Este documento discute a metodologia do ensino de arte, propondo três fases para o planejamento pedagógico: (1) conhecer os saberes artísticos das crianças, (2) planejar novas atividades com base nisso, visando desenvolver habilidades, e (3) avaliar periodicamente o progresso e ajustar o planejamento. O objetivo é auxiliar os professores a sistematizarem projetos que estimulem a aprendizagem artística de forma gradual e significativa.
Original Description:
FERRAZ, Maria. Heloísa. C. de; FUSARI, Maria. F. de Rezende e. Metodologia do ensino da arte: fundamentos e proposições. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2009. P. 150-157.
Este documento discute a metodologia do ensino de arte, propondo três fases para o planejamento pedagógico: (1) conhecer os saberes artísticos das crianças, (2) planejar novas atividades com base nisso, visando desenvolver habilidades, e (3) avaliar periodicamente o progresso e ajustar o planejamento. O objetivo é auxiliar os professores a sistematizarem projetos que estimulem a aprendizagem artística de forma gradual e significativa.
Este documento discute a metodologia do ensino de arte, propondo três fases para o planejamento pedagógico: (1) conhecer os saberes artísticos das crianças, (2) planejar novas atividades com base nisso, visando desenvolver habilidades, e (3) avaliar periodicamente o progresso e ajustar o planejamento. O objetivo é auxiliar os professores a sistematizarem projetos que estimulem a aprendizagem artística de forma gradual e significativa.
FERRAZ, Maria. Heloísa. C. de; FUSARI, Maria. F. de Rezende e.
Metodologia do ensino da arte: fundamentos e proposições. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2009. P. 150-157.
Encaminhando a ação pedagógica de Arte
Neste capítulo, mostramos que o trabalho pedagógico de arte na escola e ainda em instituições culturais pressupõe conhecimentos sobre as intervenções educativas e os modos de realizar as atividades artísticas e estéticas junto aos estudantes, ou seja, as teorias as teorias e práticas que possam viabilizar essas ações. Vimos também que em capítulos anteriores deste livro que o ensino e a aprendizagem de arte em uma perspectiva contemporânea estão interligados aos aspectos culturais e à cotidianidade, que também são fatores interferentes, assim como a intermediação do professor. É por isso que o professor ou professora de Arte precisa ter bem claro quais são os encaminhamentos de seu processo didático e o papel da arte junto às crianças, jovens e adultos. Ensinar a fazer e apreciar a arte, portanto, requer a preparação e sistematização do trabalho pedagógico, que se faz por intermédio de atuações didáticas bem planejadas, desenvolvidas, registradas e avaliadas tanto em seu processo como também nos resultados. Na Educação Básica, as ações relacionadas ao desempenho didático não diferem substancialmente quando se trata de um programa de curso, entendido como um conjunto de projetos e assuntos ou planejamento de aula. Em ambos os casos busca-se a melhor orientação, visando à concre- (p.150) tização dos trabalhos, e de maneira a garantir aos alunos de Arte o seu desenvolvimento no âmbito da produção artística e da percepção estética. Ao tratar de um programa ou sequência de aulas, sugerimos que o professor (ou professorando) procure estudar e organizar suas práticas artísticas e estéticas junto aos aprendizes inter-relacionando as seguintes fases: a) constatação (continuada) dos saberes de arte que as crianças já dominam; quais são as vivências artísticas e estéticas dos alunos, e as relações que eles fazem com os elementos da natureza e da cultura, incluindo os mais próximos e os mais longínquos; b) encaminhamento (a partir dessas constatações) de: análises dos conceitos, saberes de arte que as crianças e os jovens já dominam e os quais ainda não dominam e que são considerados essenciais para que eles possam gradualmente diversificar, aprofundar, aprender “o fazer entender” produções artísticas e suas histórias; roteiros (planos) flexíveis de curso e de aulas de arte junto às crianças e jovens (pode também ser discutido entre o professor de Arte e o professor de sala de aula, no caso de Educação Infantil), com programas nos quais apareçam de um modo bem dosado os novos conceitos artísticos e estéticos que os alunos deverão elaborar, vivenciar e saber. Para que as novas vivências expressivas infantis realmente se concretizem em uma progressão, articular os conceitos e tópicos de conteúdos de arte a métodos de ensino e aprendizagem dos mesmos (sobretudo com etapas e atividades instigantes e lúdicas); tomada de decisão em relação à proposta e plano de trabalho (criação, concepção, pesquisa, organização). Aulas de arte propriamente ditas (com começo, meio e fim) programadas com base nos conhecimentos da área e para as crianças e jovens aprenderem além do que já sabem estética e artisticamente; c) discussões periódicas a respeito dos patamares em que se encontram os saberes artísticos e estéticos dos estudantes após intervenções (p. 151) educativas desenvolvidas. Avaliar e propor sequências para o curso tendo em vista a aprendizagem do que ainda se espera que saibam de arte (ou conversar sobre o assunto com o professor de Arte de outras séries ou ciclos). Este é o momento que vai revelar os aspectos de adequação e de inadequação do plano de trabalho. Ele vai ser testado em situação de sala de aula e, na prática, o plano original é continuamente desconstruído e reconstruído. Estas três fases devem ajudar na vivência do planejamento e na elaboração dos roteiros (planos) de cursos escolares em Arte, bem como na participação em projetos pedagógicos. Ao organizá-las dessa maneira, procuramos auxiliar uma sistematização dos projetos docentes de educação escolar de Arte (artes visuais, teatro, música, dança, artes audiovisuais, dentre outras) junto a crianças e adolescentes. a) Na primeira fase do trabalho (constatação da realidade), o educador precisa conhecer as nuances os níveis e modos da criança e do jovem admirar, gostar, julgar, apreciar, poetizar, assim como os de expressar- se em imagens, sons, gestos, movimentos, jogos lúdicos, diante dos seres, objetos e representações do mundo que os rodeia. Consequentemente, o professor necessita saber quais são os componentes da natureza e da cultura local, regional e nacional que contextualizam a vida de seus alunos, se possível comparando-os entre si e com os de outros países. Observar, indagar, conversar com as crianças, os jovens e com outras pessoas que com eles convivem, assim como a leitura de estudos sobre esses assuntos, asseguram ao professor essa necessária constatação dos relacionamentos artísticos e estéticos de seus jovens estudantes. Com essa preparação, o professor possibilitará maior envolvimento de seus alunos e, ao mesmo tempo, colherá subsídios para planejar o desenvolvimento das aulas de arte. Por outro lado será interessante registrar essas observações e conversas: futuramente, esses registros poderão servir também como documentos para trabalhos pedagógicos. Em outras palavras, o professor pode observar e anotar, dentre outros aspectos, quais são as características (p. 152) estéticas (particularidades e relações compositivas entre formas, cores, movimentos gestuais, espaços, luzes, sons) que as crianças percebem em: manifestações folclóricas, religiosas, jogos, cantigas, brincadeiras, cantos e danças populares e eruditas, histórias e dramatizações contadas nas famílias, ruas; paisagens urbanas e rurais, praças, monumentos, moradias (interna e externamente), objetos, roupas, fotografias, adereços, cartazes; programações e espetáculos de rádio, televisão, cinema, vídeo, teatro, circo; trabalhos de artistas localizados em museus ou centros culturais. b) A segunda etapa (do planejamento, planos e projetos) é o momento de tomar decisões, assinalar e anotar os aspectos essenciais dos saberes de arte que as crianças e jovens ainda ignoram, mas têm o direito de conhecer (gradativamente, é claro). Esses conhecimentos referem-se tanto às linguagens e produções pessoais artísticas quanto ao entendimento dos jeitos e técnicas que os adultos artistas utilizam para expressar, representar e comunicar suas emoções-ideias a respeito da natureza e da cultura, ao longo da história local, regional, nacional e mundial. Nesta fase do trabalho pedagógico o professor poderá observar: quais são os componentes culturais, estéticos, de outras regiões de nosso país ou de outro, de diferentes épocas, os quais as crianças e jovens desconhecem, mas poderiam conhecer, combinando e comparando com os já assimilados por elas em suas localidades; quais linguagens artísticas os estudantes dominam e quais poderão aprimorar na escola; que saberes expressivos, inventivos, técnicos, poéticos sobre si próprios e a vida cotidiana as crianças e jovens manifestam ao: desenhar, pintar, gravar, imprimir, reproduzir, recortar, colar, modelar, esculpir, tecer, construir, tocar, cantar, dançar, brincar e jogar dramatizando, produzir sons, falas, ritmos, movimentos e gestos; (p. 153) quais práticas escolares possibilitam desenvolver a formação artística e estética das crianças e jovens nas diversas linguagens de arte e como elas se posicionam em relação a elas. Verificar e anotar quais materiais, publicações, condições ambientais, culturais e de patrimônio artístico encontram-se disponíveis e como adequá-los às graduações dos estudos e vivências dos alunos nos cursos escolares de Arte. Obviamente, a formação e o desenvolvimento pessoal e profissional do professor de Arte influenciarão nessas caracterizações e nas escolhas dos rumos educativos nas aulas. A sua formação em uma ou mais linguagens específicas da área (Artes Visuais, Dança, Música, Teatro, Artes Audiovisuais) e em educação serão os facilitadores da articulação desses indicadores, e assim o educador escolar junto a criança poderá organizar um interessante plano de curso com tópicos significativos de conteúdos de arte. E poderá também selecionar com adequação e atendendo sempre aos princípios e objetivos, quais são os métodos de ensino e aprendizagem (com instigantes procedimentos, técnicas, atividades) e os meios de comunicação educativa a serem utilizados na formação escolar artística e estética de crianças e jovens. O desenvolvimento de um programa de curso de Arte durante os primeiros anos de escolarização infantil dependerá dessas fundamentações e critérios, concepções e flexibilidade, além da qualidade na formação em arte dos professores. c) A terceira fase do trabalho do professor de Arte é o momento de reflexão sobre sua prática e uma primeira avaliação das atividades propostas. Esta é uma fase de constatação da aprendizagem e deve acompanhar as duas primeiras etapas em diversos momentos do curso. Durante o processo escolar, o professor poderá verificar se ocorreram (ou não) mudanças nos estudantes com relação aos níveis (patamares) anteriores de seus saberes e, ao mesmo tempo, ajudá-los nos aspectos sensível, imaginativo, cognitivo, e em suas produções e entendimento sobre a arte. Observar e refletir sobre a existência (ou não) dessas mudanças contribui para que o professor (p. 154) proponha o seqüenciamento do curso de forma mais significativa para seus alunos. Esse acompanhamento tem a finalidade de se avaliar e retomar continuadamente os planejamentos (discussão e decisões) e os roteiros (planos ou registros das decisões em arte e educação) que objetivem a formação artística e estética infantil e juvenil. (p. 155).