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Ela observa que já é possível perceber de forma clara o quanto a compra de um produto,
hoje, depende da reputação de seu fabricante. “Basta ver alguns exemplos, como o da
Nike, que, apesar de ser uma marca fortíssima, teve queda vertiginosa em suas vendas
após ser acusada de explorar trabalho infantil”, lembrou.
Eliane Brito, professora da Fundação Getulio Vargas de São Paulo e palestrante do fórum,
disse que a sustentabilidade é vista de forma diferenciada pelos setores da economia,
citando dados de uma pesquisa realizada pela instituição: “Enquanto os setores de
energia e mineração têm como ponto-chave para a construção de reputação as ações
sustentáveis, o setor de serviço não vê tanta importância nisso”.
Para ela, esse setor vem aos poucos mudando seu ponto de vista, pois o varejo
principalmente está sendo pressionado pela população a adotar medidas que protejam o
meio ambiente e sejam socialmente corretas. “Daqui a pouco, o desempenho financeiro
da empresa será determinado por sua reputação no mercado”, analisou.
O professor da PUC-SP Rogério Costa, também palestrante do fórum, ressaltou esse ponto
de vista analisando a reputação de forma acadêmica: “Antes, a responsabilidade social era
vista como filantropia. As empresas investiam algum dinheiro em fundações e diziam que
estavam fazendo sua parte. Mas isso mudou. A sociedade passou a exigir que os
empresários se façam presentes em todos os setores da localidade de que fazem parte”.
Em uma parceria com dez de seus mais importantes fornecedores, o Walmart Brasil
lançou, em São Paulo, o projeto “Sustentabilidade de Ponta a Ponta”, que busca
incorporar em produtos oferecidos a seus clientes conceitos e princípios de
sustentabilidade. Esta parceria, que envolveu em sua primeira etapa empresas como 3M,
Cargill, Coca-Cola, Colgate-Palmolive, Johnson & Johnson, Nestlé, Pepsico, Procter &
Gamble, Unilever e o próprio Walmart, buscou mostrar que é possível produzir melhor,
com menos impactos sobre o meio ambiente e melhores benefícios sociais, sem
comprometer características de marketing e desempenho de vendas em marcas líderes.
Segundo Hector Núñez, presidente do Walmart Brasil, já existem cerca de 1.500
produtos com diferenciais de sustentabilidade nas gôndolas. No entanto, não havia ainda
o reconhecimento do valor intangível dessas iniciativas. “Vamos dar mais visibilidade a
produtos e empresas que buscam avançar em sustentabilidade em nossas lojas”, disse, ao
receber os altos executivos das empresas parceiras do projeto em São Paulo. Para ele,
estimular a produção sustentável é uma das mais importantes contribuições que o varejo
pode dar na construção de um futuro sustentável.
Atualmente, o Walmart Brasil trabalha com cerca de 7.000 fornecedores e mais de 60
mil itens. Para a construção da cadeia de suprimentos do futuro, a empresa está
investindo na parceria com seus fornecedores, já que pesquisas mostram que os impactos
do varejo sobre o meio ambiente representam 8% desta cadeia, enquanto os
fornecedores e a logística impactam em 92%. No entanto, existe uma enorme
complexidade para reconhecer o impacto em cada produto. No projeto “Sustentabilidade
de Ponta a Ponta”, o Walmart contratou a consultoria do Centro de Tecnologia de
Embalagens (Cetea), ligado ao Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), para fazer a
avaliação de todo o processo de desenvolvimento dos produtos participantes e uma
metódica análise do ciclo de vida de cada um.
A avaliação técnica do Cetea permitiu que todos os produtos envolvidos neste projeto
apresentassem a materialidade dos ganhos sociais e ambientais, garantindo o
desempenho econômico necessário para a continuidade da iniciativa. O projeto, que teve
duração de 18 meses, contou com reuniões mensais que envolviam o mapeamento da
cadeia produtiva do produto, a identificação de oportunidades de otimização e redução
de impactos sobre o meio ambiente em cada ciclo de seu desenvolvimento, além de mais
de 3.000 horas de consultoria técnica , com reuniões entre o fornecedor, o Walmart e o
Cetea. Para 2010, mais 14 empresas já anunciaram que vão aderir ao “Sustentabilidade de
Ponta a Ponta”.