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A proteção internacional dos direitos

humanos

Alberto do Amaral Júnior

Sirvo-me, como ponto de partida, da re-


flexão de Alexy (1999b, p. 58 et seq.) que
destaca cinco características principais dos
direitos humanos:
1. A universalidade. Os direitos do ho-
mem são universais em relação aos seus ti-
tulares e destinatários. Os seres humanos
são os únicos sujeitos com capacidade para
exercê-los. Creio, diversamente de Alexy, que
faltam razões plausíveis para não se atri-
buir aos grupos e comunidades a titulari-
dade dos direitos humanos.
2. São direitos morais. Alexy declara que
a validade dos direitos morais independe
da positivação efetuada pela norma jurídi-
ca. É necessário, simplesmente, que se veri-
fique a validade moral da norma que os con-
sagram. A norma vale, no plano moral, quan-
do é suscetível de ser justificada racionalmen-
te perante todos aqueles que a aceitam. Os
direitos do homem são direitos morais sem-
pre que puderem ser justificados em face dos
indivíduos que os acolhem.
3. São direitos preferenciais. Os direitos
morais importam o direito à proteção por
parte do ordenamento jurídico. Há, nesse
sentido, um direito moral que postula sejam
os direitos humanos reconhecidos e tutela-
dos pelas normas legais. A garantia e eficá-
cia dos direitos humanos têm o mérito de
conferir legitimidade à ordem legal vigente.
Alberto do Amaral Júnior é Professor da Essa circunstância assinala a posição de
Faculdade de Direito da Universidade de São prioridade que os direitos humanos ocupam
Paulo. no quadro das normas jurídicas existentes.
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4. São direitos fundamentais. Os direi- ta-se, pois, de um direito a uma ordem espe-
tos do homem abrangem interesses e carên- cífica que proteja e tutele os direitos huma-
cias essenciais aos seres humanos. Esses nos. Logo, a plena realização dos direitos
interesses e carências precisam ser de tal humanos pressupõe regras e procedimen-
sorte que o seu respeito possa ser fundamen- tos que os institucionalizem. A institucio-
tado pelo direito. A fundamentabilidade nalização é, assim, condição necessária ain-
explica a prioridade que desfrutam diante da que não suficiente para a proteção dos
dos demais direitos contemplados pela or- direitos humanos.
dem jurídica. Alexy ressalta que os interes- Em terceiro lugar, esse direito à institu-
ses e carências são fundamentais quando cionalização pertence a todos, sem distin-
sua violação ou não satisfação provocar a ção de raça, sexo ou religião. Ele é generali-
morte ou grave sofrimento dos indivíduos zável a todos os seres humanos, onde quer
ou quando afetar o núcleo essencial da au- que se situem. Como tal, não se caracteriza
tonomia. Pertencem a essa categoria os di- por ser um privilégio atribuível a determi-
reitos liberais clássicos bem como os direi- nados indivíduos ou a algumas nações. É
tos sociais que asseguram as condições mí- possível mesmo dizer que, com o passar do
nimas de existência. tempo, referido direito à institucionalização
5. São direitos abstratos. Os direitos do converteu-se em parte integrante da ordem
homem, por terem natureza abstrata, reque- pública internacional. O caráter de norma
rem algum tipo de limitação para que sejam consuetudinária que possui atribuiu-lhe o
aplicados aos casos concretos. Esse fato sentido de norma imperativa, que vincula
pressupõe a ponderação entre os direitos em os indivíduos e governos.
conflito, sugerindo a necessidade de se criar O uso da expressão direitos humanos im-
instâncias autorizadas a realizar pondera- põe, antes de mais nada, um esclarecimento
ções juridicamente obrigatórias. O Estado, preliminar. A palavra direito pode ser usa-
nesse contexto, é necessário não apenas da em sentido fraco e em sentido forte. A
como instância de concretização, mas tam- primeira acepção designa a exigência de
bém como instância apta a tomar decisões direitos futuros, ou seja, a proteção futura
que efetivem os direitos humanos (cf. ALE- de certo bem. Já a segunda aponta para a
XI, 1999a, p. 67-79). proteção efetiva desse bem, a qual pode ser
O art. 28 da Declaração Universal dos reivindicada perante os tribunais para re-
Direitos do Homem de 1948 prevê que: parar os abusos e punir os culpados (BOB-
“Todo homem tem direito a uma ordem so- BIO, 1992, p. 67). Essa observação é impor-
cial e internacional em que os direitos e li- tante porque, antes de receber consagração
berdades estabelecidos na presente Decla- nos textos constitucionais e nas convenções
ração possam ser plenamente realizados”. internacionais, os direitos humanos consi-
Essa afirmação ressalta, em primeiro lugar, derados essenciais para a convivência cole-
a importância da institucionalização dos tiva constituíam exigência de proteção fu-
direitos humanos para a ordem interna e tura de determinado bem.
internacional. Há, na realidade, um verda- A primeira exigência que originou a
deiro direito à institucionalização dos di- preocupação com o tema dos direitos hu-
reitos humanos que abrange o âmbito do- manos foi a tentativa de controlar o poder
méstico e as relações externas. do Estado. Nesse sentido, os direitos indivi-
Em segundo lugar, a ordem interna e in- duais aparecem como reação ao Estado ab-
ternacional devem privilegiar certos valo- soluto que dominou a realidade européia
res considerados essenciais para a convi- nos séculos XVII e XVIII.
vência coletiva. A realização desses valores O príncipe de Maquiavel foi, na história
confere legitimidade à ordem instituída. Tra- do pensamento político, a primeira grande

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formulação do absolutismo, o qual teve a da sociedade política somente se justifica
sua construção filosófica definitiva no Le- para permitir a preservação da liberdade
viatã de Thomas Hobbes. Maquiavel assi- natural, eliminando-se os obstáculos que
nala, em nítida ruptura com a herança anti- ameaçavam a sua existência no estado de
ga e medieval, que a ação política não se natureza (1967, p. 336-348).
subordina aos mesmos critérios utilizados As Constituições liberais do final do sé-
para a avaliação das condutas individuais. culo XVIII e começo do século XIX inicia-
As noções de virtù e de razão de Estado enun- ram a obra de positivação dos direitos indi-
ciam uma nova forma de compreender a re- viduais no interior dos Estados. Em princí-
lação entre a moral e a política. Enquanto a pio, esses direitos pretendiam apenas ga-
virtù do governante consiste no senso de rantir a abstenção do Estado na esfera de
oportunidade para tomar as decisões neces- ação individual. Com a institucionalização
sárias visando à conservação do poder, a da liberdade de organização partidária e
razão de Estado sugere que os negócios pú- sindical, criam-se as condições para a exis-
blicos se submetem aos imperativos da pre- tência de um espaço público sem a interfe-
servação do governo, fato que não permite a rência estatal.
sua apreciação segundo os juízos morais. No início do século XX, o reconhecimen-
Hobbes, por sua vez, parte de uma con- to dos direitos econômicos e sociais intro-
cepção negativa da natureza humana, con- duz um novo aspecto em termos de proteção
forme a qual o homem é lobo do próprio aos direitos humanos. Não se trata, agora, de
homem. Antes da constituição da socieda- garantir a liberdade em face do Estado, mas
de política, os homens viviam num hipoté- de reivindicar a sua intervenção com o fim de
tico estado de natureza, em que não havia assegurar a repartição da riqueza socialmen-
governo nem direito. te produzida. Essas transformações situa-
A liberdade de tudo fazer e de tudo pos- vam-se, entretanto, no interior dos Estados,
suir, própria do estado de natureza, contras- não atingindo as relações interestatais.
ta com a insegurança permanente represen- Até a primeira metade do século XX, a
tada pelo temor da morte violenta (HOBBES, proteção dos direitos humanos no plano
1976, p. 88 et seq.). Por intermédio do con- internacional era feita pelo mecanismo das
trato social, os homens abandonam o esta- relações interestatais. Não havia órgão de
do de natureza e iniciam a vida em socie- implementação dos direitos humanos, e os
dade; alienam a liberdade que outrora des- indivíduos não tinham capacidade proces-
frutavam em troca da segurança fornecida sual no plano internacional (TRINDADE,
pelo Estado. 1992, p. 25–40). Com o passar do tempo, esse
O soberano adquire o direito de determi- mecanismo revelou-se insuficiente. A sua es-
nar, em última instância, as regras que defi- fera de abrangência era limitada, benefician-
nem os comportamentos lícitos e ilícitos. Ele do reduzido número de indivíduos.
é, nessa condição, legibus solutus, ou seja, não A ausência de regras precisas nessa
se obriga a respeitar as leis que estabelece. matéria conduziu ainda à prática de incon-
Em reação ao absolutismo, a filosofia jus- táveis abusos. Alguns países, sobretudo os
naturalista sustentou que o homem é titular mais poderosos, passaram a exigir dos de-
de direitos inatos, válidos em qualquer tem- mais Estados o respeito a padrões mínimos
po e lugar, independentemente da condição de proteção aos seus nacionais. O desres-
social ou situação geográfica. Para Locke, o peito a tais padrões foi a causa das chama-
grande inspirador do liberalismo moderno, das intervenções humanitárias, comuns na
a função do Estado é tão-somente a de ga- segunda metade do século XIX.
rantir a liberdade. Locke argumenta, fiel à A experiência dramática da segunda
tradição jusnaturalista, que a organização guerra mundial proporcionou mudanças

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significativas no campo dos direitos huma- 1996, p. 635-648. PINHEIRO, 1985, p. 353-
nos. Os horrores do conflito trouxeram à 359, 1990, p. 244-251 e 1993, p. 3. MELLO,
baila a necessidade de proclamar direi- 1993, p. 115–127 e 1994, p. 13-23).
tos, e também de garantir a sua aplicação. A Declaração Universal dos Direitos do
O preâmbulo da Carta da ONU enfatizou a Homem, proclamada e adotada em 10 de
importância dos direitos fundamentais do dezembro de 1948, iniciou a fase de positi-
homem, da dignidade do valor do ser hu- vação e universalização dos direitos huma-
mano, da igualdade de direitos dos homens nos. Pela primeira vez na história, um siste-
e das mulheres, enquanto nada menos do ma fundamental de princípios foi aceito pela
que seis artigos da Carta se referem expres- maior parte dos Estados. Não apenas os ci-
samente aos direitos humanos. Os direitos dadãos de um Estado, mas todos os homens
humanos integram assim as finalidades da são destinatários desses princípios. Já a
ONU, e o desrespeito aos artigos que os con- positivação significa que os direitos huma-
sagram importa na violação da própria Car- nos, mais do que proclamados, devem ser
ta das Nações Unidas. garantidos contra todo tipo de violação
O segundo pós-guerra foi caracterizado (BOBBIO, 1992, p. 68).
pela multiplicação e universalização dos Os trabalhos preparatórios da Declara-
direitos humanos. A proliferação dos direi- ção tiveram início em fevereiro de 1947 com
tos humanos ocorreu, segundo Bobbio, de o funcionamento da Comissão de Direitos
três modos diferentes: Humanos da ONU. A Declaração foi, em
a) aumentou a quantidade de bens me- princípio, concebida como a primeira parte
recedores de tutela; de um sistema internacional de proteção dos
b) foi estendida a titularidade de alguns direitos humanos, que seria composto por
direitos a sujeitos diversos do homem; e novas convenções e medidas de implemen-
c) o homem não é mais visto como ente tação. A Declaração dos Direitos do Homem
genérico, mas em razão da especificidade e do Cidadão, de 1948, não é um tratado,
que possui como criança, velho, doente, etc. deixando por isso de vincular os Estados-
BOBBIO (1992, p. 68) observa que, com membros da ONU. Esse fato não impediu
relação ao primeiro processo, verificou-se a que ela exercesse profunda influência na
passagem dos direitos de liberdade − liber- elaboração de instrumentos nacionais e in-
dade de religião, de opinião, de imprensa ternacionais de tutela dos direitos humanos.
etc. − para os direitos políticos e sociais, que Longo caminho teve que ser percorrido
requerem a intervenção direta do Estado. até que a Assembléia Geral da ONU adotasse
Com relação ao segundo processo, ocorreu em 1966 os Pactos sobre Direitos Civis e Polí-
a passagem do indivíduo humano para su- ticos e sobre Direitos Sociais, Econômicos e
jeitos diversos do indivíduo, como a famí- Culturais. A Assembléia Geral mostrou-se
lia, as minorias étnicas e religiosas e mesmo inicialmente favorável a um único pacto, que
a humanidade em seu conjunto, como se abarcasse ambas as categorias de direitos.
pode depreender do debate sobre o direito Em 1951, a Comissão houve por bem
das gerações futuras. Com relação ao tercei- sugerir a adoção de um sistema de relatórios,
ro processo, houve a passagem do homem cujo objetivo era permitir que os Estados-
genérico para o homem específico, classifi- partes informassem acerca das medidas to-
cado com base em múltiplos critérios de di- madas para a proteção dos direitos huma-
ferenciação (sexo, idade e condição física). nos. Da mesma forma, julgou-se oportuno
Cada um desses aspectos revela diferenças regulamentar a apresentação de petições e
específicas, que não podem ser tratadas da protocolos separados com a finalidade de
mesma maneira (cf. RANGEL, 1992, p. 403- facilitar a ratificação dos pactos por parte
411 e 1969, p. 3-14. Cf. ainda POPPOVIC, dos Estados que não concordassem com a

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sua adoção. Nesse mesmo ano, decidiu-se Humanos. A ONU concluiu ainda grande
pela elaboração de dois pactos: um sobre número de convenções e declarações relati-
direitos civis e políticos, e outro sobre direi- vas à proteção dos direitos humanos. Entre
tos econômicos, sociais e culturais. as convenções, cabe destacar: Convenção
A conclusão dos projetos de ambos os Internacional sobre a Eliminação de Todas
pactos ocorreu em 1954. A partir de então, a as Formas de Discriminação Racial (1965);
Assembléia Geral iniciou um sistema de Convenção sobre a Eliminação de Todas as
consultas aos diferentes governos sobre o Formas de Discriminação contra a Mulher
teor das medidas sugeridas. As discordân- (1979); Convenção sobre os Direitos Políti-
cias residiram sobretudo em relação ao sis- cos da Mulher (1952); Convenção Relativa
tema de implementação adotado. à Luta contra a Discriminação no Campo
A delegação holandesa defendeu a com- do Ensino (1960); Convenção para a Preven-
binação do sistema de relatórios com o das ção e Repressão do Crime de Genocídio
reclamações interestatais e o das petições (1948); Convenção sobre a Imprescritibili-
individuais. O direito de petição justifica- dade dos Crimes de Guerra e Crimes de Lesa-
va-se porque os Estados, nos relatórios pe- Humanidade (1968); Convenção contra a
riódicos, poderiam mencionar avanços no Tortura e Outros Tratamentos ou Penas
campo da proteção dos direitos humanos Cruéis, Desumanos ou Degradantes (1984);
que não encontram amparo na realidade. Convenção sobre os Direitos da Criança
Optou-se finalmente pela inclusão do direi- (1989); Convenção Internacional sobre a Eli-
to de petição em um protocolo facultativo. minação e a Punição do Crime de Apartheid
Em 16 de dezembro de 1966, a Assem- (1973) (TRINDADE, 1991, p. 12).
bléia Geral adotou e abriu à assinatura, ra- Entre as Declarações, merecem ser lem-
tificação e acessão o Pacto dos Direitos Eco- bradas: a Declaração sobre os Direitos da
nômicos, Sociais e Culturais, o Pacto dos Criança (1959); a Declaração sobre a Elimi-
Direitos Civis e Políticos e o Protocolo Fa- nação de Qualquer Forma de Discrimina-
cultativo. O Pacto sobre os Direitos Sociais, ção Racial (1963); a Declaração que proíbe a
Econômicos e Culturais e o Pacto sobre os Tortura, o Tratamento Cruel e Desumano
Direitos Civis e Políticos entraram em vigor (1975); a Declaração sobre a Eliminação de
em 1976, quando se completou o número Todas as Formas de Intolerância e Discrimi-
mínimo de ratificações exigido. nação com base na Religião ou Crença (1981).
No tocante às medidas de implementa- No plano regional, a Convenção Euro-
ção, vale lembrar que tanto o Pacto dos Di- péia de Direitos Humanos, concluída em 4
reitos Civis e Políticos quanto o Pacto dos de janeiro de 1953, instituiu a Corte Euro-
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais péia de Direitos Humanos, que começou a
contemplaram um sistema de relatórios; so- funcionar em 3 de setembro de 1953. Desde
mente o Pacto dos Direitos Civis e Políticos 1998, os indivíduos têm acesso direto à Cor-
instituiu um Comitê dotado de competên- te, o que facilitou a apuração de violações
cia facultativa para receber e encaminhar aos dispositivos da Convenção Européia de
as reclamações que lhe fossem dirigidas. Direitos Humanos. No continente america-
O Protocolo Facultativo previu também no, foi adotada em Bogotá, em 1948, a De-
a possibilidade de apresentação de petições claração dos Direitos e dos Deveres do Ho-
individuais ao Comitê. A crítica que se tem mem; a OEA, por sua vez, incluiu os direi-
feito ao Comitê ressalta que ele tem atuado tos humanos entre os princípios que devem
mais como órgão de bons ofícios do que exer- orientar a ação dos Estados americanos. A
cido funções de natureza judicial. Em de- Convenção Americana dos Direitos Huma-
zembro de 1993, foi criado o Alto Comissa- nos, fortemente influenciada pela Conven-
riado das Nações Unidas sobre os Direitos ção Européia, foi adotada em 1969 e entrou

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em vigor em 1978. Merece destaque ainda a compatíveis com o objeto e os propósitos do
Carta dos Direitos Humanos e dos Povos, tratado, as cláusulas de reserva e limitação
adotada pela OUA em 1981. ou restrição de certos direitos em situações
A proteção internacional dos direitos de emergência. Tornou-se usual também
humanos registrou progressos considerá- inserir nos tratados cláusulas facultativas
veis nas últimas décadas. Generalizou-se, de reconhecimento da competência de ór-
em primeiro lugar, a consciência de que a gãos de supervisão internacional para
proteção dos direitos humanos não se cir- examinar petições ou comunicações indivi-
cunscreve ao âmbito interno dos Estados. duais e interestatais, bem como de reconhe-
No passado, sustentava-se que a prote- cimento da jurisdição compulsória de ór-
ção dos direitos humanos pertencia ao do- gãos judiciais de proteção dos direitos hu-
mínio reservado dos Estados, únicos agen- manos (TRINDADE, 1991, p. 8 et seq.).
tes encarregados de promover a sua tutela. Verificou-se, por outro lado, grande de-
Mas o caráter vago e impreciso da chamada senvolvimento dos métodos de implemen-
competência nacional exclusiva contribuiu tação dos direitos humanos. Os indivíduos
para elevar em demasia o grau de discricio- adquiriram capacidade processual para plei-
nariedade dos governos nessa matéria. tear direitos na esfera internacional. As con-
Os Estados definiam o alcance e a exten- venções internacionais sobre direitos huma-
são do domínio reservado, obedecendo à nos passaram a prever um sistema de peti-
lógica de seus interesses conjunturais. Não ções individuais e interestatais.
havia critério ou procedimento capaz de Qualquer pessoa pode dirigir uma recla-
conferir rigor a esse conceito. Como resulta- mação aos órgãos internacionais competen-
do, as organizações internacionais reivin- tes, mesmo contra o seu próprio Estado. Já
dicaram o direito de estabelecer na prática as petições interestatais constituem meios
os limites da noção de domínio reservado. destinados a permitir a implementação das
Os direitos humanos tornam-se objeto de garantias coletivas, que beneficiam um gru-
interesse internacional, que extrapola a com- po ou uma coletividade.
petência exclusiva dos Estados. Esse sistema foi completado pela atribui-
Essa evolução somente foi possível gra- ção de capacidade de agir aos órgãos de
ças à existência de mecanismos que permi- supervisão criados pelos tratados de direi-
tiam a compatibilização e a prevenção de tos humanos. Nos últimos anos, cresceu
conflitos entre as jurisdições nacionais e a vertiginosamente o número de órgãos in-
internacional (TRINDADE, 1991, p. 13). A cumbidos de proceder a tal supervisão, de
proteção internacional dos direitos huma- que são exemplos, entre outros, o Comitê de
nos assume, sob esse aspecto, função subsi- Direitos Humanos previsto no Pacto das
diária, pois cabe aos Estados a tarefa de pro- Nações Unidas sobre os Direitos Civis e
movê-la no plano interno. Políticos, o Comitê sobre a Eliminação de
A atuação dos organismos internacio- Todas as Formas de Discriminação Racial
nais tem início quando a proteção em causa (CERD), estabelecido pelo Tratado para a
se revelar falha ou deficiente. Dessa consta- Eliminação de Todas as Formas de Discri-
tação derivou o princípio do esgotamento minação Racial, e o Comitê para a Elimina-
dos recursos internos antes de se recorrer à ção de Todas as Formas de Discriminação
tutela prestada pelos órgãos internacionais. contra a Mulher, instituído pelo Tratado
Os tratados sobre direitos humanos con- para a Eliminação de Todas as Formas de
templam, via de regra, dispositivos com a Discriminação contra a Mulher (TRINDA-
finalidade de harmonizá-los com o direito DE, 1991, p. 8 et seq.). Estes organismos rea-
interno, facilitando a adesão e ratificação lizam investigações, requisitam informações
dos governos. São admitidas, desde que dos governos e produzem relatórios que têm

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contribuído para corrigir práticas de viola- atrasadas e de invocarem o tráfico de dro-
ção dos direitos humanos. gas como pretexto para intervir na sobera-
Deve-se salientar ainda que a interpre- nia dos países subdesenvolvidos (FARIA,
tação dos tratados sobre direitos humanos 1994, p. 53-60. Cf. PINHEIRO, 1998 e TRIN-
se submete a critérios próprios, distintos dos DADE, 1997, p. 177-206).
que determinam a compreensão dos trata- O documento final da Conferência, con-
dos bilaterais clássicos. O interesse das par- temporizando as posições antagônicas, con-
tes cede lugar às considerações de ordem sagrou a universalidade, indivisibilidade e
pública como princípio que orienta o enten- interdependência dos direitos humanos,
dimento de suas cláusulas. enfatizando:
A ONU realizou em Viena, em junho de a) a universalidade dos direitos civis e
1993, a Segunda Conferência Internacional sociais;
de Direitos Humanos. Na oportunidade, b) a universalidade dos direitos humanos;
duas posições marcaram os debates. En- c) o papel fiscalizador das entidades não
quanto os EUA e as nações ocidentais sus- governamentais;
tentaram a universalidade dos direitos hu- d) a co-responsabilidade na promoção
manos, que deveriam sobrepor-se às sobe- dos direitos fundamentais;
ranias nacionais, muitos países subdesen- e) o desenvolvimento como condição
volvidos e em desenvolvimento, liderados para a manutenção da democracia.
pela China, afirmaram o relativismo dos Observou-se, ainda, que a comunidade
direitos humanos, que seriam a expressão internacional deve envidar esforços com o
dos valores ocidentais. Nesse sentido, con- fim de reduzir o peso da dívida externa para
forme se alegou, nações com diferentes os países em desenvolvimento, recomendan-
graus de desenvolvimento econômico e tra- do-se a ratificação sem reservas dos trata-
dições culturais teriam concepções distin- dos sobre direitos humanos celebrados no
tas dos direitos humanos. âmbito das Nações Unidas.
Os EUA defenderam a posição segundo O processo de multiplicação e universali-
a qual nenhum país poderia, com base no zação dos direitos humanos colidiu, não
relativismo, deixar de reconhecer e garantir raro, com a política de poder dos Estados,
os direitos humanos. A China e outros paí- denunciando o contraste entre validade e
ses em desenvolvimento ressaltaram que a eficácia das normas, entre o mundo abstra-
definição dos direitos humanos precisa le- to das regras e o mundo concreto dos fatos.
var em conta as particularidades nacionais A ordem bipolar que organizou as relações
e os respectivos meios históricos, religiosos internacionais durante quase cinqüenta
e culturais. anos transformou os direitos humanos em
Ambas as posições contêm, cada qual à arma ideológica na disputa que opôs o blo-
sua maneira, partes da verdade. Os univer- co ocidental liderado pelos EUA ao bloco
salistas têm parcela de razão quando acu- oriental comandado pela União Soviética.
sam seus adversários de invocar o relativis- Enquanto os EUA acusavam a União Sovié-
mo para impedir a interferência externa com tica de desrespeitar as liberdades civis e
o fim de evitar o extermínio das minorias políticas, esta frisava a importância dos di-
étnicas, as torturas físicas e morais, as per- reitos econômicos e sociais para a constru-
seguições religiosas e a supressão dos di- ção de uma sociedade justa e solidária.
reitos civis e políticos. Os relativistas, por A divisão ideológica impediu que a co-
sua vez, têm também parcela de razão quan- munidade internacional punisse os gover-
do acusam seus adversários de estabelecer nos que violassem os direitos humanos. As
restrições à imigração, de não se preocupa- sanções econômicas aplicadas contra a Ro-
rem com a situação econômica das nações désia e a África do Sul foram excepcionais e

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ocorreram apenas devido à posição perifé- guerra fria e do progresso das tecnologias da
rica que esses países ocupavam no cenário informação, que deu visibilidade imediata ao
internacional. que se passa no interior dos Estados. A infor-
Os direitos humanos estiveram, em mui- mação sobre a violência perpetrada contra
tos casos, a serviço dos interesses econômi- lideranças civis, o assassinato de opositores
cos e estratégicos das grandes potências. A do governo estabelecido e o extermínio de gru-
disparidade de tratamento em relação às pos étnicos circulam instantaneamente em
violações dos direitos humanos em diferen- todos os recantos do globo. A intimidade so-
tes partes do mundo revela a existência de berana é completamente devassada, obscu-
políticas seletivas, que flutuam ao sabor das recendo a distinção entre a vida doméstica
conveniências, ora mobilizando esforços e a realidade internacional (LAFER, 1999,
para pôr fim às perseguições de minorias p. 154 et seq. Cf. LAFER, 1998, p. 117-236. Cf.
étnicas e religiosas e ao massacre de popu- ainda COMPARATO, 1999, p. 403-414).
lações inteiras, ora exibindo a mais profunda A internacionalização da vida domésti-
indiferença perante esses acontecimentos. A ca dos Estados, convertida em motivo de
passividade dos países ocidentais diante da debate e de preocupação de todos, é absolu-
situação dos “intocáveis” na Índia ou do tamente inédita, sem paralelo nos períodos
massacre da população maobere no Timor históricos precedentes. Os Estados não são
Leste comprovam claramente esse fato. os únicos componentes do novo espaço in-
A seletividade decorre da combinação do ternacional dos direitos humanos. Organiza-
comprometimento dos Estados com as nor- ções não governamentais se formam em nível
mas de proteção dos direitos humanos, pre- transnacional, travando com o Estado rela-
vistas nos tratados internacionais, com a ções de conflito e cooperação. A pressão das
política de poder que privilegia os seus in- organizações não governamentais é decisiva
teresses particularistas. Os governos procu- para compelir os governos a adotar políticas
ram subordinar a preocupação com os di- de defesa dos direitos humanos. Cresce a
reitos humanos ao cinismo da diplomacia consciência de que os direitos humanos en-
realista. O egoísmo que a orienta traça na volvem responsabilidades compartilhadas
prática os termos dessa submissão. O rea- entre instituições públicas e privadas.
lismo diplomático, repleto de meandros e A soberania deixa de ser vista como capa
sinuosidades caprichosos, não visa a reali- protetora para os governantes que cometem
zar interesses gerais, mas apenas a dilatar a graves violações dos direitos humanos. O
margem de poder que cada Estado possui. uso do princípio de não ingerência para
Há ainda outro fator que explica a ina- acobertar crimes contra a humanidade é
ção dos governos quando são cometidas vio- desacreditado, à medida que o direito de
lações dos direitos humanos na esfera in- olhar parece servir de fundamento à idéia
ternacional. Vigora uma espécie de cumpli- de responsabilidade sem fronteira.
cidade em relação ao Estado infrator, de tal Na vida internacional e na órbita domés-
sorte que mesmo aqueles que poderiam agir tica, existe um vínculo indissociável entre
se sentem paralisados pelo temor de que direitos humanos, democracia e paz. Sem a
venham a sofrer a acusação de desrespeito garantia dos direitos humanos, não há de-
aos direitos humanos. mocracia e, sem democracia, faltam as con-
Não obstante essas limitações, as últimas dições para a solução pacífica dos confli-
décadas testemunharam o aparecimento de tos. A proteção dos direitos humanos no ter-
um espaço internacional no qual os direitos reno internacional pode ser valioso instru-
humanos tendem a ser objeto de interesse ge- mento para construção da democracia em
ral. O espaço público internacional dos direi- dimensão cosmopolita (LAFER, 1994, p. 71.
tos humanos cristaliza-se a partir do final da Cf. TRINDADE, 1999, p. 201-251).

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A institucionalização internacional dos Recentemente, porém, o direito internacio-
direitos humanos enfrenta, hoje, apesar dos nal tem experimentado uma grande mudan-
avanços obtidos, importantes desafios. Em ça representada, sobretudo, pela incorpora-
primeiro lugar, existe um nítido contraste ção das normas secundárias.
entre a proliferação das normas internacio- Esse fato é perceptível na formação dos
nais de proteção dos direitos humanos e a blocos econômicos, especialmente da União
criação de instituições destinadas a garan- Européia, que se caracteriza pela criação de
tir-lhes eficácia. As últimas décadas teste- órgãos supranacionais, que receberam a mis-
munharam o aparecimento de arranjos ins- são de instituir e aplicar o direito comunitá-
titucionais variados que facilitam o enca- rio. Não obstante, as normas secundárias no
minhamento e a gestão dos assuntos inter- campo do direito internacional são reduzi-
nacionais nos mais diversos âmbitos de ati- das, restringindo-se a setores específicos.
vidade. Os Estados, entretanto, relutam em A experiência européia em matéria de
oferecer às organizações internacionais os institucionalização dos direitos humanos
instrumentos necessários para lidar com a não se repetiu, com a mesma densidade, em
nova complexidade que surgiu. Verifica-se, outras regiões do mundo. O estabelecimen-
desse modo, um descompasso entre as no- to do Tribunal Penal Internacional simboli-
vas responsabilidades que as normas jurí- za um esforço notável de adensamento da
dicas delegam à comunidade internacional institucionalização internacional dos direi-
e a ausência de mecanismos capazes de as- tos humanos, cuja repercussão poderá sig-
segurar a sua efetivação. Enquanto a expan- nificar uma revolução copernicana no di-
são normativa e o desenvolvimento de inú- reito internacional. É preciso reconhecer,
meras instituições outorgaram novas tare- contudo, que a efetivação do Tribunal Penal
fas à comunidade internacional, as políti- Internacional é algo em aberto, que somente o
cas e procedimentos que se ocupam da apli- futuro terá condições de comprovar.
cação das normas e do fortalecimento das Em terceiro lugar, a constituição de um
instituições são ainda bastante incipientes. espaço público internacional dos direitos
Em segundo lugar, a institucionalização humanos não dispensa a elaboração de ins-
internacional dos direitos humanos requer tituições que expressem o propósito da co-
a existência de normas secundárias, como é munidade internacional de promover a tu-
o caso das normas de julgamento, que insti- tela de determinados direitos diante da pro-
tuem autoridades judiciais competentes babilidade de eventuais violações. Não é
para apurar e punir os delitos cometidos. O suficiente afirmar que os Estados, principal-
direito internacional clássico compunha-se, mente os mais poderosos, estão habilitados
fundamentalmente, de normas primárias a agir em nome da comunidade internacio-
que previam direitos e obrigações aos Esta- nal quando os direitos humanos são viola-
dos. Faltavam regras secundárias que cons- dos. É imprescindível a presença de insti-
tituíssem órgãos encarregados de alterar as tuições que indiquem quando e em que cir-
normas vigentes e aplicar sanções aos com- cunstâncias a ação da comunidade interna-
portamentos desviantes. cional é legítima. A mera referência ao fato de
Foi por isso que Kelsen comparou o di- que o comportamento dos governos reflete,
reito internacional ao direito das socieda- em dado momento, os interesses da opinião
des primitivas. O direito internacional en- pública internacional não basta para legiti-
contrava-se, nessa perspectiva, em um está- mar as campanhas militares empreendidas
gio evolutivo inferior ao dos ordenamentos para defender os direitos humanos.
jurídicos nacionais. À centralização das or- Em quarto lugar, a resistência, manifes-
dens jurídicas nacionais correspondia a tada por vários países, em aceitar a univer-
descentralização do direito internacional. salidade dos direitos humanos é obstáculo

Brasília a. 39 n. 155 jul./set. 2002 59


ponderável para a sua institucionalização de vista... Direito, Estado e Sociedade, Rio de Janeiro,
internacional. Afinal, numa situação de pre- n. 5, p.13-23, ago./dez. 1994.
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