You are on page 1of 137

Ficha bibliográfica

Torres, Hector
Liderança, Ministério e Batalha / Hector Torres
135 p. ; 21cm
1. Vida cristã. 2. Liderança 3. Teologia I. Titulo.

Copyright © by Hector Torres


Primeira Edição - setembro de 2008
Diagramação e Capa: Eurípedes Mendes
Tradução: Rodrigo Paz da Costa
Revisão: Maria Rodrigues Kutenski
Supervisão Geral: M. Rodrigo Tapia P.
Impressão e Acabamento: Gráfica Sion
Editado por: Editora Tempos
Manuel Rodrigo Tapia Poblete / Edição Integrada a Impressão de livros
Rua David Carneiro 205, Ap 02, São Francisco
Curitiba-PR - Brasil - CEP 80530-070
Não se autoriza a reprodução deste livro, nem de
partes do mesmo sem permissão por escrito do autor.
Distribuição e Vendas
Editora Tempos
www.editoratempos.com.br
Fone/Fax: (41) 3015-2267 / E-mail: contato@editoratempos.com.br
HÉCTOR TORRES
Sumário
Capítulo 1 13
O PROPÓSITO DE DEUS PARA AS NOSSAS VIDAS
Deus tem um propósito para cada pessoa. Nós olharemos mais de perto a vida
de José, Moisés, Davi, Jesus e Paulo e veremos como o propósito de Deus
para eles tem se desdobrado.

Capítulo 2 21
O CHAMADO DE DEUS
Há um tempo na vida de cada cristão que Deus revela o seu chamado para
aquele indivíduo. Isto tem a ver com a vocação que Deus nos tem chamado e
preparado mesmo antes de nós termos nascido de novo.

Capítulo 3 27
O REQUISITO DE DEUS: FIDELIDADE
Há um tempo de preparação entre o nosso chamado para o ministério e o
momento atual quando nós somos chamados para exercer o ministério. Deus
testa nossa confiança nele, na sua Palavra e a autoridade espiritual à que nós
somos chamados a servir durante este momento.

Capítulo 4 35
SEPARADO PARA O MINISTÉRIO
A separação para o Ministério é conhecida como ordenação. Os anciãos a
quem nós temos servido ouvem de Deus como Ele os instrui para separar cada
cristão para a obra do ministério para a qual ele ou ela tem sido chamado ou
preparado.

Capítulo 5 43
O PREÇO DA LIDERANÇA
Como todo o chamado para o ministério, há um preço. As batalhas, os processos
e o sacrifício requeridos são parte integral do chamado. Solidão, perseguição,
crítica, rejeição e desgaste são todos parte do preço do serviço.

Capítulo 6
AS BATALHAS DE UM LÍDER 53
Há batalhas diárias para serem enfrentadas na vida pessoal de cada cristão.
Quanto maior o chamado, maiores e mais intensas as batalhas serão. Frustração
e desânimo podem facilmente nos assolar se perdermos a visão do chamado.
Jesus e Judas, Paulo e Alexandre, o latoeiro são exemplos.

5
Capítulo 7 59
JEZABEL E ABSALÃO
Poderes espirituais são liberados pelo nosso adversário para nos impedir, reter
e destruir o trabalho do ministério. Cada pastor ou líder irá eventualmente se
encontrar com essas forças das trevas enquanto exerce seu ministério.

Capítulo 8 65
A JUSTIÇA DE DEUS
A reação das pessoas em tempos de testes e adversidades refletem a maturidade
do cristão. Como nós respondemos em tempos de processo e dor irão
demonstrar a nossa confiança em nosso Advogado, nosso Intercessor e
Defensor. As Escrituras relatam que Deus irá cumprir Sua justiça em nós.

Capítulo 9 65
UM OBSTÁCULO PARA O EVANGELISMO
Legalismo na Igreja rebaixa a efetividade e o poder da graça de Deus. A falta de
entendimento correto da misericórdia e graça de Deus escraviza os seguidores
de Cristo a uma vida de escravidão contrária a Palavra de Deus. Religiosidade
e legalismo retardam o crescimento da igreja.

Capítulo 10 73
VISÃO: O REQUISITO PARA A LIDERANÇA
Todo o líder precisa ter visão para o trabalho que Deus confiou a ele ou ela.
Onde não há visão a igreja morre lenta e dolorosamente.

Capítulo 11 81
O CONSELHO DE DEUS
A Escritura dá um ensino específico para aqueles que pastoreiam o rebanho de Deus. Jetro,
Paulo e Pedro são muito claros como exemplos de vida e ministério de um visionário.

Capítulo 12 89
O QUE SIGNIFICA SER UM PASTOR?
A igreja contemporânea tem falta de entendimento bíblico sobre o ministério
pastoral. Isto tem se tornado um título ao invés de uma função. Atualmente, há
indivíduos que são chamados de pastores mas seu papel e ministério é o de
administrar e liderar nossas mega-igrejas.

Capítulo 13 101
AUTORIDADE NA IGREJA
A questão de um entendimento bíblico correto de governo é revisada. O fato
surpreendente é que não há critério ou forma correta de governo para a igreja.
Títulos funcionais têm se tornado jargões religiosos e têm perdido seu
significado, criando diversas estruturas de governo através de congregações e
denominações.

Capítulo 14 117
A DISCIPLINA DE DEUS
Toda a congregação deveria ter uma política escrita de como lidar com questões
de disciplina que seja bem entendida por todos os membros da igreja. Há uma
paternidade estabelecida pela Palavra de Deus para lidar com pecado, rebelião
e outras situações. Aqueles que estão em posição de autoridade precisam reforçar
estas políticas de uma maneira justa com o fim de evitar confusão.

Capítulo 15
CONCEITOS DE LIDERANÇA 123
Verdades essenciais precisam ser entendidas e praticadas para gerar uma boa
liderança. Motivação é o contrário de manipulação, irá levar a resultados
melhores. Cristãos procuram por traços e características naqueles que os lideram.
Um entendimento correto disto nos fará líderes mais eficientes.

Capítulos 16
A VIDA DE UM LÍDER 131
A vida e o caráter do líder afetarão diretamente o seu ministério. Neste capítulo,
vamos rever os 10 M’s do Ministério: ministério, matrimônio, moral, monetário,
maturidade, mensagem, maneira, motivação, método e moderação.

Capítulo 17
A RELAÇÃO ENTRE O PASTOR E A CONGREGAÇÃO 137
Nós examinamos como estabelecer uma relação saudável entre o pastor e a
congregação que ele pastoreia. Bem como o fruto do pastoreio, as
responsabilidades de cada congregação para com o pastor e do pastor para com
a congregação.

Capítulo 18
SOBRE A MUDANÇA QUE DEUS TRAZ 143
Deus tem estabelecido um processo contínuo de crescimento em tudo que Ele
criou. Crescimento produz mudanças e todas as mudanças produzem novos
desafios. Pessoas tendem a resistir à mudanças pelo medo do desconhecido,
entre outros motivos. Deus também trará mudança de direção na vida de líderes
e isso irá causar a necessidade de se mover adiante. Aqueles que têm um
relacionamento próximo com um líder deverão entender que é a mão de Deus
se movendo para uma vida de serviço.
Dedicatória

D edico este livro ao meu Pastor, Gary Kinneman, de quem


aprendi valiosas lições de liderança durante nossos quinze
anos de trabalho juntos, lado a lado, na obra do Senhor em
Palavra de Graça. Também aos irmãos Héctor e Clara Vicente, os
quais têm caminhado comigo através dos anos em tempos bons e em
tempos difíceis. Com eles aprendi o preço do sacrifício baseado na
fidelidade a Deus e a seus princípios. Aos meus companheiros na
obra, Robert e Maria Blayter, que têm sido parte da minha preparação
no Senhor.
Uma dedicatória especial ao meu exército de intercessores, que
estão levando sua intercessão continuamente ao Senhor, para que
Ele guie nossos passos e prepare nossos caminhos.
Dedico também esta obra à minha amada esposa. Sua paciência
e suas orações têm sustentado nosso casamento durante os tempos
difíceis na minha ausência para ministrar ao mundo.
10
Agradecimentos
ste livro tem sido possível pela ajuda, apoio e ofertas de meus

E irmãos em Cristo da Palavra da Graça (Word of Grace) em Mesa,


Arizona.
Decidi escrever este livro devido à grande necessidade de
capacitar a nova geração de homens e mulheres que Deus está
levantando no mundo Hispânico e a paixão que levo em meu coração
de ver a Igreja Evangélica na América Latina preparar-se para
capacitar e discipular a mais grandiosa colheita de almas em sua
história.
Estou em dívida com muitos homens e mulheres de Deus em
mais de vinte nações em nosso continente, os quais tem me aberto as
portas de suas preciosas congregações para compartilhar seus
púlpitos e ministrar a Palavra de Deus.
Estarei sempre em dívida com Gary Kinneman, C. Peter Wagner,
Cindy Jacobs, Héctor Pardo, Randy e Marcie MacMillan e Alberto
Mottesi por seus sábios e valiosos conselhos durante tantos anos de
amizade. Aos meus editores Juan e Danny Rojas e Orlando Rodríguez,
que têm sido um grande apoio para mim e têm dado valiosos
comentários, sugestões e ajuda no desenvolvimento de todos os meus
livros. Meu especial agradecimento a Sam Rodríguez por seu suporte
aos livros com o desenho de suas capas e muitas outras coisas que
trazido êxito nestas obras.
Finalmente, agradeço aos líderes daquelas nações que têm
recebido a visão de invadir suas Comunidades com a oração de
intercessão por suas cidades e nações.

11
C a p i t u l o 1

O propósito de Deus
para as nossas vidas
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito.” (Romanos 8:28)
“Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração,
conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus
pais e viu corrupção.” (Atos 13:36)

ocê tem notado quantos cristãos, que claramente tem

V talento e uma unção especial do Senhor, não são capazes


de ir adiante? Eles continuam tendo problemas econômicos,
de relacionamento e emocionais. Eles lutam com circunstâncias e
frustrações, tentando alcançar oportunidades sem sucesso. Eu tenho
passado por isso na minha vida, mas tenho que entender que a
minha vida está nas mãos do Senhor e eu devo confiar nos seus
planos e propósitos para mim que são de paz e não de mal, de
benção e não de maldição. Eu devo ter esperança de um futuro
melhor. Sua Palavra promete isto:

“Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor:
pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.”
(Jeremias 29:11)

Todos se perguntam por que estão vivos e por que vieram a este
mundo. A Bíblia indica que Deus tem um plano e um propósito para
cada pessoa. Há uma razão para todo cristão estar motivado a capturar
a visão de Deus para sua vida.

Seis exemplos da Bíblia


As histórias de vários personagens bíblicos nos mostram a mão de

13
Liderança, Ministério e Batalha

Deus em suas vidas. O Antigo e Novo Testamento estão cheios de exemplos


de pessoas que passaram por dificuldades, situações críticas, angústia,
quebrantamento mas tudo isso foi necessário para alcançar o propósito
que Deus tinha para suas vidas. O primeiro desses personagens é José.

José
Quando José, o filho de Jacó, tinha dezessete anos de idade,
Deus revelou através de dois sonhos o Seu propósito para ele. A
história da sua vida (Genesis 37-39) nos mostra como Deus completa
seu plano em nossas vidas. A mão de Deus, sua graça e favor estavam
com José apesar das dificuldades que ele enfrentava.
Depois de José receber os sonhos de Deus, ele contou aos seus
irmãos. Eles já o odiavam porque seu pai o amava mais do que a eles,
mas depois desta revelação eles o odiaram ainda mais. Depois disto,
eles planejaram em como acabar com ele, eles propuseram em seus
corações de matar a José. Contudo, José não tinha cumprido o último
propósito de Deus em sua geração. Então Deus interveio enviando o
irmão mais velho de José, Rúbem, para impedir que este plano maligno
acontecesse. Deus, que estava com José, permitiu que ele fosse
vendido para alguns mercadores ismaelitas, que o venderam no Egito
para Potifar, o capitão da guarda de Faraó e Deus o prosperou lá.
Quando José foi aprisionado injustamente (pela perspectiva
humana), a circunstância parecia ter piorado, mas a Bíblia nos conta:
“O Senhor, porém, era com José, e lhe foi benigno, e lhe deu mercê
perante o carcereiro;” (Gênesis 39:21).
Ainda na prisão, José encontrou dois funcionários de Faraó e
interpretou seus sonhos. Dois anos depois, Faraó teve um sonho no
qual Deus revelava os planos que ele tinha para o seu império. Foi aí
que o chefe dos copeiros se lembrou que José tinha interpretado seu
sonho enquanto ele ainda estava na prisão. Então ele falou ao Faraó
sobre o jovem que foi logo chamado para interpretar os sonhos.
Quando ele os interpretou, Faraó deu-lhe uma posição de autoridade
sobre toda a terra do Egito.
Os capítulos seguintes (Gênesis 42-46) revelam que apesar
dessas dificuldades que ele passou, Deus cumpriu o seu propósito
para José. Contudo, o inimigo fez todo o possível para impedir os
planos de Deus, mas a vida do seu servo estava em Suas mãos
desde o começo.
14
O propósito de Deus para as nossas vidas

Moisés
Deus tinha um plano e propósito para Moisés também. Na época
em que ele nasceu, Faraó ordenou que todos os israelitas recém-
nascidos do sexo masculino fossem assassinados. Contudo, Deus
preservou a vida de Moisés usando a filha de Faraó. Sem saber, ela
permitiu que a mãe da criança a criasse e ainda pagou para isso. Nós
vemos em cada estágio da vida de Moisés que Deus estava trabalhando
para guiá-lo ao momento em que ele tirasse o seu povo da escravidão
do Egito. Deus tinha um propósito para sua vida: Moisés deveria ser o
libertador do seu povo e ele era. Contudo, ele cometeu erros ao longo
do caminho (matou um egípcio e teve que sair do Egito) e parece que
ele desperdiçou sua vida (cuidando de ovelhas enquanto estava longe
do seu povo). O Senhor sabia o que estava fazendo e Moisés cumpriu o
propósito de Deus para sua geração. No fim da sua jornada, a Bíblia nos
conta: “Assim, morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe,
segundo a palavra do Senhor.” (Deuteronômio 34:5)

Davi
Deus tinha o propósito de fazer Davi rei de Israel. O Senhor
enviou o profeta Samuel para Belém porque Ele disse: “Eu me provi
de um rei.” (1 Samuel 16:1). E Samuel ungiu a Davi como rei de Israel
quando Deus disse a ele: “Levanta-te e unge-o, pois este é ele.” (1
Samuel 16:12). Mas a história de Davi revela que ele passou por grandes
dificuldades e circunstâncias difíceis antes de assumir aquela posição.
O rei Saul tentou matá-lo várias vezes. Davi era um herói, mas um
fugitivo. Ele teve que esperar muitos anos e teve que experimentar
momentos de medo e dúvida, mas Deus interveio de novo e mais
uma vez Ele cumpriu o propósito na vida de Davi para aquela geração.
Quanto a isto, a Bíblia declara “Porque, na verdade, tendo Davi servido
à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi
para junto de seus pais e viu corrupção.” (Atos 13:36).

Jesus Cristo
O propósito de Deus para a vida de Jesus era pagar o preço dos
nossos pecados na cruz e nos reconciliar com Ele mesmo através do
derramamento do precioso sangue de Jesus. Ele quis estabelecer o
Reino de Deus e entronizar seu filho Jesus como Rei dos reis e Senhor
dos senhores. Jesus é o exemplo máximo do cumprimento dos

15
Liderança, Ministério e Batalha

propósitos de Deus. Ele não só sabia seu propósito, mas ele obedeceu
perfeitamente.
Desde seu nascimento, Satanás tentou matar Jesus e impedir o
cumprimento do propósito de Deus para sua vida. Mateus nos conta
que o rei Herodes perseguiu as crianças para matá-lo, mas Deus
enviou um anjo para avisar José para levar a criança ao Egito enquanto
eles esperavam a morte de Herodes.
Anos depois, quando Jesus começou seu ministério, os demônios
tentaram desacreditá-lo (Marcos 1:23-26). Como isto não aconteceu,
os líderes religiosos começaram a observar tudo o que Jesus fazia
com o objetivo de acusá-lo (Marcos 3:2). Satanás até tentou usar Pedro
para impedi-lo de cumprir seu divino propósito (Marcos 8:32-33). Apesar
de toda a oposição, Jesus foi capaz de declarar da cruz: “Está
consumado!” (João 19:30), “Para este propósito eu vim.”

Paulo
O livro de Atos igualmente nos revela o propósito de Deus para a
vida de Paulo. Depois do seu encontro com Jesus no caminho de
Damasco, Paulo ficou cegou e foi enviado até a cidade para esperar.
Então o Senhor escolheu um discípulo dele para impor as mãos sobre
Paulo e lhe restaurar a visão. Deus chamou Ananias: “Mas o Senhor lhe
disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para
levar o meu nome perante gentios e reis, bem como perante os filhos
de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu
nome.” (Atos 9:15-16). Quando Ananias orou por Paulo, profetizou para
ele: “Então, ele disse: O Deus de nossos pais, de antemão, te escolheu
para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires uma voz da sua
própria boca, porque terás de ser sua testemunha diante de todos os
homens, das coisas que tens visto e ouvido.” (Atos 22:14-15).
O adversário tento matar Paulo de várias maneiras. As Escrituras
revelam que os judeus o açoitaram cinco vezes com trinta e nove
açoites, três vezes com paus, o apedrejaram e deixaram-no como
morto. Além, disso sofreu naufrágio três vezes em alto mar, foi picado
por uma serpente venenosa na ilha de Malta e sofreu vários outros
perigos. Mas o Senhor estava com ele, protegendo e cuidando dele,
porque Ele tinha um plano e um propósito para a vida do seu servo
nesta geração. No fim de sua vida ele pôde dizer:
“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.” (2 Timóteo 4:7).
16
O propósito de Deus para as nossas vidas

O propósito de Deus para a minha vida


No primeiro domingo de fevereiro de 1976, minha esposa e eu
aceitamos a Jesus como Salvador na Igreja do Caminho em Van Nuys,
Califórnia. Eu tinha acabado de fazer trinta anos. Assim como Paulo,
eu senti aquelas escamas serem removidas dos meus olhos. Assim
que deixei a igreja, senti um peso cair dos meus ombros. Eu vi cores e
luzes de uma forma muito brilhante. Meu novo homem espiritual estava
faminto e sedento pela Palavra de Deus. Contudo eu não podia
imaginar que o Senhor tinha um plano especial para mim.
Hoje eu examino o curso da minha vida eu vejo como o Senhor
me preservou e isto me dá certeza que Ele está me protegendo para
o cumprimento dos Seus propósitos em minha vida. Eu te darei vários
exemplos.
Aos sete anos, eu achei um bastão de dinamite que era usado
nos planos orientais da Colômbia para pescar comida para os obreiros.
Este pequeno objeto de alumínio com dinamite parecia um cigarro e
tinha um fósforo que acendia para explodir o conteúdo. Como criança,
eu desconhecia o que era aquilo ou o dano que poderia causar, então
eu o peguei em minhas mãos e cuidadosamente acendi o fósforo.
Para imitar os adultos que eu via fumando cigarros, coloquei na minha
boca o bastão e naquele mesmo instante eu acredito que Deus
interveio, pois meu primo mais velho apareceu e quando viu o objeto
em minhas mãos, começou a gritar muito alto: “Joga fora, joga fora!”.
Assim que eu joguei no ar, a dinamite explodiu em minha mão direita
numa fração de segundos, destruindo três das primeiras falanges dos
meus dedos. Eu carrego esta memória comigo e não vou esquecer
que Deus tem um plano e um propósito para minha vida.
Em junho de 1988, enquanto eu estava viajando numa região
remota das Ilhas Filipinas para uma cruzada evangelística, nós fomos
cercados por guerrilheiros comunistas do exército nacional do povo
que estavam armados com metralhadoras. Depois de um discurso
prolongado no seu dialeto com o nosso líder, o pastor filipino Marben
Lagmay, os guerrilheiros nos deixaram ir porque nós tínhamos trazido
uma mensagem de paz para a região.
Alguns anos atrás, eu estava viajando num ferry boat entre as
cidades de Leyte e Manila nas Filipinas quando os motores dos navios
foram danificados e ficamos à deriva por vários dias.
Nesta e em outras ocasiões eu vi a mão de Deus me livrar e me

17
Liderança, Ministério e Batalha

proteger. Eu sei que, aconteça o que acontecer, Ele está comigo para
tomar conta de mim porque Ele tem um plano e um propósito para
mim nesta geração. Como o Pastor Julio Ruibal de Cali, Colômbia
costumava dizer: “Eu sou imortal até o cumprimento dos propósitos
de Deus para minha vida.”

Da boca de duas ou três testemunhas


Em 1983, o Profeta Bill Hamon deu à minha esposa e eu uma
palavra profética como aquela de Ananias para Paulo. Revelava os
planos e propósitos de Deus para minha vida. Alguns meses depois,
Leland Davis, outro bem conhecido profeta de Deus, confirmou meu
chamado divino como um apóstolo-profeta de Deus às nações,
adicionando a ênfase do ministério de ensino e treinamento de líderes
para o corpo de Cristo.

Chamados e separações
Eu quero que examinemos juntos esta passagem bíblica:
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito.” (Romanos 8:28)
A palavra ‘propósito’ vem da palavra grega prothesis. De acordo
com a Bíblia Plenitude, sugere “um plano deliberado, uma preposição,
um plano antecipado, uma intenção e um desígnio [...] A maioria dos
outros significados apontam para os propósitos eternos de Deus
relacionados à salvação.”
Em outras palavras, saber que Deus tem um propósito para sua
vida é saber que há um plano antecipado e o que quer que aconteça,
Ele fará de tudo para que seja proveitoso. Através das dificuldades e
sofrimentos e na mais amarga desilusão e desentendimento, cristãos
devem saber que Deus trabalha em meio à situações para que o bom
propósito dele seja cumprido nos seus filhos.
Deus tem um propósito para cada um. Seu desejo é que nenhum
pereça mas que todos cheguem ao arrependimento. Ao mesmo tempo,
também é necessário que cada pessoa decida se irá segui-lo ou não.
Para cada vida individualmente, Deus apresenta uma oportunidade
de um encontro com Ele para que então cumpramos Seus propósitos.
Isto é o que a Bíblia descreve como chamado.
O apóstolo Paulo disse em Gálatas 1:15 que Deus o separou
18
O propósito de Deus para as nossas vidas

desde o ventre de sua mãe, mas o chamou pela sua graça quando
teve um encontro com Jesus Cristo no caminho para Damasco.
No caso de Jeremias, nós vemos a Escritura dizer:
“Olha que hoje te constituo sobre as nações e sobre os reinos,
para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares e também
para edificares e para plantares.” (Jeremias 1:10).
O profeta Isaías escreveu:
“Mas agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para
ser seu servo, para que torne a trazer Jacó e para reunir Israel a ele,
porque eu sou glorificado perante o Senhor, e o meu Deus é a minha
força.” (Isaías 49:5)
Eu recebi meu chamado em 31 de julho de 1983, um dia que eu
irei sempre me lembrar.
No primeiro versículo da Epístola de Paulo aos Romanos, o
apóstolo aponta dois momentos significantes na vida de um ministro
de Deus: seu chamado e sua separação. Se prosseguirmos em
compreender a diferença, através da vida de Paulo, seremos capazes
de entender a nossa própria situação. Romanos 1:1 diz assim:
“Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo,
separado para o evangelho de Deus” (Romanos 1:1).
Estes versos indicam que tanto o chamado como a separação
são dados pela graça de Deus. O período de tempo entre o processo
de saber qual é o seu chamado e o tempo da sua separação pode ser
chamado de ‘tempo de separação e preparação’. Durante este período,
o Senhor prova a sua fidelidade e a condição do seu coração e quando
Ele encontra fidelidade, começa o processo de te separar para o
trabalho que Ele tem preparado para você.

19
C a p i t u l o 2

O chamado de Deus
“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno
da vocação a que fostes chamados.” (Efésios 4:1)
“Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus
Cristo, nosso Senhor.” (1 Coríntios 1:9)

“Q
ual é o seu chamado?”, alguém poderia nos perguntar.
Vamos ver o que significa esta palavra tão comum no
meio cristão.
‘Chamado’ vem da palavra grega kaleo, que pode ser usada como
“mandar chamar ou convidar”. Também pode ser traduzida como
“destino” em alguns casos. Baseada em uma informação prévia, nós
podemos dizer que o chamado é um convite de acordo com a vontade
de Deus durante os nossos dias sobre a face da terra.
Todo cristão tem um chamado de Deus, “que nos salvou e nos
chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas
conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em
Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2 Timóteo 1:9). Mas isto
requer certas condições. Primeiro reconhecer o chamado; segundo
aceitá-lo no seu coração e mente; preparar-se para o seu
cumprimento; e quarto, esperar até que o Senhor o separe para
cumpri-lo. Trataremos destes pontos através do livro.
Cada chamado individual de Deus é diferente e irrevogável.
Deus nos escolheu e pré-determinou nossa vocação. O apóstolo Paulo
nos disse que fomos chamados na esperança do nosso chamado
(Efésios 4:4). A vocação significa uma profissão ou uma carreira. Há
vocações como a de um professor, um médico ou um advogado. Deus
também nos dá uma vocação no mundo espiritual. Para alguns, pode
ser um chamado para ser um apóstolo, para outros um profeta, um
evangelista, um pastor ou um mestre. Outros serão intercessores,
missionários, músicos, administradores, exortadores, ajudadores ou
contribuintes. Alguns são chamados para servir na vocação espiritual

21
Liderança, Ministério e Batalha

e outros para servir como homens de negócios, profissionais liberais,


políticos, jornalistas, atletas, etc. Em todos estes chamados, somos
embaixadores do Reino de Deus e ministros da reconciliação. Há uma
grande variedade de chamados e todos são dados de acordo com a
graça de Deus.
Qualquer que seja a vocação com que formos chamados, seja
área secular ou religiosa, nós teremos paz em nosso coração quando
estivermos na boa, perfeita, e agradável vontade de Deus. Quando
aceitamos o chamado de Deus, não iremos nos conformar somente
com aparências e iremos parar de tentar ser ou fazer algo contrário
ao chamado. Paulo nos fala: “E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
(Romanos 12:2).
Nós nunca seremos felizes ou satisfeitos, e muito menos bem
sucedidos, se nós tentarmos nos forçar para o ministério ou vocação
para a qual nós não fomos chamados. É muito importante entender
claramente que Deus tem um chamado e um tempo de separação
para cada cristão, mesmo aquele que não se submete à Sua vontade.
Eu vejo muitos cristãos frustrados e amargurados porque não se
submetem à vontade de Deus para as suas vidas. Eles não esperam
pelo tempo de preparação. Eles se lançam no ministério na sua própria
força, tentando forçar a Deus e então não vêem o fruto do seu trabalho.
Deus não abençoa o que é feito fora da Sua vontade e do Seu tempo.

O chamado para a liderança


Há momentos em que é difícil acreditar que Deus tem um
chamado para as nossas vidas. É algo que alguns de nós não
entendemos. Nós nos perguntamos: “Quem sou eu para o Senhor me
chamar?”, “Como Deus pode usar um vaso imperfeito e ignorante?”
Nós pensamos, nós trabalhos, nós fazemos e nós falamos (de
acordo com a nossa natureza carnal) as coisas necessárias para
preparar-nos para alcançar o propósito para as nossas vidas. Mas o
Senhor nos fala: “Porque os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o
Senhor” (Isaías 55:8). Ainda que não saibamos o que Deus nos tem
preparado, Ele interrompe nossos planos e nos diz como Ele disse
para Abraão: “Sai da tua terra,... e da casa de teu pai e vai para a terra
22
O chamado de Deus

que te mostrarei” (Gênesis 12:1-4). Ele promete que, se nós


obedecermos ao seu chamado, Ele nos abençoará, mas se formos
desobedientes, nós perderemos esta bênção.
O Senhor nos chama e nos diz: “Não me diga: ‘eu sou muito
jovem!’. Não me diga: ‘Eu não tenho educação teológica’. Não me
diga: ‘eu sou casado’. Não me diga: ‘Quem sou eu?’.” Ele nos prometeu:
“porque a todos a quem eu te enviar, irás.” (Jeremias 1:7).
Deus chama homens e mulheres cristãos para serem líderes.
Ele os prepara e confia algo a eles com o trabalho de treinar outros
para o ministério. Nosso coração deve ser puro e rendido ao Senhor
para sermos capazes de ouvi-lo. Além disso, quando nós estamos
ouvindo e obedecendo a Ele, nossa fé irá aumentar. Quando nós
desenvolvemos nossa fé, iremos aprender a ouvir a Sua voz e Ele irá
nos contar grandes coisas que deseja fazer através de nós.

O tempo de preparação
Desde a hora em que nos chama, Deus começa a nos preparar
para o momento em que Ele irá nos separar para o trabalho que nos
tem chamado. A quantidade de tempo de preparação depende de
nós, nossa obediência, fidelidade e compromisso. Quando Deus está
satisfeito com a nossa maturidade e desenvolvimento espiritual,
quando Ele nos afasta das coisas que nos impedem de servi-lo e de
nos rendermos a Ele, então Ele nos promove. É como o estudante
universitário que, depois de pagar o preço e estudar arduamente
para sua carreira, recebe a sua graduação e pratica a sua profissão
com o reconhecimento de seus professores e autoridades.
O período de preparação pode ser breve ou prolongado. Treze
anos se passaram, desde o chamado de José até a separação para
ocupar o posto de segunda autoridade no Egito. Moisés passou
quarenta anos servindo seu padrasto em Midiã antes da sua separação
como o único enviado por Deus para liderar o povo de Israel para fora
do Egito. Dezoito anos se passaram antes de Davi ascender ao trono
de Israel. Dezessete anos se passaram desde o tempo que Paulo
recebeu seu chamado até que ele fosse enviado para o ministério em
Antioquia.
Vamos ler o testemunho de Paulo:
“Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me
chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que

23
Liderança, Ministério e Batalha

eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e


sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de
mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para
Damasco. Decorrido três anos, então, subi a Jerusalém para avistar-
me com Cefas e permaneci com ele quinze dias; e não vi outro dos
apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor. Ora, acerca do que vos
escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. Depois, fui
para as regiões da Síria e da Cilícia. E não era conhecido de vista das
igrejas da Judéia, que estavam em Cristo. Ouviam somente dizer:
Aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora,
procurava destruir. E glorificavam a Deus a meu respeito. Catorze
anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando
também a Tito.” (Gálatas 1:15- 2:1).
Meu chamado veio em 31 de Julho de 1983. Daquele momento
em diante, eu comecei a preparar a mim mesmo para a hora em que
Deus iria me separar. Em 5 de Fevereiro de 1989 na cidade de Mesa no
Arizona, depois de orar e jejuar, o presbitério da igreja e vários profetas
e mestres convidados pela liderança da Palavra da Graça separaram-
me, impondo as mãos sobre mim para o trabalho a que o Senhor me
tinha chamado. Eles fizeram a mesma coisa para mim que os profetas
e mestres fizeram para Saulo e Barnabé.
Naquele tempo, as palavras proféticas que foram dadas para
minha esposa e eu foram difíceis de acreditar e de entender. Nós
viajaríamos frequentemente por todo o mundo e particularmente na
América Latina. Meu chamado Apostólico- Profético foi confirmado
pela boca de profetas.
Nosso papel na mobilização da Igreja Latino-Americana e outras
partes do mundo para intercessão e guerra espiritual foram
declarados por um presbitério profético. Nós fomos avisados pelo
Espírito Santo que o Senhor iria usar nosso ministério na área de
restauração do apostólico-profético e que nosso ministério seria
enviado aos confins da terra.
Quando nós olhamos para trás, depois de quinze anos de
ministério, somos capazes de ver que cada palavra que foi declarada
foi cumprida sem exceção. No capítulo 4 deste livro eu escrevo em
detalhes todas as palavras proféticas que nos foram dadas no dia em
que nós fomos separados para o trabalho que o Senhor tinha
preparado.
24
O chamado de Deus

Muitos cristãos reconhecem o chamado de Deus mas nunca


alcançam o momento da separação. Além do mais, há outras razões,
a primeira é que eles não demonstram fidelidade, que é o princípio
mais importante aos olhos de Deus para alcançar separação. Paulo
diz isto, “o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja
encontrado fiel.” (1 Coríntios 4:2).
No próximo capítulo, encontraremos o requisito absoluto de Deus
para nos separar para a obra do ministério.

25
C a p i t u l o 3

O pedido de Deus:
Fidelidade
“Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco
também é injusto no muito... Se não vos tornastes fiéis na aplicação do
alheio, quem vos dará o que é vosso?” (Lucas 16:10,12).
“Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor,
que me considerou fiel, designando-me para o ministério.” (1 Timóteo 1:12).

epois do esclarecimento de que todo o cristão tem um

D chamado de Deus em sua vida, nós também deveríamos


saber que há um tempo entre o chamado e a separação para
o ministério. A separação de Deus vem quando o Espírito Santo nos
prepara para o trabalho. Além do mais, é o Espírito Santo quem
intervém para que a liderança reconhecida, que Deus colocou como
autoridade sobre as nossas vidas, ouça Dele e confirme a hora através
da imposição de mãos.
Deus usa este tempo de preparação para que demonstremos
nossa fidelidade com o ministério de outros. Nós devemos servir
fielmente no trabalho dos outros. Assim como uma pessoa teve que
pagar o preço na cruz antes de ver a glória da ressurreição, é a
fidelidade no presente que nos colocará no ministério no futuro.
Somente quando Jesus nos encontrar fiéis, Ele nos separará e nos
ungirá com poder para o ministério que nos tem chamado. Aos olhos
de Deus, o fundamento não são os talentos ou as habilidades que
você tem, mas sua fidelidade. Seu caráter é muito mais importante
que suas habilidades. Capacidades assim como habilidades podem
ser aprendidas, mas o caráter demonstrado através da fidelidade
evidencia o fruto de Deus na vida do cristão. Quando o poder do
Espírito Santo é manifesto no nosso ministério, é a evidência ao mundo
do que Ele é capaz de fazer através de nós. O único pedido de Deus
faz é que estejamos disponíveis e obedientes a Ele. Quando o fruto do

27
Liderança, Ministério e Batalha

Espírito Santo é manifesto nas nossas vidas, todos conseguem ver o


que Ele tem feito em nós. Nosso nível de maturidade não é medido
pela manifestação do poder de Deus, mas pelas nossas reações em
momentos de crise e adversidade.
Um servo fiel é aquele que faz o que foi pedido para fazer apesar
de todo o preço ou sacrifício que ele tenha que pagar. Há muitas
pessoas que são multi-talentosas, mas muito poucos que são
verdadeiramente fiéis. Aqueles que são capazes e que têm talentos e
dons são quase sempre amantes deles mesmos e de seus dons. Paulo
diz que o conhecimento ensoberbece (1 Coríntios 8:1). Frequentemente
aqueles que são cheios de dons amam seu ministério, mas aqueles
que são fiéis amam seus mestres, pastores, líderes e o ministério a
que estão submetidos.
O Senhor está mais interessado na nossa maturidade do que no
nosso ministério. Ministério nunca produz maturidade, mas maturidade
sempre produz ministério. Deus é comprometido com aqueles que
são maduros. Aqueles que se lançam no ministério antes de pagar o
preço da preparação e demonstrar a sua fidelidade sempre causam
muito dano. Imaturidade destrói ministério, maturidade constrói
ministério.
Pessoas maduras estão prontas para abandonar seu chamado,
seu plano e sua agenda, quando os planos e tempos de Deus são
diferentes. Eles fazem isto porque confiam em Deus e na sua fidelidade,
sabendo que aquele que fez a promessa é fiel (Hebreus 11:11).
Pessoas maduras recebem muito bem críticas construtivas e
disciplina dos outros e também dos seus inimigos porque eles são
humildes e obedientes e desejam agradar a Deus em todas as coisas.
Em 2 Samuel 16:5-10, vemos que Simei amaldiçoou Davi e jogou pedras
nele. Então, Abisai quis cortar a cabeça de Davi, mas o Rei Davi o
impediu, dizendo que talvez o Senhor estivesse tentando falar com
ele através daquelas palavras ruins ditas por Simei.
Seja fiel ou Deus irá cancelar a benção!

Moisés
Quando nós fazemos coisas sem ordem ou fora do tempo, nós
anulamos a bênção do Senhor apesar do nosso chamado. Moisés
tinha um forte amor por seu povo e, vendo sua aflição e necessidade,
ele se lançou em cumprir o chamado que carregava em seu coração.
28
O pedido de Deus: Fidelidade

Ele matou um egípcio que maltratava um homem do seu próprio povo.


A sua hora para separação não tinha chegado ainda. A separação e a
unção do Senhor para libertar o povo de Israel do cativeiro não
estavam sobre ele ainda. O seu tempo de separação não tinha vindo
ainda. Por esta razão, seu próprio povo não tinha reconhecido seus
esforços. Por isso, Moisés teve que fugir e passar quarenta anos de
preparação debaixo da autoridade de seu sogro Jetro.
Moisés foi provado com respeito a sua maturidade. Jetro foi o
instrumento de Deus para prová-lo nas áreas de fidelidade e
maturidade. Todo o ministério requer responsabilidade que conduz à
maturidade. Toda a autoridade se submete a um consenso de
autoridade. Até Jesus Cristo se submeteu a autoridade do Pai celestial.
Além do mais, quando Deus o chama para separá-lo dizendo:
“Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os
filhos de Israel, do Egito.” (Êxodo 3:10), a primeira coisa que Moisés
fez foi ir ao seu sogro contar o que Deus lhe falou para fazer e pedir a
sua bênção:
Então Moisés foi e retornou para seu sogro Jetro, e disse a ele:
“Deixa-me ir, voltar para meus irmãos que estão no Egito para ver se
ainda vivem.” E Jetro disse para Moisés: “Vai-te em paz.” (Êxodo 4:18).
Uma vez que ele fez as coisas corretamente, o Senhor deu a
ordem de sair para cumprir seu chamado. “Disse também o Senhor a
Moisés, em Midiã: ‘Vai, torna ao Egito, porque são mortos todos os
que procuravam tirar-te a vida’.” (Êxodo 4:19).

Eliseu
Em 1 Reis 19:19, nós vemos o chamado de Eliseu para o ministério.
Quando o profeta Elias estava passando por onde Eliseu estava
lavrando, ele jogou seu manto sobre ele, isso significa que ele o
chamou para segui-lo e prepará-lo para receber o manto profético de
Deus. Por dez anos, Eliseu serviu Elias. Ele o amou como um pai e
amou seu ministério.
Em 2 Reis 2:1-15, observamos que quando chegou a hora da sua
separação para o ministério profético, Eliseu ficou perto de Elias
insistindo que não o deixaria. Quando Elias disse para seu servo: “Pede-
me o que queres que eu te faça,” ele notou que Eliseu não pediu pelo
seu próprio ministério, mas pelos seus direitos de filho primogênito, a
porção dobrada do ministério de Elias. “Peço-te que me toque por

29
Liderança, Ministério e Batalha

herança porção dobrada do teu espírito.” Quando Deus tomou Elias, o


choro de Eliseu foi: “Meu pai! Meu pai!...” Foi naquela hora que Eliseu
pegou o manto de Elias e começou seu ministério profético. Quando
alguns profetas de Jericó o viram disseram: “O espírito de Elias repousa
sobre Eliseu.”

Lúcifer
A Bíblia nos conta que Lúcifer se rebelou contra Deus. Seus planos
e ambições eram sobrepor-se ao Altíssimo. Ele se recusou a servir a
Deus fielmente e se levantou contra Deus, tomando um terço dos
anjos com ele.
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho alva! Como foste
lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração:
Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e
no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte;
subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.
Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo
do abismo.” (Isaías 14:12-15).
“Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o
dragão. Também, pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não
prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso
o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o
sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e com ele, os
seus anjos.” (Apocalipse 12:7-9).
Lúcifer pensou que ele fosse capaz de sobrepor-se a Deus. Ele
recusou a se submeter aos planos de Deus em sua vida. O resultado
é que hoje ele é o adversário de Deus ao invés de ser servo de Deus.

Pais e filhos
O relacionamento entre Jetro e Moisés, Elias e Eliseu e Paulo e
Timóteo foram como pais e filhos. A recompensa veio a eles depois de
servirem fielmente àqueles que tinham autoridade sobre eles. Um
relacionamento entre um líder e seu pastor ou seu apóstolo ou mestre
deveria ser como pai e filho ou como Pai e Filho.
Jesus disse aos seus discípulos que aquele que não é fiel naquilo
que é do outro, não poderá ter algo próprio. A pessoa infiel tenta
servir a ele mesmo e aos outros ao mesmo tempo. Isto não é possível.
Nós não podemos servir a dois senhores.
30
O pedido de Deus: Fidelidade

“Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará
o que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de
aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará
ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Lucas 16:12-13).
Provérbios 20:6 declara: “Muitos proclamam a sua própria
benignidade; mas o homem fidedigno, quem o achará?”. Provérbios
28:20 diz: “O homem fiel será cumulado de bênçãos”
Quando a hora da recompensa chega, o Senhor não dirá “Muito
bem, servo bom e capaz”, mas Ele dirá “Muito bem, servo bom e fiel”.
Quando uma pessoa faz o que ela quer fazer sem a bênção de
Deus, Ele anula a bênção do chamado. Se você é chamado por Deus,
você deve seguir o exemplo de Moisés depois do seu chamado.
Embora ele tivesse um encontro com Deus, no qual Ele o chamou, ele
foi até Jetro para pedir a sua bênção para cumprir o seu chamado
divino. Moisés demonstrou sua fidelidade ao seu sogro, para quem
ele estava trabalhando.
Fidelidade é manifesta pela lealdade em servir e cumprir nossas
obrigações e trabalhos para outros. Quando uma pessoa fiel comete
um ato infiel e se arrepende rapidamente, isto é um sinal de
maturidade. Uma pessoa fiel recebe disciplina, recebe perdão e ama
incondicionalmente.
Eu faço parte de um grupo de quarenta pessoas que fundou uma
igreja a qual eu freqüentei por quatorze anos. Durante esses anos, o
Senhor me chamou para servir como professor de escola bíblica
dominical, líder de adoração, pastor de jovens universitários, pastor
de jovens, membro do comitê de missões, ancião, pregador, pastor
dos hispânicos e outros cargos. Eu tentei ser fiel a Deus e aos líderes
da igreja em tudo que eu fui chamado para fazer. Agora consigo ver o
fruto do meu trabalho e da minha fidelidade. Para ser sincero, eu me
perguntei como Deus poderia me usar. Eu não tinha a educação
teológica que muitos dos meus contemporâneos tinham. A resposta é
clara: fidelidade traz recompensa para aqueles que esperam no Senhor.
Isaías 40:30-31 diz: “Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de
exaustos caem, mas os que esperam no Senhor renovam as suas
forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam,
caminham e não se fatigam.” O Senhor nos exorta: “E não nos
cansemos de fazer o bem, porque ao seu tempo ceifaremos, se não
desfalecermos.” (Gálatas 6:9).

31
Liderança, Ministério e Batalha

As recompensas da fidelidade
Deus escolheu Moisés por causa da sua fidelidade não das suas
habilidades. No livro de Números capítulo 12, nós achamos uma
situação em que Arão e Miriam tiveram um conflito com Moisés e
eles falaram contra ele. Deus ouviu o que eles falaram, quando
acreditavam que estavam falando no secreto, e prontamente os
chamou para prestar contas. Ele os chamou para a tenda da reunião
onde Ele aparecia para eles numa coluna de nuvem na porta do
tabernáculo e disse a eles: “Ouçam agora as minhas palavras, se há
um profeta no meio de vós eu, o Senhor, me faço saber a ele em visão;
Eu falo a ele em sonhos.” Tanto Arão como Miriam estavam servindo
no escritório do profeta e o Senhor estava confirmando o que Ele
tinha ouvido deles. Além do mais, Deus não os tinha chamado para
governar a nação de Israel, então Ele procedeu resolvendo o problema
da liderança deles dizendo: “Não é assim com o meu servo Moisés,
que é fiel em toda a minha casa. Eu falo com ele face a face, claramente
e não por enigmas e ele vê a aparência do Senhor. Por que, então, não
temeste falar contra meu servo, contra Moisés?”
Arão e Miriam cometeram uma das piores ofensas aos seus
olhos, que foi julgar o escolhido de Deus. O resultado foi uma severa
repreensão e a ira do Senhor se acendeu contra eles. Miriam ficou
leprosa e foi publicamente expulsa do acampamento por sete dias.
Arão, vendo o que aconteceu com sua irmã, imediatamente clamou a
Moisés, reconhecendo seu pecado e clamando por misericórdia.
Bob Yandian, em seu livro “Chamado e Separação” diz:
“Pessoas altamente qualificadas são quase sempre ciumentas
daquelas que são bem sucedidas por causa da fidelidade. Além do
mais, muitos do Salmos de Davi falam sobre os tipos de pessoas que
eram invejosas da posição de Davi e do favor de Deus. Ele lutou
contra isto com seus irmãos, com o rei Saul, com os membros da corte
dele e até com seus próprios filhos. Davi, que era um simples pastor,
foi promovido por Deus. Ele cometeu muitos erros como rei, ele caiu
em grandes pecados, mas sempre se arrependia e escalava em direção
ao topo de novo.”
Moisés assim como Davi tinham algumas coisas que os levavam
ao triunfo: sua fidelidade e seu espírito ensinável. Quando eles eram
confrontados com seus erros, eles eram rápidos para examinar a si
mesmos e reconhecê-los. A Bíblia diz:
32
O pedido de Deus: Fidelidade

“Certamente, ele escarnece dos escarnecedores, mas dá graça


aos humildes. Os sábios herdaram honra, mas os loucos tomam sobre
si ignomínia.” (Provérbios 3:34-35).
Ninguém começa a sua carreira profissional lá do topo. Da mesma
forma, a fidelidade na igreja é demonstrada através do nosso serviço a
outros. Provérbios 28:20 diz: “O homem fiel será cumulado de bênçãos,
mas o que se apressa a enriquecer não passará sem castigo.”

Uma lição pessoal


Muitos anos atrás em uma igreja que eu estava pastoreando em
Mesa, Arizona, eu fui capaz de aprender muitas coisas. Algumas foram
muito dolorosas por causa da minha falha em reconhecer este
conceito. Como muitos pastores, nós focamos a nossa atenção nas
habilidades e nos talentos ao invés do caráter e fidelidade.
Quando um pastor procura por alguém para servir em alguma
área em necessidade, que características a Palavra de Deus nos instrui
a procurar? Paulo ordenou a Timóteo a procurar por pessoas fiéis,
não capacitadas, mas pessoas fiéis.
“E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas,
isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir
a outros.” (2 Timóteo 2:2).
Timóteo provavelmente pensou como eu: “Céus, pessoas fiéis
são quase sempre aquelas que não têm muito talento ou habilidades
perceptíveis”. Elas são sempre aquelas que estão sorrindo e
carregando sua Bíblia. Elas são as primeiras a chegar à igreja e as
últimas a sair. Elas estão sempre fazendo perguntas. Elas estão sempre
prontas para fazer tudo que você precise que elas façam.
O Senhor me ordenou que eu parasse de liderar o louvor e a
adoração na igreja em que eu pastoreava para me concentrar no
estudo da Palavra de Deus e da oração. Por vários meses, eu procurei
por uma pessoa que pudesse fazê-lo de acordo com o meu padrão. Eu
não encontrei ninguém na igreja com talento suficiente para liderar
este importante ministério. Eu estava procurando alguém com uma
voz angelical e forte, um alto nível de discernimento espiritual, uma
unção profética e um dom administrativo que poderia tomar conta de
todos os aspectos deste ministério.
Depois de vários anos de pesquisa infrutífera, eu estava
pensando em retomar o ministério de novo. Como eu estava orando

33
Liderança, Ministério e Batalha

e buscando a vontade de Deus, Ele me disse: “Você levou em conta a


minha serva Tina para liderar o ministério de adoração?” Tina? O
nome dela nunca tinha entrado em minha mente. Ela canta fora de
tom e ela não fala espanhol muito bem e às vezes ela profetizava em
inglês. Certamente o Senhor estava brincando. Ela era a antítese da
pessoa pela qual eu estava procurando.
O Senhor me lembrou que o administrador pelo qual eu estava
procurando necessitava de algo especial: fidelidade. Tina era a pessoa
mais fiel da congregação. Desde que começou, ela nunca faltou um
ensaio de adoração. Ela era sempre a primeira a chegar e a última a
sair. Ela guardava os microfones, os instrumentos, os cabos. Em
resumo: ela fazia tudo. Naquele momento, o Senhor me disse algo
que eu nunca vou esquecer. Eu estava procurando por talento, mas
Deus estava procurando por fidelidade. Ele me mostrou a minha
própria fidelidade antes de receber a responsabilidade do pastorado.
Basta dizer que Tina se preparou. Ela começou a fazer aulas de canto
e de computação e começou a ler livros de liderança. Ela se tornou
uma tremenda líder do ministério de louvor e adoração.
No próximo capítulo, vamos ver como Deus fala com aqueles
com autoridade sobre você quando é tempo de você ser separado
para o ministério que Ele te chamou.

34
C a p i t u l o 4

Separado para
o Ministério
“Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por
sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca,
e Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo:
Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado.”
(Atos 13:1-2).
“Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado
para o evangelho de Deus,” (Romanos 1:1).

A
separação para o ministério é o momento quando Deus
reconhece publicamente o chamado do indivíduo,
derramando sobre ele a unção para levar a cabo Seu
propósito. É oficializar seu chamado ante o Corpo de Cristo. Além
disso, estabelece a grande responsabilidade de falar da Palavra de
Deus e exercer autoridade.
O momento da separação para o ministério é o que nós
chamamos de ‘ordenação’. Este termo é derivado de dois termos:
mandato e ordem. É um mandato de Deus e estabelece uma ordem
de autoridade. Ordenação faz parte do governo eclesiástico
estabelecido por Deus. Só Deus ordena, apesar dEle usar instrumentos
humanos para fazê-lo. Há muitos exemplos na Bíblia deste momento
de ordenação.
Por exemplo, em 1 Crônicas 9:22-33, Davi e Samuel escolhem 212
pessoas e os ordenam para servir no ofício de levita, cada um realiza
diferentes tarefas de acordo com o chamado.
Jesus Cristo também viu a necessidade de confirmar um grupo de
homens que demonstrariam sua fidelidade. Ele os ordenou ao ministério
para pregar a Palavra, expulsar demônios e curar os doentes. Com esta
ordenação, Ele lhes delegou “o poder ou o direito de agir, habilidade,
privilégio, capacidade,” para ministrar às necessidades do povo.

35
Liderança, Ministério e Batalha

“Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram


para junto dele. Então, designou doze para estarem com ele e para enviá-
los a pregar e a exercer autoridade de expelir demônios.” (Marcos 3:13-15).
É interessante notar que Jesus chamou aqueles que ele quis,
não aqueles que queriam ser chamados.
Outro exemplo é achado em Atos 13:1-4. Lá nós vemos como o
Espírito Santo revelou a ordenação de Paulo e Barnabé:
“E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo:
Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho
chamado.” (Atos 13:2).
Então os outros líderes na igreja de Antioquia os separaram para o
ministério, impondo as mãos sobre eles. Depois disso, eles os mandaram
como missionários. Algum tempo depois, Paulo e Barnabé seguiram o
mesmo exemplo e viajaram de cidade em cidade confirmando os
discípulos e ordenando os anciãos nas igrejas. (Atos 14:22-23).
Na sua carta para Tito, Paulo o recomenda a ordenar líderes em
cada cidade, devido à grande necessidade de ministrar a uma igreja
em avivamento. “Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses
em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísse
presbíteros, conforme te prescrevi” (Tito 1:5).
Separação é algo que regula o curso da vida cristã. Quando
Timóteo começou a ter dúvidas a respeito do seu ministério, Paulo o
exortou a não desprezar o dom que havia nele que tinha sido dado por
imposição de mãos com profecia pelo presbitério (1 Timóteo 4:14). A
Bíblia Plenitude comenta que: “a referência alude à ocasião em que os
anciãos de Icônio e Listra impuseram as mãos em Timóteo e
profetizaram sobre os dons e propósitos de Deus em sua vida. A
imposição de mãos com profecia é uma das maneiras que o Espírito
Santo usa para revelar sua vontade e propósitos para seus servos.
Paulo incita Timóteo a exercitar seu dom.” Esta foi a vontade e
propósito de Deus para a vida de Timóteo, que foi estabelecida no
tempo da separação.

Minha separação para o Ministério


“O Senhor me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a sobre
tábuas, para que a possa ler até quem passar correndo. Porque a
visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se
apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque,
36
Separado para o Ministério

certamente, virá, não tardará.” (Habacuque 2:2-3).


Em 5 de Fevereiro de 1989, na igreja Palavra da Graça na cidade
de Mesa, Arizona, a liderança da igreja convocou um presbitério de
pastores, mestres e profetas da cidade e de nível internacional. O
presbitério foi formado pelas seguintes pessoas: Gary Kinneman, Dick
Mills, Hal Sacks, Mark Buckley, Ron Woodworth, Leonard Griffin, Al
Ells e Robert Blayter. Cada um destes ministros deu palavras proféticas
do Senhor, entre elas são as seguintes:

Dr. Gary Kinneman


“Você tem esperado por este momento durante muitos anos. Eu
vejo um paralelo com a vida de Jesus, trinta anos de preparação, serviço,
crescimento diante de Deus e dos homens. Então a unção do Senhor
desceu sobre o Senhor Jesus nas águas do rio Jordão. Isto mudou a vida
dele dramaticamente. Eu vejo algo similar em sua vida. Você tem sido
paciente mesmo contra seus sonhos, desejos e sua energia pessoal.
Você tem esperado e esperado e de repente o Senhor disse: “Agora é o
tempo!” Eu acredito que esta é a hora de Deus para a sua vida. A multidão,
o ânimo e a energia que se fazem presentes durante o culto nesta manhã
são apenas uma prova do que Deus irá fazer no seu ministério.
Senhor, eu lhe agradeço pelo espírito, unção, hospitalidade, graça
e fervor que o Senhor tem colocado em Héctor e sua esposa Miriam.
Nesta noite, o Senhor os está reconhecendo. Você está fazendo aquilo
que é o Seu trabalho. Eu imponho as mãos sobre o meu amigo, meu
colaborador no evangelho. Eu o reconheço publicamente como um
homem dotado, maduro e um líder no Corpo de Cristo. Nós ordenamos
Héctor e Miriam para exercer o ministério de serviço, ensino, profecia
e cura. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”

Pastor Mark Buckley


“O Senhor os têm chamado para ser um casal apostólico, para
construir um fundamento apostólico. Vocês irão à Igreja para declarar
a Palavra do Senhor e trazer ordem a ela. O Senhor tem levantado
vocês para equipar e treinar pastores, líderes e obreiros para
estabelecer um fundamento em Cristo.”

Profeta e Pastor Ron Woodworth


“O Senhor te diz isto: Meu povo está sendo destruído pela falta

37
Liderança, Ministério e Batalha

de conhecimento. Mas eu estou te equipando com conhecimento e


perspectiva profética. Você vai precisar do meu poder para onde eu
te enviar. Você sabe que meu Filho Jesus saiu fazendo o bem e curando
todos os oprimidos do diabo. Esta noite eu unjo você e sua esposa, a
companheira da sua mocidade, com unção dobrada para lutar contra
principados e potestades e todo o tipo de espíritos das trevas.” Mesmo
que eles estejam nervosos, o Senhor diz: “Porque você irá aonde eu
te enviar no poder do evangelho do Cristo ressurreto. Você não irá
defender o evangelho. Meu evangelho não é uma fábula para discutir,
mas um fato para difundir e você o declarará. Eu estou trazendo um
ânimo para os seus espíritos que irá levantar os tetos em muitos
lugares aonde eu te enviar. Eu estou te enviando para abrir as janelas,
para um derramamento do meu Espírito que consumirá a religiosidade
e será um sacrifício agradável para mim. Eu mobilizarei e ativarei
você para um evangelho agressivo. Eu estou te enviando para alcançar
o perdido e colocar em liberdade os cativos.”

Pastor Leonard Griffin


“Ouçam o que o Senhor está dizendo: ‘Eu fui incitado a lembrar
você de levantar um grupo de intercessores que irá orar por você.
Nós todos precisamos de oração, mas pela natureza do seu ministério,
você irá precisar de uma equipe de intercessores para cobrir você
diariamente com oração: pessoas que vão interceder e ficar na brecha
por você diariamente. Estes não devem vir somente da sua
congregação hispânica, mas de todo o Corpo de Cristo. O Senhor
deseja intensa oração por você por causa das oportunidades que ele
tem preparado. Junte homens e mulheres fiéis que te amam e
prometem que ficarão na brecha por você a cada dia, especialmente
quando você estiver viajando, o que será frequente. Eu ouço o Espírito
de Deus dizendo: “Ore mais e ore fervorosamente!”

Mestre Robert Blayter


“A Palavra do Senhor diz que a quem é fiel nas poucas coisas
mais lhe será dado. Ninguém é chamado para ser fiel no muito quando
começa a fazer algo. A promessa é que você será fiel no muito. A hora
para ser fiel no muito chegou. Em Lucas 14, a parábola do grande
banquete afirma que o homem rico preparou um grande jantar e
convidou muitos, mas ninguém veio. Todos os seus convidados deram
38
Separado para o Ministério

desculpas. Ele então enviou seus servos para trazer os mancos, os


coxos, os pobres e os cegos. Feito isto, eles lhe falaram que ainda
havia lugar. Eu acredito que você terá um grande ministério aqui na
América Latina. Mas o Senhor vai construir com aquilo que muitos
tem rejeitado. Você não tem que buscar algo grande e poderoso.
Deus usará você em um ministério de restauração não somente aqui
mas em todo o mundo.

O Pastor de pastores Hal Sacks


“Eu vejo você como o jovem Josué. Você não é da geração antiga,
mas da nova. E o Senhor te diz: Ninguém vai se levantar e prevalecer
contra você. Assim como eu estava com o meu servo Moisés, assim
eu estarei com você. Não te deixarei nem te desampararei. Seja forte
e corajoso. Eu vejo você como um leão corajoso. Como Aslan, o leão
das Crônicas de Nárnia. Seja forte porque você vai liderar o povo
para conquistar a terra. Você vai trazer o meu povo para a conquista,
homem valoroso. Mas você não irá sozinho. Os intercessores irão
diante de você e prepararam o caminho. E você irá e tomará a terra.”

Profeta Dick Mills


“Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua
habitação e, não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas
estacas. Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua
posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades
assoladas (Isaías 54:2-3). Você vai se estender para a direita e para a
esquerda. E invocou Jabez ao Deus de Israel, dizendo: ‘Oh! Tomara
que me abençoes e me alargues as fronteiras, que seja comigo a tua
mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição!
E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido’ (1 Crônicas 4:10). O Senhor
concederá seu pedido. O Senhor irá te unir a outros ministérios. Um
irá plantar a semente, outro irá regá-la com choro e oração e Deus
dará o crescimento.
Jó 8:7 diz: “O teu primeiro estado, na verdade, terá sido pequeno,
mas o teu último crescerá sobremaneira.” O Senhor me deu a visão
de uma rocha que cai dentro da água e causa ondas. Assim como em
Atos 1:8, seu ministério vai levá-lo através desta cidade, desta nação,
da América do Norte, América Central, América do Sul e aos confins
da terra. Deus permitirá você levar um ministério de milagres ao

39
Liderança, Ministério e Batalha

redor do mundo. Na próxima década, Héctor e Miriam se levantarão


e o resultado será um milhão de católicos nascidos de novo e cheios
com o Espírito Santo. Aleluia!”

O fruto da ordenação
Muitos anos se passaram desde que eu fui ordenado ao
ministério. A verdade é que as palavras proféticas dadas para mim
naquele dia foram além do que minha mente e meu coração puderam
receber e assimilar. Algumas pareceram tão incríveis para mim e não
via como Deus poderia torná-las realidade. Todavia, elas se cumprem
dia após dia. Eu creio que todas se cumprirão. Eu continuo firme nas
Suas promessas pois sei que Ele não irá falhar. Como Habacuque 2:3
diz: “Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado,
mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque,
certamente, virá, não tardará.”
Desde aquele dia, Deus tem, sem dúvida, trabalhado para cumprir
suas promessas. Durante os últimos quinze anos, o Senhor tem me
enviado para ministrar a sua Palavra como um apóstolo, profeta e
mestre nos cinco continentes e em mais de sessenta e cinco nações.
Eu escrevi sete livros em espanhol, a maioria deles best-sellers,
dois estão disponíveis em inglês. Eu também co-escrevi um livro e
contribuí para outro com Dr. Peter Wagner. Traduzi três livros do inglês
para o espanhol. O Senhor tem me levado para centenas de cidades
e dezenas de nações para pregar, ensinar e declarar a mensagem
profética de Deus para os últimos tempos de batalha espiritual, a
conquista de cidades e nações para Cristo e a segunda era apostólica.
E ainda temos ministrado em conferências de oração, seminários
missionários, workshops de transformação de comunidades, seminários
para pastores e líderes, consultas e cruzadas. Nós temos participado,
escrito e feito programas na rádio, televisão, na imprensa e livros que
têm sido instrumentos de Deus para ministrar o evangelho. Para isto
eu fui separado. Para isto eu fui ordenado.
Durante os últimos dez anos, temos ministrado para milhões de
pessoas. Recentemente participamos de um evento de vigília de oração
na cidade do México, para aproximadamente um milhão de pessoas.
Em muitas cidades assim como Cali, Colômbia, Maracaibo, Venezuela,
Humacao, Puerto Rico, Vancouver, Canadá e em muitas mais nós
temos passado noites em vigília para multiplicar milhões de pessoas.
40
Separado para o Ministério

Deus tem um propósito para cada vida. Ele tem um chamado


para cada um de nós. Se nós nos preparamos e somos fiéis Ele nos
separará para o ministério. Como o profeta Habacuque instruiu, estas
coisas têm sido escritas e gravadas em papel para que eles possam
ler e quem ler possa correr para o Senhor.
“Porque Deus não é injusto para se esquecer do vosso trabalho
e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e
ainda servis aos santos. Desejamos, porém, continue cada um de vós
mostrando, até o fim, a mesma diligência para a plena certeza da
esperança; para que não vos torneis indolentes, mas imitadores
daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdaram as promessas.”
(Hebreus 6:10-12).
No próximo capítulo, veremos como há um preço a ser pago
para participar do ministério ao qual temos sido chamados e separados.

41
C a p i t u l o 5

O preço da liderança
“Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e
lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido
ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a
obediência pelas coisas que sofreu” (Hebreus 5:7-8).
“E qualquer que não tomar a sua cruz e não vier após mim não pode ser
meu discípulo. Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se
assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para
a concluir?” (Lucas 14:27-28).

inguém deveria aspirar uma posição na obra de Deus sem se

N preparar para pagar o preço que ela demanda. Verdadeira


liderança demanda tudo de um indivíduo e quanto maior o
chamado, maior o preço a ser pago.

O poder e o preço
As palavras de Jesus para seus discípulos a respeito da necessidade
de estar pronto para pagar o preço da cruz foram uma parte indispensável
do treinamento para a hora da separação deles para o ministério.
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e
sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia
e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1:8).
Nós geralmente colocamos a ênfase desta promessa no poder
mas a Escritura revela duas coisas para nós: o poder para completar
a grande comissão vem com o preço que nós somos chamados a
pagar. Este é o preço de ser uma testemunha.
A palavra testemunha vem da palavra grega martus, daí a palavra
mártir: “aquele que testemunha com sua morte”. Isto não significa
que todos nós devemos morrer como testemunhas por Jesus. Além
do mais, Paulo declara que nós devemos morrer para nós mesmo
diariamente (1 Coríntios 15:31), para nossos desejos, para os nossos
planos, para tudo pela causa de Cristo.

43
Liderança, Ministério e Batalha

Qualquer um que é chamado para uma posição de liderança


tem que morrer diariamente para suas emoções, seus sentimentos e
paixões. Isto testifica que o que tem sido declarado é real e poderoso.
O apóstolo Paulo lembra os anciãos de Efésios a respeito de sua
própria experiência no ministério. Em uma cidade onde Deus fez
milagres extraordinários pelas mãos de Paulo (Atos 19), ele os lembrou
das lágrimas derramadas em busca do seu ministério.

Sacrifício pessoal
Sacrifício é parte do preço que tem que ser pago. Há uma cruz
no caminho da liderança espiritual e o líder precisa estar pronto para
ser crucificado. Evitar a cruz é perder o direito de liderança. As
demandas do céu são absolutas. O fruto da ressurreição nas nossas
vidas irá evidenciar o grau em que nós permitimos a cruz de Cristo
trabalhar em nós. Estamos nós querendo pagar o preço? Estamos
nós querendo ser escravos de todos? Estamos nós dispostos a levar
as marcas do Calvário?
John Maxwell declara que não pode haver sucesso sem sacrifício.
Quanto maior o chamado, maior o sacrifício. Sacrifício pequeno,
cumprimento pequeno; sacrifício grande, cumprimento grande.
Muitos vêem o ministério como algo atrativo. Eles acreditam
que o ministro é alguém que pode viajar livremente e ser usado por
Deus. Eles imaginam as multidões em lugares exóticos. A verdade é
que muitos ministros mudariam de lugar com aqueles que têm um
trabalho de oito horas; com aqueles que têm mais tempo para gastar
com sua família e com aqueles a quem ama.
Todavia, a atitude de servo é o que é claramente visto nos
corações dos apóstolos Tiago e João. O que Jesus ensinou para seus
discípulos define a grandeza daquele que serve.
“Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis
que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob
seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas
entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande
entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro
entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não
veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por
muitos.” (Marcos 10:42-45).
O apóstolo João, discípulo amado, aprendeu essa lição e depois
44
O preço da liderança

escreveu na primeira das suas epístolas, “que Cristo deu sua vida por
nós; e devemos dar a nossa vida pelos irmãos.” (1 João 3:16).

A batalha do líder
Todo o cristão deve estar atento ao fato de que os membros do
Corpo de Cristo estão em guerra. Esta guerra espiritual entre os filhos
de Deus e os filhos do Diabo (1 João 3:10) durante este últimos dias
tem tomado uma proporção bem significativa “pois o diabo desceu
até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhes resta.”
(Apocalipse 12:12).
A partir do momento em que o indivíduo entrega o seu coração
para servir a Deus, ele pode ter certeza que enfrentará uma multidão
de problemas. As forças do inferno começam sua oposição e guerreiam
contra o soldado de Cristo, testando sua entrega, resistência e
paciência. O apóstolo Tiago (o irmão do Senhor Jesus, líder da igreja em
Jerusalém e um reconhecido mártir) diz, “Sujeitai-vos, portanto, a Deus;
mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tiago 4:7).
O apóstolo Paulo escreve para seu discípulo e filho espiritual
Timóteo:
“Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo
Jesus. Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta
vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou.”
(2 Timóteo 2:3-4).
A preparação de um líder inclui lágrimas e provas. Esta é a parte
do crescimento espiritual que nos prepara para encarar as pressões,
frustrações, traições e tentações. Liderança cristã não é somente
fascinante; é guerra espiritual. Você se tornou parte de um exército
onde você é o comandante que está batalhando contra as forças da
escuridão para tomar de volta o que o inimigo roubou. Você está em
guerra contra Satanás e o mundo. Uma pesquisa recente na América
do Norte indica que muitos pastores que deixam o ministério durante
um mês de férias nunca mais voltam.
Em seu livro, “Líderes que faltam” Dr. Gary Kinneman cita que
“entre 30 a 40 por cento dos pastores pesquisados expressam uma
vontade de deixar o pastorado e 6.000 pastores da Igreja Batista do
Sul deixam o ministério a cada ano, e 225 são expulsos a cada mês.”
Há uma constante batalha ou conflito na vida do ministro. Dr.
Kinnaman, em um estudo do instituto Fuller, relata que 40% dos

45
Liderança, Ministério e Batalha

ministérios entrevistados tinham sérios problemas nas suas igrejas e


75% reportaram significativa crise de estresse uma vez por mês.
Watchman Nee, o conhecido teólogo chinês, escreveu, “O
primeiro sinal de um guerreiro de Deus é ele permanecer firme quando
todos os outros caem pela pressão, desencorajamento e desesperança
na situação.”
Por isso é tão importante obedecer ao mandamento de Paulo de
vestirmos a armadura de Deus.
“Portanto, tomai toda armadura de Deus, para que possais resistir
no dia mal e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.”
(Efésios 6:13).
Comentando esse versículo, a Bíblia plenitude emprega o termo:
“Resistir... antihistemine... resistência...”. O verbo sugere ‘oposição
rigorosa, resistência brava, colocar-se face à face contra o adversário,
manter-se em seu terreno’. Anthistemi refere-se ao fato que, com as
armas e autoridade espiritual que nos foram dados, nós somos capazes
de resistir às forças do inferno. Assim é a natureza da batalha para o
líder cristão.

O propósito das provas


Os apóstolos nos ensinaram muitas lições a respeito das provas
na vida do líder que se entrega para servir a Cristo.
Paulo diz, “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em
Cristo Jesus serão perseguidos.” (2 Timóteo 3:12).
Pedro afirma, “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge
no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa
extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos
na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo,
para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando.”
(1 Pedro 4:12-13).
Tiago declara: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o
passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa
fé, uma vez confirmada, produz perseverança.” (Tiago 1:2-3).
Eu me lembro de passar por um tempo difícil de provas em que
eu estava sendo acusado injustamente. Frustrado por estas acusações
e emocionalmente ferido, me queixei para o meu pastor esperando
ser confortado. Para minha surpresa ele respondeu: “Eu estou feliz
por isso estar acontecendo. Tudo o que você tem feito sempre tem
46
O preço da liderança

saído bem. Nós precisamos passar por testes como esses para nos
identificar com Cristo e com outros que estão em situações similares.
O que você aprender com isso será valioso para você compartilhar
com outros que você colocar em seu caminho.”
O autor dos Hebreus disse que alguns servos do Senhor viram
coisas maravilhosas enquanto outros “foram torturados, não
aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição; outros,
por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de
algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados, pelo
meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles
de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens
dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos
montes, pelas covas, pelos antros da terra.” (Hebreus 11:35-38).
As adversidades que vêm sobre a vida do líder são parte do
preço da liderança. Deus observa as nossas reações em tempos
de prova e adversidades. Eu não estou insinuando de nenhuma
maneira que para ser um bom líder você tem que buscar sofrimento.
A vida cristã leva-o a encarar novas e desafiadoras situações
diariamente, mas a promessa do Senhor é que, “Em todas estas
coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que
nos amou.” (Romanos 8:37).
Cicatrizes são marcas autênticas de fidelidade e serviço na
obra do Senhor. Paulo declara que ele carrega as marcas do Senhor
Jesus em seu corpo. As cicatrizes deixadas pela rejeição, maltrato
e adversidade são uma lembrança permanente de que Deus estava
trabalhando em meio a todas aquelas situações para nos libertar
das garras do caçador.
“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a
excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos
atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não
desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos,
porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus,
para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo... De modo
que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida... Porque todas as
coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se,
torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória
de Deus.” (2 Coríntios 4:7-10,12,15).
Paulo afirma que o líder deve morrer para que o povo de Deus

47
Liderança, Ministério e Batalha

possa viver. Sofrimento é uma parte do ministério de amor ao rebanho


de Deus; assim como Jesus sofreu por nós porque Ele nos amou com
um amor incondicional e disposto a pagar o preço do sacrifício.
Ralph Mahoney em seu livro “Como se faz um líder” fala de
situações críticas que um líder encara no processo do ministério:

Solidão
Nietzche disse que quanto mais perto você chega do topo, mais
difícil se torna. Solidão e responsabilidade aumentam
simultaneamente. O apóstolo experimentou solidão. Ele sentiu o peso
de não ser entendido por aqueles que trabalhavam tão próximo dele,
as mentiras dos seus inimigos e o abandono e traição de seus
discípulos e amigos. Em sua epístola a Timóteo, ele se refere a essas
experiências.
“Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram; dentre
eles cito Fígelo e Hermógenes.” (2 Timóteo 1:15).
“Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou
“(2 Timóteo 4:10).
“Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males;” (2 Timóteo 4:14).
“Na minha primeira defesa, ninguém foi ao meu favor; antes,
me abandonaram.” (2 Timóteo 4:16).
Alguém que é chamado para ser um líder deveria experimentar
tempos de solidão. É parte da experiência de um servo fiel de Deus.

Fadiga
Aqueles que direcionam o mundo são homens cansados. A
crescente demanda de suprir os recursos para a família, junto
com os compromissos da igreja e a rotina diária consumem
energia e tempo. Recursos econômicos, físicos e emocionais são
postos à prova. O ministério requer do líder suas forças, tempo
e recursos econômicos e requer um longo investimento de
energia. Paulo entendeu como manter o nível de força necessário
para avançar:
“Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso
homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se
renova de dia em dia.” (2 Coríntios 4:16).
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo
ceifaremos, se não desfalecermos.” (Gálatas 6:9).
48
O preço da liderança

Crítica
Uma pessoa chamada para a liderança não escapará da crítica.
Nem Jesus, o único ser perfeito sem mancha e pecado, foi excluído da
crítica. Seus próprios discípulos o atacaram por causa da ignorância.
A maturidade de um líder claramente será refletida pela maneira
como ele ou ela reage à crítica, merecendo ou não.
A verdade é que se nós não formos maduros o suficiente para
aceitar a crítica e a rejeição, nós não estamos prontos para a liderança.
Se nós estamos mortos para as nossas emoções e nosso ego, nós não
reagiremos negativamente.
Um homem morto não reage. Para sermos bons líderes cristãos,
precisamos ter um destes elementos: pele de elefante ou casco de
tartaruga. Os dardos do inimigo através das pessoas, e em algumas
ocasiões através dos nossos amados, deveriam nos motivar a orar.
Nunca entre em conflito com aqueles que estão murmurando. Nunca
desça ao nível daqueles que, por causa da imaturidade, ciúmes e
ignorância criticaram você. Nunca rejeite correção ou disciplina
daqueles que te amam.
Eu tenho percebido que momentos de adversidade em minha
vida têm feito de mim um cristão mais forte e sábio. E sim, Deus
coloca pessoas na nossa vida para nos ajudar a amadurecer até a
plenitude de Cristo.
Eu tenho encontrado conselhos muito sábios no livro de
Provérbios que mostram que o amor ocasiona a correção, disciplina e
conselho. Nós devemos meditar nisso porque foi o que fez Davi, um
homem segundo o coração de Deus, ele reagia bem e com humildade.
Palavras de sabedoria para o discípulo
“Aquele que despreza a vara odeia a seu filho, mas aquele que o
ama disciplina bem.”
“O tolo despreza o instrução de seu pai, mas aquele que
considera a repreensão é prudente.”
“Aquele que recusa a instrução despreza a própria alma, mas
aquele que ouve a repreensão ganha entendimento.”
“Escute o conselho e receba instrução, e você será sábio nos
seus últimos dias.”
“Aquele que é vazio de sabedoria despreza o conselho do vizinho,
mas o homem de entendimento mantém a sua paz.”
“Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos

49
Liderança, Ministério e Batalha

torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio


de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como
luzeiros no mundo,” (Filipenses 2:14-15).

Rejeição
O líder que mantém um alto padrão espiritual irá frequentemente
se achar seguindo o Mestre no caminho da rejeição. “Veio para o que
era seu, e os seus não o receberam.” (João 1:11).
“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de
dores e que sabe o que é padecer.” (Isaías 53:3a).
“Mas importa que primeiro ele padeça muitas coisas e seja
rejeitado por esta geração.” (Lucas 17:25).
Antes de vermos a glória de Deus precisamos suportar
dificuldades. Se nós colocarmos os nossos olhos em Jesus, o Autor e
Consumador da nossa fé, e não nos homens (Hebreus 12:2), e
antecipamos as promessas de Deus com fé e paciência,
conseguiremos vencer todos os ataques do inimigo.

Perseguição
“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque
deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois quando, por minha
causa , vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem
todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque grande é o vosso
galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram
antes de vós.” (Mateus 5:10-12).
“Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-
aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas
ameaças, nem fiqueis alarmados.” (1 Pedro 3:14).
Líderes e pastores deveriam se preparar para encarar a
perseguição. Os cristãos norte-americanos geralmente não esperam
por perseguição que coloque em perigo suas vidas.
A perseguição que costuma mais acontecer é na esfera da
confrontação, crítica e mentira. Contudo, a perseguição em muitas
partes do mundo, e particularmente em alguns países da América
Latina, pode resultar em martírio. Jesus Cristo e os mártires da Igreja
de Atos nos mostram exemplos de perseguição. O mundo persegue
os cristãos por uma única razão. Os homens amam as trevas mais do
que a luz porque as suas obras são más, e eles odeiam a luz (João
50
O preço da liderança

3:19:20). Satanás trabalha através de seres demoníacos e perversos,


que têm uma consciência cauterizada, e além do mais perseguem e
matam cristãos que seguem a Deus. Hoje, assim como no tempo de
Jesus, religiões oficiais são usadas pelo inimigo em muitos casos para
perseguir os servos do Altíssimo.
Volumes inteiros documentados podem ser escritos sobre a
igreja perseguida ao redor do mundo. Minha experiência na América
Latina foca nações como Colômbia e México, onde movimentos
guerrilheiros são amarrados a religiões e políticas filosóficas de
teologia libertadora e em Cuba, o comunismo. Nestas nações, a igreja
protestante é vítima do tormento do terrorismo. Na América do Norte,
a perseguição é mais sutil, é feita através da mídia e do constante
movimento cultural para longe dos princípios bíblicos, como a
sociedade americana vira as costas para Deus mais e mais liderando
a nação para a ilegalidade e comportamento que atualmente
presenciamos.
A perseguição dos protestantes, e principalmente de pastores e
líderes na América Latina, é um fato. Com o contínuo crescimento da
igreja no continente Sul-Americano a perseguição aumentará e se
tornará mais difícil e intensa. Tanto religiões tradicionais como a
guerrilha e a ideologia comunista aumentarão a violência ao verem
sua causa enfraquecida devido às almas transformadas pelo
evangelho de Cristo. Nós devemos estar prontos a nos desfazer da
nossa vida até a morte. Qual será sua recompensa? Para aqueles que
escolhem andar no caminho estreito: “porque é grande o vosso
galardão nos céus” (Mateus 5:12).
Vamos nos lembrar das palavras do Espírito Santo dadas à Igreja
de Éfeso pelo apóstolo Paulo:
“Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim
contra os principados e potestades, contra as forças espirituais do
mal, nas regiões celestes.” (Efésios 6:12).
John Maxwell, em seu livro “As dezessete leis irrefutáveis da
liderança” fala: “Se todos não pagarem o preço para ganhar, todos
vão pagar o preço para perder.”

51
C a p i t u l o 6

As batalhas do líder
“Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual
também foste chamado e de que fizeste a boa confissão perante muitas
testemunhas.” (1 Timóteo 6:12).
“porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso,
contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.” (Efésios 6:12).
“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.” (2 Timóteo 4:7).

á batalhas diárias que precisam ser lutadas na vida de cada

H cristão. Além disso, quando o cristão é um servo de Deus


chamado para o ministério, as batalhas são ainda mais
intensas porque afetam ainda mais o Reino de Deus. Todos os líderes
estão em uma posição mais vulnerável para receber os ataques do
maligno por causa da sua proeminência e visibilidade. Quando uma
pessoa tem um chamado de Deus, o inimigo tenta preveni-lo de ser
achado. Nós podemos ver nas Escrituras Sagradas, de Gênesis a
Apocalipse, que Satanás coloca seu nariz em tudo para obstruir a
vontade de Deus e causar o tropeço dos líderes que Ele tem levantado.

Quando Satanás nos acusa


Nós todos pecamos, o que não surpreende ninguém, e nós
pecamos diariamente de uma maneira ou de outra. Paulo diz, “tudo o
que não provém da fé é pecado.” (Romanos 14:23). A luta contra o
pecado é constante, Satanás o utiliza para acabar com vários
ministérios. Ele tentou fazer isso com vários pastores muito
importantes em Israel. Josué foi o mais alto líder depois do cativeiro.
Deus tinha um chamado e propósito para ele. Por causa da importância
de sua vida e ministério para os objetivos de Deus, ele foi um alvo
para o inimigo. O profeta Zacarias descreveu a visão em que Satanás,
tendo achado pecado em Josué, foi ante o Senhor para acusá-lo.

53
Liderança, Ministério e Batalha

“Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do Anjo


do Senhor, e Satanás estava à mão direita dele, para se lhe opor.” (Zacarias 3:1).
Certamente Deus não permite ou tolera pecado. Quando um
servo de Deus continua pecando e ele não se arrepende, Deus o
expõe publicamente.
Este é o caso de homens grandemente usados por Deus, que
nos últimos anos têm sido descobertos em pecado e recusado a se
submeter a aconselhamento e disciplina do presbitério. Hoje os seus
ministérios têm praticamente cessado de existir.
Quão prazeroso seria para o Senhor se cristãos e líderes cristãos
em particular fizessem o que a Palavra ensina:
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.” (1 João 1:9).
É maravilhoso saber que o Senhor pode restaurar ministérios. A
Escritura diz que os dons e chamados de Deus são irrevogáveis
(Romanos 11:29). Vamos continuar lendo Zacarias:
“Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreende, ó Satanás;
sim, o Senhor, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um tição
tirado do fogo? Ora, Josué, trajado de vestes sujas, estava diante do Anjo.
Tomou este a palavra e disse aos que estavam diante dele: Tirai-lhe as
vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniqüidade
e te vestirei de finos trajes. E disse eu: ponham-lhe um turbante limpo sobre
a cabeça. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça um turbante limpo e o vestiram
com trajes próprios; e o Anjo do Senhor estava ali.” (Zacarias 3:2-5).
Irmãos e irmãs, Deus não aceita acusações do diabo contra
Seus servos fiéis mesmo quando eles têm pecado! Podemos ver
claramente a atitude de Deus com relação às acusações contra um
pastor; um servo de Deus. “O Senhor te repreenda, Satanás”; “O
Senhor, que escolheu este servo, te repreenda.”
As batalhas pessoais, emocionais, ministeriais, econômicas etc
de um líder fazem parte da sua preparação e de seu chamado. A
maneira na qual nós reagimos a estes ataques é de grande
importância. Nós somos chamados a lutar. Satanás declara guerra
contra nós e, querendo ou não, nós seremos vítimas ou vitoriosos.

As ferramentas do inimigo
Embora nossa batalha não seja contra seres humanos, é
importante reconhecermos que frequentemente os instrumentos que
54
O preço da liderança

o inimigo usa para causar contendas e divisões são as pessoas, e muitas


delas são cristãs. Como líderes, nós somos chamados a lutar por nossos
irmãos, irmãs e famílias. Infelizmente, um grande número de nossas
batalhas são causadas por nossos próprios irmãos e irmãs em Cristo.
Frequentemente, são eles que nos trazem os maiores conflitos e testes.
Alguém chorou ao Senhor em frustração dizendo: “Senhor, viver
com os santos no céu, isto será glória! Mas viver com os santos na
terra agora, isso é outra história!”
Moisés se encontrou em uma situação frustrante como líder dos
israelitas. As murmurações e reclamações do povo foram um fardo
tão pesado para ele! Então ele chorou ao Senhor dizendo:
“Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado
demais. Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se
tenho achado favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha
miséria.” (Números 11:14-15).
Todo o pastor irá experimentar mesma coisa no seu ministério.
O inimigo é bem-sucedido quando ele faz um membro da congregação
tropeçar, mas o seu maior troféu são pastores e ministros,
especialmente quando os ataques não são morais ou éticos, mas
relacionais e quando eles saltam de inveja e ciúmes ministeriais.
O inimigo tem causado tremendas devastações dentro de
liderança ministerial e tem vindo de dentro do Corpo de Cristo. Alguns
cristãos consideram a si mesmos a força policial. Com táticas não
menos repreensíveis do que aquelas da Gestapo, a KGB ou da CIA,
eles atacam aqueles que eles consideram seus inimigos sem
misericórdia, simplesmente porque eles não concordam com suas
doutrinas. A destruição da vida de líderes deixa uma trilha de confusão
ao longo do caminho, que acaba com os seguidores. Se o inimigo pode
eliminar um pastor, espalha as ovelhas e devora os cordeirinhos.
Os truques do inimigo podem incluir algo simples como fazer
um ministro perder o foco concernente às suas prioridades até levá-
lo a valorizar o incorreto no momento inapropriado.
Vamos observar a destruição que aqueles que estão perto de
nós causam quando se levantam para lutar contra nós.

Jesus Cristo e Judas Iscariotes


Jesus Cristo, o bom pastor, foi vítima de traição no seu círculo
íntimo de discípulos. No momento mais íntimo de seu ministério, todos

55
Liderança, Ministério e Batalha

os seus discípulos o abandonaram (Mateus 26:56). Um de seus líderes


o negou três vezes (Lucas 22:56-61). Judas Iscariotes, seu tesoureiro,
o vendeu por trinta moedas de prata e o entregou para os seus inimigos
com um beijo (Lucas 22:47). A Bíblia diz que Satanás entrou em Judas
(Lucas 22:30). O apóstolo João nos faz ver a maneira pela qual Satanás
influenciou Judas Iscariotes. Ele falou direto ao seu coração. “Durante
a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de
Simão, que traísse a Jesus” (João 13:2).

Paulo e Alexandre, o latoeiro


Na vida do apóstolo Paulo nós vemos numerosos exemplos de
batalha pessoal que ele teve que enfrentar. Um deles teve a ver com
Alexandre, o latoeiro. Alexandre é primeiramente mencionado na
exortação de Paulo a Timóteo:
“Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as
profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas,
o bom combate, mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo
rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. E dentre estes se
contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem
castigados, a fim de não mais blasfemarem.” (1 Timóteo 1:18-20).
Na sua segunda epístola a Timóteo, Paulo novamente se refere
a Alexandre. Esta vez ele nos dá mais detalhes sobre os resultados da
rejeição da fé e boa consciência dele. Ele adverte Timóteo a ter muito
cuidado com ele pois Satanás o usava para causar danos.
“Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor dará
a paga segundo as suas obras. Tu, guarda-te também dele, porque
resistiu fortemente as nossas palavras. Na minha primeira defesa,
ninguém foi ao meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto
não lhe seja posto em conta.” (2 Timóteo 4:14-16).
Outra versão diz: “Ele tem me causado muito dano, que a
retribuição do Senhor caia sobre ele... porque ele se opôs
violentamente ao que eu disse.” (Weymouth).
Aparentemente, Alexandre tinha causado algum tipo de calúnia
ou difamação contra Paulo para causar dano a ele. O ruim é que
alguns dos seus discípulos acreditaram nestas reclamações contra
Paulo e o abandonaram. Paulo declara que Deus o livrou da boca do
leão (2 Timóteo 4:7), Satanás, que está sempre procurando a quem
possa devorar.
56
O preço da liderança

O homem e seu Alexandre


Eu pessoalmente conheço a história de alguém que eu vou
chamar Alexandre, que se levantou contra o líder da sua congregação
e começou a difamá-lo. Ele visitou a casa de todos os líderes da
congregação acusando o pastor de imoralidade. O interessante neste
caso é que esse jovem havia chegado à igreja há pouco tempo enquanto
que este pastor estava lá por mais de dez anos e estava casado e feliz
por mais de vinte anos.
Lamentavelmente, alguns líderes acreditaram nas acusações
do jovem e confrontaram o pastor. Aceitar a tais difamações expôs
esses líderes à retribuição do Senhor. Paulo diz: “Que isto não lhes
seja posto em conta!”.
Pensando que o dano causado a congregação não foi o suficiente,
Alexandre começou a ligar e visitar pastores na cidade. Ele começou
difamando aquele pastor entre os líderes da comunidade cristã. Este
mesmo jovem tinha deixado uma igreja que estava freqüentando
porque ele tinha sido instrumento de divisão, acusando o pastor de
homossexualismo. Como conseqüência disto, sua esposa o deixou e
depois se divorciou dele. Os rastros de igrejas divididas por esse
jovem incluíam diferentes cidades.
É triste pensar que pessoas da cidade do pastor, que tinham
conhecido e colaborado com este pastor por muitos anos, acreditaram
nas acusações do rapaz. Graças à Deus pela amizade e confiança de
outros pastores, que prontamente ligaram para o pastor para avisá-
lo do acusador. Assim como Paulo fez a Timóteo, eles o avisaram para
ficar atento sobre Alexandre. A sabedoria do Presidente do Conselho
de Pastores Evangélicos foi louvável. Quando ele recebeu a ligação
de acusação do jovem, ele respondeu: “Eu conheço o pastor e eu sei
quem ele é, mas você, quem é?”.
Em um caso similar, um pastor numa cidade na Califórnia, depois
de trabalhar fielmente por anos, foi acusado por uma garota de tê-la
abusado sexualmente. A calúnia dividiu a igreja e causou no pastor tal
trauma emocional que ele se desiludiu e deixou o ministério. Graças à
Deus este pastor, depois de trabalhar no meio secular durante um
tempo, retornou ao pastorado e tem uma amável congregação que
está crescendo.
Numerosas batalhas perseguem o líder, principalmente no
pastorado. Se aqueles que vêem o ministério como uma fuga do

57
Liderança, Ministério e Batalha

trabalho secular ou como algo fascinante soubessem o real sacrifício


que o ministério requer, eles rapidamente mudariam de opinião.
Em meio a todos os ataques do diabo, em meio a várias batalhas
que o líder enfrenta, nós podemos descansar nisto: o Senhor é fiel. Em
meio a circunstâncias que o cercaram, Paulo deu a Timóteo um
conselho o qual eu estendo para todos os pastores e pessoas que têm
um chamado para a liderança espiritual:
“Mas o Senhor me assistiu e revestiu de forças, para que, por
meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os
gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. O Senhor me
livrará também de toda obra maligna e me levará a salvo para o seu
reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (2
Timóteo 4:17-18).
No próximo capítulo, veremos alguns dos espíritos enviados para
atacar a Igreja. A matemática de Satanás é dividir para enfraquecer,
a matemática de Deus é unir para fortalecer.

58
C a p i t u l o 7

Jezabel e Absalão
“Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si
mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza meus
servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos
ídolos. Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer
arrepender-se da sua prostituição.” (Apocalipse 2:20-21).

“Levantando-se Absalão pela manhã, parava à entrada da porta; e a


todo homem que tinha alguma demanda para vir ao rei em juízo, o
chamava Absalão a si e lhe dizia: De que cidade és tu? Ele respondia: De
tal tribo de Israel é teu servo. Então, Absalão lhe dizia: Olha, a tua
causa é boa e reta, porém não tens quem te ouça da parte do rei. Dizia
mais Absalão: Ah! Quem me dera ser juiz na terra, para que viesse a mim
todo o homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse
justiça! Também, quando alguém se chegava para inclinar-se diante
dele, ele estendia a mão, pegava-o e o beijava. Desta maneira fazia
Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo e, assim, ele furtava
o coração dos homens de Israel.” (2 Samuel 15:2-6).

“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns


apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos
de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que tem cauterizada
a própria consciência” (1 Timóteo 4:1-2).

E
m um dos meus livros eu disse: Satanás é o mestre do engano.
Parte da sua estratégia é se infiltrar na Igreja para causar
divisão, descontentamento, imoralidade e promover falsas
ideologias. Ele alcança seus objetivos em grande medida destinando
espíritos de engano e acusação que impedem o crescimento numérico
e espiritual da Igreja.
Em minhas viagens pelo mundo, tenho encontrado numerosos
pastores e líderes que têm batalhado contra espíritos de Jezabel e

59
Liderança, Ministério e Batalha

Absalão em suas congregações. Em muitas das nações que tenho


ministrado, pastores e líderes têm se aproximado de mim para me
agradecer por ter escrito o livro “Derrubando Fortalezas”¹. Nele,
discutimos os espíritos liberados para atacar a Igreja. Sem dúvidas,
os dois mais violentos deles são Jezabel e Absalão.
De lugares que eu chamaria de “fim de mundo” como Usuahlla,
no sul da Argentina, na última ponta da América do Sul até Tromso, no
norte da Noruega, a última ponta da Europa, pastores me contaram
que suas igrejas têm estado debaixo de um severo ataque do inimigo.
Eles não souberam como identificar o que estava acontecendo muito
menos como batalhar contra isto, até que o Senhor colocou meu livro
em suas mãos. Agradecidos por isto, eles estavam aptos para lutar e
voltaram vitoriosos das suas batalhas.
É melhor aprender através dos erros dos outros do que com os nossos
porque é menos doloroso. Eu estou escrevendo este capítulo para que as
minhas experiências possam ajudá-lo a aprender como lutar contra estes
espíritos devastadores que Satanás tem usado para tentar destruir homens e
mulheres de Deus, congregações inteiras e indiretamente o Corpo de Cristo.
É necessário aprender como esses espíritos operam e como
identificá-los. As passagens citadas no início deste capítulo são valiosas
para nos mostrar o seu modus operandi. Para mais informações
detalhadas a respeito destes e outros espíritos lançados contra Igreja,
veja capítulo 8 e 11 do livro “Derrubando Fortalezas”.

O espírito de Absalão
O espírito de Absalão, como o filho de Davi, é independente.
Não quer se submeter às autoridades que Deus ungiu. Tenta usurpar
a autoridade e incitar outros a se rebelar e se colocar no lugar do
pastor que Deus chamou para pastorear o rebanho.
Este método de operação procede do coração de Satanás, pois
foi o mesmo que Lúcifer fez quando ele estava cheio de orgulho e
rebelou-se contra Deus, persuadindo um terço dos anjos a se levantar
contra a autoridade divina. Se Satanás usou ele mesmo esta estratégia
no céu, quanto mais ele irá continuar a usar hoje na casa de Deus.
A Bíblia declara que Absalão era louvado por sua boa aparência.
E diz que do topo da cabeça até a planta dos pés ele não tinha nenhum
defeito. Que coincidência que Satanás, apaixonado por sua própria
beleza, caiu no mesmo orgulho e se achou ele mesmo mais elevado
60
Jezabel e Absalão

do que Deus (Ezequiel 28:15)! Absalão era manipulador, vingativo e


um homem orgulhoso que queria ser reconhecido.

O espírito de Jezabel
O nome Jezabel significa “sem coabitar, ou recusa-se a habitar
com outros”. O espírito de Jezabel é independente, intensamente
ambicioso e que causa divisão. Não quer se submeter nem deseja
estar em unidade com alguém. É um espírito que quer controlar e
dominar relacionamentos. Só se submete quando é conveniente para
ganhar alguma posição estratégica.
Este espírito não é encontrado exclusivamente nas mulheres
embora predomine e seja mais atraído pela classe feminina. Tem a
habilidade de manipular sofisticadamente sem usar força. Ele ataca
especialmente mulheres que são amarguradas com homens por terem
sido rejeitadas, abandonadas ou maltratadas por eles. Ele opera
através de pessoas que tenham o desejo de controlar outros por causa
de sua insegurança, ciúmes e vaidade.

Absalão e Jezabel: uma aliança infernal


Alguns anos atrás quando eu era pastor da igreja Palavra da
Graça, eu me encontrei numa situação que talvez tenha sido a mais
difícil no meu ministério. No dia da minha ordenação, o Espírito de
Deus me disse que os olhos do inimigo estavam abertos para o nosso
chamado, mas que Ele tinha nos dado unção para lutar contra
principados e potestades e todos os tipos de espíritos das trevas.
Estas promessas me deram fé para perseverar e finalmente triunfar
neste severo ataque. É importante enfatizar que através de toda esta
situação, os intercessores e muitos de nós mantivemos um constante
espírito de intercessão na guerra espiritual.
Um dia eu recebi um telefonema de uma pessoa que precisava
de ajuda financeira e aconselhamento conjugal. O indivíduo que ligou
tinha se formado pastor de uma pequena congregação quando eu o
conheci numa reunião de pastores. Ele deu a impressão que tinha
acabado de chegar à cidade e não conhecia ninguém. Eu prontamente
o atendi ao telefone e prometi enviar-lhe um de nossos líderes que
estavam trabalhando com casais na igreja. Este homem lhe daria
mais tempo de aconselhamento e levaria dinheiro para ajudá-lo em
suas necessidades.

61
Liderança, Ministério e Batalha

De acordo com este jovem, ele não sabia por que a sua esposa
o tinha deixado e pediu por nossa ajuda para resolver a crise. Depois
de várias semanas de aconselhamento, o jovem começou a freqüentar
a igreja. Ele certamente tinha boa aparência. Sua personalidade
carismática e seus muitos talentos fizeram dele uma pessoa atrativa
não somente para as irmãs solteiras, como para as casadas.
Naquela época, desavisado do que eu agora sei, quis aproveitar
seus talentos musicais e permiti também que ele pregasse. Com a
experiência pastoral que ele tinha, e por ser filho de um pastor, ele era
o candidato especial para ser treinado como meu assistente. Eu vi
seus talentos e não seu caráter. O fato de que ele estava recentemente
divorciado deveria ser um alarme para o meu espírito. Eu não prestei
atenção nas palavras de Paulo:
“Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada
um deles seja encontrado fiel.” (1 Coríntios 4:2).
Quantas dores de cabeça e sofrimentos eu poderia ter evitado
se somente tivesse colocado em prática esta passagem! O Espírito
Santo tentou me avisar através da minha esposa. Ela insistiu que eu
estava enganado a respeito dele. Ela sentiu que ele era um homem
muito atribulado, mas como um tolo orgulhoso eu ignorava seus
conselhos. O requisito para qualquer pessoa ser colocada em uma
posição de liderança é que ele ou ela seja achado fiel e fidelidade é
demonstrada através do tempo.
Em pouco tempo, o jovem com seu carisma ganhou o favor da
liderança. No domingo durante a reunião da liderança, eles votaram
em colocá-lo no departamento de evangelismo. Logo ele foi colocado
em uma posição que abriu a porta da casa do resto dos líderes.
Durante aquele tempo, um casal na congregação estava tendo
sérios problemas conjugais. Desde que a esposa não queria se
submeter a aconselhamentos da igreja, ela pediu ajuda para este
indivíduo. (Lembre-se que ele era recentemente divorciado.) Sem
autorização ou qualquer conselho, o jovem começou a visitá-la em
casa ou ele a encontrava do lado de fora da igreja para aconselhá-la.
A irmã contou a outra mulher que estava passando por uma situação
similar, logo haviam duas mulheres casadas que estavam recebendo
aconselhamento dele fora dos estabelecimentos da igreja.
Quando eu descobri a situação, eu confrontei e o chamei para
prestar contas. Quando eu perguntei a ele se estava aconselhando
62
Jezabel e Absalão

aquelas mulheres, ele respondeu afirmativamente. Depois de se


repetir isso na nossa congregação, nenhum homem estava mais
autorizado para aconselhar uma mulher e isto era uma
responsabilidade das senhoras e das viúvas do ministério, mas ele
disse que tinha feito isso a vida toda assim como seu pai fazia na
igreja dele. Então eu disse a ele: “Até eu, o Pastor Sênior, não aconselho
mulheres a não ser que o marido dela esteja presente. Se isso não é
possível, minha esposa ou alguma senhora da igreja estará presente.
A Bíblia nos exorta a não dar oportunidade ao inimigo, não abrir portas
e se abster da aparência do mal.” Eu o proibi de continuar fazendo
isso e contatei as duas mulheres para repreendê-las e instruí-las que
daquele ponto em diante todo o aconselhamento seria feito nos
padrões da igreja.
Em pouco tempo, a mulher mais jovem mandou o marido para
fora de casa. Sem o meu conhecimento, as duas mulheres continuaram
se encontrando com o jovem e atendendo as suas necessidades.
Isto continuou por um tempo. O jovem marido insistiu em se
reconciliar com sua esposa, mas ela não queria nada com ele. Ele a
encontrou várias vezes no apartamento do jovem e disse que estava
recebendo aconselhamentos. Em um dia muito triste, minha esposa,
minhas filhas e eu descobrimos que o jovem marido tinha cometido suicídio.
A morte dele foi traumática para toda a congregação. Ele tinha
sido a primeira alma que nós tínhamos ganhado para Cristo desde
que a congregação tinha começado. Ele era amado por todos. Ele era
muito solícito, brincalhão, amável, muito humilde e divertido. Foi uma
grande perda. As lágrimas e o sofrimento afetaram todos que
freqüentavam a congregação.
Acusações, murmurações e fofocas explodiram. Por coincidência
ou de propósito, o jovem responsável saiu da cidade por várias
semanas. Quando ele retornou, assim como Absalão contra seu pai
Davi, ele começou a visitar a casa dos líderes. Ele difamou a mim e
minha esposa. Durante esse tempo, muitos pastores nos notificaram
de algumas coisas alarmantes que nós e outros casais da igreja
estávamos sendo acusados. Na mesma hora, alguns dos líderes que
estavam sendo persuadidos por aquele espírito infernal, pediram para
marcar uma hora comigo. Na reunião, dois líderes e servos amados
vieram nos defender. Um deles era o pai do jovem rapaz influenciado
pelo espírito de Jezabel.

63
Liderança, Ministério e Batalha

Depois que nós tivemos as provas das acusações deste jovem


rapaz por parte de vários pastores e reconhecemos a falta de
maturidade e sabedoria daqueles três líderes que vieram até nós
com perguntas, nós oramos e entregamos essa situação para o Senhor.
Alguns dias depois, toda a liderança da igreja se encontrou. Depois de
orar e jejuar, nós expulsamos aquele sujeito e oficialmente o
removemos da liderança. Como igreja, nós tínhamos padrões de
disciplina para situações como aquela. Tendo tomado todos os passos
necessários, nos encontramos ao ponto de entregá-lo a disciplina do
Senhor.
Quando a igreja foi notificada dessa situação, houve uma crise
na igreja. Algumas famílias optaram por ir embora, incluindo parte da
liderança. Satanás tinha conseguido se infiltrar para roubar, matar e
destruir. Absalão e Jezabel tiveram uma vitória muito limitada.
Pouco tempo depois, os dois indivíduos usados por Jezabel e
Absalão se casaram.
Muitos anos se passaram desde que aquilo aconteceu. As
cicatrizes daquela tragédia ainda não estão curadas. O trauma
emocional causado pela perda daquele amado jovem permanece para
muitas pessoas.
“Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso
Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes,
inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que,
no Senhor, o vosso trabalho não é vão.” (1 Coríntios 15:57-58).
No próximo capítulo, veremos como o Senhor julga aqueles que
causam divisão na igreja.

¹ TORRES, Hector. Derrubando Fortalezas. Em inglês, lançado


pela Wagner Publications, ainda não lançado em português.
64
C a p i t u l o 8

A justiça de Deus
“A mim pertence a vingança, a retribuição, a seu tempo, quando resvalar
o pé; porque o dia da sua calamidade está próximo, e o seu destino se
apressa em chegar. Porque o Senhor fará justiça ao seu povo e se
compadecerá dos seus servos.” (Deuteronômio 32:35-36a).
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas daí lugar à ira; porque
está escrito: A mim pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o
Senhor.” (Romanos 12:19).
“Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu
retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.” (Hebreus 10:30).

T
odos os líderes deveriam saber que o seu adversário vai tentar
destruir suas vidas, ministério, família e congregação. Como
nós vimos nos primeiros capítulos, muitas vezes os ataques
vêm de dentro da igreja. Satanás usa cristãos que não são maduros
nem sábios e sem entendimento das Escrituras, que não são capazes
de discernir que estão sendo usados pelo diabo como instrumentos
para roubar, matar e destruir.
As nossas reações a esses ataques definem o nível da nossa
maturidade. Eu já mencionei que a maturidade de um cristão não é
medida pelo o que Deus faz através dele mas pelo modo como reage
às situações. Em outras palavras, a nossa maturidade espiritual não é
medida pelas nossas ações mas pelas nossas reações.
Três vezes o Senhor disse para nós: “Minha é a vingança, e a
recompensa eu vou pagar.”
Quando nós somos vítimas dos ataques dos nossos irmãos e
irmãs, pessoas nas quais nós temos colocado nosso amor, tempo e
recursos, vamos nos lembrar que a nossa luta não é contra a carne e
sangue. Nós não devemos nos defender ou lutar contra aqueles que
estão nos atacando, mas descobrir e lutar contra as forças que estão
por trás do ataque, sempre lembrando o que a Palavra diz: “não
pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário,

65
Liderança, Ministério e Batalha

bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de


receberdes bênção por herança.” (1 Pedro 3:9).

Deus é nosso advogado


O profeta Jeremias, assim como muito servos de Deus, foi vítima
do sofrimento causado pelo pecado ou por oposição. O livro de
Lamentações é um tesouro literário de sofrimento como punição pelo
pecado. No meio do sofrimento, o profeta descarrega seu quebrantamento
e aflição aos pés do Altíssimo. Sua confiança em meio a crise é colocada
no seu Advogado que irá defendê-lo de toda a acusação.
A coisa maravilhosa a respeito deste Advogado é que Ele não
somente nos defende mas também julga e pronuncia a sentença.
“Pleiteaste, Senhor, a causa da minha alma, remiste a minha
vida. Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga a minha causa.
Viste a sua vingança toda, todos os seus pensamentos contra mim; as
acusações dos meus adversários e o seu murmurar contra mim, o dia
todo... Tu lhes darás a paga, Senhor, segundo a obra das suas mãos.”
(Lamentações 3:58-62,64).

Nós temos um Advogado junto ao Pai


“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos
visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas
mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida” (1 João 1:1).
Alguns acreditam que este versículo afirma que se estamos em
pecado, Jesus é nosso advogado. Jesus não defende pecado, Ele veio
pagar o preço do pecado e pregá-lo na cruz. Os versículos anteriores
dizem que todos nós pecamos; mas se nós nos arrependermos do
pecado e confessarmos para Ele e para aqueles contra quem temos
pecado, Ele é justo para perdoar todos os tipos de pecado. Aliás, a sua
defesa depende da confissão de nossos pecados. Confissão é parte
do processo de arrependimento. Nós vamos diante de Deus e dos
outros para reconhecer nossos pecados e pedir perdão. Tiago diz:
“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos
outros.” (Tiago 5:16).
Quando ofensa e pecado vêm, e mais cedo ou mais tarde eles
virão, nós devemos nos arrepender rapidamente para evitar o
julgamento de Deus. Quando nós confessamos nossos pecados, “o
sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” (1 João 1:7).
66
A justiça de Deus

Deus nos declara justos. Então Jesus toma sua posição como nosso
advogado para nos defender das acusações que vem aos ouvidos do
Pai celestial. Jesus Cristo intercede pedindo justiça para os justos e
por punição para o injusto.
Cedo ou tarde, o inimigo irá atacar cada líder no corpo de Cristo.
É parte do preço da liderança. Como é maravilhoso poder descansar
na promessa de que Deus irá executar justiça e Jesus Cristo, nosso
Advogado está à sua mão direita.

A justiça de Deus
“Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam
dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que,
depressa, lhes fará justiça.” (Lucas 18:7-8a).
A consequência de pecarmos contra outros, especialmente
contra aqueles que Deus chamou e colocou em posição de autoridade,
é severa e rápida. Provérbios 12:21 diz: “Nenhum agravo sobrevirá ao
justo, mas os perversos, o mal os apanhará em cheio.” O Senhor
Deus é um Deus de justiça e se mostra pronto para fazê-la.
O livro de Provérbios nos revela a rapidez na qual o Senhor
defende seus servos dos lábios daqueles que querem causar o mal.
“No seu coração há perversidade; todo o tempo maquina o mal;
anda semeando contendas. Pelo que a sua destruição virá
repentinamente; subitamente, será quebrantado, sem que haja cura.”
(Provérbios 6:14-15).

Um testemunho pessoal
Alguns anos atrás eu contratei um cristão para construir uma
casa para minha família. Este homem era um construtor e eu o
conhecia porque eu era seu gerente no banco. Depois de pagar a ele
a conta inteira do contrato, ele parou de construir quando ainda faltava
um quarto da construção. Teve muitos custos adicionais por ele não
supervisionar os trabalhadores. Ele não apenas parou de trabalhar,
senão que hipotecou a propriedade por um valor excedente a quantia
de $40.000,00 dólares. Ele imediatamente apresentou uma ação judicial
por causa da quantia da hipoteca, levantando todo tipo de falsa
acusação por meio de seus advogados.
Baseado nas Escrituras (1 Coríntios 6:1-8), eu contratei um
advogado com o único propósito de me defender. Eu nunca permiti

67
Liderança, Ministério e Batalha

que ele acusasse aquele indivíduo de violar o contrato. Nem eu tentei


recuperar o dinheiro que me custou para terminar o trabalho. Meu
real Defensor era o Senhor ao qual levantava as minhas súplicas
continuamente. Eu sabia que Ele era o meu justificador e que iria me
pagar. O Senhor me guiou ao Salmo 35, e eu e minha esposa nos
unimos em oração todas as noites e todas as manhãs. Nossos
clamores ao Senhor eram os mesmos do Salmista: “Contende, Senhor,
com os que contendem comigo; peleja contra os que contra mim
pelejam.” (Salmos 35:1). Essa era a nossa oração diária até vermos a
nossa vitória.
Em menos de seis meses, meu acusador foi a falência. Ele não
tinha dinheiro para pagar o advogado que ele contratou para me
processar e finalmente reconheceu a mão da justiça divina, ele veio a
mim e a minha esposa para pedir perdão. Nós, é claro, o perdoamos
e algum tempo depois eu dei a ele vários empréstimos para recomeçar
o seu negócio.

O justo e o injusto
O Senhor livra o justo da tribulação (Moffat) e mantém o injusto
debaixo de punição até o dia do julgamento (American Standard),
especialmente aqueles que acendem a sua natureza carnal e se
entregam as paixões que os contaminam e desprezam a autoridade
(Godspeed), estes são arrogantes e presunçosos (Phillips), não temendo
falar mal daqueles que estão em autoridade (Norlie). 2 Pedro 2:9-10
De acordo com Pedro, o injustos são aqueles que não são cristãos
e não foram justificados pelo lavar do sangue de Jesus. No segundo
texto, contudo, se refere aos cristãos carnais que se levantam em rebelião
dentro da igreja. O Senhor mantém os injustos debaixo de julgamento
até a hora do julgamento chegar, mas como Pedro escreve, cristãos que
se levantam contra suas autoridades recebem punição ainda maior.
Eu descobri no ministério que aqueles que tentaram me causar
dano são cristãos carnais que não estão em comunhão com Deus.
Essas pessoas se sentem miseráveis e querem que todos se sintam
iguais. Frequentemente eles são as que têm sido mais ajudadas e
aquelas a quem os pastores têm investido mais tempo.
A Bíblia fala de “arrogantes e pessoas presunçosas, que não
tem medo de falar daqueles que estão em posição de autoridade.”
Isto pode acontecer com aqueles que não estão em comunhão com
68
A justiça de Deus

Deus e com seus líderes. Eles pensam que sabem mais do que aqueles
que estão em autoridade ou eles se apoderam ou usurpam aquela
autoridade e não tem medo de criticar ou murmurar contra seus líderes
como Arão e Miriam fizeram com Moisés. Frequentemente eles estão
cheios de orgulho como Lúcifer estava e chamam a si mesmos para o
ministério ou criam uma posição de liderança. Então o inimigo os usa
para trazer confusão e dividir a igreja que eles freqüentam.

Testemunho de uma igreja


“Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima a sua alma abomina:
olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente,
coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr
para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia
contendas entre irmãos.” (Provérbios 6:16-19).
Eu conheço um pastor que foi atacado por espíritos de Jezabel e
Absalão na sua congregação. Seus acusadores o atacaram com línguas
mentirosas e corações que planejam projetos iníquos. Eles foram rápidos
para causar o mal. Eles levantaram falsas testemunhas e semearam
discórdia entre os irmãos. Aos olhos de Deus, eles eram culpados de
cinco das seis abominações. A justiça de Deus se manifestou
rapidamente para aqueles que não se arrependeram. Um casal que
tinham participado daqueles pecados sofreu rápidas e severas
conseqüências. Poucos meses depois de deixar a igreja em dissensões,
pecado e divisão, a mulher cometeu adultério com um de seus
empregados e ficou grávida. Ambos perderam seus empregos e seus
automóveis foram tomados deles por causa da falta de pagamento, e
eles finalmente perderam a sua casa. Aquelas circunstâncias os levaram
a reconhecer o que haviam feito. Eles logo se arrependeram e o Senhor
começou a restaurar o que eles tinham perdido.
Outra mulher que tinha participado da mesma situação, pouco
tempo depois sofreu um acidente de carro. Então disseram para ela
se arrepender mas ela se recusou. Mais tarde ela teve outro acidente.
Desta vez ela sofreu vários ferimentos que causaram dano
permanente nas suas pernas. A companhia de seguro não pagou pelos
danos e como conseqüência, ela perdeu seu automóvel que era seu
único meio de transporte. Então ela perdeu o emprego e foi despejada
de onde morava. Ela não tinha como ligar para casa.
As crianças de duas famílias que deixaram a igreja sofreram as

69
Liderança, Ministério e Batalha

conseqüências daquele pecado. A iniqüidade dos pais visitaram a


terceira e quarta geração dos filhos. (Veja Deuteronômio 5:9). Uma
filha de uma dessas famílias ficou grávida de fornicação.
Depois que a igreja se dividiu, aqueles que deixaram a igreja
começaram a sua própria congregação debaixo de um espírito de
Absalão. Deus não a abençoou e nem a abençoará. Todo o trabalho
nascido de divisão e fora da vontade de Deus é em vão. É necessário
vir primeiro um sincero arrependimento.
O triste dessa situação é que eles acreditavam não estarem
errados, então achavam que não precisavam se arrepender. Vamos
ler um provérbio que explica isso:
“Todo o caminho do homem é reto aos seus próprios olhos, mas
o Senhor sonda os corações.” (Provérbios 21:2).
A palavra ‘sonda’ no hebraico tem o mesmo significado da
palavra ‘pesar’, vem de ‘pesar em escala’. O Senhor mede os motivos
do coração e determina justiça na condição do coração.
Vamos lembrar o aviso de Jesus aos seus discípulos:
“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se apresentam
disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos
seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos
espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mateus 7:15-16).
O temor do Senhor deve manter-nos longe de julgar os outros e
examiná-los, mesmo quando há pecado em suas vidas. Nosso dever
para com aqueles que estão em pecado é restaurá-los em espírito de
mansidão. Muitos cristãos cometem o erro de se considerar acima do
pecado. Esses são os primeiros a criticar aqueles irmãos que caem
em pecado. O apóstolo Paulo escreve por revelação do Espírito Santo
para a igreja de Roma:
“Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o
teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus... Assim,
pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Não nos julguemos
mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes
tropeço ou escândalo ao vosso irmão.” (Romanos 14:10,12-13).
Muitos anos atrás um tele-evangelista acusou publicamente um
pastor de cometer pecados de imoralidade. Ele exigiu que o acusado
se submetesse à autoridade da denominação dele e fosse substituído
do ministério. Infelizmente, este irmão acusador foi preso pela polícia
em Palm Springs, Califórnia pouco tempo depois com uma prostituta
70
A justiça de Deus

e com revistas pornográficas no seu carro. Ele recusou a se submeter


à disciplina da sua denominação e se ausentou de sua posição
ministerial por apenas um breve período e retornou ao ministério
sem arrepender-se publicamente das acusações que fez contra seu
irmão em Cristo.
Pouco tempo depois, este tele-evangelista foi preso na mesma
cidade pelo mesmo crime. Hoje, o seu ministério perdeu toda a
credibilidade e seu império financeiro e ministerial foi desolado.
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério
com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes
medido, vos medirão também.” (Mateus 7:1-2).

71
C a p i t u l o 9

Um obstáculo para o
evangelismo
“Respondeu-lhes Jesus: Não provém o vosso erro de não conhecerdes as
Escrituras, nem o poder de Deus?” (Marcos 12:24).
“Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou e dizia: Ah! Se conheceras
por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora
oculto aos teus olhos... porque não reconheceste a oportunidade da tua
visitação.” (Lucas 19:41-42, 44b).

P
erguntaram para um líder de igreja, “Por que a igreja de hoje
não tem o poder que ela tinha no tempo de Atos? É ignorância
ou apatia?” Ele respondeu: “Eu não sei e eu não me importo.”
A predisposição mental é uma fortaleza espiritual de natureza
ideológica e é o maior obstáculo para o desenvolvimento espiritual,
emocional e material. Quando temos predisposições mentais, nós
inibimos o trabalho de Deus com relação ao nosso crescimento e
maturidade espiritual. A predisposição mental coloca freios no mover
de Deus. Ao invés de ajudar a edificar e estabelecer a obra do Senhor,
isso retarda e se opõe ao que Deus quer fazer.
O que é uma fortaleza espiritual ideológica? Dr. Gary Kinneman
em seu livro “Overcoming the Domain of Darkness” (Vencendo o
Domínio das Trevas) escreve: “Fortalezas ideológicas tem a ver com
o domínio que Satanás exerce sobre o mundo através de filosofias
que influenciam o mundo e a sociedade. Este tipo de fortaleza também
influencia a igreja. Isto leva o cristão a uma forma de pensar que o
impede de ver ou receber algo que não seja de acordo com as suas
idéias pré-concebidas.”
A palavra predisposição significa pré-disposição ou pré-
determinação. De acordo com o Dicionário Colegial Webster significa:
“se inclinar antes, determinar antes, preconceito”. Portanto, uma
predisposição mental é uma idéia pré-determinada de como algo é ou

73
Liderança, Ministério e Batalha

deveria ser. Frequentemente, por diferentes razões, nós formamos


uma opinião ou uma idéia que nos impede de ouvir o que Deus está
tentando nos dizer. Isto causa um bloqueio mental que nos mantém
longe de ouvir o pastor, um irmão, um professor, um evangelista, um
profeta ou um apóstolo. Estas fortalezas fecham o nosso
entendimento. Frequentemente elas são a causa de divisões, conflitos
e ofensas entre irmãos e irmãs na igreja.
Em 2 Coríntios 10:3-5, Paulo indica que algumas das fortalezas
que nós temos que destruir na nossa vida são os argumentos
(fortalezas filosóficas) e toda a altivez (fortalezas territoriais) que se
exaltem contra o conhecimento de Deus, trazendo todo o pensamento
(predisposição mental, fortalezas pessoais) cativas à obediência de
Cristo. A palavra obediência, do grego hupakoe, é ‘ouvir atentamente,
ouvir com submissão, condescendente, assentimento e acordo’. Em
outras palavras, se nós não formos cuidadosos, nossa mente pode
ser contrária à revelação e nossa predisposição mental irá cortar a
possibilidade de ouvir a Deus atentamente.

A predisposição mental dos fariseus


“Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou e dizia: Ah! Se
conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto
está agora oculto aos teus olhos. Pois sobre ti virão dias em que teus
inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão
o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em
ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua
visitação.” (Lucas 19:41-44).
Talvez o exemplo mais evidente de uma predisposição mental é a
do povo judeu. Os profetas anunciaram a vinda do Messias para
estabelecer o reino de Deus, um reino descendente da linhagem de Davi
e Salomão que iria trazer paz, libertação e liberdade. Os líderes religiosos,
os fariseus e saduceus, mal-interpretaram as promessas de Abraão,
Isaque e Jacó e as escrituras proféticas da vinda do Messias que viria
estabelecer um Reino. Baseado nas circunstâncias, eles formavam uma
opinião diferente. Eles estavam esperando por um Messias que viria
derrotar o exército opressor do Império Romano, e depois disso ele iria
estabelecer um reino nacional para o povo de Israel.
O apóstolo Paulo, tentando ajudar os judeus de Antioquia da
Pisídia a entender que Deus tinha outro plano, os exortou dizendo:
74
Um obstáculo para o evangelismo

“Paulo, levantando-se e fazendo com a mão sinal de silêncio,


disse: Varões israelitas e vós outros que também temeis a Deus, ouvi...
Irmãos, descendência de Abraão e vós outros os que temeis a Deus,
a nós nos foi enviada a palavra desta salvação. Pois os que habitavam
em Jerusalém e as suas autoridades, não conhecendo Jesus nem os
ensinos dos profetas que se lêem todos os sábados, quando o
condenaram, cumpriram as profecias; e, embora não achassem
nenhuma causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto.
Depois de cumprirem tudo o que a respeito dele estava escrito, tirando-
o do madeiro, puseram-no em um túmulo... Notai, pois, que não vos
sobrevenha o que está dito nos profetas: Vede, ó desprezadores,
maravilhai-vos e desvanecei, porque eu realizo em vossos dias obra
tal que não crereis se alguém vo-la contar... Então, Paulo e Barnabé,
falando ousadamente, disseram: Cumpria que a vós outros, em
primeiro lugar, fosse pregada a Palavra de Deus; mas, posto que a
rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que
nos volvemos para os gentios.” (Atos 13:16, 26-29, 40-41, 46).
Paulo está pregando para os judeus em Antioquia que Jesus
Cristo cumpriu as profecias a respeito do Messias e como os habitantes
de Jerusalém e os líderes religiosos, mesmo lendo as Escrituras todo
o sábado, não tiveram a revelação nem de Jesus nem as palavras dos
profetas. Ao invés disso, a predisposição mental do povo judeu os
impediu de receberem uma mensagem diferente daquela que eles
pensavam. A Bíblia nos conta que os judeus naquela região recusaram
a Palavra de Deus enquanto os gentios regozijaram, glorificaram a
Deus e creram nas boas novas.
“Mas os judeus, vendo as multidões, tomaram-se de inveja e,
blasfemando, contradiziam o que Paulo falava.” (Atos 13:45).
Muitos cristãos hoje em dia têm uma atitude similar. Estes se
opõe, refutem, contradizem e até blasfemam de outros cristãos.
Ciúmes e inveja os levam ao ponto de declarar que os moveres de
Deus são heresias, mesmo quando eles vêem o crescimento,
entusiasmo, alegria e prosperidade daqueles que obviamente estão
ungidos por Deus.

Predisposição mental na América Latina


Na América Latina, a tradição religiosa tem formado um ensino
que vem desde o berço, o qual impede que se abram as portas do

75
Liderança, Ministério e Batalha

coração para as boas novas do evangelho. Assim como o povo judeu,


eles rejeitam o cristianismo bíblico (evangélico) e se identificam e se
parecem com seitas religiosas como os Mórmons, Testemunha de
Jeová e outros. Desta maneira, como os judeus em Jerusalém, eles
cumprem a palavra profética do Senhor que diz:
“Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se
perdem que se está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o
entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho
da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” (2 Coríntios 4:3-4).

Na Igreja Evangélica
Infelizmente, Satanás tem causado diferenças teológicas dentro
do Corpo de Cristo para se tornarem fortalezas ideológicas que muitas
vezes nos impedem de amar um ao outro, conviver e trabalhar na
obra do Senhor e cumprir a grande comissão. Como um exército
dividido, não conseguimos ter um impacto que revolucione as nossas
cidades e nações.
Satanás tem cegado os nossos olhos como ele fez com os
discípulos:
“Tomando consigo os doze, disse-lhes Jesus: Eis que subimos
para Jerusalém, e vai cumprir-se ali tudo quanto está escrito por
intermédio dos profetas, no tocante ao Filho do Homem... Eles, porém,
nada compreenderam acerca destas coisas; e o sentido destas
palavras era-lhes encoberto, de sorte que não percebiam o que ele
dizia.” (Lucas 18:31,34).
Nossos conceitos teológicos e prediposições mentais impedem
o nosso entendimento do mover de Deus e o que o Espírito Santo diz
à Igreja. Se o nosso Senhor Jesus Cristo foi confrontado com esta
situação, quanto mais serão confrontados com situações similares
aqueles que Deus está usando hoje para despertar a Igreja para
conhecimento e revelação da guerra espiritual, intercessão e
restauração do louvor e adoração, dança, artes, missões aos povos
não-alcançados, a maravilhosa graça de Deus, evangelismo de poder,
restauração do ministério apostólico e profético e reconquista das
cidades e nações para Cristo.
As idéias ou opiniões que temos aprendido causam um bloqueio
mental, um impedimento ideológico para as coisas novas que Deus
está fazendo. Quantas vezes Deus tem falado com o seu povo e este,
76
Um obstáculo para o evangelismo

devido às suas idéias preconcebidas, não tem sido capaz de ver o


mover de Deus nem de ouvir sua mensagem.
Muitos cristãos não acreditam mais que Deus fala com seu povo.
Alguns preferem que Deus fale com outros. Outros procuram uma
palavra para hoje, mas Deus reserva o direito de falar conosco
amanhã. O povo de Deus, do mesmo modo que Israel, será
responsável diante de Deus por todas as coisas que têm ouvido pela
boca dos profetas, líderes e pastores. Deus cessa de falar para aqueles
que endurecem o coração e não ouvem por causa da sua
predisposição mental.
Quando eu falo de ouvir a voz de Deus, devo ser claro de que
muitos não ouvem o que Deus está falando. Há outros que ouvem o
que eles querem ouvir enquanto outros nem acreditam que Deus
ainda fala hoje.
Quando Moisés ouviu o que ele queria e não o que Deus queria
Moisés foi um dos daqueles que, por causa da sua opinião de
como Deus iria libertar o povo de Israel, ouviu o que ele quis e não o
que Deus disse, não somente uma ou duas, mas três vezes. Por isso,
Deus o mandou para os anciãos de Israel e junto com os anciãos, Ele
o mandou falar com o Rei do Egito.
“E ouvirão a tua voz; e irás, com os anciãos de Israel, ao rei do
Egito e lhe dirás: O Senhor, o Deus dos hebreus, nos encontrou. Agora,
pois, deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, a fim de que
sacrifiquemos ao Senhor, nosso Deus. Eu sei, porém, que o rei do Egito
não vos deixará ir se não for obrigado por mão forte.” (Êxodo 3:18-19).
Deus claramente contou a Moisés que o rei do Egito não o deixaria
sair. Moisés não ouviu porque ele não queria ouvir aquilo. Deus falou
a Moisés de novo, falando para ele que Faraó não o deixaria sair. De
novo Moisés não ouviu o que Deus tinha dito.
“Disse o Senhor a Moisés: Quando voltares ao Egito, vê que faças
diante de Faraó todos os milagres que te hei posto na mão; mas eu lhe
endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo.” (Êxodo 4:21).
Moisés não fez o que Deus tinha dito a ele. Como resultado, as
coisas ficaram piores para ele e para o povo de Israel. Zangado com
Deus, clamou a Ele dizendo: “Ó Senhor, porque afligiste este povo?
Porque me enviaste? Pois, desde que me apresentei a Faraó, para
falar-lhe em teu nome, ele tem maltratado este povo; e tu, de nenhuma
sorte, livraste o teu povo.” (Êxodo 5:22b-23).

77
Liderança, Ministério e Batalha

Muitos cristãos não ouvem o que o Espírito Santo está dizendo para
a Igreja hoje. Muitos se recusam a ver o que Deus está fazendo. Eles têm
uma predisposição mental do que é e, desde que não seja a idéia deles
sobre Deus, isto os impede de ver a presença e a bênção de Deus.
Deus nem sempre fala de bênção, prosperidade e felicidade. Muitas
vezes Deus fala sobre sabedoria, disciplina, consagração, compromisso,
sacrifício, fidelidade, correção, ofertas, oração, intercessão e jejum. Deus
fala sobre coisas que são necessárias ao seu povo.
Nós temos que derrubar as fortalezas ideológicas que temos
formado e ouvir a mensagem de Deus para o seu exército. Eu tenho a
completa certeza que a mensagem de Deus para esses dias é: “Igreja,
se prepare para a última grande batalha!”
Hoje muitos cristãos formam opiniões sobre o que Deus quer
fazer no ministério. Impedem o derramamento e o mover de Deus.
Nós continuamos divididos porque não concordamos com coisas como
louvor e adoração, falar em línguas, danças e artes, guerra espiritual,
risos e alegria, profecia, maneira de vestir, cabelo comprido, etc...
Irmãos e irmãs, nós precisamos acordar! O que nos une é mais forte
do que o que nos divide. O sangue de Cristo, a cruz e o amor
incondicional de Deus nos faz UM.

O evangelho do legalismo
Em alguns lugares o pentecostalismo não é nada mais do que
legalismos de obras. Quando o avivamento na Rua Asuza começou,
as características que o definiram foram liberdade de expressão na
oração, no louvor, na alegria, nas línguas e na graça de Deus.
Hoje, de muitos púlpitos nada é ouvido sobre guerra espiritual,
intercessão, a grande comissão, missões, oração, jejum, fidelidade ou
sacrifício; nada do que é necessário para preparar e equipar os santos
para esses últimos dias, para estes tempos perigosos.
Em muitas nações da América Latina, o evangelho que tem
predominado é o evangelho do legalismo direcionado contra a mulher:
cabelo, jóias, maquiagem e calças.
É isto que Deus quer ensinar o seu povo para lutar contra os
ataques furiosos do inimigo? Falando a verdade, muitos pregadores
só falam sobre suas próprias fraquezas e preocupações. Nestas
congregações legalistas, o incidente de pastores caindo em pecados
imorais é mais alto que no resto da Igreja.
78
Um obstáculo para o evangelismo

Contudo Deus nos chama a proclamar um evangelho de poder.


Paulo declarou: “Eu não deixo de ensinar todo o conselho de Deus.”
O conselho de Deus para o profeta Samuel foi: “Não atentes
para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque
o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o
Senhor, o coração.” (1 Samuel 16:7).
Através de Paulo, o Espírito Santo nos exorta a não focar nas
coisas terrenas mas nas celestiais (Veja Colossenses 3:2).
O apóstolo Paulo nos conta que devemos parar de viver de
acordo com os costumes e opiniões carnais deste mundo. Ele também
declara que nós devemos ser renovados e mudar nossas atitudes e
opiniões para que nos permitam discernir e entender a boa, agradável
e perfeita vontade de Deus (Veja Romanos 12:2).
As fortalezas ideológicas que têm dividido e fragmentado o
Corpo de Cristo contemporâneo não são diferentes daquelas que
Paulo declara que foram evidência de carnalidade e falta de
maturidade na Igreja de Corinto. Paulo repreende a Igreja de Corinto
e encoraja a unidade. Divisões, sectarismo, ciúmes, inveja e conflitos
manifestam imaturidade, carnalidade e ignorância na Igreja de Corinto
e estes mesmos pecados mostram as sua terríveis faces no nosso
meio.
“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim
como a carnais, como a crianças em Cristo... Porquanto, havendo
entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais
segundo o homem? Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e
outro: Eu, de Apolo, não é evidente que andais segundo os homens?”
(1 Coríntios 3:1,3-4).
Hoje, Deus nos está mandando derrubar toda a fortaleza, todo o
obstáculo, toda a opinião e toda a predisposição mental que nos impede
de crescer espiritualmente, de amadurecer nas coisas de Deus e de
impactar nossas comunidades. Vamos parar de impedir o que Deus
quer fazer nas nossas vidas pessoais, nas nossas casas, nas nossas
congregações e nas nossas cidades e nações!

79
C a p i t u l o 10

Visão: um requisito
para a liderança
“Contudo, ó rei Agripa, eu não fui rebelde à visão celestial.” (Versão Reina
Valera, 1960)
“Eu não me opus à visão celestial.”
“Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.” (Atos 26:19).

Visão de Deus

P
aulo, enquanto defendia seu chamado perante o rei Agripa,
publicamente declarou que Deus o chamou para se dedicar
completamente à visão que Ele o tinha dado. A visão que Deus
deu a Paulo mudou a sua vida. A visão de Deus para as nossas vidas
mudam o curso de todos os nossos planos.
Por esta declaração, Paulo expôs sua entrega total ao chamado
de Deus e demonstrou as características de um líder. “Paulo foi
totalmente comissionado para o trabalho de pregar o evangelho e
estabelecer igrejas em todos os lugares do mundo. Ele viveu o que
escreveu. A vida dele personificava três conceitos básicos de liderança:
1) Ele era dedicado às metas e ao espírito do seu chamado
(Filipenses 3:7-8);
2) Ele comunicou suas convicções a outros (2 Timóteo 2:1-2) e
encarou todas as dificuldades necessárias para alcançar aquilo até o
fim (2 Coríntios 4:8-11; 11:23-33);
3) Ele estava atento para mudanças. O apóstolo adaptou-se a
mudanças culturais, sociais e políticas. Neste caminho ele nunca
perdeu sua posição relevante (1 Coríntios 9:19-22).
Provérbios 29:18 diz: “Não havendo profecia, o povo se
corrompe;” Aqui a palavra profecia do hebraico é chazon que também
pode ser traduzida por ‘visão, um sonho, um oráculo ou uma revelação,
particularmente o tipo de revelação recebida por profetas’. (Veja Isaías
1:1, Ezequiel 12:27-28, Daniel 8:1-2, Obadias 1, Habacuque 2:2-3).

81
Liderança, Ministério e Batalha

Provérbios 29:18 mostra que quando uma sociedade perece por falta
de revelação divina (percepção de Deus), aquela sociedade marcha
em direção à anarquia. A mesma passagem na Bíblia de Jerusalém
diz: “Quando não há visão, o povo não tem freio”. Outra versão diz:
“Onde não há visão, o povo perde a esperança.”
A palavra ‘visão’ no grego é horasis. Não significa fantasma ou
aparição, mas se refere ‘à habilidade de perceber ou discernir com os
olhos da fé o sonho que Deus colocou em seu coração’.
Se nós não temos a visão de Deus para as nossas vidas, corremos
o risco de viver uma vida desenfreada e relaxada, sem propósito ou
direção. Como o evangelista Alberto Mottesi disse: “A visão correta
nos liderará a paixão que inevitavelmente nos estimulará à ação.”
A visão de Deus contém o plano Dele para cada um de seus
filhos e filhas, Sua igreja e humanidade. Sua visão é a revelação dos
planos que Deus tem dado aos homens através dos profetas,
preservada para todas as gerações na Sua Santa Palavra.

A visão do líder
“Não fui desobediente à visão celestial.” (Atos 26:19b)
A visão de um líder é o chamado que Deus deu para ele levar a
cabo seus planos e propósitos. É o sonho inspirado por Deus que
queima em seu coração e o motiva a cumprir o propósito de Deus
para sua vida. Além disso, a visão que Deus dá ao líder não é só para
o líder, é para o povo e requer submissão e colaboração.

Visão ou divisão
Deus deu a Moisés uma visão: libertar o povo de Israel da
escravidão do Egito. Esta não era só a visão de Moisés mas a visão de
Deus para Seu povo. Em Números 11:10-15, nós vemos que Moisés,
frustrado pelas reclamações contínuas dos familiares que paravam à
porta da sua tenda todos os dias, chegou ao ponto que muitos pastores
e líderes chegam. “Senhor, se as coisas continuarem deste jeito, é
melhor o Senhor remover este fardo do ministério de mim. Eu não
posso agüentar este povo... Eles são teu povo. Porque eu deveria tê-
los o tempo todo ao meu redor? Este ministério é muito pesado para
eu carregar!” Em um momento de total frustração ele diz ao Senhor:
“Eu te imploro para me matar aqui e agora – se eu achei favor aos
seus olhos – e não me deixe ver a minha infelicidade!” (v.15).
82
Visão: um requisito para a liderança

Vamos ver a resposta de Deus:


“Disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos
de Israel, que sabes serem anciãos e superintendentes do povo; e os
trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo.
Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre
ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não
a leves tu somente.” (Números 11:16-17).
A resposta para este problema: delegar autoridade. Deus ordenou
a Moisés procurar por pessoas que estivessem mostrando fidelidade
através dos anos, que estivessem pagando o preço do serviço entre o
povo para demonstrar-lhes que Moisés era a autoridade que Deus
reconhecia e em quem Ele havia confiado sua visão. Então Deus diz
que pegaria do Espírito que estava sobre Moisés e colocaria sobre eles.
Nós precisamos entender algo muito importante. É
absolutamente necessário que a liderança que cerca o líder tenha a
mesma visão, o mesmo propósito e o mesmo objetivo que seu líder.
Onde há mais de uma visão, há divisão. Se alguém não tem o mesmo
objetivo, ele não pode trabalhar na mesma obra. Uma pessoa pode
ter uma unção poderosa do Espírito Santo, mas se ele não tem o
mesmo espírito do líder, não funcionará. Para um trabalho de
crescimento e multiplicação, todos os líderes devem ter a mesma
mente e coração. A Bíblia diz que eles devem estar em um único
acordo (Atos 1:14).
Quando Deus tem o propósito de fazer algo, Ele sempre escolhe
um líder para levar a cabo. Talvez aos seus olhos ele não seja o mais
qualificado, o mais educado ou o melhor, contudo ele é aquele que
Deus quer. Muitas vezes Deus não escolhe a pessoa mais esperada,
mas a menos esperada. Deus não está procurando por talentos, mas
por caráter. Os homens que Jesus escolheu como seus discípulos e
como futuros líderes da igreja, incluindo Judas Iscariotes, não teriam
sido aqueles que muitos líderes teriam escolhido.
Nenhuma pessoa poderia ou deveria fazer de tudo na obra de
Deus. Deveria ser um trabalho em equipe, uma equipe comprometida
com seu líder e com sua visão.
Frequentemente pessoas vêm à igreja com muitos talentos, dons
e unção do Espírito Santo, mas com a sua própria agenda, a sua própria
visão. Eles não querem se submeter à visão do líder e a divisão vem.
Jesus disse: “Todo reino divido contra si mesmo ficará deserto, e casa

83
Liderança, Ministério e Batalha

sobre casa cairá.” (Lucas 11:17). Não pode continuar de pé. Só pode
haver uma visão para o ministério ou congregação e tem que ser
aquela do homem que Deus tem colocado como cabeça, a não ser
que pessoas tenham provado que ele está em pecado ou está
ensinando heresia.
Anos atrás eu trabalhei como Diretor Executivo da Associação
Evangelística Alberto Mottesi. Durante este tempo, eu fielmente
trabalhei para ajudar aquele ministério com os dons que Deus me
deu. Ambos, Alberto e eu sabíamos que Deus tinha me chamado para
o ministério. Uma vez que eu fiz o que era necessário para a
Associação, Alberto e eu oramos e eu fui obediente a visão que Deus
tinha me dado. Hoje nós continuamos trabalhando como um time.
Somos muito amigos e aprecio e admiro seu ministério.
Moisés escolheu os setenta. Deus deu a opção de escolher os
homens que ele quis no seu time. Eles não foram eleitos por votos do
povo ou selecionados por Deus, eles foram escolhidos pelo líder – Moisés.
Quando um presidente é eleito e toma seu ofício, é ele quem
escolhe sua equipe de trabalho. Quando um treinador vem para um
time, ele escolhe sua equipe de treinadores e líderes. Todos que
estavam trabalhando para o líder anterior presenciam sua demissão.
A razão para isso é que frequentemente, quando um novo líder chega,
as pessoas tendem a comparar a visão do antigo líder com a do novo
e é inevitável que as comparações causem problemas e dificuldades
para o novo líder.
O novo líder também tem que entender a visão do seu antecessor.
O caráter e a direção de um ministério não mudam do dia para noite. A
personalidade da congregação deveria ser estimada pelo novo líder e
ele deveria liderá-la com sabedoria e paciência para o lugar onde Deus
o direciona. Josué foi escolhido por Deus para continuar o trabalho que
Ele tinha começado com Moisés. O chamado de Josué era para levantar
e completar o que Moisés tinha começado. Deus entregou a obra a
Josué e disse a ele: “Como eu fui com Moisés, então eu serei com você,
eu não te deixarei nem te abandonarei.” (Josué 1:2-6).

Serviço e obediência
Quem nós chamamos para serem líderes no ministério? Noventa
e nove por cento das pessoas responderiam: pessoas de Deus. Mas
líderes são primeiramente chamados para servir seus líderes. Isto
84
Visão: um requisito para a liderança

não parece ser espiritual, parece? Vamos ouvir esta conversa entre
Samuel e o rei Saul:
“Por que, pois, não atentaste à voz do Senhor, mas te lançaste
ao despojo e fizeste o que era mau aos olhos do Senhor?... Então,
disse Saul a Samuel: Pequei, pois transgredi o mandamento do Senhor
e as tuas palavras; porque temi o povo e dei ouvidos à sua voz.” (1
Samuel 15:19-24).
Saul desobedeceu a Samuel, o líder espiritual do povo. Ele ouviu
a voz do povo e os temeu. Por esta desobediência à liderança, ele
perdeu sua posição de autoridade e seu reino. Desobediência à
liderança é motivo suficiente para tirar algo até mesmo do rei. Todo o
líder deveria trabalhar de acordo com a visão e direção do seu líder,
ao invés da visão do povo. Arão desobedeceu a Moisés, ouvindo ao
povo, e quase perdeu sua vida. (Êxodo 32).
Contudo, a liderança de Deus não é ditatorial, mas de serviço.
Não se tem o direito de manipular ou controlar. Jesus, como Senhor
dos senhores, deixou o exemplo de ser servo para todos: “Quem
quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva” (Mateus
20:26b). Neste sentido devemos servir às pessoas, mas nossa
obediência e lealdade são para o líder.
Quando nós falamos de obediência para pastores e líderes, é de
um ponto de vista de serviço. A lealdade dos líderes é primeiro para
servir a Deus que está acima deles. Jesus Cristo exerceu seu ministério
debaixo da direção de Deus, o Pai e não das pessoas, até mesmo na cruz.
É importante dizer que esta submissão deve ser sábia e não
cega. Muitas tragédias têm ocorrido quando líderes e pessoas têm se
submetidos à direção de líderes carismáticos e não tem discernido
sabiamente as coisas de Deus.
Depois de receber o manto ou o espírito do líder, nós devemos
ter a atitude de servo, como a de um filho a um pai, e isto não está
baseado em idade. Quando chega a hora de partirmos, devemos
compartilhar com outros a unção para o ministério como Elias fez
com Eliseu.
Antes de Deus dar autoridade a uma pessoa, ele tem que provar
sua fidelidade na casa do Deus e para com o líder que Deus colocou
sobre ele. Há pessoas que têm um chamado de Deus, que têm sido
separados por Deus e recebido a unção do Espírito Santo, mas eles se
recusam a se submeter às autoridades de Deus. Eles têm dentro deles

85
Liderança, Ministério e Batalha

um espírito de Absalão e contaminam aqueles que os seguem porque


eles transferem seus espíritos de independência e rebelião aos seus
seguidores. O resultado é confusão e desordem porque eles não
conhecem submissão nem respeito ao conceito de autoridade dada e
estabelecida por Deus.
Antes de nos tornarmos líderes, devemos nos tornar servos. O
ministério não é aprendido numa escola ou num seminário, mas em
serviço e debaixo da autoridade de um líder. Por esta razão, Eliseu
serviu Elias como um filho serve o pai e recebeu o manto de seu
mestre quando este partiu.
Nem todo o líder é um pai como Elias foi para Eliseu ou como
Paulo foi para Timóteo. Davi era um grande líder, mas um pai terrível.
Um pai deseja gerar e criar filhos que são melhores que eles. Ele não
sente inveja deles, mas se gloria deles diante do Senhor por produzir
bom fruto. Vamos ler o que Paulo disse a Timóteo:
“Espero, porém, no Senhor Jesus, mandar-vos Timóteo, o mais
breve possível, a fim de que eu me sinta animado também, tendo
conhecimento da vossa situação. Porque a ninguém tenho de igual
sentimento que, sinceramente, cuide dos vossos interesses; pois todos
eles buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo Jesus. E
conheceis o seu caráter aprovado, pois serviu ao evangelho junto
comigo, como filho ao pai.” (Filipenses 2:19-22).
Outra versão diz: “Eu não sinto a mesma coisa por nenhum
outro e ele sinceramente é dedicado ao seu bem estar.” Este serviço
não é uma obrigação, mas um respeito de amor fraternal que tem os
mesmos sentimentos e não busca os próprios interesses. É um amor
fiel e submisso.

Visão pessoal
Certa vez, perguntaram a Helen Keller: “O que seria pior que
nascer cego?” Ela respondeu: “Ter vista e carecer de visão.” A pessoa
mais pobre do mundo não é aquela que carece de bens materiais,
mas aquela que não tem uma visão. Sem um sonho ou uma visão
para sua vida, você nunca será capaz de se tornar o que Deus quer e
tem planejado para você ser. A diferença entre sucesso e derrota é o
sonho e visão do indivíduo. A pessoa de sucesso é motivada por algo
melhor do que ela mesma, um sonho que aparenta estar fora do seu

86
Visão: um requisito para a liderança

alcance. Ela está convencida que, se trabalhar duro o bastante e estiver


pronta para pagar o preço do sacrifício, algum dia realizará seu sonho.
Durante os jogos Olímpicos em Atlanta, uma jovem nadadora
americana ganhou a medalha de ouro – o prêmio que ela tinha
sonhado desde criança. Aos sete anos, começou a assinar o seu nome
acrescentando ao lado o título de “número 1 dos Estados Unidos”. Ou
seja, a melhor dos Estados Unidos.
Sonhos e visões são as substâncias de toda a grande obra. Isto
foi dito por Michelangelo, o famoso artista italiano, vendo um enorme
pedaço de mármore, exclamou: “Eu tenho que libertar este anjo!” Ele
estava vendo com os olhos da fé, aquela fé que a Escritura diz: “a
certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não
vêem.” (Hebreus 11:1).
Uma pessoa sem visão é movida somente pelo que ela vê, o que
está ao seu alcance. Ela não pensa sobre o amanhã e não vê nada mais
além do que a si mesma. Alguém fez um comentário que se tornou bem
conhecido: “Algumas pessoas vêem as coisas como são e perguntam:
Por quê? Outras vêem as coisas como são e dizem: Por que não?”
Se nós realmente temos um Deus que nos dá visões, Ele nos
permitirá sonhar com esta realização através da fé. O Senhor nos
encoraja a alcançar o nosso potencial e ser o que Ele quer que nós
sejamos. A visão de Deus para Abraão, José, Moisés, Josué, Samuel,
Isaías, Jeremias, Paulo e todos os líderes que foram escolhidos por
Deus permitiram apegar-se à promessa e vê-la se tornar realidade
em suas vidas.
“Aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de
fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo
com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem
vacilar, pois quem fez a promessa é fiel.” (Hebreus 10:22-23).
Em 1986, um jovem chamado Bob Wieland de Pasadena, Califórnia
competiu na maratona de Nova Iorque. Ele chegou no 19.413 lugar (o
último lugar), quatro dias, duas horas e dezessete minutos depois do
começo da competição. Apesar de chegar por último, este jovem ganhou
o coração da cidade de Nova Iorque. Wieland tinha competido sem as
pernas. Ele correu com as suas mãos, centímetro por centímetro, metro
por metro, na velocidade de duas milhas por hora.
“Eu sabia que seria capaz de terminar a maratona”, ele disse.
Ele sabia por que tinha acabado de terminar uma caminhada de 2.748

87
Liderança, Ministério e Batalha

milhas através do país. “Eu estava em boa condição... eu sou um


cristão nascido de novo e desta maneira eu demonstrei minha fé em
Jesus Cristo e Suas promessas que nos permitem conquistar o que
nos parece ser impossível.” Wieland era médico e perdeu as duas
pernas quando pisou numa mina durante a guerra do Vietnã.
Se somos filhos de Deus e feitos justos, a Bíblia declara que o
justo deverá viver pela fé. Nós devemos ser completamente
convencidos de que Deus não somente pode fazer o que Ele promete,
mas que Ele quer cumprir suas promessas em nossas vidas. Vamos
nos lembrar do que a Bíblia fala sobre Abraão:
“Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai
de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a sua
descendência. E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o
seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade
avançada de Sara, não duvidou, por incredulidade, da promessa de
Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando
plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que
prometera.” (Romanos 4:18-21).
Verdade e realidade são palavras sinônimas. Sonhos e visões
revelam uma imagem para nós. Deus quer que nós comecemos a
visualizar, como um reflexo no espelho, a visão que Ele tem nos dado,
para irmos de fé em fé e de glória em glória até vermos a visão se
tornar realidade.

88
C a p i t u l o 11

O conselho de Deus
“Porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus. Atendei
por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu
próprio sangue.” (Atos 20:27-28).
“Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles,
e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da
glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre
vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer;
nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores
dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho.
Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível
coroa da glória.” (1 Pedro 5:1-4).

A
Bíblia afirma que Deus nos tem dado tudo que é relativo à
vida e à piedade por seu poder, através de Seu conhecimento
(Veja 2 Pedro 1:3). Bob Yandian, em uma mensagem digirida a
pastores e líderes, diz: “Muitos cristãos vêem o ministério como algo
somente espiritual, mas também consiste em aspectos práticos. Nós
frequentemente procuramos na Bíblia por aspectos espirituais do
ministério, e então procuramos por aspectos práticos em outros livros.
A Bíblia é a melhor fonte de informação tanto para as coisas naturais
como para as espirituais. Se a única fonte do pastor for a Bíblia, sua
igreja poderá ser bem-sucedida em todos os caminhos e sua vida
poderá alcançar um equilíbrio entre o natural e o espiritual.” ¹
As duas passagens no começo do capítulo são um tesouro de
instrução do Espírito Santo para pastores e líderes da igreja do Senhor.
Um estudo analítico e cuidadoso das passagens nos revela as
instruções de Deus para todo o líder envolvido na obra do Senhor.
Atos 20:17-38 contém as instruções de Paulo para pastores e
líderes que participaram, do que nós chamaríamos, do primeiro retiro
pastoral, onde ele foi o orador especial. O apóstolo Paulo, reconhecido

89
Liderança, Ministério e Batalha

pela liderança local como pastor pioneiro em Éfeso por mais de três
anos, retornou para Jerusalém e convocou os anciãos de Éfeso em
Mileto, um centro turístico a poucas horas ao sul de Éfeso.
O apóstolo Pedro e Paulo tinham ênfases de ensino similares.
Bob Yandian diz, “Eu acredito que uma das razões pelas quais o Espírito
Santo deu todas estas passagens é que todos os ministros, mais
particularmente pastores, são alvos favoritos de Satanás e seus
demônios. Quando líderes são destruídos, uma trilha de caos e
confusão atinge muitos seguidores. Por causa disto, o ofício pastoral
está sempre debaixo de ataque sobrenatural. Se o inimigo elimina o
pastor, ele destrói a congregação.
“Desânimo, exaustão e frustração podem facilmente atormentar
o pastor se ele não reconhecer e seguir os princípios que a Palavra de
Deus ensina. Nós não precisamos de uma grande revelação espiritual
para nos libertar das armadilhas do diabo.” ²
Por muitos anos, Paulo e Pedro aprenderam a trabalhar com o
rebanho de Deus. Ambas as experiências positivas e negativas
serviram como base para aprender os princípios necessários para
levar a cabo o ministério.

Todo o conselho de Deus


Durante seu pastorado em Éfeso, Paulo ensinou todo o conselho
de Deus. Atualmente, muitos pastores se prendem em algumas
doutrinas, as quais são difíceis de se livrarem. Anos atrás, eu conheci
um pastor que, depois de muitos anos, ensinou sua congregação sobre
compromisso. Consequentemente, ele perdeu mais da metade de
sua congregação. Por toda América Latina e Estados Unidos, há
pastores que alimentam o rebanho de Deus com a mesma mensagem
domingo após domingo. Muitos focam o ensino da santidade baseada
nas obras externas que não mudam o coração nem alimentam
espiritualmente o povo.
Paulo diz que não deixou de ensinar todo o conselho de Deus
para que o sangue de ninguém estivesse sobre ele. Quando cristãos
sofrem ou quando aqueles que freqüentam a igreja morrem sem
conhecer o Senhor como Salvador, Deus irá responsabilizar o líder
por não ter ensinado todo o conselho de Deus.
Muitos pastores se abstêm de ensinar sobre certas porções da
Bíblia simplesmente porque elas não coincidem com as suas crenças
90
O conselho de Deus

teológicas. Eles evitam assuntos controversos que têm sido levados a


extremos por outros. Eles têm observado pessoas ficarem
machucadas por seguir doutrinas que estão fora de equilíbrio e então
preferem ficar longe delas. Paulo diz: “Eu não tenho recusado de
anunciar todo o conselho de Deus.” Todo o conselho da Palavra de
Deus é dado a nós para aperfeiçoar os cristãos para toda a boa obra.
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para
a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de
que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para
toda a boa obra.” (2 Timóteo 3:16-17).
Anos atrás eu recebi um convite para participar de uma vigília
de oração na cidade de Medellin, na Colômbia. Antes do evento, alguns
dos pastores locais expressaram várias reservas que tinham devido
às suas ignorâncias em relação à guerra espiritual. Satanás certamente
quer fazer deste assunto um motivo de apreensão e divisão. A razão
é evidente: Satanás quer manter o povo de Deus ignorante das
realidades espirituais que ameaçam seu controle sobre cidades e
nações. Devido as suas preocupações, eu optei por cancelar minha
visita. Desde aquele tempo eu tenho ministrado naquela cidade várias
vezes e tem-se aberto portas na maioria das congregações da cidade.

Olhando por nós mesmos


Paulo diz: “Continuem olhando por vós mesmos e pelo rebanho” (Atos
20:28). Vamos notar que, em ordem de prioridades, a primeira é tomar conta
de nós mesmos. Deus está mais interessado no ministro do que no ministério.
É relativamente fácil substituir o ministro ou o pastor, mas não é tão fácil
substituir um marido ou um pai. Minha primeira responsabilidade com o
Senhor é com Ele e com minha família. Eu tenho sabido e observado de
inúmeros ministros que suas casas têm sido destruídas porque eles têm
dado prioridade ao seu ministério do que sua casa.
O apóstolo nos exorta a cuidarmos de nós mesmos em assuntos
práticos e não somente nos espirituais. Um servo de Deus deve tomar
conta de sua saúde. Ele deve proteger o tempo que ele dedica a sua
esposa e filhos. O ministro deve cuidar da sua dieta, sua agenda
ministerial, sua maneira de se vestir e outros assuntos práticos que
afetam sua saúde. Quanto mais saudável ele for, mais produtivo e
efetivo ele será no ministério.
Trabalhos ministeriais quase mataram Epafrodito. Ele serviu

91
Liderança, Ministério e Batalha

Paulo a ponto de não tomar conta de si mesmo e ficou doente. Parece-


me que Paulo viu a necessidade de Epafrodito de tomar um tempo
para descansar. A passagem a seguir contém louvor a um trabalhador
incansável, mas também vemos um aviso:
“Julguei, todavia, necessário mandar até vós Epafrodito, por um
lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas; e, por outro,
vosso mensageiro e vosso auxiliar nas minhas necessidades; visto
que ele tinha saudade de todos vós e estava angustiado porque
ouvistes que adoeceu. Com efeito, adoeceu mortalmente; Deus,
porém, se compadeceu dele e não somente dele, mas também de
mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso, tanto
mais me apresso em mandá-lo, para que, vendo-o novamente, vos
alegreis e eu tenha menos tristeza. Recebei-o, pois, no Senhor, com
toda a alegria e honrai sempre homens como esse; visto que, por
causa da obra de Cristo, chegou ele às portas da morte e se dispôs a
dar a própria vida, para suprir a vossa carência de socorro para
comigo.” (Filipenses 2:25-30).
Paulo parece estar dizendo que Epafrodito foi um viciado em
trabalho, que só não morreu por causa da misericórdia de Deus. Ele
diz que nós devemos estimar aqueles que são como Epafrodito, mas
ao mesmo tempo ele não deixa de enfatizar a tristeza que sente por
causa da sua condição.
O ministério que Deus nos deu não deve nos levar à sepultura.
Cristo já foi à sepultura para que nós, através da sua morte, tenhamos
vida. Há aqueles que trabalham excessivamente e ainda querem
condenar aqueles que não trabalham como eles. Eles estão
permanentemente cansados, fatigados e doentes. Eles morrem antes
do tempo por causa da falta de cuidado consigo mesmos.
Em meu trabalho para o Senhor, eu tenho que viajar
frequentemente. Eu vôo mais de 150.000 milhas todo ano. Eu tenho
visitado os cinco continentes e ministrado em sessenta e cinco nações.
Durante a maioria das minhas viagens, eu tento tomar alguns dias
para descansar e visitar cidades bonitas em cada nação. Minha esposa
frequentemente vai comigo quase sempre que viajo por mais de quinze
dias. Quando eu retorno para casa, eu tomo vários dias para descansar
antes de voltar aos meus trabalhos ministeriais. Uma vez trabalhei
para um indivíduo que me contou: “Nunca misture trabalho com férias.”
Eu sempre tento misturar trabalho com férias porque penso que esta
92
O conselho de Deus

é a única maneira de cuidar da minha saúde. Isto traz benefícios a


minha família, meu ministério e a mim mesmo.

Cuide-se e salvará si mesmo


Paulo fala a Timóteo para se cuidar e então salvar a si mesmo e
aos que o ouvirem (Veja 1 Timóteo 4:16). A palavra “salvarás” vem da
palavra grega sozo e pode ser usada num senso físico ou espiritual.
Sozo significa “saúde” ou “preservação do dano”. Eu acredito que
neste caso se refere à saúde física que preserva a vida.
Todo o pastor deve tirar férias para descansar a mente, seu corpo
e ao mesmo tempo prover tempo de qualidade para sua família. Salomão
diz que há um tempo para cada coisa debaixo do sol, um tempo para
descansar e um tempo para trabalhar. Quando você sair de férias, divirta-
se e não se preocupe em relação ao trabalho. A obra é de Deus e Ele não
permitirá que seja prejudicada. Eu também recomendo um eventual
“ano sabático” para descansar e buscar a direção do Senhor.
Muitos cristãos vão a reuniões sociais e se sentem culpados se não
as transformam em um estudo bíblico. Frequentemente, isto é uma
experiência negativa para um não-cristão. Muitos anos atrás, eu estava
visitando a Disneylândia com a minha família. Durante a desfile de luzes,
alguns jovens cristãos, zelosos pelo evangelho mas faltos de sabedoria, se
levantaram para gritar o nome de Cristo e do evangelho, interrompendo
e atrapalhando aqueles que estavam aproveitando o desfile. Isto deixou
um gosto amargo do evangelho para aqueles que estavam presentes.
Alguns pensam que o ministério não pode continuar se eles não
estiverem lá. Eu tenho uma surpresa para você: Deus tem feito um
bom trabalho por 2000 anos sem a nossa ajuda, e com ou sem nós; Ele
vai completar o que Ele declarou.
Deus quer que os seus líderes e pastores tomem conta de si
mesmos, tirem férias e participem de conferências e retiros espirituais.
Quanto mais saudáveis nós formos, mais eficazes seremos
espiritualmente. Deus quer que cuidemos de nossa família. Como eu
disse antes, Deus pode substituir um ministro ou um pastor, mas não
há substituição para um marido ou um pai.

O que é a coisa mais importante?


Paulo na sua epístola para a igreja de Colossos nos deu uma
ordem de prioridades para a vida cristã.

93
Liderança, Ministério e Batalha

“E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o


em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. Esposas,
sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor. Maridos,
amai vossas esposas e não as trateis com amargura. Filhos, em tudo
obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do Senhor. Pais,
não irriteis os vossos filhos, para que não fiquem desanimados. Servos,
obedecei em tudo ao vosso senhor segundo a carne, não servindo
apenas sob vigilância, visando tão-somente agradar a homens, mas
em singeleza de coração, temendo ao Senhor.” (Colossenses 3:17-22).
De acordo com esta passagem, a ordem de prioridades é Deus
em primeiro lugar, nosso cônjuge em segundo, nossos filhos em
terceiro e então nossa profissão. Se a nossa profissão é o nosso
ministério, isto vem logo depois de Deus e a família. Se o nosso trabalho
é secular, nossas obrigações do trabalho têm prioridade sobre o nosso
serviço temporário no ministério.
Há alguns anos, durante o funeral de um pastor que era
ternamente apaixonado pela sua congregação, muitas rosas foram
trazidas para testemunhar o que aquele pastor tinha feito para eles e
para suas famílias. Eles se lembraram de tempos de visitação no hospital,
tempo de aconselhamento e ministração, etc. Depois de concluir um
longo período de testemunhos, um jovem no último banco da igreja
ficou de pé. Andando lentamente ao púlpito, ele pegou o microfone na
mão e com lágrimas nos olhos disse: “Agora eu entendo porque o meu
pai nunca tinha tempo para mim, ele dedicou todo o tempo para vocês.”
Eu frequentemente compartilho com ministros e pastores uma
promessa que eu fiz para minha esposa. “O dia em que o ministério
causar dano para você e para a nossa família, eu deixarei o ministério.”
O ministério que Deus me deu para a minha família tem prioridade
sobre qualquer outra coisa no mundo.

Para todo o rebanho


Hoje muitas igrejas têm milhares de membros. A Coréia do Sul
tem nove das maiores igrejas do mundo. Uma delas tem
aproximadamente 750.000 membros. É impossível para nós
imaginarmos o pastoreio de um rebanho desta magnitude. De acordo
com estudos de crescimento de igrejas, não é possível para um
indivíduo pastorear mais de 70 pessoas. O conceito de pastoreio é

94
O conselho de Deus

algo que requer atenção e cuidado. Isto não inclui somente alimentar
o rebanho com a Palavra de Deus, mas também inclui discipulado,
disciplina, aconselhamento, visitação e oração, entre outras.
A Bíblia nos mostra como o pastor da maior igreja da história,
uma congregação que, de acordo com estimativas mais
conservadoras, tinha mais de dois milhões de pessoas, se tornou um
viciado em trabalho e foi um conselheiro tão ocupado decidindo
assuntos tão importantes que ele não tinha tempo para mais nada.
Deus interveio e mandou para este pastor uma pessoa que foi seu
chefe e supervisor por quarenta anos, então ele poderia instruí-lo e
aconselhá-lo nas áreas de administração e gerenciamento.
Este pastor foi grandemente abençoado por Deus. As notícias
sobre os milagres, sinais e maravilhas realizados através dele tinham
alcançado os ouvidos do seu chefe, que era o seu sogro. Este era
Jetro, que até aquele ponto não era um crente. A história deles é
contada no capítulo 18 de Êxodo. Aqui nós lemos que Jetro, junto com
a esposa de Moisés Zípora e seus filhos Gérson e Eliézer chegaram
ao campo que estava localizado próximo ao monte Sinai.
Quando eles chegaram, Moisés compartilhou o que Deus tinha
feito para o povo de Israel. Nós devemos nos lembrar que Jetro foi
um pastor para os midianitas; o povo que Abraão deixou e o mesmo
povo idólatra que Gideão tinha derrotado. Jetro declara: “agora, sei
que o Senhor é maior que todos os deuses, porque livrou este povo de
debaixo da mão dos egípcios, quando agiram arrogantemente contra
o povo.” (Êxodo 18-11).
Durante estes últimos dias, nós temos visto como Deus tem
chamado muitos profissionais e pessoas de negócios para o ministério.
Eles estão trazendo para a igreja a tão necessária experiência
administrativa. Em meu caso, o Senhor me chamou para o ministério
depois de mais de vinte anos no mundo bancário. Minha educação e
experiência passada me permitiram fazer uso deste conhecimento
na obra do ministério. Igualmente, Jetro foi capaz de oferecer a Moisés
sua valiosa experiência. Observando o modus operandi de Moisés, Jetro
imediatamente procedeu em dar-lhe conselhos práticos sobre a
administração e supervisão de um líder à sua congregação.
“No dia seguinte, assentou-se Moisés para julgar o povo; e o
povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até o pôr-do-
sol.” (Êxodo 18:13).

95
Liderança, Ministério e Batalha

A agenda de Moisés era saturada com aconselhamentos e


assessoria a todo o povo. Sua agenda era cheia de compromissos
que tomavam todo o seu tempo. Algo similar aconteceu à igreja de
Jerusalém séculos atrás. Esta igreja estava em reavivamento e estava
crescendo rápido. A Bíblia diz que o número de discípulos se multiplicou.
Este crescimento demandava mais e mais tempo da liderança para
servir aos recém-convertidos assim como aos mais antigos. Os doze
líderes reuniram a congregação para esclarecer suas prioridades.
“Não é razoável que nós abandonemos a Palavra de Deus para
servir às mesas... e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao
ministério da palavra.” (Atos 6:2,4).
Como eles resolveram o problema? Com a delegação de
autoridade! “Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa
reputação, cheios do Espírito e de sabedoria aos quais encarregaremos
deste serviço;” (Atos 6:3). Qual era a prioridade dos supervisores?
Oração e o ministério da Palavra!
Jetro tinha o mesmo conselho para Moisés. Ele procedeu em
dar-lhe uma dose de conselhos administrativos sobre o conceito de
prioridades e delegação de autoridade:
“Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo,
disse: Que é isto que fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o
povo está em pé diante de ti, desde a manhã até ao pôr-do-sol?
Respondeu Moisés ao seu sogro: É porque o povo me vem a mim para
consultar a Deus; quando tem alguma questão, vem a mim, para que
eu julgue entre um e outro e lhes declare os estatutos de Deus e as
suas leis.” (Êxodo 18:14-16).
Parece que Moisés, por seu coração pastoral, não tinha percebido
a ordem correta de prioridades. Isto o estava levando à exaustão
física e emocional.
O apóstolo Paulo nos conta na epístola aos Efésios que os dons
ministeriais de apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre são dados
à igreja para equipar os santos para a obra do ministério. Isto significa
que os ministros devem estar equipando e os santos trabalhando.
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas,
outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas
ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço,
para a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:11-12).
De acordo com Concordância Exaustiva Strong a palavra
96
O conselho de Deus

“aperfeiçoar ” do grego katartismos significa: “fazer adequado,


preparar, treinar, aperfeiçoar, qualificar totalmente para o serviço.”
Observe que o que Jetro falou para Moisés seria o resultado que
ele teria se continuasse ministrando ao povo daquela maneira.
“O sogro de Moisés, porém, lhe disse: Não é bom o que fazes.
Sem dúvida, desfalecerás, tanto tu como este povo que está contigo;
pois isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer. Ouve, pois,
as minhas palavras; eu te aconselharei, e Deus seja contigo; representa
o povo perante Deus, leva as suas causas a Deus, ensina-lhes os
estatutos e as leis e faze-lhes saber o caminho em que devem andar
e a obra que devem fazer.” (Êxodo 18:17-20).
Moisés tinha as suas prioridades totalmente fora de ordem. A
demanda do ministério e seus trabalhos diários causaram a ele perda
da visão de suas obrigações e responsabilidades como líder de uma
congregação de milhões.
O Espírito Santo preservou o conselho de Jetro escrevendo para
que nós pudéssemos aprender. Seu conselho permanece firme e sólido
para pastores e líderes contemporâneos. De um ponto de vista prático,
foi bom tanto para a saúde de Moisés quanto para a do povo. A carga
era pesada demais para Moisés carregar sozinho.
A regra de Moisés como pastor do rebanho de Deus é a seguinte:
· Primeiro, como INTERCESSOR. Ele foi clamar a Deus como
um representante do povo e orar a respeito das situações e problemas.
Você, como ministro é o representante do povo diante de Deus, um
intercessor que apresenta as questões a Deus em oração.
· Segundo, como PROFESSOR. Explicar a congregação todo o
conselho de Deus, então eles não precisariam ter outros
intermediários, mas teriam acesso direto ao trono de Deus. Também,
para que eles fossem capazes de lutar contra os ataques do inimigo
com os seus conhecimentos da Palavra.
· Terceiro, como EXEMPLO. O líder deve ser por inteiro um
modelo de um marido, pai e um grande pastor de Deus para a
congregação. Ele deve ser um exemplo como intercessor, como um
gerente financeiro, em seu caráter, em seu compromisso com
evangelismo e missões, em adoração e louvor, em administrar a sua
casa e em todas as demais áreas vitais de influência. Em Êxodo nós
lemos: “ensina-lhes os estatutos e as leis e faze-lhes saber o caminho
em que devem andar e a obra que devem fazer.” (Êxodo 18:20).

97
Liderança, Ministério e Batalha

· Quarto, como DISCIPULADOR. Evangelismo produz


crescimento numérico, mas discipulado produz crescimento espiritual.
O chamado de Jesus aos seus discípulos foi para discipular outros.
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,” (Mateus 28:19).
“faze-lhes saber o caminho em que devem andar e a obra que devem
fazer.” (Êxodo 18:20).
· Quinto, como ADMINISTRADOR. Um bom administrador
treina pessoas para ajudá-lo no trabalho e então delega a eles
autoridade para executá-lo. Mantendo uma boa supervisão dos
discípulos como um treinador ou um técnico para ajudá-los, dirigi-los
e ensiná-los como liderar outros. Quando esses líderes não podem
resolver um problema, então o administrador estará apto para ajudá-
los a resolvê-lo.
Vamos analisar as palavras de Jetro na seguinte declaração:
“Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus,
homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos sobre eles
por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez;
para que julguem este povo em todo o tempo. Toda a causa grave
trarão a ti, mas toda a causa pequena eles mesmos julgarão; será
assim mais fácil para ti, e eles levarão a carga contigo. Se isto fizeres,
e assim Deus to mandar, poderás, então, suportar; e assim também
todo este povo tornará em paz ao seu lugar.” (Êxodo 18:21-23).
Indivíduos não devem ser selecionados ou escolhidos por causa
de seus talentos, mas por causa de seu caráter e virtude. Cristãos
tementes a Deus, homens dignos, de confiança, que saibam como
gerenciar assuntos financeiros, que não são amantes do dinheiro,
mas bons mordomos e que odeiam a avareza.
Jetro também recomenda uma hierarquia de autoridade. No
mundo dos negócios, é conhecido como hierarquia administrativa:
presidente, vice-presidente, diretores, supervisores e empregados.
Isto significa uma ordem de autoridade que permite aqueles que estão
em posição mais elevada separar-se de decisões de menor
importância enquanto eles exercem sua função. A igreja poderia ser
dividida desta maneira: pastor sênior, pastor assistente, diretores ou
supervisores de ministério, seus assistentes e congregação. “Como
cabeças de mil, de cem, de cinqüenta e de dez.”
A liderança da igreja leva a cabo o trabalho de tomar decisões

98
O conselho de Deus

diárias. Os assuntos mais importantes são levados ao pastor através


da hierarquia estabelecida. “Eles irão julgar o povo o tempo todo – e
eles irão julgar os casos mais simples.” Todas as decisões maiores
são levadas ao Pastor Sênior.
Isto é chamado de “administração pastoral”, o que é diferente
de “administração paroquial.” Nos capítulos seguintes, estudaremos
detalhadamente a diferença entre os dois.
Finalmente, Jetro aconselha que antes de fazer isto, nós devemos
consultar a Deus. Deus tem a primeira e a última palavra. “Se você
fizer isto e Deus te mandar.”
A atitude de Moisés foi a de um discípulo que não pensou que
sabia tudo e que foi aberto ao conselho de alguém que talvez não
fosse tão espiritual ou ungido quanto ele mas que falava com
experiência a respeito das áreas práticas da administração, onde
Moisés tinha fraqueza. É evidente que Moisés procurou a aprovação
de Deus e recebeu.
Qual foi o resultado do conselho de Jetro a Moisés?
“Moisés atendeu às palavras de seu sogro e fez tudo quanto
este lhe dissera.” (Êxodo 18:24).

¹ Bob Yandian, Palavra de Deus para pastores, Pilar Books & Pub.
²Íbid, p. x-xi.

99
C a p i t u l o 12

O que significa
ser um pastor?
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros
para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a
edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:11-12).

“A
quele homem não é um pastor! Ele parece mais o
presidente de uma grande corporação”, alguns irão dizer
sobre pastores de mega-igrejas. “Ele com certeza não
conhece a maioria da congregação.” Outros olham para pastores de
igrejas pequenas e dizem, “parece que ele não tem muita unção, pois
a sua igreja não tem mais de cem membros.”
Estas questões se levantam porque há uma confusão sobre o
que significa ser pastor. Na cabeça de alguns, um pastor deveria saber,
visitar, telefonar, aconselhar e ajudar todos os membros da
congregação. Então, um pastor de uma mega-igreja não é um pastor
de verdade. Para outros, um bom pastor é aquele que pode produzir
muito crescimento, melhorar e administrar uma igreja de milhares de
pessoas. A realidade é que ambos os tipos de pastores existem porque
existe mais de um tipo de pastor.

Dois tipos de pastores


A reforma trouxe mudanças para a igreja não só na doutrina,
mas na maneira de operar. Uma das coisas que não mudou, contudo,
foi a estrutura pastoral. A função pastoral na idade média foi limitada
ao que nós chamamos de estrutura paroquial, o que significa que a
comunidade funcionava ao redor do sacerdócio paroquial. Nas cidades
menores, as comunidades giravam em torno das atividades
eclesiásticas. Por esta razão, o templo em que a congregação se
encontrava, chamada de igreja, geralmente ficava no centro da cidade.

101
Liderança, Ministério e Batalha

Em frente à igreja havia uma praça ou um parque onde aconteciam


todos os eventos importantes da comunidade. A religião dos
conquistadores, que era a da pré-reforma, trouxe o mesmo conceito
paroquial para as terras conquistadas. Nós vemos claramente a marca
de sua influência em 99,9% das cidades, capitais e vilas da América
Latina. Depois da Reforma, o Protestantismo continuou no mesmo
sistema. Nós notamos isto na Europa, nos países que fizeram parte da
Reforma como Alemanha, Suíça, Holanda, Dinamarca e Áustria que
foram berço dos reformadores como Calvino, Knox, Lutero, Zwingli e
Wesley.
Estudos de crescimento de igrejas do Seminário Teológico Fuller
em Pasadena, Califórnia indicam que somente 20% das igrejas no
mundo têm mais de cem pessoas e deste grupo, 90% tem menos de
duzentas pessoas. Isto é devido ao fato de que a maioria tem pastorado
paroquial.
Hoje, a grande maioria das grandes igrejas do mundo tem
adaptado outro tipo de pastorado. Nós chamaremos isto de pastorado
administrativo. Vamos estudar os dois tipos de pastorados.

O pastorado paroquial
A palavra “pastor ” significa “aquele que se importa com o
rebanho”, não somente alguém que os alimenta. É um serviço confiado
aos anciãos (supervisores e bispos). Isto envolve um cuidado sensível
e supervisão cheia de atenção. O pastor paroquial dedica o seu cuidado
inteiro a congregação. Isso requer visitas pessoais, atenção constante
e um grande acordo de amor. Contudo, é quase impossível para um
homem pastorear mais de setenta pessoas.
Quando Jesus descreveu o coração de um pastor, Ele falou de
uma das cem ovelhas:
“Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas
se extraviar, não deixará ele nos montes as noventa e nove, indo
procurar a que se extraviou? E, se porventura a encontrar, em verdade
vos digo que maior prazer sentirá por causa desta do que pelas
noventa e nove que não se extraviaram.” (Mateus 18:12-13).
Um pastor paroquial quase nunca terá uma igreja muito grande,
pois se tivesse, não poderia dar a todos a mesma atenção. Alguns
pastores, através de seu carisma e dedicação, têm conseguido
levantar enormes congregações, especialmente aqueles que têm a
102
O que significa ser um pastor?

unção de mestre ou de apóstolo. Não sendo possível para eles


discipularem e cuidarem de muitos membros, as igrejas são forçadas
ou a mudar a sua forma de pastorado ou multiplicar e levantar outros
trabalhos, ou nos piores casos, sofrer pela falta de atenção pastoral.
Se eles não mudam, muitas igrejas se tornam muito impessoais e
falta uma forte maturidade nos membros.

O pastorado administrativo
O pastor administrativo também é um pastor de acordo com o
conceito bíblico mencionado anteriormente. Igualmente, algumas
igrejas excedem o número de pessoas que uma pessoa pode pastorear
como acontece no avivamento sem precedentes da América Latina.
Contudo, assim como Moisés fez, muitas dessas congregações têm
achado necessário delegar autoridade para vários líderes para
ministrar em uma especialidade ou chamado.
Hoje em dia, igrejas têm pastores de oração, casais, jovens, cuidado
pastoral, aconselhamento, missões, homens, mulheres e outras áreas.
Mais recentemente o conceito de células tem florescido e o ministério
“pastoral” é feito em pequenos grupos chamados células.
Nestes casos, o pastor sênior é o administrador que supervisiona
a obra de Deus e compartilha a visão. Sua função como pastor é
dedicar-se a oração e a Palavra de Deus, para atender assuntos sérios
na igreja e liderar. Este tipo de pastor é o líder da congregação inteira,
mas ele provavelmente só pastoreia os líderes.
Nestes casos, o título de pastor sênior é dado para aquele que
preside e lidera. O apóstolo Paulo escreve em Romanos 12:8 “o que
preside, com diligência”. Há um dom de liderança. A palavra ‘preside’
significa: “Aquele que tem o dom de direcionar em todas as áreas da
vida; ou aquele que está a cargo de funções administrativas.” Nestas
igrejas, outros são chamados para ser pastores que exercem este
ministério debaixo da liderança e autoridade do pastor administrativo.
Efésios 4:12 diz que Deus instituiu diferentes ministérios para a
edificação do corpo de Cristo. O pastor que se dedica a edificar seus
membros verá grande crescimento. Mas se ele quer dar o mesmo
cuidado para cada um deles, esse crescimento alcançará certo ponto.
É por isso que nós vemos algumas igrejas se dedicarem a levantar
outros trabalhos com o mesmo tipo de pastorado.
Cada indivíduo tem a função delegada por Deus baseada na sua

103
Liderança, Ministério e Batalha

personalidade e estilo. Alguns são chamados para serem pastores


paroquiais e outros pastores administrativos. Cada pastor é escolhido
por Deus para cumprir Seu propósito.
É importante mencionar que o fato de nem todos serem
chamados para pastorear grandes rebanhos não é desculpa para não
crescerem. Deus nos chama para nos esforçarmos para fazer o melhor
que pudermos e fazer com excelência. Deus então edifica e multiplica
de acordo com Seus propósitos. Você não decide qual parte do Corpo
de Cristo você será ou onde você estará. Deus faz isto. Se Deus não
edificar a obra, o nosso trabalho é em vão.
Como temos visto, o modelo de igreja com pastorado
administrativo é melhor para produzir igrejas grandes. Esses pastores
se dedicam a equipar seus membros para o trabalho do ministério e
delegam sua autoridade para que o ministério possa crescer quase
que ilimitadamente. Contudo, igrejas com pastorado paroquial podem
crescer por multiplicação e começar outros trabalhos. O importante é
que o pastor equipe o Corpo de Cristo para a obra do ministério.
Qualquer que seja o chamado de alguém, este chamado deve vir de
Deus. Somente assim ele será bem-sucedido em seu chamado.

Minha experiência como pastor


Eu era a combinação dos dois pastorados. Dediquei boa parte
do meu tempo pastoreando o rebanho de Deus, mas realizava a função
de administrador com diligência.
Durante meus anos como pastor, eu trabalhei em vários ofícios
pastorais diferentes em congregações de fala inglesa de milhares de
membros. Deus me chamou para começar um ministério hispânico
com um pequeno grupo de trinta pessoas. Nós trabalhávamos como
se fossemos uma igreja de duzentas pessoas e com o tempo chegamos
a sê-lo. Nós nos tornamos uma grande igreja hispânica em uma
comunidade onde poucos falavam espanhol. Nós atraímos membros
de dezesseis diferentes países. Por esta razão, entre nós mesmos
começamos a chamar a igreja de “Palavra da Graça Internacional”.
Com a visão que Deus nos deu, nós nos lançamos em fé,
acreditando nas promessas de Deus para nossa congregação. O
Senhor nos exortou através de Isaías 54:2-3:
“Alarga o espaço da tua tenda; alonga as tuas cordas e firma
bem as tuas estacas. Porque transbordarás para a direita e para
104
O que significa ser um pastor?

esquerda; e tua posteridade possuirá as nações e fará que se povoem


as cidades assoladas.” (Isaías 54:2-3).
Em um domingo, 3 de fevereiro de 1986, exatamente dez anos
depois de ter aceitado Cristo como meu Salvador, eu comecei a
trabalhar como pastor. O Senhor me deu três palavras como um
modelo para o ministério que nós tínhamos acabado de começar:
IMPACTO (local, nacional e internacional), EXCELÊNCIA (em todas
as áreas do ministério) e MOBILIZAÇÃO (discipulado e delegação de
trabalho entre os membros). Nossa visão era criar oportunidades
ministeriais para cada pessoa. Nós também queríamos desenvolver
líderes que iriam abraçar a filosofia e visão do nosso ministério para
que, como cooperadores em Cristo, eles ajudassem na visão que
Deus nos deu.
Nesta posição, Deus me confiou um chamado apostólico, pioneiro
e visionário. Ele chamou os líderes para serem capacitados com
armadura e a congregação para serem cooperadores na obra do Reino.
Os líderes e eu desenvolvemos uma declaração de missão que
seria o nosso guia para o ministério. Isto incluía o nosso propósito, o
tipo de igreja que nós éramos, o que nós fazíamos e como fazíamos.
Daquela maneira nós sempre seríamos capazes de determinar se
nós estávamos sendo fiéis ao chamado de Deus para a congregação
e avaliar o sucesso dos nossos programas.
O sucesso é alcançado quando nós fazemos a vontade de Deus.
Sucesso não é alcançado por popularidade, frequência aos domingos,
o tamanho das ofertas, o tamanho da construção ou a qualidade da
pregação ou ensino. Se você está na vontade de Deus e é obediente
ao que Ele tem te chamado a fazer, você é bem-sucedido.
Muitos pastores se preocupam com o que Deus está fazendo
através de outros pastores ao invés de fazer o que Deus os mandou
fazer. Nós faltamos em sabedoria quando nós começamos a comparar
nosso ministério ou nossa congregação com o de outros. Divisões, ciúmes
e conflitos frequentemente entram no Corpo de Cristo desta maneira.
“Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com
alguns que se louvam a si mesmos; mas eles, medindo-se consigo
mesmos e comparando-se consigo mesmos, revelam insensatez. Nós,
porém, não nos gloriaremos sem medida, mas respeitamos o limite
da esfera de ação que Deus nos demarcou e que se estende até vós.”
(2 Coríntios 10:12-13).

105
Liderança, Ministério e Batalha

Não é bom nos comparar com outros líderes e pastores. Nosso


ministério é do Senhor e Ele tem dado a cada um de nós uma esfera
de influência e uma esfera daqueles que nós somos capazes de
alcançar. Tentando imitar outros, nós excedemos nosso chamado e
nossos recursos. Nós não podemos ser o que Deus não nos chamou
para ser. Deus nos criou com diferentes temperamentos,
personalidades e dons. Ele nos chamou para diferentes ofícios e nós
não podemos nem devemos nos comparar ou competir com outros.
Ele nos fez diferentes partes do Corpo de Cristo, ou seja, nós
precisamos uns dos outros.
Eu conheço muitos ministérios de sucesso que começaram fora
da área de sua unção e sofreram as conseqüências do seu erro. Um
evangelista não é necessariamente chamado para ser um mestre,
nem um pastor necessariamente para ser um profeta ou um apóstolo,
a menos que Deus mova permanentemente de um ofício para outro.
O olho não pode ser o nariz, a boca não pode ser a orelha e ninguém
pode dizer que não precisa do outro.
A mão está sempre à frente do corpo, exposta e vista por todos.
Anéis e jóias brilham. Pés estão debaixo do corpo, quase sempre
cobertos com meias e sapatos e, além disso, eles suportam o peso do
corpo inteiro quando andam, eles nunca são notórios.
Contudo, qual você gostaria de perder? Eles são todos
importantes, mesmo quando um é mais proeminente do que outro.
Da mesma maneira é no Corpo de Cristo.
Há alguns anos, minha mãe sofreu três hemorragias cerebrais
que a deixaram incapacitada. Ela perdeu o movimento da sua perna e
braço esquerdo. Sem a perna era impossível para ela se mexer. O
braço não fazia a mesma falta. O Senhor miraculosamente a curou.
Ela agora anda com a ajuda de uma bengala. O braço dela ainda está
imóvel, mas a sua fé na promessa Dele da sua total cura permanece
firme. É a mesma coisa no Corpo de Cristo.
“Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e
todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim
também com respeito a Cristo... Mas Deus dispôs os membros,
colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve... Não podem
os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos
pés: Não preciso de vós. Pelo contrário, os membros do corpo que
parecem ser mais fracos são necessários; e os que nos parecem
106
O que significa ser um pastor?

menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra; também


os que em nós não são decorosos, revestimos de especial honra.” ( 1
Coríntios 12:12, 18, 21-23).

Os três C’s e o chapéu da liderança


Todo o líder e todo o pastor têm em particular três esferas de
influência. Em liderança, a habilidade de comunicar em cada esfera
ou campo é muito importante para evitar desentendimentos e outros
problemas. John Maxwell se refere a estas esferas como os três C’s
da liderança: comunidade, causa e corporação. A tabela a seguir ilustra
os campos de ação de cada C:
Comunidade: relacionamento, família e congregação.
Causa: unção, igreja e líderes
Corporação: administração, negócios e empregados.
A comunicação em cada uma dessas áreas é diferente. Para nos
comunicar bem com outros nós temos que identificar o papel que
estamos realizando. É como ter vários chapéus, cada um representa
uma área diferente. Como um pastor, eu descobri que era vitalmente
importante saber qual chapéu eu tinha que colocar para me comunicar
com alguém.
Em uma ocasião, eu tive que repreender um empregado que
estava trabalhando como pastor de jovens e líder de adoração. Como
empregado, ele tinha várias responsabilidades pelas quais ele recebia
um salário. Embora a minha amizade com este rapaz fosse muito boa
e seu ministério com os jovens excelente, eu tinha que discipliná-lo
por não cumprir algumas tarefas administrativas que foram pedidas
a ele. Antes de discipliná-lo, eu deixei claro que eu tinha posto o chapéu
administrativo. Eu não falaria a ele como amigo desde que a nossa
amizade era excelente. Eu não falaria a respeito da sua unção ou seu
ministério porque eu estava muito satisfeito com o seu trabalho naquela
área. Eu tinha que falar com ele como um supervisor porque ele não
estava realizando suas responsabilidades administrativas, como me
informar sobre reuniões, não me enviando o orçamento proposto
para o próximo ano etc. Isto facilita a comunicação e evita perguntas
pessoais, “Ele está bravo comigo? Ele não está satisfeito com o meu
ministério?”
Em outra ocasião eu descobri que um irmão estava pensando
em fazer uma compra que iria colocá-lo em severas dificuldades

107
Liderança, Ministério e Batalha

econômicas. Como amigo, eu o chamei ao escritório. Depois de


aconselhá-lo, eu deixei claro que naquele ponto eu estava vestindo o
chapéu de amigo (relacionamento) e eu não queria falar com ele como
um pastor, mas como um amigo.
Outra vez, tive que falar a um amigo e líder de igreja. Sua esposa
me informou que sua conduta e atitude para com ela estavam
causando sérios problemas conjugais. Quando eu falei com ele, deixei
claro qual chapéu eu estava colocando para falar com ele. Eu não
estava falando com ele como amigo; a nossa amizade não tinha
mudado. Nem estava falando com ele como gerente. Eu estava falando
com ele como pastor (causa) para ministrar a ele a respeito do seu
comportamento conjugal, sua posição como líder e seu exemplo na
congregação.
Em minha vida pessoal, eu deveria manter em mente o papel
que estou exercendo e onde eu estou exercendo. Eu nunca deveria
vestir o meu chapéu administrativo em casa e raramente o meu
pastoral. Em minha família, eu deveria operar na esfera da comunidade
ou relacionamento como pai e marido.
No mesmo modo, quando eu estou no púlpito ou numa plataforma
ministerial, eu devo me conduzir com decoro e a mente de um
embaixador de Cristo. Minha comunicação deveria ser como alguém
que fala os oráculos de Deus. A pessoa na plataforma ou no altar não
é nem um amigo nem um chefe. Ele é um representante de Deus.
Também, enquanto eu estou trabalhando no escritório ou numa
função administrativa, minha atitude e conduta deve ser de um homem
de negócios. Nós estamos nos negócios de nosso Pai celestial.
É necessário estabelecer uma hierarquia ou autoridade para
toda a comunicação. Todo o bom líder deveria ser claro e preciso em
suas comunicações. No próximo capítulo, vou escrever sobre o modelo
bíblico de autoridade.

108
C a p i t u l o 13

Autoridade na igreja
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem
foram por ele instituídas.” (Romanos 13:1).

T
oda autoridade deve se submeter à autoridade. Este é um
princípio que nós vemos até mesmo na vida do Senhor Jesus.
Se nós entendermos isto, veremos o poder da autoridade se
manifestar em nossas vidas e ministérios.
Jesus sempre demonstrou grande autoridade. Quando Ele
estava ensinando, Ele o fez com autoridade. Quando Ele estava
expulsando demônios, Ele falou com autoridade com eles. Ele provou
ter autoridade sobre as doenças quando curou os doentes. Todavia,
Ele se submeteu à outras autoridades:
“Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer
de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai” (João 5:19).
Jesus é nosso exemplo. Além de Ele ter sido um homem de
grande autoridade, Ele se submeteu ao Pai “tornando-se obediente
até à morte” (Filipenses 2:8). O poder da sua autoridade estava
baseado na autoridade superior. O centurião reconheceu isto na
seguinte passagem:
“Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que
entres em minha casa; mas apenas manda uma palavra, e o meu
rapaz será curado. Pois também sou homem sujeito à autoridade,
tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro:
vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Ouvindo isto,
admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam: Em verdade vos afirmo
que nem mesmo em Israel achei fé como esta.” (Mateus 8:8-10).
O Senhor se maravilhou com o centurião porque ele era capaz
de perceber o conceito de autoridade e submissão no mundo espiritual.
O soldado disse: “Pois também sou homem sujeito à autoridade.” Em
primeiro lugar, ele reconheceu que Jesus também estava debaixo de

109
Liderança, Ministério e Batalha

autoridade. Ele entendeu o conceito de autoridade dentro da esfera


militar e administrativa. Ele sabia que a autoridade que ele tinha sobre
os soldados e sobre seus empregados estava sujeita a uma autoridade
mais elevada. Sem submissão a autoridade, ele não teria tido nenhuma
autoridade nele mesmo.
Jesus delegou sua autoridade para os seus discípulos e os enviou
para terminar a obra do ministério (Veja Lucas 10:1-20). A autoridade
que Jesus delegou foi suficiente e poderosa sobre todos os tipos de
demônios e doenças. Vamos ler cuidadosamente o que eles disseram
quando retornaram:
“Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo Teu nome!”
(Lucas 10:17, ênfase do autor).
A autoridade que eles tinham veio do nome de Jesus. Ele disse
aos discípulos: “Eis aí vos dei autoridade...” (v.19). Porque eles eram
discípulos de Jesus, se submeteram a Ele, e estavam agindo com sua
autoridade.
Todo líder deve se submeter à outra autoridade. Parte do conceito
de cobertura ou proteção espiritual é que um deve prestar contas a
outro. O apóstolo Paulo, na sua epístola para Tito, instrui como
pastorear a igreja em Creta. Paulo e Tito tinham desenvolvido um
trabalho missionário em Creta e quando Paulo saiu, ele delegou sua
autoridade para este jovem. Paulo disse a ele, “Dize estas coisas;
exorta e repreende também com toda autoridade. Ninguém te
despreze.” (Tito 2:15). Tito tinha toda autoridade somente porque Paulo
tinha delegado a ele. Ninguém podia desprezá-lo porque ele se
submetia a Paulo e tinha a cobertura do ministério daquele apóstolo.
Vamos ler outra passagem sobre autoridade:
“Todo o homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque
não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que
existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à
autoridade resiste a ordenação de Deus; e os que resistem trarão
sobre si mesmos condenação.” (Romanos 13:1-2).
Reconhecer, exercer e obedecer a autoridade é parte da
caminhada da fé. O justo é chamado para viver pela fé (Romanos
1:17), e tudo o que não é por fé é pecado (Romanos 14:23). Recusar-se
a se submeter a autoridade é um pecado diante de Deus.
O Reino de Deus é sujeito a princípios e leis, estabelecidas e
ordenadas por Deus para um efetivo e eficiente sistema operacional.
110
Autoridade na igreja

Deus tem estabelecido leis “da natureza”. Por exemplo, as leis da


gravidade, som e densidade são realidade para todas as pessoas,
independente se são cristãs ou não-cristãs. Deus estabeleceu
velocidade e luz para que houvesse ordem natural na interação do
homem. Tudo isso mantém ordem na natureza até a hora quando
Deus irá desvendar as leis estabelecidas para trazer julgamento para
a humanidade.
No mundo espiritual, Deus também tem estabelecido leis e
princípios que governam o mundo. Assim é a lei do pecado e da morte
(Romanos 8:2,25), a lei da fé (Romanos 3:27), a lei de Cristo, que é o
amor incondicional (Gálatas 3:23), a lei da liberdade, que é a graça de
Deus (Tiago 1:25) e naturalmente a lei de Deus.
Da mesma maneira, no Corpo de Cristo também há princípios
para a ordem. Estes princípios têm sido dados à igreja para preservar
a ordem e permitir que ela funcione eficientemente e efetivamente.
Neste capítulo e no próximo, estudaremos alguns destes princípios
como autoridade, liderança, submissão e disciplina na igreja. Quando
nós somos ignorantes destes princípios ou recusamos a ordem
estabelecida de autoridade, nós trazemos condenação sobre nós
mesmos. Nós criamos conflito e tensão que causam ansiedade e
sofrimento, que poderiam ter sido evitados.

Liderança no Novo Testamento


Gordon Fee disse, “O Novo Testamento é cheio de surpresas,
mas talvez nada é tão surpreendente como a atitude aberta quanto à
estrutura e liderança; especialmente ao considerar quão importante
este assunto se torna na História da Igreja...”¹
Através da história e em todas as partes do mundo, cada
denominação e igreja local têm estabelecido uma estrutura de governo
que, de acordo com seu entendimento, é baseado no ensino do Novo
Testamento. O modelo que a igreja primitiva abraçou estabeleceu
uma distinção dentro do Corpo de Cristo. A diferença entre o povo
(laite) e o clero (kleros) alcançou sua maior e mais aguda expressão
no Catolicismo Romano. Este modelo de governo prevaleceu em
muitas igrejas depois da Reforma. Assim foi na igreja Presbiteriana e
Episcopal, com os irmãos Plymouth e outros. Esta estrutura faz uma
clara distinção entre a liderança e o povo, regras de governo,
obrigações e dons ministeriais.

111
Liderança, Ministério e Batalha

Em algumas denominações como a Batista, Pentecostal e igrejas


Carismáticas este conceito tem mudado. O governo da igreja está
nas mãos do povo, o qual dirige a liderança.
Na realidade, as epístolas pastorais não revelam muito sobre a
estrutura e governo da liderança. O que mais concerne a Paulo é o
caráter e maturidade dos líderes. A estrutura bíblica não divide o
ministro do povo. Ambos são um, mas com uma liderança bem
definida. O livro de Atos dos Apóstolos se refere aos líderes na igreja
de Jerusalém. Estes são os apóstolos. Naquele tempo, a liderança
estava nas mãos de Tiago (Atos 12:17).
Em Antioquia, a liderança estava aparentemente nas mãos dos
profetas e mestres (Atos 13:1-2). Mais tarde, os líderes da igreja local
foram os anciãos. Paulo se refere a liderança em Éfeso como “os anciãos.”
“E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros,
depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem
haviam crido.” (Atos 14:23)
“De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja.”
(Atos 20:17).
É fato que há igrejas que continuam debatendo com toda
persuasão sobre a verdadeira estrutura do Novo Testamento. Deveria
ser governado pelo povo? É melhor ter uma estrutura congregacional,
democrática ou apostólica? Ou, deve ser encabeçada por um comitê
ou pelos anciãos? O que é certo é que o Novo Testamento não trata
com detalhes sobre este assunto. Talvez a estrutura correta seja
aquela que produz melhores resultados com um estilo FUNCIONAL
baseado nas NECESSIDADES PESSOAIS E RELACIONAIS.

Palavras Religiosas
Em grande parte, a confusão sobre liderança na igreja começou
com o escasso conhecimento de muitos termos no texto grego que
tem perdido o significado da linguagem original. Eles têm tomado
uma conotação religiosa e, além disso, são adaptados para significar
o que qualquer grupo religioso quer que eles signifiquem.
Por exemplo, a palavra “diakonos” ou “diakonia” significa ‘servo;
aquele que serve a outros’. Os escritores do Novo Testamento
entenderam isto. Hoje, “diakonos” tem sido traduzido por ‘diáconos’.
Esta palavra tem tomado um poderoso significado religioso. A
discussão se a mulher pode ser ou não diaconisa prevalece até hoje.
112
Autoridade na igreja

Seria ridículo discutir isto se a questão fosse, “Poderia uma mulher


servir na igreja?” Talvez a melhor tradução para “diakonos” hoje seria
voluntário. Esta palavra é usada em todas as igrejas e é mais fiel ao
significado cultural de “diakonos” no Novo Testamento.
Nós deveríamos examinar várias palavras comumente usadas
para ver se estamos usando-as corretamente. Estas palavras têm um
significado que não é necessariamente o mesmo quando Paulo, Pedro
e os outros discípulos usaram:

Conceito Neotestamentário Do Grego Palavra religiosa ConceitoPresente


mensageiro angelos Anjo mensageiro
Boas novas Euangelion evangelho Boas novas
Mensageiro de algo bom euangelistes evangelista Aquele que compartilha
as boas novas acerca de
Jesus
separado Hagios santo Especial
Os separados Hagioi santos Cristãos
pastor Poimen pastor Provedor de cuidado
proclamador Kyryx pregador Pregador
anciãos presbuteros anciãos Maduros, com sabedoria
experiência espiritual
supervisor Episkopos Bispo/ancião Líder
servo Diakonos diacono Voluntário
mestre Didaskalo mestre Professor
discípulo Mathetes discípulo Discípulo
igreja Ekklesia igreja Igreja
multidão Plethos congregação Congregação

Eu não sei quantos percebem isto, mas a maioria destas


palavras descreve funções, não títulos. A estrutura de autoridade no
Corpo de Cristo para um degrau maior é baseada em funções e
responsabilidades, não em títulos ou posições.

Os líderes são parte do povo


Gordon Fee diz que “liderança entre o povo de Deus do Novo
Testamento nunca é visto como algo exclusivo ou acima das pessoas,
mas como parte de um todo, essencial para a sua saúde, mas
governadas pelas mesmas normas.”²
O Apóstolo Paulo especificou claramente que aqueles que têm
uma posição de autoridade, aqueles que presidem ou lideram, são
parte daqueles que trabalham na obra e não estão acima deles.
“Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que

113
Liderança, Ministério e Batalha

trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos


admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração,
por causa do trabalho que realizam.” (1Tessalonicenses 5:12-13).
Os pastores e líderes são parte do povo e têm autoridade para
edificar o Corpo de Cristo. A distinção entre o povo e o clero é um
exagero da divisão funcional que Deus estabeleceu. As funções do
Corpo funcionam quando todos trabalham juntos para cumprir os
propósitos de Deus. Os líderes estão lá para facilitar o processo.
O autor do livro de Hebreus concluiu a sua carta apostólica
exortando o povo de Deus a se lembrar, não somente daqueles que
presentemente estão supervisionando a igreja, mas também aqueles
que por sua conduta, fé, amor e sacrifício no passado investiram suas
vidas em nome da igreja.
“Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra
de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé
que tiveram.” (Hebreus 13:7).
Ele também encoraja os cristãos a obedecerem e a se
submeterem aos pastores e líderes porque eles são quem Deus
confiou para cuidar do Seu rebanho. Eles estão para exercer autoridade
o povo. Isto não deveria ser uma conduta autoritária ou ofensiva
porque isso não agrada a Deus.
“Obedeçam a seus líderes e se submetam à sua direção (Versão
Século XX), porque são guardiões do seu bem-estar espiritual, (Phillips).
E Deus os julgará de acordo com o que eles fazem, (Taylor). Permitam
que o trabalho deles seja agradável, não com peso ou ansiedade
(Phillips), porque trará prejuízo a vocês” (Berkley) (Hebreus 13:7).
A Bíblia Plenitude provê um bom comentário sobre esta
passagem. “Os cristãos não devem somente se lembrar dos antigos
líderes da igreja (v.7), mas devem prestar atenção aos líderes atuais
da igreja que são responsáveis por prover supervisão espiritual à
congregação. A obediência que se pede implica em aceitar as
orientações de outros, e submissão significa desistir da nossa própria
opinião contrária a de outros. O autor não sugere cegueira, obediência
cega a tudo que o líder diz, mesmo em decisões em relação à mudança
de emprego, compra de itens, fazer uma viajem ou assuntos similares.
O Novo Testamento afirma a necessidade de discernimento (1 João
4:1), a responsabilidade pessoal diante de Deus (Romanos 12; 14;
Gálatas 6:5), e submissão mútua (Romanos 12:10; Gálatas 5:13; Efésios
114
Autoridade na igreja

5:21; Filipenses 2:3-4). Além disso, líderes da igreja não são ditadores
autocráticos que reinam sobre a congregação, mas são servos que
exercem autoridade com compaixão e cuidado (Romanos 12:8; 1
Tessalonicenses 5:12,13; 1 Timóteo 3:5; 5:17).” ³
Qualquer que seja a estrutura da liderança, todo líder deveria
batalhar para evitar o orgulho de sua posição de autoridade, o amor à
autoridade ao invés do amor ao povo de Deus, e a ausência de ser
responsável por outros. O chamado para pessoas em papel de
autoridade é SERVIR EM SUA CAPACIDADE MÁXIMA.
Em seu livro “Mudança de Igreja”, Dr. C.Peter Wagner escreve:
“Nós estamos no começo de um mover de ‘Igreja de visão’ para ‘Reino
de visão’. Levará um tempo, mas eu acredito que a segunda era
apostólica será caracterizada por uma Igreja ainda mais poderosa e
um avanço muito mais rápido do Reino que nenhum de nós tenha
visto antes.” 4
Atualmente, milhares de pastores se acham em um processo de
transição de uma ‘mente pastoral e um estilo congregacional de
governo’ para uma ‘mente apostólica e um estilo de governo individual
apostólico’. Mudanças radicais estão tomando conta da igreja hoje ao
redor do mundo. Assim que entrarmos em uma nova reforma
apostólica que está desafiando as presentes estruturas
denominacionais e governo democrático e mudando de um estilo de
grupo ou congregação para um governo individual.
No próximo capítulo, nós vamos olhar o papel de autoridade
quando a disciplina deve ser exercida.

¹ Gordon Fee, Evangelho e Espírito, Publicações Hendrickson,


Peabody, 1991, p.120.
²Ibid, pg.131
³ Bíblia Plenitude, 1991
4 Wagner, mudança de igreja. Regal Publishers, 2004. Pg. 71.

115
C a p i t u l o 14

A disciplina de Deus
E estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco:
Filho meu, não menospreze a correção que vem do Senhor, nem desmaies
quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e
açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais
(Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?
Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes,
logo, sois bastardos e não filhos. Além disso, tínhamos os nossos pais
segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de
estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?
Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia;
Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos
participantes da sua santidade. Toda disciplina, com efeito, no momento
não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto,
produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, frutos de
justiça.” (Hebreus 12:5-11).

uando a Bíblia fala da disciplina de Deus, não está se

“Q referindo a doença, tragédia ou circunstâncias dolorosas


para a alma ou muito menos tentações. Qualquer um de
nós corrige ou disciplina seus filhos deixando-os doentes ou causando
dano físico ou emocional? Aqueles que abusam de seus filhos física ou
emocionalmente são considerados criminosos até mesmo por esta
sociedade perversa. Que pais querem que seus filhos fiquem doentes,
percam um braço ou uma perna, ou fiquem paralisados? Só um violento,
um doente mental! Jesus ensinou seus discípulos que se nós, como
seres humanos e pecadores, não damos o mal por bem, damos pão ao
invés de pedra, ou peixe ao invés de serpente, quanto menos irá o
nosso Pai celestial causar dano a seus filhos?
“Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos
filhos, quanto mais o vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos
que lhe pedirem?” (Mateus 7:11).

117
Liderança, Ministério e Batalha

Como o Senhor disciplina seus filhos? Ele disciplina como um pai


disciplina seus filhos com correção, instrução e ensino. Se isto não é
efetivo, Ele os deixa pagarem o preço ou sofrer as conseqüências de
suas decisões.
A palavra ‘disciplina’ pode ser traduzida por ‘ensinar, instruir,
corrigir ou punir’. De acordo com o Dicionário Expositivo do Novo
Testamento por W.E. Vine, “denota a formação dada a uma criança,
incluindo instrução, disciplina, correção, sugerindo disciplina cristã que
regula o caráter; igualmente em instrução.” ¹
Paulo diz sobre a Bíblia:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que
o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a
boa obra.” (2 Timóteo 16-17).
A disciplina de Deus deve ser baseada nas instruções que a Bíblia
nos dá. Então, quem é disciplinado e como? Aqueles que são chamados
para serem discípulos. Disciplina é parte intrínseca ou essencial do
discipulado. Um não pode ser separado do outro. É uma das
responsabilidades da igreja e é administrado pela liderança.

Disciplina na igreja
Todos aqueles que são discípulos do Senhor devem se submeter à
autoridade da igreja local. Entre outras coisas, a igreja é responsável por:
- Admitir membros para comunhão.
- Governar a congregação
- Disciplinar a congregação, o que inclui:
1° Ensinar a Palavra de Deus
2° Disciplina ou Correção
Disciplina deve ser baseada na Palavra de Deus. No Novo
Testamento, Jesus Cristo estabeleceu a fundação e as normas de
processo de disciplina.
“Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele
te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda
contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou
três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender,
dize-o a igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como
gentio e publicano.” (Mateus 18:15-17).
Se um irmão faz algo maldoso, chame-o e fale a ele particularmente
118
A disciplina de Deus

qual foi a sua falta. Se ele te ouve, resolveu a ofensa. Se ele não te ouve,
vá com um ou dois irmãos e apresente a ofensa a ele. Se ele não ouvir
a ninguém, então o apresente à liderança que representa a congregação
inteira. Se ele não aceitar a recomendação da liderança, então eles
devem quebrar a comunhão com ele, algumas vezes refere-se à
excomunhão.
Esta palavra parece bem severa, mas ela só significa, “Declarar a
pessoa fora da comunicação ou acordo com outros.” Este é o processo
de disciplina que o Apóstolo Paulo recomenda que seja levado a cabo
na igreja de Corinto.
“Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade
tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a
possuir a mulher de seu próprio pai. E, contudo, andais vós
ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do
vosso meio quem tamanho ultraje praticou?” (1 Coríntios 5:1-2).
Paulo repreende a congregação por permitir este tipo de pecado
e não discipliná-lo. Eles deveriam se sentir tristes e envergonhados
com aquele tipo de imoralidade existente entre eles. Contudo, ele exorta-
os a quebrar a comunhão e excomungar o indivíduo.
“Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em
espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal
infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito,
com o poder de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a
destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor
[Jesus].” (1 Coríntios 5:3-5).
Isto nos indica que a cobertura eclesiástica que prove proteção
de Deus é removida. Isto permite Satanás trazer conseqüências ou o
salário do pecado. Vamos nos lembrar que o apóstolo Paulo também
entregou a Satanás Himeneu e Alexandre, o latoeiro. Estes homens
provocaram blasfêmias e falsas acusações contra ele e tinham causado
muito dano na igreja da Galácia. Este é o tipo de punição ou justiça do
Senhor que está descrita no capítulo 6 até 8.
De acordo com a gravidade da ofensa, a disciplina deveria ser
administrada tão logo quanto possível, como no caso de imoralidade do
irmão de Corinto, ou mais lentamente como no caso em Mateus 18:15-20.
Outras áreas de disciplina mencionadas nas Epístolas Pastorais
servem de guia para nós na função de disciplina na igreja. Por exemplo:
- Preguiça, que se refere a uma pessoa ociosa que não quer

119
Liderança, Ministério e Batalha

trabalhar e vive frequentemente manipulando os irmãos e irmãs,


recorrendo à caridade deles.
“Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo,
que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não
segundo a tradição que de nós recebestes;... nem jamais comemos pão
à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia,
trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós;... Porque,
quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer
trabalhar, também não coma. Pois, de fato, estamos informados de que,
entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando;
antes, se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e
exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente,
comam o seu próprio pão... Caso alguém não preste obediência à nossa
palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para
que fique envergonhado. Todavia, não o considereis por inimigo, mas
adverti-o como irmão.” (2 Tessalonicenses 3:6,8 10-12, 14-15).
- Reclamando e murmurando, particularmente quando acusações
são feitas contra a liderança. Relembrando que aqueles que estão em
posição de autoridade são sempre as vítimas das acusações do inimigo,
a disciplina deve ser baseada em fatos provados e não em insinuações
ou indiretas. Disciplina pública serve para alertar o restante do povo
das conseqüências do pecado.
“Não aceiteis denúncia contra presbitério, senão exclusivamente
sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem
no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os
demais temam.” (1 Timóteo 5:19-20).
- Aqueles que causam divisão e dissensão na igreja. Isto é
perversão aos olhos de Deus. Jesus Cristo veio para nos unir. Satanás
veio para nos dividir.
“Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e
segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando,
e por si mesma está condenada.” (Tito 3:10-11).

Razões para a disciplina


Para a igreja:
1- Testar obediência
“E foi por isso também que vos escrevi, para ter prova de que, em
tudo, sois obedientes.” (2 Coríntios 2:9).
120
A disciplina de Deus

2- Evitar que a igreja seja ridicularizada


“Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade
tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a
possuir a mulher de seu próprio pai.” (1 Coríntios 5:1).
3- Eliminar a contaminação do pecado e sua influência na conduta
dos cristãos.
“Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de
fermento leveda a massa toda? Lançai fora o velho fermento, para que
sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também
Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.” (1 Coríntios 5:6,7).
4- Proteger a congregação
“É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras,
ensinando o que não devem, por torpe ganância.” (Tito 1:11).
Para a pessoa ser disciplinada:
1- Demonstrar o amor de Deus
“Mas para que conhecêsseis o amor que vos consagro em grande
medida.” (2 Coríntios 2:4b).
2- Tentar salvar o indivíduo das conseqüências do pecado
“a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor [Jesus].” (1
Coríntios 5:5b).
Durante os dez anos pastoreando a nossa igreja, foi necessário
quebrar a comunhão com duas pessoas. Depois de ir ao processo
bíblico, tivemos que obedecer a este mandato.
No primeiro caso, depois de tentar trazer um jovem ao
arrependimento que estava cometendo fornicação com sua prima, nós
a excomungamos em uma recomendação anônima da liderança devido
ao fato dela se recusar a ser obediente. Foi muito difícil para todos os
irmãos e irmãs, mas particularmente para seus parentes que eram
membros da congregação.
O resultado foi similar ao que nós observamos na epístola aos
Coríntios. O homem em Corinto foi repreendido e excomungado. Isto
produziu arrependimento e se obteve o resultado de corrigir o mal.
Paulo exorta os irmãos e irmãs a perdoar o indivíduo e retorná-lo a
comunhão quando ele se arrepender.
“Basta-lhe a punição pela maioria. De modo que deveis, pelo
contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo
consumido por excessiva tristeza. Pelo que vos rogo que confirmeis
para com ele o vosso amor.” (2 Coríntios 2:6-8).

121
Liderança, Ministério e Batalha

Com o tempo, esta jovem se arrependeu e retornou a ter


comunhão com os irmãos e irmãs. Mais tarde ela se casou com um
jovem cristão e agora ambos estão servindo ao Senhor.
A outra pessoa foi como Alexandre, o latoeiro. Ele causou muito
dano a congregação e a mim. Até agora ele não se arrependeu e não
está em comunhão conosco. Nós temos, contudo, deixado este assunto
nas mãos do Senhor.

¹ W.E. Vine, Dicionário Expositivo do Novo Testamento, CLIE,


Barcelona, 1984, Vol.1, pp451-2.
122
C a p i t u l o 15

Conceitos de liderança
“Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e
testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participantes da glória
que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não
por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por
sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos
foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho.” (1 Pedro 5:1-3).

L
iderança é um dom de Deus. É um talento especial que permite
ao indivíduo exercer algum tipo de autoridade.

O que todo líder deveria saber


Nem todos os bons administradores são líderes. Há uma
diferença entre as duas coisas. Um administrador opera por regras e
normas estabelecidas para obter resultado. Um líder governa baseado
nos seus talentos relacionais. Um administrador executa, um líder
mobiliza. Os melhores líderes são intuitivos e sensitivos, os melhores
administradores são técnicos.

Um líder sabe o que mobiliza pessoas


Ao ouvir que um líder governa por meio de sensibilidade em
relacionamentos, alguém perguntaria se o líder manipula outros para
alcançar seus objetivos. Não, há uma grande diferença entre
manipulação e motivação.
- MANIPULAÇÃO é mobilizar alguém para seu próprio benefício.
- MOTIVAÇÃO é mobilizar outros para benefício de todos.
Um bom líder reconhece que outros vêem as coisas de um ponto
de vista diferente. Nem todo mundo tem os mesmos objetivos ou
prioridades. Os líderes tentam ver coisas através dos olhos dos seus
discípulos. Assim, ele pode perceber quais são os seus desejos e
necessidades. Ele utiliza este conhecimento para motivá-los a cumprir
o que o grupo precisa.

123
Liderança, Ministério e Batalha

Aquele que quer atrair e receber apoio de outros tem que


encontrar as necessidades de seus seguidores. Aquele que reconhece
as necessidades do povo e toma os passos necessários para prover o
que é preciso, será bem-sucedido na liderança. Pessoas são motivadas
quando vão receber um benefício.

Um líder não é líder sem seguidores


É importante reconhecer que um líder não existe sem seguidores.
A palavra líder significa: ‘um guia, um chefe, um condutor de um grupo
coletivo de pessoas, aquele que encabeça o grupo’. Parece tolo ter
que enfatizar este ponto, mas infelizmente há muitos que se
proclamam líderes mas não têm ninguém os seguindo. Liderança é
um relacionamento entre pessoas. Muitos têm a posição sem o
relacionamento.

O que um líder deveria mostrar para que os outros o sigam?


1 – Solidez
Todas as pessoas na liderança precisam compartilhar a visão
que Deus deu aos seus seguidores para que então eles possam
persistir nisso. Pessoas serão motivadas quando puderem acreditar
e aceitar a visão tão bem quanto o líder faz. A única maneira que isto
vai acontecer é quando o líder mostrar solidez em seu estilo de vida e
que sua visão é digna de crédito.
2 – Confiabilidade
É difícil seguir alguém em que não podemos confiar. Para que as
pessoas sejam capazes de confiar em um indivíduo, ele deve primeiro
projetar confiança nele mesmo, no que ele faz e nos propósitos de
Deus para o grupo que ele está encabeçando. Ele deve mostrar
fidelidade aos membros do grupo e aos propósitos de Deus para eles.
3 – Direção
O líder aponta a direção que deve ser seguida para alcançar o
objetivo. Ele está consciente dos passos que devem ser tomados para
alcançar seus propósitos. Um líder desenvolve o mecanismo necessário
para mobilizar as pessoas em direção a realização da visão de Deus.
4 – Energia e entusiasmo
Um bom líder compartilha entusiasmo e energia àqueles que o
ouvem e o seguem. Este entusiasmo não depende das multidões ou
das circunstâncias, mas da mensagem que ele prega. Se cremos que
124
Conceitos de liderança

Deus quer nos usar para mudar vidas e confiamos que a mensagem
que Ele tem nos dado tem a unção para fazê-lo, estaremos animados
e contagiaremos aos outros que nos ouvem com a mesma energia.
5 – Relacionamentos pessoais
A visão não é só compartilhada por instrução e exortação. É
necessário estabelecer bons relacionamentos pessoais com todos os
outros líderes e seus subordinados. Um pastor deveria dedicar
aproximadamente 20% do seu tempo para estabelecer bons e sólidos
relacionamentos com seus líderes.
Para alcançar isto, o pastor tem que participar das experiências
pessoais deles. Ele solidifica a confiança deles e ajuda-os fazendo os
líderes se sentirem ajudados em tempos de dificuldade, em assuntos
espirituais, em ensino, em diversão e vitória. O pastor deveria
participar de seus triunfos e derrotas.

O que os seguidores desejam dos seus líderes?


1 – Sucesso
Nós todos queremos ser parte de algo bem sucedido. Ninguém
quer ficar parado em um time perdedor. Todo mundo fica entusiasmado
quando o time está ganhando. As pessoas se entusiasmam em ver,
saber e ser parte de um grupo que vai de vitória em vitória e de
triunfo em triunfo. O caminho para criar uma atmosfera de sucesso e
vitória é permitir que outros participem, usando seus talentos e dando
a eles crédito e reconhecimento perante outros.
2 - Que suas necessidades sejam supridas
Geralmente pessoas não freqüentam ou participam de um grupo
só por causa da lealdade. Na realidade, lealdade para um indivíduo ou
congregação depende da medida em que suas necessidades estão
sendo supridas. O que nós deveríamos suprir para o rebanho de Deus
durante as reuniões? O seguinte:
- Comunicação e comunhão
- Louvor e adoração corporativa
- Crescimento espiritual
- Cura para suas dores e mágoas
- Direção para suas vidas
- Aceitação com amor e entusiasmo
- Compartilhar da visão
- Presença de Deus

125
Liderança, Ministério e Batalha

3 – Discipulado
Todas as pessoas querem ser treinadas nas áreas práticas da
vida. Pessoas em crise precisam de direção a respeito de como, porque
e o que fazer para confrontar e lutar nestes tempos.
4 – Afirmação
Nós todos queremos que nossas vidas tenham valor. Paulo
escreve para um jovem pastor encorajando e dizendo a ele: “Ninguém
despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na
palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” (1 Timóteo 4:12).
Toda pessoas precisa ter esperança. Ao Sr. Winston Churchill foi
perguntado: “Qual é a arma mais poderosa que nós temos para
derrotar o nazismo?” Ele respondeu: “É muito simples: esperança!”
Deus expressa seus pensamentos sobre nós nos encorajando e
afirmando nossa fé:
“Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o
Senhor: pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que
desejais.” (Jeremias 29:11).

Fatos para uma liderança efetiva


1- Relacionamento (intimidade com Deus)
É importante que todo o líder saiba quais são as prioridades
para sua vida e ministério. A ordem de prioridades começa com um
relacionamento de intimidade com Deus. Nós devemos cultivar a nossa
intimidade com Deus diariamente. “Os propósitos de Deus precisam
ser estreitamente atados à nossas mentes e corações, e nós devemos
dar nosso tempo e nossa atenção a eles. Questões de importância.
Aqueles ao nosso redor rapidamente observam o progresso que
temos ou o chão que perdemos. A vida pessoal dos ministros de Deus
deve ser tão pura quanto a sua doutrina. Os dois foram feitos um para
o outro. Se o servo de Deus não presta atenção a ele mesmo, sua
doutrina será esporádica e confusa. A influência de Deus pode afastar-
se do coração humano através da desatenção e nossas mentes podem
perder a intensidade do nosso chamado.” ¹
2 – Oração
Oração é o verdadeiro tempo de comunicação com Deus. Os
líderes da igreja em Jerusalém (Atos 6:4) reconheceram a necessidade
de permanecer em constante oração e estudo da Palavra de Deus.
Vamos aprender com eles.
126
Conceitos de liderança

Um líder precisa dedicar uma parte do seu dia especificamente


para oração. Com todos os trabalhos do ministério, ele deve
desenvolver a autodisciplina de ter um momento de oração, não só
para ele mesmo, mas também para todas as necessidades da sua
família, de seu ministério e sua congregação. Em intensos momentos
de oração, ele deve orar pelas autoridades, sua cidade e sua nação.
3 – Preparação
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não
tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
(2 Timóteo 2:15).
Na primeira epístola a Timóteo, Paulo tinha dito a ele: “Ocupe-se
lendo a Palavra de Deus.” Nesta segunda carta, ele enfatiza que
Timóteo deve estudar como um trabalhador. A palavra traduzida por
‘trabalhador’ denota um trabalhador no campo, um trabalhador,
alguém que trabalha diariamente para produzir a colheita, usando
ferramentas de campo como enxada, picareta e pá.
O verdadeiro trabalhador de Deus se prepara na Palavra de
Deus porque ela é a ferramenta necessária disponível para produzir
a colheita de almas ou mudança de vidas. Para estudar bem é bom ter
várias versões. Eu tenho à minha disposição um volume de 26
diferentes Bíblias em Inglês. Eu também tenho várias versões em
Espanhol, incluindo uma Bíblia de estudo como a Bíblia Plenitude, da
Editora Thomas Nelson², que eu tenho frequentemente usado como
referência ao escrever este livro.
Também ajuda ter várias versões do grego e hebraico,
dicionários expositivos, concordâncias e livros de referência que
contém ensinos que Deus tem dado para contemporâneos homens
de Deus. Tudo isso nos ajuda a usar a Palavra de Deus corretamente.
Outras versões de 2 Timóteo 2:15 dizem:
“...analisando corretamente a mensagem da verdade” (Berkley).
“...gerenciando a palavra com precisão” (Rotherdam).
“...dando a mensagem de Deus com exatidão” (20° Século).
“...declarando a palavra da verdade sem distorção” (Conybeare).
Um bom líder reconhece que ele não sabe todas as coisas a respeito
da Palavra de Deus. Eu continuamente ouço ensinos de outros homens
de Deus na rádio, cassetes, CD’s e televisão. Eu leio livros em tópicos
especializados e revistas cristãs e seculares. Isto significa que eu
reconheço a minha ignorância e tento aprender o que Deus tem falado

127
Liderança, Ministério e Batalha

a outros em suas áreas de especialização. Eu frequentemente participo


de seminários, workshops, congressos, conferências e todo o tipo de
reunião para treinamento e instrução nas coisas de Deus. Eu ouço
atentamente aos ensinos do meu pastor e dos pastores de igrejas que
eu tenho o privilégio de visitar. Eu também tento estar em dia com o que
Deus está fazendo ao redor do mundo.
4 – Apresentação
A maneira de alguém se vestir, comportar, hábitos e ações
afetam a liderança. Um bom líder é sensível. Ele não ofende outros,
particularmente na área de diferenças linguísticas e culturais. Desta
maneira, ele evita que os outros tropecem.
“Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades
dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. Portanto, cada um de
nós agrade ao próximo no que é bom para edificação. Porque também
Cristo não se agradou a si mesmo; antes, como está escrito: As injúrias
dos que te ultrajavam caíram sobre mim.” (Romanos 15:1-3).
5 – Organização
Toda empresa ou organização é avaliada ou julgada com base
nas suas habilidades administrativas, técnicas, financeiras,
envolvimento com a comunidade e alcance. Se nós avaliamos o nosso
ministério e reconhecemos áreas em que somos deficientes e áreas
em que somos excelentes, seremos capazes de entender porque a
nossa liderança é ou não é eficiente. Desta maneira, seremos capazes
também de tomar os passos necessários para mudar o que deve ser
mudado e melhorar e progredir no ministério.
Algumas destas coisas parecem mundanas e não espirituais.
Mas vamos nos lembrar que Deus é um Deus de ordem (Veja 1
Coríntios 14:40). Paulo escreve as epístolas para apontar o que estava
fora de ordem nas igrejas e corrigir o que não estava bom. Em uma
ocasião ele disse aos coríntios:
“Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes
para juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando for ter
convosco.” (1 Coríntios 11:34).
Jesus Cristo sabia que era necessário organizar as multidões
para alimentá-las. Alimentando os cinco mil, a Bíblia nos mostra como
ele organizou o povo por grupos para distribuir a comida e foi então
facilmente capaz de reconhecer quanto tinha sobrado. Assim Ele
também mostrou sua boa mordomia, não desperdiçando o que tinha
128
Conceitos de liderança

sobrado, mas juntando, para distribuir de acordo com as necessidades.


(Veja Marcos 6:37-40, 43). Em minha experiência como um homem de
negócios, pastor e administrador, eu tenho entendido a absoluta
necessidade de organização para levar a cabo meus trabalhos tanto
no mundo dos negócios quanto nos negócios do meu Pai celestial.
Todos os conceitos de administração e liderança são igualmente
necessários para desenvolver a obra de Deus.
Como representantes do Reino de Deus e embaixadores do
evangelho, nós temos que nos esforçar e preparar para dar um bom
testemunho diante de Deus e dos homens. Vamos ler a exortação de
Paulo para dois líderes:
“Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes,
respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na constância... Torna-
te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade,
reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário
seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso
respeito.” (Tito 2:2,7-8).
Além disso, nós devemos dar um bom testemunho entre aqueles
que estão de fora, para que não aconteça dele cair em repreensão e
no laço do diabo. (1 Timóteo 3:7).

¹ Jack W. Hayford, editor geral, editor conselheiro, Sam


Middlebrook... , Bíblia de Estudo Plenitude, edição eletrônica, sistema
de Biblioteca Logos, (Nashville: Thomas Nelson) 1997, c1991.
² N.T. no Brasil publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil.

129
C a p i t u l o 16

A vida do líder
“Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.
É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só
mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas,
não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob
disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a
própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja neófito, para
não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. Pelo
contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim
de não cair no opróbrio e no laço do diabo.” (1 Timóteo 3:1-7).

A
autoridade espiritual de um líder é proporcional à sua
humildade e dependência do Senhor. A vida do líder e seu
caráter afetarão seu ministério, quer ele queira ou não.
Portanto, Romanos 12:1-2 são versos- chaves para o servo de Deus.
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que
apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus,
que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Eu tenho dito que Deus está mais interessado em quem nós
somos do que o que nós fazemos. Nós devemos viver uma vida santa
e agradável diante Dele. Para que o nosso trabalho seja efetivo, o que
nós fazemos deve refletir o caráter e comportamento submisso a
Deus. Muitos autores têm escrito sobre este tema. Eu quero apresentar
o que considero serem os dez elementos básicos na vida de um líder.

Dez componentes do ministério


Ministério
Aqui, eu estou me referindo em ministrar a Deus. A Bíblia nos
conta que nós temos sido chamados para sermos reis e sacerdotes. O

131
Liderança, Ministério e Batalha

sacerdócio representa o nosso chamado para ter intimidade e rendição


total no nosso relacionamento com Deus. É um chamado para ter um
total conhecimento Dele já que agora somos capazes de entrar no
Santo dos Santos e viver em comunhão com Ele.
“Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados
casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios
espirituais a Deus por intermédio de Jesus Cristo.” (1 Pedro 2:5).

Matrimônio
“E que governe bem a própria casa, criando os filhos sob
disciplina, com todo o respeito.” (1 Timóteo 3:4).
“O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus
filhos e a própria casa.” (1 Timóteo 3:12).
O gerenciamento da nossa casa é um reflexo das nossas vidas.
Isto é devido ao fato da casa ser o fundamento da sociedade. Portanto,
Satanás tem muitas estratégias para destruir lares cristãos e ainda
mais de pastores e líderes.
A primeira instituição que Deus abençoou foi a família (Gênesis
1:28). É por isso que a família é a primeira prioridade na vida de um
líder. A única exceção é na comunhão com Deus (Ministrar a Deus).
O inimigo sabe que se ele puder destruir a família, ele
enfraquecerá a igreja, porque a igreja é a Família das famílias. Se
Satanás for bem-sucedido em enfraquecer a igreja, ele controlará a
cidade e a nação, porque a igreja tem sido chamada para ser elemento
que preserva a comunidade. Se o sal da terra perder seu poder de
preservação, a comunidade se perde. O lar cristão, portanto, é a
fundação das nações.

Moral
Há três tipos de pecados que podem produzir a queda de todo
líder. Imoralidade sexual, amor ao dinheiro e orgulho. Qualquer que
sejam os nomes que escolhamos: “rabo-de-saia, famas e fortunas”;
“luxúria, riquezas e glória”; “sexo, dinheiro e proeminência”; elas todas
significam a mesma coisa.
As Escrituras revelam o molde que o adversário emprega para
trazer a queda de um líder.
“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém
amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no
132
A vida do líder

mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba


da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.” (1 João 2:15-16).
Adultério quase sempre acontece no lar onde o relacionamento
entre cônjuges não está em ordem. Isto pode ser na área sexual,
emocional, espiritual ou econômica. Quando não há satisfação ou
alegria no casamento, um ou ambos os cônjuges podem ser tentados
a procurar o que está faltando nos braços de outra pessoa. Satanás
colocará ao alcance uma pessoa que possa “compreender, satisfazer,
e verdadeiramente suprir as necessidades (decepções)”.
Liderança e suas responsabilidades podem roubar o tempo de
qualidade para seus amados. Isto é porque um líder deve saber que
sua casa é prioridade aos olhos de Deus. Se seu cônjuge reconhece as
pressões e exigências do ministério, você deve motivá-lo (a) e ajudá-
lo (a) e desta maneira protegê-lo (a) em seu ministério.

Mordomia
“Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns,
nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmo se atormentam com
muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas;” (1
Timóteo 6:10-11a).
O gerenciamento das nossas finanças é um espelho do nosso
coração. Deus chama o líder para ser um bom mordomo do seu
dinheiro. Isto inclui quanto ele ganha assim como quanto ele gasta. O
amor do dinheiro pode fazer o indivíduo perder o seu chamado. Jesus
Cristo disse: “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu
coração.” (Mateus 6:21).
O barômetro do nosso relacionamento com Deus é diretamente
proporcional à mordomia do nosso dinheiro e do nosso tempo. Paulo
diz que um líder não é “avarento.” (1 Timóteo 3:3).
Paulo disse aos anciãos em Éfeso:
“De ninguém cobiceis prata, nem ouro, nem vestes; vós mesmos
sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim
e aos que estavam comigo. Tenho-vos mostrado em tudo que,
trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as
palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que
receber.” (Atos 20:33-35).
É evidente que Paulo foi abençoado pelos cristãos enquanto
estava pastoreando em Éfeso. Uma das bênçãos do ministério é o

133
Liderança, Ministério e Batalha

amor das ovelhas pelo pastor. Muitas vezes eles dão presentes
valiosos aos seus pastores e líderes em apreciação e amor. O ministro
deve guardar o seu coração e não cobiçar estas coisas.
Dinheiro é um dos aspectos mais delicados do ministério. Antes
de ir embora, Paulo quis instruir os anciãos em Éfeso com relação às
finanças. Paulo lembra os pastores que ele sempre trabalhou para
suprir suas necessidades. Enquanto ele estava Corinto, trabalhou
fazendo tendas. Muitos pastores se recusam a trabalhar em trabalhos
seculares e quem sofre são seus familiares. Quando um pastor ou
líder deveria parar de trabalhar em um emprego secular? Quando o
ministério tem recursos o bastante para suprir todas as necessidades.
“É mais abençoado dar do que receber.” É importante lembrar
desta instrução. A pergunta no coração de um líder deveria ser: “O
que eu posso dar ao povo de Deus?” e não “O que eu o povo de Deus
pode me dar?”

Maturidade
“Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não,
porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época,
que se reduzem a nada” (1 Coríntios 2:6)
“Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim sede crianças;
quanto ao juízo, sede homens amadurecidos.” (1 Coríntios 14:20).
Nós já dissemos que a maturidade cristã não é medida pelo que
Deus faz através dele, mas o que Deus fez nele. Nossa maturidade
espiritual não é medida pelas nossas ações, mas pelas nossas
reações.
Maturidade espiritual não tem nada a ver com a idade. O tempo
que a pessoa é cristã não demonstra se ela tem muito conhecimento.
Eu pessoalmente tenho conhecido cristão que conhecem a Jesus e
que têm caminhado pelos caminhos do evangelho por anos mas que
tem reações e atitudes de uma criança. Eu também conheço recém-
convertidos que refletem grande maturidade no seu caráter e atitude.
Maturidade espiritual é um dos requisitos mais importantes na
vida de um líder. Fidelidade, amor, domínio próprio são evidências de
maturidade em um indivíduo e uma parte vital na vida de um líder.

Conduta
Comportamentos e maneiras refletem como um espelho o
134
A vida do líder

homem interior. A única maneira de manifestar o que Deus fez em


nós é agindo como cristãos. A Bíblia diz que nós seremos conformes a
imagem de Cristo (Veja Filipenses 2:5) e seremos imitadores de Deus
(Efésios 5:1). De fato, se vivermos como cristãos, nós conquistaremos
o mundo para Cristo. Vamos meditar na passagem seguinte:
“O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao
bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal,
preferindo-vos em honra uns aos outros. No zelo, não sejais remissos;
sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; regozijai-vos na
esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes;
compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade;
abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Alegrai-
vos com os que se alegram e chorai com os que choram. Tende o
mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes
orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos
vossos próprios olhos. Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-
vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto
depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a
vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim
me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo
contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede,
dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre
a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o
bem.” (Romanos 12:9-21).

Mensagem
A Bíblia Plenitude diz: “Verdade deveria estar sempre presente
na vida de cada cristão. Isto requer um coração que pode distinguir o
erro e rejeitá-lo. O estudo da Palavra, oração, meditação e
especialmente o Espírito Santo, são meios pelos quais cada cristão
recebe ou rejeita qualquer doutrina. Guarde a sua mente e seu coração
com grande cuidado.”
O apóstolo Paulo exortou Timóteo a se ocupar com a leitura da
Palavra e indica que ele deveria ser um exemplo para os cristãos no
conhecimento. A vida dele era parte da mensagem. Como o apóstolo
João disse:
“Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que
nos amemos uns aos outros;” (1 João 3:11).

135
Liderança, Ministério e Batalha

136
C a p i t u l o 17

O relacionamento entre o
pastor e a congregação
Muitas igrejas sofrem divisões porque pastores e líderes, assim como
membros da congregação frequentemente começam a examinar ou colocar
outros a teste ao invés deles mesmos.

Paulo nos conta:


“Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos
a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não
é que já estais reprovados. Mas espero reconheçais que não somos
reprovados.” (2 Coríntios 13:5-6).

ós devemos examinar nossas ações boas ou más, nossas

N atitudes e nosso coração. Como você está caminhando? Onde


está o seu coração? Submeta-se ao teste da Palavra de Deus
para ver se você está na fé. Examine seu coração à luz da Palavra de
Deus. Você está obedecendo a ele? Você confia nele?
Quando nós ouvimos uma pregação, geralmente pensamos
sobre quão bom seria se esta ou aquela pessoa estivesse aqui para
ouvir isto. O que Deus quer é que cada um examine a si mesmo para
que Ele possa nos abençoar ou nos instruir através da sua Palavra.
Quem é melhor do que aquele que conhece a si mesmo?
A palavra “desqualificado” em 2 Coríntios 13:6 significa “falhar
em um teste”. Corinto era o quartel general para os jogos olímpicos.
Seus cidadãos eram fanáticos por esportes. Quando Paulo usa o termo
‘desqualificado’, ele está comparando os cristãos a um atleta que
quer vencer uma competição em um evento esportivo, mas é
desqualificado quando chega à prova dos finalistas.
Paulo compara a carreira de um atleta e seu rigoroso treinamento
com a vida cristã. Ele se separa de tudo que vai impedir a sua
preparação. Seu treinador decide o que ele come, quando ele dorme,

137
Liderança, Ministério e Batalha

o exercício necessário para estar em boa condição física e ele


encoraja-o a se sacrificar em vista do prêmio que vai obter. Todo
atleta de sucesso tem que pagar um preço de sacrifício para obter sua
recompensa.
“Não o sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na
verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira
que o alcanceis. Todo o atleta em tudo se domina; aqueles, para
alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim
corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo
golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para
que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser
desqualificado.” (1 Coríntios 9:24-27).
A palavra grega para “eliminado” é a mesma traduzida
previamente como “desqualificado”. Vamos concentrar nossos olhos
em Cristo Jesus e vamos pagar o preço do nosso chamado a uma
posição de autoridade. Se nós somos fiéis, nós não seremos eliminados,
nós passaremos no teste e quando a hora chegar obteremos uma
coroa incorruptível, uma coroa de glória.
Ganhadores olímpicos não são aqueles com mais talento, mas
aqueles que se submetem a um rigoroso treinamento para
desenvolver seus talentos limitados. Aqueles que perseveram são
aqueles que triunfam. É a mesma coisa para irmãos e irmãs na igreja.
Há muitos que têm talentos e querem ser usados, mas eles serão
achados eliminados e desqualificados porque não se submeteram ao
rigoroso discipulado e treinamento. Eles serão desqualificados porque
não passaram no teste.

O fruto do pastorado
“Estamos orando a Deus para que não façais mal algum, não
para que, simplesmente, pareçamos aprovados, mas para que façais
o bem, embora sejamos tidos como reprovados. Porque nada podemos
contra a verdade, senão em favor da própria verdade. Porque nos
regozijamos quando nós estamos fracos e vós, fortes; e isto é o que
pedimos: o vosso aperfeiçoamento.” (2 Coríntios 13:7-9).
A oração de um líder por seu povo é que eles não falhem, que
eles permaneçam firmes e que não cometam pecado. Não para que
os líderes ou os pastores brilhem ou para que a igreja veja que bom
trabalho eles estão fazendo, mas para que eles aprendam a viver
138
O relacionamento entre o pastor e a congregação

corretamente e façam o que é bom e agradável diante de Deus. Embora


um líder possa cair, ele terá fruto na vitória de um discípulo.
A paráfrase de 2 Coríntios 13:9 seria: “Nós estamos felizes
mesmo quando enganados, mesmo na nossa fraqueza quando nós
vemos que todos vocês estão se tornando fortes e desenvolvendo
suas habilidades, colocando em prática e exercendo o que nós temos
ensinado a vocês”. A palavra grega para ‘perfeição’ significa ‘fazer
ajustes ou reparos necessários’.
Atenção: pastores e líderes não deveriam pregar ou ensinar
para impressionar ou demonstrar seu conhecimento, mas para mudar
vidas! Da mesma maneira, a responsabilidade da congregação não é
examinar o pastor ou os líderes, a equipe de adoração ou de dança,
mas receber o que Deus está transmitindo através deles.
O fruto do trabalho do líder, e de pastores em particular, é ver
como a Palavra de Deus cura e restaura quando é aplicada à vida das
pessoas que foram destruídas, pervertidas, quebradas e aflitas. Para
ver lares restaurados, casamentos fortalecidos, vidas transformadas,
almas rendidas a Deus e resgatadas das trevas: este é o bom fruto do
nosso trabalho. Não importa quão grandes sejam as dificuldades, a
ingratidão, a infidelidade, a traição, as batalhas e as lágrimas, nós
recebemos encorajamento, consolação e força quando vemos aqueles
que estão firmes e crescendo no Senhor.

As responsabilidades da congregação com o pastor


“Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que
trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos
admoestam; e que tenhais com amor em máxima consideração, por
causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros.” (1
Tessalonicenses 5:12-13).
Paulo instrui os irmãos e irmãs a reconhecer aqueles que
trabalham entre eles. A palavra ‘reconhecer ’ significa ‘ter o
conhecimento e o entendimento’. Refere-se a um reconhecimento da
autoridade e relacionamento.
Quando o pastor prega ou ensina, nós estamos ouvindo a voz do
seu coração. Ele nos comunica o que acredita e pensa e se ele é
sensível ao Espírito Santo, ao que Deus está falando a ele. Nós devemos
amar e estimar o pastor por servir na obra de Deus. Pastores são
seres humanos que se enganam, têm fraquezas e estão debaixo do

139
Liderança, Ministério e Batalha

ataque do inimigo por causa de sua posição. Contudo, a


responsabilidade primária da congregação é orar pelo pastor. Mostre-
me uma congregação que não ora pelo seu pastor e eu te mostrarei
um pastor com sérios problemas.
O pastor admoesta a congregação e prepara as ovelhas para
toda a boa obra. A palavra ‘admoesta’ significa ‘chamar a atenção
deles com a vara de pastor’. Isto é desconfortável para alguns santos,
particularmente aqueles que sentem a convicção do Espírito Santo.
Eles se tornam bravos com o pastor e murmuram contra ele. Na
congregação que eu estava pastoreando, havia uma mulher de idade
arraigada em suas tradições que me acusava de pregar para ela todo
o domingo. Quando eu descobri, contei a ela que não havia ninguém
tão importante aos olhos de Deus que merecesse um sermão
exclusivo, passando por cima das necessidades do restante da
congregação.
Paulo diz para estimar o pastor não pela sua personalidade, ou
sua ajuda em tempos de necessidade, mas pelo trabalho em que ele
serve. Ele conclui aquela instrução com uma ordem de Deus: “Vivei
em paz uns com os outros.” Quando há paz entre o pastor e as ovelhas,
Satanás não pode entrar e colocar seu nariz na congregação. Para
manter esta paz é necessário lutar. Paz no mundo é obtido por guerra
e é mantido por uma forte defesa. É o mesmo na igreja. Nós obtemos
vitória através da guerra espiritual e nós mantemos a defesa através
da intercessão e orações diárias.
O relacionamento entre o pastor e sua congregação deveria ser
algo especial. O pastor deveria ter o amor incondicional de Deus pelo
rebanho que Ele lhe deu. Ele deveria estar pronto para dar a sua vida
por eles. Quando a congregação pode sentir o amor do pastor e seu
comprometimento com eles, eles aceitarão a sua liderança, eles se
comprometerão a ser uma parte ativa do ministério e responderão
com seu amor e seus dízimos e ofertas. Aliás, é importante entender
que ser um pastor não é um emprego para nós. É um ministério para
o qual Deus nos tem chamado.
Este relacionamento de amor entre o líder e a congregação é
vital para alcançar as almas perdidas. Bob Yandian diz que: “O pastor
e a congregação que se comprometem em manter a fé e a caminhar
em amor podem trazer as mãos poderosas de Jesus para os

140
O relacionamento entre o pastor e a congregação

quebrantados e aflitos de sua comunidade. É através da congregação


local, que conhece a Palavra de Deus e sabe como andar no Espírito,
que Deus irá se mover com poder nas cidades, nações e ao redor do
mundo.” ¹
Uma pesquisa de pastores em 1991, dirigida pelo Instituto de
Crescimento de Igrejas Fuller, revela as informações seguintes sobre
a vida particular e profissional do clero:
- 90% dos pastores trabalham mais de 46 horas durante a
semana.
- 80% acreditam que o seu ministério tem afetado negativamente
suas famílias;
- 33% dizem que seu ministério tem sido um perigo para suas
famílias.
- 75% disseram ter tido uma crise de stress pelo menos uma vez
em seu ministério.
- 50% se sentem incapazes de cumprir os requerimentos para a
obra.
- 90% sentem que não foram adequadamente treinados para
atender a demanda do ministério.
- 70% dizem ter auto-estima mais baixa do que no começo.
- 40% dizem ter sérios conflitos com um membro da igreja pelo
menos uma vez ao mês.
- 37% dizem ter tido um relacionamento inapropriado com alguém
da igreja.
- 70% relataram não ter ninguém que eles consideram um amigo
próximo.
Outra pesquisa com mais de 1.500 pastores feita pelo “Foco na
Família”, em outubro de 1992 indica que:
- Mais de 50% deles não têm ninguém para orar com eles.
- 75% não têm uma pessoa de confiança no ministério deles.
A Revista “Liderança Pastoral”, volume 13, n°4 relatou no outono
de 1992 que uma pesquisa com 748 pastores indicou, entre outras
coisas:
- 94% sentem a pressão de ter uma “família ideal.”
- 77% dos seus cônjuges sentem a mesma pressão.
- 61% das crianças dos pastores também sentem esta demanda.
- 70% dos pastores indicaram que seus conflitos matrimoniais no
último ano foram devidos aos seus baixos salários ou indenização.

141
Liderança, Ministério e Batalha

Toda a congregação deveria reconhecer as necessidades de


seu pastor e o fardo do ministério que fica sobre ele e sua família.
Vamos procurar uma maneira de fortalecer o relacionamento entre
pastores e congregação para evitar graves conseqüências que
ocorrerão se não fizermos nada.
Nós, pastores devemos amar, admoestar e orar por nossa
congregação. Congregações devem amar seus pastores, orando por
eles e ajudando-os. Nós nunca teremos um relacionamento perfeito,
mas é responsabilidade tanto do pastor quanto da congregação que o
relacionamento seja saudável.

¹ Bob Yandian, Palavra de Deus para os pastores, Pillar Books,


OK, 1992, p.145.
142
C a p i t u l o 18

As mudanças de Deus
“Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade,
porque dele é a sabedoria e o poder; é ele quem muda o tempo e as
estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e
entendimento aos inteligentes. Ele revela o profundo e o escondido;
conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.” (Daniel 2:20-22).

D
eus tem estabelecido um processo diário de mudança na Sua
criação inteira. Este é o processo de crescimento. Como uma
semente ou um espermatozóide, o processo produz mudanças
que identificam o estado de crescimento e maturidade. Até o evangelho
é um processo de mudança.
Todo crescimento requer mudança e toda a mudança apresenta
novos desafios e novas oportunidades. Cada uma nos permite ver a
mão de Deus em ação. Deus muda os tempos e as estações. Deus
promove e Deus remove.
Em um mundo de mudanças, nós devemos nos submeter à
vontade de Deus. Ele estabelece aqueles que estão em autoridade e
remove ou promove aqueles que estão em posição de liderança e
autoridade. Jesus, contudo, declarou:
“Nenhuma autoridade terias... se do alto não te fosse dada” (João 19:11).
Toda pessoa chamada por Deus pode perder seu ministério e
não cumprir a promessa de Deus se desobedece ou tenta fazer as
coisas por si só. Deus nos levará como um rio em direção ao
cumprimento dos Seus propósitos. Resistir às mudanças que Ele traz
pode nos levar para fora do rio.

Saul
Deus ungiu Saul como rei de Israel. Se ele tivesse sido fiel e
obediente, Deus teria confirmado seu reino em Israel para sempre (1
Samuel 13:13). Por não fluir com as mudanças que Deus pedia, Saul
perdeu sua posição como líder do povo de Israel.

143
Liderança, Ministério e Batalha

Moisés
Deus chamou Moisés para trazer o povo de Deus para fora da
escravidão do Egito. Da mesma maneira, a Bíblia nos conta que a
desobediência de Moisés à promessa de Deus manteve Moisés e
Arão fora da terra prometida.
“Disse o Senhor a Moisés: Toma o bordão, ajunta o povo, tu e
Arão, teu irmão, e, diante dele, falai à rocha, e dará a sua água; assim
lhe tirareis água da rocha e dareis a beber à congregação e aos seus
animais... Moisés levantou a mão e feriu a rocha duas vezes com o seu
bordão,... Mas o Senhor disse a Moisés e a Arão: Visto que não crestes
em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso, não
fareis entrar este povo na terra que lhe dei.” (Números 20:7-8, 11a, 12).
A primeira vez que Deus fez sair água da rocha foi através de
uma batida do cajado de Moisés. Desta vez, ele queria fazer de uma
maneira diferente. Moisés não aceitou a mudança e tentou fazer da
maneira que tinha previamente produzido resultados. “A medida de
sucesso aos olhos de Deus não é o resultado do esforço, mas a
obediência do seu servo.” ¹
Obedecer a Deus nos mantém no rio. Quando nós somos fiéis em
fazer o que Deus nos mandou, Ele nos promove a um nível de impacto
maior. Deus removeu Saul e promoveu Davi. Quando Moisés morreu, o
Senhor levantou Josué e foi ele quem trouxe o povo para a terra prometida.

Estevão
No sexto capítulo de Atos, nós vemos que Estevão foi um dos
sete homens eleitos pela liderança para servir atendendo as viúvas.
Estes homens foram selecionados com base nos seus testemunhos,
sabedoria e dependência do Espírito Santo. Eles foram homens fiéis.
Depois de terem orado, os apóstolos impuseram as mãos sobre eles
e os comissionaram para o ofício. Na mesma hora, Estevão tinha
ascendido ao nível de ministrar ao povo com sinais e maravilhas. A
Bíblia diz que ele estava pregando com sabedoria e em um dos
melhores sermões de toda a Bíblia, ele proclamou a sua última
mensagem antes de morrer como o primeiro mártir da igreja.

Porque nós resistimos mudanças


Jesus Cristo veio para trazer a mudança necessária à
humanidade para que nós fossemos reconciliados com o Pai. Os líderes
144
As mudanças de Deus

religiosos e o povo severamente se opuseram a sua mensagem e


vida. Estevão também pregou sobre esta mudança diante dos anciãos
judeus e escribas, mas novamente eles se levantaram contra a
mensagem e o mensageiro.
Pessoas quase sempre se opõem a mudanças porque nós somos
criaturas de hábitos. Nós resistimos a tudo o que nos obriga a
experimentar alguma coisa desconhecida. A razão principal pelas quais
pessoas se opõem a mudanças são:
1- Desentendimentos (Atos 7:1-53).
2- Falta de identificação (Números 12:1-2, 9-11).
3- Hábitos
4- Medo de falhar (Números 14:1-8).
5- Pequena recompensa pelo esforço (Números 14:22-24).
6- Perda de controle sobre as coisas que valorizamos:
-Posição de autoridade
-Controle
-Dinheiro
-Segurança
7 Atitudes negativas (Números 14:28)
8 Falta de respeito pelo líder (Números 14:40-45).
9 Tradições (predisposições mentais)
10 Satisfação pessoal
Quando Deus traz mudanças na mesma liderança ou pastorado,
o inimigo tenta usar uma, várias ou todas as razões dadas acima para
se levantar contra a vontade de Deus. Isto geralmente se manifesta
em forma de crítica, atraso, indiferença, oposição e descrença.
O apóstolo Paulo, em seu famoso retiro pastoral em Mileto,
comunicou aos anciãos de Efésios o que esperava por eles agora que
ele estava para partir:
“Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos
vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se
levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os
discípulos atrás deles.” (Atos 20:29-30).
Paulo avisou os novos pastores em Éfeso sobre os dois tipos de
oposições que estavam esperando por eles. Os “lobos vorazes” se
refere a pessoas que aparentam ser cristãos e vêm a igreja quando
está em transição. Eles falam como cristãos, louvam e até dizimam
mas a sua intenção é dividir e destruir a igreja e impedir o cumprimento

145
Liderança, Ministério e Batalha

das promessas que tem sido dadas a congregação. Jesus também os


chamou de lobos roubadores.
“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados
em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.” (Mateus 7:15).
Conheço uma igreja que, quando teve uma mudança pastoral,
uma mulher com um espírito de Jezabel retornou a congregação. Ela
tinha sido repreendida pelo antigo pastor e tinha deixado a igreja por
vários anos. Pouco tempo depois de retornar, ela começou a manipular
e controlar o pastor e as pessoas. Ela ainda conseguiu alcançar uma
posição de autoridade. Isto resultou em grande conflito entre a mulher
e alguns dos líderes que já a conheciam e conheciam o tipo de espírito
que a influenciava. O novo pastor, ignorante das estratégias do inimigo,
perdeu a ajuda dos melhores líderes.
Paulo diz, “Eles não pouparão o rebanho.” Eles não estão
interessados no bem-estar do rebanho, mas nos seus próprios interesses.
Paulo também adverte que alguns dentro da congregação vão se levantar
e começar a murmurar e criticar, falando coisas perversas para levantar
seus seguidores e começar o seu PRÓPRIO ministério. Deus não quer
que seus filhos percam a visão quando há uma mudança.
Quando Moisés morreu, Deus levantou Josué para continuar o que
seu predecessor tinha começado, não para mudar o curso ou a direção
da sua visão. Claro, às vezes Deus quer trazer novas mudanças para a
congregação através do novo líder. Assim Ele também espera que seus
filhos irão prover sua ajuda, confiança, opiniões, conselhos e participação.

A despedida
Quando nós somos infiéis, nós corremos o risco de ser removidos da
nossa posição, mas se somos fiéis, nós temos a oportunidade de sermos
promovidos por Deus. Eu quero falar com você sobre a parte positiva: a
promoção.
Como toda a mudança que Deus traz, esta também pode trazer dor.
De novo, Deus nos obriga a enfrentar mudanças, que são parte da Sua
própria vontade. Se nós não queremos nos adaptar e nos apegamos ao
que é “nosso”, não podemos seguir a Deus. Nós devemos estar prontos e
dispostos a mudar.
Como dissemos anteriormente, Paulo era o pastor dos efésios. Apesar
de ele ter viajado por algum tempo, ele não tinha contado aos líderes da
igreja em Éfeso que não ficaria com eles até que ele tivesse a famosa
146
As mudanças de Deus

conferência pastoral em Miletos. Deus tinha outros planos para Paulo:


planos maiores. Observe o que aconteceu quando Paulo contou a eles
sobre esta mudança permanente:
“Tendo dito estas coisas, ajoelhando-se, orou com todos eles. Então,
houve grande pranto entre todos, e, abraçando afetuosamente a Paulo, o
beijavam, entristecidos especialmente pela palavra que ele dissera: que
não mais veriam o seu rosto. E acompanharam-no até ao navio.” (Atos
20:36-38).
Um dos momentos mais emocionantes na vida de um pastor é
quando Deus o promove a uma posição numa outra igreja ou separa-o
para outro ministério. A dor sentida pelo pastor é similar a quando o filho se
casa. Ele sabe que é algo bom, mas ele está emocionalmente amarrado as
lágrimas e risadas que foram parte da sua vida com aquela congregação.
As emoções são ainda maiores quando o pastor é um visionário que
começou a obra. Paulo estabeleceu a obra em Éfeso, ele tinha trabalhado
entre eles por três anos. Todos os líderes estavam chorando e beijando
Paulo. Eles sabiam que eles não o veriam de novo e o acompanharam até
o navio para dizer adeus. Pastores e líderes são seres humanos, suas
emoções manifestam-se em ocasiões alegres ou tristes. Um líder nunca
deveria tentar esconder suas emoções de alegria e de tristeza. Ele deveria
livremente expressar a si mesmo, mostrando a sua humanidade.
Essas lágrimas, abraços e beijos são parte do ministério de um líder.
Ao ver o seu irmão Benjamin, que ele não via há muito tempo, José jogou
seus braços ao redor do pescoço, abraçou e o beijou e todos os seus
irmãos. Jesus Cristo chorou sobre a cidade de Jerusalém.
Como satisfaz e edifica esse fruto da recompensa para um pastor e
líder: ver o amor expresso por aqueles que ele tem investido uma parte da
sua vida e então a promoção do Senhor para uma posição ministerial com
grandes e novos desafios. Este é o fruto da Liderança: Ministério e Batalha.

¹ Jack W. Hayford, editor geral, consultor editor, Sam Middlebrook,


Bíblia de Estudo Plenitude, edição eletrônica, sistema bibliotecário
Logos, (Nashville: Thomas Nelson) 1997, c1991.

147
GUIA DE ESTUDO
CAPITULO 1
1. De acordo com Romanos 8.28, defina o significado do termo
“Propósito” e como ele se refere à vida de cada individuo.
2. Descreva, de maneira breve, seis exemplos da Bíblia.

CAPITULO 2
1. Defina o termo “Chamado” e como ele se refere à “vocação”
(Efésios 4.1).
2. Quando você recebeu seu “chamado” e como Deus te
preparou para esse chamado?

CAPITULO 3
1. Defina o termo “Separado”. Quando isto acontece na vida de
uma pessoa?
2. O que acontece a uma pessoa quando recebe sua
“ordenação” ao ministério?
3. Relate em breves palavras o tempo em que você recebeu
revelação do seu chamado e sua preparação para o ministério.

CAPITULO 4
1. Explique qual é o processo necessário antes de ser separado
para a obra do ministério.
2. Qual é o fruto da separação ao ministério?

CAPITULO 5
1. Explique em poucas palavras qual é o “preço” do ministério e
como se identifica com a sua vida.
2. Qual é o propósito das provações?
3. Escreva algumas das coisas que um líder enfrenta.
4. Que relação há entre “guerra espiritual” e “liderança cristã”?

CAPITULOS 6 E 7
1. Explique quais são algumas das batalhas de um líder.
2. Defina o termo “Espírito de Jezabel”.
3. Defina o termo “Espírito de Absalão”.
148
CAPITULO 8
1. Defina o termo “A justiça de Deus”.

CAPITULO 9
1. Defina o termo “Fortalezas Ideológicas”.
2. Qual é o maior obstáculo para o desenvolvimento espiritual?
3. De que forma a predisposição mental impede o
desenvolvimento de um individuo?
4. E da Igreja?

CAPITULO 10
1. Defina o significado do termo “Visão” na vida do líder.
2. Os lideres são chamados a servir quem?

CAPITULO 11
1. O que Paulo quer dizer quando se refere a “todo conselho de Deus”?
2. Quais são as prioridades do ministério?
3. Qual era o oficio de Moisés como pastor?
4. Qual foi o conselho de Jetro para Moisés e quais as qualidades
que deveria buscar naqueles indivíduos?

CAPITULO 12
1. Defina o termo “pastor”. Qual é a diferença entre “pastorado
paroquial” e “pastorado administrativo”?
2. Quais são os três “chapéus” do líder? Explique a função de
cada um deles.
3. Por que é importante a comunicação correta de um líder?

CAPITULO 13
1. Que tipo de governo a Bíblia ensina para a liderança da Igreja?
2. Qual é o significado contemporâneo das seguintes palavras:
Anjo –
Evangelho –
Pastor –
Ancião –
Bispo –
Diácono –
3. Qual é a verdadeira razão do chamado à liderança?

149
CAPITULO 14
1. Defina a palavra “disciplina” segundo W.E.Vine.
2. Escreva quatro razões pelas quais a disciplina é necessária
na Igreja.
3. E para a pessoa em disciplina.

CAPITULO 15
1. Qual é a diferença entre “manipulação” e “motivação”?
2. O que um líder deve ter para que outros o sigam?
3. O que os líderes esperam de seus seguidores?
4. Escreva os quatro fatores para uma liderança efetiva.

CAPITULO 16
1. Escreva os 10 M’s do ministério.
2. Quais destas áreas você tem descuidado em sua vida
pessoal?

CAPITULO 17
1. O que a Bíblia diz sobre examinar a outros?
2. Qual é o fruto do trabalho pastoral e da liderança?
3. Quais são as responsabilidades do pastor com a sua
congregação?

CAPITULO 18
1. Qual é a razão pela qual as coisas mudam?
2. Por que as pessoas resistem às mudanças?
3. Qual deve ser a atitude de uma igreja quando Deus muda
seu pastor?

150

You might also like