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IMUNOLOGIA – P1 Lichotti e Braunei – 2018.

O sistema imunológico – Noções Gerais

O sistema imunológico é um mecanismo de defesa do nosso organismo contra os patógenos


(invasores). Para que esse mecanismo funcione ele necessita estar equilibrado, pois
desequilíbrios na sua distribuição ou função tendem a desfavorecer o hospedeiro frente ao
invasor.

Quando esse mecanismo percebe que não vai conseguir eliminar o patógeno, ele cria
mecanismos de controle, como se fosse uma negociação com o invasor, com o objetivo de
garantir o maior tempo de vida para o hospedeiro. É importante destacar esse mecanismo de
controle, pois senão poderia ocorrer reações exacerbadas oriundas do sistema imunológico, o
que não iria trazer benefícios para o hospedeiro.

O sistema imune é formado por diversas células divididas em:

• Células residentes: células dendríticas, macrófagos e mastócitos.


• Células circulantes: monócitos, células NK (natural killer), células dendríticas,
granulócitos (neutrófilo, eosinófilo e basófilo) e linfócitos (TCD4+, TCD8+, B-1 e B-2).

Essas células são ainda classificadas como:

• Células degranuladoras: células NK, mastócitos, eosinófilos e basófilos.


• Células fagocíticas: monócitos, macrófagos e neutrófilos.

Dentre os linfócitos existentes o linfócito TCD4+ é o mais importante do sistema imune e


possíveis desequilíbrios desse linfócito afetam o sistema imunológico como um todo.

• No caso do HIV a célula afetada é o linfócito TCD4+, o que gera um desequilíbrio do


sistema imune.

As células circulantes são encontradas tanto no sangue (nos vasos venosos), quanto nos
tecidos e órgãos linfoides, incluindo os vasos linfáticos. No trajeto sanguíneo também há um
órgão linfoide secundário, o baço. Já no trajeto linfático há os gânglios linfáticos, que também
são órgãos linfáticos secundários.

Há ainda as amigdalas e adenoide, que não são órgãos linfáticos secundários, mas sim tecidos
linfáticos associados a mucosa. Esses tecidos são importantes para combater infecções na sua
região específica.

Os órgãos linfoides primários são a medula óssea, que produz todas células (menos os
linfócitos T) e o timo (órgão que faz a maturação do linfócito T).

A resposta imune é então dividida em:

INATA ADAPTATIVA
Componentes celulares Todos, menos os linfócitos Linfócitos
Componentes humorais Proteínas de fase aguda, proteínas Anticorpos (linfócitos B),
do sistema complemento, citocinas citocinas e mediadores lipídicos.
e mediadores lipídicos.
Tipos de antígenos reconhecidos PAMPs (padrões moleculares Antígenos timo-dependentes
associados a patógenos) (peptídeos)
Reconhecimento: especificidade Baixa Alta
Reconhecimento: diversidade Limitada Ampla
Memória Ausente Presente
Auto tolerância Ausente Presente
Autorregulação Ausente Presente
• PAMPs (padrões moleculares associados a mucosa) é qualquer molécula, geralmente
superficial, que é compartilhada por patógenos da mesma família. Em 99% dos casos
não são feitas de aminoácidos, logo não são proteínas.

As células fagocíticas (monócitos, macrófagos e neutrófilos) da imunidade inata degradam


antígenos por ação de enzimas (proteases), quebrando as proteínas e expondo os peptídeos
para o linfócito T, fazendo também o papel de célula apresentadora de antígeno (APC).

• Nota-se que apenas os linfócitos T necessitam da APC, já os linfócitos B não


necessitam.

Essa célula apresentadora de antígeno (APC) possui um mecanismo para conseguir apresentar
o peptídeo para o linfócito T, esse mecanismo leva o nome de MHC – molécula do complexo
principal da histocompatibilidade (uma mão que segura o antígeno e apresenta ao linfócito T).

• MHC existe em duas classes: 1 e 2, para linfócito TCD4 e TCD8.


• MHC só pode estar associado a um peptídeo por vez, ainda que suas mãos não sejam
específicas, ou seja, ainda que outro peptídeo seja compatível, MHC precisa estar
disponível.

Para que o linfócito T reconheça o peptídeo apresentado pela APC via MHC, esse linfócito deve
expressar um receptor de T (TCR), mas no caso dos receptores, eles são específicos para um
peptídeo, sendo assim monovalentes.

• Nascemos com linfócito T capazes de reconhecer todos os peptídeos, como vírus da


hepatite, HIV, etc.

Concluímos então, que a resposta imune é iniciada pelo sistema imune inato através das
células fagocíticas (mais pelos macrófagos) que reconhecem os PAMPs e tentam fagocitá-los.

Há ainda os linfócitos primitivos, que tem tendência para a imunidade inata. Esses são células
residentes que não passam por seleção durante a sua formação. São capazes de reconhecer
antígenos timo-independentes (TI), mas tem como característica a ausência de memória, auto
tolerância e de autorregulação.

• Tipos de linfócitos primitivos: linfócitos B-1 e linfócitos T não clássicos (tipo de TCR: +
γδ e CD4- CD8- (dupla negativas).

Os elementos da resposta imune envolvem diferentes tipos celulares locais e sistêmicos que
participam de fases aferente e eferente da resposta imune, em outras palavras, além da
imunidade inata e adquirida, as células parênquimais do órgão afetado e o cérebro (áreas
nobres) também estão envolvidos na resposta imune.

Mecanismos naturais de defesa – barreiras físicas, químicas e microbiológicas

Mecanismos naturais de defesa, que não pertencem ao sistema imune, podem ser barreiras
inatas físicas, químicas ou microbiológicas (microbiota humana).
A pele é uma barreira inata, sendo a principal barreira mecânica, já que possui um tecido
estratificado, diferente da mucosa que possui tecido simples. A pele ainda apresenta uma
barreira química por conta das glândulas sebáceas e sudoríparas que desfavorecem o
ambiente para os antígenos.
• A pele íntegra é intransponível ao patógeno.
Ainda que a pele apresente barreira química, a mucosa é mais resistente nesse sentindo, visto
que ela apresenta produção de muco e outros compostos químicos que combatem os
patógenos.
• Um exemplo é o pH ácido do estômago, que desidrata os patógenos. Ou ainda a
produção de muco pelas células caliciformes do trato respiratório, que empacotam as
substancias estranhas para posterior eliminação.
A histologia normal do trato gastrointestinal também é uma barreira para os patógenos. Como
cada porção do trato gastrointestinal tem características diferentes, como pH ácido do
estômago, o revestimento desse trato, principalmente na porção intestinal, é um bom
componente do sistema natural de defesa.
São características da histologia intestinal:
• Firme aderência intercelular
• Atividade digestiva
• Capacidade regenerativa
• As células de Paneth (TLR+ e NOD+): Defensinas do tipo alfa, lisozima, PLA2 e citocinas
inflamatórias.
o Células de Paneth são células do sistema digestório capazes de reconhecer os
PAMPs e avisar as células residentes da imunidade inata (macrófagos
residentes abaixo das células de Paneth) via citocinas, que há um patógeno
tentando entrar, deixando o sistema imune pronto para desempenhar sua
função.
o As células de Paneth começam a produzir defensinas e substancias
antimicrobianas em resposta ao reconhecimento dos PAMPs.
• Células caliciformes: produção de muco (um gel de lipoproteínas mucinas, peptídeos
trefoil e fosfolipídios surfactantes).
• A presença de uma microbiota normal: manutenção anatômico-funcional do trato
intestinal. A disbiose altera e é prejudicial a diversas reações, sendo alterada por
diversos fatores como obesidade, transtorno psiquiátrico, consumo excessivo de
álcool. Uma boa microbiota retarda o envelhecimento.

A importância dessas características se dá pelo fato do intestino ser uma área passível de
infecção caso o patógeno consiga resistir a todo o caminho anterior. Assim, pessoas que fazem
o uso excessivo de antiácidos podem alterar o pH estomacal e abrir uma porta para entrada de
patógenos, isso ocorre também com pessoas que retiraram a vesícula biliar e tem menos bile
disponível quando há muito lipídeo na dieta. Ainda assim, o patógeno necessita passar pelo
muco e pela integridade das células do intestino para consegui entrar no organismo.

Ha uma diferença entre patogênese (promotores de doença) e proteção (promotores de


saúde) e isso pode ser exemplificado com as diferenças de uma criança que nasce via parto
normal e via parto cesárea.
• Quando a mulher engravida, o pH vaginal torna-se mais ácido para que possa crescer
lactobacilos, sendo que dentre eles muitos são promotores de saúde (todos os
promotores de saúde são lactobacilos).
• No parto cesáreo há a retirada rápida da criança sem passar pela vagina, enquanto que
no parto normal, a criança passa pela vagina da mãe e faz a lambedura vaginal (as
vezes até do períneo) fazendo com que já haja um fornecimento de uma comunidade
protetora da vagina e do períneo da mãe para a criança, fato que não ocorre no parto
cesáreo.
o A microbiota adquirida dessa forma é essencial para a criança e elas se alojam
no colón do bebe (até elas se estabelecerem no colón do bebe, é normal que a
criança tenha cólicas).
o O leite da mulher que irá alimentar essa microbiota adquirida pela criança
(dessa forma, é ainda pior se a criança nascer de cesárea e não tomar leite
humano, mesmo que não seja a mãe de fato, mas sim, pasteurizado).

Probióticos
• Definição: Complementos dietéticos a de microrganismos vivos que são encontrados
na microbiota normal do intestino (colón).
• A fonte desses probióticos são os derivados do leite fermentado (queijos, iogurtes,
etc.).
• Características: inócuas (inofensivas), resistentes ao suco gástricos e aos sais biliares,
metabolizam carboidratos (ácidos láticos e ácidos graxos de cadeias curtas) e tem
capacidade de aderir e colonizar o epitélio do colón (quanto mais cedo for essa adesão
é melhor, pois já vai combatendo os patógenos – por isso o parto vaginal é importante,
pois a adesão é mais rápida).
• Funções biológicas: Tem 9 funções importantes, sendo as destacadas:
o Reduz resposta inflamatória local (quando ela é excessiva).
o Participa da “educação imune”, ou seja, fazem o sistema imune não atacar o
que é próprio.
o Induz a secreção de mucinas (através do reconhecimento de PAMPs pelo
sistema imune).
o Sintetizam e secretam substancias que matam patógenos ou inibem suas
toxinas.
o Degradam moléculas potencialmente alergênicas ou carcinogênicas.
o Competem por sítios de adesão e/ou fatores nutricionais.
o Elevam a expressão de enzimas envolvidas no reparo celular local do
hospedeiro.
o Produzem vitamina K e do complexo B.
o Os probióticos induzem as células reguladoras.
o Induzem células B produtoras de IgA (em nível de mucosa).
▪ Imunoglobulinas ou anticorpos: IgA, IgE, IgG, IgM e IgD. Somente o IgA
está presente na mucosa. Quem teve parto cesárea, ou aleitamento
materno não suficiente apresentam menos IgA. Tendo tendência a
agravar doenças simples.

Tipos de resposta imune:


• Passiva: Transmissão vertical e suporte terapêutico clínico; soros antiofídicos,
transferência pela placenta.
• Ativa: Infecção e imunização (Ag induz a resposta imune, seja por vacina ou por
infecção).

A reação inflamatória é a cooperação entre os mediadores da imunidade natural (inata) e


específica (adquirida). São eventos moleculares da inflamação: dor, calor, rubor, perda de
função e inchaço.
O que aciona a reação inflamatória são os PAMPs dos patógenos que conseguem entrar, logo,
se tem uma inflamação, quer dizer que um antígeno entrou, o que mostra que as barreiras
foram ultrapassadas.
• Há inflamação mesmo sem a invasão de patógeno, nesse caso, substancias do próprio
tecido que não são comumente expostas ao sistema imune aparecem (seja por lesão
tecidual ou outra lesão), sendo reconhecidas pela imunidade inata via os DAMPs.
Etapas da resposta imune:
• Cognitiva: Reconhecimento dos antígenos
• Ativação: Montagem da maquinaria de defesa
• Efetora: Ação direta dos mecanismos de defesa (eliminação do agressor)
• Memória imunológica: Alterações genotípicas/fenotípicas que garantem uma resposta
qualitativamente e quantitativamente mais eficiente ao reencontro com o agente
agressor.

Distúrbios do sistema imune e doenças atreladas:


• Maior suscetibilidade a doenças infecciosas (imunodeficiência congênita ou
adquiridas)
• Desenvolvimento de doenças autoimunes.
• Desenvolvimento de neoplasias
• Desenvolvimento de reações alérgicas
• Doenças cardiovasculares e doenças psiquiátricas (vai abrir optativa sobre isso).

Imunidade Inata – Inflamação

Os sintomas de processo inflamatório incluem: calor, tumor, rubor e dor.

Obs.: há processos inflamatórios que não são locais, como quando ocorre uma infecção mais
severa. Nesses casos a sintomatologia é caracterizada por alterações no corpo todo, como
febre.

Apesar de termos barreiras epiteliais, há uma variedade de microrganismos que conseguem


atravessar ou colonizar esse epitélio. Essa capacidade de atravessar ou colonizar o epitélio
define a virulência do microrganismo, ou seja, a capacidade de gerar dano ao indivíduo.

Uma vez atravessada a barreira epitelial, os microrganismos invasores encontram as células


residentes do sistema imune (Mastócito, macrófago e células dendríticas) que iniciam a
resposta imunológica. A interação física entre o antígeno e a célula de defesa, através do
reconhecimento dos PAMPs (padrões moleculares associados a patógeno), é essencial para o
início da resposta imune.
Obs.: nosso sistema imune é capaz de reconhecer células do nosso próprio organismo que não
são expostas ao sistema imune normalmente. Esse mecanismo explica a inflamação que segue
um dano tecidual, como a tendinite. Nesses casos, as estruturas reconhecidas são os DAMPs.

Os PAMPs e os DAMPs são reconhecidos por receptores de padrões (ou famílias), sendo que
esses receptores podem estar na membrana, no citoplasma, na membrana endossômica ou
em outros locais da célula.

O processo se inicia quando as células residentes (macrófagos e células dendríticas)


reconhecem os PAMPs ou DAMPs, iniciando o processo de produção de mediadores que
promoverão alterações vasculares que permitem a chegada de mais células ao local.

Os mediadores produzidos por essas células são:

• Oxido nítrico
• Citocinas e quimiocinas: TNF-alfa, IL-1, IL-6, IL-12, IL-8
• Mediadores lipídicos: leucotrienos, prostaglandinas.
• Fator de agregação plaquetária (PAF)
• Histamina

CITOCINAS: quando a célula é ativada, ela produz TNF-alfa, IL-1, IL-6, IL-12, IL-8, sendo que as
três primeiras são consideradas a tríade inflamatória (TNF-alfa, IL-1 e IL-6). Essas citocinas são
liberadas e são capazes de ativar outras células que possuem receptores para elas, sendo que
essa ativação é independente do reconhecimento do PAMP pela célula que está sendo
ativada, o que caracteriza uma reação em cadeia. Além disso, as citocinas da tríade
inflamatória também têm ação em células endoteliais, o que causa o aumento da expressão
de moléculas de adesão e o aumento da permeabilidade vascular.

FATOR DE AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA (PAF): também é capaz de aumentar a permeabilidade


capilar, mas causa ainda vasodilatação local pelo relaxamento do citoesqueleto das células
epiteliais, o que faz com que essas células relaxem. Ele estimula ainda a agregação plaquetária,
ativação e degranulação de neutrófilos e estimula a enzima fosfolipase A2.

• A enzima fosfolipase A2 converte o fosfolipídio de membrana em ácido araquidônico,


que é precursor do leucotrieno, prostaglandina e tromboxano.
• A via de formação de leucotrieno apresenta a enzima lipoxigenase.
• A via de formação de prostaglandina e tromboxano apresenta a enzima cicloxigenase
2 (COX-2). É importante entender essa via, pois há medicamentos que agem sobre
essa enzima, como por exemplo o AS, com a finalidade de impedir a formação de
trombos.
• As prostaglandinas estão associadas a vasodilatação e a dor.
• Os leucotrienos estão associados a quimiotaxia de neutrófilos e ao aumento da
permeabilidade vascular.
• Os tromboxanos estão associados a formação de trombos.

HISTAMINA: a principal fonte de histamina são os mastócitos, sendo que ela é continuamente
produzida por essas células e armazenadas em grânulos no seu interior, esse armazenamento
permite uma liberação acentuada de histamina quando essa célula é estimulada. A
estimulação para liberação ocorre por citocinas, neuropeptídios e por proteínas derivadas da
ativação do sistema complemento.
• As principais ações da histamina envolvem dilatação arteriolar, aumento da
permeabilidade dos capilares venosos, contração da musculatura lisa dos brônquios
e do intestino.

Recrutamento de Leucócitos

Quando os macrófagos reconhecem os PAMPs dos microrganismos invasores eles começam a


produzir e liberar mediadores. A liberação desses mediadores, principalmente as citocinas da
tríade inflamatória e do PAF, causam vasodilatação local, aumento da expressão de
moléculas de adesão e aumento da permeabilidade vascular (por causar alteração do
citoesqueleto das células epiteliais). Sendo assim, a vasodilatação implica numa diminuição da
velocidade do fluxo sanguíneo no local, permitindo que os leucócitos sofram um processo de
marginação, passando a ficar próximos das paredes endoteliais. Com isso, ocorre a adesão dos
leucócitos com as moléculas de adesão numa ligação fraca via a selectina, fazendo com que os
leucócitos rolem (mecanismo de rolling – rolamento) por ligarem e desligarem, diminuindo a
velocidade deles. Quando as quimiocinas produzidas pelos macrófagos ativam as integrinas, a
ligação com o as moléculas de adesão se tornam estáveis, permitindo a migração dos
leucócitos para o tecido conjuntivo seguindo a quimiotaxia.

Recrutamento e ativação de células que poderão então digerir patógenos

Fagocitose: monócitos (se diferenciam em macrófagos no tecido lesado), macrófagos e


neutrófilos.

A fagocitose é o processo pelo qual o fagócito reconhece os patógenos por receptores e


capturam o patógeno para o seu interior por evaginação da sua membrana. A internalização
desse patógeno forma uma vesícula chamada de fagossomo dentro do fagócito. A medida que
esse fagossomo se desloca pelo citoplasma do fagócito há alterações do pH que favorecem a
ativação de enzimas como a fagocito oxidase (NADPH oxidase). Essa enzima NADPH oxidase é
capaz de metabolizar oxigênio formando radicais livres (íons superóxidos). Esses radicais livres
já atuam degradando o patógeno presente no fagossomo. O deslocamento do fagossomo
também permite a fusão com o lisossomo da célula, formando o fagolisossoma. Após essa
fusão, as enzimas lisossomais atuam sobre o patógeno, degradando-o. Há ainda a enzima
oxido nítrico sintase induzível, que forma oxido nítrico (NO) que é toxico para os
microrganismos e quando combinado com os radicais livres fica mais toxico ainda.

Componentes microbicidas:

• Enzimas
• Peptídeos antimicrobianos.
• Radicais livres de oxigênio (ROS)
• Oxido nítrico (NO).
• Produtos da reação de NO e ROS.

Os neutrófilos têm muitos grânulos com enzimas (umas que macrófago não tem). Esses
grânulos comportam peptídeos antimicrobianos e arsenal enzimático. Os neutrófilos
possuem, por exemplo, defensinas, lisozimas, enzimas hidrolíticas.

Os neutrófilos degranulam (não precisando internalizar o patógeno) e matam por fagocitose


(internalizando o patógeno), além de fazerem a NET.
Todo processo inflamatório gera algum grau de lesão tecidual. O neutrófilo degranula, fazendo
com que auxilie na eliminação da ameaça, além da fagocitose. Caso haja uma fase aguda e
uma recuperação desse processo inflamatório, esse tecido volta a ser o que era antes. Caso
não seja regulado, esse processo inflamatório leva a fibrose (inflamação crônica), podendo
levar a perda da funcionalidade desse tecido. A fibrose acontece por conta do excesso de
produção de proteínas matriz pelos neutrófilos.
Obs.: O processo inflamatório visa recuperar o tecido.
Obs.: Leucocitose é o aumento dos glóbulos brancos, indicando uma maior necessidade
medular de produzir células de defesa para combater um corpo estranho (self ou não self).

NET: Armadilha extracelular de neutrófilos: é a terceira forma de atuação dos neutrófilos


(além da degranulação e da fagocitose).
Dependendo do estimulo e do local, o neutrófilo é ativado e sofre alterações que leva a perda
de integridade de todas as suas membranas (internas e externas), ativa proteínas que
modificam proteínas do núcleo, entre elas as histonas (que se enovelam junto com o DNA).
Com a perda da integridade, o material genético que estava condensado extravasa do núcleo e
descondensa, fazendo com que as fibras de DNA se espalhem por dentro da célula. Com a
perda de integridade dos grânulos, as enzimas disponíveis ficam presas na fibrina de DNA.
A NET tem o poder de capturar, imobilizar e forçar o contato do patógeno com as enzimas
presas a eles. Alguns fungos e bactérias são sensíveis a esse mecanismo. Isso ocorre dentro do
tecido. Isso também pode ser deletério, uma vez que expõe DAMPs, estruturas que
geralmente não estão disponíveis. O estimulo para que a NET ocorra pode ser o mesmo da
fagocitose, geralmente ocorre quando a fagocitose é dificultada.
• Netose (é a forma de morte da célula por NET).
• Apoptose é a morte celular programada.
• Necrose é um dano que mata a célula, o processo de morte é diferente.

Obs.: Na apoptose não há liberação de nada, já na necrose o que está dentro da célula é
liberada no meio. Na netose é a célula que morre por fazer NET.

SISTEMA COMPLEMENTO – AULA VERA

O sistema complemento é constituído de 19 glicoproteínas produzidas pelo fígado que tem


atividade enzimática e biológica. Esse sistema pode ser iniciado a partir de três vias: via
clássica, via alternativa ou via das lectinas.

• As vias de ativação do sistema complemento possuem coisas comuns as três vias,


como C3 convertase, C3a, C3b, C5 convertase, C5a e C5b.

A via alternativa juntamente com a via das lectinas são as vias possíveis de acontecer na
imunidade inata, enquanto a via clássica necessita que o antígeno esteja preso a anticorpos (é
necessário a ativação da imunidade adaptativa).

As proteínas do complemento se combinam e formam um complexo que tem atividade


enzimática sobre outras proteínas. Durante esse processo, toda proteína do complemento,
quando é quebrada, gera fragmentos “a” e “b”, sendo que os fragmentos “a” não atuam nas
vias de ativação sistema complemento, já o fragmento “b” continua na via e são adsorvidos na
superfície celular.
Formas pelas quais se iniciam o sistema complemento:

• Via alternativa: inicia com a proteína C3 que é uma proteína sensível a hidrolise pela
água e gera o fragmento C3a e C3b. O C3b tem afinidade por membranas ou
superfícies celulares (ela pode se aderir as nossas células, porem nossas células
possuem uma serie de proteínas de membrana insolúveis que deslocam as proteínas
do complemento, somente na superfície dos patógenos). Ao fragmento C3b se associa
o Fator B (tem afinidade pelo C3b). o Fator D quebra o fator B, formando Ba e Bb. O
complexo C3bBb tem atividade enzimática sendo chamado de C3 convertase. C3
convertase quebra C3 em maior quantidade que a hidrolise, gerando muitos
fragmentos C3b e C3a. Os fragmentos C3b se ligam ao C3bBb, formando a C5
convertase (C3bBbC3b) que quebra a C5 em C5a e C5b.
• Via da lectina (nome genérico para proteínas que tem afinidade por carboidratos):
essa via se inicia a partir da proteína ligadora de manose (substância super comum
presente na superfície microbiana – principalmente fungos). As proteínas ligadoras de
manose possuem subunidades que são proteases na sua estrutura e quando essa
proteína se liga a manose, ela sofre uma alteração conformacional e as enzimas
(proteases) são ativadas e acabam tendo atividade enzimática sobre as proteínas do
complemento. As enzimas da proteína ligadora de manose quebram C4 e C2 em C4a,
C4b, C2a e C2b. Os fragmentos C4b e C2b se ligam e formam a C3 convertase que
quebra C3 em C3a e C3b. C3b se liga à C4bC2b e forma C4bC2bC3b (C5 convertase)
que quebra C5 em C5a e C5b.
• Via clássica (primeira a ser descoberta e dependente do antígeno ligado a um
anticorpo): é igual a via da lectina, mas ela se inicia com a proteína C1 que possui
subunidades enzimáticas. A proteína C1 se liga ao anticorpo que está ligado ao
antígeno para sofrer a alteração conformacional e ativar as enzimas. O resto da cadeia
é igual, quebrando C4 e C2.

Obs.: nada impede que os fragmentos b vão se prendendo a superfície microbiana toda, ou
seja, ele pode se associar a outra proteína ou se ligar a superfície microbiana.

COMPLEXO DE ATAQUE A MEMBRANA (MAC) – ocorre a partir do C5b: A proteína C5b se


junta a proteína C6 que por sua vez se junta a proteína C7. A proteína C7 já começa a se inserir
na membrana por ter aminoácidos hidrofóbicos, então ela vai fugir do meio extracelular para o
meio intracelular. Ao C7 se liga a proteína C8 (que também se insere na membrana) e a
proteína C8 se liga a proteína C9. A proteína C9 se insere na membrana, mas ela tem
capacidade de proliferação, formando um polímero cilíndrico de C9 (um monômero de C9 se
liga a outro, a outro, a outro) que se insere na membrana. O resultado disso é uma lise
osmótica do patógeno.

• Obs.: C7, C8 e C9 tem regiões hidrofóbicas e já vão se inserindo a membrana.


• Obs.: o complexo de ataque a membrana é C6, C7, C8 e C9, só se inicia com o C5b.
• Obs.: o complexo de ataque a membrana só funciona para o ataque a espécies do
gênero Neisseria.
• Obs.: não é formado apenas um MAC, a cascata se inicia em vários pontos e forma
vários MAC.

Fragmentos “a” que foram liberados, principalmente C3a e C5a, são peptídeos com alta
atividade biológica que ativam o endotélio (assim como a tríade inflamatória), ativam os
mastócitos (que degranulam, liberam histamina, sintetizam citocina TNF-alfa), são
quimiotáxios para neutrófilos (atraem e ativam) e aumentam o metabolismo da célula
(aumenta o fluxo de O2 – aumento do ROS (radicais livres de oxigênio)).

• Esses fragmentos alimentam a atividade inflamatória, desde a alteração vascular até o


recrutamento de neutrófilos.
• Esses fragmentos levam o nome geral de anafilotoxinas.

Fragmentos “b” formam as convertases das vias de ativação e também são utilizados como
marcadores dos microrganismos para o reconhecimento pelo fagócito. O fagócito possui
receptores para esses fragmentos e interage com o microrganismo marcado com fragmento
“b” para fazer a fagocitose. Esse mecanismo facilita a fagocitose, sendo que essa pode ocorrer
sem a sinalização pelo fragmento “b”. Toda vez que a fagocitose é intermediada por esse
processo [proteína do complemento (fragmento “b”) ou anticorpo], dizemos que a fagocitose
foi por opsonização.

• As proteínas que facilitam a fagocitose são opsoninas (fragmento B das proteínas do


complemento e anticorpo).

Quando eu ativo o sistema complemento eu gero maneiras de contribuir para alterações


vasculares, recrutar fagócitos, ativar fagócitos e facilitar a fagocitose.

• Obs.: caso o indivíduo tenha uma doença que não expresse C3, impossibilita o sistema
complemento de ser ativado, pois a proteína C3 é comum a todas as vias de ativação.
Não ter C5 também trava o sistema complemento, não sendo possível ativar o sistema
complemento.
• Obs.: não ativar o sistema complemento não é incompatível com a vida, tendo em
vista que há outras maneiras de produzir seus produtos. Em casos de pessoas que não
tem o sistema complemento, eles podem ter uma baixa imunológica.

Sinais flogísticos da inflamação.

• Calor (fica quente): movimento das células (diapedese) com maior taxa metabólica.
• Rubor (fica vermelho): por causa da vasodilatação, o fluxo sanguíneo é mais lento (há
uma certa estase) que deixa mais sangue no local.
• Tumor (fica inchado): pelo extravasamento de células e liquido (fluido liquido do
plasma).
• Dor (dói): prostaglandina é um mediador lipídico que diminui o limiar de sensibilidade
das terminações nervosas e os aspectos físicos associados contribuem para a
sensibilização das terminações nervosas o que leva a sensação de dor.
• Perda de função (somente em alguns casos): excesso de proteína de matriz fibrosa
que pode levar a fibrose do tecido, ou seja, ele perde a função.

Toda reação imunológica deve ser regulada, uma vez que produzimos radicais livres, há
degranulação de neutrófilos que contem enzimas que causam danos teciduais, entre outros. É
inerente ao processo inflamatório algum grau de dano tecidual. Quanto maior a duração do
processo inflamatório, ou extensão, maior o dano tecidual.

Os macrófagos, assim como os monócitos que se diferenciam em macrófagos no tecido


lesionado, são importantes tanto no início (célula residente e uma das que iniciam a produção
de mediadores inflamatórios) quanto no final, uma vez que os macrófagos são as células
responsáveis por fagocitar as células apoptóticas (o neutrófilo quando faz NET está fazendo
netose), os restos celulares (debris – sujeira do tecido, resto de célula, resto de
microrganismo).

Quando o processo inflamatório é bem agudo, há o exsudato celular (excesso de liquido no


tecido) que junto com os restos celulares, restos de microrganismos e até mesmo
microrganismos vivos, formam o pus (líquido amarelado - em geral, em infecções bacterianas
levam a formação do pus, porque são microrganismos capazes de induzir uma forte reação
inflamatória por causa dos PAMPs que eles tem).

Obs.: eferocitose é a capacidade do macrófago de fagocitar os restos celulares. O macrófago


reconhece a membrana das células apoptóticas e fazem as fagocitoses dela.

Os macrófagos secretam fatores de crescimento e fatores abiogênicos para revascularizar o


tecido, para estimular fibroblastos, que são células do parênquima tecidual, a repor o tecido
(regeneração tecidual).

Então o processo inflamatório é o conjunto de alterações vasculares que tem a finalidade de


permitir a saída de proteínas e células do sangue para os tecidos lesionados ou infectados,
para que essas células contribuam para eliminação do que iniciou a infecção e para a
regeneração do tecido. O processo inflamatório pode ser agudo ou crônico.

• Processo inflamatório crônico: tendinite, artrite reumatoide. O processo crônico tem


o estimulo permanente para a inflamação, inclusive a função do macrófago para
recuperar o tecido (fibroblastos sendo estimulados). Esse excesso de proteínas de
matriz gera fibrose que causa a perda de função.
• Processo agudo tem um ápice e depois se regenera.

O processo inflamatório pode ser restrito, em termos teciduais, ou mais difusos, no corpo
todo. Quanto mais células envolvidas, mais mediadores são gerados e mais sinais são
percebidos.

As citocinas podem agir como hormônios (serem produzidas em determinado local, ganharem
o sistema sanguíneo e atuarem em outras células).

Quando a inflamação deixa de ser muito localizada é possível perceber sinais sistêmicos.

• Febre é o aumento da temperatura corporal e é um sinal sistêmico. A febre acontece


porque o TNF-alfa cai na circulação sanguínea e chega até o hipotálamo. E no
hipotálamo ele desregula o controle da temperatura corporal. TNF-alfa pode ser
chamado de pirógeno endógeno por exercer essa função.
• Essas citocinas podem chegar no fígado: IL-6 tem atividade bastante expressiva e faz o
fígado aumentar a produção de diversas proteínas, como as proteínas do sistema
complemento e proteínas da fase aguda.
• As citocinas podem chegar a medula óssea e fazerem as células precursoras do
sistema imune se diferenciarem em neutrófilos. Quando você tem um processo
inflamatório expressivo acontecendo, é possível perceber um aumento na contagem
de leucócitos no hemograma e mais comumente o aumento de neutrófilos (já que o
neutrófilo sofre apoptose no processo inflamatório). As vezes a medula pode liberar as
células não totalmente maduras, por isso os laboratórios fazem contagem de
neutrófilos maduras e não maduras (que normalmente estão em contagens
baixíssimas no sangue e não são funcionais).
Além dessas características a alterações comportamentais do indivíduo, como indisposição,
falta de apetite, baixa do apetite sexual. Esse quadro de alteração comportamental
generalizada (comportamento de doença/Sickness behauvier) é um quadro genérico, mas que
indica um processo inflamatório.

As proteínas de fase aguda do fígado, como Proteína C Reativa (PCR), aumentam quando há
processo inflamatório ocorrendo no organismo. Essas proteínas são meramente marcadoras
de processo inflamatório, não dizendo nem se é infeccioso ou não, só diz que há um processo
inflamatório ocorrendo.

• PCR também é utilizada como marcador de infarto agudo do miocárdio, sendo


utilizadas para acompanhar a evolução do quadro (se tem necrose tem inflamação,
por isso em casos de infarto há um aumento de PCR).
• Obs.: PCR normalmente está elevada em pacientes com inflamação sistêmica e
crônica, podendo ultrapassar um pouco o limite do hemograma.

As funções das proteínas de fase aguda estão relacionadas com outras funções, como a
ativação do sistema complemento pela via das lectinas.

Tudo isso é facilmente passível de voltar ao normal, mas se o processo inflamatório for muito
grande, pode haver outros efeitos, como no musculo cardíaco e no musculo esquelético.

Resumindo: o processo inflamatório inicia com o reconhecimento de PAMPs ou DAMPs por


células residentes da imunidade inata (macrófagos, células dendríticas) e com isso há a
produção de mediadores químicos (tríade inflamatória, PAF, histamina, prostaglandina,
leucotrieno) que promovem alterações vasculares a fim de permitir a diapedese de outras
células que estão sendo atraídas para o local lesionado.

• A célula dendrítica tem uma capacidade especial de, ao ser ativada pelo
reconhecimento de PAMPs, DAMPs ou por citocinas pró-inflamatórias produzidas por
outras células, mudar sua morfologia e se arredondar, expressando receptores de
quimiocinas produzidas pelos tecidos linfoides e migrar de encontro a célula T.

ÓRGÃOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS – AULA VERA

Os órgãos linfoides podem ser classificados como primários (aqueles onde há a formação das
células do sistema imune) ou secundários (regiões que acolhem as células maduras e que são
sítios de armazenamento dessas células).

• Primário ou generativo: medula óssea e timo.


• Secundário ou periféricos: acolhem as células maduras (não ativadas, mas maduras).
linfonodos, baço e tecidos linfoides associados a mucosa. De uma forma geral, as
células se organizam em regiões especificas, ainda que exista uma estrutura básica nos
tecidos linfoides.

O posicionamento das células do sistema imune nos órgãos linfoides secundários ocorrem por
determinação de quimiocinas (todo transporte de leucócitos é mediado por quimiocinas).
Dentre as células do sistema imune, os linfócitos são o foco dessa organização, uma vez que
dentro dos órgãos secundários ocorre a ativação desses linfócitos.
Como a circulação linfática está associada a circulação sanguínea, as células do sistema imune
que estão circulando pelo sangue também circulam pela linfa, passando pelos gânglios
linfáticos. Por haver essa comunicação entre sangue e linfa, há a recirculação das células do
sistema imune.

Devido a essa organização de posicionamento dos linfócitos B T nos órgãos secundários, essas
células ficam segregadas uma da outra. Os linfócitos B sempre ficam nos folículos e os
linfócitos T ficam na região extra folicular (parafolicular). As regiões foliculares possuem
células dendríticas foliculares (diferente das outras células dendríticas) que produzem
quimiocinas (CXCR13) que atraem o linfócito B (que expressam os receptores CXCR5).

Os linfócitos entram nos linfonodos uma vez que estejam circulando no sistema linfático,
sendo que tanto os linfonodos como os tecidos linfoides de mucosa produzem quimiocinas
que atraem essas células para dentro.

Quando a célula está no sangue ela pode ir para os gânglios linfáticos sem passar para a
circulação linfática, visto que os gânglios possuem irrigação sanguínea. As células conseguem
fazer essa transmigração, num processo semelhante a diapedese do processo inflamatório,
necessitando haver quimiocinas atraindo essas células. Não são necessárias as alterações
vasculares que ocorrem no processo inflamatório uma vez que o endotélio dos vasos
sanguíneos nos gânglios é especializado, conhecido como HEV (vênulas de endotélio alto –
vênulas endoteliais altas), que permite uma passagem entre elas. Essas células do endotélio
alto e as células do estroma produzem quimiocinas que atraem os linfócitos.

• As células endoteliais são achatadas, já as HEVs são altas e permitem essa passagem.

CCL19 e CCL21 são as quimiocinas que atraem os linfócitos T que expressam o receptor CCR7.
Assim os linfócitos (nessa etapa, todos os linfócitos são atraídos pra dentro dos gânglios,
porém só os B cell possuem receptores CXCR5+, que são atraídos via CXCR13 para dentro dos
folículos, logo os timócitos se mantém na região ao redor do folículo, região parafolicular) são
atraídos para dentro dos gânglios.

Sistema linfático de modo geral: circulação linfática que dentro dos vasos corre a linfa, que é
um liquido intersticial carregando produtos do metabolismo celular e o que mais estiver no
interstício (restos celulares, restos de microrganismos, microrganismo inteiros). A circulação
linfática possui pontos cegos, não formando um circuito fechado. A linfa tem fluxo
ascendente, de baixo para cima, não tendo uma bomba para bombear, sendo dependente do
tônus muscular ou pagando uma drenagem linfática. Para que o liquido intersticial entre na
circulação linfática é necessária uma pressão para empurrar esse liquido, sendo que a parede
do vaso linfático só permite o fluxo de entrada, impedindo um fluxo retrogrado (como uma
válvula com abertura para dentro). Células dendríticas pegam carona nesse liquido intersticial
e ganham a linfa. As células dendríticas ativadas expressam CCR7 e são atraídas pela CCL19 e
CCL21, sendo capaz de entrar nos linfonodos.

O linfonodo contém uma capsula fibrosa mantendo as células nessa capsula. Linfócitos B nos
folículos e linfócitos T nas regiões parafoliculares. Estroma é como se fosse o tecido de base do
órgão. Esse órgão pode ser penetrado por vários vasos linfáticos aferentes, mas possui apenas
um vaso linfático de saída (eferente). O aporte sanguíneo é pelas vênulas do endotélio alto
(artérias ramificadas) e veias. Há muitos macrófagos na região do seio subcapsular e na região
medular, linfócito B em folículo e linfócito T nas regiões parafoliculares. Há trabéculas
(evaginações) da capsula onde estão presentes macrófagos, células dendríticas.
• Linfonodos ou tecidos linfoides secundários são pontos de início da resposta
adaptativa. Os linfonodos concentram os antígenos presentes na linfa.

O baço é um grande órgão presente no quadrante superior esquerdo da cavidade abdominal,


possui artéria e veia esplênica. Artéria se ramifica, forma arteríolas e penetram o baço, se
emaranhando e formando sinusóides. Ao redor dessas arteríolas se encontram os linfócitos
(linfócitos B em zonas foliculares e linfócitos T fora dos folículos). No caso do baço, os linfócitos
T formam uma bainha em volta dessas arteríolas, a bainha periarteriolar. Essa região de
concentração dos linfócitos formam a polpa branca do baço (concentração de leucócitos). A
medida que essas arteríolas formam os sinusóides há a região da polpa vermelha, região onde
há vasos sanguíneos fenestrados (espaço entre as células endoteliais). O sangue é drenado
dentro do parênquima do tecido, as células extravasam naturalmente para dentro do
parênquima do baço, inclusive as hemácias.

• Função não imunológica do baço: reciclagem das hemácias e destruição das hemácias
senescentes (hemocaterese – os macrófagos que fazem isso, reconhecendo as
alterações de membrana das hemácias).
• O baço concentra os antígenos presentes no sangue (estruturas microbianas que caem
na corrente sanguínea).
• No baço acontece também a fagocitose das estruturas que caem na corrente
sanguínea e quando há o complexo patógeno-anticorpo (imunocomplexos) na
corrente sanguínea, a eliminação ocorre preferencialmente dentro do baço.
• O baço é um órgão que recebe apenas sangue e não contem células de endotélio alto
(HEV).

Funções do baço: geração da resposta imune adaptativa para os antígenos do sangue,


remoção (fagocitose) de antígenos livres e dos imunocomplexos.

Existe, dentro do baço, uma subpopulação de linfócitos B de zona marginal do baço (entre a
polpa branca e a polpa vermelha). Esses linfócitos têm características distintas dos linfócitos B
foliculares, sendo uma população mais associada (maior capacidade) ao reconhecimento de
estruturas polissacarídeas (bactérias capsuladas).

Obs.: Indivíduo que perde o baço não morre, mas as funções ficam prejudicadas. Não é
incompatível com a vida, mas a remoção de imunocomplexos não é tão eficiente e o
reconhecimento de bactérias encapsuladas é prejudicada. Essa população de linfócitos B da
zona marginal só surge após os 2 anos de idade, então uma criança de um ano é tão suscetível
a infecções por bactérias encapsuladas quanto uma pessoa sem o baço.

• A região marginal do baço permite uma resposta imune adaptativa mais rápida, já que
ela está de cara para a polpa vermelha, onde ocorre a drenagem do sangue no baço. A
zona marginal tem um contato físico otimizado em questão de tempo com o antígeno.
O limiar de ativação do linfócito B de zona marginal é menor, logo ele agiliza a sua
resposta adaptativa.

Tecido linfoide associado a mucosa

MALT – tecido linfoide não delimitado por cápsula. Denominação geral dos outros tipos de
tecido linfoide.
GALT – tecido linfoide associado a mucosa gastrointestinal.

• É encontrado um repertorio maior de células e um tecido linfoide mais organizado.


Placas de Peyer, tonsila faríngea, adenoide e glândulas de Brunner são tecidos
linfoides.

Diferente dos outros tecidos linfoides, a mucosa está em contato com o meio externo, contato
constante com microrganismos (inclusive a microbiota). E como esses estímulos não provocam
a resposta imunológica? Ao mesmo tempo que o tecido está preparado para responder, ele é
preparado para tolerar estímulos e não responder. O tecido é regulado para não responder a
estímulos inócuos e só respondem a partir de determinada quantidade de inoculo (exemplo
do feijão e suas estruturas que não são preparadas para estar no intestino).

• Inoculo: concentração mínima de uma micro-organismo capaz de ativar o sistema


imune e trazer dano ao indivíduo.

Tecido linfoide associado a mucosa gastrointestinal

Nosso tecido linfoide associado a mucosa gastrointestinal não foi educado para reconhecer
estruturas que comemos, mas toleramos essas estruturas. Alergias são disfunções da resposta
imunológica sobre algo que comemos.

Lesões na mucosa são porta de entrada para graves infecções. Lesões da mucosa intestinal são
perigosas, uma vez que a microbiota intestinal estará em contato direto com as células do
nosso sistema imune em local não apropriado (enquanto a mucosa está integra, não há reação
inflamatória).

• Caso a variação da microbiota seja alterada com espécies que não são tranquilas de
tolerar, pode gerar um processo inflamatório.

Em tecido de mucosa há um muco que protege a mucosa e dificulta a adesão. Células do


epitélio intestinal transprodutoras (células de Paneth) de peptídeos antimicrobianos. Tem
receptores (intracelulares) de padrão expressos apenas em epitélio intestinal.

A expressão de receptores de padrões (TOLL) de membrana na mucosa não está na membrana


apical (face em contato com a microbiota), apenas na membrana basolateral. Assim, caso haja
tentativa de penetração no epitélio, passamos a identificar isso. Na camada epitelial há
linfócitos com características com células da imunidade inata e que ajudam a identificar e a
regular a resposta.

Na camada epitelial há células especializadas M e linfócitos interepiteliais da imunidade inata


(3 tipos), linfócitos gama-delta (tipo de receptor que expressa).

• Células M são especializadas em macropinocitose (pinocitose é uma endocitose de


volume muito pequeno – macropinocitose é uma amostragem do que está no
intestino o tempo todo). Não há a digestão como na fagocitose, a vesícula apenas
trafega pela célula M e se funde a membrana basal, liberando a amostra na lâmina
própria, onde há placas de Peyer, macrófagos, células dendríticas, etc.

Na lâmina própria há macrófagos, células dendríticas, mastócito, linfócitos de memória


(linfócitos que foram ativados, mas que não efetuou sua função naquela infecção – todo
linfocito ativado na mucosa retorna para a mucosa) e placas de Peyer [regiões em que os
linfócitos se organizam no mesmo padrão (linfócito B nos folículos e linfócitos T fora dos
folículos)] com aporte linfático.

• As células dendríticas da lâmina própria são capazes de projetar uma parte entre as
células epiteliais e ficar com pedaços da membrana viradas para a luz do intestino,
podendo capturar microrganismo. Esse mecanismo não é suficiente para ativar o
sistema imune por estar em baixo número.

Obs.: Probióticos são essenciais para o desenvolvimento do sistema imunológico pela sua
capacidade de educar o sistema imunológico sobre o que é próprio da microbiota intestinal.

Obs.: Células dendríticas tolerogênicas (que tem papel voltado para inibir a ativação de
linfócitos T) quando ativadas podem transformar os linfócitos T em linfócitos reguladores, que
não deixam iniciar a resposta imune para aquele antígeno ou naquele ambiente.

Obs.: Fatores que influenciam no ambiente tolerogênico: substancias produzidas por células
epiteliais, prostaglandinas E2 (tem caráter anti-inflamatório), TGF beta (citocina anti-
inflamatória) e componente nutricional (ácido retinóico – vitamina A).

• Vitamina A da dieta são metabolizadas por enzimas das células dendríticas


tolerogênicas e o metabolito desse processo é essencial para que haja a formação de
linfócitos T reguladores (T-reg).
o Vitamina A é importante para expressar receptor de quimiocina que atrai o
linfócito Treg.

Tecido linfoide cutâneo

Não possui a organização padrão (linfócito B em folículo e linfócito T fora). Os queratinócitos


já são células que tem algum grau de produção de citocina, assim como as células epiteliais.
Essa produção é baixa, não comparada com a produção pelo sistema imune.

Células dendríticas da pele são chamadas de células de Langerhans. Há linfócitos T de


memória, mastócitos, macrófagos e células de Langerhans.

Recirculação dos linfócitos virgens (que nunca foram ativados)

Como sabemos, o linfonodo possui vasos linfáticos e vasos sanguíneos e as circulações


sanguínea e linfática se comunicam. Assim, os linfócitos presentes na circulação sanguínea são
atraídos para os linfonodos devido a ação de quimiocinas produzidas pelo endotélio
especializado (HEV) e pelas células do estroma do linfonodo de atração com os linfócitos.

Esses linfócitos ficam durante um tempo dentro do linfonodo e depois saem. (estima-se que o
linfócito T consegue percorrer toda a circulação linfática uma vez por dia). Os linfócitos T
permanecem um tempo dentro dos linfonodos para que possam ser ativados, caso haja uma
infecção, pelas células dendríticas (APC – célula apresentadora de antígeno).

Os linfócitos vão rolar em cima do endotélio e vão transmigrar, sendo atraídos pelas
quimiocinas. Os linfócitos expressam L-selectina (proteína) que interagem com moléculas de
adesão do endotélio (os HEVs também possuem moléculas de adesão – não precisa descrever
os nomes). Quando o linfócito passa pelo endotélio ele estabelece o contato entre a L-
selectina e as moléculas de adesão (rolamento), as integrinas interagem com outros tipos de
moléculas de adesão fazendo uma ligação firme e o linfócito para, transmigrando para o
linfonodo pela afinidade pelas quimiocinas. Passam um tempo dentro dos linfonodos e depois
saem pelo vaso linfático eferente.

Os linfócitos passam por todos os linfonodos da circulação linfática até voltar para a circulação
sanguínea. Isso acontece o tempo inteiro até o linfócito ser ativado, sendo modificado quando
há a ativação. A modificação se dá pela perda da expressão da L-selectina, não sendo capaz de
interagir com as células do endotélio, mas continua sendo atraído por quimiocinas produzidas
no foco da inflamação e como lá há alterações vasculares que facilitam a diapedese, o linfócito
consegue chegar até o tecido lesionado.

Por que os linfócitos saem do linfonodo? Ele sai porque há quimiocinas que atraem ele do
lado de fora. Essas quimiocinas são chamadas de esfingosina 1 fosfato (quimiocinas presentes
no sangue e na linfa – não estando dentro de tecidos pois é degradada).

O linfócito que está no sangue repleto de quimiocinas ligadas no seu receptor internaliza
esse complexo receptor-quimiocina, o que faz com que ele perca afinidade pelo sangue por
falta de receptores. Como as quimiocinas CCL19 e CCL21 continuam sendo produzidas pelas
HEVs e pelas células do estroma, os linfócitos são atraídos para os linfonodos por
expressarem CCR7.

O tempo que o linfócito permanece dentro do linfonodo é suficiente para ele re-expressar os
receptores de quimiocinas do sangue (esfingosinas 1 fosfato) e serem novamente atraídos
para o fluido (sangue ou linfa).

Esse mecanismo de internalizar o complexo receptor-quimiocina é importante para o linfócito


ir do sangue para o linfonodo e do linfonodo para a linfa/sangue.

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que envolve os linfócitos T. Na esclerose


múltipla, os linfócitos T migram até o sistema nervoso central e contribuem para o processo
inflamatório que leva a degradação da bainha de mielina. Existe um fármaco utilizado no
tratamento da esclerose múltipla (doença autoimune) e que tem como função não deixar o
linfócito T sair do linfonodo. Ele faz isso num processo de mimetização da esfingosina 1
fosfato, mantendo os linfócitos T dentro dos linfonodos.

• Mais a frente vamos falar da CD69, molécula expressa nas células T ativadas, que
impede a saída do linfócito T para o sangue por inibir o receptor de esfingosina 1
fosfato.

ONTOGENIA B – AULA CLEO

Relembrando: entendemos como invasor os patógenos que quebram a homeostase e geram a


resposta inflamatória. A reação inflamatória inicia com os PAMPs reconhecidos pelos
macrófagos/células dendríticas através de receptores (como os receptores Toll Like Receptors-
TLR), que levam a uma cascata de sinalização intracelular, aumentando a atividade de
fagocitose e digestão (com liberação de produtos). Essa ativação faz com que as células da
imunidade inata produzam mediadores químicos que provocam alterações vasculares
(vasodilatação, maior aporte sanguíneo, capilares não funcionais são abertos e aumento de
permeabilidade) garantindo um extravasamento para o tecido lesionado. Há a recrutação dos
neutrófilos, células mais poderosas que os macrófagos, uma célula extremamente assassina
(que quando morre faz NET).
Toda a resposta imune inata está acontecendo para que haja o início da resposta especifica
(adaptativa) e um dos grandes atributos dessa imunidade é a produção de anticorpos
(glicoproteínas produzidas pelos linfócitos B).

Anticorpo tem forma de Y e a célula que o produz é uma célula formada na medula óssea a
partir de uma célula tronco (pluripotente). A gente produz linfócito B a vida inteira, já as
células T não. A qualidade das células B produzidas depende da qualidade da célula tronco
(tem que manter características).

O anticorpo é feito de aminoácidos (proteínas) e alguns açucares, sendo assim glicoproteínas.


Cada cadeia que o forma é uma cadeia polipeptídica e o anticorpo é formado por 4 cadeias,
sendo dois pares, um par de cadeias pesadas e um par de cadeias leves. Cada cadeia leve faz
ligação covalente por ponte dissulfeto com parte da cadeia pesada (só liga parte por ser
menor).

• A cadeia pesada possui 4 domínios e a cadeia leve possui apenas 2 domínios.

Há várias ligações por ponte dissulfeto intracadeia e intercadeias o que mantem a estrutura.
Essa glicoproteína, quando liberada da célula B é chamada de anticorpo, mas quando ela
continua ligada ao linfócito B ele é chamado de BCR (receptor de antígeno expresso sobre as
células B). Logo, todo BCR é um anticorpo, mas nem todo anticorpo é um BCR.

O anticorpo é um Y. Os braços, que são dois, são idênticos e há uma perna e o pescoço. Os
braços são as regiões que tem a capacidade de reconhecer os antígenos e são chamados de
região FAB (fragmento que ligam ao antígeno). A perna é a região que chama fragmento que
cristaliza (porção FC). O pescoço tem tamanho variável e é chamado de região de dobradiça.

As regiões FAB (apenas o primeiro domínio tanto da cadeia leve quanto da cadeia pesada) que
reconhecem os antígenos são variáveis (pois devemos ter anticorpos para diferentes
antígenos).

Um anticorpo só é capaz de reconhecer um antígeno especifico ou seja, os FABs são idênticos.


Como há dois FABs, o anticorpo é capaz de reconhecer dois antígenos idênticos.

A região de dobradiça regula a abertura dos FABs, ou seja, caso o pescoço seja curto a
abertura é pequena, se for longa, a abertura pode ser de até 180o. A porção FC tem a função
de direcionar o antígeno que foi reconhecido pelo FAB para a destruição.

Obs.: reação cruzada: um anticorpo pode reconhecer dois antígenos diferentes caso os
antígenos tenham bastante similaridade e o que possui menor afinidade esteja em maior
concentração do que o antígeno que o anticorpo realmente expressa afinidade. Para isso, é
necessário que os antígenos sejam bastante parecidos.

Obs.: Quantas classes de anticorpos o humano produz? 5 grandes classes (IgM, IgD, IgG, IgE,
IgA).

Obs.: Qual é a região que determina a classe? Região dentro dos domínios constantes da
cadeia pesada (a cadeia leve não contribui para a determinação das classes).

Pode haver anticorpos de classes diferentes para um mesmo antígeno, nesse caso, as regiões
semelhantes entre os anticorpos são as regiões variáveis e as regiões diferentes são os
domínios constantes da cadeia pesada (que determinam as classes). Existem sinais que
chegam as células B que indicam qual a classe de produção do anticorpo. → se o estímulo for
dado via Th1, teremos então a produção de IgG1 e IgG3, se for via Th2, vai haver produção de
IgG4 e IgE, se for Th17, vai ser produzido IgG (todos subtipos) e IgA.

Quantas classes de anticorpos os humanos possuem? 5. Qual a região do anticorpo que vai
determinar a classe? Domínios constantes da cadeia pesada. Qual a região que vai reconhecer
o antígeno? FAB. Dentro da FAB qual é a região? Primeiro domínio da cadeia leve e da cadeia
pesada. Quando o anticorpo é preso na superfície da B, como chamamos? BCR.

Há uma diferença estrutural entre o BCR e o anticorpo secretado. O BCR possui peptídeos
conectantes, que é uma sequência de aminoácidos hidrofóbicas, que dão sustentação para o
anticorpo preso ao linfócito B. O anticorpo secretado é menor (mais curto) que o BCR, mas isso
não interfere a variabilidade do anticorpo. Há ainda cadeias associadas ao BCR, dos dois lados,
que não estarão juntas na forma secretada. Essas cadeias associadas, chamadas de
imunoglobulina alfa (Ig-alfa) e imunoglobulina beta (Ig-beta) servem para sinalização e
ativação da cascata para ativar linfócito B apenas quando o antígeno for reconhecido.

• O BCR preso a superfície da B irá reconhecer antígenos determinados pela região


variável e as cadeias Ig-alfa e Ig-beta percebem esse reconhecimento e sinalizam a
ativação para o linfócito B. As cadeias associadas não interferem no reconhecimento
do antígeno, apenas sinalizam para ativar o linfócito B.

Obs.: peptídeos conectantes (que dão sustentação ao anticorpo preso ao linfócito B) não
participam da sinalização para ativar o linfócito, eles apenas reconhecem que um antígeno se
ligou ao anticorpo.

Obs.: A célula B só consegue liberar o anticorpo na forma solúvel se a célula B for ativada e a
ativação depende dos BCR.

Tipos de B: há três tipos de linfócitos B, B-1, B-2 e B da zona marginal (BZM). Todas possuem
BCR e todas podem produzir anticorpos.

Formação do linfócito B.

Nós nascemos com linfócitos B e T para diversos antígenos e isso é herança genética.

Para que se inicie a formação da célula B na medula óssea é necessário a expressão do


marcador de linhagem. No caso da ontogenia de B, o marcador do progenitor linfoide para se
comprometer em B é o CD19. Para esse comprometimento, é necessário fatores de transcrição
(transativadores) que permitam a leitura de genes que codifiquem proteínas que irão
direcionar aquela célula progenitora linfoide a se diferenciar em B.

Além de expressar o marcador CD19, é necessária a expressão do receptor para IL-7 (IL-7R),
uma citocina produzida pelas células estromais da medula óssea que atua nas diferentes fases
da ontogenia da célula B.

• CD19 é o grande marcador para determinar B (para que os passos seguintes formem
célula B madura). Assim que o CD19 é expresso, aquela célula caminha para virar
célula B madura ou morrer por apoptose. → Devido ao processo de seleção.
• O CD19 é especifico para B, porem o receptor para IL-7 também está expresso nos
linfócitos T.
• Deficiências na produção/liberação de IL-7 ou de receptores de IL-7 impedem a
formação de qualquer linfócito (seja B ou T).
O primeiro fenômeno da ontogenia de B é a proliferação. A IL-7 tem que induzir de forma
expressiva a proliferação de pró-B. Após a proliferação, ainda sob a indução da IL-7, há a
formação da região variável.

A formação do domínio variável

A cadeia pesada é a primeira a ser produzida, sendo que esse processo ocorre a partir do
cromossomo 14 na região loccus IgH (H de pesada). Do cromossomo 14, recebemos uma
sequência de genes (fita de genes) na sua configuração primária para formar o domínio
variável da cadeia pesada.

• 100 genes funcionais V (variável).


• 23 genes funcionais D (diversidade).
• 6 genes funcionais J (união).

Para formar o domínio variável da cadeia pesada vão ser unidos, ao acaso, um gene de cada (1
V, 1 D e 1 J). Essa reação é catalisada pela ação em conjunto das recombinases (RAG) 1 e 2,
sendo que elas são responsáveis por escolher ao acaso 1 D, 1 V e 1 J. As RAGs 1 e 2 são
ativadas pela IL-7.

Após escolher os genes, as RAGs aproximam os respectivos genes e cortam a dupla-fita de


DNA. As RAGs 1 e 2 são endonucleases (cortam fita dupla de DNA). Os genes não escolhidos
(menos os das extremidades) são cortados da dupla fita e descartados. Os genes das
extremidades, apesar de não serem cortados da fita, são silenciados.

• Obs.: como a sequência D é a do meio, não há genes D silenciados (sempre são


cortados e descartados) na formação do domínio variável da cadeia pesada por não ter
sobra D.
• Obs.: a proliferação deve ocorrer no estágio de pró-B para que os domínios variáveis
possam ser diferentes, pois se fosse depois da escolha, aproximam e corte mediados
pelas RAGs, os domínios variáveis seriam idênticos.
• Obs.: Não é papel das RAGs ligar os genes escolhidos, as RAGs apenas escolhem,
aproximam e cortam a dupla fita.
• Obs.: A parte cortada é descartada e degrada.

Devido a atração entre a hidroxila e o fosfato (atração por estar próxima) dos nucleotídeos
das fitas cortadas, há a formação espontânea de uma ponte de hidrogênio entre as fitas de
baixo e de cima, que formam um grampo. Após a formação desse grampo, sob a influência da
IL-7, a artemis abre o grampo recém-formado. A abertura do grampo pela artemis ocorre
numa região próxima da formação desse grampo, não tendo um sitio de ação especifico (pode
abrir em até 4 a 5 nucleotídeos da formação do grampo). Quando a o grampo é aberto, é
formada uma sequência de nucleotídeos (fita molde) que é preenchida pela ação da DNA
polimerase (esse mecanismo aumenta a diversidade, uma vez que a artemis pode abrir o
grampo em diferentes pontos). Ainda não houve a ligação entre as sequencias V, D e J.

A enzima TDT, expressa somente na linhagem de linfócitos (quer seja B ou T), tem função de
adicionar até 20 nucleotídeos sem molde nenhum ao acaso nos terminais. Após essa adição
há a ação da DNA polimerase preenchendo a fita formada pela TDT. Por fim, a ligase termina o
fenômeno genético ligando as fitas.

• Obs.: a variedade de formação do primeiro domínio da cadeia pesada envolve a


escolha dentre as 100 opções de V, 23 opções de D e 6 opções de J, que totalizam
13800 combinações diferentes. Como a artemis abre os grampos numa região próxima
da sua formação, a variabilidade aumenta mais. Com a ação da TDT de adicionar até
20 nucleotídeos ao acaso e sem molde, a variabilidade aumenta ainda mais.

A ordem dos fenômenos se dá por sinalizadores em sequência, o que permite que os passos
seguem a ordem correta, sendo que tudo é induzido pela IL-7.

A primeira classe de anticorpo produzida e unida em splicing de RNAm ao domínio variável da


cadeia pesada é o IgM.

O domínio variável da cadeia leve é formado após a formação completa da cadeia pesada,
porém, deve ocorre um segundo fenômeno de proliferação após a formação da cadeia
pesada, ainda induzido pela IL-7.

• Há dois tipos de cadeia leve, cadeia leve κ (kappa) e λ (lambda). O ser humano possui
em maior quantidade a kappa. A cadeia leve possui dois domínios (um variável e um
constante).
• O domínio variável da cadeia leve é formado a partir de 40 opções de gene V e 5
opções de genes J, sendo que a sequência de formação segue a mesma ordem da
formação do domínio variável da cadeia pesada.

Quando o BCR já estiver completamente formado, a célula passa a ser chamada de B imatura.

CONTINUAÇÃO ONTOGENIA B – AULA CLEO

Relembrando: Através da ação da citocina IL-7, a célula tronco irá se transformar pró-B por
possui o marcador CD19 (marcador de linhagem B). A IL-7 é fundamental para o estágio de
proliferação de pró-B (que possui o receptor de IL-7 (IL-7R). O processo de proliferação é
importantíssimo para a variabilidade das células B. Após a proliferação, o estágio de pré-B é
marcado pelo processo de formação dos domínios variáveis da cadeia pesada, uma segunda
proliferação e a formação dos domínios variáveis da cadeia leve.

A determinação da classe do anticorpo não tem nada a ver com a formação do domínio
variável. O domínio variável é codificado por um mecanismo de rearranjo genético (funções
da RAG 1 e da RAG2, grampo (pontes dissulfeto), artemis, DNA polimerase, TdT, DNA
polimerase e ligase IV).

O que determina as classes são os domínios constantes da cadeia pesada e seus níveis de
glicosilação. Alguns anticorpos possuem a porção FC mais glicosilada e outros menos
glicosiladas.

O primeiro domínio a ser formado é o domínio variável da cadeia pesada. O tipo de cadeia
constante pesada unida ao domínio variável pode ser qualquer uma das classes, mas durante a
formação da B na medula óssea, a classe escolhida é IgM. Depois pode trocar, mas na
ontogenia é a IgM.

Após a formação da cadeia pesada completa ocorre a proliferação. Esse fenômeno é


necessário para que haja uma maior variabilidade de anticorpos. A IL-7 reativa RAGs 1 e 2 para
a formação do domínio variável da cadeia leve. Existem dois tipos de cadeia leve, kappa ou
lambda, sendo o kappa o mais utilizado pelos humanos.
O marcador CD20 é um segundo marcador da linhagem para a célula B, mas só é expresso
numa fase mais tardia, enquanto o CD19 é adquirido logo no início. O marcador CD19 é mais
vantajoso de ser utilizado para rastrear problemas na célula B, visto que o CD20 é um
marcador mais tardio da célula B. Há drogas utilizadas que usam tanto o marcador CD19
quanto o CD20 (que é mais barato).

• Pacientes jovens com suspeita de câncer nas células B podem não marcar CD20, por
ser expresso numa fase mais tardia, mas com certeza irá marcar o CD19.

Seleção: por que é importante selecionar? Porque muita coisa pode dar errado, como a
formação de células anômalas (BCR formado erroneamente ou o BCR pode codificar uma
região variável auto reativa – capaz de reconhecer moléculas próprias). A seleção ocorre
principalmente na medula óssea, podendo ocorrer no baço também. A célula B que sofre
seleção é a célula B imatura. As B imaturas que sofrerem seleção positivas se tornarão B
maduras. Se a célula B imatura não sobreviver a essa seleção ela sofrerá apoptose.

A seleção ocorre nas células B imaturas:

• Caso a célula B, através do BCR, especificamente nos seus domínios variáveis,


reconheça com alta afinidade moléculas do próprio hospedeiro e essas moléculas
sejam expressas em altos níveis, isso é, a afinidade do BCR com a molécula seja
altíssima, a célula ativa as caspases (enzimas internas) e entrará em apoptose. Isso
significa que a célula B imatura era auto reativa.
• Se a força de interação for alta, mas não alta o suficiente para ativar as caspases,
existe o fenômeno de reedição do BCR a nível de domínio variável da cadeia leve.
Essa reedição ocorre utilizando apenas os genes que foram silenciados (ainda é
possível reativar nessa etapa) durante o processo de formação do domínio variável
(não utiliza os genes que foram cortados pelas RAGs 1 e 2). As RAGs 1 e 2 são
reativadas para a reedição. Se essa nova formação ativar as caspases, a célula entrará
em apoptose. A reedição é a tentativa da célula de não entrar em apoptose.

Obs.: todos possuímos células B auto reativas fora da medula óssea, isso ocorre, porque a
seleção que ocorre na medula óssea só “testa” as células B imaturas contra moléculas da
medula óssea e não contra todas as moléculas do organismo. Apesar de possuirmos células B
auto reativas, elas são controladas. Isso explica o porquê uma célula B imatura auto reativa
para moléculas da medula óssea após sofrerem reedição podem continuar sendo auto
reativas, mas para outras moléculas que não da medula óssea.

• Caso a ligação entre o antígeno e o BCR seja de alta afinidade, mas força menor que o
limiar para induzir uma nova edição/apoptose, a célula sobrevive e se transforma em
uma B madura anérgica (disfuncional).
• Se o BCR for normal e não reconhecer nenhum antígeno próprio da medula, a célula B
sai da medula óssea como célula B madura.
• Caso o BCR não se ligue a nenhuma estrutura do antígeno e também não possua
interação com as lectinas da matriz da medula óssea, a célula B imatura entrará em
apoptose. Nesses casos, geralmente o BCR é anômalo.
o Obs.: O anticorpo possui regiões glicosiladas (que varia de acordo com as
classes – região constante da cadeia pesada - dos anticorpos) que interagem
com as lectinas da matriz da medula óssea.
Obs.: a maioria das células B maduras que saem são funcionais, mas há uma parcela não
funcionais.

Obs.: Os mecanismos da seleção ocorrem ao mesmo tempo.

São dois check points: um para saber se a célula B é reativa e outra para saber se a classe IgM
é normal (interação da parte glicosilada dos domínios constantes da cadeia pesada com as
lectinas).

Células B anérgicas vivem menos que as B maduras funcionais. As células B anérgicas podem
sair do estado de anergia e evoluir para doença autoimune.

→ A seleção ocorre no estágio célula B imatura.

Pós seleção, as células B maduras (que sobreviveram a seleção na medula óssea) ganham a
corrente sanguínea e se direcionam para o baço e depois para os outros órgãos linfoides
secundários.

As células B maduras que chegam ao baço ocupam os folículos do baço (na polpa branca –
possui células B, T, macrófagos, cels. dendríticas). Quando as células B estão nos folículos do
baço elas são chamadas de células B-2 e tem a característica de co-expressar cadeia pesada
constante IgM e IgD (mas a região variável é a mesma). Por splincing alternativo em nível de
RNA mensageiro a parte variável (nível de DNA) pode se juntar a classe IgD. Assim, a célula
possui dois tipos de anticorpos na superfície (região variável é a mesma, muda só a classe –
região constante da cadeia pesada). Quando a célula B co-expressa BCR IgM e IgD elas são
mais eficientes.

• A expressão de IgD nas células B-2 ocorre somente após a chegada no baço. Logo,
toda célula B-2 IgM+/IgD+ circulante já passou pelo baço em algum momento.

A menor parte da população de células B maduras que chega ao baço entra na polpa
vermelha, na zona marginal (limite entre polpa branca e polpa vermelha), e não tem a
habilidade de co-expressar duas classes de BCR, expressando apenas BCR IgM. Essas células B
são chamadas B da zona marginal.

Obs.: muito provavelmente as células B maduras já saem da medula óssea com marcadores
prévios para irem para a região folicular ou para a zona marginal, expressando receptores de
quimiocinas produzidos tanto pelos folículos quanto pela zona marginal.

Obs.: IgD só funciona como BCR, não produzimos IgD como anticorpo solúvel. Por isso a
quantidade de IgD no soro é quase vestigial.

Maturação das Células B-1

• O mais primitivo.
• Já é formado no fígado fetal e em adultos o local de formação/manutenção é no
peritônio e nas mucosas.
• Possui marcador CD19 e CD20.
• Possui repertorio VDJ e VJ limitadíssimo e é TdT negativo (não expressa).
• A menor variedade de BCRs para B-1 não influencia tanto na função da B-1 devido ao
fato dos antígenos não proteicos (geralmente açucares) são pouco variados.
• Reconhecem antígenos timo independentes (antígenos não proteicos).
• São apenas IgMm (expressam BCR IgM).
• São IgD negativos (não co-expressa IgM e IgD).
• Produzem anticorpos “naturais” – todo mundo já tem, sendo induzidos durante a
colonização da microbiota.
• Anticorpos podem ser IgM ou IgA.

Obs.: célula B que deixa de expressar BCR e secreta anticorpo solúvel é chamada de
plasmócito.

ONTOGENIA T – AULA CLEO

Célula mais importante do sistema imune: linfócito T.

Durante o processo inflamatório há os eventos da inflamação acontecendo logo após a


entrada do microrganismo. Esse microrganismo é identificado pelas células residentes
(macrófagos e células dendríticas) que possuem receptores Toll que reconhecem PAMPs e
DAMPs.

Ao mesmo tempo que ocorre o início do processo inflamatório no local da invasão começa a
imunidade especifica. A célula dendrítica (residente da imunidade inata) tem habilidade
incrível de ao reconhecer os PAMPs migrarem para os órgãos linfoides secundários ou tecido
linfoide associado a mucosa mais próximos do local da lesão (santuários de células da
imunidade especifica). A célula B-2 também está presente nos gânglios linfáticos, mas nos
folículos.

As células dendríticas reconhecem os PAMPs, migra em direção ao santuário de linfócitos T


mais próximo, passam reto aos folículos e encontram as células T presentes na região
paracortical. As células dendríticas são as únicas capazes de iniciar a resposta imune
especifica, desvirginando a célula T.

A função da célula dendrítica de desvirginar o linfócito T ocorre no tecido linfoide associado a


mucosa ou órgão linfoide secundário. As células dendríticas são as únicas com a capacidade de
desvirginar as células T e essas células T, após serem desvirginadas, podem ser ativadas por
outras APCs.

Resposta imune primária no corpo humano depende das células dendríticas.

As células dendríticas apresentam peptídeos (partes de proteínas degradadas por proteases).


A função da dendrítica é migrar do local de infecção para apresentar peptídeos aos linfócitos
T.

As células apresentadoras de antígenos possuem MHC – molécula do complexo de


histocompatibilidade maior (ou HLA – antígenos de leucócitos humanos - em humanos) de
dois tipos:

• MHC 1 para células T CD8.


• MHC 2 para células T CD4.

As classes de MHC se relacionam com os linfócitos devido ao fato da proteína CD8 ou CD4 ser
complementar ao MHC1 ou MHC2.
Obs.: quando há rejeição de transplantes, o maior motivo é a diferença de HLA (MHC), uma
vez que o TCR também reconhece uma parte do MHC. Transplante de medula óssea requer
100% de compatibilidade. O que mais diferencia uma pessoa da outra é o MHC (HLA).

Para a célula T reconhecer o peptídeo apresentado pela APC ela deve expressar o receptor
TCR, que consegue reconhecer o peptídeo.

Para ser uma APC a célula deve apresentar MHC:

• Apresentação de peptídeos para os linfócitos T CD8+ clássicos: capacidade de


expressar moléculas do MHC de classe I (todas as células do corpo – menos hemácias
e plaquetas (porque não são células)).
• Apresentação de peptídeos para os linfócitos T CD4+ clássicos: capacidade de
expressar moléculas do MHC de classe II:
o Expressão constitutiva: macrófagos, células dendríticas, os linfócitos B e as
células epiteliais tímicas;
o Expressão induzida: células endoteliais vasculares e outras células durante
resposta inflamatória.

Formação de linfócitos T.

A célula T tem o nome de T por iniciar a formação na medula e continuar no Timo (glândula
atrás do esterno e acima do coração).

O TCR é sempre um heterodímero, possuindo dois tipos: alfa-beta (75%) e gama-delta (25%).
As cadeias têm o mesmo peso molecular (não sendo mais usado o termo cadeia pesada e
cadeia leve) e cada cadeia é formada por dois domínios. O primeiro domínio de cada cadeia
forma a região variável. A cadeia zeta e cadeias CD3 servem para sinalização (cadeias
associadas).

O primeiro estágio ocorre na medula óssea:

• O marcador de linhagem para célula T é o CD2.


• Quando a célula expressa CD2 ela é pró-T.
• A proliferação é induzida pela IL-7 nas células que expressam receptor de IL-7 (IL-7R).
• Após a proliferação a célula cai na corrente sanguínea e chega ao timo.
o A pró T migra para o timo por expressar o receptor CCR9 para a quimiocina
CCL25 que é produzida pelas células enfermeiras do timo.

Obs.: deficiências na expressão de IL-7 ou de receptor de IL-7 implicam na não formação de


linfócitos B e T, visto que essa citocina age durante a formação das duas linhagens.

O segundo estágio ocorre no timo:

• Ao chegar no timo, na região do limite do córtex e da medula, a pró T migra para a


região apical por expressar CCR9 e ser atraída pela quimiocina CCL25 produzida pelas
células enfermeiras.
o Crianças que nascem com deficiências na expressão de CCL25 nascem sem
linfócito T. Essa deficiência de expressão pode ocorrer por deficiência no gene
que expressa a CCL25, tendo chance de fazer um transplante de timo. O
defeito também pode ser na parte dos hormônios tímicos que induzem o gene
a transcrever CCL25 e nesse caso pode ser necessário repor os hormônios
faltantes.
• Após a pró T chegar na região apical, as células enfermeiras abraçam (lançam
membrana e envolvem a pró T) e liberam IL-7 e hormônios tímicos (timosina, timolina
e timopoietina) que induzem a próxima etapa, que é a fase pré-T.
• A primeira cadeia a ser formada é a cadeia beta.
• Para formar a cadeia beta a região variável possui VDJ e a IL-7 com os hormônios
tímicos ativam RAG 1 e RAG2.
o RAGs 1 e 2 escolhem, aproximam e cortam os segmentos gênicos que
formarão o domínio variável da cadeia beta.
o Surge o grampo que é aberto pela artemis.
o Papel da DNA polimerase.
o Papel da TdT. → Adiciona até 20 nucleotídeos, independente de molde.
o Papel da DNA polimerase.
o Ligase IV.
• Depois da formação da cadeia beta, há uma proliferação induzida pela IL-7 e pelos
hormônios tímicos. → Na Ontogenia de Tcell vale lembrar que a IL-7 não atua mais
sozinha como atuava na Ontogenia de Bcell, logo, é importante citar que há a atuação
de hormônios tímicos, liberados pelas células enfermeiras.
• Após a proliferação, há a formação do domínio variável da cadeia alfa dentre as
opções VJ.

Obs.: A função do timo é imensa durante a fase fetal e dias após o nascimento, visto que as
células T formadas vivem por anos.

Quando as células enfermeiras liberam a célula T ela já está com o TCR formado e já expressa
CD4 e CD8, já estando na fase de linfócito T imaturo.

Linfócito T imaturo possui TCR (maioria é alfa-beta), CD2 (marcador de T), CD3 (cadeias de
sinalização) CD4, CD8 e expressa ainda CCR7, receptor de CCL19 e CCL21 (quimiocinas do
epitélio medular tímico), no lugar do CCR9. Essa troca de receptores permite a T imatura
migrar da região apical de volta para a medula do timo, sendo atraída pelas quimiocinas
CCL19 e CCL21 através do receptor CCR7.

Seleção (ocorre no epitélio tímico):

• Durante a migração da célula T imatura, ela passa por células que expressam MHC 1
(todas as células do corpo menos hemácias e plaquetas) e que expressam também
MHC 2 (como as células epiteliais tímicas, macrófagos e células dendríticas).

Obs.: o TCR não reconhece só o peptídeo, mas sim o peptídeo e partes das laterais do MHC.

• Se a força de interação entre o TCR e o peptídeo e as laterais do MHC forem muito


altas, a célula entrará em apoptose.
• Se a força de interação entre o TCR e o complexo peptídeo/MHC for de alta afinidade,
mas que não atinja o limiar de ativação das caspases, haverá a reedição (do domínio
variável da cadeia beta) através da reativação das RAGs.
• Se o TCR reconhecer o complexo peptídeo/MHC com alta afinidade, mas que não é
capaz de ativar as caspases ou reativar as RAGs, a célula T imatura se transformará
em célula T reguladora (Treg) – evita autoimunidade.
• Se o TCR não reconhecer o peptídeo e só reconhecer com baixa afinidade a lateral do
MHC, a célula sobrevive e define se será CD4 ou CD8, de acordo com o MHC que está
interagindo.
o Se o MHC for de classe 1, o linfócito perderá CD4 e será do tipo TCD8.
o Se o MHC for de classe 2, o linfócito perderá CD8 e será do tipo TCD4.

Obs.: regra número 1: para o linfócito sair do timo ele não pode reconhecer o peptídeo, mas
tem que reconhecer com baixa afinidade a lateral do MHC.

• Apoptose:
o Interação com altíssima afinidade entre TCR e complexo peptídeo/MHC.
o Nenhuma afinidade pelo complexo (casos de TCR mal feitos).
• Reedição: interação de alta afinidade entre TCR e o complexo peptídeo/MHC que
reativa as RAGs 1 e 2.
• Sobreviver: uma célula T para sobreviver não pode reconhecer peptídeo próprio, a
não ser que seja Treg, mas devem reconhecer as laterais do MHC com baixa
afinidade.
• Treg (particularidade): reconhecimento do complexo peptídeo/MHC pelo TCR com
afinidade alta, mas que não ultrapasse o limiar de ativação das caspases ou das RAGs
1 e 2.

O TCR aprende a tolerar o MHC, pois vai conviver com eles na periferia. Existe rejeição de
transplantes porque aprendemos a tolerar o nosso MHC e não o MHC de outro organismo.
Por isso é necessário imunodeprimir o paciente antes da cirurgia.

Obs.: Qualquer patógeno que chegue ao timo na vida intrauterina impõe uma força negativa
na seleção, porque as proteínas do patógeno serão processadas e apresentadas em
peptídeos como se fossem próprias. Ela usou o exemplo de gestante HIV+ e o nascimento de
bebe sem células T para o vírus em questão e acabam por perder aporte de células T que
seriam funcionais.

A maior produção das células T é na vida intrauterina, cerca de 98%.

É claro que o timo não tem condições de expressar peptídeos do fígado, dos rins, do cérebro.
O timo realmente não tem competência de ter proteínas do corpo inteiro, logo, escapam
clones auto reativos.

Proteína AIRE (gene que regula autoimunidade). O timo humano tem um gene que codifica a
proteína AIRE. AIRE é uma proteína transativadora (induz transcrição de gene) que faz com
que o timo passe a expressar proteínas de outros órgãos, para que essas proteínas possam
ser degradadas, gerando peptídeos para aumentar a eficiência da seleção dos linfócitos T.

São proteínas de glândulas exócrinas, pâncreas, trato digestório.

Crianças que deficiência no gene AIRE, que não codifiquem proteína AIRE podem desenvolver
doenças autoimunes graves, intratáveis, contra glândulas e trato digestório. Elas sucumbem
por excesso de autoimunidade.

Por mais que o AIRE permita que proteínas de fora do timo sirvam de peptídeos para a seleção
do linfócito T, não abrange tudo.

O fato de ter célula T que reconheça peptídeo próprio (linfócito T auto reativo) não quer dizer
que você terá doença autoimune.

Após o processo de seleção, que define se a célula é TCD4 ou TCD8 (normalmente há mais
TCD4 que TCD8), as células T vão para a periferia por expressar receptor para esfingosina 1-
fosfato (quimiocina do sangue periférico). Esses receptores só são expressos nas células T que
sobreviveram ao processo de seleção.

Obs.: Quando há necessidade de reconstituir o timo, uma boa forma de realizar esse
procedimento é aumentando a produção de IL-7. Pessoas que chegam a 100, por exemplo,
apresentam uma maior disponibilidade de IL-7, que tende a manter uma sobrevivência maior
das células T produzidas pelo timo.

MHC – AULA VERA

Relembrando: ontogenia das células T e o processo de seleção do linfócito T, que envolve


evitar clones que expressem receptor capaz de interagir fortemente com estruturas próprias,
envolve também a educação tímica que é a garantia que os linfócitos T são capazes de
interagir com as suas moléculas de MHC.

MHC serve para apresentar antígenos para os linfócitos T e que todos os receptores TCR são
capazes de interagir com as nossas moléculas de MHC, para que, caso elas estejam
apresentando algum antígeno que você precise ativar uma resposta imune contra ele, você
tenha a garantia que esses linfócitos T serão capazes de interagir com esse complexo
MHC/peptídeo.

Há duas classes de MHC. Linfócito TCD8 só reconhecem peptídeos acoplados a MHC classe 1 e
linfócitos TCD4 só reconhecem peptídeo apresentados por MHC classe 2. Essa restrição com as
classes de MHC se dá pelo fato que as proteínas CD4 e CD8 encontrarem para elas um sitio de
afinidade na molécula de MHC classe 2 e MHC classe 1, respectivamente. Reparem que, existe
uma região na topologia da MHC que acomoda o peptídeo, essa região é chamada de fenda
ou sulco da proteína MHC.

A região da MHC que tem afinidade com as proteínas CD8/CD4 é uma região distinta da fenda.
Na topologia da molécula de MHC a apresentação de antígenos fica restrita a região das
fendas e a interação com as proteínas CD4 e CD8 ficam associadas a uma outra região do
MHC.

As células que expressam MHC de classe 2 são: macrófago, linfócito B e células dendríticas,
além das células epiteliais tímicas (o que é extremamente importante no processo de
seleção). Essas células que expressam MHC de classe 2 são conhecidas como as APCs
profissionais. Os MHCs de classe 1 são expressos em todas as células nucleadas, inclusive nas
APCs profissionais.

Rejeição de transplante é um fenômeno imunológico, ou seja, quem está reagindo aquele


órgão é o sistema imune do receptor. No caso de transplantes, o alvo identificado pelo sistema
imunológico do receptor que gera uma resposta imunológica é o MHC (moléculas do complexo
principal de histocompatibilidade). Logo, moléculas de MHC podem ser diferentes entre os
indivíduos e por isso podem ser identificadas como patógenos pelas células do sistema imune.

As MHCs também podem ser chamadas de antígenos leucocitários humanos (HLA), tal
nomenclatura geralmente é utilizada em temas relacionados a transplantes. Em termos de
presença de moléculas de MHC, o fígado apresenta muito mais MHC de classe 1 do que MHC
de classe 2, logo, as moléculas de MHC de classe 1 são os principais antígenos de
histocompatibilidade, pelo fato de estar presente em todas as células.
MHC de classe 1 é formado por duas cadeias polipeptídicas, uma chamada de alfa, com três
domínios (alfa 1, alfa 2 e alfa 3) e uma chamada de beta 2 microglobulina. Já MHC de classe 2,
que também é formado por duas cadeias polipeptídicas, uma cadeia alfa (domínio alfa 1 e alfa
2) e uma cadeia beta (domínio beta 1 e beta 2). Existe uma região de sulco entre as cadeias
que é onde o peptídeo ficará assentado (MHC de classe 1 tem o sulco mais estreito que o
MHC de classe 2, acomodando peptídeos menores - 8 a 11 aminoácidos - enquanto MHC de
classe 2 acomoda peptídeos maiores - 10 a 30 aminoácidos).

A região que interage com as proteínas CD4 e CD8 estão localizadas fora da fenda. No caso
de MHC de classe 1, é o domínio alfa 3, já no caso de MHC de classe 2, é a região do domínio
beta 2.

Essa região da fenda é a região que pode estar diferente entre os indivíduos e ocasionar a
resposta imune. As moléculas CD4 e CD8 são iguais entre os indivíduos, sendo a região da
fenda a região variável. O TCR estabelece um contato com o peptídeo acoplado na fenda e
com a lateral da própria fenda, interagindo com o complexo MHC peptídeo, não só com o
peptídeo. Por isso, no processo de seleção é importante reconhecer também a lateral do MHC.

Existe regiões da fenda onde o peptídeo se ancora mais, o que explica que determinados
peptídeos tem uma afinidade maior pelo MHC, assim como peptídeos que possuem regiões
hidrofóbicas e fazem uma interação de maior afinidade com a molécula de MHC.

As moléculas de MHC não passam por seleção nenhuma, sendo capazes de acoplar peptídeos
próprios. Não existe uma forma de não apresentar peptídeos próprios, sendo assim,
apresentamos peptídeos próprios a todo o tempo. Não respondemos a essa apresentação por
causa do processo de seleção que não permite a saída de linfócitos T que reconhecem
peptídeos próprios, mas ainda assim possuímos clones auto reativos, já que o processo de
seleção não é capaz de apresentar todas as células do nosso organismo. Também não
respondemos a apresentação de células próprias que não passaram pelo processo de seleção
porque existem outras formas que o sistema imune desenvolveu para que mesmo com a
apresentação de antígeno próprio a clones auto reativos não haja uma resposta imunológica.

MHC também tem um outro aspecto diferente dos receptores de antígenos, não tendo uma
especificidade única, ou seja, uma molécula de MHC é capaz de acoplar peptídeos distintos,
desde que tenham tamanho e características que favoreçam a ancoragem ao MHC.

Existe uma terceira classe de MHC, MHC de classe 3. Esse MHC de classe 3 se refere a genes
dentro dos lócus de MHC (genes que codificam MHC de classe 1 e classe 2), mas esses genes
codificam proteínas que não tem nada a ver com as proteínas da molécula de MHC de classe
1 e classe 2, não apresentando a função de apresentação de antígenos. MHC de classe 3
codificam proteínas do sistema complemento, citocinas, etc.

Existem 3 genes distintos no nosso DNA, no cromossomo 6, que codificam MHC de classe 1
(gene A, gene B, gene C). Para o MHC de classe 2 existem três pares de genes (gene DP, gene
DQ e gene DF). A diferença entre o MHC de classe 1 possuir apenas genes simples e não pares
de genes se dá pelo fato da cadeia beta 2 microglobulina ser transcrito fora do gene de MHC.
Nós expressamos todos os genes (poligenia – mais de um gene expressa o mesmo tipo de
proteína e todos os genes são transcritos), ou seja, possuímos 3 tipos de MHC de classe 1 e 3
tipos de MHC de classe 2. Isso ajuda o MHC a apresentar mais variedades de peptídeos.

A diferença entre os tipos de MHC está na fenda!


Polimorfismo gênico é capacidade de ter variantes de um mesmo gene distribuídos na
população, ou seja, é ter alelos (forma de um gene) diferentes do mesmo gene distribuídos na
população. É comum haver um certo grau de polimorfismo entre os genes e pro MHC, os
genes são bastante polimórficos. Essas variações podem se dar por pequenas mutações,
sendo coisas discretas, não gerando uma proteína muito diferente. Polimorfismo podem estar
associados a alguma modificação fenotípica e gerar doenças, dependendo da alteração. MHC
de classe 2 é um pouco menos polimórfico que o MHC de classe 1.

Havia 3 tipos de MHC de classe 1 e 3 tipos de MHC de classe 2, só que com o polimorfismo
gênico aumenta em muito a variabilidade dos MHC tanto de classe 1, quanto de classe 2, o que
dificulta os transplantes. Como no zigoto formamos os pares de genes, ou seja, passa a ser
diploide, só que com os genes do MHC não há dominância, ambos os conjuntos de genes (do
pai e da mãe) serão expressos (codominância), logo, temos 12 tipos de MHC (6 de classe 1 e 6
de classe 2). Uma vantagem de haver alelos diferentes de MHC entre os indivíduos é a seleção
natural.

Qual a probabilidade de dois irmãos, do mesmo pai e da mesma mãe, serem 100%
histocompatíveis? A chance é de 25%.

Obs.: Para transplante de medula óssea a histocompatibilidade tem de ser de 100%.

A desvantagem de haver variantes dos genes de MHC é a dificuldade de se realizar os


transplantes.

A vantagem de haver variantes dos genes de MHC é a manutenção da espécie, garantindo que
pelo menos alguns indivíduos respondam a uma mutação.

• Ex.: caso tivéssemos uma única variante de MHC, se um vírus sofresse mutação,
gerasse uma doença letal e o MHC não fosse capaz de apresentar esse peptídeo, a
espécie seria eliminada.

Poligenia está associada a vantagens individuais, pois cada indivíduo possui diferentes genes
para uma mesma molécula, ampliando a capacidade individual de apresentar antígenos.

Polimorfismo está associada a uma vantagem populacional, pois favorece a manutenção da


espécie.

Quanto mais miscigenada uma população, mais difícil a histocompatibilidade.

Vacina é você imunizar o indivíduo mimetizando uma infecção, caso os indivíduos possuam
MHC capazes de apresentar os peptídeos da vacina, ele será imunizado, se ele não possuir, não
será imunizado.

A expressão das moléculas de MHC pode ser modulada, podendo ser regulada por citocina,
interação com PAMP. APCs que expressam MHC de classe 2 quando ativadas, podem
aumentar a expressão de MHC de classe 2 na presença de TNF-alfa, na interação do receptor
Toll com o peptídeo e por INF gama. A expressão de MHC de classe 1 é estimulada por INF
gama, INF alfa e INF beta.

Se você tem alelos de MHC capaz de apresentar moléculas próprias, você tem possibilidade
de desenvolver doença autoimune. Há a possibilidade, pois pode ser que não exista células T
auto reativas ou ainda que exista clones auto reativos, mas que todos os mecanismos de
tolerância periféricos funcionem adequadamente. Existem estudos que correlacionam a
expressão de determinado alelo com a expressão de determinada doença, assim como
determinados alelos que estão associados ao fato de não apresentar a doença.

Vias de processamento dos antígenos:

MHC de classe 1 (está em todas as células)

• Degradação das proteínas próprias ou antígenos que estejam presentes no citoplasma


(geralmente vírus) em peptídeos no proteosoma (cilindro que possuem enzimas que
fazem a degradação das proteínas que se acoplam).
• No reticulo endoplasmático é formado o MHC de classe 1.
• Na membrana do reticulo há proteínas transportadoras (TAP) que capturam
peptídeos do citoplasma e jogam dentro do reticulo.
• Dentro do reticulo existem outras enzimas (como a amino-peptidase terminal) que
podem clivar ainda mais esses peptídeos, deixando o terminal deles com aminoácidos
com maior afinidade pela fenda do MHC de classe 1.
• A MHC de classe 1 está ancorada a membrana do reticulo (há uma região hidrofóbica
que se insere na membra), associada as chaperonas (que são proteínas que se
associam as outras para dar estabilidade).
• Proteína tapasina faz o encaixe do peptídeo com a fenda do MHC de classe 1.
• Quando o peptídeo está encaixado ao MHC, o MHC se dissocia da chaperona,
consegue estabilidade suficiente para sair do reticulo em vesícula pro Golgi, trafega
até a membrana, se funde a membrana e o MHC fica exposto.

Não existe célula sem MHC, quando não há infecção, os MHCs expressos apresentam
peptídeos próprios.

O proteosoma pode ser influenciado por citocina pró-inflamatória, sendo que quando ela
está estimulada por essas citocinas, as enzimas apresentam uma mudança de afinidade do
substrato, fazendo com que o padrão de quebra seja mais associado a produção de
peptídeos para encaixe na fenda. É como se a célula já fosse se preparando para gerar
peptídeos capazes de serem apresentados. A vantagem é começar a gerar peptídeos com
maior probabilidade de entrar na fenda, minimizando o passo das enzimas do retículo
endoplasmático.

MHC de classe 2: macrófagos, células dendríticas e linfócitos B.

• Capturam os antígenos do meio extracelular por vesículas (fagossoma).


• Fagossoma e lisossoma se fundem e formam o fagolisossoma.
• O MHC de classe 2 é produzido no reticulo endoplasmático e há uma cadeia
invariante acoplada a fenda desse MHC (deixando o MHC de classe 2 estável com a
fenda obstruída).
• Molécula de MHC de classe 2 acoplada pela fenda a uma cadeia invariante sai do
reticulo em uma vesícula para o Golgi e sai do Golgi para o citoplasma.
• O fagolisossoma e a vesícula com MHC classe 2 se fundem.
• As enzimas do fagolisossoma degradam a haste da cadeia invariante, deixando
apenas um peptídeo remanescente (clip) na fenda.
• A proteína HLA DM (proteína que funciona como trocador de peptídeos), que estava
presente na membrana proveniente do reticulo endoplasmático, troca o peptídeo
remanescente do clip (cadeia invariante) pelo peptídeo do antígeno.
Por que o MHC de classe 2 fica com a fenda bloqueada o tempo todo? Porque o MHC de
classe 2 está expresso em células dendríticas e essas células tem capacidade de sair do tecido
lesionado (foco da infecção) e migrar para os santuários de linfócitos TCD4. Se a fenda não
tivesse obstruída, haveria apresentação de maior numero peptídeos próprios (que também
são formados no reticulo endoplasmático) para linfócitos T virgens (isso é mais um mecanismo
de defesa contra a ativação de linfócitos para células próprias). Não é tão crítico apresentar
peptídeos próprios em MHC de classe 1 porque essas células não tem a capacidade de migrar
para os santuários de linfócitos T.

A célula dendrítica, das APCs, é a única que consegue realizar apresentação cruzada. Ela
consegue fazer com que aquilo que ela internalizou em uma vesícula e se fundiu ao lisossoma,
parte seja liberado no citoplasma. Assim, a TAP joga esses peptídeos no reticulo
endoplasmático, a tapasina liga o peptídeo a fenda do MHC de classe 1. Isso garante que a
célula dendrítica consiga apresentar peptídeos para linfócitos TCD8 e TCD4.

A célula dendrítica presente nos tecidos periféricos sofre alterações quando expostas as
citocinas pró-inflamatórias, expressando mais receptores Toll, expressando mais MHCs,
recolhendo seus prolongamentos e sendo atraídas pelas quimiocinas CCR19 e CCR20 (pois
expressa receptor CCR7). Essa célula dendrítica expressando MHC com peptídeo acoplado
interage com linfócitos T que expressem receptores (TCR) para tal peptídeo e ativa-o,
tornando um linfócito T efetor (com capacidade de gerar resposta). Esse clone ativado passa
por proliferação, expandindo o número de células idênticas que não necessitam ser ativadas
no linfonodo, mas precisam migrar para o tecido lesionado e serem apresentadas ao
antígeno invasor pelo macrófago residente.

Célula dendrítica é uma célula fundamental e quando é ativada pela resposta inata (reconhece
PAMPs e citocinas), passa por uma série de transformações (expressam mais receptores Toll,
MHC de classe 2, receptores CCR7, moléculas de membrana que vão participar da interação
para ativar os linfócitos T (moléculas coestimulatórias), secretam quimiocinas que atraem os
linfócitos virgens (os linfócitos vem até a célula dendrítica que entrou nos linfonodos e vai
testando até se acoplar) e ainda é capaz de fazer apresentação cruzada, ativando linfócitos
TCD8 virgens.

ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T CLÁSSICOS E PRIMITIVOS – AULA CLEO

Para que o linfócito B consiga fazer o seu trabalho de forma correta, ele precisa do linfócito T
ativado.

Existe uma célula da imunidade natural que é a única célula apresentadora de antígeno capaz
de iniciar uma resposta imune primária. Essa célula emite longas projeções citoplasmáticas em
formato de dedos, é encontrada raramente no sangue (em pessoas saudáveis 1% dos
leucócitos circulantes) e abundantes nos tecidos (ainda mais em mucosas). -> célula
dendrítica.

Logo após o reconhecimento e ativação, as células dendríticas conseguem diminuir sua


adesão ao tecido e migrar para os santuários de linfócitos T (região paracortical dos gânglios
linfáticos) seguindo um gradiente de concentração de quimiocinas (CCL19 e CCL21) por
possuírem receptores CCR7.
Obs.: Deficiência na expressão de CCR7 ou das quimiocinas? A criança já nasce sem célula T,
pois essas quimiocinas são necessárias durante a ontogenia T. Para diagnosticar, o linfograma
simples não é ideal, tendo que pedir subtipos de linfócitos.

Ao chegar na região paracortical, o primeiro contato entre célula dendrítica e linfócito T é por
sinapse de moléculas de adesão expressas tanto pelas dendríticas quanto pela T. Essa
interação entre as moléculas de adesão aumentam o tempo de sinapse entre TCR e complexo
peptídeo/MHC, possibilitando que os domínios variáveis do TCR possam verificar se ela é
complementar ao peptídeo apresentado na fenda da molécula de MHC (além de verificar se
as laterais do MHC são complementares ao TCR).

Quando o peptídeo se liga a fenda de MHC, essa molécula, por possuir uma certa mobilidade,
altera um pouco a sua forma, possibilitando uma melhor ligação com o TCR. Isso não oferece
risco de autoimunidade porque só ocorre quando o peptídeo está ligado a molécula MHC.
Assim, o melhor peptídeo é o que se encaixa melhor na fenda, que tem maior afinidade pela
fenda (maior força bioquímica para ligação).

Na periferia, quanto maior a afinidade entre o TCR e o completo MHC/peptídeo, maior a


sinalização para a célula T e maior a chance de ativação dessa célula T virgem.

O 1º sinal (interação e reconhecimento do TCR com o complexo peptídeo/MHC) é


fundamental e importantíssimo, mas não é suficiente para ativar a célula T.

Para que a célula T madura virgem possa ser ativada pela primeira vez, perdendo a sua
virgindade, são necessários outros sinais. Esses sinais secundários são necessários para que
não se ative clones auto reativos (produzidos, a maioria, na vida fetal – onde evita-se o
segundo sinal – a mãe evita ao máximo a inflamação), silenciando boa parte desses clones
(clones anérgicos).

O requisito para ter a anergia é a presença do primeiro sinal. Nem todos os clones auto
reativos são anergizados porque alguns não foram expostos ao 1º sinal, ou seja, não foram
expostos a peptídeos próprios (aqueles que só aparecem quando há lesão, etc.).

O 2º sinal aparece quando há inflamação.

Predominantemente dado pelas seguintes moléculas: B7(APC) e CD28(Célula T).

APC profissional tem que expressar em altos níveis a família B7 (B7-1 e B7-2). Esses membros
são expressos em níveis alarmantes quando há inflamação, ainda que o B7-2, primeiro a ser
expresso, possua níveis de expressão baixos sem inflamação. Já o B7-1 é expresso somente
após a ativação da célula dendrítica.

CD28 é uma molécula constitutivamente expressa pelo linfócito T virgem.

O 2º sinal é a interação entre os membros da família B7 e seu ligante, molécula expressada


constitutivamente na célula T virgem, o CD28.

O membro B7-1 possui uma afinidade 100 vezes maior para com o CD28 que o B7-2.

São necessários então 2 sinais para ativar um T virgem na periferia. O primeiro sinal é a
interação TCR e complexo peptídeo/MHC. Já o segundo sinal é a interação da família B7 com a
molécula CD28 expressa constitutivamente pela célula T virgem.
Quando a célula T ativada está fazendo sinapse com a APC, há a expressão da molécula CD69.
Esse CD69 bloqueia o receptor de esfingosina 1 fosfato (quimioatraente do sangue). Existem
medicamentos para o controle de esclerose múltipla que mimetizam a CD69, impossibilitando
a saída dos linfócitos T dos gânglios, sendo que isso deixa o paciente imunosuprimido.

Depois que a célula T já está ativada, o segundo sinal pode ser feito por outras moléculas que
não B7 e CD28, podendo ocorrer por intermédio do CD40 (da APC) com o ligante, CD154
(presente somente em células T já ativadas).

A APC para desvirginar uma célula T deve ser profissional. As células dendríticas são APCs
profissionais, por terem as seguintes características:

• Formato: aumenta a sua superfície de contato por emitir prolongamentos


citoplasmáticos.
• Consegue migrar do tecido lesionado.
• Baixo limiar de ativação.
• Expressa níveis elevados de moléculas de adesão e ainda expressa B7-2 em níveis
reduzidos.
• Realizam apresentação cruzada (permite ativar TCD8 mesmo que o antígeno tenha
sido fagocitado).

A ativação da célula T envolve uma cascata de sinalização dentro dessa célula.

• O complexo TCR/CD3, quando ativado (reconhece peptídeo apresentado pela APC),


ativa uma cascata de sinalização que:
o Induz a expressão dos genes NFAT (Fator Nuclear de célula T Ativada), NF-kB e
complexo AP-1, que codificam proteínas transativadoras.
• Ao mesmo tempo, o 2º sinal, por meio do CD28 (que também apresenta cauda
citoplasmática) ligado a família B7, ativa vias da cascata de ativação que não são
ativadas pelo complexo TCR/CD3 quando reconhecem peptídeos apresentados pela
APC. Essas vias têm função de:
o Aumentar a sobrevida da T por aumentar a expressão de moléculas anti—
apoptóticas.
o Estabilizar mRNA para diferentes citocinas.
o Diminuir a expressão de moléculas pró-apoptóticas.
o Estabilizar mRNA da NFAT, NF-kB e complexo AP-1.

A cascata da cauda citoplasmática do CD28 dá suporte a longo prazo para a sinalização


deflagrada pelo TCR/CD3.

Obs.: Qualquer droga usada para interferir nessas cascatas beneficiam pacientes que sofram
de desordens inflamatórias.

O primeiro fenômeno que ocorre na resposta imune adaptativa é a proliferação, necessária


para aumentar a quantidade de células comprometidas a controlar o patógeno que
desencadeou a resposta imune. Sendo assim, toda a cascata ocorre para que haja a
proliferação.

O fenômeno da proliferação é mediado pela IL-2 e CD25(IL-2RA). A célula T que recebeu os


dois sinais só consegue proliferar se produzir IL-2, que age de forma autócrina (produzido,
secretado e age na mesma célula).
Somente a célula T ativada consegue expressar níveis elevados de receptor de IL-2 completo
(que é um heterotrímero de cadeias alfa, beta e gama). Sendo assim, uma T ativada responde
a uma baixa concentração de IL-2. Célula T virgem ou T de memória possuem receptor
heterodímero, não possuindo a cadeia alfa (que é induzida pela CD25), podendo responder a
presença de IL-2, desde que em altas concentrações.

Célula T CD25 positiva é uma célula T ativada e possui receptor completo de IL-2.

O segundo fenômeno e que ocorre ao mesmo tempo do primeiro fenômeno, é a


diferenciação. Os sinais para a diferenciação são provenientes de células dendríticas, sendo o
3º sinal para as células T.

O 3º sinal são citocinas que vão induzir diferentes células T efetoras.

DIFERENCIAÇÃO DAS TCD4 CLÁSSICAS – AULA CLEO

O fenômeno da diferenciação é dependente das citocinas liberadas pelas células dendríticas.

O 3º sinal ocorre durante a sinapse imunológica entre a célula TCD4 ativada (Th0) com a célula
dendrítica, que libera citocinas que induzem a diferenciação da TCD4.

Citocinas liberadas TCD4 diferenciada Proteínas Citocinas transcritas Função biológica


pelas células (fenótipos) transativadoras
dendríticas.
IL-12 Th1 STAT-1/4 e t-bet IL-2 E IFN-gama Contra todos os parasitas,
exceto helmintos.
IL-4 Th2 STAT-6 e GATA-3 IL-4, IL-5 e IL-13 Contra helmintos.
TGF-beta e IL-4 Th9 PU-I IL-9 Reação alérgica.
IL-6, IL-1beta, IL-23 Th17 STAT-3 E ROR-C IL-17, IL21 e IL-22 Contra bactérias
e TGF-beta extracelulares e fungos.
• Contra bactérias extracelulares e fungos há dobradinha de Th17 e Th1, sendo que
Th17 é mais especifica.
• A Th2, quando junto a Th9, contribui para reações alérgicas.

Quando há reação por Th1, Th2 é inibida. Sendo assim, as citocinas transcritas por uma,
inibem a outra.

• Quem tem uma resposta Th2 forte, tende a ter uma resposta Th1 mais fraca. Isso
ocorre em pessoas que tem reações alérgicas graves que envolvem Th2, uma vez que
esse inibe o Th1, deixando o ambiente mais propicio ao desenvolvimento de
bactérias.

As citocinas (mediadores) secretadas na sinapse pelas células dendríticas induzem o


comprometimento (diferenciação) das células TCD4 ativadas (Th0). Essa citocina induz
transativadores da célula TCD4 diferenciada a produzir citocinas que serão secretadas,
conforme a tabela anterior.

O que faz a célula dendrítica produzir os mediadores que induzem a diferenciação é,


principalmente, o tipo de PAMP que foi reconhecido por essa célula dendrítica.
Eventos adversos podem alterar o 3º sinal.

• Como o hormônio GH, que faz a dendrítica produzir mais IL-12, que induz a
diferenciação em Th1.

Quando o Th1, Th2 e Th17 produzem as citocinas, elas também induzem determinadas
classes de anticorpos por meio de clivagem a nível de DNA (uma vez que haja a mudança de
classe, uma célula B nunca mais produzirá IgM de novo), há a troca dos domínios constantes
da cadeia pesada.

• Th1 induz a célula B a produzir anticorpos da classe IgG-1 e/ou IgG-3.


• Th2 induz a célula B a produzir anticorpos da classe IgE e/ou IgG-4.
• Th17 induz a célula B a produzir anticorpos da classe IgG (todas) e/ou IgA.

A célula B precisa que a célula dendrítica efetue a sua função adequada, para que a célula
TCD4 ativada se diferencie no fenótipo correto, se não os anticorpos produzidos serão
errados.

Há um subtipo de TCD4 especializado a colaborar com a célula B nos folículos. Esse subtipo de
TCD4 é chamado de TFH (T helper folicular). Para uma célula Th0 (TCD4 ativada e não
diferenciada) se diferenciar em TFH, é necessário que a célula dendrítica libere a citocina IL-6 e
que haja ligação do CD40 (da célula dendrítica) com o CD154 (da célula T) e do ligante de ICOS
(da célula dendrítica) com o ICOS (da célula T). Essa ligação induz transativadores Bcl-6 e c-Map
a transcrever IL-21. Essa TFH é capaz de migrar para os folículos (por expresarem CXCR5,
sendo atraídos por CXCL13), onde se encontram as células B, e colaborar com as células B na
produção dos melhores anticorpos.

A migração da célula TFH para os folículos ocorre pelo fato dessa célula expressar o receptor
de CXCL13 (quimiocina produzida constitutivamente pelos folículos), o nome desse receptor é
o CXCR5. A expressão do receptor CXCR5 é induzida pela ligação de ICOS com o ligante, do
CD40 com o CD154 e da presença de IL-6.

Circuito de regulação: quando a Th0 colabora com uma célula dendrítica tolerogênica ela se
diferencia em T helper reguladora que regulam a inflamação.

A Th1 induzida na região paracortical migra para o local de infecção e libera IL-2 e IFN-gama,
sendo uma resposta imune celular (RIC).

A Th2 induzida na região paracortical migra para o local de infecção e libera IL-4, IL-5 e IL-13,
sendo uma resposta imune humoral (RIH).

A Th17 induzida na região paracortical migra para o local de infecção e libera IL-17, IL-21 e IL-
22, numa resposta com característica mais celular que humoral.

Memoria imunológica

É a capacidade de responder melhor a um segundo ou posterior encontro, ao ponto de que a


pessoa nem saiba que está infectado, pois o sistema imune aniquilou o patógeno. O paciente
fica doente no primeiro encontro, mas gera memória para os encontros posteriores. As
vacinas preparam a memória.

Nós temos dois tipos de memória:


• De curta duração: memoria efetora e dura de semanas a poucos meses. T de
memória circulante na área onde houve a infecção, vigilando uma possível reinfecção
no curto prazo.
• De longa duração: memória central com duração de anos após a eliminação do
invasor.

Obs.: Há vacinas que necessitam de reforço, pois apresentam células de memória com
duração muito limitada. As vacinas que induzem a melhor memória são feitas com o bicho
todo.

Quanto maior a afinidade da célula dendrítica muito ativada com a célula T, maior a
memória.

Célula de memória efetora

• Quando ativadas pelo antígeno, secretam rapidamente níveis elevados de citocinas


com padrão restrito (Th1, Th17, Th2, Th3, etc.).
• Expressão diferenciada de moléculas de superfície (expressa CD44, CD45RO; não
expressa CD62 – não entra no gânglio, CCR7 – não entra no gânglio e não vai para o
paracortex, CD122 – não responda a IL-15, CD127 – não responde a IL-7) e de
receptores para quimiocinas (sítios de contato com o antígeno, geralmente trato
gastrointestinal).
• Capacidade reduzida de produzir IL-2, de responder a IL-2 e maior suscetibilidade a
apoptose induzida por ativação. – Não prolifera bem.

Célula de memória central

• Intensa resposta proliferativa quando reestimulada pelo antígeno (IL-2 dependente).


• Expressão diferenciada de moléculas de superfície (expressa CD44, CD62 – entra no
gânglio, CCR7 – vai ao paracortex, CD122 – respondem a IL-15, CD127 – respondem a
IL-7, CD27, CD47RO) – por isso conseguem durar muitos anos. – IL-7 e IL-15 são
citocinas que prolongam a duração da célula memória.
• Resistência a apoptose, capacidade de produzir e responder a IL-2.
• Utilização de outras vias de co-estimulação.
• Manutenção da sobrevida e proliferação basal pela IL-7 (TCD4, TCD8) e IL-15 (TCD8).

Co-estimulação dos linfócitos T

Expresso na APC Expresso na célula T


B7-2 (CD86) CD28 Célula T virgem
B7-1 (CD80) CD28 Célula T virgem
CD40 CD154 Célula T ativada
ICOS (CD278) ICOS-L Th de memória no centro
germinativo
CD27 CD70 Th1 e TCD8 de memória
CD137 CD137-L TCD8 de memória
OX40 OX40L Th2 de memória

Linfócito T primitivo – formado fora dos órgãos linfoides primários (formado na mucosa ou
fígado).
• Células majoritariamente residentes (mucosas e pele), tem TCR, mas tem pouquíssima
variabilidade genética. Não tem TdT. Não passam por seleção negativa.
• Reconhecem PAMPs diretamente ou podem reconhecer PAMPs acoplados a fenda de
molécula que se assemelha ao MHC de classe 1, chamado de CD1 (5 subtipos não
polimórficos – CD1a, b, c, d, e). Podem reconhecer moléculas próprias na gestação,
sendo um mecanismo benéfico. Algumas tem marcadores nas células natural killer.
• Quando o patógeno entra no tecido e é reconhecido pelas células fagocíticas, essas
células liberam citocinas que ativam as células T primitivas locais e essas podem
ajudar produzindo citocinas nobres (IFN-gama) diretamente, ajudando a resposta
imune inata a controlar os invasores.
o Aumenta a ativada da célula NK.
o Aumenta a atividade microbicida dos fagócitos.
o Aumenta a função das APCs das células dendríticas.
o Aumenta a inflamação.
o Caso a T primitiva no local de inflamação libere IL-4, ela favorece a
diferenciação da T em Th2 por meio da célula dendrítica que migrou estar
liberando IL-4
o Caso a T primitiva no local de inflamação libere IL-17, ela favorece a
diferenciação da T em Th17 por meio da célula dendrítica que migrou estar
liberando IL-23 e TGF-beta.
o Caso a T primitiva no local de inflamação libere IFN-gama, ela favorece a
diferenciação da T em Th1 por meio da célula dendrítica que migrou estar
liberando IL-12.

As T primitivas têm uma importância ímpar, visto que deficiência nessas levam a uma maior
demora na diferenciação das células T por parte das dendríticas.

RESPOSTA IMUNE MEDIADA POR T HELPER 1, 2 E 17 – AULA CLEO

Resposta imune celular (RIC) – resposta mais nobre, cara e fortuita.

O terceiro sinal da célula dendrítica para a Th0 para a diferenciação em Th1 é a IL-12.

RIC (no local de inflamação) – célula NK (estocada no pulmão – fumantes tem meia vida de NK
menor) é uma das mais importantes da imunidade inata que colabora com a RIC, podendo
mediar morte pela citotoxidade dos patógenos e células hospedeiras humanas que estão
amplamente infectadas (apenas as células anormais) e também reconhece PAMPs, liberando
IFN-gama. Esse IFN-gama age nas células dendríticas induzindo a produção de IL-12, logo,
quando as células dendríticas migram para a região paracortical dos gânglios, elas já chegam
com capacidade de diferenciar Th0 em Th1.

T primitiva é uma célula que reconhecem PAMPs inteiros ou processados, na área de infecção,
também liberam IFN-gama.

o Pessoas que tem deficiência em NK ou T primitiva tem uma resposta por Th1
subotica.

Funções da RIC (3 funções majoritárias): no local de infecção

• 1ª função:
o Quando a TCD4 Th1 entra, chega preparada a secretar, por ter a eucromatina
hiperexpressa, IL-2 e IFN-gama. Ela colabora com os macrófagos e células
dendríticas que estão fagocitando, processando e apresentando peptídeos dos
patógenos para os quais a TCD4 é especifica. Com a apresentação para a TCD4
Th1, há a liberação de IL-2 e IFN-gama, dessa dupla, o IFN-gama aumenta o
poder microbicida dos fagócitos e colabora com os neutrófilos indiretamente,
aumentando a resposta imune inata.
o Caso os fagócitos não consigam fagocitar tudo, há a formação de uma célula
gigante. A produção persistente (porque o bicho é de difícil eliminação) de
IFN-gama por Th1 faz com que os macrófagos se unam e formam uma célula
gigante multinucleada.
o Caso a célula gigante não consiga eliminar o patógeno, há a formação do
granuloma. A liberação de FEF – fatores estimuladores dos fibroblastos – induz
o recrutamento e produção de fibroblastos na área de infecção, com a
formação de uma rede intransponível de colágeno para as bactérias, não
deixando elas saírem.
▪ Obs.: o granuloma é mantido pela memória de Th1, logo uma baixa de
Th1 causa a regressão do granuloma, pois as células de memória que
mantem o granuloma formado.
• 2ª função:
o Auxiliar linfócito B na periferia a secretar anticorpos IgG1 e IgG3 (só troca a
classe, não interfere na região variável).
▪ A célula B tem que ser uma APC para o fenótipo de TCD4 que irá
colaborar com ela. Assim, o IFN-gama age na célula B de forma a
trocar a classe dos anticorpos.
• 3ª função:
o Diferenciação da TCD8 em CDL (linfócito T citotóxico) por indução da IL-2 extra
liberada pela TCD4 Th1.
o A célula TCD8 de memória só mantem a memória na presença de Th1.
o T citotóxica é uma TCD8 que foi ativada nos gânglios que sintetiza substancias
tóxicas (perforina e granzimas) que são armazenadas em grânulos.
o Quando essa célula chega ao local de inflamação, ela identifica qual célula
atacar pela apresentação mediada por APC com MHC de classe I, sendo que
qualquer APC que possua MHC I que apresente peptídeo especifico para o TCR
está infectada, uma vez que TCD8 age sobre vírus, que são substancias
intracitoplasmáticas.
o Perforina: proteína anfipática homologa a proteína C9 do complemento,
formando um túnel na presença de cálcio que permite as granzimas acessar o
citoplasma da célula.
o Granzimas: induz apoptose da célula, destruindo DNA do vírus e da célula.

Além de ser citotóxica, a presença de CTL no local de inflamação irá potencializar a resposta
de Th1.

Resposta por Th17

Fenótipo induzido pelo terceiro sinal: IL-23 e TGF-beta.


Produz IL-17, 21 e 22 contra fungos e bactérias extracelulares.

• IL-17 - citocina de assinatura. Função de garantir chegada de neutrófilo ao local de


infecção por induzir as células do local de infecção a produzir IL-8 (quimiotaxio para o
neutrófilo).
o Toda secreção purulenta tem neutrófilo (quando tem neutrófilo tem pus),
logo a Th17 age sobre essa formação também.
• IL-22: ajuda na recomposição das células danificadas do epitélio da mucosa e da pele.
Aumenta a capacidade de renovação, de produção de muco, produção de glicocálice
no epitélio da mucosa que diminui a adesão de patógenos.
• IL-21: também produzida por TFH. Tem função de manter a proliferação de Th17,
agindo de forma autócrina. Atua nas células B induzindo a diferenciação em
plasmócitos e a secreção de anticorpos da classe IgG e IgA.
o Também pode aumentar a função de fibroblastos (perigo em doenças
autoimunes, pois pode causar danos ao tecido).

A Th1 está sempre auxiliando a Th17 no combate a bactérias extracelulares e fungos.

Resposta Imune Humoral – tem célula, mas depende do anticorpo IgE.

Resposta imune contra helmintos, em algumas pessoas pode causar alergias.

Fenótipo Th2 – induzido por IL-4.

Que citocinas são secretadas pela Th2:

o IL-13: troca de classe dos anticorpos.


o IL-4: troca de classe dos anticorpos.
o IL-5: aumento de eosinófilos na medula - eosinofilia.
o IL-6: aumenta a produção de anticorpos pelos plasmócitos (célula B que secreta
anticorpo).
o IL-3: mastocitose.

Depois que a IgE é produzida, toda a resposta imune contra helminto, depende da IgE.

IgE reconhece antígenos na superfície dos helmintos pela porção FAB e a porção FC do IgE fica
exposta para os eosinófilos (possuem proteínas toxicas para helmintos, mas também pode
danificar células humanas) e mastócitos (estoca histamina e não tem atuação direta, só
aumenta a inflamação) que possuem FCϵR (receptor da porção FC de anticorpos da classe IgE).

ATIVAÇÃO DO LINFÓCITO B – AULA VERA

A resposta humoral adaptativa (especifica) se inicia nos tecidos linfoides secundários, onde os
linfócitos B interagem com os antígenos para os quais são específicos. A natureza da resposta
dos linfócitos B pode variar com a estrutura do antígeno (timo independente e timo
dependente)

• Timo-dependente: são antígenos proteicos reconhecidos por linfócitos T que auxiliam


os linfócitos B.
• Timo-independente: não passa por apresentação para linfócito B e não tem auxilio do
linfócito T.

Linfócito B responde ao estimulo antigênicos secretando imunoglobulinas semelhantes as que


eram expressas na membrana. Linfócito B que secreta anticorpo é chamado de plasmócito.
Linfócito B ativado passa a ter um processamento diferente do RNAm que codifica a
imunoglobulina, deixando de transcrever aminoácidos hidrofóbicos (transmembrana) que
mantem o BCR ligado ao linfócito B, secretando o anticorpo.

Linfócitos B virgem expressam IgM e IgD associadas as cadeias (transmembranas) Ig-alfa e Ig-
beta, que são as cadeias capazes de fazer transdução de sinalização celular, iniciando o
processo da cascata de sinalização celular. As regiões das cadeias associadas responsáveis por
fazer essa sinalização são os domínios intracelulares ITAM (sequência de tirosinas que são
sítios de interação para uma serie de proteínas citoplasmáticas, inclusive de proteínas capazes
de fosforilar essas tirosinas, dando sequencia a uma serie de sinalizações).

Forma pela qual os antígenos timo-dependentes ativam o linfócito B

Linfócito B vai interagir com os antígenos que entram nos folículos pela linfa sem necessidade
de processamento ou apresentação do antígeno, diferente do que acontece com o linfócito T.
Após reconhecer o antígeno pelo BCR, o complexo BCR/antígeno é internalizado, processado
e apresentado pelo MHC de classe II. Logo, os peptídeos originados desse antígeno proteico
são apresentados para linfócitos TCD4 específicos para esse antígeno.

O linfócito B após reconhecer o antígeno, internalizar, processar e expressar MHC II com o


peptídeo, muda a expressão de receptores (diminui CXCR5 e tem um maior padrão de
expressão de CCR7). Após ser diferenciado, o linfócito T também muda seu padrão de
expressão de receptores, passando a expressar mais CXCR5 e expressando menos CCR7. Essa
mudança na expressão de receptores proporciona o encontro dos linfócitos B e T na borda da
região folicular com a região parafolicular. Esse encontro é o segundo momento de interação
com o antígeno, momento no qual o linfócito T passa a realizar a sua função efetora, uma vez
que expressa o ligante de CD40 (CD154). O linfócito B expressa CD40 constitutivamente.

A interação (CD40 e ligante de CD40) entre linfócitos T e B é essencial não só pro T efetuar sua
função efetora, mas também para B receber os sinais necessários para se diferenciar em
plasmócitos. Essa interação é determinante para ocasionar as alterações no linfócito B, como a
proliferação dos linfócitos B e a síntese da enzima AID (deaminase induzida por ativação). O
linfócito T ativado que entrou em contato com o linfócito B vai ser influenciado a se diferenciar
em um novo fenótipo, T helper folicular.

Essa expansão clonal que o B sofreu não é tão extensa (entre 100 e 200 clones). Esse foco
primário de proliferação vai levar a uma diferenciação inicial de parte da população clonal
célula B em plasmócitos de vida curta (que secreta anticorpos da classe IgM específicos para
aquele antígeno).

• Obs.: Se você foi exposto a um antígeno pela primeira vez na vida, haverá a produção
de IgM, porem, após um tempo, não haverá mais a expressão dessa classe. O
anticorpo de classe M é o primeiro a ser produzido (lembrar que o BCR é sempre de
classe IgM e em menor quantidade IgD).

Após essa interação, há uma nova mudança no padrão de expressão de receptores de


quimiocinas. A célula T (linfócito T helper folicular) aumenta muito a expressão de CXCR5 e
entra no folículo e a célula B que não se diferenciou em plasmócito retoma sua expressão de
CXCR5 e volta para o folículo.

No folículo há a formação do centro germinativo.

Centro germinativo: arquitetura histológica que pode ocorrer nas estruturas foliculares. É uma
alteração histológica perceptível através de coloração de um corte histológico e acontece
quando está ocorrendo uma resposta imunológica dentro daquele tecido linfoide. É formado
pela célula B que retornou ao folículo e entra em fase proliferação intensa.

A célula T helper folicular é essencial para sustentar os eventos que ocorrem dentro do
centro germinativo, que são: hipermutação somática maturação da afinidade da
imunoglobulina, troca de classe da imunoglobulina, diferenciação para plasmócito de vida
longa (dura anos) e parte se diferencia em linfócito B de memória.

• Hipermutação somática: muitas mutações em um gene que não é associado a


características sexuais, por isso somática, mais especificamente nos genes da
sequência nucleotídeo que codificam o domínio VDJ, aumentando a diferenciação do
domínio variável da cadeia pesada do BCR. Com isso, há a geração de pequenas
variações na afinidade ao antígeno que estimulou a célula B. No domínio variável há
três sub-regiões que são as hipervariáveis, sendo essas as que sofrem as mutações. A
enzima AID age em cima de citosina (nucleotídeo) provocando uma alteração química,
deaminando a citosina, transformando em uracila. AID tem afinidade por fita simples,
atuando então durante a proliferação da célula, na replicação do DNA. A uracila (que
não está presente em DNA) é substituída por timina, fazendo com que a fita filha
expresse adenina. Há ainda a possibilidade de a uracila ser removida por enzimas,
formando sítios abásicos que são clivados por endonucleases e a maquinaria repõe o
nucleotídeo faltante. Essa hipermutação altera a afinidade da região FAB do BCR,
podendo aumentar ou diminuir a afinidade pelo antígeno.
• Maturação da afinidade da imunoglobulina: seleção dos linfócitos B que tem maior
afinidade pelo antígeno. Essa seleção é dependente das células dendríticas foliculares
que possuem prolongamentos mais longos (superfície de contato maior) capazes de
adsorver (ancorar) antígenos na membrana, permitindo que essas células B possam
interagir com esses antígenos. Essas células que estão proliferando estão
programadas para entrar em apoptose (taxa de apoptose nos folículos é altíssima),
selecionando apenas os clones que aumentam a afinidade pelo antígeno. Os
linfócitos B que tem uma afinidade pelo antígeno aumentada precisará receber
estimulo do BCR e interagir com o linfócito T helper folicular para reverter esse
quadro pró apoptótico. Logo, com o tempo, os linfócitos selecionados serão os que
possuem maior afinidade pelo antígeno.
o Além das alterações da afinidade realizadas pela hipermutação somática, a
disponibilidade de antígenos a serem apresentados aos clones de linfócitos B
também impactam no processo de seleção. Portanto, uma baixa
disponibilidade de antígenos a serem apresentados acaba causando uma
maior competição das células B, aumentando a eficiência de seleção e de
afinidade.
• Troca de classe: AID também atua nesse fenômeno. A célula T quando se diferencia
em T helper folicular acumula os dois perfis, possuindo características de Th
diferenciada também (Th1, Th2 ou Th17). Assim, citocinas secretadas por esses
fenótipos de T helper ativam fatores de transcrição que agem na região promotora,
abrindo a fita dupla a partir da região de troca. Quando o linfócito vai transcrever a
região da cadeia pesada em RNAm, há a abertura da fita com uma extensão que
depende da citocina que está estimulando. Quando a fita está aberta, AID age
deaminando citosina em uracila. A uracila N-glicosilase quebra e deixa os sítios
abásicos e a endonuclease APE I cliva os sítios abásicos. Com isso, a fita fica picotada,
não sendo possível transcrever. Logo há o corte da dupla fita, aproximando as
extremidades que possuem uma outra sequência de nucleotídeos de outra cadeia
pesada.
o IgD não possui região de troca e nem região promotora, então ele quase não é
secretado.
o IgM só é secretado na forma inicial.
o Só há troca por IgG, IgE ou IgA.
• Diferenciação em plasmócitos de vida longa: as imunoglobulinas já não possuem a
mesma afinidade pelo antígeno que o BCR da primeira célula B (afinidade é maior).
Além disso, ele secreta constitutivamente imunoglobulina, não precisando ser
estimulado.
• Linfócitos B de memória (só se desenvolve se o antígeno for timo dependente):
responsável pela resposta secundaria e outras, passando pelo processo de
proliferação e diferenciação em plasmócitos, aumentando ainda mais a afinidade
pelo antígeno (uma vez que ocorre hipermutação somática e maturação da afinidade
novamente).

Em termos de afinidade, um IgM tem menos afinidade que um IgG, porque quando o linfócito
produz o IgM, ele ainda não passou pela hipermutação somática e nem pela maturação da
afinidade. No início da resposta, a afinidade do IgG pode ser fraca, uma vez que há diversos
clones disponíveis, com o passar do tempo, só os clones que possuem uma afinidade mais
alta seguem, o que faz com que a imunoglobulina tenha uma força de ligação ao antígeno
mais forte.

Encontrar um anticorpo no organismo para determinado antígeno não diz se você está
infectado no momento ou se está vacinado ou se teve um contato prévio com aquele
antígeno. Se a pesquisa for por IgM, a infecção é naquele momento (na toxoplasmose a
produção de IgM é mais duradoura), uma vez que esse é o primeiro anticorpo a ser liberado.
Se você testar a força de ligação com o IgG e ela for fraca, isso pode indicar que a infecção é
recente (está acontecendo naquele momento).

A busca do anticorpo e a pesquisa do grau de afinidade é muito feito para toxoplasmose


congênita. A infecção por toxoplasma faz com que as células B produzam IgM por muito
tempo, o que dificulta a caracterização da fase da doença.

A presença de IgG não é necessariamente por causa de infecção crônica e sim porque ele já
foi vacinado ou já teve contato com o antígeno.

O plasmócito não é de memória e sim de vida curta ou de vida longa, uma vez que ele não
precisa de estímulo para produzir anticorpo, produzindo anticorpos constitutivamente
(reticulo endoplasmático é muito grande).

Linfócito B de memória não é mais virgem, expressa um BCR com afinidade maior que o BCR
do linfócito virgem que deu origem a ele. Além disso, ele expressa mais proteínas de
membrana, MHC, receptores tipo Toll, fazendo com que o processo de ativação seja mais
rápido, com um limiar de ativação menor. Esses linfócitos B de memória são de vida longa e
possuem um grau de proliferação. O linfócito B de memória passou pelo processo de troca de
classe da imunoglobulina de membrana, logo, o BCR pode ser IgG, IgE ou IgA.

O destino dos plasmócitos de vida curta, ou seja, os que foram gerados no foco inicial, é de
não sair do tecido linfoide onde foram gerados (gerados no foco extrafolicular). Se foi no
baço, o máximo que chegam é na polpa vermelha e se foi no linfonodo, é na região medular.

Já os plasmócitos de vida longa, se forem gerados em linfonodos mesentéricos e tecidos


linfoides associados a mucosa, eles vão migrar e se estabelecer na lâmina própria. Lembrando
que, as respostas imunológicas têm um caráter mais tolerogênico, logo, grande parte desses
plasmócitos é secretor de IgA. Caso o plasmócito tenha sido gerado em outros linfonodos ele
migra para a medula óssea e fica secretando seus anticorpos (IgG, IgE ou IgA) de lá, com o
anticorpo caindo na circulação e ficando circulante.

Resposta primaria (primeiro contato com o antígeno e ativação do linfócito B virgem) x


Resposta secundaria (linfócito B de memória).

• Primária: entrada do antígeno nos folículos que ativam a célula B virgem e diferenciam
em plasmócitos, formando centro germinativo e seus eventos. Pico de produção de
anticorpo levam uns 10 dias.
• Secundária: entrada em contato com o antígeno novamente, o pico de produção de
anticorpo é alcançado em uns 5 dias. Gera anticorpo em menos tempo, maior
quantidade e com mais afinidade pelo antígeno.

Obs.: isso explica a questão de vacinação com antecedência para viagens para regiões
endêmicas, uma vez que as células B demoram até 10 dias para ter o pico de produção de
anticorpos. Um exemplo foi a campanha de vacinação da febre amarela.

Ativação de linfócito B por antígenos timo independentes

Antígenos timo independentes são aqueles que tem estrutura polissacarídica. Esses
antígenos possuem regiões idênticas capazes de interagir com o linfócito B. Essa característica
permite ao antígeno se ligar a mais de um receptor da célula B, aproximando esses
receptores (BCR), suas cadeias associadas (Ig-alfa e Ig-beta) e também aproximando proteínas
intracitoplasmáticas.

Essas proteínas (que são tirosinas quinases), que são associadas a membrana e estão na
mesma região das cadeias associadas ao BCR, conseguem acesso aos domínios ITAMs e com
esse acesso elas iniciam a cascata de sinalização celular.

Essa via de ativação é capaz de promover a diferenciação de linfócitos B em plasmócitos de


vida curta, produzindo anticorpos da classe IgM. Se a infecção for por determinado patógeno
cujo a estrutura antigênica seja de natureza polissacaridica, como os Streptococcus
pneumoniae, Neisseria meningitidis, Haemofilus influenza, a sua resposta será por plasmócito
de vida curta com produção de IgM, sem formar célula B de memória.

Existe uma via pela qual as reações citoplasmáticas são amplificadas, essa via envolve o
complexo CR2(CD21+CD19+CD81), formado por CR2 ou CD21 (receptor de proteína do
complemento), CD19 (também tem domínio ITAM) e CD81. Caso um antígeno chegue para o
linfócito B com proteínas do complemento adsorvidas na sua membrana, ele terá mais um
ponto de interação com o linfócito B além do próprio BCR. Logo, além de aproximar os BCRs,
esse antígeno poderá engajar o complexo CR2, amplificando as vias de sinalização.

Existe uma subpopulação de linfócito B que expressa altos níveis desse complexo de CR2, são
os linfócitos B da zona marginal do baço. Esse linfócito B, ao reconhecer um antígeno timo
independente, responde com grande intensidade, pelo fato de ter uma boa sinalização por
esse antígeno (baixo limiar de ativação). B de zona marginal do baço também tem uma
localização anatômica que favorece o encontro com o antígeno, pois está entre a polpa
vermelha e a polpa branca. Esses linfócitos possuem marcadores de célula de memória,
dando uma resposta mais rápida, otimizada e possuem algum grau de troca (podendo
produzir IgA). Essa população só está madura após o segundo ano de vida, logo crianças não
tem tão otimizada a resposta inflamatória contra antígenos polissacarídeos (assim como
quem teve que fazer a retirada do baço). A diversidade dos receptores dessa população,
comparado aos linfócitos B foliculares, não tem um repertorio tão diverso de clones.

Linfócito B1 é gerado durante o desenvolvimento fetal no fígado e sua formação é anterior as


outras populações. Esse linfócito não fica nos tecidos linfoides e sim nas cavidades,
principalmente na peritoneal. É uma célula auto renovável e tem um grau de proliferação. É
estimulada por antígenos da microbiota (que possuem epítopos glicídicos semelhante aos
antígenos A e B das hemácias) que penetram essas cavidades. Esses linfócitos respondem
produzindo IgM, chamado de anticorpo natural. Essas IgMs (algumas IgG) são de baixa
afinidade pelo antígeno (por não haver hipermutação somática e maturação da afinidade).
Esses anticorpos também são contra antígenos eritrocitários, uma vez que esses antígenos são
semelhantes a essas estruturas glicosiladas bacterianas.

Vacina: só faz sentido se o que usamos como vacina consiga gerar resposta com características
dos antígenos timo dependentes (plasmócitos de vida longa e células B de memória). Como
algumas vacinas são para infecções de antígenos que são timo independentes, existe uma
forma de transformar uma resposta de natureza timo independente em timo dependente,
sendo que isso é artificial, ou seja, feito em laboratório.

Para que isso ocorra, o antígeno deve apresentar epítopos distintos para o BCR e para o TCR,
sendo que a produção de anticorpos será específica para o epítopo reconhecido pelo BCR.
Sendo assim, a ideia da vacina é pegar um antígeno timo independente (antígeno capsulado)
e acoplar (por ligação covalente em laboratório) uma proteína carreadora nessa cápsula.
Quando o linfócito B interage com o antígeno especifico polissacarídeo, ele internaliza todo o
complexo, processa e apresenta peptídeos da proteína carreadora no MHC de classe II. Esse
peptídeo apresentado interage com o TCR, permitindo que haja interação entre T e B
(interação de CD40/ligante de CD40; citocinas). Com isso, há a fase tardia da ativação dos
linfócitos B, com formação do centro germinativo e seus eventos, diferenciando plasmócitos
de vida longa e células B de memória.

ESTRUTURA DOS ANTICORPOS – AULA VERA

Anticorpos são as imunoglobulinas secretadas pelos plasmócitos (linfócito B diferenciado em


secretor de imunoglobulina). Esses anticorpos são glicoproteínas (proteínas glicosiladas) que
mantém a especificidade por determinado antígeno. Anticorpo é uma proteína solúvel no
soro circulante, nas secreções das superfícies das mucosas e epitélios glandulares.
Estrutura básica: há domínios variáveis e constantes tanto na cadeia leve, quanto na cadeia
pesada. A estrutura das cadeias constantes é a que define qual a classe (ou isotipo) do
anticorpo. Nós temos IgA (subclasse 1 e 2), IgG (subclasse 1, 2, 3 e 4), IgE e IgM (IgD não é
secretado). A cadeia leve também possui dois tipos, a cadeia kappa e a cadeia lambda. Em
torno de 60% dos anticorpos possuem cadeia leve kappa e 40% cadeia lambda.

Existe entre o primeiro e o segundo domínio constante uma região de flexibilidade que
permite que a região FAB (os dois braços) tenha uma abertura de até 90 graus. Região essa,
chamada de dobradiça.

As imunoglobulinas da classe IgA e IgM podem formar arranjos multiméricos (um monômero
da proteína pode se combinar com outro). A forma dimérica de IgA só é encontrada nas
secreções, enquanto no soro só se encontra a monomérica. A IgM é secretada na forma
pentamérica (anticorpo bem grande formado por 5 monômeros). Essa junção é feita por uma
cadeia polipeptídica chamada cadeia J.

Naturalmente, na mucosa a produção tende a ser de IgA, uma vez que a própria mucosa
produz TGF-beta, que na ausência de outros sinais, induz a diferenciação em T reguladores.
Esse Treg pode produzir mais TGF-beta induzindo o linfócito B trocar de classe para IgA.

Só que essa IgA não vai ficar na lâmina própria do tecido, conseguindo atravessar a mucosa e
ficando na luz. Isso acontece porque na membrana basal das células epiteliais existe um
receptor (poli-Ig) que é capaz de interagir com a IgA dimérica (pelo fato dela ter a cadeia J),
internalizando o complexo em uma vesícula pela célula epitelial, trafegando por dentro da
célula epitelial e se fundindo a membrana apical, liberando o IgA. Só que essa IgA é eliminada
associada a um remanescente do receptor poli-Ig, chamado componente secretor, que não
está ocupando o domínio variável do anticorpo. Esse componente secretor ajuda a proteger a
IgA do processo de digestão, ajudando a IgA a resistir as enzimas que atuam ali. Esse processo
também acontece nos epitélios granulares, por isso encontramos IgA na saliva, no leite
materno.

Esse processo é passível de acontecer com IgM, mas não acontece tanto quanto a IgA por
causa do seu tamanho. Existe uma outra classe de imunoglobulina que também é
transportada, a IgG, mas ela não transita através do epitélio da mucosa. O sistema de
transporte para IgG bastante eficaz é através do epitélio da placenta, sendo que esse epitélio
faz endocitose de maneira espontânea (não precisa ser mediado por um receptor), mas na
membrana da célula existe um receptor (RN-FC-gama) capaz de interagir com o IgG que
passou para dentro das vesículas. Só que essa interação só acontece à medida que a vesícula
que englobou a IgG trafega e o pH acidifica. Quando ela chega na outra membrana da célula, o
pH já está voltando ao normal e a vesícula se funde a membrana, liberando o IgG na
circulação fetal.

Há duas formas de imunidade neonatal (imunização passiva – a criança recebe um


componente do sistema imune pronto, sem estimulação do seu sistema imunológico), a
amamentação que transfere IgA e através da placenta que há transferência de IgG. Logo,
encontrar IgG em um recém nato não diz muita coisa, uma vez que esse anticorpo pode ser de
uma resposta da criança ou da mãe que estava imunizada ou infectada. É possível que
anticorpos IgG maternos sejam encontrados até o 5º ou 6º mês de vida da criança, uma vez
que esse transporte por endocitose espontânea ocorre do soro para o interstício e vice-versa.
Em comparação com as outras classes, a IgM é um anticorpo que tem um grau de afinidade
menor para um mesmo antígeno, uma vez que é o primeiro a ser secretado, antes do
linfócito passar pelos eventos do centro germinativo. Porém, por ser um pentâmero, essa
baixa afinidade é um pouco compensada, uma vez que IgM possui 10 sítios de ligação para o
antígeno.

IgD não é secretado.

IgE é encontrada em baixíssimos níveis na circulação e aumenta quando há resposta mediada


por Th2 (infecção por helmintos e alergias), mesmo assim os níveis não sobem tanto quanto
as IgGs, uma vez que os mastócitos capturam as IgEs da circulação e deixam presas a sua
membrana.

Só IgG passa para o feto pela placenta.

Funções efetoras das classes de anticorpos:

1. Funções dependentes do fato do anticorpo ter uma região que se liga ao antígeno,
mas também ter uma região que se liga a sua célula:
• Neutralização: anticorpo está preso ao antígeno e bloqueia a interação do
antígeno com a célula do hospedeiro. Para essa função ser efetiva, a
interação do anticorpo com o antígeno deve ser forte, para que não seja
desligado facilmente. Anticorpos de alta afinidade são neutralizantes, como
o IgG e o IgA.
• Ativação da via clássica do sistema complemento: anticorpo da classe IgG (1 e
3) e IgM é capaz de ativar o sistema complemento pela via clássica, uma vez
que esses são os únicos que possuem a estrutura da região FC capaz de
interagir com a proteína C1 do complemento. Só consegue ativar se houver
mais de uma porção FC ligada a proteína C1q, causando a torção da C1q. A
IgM tem uma maior capacidade de ativar o complemento, uma vez que é um
pentâmero. Porém, para que haja essa interação entre C1q e esses anticorpos
é necessária uma superfície antigênica, pois as regiões de interação da C1q e
dos anticorpos estão escondidas quando na forma solúvel.
2. Funções que são associadas a outras células que expressam receptores para a região
FC dos anticorpos:
Receptores de FC são CD, como CD64, CD32, CD16, CD89 (ou pode observar pelo
nome, como receptor do tipo 3 do FC-gama). Células como macrófagos, neutrófilos,
células dendrítica, NK (expressa em grande quantidade o CD16), eosinófilos possuem
receptores de FC, cada um com algum tipo de receptor de FC especifico. Macrófago e
neutrófilo tem receptor para IgA e IgG, por exemplo, sendo que quando há esse
reconhecimento, contribui para uma maior ativação do fagocito, podem contribuir
para produção de citocinas inflamatórias (IgA não contribui muito para isso). IgA
favorece a remoção do antígeno sem fazer muito alarde inflamatório (não ativa
complemento, não induz o fagocito a ter respostas muito alarmante, e
neutralizante). Isso ocorre, pois, esses anticorpos estão na mucosa, e não pode ser
muito pro inflamatório, como IgG, pois está na mucosa, não podendo ter todos os
eventos endoteliais, pois poderia piorar a situação pela sua localização.
• Opsonização:
oAnticorpo ligado ao antígeno ativa o fagocito, contribuindo para o
processo inflamatório, assim como os fragmentos b das proteínas do
sistema complemento.
o Opsoninas facilitam interação do fagocito com o antígeno.
o IgG1 e IgG3 são opsoninas.
o Quando a célula é estimulada por interferon gama (IFN-gama), ela
aumenta a expressão desses receptores de FC de IgG em macrófagos,
neutrófilos, eosinófilos e células dendríticas, fazendo com que o
fagócito tenha uma maior capacidade de fagocitar (fagocitose por
opsonização mediada por anticorpos).
• Citotoxicidade celular dependente de anticorpos - ADCC
o CD16 está presente em muitas células, mas desempenha função única
na NK. Quando CD16 que está na NK (CD16 e receptor que
reconhecem FC de IgG) reconhece seu ligante, ativa NK e ela
degranula, além de produzir interferon gama.
o NK tem a mesma função citotóxica que TCD8, liberando grânulos de
perforina e granzimas.
o Reconhecimento da porção FC IgG1 e IgG3 ligadas ao antígeno
o A NK, quando reconhece a porção FC dos anticorpos IgG1 e IgG3
ligados ao antígeno, faz seu papel de citotoxicidade, fazendo lise de
células infectadas e tumorais (antígenos expostos na superfície).
Célula é identificada pelos anticorpos e NK mata essas células.
o ADCC – cito toxicidade celular dependente de anticorpo:
citotoxicidade do NK nesse caso está dependente do reconhecimento
do anticorpo pelo receptor que reconhece parte da FC da IgG.
o A citotoxidade da NK está atrelada ao reconhecimento da IgG na
superfície da célula alvo.
• ADCC LIKE
o Eosinófilo tem receptor para IgE e em menor quantidade IgG e IgA,
sendo que o eosinófilo também é uma célula com grânulos, porém,
algumas proteínas presentes nesses grânulos causam alterações nas
membranas de helmintos.
o O alvo é o próprio helminto e não uma célula.

Eritroblastose fetal

Primeira gestação de uma mãe RH- gera uma criança RH+. É comum que na gestação esse
sangue da criança entre em contato com o sangue da mãe, e esse RH+ sensibiliza o sistema
imunológico da mãe. Após isso, essa mulher forma plasmócitos de vida longa produtores de
IgG contra RH. Numa próxima gestação com RH+, o IgG contra RH+ passa pela placenta e se
liga a célula RH+, desequilibrando o sistema de regulação (ativando sistema complemento,
ativando células NK).

Essa condição é muito prejudicial para o feto, não tendo uma interferência significante para a
mãe. O tratamento para esses casos é profilático, ou seja, quando a mulher possui chance de
ser sensibilizada pelo fator RH deve-se dar IgG anti-RH para mulher antes, evitando que ela
seja sensibilizada e produza plasmócitos de vida longa ou células B de memória.

Não há tratamento a ser feito após a mãe já ter sido sensibilizada e ter uma segunda
gravidez com RH+.
REGULAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE – AULA CLEO

Homeostase depende de negociação, ou seja, depende da sensibilização (provocação) do


sistema imune. Na infância quando o sistema imunológico é produzido, ele é virgem e/ou
imaturo, precisando ser educado. Logo, a inflamação precisa ocorrer para que haja a
homeostase em seguida, sendo que essa homeostase é em um nível superior ao que era
apresentado antes da provocação.

A seleção (tolerância central), evento que ocorre na vida intrauterina, é fundamental para
que a gente evite a quebra da homeostase e, portanto, desenvolva a autoimunidade. Esse
evento ocorre durante a ontogenia de B na medula óssea e durante a ontogenia de T no
timo.

Resumo da ontogenia de B: inicia como pró-B (célula que possui um marcador CD19) com
receptor para IL-7. Essa pró-B vai, através da sinalização da IL-7 produzida pelo estroma da
medula óssea, proliferar. Após a proliferação, a pró-B passa a ser pré-B, fase na qual é
formada o BCR. A primeira cadeia a ser formada é a cadeia pesada, da classe IgM., sendo que
sua região variável é codificada por um conjunto de enzimas que tem que trabalhar juntas
(RAG 1 e RAG 2), envolvendo um rearranjo genético, escolhendo ao acaso um dos V, um dos D
e um dos J, aproximando esses genes e cortando, mas não juntando. Imediatamente forma-se
um grampo que é aberto pela artemis (não na extremidade do grampo, mas de 4 a 5
nucleotídeos ao lado). Após isso, vem a DNA polimerase e completa a abertura do grampo. A
TdT adiciona até 20 nucleotídeos ao acaso e a DNA polimerase completa essa fita usando o
molde da TdT. Por fim, a ligase une as fitas. Após a formação da cadeia pesada, há uma nova
proliferação, para que cada pré-B que formou sua cadeia pesada possa formar a sua cadeia
leve. A formação da cadeia leve difere da formação da cadeia pesada pois possui menos genes
para formação de seu domínio variável (só possui V e J e em menor quantidade). O objetivo de
formar o BCR é para que se forme a célula B imatura essa possa passar por seleção.

Resumo da ontogenia de T: inicia ainda na medula óssea como pró-T (célula possui o marcador
CD2) com receptor para IL-7, que entra em proliferação na presença dessa interleucina. Após a
proliferação, essa célula sai da medula óssea e vai para o timo, por expressar CCR9, receptor
para CCL25. No timo essa célula segue para a região apical por expressar CCR9 que é receptor
para CCL25, em nível cortical, através da ação das células enfermeiras e na presença de IL-7 e
hormônios tímicos, a célula passe do estágio pró-T para pré-T, com a formação do TCR.

Após a formação do BCR e do TCR, essas células passam por um processo de seleção para que
não reconheçam moléculas próprias da medula óssea (célula B) e do timo (célula T). Na
seleção dos linfócitos T, há um mecanismo a mais para que essa seleção seja mais rigorosa,
que ocorre pela transcrição de proteínas pela proteína transativadora AIRE. A proteína AIRE
é capaz de sintetizar durante a ontogenia de T proteínas de glândulas e do trato digestório,
apresentando esses peptídeos para as células T.

Deficiência no gene que codifica a proteína AIRE limita a seleção dos linfócitos T as moléculas
do próprio timo, não selecionando linfócitos auto reativos do trato digestório e de glândulas.
Sendo assim, essa criança pode gerar uma resposta inflamatória para peptídeos próprios que
são difíceis de serem controladas. A presença de gene AIRE funcional não exclui a
possibilidade de escape de clones auto reativos do organismo como um todo (clones auto
reativos escapam sempre, uma vez que não conseguimos apresentar peptídeos de todas as
proteínas do corpo), mas sim de regiões especificas como o trato gastrointestinal.
Ainda que haja o escape de clones auto reativos durante a ontogenia das células T, esses
clones tendem a ser anergizados. Porém, para que isso ocorra, é necessário que não haja o
segundo sinal de ativação do linfócito T (sinal que só está presente em caso de resposta
inflamatória – APC não expressa B7) por parte das APCs (células dendríticas tolerogênicas
exercem esse papel). A ausência desse segundo sinal é dependente da homeostase da mãe,
ou seja, que durante a gravidez não haja intercorrências (infecções, processos inflamatórios).
Esse mecanismo é conhecido como anergia periférica.

Gestantes que possuem doenças autoimunes que tenham recaídas clinicas durante a
gestação comprometem a anergia desses clones, uma vez que as citocinas pró-inflamatórias
da mãe passam para a placenta e ativam APCs do feto (que estavam no estágio de não
imunogênicas em imunogênicas). Esse mesmo mecanismo pode ocorrer por outros motivos,
como o uso de drogas, fumo, etc. Desequilíbrios na homeostase da mãe são mais perigosos
no início da gravidez, uma vez que no final já há um processo inflamatório normal no
organismo da mãe preparando o corpo para o parto (isso não é uma regra, uma vez que
infecções no final da gestação podem comprometer o desenvolvimento de clones auto
reativos).

A ausência do segundo sinal é fundamental para a homeostase e como visto, as células


dendríticas tolerogênicas participam desse mecanismo (não fornecem o segundo sinal para
as células T). Essas células dendríticas tolerogênicas estão em elevadas concentrações nas
mucosas (nossas mucosas possuem uma população engrandecida de APCs tolerogênicas que
são mantidas funcionalmente pela vitamina A).

A presença dessas APCs tolerogênicas nas mucosas está relacionada ao fato de não ativarmos
um processo inflamatório para qualquer quantidade de PAMPs que estão sendo
apresentados. Pessoas que tem ansiedade (os atletas de alto rendimento também, uma vez
que a sua microbiota é modificada) tem deficiência na população dessas APCs tolerogênicas,
o que acaba causando uma desregulação da resposta imune (podendo ativar na presença de
poucos PAMPs). Com isso, na presença dessas APCs tolerogênicas, será necessário existir um
inóculo (quantidade de microrganismos capaz de causar a inflamação) para quebrar (causar
inflamação, induzir B7) das APCs.

Mecanismos para se evitar a autoimunidade ou reações de hipersensibilidade

• Seleção dos linfócitos B e T (medula e timo).


• Anergização dos clones na vida fetal, uma vez que as APCs do feto não oferecem o
segundo sinal (em gestação normal).
• Sítios de APCs tolerogênicas nas mucosas (só devem reagir quando o inóculo
representa perigo; esse perigo é pessoal).

Durante o curso de uma resposta imune, que começa com a imunidade inata e depois entra a
imunidade especifica, é importante que tenha momentos de controle. Um grande mecanismo
de regulação (natural, fisiológico) é a fase de contração.

• Fase de contração: ocorre quando a resposta imune apresenta uma diminuição


devido ao fato dos antígenos que estão gerando (mantendo) essa resposta imune
estarem diminuindo (muito provavelmente pela ação da resposta imune em curso).
o Uma boa resposta imune não zera a produção de anticorpos, pois se criou
plasmócitos de vida longa e células B de memória. Sendo assim, numa
reinfecção a resposta é ainda mais eficiente (pico de produção de anticorpos
ocorre em um intervalo de tempo menor que a resposta primária).
o A fase de contração denuncia o sucesso em tentar eliminar ou eliminar o
invasor, uma vez que a queda na produção de anticorpos só ocorre após uma
eventual queda do estímulo da resposta inflamatória.
o Essa fase tem que acontecer (há casos que essa fase não ocorre ou ocorre de
maneira muito tímida, como em pacientes imunodeficientes ou por culpa do
patógeno – HIV, citomegalovírus, vírus da família herpes).
o Com a fase de contração ocorrendo de maneira normal, as APCs vão sendo
“desligadas” e começa a fase de convalescência (inflamação reduzida – febre
começa a cessar, dores vão diminuindo, a secreção purulenta diminui, a área
está menos avermelhada e há sinais de cicatrização).

Fatores relacionados a resposta imune:

1. No curso da resposta inflamatória:


• Expressão da molécula CTLA-4 sobre os linfócitos T ativados (anergia).
o Expressão temporariamente da molécula CTLA-4 no lugar da molécula CD28,
se ligando com as moléculas da família B7 expressas pela APC.
o CTLA-4 só é expressa temporariamente em célula T ativada pelos dois sinais
(TCR-antígeno e CD28-B7).
o Essa expressão ocorre ainda na fase aguda da inflamação, ou seja, logo no
começo da inflamação, quando a APC está ativando a célula T.
o CTLA-4 possui haste citoplasmática que possui uma região ITIM (motivos de
inibição do imunoreceptor) e quando ela é fosforilada recruta uma enzima
tirosina fosfatase (SHP-2).
o Essa enzima SHP-2 desfosforaliza as cadeias ITAMs, cessando a sinalização
celular.
o Esse mecanismo ocorre para diminuir a resposta imune e para evitar o
desenvolvimento de doenças autoimunes.
o Crianças com deficiência na CTLA-4 podem ter quebra da anergia de clones
auto reativos.
o CTLA-4 pode ser co-expresso com CD28, mas a CTLA-4 possui uma afinidade
maior pela família B7.
o Esse mecanismo é fisiológico, ocorre temporariamente e é necessário para
que não haja exaustão clonal.
o Os vírus podem manipular essas formas de silenciar os linfócitos em favor do
próprio patógeno.
• Expressão da molécula PD-1 ou TIM-3 sobre as células T ativadas que ao se ligarem ao
PD-L1 ou Galectina-9, respectivamente, induzem a anergia da célula T.
o Não substituem completamente a via do CTLA-4.
o A diferença para a via do CTLA-4 é que a expressão de PD-1 e TIM-3 ocorre
para inativar uma célula T cronicamente ativada.
o Esses fenômenos ocorrem para evitar o excesso de inflamação.
• Expressão da molécula Fas (CD95) sobre células T ou B ativadas (apoptose)
o Ocorre quando a célula T ou B está cronicamente ativada e não é controlada
pelos mecanismos de PD-1 e TIM-3.
o A molécula Fas ativa as vias das caspases quando se liga ao seu ligante (Fas-
L).
o Geralmente, a célula T ou B que expressa a molécula Fas, expressa também o
seu ligante, ocorrendo então o suicídio (molécula que ativa a apoptose age na
mesma célula que a expressa).
o O ligante de Fas pode ser expresso em várias outras células durante um
processo inflamatório postergado, incluindo APCs, hepatócitos, etc., porém,
quem sofre apoptose é a célula que expressa a molécula Fas e não quem
expressa somente o ligante.
o Quem Fas, morre!

Todos os fenômenos que tentam segurar os excessos de inflamação explicados não são os
principais responsáveis pela autoimunidade. Deficiências genéticas que comprometem a
transcrição dos genes CTLA-4, PD-1 TIM-3 e seus ligantes, são muito raros na literatura. Em
termos de prevalências, deve ter 4 a 5 casos por 100.000 habitantes.

A incidência de doenças autoimunes tem aumentado por n motivos e um dos principais


motivos na literatura são fenômenos que comprometem a circuitaria das células T
reguladoras.

Células T reguladoras (Treg) é de imensa maioria é TCD4. Há três subtipos de Treg:

• Gerada no timo, ainda durante a ontogenia de T, quando uma célula T reconhece um


peptídeo próprio com alta afinidade, mas não suficiente para ativar as caspases e nem
reeditar.
o nTreg
▪ Gerada naturalmente no timo.
• Na periferia, irmãs idênticas em termos de função, podem ser geradas quando uma
célula T auto reativa encontra uma APC não imunogênica (que forneça o terceiro
sinal, mas que tenha baixa expressão de B7). Nesse caso, o terceiro sinal, que é o de
diferenciação, diferencia a célula T em dois tipos:
o IL-10 e IL-27 liberadas por uma célula dendrítica tolerogênica fazem com que a
TCD4 auto reativa se diferencie em Tr-1.
▪ Tr-1 é muito conhecida por produzir altos níveis de IL-10 que é uma
potente citocina anti-inflamatória capaz de inibir os fenótipos do tipo
Th1, Th2 e Th17.
▪ Essa produção é garantida pelo Maf (gene que mantem a proteína que
codifica IL-10 em atividade).
▪ O que fez essa célula não ser imunogênica foi o ácido retinóico e o
Calcitriol (forma ativa da vitamina D).
• Ácido retinóico e calcitriol são vitaminas que favorecem a
célula dendrítica promotora de Tr-1 e iTregs.
▪ Essas células são encontradas na mucosa.
o TGF-beta liberado pela célula dendrítica tolerogênica faz com que a célula
TCD4 se diferencie em iTregs.
▪ Essa célula é idêntica a formada no timo em termos de função e de
marcadores, a diferença é que essa é induzida na periferia.

nTreg e iTregs, de forma conjunta, produzem baixos níveis de IL-10 (quando comparado ao Tr-
1), altos níveis de TGF-beta (citocina anti-inflamatória) e podem fazer regulação por contato.

Por que existe B7-2 em baixos níveis? Porque a ausência dele limitará a ativação da célula T
ao primeiro sinal, sendo que isso anergizará a célula T. Como toda inflamação/infecção deve
ser controlada, inclusive contra patógenos, é necessário ter clones Treg contra patógenos,
para que a resposta imune contra patógenos tenha APCs que ativem preferencialmente a
Treg, de forma a regular a resposta. Caso não tivéssemos Treg (baixa vitamina A, deficiência
de vitamina D, transtornos emocionais) a sensibilidade contra patógenos iria diminuir e
assim a resposta iria iniciar com poucos patógenos, gerando uma inflamação exacerbada.

O sistema imune tem que ter sabedoria para saber quando começar, se vale a pena começar
ou não deixar começar. Assim, as Tregs são silenciadas quando a expressão de B7 nas APCs
aumentar, significando que tem muito PAMPs (patógenos), o que significa que o inoculo
começou. Se o patógeno não aumentou a expressão de B7-2 significa que tem pouco PAMP e
que não se deve começar. Se não tivéssemos esse mecanismo, viveríamos inflamados.
Deficiência no compartimento de Treg natural é autoimunidade na certa.

O principal mecanismo de quebra de tolerância é a deficiência de compartimento de Treg que


é induzida ao longo da vida.

• Todas Tregs naturais (nTreg) são para controlar autoimunidade.


• Todas Tregs induzidas (iTreg) na periferia podem evitar autoimunidade e excesso de
resposta imune contra patógenos.

As nTreg e iTregs possuem o marcador CD25 (cadeia alfa do receptor da IL-2 que é de alta
afinidade).

Células T reguladoras naturais (nTreg) ou induzidas (iTreg) são células TCD4+, CD25+ e FoxP3+,
originadas do timo e da periferia, inibem resposta imune contra antígenos próprios ou não.
Mediando inibição por contato.

Controle da resposta imune contra patógenos por contato.:

• Por contato de TGF-beta de membrana (da Treg) com receptor (da T virgem).
o Inibe diretamente as T efetoras.
o APC reconhece PAMPs, internaliza, processa e apresenta peptídeos por meio
do MHC II. A apresentação ocorre tanto para Treg, quanto para T virgem,
sendo que a expressão de B7-2 ainda é baixa. A T virgem tenta produzir um
pouco de IL-2 para se proliferar. A Treg utiliza o IL-2 produzido pela T virgem,
pois ela expressa CD25 em altos níveis e inibe a T virgem com a expressão de
TGF-beta membrana que liga ao receptor da T virgem.
▪ Treg não prolifera na presença de IL-2.
o A T virgem fica livre do controle da Treg quando há muito B7, ou seja, quando
o inoculo aumenta (quando o perigo é iminente). Com isso, a produção de IL-
2 aumenta e ela consegue se livrar do TGF-beta de membrana (pois para de
expressar receptor para TGF-beta).
• Treg expressa CTLA-4 rapidamente e inibe a APCs por se ligar com a família B7.
o Inibe a T virgem indiretamente por inibir a APC.
• Treg tem uma molécula chamada LAG-3 e bloqueia o primeiro sinal por clivar o MHC
II.
o Inibe a T virgem indiretamente por inibir a APC.

Pessoas que possuem deficiência do compartimento de Treg vivem doentes, porque não tem
essa regulação da resposta, ou seja, geram respostas imunes (exacerbada) a partir de
qualquer inoculo.
No fundo, apesar da doença autoimune ser multifatorial, o gatilho é a disfunção do
compartimento Treg.

Graças a esse fenômeno, há a memória imunológica, uma vez que depois que há a
inflamação, a Treg volta a atuar na célula T que já foi ativada e não mais na T virgem.

Anticorpo IgA secretado na forma dimérica nas mucosas, liberado e capturado pelas células
epiteliais e secretado na luz. Essa produção é garantida pelos fenótipos Th17 e Treg. As duas
conseguem conversar para que a célula B possa produzir IgA. Isso ocorre porque a citocina
que induz a troca de cadeia de IgM para IgA é o TGF-beta.

Pessoas com deficiência no compartimento Treg tem queda de produção de IgA


(caracterizado pela dosagem de IgA nas fezes). Logo, pessoas com dosagem baixa de IgA nas
fezes tem um inoculo mais baixo, uma vez que a população de Treg também está reduzida.

A Tr-1 pode, através da IL-10, principalmente contra bactérias capsuladas, ajuda B a trocar
cadeia de IgM para IgG.

Mecanismos de tolerância em células B

Uma célula B expressa constitutivamente BCRs com suas cadeias associadas (Ig-alfa e Ig-
beta) que ajudam na sinalização celular. O BCR e as cadeias associadas possuem nas caudas
citoplasmáticas domínios ITAMs fosforilados.

Além disso, a célula B também expressa receptor para a porção FC de anticorpos IgG (FCγRIIIB)
que tem a função de se ligar a um anticorpo da classe IgG. Caso esse anticorpo que se ligou
ao receptor FCγRIIIB tenha a mesma especificidade que o BCR, o antígeno vai ser reconhecido
tanto pelo BCR quanto pelo IgG-receptor.

Quando isso acontece, a cauda citoplasmática desse receptor, que tem ITIM (motivos de
inibição de imunoreceptor), vai recrutar a SHIP (enzima fosfatase) que vai desfosforilar a
cauda do BCR e das cadeias associadas, inibindo a sinalização celular.

Esse fenômeno é muito interessante para regular a resposta humoral de antígenos específicos,
como nos casos de eritroblastose fetal. → esse mecanismo atua como feedback negativo, pois
mostra que existe uma grande concentração de Ig ligadas a antígeno, logo, há a redução da
produção e secreção dessas Ig.

Uma gestante (RH-) que gerar o primeiro filho (RH+), na hora do parto, receberá uma injeção
contendo IgG contra o fator RH (pré-fabricado), protegendo a mãe de uma possível mistura
com o sangue do feto. Esse mecanismo é utilizado para que o sistema imune da mãe não seja
sensibilizado, fazendo com que as células maternas não produzam anticorpos contra o fator
RH, respondendo somente com os antígenos que lhe foram fornecidos. Esse mecanismo deve
ser utilizado em todas as gestações.

Caso a mãe tenha sido sensibilizada, esse processo não tem efeito.

TÉCNICAS IMUNOLÓGICAS PARA AVALIAÇÃO DE IMUNOCOMPETÊNCIA – AULA CLEO

As técnicas utilizam o padrão antígeno-anticorpo, sendo que a base é o estudo do soro, a


sorologia.
Para colher o soro do sangue é necessário o uso de tubos com gel pró-coagulante. Esse gel
induz a coagulação de hemácias, plaquetas e leucócitos, separando a água com proteína, que
é o soro. Sendo assim, a sorologia é o estudo de moléculas e não de células, porque o soro
não tem células e, sim, água, proteínas e outros elementos.

O plasma, que também é liquido, é o soro que não foi originado por meio de um coagulo,
sendo assim, ele possui também plaquetas. Para dosar o nível de plaquetas não pode usar o
tubo com gel pró-coagulante e sim um tubo que pode possui substancia anticoagulante.

Se deixarmos um frasco com sangue para decantar, iremos observar o plasma na parte
superior, as hemácias na parte inferior (por serem mais pesadas) e os leucócitos entre esses
dois.

Na medicina diagnóstico, a sorologia é o estudo de moléculas do sangue. Na disciplina de


imunologia, a sorologia é a investigação de moléculas, quer seja a presença do antígeno,
quer seja a presença do anticorpo.

• Aplicações: pesquisa para prováveis antígenos ou de anticorpos no sangue (soro-


conversão).
• Título: maior diluição do soro (antígeno ou do anticorpo) aonde a reação é visível
para o aparelho, que o aparelho traduz para um fator numérico.
o Toda técnica de imunologia deve ter o revelador (índice que diz se a técnica
deu certo ou não). O revelador pode ser de cor, fluorescência ou
quimiofluorescência. A leitura desses reveladores é, geralmente, feita
automaticamente por equipamentos que convertem a cor lida por valores
digitais, os títulos (concentração). Título é um fator numérico fornecido pelo
aparelho automatizado que leu uma cor.
o Técnicas de triagem (reagente ou não reagente) não são iguais títulos, só diz
se tem ou não tal antígeno/anticorpo.
o A vacina para a hepatite B é um exemplo, uma vez que deve realizar a
técnica de título (que deve ser maior que 10) para saber se a vacinação foi
efetiva ou não. → existe a possibilidade do título ser muito maior que 10,
como 500, 1000, isso indica que a pessoa está com mais aporte de
imunoglobulinas, logo tem uma eficiência maior contra a infecção, mas acima
de 10 já é considerado imunizado.
o Título é aonde ainda é visível para o aparelho mesmo como diluímos o soro.
o Título interessa quando estamos pensando em proteção, logo, na
investigação vacinal usamos título. Na investigação de infecção é teste de
triagem (presença de mais ou menos anticorpos não traz nenhuma
informação para o manejo clinico do paciente).
• Cut off: valor que determina o limite para se dizer se um exame é positivo ou
negativo.
o Voltando ao exemplo da Hepatite B, o cut off é 10, ou seja, qualquer valor de
título acima de 10, a pessoa está protegida.
• Sorologia pareada: é a análise dos títulos dos anticorpos depois que entrou na fase de
convalescência.
o Só se pede em doenças infecciosas.
o A pessoa está protegida se houve um aumento de 4 vezes do título na fase de
convalescência quando comparado a fase aguda.
▪ Bom indicio de que estamos protegidos a uma reinfecção.
o Não se faz isso em HIV, citomegalovírus, herpes vírus, Hepatite C e etc.,
porque esses vírus não saem do corpo.

IgM é o anticorpo clássico da inflamação aguda, uma vez que é o primeiro a ser produzido.

IgM e IgG são anticorpos presentes em infecções recentes, ainda que a produção de IgM em
casos de toxoplasmose possa ser longa. Por isso, é necessário realizar o teste de avidez.

• Teste de avidez
o Identifica a presença de hipermutação somática e maturação da afinidade
nos IgGs, avaliando a afinidade do IgG pelo antígeno em comparação com
IgM.
o Se identificar as hipermutações somáticas quer dizer que a célula B passou
pelo centro germinativo, logo a mãe está protegida.
o Se houver muito IgM ou se o IgG não tiver passado pela hipermutação
somática há um problema, porque a infecção é recente.

IgG com alta avidez é anticorpo que indica infecção passada, debelada, crônica ou latente
(doenças infecciosas que não são eliminadas), uma vez que há a formação de plasmócitos de
vida longa.

• Pode haver também a produção prolongada de IgM por cicatriz imunológica.

Reação cruzada: pode dar falso positivo.

• Primeiro kit para rastreio do HIV (1983) dava muita reação cruzada com outro vírus
da família HIV, o HTLV, mas que não gerava AIDS. Com isso, havia muitos falsos
positivos.

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