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CENTRO DE ARTES
DEPARTAMENTO DE MÚSICA
FLORIANÓPOLIS - SC
2011
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................3
1 NOTURNOS...............................................................................................................4
2 BALADAS ................................................................................................................10
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................12
REFERÊNCIAS...........................................................................................................13
INTRODUÇÃO
1 NOTURNOS
De acordo com Brown e Hamilton (1980), o noturno é uma peça que evoca a noite,
geralmente de caráter calmo e meditativo (o que, no entanto, não é uma regra). Horta et al
(1985) destacam que é uma “composição curta, sugerindo a calma das horas da noite”. No
saber de Keneddy (1994), o termo francês “nocturne” (relacionado com a noite) designa
[...] uma composição que sugere uma atmosfera nocturna, por ex. os Notturnos de
Haydn para lira organizzata, a Serenata Notturna de Mozart, mas mais
especificamente uma pequena peça para piano de caráter romântico. O primeiro a
usar o título para este gênero foi John Field, seguido por Chopin. A melodia
expressiva da mão direita é acompanhada por acordes arpejados na mão esquerda.
“Homage to John Field”; no México, Carlos Chávez (1899-1978) compôs 4 Noturnos para
piano (1922).
Noturnos também foram escritos para orquestra e um exemplo bem conhecido pode
ser encontrado na obra de Mendelssohn para Sonho de uma Noite de Verão, onde a coloração
da trompa é usada, tal qual no notturno do século XVIII, para evocar a imagem da noite. Já os
Trois Nocturnes (Nuages, Fêtes e Sirènes) de Debussy estão entre as maiores realizações da
música impressionista francesa. Fêtes, uma peça vigorosamente rítmica e extrovertida,
expande consideravelmente as associações do termo “noturno” para apresentar festividades
noturnas.
Destarte, em algumas obras, o lirismo efusivo que caracterizara vários dos noturnos de
Field e Chopin foi substituído por uma tentativa de capturar visões febris e sonhos da noite,
ou de evocar o mundo sonoro noturno em termos musicais que podem divergir enormemente
daqueles da música de salão. Nachtstücke de Schumann ilustra esta mudança de ênfase, que
foi explorada mais a fundo por compositores do século XX como Hindemith na sua suite
“1922” para piano (1922), Vaughan Williams em A London Symphony (1912-13; revisada em
1920), Britten no noturno de sua Serenade para tenor, trompa e cordas (1943) e Lennox
Berkeley, no movimento lento de seu Divertimento em Si bemol Maior (1943). Na suíte para
piano Out of doors (1926) Bartók demonstra extraordinária sensibilidade aos sons da natureza
no movimento entitulado “Sons da noite” com seus clusters silenciosos e imitações do gorjeio
dos pássaros e dos sons de criaturas noturnas (BROWN E HAMILTON, 2010).
Brown e Hamilton (1980) apontam que o termo italiano notturno ocorre com
frequência como título na música do século XVIII, mas a forma francesa da palavra –
nocturne – não foi utilizada até que John Field (1782-1837) a empregou em algumas peças
líricas para piano escritas entre cerca de 1812 e 1836. As três primeiras foram publicadas em
Leipzig, em 1815, duas já publicadas anteriormente com pequenas diferenças e como
“Romances”. Os noturnos de Field são importantes historicamente como antecedentes dos
escritos por Chopin. A escrita é claramente idiomática, explorando os sons disponíveis nos
novos pianos; o pedal de sustentação, em particular, permitiu que Field expandisse a gama de
padrões de acompanhamentos harmônicos muito além do padrão do baixo de Alberti, que por
necessidade ficava sob a mão. As melodias de seus noturnos transferiram para o teclado a
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cantilena da ópera italiana, à qual o compositor havia sido exposto na Rússia, no começo do
século XIV. De acordo com Liszt, que escreveu um prefácio para a primeira edição coletânea
dos noturnos de Field (publicada em Leipzig, em 1859), eles “abriram caminho para todas as
produções que desde então apareceram sob títulos variados como Canções sem Palavras,
Improvisos, Baladas, etc. e a partir de Field devemos traçar a origem de peças destinadas a
representar emoção subjetiva e profunda” (LISZT, 1859 apud BROWN E HAMILTON,
1980).
Apesar da gama de emoções não ser ampla na maioria dos noturnos de Field, e da
estrutura fraseológica por vezes tediosamente previsível, a elegância contida da linguagem
musical e a figuração imaginativa do teclado causaram grande impressão nos compositores
românticos subsequentes, em especial Chopin, que admirava tanto a interpretação de Field,
quanto suas composições. (BROWN E HAMILTON, 2010).
A influência de Field sobre Chopin, apesar de não universalmente reconhecida, torna-
se evidente com a comparação de seus noturnos (comparar Figuras 1 e 2, e Figuras 3 e 4). O
célebre noturno em Mi bemol Maior op.9 n.2 de Chopin é talvez o mais similar aos noturnos
de Field, mostrando a influência de dois de seus noturnos na mesma tonalidade, tanto na
melodia quanto em padrões melódicos. No entanto, é o Noturno n. 4 de Field em Lá Maior,
com sua seção central agitada e harmonicamente mais complexa, que constitui maior
inspiração para a expansão da forma por Chopin em seu op.9 n. 3 e peças escritas mais
adiante. Chopin (1810-1849) não conheceu Field pessoalmente até 1833, mas há evidências
de que ele tocou obras de Field em Paris e as usou em suas aulas; é possível até que ele tenha
as conhecido quando jovem, em Varsóvia, onde houve performances de obras de Field em
1818 (BROWN E HAMILTON, 2010).
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2 BALADAS
Brown (2010) destaca que o termo ballad foi utilizado por Chopin para um tipo de
peça longa e dramática, o equivalente musical a uma balada poética do tipo heróico. Ele
escreveu quatro: Sol Menor, op.23; Fá Maior op. 38; Lá Maior, op. 47; e Fá menor op. 52.
Posteriormente o título foi empregado por Brahms, Liszt, Grieg e outros. Num contexto mais
amplo, balada é um termo aplicado a uma peça instrumental (embora normalmente para
piano) de estilo narrativo. Na definição de Horta et al (1985), é “uma peça de piano
remotamente relacionada com a canção heróica romântica, por suas qualidade dramáticas.
Frequentemente extensa, com seções líricas e heróicas contrastantes.”
Chopin utilizou pela primeira vez o termo na Balada em Sol menor op.23 (publicada
em 1836, mas iniciada em 1831). Suas quatro baladas tem em comum a métrica composta
(6/4 ou 6/8) e estrutura baseada na metamorfose temática, guiada não tanto por procedimentos
musicais formais, mas pela intenção programática ou literária (BROWN, 2010). As baladas de
Chopin tendem a usar temas contrastantes e bem definidos, com mais frequência do que em
outras de suas obras, e os empregam com um estilo mais amplo, quase sinfônico.
(CROCKER, 1986) Repletas de beleza melódica, riqueza harmônica e potentes clímax, estão
entre suas mais belas realizações. Já se apontou como inspiração para elas as baladas poéticas
de seu compatriota Adam Mickiewicz, em particular Ṡwiteź e Ṡwitezianka, poemas que falam
de um lago próximo a Nowogródek e de uma ninfa do lago; mas Chopin não apresenta
evidências que comprovem tal crença e talvez não tivesse nenhuma balada ou história
específica em mente (BROWN, 2010).
A Balada de Franck op. 9 (1844) e as Baladas de Liszt em Ré bemol Maior (1845-8) e
em Si menor (1853) também não são associadas com nenhuma fonte literária em particular. A
associação mais antiga desse tipo ocorre na primeira das Quatro Baladas op. 10 (1854) de
Brahms (ver Anexo 1), que traz junto ao título a referência “sobre a balada escocesa ‘Edward’
em ‘Stimmen der Völker’ de Herder” (a tradução de Edward já havia sido musicada por
Loewe e Schubert), mas é possível que o compositor tenha planejado inicialmente uma obra
vocal em forma estrófica que acabou por se converter numa peça para piano (BROWN,
2010). No poema macabro publicado por Herder, uma mãe questiona seu filho por ele estar
manchado de sangue e eventualmente descobre que ele assassinou seu pai; mas na realidade
ela que instigara o fato. Brahms utiliza a estrutura ternária, a abertura sugere claramente
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após traçar um panorama sobre noturnos e baladas para piano, é possível realçar
alguns pontos. Indiscutivelmente, Chopin ocupa posição de destaque quando se trata destes
dois tipos de composição, com obras de grande intensidade e riqueza musical. Além disso, ao
se traçar a origem histórica de cada tipo composicional, percebe-se que são ambos fortemente
associados ao romantismo, embora presentes em manifestações posteriores, como as de estilo
impressionista ou moderno. O que os define é acima de tudo o caráter da obra, seja evocando
a noite ou uma narrativa. Com o texto apresentado, acredita-se que o presente trabalho
alcançou o objetivo proposto inicialmente de fazer uma breve revisão dos assuntos
escolhidos.
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REFERÊNCIAS
BROWN, M. J.E.; HAMILTON, K. L. Nocturn (i). In: Grove Music Online. Oxford Music
Online. Disponível em <www.oxfordmusiconline.com> Acesso em 28 abr 2010.
BROWN, M. J.E.; HAMILTON, K. L. Nocturn (i). In: The New Grove Dictionary of Music
and Musicians. London: Macmillan, 1980.
BROWN, M. J. E. Ballade (ii). In: The New Grove Dictionary of Music and Musicians.
London: Macmillan, 1980.
GILLESPIE, John. Five centuries of keyboard music : an historical survey of music for
harpsichord and piano. New York: Dover, 1965.
HORTA, Luiz Paulo; ISAACS, Alan; MARTIN, Elizabeth. Dicionário de música. Rio de
Janeiro: J. Zahar, 1985.
KIRBY, F. E. Music for piano: a short history . Portland: Amadeus Press, 1995.
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