S E R E I A S DA V I L A : C O N H E Ç A U M P O U C O M A I S S O B R E E M I LY L I M A

Ano I - edição 4 - 2018

O REPORTAGENS
ESPECIAIS:

Santos Carlos
Alberto
nas O Eterno Capitão

Copas Edu
O rei do drible

As grandes colaborações
do Santos em Copas do Mundo Gylmar
ao longo da história A grande muralha

ENTREVISTA EXCLUSIVA MILTON NEVES :

11
“O Santos me deu norte na vida. Não tinha nada, só tinha o amor pelo Santos.”
 socioreioficial sociorei

MAIORES DESCONTOS.
PRIORIDADE NA COMPRA.
EXPERIÊNCIAS INESQUECÍVEIS.
www.sociorei.com.br
12 13
 [ PA L AV R A D O P R E S I D E N T E ]

A caminho do
equilíbrio financeiro

O
ideal não é vender o passe de um jovem talentoso, como
Rodrygo, para equilibrar as finanças de um clube de tantas
tradições, como o nosso Santos. Porém, essa é a realidade do
futebol brasileiro e também a dura realidade de um clube que começa
a escapar da falência após uma gestão temerária.
Por outro lado, se em meados do ano que vem ficaremos sem o
nosso novo Menino da Vila, a negociação com o Real Madrid, encami-
nhada da maneira mais profissional possível, nos dará a possibilidade
de sanear as dívidas deixadas pela antiga gestão, reforçar o time com
boas contratações e investir no centro de treinamento para as nossas
categorias de base.
Confesso que há alguns meses era difícil enxergar uma luz no fim
do túnel, pois a cada dia surgiam compromissos herdados da gestão
anterior. Dívidas milionárias com o Profut, o Hamburgo, com técnicos
e jogadores demitidos e não pagos... enfim, uma sucessão de calotes
e mais calotes. Agora, finalmente, os débitos serão equacionados e o
Santos poderá caminhar tranquilamente para o seu futuro.
Quanto às contratações para reforçar o time, os torcedores as pe-
diam, e com razão, mas ou evitávamos a insolvência, ou compráva-
mos jogadores. Com imensa alegria informo que, finalmente, chegou
o momento tão esperado de trazer reforços importantes para o nosso
Santos, de torná-lo ainda mais competitivo.
Finalmente, uma parte da verba será usada para melhorar a in-
fraestrutura do clube, principalmente as instalações destinadas às
categorias de base. Esses Meninos, que tanto deram ao Santos, mere-
cerão mais atenção e carinho de nossa instituição. E assim a perda de
um atleta de grande valor será recompensada com maior equilíbrio
financeiro, uma equipe mais forte e uma estrutura capaz de revelar
muitos outros Rodrygos.
Agradeço a compreensão de todos. Ótimo segundo semestre de
2018 para todos nós.
 
José Carlos Peres
Presidente do Santos F.C.

4 5
 [SUMÁRIO] [ W E S L E Y M I R A N DA ]

NESTA EDIÇÃO:
Orgulho que nem todos
podem ter

D
[ NOSSA GENTE ] e 1958 a 2010 todos os santistas que re-
Lucas Matheus presentaram o Santos na Seleção Brasi-
20 leira em Copas do Mundo!  ria a nossa opção para a lateral esquerda. Ai um
Que time, hein? Gylmar, o único goleiro bicam-
peão em Copas, Carlos Alberto Torres, o capitão
[ CAPA ]
do tri na lateral direita, o também capitão, mas do
O Santos nas Copas bi em 1962, Mauro, que compunha a zaga com
24 Orlando Peçanha, também capitão na Copa do
Mundo de 1966. No banco, outros dois excep-
[ NOSSOS ÍDOLOS ] cionais zagueiros: Marinho Peres, o quarto
Edu capitão do Santos em Copas (recorde da
Seleção) e Joel Camargo. O curinga Lima, que
substituiu o contundido Zito na Copa de 1966, se-
meio campeoníssimo: o bicampeão Zito, Clodoal-
do, campeão de 1970, e o único jogador a conquis-
tar o tricampeonato em Copas do Mundo, Pelé.
Como opção na reserva, o cadenciador Mengál-
vio. Na frente, um ataque arrasador, com o ponta
esquerda Pepe, na direita Edu e no meio, Couti-
nho. No banco, Robinho. Alguém tem dúvida que
esse time traria o hexa?

34
SEMPRE
[ LENDAS ]
AQUI:
Gylmar
[ WESLEY MIRANDA ]
38 7
[ NOSSO CLUBE ]
[ SEREIAS DA VILA ]
10
Emily Lima
48 [ SÓCIO REI ]
14
[ BASE ] [ EXPERIÊNCIAS ]

Fábrica de craques 14
50 [ VITRINE ]
16
[ LENDAS ] [ GALERIA ]
Carlos Alberto 18
54 [ MUSEU PELÉ ]
44
[ ASSOPHIS ] [ PALPITEIRO SANTISTA ]
Uma história na história do Santos 46
60 [ CUNHA DO ODIR ]
58
[ ENTREVISTA ]
[ MENINAS DA VILA ]
Milton Neves 66
62
6 7
 [ E XP E D I E N T E ]

A Santos FC Magazine é a revista oficial do Santos FC.

Exclusiva para assinantes.

Sob licença da

Diretores Carlos Alberto Buzzi

Conselho Editorial Santos FC, Carlos Alberto Buzzi, Douglas Lima

e Wesley Miranda

Publisher Marco Piovan

Editor-chefe Ted Sartori

Direção de arte Dalton Flemming

Reportagens Douglas Lima, Ted Sartori e Wesley Miranda

Fotógrafos Ivan Storti & Pedro Ernesto Guerra Azevedo

Consultores Guilherme Guarche & Gabriel Santana do Centro

de Memória e Estatística do Santos FC

Colaboradores André Mendes, Bruno Secco, Douglas Lima,

Guilherme Nascimento, Maikon Camargo,
Marcelo Lúcio Fernandes, Mayara Rached
e Roberto Saponari.

Colaboração Especial Roberto Saponari e Wesley Miranda

Colunistas Odir Cunha e Wesley Miranda

Capa/Arte Sérgio Douglas

Periodicidade Bimestral

Tiragem 30 mil exemplares

8 9
 [NOSSO CLUBE]

EXPOSIÇÃO
FIGURAS DA COPA
O Memorial das Conquistas “Milton
Teixeira”, na Vila Belmiro, foi o palco
de mais uma grande exposição:
“Figuras da Copa”, que tem como
principal objetivo mostrar a evolução
das seleções de futebol no decorrer
dos anos, através dos álbuns de
figurinhas. O evento de abertura
contou com a presença dos Ídolos
Eternos do Clube. (Foto: Divulgação/
Santos FC)

CAMPANHA AQUEÇA SÃO PAULO
O Santos FC aderiu à campanha ‘Aqueça São Paulo’,
promovida pela Cruz Vermelha, que tem como objetivo
incentivar os torcedores a doarem agasalhos a quem mais
precisa. As doações de agasalhos e cobertores podem ser
feitas na Secretaria Social, na Vila Belmiro, e no Business
Center, em São Paulo. (Foto: Ivan Storti/Santos FC)
DIA MODESTO ROMA
Todo 15 de junho é celebrado o Dia
Modesto Roma, de acordo com o
estatuto do Santos FC. A data existe
para homenagear o ex-presidente,
que é um dos patronos do Clube.
Além de presidir a diretoria, Roma foi
presidente do Conselho Deliberativo
e exerceu inúmeros cargos na
diretoria do Santos FC, sobretudo
durante a “década de ouro” do Clube.
O “Gigante da Vila”, como ficou
conhecido Modesto Roma nasceu em
São Vicente, em 1907, foi admitido
como sócio do Peixe no dia 3 de julho
de 1925 e faleceu no dia 6 de março
de 1986. (Foto: Ivan Storti/Santos FC)
PALESTRA SOBRE CONTROLE
ANTIDOPAGEM
As atletas do feminino do Santos FC assistiram
uma palestra sobre controle antidopagem, a
sala do Conselho Deliberativo, na Vila Belmiro,
promovida pela Confederação Brasileira de
Futebol (CBF) e foi ministrada pelo Dr. Fernando
Solera, Presidente do Controle de Doping. O
evento teve como objetivo conscientizar e educar
as atletas sobre a importância do controle contra
substâncias proibidas no mundo do futebol. Os
exames antidoping no futebol feminino são uma
novidade. (Foto: Divulgação/Santos FC)
SUB-15
PARTICIPA DE DEBATE
SOBRE COMBATE AO ABUSO
E EXPLORAÇÃO SEXUAL
A OAB de São Vicente, por intermédio de Dra.
Luciana Martins (Presidente da Comissão dos
Direitos da Criança e Adolescente e Ouvidora
do Santos FC), promoveu um dia de debates
relacionados ao “Dia Nacional de Combate
ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes”.
O evento ocorreu na Casa da Advocacia e
Cidadania de São Vicente e contou com a presença
de atletas da equipe Sub-15. Fernanda Ferraz de
Negreiros, psicóloga especializada em tratamento
de crianças e adolescentes que sofreram abuso,
e Rosana Caruso, assistente social e Secretária
Adjunta de Assistência Social de São Vicente,
foram responsáveis por instruírem os atletas do
Peixe e demais presentes. (Foto: Pedro Ernesto
Guerra Azevedo/Santos FC)

10 11
 [NOSSO CLUBE]

CANHÃO DA VILA EM SÃO PAULO UM COSTARRIQUENHO NA VILA

Pepe, o eterno Canhão da Vila, participou de noite de autógrafos, venda de livros e camisas relacionadas a
ele no Business Center, em São Paulo. Muitos torcedores estiveram presentes e, como é habitual, ficaram
encantados com a simpatia do primeiro artilheiro humano do Santos, com 403 gols. Afinal, como Pepe mesmo
diz, Pelé veio de outro planeta e não conta. 
O Santos trouxe Bryan Ruiz como um de seus reforços. O meia costarriquenho, de 32 anos, assinou por duas
temporadas com o clube. O jogador estava no Sporting, de Portugal, e também atuou pela Costa Rica nas duas
últimas Copas do Mundo. Na de 2014, inclusive, Bryan teve um belo desempenho e a seleção treinou na Vila
Belmiro. “Traz boas memórias. Espero que o Brasil seja um país que deu sorte para mim”, afirmou.

Por Ted Sartori - Foto: Ivan Storti/Santos FC

MUITO ALÉM DO FUTEBOL
O Santos fechou parceria com a ONG Missão

Por Ted Sartori - Foto: Rafaela Kalimann

África, responsável pelo desenvolvimento de
crianças e adultos que vivem em regiões de
Por Ted Sartori - Fotos: Fábio Lopes

extrema pobreza. A motivação foi a foto em que

o moçambicano João Chico, de 6 anos, aparece
com a camisa do Alvinegro. Nas partidas contra
Palmeiras e Flamengo, pelo Brasileirão, o clube
estampou nas omoplatas a marca da ONG. Além
disso, o Santos irá doar R$ 1,00 por pessoa que
pagou ingresso nas duas partidas.

12 13
 [SÓCIO REI] [ E X P E R I Ê N C I A S ]

SÓCIO REI PAGA JORNALISTAS POR UM DIA

Foto: Ivan Storti/Santos FC

Data: 7 de abril de 2018

METADE DA METADE! Local: CT Rei Pelé

A experiência #JornalistasPorUmDia levou sete sócios para
acompanhar um treino do elenco profissional no CT Rei
Torcer pelo Peixe ficou mais fácil e mais barato ao associado do
Pelé e ainda entrevistar um atleta. A ação foi realizada em

Foto: Ivan Storti/Santos FC

Santos FC. Além de contar com transporte facilitado nos dias de
homenagem ao Dia do Jornalista, comemorado no dia 7 de
jogos de mando, tanto na Vila Belmiro como no Pacaembu, agora o
abril, mesmo dia do treino.
sócio tem desconto de até 75% no valor do ingresso. Dependendo da
partida, o preço pode chegar a R$10.
O objetivo da medida é estimular o maior comparecimento dos

Foto: Ivan Storti/Santos FC

sócios aos jogos, além de incentivar o aumento do número de
associados. A condição diferenciada é válida para as categorias
Black, Gold e Silver. A nova política de preços para Sócio Rei teve
início no dia 3 de junho, quando o Santos FC enfrentou o Vitória, na Vila Belmiro.
Sócio Rei tem atendimento em São Paulo!
Agora o associado do Santos FC tem mais um local de atendimento presencial: o Santos Business Center,

Foto: Ivan Storti/Santos FC

em São Paulo. Além dos serviços gerais prestados aos sócios, uma das vantagens é que são efetuadas
novas associações no local e o associado já sai com a carteirinha do Programa Sócio Rei em mãos. Em
Santos, o atendimento ao sócio funciona na Secretaria Social da Vila Belmiro. PRATO DO PEIXÃO
O endereço do Santos Business Center é Avenida Pacaembu, nº 1897, no Pacaembu, em São Paulo. O Data: 11 de abril de 2018
expediente funciona de segunda a quinta-feira, das 10h às 19h, e às sextas-feiras, das 10h às 18h. No Local: Restaurante Tasca do Porto
local são realizados os seguintes serviços: novas associações com impressão de carteirinha de imediato, Um sócio do Clube ganhou um jantar no restaurante
regularização de pendências, emissão de segunda via de boleto, pagamentos e esclarecimento de dúvidas Tasca do Porto durante a realização do evento
em geral. Sabores do Mundial. A noite contou com a presença CAFÉ DA MANHÃ AO LADO
A Secretaria Social, em Santos, fica na rua Princesa Isabel, s/n, na Vila Belmiro, e funciona de segunda a de jogadores, comissão técnica e ídolos do Santos DAS SEREIAS DA VILA
quinta-feira, das 9h até 18h, e de sexta-feira, das 9h às 17h. O contato também pode ser feito pelo e-mail FC como Lima, Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe. Data: 2 de maio de 2018
social@santosfc.com.br ou telefone (13) 3257-4000. O associado escolheu o nome do prato inédito no Local: São José do Rio Preto
cardápio alusivo ao Peixe: Bacalhau Alvinegro. Três sócios tiveram a oportunidade de tomar café
A ação fez parte dos eventos comemorativos da da manhã ao lado das Sereias da Vila, horas antes

[EXPERIÊNCIAS] Semana Santos, de 9 a 14 de abril. do time feminino enfrentar o Rio Preto.

ANIVERSARIANTE DE ABRIL

Foto: Ivan Storti/Santos FC

Foto: Ivan Storti/Santos FC

DESAFIO ABRE O ESCUDÃO

SANTOS CLASSICS Data: 14 de abril de 2018
Data: 29 de abril de 2018 Local: Estádio do Pacaembu
Local: Vila Belmiro 30 sócios que fizeram aniversário em abril, mês do
25 sócios enfrentaram o Santos aniversário do Santos FC, tiveram a oportunidade
Classics, time de veteranos de abrir o Escudão em campo no intervalo do
do Santos FC, no gramado da confronto Santos x Ceará. CAMAROTE NA LIBERTA
Vila Belmiro. Os associados do Data: 24 de abril de 2018
Peixe foram convocados, após Foto: Ivan Storti/Santos FC Local: Vila Belmiro
enviarem um vídeo fazendo Quatro sócios do Santos FC assistiram ao jogo
40 embaixadinhas. O jogo foi Santos x Estudiantes, pela Libertadores, no
realizado em dois tempos de camarote Defensores da Vila (térreo), na Vila
40 minutos e o placar final foi Belmiro. Os contemplados postaram uma foto
de 8 a 1 para os ex-atletas. ao lado de qualquer um dos goleiros da história
do Peixe!

14 15
 [VITRINE]

A VOLTA DA TRADIÇÃO
SANTOS OF1 COPO SANTOS 350 ML
Após seis anos, a Umbro está de volta ao Santos, clube com o Copo em plástico polipropilenos. Resistente, livre de
qual conquistou diversos títulos, entre eles a Taça Libertadores bisfenol-A e com capacidade para 350ml. Pode ser
da América de 2011. Conhecendo bem a história do Alvinegro usado tanto por crianças que estão na fase de transição
Praiano, o Camisa masculina Santos OF.1 2018 (GAME) faz uma da mamadeira para o copo quanto por crianças
homenagem a conquista do Bicampeonato mundial, alcançado em 1963. maiores, que já passaram dessa fase. Até mesmo por
Para comemorar esta data tão importante na história do futebol nacional, a adultos! Seu filho vai adorar e torcer junto com você!
Umbro aplicou nas camisas um selo comemorativo, além de usar detalhes MAMADEIRA BIG SANTOS 330 ML

Foto: Divulgação
na cor dourada. Confeccionada em poliéster com elastano, o modelo 1 A mamadeira oficial do Santos é Lolly. Produzida em
do Santos 2018 é predominantemente branca, possui gola em V e chama plástico atóxico e livre de bisfenol-A, a mamadeira big
atenção o sofisticado grafismo formado pelo escudo do Clube em diversos tem gargalo largo, volume de 330ml e bico de silicone
tamanhos na parte frontal. Modelo de jogo, com aplicação de número nas redondo. Seu filho vai adorar e torcer junto com você!
costas. Valor R$ 299,00 Onde encontrar: lojas SANTOS STORE e site
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SANTOS NATIONS
The Kingdom é o nome mais apropriado para um manto que vai unir duas
nações que possuem, cada uma de seu lado, os mais longos e duradouros
reinados, o da Inglaterra, com a Rainha Elisabeth II, e o de Pelé, o maior
dos reis de todos os tempos do futebol. O uniforme imponente será a MEU PEQUENO
veste que unirá os súditos da bola em torno de suas altezas, em uma
SANTISTA 
justa e bela homenagem. A camisa Masculina Santos Of The Kingdom é
Um livro personalizado que guiará
confeccionada em tecido leve de poliéster e elastano. Modelo com decote
seu pequeno pela história do Alvinegro
careca e detalhe posterior.
praiano e consagrará a paixão
Peça raglam, com costuras deslocadas para áreas de menos atrito,
incondicional pelo peixe. Em uma
garantindo total conforto de movimento. Produto com detalhe na manga
jornada pela história do Santos, seu
e recortes no peito com em arte embossing. Masculina Santos Of The
pequeno descobrirá as glórias desse
Kingdom 2018 desenvolvida pela Umbro para homenagear a campanha
time que consagrou grandes estrelas

Fotos: Divulgação
do time Inglês durante a Copa do Mundo 2018 e possui escudo do Clube
do futebol mundial.
em patch e logo Umbro Diamante bordados. Etiqueta de legitimidade e

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Acesse: www.dentrodahistoria.com.br
Nations 2018 aplicados em termo. Valor: R$ 249,90

Foto: Divulgação
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16 17
 [GALERIA]

Foto: Ivan Storti/Santos FC

Foto: Noelle Neves / #Santaportal

PEIXE
TERMINA EM
PRIMEIRO
O empate em 0
a 0 com o Real
Garcilaso garantiu
ao Santos o primeiro
lugar no Grupo F
da Libertadores.
Agora, o Peixe pega
o Independiente, da
Argentina, nas oitavas. 

“DAS ARQUIBANCADAS À PRESIDÊNCIA – 2002”

O lançamento do livro de Marcelo Teixeira, ex presidente do Santos e atual
mandatário do Conselho Deliberativo, reuniu muitos heróis da conquista de
2002 e jogadores de várias gerações.  
Foto: Ivan Storti/Santos FC

Foto: Ivan Storti/Santos FC

DEIXANDO
O VITÓRIA
PARA TRÁS
Avassalador, o Santos
goleou o Vitória por 5 TUDO AZUL
a 2 com hat-trick (3 ou Com a presença do
mais gols) de Rodrygo. inglês Braydon Bent,
Segundo o estatístico torcedor mirim do
da ASSOPHIS, Manchester City, o
Evaldo Rodrigues, o Santos estreou seu
atacante se tornou o uniforme Nations em
108° jogador a fazer homenagem a
um hat-trick com a Grã-Bretanha. 
camisa do Santos. Azul da credibilidade.

18 19
 [ N O S S A
LUCAS
MATHEUS
Analista de
Desempenho
Uma história diferente de um
autêntico Menino da Vila
Autor WESLEY MIRANDA
Acervo pessoal LUCAS MATHEUS
N
atural de Goiânia, Lucas Matheus, então
com 20 anos, veio tentar seguir o sonho de
sua vida no Santos: Ser jogador de futebol.
O futuro, porém, reservava outra coisa para o primo
de Crystian, ex lateral do Santos.
SFCM: Conte-nos um pouco da sua trajetória.
LM: Eu tinha um sonho de ser jogador de futebol.
Em Goiânia já praticava nas escolinhas. Aliado a
isso, estudava e trabalhava com informática para
ajudar na renda familiar.
SFCM: Quando o Santos surgiu na sua vida?
LM: Quando meu primo, lateral-direito Crystian,
veio para o Santos em 2011 logo fechou um contra-
to profissional e me convidou para também tentar
o sonho. Fiquei em período de testes e me aproxi-
mei dos profissionais, o Edu Dracena, o Léo, Arou-
ca, entre outros dando manutenção nos aparelhos
celulares e computadores para ganhar uma renda.
SFCM: De jogador a analista de desempenho.
Como foi essa transição?
LM: Com a chegada de Oswaldo de Oliveira, seu
filho que era analista, precisava de mais um pro-
fissional e o Santos estava sem. Eu vinha desen-
20
G E N T E ]
Com Steven Gerrard
até então na base do
Liverpool e em casa
com o atual técnico
do Santos 
volvendo, a pedido do preparador de goleiros Arzul,
uma analise de desempenho dos goleiros do San-
tos. Ele (Arzul) me dava os ingressos e uma ajuda
de custo para isso. O Oswaldo gostou e Zinho, en-
tão gerente de futebol, me chamou para integrar a
comissão técnica. Eu tive que abrir mão do sonho
de ser jogador, mas seguir nos planos reservados
por Deus.
SFCM: Como foi a especialização?
LM: Fui estudando um pouco de cada treinador
com quem trabalhava desde 2014, o Oswaldo de
Oliveira, Enderson (Moreira), Chulapa (Serginho),
Marcelo Fernandes, Dorival (Jr), Levir (Culpi), Ela-
no e, agora, o Jair. Assim, fui rodando as diferentes
escolas.
SFCM: E isso se incluiu até a escola européia.
Como foi essa experiência?
LM: Foi por intermédio do meu antigo cliente,
o lateral Danilo, que está integrando o grupo da
Copa do Mundo (a entrevista foi feita na véspera
do mundial). Quando ele ficou sabendo que eu ain-
21

No Manchester
City reencontro
com Danilo;
Abaixo, com 
Pep Guardiola e
Carles Planchart
Os clubes brasileiros vem investindo
muito. Antes era um profissional na área,
agora são dois, três... Fiquei contente
em sentir que não estamos longe.
da estava no Santos e nessa parte de analise de
desempenho, ele me ajudou a conhecer as instala-
ções do Manchester City, pagando as passagens.
Os atletas do Santos me ajudaram a ficar hospeda-
do, me alimentar, no transporte...
SFCM: E como você foi recebido por lá?
LM: Pensei que assistiria apenas um ou dois trei-
nos, mas logo que cheguei, com a indicação do Da-
nilo, o analista e auxiliar do Pep Guardiola, o Carles
Planchart, fez questão de me acompanhar, mostrar
o trabalho que é feito por lá. Assisti todos os trei-
nos, conheci os mínimos detalhes e aprendi muito
nessa estadia. Trouxe muitas coisas boas para se-
rem desenvolvidas no Santos. Claro que respeitan-
do a cultura e o clima, que são diferentes.
SFCM: E o Pep Guardiola conhece o Santos?
LM: Curioso que ele conhece o DNA do Santos, um
time que revela jovens jogadores rápidos. Entre-
guei uma camisa do Renato para ele. Ele reconhe-
ceu na hora e relembrou dos duelos contra o Sevil-
la. Ficou admirado com o carinho dos jogadores do
Santos comigo e do clube que me liberou para fazer
essa troca de informações.
22
SFCM: Estamos longe de atingir essa excelên-
cia de um grande clube europeu?
LM:: Não, estamos crescendo. Os clubes brasilei-
ros vem investindo muito. Antes era um profissio-
nal na área, agora são dois, três... Fiquei contente
em sentir que não estamos longe. O brasileiro tem
a leitura de jogo e ideias.
SFCM: Você também conheceu o Steven Ger-
rard?
LM: Sim, foi por intermédio do Michael Beale, ana-
lista do Rogério Ceni quando téc-
nico do São Paulo. Ao nos enfren-
tarmos, eu apenas o cumprimentei,
mas queria conhecê-lo melhor.
Entrei em contato e ele pediu para
que fosse a Liverpool. Tive a opor-
tunidade de conhecer o Gerrard. Também dei uma
camisa de presente a 10 do Gabriel. Ele perguntou
se era um 10 articulador de jogadas igual a ele. Eu
falei que era mais de frente, goleador. Também ga-
nhei uma camisa dele.
SFCM: Você vem há alguns anos estudando
minuciosamente todo esse trabalho tático e
técnico de jogadores. Pensa em ser treinador?
LM: Meu sonho é continuar esse trabalho: auxi-
liar os treinadores que passam, agregar ao clube e
aumentar o meu banco de dados, sempre aperfei-
çoando. A longo prazo quero fazer os cursos. Quero
trilhar o caminho dentro do futebol.
SFCM: Apesar de jovem, você tem uma linda
história de vida. Qual a mensagem que você
deixa para os leitores da Revista Santos FC
Magazine?
LM: Nunca deixem de acreditar nos seus sonhos.
Você não pode abrir mão de um sonho que você tem
guardado no seu coração. Eu driblei vários caminhos
errados, confiei em Deus e esperei o dia em que ele
abriu a porta certa. Eu agradeço a todos que me aju-
daram a chegar até aqui e a realizar esse sonho.
23
 [ C A PA ]

O
SANTOS NAS

COPAS Autor WESLEY MIRANDA fotos ACERVO ROBERTO SAPONARI

Nenhum clube brasileiro cedeu mais jogadores para que o Bra-

sil conquistasse suas Copas do Mundo do que o Santos.
Nas Copas de 1958, 1962 e 1970 foram 15 jogadores campeões.
O Santos também detém o recorde de artilheiros para o Brasil
em finais de Copas, com cinco gols: Pelé, em 1958 (2) e 1970 (1),
Zito, em 1962 e Carlos Alberto, em 1970.
É também do Santos o recorde de clube que mais cedeu capi-
tães para a Seleção Brasileira em Copas: Mauro Ramos (1962),
Orlando Peçanha (1966), Carlos Alberto Torres (1970) e Marinho
Peres (1974).
Mas aqui vamos exaltar todos os santistas em Copas. De Pelé a
Robinho. De 1958, na Suécia, no ano em que o mundo descobriu
o Brasil, a 2010, na Copa da África.

24 25
 O ano em que o mundo descobriu o Brasil
A estreia de santistas em Copas do Mundo não poderia ter sido
mais importante para a Seleção. Na Suécia, três jogadores
faziam parte do quadro santista: Pelé, Zito e Pepe

P
elé: o jovem já vinha encantando no
selecionado desde sua estreia na Copa
Roca de 1957, e já acumulava seis gols
em cinco jogos, mas uma dura entrada de Ary
Clemente em amistoso preparativo da Sele-
ção para a Copa diante do Corinthians colo-
cou em xeque sua participação no Mundial.
Paulo Machado de Carvalho, chefe da delega-
ção brasileira à Suécia e que ficaria eterniza-
do como “Marechal da Vitória”, bancou sua
ida, mesmo contundido.  autor de três gols na vitória de 5 a 2 - Piantoni
Zito: Disputando posição com o são-paulino
Dino Sani e o corintiano Roberto Belangero, for-
mou com o primeiro a dupla que serviria à Se-
leção no Velho Continente. A principio reserva,
Zito seria peça fundamental na conquista. Sa-
bia como poucos aliar técnica e raça, defenden-
do e atacando, municiando Garrincha na ponta
direita. Foi dele a assistência para Vavá abrir o
marcador contra a França na semifinal.    de Vavá -, o Brasil virou antes do fim da pri-
Pepe: Disputando posição com o badalado
Canhoteiro, do São Paulo, e Zagallo, do Flamen-
go, o Canhão da Vila seguiu com o segundo
para o Mundial e estava voando, porém se con-
tundiu às vésperas da competição em amistoso
contra a Internazionale de Milão. Uma pena.
Apenas na terceira rodada da competição,
na vitória brasileira sobre a favorita URSS, do
goleiro Lev Yashin, que Pelé e Zito se junta-
ram ao time titular. Zito, tão bom tecnicamen-
te quanto o titular Dino Sani, tinha também o
forte poder de marcação. Recuperado de lesão,
Pelé, com apenas 17 anos, ia começar a entrar A taça do mundo
para a história no jogo seguinte. é nossa, com
brasileiro não há
Na segunda etapa, só deu o menino Pelé, quem possa. Enfim,
a tão sonhada
conquista de Copa
diminuiu para os franceses.  do Mundo. Pelé
  cumpre a promessa
feita para o pai oito
A COPA DO MUNDO É NOSSA!  anos antes.
Contra os anfitriões, o Brasil usou camisas
azuis pela primeira vez em Copas. Logo no co-
meço, saiu perdendo por 1 a 0. Em jogadas se-
melhantes - Zito lançpu Garrincha pela direita
para o “Anjo Torto” centrar para a finalização
meira etapa. 
A exemplo dos outros dois jogos anteriores, cer o goleiro sueco. Zagallo ainda marcaria o deiro gol do Mundial. A tão sonhada conquista
Pelé foi vedete do segundo tempo, anotando o quarto tento e o sueco Simonsson diminuiria do futebol brasileiro, tornando-sea primeira
terceiro de forma antológica: matada no peito para 4 a 2. Mas coube ao jovem Pelé fechar a nação a ganhar um título de Copa do Mundo
e chapéu no defensor para, de primeira, ven- conta da goleada e marcar de cabeça o derra- fora de seu próprio continente. 

26 27
 Recorde de santistas no bi 
A acalentada conquista da Copa da Suécia rendeu não só outro
status para o futebol brasileiro, mas para o País. E claro que
o Santos de Pelé e Zito passou a chamar a atenção, recebendo
inúmeros convites para excursões pelo mundo

O
que era bom, ficou ainda melhor.  Depois de ótima estréia diante do México,
Com o dinheiro dessas excursões, o
Santos passou a contratar os melho-
res jogadores para o seu quadro, dentre eles
os campeões na Suécia, Gylmar e Mauro. Do
sul do País veio Mengálvio. E do eterno celeiro
de craques de Vila Belmiro, Coutinho, que em
1962 já era mais que realidade. Os quatro se
somaram aos três santistas campeões quatro
anos antes.
com vitória por 2 a 0 e golaço, Pelé se contundiu
gravemente contra a Tchecoslóvaquia na segun-
da rodada. 
Nem por isso o sonho do bicampeonato che-
gou ao fim. Amarildo substituiu o Rei à altura,
e com Garrincha comendo a bola, o Brasil foi
se acertando até a final. Mauro Ramos repete
o gesto de Bellini na
Se a expectativa maior estava no trio de Suécia, erguendo a
ataque santista, outros alvinegros se destaca- taça Jules Rimet.

  ram na conquista. O quase intransponível Gyl-

PODERIA TER SIDO MAIS mar garantia a segurança no arco. O capitão
Laércio e Calvet treinaram no grupo dos 40 Mauro liderava sem perder sua habitual clas-
que iriam para a Copa no Chile. Laércio, que se e elegância. Mas foi em Zito que o santis-
vinha como titular absoluto do Santos até a ta viu sua representatividade maior. Com um
chegada de Gylmar, perdeu lugar para Casti- estilo mais parecido com o qual se consagrou
lho. Já Calvet foi preterido por Aymoré, devido no Santos, o volante era o mecanismo perfeito
ao excesso de santistas no selecionado.  do meio-campo: ajudando a fechar a defesa,
  armando o ataque e até se lançando para aju-
CONTUSÕES E CONTUSÕES  dar os homens de frente. Foi dele o gol que
Por graves contusões antes mesmo da Copa, desafogou o Brasil na final contra os tchecos,
Coutinho e Pepe, inscritos respectivamente com o do título. Uma bola na rede para coroar sua
as camisas 9 e 11, não puderam completar o trio Copa perfeita, quando nosso eterno Gerente
de ataque santista com Pelé no Mundial. A bru- figurou na seleção eleita pela Fifa com os onze
xa estava solta para os santistas na Seleção. maiores da competição.

28 29
 A conquista definitiva da Jules Rimet 
Ninguém poderia imaginar que essa terceira conquistade
Copa do Mundo passaria por tantas gerações.
Até justificável, no México quem ganhou foi o futebol

C
om a mudança do comando técnico de
João Saldanha para Zagallo, a Seleção
deixou de ter o Santos como base prin-
cipal. Sob o comando de “João Sem Medo”, a
equipe fez uma campanha perfeita nas Elimi-
natórias, com Carlos Alberto Torres, Joel Ca-
margo, Djalma Dias, Rildo, Pelé e Edu entre os
titulares. O grande destaque ficou para o me-
lhor jogador da competição: Edu.
Zagallo mudou bastante o time que ficou
conhecido como “As Feras de Saldanha”. O
treinador não levou Djalma Dias e Rildo para o
México, além de colocar Joel Camargo e Edu no
banco. Porém, manteve Clodoaldo, que come-
çava a ganhar chances com Saldanha, além do
capitão Carlos Alberto Torres e Pelé.  gol desafogador de empate, no final da primei-
 
MANOEL MARIA ENTRE OS 40  O Brasil conquistava definitivamente a
Quando o ponta-direita Rogério foi cortado do
grupo, imaginou-se que Zagallo fosse trocar
por outro da posição. Manoel Maria era substi-
tuto natural, mas o técnico optou por convocar
um terceiro goleiro: o jovem Emerson Leão. 
 UM REI ENTRE AS FERAS 
Eleito como melhor time da história, a Seleção
de 1970 atingiu no México aquilo que pode-
mos dizer de síntese perfeita: o futebol arte
aliado à conquista.
Em seis jogos, seis vitórias com 18 gols
marcados contra grandes adversários, como
a então atual campeã Inglaterra, o Peru, de
Cublillas, o temível Uruguai e a forte Itália. Em
meio a tantos excepcionais jogadores, Pelé se
destacou na conquista e terminou como o me-
lhor da competição. Carlos Alberto Torres tam-
bém figurou na seleção ideal da Copa. O jovem
Clodoaldo teve papel importante no título, em
especial no difícil jogo diante da Inglaterra e o
ra etapa contra o Uruguai.
Taça Jules Rimet. Pelé, que há alguns anos
vinha tendo o reinado contestado na Europa,
mostrou que estava mais vivo do que nunca
naquela que seria sua última Copa.
O quinteto santista na Copa e
a sequência de fotos que fez o
marcador italiano Burgnich falar:
“Pensei que Pelé era de carne e
osso como eu. Me enganei...”.

30 31
 AS OUTRAS
COPAS
Em 1966, 1974 e 2010, o Brasil não levantou a taça. Mas os santistas
Em 1966 (acima), a
Seleção Brasileira
não saiu de Liverpool
não fizeram feio vestindo a amarelinha e nem da fase inicial
da Copa do Mundo,
na Inglaterra,
texto TED SARTORI perdendo duas das
três partidas que
disputou. Oito anos
1966 plicavelmente sem punição por parte do juiz, depois, em 1974, na
Alemanha (abaixo),
“Chegavam a perguntar para os atletas quem George McCabe. Qualquer uma das duas já os canarinhos foram
deveria jogar”. A declaração de Zito, morto em seria suficiente para que fosse expulso, mas bem mais longe, mas
acabaram eliminados
2015, resume bem a bagunça instalada desde ele permaneceu no jogo. No fim da partida, eu pela sensação
a preparação da Seleção Brasileira, comanda- estava mancando e só fazia número dentro de Holanda e acabaram
em quarto lugar na
da por Vicente Feola, até o Mundial de 1966, campo”, lembrou Pelé, em sua autobiografia. competição, após
na Inglaterra.  Assim como Pelé, o também bicampeão do perderem a disputa
para a Polônia
Dos 22 convocados, apenas o volante, já em mundo Gylmar dos Santos Neves atuou em
fim de carreira, e o ponta-esquerda Edu, com duas partidas, mas diante de Bulgária e Hun-
apenas 16 anos e o mais jovem atleta a ser gria. Durante a derrota para os magiares, o go- sua despedida da Seleção, o defensor sofreu Futebol, certa nos quatro Mundiais anteriores,
convocado para uma Copa do Mundo, não leiro já havia se contundido e nem teve chan- sua única derrota em 34 partidas. não conseguiu ser repetida na Alemanha, em
atuaram nas três partidas da campanha, todas ces de pular para tentar defender a cobrança Foi o curinga Lima um dos responsáveis 1974. Os representantes santistas foram Mari-
em Liverpool. “Nem sabia o que estava acon- de pênalti de Mészöly, no terceiro gol húngaro. por uma proeza no desorganizado Brasil que nho Peres e Edu. O volante Clodoaldo seria o
tecendo direito. O que eu queria era jogar. Ele deu lugar a Manga diante dos lusitanos. foi a este Mundial: apenas ele e o ponta-direi- terceiro, mas acabou cortado por lesão poucos
Apenas isso”, lembra Edu. Em 2000, Gylmar sofreu um AVC (Acidente ta Jairzinho, do Botafogo, conseguiram atuar dias antes da estreia diante da Iugoslávia.
Outros quatro jogadores do Santos foram Vascular Cerebral) e morreu em 2013. nos três jogos. Ele fez dupla no meio-campo A quantidade de chances destinadas a
convocados e puderam entrar em campo - o Um dos muitos amigos do goleiro era Or- com Denilson, do Fluminense, diante de Bul- cada um deles, no entanto, foi muito diferen-
lateral-direito Carlos Alberto Torres, morto em lando Peçanha, falecido em 2010. O zagueiro gária e Portugal, e com Gerson, do Botafogo, te. Enquanto o zagueiro esteve em campo nas
2016, seria outro, mas foi cortado. O principal notabilizou-se pela força física e capacidade frente à Hungria. sete partidas da campanha, o ponta-esquerda
deles foi Pelé.  de antecipação, levando-o a carreiras sólidas Apesar da constância, o curinga nunca mais atuou apenas nos 3 a 0 sobre o Zaire, em Gel-
Na estreia - vitória por 2 a 0 sobre a Bul- no Vasco, no Boca Juniors e no Santos. O joga- voltou á Seleção após a derrota para Portugal. senkirchen, no encerramento da primeira fase.
gária -, o já bicampeão mundial marcou em dor foi a duas Copas e estava na Vila quando E deduz o motivo. “Participei de um programa O resultado classificou a Seleção para a etapa
cobrança de falta o primeiro gol da Seleção. Fi- participou do Mundial de 1966 - no de 1958, na TV Record e me perguntaram sobre o que seguinte.
cou fora do segundo confronto, na derrota por defendia a equipe da Cruz de Malta e foi titu- tinha ocorrido na Copa. Disse tudo e, por coin- “Do jeito que aquele treinador armava o
3 a 1 frente à Hungria, por lesão no joelho es- lar em toda a campanha vitoriosa. cidência ou não, acabei não sendo mais convo- time, ficava muito difícil de jogar”, comenta
querdo. O placar se repetiu contra a sensação Na Inglaterra, Orlando entrou apenas dian- cado”, contou Lima, em 1993. Edu, referindo-se a Mário Jorge Lobo Zagallo,
Portugal, com direito à implacável caça ao Rei, te de Portugal e foi o capitão da amarelinha, do qual não gosta de dizer o nome até hoje.
e veio a eliminação. dentre as nove alterações promovidas em ca- 1974 Já Marinho foi considerado um dos desta-
“Na prática, ele (Morais) me tirou do jogo ráter de desespero para evitar, sem sucesso, o Com a despedida de Pelé da Seleção Brasi- ques do Mundial e acabou indo parar no Barce-
com uma traiçoeira falta dupla que ficou inex- pior. Ironicamente, no jogo que acabou sendo leira, ocorrida em 1971, a presença do Rei do lona, ao lado de Johan Cruyff e comandado por

32 33

Robinho atuou em
quatro dos cinco jogos
da Seleção na Copa do
Mundo da África do Sul,
em 2010. O atacante, um
dos homens de confiança
do técnico Dunga, voltou
ao Santos para ir ao
Mundial: deu certo.
Rinus Michels, artífices da Holanda. A Laranja
Mecânica revolucionou as táticas e desclassi-
ficou a Seleção na semifinal, em Dortmund, ao
batê-la por 2 a 0.
“Nesse jogo, eu dei uma cabeçada no
Neeskens que o árbitro não viu, mas a im-
prensa, sim. Quando o Barcelona me con-
tratou, o noticiário espanhol me rotulava de
violento. E foi justamente o Neeskens, que
também estava no clube, que apareceu para
me receber no aeroporto. Saímos abraçados e
ninguém entendeu nada”, relembra Marinho,
aos risos.
2010
Para a Copa de 2010, na África do Sul, apenas
Robinho esteve presente. Homem de confian-
ça do então técnico Dunga, atuou em quatro
das cinco partidas da Seleção no Mundial e
marcou dois gols - um nas oitavas, 3 a 0 sobre
o Chile, e na derrota por 2 a 1 nas quartas para
a Holanda, resultado que eliminou o Brasil.
34
[ C U R I O S I DA D E S ]
Autores GUILHERME NASCIMENTO e MARCELO LÚCIO FERNANDES
SELESANTOS NA EUROPA
Foto: acervo pessoal Marcelo Lúcio Fernandes
Alemanha 1x2 Brasil em Hamburgo, em 1963, com oito santistas no
time titular e oficial da Seleção: é o recorde da Seleção oficial. 
Marca que só foi igualada pelo próprio Santos, em 1963 mesmo,
contra a Itália, e em 1969 contra a Inglaterra, despedida de Gylmar
e estreia de Clodoaldo, além de mais um jogo não-oficial contra
a seleção sergipana!  Na foto, a Seleção de Aimoré Moreira que
venceu os alemães tinha os santistas Gylmar, Lima, Zito, Mengálvio,
Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe, além de Eduardo (Corinhtians)
Roberto Dias (São Paulo) e Rildo, que ainda pertencia ao Botafogo.
A Selesantos ganhou por 2 a 1, com gols de Coutinho e do Rei Pelé!
OS OUTROS SANTISTAS
Três jogadores representaram o Santos por outras seleções na
história das Copas.
Foto: acervo pessoal Marcelo Lúcio Fernandes
RODOLFO RODRIGUEZ - Na Copa de 1986, no México, o goleiro
Foto: Wikimédia
campeão paulista dois anos antes foi convocado pelo Uruguai,
mas não atuou.
MANZUR - Já em 2010, na Alemanha, o zagueiro campeão
paulista em 2006 disputou uma partida pelo Paraguai.
MENA - Em 2014, no Brasil, o lateral esquerdo Mena atuou
nos quatro jogos - até as oitavas - do Chile, quando saiu
A inclusão de Robinho na lista também desclassificado pela Seleção Brasileira.
foi fruto de uma tática acertada. De olho na
convocação, o Rei das Pedaladas retornou ao
Santos, emprestado por seis meses pelo Man-
chester City, da Inglaterra. Na apresentação, 84 JOGADORES DO SANTOS
Foto: acervo de família
desceu de helicóptero na Vila Belmiro de mãos JÁ ENVERGARAM A CAMISA
dadas com Pelé. CANARINHO AO LONGO
DA HISTÓRIA
O futebol moleque do Alvinegro, campeão
paulista e da Copa do Brasil com goleadas im- TOP 10 
Pelé .............................................113 jogos 
placáveis, também ajudou demais. Robinho
Carlos Alberto Torres .................61 jogos 
virou um paizão dos meninos Neymar e Paulo Clodoaldo ....................................55 jogos 
PIONEIROS Edu ...............................................54 jogos 
Henrique Ganso. A dupla, então, se revelava
Zito ...............................................51 jogos 
de vez ao futebol nacional, depois de um 2009 Fundador do Santos FC e sobrinho do primeiro Pepe..............................................40 jogos 
presidente, Arnaldo Patusca da Silveira jogou de 1912 a Gylmar dos Santos Neves ..........38 jogos 
ainda complicado.
1921 em 129 jogos e marcou 65 gols. Autor do primeiro Joel Camargo .............................36 jogos 
A propósito, se dependesse do clamor po-
gol oficial da história do clube, o ponta-esquerda Miúdo
Neymar ........................................32 jogos 
Robinho .......................................28 jogos 
pular tanto Neymar quanto Ganso estariam foi campeão Santista de 1913 e 1915 (União).
com Dunga na África do Sul. O meia chegou a Junto com Adolpho Millon Jr, Arnaldo também esteve ENTRE OS MAIORES ARTILHEIROS
DO SANTOS NA SELEÇÃO ESTÃO: 
ser incluído entre os sete de uma lista de es- presente no primeiro título da Seleção em 1914, a Copa
Pelé ................................................95 gols
pera do treinador, enquanto o atacante dispu- Roca (emprestado para o Paulistano), e na conquista (o maior artilheiro da história da Seleção)
do primeiro Sulamericano da Seleção em 1919 (Copa Pepe ................................................22 gols
tou sua primeira Copa do Mundo quatro anos
América), sendo o capitão. Na ocasião, também estavam Neymar ..........................................20 gols
depois, em 2014, no Brasil, mas já vestindo a Edu .................................................12 gols
presentes Adolpho Millon Jr e Haroldo Domingues.   Robinho .........................................11 gols
camisa do Barcelona.
Faleceu no dia 24 de junho de 1980, aos 85 anos. Carlos Alberto Torres ....................9 gols
35
 [ N O S S O S Í D O L O S ]

EDU De três Copas e muitas injustiças

Rei do drible, Garrincha da ponta-esquerda... Não são poucas as
alcunhas que definem esse que é um dos principais jogadores da
história do Santos. Mas Jonas Eduardo Américo, o Eduardinho de
Jaú, é muito mais conhecido “simplesmente” como Edu.

Autor WESLEY MIRANDA Fotos ACERVO ROBERTO SAPONARI

N
o Santos, de 1966 a 1976, foram 585 jogos e
184 gols oficiais (19 de falta e 11 de pênalti),
além de mais 33 partidas e 16 bolas na rede,
segundo números inéditos e exclusivos de Guilherme
Nascimento para a Revista Santos FC Magazine.
Na Seleção Brasileira, o campeão no México, em
1970, disputou 55 jogos, com 40 vitórias, oito empa-
tes e sete derrotas, anotando 12 gols entre
1966 e 1976.
SFCM: Você chegou no Santos
muito novo. Conte-nos um pou-
co sobre a influência de Pelé na
sua chegada.
EDU: A influência do Pelé foi tudo, ele
me apresentou no Santos. Cheguei em
julho de 1964 no infantil, com 14 anos, joguei
um pouco, agradei, mas tive que voltar a Jaú para
terminar o ano escolar e retornei depois das férias,
já em 1965. Joguei pouco no juvenil e logo subi
para os aspirantes. Mas foi na Seleção Paulista de
Novos que chamei a atenção de Lula para subir aos
profissionais e disputar o Rio-SP em 1966.
SFCM: O Rio-SP 66 foi o seu passaporte para
a Copa?
EDU: Foi, entrei contra a Portuguesa. O Lula foi
muito inteligente, me colocou na ponta-direita e
fui bem. Já contra o Fluminense, entrei no
lugar do Pepe na ponta esquerda. Con-
tra o Botafogo entrei como titular e já
tomei à frente na batida de uma falta,
para espanto do capitão Zito (risos).
Ai veio o meu grande jogo contra o
Bangu, no Pacaembu: 4 a 0 com dois
gols meus, sendo um golaço de falta no
grande goleiro Ubirajara. O Zito já não se
espantou quando peguei a bola. Tinha gostado
da minha cobrança no Rio (risos). Outro jogo que
também foi importante: 3 a 2 contra o Palmeiras,
do grande lateral-direito Djalma Santos. E fui muito
bem. Esses dois jogos me garantiram para a Copa.

34 35

Às vezes, a gente precisa deixar a
modéstia de lado. Lembro que os
adversários falavam que nem
dormiam na véspera dos jogos por
se preocuparem em me marcar.
SFCM: Você até hoje é o jogador mais jovem a
ser inscrito em uma Copa, mas o Vicente Feo-
la preferiu o Paraná, do São Paulo, e você não
jogou. Ficou frustrado?
EDU: Chorei muito por não ter jogado. Só dois jo-
gadores não atuaram naquela Copa: eu e o Zito,
que se contundiu nos jogos preparativos. E eu es-
tava preparado, assim como foi no Santos. Imagina
você chegar no Santos, tendo Abel e Pepe e você
se destacar. Eu tinha que ter jogado, mas serviu de
experiência.
SFCM: Mas o Santos vingou a Seleção, não?
EDU: Pois é, pouco mais de um mês depois pega-
mos o Benfica, que era a base da seleção portugue-
sa que tinha nos eliminado da Copa e goleamos por
4 a 0. Fiz dois gols e joguei muito.
36
SFCM: Entre 1967 e 1970, Pelé era mais ce-
rebral, atraindo todas as atenções, enquanto
você era o “showman” e o Toninho artilheiro.
É bem isso?
EDU: Exatamente isso. E tinha uma harmonia.
Em muitos jogos na ausência do Pelé, eu tinha que
atuar mais centralizado com a 9 e o Toninho com a
7. Depois revezávamos.
SFCM: O grande ponta-esquerda Edu também
foi ponta-direita, centroavante e até jogou com a
10. Você se considerava um “curinga” ofensivo?
EDU: É verdade. E acho que joguei bem em todas,
assim como o Curinga Lima fazia quando precisa-
va. Com a 10 era até visto como uma surpresa, pois
era um canhoto. Hoje é comum o meia ser canhoto.
SFCM: Você aceita ser chamado de Rei do Drible?
EDU: Às vezes, a gente precisa deixar a modéstia
de lado. Lembro que os adversários falavam que
nem dormiam na véspera dos jogos por se preo-
cuparem em me marcar. Além de driblar, eu queria
ser objetivo.
Na página ao lado, nos treinos
para a Copa de 70, e a direita,
o mais jovem convocado para
uma Copa. Nessa página, no
Rio-SP 66, seu primeiro título.
SFCM: De melhor das Eliminatórias de 1969
ao banco da Seleção em 1970. Como digerir
isso?
EDU: Estava no meu melhor momento. Fui vice-
-artilheiro do Paulista de 1968 com 21 gols. Para
um ponta, isso era raro. Fui eleito o melhor ponta-
-esquerda do mundo em 1968 e 1969, além de ter
sido o melhor nas Eliminatórias. Mas quando teve
a troca de técnico na Seleção, saindo o (João) Sal-
danha e entrando esse outro treinador (Zagallo) eu
senti que seria sacado do time titular.
SFCM: Em 1974 mais uma Copa e mais uma vez...
EDU: Eu sentia que estava no momento: campeão
paulista, maduro... Mas veja: eu nem fui entre os
22. O treinador (Zagallo) chamou o Arilson, do Fla-
mengo, depois convocou mais três: eu, o Cesar e o
Valdomiro.
SFCM: Quando o Pelé parou, a torcida gritou:
“Ei ei ei o Edu é o novo Rei”. Qual o peso disso?
EDU: Olha ai o tamanho da responsabilidade, foi
um peso que ganhei. Foi difícil de carregar, pri-
meiro pela posição. Eu era um jogador mais aberto
que dava mais assistências. Daquele time, só eu e
o Clodoaldo ficaram, então a responsabilidade era
grande no começo. Mas ainda ganhamos o Torneio
Laudo Natel contra o Palmeiras em 1975.
SFCM: Sua maior vitima era o Zé Maria ou
Forlan?
EDU: É difícil dizer qual dos dois. Tem dias que
você está bem e você arrebenta, mas ficou mar-
cado mesmo com o Forlan. Ele era violento e todo
mundo perguntava se ele era assim, mas eu não
sentia. Ele não me via (risos).
SFCM: Com os dados do pesquisador Guilher-
me Nascimento, da ASSOPHIS, achamos uns
jogos seus no time misto em 1989. Qual lem-
brança você tem disso?
EDU: Lembro um pouco. Foram uns amistosos
pelo Mato Grosso, comandados pelo saudoso Er-
nesto Marques. O goleiro era o Robson Agondi,
lembro do Paulinho McLaren, o Cipó, o Marcelo
Passos bem novinho...
37
 [ L E N DA S ]

GYLMAR Sinônimo de goleiro

Quando se fala em goleiro no Brasil, o nome de Gylmar dos Santos
Neves vem à memória de muitas gerações. Não é para menos.
Antes de sair da vida, ele já estava na história

Autor TED SARTORI Fotos CME DO SANTOS FC - MARCELO LÚCIO FERNANDES

O
goleiro Gylmar dos Santos Neves nasceu em
Santos em 22 de agosto de 1930. E renasceu
na própria terra, 31 anos depois, quando foi
contratado pelo time da Vila Belmiro, que começava a
viver a mais dourada de suas fases.  rol, do Uruguai, fez uma excelente. O Santos, por
No fim de 1961, Gylmar tinha uma década de
Corinthians. Havia chegado em 1951, vindo do Ja-
baquara. E já se destacava, pouco antes, no Vila
Hayden, time de várzea com sede na esquina das
ruas Frei Francisco Sampaio e Frei Vital, atualmen-
te parte do bairro do Embaré, em Santos.
Apesar do título mundial com a Seleção Brasi-
leira em 1958, na Suécia, Gylmar não desfrutava da
confiança de Wadih Helou, presidente da equipe do
Parque São Jorge em 1961. Era considerado cul-
pado pelo jejum de títulos que o clube começava
a viver - o último título tinha sido o Paulistão de
1954. O dirigente ainda duvidava de uma contusão
no ombro do arqueiro.
Indignado, Gylmar contratou um médico parti-
cular para trata-lo e as ofertas apareceram. O Peña-
sua vez, tinha uma boa proposta. Para atrapalhar,
Wadih Helou fixou nas alturas o valor do passe do
goleiro. O Alvinegro, então, cumpriu os valores. Fo-
ram Cr$ 10 milhões, um dinheirão para a época.
SUCESSO ALVINEGRO
A estreia de Gylmar foi longe do território brasilei-
ro, em 7 de janeiro de 1962, na vitória santista por 6
a 2 sobre o Barcelona, de Guayaquilo, em amistoso
disputado no Equador. No fim daquele ano, o cami-
sa 1 já tinha conquistado o bicampeonato mundial
com a amarelinha, no Chile, além do Paulistão, a

38 39
 Cartões Azul, Nacional, Internacional, Gold e Mais
4004-9009 ou 0800 940 9009

( ) Escolha ter mais tempo

(telefone fixo, exceto capitais)
Cartões Platinum, Grafite, Infinite, Black e Nanquim
4004-9001 ou 0800 940 9001
(telefone fixo, exceto capitais)

para fazer o que gosta. SAC – 0800 726 0101

Atendimento a clientes portadores de
deficiência auditiva e de fala – 0800 882 2492

Escolha usar o Aplicativo Ouvidoria – 0800 725 7474

facebook.com/caixa
twitter.com/caixa

Cartões Caixa. Por que não? caixa.gov.br

3 e 4 - Na final contra o Peñarol na

primeira decisão da Libertadores 1962
1

Libertadores e o Mundial
com o Alvinegro. Fora a
Taça Brasil da tempora-
3
da, disputada já em 1963
e reconhecida como Bra- Foto 1: Gylmar no único
jogo em que foi capitão
sileirão. 3
da Seleção, contra a
Foram oito anos de Inglaterra em 63;
Foto 2: Gylmar, Pelé e
Santos, sendo o quarto
Garrincha em 1966.
goleiro que mais atuou sua terceira e última participação em Copas, na Ingla-
na meta do Alvinegro, com 330 jogos e muitos ou- terra, em 1966. A desorganização fez com que o Brasil
tros títulos: mais quatro Estaduais (1964, 1965, 1967 fosse eliminado ainda na primeira fase. Ele atuou em
e 1968), três Torneios Rio-São Paulo (1963, 1964 e duas partidas, diante de Bulgária e Hungria. 
1966), outros quatro Brasileiros (1963, 1964, 1965 e Durante a derrota para os magiares, o goleiro já
1968), o Mundial e a Libertadores de 1963, além de havia se contundido e nem teve chances de pu-
diversos torneios pelo Brasil e pelo mundo afora. lar para tentar defender a cobrança de penalti de
“No Santos, ele encontrou toda a tranquilidade Mészöly, no terceiro gol húngaro. Ele deu lugar a
para jogar, e era muito grato por isso”, dizia a espo- Manga diante dos lusitanos, quando veio a des-
sa Rachel, morta em 2016.  classificação.
Com 38 jogos, a muralha Gylmar é o sétimo jo-
DESPEDIDAS gador do Santos que mais defendeu a Seleção Bra-
O mesmo sentimento Gylmar não conseguiu ter de sileira. O adeus com a amarelinha aconteceu em 12
de junho de 1969, no Maracanã, com triunfo Baixe o App Cartões Caixa.
Foram oito anos de Santos, sendo por 2 a 1 sobre a Inglaterra, então a atual cam- Por que não aproveitar o cartão de crédito que te dá um monte de benefícios?
o quarto goleiro que mais atuou na peã do mundo. Com o Aplicativo Cartões Caixa, você pode controlar seus gastos,
meta do Alvinegro, com 330 jogos e Em 2000, Gylmar sofreu um AVC (Aciden- contestar compras, resgatar pontos e desbloquear cartão para uso
no exterior. Você merece os benefícios de todas as escolhas que fizer.
muitos outros títulos. “No Santos, te Vascular Cerebral) e não mais falava nem
E para qualquer escolha, escolha Cartões CAIXA. Peça já o seu.
ele encontrou toda a tranquilidade se locomovia. Ele morreu em 25 de agosto de
para jogar, e era muito grato por 2013 e seu nome virou, de vez, sinônimo de
isso”, dizia a esposa. goleiro. E dos bons.

40 41
42 43
 [ M US E U P E L É ]

TAÇA RUSSA
A Taça CCCP – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas –
foi um presente dado a Pelé pelos jornalistas russos, como
melhor jogador da Copa do Mundo de 1958, na Suécia.

autor EDUARDO VALIM fotos MUSEU PELÉ

A
quele Mundial ficou marcado pela con-
quista do primeiro título da Seleção Bra-
sileira, coordenada por Paulo Machado de
Carvalho. A comissão técnica nacional se organi-
zou de forma séria a fim de não cometer os mesmos
erros de edições anteriores.
No comando do técnico Vicente Feola, a Sele-
ção Brasileira estreou com vitória sobre a Áustria
por 3 a 0. No entanto, após um apático 0 a 0 contra
a Inglaterra, no segundo jogo da fase de grupos,
Feola decidiu fazer alterações na equipe titular:
sacou Joel, Mazzola e Dino Sani para as entradas
de Pelé, Garrincha e Zito. Pelé fez sua estreia em
Copas do Mundo contra a poderosa União Soviéti-
ca, que havia conquistado a Olimpíada dois anos
antes. O Brasil venceu por 2 a 0 e se classificou
para a próxima fase. Pelé se encaixou como uma
luva no time titular. E sua estrela começou a bri-
lhar nas quartas de final, quando limpa o zagueiro
sem deixar a bola tocar na grama e chuta forte,
colocando a bola no fundo da rede: Brasil 1 a 0 no
País de Gales. Na semifinal, os canarinhos golea-
ram a França por 5 a 2, com direito a show de Pelé,
que marcou três gols. Restava a anfitriã Suécia
na decisão, e o Brasil venceu por 5 a 2. Pelé mar-
cou duas vezes no Estádio Rasunda, em Estocol-
mo, diante de quase 52 mil pessoas. Aos 17 anos,
o jovem Pelé foi aclamado Rei do Futebol. Ainda
no vestiário e como resultado de sua atuação, Pelé
recebe dos jornalistas russos o prêmio de melhor
jogador da Copa do Mundo da Suécia de 1958, a
Taça CCCP.

44 45
 [ PA L P I T E I RO P R A I A N O ]

SEU PITACO PODE VALER PRÊMIOS!

Confira toda a premiação, regras e detalhes dos jogos no nosso site:
santosfcmagazine.com.br

S
alve, Salve, alvinegro praiano! O grande vencedor da terceira edição
do nosso clube de pitacos foi Arthur Viana, de São Vicente (SP). Ele
fez 29 pontos dos 100 possíveis em uma disputa apertada com Luiz
Francisco, que ficou em segundo lugar com 24 pontos.
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seu desempenho. 
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cedores serão conhecidos na edição seguinte da nossa revista, e você ainda
consegue acompanhar seu desempenho (e o regulamento completo) no site.
Boa Sorte! 
Nascer Viver e no Santos Morrer é o orgulho que nem todos podem ter.

O vencedor da
terceira edição,
Arthur Viana, de
São Vicente (SP).

46 47
 [ S E R E I A S DA V I L A ]

polis (RJ) e Veranópolis (RS). 

Em 2003, porém, ela foi convidada a
jogar na Espanha, onde atuou por cinco
anos, até ir para a Itália. Devido a uma
série de lesões no joelho, parou de jogar
precocemente aos 29 anos. Como joga-
dora, Emily fez parte da primeira Seleção
Brasileira Sub-17, em 1997. Na categoria
principal, entretanto, jogou como volan-
te da seleção portuguesa de 2007 a 2009.
A primeira experiência fora das
quatro linhas foi como supervisora
e auxiliar técnica da Portuguesa em
2010. No ano seguinte, foi convidada Fico dia e noite pensando em futebol,
pelo Juventus para comandar o time fe- parte tática, planejamento, etc. Tento
minino. Em 2012, foi treinadora em uma ser muito correta, deixando as coisas
parceria entre o clube e o São Caetano.  prontas para que minhas atletas possam
“É muito difícil falar do meu estilo entender da melhor maneira possível.
Conheça um pouco mais de como técnica. Eu acho que sou bem

EMILY LIMA
tranquilo, mas me relatam o contrário.
Admito que sou muito chata. Gosto das coisas bem
certinhas e perfeitas. Fico dia e noite pensando em
futebol, parte tática, planejamento, etc. Tento ser
As Sereias da Vila ganharam um reforço de peso no início da temporada de muito correta, deixando as coisas prontas para que
2018. Alguma jogadora de renome? Nada disso! A principal novidade do minhas atletas possam entender da melhor manei-
futebol feminino do Santos FC no ano foi a chegada da técnica Emily Lima.  ra possível. Acho que esse é o meu perfil”, brincou
a técnica.
autor SANTOS FC fotos PEDRO ERNESTO GUERRA AZEVEDO / SANTOS FC Estes anos de trabalho a credenciaram a che-
gar nas categorias de base da Seleção Brasileira.
Emily, o Santos FC está invicto e lidera isoladamen-
te o grupo 2 do Campeonato Brasileiro Feminino,
além de já ter garantido vaga na segunda fase do
Paulistão. 
Apesar dos ótimos trabalhos, a treinadora ainda
precisa lidar com todos os preconceitos que uma
mulher sofre no meio esportivo. 
“O preconceito sempre foi o ponto que mais me
estimulou para seguir no futebol. Sempre que me
disseram ‘você não pode’, eu dava o máximo para

E
m novembro de 2016, ela ficou conhecida na-
cionalmente após se tornar a primeira mulher
a comandar a Seleção Brasileira Feminina na
história da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Porém, você realmente conhece a treinadora santista?
Com 37 anos, Emily é natural de São Paulo. Ain-
da criança começou a jogar futebol e sempre teve o
apoio da família: sua mãe, Oneida, seu irmão Weber
e de seu pai, Antônio. Aos 13 anos chegou à equipe
do Saad Esporte Clube (SP).  não estudar, não vai jogar’. Aí não teve jeito, né?
“Sempre digo que o meu começo no futebol já
foi na barriga da minha mãe. Meus pais me dizem
que eu trocava as bonecas pela bola desde peque-
na. De uma brincadeira no quintal de casa com
meu irmão foi para a escolinha de futebol masculi-
no. Dali foi para uma peneira e desde esse começo
eu já sabia que seria uma jogadora de futebol. Foi
tudo muito rápido. Com 13 anos eu já praticamente
jogava profissionalmente”, afirmou Emily.
“Meu pai era português e sempre foi um cara
muito severo, mas era meu parceirão. Sempre me
apoiou jogando futebol. Eu não gostava muito de
estudar, pois só queria jogar bola. Mas ele falou ‘se
Tive que estudar também. E meus pais me ajuda-
ram demais nos meus primeiros passos”, ressaltou.  E após a passagem pela Seleção Brasileira prin-
Ainda no Brasil, a técnica das Sereias Futebol jogou
pelo São Paulo (SP), São Bernardo (SP), Barra de Teresó-
No início de 2013, Emily Lima foi anunciada como
a primeira treinadora de uma equipe nacional, na
ocasião comandou a Sub-17, que se preparava para
disputar o Sul-Americano da categoria.
Em 2014, a comandante pediu desligamento para
se dedicar exclusivamente à equipe de São José dos
Campos, tradicional no futebol feminino. À frente da
equipe paulista, Emily foi vice-campeã da Copa do
Brasil 2016. Pela Águia do Vale, a treinadora conquis-
tou os Jogos Abertos e os Regionais de São Paulo de
2015 e 2016, além do Campeonato Paulista de 2015.
cipal de futebol feminino, a técnica assumiu as Se-
reias da Vila em janeiro de 2018. Sob o comando de
fazer e provar que eu conseguia, assim como toda
mulher consegue. Infelizmente a maioria das pes-
soas que trabalha no futebol não gosta do femini-
no. Já tem aquele preconceito. O futebol feminino é
como aquela comida que a criança não quer comer
antes mesmo de provar. E quando você apresenta
a modalidade para as pessoas, elas pensam ‘nossa,
não é como eu pensava’. Eu já vi pessoas que fala-
vam isso, mas alguns anos depois me confirmaram
que estavam apaixonadas pelo futebol feminino e
não conseguiam pensar em outra coisa. Então es-
pero que isso contagie todos os clubes e dirigen-
tes. Essa luta é uma das minhas motivações”, con-
cluiu Emily.

48 49

[ BA S E
FÁBRICA DE CRAQUES
Santos FC cria o Departamento de Avaliação,
Captação e Transição de Atletas
colaborou BRUNO SECCO e MAIKON CAMARGO
A
fábrica de raios que é a base do Santos
FC continua funcionando a todo vapor. O
celeiro de craques do Peixe, reconhecido
mundialmente por revelar talentos e que em março
de 2018 integrou o Departamento de Futsal ao De-
partamento de Futebol de base, agora inova com a
criação do Departamento de Avaliação, Captação e
Transição de Atletas (DACTA).  No setor de captação, o Santos FC já conta com
Comandado pelo Gerente Executivo Marco
Antônio Maturana, o Departamento do Futebol
de Base do Santos FC promove esta medida com o
principal objetivo de desenvolver uma forma per-
sonalizada de descobrir, lapidar e também recupe-
rar atletas, sempre seguindo diretamente um perfil
que se encaixe no DNA ofensivo do Clube.  Com
um setor voltado exclusivamente para extrair e
lapidar  estes jovens valores, o Departamento de
Avaliação, Captação e Transição de Atletas é com-
posto e atuará em três frentes: avaliação, captação
e transição.
O trabalho de avaliação é  voltado aos atletas
que chegam ao Clube indicados por avaliadores
credenciados e pelas redes de Escolas de Futebol
Franqueadas Meninos da Vila espalhadas pelo Bra-
sil e Exterior. E esta última parceria especificamen-
te  tem dado bom  retorno ao Clube. Thiago Maia,
por exemplo chegou ao Santos FC através de uma
No setor de captação, o Santos
FC já conta com avaliadores e
parceiros credenciados, que trocam
informações como as comissões
técnicas do Clube, o que facilita
a busca pontual de um atleta,
para a posição desejada.
50
]
franquia. Outro jovem que está no Clube atual-
mente e veio por intermédio de uma franquia, em
Taubaté, é o atacante do Sub-15, Marcos Leonardo.
Artilheiro e melhor jogador da Nike Premier Cup
2018, ele chegou ao Peixe em agosto de 2014, aos
11 anos, e foi descoberto pelo observador Guilher-
me Gomes.
avaliadores e parceiros credenciados, que trocam
informações como as comissões técnicas do Clube,
o que facilita a busca pontual de um atleta, para a
posição desejada. Sendo assim o inicio de traba-
lho é feito no local de origem onde o atleta atua.
Já o trabalho de transição é específico para atletas
oriundos das categorias de base, que no momento
não participam do trabalho juntos a sua respectiva
categoria, e passarão por avaliações, físicas, treinos
táticos e técnicos, buscando a evolução individual
de cada atleta, para serem reintegrados ao grupo.
EQUIPE DO GARIMPO
O treinador Reginaldo Lima, que estava à frente
do Sub-23 do Santos, será um dos responsáveis por
essa nova divisão das categorias de base do Santos
FC. “Buscar talentos em avaliações pelo Brasil, re-
ceber indicações em nossas categorias e monitorar
atletas em competições . A responsabilidade é mui-
to grande. Cada vez mais as atenções estão
voltadas para o descobrimento de valores o
mais precocemente possível. É uma disputa
que aqui não é mais exclusiva de grandes
clubes, mas de menores e também do ex-
terior. O DACTA é uma grande iniciativa de
nossa gerência e diretoria, já que norteia o
trabalho em pilares. Esperamos seguir des-
O eterno ídolo
Lima com 
Marco Antonio
Maturana e
Reginaldo Lima
cobrindo atletas que venham e dêem alegrias para
nossa torcida”, disse.
Outro responsável por este importante momen-
to de transição das categorias de base do Peixe,
como avaliador, é o eterno ídolo Lima, que, além de
participar do processo, com sua presença também
serve de fonte de inspiração à juventude alvinegra.
“O DACTA é uma iniciativa que devia ter sido to-
mada há muito tempo. É uma grande ferramenta
de valorização aos nossos olheiros, que possuirão
ainda mais condições para captar novos talentos.
Não basta simplesmente ir aos locais, ver jogos
e escolher os meninos, é preciso traçar um plano
para o talento. Precisamos saber onde os deixare-
mos e principalmente seus destinos. Essa estrutura
é fundamental para nós e principalmente para os
pais. É por isso que o DACTA vem para ajudar”,
declarou o ídolo.
Paulo Roberto, o Liló, será, assim como Lima,
um dos avaliadores da nova safra  alvinegra. “A
Vila cheira a atletas que compactuam com o nível
e perfil do Santos FC, e estamos buscando exata-
mente este DNA. O DACTA é bacana pelo fato de
você buscar a captação do atleta através do perfil e
característica de cada posição. No segundo perío-
do, avaliamos técnica, específica e cognitivamente
o atleta. E posteriormente são os profissionais que
buscam o perfil que o Clube e plantel necessitam.
É uma grande responsabilidade trabalhar com a
Foto: Ivan Storti/Santos FC
questão da captação e principalmente respeitando
o DNA do Clube, e o DACTA vem para nos auxiliar
neste projeto”, cravou Liló.
Marco Antônio Maturana, Gerente Executivo da
Base, aposta nesta forma personalizada de capta-
ção de atletas como forma de fortificar ainda mais o
Clube. “Por onde passamos, sempre somos questio-
nados quanto ao segredo que o Santos FC tem em
revelar. Na verdade não existe mágica. Aqui não
temos medo de utilizarmos os jovens atletas. Aqui
desde cedo nossos meninos da base vão trabalhan-
do com os profissionais até adquirir experiência”.
Maturana também comentou a respeito da
grande e histórica integração  que ocorre no Pei-
xe entre time profissional e base. “O time profis-
sional do Santos FC quase sempre é constituído
com metade dos titulares com jogadores da ca-
tegoria de base. Se paramos para pensar, do ano
2000 até 2018, as revelações são muitas: Robinho,
Diego, Alex, André Luiz, Wesley, André, Rafael,
Alan Patrick, Felipe Anderson, Danilo, Alex San-
dro, Neymar, Ganso, Geovânio, recentemente o
Daniel Guedes, Arthur Gomes, e agora o Rodrygo,
que tem tudo para ser outro grande ídolo do tor-
cedor santista. Em 1978, sem grandes investimen-
tos e com um elenco limitado, buscamos reforços
nascidos na própria Vila Belmiro. Foi quando sur-
giram jogadores como Juary, Nilton Batata, João
Paulo”, pontuou.
51
 [ L E N DA S ]

CARLOS
ALBERTO O mito de uma Copa
Apontado como o maior lateral direito da história, Carlos Alberto foi ídolo
por onde passou. Falecido em 25 de outubro de 2016 nos deixou com saudades

autor WESLEY MIRANDA

fotos ACERVO ROBERTO SAPONARI

A
cena é clássica, está viva nas lembranças
dos contemporâneos e repete na TV com
exaustão. Virou símbolo de uma era de ouro
do nosso futebol. O santista Clodoaldo dribla quatro
italianos em sequência, para entregar a Rivellino, que
lança Jairzinho, o Furacão da Copa. O pai do atual
técnico do Santos encontra Pelé sem marcação no
meio e como um costumeiro lance de gênio, quase
sem olhar, rola a bola para a direita sabendo que ali
apareceria o lateral direito. E como apareceu. Com
um forte chute cruzado venceu
o arqueiro Albertosi aos 41 minutos, dando nú-
meros finais na decisão da Copa de 70. Um sonoro 4 a
1 para o Brasil contra a Itália.
Quase sempre, o vídeo corta para um Carlos
Alberto recebendo a Jules Rimet, agora, de forma
definitiva, com a terceira conquista, para em segui-
da erguê-la. Assim ficou eternizada a participação
de Carlos Alberto em Copa, a única de sua gloriosa
carreira. Pouco pela qualidade do revolucionário
lateral direito. Mas o suficiente para colocá-lo na
galeria de imortais do futebol mundial.

54 55

Carlos Alberto Torres é o segundo
santista que mais disputou jogos pela
Seleção, com 61 partidas, só ficando
atrás de Pelé, que tem 113.
Dono de um forte temperamento e um espírito
de liderança incomum, a história do carioca Carlos
Alberto começa a cruzar com o Santos em 1964.
Em um jogo entre Santos e Fluminense no Mara-
canã valida pelo Rio-SP (partida de agradecimento
ao apoio dos cariocas nos jogos em que o Santos
atuava no Rio de Janeiro). A vitalidade do jovem
lateral chamou a atenção do experiente Pepe. O
Santos já tinha Ismael, o maior lateral-direito do
futebol paulista, mas Carlos Alberto simbolizava o
futuro da posição, pois apoiava e defendia com a
mesma eficiência. Já vinha sendo convocado para
a Seleção, e, por isso, custou ao Santos Cr$ 200 mi-
lhões, a maior transação do futebol até então.
Já no seu primeiro ano no Santos, o jovem Car-
56
Cumprimentando
Facchetti antes do
embate histórico.
los Alberto foi eleito o melhor jogador do
Campeonato Paulista de 1965.
 
CORTADO DA COPA EM 66
Nem mesmo seu bom futebol o garan-
tiu na Copa da Inglaterra, o técnico Vicente Feola
optou pelo veteraníssimo Djalma Santos e Fidélis
do Bangu para a lateral direita. Felizmente para o
futebol, a Copa de 70 corrigiu isso.
De 1965 a 1975, com uma rápida passagem por
empréstimo para o Botafogo foram 440 jogos e 39
gols assinalados - sendo 27 em cobranças de pê-
naltis -, especialidade do lateral direito que o colo-
ca como um dos melhores cobradores de pênalti da
história do Santos.
Carlos Alberto Torres é o segundo santista que
mais disputou jogos pela Seleção, com 61 parti-
das, só ficando atrás de Pelé, que tem 113. Em
número de gols, é o sexto, com nove gols pela se-
leção principal.
57
 [ C U N H A
Uma cunha para fender paradigmas e nivelar o Clube com seus valores:
Técnica, Disciplina, garra e Ousadia
Santos, o Brasil na Copa
E
screver para santistas não é fácil, pois todos
conhecem bem a história do clube. Sabem,
por exemplo, que o auge do futebol bra-
sileiro coincidiu com o auge do Santos e por isso
o Alvinegro Praiano é o time com mais jogadores
convocados para as três Copas que nos deram a
Jules Rimet: em 1958 (três convocados), 1962 (sete)
e 1970 (cinco).   troavante Coutinho, de apenas 19, no esplendor de
Sabem também que não fosse a briga entre
as federações de Rio de Janeiro e São Paulo, três
santistas deveriam participar da primeira Copa do
Mundo, em 1930, no Uruguai: o goleiro Athié Jorge
Cury, então com 25 anos, o artilheiro Feitiço, com
27 anos, e o também artilheiro Araken Patusca, com
25 anos, o único que acabou indo para Montevidéu,
inscrito pelo Flamengo apenas para jogar a Copa.
Feitiço, paulistano batizado Luís Matoso, vivia o
seu apogeu. Marcou 37 gols no Campeonato Pau-
lista de 1930, e 39 gols no de 1931, recorde que só
Pelé quebraria, em 1958, com 58 gols. Não há dú-
vida de que com Feitiço o Brasil dificilmente seria
eliminado na fase inicial, como foi.
Bem, mas esse caso também é mais ou menos
conhecido. Na verdade, o interessante é descobrir
a história dentro da história e por isso eu chamaria
a atenção de todos para a Copa de 1962, no Chile,
no epicentro do domínio mundial do futebol bra-
sileiro. Sim, o título na Suécia e o que veio depois
mostrou que no Brasil tínhamos os melhores times
e os melhores jogadores do planeta. E como era
Se não fosse a briga entre as federações de
Rio de Janeiro e São Paulo, três santistas
deveriam participar da primeira Copa
do Mundo, em 1930, no Uruguai: o goleiro
Athié Jorge Cury, o artilheiro Feitiço e o
também artilheiro Araken Patusca.
58
D O O D I R ]
nossa Seleção em 1962?
Ela tinha Gylmar dos Santos Neves no gol, Mau-
ro Ramos de Oliveira na zaga, Zito no meio campo
e Pelé no ataque, a chamada espinha dorsal. Além
deles, o Santos teria mais dois titulares, caso não
se machucassem nos preparativos para a Copa: o
ponta-esquerda Pepe, então com 27 anos, e o cen-
sua técnica. Uma prova de que Coutinho e Pepe
seriam titulares no Chile é o número em suas cos-
tas: 9 e 11, respectivamente, pois foram inscritos
primeiro.
Eu poderia falar ainda de Calvet, quarto-za-
gueiro de 27 anos que formava dupla de zaga com
Mauro, no Santos, e que foi titular nos últimos jogos
preparatórios da Seleção, mas foi cortado pelo téc-
nico Aymoré Moreira sob a esdrúxula alegação de
que já havia muitos santistas no time.
Bem, não contarei Calvet, mas terei de incluir
Coutinho e Pepe entre os 11 titulares do Brasil na
Copa de 1962. Somados a Gylmar, Mauro, Zito e
Pelé, teremos seis santistas no time, e como 100
está para 11 assim como X está para 6, chego à
porcentagem de 54,55% como a da participação do
Santos na melhor seleção do mundo de 1962.
Sim, era mais ou menos essa a proporção. No seu
momento de supremacia  o futebol brasileiro era o
Santos com alguns reforços. Esse panorama ainda
iria se estender até a Copa do México, em 1970, e a
conquista definitiva da deusa de ouro.
Odir Cunha
é jornalista,
pesquisador
e escritor
59
 [ AC E RVO ]

ASSOPHIS
Uma história na história do Santos
A mais linda de todas trajetórias tem seus guardiões

autor TED SARTORI fotos ACERVO ASSOPHIS

O
Santos tem uma linda história dentro e Nisso se incluem especialistas variados, como
fora de campo. Nada melhor que a exis- Walmir Gonçalves, que dedica muito de sua pes-
tência de um grupo para cuidá-la de forma quisa aos primórdios do Santos e até mesmo antes
abnegada: a ASSOPHIS (Associação dos Pesquisa- da fundação do clube. 
dores e Historiadores do Santos).  Por sua vez, as estatísticas de Evaldo Rodri-
Fundada em 5 de abril de 2014, a AS- gues sempre foram de fundamental impor-
SOPHIS é uma entidade sem fins lucra- tância. Os números referentes ao clube
tivos e independente, visando reunir vinham especialmente dele, antes do
pessoas que pesquisam e estudam a Almanaque do Santos, lançado em
história do Santos.  2013 e escrito por Guilherme Nasci-
O objetivo é o de preservar a me- mento, outro integrante da ASSOPHIS. 
mória, estimular a pesquisa (e novos “Foi ai que, conversando com o Mar-
pesquisadores), coletar novos materiais, e, celo Lúcio Fernandes e o Guilherme Nas-
principalmente, divulgar a história do Santos FC.  cimento, nasceu a ideia dessa união.”, explica
A associação conta com profissionais dos mais Miranda. 
diversos ramos de atuação como jornalistas, histo-
riadores, professores, escritores e até um geógrafo.  REALIZAÇÕES E METAS 
Entre os sócios fundadores presentes estão: Em quatro anos, a ASSOPHIS teve importantes rea-
Carlos Pierin, o ex goleiro Lalá, Gabriel Pierin, Gui- lizações que mexeram com a história do Santos,
lherme Guarche, Guilherme Nascimento, José Ro- como: descobertas de novos estrangeiros na his-
berto Brandi, Léo Devezas, Manoel Venceslau, Mar- tória, artilheiros do Campeonato Paulista nos anos
celo Lúcio Fernandes, Marcos Magno, Odir Cunha, 10/20, identificação de taças, de uniformes, de no-
“Futebol e política: eventos da
Paulo Rogério, Ted Sartori, Walmir Gonçalves e vos símbolos, biografias, acervo de imagens (fotos e
história do Santos FC” realizado
Wesley Miranda.  vídeos),  participação no meio acadêmico (Ludens), entre LUDENS-USP e ASSOPHIS
encheu o auditório da FFLCH.
“A gente notava que, além dos grandes nomes projetos de livros (Brandi/Marcelo), dados estatísti-
que escreviam livros, tinha uma boa turma do su- cos, entrevistas e “novos fatos” (parar duas guerras). 
porte”, afirma Wesley Miranda, idealizador e presi- Já entre as metas da entidade, estão a produ-
dente da associação.  ção de material cultural do Santos FC, realização
de encontros com palestras e tro-
A associação conta com profissionais cas de informações e comemora-
dos mais diversos ramos de atuação ção de datas importantes, além da
como jornalistas, historiadores, divulgação dos trabalhos de seus
professores, escritores e até um geógrafo.  associados.

60 61
 [ E NT R E V I S TA
MILTON
NEVES
Somos sempre Santos
autor WESLEY MIRANDA fotos MARCOS JUNIOR MICHELETTI/PORTAL TERCEIRO TEMPO
Milton Neves, 66 anos.
Consagrado no rádio, na
TV e na internet, é a maior
referência de torcedor do
Santos há alguns anos. E
esse mineiro de Muzambinho
não esconde os princípios do
que o fez ser o que é hoje.  nada, só tinha o amor pelo Santos. Deixava de na-
62
]
SFCM: Quando você decidiu virar torcedor do
Santos? Um jogo ou um ídolo em especial? 
SFCM: Tinha muitos torcedores do Santos em
Muzambinho? 
MN: Santos e Palmeiras na decisão do Paulista de MN: Lá tinha dois torcedores do Santos, eu e um
1959, já no ano de 1960. Cheguei em casa e meu pri- rapaz chamado Valdivino, dois da Portuguesa, uns
mo Humberto com um primo dele, que também se quinhentos são-paulinos, uns dois mil palmeiren-
chama Milton, estavam ouvindo o jogo no rádio gaio- ses e uns dez mil corintianos. Tanto que, quando o
la da minha vó, que por sinal foi a minha primeira fa- Corinthians quebrou o tabu, estavam me esperan-
culdade. Eu ouvi o Geraldo José de Almeida narrando
o jogo e me atentei a um nome: Pagão. E tinha um
do no colégio no dia seguinte. Era difícil o Santos
perder. Eles aproveitavam até amistoso internacio-
frei holandês, Rafael Zevenhoven, que falava que não nal que o Santos perdesse, qualquer rara derrota na
podia morrer pagão que ia para o inferno. Eu morria Bélgica, na África, onde fosse. 
de medo dessa história, mas virei santista pelo Pagão.   
  SFCM: Durante o período de vacas magras,
SFCM: Então você deu uma sorte do tamanho você era o principal responsável pela exposi-
do mundo, pegando o Santos na fase teen, dos ção do Santos na grande mídia (é até hoje).
10 aos 19 anos, 1961 a 1970, o grande Santos, Isso é feito de maneira proposital ou é algo
a fase de ouro do nosso futebol. O quanto isso espontâneo? 
representou na sua vida?  MN: Não, primeiro é o coração e, em segundo, é
MN: O Santos me deu norte na vida. Não tinha obrigação. O Santos é a melhor coisa que aconte-
ceu para o futebol em todos os tempos. O futebol
morar, deixava de tudo quando tinha
jogo do Santos. E o Santos só ganhava. O Santos me deu norte na vida. Não
O sonho da minha vida era assistir um tinha nada, só tinha o amor pelo Santos.
treino, ver os jogadores de perto. Inclu- Deixava de namorar, deixava de tudo
sive, quando vou a Vila fico pensando quando tinha jogo do Santos.
que naquelas calçadas passaram Cal- E o Santos só ganhava.
vet, Mauro, Dalmo... 
  existe até Pelé em 1956 e depois de Pelé. A Vila Bel-
SFCM: Fora esse ápice do Peixe, dos anos 60, miro é a manjedoura do futebol. O Pelé não teve
existe alguma outra fase sua preferida?  0,1% de exposição de um Maradona, de um Messi,
MN: Eu gosto de qualquer época, mas não tem de um Cristiano Ronaldo. Ele não falado e não vis-
comparação com Gylmar, Lima, Mauro, Dalmo, to. Nem ele mesmo sabe o que fez. O saudoso Zito
Zito, Calvet, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e me falava isso, só quem sabia o que o Pelé fez era
Pepe. Isso nunca mais vai ter. Há alguns dias fui a ele (Zito), o Pepe e o massagista Macedo.    
Lisboa, e, quando passei pelo Estádio da Luz, pedi  
para encostar. Fiquei uns cinco minutos relembran- SFCM: Você se considera um abnegado quan-
do meus onze para doze anos, ouvindo pela Rádio do o assunto é perpetuar a memória esportiva? 
Bandeirantes, não na minha casa, mas na casa de MN: Eu tenho gratidão. Eu sou o que sou, ganhei o
um amigo, o João, o Santos vencendo o Benfica por que ganhei por eles, estou retribuindo 0,1% do que
5 a 2. Uma alegria incomensurável daquele título eles me deram. Se não é o Pagão lá atrás com a his-
de campeão mundial. Fui às lagrimas relembran- tória do frei, não seria quem eu sou hoje. Engraçado
do isso. O maior jogo de todos os tempos. E todos que gostava mesmo era do Pepe, não era nem do
estavam torcendo contra o Santos para me gozar.  Pelé. Mas virei santista pelo Pagão. 
63
 À esquerda, com o
eterno capitão Zito;
acima, exibindo com
orgulho a cópia da
escritura centenária da
Vila Belmiro; e abaixo,
Comemorando o “tri”
da Libertadores

 
SFCM: Na grande decisão contra o Fluminense
em 1995, você marcou um épico: “Treme Flu-
minense, canta Pacaembu! Canta Pacaembu!
Mesmo que não dê, mas como você é lindo,
Santos! Como você é lindo, Santos, meu amor!  
MN: Uma das minhas maiores narrações. Ali foi do
fundo do coração mesmo, ainda estava 2 a 0 para o
Santos. Emoção pura. 
 
SFCM: A Revista Santos FC Magazine desse MN: O Ganso estava jogando demais, até mais que
mês é especial de Copa. É a Copa do Neymar?  o Neymar, e o Dunga me convoca Kleberson, Nil-
MN: O Romário, o Ronaldo, o Rivaldo e, principal- mar, Julio Baptista, Josué e Grafite. Estava na co-
mente, o Pelé eram extremamente temidos, mas letiva da convocação. Não poupei o treinador ao
respeitados. O Neymar é extremamente temido e dizer que ele ia entrar para a história como o Me-
extremamente odiado. Ninguém gosta dele. Ele vai notti que cortou o Maradona em 1978 por ser muito
novo. Talvez com ele não precisaria nem
O Santos é a melhor coisa que comprar o Peru. E com o Neymar seria um
aconteceu para o futebol em todos os fator surpresa, guardadas as proporções
tempos. O futebol existe até Pelé em com o Pelé. O Neymar e o Ganso jogavam
1956 e depois de Pelé. A Vila Belmiro mais que 80% daqueles convocados, o
é a manjedoura do futebol. Brasil ficou sem banco. E eu fui profético. 
 
levar muita porrada naquele pé operado (O Brasil SFCM: E para fechar esse “dedinho de prosa”,
tinha feito apenas um jogo no mundial). A “becaia- sua Seleção Brasileira ideal. 
da” não gosta dele, os árbitros, os bandeiras, nin- MN: Ah, Gylmar, Carlos Alberto Torres, Ayrton Pa-
guém gosta dele. Eu falo isso com dor no coração, vilhão - que jogou no Santos com Geraldo Scotto e
sou fã dele, fui o primeiro a levá-lo na TV em rede Veludo em 1958 -, Roberto Dias, Marinho Chagas,
nacional. Ele criou um clima ruim para ele mesmo.  - o maior lateral esquerdo do mundo -, Clodoaldo,
  Pelé, Ademir da Guia, Garrincha, Edu, - o maior
SFCM: E você fez campanha por ele e pelo ponta esquerda da história do futebol-, e o gênio
Ganso em 2010, não?  Coutinho.

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 [ M E N I N A S DA V I L A ]

Linda até
no nome
Renata Santos, 21 anos,
foi a grande vencedora
do Concurso Cultural
Menina da Vila

S
er menina da Vila “é fazer parte da
historia do maior e melhor clube
de todo o planeta, é se sentir uma
princesa no Reino do Futebol, além de
ter o orgulho de vestir a camiseta mais
bonita e respeitada em todo o universo”
Moradora da cidade de São Paulo, Rena-
ta acompanha o Peixe em diversos jogos na Capital aqueles meninos cheios de sonhos na vida tocando
e até mesmo em outros estados, fazendo disso uma a bola, me deixava louca em cada chute para o gol.
rotina. Ela é a filha mais velha de uma família total- Ficava sem ar em cada cruzamento na área. Cada
mente fanática pelo Santos Futebol Clube.  drible do menino Neymar fazia meu coração bater
O fanatismo pelo Santos é tão grande que Rena- forte. Tudo que vi naquele dia foi importante para
ta é hoje associada do clube e da maior organizada, a minha vida, pois o Santos me ensinou a nunca
a Torcida Jovem. Ela também compartilha vídeos desistir dos meus sonhos. Sonho  meu maior sonho
com sua irmã caçula Beatriz, ensinando-a hinos e que é o Santos. Vivo por esse clube. 
cânticos da organizada.  Renata tem como seu objetivo em 2018 ver o
Renata acompanha as Sereias da Vila em todos Santos Futebol Clube sagrando-se campeão da Li-
os jogos com seu amigo Jerry, apelidado como Pelé bertadores e do Mundial. 
das arquibancadas.  O jogador preferido da Renata é o seu “xará”
O jogo mais importante da vida de Renata é a Renato e, na equipe das Sereias da Vila, sua maior
final da Libertadores em 2011 “Eu chorava em ver admiração vai para Maurine. 

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