You are on page 1of 10

199

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.


ISSN 1981-9919 versão eletrônica
Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício
w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r

IMPORTÂNCIA DO ÍNDICE GLICÊMICO E SUAS APLICAÇÕES CLÍNICAS

Angela Andréia França Gravena1


Isaias Dichi2

RESUMO ABSTRACT

O diabetes melito, as dislipidemias e a Importance of the glycemic index and its


obesidade têm se destacado como doenças clinical applications
com grande prevalência, e, portanto, de
extrema relevância nos últimos tempos, sendo Diabetes mellitus, dyslipidemias and obesity
causas de grande mortalidade. Estas doenças have been considered diseases with
compartilham da mesma terapia inicial para o increasing prevalence, and therefore,
controle adequado do paciente, ou seja, a extremely relevant, as are causes of great
terapia nutricional. O presente estudo visa mortality. These diseases share the same
apresentar a importância de se adotar o initial therapy for the adequate control of the
critério de índice glicêmico na dieta destes patient, the nutritional therapy. The present
pacientes. Dietas com baixo teor de gordura e study aims to show the importance of adopting
alto conteúdo de fibras e carboidratos the glycemic index criterion in the diet of these
complexos tem sido recomendado, no entanto, patients. Low fat diets and high content of
alguns carboidratos podem ser nocivos, pois fibers and complex carbohydrates has been
elevam rapidamente a glicemia pós prandial, also recommended, however, some
gerando desequilíbrio metabólico. Por esse carbohydrates can be noxious, because they
motivo, o índice glicêmico vem sendo increase fastly post prandial glycemia,
estudado, pois classifica os carboidratos de generating metabolic disturbances. For these
acordo com a resposta fisiológica e revela que reasons, glycemic index has been studied
alimentos com baixo índice glicêmico because it classifies carbohydrates in
produzem melhor controle da glicose. Assim, a accordance to its physiologic response, and
utilização do índice glicêmico indica benefícios has revealed that foods with low glycemic
tanto preventivos como no tratamento destas index obtain better glycemic control than with
doenças. high glycemic index. The beneficial role of low
glycemic index in obesity and dyslipidemias
are also reported. Thus, the utilization of the
Palavras-chave: índice glicêmico, diabetes glycemic index show benefits both preventing
melito, obesidade, dislipidemias. and treating patients with these diseases.

1- Nutricionista Especialista em Nutrição e Key words: glycemic index, diabetes mellitus,


Metabolismo na Prática Clínica; Universidade obesity, dyslipidemias.
Estadual de Londrina (UEL) e docente do
Centro Universitário de Maringá – CESUMAR.
2- Professor adjunto; Departamento de Pós Endereço para correspondência:
Graduação em Ciências da Saúde; angelafranca_@hotmail.com
Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.199-208, Maio/Jun. 2009. ISSN 1981-9919.
200
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.
ISSN 1981-9919 versão eletrônica
Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício
w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r

INTRODUÇÃO colaboradores, 2003). Assim as concentrações


elevadas de LDL–colesterol (LDL-C), bem
A obesidade vem sendo considerada como as concentrações reduzidas de HDL-
doença epidêmica, apresentando rápido colesterol (HDL-C) estão relacionados no
aumento tanto em países desenvolvidos como aumento da incidência da doença arterial
nos em desenvolvimento, estando relacionada coronariana (DAC) (La Rosa e colaboradores,
com alta taxa de morbidade e mortalidade 2005). No estudo de Framingham, para cada
(Oliveira e colaboradores, 2004). Nos EUA, a diminuição de 4 mg/dl no HDL-C houve um
incidência aumentou em 50% nas últimas aumento de 10% na incidência de doença
duas décadas. A associação de obesidade arterial coronariana (Gordon e colaboradores,
com crescimento expressivo na incidência de 1977). Concentrações elevadas de
diabetes melito e de doenças coronarianas é triacilgliceróis também têm sido associadas à
bem estabelecida (Stamler, 1993). maior incidência de doenças coronarianas por
Na atualidade existem 150 milhões de aterosclerose (Santos e colaboradores, 2001).
pessoas com diabetes melito, segundo a Muitas evidências sugerem que o processo de
Organização Mundial de Saúde, sendo que formação da placa aterosclerótica inicia-se na
este dado se duplicará no ano de 2025 (World infância e progride lentamente até a vida
Health Organization - WHO, 2005). Estima-se adulta, quando ocorrerão as manifestações
que a prevalência de diabetes melito esteja clínicas da doença, verificando-se um longo
em torno de 8% na população brasileira de 30 período assintomático (Silva e colaboradores,
a 69 anos, sendo que metade dos pacientes 2007).
acometidos desconhece a condição (Mokdad Por todos estes fatores, estudos
e colaboradores, 2001), e que até 2010 recentes apontam para a grande necessidade
possam existir cerca de 11 milhões de de se incluir um novo conceito na escolha dos
diabéticos (Ministério da Saúde, 2001). Nos alimentos que irão compor a dieta destes
países em desenvolvimento há uma tendência pacientes, o Índice Glicêmico, que vem sendo
de aumento na freqüência em todas as faixas utilizado como critério de seleção dos
etárias, especialmente nas mais jovens, cujo alimentos, por exercer efeito significativo nas
impacto negativo sobre a qualidade de vida e respostas glicêmicas e insulínicas pós
a carga da doença aos sistemas de saúde é prandiais (Brand-Miller e colaboradores, 2003).
incomensurável (King e colaboradores, 1998). Assim, este trabalho visa apresentar a
Tratando-se das doenças importância da adoção do Índice Glicêmico
cardiovasculares, estas constituíram sem como critério na escolha da dieta de pacientes
dúvida, a maior de todas as endemias do com tais manifestações clínicas, indicando os
século XX nos países ocidentais benefícios decorrentes de tal medida.
desenvolvidos, sendo o aumento da incidência
do infarto agudo do miocárdio até considerada METERIAIS E MÉTODOS
epidemia progressiva nesses países, sendo
que este fato também vem ocorrendo nos Realizou-se uma revisão bibliográfica
países emergentes, como no Brasil, onde da literatura a partir da adoção e seleção dos
cerca de 300.000 brasileiros por ano são artigos das bases de dados do Medlars Online
vitimas dessa doença (Costa e Silva, 2002). – MEDLINE (base de dados da literatura
Vários trabalhos têm demonstrado que internacional, produzida pela US National
um dos principais fatores de risco para a Library of Medicine – NML); LILACS (Literatura
doença arterial coronariana é a Latino-Americana y del Caribe en Ciências de
hipercolesterolemia, uma vez que, la Salud); SciELO (Scientific Eletronic Library
aproximadamente, 96% do material lipídico do Online) e Periódicos da Capes, com as
ateroma correspondem ao colesterol (Silva e palavras-chave em inglês no resumo:
colaboradores, 2007). A homeostase do “glycemic index”, “diet”, “carbohydrates”,
colesterol corporal é governada por uma “fiber”, “dyslipidemia” “glycemic load”,
interação da absorção, síntese, estocagem e “fructose”, “sucrose”, “grains”, “cereals”
excreção e quando esse equilíbrio é associadas aos termos “prevention”,
perturbado as respostas às mudanças nesses “diabetes”, “obesity” and “cardiovascular
parâmetros são diferentes e são refletidas nas disease”.
concentrações séricas de colesterol (Leite e

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.199-208, Maio/Jun. 2009. ISSN 1981-9919.
201
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.
ISSN 1981-9919 versão eletrônica
Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício
w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r

ÍNDICE GLICÊMICO indígenas (Foster-Powell e Brand-Miller,


1995). Basicamente, os produtos de grãos
Proposto pela primeira vez em 1981 refinados e batatas possuem um alto índice
por Jenkins e colaboradores, o índice glicêmico, grãos parcialmente processados
glicêmico (IG) teve o intuito de caracterizar o têm índice glicêmico moderado e grãos
perfil de absorção dos carboidratos e sua inteiros, leguminosas, vegetais e frutas
reposta metabólica após as refeições, possuem índice glicêmico baixo (Ludwig e
permitindo nova compreensão do efeito Eckel, 2002).
fisiológico do alimento e sua relação com a O conhecimento sobre o tema foi se
saúde (Jenkins e colaboradores, 1981). expandindo, e percebeu-se que não só a
O índice glicêmico é definido pela área qualidade dos carboidratos era importante,
abaixo da curva de resposta glicêmica depois mas também as suas quantidades eram um
de um consumo de 50 g de carboidrato, sendo fator determinante na resposta glicêmica.
os valores obtidos comparados à resposta Assim, no final da década de noventa surge o
glicêmica de um alimento padrão (glicose ou conceito de Carga Glicêmica (CG), associando
pães) (Foster-Powell e colaboradores, 2002; o índice glicêmico à quantidade de
Daly, 2003; Wolever, 2004). As carboidratos ingeridos. Dessa maneira, o
recomendações atuais preconizam a utilização conhecimento de ambos melhoraria a
da glicose como padrão de referência, sendo avaliação da glicemia após ingestão do
seu IG=100, tendo o pão branco IG=70. Para alimento (Foster-Powell e colaboradores,
a determinação do índice glicêmico de um 2002). Tais avanços revolucionaram o
alimento, os testes são feitos em dez ou mais conceito e classificação dos carboidratos,
indivíduos saudáveis e obtida uma média ampliando a visão de uma dieta saudável.
(Gray, 2003). O método da FAO – Food and Vários fatores, porém, influenciam na
Agriculture Organization (1998) para cálculo resposta glicêmica dos alimentos, levando-se
da área sob a curva para determinação do em consideração a captação celular da glicose
índice glicêmico é estabelecido após coleta e (Ostman e colaboradores, 2001; Schenk e
mensuração de sete medidas de amostras colaboradores, 2003), são eles:
sanguíneas de glicose, uma primeira é 1) natureza dos amidos (proporção de
coletada em jejum e após a ingestão de uma amilose/amilopectina) - alimentos com maior
porção de 50 g de carboidrato são coletados percentual de amilose em relação a
novas amostras e calculados o aumento da amilopectina são absorvidos mais lentamente
área sob a curva nos tempos 15, 30, 45, 60, resultando em baixo índice glicêmico
90 e 120 minutos. Este método mostrou-se (Bessesen, 2001);
mais válido e preciso quando comparado a 2) açúcares - elevam a concentração de
outros métodos menos custosos (Wolever, glicose em diferentes graus; a frutose, por
2004). exemplo, leva mais tempo para ser convertida,
O conceito do índice glicêmico é produzindo aumento mais lento nas
determinado pela rapidez com que os concentrações de glicose sanguínea (Willet e
carboidratos são absorvidos durante o período Stampfer, 2003);
pós prandial, sendo os de absorção lenta os 3) cocção ou processamento - o
mais benéficos (Ludwig e Eckel, 2002), processamento e a diminuição do tamanho
indicando a qualidade do carboidrato da dieta das partículas do nutriente aumentam o índice
consumida (Foster-Powell e colaboradores, glicêmico do alimento e a secreção de insulina
2002). (Romero e colaboradores, 2002; Traver,
Os parâmetros para classificação de 2001); grãos intactos preservam a camada de
alimentos segundo o seu índice glicêmico, gérmen servindo como barreira física à
conforme critério adotado pela Universidade digestão enzimática e a cocção de grãos
de Sidney (2003) são: alimento com índice integrais afetam parcialmente a resposta
glicêmico baixo, quando IG < 55; médio glicêmica quando comparados à remoção da
quando IG esta entre 55 e 70 e alto IG > 70. camada de gérmen; os grãos refinados não
Em 1995, foi publicada a primeira Tabela contém ou contém uma pequena camada de
Internacional de Índice Glicêmico, com quase gérmen, sendo rapidamente absorvidos
600 alimentos testados, incluindo as comidas (Traver, 2001);
ocidentais mais comuns e algumas comidas

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.199-208, Maio/Jun. 2009. ISSN 1981-9919.
202
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.
ISSN 1981-9919 versão eletrônica
Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício
w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r

4) grau de maturação das frutas - quanto mais promover um retorno mais rápido da fome e
madura estiver a fruta, maior será seu índice conseqüentemente consumo passivo
glicêmico (Pi-Sunyer, 2002); excessivo (Roberts, 2000). Por outro lado,
5) fibra - ocasiona diminuição da velocidade dietas com baixo índice glicêmico promovem
do esvaziamento gástrico e diminuição na sensação de saciedade, prolongando o
digestão de carboidratos, além também da período de reincidência da fome e reduzindo o
produção de ácidos graxos de cadeia curta por consumo calórico nas refeições subseqüentes
meio da fermentação das fibras pelas (Ludwig, 2000). Além disso, prorrogando-se o
bactérias do intestino grosso, levando os tempo de absorção dos nutrientes, pode-se
hepatócitos a aumentar a oxidação da glicose, produzir estímulo contínuo aos receptores do
reduzir a liberação de ácidos graxos livres e trato gastrintestinal mediado pela ação de
aumentar o desempenho da insulina (Pereira e hormônios como a colecistoquinina e GLP-1 a
Pins, 2001); atuarem nos centros hipotalâmicos de controle
6) outros componentes - de forma simples, o da saciedade (Brand-Miller e colaboradores,
pâncreas secreta insulina em resposta a 2002).
concentração de glicose no sangue, porém No entanto, quando também se leva
outros estímulos endócrinos, nervosos e em conta o tipo, os carboidratos parecem ser
dietéticos podem afetar esta secreção; alguns eficazes na diminuição do apetite em um curto
aminoácidos estão associados ao aumento da período de tempo (Behall e Hallfraisch, 2002).
produção de insulina endógena (Romero e Wolever (1990) relaciona este efeito a amilose
colaboradores, 2002; Traver, 2001); a digestão possuir cadeia linear, conferido-lhe uma
de alimentos provoca a liberação de peptídeos estrutura regular com várias pontes de
regulatórios da mucosa intestinal para a hidrogênio dificultando assim sua hidrólise
circulação sanguínea; são exemplos o enzimática, enquanto a amilopectina
peptídeo inibitório gástrico (GIP) e o peptídeo- apresenta estruturas ramificadas, sendo
1 semelhante ao glucagon (GLP-1), que estão facilmente hidrolisada pelas amilases.
envolvidos na regulação do metabolismo de Daly (2003) relata que a frutose exerce
carboidratos através da influência na secreção maior saciedade que a glicose. Alimentos ricos
de insulina, assim como do esvaziamento em carboidratos, particularmente açúcar
gástrico (Gray, 2003). refinado, e deficientes em proteínas, podem
O índice glicêmico tem sido induzir consumo excessivo de alimentos e,
recomendado para guias de escolhas provocar, conseqüentemente, obesidade
alimentares de pessoas. Estudos clínicos com (Saris, 2003).
indivíduos saudáveis, obesos, diabéticos e Desta forma, ambas, qualidade e
hiperlipidêmicos indicam que o uso de quantidade de carboidrato, influenciam na
alimentos com baixo índice glicêmico resposta glicêmica pós prandial, e a interação
melhoram a sensibilidade à insulina, reduzem entre as duas pode ser sinérgica, promovendo
as concentrações de trialcilgliceróis, levando a ganho de peso, adiposidade visceral e alta
menor risco de desenvolver diabetes e concentração ou mudança na expressão de
doenças cardiovasculares (Gray, 2003; Pi- enzimas lipogênicas (Brand-Miller e
Sunker, 2002). Desta maneira, o objetivo da colaboradores, 2002).
classificação do índice glicêmico é ajudar A alta resposta glicêmica produz
estes indivíduos a planejar melhor a aumento do coeficiente respiratório, com
alimentação (Romero e colaboradores, 2002). preferência na oxidação da glicose resultando
em depósito de triacilgliceróis no tecido
Índice Glicêmico e Obesidade adiposo, e isto ocorre devido à formação de
malonil-CoA, um intermediário da oxidação da
Dietas com alto conteúdo de glicose, que inibe fortemente o transporte de
carboidratos e baixo de gordura podem ácidos graxos para o interior da mitocôndria,
aumentar a glicemia e insulinemia pós prandial resultando em diminuição da oxidação de
(Brand-Miller e colaboradores, 2002), gordura. Ainda, existe a redução do ácido
incremento este relacionado a menor liberação ribonucléico mensageiro (RNAm) da carnitina
de colecistocinina e menor saciedade, tendo o palmitoiltransferase (CTP-1) no fígado, enzima
aumento de peso como conseqüência. Assim, que regula o fluxo de entrada de ácidos graxos
alimentos com alto índice glicêmico podem de cadeia longa para a beta oxidação.

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.199-208, Maio/Jun. 2009. ISSN 1981-9919.
203
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.
ISSN 1981-9919 versão eletrônica
Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício
w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r

Aumento concomitante ocorre da RNAm acetil Ocorrendo por um período de tempo, a


CoA carboxilase hepática, enzima que cataliza hiperglicemia provocada pela dieta pode levar
a formação de acetil CoA. No fígado, o acetil à exaustão das células beta pancreática, e
CoA é um intermediário da lipogênese de novo esta função pode resultar em intolerância à
e é um potente inibidor da CPT-1 (Saris, glicose e diabetes (Jenkins e colaboradores,
2003). 1988). Porém, ainda não está claro se a
Recentemente, a WHO (2003) exaustão das células pancreáticas resulta
publicou recomendações quanto ao estilo de primeiramente da secreção excessiva de
vida, dieta e consumo de alimentos com baixo insulina ou da toxicidade destas células pela
índice glicêmico, sugerindo referenciais com hiperglicemia (Willet e colaboradores, 2002).
evidência científica para obesos. Alguns Willet e colaboradores (2002)
estudos, como o desenvolvido por Spieth e propuseram um mecanismo para o
colaboradores. (2000) com 107 crianças desenvolvimento do diabetes em indivíduos
obesas, comparando a dieta de baixo índice que consomem alimentos com alto índice
glicêmico à dieta com restrição de gordura na glicêmico. Com o passar dos anos podem
obesidade infantil demonstrou maior redução apresentar permanente aumento de
do Índice de Massa Corporal (IMC) em hormônios contra-regulatórios da insulina,
crianças alimentadas com dietas de baixo ocasionando uma elevação dos ácidos graxos
índice glicêmico. livres circulantes pela ativação da lipase
Em outro estudo, com adolescentes hormônio sensível e, com este aumento, da
obesos, se compararam dietas com relação resistência à insulina, da demanda insulínica e
aos carboidratos, índice glicêmico, resposta de conseqüente exaustão das células beta;
insulina e saciedade. O resultado demonstrou ocorre diminuição da insulinização celular e
que o grupo que recebeu dieta de baixo índice resistência à insulina, que pode ser
glicêmico apresentou redução na curva de exacerbada quanto maior for o índice
glicose, menor liberação de insulina e glicêmico da dieta, associado à genética,
saciedade prolongada, sendo que comida estresse e sedentarismo do indivíduo, levando
adicional foi solicitado antecipadamente pelo ao diabetes.
grupo de dieta com alto índice glicêmico (Ball Um estudo epidemiológico prospectivo
e colaboradores, 2003). Nurses’ Health Study, conduzido em 65.173
Assim, a dieta ideal para o controle da mulheres americanas com idade entre 40 e 65
obesidade deveria conter alimentos que anos, demonstrou uma associação positiva
diminuíssem a resposta de insulina (Ludwig, entre o consumo de uma dieta habitual com
2000). Alimentos com alto índice glicêmico elevado índice glicêmico e a incidência de
devem ser desencorajados, pois podem diabetes após seis anos de seguimento. Os
promover manutenção do excesso de peso em autores verificaram que as mulheres que
obesos e também contribuir na etiologia do consumiram dietas com maior carga glicêmica
ganho de peso em pessoas susceptíveis associada ao menor consumo de fibras de
(Roberts, 2000; Gross e colaboradores, 2004). cereais apresentaram maior risco de
Desta forma, recomendam-se alimentos com desenvolverem diabetes quando comparadas
baixo índice glicêmico ou com taxa de às mulheres que referiram dietas habituais
liberação baixa de glicose por serem benéficos com menor carga glicêmica e maiores teores
para este controle de peso, promovendo maior de fibras de cereais (Salmeron e
saciedade e maior oxidação de gordura colaboradores, 1997). Resultados
(Brand-Miller e colaboradores, 2002). semelhantes foram encontrados em 91.249
mulheres jovens (20–44 anos) acompanhadas
Índice Glicêmico e Diabetes pelo Nurses’ Health Study II, onde elevados
valores de índice glicêmico foram associados
Atualmente, são duas as teorias sobre ao risco para diabetes após oito anos de
os efeitos de alimentos com alto índice seguimento (Schulze e colaboradores, 2004).
glicêmico. A primeira o relaciona com elevação No Health Professionals Follow-Up
da glicose e a segunda, com estímulo à Study, estudo americano prospectivo
produção de insulina, com conseqüente conduzido em 42.759 homens entre 40 e 75
hiperinsulinemia, obesidade, e dislipidemia anos de idade, observou-se associação
(Jenkins e colaboradores, 2002). positiva entre o elevado índice glicêmico da

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.199-208, Maio/Jun. 2009. ISSN 1981-9919.
204
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.
ISSN 1981-9919 versão eletrônica
Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício
w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r

dieta e incidência de diabetes após seis anos e o perfil de lipídios. Por outro lado, o comitê
de seguimento (Salmeron e colaboradores, adverte em relação à confiabilidade das
1997). tabelas utilizadas, a necessidade de se
Dietas com baixo índice glicêmico considerar a Carga Glicêmica (CG) e jamais
também reduziram concentrações de HbA em esquecer de outros importantes aspectos da
2810 diabéticos tipo 1, conforme estudo da dieta, como, por exemplo, gorduras e calorias
Associação Européia de Diabetes, com 31 (Connor, 2003). A ADA adota uma postura
grupos de pesquisadores participantes em conservadora, reconhecendo que os
toda Europa (Buyken e colaboradores, 2001). carboidratos diferem quanto à resposta
Crianças portadoras de diabetes tipo 1 glicêmica, o que pode reduzir a hiperglicemia
participaram de um estudo comparativo entre pós prandial, porém, alega que não há
a dieta tradicional e a dieta de baixo índice evidências suficientes do benefício em longo
glicêmico, num total de 104 crianças, com prazo do uso do índice glicêmico, não
idade entre 8 e 13 anos, durante 12 meses, justificando sua implementação como
realizado por Gilbertson e colaboradores estratégia primária (Franz, 2003).
(2001). O resultado foi avaliado medindo as O posicionamento da ADA difere da
concentrações de HbA, que apresentaram britânica anteriormente citada, como também
melhora significante nas crianças com dieta de da EASD, da Associação Canadense de
baixo índice glicêmico, sem qualquer aumento Diabetes e da Associação Australiana de
nos episódios de hipoglicemia. Apesar de não Diabetes, que defendem o consumo de uma
haver diferença na dose de insulina, houve dieta rica em fibras, com alimentos de baixo
melhora acentuada na qualidade de vida índice glicêmico, com o intuito de melhorar a
destas crianças. glicemia e controle de peso (Foster-Powell e
Assim, há inúmeras evidências colaboradores, 2002).
metabólicas e epidemiológicas sugerindo que A colocação do comitê inglês em
a reposição de dietas com alto por dietas com relação ao índice glicêmico se mostra bastante
baixo índice glicêmico pode reduzir o risco de pertinente, pois evidencia a utilidade desta
diabetes e dos episódios de hipoglicemia, ferramenta no melhor controle da glicemia,
dentre aqueles tratados com insulina (Willet e reduzindo assim o risco de complicações
colaboradores, 2002). associadas. Por outro lado, as recomendações
Em meta-análise de ensaios clínicos britânicas relembram a importância da
aleatorizados sobre o efeito do índice alimentação saudável como um todo,
glicêmico no controle metabólico de inserindo o índice glicêmico dentro deste
portadores de diabetes, Brand- Miller e conceito, como mais um item a ser avaliado
colaboradores (2003) verificaram que a (Connor, 2003).
redução da hemoglobina glicosilada (HbA)
entre indivíduos com consumo de dietas de Índice Glicêmico e Dislipidemias
baixo índice glicêmico (média de 65
unidades/dia) foi 7,5% maior do que o Os indivíduos com diabetes tipo 1 e
observado em indivíduos com consumo de tipo 2 correm maior risco de desenvolver
dietas de elevado índice glicêmico (média de doenças cardiovasculares, podendo o
83 unidades/dia). aumento da carga glicêmica levar a uma
Destacando o posicionamento das resistência insulínica que associada a outros
associações voltadas ao estudo do Diabetes, fatores de risco, tais como hipertrigliceridemia
publicou-se recentemente o consenso e baixas concentrações de HDL colesterol,
britânico, com base nas diretrizes da contribuir ainda mais para o aumento deste
Associação Européia para o Estudos de risco (Liu e Willett, 2002).
Diabetes (EASD) e Associação Americana de As dietas com alto índice glicêmico
Diabetes (ADA). O Comitê Inglês reconhece podem também reduzir a captação celular
tanto a atraente teoria que cerca o índice mediada pela insulina, contribuindo com
glicêmico, como suas limitações práticas. longos períodos de hiperinsulinemia,
Independentemente desta controvérsia, o favorecendo o processo de aterosclerose,
posicionamento inglês ressalta que as dietas assim ocorrendo uma maior produção de fator
baseadas no índice glicêmico podem melhorar de necrose tumoral (TNF-alfa) promovendo
o controle da glicemia, a resistência à insulina acúmulo de massa adiposa no indivíduo. A

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.199-208, Maio/Jun. 2009. ISSN 1981-9919.
205
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.
ISSN 1981-9919 versão eletrônica
Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício
w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r

produção de adipocina TNF-alfa está elevada fortalecem a cada dia. Dietas com baixo e alto
em pacientes com história familiar de doenças índice glicêmico têm sido objeto de muitos
cardiovasculares, e sua expressão é estudos e opiniões conflitantes, contudo,
diretamente proporcional à massa adiposa dietas com baixo índice glicêmico têm
(Leeds, 2002). Por outro lado, dietas com demonstrado melhorar o controle da glicose
baixo índice glicêmico estão relacionadas com em indivíduos diabéticos e não diabéticos,
redução da massa adiposa e, isto pode ser um além de diminuir o risco de obesidade e
importante mecanismo no aumento da dislipidemias. A dieta com baixo índice
sensibilidade à insulina, mediada pelo TNF- glicêmico pode ser obtida com o consumo
alfa ou pela resistina (Flier, 2001). abundante de cereais integrais, grãos inteiros,
Em estudos realizados com uma leguminosas, vegetais e frutas.
amostra de 13.907 pessoas, observou-se que Não há dúvidas que o consenso gira
houve redução nas concentrações de HDL em torno de uma intervenção nutricional
com dietas de índice glicêmico elevado (Ford e adequada e individualizada, com base no perfil
Liu, 2001), enquanto o contrário foi observado metabólico, entretanto, convém lembrar que
em dietas com baixo índice glicêmico, com uma dieta equilibrada é composta também de
redução concomitante das concentrações de proteínas e gorduras saudáveis, e não apenas
colesterol total e de colesterol LDL (Leeds, por carboidratos.
2002). Portanto, é importante enfatizar que a
Além disso, a dieta com índice proposta do índice glicêmico oferece uma
glicêmico reduzido apresenta efeito favorável nova expectativa de qualidade de vida e
na interação com drogas utilizadas para melhor controle da doença, com opções de
hiperlipidemias e hipertensão, relacionadas escolhas saudáveis para alimentação. Esta
freqüentemente com diabetes mellitus e dieta deveria ser seguida não apenas por
doenças cardiovasculares. A mesma tem sido diabéticos, mas pela população em geral,
associada à concentrações baixas de ácidos como medida de proteção primária do
graxos não esterificados, que pode ser diabetes e doenças relacionadas.
justificado por um aumento na captação
muscular de glicose, reduzidas sínteses de REFERÊNCIAS
lipoproteínas de densidade muito baixa
(VLDL), apolipoproteína B e lipoproteínas de 1- Ball, S.; Keller, K.; Moyer-Mileur, L.; Ding,
baixa densidade (LDL) e aumento de Y.; Donaldson, D.; Jackson, D. Prolongation of
lipoproteínas de alta densidade (HDL) (Liu e satiety after low versus moderately high
Willett, 2002). glycemic index meals in obese adolescents.
Pediatrics. Vol. 111. Num. 3. 2003. p. 488-494.
Considerações Finais
2- Behall, K.M.; Hallfraisch, J. Plasma glucose
No Brasil, o envelhecimento and insulin reduction after consumption of
populacional associado ao aumento da breads varying in amylase content. Eur J Clin
freqüência do excesso de peso, estilo de vida Nutr. Vol. 56. 2002. p .913-920.
sedentário e modificações no padrão
alimentar, como o aumento do consumo de 3- Bessesen, D.H. The role of carbohydrates in
açúcares e refrigerantes em detrimento das insulin resistance. J Nutr. Vol. 3(Suppl). 2001.
frutas, verduras e legumes, têm sido p. 2782-2786.
apontados como possíveis fatores envolvidos
no incremento da ocorrência do diabetes nos 4- Brand-Miller, J.; Hayne, S.; Petocz, P.;
últimos anos. Assim, independentemente dos Colagiuri, S. Low-glycemic index diets in the
fatores associados com a genética do management of diabetes. Diabetes Care. Vol.
indivíduo, existe um papel de extrema 26. Num. 8. 2003. p. 2261-2267.
importância da dieta sobre os processos de
desenvolvimento das doenças crônico- 5- Brand-Miller, J.; Holt, S.H.A.; Pawlak, D.B.;
degenerativas. Micmillan, J. Glycemic index and obesity. Am J
As evidências cientificas que apóiam a Clin Nutr. Vol. 76(Suppl). 2002. p. 281-285.
importância dos efeitos da alimentação nas
respostas glicêmicas e insulínicas se

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.199-208, Maio/Jun. 2009. ISSN 1981-9919.
206
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.
ISSN 1981-9919 versão eletrônica
Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício
w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r

6- Brasil. Ministério da saúde. Cadernos de 17- Gilbertson, H.R.; Brand-Miller, J.C.;


atenção Básica: Hipertensão Arterial sistêmica Thorburn, A.W.; Evans, S.; Chondros, P.;
– HAS e Diabetes mellitus – DM. Protocolo. Werther, G. The effects of flexible low glycemic
Brasil: 2001. index dietary advice versus measured
carboydrate exchange diets of glycemic control
7- Buyken, A.; Toeller, M.; Heitkamp, G.; in children with type 1 diabetes. Diabetes
Karamanos, B.; Rottiers, R.; Muggeo, M. Care. 2001; Vol. 24. 2001. p. 1137-1143.
Glycemix index in the diet of European
outpatients with type 1 diabetes: relations to 18- Gordon, T.; Castelli, W.P.; Hjortland, M.C.;
glycated haemoglobin and serum lipids. Am J Kannel, W.B.; Dawber, T.R. High density
Clin Nutr. Vol. 73. Num. 3. 2001. p. 574-581. lipoprotein as a protective factor against
coronary heart disease: the Framingham
8- Connor, H. The implementation of nutritional Study. Am J Med. Vol. 62. 1977. p. 707-714.
advice for people with diabetes. Diabetes UK.
Diabetic Medicine. Vol. 20. 2003. p. 786-807. 19- Gray, J. Carboydrates: Nutritional and
Health Apects. ILSI Europe Consice
9- Costa, R.S.; Silva, C.C. Doenças Monograph Series, 2003.
cardiovasculares. In: Cuppari L. Nutrição:
nutrição clínica no adulto. ed. São Paulo, 20- Gross, L.S.; Ford, L.L.E.S.; Liu, S.
Manole; 2002. p.263-88. Increased consumption of refined carboydrates
and the epidemic of type 2 diabetes in the
10- Daly, M. Sugars, insulin sensitivity, and the United States: an ecologic assessment. Am J
postprandial state. Am J Clin Nutr. Vol. Clin Nutr. Vol. 79. 2004. p. 774-779.
78(Suppl). 2003. p. 865-872.
21- Jenkins, A.L.; Jenkins, D.J.; Zdravlovic, U.;
11- Flier, J.S. Diabetes, the missing link with Wursch, P.; Vuksan, V. Depression of the
obesity? Nature. Num. 409. 2001. p. 292-93. glycemic index by high levels of beta-glucan
fiber in two functional foods tested in type 2
12- Food and Agriculture Organization (1998), diabetes. Eur J Clin Nutr. Vol. 56. Num. 7.
Carbohydrates in human nutrition. Report of an 2002. p. 622-628.
FAO/WHO Expert Consultation on
Carbohydrates. April 14-18. Rome, Italy. 22- Jenkins, D.J.; Wolever, T.M.; Taylor, R.H.;
Rome:FAO. Barker, H.M.; Fielden, H.; Baldwin, J.M.; e
colaboradores. Glycaemic index of foods: a
13- Ford, E.S.; Liu, S. Glycemic index and physiological basis for carbohydrate exchange.
serum high-density lipoprotein colesterol Am J Clin Nutr. Vol. 34. 1981. p. 362-366.
concentration among us adults. Arch Intern
Med. Vol. 161. Num. 4. 2001. p. 572-576. 23- Jenkins, D.J.; Wolever, T.M.; Buckley, G.;
Lam, K.Y.; Giudici, S.; Kalmusky, J.; e
14- Foster-Powell, K.; Brand-Miller, J.C. colaboradores. Low-glycemic-index starchy
International table of glycemic index. Am J Clin foods in the diabetic diet. Am J Clin Nutr. Vol.
Nutr. Vol. 62(Suppl). 1995. p. 971-893. 48. 1988. p. 248:254.

15- Foster-Powell, K.; Holt, S.H.A.; Brand- 24- King, H.; Aubert, R.E.; Herman, W.H.
Miller, J.C. International table of glycemic index Global burden of diabetes, 1995 – 2025.
and glycemic load values: 2002. Am J Clin Diabetes Care. Vol. 21. Num. 14. 1998.
Nutr. Vol. 76. 2002. p. 55-56.
25- La Rosa, J.C.; Grundy, S.M.; Waters, D.D.;
16- Franz, M. American Diabetes Association Shear, C.; Barter, P.; Fruchart, J.C.; e
(ADA) Evidence-based Nutrition Principles and colaboradores. Treating to New Targets (TNT)
Recommendations for the Treatment and Investigators. Intensive lipid lowering with
Prevention of Diabetes and Related atorvastatin in patients with stable coronary
Complications. Diabetes Care. Vol. 25. 2003. disease. N Engl J Med. Num. 352. 2005. p.
1425-1435.

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.199-208, Maio/Jun. 2009. ISSN 1981-9919.
207
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.
ISSN 1981-9919 versão eletrônica
Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício
w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r

26- Leeds, A.R. Glycemic index and heart mellitus. Endocrinol Nutr. Vol. 49. Num. 7.
disease. Am J Clin Nutr. Vol. 76(Suppl). 2002. 2002. p. 232-239.
p. 286-289.
38- Salmeron, J.; Ascherio, A.; Rimm, E.B.;
27- Leite, J.I.A.; Oliveira, D.R.; Peluzio, M.C.G. Colditz, G.A.; Spiegelman, D.; Jenkins, D.J.
Dislipidemias. In: Neto, FT. Nutrição clínica. Dietary fiber, glycemic load, and risk of NIDDM
São Paulo, Guanabara-Koogan; 2003. p.196- in men. Diabetes Care. Num. 20. 1997. p. 545-
211. 550.

28- Liu, S.; Willett, W. Dietary glycemic load 39- Salmeron, J.; Manson, J.E.; Stampfer,
and atherothrombotic risk. Curr Atheroscler M.J.; Colditz, G.A.; Wing, A.L.; Willett, W.C.
Rep. Vol. 4. Num. 6. 2002. p. 454-461. Dietary fiber, glycemic load, and risk of non-
insulin-dependent diabetes mellitus in women.
29- Ludwig, D.S. Dietary Glycemic index and JAMA. Num. 277. 1997. p. 472-477.
obesity. J Nutr. Num. 130(Suppl.2). 2000. p.
280-283. 40- Santos, R.D.; Spósito, A.C.; Maranhão,
R.C. Lipidemia pós-prandial e risco de doença
30- Ludwig, D.S.; Eckel, R.H. The glycemic coronária. Aterosclerosis. Num. 12. 2001. p.
index at 20 y. Am J Clin Nutr. Num. 76(Suppl). 13-18.
2002. p. 61-67.
41- Saris, W.M. Sugars, energy metabolism,
31- Mokdad, A.H.; Bowman, B.A.; Ford, E.S.; and body weight control. Am J Clin Nutr. Num.
Vinicor, F.; Marks, J.S.; Koplan, J.P. The 78. 2003. p. 850-857.
continuing epidemics of obesity and diabetes
in the United States. JAMA. Vol. 286. Num. 10. 42- Schenk, S.; Davidson, C.J.; Zderic, T.W.;
2001. p. 1195-1200. Byerley, L.O.; Coyle, E.F. Different glycemic
indexes of breakfast cereals are not due to
32- Oliveira, C.L.; Mello, M.T.; Cintra, I.P.; glucose entry into blood but to glucose
Fisberg, M. Obesidade e síndrome metabólica removal by tissue. Am J Clin Nutr. Num. 78.
na infância e adolescência. Rev Nutri. Vol. 17. 2003. p. 742-748.
Num. 2. 2004. p. 237-245.
43- Schulze, M.B.; Manson, J.E.; Ludwig, D.S.;
33- Ostman, E.M.; Liljeberg, E.H.G.M.; Bjork, Colditz, G.A.; Stampfer, M.J.; Willett, W.C.
I.M.E. Inconsistency between glycemic and Sugar-sweetened beverages, weight gain, and
insulinemic responses to regular and incidence of type 2 diabetes in young and
fermented milk products. Am J Clin Nutr. Num. middle-aged women. JAMA. Num. 292. 2004.
74. 2001. p. 96-100. p. 927-934.

34- Pereira, M.A.; Pins, J.J. Fibra alimentar e 44- Silva, R.A.; Kanaan, S.; Silva, L.E.;
doença cardiovascular: avanços experimentais Peralta, R.H.S. Estudo do perfil lipídico em
e epidemiológicos. Curr Atheroscler Rep crianças e jovens do ambulatório pediátrico do
Brasil. Num. 1. 2001. p. 37-46. Hospital Universitário Antônio Pedro associado
ao risco de dislipidemias. J Bras Patol Med
35- Pi-Sunyer, F.X. Glycemic index and Lab. Vol. 43. Num. 2. 2007. p. 95-101.
disease. Am J Clin Nutr. Num. 76(Suppl).
2002. p. 290-298. 45- Spieth, L.; Harnish, J.; Lenders, C.;
Raezer, L.; Pereira, M.; Jan, H. A low-glycemic
36- Roberts, S.B. High-glycemic index foods, index diet in the treatment of pediatric obesity.
hunger, and obesity: Is there a connection? Arch Pediatr Adolesc Med. Vol. 154. Num. 9.
Rev Nutr. Vol. 58. Num. 6. 2000. p. 163-169. 2000. p. 947-951.

37- Romero, L.G.; Charro, A.L.; Calle-Pascual, 46- Stamler, J. Epidemic obesity in the United
A.A.L. Índice glucémico y tratamiento States. Arch Intern Med. Num. 153. 1993. p.
nutricional de las personas com diabetes 1040-1044.

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.199-208, Maio/Jun. 2009. ISSN 1981-9919.
208
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.
ISSN 1981-9919 versão eletrônica
Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício
w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r

47- Traver, P.S. The clinical utility of glycemic


index in the treatment of typo 2 diabetes.
Nutrition in Clinical Pratice. Num. 16. 2001. p.
330-334.

48- University of Sidney, GI web site, 2003.

49- Willet, W.; Manson, J.; Liu, S. Glycemic


index, glycemic load, and risk of type 2
diabetes. Am J Clin Nutr. Num. 76(Suppl)
2002. p. 274-280.

50- Willet, W.C.; Stampfer M.J. Rebuilding the


food pyramid. Sci Am. Vol. 288. Num. 1. 2003.
p. 64-71.

51- Wolever, T.M.S. Effect of blood sampling


schedule and method of calculating the area
under the curve of validity and precision of
glycaemic index values. British J Nutr. Num. 9.
2004. p. 295-300.

52- Wolever T.M.S. The glycemic index. World


Revi Nutr Diet. Num. 62. 1990. p. 120-85.

53- World Health Organization. Diabetes


Mellitus Fact Sheet 138. http://www.who.
int/mediacentre/factsheets/fs138/en/print.html,
2005.

54- World Health Organization. Report of a


Joint FAO/WHO Expert Consultation: diet,
nutrition and prevention of chronic diseases.
Geneva 2003; 916:1-333.

Recebido para publicação em 10/06/2009


Aceito em 02/07/2009

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.199-208, Maio/Jun. 2009. ISSN 1981-9919.

You might also like