de ensino fundamental, deixou pouco ou Toda seleção curricular é marcada por determinantes e
nenhum espaço para que se encarassem as reais dificuldades fatores culturais, sociais e políticos, que podem ser analisados
das diferentes etnias no contexto social brasileiro. de forma isolada, para efeito de estudo, mas que se encontram
Para a compreensão da trajetória das etnias é necessário amalgamados no social. Conhecimentos sociológicos são
tratar de temas básicos: ocupação e conquista, escravização, indispensáveis na discussão da Pluralidade Cultural, pelas
imigração, migração. Outro aspecto particularmente relevante possibilidades que abrem de compreensão de processos
refere-se à importância do estudo dos continentes de origem complexos, onde se dão interações entre fenômenos de
dos diversos grupos que compõem a população brasileira. diferentes naturezas.
Tratar da presença indígena, desde tempos imemoriais em Atuando em campo social marcado historicamente pela
território nacional, é valorizar sua presença e reafirmar seus exclusão de grandes contingentes da população, a escola pode
direitos como povos nativos, como tratado na Constituição de fortalecer sua atuação tanto mais quanto seja conhecedora dos
1988. É preciso explicitar sua ampla e variada diversidade, de problemas presentes na estrutura socioeconômica, de como se
forma a corrigir uma visão deturpada que homogeneíza as dão as relações de dominação, qual o papel desempenhado
sociedades indígenas como se fossem de um único grupo, pela pelo universo cultural nesse processo.
justaposição aleatória de traços retirados de diversas etnias. Embora tenha sido muito salientado o papel de
Nesse sentido, a valorização dos povos indígenas faz-se tanto reprodutora de mecanismos de dominação e exclusão,
pela via da inclusão nos currículos de conteúdos que informem atribuído historicamente à escola, cabe lembrar que
sobre a riqueza de suas culturas e a influência delas sobre a potencializar suas possibilidades de resistência e
sociedade como um todo, quanto pela consolidação das escolas transformação depende também, ainda que não
indígenas que destacam, nos termos da Constituição, a exclusivamente, das opções e das práticas dos educadores.
pedagogia que lhes é própria. Nesse sentido, além das diversas contribuições da Sociologia,
Compreender a formação das sociedades europeias e das aspectos particulares voltados para a discussão curricular têm
relações entre sua história, viagens de conquista, sido desenvolvidos por autores que se ocupam da Sociologia
entrelaçamento de seus processos políticos com os do da Educação, Sociologia do Currículo. Nesses estudos, os
continente americano, em particular América do Sul e Brasil, vínculos entre escola e democracia, escola e cidadania, e
auxiliará professores e alunos a formarem referencial não só democracia e currículo são analisados, permitindo uma
de conteúdos específicos, como também da estruturação de reflexão voltada especificamente para o interior da escola e da
processos de influenciação recíproca. Isso é particularmente sala de aula, no que se refere a esses assuntos.
importante para o momento atual, quando o quadro Os conhecimentos sociológicos permitem uma discussão
internacional interfere no cotidiano do cidadão de muitas e acurada de como as diferenças étnicas, culturais e regionais
variadas formas. não podem ser reduzidas à dimensão socioeconômica de
O estudo histórico do continente africano, com sua classes sociais, assim como das formas como ambas se
complexidade milenar, é de extrema relevância como fator de retroalimentam.
informação e de formação voltada para a valorização dos A desatenção à questão da diferença cultural tem sido
descendentes daqueles povos. Significa resgatar a história instrumento que reforça e mantém a desigualdade social,
mais ampla, na qual os processos de mercantilização da levando a escola a atuar, frequentemente, como mera
escravidão foram um momento, que não pode ser amplificado transmissora de ideologias. Por outro lado, a injustiça
a ponto que se perca a rica construção histórica da África. O socioeconômica se apoia em preconceitos e discriminações de
conhecimento desse processo pode significar o caráter etnocultural de tal forma que, muitas vezes, não é
dimensionamento correto do absurdo, do ponto de vista ético,

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possível saber se a discriminação vem pelo fato étnico, pelo Entretanto, o processo de mudança intrínseco a qualquer
socioeconômico, ou por ambos. cultura já foi entendido como desfiguração da cultura
A discussão sociológica colabora para a escola e o tradicional, desvio e perda, o que, do ponto de vista aqui
professor enfrentarem o desafio que lhes está colocado, qual colocado, é uma ideia incorreta. É preciso compreender esse
seja, o de ser parte de certa realidade social injusta, dela sofrer caráter intrínseco da mudança, do ponto de vista dos grupos
influências, e, ainda assim, garantir a possibilidade de educar culturais, diferente de intromissões de elementos externos
o aluno como cidadão em formação, de forma que atue como que sugerem ou impõem fatores estranhos à cultura, ou até de
sujeito sociocultural, voltado para mudanças, para a busca de transplantes culturais.
caminhos de transformação social. A cultura pode assumir um sentido de sobrevivência,
estímulo e resistência. Quando valorizada, reconhecida como
Conhecimentos Antropológicos parte indispensável das identidades individuais e sociais,
apresenta-se como componente do pluralismo próprio da vida
Há relações presentes em diferentes grupos e sociedades democrática. Por isso, fortalecer a cultura própria de cada
humanas que não se explicam exclusivamente pelo grupo social, cultural e étnico que compõe a sociedade
socioeconômico, nem se reduzem a estados afetivos e brasileira, promover seu reconhecimento, valorização e
psicológicos. São exemplos, a relação do ser humano com a conhecimento mútuo, é fortalecer a igualdade, a justiça, a
organização de seu grupo, com o sagrado, o mágico, o liberdade, o diálogo e, portanto, a democracia.
sobrenatural, a relação com o patrimônio cultural, tudo o que Alguns temas, conceitos e termos da temática da
o precede e sucede. Trata-se de fatos que caracterizam a Pluralidade Cultural dependem intrinsecamente de
existência da cultura, especificidade exclusiva da vida humana. conhecimentos antropológicos, por referirem-se diretamente
A Antropologia caracteriza-se como o estudo das à organização humana, na qual se coloca a diversidade.
alteridades, no qual se afirma o reconhecimento do valor Assim, o termo “raça”, de uso corriqueiro e banal no
inerente a cada cultura, por se tratar daquilo que é cotidiano, vem sendo evitado cada vez mais pelas ciências
exclusivamente humano, como criação, e próprio de certo sociais pelos maus usos a que se prestou.
grupo, em certo momento, em certo lugar. Nesse sentido, cada Nas ciências biológicas, raça é a subdivisão de uma espécie,
cultura tem sua história, condicionantes, características, não cujos membros mostram com frequência um certo número de
cabendo qualquer classificação que sobreleve uma em atributos hereditários. Refere-se ao conjunto de indivíduos
detrimento de outra. cujos caracteres somáticos, tais como a cor da pele, o formato
A variabilidade interna presente em cada cultura também do crânio e do rosto, tipo de cabelo, etc., são semelhantes e se
é objeto de estudo da Antropologia, tornando possível transmitem por hereditariedade. O conceito de raça, portanto,
compreender variáveis formas de organização humana, assenta-se em um conteúdo biológico, e foi utilizado na
convivendo dentro de visões de mundo semelhantes. tentativa de demonstrar uma pretensa relação de
É também nos conhecimentos antropológicos que se superioridade/inferioridade entre grupos humanos.
encontram subsídios para entender algumas das questões A diversidade das sociedades humanas não se explica pela
mais difíceis de nosso tempo, que vai ao encontro do terceiro diferença genética - a variação dos caracteres genéticos
milênio. Em particular, a temática étnica, cada vez mais internos de qualquer grupo é muito grande -, mas sim pela
presente em um mundo que se complexifica de maneira cultura. A divisão biológica da espécie humana não implica
crescente, sob aparência de homogeneização, assim como o hierarquia, ainda que diferentes visões de mundo expliquem
estudo das mutações culturais, que se apresentam com ritmos de múltiplas formas a diversidade humana. Do ponto de vista
distintos, em diferentes grupos. de dignidade, de Direitos Universais, há uma só humanidade.
Assim, falar de cultura é tratar de permanências e Convém lembrar que o uso do termo “raça” no senso
mudanças, de manifestações patentes, que expressam, com comum é ainda muito difundido, variando da ideia de
frequência, o latente - atuante, embora nem sempre reafirmação étnica, de forma a distinguir singularidades de
perceptível em termos objetivos. potencial e demanda, como aquele que é feito comumente por
É preciso considerar que não se trata, aqui, do sentido mais movimentos sociais, a usos ostensivamente pejorativos, que
usual do termo cultura, empregado para definir certo saber, alimentam racismo e discriminação.
ilustração, refinamento de maneiras. No sentido antropológico Cabe, aqui, introduzir o conceito de etnia, que substitui
do termo, afirma-se que todo e qualquer indivíduo nasce no com vantagens o termo “raça”, já que tem base social e cultural.
contexto de uma cultura, não existindo homem sem cultura, “Etnia” ou “grupo étnico” designa um grupo social que se
mesmo que não saiba ler, escrever e fazer contas. É como se se diferencia de outros por sua especificidade cultural.
pudesse dizer que o homem é biologicamente incompleto: não Atualmente o conceito de etnia se estende a todas as minorias
sobreviveria sozinho sem a participação das pessoas e do que mantêm modos de ser distintos e formações que se
grupo que o gerou. distinguem da cultura dominante. Assim, os pertencentes a
A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis uma etnia partilham de uma mesma visão de mundo, de uma
pelo grupo: neles o indivíduo é formado desde o momento da organização social própria, apresentam manifestações
sua concepção; nesses mesmos códigos, durante a sua infância, culturais que lhe são características. “Etnicidade” é a condição
aprende os valores do grupo; por eles são mais tarde de pertencer a um grupo étnico. É o caráter ou a qualidade de
introduzidos nas obrigações da vida adulta, da maneira como um grupo étnico, que frequentemente se autodenomina
cada grupo social as concebe. comunidade. Já o “etnocentrismo” - tendência de alguém
A cultura, como código simbólico, apresenta-se como tomar a própria cultura como centro exclusivo de tudo, e de
dinâmica viva. Todas as culturas estão em constante processo pensar sobre o outro também apenas a partir de seus próprios
de reelaboração, introduzindo novos símbolos, atualizando valores e categorias - muitas vezes dificulta um diálogo
valores. O grupo social transforma e reformula intercultural, impedindo o acesso ao inesgotável aprendizado
constantemente esses códigos, adaptando seu acervo que as diversas culturas oferecem.
tradicional às novas condições historicamente construídas Por isso, é errado, conceitual e eticamente, sustentar
pela sociedade. A cultura não é algo fixo e cristalizado que o argumentos de ordem racial/étnica para justificar
sujeito carrega por toda a sua vida como um peso que o desigualdades socioeconômicas, dominação, abuso,
estigmatiza, mas é elemento que o auxilia a compor sua exploração de certos grupos humanos. Historicamente, no
identidade. Brasil, tentou-se justificar, por essa via, injustiças cometidas
contra povos indígenas, contra africanos e seus descendentes,

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da barbárie da escravidão a formas contemporâneas de discussão, de debates acerca de políticas públicas alternativas
discriminação e exclusão, desses e outros grupos étnicos e que beneficiem a vida da população.
culturais, em diferentes graus e formas. A escola deve Da mesma forma, História e Geografia, Ciências Naturais,
posicionar-se criticamente em relação a esses fatos, mediante Orientação Sexual e Saúde possibilitam discutir dados
informações corretas, cooperando no esforço histórico de referentes à mortalidade infantil, abortos e esterilizações, com
superação do racismo e da discriminação. as consequências daí advindas. Um tratamento enriquecedor
da temática dos direitos reprodutivos propicia também a
Linguagens e Representações análise da relação com questões de raça/etnia.
A escolha dos conteúdos e abordagens pode nortear-se por
Trata-se, aqui, de trabalhar diferentes linguagens que questões como: quais características são relevantes quanto à
ampliam as possibilidades de expressão para além da verbal, relação entre composição populacional, aspectos culturais,
forma predominante de comunicação na maioria das distribuição de renda, qualidade de vida e o papel da
sociedades. Integrada aos conhecimentos antropológicos, educação? Que relações perversas estabeleceram-se,
permitirá o entendimento da importância de diferentes historicamente, entre exclusão socioeconômica e
códigos linguísticos, de diferentes manifestações culturais e determinados grupos, que estão exigindo ações específicas?
sua compreensão no campo educacional, como fator de Que dados são relevantes para uma compreensão integrada de
integração e expressão do aluno, respeitando suas origens. áreas sociais, como educação e saúde, por exemplo?
Tratando especificamente da temática das línguas, abrem- Esses conhecimentos poderão, assim, oferecer subsídios
se muitas possibilidades de transversalização com Língua preliminares que permitam construir a compreensão do
Portuguesa, por exemplo, pela valorização de diferentes entrelaçamento de componentes sociais, culturais e
formas de linguagem oral e escrita, pelo respeito às populacionais na definição da qualidade de vida, além de
manifestações regionais, pela possibilidade de contato e possíveis formas de ação voltadas para a melhoria dessa
integração com a diversidade de línguas e de linguagens qualidade.
presentes na vida de crianças e adolescentes no Brasil.
Conhecer a existência do uso de outras línguas diferentes Conhecimentos Psicológicos e Pedagógicos
da Língua Portuguesa, idioma oficial, significa não só
ampliação de horizontes, como também compreensão da Alguns aspectos presentes na escola, ligados à questão da
complexidade do País. A escola tem a possibilidade de expectativa, da estigmatização, da autoestima, da conduta na
trabalhar com esse panorama rico e complexo, referindo-se à atividade educativa, com a necessária reciprocidade entre
existência, estrutura e uso dessas centenas de línguas. Pode, educador e educando, fazem do tema Pluralidade Cultural fim
com isso, promover não só a reflexão metalinguística, como e meio.
também a compreensão de como se constituem identidades e Do ponto de vista psicopedagógico, conhecimentos que
singularidades de diferentes povos e etnias. tragam ao professor a compreensão do fracasso e do sucesso
Saber da existência de diferentes formas de bilinguismos e que se apresentam como sendo mais da escola e de sua
multilinguíssimos, presentes em diferentes regiões - assim atividade didática, e não só dos alunos, levam à redefinição de
como ver-se reconhecida e presente neste tema transversal, procedimentos em sala de aula.
aberto às suas próprias singularidades regionais, étnicas e Evitar atitudes que “produzam” o fracasso escolar é uma
culturais - será extremamente relevante na construção desse possibilidade aberta ao professor. Um dos aspectos mais
conhecimento e na valorização do que é a pluralidade cultural complexos quanto ao atendimento adequado à criança e ao
brasileira. São exemplos de tais bilinguismos e adolescente refere-se às expectativas de homogeneização.
multilinguíssimos as vivências de escolas indígenas, escolas de Várias contribuições se apresentam para a conduta
regiões de fronteiras geopolíticas do Brasil, escolas vinculadas pedagógica, sendo, porém, a mais decisiva aquela que
a grupos étnicos, existentes em particular em grandes centros intervém nas situações de discriminação, seja qual for o
urbanos, regionalismos na fala cotidiana de tantas escolas motivo.
espalhadas pelo País. Com relação à discriminação, sabe-se que um de seus
Por outro lado, o desenvolvimento de outras linguagens fundamentos psicológicos é o medo. Falar sobre isso
será muito importante, permitindo transversalizar, em explicitamente, como um dos muitos e complexos motivos que
particular, com Educação Física e Arte. A música, a dança, as levam à discriminação, permite que se possa tratar o medo
artes em geral, vinculadas aos diferentes grupos étnicos e a como o que é de fato: manifestação da insegurança, muitas
composições regionais típicas, são manifestações culturais que vezes plantada em cada um de maneira arcaica, que pode ser
a criança e o adolescente poderão conhecer e vivenciar. Dessa revertida apenas quando encarada e trabalhada.
forma enriquecerão seu conhecimento sobre a diversidade É preciso esclarecer, também, que a discriminação ocorre
presente no Brasil, enquanto desenvolvem seu próprio como uma relação em que há dois polos. No polo que
potencial expressivo. discrimina, o medo se apresenta como reação ao
desconhecido, visto como ameaçador. Quem tem a cor da pele
Conhecimentos Populacionais diferente, ou fala de tradições - étnicas, religiosas, culturais -
desconhecidas, confronta seu interlocutor com sua própria
Embora estejam presentes ao longo da discussão referente ignorância de mundos diferentes do seu. É a figura do
à trajetória das etnias no Brasil, os conhecimentos “estranho”, do “estrangeiro”, que, por escapar da apreensão
populacionais precisam ser aqui lembrados, por constituírem comum, pode ser rotulado de “esquisito”.
fonte de informação relevante, sobretudo a partir do segundo Esse medo se alimenta de si mesmo, ou seja, quanto mais
ciclo. medo, mais se busca distância do objeto do medo. Há estudos
Dados estatísticos sobre a população brasileira conforme que demonstram que nos conflitos inter-étnicos, quanto maior
distribuição regional, densidade demográfica, em relação com o medo, maior a violência presente nas reações.
dados como renda per capita, PIB per capita, fornecem um Uma forma de trabalhar e superar esse tipo de medo é com
quadro informativo de como se vive no Brasil. Cotejado com informação. Trata-se, portanto, de buscar conhecer aquele que
informações provenientes de levantamentos feitos pelos atemoriza. Esse conhecimento se dá por intermédio de textos,
próprios alunos (via correspondência, imprensa, etc.), fitas de vídeo, jornais e boletins informativos de grupos
significarão a possibilidade de um conhecimento mais organizados pelas diferentes comunidades. Contudo, a fonte
adequado sobre o Brasil e oportunidade, nas séries finais, de mais importante de conhecimento desse “desconhecido que

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atemoriza” é ele mesmo. Assim, trata-se de, potencializando ao Esse tema necessita, portanto, que a escola, como
máximo a prática da transversalidade, oferecer informações, instituição voltada para a constituição de sujeitos sociais e ao
nas diversas áreas, que permitam esse conhecimento mútuo, afirmar um compromisso com a cidadania, coloque em análise
tanto dos alunos entre si, quanto em relação a concidadãos, suas relações, suas práticas, as informações e os valores que
brasileiros de diferentes origens socioculturais. Trata-se veicula. Assim, a temática da Pluralidade Cultural contribuirá
também de recuperar, de forma não-depreciativa, para a vinculação efetiva da escola a uma sociedade
conhecimentos que os grupos étnicos e sociais têm, democrática.
permitindo, ainda, que se evidencie o saber emergente, aquele
que está em elaboração como parte do processo social de Ensinar Pluralidade Cultural ou viver Pluralidade
conscientização e afirmação de identidades e singularidades. Cultural?
No polo em que se encontra aquele que é discriminado, o
medo se apresenta como ameaça permanente, na qual a Pela educação pode-se combater, no plano das atitudes, a
discriminação se dirige à sua forma extrema, aquela na qual se discriminação manifestada em gestos, comportamentos e
busca eliminar fisicamente quem é discriminado. É importante palavras, que afasta e estigmatiza grupos sociais. Contudo, ao
observar que a discriminação reveste-se sempre de conteúdos mesmo tempo em que não se aceita que permaneça a atual
de violência, ainda que em sua forma simbólica. Tal violência situação, em que a escola é cúmplice, ainda que só por omissão,
provoca o medo da eliminação, seja de forma extrema, seja não se pode esquecer que esses problemas não são
manifestada como exclusão. Assim, é decisivo propiciar essencialmente do âmbito comportamental, individual, mas
elementos ao aluno para que repudie toda forma de exclusão das relações sociais, e como elas têm história e permanência.
social, por meio sobretudo da prática cotidiana de O que se coloca, portanto, é o desafio de a escola se constituir
procedimentos voltados para o princípio da equidade. um espaço de resistência, isto é, de criação de outras formas
de relação social e interpessoal mediante a interação entre o
Ensino e Aprendizagem na Perspectiva da Pluralidade trabalho educativo escolar e as questões sociais,
Cultural posicionando-se crítica e responsavelmente perante elas.
Assim, cabe à escola buscar construir relações de confiança
O tema Pluralidade Cultural propõe que sejam revistas e para que a criança possa perceber-se e viver, antes de mais
transformadas práticas arraigadas, inaceitáveis e nada, como ser em formação, e para que a manifestação de
inconstitucionais, enquanto se ampliam conhecimentos acerca características culturais que partilhe com seu grupo de origem
das gentes do Brasil, suas histórias, trajetórias em território possa ser trabalhada como parte de suas circunstâncias de
nacional, valores e vidas. O trabalho volta-se para a eliminação vida, que não seja impeditiva do desenvolvimento de suas
de causas de sofrimento, de constrangimento e, no limite, de potencialidades pessoais.
exclusão social da criança e do adolescente. Além disso, o tema É possível identificar no cotidiano as muitas manifestações
traz oportunidades pedagogicamente muito interessantes, que permitem o trabalho sobre pluralidade: os fatos da
motivadoras, que entrelaçam escola, comunidade local e comunidade ou comunidades do entorno escolar, as notícias
sociedade: ampliando questões do cotidiano para o âmbito de jornal, rádio e TV, as festas das localidades, estratégias de
cosmopolita e vice-versa, colocando-se assim, intercâmbio entre escolas de diferentes regiões do Brasil, e de
simultaneamente, como objetivo e como meio do processo diferentes municípios de um mesmo Estado.
educacional. A escola deve trabalhar atenta às limitações éticas. Assim,
Para os alunos, o tema da Pluralidade Cultural oferece quando se fala de alguma comunidade, é preciso ter certeza de
oportunidades de conhecimento de suas origens como que se referem a conhecimentos reconhecidos por essas
brasileiro e como participante de grupos culturais específicos. comunidades como verdadeiros. Então, como conseguir
Ao valorizar as diversas culturas que estão presentes no Brasil, informações? Nesse sentido, a prática de intercâmbio escolar
propicia ao aluno a compreensão de seu próprio valor, e da consulta a órgãos comunitários e de imprensa, inclusive
promovendo sua autoestima como ser humano pleno de das próprias comunidades, é instrumento pedagógico
dignidade, cooperando na formação de autodefesas a privilegiado. Com isso, será possível transformar a
expectativas indevidas que lhe poderiam ser prejudiciais. Por possibilidade de obter informações das comunidades em fator
meio do convívio escolar possibilita conhecimentos e de corresponsabilização social pelos rumos da discussão, da
vivências que cooperam para que se apure sua percepção de formação de crianças e adolescentes.
injustiças e manifestações de preconceito e discriminação que É importante abrir espaço para que a criança e o
recaiam sobre si mesmo, ou que venha a testemunhar - e para adolescente possam manifestar-se. Viver o direito à voz é
que desenvolva atitudes de repúdio a essas práticas. experiência pessoal e intransferível, que permite um oportuno
No âmbito instrumental, o tema permite a explicitação dos e rico trabalho de Língua Portuguesa. Assim também o
direitos da criança e do adolescente referentes ao respeito e à exercício efetivo do diálogo, voltado para a troca de
valorização de suas origens culturais, sem qualquer informações sobre vivências culturais e esclarecimentos
discriminação. Exige do professor atitudes compatíveis com acerca de eventuais preconceitos e estereótipos é componente
uma postura ética que valoriza a dignidade, a justiça, a fortalecedor do convívio democrático.
igualdade e a liberdade. Exige, também, a compreensão de que O cotidiano da escola permite viver algo da beleza da
o pleno exercício da cidadania envolve direitos e criação cultural humana em sua diversidade e multiplicidade.
responsabilidades de cada um para consigo mesmo e para com Partilhar um cotidiano onde o simples “olhar-se” permite a
os demais, assim como direitos e deveres coletivos. Traz, para constatação de que são todos diferentes traz a consciência de
os conteúdos relevantes no conhecimento do Brasil, aquilo que que cada pessoa é única e, exatamente por essa singularidade,
diz respeito à complexidade da sociedade brasileira: sua insubstituível.
riqueza cultural e suas contradições sociais. O simples fato de os alunos serem provenientes de
Ao mostrar as diversas formas de organização social diferentes famílias, diferentes origens, assim como cada
desenvolvidas por diferentes comunidades étnicas e professor ter, ele próprio, uma origem pessoal, e os outros
diferentes grupos sociais, explicita que a pluralidade é fator de auxiliares do trabalho escolar terem também, cada qual,
fortalecimento da democracia pelo adensamento do tecido diferentes histórias, permite desenvolver uma experiência de
social que se dá, pelo fortalecimento das culturas e pelo interação “entre diferentes”, na qual cada um aprende e cada
entrelaçamento das diversas formas de organização social de um ensina. O convívio, aqui, é explicitação de aprendizagem a
diferentes grupos.

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cada momento: o que um gosta e o outro não, o que um aprecia Aqui se coloca a sensibilidade em relação ao outro.
e o outro, talvez, despreze. Compreender que aquele que é alvo da discriminação sofre de
Aprender a posicionar-se de forma a compreender a fato, e de maneira profunda, é condição para que o professor,
relatividade de opiniões, preferências, gostos, escolhas, é em sala de aula, possa escutar até mesmo o que não foi dito.
aprender o respeito ao outro. Ensinar suas próprias práticas, Como a história do preconceito é muito antiga, muitos dos
histórias, gestos, tradições, é fazer-se respeitar ao dar-se a grupos vítimas de discriminação desenvolveram um medo
conhecer. profundo e uma cautela permanente como reação. O professor
Para o aluno, importa ter segurança da aceitação de suas precisa saber que a dor do grito silenciado é mais forte do que
características, ter disponível a abertura para que possa dar- a dor pronunciada. Poder expressar o que sentiu diante da
se a conhecer naquelas que sejam experiências particulares discriminação significa a chance de ser resgatado da
suas ou do grupo humano a que se vincule e receber incentivo humilhação, e de partilhar com colegas seus sentimentos. Ou
para partilhar com seus colegas a vivência que tenha fora do seja, trata-se de ensinar a dialogar sobre o respeito mútuo,
mundo da escola, mas que possa ali ser referida, como num gesto que pode transformar o significado do sofrimento,
contribuição sua ao processo de aprendizagem. Resumindo, ao fazer do ocorrido ocasião de aprendizagem. A sensibilidade,
trata-se de oferecer à criança, e construir junto com ela, um aqui, exige a atenção para a reação que a criança esteja
ambiente de respeito, pela aceitação; de interesse, pelo apoio apresentando, para sua maior ou menor disposição para tratar
à sua expressão; de valorização, pela incorporação das do assunto exatamente no momento ocorrido, ou em situação
contribuições que venha a trazer. posterior.
É claro que aquilo que se apresenta para o aluno é idêntico A intencionalidade se faz necessária como produto de uma
ao que se apresenta para o professor e demais funcionários da reflexão que permita ao professor perceber o papel que
escola: uma organização escolar que saiba estar atenta às desempenha nessa questão. É também a capacidade de
singularidades dos profissionais que ali atuam, respeitando perceber que tem o que trabalhar em si mesmo, e isso não o
suas características próprias, entendendo que esse respeito é impede de trilhar, junto com seus alunos, o caminho da
a base para a atuação profissional, e tal respeito não é superação do preconceito e da discriminação. Trata-se de ter a
incompatível com o respeito às normas institucionais, embora certeza de que cada um de seus gestos pode fazer a diferença
possa, às vezes, exigir flexibilidade em sua aplicação (por entre o reforço de atitudes inadequadas e a chance de abrir
exemplo, os feriados religiosos). novas possibilidades de diálogo, respeito e solidariedade.
Tal atuação não é simples e exige por parte do professor a A prática do desvelamento exige perspicácia para
consciência de que ele mesmo estará aprendendo, uma vez que responder adequadamente a diferentes situações que serão,
nessa área a prática do acobertamento é muito mais frequente na maioria das vezes, imprevisíveis. Devido a essa
que a prática do desvelamento. imprevisibilidade, a forma de desenvolver tal perspicácia é
A prática do acobertamento é a mais usual, porque assim preparando-se com leituras, buscando informações e
se estabeleceu no campo social. Vive-se numa realidade na vivências, estando atento aos gestos do cotidiano, explicitando
qual a simples menção da palavra discriminação assusta, uma valores, refletindo coletivamente na equipe de professores.
vez que se convencionou aceitar sem discussões a ideia de que Desenvolve-se, assim, como uma forma de procurar entender
no Brasil todos se entendem e são cordiais e pacíficos (o “mito a complexidade da vida e do comportamento humano.
da democracia racial”). Mais ainda, muitas vezes a ideia de Essa informação deve ser buscada de maneira intencional
aceitar que o preconceito existe gera tanto o medo de ser e pode se fazer de maneira lúdica: conhecer os cantos, as
acusado de ser preconceituoso como o medo de ser vítima de lendas, as danças, as peculiaridades nas quais uma criança
preconceito. Essa atitude é o que se chama, popularmente, de pode ensinar a outra aquilo que é característico do grupo
“política de avestruz”, na qual, por se fazer de conta que um humano do qual participa.
problema não existe, tem-se a expectativa de que ele deixe, de Esse conhecimento recíproco respeitoso é mais que verbal.
fato, de existir. Deverá incluir linguagens diversificadas, bem como a
Na escola, a prática do acobertamento se dá quando se possibilidade de o aluno assumir o papel de educador naquilo
procura diluir as evidências de comportamento que lhe seja próprio. Nesse sentido, o professor deverá
discriminatório, com desculpas muitas vezes evasivas. Um cooperar, ao mesmo tempo em que aprende com o restante da
professor pode ter tratado um aluno mal “porque estava classe. Observe-se que essa vivência, em si, será extremamente
nervoso”, ou a ofensa de uma criança contra outra é tratada importante, por trazer para o aluno a possibilidade de
como se fosse um simples descuido, uma distração. constatar que a sociedade se apresenta, em sua complexidade,
A prática do desvelamento, que é decisiva na superação da como um constante objeto de estudo e aprendizagem, onde
discriminação, exige do professor informação, discernimento todos sempre têm a aprender.
diante de situações indesejáveis, sensibilidade ao sentimento Assim, a problemática que envolve a discriminação étnica,
do outro e intencionalidade definida na direção de colaborar cultural e religiosa, ao invés de se manter em uma zona de
na superação do preconceito e da discriminação. sombra que leva à proliferação da ambiguidade nas falas e nas
A informação deverá permitir um repertório básico atitudes, alimentando com isso o preconceito, pode ser trazida
referente à pluralidade étnica suficiente tanto para identificar à luz, como elemento de aprendizagem e crescimento do grupo
o que é relevante para a situação escolar como para buscar escolar como um todo.
outras informações que se façam necessárias.
O discernimento é indispensável, de maneira particular, Ensinar a Pluralidade ou Viver a Pluralidade?
quando ocorrem situações de discriminação no cotidiano da
escola. Enfrentar adequadamente o ocorrido, significa tanto Sem dúvida, pluralidade vive-se, ensina-se e aprende-se. É
não escapar para evasivas quanto não resvalar para o tom de trabalho de construção, no qual o envolvimento de todos se dá
acusação. Se o professor se cala, ou trata do ocorrido de pelo respeito e pela própria constatação de que, sem o outro,
maneira ambígua, estará reforçando o problema social; se nada se sabe sobre ele, a não ser o que a própria imaginação
acusa, pode criar sofrimento, rancor e ressentimento. Assim, fornece.
discernir o ocorrido, no convívio, é tratar com firmeza a ação
discriminatória, esclarecendo o que é o respeito mútuo, como
se pratica a solidariedade, buscando alguma atividade que
possa exemplificar o que diz, com algo que faça, junto com seus
alunos.

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Questões (B) Conviver com as diferenças é construir relações de


respeito e de interpelações que irão contribuir para um espaço
01. (Prefeitura de Itaquitinga - Pedagogo IDHTEC) A Lei hierarquicamente diferenciado entre os participantes.
nº 10.639/2003, torna obrigatório o estudo da História e (C) A presença da parte diversificada no currículo das
Cultura Afro Brasileira e Africana: escolas acaba por ocupar lugar menor na relação hierárquica
(A) Nos estabelecimentos oficiais de ensino e nas com os demais conhecimentos.
comunidades indígenas e quilombolas. (D) A diversidade, presente em boa parte dos currículos,
(B) Na Educação infantil e ensino fundamental de escolas aparece nos documentos como um tema, deixando de ser um
públicas. eixo central de orientação curricular.
(C) Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, (E) A forma como a diversidade é colocada na LDB, apesar
públicos e privados. de importante, ainda é insuficiente em relação às necessidades
(D) Nas escolas confessionais e de movimentos populares. do tema e sua relevância social.
(E) Em todos os níveis e modalidades de ensino através da
criação de uma nova disciplina curricular. 05. (IF/PE - Assistente de Alunos) Temos, no Brasil, uma
grande diversidade cultural e racial. Descendentes de povos
02. (UNIRIO - Pedagogo - CESGRANRIO) Os currículos africanos e de índios brasileiros, de imigrantes europeus,
têm uma estreita relação com a história e a sociedade, asiáticos e latino-americanos compõem o cenário brasileiro.
refletindo questões sociais de um determinado momento. Os Por conta disso, podemos que afirmar que:
currículos são produtores de sujeitos dotados de classe, etnia (A) atualmente, o termo “pluralidade cultural” não se
e gênero. Nessa perspectiva, o papel do pedagogo na aplica ao Brasil por causa da Globalização.
instituição de ensino deve ser o de: (B) a mistura de todas estas raças e etnias não caracteriza
(A) Premiar os docentes que cumpram o cronograma a identidade do povo brasileiro.
estabelecido. (C) o Brasil é um país dotado de uma ampla “pluralidade
(B) Separar os alunos pelas diferenças no seu ritmo de cultural”, ou seja, diferentes culturas foram e são produzidas
aprendizagem. pelos grupos sociais que fazem parte da nossa história.
(C) Treinar os professores segundo aulas-padrão. (D) a diversidade cultural e racial não interfere nas formas
(D) Incrementar a competição entre as diferentes com que os habitantes do Brasil organizaram sua vida social e
disciplinas do currículo. política.
(E) Promover a discussão docente sobre o significado dos (E) ações racistas e discriminatórias não existem na
conteúdos do currículo. sociedade brasileira por causa da grande diversidade cultural
e racial do país.
03. Segundo SILVA (1999), o currículo é o espaço em que
os diferentes significados sobre o social e político fazem Gabarito
sentido. Isso só é possível mediante a um currículo...
(A) que tem como cerne os elementos do processo de 01.C / 02.E / 03.C / 04.B / 05.C
ensino e aprendizagem, principalmente a didática e a
avaliação.
(B) no qual possamos identificar grupos prioritários, A legislação educacional
evidenciando o potencial de um todo.
brasileira: Lei de Diretrizes e
(C) que determinados grupos sociais, expressam sua visão
de mundo, seu projeto social, na qual sua representação se dá Bases da Educação Nacional
através de um conjunto de práticas que favorecem a produção, Nº 9394/96 e Plano Nacional
evidenciando a construção de identidades sociais e culturais. de Educação
(D) onde é possível torná-lo em um espaço de crítica
cultural, abrindo as portas, na escola, às diferentes
manifestações da cultura popular.
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 199613
(E) cuja organização e gestão, as abordagens disciplinares,
LEI DAS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar possuem
NACIONAL
papel secundário.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
04. (ESAF - MF - Pedagogo) Do ponto de vista cultural, a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
diversidade pode ser entendida como a construção histórica,
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
cultural e social das diferenças. As diferenças são também
construídas pelos sujeitos sociais ao longo do processo
TÍTULO I
histórico e cultural, nos processos de adaptação do homem e
Da Educação
da mulher ao meio social e no contexto das relações de poder.
Sendo assim, mesmo os aspectos tipicamente observáveis, que
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se
aprendemos a ver como diferentes desde o nosso nascimento,
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
só passaram a ser percebidos dessa forma, porque nós, seres
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
humanos e sujeitos sociais, no contexto da cultura, assim os
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
nomeamos e identificamos.
manifestações culturais.
Em relação ao conceito de diversidade e sua relação com o
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se
currículo, assinale a opção incorreta.
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
(A) A diversidade é permitida na Lei de Diretrizes e Bases
instituições próprias.
da Educação Nacional - LDB n. 9.394/96 em função da
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
possibilidade de intervenção das regiões e suas
trabalho e à prática social.
especificidades na criação do currículo escolar.

13http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm. Acesso em
28.03.2019.

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TÍTULO II X - vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino


Dos Princípios e Fins da Educação Nacional fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a
partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade.
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional, durante
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do o período de internação, ao aluno da educação básica
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua internado para tratamento de saúde em regime hospitalar ou
qualificação para o trabalho. domiciliar por tempo prolongado, conforme dispuser o Poder
Público em regulamento, na esfera de sua competência
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes federativa. (Incluído pela Lei nº 13.716, de 2018).
princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito
escola; público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cidadãos, associação comunitária, organização sindical,
cultura, o pensamento, a arte e o saber; entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; § 1º O poder público, na esfera de sua competência
V - coexistência de instituições públicas e privadas de federativa, deverá:
ensino; I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos idade escolar, bem como os jovens e adultos que não
oficiais; concluíram a educação básica;
VII - valorização do profissional da educação escolar; II - fazer-lhes a chamada pública;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à
Lei e da legislação dos sistemas de ensino; escola.
IX - garantia de padrão de qualidade; § 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público
X - valorização da experiência extraescolar; assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório,
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais
práticas sociais. níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades
XII - consideração com a diversidade étnico-racial. constitucionais e legais.
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao § 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste
longo da vida. (Incluído pela Lei nº 13.632, de 2018) artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na
hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo
TÍTULO III gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente.
Do Direito à Educação e do Dever de Educar § 4º Comprovada a negligência da autoridade competente
para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública ser imputada por crime de responsabilidade.
será efetivado mediante a garantia de: § 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso
aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte aos diferentes níveis de ensino, independentemente da
forma: escolarização anterior.
a) pré-escola;
b) ensino fundamental; Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a
c) ensino médio; matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) (quatro) anos de idade.
anos de idade;
III - atendimento educacional especializado gratuito aos Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
educandos com deficiência, transtornos globais do seguintes condições:
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, do respectivo sistema de ensino;
preferencialmente na rede regular de ensino; II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e pelo Poder Público;
médio para todos os que não os concluíram na idade própria; III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa previsto no art. 213 da Constituição Federal.
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em
condições do educando; instituição de ensino pública ou privada, de qualquer nível, é
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e assegurado, no exercício da liberdade de consciência e de
adultos, com características e modalidades adequadas às suas crença, o direito de, mediante prévio e motivado
necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem requerimento, ausentar-se de prova ou de aula marcada para
trabalhadores as condições de acesso e permanência na dia em que, segundo os preceitos de sua religião, seja vedado
escola; o exercício de tais atividades, devendo-se-lhe atribuir, a
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da critério da instituição e sem custos para o aluno, uma das
educação básica, por meio de programas suplementares de seguintes prestações alternativas, nos termos do inciso VIII do
material didático-escolar, transporte, alimentação e caput do art. 5º da Constituição Federal:
assistência à saúde; I - prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos realizada em data alternativa, no turno de estudo do aluno ou
como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de em outro horário agendado com sua anuência expressa;
insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade de
ensino-aprendizagem. pesquisa, com tema, objetivo e data de entrega definidos pela
instituição de ensino.

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§ 1º A prestação alternativa deverá observar os § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a
parâmetros curriculares e o plano de aula do dia da ausência União terá acesso a todos os dados e informações necessários
do aluno. de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.
§ 2º O cumprimento das formas de prestação alternativa § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser
de que trata este artigo substituirá a obrigação original para delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
todos os efeitos, inclusive regularização do registro de mantenham instituições de educação superior.
frequência.
§ 3º As instituições de ensino implementarão Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
progressivamente, no prazo de 2 (dois) anos, as providências I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
e adaptações necessárias à adequação de seu funcionamento oficiais dos seus sistemas de ensino;
às medidas previstas neste artigo. (Vide Lei nº 13.796, de II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na
2019) oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica ao ensino militar distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo
a que se refere o art. 83 desta Lei. com a população a ser atendida e os recursos financeiros
disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
TÍTULO IV III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em
Da Organização da Educação Nacional consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação,
integrando e coordenando as suas ações e as dos seus
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
Municípios organizarão, em regime de colaboração, os IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
respectivos sistemas de ensino. avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e ensino;
exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em V - baixar normas complementares para o seu sistema de
relação às demais instâncias educacionais. ensino;
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
nos termos desta Lei. prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem,
respeitado o disposto no art. 38 desta Lei;
Art. 9º A União incumbir-se-á de: VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração estadual.
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e competências referentes aos Estados e aos Municípios.
instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos
Territórios; Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas
seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à e planos educacionais da União e dos Estados;
escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
e supletiva; III - baixar normas complementares para o seu sistema de
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito ensino;
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a IV - autorizar, credenciar e supervisionar os
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que estabelecimentos do seu sistema de ensino;
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e,
assegurar formação básica comum; com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em
IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas
Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos plenamente as necessidades de sua área de competência e com
para identificação, cadastramento e atendimento, na educação recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela
básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do
ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) ensino.
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
educação; municipal.
VI - assegurar processo nacional de avaliação do Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por
rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele
em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a um sistema único de educação básica.
definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as
pós-graduação; normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das incumbência de:
instituições de educação superior, com a cooperação dos I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e
ensino; financeiros;
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de estabelecidas;
educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada
ensino. docente;
§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor
Nacional de Educação, com funções normativas e de rendimento;
supervisão e atividade permanente, criado por lei. VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando
processos de integração da sociedade com a escola;

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VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis
filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a classificam-se nas seguintes categorias administrativas:
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas,
execução da proposta pedagógica da escola; mantidas e administradas pelo Poder Público;
VIII - notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação II - privadas, assim entendidas as mantidas e
dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito
(trinta por cento) do percentual permitido em lei; (Redação privado.
dada pela Lei nº 13.803, de 2019)
IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão
de combate a todos os tipos de violência, especialmente a nas seguintes categorias: (Regulamento)
intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que
(Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou
X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de jurídicas de direito privado que não apresentem as
paz nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) características dos incisos abaixo;
II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins
estabelecimento de ensino; lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a representantes da comunidade;
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia
de menor rendimento; específicas e ao disposto no inciso anterior;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, IV - filantrópicas, na forma da lei.
além de participar integralmente dos períodos dedicados ao
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; TÍTULO V
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino
com as famílias e a comunidade. CAPÍTULO I
Da Composição dos Níveis Escolares
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da
gestão democrática do ensino público na educação básica, de Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino
princípios: fundamental e ensino médio;
I - participação dos profissionais da educação na II - educação superior.
elaboração do projeto pedagógico da escola;
II - participação das comunidades escolar e local em CAPÍTULO II
conselhos escolares ou equivalentes. DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Seção I
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades Das Disposições Gerais
escolares públicas de educação básica que os integram
progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver
e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável
financeiro público. para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
progredir no trabalho e em estudos posteriores.
Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:
I - as instituições de ensino mantidas pela União; Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries
II - as instituições de educação superior criadas e mantidas anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
pela iniciativa privada; períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade,
III - os órgãos federais de educação. na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
organização, sempre que o interesse do processo de
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito aprendizagem assim o recomendar.
Federal compreendem: § 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive
I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, quando se tratar de transferências entre estabelecimentos
pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; situados no País e no exterior, tendo como base as normas
II - as instituições de educação superior mantidas pelo curriculares gerais.
Poder Público municipal; § 2º O calendário escolar deverá adequar-se às
III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a
e mantidas pela iniciativa privada; critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir
IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, o número de horas letivas previsto nesta Lei.
respectivamente.
Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio,
educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
integram seu sistema de ensino. I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas
para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas
Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem: por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar,
I - as instituições do ensino fundamental, médio e de excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;
educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a
pela iniciativa privada; primeira do ensino fundamental, pode ser feita:
III - os órgãos municipais de educação.

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a) por promoção, para alunos que cursaram, com matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; realidade social e política, especialmente do Brasil.
b) por transferência, para candidatos procedentes de § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões
outras escolas; regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
c) independentemente de escolarização anterior, mediante educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
avaliação feita pela escola, que defina o grau de § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da
desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua escola, é componente curricular obrigatório da educação
inscrição na série ou etapa adequada, conforme básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
regulamentação do respectivo sistema de ensino; I - que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular horas;
por série, o regimento escolar pode admitir formas de II - maior de trinta anos de idade;
progressão parcial, desde que preservada a sequência do III - que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em
currículo, observadas as normas do respectivo sistema de situação similar, estiver obrigado à prática da educação física;
ensino; IV - amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de 1969;
de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento V - (Vetado)
na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou VI - que tenha prole.
outros componentes curriculares; § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as
V - a verificação do rendimento escolar observará os contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação
seguintes critérios: do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do africana e europeia.
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os § 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº
eventuais provas finais; 13.415, de 2017)
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com § 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
atraso escolar; linguagens que constituirão o componente curricular de que
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries trata o § 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de
mediante verificação do aprendizado; 2016).
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; § 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições Lei nº 13.415, de 2017)
de ensino em seus regimentos; § 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, componente curricular complementar integrado à proposta
conforme o disposto no seu regimento e nas normas do pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de mínimo, 2 (duas) horas mensais.
setenta e cinco por cento do total de horas letivas para § 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à
aprovação; prevenção de todas as formas de violência contra a criança e
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos ao adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos
escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo
certificados de conclusão de cursos, com as especificações como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
cabíveis. da Criança e do Adolescente), observada a produção e
§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do distribuição de material didático adequado.
caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino § 9º-A. A educação alimentar e nutricional será incluída
médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de entre os temas transversais de que trata o caput. (Incluído pela
ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos Lei nº 13.666, de 2018)
mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de
2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular
§ 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e
educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular, de homologação pelo Ministro de Estado da Educação.
adequado às condições do educando, conforme o inciso VI do (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
art. 4º. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e
Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o
responsáveis alcançar relação adequada entre o número de estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais § 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo
do estabelecimento. incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à caracterizam a formação da população brasileira, a partir
vista das condições disponíveis e das características regionais desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da
e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
neste artigo. no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o
índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino contribuições nas áreas social, econômica e política,
fundamental e do ensino médio devem ter base nacional pertinentes à história do Brasil.
comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em § 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-
cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados
exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
cultura, da economia e dos educandos. educação artística e de literatura e história brasileiras.
§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger,
obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da

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Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, fundamenta a sociedade;
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
comum e à ordem democrática; tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
II - consideração das condições de escolaridade dos alunos formação de atitudes e valores;
em cada estabelecimento; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
III - orientação para o trabalho; solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas assenta a vida social.
desportivas não-formais. § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino
fundamental em ciclos.
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população § 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações por série podem adotar no ensino fundamental o regime de
necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo
de cada região, especialmente: de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às sistema de ensino.
reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em
II - organização escolar própria, incluindo adequação do língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
climáticas; aprendizagem.
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. § 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, a distância utilizado como complementação da aprendizagem
indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do ou em situações emergenciais.
órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que § 5o O currículo do ensino fundamental incluirá,
considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças
Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13
manifestação da comunidade escolar. de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do
Adolescente, observada a produção e distribuição de material
Seção II didático adequado.
Da Educação Infantil § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído
como tema transversal nos currículos do ensino fundamental.
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação
básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte
criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da dos horários normais das escolas públicas de ensino
família e da comunidade. fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino
três anos de idade; religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) admissão dos professores.
anos de idade. § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil,
constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com definição dos conteúdos do ensino religioso.
as seguintes regras comuns:
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula,
mesmo para o acesso ao ensino fundamental; sendo progressivamente ampliado o período de permanência
II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, na escola.
distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das
educacional; formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei.
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas § 2º O ensino fundamental será ministrado
diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas
integral; de ensino.
IV - controle de frequência pela instituição de educação
pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por Seção IV
cento) do total de horas; Do Ensino Médio
V - expedição de documentação que permita atestar os
processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica,
com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
Seção III I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
Do Ensino Fundamental adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos;
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
(seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou
cidadão, mediante: aperfeiçoamento posteriores;
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo III - o aprimoramento do educando como pessoa humana,
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
cálculo; intelectual e do pensamento crítico;

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IV - a compreensão dos fundamentos científico- II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria nº 13.415, de 2017)
com a prática, no ensino de cada disciplina. III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação dada
pela Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, pela Lei nº 13.415, de 2017)
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei nº
seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415, 13.415, de 2017)
de 2017) § 1º A organização das áreas de que trata o caput e das
I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº respectivas competências e habilidades será feita de acordo
13.415, de 2017) com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino.
II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
13.415, de 2017) I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído pela II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
Lei nº 13.415, de 2017) III - (revogado).
IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela Lei § 2º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
nº 13.415, de 2017) § 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o composto itinerário formativo integrado, que se traduz na
caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá composição de componentes curriculares da Base Nacional
estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser Comum Curricular - BNCC e dos itinerários formativos,
articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, considerando os incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei
ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) nº 13.415, de 2017)
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao § 4º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de § 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de
educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei nº vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino
13.415, de 2017) médio cursar mais um itinerário formativo de que trata o
§ 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática será caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às § 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de formação
comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas com ênfase técnica e profissional considerará: (Incluído pela
línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Lei nº 13.415, de 2017)
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão, I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor
obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo
outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos
preferencialmente o espanhol, de acordo com a estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem
disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos profissional; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) II - a possibilidade de concessão de certificados
§ 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base intermediários de qualificação para o trabalho, quando a
Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e formação for estruturada e organizada em etapas com
oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de terminalidade. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído pela § 7º A oferta de formações experimentais relacionadas ao
Lei nº 13.415, de 2017) inciso V do caput, em áreas que não constem do Catálogo
§ 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua
esperados para o ensino médio, que serão referência nos continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho
processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no
Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos,
§ 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar a contados da data de oferta inicial da formação. (Incluído pela
formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho Lei nº 13.415, de 2017)
voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua § 8º A oferta de formação técnica e profissional a que se
formação nos aspectos físicos, cognitivos e sócio emocionais. refere o inciso V do caput, realizada na própria instituição ou
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) em parceria com outras instituições, deverá ser aprovada
§ 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de previamente pelo Conselho Estadual de Educação,
avaliação processual e formativa serão organizados nas redes homologada pelo Secretário Estadual de Educação e
de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº
orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de 13.415, de 2017)
tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: § 9º As instituições de ensino emitirão certificado com
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino médio
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que ao prosseguimento dos estudos em nível superior ou em
presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº 13.415, outros cursos ou formações para os quais a conclusão do
de 2017) ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei nº
II - conhecimento das formas contemporâneas de 13.415, de 2017)
linguagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 10. Além das formas de organização previstas no art. 23,
o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela sistema de créditos com terminalidade específica. (Incluído
Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos, pela Lei nº 13.415, de 2017)
que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes § 11. Para efeito de cumprimento das exigências
arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão
local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: reconhecer competências e firmar convênios com instituições
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) de educação a distância com notório reconhecimento,
I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei nº mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído pela
13.415, de 2017) Lei nº 13.415, de 2017)

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I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415, de Parágrafo único. Os cursos de educação profissional
2017) técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra subsequente, quando estruturados e organizados em etapas
experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído pela com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados
Lei nº 13.415, de 2017) de qualificação para o trabalho após a conclusão, com
III - atividades de educação técnica oferecidas em outras aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma
instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei nº qualificação para o trabalho.
13.415, de 2017)
IV - cursos oferecidos por centros ou programas Seção V
ocupacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Da Educação de Jovens e Adultos
V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais
ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
VI - cursos realizados por meio de educação a distância ou àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído pela nos ensinos fundamental e médio na idade própria e
Lei nº 13.415, de 2017) constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo de longo da vida. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)
escolha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
previstas no caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
Seção IV-A consideradas as características do alunado, seus interesses,
Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste permanência do trabalhador na escola, mediante ações
Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do integradas e complementares entre si.
educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões § 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
técnicas. preferencialmente, com a educação profissional, na forma do
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, regulamento.
facultativamente, a habilitação profissional poderão ser
desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
ou em cooperação com instituições especializadas em supletivos, que compreenderão a base nacional comum do
educação profissional. currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
caráter regular.
Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
será desenvolvida nas seguintes formas: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
I - articulada com o ensino médio; maiores de quinze anos;
II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores
concluído o ensino médio. de dezoito anos.
Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
médio deverá observar: educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos
I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes mediante exames.
curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional
de Educação; CAPÍTULO III
II - as normas complementares dos respectivos sistemas de DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
ensino; Da Educação Profissional e Tecnológica
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos
de seu projeto pedagógico. Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no
cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se
Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio aos diferentes níveis e modalidades de educação e às
articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei, dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.
será desenvolvida de forma: § 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído poderão ser organizados por eixos tecnológicos,
o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a possibilitando a construção de diferentes itinerários
conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível formativos, observadas as normas do respectivo sistema e
médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se nível de ensino.
matrícula única para cada aluno; § 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino seguintes cursos:
médio ou já o estejam cursando, efetuando-se matrículas I - de formação inicial e continuada ou qualificação
distintas para cada curso, e podendo ocorrer: profissional;
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as II - de educação profissional técnica de nível médio;
oportunidades educacionais disponíveis; III - de educação profissional tecnológica de graduação e
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as pós-graduação.
oportunidades educacionais disponíveis; § 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de
c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne
de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao a objetivos, características e duração, de acordo com as
desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho
Nacional de Educação.
Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissional
técnica de nível médio, quando registrados, terão validade
nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na
educação superior.

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Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos
articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de
de educação continuada, em instituições especializadas ou no ensino.
ambiente de trabalho. § 1º Os resultados do processo seletivo referido no inciso
II do caput deste artigo serão tornados públicos pelas
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação instituições de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação
profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser da relação nominal dos classificados, a respectiva ordem de
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para classificação, bem como do cronograma das chamadas para
prosseguimento ou conclusão de estudos. matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das
vagas constantes do respectivo edital.
Art. 42. As instituições de educação profissional e § 2º No caso de empate no processo seletivo, as instituições
tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez
capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais
de escolaridade. de um candidato preencher o critério inicial. (Incluído pela Lei
nº 13.184, de 2015)
CAPÍTULO IV § 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará
Da Educação Superior as competências e as habilidades definidas na Base Nacional
Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do Art. 45. A educação superior será ministrada em
espírito científico e do pensamento reflexivo; instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com
II - formar diplomados nas diferentes áreas de variados graus de abrangência ou especialização.
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais
e para a participação no desenvolvimento da sociedade Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem
brasileira, e colaborar na sua formação contínua; como o credenciamento de instituições de educação superior,
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente,
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da após processo regular de avaliação.
tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências
desenvolver o entendimento do homem e do meio em que eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere este
vive; artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, caso, em desativação de cursos e habilitações, em intervenção
científicos e técnicos que constituem patrimônio da na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da
humanidade e comunicar o saber através do ensino, de autonomia, ou em descredenciamento.
publicações ou de outras formas de comunicação; § 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento responsável por sua manutenção acompanhará o processo de
cultural e profissional e possibilitar a correspondente saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários,
concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo para a superação das deficiências.
adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do § 3º No caso de instituição privada, além das sanções
conhecimento de cada geração; previstas no § 1o deste artigo, o processo de reavaliação
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo poderá resultar em redução de vagas autorizadas e em
presente, em particular os nacionais e regionais, prestar suspensão temporária de novos ingressos e de oferta de
serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta cursos. (Alterado pela Lei 13.530/2017).
uma relação de reciprocidade; § 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante
VII - promover a extensão, aberta à participação da procedimento específico e com aquiescência da instituição de
população, visando à difusão das conquistas e benefícios ensino, com vistas a resguardar os interesses dos estudantes,
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e comutar as penalidades previstas nos §§ 1o e 3o deste artigo
tecnológica geradas na instituição. por outras medidas, desde que adequadas para superação das
VIII - atuar em favor da universalização e do deficiências e irregularidades constatadas. (Alterado pela Lei
aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a 13.530/2017).
capacitação de profissionais, a realização de pesquisas § 5º Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Federal
pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão deverão adotar os critérios definidos pela União para
que aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº autorização de funcionamento de curso de graduação em
13.174, de 2015) Medicina.” (Incluído pela Lei 13.530/2017).

Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular,
e programas: independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de
I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos
níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos exames finais, quando houver.
requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde § 1º As instituições informarão aos interessados, antes de
que tenham concluído o ensino médio ou equivalente; cada período letivo, os programas dos cursos e demais
II - de graduação, abertos a candidatos que tenham componentes curriculares, sua duração, requisitos,
concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios
classificados em processo seletivo; de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições,
III - de pós-graduação, compreendendo programas de e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras
mestrado e doutorado, cursos de especialização, formas concomitantemente: (Redação dada pela lei nº 13.168,
aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados de 2015).
em cursos de graduação e que atendam às exigências das I - em página específica na internet no sítio eletrônico
instituições de ensino; oficial da instituição de ensino superior, obedecido o seguinte:
(Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)

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a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos
título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº 13.168, de por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos
2015) por universidades que possuam cursos de pós-graduação
b) a página principal da instituição de ensino superior, bem reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e
como a página da oferta de seus cursos aos ingressantes sob a em nível equivalente ou superior.
forma de vestibulares, processo seletivo e outras com a mesma
finalidade, deve conter a ligação desta com a página específica Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a
prevista neste inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) transferência de alunos regulares, para cursos afins, na
c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio hipótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo.
eletrônico, deve criar página específica para divulgação das Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na
informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº 13.168, forma da lei.
de 2015)
d) a página específica deve conter a data completa de sua Art. 50. As instituições de educação superior, quando da
última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus
II - em toda propaganda eletrônica da instituição de ensino cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade
superior, por meio de ligação para a página referida no inciso de cursá-las com proveito, mediante processo seletivo prévio.
I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
III - em local visível da instituição de ensino superior e de Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas
fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de
IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos
acordo com a duração das disciplinas de cada curso oferecido, desses critérios sobre a orientação do ensino médio,
observando o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração ensino.
diferenciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela
lei nº 13.168, de 2015) Art. 52. As universidades são instituições
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do início pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de
das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo do saber humano, que se caracterizam por: (Regulamento)
docente até o início das aulas, os alunos devem ser I - produção intelectual institucionalizada mediante o
comunicados sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes,
de 2015) tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e
V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela lei nacional;
nº 13.168, de 2015) II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de acadêmica de mestrado ou doutorado;
ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) III - um terço do corpo docente em regime de tempo
b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular integral.
de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela Parágrafo único. É facultada a criação de universidades
lei nº 13.168, de 2015) especializadas por campo do saber.
c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas em
cada curso, as disciplinas que efetivamente ministrará naquele Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às
curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a qualificação universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes
profissional do docente e o tempo de casa do docente, de forma atribuições:
total, contínua ou intermitente. (Incluída pela lei nº 13.168, de I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e
2015) programas de educação superior previstos nesta Lei,
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do
nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros respectivo sistema de ensino;
instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca II - fixar os currículos dos seus cursos e programas,
examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos observadas as diretrizes gerais pertinentes;
seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino. III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa
§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores, científica, produção artística e atividades de extensão;
salvo nos programas de educação a distância. IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade
§ 4º As instituições de educação superior oferecerão, no institucional e as exigências do seu meio;
período noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões de V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em
qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a consonância com as normas gerais atinentes;
oferta noturna nas instituições públicas, garantida a VI - conferir graus, diplomas e outros títulos;
necessária previsão orçamentária. VII - firmar contratos, acordos e convênios;
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de
Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
quando registrados, terão validade nacional como prova da geral, bem como administrar rendimentos conforme
formação recebida por seu titular. dispositivos institucionais;
§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma
elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos
não-universitárias serão registrados em universidades estatutos;
indicadas pelo Conselho Nacional de Educação. X - receber subvenções, doações, heranças, legados e
§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por cooperação financeira resultante de convênios com entidades
universidades estrangeiras serão revalidados por públicas e privadas.
universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e § 1º Para garantir a autonomia didático-científica das
área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e
de reciprocidade ou equiparação. pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários
disponíveis, sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017)

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APOSTILAS OPÇÃO

I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o
(Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de
II - ampliação e diminuição de vagas; (Redação dada pela aulas.
Lei nº 13.490, de 2017)
III - elaboração da programação dos cursos; (Redação dada CAPÍTULO V
pela Lei nº 13.490, de 2017) DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
IV - programação das pesquisas e das atividades de
extensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos
V - contratação e dispensa de professores; (Redação dada desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
pela Lei nº 13.490, de 2017) preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
VI - planos de carreira docente. (Redação dada pela Lei nº com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
13.490, de 2017) altas habilidades ou superdotação.
§ 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser dirigidas § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio
a setores ou projetos específicos, conforme acordo entre especializado, na escola regular, para atender às
doadores e universidades. (Incluído pela Lei nº 13.490, de peculiaridades da clientela de educação especial.
2017) § 2º O atendimento educacional será feito em classes,
§ 3º No caso das universidades públicas, os recursos das escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das
doações devem ser dirigidos ao caixa único da instituição, com condições específicas dos alunos, não for possível a sua
destinação garantida às unidades a serem beneficiadas. integração nas classes comuns de ensino regular.
(Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017) § 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput
deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao
Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo
gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632,
atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e de 2018)
financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos
de carreira e do regime jurídico do seu pessoal. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas altas habilidades ou superdotação:
poderão: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e organização específicos, para atender às suas necessidades;
administrativo, assim como um plano de cargos e salários, II - terminalidade específica para aqueles que não puderem
atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental,
disponíveis; em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em
II - elaborar o regulamento de seu pessoal em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
conformidade com as normas gerais concernentes; III - professores com especialização adequada em nível
III - aprovar e executar planos, programas e projetos de médio ou superior, para atendimento especializado, bem como
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em professores do ensino regular capacitados para a integração
geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo desses educandos nas classes comuns;
Poder mantenedor; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua
IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições
V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção
peculiaridades de organização e funcionamento; no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos
VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma
aprovação do Poder competente, para aquisição de bens habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
imóveis, instalações e equipamentos; psicomotora;
VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino
necessárias ao seu bom desempenho. regular.
§ 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser
estendidas a instituições que comprovem alta qualificação Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro
para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação
realizada pelo Poder Público. matriculados na educação básica e na educação superior, a fim
de fomentar a execução de políticas públicas destinadas ao
Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu desenvolvimento pleno das potencialidades desse alunado.
Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
desenvolvimento das instituições de educação superior por ela
mantidas. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino
estabelecerão critérios de caracterização das instituições
Art. 56. As instituições públicas de educação superior privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação
obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e
existência de órgãos colegiados deliberativos, de que financeiro pelo Poder Público.
participarão os segmentos da comunidade institucional, local Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa
e regional. preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com
Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e habilidades ou superdotação na própria rede pública regular
comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e de ensino, independentemente do apoio às instituições
modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha previstas neste artigo.
de dirigentes.

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TÍTULO VI graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho


Dos Profissionais da Educação Nacional de Educação - CNE.
§ 7º (Vetado).
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes
básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido terão por referência a Base Nacional Comum
formados em cursos reconhecidos, são: Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
I - professores habilitados em nível médio ou superior para
a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o
médio; inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo
II - trabalhadores em educação portadores de diploma de técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo
pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, habilitações tecnológicas.
supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para
títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou
III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de em instituições de educação básica e superior, incluindo
curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. cursos de educação profissional, cursos superiores de
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de
áreas afins à sua formação ou experiência profissional, Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas de
atestados por titulação específica ou prática de ensino em educação básica a cursos superiores de pedagogia e
unidades educacionais da rede pública ou privada ou das licenciatura será efetivado por meio de processo seletivo
corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela lei § 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput
nº 13.415, de 2017) deste artigo os professores das redes públicas municipais,
V - profissionais graduados que tenham feito estaduais e federal que ingressaram por concurso público,
complementação pedagógica, conforme disposto pelo tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e não
Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, sejam portadores de diploma de graduação. (Incluído pela Lei
de 2017) nº 13.478, de 2017)
Parágrafo único. A formação dos profissionais da § 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta de
educação, de modo a atender às especificidades do exercício cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão critérios
de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes adicionais de seleção sempre que acorrerem aos certames
etapas e modalidades da educação básica, terá como interessados em número superior ao de vagas disponíveis
fundamentos: para os respectivos cursos. (Incluído pela Lei nº 13.478, de
I - a presença de sólida formação básica, que propicie o 2017)
conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas § 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem
competências de trabalho; definidos em regulamento pelas universidades, terão
II - a associação entre teorias e práticas, mediante estágios prioridade de ingresso os professores que optarem por cursos
supervisionados e capacitação em serviço; de licenciatura em matemática, física, química, biologia e
III - o aproveitamento da formação e experiências língua portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:
Art. 62 A formação de docentes para atuar na educação I - cursos formadores de profissionais para a educação
básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura básica, inclusive o curso normal superior, destinado à
plena, admitida, como formação mínima para o exercício do formação de docentes para a educação infantil e para as
magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do primeiras séries do ensino fundamental;
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na II - programas de formação pedagógica para portadores de
modalidade normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à
2017) educação básica;
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, III - programas de educação continuada para os
em regime de colaboração, deverão promover a formação profissionais de educação dos diversos níveis.
inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de
magistério. Art. 64. A formação de profissionais de educação para
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos administração, planejamento, inspeção, supervisão e
profissionais de magistério poderão utilizar recursos e orientação educacional para a educação básica, será feita em
tecnologias de educação a distância. cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta
preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo formação, a base comum nacional.
uso de recursos e tecnologias de educação a distância.
§ 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios Art. 65. A formação docente, exceto para a educação
adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas
em cursos de formação de docentes em nível superior para horas.
atuar na educação básica pública.
§ 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios Art. 66. A preparação para o exercício do magistério
incentivarão a formação de profissionais do magistério para superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente
atuar na educação básica pública mediante programa em programas de mestrado e doutorado.
institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por
matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, universidade com curso de doutorado em área afim, poderá
nas instituições de educação superior. suprir a exigência de título acadêmico.
§ 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer nota
mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino
médio como pré-requisito para o ingresso em cursos de

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Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação,
dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos observados os seguintes prazos:
termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada
público: mês, até o vigésimo dia;
I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo
e títulos; dia de cada mês, até o trigésimo dia;
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final
com licenciamento periódico remunerado para esse fim; de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
III - piso salarial profissional; § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção
IV - progressão funcional baseada na titulação ou monetária e à responsabilização civil e criminal das
habilitação, e na avaliação do desempenho; autoridades competentes.
V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação,
incluído na carga de trabalho; Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e
VI - condições adequadas de trabalho. desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas
§ 1º A experiência docente é pré-requisito para o exercício à consecução dos objetivos básicos das instituições
profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se
termos das normas de cada sistema de ensino. destinam a:
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e
8o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas demais profissionais da educação;
funções de magistério as exercidas por professores e II - aquisição, manutenção, construção e conservação de
especialistas em educação no desempenho de atividades instalações e equipamentos necessários ao ensino;
educativas, quando exercidas em estabelecimento de III - uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao
educação básica em seus diversos níveis e modalidades, ensino;
incluídas, além do exercício da docência, as de direção de IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas
unidade escolar e as de coordenação e assessoramento visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à
pedagógico. expansão do ensino;
§ 3º A União prestará assistência técnica aos Estados, ao V - realização de atividades-meio necessárias ao
Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de concursos funcionamento dos sistemas de ensino;
públicos para provimento de cargos dos profissionais da VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas
educação. públicas e privadas;
VII - amortização e custeio de operações de crédito
TÍTULO VII destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo;
Dos Recursos financeiros VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção
de programas de transporte escolar.
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os
originários de: Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e
I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com:
Distrito Federal e dos Municípios; I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de
II - receita de transferências constitucionais e outras ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que
transferências; não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade
III - receita do salário-educação e de outras contribuições ou à sua expansão;
sociais; II - subvenção a instituições públicas ou privadas de
IV - receita de incentivos fiscais; caráter assistencial, desportivo ou cultural;
V - outros recursos previstos em lei. III - formação de quadros especiais para a administração
pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos;
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de IV - programas suplementares de alimentação, assistência
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras
e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas formas de assistência social;
Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para
impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;
manutenção e desenvolvimento do ensino público. VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação,
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela quando em desvio de função ou em atividade alheia à
União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou manutenção e desenvolvimento do ensino.
pelos Estados aos respectivos Municípios, não será
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e
receita do governo que a transferir. desenvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos
§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que se
mencionadas neste artigo as operações de crédito por refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal.
antecipação de receita orçamentária de impostos.
§ 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão,
mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita prioritariamente, na prestação de contas de recursos públicos,
estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição
caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais, Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
com base no eventual excesso de arrecadação. Transitórias e na legislação concernente.
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as
efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento dos Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito
percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de
a cada trimestre do exercício financeiro. oportunidades educacionais para o ensino fundamental,
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios assegurar ensino de qualidade.

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Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso
será calculado pela União ao final de cada ano, com validade às informações, conhecimentos técnicos e científicos da
para o ano subsequente, considerando variações regionais no sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-
custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino. índias.

Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os
Estados será exercida de modo a corrigir, progressivamente, sistemas de ensino no provimento da educação intercultural
as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de às comunidades indígenas, desenvolvendo programas
qualidade de ensino. integrados de ensino e pesquisa.
§ 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula § 1º Os programas serão planejados com audiência das
de domínio público que inclua a capacidade de atendimento e comunidades indígenas.
a medida do esforço fiscal do respectivo Estado, do Distrito § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos
Federal ou do Município em favor da manutenção e do Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos:
desenvolvimento do ensino. I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna
§ 2º A capacidade de atendimento de cada governo será de cada comunidade indígena;
definida pela razão entre os recursos de uso II - manter programas de formação de pessoal
constitucionalmente obrigatório na manutenção e especializado, destinado à educação escolar nas comunidades
desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo indígenas;
ao padrão mínimo de qualidade. III - desenvolver currículos e programas específicos, neles
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a incluindo os conteúdos culturais correspondentes às
União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada respectivas comunidades;
estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático
que efetivamente frequentam a escola. específico e diferenciado.
§ 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser § 3º No que se refere à educação superior, sem prejuízo de
exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á,
Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino de sua nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de
responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V ensino e de assistência estudantil, assim como de estímulo à
do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua capacidade de pesquisa e desenvolvimento de programas especiais.
atendimento.
Art. 79-A. (Vetado)
Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo
anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de
Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto nesta Lei, novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.
sem prejuízo de outras prescrições legais.
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a
Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas veiculação de programas de ensino a distância, em todos os
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.
confessionais ou filantrópicas que: § 1º A educação a distância, organizada com abertura e
I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam regime especiais, será oferecida por instituições
resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela especificamente credenciadas pela União.
de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto; § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização
II - apliquem seus excedentes financeiros em educação; de exames e registro de diploma relativos a cursos de
III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra educação a distância.
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder § 3º As normas para produção, controle e avaliação de
Público, no caso de encerramento de suas atividades; programas de educação a distância e a autorização para sua
IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino,
recebidos. podendo haver cooperação e integração entre os diferentes
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser sistemas.
destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma § 4º A educação a distância gozará de tratamento
da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, diferenciado, que incluirá:
quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais
pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios
obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede de comunicação que sejam explorados mediante autorização,
local. concessão ou permissão do poder público;
§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão II - concessão de canais com finalidades exclusivamente
poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive educativas;
mediante bolsas de estudo. III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder
Público, pelos concessionários de canais comerciais.
TÍTULO VIII
Das Disposições Gerais Art. 81. É permitida a organização de cursos ou instituições
de ensino experimentais, desde que obedecidas as disposições
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração desta Lei.
das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos
índios, desenvolverá programas integrados de ensino e Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de
pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal
intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos: sobre a matéria.
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de 11.788, de 2008)
suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e
ciências;

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Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham
admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da
fixadas pelos sistemas de ensino. publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de
ensino.
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser
aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime
respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo
acordo com seu rendimento e seu plano de estudos. Conselho Nacional de Educação ou, mediante delegação deste,
pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, preservada a
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação autonomia universitária.
própria poderá exigir a abertura de concurso público de
provas e títulos para cargo de docente de instituição pública Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
de ensino que estiver sendo ocupado por professor não
concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de
assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968,
das Disposições Constitucionais Transitórias. não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de 1995
e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692,
Art. 86. As instituições de educação superior constituídas de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e
como universidades integrar-se-ão, também, na sua condição as demais leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer
de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e outras disposições em contrário.
Tecnologia, nos termos da legislação específica.
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência
TÍTULO IX e 108º da República.
Das Disposições Transitórias FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um
ano a partir da publicação desta Lei. Questões
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação
desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano 01. (SEAP/DF - Professor - IBFC) De acordo com o que
Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos disserta a Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação
seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Brasileira (LDB), julgue os itens a seguir:
Educação para Todos. I. A LDB reconhece que a educação abrange os processos
§ 2º (Revogado) formativos que se desenvolvem na vida familiar, na
§ 3º O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino,
supletivamente, a União, devem: nos movimentos sociais e nas manifestações culturais. Por
I - (Revogado) isso, a lei disserta, expressamente, que a educação escolar
a) (Revogado) deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
b) (Revogado) II. A educação básica é obrigatória e gratuita dos 6 anos aos
c) (Revogado) 17 anos de idade, organizada da seguinte forma: pré-escola,
II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e ensino fundamental e ensino médio. Sendo a educação infantil
adultos insuficientemente escolarizados; gratuita às crianças de até 6 anos de idade
III - realizar programas de capacitação para todos os III. O atendimento ao educando é previsto, em todas as
professores em exercício, utilizando também, para isto, os etapas da educação básica, por meio de programas
recursos da educação a distância; suplementares de material didático-escolar e alimentação.
IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino Transporte e assistência à saúde não estão expressamente
fundamental do seu território ao sistema nacional de avaliação previstos na LDB 9394/96, sendo deixados à lei ordinária.
do rendimento escolar. IV. É garantida a vaga na escola pública de educação
§ 4º (Revogado) infantil ou de ensino fundamental mais próxima da residência
§ 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a a toda criança a partir do dia em que completar 4 anos de
progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino idade.
fundamental para o regime de escolas de tempo integral. V. É garantido acesso público e gratuito aos ensinos
§ 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao fundamental e médio para todos os que não os concluíram na
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados aos idade própria, porém vedado acesso aos níveis mais elevados
seus Municípios, ficam condicionadas ao cumprimento do art. do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
212 da Constituição Federal e dispositivos legais pertinentes capacidade de cada um.
pelos governos beneficiados. É correto o que afirma em:
(A) I, II e III, apenas.
Art. 87-A. (Vetado). (B) I e IV, apenas.
(C) II, III e V, apenas.
Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os (D) I, IV e V, apenas.
Municípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino
às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir 02. (Prefeitura Municipal de Alumínio/SP - Auxiliar de
da data de sua publicação. Desenvolvimento Infantil - VUNESP) A Lei Federal nº 9.394,
§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos de 20.12.1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos Nacional), introduziu uma série de inovações em relação à
respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes Educação Básica, dentre as quais,
estabelecidos. (A) a construção de identidade das creches e pré-escolas
§ 2º O prazo para que as universidades cumpram o com base nas diferenciações em relação à classe social das
disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos. crianças.

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(B) o atendimento obrigatório e gratuito no ensino Art. 2° São diretrizes do PNE:


fundamental e gratuidade extensiva apenas à Educação I - erradicação do analfabetismo;
Infantil das crianças a partir dos 4 anos de idade. II - universalização do atendimento escolar;
(C) o atendimento em creches e pré-escolas pelos órgãos III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase
de assistência social, prioritariamente. na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas
(D) o entendimento da creche e pré-escola como um favor de discriminação;
aos socialmente menos favorecidos. IV - melhoria da qualidade da educação;
(E) a integração das creches nos sistemas de ensino, V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase
compondo, junto com as pré-escolas, a primeira etapa da nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
Educação Básica. VI - promoção do princípio da gestão democrática da
educação pública;
03. (TJ/GO - Analista Judiciário - Pedagogia - FGV) A VII - promoção humanística, científica, cultural e
educação escolar, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da tecnológica do País;
Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, é dever da família VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
e do Estado. públicos em educação como proporção do Produto Interno
Cabe ao Estado garantir, a partir da nova redação do Art. Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de
4º da LDB instituída pela Lei nº 12.796, de 2013: expansão, com padrão de qualidade e equidade;
(A) educação básica obrigatória e gratuita dos seis aos IX - valorização dos (as) profissionais da educação;
quatorze anos de idade; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos
(B) educação infantil e ensino fundamental obrigatórios e humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental.
gratuitos;
(C) ensino fundamental e ensino médio obrigatórios e Art. 3° As metas previstas no Anexo desta Lei serão
gratuitos; cumpridas no prazo de vigência deste PNE, desde que não haja
(D) educação básica obrigatória e gratuita a todos que prazo inferior definido para metas e estratégias específicas.
desejarem cursá-la;
(E) educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos Art. 4° As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ter
dezessete anos de idade. como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios - PNAD, o censo demográfico e os censos nacionais
04. (Pref. Mun. de Palhoça/SC - Professor de Educação da educação básica e superior mais atualizados, disponíveis na
Infantil) Assinale a alternativa FALSA: data da publicação desta Lei.
(A) A educação superior somente será ministrada em Parágrafo único. O poder público buscará ampliar o
instituições de ensino superior públicas, com variados graus escopo das pesquisas com fins estatísticos de forma a incluir
de abrangência ou especialização. informação detalhada sobre o perfil das populações de 4
(B) Os cursos de pós-graduação serão oferecidos em (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência.
diversas instituições públicas ou privadas.
(C) A educação superior será oferecida tanto em Art. 5° A execução do PNE e o cumprimento de suas metas
instituições públicas como nas privadas. serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
(D) A educação superior será ministrada em instituições periódicas, realizados pelas seguintes instâncias:
de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus I - Ministério da Educação - MEC;
de abrangência ou especialização. II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e
Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal;
05. (Pref. Mun. de Nova Friburgo/RJ - Secretário III - Conselho Nacional de Educação - CNE;
Escolar - EXATUS/PR) A questão é concernente a Lei de IV - Fórum Nacional de Educação.
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Nº 9394/96)”. § 1° Compete, ainda, às instâncias referidas no caput:
Segundo a LDB, a educação escolar compõe-se de: I - divulgar os resultados do monitoramento e das
(A) Educação Básica e Educação Infantil. avaliações nos respectivos sítios institucionais da internet;
(B) Educação Infantil e Ensino Fundamental. II - analisar e propor políticas públicas para assegurar a
(C) Educação Básica e Educação Superior. implementação das estratégias e o cumprimento das metas;
(D) Educação Básica, Educação Infantil e Educação III - analisar e propor a revisão do percentual de
Superior. investimento público em educação.
§ 2° A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de vigência
Gabarito deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira - INEP publicará estudos para
01.B / 02.E / 03.E / 04.A / 05.C aferir a evolução no cumprimento das metas estabelecidas no
Anexo desta Lei, com informações organizadas por ente
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 201414 federado e consolidadas em âmbito nacional, tendo como
APROVA O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO - PNE E referência os estudos e as pesquisas de que trata o art. 4°, sem
DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS prejuízo de outras fontes e informações relevantes.
§ 3° A meta progressiva do investimento público em
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o educação será avaliada no quarto ano de vigência do PNE e
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: poderá ser ampliada por meio de lei para atender às
necessidades financeiras do cumprimento das demais metas.
Art. 1° É aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE, § 4° O investimento público em educação a que se referem
com vigência por 10 (dez) anos, a contar da publicação desta o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e a meta 20 do
Lei, na forma do Anexo, com vistas ao cumprimento do Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados na forma do art.
disposto no art. 214 da Constituição Federal. 212 da Constituição Federal e do art. 60 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, bem como os recursos aplicados

14http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-

2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso 02/04/2019 às 10h11min

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nos programas de expansão da educação profissional e Art. 8° Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
superior, inclusive na forma de incentivo e isenção fiscal, as deverão elaborar seus correspondentes planos de educação,
bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior, os ou adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com
subsídios concedidos em programas de financiamento as diretrizes, metas e estratégias previstas neste PNE, no prazo
estudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e de de 1 (um) ano contado da publicação desta Lei.
educação especial na forma do art. 213 da Constituição § 1° Os entes federados estabelecerão nos respectivos
Federal. planos de educação estratégias que:
§ 5° Será destinada à manutenção e ao desenvolvimento do I - assegurem a articulação das políticas educacionais com
ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do as demais políticas sociais, particularmente as culturais;
art. 212 da Constituição Federal, além de outros recursos II - considerem as necessidades específicas das populações
previstos em lei, a parcela da participação no resultado ou da do campo e das comunidades indígenas e quilombolas,
compensação financeira pela exploração de petróleo e de gás asseguradas a equidade educacional e a diversidade cultural;
natural, na forma de lei específica, com a finalidade de III - garantam o atendimento das necessidades específicas
assegurar o cumprimento da meta prevista no inciso VI do art. na educação especial, assegurado o sistema educacional
214 da Constituição Federal. inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades;
IV - promovam a articulação interfederativa na
Art. 6° A União promoverá a realização de pelo menos 2 implementação das políticas educacionais.
(duas) conferências nacionais de educação até o final do § 2° Os processos de elaboração e adequação dos planos de
decênio, precedidas de conferências distrital, municipais e educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de
estaduais, articuladas e coordenadas pelo Fórum Nacional de que trata o caput deste artigo, serão realizados com ampla
Educação, instituído nesta Lei, no âmbito do Ministério da participação de representantes da comunidade educacional e
Educação. da sociedade civil.
§ 1° O Fórum Nacional de Educação, além da atribuição
referida no caput: Art. 9° Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
I - acompanhará a execução do PNE e o cumprimento de deverão aprovar leis específicas para os seus sistemas de
suas metas; ensino, disciplinando a gestão democrática da educação
II - promoverá a articulação das conferências nacionais de pública nos respectivos âmbitos de atuação, no prazo de 2
educação com as conferências regionais, estaduais e (dois) anos contado da publicação desta Lei, adequando,
municipais que as precederem. quando for o caso, a legislação local já adotada com essa
§ 2° As conferências nacionais de educação realizar-se-ão finalidade.
com intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, com o objetivo
de avaliar a execução deste PNE e subsidiar a elaboração do Art. 10° O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e
plano nacional de educação para o decênio subsequente. os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios serão formulados de maneira a
Art. 7° A União, os Estados, o Distrito Federal e os assegurar a consignação de dotações orçamentárias
Municípios atuarão em regime de colaboração, visando ao compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias deste PNE e
alcance das metas e à implementação das estratégias objeto com os respectivos planos de educação, a fim de viabilizar sua
deste Plano. plena execução.
§ 1° Caberá aos gestores federais, estaduais, municipais e
do Distrito Federal a adoção das medidas governamentais Art. 11° O Sistema Nacional de Avaliação da Educação
necessárias ao alcance das metas previstas neste PNE. Básica, coordenado pela União, em colaboração com os
§ 2° As estratégias definidas no Anexo desta Lei não elidem Estados, o Distrito Federal e os Municípios, constituirá fonte
a adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de de informação para a avaliação da qualidade da educação
instrumentos jurídicos que formalizem a cooperação entre os básica e para a orientação das políticas públicas desse nível de
entes federados, podendo ser complementadas por ensino.
mecanismos nacionais e locais de coordenação e colaboração § 1° O sistema de avaliação a que se refere o caput
recíproca. produzirá, no máximo a cada 2 (dois) anos:
§ 3° Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao
e dos Municípios criarão mecanismos para o desempenho dos (as) estudantes apurado em exames
acompanhamento local da consecução das metas deste PNE e nacionais de avaliação, com participação de pelo menos 80%
dos planos previstos no art. 8o. (oitenta por cento) dos (as) alunos (as) de cada ano escolar
§ 4° Haverá regime de colaboração específico para a periodicamente avaliado em cada escola, e aos dados
implementação de modalidades de educação escolar que pertinentes apurados pelo censo escolar da educação básica;
necessitem considerar territórios étnico-educacionais e a II - indicadores de avaliação institucional, relativos a
utilização de estratégias que levem em conta as identidades e características como o perfil do alunado e do corpo dos (as)
especificidades socioculturais e linguísticas de cada profissionais da educação, as relações entre dimensão do
comunidade envolvida, assegurada a consulta prévia e corpo docente, do corpo técnico e do corpo discente, a
informada a essa comunidade. infraestrutura das escolas, os recursos pedagógicos
§ 5° Será criada uma instância permanente de negociação disponíveis e os processos da gestão, entre outras relevantes.
e cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os § 2° A elaboração e a divulgação de índices para avaliação
Municípios. da qualidade, como o Índice de Desenvolvimento da Educação
§ 6° O fortalecimento do regime de colaboração entre os Básica - IDEB, que agreguem os indicadores mencionados no
Estados e respectivos Municípios incluirá a instituição de inciso I do § 1° não elidem a obrigatoriedade de divulgação, em
instâncias permanentes de negociação, cooperação e separado, de cada um deles.
pactuação em cada Estado. § 3° Os indicadores mencionados no § 1° serão estimados
§ 7° O fortalecimento do regime de colaboração entre os por etapa, estabelecimento de ensino, rede escolar, unidade da
Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de arranjos Federação e em nível agregado nacional, sendo amplamente
de desenvolvimento da educação. divulgados, ressalvada a publicação de resultados individuais
e indicadores por turma, que fica admitida exclusivamente

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para a comunidade do respectivo estabelecimento e para o de construção e reestruturação de escolas, bem como de
órgão gestor da respectiva rede. aquisição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria
§ 4° Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb e dos da rede física de escolas públicas de educação infantil;
indicadores referidos no § 1°. 1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste PNE,
§ 5° A avaliação de desempenho dos (as) estudantes em avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois)
exames, referida no inciso I do § 1°, poderá ser diretamente anos, com base em parâmetros nacionais de qualidade, a fim
realizada pela União ou, mediante acordo de cooperação, pelos de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as
Estados e pelo Distrito Federal, nos respectivos sistemas de condições de gestão, os recursos pedagógicos, a situação de
ensino e de seus Municípios, caso mantenham sistemas acessibilidade, entre outros indicadores relevantes;
próprios de avaliação do rendimento escolar, assegurada a 1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em creches
compatibilidade metodológica entre esses sistemas e o certificadas como entidades beneficentes de assistência social
nacional, especialmente no que se refere às escalas de na área de educação com a expansão da oferta na rede escolar
proficiência e ao calendário de aplicação. pública;
1.8) promover a formação inicial e continuada dos (as)
Art. 12° Até o final do primeiro semestre do nono ano de profissionais da educação infantil, garantindo,
vigência deste PNE, o Poder Executivo encaminhará ao progressivamente, o atendimento por profissionais com
Congresso Nacional, sem prejuízo das prerrogativas deste formação superior;
Poder, o projeto de lei referente ao Plano Nacional de 1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos
Educação a vigorar no período subsequente, que incluirá de pesquisa e cursos de formação para profissionais da
diagnóstico, diretrizes, metas e estratégias para o próximo educação, de modo a garantir a elaboração de currículos e
decênio. propostas pedagógicas que incorporem os avanços de
pesquisas ligadas ao processo de ensino-aprendizagem e às
Art. 13° O poder público deverá instituir, em lei específica, teorias educacionais no atendimento da população de 0 (zero)
contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema a 5 (cinco) anos;
Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os 1.10) fomentar o atendimento das populações do campo e
sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetivação das comunidades indígenas e quilombolas na educação infantil
das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de nas respectivas comunidades, por meio do
Educação. redimensionamento da distribuição territorial da oferta,
limitando a nucleação de escolas e o deslocamento de crianças,
Art. 14° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. de forma a atender às especificidades dessas comunidades,
garantido consulta prévia e informada;
Brasília, 25 de junho de 2014; 193º da Independência e 1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar a
126º da República. oferta do atendimento educacional especializado
complementar e suplementar aos (às) alunos (as) com
DILMA ROUSSEFF deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
Guido Mantega habilidades ou superdotação, assegurando a educação
José Henrique Paim Fernandes bilíngue para crianças surdas e a transversalidade da educação
Miriam Belchior especial nessa etapa da educação básica;
1.12) implementar, em caráter complementar, programas
ANEXO de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação das
METAS E ESTRATÉGIAS áreas de educação, saúde e assistência social, com foco no
desenvolvimento integral das crianças de até 3 (três) anos de
Meta 1: idade;
1.13) preservar as especificidades da educação infantil na
universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola organização das redes escolares, garantindo o atendimento da
para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em estabelecimentos que
ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atendam a parâmetros nacionais de qualidade, e a articulação
atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do (a)
de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE. aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental;
Estratégias: 1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do
1.1) definir, em regime de colaboração entre a União, os acesso e da permanência das crianças na educação infantil, em
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, metas de expansão especial dos beneficiários de programas de transferência de
das respectivas redes públicas de educação infantil segundo renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos
padrão nacional de qualidade, considerando as peculiaridades públicos de assistência social, saúde e proteção à infância;
locais; 1.15) promover a busca ativa de crianças em idade
1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja correspondente à educação infantil, em parceria com órgãos
inferior a 10% (dez por cento) a diferença entre as taxas de públicos de assistência social, saúde e proteção à infância,
frequência à educação infantil das crianças de até 3 (três) anos preservando o direito de opção da família em relação às
oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado crianças de até 3 (três) anos;
e as do quinto de renda familiar per capita mais baixo; 1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a colaboração
1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaboração, da União e dos Estados, realizarão e publicarão, a cada ano,
levantamento da demanda por creche para a população de até levantamento da demanda manifesta por educação infantil em
3 (três) anos, como forma de planejar a oferta e verificar o creches e pré-escolas, como forma de planejar e verificar o
atendimento da demanda manifesta; atendimento;
1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE, 1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo
normas, procedimentos e prazos para definição de integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos,
mecanismos de consulta pública da demanda das famílias por conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais
creches; para a Educação Infantil.
1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e
respeitadas as normas de acessibilidade, programa nacional

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Meta 2: final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de


matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por
universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para cento).
toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir Estratégias:
que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos 3.1) institucionalizar programa nacional de renovação do
concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano ensino médio, a fim de incentivar práticas pedagógicas com
de vigência deste PNE. abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre
Estratégias: teoria e prática, por meio de currículos escolares que
2.1) o Ministério da Educação, em articulação e organizem, de maneira flexível e diversificada, conteúdos
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os obrigatórios e eletivos articulados em dimensões como
Municípios, deverá, até o final do 2o (segundo) ano de vigência ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e esporte,
deste PNE, elaborar e encaminhar ao Conselho Nacional de garantindo-se a aquisição de equipamentos e laboratórios, a
Educação, precedida de consulta pública nacional, proposta de produção de material didático específico, a formação
direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para continuada de professores e a articulação com instituições
os (as) alunos (as) do ensino fundamental; acadêmicas, esportivas e culturais;
2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e 3.2) o Ministério da Educação, em articulação e
Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata o colaboração com os entes federados e ouvida a sociedade
§ 5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos mediante consulta pública nacional, elaborará e encaminhará
de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base ao Conselho Nacional de Educação - CNE, até o 2° (segundo)
nacional comum curricular do ensino fundamental; ano de vigência deste PNE, proposta de direitos e objetivos de
2.3) criar mecanismos para o acompanhamento aprendizagem e desenvolvimento para os (as) alunos (as) de
individualizado dos (as) alunos (as) do ensino fundamental; ensino médio, a serem atingidos nos tempos e etapas de
2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do organização deste nível de ensino, com vistas a garantir
acesso, da permanência e do aproveitamento escolar dos formação básica comum;
beneficiários de programas de transferência de renda, bem 3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e
como das situações de discriminação, preconceitos e Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata o
violências na escola, visando ao estabelecimento de condições § 5° do art. 7° desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos
adequadas para o sucesso escolar dos (as) alunos (as), em de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base
colaboração com as famílias e com órgãos públicos de nacional comum curricular do ensino médio;
assistência social, saúde e proteção à infância, adolescência e 3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de
juventude; forma regular, bem como a ampliação da prática desportiva,
2.5) promover a busca ativa de crianças e adolescentes integrada ao currículo escolar;
fora da escola, em parceria com órgãos públicos de assistência 3.5) manter e ampliar programas e ações de correção de
social, saúde e proteção à infância, adolescência e juventude; fluxo do ensino fundamental, por meio do acompanhamento
2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que combinem, individualizado do (a) aluno (a) com rendimento escolar
de maneira articulada, a organização do tempo e das defasado e pela adoção de práticas como aulas de reforço no
atividades didáticas entre a escola e o ambiente comunitário, turno complementar, estudos de recuperação e progressão
considerando as especificidades da educação especial, das parcial, de forma a reposicioná-lo no ciclo escolar de maneira
escolas do campo e das comunidades indígenas e quilombolas; compatível com sua idade;
2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a 3.6) universalizar o Exame Nacional do Ensino Médio -
organização flexível do trabalho pedagógico, incluindo ENEM, fundamentado em matriz de referência do conteúdo
adequação do calendário escolar de acordo com a realidade curricular do ensino médio e em técnicas estatísticas e
local, a identidade cultural e as condições climáticas da região; psicométricas que permitam comparabilidade de resultados,
2.8) promover a relação das escolas com instituições e articulando-o com o Sistema Nacional de Avaliação da
movimentos culturais, a fim de garantir a oferta regular de Educação Básica - SAEB, e promover sua utilização como
atividades culturais para a livre fruição dos (as) alunos (as) instrumento de avaliação sistêmica, para subsidiar políticas
dentro e fora dos espaços escolares, assegurando ainda que as públicas para a educação básica, de avaliação certificadora,
escolas se tornem polos de criação e difusão cultural; possibilitando aferição de conhecimentos e habilidades
2.9) incentivar a participação dos pais ou responsáveis no adquiridos dentro e fora da escola, e de avaliação
acompanhamento das atividades escolares dos filhos por meio classificatória, como critério de acesso à educação superior;
do estreitamento das relações entre as escolas e as famílias; 3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de
2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em ensino médio integrado à educação profissional, observando-
especial dos anos iniciais, para as populações do campo, se as peculiaridades das populações do campo, das
indígenas e quilombolas, nas próprias comunidades; comunidades indígenas e quilombolas e das pessoas com
2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino deficiência;
fundamental, garantida a qualidade, para atender aos filhos e 3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o
filhas de profissionais que se dedicam a atividades de caráter monitoramento do acesso e da permanência dos e das jovens
itinerante; beneficiários (as) de programas de transferência de renda, no
2.12) oferecer atividades extracurriculares de incentivo ensino médio, quanto à frequência, ao aproveitamento escolar
aos (às) estudantes e de estímulo a habilidades, inclusive e à interação com o coletivo, bem como das situações de
mediante certames e concursos nacionais; discriminação, preconceitos e violências, práticas irregulares
2.13) promover atividades de desenvolvimento e estímulo de exploração do trabalho, consumo de drogas, gravidez
a habilidades esportivas nas escolas, interligadas a um plano precoce, em colaboração com as famílias e com órgãos
de disseminação do desporto educacional e de públicos de assistência social, saúde e proteção à adolescência
desenvolvimento esportivo nacional. e juventude;
3.9) promover a busca ativa da população de 15 (quinze) a
Meta 3: 17 (dezessete) anos fora da escola, em articulação com os
serviços de assistência social, saúde e proteção à adolescência
universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a e à juventude;
população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o

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3.10) fomentar programas de educação e de cultura para a alunos (as) com deficiência, transtornos globais do
população urbana e do campo de jovens, na faixa etária de 15 desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
(quinze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos, com qualificação 4.6) manter e ampliar programas suplementares que
social e profissional para aqueles que estejam fora da escola e promovam a acessibilidade nas instituições públicas, para
com defasagem no fluxo escolar; garantir o acesso e a permanência dos (as) alunos (as) com
3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos turnos deficiência por meio da adequação arquitetônica, da oferta de
diurno e noturno, bem como a distribuição territorial das transporte acessível e da disponibilização de material didático
escolas de ensino médio, de forma a atender a toda a demanda, próprio e de recursos de tecnologia assistiva, assegurando,
de acordo com as necessidades específicas dos (as) alunos ainda, no contexto escolar, em todas as etapas, níveis e
(as); modalidades de ensino, a identificação dos (as) alunos (as)
3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino com altas habilidades ou superdotação;
médio, garantida a qualidade, para atender aos filhos e filhas 4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua
de profissionais que se dedicam a atividades de caráter Brasileira de Sinais - LIBRAS como primeira língua e na
itinerante; modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda
3.13) implementar políticas de prevenção à evasão língua, aos (às) alunos (as) surdos e com deficiência auditiva
motivada por preconceito ou quaisquer formas de de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos, em escolas e classes
discriminação, criando rede de proteção contra formas bilíngues e em escolas inclusivas, nos termos do art. 22 do
associadas de exclusão; Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e
3.14) estimular a participação dos adolescentes nos cursos 30 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
das áreas tecnológicas e científicas. Deficiência, bem como a adoção do Sistema Braille de leitura
para cegos e surdos-cegos;
Meta 4: 4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a
exclusão do ensino regular sob alegação de deficiência e
universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular e o
(dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do atendimento educacional especializado;
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o 4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do
acesso à educação básica e ao atendimento educacional acesso à escola e ao atendimento educacional especializado,
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, bem como da permanência e do desenvolvimento escolar dos
com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
especializados, públicos ou conveniados. beneficiários (as) de programas de transferência de renda,
Estratégias: juntamente com o combate às situações de discriminação,
4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de preconceito e violência, com vistas ao estabelecimento de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de condições adequadas para o sucesso educacional, em
Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, as colaboração com as famílias e com os órgãos públicos de
matrículas dos (as) estudantes da educação regular da rede assistência social, saúde e proteção à infância, à adolescência e
pública que recebam atendimento educacional especializado à juventude;
complementar e suplementar, sem prejuízo do cômputo 4.10) fomentar pesquisas voltadas para o
dessas matrículas na educação básica regular, e as matrículas desenvolvimento de metodologias, materiais didáticos,
efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado, na equipamentos e recursos de tecnologia assistiva, com vistas à
educação especial oferecida em instituições comunitárias, promoção do ensino e da aprendizagem, bem como das
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas condições de acessibilidade dos (as) estudantes com
com o poder público e com atuação exclusiva na modalidade, deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007; habilidades ou superdotação;
4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a 4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas
universalização do atendimento escolar à demanda manifesta interdisciplinares para subsidiar a formulação de políticas
pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos com públicas intersetoriais que atendam as especificidades
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas educacionais de estudantes com deficiência, transtornos
habilidades ou superdotação, observado o que dispõe a Lei no globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes superdotação que requeiram medidas de atendimento
e bases da educação nacional; especializado;
4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos 4.12) promover a articulação intersetorial entre órgãos e
multifuncionais e fomentar a formação continuada de políticas públicas de saúde, assistência social e direitos
professores e professoras para o atendimento educacional humanos, em parceria com as famílias, com o fim de
especializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de desenvolver modelos de atendimento voltados à continuidade
comunidades quilombolas; do atendimento escolar, na educação de jovens e adultos, das
4.4) garantir atendimento educacional especializado em pessoas com deficiência e transtornos globais do
salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços desenvolvimento com idade superior à faixa etária de
especializados, públicos ou conveniados, nas formas escolarização obrigatória, de forma a assegurar a atenção
complementar e suplementar, a todos (as) alunos (as) com integral ao longo da vida;
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais da
habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de educação para atender à demanda do processo de
educação básica, conforme necessidade identificada por meio escolarização dos (das) estudantes com deficiência,
de avaliação, ouvidos a família e o aluno; transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares de superdotação, garantindo a oferta de professores (as) do
apoio, pesquisa e assessoria, articulados com instituições atendimento educacional especializado, profissionais de apoio
acadêmicas e integrados por profissionais das áreas de saúde, ou auxiliares, tradutores (as) e intérpretes de Libras, guias-
assistência social, pedagogia e psicologia, para apoiar o intérpretes para surdos-cegos, professores de Libras,
trabalho dos (as) professores da educação básica com os (as) prioritariamente surdos, e professores bilíngues;

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4.14) definir, no segundo ano de vigência deste PNE, 5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo,
indicadores de qualidade e política de avaliação e supervisão indígenas, quilombolas e de populações itinerantes, com a
para o funcionamento de instituições públicas e privadas que produção de materiais didáticos específicos, e desenvolver
prestam atendimento a alunos com deficiência, transtornos instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou língua materna pelas comunidades indígenas e a identidade
superdotação; cultural das comunidades quilombolas;
4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Educação, 5.6) promover e estimular a formação inicial e continuada
nos órgãos de pesquisa, demografia e estatística competentes, de professores (as) para a alfabetização de crianças, com o
a obtenção de informação detalhada sobre o perfil das pessoas conhecimento de novas tecnologias educacionais e práticas
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre
altas habilidades ou superdotação de 0 (zero) a 17 (dezessete) programas de pós-graduação stricto sensu e ações de
anos; formação continuada de professores (as) para a alfabetização;
4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e nos 5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com deficiência,
demais cursos de formação para profissionais da educação, considerando as suas especificidades, inclusive a alfabetização
inclusive em nível de pós-graduação, observado o disposto no bilíngue de pessoas surdas, sem estabelecimento de
caput do art. 207 da Constituição Federal, dos referenciais terminalidade temporal.
teóricos, das teorias de aprendizagem e dos processos de
ensino-aprendizagem relacionados ao atendimento Meta 6:
educacional de alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50%
4.17) promover parcerias com instituições comunitárias, (cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos (as) alunos (as)
com o poder público, visando a ampliar as condições de apoio da educação básica.
ao atendimento escolar integral das pessoas com deficiência, Estratégias:
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou 6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de educação
superdotação matriculadas nas redes públicas de ensino; básica pública em tempo integral, por meio de atividades de
4.18) promover parcerias com instituições comunitárias, acompanhamento pedagógico e multidisciplinares, inclusive
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas culturais e esportivas, de forma que o tempo de permanência
com o poder público, visando a ampliar a oferta de formação dos (as) alunos (as) na escola, ou sob sua responsabilidade,
continuada e a produção de material didático acessível, assim passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias durante
como os serviços de acessibilidade necessários ao pleno todo o ano letivo, com a ampliação progressiva da jornada de
acesso, participação e aprendizagem dos estudantes com professores em uma única escola;
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de
habilidades ou superdotação matriculados na rede pública de construção de escolas com padrão arquitetônico e de
ensino; mobiliário adequado para atendimento em tempo integral,
4.19) promover parcerias com instituições comunitárias, prioritariamente em comunidades pobres ou com crianças em
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas situação de vulnerabilidade social;
com o poder público, a fim de favorecer a participação das 6.3) institucionalizar e manter, em regime de colaboração,
famílias e da sociedade na construção do sistema educacional programa nacional de ampliação e reestruturação das escolas
inclusivo. públicas, por meio da instalação de quadras poliesportivas,
laboratórios, inclusive de informática, espaços para atividades
Meta 5: culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios,
banheiros e outros equipamentos, bem como da produção de
alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3° material didático e da formação de recursos humanos para a
(terceiro) ano do ensino fundamental. educação em tempo integral;
Estratégias: 6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes
5.1) estruturar os processos pedagógicos de alfabetização, espaços educativos, culturais e esportivos e com
nos anos iniciais do ensino fundamental, articulando-os com equipamentos públicos, como centros comunitários,
as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com qualificação e bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e
valorização dos (as) professores (as) alfabetizadores e com planetários;
apoio pedagógico específico, a fim de garantir a alfabetização 6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação
plena de todas as crianças; da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas escolas da
5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional rede pública de educação básica por parte das entidades
periódicos e específicos para aferir a alfabetização das privadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de
crianças, aplicados a cada ano, bem como estimular os forma concomitante e em articulação com a rede pública de
sistemas de ensino e as escolas a criarem os respectivos ensino;
instrumentos de avaliação e monitoramento, implementando 6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art.
medidas pedagógicas para alfabetizar todos os alunos e alunas 13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009, em
até o final do terceiro ano do ensino fundamental; atividades de ampliação da jornada escolar de alunos (as) das
5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias escolas da rede pública de educação básica, de forma
educacionais para a alfabetização de crianças, assegurada a concomitante e em articulação com a rede pública de ensino;
diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o 6.7) atender às escolas do campo e de comunidades
acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo
que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas, integral, com base em consulta prévia e informada,
preferencialmente, como recursos educacionais abertos; considerando-se as peculiaridades locais;
5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias 6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas
educacionais e de práticas pedagógicas inovadoras que com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
assegurem a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo altas habilidades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro)
escolar e a aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas as a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional
diversas abordagens metodológicas e sua efetividade; especializado complementar e suplementar ofertado em salas

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de recursos multifuncionais da própria escola ou em forma a englobar o ensino de ciências nos exames aplicados
instituições especializadas; nos anos finais do ensino fundamental, e incorporar o Exame
6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de Nacional do Ensino Médio, assegurada a sua universalização,
permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão ao sistema de avaliação da educação básica, bem como apoiar
da jornada para o efetivo trabalho escolar, combinado com o uso dos resultados das avaliações nacionais pelas escolas e
atividades recreativas, esportivas e culturais. redes de ensino para a melhoria de seus processos e práticas
pedagógicas;
Meta 7: 7.8) desenvolver indicadores específicos de avaliação da
qualidade da educação especial, bem como da qualidade da
fomentar a qualidade da educação básica em todas as educação bilíngue para surdos;
etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da 7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de ensino, de
aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais forma a buscar atingir as metas do Ideb, diminuindo a
para o Ideb: diferença entre as escolas com os menores índices e a média
nacional, garantindo equidade da aprendizagem e reduzindo
IDEB 2015 2017 2019 2021 pela metade, até o último ano de vigência deste PNE, as
Anos iniciais do ensino 5,2 5,5 5,7 6,0 diferenças entre as médias dos índices dos Estados, inclusive
fundamental do Distrito Federal, e dos Municípios;
Anos finais do ensino 4,7 5,0 5,2 5,5 7.10) fixar, acompanhar e divulgar bienalmente os
fundamental resultados pedagógicos dos indicadores do sistema nacional
Ensino médio 4,3 4,7 5,0 5,2 de avaliação da educação básica e do Ideb, relativos às escolas,
às redes públicas de educação básica e aos sistemas de ensino
Estratégias: da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação assegurando a contextualização desses resultados, com
interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica relação a indicadores sociais relevantes, como os de nível
e a base nacional comum dos currículos, com direitos e socioeconômico das famílias dos (as) alunos (as), e a
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos transparência e o acesso público às informações técnicas de
(as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada concepção e operação do sistema de avaliação;
a diversidade regional, estadual e local; 7.11) melhorar o desempenho dos alunos da educação
7.2) assegurar que: básica nas avaliações da aprendizagem no Programa
a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70% Internacional de Avaliação de Estudantes - PISA, tomado como
(setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino fundamental instrumento externo de referência, internacionalmente
e do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de reconhecido, de acordo com as seguintes projeções:
aprendizado em relação aos direitos e objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 50% PISA 2015 2018 2021
(cinquenta por cento), pelo menos, o nível desejável; Média dos 438 455 473
b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) resultados em
estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham matemática, leitura e
alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos ciências
direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de
seu ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o 7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e
nível desejável; divulgar tecnologias educacionais para a educação infantil, o
7.3) constituir, em colaboração entre a União, os Estados, o ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas
Distrito Federal e os Municípios, um conjunto nacional de pedagógicas inovadoras que assegurem a melhoria do fluxo
indicadores de avaliação institucional com base no perfil do escolar e a aprendizagem, assegurada a diversidade de
alunado e do corpo de profissionais da educação, nas métodos e propostas pedagógicas, com preferência para
condições de infraestrutura das escolas, nos recursos softwares livres e recursos educacionais abertos, bem como o
pedagógicos disponíveis, nas características da gestão e em acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em
outras dimensões relevantes, considerando as especificidades que forem aplicadas;
das modalidades de ensino; 7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os (as)
7.4) induzir processo contínuo de auto avaliação das estudantes da educação do campo na faixa etária da educação
escolas de educação básica, por meio da constituição de escolar obrigatória, mediante renovação e padronização
instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem integral da frota de veículos, de acordo com especificações
fortalecidas, destacando-se a elaboração de planejamento definidas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
estratégico, a melhoria contínua da qualidade educacional, a Tecnologia - INMETRO, e financiamento compartilhado, com
formação continuada dos (as) profissionais da educação e o participação da União proporcional às necessidades dos entes
aprimoramento da gestão democrática; federados, visando a reduzir a evasão escolar e o tempo médio
7.5) formalizar e executar os planos de ações articuladas de deslocamento a partir de cada situação local;
dando cumprimento às metas de qualidade estabelecidas para 7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos de
a educação básica pública e às estratégias de apoio técnico e atendimento escolar para a população do campo que
financeiro voltadas à melhoria da gestão educacional, à considerem as especificidades locais e as boas práticas
formação de professores e professoras e profissionais de nacionais e internacionais;
serviços e apoio escolares, à ampliação e ao desenvolvimento 7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência deste PNE,
de recursos pedagógicos e à melhoria e expansão da o acesso à rede mundial de computadores em banda larga de
infraestrutura física da rede escolar; alta velocidade e triplicar, até o final da década, a relação
7.6) associar a prestação de assistência técnica financeira computador/aluno (a) nas escolas da rede pública de
à fixação de metas intermediárias, nos termos estabelecidos educação básica, promovendo a utilização pedagógica das
conforme pactuação voluntária entre os entes, priorizando tecnologias da informação e da comunicação;
sistemas e redes de ensino com Ideb abaixo da média nacional; 7.16) apoiar técnica e financeiramente a gestão escolar
7.7) aprimorar continuamente os instrumentos de mediante transferência direta de recursos financeiros à escola,
avaliação da qualidade do ensino fundamental e médio, de garantindo a participação da comunidade escolar no

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planejamento e na aplicação dos recursos, visando à ampliação portuguesa; a reestruturação e a aquisição de equipamentos; a
da transparência e ao efetivo desenvolvimento da gestão oferta de programa para a formação inicial e continuada de
democrática; profissionais da educação; e o atendimento em educação
7.17) ampliar programas e aprofundar ações de especial;
atendimento ao (à) aluno (a), em todas as etapas da educação 7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas
básica, por meio de programas suplementares de material específicas para educação escolar para as escolas do campo e
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à para as comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os
saúde; conteúdos culturais correspondentes às respectivas
7.18) assegurar a todas as escolas públicas de educação comunidades e considerando o fortalecimento das práticas
básica o acesso à energia elétrica, abastecimento de água socioculturais e da língua materna de cada comunidade
tratada, esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sólidos, indígena, produzindo e disponibilizando materiais didáticos
garantir o acesso dos alunos a espaços para a prática esportiva, específicos, inclusive para os (as) alunos (as) com deficiência;
a bens culturais e artísticos e a equipamentos e laboratórios de 7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil,
ciências e, em cada edifício escolar, garantir a acessibilidade às articulando a educação formal com experiências de educação
pessoas com deficiência; popular e cidadã, com os propósitos de que a educação seja
7.19) institucionalizar e manter, em regime de assumida como responsabilidade de todos e de ampliar o
colaboração, programa nacional de reestruturação e aquisição controle social sobre o cumprimento das políticas públicas
de equipamentos para escolas públicas, visando à equalização educacionais;
regional das oportunidades educacionais; 7.29) promover a articulação dos programas da área da
7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos educação, de âmbito local e nacional, com os de outras áreas,
digitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar a como saúde, trabalho e emprego, assistência social, esporte e
todas as escolas públicas da educação básica, criando, cultura, possibilitando a criação de rede de apoio integral às
inclusive, mecanismos para implementação das condições famílias, como condição para a melhoria da qualidade
necessárias para a universalização das bibliotecas nas educacional;
instituições educacionais, com acesso a redes digitais de 7.30) universalizar, mediante articulação entre os órgãos
computadores, inclusive a internet; responsáveis pelas áreas da saúde e da educação, o
7.21) a União, em regime de colaboração com os entes atendimento aos (às) estudantes da rede escolar pública de
federados subnacionais, estabelecerá, no prazo de 2 (dois) educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e
anos contados da publicação desta Lei, parâmetros mínimos atenção à saúde;
de qualidade dos serviços da educação básica, a serem 7.31) estabelecer ações efetivas especificamente voltadas
utilizados como referência para infraestrutura das escolas, para a promoção, prevenção, atenção e atendimento à saúde e
recursos pedagógicos, entre outros insumos relevantes, bem à integridade física, mental e emocional dos (das) profissionais
como instrumento para adoção de medidas para a melhoria da da educação, como condição para a melhoria da qualidade
qualidade do ensino; educacional;
7.22) informatizar integralmente a gestão das escolas 7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e financeira da
públicas e das secretarias de educação dos Estados, do Distrito União, em articulação com o sistema nacional de avaliação, os
Federal e dos Municípios, bem como manter programa sistemas estaduais de avaliação da educação básica, com
nacional de formação inicial e continuada para o pessoal participação, por adesão, das redes municipais de ensino, para
técnico das secretarias de educação; orientar as políticas públicas e as práticas pedagógicas, com o
7.23) garantir políticas de combate à violência na escola, fornecimento das informações às escolas e à sociedade;
inclusive pelo desenvolvimento de ações destinadas à 7.33) promover, com especial ênfase, em consonância com
capacitação de educadores para detecção dos sinais de suas as diretrizes do Plano Nacional do Livro e da Leitura, a
causas, como a violência doméstica e sexual, favorecendo a formação de leitores e leitoras e a capacitação de professores
adoção das providências adequadas para promover a e professoras, bibliotecários e bibliotecárias e agentes da
construção da cultura de paz e um ambiente escolar dotado de comunidade para atuar como mediadores e mediadoras da
segurança para a comunidade; leitura, de acordo com a especificidade das diferentes etapas
7.24) implementar políticas de inclusão e permanência na do desenvolvimento e da aprendizagem;
escola para adolescentes e jovens que se encontram em regime 7.34) instituir, em articulação com os Estados, os
de liberdade assistida e em situação de rua, assegurando os Municípios e o Distrito Federal, programa nacional de
princípios da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto formação de professores e professoras e de alunos e alunas
da Criança e do Adolescente; para promover e consolidar política de preservação da
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos sobre a memória nacional;
história e as culturas afro-brasileira e indígenas e implementar 7.35) promover a regulação da oferta da educação básica
ações educacionais, nos termos das Leis nos 10.639, de 9 de pela iniciativa privada, de forma a garantir a qualidade e o
janeiro de 2003, e 11.645, de 10 de março de 2008, cumprimento da função social da educação;
assegurando-se a implementação das respectivas diretrizes 7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que
curriculares nacionais, por meio de ações colaborativas com melhorarem o desempenho no Ideb, de modo a valorizar o
fóruns de educação para a diversidade étnico-racial, conselhos mérito do corpo docente, da direção e da comunidade escolar.
escolares, equipes pedagógicas e a sociedade civil;
7.26) consolidar a educação escolar no campo de Meta 8:
populações tradicionais, de populações itinerantes e de
comunidades indígenas e quilombolas, respeitando a elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito)
articulação entre os ambientes escolares e comunitários e a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12
garantindo: o desenvolvimento sustentável e preservação da (doze) anos de estudo no último ano de vigência deste Plano,
identidade cultural; a participação da comunidade na para as populações do campo, da região de menor escolaridade
definição do modelo de organização pedagógica e de gestão no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e
das instituições, consideradas as práticas socioculturais e as igualar a escolaridade média entre negros e não negros
formas particulares de organização do tempo; a oferta bilíngue declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, Estatística - IBGE.
em língua materna das comunidades indígenas e em língua Estratégias:

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APOSTILAS OPÇÃO

8.1) institucionalizar programas e desenvolver tecnologias desenvolvimento de modelos adequados às necessidades


para correção de fluxo, para acompanhamento pedagógico específicas desses (as) alunos (as);
individualizado e para recuperação e progressão parcial, bem 9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que integrem
como priorizar estudantes com rendimento escolar defasado, os segmentos empregadores, públicos e privados, e os
considerando as especificidades dos segmentos populacionais sistemas de ensino, para promover a compatibilização da
considerados; jornada de trabalho dos empregados e das empregadas com a
8.2) implementar programas de educação de jovens e oferta das ações de alfabetização e de educação de jovens e
adultos para os segmentos populacionais considerados, que adultos;
estejam fora da escola e com defasagem idade-série, 9.11) implementar programas de capacitação tecnológica
associados a outras estratégias que garantam a continuidade da população jovem e adulta, direcionados para os segmentos
da escolarização, após a alfabetização inicial; com baixos níveis de escolarização formal e para os (as) alunos
8.3) garantir acesso gratuito a exames de certificação da (as) com deficiência, articulando os sistemas de ensino, a Rede
conclusão dos ensinos fundamental e médio; Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, as
8.4) expandir a oferta gratuita de educação profissional universidades, as cooperativas e as associações, por meio de
técnica por parte das entidades privadas de serviço social e de ações de extensão desenvolvidas em centros vocacionais
formação profissional vinculadas ao sistema sindical, de forma tecnológicos, com tecnologias assistivas que favoreçam a
concomitante ao ensino ofertado na rede escolar pública, para efetiva inclusão social e produtiva dessa população;
os segmentos populacionais considerados; 9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e adultos,
8.5) promover, em parceria com as áreas de saúde e as necessidades dos idosos, com vistas à promoção de políticas
assistência social, o acompanhamento e o monitoramento do de erradicação do analfabetismo, ao acesso a tecnologias
acesso à escola específicos para os segmentos populacionais educacionais e atividades recreativas, culturais e esportivas, à
considerados, identificar motivos de absenteísmo e colaborar implementação de programas de valorização e
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para a compartilhamento dos conhecimentos e experiência dos
garantia de frequência e apoio à aprendizagem, de maneira a idosos e à inclusão dos temas do envelhecimento e da velhice
estimular a ampliação do atendimento desses (as) estudantes nas escolas.
na rede pública regular de ensino;
8.6) promover busca ativa de jovens fora da escola Meta 10:
pertencentes aos segmentos populacionais considerados, em
parceria com as áreas de assistência social, saúde e proteção à oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das
juventude. matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos
fundamental e médio, na forma integrada à educação
Meta 9: profissional.
Estratégias:
elevar a taxa de alfabetização da população com 15 10.1) manter programa nacional de educação de jovens e
(quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e adultos voltado à conclusão do ensino fundamental e à
cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência formação profissional inicial, de forma a estimular a conclusão
deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em da educação básica;
50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional. 10.2) expandir as matrículas na educação de jovens e
Estratégias: adultos, de modo a articular a formação inicial e continuada de
9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens e trabalhadores com a educação profissional, objetivando a
adultos a todos os que não tiveram acesso à educação básica elevação do nível de escolaridade do trabalhador e da
na idade própria; trabalhadora;
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com ensino 10.3) fomentar a integração da educação de jovens e
fundamental e médio incompletos, para identificar a demanda adultos com a educação profissional, em cursos planejados, de
ativa por vagas na educação de jovens e adultos; acordo com as características do público da educação de
9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e jovens e adultos e considerando as especificidades das
adultos com garantia de continuidade da escolarização básica; populações itinerantes e do campo e das comunidades
9.4) criar benefício adicional no programa nacional de indígenas e quilombolas, inclusive na modalidade de educação
transferência de renda para jovens e adultos que a distância;
frequentarem cursos de alfabetização; 10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos jovens e
9.5) realizar chamadas públicas regulares para educação adultos com deficiência e baixo nível de escolaridade, por meio
de jovens e adultos, promovendo-se busca ativa em regime de do acesso à educação de jovens e adultos articulada à educação
colaboração entre entes federados e em parceria com profissional;
organizações da sociedade civil; 10.5) implantar programa nacional de reestruturação e
9.6) realizar avaliação, por meio de exames específicos, aquisição de equipamentos voltados à expansão e à melhoria
que permita aferir o grau de alfabetização de jovens e adultos da rede física de escolas públicas que atuam na educação de
com mais de 15 (quinze) anos de idade; jovens e adultos integrada à educação profissional, garantindo
9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudante da acessibilidade à pessoa com deficiência;
educação de jovens e adultos por meio de programas 10.6) estimular a diversificação curricular da educação de
suplementares de transporte, alimentação e saúde, inclusive jovens e adultos, articulando a formação básica e a preparação
atendimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos, para o mundo do trabalho e estabelecendo inter-relações
em articulação com a área da saúde; entre teoria e prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da
9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e adultos, nas tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a organizar o
etapas de ensino fundamental e médio, às pessoas privadas de tempo e o espaço pedagógicos adequados às características
liberdade em todos os estabelecimentos penais, assegurando- desses alunos e alunas;
se formação específica dos professores e das professoras e 10.7) fomentar a produção de material didático, o
implementação de diretrizes nacionais em regime de desenvolvimento de currículos e metodologias específicas, os
colaboração; instrumentos de avaliação, o acesso a equipamentos e
9.9) apoiar técnica e financeiramente projetos inovadores laboratórios e a formação continuada de docentes das redes
na educação de jovens e adultos que visem ao

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públicas que atuam na educação de jovens e adultos articulada 11.10) expandir a oferta de educação profissional técnica
à educação profissional; de nível médio para as pessoas com deficiência, transtornos
10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial e globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
continuada para trabalhadores e trabalhadoras articulada à superdotação;
educação de jovens e adultos, em regime de colaboração e com 11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
apoio de entidades privadas de formação profissional cursos técnicos de nível médio na Rede Federal de Educação
vinculadas ao sistema sindical e de entidades sem fins Profissional, Científica e Tecnológica para 90% (noventa por
lucrativos de atendimento à pessoa com deficiência, com cento) e elevar, nos cursos presenciais, a relação de alunos (as)
atuação exclusiva na modalidade; por professor para 20 (vinte);
10.9) institucionalizar programa nacional de assistência ao 11.12) elevar gradualmente o investimento em programas
estudante, compreendendo ações de assistência social, de assistência estudantil e mecanismos de mobilidade
financeira e de apoio psicopedagógico que contribuam para acadêmica, visando a garantir as condições necessárias à
garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a permanência dos (as) estudantes e à conclusão dos cursos
conclusão com êxito da educação de jovens e adultos técnicos de nível médio;
articulada à educação profissional; 11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e regionais
10.10) orientar a expansão da oferta de educação de jovens no acesso e permanência na educação profissional técnica de
e adultos articulada à educação profissional, de modo a nível médio, inclusive mediante a adoção de políticas
atender às pessoas privadas de liberdade nos afirmativas, na forma da lei;
estabelecimentos penais, assegurando-se formação específica 11.14) estruturar sistema nacional de informação
dos professores e das professoras e implementação de profissional, articulando a oferta de formação das instituições
diretrizes nacionais em regime de colaboração; especializadas em educação profissional aos dados do
10.11) implementar mecanismos de reconhecimento de mercado de trabalho e a consultas promovidas em entidades
saberes dos jovens e adultos trabalhadores, a serem empresariais e de trabalhadores
considerados na articulação curricular dos cursos de formação
inicial e continuada e dos cursos técnicos de nível médio. Meta 12:

Meta 11: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para


50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e
triplicar as matrículas da educação profissional técnica de três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e
nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão
50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público. para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas
Estratégias: matrículas, no segmento público.
11.1) expandir as matrículas de educação profissional Estratégias:
técnica de nível médio na Rede Federal de Educação 12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura física e
Profissional, Científica e Tecnológica, levando em de recursos humanos das instituições públicas de educação
consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação superior, mediante ações planejadas e coordenadas, de forma
territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e a ampliar e interiorizar o acesso à graduação;
culturais locais e regionais, bem como a interiorização da 12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e
educação profissional; interiorização da rede federal de educação superior, da Rede
11.2) fomentar a expansão da oferta de educação Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do
profissional técnica de nível médio nas redes públicas sistema Universidade Aberta do Brasil, considerando a
estaduais de ensino; densidade populacional, a oferta de vagas públicas em relação
11.3) fomentar a expansão da oferta de educação à população na idade de referência e observadas as
profissional técnica de nível médio na modalidade de educação características regionais das micro e mesorregiões definidas
a distância, com a finalidade de ampliar a oferta e pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
democratizar o acesso à educação profissional pública e IBGE, uniformizando a expansão no território nacional;
gratuita, assegurado padrão de qualidade; 12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
11.4) estimular a expansão do estágio na educação cursos de graduação presenciais nas universidades públicas
profissional técnica de nível médio e do ensino médio regular, para 90% (noventa por cento), ofertar, no mínimo, um terço
preservando-se seu caráter pedagógico integrado ao itinerário das vagas em cursos noturnos e elevar a relação de estudantes
formativo do aluno, visando à formação de qualificações por professor (a) para 18 (dezoito), mediante estratégias de
próprias da atividade profissional, à contextualização aproveitamento de créditos e inovações acadêmicas que
curricular e ao desenvolvimento da juventude; valorizem a aquisição de competências de nível superior;
11.5) ampliar a oferta de programas de reconhecimento de 12.4) fomentar a oferta de educação superior pública e
saberes para fins de certificação profissional em nível técnico; gratuita prioritariamente para a formação de professores e
11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educação professoras para a educação básica, sobretudo nas áreas de
profissional técnica de nível médio pelas entidades privadas ciências e matemática, bem como para atender ao défice de
de formação profissional vinculadas ao sistema sindical e profissionais em áreas específicas;
entidades sem fins lucrativos de atendimento à pessoa com 12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência
deficiência, com atuação exclusiva na modalidade; estudantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições
11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à públicas, bolsistas de instituições privadas de educação
educação profissional técnica de nível médio oferecida em superior e beneficiários do Fundo de Financiamento
instituições privadas de educação superior; Estudantil - FIES, de que trata a Lei no 10.260, de 12 de julho
11.8) institucionalizar sistema de avaliação da qualidade de 2001, na educação superior, de modo a reduzir as
da educação profissional técnica de nível médio das redes desigualdades étnico-raciais e ampliar as taxas de acesso e
escolares públicas e privadas; permanência na educação superior de estudantes egressos da
11.9) expandir o atendimento do ensino médio gratuito escola pública, afrodescendentes e indígenas e de estudantes
integrado à formação profissional para as populações do com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
campo e para as comunidades indígenas e quilombolas, de altas habilidades ou superdotação, de forma a apoiar seu
acordo com os seus interesses e necessidades; sucesso acadêmico;

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12.6) expandir o financiamento estudantil por meio do 12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios
Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei multifuncionais das IES e ICTs nas áreas estratégicas definidas
no 10.260, de 12 de julho de 2001, com a constituição de fundo pela política e estratégias nacionais de ciência, tecnologia e
garantidor do financiamento, de forma a dispensar inovação.
progressivamente a exigência de fiador;
12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total Meta 13:
de créditos curriculares exigidos para a graduação em
programas e projetos de extensão universitária, orientando elevar a qualidade da educação superior e ampliar a
sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo
social; exercício no conjunto do sistema de educação superior para
12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da formação 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo,
na educação superior; 35% (trinta e cinco por cento) doutores.
12.9) ampliar a participação proporcional de grupos Estratégias:
historicamente desfavorecidos na educação superior, 13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação da
inclusive mediante a adoção de políticas afirmativas, na forma Educação Superior - SINAES, de que trata a Lei no 10.861, de
da lei; 14 de abril de 2004, fortalecendo as ações de avaliação,
12.10) assegurar condições de acessibilidade nas regulação e supervisão;
instituições de educação superior, na forma da legislação; 13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de
12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a Desempenho de Estudantes - ENADE, de modo a ampliar o
necessidade de articulação entre formação, currículo, pesquisa quantitativo de estudantes e de áreas avaliadas no que diz
e mundo do trabalho, considerando as necessidades respeito à aprendizagem resultante da graduação;
econômicas, sociais e culturais do País; 13.3) induzir processo contínuo de auto avaliação das
12.12) consolidar e ampliar programas e ações de instituições de educação superior, fortalecendo a participação
incentivo à mobilidade estudantil e docente em cursos de das comissões próprias de avaliação, bem como a aplicação de
graduação e pós-graduação, em âmbito nacional e instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem
internacional, tendo em vista o enriquecimento da formação fortalecidas, destacando-se a qualificação e a dedicação do
de nível superior; corpo docente;
12.13) expandir atendimento específico a populações do 13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos de
campo e comunidades indígenas e quilombolas, em relação a pedagogia e licenciaturas, por meio da aplicação de
acesso, permanência, conclusão e formação de profissionais instrumento próprio de avaliação aprovado pela Comissão
para atuação nessas populações; Nacional de Avaliação da Educação Superior - CONAES,
12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de formação integrando-os às demandas e necessidades das redes de
de pessoal de nível superior, destacadamente a que se refere à educação básica, de modo a permitir aos graduandos a
formação nas áreas de ciências e matemática, considerando as aquisição das qualificações necessárias a conduzir o processo
necessidades do desenvolvimento do País, a inovação pedagógico de seus futuros alunos (as), combinando formação
tecnológica e a melhoria da qualidade da educação básica; geral e específica com a prática didática, além da educação
12.15) institucionalizar programa de composição de para as relações étnico-raciais, a diversidade e as necessidades
acervo digital de referências bibliográficas e audiovisuais para das pessoas com deficiência;
os cursos de graduação, assegurada a acessibilidade às 13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades,
pessoas com deficiência; direcionando sua atividade, de modo que realizem,
12.16) consolidar processos seletivos nacionais e regionais efetivamente, pesquisa institucionalizada, articulada a
para acesso à educação superior como forma de superar programas de pós-graduação stricto sensu;
exames vestibulares isolados; 13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho de
12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas ociosas Estudantes - ENADE aplicado ao final do primeiro ano do curso
em cada período letivo na educação superior pública; de graduação pelo Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, a
12.18) estimular a expansão e reestruturação das fim de apurar o valor agregado dos cursos de graduação;
instituições de educação superior estaduais e municipais cujo 13.7) fomentar a formação de consórcios entre instituições
ensino seja gratuito, por meio de apoio técnico e financeiro do públicas de educação superior, com vistas a potencializar a
Governo Federal, mediante termo de adesão ao programa de atuação regional, inclusive por meio de plano de
reestruturação, na forma de regulamento, que considere a sua desenvolvimento institucional integrado, assegurando maior
contribuição para a ampliação de vagas, a capacidade fiscal e visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino,
as necessidades dos sistemas de ensino dos entes pesquisa e extensão;
mantenedores na oferta e qualidade da educação básica; 13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos e cursos de graduação presenciais nas universidades públicas,
qualidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos, os de modo a atingir 90% (noventa por cento) e, nas instituições
procedimentos adotados na área de avaliação, regulação e privadas, 75% (setenta e cinco por cento), em 2020, e
supervisão, em relação aos processos de autorização de cursos fomentar a melhoria dos resultados de aprendizagem, de
e instituições, de reconhecimento ou renovação de modo que, em 5 (cinco) anos, pelo menos 60% (sessenta por
reconhecimento de cursos superiores e de credenciamento ou cento) dos estudantes apresentem desempenho positivo igual
recredenciamento de instituições, no âmbito do sistema ou superior a 60% (sessenta por cento) no Exame Nacional de
federal de ensino; Desempenho de Estudantes - ENADE e, no último ano de
12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamento ao vigência, pelo menos 75% (setenta e cinco por cento) dos
Estudante do Ensino Superior - FIES, de que trata a Lei nº estudantes obtenham desempenho positivo igual ou superior
10.260, de 12 de julho de 2001, e do Programa Universidade a 75% (setenta e cinco por cento) nesse exame, em cada área
para Todos - PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de de formação profissional;
janeiro de 2005, os benefícios destinados à concessão de 13.9) promover a formação inicial e continuada dos (as)
financiamento a estudantes regularmente matriculados em profissionais técnico-administrativos da educação superior.
cursos superiores presenciais ou a distância, com avaliação
positiva, de acordo com regulamentação própria, nos
processos conduzidos pelo Ministério da Educação;

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Meta 14: caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,


assegurado que todos os professores e as professoras da
elevar gradualmente o número de matrículas na pós- educação básica possuam formação específica de nível
graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de superior, obtida em curso de licenciatura na área de
60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) conhecimento em que atuam.
doutores. Estratégias:
Estratégias: 15.1) atuar, conjuntamente, com base em plano estratégico
14.1) expandir o financiamento da pós-graduação stricto que apresente diagnóstico das necessidades de formação de
sensu por meio das agências oficiais de fomento; profissionais da educação e da capacidade de atendimento, por
14.2) estimular a integração e a atuação articulada entre a parte de instituições públicas e comunitárias de educação
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior existentes nos Estados, Distrito Federal e Municípios,
Superior - CAPES e as agências estaduais de fomento à e defina obrigações recíprocas entre os partícipes;
pesquisa; 15.2) consolidar o financiamento estudantil a estudantes
14.3) expandir o financiamento estudantil por meio do matriculados em cursos de licenciatura com avaliação positiva
Fies à pós-graduação stricto sensu; pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior -
14.4) expandir a oferta de cursos de pós-graduação stricto SINAES, na forma da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004,
sensu, utilizando inclusive metodologias, recursos e inclusive a amortização do saldo devedor pela docência efetiva
tecnologias de educação a distância; na rede pública de educação básica;
14.5) implementar ações para reduzir as desigualdades 15.3) ampliar programa permanente de iniciação à
étnico-raciais e regionais e para favorecer o acesso das docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura,
populações do campo e das comunidades indígenas e a fim de aprimorar a formação de profissionais para atuar no
quilombolas a programas de mestrado e doutorado; magistério da educação básica;
14.6) ampliar a oferta de programas de pós-graduação 15.4) consolidar e ampliar plataforma eletrônica para
stricto sensu, especialmente os de doutorado, nos campi novos organizar a oferta e as matrículas em cursos de formação
abertos em decorrência dos programas de expansão e inicial e continuada de profissionais da educação, bem como
interiorização das instituições superiores públicas; para divulgar e atualizar seus currículos eletrônicos;
14.7) manter e expandir programa de acervo digital de 15.5) implementar programas específicos para formação
referências bibliográficas para os cursos de pós-graduação, de profissionais da educação para as escolas do campo e de
assegurada a acessibilidade às pessoas com deficiência; comunidades indígenas e quilombolas e para a educação
14.8) estimular a participação das mulheres nos cursos de especial;
pós-graduação stricto sensu, em particular aqueles ligados às 15.6) promover a reforma curricular dos cursos de
áreas de Engenharia, Matemática, Física, Química, Informática licenciatura e estimular a renovação pedagógica, de forma a
e outros no campo das ciências; assegurar o foco no aprendizado do (a) aluno (a), dividindo a
14.9) consolidar programas, projetos e ações que carga horária em formação geral, formação na área do saber e
objetivem a internacionalização da pesquisa e da pós- didática específica e incorporando as modernas tecnologias de
graduação brasileiras, incentivando a atuação em rede e o informação e comunicação, em articulação com a base nacional
fortalecimento de grupos de pesquisa; comum dos currículos da educação básica, de que tratam as
14.10) promover o intercâmbio científico e tecnológico, estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e 3.3 deste PNE;
nacional e internacional, entre as instituições de ensino, 15.7) garantir, por meio das funções de avaliação,
pesquisa e extensão; regulação e supervisão da educação superior, a plena
14.11) ampliar o investimento em pesquisas com foco em implementação das respectivas diretrizes curriculares;
desenvolvimento e estímulo à inovação, bem como 15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos
incrementar a formação de recursos humanos para a inovação, cursos de formação de nível médio e superior dos profissionais
de modo a buscar o aumento da competitividade das empresas da educação, visando ao trabalho sistemático de articulação
de base tecnológica; entre a formação acadêmica e as demandas da educação
14.12) ampliar o investimento na formação de doutores de básica;
modo a atingir a proporção de 4 (quatro) doutores por 1.000 15.9) implementar cursos e programas especiais para
(mil) habitantes; assegurar formação específica na educação superior, nas
14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o respectivas áreas de atuação, aos docentes com formação de
desempenho científico e tecnológico do País e a nível médio na modalidade normal, não licenciados ou
competitividade internacional da pesquisa brasileira, licenciados em área diversa da de atuação docente, em efetivo
ampliando a cooperação científica com empresas, Instituições exercício;
de Educação Superior - IES e demais Instituições Científicas e 15.10) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível médio
Tecnológicas - ICTs; e tecnológicos de nível superior destinados à formação, nas
14.14) estimular a pesquisa científica e de inovação e respectivas áreas de atuação, dos (as) profissionais da
promover a formação de recursos humanos que valorize a educação de outros segmentos que não os do magistério;
diversidade regional e a biodiversidade da região amazônica e 15.11) implantar, no prazo de 1 (um) ano de vigência desta
do cerrado, bem como a gestão de recursos hídricos no Lei, política nacional de formação continuada para os (as)
semiárido para mitigação dos efeitos da seca e geração de profissionais da educação de outros segmentos que não os do
emprego e renda na região; magistério, construída em regime de colaboração entre os
14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das IES e entes federados;
das ICTs, de modo a incrementar a inovação e a produção e 15.12) instituir programa de concessão de bolsas de
registro de patentes. estudos para que os professores de idiomas das escolas
públicas de educação básica realizem estudos de imersão e
Meta 15: aperfeiçoamento nos países que tenham como idioma nativo
as línguas que lecionem;
garantir, em regime de colaboração entre a União, os 15.13) desenvolver modelos de formação docente para a
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) educação profissional que valorizem a experiência prática, por
ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos meio da oferta, nas redes federal e estaduais de educação
profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do

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profissional, de cursos voltados à complementação e no 11.738, de 16 de julho de 2008, com implantação gradual
certificação didático-pedagógica de profissionais experientes. do cumprimento da jornada de trabalho em um único
estabelecimento escolar;
Meta 16: 17.4) ampliar a assistência financeira específica da União
aos entes federados para implementação de políticas de
formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por valorização dos (as) profissionais do magistério, em particular
cento) dos professores da educação básica, até o último ano de o piso salarial nacional profissional.
vigência deste PNE, e garantir a todos (as) os (as) profissionais
da educação básica formação continuada em sua área de Meta 18:
atuação, considerando as necessidades, demandas e
contextualizações dos sistemas de ensino. assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos
Estratégias: de Carreira para os (as) profissionais da educação básica e
16.1) realizar, em regime de colaboração, o planejamento superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano
estratégico para dimensionamento da demanda por formação de Carreira dos (as) profissionais da educação básica pública,
continuada e fomentar a respectiva oferta por parte das tomar como referência o piso salarial nacional profissional,
instituições públicas de educação superior, de forma orgânica definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da
e articulada às políticas de formação dos Estados, do Distrito Constituição Federal.
Federal e dos Municípios; Estratégias:
16.2) consolidar política nacional de formação de 18.1) estruturar as redes públicas de educação básica de
professores e professoras da educação básica, definindo modo que, até o início do terceiro ano de vigência deste PNE,
diretrizes nacionais, áreas prioritárias, instituições 90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos
formadoras e processos de certificação das atividades profissionais do magistério e 50% (cinquenta por cento), no
formativas; mínimo, dos respectivos profissionais da educação não
16.3) expandir programa de composição de acervo de docentes sejam ocupantes de cargos de provimento efetivo e
obras didáticas, paradidáticas e de literatura e de dicionários, estejam em exercício nas redes escolares a que se encontrem
e programa específico de acesso a bens culturais, incluindo vinculados;
obras e materiais produzidos em Libras e em Braille, sem 18.2) implantar, nas redes públicas de educação básica e
prejuízo de outros, a serem disponibilizados para os superior, acompanhamento dos profissionais iniciantes,
professores e as professoras da rede pública de educação supervisionados por equipe de profissionais experientes, a fim
básica, favorecendo a construção do conhecimento e a de fundamentar, com base em avaliação documentada, a
valorização da cultura da investigação; decisão pela efetivação após o estágio probatório e oferecer,
16.4) ampliar e consolidar portal eletrônico para subsidiar durante esse período, curso de aprofundamento de estudos na
a atuação dos professores e das professoras da educação área de atuação do (a) professor (a), com destaque para os
básica, disponibilizando gratuitamente materiais didáticos e conteúdos a serem ensinados e as metodologias de ensino de
pedagógicos suplementares, inclusive aqueles com formato cada disciplina;
acessível; 18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da Educação, a
16.5) ampliar a oferta de bolsas de estudo para pós- cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de vigência deste
graduação dos professores e das professoras e demais PNE, prova nacional para subsidiar os Estados, o Distrito
profissionais da educação básica; Federal e os Municípios, mediante adesão, na realização de
16.6) fortalecer a formação dos professores e das concursos públicos de admissão de profissionais do magistério
professoras das escolas públicas de educação básica, por meio da educação básica pública;
da implementação das ações do Plano Nacional do Livro e 18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais da
Leitura e da instituição de programa nacional de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
disponibilização de recursos para acesso a bens culturais pelo licenças remuneradas e incentivos para qualificação
magistério público. profissional, inclusive em nível de pós-graduação stricto
sensu;
Meta 17: 18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano de
vigência deste PNE, por iniciativa do Ministério da Educação,
valorizar os (as) profissionais do magistério das redes em regime de colaboração, o censo dos (as) profissionais da
públicas de educação básica de forma a equiparar seu educação básica de outros segmentos que não os do
rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com magistério;
escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência 18.6) considerar as especificidades socioculturais das
deste PNE. escolas do campo e das comunidades indígenas e quilombolas
Estratégias: no provimento de cargos efetivos para essas escolas;
17.1) constituir, por iniciativa do Ministério da Educação, 18.7) priorizar o repasse de transferências federais
até o final do primeiro ano de vigência deste PNE, fórum voluntárias, na área de educação, para os Estados, o Distrito
permanente, com representação da União, dos Estados, do Federal e os Municípios que tenham aprovado lei específica
Distrito Federal, dos Municípios e dos trabalhadores da estabelecendo planos de Carreira para os (as) profissionais da
educação, para acompanhamento da atualização progressiva educação;
do valor do piso salarial nacional para os profissionais do 18.8) estimular a existência de comissões permanentes de
magistério público da educação básica; profissionais da educação de todos os sistemas de ensino, em
17.2) constituir como tarefa do fórum permanente o todas as instâncias da Federação, para subsidiar os órgãos
acompanhamento da evolução salarial por meio de competentes na elaboração, reestruturação e implementação
indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - dos planos de Carreira.
PNAD, periodicamente divulgados pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; Meta 19:
17.3) implementar, no âmbito da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, planos de Carreira para os assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a
(as) profissionais do magistério das redes públicas de efetivação da gestão democrática da educação, associada a
educação básica, observados os critérios estabelecidos na Lei critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública

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à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, 20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de
prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto. acompanhamento da arrecadação da contribuição social do
Estratégias: salário-educação;
19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias da 20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do ensino,
União na área da educação para os entes federados que em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do art. 212
tenham aprovado legislação específica que regulamente a da Constituição Federal, na forma da lei específica, a parcela da
matéria na área de sua abrangência, respeitando-se a participação no resultado ou da compensação financeira pela
legislação nacional, e que considere, conjuntamente, para a exploração de petróleo e gás natural e outros recursos, com a
nomeação dos diretores e diretoras de escola, critérios finalidade de cumprimento da meta prevista no inciso VI do
técnicos de mérito e desempenho, bem como a participação da caput do art. 214 da Constituição Federal;
comunidade escolar; 20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que
19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos (às) assegurem, nos termos do parágrafo único do art. 48 da Lei
conselheiros (as) dos conselhos de acompanhamento e Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a transparência
controle social do Fundeb, dos conselhos de alimentação e o controle social na utilização dos recursos públicos
escolar, dos conselhos regionais e de outros e aos (às) aplicados em educação, especialmente a realização de
representantes educacionais em demais conselhos de audiências públicas, a criação de portais eletrônicos de
acompanhamento de políticas públicas, garantindo a esses transparência e a capacitação dos membros de conselhos de
colegiados recursos financeiros, espaço físico adequado, acompanhamento e controle social do Fundeb, com a
equipamentos e meios de transporte para visitas à rede colaboração entre o Ministério da Educação, as Secretarias de
escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções; Educação dos Estados e dos Municípios e os Tribunais de
19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Contas da União, dos Estados e dos Municípios;
Municípios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação, 20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de
com o intuito de coordenar as conferências municipais, Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP,
estaduais e distrital bem como efetuar o acompanhamento da estudos e acompanhamento regular dos investimentos e
execução deste PNE e dos seus planos de educação; custos por aluno da educação básica e superior pública, em
19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, a todas as suas etapas e modalidades;
constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e 20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE, será
associações de pais, assegurando-se lhes, inclusive, espaços implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi,
adequados e condições de funcionamento nas escolas e referenciado no conjunto de padrões mínimos estabelecidos
fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos na legislação educacional e cujo financiamento será calculado
escolares, por meio das respectivas representações; com base nos respectivos insumos indispensáveis ao processo
19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de de ensino-aprendizagem e será progressivamente reajustado
conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como até a implementação plena do Custo Aluno Qualidade - CAQ;
instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e 20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ como
educacional, inclusive por meio de programas de formação de parâmetro para o financiamento da educação de todas etapas
conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento e modalidades da educação básica, a partir do cálculo e do
autônomo; acompanhamento regular dos indicadores de gastos
19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais educacionais com investimentos em qualificação e
da educação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos remuneração do pessoal docente e dos demais profissionais da
projetos político-pedagógicos, currículos escolares, planos de educação pública, em aquisição, manutenção, construção e
gestão escolar e regimentos escolares, assegurando a conservação de instalações e equipamentos necessários ao
participação dos pais na avaliação de docentes e gestores ensino e em aquisição de material didático-escolar,
escolares; alimentação e transporte escolar;
19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, 20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 (três) anos e será
administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de continuamente ajustado, com base em metodologia formulada
ensino; pelo Ministério da Educação - MEC, e acompanhado pelo
19.8) desenvolver programas de formação de diretores e Fórum Nacional de Educação - FNE, pelo Conselho Nacional de
gestores escolares, bem como aplicar prova nacional Educação - CNE e pelas Comissões de Educação da Câmara dos
específica, a fim de subsidiar a definição de critérios objetivos Deputados e de Educação, Cultura e Esportes do Senado
para o provimento dos cargos, cujos resultados possam ser Federal;
utilizados por adesão. 20.9) regulamentar o parágrafo único do art. 23 e o art. 211
da Constituição Federal, no prazo de 2 (dois) anos, por lei
Meta 20: complementar, de forma a estabelecer as normas de
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
ampliar o investimento público em educação pública de Municípios, em matéria educacional, e a articulação do sistema
forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) nacional de educação em regime de colaboração, com
do Produto Interno Bruto - PIB do País no 5º (quinto) ano de equilíbrio na repartição das responsabilidades e dos recursos
vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por e efetivo cumprimento das funções redistributiva e supletiva
cento) do PIB ao final do decênio. da União no combate às desigualdades educacionais regionais,
Estratégias: com especial atenção às regiões Norte e Nordeste
20.1) garantir fontes de financiamento permanentes e 20.10) caberá à União, na forma da lei, a complementação
sustentáveis para todos os níveis, etapas e modalidades da de recursos financeiros a todos os Estados, ao Distrito Federal
educação básica, observando-se as políticas de colaboração e aos Municípios que não conseguirem atingir o valor do CAQi
entre os entes federados, em especial as decorrentes do art. 60 e, posteriormente, do CAQ;
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e do § 1° 20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de
do art. 75 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que Responsabilidade Educacional, assegurando padrão de
tratam da capacidade de atendimento e do esforço fiscal de qualidade na educação básica, em cada sistema e rede de
cada ente federado, com vistas a atender suas demandas ensino, aferida pelo processo de metas de qualidade aferidas
educacionais à luz do padrão de qualidade nacional; por institutos oficiais de avaliação educacionais;

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APOSTILAS OPÇÃO

20.12) definir critérios para distribuição dos recursos 05. (IF/SC - Técnico de Laboratório) O Plano Nacional de
adicionais dirigidos à educação ao longo do decênio, que Educação - PNE aprovado em 2014 ao se tratar
considerem a equalização das oportunidades educacionais, a especificamente da Educação Profissional, estabeleceu em sua
vulnerabilidade socioeconômica e o compromisso técnico e de Meta 11 - triplicar as matrículas da educação profissional
gestão do sistema de ensino, a serem pactuados na instância técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e
prevista no § 5° do art. 7° desta Lei. pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no
segmento público.
Questões São estratégias para atingir a Meta 11 do PNE nos
próximos 10 anos, EXCETO.
01. (SAP/SP - Analista Sócio Cultural-Pedagogia - (A) Elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
VUNESP) O Plano Nacional de Educação (PNE) constitui-se em cursos técnicos de nível médio na Rede Federal de Educação
uma importante política educacional, traça diretrizes e metas Profissional, Científica e Tecnológica para 90% (noventa por
para a Educação no Brasil e tem prazo de até dez anos para que cento) e elevar, nos cursos presenciais, a relação de alunos por
todas elas sejam cumpridas. Entre as principais metas estão a professor para 20 (vinte).
melhoria da qualidade do ensino e a erradicação do (B) Expandir as matrículas de educação profissional
analfabetismo. É correto afirmar que o PNE é um plano técnica de nível médio na Rede Federal de Educação
(A) global, de toda a educação. Profissional, Científica e Tecnológica, levando em
(B) da União. consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação
(C) de governo. territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e
(D) da Secretaria de Educação. culturais locais e regionais, bem como a interiorização da
(E) da rede de ensino estadual ou municipal. educação profissional.
(C) Elevar gradualmente o investimento em programas de
02. (Prefeitura de Macapá/AP - Pedagogo - FCC/2018) assistência estudantil e mecanismos de mobilidade acadêmica,
Para financiar as metas do Plano Nacional de Educação (2014- visando a garantir as condições necessárias à permanência dos
2024), em acréscimo aos recursos vinculados na Constituição, estudantes e à conclusão dos cursos técnicos de nível médio.
além de outros recursos inscritos em lei, está previsto, na meta (D) Reduzir as desigualdades étnico-raciais e regionais no
20, da Lei n° 13.005/2014, ampliar o investimento público de acesso e permanência na educação profissional técnica de
forma a atingir o equivalente a nível médio, inclusive mediante a adoção de políticas
(A) 10% do PIB, ao final do decênio. afirmativas
(B) 7% do PIB, ao final do decênio. (E) Otimizar a capacidade dos recursos físicos e humanos
(C) 10% do PIB, no 15° ano de vigência da lei. já existentes nas Instituições da Rede Federal de Educação
(D) 12% do PIB, nos 12 primeiros anos de vigência da lei. Profissional Científica e Tecnológica mediante ações
(E) 1% de aumento do PIB, a cada ano, durante os planejadas e coordenadas de forma a ampliar e interiorizar o
primeiros dez anos da vigência da lei. acesso à educação profissional.

03. (IF/SP - Professor - FUNDEP) Sobre o Plano Nacional Gabarito


de Educação (PNE), é INCORRETO afirmar que
(A) o ‘Dia do Plano Nacional de Educação’, é comemorado, 01.A / 02.A / 03.C / 04.B / 05.E
anualmente, em 12 de dezembro.
(B) entre os seus objetivos está o da democratização da
gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais. Organização do ensino na
(C) compete exclusivamente ao Estado, com base no Plano escola. A Gestão democrática e
Nacional de Educação, elaborar o plano decenal.
(D) para esse plano, a melhoria da qualidade do ensino instâncias colegiadas de
perpassa pela valorização do magistério, uma vez que os gestão na escola pública de
docentes exercem um papel decisivo no processo educacional. ensino
04. (IF/SC - Técnico de Laboratório) Em 2014, após anos
de construção foi aprovado o Plano Nacional de Educação - A ESCOLA COMO ORGANIZAÇÃO EDUCATIVA: GESTÃO
PNE, por meio da Lei nº 13.005, com vistas a dar cumprimento DEMOCRÁTICA E AUTONOMIA
ao artigo 214 da Constituição Federal Brasileira. Sobre o PNE,
analise as assertivas abaixo. 15O olhar sociológico sobre o processo de educação,
I. São diretrizes do PNE a erradicação do analfabetismo e a segundo Gómez, aponta que o ser humano utiliza mecanismos
promoção do princípio da gestão democrática da educação e sistemas externos de transmissão de suas conquistas sociais,
pública. para garantir a sobrevivência das novas gerações. Em grupos
II. A execução do PNE e o cumprimento de suas metas reduzidos e sociedades primitivas, essa aprendizagem das
serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações conquistas sociais e a educação da geração mais jovem
periódicas ao longo dos 10 (dez) anos de sua vigência. aconteciam de uma forma direta. A complexidade e
III. Compete ao INEP divulgar os resultados do diversificação das tarefas das sociedades contemporâneas
monitoramento e das avaliações em seu sítio institucional. concorreram para que, no decorrer da história, surgissem
Assinale a alternativa que contém a resposta CORRETA. diferentes formas de suprir as deficiências nesse processo de
(A) Apenas as assertivas I e III são verdadeiras. socialização direta às gerações mais jovens, como a figura do
(B) Apenas a assertiva III é falsa tutor, preceptor até a escola formalmente instituída. Mesmo a
(C) Apenas a assertiva II é falsa. escola não operando como única instância de reprodução da
(D) Apenas a assertiva III é verdadeira. comunidade social, pois a família, grupos sociais e meios de
(E) Apenas assertiva I é verdadeira. comunicação também exercem essa influência, o autor conclui
que a escola, por seus conteúdos, por suas formas e por seus

15 SOARES, E. F. A Escola como Organização Educativa: Gestão Democrática e

Autonomia. Pesquisa em Pós-Graduação – Série Educação – N°7. Santos.

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sistemas de organização, introduz nos alunos/as, paulatina, intencional e direcionada ao alcance das finalidades propostas,
mas progressivamente, as ideias, os conhecimentos, as tendo como suporte os meios técnicos e de conhecimento.
concepções, as disposições e modos de conduta que a A escola como organização, segundo Lima, torna-se
sociedade adulta requer. burocrática pela rigidez das leis e dos regulamentos, na
Por prestar-se a essa função social específica, a escola hierarquia, na organização formal, na especialização e em
afirma-se como uma instância educativa especializada, que outros elementos que são comuns às grandes organizações
separa o aprender do fazer, com a relação pedagógica no consideradas burocráticas.
quadro de classe e uma nova forma de socialização escolar, que Lima destaca a desconexão entre o que a escola apresenta
progressivamente tornou-se hegemônica. Para o autor, a como modelo de organização e o que de fato ocorre em sua
“escola é uma forma, é uma organização e é uma instituição”. rotina. A escola em um modelo burocrático apresenta papéis
A dimensão instituição se refere, segundo o autor, a um bem definidos, rigidez, hierarquia de cargos e especialização.
conjunto de valores estáveis e intrínsecos, com um papel Em um universo que o autor denomina como “não oficial”,
central na integração social e preparação para a inserção na aparecem “os conflitos organizacionais, a definição
divisão social do trabalho. A escola desempenha o papel problemática dos objetivos, as dificuldades impostas por uma
“fundamental de unificação cultural, linguística e política, tecnologia ambígua e as estruturas informais.” Situa-se assim
afirmando-se como um instrumento fundamental da o modelo anárquico de organização.
construção dos modernos estados-nação”. O modelo anárquico se contrapõe ao modelo racional por
Com relação à forma, o autor refere-se a uma nova maneira apresentar objetivos que não são considerados claros e
de conceber a aprendizagem, baseada na “revelação, na conflitantes e as tecnologias dúbias e incertas.
cumulatividade e na exterioridade” e por possuir autonomia Para Lima, o modelo anárquico apresenta três indicadores
própria, pode existir “independentemente da organização e da fundamentais:
instituição escolar”. Trata-se de uma “escolarização das 1) Inconsistência e definição insuficiente dos objetivos e
atividades educativas não escolares”. A forma refere-se a da intencionalidade da organização;
conferir à escola quase o domínio da ação educativa, excluindo 2) Falta de clareza dos membros da organização quanto a
dela os saberes não escolares. processos e tecnologia;
No aspecto da organização, o autor destaca a viabilidade 3) Níveis de participação dos membros oscilante de uma
dos sistemas escolares modernos, que transformaram o ocasião para outra.
ensino de uma ação individual, mestre-aluno, para o ensino
simultâneo, professor-classe. Essa organização é caracterizada Lima salienta que a imagem de anarquia organizada não
pelos modos específicos de “organizar espaços, os tempos, os abrange juízo de valor ou crítica negativa, nem tampouco o
agrupamentos dos alunos e as modalidades de relação com o sentido de indicar má organização, ou mesmo, desorganização,
saber”. mas o contraste com a organização burocrática. Significa
A escola como organização é objeto de estudo de vários desconexão entre estruturas, atividades, objetivos, decisões e
autores, como Lima, Nóvoa, Canário, entre outros. Sob o olhar realizações.
de Lima, a escola é entendida como “organização educativa O modelo burocrático apresenta um processo definido de
complexa e multifacetada”. A ideia de organização remete a ações: identificar o problema, diagnosticar, decidir,
uma forma ordenada e estruturada de planejar uma ação e ter implementar e avaliar, porém no cotidiano “...muitos de seus
condições de efetivá-la. Assim, a escola como organização elementos são desligados, se encontram relativamente
educativa tem princípios e procedimentos que estão independentes, em termos de intenções e de ações, processos
relacionados à ação de coordenar todos os envolvidos no e tecnologias adaptados e resultados obtidos, administradores
processo educativo, tendo em vista atingir aos objetivos e e professores, professores e professores, professores e alunos
preferências a que se propõe. etc”.
A imagem da anarquia organizada também é representada
No que se refere à organização escolar, Lima relaciona, pela metáfora do caixote do lixo, pela “falta de
apoiado em Ellströn, quatro modelos de organização: modelo intencionalidade de certas ações organizacionais e de
político, modelo de sistema social, modelo racional/burocrático contrapor ao modelo burocrático e ao seu conhecido circuito
e o modelo anárquico. sequencial - identificação do problema, definição, seleção da
No modelo político sobressai a diversidade de interesses solução, implementação e avaliação”. O autor explica que,
ideológicos e objetivos não partilhados por todos. O autor posto desta forma, exclui a ideia de que somente se age
destaca neste modelo “a importância do poder, da luta e do mediante a um problema formulado com clareza e que muitas
conflito, e um tipo de racionalidade - a racionalidade política”. vezes na organização escolar, não se sabe qual é a questão, se
Por suas características, e por ser a escola pública controlada não quando se descobre a resposta.
pelo Estado, esta forma de organização tem poucas condições A escola como organização não é exclusivamente
de ser aplicada, embora em alguns momentos históricos, burocrática, nem exclusivamente anárquica, porém a escola
ressalta o autor, os elementos característicos deste modelo está “formalmente organizada e estruturada de acordo com o
sejam importantes para o estudo da escola. modelo imposto uniformemente em todo país”.
O modelo de sistema social apresenta os processos Lima destaca que o termo anarquia não exprime a ideia de
organizacionais mais como fenômenos espontâneos do que a má organização, mas outra forma de organização que
intenção de ação organizacional. Para o autor, este modelo contrasta com uma organização racional/ burocrática. Ele
privilegia “o consenso, a adaptação ao ambiente, a salienta que não se trata de ausência de chefia ou direção, mas
estabilidade”. Tal qual o modelo político, o modelo de sistema “desconexão relativa entre elementos da organização”.
social não é dominante nos estudos sobre a organização A escola não tem um modelo exclusivo de organização, pois
escolar. ora apresenta um modo de funcionamento denominado por
O modelo racional/burocrático apresentado por Lima dá Lima por conjuntivo, ora disjuntivo. Dessa forma, na escola
ênfase ao consenso e a clareza dos objetivos organizacionais e “...ora se ligam objetivos, estruturas, recursos e atividades e se
admite a existência de processos e tecnologias claros e é fiel às normas burocráticas, ora se promove a sua separação
transparentes. A ação organizacional é proveniente de e se reproduzem regras alternativas; ora se respeita a conexão
decisões bem definidas, isto significa que a escolha é uma ação normativa, ora se rompe com ela e se promove a desconexão
de análise racional. Neste modelo, a decisão deve ser de facto.

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Lima ressalta a existência dos dois modelos em uma A participação da comunidade escolar nos conselhos
mesma organização, podendo até haver a preponderância de reforça a gestão democrática. Para Bordignon e Gracindo, a
um deles, mas não a hegemonia total de um. “A escola não será, gestão democrática não deve ser compreendida como um
exclusivamente, burocrática ou anárquica. Mas não sendo princípio, mas uma meta a ser alcançada e aperfeiçoada,
exclusivamente uma coisa ou a outra poderá ser tornando-se uma prática nos ambientes escolares, sendo
simultaneamente as duas”. necessário para isso, passar de uma visão fragmentada, para
A escola como organização, independentemente se de uma uma visão globalizadora, expandir a responsabilidade, ser um
forma racional ou não, é um espaço onde se tomam decisões. processo contínuo, deixar a hierarquização e burocratização
Para Nóvoa, entre uma percepção se privilegiando o nível para a coordenação e finalmente, de uma ação individual para
meso, a própria escola como espaço de intervenção e para o o coletivo.
autor “a identificação das margens da mudança possível A ideia de gestão democrática remete que a participação
implica a contextualização social e política das instituições do coletivo na tomada de decisão é fator preponderante, mas
escolares, bem como a apropriação ad intra dos seus essa atuação deve ser pautada no acesso e transparência das
mecanismos de tomada de decisão e das suas relações de informações, que, no caso deste estudo, podem ser
poder”. disponibilizadas pelo Siges. As informações que o Sistema
oferece podem ser compartilhadas com todos os envolvidos no
A Escola e a Gestão Democrática processo educativo e a reflexão sobre esses dados pode dar
Para Lück, a gestão corresponde à dinâmica de gerir sentido e concretude às ações definidas para se atingir metas
sistema de ensino como um todo, em seus diversos níveis de e objetivos.
organização, afinando as políticas públicas nacionais, macro Entre a legislação que estabelece a gestão democrática e a
sistema, com o micro sistema, possibilitando um processo de sua consecução pelas escolas, faz-se necessário a reflexão
[...] implementação das políticas educacionais e projetos sobre a autonomia que é um componente implícito ao
pedagógicos das escolas, compromissado com os princípios da princípio de gestão democrática.
democracia e com métodos que organizem e criem condições
para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias, A Escola e Sua Autonomia
no âmbito de suas competências), de participação Ao se discutir a autonomia da escola, cabe inicialmente a
compartilhada (tomada conjunta de decisões e efetivação de reflexão sobre o conceito de autonomia. Barroso chama a
resultados), autocontrole (acompanhamento e avaliação com atenção para a concepção de autonomia como autogoverno, no
retorno de informações) e transparência (demonstração sentido da possibilidade do indivíduo se reger por regras
pública de seus processos e resultados). próprias. Nessa linha de pensamento, o autor continua
A participação da sociedade deve ocorrer em todos os ponderando que se a autonomia pressupõe a liberdade (e
segmentos dos sistemas de ensino, tanto nos órgãos centrais, capacidade) de decidir, ela não se confunde com a
como nos respectivos órgãos regionais. A esse respeito, Lück “independência”. A autonomia é um conceito relacional
afirma que: [...] a lógica da gestão é orientada pelos princípios (somos sempre autônomos de alguém ou de alguma coisa)
democráticos e é caracterizada pelo reconhecimento da pelo que a sua ação se exerce sempre num contexto de
importância da participação consciente e esclarecida das interdependências e num sistema de relações. A autonomia é
pessoas nas decisões sobre a orientação, organização e também um conceito que exprime sempre um certo grau de
planejamento de seu trabalho e articulação das várias relatividade: somos mais, ou menos autônomos; podemos ser
dimensões e dos vários desdobramentos de seu processo de autónomos em relação a umas coisas e não ser em relação a
implementação. outras. A autonomia é, por isso, uma maneira de gerir, orientar,
Os dispositivos constantes tanto da Constituição Federal, as diversas dependências em que os indivíduos e os grupos se
como na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional encontram no seu meio biológico ou social, de acordo com as
(LDBEN) possibilitaram a institucionalização dos mecanismos suas próprias leis.
de participação nos sistemas educacionais e na gestão escolar. A Constituição Federal do Brasil apresenta dispositivos
Ao dispor desse espaço, cabe à escola organizar- se para que traduzem a concepção de educação fundamentada no
exercitá-lo. exercício efetivo da cidadania, posto que um dos seus
Se a educação que defendemos é aquela que contribui para princípios seja a gestão democrática da escola pública (artigo
a democracia, a escola deve começar por ela mesma a se 206). A mesma legislação estabelece a autonomia dos sistemas
organizar como campo de relações democráticas que de ensino (artigo 211). A autonomia de gestão pedagógica,
antecipem uma ordem social mais coletiva, mais participativa, administrativa e financeira, de acordo com o artigo 15 da
mais igualitária, mais comprometida com a construção de uma LDBEN será assegurada de forma progressiva, às unidades
sociedade mais justa. escolares públicas de educação básica, pelos sistemas de
Os conselhos de políticas públicas são os mecanismos mais ensino.
disseminados de participação. A área educacional conta com Assim, para efetivação da gestão democrática é necessário
órgãos vinculados à gestão dos sistemas de ensino, com a o reconhecimento da autonomia das unidades escolares.
denominação de “conselho” com função consultiva e
normativa, como os conselhos de Educação, em esfera ...o desenvolvimento de uma política de reforço da
municipal, estadual e federal, assim como outros órgãos autonomia das escolas, mais do que “regulamentar” o seu
ligados às organizações escolares, como os conselhos exercício, deve criar as condições para que ela seja “construída”
escolares. Há, por fim, os que dizem respeito à gestão de em cada escola, de acordo com as suas especificidades locais e
políticas educacionais específicas, como conselhos FUNDEB, no respeito pelos princípios e objetivos que enformam o sistema
conselhos de alimentação, entre outros. público nacional de ensino.
A existência desses Conselhos, de acordo com o espírito
das leis existentes, não é o de serem órgãos burocráticos, Antunes aponta que a autonomia tal como a concebe o
cartoriais e engessadores da dinamicidade dos profissionais e campo democrático popular, objetiva contribuir com a
administradores da educação ou da autonomia dos sistemas. capacidade da sociedade civil para gerir políticas públicas,
Sua linha de frente é, dentro da relação Estado e Sociedade, avaliar e fiscalizar os serviços prestados à população no
estar a serviço das finalidades maiores da educação e cooperar sentido de tornar público o caráter privativo do Estado.
com o zelo pela aprendizagem nas escolas brasileiras. Segundo Martins, a ideia de autonomia remete que “uma
escola autônoma é aquela que governa a si própria”. Porém faz

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uma alerta: ao estar atrelada aos regulamentos de um sistema decretar são as normas e regras formais que regulam a
de ensino, a autonomia da escola fica restrita a um campo de partilha de poderes e a distribuição de competências entre os
atuação que abrange a elaboração de projetos pedagógicos, diferentes níveis de administração, incluindo o
escolha/eleição de alguns cargos da equipe escolar, escolha de estabelecimento de ensino. Essas normas podem favorecer ou
materiais didáticos, definição de currículo da parte dificultar a “autonomia da escola”, mas são, só por si (como a
diversificada e busca de parcerias no setor privado. A experiência nos demonstra todos os dias), incapazes de a criar
autonomia para a escola está de alguma forma limitada ao que ou a destruir.
o sistema de ensino estabelece como diretrizes e normas. A autonomia não se faz por si só, ela é resultante do
De outro lado, Nóvoa, ao discorrer sobre a autonomia equilíbrio de influências internas e externas, entre governo e
relativa da escola, pondera que a escola como um território seus representantes e a escola com seus gestores, professores,
intermediário de decisão no domínio educativo, que não se alunos, pais e comunidade, no processo de tomada de decisão.
limita a reproduzir as normas e valores do macro sistema, mas A promoção de uma gestão educacional democrática e
que também não pode ser exclusivamente investida como um participativa está associada ao compartilhamento de
microuniverso dependente do jogo dos atores sociais em responsabilidades no processo de tomada de decisão entre os
presença. diversos níveis e segmentos de autoridade do sistema de
Se por um lado o conceito de autonomia se conecta à ideia ensino e de escolas. Desse modo, as unidades de ensino
de autogoverno e se por outro é nas escolas que as políticas poderiam, em seu interior, praticar a busca de soluções
educacionais se realizam de fato, “percebe-se que o novo próprias para seus problemas e, portanto, mais adequadas às
paradigma da gestão precisa resgatar o papel e o lugar da suas necessidades e expectativas.
escola como centro e eixo do processo educativo autônomo”.
Como contraponto ao espaço de autonomia que a escola Sendo assim, a escola como organização educativa dispõe
pública dispõe, visto que deve seguir normas e diretrizes de autonomia, ainda que relativa, e pode exercê-la, adotando
estabelecidas pelo sistema de ensino a que está vinculada, práticas de gestão democrática apoiadas em auto avaliação
Bordignon e Gracindo assim se manifestam: É bem verdade institucional e dados disponíveis em sítios oficiais para melhor
que a estrutura legal e jurídica e as demandas do sistema qualificar seu processo de tomada de decisões.
educacional impõem, muitas vezes, condicionantes que
limitam a escola na definição de políticas e diretrizes e no A Gestão Escolar e o Clima Organizacional16
acompanhamento das ações. Mas, mais do que lamentar os O clima de uma escola é o conjunto de efeitos subjetivos
espaços não cedidos pelo sistema, por meio de planejamento, percebidos pelas pessoas, quando interagem com a estrutura
as escolas e os sistemas municipais podem agir pró- formal, bem como o estilo dos administradores escolares,
ativamente, explorando os espaços não impedidos por esses influenciando nas atitudes, crenças, valores e motivação dos
condicionantes e criando novos, negociados com o ambiente, professores, alunos e funcionários.
garantindo sua legitimidade e gerando mecanismos de O clima exerce uma influência muito grande no
salvaguardas amortecedoras dos impactos negativos. A comportamento e nos sentimentos dos professores em relação
autonomia só é verdadeira e duradoura quando conquistada. à organização escolar, influenciando o seu desempenho.
As leis são, por natureza, conservadoras. Ação é que é Na verdade, a melhora do clima de ensino depende da
inovadora, criando o ambiente para as leis avançarem. melhora do clima organizacional da escola. O atrito
A autonomia da escola é resultante da ação concreta dos interpessoal excessivo entre professores e administradores, a
atores que a constituem, mesmo que relativa. Autonomia não moral baixa, um sentimento de fraqueza por parte dos
existe fora da ação organizada dos membros da escola. As professores e uma estratégia de submissão coercitiva, não
diretrizes emanadas dos órgãos oficiais que se destinam a podem ser removidos, apenas fechando a porta. Eles tem
reforçar a autonomia das escolas, segundo Barroso, devem: efeitos poderosos sobre o que os professores fazem, na
assentar sobretudo na criação de condições e na montagem de maneira como os professores se relacionam entre si, como
dispositivos que permitam, simultaneamente, “libertar” as sobre a realização do estudante e suas aquisições efetivas.
autonomias individuais e dar-lhes um sentido coletivo, na Dessa forma, o clima torna-se um elo entre a estrutura
prossecução dos objetivos organizadores do serviço público organizacional da escola, a liderança exercida pelos gestores
de educação nacional, claramente consagrados na lei escolares e o comportamento e a atitude dos professores.
fundamental, e de que se destacam a equidade do serviço Suponhamos uma escola onde a participação dos
prestado e a democraticidade do seu funcionamento. professores, funcionários, pais e alunos, no processo decisório,
Barroso destaca que se deve ficar atento ao que ele seja permanente. O nível de participação das pessoas nas
denomina de autonomia decretada e autonomia construída. A decisões que lhes dizem respeito, é um dos fatores mais
autonomia decretada por normas ou outras formas legais, se importantes na determinação de um clima favorável à
refere à transferência de poderes e funções de caráter nacional consecução dos objetivos organizacionais e individuais. Em
e regional, para o nível local, sendo a escola um centro de contrapartida, numa outra escola, onde a administração
gestão e a comunidade parceira na tomada de decisão. Esse resolve promover uma atividade inovadora, não envolvendo
tipo de gestão dá abertura à escola a gerir sobre vários pontos, professores e alunos na sua organização, provavelmente
como materiais, tempo, pessoas, entre outros, porém com a poderá atingir os sentimentos do corpo docente, que se sentirá
execução controlada por um órgão central, com prestação de desprestigiado e desconsiderado.
contas. Além da autonomia decretada, as escolas desenvolvem Essa atitude do administrador provocará, sem dúvida,
a autonomia construída. “Esta autonomia construída alterações no clima, podendo, ainda, desarticular as relações
corresponde ao jogo de dependências e de interdependências entre professores e alunos, na medida em que os professores,
que os membros de uma organização estabelecem entre si e desinteressando-se dos resultados e das atividades
com o meio envolvente e que permitem estruturar a sua ação inovadoras, não se empenharão no envolvimento dos alunos.
organizada em função de objetivos coletivos próprios”. Os alunos, por sua vez, sentindo o desinteresse dos
A autonomia segundo Barroso é um conceito construído professores, também não se esforçarão na realização de
social e politicamente, pela interação dos diferentes atores trabalhos e atividades desejáveis para o evento. A
organizacionais numa determinada escola [...] O que se pode consequência final poderá vir sob a forma de atritos crescentes

16 SILVA, J. J. C. Gestão escolar participada e clima organizacional. Gestão em

Ação: Salvador,2001.

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entre professores e alunos, com visíveis prejuízos para os Para criar um clima organizacional, que estimule as
resultados finais da organização escolar. pessoas a trabalhar juntas, cabe aos administradores das
Clima organizacional poderíamos dizer que é uma forma escolas, enfatizar o valor do trabalho em equipe. Devem
constante pela qual as pessoas, à luz de suas próprias também incentivar a cooperação, colaboração, troca de ideias,
características, experiências e expectativas, percebem e reagem partilha e companheirismo.
às características organizacionais. O Comportamento democrático é um trabalho exaustivo,
O processo de formação do Clima Organizacional torna-o, que poderá ter seu exercício em pequenos grupos. Pode
obviamente, uma variável organizacional dependente. Mas, na aparecer como uma necessidade de coordenação, de
medida em que o clima está caracterizado e passa a influenciar encaminhamento de ações, estimulando o exercício da
as pessoas, transforma-se numa variável independente, democratização.
constituindo-se um fator impulsionador de novos Entre as instituições envolvidas no processo de
comportamentos. O Clima Organizacional é dependente, na aprendizagem da democracia, a escola destaca-se como
medida em que se forma em função de outras variáveis, tais privilegiada para a efetivação do trabalho de estabelecimento
como os processos de tomada de decisão, de comunicação ou das regras do jogo. Esta questão vem sendo discutida há algum
de controle, e é independente, na medida em que pode tempo e chega-se à conclusão de que ainda se encontra uma
influenciar outras variáveis. grande barreira para este trabalho na escola.
Em cada decisão tomada ou comunicação expedida, em O processo para encaminhar uma administração da escola,
cada norma traçada ou reunião realizada entre dirigentes e mais amplamente da educação, numa direção mais
dirigidos, o clima está num processo de permanente formação. democrática e, possibilitando um melhor clima na
Mas, em cada uma dessas situações, já existe um clima organização, depende da possibilidade e da orientação
presente nas atividades e a influenciar positiva ou contraporem- se à gestão tecnocrática. Esta contraposição
negativamente as ações de dirigentes e dirigidos. poderia acontecer nas dimensões interna e externa da
A implicação de fundamental importância para os gestores, administração escolar. A dimensão interna diz respeito à
nesse aspecto, é que ele deve estar atento, não só ao processo organização da escola em si e, a dimensão externa, à sua
de formação, mas, também, ao clima já existente. incorporação ao Estado e à sua inserção no contexto de uma
sociedade capitalista.
Gestão Escolar Democrática Participativa e o Clima Para Paulo Freire é preciso e até urgente que a escola vá se
Organizacional tornando um espaço acolhedor e multiplicador de certos
A participação favorece a experiência coletiva, ao efetivar gostos democráticos como o de ouvir os outros, não por favor,
a socialização de divisões e a divisão de responsabilidades. Ela mas por dever, o de respeitá-los, o da tolerância, o do
afasta o perigo das soluções centralizadas, efetivando-se como acatamento às decisões tomadas pela maioria a que não falte,
processo de cogestão e, proporcionando um melhor clima na contudo, o direito de quem diverge de exprimir a sua
organização. contrariedade. O gosto da pergunta, da crítica, do debate. O
A Gestão Participativa educacional pressupõe mudanças gosto do respeito à coisa pública, que entre nós vem sendo
na estrutura organizacional e novas formas de administração, tratada como coisa privada, mas como coisa privada que se
tanto no micro como no macro sistema escolar. despreza.
A organização escolar não permite uma transformação A democratização da escola é algo que deve ser
abrupta na sua concepção pedagógica, administrativa e conquistado, através da participação articulada e organizada
financeira. Nenhuma mudança organizacional introduz-se dos diferentes elementos que direta ou indiretamente a
como se fosse um corpo estranho, que viesse a desalojar as compõem. É necessário que haja abertura e estímulo à
condições anteriores e ocupar plenamente o seu lugar. Por participação, criando mecanismos de atuação dos segmentos
isso, por mais convencidos que estejamos da necessidade de envolvidos no processo escolar.
transformações, no sentido da democratização das relações no Para o trabalho da democratização escolar é fundamental
interior da escola; é preciso estar consciente de que elas que seja estimulada a vivência associativa. Os pais sejam
devem partir das condições concretas, em que se encontra a chamados, não apenas para ouvirem sobre o desempenho
Administração Escolar hoje. escolar de seus filhos ou para contribuírem nas festas e
Gento Palacios ao considerar a participação como campanhas. É importante a participação que leva à reflexão e
estratégia para melhorar as relações dos membros de um à tomada de decisão conjunta. Este avanço vai depender do
grupo com objetivos comuns, afirma que a participação é um grau de consciência política dos diferentes segmentos e
processo de grande valor para a eficácia de uma equipe ou interesses envolvidos na vida da escola.
empresa. A sua contribuição na solução de problemas, que Os princípios e práticas democráticas na organização e
estão na base das relações interpessoais, constituem um administração educacional, poderão trazer importante
excelente meio para melhorar o funcionamento das contribuição, não só ao clima da escola, mas, também, à
instituições. democratização num âmbito global.
A participação deve ser entendida, como a possibilidade e No entanto, a busca de novas formas de organização e
a capacidade de interagir e, assim, influir nos problemas e gestão da escola parece ser tarefa difícil, devido às raízes
soluções considerados numa coletividade, bem como nos históricas da escola, que estão marcadas pela centralização e
meios ou modos de decidir a respeito de levar a cabo as pelo autoritarismo. O que não se pode é tomar os
decisões tomadas. determinantes estruturais como desculpa, para não se fazer
A prática na tomada de decisões naturalmente cria a nada, esperando que se transforme a sociedade, para depois
consciência de participação e o envolvimento nas relações que transformar a escola. É na prática escolar quotidiana, que
dizem respeito à escola e ao seu clima organizacional. precisam ser enfrentados os determinantes mais imediatos do
Para uma gestão participativa, é necessário considerar a autoritarismo, enquanto manifestação num espaço restrito,
participação de todos os grupos e pessoas, que intervêm no dos determinantes estruturais mais amplos da sociedade.
processo de trabalho e no âmbito educacional; é um desafio a A qualidade da participação na escola existe, quando as
ser superado! Ainda existem obstáculos para se concretizar a pessoas aprendem a conhecer sua realidade, a refletir, a
democracia no interior da escola e que é necessário uma superar contradições reais, a identificar o porquê dos conflitos
mudança. Para que ocorra esta mudança, é preciso criar existentes. A participação é vivência coletiva de modo que só
condições para um processo de participação. se pode aprender, na medida em que se conquista os espaços
para a verdadeira participação.

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APOSTILAS OPÇÃO

Neste sentido, a participação na gestão escolar dever ser Organização do Espaço


entendida como o poder efetivo de colaborar ativamente na Uma sala de aula com carteiras fixas dificulta o trabalho em
planificação, direção, avaliação, controle e desenvolvimento grupo, o diálogo e a cooperação; armários trancados não
do processo educativo. Ou seja, o poder de intervenção ajudam a desenvolver a autonomia do aluno, como também
legitimamente conferido a todos os elementos da comunidade não favorecem o aprendizado da preservação do bem coletivo.
educativa, entendendo esta como o conjunto de pessoas e A organização do espaço reflete a concepção metodológica
grupos dentro e fora dos estabelecimentos escolares ligados adotada pelo professor e pela escola.
pela ação educativa [...]. Em um espaço que expresse o trabalho proposto nos
Partindo desta ideia mencionada, para concretizar uma Parâmetros Curriculares Nacionais é preciso que as carteiras
gestão participativa educacional, é necessário que em cada sejam móveis, que as crianças tenham acesso aos materiais de
escola, a comunidade vá conquistando seu espaço de uso frequente, as paredes sejam utilizadas para exposição de
participação. O processo inicial de formação da consciência trabalhos individuais ou coletivos, desenhos, murais. Nessa
crítica e autocrítica na comunidade é ponto relevante, para organização é preciso considerar a possibilidade de os alunos
elaborar o conhecimento adequado dos problemas que afetam assumirem a responsabilidade pela decoração, ordem e
o grupo. limpeza da classe. Quando o espaço é tratado dessa maneira,
A realidade escolar é uma estrutura social e, que não se passa a ser objeto de aprendizagem e respeito, o que somente
pode estabelecer unicamente sobre os aspectos pedagógicos. ocorrerá por meio de investimentos sistemáticos ao longo da
Como em toda parte, existem conflitos que requerem meios escolaridade.
aceitos por todos para administrá-los. É importante salientar que o espaço de aprendizagem não
Na perspectiva de uma participação dos diversos grupos se restringe à escola, sendo necessário propor atividades que
na administração da escola, parece que não se trata de ignorar ocorram fora dela. A programação deve contar com passeios,
ou minimizar a importância dos conflitos, mas de levar em excursões, teatro, cinema, visitas a fábricas, marcenarias,
conta a sua existência, bem como as suas causas e as suas padarias, enfim, com as possibilidades existentes em cada local
implicações, na busca da democratização da gestão escolar, e as necessidades de realização do trabalho escolar.
como condição necessária, para um melhor clima No dia-a-dia devem-se aproveitar os espaços externos para
organizacional e, uma efetiva oferta de ensino de boa realizar atividades cotidianas, como ler, contar histórias, fazer
qualidade para a população. desenho de observação, buscar materiais para coleções. Dada
a pouca infraestrutura de muitas escolas, é preciso contar com
Organização do Tempo e Espaço Escolar a improvisação de espaços para o desenvolvimento de
atividades específicas de laboratório, teatro, artes plásticas,
Organização do Tempo música, esportes, etc.
A consideração do tempo como variável que interfere na Concluindo, a utilização e a organização do espaço e do
construção da autonomia permite ao professor criar situações tempo refletem a concepção pedagógica e interferem
em que o aluno possa progressivamente controlar a realização diretamente na construção da autonomia.
de suas atividades. Por meio de erros e acertos, o aluno toma
consciência de suas possibilidades e constrói mecanismos de Seleção de Material
auto regulação que possibilitam decidir como alocar seu Todo material é fonte de informação, mas nenhum deve ser
tempo. utilizado com exclusividade. É importante haver diversidade
Por essa razão, são importantes as atividades em que o de materiais para que os conteúdos possam ser tratados da
professor seja somente um orientador do trabalho, cabendo maneira mais ampla possível.
aos alunos o planejamento e a execução, o que os levará a O livro didático é um material de forte influência na prática
decidir e a vivenciar o resultado de suas decisões sobre o uso de ensino brasileira. É preciso que os professores estejam
do tempo. atentos à qualidade, à coerência e a eventuais restrições que
Delegar esse controle não quer dizer, de modo algum, que apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos.
os alunos devam arbitrar livremente a respeito de como e Além disso, é importante considerar que o livro didático não
quando atuar na escola. A vivência do controle do tempo pelos deve ser o único material a ser utilizado, pois a variedade de
alunos se insere dentro de limites criteriosamente fontes de informação é que contribuirá para o aluno ter uma
estabelecidos pelo professor, que se tornarão menos visão ampla do conhecimento.
restritivos à medida que o grupo desenvolva sua autonomia. Materiais de uso social frequente são ótimos recursos de
Assim, é preciso que o professor defina claramente as trabalho, pois os alunos aprendem sobre algo que tem função
atividades, estabeleça a organização em grupos, disponibilize social real e se mantêm atualizados sobre o que acontece no
recursos materiais adequados e defina o período de execução mundo, estabelecendo o vínculo necessário entre o que é
previsto, dentro do qual os alunos serão livres para tomar suas aprendido na escola e o conhecimento extraescolar. A
decisões. Caso contrário, a prática de sala de aula torna-se utilização de materiais diversificados como jornais, revistas,
insustentável pela indisciplina que gera. folhetos, propagandas, computadores, calculadoras, filmes, faz
Outra questão relevante é o horário escolar, que deve o aluno sentir-se inserido no mundo à sua volta.
obedecer ao tempo mínimo estabelecido pela legislação É indiscutível a necessidade crescente do uso de
vigente para cada uma das áreas de aprendizagem do computadores pelos alunos como instrumento de
currículo. A partir desse critério, e em função das opções do aprendizagem escolar, para que possam estar atualizados em
projeto educativo da escola, é que se poderá fazer a relação às novas tecnologias da informação e se
distribuição horária mais adequada. instrumentalizarem para as demandas sociais presentes e
No terceiro e no quarto ciclos, nos quais as aulas se futuras.
organizam por áreas com professores específicos e tempo A menção ao uso de computadores, dentro de um amplo
previamente estabelecido, é interessante pensar que uma das leque de materiais, pode parecer descabida perante as reais
maneiras de otimizar o tempo escolar é organizar aulas duplas, condições das escolas, pois muitas não têm sequer giz para
pois assim o professor tem condições de propor atividades em trabalhar. Sem dúvida essa é uma preocupação que exige
grupo que demandam maior tempo (aulas curtas tendem a ser posicionamento e investimento em alternativas criativas para
expositivas). que as metas sejam atingidas.

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Organização Administrativa Escolar17 do cotidiano da escola, na busca, pelos seus agentes, da


Sabemos que toda escola tem uma estrutura de superação das dificuldades e limitações e do bom
organização interna, normalmente regida por regimentos cumprimento da sua finalidade social.
escolares ou legislações específicas estaduais ou municipais. Registram-se várias formas de participação, com
Nas organizações é comum a inter-relação entre várias significado, abrangência e alcance variados: da simples
funções e serviços. Segue abaixo um exemplo de como está presença física em um contexto, até o assumir
estruturada a maioria das escolas. responsabilidade por eventos, ações e situações. Assim, é
coerente o reconhecimento de que, mesmo na vigência da
SETOR TÉCNICO-ADMINISTRATIVO administração científica, preconiza-se a prática da
- Secretaria escolar; participação: em toda e qualquer atividade humana, por mais
- Serviços de zeladoria, limpeza, vigilância; limitado que seja seu alcance e finalidade, há a participação do
- Multimeios (biblioteca, laboratório, videoteca, etc). ser humano, seguindo-a, sustentando-a, analisando-a,
revisando-a, criticando-a.
CONSELHO ESCOLAR DIREÇÃO
- Assistente de direção ou coordenador. - A Estrutura Organizacional
Toda a instituição escolar necessita de uma estrutura de
PROFESSORES, ALUNOS, PAIS, COMUNIDADE SETOR organização interna, geralmente prevista no Regimento
PEDAGÓGICO Escolar ou em legislação específica estadual ou municipal. O
termo estrutura tem aqui o sentido de ordenamento e
- Conselho de classe; disposição das funções que asseguram o funcionamento de um
- Coordenação. todo, no caso a escola. Essa estrutura é comumente
Geralmente as escolas seguem um modelo parecido com o representada graficamente num organograma- um tipo de
que está descrito acima. A estrutura se diferencia conforme a gráfico que mostra a inter-relações entre os vários setores e
legislação dos Estados e Municípios e, obviamente, conforme funções de uma organização ou serviço. Evidentemente a
as concepções de organização e gestão adotada. forma do organograma reflete a concepção de organização e
gestão. A estrutura organizacional de escolas se diferencia
A Participação Popular na Gestão Escolar conforme a legislação dos Estados e Municípios e, obviamente,
Na gestão escolar é de extrema relevância a participação conforme as concepções de organização e gestão adotada, mas
da comunidade escolar. Nessa esfera de gestão se estabelecem podemos apresentar a estrutura básica com todas as unidades
trabalhos específicos no cotidiano da escola para alcançar o e funções típicas de uma escola.
desenvolvimento da aprendizagem. De acordo com VIEIRA:
Nesta esfera da gestão, situam-se professores, alunos e outros - Organograma Básico de Escolas
membros da comunidade escolar - funcionários que trabalham
na escola, docentes que ocupam cargos diretivos, famílias e
integrantes da área de abrangência geográfica onde se localiza
a escola.
O trabalho escolar é uma ação de caráter coletivo,
realizado a partir da participação conjunta e integrada dos
membros de todos os segmentos da comunidade escolar.
Portanto, afirmar que sua gestão pressupõe a atuação
participativa representa uma redundância de reforço a essa
importante dimensão da gestão escolar. Assim, o
envolvimento de todos os que fazem parte, direta ou
indiretamente, do processo educacional no estabelecimento
de objetivos, na solução de problemas, na tomada de decisões,
na proposição, implementação, monitoramento e avaliação de
planos de ação, visando os melhores resultados do processo
educacional, é imprescindível para o sucesso da gestão escolar
O Conselho de Escola tem atribuições consultivas,
participativa.
deliberativas e fiscais em questões definidas na legislação
Esta modalidade de gestão se assenta no entendimento de
estadual ou municipal e no Regimento Escolar. Essas questões,
que o alcance dos objetivos educacionais, em seu sentido
geralmente, envolvem aspectos pedagógicos, administrativos
amplo, depende da direção e emprego das relações
e financeiros. Em vários Estados o Conselho é eleito no início
interpessoais que ocorrem no contexto da escolar, em torno de
do ano letivo. Sua composição tem uma certa
objetivos educacionais, entendidos e assumidos por seus
proporcionalidade de participação dos docentes, dos
membros com empenho coletivo em torno da sua realização.
especialistas em educação, dos funcionários, dos pais e alunos,
A participação dá às pessoas a oportunidade de controlar
observando-se, em princípio, a paridade dos integrantes da
o próprio trabalho, sentirem-se autoras e responsáveis pelos
escola (50%) e usuários (50%). Em alguns lugares o Conselho
seus resultados, construindo, portanto, sua autonomia. Ao
de Escola é chamado de “colegiado” e sua função básica é
mesmo tempo, sentem-se parte da realidade escolar e não
democratizar as relações de poder.
apenas instrumento para realizar objetivos institucionais.
Mediante a prática participativa, é possível superar o exercício
Direção
do poder individual e de referência e promover a construção
O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades
do poder da competência, centrado na unidade social escolar
da escola, auxiliado pelos demais componentes do corpo de
como um todo.
especialistas e de técnicos-administrativos, atendendo às leis,
A participação deve ser estendida como processo
regulamentos e determinações dos órgãos superiores do
dinâmico e interativo que vai muito além da tomada de
sistema de ensino e às decisões no âmbito da escola e pela
decisão, pois é caracterizado pelo inter-apoio na convivência

17 LIBÂNEO, José Carlos. “O sistema de organização e gestão da escola” In:

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola - teoria e prática. 4ª ed.


Goiânia: Alternativa, 2001.

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comunidade. O assistente de diretor desempenha as mesmas A APM reúne os pais de alunos, o pessoal docente e técnico-
funções na condição de substituto eventual do diretor. administrativo e alunos maiores de 18 anos. Costuma
funcionar mediante uma diretoria executiva e um conselho
- Setor Técnico-Administrativo deliberativo.
O setor técnico-administrativo responde pelas atividades- O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos
meio que asseguram o atendimento dos objetivos e funções da alunos criada pela lei federal n.7.398/85, que lhe confere
educação. autonomia para se organizarem em torno dos seus interesses,
A Secretaria cuida da documentação, escrituração e com finalidades educacionais, culturais, cívicas e sociais.
correspondência da escola, dos docentes, demais funcionários Ambas as instituições costumam ser regulamentadas no
e dos alunos. Responde também pelo atendimento ao público. Regime Escolar, variando sua composição e estrutura
Para a realização desses serviços, a escola conta com um organizacional. Todavia, é recomendável que tenham
secretário e escriturários ou auxiliares da secretaria. autonomia de organização e funcionamento, evitando-se
O setor técnico-administrativo responde, também, pelos qualquer tutelamento por parte da Secretaria da Educação ou
serviços auxiliares (Zeladoria, Vigilância e Atendimento ao da direção da escola.
público) e Multimeios (biblioteca, laboratórios, videoteca etc.). Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar, em outras
A Zeladoria, responsável pelos serventes, cuida da um setor de assistência ao estudante, que presta assistência
manutenção, conservação e limpeza do prédio; da guarda das social, econômica, alimentar, médica e odontológica aos alunos
dependências, instalações e equipamentos; da cozinha e da carentes.
preparação e distribuição da merenda escolar; da execução de
pequenos consertos e outros serviços rotineiros da escola. - Corpo Docente
A Vigilância cuida do acompanhamento dos alunos em O Corpo docente é constituído pelo conjunto dos
todas as dependências do edifício, menos na sala de aula, professores em exercício na escola, que tem como função
orientando-os quanto a normas disciplinares, atendendo-os básica realizar o objetivo prioritário da escola, o ensino. Os
em caso de acidente ou enfermidade, como também do professores de todas as disciplinas formam, junto com a
atendimento às solicitações dos professores quanto a material direção e os especialistas, a equipe escolar. Além do seu papel
escolar, assistência e encaminhamento de alunos. específico de docência das disciplinas, os professores também
O serviço de Multimeios compreende a biblioteca, os têm responsabilidades de participar na elaboração do plano
laboratórios, os equipamentos audiovisuais, a videoteca e escolar ou projeto pedagógico-curricular, na realização das
outros recursos didáticos. atividades da escola e nas decisões dos Conselhos de Escola e
de classe ou série, das reuniões com os pais (especialmente na
- Setor Pedagógico comunicação e interpretação da avaliação), da APM e das
O setor pedagógico compreende as atividades de demais atividades cívicas, culturais e recreativas da
coordenação pedagógica e orientação educacional. As funções comunidade.
desses especialistas variam confirme a legislação estadual e
municipal, sendo que em muitos lugares suas atribuições ora Os Elementos Constitutivos do Sistema de Organização
são unificadas em apenas uma pessoa, ora são desempenhadas e Gestão da Educação
por professores. Como são funções especializadas, envolvendo A gestão democrática-participativa valoriza a participação
habilidades bastante especiais, recomenda-se que seus da comunidade escolar no processo de tomada de decisão,
ocupantes sejam formados em cursos de Pedagogia ou concebe à docência como trabalho interativo, aposta na
adquiram formação pedagógico-didática específica. construção coletiva dos objetivos e funcionamento da escola,
O coordenador pedagógico ou professor coordenador por meio da dinâmica intersubjetiva, do diálogo, do consenso.
supervisiona, acompanha, assessora, avalia as atividades Nos itens interiores mostramos que o processo de tomada de
pedagógico-curriculares. Sua atribuição prioritária é prestar decisão inclui, também, as ações necessárias para colocá-la em
assistência pedagógico-didática aos professores em suas prática. Em razão disso, faz-se necessário o emprego dos
respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho ao elementos ou processo organizacional, tal como veremos
trabalho interativo com os alunos. Há lugares em que a adiante.
coordenação restringe-se à disciplina em que o coordenador é De fato, a organização e gestão refere-se aos meios de
especialista; em outros, a coordenação se faz em relação a realização do trabalho escolar, isto é, à racionalização do
todas as disciplinas. Outra atribuição que cabe ao coordenador trabalho e à coordenação do esforço coletivo do pessoal que
pedagógico é o relacionamento com os pais e a comunidade, atua na escola, envolvendo os aspectos, físicos e materiais, os
especialmente no que se refere ao funcionamento pedagógico- conhecimentos e qualificações práticas do educador, as
curricular e didático da escola e comunicação e interpretação relações humano-interacionais, o planejamento, a
da avaliação dos alunos. administração, a formação continuada, a avaliação do trabalho
O orientador educacional, onde essa função existe, cuida escolar. Tudo em função de atingir os objetivos. Ou seja, como
do atendimento e do acompanhamento escolar dos alunos e toda instituição as escolas buscam resultados, o que implica
também do relacionamento escola-pais-comunidade. uma ação racional, estruturada e coordenada. Ao mesmo
O Conselho de Classe ou Série é um órgão de natureza tempo, sendo uma atividade coletiva, não depende apenas das
deliberativa quanto à avaliação escolar dos alunos, decidindo capacidades e responsabilidades individuais, mas de objetivos
sobre ações preventivas e corretivas em relação ao comuns e compartilhados e de ações coordenadas e
rendimento dos alunos, ao comportamento discente, às controladas dos agentes do processo.
promoções e reprovações e a outras medidas concernentes à
melhoria da qualidade da oferta dos serviços educacionais e ao Tais elementos ou instrumentos de ação são:
melhor desempenho escolar dos alunos. Planejamento - processo de explicitação de objetivos e
antecipação de decisões para orientar a instituição, prevendo-
- Instituições Auxiliares se o que se deve fazer para atingi-los.
Paralelamente à estrutura organizacional, muitas escolas Organização - Atividade através da qual se dá a
mantêm Instituições Auxiliares tais como: a APM (Associação racionalização dos recursos, criando e viabilizando as
de Pais e Mestres), o Grêmio Estudantil e outras como Caixa condições e modos para se realizar o que foi planejado.
Escolar, vinculadas ao Conselho de Escola (onde este existia) Direção/Coordenação - Atividade de coordenação do
ou ao Diretor. esforço coletivo do pessoal da escola.

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Formação continuada - Ações de capacitação e (C) o aspecto psicopedagógico clínico, que diz respeito ao
aperfeiçoamento dos profissionais da escola para que realizem sujeito aprendente e ao aspecto acadêmico, que diz respeito
com competência suas tarefas e se desenvolvam pessoal e aos objetivos do processo de ensino, a transmissão de
profissionalmente. conhecimentos, hábitos e atitudes;
Avaliação - comprovação e avaliação do funcionamento da (D) o aspecto cognoscitivo, que diz respeito a formas de
educação. comunicação dos conteúdos escolares e o aspecto sócio-
emocional, que diz respeito às relações pessoais entre
Questões professor e alunos e às normas disciplinares indispensáveis ao
trabalho educativo;
01. (Prefeitura de Teresópolis/RJ - Pedagogia -
BIORIO) Por gestão participativa entende-se: 05. (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP - PROFESSOR DE
I - envolvimento de todos que fazem parte direta ou EDUCAÇÃO INFANTIL E PEB I - FCC) A partir de apresentação
indiretamente no processo educacional; dos conteúdos e a organização das atividades visando uma
II - compartilhamento na solução de problemas e nas mudança qualitativa na utilização do tempo didático, pode-se
tomadas de decisão do diretor escolar; desenvolver situações didáticas que favorecem a apresentação
III - implementação, monitoramento e avaliação dos da leitura escolar como uma prática social complexa e a
resultados; apropriação progressiva desta prática por parte dos alunos.
IV - estabelecimento de objetivos claros e democráticos; Para isso, Delia Lerner sugere escolher:
V - visão de conjunto associada a uma posição hierárquica. I. Realização de projetos que, além de criar contextos nos
Estão corretas as afirmativas: quais a leitura ganha sentido, permitem uma organização
(A) I, II e III; muito flexível do tempo.
(B) I, III e IV; II. Atividades habituais que se reiteram de forma
(C) II, III e V; sistemática e previsível uma vez por semana ou por quinzena,
(D) I, IV e V; durante vários meses ou ao longo do ano escolar, oferecem a
oportunidade de interagir intensamente com um gênero
02. (Prefeitura de Teresópolis/RJ - Pedagogia - deter- minado.
BIORIO) A instituição de ensino, por ser uma instituição social III. Situações específicas para o desenvolvimento da
com propósito explicitamente educativo, tem o compromisso habilidade de leitura oral.
de intervir efetivamente para promover o desenvolvimento e IV. Sequências de atividades direcionadas para se ler com
a socialização de seus alunos. Essa função socializadora as crianças diferentes exemplares de um mesmo gênero ou
remete a dois aspectos: subgênero, diferentes obras de um mesmo autor ou diferentes
(A) a intersocialização entre diferentes grupos e a textos sobre um mesmo tema.
aquisição de conhecimentos científicos; V. Situações de sistematização que irão possibilitar a
(B) a compreensão do mundo acadêmico e integração sistematização dos conhecimentos linguísticos construídos
entre os sujeitos aprendentes; através de outras modalidades organizativas.
(C) a capacidade de crítica e o desenvolvimento de Estão corretas as afirmativas:
técnicas; (A) I, II e IV, apenas.
(D) o desenvolvimento individual e o contexto social e (B) II, III e IV, apenas.
cultural; (C) II e V, apenas.
(D) I, II, III, IV e V.
03. (PREFEITURA DE MONTES CLAROS/MG - PEB I -
UNIMONTES) Para Libâneo (1994), as práticas educativas Gabarito
podem verdadeiramente determinar as ações da escola e seu
comprometimento social com a transformação. Daí a 01.B / 02.D / 03.B / 04.D / 05.D
importância da relação entre ensino e aprendizagem no
espaço educativo. Com base nas ideias do autor, é INCORRETO GESTÃO ESCOLAR
afirmar que:
(A) a aprendizagem é uma relação cognitiva entre os 18A gestão escolar foi criada com o intuito de diferenciar e
aprendizes e os objetos de conhecimento. integralizar o contexto educacional, sua função é otimizar os
(B) a aprendizagem no ambiente escolar é natural e casual. processos diários e aumentar e melhorar a eficiência do ensino
(C) a assimilação de conhecimentos deriva da reflexão dentro da instituição. Nesse sentido, ela visa a proporcionar
proporcionada pela percepção prático-sensorial e pelas ações organização e articulação de premissas que asseguram o
mentais. processo educacional nas instituições de ensino e
(D) o ato de aprender é um ato de conhecimento. desburocratizar atividades cotidianas.
Ela é diferente da Administração Escolar, que é a
04. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ - PEDAGOGIA - responsável pelos recursos materiais e financeiros que devem
BIO/RIO) A interação professor-aluno é um aspecto garantir a qualidade de ensino. A gestão escolar é a forma de
fundamental da organização da situação didática. Segundo administrar uma escola em sua totalidade, portanto o
Libâneo, podem-se ressaltar dois aspectos para a realização do responsável por ela deve ter habilidades de gerenciamento
trabalho docente: que vão desde o plano pedagógico até os recursos financeiros.
(A) o aspecto social, que se refere à integração de cada Seu principal objetivo é buscar o aprimoramento
aluno ao seu meio social e o aspecto atitudinal, que se refere à institucional e pessoal de todos os setores da escola devendo
aquisição de conhecimentos acadêmicos a serem utilizados na fortalecer a liderança, motivar a equipe ao alcançar seus
vida pessoal de cada aluno; objetivos, aumentar a qualidade do currículo e estimular cada
(B) o aspecto técnico e emocional, que se refere ao vez mais a participação dos pais e da comunidade na escola.
desenvolvimento da autonomia e das qualidades morais e o Sempre com a ambição da excelência no processo de ensino-
aspecto intelectual, que se refere a aprendizagem com vistas a aprendizagem.
orientação de trabalhos independente dos alunos;

18 https://bit.ly/2IeXswl ; https://bit.ly/2ztIJrY

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A gestão escolar pode englobar vários setores, dentre estes - Utilizar as tecnologias da informação para melhorar os
os considerados mais importantes são: Gestão Pedagógica, processos de gestão em todos os segmentos da escola.
Gestão Administrativa, Gestão Financeira, Gestão de Recursos
Humanos, Gestão da Comunicação, Gestão de Tempo e Gestão Financeira
Eficiência de Processos. A Gestão Financeira cuida do orçamento da instituição,
Assim posto, entende-se que cada instituição tem suas observando atentamente os gastos, as oportunidades de
peculiaridades e cabe a cada uma elaborar e aplicar sua melhoria e analisando recursos e investimentos. Entre os
proposta pedagógica, administrar a escola como um todo, benefícios obtidos, um sistema financeiro bem organizado
zelar pela qualidade de ensino para o discente, oferecer permite tomadas de decisões mais ágeis e garante que as
condições de trabalho para o docente e sempre promover a demais áreas funcionem corretamente, sem surpresas. Assim,
integração entre a escola e a comunidade. o planejamento financeiro é fundamental para uma estratégia
É interessante pensar na Instituição como um organismo educacional de sucesso e uso correto dos recursos.
vivo, onde cada setor pode representar uma funcionalidade Quando bem realizada, a Gestão Financeira de uma
vital para o sucesso da escola. Cada um desses “órgãos” tem instituição de ensino possibilita o controle das contas a pagar
suas diferenças, porém se trabalharem em cooperação, a e a receber, e da inadimplência dos alunos, evitando situações
escola trará resultados positivos muito maiores do que se mais graves. Assim sendo, a gestão financeira deve andar em
esses setores trabalhassem independentes um do outro. sintonia com a gestão administrativa e com o plano
pedagógico, proporcionando uma situação confortável para a
Setores da Gestão Escolar instituição de ensino.
Para ajudar nessa tarefa, uma boa solução é o investimento
Gestão Pedagógica em softwares de gestão escolar para integralizar os setores na
Esta área é considerada a principal, está relacionada com a contínua busca pelo sucesso do planejamento educacional.
organização e com o planejamento de todo o sistema
educacional, além da elaboração e execução de projetos Gestão de Recursos Humanos
pedagógicos. Assim como as demais áreas, a Gestão de Recursos
Esta gestão tem como principal foco melhorar as práticas Humanos tem que ser uma preocupação constante, porque
educacionais e sempre explorar novas maneiras de ensinar devido à grande quantidade de interação entre os alunos,
mais e melhor. Os líderes educacionais são fundamentais para funcionários, docentes, os pais e a comunidade ela é uma área
que toda essa didática inovadora funcione. As ações “sensível” da gestão.
elementares que os responsáveis por esse tipo de gestão Está área tem como papel manter o bom relacionamento
devem exercer, incluem: entre todos os setores, assim como, motivar toda a equipe de
- Articular as concepções, estratégias métodos e conteúdos colaboradores, mantendo sempre todos a todo vapor
no ambiente educacional; cumprindo com o que o projeto pedagógico exige. Para
- Definir as metas necessárias para otimização dos garantir um bom entrosamento entre sua equipe, os líderes
processos pedagógicos; escolares devem:
- Conseguir fazer com que os profissionais de ensino e a - Engajar os docentes com o ensino, a proposta da
comunidade escolar assumam esse compromisso como seu instituição e os resultados;
próprio objetivo de melhorar a educação; - Saber distribuir as tarefas entre os setores e pessoas;
- Despertar no professor a vontade de ensinar e no aluno a - Investir em ferramentas que facilitem o trabalho da
vontade de aprender; equipe;
- Avaliar o trabalho pedagógico exercido por professores e - Incentivar a formação continuada e investir no
praticados na instituição; aprimoramento dos colaboradores;
- Estabelecer formas de envolver mais os docentes na - Avaliar os funcionários e orientá-los sobre como corrigir
educação; seus erros;
- Criar um ambiente estimulante e motivador para a - Ressaltar os pontos fortes e parabenizar os colaboradores
comunidade escolar. por seus acertos;
- Manter um clima de cooperação, entrosamento e respeito
Gestão Administrativa entre os colaboradores.
Como já dito, a gestão administrativa cuida dos recursos
físicos, financeiros e materiais da instituição. Sempre Gestão da Comunicação
buscando zelar por todos os bens que serão utilizados em Este setor está diretamente ligado ao setor de recursos
função do ensino. Para que ela funcione, é necessário estar humanos, indo além de apenas motivar e garantir que todos os
atento às rotinas da secretaria, legislação educacional, envolvidos com a escola estejam sempre satisfeitos. Ele vai
processos educacionais, manutenção patrimonial e várias mais adiante das paredes das escolas e procurem sempre estar
outras tarefas e atribuições fundamentais para que tudo flua em contato com toda a sua comunidade participativa.
bem e para que os professores tenham tudo o que precisam Uma boa comunicação garante que:
para ensinar com qualidade. - Os professores estejam alinhados com a proposta da
Entre as principais atribuições da gestão administrativa instituição;
nas escolas e cursos estão: - Os setores saibam quais são suas prioridades;
- Organizar e administrar os recursos físicos, materiais e - Os colaboradores entendam que suas tarefas influenciam
financeiros da escola ou curso; na realização do todo;
- Organizar a necessidade de compras, consertos e - Os alunos se mantenham engajados e focados no
manutenção dos bens patrimoniais; aprendizado;
- Manter o inventário dos bens e patrimônios da instituição - Os pais entendam a importância do seu papel no processo
atualizados; de ensino.
- Manter o ambiente limpo e organizado;
- Garantir a correta utilização dos materiais da instituição Além disso cabe a este setor mostrar para os pais, o quanto
de ensino; vale a pena sempre investir e apoiar a instituição que os seus
- Garantir o cumprimento das leis, diretrizes e estatuto do filhos frequentam. Por envolver e integrar todos os setores,
colégio ou curso, realizar uma boa gestão da comunicação ajuda escolas e cursos

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APOSTILAS OPÇÃO

a acabarem com problemas conhecidos na rotina escolar e - Solicitar a todos os envolvidos que explicitem seu
desenvolver a sua instituição de ensino. comprometimento com a alternativa de ação escolhida;
- Responsabilizar pessoas pela implementação das
Gestão de Tempo e Eficiência de Processos alternativas acordadas;
Esta gestão é relacionada com a produtividade e como o - Estabelecer normas prévias sobre como os debates e as
nome já diz, a eficiência de cada setor e da instituição como um decisões serão realizados;
todo. Os setores da escola funcionam como as engrenagens de - Estabelecer regras adequadas à igualdade de participação
um relógio e, se algo não funciona, ou funciona mal, gera de todos os segmentos envolvidos;
atrasos ou até a parada dos ponteiros. - Articular interesses comuns, ideias e alternativas
Como os bons relojoeiros, os gestores precisam manter os complementares, de forma a contribuir para organizar
olhos e ouvidos bem atentos e prestar atenção em todas as propostas mais coletivas;
etapas do processo para conseguir mapear e identificar quais - Esclarecer como a implementação das ações serão
engrenagens que atrasam ou prejudicam cada setor. Esse é um acompanhadas e supervisionadas;
trabalho árduo, afinal essas engrenagens podem ser tarefas, - Criar formas de divulgação das ideias e alternativas em
processos, modo de execução e até mesmo pessoas. Mas debate como também do processo de decisão.
fazendo as perguntas certas, tudo fica mais fácil
Vamos fazer um exercício. Pense em cada setor da sua Gestão democrática implica compartilhar o poder,
instituição e pergunte-se: descentralizando-o. Como fazer isso?
- Quais são os maiores problemas da minha escola ou curso - Incentivando a participação e respeitando as pessoas e
hoje? suas opiniões;
- A quais setores esses problemas estão relacionados? - Desenvolvendo um clima de confiança entre os vários
- Quais tarefas demandam mais tempo para serem segmentos das comunidades escolar e local;
concluídas? - Ajudando a desenvolver competências básicas
- Quais tarefas envolvem muitos colaboradores? necessárias à participação (por exemplo, saber ouvir, saber
- Quais colaboradores estão envolvidos com essas tarefas? comunicar suas ideias).
- Quais tarefas trazem mais retorno para a instituição?
- Quais tarefas podem ser automatizadas? A participação proporciona mudanças significativas na
- Como posso tornar esses processos mais eficientes? vida das pessoas, na medida em que elas passam a se
interessar e se sentir responsáveis por tudo que representa
Esse é um exercício básico de reflexão que você pode interesse comum. Assumir responsabilidades, escolher e
realizar diariamente e com certeza vai ajudar muito a inventar novas formas de relações coletivas faz parte do
melhorar a sua gestão escolar. Sabemos que fazer tudo processo de participação e trazem possibilidades de mudanças
funcionar em compasso depende da boa administração de que atendam a interesses mais coletivos.
muitos fatores e que isso demanda tempo. Mas gerir com A participação social começa no interior da escola, por
excelência é se manter na busca constante pelo meio da criação de espaços nos quais professores,
desenvolvimento da equipe e pela melhoria dos processos e funcionários, alunos, pais de alunos e demais envolvidos
quanto mais você se esforçar, melhor serão os resultados da possam discutir criticamente o cotidiano escolar.
sua instituição.
Nesse sentido, a função da escola é formar indivíduos
Gestão Democrática críticos, criativos e participativos, com condições de participar
E por falar em gestão, como proceder de forma mais criticamente do mundo do trabalho e de lutar pela
democrática nos sistemas de ensino e nas escolas públicas? 19 democratização da educação. A escola, no desempenho dessa
A participação é educativa tanto para a equipe gestora função, precisa ter clareza de que o processo de formação para
quanto para os demais membros das comunidades escolar e uma vida cidadã e, portanto, de gestão democrática passa pela
local. Ela permite e requer o confronto de ideias, de construção de mecanismos de participação da comunidade
argumentos e de diferentes pontos de vista, além de expor escolar, como: Conselho Escolar, Associação de Pais e Mestres,
novas sugestões e alternativas. Maior participação e Grêmio Estudantil, Conselhos de Classes, etc.
envolvimento da comunidade nas escolas produzem os
seguintes resultados: Para que a tomada de decisão seja partilhada e coletiva, é
- Respeito à diversidade cultural, à coexistência de ideias e necessária a efetivação de vários mecanismos de participação,
de concepções pedagógicas, mediante um diálogo franco, tais como:
esclarecedor e respeitoso; - O aprimoramento dos processos de escolha ao cargo de
- Formulações de alternativas, após um período de dirigente escolar;
discussões onde as divergências são expostas - A criação e a consolidação de órgãos colegiados na escola
- Tomada de decisões mediante procedimentos aprovados (conselhos escolares e conselho de classe);
por toda a comunidade envolvida; - O fortalecimento da participação estudantil por meio da
- Participação e convivência de diferentes sujeitos sociais em criação e da consolidação de grêmios estudantis;
um espaço comum de decisões educacionais. - A construção coletiva do projeto político-pedagógico da
escola;
A gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas - A redefinição das tarefas e funções da associação de pais
públicas requer a participação coletiva das comunidades e mestres, na perspectiva de construção de novas maneiras de
escolar e local na administração dos recursos educacionais se partilhar o poder e a decisão nas instituições.
financeiros, de pessoal, de patrimônio, na construção e na
implementação dos projetos educacionais. O processo de participação na escola produz, também,
Mas para promover a participação e deste modo efeitos culturais importantes. Ele ajuda a comunidade a
implementar a gestão democrática da escola, procedimentos reconhecer o patrimônio das instituições educativas - escolas,
prévios podem ser observados: bibliotecas, equipamentos - como um bem público comum, que

19 DOURADO, L. F. Progestão: como promover, articular e envolver a ação das

pessoas no processo de gestão escolar? Brasília: CONSED - Conselho Nacional de


Secretários de Educação, 2001.

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é a expressão de um valor reconhecido por todos, o qual aprendizagem dos alunos, especialmente em face dos
oferece vantagens e benefícios coletivos. Sua utilização por problemas sociais, culturais, econômicos, enfrentados
algumas pessoas não exclui o uso pelas demais. É um bem de atualmente.
todos; todos podem e devem zelar pelo seu uso e sua adequada
conservação. As Concepções de Organização e Gestão Escolar,
segundo José Libâneo20
Em síntese, a gestão democrática do ensino pressupõe uma
maneira de atuar coletivamente, oferecendo aos membros das O estudo da escola como organização de trabalho não é
comunidades local e escolar oportunidades para: novo, há toda uma pesquisa sobre administração escolar que
- Reconhecer que existe uma discrepância entre a situação remonta aos pioneiros da educação nova, nos anos 30. Esses
real (o que é) e o que gostaríamos que fosse (o que pode vir a estudos se deram no âmbito da Administração Escolar e,
ser); frequentemente, estiveram marcados por uma concepção
- Identificar possíveis razões para essa discrepância; burocrática, funcionalista, aproximando a organização escolar
- Elaborar um plano de ação para minimizar ou solucionar da organização empresarial.
esses problemas. Estes estudos eram identificados com o campo de
conhecimentos denominado Administração e Organização
Práticas de Organização e Gestão Escolar ou, simplesmente Administração Escolar.
Nos anos 80, com as discussões sobre reforma curricular
- Em relação aos professores: boa formação profissional, dos cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, a disciplina passou
autonomia profissional, capacidade de assumir em muitos lugares a ser denominada de Organização do
responsabilidade pelo êxito ou fracasso de seus alunos, Trabalho Pedagógico ou Organização do Trabalho Escolar,
condições de estabilidade profissional, formação profissional adotando um enfoque crítico, frequentemente restringido a
em serviço, disposição para aceitar inovações com base nos uma análise crítica da escola dentro da organização do
seus conhecimentos e experiências; capacidade de análise trabalho no Capitalismo. Houve pouca preocupação, com
crítico-reflexiva. algumas exceções, com os aspectos propriamente
organizacionais e técnico-administrativos da escola.
- Quanto à estrutura organizacional: sistema de É sempre útil distinguir, no estudo desta questão, um
organização e gestão, plano de trabalho com metas bem enfoque científico-racional e um enfoque crítico, de cunho
definidas e expectativas elevadas; competência específica e sócio-político. Não é difícil aos futuros professores fazerem
liderança efetiva e reconhecida da direção e coordenação distinção entre essas duas concepções de organização e gestão
pedagógica; integração dos professores e articulação do da escola. No primeiro enfoque, a organização escolar é
trabalho conjunto e participativo; clima de trabalho propício tomada como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que
ao ensino e à aprendizagem; práticas de gestão participativa; funciona racionalmente; portanto, pode ser planejada,
oportunidades de reflexão conjunta e trocas de experiências organizada e controlada, de modo a alcançar maiores índices
entre os professores; de eficácia e eficiência.
As escolas que operam nesse modelo dão muito peso à
- Autonomia da escola, criação de identidade própria, com estrutura organizacional: organograma de cargos e funções,
possibilidade de projeto próprio e tomada de decisões sobre hierarquia de funções, normas e regulamentos, centralização
problemas específicos; planejamento compatível com as das decisões, baixo grau de participação das pessoas que
realidades locais; decisão e controle sobre uso de recursos trabalham na organização, planos de ação feitos de cima para
financeiros; planejamento participativo e gestão participativa, baixo. Este é o modelo mais comum de funcionamento da
bom relacionamento entre os professores e responsabilidades organização escolar.
assumidas em conjunto. O segundo enfoque vê a organização escolar basicamente
como um sistema que agrega pessoas, importando bastante a
- Prédios adequados e disponibilidade de condições intencionalidade e as interações sociais que acontecem entre
materiais, recursos didáticos, biblioteca e outros, que elas, o contexto sócio-político etc.
propiciem aos alunos oportunidades concretas para aprender. A organização escolar não seria uma coisa totalmente
objetiva e funcional, um elemento neutro a ser observado, mas
- Quanto à estrutura curricular: adequada seleção e uma construção social levada a efeito pelos professores,
organização dos conteúdos; valorização das aprendizagens alunos, pais e integrantes da comunidade próxima. Além disso,
acadêmicas e não apenas das dimensões sociais e relacionais; não seria caracterizado pelo seu papel no mercado, mas pelo
modalidades de avaliação formativa; organização do tempo interesse público. A visão crítica da escola resulta em
escolar de forma a garantir o máximo de tempo para as diferentes formas de viabilização da gestão democrática,
aprendizagens e o clima para o estudo; acompanhamento de conforme veremos em seguida.
alunos com dificuldades de aprendizagem. Com base nos estudos existentes no Brasil sobre a
organização e gestão escolar e nas experiências levadas a
- Participação dos pais nas atividades da escola; efeito nos últimos anos, é possível apresentar, de forma
investimento em formar uma imagem pública positiva da esquemática, três das concepções de organização e gestão: a
escola. técnico-científica (ou funcionalista), a autogestionária e a
democrático-participativa.
Essas características reforçam a ideia de que a qualidade
de ensino depende de mudanças no âmbito da organização Concepção Técnico-Científica
escolar, envolvendo a estrutura física, as condições de Tem como base a hierarquia de cargos e funções visando a
funcionamento, a estrutura organizacional, a cultura racionalização do trabalho, a eficiência dos serviços escolares.
organizacional, as relações entre alunos, professores, Tende a seguir princípios e métodos da administração
funcionários, as práticas colaborativas e participativas. É a empresarial. Algumas características desse modelo são:
escola como um todo que deve responsabilizar-se pela

20LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola - Teoria e Prática.

Editora Heccus. 6ª Edição. Goiânia. 2013.

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- Prescrição detalhada de funções, acentuando-se a divisão Esta maneira de ver a organização escolar não exclui a
técnica do trabalho escolar (tarefas especializadas); presença de elementos objetivos, tais como as ferramentas de
- Poder centralizado do diretor, destacando-se as relações poder, a estrutura organizacional, e os próprios objetivos
de subordinação em que uns têm mais autoridades do que sociais e culturais definidos pela sociedade e pelo Estado.
outros; Uma visão sociocrítica propõe considerar dois aspectos
- Ênfase na administração (sistema de normas, regras, interligados: por um lado, compreende que a organização é
procedimentos burocráticos de controle das atividades), às uma construção social, a partir da Inteligência subjetiva e
vezes descuidando-se dos objetivos específicos da instituição cultural das pessoas, por outro, que essa construção não é um
escolar; processo livre e voluntário, mas mediatizado pela realidade
- Comunicação linear (de cima para baixo), baseada em sociocultural e política mais ampla, incluindo a influência de
normas e regras; forças externas e internas marcadas por interesses de grupos
- Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas; sociais, sempre contraditórios e às vezes conflitivas.
Atualmente, esta concepção também é conhecida como Busca relações solidárias, formas participativas, mas
gestão da qualidade total. também valoriza os elementos internos do processo
organizacional, o planejamento, a organização, a gestão, a
Concepção Autogestionária direção, a avaliação, as responsabilidades individuais dos
Baseia-se na responsabilidade coletiva, ausência de membros da equipe e a ação organizacional coordenada e
direção centralizada e acentuação da participação direta e por supervisionada, já que precisa atender a objetivos sociais e
igual de todos os membros da instituição. Outras políticos muito claros, em relação à escolarização da
características: população.
- Ênfase nas inter-relações mais do que nas tarefas; As concepções de gestão escolar refletem, portanto,
- Decisões coletivas (assembleias, reuniões), eliminação de posições políticas e concepções de homem e sociedade. O
todas as formas de exercício de autoridade e poder; modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um
- Vínculo das formas de gestão interna com as formas de caráter pedagógico, ou seja, depende de objetivos mais amplos
auto-gestão social (poder coletivo na escola para preparar sobre a relação da escola com a conservação ou a
formas de auto-gestão no plano político); transformação social.
- Ênfase na auto-organização do grupo de pessoas da A concepção funcionalista, por exemplo, valoriza o poder e
instituição, por meio de eleições e alternância no exercício de a autoridade, exercida unilateralmente. Enfatizando relações
funções; de subordinação, determinações rígidas de funções,
- Recusa a normas e sistemas de controle, acentuando-se a hipervalorizando a racionalização do trabalho, tende a retirar
responsabilidade coletiva; ou, ao menos, diminuir nas pessoas a faculdade de pensar e
- Crença no poder instituinte da instituição. decidir sobre seu trabalho. Com isso, o grau de envolvimento
profissional fica enfraquecido.
Concepção Democrática-Participativa As duas outras valorizam o trabalho coletivo, implicando a
Tem base na relação orgânica entre a direção e a participação de todos nas decisões. Embora ambas tenham
participação do pessoal da escola. Acentua a importância da entendimentos das relações de poder dentro da escola,
busca de objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma concebem a participação de todos nas decisões como
forma coletiva de gestão em que as decisões são tomadas importante ingrediente para a criação e desenvolvimento das
coletivamente e discutidas publicamente. Entretanto, uma vez relações democráticas e solidárias. Adotamos, neste livro, a
tomadas as decisões coletivamente, advoga que cada membro concepção democrático-participativa.
da equipe assuma a sua parte no trabalho, admitindo-se a Toda a instituição escolar necessita de uma estrutura de
coordenação e avaliação sistemática da operacionalização das organização interna, geralmente prevista no Regimento
decisões tomada dentro de uma tal diferenciação de funções e Escolar ou em legislação específica estadual ou municipal. O
saberes. Outras características desse modelo: termo estrutura tem aqui o sentido de ordenamento e
- Definição explícita de objetos sócio-políticos e disposição das funções que asseguram o funcionamento de um
pedagógicos da escola, pela equipe escolar; todo, no caso a escola. Essa estrutura é comumente
- Articulação entre a atividade de direção e a iniciativa e representada graficamente num organograma - um tipo de
participação das pessoas da escola e das que se relacionam gráfico que mostra a inter-relações entre os vários setores e
com ela; funções de uma organização ou serviço.
- A gestão é participativa mas espera-se, também, a gestão Evidentemente a forma do organograma reflete a
da participação; concepção de organização e gestão. A estrutura organizacional
- Qualificação e competência profissional; de escolas se diferencia conforme a legislação dos Estados e
- Busca de objetividade no trato das questões da Municípios e, obviamente, conforme as concepções de
organização e gestão, mediante coleta de informações reais; organização e gestão adotada, mas podemos apresentar a
- Acompanhamento e avaliação sistemáticos com estrutura básica com todas as unidades e funções típicas de
finalidade pedagógica: diagnóstico, acompanhamento dos uma escola.
trabalhos, reorientação dos rumos e ações, tomada de O Conselho de Escola tem atribuições consultivas,
decisões; deliberativas e fiscais em questões definidas na legislação
- Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são estadual ou municipal e no Regimento Escolar. Essas questões,
avaliados. geralmente, envolvem aspectos pedagógicos, administrativos
Atualmente, o modelo democrático-participativo tem sido e financeiros.
influenciado por uma corrente teórica que compreende a Em vários Estados o Conselho é eleito no início do ano
organização escolar como cultura. Esta corrente afirma que a letivo. Sua composição tem uma certa proporcionalidade de
escola não é uma estrutura totalmente objetiva, mensurável, participação dos docentes, dos especialistas em educação, dos
independente das pessoas, ao contrário, ela depende muito funcionários, dos pais e alunos, observando-se, em princípio, a
das experiências subjetivas das pessoas e de suas interações paridade dos integrantes da escola (50%) e usuários (50%).
sociais, ou seja, dos significados que as pessoas dão às coisas Em alguns lugares o Conselho de Escola é chamado de
enquanto significados socialmente produzidos e mantidos. Em “colegiado” e sua função básica é democratizar as relações de
outras palavras, dizer que a organização é uma cultura poder.
significa que ela é construída pelos seus próprios membros.

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O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades Escolar, vinculadas ao Conselho de Escola (onde este existia)
da escola, auxiliado pelos demais componentes do corpo de ou ao Diretor.
especialistas e técnicos-administrativos, atendendo às leis, A APM reúne os pais de alunos, o pessoal docente e técnico-
regulamentos e determinações dos órgãos superiores do administrativo e alunos maiores de 18 anos. Costuma
sistema de ensino e às decisões no âmbito da escola e pela funcionar mediante uma diretoria executiva e um conselho
comunidade. O assistente de diretor desempenha as mesmas deliberativo.
funções na condição de substituto eventual do diretor. O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos
O setor técnico-administrativo responde pelas atividades- alunos criada pela lei federal nº 7.398/85, que lhe confere
meio que asseguram o atendimento dos objetivos e funções da autonomia para se organizarem em torno dos seus interesses,
escola. com finalidades educacionais, culturais, cívicas e sociais.
A Secretaria Escolar cuida da documentação, escrituração Ambas as instituições costumam ser regulamentadas no
e correspondência da escola, dos docentes, demais Regime Escolar, variando sua composição e estrutura
funcionários e dos alunos. Responde também pelo organizacional. Todavia, é recomendável que tenham
atendimento ao público. Para a realização desses serviços, a autonomia de organização e funcionamento, evitando-se
escola conta com um secretário e escriturários ou auxiliares da qualquer tutelamento por parte da Secretaria da Educação ou
secretaria. O setor técnico-administrativo responde, também, da direção da escola.
pelos serviços auxiliares (Zeladoria, Vigilância e Atendimento Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar, em outras
ao público) e Multimeios (biblioteca, laboratórios, videoteca um setor de assistência ao estudante, que presta assistência
etc.). social, econômica, alimentar, médica e odontológica aos alunos
A Zeladoria, responsável pelos serventes, cuida da carentes.
manutenção, conservação e limpeza do prédio; da guarda das O Corpo docente é constituído pelo conjunto dos
dependências, instalações e equipamentos; da cozinha e da professores em exercício na escola, que tem como função
preparação e distribuição da merenda escolar; da execução de básica realizar o objetivo prioritário da escola, o ensino. Os
pequenos consertos e outros serviços rotineiros da escola. professores de todas as disciplinas formam, junto com a
A Vigilância cuida do acompanhamento dos alunos em direção e os especialistas, a equipe escolar. Além do seu papel
todas as dependências do edifício, menos na sala de aula, específico de docência das disciplinas, os professores também
orientando-os quanto a normas disciplinares, atendendo-os têm responsabilidades de participar na elaboração do plano
em caso de acidente ou enfermidade, como também do escolar ou projeto pedagógico-curricular, na realização das
atendimento às solicitações dos professores quanto a material atividades da escola e nas decisões dos Conselhos de Escola e
escolar, assistência e encaminhamento de alunos. de classe ou série, das reuniões com os pais (especialmente na
O serviço de Multimeios compreende a biblioteca, os comunicação e interpretação da avaliação), da APM e das
laboratórios, os equipamentos audiovisuais, a videoteca e demais atividades cívicas, culturais e recreativas da
outros recursos didáticos. comunidade.
O setor pedagógico compreende as atividades de A gestão democrática-participativa valoriza a participação
coordenação pedagógica e orientação educacional. As funções da comunidade escolar no processo de tomada de decisão,
desses especialistas variam confirme a legislação estadual e concebe à docência como trabalho interativo, aposta na
municipal, sendo que muitos lugares suas atribuições ora são construção coletiva dos objetivos e funcionamento da escola,
unificadas em apenas uma pessoa, ora são desempenhadas por por meio da dinâmica intersubjetiva, do diálogo, do consenso.
professores. Como são funções desses especializadas, Nos itens interiores mostramos que o processo de tomada
envolvendo habilidades bastante especiais, recomenda-se e de decisão inclui, também, as ações necessárias para colocá-la
seus ocupantes sejam formados em cursos de Pedagogia ou em prática. Em razão disso, faz-se necessário o emprego dos
adquiram formação pedagógico-didática específica. elementos ou processo organizacional, tal como veremos
O coordenador pedagógico ou professor coordenador adiante.
supervisiona, acompanha, assessora, avalia as atividades De fato, a organização e gestão, refere-se aos meios de
pedagógico-curriculares. Sua atribuição prioritária é prestar realização do trabalho escolar, isto é, à racionalização do
assistência pedagógico-didático aos professores em suas trabalho e à coordenação do esforço coletivo do pessoal que
respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho ao atua na escola, envolvendo os aspectos, físicos e materiais, os
trabalho interativo com os alunos. conhecimentos e qualificações práticas do educador, as
Há lugares em que a coordenação se restringe à disciplina relações humano-interacionais, o planejamento, a
em que o coordenador é especialista; em outros, a administração, a formação continuada, a avaliação do trabalho
coordenação se faz em relação a todas as disciplinas. Outra escolar.
atribuição que cabe ao coordenador pedagógico é o Tudo em função de atingir os objetivos, ou seja, como toda
relacionamento com os pais e a comunidade, especialmente no instituição as escolas também buscam resultados, o que
que se refere ao funcionamento pedagógico-curricular e implica em uma ação racional, estruturada e coordenada. Ao
didático da escola e comunicação e interpretação da avaliação mesmo tempo, sendo uma atividade coletiva, não depende
dos alunos. apenas das capacidades e responsabilidades individuais, mas
O orientador educacional, na instituição que essa função sim de objetivos comuns e compartilhados, e de ações
existe, cuida do atendimento e do acompanhamento escolar coordenadas e controladas pelos agentes do processo.
dos alunos e também do relacionamento escola-pais-
comunidade. Questões
O Conselho de Classe ou Série é um órgão de natureza
deliberativa quanto à avaliação escolar dos alunos, decidindo 01. (IF/PA - Educação Pedagogia - FADESP/2018) A
sobre ações preventivas e corretivas em relação ao gestão democrática como um princípio da educação brasileira
rendimento dos alunos, ao comportamento discente, às deve ser efetivada na escola com
promoções e reprovações e a outras medidas concernentes à (A) a existência de instância administrativa que promova a
melhoria da qualidade da oferta dos serviços educacionais e ao tomada de decisões sobre as ações escolares.
melhor desempenho escolar dos alunos. (B) a promoção de movimentos de ampla participação da
Paralelamente à estrutura organizacional, muitas escolas comunidade nos processos decisórios, desde a elaboração até
mantêm Instituições Auxiliares tais como: a APM (Associação a avaliação das ações pretendidas.
de Pais e Mestres), o Grêmio Estudantil e outras como Caixa

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(C) a elaboração de um instrumental de coleta de opiniões (D) A gestão da autonomia não implica
e sugestões dos pais sobre o trabalho escolar. corresponsabilidade dos membros da equipe escolar.
(D) a realização das eleições para o cargo de direção da (E) A autonomia é um princípio que implica que um líder
unidade escolar, no qual o conselho escolar escolhe aquele que tome as decisões para que os demais membros possam
assumirá o cargo. participar do processo de gestão.
(E) a realização de ações definidas a priori e com o
acompanhamento da coordenação. Gabarito

02. (IF/TO - Professor - 2017) No que concerne à 01.B / 02.A / 03.C / 04.A
organização e à gestão do trabalho escolar, e de acordo com
Libâneo (2012), marque a alternativa incorreta.
(A) A organização dos sistemas de ensino não possui Parâmetros Curriculares
influências sociais e políticas.
(B) Todos os envolvidos no processo educacional educam,
Nacionais do Ensino
não são apenas os professores. Fundamental
(C) A organização e a gestão da escola correspondem à
necessidade de a instituição escolar dispor das condições e dos
meios para a realização de seus objetivos específicos. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS 1ª A 4ª
(D) O professor participa ativamente da organização do SÉRIES
trabalho escolar, formando com os demais colegas uma equipe
de trabalho, aprendendo novos saberes e competências, assim
como um modo de agir coletivo, em favor da formação dos Prezado (a) candidato (a), os
alunos. Parâmetros Curriculares Nacionais não
(E) O professor está a cargo do principal objetivo da escola:
o ensino e a aprendizagem dos alunos.
sofreram as devidas alterações conforme
a lei vigente, por isso se encontram ainda
03. (IF/PI - Pedagogo - FUNRIO) Os estudos sobre a classificando o Ensino Fundamental em 8
administração escolar não é novo, bem como a da organização
do trabalho aí realizado.
séries, e não como o sistema atual de
É sempre útil distinguir, no estudo desta questão, a ensino dividido em 9 anos.
existência de duas concepções, que norteiam as análises: a Não considere como um material
científico-racional e a crítico, de cunho sócio-político.
Na primeira delas, que é o modelo mais comum de
errado, apenas não ocorreram as devidas
funcionamento das instituições de ensino, as escolas dão muita atualizações e alterações no próprio
ênfase à estrutura organizacional, que pode ser planejada, portal do Ministério da Educação ainda
organizada e controlada, de modo a alcançar maiores índices
de eficácia e eficiência, uma vez que a organização escolar se
<https://bit.ly/2BVXeIi>, mas são os
embasa numa percepção de “realidade objetiva, neutra, parâmetros cobrados atualmente.
técnica, que funciona racionalmente". Abaixo segue a parte Introdutória dos
Na segunda concepção, a organização escolar se estabelece
“basicamente como um sistema que agrega pessoas,
PCNs, caso queira lê-los em sua
importando bastante a intencionalidade e as interações integralidade acesse o link a cima
sociais, o contexto sócio-político etc., constituindo-se numa também que constará disponível todos os
construção social a ser construída pelos professores, alunos,
pais e integrantes da comunidade próxima, caracterizada pelo
volumes.
interesse público.
A visão crítica da escola resulta em diferentes formas de
Considerações preliminares
viabilização da...
(A) administração empresarial.
O que são os Parâmetros Curriculares Nacionais21
(B) administração escolar.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um
(C) gestão democrática.
referencial de qualidade para a educação no Ensino
(D) gestão empresarial.
Fundamental em todo o País. Sua função é orientar e garantir
(E) administração colegiada.
a coerência dos investimentos no sistema educacional,
socializando discussões, pesquisas e recomendações,
04. (IF/PB - Técnico em Assuntos Educacionais) Dentre
subsidiando a participação de técnicos e professores
os princípios e características da gestão escolar participativa,
brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais
destaca-se a autonomia como o fundamento da concepção
isolados, com menor contato com a produção pedagógica
democrático-participativa de gestão escolar. Com base nessa
atual.
informação, a autonomia na concepção democrático-
Por sua natureza aberta, configuram uma proposta flexível,
participativa de gestão escolar está expressa em:
a ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre
(A) A faculdade de uma pessoa de autogovernar-se, decidir
currículos e sobre programas de transformação da realidade
sobre o próprio destino, gerenciamento das ações e recursos
educacional empreendidos pelas autoridades governamentais,
financeiros.
pelas escolas e pelos professores. Não configuram, portanto,
(B) A organização escolar depende exclusivamente de
um modelo curricular homogêneo e impositivo, que se
decisões do poder central.
sobreporia à competência político-executiva dos Estados e
(C) O êxito da gestão da escola está no controle emanado
Municípios, à diversidade sociocultural das diferentes regiões
pelo poder central.
do País ou à autonomia de professores e equipes pedagógicas.

21 Texto adaptado disponível em http://portal.mec.gov.br/

Conhecimentos Educacionais 60
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O conjunto das proposições aqui expressas responde à avaliação dos sistemas escolares, visando ao seu contínuo
necessidade de referenciais a partir dos quais o sistema aprimoramento.
educacional do País se organize, a fim de garantir que, O Plano Decenal de Educação, em consonância com o que
respeitadas as diversidades culturais, regionais, étnicas, estabelece a Constituição de 1988, afirma a necessidade e a
religiosas e políticas que atravessam uma sociedade múltipla, obrigação de o Estado elaborar parâmetros claros no campo
estratificada e complexa, a educação possa atuar, curricular capazes de orientar as ações educativas do ensino
decisivamente, no processo de construção da cidadania, tendo obrigatório, de forma a adequá-lo aos ideais democráticos e à
como meta o ideal de uma crescente igualdade de direitos busca da melhoria da qualidade do ensino nas escolas
entre os cidadãos, baseado nos princípios democráticos. Essa brasileiras.
igualdade implica necessariamente o acesso à totalidade dos Nesse sentido, a leitura atenta do texto constitucional
bens públicos, entre os quais o conjunto dos conhecimentos vigente mostra a ampliação das responsabilidades do poder
socialmente relevantes. público para com a educação de todos, ao mesmo tempo que a
Entretanto, se estes Parâmetros Curriculares Nacionais Emenda Constitucional n. 14, de 12 de setembro de 1996,
podem funcionar como elemento catalisador de ações na priorizou o ensino fundamental, disciplinando a participação
busca de uma melhoria da qualidade da educação brasileira, de Estados e Municípios no tocante ao financiamento desse
de modo algum pretendem resolver todos os problemas que nível de ensino.
afetam a qualidade do ensino e da aprendizagem no País. A
busca da qualidade impõe a necessidade de investimentos em A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
diferentes frentes, como a formação inicial e continuada de Federal n. 9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996,
professores, uma política de salários dignos, um plano de consolida e amplia o dever do poder público para com a
carreira, a qualidade do livro didático, de recursos televisivos educação em geral e em particular para com o ensino
e de multimídia, a disponibilidade de materiais didáticos. Mas fundamental. Assim, vê-se no art. 22 dessa lei que a educação
esta qualificação almejada implica colocar também, no centro básica, da qual o ensino fundamental é parte integrante, deve
do debate, as atividades escolares de ensino e aprendizagem e assegurar a todos “a formação comum indispensável para o
a questão curricular como de inegável importância para a exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no
política educacional da nação brasileira. trabalho e em estudos posteriores”, fato que confere ao ensino
fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de terminalidade e
Breve histórico de continuidade.
Até dezembro de 1996 o ensino fundamental esteve Essa LDB reforça a necessidade de se propiciar a todos a
estruturado nos termos previstos pela Lei Federal n. 5.692, de formação básica comum, o que pressupõe a formulação de um
11 de agosto de 1971. Essa lei, ao definir as diretrizes e bases conjunto de diretrizes capaz de nortear os currículos e seus
da educação nacional, estabeleceu como objetivo geral, tanto conteúdos mínimos, incumbência que, nos termos do art. 9º,
para o ensino fundamental (primeiro grau, com oito anos de inciso IV, é remetida para a União. Para dar conta desse amplo
escolaridade obrigatória) quanto para o ensino médio objetivo, a LDB consolida a organização curricular de modo a
(segundo grau, não obrigatório), proporcionar aos educandos conferir uma maior flexibilidade no trato dos componentes
a formação necessária ao desenvolvimento de suas curriculares, reafirmando desse modo o princípio da base
potencialidades como elemento de auto realização, nacional comum (Parâmetros Curriculares Nacionais), a ser
preparação para o trabalho e para o exercício consciente da complementada por uma parte diversificada em cada sistema
cidadania. de ensino e escola na prática, repetindo o art. 210 da
Também generalizou as disposições básicas sobre o Constituição Federal.
currículo, estabelecendo o núcleo comum obrigatório em Em linha de síntese, pode-se afirmar que o currículo, tanto
âmbito nacional para o ensino fundamental e médio. Manteve, para o ensino fundamental quanto para o ensino médio, deve
porém, uma parte diversificada a fim de contemplar as obrigatoriamente propiciar oportunidades para o estudo da
peculiaridades locais, a especificidade dos planos dos língua portuguesa, da matemática, do mundo físico e natural e
estabelecimentos de ensino e as diferenças individuais dos da realidade social e política, enfatizando-se o conhecimento
alunos. Coube aos Estados a formulação de propostas do Brasil. Também são áreas curriculares obrigatórias o
curriculares que serviriam de base às escolas estaduais, ensino da Arte e da Educação Física, necessariamente
municipais e particulares situadas em seu território, integradas à proposta pedagógica. O ensino de pelo menos
compondo, assim, seus respectivos sistemas de ensino. Essas uma língua estrangeira moderna passa a se constituir um
propostas foram, na sua maioria, reformuladas durante os componente curricular obrigatório, a partir da quinta série do
anos 80, segundo as tendências educacionais que se ensino fundamental (art. 26, § 5o). Quanto ao ensino religioso,
generalizaram nesse período. sem onerar as despesas públicas, a LDB manteve a orientação
Em 1990 o Brasil participou da Conferência Mundial de já adotada pela política educacional brasileira, ou seja,
Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, convocada constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas,
pela Unesco, Unicef, PNUD e Banco Mundial. Dessa mas é de matrícula facultativa, respeitadas as preferências
conferência, assim como da Declaração de Nova Delhi - manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis (art. 33).
assinada pelos nove países em desenvolvimento de maior
contingente populacional do mundo -, resultaram posições O ensino proposto pela LDB está em função do objetivo
consensuais na luta pela satisfação das necessidades básicas maior do ensino fundamental, que é o de propiciar a todos
de aprendizagem para todos, capazes de tornar universal a formação básica para a cidadania, a partir da criação na escola
educação fundamental e de ampliar as oportunidades de de condições de aprendizagem para:
aprendizagem para crianças, jovens e adultos. “I- o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
Tendo em vista o quadro atual da educação no Brasil e os como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
compromissos assumidos internacionalmente, o Ministério da cálculo;
Educação e do Desporto coordenou a elaboração do Plano II- a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
Decenal de Educação para Todos (1993-2003), concebido político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
como um conjunto de diretrizes políticas em contínuo fundamenta a sociedade;
processo de negociação, voltado para a recuperação da escola III- o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
fundamental, a partir do compromisso com a equidade e com tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
o incremento da qualidade, como também com a constante formação de atitudes e valores;

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IV- o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de Número de alunos e de estabelecimentos
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se A oferta de vagas está praticamente universalizada no País.
assenta a vida social” (art. 32). Vale lembrar que, segundo a O maior contingente de crianças fora da escola encontra-se na
redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006, o ensino região Nordeste. Nas regiões Sul e Sudeste há desequilíbrios
fundamental é obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, na localização das escolas e, no caso das grandes cidades,
gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos insuficiência de vagas, provocando a existência de um número
de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão. excessivo de turnos e a criação de escolas unidocentes ou
(Adaptação) multisseriadas.
Verifica-se, pois, como os atuais dispositivos relativos à Em 1994, os 31,2 milhões de alunos do ensino fundamental
organização curricular da educação escolar caminham no concentravam-se predominantemente nas regiões Sudeste
sentido de conferir ao aluno, dentro da estrutura federativa, (39%) e Nordeste (31%), seguidas das regiões Sul (14%),
efetivação dos objetivos da educação democrática. Norte (9%) e Centro-Oeste (7 %), conforme indicado no
gráfico 1.
O processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares
Nacionais
O processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares
Nacionais teve início a partir do estudo de propostas
curriculares de Estados e Municípios brasileiros, da análise
realizada pela Fundação Carlos Chagas sobre os currículos
oficiais e do contato com informações relativas a experiências
de outros países. Foram analisados subsídios oriundos do
Plano Decenal de Educação, de pesquisas nacionais e
internacionais, dados estatísticos sobre desempenho de
alunos do ensino fundamental, bem como experiências de sala
de aula difundidas em encontros, seminários e publicações.
Formulou-se, então, uma proposta inicial que, apresentada
em versão preliminar, passou por um processo de discussão
A maioria absoluta dos alunos frequentava escolas
em âmbito nacional, em 1995 e 1996, do qual participaram
públicas (88,4%) localizadas em áreas urbanas (82,5%), como
docentes de universidades públicas e particulares, técnicos de
resultado do processo de urbanização do País nas últimas
secretarias estaduais e municipais de educação, de instituições
décadas, e da crescente participação do setor público na oferta
representativas de diferentes áreas de conhecimento,
de matrículas. O setor privado responde apenas por 11,6% da
especialistas e educadores. Desses interlocutores foram
oferta, em consequência de sua participação declinante desde
recebidos aproximadamente setecentos pareceres sobre a
o início dos anos 70.
proposta inicial, que serviram de referência para a sua
No que se refere ao número de estabelecimentos de ensino,
reelaboração.
ao todo 194.487, mais de 70% das escolas são rurais, apesar
A discussão da proposta foi estendida em inúmeros
de responderem por apenas 17,5% da demanda de ensino
encontros regionais, organizados pelas delegacias do MEC nos
fundamental. Na verdade, as escolas rurais concentram-se
Estados da federação, que contaram com a participação de
sobretudo na região Nordeste (50%), não só em função de suas
professores do ensino fundamental, técnicos de secretarias
características socioeconômicas, mas também devido à
municipais e estaduais de educação, membros de conselhos
ausência de planejamento do processo de expansão da rede
estaduais de educação, representantes de sindicatos e
física (gráfico 2).
entidades ligadas ao magistério. Os resultados apurados
nesses encontros também contribuíram para a reelaboração
do documento.
Os pareceres recebidos, além das análises críticas e
sugestões em relação ao conteúdo dos documentos, em sua
quase-totalidade, apontaram a necessidade de uma política de
implementação da proposta educacional inicialmente
explicitada. Além disso, sugeriram diversas possibilidades de
atuação das universidades e das faculdades de educação para
a melhoria do ensino nas séries iniciais, as quais estão sendo
incorporadas na elaboração de novos programas de formação
de professores, vinculados à implementação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais.

A proposta dos parâmetros curriculares nacionais em


face da situação do ensino fundamental

Durante as décadas de 70 e 80 a tônica da política


educacional brasileira recaiu sobre a expansão das
oportunidades de escolarização, havendo um aumento
expressivo no acesso à escola básica. Todavia, os altos índices
de repetência e evasão apontam problemas que evidenciam a
grande insatisfação com o trabalho realizado pela escola.
Indicadores fornecidos pela Secretaria de
Desenvolvimento e Avaliação Educacional (Sediae), do
Ministério da Educação e do Desporto, reafirmam a
necessidade de revisão do projeto educacional do País, de A situação mostra-se grave ao se observar a evolução da
modo a concentrar a atenção na qualidade do ensino e da distribuição da população por nível de escolaridade. Se é
aprendizagem. verdade que houve considerável avanço na escolaridade

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correspondente à primeira fase do ensino fundamental


(primeira a quarta séries), é também verdade que em relação
aos demais níveis de ensino a escolaridade ainda é muito
insuficiente: em 1990, apenas 19% da população do País
possuía o primeiro grau completo; 13%, o nível médio; e 8%
possuía o nível superior. Considerando a importância do
ensino fundamental e médio para assegurar a formação de
cidadãos aptos a participar democraticamente da vida social,
esta situação indica a urgência das tarefas e o esforço que o
estado e a sociedade civil deverão assumir para superar a
médio prazo o quadro existente.
Além das imensas diferenças regionais no que concerne ao
número médio de anos de estudo, que apontam a região
Nordeste bem abaixo da média nacional, cabe destacar a
grande oscilação deste indicador em relação à variável cor,
mas relativo equilíbrio do ponto de vista de gênero, como
mostram os dados da tabela 1.

Com efeito, mais do que refletir as desigualdades regionais


e as diferenças de gênero e cor, o quadro de escolarização
desigual do País revela os resultados do processo de extrema
concentração de renda e níveis elevados de pobreza.

Promoção, repetência e evasão


Em relação às taxas de transição, houve substancial
melhoria dos índices de promoção, repetência e evasão do
ensino fundamental. Verifica-se, no período de 1981-92,
tendência ascendente das taxas de promoção - sobem de 55%
em 1984, para 62% em 1992 - acompanhada de queda
razoável das taxas médias de repetência e evasão, que atingem,
respectivamente, 33% e 5% em 1992.
Do ponto de vista regional, com exceção do Norte e do
Essa tendência é muito significativa. Estudos indicam que
Nordeste, as demais regiões apresentam tendência à elevação
a repetência constitui um dos problemas do quadro
das taxas médias de promoção e à queda dos índices de
educacional do País, uma vez que os alunos passam, em média,
repetência (gráficos 6 e 7), indicando relativo processo de
5 anos na escola antes de se evadirem ou levam cerca de 11,2
melhoria da eficiência do sistema. Ressalta-se, contudo,
anos para concluir as oito séries de escolaridade obrigatória.
tendência à queda das taxas de evasão nas regiões Norte e
No entanto, a grande maioria da população estudantil acaba
Nordeste que, em 1992, chegam muito próximas da média
desistindo da escola, desestimulada em razão das altas taxas
nacional (gráfico 8).
de repetência e pressionada por fatores socioeconômicos que
obrigam boa parte dos alunos ao trabalho precoce.
Apesar da melhoria observada nos índices de evasão, o
comportamento das taxas de promoção e repetência na
primeira série do ensino fundamental está ainda longe do
desejável: apenas 51% do total de alunos são promovidos,
enquanto 44% repetem, reproduzindo assim o ciclo de
retenção que acaba expulsando os alunos da escola (gráficos 3,
4 e 5).

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Para reverter esse quadro, alguns Estados e Municípios


começam a implementar programas de aceleração do fluxo
escolar, com o objetivo de promover, a médio prazo, a
melhoria dos indicadores de rendimento escolar. São
iniciativas extremamente importantes, uma vez que a pesquisa
realizada pelo MEC, em 1995, por meio do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (SAEB) mostra que quanto
maior a distorção idade/série, pior o rendimento dos alunos
em Língua Portuguesa e Matemática, tanto no ensino
fundamental como no médio. A repetência, portanto, parece
não acrescentar nada ao processo de ensino e aprendizagem.

Desempenho
O perfil da educação brasileira apresentou significativas
mudanças nas duas últimas décadas.
Houve substancial queda da taxa de analfabetismo,
aumento expressivo do número de matrículas em todos os
níveis de ensino e crescimento sistemático das taxas de
escolaridade média da população.
A progressiva queda da taxa de analfabetismo, que passa
de 39,5% para 20,1% nas quatro últimas décadas, foi paralela
ao processo de universalização do atendimento escolar na
faixa etária obrigatória (sete a quatorze anos), tendência que
se acentua de meados dos anos 70 para cá, sobretudo como
resultado do esforço do setor público na promoção das
políticas educacionais.
Esse movimento não ocorreu de forma homogênea. Ele
acompanhou as características de desenvolvimento
socioeconômico do País e reflete suas desigualdades.
Por outro lado, resultados obtidos em pesquisa realizada
As taxas de repetência evidenciam a baixa qualidade do
pelo SAEB/95, baseados em uma amostra nacional que
ensino e a incapacidade dos sistemas educacionais e das
abrangeu 90.499 alunos de 2.793 escolas públicas e privadas,
escolas de garantir a permanência do aluno, penalizando
reafirmam a baixa qualidade atingida no desempenho dos
principalmente os alunos de níveis de renda mais baixos.
alunos no ensino fundamental em relação à leitura e
O “represamento” no sistema causado pelo número
principalmente em habilidade matemática.
excessivo de reprovações nas séries iniciais contribui de forma
significativa para o aumento dos gastos públicos, ainda
acrescidos pela subutilização de recursos humanos e materiais
nas séries finais, devido ao número reduzido de alunos.
Uma das consequências mais nefastas das elevadas taxas
de repetência manifesta-se nitidamente nas acentuadas taxas
de distorção série/idade, em todas as séries do ensino
fundamental (gráfico 9). Apesar da ligeira queda observada em
todas as séries, no período 1984-94, a situação é dramática:
- mais de 63% dos alunos do ensino fundamental têm idade
superior à faixa etária correspondente a cada série;
- as regiões Sul e Sudeste, embora situem-se abaixo da Pelo exame da tabela 2, os estudantes parecem lidar
média nacional, ainda apresentam índices bastante elevados, melhor com o reconhecimento de significados do que com
respectivamente, cerca de 42% e de 54%; extensões ou aspectos críticos, já que os índices de acerto são
- as regiões Norte e Nordeste situam-se bem acima da sempre maiores nesse tipo de habilidade.
média nacional (respectivamente, 78% e 80%).

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escolaridade de nível médio ou superior, mas sem função


específica para o magistério. Finalmente, a ausência de
formação mínima concentra-se na área rural, onde chega a
atingir 40%.
A exigência legal de formação inicial para atuação no
ensino fundamental nem sempre pode ser cumprida, em
função das deficiências do sistema educacional. No entanto, a
má qualidade do ensino não se deve simplesmente à não
formação inicial de parte dos professores, resultando também
da má qualidade da formação que tem sido ministrada. Este
levantamento mostra a urgência de se atuar na formação
inicial dos professores.
Além de uma formação inicial consistente, é preciso
considerar um investimento educativo contínuo e sistemático
para que o professor se desenvolva como profissional de
Os resultados de desempenho em matemática mostram educação. O conteúdo e a metodologia para essa formação
um rendimento geral insatisfatório, pois os percentuais em sua precisam ser revistos para que haja possibilidade de melhoria
maioria situam-se abaixo de 50%. Ao indicarem um do ensino. A formação não pode ser tratada como um acúmulo
rendimento melhor nas questões classificadas como de de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e
compreensão de conceitos do que nas de conhecimento de crítico sobre a prática educativa. Investir no desenvolvimento
procedimentos e resolução de problemas, os dados parecem profissional dos professores é também intervir em suas reais
confirmar o que vem sendo amplamente debatido, ou seja, que condições de trabalho.
o ensino da matemática ainda é feito sem levar em conta os
aspectos que a vinculam com a prática cotidiana, tornando-a Princípios e Fundamentos dos Parâmetros
desprovida de significado para o aluno. Outro fato que chama Curriculares Nacionais
a atenção é que o pior índice refere-se ao campo da geometria.
Os dados apresentados pela pesquisa confirmam a Na sociedade democrática, ao contrário do que ocorre nos
necessidade de investimentos substanciais para a melhoria da regimes autoritários, o processo educacional não pode ser
qualidade do ensino e da aprendizagem no ensino instrumento para a imposição, por parte do governo, de um
fundamental. projeto de sociedade e de nação. Tal projeto deve resultar do
Mesmo os alunos que conseguem completar os oito anos próprio processo democrático, nas suas dimensões mais
do ensino fundamental acabam dispondo de menos amplas, envolvendo a contraposição de diferentes interesses e
conhecimento do que se espera de quem concluiu a a negociação política necessária para encontrar soluções para
escolaridade obrigatória. Aprenderam pouco, e muitas vezes o os conflitos sociais.
que aprenderam não facilita sua inserção e atuação na Não se pode deixar de levar em conta que, na atual
sociedade. Dentre outras deficiências do processo de ensino e realidade brasileira, a profunda estratificação social e a injusta
aprendizagem, são relevantes o desinteresse geral pelo distribuição de renda têm funcionado como um entrave para
trabalho escolar, a motivação dos alunos centrada apenas na que uma parte considerável da população possa fazer valer os
nota e na promoção, o esquecimento precoce dos assuntos seus direitos e interesses fundamentais. Cabe ao governo o
estudados e os problemas de disciplina. papel de assegurar que o processo democrático se desenvolva
Desde os anos 80, experiências concretas no âmbito dos de modo a que esses entraves diminuam cada vez mais. É papel
Estados e Municípios vêm sendo tentadas para a do Estado democrático investir na escola, para que ela prepare
transformação desse quadro educacional mas, ainda que e instrumentalize crianças e jovens para o processo
tenham obtido sucesso, são experiências circunscritas a democrático, forçando o acesso à educação de qualidade para
realidades específicas. todos e às possibilidades de participação social.
Para isso faz-se necessária uma proposta educacional que
Professores tenha em vista a qualidade da formação a ser oferecida a todos
O desempenho dos alunos remete-nos diretamente à os estudantes. O ensino de qualidade que a sociedade demanda
necessidade de se considerarem aspectos relativos à formação atualmente expressa-se aqui como a possibilidade de o
do professor. Pelo Censo Educacional de 1994 foi feito um sistema educacional vir a propor uma prática educativa
levantamento da quantidade de professores que atuam no adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e
ensino fundamental, bem como grau de escolaridade. Do total culturais da realidade brasileira, que considere os interesses e
de funções docentes do ensino fundamental (cerca de 1,3 as motivações dos alunos e garanta as aprendizagens
milhão), 86,3% encontram-se na rede pública; mais de 79% essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e
relacionam-se às escolas da área urbana e apenas 20,4% à participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e
zona rural (tabela 4). responsabilidade na sociedade em que vivem.
O exercício da cidadania exige o acesso de todos à
totalidade dos recursos culturais relevantes para a
intervenção e a participação responsável na vida social. O
domínio da língua falada e escrita, os princípios da reflexão
matemática, as coordenadas espaciais e temporais que
organizam a percepção do mundo, os princípios da explicação
científica, as condições de fruição da arte e das mensagens
estéticas, domínios de saber tradicionalmente presentes nas
diferentes concepções do papel da educação no mundo
democrático, até outras tantas exigências que se impõem no
mundo contemporâneo.
A tabela 4 mostra a existência de 10% de funções docentes Essas exigências apontam a relevância de discussões sobre
sendo desempenhadas sem o nível de formação mínimo a dignidade do ser humano, a igualdade de direitos, a recusa
exigido. Ainda 5% de funções preenchidas por pessoas com categórica de formas de discriminação, a importância da

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solidariedade e do respeito. Cabe ao campo educacional do Brasil, do interior ou do litoral, de uma grande cidade ou da
propiciar aos alunos as capacidades de vivenciar as diferentes zona rural, deve ter o direito de aprender e esse direito deve
formas de inserção sociopolítica e cultural. Apresenta-se para ser garantido pelo Estado.
a escola, hoje mais do que nunca, a necessidade de assumir-se Mas, na medida em que o princípio da equidade reconhece
como espaço social de construção dos significados éticos a diferença e a necessidade de haver condições diferenciadas
necessários e constitutivos de toda e qualquer ação de para o processo educacional, tendo em vista a garantia de uma
cidadania. formação de qualidade para todos, o que se apresenta é a
necessidade de um referencial comum para a formação escolar
No contexto atual, a inserção no mundo do trabalho e do no Brasil, capaz de indicar aquilo que deve ser garantido a
consumo, o cuidado com o próprio corpo e com a saúde, todos, numa realidade com características tão diferenciadas,
passando pela educação sexual, e a preservação do meio sem promover uma uniformização que descaracterize e
ambiente são temas que ganham um novo estatuto, num desvalorize peculiaridades culturais e regionais.
universo em que os referenciais tradicionais, a partir dos quais É nesse sentido que o estabelecimento de uma referência
eram vistos como questões locais ou individuais, já não dão curricular comum para todo o País, ao mesmo tempo que
conta da dimensão nacional e até mesmo internacional que fortalece a unidade nacional e a responsabilidade do Governo
tais temas assumem, justificando, portanto, sua consideração. Federal com a educação, busca garantir, também, o respeito à
Nesse sentido, é papel preponderante da escola propiciar o diversidade que é marca cultural do País, mediante a
domínio dos recursos capazes de levar à discussão dessas possibilidade de adaptações que integrem as diferentes
formas e sua utilização crítica na perspectiva da participação dimensões da prática educacional.
social e política. Para compreender a natureza dos Parâmetros Curriculares
Desde a construção dos primeiros computadores, na Nacionais, é necessário situá-los em relação a quatro níveis de
metade deste século, novas relações entre conhecimento e concretização curricular considerando a estrutura do sistema
trabalho começaram a ser delineadas. Um de seus efeitos é a educacional brasileiro. Tais níveis não representam etapas
exigência de um reequacionamento do papel da educação no sequenciais, mas sim amplitudes distintas da elaboração de
mundo contemporâneo, que coloca para a escola um horizonte propostas curriculares, com responsabilidades diferentes, que
mais amplo e diversificado do que aquele que, até poucas devem buscar uma integração e, ao mesmo tempo, autonomia.
décadas atrás, orientava a concepção e construção dos
projetos educacionais. Não basta visar à capacitação dos Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem o
estudantes para futuras habilitações em termos das primeiro nível de concretização curricular. São uma referência
especializações tradicionais, mas antes trata-se de ter em vista nacional para o ensino fundamental; estabelecem uma meta
a formação dos estudantes em termos de sua capacitação para educacional para a qual devem convergir as ações políticas do
a aquisição e o desenvolvimento de novas competências, em Ministério da Educação e do Desporto, tais como os projetos
função de novos saberes que se produzem e demandam um ligados à sua competência na formação inicial e continuada de
novo tipo de profissional, preparado para poder lidar com professores, à análise e compra de livros e outros materiais
novas tecnologias e linguagens, capaz de responder a novos didáticos e à avaliação nacional. Têm como função subsidiar a
ritmos e processos. Essas novas relações entre conhecimento elaboração ou a revisão curricular dos Estados e Municípios,
e trabalho exigem capacidade de iniciativa e inovação e, mais dialogando com as propostas e experiências já existentes,
do que nunca, “aprender a aprender”. Isso coloca novas incentivando a discussão pedagógica interna das escolas e a
demandas para a escola. A educação básica tem assim a função elaboração de projetos educativos, assim como servir de
de garantir condições para que o aluno construa instrumentos material de reflexão para a prática de professores.
que o capacitem para um processo de educação permanente. Todos os documentos aqui apresentados configuram uma
referência nacional em que são apontados conteúdos e
Para tanto, é necessário que, no processo de ensino e objetivos articulados, critérios de eleição dos primeiros,
aprendizagem, sejam exploradas: a aprendizagem de questões de ensino e aprendizagem das áreas, que permeiam
metodologias capazes de priorizar a construção de estratégias a prática educativa de forma explícita ou implícita, propostas
de verificação e comprovação de hipóteses na construção do sobre a avaliação em cada momento da escolaridade e em cada
conhecimento, a construção de argumentação capaz de área, envolvendo questões relativas a o que e como avaliar.
controlar os resultados desse processo, o desenvolvimento do Assim, além de conter uma exposição sobre seus fundamentos,
espírito crítico capaz de favorecer a criatividade, a contém os diferentes elementos curriculares - tais como
compreensão dos limites e alcances lógicos das explicações Caracterização das Áreas, Objetivos, Organização dos
propostas. Além disso, é necessário ter em conta uma dinâmica Conteúdos, Critérios de Avaliação e Orientações Didáticas -,
de ensino que favoreça não só o descobrimento das efetivando uma proposta articuladora dos propósitos mais
potencialidades do trabalho individual, mas também, e gerais de formação de cidadania, com sua operacionalização
sobretudo, do trabalho coletivo. Isso implica o estímulo à no processo de aprendizagem.
autonomia do sujeito, desenvolvendo o sentimento de Apesar de apresentar uma estrutura curricular completa,
segurança em relação às suas próprias capacidades, os Parâmetros Curriculares Nacionais são abertos e flexíveis,
interagindo de modo orgânico e integrado num trabalho de uma vez que, por sua natureza, exigem adaptações para a
equipe e, portanto, sendo capaz de atuar em níveis de construção do currículo de uma Secretaria ou mesmo de uma
interlocução mais complexos e diferenciados. escola. Também pela sua natureza, eles não se impõem como
uma diretriz obrigatória: o que se pretende é que ocorram
Natureza e função dos Parâmetros Curriculares adaptações, por meio do diálogo, entre estes documentos e as
Nacionais práticas já existentes, desde as definições dos objetivos até as
Cada criança ou jovem brasileiro, mesmo de locais com orientações didáticas para a manutenção de um todo coerente.
pouca infraestrutura e condições socioeconômicas
desfavoráveis, deve ter acesso ao conjunto de conhecimentos Os Parâmetros Curriculares Nacionais estão situados
socialmente elaborados e reconhecidos como necessários para historicamente - não são princípios atemporais. Sua validade
o exercício da cidadania para deles poder usufruir. Se existem depende de estarem em consonância com a realidade social,
diferenças socioculturais marcantes, que determinam necessitando, portanto, de um processo periódico de avaliação
diferentes necessidades de aprendizagem, existe também e revisão, a ser coordenado pelo MEC.
aquilo que é comum a todos, que um aluno de qualquer lugar

Conhecimentos Educacionais 66
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APOSTILAS OPÇÃO

O segundo nível de concretização diz respeito às propostas particulares, muitas vezes mesclando aspectos de mais de uma
curriculares dos Estados e Municípios. Os Parâmetros linha pedagógica.
Curriculares Nacionais poderão ser utilizados como recurso
para adaptações ou elaborações curriculares realizadas pelas A análise das tendências pedagógicas no Brasil deixa
Secretarias de Educação, em um processo definido pelos evidente a influência dos grandes movimentos educacionais
responsáveis em cada local. internacionais, da mesma forma que expressam as
O terceiro nível de concretização refere-se à elaboração da especificidades de nossa história política, social e cultural, a
proposta curricular de cada instituição escolar, cada período em que são consideradas. Pode-se identificar, na
contextualizada na discussão de seu projeto educativo. tradição pedagógica brasileira, a presença de quatro grandes
Entende-se por projeto educativo a expressão da identidade tendências: a tradicional, a renovada, a tecnicista e aquelas
de cada escola em um processo dinâmico de discussão, marcadas centralmente por preocupações sociais e políticas.
reflexão e elaboração contínua. Esse processo deve contar com Tais tendências serão sintetizadas em grandes traços que
a participação de toda equipe pedagógica, buscando um tentam recuperar os pontos mais significativos de cada uma
comprometimento de todos com o trabalho realizado, com os das propostas. Este documento não ignora o risco de uma certa
propósitos discutidos e com a adequação de tal projeto às redução das concepções, tendo em vista a própria síntese e os
características sociais e culturais da realidade em que a escola limites desta apresentação.
está inserida. É no âmbito do projeto educativo que A “pedagogia tradicional” é uma proposta de educação
professores e equipe pedagógica discutem e organizam os centrada no professor, cuja função se define como a de vigiar e
objetivos, conteúdos e critérios de avaliação para cada ciclo. aconselhar os alunos, corrigir e ensinar a matéria.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais e as propostas das A metodologia decorrente de tal concepção baseia-se na
Secretarias devem ser vistos como materiais que subsidiarão exposição oral dos conteúdos, numa sequência
a escola na constituição de sua proposta educacional mais predeterminada e fixa, independentemente do contexto
geral, num processo de interlocução em que se compartilham escolar; enfatiza-se a necessidade de exercícios repetidos para
e explicitam os valores e propósitos que orientam o trabalho garantir a memorização dos conteúdos. A função primordial da
educacional que se quer desenvolver e o estabelecimento do escola, nesse modelo, é transmitir conhecimentos
currículo capaz de atender às reais necessidades dos alunos. disciplinares para a formação geral do aluno, formação esta
que o levará, ao inserir-se futuramente na sociedade, a optar
O quarto nível de concretização curricular é o momento da por uma profissão valorizada. Os conteúdos do ensino
realização da programação das atividades de ensino e correspondem aos conhecimentos e valores sociais
aprendizagem na sala de aula. É quando o professor, segundo acumulados pelas gerações passadas como verdades
as metas estabelecidas na fase de concretização anterior, faz acabadas, e, embora a escola vise à preparação para a vida, não
sua programação, adequando-a àquele grupo específico de busca estabelecer relação entre os conteúdos que se ensinam
alunos. A programação deve garantir uma distribuição e os interesses dos alunos, tampouco entre esses e os
planejada de aulas, distribuição dos conteúdos segundo um problemas reais que afetam a sociedade. Na maioria das
cronograma referencial, definição das orientações didáticas escolas essa prática pedagógica se caracteriza por sobrecarga
prioritárias, seleção do material a ser utilizado, planejamento de informações que são veiculadas aos alunos, o que torna o
de projetos e sua execução. Apesar de a responsabilidade ser processo de aquisição de conhecimento, para os alunos, muitas
essencialmente de cada professor, é fundamental que esta seja vezes burocratizado e destituído de significação. No ensino dos
compartilhada com a equipe da escola por meio da conteúdos, o que orienta é a organização lógica das disciplinas,
corresponsabilidade estabelecida no projeto educativo. o aprendizado moral, disciplinado e esforçado.
Tal proposta, no entanto, exige uma política educacional
que contemple a formação inicial e continuada dos Nesse modelo, a escola se caracteriza pela postura
professores, uma decisiva revisão das condições salariais, conservadora. O professor é visto como a autoridade máxima,
além da organização de uma estrutura de apoio que favoreça o um organizador dos conteúdos e estratégias de ensino e,
desenvolvimento do trabalho (acervo de livros e obras de portanto, o guia exclusivo do processo educativo.
referência, equipe técnica para supervisão, materiais A “pedagogia renovada” é uma concepção que inclui várias
didáticos, instalações adequadas para a realização de trabalho correntes que, de uma forma ou de outra, estão ligadas ao
de qualidade), aspectos que, sem dúvida, implicam a movimento da Escola Nova ou Escola Ativa. Tais correntes,
valorização da atividade do professor. embora admitam divergências, assumem um mesmo princípio
norteador de valorização do indivíduo como ser livre, ativo e
Fundamentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais social. O centro da atividade escolar não é o professor nem os
A tradição pedagógica brasileira conteúdos disciplinares, mas sim o aluno, como ser ativo e
A prática de todo professor, mesmo de forma inconsciente, curioso. O mais importante não é o ensino, mas o processo de
sempre pressupõe uma concepção de ensino e aprendizagem aprendizagem. Em oposição à Escola Tradicional, a Escola
que determina sua compreensão dos papéis de professor e Nova destaca o princípio da aprendizagem por descoberta e
aluno, da metodologia, da função social da escola e dos estabelece que a atitude de aprendizagem parte do interesse
conteúdos a serem trabalhados. A discussão dessas questões é dos alunos, que, por sua vez, aprendem fundamentalmente
importante para que se explicitem os pressupostos pela experiência, pelo que descobrem por si mesmos.
pedagógicos que subjazem à atividade de ensino, na busca de O professor é visto, então, como facilitador no processo de
coerência entre o que se pensa estar fazendo e o que realmente busca de conhecimento que deve partir do aluno. Cabe ao
se faz. Tais práticas se constituem a partir das concepções professor organizar e coordenar as situações de
educativas e metodologias de ensino que permearam a aprendizagem, adaptando suas ações às características
formação educacional e o percurso profissional do professor, individuais dos alunos, para desenvolver suas capacidades e
aí incluídas suas próprias experiências escolares, suas habilidades intelectuais.
experiências de vida, a ideologia compartilhada com seu grupo A ideia de um ensino guiado pelo interesse dos alunos
social e as tendências pedagógicas que lhe são acabou, em muitos casos, por desconsiderar a necessidade de
contemporâneas. um trabalho planejado, perdendo-se de vista o que deve ser
As tendências pedagógicas que se firmam nas escolas ensinado e aprendido. Essa tendência, que teve grande
brasileiras, públicas e privadas, na maioria dos casos não penetração no Brasil na década de 30, no âmbito do ensino
aparecem em forma pura, mas com características

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pré-escolar (jardim de infância), até hoje influencia muitas práticas anteriores em relação ao desenvolvimento e à
práticas pedagógicas. aprendizagem, realizando uma releitura dessas práticas à luz
dos avanços ocorridos nas produções teóricas, nas
Nos anos 70 proliferou o que se chamou de “tecnicismo investigações e em fatos que se tornaram observáveis nas
educacional”, inspirado nas teorias behavioristas da experiências educativas mais recentes realizadas em
aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, que diferentes Estados e Municípios do Brasil.
definiu uma prática pedagógica altamente controlada e No final dos anos 70, pode-se dizer que havia no Brasil,
dirigida pelo professor, com atividades mecânicas inseridas entre as tendências didáticas de vanguarda, aquelas que
numa proposta educacional rígida e passível de ser totalmente tinham um viés mais psicológico e outras cujo viés era mais
programada em detalhes. A supervalorização da tecnologia sociológico e político; a partir dos anos 80 surge com maior
programada de ensino trouxe consequências: a escola se evidência um movimento que pretende a integração entre
revestiu de uma grande autossuficiência, reconhecida por ela essas abordagens. Se por um lado não é mais possível deixar
e por toda a comunidade atingida, criando assim a falsa ideia de se ter preocupações com o domínio de conhecimentos
de que aprender não é algo natural do ser humano, mas que formais para a participação crítica na sociedade, considera-se
depende exclusivamente de especialistas e de técnicas. O que também que é necessária uma adequação pedagógica às
é valorizado nessa perspectiva não é o professor, mas a características de um aluno que pensa, de um professor que
tecnologia; o professor passa a ser um mero especialista na sabe e aos conteúdos de valor social e formativo.
aplicação de manuais e sua criatividade fica restrita aos limites Esse momento se caracteriza pelo enfoque centrado no
possíveis e estreitos da técnica utilizada. A função do aluno é caráter social do processo de ensino e aprendizagem e é
reduzida a um indivíduo que reage aos estímulos de forma a marcado pela influência da psicologia genética.
corresponder às respostas esperadas pela escola, para ter O enfoque social dado aos processos de ensino e
êxito e avançar. Seus interesses e seu processo particular não aprendizagem traz para a discussão pedagógica aspectos de
são considerados e a atenção que recebe é para ajustar seu extrema relevância, em particular no que se refere à maneira
ritmo de aprendizagem ao programa que o professor deve como se devem entender as relações entre desenvolvimento e
implementar. Essa orientação foi dada para as escolas pelos aprendizagem, à importância da relação interpessoal nesse
organismos oficiais durante os anos 60, e até hoje está processo, à relação entre cultura e educação e ao papel da ação
presente em muitos materiais didáticos com caráter educativa ajustada às situações de aprendizagem e às
estritamente técnico e instrumental. características da atividade mental construtiva do aluno em
cada momento de sua escolaridade.
No final dos anos 70 e início dos 80, a abertura política
decorrente do final do regime militar coincidiu com a intensa A psicologia genética propiciou aprofundar a compreensão
mobilização dos educadores para buscar uma educação crítica sobre o processo de desenvolvimento na construção do
a serviço das transformações sociais, econômicas e políticas, conhecimento. Compreender os mecanismos pelos quais as
tendo em vista a superação das desigualdades existentes no crianças constroem representações internas de
interior da sociedade. Ao lado das denominadas teorias crítico- conhecimentos construídos socialmente, em uma perspectiva
reprodutivistas, firma-se no meio educacional a presença da psicogenética, traz uma contribuição para além das descrições
“pedagogia libertadora” e da “pedagogia crítico-social dos dos grandes estágios de desenvolvimento.
conteúdos”, assumida por educadores de orientação marxista. A pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita chegou ao
A “pedagogia libertadora” tem suas origens nos Brasil em meados dos anos 80 e causou grande impacto,
movimentos de educação popular que ocorreram no final dos revolucionando o ensino da língua nas séries iniciais e, ao
anos 50 e início dos anos 60, quando foram interrompidos pelo mesmo tempo, provocando uma revisão do tratamento dado
golpe militar de 1964; teve seu desenvolvimento retomado no ao ensino e à aprendizagem em outras áreas do conhecimento.
final dos anos 70 e início dos anos 80. Nessa proposta, a Essa investigação evidencia a atividade construtiva do aluno
atividade escolar pauta-se em discussões de temas sociais e sobre a língua escrita, objeto de conhecimento
políticos e em ações sobre a realidade social imediata; reconhecidamente escolar, mostrando a presença importante
analisam-se os problemas, seus fatores determinantes e dos conhecimentos específicos sobre a escrita que a criança já
organiza-se uma forma de atuação para que se possa tem, os quais, embora não coincidam com os dos adultos, têm
transformar a realidade social e política. O professor é um sentido para ela.
coordenador de atividades que organiza e atua conjuntamente A metodologia utilizada nessas pesquisas foi muitas vezes
com os alunos. interpretada como uma proposta de pedagogia construtivista
A “pedagogia crítico-social dos conteúdos” que surge no para alfabetização, o que expressa um duplo equívoco:
final dos anos 70 e início dos 80 se põe como uma reação de redução do construtivismo a uma teoria psicogenética de
alguns educadores que não aceitam a pouca relevância que a aquisição de língua escrita e transformação de uma
“pedagogia libertadora” dá ao aprendizado do chamado “saber investigação acadêmica em método de ensino. Com esses
elaborado”, historicamente acumulado, que constitui parte do equívocos, difundiram-se, sob o rótulo de pedagogia
acervo cultural da humanidade. construtivista, as ideias de que não se devem corrigir os erros
A “pedagogia crítico-social dos conteúdos” assegura a e de que as crianças aprendem fazendo “do seu jeito”. Essa
função social e política da escola mediante o trabalho com pedagogia, dita construtivista, trouxe sérios problemas ao
conhecimentos sistematizados, a fim de colocar as classes processo de ensino e aprendizagem, pois desconsidera a
populares em condições de uma efetiva participação nas lutas função primordial da escola que é ensinar, intervindo para que
sociais. Entende que não basta ter como conteúdo escolar as os alunos aprendam o que, sozinhos, não têm condições de
questões sociais atuais, mas que é necessário que se tenha aprender.
domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais
amplas para que os alunos possam interpretar suas A orientação proposta nos Parâmetros Curriculares
experiências de vida e defender seus interesses de classe. Nacionais reconhece a importância da participação
construtiva do aluno e, ao mesmo tempo, da intervenção do
As tendências pedagógicas que marcam a tradição professor para a aprendizagem de conteúdos específicos que
educacional brasileira e aqui foram expostas sinteticamente favoreçam o desenvolvimento das capacidades necessárias à
trazem, de maneira diferente, contribuições para uma formação do indivíduo. Ao contrário de uma concepção de
proposta atual que busque recuperar aspectos positivos das ensino e aprendizagem como um processo que se desenvolve

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por etapas, em que a cada uma delas o conhecimento é compromisso de intervir efetivamente para promover o
“acabado”, o que se propõe é uma visão da complexidade e da desenvolvimento e a socialização de seus alunos.
provisoriedade do conhecimento. De um lado, porque o objeto Essa função socializadora remete a dois aspectos: o
de conhecimento é “complexo” de fato e reduzi-lo seria desenvolvimento individual e o contexto social e cultural. É
falsificá-lo; de outro, porque o processo cognitivo não acontece nessa dupla determinação que os indivíduos se constroem
por justaposição, senão por reorganização do conhecimento. É como pessoas iguais, mas, ao mesmo tempo, diferentes de
também “provisório”, uma vez que não é possível chegar de todas as outras. Iguais por compartilhar com outras pessoas
imediato ao conhecimento correto, mas somente por um conjunto de saberes e formas de conhecimento que, por
aproximações sucessivas que permitem sua reconstrução. sua vez, só é possível graças ao que individualmente se puder
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, tanto nos objetivos incorporar. Não há desenvolvimento individual possível à
educacionais que propõem quanto na conceitualização do margem da sociedade, da cultura. Os processos de
significado das áreas de ensino e dos temas da vida social diferenciação na construção de uma identidade pessoal e os
contemporânea que devem permeá-las, adotam como eixo o processos de socialização que conduzem a padrões de
desenvolvimento de capacidades do aluno, processo em que os identidade coletiva constituem, na verdade, as duas faces de
conteúdos curriculares atuam não como fins em si mesmos, um mesmo processo.
mas como meios para a aquisição e desenvolvimento dessas A escola, na perspectiva de construção de cidadania,
capacidades. Nesse sentido, o que se tem em vista é que o aluno precisa assumir a valorização da cultura de sua própria
possa ser sujeito de sua própria formação, em um complexo comunidade e, ao mesmo tempo, buscar ultrapassar seus
processo interativo em que também o professor se veja como limites, propiciando às crianças pertencentes aos diferentes
sujeito de conhecimento. grupos sociais o acesso ao saber, tanto no que diz respeito aos
conhecimentos socialmente relevantes da cultura brasileira no
Escola e constituição da cidadania âmbito nacional e regional como no que faz parte do
A importância dada aos conteúdos revela um compromisso patrimônio universal da humanidade.
da instituição escolar em garantir o acesso aos saberes
elaborados socialmente, pois estes se constituem como O desenvolvimento de capacidades, como as de relação
instrumentos para o desenvolvimento, a socialização, o interpessoal, as cognitivas, as afetivas, as motoras, as éticas, as
exercício da cidadania democrática e a atuação no sentido de estéticas de inserção social, torna-se possível mediante o
refutar ou reformular as deformações dos conhecimentos, as processo de construção e reconstrução de conhecimentos.
imposições de crenças dogmáticas e a petrificação de valores. Essa aprendizagem é exercida com o aporte pessoal de cada
Os conteúdos escolares que são ensinados devem, portanto, um, o que explica por que, a partir dos mesmos saberes, há
estar em consonância com as questões sociais que marcam sempre lugar para a construção de uma infinidade de
cada momento histórico. significados, e não a uniformidade destes. Os conhecimentos
Isso requer que a escola seja um espaço de formação e que se transmitem e se recriam na escola ganham sentido
informação, em que a aprendizagem de conteúdos deve quando são produtos de uma construção dinâmica que se
necessariamente favorecer a inserção do aluno no dia-a-dia opera na interação constante entre o saber escolar e os demais
das questões sociais marcantes e em um universo cultural saberes, entre o que o aluno aprende na escola e o que ele traz
maior. A formação escolar deve propiciar o desenvolvimento para a escola, num processo contínuo e permanente de
de capacidades, de modo a favorecer a compreensão e a aquisição, no qual interferem fatores políticos, sociais,
intervenção nos fenômenos sociais e culturais, assim como culturais e psicológicos.
possibilitar aos alunos usufruir das manifestações culturais As questões relativas à globalização, as transformações
nacionais e universais. científicas e tecnológicas e a necessária discussão ético-
No contexto da proposta dos Parâmetros Curriculares valorativa da sociedade apresentam para a escola a imensa
Nacionais se concebe a educação escolar como uma prática tarefa de instrumentalizar os jovens para participar da cultura,
que tem a possibilidade de criar condições para que todos os das relações sociais e políticas. A escola, ao posicionar-se dessa
alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os maneira, abre a oportunidade para que os alunos aprendam
conteúdos necessários para construir instrumentos de sobre temas normalmente excluídos e atua propositalmente
compreensão da realidade e de participação em relações na formação de valores e atitudes do sujeito em relação ao
sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais outro, à política, à economia, ao sexo, à droga, à saúde, ao meio
amplas, condições estas fundamentais para o exercício da ambiente, à tecnologia, etc.
cidadania na construção de uma sociedade democrática e não Um ensino de qualidade, que busca formar cidadãos
excludente. capazes de interferir criticamente na realidade para
transformá-la, deve também contemplar o desenvolvimento
A prática escolar distingue-se de outras práticas de capacidades que possibilitem adaptações às complexas
educativas, como as que acontecem na família, no trabalho, na condições e alternativas de trabalho que temos hoje e a lidar
mídia, no lazer e nas demais formas de convívio social, por com a rapidez na produção e na circulação de novos
constituir-se uma ação intencional, sistemática, planejada e conhecimentos e informações, que têm sido avassaladores e
continuada para crianças e jovens durante um período crescentes. A formação escolar deve possibilitar aos alunos
contínuo e extenso de tempo. A escola, ao tomar para si o condições para desenvolver competência e consciência
objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com profissional, mas não restringir-se ao ensino de habilidades
competência e dignidade na sociedade, buscará eleger, como imediatamente demandadas pelo mercado de trabalho.
objeto de ensino, conteúdos que estejam em consonância com
as questões sociais que marcam cada momento histórico, cuja A discussão sobre a função da escola não pode ignorar as
aprendizagem e assimilação são as consideradas essenciais reais condições em que esta se encontra. A situação de
para que os alunos possam exercer seus direitos e deveres. precariedade vivida pelos educadores, expressa nos baixos
Para tanto ainda é necessário que a instituição escolar garanta salários, na falta de condições de trabalho, de metas a serem
um conjunto de práticas planejadas com o propósito de alcançadas, de prestígio social, na inércia de grande parte dos
contribuir para que os alunos se apropriem dos conteúdos de órgãos responsáveis por alterar esse quadro, provoca, na
maneira crítica e construtiva. A escola, por ser uma instituição maioria das pessoas, um descrédito na transformação da
social com propósito explicitamente educativo, tem o situação. Essa desvalorização objetiva do magistério acaba por
ser interiorizada, bloqueando as motivações. Outro fator de

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desmotivação dos profissionais da rede pública é a mudança A contínua realização do projeto educativo possibilita o
de rumo da educação diante da orientação política de cada conhecimento das ações desenvolvidas pelos diferentes
governante. Às vezes as transformações propostas reafirmam professores, sendo base de diálogo e reflexão para toda a
certas posições, às vezes outras. Esse movimento de vai e volta equipe escolar. Nesse processo evidencia-se a necessidade da
gera, para a maioria dos professores, um desânimo para se participação da comunidade, em especial dos pais, tomando
engajar nos projetos de trabalho propostos, mesmo que lhes conhecimento e interferindo nas propostas da escola e em suas
pareçam interessantes, pois eles dificilmente terão estratégias. O resultado que se espera é a possibilidade de os
continuidade. alunos terem uma experiência escolar coerente e bem-
sucedida.
Em síntese, as escolas brasileiras, para exercerem a função Deve ser ressaltado que uma prática de reflexão coletiva
social aqui proposta, precisam possibilitar o cultivo dos bens não é algo que se atinge de uma hora para outra e a escola é
culturais e sociais, considerando as expectativas e as uma realidade complexa, não sendo possível tratar as questões
necessidades dos alunos, dos pais, dos membros da como se fossem simples de serem resolvidas. Cada escola
comunidade, dos professores, enfim, dos envolvidos encontra uma realidade, uma trama, um conjunto de
diretamente no processo educativo. É nesse universo que o circunstâncias e de pessoas. É preciso que haja incentivo do
aluno vivencia situações diversificadas que favorecem o poder público local, pois o desenvolvimento do projeto requer
aprendizado, para dialogar de maneira competente com a tempo para análise, discussão e reelaboração contínua, o que
comunidade, aprender a respeitar e a ser respeitado, a ouvir e só é possível em um clima institucional favorável e com
a ser ouvido, a reivindicar direitos e a cumprir obrigações, a condições objetivas de realização.
participar ativamente da vida científica, cultural, social e
política do País e do mundo. Aprender e ensinar, construir e interagir
Por muito tempo a pedagogia focou o processo de ensino
Escola: uma construção coletiva e permanente no professor, supondo que, como decorrência, estaria
Nessa perspectiva, é essencial a vinculação da escola com valorizando o conhecimento. O ensino, então, ganhou
as questões sociais e com os valores democráticos, não só do autonomia em relação à aprendizagem, criou seus próprios
ponto de vista da seleção e tratamento dos conteúdos, como métodos e o processo de aprendizagem ficou relegado a
também da própria organização escolar. As normas de segundo plano. Hoje sabe-se que é necessário ressignificar a
funcionamento e os valores, implícitos e explícitos, que regem unidade entre aprendizagem e ensino, uma vez que, em última
a atuação das pessoas na escola são determinantes da instância, sem aprendizagem o ensino não se realiza.
qualidade do ensino, interferindo de maneira significativa A busca de um marco explicativo que permita essa
sobre a formação dos alunos. ressignificação, além da criação de novos instrumentos de
análise, planejamento e condução da ação educativa na escola,
Com a degradação do sistema educacional brasileiro, pode- tem se situado, atualmente, para muitos dos teóricos da
se dizer que a maioria das escolas tende a ser apenas um local educação, dentro da perspectiva construtivista.
de trabalho individualizado e não uma organização com A perspectiva construtivista na educação é configurada
objetivos próprios, elaborados e manifestados pela ação por uma série de princípios explicativos do desenvolvimento e
coordenada de seus diversos profissionais. da aprendizagem humana que se complementam, integrando
Para ser uma organização eficaz no cumprimento de um conjunto orientado a analisar, compreender e explicar os
propósitos estabelecidos em conjunto por professores, processos escolares de ensino e aprendizagem.
coordenadores e diretor, e garantir a formação coerente de A configuração do marco explicativo construtivista para os
seus alunos ao longo da escolaridade obrigatória, é processos de educação escolar deu-se, entre outras
imprescindível que cada escola discuta e construa seu projeto influências, a partir da psicologia genética, da teoria
educativo. sociointeracionista e das explicações da atividade significativa.
Esse projeto deve ser entendido como um processo que Vários autores partiram dessas ideias para desenvolver e
inclui a formulação de metas e meios, segundo a conceitualizar as várias dimensões envolvidas na educação
particularidade de cada escola, por meio da criação e da escolar, trazendo inegáveis contribuições à teoria e à prática
valorização de rotinas de trabalho pedagógico em grupo e da educativa.
corresponsabilidade de todos os membros da comunidade
escolar, para além do planejamento de início de ano ou dos O núcleo central da integração de todas essas
períodos de “reciclagem”. contribuições refere-se ao reconhecimento da importância da
A experiência acumulada por seus profissionais é atividade mental construtiva nos processos de aquisição de
naturalmente a base para a reflexão e a elaboração do projeto conhecimento. Daí o termo construtivismo, denominando essa
educativo de uma escola. Além desse repertório, outras fontes convergência. Assim, o conhecimento não é visto como algo
importantes para a definição de um projeto educativo são os situado fora do indivíduo, a ser adquirido por meio de cópia do
currículos locais, a bibliografia especializada, o contato com real, tampouco como algo que o indivíduo constrói
outras experiências educacionais, assim como os Parâmetros independentemente da realidade exterior, dos demais
Curriculares Nacionais, que formulam questões essenciais indivíduos e de suas próprias capacidades pessoais. É, antes de
sobre o que, como e quando ensinar, constituindo um mais nada, uma construção histórica e social, na qual
referencial significativo e atualizado sobre a função da escola, interferem fatores de ordem cultural e psicológica.
a importância dos conteúdos e o tratamento a ser dado a eles. A atividade construtiva, física ou mental, permite
Ao elaborar seu projeto educativo, a escola discute e interpretar a realidade e construir significados, ao mesmo
explicita de forma clara os valores coletivos assumidos. tempo que permite construir novas possibilidades de ação e de
Delimita suas prioridades, define os resultados desejados e conhecimento.
incorpora a auto avaliação ao trabalho do professor. Assim, Nesse processo de interação com o objeto a ser conhecido,
organiza-se o planejamento, reúne-se a equipe de trabalho, o sujeito constrói representações, que funcionam como
provoca-se o estudo e a reflexão contínuos, dando sentido às verdadeiras explicações e se orientam por uma lógica interna
ações cotidianas, reduzindo a improvisação e as condutas que, por mais que possa parecer incoerente aos olhos de um
estereotipadas e rotineiras que, muitas vezes, são outro, faz sentido para o sujeito. As ideias “equivocadas”, ou
contraditórias com os objetivos educacionais compartilhados. seja, construídas e transformadas ao longo do
desenvolvimento, fruto de aproximações sucessivas, são

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expressão de uma construção inteligente por parte do sujeito Cabe ao educador, por meio da intervenção pedagógica,
e, portanto, interpretadas como erros construtivos. promover a realização de aprendizagens com o maior grau de
A tradição escolar - que não faz diferença entre erros significado possível, uma vez que esta nunca é absoluta -
integrantes do processo de aprendizagem e simples enganos sempre é possível estabelecer alguma relação entre o que se
ou desconhecimentos - trabalha com a ideia de que a ausência pretende conhecer e as possibilidades de observação, reflexão
de erros na tarefa escolar é a manifestação da aprendizagem. e informação que o sujeito já possui.
Hoje, graças ao avanço da investigação científica na área da A aprendizagem significativa implica sempre alguma
aprendizagem, tornou-se possível interpretar o erro como ousadia: diante do problema posto, o aluno precisa elaborar
algo inerente ao processo de aprendizagem e ajustar a hipóteses e experimentá-las. Fatores e processos afetivos,
intervenção pedagógica para ajudar a superá-lo. A superação motivacionais e relacionais são importantes nesse momento.
do erro é resultado do processo de incorporação de novas Os conhecimentos gerados na história pessoal e educativa têm
ideias e de transformação das anteriores, de maneira a dar um papel determinante na expectativa que o aluno tem da
conta das contradições que se apresentarem ao sujeito para, escola, do professor e de si mesmo, nas suas motivações e
assim, alcançar níveis superiores de conhecimento. interesses, em seu autoconceito e em sua autoestima. Assim
como os significados construídos pelo aluno estão destinados
O que o aluno pode aprender em determinado momento da a ser substituídos por outros no transcurso das atividades, as
escolaridade depende das possibilidades delineadas pelas representações que o aluno tem de si e de seu processo de
formas de pensamento de que dispõe naquela fase de aprendizagem também. É fundamental, portanto, que a
desenvolvimento, dos conhecimentos que já construiu intervenção educativa escolar propicie um desenvolvimento
anteriormente e do ensino que recebe. Isto é, a intervenção em direção à disponibilidade exigida pela aprendizagem
pedagógica deve-se ajustar ao que os alunos conseguem significativa.
realizar em cada momento de sua aprendizagem, para se
constituir verdadeira ajuda educativa. O conhecimento é Se a aprendizagem for uma experiência de sucesso, o aluno
resultado de um complexo e intrincado processo de constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz.
modificação, reorganização e construção, utilizado pelos Se, ao contrário, for uma experiência de fracasso, o ato de
alunos para assimilar e interpretar os conteúdos escolares. aprender tenderá a se transformar em ameaça, e a ousadia
Por mais que o professor, os companheiros de classe e os necessária se transformará em medo, para o qual a defesa
materiais didáticos possam, e devam, contribuir para que a possível é a manifestação de desinteresse.
aprendizagem se realize, nada pode substituir a atuação do A aprendizagem é condicionada, de um lado, pelas
próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os possibilidades do aluno, que englobam tanto os níveis de
conteúdos da aprendizagem. É ele quem modifica, enriquece e, organização do pensamento como os conhecimentos e
portanto, constrói novos e mais potentes instrumentos de ação experiências prévias, e, de outro, pela interação com os outros
e interpretação. agentes.
Mas o desencadeamento da atividade mental construtiva Para a estruturação da intervenção educativa é
não é suficiente para que a educação escolar alcance os fundamental distinguir o nível de desenvolvimento real do
objetivos a que se propõe: que as aprendizagens estejam potencial. O nível de desenvolvimento real se determina como
compatíveis com o que significam socialmente. aquilo que o aluno pode fazer sozinho em uma situação
O processo de atribuição de sentido aos conteúdos determinada, sem ajuda de ninguém. O nível de
escolares é, portanto, individual; porém, é também cultural na desenvolvimento potencial é determinado pelo que o aluno
medida em que os significados construídos remetem a formas pode fazer ou aprender mediante a interação com outras
e saberes socialmente estruturados. pessoas, conforme as observa, imitando, trocando ideias com
Conceber o processo de aprendizagem como propriedade elas, ouvindo suas explicações, sendo desafiado por elas ou
do sujeito não implica desvalorizar o papel determinante da contrapondo-se a elas, sejam essas pessoas o professor ou seus
interação com o meio social e, particularmente, com a escola. colegas. Existe uma zona de desenvolvimento próximo, dada
Ao contrário, situações escolares de ensino e aprendizagem pela diferença existente entre o que um aluno pode fazer
são situações comunicativas, nas quais os alunos e professores sozinho e o que pode fazer ou aprender com a ajuda dos
atuam como corresponsáveis, ambos com uma influência outros. De acordo com essa concepção, falar dos mecanismos
decisiva para o êxito do processo. de intervenção educativa equivale a falar dos mecanismos
A abordagem construtivista integra, num único esquema interativos pelos quais professores e colegas conseguem
explicativo, questões relativas ao desenvolvimento individual ajustar sua ajuda aos processos de construção de significados
e à pertinência cultural, à construção de conhecimentos e à realizados pelos alunos no decorrer das atividades escolares
interação social. de ensino e aprendizagem.
Considera o desenvolvimento pessoal como o processo
mediante o qual o ser humano assume a cultura do grupo Existem ainda, dentro do contexto escolar, outros
social a que pertence. Processo no qual o desenvolvimento mecanismos de influência educativa, cuja natureza e
pessoal e a aprendizagem da experiência humana funcionamento em grande medida são desconhecidos, mas
culturalmente organizada, ou seja, socialmente produzida e que têm incidência considerável sobre a aprendizagem dos
historicamente acumulada, não se excluem nem se confundem, alunos. Dentre eles destacam-se a organização e o
mas interagem. Daí a importância das interações entre funcionamento da instituição escolar e os valores implícitos e
crianças e destas com parceiros experientes, dentre os quais explícitos que permeiam as relações entre os membros da
destacam-se professores e outros agentes educativos. escola; são fatores determinantes da qualidade de ensino e
podem chegar a influir de maneira significativa sobre o que e
O conceito de aprendizagem significativa, central na como os alunos aprendem. Os alunos não contam
perspectiva construtivista, implica, necessariamente, o exclusivamente com o contexto escolar para a construção de
trabalho simbólico de “significar” a parcela da realidade que se conhecimento sobre conteúdos considerados escolares. A
conhece. As aprendizagens que os alunos realizam na escola mídia, a família, a igreja, os amigos, são também fontes de
serão significativas à medida que conseguirem estabelecer influência educativa que incidem sobre o processo de
relações substantivas e não-arbitrárias entre os conteúdos construção de significado desses conteúdos. Essas influências
escolares e os conhecimentos previamente construídos por sociais normalmente somam-se ao processo de aprendizagem
eles, num processo de articulação de novos significados. escolar, contribuindo para consolidá-lo; por isso é importante

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que a escola as considere e as integre ao trabalho. Porém, que visam tratar os conteúdos de modo interdisciplinar,
algumas vezes, essa mesma influência pode apresentar buscando integrar o cotidiano social com o saber escolar.
obstáculos à aprendizagem escolar, ao indicar uma direção
diferente, ou mesmo oposta, daquela presente no Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, optou-se por um
encaminhamento escolar. É necessário que a escola considere tratamento específico das áreas, em função da importância
tais direções e forneça uma interpretação dessas diferenças, instrumental de cada uma, mas contemplou-se também a
para que a intervenção pedagógica favoreça a ultrapassagem integração entre elas. Quanto às questões sociais relevantes,
desses obstáculos num processo articulado de interação e reafirma-se a necessidade de sua problematização e análise,
integração. Se o projeto educacional exige ressignificar o incorporando-as como temas transversais. As questões sociais
processo de ensino e aprendizagem, este precisa se preocupar abordadas são: ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual
em preservar o desejo de conhecer e de saber com que todas e pluralidade cultural.
as crianças chegam à escola. Precisa manter a boa qualidade Quanto ao modo de incorporação desses temas no
do vínculo com o conhecimento e não destruí-lo pelo fracasso currículo, propõe-se um tratamento transversal, tendência
reiterado. Mas garantir experiências de sucesso não significa que se manifesta em algumas experiências nacionais e
omitir ou disfarçar o fracasso; ao contrário, significa conseguir internacionais, em que as questões sociais se integram na
realizar a tarefa a que se propôs. Relaciona-se, portanto, com própria concepção teórica das áreas e de seus componentes
propostas e intervenções pedagógicas adequadas. curriculares.
De acordo com os princípios já apontados, os conteúdos
O professor deve ter propostas claras sobre o que, quando são considerados como um meio para o desenvolvimento
e como ensinar e avaliar, a fim de possibilitar o planejamento amplo do aluno e para a sua formação como cidadão. Portanto,
de atividades de ensino para a aprendizagem de maneira cabe à escola o propósito de possibilitar aos alunos o domínio
adequada e coerente com seus objetivos. É a partir dessas de instrumentos que os capacitem a relacionar conhecimentos
determinações que o professor elabora a programação diária de modo significativo, bem como a utilizar esses
de sala de aula e organiza sua intervenção de maneira a propor conhecimentos na transformação e construção de novas
situações de aprendizagem ajustadas às capacidades relações sociais.
cognitivas dos alunos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam os
Em síntese, não é a aprendizagem que deve se ajustar ao conteúdos de tal forma que se possa determinar, no momento
ensino, mas sim o ensino que deve potencializar a de sua adequação às particularidades de Estados e Municípios,
aprendizagem. o grau de profundidade apropriado e a sua melhor forma de
distribuição no decorrer da escolaridade, de modo a constituir
Organização dos parâmetros curriculares nacionais um corpo de conteúdos consistentes e coerentes com os
objetivos.
A análise das propostas curriculares oficiais para o ensino A avaliação é considerada como elemento favorecedor da
fundamental, elaborada pela Fundação Carlos Chagas, aponta melhoria de qualidade da aprendizagem, deixando de
dados relevantes que auxiliam a reflexão sobre a organização funcionar como arma contra o aluno. É assumida como parte
curricular e a forma como seus componentes são abordados. integrante e instrumento de autorregulação do processo de
Segundo essa análise, as propostas, de forma geral, ensino e aprendizagem, para que os objetivos propostos sejam
apontam como grandes diretrizes uma perspectiva atingidos. A avaliação diz respeito não só ao aluno, mas
democrática e participativa, e que o ensino fundamental deve também ao professor e ao próprio sistema escolar.
se comprometer com a educação necessária para a formação
de cidadãos críticos, autônomos e atuantes. No entanto, a A opção de organização da escolaridade em ciclos,
maioria delas apresenta um descompasso entre os objetivos tendência predominante nas propostas mais atuais, é
anunciados e o que é proposto para alcançá-los, entre os referendada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. A
pressupostos teóricos e a definição de conteúdos e aspectos organização em ciclos é uma tentativa de superar a
metodológicos. segmentação excessiva produzida pelo regime seriado e de
buscar princípios de ordenação que possibilitem maior
A estrutura dos Parâmetros Curriculares Nacionais buscou integração do conhecimento.
contribuir para a superação dessa contradição. A integração Os componentes curriculares foram formulados a partir da
curricular assume as especificidades de cada componente e análise da experiência educacional acumulada em todo o
delineia a operacionalização do processo educativo desde os território nacional. Pautaram-se, também, pela análise das
objetivos gerais do ensino fundamental, passando por sua tendências mais atuais de investigação científica, a fim de
especificação nos objetivos gerais de cada área e de cada tema poderem expressar um avanço na discussão em torno da busca
transversal, deduzindo desses objetivos os conteúdos de qualidade de ensino e aprendizagem.
apropriados para configurar as reais intenções educativas.
Assim, os objetivos, que definem capacidades, e os conteúdos, A organização da escolaridade em ciclos
que estarão a serviço do desenvolvimento dessas capacidades, Na década de 80, vários Estados e Municípios
formam uma unidade orientadora da proposta curricular. reestruturaram o ensino fundamental a partir das séries
Para que se possa discutir uma prática escolar que iniciais. Esse processo de reorganização, que tinha como
realmente atinja seus objetivos, os Parâmetros Curriculares objetivo político minimizar o problema da repetência e da
Nacionais apontam questões de tratamento didático por área evasão escolar, adotou como princípio norteador a
e por ciclo, procurando garantir coerência entre os flexibilização da seriação, o que abriria a possibilidade de o
pressupostos teóricos, os objetivos e os conteúdos, mediante currículo ser trabalhado ao longo de um período de tempo
sua operacionalização em orientações didáticas e critérios de maior e permitiria respeitar os diferentes ritmos de
avaliação. Em outras palavras, apontam o que e como se pode aprendizagem que os alunos apresentam.
trabalhar, desde as séries iniciais, para que se alcancem os Desse modo, a seriação inicial deu lugar ao ciclo básico com
objetivos pretendidos. a duração de dois anos, tendo como objetivo propiciar maiores
As propostas curriculares oficiais dos Estados estão oportunidades de escolarização voltada para a alfabetização
organizadas em disciplinas e/ou áreas. Apenas alguns efetiva das crianças. As experiências, ainda que tenham
Municípios optam por princípios norteadores, eixos ou temas, apresentado problemas estruturais e necessidades de ajustes
da prática, acabaram por mostrar que a organização por ciclos

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contribui efetivamente para a superação dos problemas do sucesso não basta flexibilizar o tempo: dispor de mais tempo
desenvolvimento escolar. Tanto isso é verdade que, onde sem uma intervenção efetiva para garantir melhores
foram implantados, os ciclos se mantiveram, mesmo com condições de aprendizagem pode apenas adiar o problema e
mudanças de governantes. perpetuar o sentimento negativo de autoestima do aluno,
consagrando, da mesma forma, o fracasso da escola.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais adotam a proposta A lógica da opção por ciclos consiste em evitar que o
de estruturação por ciclos, pelo reconhecimento de que tal processo de aprendizagem tenha obstáculos inúteis,
proposta permite compensar a pressão do tempo que é desnecessários e nocivos. Portanto, é preciso que a equipe
inerente à instituição escolar, tornando possível distribuir os pedagógica das escolas se co-responsabilize com o processo de
conteúdos de forma mais adequada à natureza do processo de ensino e aprendizagem de seus alunos. Para a concretização
aprendizagem. Além disso, favorece uma apresentação menos dos ciclos como modalidade organizativa, é necessário que se
parcelada do conhecimento e possibilita as aproximações criem condições institucionais que permitam destinar espaço
sucessivas necessárias para que os alunos se apropriem dos e tempo à realização de reuniões de professores, para discutir
complexos saberes que se intenciona transmitir. os diferentes aspectos do processo educacional.
Sabe-se que, fora da escola, os alunos não têm as mesmas Ao se considerar que dois ou três anos de escolaridade
oportunidades de acesso a certos objetos de conhecimento que pertencem a um único ciclo de ensino e aprendizagem, podem-
fazem parte do repertório escolar. Sabe-se também que isso se definir objetivos e práticas educativas que permitam aos
influencia o modo e o processo como atribuirão significados alunos avançar continuadamente na concretização das metas
aos objetos de conhecimento na situação escolar: alguns do ciclo. A organização por ciclos tende a evitar as frequentes
alunos poderão estar mais avançados na reconstrução de rupturas e a excessiva fragmentação do percurso escolar,
significados do que outros. assegurando a continuidade do processo educativo, dentro do
Ao se falar em ritmos diferentes de aprendizagem, é ciclo e na passagem de um ciclo ao outro, ao permitir que os
preciso cuidado para não incorrer em mal-entendidos professores realizem adaptações sucessivas da ação
perigosos. Uma vez que não há uma definição precisa e clara pedagógica às diferentes necessidades dos alunos, sem que
de quais seriam esses ritmos, os educadores podem ser deixem de orientar sua prática pelas expectativas de
levados a rotular alguns alunos como mais lentos que outros, aprendizagem referentes ao período em questão.
estigmatizando aqueles que estão se iniciando na interação
com os objetos de conhecimento escolar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais estão organizados
em ciclos de dois anos, mais pela limitação conjuntural em que
No caso da aprendizagem da língua escrita, por exemplo, estão inseridos do que por justificativas pedagógicas. Da forma
se um aluno ingressa na primeira série sabendo escrever como estão aqui organizados, os ciclos não trazem
alfabeticamente, isso se explica porque seu ritmo é mais incompatibilidade com a atual estrutura do ensino
rápido ou porque teve múltiplas oportunidades de atuar como fundamental. Assim, o primeiro ciclo se refere às primeira e
leitor e escritor? Se outros ingressam sem saber sequer como segunda séries; o segundo ciclo, à terceira e à quarta séries; e
se pega um livro, é porque são lentos ou porque estão assim subsequentemente para as outras quatro séries.
interatuando pela primeira vez com os objetos com que os Essa estruturação não contempla os principais problemas
outros interatuam desde que nasceram? E, no caso desta da escolaridade no ensino fundamental: não une as quarta e
última hipótese, por mais rápidos que possam ser, será que quinta séries para eliminar a ruptura desastrosa que aí se dá e
poderão em alguns dias percorrer o caminho que outros tem causado muita repetência e evasão, como também não
realizaram em anos? define uma etapa maior para o início da escolaridade, que
Outras vezes, o que se interpreta como “lentidão” é a deveria (a exemplo da imensa maioria dos países) incorporar
expressão de dificuldades relacionadas a um sentimento de à escolaridade obrigatória as crianças desde os seis anos.
incapacidade para a aprendizagem que chega a causar Portanto, o critério de dois anos para a organização dos ciclos,
bloqueios nesse processo. nos Parâmetros Curriculares Nacionais, não deve ser
É fundamental que se considerem esses aspectos e é considerado como decorrência de seus princípios e
necessário que o professor possa intervir para alterar as fundamentações, nem como a única estratégia de intervenção
situações desfavoráveis ao aluno. no contexto atual da problemática educacional.
Em suma, o que acontece é que cada aluno tem,
habitualmente, desempenhos muito diferentes na relação com A organização do conhecimento escolar: Áreas e Temas
objetos de conhecimento diferentes e a prática escolar tem Transversais
buscado incorporar essa diversidade de modo a garantir As diferentes áreas, os conteúdos selecionados em cada
respeito aos alunos e a criar condições para que possam uma delas e o tratamento transversal de questões sociais
progredir nas suas aprendizagens. constituem uma representação ampla e plural dos campos de
A adoção de ciclos, pela flexibilidade que permite, conhecimento e de cultura de nosso tempo, cuja aquisição
possibilita trabalhar melhor com as diferenças e está contribui para o desenvolvimento das capacidades expressas
plenamente coerente com os fundamentos psicopedagógicos, nos objetivos gerais.
com a concepção de conhecimento e da função da escola que O tratamento da área e de seus conteúdos integra uma
estão explicitados no item Fundamentos dos Parâmetros série de conhecimentos de diferentes disciplinas, que
Curriculares Nacionais. contribuem para a construção de instrumentos de
compreensão e intervenção na realidade em que vivem os
Os conhecimentos adquiridos na escola passam por um alunos. A concepção da área evidencia a natureza dos
processo de construção e reconstrução contínua e não por conteúdos tratados, definindo claramente o corpo de
etapas fixadas e definidas no tempo. As aprendizagens não se conhecimentos e o objeto de aprendizagem, favorecendo aos
processam como a subida de degraus regulares, mas como alunos a construção de representações sobre o que estudam.
avanços de diferentes magnitudes. Essa caracterização da área é importante também para que os
Embora a organização da escola seja estruturada em anos professores possam se situar dentro de um conjunto definido
letivos, é importante uma perspectiva pedagógica em que a e conceitualizado de conhecimentos que pretendam que seus
vida escolar e o currículo possam ser assumidos e trabalhados alunos aprendam, condição necessária para proceder a
em dimensões de tempo mais flexíveis. Vale ressaltar que para encaminhamentos que auxiliem as aprendizagens com
o processo de ensino e aprendizagem se desenvolver com sucesso.

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Se é importante definir os contornos das áreas, é também temas, a justificativa e a conceitualização do tratamento
essencial que estes se fundamentem em uma concepção que os transversal para os temas sociais e um documento específico
integre conceitualmente, e essa integração seja efetivada na para cada tema: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade
prática didática. Por exemplo, ao trabalhar conteúdos de Cultural e Orientação Sexual, eleitos por envolverem
Ciências Naturais, os alunos buscam informações em suas problemáticas sociais atuais e urgentes, consideradas de
pesquisas, registram observações, anotam e quantificam abrangência nacional e até mesmo de caráter universal.
dados. Portanto, utilizam-se de conhecimentos relacionados à A grande abrangência dos temas não significa que devam
área de Língua Portuguesa, à de Matemática, além de outras, ser tratados igualmente; ao contrário, exigem adaptações para
dependendo do estudo em questão. O professor, considerando que possam corresponder às reais necessidades de cada região
a multiplicidade de conhecimentos em jogo nas diferentes ou mesmo de cada escola. As características das questões
situações, pode tomar decisões a respeito de suas intervenções ambientais, por exemplo, ganham especificidades diferentes
e da maneira como tratará os temas, de forma a propiciar aos nos campos de seringa no interior da Amazônia e na periferia
alunos uma abordagem mais significativa e contextualizada. de uma grande cidade.
Além das adaptações dos temas apresentados, é
Para que estes parâmetros não se limitassem a uma importante que sejam eleitos temas locais para integrar o
orientação técnica da prática pedagógica, foi considerada a componente Temas Transversais; por exemplo, muitas
fundamentação das opções teóricas e metodológicas da área cidades têm elevadíssimos índices de acidentes com vítimas
para que, a partir destas, seja possível instaurar reflexões no trânsito, o que faz com que suas escolas necessitem
sobre a proposta educacional indicada. Na apresentação de incorporar a educação para o trânsito em seu currículo. Além
cada área são abordados os seguintes aspectos: descrição da deste, outros temas relativos, por exemplo, à paz ou ao uso de
problemática específica da área por meio de um breve drogas podem constituir subtemas dos temas gerais; outras
histórico no contexto educacional brasileiro; justificativa de vezes, no entanto, podem exigir um tratamento específico e
sua presença no ensino fundamental; fundamentação intenso, dependendo da realidade de cada contexto social,
epistemológica da área; sua relevância na sociedade atual; político, econômico e cultural. Nesse caso, devem ser incluídos
fundamentação psicopedagógica da proposta de ensino e como temas básicos.
aprendizagem da área; critérios para organização e seleção de
conteúdos e objetivos gerais da área para o ensino Objetivos
fundamental.
A partir da Concepção de Área assim fundamentada, segue- Os objetivos propostos nos Parâmetros Curriculares
se o detalhamento da estrutura dos Parâmetros Curriculares Nacionais concretizam as intenções educativas em termos de
para cada ciclo (primeiro e segundo), especificando Objetivos capacidades que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao
e Conteúdos, bem como Critérios de Avaliação, Orientações longo da escolaridade.
para Avaliação e Orientações Didáticas. A decisão de definir os objetivos educacionais em termos
Se a escola pretende estar em consonância com as de capacidades é crucial nesta proposta, pois as capacidades,
demandas atuais da sociedade, é necessário que trate de uma vez desenvolvidas, podem se expressar numa variedade
questões que interferem na vida dos alunos e com as quais se de comportamentos. O professor, consciente de que condutas
veem confrontados no seu dia-a-dia. As temáticas sociais, por diversas podem estar vinculadas ao desenvolvimento de uma
essa importância inegável que têm na formação dos alunos, já mesma capacidade, tem diante de si maiores possibilidades de
há muito têm sido discutidas e frequentemente incorporadas atender à diversidade de seus alunos.
aos currículos das áreas ligadas às Ciências Naturais e Sociais, Assim, os objetivos se definem em termos de capacidades
chegando até mesmo, em algumas propostas, a constituir de ordem cognitiva, física, afetiva, de relação interpessoal e
novas áreas. inserção social, ética e estética, tendo em vista uma formação
Mais recentemente, algumas propostas indicaram a ampla.
necessidade do tratamento transversal de temáticas sociais na
escola, como forma de contemplá-las na sua complexidade, A capacidade cognitiva tem grande influência na postura
sem restringi-las à abordagem de uma única área. do indivíduo em relação às metas que quer atingir nas mais
Adotando essa perspectiva, as problemáticas sociais são diversas situações da vida, vinculando-se diretamente ao uso
integradas na proposta educacional dos Parâmetros de formas de representação e de comunicação, envolvendo a
Curriculares Nacionais como Temas Transversais. Não resolução de problemas, de maneira consciente ou não. A
constituem novas áreas, mas antes um conjunto de temas que aquisição progressiva de códigos de representação e a
aparecem transversalizados nas áreas definidas, isto é, possibilidade de operar com eles interfere diretamente na
permeando a concepção, os objetivos, os conteúdos e as aprendizagem da língua, da matemática, da representação
orientações didáticas de cada área, no decorrer de toda a espacial, temporal e gráfica e na leitura de imagens. A
escolaridade obrigatória. A transversalidade pressupõe um capacidade física engloba o autoconhecimento e o uso do
tratamento integrado das áreas e um compromisso das corpo na expressão de emoções, na superação de estereotipias
relações interpessoais e sociais escolares com as questões que de movimentos, nos jogos, no deslocamento com segurança. A
estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma coerência afetiva refere-se às motivações, à autoestima, à sensibilidade e
entre os valores experimentados na vivência que a escola à adequação de atitudes no convívio social, estando vinculada
propicia aos alunos e o contato intelectual com tais valores. à valorização do resultado dos trabalhos produzidos e das
As aprendizagens relativas a esses temas se explicitam na atividades realizadas. Esses fatores levam o aluno a
organização dos conteúdos das áreas, mas a discussão da compreender a si mesmo e aos outros. A capacidade afetiva
conceitualização e da forma de tratamento que devem receber está estreitamente ligada à capacidade de relação interpessoal,
no todo da ação educativa escolar está especificada em textos que envolve compreender, conviver e produzir com os outros,
de fundamentação por tema. percebendo distinções entre as pessoas, contrastes de
temperamento, de intenções e de estados de ânimo. O
O conjunto de documentos dos Temas Transversais desenvolvimento da inter-relação permite ao aluno se colocar
comporta uma primeira parte em que se discute a sua do ponto de vista do outro e a refletir sobre seus próprios
necessidade para que a escola possa cumprir sua função social, pensamentos. No trabalho escolar o desenvolvimento dessa
os valores mais gerais e unificadores que definem todo o capacidade é propiciado pela realização de trabalhos em
posicionamento relativo às questões que são tratadas nos grupo, por práticas de cooperação que incorporam formas

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participativas e possibilitam a tomada de posição em conjunto Objetivos Gerais do ensino fundamental, que são as grandes
com os outros. A capacidade estética permite produzir arte e metas educacionais que orientam a estruturação curricular. A
apreciar as diferentes produções artísticas produzidas em partir deles são definidos os Objetivos Gerais de Área, os dos
diferentes culturas e em diferentes momentos históricos. A Temas Transversais, bem como o desdobramento que estes
capacidade ética é a possibilidade de reger as próprias ações e devem receber no primeiro e no segundo ciclos, como forma
tomadas de decisão por um sistema de princípios segundo o de conduzir às conquistas intermediárias necessárias ao
qual se analisam, nas diferentes situações da vida, os valores e alcance dos objetivos gerais. Um exemplo de desdobramento
opções que envolvem. A construção interna, pessoal, de dos objetivos é o que se apresenta a seguir.
princípios considerados válidos para si e para os demais - Objetivo Geral do Ensino Fundamental: utilizar diferentes
implica considerar-se um sujeito em meio a outros sujeitos. O linguagens - verbal, matemática, gráfica, plástica, corporal -
desenvolvimento dessa capacidade permite considerar e como meio para expressar e comunicar suas ideias, interpretar
buscar compreender razões, nuanças, condicionantes, e usufruir das produções da cultura.
consequências e intenções, isto é, permite a superação da - Objetivo Geral do Ensino de Matemática: analisar
rigidez moral, no julgamento e na atuação pessoal, na relação informações relevantes do ponto de vista do conhecimento e
interpessoal e na compreensão das relações sociais. A ação estabelecer o maior número de relações entre elas, fazendo
pedagógica contribui com tal desenvolvimento, entre outras uso do conhecimento matemático para interpretá-las e avaliá-
formas afirmando claramente seus princípios éticos, las criticamente.
incentivando a reflexão e a análise crítica de valores, atitudes - Objetivo do Ensino de Matemática para o Primeiro Ciclo:
e tomadas de decisão e possibilitando o conhecimento de que identificar, em situações práticas, que muitas informações são
a formulação de tais sistemas é fruto de relações humanas, organizadas em tabelas e gráficos para facilitar a leitura e a
historicamente situadas. Quanto à capacidade de inserção interpretação, e construir formas pessoais de registro para
social, refere-se à possibilidade de o aluno perceber-se como comunicar informações coletadas.
parte de uma comunidade, de uma classe, de um ou vários Os objetivos constituem o ponto de partida para se refletir
grupos sociais e de comprometer-se pessoalmente com sobre qual é a formação que se pretende que os alunos
questões que considere relevantes para a vida coletiva. Essa obtenham, que a escola deseja proporcionar e tem
capacidade é nuclear ao exercício da cidadania, pois seu possibilidades de realizar, sendo, nesse sentido, pontos de
desenvolvimento é necessário para que se possa superar o referência que devem orientar a atuação educativa em todas
individualismo e atuar (no cotidiano ou na vida política) as áreas, ao longo da escolaridade obrigatória. Devem,
levando em conta a dimensão coletiva. O aprendizado de portanto, orientar a seleção de conteúdos a serem aprendidos
diferentes formas e possibilidades de participação social é como meio para o desenvolvimento das capacidades e indicar
essencial ao desenvolvimento dessa capacidade. os encaminhamentos didáticos apropriados para que os
conteúdos estudados façam sentido para os alunos.
Para garantir o desenvolvimento dessas capacidades é Finalmente, devem constituir-se uma referência indireta da
preciso uma disponibilidade para a aprendizagem de modo avaliação da atuação pedagógica da escola.
geral. Esta, por sua vez, depende em boa parte da história de
êxitos ou fracassos escolares que o aluno traz e vão determinar As capacidades expressas nos Objetivos dos Parâmetros
o grau de motivação que apresentará em relação às Curriculares Nacionais são propostas como referenciais gerais
aprendizagens atualmente propostas. Mas depende também e demandam adequações a serem realizadas nos níveis de
de que os conteúdos de aprendizagem tenham sentido para ele concretização curricular das secretarias estaduais e
e sejam funcionais. O papel do professor nesse processo é, municipais, bem como das escolas, a fim de atender às
portanto, crucial, pois a ele cabe apresentar os conteúdos e demandas específicas de cada localidade. Essa adequação
atividades de aprendizagem de forma que os alunos pode ser feita mediante a redefinição de graduações e o
compreendam o porquê e o para que do que aprendem, e assim reequacionamento de prioridades, desenvolvendo alguns
desenvolvam expectativas positivas em relação à aspectos e acrescentando outros que não estejam explícitos.
aprendizagem e sintam-se motivados para o trabalho escolar.
Para tanto, é preciso considerar que nem todas as pessoas Conteúdos
têm os mesmos interesses ou habilidades, nem aprendem da
mesma maneira, o que muitas vezes exige uma atenção Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem uma
especial por parte do professor a um ou outro aluno, para que mudança de enfoque em relação aos conteúdos curriculares:
todos possam se integrar no processo de aprender. A partir do ao invés de um ensino em que o conteúdo seja visto como fim
reconhecimento das diferenças existentes entre pessoas, fruto em si mesmo, o que se propõe é um ensino em que o conteúdo
do processo de socialização e do desenvolvimento individual, seja visto como meio para que os alunos desenvolvam as
será possível conduzir um ensino pautado em aprendizados capacidades que lhes permitam produzir e usufruir dos bens
que sirvam a novos aprendizados. culturais, sociais e econômicos.
A tendência predominante na abordagem de conteúdos na
A escola preocupada em fazer com que os alunos educação escolar se assenta no binômio transmissão-
desenvolvam capacidades ajusta sua maneira de ensinar e incorporação, considerando a incorporação de conteúdos pelo
seleciona os conteúdos de modo a auxiliá-los a se adequarem aluno como a finalidade essencial do ensino. Existem, no
às várias vivências a que são expostos em seu universo entanto, outros posicionamentos: há quem defenda a posição
cultural; considera as capacidades que os alunos já têm e as de indiferença em relação aos conteúdos por considerá-los
potencializa; preocupa-se com aqueles alunos que encontram somente como suporte ao desenvolvimento cognitivo dos
dificuldade no desenvolvimento das capacidades básicas. alunos e há ainda quem acuse a determinação prévia de
Embora os indivíduos tendam, em função de sua natureza, conteúdos como uma afronta às questões sociais e políticas
a desenvolver capacidades de maneira heterogênea, é vivenciadas pelos diversos grupos.
importante salientar que a escola tem como função No entanto, qualquer que seja a linha pedagógica,
potencializar o desenvolvimento de todas as capacidades, de professores e alunos trabalham, necessariamente, com
modo a tornar o ensino mais humano, mais ético. conteúdos. O que diferencia radicalmente as propostas é a
função que se atribui aos conteúdos no contexto escolar e, em
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, na explicitação das decorrência disso, as diferentes concepções quanto à maneira
mencionadas capacidades, apresentam inicialmente os como devem ser selecionados e tratados.

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Nesta proposta, os conteúdos e o tratamento que a eles procedimentos é, por vezes, considerado como algo
deve ser dado assumem papel central, uma vez que é por meio espontâneo, dependente das habilidades individuais.
deles que os propósitos da escola são operacionalizados, ou Ensinam-se procedimentos acreditando estar-se ensinando
seja, manifestados em ações pedagógicas. No entanto, não se conceitos; a realização de um procedimento adequado passa,
trata de compreendê-los da forma como são comumente então, a ser interpretada como o aprendizado do conceito. O
aceitos pela tradição escolar. O projeto educacional expresso exemplo mais evidente dessa abordagem ocorre no ensino das
nos Parâmetros Curriculares Nacionais demanda uma reflexão operações: o fato de uma criança saber resolver contas de
sobre a seleção de conteúdos, como também exige uma adição não necessariamente corresponde à compreensão do
ressignificação, em que a noção de conteúdo escolar se amplia conceito de adição.
para além de fatos e conceitos, passando a incluir
procedimentos, valores, normas e atitudes. Ao tomar como É preciso analisar os conteúdos referentes a
objeto de aprendizagem escolar conteúdos de diferentes procedimentos não do ponto de vista de uma aprendizagem
naturezas, reafirma-se a responsabilidade da escola com a mecânica, mas a partir do propósito fundamental da educação,
formação ampla do aluno e a necessidade de intervenções que é fazer com que os alunos construam instrumentos para
conscientes e planejadas nessa direção. analisar, por si mesmos, os resultados que obtêm e os
processos que colocam em ação para atingir as metas a que se
Neste documento, os conteúdos são abordados em três propõem. Por exemplo: para realizar uma pesquisa, o aluno
grandes categorias: conteúdos conceituais, que envolvem pode copiar um trecho da enciclopédia, embora esse não seja
fatos e princípios; conteúdos procedimentais e conteúdos o procedimento mais adequado. É preciso auxiliá-lo,
atitudinais, que envolvem a abordagem de valores, normas e ensinando os procedimentos apropriados, para que possa
atitudes. responder com êxito à tarefa que lhe foi proposta. É preciso
Conteúdos conceituais referem-se à construção ativa das que o aluno aprenda a pesquisar em mais de uma fonte,
capacidades intelectuais para operar com símbolos, ideias, registrar o que for relevante, relacionar as informações
imagens e representações que permitem organizar a obtidas para produzir um texto de pesquisa. Dependendo do
realidade. A aprendizagem de conceitos se dá por assunto a ser pesquisado, é possível orientá-lo para fazer
aproximações sucessivas. Para aprender sobre digestão, entrevistas e organizar os dados obtidos, procurar referências
subtração ou qualquer outro objeto de conhecimento, o aluno em diferentes jornais, em filmes, comparar as informações
precisa adquirir informações, vivenciar situações em que esses obtidas para apresentá-las num seminário, produzir um texto.
conceitos estejam em jogo, para poder construir Ao exercer um determinado procedimento, é possível ao
generalizações parciais que, ao longo de suas experiências, aluno, com ajuda ou não do professor, analisar cada etapa
possibilitarão atingir conceitualizações cada vez mais realizada para adequá-la ou corrigi-la, a fim de atingir a meta
abrangentes; estas o levarão à compreensão de princípios, ou proposta. A consideração dos conteúdos procedimentais no
seja, conceitos de maior nível de abstração, como o princípio processo de ensino é de fundamental importância, pois
da igualdade na matemática, o princípio da conservação nas permite incluir conhecimentos que têm sido tradicionalmente
ciências, etc. A aprendizagem de conceitos permite organizar excluídos do ensino, como a revisão do texto escrito, a
a realidade, mas só é possível a partir da aprendizagem de argumentação construída, a comparação dos dados, a
conteúdos referentes a fatos (nomes, imagens, verificação, a documentação e a organização, entre outros.
representações), que ocorre, num primeiro momento, de
maneira eminentemente mnemônica. A memorização não Ao ensinar procedimentos também se ensina um certo
deve ser entendida como processo mecânico, mas antes como modo de pensar e produzir conhecimento. Exemplo: uma das
recurso que torna o aluno capaz de representar informações questões centrais do trabalho em matemática refere-se à
de maneira genérica - memória significativa - para poder validação.
relacioná-las com outros conteúdos. Trata-se de o aluno saber por seus próprios meios se o
Dependendo da diversidade presente nas atividades resultado que obteve é razoável ou absurdo, se o
realizadas, os alunos buscam informações (fatos), notam procedimento utilizado é correto ou não, se o argumento de
regularidades, realizam produtos e generalizações que, seu colega é consistente ou contraditório.
mesmo sendo sínteses ou análises parciais, permitem verificar Já os conteúdos atitudinais permeiam todo o
se o conceito está sendo aprendido. Exemplo 1: para conhecimento escolar. A escola é um contexto socializador,
compreender o que vem a ser um texto jornalístico é gerador de atitudes relativas ao conhecimento, ao professor,
necessário que o aluno tenha contato com esse texto, use-o aos colegas, às disciplinas, às tarefas e à sociedade. A não-
para obter informações, conheça seu vocabulário, conheça sua compreensão de atitudes, valores e normas como conteúdos
estrutura e sua função social. Exemplo 2: a solidariedade só escolares faz com estes sejam comunicados sobretudo de
pode ser compreendida quando o aluno passa por situações forma inadvertida - acabam por ser aprendidos sem que haja
em que atitudes que a suscitem estejam em jogo, de modo que, uma deliberação clara sobre esse ensinamento. Por isso, é
ao longo de suas experiências, adquira informações que imprescindível adotar uma posição crítica em relação aos
contribuam para a construção de tal conceito. Aprender valores que a escola transmite explícita e implicitamente
conceitos permite atribuir significados aos conteúdos mediante atitudes cotidianas. A consideração positiva de
aprendidos e relacioná-los a outros. certos fatos ou personagens históricos em detrimento de
Tal aprendizado está diretamente relacionado à segunda outros é um posicionamento de valor, o que contradiz a
categoria de conteúdos: a procedimental. Os procedimentos pretensa neutralidade que caracteriza a apresentação escolar
expressam um saber fazer, que envolve tomar decisões e do saber científico.
realizar uma série de ações, de forma ordenada e não aleatória, Ensinar e aprender atitudes requer um posicionamento
para atingir uma meta. Assim, os conteúdos procedimentais claro e consciente sobre o que e como se ensina na escola. Esse
sempre estão presentes nos projetos de ensino, pois uma posicionamento só pode ocorrer a partir do estabelecimento
pesquisa, um experimento, um resumo, uma maquete, são das intenções do projeto educativo da escola, para que se
proposições de ações presentes nas salas de aula. possam adequar e selecionar conteúdos básicos, necessários e
No entanto, conteúdos procedimentais são abordados recorrentes.
muitas vezes de maneira equivocada, não sendo tratados como É sabido que a aprendizagem de valores e atitudes é de
objeto de ensino, que necessitam de intervenção direta do natureza complexa e pouco explorada do ponto de vista
professor para serem de fato aprendidos. O aprendizado de pedagógico. Muitas pesquisas apontam para a importância da

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informação como fator de transformação de valores e atitudes; - adição e subtração - para ser compreendido requer uma
sem dúvida, a informação é necessária, mas não é suficiente. abordagem mais ampla dos conceitos que o envolvem. Com
Para a aprendizagem de atitudes é necessária uma prática esses exemplos buscou-se apontar também que situações
constante, coerente e sistemática, em que valores e atitudes aparentemente fáceis e simples são complexas tanto do ponto
almejados sejam expressos no relacionamento entre as de vista do objeto como da aprendizagem. No problema 2 a
pessoas e na escolha dos assuntos a serem tratados. Além das variação no local da incógnita solicita um tipo de raciocínio
questões de ordem emocional, tem relevância no aprendizado diferente do problema 1. A complexidade dos próprios
dos conteúdos atitudinais o fato de cada aluno pertencer a um conteúdos e as necessidades das aprendizagens compõem um
grupo social, com seus próprios valores e atitudes. todo dinâmico, sendo impossível esgotar a aprendizagem em
um curto espaço de tempo. O conhecimento não é um bem
Embora esteja sempre presente nos conteúdos específicos passível de acumulação, como uma espécie de doação da fonte
que são ensinados, os conteúdos atitudinais não têm sido de informações para o aprendiz.
formalmente reconhecidos como tal. A análise dos conteúdos, Para o tratamento didático dos conteúdos é preciso
à luz dessa dimensão, exige uma tomada de decisão consciente considerar também o estabelecimento de relações internas ao
e eticamente comprometida, interferindo diretamente no bloco e entre blocos. Exemplificando: os blocos de conteúdos
esclarecimento do papel da escola na formação do cidadão. Ao de Língua Portuguesa são língua oral, língua escrita, análise e
enfocar os conteúdos escolares sob essa dimensão, questões reflexão sobre a língua; é possível aprender sobre a língua
de convívio social assumem um outro status no rol dos escrita sem necessariamente estabelecer uma relação direta
conteúdos a serem abordados. com a língua oral; por outro lado, não é possível aprender a
Considerar conteúdos procedimentais e atitudinais como analisar e a refletir sobre a língua sem o apoio da língua oral,
conteúdos do mesmo nível que os conceituais não implica ou da escrita. Dessa forma, a inter-relação dos elementos de
aumento na quantidade de conteúdos a serem trabalhados, um bloco, ou entre blocos, é determinada pelo objeto da
porque eles já estão presentes no dia-a-dia da sala de aula; o aprendizagem, configurado pela proposta didática realizada
que acontece é que, na maioria das vezes, não estão pelo professor.
explicitados nem são tratados de maneira consciente. A
diferente natureza dos conteúdos escolares deve ser Dada a diversidade existente no País, é natural e desejável
contemplada de maneira integrada no processo de ensino e que ocorram alterações no quadro proposto. A definição dos
aprendizagem e não em atividades específicas. conteúdos a serem tratados deve considerar o
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, os conteúdos desenvolvimento de capacidades adequadas às características
referentes a conceitos, procedimentos, valores, normas e sociais, culturais e econômicas particulares de cada localidade.
atitudes estão presentes nos documentos tanto de áreas Assim, a definição de conteúdos nos Parâmetros
quanto de Temas Transversais, por contribuírem para a Curriculares Nacionais é uma referência suficientemente
aquisição das capacidades definidas nos Objetivos Gerais do aberta para técnicos e professores analisarem, refletirem e
Ensino Fundamental. A consciência da importância desses tomarem decisões, resultando em ampliações ou reduções de
conteúdos é essencial para garantir-lhes tratamento certos aspectos, em função das necessidades de aprendizagem
apropriado, em que se vise um desenvolvimento amplo, de seus alunos.
harmônico e equilibrado dos alunos, tendo em vista sua
vinculação à função social da escola. Eles são apresentados nos Avaliação
blocos de conteúdos e/ou organizações temáticas.
A concepção de avaliação dos Parâmetros Curriculares
Os blocos de conteúdos e/ou organizações temáticas são Nacionais vai além da visão tradicional, que focaliza o controle
agrupamentos que representam recortes internos à área e externo do aluno mediante notas ou conceitos, para ser
visam explicitar objetos de estudo essenciais à aprendizagem. compreendida como parte integrante e intrínseca ao processo
Distinguem as especificidades dos conteúdos, para que haja educacional.
clareza sobre qual é o objeto do trabalho, tanto para o aluno A avaliação, ao não se restringir ao julgamento sobre
como para o professor - é importante ter consciência do que se sucessos ou fracassos do aluno, é compreendida como um
está ensinando e do que se está aprendendo. Os conteúdos são conjunto de atuações que tem a função de alimentar, sustentar
organizados em função da necessidade de receberem um e orientar a intervenção pedagógica. Acontece contínua e
tratamento didático que propicie um avanço contínuo na sistematicamente por meio da interpretação qualitativa do
ampliação de conhecimentos, tanto em extensão quanto em conhecimento construído pelo aluno. Possibilita conhecer o
profundidade, pois o processo de aprendizagem dos alunos quanto ele se aproxima ou não da expectativa de
requer que os mesmos conteúdos sejam tratados de diferentes aprendizagem que o professor tem em determinados
maneiras e em diferentes momentos da escolaridade, de forma momentos da escolaridade, em função da intervenção
a serem “revisitados”, em função das possibilidades de pedagógica realizada. Portanto, a avaliação das aprendizagens
compreensão que se alteram pela contínua construção de só pode acontecer se forem relacionadas com as
conhecimentos e em função da complexidade conceitual de oportunidades oferecidas, isto é, analisando a adequação das
determinados conteúdos. Por exemplo, ao apresentar situações didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos
problemas referentes às operações de adição e subtração. alunos e aos desafios que estão em condições de enfrentar.

Exemplo 1: Pedro tinha 8 bolinhas de gude, jogou uma A avaliação subsidia o professor com elementos para uma
partida e perdeu 3. Com quantas bolinhas ficou? (8 - 3 = 5 ou 3 reflexão contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos
+ ? = 8). Exemplo 2: Pedro jogou uma partida de bolinha de instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem
gude. Na segunda partida, perdeu 3 bolinhas, ficando com 5 no ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequados para
final. Quantas bolinhas Pedro ganhou na primeira partida? (? - o processo de aprendizagem individual ou de todo grupo. Para
3 = 5 ou 8 - 3 = 5 ou 3 + ? = 8). O problema 1 é resolvido pela o aluno, é o instrumento de tomada de consciência de suas
maioria das crianças no início da escolaridade obrigatória em conquistas, dificuldades e possibilidades para reorganização
função do conhecimento matemático que já têm; no entanto, o de seu investimento na tarefa de aprender. Para a escola,
problema 2 para ser resolvido necessita que o aluno tenha tido possibilita definir prioridades e localizar quais aspectos das
diferentes oportunidades para operar com os conceitos ações educacionais demandam maior apoio.
envolvidos, caso contrário não o resolverá. O mesmo conteúdo

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Tomar a avaliação nessa perspectiva e em todas essas aprendam cada vez mais e melhor e atinjam os objetivos
dimensões requer que esta ocorra sistematicamente durante propostos.
todo o processo de ensino e aprendizagem e não somente após Esse uso da avaliação, numa perspectiva democrática, só
o fechamento de etapas do trabalho, como é o habitual. Isso poderá acontecer se forem superados o caráter de
possibilita ajustes constantes, num mecanismo de regulação terminalidade e de medição de conteúdos aprendidos - tão
do processo de ensino e aprendizagem, que contribui arraigados nas práticas escolares - a fim de que os resultados
efetivamente para que a tarefa educativa tenha sucesso. da avaliação possam ser concebidos como indicadores para a
O acompanhamento e a reorganização do processo de reorientação da prática educacional e nunca como um meio de
ensino e aprendizagem na escola inclui, necessariamente, uma estigmatizar os alunos.
avaliação inicial, para o planejamento do professor, e uma Utilizar a avaliação como instrumento para o
avaliação ao final de uma etapa de trabalho. desenvolvimento das atividades didáticas requer que ela não
A avaliação investigativa inicial instrumentalizará o seja interpretada como um momento estático, mas antes como
professor para que possa pôr em prática seu planejamento de um momento de observação de um processo dinâmico e não-
forma adequada às características de seus alunos. Esse é o linear de construção de conhecimento.
momento em que o professor vai se informar sobre o que o
aluno já sabe sobre determinado conteúdo para, a partir daí, Em suma, a avaliação contemplada nos Parâmetros
estruturar sua programação, definindo os conteúdos e o nível Curriculares Nacionais é compreendida como: elemento
de profundidade em que devem ser abordados. A avaliação integrador entre a aprendizagem e o ensino; conjunto de ações
inicial serve para o professor obter informações necessárias cujo objetivo é o ajuste e a orientação da intervenção
para propor atividades e gerar novos conhecimentos, assim pedagógica para que o aluno aprenda da melhor forma;
como para o aluno tomar consciência do que já sabe e do que conjunto de ações que busca obter informações sobre o que foi
pode ainda aprender sobre um determinado conjunto de aprendido e como; elemento de reflexão contínua para o
conteúdos. É importante que ocorra uma avaliação no início do professor sobre sua prática educativa; instrumento que
ano; o fato de o aluno estar iniciando uma série não é possibilita ao aluno tomar consciência de seus avanços,
informação suficiente para que o professor saiba sobre suas dificuldades e possibilidades; ação que ocorre durante todo o
necessidades de aprendizagem. Mesmo que o professor processo de ensino e aprendizagem e não apenas em
acompanhe a classe de um ano para o outro, e tenha registros momentos específicos caracterizados como fechamento de
detalhados sobre o desempenho dos alunos no ano anterior, grandes etapas de trabalho. Uma concepção desse tipo
não se exclui essa investigação inicial, pois os alunos não pressupõe considerar tanto o processo que o aluno desenvolve
deixam de aprender durante as férias e muita coisa pode ser ao aprender como o produto alcançado. Pressupõe também
alterada no intervalo dos períodos letivos. Mas essas que a avaliação se aplique não apenas ao aluno, considerando
avaliações não devem ser aplicadas exclusivamente nos inícios as expectativas de aprendizagem, mas às condições oferecidas
de ano ou de semestre; são pertinentes sempre que o professor para que isso ocorra. Avaliar a aprendizagem, portanto,
propuser novos conteúdos ou novas sequências de situações implica avaliar o ensino oferecido - se, por exemplo, não há a
didáticas. aprendizagem esperada significa que o ensino não cumpriu
com sua finalidade: a de fazer aprender.
É importante ter claro que a avaliação inicial não implica a
instauração de um longo período de diagnóstico, que acabe por Orientações para avaliação
se destacar do processo de aprendizagem que está em curso, Como avaliar se define a partir da concepção de ensino e
no qual o professor não avança em suas propostas, perdendo aprendizagem, da função da avaliação no processo educativo e
o escasso e precioso tempo escolar de que dispõe. Ela pode se das orientações didáticas postas em prática. Embora a
realizar no interior mesmo de um processo de ensino e avaliação, na perspectiva aqui apontada, aconteça
aprendizagem, já que os alunos põem inevitavelmente em jogo sistematicamente durante as atividades de ensino e
seus conhecimentos prévios ao enfrentar qualquer situação aprendizagem, é preciso que a perspectiva de cada momento
didática. da avaliação seja definida claramente, para que se possa
O processo também contempla a observação dos avanços alcançar o máximo de objetividade possível.
e da qualidade da aprendizagem alcançada pelos alunos ao Para obter informações em relação aos processos de
final de um período de trabalho, seja este determinado pelo aprendizagem, é necessário considerar a importância de uma
fim de um bimestre, ou de um ano, seja pelo encerramento de diversidade de instrumentos e situações, para possibilitar, por
um projeto ou sequência didática. Na verdade, a avaliação um lado, avaliar as diferentes capacidades e conteúdos
contínua do processo acaba por subsidiar a avaliação final, isto curriculares em jogo e, por outro lado, contrastar os dados
é, se o professor acompanha o aluno sistematicamente ao obtidos e observar a transferência das aprendizagens em
longo do processo pode saber, em determinados momentos, o contextos diferentes.
que o aluno já aprendeu sobre os conteúdos trabalhados. Esses
momentos, por outro lado, são importantes por se É fundamental a utilização de diferentes códigos, como o
constituírem boas situações para que alunos e professores verbal, o oral, o escrito, o gráfico, o numérico, o pictórico, de
formalizem o que foi e o que não foi aprendido. Esta avaliação, forma a se considerar as diferentes aptidões dos alunos. Por
que intenciona averiguar a relação entre a construção do exemplo, muitas vezes o aluno não domina a escrita
conhecimento por parte dos alunos e os objetivos a que o suficientemente para expor um raciocínio mais complexo
professor se propôs, é indispensável para se saber se todos os sobre como compreende um fato histórico, mas pode fazê-lo
alunos estão aprendendo e quais condições estão sendo ou não perfeitamente bem em uma situação de intercâmbio oral,
favoráveis para isso, o que diz respeito às responsabilidades como em diálogos, entrevistas ou debates. Considerando essas
do sistema educacional. preocupações, o professor pode realizar a avaliação por meio
Um sistema educacional comprometido com o de:
desenvolvimento das capacidades dos alunos, que se - observação sistemática: acompanhamento do processo
expressam pela qualidade das relações que estabelecem e pela de aprendizagem dos alunos, utilizando alguns instrumentos,
profundidade dos saberes constituídos, encontra, na avaliação, como registro em tabelas, listas de controle, diário de classe e
uma referência à análise de seus propósitos, que lhe permite outros;
redimensionar investimentos, a fim de que os alunos - análise das produções dos alunos: considerar a variedade
de produções realizadas pelos alunos, para que se possa ter um

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quadro real das aprendizagens conquistadas. Por exemplo: se É importante assinalar que os critérios de avaliação
a avaliação se dá sobre a competência dos alunos na produção representam as aprendizagens imprescindíveis ao final do
de textos, deve-se considerar a totalidade dessa produção, que ciclo e possíveis à maioria dos alunos submetidos às condições
envolve desde os primeiros registros escritos, no caderno de de aprendizagem propostas; não podem, no entanto, ser
lição, até os registros das atividades de outras áreas e das tomados como objetivos, pois isso significaria um injustificável
atividades realizadas especificamente para esse aprendizado, rebaixamento da oferta de ensino e, consequentemente, o
além do texto produzido pelo aluno para os fins específicos impedimento a priori da possibilidade de realização de
desta avaliação; aprendizagens consideradas essenciais.
- atividades específicas para a avaliação: nestas, os alunos Os critérios não expressam todos os conteúdos que foram
devem ter objetividade ao expor sobre um tema, ao responder trabalhados no ciclo, mas apenas aqueles que são
um questionário. Para isso é importante, em primeiro lugar, fundamentais para que se possa considerar que um aluno
garantir que sejam semelhantes às situações de aprendizagem adquiriu as capacidades previstas de modo a poder continuar
comumente estruturadas em sala de aula, isto é, que não se aprendendo no ciclo seguinte, sem que seu aproveitamento
diferenciem, em sua estrutura, das atividades que já foram seja comprometido.
realizadas; em segundo lugar, deixar claro para os alunos o que Os Critérios de Avaliação por Área e por Ciclo, definidos
se pretende avaliar, pois, inevitavelmente, os alunos estarão nestes Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda que
mais atentos a esses aspectos. indiquem o tipo e o grau de aprendizagem que se espera que
os alunos tenham realizado a respeito dos diferentes
Quanto mais os alunos tenham clareza dos conteúdos e do conteúdos, apresentam formulação suficientemente ampla
grau de expectativa da aprendizagem que se espera, mais terão para ser referência para as adaptações necessárias em cada
condições de desenvolver, com a ajuda do professor, escola, de modo a poderem se constituir critérios reais para a
estratégias pessoais e recursos para vencer dificuldades. avaliação e, portanto, contribuírem para efetivar a
A avaliação, apesar de ser responsabilidade do professor, concretização das intenções educativas no decorrer do
não deve ser considerada função exclusiva dele. Delegá-la aos trabalho nos ciclos. Os critérios de avaliação devem permitir
alunos, em determinados momentos, é uma condição didática concretizações diversas por meio de diferentes indicadores;
necessária para que construam instrumentos de auto assim, além do enunciado que os define, deverá haver um
regulação para as diferentes aprendizagens. A auto avaliação é breve comentário explicativo que contribua para a
uma situação de aprendizagem em que o aluno desenvolve identificação de indicadores nas produções a serem avaliadas,
estratégias de análise e interpretação de suas produções e dos facilitando a interpretação e a flexibilização desses critérios,
diferentes procedimentos para se avaliar. Além desse em função das características do aluno e dos objetivos e
aprendizado ser, em si, importante, porque é central para a conteúdos definidos.
construção da autonomia dos alunos, cumpre o papel de
contribuir com a objetividade desejada na avaliação, uma vez Exemplo de um critério de avaliação de Língua Portuguesa
que esta só poderá ser construída com a coordenação dos para o primeiro ciclo: “Escrever utilizando tanto o
diferentes pontos de vista tanto do aluno quanto do professor. conhecimento sobre a correspondência fonográfica como
sobre a segmentação do texto em palavras e frases.
Critérios de avaliação Com este critério espera-se que o aluno escreva textos
Avaliar significa emitir um juízo de valor sobre a realidade alfabeticamente. Isso significa utilizar corretamente a letra (o
que se questiona, seja a propósito das exigências de uma ação grafema) que corresponda ao som (o fonema), ainda que a
que se projetou realizar sobre ela, seja a propósito das suas convenção ortográfica não esteja sendo respeitada. Espera-se,
consequências. também, que o aluno utilize seu conhecimento sobre a
Portanto, a atividade de avaliação exige critérios claros que segmentação das palavras e de frases, ainda que a convenção
orientem a leitura dos aspectos a serem avaliados. não esteja sendo respeitada (no caso da palavra, podem tanto
No caso da avaliação escolar, é necessário que se ocorrer uma escrita sem segmentação, como em ‘derepente’,
estabeleçam expectativas de aprendizagem dos alunos em como uma segmentação indevida, como em ‘de pois’; no caso
consequência do ensino, que devem se expressar nos da frase, o aluno pode separar frases sem utilizar o sistema de
objetivos, nos critérios de avaliação propostos e na definição pontuação, fazendo uso de recursos como ‘e’, ‘aí’, ‘daí’, por
do que será considerado como testemunho das aprendizagens. exemplo)”.
Do contraste entre os critérios de avaliação e os A definição dos critérios de avaliação deve considerar
indicadores expressos na produção dos alunos surgirá o juízo aspectos estruturais de cada realidade; por exemplo, muitas
de valor, que se constitui a essência da avaliação. vezes, seja por conta das repetências ou de um ingresso tardio
Os critérios de avaliação têm um papel importante, pois na escola, a faixa etária dos alunos de primeiro ciclo não
explicitam as expectativas de aprendizagem, considerando corresponde aos sete ou oito anos. Sabe-se, também, que as
objetivos e conteúdos propostos para a área e para o ciclo, a condições de escolaridade em uma escola rural e multisseriada
organização lógica e interna dos conteúdos, as são bastante singulares, o que determinará expectativas de
particularidades de cada momento da escolaridade e as aprendizagem e, portanto, de critérios de avaliação bastante
possibilidades de aprendizagem decorrentes de cada etapa do diferenciados.
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social em uma A adequação dos critérios estabelecidos nestes
determinada situação, na qual os alunos tenham boas parâmetros e dos indicadores especificados ao trabalho que
condições de desenvolvimento do ponto de vista pessoal e cada escola se propõe a realizar não deve perder de vista a
social. Os critérios de avaliação apontam as experiências busca de uma meta de qualidade de ensino e aprendizagem
educativas a que os alunos devem ter acesso e são explicitada na presente proposta.
consideradas essenciais para o seu desenvolvimento e
socialização. Nesse sentido, os critérios de avaliação devem Decisões associadas aos resultados da avaliação
refletir de forma equilibrada os diferentes tipos de Tão importante quanto o que e como avaliar são as
capacidades e as três dimensões de conteúdos, e servir para decisões pedagógicas decorrentes dos resultados da avaliação,
encaminhar a programação e as atividades de ensino e que não devem se restringir à reorganização da prática
aprendizagem. educativa encaminhada pelo professor no dia-a-dia; devem se
referir, também, a uma série de medidas didáticas
complementares que necessitem de apoio institucional, como

Conhecimentos Educacionais 79
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o acompanhamento individualizado feito pelo professor fora processo de avaliação, em função das necessidades
da classe, o grupo de apoio, as lições extras e outras que cada psicopedagógicas.
escola pode criar, ou até mesmo a solicitação de profissionais É importante ressaltar a diferença que existe entre a
externos à escola para debate sobre questões emergentes ao comunicação da avaliação e a qualificação.
trabalho. A dificuldade de contar com o apoio institucional Uma coisa é a necessidade de comunicar o que se observou
para esses encaminhamentos é uma realidade que precisa ser na avaliação, isto é, o retorno que o professor dá aos alunos e
alterada gradativamente, para que se possam oferecer aos pais do que pôde observar sobre o processo de
condições de desenvolvimento para os alunos com aprendizagem, incluindo também o diálogo entre a sua
necessidades diferentes de aprendizagem. avaliação e a auto avaliação realizada pelo aluno. Outra coisa é
A aprovação ou a reprovação é uma decisão pedagógica a qualificação que se extrai dela, e se expressa em notas ou
que visa garantir as melhores condições de aprendizagem para conceitos, histórico escolar, boletins, diplomas, e cumprem
os alunos. Para tal, requer-se uma análise dos professores a uma função social. Se a comunicação da avaliação estiver
respeito das diferentes capacidades do aluno, que permitirão pautada apenas em qualificações, pouco poderá contribuir
o aproveitamento do ensino na próxima série ou ciclo. Se a para o avanço significativo das aprendizagens; mas, se as notas
avaliação está a serviço do processo de ensino e aprendizagem, não forem o único canal que o professor oferece de
a decisão de aprovar ou reprovar não deve ser a expressão de comunicação sobre a avaliação, podem constituir-se uma
um “castigo” nem ser unicamente pautada no quanto se referência importante, uma vez que já se instituem como
aprendeu ou se deixou de aprender dos conteúdos propostos. representação social do aproveitamento escolar.
Para tal decisão é importante considerar, simultaneamente
aos critérios de avaliação, os aspectos de sociabilidade e de Orientações didáticas
ordem emocional, para que a decisão seja a melhor possível,
tendo em vista a continuidade da escolaridade sem fracassos. A conquista dos objetivos propostos para o ensino
No caso de reprovação, a discussão nos conselhos de classe, fundamental depende de uma prática educativa que tenha
assim como a consideração das questões trazidas pelos pais como eixo a formação de um cidadão autônomo e
nesse processo decisório, podem subsidiar o professor para a participativo. Nessa medida, os Parâmetros Curriculares
tomada de decisão amadurecida e compartilhada pela equipe Nacionais incluem orientações didáticas, que são subsídios à
da escola. reflexão sobre como ensinar.
Na visão aqui assumida, os alunos constroem significados
Os altos índices de repetência em nosso país têm sido a partir de múltiplas e complexas interações. Cada aluno é
objeto de muita discussão, uma vez que explicitam o fracasso sujeito de seu processo de aprendizagem, enquanto o
do sistema público de ensino, incomodando demais tanto professor é o mediador na interação dos alunos com os objetos
educadores como políticos. No entanto, muitas vezes se cria de conhecimento; o processo de aprendizagem compreende
uma falsa questão, em que a repetência é vista como um também a interação dos alunos entre si, essencial à
problema em si e não como um sintoma da má qualidade do socialização. Assim sendo, as orientações didáticas
ensino e, consequentemente, da aprendizagem, que, de forma apresentadas enfocam fundamentalmente a intervenção do
geral, o sistema educacional não tem conseguido resolver. professor na criação de situações de aprendizagem coerentes
Como resultado, ao reprovar os alunos que não realizam as com essa concepção.
aprendizagens esperadas, cristaliza-se uma situação em que o Para cada tema e área de conhecimento corresponde um
problema é do aluno e não do sistema educacional. conjunto de orientações didáticas de caráter mais abrangente
A repetência deve ser um recurso extremo; deve ser - orientações didáticas gerais - que indicam como a concepção
estudada caso a caso, no momento que mais se adequar a cada de ensino proposta se estabelece no tratamento da área. Para
aluno, para que esteja de fato a serviço da escolaridade com cada bloco de conteúdo correspondem orientações didáticas
sucesso. específicas, que expressam como determinados conteúdos
A permanência em um ano ou mais no ciclo deve ser podem ser tratados.
compreendida como uma medida educativa para que o aluno Assim, as orientações didáticas permeiam as explicitações
tenha oportunidade e expectativa de sucesso e motivação, sobre o ensinar e o aprender, bem como as explicações dos
para garantir a melhoria de condições para a aprendizagem. blocos de conteúdos ou temas, uma vez que a opção de recorte
Quer a decisão seja de reprovar ou aprovar um aluno com de conteúdos para uma situação de ensino e aprendizagem é
dificuldades, esta deve sempre ser acompanhada de também determinada pelo enfoque didático da área.
encaminhamentos de apoio e ajuda para garantir a qualidade No entanto, há determinadas considerações a fazer a
das aprendizagens e o desenvolvimento das capacidades respeito do trabalho em sala de aula, que extravasam as
esperadas. fronteiras de um tema ou área de conhecimento. Estas
considerações evidenciam que o ensino não pode estar
As avaliações oficiais: boletins e diplomas limitado ao estabelecimento de um padrão de intervenção
Um outro lado na questão da avaliação é o aspecto homogêneo e idêntico para todos os alunos. A prática
normativo do sistema de ensino que diz respeito ao controle educativa é bastante complexa, pois o contexto de sala de aula
social. À escola é socialmente delegada a tarefa de promover o traz questões de ordem afetiva, emocional, cognitiva, física e
ensino e a aprendizagem de determinados conteúdos e de relação pessoal. A dinâmica dos acontecimentos em uma
contribuir de maneira efetiva na formação de seus cidadãos; sala de aula é tal que mesmo uma aula planejada, detalhada e
por isso, a escola deve responder à sociedade por essa consistente dificilmente ocorre conforme o imaginado:
responsabilidade. Para tal, estabelece uma série de olhares, tons de voz, manifestações de afeto ou desafeto e
instrumentos para registro e documentação da avaliação e cria diversas outras variáveis interferem diretamente na dinâmica
os atestados oficiais de aproveitamento. Assim, as notas, prevista. No texto que se segue, são apontados alguns tópicos
conceitos, boletins, recuperações, aprovações, reprovações, sobre didática considerados essenciais pela maioria dos
diplomas, etc., fazem parte das decisões que o professor deve profissionais em educação: autonomia; diversidade; interação
tomar em seu dia-a-dia para responder à necessidade de um e cooperação; disponibilidade para a aprendizagem;
testemunho oficial e social do aproveitamento do aluno. O organização do tempo; organização do espaço; e seleção de
professor pode aproveitar os momentos de avaliação material.
bimestral ou semestral, quando precisa dar notas ou conceitos,
para sistematizar os procedimentos que selecionou para o

Conhecimentos Educacionais 80
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Autonomia O trabalho em grupo, ao valorizar a interação como


Nos Parâmetros Curriculares Nacionais a autonomia é instrumento de desenvolvimento pessoal, exige que os alunos
tomada ao mesmo tempo como capacidade a ser desenvolvida considerem diferenças individuais, tragam contribuições,
pelos alunos e como princípio didático geral, orientador das respeitem as regras estabelecidas, proponham outras, atitudes
práticas pedagógicas. que propiciam o desenvolvimento da autonomia na dimensão
A realização dos objetivos propostos implica grupal.
necessariamente que sejam desde sempre praticados, pois não É importante salientar que a autonomia não é um estado
se desenvolve uma capacidade sem exercê-la. Por isso didática psicológico geral que, uma vez atingido, esteja garantido para
é um instrumento de fundamental importância, na medida em qualquer situação. Por um lado, por envolver a necessidade de
que possibilita e conforma as relações que alunos e conhecimentos e condições específicas, uma pessoa pode ter
educadores estabelecem entre si, com o conhecimento que autonomia para atuar em determinados campos e não em
constroem, com a tarefa que realizam e com a instituição outros; por outro, por implicar o estabelecimento de relações
escolar. Por exemplo, para que possa refletir, participar e democráticas de poder e autoridade é possível que alguém
assumir responsabilidades, o aluno necessita estar inserido exerça a capacidade de agir com autonomia em algumas
em um processo educativo que valorize tais ações. situações e não noutras, nas quais não pode interferir. É
Este é o sentido da autonomia como princípio didático portanto necessário que a escola busque sua extensão aos
geral proposto nos Parâmetros Curriculares diferentes campos de atuação. Para tanto, é necessário que as
Nacionais: uma opção metodológica que considera a decisões assumidas pelo professor auxiliem os alunos a
atuação do aluno na construção de seus próprios desenvolver essas atitudes e a aprender os procedimentos
conhecimentos, valoriza suas experiências, seus adequados a uma postura autônoma, que só será efetivamente
conhecimentos prévios e a interação professor-aluno e aluno- alcançada mediante investimentos sistemáticos ao longo de
aluno, buscando essencialmente a passagem progressiva de toda a escolaridade.
situações em que o aluno é dirigido por outrem a situações É importante ressaltar que a construção da autonomia não
dirigidas pelo próprio aluno. se confunde com atitudes de independência. O aluno pode ser
independente para realizar uma série de atividades, enquanto
A autonomia refere-se à capacidade de posicionar-se, seus recursos internos para se governar são ainda incipientes.
elaborar projetos pessoais e participar enunciativa e A independência é uma manifestação importante para o
cooperativamente de projetos coletivos, ter discernimento, desenvolvimento, mas não deve ser confundida com
organizar-se em função de metas eleitas, governar-se, autonomia.
participar da gestão de ações coletivas, estabelecer critérios e
eleger princípios éticos, etc. Isto é, a autonomia fala de uma Diversidade
relação emancipada, íntegra com as diferentes dimensões da As adaptações curriculares previstas nos níveis de
vida, o que envolve aspectos intelectuais, morais, afetivos e concretização apontam a necessidade de adequar objetivos,
sociopolíticos. Ainda que na escola se destaque a autonomia na conteúdos e critérios de avaliação, de forma a atender a
relação com o conhecimento - saber o que se quer saber, como diversidade existente no País. Essas adaptações, porém, não
fazer para buscar informações e possibilidades de dão conta da diversidade no plano dos indivíduos em uma sala
desenvolvimento de tal conhecimento, manter uma postura de aula.
crítica comparando diferentes visões e reservando para si o Para corresponder aos propósitos explicitados nestes
direito de conclusão, por exemplo -, ela não ocorre sem o parâmetros, a educação escolar deve considerar a diversidade
desenvolvimento da autonomia moral (capacidade ética) e dos alunos como elemento essencial a ser tratado para a
emocional que envolvem auto respeito, respeito mútuo, melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem.
segurança, sensibilidade, etc. Atender necessidades singulares de determinados alunos
Como no desenvolvimento de outras capacidades, a é estar atento à diversidade: é atribuição do professor
aprendizagem de determinados procedimentos e atitudes - considerar a especificidade do indivíduo, analisar suas
tais como planejar a realização de uma tarefa, identificar possibilidades de aprendizagem e avaliar a eficácia das
formas de resolver um problema, formular boas perguntas e medidas adotadas.
boas respostas, levantar hipóteses e buscar meios de verificá- A atenção à diversidade deve se concretizar em medidas
las, validar raciocínios, resolver conflitos, cuidar da própria que levem em conta não só as capacidades intelectuais e os
saúde e da de outros, colocar-se no lugar do outro para melhor conhecimentos de que o aluno dispõe, mas também seus
refletir sobre uma determinada situação, considerar as regras interesses e motivações. Esse conjunto constitui a capacidade
estabelecidas - é o instrumento para a construção da geral do aluno para aprendizagem em um determinado
autonomia. Procedimentos e atitudes dessa natureza são momento.
objeto de aprendizagem escolar, ou seja, a escola pode ensiná- Desta forma, a atuação do professor em sala de aula deve
los planejada e sistematicamente criando situações que levar em conta fatores sociais, culturais e a história educativa
auxiliem os alunos a se tornarem progressivamente mais de cada aluno, como também características pessoais de déficit
autônomos. Por isso é importante que desde as séries iniciais sensorial, motor ou psíquico, ou de superdotação intelectual.
as propostas didáticas busquem, em aproximações sucessivas, Deve-se dar especial atenção ao aluno que demonstrar a
cada vez mais essa meta. necessidade de resgatar a autoestima. Trata-se de garantir
O desenvolvimento da autonomia depende de suportes condições de aprendizagem a todos os alunos, seja por meio de
materiais, intelectuais e emocionais. incrementos na intervenção pedagógica ou de medidas extras
No início da escolaridade, a intervenção do professor é que atendam às necessidades individuais.
mais intensa na definição desses suportes: tempo e forma de A escola, ao considerar a diversidade, tem como valor
realização das atividades, organização dos grupos, materiais a máximo o respeito às diferenças - não o elogio à desigualdade.
serem utilizados, resolução de conflitos, cuidados físicos, As diferenças não são obstáculos para o cumprimento da ação
estabelecimentos de etapas para a realização das atividades. educativa; podem e devem, portanto, ser fator de
Também é preciso considerar tanto o trabalho individual enriquecimento.
como o coletivo-cooperativo. O individual é potencializado Concluindo, a atenção à diversidade é um princípio
pelas exigências feitas aos alunos para se responsabilizarem comprometido com a equidade, ou seja, com o direito de todos
por suas ações, suas ideias, suas tarefas, pela organização os alunos realizarem as aprendizagens fundamentais para seu
pessoal e coletiva, pelo envolvimento com o objeto de estudo. desenvolvimento e socialização.

Conhecimentos Educacionais 81
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Interação e cooperação normas possibilita a compreensão pelos alunos das atitudes de


Um dos objetivos da educação escolar é que os alunos disciplina demonstradas pelos professores dentro e fora da
aprendam a assumir a palavra enunciada e a conviver em classe.
grupo de maneira produtiva e cooperativa. Dessa forma, são
fundamentais as situações em que possam aprender a Disponibilidade para a aprendizagem
dialogar, a ouvir o outro e ajudá-lo, a pedir ajuda, aproveitar Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer,
críticas, explicar um ponto de vista, coordenar ações para é necessária a disponibilidade para o envolvimento do aluno
obter sucesso em uma tarefa conjunta, etc. É essencial na aprendizagem, o empenho em estabelecer relações entre o
aprender procedimentos dessa natureza e valorizá-los como que já sabe e o que está aprendendo, em usar os instrumentos
forma de convívio escolar e social. Trabalhar em grupo de adequados que conhece e dispõe para alcançar a maior
maneira cooperativa é sempre uma tarefa difícil, mesmo para compreensão possível. Essa aprendizagem exige uma ousadia
adultos convencidos de sua necessidade. para se colocar problemas, buscar soluções e experimentar
A criação de um clima favorável a esse aprendizado novos caminhos, de maneira totalmente diferente da
depende do compromisso do professor em aceitar aprendizagem mecânica, na qual o aluno limita seu esforço
contribuições dos alunos (respeitando-as, mesmo quando apenas em memorizar ou estabelecer relações diretas e
apresentadas de forma confusa ou incorreta) e em favorecer o superficiais.
respeito, por parte do grupo, assegurando a participação de A aprendizagem significativa depende de uma motivação
todos os alunos. intrínseca, isto é, o aluno precisa tomar para si a necessidade e
Assim, a organização de atividades que favoreçam a fala e a vontade de aprender. Aquele que estuda apenas para passar
a escrita como meios de reorganização e reconstrução das de ano, ou para tirar notas, não terá motivos suficientes para
experiências compartilhadas pelos alunos ocupa papel de empenhar-se em profundidade na aprendizagem.
destaque no trabalho em sala de aula. A comunicação A disposição para a aprendizagem não depende
propiciada nas atividades em grupo levará os alunos a exclusivamente do aluno, demanda que a prática didática
perceberem a necessidade de dialogar, resolver mal- garanta condições para que essa atitude favorável se manifeste
entendidos, ressaltar diferenças e semelhanças, explicar e e prevaleça. Primeiramente, a expectativa que o professor tem
exemplificar, apropriando-se de conhecimentos. do tipo de aprendizagem de seus alunos fica definida no
O estabelecimento de condições adequadas para a contrato didático estabelecido. Se o professor espera uma
interação não pode estar pautado somente em questões atitude curiosa e investigativa, deve propor prioritariamente
cognitivas. Os aspectos emocionais e afetivos são tão atividades que exijam essa postura, e não a passividade. Deve
relevantes quanto os cognitivos, principalmente para os valorizar o processo e a qualidade, e não apenas a rapidez na
alunos prejudicados por fracassos escolares ou que não realização. Deve esperar estratégias criativas e originais e não
estejam interessados no que a escola pode oferecer. A a mesma resposta de todos.
afetividade, o grau de aceitação ou rejeição, a competitividade A intervenção do professor precisa, então, garantir que o
e o ritmo de produção estabelecidos em um grupo interferem aluno conheça o objetivo da atividade, situe-se em relação à
diretamente na produção do trabalho. tarefa, reconheça os problemas que a situação apresenta, e seja
capaz de resolvê-los. Para tal, é necessário que o professor
A participação de um aluno muitas vezes varia em função proponha situações didáticas com objetivos e determinações
do grupo em que está inserido. claros, para que os alunos possam tomar decisões pensadas
Em síntese, a disponibilidade cognitiva e emocional dos sobre o encaminhamento de seu trabalho, além de selecionar
alunos para a aprendizagem é fator essencial para que haja e tratar ajustadamente os conteúdos. A complexidade da
uma interação cooperativa, sem depreciação do colega por sua atividade também interfere no envolvimento do aluno. Um
eventual falta de informação ou incompreensão. Aprender a nível de complexidade muito elevado, ou muito baixo, não
conviver em grupo supõe um domínio progressivo de contribui para a reflexão e o debate, situação que indica a
procedimentos, valores, normas e atitudes. participação ativa e compromissada do aluno no processo de
A organização dos alunos em grupos de trabalho influencia aprendizagem. As atividades propostas precisam garantir
o processo de ensino e aprendizagem, e pode ser otimizada organização e ajuste às reais possibilidades dos alunos, de
quando o professor interfere na organização dos grupos. forma que cada uma não seja nem muito difícil nem demasiado
Organizar por ordem alfabética ou por idade não é a mesma fácil. Os alunos devem poder realizá-la numa situação
coisa que organizar por gênero ou por capacidades específicas; desafiadora.
por isso é importante que o professor discuta e decida os
critérios de agrupamento dos alunos. Por exemplo: Nesse enfoque de abordagem profunda da aprendizagem,
desempenho diferenciado ou próximo, equilíbrio entre o tempo reservado para a atuação dos alunos é determinante.
meninos e meninas, afinidades para o trabalho e afetividade, Se a exigência é de rapidez, a saída mais comum é estudar de
possibilidade de cooperação, ritmo de trabalho, etc. forma superficial. O professor precisa buscar um equilíbrio
Não existe critério melhor ou pior de organização de entre as necessidades da aprendizagem e o exíguo tempo
grupos para uma atividade. É necessário que o professor escolar, coordenando-o para cada proposta que encaminha.
decida a forma de organização social em cada tipo de Outro fator que interfere na disponibilidade do aluno para
atividade, em cada momento do processo de ensino e a aprendizagem é a unidade entre escola, sociedade e cultura,
aprendizagem, em função daqueles alunos específicos. o que exige trabalho com objetos socioculturais do cotidiano
Agrupamentos adequados, que levem em conta a diversidade extraescolar, como, por exemplo, jornais, revistas, filmes,
dos alunos, tornam-se eficazes na individualização do ensino. instrumentos de medida, etc., sem esvaziá-los de significado,
Nas escolas multisseriadas, as decisões sobre ou seja, sem que percam sua função social real, contribuindo,
agrupamentos adquirem especial relevância. É possível reunir assim, para imprimir sentido às atividades escolares.
grupos que não sejam estruturados por série e sim por Mas isso tudo não basta. Mesmo garantindo todas essas
objetivos, em que a diferenciação se dê pela exigência condições, pode acontecer que a ansiedade presente na
adequada ao desempenho de cada um. situação de aprendizagem se torne muito intensa e impeça
O convívio escolar pretendido depende do uma atitude favorável. A ansiedade pode estar ligada ao medo
estabelecimento de regras e normas de funcionamento e de de fracasso, desencadeado pelo sentimento de incapacidade
comportamento que sejam coerentes com os objetivos para realização da tarefa ou de insegurança em relação à ajuda
definidos no projeto educativo. A comunicação clara dessas

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que pode ou não receber de seu professor, ou de seus colegas, vigente para cada uma das áreas de aprendizagem do
e consolidar um bloqueio para aprender. currículo. A partir desse critério, e em função das opções do
Quando o sujeito está aprendendo, se envolve projeto educativo da escola, é que se poderá fazer a
inteiramente. O processo, assim como seu resultado, distribuição horária mais adequada.
repercutem de forma global. Assim, o aluno, ao desenvolver as No terceiro e no quarto ciclos, nos quais as aulas se
atividades escolares, aprende não só sobre o conteúdo em organizam por áreas com professores específicos e tempo
questão mas também sobre o modo como aprende, previamente estabelecido, é interessante pensar que uma das
construindo uma imagem de si como estudante. Essa maneiras de otimizar o tempo escolar é organizar aulas duplas,
autoimagem é também influenciada pelas representações que pois assim o professor tem condições de propor atividades em
o professor e seus colegas fazem dele e, de uma forma ou outra, grupo que demandam maior tempo (aulas curtas tendem a ser
são explicitadas nas relações interpessoais do convívio expositivas).
escolar. Falta de respeito e forte competitividade, se
estabelecidas na classe, podem reforçar os sentimentos de Organização do espaço
incompetência de certos alunos e contribuir de forma efetiva Uma sala de aula com carteiras fixas dificulta o trabalho em
para consolidar o seu fracasso. grupo, o diálogo e a cooperação; armários trancados não
O aluno com um autoconceito negativo, que se considera ajudam a desenvolver a autonomia do aluno, como também
fracassado na escola, ou admite que a culpa é sua e se convence não favorecem o aprendizado da preservação do bem coletivo.
de que é um incapaz, ou vai buscar ao seu redor outros A organização do espaço reflete a concepção metodológica
culpados: o professor é chato, as lições não servem para nada. adotada pelo professor e pela escola.
Acaba por desenvolver comportamentos problemáticos e de Em um espaço que expresse o trabalho proposto nos
indisciplina. Parâmetros Curriculares Nacionais é preciso que as carteiras
sejam móveis, que as crianças tenham acesso aos materiais de
Aprender é uma tarefa árdua, na qual se convive o tempo uso frequente, as paredes sejam utilizadas para exposição de
inteiro com o que ainda não é conhecido. Para o sucesso da trabalhos individuais ou coletivos, desenhos, murais.
empreitada, é fundamental que exista uma relação de Nessa organização é preciso considerar a possibilidade de
confiança e respeito mútuo entre professor e aluno, de os alunos assumirem a responsabilidade pela decoração,
maneira que a situação escolar possa dar conta de todas as ordem e limpeza da classe. Quando o espaço é tratado dessa
questões de ordem afetiva. Mas isso não fica garantido apenas maneira, passa a ser objeto de aprendizagem e respeito, o que
e exclusivamente pelas ações do professor, embora sejam somente ocorrerá por meio de investimentos sistemáticos ao
fundamentais dada a autoridade que ele representa, mas longo da escolaridade.
também deve ser conseguido nas relações entre os alunos. O É importante salientar que o espaço de aprendizagem não
trabalho educacional inclui as intervenções para que os alunos se restringe à escola, sendo necessário propor atividades que
aprendam a respeitar diferenças, a estabelecer vínculos de ocorram fora dela. A programação deve contar com passeios,
confiança e uma prática cooperativa e solidária. excursões, teatro, cinema, visitas a fábricas, marcenarias,
Em geral, os alunos buscam corresponder às expectativas padarias, enfim, com as possibilidades existentes em cada local
de aprendizagem significativa, desde que haja um clima e as necessidades de realização do trabalho escolar.
favorável de trabalho, no qual a avaliação e a observação do No dia-a-dia devem-se aproveitar os espaços externos para
caminho por eles percorrido seja, de fato, instrumento de auto- realizar atividades cotidianas, como ler, contar histórias, fazer
regulação do processo de ensino e aprendizagem. desenho de observação, buscar materiais para coleções. Dada
Quando não se instaura na classe um clima favorável de a pouca infraestrutura de muitas escolas, é preciso contar com
confiança, compromisso e responsabilidade, os a improvisação de espaços para o desenvolvimento de
encaminhamentos do professor ficam comprometidos. atividades específicas de laboratório, teatro, artes plásticas,
música, esportes, etc.
Organização do tempo Concluindo, a utilização e a organização do espaço e do
A consideração do tempo como variável que interfere na tempo refletem a concepção pedagógica e interferem
construção da autonomia permite ao professor criar situações diretamente na construção da autonomia.
em que o aluno possa progressivamente controlar a realização
de suas atividades. Por meio de erros e acertos, o aluno toma Seleção de material
consciência de suas possibilidades e constrói mecanismos de Todo material é fonte de informação, mas nenhum deve ser
auto-regulação que possibilitam decidir como alocar seu utilizado com exclusividade. É importante haver diversidade
tempo. de materiais para que os conteúdos possam ser tratados da
Por essa razão, são importantes as atividades em que o maneira mais ampla possível.
professor seja somente um orientador do trabalho, cabendo O livro didático é um material de forte influência na prática
aos alunos o planejamento e a execução, o que os levará a de ensino brasileira. É preciso que os professores estejam
decidir e a vivenciar o resultado de suas decisões sobre o uso atentos à qualidade, à coerência e a eventuais restrições que
do tempo. apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos.
Delegar esse controle não quer dizer, de modo algum, que Além disso, é importante considerar que o livro didático não
os alunos devam arbitrar livremente a respeito de como e deve ser o único material a ser utilizado, pois a variedade de
quando atuar na escola. A vivência do controle do tempo pelos fontes de informação é que contribuirá para o aluno ter uma
alunos se insere dentro de limites criteriosamente visão ampla do conhecimento.
estabelecidos pelo professor, que se tornarão menos Materiais de uso social frequente são ótimos recursos de
restritivos à medida que o grupo desenvolva sua autonomia. trabalho, pois os alunos aprendem sobre algo que tem função
Assim, é preciso que o professor defina claramente as social real e se mantêm atualizados sobre o que acontece no
atividades, estabeleça a organização em grupos, disponibilize mundo, estabelecendo o vínculo necessário entre o que é
recursos materiais adequados e defina o período de execução aprendido na escola e o conhecimento extraescolar.
previsto, dentro do qual os alunos serão livres para tomar suas A utilização de materiais diversificados como jornais,
decisões. Caso contrário, a prática de sala de aula torna-se revistas, folhetos, propagandas, computadores, calculadoras,
insustentável pela indisciplina que gera. filmes, faz o aluno sentir-se inserido no mundo à sua volta.
Outra questão relevante é o horário escolar, que deve É indiscutível a necessidade crescente do uso de
obedecer ao tempo mínimo estabelecido pela legislação computadores pelos alunos como instrumento de

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aprendizagem escolar, para que possam estar atualizados em social, para agir com perseverança na busca de conhecimento
relação às novas tecnologias da informação e se e no exercício da cidadania;
instrumentalizarem para as demandas sociais presentes e - conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e
futuras. adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da
A menção ao uso de computadores, dentro de um amplo qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à
leque de materiais, pode parecer descabida perante as reais sua saúde e à saúde coletiva;
condições das escolas, pois muitas não têm sequer giz para - utilizar as diferentes linguagens - verbal, matemática,
trabalhar. gráfica, plástica e corporal - como meio para produzir,
Sem dúvida essa é uma preocupação que exige expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das
posicionamento e investimento em alternativas criativas para produções culturais, em contextos públicos e privados,
que as metas sejam atingidas. atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
- saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos
Considerações finais tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;
A qualidade da atuação da escola não pode depender - questionar a realidade formulando-se problemas e
somente da vontade de um ou outro professor. É preciso a tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento
participação conjunta dos profissionais (orientadores, lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise
supervisores, professores polivalentes e especialistas) para crítica, selecionando procedimentos e verificando sua
tomada de decisões sobre aspectos da prática didática, bem adequação.
como sua execução. Essas decisões serão necessariamente
diferenciadas de escola para escola, pois dependem do Estrutura organizacional dos Parâmetros Curriculares
ambiente local e da formação dos professores. Nacionais
As metas propostas não se efetivarão a curto prazo. É
necessário que os profissionais estejam comprometidos, Todas as definições conceituais, bem como a estrutura
disponham de tempo e de recursos. Mesmo em condições organizacional dos Parâmetros Curriculares Nacionais, foram
ótimas de recursos, dificuldades e limitações sempre estarão pautadas nos Objetivos Gerais do Ensino Fundamental, que
presentes, pois na escola se manifestam os conflitos existentes estabelecem as capacidades relativas aos aspectos cognitivo,
na sociedade. afetivo, físico, ético, estético, de atuação e de inserção social,
As considerações feitas pretendem auxiliar os professores de forma a expressar a formação básica necessária para o
na reflexão sobre suas práticas e na elaboração do projeto exercício da cidadania. Essas capacidades, que os alunos
educativo de sua escola. Não são regras a respeito do que devem ter adquirido ao término da escolaridade obrigatória,
devem ou não fazer. No entanto, é necessário estabelecer devem receber uma abordagem integrada em todas as áreas
acordos nas escolas em relação às estratégias didáticas mais constituintes do ensino fundamental. A seleção adequada dos
adequadas. A qualidade da intervenção do professor sobre o elementos da cultura - conteúdos - é que contribuirá para o
aluno ou grupo de alunos, os materiais didáticos, horários, desenvolvimento de tais capacidades arroladas como
espaço, organização e estrutura das classes, a seleção de Objetivos Gerais do Ensino Fundamental.
conteúdos e a proposição de atividades concorrem para que o Os documentos das áreas têm uma estrutura comum:
caminho seja percorrido com sucesso. iniciam com a exposição da Concepção de Área para todo o
ensino fundamental, na qual aparece definida a
Objetivos gerais do ensino fundamental fundamentação teórica do tratamento da área nos Parâmetros
Curriculares Nacionais.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como Os Objetivos Gerais de Área, da mesma forma que os
objetivos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes Objetivos Gerais do Ensino Fundamental, expressam
de: capacidades que os alunos devem adquirir ao final da
- compreender a cidadania como participação social e escolaridade obrigatória, mas diferenciam-se destes últimos
política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, por explicitar a contribuição específica dos diferentes âmbitos
civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de do saber presentes na cultura; trata-se, portanto, de objetivos
solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando vinculados ao corpo de conhecimentos de cada área. Os
o outro e exigindo para si o mesmo respeito; Objetivos Gerais do Ensino Fundamental e os Objetivos Gerais
- posicionar-se de maneira crítica, responsável e de Área para o Ensino Fundamental foram formulados de
construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o modo a respeitar a diversidade social e cultural e são
diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões suficientemente amplos e abrangentes para que possam
coletivas; conter as especificidades locais.
- conhecer características fundamentais do Brasil nas O ensinar e o aprender em cada ciclo enfoca as
dimensões sociais, materiais e culturais como meio para necessidades e possibilidades de trabalho da área no ciclo e
construir progressivamente a noção de identidade nacional e indica os Objetivos de Ciclo por Área, estabelecendo as
pessoal e o sentimento de pertinência ao País; conquistas intermediárias que os alunos deverão atingir para
- conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio que progressivamente cumpram com as intenções educativas
sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de gerais. Segue-se a apresentação dos Blocos de Conteúdos e/ou
outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer Organizações Temáticas de Área por Ciclo. Esses conteúdos
discriminação baseada em diferenças culturais, de classe estão detalhados em um texto explicativo dos conteúdos que
social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características abrangem e das principais orientações didáticas que
individuais e sociais; envolvem. Nesta primeira fase de definição dos Parâmetros
- perceber-se integrante, dependente e agente Curriculares Nacionais, segundo prioridade dada pelo
transformador do ambiente, identificando seus elementos e as Ministério da Educação e do Desporto, há especificação dos
interações entre eles, contribuindo ativamente para a Blocos de Conteúdos apenas para primeiro e segundo ciclos.
melhoria do meio ambiente; A eleição de objetivos e conteúdos de área por ciclo está
- desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o diretamente relacionada com os Objetivos Gerais do Ensino
sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, Fundamental e com os Objetivos Gerais de Área, da mesma
cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção forma que também expressa a concepção de área adotada.

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Os Critérios de Avaliação explicitam as aprendizagens escola, à reflexão sobre a prática pedagógica, ao planejamento
fundamentais a serem realizadas em cada ciclo e se constituem de suas aulas, à análise e seleção de materiais didáticos e de
em indicadores para a reorganização do processo de ensino e recursos tecnológicos e, em especial, que possam contribuir
aprendizagem. Vale reforçar que tais critérios não devem ser para sua formação e atualização profissional.
confundidos com critérios de aprovação e reprovação de
alunos. Paulo Renato Souza
O último item são as Orientações Didáticas, que discutem Ministro da Educação e do Desporto
questões sobre a aprendizagem de determinados conteúdos e
sobre como ensiná-los de maneira coerente com a APRESENTAÇÃO
fundamentação explicitada anteriormente.
Este documento tem a finalidade de apresentar as linhas
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - 5ª A 8ª norteadoras dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o
SÉRIES ensino fundamental, que constituem uma proposta de
reorientação curricular que a Secretaria de Educação
Prezado (a) candidato (a), os Parâmetros Curriculares Fundamental do Ministério da Educação e do Desporto oferece
Nacionais não sofreram as devidas alterações conforme a a secretarias de educação, escolas, instituições formadoras de
lei vigente, por isso se encontram ainda classificando o professores, instituições de pesquisa, editoras e a todas as
Ensino Fundamental em 8 séries, e não como o sistema pessoas interessadas em educação, dos diferentes estados e
atual de ensino dividido em 9 anos. municípios brasileiros.
Não considere como um material errado, apenas não Uma análise da conjuntura mundial e brasileira revela a
ocorreram as devidas atualizações e alterações no próprio necessidade de construção de uma educação básica voltada
portal do Ministério da Educação ainda para a cidadania. Isso não se resolve apenas garantindo a
<https://goo.gl/8dK1hm>, mas são os parâmetros oferta de vagas, mas sim oferecendo-se um ensino de
cobrados atualmente. qualidade, ministrado por professores capazes de incorporar
Abaixo segue a parte Introdutória dos PCNs, caso ao seu trabalho os avanços das pesquisas nas diferentes áreas
queira lê-los em sua integralidade acesse o link a cima de conhecimento e de estar atentos às dinâmicas sociais e suas
também que constará disponível todos os volumes. implicações no âmbito escolar.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais nascem da
necessidade de se construir uma referência curricular
Ao Professor
nacional para o ensino fundamental que possa ser discutida e
O papel fundamental da educação no desenvolvimento das traduzida em propostas regionais nos diferentes estados e
pessoas e das sociedades amplia-se ainda mais no despertar municípios brasileiros, em projetos educativos nas escolas e
do novo milênio e aponta para a necessidade de se construir nas salas de aula. E que possam garantir a todo aluno de
uma escola voltada para a formação de cidadãos. Vivemos qualquer região do país, do interior ou do litoral, de uma
numa era marcada pela competição e pela excelência, em que grande cidade ou da zona rural, que frequentam cursos nos
progressos científicos e avanços tecnológicos definem períodos diurno ou noturno, que sejam portadores de
necessidades especiais, o direito de ter acesso aos
exigências novas para os jovens que ingressarão no mundo do
conhecimentos indispensáveis para a construção de sua
trabalho. Tal demanda impõe uma revisão dos currículos, que
cidadania.
orientam o trabalho cotidianamente realizado pelos
Para tanto, é necessário redefinir claramente o papel da
professores e especialistas em educação do nosso país.
escola na sociedade brasileira e que objetivos devem ser
Assim, é com imensa satisfação que entregamos aos
perseguidos nos oito anos de ensino fundamental. Os
professores das séries finais do ensino fundamental os
Parâmetros Curriculares Nacionais têm, desse modo, a
Parâmetros Curriculares Nacionais, com a intenção de ampliar
e aprofundar um debate educacional que envolva escolas, pais, intenção de provocar debates a respeito da função da escola e
governos e sociedade e dê origem a uma transformação reflexões sobre o que, quando, como e para que ensinar e
positiva no sistema educativo brasileiro. aprender, que envolvam não apenas as escolas, mas também
Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados pais, governo e sociedade.
procurando, de um lado, respeitar diversidades regionais, São essas definições que servem de norte para o trabalho
culturais, políticas existentes no país e, de outro, considerar a das diferentes áreas curriculares, que estruturam o trabalho
necessidade de construir referências nacionais comuns ao escolar: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais,
História, Geografia, Arte, Educação Física e Língua Estrangeira.
processo educativo em todas as regiões brasileiras. Com isso,
Os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam também a
pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos
importância de discutir, na escola e na sala de aula, questões
nossos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos
da sociedade brasileira, como as ligadas a Ética, Meio
socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao
Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Saúde,
exercício da cidadania.
Trabalho e Consumo ou a outros temas que se mostrem
Os documentos apresentados são o resultado de um longo
trabalho que contou com a participação de muitos educadores relevantes.
brasileiros e têm a marca de suas experiências e de seus Para cada uma das áreas e para cada um dos temas
estudos, permitindo assim que fossem produzidos no contexto referidos há um documento específico que parte de uma
das discussões pedagógicas atuais. Inicialmente foram análise do ensino da área ou do tema, de sua importância na
elaborados documentos, em versões preliminares, para serem formação do aluno do ensino fundamental e, em função disso,
analisados e debatidos por professores que atuam em apresenta uma proposta detalhada em objetivos, conteúdos,
diferentes graus de ensino, por especialistas da educação e de avaliação e orientações didáticas. A explicitação desses itens é
feita por ciclos, sendo que cada ciclo corresponde a dois anos
outras áreas, além de instituições governamentais e não-
de escolaridade no ensino fundamental.
governamentais. As críticas e sugestões apresentadas
O desenvolvimento dos Parâmetros Curriculares
contribuíram para a elaboração da atual versão, que deverá
Nacionais vai ocorrer na medida em que cada escola os torne
ser revista periodicamente, com base no acompanhamento e
seus. Por isso, será preciso operacionalizar os princípios dos
na avaliação de sua implementação.
Parâmetros Curriculares Nacionais no projeto educativo de
Esperamos que os Parâmetros sirvam de apoio às
cada escola, peça fundamental de seu bom funcionamento.
discussões e ao desenvolvimento do projeto educativo de sua

Conhecimentos Educacionais 85
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Neste volume introdutório, a primeira parte é dedicada à EDUCAÇÃO E CIDADANIA –UMA QUESTÃO MUNDIAL
análise de aspectos da conjuntura nacional e mundial e à
necessidade de fortalecimento da educação básica. A segunda A educação está na pauta das discussões mundiais. Em
parte destina-se a apresentar os Parâmetros Curriculares diferentes lugares do mundo discute-se cada vez mais o papel
Nacionais, seus propósitos e sua estrutura. A terceira parte essencial que ela desempenha no desenvolvimento das
procura trazer contribuições para o processo de elaboração e pessoas e das sociedades.
de desenvolvimento do projeto educativo da escola. A quarta Documentos de órgãos internacionais apresentam
parte pretende provocar a necessidade de conhecer melhor os reflexões sobre a educação e fazem uma análise prospectiva
alunos do ensino fundamental. Na quinta e última parte, é feita em que destacam alguns aspectos.
uma análise sobre o uso das Tecnologias da Comunicação e da Neste final de milênio, os dividendos das importantes
Informação, tão importantes no mundo contemporâneo. Esses descobertas e dos progressos científicos da humanidade
assuntos, tratados neste documento de introdução aos convivem com desencantamento e desesperança, alimentados
Parâmetros Curriculares Nacionais, visam apresentar uma por problemas que vão do aumento do desemprego e do
concepção geral, que será retomada de maneira específica nos fenômeno da exclusão, inclusive nos países ricos, à
documentos de áreas e temas transversais. manutenção dos níveis de desigualdade de desenvolvimento
Em linhas gerais, os Parâmetros Curriculares Nacionais se nos diferentes países. O aumento das interdependências entre
caracterizam por: nações e regiões contribuiu para colocar o foco nos diferentes
apontar a necessidade de unir esforços entre as diferentes desequilíbrios, entre ricas e pobres, como também entre
instâncias governamentais e da sociedade, para apoiar a escola “incluídos” e “excluídos” socialmente, no interior de cada país;
na complexa tarefa educativa; com a extensão dos meios de informação e de comunicação
mostrar a importância da participação da comunidade na evidenciaram-se também modos de vida e de consumo de uma
escola, de forma que o conhecimento aprendido gere maior parcela dos habitantes do planeta em contraposição a
compreensão, integração e inserção no mundo; a prática situações de miséria extrema.
escolar comprometida com a interdependência escola- Embora parte da humanidade esteja mais consciente das
sociedade tem como objetivo situar as pessoas como ameaças que pesam sobre o ambiente natural e da utilização
participantes da sociedade - cidadãos - desde o primeiro dia de irracional dos recursos naturais, que conduz a uma
sua escolaridade; degradação acelerada do meio ambiente que atinge a todos,
contrapor-se à ideia de que é preciso estudar ainda não há meios eficientes para solucionar esses
determinados assuntos porque um dia eles serão úteis; o problemas; além disso, a crença de que o crescimento
sentido e o significado da aprendizagem precisam estar econômico pudesse beneficiar a todos e permitisse conciliar
evidenciados durante toda a escolaridade, de forma a progresso material e eqüidade, o respeito da condição humana
estimular nos alunos o compromisso e a responsabilidade com e o respeito à natureza, nem sempre exercido.
a própria aprendizagem; Com o fim da guerra fria, vislumbrou-se a possibilidade de
explicitar a necessidade de que as crianças e os jovens um mundo pacificado. No entanto, as tensões continuam a
deste país desenvolvam suas diferentes capacidades, explodir entre nações, grupos étnicos ou a propósito de
enfatizando que a apropriação dos conhecimentos injustiças acumuladas nos planos econômico e social.
socialmente elaborados é base para a construção da cidadania Num contexto mundial, marcado pela interdependência
e da sua identidade, e que todos são capazes de aprender e crescente entre os povos, pressupõe-se que é preciso
mostrar que a escola deve proporcionar ambientes de aprendermos a viver juntos no planeta. Mas como fazê-lo se
construção dos seus conhecimentos e de desenvolvimento de não formos capazes de viver em nossas comunidades naturais
suas inteligências, com suas múltiplas competências; de pertinência: nação, região, cidade, bairro, participando da
apontar a fundamental importância de que cada escola vida em comunidade?
tenha clareza quanto ao seu projeto educativo, para que, de
fato, possa se constituir em uma unidade com maior grau de Diante de tantas questões, muitas das quais sem respostas
autonomia e que todos que dela fazem parte possam estar definitivas, há pelo menos uma certeza: a de que as políticas
comprometidos em atingir as metas a que se propuseram; para a educação não podem deixar de se interpelar por esses
ampliar a visão de conteúdo para além dos conceitos, desafios. Contribuindo para tal reflexão, alguns documentos
inserindo procedimentos, atitudes e valores como apontam tensões consideradas centrais e que merecem ser
conhecimentos tão relevantes quanto os conceitos analisadas.
tradicionalmente abordados;
evidenciar a necessidade de tratar de temas sociais A tensão entre o global e o local, ou seja, entre tornar-se
urgentes - chamados Temas Transversais - no âmbito das pouco a pouco cidadão do mundo sem perder suas raízes,
diferentes áreas curriculares e no convívio escolar; participando ativamente da vida de sua nação e de sua
apontar a necessidade do desenvolvimento de trabalhos comunidade.Nummundomarcadoporumprocessodemundializ
que contemplem o uso das tecnologias da comunicação e da açãoculturaleglobalização econômica, os fóruns políticos
informação, para que todos, alunos e professores, possam internacionais assumem crescente importância. No entanto, as
delas se apropriar e participar, bem como criticá-las e/ou transformações em curso não parecem apontar
delas usufruir; paraoesvaziamento dos Estados/Nação. Pelo contrário, a
valorizar os trabalhos dos docentes como produtores, busca de uma sociedade integrada no ambiente em que se
articuladores, planejadores das práticas educativas e como encontra o “outro” mais imediato, na comunidade mais
mediadores do conhecimento socialmente produzido; próxima e na própria nação, surge como necessidade para
destacar a importância de que os docentes possam atuar com chegaràintegração da humanidade como um todo.Écada vez
a diversidade existente entre os alunos e com seus mais forteo reconhecimento de que a diversidade étnica,
conhecimentos prévios, como fonte de aprendizagem de regional e cultural continuam a exercer um papel crucial e de
convívio social e como meio para a aprendizagem de que é no âmbito do Estado/Nação que a cidadania pode ser
conteúdos específicos. exercida.

A tensão entre o universal e o singular, isto é, ao mesmo


tempo em que é preciso considerar que a mundialização da
cultura se realiza progressivamente, é preciso não esquecer

Conhecimentos Educacionais 86
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das características que são únicas de cada pessoa: o direito de A Declaração Mundial sobre a Educação para Todos
escolher seu caminho na vida e de realizar suas destaca, em um dos seus artigos, que toda pessoa — criança,
potencialidades, na medida das possibilidades que lhes são adolescente ou adulto — deve poder se beneficiar de uma
oferecidas, na riqueza de sua própria cultura. formação concebida para responder às suas necessidades
educativas fundamentais. Essas necessidades compreendem
A tensão entre a cultura local e a modernização dos tanto os instrumentos de aprendizagem essenciais (leitura,
processos produtivos: apropriar-se da modernização dos escrita, expressão oral, cálculo, resolução de problemas) como
processos produtivos, fruto da evolução científica e conteúdos educativos (conceitos, atitudes, valores), dos quais
tecnológica, assumindo papel tanto de usuário como de o ser humano tem necessidade para viver e trabalhar com
produtor de novas tecnologias, sem renegar os valores e o dignidade, participar plenamente do desenvolvimento,
cultivo de bens culturais locais. melhorar a qualidade de sua existência, tomar decisões de
forma esclarecida e continuar a aprender.
A tensão entre o instantâneo/efêmero e o durável: num
contexto em que uma imensa quantidade de informações e de EDUCAÇÃO E CIDADANIA – UMA QUESTÃO
emoções atuam sem cessar, faltam espaços para maior BRASILEIRA
reflexão sobre os problemas e suas soluções; privilegiam-se
opiniões, respostas e soluções rápidas, muito embora, para A educação está na pauta das discussões também no
muitos problemas sejam necessárias estratégias pacientes e Brasil. Nas universidades, nas secretarias de educação, nas
negociadas. Tal é o caso das políticas para a educação. escolas, nas instituições de estudos e pesquisas, nas
organizações não-governamentais, nas associações e nos
A tensão entre o espiritual e o material: sindicatos, na mídia, educadores e profissionais de outras
frequentemente, as sociedades, mesmo envolvidas áreas debatem os problemas educacionais e apontam novas
cotidianamente com as questões materiais, desejam alcançar perspectivas para a educação brasileira.
valores que podem ser chamados morais/espirituais; suscitar No plano internacional, o Brasil tem participado de
em cada um tais valores, segundo suas tradições e convicções, eventos importantes, como a Conferência Mundial de
é uma das tarefas para a educação. Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em
A necessidade de que a educação trabalhe a formação ética 1990, convocada pela Unesco, Unicef, PNUD e Banco Mundial,
dos alunos está cada vez mais evidente. A escola deve assumir- em que se comprometeu a desenvolver propostas na direção
se como um espaço de vivência e de discussão dos referenciais de “tornar universal a educação fundamental e ampliar as
éticos, não uma instância normativa e normatizadora, mas um oportunidades de aprendizagem para crianças, jovens e
local social privilegiado de construção dos significados éticos adultos”.
necessários e constitutivos de toda e qualquer ação de O Brasil é também signatário da Declaração de Nova Delhi
cidadania, promovendo discussões sobre a dignidade do ser — assinada pelos nove países em desenvolvimento de maior
humano, igualdade de direitos, recusa categórica de formas de contigente populacional do mundo — em que reconhece a
discriminação, importância da solidariedade e observância educação como instrumento proeminente da promoção dos
das leis. valores humanos universais, da qualidade dos recursos
Além da análise da conjuntura mundial, os documentos humanos e do respeito pela diversidade cultural.
também apresentam as seguintes recomendações: Por sua vez, o Plano Decenal de Educação para Todos
(1993-2003), elaborado pelas secretarias estaduais e
as políticas educacionais devem ser suficientemente municipais, estabelece um conjunto de diretrizes políticas
diversificadas e concebidas, de modo a que a educação não seja voltado para a recuperação da escola fundamental do país.
um fator suplementar da exclusão social; Em termos legais, convém ressaltar que a Lei Federal nº
os tempos e os campos da educação devem ser repensados, 9.394, de 20/12/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação
completar-se e interpenetrar-se, de modo que, cada indivíduo, ao Nacional, conhecida como Lei Darcy Ribeiro, estabelece que a
longo de sua vida, possa tirar o melhor proveito de um “educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
ambiente educativo em constante transformação; princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,
essaeducação,aolongodavidaestáfundadaemquatropilares: tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
- aprendera conhecer,quepressupõesaberselecionar,acessar e preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
integrar os elementos de uma cultura geral, suficientemente o trabalho”.
extensa e básica, com o trabalho em profundidade de alguns Assim, é papel do Estado democrático facilitar o acesso à
assuntos, com espírito investigativo e visão crítica; em resumo, educação, investir na escola, para que esta instrumentalize e
significa ser capaz de aprender a aprender ao longo de toda a vida; prepare crianças e jovens para as possibilidades de
- aprender a fazer, que pressupõe desenvolver a competência participação política e social.
do saber se relacionar em grupo, saber resolver problemas e Estabelecendo-se um paralelo entre a análise da
adquirir uma qualificação profissional; conjuntura mundial, apresentada no item precedente e a
- aprendera vivercomosoutros,queconsisteemdesenvolver a conjuntura brasileira podemos dizer, em linhas gerais, que:
compreensão do outro e a percepção das interdependências, na neste final de milênio, a sociedade brasileira vive um momento
realização de projetos comuns, preparando-se para gerir de rápidas transformações econômicas e tecnológicas, ao mesmo tempo
conflitos, fortalecendo sua identidade e respeitando a dos em que os avanços na cultura e na educação transcorrem de forma
outros, respeitando valores de pluralismo, de compreensão bastante lenta. Em função de uma economia dependente, não
mútua e de busca da paz; se desenvolveu uma cultura e um sistema educacional que
- aprender a ser, para melhor desenvolver sua personalidade e pudessem fortalecer a economia, fazendo-a caminhar para a
poder agir com autonomia, expressando opiniões e assumindo as autossuficiência;
responsabilidades pessoais. embora a “modernização” no Brasil tenha acontecido de
forma surpreendentemente rápida, pela importação de bens
Os sistemas educativos formais, cuja tendência tem sido a tecnológicos, ela não se fez acompanhar da construção de uma
de privilegiar o acesso a um tipo de conhecimento, em consciência em torno de um desenvolvimento
detrimento de outras formas de aprendizagem, devem autossustentado;
conceber a educação de forma mais ampla, seja ao procederem ao lado de um progresso material “milagroso”, a injusta
reformas educativas ou ao elaborarem propostas curriculares. distribuição de renda aprofundou a estratificação social,

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fazendo com que parte considerável da população não tenha desenvolvimento colocam o Brasil em desvantagem na área da
condições de fazer valer seus direitos e seus interesses educação.
fundamentais, tornando mais agudo o descompasso entre Os dados revelam desigualdades regionais, baixo
progresso econômico e desenvolvimento social; aproveitamento escolar, defasagem idade/série, índices de
situações conflituosas foram emergindo, como válvula de evasão e repetência. Esses resultados refletem o processo de
escape das injustiças acumuladas nos planos econômico e extrema concentração de renda e de níveis elevados de
social: violência no campo e na cidade, segregação entre pobreza ainda existentes no país.
grupos sociais, preconceitos de vários tipos, consumo de A profunda segmentação social, decorrente da iníqua
drogas; distribuição de renda, tem funcionado como um entrave para
ao lado de uma enorme ampliação dos recursos de que uma parte considerável da população possa fazer valer os
comunicação e informação, especialmente nos grandes seus direitos e interesses fundamentais, como o direito à
centros, a solidariedade é pouco vivida nessas comunidades, educação.
assim como são pouco cultivados os bens culturais locais; No entanto, a análise sobre o recente desempenho do
embora os recursos naturais brasileiros sejam de grande sistema de ensino também aponta avanços importantes e
importância para todo o planeta, levando-se em conta a consistentes em direção à superação do atraso educacional.
existência de ecossistemas fundamentais, como as florestas Em termos gerais, houve uma queda da taxa de analfabetismo,
tropicais, o pantanal, o cerrado, os mangues e restingas e até aumento expressivo do número de matrículas em todos os
de uma grande parte da água doce disponível para o consumo níveis de ensino e crescimento sistemático das taxas de
humano, é preocupante a forma como eles ainda são tratados. escolaridade média da população.
Produtores, em geral, pouco conhecem e valorizam o ambiente
em que atuam. A extração de determinados tipos de bens traz A questão do analfabetismo
lucros para um pequeno grupo de pessoas, que muitas vezes Pode-se dizer que o analfabetismo no Brasil é, hoje, um
nem são habitantes da região e levam a riqueza para longe e fenômeno localizado: enquanto a região Sudeste, por exemplo,
até para fora do país, deixando em seu lugar uma devastação apresenta uma taxa inferior a 5% de analfabetos com 15 anos
que custará caro à saúde da população e aos cofres públicos; ou mais de idade, a região Nordeste apresenta, nessa faixa,
por outro lado, a degradação está também nos ambientes uma taxa superior a 30%.
intensamente urbanizados, nos quais se insere a maior parte A progressiva queda das taxas de analfabetismo, de 20,1%
da população brasileira e nos quais a fome, a miséria, a para 15,6%, no período de 1991 a 1995, foi paralela ao
injustiça social, a violência e a baixa qualidade de vida estão processo de universalização do atendimento escolar na faixa
fortemente presentes; etária obrigatória (Gráfico 1).
o exercício da cidadania, que pressupõe a participação Contudo, a redução não ocorreu de forma homogênea em
política de todos na definição de rumos que serão assumidos todo o país, permanecendo, ainda, agudas diferenças
pela nação e que se expressa não apenas na escolha de regionais. A região Nordeste, que conseguiu reduzir de 37,6%
representantes políticos e governantes, mas também na para 30,5% o número de analfabetos entre as pessoas com
participação em movimentos sociais, no envolvimento com mais de 15 anos, continua ainda com quase o dobro da taxa
temas e questões da nação e em todos os níveis da vida cotidiana, é média nacional e mais de três vezes as taxas das regiões Sul e
práticapouco desenvolvida entrenós; Sudeste, reduzidas para 9,1% e 9,3%, respectivamente.
o aumentodo desempregoe as mudançasno mundodo trabalho é
outro aspecto que aflige a sociedade brasileira que demonstra Gráfico 1 TAXAS DE ANALFABETISMO (15 ANOS OU
preocupação com o grande contingente de jovens que, mesmo com MAIS) E DE ATENDIMENTO ESCOLAR (7 A 14 ANOS)
alguma escolarização, estão mal preparados para compreender BRASIL - 1960/1995
o mundo em que vivem e nele atuar de maneira crítica, responsável
e transformadora, e, especialmente, para serem absorvidos por
um mercado de trabalho instável, impreciso e cada vez mais
exigente.

Resumindo: em tempos de virada do milênio, é preciso


questionar a posição que está reservada aos jovens na escola,
nos grupos comunitários, na Nação.
Diante dessa conjuntura, há uma expectativa na sociedade
brasileira para que a educação se posicione na linha de frente
da luta contra as exclusões, contribuindo para a promoção e
integração de todos os brasileiros, voltando-se à construção da
cidadania, não como meta a ser atingida num futuro distante, Fonte: IBGE - MEC/INEP/SEEC.
mas como prática efetiva.
A sociedade brasileira demanda uma educação de Taxas de escolarização
qualidade, que garanta as aprendizagens essenciais para a De 1991 a 1996, houve ampliação das redes de ensino,
formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, expansão do atendimento, expressivo aumento do número de
capazes de atuar com competência, dignidade e matrículas em todas as séries da educação básica —
responsabilidade na sociedade em que vivem e na qual principalmente de quinta a oitava séries — e crescimento
esperam ver atendidas suas necessidades individuais, sociais, sistemático das taxas de escolaridade média da população.
políticas e econômicas. De 1990 a 1995, a média de anos de estudo aumentou de
5,1 para 5,4 entre os homens e de 4,9 para 5,7 entre as
ALGUNS DADOS RECENTES SOBRE A EDUCAÇÃO mulheres. Essa evolução também não se deu de forma
BRASILEIRA homogênea em todo o país, permanecendo acentuados
contrastes regionais, que apontam a região Nordeste bem
O quadro educacional brasileiro é ainda bastante abaixo da média nacional. Observam-se, ainda, grandes
insatisfatório. Alguns indicadores quantitativos e qualitativos oscilações deste indicador em relação à variável racial (Tabela
mostram o longo caminho a percorrer em busca da eqüidade. 1).
Comparações com outros países em estágio equivalente de

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Tabela 1: Número médio de anos de estudos, Brasil, Tabela 3: Ensino fundamental, número de
1960 a 1995 estabelecimentos, alunos e média de alunos, segundo o
Gênero 1960 1970 1980 1990 1995 porte dos estabelecimentos, Brasil, 1996
Homem Porte dos Estabe Alunos Média de
2,4 2,6 3,9 5,1 5,4 estabelecime le-
ntos
Mulher 1,9 2,2 3,5 4,9 5,7 (número de ciment % Total % alunos/Est
Cor 2,7 ... 4,5 5,9 ... alunos) os (B) abe-
Total cimentos
Branca (A) (B/A)
Preta 0,9 ... 2,1 3,3 ... Brasil 195.76 100, 33.131.2 100, 169,2
Parda 1,1 ... 2,4 3,6 ... 7 0 70 0
Amarela 2,9 ... 6,4 8,6 ... Até 30 alunos 85.288 43,6 1.431.17 4,3 16,8
2
Regiões 2,7 ... 4 ... 5,6 De 31 a 150 60.496 30,9 3.937.53 11,9 65,1
Norte/Centro- alunos 4
Oeste De 151 a 250 12.060 6,2 2.365.73 7,1 196,2
Nordeste 1,1 1,3 2,2 3,3 4,1 alunos 2
Mais de 250 37.923 19,4 25.396.8 76,7 669,7
Sudeste 2,7 3,2 4,4 5,7 6,2 alunos 32
Sul 2,4 2,7 3,9 5,1 6,0 Fonte: MEC/INEP/SEEC.
Fonte: Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil, 1996;
PNUD/IPEA, 1996.
Nota: Dados de 1995 calculados pelo MEC/INEP/SEEC.
Em 1996, o ensino fundamental atendia a 33,1 milhões de
alunos, dentre os quais 88,8% freqüentavam escolas públicas.
Os dados do Censo Escolar de 1996 mostram um aumento O ensino fundamental é ofertado em 195.767
de 60% para 63% da população com um mínimo de 4 anos de estabelecimentos, predominantemente públicos (91,9%).
estudo, entre os anos de 1993 a 1995. No mesmo período, a Apesar de a maioria absoluta dos alunos freqüentarem escolas
população com um mínimo de 8 anos de estudo passou de 26% localizadas em áreas urbanas (82,6%), mais de dois terços das
para 28% e, com um mínimo de 11 anos, de 14% para 15%. escolas são rurais (Tabela 4). Na verdade, essas escolas
De 1991 a 1997, a taxa de escolarização líquida na faixa concentram-se na região Nordeste (50%), não só em função de
etária obrigatória, de 7 a 14 anos, passou de 86% para 91% suas características socioeconômicas, mas também devido à
(Tabela 2). Apesar de ser uma expansão significativa para o ausência de planejamento no processo de expansão da rede
período, ainda existem cerca de 2,7 milhões de crianças nessa física.
faixa etária fora das escolas, segundo apurou o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Contagem da Tabela 4: Ensino fundamental, estabelecimentos de
População de 1996. ensino e distribuição por dependência administrativa e
localização, Brasil, 1960 a 1996
Tabela 2: Taxa de escolarização bruta e líquida na Dep.
Localização
faixa etária de 7 a 14 anos, 1994, 1996 e 1997 Ano Total administrativa
(%)
Mat. (%)
Popula Bru Líqui
Ano Matrícula fundame Pública Privada Urbana Rural
ção ta da
ntal
1960 99.996 88,1 11,9 26,5 69,4
7-14 fundame 7-14
% %
anos ntal anos 1965 130.178 89,8 10,2 25,6 70,1
199 28.931. 32.132.73 25.782.54 1970 154.881 90,9 9,1 22,2 72,2
111 89
4 666 6 1 1975 188.260 93,6 6,4 24,1 75,9
199 28.525. 33.131.27 25.909.86 1980 201.926 94,0 6,0 23,1 76,9
116 91
6 815 0 0 1984 191.004 94,6 5,4 22,6 77,4
199 29.108. 33.722.78 26.372.44 1991 193.700 93,8 6,2 27,1 72,9
116 91
7* 003 7 8 1996 195.767 91,9 8,1 31,5 68,5
Fonte: MEC/INEP/SEEC/IBGE.
Fonte: MEC/INEP/SEEC.

* Dados estimados para matrícula. Notas:


1. Projeção da população residente, 1994; Embora a oferta de vagas esteja praticamente
2. Contagem da população, 1996, dados preliminares; universalizada no país, o maior contingente de alunos fora da
3. Projeção da população residente, 1997. escola encontra-se na região Nordeste.
Nas regiões Sul e Sudeste há desequilíbrio na localização
A média de alunos, no ensino fundamental, por escola é de das escolas e, no caso das grandes cidades, insuficiência de
169,2. Os estabelecimentos com mais de 250 alunos, que vagas, provocando a existência de um número excessivo de
correspondem a apenas 19,4% do total, são responsáveis pelo turnos e de escolas unidocentes ou multisseriadas.
atendimento de 76,7% dos alunos matriculados no ensino No que se refere ao número de estabelecimentos de ensino,
fundamental (Tabela 3). As escolas de maior porte, que ao todo 195.767, mais de 70% das escolas são rurais, apesar
atendem em média a 669,7 alunos, estão localizadas de responderem por apenas 17,5% da demanda de ensino
majoritariamente nas áreas urbanas, o que resulta do intenso fundamental.
processo de urbanização experimentado pelo país nas últimas A mudança mais importante a ser observada no ensino
décadas. fundamental foi o aumento das matrículas de quinta a oitava
séries (10%), o que se deve à redução das taxas de repetência
nas séries iniciais (Tabela 5). No mesmo período, as matrículas
de primeira a quarta séries apresentaram uma variação de
apenas 1,9%, percentual que está muito próximo do
crescimento demográfico do país. Portanto, à medida que o
acesso ao ensino fundamental está sendo universalizado,
desenha-se um quadro de estabilização do número de

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matrículas nas séries iniciais e uma tendência Gráfico 3 - TAXAS AGREGADAS DE PROMOÇÃO NO
sistematicamente ascendente de expansão das matrículas nas ENSINO FUNDAMENTAL (%) BRASIL - 1981-1995
séries finais (Gráfico 2).

Tabela 5: Ensino fundamental, matrícula por série,


1994, 1996 e 1997
Matrícula por
Ano Total série
1a a 4 a % 5a a 8a %
32.132.73 20.012.45 62, 12.120.28 37,
1994
6 0 3 6 7
33.131.27 20.027.24 60, 13.104.03 39,
1996
0 0 4 0 6
1997 33.722.78 20.394.07 60, 13.328.71 39,
* 7 1 4 6 6
Cresc
. Abs.
1.590.051 381.621 1.208.430 Fonte: MEC/INEP/SEEC.
94/9
7
Cresc Gráfico 4 - TAXAS AGREGADAS DE REPETÊNCIA NO
.% ENSINO FUNDAMENTAL (%) BRASIL - 1981-1995
4,9 1,9 10,0
94/9
7
Fonte: MEC/INEP/SEEC.
* Dados estimados: utilizou-se a mesma distribuição por série de 1996.

Gráfico 2 ENSINO FUNDAMENTAL - CRESCIMENTO DA


MATRÍCULA POR SÉRIE, 1994/1997*

Fonte: MEC/INEP/SEEC.

Gráfico 5 TAXAS AGREGADAS DE EVASÃO NO ENSINO


FUNDAMENTAL (%) BRASIL - 1981-1995

Fonte: MEC/INEP/SEEC
* Dados estimados

Outro aspecto interessante de ser observado diz respeito à


mudança verificada nas últimas duas décadas, na participação
dos níveis de ensino no total de matrículas iniciais. O ensino
fundamental que, em 1970, respondia por cerca de 90% do Fonte: MEC/INEP/SEEC.
total de matrículas, vem diminuindo sua participação no
conjunto do sistema, ao lado da progressiva expansão dos Apesar da melhoria observada nos índices de evasão, o
demais níveis de ensino. Assim, em 1994, observava-se o comportamento das taxas de promoção e repetência na
seguinte quadro: 72% do total de matrículas referiam-se ao primeira série do ensino fundamental ainda está longe do
ensino fundamental, 13% ao pré-escolar, 10% ao ensino desejável: apenas 55% do total de alunos são promovidos,
médio, e cerca de 4% ao nível superior. reproduzindo assim o ciclo de retenção, com 44%, que acaba
A dinâmica desse movimento de expansão vertical do expulsando as crianças da escola (Gráfico 6).
sistema educacional brasileiro é determinada pela contínua Outro gargalo do ensino fundamental situa-se no final da
expansão e melhoria do desempenho do ensino fundamental. quinta série, na qual a taxa de promoção é de 61%, persistindo
De fato, em relação às taxas de transição, houve melhoria dos uma elevada taxa de repetência de 34% (Gráfico 7).
índices de promoção, repetência e evasão. Verifica-se uma A entrada dos alunos na quinta série tem sido marcada por
curva ascendente das taxas de promoção — que sobe de 62% dificuldades de integração às novas exigências, nem sempre
em 1991, para 66% em 1992 —, acompanhada de queda explicitadas pela escola e que muitas vezes acabam
razoável das taxas agregadas de repetência e evasão, interferindo no seu desempenho escolar. Basicamente dois
atingindo, respectivamente, 30% e 4% em 1995 (Gráficos 3, 4 fatores concorrem para tais fatos. Por um lado, os alunos (em
e 5). sua maioria) são adolescentes, vivendo grandes
transformações e procurando construir sua identidade. Por
outro lado, são diferentes professores tratando, como
especialistas, as áreas de conhecimento, sem preocupação com

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outras questões presentes no cotidiano escolar. Isso acaba Gráfico 9 TAXAS DE REPETÊNCIA NO ENSINO
fazendo com que os alunos, progressivamente, percam seu FUNDAMENTAL, POR SÉRIE (%)
vínculo com a escola, anulando as expectativas iniciais
(aprender coisas novas, vivenciar experiências diferentes) e
provocando o distanciamento entre seus objetivos e os da
escola.

Gráfico 6 ENSINO FUNDAMENTAL - EVOLUÇÃO DAS


TAXAS DE TRANSIÇÃO NA 1a SÉRIE 1993/94, 1995/96 e
1996/97

Fonte: MEC/INEP/SEEC

Gráfico 10 TAXAS DE EVASÃO NO ENSINO


FUNDAMENTAL, POR SÉRIE (%)

Fonte: MEC/INEP/SEEC
Nota: Taxas Estimadas por Ruben Klein – LNCC

Gráfico 7 ENSINO FUNDAMENTAL - EVOLUÇÃO DAS


TAXAS DE TRANSIÇÃO NA 5a SÉRIE 1993/94, 1995/96 e
1996/97

Fonte: MEC/INEP/SEEC

Uma das conseqüências mais graves decorrentes das


elevadas taxas de repetência manifesta-se, nitidamente, na
acentuada defasagem idade/série. Sem dúvida, este é um dos
problemas mais graves do quadro educacional do país. Basta
observar que mais de 60% dos alunos do ensino fundamental
têm idade superior à faixa etária correspondente a cada série,
e na região Nordeste chega a 80% (Gráfico 11).

Gráfico 11 TAXAS DE EVASÃO NO ENSINO


FUNDAMENTAL, POR SÉRIE (%)
Fonte: MEC/INEP/SEEC
Nota: Taxas Estimadas por Ruben Klein - LNCC

A evasão está diretamente associada à repetência. A


primeira e a quinta séries representam os principais
obstáculos no percurso escolar dos alunos do ensino
fundamental (Gráficos 8, 9 e 10).

Gráfico 8 TAXAS DE PROMOÇÃO NO ENSINO


FUNDAMENTAL, POR SÉRIE (%)

Fonte: MEC/INEP/SEEC

Além do prejuízo que o atraso na progressão escolar


ocasiona aos próprios alunos, estimulando a evasão e a
tentativa de ingresso no mercado de trabalho sem a necessária
qualificação, as elevadas taxas de repetência criam custos
adicionais para os sistemas de ensino. Verifica-se que a
matrícula do ensino fundamental é 30% superior à população
na faixa etária de 9 a 14 anos.
Esses dados indicam que a repetência constitui um dos
Fonte: MEC/INEP/SEEC problemas do quadro educacional do país, uma vez que os
alunos passam, em média, 5 anos na escola antes de se
evadirem e levam cerca de 11,2 anos para concluir as oito
séries de escolaridade obrigatória.
Isso mostra que a sociedade brasileira valoriza a educação
como registro fundamental de integração social e inserção no

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APOSTILAS OPÇÃO

mundo do trabalho. No entanto, a maioria da população Gráfico 13 EVOLUÇÃO DO NÚMERO MÉDIO DE SÉRIES
estudantil acaba desistindo da escola, desestimulada em razão CONCLUÍDAS E DO TEMPO MÉDIO DE PERMANÊNCIA NO
das altas taxas de repetência e pressionada por fatores sociais ENSINO FUNDAMENTAL - BRASIL - 1985/1995
e econômicos que obrigam boa parte ao trabalho precoce.
As taxas de repetência mostram a baixa qualidade do
ensino e a incapacidade dos sistemas educacionais e das
escolas de garantirem a permanência do aluno, penalizando
principalmente aqueles de níveis de renda mais baixos.
Não há dúvida que são as crianças e jovens dos setores
populares os que apresentam um percurso escolar com
interrupções e também os que acabam sendo excluídos da
escola. São muitos os fatores que interferem nesse processo
tumultuado de escolarização: os problemas podem ser ligados
a transferências motivadas por mudanças constantes das
famílias (movimentos migratórios), ou ao fato de muitos deles
precisarem trabalhar para ajudar no sustento familiar ou para
se manter, ou ainda ao fato de terem tarefas obrigatórias
excessivas dentro de casa (em especial, as meninas). Mas, as Fonte: MEC/INEP/SEEC
condições de ensino oferecidas e a conflituosa relação desses
alunos com a escola acabam sendo fatores também decisivos. Nota: 1) Taxas obtidas por simulação de fluxo,
A defasagem idade/série também acaba trazendo desafios considerando uma coorte de 1.000 alunos que ingressam na 1a
adicionais ao trabalho escolar na medida em que, tendo, numa série do ensino fundamental.
mesma série, crianças e adolescentes com motivações, 2) Para essa simulação foram utilizadas as taxas de
interesses e necessidades muito diferentes, torna-se difícil, transição estimadas por Ruben Klein - LNCC.
por exemplo, a escolha de textos para leitura, a seleção de
situações-problema em matemática etc., de forma a que todos Desempenho de alunos medido pelo SAEB
os alunos atribuam sentido ao que aprendem. O principal instrumento utilizado para avaliar o ensino
Apesar desse quadro de distorção idade/série, observa-se fundamental em todo o país é o Sistema Nacional de Avaliação
uma tendência moderada de redução do tempo médio de da Educação Básica (SAEB), implantado a partir de 1990 e
conclusão do ensino fundamental, ao mesmo tempo em que se realizado com o apoio das secretarias de educação dos estados
verifica uma expressiva elevação das taxas de conclusão e municípios. Os levantamentos de dados são realizados a cada
esperadas, que evoluíram de 55% em 1994, para 65% em dois anos, abrangendo uma amostra probabilística
1996 (Gráfico 12). Outro aspecto positivo a ser destacado é o representativa dos 26 estados e do Distrito Federal. O sistema
progressivo aumento do número médio de séries concluídas e tem como objetivos aferir os conhecimentos e habilidades dos
do tempo médio de permanência dos alunos no ensino alunos, mediante aplicação de testes, com a finalidade de
fundamental (Gráfico 13). avaliar a qualidade do ensino ministrado; verificar os fatores
contextuais e escolares que incidem na qualidade do ensino —
Gráfico 12 EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE CONCLUSÃO condições infra-estruturais das unidades escolares; perfil do
ESPERADA E TEMPO MÉDIO DE CONCLUSÃO NO ENSINO diretor e mecanismos de gestão escolar; perfil do professor e
FUNDAMENTAL - BRASIL - 1985/1995 práticas pedagógicas adotadas; características socioculturais e
hábitos de estudo dos alunos.
A análise dos resultados desses levantamentos permite
acompanhar a evolução do desempenho dos alunos e dos
diversos fatores incidentes na qualidade e na efetividade do
ensino ministrado nas escolas, possibilitando a definição de
ações voltadas para a correção das distorções identificadas e o
aperfeiçoamento das práticas e do desempenho apresentados
pelas escolas e pelo sistema de ensino brasileiro. Essas
informações são utilizadas por gestores e administradores da
educação, pesquisadores e professores. Além disso, permitem
à sociedade conhecer alguns aspectos do ensino oferecido
pelas escolas públicas e privadas.
Em 1995, dois tipos de resultados foram apresentados: a
Fonte: MEC/INEP/SEEC proficiência média e o aproveitamento médio. O primeiro
instrumento descreve o conjunto de habilidades
Nota: 1) Taxas obtidas por simulação de fluxo, demonstradas efetivamente pelo desempenho dos alunos em
considerando uma coorte de 1.000 alunos que ingressam na 1a Língua Portuguesa — habilidade de leitura — e em
série do ensino fundamental. Matemática. Os resultados dos alunos são apresentados em
2) Para essa simulação foram utilizadas as taxas de uma escala única e devem ser compreendidos não como uma
transição estimadas por Ruben Klein - LNCC. formulação teórica do que eles devem saber, mas sim como o
conjunto de habilidades latentes apresentadas nas áreas
curriculares examinadas.
Já o aproveitamento curricular médio expressa a
probabilidade de resposta correta de um aluno, ou de grupos
de alunos, a um item ou a um conjunto de itens do teste,
baseada em sua proficiência, permitindo a análise dos
conteúdos curriculares testados em função dos resultados dos
alunos (Tabelas 6 e 7).

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Tabela 6: Proficiência média e aproveitamento médio, 1975 896.652 84,7 15,3 78,2 21,8
Brasil e regiões, 1995, leitura (Língua Portuguesa) 1980 884.257 85,7 14,3 76,6 23,4
Região Proficiência Aproveitamento 1984 1.016.175 86,5 13,5 76,4 23,6
média médio (%)
1991 1.295.965 86,7 13,3 78,4 21,6
Séries Séries
1996 1.388.247 85,0 15,0 79,7 20,3
4a 8a 3a 4a 8a 3a
Fonte: MEC/INEP/SEEC.
BR 177 252 277,0 49,4 65,9 66,1
N 154 238 262,0 44,4 61,4 61,6 Em relação às funções docentes, verifica-se uma gradativa
NE 160 227 253,0 46,4 57,2 59,3 diminuição dos professores sem a titulação mínima exigida —
SE 187 262 285,0 51,5 69,3 68,6 denominados professores leigos —, cuja presença está
concentrada na região Nordeste, principalmente nas escolas
S 181 257 283,0 50,5 68,2 67,8
municipais. O número de professores que possuem
CO* 185 252 283,0 50,7 66,4 68,1
escolaridade inferior ao ensino fundamental sofreu uma
Proficiência média: escala única de 0 a 375; redução de 11,8% de 1991 a 1996. No mesmo período,
aproveitamento médio: escala por série de 0 a 100 / SAEB. * aumentou em 14,4% o número de professores com ensino
Centro-Oeste superior completo (Tabela 9). De acordo com o último
levantamento, 91% dos professores do ensino fundamental
Tabela 7: Proficiência média e aproveitamento médio, possuem formação secundária completa ou ensino superior.
Brasil e regiões, 1995, Matemática
Proficiência Aproveitamento Tabela 9: Ensino fundamental, funções docentes por
média médio (%) grau de formação, Brasil, 1991 e 1996
Região Séries Séries Grau de 1991 1996 Crescime
4a 8a 3a 4a 8a 3a formaçã nto
o
BR 174 253 290 29,5 35,8 35,6
Valor % Valor % (%)
N 145 237 271 26,1 31,1 32,2 absolut absolut
NE 153 230 266 27,2 30,4 32,5 o o
SE 188 262 298 31,2 38,4 36,8 TOTAL 1.295.9 100, 1.388.2 100, 7,1
S 181 259 301 29,6 36,6 36,5 65 0 47 0
CO* 182 253 295 29,9 35,5 37,2 1o grau 72.285 5,6 63.783 4,6 -11,8
Proficiência média: escala única de 0 a 375; incompl
aproveitamento médio: escala por série de 0 a 100 / SAEB. * eto
Centro-Oeste 1o grau 67.087 5,2 60.859 4,4 -9,3
complet
Professores e sua formação o
De acordo com o Censo Escolar de 1996, o sistema de 2o grau 624.639 48,2 655.004 47,2 4,9
ensino fundamental brasileiro ocupa 1.388.247 “funções complet
docentes”, das quais 85% são exercidas em escolas públicas e o
apenas 15% em estabelecimentos privados (Tabela 8). Cabe, 3o grau 531.954 41,0 608.601 43,8 14,4
porém, esclarecer que esse número não corresponde ao total complet
de professores, que tende a ser significativamente menor. Na o
Fonte: MEC/INEP/SEEC.
realidade, isso ocorre porque um professor pode exercer mais
de uma função docente, sendo bastante comum a existência de
duplo contrato de trabalho. Essa prática é estimulada por dois A LDB 9.394/97 coloca como meta que, num prazo de dez
fatores: por um lado, o regime de trabalho dos professores, que anos, todos os professores de educação infantil e das séries
é na grande maioria de um turno semanal de 20 a 25 horas- iniciais do ensino fundamental tenham formação em nível
aula, permitindo dupla jornada; por outro lado, a superior. A extensão do número de anos da formação precisa
desvalorização salarial do magistério, acumulada ao longo dos ser acompanhada de um processo intenso de discussão sobre
anos, impondo a procura de duplo emprego como condição de o conteúdo e a qualidade dessa formação.
sobrevivência. A formação de professores de quinta a oitava séries
Do total de funções docentes, 79,7% estão em escolas também precisa ser revista; feita em nível superior nos cursos
urbanas e as demais em escolas rurais. Observa-se que essa de licenciatura, em geral não tem dado conta de uma formação
distribuição apresenta ligeira diferença quando comparada profissional adequada; formam especialistas em áreas do
com as proporções de alunos que freqüentam escolas urbanas conhecimento, sem reflexões e informações que dêem
(82,6%) e rurais (17,4%). Isso se dá em razão de predominar sustentação à sua prática pedagógica, ao seu envolvimento no
nas áreas rurais escolas unidocentes, com reduzido número de projeto educativo da escola, ao trabalho com outros
alunos. Conforme já mencionado, os estabelecimentos rurais professores, com pais e em especial, com seus alunos.
são bastante numerosos, embora a clientela seja pequena.
A escola de oito anos
Tabela 8: Ensino fundamental, funções docentes e O ensino de primeiro grau, com duração de oito séries, foi
distribuição por dependência administrativa e criado no Brasil pela Lei Federal nº 5.692, de 1971, Lei de
localização, Brasil, 1960 a 1996 Diretrizes e Bases da Educação Nacional — LDB —, com
Dep.
caráter de obrigatoriedade e de gratuidade na escola pública.
Localização Essa lei, reflexo da luta pela ampliação do número de anos
administrativa
Ano Total (%) da escolaridade obrigatória, pela expansão da rede pública,
(%)
Pública Privada Urbana Rural pela oferta de vagas, provocou demandas como a construção
de prédios, a distribuição da merenda escolar, a compra de
1960 284.115 - - - - livros didáticos.
1965 446.290 - - - - Assim, se a tônica da política educacional brasileira recaiu,
1970 653.800 81,2 18,8 76,2 23,8 durante anos, sobre a expansão das oportunidades de

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escolarização, hoje ela é posta na necessidade de revisão do As reflexões e experiências ao longo dos últimos trinta
projeto educacional do país, de modo a concentrar a atenção anos foram intensas e extremamente relevantes para o
na qualidade do ensino e da aprendizagem. momento atual, pois de modo geral indicam que é preciso
Uma análise breve do que ocorreu ao longo dessas últimas romper com práticas inflexíveis, que utilizam os mesmos
décadas, revela que as portas das escolas brasileiras foram recursos independentemente dos alunos, sujeitos da
abertas para as camadas populares sem a devida preparação aprendizagem.
das mudanças que ocorreriam. Abandonadas à própria sorte, Elas apontam que, para analisar e propor novas atuações
sem os investimentos necessários, tanto em recursos humanos em educação, é preciso considerar aspectos sociais, políticos,
como em recursos materiais, muitas escolas ficaram atônitas, culturais, antropológicos e psicológicos. Só considerando os
sem clareza de qual seria sua função. distintos aspectos que concorrem para a formação do aluno é
Não tendo um projeto claro, pouco a pouco, baixaram-se as que o processo de escolarização pode passar de fato a
expectativas dos objetivos a serem atingidos por se prejulgar colaborar para a atuação autônoma dos alunos, na construção
que a clientela era “fraca”; simplificaram-se os conteúdos, mas de uma sociedade democrática.
sem alterá-los significativamente; as metodologias É preciso conhecer melhor os alunos, elaborar novos
preferenciais foram aquelas em que se poderia tornar tudo projetos, redefinir objetivos, buscar conteúdos significativos e
mais “fácil e simples”; para avaliação usaram-se os mesmos novas formas de avaliar que resultem em propostas
referenciais e indicadores de outros tempos e de outras metodológicas inovadoras, com intuito de viabilizar a
circunstâncias. aprendizagem dos alunos.
Limitando-se quase sempre a transmitir alguns
conhecimentos, de relevância por vezes questionável e de As transformações necessárias na educação brasileira
forma bastante rudimentar, as escolas foram se distanciando Os dados apresentados evidenciam os desafios a serem
da possibilidade de fazer com que seus alunos tivessem enfrentados pelo Poder Público, pela sociedade e, de modo
condições de compreender as transformações à sua volta ou mais particular, pelas comunidades, famílias e escolas. A
de interpretar a massa de informações com que se deparavam exclusão da escola, particularmente na faixa de 7 a 14 anos, é
diariamente. uma forma perversa e irremediável de exclusão social, por
Assim, apontadas como responsáveis pelo fracasso escolar negar o direito elementar de cidadania e por reproduzir, desse
dos alunos vindos de meios desfavorecidos — múltipla modo, o círculo da pobreza e da marginalidade, alienando
repetência, abandono dos estudos etc. —, não receberam, em qualquer perspectiva de futuro para crianças e jovens, vítimas
contrapartida, colaboração efetiva para enfrentar os desse processo. A existência de crianças e jovens fora da escola
problemas causados pela vulnerabilidade social desses é um indicador de que as taxas de analfabetismo e as que
meninos e meninas. medem o nível de escolarização de nossa população
A relação da escola com esses alunos e essas comunidades continuarão inaceitavelmente elevadas.
nem sempre foi cooperativa. Embora sendo uma instituição A garantia do acesso e da permanência dependem da
tradicionalmente valorizada pela população brasileira, as solução de problemas variados dentre os quais se destacam os
escolas tiveram sua credibilidade posta em xeque, uma vez que ligados à repetência, que produz a distorção idade/série e/ ou
essa população nem sempre conseguiu ver muito sentido no a evasão. Desse modo, as ações referentes à oferta de vagas são
trabalho feito. ainda necessárias, mas as políticas educacionais não podem
Ao invés de um espaço de convivência social, em que ficar restritas a elas.
pessoas cooperam, constroem sua identidade, preservam suas É preciso desenvolver políticas de valorização dos
especificidades culturais, respeitam o pluralismo, as escolas, professores, visando a melhoria das condições de trabalho e de
isoladas por altos muros, grades e cadeados, foram muitas salário, assim como é igualmente importante investir na sua
vezes vistas como corpos estranhos à comunidade. qualificação, capacitando-os para que possam oferecer um
Durante esse período, muitas escolas reagiram à situação ensino de qualidade, ou seja, um ensino mais relevante e
e buscaram novas formas de atuação, tendo como base ideais significativo para os alunos. Para isso, é necessário criar
sociais e políticos e conhecimentos sobre os processos de mecanismos de formação inicial e continuada que
ensino e de aprendizagem. correspondam às expectativas da sociedade em relação ao
A partir desses referenciais, elaboraram-se modelos processo de aprendizagem, estabelecendo metas a curto e
explicativos, cuja finalidade era compreender o fenômeno longo prazos, com objetivos claros, que permitam avaliar,
educacional e apontar diretrizes de atuação. inclusive, os investimentos.
Os ideais de construção de uma sociedade mais igualitária, A formação continuada em serviço é uma necessidade, e
com liberdade de expressão, e as evidências do insucesso no para tanto é preciso que se garantam jornadas com tempo para
aproveitamento escolar tiveram fortes repercussões no meio estudo, leitura e discussão entre professores, dando condições
educacional. Questionaram-se os valores culturais e sociais para que possam ter acesso às informações mais atualizadas
vigentes que orientavam a escolha e o tratamento dos na área de educação e de forma a que os projetos educativos
conteúdos. O papel do professor e do aluno passaram a ser possam ser elaborados e reelaborados pela equipe escolar. Os
revistos. O respeito às necessidades individuais e o trabalho professores devem ser profissionais capazes de conhecer os
cooperativo passaram a ser o grande lema. O ideário político alunos, adequar o ensino à aprendizagem, elaborando
pedagógico trouxe expressamente para a escola um basta ao atividades que possibilitem a ação reflexiva do aluno. É preciso
autoritarismo existente. Esse ideário foi incorporado em criar uma cultura em todo o país, que favoreça e estimule o
algumas escolas, identificadas como “escolas alternativas”. acesso dos professores a atividades culturais, como
Uma outra forma de atuação no espaço escolar bastante exposições, cinemas, espetáculos, congressos, como meio de
difundida, foi a que buscava criar meios eficientes para o interação social.
tratamento dos conteúdos escolares utilizando técnicas de É preciso também melhorar as condições física das escolas,
estudo dirigido e recursos tecnológicos, como a televisão e dotando-as de recursos didáticos e ampliando as
técnicas audiovisuais. Embora utilizando recursos modernos possibilidades de uso das tecnologias da comunicação e da
para o desenvolvimento do trabalho pedagógico, seguia o informação. Finalmente, é preciso estimular, de fato, o
modelo didático de explicar os conteúdos e solicitar a execução envolvimento e a participação democrática e efetiva da
de muitos exercícios para sua fixação, desconsiderando, dessa comunidade e dos pais nas diferentes instâncias do sistema
maneira, a contribuição e a participação do aluno no processo educativo e, especialmente, criar mecanismos que favoreçam
de aprendizagem e ignorando os aspectos socioculturais. o seu envolvimento no projeto educativo das escolas.

Conhecimentos Educacionais 94
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ENSINO FUNDAMENTAL - UMA PRIORIDADE Acolhimento e socialização dos alunos


O ensino fundamental compõe, juntamente com a A permanência dos alunos na escola é hoje um dos grandes
educação infantil e o ensino médio, o que a Lei Federal nº problemas a serem enfrentados por todos na educação
9.394, de 1996 — nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação brasileira: órgãos governamentais, comunidades e equipes
Nacional —, nomeia como educação básica e que tem por escolares. Embora as causas da não permanência sejam
finalidade “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação múltiplas, cabe enfatizar entre elas a falta de acolhimento dos
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer lhe alunos pela escola, uma vez que, de certo modo, esse fator
meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. condiciona os demais.
A LDB determina, ainda, que a educação dos alunos que A falta de acolhimento é originada muitas vezes pelo fato
apresentam necessidades especiais deva ocorrer, da escola não reconhecer a diversidade da população a ser
preferencialmente, na rede regular de ensino. Assim sendo, os atendida, com a conseqüente diferenciação na demanda. O não
serviços de educação especial se inserem nos diferentes níveis reconhecimento da diversidade faz com que toda e qualquer
de formação escolar (educação infantil, ensino fundamental, situação que não esteja dentro de um padrão previsto seja
ensino médio e educação superior) e na interatividade com as tratada como problema do aluno e não como desafio para a
demais modalidades da educação escolar, favorecendo alunos equipe escolar. Reconhecer a diversidade e buscar formas de
e professores, dentro dos princípios da escola inclusiva, acolhimento requer, por parte da equipe escolar,
entendida como aquela que, além de acolher todas as crianças, disponibilidade, informações, discussões, reflexões e algumas
garante uma dinâmica curricular que contemple mudar o vezes ajudas externas.
caráter discriminatório do fazer pedagógico, a partir das A falta de disponibilidade ou de condições para considerar
necessidades dos alunos. a diversidade dos alunos acarreta o chamado fracasso escolar,
De acordo com a LDB, o ensino fundamental no Brasil tem com efeitos no plano moral, afetivo e social que geralmente
por objetivo a formação básica do cidadão mediante: acompanharão esses indivíduos durante toda sua vida,
“I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo podendo redundar em exclusão social.
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do O acolhimento requer compromisso político com a
cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do educação manifestado em uma série de medidas concretas
sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que que, embora não sejam de responsabilidade exclusiva das
se fundamenta a sociedade; escolas, precisam ser assumidas por elas.
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, A postura de acolhimento envolve tanto a valorização dos
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidade e a conhecimentos e da forma de expressão de cada aluno como o
formação de atitudes e valores; processo de socialização. Valorizar o conhecimento do aluno,
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços considerando suas dúvidas e inquietações, implica promover
desolidariedade humana e de tolerância recíproca em que se situações de aprendizagem que façam sentido para ele.
assenta a vida social.” Exercer o convívio social no âmbito escolar favorece a
Pela nova Lei de Diretrizes e Bases, os estados e municípios construção de uma identidade pessoal, pois a socialização se
incumbem-se de definir formas de colaboração na oferta do caracteriza por um lado pela diferenciação individual e por
ensino fundamental, o que pode trazer grandes benefícios, outro pela construção de padrões de identidade coletiva.
pois ações conjuntas — bem planejadas, renovadas em seu Contribuir para o processo de acolhimento dos alunos não
espírito e reforçadas em seus meios — podem permitir uma é tarefa simples, pois envolve lidar com emoções, motivações,
recuperação do nosso sistema educativo. valores e atitudes do sujeito em relação ao outro, suas
A lei destaca o papel importante que a escola desempenha responsabilidades e compromissos.
no processo educacional e lhe confere uma grande autonomia
de organização. Também incentiva os sistemas de ensino a Interação escola e comunidade
desenvolverem projetos que possibilitem a aceleração de A realização do acolhimento e da socialização dos alunos
estudos para alunos com atraso escolar. pressupõe o enraizamento da escola na comunidade. A
Assim, a escola pode se organizar em séries anuais, interação entre equipe escolar, alunos, pais e outros agentes
períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de educativos possibilita a construção de projetos que visam a
estudos, grupos não-seriados com base na idade, competência melhor e mais completa formação do aluno. A separação entre
e em outros critérios, sempre que for interesse do processo de escola e comunidade fica demarcada pelas atribuições e
aprendizagem. Também os calendários escolares podem ser responsabilidades e não pela realização de um projeto comum.
estabelecidos de forma a adequar-se às peculiaridades locais. A ampla gama de conhecimentos construídos no ambiente
escolar ganham sentido quando há interação contínua e
Papel da escola permanente entre o saber escolar e os demais saberes, entre o
A educação escolar deve constituir-se em uma ajuda que o aluno aprende na escola e o que ele traz para a escola. O
intencional, sistemática, planejada e continuada para crianças, relacionamento contínuo e flexível com a comunidade
adolescentes e jovens durante um período contínuo e favorece a compreensão dos fatores políticos, sociais, culturais
extensivo de tempo, diferindo de processos educativos que e psicológicos que se expressam no ambiente escolar.
ocorrem em outras instâncias, como na família, no trabalho, na O relacionamento entre escola e comunidade pode ainda
mídia, no lazer e nos demais espaços de construção de ser intensificado, quando há integração dos diversos espaços
conhecimentos e valores para o convívio social. Assim sendo, educacionais que existem na sociedade, tendo como objetivo
deve ser evitada a abordagem simplista de encarar a educação criar ambientes culturais diversificados que contribuam para
escolar como o fator preponderante para as transformações o conhecimento e para a aprendizagem do convívio social.
sociais, mesmo reconhecendo-se sua importância na
construção da democracia. Culturas locais e patrimônio universal
Ao delinear o papel da instituição escolar não se está A função da escola em proporcionar um conjunto de
buscando uma uniformização dos estabelecimentos escolares, práticas preestabelecidas tem o propósito de contribuir para
uma vez que cada escola tem sua história, suas peculiaridades que os alunos se apropriem de conteúdos sociais e culturais de
e sua identidade. O objetivo é identificar os aspectos desejáveis maneira crítica e construtiva. A escola, ao tomar para si o
e comuns a todas as escolas brasileiras responsáveis pela objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com
educação fundamental. competência e dignidade na sociedade, buscará eleger, como
objeto de ensino, conteúdos que estejam em consonância com

Conhecimentos Educacionais 95
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as questões sociais que marcam cada momento histórico, cuja substituição da força humana pela força motriz, provocando
aprendizagem e assimilação são as consideradas essenciais toda uma reorganização da sociedade. O enorme impacto
para que os alunos possam exercer seus direitos e deveres. causado pela revolução industrial fez com que toda a classe
É fundamental que a escola assuma a valorização da operária se submetesse ao regime da fábrica e das máquinas.
cultura de seu próprio grupo e, ao mesmo tempo, busque Desse modo, essa revolução possibilitou a entrada em massa
ultrapassar seus limites, propiciando às crianças e aos jovens da mulher no mercado de trabalho, alterando a forma da
pertencentes aos diferentes grupos sociais o acesso ao saber, família cuidar e educar seus filhos.
tanto no que diz respeito aos conhecimentos socialmente Marx (1986)22, ao discutir a apropriação pelo capital das
relevantes da cultura brasileira no âmbito nacional e regional forças de trabalho suplementares, enfatiza que a maquinaria
como no que faz parte do patrimônio universal da permitiu o emprego de trabalhadores sem força muscular e
humanidade. com membros mais flexíveis, o que possibilitou ao capital
É igualmente importante que ela favoreça a produção e a absorver as mulheres e as crianças nas fábricas. A maquinaria
utilização das múltiplas linguagens, das expressões e dos estabeleceu um meio de diversificar os assalariados,
conhecimentos históricos, sociais, científicos e tecnológicos, colocando, nas fábricas, todos os membros da família do
sem perder de vista a autonomia intelectual e moral do aluno, trabalhador, independentemente do sexo e da idade de cada
como finalidade básica da educação. um. Se, até então, o trabalhador vendia somente sua própria
força de trabalho, passou a vender a força da mulher e dos
Relações entre aprendizagem escolar e trabalho filhos.
O conhecimento é apontado por especialistas como Na realidade, apesar do aumento significativo do número
recurso controlador e fator de produção decisivo de inserção de trabalhadores, os homens foram, em parte, substituídos no
social. Esse fato tende a mudar fundamentalmente a estrutura trabalho pelas mulheres e pelas crianças, já que a lei fabril
da sociedade, criar novas dinâmicas sociais e econômicas, exigia duas turmas trabalhando: uma turma de seis horas e
como também novas políticas. Hoje em dia não basta visar a outra de quatro, ou cada uma, cinco horas apenas. Mas os pais
capacitação dos estudantes para futuras habilitações nas não queriam vender o tempo parcial das crianças mais barato
especializações tradicionais. Trata-se de ter em vista a do que vendiam antes o tempo integral, mesmo que as
formação dos estudantes para o desenvolvimento de suas condições de trabalho fossem péssimas. A passagem seguinte
capacidades, em função de novos saberes que se produzem e evidencia a precariedade do trabalho e a necessidade de
que demandam um novo tipo de profissional. sucumbir aos ditames do capital: “[...] o capital achava nelas, as
Essas relações entre conhecimento e trabalho exigem mulheres e moças despidas, muitas vezes em conjunto com
capacidade de iniciativa e inovação e, mais do que nunca, a homens, perfeitamente de acordo com seu código moral”.
máxima “aprender a aprender” parece se impor à máxima O nascimento da indústria moderna alterou
“aprender determinados conteúdos”. profundamente a estrutura social vigente, modificando os
Isso significa novas demandas para a educação básica, em hábitos e costumes das famílias, as mães operárias que não
que se destacam os conteúdos que façam sentido para o tinham com quem deixar seus filhos, utilizavam o trabalho das
momento de vida presente e que ao mesmo tempo favoreçam conhecidas mães mercenárias. Essas, ao optarem pelo não
o aprendizado de que o processo de aprender é permanente. trabalho nas fábricas, vendiam seus serviços para abrigarem e
Para tanto, é necessária a utilização de metodologias capazes cuidarem dos filhos de outras mulheres.
de priorizar a construção de estratégias de verificação e Em função da crescente participação dos pais no trabalho
comprovação de hipóteses na construção do conhecimento, a das fábricas, fundições e minas de carvão, surgiram outras
construção de argumentação capaz de controlar os resultados formas de arranjos mais formais de serviços de atendimento
desse processo, o desenvolvimento do espírito crítico capaz de das crianças. Eram organizados por mulheres da comunidade
favorecer a criatividade, a compreensão dos limites e alcances que, na realidade, não tinham uma proposta instrucional
lógicos das explicações propostas. formal, mas adotavam atividades de canto e de memorização
Metodologias que favoreçam essas capacidades favorecem de rezas. As atividades relacionadas ao desenvolvimento de
também o desenvolvimento da autonomia do sujeito, o bons hábitos de comportamento e de internalização de regras
sentimento de segurança em relação às suas próprias morais eram reforçadas nos trabalhos dessas voluntárias.
capacidades, interagindo de modo orgânico e integrado num Criou-se uma nova oferta de emprego para as mulheres, mas
trabalho de equipe e, portanto, sendo capaz de atuar em níveis aumentaram os riscos de maus tratos às crianças, reunidas em
de interlocução mais complexos e diferenciados. Em resumo, maior número, aos cuidados de uma única, pobre e
busca-se um ensino de qualidade capaz de formar cidadãos despreparada mulher. Tudo isso, aliado a pouca comida e
que interfiram criticamente na realidade para transformá-la e higiene, gerou um quadro caótico de confusão, que terminou
não apenas para que se integrem ao mercado de trabalho. no aumento de castigos e muita pancadaria, a fim de tornar as
crianças mais sossegadas e passivas. Mais violência e
mortalidade infantil.
Natureza do trabalho A preocupação das famílias pobres era sobreviver, sendo
pedagógico: fundamentação assim, os maus tratos e o desprezo pelas crianças tornaram-se
aceitos como regra e costume pela sociedade de um modo
filosófica, política e geral. As mazelas contra a infância se tornaram tão comuns
educacional que, por filantropia, algumas pessoas resolveram tomar para
si a tarefa de acolher as crianças desvalidas que se
encontravam nas ruas. A sociedade aplaudiu, uma vez que
ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL todos queriam ver as ruas limpas do estorvo e da sujeira
provocados pelas crianças abandonadas.
A) A história da Educação Infantil As primeiras instituições na Europa e Estados Unidos
Na Europa, com a transição do feudalismo para o tinham como objetivos cuidar e proteger as crianças enquanto
capitalismo, em que houve a passagem do modo de produção às mães saíam para o trabalho. Desta maneira, sua origem e
doméstico para o sistema fabril, e, consequentemente, a expansão como instituição de cuidados à criança estão
substituição das ferramentas pelas máquinas, além da

22 MARX, Karl. O Capital. l.1, v.1. São Paulo: Bertrand Brasil-Difel, 1986.

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associadas à transformação da família, de extensa para Numa sociedade patriarcal, a ideia era criar uma solução
nuclear. para os problemas dos homens, ou seja, retirar dos mesmos a
Sua origem, na sociedade ocidental, de acordo com Didonet responsabilidade de assumir a paternidade. Considerando
(2001)23, baseia-se no trinômio: mulher-trabalho-criança. As que, nessa época, não se tinha um conceito bem definido sobre
creches, escolas maternais e jardins de infância tiveram, as especificidades da criança, a mesma era concebida como um
somente no seu início, o objetivo assistencialista, cujo enfoque objeto descartável, sem valor intrínseco de ser humano,
era a guarda, higiene, alimentação e os cuidados físicos das conforme defendido por Rizzo (2003)26.
crianças. Fatores como o alto índice de mortalidade infantil, a
Apesar de seu início estar mais voltado para as questões desnutrição generalizada e o número significativo de
assistenciais e de custódia, Kuhlmann (2001)24 ressalta que acidentes domésticos, fizeram com que alguns setores da
essas instituições se preocuparam com questões não só de sociedade, dentre eles os religiosos, os empresários e
cuidados, mas de educação, visto se apresentarem como educadores, começassem a pensar num espaço de cuidados da
pedagógicas já em seu início. Exemplifica sua defesa com a criança fora do âmbito familiar. De maneira que foi com essa
“Escola de Principiantes” ou escola de tricotar, criada pelo preocupação, ou com esse problema, que a criança começou a
pastor Oberlin, na França em meados de 1769, para crianças ser vista pela sociedade e com um sentimento filantrópico,
de dois a seis anos de idade. Esse pastor criou apenas um caritativo, assistencial é que começou a ser atendida fora da
programa de passeios, trabalhos manuais e histórias contadas família.
com gravuras, nos quais suas escolas de tricô tinham como Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma
objetivo, por meio do trabalho de mulheres da comunidade, babá, as pobres se viam na contingência de deixar os filhos
tomar conta de crianças, ensinando-lhes a ler a bíblia e a sozinhos ou colocá-los numa instituição que deles cuidasse.
tricotar. De acordo com seus objetivos, nesses espaços, as Para os filhos das mulheres trabalhadoras, a creche tinha que
crianças deveriam aprender diferentes habilidades, como ser de tempo integral; para os filhos de operárias de baixa
adquirir hábitos de obediência, bondade, identificar as letras renda, tinha que ser gratuita ou cobrar muito pouco; ou para
do alfabeto, pronunciar bem as palavras e assimilar noções de cuidar da criança enquanto a mãe estava trabalhando fora de
moral e religião. casa, tinha que zelar pela saúde, ensinar hábitos de higiene e
Do ponto de vista histórico, a própria literatura traz o alimentar a criança. A educação permanecia assunto de
jardim de infância como uma instituição exclusivamente família. Essa origem determinou a associação creche, criança
pedagógica e que, desde sua origem, teve pouca preocupação pobre e o caráter assistencial da creche.
com os cuidados físicos das crianças. No entanto, vale ressaltar É interessante ressaltar que, ao longo das décadas,
que o primeiro Jardim de Infância, criado, em meados de 1840 arranjos alternativos foram se constituindo no sentido de
em Blankenburgo, por Froebel, tinha uma preocupação não só atender às crianças das classes menos favorecidas. Uma das
de educar e cuidar das crianças, mas de transformar a instituições brasileiras mais duradouras de atendimento à
estrutura familiar de modo que as famílias pudessem cuidar infância, que teve seu início antes da criação das creches, foi a
melhor de seus filhos. roda dos expostos ou roda dos excluídos. Esse nome provém
Os estudos que atribuem aos Jardins de Infância uma do dispositivo onde se colocavam os bebês abandonados e era
dimensão educacional e não assistencial, como outras composto por uma forma cilíndrica, dividida ao meio por uma
instituições de educação infantil, deixam de levar em conta as divisória e fixado na janela da instituição ou das casas de
evidências históricas que mostram uma estreita relação entre misericórdia. Assim, a criança era colocada no tabuleiro pela
ambos os aspectos: a que a assistência é que passou, no final mãe ou qualquer outra pessoa da família; essa, ao girar a roda,
do século XIX, a privilegiar políticas de atendimento à infância puxava uma corda para avisar a rodeira que um bebê acabava
em instituições educacionais e o Jardim de Infância foi uma de ser abandonado, retirando-se do local e preservando sua
delas, assim como as creches e escolas maternais, de acordo identidade. Por mais de um século a roda de expostos foi à
com Kuhlmann (1998)25. única instituição de assistência à criança abandonada no Brasil
A partir da segunda metade do século XIX, o quadro das e, apesar dos movimentos contrários a essa instituição por
instituições destinadas à primeira infância era formado parte de um segmento da sociedade, foi somente no século XX,
basicamente da creche e do jardim de infância ao lado de já em meados de 1950, que o Brasil efetivamente extinguiu-a,
outras modalidades educacionais, que foram absorvidas como sendo o último país a acabar com o sistema da roda dos
modelos em diferentes países. enjeitados.
Ainda no final do século XIX, período da abolição da
B) A educação das crianças: a particularidade escravatura no país, quando se acentuou a migração para as
brasileira grandes cidades e o início da República, houve iniciativas
isoladas de proteção à infância, no sentido de combater os
Diferentemente dos países europeus, no Brasil, as altos índices de mortalidade infantil. Mesmo com o trabalho
primeiras tentativas de organização de creches, surgiram com desenvolvido nas casas de Misericórdia, por meio da roda dos
um caráter assistencialista, com o intuito de auxiliar as expostos, um número significativo de creches foi criado não
mulheres que trabalhavam fora de casa e as viúvas pelo poder público, mas exclusivamente por organizações
desamparadas. Outro elemento que contribuiu para o filantrópicas. Se, por um lado, os programas de baixo custo,
surgimento dessas instituições foram as iniciativas de voltados para o atendimento às crianças pobres, surgiam no
acolhimento aos órfãos abandonados que, apesar do apoio da sentido de atender às mães trabalhadoras que não tinham
alta sociedade, tinham como finalidade esconder a vergonha onde deixar seus filhos, a criação dos jardins de infância foi
da mãe solteira, já que as crianças eram sempre filhos de defendida, por alguns setores da sociedade, por acreditarem
mulheres da corte, pois somente essas tinham do que se que os mesmos trariam vantagens para o desenvolvimento
envergonhar e motivo para se descartar do filho indesejado. infantil, ao mesmo tempo foi criticado por identificá-los com
instituições europeias.

23 DIDONET, Vital. Creche: a que veio, para onde vai. In: Educação Infantil: a Educação da infância brasileira: 1875- 1983. Campinas, SP: Autores Associados,
creche, um bom começo. Em Aberto/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 2001.
Educacionais. v 18, n. 73. Brasília, 2001. 25 KUHLMANN JR., Moisés. Infância e educação infantil: uma abordagem
24 KUHLMANN JR., Moisés. O jardim de infância e a educação das crianças histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998.
pobres: final do século XIX, início do século XX. In: MONARCHA, Carlos, (Org.). 26 RIZZO, Gilda. Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento.

3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

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As tendências que acompanharam a implantação de educação. Tomou-se por orientação o princípio de que essas
creches e jardins de infância, no final do século XIX e durante instituições não apenas cuidam das crianças, mas devem,
as primeiras décadas do século XX no Brasil, foram: a jurídico- prioritariamente, desenvolver um trabalho educacional.
policial, que defendia a infância moralmente abandonada, a A Constituição representa uma valiosa contribuição na
médico-higienista e a religiosa, ambas tinham a intenção de garantia de nossos direitos, visto que, por ser fruto de um
combater o alto índice de mortalidade infantil tanto no interior grande movimento de discussão e participação da população
da família como nas instituições de atendimento à infância. Na civil e poder público, foi um marco decisivo na afirmação dos
realidade, cada instituição apresentava as suas justificativas direitos da criança no Brasil.
para a implantação de creches, asilos e jardins de infância onde Dois anos após a aprovação da Constituição Federal de
seus agentes promoveram a constituição de associações 1988, foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei
assistenciais privadas. 8.069/90, que, ao regulamentar o art. 227 da Constituição
Devido a muitos fatores, como o processo de implantação Federal, inseriu as crianças no mundo dos direitos humanos.
da industrialização no país, a inserção da mão-de-obra De acordo com seu artigo 3º, a criança e o adolescente gozam
feminina no mercado de trabalho e a chegada dos imigrantes de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
europeus no Brasil, os movimentos operários ganharam força. sem prejuízo da proteção integral, assegurando-se-lhes, por lei
Eles começaram a se organizar nos centros urbanos mais ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a
industrializados e reivindicavam melhores condições de fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
trabalho; dentre estas, a criação de instituições de educação e espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
cuidados para seus filhos. Segundo Ferreira (2000)28, essa Lei é mais do que um
Os donos das fábricas, por seu lado, procurando diminuir a simples instrumento jurídico, porque: Inseriu as crianças e
força dos movimentos operários, foram concedendo certos adolescentes no mundo dos direitos humanos. O ECA
benefícios sociais e propondo novas formas de disciplinar seus estabeleceu um sistema de elaboração e fiscalização de
trabalhadores. Eles buscavam o controle do comportamento políticas públicas voltadas para a infância, tentando com isso
dos operários, dentro e fora da fábrica. Para tanto, vão sendo impedir desmandos, desvios de verbas e violações dos direitos
criadas vilas operárias, clubes esportivos e também creches e das crianças. Serviu ainda como base para a construção de uma
escolas maternais para os filhos dos operários. O fato dos filhos nova forma de olhar a criança: uma criança com direito de ser
das operárias estarem sendo atendidos em creches, escolas criança. Direito ao afeto, direito de brincar, direito de querer,
maternais e jardins de infância, montadas pelas fábricas, direito de não querer, direito de conhecer, direito de sonhar.
passou a ser reconhecido por alguns empresários como Isso quer dizer que são atores do próprio desenvolvimento.
vantajoso, pois mais satisfeitas, as mães operárias produziam Nos anos seguintes à aprovação do Estatuto da Criança e
melhor. do Adolescente, entre os anos de 1994 a 1996, foi publicado
Ao longo das décadas, as poucas conquistas não se fizeram pelo Ministério da Educação uma série de documentos
sem conflitos. Com o avanço da industrialização e o aumento importantes intitulados: “Política Nacional de Educação
das mulheres da classe média no mercado de trabalho, Infantil”. Tais documentos estabeleceram as diretrizes
aumentou a demanda pelo serviço das instituições de pedagógicas e de recursos humanos com o objetivo de
atendimento à infância. expandir a oferta de vagas e promover a melhoria da qualidade
de atendimento nesse nível de ensino: “Critérios para um
C) A Educação Infantil e a Legislação brasileira atendimento em creches que respeite os direitos
fundamentais das crianças”, que discute a organização e o
Verifica-se que, até meados do final dos anos setenta, funcionamento interno dessas instituições; “Por uma política
pouco se fez em termos de legislação que garantisse a oferta de formação do profissional de educação infantil”, que
desse nível de ensino. Já na década de oitenta, diferentes reafirma a necessidade e a importância de um profissional
setores da sociedade, como organizações não- qualificado e um nível mínimo de escolaridade para atuar nas
governamentais, pesquisadores na área da infância, instituições de educação infantil; “Educação infantil:
comunidade acadêmica, população civil e outros, uniram bibliografia anotada” e “Propostas pedagógicas e currículo em
forças com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre o educação infantil”. Esses documentos foram importantes no
direito da criança a uma educação de qualidade desde o sentido de garantir melhores possibilidades de organização do
nascimento. trabalho dos professores no interior dessas instituições.
Do ponto de vista histórico, foi preciso quase um século Além da Constituição Federal de 1988, do Estatuto da
para que a criança tivesse garantido seu direito à educação na Criança e do Adolescente de 1990, destaca-se a Lei de
legislação, foi somente com a Carta Constitucional de 1988 que Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, que, ao
esse direito foi efetivamente reconhecido. tratar da composição dos níveis escolares, inseriu a educação
De acordo com Bittar, Silva e Mota (2003)27 o esforço infantil como primeira etapa da Educação Básica. Essa Lei
coletivo dos diversos segmentos visava assegurar na define que a finalidade da educação infantil é promover o
Constituição, os princípios e as obrigações do Estado com as desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) anos de
crianças. Assim, foi possível sensibilizar a maioria dos idade, complementando a ação da família e da comunidade. De
parlamentares e assegurar na Constituição brasileira o direito acordo com o Ministério da Educação, o tratamento dos vários
da criança à educação. A pressão desses movimentos na aspectos como dimensões do desenvolvimento e não áreas
Assembleia Constituinte possibilitou a inclusão da creche e da separadas foi fundamental, já que “[...] evidencia a necessidade
pré-escola no sistema educativo ao inserir, na Constituição de se considerar a criança como um todo, para promover seu
Federal de 1988, em seu em seu artigo 208, o inciso IV, assim: desenvolvimento integral e sua inserção na esfera pública”.
“[...] O dever do Estado com a educação será efetivado Desse modo, verifica-se um grande avanço no que diz
mediante a garantia de educação infantil, em creche e pré- respeito aos direitos da criança pequena, uma vez que a
escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade, de acordo com educação infantil, além de ser considerada a primeira etapa da
a Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006. A Educação Básica, é um direito da criança e tem o objetivo de
partir dessa Lei, as creches, anteriormente vinculadas à área proporcionar condições adequadas para o desenvolvimento
de assistência social, passaram a ser de responsabilidade da do bem-estar infantil, como o desenvolvimento físico,

27 BITTAR, M; SILVA, J.; MOTA, M. A.C. Formulação e implementação da 28 FERREIRA, Maria Clotilde Rossetti (Org.). Os fazeres na educação infantil.

política de educação infantil no Brasil. In: Educação infantil, política, formação e São Paulo: Cortez, 2000.
prática docente. Campo Grande, MS: UCDB, 2003.

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psicomotor, cognitivo, linguístico, afetivo, ético, estético, Para que esses objetivos sejam alcançados de modo
cultural e social, complementando a ação da família e da integrado, o Referencial Curricular Nacional para a Educação
comunidade. Diante dessa nova perspectiva, três importantes Infantil sugere que as atividades devem ser oferecidas para as
objetivos, devem, necessariamente, coroar essa nova crianças não só por meio das brincadeiras, mas aquelas
modalidade educacional: advindas de situações pedagógicas orientadas. Nesse sentido,
a integração entre ambos os aspectos é relevante no
A) Objetivo Social: Associado à questão da mulher desenvolvimento do trabalho do professor, uma vez que,
enquanto participante da vida social, econômica, cultural e educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados,
política; brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e
B) Objetivo Educativo: Organizado para promover a que possam contribuir para o desenvolvimento das
construção de novos conhecimentos e habilidades da criança; capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar
C) Objetivo Político: Associado à formação da cidadania com os outros, em uma atitude de aceitação, respeito e
infantil, em que, por meio deste, a criança tem o direito de falar confiança, e o acesso pelas crianças, aos conhecimentos mais
e de ouvir, de colaborar e de respeitar e ser respeitada pelos amplos da realidade social e cultural.
outros. Sobre o cuidar, é importante ressaltar que esse deve ser
entendido como parte integrante da educação, ou seja: cuidar
Em consonância com a legislação, o Ministério da Educação de uma criança em um contexto educativo demanda a
publicou, em 1998, dois anos após a aprovação da LDB, os integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação
documentos “Subsídios para o credenciamento e o de profissionais de diferentes áreas.
funcionamento das instituições de educação infantil”, que Ainda nos anos de 1998 e 1999, o Conselho Nacional de
contribuiu significativamente para a formulação de diretrizes Educação, aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
e normas da educação da criança pequena em todo o país, e o Educação Infantil, que teve como objetivo direcionar, de modo
“Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil”, obrigatório, os encaminhamentos de ordem pedagógica para
com o objetivo de contribuir para a implementação de práticas esse nível de ensino aos sistemas municipais e estaduais de
educativas de qualidade no interior dos Centros de Educação educação e as Diretrizes Curriculares para a Formação de
Infantil. Este último foi concebido de maneira a servir como Professores da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino
um guia de reflexão de cunho educacional sobre os objetivos, Fundamental, que também contribuiu para a melhoria de
conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que ambos os níveis de ensino ao discutir a relevância de uma
atuam com crianças de zero a 5 (cinco) anos de idade. Sobre os formação altamente qualificada para esses profissionais.
objetivos gerais da educação infantil, esse documento ressalta Barreto (1998)29 ressalta que, apesar do avanço da
que a prática desenvolvida nessas instituições deve se legislação no que diz respeito ao reconhecimento da criança à
organizar de modo que as crianças desenvolvam as seguintes educação nos seus primeiros anos de vida, também é
capacidades: importante considerar os inúmeros desafios impostos para o
efetivo atendimento desse direito, que podem ser resumidos
A) Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de em duas grandes questões: a de acesso e a da qualidade do
forma cada vez mais independente, com confiança em suas atendimento. Quanto ao acesso, a autora enfatiza que, mesmo
capacidades e percepção de suas limitações; tendo havido, nas últimas décadas, uma significativa expansão
B) Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio do atendimento, a entrada da criança na creche ainda deixa a
corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e desejar, em especial porque as crianças de famílias de baixa
valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem- renda estão tendo menores oportunidades que as de nível
estar; socioeconômico mais elevado.
C) Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e Sobre a qualidade do atendimento, ressalta: As instituições
crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando de educação infantil no Brasil, devido à forma como se
gradativamente suas possibilidades de comunicação e expandiu, sem os investimentos técnicos e financeiros
interação social; necessários, apresenta, ainda, padrões bastante aquém dos
D) Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, desejados, a insuficiência e inadequação de espaços físicos,
aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de equipamentos e materiais pedagógicos; a não incorporação da
vista com os demais, respeitando a diversidade e dimensão educativa nos objetivos da creche; a separação entre
desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração; as funções de cuidar e educar, a inexistência de currículos ou
E) Observar e explorar o ambiente com atitude de propostas pedagógicas são alguns problemas a enfrentar.
curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante,
dependente e agente transformador do meio ambiente e D) Inserção e adaptação nas instituições de Educação
valorizando atitudes que contribuam para sua conservação; Infantil
F) Brincar, expressando emoções, sentimentos,
pensamentos, desejos e necessidades; É comum falarmos em adaptação na Educação Infantil. E,
G) Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, neste caso, muitas vezes a adaptação vincula-se às
plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e experiências de separação. Mas por que realizar adaptação na
situações de comunicação, de forma a compreender e ser Educação Infantil? Na verdade, todos os seres humanos
compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, vivenciam processos de adaptação, de crescimento, de
necessidades e desejos e avançar no seu processo de mudança... o processo de adaptação inicia com o nascimento,
construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua nos acompanha no decorrer de toda a vida e ressurge a cada
capacidade expressiva; nova situação que vivenciamos. Sair de um espaço conhecido
H) Conhecer algumas manifestações culturais, e seguro, dar um passo à frente e arriscar-se, tendo como
demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação companhia o desconhecido para o qual precisamos olhar,
frente a elas e valorizando a diversidade. perceber, sentir, avaliar, nos leva às mais diferentes reações:
permanecer no espaço seguro e protegido, seguir adiante ou
desistir e voltar atrás.

29 BARRETO, Ângela M. R. Situação atual da educação infantil no Brasil. In: funcionamento de instituições de educação infantil. v. 2. Coordenação Geral de
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Subsídios para o credenciamento e educação infantil. Brasília: MEC/SEF/COEDI, 1998.

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Falamos em adaptação sempre que enfrentamos uma nos profissionais e suas atribuições, nas famílias e suas
situação nova, ou readaptação, quando entramos novamente inseguranças são aspectos importantes para assegurar a
em contato com algo já conhecido, mas por algum tempo qualidade da adaptação.
distante do nosso convívio diário. Como na Educação Infantil Dentro do contexto escolar, manifestações, reações,
lidamos com bebês e crianças pequenas, em processo de sentimentos podem ser de caráter transitório ou permanente.
passagem da casa para o mundo mais amplo, a adaptação Respeitar os jeitos de ser e estar no mundo e os rituais das
ganha ainda mais sentido. crianças ajudam em uma transição suave e confiável.
Ressalte-se que esse período pode ser enfocado sob O acolhimento é um princípio a ser concretizado em várias
diferentes pontos de vista: situações que acontecem com as crianças: nos atrasos, no
A) O da criança, pelo significado e emoção despertados retorno após viagem ou doença, em um acidente ou incidente
pela passagem de um espaço seguro e conhecido para outro durante o ano letivo. Isto porque o acolhimento, para além das
em que é necessário um investimento afetivo e intelectual para datas, materializa a humanização da educação. Vale, portanto,
poder estar bem; para os primeiros dias e também ao longo do processo
B) O das famílias, que compartilham a educação da criança educativo.
com a creche/pré-escola; Apresentamos alguns dos aspectos a serem ponderados
C) O do professor, que recebe uma criança desconhecida e pela instituição no período de uma adaptação acolhedora:
ainda tem as outras do grupo para acolher;
D) O das outras crianças, que estão chegando ou que fazem A) Planejamento coletivo:
parte do grupo e precisam encarar o fato de que há mais um
com quem repartir, mas também com quem somar; É preciso considerar todos os aspectos do período de
E) O da instituição, nos aspectos organizacional e de adaptação e todas as suas variáveis, para que ele não seja feito
gestão, que precisam prever espaço físico, materiais, tempo e de forma espontaneísta ou sem reflexão. Traçar um roteiro de
recursos humanos capacitados para essa ação. como se dará a chegada dos alunos (novos ou não) nos
Não há unanimidade em relação ao termo utilizado para primeiros dias, pensar em tempos, espaços, materiais e
nomear o período de ingresso da criança na instituição, atribuições de cada profissional da escola são aspectos
podendo ser chamado de adaptação, acolhimento e inserção. fundamentais para garantir a qualidade da adaptação.
Como se sabe, a escolha do termo revela concepções sobre as É importante que a escola planeje atividades adequadas
crianças e o modo de condução do trabalho dos profissionais. para esse período, não se distanciando do que o aluno
Recorrendo à acepção da palavra adaptação, pode-se vivenciará no dia a dia, para que não sejam criadas falsas
inferir que é a ação ou efeito de adaptar-se ou tornar-se apto a expectativas.
fazer algo que comumente não estava em seu contexto sócio
histórico. É a capacidade do sujeito em acomodar-se, B) Envolvimento de todos os profissionais:
apropriar-se, ajustar-se às condições do meio ambiente. Por
inserção, é possível depreender que é o ato de inserir, Cada funcionário dentro de suas atribuições é
introduzir, incluir ou integrar. Em síntese, é a capacidade do corresponsável pelo processo de adaptação e acolhimento dos
sujeito de fazer parte de um contexto. Comumente, falamos em alunos. Uma reunião tratando do tema e antecipando com o
adaptação. Mesmo levando em conta a questão conceitual grupo situações com as quais terão de lidar nesse período,
acima, usaremos a palavra adaptação na perspectiva do possibilitará à equipe escolar a compreensão sobre a
acolhimento. importância de suas ações para qualificar a chegada e a
Desta forma, a adaptação deve ser um período em que permanência do aluno na escola. Assim, para acolher bem as
linguagens, sentimentos, emoções estejam a serviço da novas crianças e suas famílias, toda equipe da creche,
liberdade, da autonomia e do prazer e não apenas para o professores, equipe de apoio e voluntários, no início do ano
cumprimento de ordens com o objetivo de disciplinar os letivo, prepara esse momento, planejando suas ações de forma
corpos infantis para o modelo escolar tradicional. Dessa forma, a contribuir neste processo de acolhimento.
podemos dizer em uma adaptação que supere apenas um
momento burocrático e vivenciar a adaptação em uma C) Participação das famílias e da comunidade:
perspectiva de acolhida. Todos, crianças e adultos, são
sensíveis ao acolhimento. Afinal, quem não gosta de ser bem A participação efetiva das famílias e da comunidade traz
recebido? A qualidade do acolhimento garante o êxito da boas contribuições para o processo de adaptação, por diversas
adaptação. E, para que isso ocorra, fundamental se faz razões: diminui o medo e a ansiedade (de adultos e crianças),
empreender esforços no sentido de compreender que o inicia a construção de um vínculo de confiança entre escola e
processo de adaptação exigirá tanto da criança que busca família, válida para a criança a figura do professor como
adequar-se a essa nova realidade social e de seus pais, quanto referência e da escola como um lugar seguro. Daí a importância
do educador e da instituição que precisa preparar-se para de um planejamento que considere a presença da família e da
recebê-la. comunidade na escola.
Em suma, o estabelecimento de vínculos positivos depende
fundamentalmente da forma como a criança e sua família são D) Atendimento à diversidade:
acolhidas na escola. Uma adaptação compromissada com o
acolhimento significa abrir-se ao aconchego, ao bem-estar, ao Cada ser humano traz consigo suas vivências, experiências
conforto físico e emocional, ao amparo. Aqui e em outros e modelos de convivência. As crianças, assim como os adultos,
momentos, o ato de educar não se separa do ato de cuidar. apresentam manifestações e reações diferentes em cada
Sendo assim, amplia-se o papel e a responsabilidade da contexto. A escola como um todo precisa estar sensível às
instituição educacional nesse momento. Por isto, a forma como manifestações individuais dos alunos, atendendo às suas
cada instituição efetiva o período de adaptação revela a necessidades específicas, que podem se manifestar de forma
concepção de educação e de criança que orientam suas transitória ou permanente, nos casos daqueles que possuam
práticas. O planejamento das atividades é fundamental, para alguma necessidade educacional.
não cair no espontaneísmo e na falta de reflexão e para Deixar que a criança mantenha seu jeito de ser, seus rituais
favorecer o dinamismo e as interações. Pensar como se dará a para aos poucos se ajustar ao grupo, proporciona suavidade à
chegada das crianças (novas ou não) nos primeiros dias do transição, sem rupturas bruscas e maior controle do adulto
calendário escolar, pensar nos tempos, materiais e ambientes, sobre o processo.

Conhecimentos Educacionais 100


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E) Consideração dos sentimentos das crianças e dos A permanência na instituição de alguns objetos de
adultos: transição, como a chupeta, a fralda que ele usa para cheirar,
um mordedor, ou mesmo o bico da mamadeira a que ele está
Sentimentos diversos estão presentes no período de acostumado, ajudará neste processo. Pode-se mesmo solicitar
adaptação. Os pais ficam angustiados e inseguros por que a mãe ou responsável pela criança venha, alguns dias
deixarem seus filhos com pessoas que não fazem parte de seu antes, ajudar a preparar o berço de seu bebê.
convívio. A equipe escolar lida com reações diversas das Quando o atendimento é de período integral, é
crianças: choros, birras, quietude excessiva, recusa de recomendável que se estabeleça um processo gradual de
alimentos entre outras. Cabe à escola acolher a cada uma inserção, ampliando o tempo de permanência de maneira que
dessas reações com paciência e intervenções que ajudem a a criança vá se familiarizando aos poucos com o professor, com
aproximar os alunos da rotina escolar, criando vínculos de o espaço, com a rotina e com as outras crianças com as quais
segurança e afeto, estabelecendo ao mesmo tempo, uma irá conviver. É importante que se solicite, nos primeiros dias,
relação de confiança com as famílias através da escuta atenta e até quando se fizer necessário, a presença da mãe ou do pai
sobre as várias dúvidas e inquietações trazidas nos horários de ou de alguém conhecido da criança para que ela possa
entrada e saída dos alunos. enfrentar o ambiente estranho junto de alguém com quem se
sinta segura. Quando tiver estabelecido um vínculo afetivo
F) Acolhimento das Famílias e das Crianças na com o professor e com as outras crianças, é que ela poderá
Instituição enfrentar bem a separação, sendo capaz de se despedir da
pessoa querida, com segurança e desprendimento.
A entrada na instituição Este período exige muita habilidade, por isso, o professor
O ingresso das crianças nas instituições pode criar necessita de apoio e acompanhamento, especialmente do
ansiedade tanto para elas e para seus pais como para os diretor e membros da equipe técnica uma vez que ele também
professores. As reações podem variar muito, tanto em relação está sofrendo um processo de adaptação. Os professores
às manifestações emocionais quanto ao tempo necessário para precisam ter claro qual é o papel da mãe (ou de quem estiver
se efetivar o processo. Algumas crianças podem apresentar acompanhando a criança) em seus primeiros dias na
comportamentos diferentes daqueles que normalmente instituição.
revelam em seu ambiente familiar, como alterações de apetite, Os pais podem encontrar dificuldades de tempo para viver
retorno às fases anteriores do desenvolvimento. este processo por não poderem se ausentar muitos dias no
Podem, também, adoecer; isolar-se dos demais e criar trabalho. Neste caso, seria importante que pudessem estar
dependência de um brinquedo, da chupeta ou de um paninho. presentes, ao menos no primeiro dia, e que depois pudessem
As instituições de educação infantil devem ter flexibilidade ser substituídos por alguém da confiança da criança.
diante dessas singularidades ajudando os pais e as crianças O choro da criança, durante o processo de inserção, parece
nestes momentos. ser o fator que mais provoca ansiedade tanto nos pais quanto
A entrevista de matrícula pode ser usada para apresentar nos professores. Mas parece haver, também, uma crença de
informações sobre o atendimento oferecido, os objetivos do que o choro é inevitável e que a criança acabará se
trabalho, a concepção de educação adotada. Esta é uma boa acostumando, vencida pelo esgotamento físico ou emocional,
oportunidade também para que se conheçam alguns hábitos parando de chorar. Alguns acreditam que, se derem muita
das crianças e para que o professor estabeleça um primeiro atenção e as pegarem no colo, as crianças se tornarão
contato com as famílias. manhosas, deixando-as chorar. Essa experiência deve ser
Quanto mais novo o bebê, maior a ligação entre mãe e filho. evitada. Deve ser dada uma atenção especial às crianças,
Assim, não é apenas a criança que passa pela adaptação, mas nesses momentos de choro, pegando no colo ou sugerindo-
também a mãe. Dependendo da família e da criança, outros lhes atividades interessantes.
membros como o pai, irmãos, avós poderão estar envolvidos O professor pode planejar a melhor forma de organizar o
no processo de adaptação à instituição. A maneira como a ambiente nestes primeiros dias, levando em consideração os
família vê a entrada da criança na instituição de educação gostos e preferências das crianças, repensando a rotina em
infantil tem uma influência marcante nas reações e emoções função de sua chegada e oferecendo-lhes atividades atrativas.
da criança durante o processo inicial. Acolher os pais com suas Ambientes organizados com material de pintura, desenho e
dúvidas, angústias e ansiedades, oferecendo apoio e modelagem, brinquedos de casinha, baldes, pás, areia e água
tranquilidade, contribui para que a criança também se sinta etc., são boas estratégias.
menos insegura nos primeiros dias na instituição.
Reconhecer que os pais são as pessoas que mais conhecem G) Efetivando o Planejamento no Processo de Inserção
as crianças e que entendem muito sobre como cuidá-las pode / Adaptação
facilitar o relacionamento. Antes de tudo, é preciso estabelecer
uma relação de confiança com as famílias, deixando claro que Abordaremos a questão do planejamento, a fim de que as
o objetivo é a parceria de cuidados e educação visando ao bem- escolas organizem uma boa acolhida às famílias e alunos para
estar da criança. Quando há certo número de crianças para a construção dos primeiros vínculos.
ingressar na instituição, pode-se fazer uma reunião com todos
os pais novos para que se conheçam e discutam conjuntamente A) Apresentando a escola:
suas dúvidas e preocupações.
Muitas escolas têm como prática propor atividades que
Os primeiros dias contem com a participação das famílias nos primeiros dias de
No primeiro dia da criança na instituição, a atenção do aula para que, juntamente com seus filhos, conheçam os
professor deve estar voltada para ela de maneira especial. Este espaços, os funcionários e vivenciem algumas das práticas
dia deve ser muito bem planejado para que a criança possa ser pedagógicas, como: roda de história, lanche, parque e outros.
bem acolhida. É recomendável receber poucas crianças por Esses momentos são bem avaliados, pois trazem segurança
vez para que se possa atendê-las de forma individualizada. aos pais e, consequentemente, aos seus filhos Entretanto
Com os bebês muito pequenos, o principal cuidado será temos outros desafios a considerar neste período: o que
preparar o seu lugar no ambiente, o seu berço, identificá-lo propor para as famílias que já conhecem a rotina da escola?
com o nome, providenciar os alimentos que irá receber, e Como evitar a frustração das crianças cujas famílias trabalham
principalmente tranquilizar os pais. e não podem comparecer no período de adaptação? É

Conhecimentos Educacionais 101


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APOSTILAS OPÇÃO

importante a participação dos familiares nos primeiros dias de contemplar o cuidado na esfera da instituição da educação
aula, desde que a equipe escolar considere as circunstâncias infantil
apontadas acima. Indicamos essa participação em forma de (A) significa compreendê-lo como parte integrante da
convite e não como condição para a permanência da criança educação.
nos primeiros dias de aula. Além disso, cabe à equipe escolar (B) demanda romper com crenças e valores em torno da
cuidar do planejamento de ações que possibilitem a saúde, da educação e do desenvolvimento infantil.
participação das crianças com pessoas que sejam referência (C) exige a adoção de procedimentos que visam à
para elas, podendo ser algum familiar e, na impossibilidade promoção da saúde, independente das realidades
destes comparecerem, outra pessoa com quem tenham socioculturais.
vínculo. (D) exige considerar conhecimentos, habilidades e
instrumentos restritos à dimensão pedagógica.
B) No ato da matrícula:
03. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Assistente da
O acolhimento às famílias e aos alunos se inicia nos Educação Infantil Substituto - Prefeitura de Fortaleza/CE)
primeiros contatos com a escola, na forma como se conversa e A Educação Infantil tem por finalidade o desenvolvimento
se fornecem informações, como são abordados os dados da integral da criança em seus aspectos:
família sem ser invasivo, deixando claro que educação é um (A) físico, psicomotor, cognitivo, linguístico, afetivo, ético,
direito e não um “favor” do poder público. Assim é necessário estético, cultural e social, complementando a ação da família e
que os funcionários da secretaria da escola também estejam da comunidade.
preparados para atender o público de forma atenciosa e (B) psicomotor, religioso, lógico-matemático, sócio afetivo,
informar como a escola funciona, seus horários, início das intercultural e de acordo com os valores da família.
aulas e outros esclarecimentos que se fizerem necessários. (C) auto referencial, social, multilinguístico, agnóstico,
performativo, histórico e social, segundo a comunidade de
C) Construção de vínculo com as famílias: origem da criança.
(D) afirmativo, crítico, intelectual, emocional, moral e
É essencial neste processo que a equipe escolar discuta e social, considerando a história e a memória das tradições
decida sobre a importância de estreitar os vínculos com as culturais da família e do entorno.
famílias, obtendo informações relevantes para o trabalho na
escola e para os cuidados com os alunos no dia a dia. A forma 04. Nos primeiros dias da criança na instituição de
e o instrumento que utilizarão devem ser sempre avaliados e Educação Infantil, a permanência na instituição de alguns
decididos pela equipe escolar e pelas famílias. A reunião com objetos de transição, como a chupeta, a fralda que ele utiliza
pais, que neste ano conta com o diferencial da dispensa de aula, para cheirar, um mordedor são objetos que poderão
possibilitará a organização de diferentes estratégias para atrapalhar a adaptação por remeter memórias de casa à
conhecer melhor as famílias e trocar informações sobre os criança.
alunos. ( ) Verdadeiro ( ) Falso

D) Reunião com pais dos novos alunos da escola: 05. Dois anos após a aprovação da Constituição Federal de
1988, foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei
Como procedimento para qualificar o início do ano letivo, 8.069/90. Segundo Ferreira (2000), essa Lei é mais do que um
algumas escolas realizam uma reunião somente com os pais simples instrumento jurídico, porque: Inseriu as crianças e
dos novos alunos da escola. Esta reunião pode ser feita no ano adolescentes no mundo dos direitos humanos.
anterior, logo após as matrículas, objetivando sanar dúvidas ( ) Verdadeiro ( ) Falso
acerca do funcionamento escolar, divulgar o Projeto Político
Pedagógico, apresentar a rotina e espaços existentes, orientar Gabarito
as famílias sobre a importância da preparação dos filhos para
o início das aulas. As estratégias utilizadas podem ser 01.D / 02.A / 03.A / 04. Falso / 05.Verdadeiro
diferenciadas: vídeos com a rotina da escola, álbuns de fotos à
disposição dos pais, murais com atividades das crianças,
exposição dos projetos desenvolvidos, folders e outros. O papel do educador no
Questões
ingresso, permanência e
sucesso do aluno na escola
01. (Prefeitura de Alto Piquiri/PR - Educador Infantil -
KLC) Pode-se afirmar que em uma instituição de educação
infantil ou escolar: ACESSO, PERMANÊNCIA E SUCESSO DO ALUNO NA
(A) Não existe ação educativa nem organização. ESCOLA
(B) Tanto a ação educativa quanto a organização estão a
serviço dos funcionários. 30Para que a escola cumpra sua função de facilitador o

(C) A ação educativa deve estar a serviço da organização acesso ao conhecimento e promover o desenvolvimento de
da instituição. seus alunos, é preciso que todos estejam de acordo sobre a
(D) A organização da instituição deve estar a serviço da maneira como se desenvolve o processo de ensino
ação educativa. aprendizagem. O sucesso de uma escola é medida pelo
(E) Nenhuma alternativa está correta. desempenho de seus alunos. Se os alunos, cada um no seu
ritmo, conseguem aprender continuamente, sem retrocessos,
02. (Prefeitura de Betim/MG - Auxiliar Administrativo a escola é sabia e respeitosa.
do CIM - Prefeitura de Betim/MG) De acordo com o Esse sucesso, entretanto, é uma construção que se faz
Referencial Nacional Curricular para a Educação Infantil, através da participação e da gestão escolar. Depende da
participação de toda a equipe escolar e sobretudo da atuação

30 https://bit.ly/2rMFw2f

Conhecimentos Educacionais 102


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de suas lideranças. A organização da escola, indispensável operação mental, isto é, quando o aluno supera sua visão
para promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos parcial e confusa e adquire uma visão mais nítida e ampla.
aluno, implica um compromisso dos membros da equipe Ao fim do processo, o aluno já deve estar preparado para o
escolar com a clientela que frequenta a escola. mundo adulto de modo a praticar todo o aprendizado
Em tempos de globalização em que vivemos, o saber não é adquirido com a ajuda do professor, como a democracia, a
só o acumulo de informações, mas um conjunto de capacidade liderança, a iniciativa e a responsabilidade, assim como ter
adquiridas e desenvolvidas na escola que tornam o jovem apto formação ética no sentido de pensar valores, a saber,
a enfrentar os desafios da vida profissional, por isso o competências do pensar no âmbito da educação moral da
professor e a escola devem cumprir seu importante papel tomada de decisões.
social; educar para o futuro.
Fica claro que um bom profissional e uma escola de O Processo de Ensino e Aprendizagem
qualidade não se faz de um hora para outra, e nem sozinhos é
na troca de experiências, no trabalho em equipe de forma Para Fernández31, as reflexões sobre o estado atual do
integrada, articulada e planejada, que iremos formar a escola processo ensino e aprendizagem nos permite identificar um
que realmente queremos. Temos que nos preocuparmos com movimento de ideias de diferentes correntes teóricas sobre a
o alvo principal que é o aluno, com sua aprendizagem. profundidade do binômio ensino e aprendizagem.
Se nos preocupamos com aprendizagem de nossos alunos Entre os fatores que estão provocando esse movimento
temos que procurar trabalhar em um ambiente estimulador podemos apontar as contribuições da Psicologia atual em
dessa aprendizagem que busca a relação entre professor e relação à aprendizagem, que nos leva a repensar nossa prática
aluno. Para ser bem sucedido, o professor deve tornar ser um educativa, buscando uma conceptualização do processo
mestre, isto é, além de transmitir o conhecimento, estar aberto ensino e aprendizagem.
para recebê-lo. Deve enxergar as reais necessidades e os As contribuições da teoria construtivista de Piaget, sobre a
limites do aluno, aprender com ele, esta e constante reciclagem construção do conhecimento e os mecanismos de influência
para que ruas aulas se tornem dinâmicas, enfim deve educativa têm chamado a atenção para os processos
despertar o apetite pelo saber. O saber consiste em ensinar e individuais, que têm lugar em um contexto interpessoal e que
aprender. E ninguém pode estimular o saber se não o pratica. procuram analisar como os alunos aprendem, estabelecendo
Içami Tiba afirma que: O poder de ensinar e o prazer de uma estreita relação com os processos de ensino em que estão
aprender são os grandes benefícios de ensinar aprendendo. conectados.
Os mecanismos de influência educativa têm um lugar no
“Uma boa aula é como uma refeição: quanto mais atraentes processo de ensino e aprendizagem, como um processo onde
estiverem os pratos que você, cozinheiro – professor, dispuser não se centra atenção em um dos aspectos que o
sobre a mesa, mais os alunos desejaram saboreá-los. Aprender é compreendem, mas em todos os envolvidos.
como comer. Comer alimenta o corpo de energia, enquanto Se analisarmos a situação atual da prática educativa em
aprender alimenta a alma de saber” nossas escolas identificaremos problemas como:
A) A grande ênfase dada a memorização, pouca
preocupação com o desenvolvimento de habilidades para
As contribuições científico- reflexão crítica e autocrítica do conhecimento que aprende;
B) As ações ainda são centradas nos professores que
tecnológicas para o determinam o quê e como deve ser aprendido e a separação
conhecimento do processo de entre educação e instrução.
aprendizagem na infância, na
A solução para tais problemas está no aprofundamento de
adolescência, na juventude e como os educandos aprendem e como o processo de ensinar
no adulto pode conduzir à aprendizagem, assim o processo de ensino e
aprendizagem tem sido historicamente caracterizado de
formas diferentes, que vão desde a ênfase no papel do
PROCESSOS PEDAGÓGICOS - ENSINO E professor como transmissor de conhecimento, até as
APRENDIZAGEM concepções atuais que concebem o processo de ensino e
aprendizagem com um todo integrado que destaca o papel do
Pressupostos Para o Processo de Ensino e educando.
Aprendizagem Nesse último enfoque, considera-se a integração do
cognitivo e do afetivo, do instrutivo e do educativo como
Através do seu próprio interesse, o aluno busca nos requisitos psicológicos e pedagógicos essenciais.
conteúdos apresentados pelo professor, fazer relação com sua A concepção defendida aqui é que o processo de ensino e
realidade, para assim tornar sua experiência mais rica. Dessa aprendizagem é uma integração dialética entre o instrutivo e o
forma, o novo conhecimento se apoia numa construção educativo que tem como propósito essencial contribuir para a
cognitiva que já existe, ou o professor auxilia na construção formação integral da personalidade do aluno.
conhecimento no qual o discente ainda não dispõe. O nível de O instrutivo é um processo de formar homens capazes e
envolvimento na aprendizagem depende do interesse e inteligentes. Entendendo por homem inteligente quando,
disposição do aluno, além do empenho do professor no diante de uma situação problema ele seja capaz de enfrentar e
contexto da sala de aula. resolver os problemas, de buscar soluções para resolver as
A visão da pedagogia dos conteúdos desenvolve nos alunos situações. Ele tem que desenvolver sua inteligência e isso só
a capacidade de processar informações e transformar a será possível se ele for formado mediante a utilização de
realidade em que vive. Assim, o professor precisa atividades lógicas.
compreender seus alunos, o que eles dizem ou pensam e os Já o educativo, se logra com a formação de valores,
alunos precisam fazer o mesmo em relação a ele. Essa sentimentos que identificam o homem como ser social,
transferência de aprendizagem só se realiza no momento da compreendendo o desenvolvimento de convicções, vontade e
outros elementos da esfera volitiva e afetiva que junto com a

31 FERNÁNDEZ. F. A. O Processo Ensino-Aprendizagem, 1998.

Conhecimentos Educacionais 103


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cognitiva permitem falar de um processo de ensino e A integração de todos os componentes forma o sistema,
aprendizagem que tem pôr fim a formação multilateral da neste caso o processo de ensino e aprendizagem. As reflexões
personalidade do homem. sobre o caráter sistêmico dos componentes do processo de
A eficácia do processo de ensino e aprendizagem está na ensino e aprendizagem e suas relações são importantes em
resposta em que este dá à apropriação do conhecimentos, ao função do caráter bilateral da comunicação entre professor-
desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à formação aluno; aluno-aluno, grupo-professor, professor-professor.
de sentimentos, qualidades e valores, que alcancem os
objetivos gerais e específicos propostos em cada nível de O Processo de Aprendizagem Organizacional
ensino de diferentes instituições, conduzindo a uma posição
transformadora, que promova as ações coletivas, a A questão da aprendizagem tem sido amplamente
solidariedade e o viver em comunidade. discutida, ocupando um espaço considerável em discussões
Todo ato educativo obedece determinados fins e educacionais e profissionais da atualidade; porém não se trata
propósitos de desenvolvimento social e econômico e em de algo totalmente novo, nem mesmo em ambientes
consequência responde a determinados interesses sociais, organizacionais.
sustentam-se em uma filosofia da educação, adere a As empresas aprendem a operar a produção e vão
concepções epistemológicas específicas, leva em conta os melhorando os seus processos a partir de suas próprias
interesses institucionais e, depende, em grande parte, das experiências, alimentadas por informações advindas do
características, interesses e possibilidades dos sujeitos mercado e da concorrência. De acordo com Bell32, este tipo de
participantes, alunos, professores, comunidades escolares e aprendizado é passivo, automático e não implica custos
demais fatores do processo. A visão tradicional do processo adicionais, sendo porém limitado.
ensino e aprendizagem é que ele é um processo neutro, Há, entretanto, outras formas de aprendizagem, que
transparente, afastado da conjuntura de poder, história e exigem determinação e postura ativa, envolvendo
contexto social. O processo ensino e aprendizagem deve ser considerável esforço e investimento. São os processos de
compreendido como uma política cultural, isto é, como um aprendizagem por meio da mudança, da análise do
empreendimento pedagógico que considera com seriedade as desempenho, do treinamento, da contratação e da busca,
relações de raça, classe, gênero e poder na produção e detalhados a seguir:
legitimação do significado e experiência. A) A introdução de novas tecnologias ou qualquer outro
Tradicionalmente, este processo tem reproduzido as elemento que aponte a necessidade de mudança, estrutural ou
relações capitalistas de produção e ideologias legitimadoras processual, impele as organizações à aprendizagem. As
dominantes ao ignorarem importantes questões referentes às experiências e conhecimentos, positivos ou negativos,
relações entre conhecimento x poder e cultura x política. O adquiridos ao longo de processos de mudança são
produto do processo ensino e aprendizagem é o extremamente enriquecedores, conferindo à organização um
conhecimento. Partindo desse princípio, concebe-se que o plus que todos os processos de aprendizagem oferecem.
conhecimento é uma construção social, assim torna-se B) A análise do desempenho da organização em termos
necessário examinar a constelação de interesses econômicos, produtivos também irá conduzir à aprendizagem, não só em
políticos e sociais que as diferentes formas de conhecer podem função da apreciação do comportamento de determinados
refletir. Para que o processo ensino e aprendizagem possa índices que indicarão a necessidade de manutenção do
gerar possibilidades de emancipação é necessário que os processo produtivo ou sua correção, mas também como
professores compreendam a razão de ser dos problemas que decorrência da necessidade de se buscarem índices de
enfrentam e assuma um papel de sujeito na organização desse desempenho confiáveis e expressivos.
processo. As influências sócio-político econômicas, exercem
sua ação inclusive nos pequenos atos que ocorrem na sala de O Contexto Organizacional Atual e o Imperativo de
aula, ainda que não sejam conscientes. Ao selecionar algum Uma Nova Dinâmica de Aprendizagem
destes componentes para aprofundar deve-se levar em conta
a unidade, os vínculos e os nexos com os outros componentes. De fato as tendências do mundo atual têm influenciado as
O componente é uma propriedade ou atributo de um organizações na busca da aprendizagem. A rápida
sistema que o caracteriza; não é uma parte do sistema e sim disseminação de informações e a própria renovação do
uma propriedade do mesmo, uma propriedade do processo conhecimento, impulsionadas pelo avanço constante da
docente-educativo como um todo. Identificamos como ciência e da tecnologia, têm forçado as pessoas a renovar e a
componente do processo de ensino e aprendizagem: adquirir novos conhecimentos, sob pena de se tornarem
obsoletas.
A) Aluno - devem responder a pergunta: "quem?" A necessidade de aquisição e renovação dos
B) Problema - elemento que é determinado a partir da conhecimentos é percebida de modo individual e também
necessidade do aprendiz. organizacional. As pessoas estão dispostas a desenvolver e
C) Objetivo - deve responder a pergunta: "Para que aumentar seus estoques de conhecimento, porque percebem
ensinar?" as potenciais ameaças do ambiente sobre a passividade
D) Conteúdo - deve responder a pergunta: "O que intelectual, abalando principalmente questões de segurança
aprender?" profissional.
E) Métodos - deve responder a pergunta: "Como As organizações precisam de capacidade criativa e de
desenvolver o processo?" competências para se tornarem mais ágeis. Não só em termos
F) Recursos - deve responder a pergunta: "Com o quê?" de capacidade de resposta às mudanças, mas também em
G) Avaliação - elemento regulador, sua realização oferece termos de capacidade para estar à frente delas.
informação sobre a qualidade do processo de ensino Baseados na necessidade de transformar as organizações
aprendizagem, sobre a efetividade dos outros componentes e em organizações de aprendizagem, uma série de autores,
das necessidades de ajuste, modificações que o sistema deve recomendam diferentes práticas para a promoção do
usufruir. aprendizado organizacional, todas destacando o papel da
mudança e inovação organizacional.

32 Apud, ALPERSTEDT, Cristiane. Universidades corporativas: discussão e

proposta de uma definição. Rev. adm. Contemp. Curitiba, v. 5, 2001.

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Esta competência para mudar e inovar implica a fornecidas. É um receptor passivo até que, repleto das
necessidade de a organização possuir maior expertise. informações necessárias, pode repeti-las a outros que ainda
Segundo Drucker “as dinâmicas do conhecimento implicam não as possuam, assim como pode ser eficiente em sua
num imperativo claro: cada organização precisa embutir o profissão, quando de posse dessas informações e conteúdos.
gerenciamento das mudanças em sua própria estrutura”. É, - Mundo: a realidade é algo que será transmitido ao
portanto, responsabilidade de cada organização tornar esta indivíduo principalmente pelo processo de educação formal,
expertise disponível. Em outras palavras, além das pessoas além de outras agências, tais como família, Igreja.
estarem forçosamente motivadas a aprender, é papel das - Sociedade/Cultura: o objetivo educacional
organizações contribuir e operacionalizar o aprendizado. normalmente se encontra intimamente relacionado aos
valores apregoados pela sociedade na qual se realiza. Os
As Abordagens do Processo de Ensino Programas exprimem os níveis culturais a serem adquiridos
na trajetória da educação formal. A reprovação do aluno passa
O Conhecimento humano, dependendo dos diferentes a ser necessária quando o mínimo cultural para aquela faixa
referencias, é explicado diversamente em sua gênese e não foi atingido, e as provas e exames são necessários a
desenvolvimento, o que condiciona conceitos diversos de constatação de que este mínimo exigido para cada série foi
homem, mundo, cultura, sociedade, educação, etc. Dentro de adquirido pelo aluno. O diploma pode ser tomado como um
um mesmo referencial, é possível haver abordagens diversas, instrumento de hierarquização. Dessa forma, o diploma iria
tendo em comum apenas os diferentes primados: ora do desempenhar um papel mediador entre a formação cultural e
objeto, ora do sujeito, ora da interação de ambos. Diferentes o exercício de funções sociais determinadas. Pode-se afirmar
posicionamentos pessoais deveriam derivar diferentes que as tendências englobadas por esse tipo de abordagem
arranjos de situações ensino aprendizagem e diferentes ações possuem uma visão individualista do processo educacional,
educativas em sala de aula, partindo-se do pressuposto de que não possibilitando, na maioria das vezes, trabalhos de
a ação educativa exercida por professores em situações cooperação nos quais o futuro cidadão possa experimentar a
planejadas de ensino-aprendizagem é sempre intencional. convergência de esforços.
Subjacente a esta ação, estaria presente - implícita ou - Conhecimento: parte-se do pressuposto de que a
explicitamente, de forma articulada ou não - um referencial inteligência seja uma faculdade capaz de acumular/armazenar
teórico que compreendesse conceitos de homem, mundo, informações. Aos alunos são apresentados somente os
sociedade, cultura, conhecimento, etc. resultados desse processo, para que sejam armazenados.
O estudo acerca das diferentes linhas pedagógicas, Evidencia-se o caráter cumulativo do conhecimento humano,
tendências ou abordagens, no ensino brasileiro podem adquirido pelo indivíduo por meio de transmissão, de onde se
fornecer diretrizes à ação docente, mesmo considerando que a supõe o papel importante da educação formal e da instituição
elaboração que cada professor faz delas é individual e escola. Atribui-se ao sujeito um papel insignificante na
intransferível. De acordo com Mizukami (1986)33, algumas elaboração e aquisição do conhecimento. Ao indivíduo que
abordagens apresentam claro referencial filosófico e está "adquirindo" conhecimento compete memorizar
psicológico, ao passo que outras são intuitivas ou definições, anunciando leis, sínteses e resumos que lhes são
fundamentadas na prática, ou na imitação de modelos. A oferecidos no processo de educação formal.
complexidade da realidade educacional deve ser considerado - Educação: entendida como instrução, caracterizada
para não ser tratado de forma simplista e reducionista. como transmissão de conhecimentos e restrita à ação da
Nesse estudo, deve-se ter em mente seu caráter parcial e escola. Às vezes, coloca-se que, para que o aluno possa chegar,
arbitrário, assim como as limitações e problemas decorrentes e em condições favoráveis, há uma confrontação com o
da delimitação e caracterização (necessárias) de cada modelo, é indispensável uma intervenção do professor, uma
abordagem. A professora assim, não incluiu em seus estudos a orientação do mestre. Trata-se, pois, da transmissão de ideias
abordagem escola novista, introduzida no Brasil através do selecionadas e organizadas logicamente.
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (Anísio Teixeira, - Escola: a escola, é o lugar por excelência onde se realiza
Gustavo Capanema e outros), a partir da década de 1930. Ela a educação, a qual se restringe, a um processo de transmissão
justifica sua opção por considerar que essa abordagem pode de informações em sala de aula e funciona como uma agência
ser tomada como didaticista, por suas atribuições aos aspectos sistematizadora de uma cultura complexa. Considera o ato de
didáticos, e por possuir diretrizes incluídas em outras aprender como uma cerimônia e acha necessário que o
abordagens. Argumenta ainda que, as demais abordagens, professor se mantenha distante dos alunos. Uma escola desse
apresentadas por ela, apresentam justificativas teóricas ou tipo é frequentemente utilitarista quanto a resultados e
evidências empíricas. Mas reconhece que trata-se de uma programas preestabelecidos. As possibilidades de cooperação
abordagem com possível influência na formação de entre pares são reduzidas, já que a natureza da grande parte
professores no Brasil. das tarefas destinadas aos alunos exige participação individual
de cada um deles.
A) Abordagem Tradicional - Ensino/Aprendizagem: a ênfase é dada às situações de
Trata-se de uma concepção e uma prática educacionais que sala de aula, onde os alunos são "instruídos" e "ensinados" pelo
persistem no tempo, em suas diferentes formas, e que professor. Os conteúdos e as informações têm de ser
passaram a fornecer um quadro diferencial para todas as adquiridos, os modelos imitados. Seus elementos
demais abordagens que a ela se seguiram. Como se sabe, o fundamentais são imagens estáticas que progressivamente
adulto, na concepção tradicional, é considerado como homem serão "impressas" nos alunos, cópias de modelos do exterior
acabado, "pronto" e o aluno um "adulto em miniatura", que que serão gravadas nas mentes individuais. Uma das
precisa ser atualizado. O ensino será centrado no professor. O decorrências do ensino tradicional, já que a aprendizagem
aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por consiste em aquisição de informações e demonstrações
autoridades exteriores. transmitidas, é a que propicia a formação de reações
estereotipadas, de automatismos denominados hábitos,
- Homem: o homem é considerado como inserido num geralmente isolados uns dos outros e aplicáveis, quase
mundo que irá conhecer através de informações que lhe serão sempre, somente às situações idênticas em que foram

33 MIZUKAMI, Maria da Graça. Ensino as abordagens do processo. São Paulo:

EPU, 1986.

Conhecimentos Educacionais 105


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adquiridos. O aluno que adquiriu o hábito ou que "aprendeu" - Ensino/Aprendizagem: é uma mudança relativamente
apresenta, com frequência, compreensão apenas parcial. permanente em uma tendência comportamental e ou na vida
Ignoram-se as diferenças individuais. É um ensino que se mental do indivíduo, resultantes de uma prática reforçada.
preocupa mais com a variedade e quantidade de - Professor/Aluno: aso educandos caberia o controle do
noções/conceitos/informações que com a formação do processo de aprendizagem, um controle científico da
pensamento reflexivo. educação, o professor teria a responsabilidade de planejar e
- Professor/Aluno: o professor/aluno é vertical, sendo desenvolver o sistema de ensino aprendizagem, de forma tal
que (o professor) detém o poder decisório quanto a que o desempenho do aluno seja maximizado, considerando-
metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na aula se igualmente fatores tais como economia de tempo, esforços
etc. O professor detém os meios coletivos de expressão. A e custos.
maior parte dos exercícios de controle e dos de exames se - Metodologia: nessa abordagem, se incluem tanto a
orienta para a reiteração dos dados e informações aplicação da tecnologia educacional e estratégias de ensino,
anteriormente fornecidos pelos manuais. quanto formas de reforço no relacionamento professor-aluno.
- Metodologia: se baseia na aula expositiva e nas - Avaliação: decorrente do pressuposto de que o aluno
demonstrações do professor a classe, tomada quase como progride em seu ritmo próprio, em pequenos passos, sem
auditório. O professor já traz o conteúdo pronto e o aluno se cometer erros, a avaliação consiste, nesta abordagem, em se
limita exclusivamente a escutá-lo a didática profissional quase constatar se o aluno aprendeu e atingiu os objetivos propostos
que poderia ser resumida em dar a lição e tomar a lição. No quando o programa foi conduzido até o final de forma
método expositivo como atividade normal, está implícito o adequada.
relacionamento professor - aluno, o professor é o agente e o
aluno é o ouvinte. O trabalho continua mesmo sem a C) Abordagem Humanista
compreensão do aluno somente uma verificação a posteriori é Nesta abordagem é dada a ênfase no papel do sujeito como
que permitirá o professor tomar consciência deste fato. principal elaborador do conhecimento humano. Da ênfase ao
Quanto ao atendimento individual há dificuldades pois a classe crescimento que dela se resulta, centrado no desenvolvimento
fica isolada e a tendência é de se tratar todos igualmente. da personalidade do indivíduo na sua capacidade de atuar
- Avaliação: a avaliação visa a exatidão da reprodução do como uma pessoa integrada. O professor em si não transmite
conteúdo comunicado em sala de aula. As notas obtidas o conteúdo, dá assistência sendo facilitador da aprendizagem.
funcionam na sociedade como níveis de aquisição do O conteúdo advém das próprias experiências do aluno o
patrimônio cultural. professor não ensina: apenas cria condições para que os
alunos aprendam.
B) Abordagem Copormentalista
O conhecimento é um "descoberta" e é nova para o - Homem: é considerado como uma pessoa situada no
indivíduo que a faz. O que foi descoberto, porém, já se mundo. Não existem modelos prontos nem regras a seguir mas
encontrava presente na realidade exterior. Os um processo de vir a ser. O objetivo do ser humano é a auto
comportamentalistas consideram a experiência ou a realização ou uso pleno de suas potencialidades e capacidades
experimentação planejada como a base do conhecimento, o o homem se apresenta como um projeto permanente e mau
conhecimento é o resultado direto da experiência. acabado.
- Mundo: o mundo é algo produzido pelo homem diante de
- Homem: o homem é uma consequência das influências si mesmo. O mundo teria o papel fundamental de crias
ou forças existentes no meio ambiente a hipótese de que o condições de expressão para a pessoa, cuja tarefa vital consiste
homem não é livre é absolutamente necessária para se poder no pleno desenvolvimento do seu potencial inerente. A ênfase
aplicar um método científico no campo das ciências. O homem é no sujeito mais uma das condições necessárias para o
dentro desse referencial é considerado como o produto de um desenvolvimento individual é o ambiente. Na experiência
processo evolutivo. pessoal e subjetiva o conhecimento é construído no decorrer
- Mundo: a realidade para Skinner, é um fenômeno do processo de vir a ser da pessoa humana. É atribuída ao
objetivo; O mundo já é construído e o homem é produto do sujeito papel central e primordial na elaboração e criação do
meio. O meio pode ser manipulado. O comportamento, por sua conhecimento. O conhecimento é inerente à atividade humana.
vez, pode ser mudado modificando-se as condições das quais O ser humano tem curiosidade natural para o conhecimento.
ele é uma função, ou seja, alterando-se os elementos - Educação: trata-se da educação centrada na pessoa, já
ambientais. O meio seleciona. que nessa abordagem o ensino será centrado no aluno. A
- Sociedade/Cultura: a sociedade ideal, para Skinner, é educação tem como finalidade primeira a criação de condições
aquela que implicarias um planejamento social e cultural. que facilitam a aprendizagem de forma que seja possível seu
Qualquer ambiente, físico ou social, deve ser avaliado de desenvolvimento tanto intelectual como emocional seria a
acordo com seus efeitos sobre a natureza humana. A cultura, é criação de condições nas quais os alunos pudessem tornar-se
representada pelos usos e costumes dominantes, pelos pessoas de iniciativas, de responsabilidade, autodeterminação
comportamentos que se mantém através dos tempos. que soubessem aplicar-se a aprendizagem no que lhe servirão
- Conhecimento: o conhecimento é o resultado direto da de solução para seus problemas servindo-se da própria
experiência, o comportamento é estruturado indutivamente, existência. Nesse processo os motivos de aprender deverão ser
via experiência. do próprio aluno. Autodescoberta e autodeterminação são
- Educação: a educação está intimamente ligada à características desse processo.
transmissão cultural. A educação, pois, deverá transmitir - Escola: a escola será uma escola que respeite a criança tal
conhecimentos, assim como comportamentos éticos, práticas qual é, que ofereça condições para que ela possa desenvolver-
sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação se em seu processo possibilitando a autonomia do aluno. O
e controle do mundo /ambiente. princípio básico consiste na ideia da não interferência com o
- Escola: a escola é considerada e aceita como uma agência crescimento da criança e de nenhuma pressão sobre ela. O
educacional que deverá adotar forma peculiar de controle, de ensino numa abordagem como esta consiste num produto de
acordo com os comportamentos que pretende instalar e personalidades únicas, respondendo as circunstâncias únicas
manter. num tipo especial de relacionamentos. A aprendizagem tem a
qualidade de um envolvimento pessoal.

Conhecimentos Educacionais 106


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- Professor/Aluno: cada professor desenvolverá seu Caberá ao professor criar situações, propiciando condições
próprio repertório de uma forma única, decorrente da base onde possam se estabelecer reciprocidade intelectual e
percentual de seu comportamento. O processo de ensino irá cooperação ao mesmo tempo moral e racional.
depender do caráter individual do professor, como ele se - Metodologia: o desenvolvimento humano que traz
relaciona com o caráter pessoal do aluno. Assume a função de implicações para o ensino. Uma das implicações fundamentais
facilitador da aprendizagem e nesse clima entrará em contato é a de que a inteligência se constrói a partir da troca do
com problemas vitais que tenham repercussão na existência organismo como o meio, por meio das ações do indivíduo. A
do estudante. Isso implica que o professor deva aceitar o aluno ação do indivíduo, pois, é centro do processo e o fator social ou
tal como é e compreender os sentimentos que ele possui. O educativo constitui uma condição de desenvolvimento.
aluno deve responsabilizar-se pelos objetivos referentes a - Avaliação: a avaliação terá de ser realizada a partir de
aprendizagem que tem significado para eles. As qualidades do parâmetros extraídos da própria teoria e implicará verificar se
professor podem ser sintetizadas em autenticidade o aluno já adquiriu noções, conservações, realizou operações,
compreensão empática, aceitação e confiança no aluno. relações etc. O rendimento poderá ser avaliado de acordo
- Metodologia: não se enfatiza técnica ou método para como a sua aproximação a uma norma qualitativa pretendida.
facilitar a aprendizagem. Cada educador eficiente deve
elaborar a sua forma de facilitar a aprendizagem no que se E) Abordagem Sócio Cultural
refere ao que ocorre em sala de aula é a ênfase atribuída a Pode-se situar Paulo Freire com sua obra, enfatizando
relação pedagógica, a um clima favorável ao desenvolvimento aspectos sócio-político-cultural, havendo uma grande
das pessoas que possibilite liberdade para aprender. preocupação com a cultura popular, sendo que tal
- Avaliação: só o indivíduo pode conhecer realmente sua preocupação vem desde a II Guerra Mundial com um aumento
experiência, só pode ser julgada a partir de critérios internos crescente até nossos dias.
do organismo. O aluno deverá assumir formas de controle de
sua aprendizagem, definir e aplicar os critérios para avaliar até - Homem/Mundo: o homem está inserido no contexto
onde estão sendo atingidos os objetivos que pretende, com histórico. O homem é sujeito da educação, onde a ação
responsabilidade. As relações verticais impostas por relações educativa promove o próprio indivíduo, como sendo único
EU - TU e nunca EU - ISTO; As avaliações de acordo com dentro de uma sociedade/ambiente.
padrões prefixados, por auto avaliação dos alunos. - Sociedade/Cultura: o homem alienado não se relaciona
Considerando-se pois o fato de que só o indivíduo pode com a realidade objetivo, como um verdadeiro sujeito
conhecer realmente a sua experiência, está só pode ser julgada pensante: o pensamento é dissociado da ação.
a partir de critérios internos do organismo. - Conhecimento: a elaboração e o desenvolvimento do
conhecimento estão ligados ao processo de conscientização.
D) Abordagem Cognitivista - Educação: toda ação educativa, para que seja válida,
A organização do conhecimento, processamento de deve, necessariamente, ser precedida tanto de uma reflexão
informações estilos de pensamento ou estilos cognitivos, sobre o homem como de uma análise do meio de vida desse
comportamentos relativos à tomada de decisões, etc. homem concreto, a quem se quer ajudar para que se eduque.
- Escola: deve ser um local onde seja possível o
- Homem/Mundo: o homem e mundo serão analisados crescimento mútuo, do professor e dos alunos, no processo de
conjuntamente, já que o conhecimento é o produto da conscientização o que indica uma escola diferente de que se
interação entre eles, entre sujeito e objeto. tem atualmente, coma seus currículos e prioridades.
- Sociedade/Cultura: os fatos sociológicos, pois, tais como - Ensino/Aprendizagem: situação de ensino-
regras, valores, normas, símbolos etc. De acordo com este aprendizagem deverá procurar a superação da relação
posicionamento, variam de grupo para grupo, de acordo como opressor-oprimido. A estrutura de pensar do oprimido está
o nível mental médio das pessoas que constituem o grupo. condicionada pela contradição vivida na situação concreta,
- Conhecimento: o conhecimento é considerado como existencial em que o oprimido se forma. Resultando
uma construção contínua. A passagem de um estado de consequências tais como:
desenvolvimento para o seguinte é sempre caracterizada por A) Ser ideal é ser mais homem;
formação de novas estruturas que não existiam anteriormente B) Atitude fatalista;
no indivíduo. C) Atitude de auto desvalia;
- Educação: o processo educacional, consoante a teoria de D) O medo da liberdade ou a submissão do oprimido.
desenvolvimento e conhecimento, tem um papel importante, - Professor/Aluno: a relação entre o professor e o aluno é
ao provocar situações que sejam desequilibradoras para o horizontal. Professor empenhado na prática transformadora
aluno, desequilíbrios esses adequados ao nível de procurará desmitificar e questionar, junto com o aluno.
desenvolvimento em que a criança vive intensamente - Metodologia: os alunos recebem informações e analisam
(intelectual e afetivamente) cada etapa de seu os aspectos de sua própria experiência existencial, utilizando
desenvolvimento. situações vivenciais de grupo, em forma de debate Paulo Freire
- Escola: segundo Piaget, a escola deveria começar delineou seu método de alfabetização.
ensinando a criança a observar. A verdadeira causa dos Características:
fracassos da educação formal, diz, decorre essencialmente do A) Ser ativa;
fato de se principiar pela linguagem (acompanhada de B) Criar um conteúdo pragmático próprio;
desenhos, de ações fictícias o narradas etc.) ao invés de o fazer C) Enfatiza o diálogo crítico.
pela ação real e material.
- Ensino/Aprendizagem: um ensino que procura F) As abordagens do Processo de Ensino, Aprendizagem
desenvolver a inteligência deverá priorizar as atividades do e o Professor
sujeito, considerando-o inserido numa situação social. Segundo Mizukami34, a partir de análises feitas sobre as
- Professor/Aluno: ambos os polos da relação devem ser diferentes abordagens do processo ensino aprendizagem
compreendidos de forma diferente da convencional, no pôde-se constatar que certas linhas teóricas são mais
sentido de um transmissor e um receptor de informação. explicativas sobre alguns aspectos em relação a outros,

34 MIZUKAMI, M. G.N. Ensino e as abordagens do processo. São Paulo: EPU,


1986.

Conhecimentos Educacionais 107


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percebendo-se assim a possibilidade de articulação das preferência dos professores pela abordagem cognitivista por
diversas propostas de explicação do fenômeno educacional. que esta abordagem se baseia numa teoria de
Ela procura fazer uma sistematização válida de conceitos do desenvolvimento em grande parte válida, e também a
fenômeno estudado. Mesmo com teorias incompletas por abordagem sociocultural que complementa o
estarem ainda em fase de elaboração ou reelaboração, faltando desenvolvimento humano e genético com aspectos
validação empírica ou confronto com o real. Lembrando ainda socioculturais e personalistas. Sendo que a abordagem
as teorias não são as únicas fontes de resposta possíveis e sociocultural está impregnada de aspectos humanistas
incorrigíveis, pois (...) elas são elaboradas para explicar, de característicos das primeiras obras de Paulo Freire. O ideário
forma sistemática, determinados fenômenos, e os dados do pedagógico de alguns professores não segue nenhuma das
real é que irão fornecer o critério para a sua aceitação ou não, abordagens, e são classificados como tendência indefinida
instalando-se, assim, um processo de discussão permanente dentre as demais abordagens.
entre teoria e prática.
Mizukami35 ainda critica a formação de professores A Educação Para Além do Capital
colocando que o aprendido pelos professores nada tinha a ver
com a prática pedagógica e seu posicionamento frente ao A educação para além do capital é um texto publicado a
fenômeno educacional. A experiência pessoal refletiria um partir da conferência pronunciada por István Mészáros36, por
comportamento coerente por parte do educador, pondo fim ocasião da abertura do Fórum Mundial de Educação, realizado
assim ao permanente processo de discussão entre teoria e em Junho de 2004, em Porto Alegre.
prática. Uma possível solução seria repensar os cursos de O texto, partindo de três epígrafes atribuídas pelo autor a
formação de professores, voltando as atenções principalmente Paracelso, pensador do Século XVI, a José Martí, político, poeta
para as disciplinas pedagógicas que analisam as abordagens e pensador cubano, e a Marx, em Teses sobre Feuerbach, traz
do processo ensino aprendizagem, procurando articulá-los à a análise com vistas à urgente necessidade de se instituir uma
prática pedagógica. Também é discutida uma forma de mudança que nos leve para além do capital, “no sentido
aproximar cada vez mais as opções teóricas existentes genuíno e educacionalmente viável do termo”.
analisando e discutindo as vivências na prática e à partir da O exame discute as relações íntimas entre processos
prática, se pudesse discutir e criticar as opções teóricas educacionais e processos sociais amplos de reprodução do
confrontando com a mesma prática. É tentar criar teorias capital em quatro aspectos básicos: Primeiro, no embate
através da prática, analisando o cotidiano e questionando, entre os parâmetros estruturais do capital - que se colocam
evitando-se assim a utilização de Receituários pedagógicos, com uma lógica irreversível e incontestável - e a necessidade
que é o que a autora chama de seguir cegamente a teoria de romper com essa lógica para a criação de uma alternativa
ignorando a prática. educacional diferente, mediante a natureza irreformável do
Um curso de professores deveria possibilitar confronto capital como totalidade reguladora sistêmica; Segundo, na
entre abordagens, quaisquer que fossem elas, entre seus clareza de que as possíveis soluções não podem ser formais,
pressupostos e implicações, limites, pontos de contraste e apenas como alterações superficiais, mas devem atingir o
convergência. Ao mesmo tempo, deveria possibilitar ao futuro patamar de mudança essencial, abarcando a totalidade das
professor a análise do próprio fazer pedagógico, de suas práticas educacionais da sociedade e seus processos de
implicações, pressupostos e determinantes, no sentido de que internalização dos parâmetros reprodutivos gerais do sistema
ele se conscientizasse de sua ação, para que pudesse, além de do capital; Terceiro, na compreensão de que apenas uma
interpretá-la e contextualizá-la, superá-la constantemente. ampla concepção de educação pode assegurar a luta pelo
Alguns dados revelam que são preferidas pelos objetivo de mudança radical requerida e a aquisição de
professores as abordagens cognitivista e sociocultural instrumentos de pressão capazes de provocar o rompimento
deixando as abordagens tradicional e comportamentalista em com a lógica mistificadora do capital; Quarto, na defesa de que
segundo plano. E também que a abordagem que mais faz o papel da educação é estratégico tanto para a mudança das
sucesso neste momento histórico é a cognitivista. Na condições objetivas de reprodução quanto para a auto
abordagem cognitivista piagetiana e a preferida pelos mudança dos indivíduos envolvidos na luta pela construção de
professores, desde que o aluno se encontre em um ambiente uma nova ordem social metabólica radicalmente diferente.
que o solicite devidamente, e que tenha sido constatada a Na primeira seção do texto, evidencia-se a ideia de que as
ausência de distúrbios biológicos ligados reformulações que possam acontecer na educação são
preponderantemente à atividade cerebral, ele terá condições inconcebíveis sem a transformação também no quadro social.
de chegar ao estágio das operações formais. Não se justificam O autor recusa a noção de reforma que se proponha apenas a
nem se legitimam, por esta abordagem, desigualdades correções marginais, mantendo intactas as estruturas
baseadas nas potencialidades de cada um, tal como poderia fundamentais da sociedade e conformando-se às exigências da
decorrer dos princípios escola novistas. Estaria neste detalhe, lógica do capital. Para Mészáros, esta modalidade utiliza-se das
talvez de grande importância, já que o determinismo biológico reformas educacionais para apenas remediar os efeitos
age mais em função de determinar desenvolvimento, do que desastrosos da ordem produtiva, mas não elimina os
de determinar máximos de desenvolvimento para cada sujeito, “fundamentos causais e profundamente enraizados”. Para o
a ideia que despertaria maior interesse para um trabalho autor, “limitar uma mudança educacional radical às margens
realizado por um profissional com as idiossincrasias de um corretivas interesseiras do capital significa abandonar de uma
educador. só vez, conscientemente ou não, o objetivo de uma
De forma genérica tanto o cognitivismo, humanismo e transformação social qualitativa”.37
comportamentalismo apresentam aspectos escola novistas Exemplificando: Mészáros examina a experiência de Adam
que os colocam contra a escola tradicional. Um outro elemento Smith, economista político, e de Roberto Owen, reformador
a ser considerado é a ligação entre o desenvolvimento social educacional utópico. Sobre Smith, atesta que mesmo que
intelectual e os ideais apregoados pelo ensino tradicional este ilustre iluminista reconheça o impacto negativo do
elaborado através dos séculos. Concluindo, de todas as sistema sobre a classe trabalhadora, sua análise atribuindo ao
abordagens analisadas obteve-se quase plenamente “espírito comercial” a causa do problema é incapaz de se

35 MIZUKAMI, M. G.N. Ensino e as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 37 MÉSZÀROS, Istaván. A educação para além do capital, 2ª. ed Boitempo,
1986. 2008.
MÉSZAROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boi
36

Tempo Editorial, 2006.

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dirigir às causas reais, reduzindo seu esforço de expressar sua desatar-se do revestimento da lógica do capital e mover-se em
preocupação humanitária a um círculo vicioso de apontar direção a práticas educacionais mais abrangentes O bem
apenas “os efeitos condenados”, dando assim prevalência aos sucedido processo de redefinição da tarefa da educação formal
limites objetivos da lógica do capital. Ao tratar da posição de num espírito orientado para a construção de uma alternativa
Robert Owen, reconhece sua posição de denúncia da hegemônica à ordem existente irá contribuir para romper com
exploração e instrumentalização do empregado pelo a lógica do capital não somente em seu campo, mas em toda a
empregador, mas condena no seu discurso - com marcas de sociedade.
parcialidade, gradualismo e circularidades - sinais de No quarto tópico, o autor trata a educação como uma
conformação aos debilitantes limites do capital. “transcendência positiva da auto alienação do trabalho”. A
Neste caso, Mészáros38 observa que Owen “não pode análise atesta as condições desumanizantes da alienação em
escapar à auto imposta camisa de força das determinações que vivemos e afirma que, para a mudança dessa condição,
causais do capital”. Numa conclusão ao tópico, o autor lembra exige-se uma intervenção consciente em todos os domínios e
que “[...] o sentido da mudança educacional radical não pode níveis da existência individual e social, “em toda a nossa
ser senão o rasgar da camisa de força da lógica incorrigível do maneira de ser”. O autor considera que estando na raiz de
sistema”. todos os tipos de alienação a historicamente revelada
A persecução de estratégias de rompimento com o alienação do trabalho, torna-se possível superar a alienação
controle exercido pelo capital é explicitada na segunda seção com a reestruturação radical de nossas condições de vida
do texto com a defesa de que as soluções devem ser buscadas estabelecida até então, já que o processo histórico se constitui
não apenas na dimensão formal, mas no que é essencial. O pelo próprio trabalho. Mas isso não pode ser apenas uma
autor reconhece que a educação institucionalizada serviu, nos questão de negação. Para Mészáros, “a tarefa histórica que
últimos 150 anos para fornecer condições técnicas e humanas temos de enfrentar é incomensuravelmente maior que a
à expansão do capital, ao mesmo tempo em que contribuiu negação do capitalismo”40. Ir para além do capital significa a
para instalar valores que legitimam os interesses dominantes realização de uma ordem social metabólica sem nenhuma
e que negam alternativas possíveis a esse modelo. relação nem ranços com a ordem anteriormente hegemônica.
Distanciando-se de uma posição reprodutivista, Assim advoga Por essa razão,
que não basta simplesmente reformar o sistema escolar formal O papel da educação é soberano, tanto para a elaboração
estabelecido, porque isso traduziria apenas uma mudança de estratégias apropriadas e adequadas para mudar as
institucional isolada. “O que precisa ser confrontado é todo o condições objetivas de reprodução, como para a auto mudança
sistema de internalização, com todas as suas dimensões, consciente dos indivíduos chamados a concretizar a criação de
visíveis e ocultas”. A internalização, entendida como o esforço uma ordem social metabólica radicalmente diferente
do capital em fazer com que cada indivíduo incorpore como Para esse fim, a universalização da educação e a
suas as metas de reprodução do sistema, legitimando sua universalização do trabalho são peças fundamentais, sem as
posição na hierarquia social e conformando suas expectativas quais não pode haver solução para a auto alienação do
e sua conduta ao estipulado pela ordem estabelecida, insere- trabalho. Tal realização pressupõe necessariamente a
se como instrumento que conforma a totalidade das práticas igualdade verdadeira - substancial e não apenas formal - de
sociais, entre elas, a educação, ao interesse do capital. todos os seres humanos. Apenas na perspectiva de ir além do
Romper com a lógica do capital na área de educação capital essa universalização e igualdade podem ser vistas,
equivale, portanto, a substituir as formas onipresentes e porque a educação para além do capital almeja uma ordem
profundamente enraizadas de internalização mistificadora social qualitativamente diferente.
por uma alternativa concreta abrangente, segundo No nosso dilema histórico definido pela crise estrutural do
Mészaros39. capital global, época onde se evidencia uma condição histórica
A tarefa acima requerida aparece na terceira seção, de transição, define-se também um espaço histórico e social
condicionada ao fortalecimento de uma concepção de aberto à ruptura com a lógica do capital e à elaboração de
educação ampla e mais profunda, nos moldes de Paracelso, planos estratégicos na direção de uma educação para além do
vendo a “aprendizagem como nossa própria vida”. capital. Nesse ambiente, a tarefa educacional é uma tarefa de
Neste rumo, o autor se coloca, a exemplo de Gramsci, transformação social, ampla e emancipadora. A educação deve
contra a visão tendenciosamente elitista e estreita de educação ser articulada e redefinida no seu inter-relacionamento com as
que pleiteia o domínio da instituição educacional formal como condições cambiantes e as necessidades da transformação
único espaço de educação e define a educação e a atividade social emancipadora e progressiva em curso.
intelectual como possibilidade apenas dos que são designados
para “educar” e para governar, em detrimento da maioria, à Questões
qual é reservado o papel de objeto de manipulação. Mészáros
assevera a posição profundamente democrática de Gramsci 01. Pode-se afirmar que: “O processo de ensino e
como o caminho mais claro para a concepção ampla de aprendizagem não é uma integração dialética entre o
educação, na qual todo ser humano contribui para a formação instrutivo e o educativo que tem como propósito essencial
de uma concepção de mundo ao mesmo tempo em que pode contribuir para a formação integral da personalidade do
contribuir para manter ou mudar esta concepção. A educação, aluno”.
reconhecida, no seu entendimento amplo, é um processo ( ) Verdadeiro ( ) Falso
contínuo de aprendizagem. “Temos de reivindicar uma
educação plena para toda a vida, para que seja possível colocar 02. Sobre a abordagem comportamentalista, é correto
em perspectiva a sua parte formal, a fim de instituir, também afirmar que: “A organização do conhecimento, processamento
aí, uma reforma radical”. A reforma significa, segundo o autor, de informações estilos de pensamento ou estilos cognitivos,
desafiar as formas atualmente dominantes de internalização comportamentos relativos à tomada de decisões, etc.”.
existentes no sistema educacional formal, pôr em execução ( ) Verdadeiro ( ) Falso
urgentemente uma atividade de “contra internalização”
coerente e sustentada na direção da criação de uma alternativa 03. (CEFET/RJ - Pedagogo - CESGRANRIO) O trecho
ao que já existe. Significa que a educação formal precisa indica amplos desafios para a prática docente. “Um curso de

38 MÉSZAROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boi Tempo 40 RABELO, C. D. Educação Para Além do Capital. Revista Resenha: A

Editorial, 2006. Eletrônica Arma da Crítica. N.º 4. 2012.


39 Idem 8.

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professores deveria possibilitar confronto entre abordagens, o seu direito e dever de decidir. Por isso, assumir a existência
quaisquer que fossem elas, entre seus pressupostos e em sua totalidade é necessário para que o homem seja
implicações, limites, pontos de contraste e convergência. Ao autônomo. Enquanto inacabados, homens e mulheres se
mesmo tempo, deveria possibilitar ao futuro professor a sabem condicionados, mas a consciência mostra a
análise do próprio fazer pedagógico, de suas implicações, possibilidade de ir além, de não ficar determinados, isso
pressupostos e determinantes, no sentido de que ele se significa reconhecer que somos condicionados mas não
conscientizasse de sua ação, para que pudesse, além de determinados.
interpretá-la e contextualizá-la, superá-la constantemente”. A construção da própria presença no mundo não se faz
(MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens independente das forças sociais, mas se essa construção for
do processo. São Paulo: EPU, 1986. p. 109.) determinada, não há autonomia. Se minha presença no mundo
Sobre as diferentes abordagens pedagógicas, aquela que é feita por algo alheio a mim, estou abrindo mão de minha
considera a relação professor-aluno como não imposta, que liberdade, de minha responsabilidade ética, histórica, política
permite que o educador se torne educando e a aprendizagem e social, estou abrindo mão de minha autonomia. Afinal, minha
seja favorecida pela mediação é a: presença no mundo não é a de quem apenas se adapta, mas a
(A) tradicional de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser
(B) humanista apenas objeto mas sujeito também da História. A presença no
(C) comportamentalista mundo de quem é sujeito da História é uma presença
(D) ambientalista autônoma.
(E) sócio-histórico-cultural Para o autor, educar é substantivamente formar, por isso o
ensino dos conteúdos não pode se dar alheio à formação moral
Gabarito e estética do educando, como um ensino tecnicista, que visa
apenas o treinamento, diminui o que há de fundamentalmente
01.Falso / 02.Falso / 03.E humano na educação, o seu caráter formador. Há hoje uma
tendência em certas instituições, inclusive de ensino superior,
em criar cursos com caráter puramente técnico. Ninguém quer
A influência de Paulo Freire condenar a técnica e a ciência, nem se trata de divinização ou
diabolização, ambas são formas superficiais de compreender
na Educação e no mundo os fatos e implicam em pensar errado, apesar de ser
necessário, o ensino técnico-científico é insuficiente, apenas
ele não favorece a construção, a conquista da autonomia.
EDUCAÇÃO - PAULO FREIRE Uma educação que vise formar para a autonomia deve
incluir a formação ética e, ao seu lado, a formação estética. É
1. A concepção de Educação41 nossa liberdade que nos insere um compromisso ético e uma
perspectiva estética, assim só podemos ser autônomos graças
A concepção de educação de Freire42 está fundada no a nossa liberdade, por isso uma educação que vise formar para
caráter inconcluso do ser humano, o homem não nasce a autonomia engloba necessariamente a dimensão ética e
homem, ele se forma homem pela educação, por isso, a estética.
educação é formação. A concepção de educação como Uma das dimensões éticas que uma educação que busca
formação, como processo de conhecimento, de ensino, de formar para a autonomia deve atentar é a corporeificação da
aprendizagem, se tornou, ao longo da aventura no mundo dos palavra pelo exemplo do educador. De nada adianta um
seres humanos uma conotação de sua natureza, gestando-se professor em seu discurso exaltar a criticidade, a democracia,
na história, como a vocação para a humanização. Assim, não o pensamento autônomo, se sua prática é antidialógica,
sendo possível ser gente senão por meio de práticas vertical, bancária. A ação generosa que testemunha a palavra a
educativas. torna viva, a faz palavra viva, dando um significado especial a
Esse processo de formação perdura ao longo da vida toda, ela. Assim, não é uma prática puramente descritiva, "mas algo
o homem não para de educar-se, sua formação é permanente e que se faz e que se vive enquanto dele se fala com a força do
se funda na dialética entre teoria e prática. A educação tem testemunho". O testemunho concreto de um professor que
sentido porque o mundo não é necessariamente isto ou aquilo, possui uma prática autônoma é essencial em uma educação
e os seres humanos são tão projetos quanto podem ter que vise a autonomia.
projetos para o mundo. O homem é inacabado e possui A educação para a autonomia supõe o respeito às
consciência de seu inacabamento, isso é importante para que diferenças, assim, rejeita qualquer forma de discriminação,
ele se torne autônomo, assim, com a liberdade o ser humano seja ela de raça, classe, gênero, etc. Como a autonomia não é
foi transformando a vida em existência e o suporte em mundo. autossuficiência, ela inclui estar aberto à comunicação com o
Por isso, a experiência animal se dá no suporte, que é outro, com o diferente, e estar aberto à comunicação com o
espaço restrito em que o animal é treinado, adestrado para outro, segundo o autor, é pensar certo. Não há por isso mesmo
caçar, defender-se, sobreviver, e é graças a esse suporte que os pensar sem entendimento e o entendimento, do ponto de vista
filhotes dependem de seus pais por menos tempo que as do pensar certo, não é transferido mas coparticipado. Toda
crianças. A explicação do comportamento animal se encontra inteligência, se não distorcida, é comunicação do inteligido,
muito mais na espécie do que no indivíduo. Eles não possuem portanto, a inteligibilidade se funda na comunicação, na
liberdade, assim não criam um mundo para si, não são intercomunicação, na dialogicidade. O pensar certo é dialógico,
autônomos. é aberto ao outro, igual enquanto membro da humanidade e
Já o homem possui existência, o domínio da existência é o diferente enquanto sujeito único. Portanto, a autonomia supõe
domínio do trabalho, da cultura, da história, dos valores - o respeito tanto à dignidade do sujeito enquanto membro da
domínio em que os seres humanos experimentam a dialética humanidade, quanto o respeito às suas especificidades de
entre determinação e liberdade. É no domínio da existência indivíduo.
que os homens se fazem autônomos. A partir da invenção da De acordo com o pensamento de Freire43, para a prática de
existência não foi mais possível ao homem existir sem assumir uma educação que visa a autonomia, uma das tarefas mais

41 ZATTI, V. Autonomia e Educação em Immanuel Kant e Paulo Freire, Porto 42 FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática

Alegre: EDIPUCRS, 2007. educativa.


43 Idem

Conhecimentos Educacionais 110


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importantes é possibilitar condições para que os educandos autoritarismo, caso em que educará para a servilidade, que é
possam "assumir-se". Isso envolve assumir a condição uma forma de heteronomia. A autoridade que é democrática se
sóciohistórica, a condição de ser pensante, comunicante, preocupa com a construção de um clima de real disciplina, de
transformador, criador, sonhador, que ama e sente raiva. Essa respeito. Procura levar o educando a construir, por meio de
assunção do eu não significa a autossuficiência, a exclusão dos sua liberdade e fundado na responsabilidade, a autonomia.
outros, é a 'outredade' do 'não eu', ou do tu que me faz assumir Assim, a autoridade democrática é a que se empenha em
a radicalidade o meu eu. realizar o seguinte sonho fundamental:
Essa assunção está ligada à identidade cultural que faz O de persuadir ou convencer a liberdade de que vá
parte, ao mesmo tempo, da dimensão individual e de classe dos construindo consigo mesma, em si mesma, com materiais que,
educandos. Tem que ver diretamente com a assunção de nós embora vindo de fora de si, sejam reelaborados por ela, a sua
por nós mesmos. O assumir-se como sujeito da própria autonomia. É com ela, a autonomia, penosamente construindo-
assunção possibilita que o sujeito possa ser ele mesmo, possa se, que a liberdade vai preenchendo o 'espaço' antes 'habitado'
ser autônomo, a aprendizagem da assunção do sujeito é por sua dependência. Sua autonomia que se funda na
incompatível com o treinamento pragmático ou com o elitismo responsabilidade que vai sendo assumida.
autoritário. Assumir-se implica em ser autêntico, em ser o que Dessa forma, a escola deve ter conteúdos programáticos,
se é a partir de si mesmo, por isso, para ser autônomo o mas deve ficar claro que o essencial na aprendizagem dos
homem precisa assumir-se. A assunção, enquanto exige conteúdos é a construção da responsabilidade da liberdade
autenticidade, engloba as dimensões ética e estética. Para que que se assume, é a reinvenção do ser humano no aprendizado
haja tal assunção, o educador deve respeitar a autonomia do de sua autonomia. Enquanto gente posso vir saber o que não
educando. sei e posso aperfeiçoar o que sei, tanto mais saberei quanto
Outro ponto essencial ao se pretender uma educação para mais construir minha autonomia em respeito à dos outros.
a autonomia, é a questão ética do respeito aos professores. É Segundo Freire, na constituição da necessária disciplina
direito e dever dos educadores lutar por sua valorização, e isso não há como identificar o ato de estudar, de aprender, de
inclui lutar por salários dignos, menos imorais. A elevação conhecer, de ensinar, com o puro entretenimento. A prática
urgente da qualidade de nossa educação passa pelo respeito educativa é difícil, é exigente, não pode ter "regras frouxas", no
aos educadores e educadoras mediante substantiva melhora entanto, também não pode ser um ato insosso, desgostoso,
de seus salários, pela sua formação permanente e enfadonho, deve ser prazeroso. Há alegria embutida na
reformulação dos cursos de magistério. Penso que a limitação aventura de conhecer, de descobrir, sem a qual o ato educativo
nociva da autonomia dos educadores devido a condições pode se tornar desmotivador. Mesmo assim, "Estudar é,
econômicas e formativas desfavoráveis inegavelmente realmente um trabalho difícil. Exige de quem faz uma postura
prejudica a qualidade da educação e tem reflexos diretos na crítica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se
limitação da autonomia dos educandos. ganha a não ser praticando-a". É a postura ativa, criativa,
Defendemos que uma educação que visa promover a crítica, necessária para a construção da autonomia, que a
autonomia deve atentar para a formação do ser humano e não disciplina típica da educação bancária abafa e a disciplina
apenas para o ensino-aprendizagem de conteúdos. Dessa respeitosa da educação dialógica promove.
forma, precisa atentar para todos elementos envolvidos na A construção respeitosa da disciplina deve incluir a
educação: a postura do professor, da direção, a situação educação da vontade. A vontade só se torna autêntica em
material da escola, a participação dos pais, os conteúdos a sujeitos que assumem seus limites. "A vontade ilimitada é a
serem apreendidos. A formação ocorre na interação de todos vontade despótica, negadora do outras vontades e
elementos que envolvem a educação, por isso todos eles rigorosamente, de si mesma". A vontade despótica é negadora
devem ser pesados de tal forma a contribuir para a da própria autonomia e da autonomia dos outros. Por isso a
aprendizagem crítica e para a construção gradativa da disciplina da vontade é uma prática difícil mas necessária, é
autonomia do educando. por meio dela que se constitui a autoridade interna a partir da
O educador, que em sua prática busca promover a introjeção da autoridade externa, o que permitirá a liberdade
autonomia dos educandos, deve estar atento à relação viver plenamente suas possibilidades, as quais incluem a
autoridade-liberdade. Para que haja a necessária disciplina construção da própria autonomia. A vivência da tensão
sem haver autoritarismo ou licenciosidade, o equilíbrio entre dialética entre liberdade e autoridade nos mostra que elas
ambas é necessário. "O autoritarismo é a ruptura em favor da podem não ser antagônicas necessariamente uma da outra.
autoridade contra a liberdade e a licenciosidade, a ruptura em O melhor para a promoção da autonomia, é que a liberdade
favor da liberdade contra a autoridade". possa se constituir assumindo seus limites criticamente. O
Assim o autoritarismo não é mais autoridade, mas abuso confronto com as demais liberdades e com a autoridade dos
de autoridade, a licenciosidade não é mais liberdade, mas pais, professores, do Estado, é bom e necessário, pois
depravação da liberdade. Ambos são nocivos à autonomia, já amadurece a liberdade, ela descobre que não é absoluta, mas é
que o autoritarismo mantém o educando excessivamente cerceada por outras liberdades e pela autoridade, e sua
dependente da autoridade e poda a liberdade de escolher e autonomia não é absoluta ou autossuficiente. Por isso é
fazer por si mesmo. Já a licenciosidade impede a aprendizagem indispensável que os pais tomem parte nas discussões sobre
da auto responsabilização e permite que o educando se torne as decisões dos filhos, o que não pode é tomar a decisão por
dependente dos próprios impulsos e desejos. Tanto a eles, mas devem mostrar que a decisão é um processo
dependência excessiva da autoridade externa quanto a responsável e acarreta em consequências. Ninguém é
dependência dos próprios impulsos são formas de autônomo antes de decidir, a autonomia se faz ao longo da vida
heteronomias, pois impedem que o sujeito haja de acordo com pelas decisões que tomamos, por isso a importância em
sua própria lei, impedem que o sujeito seja ele mesmo. assumir a própria liberdade responsavelmente.
Para Freire, a autoridade docente precisa estar fundada na O que é preciso, fundamentalmente mesmo, é que o filho
autoridade da competência, não que a competência técnica na assuma eticamente, responsavelmente, sua decisão, fundante
área em que atua seja suficiente para garantir a autoridade, de sua autonomia. Ninguém é autônomo primeiro para depois
mas a incompetência profissional a desqualifica. A autoridade decidir. A autonomia vai se constituindo na experiência de
está relacionada com promover, incentivar, por isso demanda várias, inúmeras decisões, que vão sendo tomadas.
generosidade. Relações justas e generosas geram um clima em A autonomia é conquistada gradualmente, é processo que
que a autoridade do professor e a liberdade do aluno se consiste no amadurecimento do ser para si, por isso a
assumem em sua eticidade. A autoridade não pode cair no educação deve possibilitar experiências que estimulem as

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decisões e a responsabilidade. Freire fala que mais importante maior capacidade de nos determinarmos, elemento essencial
do que o testemunho espontâneo dos pais é aproveitar a força para sermos autônomos.
do testemunho de pai para exercitar a "liberdade do filho no Freire considera que a diferença e a distância entre
sentido da gestação de sua autonomia". Segundo o autor, ingenuidade e criticidade não se dá na ruptura entre elas, mas
quanto mais os filhos vão se tornando "seres para si", tanto na superação. A curiosidade ingênua sem deixar de ser
mais são capazes de reinventar seus pais, em vez de copiá-los curiosidade, ao criticizar-se se torna curiosidade
ou até negá-los. epistemológica. Essa superação ocorre devido à rigorosidade
O educador que busca criar condições para que seus alunos metódica na aproximação do objeto, que caracteriza a segunda
criem sua própria autonomia e que não quer ter uma prática curiosidade. A essência da curiosidade permanece a mesma, o
autoritária, deve saber escuta. Falar para os alunos como se que muda é a qualidade. A curiosidade é condição para a
fosse o portador da verdade é uma prática bancária, é preciso criatividade, ela é a "indagação inquietadora" que nos move no
escutar, e a partir da escuta aprender a falar com eles e não sentido de desvelar o mundo que não fizemos e acrescentar a
para eles. Se quisermos promover no educando a autonomia, o ele algo que nós fazemos. A prática educativa progressista que
processo educativo como um todo deve ser de falar com. Pode visa educar para a autonomia deve promover a superação para
haver momentos de falar para, desde que como um momento a curiosidade epistemológica, não há como ser autônomo sem
do falar com. A escuta é fundamental para que o processo criticidade, mantendo uma visão ingênua do mundo.
educativo ocorra, como ensinar não é transferir conhecimento, A partir das concepções de Freire a educação envolve o
e sim exige a problematização e acompanhamento para que os movimento dialético entre o fazer e o pensar sobre o fazer.
educandos vão construindo seus conhecimentos, a escuta do Práticas espontâneas produzem geralmente um saber
outro é essencial, sem isso, o processo educativo de construção ingênuo. O conhecimento crítico, necessário para a autonomia,
da autonomia fica comprometido. Também é importante que se alcança com rigorosidade metódica. O pensar certo não é
os educandos aprendam a fazer o uso responsável da palavra, presente dos deuses ou fruto de uma iluminação especial
que aprendam a falar autonomamente. sobre uma ou outra mente privilegiada, o pensar certo é
De acordo com Freire, para que haja uma comunicação possível a todos e deve ser produzido; na escola ele deve ser
dialógica, que não seja nem licenciosa nem autoritária, é produzido pelo educando em comunhão com seu educador.
indispensável, em sala de aula, a disciplina do silêncio. Mas Todos somos curiosos, a curiosidade faz parte do fenômeno
silêncio não é silenciamento. Educador e educando devem ser vital. O conhecimento sempre começa pela pergunta, pela
sujeitos do diálogo. E, da mesma forma que não deve ser curiosidade. Mas o que deve ser obra do sujeito é a passagem
autoritário, o educador não deve ser licencioso, deve assumir da curiosidade espontânea, ingênua para a curiosidade
sua autoridade e educar para possibilitar o exercício epistemológica. Isso só é feito com reflexão crítica sobre a
responsável e racional da liberdade, a fim de que a autonomia prática. Quanto mais a reflexão crítica ajudar o sujeito a se
possa ser gestada. perceber e perceber suas razões de ser, mais consciente está o
A educação que vise formar para a autonomia deve tornado, mais está reforçando a curiosidade epistemológica, e
fomentar nos educandos a curiosidade e a criticidade. Um assim, haverá condições para que ele seja sujeito autônomo.
educador que busca despertar a curiosidade e a criticidade em A teoria pedagógica de Freire, sua filosofia existência", tem
seus educandos, não pode basear-se na memorização como grande proposta, como grande utopia, a libertação dos
mecânica. Pensar mecanicamente é pensar errado. Pensar oprimidos. Como ninguém liberta ninguém, a libertação
certo significa procurar descobrir e entender o que se acha acontece a partir da autoconfiguração responsável. Os
mais escondido nas coisas e nos fatos que nós observamos e caminhos da libertação são do oprimido que se liberta: ele não
analisamos. E pensar certo é condição para ensinar certo e ele é coisa que se resgata, é o sujeito que se deve autoconfigurar
só se faz no respeito à unidade entre teoria e prática. E uma responsavelmente. Ao se libertarem pela autoconfiguração
das condições necessárias a pensar certo é não estarmos responsável, os homens estão fazendo-se autônomos, pois
demasiado certos de nossas certezas. A arrogância de achar-se estão suprimindo situações que limitavam sua autonomia e ao
o detentor de verdades imutáveis e inquestionáveis também é mesmo tempo fazendo-se por si mesmos. Há então, uma
pensar errado. Os homens e mulheres como seres históricos relação entre libertação e autonomia, na medida em que a
podem intervir no mundo, conhecê-lo e transformá-lo. O libertação das condições opressoras possibilita o aumento do
conhecimento também por eles produzido, igualmente é poder de se autodeterminar, de ser para si, e
histórico. Dessa forma, os conhecimentos que temos hoje consequentemente do poder de ser autônomo.
superaram conhecimentos produzidos por gerações passadas, A construção da autonomia assim, passa pela
mas tais conhecimentos, também serão superados por outros conscientização, ele propõe a conscientização como um
produzidos por gerações que virão. Esse processo de esforço de conhecimento crítico dos obstáculos que impedem
superação é constante e não há nenhum conhecimento que a transformação do mundo, que impedem a superação das
seja absoluto. Por isso é tão importante estar aberto a novos condições de heteronomia. O homem é o único ser vivo que
conhecimentos e buscar produzi-los, quanto conhecer o que a consegue tomar distância do mundo, objetificá-lo, admirá-lo,
humanidade já produziu. A educação para a autonomia só é para promover uma aproximação maior, para conhecê-lo. Aí a
possível havendo essa possibilidade de recriar o que o passado dialogicidade aparece como exigência epistemológica. Mas
nos legou e criar o novo. essa aproximação espontânea que o homem faz do mundo
Paulo Freire, defende a indissociabilidade entre ensino e ainda não é uma posição crítica sobre ele, é uma posição
pesquisa, pois faz parte da natureza da prática docente ingênua, é tomada de consciência, mas não é conscientização.
indagar, buscar, pesquisar. A pesquisa possibilita conhecer a A última "não pode existir fora da 'práxis', ou melhor, sem o
novidade e contribui para que a curiosidade vá se tornando ato ação-reflexão". A conscientização está baseada na relação
cada vez, metodicamente, mais rigorosa, e assim saia da consciência-mundo, e implica em transformar o mundo, é
ingenuidade e transforme-se em curiosidade epistemológica. inserção crítica na História e exige que os sujeitos criem a
A curiosidade ingênua é o que caracteriza o senso comum, é própria existência com aquilo que o mundo os dispõe. A
um saber feito apenas da experiência sem rigorosidade conscientização exige que ultrapassemos a esfera da
metódica. A ingenuidade é nociva à autonomia, pois impede, espontaneidade, que substituamos a consciência ingênua pela
inclusive, a percepção dos elementos de heteronomia que nos consciência crítica. Freire diz que a consciência do homem
cercam. A rigorosidade metódica é necessária para que pode evoluir em diferentes níveis. A consciência ingênua ou
conheçamos melhor o mundo e a nós, e, assim, tenhamos consciência semi intransitiva representa uma aproximação
espontânea em relação ao mundo sem que o homem se

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reconheça como agente, permanece mero expectador. A Não há palavra verdadeira que não seja práxis, por isso o
consciência ingênua-intransitiva se caracteriza por ampliar a diálogo implica na transformação do mundo. A pronúncia do
capacidade de compreensão e de resposta aos desafios do mundo é um ato de criação e recriação, é um ato de amor. Nas
meio. Na consciência transitivo-crítica o homem cria e recria relações de dominação, diálogo e amor estão ausentes. Diálogo
suas ações, é sujeito, conhece a causalidade dos fenômenos é o encontro dos homens para Ser Mais, para construir sua
sociais, assimila criticamente a realidade e tem consciência da autonomia. Para que a educação promova no educando a
historicidade de suas ações. É a consciência transitivo-crítica autonomia, é essencial que ela seja dialógica, pois assim há
que possibilita a construção da autonomia. espaço para que o educando seja sujeito, para que ele mesmo
É na práxis do distanciamento/aproximação que o mundo assuma responsavelmente sua liberdade e, com a ajuda do
é problematizado, decodificado, que os seres humanos se educador, possa fazer-se em seu processo de formação.
descobrem instauradores do próprio mundo, descobrem que Para Freire, é uma contradição um ser consciente de seu
não apenas vivem, também existem. A consciência do mundo e inacabamento não buscar o futuro com esperança, não sonhar
consciência de si crescem juntas. Mas ninguém se conscientiza com a transformação, enfim, não buscar a construção de um
separadamente dos demais. A consciência se constitui como mundo onde todos possam realizar-se com autonomia. Cabe à
consciência do mundo. Não há um mundo para cada educação problematizar o futuro para que a utopia de um
consciência, elas se desenvolvem em um mundo comum a elas, mundo melhor não se perca. Dizer que a educação vai suprimir
se desenvolvem essencialmente comunicantes, por isso se todas as injustiças, opressões, e assim mudar completamente
comunicam. A intersubjetividade das consciências se dá junto a sociedade suprimindo todas heteronomias, é ingenuidade,
com a mundaneidade e a subjetividade. O sujeito se constitui da mesma forma que dizer que a educação não pode realizar
em sua subjetividade pela consciência do mundo e do outro. O mudança alguma. Temos que estar conscientes do nosso
diálogo fenomeniza e historiciza a essencial intersubjetividade condicionamento, mas não somos determinados, há
humana; ele é relacional e, nele, ninguém tem iniciativa possibilidade da transformação. "A compreensão da história
absoluta. O diálogo é o próprio movimento constitutivo da como possibilidade e não determinismo, seria ininteligível
consciência, que é consciência do mundo. Ao objetivar o sem o sonho, assim como a concepção determinista se sente
mundo, o homem o historiciza, o humaniza, ele passa a ser incompatível com ele e, por isso, o nega". Ao se reconhecer a
mundo da consciência que é uma elaboração humana. Assim, o possibilidade e manter vivo o sonho, o papel histórico da
mundo passa a ser um projeto humano, o homem se faz livre e subjetividade, de transformar, recriar o mundo, adquire papel
pode ser autônomo. relevante. Como não estamos determinados, estamos abertos
Nesse sentido, os temas geradores possuem importância ao "inédito viável". O poder de se autodeterminar é necessário
central nos processos de alfabetização. "Procurar o tema para que o sujeito fuja do determinismo, esteja aberto ao
gerador é procurar o pensamento do homem sobre a realidade inédito viável e, assim, possa ser autônomo.
e a sua ação sobre esta realidade que está em sua práxis". A Freire insiste no que ele chama de humanização como
atitude ativa de procurar o próprio tema gerador vai vocação ontológica do ser humano, ou ser mais. Essa "vocação"
possibilitar que o educando tome consciência de sua realidade não é um a priori, mas é algo que vem sendo construído pelo
e também de si. É a práxis sobre a realidade que possibilita a homem ao longo da história. A vocação para ser mais é
tomada de consciência crítica, que permite a decisão, a escolha, expressão da natureza humana que se constitui na História e
a liberdade, a conquista do poder de ser autônomo. Uma precisa de condições concretas sem as quais será distorcida.
educação desconectada da realidade, não fará mais que "Esta vocação para ser mais que não se realiza na inexistência
domesticar, adequar, ou seja, reforçar a situação de de ter, na indigência, demanda liberdade, possibilidade de
heteronomia. decisão, de escolha, de autonomia". Ou seja, a indigência, a
Para Freire, é a partir da reflexão sobre seu contexto, do pobreza, a insuficiência de recursos materiais, limitam a
comprometimento, das decisões, que os homens e mulheres se possibilidade de decisão, limitam a liberdade, e assim, limitam
constroem a si mesmos e chegam a ser sujeitos, chegam a ser a autonomia. Por esse motivo, uma educação que busca formar
autônomos. O ser humano percebe sua temporalidade, para a autonomia deve estar preocupada com a transformação
reconhece que não vive num eterno presente, e por isso é dessas condições concretas que limitam a autonomia. Essa
histórico. Também se reconhece em relação com outros seres transformação tem caráter político, por isso a educação está
e com a própria realidade. A realidade com o seu devir e as vinculada indissociavelmente com a política.
relações que estabelece impõe ao ser humano desafios. As Para que as condições concretas que limitam a autonomia
respostas dadas a esses desafios não mudam apenas a sejam transformadas, é preciso reinventar o mundo de hoje e
realidade, mas mudam o próprio homem. No ato mesmo de a educação é indispensável nessa reinvenção. Essa reinvenção
responder aos desafios que lhe apresenta seu contexto de vida, do mundo exige comprometimento. Da mesma forma que não
o homem se cria, se realiza como sujeito, porque esta resposta é possível entrar na chuva sem se molhar, não é possível
exige dele reflexão, crítica, invenção, eleição, decisão, educar sem revelar a própria maneira de ser, de pensar
organização, ação. Assim o homem não se adapta apenas à politicamente. Por isso a importância da coerência entre o que
realidade, ele a configura, e na práxis configuradora se se diz e o que se faz. Freire nos diz que o professor não pode
constrói como homem. A partir das concepções de Freire, ser um sujeito de omissão, mas de opções. Como experiência
afirmamos que esse é o processo pelo qual os seres humanos especificamente humana, a educação é uma forma de
conquistam sua autonomia, processo pelo qual são intervenção no mundo, o que implica além do conhecimento
construtores de si próprios. dos conteúdos, um esforço de reprodução ou
A proposta de Freire é de uma educação problematizadora, desmascaramento da ideologia dominante. Neutra em relação
dialógica, oposta à educação bancária, por isso não trata os à ideologia dominante a educação não pode ser. Freire destaca
alunos como depósitos de conteúdos, busca promover que os interesses dominantes procuram promover uma
caminhos para que o próprio aluno seja sujeito e construa sua educação cuja prática é imobilizadora e ocultadora de
autonomia, dessa forma, a contradição educador-educando, verdades. Mas os fatalismos que procuram deixar as coisas
em que o professor era o sujeito e o aluno objeto passivo, é como estão devem ser negados, eles ajudam a manter uma
superada. Já agora ninguém educa ninguém, como tampouco situação que é imoral e heterônoma. A prática educativa que
ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em propomos deve ser uma tomada de posição frente ao mundo
comunhão, mediatizados pelo mundo. Por isso a proposta no sentido de transformá-lo para que condições heterônomas
freireana é essencialmente dialógica. Para Freire os elementos sejam superadas, para que se estabeleçam relações e
constitutivos do diálogo são ação e reflexão. condições que possibilitem a autonomia.

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2. A Prática Educativa segundo Paulo Freire44 pedagogia é dialógica, pois ambos são sujeitos do ato
cognoscente. É o “aprender ensinando e o ensinar
Antes de anunciar a presença de Paulo Freire como aprendendo”. O diálogo, em Freire, exige um pensar
educador faz-se necessário contextualizá-lo como homem. verdadeiro, um pensar crítico. Este não dicotomiza homens e
Diga-se um “percebedor” da realidade por sua condição de mundo, mas os vê em contínua interação. Como seres
pobre, nordestino e brasileiro. Sua luta e presença baseiam-se inacabados, os homens se fazem e refazem na interação com
na categoria “opressão”, principalmente, por ter sido um mundo, objeto de sua práxis transformadora. A prática
homem que fez uma leitura concreta do mundo do oprimido, pedagógica passa a ser uma ação política de troca de
da complexidade da relação oprimido e opressor, para, concretudes e de transformação.
finalmente, propor uma pedagogia libertadora que consiste O que Paulo Freire nos ensina hoje é colocar em prática
em uma educação voltada para a conscientização da opressão uma lição que sabemos de cor. Afinal, os cursos de formação
e a consequente ação transformadora. de professores tomam conhecimento de sua proposta. Nas
Segundo Andreolla45, a categoria opressão em Paulo Freire análises de currículo, prática pedagógica e avaliação, em
assume dimensões várias. A saber, na dimensão antropológica, nossas escolas, percebe-se uma aplicabilidade de sua
mata a cultura do homem, o seu saber enquanto homem nas proposta, ou seja, quando analisamos sobre os conteúdos
palavras de Boaventura Santos, um epistemicídio: matar o serem interdisciplinares (politécnicos), fragmentários,
conhecimento do outro, na dimensão psicológica derruba com quando abordamos a necessidade de união entre teoria e
o ser, o “eu” do homem, permitindo como consequência sua prática enquanto metodologia e, ainda a democracia enquanto
coisificação e ou despersonalização; na dimensão ontológica gestão, nós nos damos conta da pedagogia problematizadora
está paralelo à desumanização, enquanto “ser homem” de Paulo Freire.
(Processo de hominização x Cultura necrófila); na dimensão A lição maior como educadores que temos de Freire é a
econômica, a opressão permite que ricos estejam cada vez preocupação com o social, a busca de alternativas e propostas
mais ricos e pobres cada vez mais pobres. devem ser uma constante em nosso dia a dia, no sentido de
A ideologia do “ter mais” se concretiza na relação resgatar o “homem”, o “cidadão” e o “trabalhador” da alienação
dominador e dominado, na dimensão política há de seu “ser”, de seu exercício de cidadania e de sua dignidade.
desenfreadamente a ação do poder central sobre a periferia, Ainda, como homem de seu tempo, devemos aprender de
isto é, ou são leis que beneficiam e privilegiam alguns, ou são Freire, a ter presente o nosso tempo sem alienação do real.
“medidas provisórias” que retratam um poder autoritário que As proposta pedagógicas devem ser alternativas de
é cego às necessidades e prioridades de uma grande maioria, e hominização em contraposição ao processo de relações
por último a dimensão pedagógica cujo caráter de opressão se econômicas, que se definem em alienação do homem e
estabelece na forma de leis que na prática retrocedem às expropriação de seu saber.
conquistas e desejos de toda comunidade educativa e também Segundo Marx46, em O Capital, com a venda da força de
na forma de relação professor e aluno e todas as nuances do trabalho, o trabalhador é considerado igual a uma mercadoria,
sistema de ensino (currículo, prática pedagógica e avaliação). é coisificado na relação de produção, é “apropriado” pelo
Ao tratar da pedagogia da consciência pretendeu elucidar capital, as relações de produção passam pelos critérios do
do educando sua criticidade, criatividade e ação diante do que capital e não pelos critérios da humanidade. A mercadoria
está dado, é preciso que o oprimido tenha consciência de sua encobre as características sociais do próprio trabalho dos
opressão, ao tratar da pedagogia da “pergunta” ele torna-se um homens. Fernandes47 explica assim este fetichismo da
sociólogo da sala de aula e reflete a relação professor e aluno mercadoria: “(...)...quanto mais o trabalhador se apropria do
enquanto concepção bancária x concepção libertadora, onde o mundo exterior, da natureza sensorial, através do seu trabalho,
primeiro (como num banco) deposita conhecimentos através tanto mais ele se priva de meios de vida segundo um duplo
da transmissão apenas no segundo e, este o armazena e aspecto; primeiro que cada vez mais o mundo exterior sensorial
devolve na prova final. cessa de ser um objeto pertencente ao seu trabalho, um meio de
O educador faz “depósitos” de conteúdos que devem ser vida do seu trabalho; segundo, que cada vez mais cessa de ser
arquivados pelos educandos. Desta maneira a educação se meio de vida no sentido imediato, meio para a subsistência física
torna um ato de depositar, em que os educandos são os do trabalhador. (...) apenas como sujeito físico ele é
depositários e o educador o depositante. O educador será trabalhador.”
tanto melhor educador quanto mais conseguir “depositar” nos Finalizando, as categorias diálogo, oprimido,
educandos. Os educandos, por sua vez, serão tanto melhores problematização, conscientização, libertação definem o
educados, quanto mais conseguirem arquivar os depósitos homem político em Paulo Freire. Ou seja, sua proposta vai
feitos. além das críticas das formas educativas atuais, porque define-
Prova, tão logo, que através da “problematização” da se em uma pedagogia da consciência, consciência crítica
realidade, da significação é possível desenvolver uma enquanto conhecimento e práxis de classe. Na escola formal, a
concepção libertadora na relação professor e aluno e pedagogia de Paulo Freire requer um professor
conhecimento e aprendizagem. problematizador da realidade, pois trata-se da pedagogia da
Como situação gnosiológica, em que o objeto cognoscível, pergunta que requer diretividade, através de uma relação
em lugar de ser o término do ato cognoscente de um sujeito, é dialógica e dialética entre professor e aluno, a proposta
mediatizador de sujeitos cognoscentes, educador, de um lado, pedagógica de Freire, centraliza-se na dimensão do
educandos, de outro, a educação problematizadora coloca, conhecimento, no sentimento de aceitação do outro, da
desde logo, a exigência da superação da contradição educador interação, da intersubjetividade.
x educando. Sem esta, não é possível a relação dialógica, A revolução necessária para a transformação social que
indispensável à cognoscibilidade dos sujeitos cognoscentes, não considera o amor, apenas substituirá o opressor - o
em torno do mesmo objeto cognoscível. oprimido passa a ser o opressor - que continuará a mesma
Entre educador e educandos não há mais uma relação de lógica da dominação.
verticalidade, em que um é o sujeito e o outro objeto. Agora a

44 SILVA, A. V. In Revista Espaço acadêmico. Nº 45. 2005. Baseado em FREIRE, 46 MARX, K. O Capital. Vol. 1, Livro 1: O processo de produção capitalista.

Paulo. Pedagogia do oprimido. Civilização Brasileira, 1968.


45 ANDREOLA, Balduíno. Comunicação especial. Palestra proferida na 47 FERNANDES, Florestan. Marx-Engels: História (textos selecionados) São

disciplina “História das Idéias Pedagógicas” no curso de Mestrado em Educação da Paulo: Ática, 1989.
Universidade Federal de Pelotas. Dia 16 e 23 de maio de 1997.

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A revolução deve ser entendida como um processo, uma pelo universo temático do povo ou do conjunto de seus temas
mudança democrática e não apenas como uma ruptura. A geradores e se define como sendo o universo mínimo temático
revolução é um processo político pedagógico de de cada educanda/o. Portanto, se fundamenta no universo
transformação, que requer reconstrução do poder em novas temático do povo, ou seja, pesquisa-se o universo de palavras
formas de relação, a revolução que deve ocorrer é uma grande das/os educandas/os para através destas, ensiná-las/os,
ação cultural para a liberdade, realizada pelo povo. conscientizá-las/os.
A pedagogia do oprimido tem por base o diálogo, De acordo com o prefácio de Weffort na obra Educação
necessidade ontológica do ser humano. Ser utópico, também, é como Pratica da Liberdade, a pedagogia de Freire50 é pautada
uma exigência ontológica do ser humano, uma exigência na liberdade que só pode ter sentido se a prática educativa for
histórica. Esta foi sua luta e, é esta a sua lição. alcançada pela participação crítica e livre das/os
educandas/os, e este é um dos princípios essenciais para a
3. A dialogicidade em Freire48 estruturação dos Círculos de Cultura, peça fundamental da
educação popular, onde é aplicado o método de alfabetização.
Para a criação de um clima dialógico é preciso um Assim, percebe-se que com a dialogicidade as pessoas
componente especial do diálogo, que é a palavra, o autor podem despertar para a consciência crítica do mundo em que
comenta que a palavra verdadeira, práxis, é composta de ação se encontram, saindo de sua condição de oprimidas, e
e reflexão. Sem esta mistura, o diálogo se torna meramente buscando assim a condição do ser mais, em meio a um
palavras jogadas ao vento, ou seja, falar por falar, ou então, se processo de humanização, em atendimento a uma vocação
for inautêntica, oca e esgotada de sua dimensão de ação, humana universal.
sacrificada automaticamente, a reflexão se transforma em blá,
blá, blá. Além disso, a palavra pode se tornar ativismo, ação 4. Os sete princípios da aprendizagem dialógica
pela ação, se minimizada a sua reflexão.
Neste sentido, é importante que todos nós saibamos que A origem deste conceito se deu no Centro Especial de
sendo o diálogo um conjunto de palavras verdadeiras em que Investigação em Teorias e Práticas Superadoras das
deve haver a união da ação com a reflexão, as pessoas não são Desigualdades (CREA), da Universidade de
capazes de fazê-lo sozinhas, pois para que seja estabelecido é Barcelona/Espanha que tem por objetivo estudar as
necessário que outras pessoas se encontrem e o pronunciem transformações sociais e culturais a fim de garantir educação
juntas. de qualidade a todos. Este grupo tem como base teórica os
Segundo Freire49, não existe diálogo se não houver um estudos de Paulo Freire com a sua dialogicidade e os estudos
profundo amor ao mundo e aos homens, sendo assim, o de Habermas com sua teoria da Ação Comunicativa. Sendo
diálogo deve ser ato de coragem, além de ser também assim, participantes deste Centro de Investigação, como
compromisso às mulheres e aos homens, para que haja um Ramon Flecha, Ligia Puigvert e outros, criaram os sete
clima dialógico, é preciso que haja ainda, além da ação e da princípios da aprendizagem dialógica que são:
reflexão, a fé, o amor, a humildade e a esperança intensa nos
homens. Isto porque com a fé é possível se instaurar um clima A) Diálogo Igualitário:
de confiança entre todas as pessoas antes de se encontrarem e Antes de entrarmos na explicação de diálogo igualitário,
pronunciar a palavra verdadeira. Sendo assim, esta confiança nos perguntávamos o porquê da palavra diálogo vir
vai fazendo as cada vez mais companheiras e dialógicas no acompanhada do adjetivo igualitário. Então, refletimos que
mundo. Já o amor é imprescindível para o clima dialógico, pois este adjetivo mostra um compromisso com o diálogo,
sem ele não se conquistam os sonhos. Se não há um clima de caracterizando-o como igualitário, ou seja, que haja respeito
amor o diálogo se perde no percurso e, portanto, deixa de ser em saber ouvir, que haja direito de todos se manifestarem e
verdadeiro. Além disso, se não houver a humildade o diálogo terem opiniões distintas. O adjetivo igualitário, com o
não existe, pois se as pessoas não veem em si a sua ignorância, substantivo diálogo, fortalece a ideia de que o diálogo deve ser
mas só a do outro, se se pensa dono do saber e da verdade não igual. Sendo assim, reforçando assim, a ideia da igualdade
é capaz de criar um clima dialógico. entre as pessoas, no sentido de que todos devem ter o direito
Por último, é importante destacar que a esperança está na da palavra.
própria imperfeição das pessoas, e estas fazem com que vivam Para se definir o diálogo igualitário, conceito formado pelo
sempre na eterna busca, busca essa que se traduz em busca de CREA, foram utilizadas grandes teorias do sociólogo europeu,
se melhorar, de aprender, de querer ser, portanto, sendo o como a da Ação Comunicativa de Habermas e a dialogicidade
diálogo um encontro das pessoas para ser mais é preciso que de Paulo Freire.
este seja feito sempre com esperança. Assim, a esperança não A teoria de Habermas está pautada na validez dos
é um cruzar de braços e esperar, mas sim um mover-se na argumentos e no consenso, ou seja, é mais importante que haja
esperança enquanto luta, e se luta com esperança então pode o diálogo e boas argumentações para se alcançar um objetivo
esperar. do que alcançar um resultado pela posição de poder. Um
Portanto, para haver a comunicação entre as pessoas é exemplo de Ação Comunicativa, encontrada em Flecha51 é um
preciso que haja a fé, o amor, a humildade e a esperança, a fim casal de namorados decidir junto sua programação do final de
de estabelecer o diálogo verdadeiro através de um pensar semana pensando que o importante na relação é fazerem algo
verdadeiro e crítico. Preocupado em despertar a consciência juntos e interessante para os dois. Neste caso, o importante é
de todas/todos para o mundo em que estão inseridas/os e que estejam felizes e bem juntos, sem que apenas um decida o
para a busca de sua liberdade, criou um método pautado na que deverá ser feito. Segundo este autor, o conceito central da
dialogicidade em que pode aplicar todo o seu pensamento para Ação Comunicativa é que se não houver um consenso e a
tirá-las da condição de oprimidas. manifestação de todos e todas sobre determinado assunto, não
Como parte deste método, Freire e as/os educandas/os deve existir então uma decisão.
investigavam, por meio de entrevista e por meio de visitas ao A teoria de Habermas contribuiu para a formação do
cotidiano das/os educandas/os, a realidade de cada diálogo igualitário, a ação Comunicativa permite-nos pensar o
participante, criando assim os temas geradores. Estes se dão diálogo, assim como a dialogicidade nos dá este suporte.

48 MORETTI, J. A. A dialogicidade de Freire na construção do diálogo 50 FREIRE, P. Educação como prática da liberdade, Rio de Janeiro: Paz e Terra.

igualitário e suas relações com os princípios da Aprendizagem Dialógica. 2007. 29ª edição, 2006.
49 FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 35ª edição, 51 FLECHA, R. Compartiendo palabras: el aprendizaje de las personas adultas

2003. a través del diálogo. Barcelona: Paidós, 1997.

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Conforme Freire52, para o diálogo se estabelecer é preciso que são capazes de transformar a realidade, pois sabem ler o
haja ação e reflexão, ou seja, práxis verdadeira, compromisso mundo e contar sua história.
com a palavra. Se não for assim, a palavra acaba por se tornar Para Freire (1994) a leitura de mundo precede a leitura da
um ativismo, ação pela ação, ou então a reflexão se torna um palavra, pois antes da aquisição do código da leitura e da
emaranhado de palavras sem sentido e sem reflexão. escrita o ser humano já decodifica os códigos do entorno de
Para que exista este espaço de dialogicidade com o diálogo qual faz parte, apreendendo as relações entre os objetos e a
igualitário, é necessário dar prioridade de fala aos grupos que razão de ser dos mesmos, o sujeito cognoscente produz a
historicamente sofrem maior exclusão social, como os grupos inteligência dos objetos, dos fatos, do mundo.
de mulheres, dos negros, das pessoas com menor grau de
escolaridade, dando-lhes a oportunidade de inclusão à C) Transformação:
manifestação e diminuindo as barreiras ou imposições Este conceito foi inspirado na teoria de Paulo Freire,
geralmente sofridas na sociedade. quando este discute em sua obra Pedagogia do Oprimido que
Portanto, é evidente que o diálogo igualitário é um meio de as pessoas são seres da transformação e nunca de adaptação.
comunicação importante em que as pessoas podem aprender De transformação porque os seres humanos são capazes de
e ensinar, ou seja, que todas/os devemos nos educar para fazê- tomar consciência de sua realidade e de mudá-la, ou seja,
lo; não é uma tarefa fácil, mas é necessária para realizar as transformá-la. São capazes de tomar a transformação para si,
transformações sociais que queremos, ou seja, como diria a fim de que esta passe a ser parte deles próprios. Já a
Freire: para tornar o mundo menos feio e difícil de amar. Além adaptação não passa de mera aceitação da realidade, posta tal
disso, é ele quem dá suporte para pensar os outros princípios como foi criada pelas classes dominantes.
da aprendizagem dialógica. Assim, o autor retoma o seu método de alfabetização para
jovens e adultos que traz claramente o conceito de
B) Inteligência cultural: transformação. Pois, através deste método, se espera que as
A inteligência cultural, segundo princípio da aprendizagem mulheres e os homens tomem consciência de sua realidade,
dialógica parte do princípio de que todas as pessoas possuem podendo transformá-la saindo assim de sua condição de
conhecimentos, sejam tácitos ou acadêmicos, e que estes oprimidos. Ou seja, a transformação aqui é um conceito que
conhecimentos podem ser trocados com outras pessoas em serve para mudar algo já imposto socialmente.
relações mais ou menos formais. Para isso é importante que as Entretanto, é importante destacar que a transformação só
pessoas saibam fazer o diálogo igualitário para não reproduzir deve ocorrer quando todas as pessoas de um grupo estão
ainda mais as relações de poder. Portanto, todas as pessoas, de efetivamente sujeitas a mudanças, e estas, devem ocorrer
qualquer idade e classe social e capazes de linguagem, se através do diálogo, sem que se imponham ideias às demais
desenvolvem através das interações, ou seja, podem adquirir pessoas e coletivos.
ainda mais conhecimento através da troca de experiência
adquirida por sua inteligência cultural. D) Dimensão instrumental
Todos ser humano vive em meio a sua cultura, e através A dimensão instrumental está presente na aprendizagem
dela aprende muitas outras coisas, conhece muitas outras dialógica, pois é importante que se aprenda tudo o que parece
culturas e vive muitas outras experiências. A isto chamamos necessário para viver de forma mais igualitária no mundo.
de inteligência cultural, pois é todo conhecimento de mundo Podemos dizer que a dimensão instrumental é a aprendizagem
que adquirimos com o passar dos anos, das nossas vivências. de conteúdos, instrumentos fundamentais que constituem a
Ou seja, o mais importante é que duas pessoas ao interagir base para ultrapassar as demais aprendizagens. Ou seja, são
tenham a consciência de que ambos podem aprender e pré-requisitos que devem ser bem compreendidos para se
ensinar, independentemente de seu grau de escolaridade. poder aprender outros adiante.
O conceito de inteligência cultural tem seu marco Na dimensão instrumental o processo de ensino e
adequado para superar as teorias dos déficits, aprendizagem não acontece como na educação bancária,
especificamente, referidas à população adulta. Flecha 53, em explicitada por Freire, em que o professor deposita nos alunos
sua obra, cita outros autores que mostraram que estudos conteúdos descontextualizados da realidade destes. Aqui, para
quantitativos confirmaram a diminuição da inteligência depois a dimensão instrumental acontecer, é necessário que o grupo
da juventude. e cada indivíduo dele dialoguem sobre as experiências que têm
Autores como Wechsler e outros citados por Flecha, que sobre o tema escolhido para a discussão. Portanto, todos
mediram a relação da inteligência com a idade, concluíram que trazem contribuições para a aprendizagem, levando em conta
a inteligência decrescia conforme a pessoa se tornava adulta, e suas experiências e conhecimento sobre o assunto.
assim confundiam idade com geração. Ou seja, esqueceram de A dimensão instrumental não é uma pedagogia menos
considerar que gerações diferentes tiveram oportunidades e dirigida, descomprometida com a realidade, que apenas
aprendizagem muito desiguais. Além disso, seus testes fortalece o espírito crítico deixando em segundo plano a
transversais mediam a inteligência de pessoas diferentes em aprendizagem. Ao contrário, Freire já afirmava que o diálogo
um mesmo momento. implica possibilita que todos as crianças possam aprender
Em outras palavras estas pessoas foram, por muito tempo, conteúdos e estratégias para viver em sociedade.
marginalizadas da sociedade, pois se considerava que se não Vale destacar ainda que a dimensão instrumental da
aprendessem conteúdos conceituais quando crianças não mais aprendizagem dialógica se pauta na intenção de darmos às
seriam capazes de aprender quando adultas. crianças uma educação de qualidade, para que estas tenham as
Flecha54 (1997) diz que Freire, por exemplo, não mesmas oportunidades que os filhos da elite ou de quem pode
desvaloriza aquele que não tem acesso à educação formal, ao pagar por educação de qualidade. Isto é importante, porque a
contrário, valoriza muito estas pessoas, pois possuem uma sociedade da informação na qual estamos vivendo atualmente
grande experiência de vida, ou seja, inteligência cultural. exige cada vez mais que os educandos adquiram uma série de
Concordando com Freire, acredito que não ter conhecimento aprendizagens instrumentais para não serem excluídos do
escolar não é sinônimo de falta de cultura e de falta de mercado de trabalho, da formação permanente e da
inteligência. Os analfabetos têm história, e não é porque não participação social como cidadão de plena formação.
sabem ler a palavra nem mesmo escrever sua história que não Portanto, considerou-se que a leitura e a escrita são

52 Idem 54 Idem
53 Idem

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elementos imprescindíveis desta dimensão instrumental, pois antidialógicos postos na sociedade como, por exemplo, os
através delas é possível processar e selecionar informações culturais, os sociais e os pessoais.
além daquelas que são conteúdos escolares obrigatórios. Embora a diversidade entre as pessoas venha criando
desigualdades educativas, visto que a diferença gera, de certa
E) Criação de sentido forma, desigualdade, espera-se com a perspectiva dialógica
Este princípio tem relação direta com o sonhar e o sentir, orientada para o exercício do direito uma educação igualitária,
pois defende a ideia de que todos podem sonhar e sentir, dar dar o direito às pessoas de serem diferentes e, mais que isso,
sentido a sua e a nossa existência. Ou seja, todas as pessoas têm de se manifestarem sem serem excluídas dos âmbitos da
que buscar motivação nas coisas que fazem, e devemos gostar sociedade. Portanto, deve existir uma consideração de justiça
do que fazem, pois quando não se faz algo com prazer ocorre a nas nossas diferenças.
perda de sentido.
Desta forma, nota-se que ter um ambiente para dialogar 5. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à
com outras pessoas ajuda a recriar continuamente o sentido prática educativa
global de suas vidas, assim, para a criação de sentido existir e
permanecer, é importante descobrir o sentido pelo qual se Ensinar exige rigorosidade metódica
fazem determinadas tarefas como trabalhar, estudar, comer, O educador democrático não pode negar-se o dever de, na
enfim, é descobrir que cada uma das nossas atitudes tem um sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando,
impacto em nossas vidas e na sociedade. sua curiosidade, sua insubmissão. Uma de suas tarefas
Um clima dialógico aqui funciona como um espaço em que primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade
as pessoas possam, juntas, contando suas experiências, dar metódica com que devem se “aproximar” dos objetos
sentido a seus atos e às coisas que fazem em suas vidas. cognoscíveis.
E esta rigorosidade metódica não tem nada que ver com o
F) Solidariedade: discurso “bancário” meramente transferidor do perfil do
Com o advento do capitalismo e com a complexificação da objeto ou do conteúdo. É exatamente neste sentido que
vida em sociedade, passou-se a exigir cada vez mais que as ensinar não se esgota no “tratamento” do objeto ou do
pessoas obtivessem informações rápidas e, aqueles que não conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar não se
tinham oportunidade e acesso às informações foram excluídos esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo,
do mercado de trabalho e de muitos círculos sociais, sendo superficialmente feito, mas se alonga à produção das
selecionados, para determinadas funções por não serem condições em que aprender criticamente é possível.
considerados aptos. E essas condições em que aprender criticamente é
Sendo assim, a solidariedade surge aqui como um possível, que implica ou exige a presença de educadores e de
sentimento de ser humano pelo outro, de se fazer tentativa de educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente
incluí-lo na vida cotidiana que o excluiu, trazendo-lhe curiosos, humildes e persistentes. Faz parte das condições em
informações e, mais do que isso, lhe dando o direito e o sentido que aprender criticamente é possível a pressuposição por
da palavra, aqui a solidariedade tem como fundamento parte dos educandos de que o educador já teve ou continua
práticas educativas igualitárias. tendo experiência da produção de certos saberes e que estes
Assim, um ambiente de solidariedade abre espaço para as não podem a eles, os educandos, ser simplesmente
pessoas excluídas e incluídas - que procuram deixar de ser o transferidos. Pelo contrário, nas condições de verdadeira
oprimido e o opressor - se comunicarem, expondo suas ideias aprendizagem os educandos vão se transformando em reais
a respeito dos fatos que ocorrem ao seu redor. Ou seja, sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinando,
discutem as concepções de poder que muitas vezes falam mais ao lado do educador, igualmente sujeito do processo. Só assim
alto que qualquer outra coisa e acarretam a exclusão de podemos falar realmente de saber ensinado, em que o objeto
muitas/os, seja com relação a nível social, econômico ou ensinado é apreendido na sua casa razão de ser e, portanto,
cultural. aprendido pelos educandos.
O mais importante nisso tudo é que, a solidariedade se Percebe-se assim, a importância do papel do educador, o
estabelece dando sempre prioridade de participação daqueles mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua
que têm menor nível acadêmico, a fim de propiciar um tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também
ambiente em que as oportunidades de participação se ensinar a pensar certo. Daí a impossibilidade de vir a tornar-
equilibrem. se um professor crítico se, mecanicamente memorizador, é
Na sociedade, a solidariedade é um conceito que muito mais uma repetidor cadenciado de frases e de ideias
dificilmente se estabelece pela falta de compreensão de inertes do que desafiador...
mundo que ainda temos nos seres humanos, há um outro fator,
atrelado às relações sociais, que não abre espaço para a Ensinar exige pesquisa
solidariedade ocorrer efetivamente, que são as relações de Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino, esses
poder. Estas dominam os seres humanos e, devido à correria fazeres se encontram um no corpo do outro, enquanto ensino
da vida cotidiana, muitas vezes não permitem que as pessoas continuou buscando. Ensino porque busco, porque indaguei,
parem para refletir sobre seus atos, ou seja, para ser solidárias porque indago e me indago. Pesquiso para constatar,
com o próximo. constatando, intervenho intervindo educo e me educo.
Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar
G) Igualdade de diferenças: ou anunciar a novidade.
A igualdade de diferença é um conceito que busca valorizar Pensar certo, em termos críticos, é uma exigência que os
a cultura, raça, etnia, decisão política, a diferença de cada momentos do ciclo gnosiológico vão pondo à curiosidade que,
pessoa de forma respeitosa, a diferença aqui não é problema, tornando-se mais e mais metodicamente rigorosa, transita de
como costumamos ver na sociedade, pois se espera que as ingenuidade para que venho chamando “curiosidade
pessoas aprendam a conviver socialmente com diferentes epistemológica”.
pessoas, conhecendo diferentes modos de vida. A curiosidade ingênua, de que resulta indiscutivelmente
Dessa forma, a aprendizagem dialógica se orienta para a em certo saber, não imposta que metodicamente é a que
igualdade das diferenças, quando afirma que a verdadeira caracteriza o senso comum. O Saber de pura experiência feito.
igualdade inclui o direito a todas pessoas de viver e ser de Pensar certo, do ponto de vista do professor, tanto implica o
forma diferente, assim devemos superar alguns muros respeito ao senso comum no processo de sua necessária

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superação quanto o respeito e o estímulo à capacidade convenço mais de que, desperta com relação à possibilidade de
criadora do educando. Implica o compromisso da educadora enveredar-se no descaminho do puritanismo, a prática
com a consciência crítica do educando, cuja “promoção” da educativa tem de ser, em si, um testemunho rigoroso de
ingenuidade não se faz automaticamente. decadência e de pureza.
Uma crítica permanente aos desvios fáceis com que somos
Ensinar exige respeito aos saberes dos educadores tentados às vezes ou quase sempre, a deixar as dificuldades
O pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à que os caminhos verdadeiros podem nos colocar.
escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os Mulheres e homens, seres histórico-sociais, nos tornamos
educandos, sobretudo os das classes populares, chegam a ela - capazes de comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de
saberes socialmente construídos na prática comunitária -, mas decidir, de romper, por tudo isso, nós fizemos seres éticos.
também, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses Éticos, somos porque estamos sendo a condição, entre nós,
saberes em relação com o ensino dos conteúdos. para ser.
Por que não aproveitar a experiência que têm os alunos de Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da
viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para ética, quanto mais fora dela. Estar longe ou, pior, fora da ética,
discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e entre nós mulheres e homens, é uma transgressão. É por isso
os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os que transformar a experiência educativa em puro treinamento
riscos que oferecem à saúde das gentes. Por que não há lixões técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano
no coração dos bairros ricos e mesmo puramente remediados no exercício educativo; o seu caráter formador. Se se respeita
dos centros urbanos? Essa pergunta é considerada em sim a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode
demagógica e reveladora da má vontade de quem faz. É a dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é
pergunta de subversivo, dizem certos defensores da substantivamente formar.
democracia. Divinizar ou diabolizar a tecnologia ou a ciência é uma
Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a forma altamente negativa e perigosa de pensar errado, de
que se deve associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a testemunhar aos alunos, às vezes com ares de quem possui a
realidade agressiva em que a violência é a constante e a verdade, um rotundo desacerto. Pensar certo, pelo contrário,
convivência das pessoas é muito maior com a morte do que demanda profundidade e não superficialidade na
com a vida? Por que não estabelecer uma “intimidade” entre compreensão e na interpretação dos fatos. Supõe a
os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a disponibilidade à revisão dos achados, reconhece não apenas
experiência social que eles têm como indivíduos? Por que não a possibilidade de mudar de opção, de apreciação, mas o
discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal direito de fazê-lo. Mas como não há pensar certo à margem de
descanso dos dominantes pelas áreas pobres da cidade? A princípios éticos, se mudar é uma possibilidade e um direito,
ética de classe embutida neste descanso? cabe a quem muda - exige o pensar certo - que assuma a
Porque, dirá um educador reacionariamente pragmático, a mudança operada. Do ponto de vista do pensar certo não é
escola não tem nada que ver com isso. A escola não é partido. possível mudar e fazer de conta que não mudou. É que todo
Ela tem que ensinar os conteúdos, transferi-los aos alunos. pensar certo é radicalmente coerente.
Aprendidos, estes operam por si mesmos.
Ensinar exige a corporificação das palavras pelo
Ensinar exige criticidade exemplo
A curiosidade ingênua que, “desarmada”, está associada ao O professor que realmente ensina, quer dizer, que trabalha
saber do senso comum, é a mesma curiosidade que, criticando- os conteúdos no quadro da rigorosidade do pensar certo, nega,
se, aproximando-se de forma cada vez mais metodicamente como falsa, a fórmula farisaica do “faça o que mando e não o
rigorosa do objeto cognoscível, se torna curiosidade que eu faço”. Quem pensa certo está cansando de saber que as
epistemológica. Muda de qualidade, mas não de essência. palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou
A curiosidade como inquietação indagadora, como quase nada valem. Pensar certo é fazer certo.
inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta O clima de quem pensa certo é o de quem busca seriamente
verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como a segurança na argumentação, é o de quem busca seriamente
sinal de atenção que sugere alerta, faz parte integrante do a segurança na argumentação, é o de quem, discordando do
fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade seu oponente, não tem por que contra ele ou contra ela nutrir
que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante uma raiva desmedida, bem maior.
do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que
fazemos. Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a
Como manifestação presente à experiência vital, a qualquer forma de descriminação
curiosidade humana vem sendo histórica e socialmente É próprio do pensar certo a disponibilidade ao risco, a
construída e reconstruída. Precisamente porque a promoção aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só
da ingenuidade para a criticidade não se dá automaticamente, porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho não é
uma das tarefas precípuas da pratica educativo-progressiva é apenas o cronológo. O velho que preserva sua validade ou que
exatamente o desenvolvimento da curiosidade com que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo
podemos nos defender de “irracionalismos” decorrentes do ou continua novo. Faz parte igualmente do pensar certo a rejeição
produzimos por certo excesso de “racionalidade” de nosso mais decida a qualquer forma de descriminação. A prática
tempo altamente tecnologizado. E não vai nesta consideração preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofende a
nenhuma arrancada falsamente humanista de negação da substantividade do ser humano e nega radicalmente a
tecnologia e da ciência. Pelo contrário, é consideração de democracia.
quem, de um lado, não diviniza a tecnologia, mas, de outro, não Pensar e fazer errado, pelo visto, não têm mesmo nada ver
a diaboliza. De quem a olha ou mesmo a espreita de forma com a humildade que o pensar certo exige. Não têm nada que
criticamente curiosa. ver com o bom-senso que regula nossos exageros e evita as
nossas caminhadas até o ridículo e a insensatez.
Ensinar exige estética e ética Dessa forma, mesmo que ainda não totalmente convertido
A necessária promoção da ingenuidade à criticidade não ao “pragmatismo” neoliberal, mas por ele já tocado, diga que,
pode ou não deve ser feita à distância de uma rigorosa sonhador, continuo a falar de uma educação de anjos e não de
formação ética ao lado sempre da estética. Cada vez me mulheres e de homens. O que tenho dito até agora, porém, diz

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respeito radicalmente à natureza de mulheres e de homens. Ensinar exige consciência do inacabamento


Natureza entendida como social e historicamente Um professor crítico, sou um “aventureiro” responsável
constituindo-se, e não como um a priori da história. predisposto à mudança, à aceitação do diferente, deve
necessariamente repetir-se. Aqui chegamos ao ponto de que
Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática talvez devêssemos ter partido. O do inacabamento do ser
O pensar certo sabe, por exemplo, que não é a partir dele humano. Na verdade, o inacabamento do ser ou sua
como um dado que se conforma a prática docente crítica, mas inconclusão é próprio da experiência vital. Onde há vida, há
sabe também que sem ele não se funda aquela. inacabamento.
A prática docente crítica, implicante do pensar certo, Mas só entre mulheres e homens o inacabamento se tornou
envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o consciente. A invenção da existência a partir dos materiais que
pensar sobre o fazer. O Saber que a prática docente espontânea a vida oferecia levou homens e mulheres a promover o suporte
ou quase espontânea, “desarmada”, indiscutivelmente produz em que os outros animais continuam, em mundo. Seu mundo,
é um saber ingênuo, um saber de experiência feito, a que falta mundo dos homens e das mulheres. A experiência humana no
rigorosidade metódica que caracteriza a curiosidade mundo muda de qualidade com relação à vida animal. O
epistemológica do sujeito. suporte é o espaço, restrito ou alongado, que o animal se
Este não é o saber que a rigorosidade do pensar certo prende "afetivamente" tanto quanto para, resistir; e o espaço
procura. Por isso, é fundamental que, na prática da formação necessário a seu crescimento e que delimita seu domínio. É o
docente, o aprendiz de educador assuma que o indispensável espaço em que, treinado, adestrado, "aprende" a sobreviver, a
pensar certo não é presente dos deuses nem se acha nos guias caçar, a atacar, a defender- se nutri tempo de dependência dos
de professores que iluminados intelectuais escrevem desde o adultos imensamente menor do que é necessário ao ser
centro do poder, mas, pelo contrário, o pensar que supera o humano para as mesmas coisas.
ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em Quanto mais cultural é o ser maior a sua infância, sua
comunhão com o professor formador. dependência de cuidados especiais. Faltam ao "movimento"
É preciso, por outro lado, reinsistir em que a matriz do dos outros animais no suporte à linguagem conceitual, a
pensar ingênuo, como a do crítico, é a curiosidade mesma, inteligibilidade do próprio suporte de que resultaria
característica do fenômeno vital. Neste sentido, inevitavelmente a comunicabilidade do inteligido, o espanto
indubitavelmente, é tão curioso o professor chamado leigo no diante da vida mesma, do que há nela de mistério.
interior de Pernambuco quanto o professor de filosofia da No suporte, os comportamentos dos indivíduos têm sua
educação na universidade A ou B. O de que precisa é explicação muito mais na espécie a que pertencem os
possibilitar, que, voltando-se sobre si mesma, através da indivíduos do que neles mesmos. Falta- lhes liberdade de
reflexão sobre a prática, a curiosidade ingênua, percebendo-se opção. Por isso, não se fala em ética entre os elefantes.
como tal, se vá tornando crítica... A vida no suporte não implica a linguagem nem a postura
ereta que permitiu a liberação das mãos. Mãos que, em grande
Ensinar exige o reconhecimento e a assunção de medida, nos fizeram. Quanto maior se foi tornando a
identidade cultural solidariedade entre mente e mãos, tanto mais o suporte foi
O verbo assumir é um verbo transitivo e que pode ter como virando mundo e a vida, existência. O suporte veio fazendo- se
objeto o próprio sujeito que assim se assume. Outro sentido mundo e a vida, existêmia, na proporção que o corpo humano
mais radical tem assunção ou assumir quando digo: uma das vira corpo consciente, captador, apreendedor, transformador,
tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é criador de beleza e não "espaço" vazio a ser enchido por
proporcionar as condições em que os educandos em suas conteúdos.
relações uns com os outros e todos com o professor ou a
professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado
Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o
comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, ser determinado. A diferença entre o inacabado que não se
capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sabe como tal e o inacabado que histórica e socialmente
sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto. A alcançou a possibilidade de saber- se inacabado. Gosto de ser
assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros, É gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de
a “outredade” do “não eu”, ou do tu, que me faz assumir a minha presença no mundo, que não se faz no isolamento,
radicalidade de meu eu. isenta o a influência das forças sociais, que não se compreende
A questão da identidade cultural, de que fazem parte a fora da tensão entre o que herdo geneticamente e o que herdo
dimensão individual e a de classe dos educandos cujo respeito social, cultural e historicamente, tem muito a ver comigo
é absolutamente fundamental na prática educativa mesmo.
progressista, é problema que não pode ser desprezado. Tem Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as
que ver diretamente com assunção de nós por nós mesmos. É condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais
isto que o puro treinamento do professor não faz, perdendo-se e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre
e perdendo-o na estreita e programática visão do processo. barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa
tarefa histórica de mudar o mundo, sabe-se também que os
Ensinar não é transferir conhecimento obstáculos não se eternizam.
As considerações ou reflexões até agora feitas vêm sendo
desdobramentos de um primeiro saber inicialmente apontado Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando
como necessário à formação docente, numa perspectiva Outro saber necessário à prática educativa, e que se funda
progressista. Saber que ensinar não é transferir conhecimento, na mesma raiz - a da inconclusão do ser que se sabe inconcluso
mas criar as possibilidades para a sua própria educação -, é o que fala do respeito devido à autonomia do ser do
produção ou a sua construção. educando, do educando criança, jovem ou adulto.
É preciso insistir: este saber necessário ao professor - de Como educador, devo estar constantemente advertido com
que ensinar não é transferir conhecimento - não apenas relação a este respeito que implica igualmente o que devo ter
precisa ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas por mim mesmo. Não faz mal repetir afirmação várias vezes
razões de ser - odontológica, política, ética, epistemológica, feita neste texto - o inacabamento de que nos tornamos
pedagógica, mas também precisa ser constantemente conscientes nos fez seres éticos.
testemunhado, vivido.

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O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um tomada de posição, a que não pode faltar a ética, em face do
imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder que devo fazer.
uns aos outros. Precisamente porque éticos podemos
desrespeitar a rigorosidade da ética e resvalar para a sua Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa
negação, por isso é imprescindível deixar claro que a dos direitos dos educadores
possibilidade do desvio ético não pode receber outra Se há algo que os educandos brasileiros precisam saber,
designação senão a de transgressão. desde a mais tenra idade, é que a luta em favor do respeito aos
O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o educadores e à educação inclui que a briga por salários menos
seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais imorais é um dever irrecusável e não só um direito deles.
precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua
ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que "ele se ponha dignidade deve ser entendida como um momento importante
em seu lugar" ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, de sua prática docente. Não é algo que vem de fora da atividade
tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu docente, mas algo que dela faz parte. O combate em favor da
dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dignidade da prática docente é tão parte dela mesma quanto
dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à dela faz parte o respeito que o professor deve ter à identidade
experiência formadora do educando, transgride os princípios do educando, à sua pessoa, a seu direito de ser.
fundamentalmente éticos de nossa existência. Um dos piores males que o poder público vem fazendo a
É neste sentido que o professor autoritário, que por isso nós, no Brasil, historicamente, desde que a sociedade
mesmo afoga a liberdade do educando, amesquinhando o seu brasileira foi criada, é o de fazer muitos de nós correr o risco
direito de estar sendo curioso e inquieto, tanto quanto o de, a custo de tanto descaso pela educação pública,
professor licencioso rompe com a radicalidade do ser humano existencialmente cansados, cair no indiferentismo
- a de sua inconclusão assumida em que se enraíza a eticidade. fatalistamente cínico que leva ao cruzamento dos braços. "Não
É neste sentido também que a dialogicidade verdadeira, há o que fazer" é o discurso acomodado que não podemos
em que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na aceitar.
diferença, sobretudo, no respeito a ela, é a forma de estar O meu respeito de professor à pessoa do educando, à sua
sendo coerentemente exigida por seres que, inacabados, curiosidade, à sua timidez, que não devo agravar com
assumindo- se como tais, se tornam radicalmente éticos. É procedimentos inibidores exige de mim o cultivo da
preciso deixar claro que a transgressão da eticidade jamais humildade e da tolerância. Como posso respeitar a curiosidade
pode ser vista ou entendida como virtude, mas como ruptura do educando se, carente de humildade e da real compreensão
com a decência. do papel da ignorância na busca do saber, temo revelar o meu
desconhecimento? Como ser educador, sobretudo numa
Ensinar exige bom-senso perspectiva progressista, sem aprender, com maior ou menor
A vigilância do meu bom senso tem uma importância esforço, a conviver com os diferentes? Como ser educador, se
enorme na avaliação que, a todo instante, devo fazer de minha não desenvolvo em mim a indispensável amorosidade aos
prática. Antes, por exemplo, de qualquer reflexão mais detida educandos com quem me comprometo e ao próprio processo
e rigorosa é o meu bom senso que me diz ser tão negativo, do formador de que sou parte? Não posso desgostar do que faço
ponto de vista de minha tarefa docente, o formalismo sob pena de não fazê-lo bem. Desrespeitado como gente no
insensível que me faz recusar o trabalho de um aluno por desprezo a que é relegada a prática pedagógica não tenho por
perda de prazo, apesar das explicações convincentes do aluno, que desamá-la e aos educandos. Não tenho por que exercê-la
quanto o desrespeito pleno pelos princípios reguladores da mal. A minha resposta à ofensa à educação é a luta política
entrega dos trabalhos. consciente, crítica e organizada contra os ofensores. Aceito até
É o bom senso que adverte de que exercer a autoridade de abandoná-la, cansado, à procura de melhores dias. O que não é
professor na classe, tomando decisões, orientando atividades, possível é, ficando nela, aviltá-la com o desdém de mim mesmo
estabelecendo tarefas, cobrando a produção individual e e dos educandos...
coletiva do grupo não é sinal de autoritarismo de minha parte.
É a autoridade cumprindo o seu dever. Não resolvemos bem, Ensinar exige apreensão da realidade
ainda, entre nós, a tensão que a contradição autoridade- Outro saber fundamental à experiência educativa é o que
liberdade nos coloca e confundimos quase sempre autoridade diz respeito à sua natureza, como professor é preciso me
com autoritarismo, licença com liberdade. mover com clareza na minha prática, preciso conhecer as
Saber que respeitar à autonomia, à dignidade e à diferentes dimensões que caracterizam a essência da prática,
identidade do educando e, na prática, procurar a coerência o que me pode tornar mais seguro no meu próprio
com este saber, nos inapelavelmente à criação de algumas desempenho.
virtudes ou qualidades sem as quais aquele saber vira O melhor ponto de partida para estas reflexões é a
inautêntico, palavreado vazio e inoperante. inconclusão do ser humano de que se tornou consciente. Como
De nada serve, a não ser para irritar o educando e vimos, aí radica a nossa educabilidade bem como a nossa
desmoralizar o discurso hipócrita do educador, falar em inserção num permanente movimento de busca em que,
democracia e liberdade, mas impor ao educando a vontade curiosos e indagadores, não apenas nos damos conta das
arrogante do mestre. coisas, mas também delas podemos ter um conhecimento
O exercício do bom senso, com o qual só temos o que cabal.
ganhar se faz no "corpo" da curiosidade. Neste sentido, quanto A capacidade de aprender, não apenas para nos adaptar
mais pomos em prática de forma metódica a nossa capacidade mas sobretudo para transformar a realidade, para nela
de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais intervir, recriando- a, fala de nossa educabilidade a um nível
eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais crítico se distinto do nível do adestramento dos outros animais ou do
pode fazer o nosso bom senso. O exercício ou a educação do cultivo das plantas.
bom senso vai superando o que há nele de instintivo na A nossa capacidade de aprender, de que decorre a de
avaliação que fazemos dos fatos e dos acontecimentos em que ensinar, sugere ou, mais do que isso, implica a nossa habilidade
nos envolvemos. Se o bom senso, na avaliação moral que faço de apreender a substantividade do objeto aprendido.
de algo, não basta para orientar ou fundar minhas táticas de A memorização mecânica do perfil do objeto não é
luta, tem, indiscutivelmente, importante papel na minha aprendizado verdadeiro do objeto ou do conteúdo. Neste caso,
o aprendiz funciona muito mais como paciente da

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transferência do objeto ou do conteúdo do que como sujeito De estudar descomprometidamente como se


crítico, epistemologicamente curioso, que constrói o misteriosamente de repente nada tivéssemos que ver com o
conhecimento do objeto ou participa de sua construção. mundo, um lá fora e distante mundo, alheado de nós e nós dele.
É precisamente por causa desta habilidade de apreender a
substantividade do objeto que nos é possível reconstruir um Ensinar exige curiosidade
mal aprendizado, o em que o aprendiz foi puro paciente da Se há uma prática exemplar como negação da experiência
transferência do conhecimento feita pelo educador. formadora é a que dificulta ou inibe a curiosidade do educando
e, em consequência, a do educador. É que o educador que,
Ensinar exige alegria e esperança entregue a procedimentos autoritários ou paternalistas que
Há uma relação entre a alegria necessária à atividade impedem ou dificultam o exercício da curiosidade do
educativa e a esperança, a esperança de que professor e alunos educando, termina por igualmente tolher sua própria
juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e curiosidade.
juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria. Nenhuma curiosidade se sustenta eticamente no exercício
Na verdade, do ponto de vista da natureza humana, a da negação da outra curiosidade, assim a curiosidade dos pais
esperança não é algo que a ela se justaponha, ela faz parte da que só se experimenta no sentido de saber como e onde anda
natureza humana. Seria uma contradição se, inacabado e a curiosidade dos filhos se burocratiza e fenece. A curiosidade
consciente do inacabamento, primeiro, o ser humano não se que silencia a outra se nega a si mesma também. O bom clima
inscrevesse ou não se achasse predisposto a participar de um pedagógico- democrático é o em que o educando vai
movimento constante de busca e, segundo, se buscasse sem aprendendo à custa de sua prática mesma que sua curiosidade
esperança. como sua liberdade deve estar sujeita a limites, mas em
A desesperança é negação da esperança. A esperança é permanente exercício. Limites eticamente assumidos por ele.
uma espécie de ímpeto natural possível e necessário, a Minha curiosidade não tem o direito de invadir a privacidade
desesperança é o aborto deste ímpeto. A esperança é um do outro e expô-la aos demais.
condimento indispensável à experiência histórica. Sem ela, Como professor devo saber que sem a curiosidade que me
não haveria História, mas puro determinismo. Só há História move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo
onde há tempo problematizado e não pré-dado. nem ensino. Exercer a minha curiosidade de forma correta é
A desproblematização do futuro numa compreensão um direito que tenho como gente e a que corresponde o dever
mecanicista da História, de direita ou de esquerda, leva de lutar por ele, o direito à curiosidade. Com a curiosidade
necessariamente à morte ou à negação autoritária do sonho, domesticada posso alcançar a memorização mecânica do perfil
da utopia, da esperança. É que, na inteligência mecanicista deste ou daquele objeto, mas não o aprendizado real ou o
portanto determinista da História, o futuro é já sabido. A luta conhecimento cabal do objeto. A construção ou a produção do
por um futuro assim "a priori" conhecido prescinde da conhecimento do objeto implica o exercício da curiosidade,
esperança. A desproblematização do futuro, não importa em sua capacidade crítica de "tomar distância" do objeto, de
nome de quê, é uma violenta ruptura com a natureza humana observá-lo, de delimitá-lo, de cindi-lo, de "cercar" o objeto ou
social e historicamente constituindo- se. fazer sua aproximação metódica, sua capacidade de comparar,
de perguntar.
Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível Estimular a pergunta, a reflexão crítica sobre a própria
Um dos saberes primeiros, indispensáveis a quem, pergunta, o que se pretende com esta ou com aquela pergunta
chegando a favelas ou a realidades marcadas pela traição a em lugar da passividade em face das explicações discursivas
nosso direito de ser, pretende que sua presença se vá tornando do professor, espécies de resposta a perguntas que não foram
convivência, que seu estar no contexto vá virando estar como feitas. Isto não significa realmente que devamos reduzir a
ele, é o saber do futuro como problema e não como atividade docente em nome da defesa da curiosidade
inexorabilidade. É o saber da História como possibilidade e necessária, a puro vai- e- vem de perguntas e respostas, que
não como determinação. O mundo não é. O mundo está sendo. burocraticamente se esterilizam.
Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na A dialogicidade não nega a validade de momentos
objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel explicativos, narrativos em que o professor expõe ou fala do
no mundo não é só o de quem constata o que ocorre mas objeto. O fundamental é que professor e alunos saibam que a
também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta,
sou apenas objeto da História mas seu sujeito igualmente. curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou
No mundo da História, da cultura, da política, constato não enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se
para me adaptar, mas para mudar. No próprio mundo físico assumam epistemologicamente curiosos.
minha constatação não me leva à impotência. O conhecimento
sobre os terremotos desenvolveu toda uma engenharia que Ensinar é uma especificidade humana
nos ajuda a sobreviver a eles. Não podemos eliminá-los, mas Uma das qualidades essenciais que a autoridade docente
podemos diminuir os danos que nos causam. democrática deve revelar em suas relações com as liberdades
Constatando, nos tornamos capazes de intervir na dos alunos é a segurança em si mesma, é a segurança que se
realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e expressa na firmeza com que atua, com que decide, com que
geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos respeita as liberdades, com que discute suas próprias posições,
adaptar a ela. É por isso também que não me parece possível com que aceita rever- se.
nem aceitável a posição ingênua ou, pior, astutamente neutra Segura de si, a autoridade não necessita de, a cada instante,
de quem estuda, seja o físico, o biólogo, o sociólogo, o fazer o discurso sobre sua existência, sobre si mesmo. Não
matemático, ou o pensador da educação. Ninguém pode estar precisa perguntar a ninguém, certa de sua legitimidade, se
no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. Não "sabe com quem está falando?" Segura de si, ela é porque tem
posso estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. autoridade, porque a exerce com indiscutível sabedoria.
A acomodação em mim é apenas caminho para a inserção,
que implica decisão, escolha, intervenção na realidade. Há Ensinar exige segurança, competência profissional e
perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que generosidade
nos fazem ver a impossibilidade de estudar por estudar. A segurança com que a autoridade docente se move
implica uma outra, a que se funda na sua competência
profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce ausente

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desta competência. O professor que não leve a sério sua Neste sentido, quanto mais solidariedade exista entre o
formação, que não estude, que não se esforce para estar à educador e educandos no "trato" deste espaço, tanto mais
altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as possibilidades de aprendizagem democrática se abrem na
atividades de sua classe. Isto não significa, porém, que a opção escola...
e a prática democrática do professor ou da professora sejam
determinadas por sua competência científica. Ensinar exige compreender que a educação é uma
Ou seja, a incompetência profissional desqualifica a forma de intervenção no mundo
autoridade do professor. Outro saber de que não posso duvidar um momento sequer
Outra qualidade indispensável à autoridade em suas na minha prática educativo-crítica é o de que, como
relações com as liberdades é a generosidade. Não há nada que experiência especificamente humana, a educação é uma forma
mais inferiorize a tarefa formadora da autoridade do que a de intervenção no mundo.
mesquinhez com que se comporte. A arrogância farisaica, Intervenção que além do conhecimento dos conteúdos
malvada, com que julga os outros e a indulgência macia com bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço
que se julga ou com que julga os seus. A arrogância que nega a de reprodução da ideologia dominante quanto o seu
generosidade, nega também a humildade. Que não é virtude desmascaramento. Dialética e contraditória, não poderia ser a
dos que ofendem nem tampouco dos que se regozijam com sua educação só uma ou só a outra dessas coisas. Nem apenas
humilhação. reprodutora nem apenas desmascaradora da ideologia
O clima de respeito que nasce de relações justas, sérias, dominante.
humildes, generosas, em que a autoridade docente e as Neutra, "indiferente" a qualquer destas hipóteses, a da
liberdades dos alunos se assumem eticamente, autentica o reprodução da ideologia dominante ou a de sua contestação, a
caráter formador do espaço pedagógico. A reação negativa ao educação jamais foi, é, ou pode ser. É um erro decretá-la como
exercício do comando é tão incompatível com o desempenho tarefa apenas reprodutora da ideologia dominante como erro
da autoridade quanto a sofreguidão pelo mando. O é tomá-la como uma força de desocultação da realidade, a
mandonismo é exatamente esse gozo irrefreável e desmedido atuar livremente, sem obstáculos e duras dificuldades. Erros
pelo mando. que implicam diretamente visões defeituosas da História e da
A autoridade docente mandonista, rígida, não conta com consciência.
nenhuma criatividade do educando. Não faz parte de sua De um lado, a compreensão mecanicista da História, que
forma de ser, esperar, sequer, que o educando revele o gosto reduz a consciência a puro reflexo da materialidade, e de outro,
de aventurar- se. o subjetivismo idealista, que hipertrofia o papel da consciência
A autoridade coerentemente democrática, fundando- se na no acontecer histórico. Nem somos mulheres e homens, seres
certeza da importância, quer de si mesma, quer da liberdade simplesmente determinados nem tampouco livres de
dos educandos para a construção de um clima de real condicionamentos genéticos, culturais, sociais, históricos, de
disciplina, jamais minimiza a liberdade. classe, de gênero, que nos marcam e a que nos achamos
Pelo contrário, aposta nela. Empenha- se em desafiá-la referidos.
sempre e sempre; jamais vê, na rebeldia da liberdade, um sinal
de deterioração da ordem. A autoridade coerentemente Ensinar exige liberdade e autoridade
democrática a está convicta de que a disciplina verdadeira não Inclinados a superar a tradição autoritária, tão presente
existe na estagnação, no silêncio dos silenciados, mas no entre nós resvalamos para formas licenciosas de
alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga, na esperança comportamento e descobrimos autoritarismo onde só houve o
que desperta... exercício legítimo da autoridade.
Recentemente, jovem professor universitário, de opção
Ensinar exige comprometimento democrática, comentava comigo o que lhe parecia ter sido um
Não é possível exercer a atividade do magistério como se desvio seu no uso de sua autoridade. Disse, constrangido, ter
nada ocorresse conosco. Como impossível seria sairmos na se oposto a que aluno de outra classe continuasse na porta
chuva expostos totalmente a ela, sem defesas, e não nos entreaberta de sua sala, a manter uma conversa gesticulada
molhar. Não posso ser professor sem me pôr diante dos com uma das alunas. Ele tivera inclusive que parar sua fala em
alunos, sem revelar com facilidade ou relutância minha face do descompasso que a situação provocava. Para ele, sua
maneira de ser, de pensar politicamente. Não posso escapar à decisão, com que devolvera ao espaço pedagógico o necessário
apreciação dos alunos. E a maneira como eles me percebem clima para continuar sua atividade específica e com a qual
tem importância capital para o meu desempenho. Daí, então, restaurara o direito dos estudantes e o seu de prosseguir a
que uma de minhas preocupações centrais deva ser a de prática docente, fora autoritária. Na verdade, não. Licencioso
procurar a aproximação cada vez maior entre o que digo e o teria sido se tivesse permitido que a indisciplina de uma
que faço, entre o que pareço ser e o que realmente estou sendo. liberdade mal centrada desequilibrasse o contexto
Saber que não posso passar despercebido pelos alunos, e pedagógico, prejudicando assim o seu funcionamento.
que a maneira como me percebam me ajuda ou desajuda no Num dos inúmeros debates de que venho participando, e
cumprimento de minha tarefa de professor, aumenta em mim em que discutia precisamente a questão dos limites sem os
os cuidados com o meu desempenho. Se a minha opção é quais a liberdade se perverte em licença e a autoridade em
democrática, progressista, não posso ter uma prática autoritarismo ouvi de um dos participantes que, ao falar dos
reacionária, autoritária, elitista. Não posso discriminar o aluno limites à liberdade eu estava repetindo a cantilena que
em nome de nenhum motivo. A percepção que o aluno tem de caracterizava o discurso de professor seu, reconhecidamente
mim não resulta exclusivamente de como atuo mas também de reacionário, durante o regime militar. Para o meu interlocutor,
como o aluno entende como atuo. a liberdade estava acima de qualquer limite. Para mim, não,
Evidentemente, não posso levar meus dias como professor exatamente porque aposto nela, porque sei que sem ela a
a perguntar aos alunos o que acham de mim ou como me existência só tem valor e sentido na luta em favor dela. A
avaliam. Mas devo estar atento à leitura que fazem de minha liberdade sem limite é tão negada quanto à liberdade asfixiada
atividade com eles. Precisamos aprender a compreender a ou castrada.
significação de um silêncio, ou de um sorriso ou de uma O grande problema que se coloca ao educador ou à
retirada da sala. O tom menos cortês com que foi feita uma educadora de opção democrática é como trabalhar no sentido
pergunta. Afinal, o espaço pedagógico é um texto para ser de fazer possível que a necessidade do limite seja assumida
constantemente "lido", interpretado, "escrito" e "reescrito". eticamente pela liberdade. Quanto mais criticamente a

Conhecimentos Educacionais 122


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liberdade assuma o limite necessário tanto mais autoridade transformar o seu discurso, às vezes necessário, ao aluno, em
tem ela, eticamente falando, para continuar lutando em seu uma fala com ele.
nome. Há um sinal dos tempos, entre outros, que me assusta: a
insistência com que, em nome da democracia, da liberdade e
Ensinar exige tomada consciente de decisões da eficácia, se vem asfixiando a própria liberdade e, por
É preciso deixar claro que o conceito de intervenção não extensão, a criatividade e o gosto da aventura do espírito. A
está sendo usado com nenhuma restrição semântica, quando liberdade de nos mover, de nos arriscar vem sendo submetida
falo em educação como intervenção me refiro tanto à que a uma certa padronização de fórmulas, de maneiras de ser, em
aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo da relação às quais somos avaliados. É claro que já não se trata de
economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao asfixia truculentamente realizada pelo rei despótico sobre
trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto à que, pelo seus súditos, pelo senhor feudal sobre seus vassalos, pelo
contrário, reacionariamente pretende imobilizar a História e colonizador sobre os colonizados, pelo dono da fábrica sobre
manter a ordem injusta. seus operários, pelo Estado autoritário sobre os cidadãos, mas
É na diretividade da educação, esta vocação que ela tem, pelo poder invisível da domesticação alienante que alcança a
como ação especificamente humana, de "endereçar- se" até eficiência extraordinária no que venho chamando
sonhos, ideais, utopias e objetivos, que se acha o que venho "burocratização da mente".
chamando politicidade da educação. A qualidade de ser Um estado refinado de estranheza, de "auto demissão" da
política, inerente à sua natureza. É impossível, na verdade, a mente, do corpo consciente, de conformismo do indivíduo, de
neutralidade da educação. E é impossível, não porque acomodação diante de situações consideradas fatalistamente
professoras e professores "baderneiros" e "subversivos" o como imutáveis. E a posição de quem encara os fatos como algo
determinem. A educação não vira política por causa da decisão consumado, como algo que se deu porque tinha que se dar da
deste ou daquele educador. Ela é política. forma como se deu, é a posição, por isso mesmo, de quem
Quem pensa assim, quem afirma que é por obra deste ou entende e vive a História como determinismo e não como
daquele educador, mais ativista que outra coisa, que a possibilidade. É a posição de quem se assume como fragilidade
educação vira política, não pode esconder a forma depreciativa total diante do todo poderosismo dos fatos que não apenas se
como entende a política. Pois é na medida mesmo em que a deram porque tinham que se dar, mas que não podem ser
educação é deturpada e diminuída pela ação de "baderneiros" "reorientados" ou alterados.
que ela, deixando de ser verdadeira educação, possa a ser Não há, nesta maneira mecanicista de compreender a
política, algo sem valor. História, lugar para a decisão humana. Na medida mesma em
A raiz mais profunda da politicidade da educação se acha que a desproblematização do tempo, de que resulta que o
na educabilidade mesma do ser humano, que se funda na sua amanhã ora é a perpetuação do hoje, ora é algo que será
natureza inacabada e da qual se tornou consciente. Inacabado porque está dito que será não há lugar para a escolha, mas para
e consciente de seu inacabamento, histórico, necessariamente a acomodação bem comportada ao que está aí ou ao que virá.
o ser humano se faria um ser ético, um ser de opção, de Nada é possível de ser feito contra a globalização que,
decisão. Um ser ligado a interesses e em relação aos quais realizada porque tinha de ser realizada, tem de continuar seu
tanto pode manter- se fiel à eticidade quanto pode transgredi- destino, porque assim está misteriosamente escrito que deve
la. É exatamente porque nos tornamos éticos que se criou para ser.
nós a probabilidade, como afirmei antes, de violar a ética.
Para que a educação fosse neutra era preciso que não Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica
houvesse discordância nenhuma entre as pessoas com relação Saber igualmente fundamental à prática educativa do
aos modos de vida individual e social, com relação ao estilo professor é o que diz respeito à força, às vezes maior do que
político a ser posto em prática, aos valores a serem pensamos da ideologia. E o que nos adverte de suas manhas,
encarnados. das armadilhas em que nos faz cair. É que a ideologia tem que
Para que a educação não fosse uma forma política de ver diretamente com a ocultação da verdade dos fatos, com o
intervenção no mundo era indispensável que o mundo em que uso da linguagem para penumbrar ou opacizar a realidade ao
ela se desse não fosse humano. Há uma incompatibilidade total mesmo tempo em que nos torna "míopes".
entre o mundo humano da fala, da percepção, da A própria "miopia" que nos acomete dificulta a percepção
inteligibilidade, da comunicabilidade, da ação, da observação, mais clara, mais nítida da sombra. Mais séria ainda é a
da comparação, da verificação, da busca, da escolha, da possibilidade que temos de docilmente aceitar que o que
decisão, da ruptura, da ética e da possibilidade de sua vemos e ouvimos é o que na verdade é, e não a verdade
transgressão e a neutralidade não importa de quê. distorcida. A capacidade de penumbrar a realidade, de nos
O que devo pretender não é a neutralidade da educação "miopizar", de nos ensurdecer que tem a ideologia faz, por
mas o respeito, a toda prova, aos educandos, aos educadores e exemplo, a muitos de nós, aceitar docilmente o discurso
às educadoras. O respeito aos educadores e educadoras por cinicamente fatalista neoliberal que proclama ser o
parte da administração pública ou privada das escolas; o desemprego no mundo uma desgraça do fim de século. Ou que
respeito aos educandos assumido e praticado pelos os sonhos morreram e que o válido hoje é o "pragmatismo"
educadores não importa de que escola, particular ou pública. É pedagógico, é o treino técnico- científico do educando e não
por isto que devo lutar sem cansaço. Lutar pelo direito que sua formação de que já não se fala. Formação que, incluindo a
tenho de ser respeitado e pelo dever que tenho de reagir a que preparação técnico científica, vai mais além dela.
me destratem. A capacidade de nos amaciar que tem a ideologia nos faz às
vezes mansamente aceitar que a globalização da economia é
Ensinar exige saber escutar uma invenção dela mesma ou de um destino que não poderia
Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala se evitar, uma quase entidade metafísica e não um momento
com ele, mesmo que, em certas condições, precise falar a ele. O do desenvolvimento econômico submetido, como toda
que jamais faz quem aprende a escutar para poder falar com é produção econômica capitalista, a uma certa orientação
falar impositivamente. Até quando, necessariamente, fala política ditada pelos interesses dos que detêm o poder.
contra posições ou concepções do outro, fala com ele como Pega-se o trem no meio do caminho e não se discutem as
sujeito da escuta de sua fala crítica e não como objeto de seu condições anteriores e atuais das diferentes economias.
discurso. O educador que escuta aprende a difícil lição de Nivelam-se os patamares de deveres entre as distintas
economias sem se considerarem as distâncias que separam os

Conhecimentos Educacionais 123


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"direitos" dos fortes e o seu poder de usufruí-los e a fraqueza Assim, esta abertura ao querer bem a maneira que tenho
dos débeis para exercer os seus direitos. Se a globalização de autenticamente selar o meu compromisso com os
implica a superação de fronteiras, a abertura sem restrições ao educandos, numa pratica específica do ser humano. Na
livre comércio acabe-se então quem não puder resistir. Não se verdade preciso descartar como falsa a separação radical entre
indaga, por exemplo, se em momentos anteriores da produção seriedade docente e efetividade. Não é certo, sobretudo do
capitalista nas sociedades que lideram a globalização hoje elas ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor
eram tão radicais na abertura que consideram agora uma quanto mais severo, mais frio, mais distante e "cinzento" me
condição indispensável ao livre comércio. ponha nas minhas relações com os alunos, no trato dos objetos
Exigem, no momento, dos outros, o que não fizeram cognoscíveis que devo ensinar.
consigo mesmas. Uma das eficácias de sua ideologia fatalista é A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O
convencer os prejudicados das economias submetidas de que que não posso obviamente permitir é que minha afetividade
a realidade é assim mesmo, de que não há nada a fazer, mas interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no
seguir a ordem natural dos faros. Pois é como algo natural ou exercício de minha autoridade. Não posso condicionar a
quase natural que a ideologia neoliberal se esforça por nos avaliação do trabalho escolar de um aluno ao maior ou menor
fazer entender a globalização e não como uma produção bem querer que tenha por ele.
histórica. A atividade docente de que a discente não se separa é uma
experiência alegre por natureza. E falso também tomar como
Ensinar exige disponibilidade para diálogo inconciliáveis seriedade docente e alegria, como se a alegria
O professor não deve poupar oportunidade para fosse inimiga da rigorosidade. Pelo contrário, quanto mais
testemunhar aos alunos a segurança de discutir um tema, ao metodicamente rigoroso me torno na minha busca e na minha
analisar um fato ou a expor uma opinião. Minha segurança não docência, tanto mais alegre me sinto e esperançoso também. A
repousa na falsa suposição de que sei tudo, de que sou o alegria não chega apenas no encontro do achado mas faz parte
"maior". Minha segurança se funda na convicção de que sei do processo da busca. E ensinar e aprender não podem dar-se
algo e de que ignoro algo a que se junta à certeza deque posso fora da procura, fora da boniteza e da alegria.
saber melhor o que já sei e conhecer o que ainda não sei. Minha O desrespeito à educação, aos educandos, aos educadores
segurança se alicerça no saber confirmado pela própria e às educadoras corrói ou deteriora em nós, de um lado, a
experiência de que, se minha inconclusão, de que sou sensibilidade ou a abertura ao bem querer da própria prática
consciente, atesta, de um lado, minha ignorância, me abre, de educativa de outro, a alegria necessária ao que- fazer docente.
outro, o caminho para conhecer. É digna de nota a capacidade que tem a experiência pedagógica
Sinto-me seguro porque não há razão para me para despertar, estimular e desenvolver em nós o gosto de
envergonhar por desconhecer algo. Testemunhar a abertura querer bem e o gosto da alegria sem a qual a prática educativa
aos outros, a disponibilidade curiosa à vida, a seus desafios, perde o sentido. É esta força misteriosa, às vezes chamada
são saberes necessários à prática educativa. vocação, que explica a quase devoção com que a grande
Viver a abertura respeitosa aos outros e, de quando em vez, maioria do magistério nele permanece, apesar da imoralidade
de acordo com o momento, tomar a própria prática de dos salários. E não apenas permanece, mas cumpre como pode,
abertura ao outro como objeto da reflexão crítica deveria fazer seu dever. Amorosamente, acrescento.
parte da aventura docente. A razão ética da abertura, seu Mas é preciso, que, permanecendo e amorosamente
fundamento político, sua referência pedagógica; a boniteza cumprindo o seu dever, não deixe de lutar politicamente, por
que há nela como viabilidade do diálogo. A experiência da seus direitos e pelo respeito à dignidade de sua tarefa, assim
abertura como experiência fundante do ser inacabado que como pelo zelo devido ao espaço pedagógico em que atua com
terminou por se saber inacabado. Seria impossível saber-se seus alunos.
inacabado e não se abrir ao mundo e aos outros à procura de É preciso, por outro lado, reinsistir em que não se pense
explicação, de respostas a múltiplas perguntas. O fechamento que a prática educativa vivida com afetividade e alegria,
ao mundo e aos outros se torna transgressão ao impulso prescinda da formação científica séria e da clareza política dos
natural da incompletude. O sujeito que se abre ao mundo e aos educadores ou educadoras. A prática educativa é tudo isso:
outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a
confirma como inquietação e curiosidade, como inconclusão serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do
em permanente movimento na História. hoje. É exatamente esta permanência do hoje neoliberal que a
A formação dos professores e das professoras devia insistir ideologia contida no discurso da "morte da História" propõe.
na constituição deste saber necessário e que me faz certo desta Permanência do hoje a que o futuro desproblematizado se
coisa óbvia, que é a importância inegável que tem sobre nós o reduz. Daí o caráter desesperançoso, fatalista, antiutópico de
contorno ecológico, social e econômico em que vivemos. E ao uma tal ideologia em que se forja uma educação friamente
saber teórico desta influência teríamos que juntar o saber tecnicista e se requer um educador exímio na tarefa de
teórico- prático da realidade concreta em que os professores acomodação ao munido e não na de sua transformação. Um
trabalham. Já sei, não há dúvida, que as condições materiais em educador com muito pouco de formador, com muito mais de
que e sob que vivem os educandos lhes condicionam a treinador, de transferidor de saberes, de exercitador de
compreensão do próprio mundo, sua capacidade de aprender, destrezas.
de responder aos desafios. Preciso, agora, saber ou abrir- me à Os saberes de que este educador "pragmático" necessita na
realidade desses alunos com quem partilho a minha atividade sua prática não são os de que venho falando neste livro. A mim
pedagógica. Preciso tornar-me, se não absolutamente íntimo não me cabe falar deles, os saberes necessários ao educador
de sua forma de estar sendo, no mínimo, menos estranho e "pragmático" neoliberal mas, denunciar sua atividade anti-
distante dela. E a diminuição de minha estranheza ou de minha humanista.
distância da realidade hostil em que vivem meus alunos não é O educador progressista precisa estar convencido como de
uma questão de pura geografia. suas consequências é o de ser o seu trabalho uma
especificidade humana. Já vimos que a condição humana
Ensinar exige querer bem aos educandos fundante da educação é precisamente a inconclusão de nosso
Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que ser histórico de que nos tornamos conscientes. Nada que diga
o porquê professor se obriga a querer bem a todos os alunos respeito ao ser humano, à possibilidade de seu
de maneira igual. Significa, de fato, que deve haver afetividade, aperfeiçoamento físico e moral, de sua inteligência sendo
sem medo de expressá-la. produzida e desafiada, os obstáculos a seu crescimento, o que

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possa fazer em favor da boniteza do mundo como de seu competência científica, competência técnica, seriedade,
enfreamento, a dominação a que esteja sujeito, a liberdade por porque o ato de ensinar é delicado.
que deve lutar, nada que diga respeito aos homens e às Numa situação do cotidiano de uma escola, numa sala de
mulheres pode passar despercebido pelo educador 3º ano, a professora escreveu algumas contas de divisão, na
progressista. Não importa com que faixa etária trabalhe. lousa, para que os alunos as copiassem e resolvessem. Em
O nosso é um trabalho realizado com gente, miúda, jovem seguida dirigiu-se para a mesa do professor e começou a
ou adulta, mas gente em permanente processo de busca. Gente corrigir alguns cadernos. Um aluno, depois de terminar de
formando- se, mudando, crescendo, reorientando- se, copiar, perguntou à professora:
melhorando, mas, porque gente, capaz de negar os valores, de − De que lado eu começo a fazer as contas?
distorcer-se, de recuar, de transgredir. Não sendo superior Sem levantar os olhos do que fazia, a professora
nem inferior a outra prática profissional, a minha, que é a respondeu-lhe simplesmente:
prática docente, exige de mim um alto nível de − Do lado que está a janela.
responsabilidade ética de que a minha própria capacitação Tomando como referência o fragmento do texto de Paulo
científica faz parte. É que lido com gente. Lido, por isso mesmo, Freire:
independente- mente do discurso ideológico negador dos (A) a professora não domina o objeto do conhecimento e
sonhos e das utopias, com os sonhos, as esperanças tímidas, às por isso adota uma postura aparentemente indiferente para
vezes, mas às vezes, fortes, dos educandos. Se não posso, de um não revelar seu desconhecimento do conteúdo.
lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo, de outro, (B) a professora respondeu de forma desatenciosa ao
negar a quem sonha o direito de sonhar. Lido com gente e não aluno.
com coisas. E porque lido com gente, não posso, por mais que, (C) ao responder ao aluno da forma como o fez, além de
inclusive, me dê prazer entregar- me à reflexão teórica e crítica demonstrar pouco domínio do conteúdo, a professora deixou
em torno da própria prática docente e discente, recusar a claro não ter competência técnica, competência científica e
minha atenção dedicada e amorosa à problemática mais nem seriedade em relação ao seu ofício de educadora.
pessoal deste ou daquele aluno ou aluna. Desde que não (D) pode ser que a professora, por não ter tido uma
prejudique o tempo normal da docência, não posso fechar-me formação para ensinar matemática e não valorizando sua
a seu sofrimento ou à sua inquietação porque não sou profissão não dê importância a este tipo de pergunta.
terapeuta ou assistente social.
Mas sou gente. O que não posso, por uma questão de ética 04. (TSE - Analista Judiciário - Pedagogia -
e de respeito profissional, é pretender passar por terapeuta. CONSULPLAN) Um projeto pedagógico, na perspectiva de
Não posso negar a minha condição de gente de que se alonga, Freire, deve tomar o “homem como um ser de relações,
pela minha abertura humana, uma certa dimensão terápica. temporalizado e situado”. Isso significa que o projeto
pedagógico deve
Questões (A) considerar os contextos sociais e culturais em que
vivem os sujeitos que irão fazer parte dele.
01. (Prefeitura de Montes Claros/MG - PEB I - (B) desenvolver uma série de ações que permitam a
UNIMONTES) Para Freire, saber ensinar não é transferir ocultação de saberes ingênuos e depositários de não saberes.
conhecimento e, sim: (C) sobrelevar a realidade dos sujeitos envolvidos no
(A) criar as possibilidades para a própria produção ou sua projeto.
construção. (D) prescindir de uma reflexão sobre o homem e de suas
(B) entender que o ensino exige a consciência do fim. condições culturais.
(C) respeitar a autonomia do ser professor.
(D) compreender que o ensinar exige o distanciamento da 05. (TSE - Analista Judiciário - Pedagogia -
realidade. CONSULPLAN) A relação entre a educação e a sociedade é
estreita. Pode-se dizer que a educação é uma prática social. As
02. (Prefeitura de Montes Claros/MG - PEB I - relações que se estabelecem podem ser de variadas ordens:
UNIMONTES) Transformar a experiência educativa em puro política, social, cultural, econômica. O que dará vida a essa
treinamento técnico é amesquinhar o que há de relação é a pedagogia que, numa perspectiva de uma educação
fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu bancária, fará com que as práticas sejam qualificadas como:
caráter formador. Considerando o pensamento do autor, (A) emancipatórias.
marque V para verdadeiro e F para falso, nas seguintes (B) dialéticas.
afirmativas: (C) libertadoras.
( ) Educar é exercitar o bom senso. (D) opressoras.
( ) Educar é essencialmente formar.
( ) Educar relaciona-se à alegria e à esperança. Gabarito
( ) Educar é estimular a pergunta e sua reflexão crítica.
A sequência CORRETA é: 01. A / 02. A / 03. C / 04. A / 05. D
(A) V, V, V, V.
(B) F, F, F, F.
(C) V, F, V, V.
(D) F, V, F, V.
Anotações
03. (Prefeitura de são Paulo/SP - Professor de
Educação Infantil e PEB I - FCC) Ensinar exige primeiro,
saber o que se ensina; segundo, saber como ensinar. Quer
dizer, para ensinar eu não preciso apenas saber o objeto que
eu vou ensinar, mas saber como tratar o objeto. O ato de
ensinar exige de mim saber como trato o outro sujeito e como
trato o objeto que mediatiza os sujeitos que conhecem. Por
isso, o ato de ensinar demanda, indiscutivelmente

Conhecimentos Educacionais 125


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Conhecimentos Educacionais 126


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DIDÁTICA

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pretendidas em relação ao cidadão que queremos formar.


Entendendo o sujeito tanto biológico como social, temos por
objetivo desenvolver no aluno a consciência e o sentimento de
pertencer ao mundo, de modo que possa compreender a
interdependência entre os fenômenos e seja capaz de interagir
de maneira crítica, criativa e consciente com seu meio natural
e social.
Alguns desafios são fundamentais no que se refere à
formação do sujeito, desenvolver competências para
contextualizar e integrar, para situar qualquer informação em
seu contexto, para colocar e tratar os problemas, ou seja, o
grande desafio de formar sujeitos que possam enfrentar
realidades cada vez mais complexas. Assim, acreditamos na
Concepções de sociedade, possibilidade de formar um cidadão mais indignado com as
homem e educação manifestações e acontecimentos da vida cotidiana, um cidadão
que saiba mediar conflitos e propor soluções criativas e
adequadas a favor da coletividade, que tenha liberdade de
pensamento e atitudes autônomas para buscar informações
Concepção de Sociedade nos diferentes contextos, organizá-las e transformá-las em
conhecimentos aplicáveis.
Vivemos num mundo onde a informação é diversificada e Para o educador Paulo Freire, o homem só começa a ser um
atualizada rapidamente, o mundo mudou, as pessoas sujeito social, quando estabelece contato com outros homens,
mudaram e, ao constatar a velocidade com que ocorrem com o mundo e com o contexto de realidade que os determina
transformações em nossa vida cotidiana, podemos afirmar que geográfica, histórica e culturalmente, é nessa perspectiva que
estamos diante de um novo tempo, uma outra realidade que a escola se torna um dos espaços privilegiados para a formação
nos envolve e nos desafia. do homem.
A forma com que compreendíamos a vida e tudo que
acontecia, já não parece ser o que prevalece hoje. Vivemos uma Concepção de Escola
nova era, onde o conhecimento que tínhamos como
entendimento de se estar no mundo (algo pronto e acabado), A Escola é um espaço privilegiado para o desenvolvimento
não é mais aceito e absorvido pela maioria das instituições, das relações sociais e, é nesse ambiente que a criança e o jovem
como também pelo processo que configura a produção do interagem com grupos de sua idade, criam vínculos e laços de
conhecimento. convivência, além de desenvolverem habilidades e
Isto significa que a sociedade atual exige uma prática competências para continuar seu processo de aprendizagem.
pedagógica que assegure a construção da cidadania, fundada Sabemos que os modos de vida também são vivenciados
na criatividade, criticidade, nas responsabilidades advindas pela escola. São variantes de diversos matizes, que se
das relações sociais, econômicas, políticas e culturais. Essas multiplicam a cada dia e esses acontecimentos não podem ser
reais exigências cognitivas e atitudinais requeridas nos desprezados. As ações educativas vinculadas às práticas
permitem o questionamento: o que tem a educação a refletir sociais compõem o rol de compromissos da educação formal.
sobre as relações e transformações em curso e a formação do Por isso, o cotidiano escolar exerce um papel expressivo na
homem? formação cognitiva, afetiva, social, política e cultural dos
A educação e a escola, por sua importância política, alunos que passam parte de suas vidas nesse ambiente
merecem um papel de destaque numa proposta de sociedade. pedagógico e educativo. Sendo assim,
Neste esforço de reorganização da vida social e política, velhas
instituições e antigos conceitos são redefinidos de acordo com Concepção de Ensino e Aprendizagem
essa lógica. Portanto, “o que está em jogo não é apenas uma
reestruturação das esferas econômicas, sociais e políticas, mas O caráter eminentemente pedagógico da Educação no
uma reelaboração e redefinição das próprias formas de contexto escolar fundamenta-se numa perspectiva de
representação e significação social”. considerar que a criança está inserida em determinado
A escola tem muito que refletir sobre sua organização contexto social e, portanto, deve ser respeitada em sua história
curricular, a começar pela compreensão de que a sua ação de vida, classe social, cultura e etnia. Nesse sentido, a escola é
passa a ser uma intervenção singular no processo de formação vista como espaço para a construção coletiva de novos
do homem na sociedade atual. Nesse paradigma, o professor já conhecimentos sobre o mundo, na qual a sua proposta
não pode ser considerado como único detentor de um saber pedagógica permite a permanente articulação dos conteúdos
que simplesmente lhe basta transmitir, mas deve ser um escolares com as vivências e as indagações da criança e do
mediador do saber coletivo, com competência para situar-se jovem sobre a realidade em que vivem.
como agente do processo de mudança. Podemos considerar os processos interativos, a
Assim, concebemos que a educação, a escola e o objeto de cooperação, o trabalho em grupo, a arte, a imaginação, a
conhecimento constituem os elementos essenciais para o brincadeira, a mediação do professor e a construção do
processo de formação de homens e mulheres que contribuirão conhecimento em rede como eixos do trabalho pedagógico
para a organização da sociedade. voltado para o desenvolvimento da criança e do jovem visando
à constituição do sujeito solidário, criativo, autônomo, crítico
Concepção de Homem e com estruturas afetivo-cognitivas necessárias para operar
sua realidade social e pessoal.
Partindo do que diz Morin1 ao se referir sobre a O processo de desenvolvimento, na perspectiva histórico-
complexidade do ser humano: "ser, ao mesmo tempo, cultural, é compreendido como o processo por meio do qual o
totalmente biológico e totalmente cultural", apresentamos sujeito internaliza os modos culturalmente construídos de
nossa concepção de homem e, em consequência, as aspirações

1MORIN, Edgar. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2001.

Didática 1
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pensar e agir no mundo. Este processo se dá nas relações com O conceito de sólido tratado por Berman difere da definição
o outro, indo do social para o individual. criada por Bauman na medida em que, para o primeiro, as
O caminho do objeto do conhecimento até o indivíduo e bases sólidas, os valores fundados na sociedade moderna são
deste até o objeto passa através de uma outra pessoa. Essa permanentes e imutáveis, já na pós-modernidade, difundiram-
estrutura humana complexa é o produto de um processo de se, sofreram alterações marcadas pelos novos pressupostos da
desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre vida moderna. Para Bauman, somente a metáfora da liquidez
história individual e história social. se compara a esse processo de transformação. Percebe-se,
Além dos aspectos abordados, importante lembrar que nos entretanto, que, referindo-se às características gerais da
processos de aprendizagem e desenvolvimento, os ambientes modernidade, os autores compartilham as mesmas definições,
educacionais são espaços que possibilitam ampliar suas apresentando o mesmo painel sobre os tempos modernos.
experiências e se desenvolver nas diferentes dimensões O sentido da modernidade apresentada por Berman é o
humanas: afetiva, motora, cognitiva, social, imaginativa, lúdica, mesmo em comparação ao que apresenta Bauman, na medida
estética, criativa, expressiva e linguística. em ambos ressaltam que esta modernidade é passível de
As abordagens dos conteúdos não se limitam a fatos e transformações, de mudanças, de desintegração de ambientes,
conceitos, mas também aos procedimentos, atitudes, valores e de construção de novas formas de vida. Destacam-se, nesse
normas que são entendidos como conteúdos imprescindíveis movimento, algumas características, como: crescente explosão
no mesmo nível que os fatos e conceitos. Isto [...] pressupõe demográfica, grandes descobertas nas ciências, crescimento
aceitar até as suas últimas consequências o princípio de que acelerado da tecnologia e dos sistemas de comunicação de
tudo o que pode ser aprendido pelas crianças e jovens podem massa e expansão do mercado capitalista mundial. Esses
e devem ser ensinado pelos professores. fatores, por sua vez, influenciam a vida das pessoas e geram
novas formas de adaptação, de movimento, de poder e de
A) Conteúdos relacionados a fatos, conceitos e sobrevivência. Em tempos como esses, “o indivíduo ousa
princípios - correspondem ao compromisso científico da individualizar-se”. De outro lado, esse ousado indivíduo
educação: transmitir o conhecimento socialmente produzido. precisa desesperadamente “de um conjunto de leis próprias,
B) Conteúdos relacionados a procedimentos - que são precisa de habilidades e astúcias, necessárias à
os objetivos, resultados e meios para alcançá-los, articulados autopreservação, à autoimposição, à autoafirmação, à
por ações, passos ou procedimentos a serem implementados e autolibertação.”
aprendidos. Retornando às características subjacentes à modernidade
C) Conteúdos relacionados a atitudes, normas e líquida de Bauman, o tempo é um fator que assinala esta
valores - correspondem ao compromisso filosófico da modernidade, marcada fortemente por fatos instantâneos.
educação: promover aspectos que nos completam como seres
humanos, que dão uma dimensão maior, que dão razão e [...] os fluidos não se atêm muito a qualquer forma e estão
sentido para o conhecimento científico. constantemente prontos e propensos a mudá-la; assim, para
eles, o que conta é o tempo, mais do que o espaço que lhes toca
Sociedade Contemporânea ocupar; espaço que, afinal, preenchem apenas “por um
momento”.
O sociólogo e filosofo polonês Bauman2 apresenta a
sociedade caracterizando-a como modernidade líquida, utiliza As pessoas que comandam o mundo são aquelas que agem
assim está metáfora para explanar o advento de uma com maior rapidez, que mais se aproximam do momentâneo.
sociedade mais leve em detrimento da chamada modernidade A instantaneidade auxilia a dominação, no sentido de que o
sólida. Atualmente o que se vivencia difere de tempos indivíduo que domina é aquele que tem capacidade para
passados, que ganham novas formas. Portanto, a modernidade adaptar-se a novas formas de vida, novos lugares, que
sólida possui características contrárias aos novos tempos. consegue decidir rapidamente e agir aceleradamente. Nesse
Para Bauman, vive-se hoje, uma modernidade líquida que sentido, sobre a instantaneidade associada à flexibilidade,
é marcada pela instantaneidade e pela liquidez. O conceito de Bauman enfatiza: “neste mundo, tudo pode acontecer e
liquidez utilizado pelo teórico destaca uma sociedade que não tudo pode ser feito, mas nada pode ser feito uma vez por todas
mantém sua forma, não é estável, mas é marcada por - e o que quer que aconteça chega sem se anunciar e vai-se
transformações, desestabilidades, construções e embora sem aviso”.
desconstruções, imprevisibilidade, não se atendo a um só Para o autor, compreende-se que a modernidade líquida
formato, ao contrário de solidez que se refere à metáfora das demarca uma grande transformação nos âmbitos social,
marcas da modernidade, adjetivado por aspectos de político, econômico, ambiental, sempre no sentido de esquecer
durabilidade, de controle, de estabilidade. o passado, ou seja, aquilo que significava importante nas ações
A esse respeito, afirma: “Se o sociólogo empregou a dos indivíduos e agora acaba perdendo seu efeito. As
metáfora da solidez como marca característica da possibilidades de criar novas formas de vida são aceitas e o
modernidade nas primeiras décadas do século XX (destruir a mundo movimenta-se conforme as demandas imediatas. É o
tradição e colocar outra, potencialmente superior e mais mundo do imediatismo, das coisas descartáveis. A diferença da
sólida, em seu lugar), na transição para o século XXI ele modernidade sólida para a modernidade líquida é a duração
destacará o novo aspecto da condição moderna, desta vez da ação. Na modernidade líquida, a ação é imediata, em curto
baseado na metáfora da liquidez. Por isso a modernidade prazo.
líquida passou a ser a denominação preferencial de Bauman Ainda, tomando-se em consideração os novos formatos e
para referir-se ao contemporâneo. É essa oposição entre relações estabelecidas pelas novas tecnologias, surgem novas
solidez e liquidez que permite a ele explicar a distinção entre relações oferecidas pela internet. Esse recurso oferece meios
o nosso modo de vida moderno e aquele vivido por nossos de conexão com o mundo todo, levando os indivíduos a
antepassados”. estarem constantemente em movimento, mesmo
Entretanto, diante dos conceitos sólido e líquido, permanecendo no lugar onde se encontra. A internet também
apresentados por Bauman, é importante considerar aquilo que favorece novas formas de relações entre as pessoas, sendo que,
Berman, enfatiza como conceito de solidez. Ao contrário de a comunicação ocorre por intermédio de meios eletrônicos, a
Bauman, assinala que o sólido também pode sofrer alterações. qualquer tempo, descartando outras formas de contato. A

2 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.

Didática 2
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mídia, assim como a internet, possibilita também repassar marcam a denominada modernidade líquida. “A vida de
informações em um curto espaço de tempo em uma grande trabalho está saturada de incertezas”. As incertezas são
velocidade, permitindo a sensação de mobilidade. “O espaço marcadas pelo descontrole e desconhecimento das situações.
deixou de ser um obstáculo - basta uma fração de segundo para Não há, neste tempo, segurança em relação ao trabalho, no
conquistá-lo”. Com esse aspecto de instantaneidade, Berman sentido de permanecer nele a vida toda.
destaca que é preciso adaptar-se às novas transformações, Os conceitos de emancipação e individualidade ganham
considerando-as como novos processos que necessitam ser um peso maior nesta sociedade, sendo que o coletivo e a
imbuídos na vida pessoal e social: comunidade passam a ser conceitos abstratos, aquilo que vem
depois das escolhas individuais. A solidariedade é um valor
Homens e mulheres modernos precisam aprender a aspirar que não possui mais fundamento. O indivíduo é capaz de
à mudança: não apenas estar aptos a mudanças em sua vida decidir sobre as ações e fins.
pessoal e social, mas ir efetivamente em busca das mudanças, Cabe ao indivíduo descobrir o que é capaz de fazer, esticar
procurá-las de maneira ativa, levando-as adiante. Precisam essa capacidade ao máximo e escolher os fins a que essa
aprender a não lamentar com muita nostalgia as “relações fixas, capacidade poderia melhor servir - isto é, com a máxima
imobilizadas” de um passado real ou de fantasia, mas a se satisfação concebível.
deliciar na mobilidade, a se empenhar na renovação, a olhar Nesse sentido, nada está pronto e acabado. As
sempre na direção de futuros desenvolvimentos em suas oportunidades são infinitas ao indivíduo e sua liberdade de
condições de vida e em suas relações com outros seres humanos. escolha favorece um estado de ansiedade e incertezas.
O sentimento de felicidade está, em muitos casos, ligado a
Referindo-se aos modos de trabalho, o ser humano busca o situações de consumo. “O consumo é um investimento em tudo
progresso, sendo visualizado como um caminho sem fim, que que serve para o ‘valor social’ e a autoestima do indivíduo”.
deve ser alcançado constantemente, através do esforço do Neste sentido, o consumismo passa a ser algo de desejo
homem. Para o alcance do progresso, novos valores passam a imediato. Consome-se mais e, geralmente, para satisfazer
permear as relações de trabalho: a competição e a desejos instantâneos e individuais. A sociedade do consumo
individualização que concorrem, simultaneamente, para o privilegia não só aquisição de bens e produtos, mas a busca
alcance deste progresso. Todos esses processos mudam o incessante de novas receitas para uma vida melhor; novos
modo de vida humana, sendo que cada indivíduo é responsável exemplos, novas habilidades, novas competências em
por encontrar meios para o alcance de melhores condições de detrimento daquilo que ainda o indivíduo não é, para
vida. aparentar uma imagem, mostrar aos outros aquilo que não é,
para agradá-los ou como um modo de atrair atenção. O
Bauman destaca: [...] são homens e mulheres individuais que consumo não é mais caracterizado como a satisfação das
às suas próprias custas deverão usar, individualmente, seu necessidades, mas serve para satisfazer os desejos insaciáveis.
próprio juízo, recursos e indústria para elevar-se a uma As necessidades são sólidas, inflexíveis, já o desejo é marcado
condição mais satisfatória e deixar para trás qualquer aspecto pela fluidez, são flexíveis, mutáveis e podem ser substituídos.
de sua condição presente de que se ressintam. Desse modo, estar na sociedade de consumidores requer
estar adaptado aos novos padrões do mercado. Consumir é
O trabalho, na modernidade sólida, era considerado uma estar de acordo com aquilo que o mercado impõe como
virtude, sendo fundamental para a vida nos tempos modernos símbolo de comodidade, de autoafirmação, de conforto, de
para alcançar status. Capital e trabalho eram emancipação dos indivíduos.
interdependentes. Os trabalhadores dependiam do emprego Bauman acrescenta a esses aspectos outros fatores que
para sobreviver e o capital dependia dos trabalhadores para auxiliam a compreender a configuração da nova sociedade.
seu crescimento. Com o trabalho, o trabalhador comandava Ressalta que a comunidade como defensora do direito à vida
seu próprio destino. Como o modelo fordista, o trabalhador decente transformou este projeto em promover o mercado
iniciava sua carreira em uma empresa e lá permanecia, ficando como garantia de auto enriquecimento, gerando maiores
“preso” em seu lugar, impedindo a sua mobilidade. Porém, na sofrimentos entre aqueles que não podem consumir como o
contemporaneidade, o trabalho não é mais um projeto de vida, mercado demanda. Ele completa essa ideia, enfatizando que,
uma base sólida, mas um significado de satisfação, assim como, na sociedade pós-moderna nenhum emprego é garantido,
não significa estabilidade, como nos tempos passados. “Neste nenhuma posição é segura. Além disso, ressalta:
mundo, estabilidade significa tão somente entropia, morte Em sua versão presente, os direitos humanos não trazem
lenta, uma vez que nosso sentido de progresso e crescimento consigo a aquisição do direito a um emprego, por mais que
é o único meio que dispomos para saber, com certeza, que bem desempenhado, ou - de um modo mais geral - o direito ao
estamos vivos”. cuidado e à consideração por causa de méritos passados. Meio
Da Era Industrial passa-se à Era do Acesso, sendo que, de vida, posição social, reconhecimento da utilidade e
nesta, máquinas inteligentes, na forma de programas de merecimento da autoestima podem todos desvanecer-se
computador, da robótica, da biotecnologia, substituíram simultaneamente da noite para o dia e sem se perceber.
rapidamente a mão-de-obra humana na agricultura, nas Bauman3 enfatiza que as relações entre as pessoas também
manufaturas e nos setores de serviços. Segundo a lógica se dão de forma diferente, dependendo da situação econômica
reinante do mundo globalizado, comandado pelas linhas das mesmas, do usufruto de bens e da posição de conforto que
mestras da tecnologia, uma multidão de seres humanos possuem. Noutras palavras, dependendo da posição que se
encontra-se sem razão para viver neste mundo. A ideologia de ocupa, as pessoas são consideradas como “estranhos”, pois não
sustentação da economia do mercado é excludente e busca ocupam a mesma posição social e servem apenas para oferecer
eliminar quem não entra e consegue seguir seus parâmetros. serviços e bens para o consumo, conforme afirma
Deve-se executar o ofício de separar e eliminar o refugo, o Para alguns moradores da cidade moderna, seguros em
descartável. Tudo se estrutura a partir do privilégio e do suas casas à prova de ladrões em bairros bem arborizados, em
padrão de vida e consumo. escritórios fortificados no mundo dos negócios fortemente
Assim, mudar de emprego tornou-se algo comum, policiado, e nos carros cobertos de engenhocas de segurança
reafirmando o conceito de transitoriedade e flexibilidade que para levá-los das casas para os escritórios e de volta, o

3BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar,


1998.

Didática 3
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“estranho” é tão agradável quanto a praia da rebentação [...]. Desse modo, é urgente compreender sua missão como
Os estranhos dirigem restaurantes, prometendo experiências instituição educativa que, assim como outras instâncias,
insólitas e excitantes para as papilas gustativas, vendem desempenha um papel importante na formação dos sujeitos.
objetos de aspecto esquisito e misterioso, [...], oferecem
serviços que outras pessoas não se rebaixariam ou se A Tarefa da Escola
dignariam a oferecer, acenam com guloseimas de sensatez,
revigorantemente diversas da rotina e da chateação. Compreender a missão da escola perante as novas
O poder de consumo avalia a posição social dos indivíduos. configurações da sociedade, torna-se essencial para avaliar a
Aquelas pessoas que não possuem certa posição de conforto sua tarefa, diante das transformações sociais e culturais e de
na sociedade e que não detêm um mínimo de condições de suas implicações no processo educativo atual.
escolha de consumo, acabam muitas vezes demonstrando Desse modo, diante dos processos sociais que se
revolta, estranheza para muitos e violência, assim, como ao desencadeiam na atualidade, surgem algumas questões que se
que se assiste nos novos tempos. referem ao processo educativo escolar: qual é o papel da
Uma vez que as únicas senhas para defender a liberdade de escola? A escola está preparada para formar sujeitos oriundos
escolha, moeda corrente na sociedade do consumidor, estão da sociedade descrita por Bauman? A educação escolar dá
escassas em seu estoque ou lhes são inteiramente negadas, conta de compreender esses processos de transformação?
elas precisam recorrer aos únicos recursos que possuem em Essas questões remetem à reflexão sobre a verdadeira
quantidade suficientemente grande para impressionar. Elas missão da escola frente aos processos de mudança e ao
defendem o território sitiado através de “rituais, vestindo-se contexto atual que, de maneira geral, recebe as influências das
estranhamente, inventando atitudes bizarras, quebrando mudanças, passando a adquirir novos pressupostos, novos
normas, quebrando garrafas, janelas, cabeças, e lançando objetivos, novas concepções. Diante dos temas que perfazem a
retóricos desafios à lei”. Reagem de maneira selvagem, furiosa, realidade, a educação é vista como um meio indispensável na
alucinada e aturdida [...]. constituição da sociedade e passa a ocupar um papel
Além disso, cresceram as taxas de desemprego e um fundamental.
grande número de excluídos socialmente, pois os empregos Nestes tempos de mutações profundas e de incerteza
tomaram novas configurações, não sendo possível projetar acentuada, deve-se investir muito na educação, facilitando
uma vida em longo prazo, com projetos e planejamentos. assim o emprego, despertando as mentes e as consciências
De acordo com estas características, Bauman destaca que diante dos novos desafios, facilitando o acesso à cultura e
aqueles que não possuem emprego não são considerados reduzindo a exclusão. A educação é o melhor investimento
como “desempregados”, mas sim como consumidores falhos, social.
pois não desempenham a função ativa de consumir e, portanto, Sabe-se que, entre outros fatores, pontos, movimentos e
não são aptos de usufruir dos bens e serviços que o mercado tendências, o cientificismo positivista impôs a fragmentação
pode oferecer, sendo definidos como os “pobres” da sociedade do conhecimento, sustentando a ordem econômica e social da
atual. Ele enfatiza a esse respeito. modernidade. Atualmente, não se pode mais conceber que esta
Antes de mais nada, os pobres de hoje (ou seja, as pessoas fragmentação dê conta de formar e desenvolver o homem na
que são “problemas” para as outras) são “não- nova ordem social vigente. Como se vê, muitas transformações
consumidores”, e não “desempregados”. São definidos em têm surgido ao longo dos tempos: as novas tecnologias, as
primeiro lugar por serem consumidores falhos, já que o mais comunicações, a preocupação com o meio ambiente, a
crucial dos deveres sociais que eles não desempenham é o de produção econômica cada vez mais crescente e diversificada
ser comprador ativo e efetivo dos bens e serviços que o com novos produtos no mercado, demandando novos cursos
mercado oferece. Nos livros de contabilidade de uma de capacitação e aperfeiçoamento, entre tantas outras
sociedade de consumo, os pobres entram na coluna dos mudanças as quais a escola deve acompanhar e produzir
débitos, e nem por exagero da imaginação poderiam ser reflexões acerca destes novos elementos.
registrados na coluna dos ativos, sejam estes presentes ou Além disso, a escola, mergulhada neste contexto, não pode
futuros. ficar alheia às transformações sociais e culturais advindas da
Nesse panorama da sociedade de consumidores e busca sociedade. Mas, pelo contrário, a escola pertence ao meio
pela satisfação pessoal, alguns valores e princípios passaram a social e, por isso, sofre as influências do meio. “A escola é uma
tomar outras configurações. O valor da responsabilidade, por comunidade. Como parte da sociedade, ela está normalmente
exemplo, que, em outros tempos, residia no dever ético e na estruturada de forma a reproduzir a estrutura social.” Nesse
preocupação pelo outro, atualmente, configurou-se em relação sentido, Bauman destaca que, muitas transformações estão
a si próprio, levando o indivíduo a compreender-se como permeando a sociedade contemporânea e essas acabam por
único responsável por seus atos e deveres, excluindo a invadir todos os contextos, inclusive a escola. O processo
responsabilidade pelos interesses, necessidades e desejos do educativo escolar, de acordo com as novas estruturas, procura
outro. desenvolver um currículo que considera as mudanças e atenda
Entretanto, observa-se que, neste período atual, há certa aos novos conceitos, novos pressupostos e novas demandas.
ambiguidade em torno da vida responsável, pois surgem Relacionando os conceitos apresentados, pode-se dizer
reflexões, organizações e movimentos em favor da vida, do que a escola, na sociedade sólida, referenciando Bauman, era
respeito à natureza, à sustentabilidade. Enquanto se afirma aquela que educava para toda a vida. A escola era um espaço
que o indivíduo preocupa-se com si mesmo, ao mesmo tempo, que tinha como propósito estabelecer a ordem. A formação dos
surgem preocupações acerca do outro e do mundo. Percebe-se indivíduos era responsabilidade de toda a sociedade, dos
que há uma evolução para a possibilidade de construção de governantes e do Estado, com vistas a formá-los para um
uma vida responsável. comportamento correto e moralmente aceitável. Desse modo,
O panorama apresentado até aqui, certamente, não somente os professores eram capazes de fornecer esta
contempla todos os aspectos referentes à sociedade formação para uma integração social, destacando uma vida
contemporânea, mas apresenta definições importantes que correta e moral, disciplinada e eficiente. Além disso, o
levam a analisar e refletir sobre a configuração subjacente aos conhecimento era um produto duradouro e a qualidade da
tempos atuais e que podem instigar a questão referente à escola era medida pela transmissão deste conhecimento de
tarefa da escola frente a tais aspectos presentes na sociedade valor adaptado ao mundo sólido. As pessoas se ajustavam ao
atual. mundo pela educação, entendendo que este mundo era
imutável e consideravelmente manipulável. O professor

Didática 4
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detinha o poder de transmitir o conhecimento ao aluno, A escola, articulada como uma instituição, em harmonia
compreendendo este conhecimento como justo e confiável. com a preparação de indivíduos adequados a habitar um
Para Pourtois e Desmet4, a escola contemporânea continua mundo ordenado, não se configura nos tempos atuais.
a repetir os princípios defendidos pela escola moderna, na Configura-se hoje como um espaço destinado a dar
qual enfatizava o modelo de que o aluno deveria aprender as oportunidades iguais a todos, inclusive às minorias e aos
regras da vida em sociedade e o pensamento racional, sendo excluídos, sendo um ambiente no qual se recebe uma
disciplinado por meio de recompensas ou castigos, sendo que pluralidade de culturas e valores de uma mesma sociedade,
a personalidade individual deve ser ocultada atrás da moral do respeitando diferenças e enfatizando os princípios de
dever. Para esses autores, a pedagogia moderna ainda está solidariedade.
fortemente enraizada nas práticas escolares. Nesse enredo, Gadotti6 enfatiza que esta época de rápidas
Na passagem da modernidade sólida para a líquida, de transformações acaba por demandar uma nova configuração
acordo com a visão de sociedade de Bauman, a escola assume da educação na busca de um melhor desempenho do sistema
outras características, sendo que a ordem social, sólida e escolar:
imutável não é mais aceita na chamada modernidade líquida. Neste começo de um novo milênio, a educação apresenta-
O mundo é diferente daquele em que a escola estava preparada se numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do
para formar os alunos. “Em tais circunstâncias, preparar para sistema escolar não tem dado conta da universalização da
toda a vida, essa invariável e perene tarefa da educação na educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes
modernidade sólida, vai adquirir um novo significado diante teóricas não apresentam ainda a consistência global
das atuais circunstâncias sociais.” O conhecimento não será necessária para indicar caminhos realmente seguros numa
mais considerado como um produto conservado, pronto e época de profundas e rápidas transformações.
acabado para toda a vida, assumindo, muito mais um caráter Para esse propósito, é necessário que a escola fortaleça seu
inconcluso, podendo ser substituível. O conhecimento passa a projeto educativo, relacionando-o com o contexto social e suas
ter o objetivo de oferecer eficiência, criatividade, características, sendo este um princípio da educação
competitividade, habilidades básicas para o mundo do contemporânea, no mesmo modo que esta educação possa
trabalho. Em síntese, o conhecimento se transforma em sempre superar os limites impostos pelo mercado, buscando a
informação que logo será substituída, por considerar que transformação social.
rapidamente estará ultrapassado. Seja qual for a perspectiva que a educação contemporânea
A escola então, transmissora deste conhecimento, passa tomar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma
agora a não ser a detentora do saber, pois as novas tecnologias educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo
oferecem as informações em um rápido espaço de tempo, no Estado e pelo mercado, portanto, uma educação muito mais
qual todos têm acesso ao “conhecimento”. Os professores voltada para a transformação social.
perdem a autoridade sobre o domínio exclusivo dos saberes. A Nesse sentido, a educação, na era contemporânea, deve
nova dinâmica do mercado passa a ter autoridade, decidindo apropriar-se das informações e refletir sobre elas. O contexto
sobre as formações de opiniões, verificação de valores, deve ser de um agir comunicacional, ou seja, comunicação
definindo o que é bom ou mal, belo ou feio, verdadeiro ou falso. intersubjetiva em que os outros constituem uma forma de
Os alunos passam a dar atenção àqueles que oferecem várias mediação entre saberes existentes e os saberes de base do
possibilidades de experiência, prazer e proveito (geralmente a sujeito. O ato educativo deve ter sentido no contexto social
mídia - televisão, internet), os seduzindo para a arte de saber atual e deixar transparecer seus objetivos.
viver. O professor, desse modo, não é mais aquele conselheiro Além disso, com as novas configurações da sociedade, a
que orientava os alunos a seguirem, de modo seguro, sua vida, escola passou a aceitar todas as visões de mundo que chegam
através de seus estudos e saberes. Nesse sentido, a não mais até ela, sem desconsiderar os direitos de propriedade das mais
inquestionável autoridade do professor em orientar a lógica da diversas comunidades. Na modernidade, a construção da
aprendizagem compete, [...], com as sedutoras e muito mais ordem era estabelecida pelos intelectuais, ou seja, professores
atraentes mensagens das celebridades, sejam jogadores de e teóricos educacionais detinham a função de “legislar acerca
futebol, artistas, frequentadores de reality shows ou políticos do modo correto de separar a verdade da inverdade das
oportunistas. culturas [...].” Atualmente, a escola enfrenta o desafio de
Diante de todos esses desafios, Almeida5 enfatiza que, ao aceitar a multiplicidade de culturas e verdades que perpassam
mesmo tempo em que Bauman apresenta tais aspectos, o os saberes escolares, pois a verdade do conhecimento torna-se
próprio autor também oportuniza uma solução para a escola questionável nesse novo contexto.
poder enfrentá-los, destacando o poder da escola de facilitar a Almeida, parafraseando Bauman, destaca esta nova
socialização entre os indivíduos e de promover uma configuração da escola em detrimento de um espaço
sensibilização acerca do mundo atual e conscientizar para a multicultural que aposta na pluralidade de culturas, no intuito
busca de novas formas de relações em suprimento das de compreendê-las, fortalecê-las e relacioná-las com outras
relações individualistas. Almeida afirma: culturas, assinalando-as como parte de um diálogo que
enriquece os saberes educativos:
[...] além de promover a socialização, ou seja, preparar as Diante dos inúmeros “textos” que escrevem o mundo, a arte
pessoas para o mundo cambiável em que vivemos, a da conversação civilizada é algo que o espaço da escola
individualização pressuposta nos mecanismos educacionais, ao necessita de maneira urgente. Dialogar com as distintas
mesmo tempo em que evita decretar o que é certo ou verdadeiro tradições que chegam até ela, sem combatê-las; procurar
e provocar sua manifestação, consiste no exercício de “agitar” os entendê-las, sem aniquilá-las ou descartá-las como mutantes;
estudantes e incitar-lhes a dúvida sobre a imagem que têm de si fortalecer sua própria perspectiva (a do professor, por exemplo)
e da sociedade em que estão inseridos e, nesse movimento, com o livre recurso à experiências alheias (a dos alunos e suas
desafiar o consenso prevalecente. Os professores seriam, assim, culturas, por que não?). Levando isso em conta, extraímos da
intelectuais que ajudam a assegurar que a consciência moral de posição de Bauman o seguinte imperativo para a educação
cada geração seja diferente da geração anterior. escolarizada na sociedade líquida: conversar ou perecer!
De acordo com essa nova forma curricular, os Parâmetros
Curriculares Nacionais (1997), de acordo com a Lei de

4 POURTOIS, Jean-Pierre; DESMET, Huguette. A Educação pós-moderna. São Paulo: 5 ALMEIDA, Felipe Quintão de; BRACHT, Valter; GOMES, Ivan Marcelo. Bauman e a
Loyola, 1999. educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
6 GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. São Paulo Perspec]. 2000..

Didática 5
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Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n. soviético e enfraquecimento da ética socialista. E mais: pela
9.394/96) destacam a valorização dos temas transversais, os primeira vez na história da humanidade, não por efeito de
quais possuem a intenção de responder aos novos armas nucleares, mas pelo descontrole da produção industrial,
pressupostos e novas configurações da educação escolar. pode-se destruir toda a vida do planeta. Mais do que a
Dentre os temas transversais salientam-se a Ética e a solidariedade, estamos vendo crescer a competitividade.
Pluralidade Cultural. De acordo com o enredo apresentado, Hoje muitos educadores, perplexos diante das rápidas
entende-se que a educação escolar deve preocupar-se com as mudanças na sociedade, na tecnologia e na economia,
condutas humanas e não só com o desenvolvimento de perguntam-se sobre o futuro de sua profissão, alguns com
habilidades e competências técnicas, mas referenciar valores medo de perdê-la sem saber o que devem fazer. Então,
que valorizem a relação com o outro, já que ética e valores aparecem, no pensamento educacional, todas as palavras
estão imbuídos no currículo escolar e nas relações entre os citadas por Abbagnano e Aurélio: “projeto” político-
indivíduos. pedagógico, pedagogia da “esperança”, “ideal” pedagógico,
Segundo Gómez7, a função educativa da escola deve “ilusão” e “utopia” pedagógica, o futuro como “possibilidade”.
cumprir não só o processo de socialização, mas oferecer às Fala-se muito hoje em “cenários” possíveis para a educação,
futuras gerações a possibilidade de questionar a validade dos portanto, em “panoramas”, representação de “paisagens”. Para
conteúdos, de elaborar alternativas e tomar decisões se desenhar uma perspectiva é preciso “distanciamento”. É
autônomas acerca das transformações sociais e culturais. O sempre um “ponto de vista”. Todas essas palavras entre aspas
conjunto de conhecimentos adquiridos na escola só será válido indicam uma certa direção ou, pelo menos, um horizonte em
se oferecer ao indivíduo um modo consciente de pensamento direção ao qual se caminha ou se pode caminhar. Elas
e ação. Afirma o autor que: A formação de cidadãos autônomos, designam “expectativas” e anseios que podem ser captados,
conscientes, informados e solidários requer uma escola onde capturados, sistematizados e colocados em evidência.
possa-se recriar a cultura, não uma academia para
aprendizagens mecânicas ou aquisições irrelevantes, mas uma Educação Tradicional
escola viva e comprometida com a análise e a reconstrução das Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade
contingências sociais, onde os estudantes e os docentes Antiga, destinada a uma pequena minoria, a educação
aprendem os aspectos mais diversos da experiência humana. tradicional iniciou seu declínio já no movimento renascentista,
Nesse sentido, salienta-se que a existência da escola mas ela sobrevive até hoje, apesar da extensão média da
perante a todas as transformações culturais e sociais, deve escolaridade trazida pela educação burguesa. A educação
assumir uma postura, não só de transmissão de conteúdos sem nova, que surge de forma mais clara a partir da obra de
significados, de aprendizagens mecânicas, sem sentido, Rousseau, desenvolveu-se nesses últimos dois séculos e trouxe
somente para atender às influências do mercado competitivo, consigo numerosas conquistas, sobretudo no campo das
mas assumir a condição de um espaço no qual valorize as ciências da educação e das metodologias de ensino. O conceito
experiências trazidas pelas culturas e assim, construir uma de “aprender fazendo” de John Dewey e as técnicas Freinet, por
interlocução entre elas, permeadas pela reflexão, pela exemplo, são aquisições definitivas na história da pedagogia.
socialização e pela relação de valores indispensáveis à Tanto a concepção tradicional de educação quanto a nova,
formação do homem. amplamente consolidadas, terão um lugar garantido na
educação do futuro.
Educação e Sociedade no Brasil A educação tradicional e a nova têm em comum a
concepção da educação como processo de desenvolvimento
Nas últimas duas décadas do século XX assistiu-se a individual. Todavia, o traço mais original da educação desse
grandes mudanças tanto no campo socioeconômico e político século é o deslocamento de enfoque do individual para o social,
quanto no da cultura, da ciência e da tecnologia. Ocorreram para o político e para o ideológico. A pedagogia institucional é
grandes movimentos sociais, como aqueles no leste europeu, um exemplo disso. A experiência de mais de meio século de
no final dos anos 80, culminando com a queda do Muro de educação nos países socialistas também o testemunha. A
Berlim. Ainda não se tem ideia clara do que deverá educação, no século XX, tornou-se permanente e social. É
representar, para todos nós, a globalização capitalista da verdade, existem ainda muitos desníveis entre regiões e
economia, das comunicações e da cultura. As transformações países, entre o Norte e o Sul, entre países periféricos e
tecnológicas tornaram possível o surgimento da era da hegemônicos, entre países globalizadores e globalizados.
informação. Entretanto, há ideias universalmente difundidas, entre elas a
É um tempo de expectativas, de perplexidade e da crise de de que não há idade para se educar, de que a educação se
concepções e paradigmas. É um momento novo e rico de estende pela vida e que ela não é neutra.
possibilidades. Por isso, não se pode falar do futuro da
educação sem certa dose de cautela. É com essa cautela que Educação Internacionalizada
serão examinadas, neste artigo, algumas das perspectivas No início da segunda metade deste século, educadores e
atuais da teoria e da prática da educação, apoiando-se políticos imaginaram uma educação internacionalizada,
naqueles educadores e filósofos que tentaram, em meio a essa confiada a uma grande organização, a Unesco. Os países
perplexidade, apesar de tudo, apontar algum caminho para o altamente desenvolvidos já haviam universalizado o ensino
futuro. A perplexidade e a crise de paradigmas não podem se fundamental e eliminado o analfabetismo. Os sistemas
constituir num álibi para o imobilismo. nacionais de educação trouxeram um grande impulso, desde o
No início deste século, H. G. Wells dizia que “a História da século passado, possibilitando numerosos planos de educação,
Humanidade é cada vez mais a disputa de uma corrida entre a que diminuíram custos e elevaram os benefícios. A tese de uma
educação e a catástrofe”. A julgar pelas duas grandes guerras educação internacional já existia deste 1899, quando foi
que marcaram a “História da Humanidade”, na primeira fundado, em Bruxelas, o Bureau Internacional de Novas
metade do século XX, a catástrofe venceu. No início dos anos Escolas, por iniciativa do educador Adolphe Ferrière. Como
50, dizia-se que só havia uma alternativa: “socialismo ou resultado, tem-se hoje uma grande uniformidade nos sistemas
barbárie” (Cornelius Castoriadis), mas chegou-se ao final do de ensino. Pode-se dizer que hoje todos os sistemas
século com a derrocada do socialismo burocrático de tipo educacionais contam com uma estrutura básica muito

7GÓMEZ, A. I. Pérez. A Cultura escolar na sociedade neoliberal. Tradução: Ernani


Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2001.

Didática 6
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parecida. No final do século XX, o fenômeno da globalização enfoques clássicos, segundo eles, banalizam essas dimensões
deu novo impulso à ideia de uma educação igual para todos, da vida porque sobrevalorizam o macroestrutural, o sistema,
agora não como princípio de justiça social, mas apenas como em que tudo é função ou efeito das superestruturas
parâmetro curricular comum. socioeconômicas ou epistêmicas, linguísticas e psíquicas. Para
os novos paradigmas, a história é essencialmente
Novas Tecnologias possibilidade, em que o que vale é o imaginário (Gilbert
As consequências da evolução das novas tecnologias, Durand, Cornelius Castoriadis), o projeto. Existem tantos
centradas na comunicação de massa, na difusão do mundos quanto nossa capacidade de imaginar. Para eles, “a
conhecimento, ainda não se fizeram sentir plenamente no imaginação está no poder”, como queriam os estudantes em
ensino - como previra McLuhan já em 1969 -, pelo menos na maio de 1968.
maioria das nações, mas a aprendizagem a distância, Na verdade, essas categorias não são novas na teoria da
sobretudo a baseada na Internet, parece ter sido a grande educação, mas hoje são lidas e analisadas com mais simpatia
novidade educacional nos últimos tempos. A educação opera do que no passado. Sob diversas formas e com diferentes
com a linguagem escrita e a nossa cultura atual dominante vive significados, essas categorias são encontradas em muitos
impregnada por uma nova linguagem, a da televisão e a da intelectuais, filósofos e educadores, de ontem e de hoje: o
informática, particularmente a linguagem da Internet. A “sentido do outro”, a “curiosidade” (Paulo Freire), a
cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso “tolerância” (Karl Jaspers), a “estrutura de acolhida” (Paul
intensivo da Internet, em particular da educação a distância Ricoeur), o “diálogo” (Martin Buber), a “autogestão” (Celestin
com base na Internet. Por isso, os jovens que ainda não Freinet, Michel Lobrot), a “desordem” (Edgar Morin), a “ação
internalizaram inteiramente essa cultura adaptam-se com comunicativa”, o “mundo vivido” (Jürgen Habermas), a
mais facilidade do que os adultos ao uso do computador. Eles “radicalidade” (Agnes Heller), a “empatia” (Carl Rogers), a
já estão nascendo com essa nova cultura, a cultura digital. “questão de gênero” (Moema Viezzer, Nelly Stromquist), o
Os sistemas educacionais ainda não conseguiram avaliar “cuidado” (Leonardo Boff), a “esperança” (Ernest Bloch), a
suficientemente o impacto da comunicação audiovisual e da “alegria” (Georges Snyders), a unidade do homem contra as
informática, seja para informar, seja para bitolar ou controlar “unidimensionalizações” (Herbert Marcuse), etc.
as mentes. Ainda trabalha-se muito com recursos tradicionais Evidentemente, nem todos esses autores aceitariam
que não têm apelo para as crianças e jovens. Os que defendem enquadrar-se nos paradigmas holonômicos. Todas as
a informatização da educação sustentam que é preciso mudar classificações e tipologias, no campo das ideias, são
profundamente os métodos de ensino para reservar ao necessariamente reducionistas. Não se pode negar as
cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar, divergências existentes entre eles. Contudo, as categorias
em vez de desenvolver a memória. Para ele, a função da escola apontadas anteriormente indicam uma certa tendência, ou
será, cada vez mais, a de ensinar a pensar criticamente. Para melhor, uma perspectiva da educação. Os que sustentam os
isso é preciso dominar mais metodologias e linguagens, paradigmas holonômicos procuram buscar na unidade dos
inclusive a linguagem eletrônica. contrários e na cultura contemporânea um sinal dos tempos,
uma direção do futuro, que eles chamam de pedagogia da
Paradigmas Holonômicos unidade.
Entre as novas teorias surgidas nesses últimos anos,
despertaram interesse dos educadores os chamados Educação Popular
paradigmas holonômicos, ainda pouco consistentes. O paradigma da educação popular, inspirado
Complexidade e holismo são palavras cada vez mais ouvidas originalmente no trabalho de Paulo Freire nos anos 60,
nos debates educacionais. Nesta perspectiva, pode-se incluir encontrava na conscientização sua categoria fundamental. A
as reflexões de Edgar Morin, que critica a razão produtivista e prática e a reflexão sobre a prática levaram a incorporar outra
a racionalização modernas, propondo uma lógica do vivente. categoria não menos importante: a da organização. Afinal, não
Esses paradigmas sustentam um princípio unificador do saber, basta estar consciente, é preciso organizar-se para poder
do conhecimento, em torno do ser humano, valorizando o seu transformar. Nos últimos anos, os educadores que
cotidiano, o seu vivido, o pessoal, a singularidade, o entorno, o permaneceram fiéis aos princípios da educação popular
acaso e outras categorias como: decisão, projeto, ruído, atuaram principalmente em duas direções: na educação
ambiguidade, finitude, escolha, síntese, vínculo e totalidade. pública popular - no espaço conquistado no interior do Estado
Essas seriam algumas das categorias dos paradigmas -; e na educação popular comunitária e na educação ambiental
chamados holonômicos. Etimologicamente, holos, em grego, ou sustentável, predominantemente não governamentais.
significa todo e os novos paradigmas procuram centrar-se na Durante os regimes autoritários da América Latina, a educação
totalidade. Mais do que a ideologia, seria a utopia que teria popular manteve sua unidade, combatendo as ditaduras e
essa força para resgatar a totalidade do real, totalidade apresentando projetos “alternativos”. Com as conquistas
perdida. Para os defensores desses novos paradigmas, os democráticas, ocorreu com a educação popular uma grande
paradigmas clássicos - identificados no positivismo e no fragmentação em dois sentidos: de um lado ela ganhou uma
marxismo - seriam marcados pela ideologia e lidariam com nova vitalidade no interior do Estado, diluindo-se em suas
categorias redutoras da totalidade. Ao contrário, os políticas públicas; e, de outro, continuou como educação não-
paradigmas holonômicos pretendem restaurar a totalidade do formal, dispersando-se em milhares de pequenas
sujeito, valorizando a sua iniciativa e a sua criatividade, experiências. Perdeu em unidade, ganhou em diversidade e
valorizando o micro, a complementaridade, a convergência e a conseguiu atravessar numerosas fronteiras. Hoje ela
complexidade. Para eles, os paradigmas clássicos sustentam o incorporou-se ao pensamento pedagógico universal e orienta
sonho milenarista de uma sociedade plena, sem arestas, em a atuação de muitos educadores espalhados pelo mundo, como
que nada perturbaria um consenso sem fricções. Ao aceitar o testemunha o Fórum Paulo Freire, que se realiza de dois em
como fundamento da educação uma antropologia que concebe dois anos, reunindo educadores de muitos países.
o homem como um ser essencialmente contraditorial, os As práticas de educação popular também constituem-se
paradigmas holonômicos pretendem manter, sem pretender em mecanismos de democratização, em que se refletem os
superar, todos os elementos da complexidade da vida. valores de solidariedade e de reciprocidade e novas formas
Os holistas sustentam que o imaginário e a utopia são os alternativas de produção e de consumo, sobretudo as práticas
grandes fatores instituintes da sociedade e recusam uma de educação popular comunitária, muitas delas voluntárias. O
ordem que aniquila o desejo, a paixão, o olhar e a escuta. Os Terceiro Setor está crescendo não apenas como alternativa

Didática 7
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entre o Estado burocrático e o mercado insolidário, mas Isso está sendo possível graças às novas tecnologias que
também como espaço de novas vivências sociais e políticas estocam o conhecimento, de forma prática e acessível, em
hoje consolidadas com as organizações não-governamentais gigantescos volumes de informações, que são armazenadas
(ONGs) e as organizações de base comunitária (OBCs). Este inteligentemente, permitindo a pesquisa e o acesso de maneira
está sendo hoje o campo mais fértil da educação popular. muito simples, amigável e flexível. É o que já acontece com a
Diante desse quadro, a educação popular, como modelo Internet: para ser “usuário”, basta dispor de uma linha
teórico reconceituado, tem oferecido grandes alternativas. telefônica e um computador. “Usuário” não significa aqui
Dentre elas, está a reforma dos sistemas de escolarização apenas receptor de informações, mas também emissor de
pública. A vinculação da educação popular com o poder local e informações. Pela Internet, a partir de qualquer sala de aula do
a economia popular abre, também, novas e inéditas planeta, pode-se acessar inúmeras bibliotecas em muitas
possibilidades para a prática da educação. O modelo teórico da partes do mundo. As novas tecnologias permitem acessar
educação popular, elaborado na reflexão sobre a prática da conhecimentos transmitidos não apenas por palavras, mas
educação durante várias décadas, tornou-se, sem dúvida, uma também por imagens, sons, fotos, vídeos (hipermídia), etc. Nos
das grandes contribuições da América Latina à teoria e à últimos anos, a informação deixou de ser uma área ou
prática educativa em âmbito internacional. A noção de especialidade para se tornar uma dimensão de tudo,
aprender a partir do conhecimento do sujeito, a noção de transformando profundamente a forma como a sociedade se
ensinar a partir de palavras e temas geradores, a educação organiza. Pode-se dizer que está em andamento uma
como ato de conhecimento e de transformação social e a Revolução da Informação, como ocorreram no passado a
politicidade da educação são apenas alguns dos legados da Revolução Agrícola e a Revolução Industrial.
educação popular à pedagogia crítica universal. Ladislau Dowbor8, após descrever as facilidades que as
novas tecnologias oferecem ao professor, se pergunta: o que
Universalização da Educação Básica e Novas Matrizes eu tenho a ver com tudo isso, se na minha escola não tem nem
Teóricas biblioteca e com o meu salário eu não posso comprar um
computador? Ele mesmo responde que será preciso trabalhar
A educação apresenta-se numa dupla encruzilhada: de um em dois tempos: o tempo do passado e o tempo do futuro.
lado, o desempenho do sistema escolar não tem dado conta da Fazer tudo hoje para superar as condições do atraso e, ao
universalização da educação básica de qualidade; de outro, as mesmo tempo, criar as condições para aproveitar amanhã as
novas matrizes teóricas não apresentam ainda a consistência possibilidades das novas tecnologias.
global necessária para indicar caminhos realmente seguros As novas tecnologias criaram novos espaços do
numa época de profundas e rápidas transformações. Essa é conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, o
uma das preocupações do Instituto Paulo Freire, buscando, a espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se educativos.
partir do legado de Paulo Freire, consolidar o seu “Projeto da Cada dia mais pessoas estudam em casa, pois podem, de casa,
Escola Cidadã”, como resposta à crise de paradigmas. A acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem a
concepção teórica e as práticas desenvolvidas a partir do distância, buscar “fora” - a informação disponível nas redes de
conceito de Escola Cidadã podem constituir-se numa computadores interligados - serviços que respondem às suas
alternativa viável, de um lado, ao projeto neoliberal de demandas de conhecimento. Por outro lado, a sociedade civil
educação, amplamente hegemônico, baseado na ética do (ONGs, associações, sindicatos, igrejas, etc.) está se
mercado, e, de outro lado, à teoria e à prática de uma educação fortalecendo não apenas como espaço de trabalho, em muitos
burocrática, sustentada na “estatolatria” (Antônio Gramsci). É casos, voluntário, mas também como espaço de difusão de
uma escola que busca fortalecer autonomamente o seu projeto conhecimentos e de formação continuada. É um espaço
político-pedagógico, relacionando-se dialeticamente - não potencializado pelas novas tecnologias, inovando
mecânica e subordinadamente - com o mercado, o Estado e a constantemente nas metodologias. Novas oportunidades
sociedade. Ela visa formar o cidadão para controlar o mercado parecem abrir-se para os educadores. Esses espaços de
e o Estado, sendo, ao mesmo tempo, pública quanto ao seu formação têm tudo para permitir maior democratização da
destino - isto é, para todos - estatal quanto ao financiamento e informação e do conhecimento, portanto, menos distorção e
democrática e comunitária quanto à sua gestão. menos manipulação, menos controle e mais liberdade. É uma
Seja qual for a perspectiva que a educação contemporânea questão de tempo, de políticas públicas adequadas e de
tomar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma iniciativa da sociedade. A tecnologia não basta. É preciso a
educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo participação mais intensa e organizada da sociedade. O acesso
Estado e pelo mercado, portanto, uma educação muito mais à informação não é apenas um direito. É um direito
voltada para a transformação social do que para a transmissão fundamental, um direito primário, o primeiro de todos os
cultural. Por isso, acredita-se que a pedagogia da práxis, como direitos, pois sem ele não se tem acesso aos outros direitos.
uma pedagogia transformadora, em suas várias manifestações, Na formação continuada necessita-se de maior integração
pode oferecer um referencial geral mais seguro do que as entre os espaços sociais (domiciliar, escolar, empresarial, etc.),
pedagogias centradas na transmissão cultural, neste momento visando equipar o aluno para viver melhor na sociedade do
de perplexidade. conhecimento. Como previa Herbert McLuhan, o planeta
tornou-se a nossa sala de aula e o nosso endereço. O
Sociedade da Informação e Educação ciberespaço não está em lugar nenhum, pois está em todo o
Costuma-se definir nossa era como a era do conhecimento. lugar o tempo todo. Estar num lugar significaria estar
Se for pela importância dada hoje ao conhecimento, em todos determinado pelo tempo (hoje, ontem, amanhã). No
os setores, pode-se dizer que se vive mesmo na era do ciberespaço, a informação está sempre e permanentemente
conhecimento, na sociedade do conhecimento, sobretudo em presente e em renovação constante. O ciberespaço rompeu
consequência da informatização e do processo de globalização com a ideia de tempo próprio para a aprendizagem. Não há
das telecomunicações a ela associado. Pode ser que, de fato, já tempo e espaço próprios para a aprendizagem. Como ele está
se tenha ingressado na era do conhecimento, mesmo todo o tempo em todo lugar, o espaço da aprendizagem é aqui
admitindo que grandes massas da população estejam - em qualquer lugar - e o tempo de aprender é hoje e sempre.
excluídas dele. Todavia, o que se constata é a predominância A sociedade do conhecimento se traduz por redes, “teias” (Ivan
da difusão de dados e informações e não de conhecimentos. Illich), “árvores do conhecimento” (Humberto Maturana), sem

8 DOWBOR, L. A reprodução social. São Paulo, Vozes, 1998.

Didática 8
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hierarquias, em unidades dinâmicas e criativas, favorecendo a pouco para a emancipação dos excluídos se não for associada
conectividade, o intercâmbio, consultas entre instituições e ao exercício da cidadania.
pessoas, articulação, contatos e vínculos, interatividade. A Como diz Ladislau Dowbor, a escola deixará de ser
conectividade é a principal característica da Internet. “lecionadora” para ser “gestora do conhecimento”. Segundo o
O conhecimento é o grande capital da humanidade. Não é autor, “pela primeira vez a educação tem a possibilidade de ser
apenas o capital da transnacional que precisa dele para a determinante sobre o desenvolvimento”. A educação tornou-
inovação tecnológica. Ele é básico para a sobrevivência de se estratégica para o desenvolvimento, mas, para isso, não
todos e, por isso, não deve ser vendido ou comprado, mas sim basta “modernizá-la”, como querem alguns. Será preciso
disponibilizado a todos. Esta é a função de instituições que se transformá-la profundamente.
dedicam ao conhecimento apoiado nos avanços tecnológicos. A escola precisa ter projeto, precisa de dados, precisa fazer
Espera-se que a educação do futuro seja mais democrática, sua própria inovação, planejar-se a médio e a longo prazos,
menos excludente. Essa é ao mesmo tempo nossa causa e fazer sua própria reestruturação curricular, elaborar seus
nosso desafio. Infelizmente, diante da falta de políticas parâmetros curriculares, enfim, ser cidadã. As mudanças que
públicas no setor, acabaram surgindo “indústrias do vêm de dentro das escolas são mais duradouras. Da sua
conhecimento”, prejudicando uma possível visão humanista, capacidade de inovar, registrar, sistematizar a sua
tornando-o instrumento de lucro e de poder econômico. prática/experiência, dependerá o seu futuro. Nesse contexto, o
A educação, em particular a educação a distância, é um bem educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno
coletivo e, por isso, não deve ser regulada pelo jogo do que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir
mercado, nem pelos interesses políticos ou pelo furor conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa
legiferante de regulamentar, credenciar, autorizar, ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos
reconhecer, avaliar, etc. de muitos tecnoburocratas. Quem sentidos para o que fazer dos seus alunos.
deve decidir sobre a qualidade dos seus certificados não é nem Em geral, temos a tendência de desvalorizar o que fazemos
o Estado e nem o mercado, mas sim a sociedade e o sujeito na escola e de buscar receitas fora dela quando é ela mesma
aprendente. Na era da informação generalizada, existirá ainda que deveria governar-se. É dever dela ser cidadã e desenvolver
necessidade de diplomas? na sociedade a capacidade de governar e controlar o
O que cabe à escola na sociedade informacional? Cabe a ela desenvolvimento econômico e o mercado. A cidadania precisa
organizar um movimento global de renovação cultural, controlar o Estado e o mercado, verdadeira alternativa ao
aproveitando-se de toda essa riqueza de informações. Hoje é a capitalismo neoliberal e ao socialismo burocrático e
empresa que está assumindo esse papel inovador. A escola não autoritário. A escola precisa dar o exemplo, ousar construir o
pode ficar a reboque das inovações tecnológicas. Ela precisa futuro. Inovar é mais importante do que reproduzir com
ser um centro de inovação. Temos uma tradição de dar pouca qualidade o que existe. A matéria-prima da escola é sua visão
importância à educação tecnológica, a qual deveria começar já do futuro.
na educação infantil. A escola está desafiada a mudar a lógica da construção do
Na sociedade da informação, a escola deve servir de conhecimento, pois a aprendizagem agora ocupa toda a nossa
bússola para navegar nesse mar do conhecimento, superando vida. E porque passamos todo o tempo de nossas vidas na
a visão utilitarista de só oferecer informações “úteis” para a escola - não só nós, professores - devemos ser felizes nela. A
competitividade, para obter resultados. Deve oferecer uma felicidade na escola não é uma questão de opção metodológica
formação geral na direção de uma educação integral. O que ou ideológica, mas sim uma obrigação essencial dela. Como diz
significa servir de bússola? Significa orientar criticamente, Georges Snyders no livro ‘A alegria na escola, precisamos de
sobretudo as crianças e jovens, na busca de uma informação uma nova “cultura da satisfação”, precisamos da “alegria
que os faça crescer e não embrutecer. cultural’. O mundo de hoje é “favorável à satisfação” e a escola
Hoje vale tudo para aprender. Isso vai além da “reciclagem” também pode sê-lo.
e da atualização de conhecimentos e muito mais além da O que é ser professor hoje? Ser professor hoje é viver
“assimilação” de conhecimentos. A sociedade do intensamente o seu tempo, conviver; é ter consciência e
conhecimento possui múltiplas oportunidades de sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a
aprendizagem: parcerias entre o público e o privado (família, humanidade sem educadores, assim como não se pode pensar
empresa, associações, etc.); avaliações permanentes; debate num futuro sem poetas e filósofos. Os educadores, numa visão
público; autonomia da escola; generalização da inovação. As emancipadora, não só transformam a informação em
consequências para a escola e para a educação em geral são conhecimento e em consciência crítica, mas também formam
enormes: ensinar a pensar; saber comunicar-se; saber pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos
pesquisar; ter raciocínio lógico; fazer sínteses e elaborações marketeiros, eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”,
teóricas; saber organizar o seu próprio trabalho; ter disciplina os filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber
para o trabalho; ser independente e autônomo; saber articular (não o dado, a informação e o puro conhecimento), porque
o conhecimento com a prática; ser aprendiz autônomo e a constroem sentido para a vida das pessoas e para a
distância. humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mas
Neste contexto de impregnação do conhecimento, cabe à produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são
escola: amar o conhecimento como espaço de realização imprescindíveis.
humana, de alegria e de contentamento cultural; selecionar e
rever criticamente a informação; formular hipóteses; ser Educação do Futuro
criativa e inventiva (inovar); ser provocadora de mensagens e Jacques Delors9, coordenador do “Relatório para a Unesco
não pura receptora; produzir, construir e reconstruir da Comissão Internacional Sobre Educação para o Século XXI”,
conhecimento elaborado. E mais: numa perspectiva no livro Educação: um tesouro a descobrir, aponta como
emancipadora da educação, a escola tem que fazer tudo isso principal consequência da sociedade do conhecimento a
em favor dos excluídos, não discriminando o pobre. Ela não necessidade de uma aprendizagem ao longo de toda a vida
pode distribuir poder, mas pode construir e reconstruir (Lifelong Learning) fundada em quatro pilares que são ao
conhecimentos, saber, que é poder. Numa perspectiva mesmo tempo pilares do conhecimento e da formação
emancipadora da educação, a tecnologia contribui muito

9 DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da


Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1998.

Didática 9
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APOSTILAS OPÇÃO

continuada. Esses pilares podem ser tomados também como apontadas. Elas não podem ser negadas, pois ajudarão muito
bússola para nos orientar rumo ao futuro da educação. na leitura do mundo da educação atual. Elas não podem ser
negadas ou desprezadas como categorias “ultrapassadas”.
Aprender a conhecer: prazer de compreender, descobrir, Porém, também podemos nos ocupar mais
construir e reconstruir o conhecimento, curiosidade, especificamente de outras, ao pensar a educação do futuro,
autonomia, atenção. Inútil tentar conhecer tudo. Isso supõe categorias nascidas ao mesmo tempo da prática da educação e
uma cultura geral, o que não prejudica o domínio de certos da reflexão sobre ela. Eis algumas delas a título de exemplo:
assuntos especializados. Aprender a conhecer é mais do que a) Cidadania: o que implica também tratar do tema da
aprender a aprender. Aprender mais linguagens e autonomia da escola, de seu projeto político-pedagógico, da
metodologias do que conteúdos, pois estes envelhecem questão da participação, da educação para a cidadania. Dentro
rapidamente. Não basta aprender a conhecer. É preciso desta categoria, pode-se discutir particularmente o significado
aprender a pensar, a pensar a realidade e não apenas “pensar da concepção de escola cidadã e de suas diferentes práticas.
pensamentos”, pensar o já dito, o já feito, reproduzir o Educar para a cidadania ativa tornou-se hoje projeto e
pensamento. É preciso pensar também o novo, reinventar o programa de muitas escolas e de sistemas educacionais.
pensar, pensar e reinventar o futuro. b) Planetaridade: a Terra é um “novo paradigma”
(Leonardo Boff). Que implicações tem essa visão de mundo
Aprender a fazer: é indissociável do aprender a conhecer. sobre a educação? O que seria uma ecopedagogia (Francisco
A substituição de certas atividades humanas por máquinas Gutiérrez) e uma ecoformação (Gaston Pineau)? O tema da
acentuou o caráter cognitivo do fazer. O fazer deixou de ser cidadania planetária pode ser discutido a partir desta
puramente instrumental. Nesse sentido, vale mais hoje a categoria. Podemos nos perguntar como Milton Nascimento:
competência pessoal que torna a pessoa apta a enfrentar novas “para que passaporte se fazemos parte de uma única nação?”
situações de emprego, mas apta a trabalhar em equipe, do que Que consequências podemos tirar para alunos, professores e
a pura qualificação profissional. Hoje, o importante na currículos?
formação do trabalhador, também do trabalhador em c) Sustentabilidade: o tema da sustentabilidade originou-
educação, é saber trabalhar coletivamente, ter iniciativa, se na economia (“desenvolvimento sustentável”) e na ecologia,
gostar do risco, ter intuição, saber comunicar-se, saber para se inserir definitivamente no campo da educação,
resolver conflitos, ter estabilidade emocional. Essas são, acima sintetizada no lema “uma educação sustentável para a
de tudo, qualidades humanas que se manifestam nas relações sobrevivência do planeta”. O que seria uma cultura da
interpessoais mantidas no trabalho. A flexibilidade é essencial. sustentabilidade? Esse tema deverá dominar muitos debates
Existem hoje perto de 11 mil funções na sociedade contra educativos das próximas décadas. O que estamos estudando
aproximadamente 60 profissões oferecidas pelas nas escolas? Não estaremos construindo uma ciência e uma
universidades. Como as profissões evoluem muito cultura que servem para a degradação/deterioração do
rapidamente, não basta preparar-se profissionalmente para planeta?
um trabalho. d) Virtualidade: esse tema implica toda a discussão atual
sobre a educação a distância e o uso dos computadores nas
Aprender a viver juntos: a viver com os outros. escolas (Internet). A informática, associada à telefonia, nos
Compreender o outro, desenvolver a percepção da inseriu definitivamente na era da informação. Quais as
interdependência, da não-violência, administrar conflitos. consequências para a educação, para a escola, para a formação
Descobrir o outro, participar em projetos comuns. Ter prazer do professor e para a aprendizagem? Consequências da
no esforço comum. Participar de projetos de cooperação. Essa obsolescência do conhecimento. Como fica a escola diante da
é a tendência. No Brasil, como exemplo desta tendência, pode- pluralidade dos meios de comunicação? Eles abrem os novos
se citar a inclusão de temas/eixos transversais (ética, ecologia, espaços da formação ou irão substituir a escola?
cidadania, saúde, diversidade cultural) nos Parâmetros e) Globalização: o processo da globalização está mudando
Curriculares Nacionais, que exigem equipes interdisciplinares a política, a economia, a cultura, a história e, portanto, também
e trabalho em projetos comuns. a educação. É um tema que deve ser enfocado sob vários
prismas. A globalização remete também ao poder local e às
Aprender a ser: desenvolvimento integral da pessoa: consequências locais da nossa dívida externa global (e dívida
inteligência, sensibilidade, sentido ético e estético, interna também, a ela associada). O global e o local se fundem
responsabilidade pessoal, espiritualidade, pensamento numa nova realidade: o “global”. O estudo desta categoria
autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa. Para remete à necessária discussão do papel dos municípios e do
isso não se deve negligenciar nenhuma das potencialidades de “regime de colaboração” entre União, estados, municípios e
cada indivíduo. A aprendizagem não pode ser apenas lógico- comunidade, nas perspectivas atuais da educação básica. Para
matemática e linguística. Precisa ser integral. pensar a educação do futuro, é necessário refletir sobre o
Iniciou-se este texto procurando situar o que significa processo de globalização da economia, da cultura e das
“perspectiva”. Sem pretender fazer qualquer exercício de comunicações.
futurologia e muito mais no sentido de estabelecer pontos para f) Transdisciplinaridade: embora com significados
o debate, serão apontados aqui algumas categorias em torno distintos, certas categorias como transculturalidade,
da educação do futuro, que indicam o surgimento de temas transversalidade, multiculturalidade e outras como
com importantes consequências para a educação. complexidade e holismo também indicam uma nova tendência
na educação que será preciso analisar. Como construir
As categorias “contradição”, “determinação”, interdisciplinarmente o projeto pedagógico da escola? Como
“reprodução”, “mudança”, “trabalho”, “práxis”, “necessidade”, relacionar multiculturalidade e currículo? É necessário
“possibilidade” aparecem frequentemente na literatura realizar o debate dos PCN. Como trabalhar com os “temas
pedagógica contemporânea, sinalizando já uma perspectiva da transversais”? O desafio de uma educação sem discriminação
educação, a perspectiva da pedagogia da práxis. Essas étnica, cultural, de gênero.
categorias tornaram-se clássicas na explicação do fenômeno g) Dialogicidade, dialeticidade: não se pode negar a
da educação, principalmente a partir de Hegel e de Marx. A atualidade de certas categorias freireanas e marxistas, a
dialética constitui-se, até hoje, no paradigma mais consistente validade de uma pedagogia dialógica ou da práxis. Marx, em O
para analisar o fenômeno da educação. Pode-se e deve-se capital, privilegiou as categorias hegelianas “determinação”,
estudá-la e estudar todas as categorias anteriormente “contradição”, “necessidade” e “possibilidade”. A

Didática 10
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APOSTILAS OPÇÃO

fenomenologia hegeliana continua inspirando nossa educação Relação Escola x Comunidade


e deverá atravessar os anos. A educação popular e a pedagogia Para Libâneo10 a organização de atividades que asseguram
da práxis deverão continuar como paradigmas válidos para o a relação entre escola e comunidade, implica ações que
futuro que virá. envolvem a escola e suas relações externas, tais como os níveis
superiores de gestão do sistema escolar, os pais, as
A análise dessas categorias e a identificação da sua organizações políticas e comunitárias, as cidades e os
presença na pedagogia contemporânea podem constituir-se, equipamentos urbanos. O objetivo dessas atividades é buscar
sem dúvida, num grande programa a ser desenvolvido hoje em as possibilidades de cooperação e de apoio, oferecidas pelas
torno das “perspectivas atuais da educação”. Não se pretende diferentes instituições, que contribuam para o aprimoramento
aqui dar respostas definitivas. Com esse pequeno texto do trabalho da escola, isto é, para as atividades de ensino e de
introdutório, procurou-se apenas iniciar um debate sobre as educação dos alunos. Espera-se especialmente, que os pais
perspectivas atuais da educação, sem a intenção de, com isso, atuam na gestão escolar mediante canais de participação bem
encerrá-lo. Existem muitos outros desafios para a educação. A definidos.
reflexão crítica não basta, como também não basta a prática Assim, podemos inferir que a participação efetiva da
sem a reflexão sobre ela. Aqui, são indicadas apenas algumas comunidade na escola é uma responsabilidade da escola. Essa
pistas, dentro de uma visão otimista e crítica - não pessimista participação traz, sem dúvidas, inúmeras vantagens, porém
e ingênua - para uma análise em profundidade daqueles que se reconhece-se que há inúmeros obstáculos em relação a tal
interessam por uma “educação voltada para o futuro”, como participação. Mesmo assim, a escola não deve desistir, pois
dizia o grande educador polonês, o marxista Bogdan essa participação deve ser entendida como uma questão
Suchodolski. política, que auxilia na construção da cidadania. Um bom
começo para efetivas mudanças no padrão de participação da
A integração da Escola x Família x Comunidade comunidade é, por exemplo, um incentivo e a implantação dos
conselhos escolares que devem atuar de maneira ativa e
Não há como pensarmos em educação sem o envolvimento autônoma.
da família nesse processo. Escola e família são instituições Pais e mães podem participar de várias formas no
sociais muito presentes na vida escolar do aluno, de forma que ambiente escolar e na própria educação dos filhos, basta que a
só se pode pensar em sucesso educativo se pensarmos escola ofereça opções e dedique um tempo para que isso
também em trabalho conjunto. Educar é sem dúvida um papel aconteça. Claro que essa não é uma tarefa fácil, uma vez que os
que recai sobre a família e a escola. Por isso, quanto mais professores estão envolvidos emocionalmente com seus
estreita for essa relação, melhor será o resultado. Pais e alunos e famílias. Famílias e escola têm a responsabilidade de
professores têm objetivos comuns e precisam ser os mais educar as crianças, para isso precisam estabelecer uma relação
cordiais, coerentes e responsáveis nesse processo. de parceria, aumentando as possibilidades de compartilhar
Não há como conceber um compartilhamento da ação critérios educativos que possam minimizar as possíveis
educativa sem considerar os contatos entre as famílias e os diferenças entre os dois ambientes, escola e família.
educadores. Essa é uma questão primordial que deve ser Não há dúvidas que o ambiente escolar e a família
muito mais frequente na educação dos anos iniciais do que nas compõem o meio social no qual o aluno está inserido. Eles dois
outras etapas, os contatos podem ser de várias naturezas: mais o local em que localiza sua residência ou sua escola, bem
contatos rotineiros, reunião de pais, reuniões de, reuniões de como os laços sociais e econômicos compõem o meio social
conselho de escola, comemorações, trabalho do professor e com forte interferência no aprendizado e na motivação para
informações da própria criança. aprendê-lo.
Todas as formas de contatos entre escola e família sevem
para aproximar as famílias do universo escolar e para que a A Educação como Responsabilidade de Todos
escola possa conhecer a dinâmica familiar daquele aluno, Observa-se nas últimas décadas, uma crescente
quanto mais à escola conhece o aluno e sua família mais preocupação com essa inserção da comunidade na escola,
próxima estarão do sucesso na educação dele. inclusive com programas voluntários, como os famosos
Quando falamos na necessidade da relação entre família e “Amigos na escola”. Independentemente das questões
escola, falamos principalmente na possibilidade de ideológicas que esse tipo de participação possa suscitar
compartilhar critérios educativos para que possam minimizar sabemos que a comunidade tem um papel importante na
as possíveis diferenças entre os dois ambientes, Para o aluno, construção da autonomia da escola, principalmente da escola
é muito mais produtivo que os ambientes tenham ideias pública porque essa correrá uma medida em que a escola se
parecidas sobre educação. O crescimento harmonioso do coloca a serviço dos interesses da população que dela
aluno deve permear a colaboração entre as duas instâncias, necessita.
família e escola, de forma que possa contribuir para: Paro argumenta que a ausência da comunidade na escola
Buscar meios para que a família possa criar o hábito de pública torna-se mais difícil a avaliação da qualidade do ensino
participar da vida escolar dos seus filhos, percebendo o quanto ofertado. Os pais, até mesmo mais que os alunos, como co-
a família é importante no processo Ensino Aprendizagem do usuário da escola, são capazes de apontar problemas e, muitas
aluno, através de ações previstas no Projeto Político vezes, sugerir ações para solução deles. Além de todos esses
Pedagógico, propor alteração no Projeto Político Pedagógico aspectos é ainda importante realizar a divisão do poder na
com o intuito de melhorar o processo ensino aprendizagem, escola possibilitando a comunidade participar da tomada de
despertar as famílias, fazendo com que possam perceber a decisões.
importância da participação nas atividades escolares dos A relação entre escola e comunidade precisa ser um espaço
filhos, promover atividades que permitam o envolvimento das aberto onde favoreça e solicite a participação de toda essa
famílias, criar momentos de integração entre pais, alunos e abertura aponta para o caráter interdependente da escola.
comunidade escolar, mostrando-lhes o quanto eles são Essa interação entre escola e comunidade é amparada por leis
importantes na vida escolar de seus filhos. que exigem, por exemplo, a criação dos conselhos escolares.
Essas são estratégias de interação e de democratização do
espaço escolar e favorecem a democratização do ensino.

10LIBANEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação Escolar: políticas,


estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.

Didática 11
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APOSTILAS OPÇÃO

Gestão Escolar Democrática Além de estratégias de socialização, as famílias diferem


A escola tem como uma de suas atribuições desenvolver uma das outras quanto a modelos educativos. Bouchard11
ações e atividades que ensinem e aprimorem o respeito ás distingue, de forma geral, três modelos: o “racional”, o
diferenças entre todos. Para tanto, se faz necessário que a “humanista” e o “simbiossinérgico”. No racional, os pais
escola efetive ações em prol do desenvolvimento da cidadania. mantêm uma hierarquia na qual decidem e impõem suas
É nesse contexto que se destaca a gestão democrática do decisões sobre as atividades e o futuro dos filhos. Dão muita
ensino público, princípio constitucional que traduz a importância à disciplina, à ordem, à submissão, à autoridade.
participação ativa e cidadã da comunidade escolar e local na Nas suas estratégias educativas, os pais distribuem ordens,
condução da escola, pois a gestão da escola é um ato político impõem, ameaçam, criticam, controlam, proíbem, dão as
que implica tomada de decisões que não podem ser soluções para a criança. Orientam mais para um conformismo
individuais, mas coletivas. do que para a autonomia.
No contexto educacional, a democracia deve ser o princípio No modelo humanista, os pais se colocam mais como guias,
norteador da prática pedagógica, configurando-se como dando aos filhos o poder de decisão, numa política que
fundamento das ações escolares. Desse modo, o Bouchard chama de autogestão no poder pela criança. Entre as
desenvolvimento de práticas democrático é parte da estratégias educativas estão as seguintes: permite e estimula a
construção de um sistema que respeita os direitos individuais expressão das emoções pelos filhos, encoraja nos seus
e coletivos de todos. Assim, é fundamental que a escola efetive empreendimentos, reconhece e valoriza as capacidades dos
ações que concretizem a gestão democrática, entre elas, a filhos, favorece a autonomia e a autodeterminação nos seus
efetivação do Conselho da Escola e a realização de eleições filhos sua comunicação orienta-se necessidades dos filhos.
diretas para direção e vice direção. Os conflitos entre famílias e escolas podem advir das
No entanto, para que a gestão democrática se concretize é diferenças de classes sociais, valores, crenças, hábitos de
essencial o desenvolvimento de ações pautada nos princípios interação e comunicação subjacentes aos modelos educativos.
de autonomia e interculturalismo, em processos de Tanto crianças como pai pode comportar-se segundo modelos
participação e de cooperação na construção de uma sociedade que não são da escola. Isto pode não ser um problema para as
mais justo e igualitária. Para tanto, o processo de ensino- famílias das camadas sócias mais altas, quem tem a
aprendizagem é fundamental, pois por meio de práticas possibilidade de escolher uma escola que se assemelhe ao seu
democráticas desenvolvidas em sala de aula se vivencia e se próprio modelo. Esta não é a realidade para as classes
aprende o respeito às diferenças, possibilitando a resolução trabalhadoras. Os modelos adotados pelas escolas dependem,
positiva de conflitos e favorecendo a realização de objetivos em geral, da disposição das diretorias e de sua orientação.
coletiva.
Portanto, se a escola busca desenvolver valores A Participação dos Pais na Vida da Escola
democráticos como o respeito, a justiça, a liberdade e a Sabe-se que em geral, os pais poucas participações
solidariedade, devem necessariamente, democratizar os exercem na determinação do que acontece na escola. Algumas
métodos e os processos de ensino-aprendizagem e, vezes teme-se a participação de certos pais que, sendo muito
fundamentalmente, o relacionamento entre professor e aluno. eloquentes e de temperamento forte, tentam impor sua
Professores que estabelecem relações horizontais com seus vontade sobre procedimentos escolares e que muitas vezes
alunos, propiciando o diálogo sobre conteúdos e vivências, funcionariam mais para “facilitar” sua própria vida, ou de seus
conseguem concretizar intervenções que atendem ás questões filhos, do que para melhorar a qualidade do ensino, conforme
individuais e coletivas. Essa atitude, além de respeitar as percebido por gestores e professores. Em vista disso, muitas
condições e possibilidades de cada um, proporciona o êxito do vezes, os dirigentes escolares não apenas deixam de ouvir os
processo de ensino-aprendizagem. pais, como até evitam fazê-lo, e de dar espaço para a
participação familiar. É possível que ajam dessa forma
A Relação Família x Escola também por terem receio de perder espaço e autoridade.
Há inúmeros fatores a serem levados em conta na Observando a escola, podemos perceber que a maioria dos
consideração da relação família/escola. O primeiro deles, é que pais por terem dificuldades em estarem frequentes na escola
a ação educativa dos pais difere, necessariamente, da escola, tem nos revelado não apenas uma carência, mas nos fez
dos seus objetivos, conteúdos, métodos, no padrão de perceber que estamos no caminho certo ao realizar ações que
sentimentos e emoções que estão em jogo, na natureza dos despertem neles o entendimento da importância dessa
laços pessoais entre os protagonistas e, evidentemente, nas participação. Porém não podemos deixar de registrar um
circunstâncias em que ocorrem. imobilismo ou incapacidade da escola em elaborar ações que
Outra consideração refere-se ao comportamento das superem ou ajudam superar essas limitações, pois o que mais
famílias das diferentes camadas sociais em relação à escola ouvimos a escola dizer que é muito difícil trazer os pais para a
pública, famílias de classe média desenvolvem estratégias de escola, isso tem caracterizado o desânimo e a falta de vontade
participação, tendo em vista a criação de condições para o em mudar situações.
sucesso escolar de seus filhos, além dos mais, o nível de Exemplificando esforços de mudanças dessa situação,
escolaridade e a facilidade de verbalização possibilitam a esses decidimos assumir juntamente com os diretores a realização
pais uma crítica que famílias das classes trabalhadoras não de trabalho para promover a superação dessas dificuldades, e
conseguem ou não ousam fazer. tomamos a iniciativa de promover encontros, realizar
Outro fator a ser considerado refere-se às estratégias de reuniões e palestras com pais de alunos de nossas escolas,
socialização escolar, se são complementares ou não às da abrindo-se para apoiar as famílias como forma de promover a
escola, e isto depende muito de classe social que a família integração dos mesmos ao seu trabalho.
pertence. As famílias podem desenvolver práticas que venham A participação dos pais na vida da escola tem sido
facilitar a aprendizagem escolar (por exemplo: preparar para observada em pesquisas, como um dos indicadores mais
a alfabetização) e desenvolver hábitos coerentes com os significativos na determinação da qualidade do ensino, isto é
exigidos pela escola (por exemplo: hábitos de conversação) ou aprendem mais os alunos cujos pais participam mais da vida
não. da escola.

11 BOUCHARD, J. M. De I'Institution a Ia communauté: les parents et les


professionels-une relation qui se construit. In: DURNING, R Education familiale.
Vigneux: Matrice, 1988.

Didática 12
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Questões Devemos perguntar o que significa hoje pedir mais


educação. Por um lado, essas mudanças introduzidas pela
01. Assinale certo ou errado para a assertiva abaixo: sociedade da informação e do conhecimento fazem que
Ao tratar da concepção de homem, Paulo Freire entende tenhamos de rever o significado atual do conceito de educação,
que o homem começa a ser sujeito social, independente do pois em nenhum caso as formas de transmissão e de criação
contato com outros homens. do conhecimento serão as mesmas.
( ) Certo ( ) Errado As mudanças ocorridas no âmbito político, científico e
tecnológico não parecem trazer uma sociedade mais justa e
02. Com relação ao convívio família/escola, a ação solidária, pelo contrário, introduzimos novas formas de
educativa dos pais difere, necessariamente, da escola, dos seus desigualdade e de injustiça, que fazem aumentar a pobreza, a
objetivos, dentre outros aspectos. marginalização e a exclusão. Diante de tal fato, devemos
( ) Certo ( ) Errado repensar essa frase “a educação para todos durante toda a
vida”, está bem longe de ser realidade num mundo que
03. O tema da sustentabilidade originou-se na economia 20%(vinte por cento) das crianças entre 6 a 11 anos estão fora
(“desenvolvimento sustentável”) e na ecologia, para se inserir das escolas, mesmos nos países desenvolvidos. Podem refletir
definitivamente no campo da educação, sintetizada no lema em fenômenos derivados da negação da diferença, em
“uma educação sustentável para a sobrevivência do planeta. forma de guerra, xenofobia e violência, demonstrando que
( ) Certo ( ) Errado existe uma importante crise ética e moral. Por tudo isso, é
preciso que deixemos de pensar na educação exclusivamente
Gabarito a partir dos parâmetros econômicos e produtivos e passamos
a uma concepção da educação que cultive, sobretudo em
01.Errado / 02.Certo / 03.Certo valores de cidadania democrática, conforme a resolução da
Unesco12:

A função social da escola “Aprender a ser, a formação de uma cidadania criativa,


capaz de transformar a informação em conhecimentos que, a
pública partir da diferença, afirme o respeito e a valorização do
próximo, para, dessa forma, projetarem juntos um futuro
comum de convivência ativa e participativa na vida
Introdução democrática, como lugar privilegiado para consensuar objetivos
que conciliem os legítimos interesses individuais como os
Estamos vivendo um momento de profundas coletivo.”
transformações. A sociedade atual encontra-se em profunda
crise, na qual somos remetidos a repensar nossos valores e Muitos anos, a escola e a família foram as duas instituições
atitudes frente ao conceito de educação. encarregadas da educação e da formação das novas gerações,
A educação faz parte da nossa vida, ninguém está isento mas hoje isso é impossível de afirmar. A família está passando
dela, estamos envolvidos para aprender e ensinar, e a escola por grandes transformações e muitas vezes, delega sua função
surge como instituição formadora de indivíduos. educativa tradicional para outros agentes, como a televisão ou
Para que essa transformação social ocorra é necessário a própria escola. Por um lado, a escola não pode enfrentar
que a escola imponha o conhecimento, nesse caso a educação sozinha todos os desafios apresentados pela nova sociedade
é e sempre foi um duplo processo, que significa a atividade da informação.
desempenhada pelos adultos para assegurar a vida e o A crise nas escolas agravam, como também aumentam as
desenvolvimento de gerações futuras, e para despertar e fazer sensações de desvalorizações sociais aos professores. Nos dias
crescer as suas habilidades, e nesse caso a escola é vista como atuais, a influência educativa é exercida a partir de vários
uma instituição, ou seja, um conjunto de normas e âmbitos, a tais como a família, trabalho, sociedade, associações
procedimentos padronizados, e valorizados pela sociedade, etc., e por diferentes meios, televisão, multimídia e as vezes
cujo objetivo principal é a socialização do indivíduo e a que opõem às propostas educativas.
transmissão de determinados aspectos da cultura. Considerando, todas essas mudanças dentro do contexto
histórico, visando a sua transformação, pois se compreende
Reflexões sobre o Papel da Educação que a realidade não é algo pronto e acabado, não se trata, no
entanto, de atribuir à educação e a escola nenhuma função de
Há muitas reflexões importantes a fazer, quando se fala no salvação e sim de reconhecer seu incontestável papel social no
conceito de educação para a sociedade. Começa na inserção da desenvolvimento de processos educativos, na sistematização e
escola na comunidade, com formação de espíritos críticos, o socialização da cultura historicamente produzida pelos
envolvimento da escola nos projetos de transformação social, homens.
a aproximação entre teorias e práticas, entre ideias e
realidades, entre o conhecimento e a existência real do A Educação e sua Função Social
estudante, entre educação e vida, que evidenciam a urgente
necessidade de repensar várias coisas relacionadas a Mudanças legais - Uma nova Realidade
educação. Ao delimitar a função da educação e da escola como
Diante tais situações, são muitas as vozes que reivindicam complexas, amplas, diversificadas, ampliam a necessidade de
a importância da educação para enfrentar os desafios. Em todo dedicação exclusivamente por parte do professor, de
mundo, a educação hoje é uma prioridade nos programas de acompanhar as mudanças que se processam no campo de
quase todos os partidos políticos. De fato, umas das principais trabalho, atualizando o seu currículo e sua metodologia.
funções da escola sempre foi a de preparar as novas Para dar sustentação às contínuas evoluções, a educação
gerações para as mudanças e garantir uma melhor precisa ressaltar um ensino que crie conexão entre o que o
inserção no mundo profissional e no mercado de trabalho. aluno aprende nela e o que ele faz fora dela, há um parâmetro

12 UNESCO. http://unesdoc.unesco.org

Didática 13
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entre o ensino formal, o trabalho, o conhecimento e a na vida mudança e de resultados das convivências familiares, em um
prática do aluno. meio que o estimula ou impede.
Buscando a solucionar essas lacunas, o Poder Público tem Para o sucesso cognitivo do aluno e êxito no
buscado alternativas de reforma do sistema ensino, criando e desenvolvimento do trabalho do professor, o planejamento é
aprovando leis, como: Lei de Diretrizes e Bases da Educação como uma bússola que orienta a direção a ser seguida, pois
- LDB - n. 9.394/96, que institui o Fundo de Manutenção e quando o professor não planeja o aluno é o primeiro a
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização perceber que algo ficou a desejar, por mais experiente que seja
do Magistério - FUNDEF - Lei n. 9.424/96 e o Plano o docente, e esse é um dos fatores que contribuem para a
Nacional de Educação (PNE). É importante reconhecer o indisciplina e o desinteresse na sala de aula.
papel da legislação tem exercido no cenário brasileiro, seja no É importante que o planejar aconteça de forma
sentido de promover reformas necessárias ou de implantar a sistematizada e contextualizado com o cotidiano do aluno,
profissionalização da educação básica. Mas a reflexão sobre a para desperta seu interesse e participar ativamente no
função social da escola, não pode ser vista somente com base resultado, que será aulas dinâmicas e prazerosas.
na legislação, isto porque nela estão definidos os fins da Para que a escola exerça sua função como local de
educação brasileira. oportunidades, interação e de encontro e o saber, para que
O direito de todos à educação está estabelecido na haja esse paralelo tão importante para o sucesso do aluno o
Constituição Federal no artigo 205 e no artigo 2 da Lei de bom desenvolvimento das atribuições do coordenador
Diretrizes e Bases da Educação - LDB - n. 9.394/96: pedagógico tem grande relevância, pois a ele cabe organizar o
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da tempo na escola para que os professores façam seus
família, será promovida e incentivada com a colaboração da planejamentos e ainda que atue como formador de fato.
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu Conforme que ensina Libâneo13, as características
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o positivas eficazes para o bom funcionamento de uma escola:
trabalho. professores preparados, com clareza de seus objetivos e
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada conteúdos, que planejem as aulas, cativem os alunos, através
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade de um bom clima de trabalho, em que a direção contribua para
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do conseguir o empenho de todos, em que os professores aceitem
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua aprender com a experiência dos colegas.
qualificação para o trabalho. Os coordenadores por sua vez precisam assumir sua
De acordo como o artigo 12 da LDB, os seguintes responsabilidade pela qualidade do ensino, atuando como
parâmetros: formadores do corpo docente, promovendo momentos de
Artigo 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as trocas de experiências e reflexão sobre a prática pedagógica, o
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a que trará bons resultados na resolução de problemas
incumbência de: cotidianos, e ainda fortalece a qualidade de ensino, contribui
VI - Articular-se com as famílias e a comunidade, para o resgate da auto-estima do professor, pois o mesmo
criando processos de integração da sociedade com a escola; precisa se libertar de práticas não funcionais, e para isso a
Portanto, conforme previsto em lei, o papel da escola é de contribuição do coordenador será imprescindível, o que
promover o pleno desenvolvimento do educando e resultará no crescimento intelectual dos alunos.
preparar para a cidadania, qualificando-o para o trabalho, Essa clareza no plano de trabalho do Projeto pedagógico-
conforme cada características e formas de organização curricular que vá de encontro às reais necessidades da escola,
própria, dependendo de sua localização geográfica e outros para sanar problemas como: falta de professores,
aspectos. cumprimento de horário e atitudes que assegurem a
seriedade, o compromisso com o trabalho de ensino e
A Função do Professor aprendizagem, com relação a alunos e funcionários e seu
profissionalismo conquista o respeito e admiração da maioria
Nos dias atuais levam-nos a refletir sobre a complexidade de seus funcionários e alunos, há um clima de harmonia que
das funções entre uma boa ou péssima administração da predispõe a realização de um trabalho, onde, apesar das
educação e as políticas de formação dos profissionais. dificuldades, os professores terão prazer em ensinar e alunos
No contexto das transformações que vêm ocorrendo no prazer em aprender.
mundo, os desafios das políticas de formação dos profissionais A escola enquanto espaço de reflexões sobre a
da educação. O professor, exerce sua função enquanto comunidade, passa a reconstruir alguns elementos de
educador, ao estimular o educando a refletir sobre os cuidados desenvolvimento de uma escola para a formação da cidadania,
com a saúde, natureza, as questões da sociedade, entre outros, precisa formar profissionais que conheçam quais as funções
a consciência do que seja participante dessa sociedade, sendo sociais da escola brasileira em diferentes momentos, para que
aspecto importante ao exercício da democracia, isso se torna em seguida possa discutir a função pedagógica, política e do
mais fácil, facilitar a aprendizagem do aluno, aguçar seu poder trabalho em relação à escola cidadã.
de argumentação, conduzir ás aulas de modo questionador,
onde o aluno-sujeito ativo estará também exercendo seu papel A Função Social
de sujeito pensante; que dá ótica construtivista constrói seu
aprendizado, através de hipóteses que vão sendo testadas, Ao se falar em educação devemos estar atentos ao contexto
interagindo com o professor, argumentando, questionando em social ao qual a escola se configura. É uma instituição social
fim trocando ideias que produzem inferências. com objetivo explícito, através do desenvolvimento das
O papel da família nesse contexto, está ligado ao nível potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos,
social e educacional, que a escola oferece através da capacitando-o a tornar um cidadão, participativo na sociedade
socialização. O professor surge como agente de socialização, em que vivem, tendo como função básica de garantir a
significando o elo entre a família e a sociedade. Pois são aprendizagem de conhecimento, habilidades e valores
construídos a partir do desenvolvimento da moralidade, os necessários à socialização do indivíduo, sendo necessário
hábitos e responsabilidade social, devido uma situação de que a escola propicie o domínio dos conteúdos culturais

13LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA J. F.; TOSCHI M. S.; Educação escolar: políticas


estrutura e organização. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.

Didática 14
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básicos da leitura, da escrita, da ciência das artes e das letras, e atitudes, contribui para a constituição dos processos
sem estas aprendizagens dificilmente o aluno poderá exercer educativos. Assim, a escola, no desempenho de sua função
seus direitos de cidadania. social de formadora de sujeitos históricos, precisa ser um
Neste sentido a escola por ser uma instituição que espaço de sociabilidade que possibilite a construção do
transmite o saber, essa função de formar cidadãos para atuar conhecimento produzido. Com esse contexto, assinale a
na sociedade, deve contribuir para a mudança de uma alternativa correta a seguir:
sociedade desigual, injusta. A escola deve dar condições, para (A) Em nossa sociedade, a escola é um lugar privilegiado
preparar o indivíduo na construção sólida da sua identidade, para o exercício da democracia indireta com a escolha dos seus
inserindo valores e pressupostos que possa fazer com que o dirigentes.
mesmo conviva em sociedade e na sociedade com autonomia, (B) A escola tem como função social formar o cidadão,
solidariedade, capacidade de transformação e ética. construir conhecimentos, atitudes e valores que tornem o
A escola deve oferecer situações que favoreçam o estudante solidário, crítico, ético e participativo.
aprendizado, onde haja sede em aprender e também razão, (C) A escola, em sua função social, contribuirá
entendimento da importância desse aprendizado no futuro do efetivamente para afirmar os interesses individuais das
aluno. Se ele compreender que, muito mais importante do que pessoas no processo educativo.
possuir bens materiais, é ter uma fonte de segurança que (D) A função social da escola é irrelevante para a
garanta seu espaço no mercado competitivo, ele buscará administração civil e os órgãos governamentais.
conhecer e aprender sempre mais. E para o sociólogo francês
Émile Durkheim, a principal função do professor é formar 02. (CETAM - Analista Técnico Educacional - FCC) Para
cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social. Dessa responder à questão, considere a Lei de Diretrizes e Bases da
forma, Durkheim acreditava que a sociedade seria mais Educação Nacional - LDB (Lei nº 9.394/1996). A Lei destaca
beneficiada pelo processo educativo. Para ele, "a educação é um entendimento amplo da função social da educação,
uma socialização da jovem geração pela geração adulta". E quando:
quanto mais eficiente for o processo, melhor será o (A) determina que a mesma deve ser organizada em
desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja período integral.
inserida. (B) propõe a reflexão crítica da prática educacional.
Assim, a função social da educação e da escola tem como (C) explicita que deverá vincular-se ao mundo do trabalho
objetivo de incluir o indivíduo ao saber histórico, ao e à prática social.
conhecimento científico, de forma eficaz e com qualidade, (D) destaca o entendimento da função social de uma
também cumpre com sua função social de preparar o sujeito educação preparatória.
para o trabalho, o pleno exercício da cidadania e seu (E) vincula a vida social à vida cultural a partir do ensino
desenvolvimento de pessoas solidárias, cooperativas, na escola.
autônomas, capazes de conviver com as diferenças, precisa ser
um espaço de socialização, que possibilite a construção do 03. (FUB - Pedagogo - CESPE) A respeito dos
conhecimento, tendo em vista que esse conhecimento não é fundamentos da educação e da relação educação/sociedade
dado a priori. Pois, trata-se de conhecimento vivo e que se em suas dimensões filosófica, sociocultural e pedagógica,
caracteriza como processo em construção. julgue o item subsequente.
A educação, em uma abordagem funcionalista, é,
E o papel da educação num contexto democrático, está essencialmente, um meio de socialização dos indivíduos a fim
previsto no artigo 3º da LDB: de torná-los membros de uma dada estrutura social
Artigo 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes preestabelecida, exercendo, portanto, a função de integração
princípios: social.
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as ( ) Certo ( ) Errado
práticas sociais.
As políticas que fortaleçam laços entre comunidade e 04. (SEDU/ES - Professor - Pedagogo - CESPE)
escola é uma medida, um caminho que necessita ser trilhado, Considerando o desenvolvimento histórico das concepções
para assim alcançar melhores resultados. O aluno é parte da pedagógicas e a função social atribuída à escola, julgue o item
escola, é sujeito que aprende, que constrói seu saber, que que se segue.
direciona seu projeto de vida, assim sendo a escola lida com A perspectiva progressista, sustentando as finalidades
pessoas, valores, tradições, crenças, opções e precisa estar sociopolíticas da educação, define que a escola tem a função
preparada para enfrentar tudo isso. social de formar o cidadão mediante um processo de
construção de conhecimento, de atitudes e de valores que o
Ao analisarmos toda esta conjuntura verificamos que, tomem um sujeito solidário, crítico, ético e participativo.
apesar da tendência para limitar a educação ao contexto ( ) Certo ( ) Errado
escolar e familiar, trabalho e as práticas sociais, a educação
assume um sentido muito mais amplo e complexo. Não se 05. (SAP/SP - Analista sociocultural - VUNESP) De
reduz apenas a uma etapa, mas trata-se sim de um processo acordo com Libâneo, a didática trata dos objetivos, condições
gradual e contínuo, vivido ao longo da vida, que promove a e meios de realização do processo de ensino, unindo meios
consciencialização, desenvolvimento e libertação do ser pedagógico-didáticos a objetivos sócio-políticos. Neste
humano. sentido,
Podemos afirmar que a educação assume um papel (A) Os conteúdos devem ser trabalhados de forma acrítica
determinante na formação associada à capacidade de e inflexível para não intervir no produto.
transformação e mudança do indivíduo e consequentemente (B) O ensino deve ser planejado a partir de propósitos
da própria realidade em que este está inserido. claros sobre a sua finalidade, tendo em vista que os alunos
estão sendo preparados para viverem em sociedade.
Questões (C) As questões de ordem social sempre prevalecem sobre
as de ordem pedagógica.
01. (Minas Gerais Administração e Serviços S.A - MGS -
Pedagogo - IBFC) A escola é uma instituição social, que
mediante sua prática no campo do conhecimento, dos valores

Didática 15
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APOSTILAS OPÇÃO

(D) Os planejamentos indicam a necessidade de serem O Estado brasileiro, ignorando a cultura e a história das
neutros e escolarizados. mais de duzentas nações indígenas aqui existentes, foi
(E) Os estudantes são vistos enquanto seres passivos, daí constituído pelas “significações” da cultura latina, de feitio
porque a facilidade de aprendizagem. napoleônico. Neste sentido, o Estado brasileiro precedeu à
Nação. As leis do Império buscavam impor valores de
Gabarito inspiração católica, latina e capitalista. Desta forma foram
tecendo muito mais um Estado ideal, centrado na burocracia
01.B / 02.C / 03.Certo / 04.Certo / 05.B da Corte, do que o Estado real, centrado num projeto de
nacionalidade.
A República, de bases positivistas, seguiu o figurino
napoleônico. As leis que temos guardam a memória do
A história da organização processo histórico de formação da sociedade brasileira.
da educação brasileira Embora às vezes esquecidas, perdidas no tempo, as
significações históricas que moldaram a constituição do
Estado brasileiro continuam atuando na sociedade atual e
Introdução14 fundamentam nosso ordenamento jurídico, porque guardadas
como valores no inconsciente coletivo.
A organização da Educação que temos encontra razões Gomes16 em seu artigo, Conselhos de educação: luzes e
históricas para ser o que é, a mudança da realidade requer a sombras, explicita bem o impacto dessa cultura no
mudança da lógica que nos trouxe até aqui. Atribui-se a ordenamento jurídico da educação brasileira, de feitio
Einstein a afirmação de que não é possível resolver um “hipernormatizador”. Para o autor, os herdeiros da tradição
problema com a lógica que o criou. Desvelar a lógica histórica napoleônica e positivista, ainda alimentamos a falaciosa
da organização da educação brasileira é essencial para a crença de que a norma pode criar valores e infundi-los nas
proposição de alternativas de mudança. pessoas. As normas são incapazes de mudar o caráter das
Dessa forma, porque temos a organização da educação que pessoas e suas práticas sociais e, por isso, não são eficazes para
temos? criar valores. Os valores são criados pelos processos sociais,
Para responder a questão acima é preciso analisar pela cultura, tarefa atribuída precipuamente à família e à
referenciais importantes, como, a análise do processo de educação. Em nome da afirmação de valores e do controle dos
constituição do Estado brasileiro, iluminada pela teoria do desvios éticos, que radicam no caráter das pessoas, tendemos
imaginário social efetivo de Castoriadis; o Manifesto dos a cair na armadilha de limitar o espaço da autonomia
Pioneiros; a natureza das leis; e os conceitos fundantes da institucional e do exercício pessoal da cidadania. A excessiva
organização sistêmica. Esses referenciais estabelecem as regulamentação, o engessamento normativo da ação
bases teóricas para a compreensão da situação atual da pedagógica, é contraditório com o fundamento freiriano da
organização da educação brasileira. Essa compreensão educação emancipadora.
permitirá a proposição de alternativas para a conciliação da Embora a Constituição de 1988 tenha buscado expressar
unidade nacional com a autonomia dos sistemas de ensino, os valores da nacionalidade, estimulando a participação social,
ambas imperiosas para a efetivação da finalidade essencial da as práticas sociais ainda permanecem impregnadas de traços
educação, que é a promoção do exercício da cidadania, como culturais imperialistas, de fundo patrimonialista e
condição para o desenvolvimento pleno da pessoa. paternalista. Ainda temos mais aparelhos de Estado do que
Nação, mais valores instituídos, determinados pelas leis, do
O Processo de Constituição do Estado Brasileiro que práticas sociais de cidadania ativa.

A sociedade humana se institui por um processo de O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova
autocriação, auto instituição, determinada pelas significações
sociais do imaginário coletivo. Esse imaginário, é constituído A educação brasileira, nos primeiros 210 anos (entre 1549
pelo “magma” de crenças, valores, costumes historicamente e 1759), foi marcada predominantemente pelo ensino
construídos, que constituem a cultura de um povo. E com base jesuítico, destinado aos colonizadores e aos filhos dos
nela a sociedade se autoinstitui, por meio da instituição das caciques, com o objetivo de “dilatar a fé e o império”. Depois,
normas, do Estado que a governa. Córdova15, analisando o até o final do Império, foi o vazio das reformas pombalinas e o
imaginário social efetivo de Castoriadis, afirma, tais “ensino livre” da reforma Leôncio de Carvalho.
significações são os valores básicos, ou fundamentais que dão O Manifesto dos Pioneiros analisa os primeiros 43 anos de
sentido, a orientação básica dessa sociedade, a sua identidade, República, para eles, as diversas reformas republicanas
o amálgama que lhe permite reunir-se e dizer-se. representavam visões isoladas, permanecendo “tudo
O Estado brasileiro foi constituído com base na cultura fragmentado e desarticulado” sem visão de um projeto de
europeia latina, na cultura europeia anglo-saxônica, a totalidade da educação nacional. Havia uma educação para as
constituição dos Estados derivou dos valores da identidade elites e outra, se é que havia, para o povo, de viés
nacional, construída pelas significações das práticas sociais. profissionalizante.
Nos países latinos, ao contrário, prevaleceu o processo O Manifesto preconizava uma organização da educação
dedutivo, ou seja, a instituição dos Estados obedeceu a fundada em bases e diretrizes nacionais, articulando
princípios e valores teóricos, a fundamentar a nacionalidade. responsabilidades próprias dos entes federados. Um projeto
Apenas como sinalização histórica, vale lembrar que na nacional com responsabilidades descentralizadas.
França, Espanha e Portugal, monarquias constituídas à época Assim, o Manifesto enfatizava uma organização da
como Estados unitários, centralizados, a institucionalidade educação brasileira unitária sobre a base e os princípios do
derivava dos valores das Cortes. Estado, no espírito da verdadeira comunidade popular e no
cuidado da unidade nacional, não implica um centralismo
estéril e odioso, ao qual se opõem as condições geográficas do

14 BORDIGNON, G. Gestão da Educação no Município: sistema, conselho e plano. 16GOMES, C. A. C. Conselhos de educação: luzes e sombras. Revista de Educação -
São Paulo Instituto Paulo Freire, 2009. AEC, Brasília, v. 32, 2003.
15 CÓRDOVA, Rogério de A. Educação Brasileira: processos e trabalhos. Módulo V,

vol. I. PIE. FE/UnB, Brasília, 2003.

Didática 16
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país e a necessidade de adaptação crescente da escola aos D) Organização: a organização estrutura o sistema,
interesses e às exigências regionais. Unidade não significa estabelece a articulação, as inter-relações das partes no todo,
uniformidade. A unidade pressupõe multiplicidade. Por menos em vista da finalidade;
que pareça, à primeira vista, não é, pois, na centralização, mas E) Normatização: a norma é o elemento articulador,
na aplicação da doutrina federativa e descentralizadora, que organizador do sistema, que estabelece a coerência da ação das
teremos de buscar o meio de levar a cabo, em toda a República, partes em vista da finalidade do todo e define os limites da
uma obra metódica e coordenada, de acordo com um plano autonomia.
comum, de completa eficiência, tanto em intensidade como em
extensão. O conceito de sistema não se limita a valores de grandeza,
A principal discussão que permeou as discussões da dessa forma, pode ser atribuído da mesma forma a grandes e
elaboração do Plano Nacional de Educação, pelo Conselho pequenos espaços da organização social. O fundamental é ter
Nacional de Educação de 1937, foi a da descentralização, já presente a delimitação do todo considerado, a abrangência, o
apontando caminhos para a municipalização do ensino. que compreende, do que é constituído um determinado
Azanha17 analisa que: Para Anísio Teixeira, grande sistema, sem perder de vista as inter-relações com o todo
protagonista dessas discussões, a municipalização do ensino maior no qual se insere.
primário oferecia vantagens de ordem administrativa, social e Os sistemas de ensino compreendem o conjunto de
pedagógica. Quanto à primeira as razões são óbvias. Quanto à instituições, órgãos e normas educacionais de cada ente
segunda, as vantagens adviriam do fato de o professor ser um federado. Ou seja: organizam o todo educacional sob
elemento local ou pelo menos aí integrado e não mais um responsabilidade de cada ente federado, no âmbito de sua
‘cônsul’ representante de um poder externo. Quanto à terceira, autonomia.
residiria principalmente na possibilidade de o currículo
escolar refletir a cultura local. A Trilogia da organização da Educação brasileira:
As discussões promissoras suscitadas pelos pioneiros Sistemas, Conselhos e Planos de Educação
foram interrompidas em 1937 pelo advento do Estado Novo,
que optou pela fragmentação das leis orgânicas. A Constituição A compreensão da organização da educação brasileira
de 1946 retomou os fundamentos da Constituição de 1934, atual, derivada das significações históricas, é necessária para a
permitindo a retomada do projeto dos Pioneiros, consolidado proposição de sua reestruturação. Para superar a
na primeira LDB de 1961. fragmentação e desarticulação das normas e ações
A descentralização remete à questão do poder local e de educacionais, os Pioneiros propuseram, e as Constituições de
abertura de espaços para o exercício da cidadania, via 1934 e 1946 consagraram, a articulação de um projeto
participação. A descentralização do ensino, por meio de nacional de educação fundado na unidade com multiplicidade.
sistemas articulados, na concepção dos Pioneiros, não A unidade assegurada por meio de políticas e diretrizes
significava mera transferência de responsabilidades da União nacionais e a multiplicidade pela descentralização com
para os entes federados. Significava, muito mais, distribuição de poder e responsabilidades. A organização e a
compartilhamento de poder. Por isso, os movimentos pela gestão do projeto nacional de educação, com articulação da
descentralização sempre acompanharam os movimentos de unidade na multiplicidade, se assentavam no tripé: sistemas,
democratização e de autonomia dos entes federados. planos e conselhos de educação.
Foi essa concepção que fundamentou os dispositivos
Conceitos Fundantes da Organização Sistêmica constitucionais de 1934 e 1946 de criação dos sistemas de
ensino e conselhos de educação, com sua ação orientada por
Originário da física, o termo sistema, segundo Agesta18, foi um Plano Nacional de Educação, instrumento de garantia da
introduzido nas ciências sociais por V. Pareto, e difundido por unidade nacional.
T. Parsons, como instrumento metodológico para O Plano, que chegou a ser elaborado pelo Conselho
compreender a inter-relação dos diferentes elementos que Nacional de Educação em 1937, assumia claramente uma
constituem as unidades da sociedade. Dessa forma, o autor feição de lei de diretrizes e bases. A primeira Lei de Diretrizes
define sistema: “Entende-se por sistema o conjunto de coisas e Bases (Lei 4.024/61) veio consolidar a idéia de um projeto
que ordenadamente entrelaçadas contribuem para nacional global de educação, abrangendo todos os níveis de
determinado fim; trata-se, portanto de um todo coerente cujos ensino.
diferentes elementos são interdependentes e constituem uma A Constituição de 1988, aprofundando a doutrina
unidade completa”. federativa, ampliou os sistemas de ensino, também para os
Sistema compreende um conjunto de elementos, ideais ou municípios, todos dotados de autonomia no seu âmbito de
concretos, que mantêm relação entre si formando uma atuação, e instituiu o princípio do regime de colaboração. A
estrutura. Elementos, partes estruturadas em relação segunda LDB (Lei nº 9.394/96) definiu as diretrizes de
interdependente, formando um todo dotado de certo grau de organização dos sistemas e respectivas competências, mas não
harmonia e autonomia, voltado para uma finalidade. Em tratou do regime de colaboração.
síntese, um sistema compreende: À União é atribuída a responsabilidade pela coordenação
da política nacional de educação. Além das diretrizes e bases
A) Totalidade: um sistema se caracteriza como um conjunto nacionais, definidas na LDB, outras leis federais (PNE,
de partes articuladas em interdependência formando um todo; FUNDEB, Alimentação Escolar) e diretrizes definidas pelo
B) Finalidade ou intencionalidade: A finalidade constitui Conselho Nacional de Educação, complementam as políticas e
o pólo magnético, o princípio unificador, a energia que liga as diretrizes nacionais. O MEC, no seu papel de coordenador da
partes no todo; política nacional, por meio de estratégias próprias,
C) Autonomia: o sistema se constitui como um sujeito abrangendo um conjunto de programas de apoio aos sistemas
coletivo com espaço e capacidade de autorregulação, de ensino, atua para tornar efetivas na prática as políticas e
autônomos; diretrizes nacionais.
Os Sistemas de Ensino foram constituídos para dar
efetividade à doutrina federativa da autonomia dos entes

17 AZANHA, J.M.P. Educação: temas polêmicos. São Paulo: Martins Fontes, 1995. 18AGESTA, Luiz Sanchez. Sistema Político. In: Dicionário de ciências sociais.
Fundação Getúlio Vargas. Instituto de Documentação. Benedicto Silva (Coord).
Rio de Janeiro. Ed. FGV. 1986.

Didática 17
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federados no âmbito de suas responsabilidades, adotada como Curriculares, mas definido na literatura pedagógica e na
estratégia de democratização do exercício de poder pelos maioria das instituições educacionais como Projeto Político
cidadãos. A LDB atribui aos sistemas de ensino autonomia de Pedagógico - PPP - ou, em alguns casos, Eco-Político-
organização nos limites das normas nacionais, ou seja, cada Pedagógico - PEPP) particulariza para a escola, segundo sua
sistema organiza o seu todo, articulando as partes e definindo identidade, definida pelo ambiente e pela educação oferecida,
as normas de funcionamento, em vista das finalidades as políticas e diretrizes nacionais e locais. Conforme estabelece
inerentes às suas responsabilidades. Mas suas o artigo 13 da LDB, a proposta pedagógica - PEPP para nós -
responsabilidades são definidas pelos objetivos nacionais, o fundamenta o Plano de Trabalho Anual - PTA - ou, em
que significa que a autonomia diz respeito à liberdade de coerência com o PDE e o PAR, o PDE-Escola, que
organização e operação do sistema. No entanto, essa liberdade particularizam na escola as metas estratégicas anuais da
não implica em autonomia para divergir das finalidades promoção da qualidade da educação.
educacionais constitucionalmente definidas. Na prática, essa arquitetura constitui um verdadeiro
Neste sentido, há quem defenda que os sistemas dos entes sistema nacional de educação, que articula, por meio dos
federados se constituem em subsistemas de um sistema dispositivos normativos e planos, os sistemas de ensino, nos
nacional. Na verdade, na teoria sistêmica, o subsistema quais se inserem os conselhos de educação. Sistema a ser
deixaria de ser um todo organizado com autonomia, o que operado por meio do regime de colaboração. O Regime de
significaria ser parte, não todo. No entanto, situados no todo Colaboração é o princípio constitucional posto como nó para
da nação, os sistemas de ensino estabelecem interconexões estabelecer a conectividade geradora das interconexões
para a efetivação das políticas e diretrizes nacionais. Cada necessárias para articular a unidade na multiplicidade. Mas,
sistema - municipal, estadual e federal - constitui uma esse princípio não foi eficaz como elo articulador dessas
totalidade com competências próprias. Articulados entre si interconexões. Assim, hoje se coloca a questão da
formam a totalidade nacional. É bom lembrar que, na regulamentação do regime de colaboração por meio da
Constituição Federal, o regime federativo constitui cláusula construção de um sistema nacional de educação.
pétrea.
Os Conselhos de Educação foram historicamente O Regime de Colaboração: Por Meio de Um Sistema
concebidos como órgãos técnicos de assessoramento superior, Nacional Articulado de Educação
com a função precípua de colaborar na formulação das
políticas e diretrizes educacionais no interior dos sistemas, A Conferência Nacional da Educação Básica, realizada em
dessa forma, a função situou os conselhos como órgãos abril de 2008, teve como tema central a “Construção do
normativos. Na prática, os conselhos centraram sua ação na Sistema Nacional Articulado de Educação”. Em síntese, a
normatização e controle do funcionamento das instituições Conferência define, com base nos princípios explicitados no
educacionais, assumindo, no decorrer do tempo, caráter art. 206 da Constituição Federal, que:
predominantemente cartorial.
As novas exigências da democratização, especialmente a “(...) a construção de um SNE requer o redimensionamento
partir da Constituição de 1988, que instituiu o princípio da das ações dos entes federados, garantindo diretrizes
gestão democrática da educação, passaram a requer dos educacionais comuns a todo o território nacional, visando à
conselhos, além da tradicional competência normativa, ações superação das desigualdades regionais. Dessa forma, objetiva-
de controle e de mobilização social. Esses novos papéis se o desenvolvimento de políticas públicas educacionais
atribuem aos conselhos, por sua vez, uma nova natureza de nacionais universalizáveis, por meio da regulamentação das
órgãos de Estado. Essa natureza demanda novo perfil de competências específicas de cada ente federado no regime de
composição e de atuação, invertendo a tradicional postura de colaboração. Nesse sentido, o SNE assume o papel de
“ecos” da voz do governo falando à sociedade, para passar a articulador, normatizador, coordenador e, sempre que
expressar a voz da sociedade falando ao governo. Na verdade, necessário, financiador dos sistemas de ensino (federal,
a nova natureza situa os conselhos como pontes, mediadores estadual/DF e municipal), garantindo diretrizes educacionais
do diálogo entre o governo e as aspirações da sociedade. comuns e mantendo as especicifidades de cada um, respeitadas
Os Planos de Educação, elaborados com a participação da as normas gerais emanadas dos órgãos superiores e definindo-
sociedade, passaram a constituir-se em instrumentos se o papel da União, estados e municípios” (Documento Final da
fundamentais da gestão democrática dos sistemas de ensino. Conferência Nacional de Educação Básica).
Como instrumentos de gestão, os planos necessitam guardar
coerência com as políticas e diretrizes nacionais e locais. Para Ao longo do Documento Final é recorrente a referência à
isso, é fundamental estabelecer as interconexões entre os necessidade de regulamentação do regime de colaboração e
diferentes planos, desde o âmbito nacional até o escolar. como processo de construção do Sistema Nacional Articulado
O Plano Nacional de Educação (PNE - Lei 1.072/2001), de Educação. Em que pese a convergência das discussões
como Plano de Estado, define os objetivos e metas nacionais. O nacionais sobre essa necessidade de regulamentação,
Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE/2007), como expressão da nossa cultura histórica hipernormatizadora, ao
plano de governo, com seus eixos estruturantes que parece dominando nosso inconsciente coletivo, algumas
(Financiamento, Formação de professores e piso salarial, reflexões, ou questões provocadoras, se tornam pertinentes.
Avaliação e responsabilização e Planejamento e gestão As normas existentes já não são suficientes? E, seria uma
educacional) é o instrumento estratégico de gestão do MEC, nova regulamentação capaz de tornar efetivo o que já é
para realização dos objetivos e metas nacionais do PNE, com determinação legal? A Constituição e a LDB, complementadas
foco na qualidade da educação, ou seja, no educando, razão por outras leis federais e Resoluções do CNE, definem
originária de toda a ação educacional. diretrizes educacionais comuns a todo o território nacional, no
Os planos estaduais e municipais, definem os objetivos e cumprimento do § 1º, art. 8º da LDB que atribui à União a
metas locais, tanto para a realização, no seu âmbito, dos “coordenação da política nacional de educação, articulando os
objetivos e metas nacionais, como para os próprios de seu diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa,
sistema de ensino. O Plano de Ações Articuladas (PAR) define redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias
as estratégias locais em para o cumprimento, no seu âmbito, educacionais”, com vistas a superar as desigualdades regionais
das metas do PDE. e promover a qualidade da educação.
O Projeto ou Proposta Pedagógica (termos utilizados Por outro lado, qual seria a dimensão da nova
indistintamente pela LDB e pelo CNE nas Diretrizes regulamentação? O que entendemos por “regulamentação”? É

Didática 18
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oportuno distinguir a natureza, o que é própria da lei, do que é identidade, mas promover a cidadania ativa para todas e todos.
próprio dos regulamentos, ou normas complementares. A Essa tarefa demanda visão sistêmica da educação nacional e
natureza da lei é a de formalizar e legitimar, fundada em nossa fundamenta a necessidade de formulação de políticas e
identidade cultural e política, os valores da cidadania que diretrizes nacionais comuns, que requerem articulação,
queremos. O objeto próprio da lei é o de definir os objetivos e normatização e coordenação, assegurando a unidade nacional
diretrizes gerais; estabelecer os limites das liberdades da na multiplicidade das características e culturas locais.
cidadania, os direitos e deveres, o que pode e o que não pode.
Ou seja: a lei define a intencionalidade, o horizonte a alcançar, B) As políticas e diretrizes nacionais de educação: as
a orientação da ação, o caminho a percorrer. Neste sentido a políticas se fundamentam nos valores nacionais, definem as
lei assume um caráter mais geral e permanente. Até porque, intencionalidades e indicam o caminho a seguir rumo ao
sua elaboração, de competência privativa do Poder Legislativo, futuro. As diretrizes são as orientações básicas para a ação na
demanda demoradas discussões com os representantes de direção definida pelas políticas. As diretrizes traduzem as
toda a sociedade. políticas em normas, procedimentos, critérios e processos de
O objeto dos regulamentos, ou normas complementares ação institucional. O objetivo das políticas e diretrizes é o de
(decretos, resoluções, pareceres normativos, portarias, orientar os agentes públicos para o sentido fundamental de
estatutos, regimentos, regulamentos), como o termo o diz, é o seus esforços e estabelecer parâmetros para a tomada de
de regulamentar a aplicação da lei, estabelecendo os critérios decisões. Neste sentido as políticas e diretrizes estabelecem a
e processos da ação no âmbito do Poder Executivo, o modo de unidade nacional na multiplicidade de ações descentralizadas.
percorrer o caminho, para alcançar os objetivos definidos pela
lei. C) A doutrina federativa - autonomia dos entes
Em síntese, a lei institui, formaliza e legitima os valores e federados: ao constituir-se como República Federativa, o
objetivos mais permanentes da sociedade, do projeto de Brasil adota os fundamentos democráticos de que o Estado
nacionalidade e; as normas complementares tratam dos pertence aos cidadãos, é “res-pública”, coisa pública. O espaço
processos, das metodologias - situados no transitório das de poder, a autonomia dos entes federados, descentraliza a
circunstâncias da gestão - para o caminhar na direção definida ação governamental, permitindo ao cidadão exercer sua
pela lei. cidadania no seu “lócus” concreto de vida. Mas o sistema de
ensino do ente federado não é apenas parte de um todo maior,
Dessas questões derivam duas análises para reflexão: é também um todo em si. Por isso se constitui como um
- A regulamentação do regime de colaboração não sistema dotado de finalidade, autonomia, organização e
demanda, necessariamente, uma lei própria. Cabe sim normatização próprias, como espaço de poder e de exercício
definição legal, disciplinando - na LDB ou, se for o caso, em lei de cidadania. O regime federativo articula e preserva o papel
própria - o princípio constitucional do regime de colaboração, da diversidade local com a unidade nacional, por meio da
explicitando de forma pertinente as competências próprias distribuição de responsabilidades prioritárias e competências
dos entes federados. A regulamentação das ações que efetivam específicas dos sistemas de ensino dos entes federados.
o regime de colaboração está mais para a ordem da definição
de processos e métodos, de regulamentação propriamente dita D) As competências e responsabilidades de cada ente
no âmbito do Poder Executivo. No caso é oportuno enfatizar o federado: o artigo 211 da Constituição, que institui o princípio
papel normativo dos conselhos de educação (Nacional, do regime de colaboração na organização dos sistemas de
Estaduais/Distrital e Municipais) para a efetivação do ensino, e os artigos 8º, 9º, 10 e 11 da LDB, estabelecem as
princípio constitucional e das diretrizes e objetivos legais. responsabilidades educacionais prioritárias comuns e
- A construção do Sistema Nacional Articulado de Educação específicas dos entes federados.
não implica na organização de um novo sistema. A criação de
um novo sistema - não previsto na Constituição - do ponto de E) A natureza própria das leis e das normas
vista filosófico incorreria em equívoco, se constituído como regulamentadoras: do caráter geral e mais permanente e do
ente ontologicamente substante, com vida e realidade, órgãos particular de caráter mais transitório, conforme já explicitado.
e regulamentação próprios. Sua adequada natureza será de
Fórum e de atuação em rede, não de sobreposição piramidal O papel dos Conselhos de Educação
ao regime federativo. Convém enfatizar que a Constituição não
atribui ao regime federativo organização piramidal. O Sistema Os movimentos pela democratização da gestão pública
Nacional Articulado de Educação, como o próprio termo encontram nas diferentes formas de conselhos, situados na
articulado induz, aponta para a interconectividade dos atuais mediação entre sociedade e governo, a estratégia mais efetiva
sistemas, seus conselhos e planos, articulados com base na de exercício do poder pelo cidadão. Neste contexto, os
moderna teoria das redes. Como já afirmavam os Pioneiros, conselhos de educação, especialmente a partir da Constituição
esse sistema, “no cuidado da unidade nacional, não implica um de 1988, assumem nova natureza de órgãos de Estado, que
centralismo estéril e odioso, ao qual se opõem as condições demanda novas funções, composição e condições de
geográficas do país”, mas a articulação dos atuais sistemas, funcionamento. Em sua nova configuração de órgãos de
respeitada sua autonomia, “na aplicação da doutrina Estado, os conselhos de educação podem assumir o
federativa e descentralizadora”, republicana e democrática. importante e relevante papel de protagonistas na formulação
Assim, além dos princípios constitucionais e diretrizes de políticas e diretrizes e dos planos de educação e na
legais, para a regulamentação do regime de colaboração entre articulação da unidade nacional. Era o que preconizava a
os atuais sistemas de ensino e a construção do Sistema LDB/61, primeira lei de educação articuladora do todo
Nacional Articulado de Educação, se apresentam como nacional. Sonho interrompido pela ruptura democrática do
importantes os seguintes fundamentos: novo contexto nacional autoritário e centralizador, gerador
das reformas educacionais do final dos anos 60 (Leis nº
A) A dimensão da nacionalidade: se em sua constituição 5.540/68 e 5.692/71).
original o Estado brasileiro precedeu a Nação, hoje a A análise do papel dos conselhos de educação na efetivação
identidade nacional está culturalmente constituída. A do regime de colaboração se estrutura em dois eixos: na sua
Constituição Federal de 1988 colocou no cenário nacional um natureza de órgãos de Estado, como condição essencial para o
novo ator social: o cidadão. A organização do Estado, nele a exercício de suas funções, e no moderno princípio de
organização da educação, precisa não só preservar essa

Didática 19
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organização em rede, como base para a atuação de forma conselhos são chamados a exercer, também, funções de
articulada, interconectada. mobilização e controle social.
O caráter deliberativo, como o próprio termo o diz, atribui
Natureza dos conselhos de educação: órgãos de Governo ao conselho poder de decisão em matérias definidas em lei
ou de Estado? como de sua competência. A natureza deliberativa implica em
O Estado tem o caráter da perenidade, da poder de decisão, em caráter final. Caso contrário assumiria
institucionalidade permanente, assim é constituído pela caráter meramente consultivo. Dentre as competências de
estrutura jurídica que define a institucionalidade da Nação. caráter deliberativo destaca-se a função normativa.
Nos regimes republicanos democráticos os interesses do O caráter consultivo situa os conselhos na função de
Estado se identificam com os dos cidadãos, com a vontade assessoramento às ações do governo na área de educação. Na
nacional. O Governo tem o caráter da transitoriedade. Nos sua concepção original os conselhos eram considerados
regimes democráticos é exercido pelos agentes públicos “órgãos de assessoramento superior”, chamados a “colaborar”
eleitos ou nomeados para exercer o poder político, na gestão na formulação das políticas educacionais. No exercício dessa
do Estado, em um determinado momento. função os conselhos propõem ações, opinam sobre temas
Em tese, todos os órgãos públicos são órgãos de Estado. E relevantes, respondem a consultas. A história dos conselhos
os agentes públicos são servidores do Estado. Os servidores revela que muito pouco tem sido consultados pelos
públicos, como a própria etimologia da palavra explicita, são respectivos executivos na formulação de políticas, na definição
servidores do “público”, vale dizer: da cidadania. de normas e planejamento de ações. Historicamente,
Essa dualidade é percebida e situada como importante na estiveram mais voltados às demandas das instituições
discussão dos conselhos de educação porque, historicamente educacionais.
no Brasil, foram situados a serviço dos governos, enquanto O caráter de mobilização e controle social constitui novo
estes, por sua vez, estiveram mais voltados para interesses de desafio atribuído aos conselhos de educação. O novo espírito e
grupos dominantes, com viés patrimonialista. Essa tensão está desejo de participação democrática na formulação e gestão das
na raiz da formação histórica do Estado brasileiro, que políticas públicas atribui aos conselhos essas novas funções,
permitiu aos “donos do poder” se apossar patrimonialmente que não faziam parte da sua tradição. Essas funções situam os
do Estado e instituir uma burocracia baseada na obediência à conselhos no campo propositivo e de acompanhamento e
vontade dos governantes de plantão. controle da oferta de serviços educacionais. A função
Embora tenha sido da tradição dos conselhos sua mobilizadora situa os conselhos como espaços aglutinadores
constituição com mandatos não coincidentes com os do dos esforços comuns do governo e da sociedade para a
respectivo poder executivo, a livre nomeação dos conselheiros melhoria da qualidade da educação. A função de controle
por este, os situou historicamente como órgãos a serviço do social coloca o conselho na vigilância da boa gestão pública e
governo. Os conselhos assumem feição de órgãos de governo na defesa do direito de todos à educação de qualidade.
quando na sua composição e no exercício de suas funções Quanto ao objeto são variadas as competências atribuídas
expressam, traduzem, legitimam junto à sociedade, a vontade aos conselhos, algumas são tradicionais e gerais. Destacam-se
de determinado governo. como mais tradicionais e próprias dos conselhos:
A discussão da natureza de órgãos de Estado teve início na A) A normativa (definir normas para o sistema de ensino);
instalação do atual Conselho Nacional de Educação, quando o B) A interpretativa (interpretar e dirimir conflitos sobre a
conselheiro Arthur Gianotti, falando em nome dos colegas, aplicação de normas educacionais);
afirmou que o CNE se constituía como órgão de Estado, porque C) A credencialista (aprovar o credenciamento de
representava a sociedade civil organizada e em nome dela instituições de ensino e a autorização de seus cursos);
devia se pronunciar. D) A recursal (resolução de conflitos);
Os conselhos de educação se constituem como órgãos de E) A ouvidora (defesa dos direitos educacionais dos
Estado quando representam, articulam e expressam a vontade cidadãos).
da diversidade social; quando falam ao governo em nome da
sociedade para responder às suas aspirações e, em nome dela, Nem sempre a natureza da função está claramente
exercer suas funções; quando formulam políticas educacionais explicitada nas normas que instituem os conselhos, nem são
para além da transitoriedade dos governos. muito claros os limites da autonomia do conselho no exercício
A natureza dos conselhos remete à análise de sua posição de suas competências legais. Mas é fundamental que,
na estrutura do respectivo executivo e dos papéis atribuídos e especialmente as competências de caráter deliberativo, sejam
desempenhados. A relação entre os conselhos e os órgãos de claramente explicitadas na lei que institui o conselho para que
gestão da estrutura dos sistemas de ensino tem registrado seu poder de decisão não seja ignorado ou contestado. Neste
tensões, conflitos e rupturas na sua trajetória. Tensões e aspecto cabe analisar o tradicional instituto da homologação.
movimentos de cooperação e de conflitos, de ampliação e O instituto da homologação se situa como uma das
estreitamento da autonomia, de centralização e questões mais polêmicas relativas à autonomia dos conselhos.
descentralização. Nesta questão, convém enfatizar que os conselhos estão
A nova natureza de órgãos de Estado, assumida pelos situados no âmbito do poder executivo e integram o sistema
conselhos de educação a partir da Constituição de 1988 de educação. Nele, sua ação é de natureza deliberativo
demanda novos critérios de composição, novas condições de consultiva, de supervisão, controle e mobilização social, não
funcionamento e o exercício de novas funções. executiva. A efetivação de suas deliberações se situa no âmbito
da ação administrativa do executivo. A homologação, formal
1) Funções dos Conselhos de Educação ou não, corresponde ao ato administrativo que dá efetividade,
Na questão das funções atribuídas aos conselhos é põe em execução a decisão do conselho. A autoaplicabilidade
relevante distinguir a natureza e o objeto. A natureza da das decisões do conselho poderia criar duas instâncias, na
função diz respeito ao caráter da competência, ao poder mesma estrutura e no mesmo campo de ação, com poderes
conferido ao conselho: se consultivo, deliberativo ou outro. O independentes, não articulados, o que seria fator potencial de
objeto diz respeito aos temas sobre os quais os conselhos são conflitos, sem mecanismos de negociação.
chamados a deliberar ou opinar No entanto, é fundamental que os conselhos tenham
Quanto à natureza, tradicionalmente têm sido atribuídas autonomia para propor e deliberar sobre questões de sua
aos conselhos funções de caráter consultivo e deliberativo. No esfera de competência legal e que o executivo não possa
atual contexto da gestão democrática da educação pública os deliberar, nem adotar, em matéria definida em lei como de

Didática 20
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competência do conselho, ações que contrariam decisões 3) Condições de funcionamento dos Conselhos de
deste. Caso o executivo considere inviável ou inadequado Educação: Questão de Autonomia
adotar a decisão do conselho, deve solicitar a reanálise do As condições de funcionamento do conselho indicam o
assunto, oferecendo razões fundamentadas. grau de autonomia e sua importância na gestão do sistema de
Mas é imperioso distinguir quais decisões do conselho ensino. A autonomia requer que o conselho seja dotado de
devem ser objeto de homologação e quais não necessitam dela. normas próprias e condições objetivas para desempenhar
Aceitando-se que a homologação é o instrumento de gestão suas responsabilidades. Sem condições de exercer suas
para dar efetividade às decisões do conselho, somente devem funções com autonomia, dependentes da boa vontade do
ser objeto dela as que necessitam de ação administrativa executivo para funcionar, os conselhos ficariam desprovidos
própria do executivo para sua efetivação na prática. de sua natureza de órgãos de Estado.
O instituto da homologação, sem esses limites, tornaria o Dentre as condições necessárias para a autonomia dos
conselho mero órgão consultivo e de governo, não de Estado. conselhos no exercício de suas funções de órgãos de Estado,
O instituto da homologação é instrumento adotado para a convém destacar:
mediação entre a competência deliberativa do conselho e a
administrativa do executivo. Neste sentido, a homologação A) Normas próprias claramente definidas, explicitando
não afeta a autonomia do conselho, mas constitui ato a natureza e o objeto de suas competências, de caráter
administrativo de cumprimento de suas decisões. É consultivo, deliberativo, de supervisão, mobilização e controle
pertinente, para elucidar a questão, a analogia com o social, distinguindo as de livre exercício das sujeitas à
mecanismo de sanção ou veto, pelo Poder Executivo, dos homologação, com definição dos mecanismos de negociação;
projetos de lei aprovados pelo Legislativo, mecanismo que não B) Dotação orçamentária própria, com autonomia de
afeta a independência desses poderes. gestão financeira, suficiente para o exercício de suas funções;
C) Autonomia na escolha do presidente (por eleição
2) Composição dos Conselhos de Educação interpares-vedada a possibilidade da escolha de ocupantes de
A composição e a forma de escolha dos conselheiros cargos de confiança do governo) e dos cargos comissionados
revelam, em boa medida, a concepção e a natureza do (pela presidência);
conselho, em nome de quem e para quem opinam e decidem. D) Definição da agenda de reuniões, quanto à
Em sua origem os conselhos foram concebidos para periodicidade (com regularidade de funcionamento) e à pauta
assessoramento superior do governo, inicialmente foram (com autonomia);
constituídos como “conselhos diretores”, compostos por E) Condições materiais de funcionamento, com espaços
representação de cargos de confiança do governo. próprios, dotados das condições necessárias ao exercício das
Posteriormente os conselheiros passaram a ser escolhidos funções;
pelo Poder Executivo, com base em critérios de “notório saber” F) Apoio aos conselheiros, técnico, tecnológico,
educacional e representatividade dos diferentes graus de material e financeiro inerente ao exercício da função, de
ensino e regiões do país ou do estado. acordo com as necessidades próprias.
O novo contexto de gestão democrática da educação
pública preconiza critérios de representatividade social na Uma Rede Nacional de Conselhos de Educação
composição dos conselhos, constituídos por representantes da A organização em rede nacional dos Conselhos de
pluralidade social. A ação dos conselheiros, porque chamados Educação oferece uma alternativa não centralizadora para o
a opinar e deliberar sobre políticas educacionais, normas e exercício de seu papel na efetivação do regime de colaboração
processos pedagógicos, requer “saberes” - acadêmico e da e na construção de um sistema nacional articulado de
vivência - ambos sempre com percepção política das educação.
aspirações sociais. Preliminarmente é fundamental não associar o moderno
Quanto maior a diversidade de saberes e de representação conceito de organização em rede com o tradicional e
da pluralidade das vozes sociais, mais rica será a ação dos burocrático conceito de redes de ensino. A proposta de
conselhos. Um conselho de educação somente cumprirá organização em rede dos Conselhos adota o moderno conceito
efetivamente sua verdadeira função se expressar as aspirações de Castells19, definido por ele na obra “A sociedade em rede”,
da sociedade na sua totalidade. A representatividade social como a nova morfologia social de nossas sociedades.
tem como fundamento a busca da visão de totalidade a partir O conceito fundamental da organização em rede está
dos olhares dos conselheiros desde os diferentes “pontos de fundado no princípio da sinergia, ou seja: duas ou mais
vista” da sociedade. Se for constituído de tal forma que organizações em interação trocam energias, sem perdê-las,
represente e expresse somente, ou hegemonicamente, a voz de assumindo cada uma a força das demais. O princípio da
um segmento, ou do governo, poderá perder a visão do todo, o sinergia supera, ou tende a eliminar, a polaridade dominação-
foco da razão de ser conselho. subordinação de uma sobre outra, para estabelecer uma nova
O significado da representação nos conselhos de educação cultura, determinada pelas relações entre ambas: a cultura da
encerra tensões e polêmicas. Distinguir é preciso, e com cooperação. Portanto a rede supera as relações de competição,
meridiana clareza, a natureza de cada espaço de participação os projetos isolados, para estabelecer cumplicidade e
social. Um é um espaço de defesa dos interesses corporativos corresponsabilidade.
e outro o da defesa dos interesses coletivos. Um é o objetivo da Mota, Duarte e Bartholo,20 partindo da análise de
parte, da categoria representada, outro o do todo social, onde Castells21, Capra,22 e Whitaker23, apresentam cinco elementos
transita e atua o conselho de educação. O conselho exerce o que caracterizam a moderna organização em rede:
cuidado do projeto educativo fundamentado na cidadania, na A) A rede, e somente ela, é capaz de dar coerência a uma
nacionalidade, que requer visão do todo social, construída pluralidade de componentes divergentes, funcionando como
pelos diferentes pontos de vista dos diferentes segmentos um todo;
sociais.

19 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede - A era da informação: economia, 22 CAPRA, Frijof. A teia da vida: uma nova compreensão dos sistemas vivos. São
sociedade e cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. Paulo: Cultrix/Amaná/Key, 1997.
20 MOTA, C. Renato, DUARTE, Francisco J. de C. M., BARTHOLO Jr, Roberto dos S. 23 WHITAKER, Francisco. Rede: uma estrutura alternativa de organização.

Participação e Gestão Social. Brasília: SESI, Departamento Nacional, 2002. Mutações sociais: publicação trimestral do Cedac, Rio de Janeiro, ano 2, n. 3,
21 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede - A era da informação: economia, 1994.
sociedade e cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

Didática 21
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B) A rede supera as cadeias lineares de causa e efeito, para A Lei nº 9.131/95 atribui ao Conselho Nacional de
estabelecer relações de realimentação, perdendo sentido a Educação a função de “subsidiar a elaboração e acompanhar a
idéia de origem e destino, emissão e recepção; execução do Plano Nacional de Educação” e de “manter
C) A rede, a partir do compartilhamento de códigos, intercâmbio com os sistemas de ensino dos Estados e do
constitui um sistema aberto e dinâmico, como malha de Distrito Federal acompanhando a execução dos respectivos
múltiplos fios, sem que um dos nós possa ser considerado Planos de Educação”. Como poderiam o CNE, o Fórum
principal ou central; Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, incluído o
D) A lógica de redes é necessária para estruturar o não Distrito Federal, e a União Nacional dos Conselhos Municipais
estruturado, porém preservando a flexibilidade, pois o não de Educação articular-se em rede para estabelecer as
estruturado é a força motriz da inovação na atividade humana; interconexões necessárias para a efetivação do regime de
E) As informações constituem os elos básicos - fios - que colaboração?
interligam os integrantes da rede, estabelecendo interação Quatro ações de curto prazo poderiam iniciar a caminhada:
mais frequente e intensa.
A) Criação de Fórum Gestor: Para manter coerência com
A organização em rede dos conselhos de educação oferece os princípios da rede - sem que um dos nós possa ser
uma alternativa para a efetivação do regime de colaboração, considerado principal ou central - representantes das três
com a vantagem de permitir a superação de dois possíveis instâncias dos conselhos (Nacional, Estadual e Municipal)
equívocos: constituem um Fórum em condições de igualdade de
A) Do conceito de colaboração, cuja conotação é de ato de representação. A coordenação do Fórum poderia ser exercida
vontade unilateral, responsável por certo descompromisso em regime colegiado, de cogestão, pelos três presidentes;
mútuo, pelo da sinergia cooperativa; B) Criação de uma rede virtual de informação e
B) Da ideia de um sistema único da União, como comunicação: A essência da organização em rede é a
supersistema, de viés piramidal centralizador, pelo de sistema conectividade, a comunicação aberta e dinâmica com troca de
nacional articulado, o que implica em novas relações de experiências e informações As informações constituem os elos
articulação entre os atuais sistemas e não em outro ou novo básicos - fios - que interligam os integrantes da rede;
ente, incompatível com os fundamentos do regime federativo. C) Definição de papéis comuns e específicos: O pacto
federativo requer o cumprimento de papeis próprios de cada
A lógica das redes fornece os princípios fundamentais para ente em vista de uma finalidade nacional comum. Que papeis
a criação de vínculos, novas relações sistêmicas em torno de cabem a cada ente federado? E qual o papel de cada conselho
objetivos e metas comuns. Ou seja: A organização dos nele? Essa definição é importante para um diálogo construtivo
conselhos em rede estabelece a interdependência e articulação e para evitar a perda de energias em conflitos, explícitos ou
entre eles, cada um contribuindo com sua especificidade para velados, que mais levam à competição do que à colaboração; e
alcançar objetivos e metas nacionais, sem constituir-se em D) Definição de compromissos comuns (norma ou
supersistema e sem interferir na autonomia de cada ente acordo): A norma é um dos fios essenciais que ligam os
federado. integrantes da rede. Mas que norma seria essa? Talvez se
Em síntese, podemos dizer que a organização em rede apresentem como mais apropriados, porque dinâmicos e
permite estabelecer o regime de colaboração, articulado as flexíveis, o Acordo, o Termo de Cooperação ou a Resolução,
competências e responsabilidades de cada ente federado no aprovados pelas três instâncias participantes. Ou então uma
todo nacional, sem perda da autonomia e das especificidades Resolução do CNE, (exercendo a competência nacional) com
de ação de cada sistema de ensino. A organização em rede Parecer respaldado por participação conjunta do Fórum
estabelece conectividade e interdependência entre os Nacional dos Conselhos Estaduais e da UNCME.
conselhos, para realizar cooperativamente os objetivos No longo prazo a experiência irá aperfeiçoando os
nacionais comuns e os específicos de cada um. A organização caminhos. O importante é ter a sabedoria de aceitar o
em rede supera a mera agregação ou justaposição e permite inacabado, ter a perspectiva do processo instituinte, alimentar
eliminar ruídos de comunicação e superar os conflitos da o sonho.
competição. À Guisa de Conclusão
A questão está em definir as interconexões do Os desafios da efetivação do Princípio Constitucional do
planejamento e da gestão das ações próprias de cada um. As regime de colaboração, proposta pela Conferência Nacional de
políticas e objetivos nacionais estão definidos pela Educação Básica como a construção de um sistema nacional
Constituição, pela LDB, pelo PNE e PDE. O papel dos conselhos articulado de educação, se situam na mudança de algumas
será o de contribuir para a organização do sistema nacional lógicas que geraram a atual situação. Dentre elas destacam-se:
articulado de educação, definindo as competências e A da cultura de poder nos processos de gestão; da colaboração
responsabilidades comuns e específicas e as estratégias de sua como processo de transferência de responsabilidades e; da
ação para realizar as políticas e objetivos nacionais. crença no poder da norma para mudar a realidade.
A questão central na constituição e gestão de uma rede é a Lembremos que os velhos paradigmas são incapazes de
definição das interconexões, dos nós da conectividade. Na superar os problemas que eles próprios geraram.
organização da educação as normas nacionais têm sido usadas Em primeiro lugar, um sistema em rede requer a mudança
como o instrumento dessa conectividade. Mas sua efetividade de nossa concepção e cultura de exercício do poder. Como
tem sido baixa. Será uma nova norma eficaz para realizar a afirma de Castells24, a organização em rede estabelece uma
articulação necessária? A norma é necessária para organizar a hierarquia horizontal deslocando o poder para a periferia da
rede, mas será ineficaz se não vier acompanhada de ações organização e colocando no centro, como eixo articulador, a
efetivas. finalidade, no caso, o educando, razão originária de todo o
O caminho aponta, então para a gestão, nela incluídos os processo educacional. Isso requer dos agentes públicos visão
planos de educação e um sistema eficiente de informações, de clara dos objetivos nacionais. Requer a postura do agente
comunicação. Sem informação uma rede será morta. E na público como servidor da cidadania. Requer a superação da
questão da gestão da articulação os conselhos de educação concepção patrimonialista do ato de governar e visão do todo,
podem assumir um novo e relevante papel.

24CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede - A era da informação: economia,


sociedade e cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

Didática 22
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a partir da consideração dos diferentes pontos de vista, o que, 03. (Prefeitura de São Gonçalo do Rio Abaixo/MG -
por sua vez, requer sabedoria, desapego e humildade. Assistente de Educação Básica - IDECAN) A construção de
A superação do conceito de colaboração, como ato de boa um Sistema Nacional de Educação requer o
vontade, implica em visão de Estado, em cumprimento das redimensionamento da ação dos entes federados, garantindo
responsabilidades próprias e compartilhamento das comuns diretrizes educacionais comuns a serem implementadas em
em processos cooperativos. Implica em covencer o desafio da todo o território nacional, tendo como perspectiva a superação
melhoria da qualidade da educação. das desigualdades regionais. Dessa forma, objetiva‐se o
Para a superação da crença do poder da norma para mudar desenvolvimento de políticas públicas educacionais nacionais
a realidade - tida entre nós como panaceia para todos os universalizáveis, por meio da regulamentação das atribuições
problemas - é preciso distinguir o que é de caráter geral, no específicas de cada ente federado no regime de colaboração e
âmbito de políticas e diretrizes nacionais, do que é próprio da da educação privada pelos órgãos de Estado. O Sistema
regulamentação de cada instância de ação concreta. Quando a Nacional de Educação assume, assim, um papel que visa
lei, seja federal ou local, define o caminho e o processo do garantir as finalidades, diretrizes e estratégias educacionais
caminhar, constituindo-se ao mesmo tempo em lei e comuns, mas mantendo as especificidades próprias de cada
regulamento, cai na armadilha da centralização legal, do um. Assinale a alternativa que cita INCORRETAMENTE uma
cerceamento do espaço de autonomia normativa das das características do papel assumido pelo Sistema Nacional
instâncias concretas de ação. O poder centralizador da lei, às de Educação, de acordo com o contexto supracitado.
vezes nem tão sutil, constitui uma armadilha a cercear a (A) Neutral.
aprendizagem democrática do exercício da cidadania. Quanto (B) Articulador.
mais a lei federal invade o local, mais assume o risco de (C) Normatizador.
aproximar a unidade da uniformidade, perigo já denunciado (D) Financiador dos sistemas de ensino (Federal, Estadual,
pelos Pioneiros. DF e Municipal).
Por outro lado, a regulamentação nacional excessiva trai
um preconceito de que as comunidades locais ainda são 04. (TJ/AM - Analista judiciário - Pedagogia - FGV) Os
incapazes do exercício da cidadania e de que precisam ser sistemas de ensino definem as normas da gestão democrática
tuteladas. Mas a cidadania é algo que somente se promove e se em conformidade com as disposições legais. Assinale a
aprimora exercendo-a. Esta é, em essência, a lição de Paulo alternativa que apresenta os princípios da gestão democrática
Freire na Pedagogia do Oprimido. A educação libertadora da estabelecidos na LDB n. 9.394/96:
escola cidadã requer espaço de autonomia para o exercício da (A) Participação dos profissionais da educação na
cidadania. elaboração do projeto pedagógico e eleição de diretores
A construção de um efetivo sistema nacional articulado de (B) Eleição de grêmios estudantis e participação da
educação precisa superar o divórcio entre o Brasil oficial e o comunidade em conselhos escolares
Brasil real, já denunciado por Anísio Teixeira como fruto de (C) Participação dos profissionais da educação na
nossa cultura “hipernormatizadora”. A norma é necessária, elaboração do projeto pedagógico e participação da
mas está longe de ser suficiente. A solução está além da norma, comunidade em conselhos escolares
está na eficácia da ação dos agentes públicos e no efetivo (D) Eleição de diretores e participação da comunidade em
exercício da cidadania ativa. conselhos escolares
(E) Eleição de grêmios estudantis e eleição de diretores
Questões
05. (MF - Pedagogo - ESAF) A respeito do entendimento
01. (IF/BA - Pedagogo - FUNRIO) Em 1932 foi publicado sobre participação popular no planejamento e na organização
o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova liderado por da educação nacional, assinale a opção que determina o
Fernando de Azevedo. Tal Manifesto se caracterizou conceito.
fundamentalmente pela defesa da (o) binômio abaixo: (A) Presença dos pais nas reuniões das escolas públicas.
(A) Educação pública - ensino eclesiástico. (B) Participação de representantes nos conselhos das
(B) Sistema dualista - ensino público. escolas.
(C) Escola particular - educação elitista. (C) Participação de representantes nos conselhos, nos
(D) Escola básica - educação gratuita. fóruns, nas conferências e nas consultas públicas.
(E) Ensino obrigatório - ensino religioso. (D) O trabalho da Comissão de Educação do Congresso
Nacional.
02. (Prefeitura de Osasco/SP - Professor de (E) O desenvolvimento do desempenho dos estudantes nas
desenvolvimento Infantil - FGV) Em 1932, um grupo de provas nacionais.
intelectuais redigiu um documento direcionado ao povo e ao
governo, como resultado dos anseios por reformas Gabarito
educacionais, acreditando que seria necessário realizar uma
mudança no modelo educacional como precursora de 01.D / 02.B / 03.A / 04.C / 05.C
mudanças na estrutura do país; fazia-se necessário, portanto,
traçar diretrizes de uma nova política nacional de educação e
ensino em todos os níveis, aspectos e modalidades.
Esse documento representou não apenas uma síntese dos
ideais de reconstrução educacional, mas também, um impulso
à tentativa de avanço sobre novas propostas de educação.
Assinale a opção que o identifica.
(A) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(B) Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova
(C) Parâmetros Curriculares Nacionais
(D) Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil
(E) Plano Nacional de Educação

Didática 23
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que buscam novo equilíbrio, melhor do que o anterior. Nas


As contribuições de Piaget, sucessivas desequilibrações e reequilibrações o conhecimento
Vygotsky e Wallon para o exógeno é complementado pelas construções endógenas, que
são incorporadas ao sistema cognitivo do sujeito. Nesse
desenvolvimento humano e da processo, que Piaget denomina processo de equilibração, se
aprendizagem constroem as estruturas cognitivas que o sujeito emprega na
compreensão dos objetos, fatos e acontecimentos, levando ao
progresso na construção do conhecimento.
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Os Estágios no Desenvolvimento Cognitivo
Teoria de Jean Piaget (1896-1980) A capacidade de organizar e estruturar a experiência
vivida vem da própria atividade das estruturas mentais que
Apresentar a teoria de Piaget num texto introdutório é funcionam seriando, ordenando, classificando, estabelecendo
tarefa especialmente difícil. A complexidade desta abordagem relações. Há um isomorfismo entre a forma pela qual a criança
teórica, diretamente relacionada à riqueza da produção organiza a sua experiência e a lógica de classes e relações. Os
piagetiana e à natureza do temário abordado pelas pesquisas diferentes níveis de expressão dessa lógica são o resultado do
e reflexões desse autor, apontam a necessidade de explicar ao funcionamento das estruturas mentais em diferentes
leitor alguns aspectos mais gerais de suas ideias, remetendo-o momentos de sua construção. Tal funcionamento, explicitado
posteriormente aos textos originais. Ao lado de Freud, o na atividade das estruturas dinâmicas, produz, no nível
trabalho de Piaget representa hoje o que de mais importante estrutural, o que Piaget denomina os estágios de
se produziu no século XX no campo da Psicologia do desenvolvimento cognitivo. Os estágios expressam as etapas
desenvolvimento infantil, embora, a rigor, Piaget não possa ser pelas quais se dá a construção do mundo pela criança.
qualificado como psicólogo do desenvolvimento25. Para que se possa falar em estádio nos termos propostos
Um primeiro aspecto geral que merece ser explicitado por Piaget, é necessário, em primeiro lugar, que a ordem das
refere-se à concepção de conhecimento proposta por Piaget. aquisições seja constante. Trata-se de uma ordem sucessiva e
Um dos pontos fundamentais desta concepção diz respeito ao não apenas cronológica, que depende da experiência do sujeito
sentido atribuído por Piaget à palavra “conhecer”: organizar, e não apenas de sua maturação ou do meio social. Além desse
estruturar e explicar o mundo em que vivemos - incluindo o critério, Piaget propõe outras exigências básicas para
meio físico, as ideias, os valores, as relações humanas, a cultura caracterizar estágios no desenvolvimento cognitivo:
de um modo mais amplo - a partir do vivenciado. Se, para
Piaget, o conhecimento se produz a partir da ação do sujeito 1º) todo estágio tem de ser integrador, ou seja, as
sobre o meio em que vive, só se constitui com a estruturação estruturas elaboradas em determinada etapa devem tornar-se
da experiência que lhe permite atribuir significação. A parte integrante das estruturas das etapas seguintes;
significação é o resultado da possibilidade de assimilação. 2º) um estágio corresponde a uma estrutura de conjunto
Conhecer significa, pois, inserir o objeto num sistema de que se caracteriza por suas leis de totalidade e não pela
relações, a partir de ações executadas sobre esse objeto. justaposição de propriedades estranhas umas às outras;
Para Piaget o conhecimento é fruto das trocas entre o 3º) um estágio compreende, ao mesmo tempo, um nível de
organismo e o meio. Essas trocas são responsáveis pela preparação e um nível de acabamento;
construção da própria capacidade de conhecer. Produzem 4º) é preciso distinguir, em uma sequência de estágios, o
estruturas mentais que, sendo orgânicas não estão, entretanto, processo de formação ou gênese e as formas de equilíbrio final.
programadas no genoma, mas aparecem como resultado das
solicitações do meio ao organismo. Com estes critérios Piaget distinguiu quatro grandes
A alteração organismo-meio ocorre através do que Piaget períodos no desenvolvimento das estruturas cognitivas,
chama processo de adaptação, com seus dois aspectos intimamente relacionados ao desenvolvimento da afetividade
complementares: a assimilação e a acomodação. O conceito de e da socialização da criança: estágio da inteligência sensório-
adaptação surge, inicialmente, na obra de Piaget com o sentido motora (até, aproximadamente, os 2 anos); estágio da
que lhe é dado na Biologia clássica, lembrando um fluxo inteligência simbólica ou pré-operatória (2 a 7-8 anos); estágio
irreversível, vai se explicitando em momentos posteriores de da inteligência operatória concreta (7-8 a 11-12 anos); e
sua obra, quando adquire o sentido de equilíbrio progressivo, estágio da inteligência formal (a partir, aproximadamente, dos
finalmente, adquire o sentido de um processo dialético através 12 anos).
do qual o indivíduo desenvolve as suas funções mentais, ao O desenvolvimento por estágios sucessivos realiza em
qual denomina “abstração reflexiva”. Esta adaptação do ser cada um deles um “patamar de equilíbrio” constituindo-se em
humano ao meio ambiente se realiza através da ação, elemento “degraus” em direção ao equilíbrio final: assim que o equilíbrio
central da teoria piagetiana, indicando o centro do processo é atingido num ponto a estrutura é integrada em novo
que transforma a relação com o objeto em conhecimento. equilíbrio em formação. Os diversos estágios ou etapas
Ao tentar se adaptar ao meio ambiente o indivíduo utiliza surgem, portanto, como consequência das sucessivas
dois processos fundamentais que compõem o sistema equilibrações de um processo que se desenvolve no decorrer
cognitivo a nível de seu funcionamento: a assimilação ou a do desenvolvimento. Seguem o itinerário equivalente a um
incorporação de um elemento exterior (objeto, acontecimento “creodo” (sequência necessária de desenvolvimento) e
etc), num esquema sensório-motor do sujeito e a acomodação, supõem uma duração adequada para a construção das
quer dizer, a necessidade em que a assimilação se encontra de competências cognitivas que os caracterizam, sendo que cada
considerar as particularidades próprias dos elementos a estádio resulta necessariamente do anterior e prepara a
assimilar. No sistema cognitivo do sujeito esses processos integração do seguinte.
estão normalmente em equilíbrio. A perturbação desse O “creodo” é, então, o caminho a ser percorrido na
equilíbrio gera um conflito ou uma lacuna diante do objeto ou construção da inteligência humana, que vai do período
evento, o que dispara mecanismos de equilibração. A partir de sensório-motor (0-2 anos) aos períodos simbólico ou pré-
tais perturbações produzem-se construções compensatórias operatório (2-7 anos), lógico-concreto (7-12 anos) e formal

25Cavicchia, D.C. (2011). O desenvolvimento da criança nos primeiros anos de


vida. In Universidade Estadual Paulista (Eds.). Cadernos de formação de
professores de educação infantil: Princípios e fundamentos (Vol.6, pp. 13-27)

Didática 24
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(12 anos em diante). É preciso esclarecer que os estádios imagens. Entretanto, a palavra não tem ainda, para ela, o valor
indicam as possibilidades do ser humano (sujeito epistêmico), de um conceito; ela evoca uma realidade particular ou seu
não dizendo respeito aos indivíduos (sujeitos psicológicos) em correspondente imagístico. Tendo que reconstruir o mundo no
si mesmos. A concretização ou realização dessas plano representativo, ela o reconstrói a partir de si mesma. O
possibilidades dependerá do meio no qual a criança se egocentrismo intelectual está no auge dessa etapa. A
desenvolve, uma vez que a capacidade de conhecer é resultado dominação do pensamento por imagens encerra a criança em
das trocas do organismo com o meio. Da mesma forma, essa si mesma.
capacidade de conhecer depende, também, da organização O pensamento imagístico egocêntrico, característico desta
afetiva, uma vez que a afetividade e a cognição estão sempre fase, pode ser observado no jogo simbólico, no qual a criança
presentes em toda a adaptação humana. transforma o real ao sabor das necessidades e dos desejos do
momento. O real é transformado pelo pensamento simbólico,
O estágio da inteligência sensório-motor (0 a 2 anos) na medida em que o jogo se desenvolve, ao sabor das
O período sensório-motor é de fundamental importância exigências do desejo expresso pelo jogo. É por isso que Piaget
para o desenvolvimento cognitivo. Suas realizações formam a considera o jogo simbólico como o egocentrismo no estado
base de todos os processos cognitivos do indivíduo. Os puro.
esquemas sensório-motores são as primeiras formas de Um pensamento assim dominado pelo simbolismo
pensamento e expressão, são padrões de comportamento que essencialmente particular, pessoal e, por isso, incomunicável,
podem ser aplicados a diferentes objetos em diferentes não é um pensamento socializado. Ele não repousa em
contextos. A evolução cognitiva da criança nesse período pode conceitos, mas no que Piaget chama pré-conceitos, que são
ser descrita em seis sub estágios nos quais estabelecem-se as particulares, no sentido em que evocam realidades
bases para a construção das principais categorias do particulares, tendo seu correlato imagístico ou simbólico
conhecimento que possibilitam ao ser humano organizar a sua próprio à experiência, de cada criança.
experiência na construção do mundo: objeto, espaço, Entre os 5 e 7 anos, período geralmente chamado de
causalidade e tempo. “intuitivo”, ocorre uma evolução que leva a criança, pouco a
pouco, à maior generalidade. Seu pensamento agora repousa
O estágio pré-operatório ou simbólico (2 a 6-7 anos) sobre configurações representativas de conjunto mais amplas,
O período pré-operatório realiza a transição entre a mas ainda está dominado por elas. A intuição é uma espécie de
inteligência propriamente sensório-motora e a inteligência ação realizada em pensamento e vista mental mente:
representativa. Essa passagem não ocorre através de mutação transvasar, encaixar, seriar, deslocar etc. ainda são esquemas
brusca, mas de transformações lentas e sucessivas. Ao atingir de ação aos quais a representação assimila o real. Mas a,
o pensamento representativo a criança precisa reconstruir o intuição é, também, por outro lado, um pensamento imagístico,
objeto, o tempo, o espaço, as categorias lógicas de classes e versando sobre configurações de conjunto e não mais sobre
relações nesse novo plano da representação. Tal reconstrução simples coleções sincréticas, como no período anterior.
estende-se dos dois aos doze anos, abrangendo os estádios O pensamento da criança entre dois e sete anos é
pré-operatório e operatório concreto. dominado pela representação imagística de caráter simbólico.
A primeira etapa dessa reconstrução, que Piaget denomina A criança trata as imagens como verdadeiros substitutos do
período pré-operatório, é dominada pela representação objeto e pensa efetuando relações entre imagens. A criança é
simbólica. A criança não pensa, no sentido estrito desse termo, capaz de, em vez de agir em atos sobre os objetos, agir
mas ela vê mentalmente o que evoca. O mundo para ela não se mentalmente sobre seu substituto ou imagem, que ela no meia.
organiza em categorias lógicas gerais, mas distribui-se em Proveniente da interiorização da imitação, a representação
elementos particulares, individuais, em relação com sua simbólica possui o caráter estático da imitação, motivo pelo
experiência pessoal. O egocentrismo intelectual é a principal qual versa, essencialmente, sobre as configurações, por
forma assumida pelo pensamento da criança neste estádio. Seu oposição às transformações. Com a instalação das estruturas
raciocínio procede por analogias, por transdução, uma vez que operatórias do período seguinte, a imagem vai ser
lhe falta a generalidade de um verdadeiro raciocínio lógico. subordinada às operações. Na passagem da ação sensório-
O advento da capacidade de representação vai possibilitar motora para a representação, pela imitação, é possível
o desenvolvimento da função simbólica, principal aquisição aprender melhor as ligações entre as operações e a ação,
deste período, que assume as suas diferentes formas - a tornando mais compreensível a origem de certos distúrbios
linguagem, a imitação diferida, a imagem mental, o desenho, o dos processos figurativos: espaço, tempo, esquema corporal
jogo simbólico - compreendidos como diferentes meios de etc.
expressão daquela função.
Para Piaget a passagem da inteligência sensório-motora O estágio operatório concreto (7 a 11-12 anos)
para a inteligência representativa se realiza pela imitação. Por volta dos sete anos a atividade cognitiva da criança
Imitar, no sentido estrito, significa reproduzir um modelo. Já torna-se operatória, com a aquisição da reversibilidade lógica.
presente no estágio sensório-motor, a imitação só vai se A reversibilidade aparece como uma propriedade das ações da
interiorizar no sexto sub estágio, quando a criança pode criança, suscetíveis de se exercerem em pensamento ou
praticar o “faz-de-conta”, agir “como se”, por imitação deferida interiormente. O domínio da reversibilidade no plano da
ou imitação interiorizada. Interiorizando-se a imitação, as representação - a capacidade de se representar uma ação e a
imagens elaboram-se e tornam-se substitutos dos objetos ação inversa ou recíproca que a anula - ajuda na construção de
dados à percepção. O significante é, então, dissociado do novos invariantes cognitivos, desta vez de natureza
significado, tornando possível a elaboração do pensamento representativa: conservação de comprimento, de distâncias,
representativo. de quantidades discretas e contínuas, de quantidades físicas
A inteligência tem acesso, então, ao nível da representação, (peso, substância, volume etc.). O equilíbrio das trocas
pela interiorização da imitação (que, por sua vez, é favorecida cognitivas entre a criança e a realidade, característico das
pela instalação da função simbólica). A criança tem acesso, estruturas operatórias, é muito mais rico e variado, mais
dessa forma, à linguagem e ao pensamento. Ela pode elaborar, estável, mais sólido e mais aberto quanto ao seu alcance do que
igualmente, imagens que lhe permitem, de certa forma, o equilíbrio próprio às estruturas da inteligência sensório-
transportar o mundo para a sua cabeça. motora.
Entre 2 e 5 anos, aproximadamente, a criança adquire a
linguagem e forma, de alguma maneira, um sistema de

Didática 25
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O estágio das operações formais (11 a 15-16 anos) ocorrências de uma mesma classe de objetos, eventos,
Tanto as operações como as estruturas que se constroem situações, sob uma mesma categoria conceituai cujo
até aproximadamente os onze anos, são de natureza concreta, significado é compartilhado pelos usuários dessa linguagem"
permanecem ligadas indissoluvelmente à ação da criança Oliveira26.
sobre os objetos. Entre os 11 e os 15-16 anos, O uso da linguagem como instrumento de pensamento
aproximadamente, as operações se desligam supõe um processo de internalização da linguagem, que ocorre
progressivamente do plano da manipulação concreta. Como de forma gradual, completando-se em fases mais avançadas da
resultado da experiência lógico matemática, o adolescente aquisição da linguagem. Para Vygotsky, primeiro a criança
consegue agrupar representações em estruturas equilibradas utiliza a fala socializada, para se comunicar. Só mais tarde é
(ocorrendo, portanto, uma nova mudança na natureza dos que ela passará a usá-la como instrumento de pensamento,
esquemas) e tem acesso a um raciocínio hipotético-dedutivo. com a função de adaptação social. Entre o discurso socializado
Agora, poderá chegar a conclusões a partir de hipóteses, sem e o discurso interior há a fala egocêntrica, que é utilizada como
ter necessidade de observação e manipulação reais. Esta apoio ao planejamento de sequências a serem seguidas,
possibilidade de operar com operações caracteriza o período auxiliando assim na solução de problemas.
das operações formais, com o aparecimento de novas Vygotsky observa que a criança apresenta em seu processo
estruturas intelectuais e, consequentemente, de novos de desenvolvimento um nível que ele chamou de real e outro
invariantes cognitivos. A mudança de estrutura, a potencial. O nível de desenvolvimento real refere-se a
possibilidade de encontrar formas novas e originais de etapas já alcançadas pela criança, isto é, a coisas que ela já
organizar os esquemas não termina nesse período, mas consegue fazer sozinha, sem a ajuda de outras pessoas. Já o
continua se processando em nível superior. As estruturas nível de desenvolvimento potencial diz respeito à
operatórias formais são o ponto de partida das estruturas capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de outros. Há
lógico-matemáticas da lógica e da matemática, que prolongam, atividades que a criança não é capaz de realizar sozinha, mas
em nível superior, a lógica natural do lógico e do matemático. poderá conseguir caso alguém lhe dê explicações,
demonstrando como fazer. Essa possibilidade de alteração no
Teoria de Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) desempenho de uma pessoa pela interferência da outra é
fundamental em Vygotsky. Para este autor, a zona de
Na abordagem da Psicologia Sócio Histórica, algumas desenvolvimento proximal consiste na distância entre o
categorias são centrais. Para efeitos da análise duas delas se nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento
destacam e, por essa razão, serão brevemente apresentadas. A potencial.
primeira delas é a de mediação, entendida como "uma Vygotsky expõe assim seu pensamento:
instância que relaciona objetos, processos ou situações entre
si ou, ainda, como um conceito que designa um elemento que [...] a aprendizagem não é, em si mesma, desenvolvimento;
viabiliza a realização de outro e que, embora distinto dele, mas uma correta organização da aprendizagem da criança
garante a sua efetivação, dando-lhe concretude". Adotar a conduz ao desenvolvimento mental, ativa todo um grupo de
categoria teórico metodológica da mediação implica não processos de desenvolvimento, e esta ativação não poderia
aceitar dicotomias e, sobretudo, tentar se aproximar das produzir-se sem a aprendizagem27.
determinações que, dialeticamente, constituem o sujeito. É por
meio da mediação que se explica e se compreende como o Vygotsky enfatiza a importância do brinquedo e da
homem, membro da espécie humana, só se torna humano nas brincadeira do faz-de-conta para o desenvolvimento infantil.
relações sociais que mantém com seus semelhantes e com sua Tal capacidade representa um passo importante para o
cultura. Nesse sentido, a escola, por meio de seus professores, desenvolvimento do pensamento, pois faz com que a criança
exerce uma mediação central na constituição dos sujeitos- se desvincule das situações concretas e imediatas sendo capaz
alunos, uma vez que é com seu auxílio que eles conquistam de abstrair. A imitação é uma situação muito utilizada pelas
novos saberes, apropriam-se de sua "humanidade" e crianças, porém não deve ser entendida como mera cópia de
constroem, paulatinamente, formas próprias de pensar, sentir um modelo, mas uma reconstrução individual daquilo que é
e agir. observado nos outros. Desta forma, é importante salientar que
Uma segunda categoria importante a ser aqui discutida é a crianças também aprendem com crianças, em situações
relação desenvolvimento-aprendizagem. Tendo Piaget como informais de aprendizado, por exemplo.
interlocutor, Vygotsky postula que o ensino, quando
adequadamente organizado, leva à aprendizagem, e essa Teoria de Henri Wallon (1879-1962)
última, por sua vez, impulsiona ciclos de desenvolvimento que
até então estavam em estado embrionário: novas funções Wallon propôs o estudo integrado do desenvolvimento
psicológicas superiores passam assim a existir. Esse novo infantil, contemplando os aspectos da afetividade, da
desenvolvimento, mais adiantado, abre novas possibilidades motricidade e da inteligência. Para ele, o desenvolvimento da
de aprendizagem que, se vierem a ocorrer, impulsionarão mais inteligência depende das experiências oferecidas pelo meio e
uma vez o desenvolvimento, permitindo novas aprendizagens do grau de apropriação que o sujeito faz delas. Neste sentido,
e, assim, sucessivamente. Nesse sentido, aprendizagem e os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a
desenvolvimento constituem uma unidade, visto um ser linguagem, bem como os conhecimentos presentes na cultura
constitutivo do outro, ou seja, um não é sem o outro. contribuem efetivamente para formar o contexto de
Vygotsky afirma que a relação dos indivíduos com o desenvolvimento. Wallon assinala que o desenvolvimento se
mundo não é direta, mas mediada por sistemas simbólicos, em dá de forma descontínua, sendo marcado por rupturas e
que a linguagem ocupa um papel central, pois além de retrocessos. A cada estágio de desenvolvimento infantil há
possibilitar o intercâmbio entre os indivíduos, é através dela uma reformulação e não simplesmente uma adição ou
que o sujeito consegue abstrair e generalizar o pensamento. reorganização dos estágios anteriores, ocorrendo também um
Ou seja, "a linguagem simplifica e generaliza a experiência, tipo particular de interação entre o sujeito e o ambiente:
ordenando as instâncias do mundo real, agrupando todas as

26 OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo vygotskiana, walloniana e piagetiana: diferentes olhares para a sala de aula.
sócio histórico. São Paulo: Scipione, 1993 Psicologia da Educação, São Paulo, 34, 1º sem. de 2012, pp. 63-83.
27 DAVIS, Claudia Leme Ferreira; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; RIBEIRO,

Marilda Pierro de Oliveira; RACHMAN, Vivian Carla Bohm. Abordagens

Didática 26
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Estágio impulsivo-emocional (1°ano de vida): nesta fase tenha já um conhecimento anterior para poder assimilá-lo e
predominam nas crianças as relações emocionais com o transformá-lo. O que implica os dois polos da atividade
ambiente. Trata-se de uma fase de construção do sujeito, em inteligente: assimilação e acomodação. É assimilação à medida
que a atividade cognitiva se acha indiferenciada da atividade que incorpora a seus quadros todo o dado da experiência; é
afetiva. Nesta fase vão sendo desenvolvidas as condições acomodação à medida que a estrutura se modifica em função
sensório-motoras (olhar, pegar, andar) que permitirão, ao do meio, de suas variações.
longo do segundo ano de vida, intensificar a exploração (B) Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento
sistemática do ambiente. do indivíduo como resultado de um processo sócio histórico,
Estágio sensório-motor (um a três anos, aproximadamente): enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse
ocorre neste período uma intensa exploração do mundo físico, desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-
em que predominam as relações cognitivas com o meio. A social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela
criança desenvolve a inteligência prática e a capacidade de interação do sujeito com o meio.
simbolizar. No final do segundo ano, a fala e a conduta (C) O comportamento é construído numa interação entre o
representativa (função simbólica) confirmam uma nova meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica é caracterizada
relação com o real, que emancipará a inteligência do quadro como interacionista.
perceptivo mais imediato. Ou seja, ao falarmos a palavra (D) Nenhuma das alternativas.
"bola", a criança reconhecerá imediatamente do que se trata,
sem que precisemos mostrar o objeto a ela. Dizemos então que 04. (Prefeitura de Niterói/RJ - Professor II − Língua
ela já adquiriu a capacidade de simbolizar, sem a necessidade Portuguesa - COSEAC) Para Vygotsky, com relação à
de visualizar o objeto ou a situação a qual estamos nos aprendizagem da criança, a zona de desenvolvimento
referindo. proximal provê psicólogos e educadores de um instrumento
Personalismo (três aos seis anos, aproximadamente): nesta por meio do qual se pode entender:
fase ocorre a construção da consciência de si, através das (A) O curso interno do desenvolvimento.
interações sociais, dirigindo o interesse da criança para as (B) Os processos incompletos de maturação.
pessoas, predominando assim as relações afetivas. Há uma (C) O desenvolvimento mental retrospectivo.
mistura afetiva e pessoal, que refaz, no plano do pensamento, (D) O emprego da fala analítica.
a indiferenciação inicial entre inteligência e afetividade. (E) As estruturas lógicas inatas.
Estágio categorial (seis anos): a criança dirige seu interesse
para o conhecimento e a conquista do mundo exterior, em 05. (Prefeitura de Foz do Iguaçu/PR - Agente de Apoio -
função do progresso intelectual que conseguiu conquistar até FUNDATEC) Segundo Vygotsky, a capacidade de raciocínio e a
então. Desta forma, ela imprime às suas relações com o meio inteligência da criança, suas ideias sobre o que a rodeia, suas
uma maior visibilidade do aspecto cognitivo. interpretações, seu domínio das formas lógicas de pensamento
são considerados como:
Questões (A) Aprendizagens intrínsecas de técnicas aprendidas
através dos pais.
01. (Prefeitura de São Luís/MA - Conhecimentos Básicos (B) Processos dependentes e influenciados pela
- CESPE/2017) Assinale a opção que apresenta o processo de aprendizagem escolar.
resolução dos conflitos cognitivos que, para Jean Piaget, (C) Aprendizagens projetadas da sociedade e consideradas
representa a construção da aprendizagem: verdades absolutas.
(A) reforço positivo (D) Processos autônomos que não são influenciados pela
(B) assimilação, acomodação e equilibração aprendizagem escolar.
(C) estágios do desenvolvimento sensório-motor, pré- (E) Métodos de conhecimentos prévios influenciados pela
operatório, operatório concreto e formal aprendizagem escolar.
(D) aprendizagem condicionada
(E) zona de desenvolvimento proximal Gabarito

02. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional - 01.B / 02.Errado / 03.B / 04.A / 05.E
CESPE/2017) Teóricos como Piaget e Vygotsky evidenciaram
que a criança se desenvolve na interação com o meio histórico- TEORIAS DA APRENDIZAGEM
cultural em que vive. Considerando essa informação e tendo
em vista que a criança precisa do outro, da natureza e da inter- A Aprendizagem na Concepção Histórico Cultural28
relação possível entre esses elementos, julgue o próximo item.
A criança exige cuidados e atendimento específicos; por A aprendizagem é um dos principais objetivos de toda
isso, é necessária uma conduta que a mantenha sempre limpa prática pedagógica, e a compreensão ampla do que se entende
e em contato com objetos de conhecimento escolarizados. Sua por aprender é fundamental na construção de uma proposta
exposição demasiada a elementos não estruturados ou à de educação, também mais aberta e dinâmica, definindo, por
natureza - barro, areia, água, árvore, jardins - assim como a consequência, práticas pedagógicas transformadoras.
liberdade em excesso podem não resultar em aprendizagem. À medida que a sociedade se torna cada vez mais
( ) Certo ( ) Errado dependente do conhecimento, é necessário questionar e
mudar certos pressupostos que fundamentam a educação
03. (Prefeitura de Lauro Muller/SC - Professor de atual. A aprendizagem é uma atividade contínua, iniciando-se
Pedagogia - Instituto Excelência/2017) Sobre os pensadores nos primeiros minutos da vida e estendendo-se ao longo dela.
da educação, assinale a alternativa CORRETA sobre a teoria de Isto significa expandir o conceito de aprendizagem: ele não
Vygotsky: deve estar restrito ao período escolar e pode ocorrer, tanto na
(A) Sua teoria mostra que o indivíduo só recebe um infância, quanto na vida adulta. A escola é um - entre muitos
determinado conhecimento se estiver preparado para recebê- outros - ambientes em que será possível adquirir
lo. Não existe um novo conhecimento sem que o organismo conhecimento. Para tanto, educadores precisam incorporar os

28LEITE, C. A. R.; LEITE, E. C. R.; PRANDI, L. R. A aprendizagem na concepção


histórico cultural. Akrópolis Umuarama, v. 17, n. 4, p. 203-210, out. / dez. 2009.

Didática 27
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APOSTILAS OPÇÃO

mais recentes resultados das pesquisas sobre aprendizagem e objetivo estudar aspectos práticos da teoria de histórico-
assumir a função de propiciar oportunidades para o aluno cultural, visando aos desdobramentos que essa teoria tem no
gerar e não somente consumir conhecimento, desenvolvendo cotidiano do processo ensino-aprendizagem.
capacidades internas para poder continuar a aprender ao
longo da vida. Principais Teorias de Aprendizagem
A construção de uma pessoa mais autônoma, no processo
de aprender, torna-a mais autônoma no processo de viver - de As principais interpretações das questões relativas à
definir os rumos de sua vida. Mas, para que isso não se natureza da aprendizagem remetem a um passado histórico da
transforme em uma ação individualista, é fundamental filosofia e da psicologia. Diversas correntes de pensamento se
transformar a prática pedagógica em uma prática mediadora, desenvolveram, definindo paradigmas educacionais como o
comprometida, coerente, ao mesmo tempo consciente e empirismo, o inatismo ou nativismo, os associacionistas, os
competente. teóricos de campo e os teóricos do processamento da
A ação educativa - evidenciada a partir de suas práticas - informação ou psicologia cognitiva.
permite aos alunos avançar em saltos na aprendizagem e no A corrente do empirismo tem como princípio
desenvolvimento. E a ação sobre o que o adulto consegue fazer, fundamental considerar que o ser humano, ao nascer, é como
com a ajuda do outro, para que consiga fazê-lo sozinho. uma "tábula rasa" e tudo deve aprender, desde as capacidades
Entretanto, é princípio de toda instituição de ensino sensoriais mais elementares aos comportamentos
(principalmente da escola) garantir a aprendizagem a todos, adaptativos, mas complexos Gaonac´h e Golder32. A mente é
visto que todos são capazes de aprender. considerada inerte, e as ideias vão sendo gravadas a partir das
Dentro de uma concepção de aprendizagem como percepções. Baseado neste pressuposto, a inteligência é
construção de conhecimento, estudos na linha histórico- concebida como uma faculdade capaz de armazenar e
cultural, como os de Vygotsky29 e de seus precursores Oliveira, acumular conhecimento.
Fontana; Meier e Garcia têm sido foco de muitos estudos, O inatismo ou nativismo argumenta que a maioria dos
vários dos quais têm implicações diretas na área da educação, traços característicos de um indivíduo é fixado desde o
trazendo contribuições indiscutíveis para o processo ensino- nascimento e que a hereditariedade permite explicar uma
aprendizagem. grande parte das diferenças individuais físicas e psicológicas
Os autores afirmam que o ser humano não é moldado por Gaonac´h e Golder33. As formas de conhecimento estão pré-
outros seres humanos, mas modifica-se com os outros, determinadas no sujeito que aprende.
trocando experiências, interagindo com o meio social em que Para os associacionistas, o principal pressuposto consiste
vive. Todo esse processo de transformação ocorre vinculado em explicar que o comportamento complexo é a combinação
ao processo de mediação social. de uma série de condutas simples. Como precursores desta
As considerações propostas por Vygotsky 30 revelam que a corrente são de pensamento pode-se citar Edward L.
mediação possibilita a constituição de processos mentais Thorndike e B.F. Skinner, Pettenger e Gooding34 e suas
superiores. Uma atividade é mediada quando é socialmente respectivas teorias do comportamento reflexo ou estímulo-
significativa, e a fonte de mediação pode ser um instrumento resposta.
que regula a ação do indivíduo sobre objetos externos; um Para Thorndike apud Pettenger e Gooding, o padrão básico
sistema de símbolos, que medeia processos psicológicos do da aprendizagem é uma resposta mecanicista às forças
próprio ser humano; ou a interação com outros seres externas. Um estímulo provoca uma resposta. Se a resposta é
humanos. recompensada, é aprendida.
Vygotsky31 deu especial atenção ao estudo de signos como Já para Skinner, a ênfase é dada à questão do controle do
mediadores, entendidos como algo que representa ideias, comportamento pelos reforços que ocorrem com a resposta ou
situações ou objetos; o signo tem função de auxiliar a memória após a mesma com o propósito de atingir metas específicas ou
humana, utilizado para lembrar, registrar ou acumular definir comportamentos manifestos.
informações. Durante o desenvolvimento cultural da criança, o As grandes escolas da corrente dos Teóricos de Campo, são
signo e o instrumento, ambos caracterizados por sua função representadas, na Gestalt pelos alemães Wertheimer, Koffka e
mediadora, se inter-relacionam conforme o homem interage Köhler, e na Fenomenologia, por Combs e Snygg, Pettenger e
com o mundo. Gooding35. Nestas escolas prevalece a concepção de que as
A teoria sobre a aprendizagem sócio histórica e a produção pessoas são capazes de pensar, perceber e de responder a uma
do conhecimento esteve, desde a origem, intimamente ligada dada situação, de acordo com as suas percepções e
ao fato de o homem ser social e histórico e, ao mesmo tempo, interpretações desta situação. Diferentemente das primeiras,
de ser produto e produtor de sua história e de sua cultura em que o comportamento é sequencial, do mais simples ao
“pela” e na interação social. Tal abordagem abre a mais complexo, nesta corrente, o todo ou total é mais que a
possibilidade de redimensionamento da teoria e da prática do soma das partes.
estudo das relações entre a escolarização, atividade mental e Na Gestalt, o paradigma de aprendizagem é a solução de
desenvolvimento da criança, ao assumir a natureza mediada problemas e ocorre do total para as partes. Consiste também
da cognição: a ação do sujeito sobre o objeto é mediada na organização dos padrões de percepção. Segundo Fialho36,
socialmente, pelo outro e pelos signos. Daí a relevância e a na Gestalt há duas maneiras de se aprender a resolver
motivação para o presente estudo. problemas: pelo aprendizado conduzido ou pelo aprendizado
Desse modo, ancorada numa pesquisa bibliográfica com pelo entendimento. Isto significa que conforme a organização
enfoque na perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento da situação de aprendizagem, dirigida (instrucionista) ou
humano, que considera o processo de conceitualização como autodirigida (ativa), o indivíduo aprende, entretanto, deve-se
uma prática social dialógica “mediada pela palavra”, e promover situações de aprendizagem que sejam
pedagógica “mediada pelo outro”, o presente artigo tem como suficientemente ricas para que o aprendiz possa fazer escolhas

29 Vygotsky, L. S; Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São 34 PETTENGER, Owene, GOODING, C. Thomas. Teorias da aprendizagem na prática
Paulo: Scipione, 1993. Educacional. São Paulo: EPU, 1977.
30 Idem 2. 35 Idem 4.
31 Idem 2. 36 FIALHO, Francisco Antonio Pereira. Sistemas de Educação à Distância. UFSC.
32 GAONAC’H, Daniel; GOLDER, Caroline. Profession Enseignant: Manual de Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis, 1998.
Psycolgie.pour Fenseignement. Paris: Hachette Education, 1995. Notas de aula.
33 Idem 2.

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e estabelecer relações entre os elementos de uma situação. modifica-se, permitindo um processo contínuo de renovação
Escolher entre as quais para ele, aprendiz, conduza a uma interna. Na organização cognitiva, são assimiladas o que as
estruturação eficaz de suas percepções e significados. assimilações passadas preparam, para assimilar, sem que haja
Os teóricos do Processamento da Informação ou ruptura entre o novo e o velho.
Psicologia Cognitiva, de origem mais recente, reúnem Pela assimilação, justificam-se as mudanças quantitativas
diversas abordagens. Estes teóricos estudam a mente e a do indivíduo, seu crescimento intelectual mediante a
inteligência em termos de representações mentais e processos incorporação de elementos do meio a si próprio.
subjacentes ao comportamento observável. Consideram o Pela acomodação, as mudanças qualitativas de
conhecimento como sistema de tratamento da informação. desenvolvimento modificam os esquemas existentes em
Segundo Misukami37, uma abordagem cognitivista implica em função das características da nova situação; juntas justificam a
estudar cientificamente a aprendizagem como um produto adaptação intelectual e o desenvolvimento das estruturas
resultante do ambiente, das pessoas ou de fatores externos a cognitivas.
ela. Como as pessoas lidam com estímulos ambientais, No sistema cognitivo do sujeito esses processos estão
organizam dados, sentem e resolvem problemas, adquirem normalmente em equilíbrio. A perturbação desse equilíbrio
conceitos e empregam símbolos constituem, pois, o centro da gera um conflito ou uma lacuna diante do objeto ou evento, o
investigação. Em essência, na psicologia cognitiva, as que dispara mecanismos de equilibração. A partir de tais
atividades mentais são o motor dos comportamentos. perturbações produzem-se construções compensatórias que
Opondo-se à concepção behavorista, os teóricos buscam novo equilíbrio, melhor do que o anterior.
cognitivos preocupam-se em desvendar a "caixa preta" da Assim, pode-se distinguir quatro estágios de
mente humana. A noção de representação é central nestas desenvolvimento lógico:
pesquisas. A representação é definida como toda e qualquer
construção mental efetuada a um dado momento e em um Sensório Motor (0-2 anos)
certo contexto. Tratando-se da fase inicial do desenvolvimento da vida,
Portanto, memória, percepção, aprendizagem, resolução este nível é caracterizado como pré-verbal constituída pela
de problemas, raciocínio e compreensão, esquemas e organização reflexiva e pela a inteligência prática. Neste
arquiteturas mentais são alguns dos principais objetos de estágio a criança baseia-se em esquemas motores para
investigação da área, cujas aplicações vêm sendo utilizadas na resolver seus problemas, que são essencialmente práticos.
construção de modelos explícitos em formas de programas de Além disso, o indivíduo vive o momento presente sendo
computador (softwares), gráficos, arquiteturas ou outras incapaz de referir-se ao futuro, ou evocar o passado.
esquematizações do processamento mental, em especial nos Durante esta fase os bebês começam a desenvolver
sistemas de Inteligência Artificial. símbolos mentais e utilizar palavras, um processo conhecido
Os princípios construtivistas fornecem um conjunto de como simbolização. O bebê relaciona tudo ao seu próprio
diretrizes a fim de auxiliar projetistas e professores na criação corpo como se fosse o centro do mundo
de meios ambientes colaboracionistas direcionados ao ensino,
que apoiem experiências autênticas, atraentes e reflexivas. Os Pré-operatório (2-7 anos)
estudantes podem trabalhar juntos na construção do Este período é o que mais teve atenção de Piaget. É
entendimento e do significado através de práticas relevantes. caracterizado pela explosão linguística e a utilização de
O construtivismo é uma filosofia de aprendizagem que símbolos. Dada a esta capacidade da linguagem, os esquemas
descreve o que significa saber alguma coisa, o que é a de ação são interiorizados (esquemas representativos ou
realidade. As concepções tradicionais de aprendizagem simbólicos). Nota-se ainda a ausência de esquemas
admitem que o conhecimento é um objeto, algo que pode ser conceituais, assim como o predomínio da tendência lúdica.
transmitido do professor para o aluno. Prevalece nesta fase a transdução, modelo primitivo de
O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente raciocínio, que se orienta de particular para particular.
do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a A partir dos quatro anos o tipo dominante de raciocínio é
pesquisa em grupo, o estimulo a dúvida e o desenvolvimento o denominado intuição, fundamentado na percepção e que
do raciocínio, entre outros procedimentos. A partir de sua desconhece a reversibilidade e a conservação.
ação, vai estabelecendo as propriedades dos objetos e A criança ainda é incapaz de lidar como dilemas morais,
construindo as características do mundo. embora possua senso do que é bom ou mal. O indivíduo
apresenta um comportamento egocêntrico, tendo um papel
A Abordagem Construtivista de Jean Piaget limitado e a impossibilidade assumir o papel de outras
pessoas, é rígido (não flexível) que tem como ponto de
As respostas às questões sobre a natureza da referência a própria criança. Ainda é latente a incapacidade de
aprendizagem de Piaget são dadas à luz de sua epistemologia analisar vários aspectos de uma dada situação.
genética, na qual o conhecimento se constrói pouco a pouco, à Uma consequência deste egocentrismo é a incapacidade da
medida em que as estruturas mentais e cognitivas se criança de colocar seu próprio ponto de vista como igual aos
organizam, de acordo com os estágios de desenvolvimento da demais. Desconhecendo a opinião alheia, o indivíduo não sente
inteligência. necessidade de justificar seus raciocínios perante outros.
A inteligência é antes de tudo adaptação. Esta
característica se refere ao equilíbrio entre o organismo e o Operatório concreto (7-11 anos)
meio ambiente, que resulta de uma interação entre Recebe este nome, já que a criança age sobre o mundo
assimilação e acomodação. concreto, real e visível. Surge o declínio do egocentrismo,
A assimilação e a acomodação são, pois, os motores da sendo substituído pelo pensamento operatório (envolvendo
aprendizagem. A adaptação intelectual ocorre quando há o vasta gama de informações externas à criança). O indivíduo
equilíbrio de ambas. pode, desde já, ver as coisas a partir da perspectiva dos outros.
Segundo discorre Ulbritch38, a aquisição do conhecimento Surge os processos de pensamento lógico, limitados,
cognitivo ocorre sempre que um novo dado é assimilado à sendo capazes de serializar, ordenar e agrupar coisas em
estrutura mental existente que, ao fazer esta acomodação classes, com base em características comuns. Assim como a

37MISUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as Abordagens do Processo. Temas 38ULBRICHT, Vânia Ribas. Modelagem de um Ambiente Hipermfdia de Construção
Básicos de Educação e Ensino. São Paulo: EPU, 1986. do Conhecimento em Geometria Descritiva^ Florianópolis, 1997. Tese (Doutorado
em Engenharia de Produção). Coordenadoria de Pós-graduação, UFSC. p.20-25.

Didática 29
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capacidade de conservação e reversibilidade através da informações um caráter valorativo e significados sociais e


observação real (o pensamento da criança ainda é de natureza históricos.
concreta). As concepções de Vygotsky sobre o funcionamento do
O pensamento operatório é denominado concreto, pois a cérebro humano fundamentam-se em sua ideia de que as
criança somente pensa corretamente se os exemplos ou funções psicológicas superiores são construídas ao longo da
materiais que ela utiliza para apoiar o pensamento existem história social do homem. Na sua relação com o mundo,
mesmo e podem ser observados. Ela ainda não consegue mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos
pensar abstratamente, tendo como base proposições e culturalmente, o ser humano cria as formas de ação que o
enunciados. Com o desenvolvimento destas habilidades distinguem de outros animais.
notamos aparecimento de esquemas conceituais. Vale dizer que essas informações não são interiorizadas
As crianças começam a desenvolver um senso moral, com o mesmo teor com que são recebidas, ou seja, elas sofrem
juntamente com um código de valores. uma reelaboração interna, uma linguagem específica em cada
pessoa. Em outras palavras, cada processo de construção de
Operatório formal (12 anos em diante) conhecimentos e desenvolvimento mental possui
Característica essencial a distinção entre o real e o características individuais e particulares.
possível. Nesse sentido, significados socioculturais, historicamente
A criança se torna capaz de raciocinar logicamente, mesmo produzidos, são internalizados pelo homem de forma
se o conteúdo do seu raciocínio é falso. Logo, surge a individual e, por isso, ganham um sentido pessoal; “a palavra,
determinação da realidade tendo como base o caráter a língua, a cultura relaciona-se com a realidade, com a própria
hipotético-dedutivo, representando a última aquisição vida e com os motivos de cada indivíduo”. No processo de
mental quando o adolescente se liberta do concreto. Assim o internalização, o que é interpessoal, inicialmente, transforma-
jovem obtém a capacidade de pensar abstratamente e se em intrapessoal.
compreender o conceito de probabilidade. O nível de desenvolvimento real pode ser entendido
Aparecimento da reversibilidade e sua explicação como referente àquelas conquistas que já estão consolidadas
mediante inversão ou negação e comparada à reciprocidade de na criança, àquelas funções ou capacidades que ela já
relações. aprendeu e domina, pois já consegue utilizar sozinha, sem
assistência de alguém mais experiente da cultura (pai, mãe,
A Abordagem Sócio Construtiva do Desenvolvimento professor, criança mais velha etc.). Este nível indica, assim, os
Cognitivo de Lev Vygotsky processos mentais da criança que já se estabeleceram; ciclos
de desenvolvimento que já se completaram.
As inquietações de Vygotsky sobre o desenvolvimento da No entendimento de Vygotsky, a zona de
aprendizagem e a construção do conhecimento perpassavam desenvolvimento potencial ou mediador é toda atividade
pela produção da cultura, como resultado das relações e/ou conhecimento que a criança ainda não domina, mas que
humanas. Por conta disso, ele procurou entender o se espera que ela seja capaz de saber e/ou realizar,
desenvolvimento intelectual a partir das relações histórico- independentemente de sua etnia, religião ou cultura. É
sociais, ou seja, buscou demonstrar que o conhecimento é justamente por isso que as relações entre desenvolvimento e
socialmente construído pelas e nas relações humanas. aprendizagem ocupam lugar de destaque em sua obra.
Baseado nas teses do materialismo histórico, Vygotsky A zona de desenvolvimento proximal é a distância entre
destacou que as origens das formas superiores de o que a criança já pode realizar sozinha e aquilo que ela
comportamento consciente deveriam ser buscadas nas somente é capaz de desenvolver com o auxílio de alguém. Na
relações sociais que o sujeito mantém com o mundo exterior, zona de desenvolvimento proximal, o aspecto fundamental é a
na atividade prática. Para descobrir as fontes dos realização de atividade com o auxílio de um mediador. Por
comportamentos especificamente humanos, era preciso isso, segundo Vygotsky, essa é a zona cooperativa do
libertar-se dos limites do organismo e empreender estudos conhecimento. O mediador ajuda a criança a concretizar o
que pudessem explicar como os processos maturacionais desenvolvimento que está próximo, ou seja, ajuda a
entrelaçam-se aos processos culturalmente determinados transformar o desenvolvimento potencial em
para produzir as funções psicológicas superiores típicas do desenvolvimento real.
homem. Fialho39 destaca que, para Vygotsky, o desenvolvimento
Dessa feita, a convivência social é fundamental para humano compreende um processo dialético, caracterizado
transformar o homem de ser biológico a ser humano social, e pela periodicidade, irregularidade no desenvolvimento das
a aprendizagem que advém das relações sociais ajuda a diferentes funções, metamorfose ou transformação qualitativa
construir os conhecimentos que dão suporte ao de uma forma em outra, entrelaçando fatores internos e
desenvolvimento. externos e processos adaptativos.
Para Vygotsky, o homem possui natureza social, uma vez
que nasce em um ambiente carregado de valores culturais: na A Abordagem de Henri Wallon
ausência do outro, o homem não se faz homem. Partindo desse
pressuposto, o autor criou uma teoria de desenvolvimento da A gênese da inteligência para Wallon é genética e
inteligência, na qual afirma que o conhecimento é sempre organicamente social, ou seja, "o ser humano é organicamente
intermediado. social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura
Nessa perspectiva, a criança nasce apenas com funções para se atualizar" Dantas40. Nesse sentido, a teoria do
psicológicas elementares e, a partir do aprendizado da cultura, desenvolvimento cognitivo de Wallon é centrada na
essas funções se transformam em funções psicológicas psicogênese da pessoa completa.
superiores. Entretanto, essa evolução não se dá de forma O estudo de Wallon é evidenciado na criança
imediata e direta, as informações recebidas do meio social são contextualizada, onde o ritmo no qual se sucedem as etapas do
intermediadas, de forma explícita ou não, pelas pessoas que desenvolvimento é descontínuo, marcado por rupturas,
interagem com as crianças. É essa intermediação que dá às retrocessos e reviravoltas, provocando em cada etapa
profundas mudanças nas anteriores.

39FIALHO, Francisco Antonio Pereira. Sistemas de Educação à Distância. UFSC. 40DANTAS, Heloysa. Do ato motor ao ato mental: a gênese da inteligência segundo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis, 1998. Wallon. In: TAILLE,Yves de la e et all. Piaget, Vigotsky, Waalon. Teorias
Notas de aula. Psicogenéticas em Discussão. São Paulo: Summus, 1992.

Didática 30
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Nesse sentido, a passagem dos estágios de (E) Fazer o aluno repetir a resposta certa quantas vezes
desenvolvimento não se dá linearmente, por ampliação, mas forem necessárias para que ele consiga decorá-la.
por reformulação, instalando-se no momento da passagem de
uma etapa a outra, crises que afetam a conduta da criança. 02. (Prefeitura de São Luís/MA - Cargos de Magistério
Conflitos se instalam nesse processo e são de origem exógena I e II - CESPE/2017) Assinale a opção que apresenta o
quando resultantes dos desencontros entre as ações da criança processo de resolução dos conflitos cognitivos que, para Jean
e o ambiente exterior, estruturado pelos adultos e pela cultura Piaget, representa a construção da aprendizagem.
e endógenos e quando gerados pelos efeitos da maturação (A) Reforço positivo.
nervosa, Galvão41. Esses conflitos são propulsores do (B) Zona de desenvolvimento proximal.
desenvolvimento. (C) Estágios do desenvolvimento sensório-motor, pré-
operatório, operatório concreto e formal.
Estágio impulsivo-emocional (1°ano de vida): nesta fase (D) Aprendizagem condicionada.
predominam nas crianças as relações emocionais com o (E) Assimilação, acomodação e equilibração.
ambiente. Trata-se de uma fase de construção do sujeito, em
que a atividade cognitiva se acha indiferenciada da atividade 03. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional -
afetiva. Nesta fase vão sendo desenvolvidas as condições CESPE/2017) Teóricos como Piaget e Vygotsky evidenciaram
sensório-motoras (olhar, pegar, andar) que permitirão, ao que a criança se desenvolve na interação com o meio histórico-
longo do segundo ano de vida, intensificar a exploração cultural em que vive. Considerando essa informação e tendo
sistemática do ambiente. em vista que a criança precisa do outro, da natureza e da inter-
relação possível entre esses elementos, julgue o próximo item.
Estágio sensório-motor (um a três anos, Brincar é imprescindível na infância, pois é nessa ação que
aproximadamente): ocorre neste período uma intensa a criança elabora sua forma de estar no mundo, vivencia o
exploração do mundo físico, em que predominam as relações lúdico e desenvolve sua potência de criação. Essa experiência
cognitivas com o meio. A criança desenvolve a inteligência proporciona aprendizagem e desenvolvimento.
prática e a capacidade de simbolizar. No final do segundo ano, ( ) Certo ( ) Errado
a fala e a conduta representativa (função simbólica)
confirmam uma nova relação com o real, que emancipará a 04. (Prefeitura de Lauro Muller/SC - Professor de
inteligência do quadro perceptivo mais imediato. Ou seja, ao Pedagogia - Instituto Excelência/2017) Sobre os
falarmos a palavra "bola", a criança reconhecerá pensadores da educação, assinale a alternativa CORRETA
imediatamente do que se trata, sem que precisemos mostrar o sobre a teoria de Vygotsky:
objeto a ela. Dizemos então que ela já adquiriu a capacidade de (A) Sua teoria mostra que o indivíduo só recebe um
simbolizar, sem a necessidade de visualizar o objeto ou a determinado conhecimento se estiver preparado para recebê-
situação a qual estamos nos referindo. lo. Não existe um novo conhecimento sem que o organismo
tenha já um conhecimento anterior para poder assimilá-lo e
Personalismo (três aos seis anos, aproximadamente): transformá-lo. O que implica os dois polos da atividade
nesta fase ocorre a construção da consciência de si, através das inteligente: assimilação e acomodação. É assimilação à medida
interações sociais, dirigindo o interesse da criança para as que incorpora a seus quadros todo o dado da experiência; é
pessoas, predominando assim as relações afetivas. Há uma acomodação à medida que a estrutura se modifica em função
mistura afetiva e pessoal, que refaz, no plano do pensamento, do meio, de suas variações.
a indiferenciação inicial entre inteligência e afetividade. (B) Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento
do indivíduo como resultado de um processo sócio histórico,
Estágio categorial (seis anos): a criança dirige seu enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse
interesse para o conhecimento e a conquista do mundo desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-
exterior, em função do progresso intelectual que conseguiu social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela
conquistar até então. Desta forma, ela imprime às suas interação do sujeito com o meio.
relações com o meio uma maior visibilidade do aspecto (C) O comportamento é construído numa interação entre o
cognitivo. meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica é caracterizada
Para Wallon, o mérito da Educação é desenvolver o como interacionista.
máximo as potencialidades de cada indivíduo. É nesse mesmo (D) Nenhuma das alternativas.
indivíduo que devem ser buscadas as possibilidades de
superação, compensação e equilíbrio funcionais. 05. (DPU - Técnico em Assuntos Educacionais - CESPE)
Acerca das teorias psicológicas que fundamentam a
Questões aprendizagem humana, julgue o item a seguir.
Jean Piaget, que estudou o desenvolvimento da mente
01. (Prefeitura de São Luís/MA - Cargos de Magistério relacionando-o à adaptação biológica, dividiu em fases ou
I e II - CESPE/2017) Na perspectiva de Jean Piaget, em uma estágios o desenvolvimento cognitivo da criança e denominou
situação que envolva o cometimento de erro pelo aluno no como estágio pré-conceitual o momento em que a criança
processo de aprendizagem, o professor deve: reconhece um objeto sem, contudo, o diferenciar dos demais
(A) Corrigir o aluno, dando-lhe, imediatamente, a resposta da mesma categoria.
correta. ( ) Certo ( ) Errado
(B) Punir o aluno, pois essa é a melhor forma de eliminar o
erro. Gabarito
(C) Levar o aluno a refletir sobre por que errou, dando-lhe
a oportunidade de reconstruir a compreensão do 01.C / 02.E / 03.Certo / 04.B / 05.Errado
conhecimento.
(D) Ignorar o erro, pois, ao longo do tempo, o aluno
descobrirá, sozinho, a compreensão correta do conteúdo.

41 GALVÃO, Izabel. Henri Wallon. Uma concepção dialética do desenvolvimento


infantil. Petrópolis: Vozes,1995.

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segundo pela autonomia que a população chamada de “massa


A educação como ato de manobra” teria com sua emancipação. A educação
político, a pedagogia como emancipadora é defendida por vários pedagogos e educadores,
como o único viés de libertação das camadas oprimidas,
ciência da educação e a proporcionando uma participação política mais coerente, com
didática como teoria e prática propostas e atitudes de intervenção social. Freire justifica a
do ensino pedagogia do oprimido como “a luta pela humanização, pelo
trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação dos homens
como pessoas...”
A Educação como Ato Político42 A educação é um ato político, ideológico e
emancipatório (ou doutrinador), que cria vínculos e
O ato de educar, no longo e infindável desenvolver da compromissos com o futuro, de maneira a contribuir
espécie humana, sempre foi um ato imbuído de como seres humanos, que vivem e realizam suas
responsabilidade e compromisso na preparação e formação atividades em sociedade. Segundo Rosseau “a paz, a união e
dos indivíduos que compõe uma sociedade. As relações sociais a igualdade são inimigas das sutilezas políticas...”,
entre indivíduos, adultos e crianças, promove a demonstrando a contrariedade de valores entre opressores e
sustentabilidade das noções básicas para a reprodução de oprimidos que nos permite observar o porquê da doutrinação
modos e normas fundamentais para a continuidade da vida no sistema educacional.
comunitária.
A reprodução da ordem social, e a continuidade do modo Do direito social fundamental à educação43
de produção, depende da educação das futuras gerações. Mas,
a educação é um processo amplo que prepara toda a população Da Constituição Federal e do direito à educação
para exercer seu papel produtivo na sociedade? O direito à educação é um direito social fundamental e
De maneira democrática, a Constituição de 1988 assegura: deve ser garantido pelo Estado, posto que essencial ao
“Art.205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da crescimento e desenvolvimento socioeconômico de uma nação
família, será promovida e incentivada com a colaboração da tanto quanto ao desenvolvimento do ser humano. Quanto
sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu maiores os níveis de educação de um país mais desenvolvido
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para ele se torna.
o trabalho.” A Constituição Federal de 1988 elenca em seu artigo 6º os
O processo educacional visa, teoricamente, proporcionar a direitos sociais:
população um desenvolvimento individual para fins da São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
ordenação coletiva, como a assunção da cidadania e trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social,
principalmente a “qualificação para o trabalho”. O Estado que a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
deveria proporcionar o direito a educação, atende aos desamparados, na forma desta Constituição.
interesses de uma classe social, a classe dominante e seus Em seu capítulo Da Ordem Social, artigo 205, prevê que:
interesses minoritários. Como afirma Paulo Freire, “do ponto A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
educação deve ser uma prática imobilizadora e ocultadora de visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
verdades.” o exercício da cidadania e sua qualificação para o mercado de
Neste contexto o processo ensino/aprendizagem não trabalho.
informa, omite, não estimula, neutraliza, simplesmente não Inicialmente verificamos o princípio constitucional da
forma, “deforma”. Mas, com certeza, o modelo mercantilista de universalidade do direito à educação, especialmente ensino
ensino prepara os indivíduos; para reproduzirem o paradigma fundamental que deve ser obrigatório e gratuito, devendo
econômico vigente e servirem a uma sociedade classista assim atingir a todos e, um segundo ponto importante a ser
apenas como mão-de-obra no processo de produção. A ressaltado, a participação da família e da sociedade em
diferença entre trabalho intelectual e trabalho manual é comunhão com o Estado na formação do cidadão e na sua
essencialmente fragmentada pela formação educacional, ao preparação para o mercado de trabalho.
mesmo tempo em que uma minoria de pessoas possa dedicar- O artigo 206 da Magna Carta estabelece alguns princípios
se às tarefas puramente intelectuais de acordo com a educação nos quais deve ser pautado o direito à educação e, desta forma,
que recebeu, a grande maioria dedica o seu tempo à produção o ensino deverá ser ministrado com base nesses princípios:
material. I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
A estratificação das classes sociais começa com a educação. escola;
Contudo, a educação é ideológica, privilegiando a educação II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
privada e burguesa, autônoma o suficiente para investir e pensamento, a arte e o saber;
otimizar seus recursos e desprestigiando a educação popular. III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e
A obra “Educação e luta de classes” de Aníbal Ponce, mostra a coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
educação como um fenômeno social ligado à superestrutura e IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
compreendida através da análise socioeconômica da oficiais;
sociedade. V - valorização dos profissionais da educação escola,
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso
Os escassos recursos que mantém as instituições públicas exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos
de ensino limitam a formação intelectual e política dos das redes públicas;
indivíduos que tem a educação de qualidade como um direito VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
constitucional. Para as classes dominantes a instrução popular VII - garantia de padrão de qualidade;
não é interessante, primeiro porque com a educação de VIII - piso salarial profissional nacional para os
qualidade para todos não se asseguraria o domínio político dos profissionais da educação escolar pública, nos termos da lei
privilegiados, sendo ininterruptamente questionado e federal.

42 GEDEON, L. Educação como um ato político. 43Texto adaptado de PEREIRA, C. Assessora Técnica da Secretaria da Justiça e da
Defesa da Cidadania.

Didática 32
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APOSTILAS OPÇÃO

Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de criar políticas públicas e condições para que esse sujeitos de
trabalhadores considerados profissionais da educação básica direito tenham acesso pleno ao sistema de educação.
e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de A Constituição Federal prevê o direito a educação em
seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do diversos artigos, contudo sua real aplicação irá depender de
Distrito Federal e dos Municípios. normativas importantes que garantam sua execução. Desta
forma, temos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDO, Lei
Da universalidade do acesso ao ensino 9394 de 20 de dezembro de 1996, que regulamenta o sistema
A questão da universalidade do ensino nos leva a diversas nacional de ensino no Brasil, da educação básica ao ensino
situações, considerando de um lado os pontos positivos do superior, estabelece os princípios da educação, como veremos
acesso universal, a garantia de educação para todos como um mais a diante.
dever latente do Estado em participação com os núcleos social
e familiar; de outro lado, o pontos negativos já que não há uma Papel político da escola pública - A escola como
preocupação com a qualidade do ensino. instrumento de formação social
Nesse sentido, Rubem Alves em sua obra “Por uma
educação romântica”, discute essa universalidade, ao A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, Lei 9394 de
questionar se as nossas escolas estariam dando uma boa 20 de dezembro de 1996, que regulamenta o sistema nacional
educação e, vai além, com o que se entenderia por uma “boa de ensino no Brasil, da educação básica ao ensino superior,
educação”? estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado
Afirma que para se testar a qualidade da educação criam- quanto ao ensino público, apontando as responsabilidades
se mecanismos, provas, avaliações, exames elaborados pelo entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, em regime
Ministério da Educação, há uma preocupação na preparação de colaboração.
dos alunos para os vestibulares e para o marcado de trabalho,
contudo os conteúdos obrigatórios não trazem o cerne do O artigo 1º da LDB assim dispõe:
ensino, não ensinam o aluno a importância do olhar. “Os olhos Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se
tem que ser educados para que nossa alegria aumente”. desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
A tarefa atual dos professores, em especial no ensino trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos
médio é preparar os alunos para os vestibulares. Livros de sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
literatura se transformam em resumos, sínteses e perde-se o culturais.
prazer da leitura. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
O artigo 207, da Constituição Federal, faz referência ao instituições próprias.
ensino superior, assegurando às universidades autonomia § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
didático científica, administrativa e de gestão financeira e trabalho e à prática social.
patrimonial, respeitando a indissociabilidade entre ensino, O artigo 2º da Lei de Diretrizes reafirma a educação como
pesquisa e extensão. dever do Estado e da família, com base nos princípios de
Por sua vez, o artigo 208 da Carta Magna ratifica o dever liberdade e ideais de solidariedade humana tendo por objetivo
do Estado na garantia do acesso ao ensino de forma gratuita, alcançar o pleno desenvolvimento do educando, preparo para
universal, dando-lhe status de direito público subjetivo. E, em o exercício da cidadania e qualificação profissional para o
seguida, no artigo 209, trata da participação da iniciativa mercado de trabalho.
privada na prestação de serviços educacionais impondo-lhe O Projeto de Lei que cria o Plano Nacional de Educação 4,
para tanto as seguintes condições: que vigorará de 2011 a 2020, além de abordar a questão da
universalização do acesso ao ensino define estratégias de
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; alcance dessa universalização de quatro a 17 anos, estabelece
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público. metas para o aumento da taxa de alfabetização e escolaridade
média da população.
O educação como direito humano fundamental, O Projeto ainda prevê dentre suas metas, o incentivo na
reconhecido seu alto valor social, vem previsto na Declaração formação inicial e continuada de professores e profissionais de
Universal de Direitos Humanos da Assembleia Geral das educação, avaliação e acompanhamento periódico de todos os
Nações Humanas de 10 de dezembro de 1948, em seu artigo envolvidos na educação - professores, estudantes, gestores -
XXVI: além do estímulo ao estágio.
Terezinha Azevedo Rios afirma que no Brasil, faz-se
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será necessário que a escola aprimore seu trabalho, no sentido de
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A superar o grave problema da exclusão social, fazer frente à
instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico- demandas da sociedade, ou intervir na sociedade com o objetivo
profissional será acessível a todos, bem como a instrução de problematizar as próprias demandas.
superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno Assim, cada parte tem uma importante tarefa na formação
desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do cidadão, a família que transpassa os valores que formarão
do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades o caráter daquele indivíduo, mais adiante a escola, o educador
fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a que mostra aquele indivíduo um mundo de possibilidades e,
tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou não digamos que a ele cabe transformar ou formar um ser
religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol social, mas ao menos tem o poder de mostrar-lhe que é
da manutenção da paz. possível uma mudança. O Estado, cumprindo seu dever de
3. Os pais têm prioridade de direito a escolha do gênero de garantidor do acesso daquele indivíduo ao ensino,
instrução que será ministrada a seus filhos. contribuindo na sua profissionalização.
E, por fim, a sociedade, com regras de conduta,
Contudo, pensamos no direito à educação como direito comportamento, convivência que obrigam o indivíduo a seguir
constitucional social de todos e dever do Estado. A garantia uma dinâmica para continuar inserido. Aprender é preciso,
desse direito, de altíssimo valor social, é essencial ao para viver.
desenvolvimento do ser humano, e para tanto o Estado deve

Didática 33
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APOSTILAS OPÇÃO

Objetivos da educação: caixa de ferramentas e caixa de onde todos são sujeitos de direitos e deveres iguais, é tarefa
brinquedos que cabe a cada um e deve ser exercitada cotidianamente.
A problemática na educação não se resume Nas lições de Edgar Morin, ao descrever sobre os desafios
exclusivamente a falta de investimentos, mas também na do ensino diante da fragmentação dos conhecimentos, da
forma como o educando vem sendo preparado. dificuldade na integração dos saberes para a condução da vida
É necessário um trabalho com a essência do aluno, ensiná- do indivíduo, fala sobre o desafio cívico, apontando para o
lo a enxergar o mundo como uma grande oportunidade de sentido de que:
aprendizado e conhecimento, seja através do hábito da leitura
ou do simples observar o que o mundo ao seu redor pode O enfraquecimento de uma percepção global leva ao
oferecer, na simplicidade de cada objeto, movimento, som. enfraquecimento do senso de responsabilidade - cada um tende
As instituições de ensino cumpririam sua missão se a ser responsável apenas por sua tarefa especializada -, bem
conseguissem despertar nos educandos o prazer pela como ao enfraquecimento da solidariedade - ninguém mais
leitura. Em todos os níveis de ensino, é função do preserva seu elo orgânico com a cidade e seus concidadãos.
educador ensinar o aluno a pensar, é através da leitura
que se desperta o desejo do conhecimento, a vontade de A sociedade é um mecanismo de cooperação entre
aprender. indivíduos, o ser humano aprende e ensina todo o tempo,
Sabemos que de toda a carga de informação direcionada ao educa e é educado no convívio social sem perceber que essa
aluno pouco será realmente assimilado e, por consequência, dinâmica existe.
futuramente utilizará o que for necessário ao desempenho de
suas atividades profissionais. Questões
Como dizia Durkheim, o objetivo da educação não é o de
transmitir conhecimentos sempre mais numerosos ao aluno, 01. (TC/PI - Pedagogo - FCC) Ao considerar a educação
mas o de criar nele um estado interior e profundo [...]. como um ato pedagógico e também político, é correto afirmar
Na educação trata-se de transformar as informações em que um traço marcante, nas teorias críticas atuais, é
conhecimento, de transformar o conhecimento em sapiência. (A) a valorização da pessoa do educando enquanto
Rubem Alves afirma que o educador deve ajudar seus aprendiz e como ser histórico, político e social.
discípulos a construir suas duas caixas, “caixa de ferramentas” (B) o desenvolvimento de técnicas capazes de treinar o
e “caixa de brinquedos”. Define a caixa de ferramentas como aprendiz para sua função no mercado de trabalho.
aquela que contém tudo o que é útil, necessário para (C) a transversalidade de temas que possibilitam superar
compreender e inventar, desde coisas concretas até as as dinâmicas próprias das disciplinas.
abstratas; quanto a caixa de brinquedos, aquela composta por (D) a compreensão dos limites de aprendizagem
um conteúdo que, apesar de inútil, será utilizado pelo prazer e geneticamente determinados em cada indivíduo.
pela alegria, aí onde encontramos a música, a pintura, a (E) o conhecimento incorporado pelos educandos de
literatura, a dança. forma cumulativa por meio da transmissão científica e
Interdependência, civilidade e solidariedade como planejada dos conteúdos.
processos sociais de educação
02. (TJ/PE - Analista Judiciário - Pedagogo - FCC) Para
- Dos elementos sociais da educação: o educador Paulo Freire, a educação é
(A) uma ação neutra, enquanto a alfabetização deve focar
Sociedade significa: a leitura crítica da realidade do aluno.
1. Reunião de pessoas unidas pela origem ou por leis. (B) a forma como os grupos opressores organizaram a
2. Estado social. sociedade visando a reprodução do status quo.
3. Grupo, bando (falando dos animais). (C) um ato político-partidário que possibilita a tomada de
4. União de pessoas ligadas por ideias ou por algum interesse poder das mãos dos opressores pelos grupos oprimidos.
comum. (D) um ato político que visa a formação da autonomia
5. Reunião de pessoas que se juntam para conversar ou intelectual do educando e a sua intervenção na realidade.
conviver; reunião. (E) o momento em que os educandos podem, sem pressão
6. Conjunto de pessoas de uma mesma esfera. do poder, discutir os problemas sociais que afligem o
7. Trato; convivência. trabalhador.
8. Casa onde se reúnem as pessoas unidas por um interesse
ou ideias comuns. Gabarito
9. Associação.
10. Solidariedade de interesses. 01. A / 02. D
11. Parceria.
12. sociedade anônima: empresa que tem o capital dividido DIDÁTICA
em ações.
Libâneo44 pontua que os alunos costumam comentar entre
As relações interpessoais traduzem o convívio social, “o si: “gosto desse professor porque ele tem didática”. Outros
sucesso de toda a comunidade está sujeito ao sucesso dizem: “com essa professora a gente tem mais facilidade de
individual de cada membro, enquanto o sucesso de cada aprender”. Provavelmente, o que os alunos estão querendo
membro depende do sucesso da comunidade”. Assim se dizer é que esses professores têm um modo acertado de dar
constituem as relações dentro de uma comunidade, aula, que ensinam bem, que com eles, de fato, aprendem.
naturalmente cada ação individualmente pensada influenciará
ou atingirá o todo e vice-versa. Então, o que é ter didática? A didática pode ajudar os alunos
E são conceitos como a civilidade, solidariedade, respeito a melhorar seu aproveitamento escolar? O que um professor
mútuo que devem permear as relações sociais de forma a precisa conhecer de didática para que possa levar bem o seu
contribuir para a evolução da sociedade. A necessidade de trabalho em sala de aula?
pensarmos num todo harmonizado, livre de discriminações,

44 LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2010.

Didática 34
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APOSTILAS OPÇÃO

Considerando as mudanças que estão ocorrendo nas O estilo professor-facilitador aplica-se a professores que se
formas de aprender e ensinar, principalmente pela forte julgam mais atualizados nas metodologias de ensino, eles
influência dos meios de informação e comunicação, o que tentam variar mais os métodos e procedimentos. Alguns deles
mudar na prática dos professores? preocupam-se, realmente, com certas características
É certo que a maioria do professorado tem como principal individuais e sociais dos alunos, procuram saber os
objetivo do seu trabalho conseguir que seus alunos aprendam conhecimentos prévios ou as experiências dos alunos, tentam
da melhor forma possível. Por mais limitações que um estabelecer diálogo ou investir mais no bom relacionamento
professor possa ter (falta de tempo para preparar aulas, falta com os alunos. Outros tentam inovar organizando trabalhos
de material de consulta, insuficiente domínio da matéria, em grupo ou estudo dirigido, utilizando recursos audiovisuais,
pouca variação nos métodos de ensino, desânimo por causa da dando tarefas que requerem algum tipo de pesquisa.
desvalorização profissional, etc.), quando entra em classe, ele Há, também, em algumas áreas de conhecimento,
tem consciência de sua responsabilidade em proporcionar aos professores que entendem que a melhor forma de aprender é
alunos um bom ensino. colocar os alunos no laboratório na crença de que, fazendo
experiências, lidando com materiais, assimilam melhor a
Apesar disso, saberá ele fazer um bom ensino, de modo que matéria. Essas formas de trabalho didático, sem dúvida,
os alunos aprendam melhor? trazem mais vantagens do que aquelas do ensino tradicional.
É possível melhorar seu desempenho como professor? Entretanto, quase sempre esses professores acabam voltando
Qual é o sentido de “mediação docente” nas aulas? às práticas tradicionais, por exemplo, não sabem utilizar a
atividade própria do aluno para eles próprios formando
Os Estilos de Professor conceitos.
Com efeito, ao avaliar a aprendizagem dos alunos pedem
Há diversos tipos de professores. Os mais tradicionais respostas memorizadas e a repetição de definições ou
contentam-se em transmitir a matéria que está no livro fórmulas. Mesmo utilizando técnicas ativas e respeitando mais
didático, por meio de aula expositiva. É o estilo professor- o aluno, as mudanças metodológicas ficam apenas na forma,
transmissor de conteúdo. Suas aulas são sempre iguais, o mantendo empobrecidos os resultados da aprendizagem, ou
método de ensino é quase o mesmo para todas as matérias, aluno não forma conceitos, não aprende a pensar com
independentemente da idade e das características individuais autonomia, não interioriza ações mentais. Ou seja, sua
e sociais dos alunos. Pode até ser que essas práticas de passar atividade mental continua pouco reflexiva.
a matéria, dar exercícios e depois cobrar o conteúdo na prova, Poderíamos mencionar outros estilos de professor: o
tenham algum resultado positivo. Mesmo porque alguns professor-técnico (preocupado pelo lado operacional,
alunos aprendem “apesar do professor”. prático da sua matéria, seu objetivo é saber-fazer, não fazer-
O mais comum, no entanto, é o aluno memorizar o que o pensar-fazer); o professor-laboratório (acha que única
professor fala, decorar a matéria e mecanizar fórmulas, forma eficaz de aprender é a pesquisa ou a demonstração
definições etc. A aprendizagem que decorre desse tipo ensino experimental); o professor-comunicador (o típico professor
(vamos chamá-la de mecânica, repetitiva) serve para de cursinhos que só sabe trabalhar o conteúdo fazendo graça,
responder questões de uma prova, sair-se bem no vestibular não dando conta de colocar o próprio conteúdo no campo de
ou num concurso, mas ela não é duradoura, ela não ajuda o interesses e motivos do aluno).
aluno a formar esquemas mentais próprios. O aluno que
aprende mecanicamente, na maior parte dos casos, não Em resumo, muitos professores não sabem como ajudar
desenvolve raciocínio próprio, não forma generalizações o aluno a, através de formas de mobilização de sua
conceituais, não é capaz de fazer relações entre um conceito e atividade mental, elaborar de forma consciente e
outro, não sabe aplicar uma relação geral para casos independente o conhecimento para que possa ser utilizado
particulares. nas várias situações da vida prática. As atividades que
organizam não levam os alunos a adquirir conceitos e
O professor transmissor de conteúdo não favorece uma métodos de pensamento, habilidades e capacidades
aprendizagem sólida porque o conteúdo que ele passa não mentais, para poderem lidar de forma independente e
se transforma em meio de atividade subjetiva do aluno. Ou criativa com os conhecimentos e a realidade, tornando
seja, o aluno não dá conta de explicar uma ideia, uma esses conceitos e métodos meios de sua atividade.
definição, com suas próprias palavras, não saber aplicar o
conhecimento em situações novas ou diferentes, nem na Sugerimos para quem deseja um ensino eficaz, tendo em
sala de aula nem fora dela. A participação do aluno é pouco vista aprendizagens mais sólidas dos alunos, a metáfora do
solicitada, e quando o professor faz uma pergunta, ele professor-mediador. Quais são as características do professor
próprio imediatamente a responde. mediador? O que caracteriza uma didática baseada no
É possível que entre os professores que se utilizam princípio da mediação? Numa formulação sintética, boa
desses procedimentos de ensino haja alguns que levem os didática significa um tipo de trabalho na sala de aula em que o
alunos a aprender os conceitos de forma mais sólida, que professor atua como mediador da relação cognitiva do aluno
saibam lidar de forma autônoma com os conceitos. Mas não com a matéria. Há uma condução eficaz da aula quando o
é o caso da maioria. O que se vê nas instituições de ensino professor assegura, pelo seu trabalho, o encontro bem
superior é um ensino meramente expositivo, empírico, sucedido entre o aluno e a matéria de estudo. Em outras
repetitivo, memorístico. palavras, o ensino satisfatório é aquele em que o professor
Os alunos desses professores não aprendem põe em prática e dirige as condições e os modos que
solidamente, ou seja, não sabem lidar de forma asseguram um processo de conhecimento pelo aluno.
independente com os conhecimentos, não “interiorizam” os
conceitos, o modo de pensar, raciocinar e atuar, próprios da
matéria que está sendo ensinada e, assim, os conceitos não
se transformam em instrumentos mentais para atuar com
a realidade.45

45LIBÂNEO, J. C. A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender: a teoria


histórico-cultural da atividade e a contribuição de Vasili Davydov. In: Revista
Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 27, 2004.

Didática 35
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Vejamos isso mais detalhadamente. que ensina), pois é nesses métodos que encontrará as
capacidades intelectuais a serem formadas pelos estudantes
Uma pedagogia que valoriza os conteúdos e as ações enquanto estudam a matéria. Em outras palavras, para
mentais correspondentes ao modo de constituição desses aprender a pensar e a agir com base nos conteúdos de uma
conteúdos matéria de ensino é preciso que os alunos dominem aquelas
Uma boa didática, na perspectiva da mediação, é aquela ações mentais associadas a esses conteúdos, as quais são
que promove e amplia o desenvolvimento das capacidades encontradas nos procedimentos lógicos e investigativos
intelectuais dos alunos por meio dos conteúdos. Conforme a próprios da ciência que dá origem a esses conteúdos. Conclui-
teoria histórico-cultural, formulada inicialmente pelo se, daí, que a um professor não basta dominar o conteúdo, é
psicólogo e pedagogo russo Lev Vygotsky, o objetivo do ensino preciso que saiba mais três coisas:
é o desenvolvimento das capacidades mentais e da
subjetividade dos alunos através da assimilação consciente e a) Qual é o processo de pesquisa pelo qual se chegou a esse
ativa dos conteúdos, em cujo processo se leva em conta os conteúdo, ou seja, a epistemologia da ciência que ensina;
motivos dos alunos. O ensino é meio pelo qual os alunos se b) Por quais métodos e procedimentos ensinará seus alunos
apropriam das capacidades humanas formadas a se apropriarem dos conteúdos da ciência ensinada e,
historicamente e objetivadas na cultura material e espiritual. especialmente, das ações mentais ligadas a esses conteúdos;
Essa apropriação se dá pela aprendizagem de conteúdos, c) Quais são as características individuais e socioculturais
habilidades, atitudes, formadas pela humanidade ao longo da dos alunos e os motivos que os impulsionam, de modo a saber
história. Conforme as próprias palavras de Vygotsky: ligar os conteúdos com esses motivos.

A internalização de formas culturais de comportamento Para M. Castells, a tarefa das escolas e dos processos
envolve a reconstrução da atividade psicológica tendo educativos é o de desenvolver em quem está aprendendo a
como base as operações com signos. (...) A internalização capacidade de aprender, em razão de exigências postas pelo
das atividades socialmente enraizadas e historicamente volume crescente de dados acessíveis na sociedade e nas redes
desenvolvidas constitui o aspecto característico da informacionais, da necessidade de lidar com um mundo
psicologia humana. diferente e, também, de educar a juventude em valores e ajudá-
la a construir personalidades flexíveis e eticamente ancoradas.
Esse processo de interiorização ou apropriação tem as Também E. Morin expressa com muita convicção a exigência
seguintes características: de se desenvolver uma inteligência geral que saiba discernir o
a) O desenvolvimento mental dos alunos depende da contexto, o global, o multidimensional, a interação complexa
transmissão-apropriação de conhecimentos, habilidades, dos elementos. Escreve esse autor:
valores, que vão sendo constituídos na história da humanidade; (...) o desenvolvimento de aptidões gerais da mente permite
b) O papel do ensino é propiciar aos alunos os meios de melhor desenvolvimento das competências particulares ou
domínio dos conceitos, isto é, dos modos próprios de pensar e de especializadas. Quanto mais poderosa é a inteligência geral,
atuar da matéria ensinada, de modo a formar capacidades maior é sua faculdade de tratar problemas especiais. A
intelectuais com base nos procedimentos lógicos e investigativos compreensão dos dados particulares também necessita da
da ciência ensinada; ativação da inteligência geral, que opera e organiza a
c) A ação de ensinar, mais do que “passar conteúdo”, consiste mobilização dos conhecimentos de conjunto em cada caso
em intervir no processo mental de formação de conceitos por particular. (...) Dessa maneira, há correlação entre a
parte dos alunos, com base na matéria ensinada; mobilização dos conhecimentos de conjunto e a ativação da
d) As relações intersubjetivas na sala de aula implicam, inteligência geral.
necessariamente, a compreensão dos motivos dos alunos, isto é,
seus objetivos e suas razões para se envolverem nas atividades Em síntese, esses estudos destacam, nos processos do
de aprendizagem. ensinar a aprender e a pensar em um campo de conhecimento,
e) A aprendizagem se consolida melhor se forem criadas o papel ativo dos sujeitos na aprendizagem e, especialmente, a
situações de interlocução, cooperação, diálogo, entre professor necessidade dos sujeitos desenvolverem habilidades de
e alunos e entre os alunos, em que os alunos tenham chance de pensamento, competências cognitivas, como meio para
formular e opera com conceitos. compreender e atuar no mundo da profissão, da política, da
cultura. Esses meios da atividade aprender são aprendidos
Na mesma linha teórica, Davydov afirma que o papel do pelo estudante quando desenvolve as ações mentais conexas
ensino é desenvolver nos alunos as capacidades intelectuais aos conteúdos, isto é, o modo próprio de pensar, pesquisar e
necessárias para assimilar e utilizar com êxito os agir que corresponde à ciência, arte ou tecnologia ensinadas.
conhecimentos. Ele escreve:
Os pedagogos começam a compreender que a tarefa da A Didática e o Trabalho dos Professores46
escola contemporânea não consiste em dar às crianças uma
soma de fatos conhecidos, mas em ensiná-las a orientar-se A didática é uma disciplina que estuda o processo de
independentemente na informação científica e em qualquer ensino no qual os objetivos, os conteúdos, os métodos e as
outra. Isto significa que a escola deve ensinar os alunos a formas de organização da aula se combinam entre si, de
pensar, quer dizer, desenvolver ativamente neles os modo a criar as condições e os modos de garantir aos
fundamentos do pensamento contemporâneo para o qual é alunos uma aprendizagem significativa. Ela ajuda o
necessário organizar um ensino que impulsione o professor na direção e orientação das tarefas do ensino e
desenvolvimento. Chamemos esse ensino de da aprendizagem, fornecendo-lhe mais segurança
desenvolvimental. profissional.
Conforme Davydov, para que o ensino esteja voltado para
o desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos, é Em que consiste o processo de ensino e aprendizagem? O
preciso que o professor conheça quais são os métodos de princípio básico que define esse processo é o seguinte: o
investigação utilizados pelo cientista (em relação à matéria núcleo da atividade docente é a relação ativa do aluno com a

46LIBÂNEO, J. C. A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender: a teoria


histórico-cultural da atividade e a contribuição de Vasili Davydov. In: Revista
Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 27, 2004.

Didática 36
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matéria de estudo, sob a direção do professor. O processo de Insistimos bastante na exigência didática de partir do nível
ensino consiste de uma combinação adequada entre o papel de de conhecimentos já alcançado, da capacidade atual de
direção do professor e a atividade independente, autônoma e assimilação e do desenvolvimento mental do aluno, dos
criativa do aluno. motivos do aluno. Ou seja, não existe o aluno em geral, mas um
O papel do professor, portanto é o de planejar, selecionar e aluno vivendo numa sociedade determinada, que faz parte de
organizar os conteúdos, programar tarefas, criar condições de um grupo social e cultural determinado, sendo que essas
estudo dentro da classe, incentivar os alunos para o estudo, ou circunstâncias interferem na sua capacidade de aprender, nos
seja, o professor dirige as atividades de aprendizagem dos seus valores e atitudes, na sua linguagem e suas motivações.
alunos a fim de que estes se tornem sujeitos ativos da própria Ou seja, a subjetividade (os motivos) e a experiência
aprendizagem. Não há ensino verdadeiro se os alunos não sociocultural concreta dos alunos são o ponto de partida para
desenvolvem suas capacidades e habilidades mentais, se não a orientação da aprendizagem. Um professor que aspira ter
assimilam pessoal e ativamente os conhecimentos ou se não uma boa didática necessita aprender a cada dia como lidar com
dão conta de aplicá-los, seja nos exercícios e verificações feitos a subjetividade dos alunos, seus motivos, sua linguagem, suas
em classe, seja na prática da vida. percepções, sua prática de vida. Sem essa disposição, será
Podemos dizer, então, que o processo didático é o conjunto incapaz de colocar problemas, desafios, perguntas,
de atividades do professor e dos alunos sob a direção do relacionados com os conteúdos, condição para se conseguir
professor, visando à assimilação ativa pelos alunos dos uma aprendizagem significativa.
conhecimentos, habilidades e hábitos, atitudes, Essas considerações mostram o traço mais marcante de
desenvolvendo suas capacidades e habilidades intelectuais. uma didática crítico-social na perspectiva histórico-cultural: o
Nessa concepção de didática, os conteúdos escolares e o trabalho docente como mediação entre a cultura elaborada,
desenvolvimento mental se relacionam reciprocamente, pois o convertida em saber escolar, e o aluno que, para além de um
progresso intelectual dos alunos e o desenvolvimento de suas sujeito psicológico, é um sujeito portador da prática social
capacidades mentais se verificam no decorrer da assimilação viva. O modo adequado de realizar a mediação didática, pelo
ativa dos conteúdos. Portanto, o ensino e a aprendizagem trabalho dos professores, é o provimento aos alunos dos meios
(estudo) se movem em torno dos conteúdos escolares visando de aquisição de conceitos científicos e de desenvolvimento das
o desenvolvimento do pensamento. capacidades cognitivas e operativas, dois elementos da
Mas, qual é a dinâmica do processo de ensino? Como se aprendizagem escolar interligados e indissociáveis.
garante o vínculo entre o ensino (professor) e a aprendizagem
efetiva decorrente do encontro cognitivo e afetivo entre o O Ensino e o Desenvolvimento do Pensamento - O
aluno e a matéria? Ensino Para o Desenvolvimento Humano
A pesquisa mais atual sobre a didática utiliza a palavra
“mediação” para expressar o papel do professor no ensino, isto A teoria do ensino desenvolvimental de Vasíli Davydov,
é, mediar a relação entre o aluno e o objeto de conhecimento. baseada na teoria histórico-cultural de Vygotsky, sustenta tese
Na verdade, trata-se de uma dupla mediação: primeiro, tem-se de que o bom ensino é o que promove o desenvolvimento
a mediação cognitiva, que liga o aluno ao objeto de mental, isto é, as capacidades e habilidades de pensamento.
conhecimento; segundo, tem-se a mediação didática, que Segundo Vygotsky, a aprendizagem e o ensino são formas
assegura as condições e os meios pelos quais o aluno se universais de desenvolvimento mental. Para Davydov, a
relaciona com o conhecimento. Sendo assim, a especificidade atividade de aprendizagem está assentada no conhecimento
de toda didática está em propiciar as condições ótimas de teórico-científico, ou seja, no desenvolvimento do pensamento
transformação das relações que o aprendiz mantém com o teórico e nas ações mentais que lhe correspondem.
saber. Escreve D´Ávila: É importante esclarecer que, na teoria histórico-cultural
A relação com o saber é, portanto, duplamente elaborada entre outros por Vygotsky, Leontiev e Davydov,
mediatizada: uma mediação de ordem cognitiva (onde o pensamento teórico ou conceito não tem o sentido de “estudar
desejo desejado é reconhecido pelo outro) e outra de natureza teoria”, de lidar com o conteúdo só na teoria. Na teoria
didática que torna o saber desejável ao sujeito. É aqui que as histórico-cultural, conceito não se refere apenas às
condições pedagógicas e didáticas ganham contornos, no características e propriedades dos fenômenos em estudo, mas
sentido de garantir as possibilidades de acesso ao saber por a uma ação mental peculiar pela qual se efetua uma reflexão
parte do aprendiz educando. sobre um objeto que, ao mesmo tempo, é um meio de
A força impulsionadora do processo de ensino é um reconstrução mental desse objeto pelo pensamento.
adequado ajuste entre os objetivos/conteúdos/métodos Nesse sentido, pensar teoricamente é desenvolver
organizados pelo professor e o nível de conhecimentos, processos mentais pelos quais chegamos aos conceitos e os
experiências e motivos do aluno. O movimento permanente transformamos em ferramentas para fazer generalizações
que ocorre a cada aula consiste em que, por um lado, o conceituais e aplicá-las a problemas específicos. Como escreve
professor propõe problemas, desafios, perguntas, Seth Chaiklin, conceito significa um conjunto de
relacionados com conteúdos significativos, instigantes e procedimentos para deduzir relações particulares de uma
acessíveis; por outro lado, os alunos, ao assimilar consciente e relação abstrata.
ativamente a matéria, mobilizam seus motivos, sua atividade O ensino, portanto, propicia a apropriação da cultura e da
mental e desenvolvem suas capacidades e habilidades. ciência, e o desenvolvimento do pensamento, por meio da
Portanto, um bom planejamento de ensino depende da análise formação e operação com conceitos. São dois processos
e organização dos conteúdos junto com a análise e articulados entre si, formando uma unidade: Podemos
consideração dos motivos dos alunos. expressar essa ideia de duas maneiras:
Essa forma de compreender o ensino é muito diferente do - À medida que o aluno forma conceitos científicos,
que simplesmente passar a matéria ao aluno. É diferente, incorpora processos de pensamento e vice-versa.
também, de dar atividades aos alunos para que fiquem - Enquanto forma o pensamento teórico-científico, o aluno
“ocupados” ou aprendam fazendo. O processo de ensino é um desenvolve ações mentais mediante a solução de problemas que
constante vai-e-vem entre conteúdos e problemas que são suscitam sua atividade mental.
colocados e as características de desenvolvimento e
aprendizagem dos alunos. É isto que caracteriza a dinâmica da Com isso, o aluno assimila o conhecimento teórico e as
situação didática, numa perspectiva histórico-cultural. capacidades e habilidades relacionadas a esse conhecimento.

Didática 37
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APOSTILAS OPÇÃO

Sendo assim, o papel da escola é ajudar os alunos a suas variantes concretas, pede uma aplicação do método
desenvolver suas capacidades mentais, ao mesmo tempo em teórico geral.
que se apropriam dos conteúdos. Nesse sentido, a (...) Podemos definir o processo de resolução de um
metodologia de ensino, mais do que o conjunto dos problema como o da aquisição das formas de ação
procedimentos e técnicas de ensino, consiste em características dos conteúdos teóricos. O termo “forma de
instrumentos de mediação para ajudar o aluno a pensar ação geral”, também chamado de forma de ação universal,
com os instrumentos conceituais e os processos de designa aquilo que é obtido como resultado ou modo de
investigação da ciência que se ensina. Por exemplo, a boa funcionamento essencial para trazer soluções para os
pedagogia da física é aquela que consegue traduzir problemas de aprendizagem; mais do que soluções, é este
didaticamente o modo próprio de pensar, investigar e atuar resultado particular que constitui o objeto desses
da própria física. Boa pedagogia da geografia é aquela cujo problemas.
aluno sai das aulas pensando, raciocinando, investigando e
atuando como o modo próprio de pensar, raciocinar, Nesses termos, o papel da didática é: a) ajudar os alunos a
investigar e atuar da geografia. pensar teoricamente (a partir da formação de conceitos); b)
Trata-se, assim, de fazer a junção entre o conteúdo e o ajudar o aluno a dominar o modo de pensar, atuar e investigar
desenvolvimento das capacidades de pensar. A ideia central a ciência ensinada; c) levar em conta a atividade psicológica do
contida nessa teoria é simples: ensinar é colocar o aluno numa aluno (motivos) e seu contexto sociocultural e institucional.
atividade de aprendizagem. A atividade de aprendizagem é a Para chegar à consecução desses objetivos, o professor
própria aprendizagem, ou seja, com base nos conteúdos, precisa saber como trabalhar a matéria no sentido da
aprender habilidades, desenvolver capacidades e formação e operação com conceitos. Para isso, no trabalho com
competências para que os alunos aprendam por si mesmos. os conteúdos, podem ser seguidos três momentos:
É essa ideia que Davydov defende: a atividade de aprender
consiste em encontrar soluções gerais para problemas 1º) Análise do conteúdo da matéria para identificar um
específicos, é apreender os conceitos mais gerais que dão princípio geral, ou seja, uma relação mais geral, um
suporte a um conteúdo, para aplicá-los a situações concretas. conceito nuclear, do qual se parte para ser aplicado a
Esse modo de ver o ensino significa dizer que o ensino mais manifestações particulares desse conteúdo.
compatível com o mundo da ciência, da tecnologia, dos meios 2º) Realizar por meio da conversação dirigida, do
de comunicação, é aquele que contribui para que o aluno diálogo com os alunos, da colocação problemas ou casos,
aprenda a raciocinar com a própria cabeça, que forme tarefas que possibilitem deduções do geral para o
conceitos e categorias de pensamento decorrentes da ciência particular, ou seja, aplicação do princípio geral (relação
que está aprendendo, para lidar praticamente com a realidade. geral, conceito nuclear) a problemas particulares.
Os conceitos, nessa maneira de ver, são ferramentas mentais 3º) Conseguir com que o aluno domine os
para lidar praticamente com problemas, situações, dilemas procedimentos lógicos do pensamento (ligados à matéria)
práticos, etc. que têm caráter generalizante. Ao captar a essência, isto é,
Explicitando essa ideia numa formulação mais completa, o princípio interno explicativo do objeto e suas relações
podemos dizer: o modo de lidar pedagogicamente com algo, internas, o aluno se apropria dos métodos e estratégias
depende do modo de lidar epistemologicamente com algo, cognitivas dos modos de atividades anteriores
considerando as condições do aluno e o contexto sociocultural desenvolvidas pelos cientistas; o aluno reproduz em sua
em que ele vive (vale dizer, as condições da realidade mente o percurso investigativo de apreensão teórica do
econômica, social, etc.). Trata-se, portanto, de unir no ensino a objeto realizado pela prática científica e social.
lógica do processo de investigação com os produtos da Todos esses momentos devem estar conectados com os
investigação. Ou seja, o acesso aos conteúdos, a aquisição de motivos e objetivos subjetivos do aluno, ampliados com as
conceitos científicos, precisa percorrer o processo de necessidades sociais de estudar e aprender interpostos pelo
investigação, os modos de pensar e investigar da ciência professor, na sua condição de educador.
ensinada. Não basta aprender o que aconteceu na história, é
preciso pensar historicamente. Pensar matematicamente O Caminho Didático: Sugestões para Elaboração de
sobre matemática, biologicamente sobre biologia, Planos de Ensino
linguisticamente sobre português.
Essa forma de entender a atividade de ensino das Ao assumir o ensino de uma matéria, os professores
disciplinas específicas requer do professor não apenas o geralmente partem de um conteúdo já estabelecido num
domínio do conteúdo, mas, também, dos procedimentos projeto pedagógico-curricular. O procedimento da análise de
investigativos da matéria que está ensinando e das formas de conteúdo indicado na didática desenvolvimental pode levar a
pensamento, habilidades de pensamento que propiciem uma uma organização do conteúdo muito diferente da existente na
reflexão sobre a metodologia investigativa do conteúdo que se instituição, ou seja, os temas podem ser os mesmos, mas a
está aprendendo. Ensinar, portanto, é adquirir meios do sequência e a lógica de estruturação podem ser outras.
pensar, através dos conteúdos. Em outras palavras, é Os procedimentos a serem utilizados em relação à
desenvolver nos alunos o pensamento teórico, que é o formulação de conteúdos, objetivos e metodologia podem ser
processo através do qual se revela a essência e o os seguintes:
desenvolvimento dos objetos de conhecimento e com isso a a) Identificar, o núcleo conceitual da matéria (essência,
aquisição de métodos e estratégias cognoscitivas gerais de princípio geral básico) e as relações gerais básicas que a
cada ciência, em função de analisar e resolver problemas. definem e lhe dão unidade. Este núcleo conceitual contém a
Escreve a esse respeito Rubtsov: generalização esperada para que o aluno a interiorize, de
modo a poder deduzir relações particulares da relação básica
A aquisição de um método teórico geral visando à identificada.
resolução de uma série de problemas concretos e práticos, b) Construir a rede de conceitos básicos que dão suporte a
concentrando-se naquilo que eles têm em comum e não na esse núcleo conceitual, com as devidas relações e articulações
resolução específica de um entre eles, constitui-se numa (mapa conceitual).
das características mais importantes da aprendizagem. c) Estudo da gênese e dos processos investigativos do
Propor um problema de aprendizagem a um escolar é conteúdo, de modo a extrair ações mentais, habilidades
confrontá-lo com uma situação cuja solução, em todas as cognitivas gerais a formar no estudo da matéria.

Didática 38
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d) Formulação de tarefas de aprendizagem, com base em Adolescente, observada a produção e distribuição de material
situações-problema, que possibilitem a formação de didático adequado.
habilidades cognitivas gerais e específicas em relação à § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído
matéria. como tema transversal nos currículos do ensino fundamental.
e) Prever formas de avaliação para verificar se o aluno
desenvolveu ou está desenvolvendo a capacidade de utilizar os O Ensino Médio, conforme o artigo 35 da LDB, é a etapa
conceitos como ferramentas mentais. final da Educação Básica, com duração mínima de três anos.
Tem como finalidades:
A Didática e as Diretrizes Curriculares para a Educação I - A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
Básica adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos;
A estrutura didática da Educação Básica instituída pela Lei II - A preparação básica para o trabalho e a cidadania do
n°. 9.394 de 20 de dezembro de 1996 envolve escolas de educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
diferentes níveis: Educação Infantil, Ensino Fundamental e se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou
Ensino Médio, além de modalidades específicas de ensino, aperfeiçoamento posteriores;
como a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Profissional III - O aprimoramento do educando como pessoa humana,
e a Educação Especial. incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
Conforme o artigo 22 desta lei: “A educação básica tem por intelectual e do pensamento crítico;
finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação IV - A compreensão dos fundamentos científico-
comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer- tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria
lhe meios para progredir no trabalho e em estudos com a prática, no ensino de cada disciplina.
posteriores”. Essas finalidades devem ser analisadas de acordo
com os pressupostos filosóficos e políticos contidos na A Educação de Jovens e de Adultos - EJA é a modalidade de
Constituição Brasileira vigente. Portanto, todas as atividades ensino prevista nos artigos 37 e 38 da LDB para jovens e
de ensino-aprendizagem devem obrigatoriamente convergir adultos concluírem o Ensino Fundamental ou Médio.
para as finalidades constitucionalmente estabelecidas. A Educação Profissional não se coloca como um nível de
A Educação Infantil é o primeiro nível da Educação Básica ensino, mas tipo de formação que se integra ao trabalho, à
e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança ciência e à tecnologia e conduz ao permanente
até seis anos, considerando os aspectos físico, psicológico, desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Está
intelectual e social e completando a ação da família e da regulamentada nos artigos 39, 40 e 41 da LDB.
comunidade. Segundo o artigo 30 da LDB, é oferecida em dois
níveis: “I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de A Educação Especial, de acordo com o artigo 58 da LDB, é
até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de 4 uma modalidade de educação oferecida preferentemente na
(quatro) a 5 (cinco) anos de idade.”. rede regular de ensino, para educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
O Ensino Fundamental, segundo artigo 32 da superdotação.
LDB, obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na
escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por Questões
objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
I - O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo 01. (SEDUC/PI - Professor - Informática - NUCEPE) A
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do Didática constitui disciplina essencial nos processos de
cálculo; formação de professores, notadamente articulando o saber, o
II - A compreensão do ambiente natural e social, do sistema saber-ser e o saber-fazer. No contexto dessa análise, pode-se
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se afirmar CORRETAMENTE, acerca da concepção tradicional de
fundamenta a sociedade; Didática que:
III - O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, (A) refere-se a um conjunto de procedimentos universais
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a relativos à docência;
formação de atitudes e valores; (B) afirma a neutralidade científica do método, a
IV - O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de preocupação com os meios desvinculados dos fins e do
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se contexto;
assenta a vida social. (C) caracteriza-se por transcender métodos e técnicas de
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino ensino, buscando articular escola/sociedade;
fundamental em ciclos. (D) compreende uma doutrina da instrução, revelando-se
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular como um conjunto de normas prescritivas centradas no
por série podem adotar no ensino fundamental o regime de método;
progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo (E) caracteriza-se por estabelecer métodos e técnicas de
de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo educação desvinculados dos princípios educacionais.
sistema de ensino.
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em 02. (SEE/AL - Todos os Cargos - CESPE) Com relação à
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a didática e à sua prática histórico-social, julgue o item a seguir.
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de O enfoque tecnicista da didática busca estratégia objetiva,
aprendizagem. racional e neutra do processo de ensino-aprendizagem, em
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino contraposição ao enfoque humanista.
a distância utilizado como complementação da aprendizagem ( ) Certo ( ) Errado
ou em situações emergenciais.
§ 5° O currículo do ensino fundamental incluirá, 03. (Prefeitura de Nova Friburgo/RJ - Professor -
obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças EXATUS/PR) Em relação à Didática, é incorreto afirmar que
e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 (A) contribui para transformar a prática pedagógica da
de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do escola, ao desenvolver a compreensão articulada entre os
conteúdos a serem ensinados e as práticas sociais.

Didática 39
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(B) não compete refletir acerca dos objetivos sócio- Segundo Libâneo47, o professor tem o dever de planejar,
políticos e pedagógicos, ao selecionar os conteúdos e métodos dirigir e controlar esse processo de ensino, bem como
de ensino. estimular as atividades e competências próprias do aluno para
(C) realiza-se por meio de ação consciente, intencional e a sua aprendizagem. A condição para o processo de ensino
planejada, no processo de formação humana, estabelecendo- requer uma clara e segura compreensão do processo de
se objetivos e critérios socialmente determinados. aprendizagem, ou seja, deseja entender como as pessoas
(D) sua finalidade é converter objetivos sócio-políticos e aprendem e quais as condições que influenciam para esse
pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e aprendizado. Assim, ressalta que podemos distinguir a
métodos em função desses objetivos. aprendizagem em dois tipos: aprendizagem casual e a
aprendizagem organizada.
Gabarito
A) Aprendizagem casual: é quase sempre espontânea,
01.D / 02.Certa / 03.B surge naturalmente da interação entre as pessoas com o
ambiente em que vivem, ou seja, através da convivência social,
observação de objetos e acontecimentos.
Os pressupostos teóricos e
B) Aprendizagem organizada: é aquela que tem por
metodológicos da ação finalidade específica aprender determinados conhecimentos,
docente habilidades e normas de convivência social. Este tipo de
aprendizagem é transmitido pela escola, que é uma
organização intencional, planejada e sistemática, as
Como parte da Didática não objetiva apenas o finalidades e condições da aprendizagem escolar é tarefa
conhecimento por conhecimento, mas procura aplicar os seus específica do ensino.
próprios princípios com a finalidade de desenvolver no
indivíduo as habilidades cognoscitivas, tornando-os críticos e Esses tipos de aprendizagem têm grande relevância na
reflexivos, desenvolvendo assim um pensamento assimilação ativa dos indivíduos, favorecendo um
independente. conhecimento a partir das circunstâncias vivenciadas pelo
mesmo.
Processos Didáticos Básicos, Ensino e Aprendizagem O processo de assimilação de determinados
conhecimentos, habilidades, percepção e reflexão é
Anteriormente convém ressaltar o conceito atual de desenvolvido por meios atitudinais, motivacionais e
didática segundo a análise etimológica, o contexto histórico em intelectuais do aluno, sendo o professor o principal orientador
que prevaleceram determinados conceitos, a problemática desse processo de assimilação ativa, é através disso que se
educacional e sua relevância para o ensino. pode adquirir um melhor entendimento, favorecendo um
Etimologicamente a palavra ‘didática’ significa ‘expor desenvolvimento cognitivo.
claramente’, ‘demonstrar’, ‘ensinar’, ‘instruir’. Em primeira Através do ensino podemos compreender o ato de
instância, este sentido mais originário corresponde aprender que é o ato no qual assimilamos mentalmente os
aproximadamente a tudo aquilo que é ‘próprio para o ensino’. fatos e as relações da natureza e da sociedade. Esse processo
Levando em consideração o seu significado etimológico de assimilação de conhecimentos é resultado da reflexão
percebemos que a didática está intimamente ligada ao proporcionada pela percepção prático-sensorial e pelas ações
processo de ensino-aprendizagem, e a tudo que se refere ao mentais que caracterizam o pensamento. Entendida como
ato de ensinar e aprender. fundamental no processo de ensino a assimilação ativa
A Didática foi concebida como base de uma reforma desenvolve no indivíduo a capacidade de lógica e raciocínio,
educacional importante pela primeira vez no século XVII, com facilitando o processo de aprendizagem do aluno.
João Amós Comenius, em sua obra Didática Magna. Nesta O nível cognitivo refere-se à aprendizagem de
época, ele havia observado que a educação se dava de maneira determinados conhecimentos e operações mentais,
muito espontânea, permeada de puro praticismo, não havia caracterizada pela apreensão consciente, compreensão e
sistematização, organização ou planejamento. Com o objetivo generalização das propriedades e relações essenciais da
de organizar e sistematizar a educação, Comenius escreveu a realidade, bem como pela aquisição de modos de ação e
Didática Magna, que pretendia estabelecer os fundamentos da aplicação referentes a essas propriedades e relações. De
‘arte universal de ensinar tudo a todos’, privilegiando acordo com esse contexto podemos despertar uma
sobretudo o professor, o método e o conteúdo. aprendizagem autônoma, seja no meio escolar ou no ambiente
A didática então surge como objeto de estudo no processo em que estamos.
de ensino/aprendizagem, pois este está inserido em todas as Pelo meio cognitivo, os indivíduos aprendem tanto pelo
práticas educacionais, em todos os níveis de ensino, e cada contato com as coisas no ambiente, como pelas palavras que
prática educacional evidencia uma intenção, ideologia, designam das coisas e dos fenômenos do ambiente. Portanto
objetivos e meios para serem atingidos. Desta forma ocorre o as palavras são importantes condições de aprendizagem, pois
processo de ensino aprendizagem, que em momento algum é através delas são formados conceitos pelos quais podemos
neutro, apolítico ou isolado de sua realidade político social. pensar.
Assim, a Didática é o principal ramo de estudo da O ensino é o principal meio de progresso intelectual dos
pedagogia, pois ela situa-se num conjunto de conhecimentos alunos, através dele é possível adquirir conhecimentos e
pedagógicos, investiga os fundamentos, as condições e os habilidades individuais e coletivas. Por meio do ensino, o
modos de realização da instrução e do ensino, portanto é professor transmite os conteúdos de forma que os alunos
considerada a ciência de ensinar. Nesse contexto, o professor assimilem esse conhecimento, auxiliando no desenvolvimento
tem como papel principal garantir uma relação didática entre intelectual, reflexivo e crítico.
ENSINO x APRENDIZAGEM. Por meio do processo de ensino o professor pode alcançar
seu objetivo de aprendizagem, essa atividade de ensino está

47 LIBÂNEO, José Carlos. A Didática e as exigências do processo de


escolarização: formação cultural e científica e demandas das práticas
socioculturais.

Didática 40
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ligada à vida social mais ampla, chamada de prática social, Além dos objetivos da disciplina e dos conteúdos, é
portanto o papel fundamental do ensino é mediar à relação fundamental que o professor tenha clareza das finalidades que
entre indivíduos, escola e sociedade. ele tem em mente, a atividade docente tem a ver diretamente
com “para que educar”, pois a educação se realiza numa
O Caráter Educativo do Processo de Ensino e o Ensino sociedade que é formada por grupos sociais que tem uma visão
Crítico diferente das finalidades educativas.
Nota-se que a problemática que permeia a educação em
No desempenho da profissão docente, o professor deve ter torno da didática, consiste na dificuldade de mediar
em mente a formação da personalidade dos alunos, não apenas conhecimento prático e teórico, na medida em que muitos
no aspecto intelectual, como também nos aspectos morais, educadores apresentam uma concepção fragmentada e
afetivos e físicos. Como resultado do trabalho escolar, os ambígua desta interação, chegando ao ponto de dissociá-las.
alunos vão formando o senso de observação, a capacidade de Essa separação entre teoria e prática impossibilita os
exame objetivo e crítico de fatos e fenômenos da natureza e profissionais da educação de articular a teoria em proveito da
das relações sociais, habilidades de expressão verbal e escrita. prática, pois uma subsidia a outra. Como resultado dessa
O processo de ensino deve estimular o desejo e o gosto pelo separação a prática educativa tende a reduzir-se ao extremo
estudo, mostrando assim a importância do conhecimento para do praticismo. Nesse sentido a didática visa contribuir para a
a vida e o trabalho, nesse processo o professor deve criar superação dessa dificuldade proporcionando ao profissional
situações que estimule o indivíduo a pensar, analisar e da educação embasamento teórico-prático.
relacionar os aspectos estudados com a realidade que vive. Os profissionais da educação precisam ter um pleno
Essa realização consciente das tarefas de ensino e “domínio das bases teóricas científicas e tecnológicas, e sua
aprendizagem é uma fonte de convicções, princípios e ações articulação com as exigências concretas do ensino”, pois é
que irão relacionar as práticas educativas dos alunos, através desse domínio que ele poderá estar revendo,
propondo situações reais que façam com que os indivíduos analisando e aprimorando sua prática educativa.
reflitam e analisem de acordo com sua realidade. A prática educativa não pode ocorrer de maneira
Entretanto, o caráter educativo está relacionado aos espontânea, sem planejamento, metas e instrumentos, ela
objetivos do ensino crítico e é realizado dentro do processo de deve estabelecer objetivos, os quais devem ser atingidos
ensino. É através desse processo que acontece a formação da utilizando-se da didática, que certamente facilitará o caminho
consciência crítica dos indivíduos, fazendo-os pensar a ser trilhado segundo meios viáveis e de acordo com cada
independentemente, por isso o ensino crítico, chamado assim realidade educacional, em proveito da ideia de homem que se
por implicar diretamente nos objetivos sócio-políticos e deseja formar, de acordo com a sociedade em que este homem
pedagógicos, também os conteúdos, métodos escolhidos e está inserido, pois “a didática não se limita só ao fazer, só ação
organizados mediante determinada postura frente ao contexto prática, mas também se vincula as demais instâncias e
das relações sociais vigentes da prática social. aspectos da educação formal”.
É através desse ensino crítico que os processos mentais
são desenvolvidos, formando assim uma atitude intelectual. Dessa forma, o trabalho do professor é reflexo de uma
Nesse contexto os conteúdos deixam de serem apenas AÇÃO x REFLEXÃO x AÇÃO, ou seja, é papel do professor
matérias, e passam então a ser transmitidos pelo professor aos planejar a aula (AÇÃO), criar condições favoráveis de estudo
seus alunos formando assim um pensamento independente, dentro da sala de aula, estimulando a curiosidade e a
para que esses indivíduos busquem resolver os problemas criatividade dos alunos (REFLEXÃO), reelaborar as aulas após
postos pela sociedade de uma maneira criativa e reflexiva. observadas as necessidades dos educandos (NOVA AÇÃO).

As Contribuições da Didática na Formação do Entretanto é necessário que haja uma interação mútua
Profissional da Educação entre docentes e discentes, pois não há ensino se os alunos não
desenvolverem suas capacidades e habilidades mentais, ou
Como vimos anteriormente à didática estuda o processo de seja, o professor dirige as atividades de aprendizagem dos
ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos fazem alunos a fim de que estes se tornem sujeitos ativos da própria
parte, de modo a criar condições que garantam uma aprendizagem. Portanto, podemos dizer que o processo
aprendizagem significativa dos alunos. Nessa perspectiva, a didático se baseia no conjunto de atividades do professor e dos
didática torna-se o principal ramo de estudos da pedagogia, alunos, sob a direção do professor, apenas como mediador,
pois é necessário dominar bem todas as teorias para que haja para que haja uma assimilação ativa de conhecimentos e
uma boa prática educativa, assim o educador dispõe de desenvolvimento das habilidades dos alunos.
recursos teóricos para organizar e articular o processo de Assim, é necessário para o planejamento de ensino que o
ensino e aprendizagem. professor compreenda as relações entre educação escolar, os
Segundo Libâneo48, o trabalho docente também chamado objetivos pedagógicos e tenha um domínio seguro dos
de atividade pedagógica tem como objetivos primordiais: conteúdos ao qual ele leciona, sendo assim capaz de conhecer
os programas oficiais e adequá-los ás necessidades reais da
a) Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e escola e de seus alunos.
duradouro possível dos conhecimentos científicos; Um professor que aspira ter uma boa didática necessita
b) Criar as condições e os meios para que os alunos aprender a cada dia como lidar com a subjetividade do aluno,
desenvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo sua linguagem, suas percepções e sua prática de ensino. Sem
que dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual essas condições o professor será incapaz de elaborar
visando a sua autonomia no processo de aprendizagem e problemas, desafios, perguntas relacionadas com os
independência de pensamento; conteúdos, pois essas são as condições para que haja uma
c) Orientar as tarefas de ensino para objetivo educativo de aprendizagem significativa. No entanto para que o professor
formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a atinja efetivamente seus objetivos, é preciso que ele saiba
escolherem um caminho na vida, a terem atitudes e convicções realizar vários processos didáticos coordenados entre si, tais
que norteiem suas opções diante dos problemas e situações da como o planejamento, a direção do ensino da aprendizagem e
vida real. da avaliação.

48 LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

Didática 41
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Portanto é a didática que fundamenta a ação docente, é licenciatura. O que se tentou foram diferentes formas de
através da didática que a teoria e a prática se consolidam de organização do percurso da formação, umas mantendo o 3+1
forma viável e eficaz, pois ela se ocupa do processo de ensino já presente em 1939, outras distribuindo as disciplinas
nas várias dimensões, não se restringindo apenas a educação pedagógicas ao longo do curso específico. Quanto ao local da
escolar, mas investiga e orienta a formação do educador na sua formação pedagógica, em alguns lugares ela foi mantida nas
totalidade. faculdades de educação, em outros, foi deslocada, total ou
parcialmente, aos institutos/departamentos/cursos.
Formação de profissionais da educação: visão crítica e Atualmente, a atuação do Ministério da Educação e do CNE
perspectiva de mudança na regulamentação da LDB no 9.394/96 tem provocado a
mobilização dos educadores de todos os níveis de ensino para
Há cerca de 20 anos, por iniciativa de movimentos de rediscutir a formação de profissionais da educação. A nosso
educadores e, em paralelo, no âmbito do Ministério da ver, não bastam iniciativas de formulação de reformas
Educação, iniciava-se um debate nacional sobre a formação de curriculares, princípios norteadores de formação, novas
pedagogos e professores, com base na crítica da legislação competências profissionais, novos eixos curriculares, base
vigente e na realidade constatada nas instituições formadoras. comum nacional etc. Faz-se necessária e urgente a definição
O marco histórico de detonação do movimento pela explícita de uma estrutura organizacional para um sistema
reformulação dos cursos de formação do educador foi a I nacional de formação de profissionais da educação, incluindo
Conferência Brasileira de Educação realizada em São Paulo em a definição dos locais institucionais do processo formativo. Na
1980, abrindo-se o debate nacional sobre o curso de pedagogia verdade, reivindicamos o ordenamento legal e funcional de
e os cursos de licenciatura. A trajetória desse movimento todo o conteúdo do Título VI da Lei de Diretrizes e Bases.
destaca-se pela densidade das discussões e pelo êxito na
mobilização dos educadores, mas o resultado prático foi O disposto nos artigos 61 caput e incisos e, 62 caput, da
modesto, não se tendo chegado até hoje a uma solução LDB é o seguinte:
razoável para os problemas da formação dos educadores, nem
no âmbito oficial nem no âmbito das instituições Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar
universitárias. básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido
A discussão sobre a identidade do curso de pedagogia, que formados em cursos reconhecidos, são:
remonta aos pareceres de Valnir Chagas49 na condição de I - professores habilitados em nível médio ou superior para
membro do antigo Conselho Federal de Educação, é retomada a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e
nos encontros do Comitê Nacional Pró-formação do Educador, médio;
mais tarde transformada em Associação Nacional pela II - trabalhadores em educação portadores de diploma de
Formação dos Profissionais da Educação, e é bastante pedagogia, com habilitação em administração, planejamento,
recorrente para pesquisadores da área. Estes já apontavam, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com
em meados dos anos 80, a necessidade de se superar a títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;
fragmentação das habilitações no espaço escolar, propondo a III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de
superação das habilitações e especializações pela valorização curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim.
do pedagogo escolar: IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de
(...) a posição que temos assumido é a de que a escola pública áreas afins à sua formação ou experiência profissional,
necessita de um profissional denominado pedagogo, pois atestados por titulação específica ou prática de ensino em
entendemos que o fazer pedagógico, que ultrapassa a sala de unidades educacionais da rede pública ou privada ou das
aula e a determina, configura-se como essencial na busca de corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente
novas formas de organizar a escola para que esta seja para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela lei
efetivamente democrática. A tentativa que temos feito é a de nº 13.415, de 2017)
avançar da defesa corporativista dos especialistas para a V - profissionais graduados que tenham feito
necessidade política do pedagogo, no processo de complementação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho
democratização da escolaridade. Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
(...)
O curso de pedagogia - sem entrar agora no mérito de sua
função, isto é, de formar professores ou especialistas ou ambos Art. 62 A formação de docentes para atuar na educação
- pouco se alterou em relação à Resolução no 252/69. básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena,
Experiências alternativas foram tentadas em algumas admitida, como formação mínima para o exercício do
instituições e o antigo CFE expediu alguns pareceres sobre magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do
“currículos experimentais”, mas nenhum deles, a rigor, ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade
apresenta algo realmente inovador. Possíveis “novidades” no normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, de 2017)
chamado “curso de pedagogia” seriam, por exemplo, a
atribuição, ao lado de outras, da formação em nível superior de A proposta básica é a de que a formação dos profissionais
professores para as séries iniciais do Ensino Fundamental, da educação para atuação na educação básica far-se-á,
supressão das habilitações (administração escolar, orientação predominantemente, nas atuais faculdades de educação, que
educacional, supervisão escolar etc.) e alterações na oferecerão curso de pedagogia, cursos de formação de
denominação de algumas disciplinas. Alterações geralmente professores para toda a educação básica, programa especial de
inócuas, pois na maior parte dos casos foi mantida a prática da formação pedagógica, programas de educação continuada e de
grade curricular e os mesmos conteúdos das antigas pós-graduação. As faculdades de educação terão sob sua
disciplinas, por exemplo, Organização do trabalho pedagógico responsabilidade a formulação e a coordenação de políticas e
manteve o conteúdo da anterior Administração escolar. planos de formação de professores, em articulação com as pró-
Em relação aos cursos de licenciatura, também não houve reitorias ou vice-reitorias de graduação das universidades ou
nenhuma mudança substantiva desde a Resolução no 292/62 órgãos similares nas demais Instituições de Ensino Superior,
do CFE, que dispunha sobre as matérias pedagógicas para a

49 CHAGAS, Valnir. Formação do magistério: Novo sistema. São Paulo: Atlas, 1976.

Didática 42
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com os institutos/faculdades/departamentos das áreas A Favor de Um Curso Específico de Pedagogia


específicas e com as redes pública e privada de ensino.
O curso de pedagogia destinar-se-á à formação de Conforme vimos considerando, as faculdades de educação
profissionais interessados em estudos do campo teórico- sediariam, de forma articulada, o curso de pedagogia e a
investigativo da educação e no exercício técnico-profissional formação inicial e continuada de professores. O que é esse
como pedagogos no sistema de ensino, nas escolas e em outras curso de pedagogia? Trata-se de curso para a realização da
instituições educacionais, inclusive as não-escolares. investigação em estudos pedagógicos, tomando a pedagogia
Os cursos de formação de professores e os programas como campo teórico e como campo de atuação profissional.
mencionados, abrangendo todos os níveis da educação básica, Como campo teórico, destina-se à formação de profissionais
serão realizados num Centro de Formação, Pesquisa e que desejem aprimorar a reflexão e a pesquisa sobre a
Desenvolvimento Profissional de Professores - CFPD, que educação e o ensino da pedagogia, propriamente dita. Como
integrará a estrutura organizacional das faculdades de campo de atuação profissional, destina-se à preparação de
educação e destinar-se-á à formação de professores para a pesquisadores, planejadores, especialistas em avaliação,
educação básica, da educação infantil ao Ensino Médio. gestores do sistema e da escola, coordenadores pedagógicos
Distinguindo o curso de pedagogia (stricto sensu) e o curso ou de ensino, comunicadores especializados para atividades
de formação de professores para as séries iniciais do Ensino escolares e extraescolares, animadores culturais, de
Fundamental. especialistas em educação a distância, de educadores de
adultos no campo da formação continuada etc.
Formação Teórico-Prática Articulada na Formação A ampliação do campo educacional e, por consequência, da
Inicial e Contínua atuação pedagógica é uma realidade constatada por muitos
autores.
As investigações recentes sobre formação de professores O curso de pedagogia proposto tem correlatos em
apontam como questão essencial o fato de que os professores praticamente todos os países do mundo, embora em alguns
desempenham uma atividade teórico-prática. É difícil pensar lugares, especialmente na Europa, receba a designação de
na possibilidade de educar fora de uma situação concreta e de “ciências da educação”. Poder-se-ia perguntar: por que não
uma realidade definida. A profissão de professor precisa chamar esse curso de ciências da educação e não de
combinar sistematicamente elementos teóricos com situações pedagogia? Libâneo51 aponta, em publicação recente, quatro
práticas reais. Por essa razão, ao se pensar um currículo de posições a respeito desse assunto e sobre a denominação
formação, a ênfase na prática como atividade formadora “ciências da educação” escreve:
aparece, à primeira vista, como exercício formativo para o
futuro professor. Entretanto, em termos mais amplos, é um (..) tal denominação (...) é criticada por provocar dispersão
dos aspectos centrais na formação do professor, em razão do no estudo da problemática educativa, levando a uma postura
que traz consequências decisivas para a formação profissional. pluridisciplinar ao invés de interdisciplinar. Ou seja, a
Atualmente, em boa parte dos cursos de licenciatura, a autonomia dada a cada uma das ciências da educação levaria a
aproximação do futuro professor à realidade escolar acontece enfoques parciais da realidade educativa, comprometendo a
após ele ter passado pela formação “teórica”, tanto na unidade temática e abrindo espaço para os vários
disciplina especifica como nas disciplinas pedagógicas. O reducionismos (sociológico, psicológico, econômico...), como
caminho deve ser outro. Desde o ingresso dos alunos no curso, aliás a experiência brasileira tem confirmado.
é preciso integrar os conteúdos das disciplinas em situações
da prática que coloquem problemas aos futuros professores e Assim, assume-se que a pedagogia se apoia nas ciências da
lhes possibilitem experimentar soluções. Isso significa ter a educação, mas não perde com isso sua autonomia
prática, ao longo do curso, como referente direto para epistemológica e não se reduz ao campo conceitual de uma ou
contrastar seus estudos e formar seus próprios conhecimentos outra, nem ao conjunto dessas ciências.
e convicções a respeito. Ou seja, os alunos precisam conhecer A pluridimensionalidade do fenômeno educativo não
o mais cedo possível os sujeitos e as situações com que irão elimina sua unicidade, que permite “estabelecer um corpo
trabalhar. Significa tomar a prática profissional como instância cientifico que tem o fenômeno educativo em seu conjunto
permanente e sistemática na aprendizagem do futuro como objeto de estudo, com a finalidade expressa de dar
professor e como referência para a organização curricular. coerência à multiplicidade de ações parcializadas”. Nessa
Significa, também, a articulação entre formação inicial e concepção, a pedagogia promove a síntese integradora dos
formação continuada. Por um lado, a formação inicial estaria diferentes processos analíticos que correspondem a cada uma
estreitamente vinculada aos contextos de trabalho, das ciências da educação em seu objeto específico de estudo.
possibilitando pensar as disciplinas com base no que pede a Também Pimenta52 discute detidamente a questão
prática; cai por terra aquela ideia de que o estágio é aplicação recorrendo a vários autores, argumentando pela necessidade
da teoria. Por outro, a formação continuada, a par de ser feita de a pedagogia postular sua especificidade epistemológica, de
na escola a partir dos saberes e experiências dos professores modo a não se conformar com uma mera posição de campo
adquiridos na situação de trabalho, articula-se com a formação aplicado de outras ciências que também estudam a educação.
inicial, indo os professores à universidade para uma reflexão Com base nisso, firma sua posição de que a pedagogia tem sua
mais apurada sobre a prática. Em ambos os casos, estamos significação epistemológica assumindo-se como ciência da
diante de modalidades de formação em que há interação entre prática social da educação.
as práticas formativas e os contextos de trabalho. Com isso, Diferentemente das demais ciências da educação, a
institui-se uma concepção de formação centrada na ideia de pedagogia é ciência da prática. Ela não se constrói como
escola como unidade básica da mudança educativa, em que as discurso sobre a educação, mas a partir da prática dos
escolas são consideradas “espaços institucionais para a educadores tomada como referência para a construção de
inovação e a melhoria e, simultaneamente, como contextos saberes, no confronto com os saberes teóricos. (...) O
privilegiados para a formação contínua de professores” objeto/problema da pedagogia é a educação enquanto prática
(Escudero e Botia50). social. Daí seu caráter específico que a diferencia das demais
(ciências da educação), que é o de uma ciência prática - parte

50ESCUDERO, Juan M. e BOTIA, Bolívar. "Inovação e formação centrada na escola. 51 LIBÂNEO, José C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 1998.
Uma perspectiva da realidade espanhola". In: AMIGUINHO, Abílio e CANÁRIO, Rui 52 PIMENTA, Selma G. O pedagogo na escola pública. São Paulo: Loyola, 1988.
(orgs.). Escolas e mudança: O papel dos Centros de Formação. Lisboa: Educa, 1994.

Didática 43
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da prática e a ela se dirige. A problemática educativa e sua A Defesa de um Local Institucional Específico para
superação constituem o ponto central de referência para a Formar Professores
investigação.
Defendemos, pois, a criação do curso de pedagogia, um A atividade docente vem se modificando em decorrência
curso que oferece formação teórica, científica e técnica para de transformações nas concepções de escola e nas formas de
interessados no aprofundamento da teoria e da pesquisa construção do saber, resultando na necessidade de se repensar
pedagógica e no exercício de atividades pedagógicas a intervenção pedagógico-didática na prática escolar. Um dos
específicas (planejamento de políticas educacionais, gestão do aspectos cruciais dessas transformações, os quais têm se
sistema de ensino e das escolas, assistência pedagógico- evidenciado em avaliações educacionais como o Saresp, é o
didática a professores e alunos, avaliação educacional, investimento na qualidade da formação dos docentes e no
pedagogia empresarial, animação cultural, produção e aperfeiçoamento das condições de trabalho nas escolas, para
comunicação nas mídias etc.). que estas favoreçam a construção coletiva de projetos
pedagógicos capazes de alterar os quadros de reprovação,
A existência desse curso tem como suporte algumas retenção e da qualidade social e humana dos resultados da
premissas: escolarização.
a) O fenômeno educativo sujeita-se à pluralidade de Tem sido unânime a insatisfação de gestores,
abordagens, à medida que a educação é objeto de várias pesquisadores e professores com as formas convencionais de
ciências que o abordam de seu enfoque específico. O estudo da se formar professores em nosso país. Realizados em dois
educação tem um caráter de multirreferencialidade - abarca níveis de ensino - Médio e Superior -, os atuais cursos não dão
tanto modalidades educativas escolares quanto conta de preparar o professor com a qualidade que se exige
extraescolares, como os movimentos sociais, a educação hoje desse profissional. No nível médio, realiza-se a formação
ambiental, educação comunitária, educação de grupos sociais dos professores das quatro séries iniciais do Ensino
marginalizados e de minorias sociais. Não é que se descarte o Fundamental e, em alguns casos, a formação dos professores
fato de que a educação escolar seja, ainda hoje, a forma para a educação infantil. Às vezes esses profissionais são
histórica predominante de prática educativa. Mas, mesmo em formados no nível superior (nos atualmente chamados cursos
benefício de uma educação escolar mais aberta e mais de pedagogia). Os professores para as séries seguintes do
articulada com outras instâncias educativas fora de seu marco Ensino Fundamental e para o Ensino Médio são formados no
próprio, a ideia é a de que o educativo não se restrinja ao nível superior, recorrendo ao velho esquema dos cursos de
escolar, uma vez que abrange as relações mais amplas entre o bacharelado e licenciatura. Conforme mencionamos
indivíduo e o meio humano, social, físico, ecológico, cultural, anteriormente, essas modalidades de formação já
econômico. demonstraram historicamente seu esgotamento (em nosso
b) Se, por um lado, a compreensão ampliada da educação país e em vários outros). Dentro desse quadro, o
fortalece as ciências da educação pelo fato de a pedagogia não aprimoramento do processo de formação de professores
ser a única área científica que tem a educação como objeto de requer muita ousadia e criatividade para que se construam
estudo, por outro, não descaracteriza a especificidade da novos e mais promissores modelos educacionais necessários à
pedagogia como uma das ciências da educação. Com efeito, urgente e fundamental tarefa de melhoria da qualidade do
cada uma das chamadas ciências da educação (sociologia da ensino no país.
educação, psicologia da educação, linguística aplicada à A LDB no 9.394/96, em seu art. 62, estabelece como regra
educação, economia da educação etc.) aborda o fenômeno que a formação dos docentes para a educação fundamental e
educativo da perspectiva de seus próprios conceitos e para a educação infantil far-se-á em nível superior. A elevação
métodos de investigação, ao passo que a pedagogia se da formação docente em nível superior, reivindicação antiga
distingue por estudar o fenômeno educativo em sua dos educadores em nosso país e já consolidada em grande
totalidade, inclusive para integrar os enfoques parciais parte dos países desenvolvidos, fica assim contemplada. No
daquelas ciências em função de uma aproximação global e mesmo art. 62, no entanto, admite-se como formação mínima
intencionalmente dirigida aos problemas educativos. para as séries iniciais e para a educação infantil, “a oferecida
c) Um currículo de pedagogia, além de contemplar como em nível médio, na modalidade Normal”, Redação dada pela lei
objeto de investigação a pluralidade das práticas educativas, nº 13.415, de 2017.
concentra sua temática investigativa nos saberes pedagógicos,
com a contribuição das ciências da educação, na forma de Que professor queremos formar?
inter-relação entre os saberes científicos. Ou seja, assume-se o
entendimento de pedagogia como ciência da prática social da Na sociedade contemporânea, as rápidas transformações
educação para daí se definirem saberes pedagógicos. A no mundo do trabalho, o avanço tecnológico configurando a
integração de conhecimentos pela inter-relação entre saberes sociedade virtual e os meios de informação e comunicação
decorre não apenas da pluralidade que caracteriza o fenômeno incidem com bastante força na escola, aumentando os desafios
educativo, mas também de uma tendência irrefreável das para torná-la uma conquista democrática efetiva. Não é tarefa
ciências no mundo contemporâneo buscarem a integração simples nem para poucos. Transformar as escolas em suas
entre os saberes, sem perder de vista a especificidade práticas e culturas tradicionais e burocráticas - as quais, por
disciplinar. meio da retenção e da evasão, acentuam a exclusão social - em
escolas que eduquem as crianças e os jovens, propiciando-lhes
O currículo terá uma forte orientação para a pesquisa, seja um desenvolvimento cultural, científico e tecnológico que lhes
como prática acadêmica, seja como atitude. Ressaltem-se, aí, assegure condições para fazerem frente às exigências do
os vínculos entre o ensino e a pesquisa, a pesquisa como forma mundo contemporâneo, exige esforço do coletivo da escola -
básica de construção do saber, em confronto, em professores, funcionários, diretores e pais de alunos -, dos
questionamento, com os saberes já estabelecidos e como sindicatos, dos governantes e de outros grupos sociais
instrumento para desenvolvimento das competências do organizados.
pensar. Tal concepção de pedagogia deveria transpassar toda Não se ignora que esse desafio precisa ser
a formação pedagógica nos cursos de formação de professores, prioritariamente enfrentado no campo das políticas públicas.
da educação infantil ao Ensino Médio. Todavia, não é menos certo que os professores são
profissionais essenciais na construção dessa nova escola.
Entendendo que a democratização do ensino passa pela sua

Didática 44
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formação, sua valorização profissional, suas condições de saberes específicos, seus valores, suas competências, nessa
trabalho, pesquisas e experiências inovadoras têm apontado complexa empreitada, para o que se requer condições salariais
para a importância do investimento no desenvolvimento e de trabalho, formação inicial de qualidade e espaços de
profissional dos professores. O desenvolvimento profissional formação contínua.
envolve formação inicial e contínua articuladas a um processo Dada a natureza do trabalho docente, que é ensinar como
de valorização identitária e profissional dos professores. contribuição ao processo de humanização dos alunos
Identidade que é epistemológica, ou seja, que reconhece a historicamente situados, espera-se dos processos de formação
docência como um campo de conhecimentos específicos que desenvolvam conhecimentos e habilidades, competências,
configurados em quatro grandes conjuntos, a saber: conteúdos atitudes e valores que possibilitem aos professores ir
das diversas áreas do saber e do ensino, ou seja, das ciências construindo seus saberes-fazeres docentes a partir das
humanas e naturais, da cultura e das artes; conteúdos didático- necessidades e desafios que o ensino como prática social lhes
pedagógicos (diretamente relacionados ao campo da prática coloca no cotidiano. Espera-se, pois, que mobilizem os
profissional); conteúdos relacionados a saberes pedagógicos conhecimentos da teoria da educação e do ensino, das áreas do
mais amplos (do campo teórico da prática educacional) e conhecimento necessárias à compreensão do ensino como
conteúdos ligados à explicitação do sentido da existência realidade social, e que desenvolvam neles a capacidade de
humana (individual, sensibilidade pessoal e social). E investigar a própria atividade (a experiência) para, a partir
identidade que é profissional. Ou seja, a docência constituiu dela, constituírem e transformarem os seus saberes-fazeres
um campo específico de intervenção profissional na prática docentes, num processo contínuo de construção de suas
social - não é qualquer um que pode ser professor. identidades como professores.
Uma visão progressista de desenvolvimento profissional Em síntese, dizemos que o professor é um profissional do
exclui uma concepção de formação baseada na racionalidade humano que: ajuda o desenvolvimento pessoal/intersubjetivo
técnica (em que os professores são considerados mero do aluno; um facilitador do acesso do aluno ao conhecimento
executores de decisões alheias) e assume a perspectiva de (informador informado); um ser de cultura que domina de
considerá-los em sua capacidade de decidir e de rever suas forma profunda sua área de especialidade (científica e
práticas e as teorias que as informam, pelo confronto de suas pedagógica/educacional) e seus aportes para compreender o
ações cotidianas com as produções teóricas, pela pesquisa da mundo; um analista crítico da sociedade, portanto, que nela
prática e a produção de novos conhecimentos para a teoria e a intervém com sua atividade profissional; um membro de uma
prática de ensinar. Considera, assim, que as transformações comunidade de profissionais, portanto, científica (que produz
das práticas docentes só se efetivam na medida em que o conhecimento sobre sua área) e social.
professor amplia sua consciência sobre a própria prática, a da Esse profissional deve ser formado nas universidades, que
sala de aula e a da escola como um todo, o que pressupõe é o lugar da produção social do conhecimento, da circulação da
conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade. produção cultural em diferentes áreas do saber e do
Dessa forma, os professores contribuem para a criação, o permanente exercício da crítica histórico-social.
desenvolvimento e a transformação nos processos de gestão,
nos currículos, na dinâmica organizacional, nos projetos A Organização da Aula e Seus Componentes Didáticos
educacionais e em outras formas de trabalho pedagógico. Por do Processo Educacional
esse raciocínio, reformas gestadas nas instituições, sem tomar
os professores como parceiros/autores, não transformam a A aula é a forma predominante pela qual é organizado o
escola na direção da qualidade social. Em consequência, processo de ensino e aprendizagem. É o meio pelo qual o
valorizar o trabalho docente significa dotar os professores de professor transmite aos seus alunos conhecimentos
perspectivas de análise que os ajudem a compreender os adquiridos no seu processo de formação, experiências de vida,
contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais nos conteúdos específicos para a superação de dificuldades e
quais se dá sua atividade docente. meios para a construção de seu próprio conhecimento, nesse
Nas últimas décadas assistimos a uma ampliação das sentido sendo protagonista de sua formação humana e escolar.
oportunidades de acesso à escola, em que pesem as diferenças É ainda o espaço de interação entre o professor e o
entre as regiões. Poder-se-ia concluir que o país tem uma indivíduo em formação constituindo um espaço de troca
escola que realizou a inclusão social de todos? Não nos parece, mútua. A aula é o ambiente propício para se pensar, criar,
pois a essa ampliação quantitativa, em grande parte resultante desenvolver e aprimorar conhecimentos, habilidades, atitudes
da reivindicação dos educadores e da população, não e conceitos, é também onde surgem os questionamentos,
correspondeu a melhoria das condições de trabalho, de indagações e respostas, em uma busca ativa pelo
jornada, de organização e funcionamento, de formação e esclarecimento e entendimento acerca desses
valorização do professor, fatores essenciais para a qualidade questionamentos e investigações.
do ensino. Sem isso, a escola quantitativamente ampliada Por intermédio de um conjunto de métodos, o educador
permanece excludente. Ao desenvolver um ensino aligeirado, busca melhor transmitir os conteúdos, ensinamentos e
impossibilita a inserção social de crianças e jovens de classes conhecimentos de uma disciplina, utilizando-se dos recursos
sociais mais pobres em igualdade de condições com aqueles disponíveis e das habilidades que possui para infundir no
dos segmentos economicamente favorecidos, acentuando a aluno o desejo pelo saber.
exclusão social. Deve-se ainda compreender a aula como um conjunto de
Uma escola que inclua, ou seja, que eduque todas as meios e condições por meio das quais o professor orienta, guia
crianças e jovens, com qualidade, superando os efeitos e fornece estímulos ao processo de ensino em função da
perversos das retenções e evasões, propiciando-lhes um atividade própria dos alunos, ou seja, da assimilação e
desenvolvimento cultural que lhes assegure condições para desenvolvimento de habilidades naturais do aluno na
fazerem frente às exigências do mundo contemporâneo, aprendizagem educacional. Sendo a aula um lugar privilegiado
precisa de condições para que, com base na análise e na da vida pedagógica refere-se às dimensões do processo
valorização das práticas existentes que já apontam para didático preparado pelo professor e por seus alunos.
formas de inclusão, se criem novas práticas: de aula, de gestão, Aula é toda situação didática na qual se põem objetivos,
de trabalho dos professores e dos alunos, formas coletivas, conhecimentos, problemas, desafios com fins instrutivos e
currículos interdisciplinares, uma escola rica de material e de formativos, que incitam as crianças e jovens a aprender. Cada
experiências, como espaço de formação contínua, e tantas aula é única, pois ela possui seus próprios objetivos e métodos
outras. Por sua vez, os professores contribuem com seus

Didática 45
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que devem ir de acordo com a necessidade observada no Objetivos Específicos: compreendem as intencionalidades
educando. específicas para a disciplina, os caminhos traçados para que se
A aula é norteada por uma série de componentes, que vão possa alcançar o maior entendimento, desenvolvimento de
conduzir o processo didático facilitando tanto o habilidades por parte dos alunos que só se concretizam no
desenvolvimento das atividades educacionais pelo educador decorrer do processo de transmissão e assimilação dos
como a compreensão e entendimento pelos indivíduos em estudos propostos pelas disciplinas de ensino e aprendizagem.
formação; ela deve, pois, ter uma estruturação e organização, Expressam as expectativas do professor sobre o que deseja
afim de que sejam alcançados os objetivos do ensino. obter dos alunos no decorrer do processo de ensino. Têm
Ao preparar uma aula o professor deve estar atento às sempre um caráter pedagógico, porque explicitam a direção a
quais interesses e necessidades almeja atender, o que ser estabelecida ao trabalho escolar, em torno de um programa
pretende com a aula, quais seus objetivos e o que é de caráter de formação.
urgente naquele momento. A organização e estruturação
didática da aula têm por finalidade proporcionar um trabalho Conteúdos
mais significativo e bem elaborado para a transmissão dos
conteúdos. O estabelecimento desses caminhos proporciona Os conteúdos de ensino são constituídos por um conjunto
ao professor um maior controle do processo e aos alunos uma de conhecimentos. É a forma pela qual, o professor expõe os
orientação mais eficaz, que vá de acordo com previsto. saberes de uma disciplina para ser trabalhado por ele e pelos
As indicações das etapas para o desenvolvimento da aula, seus alunos. Esses saberes são advindos do conjunto social
não significa que todas elas devam seguir um cronograma formado pela cultura, a ciência, a técnica e a arte. Constituem
rígido, pois isso depende dos objetivos, conteúdos da ainda o elemento de mediação no processo de ensino, pois
disciplina, recursos disponíveis e das características dos permitem ao discente através da assimilação o conhecimento
alunos e de cada aluno e situações didáticas especificas. histórico, cientifico, cultural acerca do mundo e possibilitam
Dentro da organização da aula destacaremos agora seus ainda a construção de convicções e conceitos.
Componentes Didáticos, que são também abordados em O professor, na sala de aula, utiliza-se dos conteúdos da
alguns trabalhos como elementos estruturantes do ensino matéria para ajudar os alunos a desenvolverem competências
didático. São eles: os objetivos (gerais e específicos), os e habilidades de observar a realidade, perceber as
conteúdos, os métodos, os meios e as avaliações. propriedades e características do objeto de estudo,
estabelecer relações entre um conhecimento e outro, adquirir
Objetivos métodos de raciocínio, capacidade de pensar por si próprios,
fazer comparações entre fatos e acontecimentos, formar
São metas que se deseja alcançar, para isso usa-se de conceitos para lidar com eles no dia-a-dia de modo que sejam
diversos meios para se chegar ao esperado. Os objetivos instrumentos mentais para aplicá-los em situações da vida
educacionais expressam propósitos definidos, pois o professor prática. Neste contexto pretende-se que os conteúdos
quando vai ministrar a aula já vai com os objetivos definidos. aplicados pelo professor tenham como fundamento não só a
Eles têm por finalidade, preparar o docente para determinar o transmissão das informações de uma disciplina, mas que esses
que se requer com o processo de ensino, isto é prepará-lo para conteúdos apresentem relação com a realidade dos discentes
estabelecer quais as metas a serem alcançadas, eles e que sirvam para que os mesmos possam enfrentar os
constituem uma ação intencional e sistemática. desafios impostos pela vida cotidiana. Estes devem também
Os objetivos são exigências que requerem do professor um proporcionar o desenvolvimento das capacidades intelectuais
posicionamento reflexivo, que o leve a questionamentos sobre e cognitivas do aluno, que o levem ao desenvolvimento crítico
a sua própria prática, sobre os conteúdos os materiais e os e reflexivo acerca da sociedade que integram.
métodos pelos quais as práticas educativas se concretizam. Ao Os conteúdos de ensino devem ser vistos como uma
elaborar um plano de aula, por exemplo, o professor deve levar relação entre os seus componentes, matéria, ensino e o
em conta muitos questionamentos acerca dos objetivos que conhecimento que cada aluno já traz consigo. Pois não basta
aspira, como O que? Para que? Como? E Para quem ensinar? É apenas a seleção e organização lógica dos conteúdos para
isso só irá melhorar didaticamente as suas ações no transmiti-los. Antes os conteúdos devem incluir elementos da
planejamento da aula. vivência prática dos alunos para torná-los mais significativos,
Não há prática educativa sem objetivos; uma vez que estes mais vivos, mais vitais, de modo que eles possam assimilá-los
integram o ponto de partida, as premissas gerais para o de forma ativa e consciente. Ao proferir estas palavras, o autor
processo pedagógico. Os objetivos são um guia para orientar a aponta para um elemento de fundamental importância na
prática educativa sem os quais não haveria uma lógica para preparação da aula, a contextualização dos conteúdos.
orientar o processo educativo.
Para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de a) Contextualização dos conteúdos
modo mais organizado faz-se necessário, classificar os A contextualização consiste em trazer para dentro da sala
objetivos de acordo com os seus propósitos e abrangência, se de aula questões presentes no dia a dia do aluno e que vão
são mais amplos, denominados objetivos gerais e se são contribuir para melhorar o processo de ensino e
destinados a determinados fins com relação aos alunos, aprendizagem do mesmo. Valorizando desta forma o contexto
chamados de objetivos específicos. social em que ele está inserido e proporcionando a reflexão
sobre o meio em que se encontra, levando-o a agir como
Objetivos Gerais: exprimem propósitos mais amplos construtor e transformador deste. Então, pois, ao selecionar e
acerca do papel da escola e do ensino diante das exigências organizar os conteúdos de ensino de uma aula o professor
postas pela realidade social e diante do desenvolvimento da deve levar em consideração a realidade vivenciada pelos
personalidade dos alunos. Por isso ele também afirma que os alunos.
objetivos educacionais transcendem o espaço da sala de aula
atuando na capacitação do indivíduo para as lutas sociais de b) A relação professor-aluno no processo de ensino e
transformação da sociedade, e isso fica claro, uma vez que os aprendizagem
objetivos têm por fim formar cidadãos que venham a atender O professor no processo de ensino é o mediador entre o
os anseios da coletividade. indivíduo em formação e os conhecimentos prévios de uma
matéria. Tem como função planejar, orientar a direção dos
conteúdos, visando à assimilação constante pelos alunos e o

Didática 46
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desenvolvimento de suas capacidades e habilidades. É uma A função pedagógico-didática refere-se ao papel da


ação conjunta em que o educador é o promotor, que faz avaliação no cumprimento dos objetivos gerais e específicos
questionamentos, propõem problemas, instiga, faz desafios da educação escolar. Ao comprovar os resultados do processo
nas atividades e o educando é o receptor ativo e atuante, que de ensino, evidencia ou não o atendimento das finalidades
através de suas ações responde ao proposto produzindo assim sociais do ensino, de preparação dos alunos para enfrentar as
conhecimentos. O papel do professor é levar o aluno a exigências da sociedade e inseri-los ao meio social. Ao mesmo
desenvolver sua autonomia de pensamento. tempo, favorece uma atitude mais responsável do aluno em
relação ao estudo, assumindo-o como um dever social. Já a
Métodos de Ensino função de diagnóstico permite identificar progressos e
dificuldades dos alunos e a atuação do professor que, por sua
Métodos de ensino são as formas que o professor organiza vez, determinam modificações do processo de ensino para
as suas atividades de ensino e de seus alunos com a finalidade melhor cumprir as exigências dos objetivos. A função do
de atingir objetivos do trabalho docente em relação aos controle se refere aos meios e a frequência das verificações e
conteúdos específicos que serão aplicados. Os métodos de de qualificação dos resultados escolares, possibilitando o
ensino regulam as formas de interação entre ensino e diagnóstico das situações didáticas.
aprendizagem, professor e os alunos, na qual os resultados No entanto, a avaliação durante a pratica escolar tem sido
obtidos é assimilação consciente de conhecimentos e bastante criticada sobre tudo por reduzir-se à sua função de
desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas controle, mediante a qual se faz uma classificação quantitativa
dos alunos. dos alunos relativa às notas que obtiveram nas provas. Os
Segundo Libâneo a escolha e organização os métodos de professores não têm conseguido usar os procedimentos de
ensino devem corresponder à necessária unidade objetivos- avaliação que sem dúvida, implicam o levantamento de dados
conteúdos-métodos e formas de organização do ensino e as por meio de testes, trabalhos escritos etc. Em relação aos
condições concretas das situações didáticas. Os métodos de objetivos, funções e papel da avaliação na melhoria das
ensino dependem das ações imediatas em sala de aula, dos atividades escolares e educativas, tem-se verificado na pratica
conteúdos específicos, de métodos peculiares de cada escolar alguns equívocos.
disciplina e assimilação, além disso, esses métodos implica o O mais comum é tomar a avaliação unicamente como o ato
conhecimento das características dos alunos quanto à de aplicar provas, atribuir notas e classificar os alunos. O
capacidade de assimilação de conteúdos conforme a idade e o professor reduz a avaliação à cobrança daquilo que o aluno
nível de desenvolvimento mental e físico e suas características memorizou e usa a nota somente como instrumento de
socioculturais e individuais. controle. Tal ideia é descabida, primeiro porque a atribuição
A relação objetivo-conteúdo-método procuram mostrar de notas visa apenas o controle formal, com objetivo
que essas unidades constituem a linhagem fundamental de classificatório e não educativo; segundo porque o que importa
compreensão do processo didático: os objetivos, explicitando é o veredito do professor sobre o grau de adequação e
os propósitos pedagógicos intencionais e planejados de conformidade do aluno ao conteúdo que transmite. Outro
instrução e educação dos alunos, para a participação na vida equívoco é utilizar a avaliação como recompensa aos bons
social; os conteúdos, constituindo a base informativa concreta alunos e punição para os desinteressados, além disso, os
para alcançar os objetivos e determinar os métodos; os professores confiam demais em seu olho clínico, dispensam
métodos, formando a totalidade dos passos, formas didáticas e verificações parciais no decorrer das aulas e aqueles que
meios organizativos do ensino que viabilizam a assimilação rejeitam as medidas quantitativas de aprendizagem em favor
dos conteúdos, e assim, o atingimento dos objetivos. de dados qualitativos.
No trabalho docente, os professores selecionam e O entendimento correto da avaliação consiste em
organizam seus métodos e procedimentos didáticos de acordo considerar a relação mútua entre os aspectos quantitativos e
com cada matéria. Dessa forma destacamos os principais qualitativos. A escola cumpre uma função determinada
métodos de ensino utilizado pelo professor em sala de aula: socialmente, a de introduzir as crianças, jovens e adultos no
método de exposição pelo professor, método de trabalho mundo da cultura e do trabalho, tal objetivo não surge
independente, método de elaboração conjunta, método de espontaneamente na experiência das crianças, jovens e
trabalho em grupo. Nestes métodos, os conhecimentos, adultos, mas supõe as perspectivas traçadas pela sociedade e
habilidades e tarefas são apresentados, explicadas e controle por parte do professor. Por outro lado, a relação
demonstradas pelo professor, além dos trabalhos planejados pedagógica requer a independência entre influências externas
individuais, a elaboração conjunta de atividades entre e condições internas do aluno, pois nesse contexto o professor
professores e alunos visando à obtenção de novos deve organizar o ensino objetivando o desenvolvimento
conhecimentos e os trabalhos em grupo. Dessa maneira autônomo e independente do aluno.
designamos todos os meios e recursos matérias utilizados pelo
professor e pelos alunos para organização e condução Centro de Formação, Pesquisa e Desenvolvimento
metódica do processo de ensino e aprendizagem. Profissional de Professores (CFPD): uma proposta

Avaliação Escolar Tendo argumentado sobre a especificidade da pedagogia e


da formação de pedagogos stricto sensu, não identificados com
A avaliação escolar é uma tarefa didática necessária para o professores, e explicitado a importância da formação destes,
trabalho docente, que deve ser acompanhado passo a passo no ampliada para o conceito de desenvolvimento profissional,
processo de ensino e aprendizagem. Através da mesma, os passamos a propor a nossa visão da formação de professores.
resultados vão sendo obtidos no decorrer do trabalho em Um ponto de vista radical sobre essa questão leva ao
conjunto entre professores e alunos, a fim de constatar enfrentamento do desafio da definição dos locais
progressos, dificuldades e orientá-los em seus trabalhos para institucionais para a formação desses profissionais e de
as correções necessárias. orientações explícitas sobre a organização curricular,
A avaliação escolar é uma tarefa complexa que não se assegurando um suporte legal de marcos institucionais e
resume à realização de provas e atribuição de notas, ela curriculares nacionais. Dessa forma, acreditamos que são
cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de necessárias decisões por parte das instâncias normativas do
controle em relação ao rendimento escolar. sistema educacional que considerem o tratamento global da
questão, revendo os locais institucionais de formação - de

Didática 47
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modo a superar os evidentes (e consensuais) problemas e os conhecimentos pedagógicos/educacionais necessários à


impasses que têm marcado a formação de professores tanto mediação profissional dos especialistas em atividades de
nas faculdades de educação como nos institutos/ ensinar.
departamentos/cursos das universidades - e estabelecendo Considerem-se, também, as enormes dificuldades que
orientações mais específicas para a organização curricular dos ambos, faculdades de educação e institutos, encontram para
cursos, contemplando a formação pedagógica e a específica no valorizar e efetivar a pesquisa sobre ensino e docência nas
âmbito dos saberes disciplinares. respectivas instituições, por tratarem de área
Por isso, sugerimos que a Faculdade (Centro) de Educação tradicionalmente menos prestigiada na comunidade científica
incorpore em sua estrutura, ao lado do curso de pedagogia, o nacional e internacional. Já há um consenso em algumas
Centro de Formação, Pesquisa e Desenvolvimento Profissional universidades, faculdades de educação, institutos,
de Professores - CFPD - que terá quatro objetivos: comunidades científicas e nas áreas de ensino e entidades de
a) Formação e preparação profissional de professores para educadores, de que a formação de professores precisa se
atuar na educação básica: educação infantil, Ensino constituir em um projeto pedagógico próprio, articulado entre
Fundamental e Ensino Médio; diferentes instâncias de formação de professor. O que
b) Desenvolver, em colaboração com outras instituições favoreceria, inclusive, a valorização dessa área na comunidade
(Estado, sindicatos etc.), a formação contínua e o científica, em termos de verbas para projetos, pesquisas,
desenvolvimento profissional dos professores; experiências inovadoras e até articulação entre as instâncias
c) Realizar pesquisas na área de formação e de formação inicial e os locais sociais de exercício da profissão
desenvolvimento profissional de professores; docente.
d) Preparação profissional de professores que atuam no Um centro específico de formação, pesquisa e
Ensino Superior. desenvolvimento profissional de professores possibilitaria a
superação da hoje dicotômica visão da docência. O exercício
Esses objetivos configuram um projeto pedagógico próprio profissional em um dado nível do ensino configura uma
para a formação e o desenvolvimento profissional de dimensão de uma totalidade que é a docência. Em qualquer
professores. nível (e local: escolar e não-escolar) em que ocorra, à docência
configura uma visão de conjunto, de totalidade (à semelhança
Por que em um centro específico e nas faculdades de do médico que, em qualquer campo de ação que atue, é
educação? médico!) e um processo contínuo. Os atuais cursos de
A inserção na estrutura das faculdades (centros) de formação não lidam com essa categoria. Os professores que
educação do CFPD pretende ser uma virada de rumo na atuam nas séries finais do Ensino Fundamental ignoram a
formação de professores. É preciso uma mudança radical nas problemática e as questões essenciais da docência nos demais
formas institucionais e curriculares de formação de segmentos, o que traz problemas insuperáveis nos resultados
professores, superando o atual esquema do bacharelado e da do ensino e do processo formativo, pois seus profissionais
licenciatura, que não responde mais às necessidades operam à docência como um conjunto de “gavetas
prementes de qualificação profissional para um tempo novo. fragmentadas e justapostas”, negando a característica de
Centrar a formação de professores numa instituição modelar complexidade do fenômeno ensino.
como têm sido as faculdades de educação e atribuir-lhe a
responsabilidade de concatenar, no âmbito das universidades, Em que o CFPD avança na discussão sobre a formação de
as políticas e planos de formação de professores, em estreita professores:
articulação com os institutos, faculdades ou departamentos
das áreas especificas, pode ser garantia não apenas de A institucionalização do CFPD possibilita a incorporação
melhoria da qualidade de formação, mas da profissionalidade dos princípios que os educadores construíram ao longo dos
do professorado, de modo que se configurem sua identidade e últimos anos (explicitados nas pesquisas, nas experiências, na
seu estatuto profissional. vivência profissional, nos movimentos de educadores pela
As faculdades de educação têm sido, ao longo destas formação profissional e em diversos fóruns de debates):
décadas, local da produção do conhecimento sobre educação e a) Introduz o conceito de desenvolvimento profissional,
ensino que, na maioria das vezes, tem sido ignorado pelos superando uma visão dicotômica da formação inicial e da
institutos/departamentos/cursos específicos. No entanto, os formação contínua;
problemas encontrados nas atuais faculdades de educação e b) Toma a pesquisa como componente essencial da/na
que exigem destas uma reformulação, referem-se, a nosso ver, formação. Incorpora as recentes contribuições da formação do
de um lado, à ambiguidade nelas presente quanto ao professor/pesquisador baseadas na epistemologia da prática,
tratamento das “ciências da educação” dissociadas das propondo percursos de formação teórico/práticos, nos quais a
questões referentes à profissionalidade docente e, de outro, à pesquisa é tanto formação do docente como este também se
ambiguidade dos cursos de pedagogia que, ao se restringirem forma como pesquisador;
à formação dos professores das séries iniciais do Ensino c) A formação é especialmente voltada para a
Fundamental ou à formação técnico-burocrática dos profissionalidade docente e para a construção da identidade
“especialistas”, conforme tratamos no item anterior, perderam do professor. Experiências bem-sucedidas (especialmente as
sua especificidade de produção do conhecimento na área realizadas em alguns cursos de pedagogia) mostram que os
educacional. cursos que se voltaram para tematizar a formação e o exercício
Há que se considerar, ainda, a desigualdade de importância da docência como objeto de formação e pesquisa podem se
entre os saberes constitutivos da docência na formação dos constituir em espaços mais férteis na produção de
professores, privilegiando aqueles relacionados às conhecimento e mais compromissados com a prática social da
competências didático-pedagógicas do ensino (metodologias e docência;
práticas de ensinar), considerados de modo fragmentado e d) Investe em sólida formação teórica nos quatro campos
dissociados das áreas específicas e apenas disciplinares e os que constituem os saberes da docência;
relacionados aos saberes pedagógicos mais amplos. Estes, via e) Considera a prática social concreta da educação como
de regra, desarticulados daqueles. Por sua vez, os objeto de reflexão/formação;
institutos/departamentos/cursos, via de regra, desenvolvem f) Considera a visão de totalidade do processo
os conteúdos específicos das áreas, ignorando a docência como escolar/educacional;
atividade profissional de seus egressos e, portanto, ignorando

Didática 48
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APOSTILAS OPÇÃO

g) Constitui um projeto pedagógico coletivo e 02. (Prefeitura de Nova Friburgo/RJ - Professor -


interdisciplinar para a formação, desenvolvendo em igualdade EXATUS/PR) Em relação à Didática, é incorreto afirmar que:
de importância os quatro campos dos saberes da docência (A) contribui para transformar a prática pedagógica da
(conteúdos formativos, conforme o Documento Norteador); escola, ao desenvolver a compreensão articulada entre os
h) Eleva a formação de todos os professores ao Ensino conteúdos a serem ensinados e as práticas sociais.
Superior; (B) não compete refletir acerca dos objetivos sócio-
i) Valoriza a atividade intelectual, crítica e reflexiva da políticos e pedagógicos, ao selecionar os conteúdos e métodos
docência como elemento de melhoria da qualidade da de ensino.
formação profissional dos professores; (C) realiza-se por meio de ação consciente, intencional e
j) apresenta currículo e percursos de formação abertos, planejada, no processo de formação humana, estabelecendo-
permitindo um vai-e-vem entre as várias instituições da se objetivos e critérios socialmente determinados.
universidade que desenvolvem conteúdos formativos para a (D) sua finalidade é converter objetivos sócio-políticos e
docência. pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e
l) O CFPD assegurará ainda: métodos em função desses objetivos.
m) um sólido curso de graduação em que estará presente
a unidade ensino/pesquisa/extensão, elevando o estatuto da 03. (UFPE - Pedagogo - COVEST-COPSET) Das
formação de professores e assegurando a valorização alternativas abaixo, assinale a compatível com a didática.
profissional, situando todos os professores no mesmo nível de (A) Didática relaciona-se com o estudo dos elementos
formação e salários; substantivos ou nucleares do currículo.
n) A ampliação da responsabilidade das faculdades de (B) Didática é reconhecida como um espaço próprio no
educação e o reconhecimento da importância do seu papel na domínio científico da educação.
formação de professores, assim como a redefinição das (C) Didática é caracterizada como um todo, organizada em
responsabilidades dos institutos/faculdades/departamentos função de propósitos e de saberes educativos.
das áreas do conhecimento, na formação dos professores (D) Didática é ligada ao estudo dos processos e práticas
dentro de um projeto mais explícito de formação profissional pedagógicas institucionalizadas.
do professorado; (E) Didática está associada ao conteúdo, ao programa dos
o) A eleição da prática como elemento integrante de todo processos de formação.
o percurso de formação, constituindo um princípio
epistemológico da formação (e não um apêndice); 04. (SEDUC/CE - Professor Pleno I - CESPE) Com relação
p) A Incorporação de contribuições de experiências bem- às características e às propriedades relativas à didática e à
sucedidas de formação em nosso país. formação dos professores, assinale a opção correta.
(A) A relação entre o professor, o aluno e o ensino de
A formação de professores para qualquer um dos níveis de conceitos científicos constitui uma tríade na qual convergem
ensino no CFPD estará assentada na compreensão de que a apenas estudos teóricos de diferentes domínios do
escolaridade constitui um processo contínuo e uma totalidade, conhecimento.
superando a atual fragmentação. Além disso, possibilitará que (B) Didática é a articulação entre teoria e prática na
os graduados complementem e ampliem sua formação para formação do professor.
atuar em diferentes níveis de ensino. (C) A formação do professor de biologia é complexa e
Com base em diagnósticos de necessidades e demandas, o envolve inúmeras disciplinas que, pela especificidade de cada
CFPD oferecerá programas para atendimento específico, por uma delas, não devem se complementar.
exemplo, na formação inicial para professores leigos, para a (D) Um dos princípios gerais da didática é o foco em
população indígena; desenvolvimento profissional de conteúdos e atividades de ensino que tenham sentido
professores que já atuam nos sistemas escolares e outros. Tais essencialmente pedagógicos.
programas poderão ser objeto de convênios com Secretarias (E) Uma formação global e integral de professores de
de Educação, sindicatos etc. Por seu potencial formativo, biologia requer especialização do professor em determinada
integrarão o projeto pedagógico de formação inicial do CFPD. disciplina do curso.

Referência: Gabarito
SANTOS, E. P. dos; BATISTA, I. C.; M. L. da S.; SILVA, M. de F. F. da. O
processo didático educativo: Uma análise reflexiva sobre o
processo de ensino e a aprendizagem. Disponível em:
01.D / 02.B / 03.A / 04.B
http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/processo-didatico-
educativo-analise-reflexiva-sobre-processo-ensino-
aprendizagem.htm
LIBANEO, José Carlos; PIMENTA, Selma Garrido. Formação de
profissionais da educação: visão crítica e perspectiva de
mudança. Educ. Soc., Campinas, v. 20, n. 68, p. 239-277, Dec. 1999.

Questões

01. (Prefeitura de Alto Piquiri/ PR - Educador Infantil


- KLC) A Didática é um ramo de estudo da Pedagogia que:
(A) investiga a natureza das finalidades da educação numa
sociedade.
(B) busca em outras ciências os conhecimentos que
esclarecem o fenômeno educativo.
(C) estuda a dinâmica das relações sociais e o processo do
desenvolvimento humano.
(D) investiga os fundamentos, condições e modos de
realização da instrução e do ensino.
(E) nenhuma alternativa está correta

Didática 49
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APOSTILAS OPÇÃO

Segundo Fusari56, “Apesar de os educadores em geral


Planejamento educacional: utilizarem, no cotidiano do trabalho, os termos “planejamento”
tipos, concepções, processos e “plano” como sinônimos, estes não o são.”
Outro aspecto importante, segundo Schmitz57 é que “as
de elaboração, denominações variam muito. Basta que fique claro o que se
acompanhamento e avaliação entende por cada um desses planos e como se caracterizam.”
do Projeto Político Pedagógico O que se faz necessário é estar consciente que:
e do planejamento da ação “Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser
docente planejada. O planejamento é uma espécie de garantia dos
resultados. E sendo a educação, especialmente a educação
escolar, uma atividade sistemática, uma organização da
Para Moretto53, planejar é organizar ações (ideias e situação de aprendizagem, ela necessita evidentemente de
informações). Essa é uma definição simples mas que mostra planejamento muito sério. Não se pode improvisar a educação,
uma dimensão da importância do ato de planejar, uma vez que seja ela qual for o seu nível. ”
o planejamento deve existir para facilitar o trabalho tanto do
professor como do aluno. Conceito de Planejamento

Gandin54 sugere que se pense no planejamento como uma O Planejamento pode ser conceituado como um processo,
ferramenta para dar eficiência à ação humana, ou seja, deve ser considerando os seguintes aspectos: produção, pesquisa,
utilizado para a organização na tomada de decisões. Para finanças, recursos humanos, propósitos, objetivos, estratégias,
melhor entender precisa-se compreender alguns conceitos, políticas, programas, orçamentos, normas e procedimentos,
tais como: planejar, planejamento e planos. tempo, unidades organizacionais etc. Desenvolvido para o
alcance de uma situação futura desejada, de um modo mais
Planejamento: “É um instrumento direcional de todo o eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de
processo educacional, pois estabelece e determina as grandes esforços e recursos.
urgências, indica as prioridades básicas, ordena e determina O Planejamento também pressupõe a necessidade de um
todos os recursos e meios necessários para a consecução de processo decisório que ocorrerá antes, durante e depois de sua
grandes finalidades, metas e objetivos da educação. ” elaboração e implementação na escola. Este processo deve
conter ao mesmo tempo, os componentes individuais e
Plano Nacional de Educação: “Nele se reflete a política organizacionais, bem como a ação nesses dois níveis deve ser
educacional de um povo, num determinado momento histórico orientada de tal maneira que garanta certa confluência de
do país. É o de maior abrangência porque interfere nos interesses dos diversos fatores alocados no ambiente escolar.
planejamentos feitos no nível nacional, estadual e municipal. ” O processo de planejar envolve, portanto, um modo de
pensar; e um salutar modo de pensar envolve indagações; e
Plano de Curso: “O plano de curso é a sistematização da indagações envolvem questionamentos sobre o que fazer,
proposta geral de trabalho do professor naquela determinada como, quando, quanto, para quem, por que, por quem e onde.
disciplina ou área de estudo, numa dada realidade. Pode ser É um processo de estabelecimento de um estado futuro
anual ou semestral, dependendo da modalidade em que a desejado e um delineamento dos meios efetivos de torna-lo
disciplina é oferecida. ” realidade justifica que ele antecede à decisão e à ação.

Plano de Aula: “É a sequência de tudo o que vai ser Finalidade - Para que Planejar?58
desenvolvido em um dia letivo. (...) É a sistematização de todas
as atividades que se desenvolvem no período de tempo em que A primeira coisa que nos vem à mente quando
o professor e o aluno interagem, numa dinâmica de ensino e de perguntamos sobre a finalidade do planejamento é a eficiência.
aprendizagem. ” Ela é a execução perfeita de uma tarefa que se realiza. O
carrasco é eficiente quando o condenado morre segundo o
Plano de Ensino: “É a previsão dos objetivos e tarefas do previsto. A telefonista é eficiente quando atende a todos os
trabalho docente para um ano ou um semestre; é um chamados e faz, a tempo, todas as ligações. O digitador, quando
documento mais elaborado, no qual aparecem objetivos escreve rapidamente (há expectativas fixadas) e não comete
específicos, conteúdos e desenvolvimento metodológico. ” erros.
O planejamento e um plano ajudam a alcançar a eficiência,
Projeto Político Pedagógico: “É o planejamento geral que isto é, elaboram-se planos, implanta-se um processo de
envolve o processo de reflexão, de decisões sobre a planejamento a fim de que seja benfeito aquilo que se faz
organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da dentro dos limites previstos para aquela execução.
instituição. É um processo de organização e coordenação da Mas esta não é a mais importante finalidade do
ação dos professores. Ele articula a atividade escolar e o planejamento. Ele visa também a eficácia. Os dicionários não
contexto social da escola. É o planejamento que define os fins fazem diferença suficiente entre eficácia e eficiência. O melhor
do trabalho pedagógico.” (MEC55) é não se preocupar com palavras e verificar que o
planejamento deve alcançar não só que se faça bem as coisas
Os conceitos apresentados têm por objetivo mostrar para que se fazem (chamaremos isso de eficiência), mas que se
o professor a importância, a funcionalidade e principalmente façam as coisas que realmente importa fazer, porque são
a relação íntima existente entre essas tipologias. socialmente desejáveis (chamaremos isso de eficácia).

53 MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento: planejando a educação para o 56 FUSARI, José Cerchi. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas
desenvolvimento de competências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. indagações e tentativas de respostas.1990.
54 GANDIN, Danilo. O planejamento como ferramenta de transformação da prática 57 SCHMITZ, Egídio. Fundamentos da Didática. 7ª Ed. São Leopoldo, RS: Editora

educativa. 2011. Unisinos, 2000.


55 MEC – Ministério da Educação e Cultura. Trabalhando com a Educação de Jovens 58 GANDIN, Danilo. Planejamento. Como Prática Educativa. São Paulo: Edições

e Adultos – Avaliação e Planejamento – Caderno 4 – SECAD – Secretaria de Loyola, 2013.


Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2006.

Didática 50
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APOSTILAS OPÇÃO

A eficácia é atingida quando se escolhem, entre muitas Planejamento e Políticas de Educação no Brasil
ações possíveis, aqueles que, executadas, levam à consecução
de um fim previamente estabelecido e condizente com aquilo A formação da Educação Brasileira inicia-se com a
em que se crê. Companhia de Jesus, em 1549, com o trabalho dos Jesuítas:
Além destas finalidades do planejamento, Gandin59 suas escolas de primeiras letras, colégios e seminários, até os
introduz a discussão sobre uma outra, tão significativa quanto dias atuais. Nesse primeiro momento, a educação não foi um
estas, e que dá ao planejamento um status obrigatório em problema que emergisse como um assunto Nacional, no
todas as atividades humanas: é a compreensão do processo de entanto, tenha sido um dos aspectos das tensões constantes
planejamento como um processo educativo. entre a Ordem dos Jesuítas e a Coroa Portuguesa, que mais
É evidente que esta finalidade só é alcançada quando o tarde, levou à expulsão dos mesmos em 1759. A expulsão dos
processo de planejamento é concebido como uma prática que jesuítas criou um vazio escolar. A insuficiência de recursos e
sublime a participação, a democracia, a libertação. Então o escassez de mestres desarticulou o trabalho educativo no País,
planejamento é uma tarefa vital, união entre vida e técnica com repercussões que se estenderam até o período imperial.
para o bem-estar do homem e da sociedade. Com a vinda da Família Imperial, a educação brasileira
toma um novo impulso, principalmente com a criação dos
Elementos Constitutivos do Planejamento cursos superiores, no entanto a educação popular foi relegada
em segundo plano. Com a reforma constitucional de 1834, as
Objetivos e Conteúdos de Ensino: os objetivos responsabilidades da educação popular foram
determinam de antemão os resultados esperados do processo descentralizadas, deixando-as às províncias e reservando à
entre o professor e o aluno, determinam também a gama de Corte a competência sobre o ensino médio e superior.
habilidades e hábitos a serem adquiridos. Já os conteúdos Nesse período, a situação continuou a mesma: escassez de
formam a base da instrução. escolas e de professores na educação básica. Com a educação
A prática educacional baseia-se nos objetivos por meio de média e superior, prevaleceram às aulas avulsas destinadas
uma ação intencional e sistemática para oferecer apenas às classes mais abastadas.
aprendizagem. Desta forma os objetivos são fundamentais A Proclamação da República, também não alterou
para determinação de propósitos definidos e explícitos quanto significativamente a ordenação legal da Educação Brasileira,
às qualidades humanas que precisam ser adquiridas. Os foi preciso esperar até a década de 20 para que, o debate
objetivos têm pelo menos três referências fundamentais para educacional ganhasse um espaço social mais amplo. Nesta
a sua formulação. época, as questões educacionais deixaram de ser temas
- Os valores e ideias ditos na legislação educacional. isolados para se tornarem um problema nacional. Várias
- Os conteúdos básicos das ciências, produzidos na história tentativas de reforma ocorreram em vários estados; iniciou-se
da humanidade. uma efetiva profissionalização do magistério e novos modelos
- As necessidades e expectativas da maioria da sociedade. pedagógicos começaram a ser discutidos e introduzidos na
escola.
Métodos e Estratégias: o método por sua vez é a forma
com que estes objetivos e conteúdos serão ministrados na Surgimento do Plano de Educação
prática ao aluno. Cabe aos métodos dinamizar as condições e
modos de realização do ensino. Refere-se aos meios utilizados A primeira experiência de planejamento governamental no
pelos docentes na articulação do processo de ensino, de acordo Brasil foi executada no governo de Juscelino Kubitschek com
com cada atividade e os resultados esperados. seu Plano de Metas (1956/61). Antes, os chamados planos que
As estratégias visam à consecução de objetivos, portanto, se sucederam desde 1940, foram diagnósticos que tentavam
há que ter clareza sobre aonde se pretende chegar naquele racionalizar o orçamento. Neste processo de planejamento
momento com o processo de ensino e de aprendizagem. Por convém distinguir três fases:
isso, os objetivos que norteiam devem estar claros para os - A decisão de planejar;
sujeitos envolvidos - professores e alunos. - O plano em si; e
- A implantação do plano.
Multimídia Educativa: a multimídia educativa é uma
estratégia de ensino e de aprendizagem que pode ser utilizada A primeira e a última fase são políticas e a segunda é um
por estudantes e professores. É imperativa a importância das assunto estritamente técnico.
multimídias educativas com uso da informática no processo No caso do Planejamento Educacional, essa distinção é
educativo como uma ferramenta auxiliar na educação. interessante, pois foi preciso um longo período de maturação
para que se formulasse de forma explícita a necessidade
Avaliação Educacional: é uma tarefa didática necessária e nacional de uma política de educação e de um plano para
permanente no trabalho do professor, deve acompanhar todos programá-la. A revolução de 30 foi o desfecho das crises
os passos do processo de ensino e de aprendizagem. É através políticas e econômicas que agitaram profundamente a década
dela que vão sendo comparados os resultados obtidos no de 20, compondo-se assim, um quadro histórico propício à
decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos, transformação da Educação no Brasil.
conforme os objetivos propostos, a fim de verificar progressos, Em 1932, um grupo de educadores conseguiu captar o
dificuldades e orientar o trabalho para as correções anseio coletivo e lançou um manifesto ao povo e ao governo
necessárias. que ficou conhecido como “Manifesto dos Pioneiros da
A avaliação insere-se não só nas funções didáticas, mas Educação Nova”, que extravasava o entusiasmo pela Educação.
também na própria dinâmica e estrutura do Processo de O manifesto era ao mesmo tempo uma denúncia uma exigência
Ensino e de Aprendizagem. de uma política educacional consistente e, um plano científico
para executá-la, livrando a ação educativa do empirismo e da
descontinuidade. O mesmo teve tanta repercussão e motivou
uma campanha que repercutiu na Assembleia Constituinte de
1934.

59GANDIN, Danilo. O planejamento como ferramenta de transformação da prática


educativa. 2011.

Didática 51
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APOSTILAS OPÇÃO

De acordo com a Constituição de 34, o conselho Nacional daquela que foi denominada ‘tendência tecnicista’ da educação
de Educação elaborou e enviou, em maio de 37, um escolar.”
anteprojeto do Plano de Educação Nacional, mas com a Mas não se pode pensar que o regime político era o único
chegada do estado Novo, o mesmo nem chegou a ser discutido. fator que influenciava no pensamento com relação à
Sendo assim, mesmo que a ideia de plano nacional de elaboração dos planos de aulas; as teorias da administração
educação fosse um fruto do manifesto e das campanhas que se também refletiam no ato de planejar do professor, uma vez
seguiram, o Plano 37 era uma negação das teses defendidas que essas teorias traziam conceitos que iriam auxiliar na
pelos educadores ligados àqueles movimentos. Totalmente definição do tipo de organização educacional que seria
centralizador, o mesmo pretendia ordenar em minúcias toda a adotado por uma determinada instituição.
educação nacional. Tudo estava regulamentado ao plano, No início da história da humanidade, o planejamento era
desde o ensino pré-primário ao ensino superior; os currículos utilizado sem que as pessoas percebessem sua importância,
eram estabelecidos e até mesmo o número de provas e os porém com a evolução da vida humana, principalmente no
critérios de avaliação. setor industrial e comercial, houve a necessidade de adaptá-lo
para os diversos setores.
No entanto, os dois primeiros artigos dos 504 que Nas escolas ele também era muito utilizado; a princípio, o
compuseram o Plano de 37, chamam atenção, no que se refere planejamento era uma maneira de controlar a ação dos
ao Planejamento Educacional a nível nacional, atualmente: professores de modo a não interferir no regime político da
época. Hoje o planejamento já não tem a função reguladora
Art. 1°- O Plano Nacional de Educação, código da educação dentro das escolas, ele serve como uma ferramenta
nacional, é o conjunto de princípios e normas adotados por importantíssima para organizar e subsidiar o trabalho do
esta lei para servirem de base à organização e funcionamento professor.
das instituições educativas, escolares e extraescolares,
mantidas no território nacional pelos poderes públicos ou por Diretrizes e Bases da Educação Nacional
particulares.
Art. 2°- Este Plano só poderá ser revisto após vigência de Após o anteprojeto de Plano de 37, a ideia de um Plano
dez anos. Nacional de Educação permaneceu sem efeito até 1962,
quando foi elaborado e efetivamente instituído o primeiro
Nesses artigos, há três pontos os quais convém destacar, Plano Nacional governamental. No entanto, no Plano de Metas
pois repercutiram e persistiram em parte, em iniciativas e leis de Kubitschek, a educação era a meta número 30.
posteriores: O setor de educação entrou no conjunto do Plano de metas
- O Plano de Educação identifica-se com as diretrizes da pressionado pela compreensão de que a falta de recursos
Educação Nacional; humanos qualificados poderia ser um dos pontos de
- O Plano deve ser fixado por Lei; estrangulamento do desenvolvimento do país.
- O Plano só poderá ser revisto após uma vigência A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
prolongada. (LDB) acabou surgindo com a Lei n° 4.024 de 1961, no entanto,
vale ressaltar a concepção do que deveria ser uma LDB.
Segundo Kuenzer60 “o planejamento de educação também Segundo o Relatório Geral da Comissão:
é estabelecido a partir das regras e relações da produção
capitalista, herdando, portanto, as formas, os fins, as Diretriz é uma linha de orientação, norma de conduta,
capacidades e os domínios do capitalismo monopolista do "Base" é a superfície de apoio, fundamento. Aquela indica a
Estado.” direção geral a seguir, não às minudências do caminho. Significa
Aqui no Brasil, Padilha61 explica que “Durante o regime também o alicerce do edifício, não o próprio edifício sobre o qual
autoritário, eles foram utilizados com um sentido autocrático. o alicerce está construído. A lei de Diretrizes e Bases conterá
Toda decisão política era centralizada e justificada somente os preceitos genéricos e fundamentais.
tecnicamente por tecnocratas à sombra do poder.” Kuenzer
complementa a citação acima explicando que “A ideologia do No entanto, a LDB de 61, distanciou-se muito da clareza e
Planejamento então oferecida a todos, no entanto, escondia da sensatez do anteprojeto original, e a lei que sucedeu e
essas determinações político-econômicas mais abrangentes e substituiu em parte (Lei n° 5.692/71) agravou a situação.
decididas em restritos centros de poder.” Eliminaram substancialmente qualquer possibilidade de
O regime autoritário fez com que muitos educadores instituição de políticas e planos de educação como
criassem uma resistência com relação à elaboração de planos, instrumentos efetivos de um desenvolvimento ideal da
uma vez que esses planos eram supervisionados ou Educação Brasileira, pois novamente foi consagrada a ideia de
elaborados por técnicos que delimitavam o que o professor plano como distribuição de recursos.
deveria ensinar, priorizando as necessidades do regime Após a iniciativa pioneira de 1962 e suas revisões,
político. “Num regime político de contenção, o planejamento sucedem-se, em trinta anos, cerca de dez planos. Em um
passa a ser bandeira altamente eficaz para o controle e estudo realizado nessa área até 1989, conclui-se que essa
ordenamento de todo o sistema educativo.” sucessão de planos que são elaboradas, parcialmente
executadas, revista e abandonada, refletem os males gerais da
Apesar de se ter claro a importância do planejamento na administração pública brasileira. A educação, realmente não
formação, Fusari62 explica que: era prioritária para os governos. As coordenadas da ação
“Naquele momento, o Golpe Militar de 1964 já implantava a governamental no setor ficavam bloqueadas ou dificultadas
repressão, impedindo rapidamente que um trabalho mais crítico pela falta de uma integração ministerial.
e reflexivo, no qual as relações entre educação e sociedade Em consequência disso e de outras razões, sobretudo
pudessem ser problematizadas, fosse vivenciada pelos políticas, o panorama da experiência brasileira de
educadores, criando, assim, um “terreno” propício para o avanço planejamento educacional é um quadro de descontinuidades
administrativas, que, fez dessa experiência um conjunto

60 KUENZER, Acácia Zeneida, CALAZANS, M. Julieta C., GARCIA, Walter. 62 FUSARI, José Cerchi. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas
Planejamento e educação no Brasil. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003. indagações e tentativas de respostas.1990.
61 PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto

político-pedagógico da escola. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2003.

Didática 52
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APOSTILAS OPÇÃO

fragmentado de incoerentes iniciativas governamentais que alto grau de coerência e subordinação na determinação dos
nunca foram mais do que esquemas distributivos de recursos. objetivos almejados.
Com esta visão podemos compreender o “porquê” do caos Vejamos cada um deles:
educacional em nosso país. Desde há muito a educação foi
relegada ao final das filas. O povo foi passando de governo em Planejamento Educacional
governo sem perceber as perdas que lhe trariam o atraso
educacional. Planejamento educacional é aplicar à própria educação
àquilo que os verdadeiros educadores se esforçam por
Níveis de Planejamento inculcar em seus alunos: uma abordagem racional e científica
dos problemas. Tal abordagem supõe a determinação dos
Na esfera educacional o processo de planejamento ocorre objetivos e dos recursos disponíveis, a análise das
em diversos níveis, segundo a magnitude da ação que se tem consequências que advirão das diversas atuações possíveis, a
em vista realizar. O planejamento educacional é o mais amplo, escolha entre essas possibilidades, a determinação de metas
geral e abrangente. Prevê a estruturação e o funcionamento da específicas a atingir em prazos bem definidos e, finalmente, o
totalidade do sistema educacional. Determina as diretrizes da desenvolvimento dos meios mais eficazes para implantar a
política nacional de educação. política escolhida.
O planejamento educacional significa bem mais que a
elaboração de um projeto contínuo que engloba uma série de
operações interdependentes.
O Planejamento do Sistema de Educação é o de maior
abrangência (enquanto um dos níveis de planejamento na
educação escolar), correspondendo ao planejamento que é
feito em nível nacional, estadual ou municipal. Incorpora e
reflete as grandes políticas educacionais. Enfrenta os
problemas de atendimento à demanda, alocação e
gerenciamento de recursos etc.

Características do Planejamento Educacional


Categorias Tipos Características
1- Global ou de
Para todo o sistema
conjunto
Níveis 2- Por setores Graus do Sistema Escolar
3- Regional Por divisões geográficas
4- Local Por escola
A seguir, temos o planejamento Escolar e depois o
Por utilizar metodologia de
Curricular, que está intimamente relacionado às prioridades 1- Técnico análise, previsão,
assentadas no planejamento educacional. Sua função é programação e avaliação.
traduzir, em termos mais próximos e concretos, as linhas- Enquanto
Por permitir a tomada de
Processo 2- Político
mestras de ação delineadas no planejamento imediatamente decisão.
superior, através de seus objetivos e metas. Constitui o 3- Por coordenar as atividades
esquema normativo que serve de base para definir e Administrativo administrativas.
particularizar a linha de ação proposta pela escola. Permite a 1- Curto prazo 1 a 2 anos
Quanto aos
2- Médio prazo 2 a 5 anos
inter-relação entre a escola e a comunidade. Prazos
3- Longo prazo 5 a 15 anos
Logo após, temos o planejamento de ensino, que parte Com base nas demandas
sempre de pontos referenciais estabelecidos no planejamento 1- Demanda
individuais de educação.
curricular. Temos, em essência, neste tipo de planejamento, Com base nas necessidades do
dimensões: Enquanto 2- Mão-de-obra mercado, voltado para o
- Filosófica, que explicita os objetivos da escola; Método desenvolvimento do país.
- Psicológica, que indica a fase de desenvolvimento do Com base nos recursos
3- Custo e
aluno, suas possibilidades e interesses; disponíveis visando a maiores
Benefício
benefícios.
- Social, que expressa as características do contexto sócio-
econômico-cultural do aluno e suas exigências.
Fundamentos do Planejamento Educacional
Este detalhamento é feito tendo em vista os processos de
Concepções Características
ensino e de aprendizagem. Assim, chegamos ao nível mais Divisão pormenorizada, hierarquizado
elementar e próximo da ação educativa. É através dele que, em Clássica verticalmente, com ênfase na organização
relação ao aluno: e pragmático.
- Prevemos mudanças comportamentais e aprendizagem Transitiva
Planejamento seguindo procedimentos de
de elementos básicos; trabalho com ênfase na liderança.
- Propomos aprendizagens a partir de experiências Visão horizontal, com ênfase nas relações
anteriores e de suas reais possibilidades; humanas, na dinâmica interpessoal e
Mayoista
grupal, na delegação de autoridade e na
- Estimulamos a integração das diversas áreas de estudo. autonomia.
Pragmática, racionalidade no processo
Como vemos, o planejamento tem níveis distintos de Neoclássica / por
decisório, participativo, com ênfase nos
abrangência; no entanto, cada nível tem bem definido e objetivos
resultados e estratégia de cooperação.
delimitado o seu universo. Sabemos que um nível particulariza Tradição Características (do consenso /
- um ou vários - aspectos delineados no nível antecedente, Funcionalista positivista / evolucionista)
especificando com maior precisão as decisões tomadas em Cumprimento de leis e normas. Visa à
relação a determinados eventos da ação educativa. Burocrático eficácia institucional do sistema. Enfatiza a
dimensão institucional ou objetiva.
A linha de relacionamento se evidencia, então, através de
Enfatiza a eficiência individual de todos os
escalões de complexidade decrescente, exigindo sempre um Idiossincrático que participam do sistema, portanto,
dimensão subjetiva.

Didática 53
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Clima organizacional pragmático. Visa o - Avaliação periódica dos planos e adaptação constante
equilíbrio entre eficácia institucional e destes mesmos às novas necessidades e circunstâncias;
Integradora
eficiência individual, com ênfase na - Flexibilidade que permita a adaptação do plano a
dimensão grupal ou holística.
situações imprevistas ou imprevisíveis;
Tradição Características (conflito / teorias
Interacionista críticas e libertárias) - Trabalho de equipe que garanta uma soma de esforços
Ênfase nas condições estruturais de eficazes e coordenados;
natureza econômica do sistema. Enfatiza a - Formulação e apresentação do plano como iniciativa e
Estruturalista
dimensão institucional ou objetiva. esforço nacionais, e não como esforço de determinadas
Orientação determinista. pessoas, grupos e setores”.65
Ênfase na subjetividade e na dimensão
individual. O sistema é uma criação do ser Pressupostos Básicos do Planejamento Educacional
Interpretativa
humano. A gestão é mediadora reflexiva
- O delineamento da filosofia da educação do país,
entre o indivíduo e o seu meio.
Ênfase na dimensão grupal ou holística e evidenciando o valor da pessoa e da escola na sociedade;
nos princípios de totalidade, contradição, - A aplicação da análise - sistemática e racional - ao
Dialógica processo de desenvolvimento da educação, buscando torná-lo
práxis e transformação do sistema
educacional. mais eficiente e passível de responder com maior precisão às
Enfoques Características necessidades e objetivos da sociedade.
Práticas normativas e legalistas / sistema Podemos, portanto, considerar que o planejamento
Jurídico
fechado. educacional constitui a abordagem racional e científica dos
Predomínio dos quadros técnicos /
Tecnocrático problemas da educação, envolvendo o aprimoramento gradual
especialistas.
Resgate da dimensão humana: ênfase de conceitos e meios de análise, visando estudar a eficiência e
Comportamental a produtividade do sistema educacional, em seus múltiplos
psicológica.
Ênfase para atingir objetivos econômicos e aspectos.
Desenvolvimentista
sociais.
Sociológico
Ênfase nos valores culturais e políticos, Planejamento Curricular
contextualizados. Visão interdisciplinar.
Fonte dos dois quadros: Padilha 63
Planejamento curricular é o processo de tomada de
decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É a previsão
Objetivos do Planejamento Educacional
sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno. É o
São objetivos do planejamento educacional, segundo
instrumento que orienta a educação como um processo
Joanna Coaracy64:
dinâmico e integrado de todos os elementos que interagem
- “Relacionar o desenvolvimento do sistema educacional
para consecução dos objetivos, tanto os dos alunos como os da
com o desenvolvimento econômico, social, político e cultural
escola.
do país, em geral, e de cada comunidade, em particular;
O Planejamento curricular, enquanto um dos níveis dos
- “Estabelecer as condições necessárias para o
planejamentos da educação escolar é a proposta geral das
aperfeiçoamento dos fatores que influem diretamente sobre a
experiências de aprendizagem que serão oferecidas pela
eficiência do sistema educacional (estrutura, administração,
escola, incorporada nos diversos componentes curriculares.
financiamento, pessoal, conteúdo, procedimentos e
Enquanto um dos níveis do planejamento na educação
instrumentos);
escolar, o Planejamento curricular é a proposta geral das
- Alcançar maior coerência interna na determinação dos
experiências de aprendizagem que serão oferecidas pela
objetivos e nos meios mais adequados para atingi-los;
escola, incorporada nos diversos componentes curriculares
- Conciliar e aperfeiçoar a eficiência interna e externa do
desde as séries iniciais até as finais.
sistema”.
A proposta curricular pode ter como referência os
seguintes elementos:
É condição primordial do processo de planejamento
- Fundamentos da disciplina;
integral da educação que, em nenhum caso, interesses
- Área de estudo;
pessoais ou de grupos possam desviá-lo de seus fins essenciais
- Desafios Pedagógicos;
que vão contribuir para a dignificação do homem e para o
- Encaminhamento Metodológico;
desenvolvimento cultural, social e econômico do país.
- Propostas de Conteúdos;
- Processos de Avaliação.
Requisitos do Planejamento Educacional
- Aplicação do método científico na investigação da
Objetivos do Planejamento Curricular
realidade educativa, cultural, social e econômica do país;
- Ajudar aos membros da comunidade escolar a definir
- Apreciação objetiva das necessidades, para satisfazê-las a
seus objetivos;
curto, médio e longo prazo;
- Obter maior efetividade no ensino;
- Apreciação realista das possibilidades de recursos
- Coordenar esforços para aperfeiçoar o processo de
humanos e financeiros, a fim de assegurar a eficácia das
ensino e de aprendizagem;
soluções propostas;
- Propiciar o estabelecimento de um clima estimulante
- Previsão dos fatores mais significativos que intervêm no
para o desenvolvimento das tarefas educativas.
desenvolvimento do planejamento;
- Continuidade que assegure a ação sistemática para
Requisitos do Planejamento Curricular
alcançar os fins propostos;
O planejamento curricular deve refletir os melhores meios
- Coordenação dos serviços da educação, e destes com os
de cultivar o desenvolvimento da ação escolar, envolvendo,
demais serviços do Estado, em todos os níveis da
sempre, todos os elementos participantes do processo.
administração pública;
Seus elaboradores devem estar alertas paras novas
descobertas e para os novos meios postos ao alcance das

63 PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto UNESCO, Seminário Interamericano sobre planejamento integral na educação.
65

político-pedagógico da escola. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2003. Washington. 1958.


64 COARACY, Joanna. O planejamento como processo. Revista Educação, Ano I, no.

4, Brasília, 1972.

Didática 54
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escolas. Estes devem ser minuciosamente analisados para segurança na consecução dos objetivos previstos, bem como
verificar sua real validade naquele âmbito escolar. Posto isso, na verificação da qualidade do ensino que está sendo
fica evidente a necessidade dos organizadores explorarem, orientado pelo mestre e pela escola.
aceitarem, adaptarem, enriquecerem ou mesmo rejeitarem
tais inovações. Planejamento Escolar
O planejamento curricular é de complexa elaboração.
Requer um contínuo estudo e uma constante investigação da O Planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui
realidade imediata e dos avanços técnicos, principalmente na tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua
área educacional. Constitui, por suas características, base vital organização e coordenação em face dos objetivos propostos,
do trabalho. A dinamização e integração da escola como uma quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de
célula viva da sociedade, que palmilha determinados caminhos ensino. É um processo de racionalização, organização e
conforme a linha filosófica adotada, é o pressuposto inerente a coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar
sua estruturação. e a problemática do contexto social.
O planejamento curricular constitui, portanto, uma tarefa
contínua a nível de escola, em função das crescentes exigências Planejamento global da escola é o nível do planejamento
de nosso tempo e dos processos que tentam acelerar a que corresponde às decisões sobre a organização,
aprendizagem. Será sempre um desafio a todos aqueles funcionamento e proposta pedagógica da escola. É o que o que
envolvidos no processo educacional, para busca dos meios mais requer a participação conjunta da comunidade.
mais adequados à obtenção de maiores resultados.
O Planejamento da escola, enquanto outro nível do
Planejamento de Ensino planejamento na educação escolar é o que chamamos de
“Projeto Educativo” - sendo o plano global da instituição.
Planejamento de ensino é o processo que envolve a Compõem-se de Marco Referencial, Diagnóstico e
atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho programação. Envolve as dimensões pedagógicas,
pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações o administrativas e comunitárias da escola.
tempo todo. Envolve permanentemente as interações entre os
educadores e entre os próprios educandos. O Planejamento anual da escola consiste em elaborar a
estratégia de ação para o prazo de um ano - conforme a
Objetivos do Planejamento de Ensino realidade específica de cada escola - tomando decisões sobre o
- Racionalizar as atividades educativas; que, para que, como e com o que se vai fazer o trabalho na
- Assegurar um ensino efetivo e econômico; escola o período proposto levando em conta as linhas tiradas
- Conduzir os alunos ao alcance dos objetivos; no plano global.
- Verificar a marcha do processo educativo.
Planejamento Participativo
Requisitos do Planejamento do Ensino
Por maior complexidade que envolva a organização da O Planejamento Participativo se constitui num processo
escola, é indispensável ter sempre bem presente que a político onde há um propósito contínuo e coletivo onde se tem
interação professor-aluno é o suporte estrutural, cuja a oportunidade de discutir a construção do futuro da
dinâmica concretiza ao fenômeno educativo. Portanto, o comunidade, na qual participe o maior número possível de
planejamento de ensino deve ser alicerçado neste pressuposto membros de todas as categorias que a constituem. Mais do que
básico. um significado técnico, o planejamento participativo é um
O professor, ao planejar o trabalho, deve estar processo político vinculado à decisão da maioria que será em
familiarizado com o que pode pôr em prática, de maneira que benefício da maioria.
possa selecionar o que é melhor, adaptando tudo isso às Genericamente o planejamento participativo constitui-se
necessidades e interesses de seus alunos. Na maioria das em uma estratégia de trabalho que se caracteriza pela
situações, o professor dependerá de seus próprios recursos integração de todos os setores da atividade humana social,
para elaborar seus planos de trabalho. Por isso, deverá estar dentro de um processo global para solucionar problemas
bem informado dos requisitos técnicos para que possa comuns.
planejar, independentemente, sem dificuldades.
Ainda temos a considerar que as condições de trabalho Planejamento de Aulas
diferem de escola para escola, tendo sempre que adaptar seus
projetos às circunstâncias e exigências do meio. Considerando O Planejamento de aula é a tomada de decisões referentes
que o ensino é o guia das situações de aprendizagem e que ao trabalho específico da sala de aula:
ajuda os estudantes a alcançarem os resultados desejados, a - Temas
ação de planejá-lo é predominantemente importante para - Conteúdos
incrementar a eficiência da ação a ser desencadeada no âmbito - Metodologia
escolar. - Recursos didáticos
O professor, durante o período (ano ou semestre) letivo, - Avaliação.
pode organizar três tipos de planos de ensino. Por ordem de Antes, porém de se planejar a aula propriamente dita deve
abrangência: ser executado um planejamento de curso para o ano todo. E
- Plano de Curso - delinear, globalmente, toda a ação a ser este deve ser subdividido em semestre para que possa ser
empreendida; visualizado com mais clareza e objetividade.
- Plano de Unidade - disciplinar partes da ação pretendida Dentro destes Planos anuais podem ser inseridas as
no plano global; unidades temáticas, temas transversais que ocorrerão com o
- Plano de Aula - especificar as realizações diárias para a desenvolvimento do Plano bimestral ou trimestral. Estes são
concretização dos planos anteriores. os marcos para que o professor e toda a equipe da escola não
Pelo significativo apoio que o planejamento empresta à se percam dentro de conteúdos extensos e, deixem de
atividade do professor e alunos, é considerado etapa ministrar em cada momento a essência, o significativo para
obrigatória de todo o trabalho docente. O planejamento tende que o aluno possa prosseguir seu conhecimento e transformá-
a prevenir as vacilações do professor, oferecendo maior lo em aprendizagem.

Didática 55
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O centro do processo educativo não deve ser o conteúdo Tanto que, a partir desta dupla base de Medellín, e pensando
preestabelecido como se tem feito nas escolas ainda hoje. no que lhe é mais característico, a metodologia, pode-se definir
Qualquer professor estaria de acordo em dizer que o centro do a educação libertadora assim: um grupo (sujeitos em
processo não é o conteúdo, mas em sua prática, a grande interação) na dinâmica de ação-reflexão, buscando a verdade
maioria faz dele todo o processo. Muitas vezes, isso acontece e tendendo ao crescimento pessoal e à transformação social.
até contra a sua vontade. É que há uma cultura dentro da
escola, junto com os pais dos alunos e em todo senso comum Projetos Educativos
social, de que se vai para a Escola para memorizar alguma
informação, normalmente até consideradas inúteis até pelas É o primeiro grande instrumento de planejamento da ação
mesmas pessoas que as exigem. educativa da escola, devendo por isso, servir
O centro do processo educativo também não pode ser o permanentemente de ponto de referência e orientação na
aluno. Este desastre é tão conservador como centrar o atuação de todos os elementos da Comunidade Educativa em
trabalho no conteúdo. E que quando centramos o processo que a escola se insere, em prol da formação de pessoas e
educativo somente no aluno convertemos todo o processo em cidadãos cada vez mais cultos, autônomos, responsáveis,
um egoísmo e em um individualismo onde uns dominam os solidários e democraticamente comprometidos na construção
outros. de um destino comum e de uma sociedade melhor.
Um Projeto Educativo é, segundo a definição de Costa67, um
Planejamento e Educação Libertadora66 “documento de caráter pedagógico que, elaborado com a
participação da comunidade educativa, estabelece a
No planejamento, é fundamental a ideia de transformação identidade da própria escola através da adequação do quadro
da realidade. Isto quer dizer que uma instituição (um grupo) legal em vigor à sua situação concreta, apresenta o modelo
se transforma a si mesma tendo em vista influir na geral de organização e os objetivos pretendidos pela
transformação da realidade global. instituição e, enquanto instrumento de gestão, é ponto de
Quer dizer, também, que fez sentido falar em referência orientador na coerência da ação educativa”.
planejamento, acima e além da administração, como uma Isto é, um Projeto Educativo é um documento de
tarefa política, no sentido de participar na organização na orientação pedagógica que, não podendo contrariar a
mudança das estruturas sociais existentes. Quer dizer, legislação vigente, explicita os princípios, os valores, as metas
finalmente, que planejar não é preencher quadrinhos para dar as estratégias através das quais a escola propõe realizar a sua
status de organização séria a um setor qualquer da atividade função educativa.
humana. Barbier68 distingue dois tipos de projeto - o projeto de
Isso nos traz à educação libertadora como proposta situação (“representações relativas ao estado final do objeto,
educacional apta a inspirar um processo de planejamento. da identidade, da situação que se procura transformar ou
Porque a educação libertadora é uma proposta de mudança. modificar”) e o projeto do processo (“representações relativas
Essa educação libertadora Gandin fala que tem sua base na II ao processo que permite chegar a este estado final”).
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (Medellín,
Colômbia, 1968). O projeto é, por um lado, uma “antecipação” relativa a um
estado, uma “representação antecipadora do estado final de
Referindo-se a educação: uma realidade”, uma previsão ou prospectiva, um objetivo ou
- “A que converte o educando em sujeito do seu próprio fim a atingir, uma pequena utopia.
desenvolvimento”;
- “O meio-chave para libertar os povos de toda a escravidão Seu conteúdo não é um acontecimento ou objeto
e para fazê-los ascender de condições de vida menos humanas pertencente ao ambiente atual ou passado, mas um fato
a condições mais humanas”. possível, uma imagem ou representação de uma possibilidade,
Há nisto uma dimensão pessoal e uma proposta social uma ideia a se transformar em ato, um futuro a se “fazer”, uma
global bem claras, no texto apresentadas de forma não possibilidade a se transformar em realidade. Sua relação é com
separada, mas como um posicionamento apenas. um “tempo a vir”, “um futuro de que constitui uma
Sem entrar na discussão se o termo “meio-chave” é antecipação, uma visão prévia” segundo Barbier69.
exagerado e aceitando que a educação, mesmo a escolar, tem Por outro lado, a função do projeto não se reduz a simples
uma dimensão política realizável, pode-se ver que esta dupla representação do futuro. Barbier70 atribui-lhe ainda um duplo
proposta leva em conta os dois grandes problemas da América efeito - o operatório ou pragmático e o mobilizador da
Latina de então, que perduram ainda hoje: a organização atividade dos atores implicados.
injusta da sociedade e a falta quase total do remédio para isso, No entendimento de Boutinet71, o projeto implica um
a participação. comprometimento com o futuro. A construção de um projeto
Ao propor que o educando seja sujeito de seu já implica na vontade de fazê-lo acontecer. Daí, seu valor
desenvolvimento, está propondo a existência do grupo, da pragmático. O projeto não age, pois, dizer não equivale
participação e, como consequência, a conscientização que gera automaticamente a fazer, mas “dizer prepara o fazer”.
a transformação. Basicamente está dando ao pedagógico a O projeto expressa a representação da realização da ação,
força que ele realmente pode assumir como contribuinte de ou seja, a imagem do resultado da ação. “No caso de uma ação
uma transformação social ampla em proveito do homem todo coletiva[...], escreve Barbier72, é o projeto que fornece a
e de todos os homens. representação comum que permite a realização coordenada
A partir daí, a aproximação entre educação libertadora e das operações de execução”. Na sua função mobilizadora, o
planejamento educacional sublinha as mesmas ideias básicas, projeto apresenta, no plano afetivo, efeitos dinamizadores da
de grupo, de participação, de transformação da realidade. atividade dos atores implicados.

66 GANDIN, Danilo. Planejamento. Como Prática Educativa. São Paulo: Edições 69 Idem 16.
Loyola, 2013. 70 Idem 16.
67 COSTA, Adelino Jorge: "Construção de projetos educativos nas escolas: traços de 71 BOUTINET, J. P.. Le concept de projet e ses niveaux. Éducation Permanente, nº
um percurso debilmente articulado." - Revista Portuguesa de Educação, Volume 86. 1986.
17, nº 2. 2004. 72 BARBIER, J.-M. Elaboração de projectos de acção e planificação. Porto: Porto
68 BARBIER, J.-M. Elaboração de projectos de acção e planificação. Porto: Porto Editora.1993.
Editora.1993.

Didática 56
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APOSTILAS OPÇÃO

Nossas imagens ou representações constituem um Neste sentido, o projeto educativo deve ser coletivo, mas
elemento dinamizador da mudança e, portanto, um fator de favorecendo a interação; autônomo mas não independente.
concretização do projeto. Uma tal concepção exige do projeto educativo:
- Explicitação de valores comuns;
Para Vidal, Cárave e Florencio73, o projeto educativo é: - Coerência de atividades;
- Um meio de adequação das intenções educativas da - Busca coletiva de recursos e meios para melhorar o
sociedade às características concretas de uma escola; ensino;
- Elemento orientador do conjunto de atividades - Definição de ação;
educativas de uma escola; - Definição de um sentido para uma ação comum;
- Instrumento integrador das atividades educativas de uma - Gestão participativa;
escola; - Avaliação permanente, participada e interativa;
- Garantia de coerência e de continuidade nas diferentes - Implicação do conjunto dos atores;
atuações dos membros de uma comunidade escolar; - Apropriação de saberes e instrumentos de ação por parte
- Critério para avaliar e homologar os processos; dos implicados.
- Documento dinâmico para definir as estruturas e Sobre o que não deve ser e o que deve ser o projeto
estratégias organizacionais da escola; educativo de escola, Vidal, Cárave e Florencio elaboraram um
- Ponto de referência para a solução dos conflitos de quadro-síntese que ajuda a clarificar seu entendimento
convivência. adequado.

O projeto educativo traduz o engajamento da instituição Não deve ser Deve ser
escolar, suas prioridades, seus princípios. Ele define o sentido Uma exposição clara, concisa e
Uma enumeração detalhada
de suas ações e fixa as orientações e os meios para colocá-las breve das intenções educativas,
dos elementos que compõem
estruturas, regulamentos e
em prática. É formulado por um documento escrito que um centro: planos,
organização curricular de uma
estabelece a identidade da escola (diz o que ela é), apresenta descrições, professores, etc.
comunidade escolar.
seus propósitos gerais (diz o que ela quer) e descreve seu Uma adequação daqueles
modelo geral de organização (diz como ela se organiza). Um manual de psicologia, princípios e estruturas
Concebido como um projeto de longo prazo, ele visa pedagogia, sociologia, de educativas que se consideram
favorecer a continuidade e a coerência da ação da escola. organização escolar, etc. adequados para uma
Embora não seja um documento inalterável, não deverá estar comunidade.
sujeito a profundas e constantes alterações anuais. De modo Um documento destinado ao Um documento orientador e guia
exercício burocrático da de todas as atividades
geral, “a sua duração dependerá fundamentalmente da
educação. educativas.
permanência em cada instituição das pessoas que o Um projeto dinâmico e
elaboraram e da estabilidade das suas convicções”, segundo Um produto fechado,
modificável em função da prática
Costa74.. acabado e inalterável.
educativa.
Para Vidal, Cárave e Florencio75 e para Carvalho e Diogo76, o Um “empenho” pessoal de
Uma criação coletiva do conjunto
projeto educativo de escola é um documento de planificação algum membro do corpo
de membros da comunidade
da ação educativa, de amplitude integral, de duração de longo docente ou da Associação de
educativa do centro.
prazo e de natureza geral e estratégica. Assim, é mais amplo e Pais de Alunos.
Uma complicação a mais para Um facilitador do trabalho
abrangente do que o projeto pedagógico e o plano de Unidade
o trabalho docente. docente.
Didática que são meios em relação ao projeto educativo e têm Uma fórmula paradigmática
como objeto converter as finalidades deste em ações, pois são Um conjunto articulado de
que resolve todos os
documentos de planificação operatória. princípios, orientações e
problemas do centro. Um
sistemas que servem de marco às
O projeto educativo distingue-se também de outras regulamento de
atividades educativas.
planificações escolares, como o Plano Trienal escolar, o Plano funcionamento.
anual de Escola, o Projeto curricular de turma e o Regimento Um “panfleto” que diz coisas Um projeto equilibrado, produto
interno da Escola, que estão destinados a concretizá-lo muito “atrevidas” sobre a das intenções de toda a
educação. comunidade educativa.
relativamente a aspectos mais operacionais e, portanto, têm
Um projeto resultante da tensão
um caráter tático, e instrumental. Um documento que só
entre o estabelecido (imposto), a
O projeto educativo é elaborado por toda a comunidade expressa o que se quer que se
prática implícita (ritual) e o
escolar. O projeto educativo da escola é um conjunto de opções conheça.
intencional.
ideológicas, políticas, antropológicas, axiológicas e
pedagógicas resultantes da tensão entre o estabelecido ou Em suma, concebendo-se como uma adaptação do “projeto
imposto pelo Estado (projeto vertical), a prática implícita educacional” do país (leis e diretrizes curriculares) ao nível
interna à escola (projeto ritual) e a postura utópica ou específico local, como uma programação geral da escola e
intencional da comunidade escolar (projeto intencional). como um instrumento de autonomia didático-pedagógica e
organizativa da escola, o projeto educativo da escola se
Dimensões do projeto educativo, citadas por Carvalho e caracteriza por quatro categorias metodológicas (Baldacci78):
Diogo77: - A intencionalidade;
O projeto deve servir a incerteza, ter em conta o - A contextualização;
indeterminado, ser capaz de infletir de direção como resultado - A metodicidade; e
de uma avaliação permanente, incorporar o conflito, mas, - A flexibilidade.
sobretudo, devolver a cada indivíduo o seu espaço de
criatividade e ação de modo a que ele sinta reconhecida a sua Pela intencionalidade, o projeto educativo estabelece
atividade, compreenda as suas ações e as possa inscrever num direção e metas precisas e explícitas, evitando a ação educativa
todo significativo. casual e extemporânea.

73 VIDAL, J. G., CÁRAVE, G. e FLORENCIO, M. A. Madrid: Editorial EOS. 1992. 76 CARVALHO, A. E DIOGO, F. Projecto educativo. Porto: Edições Afrontamento.
74 COSTA, J. A. Gestão escolar: Participação, autonomia, projecto educativo da 1994.
escola. Lisboa: Texto Editora. 1992. 77 Idem 24.
75 VIDAL, J. G., CÁRAVE, G. e FLORENCIO, M. A. Madrid: Editorial EOS. 1992. 78 BALDACCI, M. La scuola dell´autonomia: Il Progetto educativo d´Istituto. Bari:

Maria Adda Edittore. 1996.

Didática 57
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APOSTILAS OPÇÃO

A contextualização representa a adaptação do projeto (A) planejamento escolar; planejamento educacional;


educacional do país à realidade sociocultural concreta de uma planejamento de ensino; planejamento curricular;
escola. A intencionalidade passa a ser “historicizada”, ou seja, (B) planejamento curricular; planejamento educacional;
contextualizada num ambiente de referência específico, o que planejamento escolar; planejamento de ensino;
permite a passagem de um projeto abstrato para um projeto (C) planejamento de ensino; planejamento curricular;
concreto. planejamento escolar; planejamento educacional;
A metodicidade valoriza o princípio de sistematicidade e (D) planejamento de ensino; planejamento educacional;
organicidade no processo didático, mesmo reconhecendo as planejamento curricular planejamento escolar;
diferenças de estilo de aprender e ensinar de alunos e (E) planejamento educacional; planejamento escolar;
professores, respectivamente. planejamento curricular; planejamento de ensino.
Finalmente, a flexibilidade assegura que o projeto
educativo seja tratado como uma mera hipótese de trabalho e 05. (SEDF - Professor de Educação Básica -
por isso está sujeito a retificações e revisões ao longo de sua Quadrix/2017) Quanto ao planejamento e à organização do
implementação. trabalho pedagógico, julgue o item subsecutivo.
No processo de planejamento e organização do trabalho
PPP - Projeto Político Pedagógico pedagógico, as ações estão circunstanciadas no âmbito dos
vários elementos que compõem o universo escolar, devendo
O PPP nasce da necessidade de organização do trabalho ser dada importância máxima àquelas circunscritas à prática
pedagógico para os alunos, a escola é o lugar de concepção, pedagógica do professor e à sua formação.
realização e avaliação dessa ação. Será um elo entre a escola e ( ) Certo ( ) Errado
a comunidade escolar, bem como com o sistema de ensino que
a compõe. Essa construção faz emergir a necessidade de Gabarito
responsabilização de diversos atores na prática social.
É projeto porque significa lançar para diante. “Todo 01.Certo / 02.Errado / 03.Errado / 04.E / 05.Errado
projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o
futuro” (Gadotti). PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
É político, pois “a dimensão política se cumpre na medida
em que ela se realiza enquanto prática especificamente Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
pedagógica" (Saviani). Educação Nacional (LDB), em 1996, toda escola precisa ter um
É pedagógico porque traz a possibilidade de efetivação da projeto político-pedagógico (o PPP, ou simplesmente Projeto
intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão Pedagógico).
participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim
A partir de ações educativas. (Ilma Veiga) projectu, particípio passado do verbo projicere, que significa
lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa,
Questões empreendimento. Redação provisória de lei. Plano geral de
edificação.
01. (ANAC - Analista Administrativo - CESPE) No tocante Segundo Veiga79, ao construirmos os projetos de nossas
a conceitos e dimensões de planejamento, objetivos de ensino escolas, planejamos o que temos intenção de fazer, de realizar.
e avaliação no processo educativo, julgue o item subsecutivo. Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o
O planejamento educacional tem como pressuposto a possível. É antever um futuro diferente do presente.
análise da eficiência do sistema educacional e tem como
requisito a continuidade da ação sistemática para alcançar os Nas palavras de Gadotti80:
fins propostos. Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas
( ) Certo ( ) Errado para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado
confortável para arriscar-se, atravessar um período de
02. (SEDF - Professor de Educação Básica - instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da
CESPE/2017) Com relação a planejamento pedagógico, promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o
transdisciplinaridade, avaliação e projeto político-pedagógico, presente. Um projeto educativo pode ser tomado com a
julgue o item que se segue. promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam
Os elementos constituintes, os objetivos e os conteúdos de visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores
um planejamento devem, obrigatoriamente, estar interligados, e autores.
mas as estratégias, não, pois estas são flexíveis.
( ) Certo ( ) Errado Nessa perspectiva, o Projeto Político Pedagógico vai além
de um simples agrupamento de planos de ensino e de
03. (SEDF - Professor de Educação Básica - atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em
CESPE/2017) Com relação a planejamento pedagógico, seguida arquivado ou encaminhado às autoridades
transdisciplinaridade, avaliação e projeto político-pedagógico, educacionais como prova do cumprimento de tarefas
julgue o item que se segue. burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os
Os únicos níveis de organização da prática educativa que momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo
influenciam no planejamento docente são o planejamento do da escola.
professor e o planejamento escolar, que devem ser articulados. O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação
( ) Certo ( ) Errado intencional, com um sentido explícito, com um compromisso
definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da
04. (IFB - Professor Pedagogia - IFB/2017) Em relação escola é, também, um projeto político por estar intimamente
aos aspectos do planejamento, assinale a opção que contenha articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses
a CORRETA sequência hierárquica do mais amplo ao mais reais e coletivos da população majoritária. É político no
restrito, em relação ao planejamento:

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola:


79 80GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da
uma construção possível. 14ª edição Papirus, 2002. Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 1994.

Didática 58
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APOSTILAS OPÇÃO

sentido de compromisso com a formação do cidadão para um assumidas coletivamente. Mais do que isso, afirma Freitas81
tipo de sociedade. que:

“A dimensão política se cumpre na medida em que ela se As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de luta,
realiza enquanto prática especificamente pedagógica”. de correlações de força - às vezes favoráveis, às vezes
desfavoráveis. Terão que nascer no próprio “chão da escola”,
Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da com apoio dos professores e pesquisadores. Não poderão ser
efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do inventadas por alguém, longe da escola e da luta da escola.
cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e
criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas Se a escola nutre-se da vivência cotidiana de cada um de
e as características necessárias às escolas de cumprirem seus seus membros, coparticipantes de sua organização do trabalho
propósitos e sua intencionalidade. pedagógico à administração central, seja o Ministério da
Político e pedagógico têm assim uma significação Educação, a Secretaria de Educação Estadual ou Municipal, não
indissociável. Neste sentido é que se deve considerar o projeto compete a eles definir um modelo pronto e acabado, mas sim
político-pedagógico como um processo permanente de estimular inovações e coordenar as ações pedagógicas
reflexão e discussão dos problemas da escola, na busca de planejadas e organizadas pela própria escola.
alternativas viáveis a efetivação de sua intencionalidade, que Em outras palavras, as escolas necessitam receber
“não é descritiva ou constatativa, mas é constitutiva”. assistência técnica e financeira decidida em conjunto com as
Por outro lado, propicia a vivência democrática necessária instâncias superiores do sistema de ensino.
para a participação de todos os membros da comunidade Isso pode exigir, também, mudanças na própria lógica de
escolar e o exercício da cidadania. Pode parecer complicado, organização das instâncias superiores, implicando uma
mas trata-se de uma relação recíproca entre a dimensão mudança substancial na sua prática. Para que a construção do
política e a dimensão pedagógica da escola. projeto político-pedagógico seja possível não é necessário
convencer os professores, a equipe escolar e os funcionários a
O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em trabalhar mais, ou mobilizá-los de forma espontânea, mas
processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar propiciar situações que lhes permitam aprender a pensar e a
uma forma de organização do trabalho pedagógico que realizar o fazer pedagógico de forma coerente.
supere os conflitos, buscando eliminar as relações A escola não tem mais possibilidade de ser dirigida de cima
competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a para baixo e na ótica do poder centralizador que dita as
rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia normas e exerce o controle técnico burocrático. A luta da
que permeia as relações no interior da escola, diminuindo escola é para a descentralização em busca de sua autonomia e
os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que reforça qualidade.
as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão. O projeto político-pedagógico não visa simplesmente a um
rearranjo formal da escola, mas a uma qualidade em todo o
Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a processo vivido. Vale acrescentar, ainda, que a organização do
organização do trabalho pedagógico em dois níveis: como trabalho pedagógico da escola tem a ver com a organização da
organização da escola num todo e como organização da sociedade. A escola nessa perspectiva é vista como uma
sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social instituição social, inserida na sociedade capitalista, que reflete
imediato, procurando preservar a visão de totalidade. no seu interior as determinações e contradições dessa
Nesta caminhada será importante ressaltar que o projeto sociedade.
político-pedagógico busca a organização do trabalho Está hoje inserido num cenário marcado pela diversidade.
pedagógico da escola na sua globalidade. Cada escola é resultado de um processo de desenvolvimento
A principal possibilidade de construção do projeto de suas próprias contradições. Não existem duas escolas
político-pedagógico passa pela relativa autonomia da escola, iguais. Diante disso, desaparece aquela arrogante pretensão de
de sua capacidade de delinear sua própria identidade. Isto saber de antemão quais serão os resultados do projeto. A
significa resgatar a escola como espaço público, lugar de arrogância do dono da verdade dá lugar à criatividade e ao
debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva. diálogo. A pluralidade de projetos pedagógicos faz parte da
Portanto, é preciso entender que o projeto político- história da educação da nossa época. Por isso, não deve existir
pedagógico da escola dará indicações necessárias à um padrão único que oriente a escolha do projeto das escolas.
organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do Não se entende, portanto, uma escola sem autonomia para
professor na dinâmica interna da sala de aula. estabelecer o seu projeto e autonomia para executá-lo e avaliá-
Buscar uma nova organização para a escola constitui uma lo. A autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte
ousadia para os educadores, pais, alunos e funcionários. E para da própria natureza do ato pedagógico. A gestão democrática
enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um referencial da escola é, portanto uma exigência de seu projeto político-
que fundamente a construção do projeto político-pedagógico. pedagógico.
A questão é, pois, saber a qual referencial temos que Ela exige, em primeiro lugar, uma mudança de
recorrer para a compreensão de nossa prática pedagógica. mentalidade de todos os membros da comunidade escolar.
Nesse sentido, temos que nos alicerçar nos pressupostos de Mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de
uma teoria pedagógica crítica viável, que parta da prática que a escola pública é apenas um aparelho burocrático do
social e esteja compromissada em solucionar os problemas da Estado e não uma conquista da comunidade.
educação e do ensino de nossa escola.
Uma teoria que subsidie o projeto político-pedagógico e, A gestão democrática da escola implica que a
por sua vez, a prática pedagógica que ali se processa deve estar comunidade, os usuários da escola, sejam os seus dirigentes e
ligada aos interesses da maioria da população. Faz-se gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros
necessário, também, o domínio das bases teórico- receptores dos serviços educacionais. Os pais, alunos,
metodológicas indispensáveis à concretização das concepções professores e funcionários assumem sua parte na
responsabilidade pelo projeto da escola.

81FREITAS Luiz Carlos. "Organização do trabalho pedagógico". Palestra


proferida no 11 Seminário Internacional de Alfabetização e Educação. Novo
Hamburgo, agosto de 1991.

Didática 59
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APOSTILAS OPÇÃO

Há pelo menos duas razões, que justificam a implantação Processos e Princípios de Construção
de um processo de gestão democrática na escola pública:
1º: a escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9394/96, no
deve dar o exemplo. artigo 12, define claramente a incumbência da escola de
2º: porque a gestão democrática pode melhorar o que é elaborar o seu projeto pedagógico.
específico da escola, isto é, o seu ensino. Além disso, explicita uma compreensão de escola para
além da sala de aula e dos muros da escola, no sentido desta
A participação na gestão da escola proporcionará um estar inserida em um contexto social e que procure atender às
melhor conhecimento do funcionamento da escola e de todos exigências não só dos alunos, mas de toda a sociedade.
os seus atores. Proporcionará um contato permanente entre Ainda coloca, nos artigos 13 e 14, como tarefa de
professores e alunos, o que leva ao conhecimento mútuo e, em professores, supervisores e orientadores a responsabilidade
consequência, aproximará também as necessidades dos de participar da elaboração desse projeto.
alunos dos conteúdos ensinados pelos professores. A construção do projeto político-pedagógico numa
O aluno aprende apenas quando ele se torna sujeito da sua perspectiva emancipatória se constitui num processo de
própria aprendizagem. E para ele tornar-se sujeito da sua vivência democrática à medida que todos os segmentos que
aprendizagem ele precisa participar das decisões que dizem compõem a comunidade escolar e acadêmica dele devam
respeito ao projeto da escola que faz parte também do projeto participar, comprometidos com a integridade do seu
de sua vida. planejamento, de modo que todos assumem o compromisso
com a totalidade do trabalho educativo.
A autonomia e a participação - pressupostos do projeto Segundo Veiga82, a abordagem do projeto político-
político-pedagógico da escola, não se limitam à mera pedagógico, como organização do trabalho da escola como um
declaração de princípios consignados em alguns documentos. todo, está fundada nos princípios que deverão nortear a escola
Sua presença precisa ser sentida no conselho de escola ou democrática, pública e gratuita:
colegiado, mas também na escolha do livro didático, no
planejamento do ensino, na organização de eventos culturais, Igualdade: de condições para acesso e permanência na
de atividades cívicas, esportivas, recreativas. Não basta apenas escola. Saviani83 alerta-nos para o fato de que há uma
assistir reuniões. desigualdade no ponto de partida, mas a igualdade no ponto
A gestão democrática deve estar impregnada por certa de chegada deve ser garantida pela mediação da escola. O
atmosfera que se respira na escola, na circulação das autor destaca: Portanto, só é possível considerar o processo
informações, na divisão do trabalho, no estabelecimento do educativo em seu conjunto sob a condição de se distinguir a
calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo de democracia com a possibilidade no ponto de partida e
elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas democracia como realidade no ponto de chegada. Igualdade de
disciplinas, na formação de grupos de trabalho, na capacitação oportunidades requer, portanto, mais que a expansão
dos recursos humanos, etc. quantitativa de ofertas; requer ampliação do atendimento com
simultânea manutenção de qualidade.
Então não se esqueça:
1- O projeto político pedagógico da escola pode ser Qualidade: que não pode ser privilégio de minorias
entendido como um processo de mudança e definição de um econômicas e sociais. O desafio que se coloca ao projeto
rumo, que estabelece princípios, diretrizes e propostas de ação político-pedagógico da escola é o de propiciar uma qualidade
para melhor organizar, sistematizar e significar as atividades para todos. A qualidade que se busca implica duas dimensões
desenvolvidas pela escola como um todo. Sua dimensão indissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não está
política pedagógica pressupõe uma construção participativa subordinada a outra; cada uma delas tem perspectivas
que envolve ativamente os diversos segmentos escolares e a próprias.
própria comunidade onde a escola se insere.
2- Quando a atuação ocorre em um planejamento Formal ou Técnica - enfatiza os instrumentos e os
participativo, as pessoas ressignificam suas experiências, métodos, a técnica. A qualidade formal não está afeita,
refletem suas práticas, resgatam, reafirmam e atualizam necessariamente, a conteúdos determinados. Demo84 afirma
valores. Explicitam seus sonhos e utopias, demonstram seus que a qualidade formal: “(...) significa a habilidade de manejar
saberes, suas visões de mundo, de educação e o conhecimento, meios, instrumentos, formas, técnicas, procedimentos diante dos
dão sentido aos seus projetos individuais e coletivos, desafios do desenvolvimento”.
reafirmam suas identidades estabelecem novas relações de
convivência e indicam um horizonte de novos caminhos, Política - a qualidade política é condição imprescindível da
possibilidades e propostas de ação. Este movimento visa participação. Está voltada para os fins, valores e conteúdos.
promover a transformação necessária e desejada pelo coletivo Quer dizer “a competência humana do sujeito em termos de se
escolar e comunitário e a assunção de uma intencionalidade fazer e de fazer história, diante dos fins históricos da sociedade
política na organização do trabalho pedagógico escolar. humana”.
3- Para que o projeto seja impregnado por uma Nesta perspectiva, o autor chama atenção para o fato de
intencionalidade significadora, é necessário que as partes que a qualidade centra-se no desafio de manejar os
envolvidas na prática educativa de uma escola estejam instrumentos adequados para fazer a história humana. A
profundamente integradas na constituição e que haja vivencia qualidade formal está relacionada com a qualidade política e
dessa intencionalidade. A comunidade escolar então tem que esta depende da competência dos meios.
estar envolvida na construção e explicitação dessa mesma A escola de qualidade tem obrigação de evitar de todas as
intencionalidade. maneiras possíveis a repetência e a evasão. Tem que garantir
a meta qualitativa do desempenho satisfatório de todos.
Qualidade para todos, portanto, vai além da meta quantitativa
de acesso global, no sentido de que as crianças, em idade
escolar, entrem na escola. É preciso garantir a permanência

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola:


82 83 SAVIANI, Dermeval. "Para além da curvatura da 'vara". In: Revista Ande no 3.
uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002. São Paulo, 1982.
84 DEMO Pedro. Educação e qualidade. Campinas, Papirus,1994.

Didática 60
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APOSTILAS OPÇÃO

dos que nela ingressarem. Em síntese, qualidade “implica A liberdade deve ser considerada, também, como
consciência crítica e capacidade de ação, saber e mudar”. liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a arte e
O projeto político-pedagógico, ao mesmo tempo em que o saber direcionados para uma intencionalidade definida
exige dos educadores, funcionários, alunos e pais a definição coletivamente.
clara do tipo de escola que intentam, requer a definição de fins.
Assim, todos deverão definir o tipo de sociedade e o tipo de Valorização do magistério: é um princípio central na
cidadão que pretendem formar. As ações especificas para a discussão do projeto político-pedagógico. A qualidade do
obtenção desses fins são meios. Essa distinção clara entre fins ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar
e meios é essencial para a construção do projeto político- cidadãos capazes de participar da vida socioeconômica,
pedagógico. política e cultural do país relacionam-se estreitamente a
formação (inicial e continuada), condições de trabalho
Gestão Democrática: é um princípio consagrado pela (recursos didáticos, recursos físicos e materiais, dedicação
Constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica, integral à escola, redução do número de alunos na sala de aula
administrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histórica etc.), remuneração, elementos esses indispensáveis à
na prática administrativa da escola, com o enfrentamento das profissionalização do magistério.
questões de exclusão e reprovação e da não permanência do O reforço à valorização dos profissionais da educação,
aluno na sala de aula, o que vem provocando a marginalização garantindo-lhes o direito ao aperfeiçoamento profissional
das classes populares. Esse compromisso implica a construção permanente, significa “valorizar a experiência e o
coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à educação conhecimento que os professores têm a partir de sua prática
das classes populares. pedagógica”.
A gestão democrática exige a compreensão em
profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica. A formação continuada é um direito de todos os
Ela visa romper com a separação entre concepção e execução, profissionais que trabalham na escola, uma vez que não só ela
entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Busca resgatar possibilita a progressão funcional baseada na titulação, na
o controle do processo e do produto do trabalho pelos qualificação e na competência dos profissionais, mas também
educadores. propicia, fundamentalmente, o desenvolvimento profissional
Implica principalmente o repensar da estrutura de poder dos professores articulado com as escolas e seus projetos.
da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do A formação continuada deve estar centrada na escola
poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o e fazer parte do projeto político-pedagógico.
individualismo; da reciprocidade, que elimina a exploração; da Assim, compete à escola:
solidariedade, que supera a opressão; da autonomia, que anula - proceder ao levantamento de necessidades de formação
a dependência de órgãos intermediários que elaboram continuada de seus profissionais;
políticas educacionais das quais a escola é mera executora. - elaborar seu programa de formação, contando com a
A busca da gestão democrática inclui, necessariamente, a participação e o apoio dos órgãos centrais, no sentido de
ampla participação dos representantes dos diferentes fortalecer seu papel na concepção, na execução e na avaliação
segmentos da escola nas decisões/ações administrativo- do referido programa.
pedagógicas ali desenvolvidas. Nas palavras de Marques85: A Daí, passarem a fazer parte dos programas de formação
participação ampla assegura a transparência das decisões, continuada, questões como cidadania, gestão democrática,
fortalece as pressões para que sejam elas legítimas, garante o avaliação, metodologia de pesquisa e ensino, novas
controle sobre os acordos estabelecidos e, sobretudo, tecnologias de ensino, entre outras.
contribui para que sejam contempladas questões que de outra Inicialmente, convém alertar para o fato de que
forma não entrariam em cogitação. essa tomada de consciência, dos princípios do projeto político-
Neste sentido, fica claro entender que a gestão pedagógico, não pode ter o sentido espontaneísta de se cruzar
democrática, no interior da escola, não é um princípio fácil de os braços diante da atual organização da escola, que inibe a
ser consolidado, pois trata-se da participação crítica na participação de educadores, funcionários e alunos no processo
construção do projeto político-pedagógico e na sua gestão. de gestão.
É preciso ter consciência de que a dominação no interior
Liberdade: o princípio da liberdade está sempre associado da escola efetiva-se por meio das relações de poder que se
à ideia de autonomia. O que é necessário, portanto, como ponto expressam nas práticas autoritárias e conservadoras dos
de partida, é o resgate do sentido dos conceitos de autonomia diferentes profissionais, distribuídos hierarquicamente, bem
e liberdade. A autonomia e a liberdade fazem parte da própria como por meio das formas de controle existentes no interior
natureza do ato pedagógico. O significado de autonomia da organização escolar. Por outro lado, a escola é local de
remete-nos para regras e orientações criadas pelos próprios desenvolvimento da consciência crítica da realidade.
sujeitos da ação educativa, sem imposições externas.
Estratégia de Planejamento
Para Rios86, a escola tem uma autonomia relativa e a
liberdade é algo que se experimenta em situação e esta é Definição de marco/referência: é necessário definir o
uma articulação de limites e possibilidades. Para a autora, a conjunto de ideias, de opções e teorias que orientará a prática
liberdade é uma experiência de educadores e constrói-se na da escola. Para tanto, é preciso analisar em que contexto a
vivência coletiva, interpessoal. Portanto, “somos livres com os escola está inserida. Para assim definir e explicitar com que
outros, não, apesar dos outros”. Se pensamos na liberdade na tipo de sociedade a escola se compromete, que tipo de pessoas
escola, devemos pensá-la na relação entre administradores, ela buscará formar e qual a sua intencionalidade político,
professores, funcionários e alunos que aí assumem sua parte social, cultural e educativa. Esta assunção permite clarear os
de responsabilidade na construção do projeto político- critérios de ação para planejar como se deseja a escola no que
pedagógico e na relação destes com o contexto social mais se refere à dimensão pedagógica, comunitária e
amplo. administrativa.

85MARQUES, Mário Osório. "Projeto pedagógico: A marca da escola". In: Revista 86RIOS, Terezinha. "Significado e pressupostos do projeto pedagógico". In: Série
Educação e Contexto. Projeto pedagógico e identidade da escola no 18. ljuí, Ideias. São Paulo, FDE,1982.
Unijuí, abr./jun. 1990.

Didática 61
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APOSTILAS OPÇÃO

É um momento que requer estudos, reflexões teóricas, diagnóstico da escola e de sua relação com a comunidade
análise do contexto, trabalho individual, em grupo, debates, pode-se definir um plano de ação e as grandes estratégias que
elaboração escrita. Devem ser criadas estratégias para que devem ser perseguidas para atingir a intencionalidade
todos os segmentos envolvidos com a construção do projeto assumida no marco referencial.
político-pedagógico possam refletir, se posicionar acerca do
contexto em que a escola se insere. É necessário partir da Propostas de Ação: este é o momento em que se procura
realidade local, para compreendê-la numa dimensão mais pensar estratégias, linhas de ação, normas, ações concretas
ampla. Então se deve analisar e discutir como vivem as pessoas permanentes e temporárias para responder às necessidades
da comunidade, de onde vieram quais grupos étnicos a apontadas a partir do diagnóstico tendo por referência sempre
compõem, qual o trabalho que realizam como são as relações à intencionalidade assumida. Assim, cada problema
deste trabalho, como é a vida no período da infância, constatado, cada necessidade apontada é preciso definir uma
juventude, idade adulta e a melhor idade (idoso) nesta proposta de ação.
comunidade, quais são as formas de organização desta Esta proposta de ação pode ser pensada a partir de grandes
comunidade, etc. metas. Para cada meta pode-se definir ações permanentes,
A partir da reflexão sobre estes elementos pode-se discutir ações de curto, médio e longo prazo, normas e estratégias para
a relação que eles têm no tempo histórico, no sentido de atingir a meta definida. Além disso, é preciso justificar cada
perceber mudanças ocorridas na forma de vida das pessoas e meta, traçar seus objetivos, sua metodologia, os recursos
da comunidade. Analisar o que tem de comum e tentar fazer necessários, os responsáveis pela execução, o cronograma e
relação com outros espaços, com a sociedade como um todo. como será feita a avaliação.
Discutir como se vê a sociedade brasileira, quais são os valores Com base nesses três momentos que devem estar
que estão presentes, como estes são manifestados, se as dialeticamente articulados elabora-se o projeto político-
pessoas estão satisfeitas com esta sociedade e o seu modo de pedagógico, o qual precisa também de forma coletiva ser
organização. executado, avaliado e (re)planejado.

Para delimitar o marco doutrinal do projeto político- Etapas


pedagógico propõe-se discutir: que tipo de sociedade nós Devemos analisar e compreender a organização do
queremos construir, com que valores, o que significa ser trabalho pedagógico, no sentido de se gestar uma nova
sujeito nesta sociedade, como a escola pode colaborar com organização que reduza os efeitos de sua divisão do trabalho,
a formação deste sujeito durante a sua vida. de sua fragmentação e do controle hierárquico.
Nessa perspectiva, a construção do projeto político-
Para definirmos o marco operativo sugere-se que pedagógico é um instrumento de luta, é uma forma de
analisemos a concepção e os princípios para o papel que a contrapor-se à fragmentação do trabalho pedagógico e sua
escola pode desempenhar na sociedade. rotinização, à dependência e aos efeitos negativos do poder
autoritário e centralizador dos órgãos da administração
Propomos a partir da leitura de textos, da compreensão de central.
cada um, discutir com todos os segmentos como queremos que As etapas de elaboração de um projeto pedagógico podem
seja nossa escola, que tipo de educação precisamos assim ser definidas:
desenvolver para ajudar a construir a sociedade que
idealizamos como entendemos que ser a proposta pedagógica Cronograma de trabalho e definição da divisão de
da escola, como devem ser as relações entre direção, equipe tarefas: definição da periodicidade e das tarefas para a
pedagógica, professores, alunos, pais, comunidade, como a elaboração do projeto pedagógico. Definir um prazo faz com
escola pode envolver a comunidade e se fazer presente nela, que haja organização e compromisso com o trabalho de
analisando qual a importância desta relação para os sujeitos elaboração.
que dela participam.
É importante reiterar que, quando se busca uma nova
Diagnóstico: é o segundo passo da construção do projeto organização do trabalho pedagógico, está se considerando que
e se constitui num momento importante que permite uma as relações de trabalho, no interior da escola deverão estar
radiografia da situação em que a escola se encontra na calçadas nas atitudes de solidariedade, de reciprocidade e de
organização e desenvolvimento do seu trabalho pedagógico participação coletiva, em contraposição à organização regida
acima de tudo, tendo por base, o marco referencial, fazer pelos princípios da divisão do trabalho da fragmentação e do
comparações e estabelecer necessidades para se chegar à controle hierárquico.
intencionalidade do projeto. É nesse movimento que se verifica o confronto de
interesses no interior da escola. Por isso todo esforço de se
O documento produzido sobre o marco referencial deve gestar uma nova organização deve levar em conta as condições
ser lido por todos. Com base neste documento deve-se concretas presentes na escola. Há uma correlação de forças e é
elaborar um roteiro de discussão para comparar todos os nesse embate que se originam os conflitos, as tensões, as
elementos que aparecem no documento com a prática social rupturas, propiciando a construção de novas formas de
vivida, ou seja, discutir como de fato se dá a relação entre relações de trabalho, com espaços abertos à reflexão coletiva
escola e a comunidade, como ela trabalha com os que favoreçam o diálogo, a comunicação horizontal entre os
conhecimentos que os alunos trazem da sua prática social, diferentes segmentos envolvidos com o processo educativo, a
como os conteúdos são escolhidos, como os professores descentralização do poder.
planejam o seu trabalho pedagógico da escola, como e quando
se avalia o trabalho na sala de aula e o trabalho pedagógico da Histórico da instituição: sua criação, ato normativo,
escola, quem participa desta avaliação, como a escola tem origem de seu nome, etc.
definido a sua opção teórica no trabalho pedagógico, como se
dão as relações e a participação de alunos, professores, Abrangência da ação educativa referente:
coordenadores, diretores, pais, funcionários e comunidade na - Nível de ensino e suas etapas;
organização do trabalho pedagógico escolar. - Modalidades de educação que irá atender;
Estes dados precisam ser sistematizados e discutidos por
todos da equipe que elabora o projeto. Com a finalização do

Didática 62
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APOSTILAS OPÇÃO

- Aos profissionais, considerando: à área, o trabalho da Programa de formação continuada: concepção,


equipe pedagógica e administrativa; objetivos, eixos, política e estratégia.
- À comunidade externa: entorno social.
Formas de relacionamento com a comunidade:
Objetivos: gerais, observando os objetivos definidos pela concepção de educação comunitária, princípios, objetivos e
instituição. estratégias.

Princípios legais e norteadores da ação: a instituição Organização do tempo e do espaço escolar: cronograma
deve observar ainda os planos e Políticas (federal, estadual ou de atividades.
municipal) de Educação. A partir da identificação dos - diárias, semanais, bimestrais, semestrais, anuais.
princípios registrados nas legislações em vigor, deve explicitar - estudo, planejamento, enriquecimento curricular, ação
o sentido que os mesmos adquirem em seu contexto de ação. comunitária.
- normas de utilização de espaços comuns da instituição.
Currículo: identificar o paradigma curricular em
concordância com sua opção do método, da teoria que orienta O tempo é um dos elementos constitutivos da organização
sua prática. Implica, necessariamente, a interação entre do trabalho pedagógico. O calendário escolar ordena o tempo:
sujeitos que têm um mesmo objetivo e a opção por um determina o início e o fim do ano, prevendo os dias letivos, as
referencial teórico que o sustente. Na organização curricular é férias, os períodos escolares em que o ano se divide, os
preciso considerar alguns pontos básicos: feriados cívicos e religiosos, as datas reservadas à avaliação, os
períodos para reuniões técnicas, cursos etc.
1º - é o de que o currículo não é um instrumento neutro. O O horário escolar, que fixa o número de horas por semana
currículo passa ideologia, e a escola precisa identificar e e que varia em razão das disciplinas constantes na grade
desvelar os componentes ideológicos do conhecimento escolar curricular, estipula também o número de aulas por professor.
que a classe dominante utiliza para a manutenção de Tal como afirma Enguita87.
privilégios. A determinação do conhecimento escolar, (...) As matérias tornam-se equivalentes porque ocupam o
portanto, implica uma análise interpretativa e crítica, tanto da mesmo número de horas por semana e, são vistas como tendo
cultura dominante, quanto da cultura popular. O currículo menor prestígio se ocupam menos tempo que as demais.
expressa uma cultura.
2º - é o de que o currículo não pode ser separado do A organização do tempo do conhecimento escolar é
contexto social, uma vez que ele é historicamente situado e marcada pela segmentação do dia letivo, e o currículo é,
culturalmente determinado. consequentemente, organizado em períodos fixos de tempo
3º - diz respeito ao tipo de organização curricular que a para disciplinas supostamente separadas. O controle
escola deve adotar. Em geral, nossas instituições têm sido hierárquico utiliza o tempo que muitas vezes é desperdiçado e
orientadas para a organização hierárquica e fragmentada do controlado pela administração e pelo professor.
conhecimento escolar. Em resumo, quanto mais compartimentado for o tempo,
4º - refere-se a questão do controle social, já que o mais hierarquizadas e ritualizadas serão as relações sociais,
currículo formal (conteúdos curriculares, metodologia e reduzindo, também, as possibilidades de se institucionalizar o
recursos de ensino, avaliação e relação pedagógica) implica currículo integração que conduz a um ensino em extensão.
controle. Por outro lado, o controle social é instrumentalizado Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico torna-se
pelo currículo oculto, entendido este como as “mensagens necessário que a escola reformule seu tempo, estabelecendo
transmitidas pela sala de aula e pelo ambiente escolar”. períodos de estudo e reflexão de equipes de educadores
fortalecendo a escola como instância de educação continuada.
Assim, toda a gama de visões do mundo, as normas e os É preciso tempo para que os educadores aprofundem seu
valores dominantes são passados aos alunos no ambiente conhecimento sobre os alunos e sobre o que estão
escolar, no material didático e mais especificamente por aprendendo. É preciso tempo para acompanhar e avaliar o
intermédio dos livros didáticos, na relação pedagógica, nas projeto político-pedagógico em ação. É preciso tempo para os
rotinas escolares. Os resultados do currículo oculto estudantes se organizarem e criarem seus espaços para além
“estimulam a conformidade a ideais nacionais e convenções da sala de aula.
sociais ao mesmo tempo que mantêm desigualdades
socioeconômicas e culturais”. Acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico:
Orientar a organização curricular para fins emancipatórios parâmetros, mecanismos de avaliação interna e externa,
implica, inicialmente desvelar as visões simplificadas de responsáveis, cronograma.
sociedade, concebida como um todo homogêneo, e de ser Esses são alguns elementos que devem ser abordados no
humano como alguém que tende a aceitar papéis necessários projeto pedagógico.
à sua adaptação ao contexto em que vive. Controle social na Geralmente encontram-se documentos com a seguinte
visão crítica, é uma contribuição e uma ajuda para a organização: apresentação, dados de identificação,
contestação e a resistência à ideologia veiculada por organograma, histórico, filosofia, pressupostos teóricos e
intermédio dos currículos escolares. metodológicos, objetivos, organização curricular, processo de
avaliação da aprendizagem, avaliação institucional, processo
Ensino, aprendizagem e avaliação: orientações didáticas de formação continuada, organização e utilização do espaço
e metodológicas quanto à educação infantil, ensino físico, projetos/programas, referências, anexos, apêndices,
fundamental, ensino médio, educação especial, educação de dentre outros:
jovens e adultos, educação profissional. Mecanismos de
acompanhamento pedagógico, de recuperação paralela, de Finalidades
avaliação: indicadores de aprendizagem, diretrizes, Segundo Veiga88, a escola persegue finalidades. É
procedimentos e instrumentos de recuperação e avaliação. importante ressaltar que os educadores precisam ter clareza
das finalidades de sua escola. Para tanto há necessidade de se

87ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho no 88VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola:
capitalismo. Porto Alegre, Artes Médicas, 1989. uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002.

Didática 63
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refletir sobre a ação educativa que a escola desenvolve com conduz a fragmentação e ao consequente controle hierárquico
base nas finalidades e nos objetivos que ela define. As que enfatiza três aspectos inter-relacionados: o tempo, a
finalidades da escola referem-se aos efeitos intencionalmente ordem e a disciplina.
pretendidos e almejados. Nessa trajetória, ao analisar a estrutura organizacional, ao
Alves89 afirma que há necessidade de saber se a escola avaliar os pressupostos teóricos, ao situar os obstáculos e
dispõe de alguma autonomia na determinação das finalidades vislumbrar as possibilidades, os educadores vão desvelando a
e, consequentemente, seu desdobramento em objetivos realidade escolar, estabelecendo relações, definindo
específicos. O autor enfatiza que: interessará reter se as finalidades comuns e configurando novas formas de organizar
finalidades são impostas por entidades exteriores ou se são as estruturas administrativas e pedagógicas para a melhoria
definidas no interior do território social e se são definidas por do trabalho de toda a escola na direção do que se pretende.
consenso ou por conflito ou até se é matéria ambígua, Assim, considerando o contexto, os limites, os recursos
imprecisa ou marginal. disponíveis (humanos, materiais e financeiros) e a realidade
Essa colocação está sustentada na ideia de que a escola escolar, cada instituição educativa assume sua marca, tecendo,
deve assumir, como uma de suas principais tarefas, o trabalho no coletivo, seu projeto político-pedagógico, propiciando
de refletir sobre sua intencionalidade educativa. Nesse consequentemente a construção de uma nova forma de
sentido, ela procura alicerçar o conceito de autonomia, organização.
enfatizando a responsabilidade de todos, sem deixar de lado
os outros níveis da esfera administrativa educacional. Processo de Decisão
A ideia de autonomia está ligada à concepção Na organização formal de nossa escola, o fluxo das tarefas
emancipadora da educação. Para ser autônoma, a escola não das ações e principalmente das decisões é orientado por
pode depender dos órgãos centrais e intermediários que procedimentos formalizados, prevalecendo as relações
definem a política da qual ela não passa de executora. Ela hierárquicas de mando e submissão, de poder autoritário e
concebe seu projeto político-pedagógico e tem autonomia para centralizador.
executá-lo e avaliá-lo ao assumir uma nova atitude de Uma estrutura administrativa da escola adequada à
liderança, no sentido de refletir sobre as finalidades realização de objetivos educacionais, de acordo com os
sociopolíticas e culturais da escola. interesses da população, deve prever mecanismos que
estimulem a participação de todos no processo de decisão.
Estrutura Organizacional Isto requer uma revisão das atribuições especificas e
A escola, de forma geral, dispõe de dois tipos básicos de gerais, bem como da distribuição do poder e da
estruturas: administrativas e pedagógicas. descentralização do processo de decisão. Para que isso seja
possível há necessidade de se instalarem mecanismos
Administrativas - asseguram praticamente, a locação e a institucionais visando à participação política de todos os
gestão de recursos humanos, físicos e financeiros. Fazem envolvidos com o processo educativo da escola.
parte, ainda, das estruturas administrativas todos os
elementos que têm uma forma material como, por exemplo, a Contudo, a participação da coordenação pedagógica nesse
arquitetura do edifício escolar e a maneira como ele se processo é fundamental, pois o trabalho é garantir a
apresenta do ponto de vista de sua imagem: equipamentos e satisfação do bom atendimento em prol de toda a
materiais didáticos, mobiliário, distribuição das dependências instituição.
escolares e espaços livres, cores, limpeza e saneamento básico
(água, esgoto, lixo e energia elétrica). Avaliação
Acompanhar as atividades e avaliá-las levam-nos a
Pedagógicas - que, teoricamente, determinam a ação das reflexão com base em dados concretos sobre como a escola
administrativas, “organizam as funções educativas para que a organiza-se para colocar em ação seu projeto político-
escola atinja de forma eficiente e eficaz as suas finalidades”. As pedagógico. A avaliação do projeto político-pedagógico, numa
estruturas pedagógicas referem-se, fundamentalmente, às visão crítica, parte da necessidade de se conhecer a realidade
interações políticas, às questões de ensino e de aprendizagem escolar, busca explicar e compreender ceticamente as causas
e às de currículo. Nas estruturas pedagógicas incluem-se todos da existência de problemas bem como suas relações, suas
os setores necessários ao desenvolvimento do trabalho mudanças e se esforça para propor ações alternativas (criação
pedagógico. coletiva). Esse caráter criador é conferido pela autocrítica.
Avaliadores que conjugam as ideias de uma visão global,
A análise da estrutura organizacional da escola visa analisam o projeto político-pedagógico, não como algo
identificar quais estruturas são valorizadas e por quem, estanque desvinculado dos aspectos políticos e sociais. Não
verificando as relações funcionais entre elas. É preciso ficar rejeitam as contradições e os conflitos. A avaliação tem um
claro que a escola é uma organização orientada por compromisso mais amplo do que a mera eficiência e eficácia
finalidades, controlada e permeada pelas questões do poder. A das propostas conservadoras. Portanto, acompanhar e avaliar
análise e a compreensão da estrutura organizacional da escola o projeto político-pedagógico é avaliar os resultados da
significam indagar sobre suas características, seus polos de própria organização do trabalho pedagógico.
poder, seus conflitos. Considerando a avaliação dessa forma é possível salientar
Avaliar a estrutura organizacional significa questionar os dois pontos importantes. Primeiro, a avaliação é um ato
pressupostos que embasam a estrutura burocrática da escola dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao projeto político-
que inviabiliza a formação de cidadãos aptos a criar ou a pedagógico. Segundo, ela imprime uma direção às ações dos
modificar a realidade social. Para realizar um ensino de educadores e dos educandos.
qualidade e cumprir suas finalidades, as escolas têm que O processo de avaliação envolve três momentos: a
romper com a atual forma de organização burocrática que descrição e a problematização da realidade escolar, a
regula o trabalho pedagógico - pela conformidade às regras compreensão crítica da realidade descrita e problematizada e
fixadas, pela obediência a leis e diretrizes emanadas do poder a proposição de alternativas de ação, momento de criação
central e pela cisão entre os que pensam e executam, que coletiva.

89ALVES José Matias. Organização, gestão e projeto educativo das escolas. Porto
Edições Asa, 1992.

Didática 64
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A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser (C) I, II e IV.


instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes (D) I e II
trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática, deve favorecer
o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriar-se de 05. (Pref. Maceió/AL - Professor - Área 1º ao 5º ano -
conhecimentos científicos, sociais e tecnológicos produzidos COPEVE/UFAL/2017) Não se constrói um Projeto Político
historicamente e deve ser resultante de um processo coletivo Pedagógico sem norte, sem rumo. Por isso, todo projeto
de avaliação diagnóstica. pedagógico da escola é também político (GADOTTI e ROMÃO,
1997). Dadas as afirmativas,
Questões I. O Projeto Político Pedagógico deve ter como marco
fundamental a participação democrática, o ser multicultural,
01. (SEDUC-RO - Professor - História - FUNCAB) Quanto mantendo o convívio com base em hierarquias fixas.
ao Projeto Político-Pedagógico, é INCORRETO afirmar que ele: II. O Projeto Político Pedagógico deve registrar, orientar,
(A) deve ser democrático. estabelecer ações, metas e estratégias que tenham como
(B) precisa ser construído coletivamente. objetivo o disciplinamento dos corpos e das mentes.
(C) confere identidade à escola. III. O Projeto Político Pedagógico de uma escola é fruto de
(D) explicita a intencionalidade da escola. uma ação cotidiana e que precisa tomar decisões para o bem
(E) mostra-se abrangente e imutável. de toda comunidade escolar.
Verifica-se que está(ão) correta(s)
02. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área de (A) I, apenas.
Pedagogia CESPE) Julgue o item a seguir, relativo a projeto (B) III, apenas.
político-pedagógico, que, nas instituições, pode ser (C) I e II, apenas.
considerado processo de permanente reflexão e discussão a (D) II e III, apenas.
respeito dos problemas da organização, com o propósito de (E) I, II e III.
propor soluções que viabilizem a efetivação dos objetivos
almejados. Gabarito
Os pressupostos que norteiam o projeto político-
pedagógico estão desvinculados da proposta de gestão 01.E / 02.Errado / 03.C / 04.D / 05.B
democrática.
( ) Certo ( ) Errado
Elementos do plano de
03. (Prefeitura de Palmas/TO - Professor - Língua
Espanhola - FDC) “O projeto político-pedagógico antecipa um ensino
futuro diferente do presente. Não é algo que é construído e
arquivado como prova do cumprimento de tarefas
burocráticas.” (Ilma Passos) 90Trabalhar com educação é trabalhar com uma enorme
Segundo a autora, o projeto político-pedagógico, responsabilidade. O professor, independente do assunto que
comprometido com uma educação democrática e de leciona, é responsável pelo conteúdo que irá ensinar ao aluno
qualidade, caracteriza- se fundamentalmente como: e, muitas vezes, o guiará por todo o processo de aprendizado.
(A) atividades articuladas, com temas selecionados É por isso que o plano de aula é tão importante.
semestralmente. O plano de aula é um documento no qual o professor, ao
(B) planejamento global, com conteúdos selecionados por planejar o que será lecionado, registra qual o tema da aula,
série. qual objetivo dela, a metodologia que será utilizada, como irá
(C) ação intencional, com compromisso definido avaliar o aprendizado dos alunos, as referências bibliográficas
coletivamente. e muitas outras informações. E esse documento pode ser o
(D) plano anual, com objetivos definidos pelos professores. diferencial entre uma boa aula e uma aula ruim, afinal, quanto
(E) instrumento técnico, com definição metodológica. mais planejamento, melhor a chance de você alcançar o
objetivo proposto com a aula, certo? É aí que esse documento
04. (IFRN - Professor - Didática) A construção do projeto será muito útil.
político-pedagógico da escola exige a definição de princípios, 91O planejamento é o ato de definir os objetivos e metas,
objetivos, estratégias e, acima de tudo, um trabalho coletivo fazer uma análise da situação atual e traçar um plano de ação.
para a sua operacionalização. Numa perspectiva crítica e O ato de planejar é fundamental para alcançar o sucesso,
democrática, o projeto político-pedagógico da escola independente de qual for o objetivo.
proporciona: Um exemplo da importância do planejamento acontece
I - melhoria da organização pedagógica, administrativa e dentro da sala de aula. Quando o professor entra na sala, deve
financeira da escola, bem como o estabelecimento de novas ter em mente o que irá ensinar para aquela turma. Ele deve
relações pessoais e interpessoais na instituição; saber quais recursos didáticos serão necessários para cada
II - redimensionamento da prática pedagógica dos aula, qual o conteúdo que irá passar no dia, e de qual maneira
professores e formação continuada do quadro docente. irá abordar o assunto.
III - planejamento a curto prazo para definir aplicação de Para elaborar um bom plano de aulas, é importante seguir
medidas emergenciais na escola, de modo a superar certas algumas regras básicas, como por exemplo, sempre priorizar a
dificuldades, detectar outras e propor novas ações. clareza e a objetividade. Além disso, você deve atualizá-lo
IV - a superação de práticas pedagógicas fragmentadas e a periodicamente, ter conhecimento dos recursos disponíveis na
garantia total de um ensino de qualidade. escola, apostar em metodologias inovadoras e diversificadas, e
Assinale a opção em que todas as afirmativas estão principalmente, ter flexibilidade para conseguir lidar com
corretas: imprevistos que acontecem no ambiente escolar. Fazer um
(A) I, II e III. planejamento das aulas é uma tarefa fundamental para
(B) I e IV. qualquer professor.

90https://sambatech.com/blog/insights/plano-de-aula/ 91https://goo.gl/C4aqD2

Didática 65
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92O plano de aula enriquece o conteúdo para os alunos e - Deve ser viáveis: Os objetivos devem ser viáveis dentro da
facilita muito a vida do professor, que é o responsável não só realidade de tempo e materiais disponíveis.
pelo conteúdo ensinado, mas pela forma como ele é passado - Devem ser específicos: Eles precisam apontar, claramente,
dentro de sala. o que deve ser alcançado ao final da aula, para nortear todo o
Este material é como uma previsão de tudo o que será feito restante do planejamento da aula.
e ensinado ao longo das aulas, sejam elas presenciais ou nos
cursos de ensino à distância. Ele é um documento detalhado, Conteúdo
com informações claras e um formato padrão. O conteúdo, apesar de desenvolvido separadamente da
Um bom professor sabe que o Plano de Aula não é um seção anterior, deve ser elaborado de forma articulada com os
passo livre para deixar de planejar aula a aula, e sim, um objetivos. Afinal, o conteúdo é o meio pelo qual você irá chegar
documento que dá uma visão mais ampla, permitindo que cada nos objetivos, certo?
lição individual faça parte de um plano maior. O conteúdo é o que você irá apresentar ao aluno para
Quando conseguimos enxergar o caminho completo, fica ajudá-lo no aprendizado. Não só a matéria em si, com os
mais fácil saber quais passos dar. conceitos, mas exemplos e informações que se aproximem da
realidade do aluno. Os conteúdos podem ser:
Como fazer um plano de aula passo a passo Conceituais: O que o aluno deve aprender e conhecer
enquanto conceitos. Ex.: Aprender o que é empreendedorismo.
Antes de começar a, de fato, escrever o plano de aula, é Procedimentais: O que o aluno deve aprender a fazer. Ex.:
importante refletir sobre algumas questões. Primeiro, você Aprender a resolver equações de segundo grau.
deve ter muito claro quem é o seu aluno e o que ele pretende Atitudinais: O que o aluno deve aprender a ser. Ex.:
aprender com as suas aulas. Pense em quais habilidades ele Aprender a ser mais honesto.
quer desenvolver e como você se propõe a ajudá-lo com isso. Após a definição de qual conteúdo você irá passar você
Basicamente, é se perguntar ‘quem é o meu público?’ e pensar deve pensar em como esse conteúdo será ensinado.
no que ele deseja. Com certeza, entender o seu público irá te
ajudar, e muito, com os próximos passos. Metodologia ou estratégia
Depois, é bom pensar nas seguintes perguntas: “Qual é a A metodologia pode ser uma das partes mais importantes
minha intenção com essas aulas?”; “O que eu pretendo do seu plano de aula, pois é aí que você irá cativar os alunos e
ensinar?”; “Qual é o meu objetivo? Ou seja, o que eu quero ter mantê-los atentos e interessados. Pense: Irá ser uma aula
alcançado ao final da aula?”. Com isso, você sempre mantém expositiva? Irá usar de animações? Exemplos práticos?
em mente o que quer e o trabalho de elaboração do plano fica Exercícios de fixação? Tudo isso irá contribuir para o
muito mais fácil. Além disso, tente sempre pensar que a aprendizado dos alunos.
elaboração de um bom plano de aula vem da prática e, com o Esse ponto é especialmente importante para quem
tempo, você irá conseguir aprimorar os seus. trabalha com conteúdos em vídeo e aulas online, afinal,
Agora, vamos aos dados necessários em todo plano de aula. quando o aluno não está presente fisicamente, é muito mais
A começar pelo tema e pelo objetivo. fácil para ele se dispersar e perder o interesse. Ou seja, a
metodologia deve ser especialmente pensada para o ambiente
Dados de identificação online e trabalhada para manter o aluno focado o tempo todo.
No topo do plano de aula vale colocar o seu nome, qual o E claro, é sempre bom lembrar que cada tipo de conteúdo
nome do curso que você leciona (muito importante para sua encaixa melhor com um tipo de metodologia, certo? Uma aula
organização caso você dê mais de uma matéria!) e quais as expositiva pode não funcionar muito bem para assuntos muito
turmas que irão ter essa aula. complexos, pois o aluno pode ficar confuso. Já exercícios
Caso você não considere necessário, não tem problema, podem não funcionar muito bem para aulas de filosofia, por
pode começar logo do tema e do objetivo da aula. exemplo.
E uma dica importante: um dos métodos mais infalíveis
Tema e Objetivo para se cativar um aluno é fazendo ele rir, concorda? Sempre
É importante pensar que o tema é o que será abordado nos lembramos mais daqueles professores engraçados, que
naquela aula, e não no curso em geral. Por exemplo, se você é usavam os melhores exemplos e piadas para nos ensinar as
professor de português para concursos, o tema da aula não matérias.
seria ‘português’, mas, por exemplo ‘verbos de ação’. Já o
objetivo, é tudo que você deseja alcançar ao final da aula, ou Recursos didáticos
seja, tudo que você quer que os alunos tenham aprendido. Por Aqui, você irá colocar todos os recursos que serão
exemplo, seguindo a linha do português para concursos, uma necessários para que a sua metodologia seja cumprida. Por
aula com tema ‘verbos de ação’ pode ter como objetivo: exemplo, você vai precisar de algum material extra, como
“Alunos entenderem a função de um verbo de ação na algum vídeo ou algum livro específico? Onde você irá
sentença”. conseguir esses materiais, se ainda não os tem? Dessa forma,
E o objetivo não precisa ser só um não! Você pode listar você consegue se planejar antecipadamente e deixar tudo
várias coisas como objetivo final da sua aula, por exemplo, pronto para o momento da aula e não ter atrasos que podem
além do objetivo listado acima, poderia ainda incluir “fazer comprometer o cronograma, que é, exatamente, o próximo
com que os alunos entendam a diferença entre um verbo de passo do plano de aula.
ação e os demais tipos de verbo.” e “Alunos entenderem como
esse tipo de assunto é tratado em questões de concurso”. Cronograma
Muitas vezes o conteúdo programado para a aula não é
Os objetivos descritos no seu plano de aula devem ter possível de ser passado em apenas uma hora-aula, não é
as seguintes características: mesmo? Especialmente se for algo muito complicado ou que
- Devem ser realistas: O professor não deve somente surjam muitas dúvidas. Portanto, na parte do cronograma do
imaginar os objetivos sem levar em conta se eles são possíveis seu plano de aula, você deve colocar quanto tempo será
de serem alcançados. É preciso pensar na realidade dos alunos, necessário para o alcance dos objetivos.
no que eles já sabem e no que é possível, na prática, alcançar.

92https://www.edools.com/modelo-de-plano-de-aula/

Didática 66
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APOSTILAS OPÇÃO

Para quem quer criar um curso online, é sempre bom (C) Sem um bom e criativo plano de aula, dificilmente
pensar que vídeos muito grandes não são a melhor estratégia haverá uma boa aula, bom aproveitamento do tempo e
para o ensino. O aluno pode acabar desistindo na metade e aprendizagens significativas para todos os alunos.
você perdendo sua audiência. Desse modo, uma boa dica é (D) O plano de aula deve conter apenas a metodologia da
tentar manter o seu plano de aulas bem conciso e gravar aulas aula.
mais curtas. Se necessário, separe a aula em vários vídeos, a
segmentando bem. 03. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Professor Substituto
- 2018) Farias (2014), define que, para se planejar as situações
Avaliação de ensino, cinco elementos devem ser considerados. A
E aí, depois de todo o trabalho, como você irá saber se sequência dos elementos constitutivos no plano de aula é:
atingiu o objetivo proposto? Quais os métodos que você irá (A) objetivos; conteúdos; metodologia; recursos didáticos;
utilizar para avaliar se os alunos realmente aprenderam o sistemática de avaliação.
conteúdo? É exatamente aqui que você deve incluir esse tipo (B) objetivos; metodologia; conteúdos; recursos didáticos;
de informação. sistemática de avaliação.
Você pode colocar exercícios de fixação e dar um tempo (C) objetivos; conteúdos; recursos didáticos; metodologia;
para que eles resolvam ou, no caso de aulas com cronogramas sistemática de avaliação.
mais apertados, mandar exercícios para casa!! (não é o método (D) objetivos; recursos didáticos; conteúdos; metodologia;
mais popular, mas é efetivo!) sistemática de avaliação.

Referências 04. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Professor Substituto


Assim como em alguns trabalhos acadêmicos, as - 2018) O planejamento é ato. É uma atividade que projeta,
referências são a última parte do seu plano de aula. É aqui que organiza e sistematiza o fazer docente. Farias (2014) ressalta
você deve discriminar todas as fontes utilizadas para a que existem cinco elementos a considerar no planejamento
elaboração da aula, as fontes de conteúdo e exercícios. Dessa das situações de ensino. No planejamento do plano de aula, o
forma, você mantém todo o conteúdo coerente e ainda pode elemento que indaga sobre o “como fazer” é:
estar preparado para responder dúvidas extra, caso apareçam. (A) o objetivo.
Você pode, ainda, indicar leituras adicionais e instigar ainda (B) a metodologia.
mais o interesse dos alunos. (C) a avaliação.
(D) o conteúdo.
Questões
Gabarito
01. (SEDUC/PI - Professor Temporário -
NUCEPE/2018) No plano de aula, o item metodologia é onde 01.C / 02.C / 03.A / 04.B
se definem:
(A) Os vários componentes sobre o ensinar, como o
assunto, os objetivos e a justificativa e o 'como fazer". A gestão da sala de aula e
(B) As habilidades (cognitiva, motora, socioafetiva) a
serem desenvolvidas pelos estudantes durante o processo de
sua relação com os
ensino. paradigmas educacionais
(C) As estratégias e ou ações de ensino, que se pretende presentes na prática educativa
utilizar, descrevendo atividades em função do tempo
disponível.
(D) O conteúdo da disciplina e a sua importância, no 93A gestão escolar foi criada com o intuito de diferenciar e
contexto educacional do estudante.
integralizar o contexto educacional, sua função é otimizar os
(E) As características dos recursos a serem utilizados,
processos diários e aumentar e melhorar a eficiência do ensino
considerando o método escolhido.
dentro da instituição. Nesse sentido, ela visa a proporcionar
organização e articulação de premissas que asseguram o
02. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Professor Substituto
processo educacional nas instituições de ensino e
- 2018) Leia o trecho a seguir e marque a opção CORRETA
desburocratizar atividades cotidianas.
sobre o Plano de Aula.
Ela é diferente da Administração Escolar, que é a
“O plano de aula é um instrumento de trabalho que
responsável pelos recursos materiais e financeiros que devem
organiza o tempo e as atividades a serem promovidas com os
garantir a qualidade de ensino. A gestão escolar é a forma de
alunos, de modo a que desenvolvam os conhecimentos, as
administrar uma escola em sua totalidade, portanto o
habilidades e atitudes propostas para esse segmento
responsável por ela deve ter habilidades de gerenciamento
educativo. Ele deve ser elaborado tendo em mente o aluno:
que vão desde o plano pedagógico até os recursos financeiros.
como o aluno vai receber os estímulos e orientações
Seu principal objetivo é buscar o aprimoramento
preparados? Como articular o conhecimento produzido com as
institucional e pessoal de todos os setores da escola devendo
experiências e conhecimentos do aluno? Que situações
fortalecer a liderança, motivar a equipe ao alcançar seus
interessantes podem levar o aluno, mais facilmente, a
objetivos, aumentar a qualidade do currículo e estimular cada
envolver-se na aprendizagem dos novos conhecimentos
vez mais a participação dos pais e da comunidade na escola.
pretendidos? Que processos mentais serão exercitados pelo
Sempre com a ambição da excelência no processo de ensino-
aluno para tal fim? Como envolver a todos os alunos nesse
aprendizagem.
processo?” (LUCK, 2009, p. 40)
A gestão escolar pode englobar vários setores, dentre estes
(A) O plano de aula é algo imutável, ou seja, aconteça o que
os considerados mais importantes são: Gestão Pedagógica,
acontecer, o professor deve segui-lo fielmente.
Gestão Administrativa, Gestão Financeira, Gestão de Recursos
(B) O plano de aula é elaborado a partir do que o professor
Humanos, Gestão da Comunicação, Gestão de Tempo e
deseja realizar e não do que o aluno deve aprender.
Eficiência de Processos.

93 https://bit.ly/2IeXswl ; https://bit.ly/2ztIJrY

Didática 67
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APOSTILAS OPÇÃO

Assim posto, entende-se que cada instituição tem suas Gestão Financeira
peculiaridades e cabe a cada uma elaborar e aplicar sua A Gestão Financeira cuida do orçamento da instituição,
proposta pedagógica, administrar a escola como um todo, observando atentamente os gastos, as oportunidades de
zelar pela qualidade de ensino para o discente, oferecer melhoria e analisando recursos e investimentos. Entre os
condições de trabalho para o docente e sempre promover a benefícios obtidos, um sistema financeiro bem organizado
integração entre a escola e a comunidade. permite tomadas de decisões mais ágeis e garante que as
É interessante pensar na Instituição como um organismo demais áreas funcionem corretamente, sem surpresas. Assim,
vivo, onde cada setor pode representar uma funcionalidade o planejamento financeiro é fundamental para uma estratégia
vital para o sucesso da escola. Cada um desses “órgãos” tem educacional de sucesso e uso correto dos recursos.
suas diferenças, porém se trabalharem em cooperação, a Quando bem realizada, a Gestão Financeira de uma
escola trará resultados positivos muito maiores do que se instituição de ensino possibilita o controle das contas a pagar
esses setores trabalhassem independentes um do outro. e a receber, e da inadimplência dos alunos, evitando situações
mais graves. Assim sendo, a gestão financeira deve andar em
Setores da Gestão Escolar sintonia com a gestão administrativa e com o plano
pedagógico, proporcionando uma situação confortável para a
Gestão Pedagógica instituição de ensino.
Esta área é considerada a principal, está relacionada com a Para ajudar nessa tarefa, uma boa solução é o investimento
organização e com o planejamento de todo o sistema em softwares de gestão escolar para integralizar os setores na
educacional, além da elaboração e execução de projetos contínua busca pelo sucesso do planejamento educacional.
pedagógicos.
Esta gestão tem como principal foco melhorar as práticas Gestão de Recursos Humanos
educacionais e sempre explorar novas maneiras de ensinar Assim como as demais áreas, a Gestão de Recursos
mais e melhor. Os líderes educacionais são fundamentais para Humanos tem que ser uma preocupação constante, porque
que toda essa didática inovadora funcione. As ações devido à grande quantidade de interação entre os alunos,
elementares que os responsáveis por esse tipo de gestão funcionários, docentes, os pais e a comunidade ela é uma área
devem exercer, incluem: “sensível” da gestão.
- Articular as concepções, estratégias métodos e conteúdos Está área tem como papel manter o bom relacionamento
no ambiente educacional; entre todos os setores, assim como, motivar toda a equipe de
- Definir as metas necessárias para otimização dos colaboradores, mantendo sempre todos a todo vapor
processos pedagógicos; cumprindo com o que o projeto pedagógico exige. Para
- Conseguir fazer com que os profissionais de ensino e a garantir um bom entrosamento entre sua equipe, os líderes
comunidade escolar assumam esse compromisso como seu escolares devem:
próprio objetivo de melhorar a educação; - Engajar os docentes com o ensino, a proposta da
- Despertar no professor a vontade de ensinar e no aluno a instituição e os resultados;
vontade de aprender; - Saber distribuir as tarefas entre os setores e pessoas;
- Avaliar o trabalho pedagógico exercido por professores e - Investir em ferramentas que facilitem o trabalho da
praticados na instituição; equipe;
- Estabelecer formas de envolver mais os docentes na - Incentivar a formação continuada e investir no
educação; aprimoramento dos colaboradores;
- Criar um ambiente estimulante e motivador para a - Avaliar os funcionários e orientá-los sobre como corrigir
comunidade escolar. seus erros;
- Ressaltar os pontos fortes e parabenizar os colaboradores
Gestão Administrativa por seus acertos;
Como já dito, a gestão administrativa cuida dos recursos - Manter um clima de cooperação, entrosamento e respeito
físicos, financeiros e materiais da instituição. Sempre entre os colaboradores.
buscando zelar por todos os bens que serão utilizados em
função do ensino. Para que ela funcione, é necessário estar Gestão da Comunicação
atento às rotinas da secretaria, legislação educacional, Este setor está diretamente ligado ao setor de recursos
processos educacionais, manutenção patrimonial e várias humanos, indo além de apenas motivar e garantir que todos os
outras tarefas e atribuições fundamentais para que tudo flua envolvidos com a escola estejam sempre satisfeitos. Ele vai
bem e para que os professores tenham tudo o que precisam mais adiante das paredes das escolas e procurem sempre estar
para ensinar com qualidade. em contato com toda a sua comunidade participativa.
Entre as principais atribuições da gestão administrativa Uma boa comunicação garante que:
nas escolas e cursos estão: - Os professores estejam alinhados com a proposta da
- Organizar e administrar os recursos físicos, materiais e instituição;
financeiros da escola ou curso; - Os setores saibam quais são suas prioridades;
- Organizar a necessidade de compras, consertos e - Os colaboradores entendam que suas tarefas influenciam
manutenção dos bens patrimoniais; na realização do todo;
- Manter o inventário dos bens e patrimônios da instituição - Os alunos se mantenham engajados e focados no
atualizados; aprendizado;
- Manter o ambiente limpo e organizado; - Os pais entendam a importância do seu papel no processo
- Garantir a correta utilização dos materiais da instituição de ensino.
de ensino;
- Garantir o cumprimento das leis, diretrizes e estatuto do Além disso cabe a este setor mostrar para os pais, o quanto
colégio ou curso, vale a pena sempre investir e apoiar a instituição que os seus
- Utilizar as tecnologias da informação para melhorar os filhos frequentam. Por envolver e integrar todos os setores,
processos de gestão em todos os segmentos da escola. realizar uma boa gestão da comunicação ajuda escolas e cursos
a acabarem com problemas conhecidos na rotina escolar e
desenvolver a sua instituição de ensino.

Didática 68
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APOSTILAS OPÇÃO

Gestão de Tempo e Eficiência de Processos - Responsabilizar pessoas pela implementação das


Esta gestão é relacionada com a produtividade e como o alternativas acordadas;
nome já diz, a eficiência de cada setor e da instituição como um - Estabelecer normas prévias sobre como os debates e as
todo. Os setores da escola funcionam como as engrenagens de decisões serão realizados;
um relógio e, se algo não funciona, ou funciona mal, gera - Estabelecer regras adequadas à igualdade de participação
atrasos ou até a parada dos ponteiros. de todos os segmentos envolvidos;
Como os bons relojoeiros, os gestores precisam manter os - Articular interesses comuns, ideias e alternativas
olhos e ouvidos bem atentos e prestar atenção em todas as complementares, de forma a contribuir para organizar
etapas do processo para conseguir mapear e identificar quais propostas mais coletivas;
engrenagens que atrasam ou prejudicam cada setor. Esse é um - Esclarecer como a implementação das ações serão
trabalho árduo, afinal essas engrenagens podem ser tarefas, acompanhadas e supervisionadas;
processos, modo de execução e até mesmo pessoas. Mas - Criar formas de divulgação das ideias e alternativas em
fazendo as perguntas certas, tudo fica mais fácil debate como também do processo de decisão.
Vamos fazer um exercício. Pense em cada setor da sua
instituição e pergunte-se: Gestão democrática implica compartilhar o poder,
- Quais são os maiores problemas da minha escola ou curso descentralizando-o. Como fazer isso?
hoje? - Incentivando a participação e respeitando as pessoas e
- A quais setores esses problemas estão relacionados? suas opiniões;
- Quais tarefas demandam mais tempo para serem - Desenvolvendo um clima de confiança entre os vários
concluídas? segmentos das comunidades escolar e local;
- Quais tarefas envolvem muitos colaboradores? - Ajudando a desenvolver competências básicas
- Quais colaboradores estão envolvidos com essas tarefas? necessárias à participação (por exemplo, saber ouvir, saber
- Quais tarefas trazem mais retorno para a instituição? comunicar suas ideias).
- Quais tarefas podem ser automatizadas?
- Como posso tornar esses processos mais eficientes? A participação proporciona mudanças significativas na
vida das pessoas, na medida em que elas passam a se
Esse é um exercício básico de reflexão que você pode interessar e se sentir responsáveis por tudo que representa
realizar diariamente e com certeza vai ajudar muito a interesse comum. Assumir responsabilidades, escolher e
melhorar a sua gestão escolar. Sabemos que fazer tudo inventar novas formas de relações coletivas faz parte do
funcionar em compasso depende da boa administração de processo de participação e trazem possibilidades de mudanças
muitos fatores e que isso demanda tempo. Mas gerir com que atendam a interesses mais coletivos.
excelência é se manter na busca constante pelo A participação social começa no interior da escola, por
desenvolvimento da equipe e pela melhoria dos processos e meio da criação de espaços nos quais professores,
quanto mais você se esforçar, melhor serão os resultados da funcionários, alunos, pais de alunos e demais envolvidos
sua instituição. possam discutir criticamente o cotidiano escolar.

Gestão Democrática Nesse sentido, a função da escola é formar indivíduos


E por falar em gestão, como proceder de forma mais críticos, criativos e participativos, com condições de participar
democrática nos sistemas de ensino e nas escolas públicas? 94 criticamente do mundo do trabalho e de lutar pela
A participação é educativa tanto para a equipe gestora democratização da educação. A escola, no desempenho dessa
quanto para os demais membros das comunidades escolar e função, precisa ter clareza de que o processo de formação para
local. Ela permite e requer o confronto de ideias, de uma vida cidadã e, portanto, de gestão democrática passa pela
argumentos e de diferentes pontos de vista, além de expor construção de mecanismos de participação da comunidade
novas sugestões e alternativas. Maior participação e escolar, como: Conselho Escolar, Associação de Pais e Mestres,
envolvimento da comunidade nas escolas produzem os Grêmio Estudantil, Conselhos de Classes, etc.
seguintes resultados:
- Respeito à diversidade cultural, à coexistência de ideias e Para que a tomada de decisão seja partilhada e coletiva, é
de concepções pedagógicas, mediante um diálogo franco, necessária a efetivação de vários mecanismos de participação,
esclarecedor e respeitoso; tais como:
- Formulações de alternativas, após um período de - O aprimoramento dos processos de escolha ao cargo de
discussões onde as divergências são expostas dirigente escolar;
- Tomada de decisões mediante procedimentos aprovados - A criação e a consolidação de órgãos colegiados na escola
por toda a comunidade envolvida; (conselhos escolares e conselho de classe);
- Participação e convivência de diferentes sujeitos sociais em - O fortalecimento da participação estudantil por meio da
um espaço comum de decisões educacionais. criação e da consolidação de grêmios estudantis;
- A construção coletiva do projeto político-pedagógico da
A gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas escola;
públicas requer a participação coletiva das comunidades - A redefinição das tarefas e funções da associação de pais
escolar e local na administração dos recursos educacionais e mestres, na perspectiva de construção de novas maneiras de
financeiros, de pessoal, de patrimônio, na construção e na se partilhar o poder e a decisão nas instituições.
implementação dos projetos educacionais.
Mas para promover a participação e deste modo O processo de participação na escola produz, também,
implementar a gestão democrática da escola, procedimentos efeitos culturais importantes. Ele ajuda a comunidade a
prévios podem ser observados: reconhecer o patrimônio das instituições educativas - escolas,
- Solicitar a todos os envolvidos que explicitem seu bibliotecas, equipamentos - como um bem público comum, que
comprometimento com a alternativa de ação escolhida; é a expressão de um valor reconhecido por todos, o qual
oferece vantagens e benefícios coletivos. Sua utilização por

94DOURADO, L. F. Progestão: como promover, articular e envolver a ação das


pessoas no processo de gestão escolar? Brasília: CONSED - Conselho Nacional de
Secretários de Educação, 2001.

Didática 69
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APOSTILAS OPÇÃO

algumas pessoas não exclui o uso pelas demais. É um bem de problemas sociais, culturais, econômicos, enfrentados
todos; todos podem e devem zelar pelo seu uso e sua adequada atualmente.
conservação.
As Concepções de Organização e Gestão Escolar,
Em síntese, a gestão democrática do ensino pressupõe uma segundo José Libâneo95
maneira de atuar coletivamente, oferecendo aos membros das
comunidades local e escolar oportunidades para: O estudo da escola como organização de trabalho não é
- Reconhecer que existe uma discrepância entre a situação novo, há toda uma pesquisa sobre administração escolar que
real (o que é) e o que gostaríamos que fosse (o que pode vir a remonta aos pioneiros da educação nova, nos anos 30. Esses
ser); estudos se deram no âmbito da Administração Escolar e,
- Identificar possíveis razões para essa discrepância; frequentemente, estiveram marcados por uma concepção
- Elaborar um plano de ação para minimizar ou solucionar burocrática, funcionalista, aproximando a organização escolar
esses problemas. da organização empresarial.
Estes estudos eram identificados com o campo de
Práticas de Organização e Gestão conhecimentos denominado Administração e Organização
Escolar ou, simplesmente Administração Escolar.
- Em relação aos professores: boa formação profissional, Nos anos 80, com as discussões sobre reforma curricular
autonomia profissional, capacidade de assumir dos cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, a disciplina passou
responsabilidade pelo êxito ou fracasso de seus alunos, em muitos lugares a ser denominada de Organização do
condições de estabilidade profissional, formação profissional Trabalho Pedagógico ou Organização do Trabalho Escolar,
em serviço, disposição para aceitar inovações com base nos adotando um enfoque crítico, frequentemente restringido a
seus conhecimentos e experiências; capacidade de análise uma análise crítica da escola dentro da organização do
crítico-reflexiva. trabalho no Capitalismo. Houve pouca preocupação, com
algumas exceções, com os aspectos propriamente
- Quanto à estrutura organizacional: sistema de organizacionais e técnico-administrativos da escola.
organização e gestão, plano de trabalho com metas bem É sempre útil distinguir, no estudo desta questão, um
definidas e expectativas elevadas; competência específica e enfoque científico-racional e um enfoque crítico, de cunho
liderança efetiva e reconhecida da direção e coordenação sócio-político. Não é difícil aos futuros professores fazerem
pedagógica; integração dos professores e articulação do distinção entre essas duas concepções de organização e gestão
trabalho conjunto e participativo; clima de trabalho propício da escola. No primeiro enfoque, a organização escolar é
ao ensino e à aprendizagem; práticas de gestão participativa; tomada como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que
oportunidades de reflexão conjunta e trocas de experiências funciona racionalmente; portanto, pode ser planejada,
entre os professores; organizada e controlada, de modo a alcançar maiores índices
de eficácia e eficiência.
- Autonomia da escola, criação de identidade própria, com As escolas que operam nesse modelo dão muito peso à
possibilidade de projeto próprio e tomada de decisões sobre estrutura organizacional: organograma de cargos e funções,
problemas específicos; planejamento compatível com as hierarquia de funções, normas e regulamentos, centralização
realidades locais; decisão e controle sobre uso de recursos das decisões, baixo grau de participação das pessoas que
financeiros; planejamento participativo e gestão participativa, trabalham na organização, planos de ação feitos de cima para
bom relacionamento entre os professores e responsabilidades baixo. Este é o modelo mais comum de funcionamento da
assumidas em conjunto. organização escolar.
O segundo enfoque vê a organização escolar basicamente
- Prédios adequados e disponibilidade de condições como um sistema que agrega pessoas, importando bastante a
materiais, recursos didáticos, biblioteca e outros, que intencionalidade e as interações sociais que acontecem entre
propiciem aos alunos oportunidades concretas para aprender. elas, o contexto sócio-político etc.
A organização escolar não seria uma coisa totalmente
- Quanto à estrutura curricular: adequada seleção e objetiva e funcional, um elemento neutro a ser observado, mas
organização dos conteúdos; valorização das aprendizagens uma construção social levada a efeito pelos professores,
acadêmicas e não apenas das dimensões sociais e relacionais; alunos, pais e integrantes da comunidade próxima. Além disso,
modalidades de avaliação formativa; organização do tempo não seria caracterizado pelo seu papel no mercado, mas pelo
escolar de forma a garantir o máximo de tempo para as interesse público. A visão crítica da escola resulta em
aprendizagens e o clima para o estudo; acompanhamento de diferentes formas de viabilização da gestão democrática,
alunos com dificuldades de aprendizagem. conforme veremos em seguida.
Com base nos estudos existentes no Brasil sobre a
- Participação dos pais nas atividades da escola; organização e gestão escolar e nas experiências levadas a
investimento em formar uma imagem pública positiva da efeito nos últimos anos, é possível apresentar, de forma
escola. esquemática, três das concepções de organização e gestão: a
técnico-científica (ou funcionalista), a autogestionária e a
Essas características reforçam a ideia de que a qualidade democrático-participativa.
de ensino depende de mudanças no âmbito da organização
escolar, envolvendo a estrutura física, as condições de Concepção Técnico-Científica
funcionamento, a estrutura organizacional, a cultura Tem como base a hierarquia de cargos e funções visando a
organizacional, as relações entre alunos, professores, racionalização do trabalho, a eficiência dos serviços escolares.
funcionários, as práticas colaborativas e participativas. É a Tende a seguir princípios e métodos da administração
escola como um todo que deve responsabilizar-se pela empresarial. Algumas características desse modelo são:
aprendizagem dos alunos, especialmente em face dos - Prescrição detalhada de funções, acentuando-se a divisão
técnica do trabalho escolar (tarefas especializadas);

95LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola - Teoria e Prática. Editora


Heccus. 6ª Edição. Goiânia. 2013.

Didática 70
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APOSTILAS OPÇÃO

- Poder centralizado do diretor, destacando-se as relações poder, a estrutura organizacional, e os próprios objetivos
de subordinação em que uns têm mais autoridades do que sociais e culturais definidos pela sociedade e pelo Estado.
outros; Uma visão sociocrítica propõe considerar dois aspectos
- Ênfase na administração (sistema de normas, regras, interligados: por um lado, compreende que a organização é
procedimentos burocráticos de controle das atividades), às uma construção social, a partir da Inteligência subjetiva e
vezes descuidando-se dos objetivos específicos da instituição cultural das pessoas, por outro, que essa construção não é um
escolar; processo livre e voluntário, mas mediatizado pela realidade
- Comunicação linear (de cima para baixo), baseada em sociocultural e política mais ampla, incluindo a influência de
normas e regras; forças externas e internas marcadas por interesses de grupos
- Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas; sociais, sempre contraditórios e às vezes conflitivas.
Atualmente, esta concepção também é conhecida como Busca relações solidárias, formas participativas, mas
gestão da qualidade total. também valoriza os elementos internos do processo
organizacional, o planejamento, a organização, a gestão, a
Concepção Autogestionária direção, a avaliação, as responsabilidades individuais dos
Baseia-se na responsabilidade coletiva, ausência de membros da equipe e a ação organizacional coordenada e
direção centralizada e acentuação da participação direta e por supervisionada, já que precisa atender a objetivos sociais e
igual de todos os membros da instituição. Outras políticos muito claros, em relação à escolarização da
características: população.
- Ênfase nas inter-relações mais do que nas tarefas; As concepções de gestão escolar refletem, portanto,
- Decisões coletivas (assembleias, reuniões), eliminação de posições políticas e concepções de homem e sociedade. O
todas as formas de exercício de autoridade e poder; modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um
- Vínculo das formas de gestão interna com as formas de caráter pedagógico, ou seja, depende de objetivos mais amplos
auto-gestão social (poder coletivo na escola para preparar sobre a relação da escola com a conservação ou a
formas de auto-gestão no plano político); transformação social.
- Ênfase na auto-organização do grupo de pessoas da A concepção funcionalista, por exemplo, valoriza o poder e
instituição, por meio de eleições e alternância no exercício de a autoridade, exercida unilateralmente. Enfatizando relações
funções; de subordinação, determinações rígidas de funções,
- Recusa a normas e sistemas de controle, acentuando-se a hipervalorizando a racionalização do trabalho, tende a retirar
responsabilidade coletiva; ou, ao menos, diminuir nas pessoas a faculdade de pensar e
- Crença no poder instituinte da instituição. decidir sobre seu trabalho. Com isso, o grau de envolvimento
profissional fica enfraquecido.
Concepção Democrática-Participativa As duas outras valorizam o trabalho coletivo, implicando a
Tem base na relação orgânica entre a direção e a participação de todos nas decisões. Embora ambas tenham
participação do pessoal da escola. Acentua a importância da entendimentos das relações de poder dentro da escola,
busca de objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma concebem a participação de todos nas decisões como
forma coletiva de gestão em que as decisões são tomadas importante ingrediente para a criação e desenvolvimento das
coletivamente e discutidas publicamente. Entretanto, uma vez relações democráticas e solidárias. Adotamos, neste livro, a
tomadas as decisões coletivamente, advoga que cada membro concepção democrático-participativa.
da equipe assuma a sua parte no trabalho, admitindo-se a Toda a instituição escolar necessita de uma estrutura de
coordenação e avaliação sistemática da operacionalização das organização interna, geralmente prevista no Regimento
decisões tomada dentro de uma tal diferenciação de funções e Escolar ou em legislação específica estadual ou municipal. O
saberes. Outras características desse modelo: termo estrutura tem aqui o sentido de ordenamento e
- Definição explícita de objetos sócio-políticos e disposição das funções que asseguram o funcionamento de um
pedagógicos da escola, pela equipe escolar; todo, no caso a escola. Essa estrutura é comumente
- Articulação entre a atividade de direção e a iniciativa e representada graficamente num organograma - um tipo de
participação das pessoas da escola e das que se relacionam gráfico que mostra a inter-relações entre os vários setores e
com ela; funções de uma organização ou serviço.
- A gestão é participativa mas espera-se, também, a gestão Evidentemente a forma do organograma reflete a
da participação; concepção de organização e gestão. A estrutura organizacional
- Qualificação e competência profissional; de escolas se diferencia conforme a legislação dos Estados e
- Busca de objetividade no trato das questões da Municípios e, obviamente, conforme as concepções de
organização e gestão, mediante coleta de informações reais; organização e gestão adotada, mas podemos apresentar a
- Acompanhamento e avaliação sistemáticos com estrutura básica com todas as unidades e funções típicas de
finalidade pedagógica: diagnóstico, acompanhamento dos uma escola.
trabalhos, reorientação dos rumos e ações, tomada de O Conselho de Escola tem atribuições consultivas,
decisões; deliberativas e fiscais em questões definidas na legislação
- Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são estadual ou municipal e no Regimento Escolar. Essas questões,
avaliados. geralmente, envolvem aspectos pedagógicos, administrativos
Atualmente, o modelo democrático-participativo tem sido e financeiros.
influenciado por uma corrente teórica que compreende a Em vários Estados o Conselho é eleito no início do ano
organização escolar como cultura. Esta corrente afirma que a letivo. Sua composição tem uma certa proporcionalidade de
escola não é uma estrutura totalmente objetiva, mensurável, participação dos docentes, dos especialistas em educação, dos
independente das pessoas, ao contrário, ela depende muito funcionários, dos pais e alunos, observando-se, em princípio, a
das experiências subjetivas das pessoas e de suas interações paridade dos integrantes da escola (50%) e usuários (50%).
sociais, ou seja, dos significados que as pessoas dão às coisas Em alguns lugares o Conselho de Escola é chamado de
enquanto significados socialmente produzidos e mantidos. Em “colegiado” e sua função básica é democratizar as relações de
outras palavras, dizer que a organização é uma cultura poder.
significa que ela é construída pelos seus próprios membros. O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades
Esta maneira de ver a organização escolar não exclui a da escola, auxiliado pelos demais componentes do corpo de
presença de elementos objetivos, tais como as ferramentas de especialistas e técnicos-administrativos, atendendo às leis,

Didática 71
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APOSTILAS OPÇÃO

regulamentos e determinações dos órgãos superiores do A APM reúne os pais de alunos, o pessoal docente e técnico-
sistema de ensino e às decisões no âmbito da escola e pela administrativo e alunos maiores de 18 anos. Costuma
comunidade. O assistente de diretor desempenha as mesmas funcionar mediante uma diretoria executiva e um conselho
funções na condição de substituto eventual do diretor. deliberativo.
O setor técnico-administrativo responde pelas atividades- O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos
meio que asseguram o atendimento dos objetivos e funções da alunos criada pela lei federal nº 7.398/85, que lhe confere
escola. autonomia para se organizarem em torno dos seus interesses,
A Secretaria Escolar cuida da documentação, escrituração com finalidades educacionais, culturais, cívicas e sociais.
e correspondência da escola, dos docentes, demais Ambas as instituições costumam ser regulamentadas no
funcionários e dos alunos. Responde também pelo Regime Escolar, variando sua composição e estrutura
atendimento ao público. Para a realização desses serviços, a organizacional. Todavia, é recomendável que tenham
escola conta com um secretário e escriturários ou auxiliares da autonomia de organização e funcionamento, evitando-se
secretaria. O setor técnico-administrativo responde, também, qualquer tutelamento por parte da Secretaria da Educação ou
pelos serviços auxiliares (Zeladoria, Vigilância e Atendimento da direção da escola.
ao público) e Multimeios (biblioteca, laboratórios, videoteca Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar, em outras
etc.). um setor de assistência ao estudante, que presta assistência
A Zeladoria, responsável pelos serventes, cuida da social, econômica, alimentar, médica e odontológica aos alunos
manutenção, conservação e limpeza do prédio; da guarda das carentes.
dependências, instalações e equipamentos; da cozinha e da O Corpo docente é constituído pelo conjunto dos
preparação e distribuição da merenda escolar; da execução de professores em exercício na escola, que tem como função
pequenos consertos e outros serviços rotineiros da escola. básica realizar o objetivo prioritário da escola, o ensino. Os
A Vigilância cuida do acompanhamento dos alunos em professores de todas as disciplinas formam, junto com a
todas as dependências do edifício, menos na sala de aula, direção e os especialistas, a equipe escolar. Além do seu papel
orientando-os quanto a normas disciplinares, atendendo-os específico de docência das disciplinas, os professores também
em caso de acidente ou enfermidade, como também do têm responsabilidades de participar na elaboração do plano
atendimento às solicitações dos professores quanto a material escolar ou projeto pedagógico-curricular, na realização das
escolar, assistência e encaminhamento de alunos. atividades da escola e nas decisões dos Conselhos de Escola e
O serviço de Multimeios compreende a biblioteca, os de classe ou série, das reuniões com os pais (especialmente na
laboratórios, os equipamentos audiovisuais, a videoteca e comunicação e interpretação da avaliação), da APM e das
outros recursos didáticos. demais atividades cívicas, culturais e recreativas da
O setor pedagógico compreende as atividades de comunidade.
coordenação pedagógica e orientação educacional. As funções A gestão democrática-participativa valoriza a participação
desses especialistas variam confirme a legislação estadual e da comunidade escolar no processo de tomada de decisão,
municipal, sendo que muitos lugares suas atribuições ora são concebe à docência como trabalho interativo, aposta na
unificadas em apenas uma pessoa, ora são desempenhadas por construção coletiva dos objetivos e funcionamento da escola,
professores. Como são funções desses especializadas, por meio da dinâmica intersubjetiva, do diálogo, do consenso.
envolvendo habilidades bastante especiais, recomenda-se e Nos itens interiores mostramos que o processo de tomada
seus ocupantes sejam formados em cursos de Pedagogia ou de decisão inclui, também, as ações necessárias para colocá-la
adquiram formação pedagógico-didática específica. em prática. Em razão disso, faz-se necessário o emprego dos
O coordenador pedagógico ou professor coordenador elementos ou processo organizacional, tal como veremos
supervisiona, acompanha, assessora, avalia as atividades adiante.
pedagógico-curriculares. Sua atribuição prioritária é prestar De fato, a organização e gestão, refere-se aos meios de
assistência pedagógico-didático aos professores em suas realização do trabalho escolar, isto é, à racionalização do
respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho ao trabalho e à coordenação do esforço coletivo do pessoal que
trabalho interativo com os alunos. atua na escola, envolvendo os aspectos, físicos e materiais, os
Há lugares em que a coordenação se restringe à disciplina conhecimentos e qualificações práticas do educador, as
em que o coordenador é especialista; em outros, a relações humano-interacionais, o planejamento, a
coordenação se faz em relação a todas as disciplinas. Outra administração, a formação continuada, a avaliação do trabalho
atribuição que cabe ao coordenador pedagógico é o escolar.
relacionamento com os pais e a comunidade, especialmente no Tudo em função de atingir os objetivos, ou seja, como toda
que se refere ao funcionamento pedagógico-curricular e instituição as escolas também buscam resultados, o que
didático da escola e comunicação e interpretação da avaliação implica em uma ação racional, estruturada e coordenada. Ao
dos alunos. mesmo tempo, sendo uma atividade coletiva, não depende
O orientador educacional, na instituição que essa função apenas das capacidades e responsabilidades individuais, mas
existe, cuida do atendimento e do acompanhamento escolar sim de objetivos comuns e compartilhados, e de ações
dos alunos e também do relacionamento escola-pais- coordenadas e controladas pelos agentes do processo.
comunidade.
O Conselho de Classe ou Série é um órgão de natureza Questões
deliberativa quanto à avaliação escolar dos alunos, decidindo
sobre ações preventivas e corretivas em relação ao 01. (IF/PA - Educação Pedagogia - FADESP/2018) A
rendimento dos alunos, ao comportamento discente, às gestão democrática como um princípio da educação brasileira
promoções e reprovações e a outras medidas concernentes à deve ser efetivada na escola com
melhoria da qualidade da oferta dos serviços educacionais e ao (A) a existência de instância administrativa que promova a
melhor desempenho escolar dos alunos. tomada de decisões sobre as ações escolares.
Paralelamente à estrutura organizacional, muitas escolas (B) a promoção de movimentos de ampla participação da
mantêm Instituições Auxiliares tais como: a APM (Associação comunidade nos processos decisórios, desde a elaboração até
de Pais e Mestres), o Grêmio Estudantil e outras como Caixa a avaliação das ações pretendidas.
Escolar, vinculadas ao Conselho de Escola (onde este existia) (C) a elaboração de um instrumental de coleta de opiniões
ou ao Diretor. e sugestões dos pais sobre o trabalho escolar.

Didática 72
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APOSTILAS OPÇÃO

(D) a realização das eleições para o cargo de direção da (E) A autonomia é um princípio que implica que um líder
unidade escolar, no qual o conselho escolar escolhe aquele que tome as decisões para que os demais membros possam
assumirá o cargo. participar do processo de gestão.
(E) a realização de ações definidas a priori e com o
acompanhamento da coordenação. Gabarito
02. (IF/TO - Professor - 2017) No que concerne à
organização e à gestão do trabalho escolar, e de acordo com 01.B / 02.A / 03.C / 04.A
Libâneo (2012), marque a alternativa incorreta.
(A) A organização dos sistemas de ensino não possui
influências sociais e políticas. As novas tecnologias e suas
(B) Todos os envolvidos no processo educacional educam, aplicações na construção do
não são apenas os professores.
(C) A organização e a gestão da escola correspondem à conhecimento
necessidade de a instituição escolar dispor das condições e dos
meios para a realização de seus objetivos específicos.
96Muitas formas de ensinar hoje não se justificam mais.
(D) O professor participa ativamente da organização do
trabalho escolar, formando com os demais colegas uma equipe Perdemos tempo demais, aprendemos muito pouco, nos
de trabalho, aprendendo novos saberes e competências, assim desmotivamos continuamente. Tanto professores como alunos
como um modo de agir coletivo, em favor da formação dos temos a clara sensação de que muitas aulas convencionais estão
alunos. ultrapassadas. Mas, para onde mudar? Como ensinar e aprender
(E) O professor está a cargo do principal objetivo da escola: em uma sociedade mais interconectada?
o ensino e a aprendizagem dos alunos. Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas
previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o
03. (IF/PI - Pedagogo - FUNRIO) Os estudos sobre a cotidiano, com o inesperado, se transformarmos a sala de aula
administração escolar não é novo, bem como a da organização em uma comunidade de investigação.
do trabalho aí realizado. Ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade
É sempre útil distinguir, no estudo desta questão, a espaço temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e
existência de duas concepções, que norteiam as análises: a processos mais abertos de pesquisa e de comunicação. Uma
científico-racional e a crítico, de cunho sócio-político. das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a
Na primeira delas, que é o modelo mais comum de variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua
funcionamento das instituições de ensino, as escolas dão muita compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados.
ênfase à estrutura organizacional, que pode ser planejada, Temos informações demais e dificuldade em escolher quais
organizada e controlada, de modo a alcançar maiores índices são significativas para nós e conseguir integrá-las dentro da
de eficácia e eficiência, uma vez que a organização escolar se nossa mente e da nossa vida.
embasa numa percepção de “realidade objetiva, neutra, A aquisição da informação, dos dados dependerá cada vez
técnica, que funciona racionalmente". menos do professor. As tecnologias podem trazer hoje dados,
Na segunda concepção, a organização escolar se estabelece imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do
“basicamente como um sistema que agrega pessoas, professor - o papel principal - é ajudar o aluno a interpretar
importando bastante a intencionalidade e as interações esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.
sociais, o contexto sócio-político etc., constituindo-se numa Aprender depende também do aluno, de que ele esteja
construção social a ser construída pelos professores, alunos, pronto, maduro, para incorporar a real significação que essa
pais e integrantes da comunidade próxima, caracterizada pelo informação tem para ele, para incorporá-la vivencialmente,
interesse público. emocionalmente. Enquanto a informação não fizer parte do
A visão crítica da escola resulta em diferentes formas de contexto pessoal - intelectual e emocional - não se tornará
viabilização da... verdadeiramente significativa, não será aprendida
(A) administração empresarial. verdadeiramente.
(B) administração escolar. Avançaremos mais pela educação positiva do que pela
(C) gestão democrática. repressiva. É importante não começar pelos problemas, pelos
(D) gestão empresarial. erros, não começar pelo negativo, pelos limites. E sim começar
(E) administração colegiada. pelo positivo, pelo incentivo, pela esperança, pelo apoio na
nossa capacidade de aprender e de mudar.
04. (IF/PB - Técnico em Assuntos Educacionais) Dentre Ajudar o aluno a que acredite em si, que se sinta seguro,
os princípios e características da gestão escolar participativa, que se valorize como pessoa, que se aceite plenamente em
destaca-se a autonomia como o fundamento da concepção todas as dimensões da sua vida. Se o aluno acredita em si, será
democrático-participativa de gestão escolar. Com base nessa mais fácil trabalhar os limites, a disciplina, o equilíbrio entre
informação, a autonomia na concepção democrático- direitos e deveres, a dimensão grupal e social.
participativa de gestão escolar está expressa em:
(A) A faculdade de uma pessoa de autogovernar-se, decidir As Dificuldades para Mudar na Educação
sobre o próprio destino, gerenciamento das ações e recursos
financeiros. As mudanças demorarão mais do que alguns pensam,
(B) A organização escolar depende exclusivamente de porque nos encontramos em processos desiguais de
decisões do poder central. aprendizagem e evolução pessoal e social. Não temos muitas
(C) O êxito da gestão da escola está no controle emanado instituições e pessoas que desenvolvam formas avançadas de
pelo poder central. compreensão e integração, que possam servir como
(D) A gestão da autonomia não implica referência. Predomina a média, a ênfase no intelectual, a
corresponsabilidade dos membros da equipe escolar. separação entre a teoria e a prática.
Temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional,
tanto no pessoal como no organizacional, o que dificulta o

96MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação


pedagógica. Ed. Papirus.2000.

Didática 73
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APOSTILAS OPÇÃO

aprendizado rápido. São poucos os modelos vivos de Integrar os Meios de Comunicação na Escola
aprendizagem integradora, que junta teoria e prática, que
aproxima o pensar do viver. Antes da criança chegar à escola, já passou por processos
A ética permanece contraditória entre a teoria e a prática. de educação importantes: pelo familiar e pela mídia eletrônica.
Os meios de comunicação mostram com frequência como No ambiente familiar, mais ou menos rico cultural e
alguns governantes, empresários, políticos e outros grupos de emocionalmente, a criança vai desenvolvendo as suas
elite agem impunemente. Muitos adultos falam uma coisa - conexões cerebrais, os seus roteiros mentais, emocionais e
respeitar as leis - e praticam outra, deixando confusos os suas linguagens. Os pais, principalmente a mãe, facilitam ou
alunos e levando-os a imitar mais tarde esses modelos. complicam, com suas atitudes e formas de comunicação mais
O autoritarismo da maior parte das relações humanas ou menos maduras, o processo de aprender a aprender dos
interpessoais, grupais e organizacionais espelha o estágio seus filhos.
atrasado em que nos encontramos individual e coletivamente A criança também é educada pela mídia, principalmente
de desenvolvimento humano, de equilíbrio pessoal, de pela televisão. Aprende a informar-se, a conhecer - os outros,
amadurecimento social. E somente podemos educar para a o mundo, a si mesmo - a sentir, a fantasiar, a relaxar, vendo,
autonomia, para a liberdade com processos ouvindo, “tocando” as pessoas na tela, que lhe mostram como
fundamentalmente participativos, interativos, libertadores, viver, ser feliz e infeliz, amar e odiar. A relação com a mídia
que respeitem as diferenças, que incentivem, que apoiem, eletrônica é prazerosa - ninguém obriga - é feita através da
orientados por pessoas e organizações livres. sedução, da emoção, da exploração sensorial, da narrativa -
As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, aprendemos vendo as estórias dos outros e as estórias que os
de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, outros nos contam. Mesmo durante o período escolar a mídia
pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar mostra o mundo de outra forma - mais fácil, agradável,
e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em compacta - sem precisar fazer esforço. Ela fala do cotidiano,
contato, porque dele saímos enriquecidos. dos sentimentos, das novidades. A mídia continua educando
O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que como contraponto à educação convencional, educa enquanto
sabe e, ao mesmo tempo está atento ao que não sabe, ao novo. estamos entretidos.
Mostra para o aluno a complexidade do aprender, a nossa Os Meios de Comunicação, principalmente a televisão,
ignorância, as nossas dificuldades. Ensina, aprendendo a desenvolvem formas sofisticadas multidimensionais de
relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o provisório. comunicação sensorial, emocional e racional, superpondo
Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que linguagens e mensagens, que facilitam a interação, com o
dá lugar a novas descobertas e a novas sínteses. público. A TV fala primeiro do "sentimento" - o que você
Os grandes educadores atraem não só pelas suas ideias, sentiu", não o que você conheceu; as ideias estão embutidas na
mas pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a roupagem sensorial, intuitiva e afetiva.
atenção. Há sempre algo surpreendente, diferente no que Os Meios de Comunicação operam imediatamente com o
dizem, nas relações que estabelecem, na sua forma de olhar, na sensível, o concreto, principalmente, a imagem em movimento.
forma de comunicar-se, de agir. São um poço inesgotável de Combinam a dimensão espacial com a cinestésica, onde o
descobertas. ritmo torna-se cada vez mais alucinante (como nos
Enquanto isso, boa parte dos professores é previsível, não videoclipes). Ao mesmo tempo utilizam a linguagem
nos surpreende; repete fórmulas, sínteses. São docentes conceitual, falada e escrita, mais formalizada e racional.
“papagaios”, que repetem o que leem e ouvem, que se deixam Imagem, palavra e música se integram dentro de um contexto
levar pela última moda intelectual, sem questioná-la. comunicacional afetivo, de forte impacto emocional, que
É importante termos educadores/pais com um facilita e predispõe a aceitar mais facilmente as mensagens.
amadurecimento intelectual, emocional, comunicacional e A eficácia de comunicação dos meios eletrônicos, em
ético, que facilite todo o processo de organizar a particular da televisão, se deve também à capacidade de
aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que articulação, de superposição e de combinação de linguagens
valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que totalmente diferentes - imagens, falas, música, escrita - com
a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer uma narrativa fluida, uma lógica pouco delimitada, gêneros,
formas democráticas de pesquisa e de comunicação. conteúdos e limites éticos pouco precisos, o que lhe permite
As mudanças na educação dependem também de termos alto grau de entropia, de interferências por parte de
administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que concessionários, produtores e consumidores.
entendam todas as dimensões que estão envolvidas no A televisão combina imagens estáticas e dinâmicas,
processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; imagens ao vivo e gravadas, imagens de captação imediata,
que apoiem os professores inovadores, que equilibrem o imagens referenciais (registradas diretamente com a câmara)
gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, com imagens criadas por um artista no computador. Junta
contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, imagens sem ligação referencial (não relacionadas com o real)
intercâmbio e comunicação. com imagens "reais" do passado (arquivo, documentários) e as
As mudanças na educação dependem também dos alunos. mistura com imagens "reais" do presente e imagens do
Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o passado não “reais”.
processo, estimulam as melhores qualidades do professor, A imagem na televisão, cinema e vídeo é sensorial,
tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do sensacional e tem um grande componente subliminar, isto é,
professor-educador. passa muitas informações que não captamos claramente.
Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, O olho nunca consegue captar toda a informação. Então
ajudam o professor a ajuda-los melhor. Alunos que provêm de escolhe um nível que dê conta do essencial, do suficiente para
famílias abertas, que apoiam as mudanças, que estimulam dar um sentido ao caos, de organizar a multiplicidade de
afetivamente os filhos, que desenvolvem ambientes sensações e dados. Foca a atenção, em alguns aspectos
culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente, crescem analógicos, nas figuras destacadas, nas que se movem e com
mais confiantes e se tornam pessoas mais produtivas. isso conseguimos acompanhar uma estória. Mas deixamos de
lado, inúmeras informações visuais e sensoriais, que não são
percebidas conscientemente. A força da linguagem audiovisual
está em que consegue dizer muito mais do que captamos,
chegar simultaneamente por muitos mais caminhos do que

Didática 74
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conscientemente percebemos e encontra dentro de nós uma Preparar os Professores para a Utilização do
repercussão em imagens básicas, centrais, simbólicas, Computador e da Internet
arquetípicas, com as quais nos identificamos ou que se
relacionam conosco de alguma forma - O primeiro passo é facilitar o acesso dos professores e dos
É uma comunicação poderosa, como nunca antes a tivemos alunos ao computador e à Internet. Procurar de todas as
na história da humanidade e as novas tecnologias de formas possíveis que todos possam ter o acesso mais fácil,
multimídia e realidade virtual só estão tornando esse processo frequente e personalizado possível às novas tecnologias. Ter
de simulação muito mais exacerbado, explorando-o até limites salas de aula conectadas, salas ambiente para pesquisa,
inimagináveis. laboratórios bem equipados. Facilitar que os professores
A organização da narrativa televisiva, principalmente a possam ter seus próprios computadores. Facilitar que cada
visual, não se baseia somente - e muitas vezes, não aluno possa ter um computador pessoal portátil. Sabemos que
primordialmente- na lógica convencional, na coerência esta situação no Brasil é atualmente uma utopia, mas hoje o
interna, na relação causa-efeito, no princípio de não- ensino de qualidade passa também necessariamente pelo
contradição, mas numa lógica mais intuitiva, mais conectiva. acesso rápido, contínuo e abrangente a todas as tecnologias,
Imagens, palavras e música vão se agrupando segundo principalmente às telemáticas.
critérios menos rígidos, mais livres e subjetivos dos
produtores que pressupõem um tipo de lógica da recepção Um dos projetos políticos mais importantes é que a
também menos racional, mais intuitiva. sociedade encontre formas de diminuir a distância que
Um dos critérios principais é a contiguidade a justaposição separa no acesso à informação entre os que podem e os
por algum tipo de analogia, de associação por semelhança ou que não podem pagar por ela. As escolas públicas,
por oposição, por contraste. Ao colocar pedaços de imagens ou comunidades carentes precisam ter esse acesso garantido
cenas juntas, em sequência, criam-se novas relações, novos para não ficarem condenadas à segregação definitiva, ao
significados, que antes não existiam e que passam a ser analfabetismo tecnológico, ao ensino de quinta classe.
considerados aceitáveis, "naturais", "normais". Colocando, por
exemplo, várias matérias em sequência, num mesmo bloco e - O segundo passo é ajudar na familiarização com o
em dias sucessivos - como se fossem capítulos de uma novela computador, com seus aplicativos e com a Internet. Aprender
-, sobre o assassinato de uma atriz, o de várias crianças e a utilizá-lo no nível básico, como ferramenta. No nível mais
outros crimes semelhantes, acontecidos no Brasil e em outros avançado: dominar as ferramentas da WEB, do e-mail.
países, multiplica-se a reação de indignação da população, o Aprender a pesquisar nos search, a participar de listas de
seu desejo de vingança. Isto favorece os defensores da pena de discussão, a construir páginas.
morte; o que não estava explícito em cada reportagem e nem - O nível seguinte é auxiliar os professores na utilização
talvez fosse a intenção dos produtores. pedagógica da Internet e dos programas multimídia. Ensiná-
A televisão estabelece uma conexão aparentemente lógica los a fazer pesquisa.
entre mostrar e demonstrar. Mostrar é igual a demonstrar, a Começar pela pesquisa aberta, onde há liberdade de
provar, a comprovar. A força da imagem é tão evidente que escolha do lugar (tema pesquisado livremente) e pesquisa
torna-se difícil não fazer essa associação comprovatória ("se dirigida, focada para um endereço específico ou um site
uma imagem me impressiona, é verdadeira"). Também é muito determinado. Pesquisa nos sites de busca, nos bancos de
comum a lógica de generalizar a partir de uma situação dados, nas bibliotecas virtuais, nos centros de referência.
concreta. Do individual, tendemos ao geral. Uma situação Pesquisa dos temas mais gerais para os mais específicos,
isolada converte-se em situação paradigmática, padrão. A pesquisa grupal e pessoal.
televisão, principalmente, transita continuamente entre as - A internet pode ser utilizada em um projeto isolado de
situações concretas e a generalização. Mostra dois ou três uma classe, como algo complementar ou um projeto
escândalos na família real inglesa e tirar conclusões sobre o voluntário, com alunos se inscrevendo. A Internet pode ser um
valor e a ética da realeza como um todo. projeto entre vários colégios ou grupos, na mesma cidade, de
Ao mesmo tempo, o não mostrar equivale a não existir, a várias cidades ou países. O projeto pode evoluir para a
não acontecer. O que não se vê, perde existência. Um fato interdisciplinaridade, integrando várias áreas e professores. A
mostrado com imagem e palavra tem mais força que se Internet pode fazer parte de um projeto institucional, que
somente é mostrado com palavra. Muitas situações envolve toda a escola de forma mais colaborativa.
importantes do cotidiano perdem força, por não ter sido
valorizadas pela imagem-palavra televisiva. A escola pode utilizar a Internet em uma sala especial ou
A educação escolar precisa compreender e incorporar laboratório, onde os alunos se deslocam especialmente, em
mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar períodos determinados, diferentes da sala de aula
as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É convencional. A internet também pode ser utilizada na sala de
importante educar para usos democráticos, mais progressistas aula conectada, só pelo professor, como uma tecnologia
e participativos das tecnologias, que facilitem a evolução dos complementar do professor ou pode ser utilizada também
indivíduos. O poder público pode propiciar o acesso de todos pelos alunos conectados através de notebooks na mesma sala
os alunos às tecnologias de comunicação como uma forma de aula, sem deslocamento.
paliativa, mas necessária de oferecer melhores oportunidades
aos pobres, e também para contrabalançar o poder dos grupos Alguns Caminhos para Integrar as Tecnologias num
empresariais e neutralizar tentativas ou projetos autoritários. Ensino Inovador
Se a educação fundamental é feita pelos pais e pela mídia,
urgem ações de apoio aos pais para que incentivem a Na sociedade da informação, todos estamos reaprendendo
aprendizagem dos filhos desde o começo das vidas deles, a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar; reaprendendo a
através do estímulo, das interações, do afeto. Quando a criança integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o
chega à escola, os processos fundamentais de aprendizagem já grupal e o social.
estão desenvolvidos de forma significativa. Urge também a É importante conectar sempre o ensino com a vida do
educação para as mídias, para compreendê-las, criticá-las e aluno. Chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis: pela
utilizá-las da forma mais abrangente possível. experiência, pela imagem, pelo som, pela representação
(dramatizações, simulações), pela multimídia, pela interação
online e offline.

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Partir de onde o aluno está. Ajuda-lo a ir do concreto ao mais através da pura descrição do conceito do objeto a ser
abstrato, do imediato para o contexto, do vivencial para o mecanicamente memorizado pelos alunos.”
intelectual. Os professores, diretores, administradores terão P. Freire não desenvolveu uma teoria da comunicação que
que estar permanentemente em processo de atualização dê conta de sua crítica à transmissão. No entanto, deixou seu
através de cursos virtuais, de grupos de discussão legado que garante ao conceito de interatividade a exigência
significativos, participando de projetos colaborativos dentro e da participação daquele que deixa o lugar da recepção para
fora das instituições em que trabalham. experimentar a cocriação.
Tanto nos cursos convencionais como nos à distância A sala de aula presencial e à distância segue os três
teremos que aprender a lidar com a informação e o fundamentos citados anteriormente. Entretanto, é preciso
conhecimento de formas novas, pesquisando muito e considerar que a distinção “presencial” e “à distância” será
comunicando-nos constantemente. Isso nos fará avançar mais cada vez menos pertinente quanto mais se popularizarem as
rapidamente na compreensão integral dos assuntos tecnologias digitais. As duas modalidades coexistirão: o uso da
específicos, integrando-os num contexto pessoal, emocional e web, dos suportes multimídia e a sala de aula tradicional com
intelectual mais rico e transformador. Assim poderemos professor e alunos frente a frente. O aluno terá a aula na escola,
aprender a mudar nossas ideias, sentimentos e valores onde na universidade, e terá também o site da disciplina com
se fizer necessário. exercícios e novas proposições configurando a sala de aula
Necessitamos de muitas pessoas livres nas escolas que virtual. Porém é certo que esteja apenas iniciando a
modifiquem as estruturas arcaicas, autoritárias do ensino - proliferação do “ensino exclusivamente à distância” via
escolar e gerencial - Só pessoas livres, autônomas - ou em Internet.
processo de libertação - podem educar para a liberdade,
podem educar para a autonomia, podem transformar a Para promover a sala de aula interativa o professor
sociedade. Só pessoas livres merecem o diploma de educador. precisa desenvolver pelo menos cinco habilidades entre
Faremos com as tecnologias mais avançadas o mesmo que outras:
fazemos conosco, com os outros, com a vida. Se somos pessoas 1. Pressupor a participação-intervenção dos alunos,
abertas, as utilizaremos para comunicar-nos mais, para sabendo que participar é muito mais que responder “sim” ou
interagir melhor. Se somos pessoas fechadas, desconfiadas, “não”, é muito mais que escolher uma opção dada; participar é
utilizaremos as tecnologias de forma defensiva, superficial. Se atuar na construção do conhecimento e da comunicação;
somos pessoas autoritárias, utilizaremos as tecnologias para 2. Garantir a bidirecionalidade da emissão e recepção,
controlar, para aumentar o nosso poder. O poder de interação sabendo que a comunicação e a aprendizagem são produção
não está fundamentalmente nas tecnologias mas nas nossas conjunta do professor e dos alunos;
mentes. 3. Disponibilizar múltiplas redes articulatórias, sabendo que
Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se não se propõe uma mensagem fechada, ao contrário, se oferece
mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do informações em redes de conexões permitindo ao receptor
ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso ampla liberdade de associações, de significações;
contrário conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem 4. Engendrar a cooperação, sabendo que a comunicação e o
mexer no essencial. A Internet é um novo meio de conhecimento se constroem entre alunos e professor como co-
comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar-nos a criação e não no trabalho solitário;
rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de 5. Suscitar a expressão e a confrontação das subjetividades,
ensinar e de aprender. sabendo que a fala livre e plural supõe lidar com as diferenças
na construção da tolerância e da democracia.
Sala de Aula Interativa
Estas são habilidades necessárias para o professor
Outro termo bem utilizado para usos da tecnologia é o de aproveitar ao máximo o potencial das novas tecnologias em
sala de aula interativa. Vem do iluminismo a crença na escola sala de aula. Contudo não se destinam somente à sala de aula
como lugar destinado a formar cidadãos esclarecidos, “inforrica”. Pois, uma vez que interatividade é conceito de
senhores do seu próprio destino. Entretanto a sala de aula comunicação e não de informática, tais habilidades são
convive tradicionalmente com um impedimento de base ao necessárias também para o professor que quer modificar sua
seu propósito primordial de educar para a cidadania. Ela não postura comunicacional na sala “infopobre”.
contempla a participação do aluno na construção do
conhecimento e da própria comunicação. O grande discurso Alguns Problemas no Uso da Internet na Educação
moderno centrado na educação escolar sempre conviveu esse
impedimento: o peso de uma tradição bem formulada por Os dados e informações são muitos, e, portanto gera uma
Pierre Lévy quando diz: “a escola é uma instituição que há certa confusão entre informação e conhecimento.
cinco mil anos se baseia no falar-ditar do mestre”. Na informação os dados organizam-se dentro de uma
Nos livros Pedagogia do oprimido, Educação e mudança, e lógica, de uma estrutura determinada.
A importância do ato de ler, Paulo Freire faz críticas à Conhecimento é integrar a informação no nosso
transmissão como sendo o modelo mais identificado como referencial tornando-a significativa para nós. Alguns alunos
prática de ensino e menos habilitado a educar. Cito algumas: estão acostumados a receber tudo pronto do professor e,
“O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes. portanto não aceitam esta mudança na forma de ensinar.
Isto forma uma consciência bancária [sedentária, passiva]. O Também há os professores que não aceitam o ensino
educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando- multimídia, porque parece um modo de ficar brincando de
se um depósito do educador. Educa-se para arquivar o que se aula...
deposita.”; “Quem apenas fala e jamais ouve; quem ‘imobiliza’ Na navegação muitos alunos se perdem pelas inúmeras
o conhecimento e o transfere a estudantes, não importa se de possibilidades de navegação e acabam se dispersando. Deve-
escolas primárias ou universitárias; quem ouve o eco, apenas se orientá-los a selecionar, comparar, sintetizar o que é mais
de suas próprias palavras, numa espécie de narcisismo oral; relevante, possibilitando um aprofundamento maior e um
(...) não tem realmente nada que ver com libertação nem conhecimento significativo.
democracia.”;
“Ensinar não é a simples transmissão do conhecimento em
torno do objeto ou do conteúdo. Transmissão que se faz muito

Didática 76
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Mudanças no Ensino Presencial com Tecnologia Em termos conceituais, os AVAs consistem em mídias
Muitos alunos já começam a utilizar o notebook para que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdos e
pesquisa, para solução de problemas. O professor também permitir interação entre os atores do processo educativo.
acompanha esta mudança motivando os alunos através dos Dessa forma, a qualidade do processo educativo depende
avanços tecnológicos. Teremos com esta atitude mais do envolvimento do aprendiz, da proposta pedagógica,
ambientes de pesquisa grupal e individual em cada escola; Ex.: dos materiais veiculados, da estrutura e qualidade de
as bibliotecas transformam-se em espaços de integração de professores, tutores, monitores e equipe técnica, assim
mídias e banco de dados. como das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados
Com isto haverá mais participação no processo de no ambiente.
comunicação, tornando a relação professor/aluno mais aberta
e interativa, mais integração entre sociedade e a escola, entre Em consonância com essa evolução e realidade
aprendizagem e a vida. educacional, e na tentativa de alinhar as produções de
Quando vale a pena encontrar-nos na sala de aula? materiais didáticos que servissem como referenciais para
Aprendemos e ensinamos com programas que apresentam as mais variadas ofertas de cursos na modalidade em
o melhor da educação presencial com as novas formas virtuais; educação a distância, o Ministério da Educação, conceitua
porém há momentos que precisamos encontrar-nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) como:
fisicamente, em geral no começo e no final de um assunto ou programas que permitem o armazenamento, a
curso. administração e a disponibilização de conteúdos no
formato Web. Dentre esses, destacam-se: aulas virtuais,
Equilibrar o Presencial e o Virtual objetos de aprendizagem, simuladores, fóruns, salas de
Dificuldades no ensino presencial não serão resolvidos bate-papo, conexões a materiais externos, atividades
com o virtual. Unir os dois modos de comunicação o presencial interativas, tarefas virtuais (webquest), modeladores,
e o virtual e valorizando o melhor de cada um é a solução. animações, textos colaborativos (Wiki).
As atividades que fazemos no presencial como
comunidades, criação de grupos afins. Definir objetivos, Pode-se dizer que Ambiente Virtual de Aprendizagem
conteúdos, formas de pesquisas e outras informações iniciais. (AVA) consiste em uma excelente opção de mídia que está
A comunicação virtual permite interações espaço-temporais sendo utilizada para mediar o processo ensino aprendizagem
mais livres, adaptação a ritmos diferentes dos alunos novos a distância. Segundo Mckimm, Jollie e Cantillon: consiste em
contatos com pessoas semelhantes, mas distantes, maior um conjunto de ferramentas eletrônicas voltadas ao processo
liberdade de expressão à distância. ensino-aprendizagem. Os principais componentes incluem
Com o processo virtual o conceito de curso, de aula sistemas que podem organizar conteúdos, acompanhar
também muda. As crianças têm mais necessidade do contato atividades e, fornecer ao estudante suporte on-line e
físico para ajudar na socialização, mas nos cursos médios e comunicação eletrônica.
superiores, o virtual superará o presencial. Menos salas de Sendo assim, para que o processo ensino-aprendizagem
aulas e mais salas ambientes, de pesquisa, de encontro, flua de forma significativa para as interações professor-aluno,
interconectadas. pode-se dizer que o design do material consiste em um dos
aspectos essenciais. Fatores como tecnologia, interação,
Tecnologias na Educação a Distância cooperação e colaboração entre aprendizes, professores e
Muitas organizações estão se limitando a transpor para o tutores contribuem para a efetividade do ensino e,
virtual, adaptações do ensino presencial. Começamos a passar consequentemente da aprendizagem.
dos modelos individuais para os grupais. A educação a Os AVAs provêm recursos para dispor grande parte dos
distância mudará de concepção, de individualista para mais materiais didáticos nos mais diferentes formatos, podendo ser
grupal, de isolada para participação em grupos. Educação a elaborados na forma escrita, hipertextual, oral ou audiovisual.
distância poderá ajudar os participantes a equilibrar as Pode-se dizer que os recursos digitais e impressos adequados
necessidades e habilidades pessoais com a participação em para AVAs devem ser cuidadosamente planejados pela equipe
grupos-presenciais e virtuais. de projeto considerando seu público-alvo.

Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem É interessante, portanto, observar algumas


recomendações para o desenvolvimento do material didático,
O avanço e o desenvolvimento tecnológico impulsionaram entre elas:
e estão transformando a maneira de ensinar e aprender. Além - Utilizar hipertextos;
disso, o intenso ritmo do mundo globalizado e a complexidade - Utilizar textos impressos em forma de apostilas, com
crescente de tarefas que envolvem informação e tecnologia recursos gráficos e imagens;
fazem com que o processo educativo não possa ser - Disponibilizar, previamente, um resumo auditivo do
considerado uma atividade primordial. Dessa forma, afirma-se material para ajudar na recomendação de maneira a conduzir
que a demanda educativa deixou de ser exclusivamente de a formação de conceito;
uma faixa etária que frequenta as escolas para ser necessidade - Não subestimar o uso de CDs e DVDs por serem
do público em geral que necessitam estar continuamente tecnologias de mão única, pois esses possibilitam o controle
atualizados para o competitivo mundo do trabalho. total do aprendiz, além de facilitarem o acesso e serem de
Nos últimos anos, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem baixo custo;
(AVAs) estão sendo cada vez mais utilizados no âmbito - Fazer uso da voz humana quando possível, pois essa é
acadêmico e corporativo como uma opção tecnológica para uma excelente ferramenta pedagógica;
atender uma demanda educacional. A partir disso, verifica-se - Oferecer a opção de áudio junto com material textual a
a importância de um entendimento mais crítico sobre o fim de ativar mais de um canal sensorial no processo de
conceito que orienta o desenvolvimento ou o uso desses aprendizagem, contemplando assim, diferentes perfis de
ambientes, assim como, o tipo de estrutura humana e aprendizes;
tecnológica que oferece suporte ao processo ensino- - Disponibilizar videoconferência para possibilitar a
aprendizagem. interação de pessoas e grupos dispersos geograficamente em
tempo real;

Didática 77
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- Utilizar simulações e animações de forma a facilitar o Torna-se claro que o desafio formativo é a razão maior de
ensino de conceitos abstratos e poucos conhecidos, além ser deste recurso. O Wiki é uma solução alternativa aos modos
daqueles que necessitam de muito tempo de ensino, oferecem face a face tradicionais, com vantagem de ser assíncrona e
perigo e são inacessíveis devido aos altos custos e à distância. deixar rastro da participação dos usuários. É colaborativo,
aberto, tendo como objetivo a construção coletiva de um texto
Segundo Ally, ainda reforçando as referenciais para a ou produção comum, de cuja autoria todos participam, não
construção de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) e existindo propriamente uma versão final. A premissa
com a finalidade de atender as quatro fases para que o fundamental na utilização da Wiki é a crença na construção
aprendizado significativo aconteça, é necessário observar as compartilhada do conhecimento, algo fundamental para
estratégias de atenção, relevância, confiança e satisfação, como aprender bem, nesse sentido a proposta é centrada no
descrito a seguir: aprendiz e no seu desenvolvimento cognitivo.
- Atenção: colocar uma atividade inicial para desenvolver Os blogs, em geral em formato de diário, com o último
o processo ensino-aprendizagem; registro sempre posicionado no topo, permite a divulgação de
- Relevância: esclarecer a importância da lição, mostrar textos multimodais com a possibilidade de serem comentados
que essa pode ser benéfica para usar em situações da vida real, livremente. Seu uso é muito variado, indo desde apresentações
visa contextualizar e ser mais significativa de maneira a pessoais e tópicas até propostas acadêmicas, o que vai
manter o interesse; variando os comentários postados. Pode servir facilmente
- Confiança: assegurar ao aprendiz que ele obterá êxito para expor textos à avaliação de pares, provocando feedback
nas atividades através da organização do material do simples rápido e atualizado. Uma de suas particularidades mais
para o complexo, do conhecido para o desconhecido, informar apreciadas é estender a discussão além da sala de aula, na qual
o que se espera da lição, manter o acompanhamento e o vale a força sem força do melhor argumento. Talvez esse seja
estímulo; o seu efeito pedagógico mais notável: empurrar os
- Satisfação: fornecer feedback do desempenho, estimular participantes para a autoridade do argumento, já que não há
a aplicação do conhecimento na vida real. como inventar autoridade indiscutível. Não se imagina chegar
um ponto indiscutível, mas um processo aberto de discussão
Para auxiliar no processo do aprendizado significativo, é criativa. Todo blog interessante mantém-se atualizado, ou seja,
necessário que AVAs sejam dotados de várias mídias, como renova-se periodicamente.
vídeo, áudio, gráficos, textos, dos quais apresentam inúmeras Assim como todo recurso disponível na internet, o blog
vantagens dentre elas, promover o desenvolvimento de pode ser abusado ou inócuo. Dentre esses abusos pode-se
habilidade e formação de conceitos, possibilitar inúmeras divulgar banalidades ou apresentações personalistas e os
modalidades de aprendizagem, aumentar a interatividade, comentaristas podem ser fúteis também. Mas também são
facultar a individualidade, podendo o aluno administrar o seu observáveis as virtudes desse recurso. Alguns professores
tempo, permitir aos alunos maior compreensão dos utilizam para debater e divulgar as suas ideias, orientar seus
conteúdos, pois utiliza várias mídias e não apenas textos, alunos, participar de interações com outros colegas, informar
facilitar a aprendizagem por meio de palavras utilizadas a comunidade interessada nos temas debatidos. Pode-se usar
simultaneamente e ajudar no aprendizado, pois utiliza o blog como lugar preferencial para testar ideias e textos, antes
animação e narração audível que é mais consistente do que de serem publicados por outras vias. O blog é um recurso
animação e texto em tela. poderoso contra ideias fixas. Embora não precise substituir a
Muitas são as ferramentas disponíveis para permitir a sala de aula, a complementa bem, à medida que pode inserir
aprendizagem significativa em AVAs, das quais podemos citar: textos e informações adicionais, motivar os alunos a
blogs, Wikis, podcasts, e-portfolios, social networking, social comentarem textos e produções, formar comunidades de
bookmarking, photo sharing, second life, online forums, vídeo prática em torno de temas de interesse coletivo. O blog tem um
messaging, YouTube, audiographics, dentre outras. lado mais individual, porque é conduzido pelo autor apenas,
Dessa forma, é salutar discutir as propriedades sem interferência do público, a não ser comentar. Nesse
pedagógicas possíveis que favorecem o desafio de aprender sentido, fomenta a produção individual.
bem. Em AVAs pretende-se fomentar nos alunos, habilidades O podcasting fundamentalmente é um arquivo de áudio
de aprendizagem autônoma, embora preferencialmente que pode ser baixado e escutado num aparelho de iPod ou
coletiva, desenvolver habilidade de construção de MP3, permitindo estudo móvel, ou num computador ou laptop
conhecimento, motivar a aprendizagem sem fim. Segundo para estudo localizado. O podcasting pode representar
Maison e Rennie dão o exemplo de como se poderia usar a Wiki oportunidade pertinente para subsidiar estudantes em termos
nessa direção: de criação multimodal de conteúdo em projetos únicos de
1. Desenvolver projetos de pesquisa: usando Wiki para aprendizagem. Os estudantes atingem níveis demais elevados
documentação em andamento do trabalho; de participação ativa, tornando-se mais visivelmente atores de
2. Construindo uma bibliografia anotada, colaborativa - suas propostas. Aparecem formas mais sofisticadas de autoria,
usando links para prescrever leitura e também para notas não só porque se mesclam ferramentas e dinâmicas, mas
sumariadas na leitura; principalmente porque exigem-se scripts mais elaborados e
3. Publicar recursos do curso: professores podem postar inteligentes.
material de sala de aula e os estudantes podem postar Os estudantes podem conduzir histórias orais e criar
comentários sobre este material para serem compartilhados produtos que podem ser usados em seus trabalhos escolares.
com todos; Podem envolver-se em reportagens, interpretação histórica ou
4. Mapear conceitos: ideias podem ser postadas e editadas narrativas científicas. Podem-se fazer podcast de
para produzir uma rede conectada de recursos; apresentações especiais de professores, não no sentido de
5. Como ferramenta de apresentação: fotos, diagramas e gravar aulas, mas de montar cenários de registro eletrônico de
comentário podem ser apresentados na Wiki, e depois contribuições docentes consideradas excelentes. A
subsequentemente editados para produzir versão revisada; importância do podcast é em relação a possibilidade dos
5. Para autoria grupal: criando e editando um documento estudantes fazerem produções próprias multimodais cada vez
único por muitos autores que represente as visões de cada mais criativas.
indivíduo, mas atinge um consenso. O e-portfolios são coleções eletrônicas de documentos e
outros objetos que sustentam necessidades individuais dos
estudantes com respeito ao que está sendo transmitido no

Didática 78
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curso. Em grande parte, são usados para comprovar a etc. e comunicação síncrona, ou seja, em tempo real. Ex. o chat
trajetória de estudo e avaliação, em ritmo sempre atualizado, e a videoconferência.
e como forma também pessoal em termos de curriculum vitae.
Primeiro o desafio é envolver os estudantes no sentido que Muitos são os recursos e as estratégias utilizadas para
saibam manter e atualizar seus e-portfolios. tentar envolver os aprendizes em atividades
A ideia mais produtiva parece ser a construção de significativas: alguns preferem a noção de aprendizagem
ambiente que incite o estudante a tomar conta por problematização, outros pela construção de hipóteses
autonomamente de sua vida estudantil. Deve servir de de como funciona a realidade; outros ainda pela
referência sempre aberta e provocativa de recriação da vida aprendizagem situada, usando para tanto simulações
acadêmica. virtuais: embora sejam simulações, podem simular a
O social bookmarking tem seus efeitos no uso educacional realidade de tal forma que pareça mais real que o real. O
sendo a primeira utilidade de permitir a grupos montarem que se busca principalmente na utilização desses recursos
uma rede para partilhar recursos considerados relevantes em AVAs é a autonomia para criação, a capacidade de ter
durante a construção de algum projeto. Representa proposta própria, saber desconstruir e reconstruir
ferramenta ideal para processos de pesquisa, pois possibilita conhecimento, argumentar e contra-argumentar, saber
seguir pegadas de materiais e comentários online. ler e contra-ler. O que mais se busca, portanto, é
Em termos educacionais, Flickr contém montanhas de capacidade da construção do texto próprio, do individual
imagens interessantes para todo possível uso escolar e e ao mesmo tempo do coletivo.
acadêmico, podendo aprimorar habilidades visuais em
particular. O desafio é não restringir-se a transmissão de Ambientes Virtuais de Aprendizagem favorecendo o ensino-
conteúdos (repasse de fotos, imagens), mas optar para textos aprendizagem nas variadas faixas etárias
multimodais que aliem texto impresso com imagem,
sobretudo imagem em movimento. É uma casa muito engraçada, não tem teto, não tem nada.
O Second Life é constituído por um ambiente virtual de Ninguém pode entrar nela não, porque a escola não tem chão...
multiuso em 3D. É um lugar virtual onde reside, se comunica e
se fazem negócios. Em termos educacionais, podem-se Com a evolução da modalidade de ensino a distância, há a
encontrar nessa plataforma muitas sugestões de atividades, tendência de que espaços eletrônicos sejam cada vez mais
como exercícios de presença virtual, trabalho cooperativo em utilizados para facilitar a aprendizagem e promover
computador, novos estudos de mídia e inserção corporativa, significado no que se aprende. Esses espaços eletrônicos
em particular por conta da referência expressiva ao mercado. servem tanto como suporte para distribuição de materiais
O Second Life pode ser usado em complementação ao sistema didáticos como complementos de espaços presenciais de
tradicional (aula), como meio de enriquecer as atividades para aprendizagem.
além das curriculares formais, possuindo característica O ambiente virtual de aprendizagem é um sistema rico que
marcante de alta qualidade de interação, muito acima dos fornece suporte a qualquer tipo de atividade realizada pelo
fóruns e games online. Sua utilização tem sido motivadora, ao aluno, isto é, em conjunto de ferramentas que são usadas em
proporcionar o uso de simulação em ambiente seguro para diferentes situações do processo de aprendizagem.
aprimorar a aprendizagem experiencial, praticar habilidades Analisando pela construção de conhecimento pelo aluno
de acesso de configurações em 3D, tentar ideias novas e por meio da concepção de ambientes virtuais de
aprender dos erros. aprendizagem, destaca-se a natureza construtivista da
Os fóruns são websites compostos por vários números de aprendizagem: os indivíduos são sujeitos ativos na construção
fios encadeados. Cada fio encadeia uma discussão ou conversa dos seus próprios conhecimentos. Segundo Ferreira, existem
sob a forma de uma série de postagens escritas pelos alguns pressupostos na forma como Piaget teorizou que
participantes. Tais fios ficam salvos para posterior uso e devem ser levados em consideração se desejarmos criar um
conferência. “ambiente virtual construtivista”.
Com respeito a fins educacionais, o desafio é de motivar A primeira das exigências a serem observadas é que o
atividades questionadoras que se inspirem na autoridade do ambiente permita, e até obrigue, uma interação muito grande
argumento, em ambiente aberto, livre, mas civilizado. Não é do aprendiz com o objeto de estudo, integrando o objeto de
fácil criar senso de comunidade, evitando-se os extremos das estudo a realidade do sujeito, dentro de suas condições, de
adesões simplórias e das agressões predatórias. No entanto, forma a estimulá-lo e a desafiá-lo, ao mesmo tempo
quando se consegue esse senso de comunidade, em geral os permitindo que novas situações criadas possam ser adaptadas
estudantes confirmam aprender melhor. Há outros problemas, às estruturas cognitivas existentes, propiciando o seu
como risco de dispersão (mensagens fora do lugar) e desenvolvimento intelectual. A interação deve abranger não só
superficialidade, perdendo-se o tom de “questionamento” em o universo do aluno e o computador, mas, preferencialmente,
profundidade. Não há como propriamente garantir a também o aluno e o professor, com ou sem o computador.
qualidade, porque depende do ambiente criado favorável, sem Qualquer ambiente virtual de aprendizagem deve permitir
falar que a participação tende a ser díspar: alguns participam diferentes estratégias de aprendizagem, não só para se
muito (por vezes demais), enquanto outros se mantêm a adequar ao maior número possível de pessoas, que terão
distância. Essas cautelas, entretanto, só fazem aumentar o certamente estratégias diferenciadas, mas também porque as
interesse pedagógico por discussões bem feitas, aliando estratégias utilizadas individualmente variam de acordo com
capacidade de expressão e elaboração. fatores como interesse, familiaridade com o conteúdo,
As possibilidades disponíveis para utilização em AVAs é estrutura dos conteúdos, motivação e criatividade, entre
numerosa. O importante é dar-se conta de suas outros. Além disso, deve proporcionar a aprendizagem
potencialidades em termos de aprimorar as chances de autoria colaborativa, interação e autonomia.
e as atitudes pedagógicas dos estudantes, dos professores e
das instituições educacionais e fazer o uso apropriado desse Questões
recurso que pode proporcionar a aprendizagem significativa
para qualquer usuário, independentemente de idade desde 01. (Correios - Analista de Correios/Pedagogo - CESPE)
que bem programado por instituições educacionais. Convém Com relação ao uso das tecnologias da informação (TICs) em
ressaltar aqui a divisão entre comunicação assíncrona, ou seja, educação corporativa, julgue os itens a seguir.
sem a participação simultânea ex. correio eletrônico, fórum,

Didática 79
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A utilização de ambientes virtuais de aprendizagem, (D) fórum


embora intensifique a comunicação síncrona e assíncrona (E) portfólio.
entre estudantes e professores, o que torna o processo de
ensino e aprendizagem mais dinâmico e personalizado, 05. (PRF - Técnico em Assuntos Educacionais - CESPE)
dificulta o processo de gestão da informação, dada a ausência Julgue o item abaixo, relativo a educação a distância.
de recursos nesses ambientes para a organização e consulta Ações de educação a distância desenvolvem-se em espaços
das informações armazenadas. virtuais de ensino e aprendizagem, espécies de sala de aula
( ) Certo ( ) Errado virtual a que o professor e os alunos devem conectar-se
simultaneamente.
02. (DEPEN – Pedagogia - CESPE) No que diz respeito a ( ) Certo ( ) Errado
métodos, técnicas e novas tecnologias aplicadas à educação,
julgue o próximo item. Gabarito
As aulas em ambientes virtuais de aprendizagem
apresentam como limitação a impossibilidade de se criar 01.Errado / 02.Errado / 03.B / 04.D / 05.Errado
ambientes de colaboração, de cooperação e de relações de
afeto, uma vez que a Internet estabelece um distanciamento
físico entre as pessoas. A avaliação da
( ) Certo ( ) Errado
aprendizagem: concepções,
03. (UEG - Analista de Gestão princípios, procedimentos e
Administrativa/Pedagogia - FUNIVERSA) A educação a instrumentos
distância (EaD) é um processo de ensino-aprendizagem
mediado por tecnologias nas quais professores e alunos estão
separados espacial e(ou) temporalmente. Considerando essa
A avaliação97, tal como concebida e vivenciada na maioria
informação, assinale a alternativa correta.
das escolas brasileiras, tem se constituído no principal
(A) Com a educação a distância, há a possibilidade de
mecanismo de sustentação da lógica de organização do
interação on-line. Esse é um processo de mudança uniforme e
trabalho escolar e, portanto, legitimador do fracasso,
fácil que depende apenas da motivação e da vontade das
ocupando mesmo o papel central nas relações que
pessoas.
estabelecem entre si os profissionais da educação, alunos e
(B) Com o avanço das tecnologias de comunicação virtual,
pais.
o conceito de presencialidade se altera, mudando o conceito de
Os métodos de avaliação ocupam, sem dúvida espaço
curso, de aula, que passa a existir em um tempo e em um
relevante no conjunto das práticas pedagógicas aplicadas ao
espaço cada vez mais flexíveis.
processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, neste contexto,
(C) Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA),
não se resume à mecânica do conceito formal e estatístico; não
proporcionados pelas novas tecnologias de informação e
é simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de
comunicação (TIC), são os únicos meios de realização da
avanço ou retenção em determinadas disciplinas.
educação a distância.
Para Oliveira98, devem representar as avaliações aqueles
(D) Os cursos oferecidos na modalidade a distância não são
instrumentos imprescindíveis à verificação do aprendizado
os mesmos daqueles ofertados presencialmente, porque as
efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo que
aulas práticas não podem ser realizadas por meio de
forneçam subsídios ao trabalho docente, direcionando o
ambientes virtuais.
esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem
(E) A avaliação da educação a distância necessita de ser
de forma a contemplar a melhor abordagem pedagógica e o
realizada presencialmente pelo fato de não existirem
mais pertinente método didático adequado à disciplina - mas
mecanismos de avaliação virtual que sejam eficazes.
não somente -, à medida que consideram, igualmente, o
contexto sócio-político no qual o grupo está inserido e as
04. (PRF - Agente Administrativo - FUNCAB) A
condições individuais do aluno, sempre que possível.
exploração dos recursos disponíveis na web vem permitindo a
A avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de
criação de ambientes virtuais ricos em estímulos para a
decisão e a melhoria da qualidade de ensino, informando as
aprendizagem. Estes ambientes permitem que se aprenda de
ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações
forma explorativa e automotivada, num ritmo próprio movido
constantes.
apenas pela vontade e pela capacidade de aprender. A
flexibilidade da web cria várias situações de uso, distribuídas
Origem da Avaliação
no tempo e na localização dos atores envolvidos. Para a
interação na relação de ensino-aprendizagem, estão
Avaliar vem do latim a + valere, que significa atribuir valor
disponíveis várias ferramentas, que se apresentam
e mérito ao objeto em estudo. Portanto, avaliar é atribuir um
constantemente na maioria das plataformas de ensino a
juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a
distância (EAD) com base na web. A ferramenta EAD que se
aferição da qualidade do seu resultado, porém, a compreensão
caracteriza por ser um mecanismo propício aos debates, no
do processo de avaliação do processo ensino/aprendizagem
qual os assuntos são dispostos hierarquicamente, mantendo a
tem sido pautada pela lógica da mensuração, isto é, associa-se
relação entre o tópico lançado, respostas e contrarrespostas, e
o ato de avaliar ao de “medir” os conhecimentos adquiridos
que é usado para a realização de debates assíncronos,
pelos alunos.
exposição de ideias e divulgação de informações diversas,
A avaliação da aprendizagem tem seus princípios e
denomina-se:
características no campo da Psicologia, sendo que as duas
(A) chat.
primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo
(B) lista de discussão.
desenvolvimento de testes padronizados para medir as
(C) mural
habilidades e aptidões dos alunos.

KRAEMER, M. E. P.- A avaliação da aprendizagem como processo construtivo de


97 98OLIVEIRA, I. B. Currículos praticados: entre a regulação e a emancipação. Rio de
um novo fazer. 2005. Janeiro: DP & A, 2003.

Didática 80
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APOSTILAS OPÇÃO

A avaliação é uma operação descritiva e informativa nos Assim, o julgamento passou a ser elemento crucial do
meios que emprega, formativa na intenção que lhe preside e processo avaliativo, pois não só importava medir e descrever,
independente face à classificação. De âmbito mais vasto e era preciso julgar sobre o conjunto de todas as dimensões do
conteúdo mais rico, a avaliação constitui uma operação objeto, inclusive sobre os próprios objetivos.
indispensável em qualquer sistema escolar.
Havendo sempre, no processo de ensino/aprendizagem, 4. Negociação: nesta geração, a avaliação é um processo
um caminho a seguir entre um ponto de partida e um ponto de interativo, negociado, que se fundamenta num paradigma
chegada, naturalmente que é necessário verificar se o trajeto construtivista. Para Guba e Lincoln é uma forma responsiva de
está a decorrer em direção à meta, se alguns pararam por não enfocar e um modo construtivista de fazer.
saber o caminho ou por terem enveredado por um desvio A avaliação é responsiva porque, diferentemente das
errado. alternativas anteriores que partem inicialmente de variáveis,
É essa informação, sobre o progresso de grupos e de cada objetivos, tipos de decisão e outros, ela se situa e desenvolve a
um dos seus membros, que a avaliação tenta recolher e que é partir de preocupações, proposições ou controvérsias em
necessária a professores e alunos. relação ao objetivo da avaliação, seja ele um programa, projeto,
A avaliação descreve que conhecimentos, atitudes ou curso ou outro foco de atenção. Ela é construtivista em
aptidões que os alunos adquiriram, ou seja, que objetivos do substituição ao modelo científico, que tem caracterizado, de um
ensino já atingiram num determinado ponto de percurso e que modo geral, as avaliações mais prestigiadas neste século.
dificuldades estão a revelar relativamente a outros. Neste sentido, Souza diz que a finalidade da avaliação, de
Esta informação é necessária ao professor para procurar acordo com a quarta geração, é fornecer, sobre o processo
meios e estratégias que possam ajudar os alunos a resolver pedagógico, informações que permitam aos agentes escolares
essas dificuldades e é necessária aos alunos para se decidir sobre as intervenções e redirecionamentos que se
aperceberem delas (não podem os alunos identificar fizerem necessários em face do projeto educativo, definido
claramente as suas próprias dificuldades num campo que coletivamente, e comprometido com a garantia da
desconhecem) e tentarem ultrapassá-las com a ajuda do aprendizagem do aluno. Converte-se, então, em um
professor e com o próprio esforço. Por isso, a avaliação tem instrumento referencial e de apoio às definições de natureza
uma intenção formativa. pedagógica, administrativa e estrutural, que se concretiza por
A avaliação proporciona também o apoio a um processo a meio de relações partilhadas e cooperativas.
decorrer, contribuindo para a obtenção de produtos ou
resultados de aprendizagem. Funções do Processo Avaliativo

As avaliações a que o professor procede enquadram-se em As funções da avaliação são: de diagnóstico, de verificação
três grandes tipos: avaliação diagnostica, formativa e e de apreciação.
somativa.
1. Função diagnóstica: a primeira abordagem, de acordo
Evolução da Avaliação com Miras e Solé100, contemplada pela avaliação diagnóstica
(ou inicial), é a que proporciona informações acerca das
A partir do início do século XX, a avaliação vem capacidades do aluno antes de iniciar um processo de
atravessando pelo menos quatro gerações, conforme Guba e ensino/aprendizagem, ou ainda, segundo Bloom, Hastings e
Lincoln99 são elas: mensuração, descritiva, julgamento e Madaus, busca a determinação da presença ou ausência de
negociação. habilidades e pré-requisitos, bem como a identificação das
1. Mensuração: não distinguia avaliação e medida. Nessa causas de repetidas dificuldades na aprendizagem.
fase, era preocupação dos estudiosos a elaboração de A avaliação diagnóstica pretende averiguar a posição do
instrumentos ou testes para verificação do rendimento aluno face a novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e
escolar. O papel do avaliador era, então, eminentemente a aprendizagens anteriores que servem de base àquelas, no
técnico e, neste sentido, testes e exames eram indispensáveis sentido de obviar as dificuldades futuras e, em certos casos, de
na classificação de alunos para se determinar seu progresso. resolver situações presentes.

2. Descritiva: essa geração surgiu em busca de melhor 2. Função formativa: a segunda função á a avaliação
entendimento do objetivo da avaliação. Conforme os formativa que, conforme Haydt, permite constatar se os alunos
estudiosos, a geração anterior só oferecia informações sobre o estão, de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verificando
aluno. a compatibilidade entre tais objetivos e os resultados
Precisavam ser obtidos dados em função dos objetivos por efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das
parte dos alunos envolvidos nos programas escolares, sendo atividades propostas.
necessário descrever o que seria sucesso ou dificuldade com Representa o principal meio através do qual o estudante
relação aos objetivos estabelecidos. Neste sentido o avaliador passa a conhecer seus erros e acertos, assim, maior estímulo
estava muito mais concentrado em descrever padrões e para um estudo sistemático dos conteúdos.
critérios. Foi nessa fase que surgiu o termo “avaliação Outro aspecto é o da orientação fornecida por este tipo de
educacional”. avaliação, tanto ao estudo do aluno como ao trabalho do
professor, principalmente através de mecanismos de feedback.
3. Julgamento: a terceira geração questionava os testes Estes mecanismos permitem que o professor detecte e
padronizados e o reducionismo da noção simplista de identifique deficiências na forma de ensinar, possibilitando
avaliação como sinônimo de medida; tinha como preocupação reformulações no seu trabalho didático, visando aperfeiçoa-lo.
maior o julgamento. Para Bloom, Hastings e Madaus, a avaliação formativa visa
Neste sentido, o avaliador assumiria o papel de juiz, informar o professor e o aluno sobre o rendimento da
incorporando, contudo, o que se havia preservado de aprendizagem no decorrer das atividades escolares e a
fundamental das gerações anteriores, em termos de localização das deficiências na organização do ensino para
mensuração e descrição. possibilitar correção e recuperação.

99FIRME, Tereza Penna. Avaliação: tendências e tendenciosidades. Avaliação v 100MIRAS, M., SOLÉ, I. A Evolução da Aprendizagem e a Evolução do Processo de
Políticas Públicas Educacionais, Rio de Janeiro,1994. Ensino e Aprendizagem in COLL, C., PALACIOS, J., MARCHESI, A. Desenvolvimento
psicológico e educação: psicologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

Didática 81
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A avaliação formativa pretende determinar a posição do contemporâneos, relacionando-as com as implicações de sua
aluno ao longo de uma unidade de ensino, no sentido de adoção.
identificar dificuldades e de lhes dar solução.
Tabela 1 - Comparação entre a concepção tradicional de
3. Função somativa: tem como objetivo, segundo Miras e avaliação com uma mais adequada
Solé determinar o grau de domínio do aluno em uma área de Modelo tradicional de
Modelo adequado
aprendizagem, o que permite outorgar uma qualificação que, avaliação
por sua vez, pode ser utilizada como um sinal de credibilidade Foco na promoção - o alvo dos Foco na aprendizagem - o alvo
da aprendizagem realizada. alunos é a promoção. Nas do aluno deve ser a
primeiras aulas, se discutem as aprendizagem e o que de
Pode ser chamada também de função creditativa. Também
regras e os modos pelos quais as proveitoso e prazeroso dela
tem o propósito de classificar os alunos ao final de um período notas serão obtidas para a obtém.
de aprendizagem, de acordo com os níveis de aproveitamento. promoção de uma série para
outra. Implicação - neste contexto, a
A avaliação somativa pretende ajuizar do progresso avaliação deve ser um auxílio
realizado pelo aluno no final de uma unidade de Implicação - as notas vão sendo para se saber quais objetivos
aprendizagem, no sentido de aferir resultados já colhidos observadas e registradas. Não foram atingidos, quais ainda
por avaliações do tipo formativa e obter indicadores que importa como elas foram obtidas, faltam e quais as interferências
nem por qual processo o aluno do professor que podem ajudar o
permitem aperfeiçoar o processo de ensino. Corresponde a
passou. aluno.
um balanço final, a uma visão de conjunto relativamente a Foco nas provas - são utilizadas
um todo sobre o qual, até aí, só haviam sido feitos juízos como objeto de pressão
parcelares. psicológica, sob pretexto de
Foco nas competências - o
serem um 'elemento motivador
desenvolvimento das
Objetivos da Avaliação da aprendizagem', seguindo
competências previstas no
ainda a sugestão de Comenius em
projeto educacional devem ser a
Na visão de Miras e Solé, os objetivos da avaliação são sua Didática Magna criada no
meta em comum dos professores.
traçados em torno de duas possibilidades: emissão de “um século XVII. É comum ver
professores utilizando ameaças
juízo sobre uma pessoa, um fenômeno, uma situação ou um como "Estudem! Caso contrário,
Implicação - a avaliação deixa de
objeto, em função de distintos critérios”, e “obtenção de ser somente um objeto de
vocês poderão se dar mal no dia
informações úteis para tomar alguma decisão”. certificação da consecução de
da prova!" ou "Fiquem quietos!
objetivos, mas também se torna
Para Nérici, a avaliação é uma etapa de um procedimento Prestem atenção! O dia da prova
necessária como instrumento de
maior que incluiria uma verificação prévia. A avaliação, para vem aí e vocês verão o que vai
diagnóstico e acompanhamento
este autor, é o processo de ajuizamento, apreciação, acontecer..."
do processo de aprendizagem.
julgamento ou valorização do que o educando revelou ter Neste ponto, modelos que
Implicação - as provas são
aprendido durante um período de estudo ou de indicam passos para a progressão
utilizadas como um fator
desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem. negativo de motivação. Os alunos
na aprendizagem, como a
Para outros autores, a avaliação pode ser considerada Taxionomia dos Objetivos
estudam pela ameaça da prova,
como um método de adquirir e processar evidências Educacionais de Benjamin Bloom,
não pelo que a aprendizagem
necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem, auxiliam muito a prática da
pode lhes trazer de proveitoso e
avaliação e a orientação dos
incluindo uma grande variedade de evidências que vão além prazeroso. Estimula o
alunos.
do exame usual de ‘papel e lápis’. desenvolvimento da submissão e
É ainda um auxílio para classificar os objetivos de hábitos de comportamento
significativos e as metas educacionais, um processo para físico tenso (estresse).
Estabelecimentos de ensino
determinar em que medida os alunos estão se desenvolvendo Os estabelecimentos de ensino
centrados na qualidade - os
dos modos desejados, um sistema de controle da qualidade, estão centrados nos resultados
estabelecimentos de ensino
pelo qual pode ser determinada etapa por etapa do processo das provas e exames - eles se
devem preocupar-se com o
ensino/aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em preocupam com as notas que
presente e o futuro do aluno,
demonstram o quadro global dos
caso negativo, que mudança devem ser feitas para garantir sua especialmente com relação à sua
alunos, para a promoção ou
efetividade. inclusão social (percepção do
reprovação.
mundo, criatividade,
Modelo Tradicional de Avaliação X Modelo Mais empregabilidade, interação,
Implicação - o processo
posicionamento, criticidade).
Adequado educativo permanece oculto. A
leitura das médias tende a ser
Implicação - o foco da escola
Gadotti diz que a avaliação é essencial à educação, inerente ingênua (não se buscam os reais
passa a ser o resultado de seu
e indissociável enquanto concebida como problematização, motivos para discrepâncias em
ensino para o aluno e não mais a
determinadas disciplinas).
questionamento, reflexão, sobre a ação. média do aluno na escola.
Entende-se que a avaliação não pode morrer, ela se faz O sistema social se contenta
Sistema social preocupado com
necessária para que possamos refletir, questionar e com as notas - as notas são
o futuro - Já alertava o ex-
transformar nossas ações. suficientes para os quadros
ministro da Educação, Cristóvam
estatísticos. Resultados dentro da
O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada Buarque: "Para saber como será
normalidade são bem vistos, não
histórica, sendo que seus fantasmas ainda se apresentam importando a qualidade e os
um país daqui há 20 anos, é
como forma de controle e de autoritarismo por diversas preciso olhar como está sua
parâmetros para sua obtenção
gerações. Acreditar em um processo avaliativo mais eficaz é o escola pública no presente". Esse
(salvo nos casos de exames como
é um sinal de que a sociedade já
mesmo que cumprir sua função didático-pedagógica de o ENEM que, de certa forma,
começa a se preocupar com o
auxiliar e melhorar o ensino/aprendizagem. avaliam e "certificam" os
distanciamento educacional do
A forma como se avalia, segundo Luckesi, é crucial para a diferentes grupos de práticas
Brasil com o dos demais países. É
concretização do projeto educacional. É ela que sinaliza aos educacionais e estabelecimentos
esse o caminho para revertermos
de ensino).
alunos o que o professor e a escola valorizam. O autor, na o quadro de uma educação
tabela 1, traça uma comparação entre a concepção tradicional Implicação - não há garantia
"domesticadora" para
de avaliação com uma mais adequada a objetivos "humanizadora".
sobre a qualidade, somente os
resultados interessam, mas estes

Didática 82
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são relativos. Sistemas Implicação - valorização da Pretende-se uma mudança da avaliação de resultados para
educacionais que rompem com educação de resultados efetivos uma avaliação de processo, indicando a possibilidade de
esse tipo de procedimento para o indivíduo. realizar-se na prática pela descrição e não pela prescrição da
tornam-se incompatíveis com os aprendizagem.
demais, são marginalizados e,
por isso, automaticamente
pressionados a agir da forma Avaliação da Aprendizagem101
tradicional.
A noção de aprendizagem está, em sua origem, associada a
Mudando de paradigma, cria-se uma nova cultura ideia de apreensão de conhecimento e, nesse sentido, só pode
avaliativa, implicando na participação de todos os envolvidos ser compreendida em função de determinada concepção de
no processo educativo. Isto é corroborado por Benvenutti, ao conhecimento - algo que a filosofia compreende como base ou
dizer que a avaliação deve estar comprometida com a escola e matriz epistemológica. A partir de tais concepções, podem ser
esta deverá contribuir no processo de construção do caráter, da focalizadas três possibilidades de definição de aprendizagem:
consciência e da cidadania, passando pela produção do
conhecimento, fazendo com que o aluno compreenda o mundo “Aprendizagem é mudança de comportamento
em que vive, para usufruir dele, mas sobretudo que esteja resultante do treino ou da experiência”
preparado para transformá-lo.
Esta seria a definição mais impregnada e dominante no
A Avaliação da Aprendizagem como Processo campo psicológico e pedagógico e, certamente, a mais
Construtivo de um Novo Fazer resistente às proposições alternativas. Funda-se na concepção
O processo de conquista do conhecimento pelo aluno ainda empirista formulada por Locke e Hume. Realimenta-se do
não está refletido na avaliação. Para Wachowicz & positivismo de Comte, com seus ideais de objetividade
Romanowski, embora historicamente a questão tenha científica, ao final do século XIX e se encarna como corrente
evoluído muito, pois trabalha a realidade, a prática mais behaviorista, comportamentista ou de estímulo-resposta, no
comum na maioria das instituições de ensino ainda é um início do século XX. Valoriza o polo do objeto e não o do sujeito,
registro em forma de nota, procedimento este que não tem as marcando a influência do meio ou do ambiente através de
condições necessárias para revelar o processo de estímulos, sensações e associações. Reserva ao sujeito o papel
aprendizagem, tratando-se apenas de uma contabilização dos de receptáculo e reprodutor de informações, através de
resultados. modelagens comportamentais progressivamente reforçadas e
Quando se registra, em forma de nota, o resultado obtido dele expropria funções mais elaboradas que tenham relação
pelo aluno, fragmenta-se o processo de avaliação e introduz-se com motivações e significações. Neste modelo, aprendizagem
uma burocratização que leva à perda do sentido do processo e e ensino têm o mesmo estatuto ou identidade, pois a primeira
da dinâmica da aprendizagem. é considerada decorrência linear do segundo (em outros
Se a avaliação tem sido reconhecida como uma função termos: se algo foi ensinado, dentro de contingências
diretiva, ou seja, tem a capacidade de estabelecer a direção do ambientais adequadas, certamente foi apreendido...). Na
processo de aprendizagem, oriunda esta capacidade de sua perspectiva pedagógica, essa concepção encontra plena
característica pragmática, a fragmentação e a burocratização afinidade com práticas mecanicistas, tecnicistas e bancárias -
acima mencionadas levam à perda da dinamicidade do metáfora utilizada por Paulo Freire, para traduzir a ideia de
processo. passividade do sujeito, depositário de informações, conforme
Os dados registrados são formais e não representam a a lógica do acúmulo, a serviço da seleção e da classificação.
realidade da aprendizagem, embora apresentem
consequências importantes para a vida pessoal dos alunos, “Aprendizagem é apreensão de configurações perceptuais
para a organização da instituição escolar e para a através de insights”.
profissionalização do professor.
Uma descrição da avaliação e da aprendizagem poderia Esta seria a concepção que se opõe à anterior, polarizando
revelar todos os fatos que aconteceram na sala de aula. Se fosse em torno das condições do sujeito e não mais do objeto ou
instituída, a descrição (e não a prescrição) seria uma fonte de meio. Funda-se em uma base filosófica de natureza
dados da realidade, desde que não houvesse uma vinculação racionalista ou apriorista, que percebe o conhecimento como
prescrita com os resultados. resultante de estruturas pré-formadas, de variáveis biológicas
A isenção advinda da necessidade de analisar a ou maturacionais e de organização perceptual de situações
aprendizagem (e não julgá-la) levaria o professor e os alunos a imediatas. A escola psicológica alemã conhecida como Gestalt,
constatarem o que realmente ocorreu durante o processo: se o responsável no início do século XX, por estudos na vertente da
professor e os alunos tivessem espaço para revelar os fatos tais percepção, constitui umas das expressões mais fortes dessa
como eles realmente ocorreram, a avaliação seria real, posição, tendo deixado um legado mais associado ao estudo da
principalmente discutida coletivamente. “boa forma” ou das condições capazes de propiciar soluções de
No entanto, a prática das instituições não encontrou uma problemas por discernimento súbito (insight), em função de
forma de agir que tornasse possível essa isenção: as relações estabelecidas na totalidade da situação. Neste
prescrições suplantam as descrições e os pré-julgamentos modelo, a aprendizagem prevalece sobre o ensino, em seu
impedem as observações. estatuto de autossuficiência e autorregulação, reducionismo
A consequência mais grave é que essa arrogância não que permanece recusando a relação ensino-aprendizagem e se
permite o aperfeiçoamento do processo de ensino e fixando em apenas um de seus polos.
aprendizagem. E este é o grande dilema da avaliação da
aprendizagem. “Aprendizagem é organização de conhecimentos como
O entendimento da avaliação, como sendo a medida dos estruturas, ou rede construídas a partir das interações
ganhos da aprendizagem pelo aluno, vem sofrendo denúncias entre sujeito e meio de conhecimento ou práticas sociais”
há décadas, desde que as teorias da educação escolar
recolocaram a questão no âmbito da cognição. Esta seria uma concepção de base construtivista ou
interacionista, comprometida com a superação dos

101 http://crv.educacao.mg.gov.br/

Didática 83
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reducionismos anteriores (experiência advinda dos objetos X Um enfoque superficial: centrado em estratégias
pré-formação de estruturas) e identificada com modelos mais mnemônicas ou de memorização (reprodutoras em
abertos, fundados nas ideias de gênese ou processo. contingências de provas ou exames) ou centrado em
Por esta razão, suas principais vertentes podem ser passividade, isolamento, ausência de reflexão sobre
identificadas como “psicogenéticas” e são representadas pela propósitos ou estratégias; maior foco na fragmentação e no
Epistemologia Genética Piagetiana e pela abordagem sócio- acúmulo de elementos;
histórica dos psicólogos soviéticos (Vygotsky, Luria e Um enfoque profundo: centrado na intenção de
Leontierv, em especial). compreender, na relação das novas ideias e conceitos com o
conhecimento anterior, na relação dos conceitos como
Dois destaques merecem ser feitos em relação a essas duas experiência cotidiana, nos componentes significativos dos
vertentes: conteúdos, nas inter-relações e nas condições de
1- Na perspectiva piagetiana, aprendizagem se transcendência em relação às situações e aprendizagens do
identifica com adaptação ou equilibração à medida que momento.
supõe a “passagem de um estado de menor conhecimento a As questões mais relevantes, a partir dessas distinções
um estado de conhecimento mais avançado” ou “uma seriam: Por que um aluno se dirige para um outro tipo de
construção sucessiva com elaborações constantes de aprendizagem? O que faz com que mostre maior ou menor
estruturas novas, rumo a equilibrações majorantes”102 disposição para a realização de aprendizagens significativas?
(O motor para tais processos de adaptação e equilibração Por que não aprende em determinadas circunstâncias? Por
seria o conflito cognitivo diante de novos desafios ou que alunos modificam seu enfoque em função da tarefa ou da
necessidades de aprendizagem, em esforços complementares mudança de estratégias dos professores? Quais os fatores de
de assimilação (polo do sujeito responsável por incorporações mediação capazes de produzir novos patamares motivacionais
de elementos do mundo exterior) e acomodação (polo e novas zonas de aprendizagem e competência?
modificado do estado anterior do sujeito em função das atuais Tais questões sinalizam para um projeto educativo
demandas apresentadas pelo objeto de conhecimento). Essa comprometido com novas práticas e relações pedagógicas,
posição sugere a importância de que o meio de aprendizagem uma lógica a serviço das aprendizagens e da Avaliação
seja alargado e pleno de significado, para que se chegue a uma Formativa, uma concepção construtiva e propositiva sobre
congruência entre a parte do sujeito e as pressões externas, erros e correção dos mesmos, uma articulação entre
entre autorregulações e regulações externas, entre sistemas dimensões cognitivas e sócio afetivas que ressignifiquem o ato
pertinentes ao aluno e ao professor. Assim, a não- de aprender.
aprendizagem seria resultante da ausência de congruência
entre os sistemas envolvidos nos processos de ensino- Definindo os Tipos de Avaliação
aprendizagem.
- Avaliação Classificatória
2- Na perspectiva sócio-histórica de Vygotsky e seus Avaliação Classificatória é uma perspectiva de avaliação
colaboradores, destaca-se, no contexto dessa discussão, a vinculada à noção de medida, ou seja, à ideia de que é possível
articulação fortemente estabelecida entre aprendizagem e aferir, matemática, e objetivamente, as aprendizagens
desenvolvimento, sendo a primeiro motor do segundo, no escolares. A noção de medida supõe a existência de padrões de
sentido que apresenta potência para projeta-lo até rendimento a partir dos quais, mediante comparação, o
patamares mais avançados. Esta potência da desempenho de um aluno será avaliado e hierarquizado. A
aprendizagem se ancora nas relações entre ”zona de Avaliação Classificatória é realizada através de variadas
desenvolvimento real” e “zona de desenvolvimento atividades, tais como exercícios, questionários, estudos dirigidos,
proximal”: a primeira referindo-se às competências ou trabalhos, provas, testes, entre outros. Sua intenção é
domínios já instalados (no campo conceitual, estabelecer uma classificação do aluno para fins de
procedimental ou atitudinal, por exemplo) e a segunda aprovação ou reprovação.
entendida como campo aberto de possibilidades, em A centralidade da aprovação/reprovação na cultura
transição ou em vias de se consolidar, a partir de escolar impõe algumas considerações importantes em torno
intervenções ou mediações de outros - professores ou pares da nota e da ideia de avaliação como medida dos desempenhos
mais experientes ou competentes em determinada área, do aluno. Para se medir objetivamente um fenômeno, é preciso
tarefa ou função.103 definir uma unidade de medida. Sua operacionalização se dá
Nesse sentido, este teórico redimensiona a relação ensino- através de um instrumento. No caso da avaliação escolar, este
aprendizagem, superando as dicotomias e fragmentação de instrumento é produzido, aplicado e corrigido pelo professor,
outras concepções e valoriza o aprendizado escolar como meio que acaba sendo, ele próprio, um instrumento de medição do
privilegiado para as mediações em direito a patamares desempenho do aluno, uma vez que é ele quem atribui o valor
conceituais mais elevados. ao trabalho. Portanto, o critério de objetividade, implícito na
Além disso, a perspectiva dialética dessa abordagem insere ideia de avaliação como medida, perde sua confiabilidade, já
a aprendizagem em uma dimensão mais próxima de nossa que o professor é um ser humano e, como tal, impossibilitado
realidade educacional: um processo marcado por de despir-se de sua dimensão subjetiva: a visão de mundo, as
contradições, conflitos, rupturas e, até mesmo, regressões - preferências pessoais, o estado de humor, as paixões, os afetos
necessitando, por isso mesmo, de mediações que assegurem o e desafetos, os valores, etc., estão necessariamente presentes
espaço do reconhecimento das práticas sociais dos alunos, de nas ações humanas. Esta questão é objeto de estudo de
seus conhecimentos prévios, dos significados e sentidos inúmeras pesquisas que apontam desacordos consideráveis
pertinentes às situações de aprendizagem de cada sujeito na atribuição de valor a um mesmo trabalho ou exame
singular e de suas dimensões compartilhadas. corrigido por diferentes professores. E esse valor, geralmente
As abordagens contemporâneas da Psicologia da registrado de forma numérica, é a referência para a
Aprendizagem e dos estudos sobre reorientações curriculares classificação do aluno e o julgamento do professor ou da escola
apoiam-se nessas categorias para a necessária reorientação quanto à sua aprovação/reprovação.
das estratégias de aprendizagem.

102 PIAGET, J. A Evolução Intelectual da Adolescência à Vida Adulta. Trad. Fernando 103 VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,1984.
Becker; Tania B.I. Marques, Porto Alegre: Faculdade de Educação, 1993.

Didática 84
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No contexto escolar, e no imaginário social também, o avaliar vem sendo superada nas reflexões sobre a tipologia dos
significado da nota e sua identificação com a própria avaliação conteúdos, principalmente ao se diferenciar a aprendizagem e
tornaram-se tão fortes que num dos argumentos para a sua a avaliação de conceitos. A construção conceitual demanda
manutenção costuma ser o de que, sem ela, acabou-se a compreensão e estabelecimento de relações, sendo, portanto,
avaliação e o interesse ou a motivação do aluno pelos estudos. mais complexa para ser avaliada.
Estes argumentos refletem, por um lado, a distorção da função Ao decidir a legitimidade de um instrumento de avaliação,
avaliativa na escola, que não deve confundir-se com a cada escola e cada professor precisam analisar seu alcance.
atribuição de notas: a avaliação deve servir à orientação das Pedir ao aluno que defina um significado (técnica muito
aprendizagens. Por outro lado, revelam uma compreensão do comum nas escolas), nem sempre proporciona boa medida
desempenho do aluno como decorrente exclusivamente de sua para avaliação, é uma técnica com desvantagens, pois pode
responsabilidade ou competência individual. Daí o fato da induzir a falsos erros e falsos acertos. É uma técnica que exige
avaliação assumir, frequentemente, o sentido de premiação ou um critério de correção muito minucioso. Ele ainda propõe
punição. Essa questão torna-se mais grave na medida que os que, se a opção for por usar essa técnica, que se valide mais o
privilégios são justificados com base nas diferenças e que o aluno expuser com as próprias palavras do que uma
desigualdades entre os alunos. Fundamentada na meritocracia reprodução literal. Se usarmos a técnica de múltipla escolha, o
(a ideia de que a posição dos indivíduos na sociedade é reconhecimento da definição, corre-se o risco de se cair na
consequência do mérito individual), a Avaliação Classificatória armadilha da mera reprodução de uma definição previamente
passa a servir à discriminação e à injustiça social. estabelecida e mesmo de um conhecimento fragmentário, o
Na Avaliação Classificatória trabalha-se com a ideia de que coloca esse tipo de instrumento e questão na condição de
verificação da aprendizagem. O termo verificar tem origem na insuficiente para conhecer a aprendizagem de conceitos. Outra
expressão latina verum facere, que significa verdadeiro. Parte- possibilidade é a da exposição temática na qual o aluno debate
se do princípio de que existe um conhecimento - uma verdade sobre um tema incluindo comparações, estabelecendo
- que dever ser assimilado pelo aluno. A avaliação consistiria relações.
na aferição do grau de aproximação entre as aprendizagens do É preciso cuidado do professor para analisar se o aluno não
aluno e essa verdade. está procurando reproduzir termos e ideias de autores e sim
Estabelece-se uma escala formulada a partir de critérios de usando sua compreensão e sua linguagem. Evidencia-se, com
qualidade de desempenho, tendo como referência o conteúdo isso, a necessidade de se trabalhar com questões abertas.
do programa. É a partir dessa escala que os alunos serão Outra técnica, - a identificação e categorização de exemplos -
classificados, tendo em vista seu rendimento nos instrumentos por evocação (aberta) ou reconhecimento (fechada),
de avaliação, ou seja, o total de pontos adquiridos. De um modo possibilita ao professor conhecer como o aluno está
geral, as provas e os testes são os instrumentos mais utilizados entendendo aquele conceito. Na técnica de reconhecimento o
pelo professor para medir o alcance dos objetivos traçados aluno deverá trabalhar, em questão fechada, com a
para aprendizagem dos alunos. A sua formulação exige rigor categorização. Pode ser incluída, portanto, num instrumento
técnico e deve estar de acordo com os conteúdos como a prova objetiva.
desenvolvidos e os objetivos que se quer avaliar. A dimensão Outra possibilidade para avaliar a aprendizagem de
diagnóstica não está ausente dessa perspectiva de avaliação. conceitos seria a técnica de aplicação à solução de problemas,
deveriam ser situações abertas, nas quais os alunos fariam
- Avaliação de Conteúdos sobre a Dimensão Conceitual exposição da compreensão que têm do conceito, tentando
A dimensão conceitual do conhecimento implica que a responder à situação apresentada. Nesse caso, o instrumento
pessoa esteja estabelecendo relações entre fatos para mais adequado seria uma prova operatória, é importante, no
compreendê-los. Os fatos e dados, segundo COLL, estão num caso da avaliação de conceitos, resgatar sempre os
extremo de um contínuo de aprendizagem e a retenção da conhecimentos prévios dos alunos, para analisar o que estiver
informação simples, a aprendizagem de natureza mnemônica sendo aprendido. Isso implica legitimar a avaliação inicial, o
ou “memorística”. São informações curtas sobre os fenômenos momento inicial da aprendizagem. A avaliação de
da vida, da natureza, da sociedade, que dão uma primeira aprendizagem de conceitos remete o professor, portanto, a
informação objetiva sobre o que é, quem fez, quando fez, o que instituir também a observação como uma técnica de
foi. Os conceitos estão no outro extremo (desse contínuo da levantamento de dados sobre a aprendizagem dos alunos,
aprendizagem) e envolvem a compreensão e o ampliando as informações sobre o que o aluno está sabendo
estabelecimento de relações. Traduzem um entendimento do para além dos momentos formais de avaliação, como
porquê daquele fenômeno ser assim como é. momentos de provas ou outros instrumentos de verificação.
As crianças, para aprenderem fatos, apenas os
memorizam. Esquecem mais rápido. Para aprenderem - Dimensão Procedimental
conceitos precisam estabelecer conexões mais complexas, de A dimensão procedimental do conhecimento implica no
aprendizagem significativa, identificada por autores como os saber fazer. Ex.: uma pesquisa tem uma dimensão
citados acima. Quando elas constroem os conceitos, os fatos procedimental. O aluno precisa saber observar, saber ler,
vão tomando outras dimensões, informando o conceito. É saber registrar, saber procurar dados em várias fontes, saber
como se os fatos começassem a ser ordenados, atribuindo analisar e concluir a partir dos dados levantados. Nesse caso,
sentido ao que se tenta entender. são procedimentos que precisam ser desenvolvidos. Muitas
Como a escola teve, durante muito tempo, a predominância vezes o aluno está com uma dificuldade procedimental e não
da concepção empirista de ensino como transmissão, a conceitual e, dependendo do instrumento usado, o professor
memorização era o referencial mais comum para a avaliação. não identifica essa dificuldade para então ajudá-lo a superá-la,
Nesse sentido, os instrumentos e momentos de avaliação por isso é importante diferenciar essas dimensões. Outros
traziam a característica de um espaço em que as pessoas exemplos de dimensões procedimentais do conhecimento:
tentavam recuperar um dado de sua memória. Um meio e saber fazer um gráfico, um cartaz, uma tabela, escrever um
realizar essa atividade por evocação (pergunta direta, com texto dissertativo, narrativo. Vale a pena, nesse caso, que o
resposta certa ou errada) ou por reconhecimento, quando lhe professor acompanhe de perto essa aprendizagem. O melhor
oferecemos pistas e apresentamos alternativas para as instrumento para isso é a observação sistemática - um
respostas. Uma hipótese a ser levantada é a de que a avaliação conjunto de ações que permitem ao professor conhecer até
foi, durante muito tempo, entendida com a recuperação dos que ponto seus alunos estão sabendo: dialogar, debater,
fatos nas memórias. Essa redução do entendimento do que é trabalhar em equipe, fazer uma pesquisa bibliográfica,

Didática 85
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orientar-se no espaço, dentre outras. Devem ser atividades Feito isso, planeja-se como trabalhar as atitudes
abertas, feitas em aula, para o professor perceber como o importantes para a formação dos alunos na adolescência. Para
aluno transfere o conteúdo para a prática. mudança de atitudes é que são feitos os projetos.
- Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às
- Dimensão Atitudinal pessoas emitir juízo sobre as condutas e seu sentido. Ex.: a
A dimensão atitudinal do conhecimento é aquela que solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos
indicará os valores em construção. É mais difícil de ser outros...
trabalhada porque não se desliga da formação mais ampla em - Atitudes são tendências relativamente estáveis das
outros espaços da sociedade, sendo complexa por seus pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o
componentes cognitivos (conhecimentos e crenças), afetivos grupo, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas
(sentimentos e preferências) e condutais (ações e declaração escolares, respeitar datas, prazos, horários, combinados...
de intenção). Manifesta-se mais através do comportamento - Normas são padrões ou regras de comportamentos que a
referenciado em crenças e normas. Por isso, precisa ser pessoas devem seguir em determinadas situações sociais.
amplamente entendida à luz dos valores que a escola
considera formadores. A aquisição de valores é alcançada Depois de realizada a avaliação inicial, os professores terão
através do desenvolvimento de atitudes de acordo com esse dados para dar continuidade ao trabalho com a Avaliação
sistema de valores. Depende de uma autopersuasão que está Formativa: a serviço das aprendizagens.
sempre permeada por crenças que sustentam a visão que as Fatos ou dados devem ser “aprendidos” de forma
pessoas têm delas mesmas e do mundo. E delas mesmas em reprodutiva: não é necessário compreendê-los. Ex.: capitais de
relação ao mundo. As atitudes e valores envolvem também as um estado ou país, data de acontecimentos, tabela de símbolos
normas. químicos. Correspondem a uma informação verbal literal
Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às como vocabulários, nomes ou informação numérica que não
pessoas emitir um juízo sobre as condutas e seu sentido. Ex.: a envolvem cálculos, apenas memorização. Para isso se usa a
solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos repetição, buscando mesmo a automatização da informação.
outros. Atitudes são tendências relativamente estáveis das Esse processo de repetição não se adequa à construção
pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o conceitual. Um aluno aprende, atribui significado, adquire um
grupo, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas conceito, quando o explica com suas próprias palavras. É
escolares, respeitar datas, prazos, horários, combinados. comum o aluno dizer que sabe, mas não sabe explicar. Nesse
Normas são padrões ou regras de comportamentos que as caso, eles estão num início de processo de compreensão do
pessoas devem seguir em determinadas situações sociais. conceito. Precisam trabalhar mais a situação, o que vai ajudá-
Portanto, são desenvolvidas nas interações, nas relações, nos los a entender melhor, até saberem explicar com as suas
debates, nos trabalhos em grupos, o que indica uma natureza palavras. Esse processo de construção conceitual não é
do planejamento das atividades de sala de aula. estanque, ele está em permanente movimento entre o conceito
Os melhores instrumentos para se avaliar a aprendizagem espontâneo, construído nas representações sociais e o
de atitudes são a observação e autoavaliação. conceito científico.
Para uma avaliação completa (envolvendo fatos, conceitos, Princípios são conceitos muito gerais, de alto nível de
procedimentos e atitudes), deve-se formalizar sempre o abstração, subjacentes, à organização conceitual de uma área,
momento da avaliação inicial. Ela é um início de diagnóstico nem sempre explícitos. Atravessam todos os conteúdos das
que ajudará aos professores e alunos conhecerem o processo matérias, devendo ser o objetivo maior da aprendizagem na
de aprendizagem. O professor deve diversificar os educação básica. Eles orientam a compreensão de noções
instrumentos para cobrir toda a tipologia dos conhecimentos: básicas. Assim, por exemplo, se a compreensão de conceitos
provas, trabalhos e observação, para avaliar fatos e conceitos, como sociedade e cultura são princípios das áreas de humanas,
observação para concluir na avaliação da construção eles devem referenciar o trabalho nos conceitos específicos.
conceitual; observação para avaliar a aprendizagem de Dentro de um conceito como o de sociedade, outros específicos
procedimentos e atitudes; autoavaliação para avaliar atitudes como o de migração, democracia, crescimento populacional,
e conceitos. estariam subjacentes. Portanto, ao definir o que referenciará o
Além disso, deve-se validar o momento de avaliação inicial trabalho do professor, será muito importante uma revisão
em todo o processo de aprendizagem, usando a prática de conceitual por área de conhecimento e por disciplina. Será
datar o que está sendo registrado e propiciando ao próprio preciso esclarecer as características dos fatos e dos conceitos
aluno refletir sobre o que ele já sabe acerca de um conteúdo como objetos de conhecimento.
novo quando se começa a estudar seriamente sobre ele.
- Avaliação Formativa
Sugestões de avaliação inicial / campo atitudinal Essa perspectiva de avaliação fundamenta-se em várias
Essa sugestão não substitui a avaliação inicial de cada teorias que postulam o caráter diferenciado e singular dos
conteúdo que é introduzido, pois, é a partir dela que se pode processos de formação humana, que é constituída por
fazer uma avaliação do que realmente pode ser considerado dimensões de natureza diversa - afetiva, emocional, cultural,
aprendido. social, simbólica, cognitiva, ética, estética, entre outras. A
Como são os alunos individualmente em grupos? aprendizagem é uma atividade que se insere no processo
Que grupos sociais representam? global de formação humana, envolvendo o
Como se comportam e se vestem? desenvolvimento, a socialização, a construção da
O que apreciam? identidade e da subjetividade.
Quais seus interesses?
O que valorizam? Aprendizagem e formação humana são processos de
O que fazem quando não estão na escola? natureza social e cultural. É nas interações que estabelece com
Como suas famílias vivem? seu meio que o ser humano vai se apropriando dos sistemas
O que suas famílias e vizinhos fazem e o que comemoram? simbólicos, das práticas sociais e culturais de seu grupo. Esses
Como se organiza o espaço que compartilham fora da processos têm uma base orgânica, mas se efetivam na vida
escola? social e cultural, e é através deles que o ser humano elabora
Como falam, expressam seus sentimentos, seus valores, formas de conceber e de se relacionar com o mundo físico e
sua adesão/rejeição às normas, suas atitudes? social. Esses estudos sobre a formação humana e a

Didática 86
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aprendizagem trazem implicações profundas para a educação período de formação humana (infância, adolescência, etc.).
e destacam a importância do papel do professor como Este tipo de organização tende a romper com a fragmentação
mediador do processo de construção de conhecimento dos do trabalho pedagógico, facilitando a interdisciplinaridade e o
alunos. Sua ação pedagógica deve estar voltada para a desenvolvimento de uma Avaliação Formativa.
compreensão dos processos sociocognitivos dos alunos e a Tendo em vista a diversidade de ritmos e processos de
busca de uma articulação entre os diversos fatores que aprendizagem dos alunos, um dos aspectos importantes da
constituem esses processos - o desenvolvimento psíquico do ação docente deve ser a organização de atividades cujo nível
aluno, suas experiências sociais, suas vivências culturais, sua de abordagem seja diferenciado. Isso significa criar situações,
história de vida - e as intenções educativas que pretende levar apresentar problemas ou perguntas e propor atividades que
a cabo. Nesse contexto, a avaliação constitui-se numa prática demandem diferentes níveis de raciocínio e de realização. A
que permite ao professor aproximar-se dos processos de diversificação das tarefas deve também possibilitar aos alunos
aprendizagem do aluno, compreender como esse aluno está que realizem escolhas. As atividades devem oferecer graus
elaborando seu conhecimento. Não importa, aqui, registrar os variados de compreensão, diferentes níveis de utilização dos
fracassos ou os sucessos através de notas ou conceitos, mas conteúdos, e devem permitir distintas aproximações ao
entender o significado do desempenho: como o aluno conhecimento.
compreendeu o problema apresentado? Que tipo de Outro movimento importante rumo a uma Avaliação
elaboração fez para chegar a determinada resposta? Que Formativa deve acontecer na organização dos tempos e
dificuldades encontrou? Como tentou resolvê-las? espaços escolares. Os tempos de aula (50min, 1h, etc.) os
Na Avaliação Formativa, o desempenho do aluno deve ser recortes de cada disciplina, os bimestres, os semestres, as
tomado como uma evidência ou uma dificuldade de séries, os níveis de ensino são formas de estruturar o tempo
aprendizagem. E cabe ao professor interpretar o significado escolar que têm como fundamento a lógica da organização dos
desse desempenho. Nessa perspectiva, a avaliação coloca-se a conteúdos. Os processos de aprender e de construir
serviço das aprendizagens, da forma dos alunos. Trata-se, conhecimento, no entanto, não seguem essa mesma lógica. A
portanto, de uma avaliação que tem como finalidade não o organização escolar por ciclos é uma experiência que busca
controle, mas a compreensão e a regulação dos processos dos harmonizar os tempos da escola com os tempos de
educandos, tendo em vista auxiliá-los na sua trajetória escolar. aprendizagem próprios do ser humano. Os ciclos permitem
Isso significa entender que a avaliação, indo além da tomar as progressões das aprendizagens mais fluidas,
constatação, irá subsidiar o trabalho do professor, apontando evitando rupturas ao longo do processo. A flexibilização do
as necessidades de continuidade, de avanços ou de mudanças tempo e do trabalho pedagógico possibilita o respeito aos
no seu planejamento e no desenvolvimento das ações diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos e a organização
educativas. Caracterizando-se como uma prática voltada para de uma prática pedagógica voltada para a construção do
o acompanhamento dos processos dos alunos, este tipo de conhecimento, para a pesquisa.
avaliação não comporta registros de natureza quantitativa Os tempos podem ser organizados, por exemplo, em torno
(notas ou mesmo conceitos), já que estes são insuficientes para de projetos de trabalho, de oficinas, de atividades. A
revelar tais processos. Tampouco pode-se pensar, a partir estruturação do tempo é parte do planejamento pedagógico
desta concepção, na manutenção da aprovação/reprovação. semanal ou mensal, uma vez que a natureza da atividade e os
Isso porque este tipo de avaliação não tem como objetivo ritmos de aprendizagem irão definir o tempo que será
classificar ou selecionar os alunos, mas interpretar e utilizado.
compreender os seus processos, e promover ações que os O espaço de aprendizagem também deve ser ampliado, não
ajudem a avançar no seu desenvolvimento, nas suas pode restringir-se a sala de aula. Aprender é constituir uma
aprendizagens. Sendo assim, a avaliação a serviço das compreensão do mundo, da realidade social e humana, de nós
aprendizagens desmistifica a ideia de seleção que está mesmos e de nossa relação com tudo isso. Essa atividade não
implícita na discussão sobre aprovação automática. É uma se constitui exclusivamente no interior de uma sala de aula. É
avaliação que procura administrar, de forma contínua, a preciso alargar o espaço educativo no interior da escola
progressão dos alunos. Trata-se, portanto, de Progressão (pátios, biblioteca, salas de multimídia, laboratórios, etc.) e
Continuada. para além dela, apropriando-se dos múltiplos espaços da
A Avaliação Formativa é um trabalho contínuo de cidade (parques, praças, centros culturais, livrarias, fábricas,
regulação da ação pedagógica. Sua função é permitir ao outras escolas, teatros, cinemas, museus, salas de exposição,
professor identificar os progressos e as dificuldades dos universidades, etc.). A sala de aula, por sua vez, deve adquirir
alunos para dar continuidade ao processo, fazendo as diferentes configurações, tendo em vista a necessidade de
mediações necessárias para que as aprendizagens aconteçam. diversificação das atividades pedagógicas.
Inicialmente, é fundamental conhecer a situação do aluno, o A forma de agrupamento dos alunos é outro aspecto que
que ele sabe e o que ele ainda não sabe, tendo em vistas as pode potencializar a aprendizagem e a Avaliação Formativa.
intenções educativas definidas. A partir dessa avaliação inicial, Os grupos ou classes móveis - em vez de classes fixas -
organiza-se o planejamento do trabalho, de forma possibilitam a organização diferenciada do trabalho
suficientemente flexível para incorporar, ao longo do pedagógico e uma maior personalização do itinerário escolar
processo, as adequações que se fizerem necessárias. Ao do aluno, na medida em que atendem melhor às suas
mesmo tempo, o uso de variados instrumentos e necessidades e interesses. A mobilidade refere-se ao
procedimentos de avaliação, possibilitará ao professor agrupamento interno de uma classe ou entre classes
compreender o processo do aluno para estabelecer novas diferentes. Na prática, acontece conforme o objetivo da
propostas de ação. atividade e as necessidades do aluno.
Uma mudança fundamental, sobretudo nos ciclos ou séries Ex.: oficinas de livre escolha onde alunos de diferentes
finais do Ensino Fundamental, diz respeito à organização dos turmas de um ciclo se agrupam por interesse (oficina de
professores. Agrupamentos de professores responsáveis por cinema, de teatro, de pintura, de jogos matemáticos, de
um determinado número de turmas facilita o planejamento, o fotografia, de música, de vídeo, etc.). Projetos de trabalho
desenvolvimento das atividades, a relação pessoal com os também permitem que a turma assuma configurações
alunos e o trabalho coletivo. diferentes, em momentos diferentes, de acordo com o
Ex.: definir um grupo de X professores para trabalhar com interesse e para atendimento às necessidades de
5 turmas de um mesmo ciclo ou de séries aproximadas, aprendizagem.
visando favorecer o trabalho voltado para determinado

Didática 87
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Instrumentos de Avaliação Numa escola onde a avaliação ainda se define pela


presença das características acima certamente não haverá
As provas objetivas (mais conhecidas como provas de lugar para a aceitação da diversidade como inerente ao ser
múltipla escolha), as provas abertas / operatórias, observação humano e da aprendizagem como processo individual de
e autoavaliação são ferramentas para levantamento de dados construção do conhecimento. Numa educação que parte do
sobre o processo de aprendizagem. São materiais preparados falso pressuposto da homogeneidade não há espaço para o
pelo professor levando em conta o que se ensina e o que se reconhecimento dos saberes dos alunos, que muitas vezes não
quer saber sobre a aprendizagem dos alunos. Podem ter se enquadram na lógica de classificação das respostas
diferentes naturezas. Alguns, como as provas, são previamente definidas como certas ou erradas.
instrumentos que têm uma intenção de testagem, de O que estamos querendo dizer é que todas as questões
verificação, de colocar o aluno em contato com o que ele referentes à avaliação dizem respeito à avaliação de qualquer
realmente estiver sabendo. Esses instrumentos podem ser aluno e não apenas das pessoas com deficiências. A única
elaborados em dois formatos: um de questões fechadas, de diferença que há entre as pessoas ditas normais e as pessoas
múltipla escolha ou de respostas curtas, identificado como com deficiências está nos recursos de acessibilidade que
prova objetiva; outro com questões abertas. Ambos são devem ser colocados à disposição dos alunos com deficiências
instrumentos que possibilitam tanto a avaliação de para que possam aprender e expressar adequadamente suas
aprendizagem de fatos, como de aprendizagem de conceitos, aprendizagens. Por recursos de acessibilidade podemos
embora, em relação à construção conceitual, o professor entender desde as atividades com letra ampliada, digitalizadas
precisará inserir também instrumentos de observação. em Braille, os interpretes, até uma grande gama de recursos da
Outra importante ferramenta é a observação: uma técnica tecnologia assistiva hoje já disponíveis, enfim, tudo aquilo que
que coloca o professor como pesquisador da sua prática. Toda é necessário para suprir necessidades impostas pelas
observação pressupõe registros. É um bom instrumento para deficiências, sejam elas auditivas, visuais, físicas ou mentais.
avaliar a construção conceitual, o desenvolvimento de Neste contexto, a avaliação escolar de alunos com
procedimentos e as atitudes. deficiência ou não, deve ser verdadeiramente inclusiva e ter a
Outro instrumento é a autoavaliação, que é muito finalidade de verificar continuamente os conhecimentos que
importante no desenvolvimento das habilidades cada aluno possui, no seu tempo, por seus caminhos, com seus
metacognitivas e na avaliação de atitudes. recursos e que leva em conta uma ferramenta muito pouco
Pode-se ainda utilizar questionários e entrevistas quando explorada que é a coaprendizagem.
as situações escolares necessitarem de um aprofundamento Nessa mudança de perspectiva, o primeiro passo talvez
maior para levantamento de dados. seja o de nos convencermos de que a avaliação usada apenas
para medir o resultado da aprendizagem e não como parte de
Outra questão relevante ao processo de avaliação do um compromisso com o desenvolvimento de uma prática
ensino e aprendizagem é Como avaliar o aluno com pedagógica comprometida com a inclusão, e com o respeito às
deficiência? 104 diferenças é de muito pouca utilidade, tanto para os alunos
com deficiências quanto para os alunos em geral.
A avaliação sempre foi uma pedra no sapato do trabalho De qualquer modo, a avaliação como processo que
docente do professor. Quando falamos em avaliação de alunos contribui para investigação constante da prática pedagógica
com deficiência, então, o problema torna-se mais complexo do professor que deve ser sempre modificada e aperfeiçoada a
ainda. Apesar disso, discutir a avaliação como um processo partir dos resultados obtidos, não é tarefa simples de ser
mais amplo de reflexão sobre o fracasso escolar, dos conseguida. Entender a verdadeira finalidade da avaliação
mecanismos que o constituem e das possibilidades de escolar só será possível quando tivermos professores
diminuir o violento processo de exclusão causado por ela, dispostos a aceitar novos desafios, capazes de identificar nos
torna-se fundamental para possibilitarmos o acesso e a erros pistas que os instiguem a repensar seu planejamento e
permanência com sucesso dos alunos com deficiência na as atividades desenvolvidas em sala de aula e que considerem
escola. seus alunos como parceiros, principalmente aqueles que não
De início, importa deixar claro um ponto: alunos com se deixam encaixar no modelo de escola que reduz o
deficiência devem ser avaliados da mesma maneira que seus conhecimento à capacidade de identificar respostas
colegas. Pensar a avaliação de alunos com deficiência de previamente definidas como certas ou erradas.
maneira dissociada das concepções que temos acerca de Segundo a professora Maria Teresa Mantoan, a educação
aprendizagem, do papel da escola na formação integral dos inclusiva preconiza um ensino em que aprender não é um ato
alunos e das funções da avaliação como instrumento que linear, continuo, mas fruto de uma rede de relações que vai
permite o replanejamento das atividades do professor, não sendo tecida pelos aprendizes, em ambientes escolares que
leva a nenhum resultado útil. não discriminam, que não rotulam e que oferecem chances de
Nessa linha de raciocínio, para que o processo de avaliação sucesso para todos, dentro dos interesses, habilidades e
do resultado escolar dos alunos seja realmente útil e inclusivo, possibilidades de cada um. Por isso, quando apenas avaliamos
é imprescindível a criação de uma nova cultura sobre o produto e desconsideramos o processo vivido pelos alunos
aprendizagem e avaliação, uma cultura que elimine: para chegar ao resultado final realizamos um corte totalmente
- O vínculo a um resultado previamente determinado pelo artificial no processo de aprendizagem.
professor; Pensando assim temos que fazer uma opção pelo que
- O estabelecimento de parâmetros com os quais as queremos avaliar: produção ou reprodução. Quando
respostas dos alunos são sempre comparadas entre si, como se avaliamos reprodução, com muita frequência, utilizamos
o ato de aprender não fosse individual; provas que geralmente medem respostas memorizadas e
- O caráter de controle, adaptação e seleção que a avaliação comportamentos automatizados. Ao contrário, quando
desempenha em qualquer nível; optamos por avaliar aquilo que o aluno é capaz de produzir, a
- A lógica de exclusão, que se baseia na homogeneidade observação, a atenção às repostas que o aluno dá às atividades
inexistente; que estão sendo trabalhadas, a análise das tarefas que ele é
- A eleição de um determinado ritmo como ideal para a capaz de realizar fazem parte das alternativas pedagógicas
construção da aprendizagem de todos os alunos. utilizadas para avaliar.

104 SARTORETTO, Mara Lúcia. Assistiva-Tecnologia e Educação, 2010.

Didática 88
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APOSTILAS OPÇÃO

Vários instrumentos podem ser utilizados, com sucesso, 02. (Prefeitura de Uberlândia/MG - Professor
para avaliar os alunos, permitindo um acompanhamento do Educação Básica II - Português - CONSULPLAN) A avaliação
seu percurso escolar e a evolução de suas competências e de da aprendizagem escolar é um elemento do processo de ensino
seus conhecimentos. Um dos recursos que poderá auxiliar o e de aprendizagem.
professor a organizar a produção dos seus alunos e por isso Dessa forma, a avaliação tanto serve para avaliar a
avaliar com eficiência é utilizar um portfólio. aprendizagem dos alunos quanto o ensino desenvolvido pelo
A utilização do portfólio permite conhecer a produção professor. Numa perspectiva emancipatória, que parte dos
individual do aluno e analisar a eficiência das práticas princípios da autoavaliação e da formação, podemos afirmar
pedagógicas do professor. A partir da observação sistemática que:
e diária daquilo que os alunos são capazes de produzir, os (A) os alunos também devem participar dos critérios que
professores passam a fazer descobertas a respeito daquilo que servirão de base para a avaliação de sua aprendizagem.
os motiva a aprenderem, como aprendem e como podem ser (B) os professores devem utilizar a avaliação como um
efetivamente avaliados. mecanismo de seleção para o processo de ensino.
No caso dos alunos com deficiências, os portfólios podem (C) alunos e professores devem compartilhar dos mesmos
facilitar a tomada de decisão sobre quais os recursos de critérios que possam classificar as aprendizagens corretas.
acessibilidade que deverão ser oferecidos e qual o grau de (D) os alunos também devem registrar o processo de
sucesso que está sendo obtido com o seu uso. Eles permitem avaliação que servirá para disciplinar o espaço da sala de aula.
que tomemos conhecimento não só das dificuldades, mas
também das habilidades dos alunos, para que, através dos 03. (Prefeitura de Montes Claros/MG - PEB I -
recursos necessários, estas habilidades sejam ampliadas. UNIMONTES) De acordo com Luckesi (1999), é importante
Permitem, também, que os professores das classes comuns estar atento à função ontológica (constitutiva) da avaliação da
possam contar com o auxílio do professor do atendimento aprendizagem, que é de diagnóstico.
educacional especializado, no caso dos alunos que frequentam Dessa forma, a avaliação cria a base para a tomada de
esta modalidade, no esclarecimento de dúvidas que possam decisão. Articuladas com essa função básica estão, EXCETO:
surgir a respeito da produção dos alunos. (A) a função de motivar o crescimento.
Quando utilizamos adequadamente o portfólio no (B) a função de propiciar a autocompreensão, tanto do
processo de avaliação podemos: educando quanto da família.
- Melhorar a dinâmica da sala de aula consultando o (C) a função de aprofundamento da aprendizagem.
portfólio dos alunos para elaborar as atividades: (D) a função de auxiliar a aprendizagem.
- Evitar testes padronizados;
- Envolver a família no processo de avaliação; 04. (IFC/SC - Pedagogia - Educação Infantil - IESES) No
- Não utilizar a avaliação como um instrumento de que diz respeito à avaliação no processo de aprendizagem, é
classificação; INCORRETO afirmar que:
- Incorporar o sentido ético e inclusivo na avaliação; (A) A avaliação é constituída de instrumentos de
- Possibilitar que o erro possa ser visto como um processo diagnóstico que levam a uma intervenção, visando à melhoria
de construção de conhecimentos que dá pistas sobre o modo da aprendizagem. Ela deve propiciar elementos diagnósticos
cada aluno está organizando o seu pensamento; que sirvam de intervenção para qualificar a aprendizagem.
(B) Na esfera educacional infantil, a avaliação que se faz
Esta maneira de avaliar permite que o professor das crianças pode ter algumas consequências e influências
acompanhe o processo de aprendizagem de seus alunos e decisivas no seu processo de aprendizagem e crescimento.
descubra que cada aluno tem o seu método próprio de Neste sentido, a expectativa dos professores sobre os seus
construir conhecimentos, o que torna absurdo um método de alunos tem grande influência no que diz respeito ao
ensinar único e uma prova como recurso para avaliar como se rendimento da aprendizagem. Nesta fase, é preciso ter uma
houvesse homogeneidade de aprendizagem. visão fragmentada da criança. É aconselhável concentrar
Nessa perspectiva, entendemos que é possível avaliar, de esforços no que as crianças não sabem fazer e, não, considerar
forma adequada e útil, alunos com deficiências. Mas, se as suas potencialidades.
analisarmos com atenção, tudo o que o que se diz da avaliação (C) A avaliação deve se dar de forma sistemática e
do aluno com deficiência, na verdade serve para avaliar contínua, aperfeiçoando a ação educativa, identificando
qualquer aluno, porque a principal exigência da inclusão pontos que necessitam de maior atenção na busca de
escolar é que a escola seja de qualidade - para todos! E uma reorientar a prática do educador, permitindo definir critérios
escola de qualidade é aquela que sabe tirar partido das para o planejamento, auxiliando o educador a refletir sobre as
diferenças oportunizando aos alunos a convivência com seus condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às
pares, o exemplo dos professores que se traduz na qualidade necessidades colocadas pelas crianças.
do seu trabalho em sala de aula e no clima de acolhimento (D) Na educação infantil, a avaliação tem a finalidade
vivenciado por toda a comunidade escolar. básica de fornecer subsídios para a intervenção na tomada de
decisões educativas e observar a evolução da criança, como
Questões também, ajudar o educador a analisar se é preciso intervir ou
modificar determinadas situações, relações ou atividades na
01. (TSE - Analista Judiciário - Pedagogia - sala de aula.
CONSULPLAN) Para Cipriano Carlos Luckesi (2000), a
avaliação é um ato amoroso e dialógico que envolve sujeitos e, 05. (Prefeitura do Rio de Janeiro/RJ - Professor de
como tal, a primeira fase do processo de avaliação começa Ensino Fundamental - Artes Plásticas - Prefeitura do Rio
com: de Janeiro) Leia o fragmento abaixo: Normalmente, quando
(A) o acolhimento do sujeito avaliado. nos referimos ao desenvolvimento de uma criança, o que
(B) a qualificação dos conhecimentos prévios. buscamos compreender é até onde a criança já chegou, em
(C) o julgamento das aprendizagens avaliadas. termos de um percurso que, supomos, será percorrido por ela.
(D) o diagnóstico do perfil do sujeito. Assim, observamos seu desempenho em diferentes tarefas e
atividades, como por exemplo: ela já sabe andar? Já sabe
amarrar sapatos? Já sabe construir uma torre com cubos de
diversos tamanhos? Quando dizemos que a criança já sabe

Didática 89
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APOSTILAS OPÇÃO

realizar determinada tarefa, referimo-nos à sua capacidade de pesquisa e desenvolvimento profissional, por falta de
realizá-la sozinha. Por exemplo, se observamos que a criança esclarecimentos.
já sabe amarrar sapatos, está implícita a ideia de que ela sabe A tarefa de fazer registros sobre o cotidiano escolar torna
amarrar sapatos, sozinha, sem necessitar de ajuda de outras possível de se verificar o distanciamento da ação e do que está
pessoas. escriturado, ajudando o educador a planejar, revisar e refletir
OLIVEIRA, Martha Kolh de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento; um diante da sua prática. Esta reflexão é um ponto importante
processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1991. Pág. 11
para análise das competências profissionais, permitindo
O trecho apresenta uma das categorias de análise usada
reajustes permanentes, contribuindo para a identificação de
por Vygotsky ao estudar o desenvolvimento humano, que é:
pontos positivos e negativos.
(A) a zona de desenvolvimento real
Citando Miguel Zabalza, "sem olhar para trás, é impossível
(B) a zona de desenvolvimento proximal
seguir em frente". É isto que os registros podem proporcionar.
(C) a fase potencial do pensamento formal
O valor formativo dos registros acontece a partir do
(D) a fase operatória do pensamento formal
momento em que recodificamos a experiência narrada,
( ) Certo ( ) Errado
reconstruindo-a. Assim, ele oferece também dupla perspectiva
sobre o trabalho, a sincrônica e a diacrônica, de forma que se
Gabarito
pode avaliar o que está acontecendo diariamente, bem como o
acumulado durante um período mais longo.
01.A / 02.A / 03.B / 04.B / 05.A
Ao apresentar uma estrutura narrativa flexível ao modo de
escrita do autor, aumentam-se as possibilidades de
Registros e trocas de contribuição da documentação de forma rica e diversificada
experiências do/no cotidiano para cada educador. As narrativas estabelecem alguns
padrões:
da sala de aula - A solicitação (corresponde a orientação que se dá do que
fazer e de como fazer), ela pode ser feita pelo orientador da
instituição ou por conta própria;
105Existem várias definições para nos referirmos à técnica - A periodicidade (as anotações costumam ser um árduo e
de documentação: registros de aulas, histórias, diários, custoso trabalho em questão de tempo e esforço pessoal, no
relatórios, observações, etc. Apesar de não terem o mesmo entanto, não precisam ser feitas diariamente, mas regulares,
processo e de não serem técnicas iguais, elas descrevem sistemáticas, garantindo assim a continuidade dos fatos e a
pontos relevantes feitos através da observação e do registro logicidade dos registros);
do processo educacional. - A quantidade (não importa o número de páginas que
tenha seu relato, mas sim informações importantes, que
Para que entendamos a definição dos registros escolares, permitam uma reflexão sobre o conteúdo);
algumas observações são feitas: - O conteúdo (mais reflexivo do que descritivo, mais
- Os registros não têm obrigatoriedade de serem feitos qualitativo do que quantitativo, também pode ficar a dispor da
diariamente; solicitação ou da orientação que é dada);
- Devem ser feitos pelos próprios professores, em forma de - A duração (não existem limitações de tempo e espaço
narração; para realização dos registros).
- O conteúdo da narração é de forma livre e espontânea.
Com tais relatos, disponibiliza-se material de acervo
Assim, o registro deve ser uma reflexão da própria prática pedagógico e cultural de épocas que poderão ser vistas e
de ensino, tendo como principal foco a abordagem biográfica. estudadas por outros especialistas da educação, tornando-se
Para que esta reflexão aconteça, deve-se ter em mente que o material rico de pesquisa, servindo como proposta para
autor precisa de uma base teórica em fundamentos e que reflexão e construção de novas técnicas pedagógicas. A tarefa
continue atualizando-se em meio às novas tecnologias. Rosa106 de construção dos relatos compreende o contexto institucional
destaca: "Muitos indivíduos vão para o mercado de trabalho e e relacional das atividades escolares como referenciais para a
permanecem bastante distanciados dos programas de compreensão dos processos envolvidos no espaço escolar.
atualização, ficando a troca nos locais de trabalho, e os livros A necessidade em falar sobre o registro e aflorar a
didáticos como fonte exclusiva para adquirir novos discussão apontando os valores e os benefícios do que o
conhecimentos". mesmo promove no desenvolvimento profissional,
Para Mizukami107 a base de conhecimento para o ensino é aperfeiçoando e mudando a prática docente, apresenta-se à
abrangente," consiste de um corpo de compreensões, medida que o compartilhar pensamentos utilizando a escrita
conhecimentos, habilidades e disposições necessárias" para do outro para fazer a leitura, permite alcançar a compreensão
que o professor possa exercer sua profissão, promovendo sobre outra perspectiva, de modo que a repercussão venha a
aprendizagens significativas, deve-se investir em ações transformar estas práticas cada vez mais inclusivas perante as
formativas a partir de práticas reflexivas e investigativas na diversidades existentes no ambiente escolar.
formação inicial do professor. Defender o conceito de que é extremamente importante
Dentro desta perspectiva, faz-se notar a enorme que a escola possa oferecer espaços e oportunidades para a
importância da história escolar da criança, como esta se troca de experiências, confronto de ideias, através da
construiu nas relações com professores, corpo diretivo e exposição da escrita, lembrar que ao registrar suas reflexões,
colegas. o professor torna-se autor do que pensa e em consequência
Os estudos sobre os registros escolares são componentes autor do seu jeito de fazer.
que atualmente sofrem defasagem por parte dos educadores, A coragem para enfrentar desafios e mudar posturas
os quais não percebem sua importância como instrumento de enraizadas é o obstáculo que o docente precisa aprender a

105 Rezende,
Márcia Ambrósio Rodrigues. A Relação Registro/Avaliação no Ciclo da 106 Zabalza, Miguel A. Diário de Aula: Um instrumento de pesquisa e
Juventude: Possibilidades e Limites na Construção de uma Prática Educativa desenvolvimento profissional. Zabalza, Miguel; trad. Ernani Rosa. - Porto Alegre:
Inovadora Belo Horizonte: 2004. Faculdade de Educação, Universidade Federal de Artmed, 2004.
Minas Gerais Orientadora: Ângela Imaculada Loureiro de F. Dalben. 107 Mizukami, M. G. N. (2004). Aprendizagem da docência: algumas contribuições

de L. S. Shulman. Revista Educação, 29.

Didática 90
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vencer. Como dizia o grande educador Paulo Freire, “a gente ESCOLA - COTIDIANO
pensa melhor quando pensa a partir do que faz, da prática”.
A) Uma visão sociológica do cotidiano
Os registros escolares são de extrema importância visando
principalmente funcionar como meio de observar o Estudar o cotidiano, pelo viés da sociologia, pressupõe o
desenvolvimento de cada criança e suas dificuldades conhecimento das relações sociais em seus ambientes e na
apresentadas no processo de ensino que podem servir de forma em que realmente elas acontecem. Diferentemente do
apoio pedagógico a todos envolvidos no processo escolar. conceito de fato social, estudado por Durkheim, através do
É importante ressaltar que até mesmo a Lei das diretrizes qual os fenômenos sociais são tratados de forma organizada e
e bases da educação nacional (Lei 9.394/96), traz em seu texto mensurados. Pode-se dizer que o estudo do cotidiano se
a seguinte informação sobre os registros: estabelece, justamente, no conhecimento da desorganização
“Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com dos fatos sociais, conforme Maffesoli, (1988)108. É, portanto,
as seguintes regras comuns: considerar o que aparentemente não tem importância,
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do conforme o autor denomina como “resíduos” nos estudos da
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, sociedade, o qual as análises macro estruturais não conseguem
mesmo para o acesso ao ensino fundamental;” alcançar.
De acordo com Balandier (1983)109, o campo da sociologia
Portanto, deve-se pensar no registro como ferramenta do cotidiano possibilita compreender, além das interações
metodológica do professor, um instrumento de formação sociais, os dispositivos que regulam a vida cotidiana, assim faz
continua. Pior fim, o registro constituí uma ferramenta que reaparecer o sujeito face às estruturas sociais, valorizando o
permite uma análise crítica e um redimensionamento do efêmero, o contingente, o fragmento, o relativo e o múltiplo.
trabalho pedagógico. A construção do discurso sobre a Desse modo, nos estudos do cotidiano, o que parecia não ter
realidade, expressa em narrativas sequenciais possibilita uma importância, é resgatado e assume um lugar central nas
tomada de decisão consciente levando ao aprimoramento da análises acerca da sociedade.
prática pedagógica. Tratar do cotidiano como campo de análise é, sobretudo,
entrar em um debate ainda muito pouco definido e com limites
Questões muito tênues. Algumas correntes que trabalham com o
cotidiano ou vida cotidiana, seguem por rumos diferentes, o
01. É incorreto afirmar que a relação professor‐aluno no que nos leva a perceber apenas alguns pontos de partida. A
processo de uma aprendizagem significativa consiste: tese marxista, por exemplo, de que o conhecimento deve partir
(A) Na relação empática do professor e alunos. dos homens e da sua vida real, contribuiu para o
(B) Na sua capacidade de ouvir e refletir sobre seus alunos. desenvolvimento de um campo de abordagem, que de certa
(C) Unicamente na absorção de informação por parte dos forma, nos leva a muitos caminhos que vão ao encontro dos
alunos. estudos do cotidiano. Além dessas abordagens inspiradas no
(D) Na criação de pontes entre o seu conhecimento e o dos marxismo, existem outras que não se denominam
alunos. propriamente de estudos do cotidiano, mas que, de uma forma
ou de outra, o privilegia, seja pela ótica do mundo da vida a
02. Julgue a afirmação abaixo: partir de Schutz, seja pelo viés pós-moderno de Maffesoli.
A tarefa de fazer registros sobre o cotidiano escolar torna Muitos teóricos da área da sociologia e da antropologia,
impossível o distanciamento da ação e do que está escriturado, principalmente após a segunda guerra, desenvolveram
ajudando o educador a planejar, revisar e refletir diante da sua estudos que, de certa maneira, envolveram os aspectos
prática. comuns da sociedade, presentes nas relações e inter-relações
( ) Certo ( ) Errado sociais.
Durkheim talvez tenha sido a fonte principal de inspiração
03. (Prefeitura de Macapá/AP - Pedagogo - FCC/2018) do campo sociológico do cotidiano e das representações
Conforme a LDB, a avaliação escolar na educação infantil sociais, pode parecer um pouco estranha tal dedução,
(A) deve ocorrer por meio de acompanhamento e registro sobretudo, pelo fato dele ter uma preocupação inversa ao que
do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção. se propõem os estudos do cotidiano. Porém, é nessa
(B) não se aplica em razão da natureza do trabalho em que inversibilidade que, justamente, os acontecimentos comuns do
o foco são os cuidados com a criança e não a aprendizagem. cotidiano aparecem em suas obras. Nesse sentindo, o autor
(C) deve ocorrer por meio de avaliações semestrais buscava em seus estudos entender os processos macro
baseadas nos objetivos cognitivos, afetivos e psicomotores. estruturais da sociedade para deduzir, a partir daí, as relações
(D) deve ser classificatória para fins de compensar cotidianas. O que ele busca nessa relação é a frequência dos
carências sociais, afetivas e intelectuais, indicando os avanços acontecimentos sociais para que sejam determinadas, a partir
obtidos. daí, as leis empíricas e universais. Os fatos sociais, deste modo,
(E) deve ocorrer como acompanhamento ao são percebidos por ele como coisas e com grande poder de
desenvolvimento das crianças e por testes, para verificar a coercitividade. Descartando, desse modo, qualquer alusão que
prontidão necessária ao ingresso no 1° ano. por ventura possa ser feita com relação às questões
individuais ou subjetivas do ponto de vista psicológico ou das
Gabarito interações sociais.
Simmel (1981)110 também, em certa medida, aproximou-
01.C / 02.Errado / 03.A se do campo da sociologia do cotidiano analisando as “formas”
sociais a partir do primado da interação. Para ele, uma análise
sociológica deve remontar às ações e reações dos indivíduos
na situação em que se encontram. Assim, acredita que não é
possível conhecer a realidade social sobre uma base de
oposição entre indivíduo e sociedade. A sociedade, segundo o

MAFFESOLI, Michael. La connaissance ordinaire. Paris: Librairie des


108 109 BALANDIER, G. Essai d’identification du quotidien. Cahiers Internationaux de
Méridiens, 1988. sociologie, vol. LXXIV, Paris: Puf, 5-12, 1983.
110 SIMMEL, George. Sociologie et épistemologie. Paris: PUF, 1981.

Didática 91
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autor, é o resultado de uma formalização social, na qual as racional e lançar mão do nosso conhecimento comum, da
regras e obrigações, que nela estão contidas, são entendidas intuição, do presente e da participação. Ato que exige novos
como meios e não como fins, o que permite a compreensão de procedimentos de investigação que conviva com a pluralidade
que os indivíduos participam do processo de construção da de abordagens, sejam de que ordem for para elaboração de
realidade social. A realidade social para o autor é constituída uma descrição de um momento ou de um dado espaço que seja
por processos interativos que são processos de socialização. o menos enganoso possível.
Esses processos abrem sempre novas vias em direção à Ao que nos indica, Maffesoli considera que o cotidiano se
sociabilidade. Essas vias são múltiplas e são produtos das autoproduz desvinculado das referências apriorísticas da
ações dos indivíduos que as percorrem buscando estrutura e dos sistemas de racionalidade que lhe são
constantemente novos espaços no sentido de afirmação de sua subjacentes. Embora defenda a ideia de integrar os fatos
personalidade e de constituição de novos grupos. Os processos cotidianos numa “compreensão global”, pode-se inferir que as
de sociabilidade, apresentados por Simmel, põe em evidência suas análises estão ligadas a um certo relativismo, no qual ele
situações que ocorrem no dia a dia de pessoas comuns, através considera tudo válido, o que corre o risco de ignorar e, de certo
das quais pode-se visualizar relações do cotidiano. modo até acabar com a consciência das contradições e dos
Um conjunto de trabalhos que, de certo modo, considerou conflitos. Muitas críticas feitas ao autor residem no fato de ele
o cotidiano como elemento de análise da sociedade histórica ser adepto às análises do local, do micro social sem ter em
foi o de Elias (1983)111, onde os processos e as configurações conta os grandes movimentos e as grandes tensões do mundo
que a socialização produz na realidade social são os interesses econômico e da história. Além da falta de rigor metodológico,
principais deste autor. Assim, ele a sociedade não é possível a contestação ao racionalismo da sociedade moderna, também
senão como conjunto de configurações e de combinações de é considerada um dos pontos críticos na sua abordagem. Por
elementos que, longe de serem harmoniosos e coerentes, outro lado, ele chama a atenção para a realidade social,
representam o resultado de um processo de objetivação da valorizando as transformações e as especificidades que o
vida coletiva e de civilização. O cotidiano, através das cotidiano nos oferece para o conhecimento da sociedade.
construções dos costumes e ações, reflete de maneira exata a
estrutura do quadro que engloba do conjunto de indivíduos B) A influência do pensamento marxista nos estudos
que o habitam. Desta maneira, a estrutura da vida cotidiana sobre o cotidiano
torna-se parte integrante de tal ou qual camada social, na
medida em que esta camada não seja vista de maneira isolada Como já havíamos nos referido anteriormente, alguns
das estruturas de poder da sociedade global. Nesta teóricos do pós guerra renovaram algumas ideias de Marx,
perspectiva, Elias defende a indissociabilidade entre vida principalmente as que estão contidas nas suas primeiras
cotidiana e as mudanças estruturais da sociedade, a divisão do obras, através de trabalhos sobre o cotidiano. A filósofa
trabalho e os processos que envolvem as orientações estatais. húngara Agnes Heller desenvolveu uma sociologia da vida
Entretanto, foi Goffman (1999), outro membro do grupo de cotidiana baseada nos estudos de Lukács principalmente na
estudos do interacionismo simbólico da Escola de Chicago, tese da “insuprimibilidade” da vida cotidiana. Heller tem seus
quem mais se popularizou no meio acadêmico e dirigiu os seus fundamentos ontológicos centrados na ideia de homem como
estudos, mais especificamente, para a área da sociologia. A ser prático e social produzindo-se por meio de suas
grande preocupação do autor residia no fato de entender o que objetivações, considerando o ponto de vista de classe, da
representa a relação face a face dos indivíduos numa categoria de totalidade, de mediação, de negação e de
interação, ou melhor, perceber como as pessoas em contradição.
determinadas situações de interação desenvolvem seus O cotidiano, de acordo com Heller (1972)114, é a vida de
“papéis” que, aparentemente, lhes são pré-determinados. As todos os dias e de todos os homens em qualquer época
situações de interação, segundo o autor, constituem unidades histórica que possamos analisar. Segundo a autora, não existe
delimitadas num tempo e numa rede de relações de poder e de vida humana sem o cotidiano e sem cotidianidade. As
formas sociais institucionalizadas que transcendem a atividades do dia a dia promovem a reprodução do indivíduo
contingência das situações interacionais. singular e, por consequência, a reprodução do social. A
De acordo com Gouldner (1970)112, o modelo condição humana, desta forma, depende do cotidiano, porém,
dramatúrgico de Goffman nos deixa a impressão que falta uma não se limita a ele, pois nessa relação estão presentes,
interpretação mais geral da motivação das rotinas da vida sobretudo, a intersubjetividade dos sujeitos, os significados do
cotidiana, pois se os indivíduos são apenas atores num palco, mundo e as instituições que ordenam a experiência do vivido.
escondendo-se em seus papéis, em seus “eus” atrás da Para a autora, o cotidiano possui três dimensões objetivas,
interpretação que adotam para a ocasião, o mundo social a primeira é a objetivação em si mesma (regras de linguagem,
(enquanto palco/cenário maior) estaria, em grande parte, maneira de utilizar os objetos, normas de interação humana e
vazio em substância. Parece-nos que, de certo modo, para costumes) e para si mesma, a qual está na esfera dos
Goffman, a realidade social é formada por diversas micro significados, das generalizações, das narrativas, da
experiências as quais compõem o nível macrossociológico constituição, da manifestação e do retorno da vida cotidiana
deixando de lado, de certo modo, questões importantes a como totalidade humana. A outra objetivação está no nível
serem consideradas em grandes escalas como a organização intermediário. A objetivação por e em si mesma é a esfera da
dos sistemas sociais, mudança social e a história. divisão do trabalho que, no mundo moderno, tem como base à
Maffesoli (1985)113 considera o cotidiano como lugar por especialização. A diversidade das instituições e as
excelência para a análise do social porque é nele que se especializações estratificam os indivíduos fazendo-os adaptar-
constitui a sociabilidade. O conhecimento do coletivo, para ele, se e integrar-se ao cotidiano.
é primordial para a compreensão da realidade pois é nele que Para compreender a estrutura da vida cotidiana é
se constitui a “teia de significações insignificantes, efêmeras e importante partir de alguns pressupostos que, de acordo com
polissêmicas que constrói a força e a permanência da vida Heller, são imprescindíveis. O sujeito humano considera seu
cotidiana”. De acordo com autor, para conhecer a realidade ambiente como algo já dado, já feito, que se apropria
social torna-se necessário superar, em todos os sentidos, o espontaneamente de seu sistema de hábitos e técnicas; seu

111 ELIAS, Nobert, Sur le concept de vie quotidienne. In: Cahiers Internationaux de 113 MAFFESOLI, Michael. La connaissance ordinaire. Paris: Librairie des
sociologie, vol. 99, Paris: Puf, 1983. Méridiens, 1985.
112 GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. 8ª ed. Petrópolis: 114 HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. São Paulo: Paz e Terra, 1972.

Vozes,1999.

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comportamento é pragmático direcionado ao êxito da única e são os homens e as mulheres os responsáveis pela
atividade; seu conhecimento não é medido por critérios de construção da vida cotidiana, tornando-as singulares nas suas
opinião. Na vida cotidiana a heterogeneidade das atividades realizações.
está em correspondência de modo imediato com a práxis Para o autor, o conceito de cotidiano é global, ele se refere
humana total. e questiona a totalidade no curso do seu desenvolvimento. As
A práxis humana total está relacionada com o ser particularidades que compõem a vida cotidiana, devem ser
particular e o genérico. Para Heller (1972), “O indivíduo analisadas com cuidado para não se correr o risco de tratar os
contém tanto a particularidade quanto o homem genérico que elementos que fazem parte dessa “globalidade” de maneira
funciona consciente e inconscientemente no homem”. Essa singular.
coexistência do ser genérico e particular na humanidade só A homogeneização do cotidiano pode ser percebida
acontece em sua plenitude no cotidiano, embora nela, apenas através das leis e da ordem estabelecida, das tarefas repetidas
se perceba o singular. A passagem do homem “inteiro” para o linearmente, da tendência geral de organizar a vida cotidiana
"inteiramente homem" acontece quando se rompe a como uma empresa, das representações estereotipadas e
cotidianidade, quando um projeto, uma obra ou um ideal outros. Os fatores de fragmentação interrompem a linearidade
convoca a inteireza de nossas forças e então suprime a da homogeneização provocando rupturas e descontinuidades:
heterogeneidade. Neste momento ocorre a homogeneização, as separações e segregações, a organização sindical, o público
porém, apenas ocorre quando o indivíduo concentra toda a sua e o privado. Todos esses fatores devem ser entendidos dentro
energia e a utiliza numa atividade humana genérica que de uma abordagem totalizadora e não apenas no específico.
escolhe consciente e autonomamente. Quando o ser individual O público e o privado tomados como individual e coletivo,
passa para o humano genérico encontra-se na plenitude, esta nas análises de Lefebvre, de maneira geral, nos fazem perceber
passagem (suspensão da vida cotidiana) denota que o homem que não existe o individual singular, isento do coletivo. E sim
singular se reconhece como integrante da totalidade e dessa uma vinculação entre eles, a qual um interfere no outro.
forma ganha a consciência e possibilidade de transformação Os fatores de hierarquização tomam forma através da
do cotidiano singular e coletivo. hierarquia das funções, dos trabalhos, dos salários, do saber e
A vida cotidiana está mais vulnerável à alienação pelo fato da burocracia. Existem também os fatores de centralidade,
de existirem sucessivas atividades heterogêneas. Essa subjetividade e de sociabilidade que integram o cotidiano e
alienação ocorre quando as formas necessárias de que se opõem à homogeneização. Eles representam elementos
pensamento e ação se absolutizam e deixam pouca margem de força que atuam de maneira dialética. Esses movimentos
para o movimento ou manipulação da individualidade. Na podem, por sua vez, provocar mudanças no nível de realidade.
sociedade capitalista, segundo Heller, a divisão social do Às representações integram-se as ações na composição do
trabalho é um elemento concreto de perda da objetividade do cotidiano na sociedade moderna. É a partir das representações
indivíduo, com tendências a se tornar um eu particular que se forma o ideário teórico de uma época, que vai
fragmentado. influenciar as ações do cotidiano. Segundo Lefebvre, as
Essa percepção do cotidiano e da cotidianidade da autora, representações formam-se entre o vivido e o concebido, ao
deixa explícita a sua preocupação central na questão do mesmo tempo em que estes se diferenciam entre si.
trabalho e na sua hierarquização, que, por sua vez, reflete na Entretanto, estudar o cotidiano, de acordo com Lefebvre,
prática da vida cotidiana. A busca pelo homem genérico, vai além de observar os fatores que o compõe. É sobretudo
significa a superação do homem enquanto ser mergulhado em analisar, conjuntamente com as ações, as representações
uma cotidianidade alienada e alienante capaz de deixar construídas pelos atores sociais, buscando captar, através das
“imóvel” as grandes transformações históricas da sociedade. representações, o pensamento acerca dessas ações.
Desta forma, o cotidiano enfocado pela autora vai além das De certo, Heller e Lefebvre contribuíram muito para o
relações face a face e está intimamente ligada a uma hierarquia desenvolvimento de uma sociologia do cotidiano, sobretudo,
entre as diferentes atividades que constituem a cotidianidade. pelo fato de deslocar as análises estáticas da vida social para a
Lefebvre, em sintonia com algumas ideias de Heller, análise das relações em movimento. Lefebvre, principalmente,
chamou a atenção para os grandes temas da modernidade - O trouxe o cotidiano para a sociologia conjuntamente com as
nacionalismo, a cotidianidade, o estruturalismo, o urbanismo, mudanças que a sociedade estava passando. Essas
o estatismo e o neoliberalismo. Analisou o econômico dentro transformações alteravam, segundo o autor, as ocupações dos
das relações sociais e considerou o Estado como um mediador espaços urbanos e privados que através das relações sociais
entre o econômico e o social. desenvolvidas naquele e em outros espaços, poderiam
Segundo Martins (1996)115, “Lefebvre trouxe Marx para o também causar alterações em espaços cada vez mais amplos.
nosso tempo criticamente como era próprio do pensamento Associar as mudanças estruturais da sociedade moderna com
marxiano”. Através de seus trabalhos sobre cotidiano, uniu a as relações cotidianas é uma das grandes contribuições deste
etnografia e o marxismo, fez uma sociologia de análise autor.
dinâmica, na qual privilegiou os espaços urbanos, a moradia, Porém, outras análises também seguiram os passos de
as festas etc. Lefebvre e Heller oferecendo outros enfoques nos estudos
Lefebvre (1961)116, afirma que o cotidiano é um nível de sobre o cotidiano, principalmente pelo viés da história e da
realidade social que se relaciona com outros níveis, como o antropologia, como Michel de Certeau.
econômico, o político, o cultural e o psicológico. As análises Segundo Certeau (1990)117, o cotidiano pode ser entendido
individuais dos níveis de realidade apresentam, por sua vez, como um ambiente onde se formalizam as práticas sociais que,
conteúdos de outros níveis, os quais nos mostram que, ao por sua vez, sofre influências exteriores. De certo modo, o
mesmo tempo em que estamos mergulhados em um nível de autor concorda com Lefebvre quando este considera que as
realidade, estamos também fora dele. instituições econômicas interferem nas ações e pensamentos
Concomitante às questões históricas, econômicas e dos indivíduos, porém, é também claro em afirmar que não se
culturais que interferem no cotidiano, são os sujeitos sociais pode resumir as análises sociais ao determinismo econômico.
que dão vida e que fazem a prática cotidiana. Cada realidade é Certeau (1985)118 acredita que, na maior parte dos trabalhos,

115 MARTINS, José. DE S., org.) Henri Lefebvre e o retorno à dialética. São Paulo: 118CERTEAU, Michel de. Teoria e método no estudo das práticas cotidianas. In:
Hucitec, 1996. Cotidiano, cultura popular e planejamento urbano. Anais. São Paulo:
116 LEFEBVRE, Henry. Critique de la vie quotidienne II. Paris: L’Arche, 1961. FAUUSP.1985.
117 CERTEAU, Michel de. L’ invention du quotidien 1: arts de faire. Paris:

Gallimard, 1990.

Didática 93
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quando se leva em consideração a questão da produção discursivas. As práticas discursivas, as quais ele se refere,
econômica capitalista nas análises social, olha-se demasiado estão relacionadas com os “atos de fala”, ou melhor, com a
com o olhar do poder centralizador que esmaga quase que utilização social da linguagem. Considerar que os atos de fala
completamente o consumidor e que o cotidiano, por sua vez, são formas de práticas sociais requer uma compreensão de
reproduz as influências do poder econômico nas suas relações linguagem diferente do conceito saussuriano. Para Certeau
sociais. Desse modo, resta para os “consumidores oprimidos” (op. Cit.), a linguagem não se analisa de maneira isolada do
reproduzir ou superar essa situação. social, ela está integrada aos contextos sócio culturais e
Para Certeau nesta questão existe um outro lado, que para econômicos da mesma forma que as práticas enquanto
ele, do lado do consumidor existe também uma produção, puramente formas operacionais. Quando se analisa a forma
muito embora pareça invisível, em que ele transforma o operacional de um determinado grupo considera-se que essas
espaço que lhe é imposto, ele se transforma em um caçador formas são organizadas da mesma forma que a linguagem.
furtivo, o qual circula, caça, faz uma produção, que não é Portanto, para Certeau (1985), os “atos de fala” são
marcada pela criação de novos produtos, mas, que ele se serve constitutivos das práticas cotidianas. Os documentos, as leis, o
de um léxico imposto para produzir algo que lhe seja próprio. ato de conversar, de cumprimentar, de ordenar e de convencer
Dessa forma o consumidor pode ser visto também enquanto fazem parte de todo um processo social no qual estão em jogo
criador, produtor ou praticante. as relações de força em um determinado espaço social.
A partir dessas questões, o autor chama atenção para o A partir da proposta de análise das práticas cotidianas de
pressuposto de considerar as práticas cotidianas enquanto Certeau (1985), podemos perceber que ele se distancia de
práticas. Podemos entender que, as relações sociais são Heller e Lefebvre quando não evidencia conceitos centrais
formadas por práticas que são construídas, são “fabricadas”, a desses autores como homogeneidade, heterogeneidade,
partir das diversas atividades que se exercem na vida fragmentação, superação, individual, coletivo, particular e
cotidiana - profissionais, sociais, políticas e culturais -. A partir genérico. O conhecimento das práticas cotidianas, de acordo
das operacionalizações dessas práticas cotidianas, considera- com Certeau (1985), centra-se muito mais na busca dos
se três aspectos. Primeiro o caráter estético que se trata da aspectos estéticos, éticos e polêmicos da criação de cada
arte de fazer. Essa dimensão diz respeito à questão do estilo, a realidade construída através das ações e discursos dos sujeitos
maneira específica de fazer, de praticar alguma coisa. O sociais, do que na identificação e estruturação dos conceitos
segundo é o caráter ético, quando as práticas cotidianas se nas múltiplas realidades. Os espaços sociais, para ele, não são
constituem em uma recusa do sujeito em se identificar com a dados, como afirma Heller, e sim construídos e reconstruídos.
ordem tal como ela se impõe. De alguma forma existe uma As orientações e normas impostas, para Certeau (1990), não
ordem que não pode ser mudada, porém, quando não se segue são simplesmente reproduzidas e sim “fabricadas” a partir das
tal qual a essa lei configura-se aí um aspecto essencialmente diferentes realidades sociais.
ético. É o abrir de um espaço. Um espaço que não é fundado Pode-se inferir que, o que Certau (1985;1990) propõe,
sobre a realidade existente, mas, sobre a vontade de criar através dos estudos do cotidiano, é uma análise mais
alguma coisa. Na multiplicidade dessas práticas cotidianas, etnológica e menos filosófica da vida cotidiana, embora, em
dessas práticas transformadoras da ordem imposta, há análise mais aprofundada, pode-se perceber elementos de
constantemente um elemento ético. Por fim existe o aspecto Heller e Lefebvre nos seus escritos. De acordo com Martins
polêmico. São as práticas que representam a defesa da vida (1998), estes dois autores, quando tratam da reprodução
que estão inscritas como intervenções de conflito permanente social, não se referem apenas do capital, mas das contradições
em uma relação de força. sociais, referem-se também à questão da criação da História
Considerando estes elementos que compõem as práticas pelo homem, pontos em que, sob diversos aspectos,
cotidianas, Certeau (1982) esclarece que as práticas devem ser convergem com Certeau.
analisadas enquanto operações, como manifestação de táticas
e de estratégias. Para tal é importante verificar se algumas C) Os estudos do cotidiano da escola
delas encontram- se mais reunidas em determinados locais
que em outros, se são mais específicas de determinados meios Como afirma Petitat (1991)119, “por volta da metade dos
ou de determinada conjuntura na qual algum indivíduo se anos 70 a estrela da macro teoria começou a empalidecer”,
encontra. dessa forma, os trabalhos na sociologia da educação que
Até certo ponto, Certeau (1990) retoma a estratégia de analisava a escola com base nos problemas estruturais e nas
Bourdieu, mas sem obedecer ao seu esquema de circularidade, suas relações de dominação, passou a dividir espaço com as
no qual as estratégias utilizadas pelos sujeitos possuem um novas abordagens que tiveram, inicialmente, influência
certo automatismo. O autor propõe tratar as práticas sobretudo do interacionismo simbólico, principalmente, dos
cotidianas também como grupos de estratégias, sem trabalhos de Goffman. Desse modo, a escola passou a ser
desconsiderar, também, os aspectos estruturais da sociedade. estudada por dentro, isto é, a partir das relações sociais que
Porém, essas estratégias são produzidas e recriadas pelos acontecem no seu interior.
sujeitos através das práticas cotidianas que, por sua vez, O estudo das interações sociais na escola colocava em
possuem sua própria lógica. evidência tanto os problemas sob ponto de vista da relação
De acordo com Certeau, a lógica das práticas cotidianas não entre o professor e o aluno em sala de aula, como da relação
se apresenta apenas através do que é realizado em forma de destes com o conhecimento. De acordo com André (1995)120,
ação em um determinado ambiente. A lógica da ação, de algumas observações críticas acerca deste tipo de estudo em
acordo com o autor, é toda uma rede de operações nas quais educação foram desenvolvidas já em meados dos anos 70. Elas
envolvem as relações de força que consiste em construções de se concentravam, principalmente, no fato destes estudos
táticas de ações “próprias” desenvolvidas pelos sujeitos em um utilizarem instrumentos de observação que procuram reduzir
determinado ambiente que, todavia, se estabelece quando as os comportamentos da sala de aula a elementos de tabulação e
ações se transformam em práticas cotidianas e em práticas mensuração e, desta forma, pouco contribuir para a
discursivas, tornando-se, portanto, indissociáveis. compreensão do real processo ensino e aprendizagem.
Certeau (1990) considera importante a análise das Na tentativa de superar esses problemas, passou-se a
práticas cotidianas conjuntamente com as práticas utilizar os pressupostos da etnografia, que decorre da

PETITAT, André. Intinerário de leitura de um sociólogo da educação. In:


119 ANDRÉ, Marli. E. D. A.de. A etnografia da prática escolar. São Paulo: Papirus,
120

Teoria e educação. Rio Grande do Sul: Pannonica, 1991. 1995.

Didática 94
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abordagem antropológica, com vistas a captar as relações estudos sobre a escola, oferece uma gama de elementos para
desenvolvidas no âmbito da escola, no seu próprio se conhecer o que até então, considerou-se sem importância,
desenvolvimento. Com isso começou-se a valorizar o contexto mas, que pode conter elementos fundamentais para se
das interações que ocorrem na sala de aula associada a uma compreender melhor a dinâmica das unidades escolares,
gama de significados culturais que estão presentes nesse sobretudo a partir da utilização das táticas e estratégias
processo. proposta por Certeau como forma de interpretação da
Como nos próprios estudos da escola de Chicago, este realidade escolar.
trabalho centrou-se preferencialmente na dimensão pessoal,
das relações face a face, não considerando a dimensão D) Relações de poder no cotidiano escolar
institucional ou macro estrutural. Alguns autores acreditam
que estes problemas decorrem, justamente, pelo A natureza da relação entre o aluno e a escola, mais
desconhecimento dos pesquisadores dos princípios básicos da especificamente da relação professor-aluno, consiste em
etnografia, como também da falta de clareza do papel da teoria fatores importantes para o processo educacional. Entre o
na pesquisa científica. professor e o aluno existe uma relação de poder, de natureza
O estudo etnometodológico da escola realizado por Alain desigual. A relação professor-aluno torna-se fundamental para
Coulon (1993)121, de certa forma, apresenta uma proximidade o processo educacional, para a construção da história escolar
com o interacionismo simbólico da escola de Chicago. Tendo e de vida do aluno, pois são, também, nestas relações que o
como base os estudos de Garfinkel, a etnometodologia da aluno constrói sua subjetividade.
educação propõe um mergulho no interior da escola para Paulo Freire (1996)124 diz: “O professor autoritário, o
compreender e interpretar o processo social no qual os professor licencioso, o professor competente, sério, o
indivíduos interagem entre si e com o conhecimento. O professor incompetente, o professor irresponsável, o
pressuposto epistemológico da etnometodologia da educação professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal
proposta por Coulon está baseado na fenomenologia de amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio,
Schutz. Segundo o autor, a vida da escola é organizada e burocrático racionalista, nenhum desses passa pelos alunos
produzida pelos membros em sua rotina, padronização, sem deixar sua marca”.
disciplinamento, acontecimentos, atividades, competências e Na década de 1950, o espaço delimitado pela sala de aula
socializações. Dessa forma a escola é vista como ambiente em apresenta-se na forma retangular, possuindo quadros-negros
que se produzem “realidades” que devem ser compreendidas na frente da sala e em uma das laterais, um armário ao fundo,
e interpretadas. as carteiras eram de madeira nobre maciça, com banco e mesa
A etnometodologia da pesquisa educacional, de acordo acoplados, enfileiradas, dispostas em duplas, fixas ao chão e
com o autor, traz uma gama de elementos (noções) para se voltadas em direção ao professor, de forma que não
analisar os processos que ocorrem no interior da escola. Esses possibilitava uma disposição diferente. Esse modelo de
elementos, por sua vez, como no interacionismo, estão carteiras duplas, conforme Souza (1998)125 foi o adotado na
concentrados nas relações pessoais, não valorizando as maioria das escolas paulistas, pois sendo móveis fundamentais
questões macro estruturais, bem como as tensões que da sala de aula, favoreciam uma economia de recursos
ocorrem a partir das relações de poder dentro e fora da escola. financeiros.
Régine Sirota (1988)122 também privilegiou o cotidiano de Além dos objetos constituintes da sala de aula e da
uma escola primária para entender os processos da relação organização na disposição das carteiras, verifica-se, também,
entre professor em sala de aula. No seu trabalho de análise da que as crianças estão condicionadas a determinados
divisão da palavra entre mestre e alunos, a autora considerou comportamentos exigidos em função do tempo, lugar e da
os elementos estruturais da sociedade como integrantes do relação exercida pelo adulto. Elas apresentam-se com perfis de
cotidiano escolar. seriedade e respeito, isentas de quaisquer demonstrações de
Sonia Pennin (1995)123, em seu trabalho “O Cotidiano e a alegria, sentadas numa posição adequada para não agredir a
Escola”, também chamou atenção para a utilização da análise coluna, com os braços cruzados, uniformizadas e portando
micro sociológica no estudo da educação. Tratando o cotidiano cabelo curto. Esta situação revela atos de submissão das
escolar à luz da teoria do sociólogo Lefebvre (1961), a autora alunas em relação ao professor, detalhes que sugerem a escola
procura compreender a gênese e a natureza do processo como um espaço para o condicionamento comportamental
educativo, através das ações cotidianas e das representações mediante uma rigorosa disciplina, ordem, higiene, obediência
dos sujeitos que estão envolvidos - professoras, diretores e e silêncio.
pais -, tentando identificar os elementos transformadores da Entretanto, mais tarde, na década de 1970, a disposição
escola. das carteiras encontra-se em formato individual e dispostas
Com base na abordagem etnográfica da pesquisa científica, em filas únicas. No início do século XX, nos grupos escolares,
o trabalho de Pennin focalizou o cotidiano escolar procurando as carteiras individuais foram enfatizadas como as melhores
descobrir os fatores de homogeneização, heterogeneização e do ponto de vista pedagógico, moral e higiênico. A carteira
fragmentação, bem como de superação, presentes no dia a dia individual constituía um dispositivo ideal para manter a
da escola, através das ações e representações (do vivido e do distância entre os alunos, evitando o contato, a brincadeira, a
concebido) dos sujeitos. Este é um trabalho de grande “distração perniciosa”. Sem contato com outros corpos, isolado
importância na área da educação porque chama a atenção para cada aluno no seu espaço, a disciplina, a moral e a higiene
a vida diária escola, não apenas de maneira restrita ao ficavam garantidas. Ainda, conforme Foucault (1999)126,
ambiente da sala aula, mas, principalmente para a o seu determinando lugares individuais torna-se possível o controle
funcionamento como um todo, sua organização, as atividades de cada um e o trabalho simultâneo de todos, gerando
de rotina, a utilização do tempo escolar, entre outros. economia no tempo da aprendizagem e transformando a
A partir do exposto, podemos afirmar que o cotidiano, escola não apenas numa máquina de ensinar, mas também de
ainda pouco explorado ou valorizado como aporte teórico dos vigiar e de hierarquizar.

121 COULON, Alain. Ethnométhodologie et education, Paris: PUF, 1993. 125 SOUZA, R. F. Templos de civilização: a implantação da escola primária
122 SIROTA, Régine. L’École primaire au quotidien. Paris: PUF, 1988. graduada no Estado de São Paulo: (1890-1910). São Paulo: Fundação Editora da
123 PENIN, Sonia. Cotidiano e escola: a obra em construção. 2a ed. São Paulo: UNESP, 1998.
Cortez, 1995. 126 FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: Curso no College de France
124 FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Didática 95
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Outros atos de submissão coletiva em que o espaço escolar ao Estado. É o ápice do ideal republicano, na medida em que o
determina padrões nos modos e usos do corpo, numa situação poder precisa de todos os corpos, úteis, para se sustentar.
em que os alunos aparecem com os braços estendidos sobre a Destaca-se, também, a implicação que a relação entre o
carteira e olhar atento. Esse exagero na disposição dos corpos tempo e o espaço escolares resultava na racionalidade da vida
simula o retrato da disciplina escolar. Ali tudo inspira ordem e social e na construção da temporalidade urbana. O tempo
disciplina. A separação dos alunos, também é uma forma de escolar, se expressa também como tempo disciplinar:
evitar a troca de ideias sem o controle do professor. respeitando e cumprindo horários, de forma precisa e no
Observamos assim o culto da ordem e da disciplina, momento adequado. Configurando-se numa forma de a
comum na política e nas instituições públicas, bem como o criança aprender a concepção cultural do tempo que
culto à hierarquia. O poder era exercido por meio de sinais regulamenta a vida social.
visíveis, na organização do espaço, na disciplina das roupas, Todas as atividades que compõem a dinâmica do cotidiano
materiais, comportamentos e gestos. Os corpos, propriedade escolar estão determinadas pelo horário. Um controle rígido e
do Estado, também devem comportar posturas, cujas aulas de contínuo do horário de chegada e de saída, de início e de
Educação Física não têm como intuito o exercitar livre dos término. Há horário para a entrada e saída da escola e para o
corpos, mas é mais uma maneira de educação disciplinar do recreio (intervalo), início e fim de cada aula, cada atividade ou
corpo, por meio do estabelecimento de posturas e gestos. A período. Na escola há tempo para tudo, para estudar, brincar
disciplinarização dos corpos se associa à organização do e, sobretudo, o maior tempo é de estudar. O professor, na sala
espaço. Assim é a escola, espaço do sistema capitalista e de aula, fiscaliza e pressiona, afastando aquilo que possa
corporativo que se apropria do corpo e do tempo do estudante. comprometer a qualidade do tempo. Esse controle funciona
Como observa Souza: “ordem, limpeza e disciplina são como correção e prevenção, como uma economia do poder.
componentes primordiais para uma boa organização escolar, Para Foucault (1999), mediante o mecanismo da
fazem parte de um conjunto de dispositivos de contenção de disciplina, o poder tem a função de adestrar corpos e mentes
gestos, dos instintos e das emoções”. Era uma época em que os nas sociedades atuais, para se apoderar ainda mais dos gestos,
alunos eram repreendidos, ou seja, sem liberdade de gostos e modos de pensar dos sujeitos, impondo limitações,
expressão de seus anseios, dificuldades e necessidades. proibições ou obrigações. Constitui-se num poder modesto
A educação restringia-se ao ambiente da sala de aula, com que funciona de forma calculada e permanente, produzindo
a utilização dos recursos do quadro-negro e giz, o professor indivíduos como objetos e instrumentos de seu exercício.
transmitia o conteúdo como verdade absoluta e de forma Na organização do trabalho escolar, o diretor representa a
autoritária, e o aluno assumia um papel passivo no processo autoridade máxima da escola, pois ocupa a posição hierárquica
educacional, sendo uma relação em que o professor era o único mais elevada, regendo a todos na escola. Logo em seguida, em
detentor do conhecimento e o silêncio na sala de aula fazia-se nível hierárquico inferior, está o professor, autoridade
necessário para que a transmissão do saber fosse efetuada imediatamente superior aos alunos. O reconhecimento dessas
com sucesso. autoridades é percebido diante da interação entre os corpos
Nas salas de aula há uma determinada disposição espacial de níveis hierárquicos distintos. Por exemplo, quando o
das mesas, carteiras e armários, à frente da sala possui um professor adentra a sala de aula, imediatamente, acontece uma
espaço destinado à mesa do professor cuja disposição mudança na exposição dos corpos, tornando-se mais contidos
encontra-se à frente das carteiras dos alunos, que geralmente e silenciosos. O respeito é conquistado por meio de uma teia
estão dispostas em filas, e esta relação na organização do de disciplina de poder que amedronta, com o diretor e o
mobiliário já define uma visão de como é o processo de ensino professor, sempre distantes e se relacionando de modo
e aprendizagem. O professor situa-se num lugar de destaque, desigual e nada humano. No entanto, isto não significa que
às vezes ainda mais alto que o restante da sala, o que lhe neste momento da escola os alunos eram mais educados, pois
confere, espacialmente, uma visibilidade geral e, seus corpos e emoções eram muito mais contidos.
consequentemente, autoridade para poder controlar, vigiar e Como uma escola, assim, poderia produzir cidadãos
disciplinar por meio de um simples olhar, além de representar conscientes, livres e com capacidade de autogestão? Nunca,
e diferenciar quem sabe e deve ensinar de quem deve nem era sua intenção, pois o Estado quer controlar os corpos.
aprender. Esse controle inicia-se com a chamada nominal, para Hoje este controle é feito de modo mais sutil e pernicioso.
saber quem está ou não na sala de aula. O sucesso do poder Parece que o Estado cede demais, mas na verdade seu controle
disciplinar, como observa Foucault, acontece por meio de só tem aumentado.
mecanismos simples: “o olhar hierárquico, a sanção A rotina escolar compõe um conjunto de deveres e
normalizadora e sua combinação num procedimento que lhe é atividades em que muitas vezes a liberdade encontra-se fora
específico, o exame.” da sala de aula, em outros espaços intersticiais como
Um intenso elemento disciplinar é a fila, presente no corredores e o pátio. Para Souza, “não obstante, ir ao sanitário
arranjo das carteiras nas salas de aula e caracterizada, ainda, poderia consistir em um passaporte para o refúgio, um
em várias outras situações escolares, como na disposição dos momento para gazear”.
alunos para cantar o hino nacional, no momento de receber a Todavia, mesmo diante de uma disciplina rígida, havia atos
merenda, no trânsito entre os corredores da escola durante indisciplinados, ou seja, aqueles que não estavam em
entrada dos alunos para a sala de aula e para a sua saída. A correspondência com as leis e normas da escola, pois “a escola,
organização por fileiras define a forma de repartição dos ao produzir disciplina, está também produzindo sua
estudantes. A posição que um aluno ocupa na fila torna-se indisciplina”. A indisciplina torna-se então um sintoma do
unidade, na qual representa um movimento permanente onde comportamento individual, é a inobservância, tudo o que está
um substitui o outro num espaço. inadequado à regra e o que se afasta dela, ou seja, um desvio.
Assim, por meio de uma disciplina pode-se produzir um A indisciplina, nada mais é, neste sentido, do que uma
padrão de aluno que responda satisfatoriamente e manifestação da individualidade num ambiente de dura
disciplinarmente às demandas da instituição, para isso é repressão. Na escola, [...] funciona como repressora toda uma
necessário tornar o corpo produtivo, disciplinando-o quanto a micropenalidade do tempo (atrasos, ausências, interrupções
horários, modos e atividades. Isto é revelado por meio de das tarefas), da atividade (desatenção, negligência, falta de
pesquisas, o caráter alienante da dinâmica dos corpos e dos zelo), da maneira de ser (grosseria, desobediência), dos
objetos, na medida em que serve para educar um cidadão discursos (tagarelice, insolência), do corpo (atitudes
eficiente para o Estado, mas com liberdade e autogestão ‘incorretas’, gestos não conformes, sujeira), da sexualidade
negados, na medida em que seu corpo, seu ser todo, pertence (imodéstia, indecência).

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Quando o poder demonstra os corpos afastando-se das Mas quem cuida desta parte agora é a indústria cultural - meios
normas, a punição faz-se necessária. O castigo disciplinar tem de comunicação de massa - que produz padrões e os vende e
a função de reduzir os desvios, sendo essencialmente os inculca sem freio. A escola vem perdendo este poder, pois
corretivo. Esse poder oculto nas relações cotidianas não tem mais este apelo, como tinha antes.
controladas é responsável por práticas produtoras de sujeição, O professor, utilizando a sua autoridade, impede que
comparação, hierarquização, diferença, homogeneização e ocorram falhas e conduz o processo de ensino e aprendizagem,
exclusão, ou seja, ele normaliza. De acordo com Souza, “por sendo o corpo considerado objeto e alvo do poder e pode ser
meio de prêmios e castigos, como o elogio perante a sala, submetido a adestramento para obedecer e responder a
cartões de boa nota, nome do aluno no quadro de honra, exigências. O dispositivo que possibilita produzir uma
admoestação particular, notas baixas, privação do recreio, individualidade obediente é a disciplina. Logo, a escola é uma
entre outros, as crianças apreenderiam as condutas instituição em que o poder disciplinador faz-se presente. Isso
desejáveis”. evidencia que a educação contemporânea ainda tem sua base
Recordo-me que, quando aluno, no final da década de na dominação, pois ocorre por meio da normalização.
1980, era comum a prática de castigos aplicados pelos As relações de poder em que os alunos são submetidos nas
professores aos alunos que não correspondiam à disciplina instituições escolares os direcionam a uma educação para a
exigida pela escola. A disciplina, muitas vezes, era conquistada obediência, construindo indivíduos submissos não só no
por meio da punição do corpo, com castigos físicos ou ambiente escolar, como também, para os diversos âmbitos de
situações vexatórias, ridicularizando o aluno perante os sua vida, inibindo a formação de um sujeito crítico e
demais. “Esses comportamentos têm razão de ser e podem até autossuficiente.
ajudar no encaminhamento sério das questões de Os procedimentos disciplinares presentes no cotidiano
aprendizagem, mas podem também ser mera demonstração escolar predeterminam a conduta do aluno, neutralizando sua
de autoritarismo, em que se procura deixar claro ‘quem é que vontade individual. Assim o professor, além de ensinar, molda
manda na escola’”. o aluno conforme um padrão exigido pela instituição, sendo o
A avaliação representa outro elemento de constante aluno constantemente controlado, manipulado em função da
presença na rotina escolar, pois sempre quando o professor se ordem, da disciplina - atos esperados pelos próprios pais dos
faz presente ela acontece, desde a mera observação e alunos.
acompanhamento dos alunos durante as atividades, sem Existem muitas tentativas de democratizar o espaço
dúvida, a professora espera uma postura ideal de todos os escolar, e principalmente as relações no interior da sala de
alunos. Nesse contexto, percebe-se que os alunos estão muito aula, mas isso, normalmente, fica só no plano teórico, pois,
mais espontâneos, demonstrando emoções e gestos. apesar do empenho de alguns professores, a relação que se
Para tanto, a avaliação que deveria ser aplicada com estabelece de fato, na maioria das vezes, é a da imposição da
caráter pedagógico, em benefício do aluno, durante muito autoridade, que deve ser mantida. Muitos pais até desejam que
tempo foi utilizada pela escola como instrumento para isso aconteça, isto é, que os(as) professores(as) façam com
garantir a disciplina, como um ritual para controlar, qualificar, seus filhos o que eles não querem ou não conseguem fazer.
classificar e punir. O comportamento do aluno era considerado Assim, ainda que o professor seja o detentor do poder na
como um dos critérios de avaliação, e a este era atribuído uma relação com o aluno, atualmente essa relação encontra-se cada
nota. Dessa forma, a aprovação do aluno estava condicionada, vez mais fragilizada, pois com a diminuição dos castigos
além de seu rendimento e frequência, à sua disciplina. Nesse disciplinares, ao mesmo tempo em que houve uma redução no
contexto, as provas vinculavam a formação do saber com o domínio dos pais sobre os corpos de seus filhos em casa, os
exercício do poder, que é exercido sem ser percebido, cuja professores na escola, muitas vezes, são sujeitados a conviver
individualização, que é mensurada e comparada, encontra-se e a conter um universo muito maior de eventuais desvios
registrada em diários de classes, boletins e nos relatórios de disciplinares dos alunos, decorrentes da escassa educação
conselhos de classe e série. recebida pelos pais. Aí está: este poder saiu da mão dos pais e
Muitos alunos, devido à reprovação, abandonavam a escola da escola, e está na mão dos meios de comunicação de massa.
e outros, em razão de inúmeras reprovações sucessivas eram Porém, não são eles que têm que lidar com os jovens, e não
considerados pela escola, inaptos ao estudo. A avaliação, de sentem a consequência da massificação desenfreada.
acordo com Souza, possuía “uma dupla finalidade: pedagógica Ultimamente a escola tende a uma tentativa de
e disciplinar. Os exames aperfeiçoaram o sistema de democratização no ato de educar, a partir da interação do
classificação dos alunos em classes e séries e, ao mesmo aluno no processo de ensino e aprendizagem, no qual o
tempo, tornaram-se mecanismos de punição, controle e professor assume um papel de orientador e o aluno é
hierarquização”. Além disso, o exame combina as técnicas da percebido em sua singularidade. No entanto, devido ao
hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza. É um excesso de alunos nas salas de aula, o empenho do professor
controle normalizante, uma vigilância que permite qualificar, em atender cada aluno individualmente, conforme as suas
classificar e punir. Estabelece sobre os indivíduos uma especificidades e necessidades, tem sido prejudicado e, isento
visibilidade através da qual eles são diferenciados e de opção, o professor acaba por ministrar a mesma aula a
sancionados. É por isso que, em todos os dispositivos de todos da turma, ignorando a heterogeneidade dos alunos.
disciplina, o exame é altamente ritualizado. Porém, se ele pode ter esse espaço para a criatividade e a
Atualmente, não se pode garantir que a punição do corpo diversidade na sala de aula, então o(a) professor(a) estará
não ocorra mais nas escolas, mas não é legitimada com a ampliando as possibilidades de esse aluno criar, ser inventivo,
mesma natureza e intensidade como anteriormente, questionar, enfim, participar do processo de transformação da
principalmente a partir de 1990 com a regulamentação do sociedade em que vive, não só naquele espaço, mas em
Estatuto da Criança e do Adolescente. No entanto, é comum qualquer outra situação.
flagrarmos nas escolas, estudantes sendo punidos por meio de Se nas salas de aula atuais, o aluno ainda não adquiriu uma
advertências, repreensões, suspensões e transferências postura de protagonista na construção do próprio
compulsórias. Portanto, a disciplina não deixou de estar conhecimento, sendo livre para expressar e participar,
presente e ainda hoje as escolas continuam por meio do poder posicionando de forma crítica perante as situações do
moldando os corpos dos alunos. cotidiano escolar, existe ao menos muito mais liberdade, por
Este poder de moldar os corpos das crianças também meio dos risos e da postura desordenada dos corpos dos
esteja fora da escola, pois seus corpos e gestos são moldados alunos. Embora prevaleça o formato da carteira individual,
sim, veja a padronização do modo de falar, de vestir, de andar... evidencia-se uma diferença em sua qualidade, sendo

Didática 97
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fabricadas de compensado de madeira ou plástico, as carteiras influenciam as relações entre os alunos e o professor, todavia
e cadeiras apresentam-se menos duráveis e muito mais a visão sobre o papel da educação que o professor e os alunos
frágeis. Percebem-se, também, mudanças na organização possuem torna-se uma orientação primordial para o trabalho
espacial da sala de aula, acabando com a rigidez na disposição desenvolvido. Para Freire128, a educação deve estar a serviço
das carteiras enfileiradas e voltadas para o professor. As da humanização das pessoas, já que a educação é uma forma
carteiras apresentam-se na forma individual e móvel, de intervenção no mundo.
permitindo a realização de atividades diversificadas, com Percebe-se, que nos últimos anos a prática docente têm
disposição da classe em diferentes formas, como em grupos ou enfrentado muita dificuldade em seu trabalho, o
círculos, adequando-se à necessidade da situação e à proposta relacionamento tende a ser diferente do passado e o professor
de desenvolvimento da atividade, sob a orientação da precisa acompanhar essas mudanças, dentre elas, o convívio
professora, que se desloca para todas as partes da sala para de classes sociais, culturas, valores e objetivos diferentes,
atender as necessidades específicas de cada aluno. assim, pode-se dois aspectos da interação professor-aluno:
Transmissão de conhecimento e a Relação pessoal entre
Questões professor e aluno e as normas disciplinares impostas.
Dessa forma, o autor defende que que a aula não pode ser
1. Alguns teóricos do pós guerra renovaram algumas ideias considerada apenas uma mera transferência de conhecimento,
de Marx, principalmente as que estão contidas nas suas devendo se preocupar com o conteúdo emocional e afetivo,
primeiras obras, através de trabalhos sobre o cotidiano. É que faz parte da facilitação da aprendizagem. Percebe-se que
correto afirmar que: O cotidiano, de acordo com Heller (1972), não estamos falando da afetividade do professor para com
é a vida de todos os dias e de todos os homens em qualquer determinados alunos, nem de amor pelas crianças, de modo
época histórica que possamos analisar. que a relação maternal ou paternal deve ser evitada, porque a
( ) Verdadeiro ( ) Falso escola não é um lar.
Na sala de aula, o professor se relaciona com o grupo de
2. No final da década de 1980, a prática de castigos alunos, ainda necessite atender um aluno especial ou que os
aplicados pelos professores aos alunos que não alunos trabalhem individualmente, a interação deve estar
correspondiam à disciplina exigida pela escola era comum. voltada para a atividade de todos os alunos em torno dos
Atualmente, com o advento do Estatuto da Criança e do objetivos e do conteúdo da aula.
Adolescente em 1980, legitimou práticas como a punição como A escola, como um todo, passa por uma crise de sentido, os
parte do processo de disciplina dentro da escola. alunos não sabem porque vão a ela, a falta de significação do
( ) Verdadeiro ( ) Falso que é estudar, a evasão, a reprovação e a violência que existem
nas mais diferentes formas acabam por transformar a relação
3. É correto afirmar que para Lefebvre(1961) afirmava que entre o professor e o aluno ainda mais conflitante e difícil de
o cotidiano é um nível de realidade social que não se relaciona ser trabalhada.
com outro níveis, como por exemplo, nível econômico, político O aspecto afetividade influi no processo de aprendizagem
e cultural. e o facilita, pois nos momentos informais, os alunos
( ) Verdadeiro ( ) Falso aproximam-se do professor, trocando ideias e experiências
várias, expressando opiniões e criando situações para,
Gabarito posteriormente, serem utilizadas em sala de aula. O
relacionamento baseado na afetividade é, portanto, um
1.Verdadeiro / 2.Falso / 3.Falso relacionamento produtivo auxiliando professores e alunos na
construção do conhecimento e tornando a relação entre os
dois menos conflitante, pois permite que ambos se conheçam,
Relação professor X aluno, se entendam e se descubram como seres humanos e possam
crescer.
pais e comunidade Educar, do latim educare, é conduzir de um estado a outro,
é modificar numa certa direção o que é suscetível de educação,
conforme é explicado por Libâneo129: “o ato pedagógico pode
A Interação Entre Professor e o Aluno ser, então definido como uma atividade sistemática de
interação entre seres sociais tanto no nível do intrapessoal
A relação professor e aluno é uma categoria fundamental como no nível de influência do meio, interação esta que se
do processo de aprendizagem, pois dinamiza e dá sentido ao configura numa ação exercida sobre os sujeitos ou grupos de
processo educativo. Essa relação deve estar baseada na sujeitos visando provocar neles mudanças tão eficazes que os
confiança, afetividade e respeito, cabendo ao professor tornem elementos ativos desta própria ação exercida.
orientar o aluno para seu crescimento interno, isto é fortalecer Presume-se aí, a interligação de três elementos: um agente
– lhe as bases morais e críticas, não deixando sua atenção (alguém, um grupo, etc.), uma mensagem transmitida
voltada para o conteúdo a ser dado. (conteúdos, métodos, habilidades) e um educando (aluno,
Segundo Libâneo127 o professor não apenas transmite uma grupo de alunos, uma geração) (...)”.
informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Dessa forma, podemos também pensar na ideia kantiana
Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a de aufklärung (esclarecimento), pela qual o homem deve
expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho aprender a pensar, o que significa a saída do homem de sua
docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos menoridade pela qual o homem se torna autônomo, uma vez
alunos mostram como eles estão agindo à atuação do que, na sua filosofia, a via de conhecimento do belo é a conduta
professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos ética exigida aos homens que se querem autônomos, isto é, não
conhecimentos. facilmente governáveis por outrem.
Apesar de estar sujeita a um programa, normas da O homem fica na menoridade à medida que se recusa a
instituição de ensino, a interação do professor e do aluno pensar por conta própria, se recusa a viver autonomamente,
forma o centro do processo educativo. Muitos fatores

127 LIBÂNEO, J. C. Didática. Coleção Magistério. 2º grau. Série formação do 129LIBÂNEO, J. C. Didática. Coleção Magistério. 2º grau. Série formação do
professor. São Paulo: Cortez, 1994. professor. São Paulo: Cortez, 1994.
128 FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17º ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

Didática 98
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pois é mais cômodo, de fato, viver sob a tutela natural da alunos indica que é necessário fazer alguma pergunta, não
família ou do Estado, por exemplo. apenas com o intuito de verificar se o exposto foi
A menoridade significa depender do outro para pensar, é compreendido, mas também de dar informações aos alunos,
mais fácil ser menor em nossa sociedade quando, para viver, para que corrijam seus erros, e ver se entenderam o conteúdo,
não se depende do próprio pensar, quando o outro pode fazê- se há ainda pontos obscuros, se é necessário passar mais
lo. Ao professor, cabe, então, propiciar ao aluno a possibilidade exercícios ou dar mais exemplos antes de ir para um novo
de utilizar seu pensamento para crescer, se libertar e sair da tema.
menoridade, da submissão do seu pensamento ao pensar de Quando o professor pergunta, ele não está simplesmente
outra pessoa. Na relação professor-aluno, o professor, usando querendo obter respostas que já conhece, pois incentivar o
da afetividade, poderá entender melhor seus alunos e pensamento filosófico é querer que o educando reflita de
conseguir elementos para atingir seus objetivos. maneira nova, considere métodos alternativos de pensar e
Uma forma de o professor interferir, melhorar e consolidar agir. Neste ponto, devemos observar o que foi escrito por
a relação entre o professor e o aluno no sentido de explorar as Libâneo:132 “O professor não apenas transmite uma
possibilidades da filosofia, é discutir e compreender os informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos.
pressupostos e as concepções de filosofia que estão presentes Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a
na sua prática, pois, sem isso, vamos continuar apenas a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho
estudar história da filosofia ou alguns temas isolados, sem uma docente nunca é unidirecional. As respostas e opiniões
postura filosófica, atendendo apenas a necessidades imediatas mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às
e curriculares. dificuldades que encontram na assimilação dos
O professor deve constantemente esforçar-se em buscar conhecimentos. Servem, também, para diagnosticar as causas
estas possibilidades e tentar uma discussão dos diversos que dão origem a essas dificuldades.”
temas trazendo-os para os dias de hoje, para os problemas No entanto, vemos que, apesar dos esforços, o objetivo
atuais, tornando o ensino e a relação professor aluno principal, que é dar possibilidade ao educando de construir
proveitosos, assim, deve-se criar uma situação de seu conhecimento, fica muitas vezes prejudicado pela falta da
comunicação entre os alunos com um propósito educativo, capacidade de ouvir o aluno e, assim, descobrir as suas
buscando meios e caminhos, de acordo com o que a situação e dificuldades. Outro ponto que devemos ter em mente é o de
a classe pedem; ele intervém pouco, muito ou nada, colocando que o professor não pode ter dúvidas sobre o que seja de fato
os alunos como sujeitos de sua própria reflexão, utilizando-se a autoridade do professor, para que ela não se pareça, como às
da curiosidade natural. vezes acontece, com autoritarismo e também, em
Atentemos então ao que Tiba130, diz em relação a esta contrapartida, não propicie a total ausência de lei, impedindo
busca de meios e caminhos: “Ao perceber que não sabe, o ser a disciplina, que é necessária ao aprendizado, e a organização
humano tem a tendência natural de buscar meios de aprender, de qualquer trabalho.
já que é dotado de inteligência e, em consequência, de O professor não pode ser autoritário a ponto de achar que
curiosidade. Associando estes dois atributos, pode surgir a sua palavra é a lei, pois, quando há uma falha na comunicação
criatividade, que fornece a base para as grandes invenções da entre professor/aluno, aluno/professor, poderá ocorrer o
humanidade. O espírito aventureiro instiga às descobertas”. distanciamento das duas partes, o que prejudicará
O professor deve possuir habilidades para passar o substancialmente a relação, uma vez que o diálogo é um
conteúdo da matéria, incentivando-os ao estudo, fazendo-os elemento fundamental da aprendizagem, fato que é reforçado
levantar temas sobre o texto dado, discutindo e escrevendo, de por Haydt133, sobre a importância do estabelecimento do
acordo com o explicado por Lipman131: “À medida que se passa diálogo: “Na relação professor-aluno, o diálogo é fundamental.
por um dos currículos de Filosofia para Crianças, aprende-se A atitude dialógica no processo ensino-aprendizagem é aquela
como é importante, para que se obtenha sucesso, que os que parte de uma questão problematizada, para desencadear
materiais sejam introduzidos oportunamente e na sequência o diálogo, no qual o professor transmite o que sabe,
adequada. Ensinar filosofia implica fazer com que os aproveitando os conhecimentos prévios e as experiências,
estudantes levantem temas e, então, voltar a eles anteriores do aluno. Assim, ambos chegam a uma síntese que
repetidamente, elaborando-os nas discussões dos estudantes elucida, explica ou resolve a situação-problema que
à medida que as aulas se sucedam.” desencadeou a discussão.”
Podemos sugerir, como exemplo, uma aula em que o Para exercer a autoridade, o docente deve saber da
professor aborde o Mito da Caverna, ao falar a respeito de importância do seu trabalho e mesclar com a afetividade a sua
Platão. E pode tentar mostrar, sob o signo da universalidade, a autoridade, recorrendo, então, ao diálogo como forma de
condição do filósofo. Ele levanta o tema e elabora discussões chegar ao resultado pretendido: uma classe integrada,
em que a classe possa chegar à conclusão de que é necessária compenetrada e interessada. Podemos também reforçar a
a fuga do mundo sensível, das sombras e dos fantasmas, para importância do diálogo usando Freire134: estimular a pergunta,
encontrar fora da caverna o verdadeiro mundo dos objetos e o a reflexão crítica sobre a própria pergunta, o que se pretende
sol que ilumina o seu verdadeiro e autêntico ser. Aquele que com essa ou aquela pergunta (...) o fundamental é que
aprende a se voltar das sombras para a fonte de luz buscará professor e alunos saibam que a postura deles é dialógica,
esta fonte como finalidade última do trajeto do pensamento. aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto falam
Além da explicitação dos objetivos, da escolha de ou enquanto ouvem. O professor deve usar do diálogo, pois o
conteúdos e da orientação metodológica o trabalho do diálogo pode ser uma fonte de riquezas e alegrias, é uma arte
professor na sala de aula dependerá da procura de a ser cultivada e ensinada. O professor deve ensinar que o
procedimentos que viabilizem a prática docente. Nesse diálogo só acontece quando os interlocutores têm voz ativa, e
sentido, de nada adianta propor no planejamento a intenção que se os interlocutores se limitarem a impor visões do mundo
de estimular a consciência crítica se o professor se restringir à sem considerar o que o outro tem a dizer, não estarão
aula expositiva sempre e se, ao avaliar, apenas verificar a praticando um diálogo.
reprodução do que foi transmitido. O professor deve sempre A tendência do professor, por causa de sua carga de
estar atento aos alunos, às vezes a própria expressão dos conhecimento e experiência, é pensar que o aluno não sabe

130TIBA, Içami. Ensinar aprendendo. São Paulo: Editora Gente, 1998. 133HAYDT, Regina Célia. Curso de didática geral. 2a ed. São Paulo: Ática, 1995.
131LIPMAN, M. A filosofia na sala de aula, São Paulo: Nova Alexandria, 1994. 134FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
132 LIBÂNEO, J. C. Didática. Coleção Magistério. 2º grau. Série formação do educativa”. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996.
professor. São Paulo: Cortez, 1994.

Didática 99
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nada, o que acaba por complicar a relação professor-aluno, Questões


pois o ensino é ato comum do professor e do aluno; o
professor, enquanto ensina, está continuando a aprender. 1. (Prefeitura de São Luís/MA - Conhecimentos Básicos
Ademais, o professor deve facilitar ao aluno o entendimento Magistério I e II - CESPE/2017) O sucesso e a qualidade da
do que é fazer parte de um grupo ou de uma comunidade, aprendizagem no processo pedagógico dependem, entre
ajudando-o a conhecer as normas que regem a conduta aceita outros fatores, de o professor
nos mais variados âmbitos, como o social, o cultural e o (A) priorizar atividades de memorização, a fim de
político. O respeito mútuo é a valorização de cada pessoa, promover o pleno desenvolvimento cognitivo dos alunos.
independentemente de sua origem social, etnia, religião, sexo, (B) delegar à família dos alunos a responsabilidade pela
opinião, é poder revelar seus conhecimentos, expressar qualidade do desempenho deles em atividades extraclasse.
sentimentos e emoções, admitir dúvidas sem ter medo de ser (C) proteger e prestar assistência financeira à família dos
ridicularizado, exigir seus direitos. alunos de baixa renda.
Podemos fundamentar o exposto pelo que foi dito por (D) valorizar as emoções dos alunos e sua relação de
Severino(2000)135: “O educador não pode realizar sua tarefa e afetividade com eles.
dar sua contribuição histórica se o seu projeto de trabalho não (E) disciplinar e subordinar os alunos a rigorosas regras de
estiver lastreado nesta visão da totalidade humana. À filosofia conduta que limitem a criatividade deles.
da educação cabe então colaborar para que esta visão seja
construída durante o processo de sua formação. O desafio 2. (IF/RR - Pedagogo - FUNCAB) De acordo com Paulo
radical que se impõe aos educadores é o de um inteligente Freire a relação entre professor e aluno deve ser de:
esforço para a articulação de um projeto histórico-civilizatório (A) diálogo.
para a sociedade brasileira como um todo, mas isto pressupõe (B) hierarquia.
que se discutam, com rigor e profundidade, questões (C) autonomia.
fundamentais concernentes à condição humana.” (D) autoridade.
O docente estará favorecendo a relação professor aluno (E) disciplina.
seguindo uma série de regras: utilizar as aulas expositivas
quando sentir que com este método estará atingindo o objetivo 3. Relação professor aluno: segundo Paulo Freire, o bom
do ensino da unidade, demonstrar a variedade de explicações professor é, EXCETO:
para um mesmo fenômeno, ser flexível e capaz de adaptar o (A) O que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a
programa para cada situação que se apresente, relacionar o intimidade do movimento do seu pensamento.
conteúdo da unidade a ser ensinada com a experiência do (B) Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar.
aluno, ajudar o aluno a descobrir a interdisciplinaridade, não (C) Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque
deixar que assuntos menores influam na discussão em classe acompanham as idas e vindas de seu pensamento,
sobre a disciplina que está sendo enfocada, criar situações em surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.
que o aluno possa expressar seus sentimentos, variar a (D) Aquele que rejeita a participação do aluno, e enaltece
composição dos grupos de estudo, tentar evitar o monopólio os melhores alunos e discrimina os que apresentam
da discussão, respeitar e fazer respeitar as diferentes opiniões dificuldades.
e usar vocabulário que seja claramente compreendido.
O professor como facilitador do aprendizado deverá 4. A relação entre professor e aluno depende,
buscar a motivação de seus alunos, está não é uma tarefa fácil, fundamentalmente:
pois a falta de motivação pode ter origem em problemas I. Do clima estabelecido pelo professor, da relação empatia
particulares do aluno como cansaço, necessidades afetivas não com seus alunos;
satisfeitas e, até mesmo, a fome. O docente deverá centrar os II. De sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de
seus esforços na aprendizagem e, ao trabalhar com ela, tornar compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu
o ensinamento significativo para o aluno, fazendo-o sentir que conhecimento e o deles.
a matéria tem significância para sua vida. III. De buscar educar para as mudanças, para a autonomia,
Na visão construtivista, o aluno é o centro, devendo estar para a liberdade possível numa abordagem global,
sempre mobilizado para pensar e construir o seu trabalhando o lado de seus deveres e de suas
conhecimento, no entanto esse enfoque construtivista não responsabilidades sociais.
coloca o professor em segundo plano; pelo contrário, o seu IV. De sua autoridade, para que haja silêncio e ordem
papel é de máxima importância no processo de ensino, não fundamentais para a aprendizagem.
sendo aluno e professor considerados iguais, pois, aos
professores, cabe a direção, a definição de objetivos e o Estão corretas:
controle dos rumos da ação pedagógica, não se utilizando da (A) IV.
autoridade arbitrariamente, mas exercendo uma autoridade (B) I, II e III.
própria de quem tem zelo profissional e se responsabiliza pela (C) Todas estão corretas.
qualidade do seu trabalho, não deixando os alunos à deriva, (D) Todas estão incorretas.
sem diretividade e organização.
A disciplina e o equilíbrio devem ser mantidos em classe, 5. Em se tratando da relação professor-aluno na sala de
para que o aprendizado não seja prejudicado, e para que se aula, assinale a alternativa incorreta.
desenvolva, no aluno, o auto respeito, o autocontrole e o (A) O trabalho docente nunca é unidirecional.
respeito, ficando o professor atento para que certas situações (B) A relação maternal ou paternal deve ser evitada,
não fujam do limite. O professor deve se utilizar da liderança porque a escola não é um lar.
controlando-a, no entanto, para não inibir a criatividade do (C) O professor autoritário exerce a autoridade a serviço
aluno, criando uma relação de respeito mútuo e organizando da autonomia e independência dos alunos.
sua metodologia de trabalho. (D) A disciplina da classe está diretamente ligada ao estilo
da prática docente, ou seja, à autoridade profissional.

SEVERINO, Antonio. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,


135

2000.

Didática 100
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Gabarito grande desafio de formar sujeitos que possam enfrentar


realidades cada vez mais complexas. Assim, acreditamos na
01.D / 02.A / 03.D / 04.B / 05.C possibilidade de formar um cidadão mais indignado com as
manifestações e acontecimentos da vida cotidiana, um cidadão
EDUCAÇÃO - SOCIEDADE - COMUNIDADE que saiba mediar conflitos e propor soluções criativas e
adequadas a favor da coletividade, que tenha liberdade de
Concepção de Sociedade pensamento e atitudes autônomas para buscar informações
nos diferentes contextos, organizá-las e transformá-las em
Vivemos num mundo onde a informação é diversificada e conhecimentos aplicáveis.
atualizada rapidamente, o mundo mudou, as pessoas Para o educador Paulo Freire, o homem só começa a ser um
mudaram e, ao constatar a velocidade com que ocorrem sujeito social, quando estabelece contato com outros homens,
transformações em nossa vida cotidiana, podemos afirmar que com o mundo e com o contexto de realidade que os determina
estamos diante de um novo tempo, uma outra realidade que geográfica, histórica e culturalmente, é nessa perspectiva que
nos envolve e nos desafia. a escola se torna um dos espaços privilegiados para a formação
A forma com que compreendíamos a vida e tudo que do homem.
acontecia, já não parece ser o que prevalece hoje. Vivemos uma
nova era, onde o conhecimento que tínhamos como Concepção de Escola
entendimento de se estar no mundo (algo pronto e acabado),
não é mais aceito e absorvido pela maioria das instituições, A Escola é um espaço privilegiado para o desenvolvimento
como também pelo processo que configura a produção do das relações sociais e, é nesse ambiente que a criança e o jovem
conhecimento. interagem com grupos de sua idade, criam vínculos e laços de
Isto significa que a sociedade atual exige uma prática convivência, além de desenvolverem habilidades e
pedagógica que assegure a construção da cidadania, fundada competências para continuar seu processo de aprendizagem.
na criatividade, criticidade, nas responsabilidades advindas Sabemos que os modos de vida também são vivenciados
das relações sociais, econômicas, políticas e culturais. Essas pela escola. São variantes de diversos matizes, que se
reais exigências cognitivas e atitudinais requeridas nos multiplicam a cada dia e esses acontecimentos não podem ser
permitem o questionamento: o que tem a educação a refletir desprezados. As ações educativas vinculadas às práticas
sobre as relações e transformações em curso e a formação do sociais compõem o rol de compromissos da educação formal.
homem? Por isso, o cotidiano escolar exerce um papel expressivo na
A educação e a escola, por sua importância política, formação cognitiva, afetiva, social, política e cultural dos
merecem um papel de destaque numa proposta de sociedade. alunos que passam parte de suas vidas nesse ambiente
Neste esforço de reorganização da vida social e política, velhas pedagógico e educativo. Sendo assim,
instituições e antigos conceitos são redefinidos de acordo com
essa lógica. Portanto, “o que está em jogo não é apenas uma Concepção de Ensino e Aprendizagem
reestruturação das esferas econômicas, sociais e políticas, mas
uma reelaboração e redefinição das próprias formas de O caráter eminentemente pedagógico da Educação no
representação e significação social”. contexto escolar fundamenta-se numa perspectiva de
A escola tem muito que refletir sobre sua organização considerar que a criança está inserida em determinado
curricular, a começar pela compreensão de que a sua ação contexto social e, portanto, deve ser respeitada em sua história
passa a ser uma intervenção singular no processo de formação de vida, classe social, cultura e etnia. Nesse sentido, a escola é
do homem na sociedade atual. Nesse paradigma, o professor já vista como espaço para a construção coletiva de novos
não pode ser considerado como único detentor de um saber conhecimentos sobre o mundo, na qual a sua proposta
que simplesmente lhe basta transmitir, mas deve ser um pedagógica permite a permanente articulação dos conteúdos
mediador do saber coletivo, com competência para situar-se escolares com as vivências e as indagações da criança e do
como agente do processo de mudança. jovem sobre a realidade em que vivem.
Assim, concebemos que a educação, a escola e o objeto de Podemos considerar os processos interativos, a
conhecimento constituem os elementos essenciais para o cooperação, o trabalho em grupo, a arte, a imaginação, a
processo de formação de homens e mulheres que contribuirão brincadeira, a mediação do professor e a construção do
para a organização da sociedade. conhecimento em rede como eixos do trabalho pedagógico
voltado para o desenvolvimento da criança e do jovem visando
Concepção de Homem à constituição do sujeito solidário, criativo, autônomo, crítico
e com estruturas afetivo-cognitivas necessárias para operar
Partindo do que diz Morin136 ao se referir sobre a sua realidade social e pessoal.
complexidade do ser humano: "ser, ao mesmo tempo, O processo de desenvolvimento, na perspectiva histórico-
totalmente biológico e totalmente cultural", apresentamos cultural, é compreendido como o processo por meio do qual o
nossa concepção de homem e, em consequência, as aspirações sujeito internaliza os modos culturalmente construídos de
pretendidas em relação ao cidadão que queremos formar. pensar e agir no mundo. Este processo se dá nas relações com
Entendendo o sujeito tanto biológico como social, temos por o outro, indo do social para o individual.
objetivo desenvolver no aluno a consciência e o sentimento de O caminho do objeto do conhecimento até o indivíduo e
pertencer ao mundo, de modo que possa compreender a deste até o objeto passa através de uma outra pessoa. Essa
interdependência entre os fenômenos e seja capaz de interagir estrutura humana complexa é o produto de um processo de
de maneira crítica, criativa e consciente com seu meio natural desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre
e social. história individual e história social.
Alguns desafios são fundamentais no que se refere à Além dos aspectos abordados, importante lembrar que nos
formação do sujeito, desenvolver competências para processos de aprendizagem e desenvolvimento, os ambientes
contextualizar e integrar, para situar qualquer informação em educacionais são espaços que possibilitam ampliar suas
seu contexto, para colocar e tratar os problemas, ou seja, o experiências e se desenvolver nas diferentes dimensões

136MORIN, Edgar. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2001.

Didática 101
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APOSTILAS OPÇÃO

humanas: afetiva, motora, cognitiva, social, imaginativa, lúdica, O sentido da modernidade apresentada por Berman é o
estética, criativa, expressiva e linguística. mesmo em comparação ao que apresenta Bauman, na medida
As abordagens dos conteúdos não se limitam a fatos e em ambos ressaltam que esta modernidade é passível de
conceitos, mas também aos procedimentos, atitudes, valores e transformações, de mudanças, de desintegração de ambientes,
normas que são entendidos como conteúdos imprescindíveis de construção de novas formas de vida. Destacam-se, nesse
no mesmo nível que os fatos e conceitos. Isto [...] pressupõe movimento, algumas características, como: crescente explosão
aceitar até as suas últimas consequências o princípio de que demográfica, grandes descobertas nas ciências, crescimento
tudo o que pode ser aprendido pelas crianças e jovens podem acelerado da tecnologia e dos sistemas de comunicação de
e devem ser ensinado pelos professores. massa e expansão do mercado capitalista mundial. Esses
fatores, por sua vez, influenciam a vida das pessoas e geram
A) Conteúdos relacionados a fatos, conceitos e novas formas de adaptação, de movimento, de poder e de
princípios - correspondem ao compromisso científico da sobrevivência. Em tempos como esses, “o indivíduo ousa
educação: transmitir o conhecimento socialmente produzido. individualizar-se”. De outro lado, esse ousado indivíduo
B) Conteúdos relacionados a procedimentos - que são precisa desesperadamente “de um conjunto de leis próprias,
os objetivos, resultados e meios para alcançá-los, articulados precisa de habilidades e astúcias, necessárias à
por ações, passos ou procedimentos a serem implementados e autopreservação, à autoimposição, à autoafirmação, à
aprendidos. autolibertação.”
C) Conteúdos relacionados a atitudes, normas e Retornando às características subjacentes à modernidade
valores - correspondem ao compromisso filosófico da líquida de Bauman, o tempo é um fator que assinala esta
educação: promover aspectos que nos completam como seres modernidade, marcada fortemente por fatos instantâneos.
humanos, que dão uma dimensão maior, que dão razão e
sentido para o conhecimento científico. [...] os fluidos não se atêm muito a qualquer forma e estão
constantemente prontos e propensos a mudá-la; assim, para
Sociedade Contemporânea eles, o que conta é o tempo, mais do que o espaço que lhes toca
ocupar; espaço que, afinal, preenchem apenas “por um
O sociólogo e filosofo polonês Bauman137 apresenta a momento”.
sociedade caracterizando-a como modernidade líquida, utiliza
assim está metáfora para explanar o advento de uma As pessoas que comandam o mundo são aquelas que agem
sociedade mais leve em detrimento da chamada modernidade com maior rapidez, que mais se aproximam do momentâneo.
sólida. Atualmente o que se vivencia difere de tempos A instantaneidade auxilia a dominação, no sentido de que o
passados, que ganham novas formas. Portanto, a modernidade indivíduo que domina é aquele que tem capacidade para
sólida possui características contrárias aos novos tempos. adaptar-se a novas formas de vida, novos lugares, que
Para Bauman, vive-se hoje, uma modernidade líquida que consegue decidir rapidamente e agir aceleradamente. Nesse
é marcada pela instantaneidade e pela liquidez. O conceito de sentido, sobre a instantaneidade associada à flexibilidade,
liquidez utilizado pelo teórico destaca uma sociedade que não Bauman enfatiza: “neste mundo, tudo pode acontecer e
mantém sua forma, não é estável, mas é marcada por tudo pode ser feito, mas nada pode ser feito uma vez por todas
transformações, desestabilidades, construções e - e o que quer que aconteça chega sem se anunciar e vai-se
desconstruções, imprevisibilidade, não se atendo a um só embora sem aviso”.
formato, ao contrário de solidez que se refere à metáfora das Para o autor, compreende-se que a modernidade líquida
marcas da modernidade, adjetivado por aspectos de demarca uma grande transformação nos âmbitos social,
durabilidade, de controle, de estabilidade. político, econômico, ambiental, sempre no sentido de esquecer
A esse respeito, afirma: “Se o sociólogo empregou a o passado, ou seja, aquilo que significava importante nas ações
metáfora da solidez como marca característica da dos indivíduos e agora acaba perdendo seu efeito. As
modernidade nas primeiras décadas do século XX (destruir a possibilidades de criar novas formas de vida são aceitas e o
tradição e colocar outra, potencialmente superior e mais mundo movimenta-se conforme as demandas imediatas. É o
sólida, em seu lugar), na transição para o século XXI ele mundo do imediatismo, das coisas descartáveis. A diferença da
destacará o novo aspecto da condição moderna, desta vez modernidade sólida para a modernidade líquida é a duração
baseado na metáfora da liquidez. Por isso a modernidade da ação. Na modernidade líquida, a ação é imediata, em curto
líquida passou a ser a denominação prefer

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