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VOLUME PARÁ
VOLUME RIO GRANDE DO NORTE
VOLUME PARÁ
PRESIDENTE DA REPÚBLICA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E
Excelentíssima Senhora Dilma Vana Rousseff PESQUISAS SOBRE DESASTRES
MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Diretor Geral
Excelentíssimo Senhor Fernando Bezerra de Souza Coelho Professor Antônio Edésio Jungles, Dr.
SECRETÁRIO NACIONAL DE DEFESA CIVIL Diretor Técnico e de Ensino
Excelentíssimo Senhor Humberto de Azevedo Viana Filho Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr.
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE Diretor de Articulação Institucional
MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES Professor Irapuan Paulino Leite, Msc.
Excelentíssimo Senhor Rafael Schadeck
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Superintendente Geral
Magnífico Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Professor Pedro da Costa Araújo, Dr.
Professor Álvaro Toubes Prata, Dr.
Diretor do Centro Tecnológico da Universidade Federal
de Santa Catarina
Professor Edson da Rosa, Dr.
CDU 912(813.2)
A construção de uma nova realidade para a Defesa Civil no Brasil, Nas últimas décadas os Desastres Naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das populações.
principalmente no que se refere à política de redução de riscos, requer Há um aumento considerável não só na frequência e intensidade, mas também nos impactos gerados, com danos e
conhecer os fenômenos e os desastres que nosso território está sujeito. prejuízos cada vez mais intensos.
O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais é um produto de pesquisa resultado do acordo de cooperação entre a Secretaria
Para nos prepararmos, precisamos saber os perigos que enfrentamos.
Nacional de Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de
O levantamento de informações e a caracterização do cenário nacional de
Santa Catarina.
desastres é uma necessidade antiga, compartilhada por todos que trabalham A pesquisa teve por objetivo compilar e disponibilizar informações sobre os registros de desastres ocorridos em todo
com Defesa Civil. A concretização do referido levantamento contou com o território nacional nos últimos 20 anos (1991 a 2010), por meio da publicação de 26 Volumes Estaduais e um Volume
a participação de todos os estados e da academia. A cada dia fica mais Brasil.
evidente que a colaboração entre os atores envolvidos (Distrito Federal, O levantamento dos registros históricos, derivando na elaboração dos mapas temáticos e na produção do Atlas, é
estados e municípios) é essencial para o alcance de objetivos comuns. relevante na medida em que viabiliza construir um panorama geral das ocorrências e recorrências de desastres no país
A ampla pesquisa realizada e materializada pela publicação deste Atlas teve e suas especificidades por Estado. Possibilita, assim, subsidiar o planejamento adequado em gestão de risco e redução
de desastres, a partir da análise ampliada abrangendo o território nacional, dos padrões de frequência observados,
como objetivo corrigir essa falta de informações. O conhecimento gerado
dos períodos de maior ocorrência, das relações destes eventos com outros fenômenos globais e da análise sobre os
poderá beneficiar os interessados no assunto, a partir dos mais diversos
processos relacionados aos desastres no país.
propósitos, e estará em constante desenvolvimento e melhoria. O Brasil não possuía, até o momento, bancos de dados sistematizados e integrados sobre as ocorrências de desastres
Finalmente, deixo aqui expresso meu sincero agradecimento a todos aqueles e, portanto, não disponibilizava aos profissionais e aos pesquisadores informações processadas acerca destes eventos,
que de alguma forma contribuíram para a construção deste trabalho que em séries históricas.
a Secretaria Nacional de Defesa Civil, em cooperação com a Universidade Este Atlas é o primeiro trabalho em âmbito nacional realizado com a participação de 14 pesquisadores para recolher
Federal de Santa Catarina, apresenta para a sociedade brasileira. dados oficiais nos 26 Estados e no Distrito Federal do Brasil e envolveu um total de 53 pessoas para a sua produção. As
informações apresentadas foram retiradas de documentos oficiais nos órgãos estaduais de Defesa Civil, Ministério da
Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, Arquivo Nacional e Imprensa Nacional.
Secretário Humberto Viana
A proposta de desenvolver um trabalho desta amplitude mostra a necessidade premente de informações que ofereçam
Secretário da Secretaria Nacional de Defesa Civil
suporte às ações de proteção civil. O foco do trabalho consiste na caracterização dos vários desastres enfrentados pelo
país nas duas últimas décadas.
Este volume apresenta os mapas temáticos de ocorrências de desastres naturais do Estado do Rio Grande do Norte,
referente a 1.447 documentos compulsados, que mostram, anualmente, os riscos relacionados a a estiagens e secas,
inundações e outros eventos naturais adversos.
Nele, o leitor encontrará informações relativas aos totais de registros dos desastres naturais recorrentes no Estado,
espacializados nos mapas temáticos dos eventos adversos, que, juntamente com a análise de infográficos com registros
anuais, gráficos de danos humanos, frequências mensais das ocorrências e de médias de precipitação, permitem uma
visão global dos desastres no Rio Grande do Norte, de forma a subsidiar o planejamento e a gestão das ações de
minimização no Estado.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Frequência mensal de estiagens e secas no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010......................................................................................................................................................................................... 28
Gráfico 2 – Médias pluviométricas em 2001, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Rio Grande do Norte................................................... 29
Gráfico 3 - Médias pluviométricas em 2003, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Rio Grande do Norte................................................... 30
Gráfico 4 - Danos humanos ocasionados por estiagens e secas no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010.................................................................................................................................................................. 33
Gráfico 5 – Médias pluviométricas do período de 1991 a 2010, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Rio Grande do Norte............. 34
Gráfico 6 - Frequência mensal de inundações bruscas no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010.................................................................................................................................................................................... 34
Gráfico 7 – Médias pluviométricas em 2008, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Rio Grande do Norte................................................... 34
Gráfico 8 - Danos humanos ocasionados por inundações bruscas no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010............................................................................................................................................................. 34
Gráfico 9 - Frequência mensal de inundações graduais no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010.................................................................................................................................................................................. 37
Gráfico 10 – Médias pluviométricas em 2004, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de do Rio Grande do Norte......................................... 39
Gráfico 11 - Danos humanos ocasionados por inundações graduais no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010........................................................................................................................................................ 40
Gráfico 12 - Frequência mensal de vendavais e/ou ciclones no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010......................................................................................................................................................................... 43
Gráfico 13 – Percentuais dos desastres naturais mais recorrentes no Estado do Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010........................................................................................................................................ 49
Gráfico 14 - Frequência mensal dos desastres naturais mais recorrentes no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010................................................................................................................................................ 50
Gráfico 15 - Municípios mais atingidos do Rio Grande do Norte, classificados pelo total de registros, no período de 1991 a 2010.................................................................................................................................. 50
Gráfico 16 – Total de danos humanos no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010.................................................................................................................................................................................................................... 51
Gráfico 17 - Comparativo de registros de desastres entre as décadas de 1990 e 2000.......................................................................................................................................................................................................................... 57
Gráfico 18 - Total de registros de desastres coletados entre 1991 e 2010................................................................................................................................................................................................................................................... 57
LISTA DE INFOGRÁFICOS
Infográfico 1 – Municípios atingidos por estiagens e secas no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010.......................................................................................................................................................................... 29
Infográfico 2 – Municípios atingidos por inundações bruscas no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010..................................................................................................................................................................... 35
Infográfico 3 – Municípios atingidos por inundações graduais no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010................................................................................................................................................................... 39
Infográfico 4 – Município atingido por vendavais no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010............................................................................................................................................................................................. 43
LISTA DE MAPAS
LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO 11
ESTIAGEM E SECA 26
INUNDAÇÃO BRUSCA 32
INUNDAÇÃO GRADUAL 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS 57
Fonte: Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte.
INTRODUÇÃO 11
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
INTRODUÇÃO O Relatório de Danos foi um documento para registro do Ministério da Integração Nacional e Secretaria Nacional de
oficial utilizado pela Defesa Civil até meados de 1990, sendo Defesa Civil, por meio de consulta de palavras-chave “desastre”,
No Brasil, as informações oficiais sobre um desastre substituído, posteriormente, pelo AVADAN. Os documentos são “situação de emergência” e “calamidade”.
podem ocorrer pela emissão de dois documentos distintos, não armazenados em meio físico, sendo o arquivamento dos mesmos
obrigatoriamente dependentes: o Formulário de Notificação responsabilidade das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil. Tratamento dos Dados
Preliminar de Desastre (NOPRED) e/ou o Formulário de Avaliação A relevância da pesquisa refere-se à importância que
de Danos (AVADAN). Quando um município encontra-se em deve ser dada ao ato de registrar e armazenar, de forma precisa, Para compor a base de dados do Atlas Brasileiro de Desastres
situação de emergência ou calamidade pública, um representante integrada e sistemática, os eventos adversos ocorridos no país. e a fim de evitar a duplicidade de registros, os documentos foram
da Defesa Civil do município preenche o documento e o envia Até o momento da pesquisa não foram evidenciados bancos de selecionados de acordo com a escala de prioridade da Figura 2.
simultaneamente para a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil dados ou informações sistematizadas sobre o contexto brasileiro
e para a Secretaria Nacional de Defesa Civil. de ocorrências e controle de desastres no Brasil. Figura 2 – Hierarquização de Documentos
Após a emissão de um dos dois documentos, ocorre a Assim, a pesquisa justifica-se pela construção pioneira
oficialização da ocorrência do desastre por meio de um Decreto do resgate histórico e ressalta a importância dos registros pelos
Municipal exarado pelo Prefeito. Quando não é possível preencher órgãos federais, distrital, estaduais e municipais de Defesa Civil,
um dos dois documentos, o Prefeito Municipal pode oficializar a para que estudos abrangentes e discussões sobre as causas e
ocorrência de um desastre diretamente pela emissão do Decreto. intensidade dos desastres possam contribuir para a construção
Em seguida, ocorre a homologação do Decreto pela de uma cultura de proteção civil.
divulgação de uma Portaria no Diário Oficial da União, emitida
pelo Secretário Nacional de Defesa Civil ou Ministro da Integração Levantamento de Dados
Nacional, como forma de tornar pública e reconhecida uma
situação de emergência ou um estado de calamidade pública. A Entre outubro de 2010 a maio de 2011, pesquisadores
Figura 1 ilustra o processo de informações para a oficialização de do CEPED UFSC visitaram as 26 capitais brasileiras para obter os
um registro de um desastre. documentos oficiais de registros de desastres disponibilizados Fonte: Própria pesquisa, 2011.
Figura 3 - Codificação dos documentos oficiais digitalizados desastres foram classificados em treze grupos, e, ao agrupar A fim de identificar discrepâncias nas informações, erros
alguns deles, os registros foram somados. Foi considerada para de digitação e demais falhas no processo de transferência de
este agrupamento a classificação quanto à origem dos desastres dados, foram criados filtros de controle para verificação dos
determinada pela Codificação de Desastres, Ameaças e Riscos mesmos:
1 2 3 4 5 (CODAR), desenvolvida pela Defesa Civil Nacional. 1 - De acordo com a ordem de prioridade apresentada
As informações presentes nos documentos do banco de na Figura 2, os documentos referentes ao mesmo evento,
Fonte: Própria pesquisa, 2011. dados foram manualmente tabuladas em planilhas para permitir emitidos com poucos dias de diferença, foram excluídos para
a análise e interpretação de forma integrada. evitar a duplicidade de registros;
O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais considera como O processo de validação dos documentos oficiais foi realizado 2 – Os danos humanos foram comparados com a
fonte de informações os documentos oficiais relativos aos juntamente com as Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil, por população do município registrada no documento (AVADAN)
dezenove tipos de desastres naturais mencionados na Tabela intermédio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, com o objetivo de para identificar discrepâncias ou incoerências de informações.
1, considerados os principais eventos incidentes no país. Esses garantir a representatividade dos registros de cada Estado. Quando identificada uma situação discrepante, adotou-se como
critério não considerar a informação na amostra, informando os
Tabela 1 - Classificação dos desastres naturais quanto à origem
dados não considerados na análise dos documentos. A pesquisa
não modificou os valores julgados como discrepantes.
O levantamento de dados para o Estado do Rio Grande
do Norte identificou 1.817 documentos, sendo:
Quadro 1 – Total de documentos levantados do Estado do Rio Grande do
Norte
AVADAN NOPRED Relatório Decreto Portaria Outros Total
992 51 0 0 774 0 1817
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011.
0° OCEANO
AT L Â N T I C O
Tibau
Grossos
Baraúna
Porto do Mangue
São Bento
Pedra
do Norte
Caiçara Grande
Mossoró Serra do Mel Guamaré do Norte São Miguel
Macau Galinhos de Touros
Ceará
Carnaubais
Touros
Pendências Parazinho
30°S Alto do
Rodrigues Jandaíra
Rio do Fogo
Governador Dix-Sept Rosado Pureza
Maxaranguape
Afonso Bezerra Pedro Avelino João Câmara
1:75000000
Pedra Preta
Felipe Guerra Açu Ipanguaçu
Poço
Branco
Jardim de Taipu Ceará-Mirim
Upanema Angicos
Apodi LESTE POTIGUAR
Angicos Bento
OESTE POTIGUAR Fernandes
Itajá Extremoz
Lajes
Projeção Policônica
São João do Sabugi Ouro Branco Datum: SIRGAS 2000
Santana Parelhas
do Seridó Meridiano Central: 37° W. Gr.
µ
Paralelo de Referência: 0°
Ipueira
Equador
! Capital Dados de Desastres Naturais gerados
Mesorregião a partir do levantamento do Planejamento
Paraíba Nacional para Gestão do Risco - PNGR
7°S
1:1250000 Divisão Municipal CEPED UFSC 2010/2011.
7°S
0 12,5 25 37,5 50 62,5 km
Curso d´água Elaborado por Renato Zetehaku Araujo
38°W 37°W 36°W 35°W
!
O ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
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Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
O ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE populosa, e os municípios mais importantes, são: Angicos, Figura 4 – Lagoa de Genipabu, Natal
Galinhos, Macau, Currais Novos, Caicó e Pedro Avelino (IDEMA,
Caracterização Geográfica 2010).
A Mesorregião Oeste Potiguar é formada por 62
Rio Grande do Norte pertence à Região Nordeste do municípios agrupados em sete microrregiões: Chapada do
Brasil, que é composta pelos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Apodi, Médio Oeste, Mossoró, Pau dos Ferros, Serra de São
Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Miguel, Umarizal e Vale do Açu. É a segunda mesorregião mais
Sergipe, e localiza-se entre os paralelos 4°49’53’’S e 6°58’57”S e populosa, sendo seus municípios mais importantes: Mossoró,
os meridianos 35°58’03”W e 38°36’12”W (IDEMA, 2010). Assu, Areia Branca, Apodi, Pau dos Ferros, São Rafael, Caraúbas,
Limita-se ao norte e a leste com o Oceano Atlântico, ao Patu, Tibau, São Miguel e Alexandria (IDEMA, 2010).
sul, com o Estado da Paraíba, e a oeste, com o Estado do Ceará. No total, o Estado do Rio Grande do Norte possui 167
O Estado do Rio Grande do Norte apresenta uma municípios e sua capital é o município de Natal, localizado
extensão territorial de 52.796,791 km², sendo o 22º maior estado na Mesorregião Leste Potiguar, sendo o mais populoso dos
brasileiro em dimensão territorial, correspondente a 0,62%, da municípios, com 803.739 habitantes (IBGE, 2010b) e compondo
área do país, e a 3,40%, da Região Nordeste (IBGE, 2010a). a Região Metropolitana de Natal. Foto: Canindé Soares.
De acordo com suas características geográficas, o Rio O Estado apresenta uma temperatura média anual de
Grande do Norte se divide em quatro mesorregiões, sendo, 25,5ºC, sendo a máxima de 31,1ºC e a mínima de 21,1ºC. O as estações pluviométricas de Natal, São José de
de leste para oeste: Mesorregião Leste Potiguar, Mesorregião número de horas de insolação anual está entre 2.400 e 2.700 Mipibu e Canguaretama, perfazendo 5% da área
Agreste Potiguar,Mesorregião Central Potiguar e Mesorregião horas, com destaque para a região litorânea que chega a ter 300 estadual. A estação pluviométrica de Natal apresenta
Oeste Potiguar, conforme apresenta o Mapa 1 (Político do dias de sol por ano (IBAMA, 2007). Segundo IDEMA (2010), o Rio um excedente de água de 1.040 mm, distribuído
Estado do Rio Grande do Norte). Grande do Norte apresenta quatro tipos de clima: de fevereiro a julho, enquanto as estações de
A Mesorregião Leste Potiguar é formada por 25 Canguaretama e São José de Mipibu têm um
municípios, agrupados em quatro microrregiões: Litoral • Clima Árido: localizado na parte central e litoral excedente de água de 400 mm, distribuído de abril
Nordeste, Litoral Sul, Macaíba e Natal. É a mesorregião mais norte, prolongando-se numa faixa estreita, quase a julho.
populosa do Estado e onde se situa o município de Natal. Os contínua, até o extremo sul do Estado, abrangendo
municípios mais importantes dessa mesorregião são: Natal, uma área total de 18%. Não apresenta excedente de No entanto, de acordo com a classificação de Köppen
Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba, Ceará-Mirim, água durante todo o ano. (1948), pode-se dividir o Estado em três tipos de clima: tropical
Touros, São Miguel do Gostoso, Canguaretama e Tibau do Sul • Clima Semiárido: domina, de forma quase contínua, úmido (As’) que ocorre no litoral leste, com chuvas de outono-
(IDEMA, 2010). todo o interior do Estado, onde a oeste se prolonga inverno; tropical semiúmido (Aw’) presente no extremo oeste
A Mesorregião Agreste Potiguar é formada por 43 até o litoral norte, perfazendo uma área de 57% do do Estado, com chuvas no outono e temperaturas elevadas, e;
municípios agrupados em três microrregiões: Agreste Potiguar, Estado. Apresenta um excedente de água inferior a semiárido quente (BSh) que domina praticamente todo o resto
Baixa Verde e Borborema Potiguar. Essa mesorregião é a terceira 40 mm durante os meses de março e abril. do Estado, inclusive o litoral norte; suas temperaturas médias
mais populosa e a única em que nenhum dos seus municípios • Clima Subúmido Seco: localizado, em parte, no litoral giram em torno dos 26°C, enquanto as chuvas são irregulares
é litorâneo. Os municípios mais importantes são: João Câmara, leste e nas áreas serranas do interior do Estado; este ocasionando períodos de seca, sendo registrados índices
Nova Cruz, Santa Cruz e São Paulo do Potengi (IDEMA, 2010). clima abrange 20% do Estado. Possui um excedente inferiores a 600 mm/ano.
A Mesorregião Central Potiguar é formada por 37 de água que vai de 150 a 450 mm durante os meses Existem grandes variedades de formas no relevo do
municípios agrupados em cinco microrregiões: Angicos, Macau, de março a junho. Estado, sendo as principais, segundo IDEMA (2010): a Planície
Seridó Ocidental, Seridó Oriental e Serra de Santana. É a menos • Clima Úmido: localizado no litoral leste, engloba Costeira, que se estende por todo o litoral e é formada por praias
O ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
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Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
que se limitam com os tabuleiros costeiros; as Planícies Fluviais, totalmente inserida no clima semiárido nordestino (SANTOS vegetal recobre toda a porção centro-sul do Estado.
terrenos baixos e planos, situados às margens dos rios, também JÚNIOR; GALVÃO, 2007). Tem por característica a completa ausência de folhagem
conhecidos por vales e por várzea; os Tabuleiros Costeiros, A bacia do rio Apodi-Mossoró é a segunda maior bacia em grande parte da estação seca e a dificuldade de
também denominados de planaltos rebaixados, formados do Rio Grande do Norte. Abrange uma área de 14.278 km2 penetração em função de sua densidade.
basicamente por argila, possuem áreas planas e de baixa altitude (correspondendo a 26,8% do Estado) e está inteiramente inserida • Caatinga Hiperxerófila ou Caatinga Arbustivo-
e estão localizados próximo ao litoral; a Depressão Sublitorânea, no Estado do Rio Grande do Norte desde a sua nascente, na Arbórea: apresenta-se principalmente na porção norte
terrenos rebaixados localizados entre os Tabuleiros Costeiros e o serra de Luiz Gomes, até a foz no Oceano Atlântico, entre os do Estado e caracteriza-se por ser uma vegetação
Planalto da Borborema; o Planalto da Borborema, formação que municípios de Areia Branca e Grossos, percorrendo neste trajeto densa e de estrutura irregular, muitas vezes formando
se estende por terras potiguares, paraibanas e pernambucanas, aproximadamente 210 km. Compreende 52 municípios e se moitas e descobrindo parcialmente o solo. Durante a
onde estão localizadas as serras e os picos mais altos do Estado; situa na região semiárida do Estado, onde predomina o bioma maior parte do período seco permanece sem folhas.
a Depressão Sertaneja, terrenos baixos situados entre as partes caatinga (ROCHA et al., 2009). • Caatinga Hiperxerófila e Subdesértica “Seridó” ou
mais altas do Planalto da Borborema e da Chapada do Apodi; A cobertura vegetal do Rio Grande do Norte está Caatinga Aberta do Seridó: as áreas abrangidas por
a Chapada do Apodi, terrenos planos, ligeiramente elevados e diretamente relacionada com a hidrografia, o relevo e as esta formação vegetal estão no Seridó oriental. O
cortados pelos rios Apodi-Mossoró e Piranhas-Açu; a Chapada condições climáticas e edáficas de cada região. O tipo de estrato herbáceo apresenta-se bastante desenvolvido,
da Serra Verde, formação que também apresenta terrenos vegetação predominante é a Caatinga (em tupi) ou seridó (em formando, em algumas áreas, um tapete bastante
planos e ligeiramente elevados, localiza-se entre os Tabuleiros cariri), que significa “mato branco” ou esbranquiçado (IBAMA, denso. No período seco, as ervas morrem e os
Costeiros e o relevo residual do chamado “Sertão de Pedras”. 2007). Entretanto, segundo o IDEMA (2010), o Estado apresenta arbustos perdem suas folhas.
A Serra Poço Dantas é o ponto mais alto do Rio Grande doze formações distintas de vegetação: • Caatinga Hiperxerófila (incluindo Floresta Ciliar de
do Norte, com 852m de altitude, localizada no extremo sudoeste Carnaúba) ou Floresta Ciliar com Carnaúba (Carnaubal):
do Estado, próxima aos municípios de Venha-Ver e Luís Gomes. • Floresta Subperenifólia (incluindo Cerrados e For- presente nas baixadas mais úmidas e nas várzeas dos
Com relação à rede hidrográfica do Estado, é marcada mações Florestais Secundárias) ou Floresta Ciliar sem rios da porção norte do Estado. A carnaúba é a espécie
pela temporariedade de seus rios, chamados rios intermitentes, Carnaúba: presente nas margens dos rios do litoral que predomina sobre as demais. Caracteriza-se por
que secam em um período do ano em decorrência da falta de leste, mantém contato com as florestas semidecíduas possuir uma vegetação bastante compacta e de difícil
chuvas. No entanto, também existem rios de regime perene no e decíduas e com os manguezais. Por ser uma floresta penetração, tanto pelas condições do terreno, muitas
agreste e no litoral. O Rio Grande do Norte é dividido em 16 densa e exuberante, a duração do período chuvoso vezes alagado, como também pela proximidade de
bacias hidrográficas, sendo as mais expressivas as bacias do rio tem importância secundária, pois sua fonte de água palmeiras novas e de outras espécies vegetais de
Piranhas-Açu e a do rio Apodi-Mossoró (GOVERNO DO ESTADO está presente nos lençóis subterrâneos e nas águas menor porte. Durante a estação seca a principal fonte
DO RIO GRANDE DO NORTE, 2010). dos rios e várzeas. de água é o lençol freático.
A bacia do rio Piranhas-Açu é a maior do Estado. Possui • Floresta Subcaducifólia (incluindo Cerrados, For- • Cerrados: presentes nos baixos platôs (tabuleiros)
uma área total de drenagem de 43.681,50 km2, sendo 26.183,00 mações Florestais Secundárias, Caatinga Hipoxerófila do litoral leste, sendo os trechos mais extensos
km2 no Estado da Paraíba (correspondendo a 60% do Estado) e e Floresta Subcaducifólia) ou Floresta Decídua: ocupa aqueles localizados na porção sudeste e na porção
17.498,50 km2 no Rio Grande do Norte (correspondendo a 40% uma estreita faixa entre a zona úmida e o sertão e nordeste, acima do rio Potengi. Possui o aspecto
do Estado). O principal rio da bacia é o Piranhas-Açu, de domínio também o topo e as encostas das serras do interior. de uma savana composta por arvoretas e arbustos
federal, uma vez que nasce no município de Bonito de Santa Fé, É composta por espécies que indicam uma posição isolados ou por moitas entremeadas por um tapete
no Estado da Paraíba, e segue seu curso natural pelo Estado fitogeográfica intermediária entre os biomas da Mata onde predominam as gramíneas.
do Rio Grande do Norte, desaguando no Oceano Atlântico, na Atlântica e da Caatinga. • Floresta de Várzea e Campos de Várzea: sua
costa potiguar. Contempla 147 municípios, sendo 45 no Estado • Caatinga Hipoxerófila ou Caatinga Arbustiva: com distribuição em terras potiguares é bastante restrita,
do Rio Grande do Norte e 102 no Estado da Paraíba. A bacia está exceção da região do Seridó oriental, esta formação ocorrendo somente nas áreas onde a água doce
O ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
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Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
Tabela 2 - População, taxa de crescimento, densidade demográfica e taxa de urbanização, segundo Brasil, Estado do Rio Grande do Norte e as Grandes Dados Demográficos
Regiões do Brasil – 2000/2010
frequentemente inunda o solo, que permanece presentes nas planícies fluviomarinhas dos rios Apodi- O PIB per capita do Estado do Rio Grande do Norte,
úmido durante todo o ano, sendo mais comum ao Mossoró e Piranhas-Açu. segundo dados da Tabela 4, cresceu em média 56%, entre 2004
longo do litoral, às margens de rios e lagoas. • Manguezal: presente ao longo do litoral, princi- a 2008, acima da média da Região Nordeste, em torno de 53%,
• Formações das Praias e Dunas: ocupa uma estreita palmente nos estuários, em suas porções alagadiças e da média do Brasil, em torno de 50%.
faixa ao longo de todo o litoral, com exceção das e sujeitas à influência da maré, estende-se até as No ano de 2008, era de R$ 8.202,81, maior que a
áreas ocupadas por manguezais, compondo a regiões onde existe água salobra, resultante do média regional - R$ 7.487,55 – mas abaixo da média nacional
vegetação das dunas móveis e das praias, que, aliada encontro da água do mar com a água dos rios. - R$15.989,75. O PIB per capita do Estado é o terceiro mais alto
à vegetação das dunas fixas, são conhecidas como
vegetação de restinga. Sua característica principal é Tabela 3 - População, taxa de crescimento e taxa de população urbana e rural, segundo a Região Nordeste e Unidades da Federação – 2000/2010
Tabela 4 - Produto Interno Bruto per Capita, segundo a Região Nordeste e Unidades da Federação – 2004/2008 Tabela 5 - Déficit Habitacional Urbano em Relação aos Domicílios Particulares
Permanentes, Segundo Brasil, Região Nordeste e Unidades da Federação - 2008
PIB PER CAPITA EM R$
Taxa de Déficit Habitacional - Valores Absolutos – 2008
Abrangência Geográfica
2004 2005 2006 2007 2008 Variação
2004/2008 Percentual em
Abrangência
BRASIL 10.692,19 11.658,12 12.686,60 14.464,73 15.989,75 50,00% Relação aos
Geográfica
Região Nordeste 4.889,99 5.498,83 6.028,09 6.748,81 7.487,55 53,00% Total Urbano Rural Domicílios
Maranhão 3.587,90 4.509,51 4.627,71 5.165,23 6.103,66 70,00% Particulares
Piauí 3.297,24 3.701,24 4.211,87 4.661,56 5.372,56 63,00% Permanentes
Ceará 4.621,82 5.055,43 5.634,97 6.149,03 7.111,85 54,00%
Brasil 5.546.310 4.629.832 916.478 9,60%
Rio Grande do Norte 5.259,92 5.950,38 6.753,04 7.607,01 8.202,81 56,00% Nordeste 1.946.735 1.305.628 641.107 13,00%
Paraíba 4.209,90 4.691,09 5.506,52 6.097,04 6.865,98 63,00% Maranhão 434.750 204.632 230.118 26,90%
Pernambuco 5.287,29 5.933,46 6.526,63 7.336,78 8.064,95 49,00% Piauí 124.047 71.358 52.689 14,20%
Alagoas 4.324,35 4.688,25 5.162,19 5.858,37 6.227,50 44,00% Ceará 276.915 186.670 90.245 11,70%
Sergipe 6.289,39 6.823,61 7.559,35 8.711,70 9.778,96 55,00% Rio Grande do
104.190 78.261 25.929 11,70%
Bahia 5.780,06 6.581,04 6.918,97 7.787,40 8.378,41 45,00% Norte
Fonte: IBGE, 2004/2008. Paraíba 104.699 87.746 16.953 9,60%
Pernambuco 263.958 214.182 49.776 10,60%
Alagoas 85.780 63.353 22.427 9,70%
entre todos os estados da Região Nordeste, perdendo para a Déficit habitacional urbano em 2008, segundo faixas de
Sergipe 66.492 57.606 8.886 11,70%
Bahia – 8.378,41 e Sergipe – 9.778,96. renda familiar em salários mínimos Bahia 485.904 34.820 144.084 11,50%
Fonte: Déficit Habitacional no Brasil 2008 (BRASIL, 2008, p.31).
Indicadores Sociais Básicos A análise dos dados refere-se à faixa de renda média
familiar mensal em termos de salários mínimos sobre o déficit
Déficit Habitacional no Brasil2 habitacional. O objetivo é destacar os domicílios urbanos
precários e sua faixa de renda, alvo preferencial de políticas Tabela 6 - Distribuição percentual do Déficit Habitacional Urbano por Faixas
No Brasil, em 2008, o déficit habitacional urbano, que públicas que visem à melhoria das condições de vida da de Renda Média Familiar Mensal, Segundo Região Nordeste e Unidades da
Federação - FJP/2008
engloba as moradias sem condições de serem habitadas, em população mais vulnerável.
Faixas de Renda Média Familiar Mensal
razão da precariedade das construções ou do desgaste da No Estado do Rio Grande do Norte, as desigualdades
Abrangência (Em Salário Mínimo)
estrutura física, correspondeu a 5.546.310 milhões de domicílios, sociais estão expressas pelos indicadores do déficit habitacional,
Geográfica Mais de
dos quais 4.629.832 milhões estão localizados nas áreas urbanas. segundo faixa de renda. Os dados mostram que a renda familiar Até 3 3a5 5 a 10 Total
10
Em relação ao estoque de domicílios particulares permanentes mensal das famílias é extremamente baixa, em que 91% recebem Brasil 89,60% 7,00% 2,80% 0,60% 100%
do país, o déficit corresponde a 9,6%. No Estado do Rio Grande renda mensal de até 3 salários mínimos. Na Região Nordeste, Nordeste 95,60% 2,80% 1,20% 0,40% 100%
do Norte, o déficit habitacional, em 2008, foi de 104.190 mil representa 95,6%, enquanto a média no Brasil é de 89,6% das Maranhão 95,30% 3,40% 1,30% - 100%
Piauí 91,50% 5,40% 3,10% - 100%
domicílios, dos quais 78.261 mil localizados nas áreas urbanas e famílias (Tabela 6).
Ceará 95,60% 2,60% 1,40% 0,40% 100%
25.929 nas áreas rurais (Tabela 5). 2 Rio Grande do
Déficit Habitacional: o conceito de déficit habitacional utilizado está ligado diretamente às 91,00% 3,60% 4,20% 1,20% 100%
Em relação ao estoque de domicílios particulares deficiências do estoque de moradias. Inclui ainda a necessidade de incremento do estoque, em Norte
função da coabitação familiar forçada (famílias que pretendem constituir um domicilio unifami-
permanente do Estado do Rio Grande do Norte, o déficit liar), dos moradores de baixa renda com dificuldade de pagar aluguel e dos que vivem em casas
Paraíba 97,70% 1,10% 0,60% 0,60% 100%
e apartamentos alugados com grande densidade. Inclui-se ainda nessa rubrica a moradia em Pernambuco 97,50% 2,00% 0,40% 0,10% 100%
corresponde a 11,70%. Se comparados aos percentuais de imóveis e locais com fins não residenciais. O déficit habitacional pode ser entendido, portanto,
Alagoas 98,20% 0,90% - 0,90% 100%
domicílios particulares, está entre os mais altos entre os estados como déficit por reposição de estoque e déficit por incremento de estoque. O conceito de do-
micílios improvisados engloba todos os locais e imóveis sem fins residenciais e lugares que Sergipe 98,30% 0,60% 1,20% - 100%
da região, e está abaixo do percentual regional, 13,00%, mas servem como moradia alternativa (imóveis comerciais, embaixo de pontes e viadutos, carcaças
Bahia 94,90% 3,50% 1,00% 0,60% 100%
de carros abandonados e barcos e cavernas, entre outros), o que indica claramente a carência de
acima do nacional, 9,6%, conforme a Tabela 5. novas unidades domiciliares. Fonte: Fundação João Pinheiro/ Déficit Habitacional no Brasil/2008. Fonte: Déficit Habitacional no Brasil 2008 (BRASIL, 2008).
O ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
21
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
Tabela 7 - Pessoas de 25 anos ou mais de idade, total e respectiva distribui- Tabela 8 - Taxas de fecundidade total, bruta de natalidade, bruta de mortalidade, de mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer, por sexo - Brasil,
ção percentual, por grupos de anos de estudo - Brasil, Região Nordeste e Região Nordeste e Unidades
Estado da Bahia – 2009
Pessoas de 25 anos ou mais de idade
Taxa de Taxa Bruta Taxa Bruta Taxa de
Esperança de Vida ao Nascer
Distribuição percentual, por grupos de Abrangência Geográfica Fecundidade de de Mortalidade
anos de estudo Total Natalidade Mortalidade Infantil
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Geografia da UFC, ano 08, n. 16, 2009. Disponível em: <http://www.
Contas regionais do Brasil 2004 - 2008. Tabela 4 - Produto mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/view/242/229>. Acesso
Interno Bruto a preços de mercado per capita , segundo Grandes em: 3 nov. 2011.
Regiões e Unidades da Federação - 2003-2007. 2008. Disponível
em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ SANTOS JÚNIOR, M. dos; GALVÃO, C. O. Características da bacia
contasregionais/2003_2007/tabela04.pdf>. Acesso em 19 de set. hidrográfica Piranhas/Açu. Campina Grande: Universidade
2011. Federal de Campina Grande, 2007. Disponível em: <http://
www.hidro.ufcg.edu.br/twiki/pub/Main/DowloadsJunior/
CaractersticassobreaBaciaHidrogrficaPiranhasAu.doc+Piranhas>.
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Habitação. Acesso em: 3 nov. 2011.
Déficit habitacional no Brasil 2008. Brasília: Fundação João
Pinheiro, Centro de Estatística e Informações. 2008. 129p. (Projeto
PNUD-BRA-00/019 – Habitar Brasil – BID). Disponível em:
<http://www.fjp.gov.br/index.php/servicos/81-servicos-cei/70-
deficit-habitacional-no-brasil>. Acesso em: 19 de set. 2011.
Fonte: Acervos das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil dos Estados de Alagoas e Pernambuco.
ESTIAGEM E SECA
26
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
OCEANO
AT L Â N T I C O
Tibau
Grossos
Baraúna
Porto do Mangue
São Bento
Pedra
do Norte
Caiçara Grande
Serra do Mel Guamaré do Norte São Miguel
Mossoró Galinhos
Macau de Touros
Carnaubais
Touros
Pendências Parazinho
Alto do
Rodrigues Jandaíra
Ceará
Governador Dix-Sept Rosado Pureza
Pedra Preta
Felipe Guerra Açu Ipanguaçu
Poço
Branco
Jardim de Taipu Ceará-Mirim
Upanema Angicos
Apodi
Angicos
Bento
Fernandes
Itajá Lajes
Rafael
dos Pintos
Frutuoso
Gomes
Afonso
Florânia
Laurentino
Cruz
Lajes Pintadas
Januário Cicco
Salgada
Lagoa de
Número de
São Miguel Água Nova Fernandes
Antônio Martins
São Vicente
Currais Novos
Campo Redondo
Tangará Pedras
Brejinho
Tibau do Sul
registros
Riacho de Santa Cruz Serrinha
Coronel Jundiá
João Pessoa Santana Marcelino Vieira João Dias São José
Pilões Passagem Espírito Goianinha
Venha-Ver José da Jardim de
São Fernando
do Campestre
Santo 1-3
Penha Piranhas
Convenções
Ouro Branco
São João do Sabugi
Santana Parelhas Mesorregião
do Seridó
Projeção Policônica
7°S Datum: SIRGAS 2000
7°S
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°
µ
Paraíba Base cartográfica digital: IBGE 2005.
DESASTRES NATURAIS NO RIO GRANDE DO denominada seca (KOBIYAMA, et al., 2006). A seca, do ponto de Figura 5 – Período de estiagem prolongada no Rio Grande do Norte
O fenômeno estiagem é considerado existente quando há condicionantes na frequência, duração e intensidade dos danos
Figura 6 – Reflexos da seca na agricultura do Rio Grande do Norte
um atraso superior a quinze dias do início da temporada chuvosa e prejuízos desses desastres. As formas de relevo e a altitude da
e quando as médias de precipitação pluviométricas mensais área, por exemplo, podem condicionar o deslocamento de massas
dos meses chuvosos permanecem inferiores a 60% das médias de ar, interferindo na formação de nuvens e, consequentemente,
mensais de longo período, da região considerada (CASTRO, 2003). na precipitação (KOBIYAMA et al., 2006). O padrão estrutural
A estiagem é um dos desastres de maior ocorrência e da rede hidrográfica pode ser também um condicionante físico
impacto no mundo, devido, principalmente, ao longo período que interfere na propensão para a construção de reservatórios
em que ocorre e a abrangência de grandes áreas atingidas e captação de água. O porte da cobertura vegetal pode ser
(GONÇALVES; MOLLERI, RUDORFF, 2004). Assim, a estiagem, caracterizado, ainda, como outro condicionante, pois retém
enquanto desastre, produz reflexos sobre as reservas hidrológicas umidade, reduz a evapotranspiração do solo e bloqueia a
locais, causando prejuízos à agricultura e à pecuária. Dependendo insolação direta no solo, diminuindo também a atuação do
do tamanho da cultura realizada, da necessidade de irrigação processo erosivo (GONÇALVES; MOLLERI, RUDORFF, 2004).
e da importância desta na economia no município, os danos Desta forma, situações de secas e estiagens não são
podem apresentar magnitudes economicamente catastróficas. necessariamente consequências somente de índices pluviais
Seu impacto, portanto, resulta da relação entre eventos naturais e abaixo do normal ou de teores de umidade de solos e ar deficitários.
as atividades socioeconômicas desenvolvidas na região, por isso Pode-se citar como outro condicionante o manejo inadequado
Fonte: Acervo da Defesa Civil Estadual do Rio Grande do Norte.
a intensidade dos danos gerados é proporcional à magnitude do de corpos hídricos em uma bacia hidrográfica, resultados de
evento adverso e ao grau de vulnerabilidade da economia local ação antrópica desordenada no ambiente. As consequências,
ao evento (CASTRO, 2003). nestes casos, podem assumir características muito particulares, No entanto, na Região Nordeste do Brasil, percebe-se
As estiagens, se comparadas às secas, são menos e a ocorrência de desastres, portanto, pode ser condicionada que o regime de precipitação resulta da complexa interação
intensas e caracterizam-se pela menor intensidade e por menores pelo efetivo manejo dos recursos naturais realizado na área entre relevo, posição geográfica e natureza da sua superfície e
períodos de tempo. Assim, a forma crônica deste fenômeno é (GONÇALVES; MOLLERI, RUDORFF, 2004). os sistemas de pressão atuantes na região (KYANO; ANDREOLI,
ESTIAGEM E SECA
28
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
Gráfico 1 - Frequência mensal de estiagens e secas no Rio Grande do Norte, Ao espacializar os desastres naturais por estiagens e secas Outro ano com muitos registros, ainda na década de 90
período de 1991 a 2010`
Mapa 2 (Desastres naturais causados por estiagem e seca em Rio (1991-2000), foi o de 1998, com 142 ocorrências. No entanto,
Frequência mensal de estiagem e seca Grande do Norte, no período de 1991 a 2010), verifica-se que a década seguinte (2001 a 2010) apresentou maior frequência
(1991 a 2010) dos 167 municípios pertencentes ao Estado, 156 foram afetados, de estiagens e secas, com registros em todos os anos. No
300 total, foram registradas 281 ocorrências de desastres naturais
correspondendo a 93,4% do total. E dos 11 municípios que não
foram atingidos por estiagens e secas no intervalo temporal associados a estiagens e secas na primeira década de análise, no
193
200 analisado, todos são litorâneos e localizados na Mesorregião período de 1991 a 2000, enquanto que na segunda década, de
152
133 125 Leste Potiguar. Esse fato pode ser associado à proximidade ao 2001 a 2010, foram registradas 823 ocorrências.
120
100 71 77 75 65 mar e ao clima tropical úmido da região, com elevados índices Fazendo uma comparação entre os anos que
58 53
32 pluviométricos, inclusive com excedentes hídricos. apresentaram os maiores números de registros de estiagens e
0 Já os municípios mais vezes afetados entre os anos secas com os anos de ocorrência do fenômeno El Niño, segundo
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez de 1991 a 2010 localizam-se na área central do Estado, nas dados do CPTEC/INPE (2011), verifica-se que entre os anos de
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011. mesorregiões Agreste Potiguar e Central Potiguar. No entanto, 1990 a 1993 e de 1997 a 1998 foram considerados como de
estão localizados na Mesorregião Agreste Potiguar os dois forte ocorrência do fenômeno, enquanto que os anos de 2002
2009). A variabilidade interanual da distribuição de chuvas sobre municípios com o maior número de registros, 15, São Tomé e a 2003 foram de moderada ocorrência, e nos anos de 2004 a
o nordeste, tanto nas escalas espacial quanto temporal, está Santa Cruz. E os municípios que apresentaram 14 ocorrências 2007, como de fraca ocorrência.
intimamente relacionada com as mudanças nas configurações foram: Santana do Matos, São Bento do Trairi, Bodó e Monte Ainda com relação ao Infográfico 1, verifica-se que o
de circulação atmosférica de grande escala e com a interação das Gameleiras. ano que apresentou o maior número de ocorrências foi 2001,
oceano-atmosfera no Pacífico e no Atlântico. O impacto Isso pode estar associado ao fato desses municípios com 157 registros, afetando 150 municípios do Estado. Destes,
causado pelo fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), um estarem localizados em área classificada por Köppen como os municípios de Carnaúba dos Dantas, Macaíba, Olho-d’Água
exemplo de perturbação climática de escala global, pode ser semiárido quente (BSh), apresentando chuvas irregulares que do Borges, Passagem, Pedra Grande, Ruy Barbosa e São Tomé
sentido principalmente pela modificação no regime e no total de ocasionam períodos de seca, sendo registrados índices inferiores foram atingidos 2 vezes naquele ano.
precipitação que, dependendo da intensidade do evento, pode a 600 mm/ano em algumas áreas. Outra característica que pode Em segundo, está o ano de 2003, com 150 registros,
resultar em secas severas, interferindo, de forma expressiva, nas estar associada a esses eventos nos municípios é a localização em 98 municípios. Com destaque para os municípios de São
atividades humanas (MOLION; BERNARDO, 2000). em áreas com predomínio das maiores altitudes do Estado, Francisco do Oeste e Umarizal, localizados na Mesorregião
No Estado do Rio Grande do Norte, esses eventos extremos entre 500 e 800 m, em geral (IBGE, 2007). Oeste Potiguar e Serra de São Bento, na Mesorregião Agreste
ocorrem constantemente. Conforme se percebe no Gráfico 1 No Infográfico 1 (Municípios atingidos por estiagens Potiguar, que apresentaram 3 registros de estiagens em 2003.
(Frequência mensal de estiagens e secas 1991-2010), durante e secas) pode-se observar que o ano de 1993 foi o primeiro No ano de 2001, o mês com maior número de registros
todos os meses do ano houve ocorrências de desastres naturais ano com registros, com 135 ocorrências e todas no mês de foi maio, com 100 ocorrências, e no ano de 2003 o mês de
associados a estiagens e secas. Dentre todos, os meses de março março. Esse período de seca iniciou em meados de 1991 e janeiro foi o que apresentou mais registros, com 100 ocorrências.
e abril foram os que apresentaram maior frequência dos eventos, teve seu auge em 1993. Conforme dados da Superintendência Segundo os dados obtidos pela ANA/SGH (2010), esses anos
de 1991 a 2010, com 193 e 152 ocorrências, respectivamente. Já do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), em setembro de apresentaram uma baixa média de precipitação pluviométrica
os meses com os menores números de registros foram junho e 1993, a seca já havia atingido 70% da Região Nordeste, com no Estado. Foram 407,67 mm em 40 dias, no ano de 2001, de
dezembro, com 32 e 53 ocorrências, respectivamente. uma área de 1.162.603 km2, abrangendo 1.611 municípios. No acordo com o Gráfico 2 (médias mensais em 2001) e, em 2003,
Com base nos totais de registros distribuídos ao longo Estado do Rio Grande do Norte, a seca atingiu 93% do território, choveu 690,89 mm em 70 dias, conforme Gráfico 3 (médias
dos meses, deve-se considerar que, para a caracterização de um compreendendo 49.435 km², em 136 municípios, o que levou o mensais em 2003).
desastre natural por estiagem ou seca, é necessário, no mínimo, Estado a decretar “Estado de Emergência”, em março de 1993 Os índices pluviométricos abaixo do normal na Região
três meses com déficit hídrico. (SILVA; FORMIGA; CUNHA, 1996). Nordeste naqueles anos se deram devido à atuação conjunta
ESTIAGEM E SECA
29
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
Gráfico 2 - Danos humanos ocasionados por estiagens e secas no Rio Gran- Infográfico 1 – Municípios atingidos por estiagens e secas no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010
de do Norte, período de 1991 a 2010 200 157 150
135 142 139
107 102
Danos humanos por Estiagem e Seca Municípios Atingidos
100
98
por Estiagem e Seca 50
32 36
2000000 1741671 0 0 1 1 2 0 0 1 1
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
1500000
habitantes
Santa Cruz 15
São Tomé 15
1000000
Bodó 14
Monte das Gameleiras 14
500000 Santana do Matos 14
2022 São Bento do Trairí 14
0 Bento Fernandes 13
Nova Cruz 13
Parazinho 13
São Paulo do Potengi 13
Alexandria 12
Carnaúba dos Dantas 12
Coronel Ezequiel 12
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011. Fernando Pedroza 12
Jaçanã 12
Jardim de Angicos 12
Lajes Pintadas 12
Riachuelo 12
de alguns sistemas meteorológicos. Segundo o Boletim de Santo Antônio 12
São Francisco do Oeste 12
Informações Climáticas do CPTEC/INPE (2011), o mês de Serra de São Bento 12
Tenente Laurentino Cruz 12
dezembro de 2002 foi marcado pela atuação de cavados e Touros 12
vórtices ciclônicos em altos níveis da atmosfera, que contribuiu Angicos 11
Apodi 11
para a pouca ocorrência ou ausência de chuvas em grande Campo Redondo 11
Currais Novos 11
parte da Região Nordeste durante a primeira quinzena do mês. Florânia 11
Governador Dix-Sept Rosado 11
A previsão para os meses subsequentes, caracterizada como de Janduís 11
alta confiabilidade, era de chuva abaixo da média histórica no Japi 11
Jucurutu 11
setor norte da Região Nordeste (CPTEC/INPE 2003). Lajes 11
Passagem 11
No Estado do Rio Grande do Norte, estes dois tipos São José do Campestre 11
São Pedro 11
de desastres naturais adotados em uma mesma classificação São Vicente 11
no Atlas, atingiram 1.154 registros oficiais, no período de Sítio Novo 11
Tangará 11
1991 a 2010. O número total de ocorrências é crescente na Umarizal 11
Cerro Corá 10
última década, e isso pode estar associado à falta de registros Jardim do Seridó 10
oficiais na década de 90 ou ao aumento de municípios que só João Dias
Lagoa de Velhos
10
10
agora passaram a decretar situação de emergência ou estado Santa Maria 10
Pedra Grande 10
de calamidade pública. De qualquer forma, essa elevação do Pedra Preta 10
Açu 9
número de secas e estiagens no Estado merece atenção especial Afonso Bezerra 9
por parte dos órgãos responsáveis. Caiçara do Rio do Vento 9
Caraúbas 9
Referente ao período de análise (1991-2010) constatou- Doutor Severiano 9
João Câmara 9
se uma quantidade de 1.741.671 pessoas afetadas, sendo 2.022 Lagoa Salgada 9
Luís Gomes 9
enfermos, conforme apresenta o Gráfico 4 (Danos humanos Olho-d'Água do Borges 9
por estiagens e secas 1991-2010). Porto do Mangue 9
Ruy Barbosa 9
Serrinha 9
Várzea 9
Barcelona 8
Caicó 8
Carnaubais 8
Umarizal 11
Cerro Corá 10
ESTIAGEM E SECA
30 Jardim do Seridó
João Dias
10
10
Lagoa de Velhos Atlas
10 Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
Santa Maria 10
Pedra Grande 10
Pedra Preta 10
Açu 9
Afonso Bezerra 9
Continuação
Caiçara do Rio do Vento 9 Gráfico 3 - Médias pluviométricas em 2003, com base nos dados das Esta-
Caraúbas 200 9 ções Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Rio
Doutor Severiano 157 150 9
142 139
135
107
Grande do Norte
João Câmara
Municípios Atingidos 98 102 9
100
porLagoa Salgada
Estiagem e Seca 50 9 Médias pluviométricas do Estado (1991 a 2010)
32 36
Luís Gomes 9 200,00
0 0 1 1 2 0 0 1 1
Olho-d'Água do Borges 0 9
Porto do Mangue
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 9
2010 Total
Ruy
SantaBarbosa
Cruz 9
15 147,94
150,00 141,92
Serrinha
São Tomé 9
15
Várzea
Bodó 9
14
MonteBarcelona
das Gameleiras 8
14
Santana Caicó
do Matos 8
14 100,00 93,29
84,23
São Carnaubais
Bento do Trairí 8
14 71,93
65,02
Bento Equador
Fernandes 8
13
Ielmo
Nova Marinho
Cruz 8
13 50,00
Ipueira
Parazinho 8
13 32,36
SãoJanuário
Paulo doCiccoPotengi 8
13 17,47
10,72
5,55
Lagoa de Pedras
Alexandria 8
12 2,52 2,80
0,00
Lagoados
Carnaúba Nova
Dantas 8
12
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Macaíba
Coronel Ezequiel 8
12
Parelhas
Fernando Pedroza 8
12 Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011.
Passa e Fica
Jaçanã 8
12
Presidente
Jardim de Juscelino
Angicos 8
12
Santana do Seridó
Lajes Pintadas 8
12
Senador Elói de Souza
Riachuelo 8
12
Serra Antônio
Santo do Mel 8
12 Gráfico 4 - Danos humanos ocasionados por estiagens e secas no Rio Gran-
São FranciscoAcari do Oeste 7
12 de do Norte, período de 1991 a 2010
Antônio
Serra de SãoMartins
Bento 7
12
Tenente Cruzeta
Laurentino Cruz 7
12
Médias pluviométricas do Estado (1991 a 2010)
Lagoa d'Anta
Touros 7
12
200,00
Messias
AngicosTargino 7
11
Monte ApodiAlegre 7
11
Pau dos
Campo Ferros
Redondo 7
11 147,94
Pedro
CurraisAvelino
Novos 7
11 150,00 141,92
Portalegre
Florânia 7
11
Riacho
Governador da CruzRosado
Dix-Sept 7
11
São João do Sabugi
Janduís 7
11 100,00 93,29
84,23
Serra Negra Japido Norte 7
11
71,93
Taboleiro
JucurutuGrande 7
11 65,02
Encanto
Lajes 6
11
50,00
Frutuoso
Passagem Gomes 6
11 32,36
São JoséGrossos
do Campestre 6
11 17,47
10,72
José
Sãoda Penha
Pedro 6
11 5,55 2,52 2,80
Marcelino
São VicenteVieira 6
11 0,00
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Ouro
Sítio Branco
Novo 6
11
Patu
Tangará 6
11
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011.
Poço Branco
Umarizal 6
11
Rodolfo
CerroFernandes
Corá 6
10
São Fernando
Jardim do Seridó 6
10
São
JoãoRafael
Dias 6
10
LagoaTaipude Velhos 6
10
Baraúna
Santa Maria 5
10 O município que apresentou o maior número de
Bom Grande
Pedra Jesus 5
10
Brejinho
Pedra Preta 5
10 afetados, com 71.289 habitantes, foi Santana do Matos,
CaiçaraAçu do Norte 5
9
Felipe Guerra
Afonso Bezerra 5
9
localizado na Mesorregião Central Potiguar.
Caiçara doItaú Rio do Vento 5
9 Esse desastre natural favorece a uma considerável
Jandaíra
Caraúbas 5
9
DoutorLucrécia
Severiano 5
9 redução nos níveis de água dos rios e provoca o ressecamento
Major
João Sales
Câmara 5
9
LagoaMossoró
Salgada 5
9 do leito em rios de menor porte. Afeta as áreas produtivas,
LuísPilões
Gomes 5
9
São Bento do
Olho-d'Água doNorte
Borges 5
9
provocando perdas nas lavouras e causa prejuízo aos agricultores,
Sãodo
Porto Miguel
Mangue 5
9 compromete os reservatórios de água, resultando em sede,
São Miguel do Gostoso
Ruy Barbosa 5
9
Severiano
Serrinha Melo 5
9
Upanema
Várzea 5
9
Almino Afonso
Barcelona 4
8
Areia Branca
Caicó 4
8
Augusto
CarnaubaisSevero 4
8
Guamaré
Equador 4
8
Poço Branco 6
Rodolfo Fernandes 6
ESTIAGEM E SECA
São Fernando
São Rafael
6
6 31
Atlas BrasileiroTaipu de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte 6
Baraúna 5
Bom Jesus 5
Brejinho 5
Caiçara do Norte 5
Felipe Guerra 5
Continuação Itaú 5
REFERÊNCIAS
Jandaíra 5
200 157
Lucrécia 142 150 139 5
135
Major Sales 107 102 5
Municípios Atingidos
Mossoróe Seca 100
98
5
ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH – Superintendência
por Estiagem 50
Pilões 32 36 5 de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de
0 0 1 1 2 0 0 1 1
São Bento do Norte 0 5 1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010.
São Miguel
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 5
Total
São Miguel
Santado Gostoso
Cruz 5
15
Severiano
São Tomé Melo 5
15
CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
Upanema
Bodó 5
14 naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
MonteAlmino Afonso
das Gameleiras 4
14
Areia do
Santana Branca
Matos 4
14
CPTEC - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. INPE
SãoAugusto
Bento do Severo
Trairí 4
14
Bento Guamaré
Fernandes 4
13 - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Previsão de chuvas
NovaItajá
Cruz 4
13 abaixo da média para o nordeste do Brasil. Infoclima: Boletim de
Paraná
Parazinho 4
13 Informações Climáticas, Brasília, ano 9, n. 1, jan. 2003. Disponível em:
São Paulo Pureza
do Potengi 4
13
Riacho de Santana 4
<http://infoclima1.cptec.inpe.br/~rinfo/pdf_infoclima/200301.pdf>.
Alexandria 12
São José dos
Carnaúba do Seridó
Dantas 4
12 Acesso em: 8 nov. 2011.
Tenente Ezequiel
Coronel Ananias 4
12 CPTEC - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. INPE -
Venha-Ver
Fernando Pedroza 4
12 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Ocorrência de El Niño.
Viçosa
Jaçanã 4
12
Água
Jardim deNova
Angicos 3
12
São Paulo: CPTEC, 2011. Disponível em: <http://enos.cptec.inpe.br/
Alto do Pintadas
Lajes Rodrigues 3
12 tab_elnino.shtml>. Acesso em: 9 nov. 2011.
Ceará-Mirim
Riachuelo 3
12
Coronel
SantoJoão Pessoa
Antônio 3
12
Espírito Santo
São Francisco do Oeste 3
12 GONÇALVES, E. F.; MOLLERI, G. S. F.; RUDORFF, F. M. Distribuição
Francisco
Serra de São Dantas
Bento 3
12 dos desastres naturais no Estado de Santa Catarina: estiagem (1980-
TenenteGalinhos
Laurentino Cruz 3
12
2003). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS, 1., 2004,
Ipanguaçu
Touros 3
12
Jardim de Piranhas
Angicos 3
11 Florianópolis. Anais... Florianópolis: GEDN/UFSC, 2004. p.773-786. 1
Macau
Apodi 3
11 CD-ROM.
Campo Martins
Redondo 3
11
Montanhas
Currais Novos 3
11
Pedro Velho
Florânia 3
11 IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas
Governador Pendências
Dix-Sept Rosado 3
11 geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. 216p.
Rafael Fernandes
Janduís 3
11
RafaelJapiGodeiro 3
11
Timbaúba dos Batistas
Jucurutu 3
11 KAYANO, M. T.; ANDREOLI, R. V. Clima da região nordeste do Brasil.
Jundiá
Lajes 2
11 In: CAVALCANTI, I. F. A. et al. (Org.). Tempo e clima no Brasil. 11. ed.
Paraú
Passagem 2
11 São Paulo: Oficinas de Texto, 2009. pg. 212-233.
São JoséTibaudo Campestre 2
11
Serrinha
São dos
PedroPintos 2
11
Triunfo Potiguar
São Vicente 2
11 KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
Vera Novo
Sítio Cruz 2
11 básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
Goianinha
Tangará 1
11
São Gonçalo do Amarante
Umarizal 1
11
São José
Cerrode Mipibu
Corá 1
10 MOLION, L. C. B.; BERNARDO, S. de O. Dinâmica das chuvas
Tibaudo
Jardim doSeridó
Sul 1
10 no nordeste brasileiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
Fonte: Documentos Joãooficiais
Dias do Estado do Rio Grande do Norte, 2011. 3 Registros 2 Registros 1 Registro 10
1154 METEOROLOGIA, 11., 2000, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:
Lagoa de Velhos 10
Santa Maria 10
cbmet, 2000. Disponível em: <http://www.cbmet.com/cbm-files/12-
Pedra Grande 10 7ea5f627d14a9f9a88cc694cf707236f.pdf>. Acesso em: 8 nov. 2011.
Pedra Preta 10
Açu 9
fome, e na perda de rebanho, bem como em problemas de risco
Afonso Bezerra principalmente nos meses secos, onde há uma significativa 9 SILVA, R. M. A. da; FORMIGA, M. C. de C.; CUNHA, M. H. S.
Caiçara do Rio do Vento
à vida humana. Atinge ainda, de modo negativo, a dinâmica diminuição das precipitações, devido ao alto número de 9 Trabalhadores rurais na seca 1992-1993 no RN: políticas públicas
Caraúbas 9 e luta pela sobrevivência. 1996. Disponível em: <http://www.abep.
ambiental e a conservação ambiental, à medida que a falta de
Doutor Severiano ocorrências e de afetados no Estado e por serem frequentemente 9
nepo.unicamp.br/docs/anais/pdf/1996/T96V1A18.pdf>. Acesso em: 8
João Câmara 9
chuva aumenta também o risco de queimadas.
Lagoa Salgada consideradas, associadas à influência antrópica, como causadores 9 nov. 2011.
Luís Gomes 9
As estiagens e secas devem ser monitoradas,
Olho-d'Água do Borges de focos de incêndios florestais. 9
Porto do Mangue 9
Ruy Barbosa 9
Serrinha 9
Várzea 9
Barcelona 8
Caicó 8
Carnaubais 8
Equador 8
INUNDAÇÃO BRUSCA
32
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
OCEANO
AT L Â N T I C O
Tibau Tibau
Grossos
Grossos
Pedra
Caiçara Grande
Mossoró do Norte
Macau
Carnaubais
Pendências
Alto do
Rodrigues Jandaíra
Ceará
Governador Dix-Sept Rosado Pureza
Açu Ipanguaçu
Ceará-Mirim
Jardim de Angicos
Apodi
Angicos
Itajá
Marcelino Vieira
Santa Cruz
São José
Número de
registros
Espírito Goianinha
do Campestre
Santo
Jardim de Piranhas
Santo Antônio
Luís Gomes
Canguaretama
Serra de 1
Japi São Bento Baía Formosa
Nova Cruz
Pedro Velho
2
Caicó
Montanhas 3
Carnaúba dos Dantas
Serra Negra do Norte Jardim do Seridó
Convenções
Ouro Branco
Mesorregião
Divisão Municipal
Curso d´água
Equador
Projeção Policônica
7°S Datum: SIRGAS 2000
7°S
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°
µ
Paraíba Base cartográfica digital: IBGE 2005.
INUNDAÇÃO BRUSCA Gráfico 5 – Médias pluviométricas do período de 1991 a 2010, com base nos Gráfico 6 - Freqüência mensal de inundações bruscas no Rio Grande do
dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Norte, período de 1991 a 2010
Estado do Rio Grande do Norte
Inundações bruscas e alagamentos compõem o grupo Médias pluviométricas do Estado (1991 a 2010)
Frequência mensal de inundação brusca
de desastres naturais relacionados com o incremento das 200,00 (1991 a 2010)
40 37
precipitações hídricas e com as Inundações.
147,94
As inundações bruscas (enxurradas) são aquelas 150,00 141,92
30
provocadas por chuvas intensas e concentradas em locais de
relevo acidentado ou mesmo em áreas planas, caracterizando-se
93,29
100,00
84,23 20 16
71,93 13
por rápidas e violentas elevações dos níveis das águas, as quais 65,02
9
10
5 5
escoam de forma rápida e intensa. Nessas condições, ocorre
50,00
32,36 2 3
0 0 1 0
17,47
um desequilíbrio entre o continente (leito do rio) e o conteúdo 5,55 2,52 2,80
10,72 0
0,00 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
(volume caudal), provocando transbordamento (CASTRO, 2003). jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Por ocorrer em um período de tempo curto, este fenômeno Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011.
costuma surpreender por sua violência e menor previsibilidade,
provocando danos materiais e humanos mais intensos do que
as inundações graduais (GOERL; KOBIYAMA, 2005). Existe certa dificuldade na distinção dos tipos de se abaixo dos 20 mm e chegando a menos de 3 mm nos meses
Os alagamentos, também incluídos nesta classificação do inundação. Isto se deve à complicada identificação do fenômeno de outubro e novembro, com 2,5 e 2,8 mm, respectivamente
Atlas, caracterizam-se pelas águas acumuladas no leito das ruas em campo e à ambiguidade das definições existentes. Além dos (Gráfico 5) .
e nos perímetros urbanos decorrentes de fortes precipitações problemas tipicamente conceituais e etimológicos, algumas Neste sentido, é possível observar no Gráfico 6
pluviométricas, em cidades com sistemas de drenagem características comportamentais são similares para ambas às (Frequência mensal de inundação brusca 1991-2010) que os
deficientes, podendo ter ou não relação com processos de inundações, ou seja, ocorrem tanto nas inundações bruscas meses da estação chuvosa foram os que apresentaram a maior
natureza fluvial (MIN. CIDADES/IPT, 2007). Canholi (2005) explica como nas graduais (KOBIYAMA et al., 2006). frequência de inundação brusca no Estado, no período de 1991
que a drenagem urbana das grandes metrópoles foi, durante A complexidade de fatores que influenciam no regime de a 2010, principalmente com relação ao trimestre fevereiro,
muitos anos, abordada de maneira acessória, e somente em precipitações na Região Nordeste reflete na grande variabilidade março e abril. O mês mais afetado foi abril, com 37 ocorrências.
algumas metrópoles a drenagem urbana foi considerado fator especial, sazonal e interanual de chuvas, fazendo com que a Já os meses com pouca ou nenhuma ocorrência correspondem
preponderante no planejamento da sua expansão. Desta forma, região sofra consequências severas tanto por estiagens e secas aos da estação seca, com exceção do mês de dezembro, que
assiste-se atualmente a um conjunto de eventos trágicos a quanto por precipitações intensas. apresentou 3 registros.
cada período de chuvas, que se reproduzem em acidentes de No norte da Região Nordeste, onde se situa o Estado do Os episódios de inundações bruscas somam, de 1991 a
características semelhantes em áreas urbanas de risco em todo Rio Grande do Norte, a estação chuvosa ocorre principalmente 2010, 91 registros oficiais no Estado do Rio Grande do Norte.
País - vales inundáveis e encostas erodíveis - inexistindo, na entre março e maio e a estação seca, entre setembro e dezembro Estes registros estão espacializados no Mapa 3 (Desastres
quase totalidade de municípios brasileiros, qualquer política (RAO; LIMA; FRANCHITO, 1993). Esta situação é percebida quando naturais causados por inundações bruscas no Rio Grande do
pública para equacionamento prévio do problema (BRASIL, se analisa o Gráfico 5 (Médias pluviométricas do Rio Grande do Norte, no período de 1991 a 2010), onde é possível perceber
2003). Norte 1991-2010) com as médias mensais, entre os anos de 1991 que, dos 167 municípios do Estado, 72 (43,1% do total) foram
Conforme Castro (2003), é comum a combinação dos e 2010. Verifica-se que a precipitação esteve mais concentrada atingidos por esse tipo de desastre. Os municípios mais afetados,
fenômenos de inundação brusca (enxurrada) e alagamento em nos meses de março, abril e maio, quando o acumulado foi de com 3 registros cada, foram Canguaretama, São José de Mipibu,
áreas urbanas acidentadas, como ocorre no Rio de Janeiro, Belo 141,9 mm, 147,9 mm e 93,3 mm, respectivamente. Parnamirim, localizados na Mesorregião Leste Potiguar, e Apodi
Horizonte e em cidades serranas, causando danos ainda mais Os meses de menor média pluviométrica entre os anos de e Ipanguaçu, localizados na Mesorregião Oeste Potiguar.
severos. 1991 e 2010, foram os de setembro a dezembro, apresentando- A mesorregião mais afetada foi a Leste Potiguar, e este
INUNDAÇÃO BRUSCA
34
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
Gráfico 7 – Médias pluviométricas em 2008, com base nos dados das Esta- Figura 7 - Inundação no cemitério municipal de Jurucutu/RN Figura 8 – Alagamentos no perímetro urbano, Rio Grande do Norte
ções Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Rio
Grande do Norte
Médias pluviométricas em 2008
300,00
268,32
233,99
200,00
118,40
104,09
100,00
55,14 54,27
48,49
24,56
10,77 5,51
17 15 0,99 2,31
11 7
0,00 5 4 4 5 2 1 1 0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Figura 9 - Inundação brusca no perímetro rural, Rio Grande do Norte Infográfico 2 – Municípios atingidos por inundações bruscas no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010
60
45
Municipios Atingidos 40
por Inundação Brusca 13
20 7 7
2 6 2 2 3 2
0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Apodi 3
Canguaretama 3
Parnamirim 3
Ipanguaçu 3
São José de Mipibu 3
Caiçara do Norte 2
Caraúbas 2
Carnaúba dos Dantas 2
Carnaubais 2
Japi 2
Natal 2
São José do Campestre 2
São Rafael 2
São Tomé 2
Açu 1
Alto do Rodrigues 1
Angicos 1
Areia Branca 1
Baía Formosa 1
Fonte: Acervo Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Rio Grande do Norte. Bodó 1
Caicó 1
Ceará-Mirim 1
Currais Novos 1
Encanto 1
Equador 1
291.221 habitantes afetados, 24.502 desalojados, 12.659 Espírito Santo 1
Florânia 1
desabrigados, 6.890 deslocados, 26 levemente feridos, 10.793 Goianinha 1
constatar áreas que podem ser afetadas por fortes chuvas, o Portalegre
Presidente Juscelino
1
1
relatório apontou medidas necessárias para minimizar os efeitos Pureza 1
Riacho da Cruz 1
Tibau 1
Ruy Barbosa 1
Santa Cruz 1
Santana do Matos 1
Santo Antônio 1
São Gonçalo do Amarante 1
São Paulo do Potengi 1
Macaíba 1
INUNDAÇÃO GRADUAL Figura 10 - Situação de emergência por inundação gradual, município de Gráfico 9- Frequência mensal de inundações graduais no Rio Grande do
Ipanguaçu Norte, período de 1991 a 2010
OCEANO
AT L Â N T I C O
Tibau
Grossos
5°S 5°S
Baraúna
Porto do Mangue
São Bento
Pedra
do Norte
Caiçara Grande
Mossoró do Norte
Macau
Carnaubais
Touros
Pendências
Alto do
Rodrigues Jandaíra
Rio do Fogo
Ceará
Governador Dix-Sept Rosado
Maxaranguape
Afonso Bezerra Pedro Avelino João Câmara
Pedra Preta
Felipe Guerra Açu Ipanguaçu
Taipu Ceará-Mirim
Upanema
Angicos Bento
Fernandes
Extremoz
Lajes
Luís Gomes
Coronel Ezequiel São Bento
Santo Antônio Várzea 2
do Trairí Lagoa D'Anta Canguaretama
Major
Sales Jaçanã
Monte das 3
Japi Gameleiras
Baía Formosa
Passa e Fica Nova Cruz
Pedro Velho
4
Montanhas 5-6
Carnaúba dos Dantas
Jardim do Seridó
Convenções
Parelhas Mesorregião
Divisão Municipal
Curso d´água
Projeção Policônica
7°S Datum: SIRGAS 2000
7°S
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°
µ
Paraíba Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Gráfico 10 – Médias pluviométricas em 2004, com base nos dados das Esta- Infográfico 3 – Municípios atingidos por inundações graduais no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010
ções Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de do
100 88
Rio Grande do Norte
Municípios Atingidos 47
Médias pluviométricas em 2004
por Inundação Gradual 50 32
400,00 17
1 3 3 2 7 1
355,00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
300,00 Várzea 6
245,92 São Paulo do Potengi 5
Januário Cicco 4
200,00 Macaíba 4
Porto do Mangue 4
Serrinha 4
99,74 100,10
100,00 Alto do Rodrigues 3
65,27 65,49 62,61 Extremoz 3
João Câmara 3
17 2,74 4,58 0,19 0,72 1,91
0,00
15 11 9 9 13 8 2 1 0 1 0 Macau 3
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Maxaranguape 3
média mensal média dias de chuva Passa e Fica 3
Passagem 3
Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011. Pedro Velho 3
Pendências 3
Portalegre 3
Santo Antônio 3
Senador Elói de Souza 3
Os meses com o maior número de ocorrências das Senador Georgino Avelino 3
Touros 3
inundações graduais registradas em 2004, foram os de verão, Açu 2
Angicos 2
evidenciando-se os meses de janeiro, com 37 registros, e Baía Formosa 2
fevereiro, com 36 registros. Por meio do Gráfico 10 (Médias Baraúna 2
Brejinho 2
pluviométricas em 2004), pode-se verificar que os meses Caiçara do Norte 2
Campo Redondo 2
de janeiro e fevereiro foram os que apresentaram a maior Ceará-Mirim 2
Parnamirim 2
concentração de precipitação do ano, com 355,0 mm e 245,9 Espírito Santo 2
mm, respectivamente. Felipe Guerra 2
Florânia 2
Esses índices pluviométricos se devem à influência de Goianinha 2
Ielmo Marinho 2
fenômenos climáticos na Região Nordeste nos meses do final Jandaíra 2
José da Penha 2
de 2003 e início de 2004. Segundo o Boletim de Informações Lagoa de Velhos 2
Climáticas do CPTEC/INPE (2004), no mês de janeiro de 2004, Luís Gomes 2
Montanhas 2
que registrou o maior número de ocorrências de inundações Mossoró 2
Natal 2
graduais no Rio Grande do Norte, as chuvas intensas que Nova Cruz 2
Parelhas 2
ocorreram em toda a Região Nordeste foram devidas ao Rio do Fogo 2
deslocamento de frentes frias para o norte, à atuação da Zona Pedra Grande 2
Presidente Juscelino 2
de Convergência Intertropical (ZCIT), banda de nuvens densas Riachuelo 2
Rodolfo Fernandes 2
que se localiza ao longo do Equador e que se apresentou ao sul Tibau 2
JanuárioArêsCicco 1
4
200000 Augusto
Macaíba Severo 1
4
Porto Barcelona
do Mangue 1
4
100000 Bento Fernandes
Serrinha 1
4
26130 17783 5003 15859
11 237 3 6 AltoBom Jesus
do Rodrigues 1
3
0 Canguaretama
Extremoz 1
3
Caraúbas
João Câmara 1
3
Carnaúba dos Dantas
Macau 1
3
Carnaubais
Maxaranguape 1
3
Coronel
Passa Ezequiel
e Fica 1
3
Francisco
Passagem Dantas 1
3
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011. Frutuoso
Pedro Velho Gomes 1
3
Governador Dix-Sept Rosado
Pendências 1
3
Grossos
Portalegre 1
3
Ipanguaçu
Santo Antônio 1
3
SenadorJaçanãElói de Souza 1
3
Janduís Avelino
Senador Georgino 1
3
semana do mês. De modo geral, quase toda a Região Nordeste Japi
Touros 1
3
Jardim de AçuPiranhas 1
2
apresentou precipitação acima da média histórica. Na primeira Jardim do Seridó
Angicos 1
2
BaíaJoão Dias
Formosa 1
2
quinzena de março, as chuvas foram mais significativas no setor Jucurutu
Baraúna 1
2
norte da região e foram associadas principalmente à atuação Lagoa d'Anta
Brejinho 1
2
Lagoa de
Caiçara doPedras
Norte 1
2
da ZCIT (2004). Mesmo de forma previsível e paulatinamente, Lagoa Salgada
Campo Redondo 1
2
Lajes
Ceará-Mirim 1
2
quando as águas extravasam a cota máxima do canal, ocorrem Lajes Pintadas
Parnamirim 1
2
as inundações que podem atingir moradias construídas sobre as Major Sales
Espírito
Marcelino
Santo
Vieira
1
2
1
Felipe Guerra 2
margens do rio, causando danos materiais e humanos. Monte Alegre
Florânia 1
2
MonteGoianinha
das Gameleiras 1
2
Com relação aos danos humanos causados por Nísia Floresta
Ielmo Marinho 1
2
Patu
Jandaíra 1
2
desastre natural associado a inundações graduais durante o Santa
José daMaria
Penha 1
2
intervalo temporal da pesquisa, de 1991 a 2010, foi registrado Pau dos
Lagoa de Ferros
Velhos 1
2
Pedra
Luís GomesPreta 1
2
um total de 321.701 pessoas afetadas, 26.130 desalojadas, Pedro
MontanhasAvelino 1
2
Rafael Godeiro
Mossoró 1
2
17.783 desabrigadas, 5.003 deslocadas, 11 desaparecidas, 237 Riacho da Cruz
Natal 1
2
Ruy
Nova Barbosa
Cruz 1
2
levemente feridas, 3 gravemente feridas, 15.859 enfermas e 6 Santa Cruz
Parelhas 1
2
mortas, conforme apresenta o Gráfico 11 (Danos humanos por Santana
Rio dodo Matos
Fogo 1
2
São Fernando
Pedra Grande 1
2
inundações graduais 1991-2010). São FranciscoJuscelino
Presidente do Oeste 1
2
São José de Mipibu
Riachuelo 1
2
O município que apresentou o maior número de São Rafael
Rodolfo Fernandes 1
2
São Tomé
Tibau 1
2
afetados (18,4% do total), com 53.730, foi Macau, localizado na São Bento Taipudo Norte 1
2
Mesorregião Central Potiguar. Isto representa um alto índice, Tenente
São Bento Laurentino Cruz
do Trairí 1
2
Tibau do Amarante
São Gonçalo Sul 1
2
se comparado ao número de habitantes do município, 28.954 SãoTriunfo
José doPotiguar
Campestre 1
2
Umarizal
São Vicente 1
2
macauenses (IBGE, 2010), comprovando que muitos deles foram Upanema
Severiano Melo 1
2
Venha-Ver
Taboleiro Grande 1
2
afetados mais de uma vez pelas inundações graduais, entre os Viçosa
Tangará 1
2
Afonso
Fonte: Documentos oficiaisBezerrado Estado do Rio Grande do Norte, 2011. 3 Registros 2 Registros 1 Registro 1
201
Almino Afonso 1
Antônio Martins 1
Arês 1
Augusto Severo 1
Barcelona 1
Bento Fernandes 1
INUNDAÇÃO GRADUAL
41
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
anos de 1991 e 2010. No entanto, não foram registradas mortes IDEMA - INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E
MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE. Perfil do seu
associadas ao desastre natural no município.
município. Rio Grande do Norte: IDEMA, 2008. Disponível em:
As inundações graduais geralmente são recorrentes nas <http://www.idema.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/idema/
áreas urbanas, que tendem a apresentar drenagem insuficiente socio_economicos/enviados/perfil_municipio.asp>. Acesso em: 10
nov. 2011.
das águas precipitadas, muitas áreas com impermeabilização do
solo, devido à ocupação humana, e, principalmente, a ocupação KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
na planície de inundação dos rios, tornando estas pessoas alvo básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
dos desastres naturais relacionados às inundações graduais.
Assim, de um modo geral, a previsibilidade das cheias TAVARES, A.C; SILVA, A.C.F. Urbanização, chuvas de verão e
periódicas e graduais facilita a convivência harmoniosa com o inundações: uma análise episódica. Climatologia e Estudos da
Paisagem, Rio Claro, v. 3, n.1, p. 4-15, jan./jun. 2008. Disponível
fenômeno, de tal forma que possíveis danos ocorrem apenas em: <http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/
nas inundações excepcionais, em função de vulnerabilidades climatologia/article/view/1223>. Acesso em: 15 ago. 2011.
culturais (CASTRO, 2003).
Os danos humanos e materiais causados por inundações
podem ser minimizados através da realização de permanente
monitoramento do nível dos rios, bem como o acompanhamento
da evolução diária das condições meteorológicas, permitindo,
dessa forma, antecipar as variáveis climatológicas responsáveis
pela ocorrência de inundações. Além disso, é necessário um
planejamento urbano adequado, que impeça a construção de
novas moradias às margens dos rios.
REFERÊNCIAS
OCEANO
AT L Â N T I C O
5°S 5°S
Serra do Mel
Ceará
6°S 6°S
Número de
registros
1
Convenções
Mesorregião
Divisão Municipal
Curso d´água
Projeção Policônica
7°S Datum: SIRGAS 2000
7°S
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°
µ
Paraíba Base cartográfica digital: IBGE 2005.
VENDAVAL E/OU CICLONE no mês de fevereiro, conforme pode ser visto no Gráfico Gráfico 12 - Frequência mensal de vendavais e/ou ciclones no Rio Grande
do Norte, período de 1991 a 2010
12 (Frequência mensal de vendavais e/ou ciclones 1991-
Os eventos naturais adversos vendavais e ciclones 2010). O mês de fevereiro pode ser propício à ocorrência Frequência mensal de Vendaval e/ou Ciclone (1991
compõem a mesma categoria neste Atlas. Nos registros de vendavais, pois é um fenômeno característico da estação a 2010)
referentes aos ciclones incluem-se os extratropicais e os chuvosa, e que apresenta ventos considerados fortes em 2
tropicais. No caso dos vendavais, os registros referem-se relação aos ventos que geralmente são registrados no
a vendavais ou tempestades, aos vendavais muito intensos Estado.
e vendavais extremamente intensos, furacões, tufões. Ao espacializar no Estado de Mato Grosso os 1
1
Portanto, esta categoria, vendaval e/ou ciclone apresenta os desastres naturais por vendavais no Mapa 5 (Desastres
registros dos desastres das duas tipologias. naturais causados por vendaval e/ou ciclone no Rio Grande
Quanto a sua origem, todos os dois eventos se do Norte período de 1991 a 2010), verifica-se que o município 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
enquadram como desastres naturais de causa eólica, atingido foi Serra do Mel, localizado na Mesorregião Oeste 0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
relacionados com a intensificação do regime dos ventos ou Potiguar.
com a forte redução da circulação atmosférica. Dependendo Ao analisar o Infográfico 4 (Município atingido por Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011.
do estado, os registros são relativos a uma ou outra tipologia, vendavais), percebe-se que o registro do desastre causado
ou até mesmo às duas. No caso do Rio Grande do Norte, os no município por vendaval foi registrado em 2000. No total,
registros referem-se aos desastres causados por vendavais foi apenas 1 registro oficial, entre 1991 a 2010. e durante o verão podem interagir com o ar tropical quente
associados a tempestades. Este tipo de desastre natural é considerado comum e úmido, gerando convecção profunda com precipitação
Os vendavais são caracterizados como o deslocamento na época das chuvas. Na Região Nordeste do Brasil, os intensa, causando inundações, escorregamentos, algumas
violento de uma massa de ar, de uma área de alta pressão para principais sistemas meteorológicos que afetam o tempo e vezes com ventos fortes e granizo (CAVALCANTI; KOUSKY,
outra de baixa pressão, ou seja, perturbações acentuadas no clima e suas relações com a ocorrência de eventos adversos 2009). Os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM) são
estado normal da atmosfera, normalmente causados pelo de causa eólica, são as Linhas de Instabilidade na Costa, as mais frequentes sobre o norte da Argentina, Paraguai e sul
intenso gradiente de pressão e um incremento do efeito de Frentes Frias e os Complexos Convectivos de Mesoescala. do Brasil, contudo, também podem ocorrer no nordeste
atrito e das forças centrífuga, gravitacional e de Cariolis. Na As Linhas de Instabilidade (LI) são frequentes na costa do (SOUZA; ALVES, 1998); correspondem a uma categoria
Escala de Beaufort, correspondem a ventos muito duros de nordeste, principalmente durante o verão, e segundo Teixeira extrema de Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM)
número 10, com ventos de velocidades que variam entre 88 a (2004), as LI que ocorrem no nordeste podem se desenvolver e são conhecidos por causar precipitações intensas com
102 km/h. Normalmente, os vendavais são acompanhados de em áreas ativas da Zona de Convergência Intertropical, ao ventos fortes.
tempestades, precipitações hídricas intensas e concentradas, longo das frentes de brisa ou outras zonas de convergência Os vendavais estão mais associados a danos materiais
bem como de granizo ou de neve, quando são denominados e podem causar precipitações intensas e ventos fortes. As do que humanos. Os danos possíveis ocasionadas por
nevascas (CASTRO, 2003). frentes frias (FFs) penetram a Região Nordeste o ano todo, vendavais e/ou ciclones são a queda de árvores; de fiações
O superaquecimento local, gera correntes de
deslocamentos horizontal e vertical de grande violência e com
Infográfico 4 – Município atingido por vendavais no Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010
poder destruidor, ao provocar a formação de cumulonimbus 2
sendo registrado somente 1 vez entre os anos de 1991 e 2010, Fonte: Documentos oficiais do Estado do espírito Santo, 2011. 1 Registro 1
VENDAVAL E/OU CICLONE
44
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
REFERÊNCIAS
Fonte: Acervos das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil dos Estados de Alagoas e Pernambuco.
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
48
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
OCEANO
AT L Â N T I C O
Tibau
Grossos
Baraúna
Porto do Mangue
São Bento
Pedra
do Norte
Caiçara Grande
Serra do Mel Guamaré do Norte São Miguel
Mossoró Galinhos
Macau de Touros
Carnaubais
Touros
Pendências Parazinho
Alto do
Rodrigues Jandaíra
Rio do Fogo
Ceará
Governador Dix-Sept Rosado Pureza
Maxaranguape
Afonso Bezerra Pedro Avelino João Câmara
Pedra Preta
Felipe Guerra Açu Ipanguaçu
Poço
Branco
Jardim de Taipu Ceará-Mirim
Upanema Angicos
Apodi
Angicos
Bento
Fernandes
Itajá Extremoz
Lajes
Convenções
Ouro Branco
São João do Sabugi
Santana Parelhas Mesorregião
do Seridó
Projeção Policônica
7°S Datum: SIRGAS 2000
7°S
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°
µ
Paraíba Base cartográfica digital: IBGE 2005.
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO O desastre natural relativo a vendavais e/ou ciclones Gráfico 13 – Percentual dos desastres naturais mais recorrentes no Estado
do Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010
ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE está relacionado na categoria Outros, por não ser expressivo
no intervalo temporal analisado, com 1 evento registrado, Desastres mais recorrentes no Rio Grande do Norte
Ao analisar os desastres naturais que afetaram o Estado representando 0,07% do total. (1991 a 2010)
do Rio Grande do Norte ao longo do intervalo temporal analisado, O regime de precipitação na Região Nordeste do Brasil,
de 1991 a 2010, nota-se a ocorrência dos seguintes eventos resulta da complexa interação entre relevo, posição geográfica 6%
naturais adversos: estiagens e secas, inundações graduais e e natureza da sua superfície e os sistemas de pressão atuantes 14%
bruscas e vendavais e/ou ciclones. No total, foram analisados os na região (KYANO; ANDREOLI, 2009). Os principais mecanismos
registros computados em 1.447 documentos oficiais. de precipitação são condicionados pela Zona de Convergência
Os fenômenos de Estiagens e secas, diretamente Intertropical (ZCIT) sobre o oceano Atlântico, pelas Frentes Frias,
80%
relacionadas à redução das precipitações pluviométricas, estão por Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN), por Linhas de
entre os desastres naturais mais frequentes no Rio Grande Instabilidade (LI), por Complexos Convectivos de Mesoescala
do Norte. Correspondem a 1.154 registros, e equivalente a (CCM), e por efeitos das brisas marítima e terrestre. Estes, por
80% dos desastres naturais do Estado, conforme apresenta o sua vez, são fortemente influenciados por eventos El Niño- estiagem inundação gradual inundação brusca outros
Gráfico 13 (Desastres naturais mais recorrentes no Rio Grande Oscilação Sul (ENOS), pela Temperatura da Superfície do Mar Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011.
do Norte). Este evento adverso afeta grande extensão territorial (TSM) dos oceanos Atlântico Sul e Norte, pelos Ventos Alísios e
e um grande número de pessoas e produz efeitos negativos na pela Pressão ao Nível do Mar (PNM) (KYANO; ANDREOLI, 2009;
economia e na sociedade. FERREIRA; MELO, 2005).
O Estado sofre anualmente com a escassez das chuvas, O Estado do Rio Grande do Norte, por sua vez, está e novembro, com 2,5 e 2,8 mm, respectivamente. E os meses
mas, por outro lado, também com o seu excesso, em virtude inserido no polígono da seca com 91% do seu território; isso quer em que a precipitação esteve mais concentrada foram março,
das precipitações concentradas em períodos curtos de tempo, dizer que o clima predominante é o semiárido, que apresenta abril e maio, apresentando 141,9 mm, 147,9 mm e 93,3 mm,
em diversos municípios. Os desastres por inundações graduais como característica principal uma irregular distribuição temporal respectivamente.
apresentam-se como o segundo desastre natural de maior e espacial das chuvas. O índice pluviométrico médio anual do A complexidade de fatores que influenciam no regime de
ocorrência no Estado, apresentando um total de 201 registros, Estado é em torno de 824 mm, apresentando uma variação precipitações na região reflete na grande variabilidade especial,
correspondendo a 14%. Eles estão relacionados à cheia e nas diferentes regiões de modo que a maior média anual é sazonal e interanual de chuvas, fazendo com que a região sofra
extravasamento dos rios, que ocorrem com certa periodicidade observada na região leste do Estado com 1.246,3 mm, e a menor consequências severas tanto por estiagens e secas, quanto por
e de forma paulatina e previsível. Ao contrário das inundações na região central, com 630,4 mm. Na região Agreste, esse índice precipitações intensas.
bruscas, que ocorrem quando há chuvas intensas e concentradas, é de 639,1 mm, e na região Oeste é de 778,4 mm (BRISTOT; Os desastres associados às inundações bruscas e
as inundações graduais relacionam-se mais com períodos PINHEIRO; SANTOS, 2000). graduais, e ainda a vendavais e/ou ciclones, têm maior
demorados de chuvas contínuas. No norte da Região Nordeste, onde se situa o Estado do probabilidade de ocorrência nos meses mais quentes e
Os desastres relativos às inundações bruscas e Rio Grande do Norte, a estação chuvosa ocorre principalmente chuvosos, conforme apresenta o Gráfico 14 (Frequência mensal
alagamentos também foram expressivos no Rio Grande do entre março e maio, e a estação seca, entre setembro e dos desastres mais recorrentes no Rio Grande do Norte 1991-
Norte, com 91 registros, equivalentes a 6% dos desastres dezembro (RAO; LIMA; FRANCHITO, 1993). Esta situação é 2010). Os desastres naturais associados a estiagens e secas,
ocorridos desde 1991. Além dos efeitos adversos relacionados a percebida quando se analisa as médias mensais de precipitação que geralmente estão ligados aos meses secos, ocorrem
este fenômeno, as inundações muitas vezes ocorrem associadas disponibilizadas pela ANA/SGH (2010), entre os anos de 1991 constantemente no Rio Grande do Norte. Todos os meses do
a tempestades e vendavais, podendo desencadear outros e 2010. Verifica-se que os menores índices ocorreram entre os ano apresentaram ocorrências de desastres naturais associados
eventos, que potencializam o efeito destruidor, aumentando meses de setembro a dezembro, apresentando-se abaixo dos a esses eventos, como pode ser observado no Gráfico 14.
assim os danos causados. 20 mm e chegando a menos de 3 mm nos meses de outubro Os meses mais afetados por desastres naturais foram
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
50
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
Gráfico 14 - Frequência mensal dos desastres naturais mais recorrentes no Gráfico 15 - Municípios mais atingidos do Rio Grande do Norte, classificados O município localiza-se na Mesorregião Agreste Potiguar
Rio Grande do Norte, período de 1991 a 2010 pelo total de registros, no período de 1991 a 2010
e possui uma área de 240,44 km², representando 0,455% do
Frequência mensal dos desastres mais recorrentes Municípios mais atingidos no Rio Grande do Norte (1991 a 2010)
Estado (SÃO PAULO DO POTENGI, 2011). Geograficamente,
(1991 a 2010)
Várzea o município é caracterizado por inserir-se na depressão
250
Touros
sublitorânea, com terrenos rebaixados, localizados entre duas
200 formas de relevo de maior altitude: tabuleiros costeiros e o
São José do Campestre
150 Planalto da Borborema apresentam uma altitude de 50 a 200
100
Monte das Gameleiras m, sendo a sede do município situada a 91 m de altitude. A
formação vegetal predominante é a Caatinga Hiporxerófila, uma
50 Carnaúba dos Dantas
vegetação de clima semiárido, que apresenta arbustos e árvores
0 Bodó
com espinhos e de aspecto menos agressivo do que a Caatinga
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
São Bento do Trairí Hiperxerófila. Possui um clima muito quente e semiárido, sendo
inundação gradual inundação brusca Outros estiagem
Santo Antônio
Santo Antônio
a temperatura média de 27,2C°, com estação chuvosa atrasando-
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011. se para o outono. A precipitação pluviométrica anual normal
Santana do Matos
é de 562,1 mm, sendo o período chuvoso de março a junho,
Nova Cruz quando ocorre a maioria dos eventos catastróficos referente às
março e abril, somando 217 e 207, respectivamente, sendo a Santa Cruz
inundações (MASCARENHAS et al., 2005).
maioria dos registros de estiagens e secas, Gráfico 14. O mês Os registros de inundações graduais espacializam-se
São Tomé
de fevereiro foi o único que apresentou todas as tipologias de principalmente em municípios de áreas mais planas, situadas
desastres apresentadas neste Atlas. São Paulo do Potengi às margens e geralmente a jusante dos rios. Enquanto as
Ao espacializar todas as ocorrências de desastres 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 inundações bruscas ocorreram em municípios localizados no
naturais no Mapa 6 (Total de registros de desastres naturais Número de Registros
litoral leste, que apresenta elevada precipitação e altos índices
por município do Rio Grande do Norte, no período de 1991 a inundação gradual inundação brusca estiagem
de concentração populacional e densidade demográfica. As
2010), se verificam que, dos 167 municípios do Estado, apenas Fonte: Documentos oficias do Estado do Rio Grande do Norte, 2011. estiagens e secas estiveram distribuídas por todo Estado, com
1, o município de Vila Flor não foi atingido por qualquer tipo de destaque para a área central onde o clima predominante é o
evento adverso, no período. semiárido.
Outrossim, conforme o Mapa 6, 3 municípios nos municípios da mesorregião é a localização em áreas de Ao considerar o total de 1.447 registros oficiais de
apresentaram entre 17-19 registros de desastres, 35 municípios diferentes altitudes, de 0 m até as maiores altitudes do Estado, desastres naturais ocorridos no Rio Grande do Norte, foram
entre 13 a 16 registros, 42 municípios entre 9 a 12 registros, entre 500 e 800 m, em geral (IBGE, 2007). selecionados os 13 municípios mais atingidos do Estado entre
56 municípios entre 5 a 8 registros, e 30 municípios entre 1 a 4 A Tabela 9 (Registros de desastres naturais por evento, os anos de 1991 e 2010 conforme o Gráfico 15 (Municípios mais
registros, no período de 1991 a 2010. nos municípios do Rio Grande do Norte, no período de 1991 atingidos no Rio Grande do Norte 1991-2010).
Os municípios localizados na parte central do Estado a 2010) apresenta todos os municípios do Estado afetados e Conforme mencionado anteriormente, o município de
foram os mais atingidos, sendo a Mesorregião Agreste Potiguar especifica o número de ocorrências oficiais para cada tipologia São Paulo do Potengi lidera o ranking dos municípios com o
a mais afetada. Isso pode estar associado ao fato dessa de desastre natural abordada neste Atlas. Nesta tabela se maior número de registros, apresentando, assim como os outros
mesorregião estar localizada em área classificada por Köppen verifica que o município que apresentou o maior número de 12 municípios apresentados no Gráfico 15, três tipos diferentes
como semiárido quente (BSh), apresentando chuvas irregulares registros foi São Paulo do Potengi, com 19 eventos, sendo 13 de desastres naturais: estiagens e secas, inundações gradual e
que ocasionam períodos de seca. Além da distância do mar, desastres por estiagens e secas, 5 por inundações graduais e 1 brusca. O município de São Tomé aparece em segundo lugar,
outra característica que pode estar associada a esses eventos por inundação brusca. com 18 ocorrências e, em terceiro, com 17 ocorrências, está o
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
51
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Rio Grande do Norte
Tabela 9 – Registros de desastres naturais por evento, nos municípios do Rio Grande do Norte, no período de 1991 a 2010
Gráfico 16 – Total de danos humanos no Rio Grande do Norte, período de
1991 a 2010 Vendaval Inundação Inundação Estiagem e
Município Mesorregião Total
Total de danos humanos (1991 a 2010) e/ou Ciclone Gradual Brusca Seca
3000000 São Paulo do Potengi 5 1 13 19
2354593
São Tomé 1 2 15 18
Habitantes
CONSIDERAÇÕES FINAIS pela ausência de profissionais especializados em âmbito Gráfico 17 - Comparativo de registros de desastres entre as décadas de 1990
e 2000
municipal, e consequente ausência de unidade e padronização
O acordo de cooperação entre a Secretaria Nacional das informações declaradas pelos documentos de registros Comparartivo de registros entre as décadas de
de desastres. 1990 e 2000
de Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e
Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de É, portanto, por meio da capacitação e
Santa Catarina destaca-se pela sua capacidade de produzir profissionalização dos agentes de defesa civil que se busca
26%
conhecimento referente aos desastres naturais dos últimos sanar as principais limitações no registro e produção das
vintes anos, e marca o momento histórico que vivemos informações de desastres. É a valorização da história e seus
diante da recorrência de desastres e de iminentes esforços registros que irá contribuir para que o país consolide sua
para minimizar perdas em todo território nacional. política nacional de defesa civil e suas ações de redução de 74%
à sua realidade local. Além disto, deve fundamentar análises detalhada, afirmar que houve um aumento de ocorrências
e direcionar as decisões políticas e técnicas da gestão de na mesma proporção. É o que ilustram os Gráficos 15 e 16.
risco. Apesar de não poder assegurar a relação direta entre
registros e ocorrências, o presente documento permite uma Gráfico 18 - Total de registros de desastres coletados entre 1991 e 2010
O Atlas é também matéria-prima para estudos e
pesquisas científicos mais aprofundados, e fonte para a série de importantes análises, ao oferecer informações – Total de Registros por ano no Rio Grande do Norte
180
compreensão das séries históricas de desastres naturais no nunca antes sistematizadas – que ampliam as discussões 150 135
142
159 155
148
133
Brasil, e análise criteriosa de causas e consequências. sobre as causas das ocorrências e intensidade dos desastres. 120 100
110 107
98
89
Há que se registrar, contudo, que durante a análise Com esse levantamento, podem-se fundamentar novos 90
55
60
dos dados coletados foram identificadas algumas limitações estudos, tanto de âmbito nacional, quanto local, com 30
8 4 3
0 0 1 0 0
da pesquisa. Limitações que menos comprometem o análises de informações da área afetada, danos humanos, 0
trabalho, mas muito contribuem para ampliar o olhar dos materiais e ambientais, bem como prejuízos sociais e
gestores públicos às lacunas presentes no registro e cuidado econômicos. Também é possível estabelecer relações entre Fonte: Documentos oficiais do Estado do Rio Grande do Norte, 2011.
da informação sobre desastres. as informações sobre desastres e sua contextualização com
Destacou-se entre as limitações a clara observação as variáveis geográficas regionais e locais.
de variações e inconsistências no preenchimento de danos No Estado do Rio Grande do Norte, por exemplo,
humanos, materiais e econômicos. Diante de tal variação, percebe-se a incidência de tipologias fundamentais de produção do conhecimento necessário para a construção de
a opção para garantir a credibilidade dos dados foi de não desastres, estiagens e secas e inundações, que possibilitam comunidades resilientes e sustentáveis.
publicar os danos materiais e econômicos, e posteriormente verificar a sazonalidade e recorrência, e assim subsidiar O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais marca o
aplicar um instrumento de análise mais preciso para os processos decisórios para direcionar recursos e reduzir início do processo de avaliação e análise das séries históricas
validação dos dados. danos e prejuízos, assim como perdas humanas. de desastres naturais no Brasil. Espera-se que o presente
As inconsistências retratam certa fragilidade A partir das análises que se derivem deste Atlas, trabalho possa embasar projetos e estudos de instituições
histórica do Sistema Nacional de Defesa Civil, principalmente se pode afirmar que este estudo é mais um passo na de pesquisa, órgãos governamentais e centros universitários.