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Índice

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na
escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua
vida.

Habilidade 1 – Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização
dos sistemas de comunicação ............................................................................................................5
Habilidade 2 – Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação
para resolver problemas sociais ..........................................................................................................8
Habilidade 3 – Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando
a função social desses sistemas ........................................................................................................11
Habilidade 4 – Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas
de comunicação e informação .........................................................................................................11

Competência de área 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como


instrumento de acesso a informações e a outras culturas e
grupos sociais*.

Habilidade 5 – Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema


Habilidade 6 – Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de
acesso a informações, tecnologias e culturas
Habilidade 7 – Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social
Habilidade 8 – Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e
linguística

A competência de área 2 não consta do ROTEIRO NOVO ENEM, pois não será exigida no ENEM de 2009.

Competência de área 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para


a própria vida, integradora social e formadora da identidade.

Habilidade 9 – Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades


cotidianas de um grupo social..........................................................................................................18
Habilidade 10 – Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das
necessidades cinestésicas .................................................................................................................22
Habilidade 11 – Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites
de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos .......................................25
Competência de área 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de
significação e integrador da organização do mundo e da própria
identidade.

Habilidade 12 – Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios
culturais ...........................................................................................................................................28
Habilidade 13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões
de beleza e preconceitos ..................................................................................................................31
Habilidade 14 – Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se
apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos .....................................................37

Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das


linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações,
de acordo com as condições de produção e recepção.

Habilidade 15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando
aspectos do contexto histórico, social e político................................................................................41
Habilidade 16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto
literário ............................................................................................................................................46
Habilidade 17 – Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio
literário nacional ..............................................................................................................................49

Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes


linguagens como meios de organização cognitiva da realidade
pela constituição de significados, expressão, comunicação e
informação.

Habilidade 18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e
estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos ........................................................................53
Habilidade 19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de
interlocução .....................................................................................................................................66
Habilidade 20 – Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da
identidade nacional..........................................................................................................................72
Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes
linguagens e suas manifestações específicas.

Habilidade 21 – Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a
finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos ....................................................................81
Habilidade 22 – Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos............................81
Habilidade 23 – Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo,
pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados ...............................................................81
Habilidade 24 – Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento
do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras...........................81

Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna,


geradora de significação e integradora da organização do
mundo e da própria identidade.

Habilidade 25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as


variedades linguísticas sociais, regionais e de registro .......................................................................94
Habilidade 26 – Relacionar as variedades lingüísticas a situações específicas de uso social .........................................94
Habilidade 27 – Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de
comunicação ...................................................................................................................................94

Competência de área 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto


das tecnologias da comunicação e da informação na sua
vida pessoal e social, no desenvolvimento do conheci-
mento, associando-o aos conhecimentos científicos, às
linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnolo-
gias, aos processos de produção e aos problemas que
se propõem solucionar.

Habilidade 28 – Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da


comunicação e informação. ...........................................................................................................104
Habilidade 29 – Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação...........108
Habilidade 30 – Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento
das sociedades e ao conhecimento que elas produzem................................................................115
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias da


comunicação e da informação na escola, no traba-
lho e em outros contextos relevantes para sua vida.

Identificar as diferentes linguagens e seus recursos


expressivos como elementos de caracterização dos
sistemas de comunicação.

Provérbios e ditos populares


Provérbio, máxima, dito, adágio, aforismo: frase curta, geralmente de origem
popular, frequentemente com ritmo e rima, rica em imagens, que sintetiza um conceito
a respeito da realidade ou uma regra social ou moral.
Exemplos:
"Deus ajuda a quem cedo madruga."
"Quem tudo quer tudo perde."
"Devagar se vai ao longe."
"Amor com amor se paga."

Exercício Explicativo 1

Entre os seguintes ditos populares, qual deles melhor


corresponde à figura ao lado?

a) Com perseverança, tudo se alcança.


b) Cada macaco no seu galho.
c) Nem tudo que balança cai.
d) Quem tudo quer, tudo perde.
e) Deus ajuda quem cedo madruga.
(Exame, 28/9/2007)

5
Comentário
Entende-se a adequação do dito contido na alternativa a imaginando-se a
imensa dificuldade do caracol para chegar aonde está, sendo lento como uma
lesma e tendo ainda de carregar sua “casa”.
Resposta: A

Aprendendo a Jogar
(Guilherme Arantes)

Vivendo e aprendendo a jogar A frase feita, em poucas palavras, diz tudo, ou melhor, faz entender o que se
Vivendo e aprendendo a jogar quer dizer de forma completa e imediata. É o que acontece com os provérbios, as
Nem sempre ganhando pragas, os ditos populares, os apelidos e os dísticos que voam pelas estradas
Nem sempre perdendo, brasileiras nos para-choques dos caminhões. Os dísticos são um velho uso nas velas
Mas aprendendo a jogar das jangadas, nas bancas e ns carroças que revivem nesse moderno meio de
transporte rodoviário, sendo fixadores de um pensamento que revela o estado de
Água mole em pedra dura espírito do motorista: filosófico, amoroso, religioso, político, irreverente,
Mais vale que dois voando galanteador, alegre.
Se eu nascesse assim... pra lua
Folclore nacional, vol. IIII, Alceu Maynard Araújo.
Não estaria trabalhando

Vivendo e aprendendo a jogar


Vivendo e aprendendo a jogar Exercício Explicativo 2
Nem sempre ganhando
Nem sempre perdendo,
Mas aprendendo a jogar As linhas nas duas figuras geram um efeito que se associa ao seguinte
ditado popular:
Mas em casa de ferreiro
Quem com ferro se fere é bobo
Cria fama, deita na cama
Quero ver o berreiro na hora do lobo

Vivendo e aprendendo a jogar


Vivendo e aprendendo a jogar
Nem sempre ganhando
Nem sempre perdendo,
Mas aprendendo a jogar

Quem tem amigo cachorro


Quer sarna pra se coçar a) Os últimos serão os primeiros. b) Os opostos se atraem.
Boca fechada não entra besouro c) Quem espera sempre alcança. d) As aparências enganam.
Macaco que muito pula quer dançar
e) Quanto maior a altura, maior o tombo.
Água mole em pedra dura
Mais vale que dois voando Comentário
Se eu nascesse assim... pra lua No primeiro desenho, as linhas retas (que simulam paralelas e criam o efeito de
Não estaria trabalhando perspectiva) dão a impressão de que o segundo homem seja maior que o
primeiro, e o terceiro maior que o segundo, quando na verdade os três são do
Vivendo e aprendendo a jogar mesmo tamanho. No segundo desenho, as linhas retas do plano de fundo dão
Vivendo e aprendendo a jogar a impressão de que a figura central seja irregular, quando na verdade se trata
Nem sempre ganhando de uma circunferência.
Nem sempre perdendo,
Mas aprendendo a jogar Resposta: D

6
Exercício Explicativo 3
Os provérbios constituem um produto da sabedoria popular e, em geral,
pretendem transmitir um ensinamento. A alternativa em que os dois
provérbios remetem a ensinamentos semelhantes é:

a) “Quem diz o que quer, ouve o que não quer” e “Quem ama o feio, bonito lhe
parece”.
b) “Devagar se vai ao longe” e “De grão em grão, a galinha enche o papo”.
c) “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando” e “Não se deve atirar pérolas
aos porcos”.
d) “Quem casa quer casa” e “Santo de casa não faz milagre”.
e) “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” e “Casa de ferreiro, espeto de pau”.

Comentário
Os provérbios que remetem ao mesmo ensinamento são “Devagar se vai ao
longe” e “De grão em grão, a galinha enche o papo”, pois ambos aconselham
comportamento paciente e persistente.
Resposta: B

Exercício Explicativo 4
Provérbio é uma máxima ou sentença de caráter prático e popular que transmite, de
forma sucinta, um ensinamento. Assinale a alternativa em que os dois provérbios
apresentam ensinamentos semelhantes:

a) Nem tudo que reluz é ouro. / Quem vê cara não vê coração.


b) Quem ri por último ri melhor. / Quem tem pressa come cru.
c) Quem tem boca vai a Roma. / Em boca fechada não entra mosca.
d) Não se cutuca onça com vara curta. / Antes de matar a onça, não se vende o
couro.
e) Leite de vaca não mata bezerro / Não se cospe no prato em que se come.

Comentário
Os dois provérbios da alternativa a apontam para o mesmo ensinamento: o de
que as aparências podem enganar.
Resposta: A

7
Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos
sistemas de comunicação e informação para resolver
problemas sociais.

Carta
A carta é uma modalidade redacional livre, pois nela podem aparecer a narração,
a descrição, a reflexão ou o parecer dissertativo. O que determina a abordagem, a
linguagem e os aspectos formais de uma carta é o fim a que ela se destina: amizade,
negócio, interesse pessoal; o destinatário: um ente amado, um familiar, uma seção
de jornal ou revista etc. Assim, as cartas podem ser amorosas, familiares, didáticas,
apreciativas ou críticas, doutrinárias.
A estética da carta varia conforme a finalidade. Se o destinatário é um órgão do
governo, a carta deve observar procedimentos formais como a disposição da data,
do vocativo (nome, cargo ou título do destinatário), do remetente e a assinatura.
No caso das correspondências comercial e oficial — textos jurídicos,
comunicados, ofícios, memorandos emitidos por órgãos públicos —, a linguagem é
muitas vezes feita de jargão e expressões de uso comum ao contexto que lhes é
próprio.
Uma obra literária pode também apresentar a forma de carta sem, contudo,
pertencer ao gênero epistolar, como é, por exemplo, o caso de Lucíola, de José de
Alencar: a história é narrada por intermédio de cartas dirigidas a uma senhora, o que
não descaracteriza a obra como romance.
Há exemplos famosos de correspondências apreciativas ou críticas, como as de
Machado de Assis, Eça de Queirós, Mário de Andrade e outros escritores.
Entre as cartas doutrinárias, temos as religiosas, como as epístolas de São Paulo,
e as políticas, como algumas cartas de Pe. Antônio Vieira.

Exercício Explicativo 1
São Paulo, 18 de agosto de 1929.
Carlos [Drummond de Andrade],

Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela candidatura Getúlio Vargas–João Pessoa.
É. Mas veja como estamos trocados. Esse entusiasmo devia ser meu e sou eu que conservo o
ceticismo que deveria ser de você. (…)
Eu… eu contemplo numa torcida apenas simpática a candidatura Getúlio Vargas, que
antes desejara tanto. Mas pra mim, presentemente, essa candidatura (única aceitável, está
claro) fica manchada por essas pazes fragílimas de governistas mineiros, gaúchos, paraibanos
(…), com democráticos paulistas (que pararam de atacar o Bernardes) e oposicionistas cariocas
e gaúchos. Tudo isso não me entristece. Continuo reconhecendo a existência de males
necessários, porém me afasta do meu país e da candidatura Getúlio Vargas. Repito: única
aceitável.
Mário de Andrade
(LEMOS, Renato. Bem Traçadas Linhas: a história do Brasil
em cartas pessoais. Rio de Janeiro, Bom Texto, 2004, p. 305.)

8
Acerca da crise política ocorrida em fins da Primeira República, a carta do
paulista Mário de Andrade ao mineiro Carlos Drummond de Andrade
revela
a) a simpatia de Drummond pela candidatura Vargas e o desencanto de Mário de
Andrade com as composições políticas sustentadas por Vargas.
b) a veneração de Drummond e Mário de Andrade ao gaúcho Getúlio Vargas, que se
aliou à oligarquia cafeeira de São Paulo.
c) a concordância entre Mário de Andrade e Drummond quanto ao caráter inovador
de Vargas, que fez uma ampla aliança para derrotar a oligarquia mineira.
d) a discordância entre Mário de Andrade e Drummond sobre a importância da aliança
entre Vargas e o paulista Júlio Prestes nas eleições presidenciais.
e) o otimismo de Mário de Andrade em relação a Getúlio Vargas, que se recusava a
fazer alianças para vencer as eleições.

Comentário
A “simpatia de Drummond pela candidatura Vargas” é mencionada logo no
início por Mário de Andrade. O desagrado deste em relação às “composições
políticas sustentadas por Vargas” é o assunto que domina todo o resto do texto.
Resposta: A

Texto para os exercícios explicativos 2 e 3.

18 de maio de 1930.
Mário,

Olhe, eu também sou um homem que gostaria de pegar em armas (...) Mas quando
penso que iria marchar em defesa desses pobres candidatos eleitos do PRM (Partido
Republicano Mineiro), por exemplo, ou desse pobríssimo candidato Getúlio, palavra que
perco o furor bélico. Não, é inútil tentar consertar o Brasil, ou por outra, o desconcerto
eterno do Brasil é o seu próprio traço diferencial, o seu modo de ser... Acho que você está-
se tornando infeliz sem motivo, e só compreenderia essa infelicidade por uma topada
legítima nalguma pedra de meio de caminho, mas pedra de fato, dessas que a gente
encontra na nossa vida individual.

Exercício Explicativo 2
A carta acima foi escrita por Carlos Drummond de Andrade a Mário de Andrade.
Quanto ao conteúdo, o autor demonstra
a) esperança de que os políticos possam consertar o país.
b) entusiasmo em defender o país com armas.
c) consciência da inutilidade de tentar alterar os rumos do país.
d) disposição de marchar em defesa de partidos e ideais políticos.
e) solidariedade com a infelicidade do interlocutor.

Comentário
“É inútil tentar consertar o Brasil” confirma o desalento do emissor com os
rumos da política nos país.
Resposta: C

9
Exercício Explicativo 3
Com base no texto, pertencem ao mesmo campo semântico as expressões
a) “pedra de fato” e “modo de ser”.
b) “desconcerto eterno do Brasil” e “traço diferencial”.
c) “pedra de meio de caminho” e “vida individual”.
d) “consertar o Brasil” e “pobres candidatos”.
e) “furor bélico” e “pegar em armas”.

Comentário
As expressões pertencem ao campo semântico de guerra.
Resposta: E

Texto para os exercícios explicativos 4 e 5.

Caro Drummond

Estou mandando para o nosso ministro as fotografias da capelinha que fiz para minha
avó. Não ficaram boas por dois motivos – 1.o a capela é muito pequena e não dá para recuar
a máquina e 2.o porque o fotógrafo é daqui mesmo e não tem chapas apropriadas. Além
disso é preciso prática para fotografar quadros. Em todo caso, dará uma ideia... Fiz também
alguns quadros de cavalete que você vai gostar – hontem, fiz um galo e uma galinha
abraçados. Ficou bonito de côr. Todos mandam lembranças para Dolores, Julieta e para você.

Do velho
Portinari
Brodowski 5-11-1941

Exercício Explicativo 4
Assinale a alternativa correta sobre a carta transcrita.
a) Buscando um perfeito enquadramento da capelinha, o inexperiente fotógrafo
manteve-se a uma distância inadequada.
b) De Brodowski, Portinari (emissor) escreve para Drummond (receptor).
c) O fotógrafo é incompetente, por isso as fotos não ficaram boas.
d) Os quadros de cavalete foram fotografados e enviados a Drummond.
e) O galo e a galinha abraçados foram pintados em cores vivas, no dia anterior ao
envio da carta.

Comentário
Caro Drummond é um vocativo a quem se dirige Portinari, o remetente da
carta.
Resposta: B

10
Exercício Explicativo 5
Sobre o texto, assinale a alternativa incorreta.
a) Convencionalmente, nas cartas, indicam-se local e data no início, acima do
vocativo.
b) “Hontem” e “côr” apresentam, respectivamente, grafia e acentuação em desuso.
c) O vocativo “caro Drummond” poderia vir seguido de vírgula ou dois-pontos.
d) O trecho “quadros de cavalete que você vai gostar” reflete a linguagem coloquial,
pois, em padrão culto, a construção correta deveria ser “quadros de cavalete de
que você vai gostar”.
e) Na missiva, “nosso ministro” refere-se ao próprio receptor, no caso, Drummond.

Comentário
A expressão “nosso ministro” refere-se a uma terceira pessoa, que é apenas
mencionada.
Resposta: E

3. Relacionar informações geradas nos sistemas de


comunicação e informação, considerando a função
social desses sistemas.
4. Reconhecer posições críticas aos usos sociais que
são feitos das linguagens e dos sistemas de comu-
nicação e informação.

A LINGUAGEM:
INSTRUMENTO ESSENCIAL DO HOMEM

Costuma-se definir o homem como animal racional, distinto dos outros animais
pela capacidade de pensamento e uso da razão. Ocorre que o pensamento racional,
como qualquer forma de pensamento, é inconcebível sem a linguagem. A linguagem,
portanto, deve ser tomada como o verdadeiro elemento definidor do homem em
relação ao reino animal, antes ainda do pensamento ou da razão, pois estes não seriam
possíveis sem ela. Na abertura de sua obra sobre teoria da linguagem, o grande
linguista dinamarquês Louis Hjelmslev (pronuncia-se ielmsleu) assim apresenta o que
chama “a patente da nobreza do gênero humano”:

11
A linguagem — o falar humano — oferece uma abundância inexaurível de múltiplos
tesouros. A linguagem é inseparável do homem e o acompanha em cada uma de
suas atividades. A linguagem é o instrumento com que o homem pensa e sente,
forma estados de alma, aspirações, volições e ações, o instrumento com que
influencia e é influenciado, o fundamento último e mais profundo da sociedade
humana. Mas a linguagem é também o sustentáculo último, indispensável, do
indivíduo, o seu refúgio na hora da solidão, quando a mente luta com o problema
da existência, e o conflito se resolve no monólogo do poeta e do pensador.
Anteriormente ao primeiro despertar da nossa consciência, a linguagem soava à
nossa volta, pronta a enlaçar os primeiros tenros semens de pensamento, e a
acompanhar-nos, inseparável, por toda a vida, nas mais simples atividades
quotidianas, como nos momentos mais íntimos e sublimes, aqueles dos quais
haurimos força e calor para a vida diária, graças à posse da memória, que nos é
fornecida pela própria linguagem. Mas a linguagem não é um acompanhamento
exterior, ela está no mais profundo da mente humana, tesouro de memória herdado
pelo indivíduo e pelo grupo, consciência vigilante que recorda e alerta. E o falar é
o signo distintivo da personalidade, para o bem como para o mal, o signo distintivo
da família e da nação, a patente da nobreza do gênero humano. A linguagem se
desenvolveu em uma associação de tal forma inextricável com a personalidade, a
família, a nação, a humanidade e a própria vida, que podemos por vezes ter a
tentação de nos interrogar se a língua é somente um reflexo, ou se não é, ela
própria, todas estas coisas, o gérmen do seu desenvolvimento.

Louis Hjelmslev, Fundamentos da Teoria da Linguagem (tradução de Francisco


Achcar da tradução italiana, I fondamenti della teoria del linguaggio, Torino:
Einaudi 1968, p. 5).

Vamos agora reler o belo e denso texto de Hjelmslev, num simples exercício de
análise, numerando e destacando as características atribuídas à linguagem para
melhor distingui-las e visualizá-las, e apresentando sinônimos das palavras menos
usuais.

A linguagem — o falar humano — oferece uma abundância inexaurível


[inesgotável] de múltiplos tesouros. A linguagem é inseparável do homem e o
acompanha em cada uma de suas atividades. A linguagem é o instrumento com
que o homem [1] pensa e [2] sente, [3] forma estados de alma, [4] aspirações,
[5] volições [desejos, escolhas] e [6] ações, [7] o instrumento com que
influencia e é influenciado, [8] o fundamento último e mais profundo da
sociedade humana. Mas a linguagem é também [9] o sustentáculo último,
indispensável, do indivíduo, o seu refúgio na hora da solidão, quando a mente
luta com o problema da existência, e o conflito se resolve no [10] monólogo do
poeta e [11] do pensador. [12] Anteriormente ao primeiro despertar da nossa
consciência, a linguagem soava à nossa volta, pronta a enlaçar os primeiros tenros
semens de pensamento, e a acompanhar-nos, inseparável, por toda a vida, nas
mais simples atividades quotidianas, como nos momentos mais íntimos e sublimes,
aqueles dos quais haurimos [retiramos (de dentro), absorvemos] força e calor para
a vida diária, graças à [13] posse da memória, que nos é fornecida pela própria
linguagem. Mas a linguagem não é um acompanhamento exterior, ela está no mais
profundo da mente humana, tesouro de memória herdado pelo indivíduo e pelo

12
família e da nação, a patente [título, diploma] da nobreza do gênero
humano. A linguagem se desenvolveu em uma associação de tal forma inextricável
[inseparável] com a personalidade, a família, a nação, a humanidade e a própria
vida, que podemos por vezes ter a tentação de nos interrogar se a língua é somente
um reflexo, ou se não é, ela própria, todas estas coisas, o gérmen do seu
desenvolvimento.

Exercício Explicativo 1
No texto transcrito, a linguagem não é considerada como

a) utensílio da ação humana.


b) depósito da memória social.
c) ferramenta do pensamento.
d) meio de ascensão à aristocracia.
e) instrumento da emoção.

Comentário

Ao qualificar a linguagem como “a patente da nobreza do gênero humano”,


o autor se refere ao fato de a linguagem distinguir os homens do resto do reino
animal e constituir o seu traço de superioridade. Portanto, a palavra nobreza foi
por ele empregada em sentido figurado, significando “aquilo que revela cultura
e interesses superiores; excelência, elevação” (Dicionário Houaiss). Na
alternativa d, a palavra aristocracia indica uma classe social (“a classe dos
nobres, o conjunto das famílias nobres de um certo local”, ibidem)1 Idem
significa “o mesmo” e ibidem, “no mesmo lugar”. Usado em citações, o termo
ibidem indica que o texto citado se encontra no mesmo livro antes mencionado,
ou seja, no caso, o Dicionário Houaiss. Como não se trata, no texto, de
ascensão social, essa alternativa não tem cabimento. Todas as demais
características se encontram apontadas no texto: segundo a numeração que
adotamos, a está em 6; b, em 13; c, em 1, e e, em 2, 3, 4 e 5.
Resposta: D

1 Idem significa “o mesmo” e ibidem, “no mesmo lugar”. Usado em citações, o termo ibidem
indica que o texto citado se encontra no mesmo livro antes mencionado, ou seja, no caso, o
Dicionário Houaiss.

Exercício Explicativo 2
Para o autor do texto,

a) a linguagem é um elemento básico da estruturação social.


b) por meio do uso das palavras, os homens exercem ação uns sobre os outros.
c) o desenvolvimento da linguagem depende do indivíduo, da família e da sociedade.
d) a poesia é uma das formas extremas da expressão linguística.
e) a linguagem também está presente nas experiências de solidão e silêncio.

13
Comentário
O texto não se refere ao desenvolvimento da linguagem, mas ao fato de que
o desenvolvimento da personalidade, das instituições humanas (família, nação),
da humanidade e da própria vida dependeria do “gérmen” da linguagem. O
conteúdo da alternativa a se encontra em 8; o da b, em 7; os da d e da e, em
9-10 (onde “sustentáculo último” quer dizer aquilo que dá apoio nos
momentos extremos, sendo um deles “a hora da solidão, quando a mente luta
com o problema da existência, e o conflito se resolve no monólogo do poeta
[ou seja, em poesia] e do pensador” [ou seja, em filosofia]).
Resposta: C

Linguagem Humana e “Linguagem” Animal

A palavra linguagem vem entre aspas na expressão “‘linguagem’


animal” porque, neste caso, ela designa sistemas de comunicação que
não são propriamente linguagens, pois não apresentam uma caracterís-
tica básica que define a linguagem humana: a dupla articulação.
Na linguagem humana, ou seja, na linguagem propriamente dita,
os enunciados (as frases) podem ser divididos em unidades menores (as
palavras e seus elementos, chamados monemas ou morfemas) que têm
significado. Tais unidades constituem a primeira articulação da lingua-
gem. Esta, por sua vez, é formada de elementos menores que não têm
significado (os fonemas, ou sons da linguagem, representados por es-
crito pelas letras) e que constituem a segunda articulação da linguagem.
Exemplo: na expressão A casa amarela temos, simplificando, 3
unidades da primeira articulação (as palavras a, casa e amarela), todas
elas significativas. Essas 3 unidades, por sua vez, são formadas por 12
unidades da segunda articulação (que, sempre simplificando, são os
fonemas /a/, repetido 6 vezes, /e/, /k/ escrito c, /z/ escrito s, /l/, /m/ e /r/).
Portanto, as unidades da segunda articulação, que não têm significado,
formam as unidades da primeira articulação, que têm significado.
A dupla articulação é, portanto, responsável pela produtividade da
linguagem: com um pequeno número de sinais (26 letras, no caso do
Português, que representam um número um pouco maior de fonemas) formam-se
palavras em quantidade ilimitada. Daí, além da riqueza, resulta a complexidade que
caracteriza qualquer língua, em oposição à simplicidade dos sistemas de
comunicação animal.
Por dupla articulação da linguagem se entende, portanto, o emprego de um
pequeno conjunto de sinais desprovidos de sentido (os fonemas, ou sons da
linguagem, representados pelas letras) para formar um conjunto ilimitado de signos,
ou seja, de sinais providos de sentido (as palavras). Os fonemas não são mais que
poucas dezenas; as palavras que eles permitem formar constituem uma lista aberta,
que pode ser sempre ampliada. Ou seja: todos os livros escritos e todas as palavras
ou frases ditas em Português (número incalculável) utilizam um conjunto de 26 letras
(que correspondem a um número um pouco maior de fonemas).
Nos sistemas de comunicação que se encontram entre os animais, só há uma
única articulação; portanto, os elementos significativos – os signos – só existem em
pequeno número, pois não se formam com elementos menores desprovidos de
significação.

14
Fora do âmbito da “linguagem” animal, um exemplo de “linguagem” de uma
só articulação – que seria melhor chamar código – é o utilizado para a sinalização
do trânsito nos semáforos. Dele constam apenas três unidades significativas, que não
podem ser divididas em unidades menores: vermelho significando “pare”; amarelo,
“atenção”, e verde, “passe”. Extremamente simples, esse código é o oposto da
linguagem propriamente dita, cujo alto grau de complexidade pode ser
exemplificado em qualquer língua do mundo, das mais cultivadas (como o italiano,
o inglês, o francês ou o alemão) às mais “primitivas” (como as línguas indígenas
brasileiras).

Exercício Explicativo 3
De acordo com o texto lido, por que os códigos de comunicação que se encontram
entre os animais não podem ser considerados linguagens propriamente ditas, tal como
a linguagem humana?
a) Porque os animais são incapazes de falar, o que limita o alcance de seus sistemas
de comunicação, ao passo que a linguagem humana é basicamente falada, sendo
por isso mais complexa.
b) Porque a linguagem humana é composta de palavras em grande número e os
códigos dos animais só utilizam pequeno número de ruídos ou gestos.
c) Porque a linguagem permite verdadeira comunicação entre as pessoas, enquanto
os códigos usados pelos animais visam mais à sobrevivência do grupo.
d) Porque a linguagem humana se estrutura em dois níveis, o que possibilita alto
grau de complexidade e riqueza, e a comunicação animal se organiza num só
nível.
e) Porque a segunda articulação da “linguagem” animal não possibilita a riqueza e
a complexidade que se encontram em todas as línguas humanas.
Comentário
É a dupla articulação que distingue a linguagem humana, possibilitando sua
complexidade e riqueza, enquanto os códigos de comunicação dos animais,
dotados de apenas uma articulação, são necessariamente simples e limitados
em seus elementos.
Resposta: D

Exercício Explicativo 4
Um professor combina com seus alunos um sistema de comunicação formado por
duas fitas – uma azul e uma vermelha – que seriam colocadas na porta da classe. Os
significados seriam os seguintes: azul – “aula ainda por iniciar, alunos retardatários
podem entrar”; vermelha – “aula já iniciada, alunos retardatários devem esperar
próxima aula”. Haveria, porém, a possibilidade de uma terceira mensagem: quando
as duas fitas, a azul e a vermelha, estivessem na porta, o sentido seria “aula ainda em
fase introdutória, alunos retardatários devem esperar aviso do professor para entrar”.
Um tal código seria
a) semelhante à linguagem humana, com suas duas articulações: as fitas coloridas
e as mensagens formadas por elas.
b) semelhante à “linguagem” animal e aos códigos simples, como o código dos
semáforos, por apresentar uma única articulação.

15
c) semelhante à linguagem animal, apesar de contar com a segunda articulação
representada pela mensagem complexa, que utiliza as duas fitas ao mesmo tempo.
d) semelhante à linguagem humana, por permitir uma mensagem complexa,
formada pelas duas fitas, apesar de haver apenas uma articulação.
e) diferente de qualquer linguagem, humana ou animal, por seu caráter puramente
convencional, já que resultante de uma combinação entre os usuários envolvidos.
Comentário
O código descrito não apresenta duas articulações, mas uma única, pois seus
elementos significativos não são formados por elementos menores desprovidos
de significação.
Resposta: B

Exercício Explicativo 5

INSTRUMENTAL PRIMÁRIO E INSTRUMENTAL SECUNDÁRIO

Uma característica considerada pelos estudiosos como exclusivamente humana


consiste no emprego de instrumentos secundários. Instrumentos primários são
aqueles utilizados para alguma finalidade prática, como um pau ou um martelo
empregado para quebrar uma noz ou uma caneta usada para escrever. Tais
instrumentos são usados por homens e animais. Instrumentos secundários são
aqueles utilizados para produzir outros instrumentos: um pau empregado para
quebrar um osso para com este produzir um martelo; uma máquina utilizada para
produzir uma caneta. O emprego de instrumental secundário é essencial à cultura
humana, é base da civilização e pode-se considerá-lo tipicamente humano, pois só
excepcionalmente o seu uso foi registrado entre animais.

Relacionando o tópico acima, sobre instrumental secundário, com o tópico anterior,


sobre a dupla articulação da linguagem, você pode concluir que
a) a segunda articulação da linguagem equivale ao instrumental secundário, pois os
sons (fonemas, letras), que não têm sentido, são usados para formar unidades
com sentido (as palavras).
b) as palavras correspondem a instrumentos secundários, pois com elas podemos
formar frases, que são os instrumentos primários da comunicação.
c) os sistemas de comunicação dos animais assemelham-se a instrumentos secundá-
rios, pois não contêm as unidades mínimas que seriam os instrumentos primários.
d) como não empregam instrumental secundário, os animais não podem ter
verdadeiros sistemas de comunicação.
e) a linguagem humana é em si mesmo instrumento secundário, pois os
instrumentos primários, mais simples, são os gritos e sussurros sem sentido,
próprios da linguagem animal.
Comentário
Na linguagem, o instrumental primário são as unidades providas de sentido (as
palavras, as frases), que usamos na comunicação; o instrumental secundário
são os sons (os fonemas, as letras), que não têm sentido em si mesmos e são
empregados para formar as palavras – os instrumentos primários.
Resposta: A

16
Tira para as questões 6 e 7.

Exercício Explicativo 6
Examine as seguintes afirmações sobre a tirinha acima.
I. Está implícita uma crítica a todo o sistema escolar, considerado ineficiente, pois
impõe esforços excessivos aos estudantes, não os estimula nem desenvolve neles
o gosto pelo estudo.
II. Os estudantes são apresentados como vítimas de um ensino que impõe tarefas
trabalhosas, mas inúteis para a vida prática.
III. Seu humor contém uma visão crítica da mentalidade que privilegia as aparências
e despreza o esforço, substituindo-o pelo exibicionismo oportunista.
IV. A expressão “programas de entrevista” contém referência à televisão – e em geral
aos meios de comunicação de massa – como veículo da vaidade autoelogiosa.

Estão corretas apenas


a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) III e IV. e) I e IV.

Comentário
A crítica não se refere à escola, mas à mentalidade segundo a qual o sucesso
não depende do esforço e do trabalho, mas apenas da habilidade e do interesse
pessoal na manipulação das aparências, como consta da afirmação III. Os
“programas de entrevista” a que se refere o texto são, como se afirma em IV,
os populares talk shows da televisão, que constituem uma vitrine para as
vaidades pessoais, assim como em geral os meios de comunicação de massa
quando se trata de “celebridades”.
Resposta: D

Exercício Explicativo 7
Na tirinha transcrita, a linguagem é coloquial e nem sempre obedece às normas do
padrão culto da língua. Aponte o segmento do texto que não corresponde a esse
padrão.
a) “Eu não preciso de estudo”. b) “Eu não preciso aprender coisas”.
c ) “Dá muito trabalho“. d ) “E como você vai ser bem sucedido...?”
e ) “Eu vou nos programas de tv e me autopromovo”.

Comentário
O verbo ir rege a preposição a, não em. Portanto, de acordo com o padrão
culto da língua, a frase seria Eu vou aos programas de tv.
Resposta: E

17
Competência de área 3 – Compreender e usar a
linguagem corporal como relevante para a própria
vida, integradora social e formadora da identidade.

Reconhecer as manifestações corporais de movimento


como originárias de necessidades cotidianas de um
grupo social.

Para que possamos reconhecer a importância da linguagem corporal


assume em nossas vidas como elemento integrador e identitário (isto é,
definidor da identidade – pessoal ou grupal), é preciso considerá-la como uma
ferramenta de comunicação, pois só quando compreendemos o que o corpo
tem a dizer é que conseguimos entender melhor o que os outros falam e
transmitir melhor, nossas próprias mensagens, com todas suas nuances e
intenções.
A linguagem corporal corresponde a todos os movimentos realizados
através de gestos – intencionais ou não – e de posturas que fazem com que a
comunicação seja mais efetiva. A gesticulação foi a primeira forma de
comunicação e, se é verdade que com a palavras os gestos foram tornando-se
secundários, também é verdade que eles mantêm a função de complementos
essenciais da comunicação oral, definindo nossa atitude, nosso estilo pessoal e
nossa pertinência a um grupo social.

Exercício Explicativo 1

O humor presente na tirinha decorre principalmente do fato de a


personagem Mafalda

18
a) atribuir, no primeiro quadrinho, poder ilimitado ao dedo indicador.
b) considerar seu dedo indicador tão importante quanto o dos patrões.
c) atribuir, no primeiro e no último quadrinhos, um mesmo sentido ao vocábulo
“indicador”.
d) usar corretamente a expressão “indicador de desemprego”, mesmo sendo criança.
e) atribuir, no último quadrinho, fama exagerada ao dedo indicador dos patrões.

Comentário
O humor da tirinha deve-se sobretudo à confusão da personagem com dois
diferentes sentidos de indicador: (1) um dos dedos da mão e (2) índice
estatístico. Se Mafalda não empregasse a palavra, no último quadrinho, no
mesmo sentido em que a empregara no primeiro (sentido 1), a tirinha não teria
o efeito humorístico que tem. No último quadrinho, seria adequado o sentido
2, não o sentido 1.
Resposta: C

Os testes 2 e 3 referem-se ao poema:

A DANÇA E A ALMA

A DANÇA? Não é movimento,


súbito gesto musical.
É concentração, num momento,
da humana graça natural.

No solo não, no éter pairamos,


nele amaríamos ficar.
A dança — não vento nos ramos;
seiva, força, perene estar.

Um estar entre céu e chão,


novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão
libertar-se por todo lado...

Onde a alma possa descrever


suas mais divinas parábolas
sem fugir à forma do ser,
por sobre o mistério das fábulas.
(ANDRADE, Carlos Drummond de.
Obra Completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1964, p. 366.)

Exercício Explicativo 2

A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se


aproxima do que está expresso no poema é
a) a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação do
homem em todos os momentos de sua existência.

19
b) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos, possibilitando ao
homem a liberação de seu espírito.
c) a manifestação do ser humano, formada por uma sequência de gestos, passos e
movimentos desconcertados.
d) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por
instrumentos musicais, ruídos, cantos, emoções etc.
e) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do indivíduo e, por consequência,
ao seu desenvolvimento intelectual e à sua cultura.

Comentário
Desde o título — “A Dança e a Alma” —, o poema de Drummond relaciona a
dança com o que “ultrapassa os limites físicos”. A última estrofe, especial-
mente, concentra-se nos aspectos anímicos da dança (“Onde a alma possa
descrever / suas mais divinas parábolas”), ou seja, naquilo em que a dança
transcende o corpo.
Resposta: B

Exercício Explicativo 3

O poema “A Dança e a Alma” é construído com base em contrastes,


como “movimento” e “concentração”. Em uma das estrofes, o termo
que estabelece contraste com solo é
a) éter. b) seiva. c) chão. d) paixão. e) ser.

Comentário
O primeiro verso da segunda estrofe contém a antítese em questão: “No solo
não, no éter pairamos”.
Resposta: A

Exercício Explicativo 4

(O Estado de S. Paulo, Especial Domingo, D5, 24/5/97)


Sobre o texto acima, pode-se dizer que
a) a atitude da personagem feminina, no segundo quadrinho, contesta o julgamento
do personagem masculino.

20
b) se destaca o valor pejorativo com que o personagem masculino utiliza o vocábulo
cobra para referir-se à personagem feminina.
c) o comportamento da personagem feminina, no segundo quadrinho, confirma o
juízo que faz dela o personagem masculino, no primeiro quadrinho.
d) há coerência entre a postura e o que diz o personagem masculino no primeiro
quadrinho, pois ele não está fazendo uma cobrança à personagem feminina.
e) o jogo de palavras – cobrar/pagar – serve para demonstrar a coerência de
comportamento da personagem feminina.

Comentário
O gesto da personagem feminina, o modo como ela aponta o dedo indicador para
a personagem masculina, bem como sua expressão facial, indica uma “cobrança”
em relação ao homem, confirmando, assim, o juízo feito por ele a respeito dela.
Resposta: C

Exercício Explicativo 5
As passagens descritivas numa narração revestem com expressividade personagens,
objetos e situações. Como uma pintura realçada por várias matrizes, a narração ganha
humor, lirismo ou dramaticidade no descritivismo oportuno e manejado com estilo.

Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso. Besourinhos
de fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos.
Abelhas douradas, verdes e azuis, falava mal das vespas de cintura fina – achando que era
exagero usarem coletes tão apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos
que as borboletas de toucados de gaze tinham com o pó de suas asas. Mamangavas de ferrões
amarrados para não morderem. E canários cantando, e beija-flores beijando flores, e camarões
camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde,
pequeninando e não mordendo.
(LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo, Brasiliense, 1947.)

No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio que


contribuem para caracterizar o ambiente fantástico descrito.
Expressões como “camaronando”, “caranguejando” e “pequeninando
e não mordendo”, criam principalmente, efeitos de
a) esvaziamento de sentido.
b) monotonia do ambiente.
c) estaticidade dos animais.
d) interrupção dos movimentos.
e) dinamicidade do cenário.

Comentário
A construção do verbo auxiliar estar seguido do gerúndio, justifica-se quando
se trata de enfatizar o aspecto contínuo da ação, o que classifica o trecho como
descrição dinâmica.
Resposta: E

21
Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos
corporais em função das necessidades cinestésicas.

Atividade física é qualquer movimento corporal produzido pelos músculos


esqueléticos que resulte em gasto energético maior que os níveis de repouso. É,
também, qualquer esforço muscular realizado para a execução de uma tarefa, como,
por exemplo, o esboçar de um sorriso, o movimento realizado pelos pés durante o
caminhar ou algo mais complexo como os movimentos realizados por um ginasta
olímpico.

Texto para os testes de 1 a 3.

A PRODUÇÃO CULTURAL DO CORPO

Pensar o corpo como algo produzido na e pela cultura é,


simultaneamente, um desafio e uma necessidade. Um desafio porque
rompe, de certa forma, com o olhar naturalista sobre o qual muitas
vezes o corpo é observado, explicado, classificado e tratado. Uma
necessidade porque, ao desnaturalizá-lo, revela, sobretudo, que o
corpo é histórico. Isto é, mais do que um dado natural cuja
materialidade nos presentifica no mundo, o corpo é uma construção
sobre a qual são conferidas diferentes marcas em diferentes tempos
e espaços, conjunturas econômicas, grupos sociais, étnicos etc. Não é,
portanto, algo dado a priori nem mesmo é universal: o corpo é
provisório, mutável e mutante, suscetível a inúmeras intervenções,
consoante o desenvolvimento científico e tecnológico de cada cultura
bem como suas leis, seus códigos morais, as representações que cria
sobre os corpos, os discursos que sobre ele produz e reproduz.
Um corpo não é apenas um corpo. É também o seu entorno. Mais
do que um conjunto de músculos, ossos, vísceras, reflexos, sensações, o corpo é também a
roupa, os acessórios que o adornam, as intervenções que nele se operam, a imagem que dele
se produz, as máquinas que nele se acoplam, os sentidos que nele se incorporam, os silêncios
que por ele falam, os vestígios que nele se exibem, a educação de seus gestos.... enfim é sem
limite de possibilidades sempre reinventadas e a serem descobertas. Não são, portanto, as
semelhanças biológicas que o definem, mas, fundamentalmente, os significados culturais e
sociais que a ele se atribuem.
(Silvana Vilore Goellner)

Exercício Explicativo 1
Em “Não é, portanto, algo dado a priori nem mesmo é universal”, o termo destacado
só não equivale a
a) por dedução, com base em princípios dados anteriormente.
b) a partir de elementos prévios.

22
c) resultante de raciocínio cujos princípios foram estabelecidos inicialmente.
d) pressuposto, estabelecido independentemente de observação ou análise.
e) empírico, fundamentado na experiência.

Comentário
A priori é uma expressão latina (pronúncia: priôri) que significa “a partir do que
precede, do início”. É usada, sobretudo em filosofia, para designar conhe-
cimento “que não depende [...] de nenhuma forma de experiência, por ser
gerado no interior da própria razão (diz-se de raciocínio, método, conhecimento
etc.) [Pensadores racionalistas como Descartes, Leibniz ou Kant afirmam a
existência desse tipo de conhecimento; empiristas como Locke ou Hume o
negam.]” (Dicionário Houaiss)
Resposta: E.

Exercício Explicativo 2
Assinale o único adjetivo que não caracteriza adequadamente a noção de corpo
apresentada no texto de Silvana Vilore Goellner:

a) biológico b) histórico c) provisório


d) mutável e) mutante

Comentário
Observe duas das acepções registradas para o verbete corpo, em O novo
Aurélio. Dicionário da Língua Portuguesa: 1. “A substância física, ou a estrutura
de cada homem ou animal (...)”, 2. “A parte material , animal ou a carne do
ser humano, por oposição à alma, ao espírito”. A visão do corpo apresentada
no texto não contempla somente o aspecto físico e material, tal como ocorre
nas acepções transcritas do dicionário. O corpo está ligado a múltiplos outros
aspectos de nossas vidas, pois, como conclui a autora, “não são [...] as
semelhanças biológicas que o definem, mas fundamentalmente, os significados
culturais e sociais que a ele se atribuem.”
Resposta: A

Exercício Explicativo 3

No Brasil, o sedentarismo é um problema que vem assumindo grande importância. As


pesquisas mostram que a população atual gasta bem menos calorias por dia, do que gastava
há 100 anos, o que explica por que o sedentarismo afetaria aproximadamente 70% da
população brasileira, mais do que a obesidade, a hipertensão, o tabagismo, o diabetes e o
colesterol alto. O estilo de vida atual pode ser responsabilizado por 54% do risco de morte por
infarto e por 50% do risco de morte por derrame cerebral, as principais causas de morte em
nosso país. Assim sendo, a atividade física é assunto importante de saúde pública.

23
Qual trecho do texto corrobora a ideia de que a prática de atividades físicas se liga à
imagem de pessoas saudáveis?
a) “... a atividade física é assunto de saúde pública...”
b) “... o estilo de vida atual pode ser responsabilizado por 54% do risco de morte...”
c) “... o sedentarismo é um problema que vem assumindo grande importância...”
d) “... a população atual gasta bem menos calorias por dia...”
e) “... o sedentarismo afetaria 70% da população brasileira...”

Comentário
Somente com o desenvolvimento de atividades físicas pode-se, além de
inúmeras outras vantagens, diminuir o risco de morte por infarto, uma das
maiores causas de morte em nosso país.

Resposta: A

Exercício Explicativo 4
FRANK & ERNEST/Bob Thaves

Nesta tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas


figuras de linguagem para
a) condenar a prática de exercícios físicos.
b) valorizar aspectos da vida moderna.
c) desestimular o uso das bicicletas.
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
e) criticar a falta de perspectiva do pai.

Comentário
O garoto da tirinha estabelece uma relação de semelhança (base da metáfora)
entre os exercícios que o pai pratica numa bicicleta ergométrica (que não
conduzem a lugar nenhum) e a “falta de perspectiva” da vida do pai.

Resposta: E

24
Reconhecer a linguagem corporal como meio de
interação social, considerando os limites de
desempenho e as alternativas de adaptação para
diferentes indivíduos.

Atividade esportiva pode ser entendida como um fenômeno sociocultural, que


envolve a prática voluntária de atividades físicas competitivas ou recreativas e
contribui para a formação, desenvolvimento e aprimoramento físico, intelectual e
psíquico de seus praticantes e espectadores, além de poder ser considerada uma
das mais belas e eficazes formas de inclusão social.

Texto I
CORINTHIANS (2) VS. PALESTRA (1)

...a ânsia de vinte mil pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De


preto. De branco. De azul. De vermelho.
Delírio futebolístico no Parque Antártica.
Camisas verdes e calções pretos corriam, pulavam, chocavam-se,
embaralhavam-se, caíam, contorciam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por
causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um
minuto, um segundo. Não parava.
(MACHADO, Alcântara. Brás, Bexiga e Barra Funda)

Texto II

Exercício Explicativo 1
Que figura de linguagem há na passagem “camisas verdes e calções pretos corriam...”
a) Apóstrofe. b) Ironia. c) Antítese.
d) Paradoxo. e) Metonímia.

25
Comentário

Há metonímia, porque se emprega uma parte (o verde da camisa do Palestra e


o preto do calção do Corinthians) em lugar do todo, os jogadores de um e
outro time.
Resposta: E

Exercício Explicativo 2
Que elemento sensorial é predominante na descrição da partida de futebol do texto I?
a) A visão, dado que as cores que demarcam os dois times, bem como toda a
movimentação dos jogadores.
b) A audição, devido ao barulho característico das partidas de futebol.
c) A visão, pois todos parecem bastante entusiasmados com a partida.
d) O tato, tanto no contacto dos jogadores com a bola quanto nas reações do
público, que se toca e se cumprimenta.
e) O olfato, presente nos odores gerados pelos movimentos do jogo e pela animação
dos assistentes.

Comentário

A visão, pois a cor é o elemento que predomina na descrição do jogo: “De


preto. De branco. De azul. De vermelho”. [...] “Camisas verdes e calções pretos
corriam...” [...] “... bola de couro amarelo...”.
Resposta: A

Exercício Explicativo 3
O que há em comum entre os textos I e II?
a) A paixão irrestrita dos torcedores por seus times.
b) Os choques de opinião entre os torcedores.
c) A atitude crítica, ponderada e equilibrada dos torcedores.
d) A impossibilidade evidente de alguém que não seja corintiano ou palmeirense
entender o refinado humor da tirinha ou o sentido global do texto.
e) A ausência de um dos elementos mais característicos da atividade esportiva, a
interação entre os que a praticam e os que simplesmente assistem ou torcem.

Comentário

Bidu, a personagem da tirinha de Maurício de Sousa, poderia ser mais uma das
tantas pessoas que estão assistindo apaixonada e ansiosamente a partida, com
“olhos ávidos” e “nervos elétricos”.
Resposta: A

26
Exercício Explicativo 4

DOZE ANOS
Composição: Chico Buarque

Ai, que saudades que eu tenho


Dos meus doze anos
Que saudade ingrata
Dar banda por aí
Fazendo grandes planos
E chutando lata
Trocando figurinha
Matando passarinho
Colecionando minhoca
Jogando muito botão
Rodopiando pião
Fazendo troca-troca
Ai, que saudades que eu tenho
Duma travessura
Um futebol de rua
Sair pulando muro
Olhando fechadura
E vendo mulher nua
Comendo fruta no pé
Chupando picolé
Pé-de-moleque, paçoca
E disputando troféu
Guerra de pipa no céu
Concurso de pipoca

“... Fazendo grandes planos / E chutando lata...”; “... jogando muito botão /
Rodopiando pião...”; “... um futebol de rua...”. Tais versos referem-se a atividades
físicas realizadas pelo sujeito lírico em sua infância, essas atividades tiveram por intuito:
a) criar rivalidade com seus iguais, aprimorando assim suas competências para o
mundo competitivo em que vivemos.
b) entretê-lo, diverti-lo e relacioná-lo com seus iguais, tornando sua infância mais
plena de significados.
c) apenas fazer com que seu tempo passe mais depressa, até chegar o momento
em que pudesse realizar atividades mais interessantes e prezerosas.
d) mantê-lo distante das más companhias, preparando-o para uma educação mais
formalizada.
e) preparar suas habilidades motoras para que pudesse realizar com mais afinco as
funções que a vida adulta exige.

Comentário
As atividades físicas, sobretudo as esportivas, têm por intuito, na infância como
em outras idades, proporcionar brincadeiras e interações saudáveis.
Resposta: B

27
Competência de área 4 - Compreender a arte como
saber cultural e estético gerador de significação e
integrador da organização do mundo e da própria
identidade.

Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da


produção dos artistas em seus meios culturais.

Arte é a manifestação cultural que envolve uma preocupação consciente e racional


em provocar o prazer por meio do contato com a beleza. É o que se pode chamar
de sentimento estético. Apesar de o verdadeiro prazer ser algo gratuito, o que afasta
da arte qualquer valor utilitário ou pragmático, pode-se perceber que ela é um fazer
que expressa os anseios do artista e do seu tempo.

Exercício Explicativo 1
Texto 1 Texto 2

SONHO IMPOSSÍVEL
Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.
(J. Darione – M. Leigh – Versão de Chico
Buarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.)

28
A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro da
humanidade. É correto concluir que os dois textos
a) afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz.
b) concordam que o desarmamento é inatingível.
c) julgam que o sonho é um desafio invencível.
d) têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor.
e) transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz.

Comentário
No texto “Sonho Impossível”, o eu lírico acredita na possibilidade, ainda que
remota, de um mundo melhor, como afirmam os versos finais: “Vai ter fim a
infinita aflição / E o mundo vai ver uma flor / Brotar do impossível chão”. Na tira
de Quino, o aviãozinho, feito de folha de jornal com a manchete “Nova
tentativa de desarmamento”, espatifa-se. Esse desastre simboliza o fracasso da
tentativa desarmamentista, como indica a fala de Mafalda.
Resposta: D

Exercício Explicativo 2

(Disponível em: <http://www.bomdiabauru.com.br/index.


asp?jbd=3&id=232&mat=63909> acessado em: fev. 2007)

(ETE) – A charge trata de problemas resultantes de desequilíbrio na vida do planeta.


A análise dela possibilita afirmar que
a) os animais são sempre as maiores vítimas do consumismo praticado pelos povos
pobres.
b) os seres humanos são os únicos animais capazes de se protegerem dos riscos
ambientais.

29
c) é preciso discutir os problemas ambientais levando em conta os problemas sociais.
d) os governantes resolveram adotar medidas de combate a todo o tipo de
desigualdade social.
e) as leis da sociedade atual são elaboradas para promover mais igualdade entre os
seres vivos.

Comentário
A charge critica a excessiva preocupação com o aquecimento global e o
desinteresse pelas questões sociais.
Resposta: C

Exercício Explicativo 3
Considere a charge de Henfil.

(Coleção Henfil, Geração Editorial, s/ data)

(ETE) – A comparação entre o desenho da bandeira e os dizeres “ordem e progresso”


revela, sobre o Brasil, uma situação de
a) utopia. b) soberania. c) conciliação.
d) incoerência. e) crescimento.

Comentário
O desenho mostra florestas destruídas (troncos de árvores empilhados), muitas
chaminés poluindo o céu e outras situações que desmentem os dizeres ordem
e progresso.
Resposta: D

30
Exercício Explicativo 4

Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência


que teve influência significativa em sua carreira de escritor.

Lembro-me de que certa noite — eu teria uns quatorze anos, quando muito —
encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações,
enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia
Municipal haviam “carneado”. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde
estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por
que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses
talhos e salvar essa vida? (...)
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de
que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a
nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que
sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a
lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica,
acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente,
como um sinal de que não desertamos nosso posto.
(VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta.
Tomo I. Porto Alegre, Editora Globo, 1978.)

Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo
define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura:
a) criar a fantasia. b) permitir o sonho. c) denunciar o real.
d) criar o belo. e) fugir da náusea.

Comentário
A metáfora do texto, segundo a qual “o escritor pode… fazer luz sobre a
realidade de seu mundo”, equivale ao que propõe a alternativa c: “uma das
funções do escritor e, por extensão, da literatura” é “denunciar o real”.
Resposta: C

Analisar as diversas produções artísticas como meio


de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e
preconceitos.

Deve-se ter em mente que não há um padrão único de beleza, o que significa,
portanto, que não há uma forma única de arte. Assim, é vital aceitar a diversidade
e entender que rotular uma obra como feia ou de mau gosto pode ser uma
manifestação de preconceito.

31
Exercício Explicativo 1
Leia o texto abaixo, trecho da canção “Sampa”, de Caetano Veloso.

Alguma coisa acontece no meu coração


Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee


A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto


Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho

(http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/41670/)

Em “É que narciso acha feio o que não é espelho”, pode-se inferir que
a) há uma tendência a só se achar belo o que pertence ao nosso universo de valores
estéticos.
b) costumamos automaticamente rotular como belo o que vem da cultura clássica.
c) a arte tem a função de satisfazer pessoas egoístas, narcisistas.
d) o feio, por ser visto por um mito, é uma categoria que não existe em arte.
e) pessoas superiores são naturalmente mais exigentes no que se refere a padrões
estéticos.

Comentário
Ao afirmar que Narciso acha feio aquilo que não reflete a sua beleza, Caetano
permite inferir que existe uma tendência a se achar belo apenas aquilo que
pertence ao nosso ideal de beleza. Por isso, a primeira reação dele, recém-
chegado a São Paulo, foi a de achar a cidade feia.

Resposta: A

32
Exercício Explicativo 2
Observe as imagens abaixo.

Gisele Bündchen, supermodelo brasileira de renome


mundial. Imagem disponível em
http://images.askmen.com/galleries/model/gisele-
bundchen/pictures/gisele-bundchen-picture-3.jpg.

Lizzie Miller, modelo que causou repercussão após sair


em ensaio da edição de agosto de 2009 da revista
Glamour (Imagem disponível em
http://www.examiner.com/x-13854-West-Palm-Beach-
Health-and-Happiness-Examiner~y2009m9d2-In-the-
news-Glamour-
to-follow-Lizzie-Miller-success-with-more-photos-of-
nude-plussize-women.).

Mulheres com pescoço de girafa, da Tailândia. Foto


disponível em
(http://news.nationalgeographic.com/news/
2004/12/photogalleries/ancient_marks/photo4.html)

33
As três graças, do renascentista Rafael Sanzio, disponível em
http://www.wga.hu/art/r/raphael/2firenze/1/21graces.jpg.

Pode-se inferir da análise das imagens acima que


a) a beleza e o bom gosto estético só existiam no Renascimento.
b) Gisele Bündchen é um exemplo de supermodelo porque possui a beleza correta.
c) As mulheres com pescoço de girafa não podem ser consideradas belas porque
são primitivas.
d) Todas as imagens representam padrões legítimos de beleza, pois esse é variável
socialmente.
e) A beleza desaparece quando se enfoca o cotidiano, como ocorre nas imagens 1
e 3.

Comentário
Todas as ilustrações apresentam mulheres consideradas belas em seu contexto
(moda, cotidiano, Tailândia, Renascimento), o que reforça que o ideal de beleza
é variável socialmente.
Resposta: D

Exercício Explicativo 3
Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito influenciaria
a Semana de Arte Moderna, Monteiro Lobato escreveu, em artigo
intitulado Paranóia ou Mistificação:

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem as coisas e em consequência
fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização
das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é
formada dos que veem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras,
sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura
excessiva. (...). Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti, onde se
notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das
extravagâncias de Picasso & cia.
O Diário de São Paulo, dez./1917.

34
Em qual das obras abaixo identifica-se o estilo de Anita Malfatti criticado por Monteiro
Lobato no artigo?
a) b)

Acesso a Monte Serrat – Santos Vaso de Flores

c)

A Santa Ceia

d) e)

Nossa Senhora Auxiliadora A Boba


e Dom Bosco
Comentário
Monteiro Lobato, expressando uma visão “acadêmica” e conservadora da
pintura, ataca as chamadas “vanguardas” modernistas, nomeadamente o
cubismo (“Picasso & cia.”). A única obra, entre as reproduzidas na questão,
que rompe o padrão acadêmico é o quadro A Boba, de Anita Malfatti, que,
pela deformação expressionista dos traços e intensificação da cor, configura
para Lobato a atitude “dos que veem anormalmente a natureza...” (Observe-
se que falta, no título do artigo, o sinal de interrogação que há no original –
“Paranóia ou Mistificação?” – e que foi publicado em O Estado de S. Paulo, não
no Diário de São Paulo.)
Resposta: E

35
Exercício Explicativo 4
Observe as figuras abaixo.

Figura 1

Monalisa, de Leonardo da Vinci (1452-1519), disponível


em http://www.arthistoryguide.com/Mona_Lisa.aspx.

Figura 2

Monalisa, de Marcel Duchamp (1887-1968), disponível em


http://www.uncp.edu/home/rwb/duchamp_mona.jpg.

Figura 3

Monalisa, de Fernando Botero (1932), Disponível em


http://www.csudh.edu/dearhabermas/poemhyp40.htm.

36
Analise as afirmações abaixo.
I – A Figura 1 representa os ideais de equilíbrio e harmonia típicos do Renascimento.
II – A Figura 2 representa a postura demolidora e iconoclasta dos modernistas diante
da tradição artística.
III – Na Figura 3 pode-se inferir uma crítica do autor à estaticidade do homem
contemporâneo, o que se nota pela obesidade da personagem retratada.
IV – A Figura 2 e Figura 3, por serem cópias da Figura 1, não podem ser consideradas
obras de arte.
Está correto o que se afirma em
a) I, II, III, IV. b) I, II, III. c) I, II, IV. d) I, III, IV. e) I e IV.

Comentário
As figuras 2 e 3 são paródias da 1, o que é um processo artístico legítimo.
Portanto, é descabida a afirmação de que não se trata de obras de arte.
Resposta: B

Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-


relações de elementos que se apresentam nas mani-
festações de vários grupos sociais e étnicos.

A arte não deve ser vista como uma manifestação exclusiva da cultura dita superior,
das elites com grande repertório cultural. Ela está presente nas atividades estéticas
de todo e qualquer grupo social, seja na chamada cultura de resistência do hip hop
e do funk, seja nas manifestações folclóricas, seja na cultura de massa do axé ou
sertanejo, seja nas sofisticadas exposições de museus.

Exercício Explicativo 1

O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes construções de concreto e as


estações de metrô, e cada dia se torna mais presente nas grandes metrópoles mundiais.
Nasceu na periferia dos bairros pobres de Nova lorque. É formado por três elementos: a
música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No hip-hop os jovens usam
as expressões artísticas como uma forma de resistência política.
Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no Brasil e no mundo
com um discurso político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros. Apesar de ser um
movimento originário das periferias norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil,
onde se instalou com certa naturalidade – o que, no entanto, não significa que o hip-hop
brasileiro não tenha sofrido influências locais. O movimento no Brasil é híbrido: rap com um
pouco de samba, break parecido com capoeira e grafite de cores muito vivas.
(Adaptado de Ciência e Cultura, 2004)

37
De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artística
tipicamente urbana, que tem como principais características
a) a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter nacionalista.
b) a alienação política e a preocupação com o conflito de gerações.
c) a afirmação dos socialmente excluídos e a combinação de linguagens.
d) a integração de diferentes classes sociais e a exaltação do progresso.
e) a valorização da natureza e o compromisso com os ideais norte-americanos.

Comentário
As afirmações da alternativa c correspondem, precisamente, a dados do texto:
“a afirmação dos socialmente excluídos” = “um discurso político a favor dos
excluídos” e “a combinação de linguagens” = “É formado por três elementos:
a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break)”.
Resposta: C

Exercício Explicativo 2
Não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um povo. Há muito
mais, contido nas tradições, no folclore, nos saberes, nas línguas, nas
festas e em diversos outros aspectos e manifestações transmitidos oral
ou gestualmente, recriados coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa
porção intangível da herança cultural dos povos dá-se o nome de patrimônio cultural
imaterial.
Internet: <www.unesco.org.br>.

Qual das figuras abaixo retrata patrimônio imaterial da cultura de um povo?

38
Comentário
O patrimônio imaterial (folclore, tradições etc), no caso a dança dramática do
Bumba-meu-boi, revela-se exclusivamente na figura c. Em a, b e e, representa-
se a cultura material, através de monumentos históricos, e, em d, da paisagem
natural.
Resposta: C

Exercício Explicativo 3
Muros da CPTM estamparão Arte

CPTM reserva muros para a arte da grafitagem.

Os muros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), localizados ao lado da


Estação Brás, na Praça Agente Cícero, s/n, e no Largo da Concórdia, no Centro de São Paulo,
ganharam novos ares. Os até então acinzentados blocos de concreto receberam a arte de
seis grafiteiros que irão trabalhar no desenvolvimento de um mural que retrate a importância
do transporte sobre os trilhos na urbanização da metrópole e a sua mobilidade.
A iniciativa é uma das atrações do 29º Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura
(ENEA), realizado em São Paulo desde 17/7/2005, com a participação de três mil alunos de
todo o Brasil.

Projeto Grafite

São Paulo é uma das grandes cidades do Brasil que enfrentam problemas com pichação
em logradouros públicos, meios de transportes, prédios comerciais e residencias e casas. A
pichação contribui para a degradação do espaço, poluindo a paisagem e tornando o visual
excessivamente cansativo.
Pensando nisso, a CPTM criou em 2004 o “Projeto Grafite” com a proposta de trocar a
pichação de trens, estações e muros pela arte e, ao mesmo tempo, transformar a ferrovia em
uma galeria a céu aberto. Hoje a verdadeira cultura do grafite vai além dos muros das
estações, cobre trens e o interior das próprias estações espalhadas por São Paulo,
embelezando toda a cidade com a criatividade dos jovens artistas grafiteiros.

Projetos como o da CPTM têm apoio da


Associação Viva o Centro, que há quase 14 anos
luta por recuperação, conservação e melhorias no Centro de São Paulo.
http://www.vivaocentro.org.br/noticias/arquivo/210705_a_infonline.htm.)

39
Grafite vai retratar a importância do transporte
sobre os trilhos na urbanização da metrópole.

Da leitura do texto apresentado, só não se pode afirmar que


a) os grandes centros urbanos enfrentam problemas com a pichação.
b) grafite e pichação são manifestações artísticas de valor igual.
c) o grafite é uma manifestação artística urbana.
d) por meio do grafite os jovens expressam suas ideias.
e) arte pode se manifestar não apenas nas tradicionais galerias artísticas.

Comentário
O texto afirma que a pichação degrada e polui o ambiente e que o grafite
tornará os muros e os trens da CPTM em galerias de arte a céu aberto. Dessa
forma, há uma valoração negativa para a primeira manifestação cultural e
positiva para a segunda, o que invalida a alternativa b.
Resposta: B

Exercício Explicativo 4

40
A pintura rupestre anterior, que é um patrimônio cultural brasileiro,
expressa
a) o conflito entre os povos indígenas e os europeus durante o processo de
colonização do Brasil.
b) a organização social e política de um povo indígena e a hierarquia entre seus
membros.
c) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a chamada pré-história
do Brasil.
d) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos.
e) a constante guerra entre diferentes grupos paleoíndios da América durante o
período colonial.

Comentário

A pintura rupestre reproduzida na questão apresenta uma cena de caça – tema


recorrente na arte pré-histórica em todas as regiões do mundo e que mostra um
aspecto essencial para a sobrevivência das comunidades primitivas.
Resposta: C

Competência de área 5 – Analisar, interpretar e apli-


car recursos expressivos das linguagens, rela-
cionando textos com seus contextos, mediante a
natureza, função, organização, estrutura das mani-
festações, de acordo com as condições de produção
e recepção.

Estabelecer relações entre o texto literário e o momen-


to de sua produção, situando aspectos do contexto
histórico, social e político.

O texto literário, como manifestação humana, está preso ao seu meio e momento
social. Dessa forma, ele expressa, implícita ou explicatamente, as preocupações do
tempo em que foi produzido.

41
Exercício Explicativo 1

(Tarsila do Amaral,
Operários)

Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são
iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam
verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em
pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo
quadro afora.

(Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista)

O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos
versos transcritos em

a) Pensem nas meninas b) Somos muitos severinos


Cegas inexatas iguais em tudo e na sina:
Pensem nas mulheres a de abrandar estas pedras
Rotas alteradas. suando-se muito em cima.
(Vinícius de Moraes) (João Cabral de Melo Neto)

c) O funcionário público d) Não sou nada.


não cabe no poema Nunca serei nada.
com seu salário de fome Não posso querer ser nada.
sua vida fechada em arquivos. À parte isso, tenho em mim todos
(Ferreira Gullar) [os sonhos do mundo.
(Fernando Pessoa)

e) Os inocentes do Leblon
não viram o navio entrar.
(...) Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.
(Carlos Drummond de Andrade)

42
Comentário
A ideia de que a consideração das pessoas enquanto mera força de trabalho é
desumanizadora, pois ignora características e valores individuais, encontra-se
tanto no quadro de Tarsila, segundo a crítica Nádia Gotlib, quanto nos versos
de João Cabral de Melo Neto, que correspondem à fala de um flagelado
migrante nordestino que foge da seca e da miséria.
Resposta: B

Exercício Explicativo 2

No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica


sutilmente um outro estilo de época: o romantismo.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era


talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais
voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as
mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor
sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também
não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era
bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário
e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da
criação.”

(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas


de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.)

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita


na alternativa:
a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas ...
b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e
eterno, ...
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ...
e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

Comentário
O narrador afasta-se da idealização sentimental do Romantismo quando afirma
que o texto que escreve não “sobredoura a realidade” e não “fecha os olhos
às sardas e espinhas”. Fica patente, portanto, que o narrador vai registrar
também aspectos que contrariam qualquer idealização – aspectos “realistas”,
aos quais os autores românticos fechariam os olhos.
Resposta: A

43
Texto para o exercício explicativo 3.

Um dos maiores benefícios que o movimento moderno nos trouxe foi justamente esse:
tornar alegre a literatura brasileira. Alegre quer dizer saudável, viva, consciente de sua força,
satisfeita com seu destino.
Até então no Brasil a preocupação de todo escritor era parecer grave e severo. O riso era
proibido. A pena molhava-se no tinteiro da tristeza e do pessimismo. O papel servia de lenço.
De tal forma que os livros espremidos só derramavam lágrimas. Se alguma ideia caía vinha
num pingo delas. A literatura nacional não passava de uma queixa gemebunda.
Por isso mesmo o segundo tranco da reação foi mais difícil: integração no ambiente.
Fazer literatura brasileira mas sem choro. Disfarçando sempre a tristeza do motivo quando
inevitável. Rindo como um moleque.

(Antonio de Alcântara Machado,


Cavaquinho e saxofone.)

Exercício Explicativo 3
(UNIFESP) – Entre os textos de Manuel Bandeira (de O ritmo dissoluto), transcritos
nas cinco alternativas, aquele que comprova a opinião de Alcântara Machado é:

a) E enquanto a mansa tarde agoniza,


Por entre a névoa fria do mar
Toda a minhalma foge na brisa;
Tenho vontade de me matar.

b) A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

c) Sorri mansamente... em um sorriso pálido... pálido


Como o beijo religioso que puseste
Na fronte morta de tua mãe... sobre a sua fronte morta...

d) Noite morta.
Junto ao poste de iluminação
Os sapos engolem mosquitos.

e) A meiga e triste rapariga


Punha talvez nessa cantiga
A sua dor e mais a dor de sua raça...
Pobre mulher, sombria filha da desgraça!

Comentário
A associação entre a imobilidade da noite e a imagem dos sapos que engolem
mosquitos, extraída de um bordão da fala popular (“comendo moscas”), rompe
efetivamente com a retórica convencional, pela associação imprevista e insólita.
Resposta: D

44
Texto para o exercício explicativo 4.

Uma flor nasceu na rua!


Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.


Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde


e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Exercício Explicativo 4
O poema acima, de Carlos Drummond de Andrade, faz parte do livro Alguma poesia,
publicado em 1945. Pode-se afirmar que ele expressa os ideais de uma época marcada
pelo (a)

a) decadência da antiga nobreza açucareira nordestina.


b) esperança na superação da crise gerada pela Segunda Grande Guerra.
c) decepção com relação às constantes denúncias de corrupção do Segundo
Reinado.
d) ufanismo provocado pelo mito do milagre econômico do Governo Médici.
e) luta contra os movimentos messiânicos como o de Canudos.

Comentário

“A flor e a náusea” descreve a esperança (representada pelo nascimento de


uma flor) em meio a um mundo dominado por experiências negativas como a
Segunda Guerra Mundial, o nazifascismo e a Era Vargas. As demais alternativas
falam de fatos que não têm ligação direta com a data em que foi publicado o
poema.

Resposta: B

45
Relacionar informações sobre concepções artísticas e
procedimentos de construção do texto literário.

A literatura é uma arte e como tal é uma atividade que possui uma técnica, um
conjunto de procedimentos que variam entre autores, grupos ou mesmo períodos
literários. É vital reconhecer esses mecanismos que permitem entender a
especificidade de uma determinada obra dentro de seu contexto.

Exercício Explicativo 1

Torno a ver-vos, ó montes: o destino


Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte, rico e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,


Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,


Que chega a ter mais preço, e mais valia
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto.

Aqui descanso a louca fantasia,


E o que até agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.

(COSTA, Cláudio Manoel da. In: Domício Proença Filho. A poesia


dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, pp. 78-9.)

Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos


constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca
da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção.
a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens
relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico
e fino”.
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma
contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano
da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo
que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação
literária realista da vida nacional.

46
d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é
formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa
da Colônia sobre a Metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está
representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à trans
formação do pranto em alegria.

Comentário
A oposição Cidade-Campo, lugar-comum da temática árcade, é assimilada, no
caso de Cláudio Manuel da Costa, à oposição Metrópole-Colônia. O poeta,
que viveu longamente em Portugal, onde experimentou a civilidade lisboeta,
voltando ao Brasil confrontou-se com a aspereza dos “montes” e “outeiros” de
sua Minas natal, que idealiza em seus poemas bucólicos.
Resposta: B

Exercício Explicativo 2
Eu começaria dizendo que poesia é uma questão de linguagem. A
importância do poeta é que ele torna mais viva a linguagem. Carlos
Drummond de Andrade escreveu um dos mais belos versos da língua
portuguesa com duas palavras comuns: cão e cheirando.

Um cão cheirando o futuro

(Entrevista com Mário Carvalho.


Folha de SP, 24/5/1988. Adaptação.)

O que deu ao verso de Drummond o caráter de inovador da língua foi


a) o modo raro como foi tratado o “futuro”.
b) a referência ao cão como “animal de estimação”.
c) a flexão pouco comum do verbo “cheirar” (gerúndio).
d) a aproximação não usual do agente citado e a ação de “cheirar”.
e) o emprego do artigo indefinido “um” e do artigo definido “o” na mesma frase.

Comentário
O que surpreende, no verso de Carlos Drummond de Andrade, não é a
aproximação entre o agente (sujeito), “cão”, e a ação de “cheirar”, como
afirma a alternativa d, mas sim o objeto de tal ação (“futuro”), como propõe
a alternativa a.
Resposta: A

Exercício Explicativo 3

Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano,


sobre a função de seus textos:

“Falo somento com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente
do que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o
homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para

47
quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria do
Nordeste.”

Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,


a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato
social para determinados leitores.
b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser
imparcial para que seu texto seja lido.
c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da
perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.
d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato
social para todos os leitores.
e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para
convencer o leitor.

Comentário
Embora a alternativa atenda adequadamente ao que se solicita e esteja contida
no texto que se atribui integralmente a João Cabral de Melo Neto, teria sido
conveniente especificar que apenas as passagens grafadas em negrito são de
autoria do poeta e constituem versos octossílabos. O que se segue aos versos
são acréscimos de outra lavra, de natureza interpretativa, não-poética. Os versos
transcritos têm por referência o escritor alagoano Graciliano Ramos, a quem são
dedicados. O enunciado explicita autorreferência, o que não ocorre. João Cabral
não está se referindo à função de seus próprios textos, mas à dos textos de
Graciliano Ramos, com quem tem inúmeras afinidades, que não justificam o
equívoco.
Resposta: A

Exercício Explicativo 4

Cândido Portinari (1903-1962), em seu livro Retalhos de Minha Vida


de Infância, descreve os pés dos trabalhadores.

Pés disformes. Pés que podem contar uma história. Confundiam-se com as pedras e os
espinhos. Pés semelhantes aos mapas: com montes e vales, vincos como rios. (..) Pés sofridos
com muitos e muitos quilômetros de marcha. Pés que só os santos têm. Sobre a terra, difícil
era distingui-los. Agarrados ao solo, eram como alicerces, muitas vezes suportavam apenas
um corpo franzino e doente.

(Cândido Portinari, Retrospectiva, Catálogo MASP)

As fantasias sobre o Novo Mundo, a diversidade da natureza e do homem americano


e a crítica social foram temas que inspiraram muitos artistas ao longo de nossa História.
Dentre estas imagens, a que melhor caracteriza a crítica social contida no texto de
Portinari é:

48
Comentário
Os pés sofridos e vincados de que fala Portinari – pés que funcionam como
sinédoques (parte pelo todo) dos trabalhadores oprimidos e da condição
desumana do trabalho no Brasil – correspondem à imagem da alternativa e,
que parece apresentar pés maltratados de homens pobres.
Resposta: E

Reconhecer a presença de valores sociais e humanos


atualizáveis e permanentes no patrimônio literário
nacional.

A literatura é uma manifestação artística que remonta à madrugada dos tempos.


Portanto, é valioso perceber que há nela ideias e valores que se mantiveram
inalterados por todos esses séculos e outros que foram modificados ou até mesmo
eliminados.

49
Exercício Explicativo 1
O poema abaixo pertence à poesia concreta brasileira. O termo latino
de seu título significa “epitalâmio”, poema ou canto em homenagem
aos que se casam.
Epithalamium - II

he = ele S = serpens
&=e h = homo
She = ela e = eva
(Pedro Xisto)
Considerando-se que símbolos e sinais são utilizados geralmente para demonstrações
objetivas, ao serem incorporados no poema “Epithalamium – II”,
a) adquirem novo potencial de significação.
b) eliminam a subjetividade do poema.
c) opõem-se ao tema principal do poema.
d) invertem seu sentido original.
e) tornam-se confusos e equivocados.
Comentário
A exploração dos aspectos materiais do significante (a disposição tipográfica,
a letra impressa) e a incorporação de outros signos instauram diversas
possibilidades de leitura do poema, proposto como uma espécie de enigma
visual cifrado. Uma delas, a mais evidente, sugere o envolvimento do homem
(“he = ele”, h = “homo”) pela mulher (“She = ela”, “e = eva”), na am-
biguidade que se insinua na imagem continente S (serpente, ela) e na ideia do
epitalâmio, do casamento, da união, da sociedade (&).
Resposta: A

Texto para os exercícios explicativos 2 e 3.

A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a


meninada. Ela vivia de contar histórias de Trancoso. Pequenina e toda engelhada(1), tão leve
que uma ventania poderia carregá-la, andava léguas e léguas a pé, de engenho a engenho,
como uma edição viva das histórias de Mil e uma Noites. Que talento ela possuía para contar
suas histórias, com jeito admirável de falar em nome de todos os personagens! Sem nenhum
dente na boca e com uma voz que dava todos os tons às palavras. (...) era uma grande artista
para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio. Recitava contos inteiros em versos,
intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas. (...)
Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. O que fazia a velha
Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. (...) Os rios e as
florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e a Mata
do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.
(José Lins do Rego, Menino de Engenho)

1 – Engelhado: enrugado.

50
Exercício Explicativo 2
Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar
traços que revelam marcas do processo de colonização e de civilização
do país. Considerando-se o texto, infere-se que a velha Totonha

a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e


de trabalho, que denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa.
b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país
colonizado, livres da influência de temas e modelos não representativos da
realidade nacional.
c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia em
concomitância com a representação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.
d) se aproxima, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o
qual pretende retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto a
europeia.
e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e
origem as fontes da literatura e da cultura européia universalizada.

Comentário
Totonha representa a constituição identitária e cultural de nosso país, ao
misturar personagens, valores e cenários europeus e locais. Essa mistura é
característica do “processo de colonização e de civilização do país”,
constituindo marca de toda a formação da cultura brasileira, popular e erudita.
Resposta: E

Exercício Explicativo 3

A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas histórias


é ilustrada, pelo autor, na seguinte passagem:

a) “Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações.”


b) “Era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio.”
c) “Andava léguas e léguas a pé, como uma edição viva das Mil e uma Noites.”
d) “O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.”
e) “Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como notas
explicativas.”

Comentário
A cor local que a velha Totonha punha em suas descrições corresponde à
assimilação de paisagens e personagens de outros meios ao meio físico e social
em que ela se movia.
Resposta: D

51
Cândido Portinari (1903-1962), um dos mais importantes artistas brasileiros do século
XX, tratou de diferentes aspectos da nossa realidade em seus quadros.

Exercício Explicativo 4

Sobre a temática dos “Retirantes”, Portinari também escreveu o


seguinte poema:

(...)
Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhos
Vêm das terras secas e escuras; pedregulhos
Doloridos como fagulhas de carvão aceso
Corpos disformes, uns panos sujos,
Rasgados e sem cor, dependurados

Homens de enorme ventre bojudo


Mulheres com trouxas caídas para o lado

Pançudas, carregando ao colo um garoto


Choramingando, remelento
(...)
(Cândido Portinari. Poemas. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1964.)

Das quatro obras reproduzidas, assinale aquelas que abordam a problemática que é
tema do poema.
a) 1 e 2. b) 1 e 3. c) 2 e 3. d) 3 e 4. e) 2 e 4.
Comentário
É bastante evidente a correspondência entre a descrição contida no poema e
as imagens constantes dos quadros 2 e 3.
Resposta: C

52
Competência de área 6 – Compreender e usar os
sistemas simbólicos linguagens como meios de
organização cognitiva da realidade significados,
expressão, comunicação e informação.

Identificar os elementos que concorrem para a progres-


são temática e para a organização e estruturação de
textos de diferentes gêneros e tipos.

Figuras de Linguagem

As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto,


tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso linguístico para expressar, de
formas diferentes, experiências comuns, conferindo originalidade, emotividade ou
teor poético ao discurso.
As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo
particularidades estilísticas do autor. A palavra empregada em sentido figurado, não
denotativo, passa a pertencer a outro campo de significação mais amplo e criativo.

Exercício Explicativo 1

O termo (ou expressão) destacado que está empregado em seu sentido


próprio, denotativo, ocorre em:
a) (...)
É de laço e de nó
De gibeira o jiló
Dessa vida, cumprida a sol (...)
(Renato Teixeira, Romaria, Kuarup Discos, setembro de 1992)

b) Protegendo os inocentes
é que Deus, sábio demais,
põe cenários diferentes
nas impressões digitais.
(Maria N. S. Carvalho, Evangelho da Trova, /s.n.b.)

c) O dicionário-padrão da língua e os dicionários unilíngues são os tipos mais


comuns de dicionários. Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de consumo
obrigatório para as nações civilizadas e desenvolvidas.
(Maria T. Camargo Biderman, O dicionário-padrão da língua, Alta (28), 2743, 1974, Supl.)

53
d)

e) Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. Há duas espécies


de humorismo: o trágico e o cômico. O trágico é o que não consegue fazer rir; o
cômico é o que é verdadeiramente trágico para se fazer.
(Leon Eliachar. www.mercadolivre.com.br. acessado em julho de 2005.)

Comentário
A linguagem denotativa, referencial ou literal aparece na expressão dicionário-
padrão. Nas demais alternativas, a linguagem é conotativa, pois as expressões
destacadas não são empregadas em sentido literal, mas sim metafórico: cumprida
a sol = vivida com muito sacrifício, cenários = configurações, fazer cócegas no
raciocínio = estimular o pensamento de forma divertida.
Resposta: C

Exercício Explicativo 2

O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta


romântico Castro Alves:

Oh! eu quero viver, beber perfumes


Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
— Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.

Mas uma voz responde-me sombria:


Terás o sono sob a lájea fria.
(ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves.
Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.)

54
Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a
antevisão da morte prematura, ainda na juventude.
A imagem da morte aparece na palavra

a) embalsama. b) infinito. c) amplidão.


d) dormir. e) sono.

Comentário
A associação entre a imagem da morte e o sono, bastante convencional, é
reforçada, no dístico de Castro Alves, pela expressão “sob a lájea fria”, perífrase
eufemística de túmulo.
O verbo dormir, que também pode ser associado à imagem da morte, não tem
nenhuma conotação fúnebre nos versos:
“— Árabe errante, vou dormir à tarde / À sombra fresca da palmeira erguida”, que
sugerem o descanso reparador do caminhante do deserto que chega a um oásis.
Resposta: E

As questões de números 3 e 4 referem-se ao poema abaixo.

EPÍGRAFE1

Murmúrio de água na clepsidra2 gotejante,


Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante3
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...

Homem, que fazes tu? Para que tanta lida,


Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...

(Eugênio de Castro, Antologia pessoal da poesia portuguesa)

1 – Epígrafe: inscrição colocada no ponto mais alto; tema.


2 – Clepsidra: relógio de água.
3 – Pedra do quadrante: parte superior de um relógio de sol.

Exercício Explicativo 3

A imagem contida em lentas gotas de som (verso 2) é retomada na


segunda estrofe por meio da expressão:

a) tanta ameaça. b) som de bronze.


c) punhado de areia. d) sombra que passa.
e) somente a Beleza.

55
Comentário
Gotas de som é uma metáfora sinestésica (porque envolve percepções sensoriais
de órgãos diversos – visão e audição) que indica as badaladas de um relógio a
marcar a passagem do tempo. A mesma referência ao relógio ocorre em som...
de bronze.
Resposta: B

Exercício Explicativo 4

Neste poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações


humanas (versos 6 e 7) é a
a) infantilidade do ser humano. b) destruição da natureza.
c) exaltação da violência. d) inutilidade do trabalho.
e) brevidade da vida.

Comentário
O tema do poema transcrito é a passagem do tempo (“assim se escoa a hora...”)
e a frágil finitude da vida (“...assim se vive e morre...”), sendo a duração da vida
comparada a “...um punhado infantil de areia ressequida”.
Resposta: E

Exercício Explicativo 5

CIDADE GRANDE

Que beleza, Montes Claros.


Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)

Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a


a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.

56
Comentário
No texto de Drummond, a noção de progresso e a visão da cidade grande
aparecem indissoluvelmente associadas a mazelas como o surgimento de favelas.
Trata-se de uma visão irônica do desenvolvimento.
Resposta: C

Exercício Explicativo 6
Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa
significados que se excluem mutuamente. Para Garfield, a frase de
saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.

(Folha de S. Paulo, 31/7/2000)

Nas alternativas a seguir, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em


construção”. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:

a) Era ele que erguia casas


Onde antes só havia chão.

b) … a casa que ele fazia


Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

c) Naquela casa vazia


Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.

d) …o operário faz a coisa


E a coisa faz o operário.

e) Ele, um humilde operário


Um operário que sabia
Exercer a profissão.
(MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo:
Companhia das Letras, 1992.)

57
Comentário
Nos versos transcritos na alternativa b, o sujeito casa recebe dois predicativos que
se contradizem e excluem (liberdade e escravidão), o que constitui a figura de
linguagem chamada oxímoro. Em nenhuma das demais alternativas, há a mesma
estrutura de significação.
Resposta: B

Exercício Explicativo 7

O AÇÚCAR

O branco açúcar que adoçará meu café


nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio


da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana


e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
(...)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram esse açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

(GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 1980. p. 227-8.)

A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na


sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a
doçura do branco açúcar e
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.

58
c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

Comentário
Ocorre uma grande antítese, que “configura uma imagem de divisão social do
trabalho”, entre o início da última estrofe (“Em usinas escuras, / homens de vida
amarga / e dura”) e a passagem que a finaliza (“... esse açúcar / branco e puro /
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.”)
Resposta: E

Exercício Explicativo 8
Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor
de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas e
grandes cidades.

BICHO URBANO

Se disser que prefiro morar em Pirapemas


ou em outra qualquer pequena cidade do país
estou mentindo
ainda que lá se possa de manhã
lavar o rosto no orvalho
e o pão preserve aquele branco
sabor de alvorada.
.....................................................................
A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas águas
suas aves que são como aparições
me assusta quase tanto quanto
esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabeça.

(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro:


José Olympio Editora, 1991.)

Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de
valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem
com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em
que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa
esse recurso.

a) “...e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.”


b) “...ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho...”
c) “...A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas...”
d) “...suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto...”
e) “...me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas...”

59
Comentário
Na expressão sabor de alvorada, mesclam-se referências a duas impressões
sensoriais diversas. A palavra sabor implica sensação gustativa; alvorada (palavra
derivada de alvo) implica sensação visual.
Resposta: A

O cotidiano é feito, em sua maior parte, de banalidades, mesquinharias


e irritações, esteja você em Paris ou em Barbacena. Observá-las, chamar
atenção para elas por meio de linguagem escrita, transformando-as em
breves momentos poéticos, é tarefa que requer distanciamento, capacidade
de abstração, certa maturidade vivencial — trabalho de cronista, enfim, que
resulta, como definem os teóricos, entre o conto e a poesia.
(Bernardo Ajzenberg)

A palavra crônica1 significa originalmente “narração histórica, ou registro de


acontecimentos organizados em ordem cronológica”. Em épocas passadas, desig-
nava qualquer documento de caráter histórico. Nesse sentido, era cronista todo
estudioso de História, hoje chamado historiador.
Atualmente, o termo é reservado para nomear um gênero narrativo ou reflexivo
breve, periódico, episódico e comunicativo, tendo merecido grande atenção por
parte do público e da crítica.
Os personagens são definidos apenas quanto ao momento da ação, pouco ou
nada sendo dito sobre eles além do que possa interessar ao flagrante. Podemos
dizer que a crônica corresponde a um flagrante2 do cotidiano, em seus aspectos
pitorescos3 e inusitados4, a uma abordagem humorística, a uma reflexão existencial,
a uma passagem lírica ou a um comentário de interesse social. A linguagem é
coloquial5 e, geralmente, irreverente.
Existem, na literatura brasileira atual, autores que fazem da crônica um grande
meio de expressão literária. Os quatro mais conhecidos e consagrados pela crítica são
Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de
Andrade.
Exatamente esses quatro cronistas foram escolhidos para figurar no primeiro
volume da coleção Para gostar de ler. Na abertura do livro esses cronistas, conjunta-
mente, recepcionam o leitor com as seguintes palavras:
“Experimente abrir este livro em qualquer página onde começa uma crônica.
Crônica é um escrito de jornal que procura contar ou comentar histórias da vida de
hoje. Histórias que podem ter acontecido com todo mundo: até com você mesmo,
com pessoas de sua família ou com seus amigos. Mas uma coisa é acontecer, outra
coisa é escrever aquilo que aconteceu. Então você notará, ao ler a narração do fato,
como ele ganha um interesse especial, produzido pela escolha e arrumação das
palavras. E aí começa a alegria da leitura, que vai longe. Ela nos faz conferir, pensar,
entender melhor o que se passa dentro e fora da gente. Daí por diante a leitura
ficará sendo um hábito, e esse hábito leva a novas descobertas. Uma curtição.
As crônicas serão apenas um começo. Há um infinito de coisas deliciosas que
só a leitura oferece, e que você irá encontrando sozinho, pela vida afora, na leitura
dos bons livros.”
(Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1977. v.1, pp.4-5.)

60
Antonio Candido, crítico literário, assim define esse gênero sempre presente em
jornais e revistas: “Por meio dos assuntos, ela se ajusta à sensibilidade de todo dia.
Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo de
ser mais natural”.
Além dos já citados, foram ou são cronistas notáveis: Machado de Assis, Manuel
Bandeira, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, Luis Fernando
Verissimo, Carlos Eduardo Novaes, Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), João Ubaldo
Ribeiro, Carlos Heitor Cony.

Flagrante: momento.
Pitorescos: originais.
Inusitados: incomuns.
Coloquial: típica da linguagem cotidiana, falada, oral.

Exercício Explicativo 11
O JIVARO

Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à América do Sul, conta a um jornal
sua conversa com um índio jivaro, desses que sabem reduzir a cabeça de um morto até ela
ficar bem pequenina. Queria assistir a uma dessas operações, e o índio lhe disse que
exatamente ele tinha contas a acertar com um inimigo.
O Sr. Matter:
— Não, não! Um homem, não. Faça isso com a cabeça de um macaco.
E o índio:
— Por que um macaco? Ele não me fez nenhum mal!
(Rubem Braga)

O assunto de uma crônica pode ser uma experiência pessoal do cronista, uma
informação obtida por ele ou um caso imaginário. O modo de apresentar o assunto
também varia: pode ser uma descrição objetiva, uma exposição argumentativa ou uma
narrativa sugestiva. Quanto à finalidade pretendida, pode-se promover uma reflexão,
definir um sentimento ou tão somente provocar o riso.
Na crônica O jivaro, escrita a partir da reportagem de um jornal, Rubem Braga se vale
dos seguintes elementos:

Assunto Modo de apresentar Finalidade


caso
a) descrição objetiva provocar o riso
imaginário
informação
b) narração sugestiva promover reflexão
colhida
informação
c) descrição objetiva definir um sentimento
colhida
experiência
d) narrativa sugestiva provocar o riso
pessoal
experiência exposição
e) promover reflexão
pessoal argumentativa

61
Comentário
O assunto do texto não é um “caso imaginário” (alternativa a) nem uma
“experiência pessoal” (alternativas d e e). Trata-se, evidentemente, da
“informação colhida” (alternativas b e c) – colhida, como informa o enunciado
do teste, na “reportagem de um jornal”. O modo de apresentação é,
claramente, narrativo, tratando-se de uma história sugestiva, ou seja, que
sugere significação que vai além do que é contado. Portanto, trata-se de um
texto cuja finalidade é “promover reflexão” – no caso, reflexão acerca da visão
das relações humanas e da justiça contida na fala final do índio jivaro.
Resposta: B

Exercício Explicativo 12

São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação
atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a
números e invertidos em estatísticas.
O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de
cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:
— Quantos são aqui?
Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:
— Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.
E outro:
— Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome
nota de seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor… (…)
E outro:
— Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está!
A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!
(BRAGA, Rubem. Para gostar de ler, v. 3.
São Paulo: Ática, 1998, pp. 32-3 – fragmento.)

O fragmento anterior, em que há referência a um fato sócio-histórico —


o recenseamento —, apresenta característica marcante do gênero
crônica ao

a) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a


ideia de uma coisa por meio de outra.
b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo
e um só espaço.
c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens
psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.
d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos
práticos do cotidiano para manter as pessoas informadas.
e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto
que recebe tratamento estético.

62
Comentário
Já a designação do gênero – crônica – sugere a temática ligada ao cotidiano.
No caso do texto transcrito, trata-se de uma medida governamental, o
recenseamento. O autor dá “tratamento estético” a esse tema ao representar
situações existenciais fictícias, de conteúdo emocional variado, com que se
confrontariam os recenseadores.
Resposta: E

Exercício Explicativo 13

A crônica muitas vezes constitui um espaço para reflexão sobre aspectos


da sociedade em que vivemos.

Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que
não entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não
estava. Queria saber a hora.
Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É
assim que a gente divide. Menino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e
camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino
De Rua. Menino De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força
porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão.
(...) Na verdade não existem meninos De rua. Existem meninos NA rua. E toda vez que
um menino está NA rua é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos
lugares. Assim como são postos no mundo, durante muitos anos também são postos onde
quer que estejam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê.
(COLASANTI, Marina. In: Eu sei, mas não devia.
Rio de Janeiro: Rocco,1999.)

No terceiro parágrafo em: ”...não existem meninos De rua. Existem meninos Na rua.”,
a troca de “De” por “Na” determina que a relação de sentido entre “menino” e “rua”
seja

a) de localização e não de qualidade.


b) de origem e não de posse.
c) de origem e não de localização.
d) de qualidade e não de origem.
e) de posse e não de localização.

Comentário
Segundo o texto, o fato de estarem na rua é uma circunstância que define os
meninos apenas espacialmente (indica onde estão), e não essencialmente (não
indica quem são nem como são). Portanto, ela substitui uma atribuição de
qualidade (“de rua”) por uma indicação de circunstância espacial (“na rua”).
Resposta: A

63
Exercício Explicativo 14

O autor do texto a seguir critica, ainda que em linguagem metafórica,


a sociedade contemporânea em relação aos seus hábitos alimentares.

“Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em
garrafa, na leiteria da esquina? (...)
Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que
é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite – leite em pacote,
imagina, Tereza! – na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado, ou pasteurizado,
sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.
Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: ‘Líquido branco,
contendo água, proteína, açúcar e sais minerais’. Um alimento pra ninguém botar defeito.
O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É o único alimento só alimento. A carne serve
pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...)
O leite é só leite. Ou toma ou bota fora.
Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais
água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse
negócio.
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como
não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!”
(FERNANDES, Millôr.
O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1999)

A crítica do autor é dirigida

a) ao desconhecimento, pelas novas gerações, da importância do gado leiteiro para


a economia nacional.
b) à diminuição da produção de leite após o desenvolvimento de tecnologias que
têm substituído os produtos naturais por produtos artificiais.
c) à artificialização abusiva de alimentos tradicionais, com perda de critério para
julgar sua qualidade e sabor.
d à permanência de hábitos alimentares a partir da revolução agrícola e da
domesticação de animais iniciada há 5.000 anos.
e) à importância dada ao pacote de leite para a conservação de um produto perecível
e que necessita de aperfeiçoamento tecnológico.

Comentário
O caso do leite (“em pacote… pasteurizado… tem vitamina, é garantido pela
embromatologia, foi enriquecido e o escambau”) serve como exemplo para a
crítica à “artificialização abusiva dos alimentos tradicionais”, nos termos da
alternativa c.
Resposta: C

64
Exercício Explicativo 15

A palavra embromatologia usada pelo autor é


a) um termo científico que significa estudo dos bromatos.
b) uma composição do termo de gíria “embromação” (enganação) com
bromatologia, que é o estudo dos alimentos.
c) uma junção do termo de gíria “embromação” (enganação) com lactologia, que
é o estudo das embalagens para leite.
d) um neologismo da química orgânica que significa a técnica de retirar bromatos dos
laticínios.
e) uma corruptela de termo da agropecuária que significa a ordenha mecânica.

Comentário
O autor, para efeito corrosivamente cômico, elabora uma “palavra-montagem”
em que ocorre o trocadilho mencionado na alternativa b. (É de lamentar a falta
das vírgulas que, no caput da questão, deveriam separar da principal a oração
adjetiva explicativa reduzida de particípio.)
Resposta: B

Exercício Explicativo 16

E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo


imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena
do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se
fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o
mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a
simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e
esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu
olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
(RUBEM BRAGA, Ai de ti, Copacabana)

O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu assim sobre a obra de


Rubem Braga:
O que ele nos conta é o seu dia, o seu expediente de homem, apanhado no
essencial, narrativa direta e econômica. (...) É o poeta do real, do palpável, que se vai
diluindo em cisma. Dá o sentimento da realidade e o remédio para ela.
Em seu texto, Rubem Braga afirma que “este é o luxo do grande artista, atingir o
máximo de matizes com o mínimo de elementos”. Afirmação semelhante pode ser
encontrada no texto de Carlos Drummond de Andrade, quando, ao analisar a obra de
Braga, diz que ela é
a) uma narrativa direta e econômica. b) real, palpável.
c) sentimento de realidade. d) seu expediente de homem.
e) seu remédio.

65
Comentário
Rubem Braga celebra, no pavão como no grande artista, a “capacidade de
atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos”. Portanto, trata-se
de um prodígio de simplicidade e economia, ou, nos termos de Drummond,
uma “narrativa direta e econômica”.
Resposta: A

Analisar a função da linguagem predominante nos


textos em situações específicas de interlocução.

AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Num ato de comunicação, estão sempre presentes seis elementos, que, no caso da
FUNÇÕES DA comunicação linguística, são os seguintes:
LINGUAGEM 1. emissor: quem se comunica, isto é, quem emite a mensagem, falando ou
escrevendo (o eu da comunicação);
2. receptor: quem recebe a mensagem, isto é, o ouvinte ou leitor (o tu ou você da
comunicação);
3. mensagem: o texto, falado ou escrito, que o emissor envia ao receptor;
REFERENCIAL
4. referência ou referente: aquilo a que a mensagem se refere (o ele/ela/aquilo da
EMOTIVA POÉTICA CONATIVA comunicação);
5. código: língua na qual a mensagem é elaborada;
FÁTICA 6. canal: meio de transmissão da mensagem (vibrações no ar, papel e tinta, telefone...).
Numa dada comunicação, a função da linguagem é determinada pela importância
METALINGUÍSTICA
relativa de cada um desses elementos. Dependendo do elemento que ocupe o papel
central, temos uma ou outra das seguintes funções da linguagem:
1. função EMOTIVA: o emissor ocupa o centro da comunicação, pois a mensagem se
refere ao próprio emissor, ao eu que se manifesta, exprimindo seus sentimentos e
emoções. O exemplo mínimo de função emotiva é uma intejeição (ah! ui!), palavra que
pura e simplesmente denota emoção; outros exemplos: cartas de amor, lamentos;
2. função CONATIVA ou imperativa: o receptor é o foco da comunicação, pois a
mensagem visa a convencê-lo, influenciá-lo, determinar o seu comportamento. Os
exemplos mínimos desta função são o imperativo, forma verbal que exprime ordem ou
exortação, e o vocativo, que é um apelo ou chamamento ao receptor; outros exemplos
são ordens e conclamações de qualquer tipo, propaganda etc.;
3. função POÉTICA, estética ou artística: a própria mensagem (o texto) ocupa o centro
da comunicação, pois ela é organizada para produzir um efeito estético, isto é, artístico.
Neste caso, o elemento decisivo é a organização das palavras, voltada para uma
estruturação excelente do texto. Assim, ao preferir dar a sua filha o nome Ana Paula em
vez de Paula Ana, o pai está escolhendo o texto (o nome) que soa melhor, que produz
melhor efeito estético, ou seja, que é mais belo. Ele está usando a linguagem em sua
função poética, tanto quanto um poeta, que escolhe as palavras levando em conta não
apenas os seus sentidos, mas também os seus sons, os seus ritmos, as suas imagens, as
suas evocações;

66
4. função REFERENCIAL: o centro da comunicação é o referente, a mensagem é voltada
para a referência ao mundo, como ocorre em notícias de jornal ou quaisquer textos
informativos a respeito da realidade exterior à comunicação;
5. função METALINGUÍSTICA: a linguagem se volta sobre a própria linguagem, seja
por se referir ao código, isto é, à língua em que a mensagem é elaborada (como numa
gramática ou dicionário), seja por se referir a si mesma ou a outras mensagens, tomadas
em seus aspectos linguísticos (como nos estudos sobre literatura e arte);
6. função FÁTICA: a mensagem se refere ao canal que a transmite. Por exemplo,
quando dizemos alô ao telefone, o que comunicamos é que o canal (o sistema
telefônico) está conectado. Quando perguntamos Como vai? a alguém que acabamos
de encontrar, o que desejamos é iniciar o contacto com a pessoa (ligar o canal), não
propriamente saber de sua vida.
Várias funções da linguagem podem estar presentes numa mesma mensagem; uma
dessas funções, porém, será predominante e as demais, secundárias. Sirva de exemplo
o famoso poema de Vinícius de Moraes que começa De tudo ao meu amor serei atento /
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto... Nesse poema, como em toda poesia,
predomina a função poética da linguagem, como acima se explicou. Mas, ao lado da
função poética, destaca-se a função emotiva, pois se trata de um poema lírico, assim
chamado porque nele um eu (o eu lírico) exprime suas emoções.

Exercício Explicativo 1
No texto seguinte, é evidente o predomínio da função poética da linguagem. Pergunta-
se: qual a função secundária que a linguagem desempenha nesta mensagem?

No mais interno fundo das profundas


Cavernas altas, onde o mar se esconde,
Lá, donde as ondas saem furibundas1,
Quando às iras do vento o mar responde,
Neptuno2 mora, e moram as jucundas3
Nereidas4, e outros deuses do mar, onde
As águas campo deixam às cidades
Que habitam essas úmidas deidades5.
(Camões, Os Lusíadas)

1 – Furibundas: furiosas; 2 – Neptuno: deus do mar; 3 – Jucundas: formosas; 4 – Nereidas:


Ninfas do mar; 5 – Deidades: deuses do mar

a) Função emotiva. b) Função conativa.


c) Função referencial. d) Função metalinguística.
e) Função fática.

Comentário
O texto traz informação sobre um referente exterior à linguagem e ao processo
de comunicação, ou seja, fala de elemento do mundo: o relevo do fundo do
mar e os deuses que o habitam (conforme a mitologia greco-romana). Portanto,
trata-se da função referencial da linguagem, que, na poesia épica, sempre
aparece combinada com a função poética.
Resposta: C

67
Sobre o texto transcrito no teste anterior, examine as afirmações constantes dos testes
2 e 3.

Exercício Explicativo 2
I. O texto descreve o fundo do mar, com suas águas agitadas (“ondas...furibundas”)
e as moradas dos deuses, onde acabam as águas.
II. A palavra onda, que vem do latim unda, como que se propaga pelo texto,
ressoando em fundo, profundas, onde, esconde, furibundas, quando, responde,
jucundas e onde.
III. As vogais da palavra Nereidas reaparecem em deidades, palavra que se refere
àquelas divindades do mar.

Estão corretas:

a) todas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas.


d) I e III, apenas. e) nenhuma.

Comentário
Os versos finais descrevem a morada dos deuses como um espaço do fundodo
mar em que as águas acabam e deixam campo livre para as cidades dos deuses
marinhos.
Resposta: A

Exercício Explicativo 3
I. Os versos são decassílabos, como em todo o poema épico de que foram extraídos.
II. Os oito versos apresentados formam a estrofe chamada oitava-rima, utilizada em
toda a extensão do poema.
III. As rimas se distribuem conforme o esquema ABABABCC.

Estão corretas:

a) todas.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) nenhuma.

Comentário
As três afirmações descrevem adequadamente algumas características formais
do poema camoniano.
Resposta: A

68
Exercício Explicativo 4
O texto seguinte também é de natureza poética. Nele, qual a função secundária da
linguagem?
Lutar com as palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
(Carlos Drummond de Andrade)

a) Função emotiva. b) Função conativa.


c) Função referencial. d) Função metalinguística.
e) Função fática.

Comentário
O texto fala explicitamente da linguagem e de nossa relação com ela.
Resposta: D

Exercício Explicativo 5
Se eu não vejo a mulher que eu mais desejo,
Nada que eu veja vale o que eu não vejo.

Nesses versos do poeta provençal Bernart de Ventadorn (século XII), vertidos para o
português pelo poeta Augusto de Campos, é evidente o predomínio da função poética
da linguagem, notável nos ritmos, nos jogos sonoros e no fraseado. Ao lado dessa
função, é destaca-se a presença da

a) função emotiva. b) função conativa.


c) função referencial. d) função metalinguística.
e) função fática.

Comentário
Os versos transcritos constituem pura expressão emocional do emissor.
Resposta: A

Exercício Explicativo 6
Nos versos transcritos no teste anterior, a função poética da linguagem é visível em
diversos recursos utilizados na estruturação artística do texto. Entre eles, não se
encontram

a) rimas. b) aliterações (repetições de consoantes).


c) metro decassilábico. d) metáforas.
e) assonâncias (repetições de vogais tônicas).

69
Comentário
O texto não apresenta nenhuma metáfora ou outra figura de palavra; suas
palavras, diferentemente do que é frequente na poesia, são todas empregadas
em sentido literal, denotativo.
Resposta: E

Exercício Explicativo 7
Qual a função da linguagem predominante no texto abaixo, adaptado de uma bula
de remédio?

Durante o tratamento com Cloridrato de Benzidamina drágeas e solução oral


(gotas), as pessoas mais sensíveis à benzidamina podem apresentar, ainda que
raramente, ansiedade, insônia, agitação, convulsões e alterações visuais. Podem
ocorrer também náusea e sensação de queimação retroesternal. Informe
imediatamente o seu médico caso ocorram reações adversas desagradáveis com o
uso do produto.

a) Função emotiva. b) Função conativa.


c) Função referencial. d) Função metalinguística.
e) Função poética.

Comentário
O texto tem com objetivo transmitir informações sobre o seu referente, a droga
em questão e o seu uso terapêutico. Trata-se, pois, de referente exterior à
linguagem e ao processo de comunicação.
Resposta: C

Exercício Explicativo 8
Sobre o texto transcrito no teste anterior, assinale a alternativa correta.
a) “Reações adversas” é a designação geral do conjunto dos efeitos produzidos pela
ingestão do medicamento.
b) Afirma-se que as pessoas que ingerem cloridrato de benzidamina irão sofrer de
“náusea e sensação de queimação retroesternal”.
c) O remédio é indicado para pessoas que sofrem de casos raros de “ansiedade,
insônia, agitação, convulsões”.
d) O trecho “drágeas e solução oral”, embora claramente compreensível, não está
sintaticamente relacionado com o resto da frase.
e) A última oração indica que o médico deve ser imediatamente alertado caso o
produto não seja agradável ao paciente.

Comentário
A deficiência poderia ser corrigida, por exemplo, se o trecho fosse redigido da
seguinte maneira: “em drágeas ou solução oral”.
Resposta: D

70
Letra de canção e quadrinos para as questões de 9 a 11.

SINAL FECHADO

– Olá! Como vai?


– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem!
(...)
– Me perdoe a pressa,
é a alma dos nossos negócios...
– Oh, não tem de quê,
eu também só ando a cem...
(...)
– Tanta coisa que eu tinha a dizer,
mas eu sumi na poeira das ruas...
– Eu também tenho algo a dizer,
mas me foge à lembrança...
– Por favor, telefone, eu preciso beber
alguma coisa rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir! Vai abrir!
– Prometo, não esqueço...
– Por favor, não esqueça...
– Não esqueço, não esqueço...
– Adeus...

(Paulinho da Viola)

(Juarez Machado)

Exercício Explicativo 9
No primeiro fragmento (3 primeiros versos) da canção de Paulinho da Viola acima
transcrita, a função da linguagem é

a) emotiva. b) conativa. c) referencial.


d) metalinguística. e) fática.

Comentário
Trata-se, não de verdadeiras perguntas e respostas, mas de formas
convencionais de iniciar uma conversa, estabelecer contacto, ou seja, “ligar” o
canal de comunicação entre os interlocutores. Quando as mensagens se
referem ao canal de comunicação, iniciando, testando ou encerrando o
contacto (“Alô”, “Está ouvindo?”, “Como vai?”, “Até logo”, “Tchau”), elas
são expressões da função fática da linguagem.
Resposta: E

71
Exercício Explicativo 10
(FUVEST) – No trecho da canção de Paulinho da Viola e nos quadrinhos de Juarez
Machado, representa-se um desencontro, cuja razão maior está
a) na eliminação dos desejos pessoais.
b) nas imposições do cotidiano moderno.
c) na falta de confiança no outro.
d) na expectativa romântica das pessoas.
e) no mecanismo egoísta das paixões.
Comentário
Tanto na canção quanto nos quadrinhos, a “razão maior” dos desencontros
representados é a desumanização que caracterizaria a vida cotidiana nas
sociedades dos nossos dias.
Resposta: B

Exercício Explicativo 11
(FUVEST) – O uso reiterado das reticências na letra da canção denota o propósito de
marcar, na escrita,
a) as interrupções que ocorreram na breve e apressada conversa.
b) a ausência de interesse das personagens em dialogar.
c) a supressão de falas que poderiam parecer agressivas.
d) a enumeração de acontecimentos que deram origem ao encontro.
e) as omissões de fatos relevantes que as personagens decidem ocultar.
Comentário
Uma das funções das reticências é a sugestão de lacunas, silêncios e inter-
rupções do discurso oral.
Resposta: A

Reconhecer a importância do patrimônio linguístico


para a preservação da memória e da identidade
nacional.

Narração
A imaginação é uma das mais altas prerrogativas do homem.
(Charles Darwin, naturalista inglês, 1809-1882.)

O ato de escrever é prazer, diversão. É a sensação de poder, de domínio. Criar


gente, fabricar fantasias, inventar cidades, dar vida e dar morte, criar um terremoto
ou furacão, fazer o que eu quiser. Escrever é um jogo, brincadeira. Conseguir segurar,

72
prender uma pessoa, mantê-la atrelada a si (é o leitor diante do livro: sua sensação
divina). (Ignácio de Loyola Brandão)

Condenados a uma existência que nunca está à altura de seus sonhos, os seres
humanos tiveram que inventar um subterfúgio para escapar de seu confinamento
dentro dos limites do possível: a ficção. Ela lhes permite viver mais e melhor, ser
outros sem deixar de ser o que já são, deslocar-se no espaço e no tempo sem sair de
seu lugar nem de sua hora e viver as mais ousadas aventuras do corpo, da mente e
das paixões, sem perder o juízo ou trair o coração.
A ficção é compensação e consolo pelas muitas limitações e frustrações que
fazem parte de todo destino individual e fonte perpétua de insatisfação, pois nada
mostra de forma tão clara o quão minguada e inconsistente é a vida real quanto
retornar a ela, depois de haver vivido, nem que seja de modo fugaz, a outra vida —
a fictícia, criada pela imaginação à medida de nossos desejos.
Diferentemente da ficção que se identifica como tal e cuja função em nossas vidas
é enriquecedora, ou pelo menos benigna, a outra, aquela que vive emboscada atrás
das suntuosas faces da religião ou da ciência, pode ser maligna, fonte de sofrimentos
e extravios para a espécie humana. (Mário Vargas Llosa, Folha de S. Paulo)

Exercício Explicativo 1

PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA

De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o


azul convida os meninos,
as nuvens desenrolam-se, lentas como quem vai
inventando
preguiçosamente uma história sem fim...
Sem fim é a aula: e nada acontece,
nada...Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa
Margarida, se ao menos um
avião entrasse por uma janela e saísse por outra!
(Mário Quintana, Poesias)

Na cena retratada no texto, o sentimento do tédio


a) provoca que os meninos fiquem contando histórias.
b) leva os alunos a simularem bocejos, em protesto contra a monotonia da aula.
c) acaba estimulando a fantasia, criando a expectativa de algum imprevisto mágico.
d) prevalece de modo absoluto, impedindo até mesmo a distração ou o exercício do
pensamento.
e) decorre da morosidade da aula, em contraste com o movimento acelerado das
nuvens e das moscas.

Comentário
A fantasia da menina, de que “um avião entrasse por uma janela e saísse por
outra”, corresponde à “expectativa de algum imprevisto mágico”, nos termos
da alternativa c.
Resposta: C

73
Narrar é contar uma história (real ou fictícia). A narração apresenta uma
sequência de ações envolvendo personagens em determinado espaço (ou espaços)
e tempo. Portanto, a matéria da narração são ocorrências, fatos, ações.
A narração pressupõe movimento (mudança de situação) e implica conflito que
envolve personagens, apresenta suspense (clímax), traz consequências e culmina no
desfecho (conclusão).
São exemplos de narrativas a novela, o romance, o conto, e também uma
crônica, uma notícia de jornal, uma piada, uma letra de música, uma história em
quadrinhos, desde que apresentem uma sucessão de acontecimentos.
O relato de um episódio, real ou fictício, implica interferência de todos ou de
alguns dos seguintes elementos (personagens e circunstâncias):

Para compor uma história são necessários alguns elementos básicos: enredo
(ação), personagens, tempo e espaço. Fazem parte da estrutura narrativa:

Personagem(ns) { definem-se pelas características e pelas ações

Enredo { ação, organização de fatos

Tempo { cronológico (tempo real)


psicológico (tempo mental)

Espaço { lugar (definido pela descrição ou apenas indicado)

{ {
de terceira pessoa narrador onisciente (tudo sabe,
(de fora da história) conhece a interioridade das personagens)
Foco narrativo
de primeira pessoa
{
narrador-personagem (conta o que
(de dentro da história) vê como personagem)

Discurso
{ direito (fala da personagem)
indireto (o narrador traduz a fala da personagem)
indireto livre (fusão da fala do narrador e da personagem)

Não há uma ordem convencional que regule a articulação entre esses elementos.
Pode-se iniciar uma narração descrevendo uma personagem, precisando local e data
do acontecimento (tempo), caracterizando o cenário em que se passa a ação (espaço)
ou ainda iniciando o relato do fato (enredo).

Exercício Explicativo 2
MIGUILIM

“De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de fora, o claro de roupa.
Minguilim saudou, pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era de
óculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo.
— Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?
— Miguilim, eu sou irmão do Dito.
— E o seu irmão Dito é o dono daqui?
— Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.
O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado, manteúdo, formoso como
nenhum outro.

74
Redizia:
— Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda…
— Mas que é que há, Miguilim?
Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso é que o encarava.
— Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo de vista? Vamos até lá. Quem
é que está em tua casa?
— É Mãe, e os meninos…
Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O outro, que
vinha com ele, era um camarada. O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim.
Depois perguntava a ele mesmo:
— Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está enxergando? E agora?”
(Guimarães Rosa, Manuelzão e Miguilim. 9.a ed, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984.)

Esta história, com narrador-observador em terceira pessoa, apresenta os


acontecimentos da perspectiva de Miguilim. O fato de o ponto de vista
do narrador ter Miguilim como referência, inclusive espacial, fica
explicitado em:
a) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto.”
b) “Ele era de óculos, corado, alto (…)”
c) “O homem esbarrava o avanço do cavalo, (…)”
d) “Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, (…)”
e) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos”
Comentário
A referência da locução adverbial “cá bem junto” é ao espaço próximo a
Miguilim. O narrador tem acesso ao mundo privado de Miguilim (“Miguilim
queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele”).
Resposta: A

Exercício Explicativo 3
Em uma conversa ou leitura de um texto, corre-se o risco de atribuir
um significado inadequado a um termo ou expressão, e isso pode levar
a certos resultados inesperados, como se vê nos quadrinhos abaixo.

(SOUZA, Maurício de. Chico Bento. Rio de Janeiro: Ed. Globo, n.º 335, Nov./99.)

Nessa historinha, o efeito humorístico origina-se de uma situação criada pela fala da
Rosinha no primeiro quadrinho, que é:
a) Faz uma pose bonita! b) Quer tirar um retrato?
c) Sua barriga está aparecendo! d) Olha o passarinho!
e) Cuidado com o flash!

75
Comentário
A fala que se omitiu no primeiro quadrinho é a expressão que os fotógrafos
converteram em lugar-comum, como apelo ao fotografado, visando a um melhor
enquadramento frente à câmara: “Olha o passarinho!”. (Trata-se de um rema-
nescente dos primeiros tempos da fotografia). A situação humarística decorre da
reação inesperada e inadequada de Chico, que deu ao termo “passarinho” outra
conotação, de uso popular, designativa da genitália masculina, e dirigiu seu olhar
para a sua, provocando a reação irritada de Rosinha. O último quadrinho deixa
claro que Chico continuou sem entender o apelo, justificando com uma ponta de
preconceito “machista” a reação da menina.
Resposta: D

Leia o texto a seguir.

Cabelos longos, brinco na orelha esquerda, físico de skatista. Na aparência, o estudante


brasiliense Rui Lopes Viana Filho, de 16 anos, não lembra em nada o estereótipo dos gênios.
Ele não usa pesados óculos de grau e está longe de ter um ar introspectivo. No final do mês
passado, Rui retornou de Taiwan, onde enfrentou 419 competidores de todo o mundo na
39.ª Olimpíada Internacional de Matemática. A reluzente medalha de ouro que ele trouxe na
bagagem está dependurada sobre a cama de seu quarto, atulhado de rascunhos dos
problemas matemáticos que aprendeu a decifrar nos últimos cinco anos.
Veja – Vencer uma olimpíada serve de passaporte para uma carreira profissional
meteórica?
Rui – Nada disso. Decidi me dedicar à Olimpíada porque sei que a concorrência por um
emprego é cada vez mais selvagem e cruel. Agora tenho algo a mais para oferecer. O
problema é que as coisas estão mudando muito rápido e não sei qual será minha profissão.
Além de ser muito novo para decidir sobre o meu futuro profissional, sei que esse conceito
de carreira mudou muito.
(Entrevista de Rui Lopes Viana Filho à Veja, 5/8/1998, n.31, pp. 9-10.)

Exercício Explicativo 4
Na pergunta, o repórter estabelece uma relação entre a entrada do
estudante no mercado de trabalho e a vitória na Olimpíada. O estu-
dante
a) concorda com a relação e afirma que o desempenho na Olimpíada é fundamental
para sua entrada no mercado.
b) discorda da relação e complementa que é fácil se fazer previsões sobre o mercado
de trabalho.
c) discorda da relação e afirma que seu futuro profissional independe de dedicação
aos estudos.
d) discorda da relação e afirma que seu desempenho só é relevante se escolher uma
profissão relacionada à matemática.
e) concorda em parte com a relação e complementa que é complexo fazer previsões
sobre o mercado de trabalho.

76
Comentário
Ao iniciar sua resposta com “Nada disso”, a primeira impressão que recebe o
leitor é de que o estudante esteja discordando totalmente da relação,
estabelecida na pergunta, entre a vitória na Olimpíada e seu ingresso no
mercado de trabalho. A continuação da resposta, porém, deixa claro que o
estudante não nega categoricamente essa relação; ele apenas a relativiza, em
razão da dificuldade de fazer previsões sobre o mercado de trabalho.
Resposta: E

Intertextualidade

A cultura, em seu sentido mais amplo, pode ser entendida como um “grande
texto”, formado de inúmeros outros, pertinentes a todas as áreas do saber e da
atividade humana – textos científicos, filosóficos, artísticos etc.
Esses textos se referem uns aos outros continuamente: uns retomam, repetem,
corrigem, desenvolvem, contestam ou confirmam os outros. Na litratura, essa
interrelação entre textos é essencial, pois se trata de um elemento constitutivo da
obra literária: toda obra literária mantém uma relação complexa com as obras
anteriores, que ela integra a si ou rejeita, mas às quais não pode ser indiferente.
A tal damos o nome de intertextualidade.
Assim, a intertextualidade nada mais é do que “o fenômeno de um texto
retomar outro, por meio de citações, alusões, inversões, paródicas ou não”.
Em textos científicos ou técnicos, a citação deve vir entre aspas, com a devida
indicação da fonte (autor e obra).
Num texto literário, porém, a apropriação de um texto alheio, sem indicação
de autor e obra, pressupõe uma cumplicidade com o leitor que compartilha do
mesmo universo cultural do autor. O diálogo que se estabelece entre as duas obras
constitui um jogo intertextual em que “o texto literário se sobrecarrega de sentido,
ao superpor ao contexto das palavras efetivamente utilizadas um outro contexto,
provindo de um outro discurso”.
(Os trechos entre aspas foram extraídos de Lírica e Lugar-Comum, de Francisco Achcar.)

As questões de números 5 a 8 baseiam-se em duas tirinhas de quadrinhos, de Mau-


rício de Sousa, e na “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias.

77
CANÇÃO DO EXÍLIO
(...)
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos)

Exercício Explicativo 5
A “Canção do exílio” é um dos textos mais citados e parodiados da Língua Portuguesa.
Os versos

Teus risonhos lindos campos têm mais flores,


Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida no teu seio mais amores.

que remetem, de modo flagrante, ao poema de Gonçalves Dias, ocorrem


a) na “Nova canção do exílio”, de Carlos Drummond de Andrade, publicada em A
rosa do povo.

78
b) na letra de “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque.
c) no poema “Canto de regresso à pátria”, do modernista Oswald de Andrade.
d) em “Ainda irei a Portugal”, de Cassiano Ricardo, um dos líderes da Semana de
Arte Moderna.
e) na letra do Hino Nacional Brasileiro, de Joaquim Osório Duque Estrada, oficializada
em 1922.

Comentário
Aqui, o que está sendo testado é o conhecimento da letra do Hino Nacional.
Trata-se de uma questão que, na terminologia hoje corrente, envolve um
aspecto intertextual do Hino.
Resposta: E

Exercício Explicativo 6
Observe com atenção a segunda tirinha, na qual também há referências à “Canção
do exílio”. Caso os balõezinhos dessa tirinha não estivessem com todas as falas dos
personagens escritas em letras maiúsculas, a palavra palmeiras, que aparece em uma
frase entre aspas, no segundo quadrinho, deveria ser escrita
a) com inicial maiúscula, por se tratar de um substantivo próprio, nome do famoso
time brasileiro de futebol.
b) com inicial minúscula, por se tratar de um substantivo comum, nome da planta
referida por Gonçalves Dias, na “Canção do exílio”.
c) com inicial maiúscula, por se tratar de um substantivo comum, nome da planta
referida por Gonçalves Dias.
d) com inicial minúscula, por se tratar de um substantivo com valor de adjetivo, a
designar um time brasileiro de futebol.
e) com inicial minúscula, por se tratar de um substantivo próprio, nome da planta
referida na “Canção do exílio”.

Comentário
No segundo quadrinho, a personagem, ao corrigir a outra, está citando o texto
da "Canção do Exílio", no qual a palavra palmeiras é um substantivo comum,
não o nome de um time de futebol. Todo o humor da tirinha se deve à confusão
entre o nome próprio e o comum.
Resposta: B

Exercício Explicativo 7
Nas histórias em quadrinhos, geralmente, os balõezinhos contêm os diálogos, falas e
monólogos interiores dos personagens. Entre os personagens de Maurício de Sousa,
destaca-se o garoto Cebolinha, conhecido por trocar o som do “r” pelo do “l”, como
fazem muitas crianças. No primeiro e terceiro quadrinhos da primeira tirinha, os
balõezinhos, colocados acima da cabeça de Cebolinha, encontram-se vazios.
Considerando o contexto, e, inclusive, o último quadrinho, pode-se interpretar que:
a) Cebolinha permaneceu calado, ou não exprimiu pensamentos, nos balõezinhos do
primeiro e terceiro quadrinhos. Isto indica sua falta de diálogo com o entediante
passarinho.

79
b) O personagem anuncia em voz baixa, no terceiro quadrinho, que irá declamar
uma poesia romântica. Realiza seu desejo, utilizando-se de um megafone, no
último quadrinho.
c) Cebolinha emitiu discursos diretos, no primeiro e terceiro quadrinhos. No entanto,
o que disse não pôde ser ouvido porque sua voz foi abafada pelas onomatopeias
que expressam o piado alto, insistente e perturbador do passarinho.
d) A expressão facial de Cebolinha, no primeiro quadrinho, indica que ele se
esqueceu do que iria dizer, no terceiro quadrinho.
e) Os balõezinhos encontram-se vazios porque Cebolinha emitiu frases impróprias,
ou não-publicáveis, no primeiro e terceiro quadrinhos. Por isso, sua voz não pode
ser ouvida.

Comentário
Por convenção, a linha contínua do desenho dos balões vazios, que conteriam
a fala inaudível de Cebolinha, indica tratar-se de discurso direto.
Resposta: C

Minha terra tem mais rosas


E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra.
(Oswald de Andrade, Canto de Regresso à Pátria.)

Exercício Explicativo 8
Ao compararmos essa estrofe do poema de Oswald de Andrade com a segunda
estrofe do poema de Gonçalves Dias é incorreto afirmar que apresentam uma
semelhança:
a) no ritmo, pois todos os versos seguem a mesma métrica.
b) no tema, que, ligado ao título, confirma uma pátria absolutamente superior, mas
inatingível.
c) na sintaxe, com exceção do segundo verso do fragmento B.
d) do emprego de pronome possessivo de primeira pessoa.
e) na ideia de comparação, trazida pela palavra mais.

Comentário
O tom satírico do poema de Oswald de Andrade já seria o suficiente para
descartar a concepção de “uma pátria absolutamente superior, mas
inatingível”. A afirmação aplica-se, apenas, ao poema de Gonçalves Dias. Deve-
se notar que, no trecho transcrito, a única indicação de que não se trata de
uma pátria idealizada está no verso 2: “E quase que mais amores”. A ideia
implícita, brincalhona, é que o país tem menos, ou no máximo tantos,
“amores” quanto outros países.
Resposta: B

80
Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pon-
tos linguagens e suas manifestações específicas.

21. Reconhecer em textos de diferentes gêneros, re-


cursos verbais e não-verbais utilizados com a fina-
lidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.

22. Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas,


assuntos e recursos linguísticos.

23. Inferir em um texto quais são os objetivos de seu


produtor e quem é seu público alvo, pela análise
dos procedimentos argumentativos utilizados.

24. Reconhecer no texto estratégias argumentativas


empregadas para o convencimento do público, tais
como a intimidação, sedução, comoção,
chantagem, entre outras.

Dissertação

Quando as pessoas não sabem falar ou escrever adequadamente sua língua, surgem
homens decididos a falar e escrever por elas e não para elas. (Wendel Johnson)

Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado assunto. É discutir essas


ideias, analisá-las e apresentar provas que convençam o leitor da validade do ponto
de vista de quem as defende.

A dissertação, por isso, pressupõe

• exame crítico do assunto sobre o qual se vai escrever;


• raciocínio lógico;
• clareza, coerência e objetividade na exposição.

Portanto, dissertar é analisar de maneira crítica situações diversas, questionando


a realidade e nossa posição diante dela.

81
Exercício Explicativo 1

Um jornalista publicou um texto do qual estão transcritos trechos do


primeiro e do último parágrafos:

“‘Mamãezinha, minhas mãozinhas vão crescer de novo?’ Jamais esquecerei a cena


que vi, na TV francesa, de uma menina da Costa do Marfim falando com a enfermeira que
trocava os curativos de seus dois cotos de braços. (...)”
....................................................................................
“Como manter a paz num planeta onde boa parte da humanidade não tem acesso às
necessidades básicas mais elementares? (...) Como reduzir o abismo entre o camponês
afegão, a criança faminta do Sudão, o Severino da cesta básica e o corretor de Wall Street?
Como explicar ao menino de Bagdá que morre por falta de remédios, bloqueados pelo
Ocidente, que o mal se abateu sobre Manhattan? Como dizer aos chechenos que o que
aconteceu nos Estados Unidos é um absurdo? Vejam Grozny, a capital da Chechênia,
arrasada pelos russos. Alguém se incomodou com os sofrimentos e as milhares de vítimas
civis, inocentes, desse massacre? Ou como explicar à menina da Costa do Marfim o sentido
da palavra ‘civilização’ quando ela descobrir que suas mãos não crescerão jamais?”

(UTZERI, Fritz. Jornal do Brasil, 17/09/2001.)

Apresentam-se, a seguir, algumas afirmações também retiradas do mesmo texto.


Aquela que explicita uma resposta do autor para as perguntas feitas no trecho citado é

a) “tristeza e indignação são grandes porque os atentados ocorreram em Nova


Iorque.”
b) “ao longo da história, o homem civilizado globalizou todas as suas mazelas.”
c) “a Europa nos explorou vergonhosamente.”
d) “o neoliberalismo institui o deus mercado que tudo resolve.”
e) “os negócios das indústrias de armas continuam de vento em popa.”

Comentário
O texto oferece uma visão dos problemas do planeta, como desigualdade social,
fome, guerras e outras mazelas, hoje globalizadas.

Resposta: B

82
LACERDA

É simples:
em primeiro lugar
é preciso levantar
a bandeira moralista:
mostrar que o Governo é corrupto,
composto de chantagistas,
de ladrões,
de rufiões,
cafetões e vigaristas,
de tubarões,
charlatães,
maganões
e descuidistas.
Isto é muito importante.
Com a bandeira moralista
ganha-se então por inteiro
a famosa classe-média,
que sonha ter em virtudes
o que lhe falta em dinheiro.
E como a virtude é rara
e difícil de provar,
torna-se fácil apontar
corrupção no governo.
Gatunagem,
malandragem,
ladroagem,
tratantagem

“Enquanto o povo brasileiro dorme,


os gatunos agem”.

in GOMES, Dias & GULLAR, Ferreira. Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968, p. 55-56

Exercício Explicativo 2
O texto apresenta a figura de linguagem denominada antítese, relação
de oposição de palavras ou ideias. Assinale a opção em que essa
oposição se faz claramente presente:
a) “torna-se fácil apontar / corrupção no governo”.
b) “que sonha ter em virtudes / o que lhe falta em dinheiro”.
c) “E como a virtude é rara / e difícil de provar”,
d) “e difícil de provar, / torna-se fácil apontar / corrupção no governo”.
e) “Enquanto o povo dorme, / os gatunos agem”.

83
Comentário
O único caso de antítese ocorre no trecho transcrito na alternativa d: “e difícil
de provar, / torna-se fácil apontar…”
Resposta: D

Exercício Explicativo 3

O fragmento transcrito faz parte de uma peça teatral; trata-se, pois, de


texto dramático; mas ele pode também ser classificado como:

a) narrativo; b) lírico; c) épico;


d) descritivo; e) argumentativo.

Comentário
O texto pode ser classificado como argumentativo, porque nele se desenvolvem
argumentos, ideias: a personagem Lacerda está explicando (explicação é típica
da dissertação) o que se pode fazer para tentar derrubar o governo. Ele não
apenas indica o que fazer, mas também justifica suas recomendações, ou seja,
argumenta em apoio delas.
Resposta: E

Texto para os exercícios explicativos de 4 a 6.

IGNORÂNCIA E RAÇA

Tenho desprezo por gente que se orgulha da própria raça. Nem tanto pelo orgulho,
sentimento menos nobre, porém inerente à natureza humana, mas pela estupidez. Que
mérito pessoal um pobre de espírito pode pleitear por haver nascido branco, negro ou
amarelo, de olhos azuis ou lilases?
Tradicionalmente, o conceito popular de raça está ligado a características externas do
corpo humano, como cor de pele, formato dos olhos e as curvas que o cabelo faz ou deixa
de fazer.(...)
Para o povo, raça é questão de cor de pele, tipo de cabelo e traços fisionômicos.
Nada mais primário.
(Drauzio Varella, Folha de S. Paulo, abril de 2006)

Exercício Explicativo 4
Considere as proposições sobre o texto:
I. O mérito pessoal associa-se indiscutivelmente a características externas do corpo
humano.
II. Aquele que defende a discriminação racial revela falta de discernimento.
III. A frase “nada mais primário” revela o posicionamento crítico do autor do texto,
que defende o conceito popular de raça.

84
Está correto o que se afirma em

a) todas as proposições.
b) apenas I.
c) apenas II.
d) apenas I e III.
e) apenas III.

Comentário
O autor argumenta contra o conceito popular de raça, que se baseia em
características externas do corpo humano, considerando-o fruto de ignorância.
Resposta: C

Exercício Explicativo 5
Conforme o texto, a noção popular de raça

a) não é passível de crítica.


b) é incontestável.
c) é simplória.
d) é incompreensível.
e) é irrevogável.

Comentário
A noção popular de raça não se baseia em reflexão mais aprofundada,
elaborada a partir de dados objetivos, científicos; por isso, o autor a considera
primária, o que equivale a simplória, ou seja, superficial, carente de aprofun-
damento e complexidade.
Resposta: C

Exercício Explicativo 6
Inerente significa

a) indispensável.
b) indissimulável.
c) inespecífico.
d) intrínseco.
e) inequívoco.

Comentário
Intrínseco é sinônimo de inerente, que o Dicionário Houaiss define como o “que
existe como um constitutivo ou uma característica essencial de alguém ou de
algo”.
Resposta: D

85
Exercício Explicativo 7

Só não se pode dizer que a charge sugere

a) o pouco respeito de alguns pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.


b) a desigualdade de direitos entre indivíduos e nações.
c) o desrespeito a um dos direitos básicos do homem: alimentação.
d) a morte que ronda a massa de famintos.
e) o empenho governamental em proteger a Declaração Universal dos Direitos
Humanos.

Comentário
As autoridades retratadas na charge, bem vestidas e nutridas, representam
aqueles que se omitem diante dos flagelos que abatem parte da humanidade e
que, portanto, desconsideram a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os
urubus que pairam sobre a massa de miseráveis sugerem que a morte é iminente
entre eles.

Resposta: E

86
Exercício Explicativo 8

As tiras ironizam uma célebre fábula e a conduta dos governantes.


Tendo como referência o estado atual dos países periféricos, pode-se
afirmar que nessas histórias está contida a seguinte ideia:

a) Crítica à precária situação dos trabalhadores ativos e aposentados.


b) Necessidade de atualização crítica de clássicos da literatura.
c) Menosprezo governamental com relação a questões ecologicamente corretas.
d) Exigência da inserção adequada da mulher no mercado de trabalho.
e) Aprofundamento do problema social do desemprego e do subemprego.

87
Comentário
Nada no quadrinho de Henfil indica que se trata de “crítica à precária situação
dos trabalhadores ativos”, nem há nela qualquer referência à fábula da Cigarra
e a Formiga. Trata-se de uma interpretação forçada e não-pertinente, que
desconsidera aspectos importantes da tira de Henfil, como é o caso do
“feminismo” oportunista do falante na tentativa de seduzir a interlocutora. A
alternativa “correta” contém, pois, uma interpretação arbitrária que a Banca Exa-
minadora quis impingir aos candidatos.
Resposta: A

Exercício Explicativo 9

(QUINO. Mafalda inédita. São Paulo: Martins Fontes, 1993)

Observando as falas das personagens, analise o emprego do pronome


SE e o sentido que adquire no contexto. No contexto da narrativa, é
correto afirmar que o pronome SE,

a) em I, indica reflexividade e equivale a “a si mesmas”.


b) em II, indica reciprocidade e equivale a “a si mesma”.
c) em III, indica reciprocidade e equivale a “umas às outras”.
d) em I e III, indica reciprocidade e equivale a “umas às outras”.
e) em II e III, indica reflexividade e equivale a “a si mesma” e “a si mesmas”,
respectivamente.

Comentário
O pronome se pode ser empregado como puramente reflexivo, como ocorre
nos quadrinhos II e III, ou como recíproco, como ocorre em I. Observe-se que,
no quadrinho I, o sentido do se é de “umas às outras”.

Resposta: E

88
As questões de números 10 e 11 referem-se ao poema abaixo.

BRASIL

O Zé Pereira chegou de caravela


E preguntou pro guarani da mata virgem
– Sois cristão?
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
– Sim pela graça de Deus
– Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
(Oswald de Andrade)

Exercício Explicativo 10
Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil,
mostrando-a como uma junção de elementos diferentes.
Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão
apresentada pelo texto é
a) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional,
quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.
b) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e
índios – pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.
c) moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do
Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.
d) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de
modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas.
e) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa,
resultando em anarquia e falta de seriedade.

Comentário
Segundo o poema de Oswald de Andrade, a mistura de portugueses, índios e
negros – que não se entenderam em diversas línguas (português, línguas indíge-
nas e línguas africanas) – teria resultado numa cultura híbrida e anárquica cujo
símbolo seria o Carnaval. Sem dúvida, trata-se de um texto ambíguo, em que a
formação do Brasil é celebrada com humor e ironia.
Resposta: A

89
Exercício Explicativo 11

A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta da


manifestação do
a) poeta e do colonizador apenas.
b) colonizador e do negro apenas.
c) negro e do índio apenas.
d) colonizador, do poeta e do negro apenas.
e) poeta, do colonizador, do índio e do negro.

Comentário
Além do emissor do poema (o poeta), que narra a historieta e estabelece sua
perspectiva, os outros actantes (= figuras que atuam) do texto são o Zé Pereira
(o português colonizador), o índio e o negro.
Ainda que as falas do índio e do negro reproduzam, em sua primeira parte, o
discurso colonizador (o índio fala como Gonçalves Dias e o negro, como um
católico), trata-se de falas de índio e negro colonizados, e não de falas do
colonizador, como a segunda parte do que diz cada um deles não nos permite
esquecer.
Resposta: E

Exercício Explicativo 12

Texto I

Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é muito mais! Ser brotinho é sorrir
bastante dos homens e rir interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível
ou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível.

CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS,


Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores
crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 91.

Texto II

Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é muito mais! É saber que todos os
amigos já morreram e os que teimam em viver são entrevados. É sorrir, interminavelmente,
não por necessidade interior, mas porque a boca não fecha ou a dentadura é maior que
a arcada.

FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS,


Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores
crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 225.

90
(INEP) – Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para definir as fases da
vida, entre eles,
a) expressões coloquiais com significados semelhantes.
b) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres humanos.
c) recursos específicos de textos escritos em linguagem formal.
d) termos denotativos que se realizam com sentido objetivo.
e) metalinguagem que explica com humor o sentido de palavras.

Comentário
Trata-se, em ambos os textos, de explicar, com ironia e humor, o sentido da
expressões “ser brotinho” e “ser gagá”.
Resposta: E

Exercício Explicativo 13

De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por Hagar e


seu filho Hamlet, pode-se afirmar que a postura de Hagar
a) valoriza a existência da diversidade social e de culturas, e as várias representações
e explicações desse universo.
b) desvaloriza a existência da diversidade social e as várias culturas, e determina uma
única explicação para esse universo.
c) valoriza a possibilidade de explicar as sociedades e as culturas a partir de várias
visões de mundo.
d) valoriza a pluralidade cultural e social ao aproximar a visão de mundo de
navegantes e não-navegantes.
e) desvaloriza a pluralidade cultural e social, ao considerar o mundo habitado apenas
pelos navegantes.
Comentário
A interpretação da tira (e não propriamente “história em quadrinhos”) somente
pode corresponder à alternativa b, que revela uma visão de mundo dualista (e
implicitamente maniqueísta), imposta de forma unilateral. Essa é, aliás, a visão
das ideologias racistas, imperialistas ou mesmo de cunho religioso exclusivista.
Todavia, houve uma impropriedade ao se considerar que o personagem Hagar
desvaloriza (no sentido de minimizar) a “diversidade social”, já que ocorre
exatamente o contrário: um reconhecimento (e enfatização) dessa diversidade,
como forma de afirmar a superioridade do grupo dominante.
Resposta: B

91
Exercício Explicativo 14
A tira ao lado apresenta um diálogo entre a personagem Mafalda e a amiga Susanita.
Este diálogo expressa uma dicotomia muito presente no cotidiano do homem
contemporâneo, que pode ser representada por meio da oposição:
a) ter x estar. b) ter x ser.
c) possuir x conquistar. d) ter x realizar.
e) conseguir x administrar.

Comentário
A alternativa que contrapõe “ter x ser” reflete, no caso, a oposição entre “ter
muitos vestidos” (bens materiais) e “ser culto, possuir cultura” (bem imaterial).
Resposta: B

Amor é fogo que arde sem se ver;


é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;


é solitário andar por entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;


é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor


nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

Exercício Explicativo 15
O poema tem, como característica, a figura de linguagem denominada
antítese, relação de oposição de palavras ou ideias. Assinale a opção
em que essa oposição se faz claramente presente.

a) “Amor é fogo que arde sem se ver.”


b) “É um contentamento descontente.”
c) “É servir a quem vence, o vencedor.”
(Quino)
d) “Mas como causar pode seu favor.”
e) “Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

92
Comentário
Em “contentamento descontente” as palavras são antônimas. Como elas se
opõem, referindo-se uma à outra, negando-se, temos um tipo especial de
antítese chamado oxímoro.
Resposta: B

Exercício Explicativo 16

O poema pode ser considerado como um texto:


a) argumentativo. b) narrativo. c) épico.
d) de propaganda. e) teatral.

Comentário
O texto, de fato, desenvolve ideias, argumentos, acerca do amor.
Resposta: A

O texto argumentativo sustenta-se com exemplos elucidativos, interpretação


analítica, evidências e juízos, sempre com visão crítica.

Exercício Explicativo 17
“Ele é feio, mas te leva lá”, afirmava, numa revista americana, em 1969, a frase
colocada logo abaixo de uma fotografia da nave espacial Apolo 11, semelhante a um
inseto, que tinha acabado de levar os primeiros homens à lua. No canto inferior da
página havia o logotipo da Volkswagen. Tratava-se de uma propaganda do “fusca”,
o velho modelo de automóvel da fábrica, então pouco aceito nos Estados Unidos por
ser considerado feio. Nessa mensagem, predomina a

a) função emotiva. b) função conativa.


c) função referencial. d) função metalinguística.
e) função fática.
Comentário
A mensagem publicitária é evidentemente destinada a influenciar o receptor, a
fazer que ele compre o produto anunciado.
Resposta: B

Exercício Explicativo 18

Não faças versos sobre acontecimentos.


Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático
Não aquece nem ilumina.

93
Nos versos anteriore, de Carlos Drummond de Andrade, além da função poética, que
é predominante, destaca-se a função

a) emotiva. b) conativa. c) referencial.


d) metalinguística. e) fática.

Comentário
Os imperativos são característicos da função conativa da linguagem.
Resposta: B

Competência de área 8 – Compreender e usar a


língua portuguesa como língua materna, geradora
de significação e integradora da organização do
mundo e da própria identidade.

25. Identificar, em textos de diferentes gêneros, as


marcas linguísticas que singularizam as variedades
linguísticas sociais, regionais e de registro.
26. Relacionar as variedades linguísticas a situações
específicas de uso social.
27. Reconhecer os usos da norma padrão da língua
portuguesa nas diferentes situações de comuni-
cação.

Níveis da linguagem

Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as neces-


sidades dos usos e costumes.
(...) A este respeito a influência do povo é decisiva.
(Machado de Assis)

A língua pertence a todos os membros de uma comunidade e é uma entidade


viva em constante mutação. Novas palavras são criadas ou assimiladas de outras
línguas, à medida que surgem novos hábitos, objetos e conhecimentos. Os
dicionários vão incorporando esses novos vocábulos (neologismos), quando
consagrados pelo uso. Atualmente, os veículos de comunicação audiovisual, es-

94
pecialmente os computadores e a Internet, têm sido fonte de incontáveis
neologismos – alguns necessários, porque não havia equivalentes em Português;
outros dispensáveis, porque duplicam palavras existentes. O único critério para sua
integração na língua é, porém, o seu emprego constante por um número consi-
derável de usuários.
De fato, quem determina as transformações linguísticas é o conjunto de
usuários, independentemente de quem sejam eles, estejam escrevendo ou falando,
uma vez que tanto a língua escrita quanto a oral apresentam variações
condicionadas por diversos fatores: regionais, sociais, intelectuais etc.

Linguagem regional

Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da língua


padrão, quanto às construções gramaticais, empregos de certas palavras e
expressões e do ponto de vista fonológico. Há, no Brasil, por exemplo, falares ou
dialetos amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.

95
Exercício Explicativo 1

SOUZA, Maurício de. [Chico Bento]. O Globo,


Rio de Janeiro, Segundo Caderno, 19 dez. 2008, p.7.

O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico habitante


da zona rural, comumente chamado de “roceiro” ou “caipira”. Consi-
derando a sua fala, essa tipicidade é confirmada primordialmente pela

a) transcrição da fala característica de áreas rurais.


b) redução do nome “José” para “Zé”, comum nas comunidades rurais.
c) emprego de elementos que caracterizam sua linguagem como coloquial.
d) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos meios urbanos.
e) utilização da palavra “coisa”, pouco frequente nas zonas mais urbanizadas.
Comentário
É evidente, na tirinha, que se procurou reproduzir o modo de falar típico do
dialeto caipira, ou seja, fez-se “a transcrição da fala característica de áreas rurais”.
Resposta: A

Exercício Explicativo 2

O problema enfrentado pelo migrante e o sentido da expressão


“sustança” expressos nos quadrinhos, podem ser, respectivamente,
relacionados a

a) rejeição / alimentos básicos.


b) discriminação / força de trabalho.
c) falta de compreensão / matérias-primas.
d) preconceito / vestuário.
e) legitimidade / sobrevivência.

96
Comentário
Ao ser expulso da “city” do proprietário, o trabalhador – identificado como
imigrante nordestino pelo chapéu e pela interjeição “apois” – está enfrentando
o problema da discriminação que o vitima num grande centro do sul do país,
como São Paulo. Ao retirar da “city” a sua “sustança” (outro elemento do
dialeto nordestino), o trabalhador está tomando de volta a sua força de
trabalho, que ergueu aqueles prédios que agora desabam, abraçados pelo
proprietário.
Resposta: B

Texto para as questões 3 e 4.

AULA DE PORTUGUÊS

A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,


em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a priminha.

O português são dois, o outro, mistério.

(DRUMMOND, Carlos de. Esquecer para lembrar.


Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.)

Exercício Explicativo 3

Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o


contraste entre marcas de variação de usos da linguagem em

a) situações formais e informais.


b) diferentes regiões do país.
c) escolas literárias distintas.
d) textos técnicos e poéticos.
e) diferentes épocas.

97
Comentário
O poema contrasta a linguagem do cotidiano (“A linguagem / na ponta da
língua”, “em que comia” etc.) com a linguagem literária ou, pelo menos, a
linguagem escrita de padrão culto (“A linguagem / na superfície estrelada de
letras”). Portanto, trata-se do contraste entre a linguagem empregada em
“situações formais e informais”.
Resposta: A

Exercício Explicativo 4

No poema, a referência à variedade padrão da língua está expressa no


seguinte trecho:

a) “A linguagem / na ponta da língua” (v. 1 e 2).


b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” (v. 5 e 6).
c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v. 14).
d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v. 15).
e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v. 17).

Comentário
A “superfície estrelada de letras” é uma referência metafórica à literatura (a arte
das belas letras).
Resposta: B

Exercício Explicativo 5

“Precisa-se nacionais sem nacionalismo, (...) movidos pelo presente mas estalando
naquele cio racial que só as tradições maduram! (...). Precisa-se gentes com bastante meiguice
no sentimento, bastante força na peitaria, bastante paciência no entusiasmo e sobretudo, oh!
sobretudo bastante vergonha na cara!
(...) Enfim: precisa-se brasileiros! Assim está escrito no anúncio vistoso de cores
desesperadas pintado sobre o corpo do nosso Brasil, camaradas.”

(Jornal A Noite, São Paulo, 18/12/1925 apud LOPES, Telê Porto Ancona.
Mário de Andrade: ramais e caminhos. São Paulo: Duas Cidades, 1972)

No trecho acima, Mário de Andrade dá forma a um dos itens do ideário modernista,


que é o de firmar a feição de uma língua mais autêntica, “brasileira”, ao expressar-se
numa variante de linguagem popular identificada pela (o):

a) escolha de palavras como cio, peitaria, vergonha.


b) emprego da pontuação.
c) repetição do adjetivo bastante.
d) concordância empregada em Assim está escrito.
e) escolha de construção do tipo precisa-se gentes.

98
Comentário
Em “precisa-se gentes”, Mário de Andrade, usando uma construção corrente
no Brasil, especialmente na língua coloquial popular, infringe uma norma da
gramática tradicional, fundada na tradição escrita e no uso coloquial português.
Segundo tal norma, sendo o verbo transitivo direto (uma das construções
possíveis de “precisar”), o pronome se funciona como apassivador. Assim, o
termo “gentes” seria o sujeito, com o qual o verbo deveria concordar:
“precisam-se gentes”. A mesma construção aparece no texto em “precisa-se
nacionais” e “precisa-se brasileiros”.
Resposta: E

Exercício Explicativo 6

UM TEMPO PARA PENSAR E UM TEMPO PARA CONCLUIR

Parece lógico: para tomar uma decisão certeira, é preciso pesar prós e contras e,
eventualmente, entender as motivações (mais ou menos ocultas) das escolhas possíveis.
Depois disso, a gente decide direito.
(...)
Tudo bem, admitamos que nem sempre o tempo para pensar e compreender seja útil
para concluir e agir. Mas alguém perguntará: sem tempo para pensar e compreender, como
e em nome de quais argumentos tomaríamos nossas decisões?
(...) O balanço é previsível: há situações em que a ausência de um tempo para pensar
leva ao desastre e outras em que, ao contrário, desastroso é o tempo para pensar. (...) As
decisões tomadas num piscar de olhos não são irracionais ou “inspiradas”, elas se servem de
informações complexas, que são recebidas e processadas sem que o sujeito se dê conta disso.
Em suma, existe um tempo para pensar que é longo, consciente e, sobretudo,
procrastinador. E existe um outro tipo de tempo para pensar, que é rápido, encoraja a ação
e não é consciente.
(...)
O diabo é que, frequentemente, quem quer encontrar argumentos que autorizem todas
as suas escolhas transforma a vida numa série de extenuantes reflexões preliminares.
Em resumo, parodiando Hamlet, o tempo para pensar nos torna, às vezes, um pouco
covardes.
(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo, 21/7/05)

Assinale a alternativa que apresente apenas termos ou expressões de registro


linguístico (culto, coloquial, gíria etc.) diferente do que se encontra no restante do
texto:

a) desastroso, a gente, “inspiradas”, procrastinador.


b) a gente, tudo bem, num piscar de olhos, o diabo é que.
c) certeira, sujeito, parodiando, tudo bem.
d) covardes, prós e contras, num piscar de olhos.
e) sujeito, em suma, o diabo é que, extenuantes.

99
Comentário
Na alternativa b, todas as expressões são coloquiais, diferentemente do que
predomina no texto.
Resposta: B

Texto para os exercícios explicativos de 7 a 9.

Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua
Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exempli-
ficar este fato, seu professor de Língua Portuguesa convida-o a ler o texto Aí, Galera,
de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca com situações de discurso oral
que fogem à expectativa do ouvinte.

AÍ, GALERA

Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar
um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não?
– Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
– Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no
recesso dos seus lares.
– Como é?
– Aí, galera.
– Quais são as instruções do técnico?
– Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia
otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico,
concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade,
valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela rever-
são inesperada do fluxo da ação.
– Ahn?
– É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
– Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
– Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível
e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
– Pode.
– Uma saudação para a minha progenitora.
– Como é?
– Alô, mamãe!
– Estou vendo que você é um, um...
– Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que
o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a
estereotipação?
– Estereoquê?
– Um chato?
– Isso.
(Correio Braziliense, 13/05/1998.)

100
Exercício Explicativo 7
A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser substituída, sem comprometimento
de sentido, em língua culta, formal, por:
a) pegá-los na mentira. b) pegá-los desprevenidos.
c) pegá-los em flagrante. d) pegá-los rapidamente.
e) pegá-los momentaneamente.

Comentário
A expressão popular “pegar alguém sem calça(s)” significa “pegar alguém
desprevenido”; o objeto direto “eles”, em português formal (isto é, conforme
à gramática normativa), deve ser substituído pela forma oblíqua do pronome:
“(l)os”.
Resposta: B

Exercício Explicativo 8
O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do público. São
elas:
a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a saudação final
dirigida à sua mãe.
b) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da entrevista, e um
jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado.
c) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da expressão
“progenitora”, por parte do jogador.
d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra “estereotipação”, e a
fala do jogador em “é pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”.
e) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador
entrevistado não corresponder ao estereótipo.

Comentário
A expectativa geral em relação a um jogador de futebol corresponde ao
estereótipo mencionado no final do texto: “um ser algo primitivo com
dificuldade de expressão”, ou seja, alguém que dispõe de repertório cultural
mínimo e se exprime de maneira tosca, elementar. O jogador representado no
texto contraria essa expectativa, ao exprimir-se num português castiço e rebus-
cado, com vocabulário e sintaxe que fogem completamente até mesmo aos
hábitos da linguagem oral mais educada.
Resposta: B

Exercício Explicativo 9
O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto.
Considerando as diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a opção que
representa também uma inadequação da linguagem usada ao contexto:
a) “o carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” – um pedestre que assistiu
ao acidente comenta com o outro que vai passando.

101
b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” – um jovem que fala para um amigo.
c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” – alguém
comenta em uma reunião de trabalho.
d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária
Executiva desta conceituada empresa” – alguém que escreve uma carta candida-
tando-se a um emprego.
e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco
de termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros” – um
professor universitário em um congresso internacional.

Comentário
No texto transcrito na alternativa e, o contexto de um congresso acadêmico
pediria o emprego de linguagem formal, correspondente ao padrão culto da
língua. No trecho apresentado, fogem a esse padrão tanto o uso de “a gente”
como pronome indefinido (uso típico da oralidade informal), quanto a
concordância por silepse desse pronome, que é singular e de 3.ª pessoa, com
a forma verbal “termos”, plural e de 1.ª pessoa.
Resposta: E

A linguagem culta ou padrão

É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta


com terminologia especial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes so-
ciais e caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada
na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências, ser-
mões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas
culturais etc.

102
Texto para os exercícios explicativos 10 e 11.

AULA DE PORTUGUÊS

A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,


e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,


em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a priminha.

O português são dois, o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar.


Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.

Exercício Explicativo 10
Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas
de variação de usos da linguagem em

a) situações formais e informais. b) diferentes regiões do país.


c) escolas literárias distintas. d) textos técnicos e poéticos.
e) diferentes épocas.

Comentário
O poema contrasta a linguagem do cotidiano (“A linguagem / na ponta da
língua”, “em que comia” etc.) com a linguagem literária ou, pelo menos, a
linguagem escrita de padrão culto (“A linguagem / na superfície estrelada de
letras”). Portanto, trata-se do contraste entre a linguagem empregada em
“situações formais e informais”.
Resposta: A

103
Exercício Explicativo 11
No poema, a referência à variedade padrão da língua está expressa no seguinte trecho:

a) “A linguagem / na ponta da língua” (v. 1 e 2).


b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” (v. 5 e 6).
c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v. 14).
d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v. 15).
e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v. 17).

Comentário
A “superfície estrelada de letras” é uma referência metafórica à literatura (a
arte das “belas letras”).
Resposta: B

A linguagem popular ou coloquial


É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre
rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem (solecismo – erros
de regência e concordância; barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão;
ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela
coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
está presente nas mais diversas situações: conversas familiares ou entre amigos,
anedotas, irradiação de esportes, programas de TV (sobretudo os de auditório),
novelas, expressão dos estados emocionais etc.

Exercício Explicativo 12

Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível, v. 2. L&PM pocket, p. 55-6 (com adaptações).

104
Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro informal, ou coloquial, da
linguagem.

a) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!”


b) E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus chifres cairão!”
c) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a atravessar a rua…”
d) “… e ela me deu um anel mágico que me levou a um tesouro”
e) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etiópia, onde um dragão…”

Comentário
Correspondem ao “registro informal, ou coloquial, da linguagem” a expressão
“tá legal” (por “está bem”) e o vocativo “espertinho”.
Resposta: A

Exercício Explicativo 13
Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:

“A terra é mui graciosa,


Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muito,
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui”.
MENDES, Murilo. Murilo Mendes – poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de


contraste, como ocorre em:

a) A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais


b) Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arca
c) A gente vai passear / Ficarei muito saudoso
d) De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro
e) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade

105
Comentário
Em “A terra é mui graciosa”, a forma apocopada do advérbio muito foi,
impropriamente, considerada como “arcaísmo”, embora seu uso seja até hoje
corrente, ainda que não frequente. Em “Tem macaco até demais”, tanto o
emprego de tem por há, quanto o da locução adverbial até demais,
correspondem ao registro coloquial da língua portuguesa do Brasil.
Resposta: A

O movimento de 1922 não nos deu – nem nos podia dar – uma ‘língua
brasileira’, ele incitou os nossos escritores a concederem primazia absoluta aos temas
essencialmente brasileiros [...] e a preferirem sempre palavras e construções vivas
do português do Brasil a outras, mortas e frias, armazenadas nos dicionários e nos
compêndios gramaticais. (Celso Cunha)

Nestes versos do poema “Evocação do Recife”, publicado no livro Libertinagem (1930),


Manuel Bandeira formula críticas e propostas que representam o pensamento estético
que se afirmava na época.

Exercício Explicativo 14

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros


Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam.

Com base na leitura dos versos, podemos afirmar corretamente que o poeta
a) embora reconheça que a linguagem popular brasileira é mais agradável, considera
um equívoco o aproveitamento literário desse registro linguístico.
b) ainda que considere a linguagem do dia-a-dia mais interessante, defende, com
restrições, o emprego da sintaxe lusíada.
c) emprega, nos versos transcritos, linguagem que corresponde às propostas
presentes no texto.
d) constata que apenas uma parcela da população tem conhecimento da norma
culta, mas não a aplica ao escrever.
e) observa que a língua portuguesa, na forma popular brasileira, é bem próxima,
sintaticamente, da variante dessa língua em Portugal.

Comentário
Uma das características do Modernismo é o aproveitamento literário da
linguagem do dia-a-dia. Os coloquialismos presentes no texto (macaquear, fala
gostoso, porção de coisas) indicam a coerência do estilo desses versos com a
proposta modernista de empregar a linguagem popular.
Resposta: C

106
Exercício Explicativo 15

VÍCIO NA FALA

Para dizerem milho dizem mio


Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

(Oswald de Andrade)

Sobre o texto, é incorreto dizer que


a) demonstra, através dos exemplos milho/ mio, melhor/ mió, pior/ pió, que a língua
popular, aparentemente caótica, obedece a um sistema.
b) registra um tipo de fala “caipira”, de acordo com uma das propostas da primeira
fase do Modernismo – a busca do que seria uma “língua brasileira”.
c) o título “Vício na fala” é irônico, pois pode ser entendido como uma alusão ao
purismo linguístico defendido pelos parnasianos, preocupados com a correção
gramatical.
d) a suposta inadequação da fala, considerada gramaticalmente errada, não impede
a eficácia da ação, já que as pessoas continuam “fazendo telhados”.
e) versa sobre a ineficiência dos primeiros colonos no Brasil, incapazes até de
comunicação.
Comentário
Não há nenhum elemento no texto que permita a afirmação da alternativa e.
Resposta: E

Exercício Explicativo 16

(Bill Watterson)
Assinale a alternativa incorreta.
a) Calvin incorpora em sua fala clichês hoje muito correntes, como “preparando
adequadamente para o século 21”, “competir efetivamente numa economia
global”, “eu quero oportunidades”.
b) A preposição em, presente em nela (“O que você tira da escola depende do que
você põe nela”), é desnecessária e torna a oração redundante, pois o verbo pôr,
como o verbo tirar, só pode se referir a escola.

107
c) Em “Nesse caso, meu jovem, eu sugiro que você comece a se esforçar mais”, meu
jovem tem a mesma função sintática de Calvin na oração: “você tem alguma
pergunta, Calvin?”.
d) Depreende-se do contexto que a professora, ao interrogar Calvin, esperava por
uma dúvida pertinente à matéria dada.
e) O humor da tira reside no fato de que o argumento de Calvin é contraditório em
relação ao seu comportamento, pois ele não está disposto a se esforçar para
conseguir o que deseja.
(Bill Watterson)

Comentário
Não há redundância, como afirma a alternativa b, porque os verbos tirar e pôr
regem preposições diferentes (tirar da escola, pôr na escola).
Resposta: B

Competência de área 9 – Entender os princípios, a


natureza, a função e o impacto das tecnologias da
comunicação e da informação na sua vida pessoal
e social, no desenvolvimento do conhecimento, as-
sociando-o aos conhecimentos científicos, às lin-
guagens que lhes dão suporte, às demais tecnolo-
gias, aos processos de produção e aos problemas
que se propõem solucionar.

Reconhecer a função e o impacto social das diferentes


tecnologias da comunicação e informação.

UNPLUGGED
Você entra em qualquer restaurante a quilo e, para não perder tempo
comendo, encontra tomadas por toda parte para, se quiser, ligar o notebook e
continuar trabalhando. Não será por falta delas que você deixará de participar
de uma conferência na hora do almoço com 20 outros executivos, cada qual
numa cidade ou, quiçá, país.
Mas, supondo que considere a hora do almoço sagrada e se recuse a
trabalhar e mastigar ao mesmo tempo, há sempre o recurso de ligar o iPod e
se isolar. Assim, alheio ao mundo exterior, você poderá engolir uma suave salada
de faufilhas com breufas e relaxar ouvindo as 948 melhores faixas do Metallica
estocadas no aparelhinho plugado à sua orelha.

108
Bem, não é preciso ser tão radical e cortar as pontes com o mundo. Afinal,
existe o celular. Com ele você pode gerar, reproduzir, manipular, receber,
transportar, corrigir, salvar, desenvolver, deletar, definir, ampliar, imprimir,
personalizar e enviar uma quantidade ilimitada de informações ou imagens
inúteis. Pode também fotografar sem querer o próprio tímpano. E pode ainda
telefonar para o escritório e se inteirar das últimas que aconteceram desde que
você saiu de lá há cinco minutos.
Some a isso os aparelhos de TV ligados neste e em outros restaurantes,
botequins, hospitais, academias, bancos, shoppings, elevadores, vans, táxis,
aeroportos e aviões. É um bombardeio de informação, pior do que qualquer
blitzkrieg [blitzkrrik]1 da Segunda Guerra. Nesta, ao menos, podia-se correr
para os abrigos.
Há uma nova meta pela qual lutar. Todo ser humano deveria ter direito a
xis minutos diários de exclusividade dos próprios sentidos, sem precisar plugá-
los a nenhuma geringonça do demônio ou deixá-los ser invadidos e
envenenados por imagens e sons que ninguém pediu para existirem.

(Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 5/5/07)

1 – blitzkrieg: ofensiva poderosa, realizada de surpresa por força aérea e de infantaria coordenadas;
guerra-relâmpago; operação de guerra rápida e intensa.

Exercício Explicativo 1
(FUVEST) – “Navegar é preciso, viver não é preciso.” Esta frase de antigos
navegadores portugueses, retomada por Fernando Pessoa, por Caetano Veloso e sabe-
se por quantos mais citadores ou reinventores, ganha sua última versão no âmbito da
Informática, em que o termo navegar adquire outro e preciso sentido.
Na nova acepção, em tempos de Internet, o lema parece mais afirmativo do que
nunca. Os olhos que hoje vagueiam pela tela iluminada do monitor já não precisam
nem de velas, nem de versos, nem de fados: da vida só querem o cantinho de um
quarto, de onde fazem o mundo flutuar em mares de virtualidades nunca dantes
navegados.

Considere as seguintes afirmações:


I. A significação das palavras constitui um processo dinâmico e supõe o
reconhecimento histórico de seu emprego.
II. As expressões “velas“, “fados” e “nunca dantes navegados” ligam-se ao contexto
primitivo do velho lema.
III. Desligando-se de suas raízes históricas, as palavras apresentam-se esvaziadas de
qualquer sentido.

Conforme se pode deduzir do texto, está correto o que se afirma:


a) apenas em I e II.
b) apenas em I e III.
c) apenas em II e III.
d) apenas em I.
e) em I, II e III.

109
Comentário
O texto é exemplo cabal do que se afirma em I, pois as referências a “velas”,
“versos” e “fados”, e especialmente a citação de Camões (“mares nunca
dantes navegados”), supõem, para o seu pleno entendimento, “o
reconhecimento histórico de seu emprego” – ou, melhor dizendo, o
reconhecimento dos sentidos com que foram empregadas em outros contextos
históricos.
Em II, o mesmo fato é reafirmado, pois é verdade que as palavras e a citação
em questão ligam-se ao contexto português dos Grandes Descobrimentos,
quando a frase “Navegar é preciso, viver não é preciso”, tomada de empréstimo
a Plutarco (Vidas Paralelas), serviu de lema para a Liga Hanseática.
A afirmação III não é aceitável, pois, mesmo sem suas referências históricas, as
palavras conservam seu sentido – o “sentido em estado de dicionário”.
Resposta: A

Exercício Explicativo 2
DEIXANDO A CIVILIZAÇÃO DE JOELHOS...

A tirinha sugere que

a) os hackers, assim como os bárbaros (hunos e godos), são considerados invasores.


b) os bárbaros (hunos e godos) e os hackers representam elementos de luta contra
os sistemas governamentais.
c) as tecnologias destrutivas eram controladas pelos bárbaros (hunos e godos), assim
como o são hoje pelos hackers.
d) a principal diferença entre os hackers e os bárbaros (hunos e godos) é a
compleição física.
e) os bárbaros (hunos e godos) eram os hackers de seu tempo, conforme dá a
entender a onomatopeia hack.

Comentário

Os povos bárbaros, que englobam os godos, os visigodos e os hunos, foram


povos invasores, assim como os hackers, que invadem sistemas computacionais
para destruí-los, alterá-los, roubar informações sigilosas ou desviar dinheiro.
Resposta: A

110
Exercício Explicativo 3
(Unifenas) – Testes realizados em diversas partes do mundo dizem que, em função
de sua atividade cerebral, os homens são superiores em áreas do conhecimento como
a matemática, a física e a tecnologia. Por combinar melhor tanto o lado da razão
quanto o da emoção, as mulheres têm, entre outras diferenças, uma memória mais
sensível, que registra detalhes em toda a sua riqueza. As mulheres têm melhor
capacidade de encontrar pequenos objetos, assim como são mais hábeis para trabalhos
manuais, tanto o tricô de antigamente, quanto a montagem de equipamentos
eletrônicos de hoje em dia em empresas que contratam apenas mulheres como
operárias – não somente porque elas ganham menos, mas principalmente porque são
comprovadamente mais competentes no serviço. O cérebro dos homens não estaria
suficientemente equipado para isso.
Conclui-se do texto que as diferenças de atitudes entre homens e mulher provêm

a) da maneira como o cérebro desempenha sua atividade, em cada um dos sexos.


b) dos costumes transmitidos por familiares, como os trabalhos manuais, para as
mulheres.
c) de um tratamento diferenciado que recebem no trabalho, até mesmo quanto a
salários.
d) dos valores que cada povo atribui a seus conhecimentos, especialmente os
socioculturais.
e) do desenvolvimento científico e de sua aplicação na atividade industrial.

Comentário
O texto propõe-se a demonstrar de modo bastante claro diferenças
“fisiológicas” entre homens e mulheres, não se referindo-se a nada que se
relacione a questões sociais, culturais ou econômicas, por exemplo.
Resposta: A

Exercício Explicativo 4

111
(Cásper Líbero) – Na história em quadrinhos anterior, a comunicação via Internet
sugere

a) dúvida sobre a idoneidade moral daqueles com quem nos relacionamos via e-
mail.
b) ofensa recíproca decorrente da interpretação enganosa das mensagens trocadas
pelo casal.
c) descrédito recíproco suscitado pela relação verdade-mentira.
d) julgamento expresso pela realidade virtual, a partir de valores transmitidos pela
família.
e) renovação dos modelos tecnológicos e estéticos na adolescência.
Comentário
A situação representada é comum nas comunicações virtuais.
Resposta: C

Identificar pela análise de suas linguagens, as tecno-


logias da comunicação e informação.

A “SKRITA” NA INTERNET

O internetês é conhecido como o português digitado na internet, caracterizado


por simplificações de palavras que levariam em consideração, principalmente, uma
suposta interferência da fala na escrita. O vocábulo aponta ainda para a prática de
escrita tomada como registro divergente da norma culta padrão.
Os avessos a essa prática de escrita consideram que os adeptos do internetês
são “assassinos da língua portuguesa”. Nesse contexto, perguntas como “Há um
processo de transformação da escrita com o uso da internet?” ou “Há degradação
da escrita com a introdução da internet na vida das pessoas?” são cada vez mais
frequentes.
É, pois, com base nesse critério de pureza projetada como ideal da escrita que
muitos indivíduos fazem a crítica ao internetês, tomando-o como “a não língua
portuguesa”. A imagem de degradação da escrita (e, por extensão, da língua) pelo
uso da tecnologia digital é resultado da ideia de que há uma modalidade de escrita
pura, associada seja à norma culta padrão, seja à gramática, seja à imagem de seu
uso por autores literários consagrados. Haveria, assim, um tipo de escrita sem
“interferências da fala”, que deveria ser seguido por todos, em quaisquer
circunstâncias.
As ideias correntes de pureza da escrita e de empobrecimento do português
podem ser encontradas em inúmeros materiais que circulam na sociedade,
incluídos comentários dos próprios usuários da internet. Na rede de
relacionamentos Orkut, há quase uma centena de comunidades com títulos como

112
Assim concebida, a escrita da/na internet é vista como empobrecimento do
idioma. Esse mesmo conceito é o que, muitas vezes, se atribui aos usos que fazem
os indivíduos não dotados da tecnologia da escrita alfabética, ditos analfabetos
ou não letrados.

(KOMESU, Fabiana C. A “skrita” na internet. Discutindo Língua Portuguesa


[especial]: ano 1, n. 1, pp. 56-7, 2008.)

Exercício Explicativo 1
(UFSC-2009 - Modificada) – Considerando o texto, assinale a(s) proposição(ões)
correta(s):
I. Do quarto parágrafo do texto, deduz-se que os críticos do internetês que fazem
parte da rede de relacionamentos Orkut acreditam que as práticas de escrita na
internet sejam semelhantes às formas primitivas de comunicação entre os seres
humanos.
II. Tanto a palavra destacada no título do texto quanto a frase-título destacada no
quarto parágrafo (linhas 21 e 22) podem exemplificar, adequadamente, a
definição de internetês presente no primeiro parágrafo.
III. Apesar de o texto abordar um tema polêmico, a autora não se posiciona
claramente em relação ao internetês, limitando-se a defini-lo e a expor algumas
críticas feitas bem como razões para tais posicionamentos.

a) apenas a alternativa I b) apenas a alternativa II


c) as alternativas II e III d) as alternativas I e III
e) todas as alternativas

Comentário
Vale salientar (1) que a língua portuguesa, como qualquer idioma, pode ser
entendida como um dos elementos “refletores” da sociedade que a tem como
língua materna e (2) que, conforme afirma Marshall McLuhan “as sociedades
sempre foram muito mais remodeladas pela natureza dos meios através dos
quais os homens se comunicam do que pelos próprios conteúdos da
comunicação”.
Resposta: E

Exercício Explicativo 2
Na frase “ ... Os adeptos do internetês são “assassinos da língua portuguesa”...”
ocorre um recurso de linguagem conhecido como:

a) Metáfora b) Comparação c) Prosopopéia


d) Onomatopéia e) Antonomásia
Comentário
A metáfora é uma comparação abreviada (sem como ou outra palavra de
sentido comparativo explícito), tal como a que aqui se estabelece entre a língua
e um organismo vivo.
Resposta: A

113
Texto para as questões 3 e 4.

Defendendo o passado-vivo no presente, já publiquei aqui uma análise do precursor


do Computador, o Livro, que muitos julgam extinto:

L.I.V.R.O. Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas. É um insuperável


conceito de tecnologia de informação.

L.I.V.R.O. Não tem fios nem baterias. Não é conectado a nada e facílimo de usar —
qualquer criança pode operá-lo. Basta abri-lo.

É formado por sequência de páginas numeradas, com milhares ou milhões de


informações. As páginas são unidas por sistema de lombadas, que as mantém
automaticamente em sequência correta. Dados inseridos nas duas faces da folha
duplicam a quantidade de dados e reduzem custos. Um simples movimento de
dedo permite o acesso instantâneo à proxima página. Nunca apresenta “erro geral
de digitação” nem precisa ser “reinicializado”. E a informação fica exatamente no
local em que você a deixou mesmo com o L.I.V.R.O. fechado. A compatibilidade
dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo
sem necessidade de configuração.
(Fernandes, M. Pré - e - pós maravilhas. Veja.
São Paulo: 9/4/2008. p. 29.)

Exercício Explicativo 3
(UEL-2009) – De acordo com o texto, assinale a alternativa que apresenta elementos
comuns ao livro e ao outro objeto ao qual ele é contraposto.
a) Informações, páginas, marcadores.
b) Bateria, páginas, dados.
c) Dados, reinicializado, configuração.
d) Digitação, lombadas, compatibilidade.
e) Lombadas, folha, marcadores.

Comentário
Todas as outras assertivas apresentam características que, segundo o texto, não
se referem ao L.I.V.R.O. e ao seu objeto opositor ao mesmo tempo.
Resposta: A

Exercício Explicativo 4
(UEL-2009) – Sobre o texto, considere as afirmativas a seguir.
I. O texto destaca a variedade de informações sobre os demais atributos
apresentados pelo acrônimo L.I.V.R.O.
II. O autor apresenta várias qualidades do livro, porém reconhece a sua inevitável
superação pelo computador.
III. Para valorizar o livro, o autor o contrapõe a atributos negativos do computador.
IV. O recurso ao acrônimo tem por finalidade apresentar um objeto já conhecido sob
uma nova perspectiva.

114
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Comentário
Erros: I. o autor do texto destaca outros atributos igualmente valiosos dos livros;
II. o autor, ao contrário, não admite a superação do livro.
Resposta: C

Relacionar as tecnologias de comunicação e informa-


ção ao desenvolvimento das sociedades e ao conhe-
cimento que elas produzem.

Distrações digitais emburrecem a juventude, afirma especialista.

Uma série de pesquisas realizadas nos últimos anos mostra que a ignorância dos
jovens americanos é epidêmica. Em levantamento de 2002, 52% dos jovens
escolheram Japão, Alemanha ou Itália como aliados dos Estados Unidos na Segunda
Guerra Mundial. Em uma pesquisa de 1998, só 41% sabiam apontar os três poderes
do governo (Executivo, Legislativo e Judiciário), enquanto 59% sabiam identificar
os Três Patetas pelo nome. Mais de 64% sabiam o nome do último vencedor do
American Idol, mas só 10% sabiam o nome da presidente da Câmara dos EUA. E
25% não sabiam que Dick Cheney é o vice-presidente do país.
Para Mark Bauerlein, professor da Universidade Emory, em Atlanta, e ex-diretor
de Pesquisa e Análise na Fundação Nacional para as Artes, são as “distrações
digitais” como mensagens instantâneas, sites de relacionamento como Orkut,
MySpace, Facebook e mensagens de texto pelo celular que estão emburrecendo a
juventude. Em seu livro The dumbest generation: How the digital age stupefies
young americans and jeopardizes our future (A mais burra das gerações: como a era
digital está emburrecendo jovens americanos e ameaçando nosso futuro), que acaba
de ser lançado e vem causando polêmica, Bauerlein argumenta que o excesso das
chamadas “distrações digitais” está por trás da crescente falta de cultura dos jovens.
“Os jovens de hoje são tão mentalmente competentes quanto os de 20 anos
atrás, e têm muito mais oportunidades de adquirir conhecimentos, mas eles estão
deixando de lado os hábitos intelectuais e se dedicando cada vez mais às
comunicações peer to peer (compartilhamento de arquivos online)”, disse Bauerlein
ao Estado. “Se você entra no quarto de um jovem de 15 anos vai encontrar o iPod,
TV, computador, videogame, e tudo isso vem antes do livro na escala de
prioridades.”

115
De acordo com o Panorama de Aplicação dos Estudantes, 55% dos alunos de
ensino médio estudam ou leem menos de uma hora por semana. Em contrapartida,
passam nove horas navegando em sites de relacionamento. Estudo de 2005 da
Kaiser Foundation mostra que, em um dia, em média, jovens de 8 a 18 anos
assistem à TV durante 3 horas e 4 minutos, passam 48 minutos navegando na
internet, 14 minutos lendo revistas, 23 minutos lendo livro, 49 minutos jogando
videogame, 32 minutos assistindo a DVD. “Eles tiraram toda sua concentração de
livros, revistas, jornais ou museus e transferiram para diversões virtuais.”
Mas será que todos esses instrumentos digitais não trazem conhecimento
também? “Se eles usassem a internet para entrar no site da Galeria Nacional de
Artes, seria maravilhoso; mas nove dos dez endereços de internet mais visitados
por jovens são de sites de relacionamento, segundo a Nielsen.”
O problema, alerta Bauerlein, não é a tecnologia, mas o uso que se faz dela.
“Os adolescentes de 15 anos só se importam com o que outros adolescentes
pensam. Isso sempre foi assim. Mas hoje a tecnologia permite que os adolescentes
estejam em contato entre eles, excluindo os adultos, 24 horas por dia. Os jovens
ficam em contato o dia inteiro, por meio do celular, páginas da internet, mensagens
instantâneas. A tecnologia ligou os jovens de uma forma tão intensa que os
relacionamentos com adultos estão diminuindo. Eles estão cada vez menos
maduros, prolongando a adolescência até os 30 anos.”
E como lidar com essa onipresença de distrações digitais? “Não se trata de
eliminar esses instrumentos da vida dos jovens, não se pode fazer isso; mas é preciso
chegar a um equilíbrio”, diz. “Os pais deveriam estabelecer um determinado
período, por exemplo, uma hora por dia, em que jovens e adultos precisam estar
totalmente desconectados de qualquer coisa, e se dedicam a ler.”
E nada de fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo — falar no celular e
mandar e-mail, ouvir música e navegar. Para ele, essa é uma das pragas modernas.
“Uma pessoa não consegue ler enquanto faz outra coisa.”
(Texto adaptado de Patrícia Campos Mello,
Estadão, 02/06/08, www.estadao.com.br)

Exercício Explicativo 1
(ESPM-2009) – É correto afirmar que o texto

a) critica a relação estabelecida entre a internet e os jovens brasileiros.


b) condena a implantação de sites como ferramenta cultural dos jovens.
c) desmitifica uma leitura preconceituosa sobre sites de relacionamento.
d) opõe-se ao atual uso de objetos e elementos digitais como forma de lazer.
e) comprova a tese de que Ipod e celular são deformadores de caráter.

Comentário
Erros: a) trata-se, no texto, de jovens norte-americanos, não brasileiros; b) o
texto não faz tal condenação; c) não há tal desmistificação; e) pode-se
considerar absurda, a ideia de que Ipod e celulares deformam o caráter, pois o
que o texto afirma é que eles apenas desviam a atenção de assuntos e questões
mais importantes.
Resposta: D

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Exercício Explicativo 2
(ESPM-2009) – O texto assinala várias características dos jovens que podem ser
consideradas sintomas de sua ignorância. Assinale a alternativa que apresente a única
característica não presente no texto:

a) Falta de conhecimento sobre a política contemporânea dos Estados Unidos.


b) Superficialidade dos relacionamentos reais entre jovens, substituídos pelos virtuais.
c) Substituição do tempo dedicado à leitura pelo tempo em sites de relacionamento.
d) Diminuição da concentração em uma atividade, prejudicada pelo uso de
eletrônicos.
e) Afastamento maior do mundo adulto, devido aos relacionamentos virtuais entre
os jovens.

Comentário

O texto não aborda questões relativas a relacionamentos interpessoais.


Resposta: B

Exercício Explicativo 3
(ESPM-2009) – O primeiro parágrafo do artigo apresenta números de uma pesquisa
que buscam causar impacto no leitor e mostrar o estado alarmante da ignorância dos
jovens americanos.
Tendo isso em mente, assinale a alternativa que melhor apresente o(s) problema(s)
levantado(s) pela pesquisa:

a) A falta de memória histórica dos jovens, pois enquanto 64% sabiam o nome do
último vencedor do American Idol, apenas 59% sabiam o nome dos Três Patetas.
b) A atenção maior dada pelos jovens a informações ligadas à mídia (59% sabiam
indicar os Três Patetas e mais de 64% o último vencedor do American Idol) que
aos fatos históricos (52% sabiam indicar os aliados dos EUA na Segunda Guerra).
c) O desconhecimento da maioria dos jovens em relação a questões relacionadas à
cidadania e à história dos Estados Unidos em detrimento do conhecimento da
maioria deles de informações ligadas à mídia.
d) O desprezo dos jovens em relação a questões ligadas à política, pois 90% deles
não sabem o nome do presidente da Câmara dos Estados Unidos, enquanto
apenas 25% sabiam que Dick Cheney é o vice-presidente do país.
e) A falta de conhecimento dos jovens americanos de fatos externos aos Estados
Unidos, pois apenas 48% dos jovens sabiam os reais aliados do Estados Unidos na
Segunda Guerra Mundial.

Comentário
A al ternativa c resume adequadamente o primeiro parágrafo do texto.
Resposta: C

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Exercício Explicativo 4
(ESPM-2009) – Observe os dois trechos destacados:
I. “Se eles usassem a internet para entrar no site da Galeria Nacional de Artes, seria
maravilhoso; mas nove dos dez endereços de internet mais visitados por jovens são
de sites de relacionamento, segundo a Nielsen.”
“O problema, alerta Bauerlein, não é a tecnologia, mas o uso que se faz dela.”
II. “Os pais deveriam estabelecer um determinado período, por exemplo, uma hora
por dia, em que jovens e adultos precisam estar totalmente desconectados de
qualquer coisa, e se dedicam a ler.”

É possível dizer que a relação entre eles, no texto, é de:

a) ambiguidade, pois há duas opiniões diferentes sobre a internet, ambas derivadas


de uma mesma pesquisa.
b) metáfora, já que a “internet” pode ter seu sentido estendido a diferentes
significados dos jovens.
c) soma, porque não se pode falar em cultura ou internet sem falar dos livros,
implicitamente o ponto de partida.
d) proporcionalidade, na medida em que os jovens se distanciam dos livros balizados
pela aproximação à internet.
e) complementaridade, uma vez que a internet não se opõe ao livro, mas é apenas
um suporte cultural diferente dele.

Comentário
Em nenhum momento o autor estabeleceu contraposições entre a internet e o
livro como se ela fosse um meio inviável para a aquisição de cultura.
Resposta: E

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