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na regulação das
responsabilidades parentais
A Residência Alternada
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Residência alternada
Os prós e contras…
A residência alternada relativamente a
crianças mais novas pode originar que estas
não consigam interiorizar as regras, o que
pode criar incertezas e insegurança. Os
hábitos diários devem ser alterados o menos
possível.
A fixação de uma única residência decorre da
necessidade de criar uma rotina e um ponto de
referência e estabilidade para a criança.
Residência alternada
Os prós e contras…
A residência única causa quebra das
relações familiares e é impeditiva de um
convívio estreito e saudável com ambos
os progenitores que pode gerar
prejuízos irreparáveis
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Residência alternada
Os prós e contras…
A residência alternada A residência única
Pode minimizar os efeitos Pode violar o princípio da
negativos da separação igualdade entre os cônjuges
Impede o progenitor não (art. 36º nº 3 da CRP)
residente de se acomodar e Potencia a disputa entre os
delegar no outro a pais.
responsabilidade pela Importa muitas vezes que a
educação e acompanhamento separação constitua também
dos filhos mesmo que o uma separação destes dos
exercício das RP seja conjunto filhos
A proximidade dos pais com os Impede que o exercício da RP
filhos após a separação diminui após a separação seja o mais
o sentimento de perda na possível próximo de quando
sequência da separação vigorava a união do casal
Pode diminuir a conflitualidade A criança sofre duas perdas, a
família e o pai
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Convenção sobre os direitos da
criança – art. 9º
Art. 9º nº3 da Convenção sobre os Direitos da
Criança
Salvo se tal for contrário ao seu interesse, a
criança tem o direito a manter com ambos os
progenitores, mesmo que separada de um
deles, relações pessoais e contactos diretos
de forma regular.
A função parental e os laços afetivos devem
manter-se e estes até podem sair reforçados.
( o filho que ganha um pai e um pai que ganha
um filho)
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O exercício conjunto da RP na
lei atual
O exercício conjunto da RP na nossa lei é muitíssimo mitigado
Reconduz-se às QPI e mesmo estas devem ser reduzidas ao
mínimo (Projeto-lei)
Na prática, o progenitor com quem a criança reside continua a
decidir quase tudo sozinho . Ao outro resta o papel de
fiscalizador que, por ser um papel pouco simpático acaba por
ser descurado.
O outro progenitor, para evitar conflitos, acaba por aceitar sem
discutir as decisões daquele com quem o menor reside.
O seu papel acaba sempre por ser secundário na educação e
acompanhamento dos filhos
Sem participação efetiva muitos acabam por se desligar dos
filhos e afastarem-se do contacto com os mesmos
A admissibilidade do regime no
quadro legal atual
Desaparecimento das expressões “guarda” e “confiança”
quando o exercício das RP cabe em pleno aos progenitores
Estas expressões apenas se mantêm quando a criança é
entregue a terceiro ou a instituição
Daqui se retira que o conceito de residência estabelecido no
art. 1906º nº5, não é equivalente a “guarda” ou “confiança” mas
aproxima-se do conceito de domicílio do art. 85º.
A lei atual dissociou a guarda e confiança do exercício das RP
e, de igual modo, dissociou a residência desse exercício.
O mesmo não constitui, pois, obstáculo à alternância da
residência, aqui no sentido mais amplo de habitação associada
a guarda.
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A admissibilidade do regime no
quadro legal atual
O nº7 do art. 1906º estabelece que o interesse
do menor passa pela manutenção de uma
grande proximidade entre os progenitores e os
seus filhos e que o tribunal deve “promover” e
“aceitar” todos os acordos e tomar decisões
que favoreçam amplas oportunidades de
contactos entre pais e filhos.
A admissibilidade do regime no
quadro legal atual
A não aceitação de um acordo em que
estabeleça a residência alternada pode
constituir uma ingerência ilegítima do
Estado na família e uma violação do
princípio da intervenção mínima.
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A residência habitual alternada
Deve revestir-se de alguns cuidados a aceitação deste
regime, que pode ser prejudicial aos interesses da
criança.
Deve, através da audição dos pais, perceber-se das
razões subjacentes à decisão da residência alternada e
das condições existentes para que a mesma possa
funcionar.
Não sendo um caso isento de dúvidas, deve fixar-se um
regime provisório e decorridos alguns meses fazer uma
avaliação de como correu e se for caso disso, então
transformar o regime em definitivo.
Não tendo as partes advogado constituído, as cautelas
devem ser acrescidas
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A residência habitual alternada
e as orientações educativas mais
relevantes
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Acordos
Quer em processo de divórcio por mútuo consentimento a correr termos na
Conservatória ( 1776º-A) quer no requerimento para homologação judicial de
acordo (183º nº2 da OTM) o Ministério Público deve, antes de dar o seu
parecer favorável, inteirar-se das razões subjacentes ao regime e das
condições existentes para que o mesmo possa funcionar.
Modo:
Através dos progenitores, que poderão, no próprio acordo e como questão
prévia, prestar esses esclarecimentos ou por declaração autónoma que podem
ou não ser presenciais, no âmbito do expediente vindo da Conservatória.
No próprio parecer o Ministério Público deve fundamentar a sua posição.
Havendo dúvidas fundadas sobre a adequação do regime não dá parecer
favorável, fundamentando essa decisão na ausência de salvaguarda do
interesse da criança.
Os progenitores podem alterar o regime para residência singular ou se assim
não entenderem haverá lugar a um processo de RPP em que se irão averiguar
as circunstâncias do caso e decidir a final.
Os esclarecimentos…
Local das residências dos progenitores
Se o regime já está a funcionar de facto e desde
quando
Relativos à escola, se implica ou não mudança e
aproveitamento escolar da criança
Relativos a eventual acompanhamento psicológico
da criança e, no caso afirmativo, qual o parecer do
psicólogo
Capacidade de entendimento entre os pais,
designadamente quanto às orientações educativas
mais relevantes
Razão de ser da opção
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Quando a não concordância é a
regra
Magistrados há que devolvem o
processo à CRC para que o acordo seja
alterado na cláusula em questão.
Nestas situações, quando os
progenitores vêm justificar a razão de
ser do regime e os factos invocados são
válidos e deles resulta que o interesse
da criança está assegurado, é dado
parecer favorável.
Exemplo de um parecer
favorável
Outros ainda, aceitam, por regra o regime
Despacho:
Do teor dos pontos 2.º e 4.º do Acordo de Regulação das responsabilidades parentais resulta que, os menores Eunice e Eduardo
ficarão, alternadamente, com cada um dos progenitores, por períodos de uma semana.
A lei portuguesa não prevê expressamente o regime da guarda conjunta, mas tão só o regime do exercício do poder paternal
conjunto, sendo certo que guarda e exercício do poder paternal são questões distintas.
Com efeito, do capítulo respeitante ao exercício do poder paternal, designadamente do teor dos arts. 1905º e 1906º do Código
Civil, este último com a redacção da Lei nº 59/99, de 30 de Junho, resulta apenas ser possível o regime de guarda única e,
quanto ao exercício do poder paternal e desde que haja acordo dos pais, que o mesmo possa ser exercido em conjunto.
À ideia de guarda única está subjacente a estabilidade do menor, baseado no princípio de que, "obrigar" o menor a mudar de
local de residência de tempos a tempos é criar-lhe instabilidade.
Porém, muitos dos conceitos que há uns anos atrás eram aceites sem contestação, são hoje questionados e muitos psicólogos
defendem o regime da guarda conjunta.
Pessoalmente entendo que a questão deve ser apreciada caso a caso. Contudo, a natureza dos presentes autos e as
alterações legislativas operadas com o Decreto – Lei nº 272/2001, de 13 de Outubro aconselha a que, antes do mais se confie
no discernimento dos progenitores e que estes querem, em primeira linha, o melhor para os seus filhos e, consequentemente, a
sindicância a efectuar deve ser feita em função desses critérios.
Por outro lado, sempre será possível a alteração da regulação do exercício do poder paternal dos menores e, assim sendo,
certamente que qualquer dos seus progenitores, caso verifique que o regime da guarda alternada não é o mais adequado,
requererá oportunamente essa alteração.
Pelo exposto, nos termos e para os efeitos do preceituado no nº4, do art. 14º, do DL nº 272/2001, de 13/10, nada tenho a opor
à homologação do acordo sobre o exercício das responsabilidades parentais junto aos presentes autos de Processo de
Divórcio e referente aos menores supra identificados.
***
Remeta os autos, pelo seguro do correio, à Conservatória do Registo Civil de Amadora.
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Um caso de sucesso
E o seu contrário…
Filipa, 4 anos de idade
Requerimento inicial de RRP feito pela mãe onde se alega vida
boémia do pai e agressões, insultos e ameaças frequentes do pai à
mãe, na presença da menor
Em conferência, acordo em 5/12/2011, onde se consagra residência
alternada por períodos de uma semana.
Aceite pelo M.P. e homologado pelo juiz sem qualquer menção às
razões que lhe estavam subjacentes e sem qualquer referência às
alegações de violência e vida desregrada do pai
Antes do trânsito da decisão deu entrada pedido de alteração do
regime feito pela mãe por impossibilidade de funcionamento do
mesmo devido aos comportamentos do pai.
Em 9 de Maio o regime foi alterado para guarda única, atribuída à
mãe.
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Regime imposto mesmo sem
haver consenso
Processo de jurisdição voluntária
O juiz não está sujeito a critérios de legalidade
estrita, devendo optar pela decisão que se
mostre mais conveniente à defesa dos
interesses da criança.(art.1410º)
Se esse interesse passar pela fixação de uma
residência alternada, esta pode ser
estabelecida por decisão judicial mesmo não
havendo consenso.
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Sentença de 2010.02.03 do tribunal de
1º instância de Granollers (Espanha)
Menores de 12 e 15 anos e ambos os pais
reclamam para si a guarda única com
exercício conjunto das RP. O pai,
subsidiariamente pede “guarda
compartilhada”.
Foi decidida a “guarda compartilhada” por
períodos de uma semana.
Consideram que o regime é de aplicar mesmo
em situações de conflito entre os progenitores
e cita diversa jurisprudência de tribunais
superiores espanhóis que vão nesse sentido.
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E ainda a decisão…As vantagens da
“guarda compartilhada”
Garante aos filhos a possibilidade de desfrutar da presença de ambos
os progenitores em circunstâncias semelhantes às que existiam antes
da rutura, evitando os traumas decorrentes da separação;
Evita sentimentos negativos dos menores como sejam o medo do
abandono, sentimento de lealdade, sentimento de culpa, sentimentos
de negação, etc.
Fomenta uma atitude mais aberta dos filhos em face da separação e
uma maior aceitação do novo contexto, evitando situações de
manipulação consciente ou inconsciente, por parte dos pais
relativamente aos filhos
Permite aos pais continua a exercer em pleno os seus direitos e
obrigações relativos às RP e de participar em condições de igualdade
no desenvolvimento e crescimento dos filhos, evitando sentimentos de
perda por parte do progenitor com quem a criança não ficou a viver e
a desmotivação decorrente de considerar que apenas serve para
pagar a pensão de alimento, para além de criar uma maior
consciencialização de que ambos têm que contribuir para os gastos
dos filhos
Cont.
Não se questiona a idoneidade de nenhum dos
progenitores
Equiparação entre ambos os pais quanto a tempo livre e
para a sua vida pessoal e profissional. Evita que no
momento da rutura e para suplantar a dor decorrente da
separação os filhos se tornem a sua única razão de viver
A cooperação entre os progenitores que é necessária ao
funcionamento do regime, favorável ao diálogo e aos
acordos, acaba por se converter num modelo educativo e
de conduta para os menores
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Alimentos
A regra será a de que cada progenitor suportará as
despesas inerentes à alimentação (e vestuário) no
período de tempo em que o filho está consigo
Só assim não será se for muito diversa e acentuada a
capacidade económica de cada um dos progenitores,
caso em que poderá haver necessidade de se fixar uma
pensão de alimentos a pagar por aquele com capacidade
económica superior.
As despesas relativas à saúde e educação serão, por
regra, divididas por ambos, em igual medida
Os convívios
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O futuro…
Alterar o regime legal de molde a consagrar-
se no mesmo a possibilidade de a residência
da criança poder ser fixada com um
progenitor ou com ambos
Dotar os Tribunais de Família e Menores de
uma equipa multidisciplinar, constituída por
psicólogos e assistentes sociais e
mediadores que analisariam a situação e
ajudariam os magistrados a decidir.
atpleal@gmail.com
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