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LESÕES NO TÊNIS
Como dito anteriormente, a incidência e prevalência de
lesões pode variar consideravelmente devido às diferentes
definições para lesão, idade do grupo estudado, ou até
mesmo pelo nível do praticante (recreativo, amador,
profissional).
Em atletas de alto rendimento com idade inferior a 18 anos,
a taxa de lesões varia de dois a 20 a cada 1.000 horas de
prática do esporte. Quando considerados todos os níveis
de atletas, a incidência de lesões é de três por 1.000 horas
de prática, levando-nos a acreditar que atletas mais jovens
sofrem mais lesões do que os que praticam há mais tempo
o esporte devido à baixa experiência.
Dor Lombar
A dor lombar (lombalgia) é muito frequente em atletas
ativos, atingindo até 85% de praticantes de forma aguda ou
crônica, podendo afastar o praticante das quadras e de
torneios.
As causas da dor lombar são inúmeras, mas, quando
falamos de tênis, o saque parece ser um dos principais
fatores, devido à sobrecarga da coluna de forma repetitiva.
Estudos mostram que o serviço com topspin sobrecarrega
mais a lombar em comparação ao com slice (underspin) e
ao flat (sem efeito). Por isso, ensinar o topspin para atletas
muito novos pode aumentar o risco de dor e lesões
lombares, como a espondilólise (fratura por estresse de
uma parte das vértebras) ou espondilolistese
(escorregamento vertebral).
Lesões Musculares
Está entre as lesões musculares mais frequentes no tênis a
da panturrilha, ou perna do tenista (tennis leg). Além
dessas, as lesões dos músculos relacionados ao ombro,
quadril e lombar também são frequentes.
Epicondilite Lateral
A epicondilite lateral é uma das lesões mais comuns no
tênis, caracterizada pela sobrecarga de tendões,
principalmente em jogadores recreativos. Não há diferença
entre gêneros, ou seja, homens e mulheres parecem ser
acometidos na mesma proporção.
A incidência dessa lesão vai de 35% a 51% e, apesar de
não estar cientificamente comprovado, acredita-se que ela
ocorre em menor número de praticantes que realizam o
backhand com as duas mãos, pois permite que a mão não
dominante absorva mais impacto, diminuindo o risco de
falhas mecânicas do punho.
Acredita-se que o uso de antivibradores diminuía a
incidência de epicondilite lateral no tenista, no entanto,
estudos não suportam essa hipótese. O que vem sendo
associado a ela é a experiência do tenista, já que a
prevalência é maior em praticantes menos experientes e
que não possuem uma boa técnica.
Quadril
As lesões de quadril correspondem de 1% a 27% de todas
as lesões em tenistas. Estudos reportam incidência de 0,8
por 1.000 exposições e prevalência de 1,3 lesão a cada
100 tenistas juvenis competitivos.
O britânico Andy Murray sofreu com dores nos últimos anos que o
fizeram cogitar a aposentadoria. Na foto, o bicampeão olímpico
aparece esgotado durante sua estreia no Australian Open 2019.
Foto: Photo: Ben Solomon/Tennis
Fatores de Risco
Existem alguns fatores de risco que podem predispor a
lesões relacionadas ao tênis, mas, ao mesmo tempo,
algumas características que são ditas como predisponentes
para lesão não são comprovadas cientificamente. Então,
vale comentar um pouco sobre esses fatores de risco.
Idade
Apesar de muitas pessoas acreditarem que indivíduos com
a idade mais avançada têm mais chance de sofrer lesão,
estudos comprovam que isso não verdade, até o presente
momento.
Gênero
Acredita-se, por vezes, que as mulheres são mais frágeis
do que os homens ou que os homens são mais expostos
ao esporte e que isso contribui para surgimento de lesões,
mas ambas as informações também não foram
comprovadas. Assim, não existe predominância de lesões
entre os gêneros masculino e feminino.
Volume/Intensidade de Treino e Jogo
A intensidade de treino está diretamente relacionada com o
surgimento de lesões. Estudos mostraram que atletas com
epicondilite lateral treinavam cerca de 8 horas semanais
enquanto os que não tinham a lesões treinavam, em média,
5,5 horas.
Nível do Praticante
O nível do tenista não tem interferência no surgimento de
lesões, no entanto, jogadores menos experientes sofrem
mais lesões por estresse no punho e cotovelo devido à
vibração gerada pela raquete, consequência de erros de
técnica. Já os profissionais estão submetidos a uma carga
maior de treinamento, o que tende a igualar a quantidade
de lesões adquiridas em comparação aos mais novos.
Empunhadura
A empunhadura que o tenista utiliza na raquete pode
influenciar no desenvolvimento de lesões no punho e mão.
Em geral, as pegadas do tipo Western e semi-Western
geram lesões de sobrecarga nos tendões que estendem o
punho e lesões de cartilagem; enquanto a pegada do tipo
Eastern leva a lesões de sobrecarga dos tendões do
polegar e que fletem o punho.
Transmissão de Vibração
As propriedades das raquetes interferem na transmissão da
vibração para os braços, porém não há estudos que
comprovem que a vibração pode ter relação com o
surgimento ou agravamento das lesões.
Tipo de Quadra
Estudos avaliaram o número de jogos interrompidos por
lesões em partidas de Grand Slam e verificaram que os
confrontos realizados em grama tiveram menores índices,
enquanto os jogos em quadra rápida apresentaram maior
número de partidas incompletas.
Dica
Sempre use uma corda sintética, fina e com tensão de, no
máximo, 50 libras. Crianças deveriam usar 40 libras
quando encordoadas em máquinas eletrônicas ou 45 libras
quando encordoadas em máquinas analógicas.
Abrams GD, Renstrom PA, Safran MR. Epidemiology of
musculoskeletal injury in the tennis player. Br J Sports Med.
2012 Jun;46(7):492-8.Referências Bibliográficas
Sell K, Hainline B, Yorio M, Kovacs M. Injury trend analysis
from the US Open Tennis Championships between 1994
and 2009. Br J Sports Med. 2012 Aug.
Colaboradores:
Renan Higashi e Gustavo Toledo